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a solução para o seu concurso!

EBSERH
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS
HOSPITALARES

Pedagogo

EDITAL Nº 03 – EBSERH/NACIONAL – ÁREA

ASSISTENCIAL, DE 02 DE OUTUBRO DE 2023

CÓD: SL-037OT-23
7908433242840
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos. . ................................................................................................................................. 9
2. Tipologia textual e gêneros textuais. ......................................................................................................................................... 12
3. Ortografia oficial. ....................................................................................................................................................................... 18
4. Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 20
5. Classes de palavras. ................................................................................................................................................................... 21
6. Uso do sinal indicativo de crase. ................................................................................................................................................ 29
7. Sintaxe da oração e do período.................................................................................................................................................. 30
8. Pontuação................................................................................................................................................................................... 32
9. Concordância nominal e verbal.................................................................................................................................................. 34
10. Regência nominal e verbal.......................................................................................................................................................... 36
11. Significação das palavras............................................................................................................................................................. 38

Raciocínio Lógico
1. Noções de Lógica. ...................................................................................................................................................................... 47
2. Diagramas Lógicos: conjuntos e elementos. .............................................................................................................................. 48
3. Lógica da argumentação............................................................................................................................................................. 49
4. Tipos de Raciocínio. ................................................................................................................................................................... 50
5. Conectivos Lógicos. .................................................................................................................................................................... 54
6. Proposições lógicas simples e compostas. ................................................................................................................................. 56
7. Elementos de teoria dos conjuntos,........................................................................................................................................... 58
8. análise combinatória e probabilidade........................................................................................................................................ 59
9. Resolução de problemas com frações........................................................................................................................................ 62
10. conjuntos.................................................................................................................................................................................... 65
11. porcentagens.............................................................................................................................................................................. 67
12. sequências com números, figuras, palavras............................................................................................................................... 68

Legislação - EBSERH
1. Lei Federal nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011................................................................................................................... 73
2. Decreto nº 7.661, de 28 de dezembro de 2011.......................................................................................................................... 75
3. Regimento Interno da Ebserh (Aprovado na 155ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração, realizada no dia
28 de março de 2023)................................................................................................................................................................. 79
4. Código de Ética e Conduta da Ebserh - Princípios Éticos e Compromissos de Conduta – Segunda Edição (2020).................... 100
5. estatuto Social da Ebserh (Aprovado na Assembleia Geral Extraordinária realizada no dia 24 de maio de 2023)..................... 103
6. Regulamento de Pessoal da Ebserh............................................................................................................................................ 116
7. Norma Operacional de Controle Disciplinar da Ebserh (atualizado em 17/01/2023, art. 1º ao art. 6º; art. 28 ao art. 45)........ 123
8. Regulamento de Licitações e Contratos da Ebserh 2.0............................................................................................................... 126
9. Lei 13.303/2016 (Estatuto jurídico da empresa pública)............................................................................................................ 165

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ÍNDICE

Legislação - SUS
1. Evolução histórica da organização do sistema de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde (SUS)– princípios,
diretrizes e arcabouço legal........................................................................................................................................................ 187
2. Controle social no SUS................................................................................................................................................................ 194
3. Resolução 453/2012 do Conselho Nacional da Saúde................................................................................................................ 197
4. Constituição Federal 1988, Título VIII - artigos de 194 a 200...................................................................................................... 199
5. Lei Orgânica da Saúde - Lei n º 8.080/1990................................................................................................................................ 202
6. Lei nº 8.142/1990....................................................................................................................................................................... 212
7. Decreto Presidencial nº 7.508, de 28 de junho de 2011............................................................................................................. 213
8. Determinantes sociais da saúde................................................................................................................................................. 216
9. Sistemas de informação em saúde............................................................................................................................................. 217
10. RDC nº 63, de 25 de novembro de 2011 que dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Servi-
ços de Saúde............................................................................................................................................................................... 222
11. Resolução CNS nº 553, de 9 de agosto de 2017, que dispõe sobre a carta dos direitos e deveres da pessoa usuária da saú-
de................................................................................................................................................................................................ 226
12. RDC nº 36, de 25 de julho de 2013 que institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras provi-
dências........................................................................................................................................................................................ 230
13. Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP).................................................................................................................... 232

Conhecimentos Específicos
Pedagogo
1. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Assistência Social — SUAS, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)................... 239
2. Norma Operacional Básica (NOB)............................................................................................................................................... 249
3. Política Nacional de Assistência Social........................................................................................................................................ 271
4. Estatuto da Criança e do Adolescente,....................................................................................................................................... 295
5. Estatuto do Idoso........................................................................................................................................................................ 336
6. Sociologia da educação............................................................................................................................................................... 346
7. a democratização da escola........................................................................................................................................................ 363
8. educação e sociedade................................................................................................................................................................. 364
9. Função social da escola............................................................................................................................................................... 365
10. Qualidade na educação . ............................................................................................................................................................ 370
11. Psicologia da educação............................................................................................................................................................... 371
12. Teoria do desenvolvimento humano e suas distintas concepções............................................................................................. 381
13. teorias da aprendizagem............................................................................................................................................................ 396
14. O conhecimento do valor ético como agente de promoção social nas relações interpessoais.................................................. 398
15. Impacto e importância do relacionamento no avanço do processo ensino-aprendizagem....................................................... 399
16. Família: as novas modalidades de família, metodologias de abordagem familiar...................................................................... 400
17. Ética profissional......................................................................................................................................................................... 401
18. Como se dá o conhecimento — Vertentes do conhecimento (Racionalismos, Empirismo e Interacionismo);.......................... 405
19. Evolução do processo de aprendizagem nas organizações; ....................................................................................................... 406
20. Estratégias de capacitação e desenvolvimento de pessoas........................................................................................................ 408

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ÍNDICE

21. Programas, metodologias e tecnologias da educação;............................................................................................................... 412


22. Critérios de seleção, aprendizagem............................................................................................................................................ 417
23. Tecnologia da Informação........................................................................................................................................................... 417
24. Ensino à distância - EAD;............................................................................................................................................................. 420
25. Educação corporativa: concepção, parâmetros e implementação;............................................................................................ 422
26. Relações da capacitação de pessoas com a Gestão do Conhecimento;..................................................................................... 424
27. Liderança;................................................................................................................................................................................... 429
28. Avaliação de Desempenho por Competências........................................................................................................................... 432
29. Andragogia.................................................................................................................................................................................. 435
30. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde;.............................................................................................................. 436
31. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS- Caminhos para e Educação Permanente em Saúde;.............................. 436
32. Portaria n° 198/GM Em 13 de fevereiro de 2004;...................................................................................................................... 437
33. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n°. 63 de 25 de novembro de 2011; ........................................................................... 438
34. Treinamentos em serviço obrigatórios para os Serviços de Saúde (hospitais) de acordo com as legislações vigentes;............. 442
35. Administração de projetos.......................................................................................................................................................... 443
36. Levantamento de necessidades de treinamento; ...................................................................................................................... 446
37. Programas de treinamento, desenvolvimento e educação;....................................................................................................... 446
38. Gestão de conhecimentos;......................................................................................................................................................... 447
39. Aprendizagem nas empresas;..................................................................................................................................................... 447
40. Educação Corporativa................................................................................................................................................................. 447
41. Espaços compartilhados de conhecimentos............................................................................................................................... 447
42. Gestão da qualidade nas organizações;...................................................................................................................................... 447
43. Conceito de Qualidade............................................................................................................................................................... 449
44. Indicadores de qualidade............................................................................................................................................................ 450

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos 1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado severas.
evento. (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os incluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução. Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade. =
texto, seja ele escrito, oral ou visual. afirmativa correta.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado “deficiências de toda ordem”, não às leis. = afirmativa incorreta.
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/
podendo ser diferente entre leitores. adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à educação,
além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de texto destaca que podem ser “permanentes ou temporárias”. =
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em afirmativa correta.
um texto misto (verbal e visual): Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. =
afirmativa correta.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe-
cial > 2015 Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão,
Português > Compreensão e interpretação de textos visto que é a única que contém uma afirmativa incorreta sobre o
texto.

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IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia TEXTOS VARIADOS
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- Ironia
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
significativo, que é o texto. com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre novo sentido, gerando um efeito de humor.
o assunto que será tratado no texto. Exemplo:
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso- dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens. Ironia verbal
As informações que se relacionam com o tema chamamos de Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida- intenção são diferentes.
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Ironia de situação
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
capaz de identificar o tema do texto! resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se- uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li-
cundarias/ vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-

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so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
morte. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Ironia dramática (ou satírica) Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Busca de sentidos
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- apreensão do conteúdo exposto.
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
da narrativa. relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o citadas ou apresentando novos conceitos.
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.

Humor Importância da interpretação


Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- específicos, aprimora a escrita.
rer algo fora do esperado numa situação. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
acessadas como forma de gerar o riso. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Exemplo: são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão,
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.

Diferença entre compreensão e interpretação


A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ- leitor tira conclusões subjetivas do texto.
NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
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Gêneros Discursivos Exemplo de fato:


Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- A mãe foi viajar.
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Interpretação
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
dárias. sas, previmos suas consequências.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ças sejam detectáveis.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho. Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- tro país.
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O do que com a filha.
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um Opinião
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
curto. juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
que fazemos do fato.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
como horas ou mesmo minutos.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- anteriores:
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
imagens. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
vencer o leitor a concordar com ele. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um mos expressando nosso julgamento.
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
de destaque sobre algum assunto de interesse. analisamos um texto dissertativo.

Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- Exemplo:


za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando com o sofrimento da filha.
os professores a identificar o nível de alfabetização delas.

Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo


TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS.
de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
berdade para quem recebe a informação.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais
DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem
e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão
Fato da estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é são variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos
uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei- dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir
ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro. dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica.
Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos.
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Como se classificam os tipos e os gêneros textuais tas a realização de uma crítica social). Para exemplo, destacamos
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças os seguintes romancistas brasileiros: Machado de Assis, Guimarães
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance, Rosa, Eça de Queiroz, entre outros.
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos Conto
tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa,
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmen-
são: narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. te, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-
Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto -lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.
as tipologias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe Ele é um gênero da esfera literária e se caracteriza por ser uma
abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se narrativa densa e concisa, a qual se desenvolve em torno de uma
inserem em cada tipo textual: única ação. Geralmente, o leitor é colocado no interior de uma ação
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, já em desenvolvimento. Não há muita especificação sobre o antes
desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracterizam e nem sobre o depois desse recorte que é narrado no conto. Há a
pela apresentação das ações de personagens em um tempo e construção de uma tensão ao longo de todo o conto.
espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem Diversos contos são desenvolvidos na tipologia textual narrati-
ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas va: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia;
e fábulas. contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular); con-
lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de tos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto
texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de misté-
em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de rio, que envolvem o suspense e a solução de um mistério.
restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir Fábula
ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição, É um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As
conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, personagens principais não são humanos e a finalidade é transmitir
jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos alguma lição de moral.
expositivos.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo Novela
de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é, É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevi-
caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é dade do romance e a brevidade do conto. Esse gênero é constituído
composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos por uma grande quantidade de personagens organizadas em dife-
argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e rentes núcleos, os quais nem sempre convivem ao longo do enredo.
abaixo-assinado. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista,
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de Crônica
verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem É uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com
a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de
de instruções, entre outros. crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou arti-
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir go de jornal, revistas e programas da TV. Há na literatura brasileira
o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma, vários cronistas renomados, dentre eles citamos para seu conhe-
impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele cimento: Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabido
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de entre outros.
texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
Diário
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual narra- É escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não
tivo há um destinatário específico, geralmente, é para a própria pessoa
que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O
Romance objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns
É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem momentos desabafar. Veja um exemplo:
definidosl. Pode ter partes em que o tipo narrativo dá lugar ao des-
critivo em função da caracterização de personagens e lugares. As “Domingo, 14 de junho de 1942
ações são mais extensas e complexas. Pode contar as façanhas de Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando
um herói em uma história de amor vivida por ele e uma mulher, o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de aniversário. (Eu
muitas vezes, “proibida” para ele. Entretanto, existem romances estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
com diferentes temáticas: romances históricos (tratam de fatos li-
gados a períodos históricos), romances psicológicos (envolvem as Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é
reflexões e conflitos internos de um personagem), romances sociais de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me deixam le-
(retratam comportamentos de uma parcela da sociedade com vis- vantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até
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quinze para as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a do artigo de opinião.
sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as boas-vindas, esfre- Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem
gando-se em minhas pernas.” a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”. apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opini-
ões.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual descri- O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais
tivo do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar.

Currículo Discurso Político


É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. O discurso político2 é um texto argumentativo, fortemente per-
Nele são descritas as qualificações e as atividades profissionais de suasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista
uma determinada pessoa. do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações
compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos
Laudo e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade
Sua função é descrever o resultado de análises, exames e perícias, e constituir norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social
tanto em questões médicas como em questões técnicas. que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em
períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma res-
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos posta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos
descritivos são: folhetos turísticos; cardápios de restaurantes; clas- sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.
sificados; etc. Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o dis-
curso político tem por finalidade a persuasão do outro, quer para
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual expo- que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem.
sitivo Para isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio, e
da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afetos
Resumos e Resenhas e sentimentos.
O autor faz uma descrição breve sobre a obra (pode ser cine- O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida
matográfica, musical, teatral ou literária) a fim de divulgar este tra- do ser humano em sociedade. Na Grécia antiga, o político era o
balho de forma resumida. cidadão da “pólis” (cidade, vida em sociedade), que, responsável
Na verdade resumo e/ou resenha é uma análise sobre a obra, pelos negócios públicos, decidia tudo em diálogo na “agora” (praça
com uma linguagem mais ou menos formal, geralmente os rese- onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante pala-
nhistas são pessoas da área devido o vocabulário específico, são vras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado
estudiosos do assunto, e podem influenciar a venda do produto de- na retórica e na oratória, orientado para convencer o povo.
vido a suas críticas ou elogios. O discurso político implica um espaço de visibilidade para o ci-
dadão, que procura impor as suas ideias, os seus valores e projetos,
Verbete de dicionário recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo
Gênero predominantemente expositivo. O objetivo é expor de sedução, através de recursos estéticos como certas construções,
conceitos e significados de palavras de uma língua. metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se da persuasão e
da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prome-
Relatório Científico tendo o que pode ser feito.
Gênero predominantemente expositivo. Descreve etapas de
pesquisa, bem como caracteriza procedimentos realizados. Requerimento
Predominantemente dissertativo-argumentativo. O requeri-
Conferência mento tem a função de solicitar determinada coisa ou procedimen-
Predominantemente expositivo. Pode ser argumentativo tam- to. Ele é dissertativo-argumentativo pela presença de argumenta-
bém. Expõe conhecimentos e pontos de vistas sobre determinado ção com vistas ao convencimento
assunto. Gênero executado, muitas vezes, na modalidade oral.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos são: abaixo-assinados; manifestos; sermões; etc.
expositivos são: enciclopédias; resumos escolares; etc.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual injun-
Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos tivo

Artigo de Opinião Bulas de remédio


É comum1 encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, A bula de remédio traz também o tipo textual descritivo. Nela
nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte aparecem as descrições sobre a composição do remédio bem como
dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmen- instruções quanto ao seu uso.
te apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através
1 http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS-
-SIMPATICO 2 https://www.infopedia.pt/$discurso-politico
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Manual de instruções as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a assinatura do au-
O manual de instruções tem como objetivo instruir sobre os tor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação
procedimentos de uso ou montagem de um determinado equipa- (revista, jornal, rádio, etc.).
mento. Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os edi-
toriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do Editor”.
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos injunti- Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar
vos são: receitas culinárias, instruções em geral. em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E quando falamos
em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual prescri- em se tratando de impressões pessoais, o predomínio do padrão
tivo formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do sin-
gular, ocupa lugar de destaque.
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos prescri-
tivos são: leis; cláusulas contratuais; edital de concursos públicos; Reportagem
receitas médicas, etc. Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos
meios de comunicação de massa. A reportagem informa, de modo
Outros Exemplos mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no ques-
tionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, so-
Carta mando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmen-
destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem intimidade. E te costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no
formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se tenha que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do
intimidade. fato principal, ampliada e composta por meio de citações, trechos
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes es- de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resu-
tilos de escrita, podendo ser dissertativa, narrativa ou descritiva. As mos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como
cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo todo texto jornalístico.
da carta e para finalizar a despedida. O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias
versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e contri-
Propaganda buindo para formar sua opinião.
Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maio- A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmi-
ria dos outros gêneros. Suas principais características são a lingua- ca e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos meios de
gem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem
fazer com que o destinatário se interesse pelo produto da propa- acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais
ganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é informal dependendo do público a que se destina. Embora seja im-
claro e objetivo. pessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os
fatos ou sua interpretação.3
Notícia
Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua Gêneros Textuais e Gêneros Literários
linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo desse texto é infor-
mar algo que aconteceu. Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe-
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos exis- rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re-
tentes e tem como intenção nos informar acerca de determinada ferem apenas aos textos literários.
ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em ge- Os gêneros literários são divisões feitas segundo características
ral, seja na televisão, em sites pela internet ou impresso em jornais formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité-
ou revistas. rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara, - Gênero lírico;
objetiva e precisa, pautando-se no relato de fatos que interessam - Gênero épico ou narrativo;
ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma - Gênero dramático.
vez que se trata de uma informação.
Gênero Lírico
Editorial É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po-
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente apa- ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo-
rece no início das colunas. Diferente dos outros textos que com- ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente
põem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da
opinativos. função emotiva da linguagem.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar
certa objetividade. Isso porque são os editoriais que apresentam Elegia
os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja, Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor-
Política, Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classifi- te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa
cados, entre outros. 3 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam São Paulo, Atual Editora, 2000
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tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema Vilancete


melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
Shakespeare. nio e de maldizer); satíricas, portanto.

Epitalâmia Gênero Épico ou Narrativo


Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro- Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos,
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de
Ode (ou hino) prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto,
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à a crônica, a fábula.
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom- Épico (ou Epopeia)
panhamento musical. Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de
um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens,
Idílio (ou écloga) gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem-
natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas
e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais Ensaio
a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
diálogos (muito rara). expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Sátira Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun- malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
tos políticos, ou pessoas de relevância social. caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
cke.
Acalanto
Canção de ninar. Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse
Acróstico tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte-
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for- ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
mam uma palavra ou frase. Ex.: papéis das personagens nas cenas.

Amigos são Tragédia


Muitas vezes os É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar
Irmãos que escolhemos. compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re-
Zelosos, eles nos presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em
Ajudam e linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/ Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de
Balada processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca-
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se engano.
destinam à dança.
Comédia
Canção (ou Cantiga, Trova) É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento
Poema oral com acompanhamento musical. comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas popu-
lares.
Gazal (ou Gazel)
Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio. Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômi-
Soneto cos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
tos e dois tercetos.

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Poesia de cordel religioso é uma promessa, para os que não creem é uma ameaça.
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo
linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da Os discursos religiosos, como já vimos, se mostram com estru-
realidade vivida por este povo. turas rígidas quanto aos papéis dos interlocutores (a divindade e os
seres humanos). Os dogmas sagrados, por exemplos, fé e Deus, são
Discurso Religioso4 intocáveis. “Deus define-se (...) a si mesmo como sujeito por exce-
lência, aquele que é por si e para si (Sou aquele que É) e aquele que
A Análise Crítica do Discurso (ADC) tem como fulcro a aborda- interpela seu sujeito (...) eis quem tu és: é Pedro.”
gem das relações (internas e recíprocas) entre linguagem e socie- Outros traços do DR se configuram com o uso do imperativo e
dade. Os textos produzidos socialmente em eventos autênticos são do vocativo – características inerentes de discursos de doutrinação;
resultantes da estruturação social da linguagem que os consome uso de metáforas – explicitadas por paráfrases que indicam a leitura
e os faz circular. Por outro lado, esses mesmos textos são também apropriada para as metáforas utilizadas; uso de citações no original
potencialmente transformadores dessa estruturação social da lin- (grego, hebraico, latim) – traduzidas para a língua em uso através de
guagem, assim como os eventos sociais são tanto resultado quanto perífrases extensas e explicativas em que se busca aproveitar o má-
substrato dessas estruturas sociais. ximo o efeito de sentido advindo da língua original; o uso de perfor-
O discurso religioso é “aquele em que há uma relação espon- mativos – uso de verbos em que o ‘dizer’ representa o ‘fazer’; o uso
tânea com o sagrado” sendo, portanto, “mais informal”; enquanto de sintagmas cristalizados – usadas em orações e funções fáticas.
o teológico é o tipo de “discurso em que a mediação entre a alma Ainda em relação às unidades textuais, podemos acrescentar o
religiosa e o sagrado se faz por uma sistematização dogmática das uso de determinadas formas simbólicas do DR como as parábolas, a
verdades religiosas, e onde o teólogo (...) aparece como aquele que utilização de certos temas, como a efemeridade da vida humana, a
faz a relação entre os dois mundos: o mundo hebraico e o mundo vida eterna, o galardão, entre outros. Acrescenta-se também como
cristão”, sendo, assim, “mais formal”. Porém, podemos falar em DR marca a intertextualidade.
de maneira globalizante.
Assim, temos: Discurso Jurídico5
- Desnivelamento, assimetria na relação entre o locutor e o ou-
vinte – o locutor está no plano espiritual (Deus), e o ouvinte está no O discurso legal caracteriza-se como um discurso hierárquico
plano temporal (os adoradores). As duas ordens de mundo são to- e dominante, baseado numa estrutura de exclusão e discriminação
talmente diferentes para os sujeitos, e essa ordem é afetada por um de várias minorias sociais, como os pobres, os negros, os homos-
valor hierárquico, por uma desigualdade, por um desnivelamento. sexuais, as mulheres, etc. A especificidade da linguagem jurídica,
Deus, o locutor, é imortal, eterno, onipotente, onipresente, onis- e as restrições educacionais quanto a quem pode militar na Área
ciente, em resumo, o todo-poderoso. Os seres humanos, os ouvin- (advogados, promotores, juízes, etc.), são apenas algumas das es-
tes, são mortais, efêmeros e finitos. tratégias utilizadas pelo sistema jurídico para manter o discurso le-
- Modos de representação. A voz no discurso religioso (DR) se gal inacessível à maioria das pessoas, e desta forma protege-lo de
fala em seus representantes (Padre, pastor, profeta), essa é uma análises e críticas.
forma de relação simbólica. Essa apropriação ocorre sem explicitar Como em todo discurso dominante, as posições de poder cria-
os mecanismos de incorporação da voz, aspecto que caracteriza a das para os participantes de textos legais são particularmente assi-
mistificação. métricas, como é o caso num julgamento (e.g. entre o juiz e o réu;
- O ideal do DR é que o ‘representante’, o que se apropria do entre o juiz e as testemunhas; etc.). Os juízes, por exemplo, detêm
discurso de Deus’, não o modifique. Ele deve seguir regras restritas um poder especial devido ao seu status social e ao seu acesso privi-
reguladas pelo texto sagrado, pela Igreja, pelas liturgias. Deve-se legiado ao discurso legal (são eles que produzem a forma final dos
manter distância entre ‘o dito de Deus’ e ‘o dizer do homem’. textos legais). Portanto, é a visão de mundo do juiz que prevalece
- A interpretação da palavra de Deus é regulada. “Os sentidos nas sentenças, em detrimento de outras posições alternativas.
não podem ser quaisquer sentidos: o discurso religioso tende forte- Além de relações de poder, os textos legais também expressam
mente para a monossemia”. relações de gênero. A lei e a cultura masculina estão intimamen-
- Dualismos, as formas da ilusão da reversibilidade: plano hu- te ligadas; o sistema jurídico é quase que inteiramente dominado
mano e plano divino; ordem temporal e ordem espiritual; sujeitos e por homens (só recentemente as mulheres passaram a fazer parte
Sujeito; homem e Deus. A ilusão ocorre na passagem de um plano de instituições jurídicas) e, de forma geral, ele expressa uma visão
para outro e pode ter duas direções: de cima para baixo, ou seja, masculina do mundo. As mulheres que são parte em processos le-
de Deus para os homens, momento em que Ele compartilha suas gais (e.g. reclamantes, rés, testemunhas, etc.) estão expostas a um
propriedades (ministração de sacramentos, bênçãos); de baixo para duplo grau de discriminação e exclusão: primeiro, como leigas, elas
cima, quando o homem se alça a Deus, principalmente, através da ocupam uma posição desfavorecida se comparadas com militantes
visão, da profecia. Estas são formas de ‘ultrapassagem’. legais (advogados, juízes, promotores, etc.); segundo, elas são estig-
- Escopo do discurso religioso. A fé separa os fiéis dos não-fiéis, matizadas também por serem mulheres, e têm seu comportamento
“os convictos dos não-convictos. Logo, é o parâmetro pelo qual de- social e sexual avaliado e controlado pelo discurso jurídico.
limita a comunidade e constitui o escopo do discurso religioso em
suas duas formações características: para os que creem, o discurso
4 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/downloa-
d/4694/3461#:~:text=O%20discurso%20religioso%20%C3%A9%20aquele,discur-
so%20(Orlandi%2C%201996).&text=locutor%20est%C3%A1%20no%20plano%20
espiritual,plano%20temporal%20(os%20adoradores). 5 https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/23353/21030/0
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Discurso Técnico6 discurso são unidades complementares.


A partir da compreensão de discurso, passa-se a refletir sobre
Para o desempenho de tal papel, eles contam com suas carac- o que vem ser discurso científico. Para Guimarães é aquele em que
terísticas intrínsecas, as quais são responsáveis pelo “rótulo” que “o autor pretende fazer o leitor saber.” Ou seja, a intenção do autor
cada tipo textual carrega. é fazer o leitor ou pesquisador saber como os resultados daquela
Tais características se evidenciam formal e funcionalmente e pesquisa foram alcançados, dando-lhe oportunidade de repetir os
são percebidas, de maneira mais ou menos clara pelo leitor/ouvin- procedimentos metodológicos em outras pesquisas similares.
te. Afinal, todos os tipos de texto têm um público fiel, ao qual se Para Carioca, “o discurso científico é a forma de apresentação
destinam. da linguagem que circula na comunidade científica em todo o mun-
Os autores que têm o texto técnico como objeto de estudo con- do. Sua formulação depende de uma pesquisa minuciosa e efetiva
cordam que ele apresenta as seguintes características: sobre um objeto, que é metodologicamente analisado à luz de uma
• Linguagem monossêmica; teoria.” Outra posição é que o discurso científico não se dá apenas
• Vocabulário específico ou léxico especializado; pela comprovação ou refutação do que foi escrito, dá-se também
• Objetividade; pela aceitabilidade dos pares que compõem a comunidade espe-
• Emprego de voz passiva; cífica.
• Preferência pelo emprego do tempo verbal presente. Desse modo, pode-se dizer que a estrutura global da comunica-
ção científica está respaldada em parâmetros normativos referen-
As características apontadas acima coadunam-se com o obje- tes à produção de gêneros e à produção da linguagem, ou seja, o
tivo principal de qualquer produção de cunho técnico: transmissão discurso acadêmico se estabeleceu dentro de convenções instituí-
de conhecimentos de forma clara e imparcial. Embora a objetivida- das pela comunidade científica, que, ao longo do tempo, se expres-
de e a neutralidade sejam fiéis parceiras do texto técnico, não se sa por características, como impessoalidade, objetividade, clareza,
pode afirmar que esse tipo textual seja isento das marcas de seu precisão, modéstia, simplicidade, fluência, dentre outros.
autor, enquanto produtor de ideias e veiculador de informações. É importante apresentar a posição de Charaudeau sobre a
Quando há a troca da 3ª pessoa do singular pela 1ª pessoa do plu- problemática entre o discurso informativo (DI) e discurso científico
ral, por exemplo, o autor tem a intenção de conquistar o seu in- (DC). Para o autor, o que eles têm em comum é a problemática da
terlocutor, tornando-o um parceiro “na assunção das informações prova. “[...] o primeiro se atém essencialmente a uma prova pela
dadas, numa forma de estratégia argumentativa.” designação e pela figuração (a ordem da constatação, do testemu-
Todo tipo textual possui a argumentatividade, porém essa apa- nho, do relato de reconstituição dos fatos), o segundo inscreve a
rece de modo mais intenso e explícito em alguns textos e de modo prova num programa de demonstração racional.”.
menos intenso e explícito em outros. Para complementar a afirma- Percebe-se que o interesse principal do discurso informativo é
ção dessas autoras, cita-se Benveniste para o qual, o sujeito está transmitir uma verdade através dos fatos. Já o discurso científico se
sempre presente no texto, não havendo, portanto, texto neutro ou impõe pela prova da racionalidade que reside na força da argumen-
imparcial. tatividade. E mais, este deve se comprometer com a logicidade das
Percebe-se, então, que o texto técnico possui características ideias para estas se tornem mais convincentes.
que o diferenciam dos demais tipos de textos. No entanto, não se Como se viu, o discurso acadêmico é produzido dentro de uma
deve afirmar que ele seja desprovido de marcas autorais. Tanto é esfera de comunicação relativamente definida chamada de comuni-
verdade, que alguns autores de textos técnicos não dispensam o dade científica. Em geral, no ensino superior, vão se encontrar mo-
uso de certos advérbios e conjunções, por exemplo, expedientes delos de discurso acadêmico que já se tornaram consagrados para
que têm a função de modalizar o discurso. essa comunidade. Na subseção que segue se mostrará especifica-
A modalização, nesse tipo de texto, pode aparecer de forma mente alguns deles.
implícita e/ou explícita. Sob essa última forma, verificam-se o apa- O primeiro modelo, monografia de análise teórica, evidencia
recimento de construções específicas, tais como as nominalizações, uma organização de ideias advindas de bibliografias selecionadas
a voz passiva, o emprego de determinadas conjunções e preposi- sobre um determinado assunto. Nesse tipo, pode-se fazer uma aná-
ções. lise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo já consagrado
pela comunidade científica. O modelo metodológico indicado pelos
Discurso Acadêmico/Científico7 autores é: escolha do assunto/ delimitação do tema; bibliografia
pertinente ao tema; levantamento de dados específicos da área sob
O texto como objeto abstrato se configura no campo da lin- estudo; fundamentação teórica; metodologia e modelos aplicáveis;
guística como teoria geral. Já discurso é uma realidade de intera- análise e interpretação das informações; conclusões e resultados.
ção-enunciação objeto de análises discursivas. Enquanto os textos, No segundo modelo, monografia de análise teórico-empírica,
como objetos concretos, são aqueles que se apresentam completos faz-se uma análise interpretativa de dados primários, com apoio de
constituídos de um ato de enunciação que visa à interação entre fontes secundárias, passando-se para o teste de hipóteses, mode-
produtor e interlocutor. Partindo dessas concepções, percebe- se los ou teorias. A partir dos dados primários e secundários, o autor
que texto e discurso se complementam, pois, para o autor, “a sepa- /pesquisador mostrará um trabalho inovador. Quanto ao modelo
ração do textual e do discursivo é essencialmente metodológica”, metodológico, tem-se: realidade observável; pergunta problema e
o que leva à distinção entre os dois a anular-se. Neste caso, texto e objetivo proposto; bibliografia e dados secundários; teoria perti-
6 https://revistas.ufg.br/lep/article/download/32601/17331/ nente ao tema (conceitos, técnicas, constructos) e dados secundá-
7 http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4823/ rios; instrumentos de pesquisa (questionário); pesquisa empírica;
MARIA%20DE%20F%c3%81TIMA%20RIBEIRO%20DOS%20SANTOS_.pdf?se- análise; conclusões e resultados.
quence=1&isAllowed=y No terceiro modelo, monografia de estudo de caso, o autor/
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pesquisador faz uma análise específica da relação existente entre decorrentes dessas funções, entre outros.  
um caso e hipóteses, modelos e teorias. O modelo metodológico Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre
adotado obedece aos seguintes passos: escolha do assunto/delimi- a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
tação do tema; bibliografia pertinente ao tema (área específica sob ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados
estudo); fundamentação teórica; levantamento de dados da organi- distintos.  Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da
zação sob estudo; caracterização da organização; análise e interpre- vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz
tação das informações; conclusões e resultados. com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
Observa-se que esses modelos possuem suas particularidades, O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão
mas também aspectos que coincidem. Este é o caso da pesquisa estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada
bibliográfica, que é imprescindível em qualquer trabalho científico. um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras
Discurso Literário8 foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português
brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
O discurso literário pode não ser apenas ligado aos procedi- As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
mentos adotados pelo autor, mas também, e talvez mais direta- para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
mente do que se pensa, ligado ao contexto sociocultural no qual – Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
está inserido, evidenciando-se, nem sempre claramente, uma influ- (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
ência das instituições que o cercam na escolha de determinados – Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus
procedimentos de linguagem. derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova
A ideia de que o discurso literário constrói-se a partir de ele- York.  
mentos intrínsecos ao texto literário tomou corpo com os estudos
realizados no início do século XX. Foram os formalistas russos que Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos
demonstraram uma preocupação com a materialidade do texto lite- do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais
rário, recusando, num primeiro momento, explicações de base ex- regras:
traliterária. Neste sentido, o que importava para os integrantes do
movimento era o procedimento, ou seja, o princípio da organização «ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
da obra como produto estético. Assim, a preocupação dos formalis- – Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum,
tas era investigar e explicar o que faz de uma determinada obra uma abacaxi.  
obra literária, nas palavras de Jakobson: “a poesia é linguagem em – Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é – Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determina- – Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer,
da obra uma obra literária”. A questão da literariedade como pro- mexerica.   
cesso ou procedimento de elaboração está centrado nas estruturas
que diferenciam o texto literário de outros textos. s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
A literariedade é conceituada não só pela linguagem diferen- – Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa,
ciada que gera o estranhamento, mas também histórica e cultural- verminose.
mente. Uma obra literária não pode ser apenas uma construção – Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos.
bem elaborada, mas deve também retratar o homem de sua época Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
ou época anterior, com todas as suas angústias, desejos e forma de – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
pensar. Tornando-se, assim, não apenas um material para ser estu- nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
dado linguisticamente, mas também e, principalmente, uma obra burguês/burguesa.
viva em que toda vez que se relê encontre-se algo novo e represen- – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
tativo do ser humano. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.

Porque, Por que, Porquê ou Por quê?


– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
ORTOGRAFIA OFICIAL.
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
— Definições que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, porque/pois nada está molhado.  
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia cancelamento do show.  
são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
8 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Lin- do show.  
guaPortuguesa/artigo12.pdf – Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao
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fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente. Não recebem acento gráfico:
Por quê?   – As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis.
– As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas
Parônimos e homônimos quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”. Antes do novo
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles
pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver lêem leem.
(perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e
apreender (capturar). Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas terminados em “-em”, já que a terceira pessoa termina em “-êm”.
que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem →
“gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome Eles têm; Ele vem → Eles vêm.
demonstrativo).
Acentuação das palavras Oxítonas
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas
as oxítonas com sílaba tônica terminada em vogal tônica -a, -e e
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
-o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé,
vocês. Logo, não se acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”.
— Definição Ex.: caqui, urubu.
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas
palavras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas Acentuação das palavras Paroxítonas
regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima
Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba sílaba é tônica. De acordo com a regra geral, não se acentuam as
tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados
as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na abaixo. Observe as exceções:
língua portuguesa: – Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis,
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som hóquei, jóquei, pônei, saudáveis.
aberto. Ex.: área, relógio, pássaro. – Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex,
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil, tórax.  
“o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico, – Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis,
âncora, avô. grátis, júri, lápis, oásis, táxi.
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com – Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus,
o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba tônus.  
tônica! – Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons.
– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de – Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns,
determinada palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a quórum, quóruns.  
sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que – Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs,
indica que a sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.  
(˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro
exemplo semelhante é a palavra bênção.   Acentuação das palavras Proparoxítonas
Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é
— Monossílabas Tônicas e Átonas tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore,
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro,
alteração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe tática, trânsito.
o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração
da preposição “de” + artigo “o”).   Ao comparar esses termos, Ditongos e Hiatos
percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, Acentuam-se:
temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. – Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”,
Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói,
(forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como mausoléu, sóis, véus.
abaixo: – As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.” um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí
“Finalmente encontrei a chave do carro.” (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).

Recebem acento gráfico:   Não se acentuam:


– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); – A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.:
-e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs. moinho, rainha, bainha.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, – As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.:
-éu, -ói. Ex: réis, véu, dói. juuna, xiita. xiita.
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem,
enjoo, magoo.
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O Novo Acordo Ortográfico


Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem acentuação em razão do Acordo Ortográfico de 1990, que entrou em vigor
em 2009:

1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas.


Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; vôo – voo; zôo – zoo.

2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas.


Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide – alcaloide; assembléia – assembleia; asteróide – asteroide; européia
– europeia.

3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas.


Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – taoismo.

4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que possuem -e tônico em hiato.


Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem – leem; relêem – releem;
revêem.

5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue; enxágüe – enxágue; linguïça –
linguiça.

6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma grafia, mas apresentam significados diferentes. Exemplo: o verbo PARAR:
pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo “parar” era acentuada para que fosse diferenciada da preposição “para”.
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim:
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / preposição]
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / preposição]

CLASSES DE PALAVRAS.

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.

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Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino
plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS
DEFINIDOS singular a da na à pela
feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS
INDEFINIDOS singular uma duma numa
feminino plural umas dumas numas

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substantivos
se subdividem em:
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro).
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra palavra,
é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que nomeiam
sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado),
constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  

— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer
que seja nomeado.

Os tipos de adjetivos
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de um
radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).  
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo,
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo
lamentável).
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).  

O gênero dos adjetivos


Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” / “Ana
é uma amiga leal.”  

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Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse
variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
travessa”. tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro;
tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
O número dos adjetivos – Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos
Por concordarem com o número do substantivo a que se regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou
referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito
instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos;
formosos. vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda
conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar
O grau dos adjetivos duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo fosse regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades). seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.

Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom — Pronome


quanto o anterior.”   O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem
Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
que Luciana.” e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo
do que a equipe.”    ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
podendo ser: pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.” relativos.
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.”
Pronomes pessoais
Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de: Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso
– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.” (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”   (desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos
(atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
Pronome adjetivo um correspondente oblíquo.
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim, CASO RETO CASO OBLÍQUO
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer
concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é Eu Me, mim, comigo.
a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o Tu Te, ti, contigo.
substantivo comum professora).
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Locução adjetiva Nós Nos, conosco.
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
Vós Vos, convosco.
que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.
Exemplos:
– Criaturas da noite (criaturas noturnas). Observe os exemplos:
– Paixão sem freio (paixão desenfreada). – Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível
– Associação de comércios (associação comercial). é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome
— Verbo “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo,
fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em: Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las,
Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  
têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
“-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe
o exemplo do verbo “nutrir”:
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular
ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo
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Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.
PRONOME USO ABREVIAÇÕES
Você situações informais V./VV
Senhor (es) e
pessoas mais velhas Sr. Sr.a (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
Senhora (s)
Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas
altas autoridades, como Presidente da República, senadores,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
deputados, embaixadores
Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)
Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1 pessoa
a
Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso.
fala.
3a pessoa Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
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Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa,
devagar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam em
“Andou depressa por causa da chuva”
“-mente”, como cuidadosamente, calmamente,
tristemente.
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”
“Demorou, mas chegou longe!”
Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”
“Você saiu muito depressa”
Sim e decerto e palavras afirmativas com o
“Decerto passaram por aqui”
sufixo “-mente” (certamente, realmente).
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
Palavras como claro e positivo, podem ser
“Entendi, sim.”
advérbio, dependendo do contexto.

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Não e nem. Palavras como negativo, nenhum, “Jamais reatarei meu namoro com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser “Sequer pensou para falar.”
advérbio de negação, conforme o contexto. “Não pediu ajuda.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras que “Quiçá seremos recebidas.”
ADVÉRBIO DE DÚVIDA expressem dúvida acrescidas do sufixo “Provavelmente sairei mais cedo.”
“-mente”, como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa
Quando, como, onde, aonde, donde, por que. direta, que indica causa)
ADVÉRBIO DE Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta,
INTERROGAÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente que indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”
(oração interrogativa indireta, que indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Estabelecer relação de adição (positiva
“No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas ou negativa). As principais conjunções
“Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas coordenativas aditivas são “e”, “nem” e
chegar.”
“também”.
Estabelecer relação de oposição. As principais
“Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas
“Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas são “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”,
estava nervoso na prova.”
“entretanto”.
Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”

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Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são emprego.” /
conclusivas
“portanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”
Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são descansar aqui em casa.” /
explicativas
“porque”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:  

1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


São empregadas para introduzir a oração que Que e se. Analise:
cumpre a função de sujeito, objeto direito, “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
objeto indireto, predicativo, complemento agendada.” e
nominal ou aposto de outra oração. “Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais denota causa. que, que, porquanto.
Estabelecer relação de alternância. As principais
Conjunções subornativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado
condicionais necessária para que seja realizada ou não o fato que, a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma de que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois
comparativas comparação. de tanto. Como, assim como, como se, bem como,
que nem.
Indicam uma oração em que se admite um Por mais que, por menos que, apesar de que,
Conjunções subornativas
fato contrário à ação principal, mas incapaz de embora, conquanto, mesmo que, ainda que, se bem
concessivas
impedí-la. que.
Introduzem uma oração, cujos acontecimentos
Conjunções subornativas são simultâneos, concomitantes, ou seja, À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais ocorrem no mesmo espaço temporal daqueles proporção que.
contidos na outra oração.
Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida
Conjunções subornativas
consequência do que foi declarado na oração pelo que em outra oração). De maneira que, de
consecutivas
anterior. forma que, de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

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— Numeral Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem


É a classe de palavra variável que exprime um número quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12
determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma unidades).
sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), – Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
quarto) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos
aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, — Preposição
que tem três principais finalidades: Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e
ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas
os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado,
Parágrafo 10 (Parágrafo 10). as preposições não possuem significado próprio se isoladas no
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe
numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização
primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que
Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto. gera significado e sentido, esteja presente, possui um valor menor.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o
substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o Classificação das preposições
décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua
século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis). propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a,
antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
Os tipos de numerais por (ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem,
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e sob, sobre, trás.
exprimem quantidades. Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.   ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
quinhentos/quinhentas). linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: conforme o contexto.
milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois
significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste, Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
mas os dois/ambos foram reprovados. o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos. valor estrutural (gramática).
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e
feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/ Classificação das preposições
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.   apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme,
Exemplo: A carne de segunda está na promoção.   durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre
outras.
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que,
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
quartos (¾), 1/12 avos.   ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.  
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.    Locuções prepositivas
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.   prepositivas.
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
duplos sentidos.

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abaixo de de acordo junto a


acerca de debaixo de junto de USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.
acima de de modo a não obstante
a fim de dentro de para com Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou
“contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial,
à frente de diante de por debaixo de em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a
antes de embaixo de por cima de (preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela
(pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) +
a respeito de em cima de por dentro de aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção
atrás de em frente de por detrás de das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante de palavras
femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos
através de em razão de quanto a
aquilo e aquele, que recebem a crase por terem “a” como sua vogal
com respeito a fora de sem embargo de inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno
de união representado pelo acento grave.
— Interjeição A crase pode ser a contração da preposição a com:
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que – O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma assistiu às aulas.”
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., – O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades – Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais “Retorne àquele mesmo local.”
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas – O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às
também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do quais devemos o maior respeito e consideração”.
interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de
que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na
mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”. construção sintática.
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!» Técnicas para o emprego da crase
1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe
Os tipos de interjeição semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da
De acordo com as reações que expressam, as interjeições palavra feminina.
podem ser de: Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!” “Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
ALÍVIO “Ah!, “Ufa!” “Irei ao evento / à festa.”
ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!”
2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir,
APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!” chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da,
APLAUSO “Bravo!”, “Bis!” ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não
deve ser empregado.
DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!” Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
DESEJO “Tomara!” “Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
DOR “Ai!”, “Ui!” “Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”

DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!” 3 – Troque o termo regente da preposição a por um que
ESPANTO “Eita!”, “Ué!” estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não
se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas
IMPACIÊNCIA pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá.
“Puxa!”
(FRUSTRAÇÃO) Exemplos:
IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!” “Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!” de estudar / Insiste em estudar.”
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua
SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!” filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
Gosto de você / Penso em você.”

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4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que contém verbo.


expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada 2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como como oração.
núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase.
Exemplos: Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma
“Tudo às avessas.” oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
“Barcos à deriva.” estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
5 – Outros casos envolvendo locuções e crase: “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
“moda de”, ficando somente o à explícito. ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
Exemplos: sintática diferente.
“Arroz à (moda) grega.”
“Bife à (moda) parmegiana.”
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
de horas especificadas e definidas: Exemplos: compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
“À uma hora.” Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
“Às cinco e quinze”. duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o
noticiário”.
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO.
Período
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com
estudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um sentido completo. Assim como as orações, o período também pode
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que de orações que apresenta: o período simples contém apenas uma
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é uma
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à
orações, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.
Para que se possa compreender a análise sintática, é importante – Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” -
retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período. apresenta apenas um verbo.
Vejamos: – Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou
ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo — Análise Sintática
que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a
uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou estrutura de um período e das orações que compõem um período.
não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”. que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a seguir as especificidades de cada tipo.
a disposição das palavras na frase também é fundamental para a
compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da 1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.” Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual
Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” , se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por
sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos
já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá respectivos exemplos a seguir:
ser compreendida pelo interlocutor. Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”,
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração
Oração sobre o sujeito).
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto),
verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração, podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após
desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos
sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O respectivos casos:
importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem. “Fred fez um lindo discurso.”
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é. “Um lindo discurso Fred fez.”
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não “Fez um lindo discurso, Fred.”
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– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
concordância verbal. um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. aula. Por isso, estavam contentes.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no 2 – Termos integrantes da oração
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
concordância do verbo o destaca de forma indireta. oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
determiná-lo. completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
Esse sujeito pode aparecer com: exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
padeiro.”». seja compreendido.
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você
estiver lá.” Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. acontecido.”
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos os aparelhos.»
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”. – Complementos Nominais: esses termos completam o sentido
“Era uma hora e quinze”. de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos,
adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e os exemplos:
verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, – “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que
também recebem sua classificação, conforme abaixo: “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante nominal.
para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo – “O entregador atravessou rapidamente pela viela. –
que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa “rapidamente” é advérbio de modo.
compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser – “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um
direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e substantivo.
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.” – Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim,
sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por.
cair, mergulhar, correr. Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz
– Verbo de ligação: servem para expressar características de passiva:
estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”), – “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação – “O cachorro foi alvo do meu medo.”
(“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua – “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome 3 – Termos acessórios da oração
(substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração. Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos
Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem
e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito. para complementar a informação, exprimindo circunstância,
– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira
ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é abaixo quais são eles:
inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, – Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido
é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos:
“ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica “Dormimos muito.”
atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
palavra substantivada. “Ele ficou pouco animado com a notícia.”
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O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” – Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
“Maria escreve bastante bem.” porque estudou bastante.”

O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”. – Período composto por subordinação: são constituídos por
orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
Os adjuntos adverbiais podem ser: apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
tempo). que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, queria que isso acontecesse.”
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado – Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
de escola.” – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
– Sujeito: “jovem apaixonado” é que meus pais são saudáveis.”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os felizes que pulamos de alegria.”
adjuntos adnominais de “colega”. – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
para que nós chegássemos a casa em segurança.”
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
informação já completa. Observe os exemplos: – Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo,
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.” espero por você.»
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.” – Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que
estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem – Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia
com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento como se ainda vivesse no interior.”
ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa – Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme
do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.”
quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de – Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais
apelo. Observe: me exercito, mais tenho disposição.”
“Ei, moça! Seu documento está pronto!” – Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que
“Senhor, tenha misericórdia de nós!” passou no concurso, mudou-se para o interior.”
“Vista o casaco, filha!” – Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve
enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”
— Estudo da relação entre as orações
Os períodos compostos são formados por várias orações.
As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
PONTUAÇÃO.
subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por
orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções — Visão Geral
ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
individualmente porque apresentam sentidos completos. gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas: de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias)
doces.” em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
preparei os doces.” compreensão da frase.
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
preparo os doces.” – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, tipos textuais;
logo, passou no exame.” – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
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– Demarcar das unidades de um texto; 10 – Marcar a omissão de um termo:


– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas. “Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
“fazer”).
— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
enunciado • Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
Vírgula “Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem 2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo ajudasse.”
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em
outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a
empregada: principal:
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
• No interior da sentença
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição: 4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas
ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal:
ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. Por ser sempre assim, ninguém dá
Reduzida
atenção!
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
Porque é sempre assim, já ninguém dá
Desenvolvida
atenção!
REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos! 5 – Separar as sentenças intercaladas:
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada. leito, até que você se recupere por completo.”

2 – Isolar o vocativo • Antes da conjunção “e”


“Crianças, venham almoçar!” 1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire
“Quando será a prova, professora?” valores que não expressam adição, como consequência ou
diversidade, por exemplo.
3 – Separar apostos “Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre
que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar
4 – Isolar expressões explicativas: alguma ideia, por exemplo:
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
responsabilizado.” e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)
5 – Separar conjunções intercaladas
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.” 3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas
apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado: “A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos
funcionários do setor.” O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
“Estas alegações, não as considero legítimas.” apositiva nem se apresente inversamente).

8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas Ponto


por conjunções) 1 – Para indicar final de frase declarativa:
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.” “O almoço está pronto e será servido.”

9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: 2 – Abrevia palavras:


“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
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– “Dr.” (Doutor) 2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para


destacar o enunciado:
3 – Para separar períodos: “Não brinca, é sério?!”
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
Ponto de Exclamação
Ponto e Vírgula 1 – Após interjeição:
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou “Nossa Que legal!”
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; 2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
nossa amiga, de praticar esportes.” “Infelizmente!”

2 – Para separar os itens de uma sequência de itens: 3 – Após vocativo


“Os planetas que compõem o Sistema Solar são: “Ana, boa tarde!”
Mercúrio;
Vênus; 4 – Para fechar de frases imperativas:
Terra; “Entre já!”
Marte;
Júpiter; Parênteses
Saturno; a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
Urano; intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
Netuno.” a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como
Dois Pontos sempre)
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, quem seria promovido.”
enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem
ideias anteriores. Travessão
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.” 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela “O rapaz perguntou ao padre:
grande ofensa.” — Amar demais é pecado?”

2 – Para introduzirem citação direta: 2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente “— Vou partir em breve.
muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se — Vá com Deus!”
transforma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens: 3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Ele gritava repetidamente: “Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
– Sou inocente!”
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:
Reticências “Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta
sintaticamente: Aspas
“Quem sabe um dia...” 1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta,
como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos,
2 – Para indicar hesitação ou dúvida: arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar “Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
ainda.” “A reunião será feita ‘online’.”

3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o 2 – Para indicar uma citação direta:
objetivo de prolongar o raciocínio: “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas Assis)
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).

4 – Suprimem palavras em uma transcrição:


CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner).
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal
Ponto de Interrogação estudam a sintonia entre os componentes de uma oração.
1 – Para perguntas diretas: – Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao
“Quando você pode comparecer?” sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar
em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a,
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2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é – “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
flexionado para concordar com o sujeito. – “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero
(flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes Concordância verbal com a partícula de indeterminação do
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal ou por verbos transitivos indiretos:
concordância ocorre em gênero e pessoa – «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”

Casos específicos de concordância verbal Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
situações em que o verbo no infinitivo é flexionado: paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
I – Quando houver um sujeito definido; – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
forem distintos. a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
Observe os exemplos: ser empregada:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” – “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos
“Isto é para nós solicitarmos.” entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão pessoas entenderam.”
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
imperativos. mas também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
Exemplos: – “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo
concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, – “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular, – “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir: Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
nevar, amanhecer. se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.» substantivo deve estar no plural:

– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas – “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
professoras vigiando as crianças.” xadrez.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz – “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
duas horas que estamos esperando.” xadrez.”

Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas


Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista
verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino
no singular ou no plural: singular:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.” – “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos proibido circulação de pessoas não identificadas.”
do que ocorreria.” – “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada
de crianças acompanhadas.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, Concordância nominal com menos: a palavra menos
ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela
permanece na 3a pessoa do singular: advérbio ou adjetivo:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.» – “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo
concorda com o termo que antecede o pronome:
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Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em gênero e
número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou
oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses
termos denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

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REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.  

No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo
NÃO “Isso não procede.”
Proceder instransitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar transitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”

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convocação NÃO “Chame todos!”


“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”
apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
indireto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito e
Informar complemento sem e “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
outro com preposição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto
Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”
Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.

Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das palavras e
também às relações de sentido estabelecidas entre elas.

Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das palavras.
Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”

No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a
palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano.

Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um hipônimo,
palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.

Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o contexto em
que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas um significado. Exemplos:
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida.
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– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não ( 1 ) narrativa;


tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. ( 2 ) dialogal;
( 3 ) argumentativa;
Sinonímia e antonímia ( 4 ) injuntiva;
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem ( 5 ) descritiva.
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados
opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras Está correta a alternativa:
expressam proximidade e contrariedade. (A) 1 - 2 - 3 - 4 - 5.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = (B) 1 - 3 - 2 - 4 - 5.
veloz. (C) 2 - 1 - 4 - 5 - 3.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x (D) 4 - 3 - 2 - 5 - 1.
atrasado.
2. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblio-
Homonímia e paronímia teconomia- O rio de minha terra é um deus estranho.
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de muitas vezes homicida,
sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas foi ele quem levou o meu irmão.
distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças
gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). É muito calmo o rio de minha terra.
A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
os exemplos: Nas solidões das noites enluaradas
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo a maldição de Crispim desce
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer). sobre as águas encrespadas.
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar
(definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar O rio de minha terra é um deus estranho.
roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo para subir as poucas rampas do seu cais.
chorar) . Foi conhecendo o movimento da cidade,
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e a pobreza residente nas taperas marginais.
apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento
(saudação). Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
QUESTÕES até roçados de arroz e de feijão.

Na sua obstinada e galopante caminhada,


1. PREFEITURA DE LUZIÂNIA-GO – PROFESSOR I – AROEIRA – destruiu paredes, casas, barricadas,
2021 deixando no percurso mágoa e dor.
Nos enunciados abaixo, pode-se observar a presença de
diferentes tipologias textuais como base dos gêneros materializados Depois subiu os degraus da igreja santa
nas sequências enunciativas. Numere os parênteses conforme o e postou-se horas sob os pés do Criador.
código de cada tipologia.
( ) 1 - --- Não; é casada. --- Com quem? --- Com um estancieiro E desceu devagarinho, até deitar-se
do Rio grande. --- Chama-se? --- Ele? Fonseca, ela, Maria Cora. --- O novamente no seu leito.
marido não veio com ela? --- Está no Rio Grande. (ASSIS, Machado
de Assis.Maria Cora.) Mas toda noite o seu olhar de rio
( ) 2 - Ao acertar os seis números na loteria, Paulo foi para casa, fica boiando sob as luzes da cidade.
entrou calado no quarto e dormiu. (Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
( ) 3 - Incorpore em sua vida quatro sentimentos positivos: a terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
compaixão, a generosidade, a alegria e o otimismo.
( ) 4 - No meu ponto de vista, a mulher ideal deve ter como No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas-
características físicas o cabelo liso, pele macia, olhos claros, nariz sifica-se como
fino. Ser amiga, compreensiva e, acima de tudo, ser fiel. (ALVES, (A) pronome.
André, Escola. Estadual Pereira Barreto. Texto adaptado.) (B) preposição.
( ) 5 - As palavras mal empregadas podem ter efeitos mais (C) artigo.
negativos do que os traumas físicos. (D) advérbio.
(E) conjunção.
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3. INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder à questão que a ele se refere.

Texto 01

Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/38102601. Acesso em: 18 set. 2022.

De acordo com o texto, “[...] sair de um acidente em alta velocidade pelo vidro da frente” indica uma

(A) solução.
(B) alternativa.
(C) prevenção.
(D) consequência.
(E) precaução.

4. FGV - 2022 - TJ-DFT - Oficial de Justiça Avaliador Federal- “Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos,
às vezes chega-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores.” O raciocínio abaixo que deve ser considerado como indutivo é:
(A) Os funcionários públicos folgam amanhã, por isso meu marido ficará em casa;
(B) Todos os juízes procuram julgar corretamente, por isso é o que ele também procura;
(C) Nos dias de semana os mercados abrem, por isso deixarei para comprar isso amanhã;
(D) No inverno, chove todos os dias, por isso vou comprar um guarda-chuva;
(E) Ontem nevou bastante, por isso as estradas devem estar intransitáveis.

5. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Segurança da Informação- “Também leio livros, muitos livros: mas com eles aprendo menos
do que com a vida. Apenas um livro me ensinou muito: o dicionário. Oh, o dicionário, adoro-o. Mas também adoro a estrada, um dicionário
muito mais maravilhoso.”
Depreende-se desse pensamento que seu autor:

(A) nada aprende com os livros, com exceção do dicionário;


(B) deve tudo que conhece ao dicionário;
(C) adquire conhecimentos com as viagens que realiza;
(D) conhece o mundo por meio da experiência de vida;
(E)constatou que os dicionários registram o melhor da vida.

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6. COTEC - 2022 - Prefeitura de Paracatu - MG - Técnico Higiene Dental - INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 01 a seguir para
responder à questão que a ele se refere.

Texto 01

Disponível em: http://bichinhosdejardim.com/triste-fim-relacoes-afetivas/. Acesso em: 18 set. 2022.

A vírgula, na fala do primeiro quadro, foi usada de acordo com a norma para separar um

(A) vocativo.
(B) aposto explicativo.
(C) expressão adverbial.
(D) oração coordenada.
(E) predicativo.

7. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Médico Texto CG1A1


Por muitos séculos, pessoas surdas ao redor do mundo eram consideradas incapazes de aprender simplesmente por possuírem
uma deficiência. No Brasil, infelizmente, isso não era diferente. Essa visão capacitista só começou a mudar a partir do século XVI, com
transformações que ocorreram, num primeiro momento, na Europa, quando educadores, por conta própria, começaram a se preocupar
com esse grupo.
Um dos educadores mais marcantes na luta pela educação dos surdos foi Ernest Huet, ou Eduard Huet, como também era conhe-
cido. Huet, acometido por uma doença, perdeu a audição ainda aos 12 anos; contudo, como era membro de uma família nobre da França,
teve, desde cedo, acesso à melhor educação possível de sua época e, assim, aprendeu a língua de sinais francesa no Instituto Nacional
de Surdos-Mudos de Paris. No Brasil, tomando-se como inspiração a iniciativa de Huet, fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Impe-
rial Instituto de SurdosMudos, instituição de caráter privado. No seu percurso, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança mais
significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funcionamento até
hoje! Essa mudança refletia o princípio de modernização da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com suas discussões sobre
educação de surdos.
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram grande influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que foi ganhando
espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos surdos brasileiros. Contudo, nesse mesmo período, muitos educadores ainda defen-
diam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era pelo método oralizado, ou seja, pessoas surdas seriam educadas por meio de línguas
orais. Nesse caso, a comunicação acontecia nas modalidades de escrita, leitura, leitura labial e também oral. No Congresso de Milão, em
11 de setembro de 1880, muitos educadores votaram pela proibição da utilização da língua de sinais por não acreditarem na efetividade
desse método na educação das pessoas surdas.
Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da Língua Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição, a Libras
continuou sendo utilizada devido à persistência dos surdos. Posteriormente, buscou-se a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais, e os
surdos continuaram lutando pelo seu reconhecimento e regulamentação por meio de um projeto de lei escrito em 1993. Porém, apenas
em 2002, foi aprovada a Lei 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão
no país.
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações)

Assinale a opção correta a respeito do emprego das formas verbais e dos sinais de pontuação no texto CG1A1.
(A) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas, caso a vírgula empregada logo após o vocábulo “mas” (primeiro
período do quarto parágrafo) fosse eliminada.
(B) A forma verbal “tiveram” (primeiro período do terceiro parágrafo) poderia ser substituída por “obtiveram” sem prejuízo aos sen-
tidos e à correção gramatical do texto.

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(C) A forma verbal “continuou” (primeiro período do quarto 9. AGIRH - 2022 - Prefeitura de Roseira - SP - Enfermeiro 36
parágrafo) está flexionada no singular para concordar com o horas - Assinale o item que contém erro de ortografia.
artigo definido “a”, mas poderia ser substituída, sem prejuízo (A) Na cultura japonesa, fica desprestigiado para sempre quem
à correção gramatical, pela forma verbal “continuaram”, que inflinge as regras da lealdade.
estabeleceria concordância com o termo “Libras”. (B) Não conseguindo prever o resultado a que chegariam, sen-
(D) A forma verbal “acreditarem” (quarto período do terceiro tiu-se frustrado.
parágrafo) concorda com “educadores” e por isso está flexio- (C) Desgostos indescritíveis, porventura, seriam rememorados
nada no plural. durante a sessão de terapia.
(E) No primeiro período do terceiro parágrafo do texto, é facul- (D) Ao reverso de outros, trazia consigo autoconhecimento e
tativo o emprego da vírgula imediatamente após “Libras”. autoafirmação.

8. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - 10. Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Agente Admi-
Área Judiciária- A chama é bela nistrativo - Edital nº 2- Considerando a acentuação tônica, assinale
as alternativas abaixo com (V) verdadeiro ou (F) falso.
Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma ( ) As palavras “gramática” e “partir” são, respectivamente,
bela lareira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a experiência do proparoxítona e oxítona.
fogo, da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamen- ( ) “Nós” é uma palavra oxítona.
te novo. E percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam ( ) “César” não é proparoxítona, tampouco oxítona.
a televisão de lado. A chama era mais bela e variada do que qual- ( ) “Despretensiosamente” é uma palavra proparoxítona.
quer programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas ( ) “Café” é uma palavra paroxítona.
fixos como um programa televisivo. A sequência correta de cima para baixo é:
(A) F, V, V, F, V.
O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do infla- (B) V, V, F, V, F.
mar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o fogo pode ser a luz (C) V, F, V, F, V.
ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar (D) V, V, V, F, F.
o Sol (o calor do fogo remete ao calor do Sol), mas devidamente
amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos de 11. CESPE / CEBRASPE - 2022 - TCE-PB - Médico- Texto CB1A1-I
claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos
obriga a imaginar coisas sem nome... A história da saúde não é a história da medicina, pois apenas
de 10% a 20% da saúde são determinados pela medicina, e essa
O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. Os outros
cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou azulada da raiz à cha- três determinantes da saúde são o comportamento, o ambiente e a
ma branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido, a na- biologia – idade, sexo e genética. As histórias da medicina centradas
tureza do fogo é ascensional, remete a uma transcendência e, con- no atendimento à saúde não permitem uma compreensão global
tudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele vive no coração da da melhoria da saúde humana. A história dessa melhoria é uma his-
Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida, mas é tória de superação. Antes dos primeiros progressos, a saúde huma-
também experiência de seu apagar-se e de sua contínua fragilidade. na estava totalmente estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil
anos, até meados do século XVIII, a expectativa de vida dos seres
(Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janeiro: humanos ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava pa-
Record, 2021, p. 54-55) ralisada na faixa dos 25-30 anos. Foi somente a partir de 1750 que
o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários elementos
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase: alteraram esse contexto, provocando um aumento praticamente
(A) Os filhos do autor diante da lareira, não deixaram de se es- contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas detinham o re-
pantar, com o espetáculo inédito daquelas chamas bruxulean- corde mundial com uma longevidade de 46 anos. Em 2019, eram as
tes. japonesas que ocupavam o primeiro lugar, com uma duração média
(B) Como metáfora, o fogo por conta de seus inúmeros atribu- de vida de 88 anos. Mesmo sem alcançar esse recorde, as popula-
tos, chega mesmo a propiciar expansões, simbólicas e metafó- ções dos países industrializados podem esperar viver atualmente
ricas. ao menos 80 anos. Desde 1750, cada geração vive um pouco mais
(C) Tanto como a do Sol, a luz do fogo, uma vez expandida, do que a anterior e prepara a seguinte para viver ainda mais tempo.
pode ofuscar os olhos de quem, imprudente, ouse enfrentá-la.
(D) O autor do texto em momentos descritivos, não deixa de Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver cada vez
insinuar sua atração, pela magia dos poderes e do espetáculo mais?
do fogo. Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 (com
(E) Disponíveis metáforas, parecem se desenvolver quando, adaptações).
por amor ou por ódio extremos somos tomados por paixões
incendiárias.

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No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, jul- Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu
gue o item seguinte. país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os
A inserção de uma vírgula imediatamente após o termo “au- muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre
mento” (nono período) prejudicaria a correção gramatical e o sen- os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que
tido original do texto. podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova
( )CERTO máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto,
( )ERRADO um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi-
lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta,
12. FGV - 2022 - SEAD-AP - Cuidador Uma das marcas da textu- atônita, estupefata.
alidade é a coerência. Entre as frases abaixo, assinale aquela que se
mostra coerente. (Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurí-
(A) Avise-me se você não receber esta carta. cio Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, passim)
(B) Só uma coisa a vida ensina: a vida nada ensina. As normas de concordância verbal encontram-se plenamente
(C) Quantos sofrimentos nos custaram os males que nunca observadas em:
ocorreram.
(D) Todos os casos são únicos e iguais a outros. (A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam
(E) Como eu disse antes, eu nunca me repito. por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu.
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca
13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Dezesseis de Novembro - falta a espontaneidade dos bons escritos.
RS - Controlador Interno- Considerando-se a concordância nominal, (C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa-
marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assi- cilidade que encontra ela em escrever seus textos.
nalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: (D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au-
( ) Agora que tudo passou, sinto que tenho menas tristezas na tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa.
minha vida. (E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri-
( ) Posso pedir teu bloco e tua caneta emprestada? tora, do que os que a levaram a imaginar histórias.
( ) É proibido a entrada de animais na praia.
15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em
(A) C - E - C. Nutrição Escolar- Considerando a regência nominal e o emprego do
(B) C - E - E. acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está
(C) E - E - C. corretamente substituído em:
(D) E - C - E.
(A) inerentes à determinado momento
14. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário (B) inerentes à regras de convivência
- Área Judiciária (C) inerentes à regulamentos anteriores
(D) inerentes à evidência de incorreções
O meu ofício
16. Assinale a frase com desvio de regência verbal.
O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo.
Espero não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo (A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas.
que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extra- (B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecno-
ordinariamente à vontade e me movo num elemento que tenho logia.
a impressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instru- (C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico.
mentos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes (D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber.
em minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma lín- (E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande
gua estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar cientista.
uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros
conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e 17. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital
surda como uma náusea dentro de mim. nº 007- Sendo (C) para as assertivas corretas e (E) para as erradas,
assinale a alternativa com a sequência certa considerando a obser-
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo vância das normas da língua portuguesa:
mais correto, do qual os outros escritores se servem. Não me im- ( ) O futebol é um esporte de que o povo gosta.
porta nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escre- ( ) Visitei a cidade onde você nasceu.
ver histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo ( ) É perigoso o local a que você se dirige.
sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo ( ) Tenho uma coleção de quadros pela qual já me ofereceram
nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen- milhões.
sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo
ou furtadas aqui e ali. (A) E – E – E – C
(B) C – C – C – E
(C) C – E – E – E
(D) C – C – C – C
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18. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Assistente Admi- centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam
nistrativo- A frase “ O estudante foi convidado para assistir os deba- sob velocidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro
tes políticos.” apresenta, de acordo com a norma padrão da Língua passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria
portuguesa, um desvio de: vazio por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As late-
(A) Concordância nominal. rais da pista, locais em que motocicletas geralmente trafegam, não
(B) Concordância verbal. tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no
(C) Regência verbal. padrão esperado.
(D) Regência nominal O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e
nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que pos-
19. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de samos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobre-
Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)- vivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mu-
táveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é
Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de aciden- simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria
tes armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria
ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo.
Luciano Melo E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menospreza-
do, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu Essas interpretações podem provocar outras tragédias além
carro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará de acidentes de carro.
e, estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela
via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a ou- Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr.
tro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum 2019. (texto adaptado)
veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de
dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a
colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo. ocorrência do acento grave é justificada
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um ver-
Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproxi- bo, e pela exigência de preposição do termo regido, que é um
mar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação se- nome.
melhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria (B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um
a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre nome, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um
isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente verbo.
somem ou aparecem em uma cena. (C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome,
Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de e pela exigência de artigo do termo regido, que é um verbo.
perceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à (D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um
nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modi- verbo, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um
ficação no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixa- nome.
mente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir
à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos 20. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital
da janela, justamente no momento do tombo, é possível que nem nº 006
notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para A importância dos debates
mudança: nossa incapacidade de visualizar variações do ambiente
entre uma olhada e outra. É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham
No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de inte-
uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar resse específico dos eleitores
atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração consi- O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite
derada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que disputam o governo do Estado
o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas. em segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa de-
Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de mocrática para ajudar os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das
termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende vantagens do sistema de votação em dois turnos, instituído pela
por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não Constituição de 1988, é justamente a de propiciar um maior de-
é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo talhamento dos programas de governo dos dois candidatos mais
são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à votados na primeira etapa.
nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa in- Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao
trospecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta Palácio Piratini. Colocados frente a frente nos microfones da Rá-
com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica, dio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões
porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores. A viabilidade de as
gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece principais demandas dos gaúchos serem contempladas vai depen-
os acidentes de trânsito. der acima de tudo da estratégia de cada um para enfrentar a crise
Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do das finanças públicas.
texto se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes
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Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir 12 B


no horário eleitoral obrigatório e a acompanhar por postagens dos
candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para pro- 13 D
paganda pessoal, estratégias de marketing e para a disseminação 14 B
de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usadas lar-
gamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar 15 D
os candidatos com questionamentos de jornalistas e do público. As 16 B
respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de im-
17 D
prensa, com divulgação posterior, o que facilita o discernimento por
parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à verdade. 18 C
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público 19 D
que, se não contar com uma perspectiva de solução imediata, pra-
ticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de go- 20 D
verno. Por isso, é promissor que, enquanto em outros Estados pre-
dominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo ANOTAÇÕES
de interesse específico dos eleitores.
Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discus-
sões amplas, perdem os cidadãos, que ficam privados de informa- ______________________________________________________
ções essenciais para fazer suas escolhas com mais objetividade e
______________________________________________________
menos passionalismo.
______________________________________________________
(A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Dis-
ponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br. Acesso em: 30 de agosto ______________________________________________________
de 2022)
______________________________________________________
No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente
a frente nos microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportu- ______________________________________________________
nidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos
______________________________________________________
eleitores.” Conforme se observa, na expressão em destaque, não há
ocorrência da crase. ______________________________________________________
Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a ______________________________________________________
alternativa em que há o emprego da crase indevidamente:
(A) cara a cara; às ocultas; à procura. ______________________________________________________
(B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes. ______________________________________________________
(D) à tarde; à sombra de; a exceção de.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________

2 D ______________________________________________________
3 D ______________________________________________________
4 E
______________________________________________________
5 D
6 A ______________________________________________________
7 D ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 D
11 CERTO ______________________________________________________

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Nos próximos exemplos, veremos como relacionar uma ou


NOÇÕES DE LÓGICA. mais proposições através de conectivos.

Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca Existem cinco conectivos fundamentais, são eles:
hipóteses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter
conclusões e, por fim, chegar a um resultado final. ^: e (aditivo) conjunção
Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
estruturas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da Real”, posso escrever p ^ q.
lógica, para poder justamente determinar um modo, para que
o caminho traçado não seja o errado. Veremos que há diversas v: ou (um ou outro) ou disjunção
estruturas para isso, que se organizam de maneira matemática. p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real
A estrutura mais importante são as proposições.
: “ou” exclusivo (este ou aquele, mas não ambos) ou
Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira disjunção exclusiva (repare o ponto acima do conectivo).
ou falsa. p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas
nunca ambos)
Ex.: Carlos é professor.
¬ ou ~: negação
As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou ~p: Carlos não é professor
falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é
verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa. ->: implicação ou condicional (se… então…)
Importante notar que a proposição deve afirmar algo, p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real
acompanhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa
frase seja “Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional)
frase não é uma proposição. p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil
Há também o caso de certas frases que podem ser ou não é o Real
proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode
ser classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas
informações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. estruturas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna
Nestes casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido mais natural decifrar esta simbologia.
ao seu caráter imperativo. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem
O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos parecer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que
permite deduzir diversas relações entre declarações, assim, estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial
iremos utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes que tudo esteja extremamente estabelecido.
encadeamentos.
As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas 1 – Princípio da Identidade
(p.ex.: a, b, p, q, …) p=p
Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual
Seja a proposição p: Carlos é professor (ou equivalente) a ela mesma.
Uma outra proposição q: A moeda do Brasil é o Real
2 – Princípio da Não contradição
É importante lembrar que nosso intuito aqui é ver se a p=qvp≠q
proposição se classifica como verdadeira ou falsa. Estamos estabelecendo que apenas uma coisa pode acontecer
às nossas proposições. Ou elas são iguais ou são diferentes, ou seja,
Podemos obter novas proposições relacionando-as entre si. não podemos ter que uma proposição igual e diferente a outra ao
Por exemplo, podemos juntar as proposições p e q acima obtendo mesmo tempo.
uma única proposição “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
Real”. 3 – Princípio do Terceiro excluído
pv¬p
Por fim, estabelecemos que uma proposição ou é verdadeira
Editora
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

ou é falsa, não havendo mais nenhuma opção, ou seja, excluindo


uma nova (como são duas, uma terceira) opção).

DICA: Vimos então as principais estruturas lógicas, como


lidamos com elas e quais as regras para jogarmos este jogo. Então,
escreva várias frases, julgue se são proposições ou não e depois
tente traduzi-las para a linguagem simbólica que aprendemos.
Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
DIAGRAMAS LÓGICOS: CONJUNTOS E ELEMENTOS.
tes formas:

Diagramas lógicos ALGUM


Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários I
AéB
problemas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que
envolvam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste ar-
gumento podem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos


para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas
lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

NENHUM ALGUM
E O
AéB A NÃO é B

Existe pelo menos um elemento que


pertence a A, então não pertence a B, e
vice-versa.
Perceba-se que, nesta sentença, a aten-
ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRA-
ÇÃO – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma
casa de cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “al-
gum teatro é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) existem cinemas que não são teatros.


(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo
mesmo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Erra-
do, a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
nos afirma isso

- Existem teatros que não são cinemas

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justi-


ficativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. –
Correta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez
que todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de
cultura também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura

LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO.

Quando falamos sobre lógica de argumentação, estamos


nos referindo ao processo de argumentar, ou seja, através de
argumentos é possível convencer sobre a veracidade de certo
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
assunto.
Segundo as afirmativas temos:
No entanto, a construção desta argumentação não é
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o úl-
necessariamente correta. Veremos alguns casos de argumentação,
timo diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que
e como eles podem nos levar a algumas respostas corretas e outras
existe pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.
falsas.

Analogias: Argumentação pela semelhança (analogamente)


Todo ser humano é mortal
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sócrates é um ser humano certas frases podem fazer sentido verbalmente, mas devemos nos
Logo Sócrates é mortal ater a lógica em si e buscar então absorver isso ao nosso raciocínio.

Inferências: Argumentar através da dedução Uma importante ferramenta neste momento são as Leis de
Se Carlos for professor, haverá aula Morgan:
Se houve aula, então significa que Carlos é professor, caso
contrário, então Carlos não é professor 1ª lei de Morgan
¬(p ∧ q) = (¬p) ∨ (¬q)
Deduções: Argumentar partindo do todo e indo a uma parte
específica 2ª lei de Morgan
Roraima fica no Brasil ¬(p ∨ q) = (¬p) ∧ (¬q)
A moeda do Brasil é o Real
Logo, a moeda de Roraima é o Real Exemplo:
p: João dirige
Indução: É a argumentação oposta a dedução, indo de uma q: a capital do mundo é Itapeva.
parte específica e chegando ao todo
Todo professor usa jaleco p ∧ q: João dirige e a capital do mundo é Itapeva.
Todo médico usa jaleco
Então todo professor é médico Vamos negar esta proposição. Num primeiro momento,
podemos estar inclinados a responder que a negativa seria João não
Vemos que nem todas as formas de argumentação são verdades dirige e a capital do mundo não é Itapeva. Mas a 1ª Lei de Morgan
universais, contudo, estão estruturadas de forma a parecerem nos sinaliza que está errado2. Devemos, negar as proposições
minimamente convincentes. Para isso, devemos diferenciar uma simples e trocar o nosso conectivo. Se estava e, agora precisa estar
argumentação verdadeira de uma falsa. Quando a argumentação ou.
resultar num resultado falso, chamaremos tal argumentação de Assim, a negação da frase seria: João não dirige ou a capital do
sofismo1. mundo não é Itapeva. Diferença sutil, mas muito importante.
No sofismo temos um encadeamento lógico, no entanto, esse
encadeamento se baseia em algumas sutilezas que nos conduzem a p ∨ q: João dirige ou a capital do mundo é Itapeva
resultados falsos. Por exemplo:
Vamos novamente negar esta frase. Da mesma forma da
A água do mar é feita de água e sal anterior, nosso senso pode nos levar a responder que a negação
A bolacha de água e sal é feita de água e sal seria João não dirige ou a capital do mundo é Itapeva. Mais uma
Logo, a bolacha de água e sal é feita de mar (ou o mar é feito vez, pela 2ª Lei de Morgan, temos que a negação se trata de João
de bolacha) não dirige e a capital do mundo não é Itapeva.
Esta argumentação obviamente é falsa, mas está estruturada Podemos então estabelecer que para negar logicamente uma
de forma a parecer verdadeira, principalmente se vista com pressa. frase verbal, devemos não só negar suas partes, mas também inver-
Convidamos você, caro leitor, para refletir sobre outro exemplo ter seu conectivo. Se antes estava e, deve se tornar ou na negação.
de sofismo: Igualmente, se antes estava ou, deve se tornar e.
Queijo suíço tem buraco Outra negativa importante, não abordada diretamente pelas
Quanto mais queijo, mais buraco Leis de Morgan, é a negativa de “se…então…”.
Quanto mais buraco, menos queijo
Então quanto mais queijo, menos queijo? Se João dirige, então a capital do mundo é Itapeva.
Como iremos negar esta proposição? A ideia aqui é manter a
primeira proposição e negar a segunda, retirando os termos “se” e
“então”. Ficamos então com a negativa: João dirige e a capital do
TIPOS DE RACIOCÍNIO.
mundo não é Itapeva.
Neste exemplo, vemos que essa questão é menos intuitiva
RACIOCÍNIO VERBAL comparada àquelas que são abordadas pelas Leis de Morgan, mas
novamente, sendo bem absorvidas, farão sentido e evitarão erros
O raciocínio verbal lida com problemas de lógica quase que na resolução das questões.
totalmente escritos, abordando geralmente a negação de certas
frases que podem parecer óbvias mas que muitas vezes nos pregam RACIOCÍNIO ESPACIAL E TEMPORAL
peças.
Podemos nos perguntar se a lógica, em geral, não é estabelecer Existem tipos de questões de lógica que envolvem situações
símbolos para traduzir estas frases. Sim! A diferença é que negar específicas que necessitam de algo a mais para resolver do que so-
1 O termo sofismo vem dos Sofistas, pensadores não alinhados aos mente as tabelas verdade. Um exemplo disso são questões envol-
movimentos platônico e aristotélico na Grécia dos séculos V e IV AEC, vendo espaço (posição, fila e tamanho e etc.) e tempo (horas, dias,
sendo considerados muitas vezes falaciosos por essas linhas de pensa- 2 Repare que as Leis de Morgan se tratam de equivalências lógicas.
mento. Desta forma, o termo sofismo se refere a quando a estrutura Caso se interesse em ver essas igualdades, veja o tópico equivalências
foge da lógica tradicional e se obtém uma conclusão falsa. lógicas.
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

calendário e etc.). 2023 2024: +2 dias na semana


Não há uma forma de elaborar estratégias específicas para a = +4 dias na semana
resolução de questões deste tipo, então iremos fornecer alguns
exemplos para inspirar quais análises podem ser feitas. 6º) Como o dia 23 de outubro de 2021 caiu num sábado, o
dia 23 de outubro de 2024 cairá 4 dias da semana depois, ou seja,
Exemplos: numa quarta.
1 – Em um determinado ano, o mês de setembro teve 5 sábados
e 5 domingos. Rodrigo faz aniversário no dia 1º de setembro. Em – Lembrando: calendário e horas
qual dia da semana foi o seu aniversário esse ano? Janeiro – 31 dias
Fevereiro – 28* dias
Aqui, temos um exercício lidando com tempo. Neste caso, Março – 31 dias
estamos lidando com calendário, envolvendo dias de um mês. Abril – 30 dias
Numa primeira vista, esta questão pode parecer muito difícil de Maio – 31 dias
resolver, pois, aparentemente, há informações faltando. Mas vamos Junho – 30 dias
ver como proceder na análise: Julho – 31 dias
1º) Vamos nos atentar que setembro possui 30 dias; Agosto – 31 dias
2º) Dessa forma, dividindo este valor por 7, descobrimos Setembro – 30 dias
quantas semanas há nesse mês: 30 : 7 = 4 (e sobra 2). Outubro – 31 dias
3º) Assim, esse mês terá 4 semanas e mais dois dias. Novembro – 30 dias
4º) Se o mês começasse numa quinta-feira, teríamos então: Dezembro – 31 dias
4 domingos
4 segundas *Os anos bissextos acontecem a cada 4 anos (múltiplos de 4
4 terças como 2000, 2004, 2008, 2012, 2016, 2020, 2024, 2028, …) e nestes
4 quartas anos fevereiro possui 29 dias.
4 quintas
5 sextas 1 dia = 24 horas
5 sábados 1 hora = 60 minutos
1 minuto = 60 segundos
5º) No exemplo acima, para dar 5 sextas e 5 sábados, o mês
começou numa quinta. Assim, para termos 5 sábados e 5 domingos, 3 – Ana, Bela, Carla e Dora estão sentadas em volta de uma
o mês deve começar numa sexta. mesa quadrada em cadeiras numeradas de 1 a 4, como mostra a
6º) Como o aniversário de Rodrigo é no dia 1º de setembro, figura a seguir:
então seu aniversário será numa sexta-feira

---

2 – Observando o calendário de 2021, temos que o dia 23 de


outubro caiu em um sábado. Sabendo que o ano de 2020 foi o
último ano bissexto, o dia 23 de outubro de 2024 cairá em uma:

Vamos operar de maneira semelhante à questão anterior:


1º) Vamos dividir 365 (dias por ano) por 7 (dias por semana)
para vermos quantas semanas temos no ano Sabe-se que:
– Ana não está em frente a Bela.
365 : 7 = 52 (sobra 1) – Bela tem Carla a sua esquerda.
– Ana e Dora estão nas cadeiras pares.
2º) A divisão acima nos diz que a cada ano, avançamos um dia.
Ou seja, se o dia 1º de janeiro de 2023 foi num domingo, em 2024 Onde cada uma está sentada?
será numa segunda. Vamos proceder com a seguinte análise:
3º) Devemos analisar também o ano bissexto, pois nestes anos, 1º) Como Ana não está na frente a Bela, então elas estão uma
há um dia a mais, então seria para dividirmos 366 por 7. do lado da outra.
366 : 7 = 52 (sobra 2) 2º) Bela tem Carla a sua esquerda.
Então ela tem a Ana a sua direita.
4º) O último ano bissexto foi em 2020, então o próximo será E por fim, Dora está a sua frente.
em 2024. Nos anos bissextos, fevereiro ganha um dia a mais.
5º) Temos então que de 2021 para 2024: 3º) Ana e Dora estão nas cadeiras pares
Se Ana estiver na cadeira 2, temos a configuração:
2021 2022: +1 dia na semana
2022 2023: +1 dia na semana 1 – Carla 2 – Ana 3 – Bela 4 – Dora

Editora
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se Ana estiver na cadeira na cadeira 4, temos a configuração Assim são proposições as seguintes expressões:
-( x ϵ A) ( y ϵ B) (p (x, y)
1 – Dora 2 – Bela 3 – Carla 4 – Ana

Mas essa opção não é possível, pois Ana e Dora estão nas pares. -( x ϵ A) (Ǝ y ϵ B) (p (x, y)
Logo, estão sentadas Carla na cadeira 1, Ana na cadeira 2, Bela
na cadeira 3 e Dora na cadeira 4.
- (Ǝ x ϵ A) ( y ϵ B) ( z ϵ C) (p (x, y, z))
---
Exemplos
Vemos que cabe ao candidato uma certa criatividade aliada ao
raciocínio para abordar as questões. Não há nada muito complexo, 1) Consideremos os conjuntos:
mas deve ser cuidadosamente vista para evitar deslizes e más
interpretações. H = {Jorge, Claudio, Paulo}, M = {Suely, Carmen}

RACIOCÍNIO QUANTITATIVO e seja p(x,y) a sentença aberta em H x M : “x é irmão de y}.

QUANTIFICAÇÃO MÚLTIPLA E QUANTIFICAÇÃO PARCIAL A proposição


(Ǝ x ϵ H) ( y ϵ M) (p(x,y))
Quantificadores 3são palavras/expressões que referem a quan-
tidades tais como “todos” e “alguns” e indicam para quantos ele- Se pode ler: “Para todo x de H existe pelo menos um y de M tal
mentos do domínio um dado predicado é verdadeiro. que x é irmão de y”. Em outros termos: “Cada homem de H é irmão
de Suely ou de Carmen”.
QUANTIFICAÇÃO PARCIAL
A proposição:
Consideremos, por exemplo, a expressão:
(Ǝ y ϵ M) ( x ϵ H) (p(x,y))
(Ǝ x ϵ A) (2x + y < 7)
Se pode ler: “Pelo menos uma das mulheres de M é irmã de
Exemplos todos os homens de H”. Observe-se que, mudando a ordem dos
quantificadores, obtém-se uma proposição diferente.
A expressão: (Ǝ x ϵ A) (2x + y < 7), sendo A = {1, 2, 3, 4, 5} o uni-
verso das variáveis x e y. Podemos ler essa expressão como: “Existe 2) Dado os conjuntos A = {1, 2, 3, 4} e B = {0, 2, 4, 6, 8} e a sen-
pelo menos um x ϵ A para o qual se tem 2x + y < 7”. tença aberta em A x B: 2x + y = 8.

Essa sentença não é uma proposição, visto que seu valor lógico A proposição:
não depende de x (variável aparente), depende ainda de y (variável
livre). Portanto é uma sentença aberta em y, cujo conjunto verdade ( x ϵ A) (Ǝ y ϵ B) (2x + y = 8) é verdadeira, pois:
é {1, 2, 3, 4}, pois somente para y = 5 não existe x ϵ A tal que 2x +
y < 7. Para:

A expressão: ( y ϵ A) (2x + y < 10), sendo A = {1, 2, 3, 4, 5}


o universo das variáveis x e y. Podemos ler essa expressão como:
“Para todo o y ϵ A se tem 2x + y < 10”.
A proposição:
Observamos novamente que a expressão não é uma propo-
sição, é uma sentença aberta em x (variável livre), cujo conjunto ( y ϵ B) (Ǝ x ϵ A) (2x + y = 8) é falsa, pois para y = 8 temos
verdade é {1, 2}, pois somente x = 1 e x = 2 se tem 2x + y < 10 para que
todo y ϵ A.
x=0 A.
QUANTIFICAÇÃO MÚLTIPLA
A proposição:
Toda sentença aberta precedida de quantificadores, um para
cada variável (todas as variáveis quantificadas) é uma proposição, (Ǝ y ϵ B) ( x ϵ A) (2x + y = 8) também é falsa, pois não existe
pois assume os valores lógicos V ou F. um y ϵ B tal que para todo x ϵ A seja 2x + y = 8.
3[ ALENCAR FILHO, Edgar de. Iniciação a lógica matemática. São
A proposição:
Paulo, Nobel. 2002.
] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (Ǝ x ϵ A) ( y ϵ B) (2x + y = 8) também é falsa analogamente

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

(analisando as proposições acima). 2º) Vemos que o padrão segue a tabuada do 6

Questão 6 x 1 = 6 (0 até 5)
6 x 2 = 12 (10 até 15)
01. (POLITEC-MT – Papiloscopista – UFMT) Considere verdadei- 6 x 3 = 18 (20 até 25)
ras as seguintes proposições:
I - Nenhum professor é fumante. 3º) O número que está multiplicando o 6 menos uma unidade
II - Existem médicos fumantes. representa a dezena que estamos começando a contar:

A partir dessas proposições, é correto afirmar: 6 x 1 1 - 1 = 0 (0 até 5)


(A) Todo médico é fumante. 6 x 2 2 - 1 = 1 (10 até 15)
(B) Nem todo médico é professor. 6 x 3 3 - 1 = 2 (20 até 25)
(C) Nem todo professor é médico.
(D) Existem médicos não fumantes. 4º) Se dividirmos 74 por 6 e 95 por 6 descobriremos seus
valores
Resposta
74 : 6 = 12 (sobra 2)
01. Resposta B 95 : 6 = 15 (sobra 5)
(A) Todo médico é fumante. Não podemos afirmar, o fato de
alguns médicos fumarem não implica no fato de outros médicos 5º) O termo 74 então está dois termos após 6 x 12
fumarem, ok?
(B) Nem todo médico é professor. Se nenhum professor fuma 6 x 12 12 - 1 = 11 (110 até 115)
aqueles médicos que fumam não são professores, está correto. Então o termo 74 está no intervalo entre 120 até 125
(C) Nem todo professor é médico. É possível que todos os pro- O 74º termo é o número 121
fessores sejam médicos, uma vez que alguns médicos podem não
fumar, falso ok? 6º) Da mesma forma, 95 está 5 após 6 x 15
(D) Existem médicos não fumantes. Não se pode afirmar isso,
alguns não é a negação de todos, ok?
6 x 15 15 - 1 = 14 (140 até 145)
O termo 95 está no intervalo entre 150 até 155
RACIOCÍNIO SEQUENCIAL.
O 95º termo é o número 154
A lógica sequencial envolve a percepção e interpretação de
7º) Somando 121 + 154 = 275
objetos que induzem a uma sequência, buscando reconhecer essa
sequência e estabelecer sucessores a este objeto.
2. Analise a sequência a seguir:
Muitas vezes essas questões vêm atreladas com aspectos
aritméticos (sequências numéricas) ou geometria (construção de
4; 7; 13; 25; 49
certas figuras).
Não há como sistematizar este assunto, então iremos ver
Admitindo-se que a regularidade dessa sequência permaneça a
alguns exemplos para nos inspirar para que busquemos resolver
mesma para os números seguintes, é correto afirmar que o sétimo
demais questões.
termo será igual a?
Exemplos:
1º) Do primeiro termo para o segundo, estamos somando 3.
1 – A sequência de números a seguir foi construída com um
2º) Do segundo termo para o terceiro, estamos somando 6.
padrão lógico e é uma sequência ilimitada:
3º) Do terceiro termo para o quarto, estamos somando 12.
4º) Do quarto termo para o quinto, estamos somando 24.
0, 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30,
5º) Podemos estabelecer o padrão que estamos multiplicando
31, 32, 33, 34, 35, 40, …
a soma anterior por 2.
6º) Assim, do quinto termo para o sexto, estaríamos somando
A partir dessas informações, identifique o termo da posição 74
48. E do sexto para o sétimo estaríamos somando 96
e o termo da posição 95. Qual a soma destes dois termos?
7º) Dessa forma, basta somarmos 49 com 48 e 96: 49 + 48 +
96 = 193
Vamos analisar esta sequência dada:
1º) Vemos que a sequência vai de 6 em 6 termos e pula para a
dezena seguinte

Os primeiros 6 termos vão de 0 a 5


Do 7º termo ao 12º termo: 10 a 15
13º termo ao 18º termo: 20 a 25

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

3 – Observe a sequência:

O padrão de formação dessa sequência permanece para as figuras seguintes. Desse modo, a figura que deve ocupar a 131ª posição
na sequência é idêntica à qual figura?
1º) Vemos que o padrão retorna para a origem a cada 7 termos.
2º) Os termos 14, 21, 28, 35, …, irão ser os mesmos que o padrão da 7ª figura.
3º) Os termos 8, 15, 22, 29, 36, …, irão ser os mesmos que o padrão da 1ª figura.
4º) Vamos então dividir 131 por 7 para descobrir essa equivalência.

131 : 7 = 18 (sobra 5)

5º) Justamente essa sobra, 5, será a posição equivalente.


Assim, a figura da 131ª posição é idêntica a figura da 5ª posição

CONECTIVOS LÓGICOS.

Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclu-
v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
siva
Disjunção Exclu-
v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
siva
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
p se e somente
Bicondicional ↔ Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.
se q

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das


proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer
sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão 2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argu- 3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
mentos lógicos, tiverem valores verdadeiros. 4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
Conectivo “ou” (v) se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. Temos então sua tabela verdade:
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando


Conectivo “ou” (v) a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.
Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa). Conectivo “Se e somente se” (↔)
Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-
te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
verdade:
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das
proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeira
Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-
Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi- posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.
vo”(considera apenas um dos casos)
Exemplo: ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a
R: Paulo é professor ou administrador tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qual-
S: Maria é jovem ou idosa quer questão referente ao assunto.

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Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES E COMPOSTAS.

A lógica proposicional é baseada justamente nas proposições e suas relações. Podemos ter dois tipos de proposições, simples ou
composta.
Em geral, uma proposição simples não utiliza conectivos (e; ou; se; se, e somente se). Enquanto a proposição composta são duas ou
mais proposições (simples) ligadas através destes conectivos.
Mas às vezes uma proposição composta é de difícil análise. “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o Real”. Se Carlos não for
professor e a moeda do Brasil for o real, a proposição composta é verdadeira ou falsa? Temos uma proposição verdadeira e falsa? Como
podemos lidar com isso?
A melhor maneira de analisar estas proposições compostas é através de tabelas-verdades.

A tabela verdade é montada com todas as possibilidades que uma proposição pode assumir e suas combinações. Se quiséssemos
saber sobre uma proposição e sua negativa, teríamos a seguinte tabela verdade:

p ~p
V F
F V

A tabela verdade de uma conjunção (p ^ q) é a seguinte:

p q p^q
V V V

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RACIOCÍNIO LÓGICO

V F F
F V F
F F F

Todas as tabelas verdades são as seguintes:

p q p^q pvq p -> q p ⇔q p v. q


V V V V V V F
V F F V F F V
F V F V V F V
F F F F V V F

Note que quando tínhamos uma proposição, nossa tabela verdade resultou em uma tabela com 2 linhas e quando tínhamos duas
proposições nossa tabela era composta por 4 linhas.
A fórmula para o número de linhas se dá através de 2^n, onde n é o número de proposições.
Se tivéssemos a seguinte tabela verdade:

p q r p v q -> r

Mesmo sem preenchê-la, podemos afirmar que ela terá 2³ linhas, ou seja, 8 linhas.
Mais um exemplo:

p q p -> q ~p ~q ~q -> ~p
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Note que o resultado de p->q é igual a ~q -> ~p (V-F-F-V). Quando isso acontece, diremos que as proposições compostas são logicamente
equivalentes (iguais).

Outro exemplo de como a tabela verdade pode nos ajudar a resolver certas proposições mais complicadas: Quero saber os resultados
para a proposição composta (p^q) -> pvq. O que vamos fazer primeiro é montar a tabela verdade para p^q e pvq.

p q p^q pvq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F

Agora que sabemos como nossos elementos se comportam, vamos relacionar com p->q:

p q p->q
V V V
V F F
F V V
F F V

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Desta forma, sabemos que a implicação que relaciona V com V resulta em V, e V com F resulta em F, e assim por diante.
Podemos então agora montar nossa tabela completa com todas estas informações:

p q p^q pvp p->q (p^q) -> pvq


V V V V V V
V F F V F V
F V F V V V
F F F F V V

O processo pode parecer trabalhoso, mas a prática faz com que seja rápida a montagem destas tabelas, chegando rapidamente na
análise da questão e com seu resultado prontamente obtido.

Geralmente, não é simples construir uma tabela verdade, algumas relações podem facilitar as análises. Uma delas são as Leis de
Morgan, que negam algumas relações. São elas:
– 1ª lei de Morgan: ¬(p^q) = (¬p) v (¬q)
– 2ª lei de Morgan: ¬(p v q) = (¬p) ^ (¬q)

Vejamos o exemplo para decifrar o que dizem estas leis:


p: Carlos é professor
q: a moeda do Brasil é o Real

Então, através de Morgan, negar p ^ q (Carlos é professor E a moeda do Brasil é o Real,) equivale a dizer, Carlos não é professor OU a
moeda do Brasil não é o real
Da mesma forma, negar p v q (Carlos é professor OU a moeda do Brasil é o Real) equivale a Carlos não é professor E a moeda do Brasil
não é o Real.

Estas leis podem parecer abstratas mas através da prática é possível familiarizar-se com elas, já que são importantes aliadas para
resolver diversas questões.

ELEMENTOS DE TEORIA DOS CONJUNTOS,

A teoria dos conjuntos é a teoria matemática capaz de agrupar elementos4.


Dessa forma, os elementos (que podem ser qualquer coisa: números, pessoas, frutas) são indicados por letra minúscula e definidos
como um dos componentes do conjunto.

Exemplo: o elemento “a” ou a pessoa “x”

Assim, enquanto os elementos do conjunto são indicados pela letra minúscula, os conjuntos, são representados por letras maiúsculas
e, normalmente, dentro de chaves ({ }).
Além disso, os elementos são separados por vírgula ou ponto e vírgula, por exemplo:
A = {a,e,i,o,u}

— Diagrama de Euler-Venn
No modelo de Diagrama de Euler-Venn (Diagrama de Venn), os conjuntos são representados graficamente:

4 https://www.todamateria.com.br/teoria-dos-conjuntos/
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— Relação de Pertinência
A relação de pertinência é um conceito muito importante na
“Teoria dos Conjuntos”.
Ela indica se o elemento pertence (e) ou não pertence (ɇ) ao
determinado conjunto, por exemplo:
D = {w,x,y,z}
Logo:
w e D (w pertence ao conjunto D);
j ɇ D (j não pertence ao conjunto D).

— Relação de Inclusão
A relação de inclusão aponta se tal conjunto está contido (C),
não está contido (Ȼ) ou se um conjunto contém o outro (Ɔ), por
exemplo: A diferença entre conjuntos corresponde ao conjunto de
A = {a,e,i,o,u} elementos que estão no primeiro conjunto, e não aparecem no
B = {a,e,i,o,u,m,n,o} segundo, por exemplo:
C = {p,q,r,s,t} A = {a, b, c, d, e} – B = {b, c, d}

Logo: Logo:
A C B (A está contido em B, ou seja, todos os elementos de A A-B = {a,e}
estão em B);
C Ȼ B (C não está contido em B, na medida em que os elementos
do conjunto são diferentes);
B Ɔ A (B contém A, donde os elementos de A estão em B).

— Conjunto Vazio
O conjunto vazio é o conjunto em que não há elementos; é
representado por duas chaves { } ou pelo símbolo Ø. Note que o
conjunto vazio está contido (C) em todos os conjuntos.

— União, Intersecção e Diferença entre Conjuntos


A união dos conjuntos, representada pela letra (U), corresponde
a união dos elementos de dois conjuntos, por exemplo: — Igualdade dos Conjuntos
A = {a,e,i,o,u} Na igualdade dos conjuntos, os elementos de dois conjuntos
B = {1,2,3,4} são idênticos, por exemplo nos conjuntos A e B:
A = {1,2,3,4,5}
Logo: B = {3,5,4,1,2}
AB = {a,e,i,o,u,1,2,3,4}.
Logo:
A = B (A igual a B).

— Conjuntos Numéricos
Os conjuntos numéricos são formados pelos:
- Números Naturais: N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12...}.
- Números Inteiros: Z = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3...}.
- Números Racionais: Q = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3,4,5,6...}.
- Números Irracionais: I = {..., √2, √3, √7, 3, 141592…}.
- Números Reais (R): N (números naturais) + Z (números
inteiros) + Q (números racionais) + I (números irracionais).

A intersecção dos conjuntos, representada pelo símbolo (∩), ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
corresponde aos elementos em comum de dois conjuntos, por
exemplo:
C = {a, b, c, d, e} ∩ D = {b, c, d} A análise combinatória ou combinatória é a parte da
Matemática que estuda métodos e técnicas que permitem resolver
Logo: problemas relacionados com contagem5.
CD = {b, c, d}

5 https://www.todamateria.com.br/analise-combinatoria/
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Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise das possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto de
elementos.

— Princípio Fundamental da Contagem


O princípio fundamental da contagem, também chamado de princípio multiplicativo, postula que:
“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e independentes, de tal modo que as possibilidades da primeira etapa é x e as
possibilidades da segunda etapa é y, resulta no número total de possibilidades de o evento ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.

Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica-se o número de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas.
Exemplo: Uma lanchonete vende uma promoção de lanche a um preço único. No lanche, estão incluídos um sanduíche, uma bebida
e uma sobremesa. São oferecidas três opções de sanduíches: hambúrguer especial, sanduíche vegetariano e cachorro-quente completo.
Como opção de bebida pode-se escolher 2 tipos: suco de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem quatro opções: cupcake de cereja,
cupcake de chocolate, cupcake de morango e cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de quantas maneiras um
cliente pode escolher o seu lanche?

Solução: Podemos começar a resolução do problema apresentado, construindo uma árvore de possibilidades, conforme ilustrado
abaixo:

Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar quantos tipos diferentes de lanches podemos escolher. Assim, identificamos
que existem 24 combinações possíveis.
Podemos ainda resolver o problema usando o princípio multiplicativo. Para saber quais as diferentes possibilidades de lanches, basta
multiplicar o número de opções de sanduíches, bebidas e sobremesa.
Total de possibilidades: 3.2.4 = 24.
Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher na promoção.

— Tipos de Combinatória
O princípio fundamental da contagem pode ser usado em grande parte dos problemas relacionados com contagem. Entretanto, em
algumas situações seu uso torna a resolução muito trabalhosa.
Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver problemas com determinadas características. Basicamente há três tipos de
agrupamentos: arranjos, combinações e permutações.
Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálculo, precisamos definir uma ferramenta muito utilizada em problemas de
contagem, que é o fatorial.
O fatorial de um número natural é definido como o produto deste número por todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo ! para
indicar o fatorial de um número.
Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.
Exemplo:
0! = 1.
1! = 1.
3! = 3.2.1 = 6.
7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5.040.
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3.628.800.

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme


cresce o número. Então, frequentemente usamos simplificações
para efetuar os cálculos de análise combinatória.

— Arranjos Exemplo: A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de


Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da 3 membros para formar uma comissão organizadora de um evento,
ordem e da natureza dos mesmos. dentre as 10 pessoas que se candidataram.
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser
≤ n), utiliza-se a seguinte expressão: formada?
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem
dos elementos não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria,
João e José é equivalente a escolher João, José e Maria.

Exemplo: Como exemplo de arranjo, podemos pensar na


votação para escolher um representante e um vice-representante
de uma turma, com 20 alunos. Sendo que o mais votado será o
representante e o segundo mais votado o vice-representante.
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá Observe que para simplificar os cálculos, transformamos
ser feita? Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que o fatorial de 10 em produto, mas conservamos o fatorial de 7,
altera o resultado. pois, desta forma, foi possível simplificar com o fatorial de 7 do
denominador.
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão.

— Probabilidade e Análise Combinatória


A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de
obter determinado resultado diante de um experimento aleatório.
Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes.
São exemplos as chances de um número sair em um lançamento de
dados ou a possibilidade de ganhar na loteria.
— Permutações
A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão entre
As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número
o número de eventos possíveis e número de eventos favoráveis,
de elementos (n) do agrupamento é igual ao número de elementos
sendo apresentada pela seguinte expressão:
disponíveis.
Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando
o número de elementos é igual ao número de agrupamentos.
Desta maneira, o denominador na fórmula do arranjo é igual a 1
na permutação.
Assim a permutação é expressa pela fórmula: Sendo:
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A.
n (A): número de resultados favoráveis.
n (Ω): número total de resultados possíveis.
Exemplo: Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras
diferentes 6 pessoas podem se sentar em um banco com 6 lugares. Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis,
Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número muitas vezes necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em
de lugares é igual ao número de pessoas, iremos usar a permutação: análise combinatória.
Exemplo: Qual a probabilidade de um apostador ganhar o
prêmio máximo da Mega-Sena, fazendo uma aposta mínima, ou
seja, apostar exatamente nos seis números sorteados?
Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas se
sentarem neste banco. Solução: Como vimos, a probabilidade é calculada pela razão
entre os casos favoráveis e os casos possíveis. Nesta situação, temos
— Combinações apenas um caso favorável, ou seja, apostar exatamente nos seis
As combinações são subconjuntos em que a ordem dos números sorteados.
elementos não é importante, entretanto, são caracterizadas pela Já o número de casos possíveis é calculado levando em
natureza dos mesmos. consideração que serão sorteados, ao acaso, 6 números, não
Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos importando a ordem, de um total de 60 números.
tomados p a p (p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão: Para fazer esse cálculo, usaremos a fórmula de combinação,
conforme indicado abaixo:

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, existem 50 063 860 modos distintos de sair o resultado. A probabilidade de acertarmos então será calculada como:

— Probabilidade
A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estuda experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível
analisar as chances de um determinado evento ocorrer6.
Quando calculamos a probabilidade, estamos associando um grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de experimentos,
cujos resultados não podem ser determinados antecipadamente. Probabilidade é a medida da chance de algo acontecer.
Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo de
1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos.

— Experimento Aleatório
Um experimento aleatório é aquele que não é possível conhecer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo.
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é
atribuída ao acaso.
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não viciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de massa) para
o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza qual das 6 faces estará voltada para cima.

— Fórmula da Probabilidade
Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de um evento são igualmente prováveis.
Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer um determinado resultado através da divisão entre o número de eventos
favoráveis e o número total de resultados possíveis:

Sendo:
P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A.
n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam (evento A).
n(Ω): número total de casos possíveis.

O resultado calculado também é conhecido como probabilidade teórica.


Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem, basta multiplicar o resultado por 100.

Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade de sair um número menor que 3?

Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a fórmula
da probabilidade.
Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1, 2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos:

6 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/
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RACIOCÍNIO LÓGICO

O conjunto do evento é igual ao espaço amostral.


Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser
sorteada ao acaso e ser mulher.

Evento Impossível
O conjunto do evento é vazio.

Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas


de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas.
Para responder na forma de uma porcentagem, basta
multiplicar por 100. O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois
todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número
maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é
20.
Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é
de 33%. Evento Complementar
Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral,
— Ponto Amostral sendo um evento complementar ao outro.
Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um
experimento aleatório. Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço
amostral é Ω = {cara, coroa}.
Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e
verificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é
coroa. Cada resultado é um ponto amostral. complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o
próprio espaço amostral.
— Espaço Amostral
Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral Evento Mutuamente Exclusivo
corresponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou, Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum.
resultados possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório. A intersecção entre os dois conjuntos é vazia.
Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho,
o espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes
baralho. eventos são mutuamente exclusivos
Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}.
dado, são as seis faces que o compõem: B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}.
Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
— Probabilidade Condicional
A quantidade de elementos em um conjunto chama-se A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre
cardinalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstâncias,
entre parênteses. a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a
Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento ocorrência do evento B.
lançar um dado é n(Ω) = 6. A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por:

— Espaço Amostral Equiprovável


Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma
probabilidade de ocorrência.
Onde o evento B não pode ser vazio.
Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,
preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encontro
ocorrência de cada uma ser sorteada? de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Brasil,
um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um
Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens
chance de serem sorteadas. e mulheres.

— Tipos de Eventos Como evento de probabilidade condicional, podemos associar


Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja
experimento aleatório. francesa (evento B).
Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser
Evento certo mulher), apenas se for francesa (evento B).

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COM FRAÇÕES

Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma


a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fração
é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6

• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores
dados. Ex.:
O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
dividida a unidade. – Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni- segunda fração. Ex.:
dade.
Lê-se: um quarto.

Atenção:
• Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
• Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
mos etc. Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
• Denominadores diferentes dos citados anteriormente: Enun- fração resultante de forma a torna-la irredutível.
cia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da pa-
lavra “avos”. Exemplo:
(EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IADES)
Tipos de frações O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5 pesso-
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador. as. Cada uma recebeu
Ex.: 7/15
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi- (A)
nador. Ex.: 7/6
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
Ex.: 6/3
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e (B)
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2 (C)
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

Operações com frações (D)


• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
ma-se ou subtrai-se os numeradores. (E)

Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:
Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
mos tanto na adição quanto na subtração.

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Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de


suco é de 3/5 de suco da garrafa.

Resposta: B

CONJUNTOS

Um conteúdo matemático comum de ser associado com a


temática da lógica é a Teoria de Conjuntos. Veremos que podemos
estabelecer diversas relações entre os temas, enriquecendo ainda
mais nosso repertório de abordagem para as questões. Mas
primeiro devemos entender do que se trata um conjunto.
Um conjunto é uma coleção de objetos quaisquer. Podem ou
não seguir alguma lógica para se formarem. Podemos elencar um
conjunto através de enumerar seus objetos (um conjunto formado
por parafuso, prego e uma chave de fenda), ou a partir de uma
“lei” (conjunto de ferramentas que tenho em casa: chave de fenda,
furadeira, chave inglesa, entre outras). Além disso, cada um desses
Fonte: Autor
objetos pertencentes a um conjunto iremos chamar de elemento.
Assim, um conjunto é formado por uma coleção de elementos.
Neste caso, dizemos que o conjunto E é um subconjunto do
Iremos chamar os conjuntos através de letras maiúsculas (A, B,
conjunto D.
C, X, Y, Z, …), enquanto que seus elementos por letras minúsculas
Dessa forma, dizemos que um conjunto X está contido em outro
(a, b, c, …).
Y quando todos seus elementos de Y também são elementos de X,
mas o contrário não vale (no nosso exemplo, abacaxi e maracujá
fazem parte de D, mas milho e quindim não fazem parte de E).
Para tudo isso que vimos, há uma simbologia apropriada.
Para indicar que um elemento está no conjunto (que pertence ao
conjunto) utilizamos o signo ∈, quando ele não está no conjunto
(quando não pertence), utilizamos o mesmo sinal, mas cortado, ∉.

Pedra ∈ A (o elemento Pedra pertence ao conjunto A)


Jeans ∉ A (o elemento Jeans não pertence ao conjunto A)
Quindim ∉ D
Quindim ∉ E

Fonte: autor E além de elementos, podemos fazer o mesmo para conjuntos,


através dos símbolos ⊂ (contido), ⊄ (não contido), ⊃ (contém) e ⊅
Podemos listar que Pedra, Rubi, Esmeralda, Pérola e Diamante (não contém).
pertencem a esse conjunto A, enquanto Pente, Jeans e Acerola não
pertencem. D ⊃ E (o conjunto D contém o subconjunto E)
Simbolicamente, podemos definir o conjunto A enumerando E ⊂ D (o conjunto E está contido em D)
seus elementos da seguinte forma: A ⊅ D (o conjunto A não contém o conjunto D)
A = {Pedra; Rubi; Esmeralda; Diamante; Pérola}. D ⊄ E (o conjunto D não está contido no conjunto E)

Podemos ter também subconjuntos, ou seja, um conjunto Repare que os símbolos são muito próximos, sempre voltados
dentro de outro. Se criássemos um conjunto onde seus elementos ao “conjunto principal” que se referem. Mais uma vez, tanto os
são alimentos amarelos, poderíamos agrupar seus elementos e símbolos de pertencimento quanto os de contenção fazem alusão
obter um subconjunto com frutas amarelas. a linguagem oral.
Além destes símbolos, temos também outros que, tais quais
os conectivos lógicos, se assemelham a certas estruturas, são eles:
união, intersecção e diferença.

União (∪)
É a “soma” entre dois ou mais conjuntos, unindo-os.

G = conjunto dos números pares


F= conjunto dos números menores que 10
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G ∪ F = {1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 12; 14; 16; 18; …}

Fonte: autor

À esquerda temos a representação de G-F, enquanto que à direita


temos F-G.

Um tipo específico de conjuntos são os conjuntos numéricos,


conjuntos os quais seus elementos são números (conjunto dos
números pares, conjunto dos números inteiros).
Fonte: Autor
Os principais conjuntos numéricos são:
Representação da união entre conjuntos
Conjunto dos números naturais - números positivos
Intersecção (∩) ℕ = {0; 1; 2; 3; 4; 5; 6; …)
São os elementos comuns entre os conjuntos (há nos dois ao
mesmo tempo) Conjunto dos números inteiros - números positivos e negativos
ℤ = {...; -3; -2; -1; 0; 1; 2; 3; …}
G = conjunto dos números pares
F= conjunto dos números menores que 10 Conjunto dos números racionais - números que podem ser
G ∩ F = {2; 4; 6; 8} escritos como uma fração (razão), ou seja, números com vírgulas,
dízimas periódicas, números inteiros.
ℚ = {...; -½; …; -0,25; …; 0; 3; 0,222222222222…; …}

Conjunto dos números irracionais - números que não podem


ser escritos como uma fração, ou seja, números que resultam em
dízimas não periódicas.
𝕀 = {...; √ 2; π; 7,135794613…; …}

Conjunto dos números reais - união entre o conjunto dos


números racionais e dos números irracionais.
ℝ=𝕀∪ℚ

Interessante notar que estamos aumentando o escopo dos


conjuntos numéricos, podendo assim fazer a seguinte representação
Fonte: autor por diagrama destes conjuntos todos:

Representação da intersecção entre conjuntos

Diferença ( — )
São os elementos que um conjunto não tem em comum com
outro. Nos nossos exemplos, G — F seria pensar o que há em G que
não há em F?, assim como F — G seria o que há em F que não há
em G?

G = conjunto dos números pares


F= conjunto dos números menores que 10
G — F = {10; 12; 14; 16; 18; …}
F — G = {1; 3; 5; 7; 9}

Ou seja, em G — F, tirei os elementos de F de G (tirei os números Fonte: Autor


menores que 10 do conjunto de todos os números pares, tirando
assim os números 2; 4; 6 e 8.

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Vimos então o quão prático é a representação de conjuntos 2º passo: dividir o resultado anterior por 100.
através de diagramas, fazendo ficar muito mais intuitivo as operações
e estabelecer relações entre os elementos e os subconjuntos devido
ao apelo visual.

Por fim, iremos ver uma equação que nos será muito útil para
Calculando Porcentagem de Forma Rápida
contar elementos de um conjunto quando ocorre uma união:
Alguns cálculos podem levar muito tempo na hora de fazer uma
A∪B=A+B-A∩B
prova. Pensando nisso, trouxemos dois métodos que te ajudarão a
fazer porcentagem de maneira mais rápida.
Lemos esta expressão como o número de elementos da união
entre A e B (A ∪ B) é igual a soma do número de elemento de A com
Método 1: Calcular porcentagem utilizando o 1%
o número de elementos de B - a intersecção entre A e B (A ∩ B).
Você também tem como calcular porcentagem rapidamente
Pode parecer complicada esta equação, mas pense assim.
utilizando o correspondente a 1% do valor.
Quando somo os elementos de A com os de B, pode ser que
existam elementos repetidos entre estes conjuntos, estes elementos
Vamos continuar usando o exemplo do 20% de 200 para
repetidos são justamente a intersecção. Quando a tiramos, tiramos
aprender essa técnica.
esta repetição e obtemos então o número exato de elementos da
1º passo: dividir o valor por 100 e encontrar o resultado que
união entre A e B.
representa 1%.

PORCENTAGENS

A porcentagem representa uma razão cujo denominador é


2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela
100, ou seja, . porcentagem que se quer descobrir.

O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que 2 x 20 = 40


significa dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada
de razão centesimal ou percentual7. Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40.
Saber calcular porcentagem é importante para resolver
problemas matemáticos, principalmente na matemática financeira Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações
para calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante. equivalentes
As frações equivalentes representam a mesma porção do todo
— Calculando Porcentagem de um Valor e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão da fração pelo mesmo número natural.
centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a
seguinte operação: Veja como encontrar a fração equivalente de .

Se a fração equivalente de é , então para calcular


20% de um valor basta dividi-lo por 5. Veja como fazer:
Generalizando, podemos criar uma fórmula para conta de
porcentagem:

— Calcular porcentagem de aumentos e descontos


Se preferir, você pode fazer o cálculo de porcentagem da Aumentos e descontos percentuais podem ser calculados
seguinte forma: utilizando o fator de multiplicação ou fator multiplicativo.
1º passo: multiplicar o percentual pelo valor.

20 x 200 = 4.000
7 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/
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SEQUÊNCIAS COM NÚMEROS, FIGURAS, PALAVRAS.

Essa fórmula é diferente para acréscimo e decréscimo no preço


de um produto, ou seja, o resultado será fatores diferentes. Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
em tópicos anteriores.
Fator multiplicativo para aumento em um valor
Quando um produto recebe um aumento, o fator de
multiplicação é dado por uma soma. QUESTÕES
Fator de multiplicação = 1 + i.

Exemplo: Foi feito um aumento de 25% em uma mercadoria 1. CAU/SE - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO - IADES/2022)
que custava R$ 100. O valor final da mercadoria pode ser calculado Em uma empresa de arquitetura, há 10 arquitetos, entre os
da seguinte forma: quais 60% são paisagistas. Dois paisagistas serão escolhidos para
realizar um projeto urbanístico. Quantas escolhas distintas poderão
1º passo: encontrar a taxa de variação. ser feitas para selecionar os dois arquitetos?
(A) 10
(B) 12
(C) 15
(D) 18
(E) 21
2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo. 2. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE
Fator de multiplicação = 1 + 0,25. ADMINISTRATIVO - OBJETIVA/2022
Fator de multiplicação = 1,25. Sabendo-se que uma urna contém 10 bolas coloridas, de modo
que 5 são azuis, 3 vermelhas e 2 verdes, qual a probabilidade de,
3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo. ao retirar 2 bolas dessa caixa, sem reposição entre as retiradas, elas
serem uma vermelha e uma azul?
100 x 1,25 = 125 reais. (A) 1/3
(B) 1/4
Um acréscimo de 25% fará com que o valor final da mercadoria (C) 1/5
seja R$ 125. (D) 1/6
Fator multiplicativo para desconto em um valor 3. PREFEITURA DE BAURU/SP - PROFESSOR SUBSTITUTO DE
Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator EDUCAÇÃO BÁSICA - PREFEITURA DE BAURU/SP/2021
multiplicativo envolve uma subtração. Na Escola Municipal Cinderela 8 alunos ganharam um prêmio,
Fator de multiplicação = 1 - 0,25. por participarem de uma gincana. Havia um fotógrafo para registrar
o momento. De quantas maneiras diferentes os 8 alunos podem
Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria tirar a foto sentados no banco da praça?
que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria? (A) 40.320 fotos
1º passo: encontrar a taxa de variação. (B) 64.000 fotos
(C) 30 fotos
(D) 67.349 fotos

4. PREFEITURA DE HORIZONTINA/RS - ANALISTA DE SUPORTE


DE INFORMÁTICA - OBJETIVA/2021
2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo. Para finalizar sua fantasia, Pedro precisa escolher uma peruca
Fator de multiplicação = 1 - 0,25. e uma máscara. Ao chegar à loja, ele poderia comprar 5 tipos de
Fator de multiplicação = 0,75. perucas diferentes e 7 máscaras diferentes. Sabendo‐se que ele
pretende comprar apenas uma peruca e uma máscara, ao todo, de
3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo. quantos modos distintos ele pode fazer essa escolha?
(A) 35
100 x 0,75 = 75 reais. (B) 30
(C) 25
(D) 20
(E) 10

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5. PREFEITURA DE RIO AZUL/PR - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 9. PREFEITURA DE VICTOR GRAEFF/RS - PROFESSOR - OBJETI-
- FAUEL/2021 VA/2021
Uma família de 15 pessoas fez um amigo secreto para as festas Sabendo-se que a razão entre a altura de certa árvore e a
de fim de ano. Para a realização do sorteio do amigo secreto, projeção de sua sombra é igual a 3/4 e que a sua sombra mede
escreveram os nomes de todos os 15 membros da família em papeis, 1,6m, ao todo, qual a altura dessa árvore?
dobraram-nos e colocaram em um saco opaco para sorteio. Luis, (A) 1m
membro da família, foi o primeiro a sortear. Qual a probabilidade (B) 1,1m
de Luis sortear a si mesmo? (C) 1,2m
(A) 1/15 (D) 1,3m
(B) 1/14
(C) 15/15 10. PREFEITURA DE JARDINÓPOLIS/SC - FISCAL DE VIGILÂNCIA
(D) 14/15 SANITÁRIA - GS ASSESSORIA E CONCURSOS/2021
Na construção de um muro 8 pedreiros levaram 12 dias para
6. GASBRASILIANO - ECONOMISTA JÚNIOR - IESES conclui-lo. Se a disponibilidade para fazer esse muro fosse de 6
Assinale a alternativa INCORRETA sobre a Teoria dos Conjuntos homens em quanto tempo estaria concluído?
(A) O conjunto vazio pertence a todos os conjuntos. (A) 16
(B) Um conjunto pode ser representado pelo Diagrama de (B) 14
Venn. (C) 20
(C) Uma amostra é um subconjunto da população. (D) 21
(D) Chama-se intersecção ao conjunto formado pelos elemen- (E) 18
tos comuns a dois conjuntos.
11. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR -
7. CRA/SC - ADVOGADO - IESES VUNESP/2020
Leia as frases abaixo sobre a teoria dos conjuntos: Uma escola tem aulas nos períodos matutino e vespertino.
I. {0, 1, 2, 3, 5} pertencem ao conjunto dos Números Naturais. Nessa escola, estudam 400 alunos, sendo o número de alunos do
II. A raiz quadrada de 2 é um Número Irracional. período vespertino igual a 2/3 do número de alunos do período
III. Os Números Reais são formados pela intersecção dos matutino. A razão entre o número de alunos do período vespertino
Números Racionais e os Irracionais. e o número total de alunos dessa escola é:
IV. Todo número inteiro não positivo pertence ao conjunto dos (A) 1/4
Números Naturais. (B) 1/3
(C) 2/5
A sequência correta é: (D) 3/5
(A) Apenas as assertivas I e II estão corretas. (E) 2/3
(B) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
(C) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. 12. UEPA - TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR - FADESP/2020
(D) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas. Doze funcionários de um escritório de contabilidade trabalham
8 horas por dia, durante 25 dias, para atender a um certo número de
8. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS - clientes. Se dois funcionários adoecem e precisam ser afastados por
VUNESP/2020 tempo indeterminado, o total de dias que os funcionários restantes
Paulo vai alugar um carro e pesquisou os preços em duas levarão para atender ao mesmo número de pessoas, trabalhando 2
agências. A tabela a seguir apresenta os valores cobrados para a horas a mais por dia, no mesmo ritmo de trabalho, será de:
locação de um mesmo tipo de carro nessas duas agências. (A) 23 dias.
Agência Taxa inicial Taxa por quilômetro rodado (B) 24 dias.
I R$ 40,00 R$ 8,00 (C) 25 dias.
II R$ 20,00 R$ 5,00 (D) 26 dias.

O valor do aluguel é calculado somando-se a taxa inicial com 13. PREFEITURA DE SÃO ROQUE/SP - INSPETOR DE ALUNOS -
o valor correspondente ao total de quilômetros rodados. Se Paulo VUNESP/2020
escolher a agência II e rodar 68 km, ele pagará pelo aluguel a Seu José cria 36 galinhas em seu sítio. Se todas as galinhas
quantia de botarem 1 ovo por dia, em uma semana, o total de ovos que as
(A) R$ 360,00. galinhas terão botado é:
(B) R$ 420,00. (A) 15 dúzias.
(C) R$ 475,00. (B) 18 dúzias.
(D) R$ 584,00. (C) 21 dúzias.
(D) 24 dúzias.
(E) 30 dúzias.

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14. PREFEITURA DE MINISTRO ANDREAZZA/RO - AGENTE AD- 18. Dizer que “André é artista ou Bernardo não é engenheiro”
MINISTRATIVO - IBADE/2020 é logicamente equivalente a dizer que:
Em uma determinada loja de departamentos, o fogão custava (A) André é artista se e somente Bernardo não é engenheiro.
R$ 400,00. Após negociação o vendedor aplicou um desconto de R$ (B) Se André é artista, então Bernardo não é engenheiro.
25,00. O valor percentual de desconto foi de: (C) Se André não é artista, então Bernardo é engenheiro.
(A) 5,57% (D) Se Bernardo é engenheiro, então André é artista.
(B) 8,75% (E) André não é artista e Bernardo é engenheiro.
(C) 12,15%
(D) 6,25% 19. Dizer que “Pedro não é pedreiro ou Paulo é paulista,” é do
(E) 6,05% ponto de vista lógico, o mesmo que dizer que:
(A) Se Pedro é pedreiro, então Paulo é paulista.
15. (VUNESP - Esc (TJ SP)/TJ SP/”Capital e Interior”/2021) (B) Se Paulo é paulista, então Pedro é pedreiro.
(C) Se Pedro não é pedreiro, então Paulo é paulista.
Observe o diagrama a seguir. (D) Se Pedro é pedreiro, então Paulo não é paulista.
(E) Se Pedro não é pedreiro, então Paulo não é paulista.

20. IBGE – 2022- Sabendo que o valor lógico da proposição


simples p: “Carlos acompanhou o trabalho da equipe” é verdadeira
e que o valor lógico da proposição simples q: “O recenseador visitou
todos os locais” é falso, então é correto afirmar que o valor lógico
da proposição composta:
(A) p disjunção q é falso
(B) p conjunção q é falso
A partir das informações fornecidas pelo diagrama, conclui- se (C) p condicional q é verdade
que a única afirmação verdadeira é: (D) p bicondicional q é verdade
(A) Os cantores pianistas são dançarinos. (E) p disjunção exclusiva q é falso
(B) Todo pianista é cantor ou dançarino.
(C) Os pianistas que não são dançarinos são cantores. 21. PC – BA- “O acidente foi investigado e o autor foi
(D) Todo cantor é pianista. encontrado”. De acordo com a lógica proposicional, a negação da
(E) Os dançarinos que são pianistas são cantores. frase é descrita como:
(A) “o acidente não foi investigado e o autor não foi encontra-
16. FCC - 2023 - TRT - 18ª Região (GO) - Analista Judiciário - do”
Área Administrativa- Três candidatos A, B e C receberam um total (B) “o acidente não foi investigado ou o autor não foi encon-
de 400 votos em uma eleição em que 25% dos eleitores era do sexo trado”
feminino. Cada um dos três candidatos recebeu 1/3 do total de (C) “o acidente não foi investigado e o autor foi encontrado”
votos dos eleitores do sexo masculino. O candidato A recebeu 40% (D) “o acidente foi investigado e o autor não foi encontrado”
dos votos femininos; o candidato B obteve 10 votos a mais do que o (E) “o acidente não foi investigado ou o autor foi encontrado”
candidato C. O total de votos do candidato menos votado foi:
(A) 135 22. CRF – GO 2022- Julgue o item:
(B) 125 A frase “Dois mil mais vinte mais dois” não é uma proposição.
(C) 140 ( ) CERTO
(D) 150 ( ) ERRADO
(E) 145
23. IBGE – 2022
17. (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Renato De acordo com a proposição lógica a frase “Se o coordenador
falou a verdade quando disse: realizou a previsão orçamentária, então o trabalho foi realizado
• Corro ou faço ginástica. com sucesso” é equivalente a frase:
• Acordo cedo ou não corro. (A) Se o coordenador não realizou a previsão orçamentária, en-
• Como pouco ou não faço ginástica. tão o trabalho não foi realizado com sucesso.
Certo dia, Renato comeu muito. (B) O coordenador realizou a previsão orçamentária e o traba-
lho foi realizado com sucesso.
É correto concluir que, nesse dia, Renato: (C) O coordenador realizou a previsão orçamentária ou o traba-
(A) correu e fez ginástica; lho foi realizado com sucesso.
(B) não fez ginástica e não correu; (D) Se o trabalho não foi realizado com sucesso, então o coor-
(C) correu e não acordou cedo; denador não realizou a previsão orçamentária.
(D) acordou cedo e correu; (E) Se o trabalho foi realizado com sucesso, então o coordena-
(E) não fez ginástica e não acordou cedo. dor realizou a previsão orçamentária.

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24. Sabe-se que a ocorrência de B é condição necessária para 19 A


a ocorrência de C e condição suficiente para a ocorrência de D.
Sabe-se, também, que a ocorrência de D é condição necessária e 20 B
suficiente para a ocorrência de A Assim quando C ocorre, 21 B
(A) D ocorre e B não ocorre
(B) D não ocorre ou A não ocorre 22 CERTO
(C) B e A ocorrem 23 D
(D) Nem B nem D ocorrem
24 C
(E) B não ocorre ou A não ocorre
25 E
25. Observe esta sequência de figuras formadas por triângulos
brancos e pretos:
ANOTAÇÕES

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
Seguindo-se esse mesmo padrão, a 4ª figura terá:
(A) 12 triângulos pretos ______________________________________________________
(B) 12 triângulos brancos
(C) 18 triângulos pretos ______________________________________________________
(D) 18 triângulos brancos
(E) 27 triângulos pretos ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 D
______________________________________________________
3 A
4 A ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 A
______________________________________________________
7 A
8 A ______________________________________________________

9 C ______________________________________________________
10 A
______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 B
13 C ______________________________________________________
14 D ______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 B
17 D _____________________________________________________

18 D _____________________________________________________

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LEGISLAÇÃO - EBSERH

nos privados de assistência à saúde, na forma estabelecida pelo art.


LEI FEDERAL Nº 12.550, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2011 32 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, observados os valores
de referência estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suple-
mentar.
LEI Nº 12.550, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2011. Art. 4º Compete à EBSERH:
I - administrar unidades hospitalares, bem como prestar servi-
Autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denomi- ços de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diag-
nada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH; acres- nóstico e terapêutico à comunidade, no âmbito do SUS;
centa dispositivos ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de II - prestar às instituições federais de ensino superior e a outras
1940 - Código Penal; e dá outras providências. instituições congêneres serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e
à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- campo da saúde pública, mediante as condições que forem fixadas
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: em seu estatuto social;
III - apoiar a execução de planos de ensino e pesquisa de ins-
Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a criar empresa públi- tituições federais de ensino superior e de outras instituições con-
ca unipessoal, na forma definida no inciso II do art. 5º do Decreto- gêneres, cuja vinculação com o campo da saúde pública ou com
-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, e no art. 5º do Decreto-Lei outros aspectos da sua atividade torne necessária essa cooperação,
nº 900, de 29 de setembro de 1969, denominada Empresa Brasi- em especial na implementação das residências médica, multiprofis-
leira de Serviços Hospitalares - EBSERH, com personalidade jurídica sional e em área profissional da saúde, nas especialidades e regiões
de direito privado e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da estratégicas para o SUS;
Educação, com prazo de duração indeterminado. IV - prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em
§1º A EBSERH terá sede e foro em Brasília, Distrito Federal, e pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos hospitais universitários
poderá manter escritórios, representações, dependências e filiais federais e a outras instituições congêneres;
em outras unidades da Federação. V - prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos hos-
§2º Fica a EBSERH autorizada a criar subsidiárias para o desen- pitais universitários e federais e a outras instituições congêneres,
volvimento de atividades inerentes ao seu objeto social, com as com implementação de sistema de gestão único com geração de
mesmas características estabelecidas no caput deste artigo, apli- indicadores quantitativos e qualitativos para o estabelecimento de
cando-se a essas subsidiárias o disposto nos arts. 2º a 8º , no caput metas; e
e nos §§1º , 4º e 5º do art. 9º e, ainda, nos arts. 10 a 15 desta Lei. VI - exercer outras atividades inerentes às suas finalidades, nos
Art. 2º A EBSERH terá seu capital social integralmente sob a termos do seu estatuto social.
propriedade da União. Art. 5º É dispensada a licitação para a contratação da EBSERH
Parágrafo único. A integralização do capital social será realizada pela administração pública para realizar atividades relacionadas ao
com recursos oriundos de dotações consignadas no orçamento da seu objeto social.
União, bem como pela incorporação de qualquer espécie de bens e Art. 6º A EBSERH, respeitado o princípio da autonomia univer-
direitos suscetíveis de avaliação em dinheiro. sitária, poderá prestar os serviços relacionados às suas competên-
Art. 3º A EBSERH terá por finalidade a prestação de serviços cias mediante contrato com as instituições federais de ensino ou
gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio instituições congêneres.
diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como a prestação às §1º O contrato de que trata o caput estabelecerá, entre outras:
instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres I - as obrigações dos signatários;
de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino- II - as metas de desempenho, indicadores e prazos de execução
-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde públi- a serem observados pelas partes;
ca, observada, nos termos do art. 207 da Constituição Federal, a III - a respectiva sistemática de acompanhamento e avaliação,
autonomia universitária. contendo critérios e parâmetros a serem aplicados; e
§1º As atividades de prestação de serviços de assistência à saú- IV - a previsão de que a avaliação de resultados obtidos, no
de de que trata o caput estarão inseridas integral e exclusivamente cumprimento de metas de desempenho e observância de prazos
no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. pelas unidades da EBSERH, será usada para o aprimoramento de
§2º No desenvolvimento de suas atividades de assistência à pessoal e melhorias estratégicas na atuação perante a população e
saúde, a EBSERH observará as orientações da Política Nacional de as instituições federais de ensino ou instituições congêneres, visan-
Saúde, de responsabilidade do Ministério da Saúde. do ao melhor aproveitamento dos recursos destinados à EBSERH.
§3º É assegurado à EBSERH o ressarcimento das despesas com §2º Ao contrato firmado será dada ampla divulgação por inter-
o atendimento de consumidores e respectivos dependentes de pla- médio dos sítios da EBSERH e da entidade contratante na internet.
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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO - EBSERH

§3º Consideram-se instituições congêneres, para efeitos desta 180 (cento e oitenta) dias de vigência dele.
Lei, as instituições públicas que desenvolvam atividades de ensino e §2º Os contratos temporários de emprego de que trata o caput
de pesquisa na área da saúde e que prestem serviços no âmbito do poderão ser prorrogados uma única vez, desde que a soma dos 2
Sistema Único de Saúde - SUS. (dois) períodos não ultrapasse 5 (cinco) anos.
Art. 7º No âmbito dos contratos previstos no art. 6º , os servi- Art. 12. A EBSERH poderá celebrar contratos temporários de
dores titulares de cargo efetivo em exercício na instituição federal emprego com base nas alíneas a e b do §2º do art. 443 da Con-
de ensino ou instituição congênere que exerçam atividades relacio- solidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº
nadas ao objeto da EBSERH poderão ser a ela cedidos para a realiza- 5.452, de 1º de maio de 1943, mediante processo seletivo simpli-
ção de atividades de assistência à saúde e administrativas. ficado, observado o prazo máximo de duração estabelecido no seu
§1º Ficam assegurados aos servidores referidos no caput os art. 445.
direitos e as vantagens a que façam jus no órgão ou entidade de Art. 13. Ficam as instituições públicas federais de ensino e ins-
origem. tituições congêneres autorizadas a ceder à EBSERH, no âmbito e
§2º A cessão de que trata o caput ocorrerá com ônus para o durante a vigência do contrato de que trata o art. 6º , bens e direitos
cessionário. (Revogado pela Lei nº 12.863, de 2013) necessários à sua execução.
Art. 8º Constituem recursos da EBSERH: Parágrafo único. Ao término do contrato, os bens serão devol-
I - recursos oriundos de dotações consignadas no orçamento vidos à instituição cedente.
da União; Art. 14. A EBSERH e suas subsidiárias estarão sujeitas à fiscaliza-
II - as receitas decorrentes: ção dos órgãos de controle interno do Poder Executivo e ao controle
a) da prestação de serviços compreendidos em seu objeto; externo exercido pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal
b) da alienação de bens e direitos; de Contas da União.
c) das aplicações financeiras que realizar; Art. 15. A EBSERH fica autorizada a patrocinar entidade fechada
d) dos direitos patrimoniais, tais como aluguéis, foros, dividen- de previdência privada, nos termos da legislação vigente.
dos e bonificações; e Parágrafo único. O patrocínio de que trata o caput poderá ser
e) dos acordos e convênios que realizar com entidades nacio- feito mediante adesão a entidade fechada de previdência privada
nais e internacionais; já existente.
III - doações, legados, subvenções e outros recursos que lhe Art. 16. A partir da assinatura do contrato entre a EBSERH e a
forem destinados por pessoas físicas ou jurídicas de direito público instituição de ensino superior, a EBSERH disporá de prazo de até 1
ou privado; e (um) ano para reativação de leitos e serviço inativos por falta de
IV - rendas provenientes de outras fontes. pessoal.
Parágrafo único. O lucro líquido da EBSERH será reinvestido Art. 17. Os Estados poderão autorizar a criação de empresas
para atendimento do objeto social da empresa, excetuadas as par- públicas de serviços hospitalares.
celas decorrentes da reserva legal e da reserva para contingência. Art. 18. O art. 47 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
Art. 9º A EBSERH será administrada por um Conselho de Admi- 1940 - Código Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso V:
nistração, com funções deliberativas, e por uma Diretoria Executiva “Art. 47. .....................................................................
e contará ainda com um Conselho Fiscal e um Conselho Consultivo. .............................................................................................
§1º O estatuto social da EBSERH definirá a composição, as atri- V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame
buições e o funcionamento dos órgãos referidos no caput . públicos.” (NR)
§2º (VETADO). Art. 19. O Título X da Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de
§3º (VETADO). 7 de dezembro de 1940 - Código Penal , passa a vigorar acrescido
§4º A atuação de membros da sociedade civil no Conselho do seguinte Capítulo V:
Consultivo não será remunerada e será considerada como função
relevante. CAPÍTULO V
§5º Ato do Poder Executivo aprovará o estatuto da EBSERH. DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
Art. 10. O regime de pessoal permanente da EBSERH será o da Fraudes em certames de interesse público
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei ‘Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e legislação complementar, con- beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
dicionada a contratação à prévia aprovação em concurso público certame, conteúdo sigiloso de:
de provas ou de provas e títulos, observadas as normas específicas I - concurso público;
editadas pelo Conselho de Administração. II - avaliação ou exame públicos;
Parágrafo único. Os editais de concursos públicos para o preen- III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
chimento de emprego no âmbito da EBSERH poderão estabelecer, IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
como título, o cômputo do tempo de exercício em atividades corre- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
latas às atribuições do respectivo emprego. §1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por
Art. 11. Fica a EBSERH, para fins de sua implantação, autorizada qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações
a contratar, mediante processo seletivo simplificado, pessoal técni- mencionadas no caput .
co e administrativo por tempo determinado. §2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração pú-
§1º Os contratos temporários de emprego de que trata o caput blica:
somente poderão ser celebrados durante os 2 (dois) anos subse- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
quentes à constituição da EBSERH e, quando destinados ao cumpri- §3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido
mento de contrato celebrado nos termos do art. 6º , nos primeiros por funcionário público.’ (NR)”
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LEGISLAÇÃO - EBSERH

Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. -se-á por meio da celebração de contrato específico para este fim,
Brasília, 15 de dezembro de 2011; 190º da Independência e pactuado de comum acordo entre a EBSERH e cada uma das insti-
123º da República. tuições de ensino ou instituições congêneres, respeitado o princípio
da autonomia das universidades.
§4º A EBSERH, no exercício de suas atividades, deverá estar
DECRETO Nº 7.661, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2011 orientada pelas políticas acadêmicas estabelecidas no âmbito das
instituições de ensino com as quais estabelecer contrato de presta-
ção de serviços.
DECRETO Nº 7.661, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2011 Art. 4º O prazo de duração da EBSERH é indeterminado.
Art. 5º A EBSERH sujeitar-se-á ao regime jurídico próprio das
Aprova o Estatuto Social da Empresa Brasileira de Serviços Hos- empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
pitalares -EBSERH, e dá outras providências. comerciais, trabalhistas e tributários.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe CAPÍTULO II


confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- DO CAPITAL SOCIAL E DOS RECURSOS
posto na Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011,
DECRETA: Art. 6º O capital social da EBSERH é de R$ 5.000.000,00 (cinco
Art. 1º Fica aprovado o Estatuto Social da Empresa Brasileira milhões de reais), integralmente sob a propriedade da União.
de Serviços Hospitalares - EBSERH, nos termos do Anexo, empresa Parágrafo único. O capital social da EBSERH poderá ser au-
pública federal, unipessoal, vinculada ao Ministério da Educação. mentado e integralizado com recursos oriundos de dotações con-
Art. 2º A constituição inicial do capital social da EBSERH será de signadas no orçamento da União, bem como pela incorporação de
R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), a ser integralizado pela qualquer espécie de bens e direitos suscetíveis de avaliação em di-
União. nheiro.
Art. 3º O disposto no art. 1º , inciso II do caput, do Decreto nº Art. 7º Constituem recursos da EBSERH:
757, de 19 de fevereiro de 1993, não se aplica à EBSERH. I - as dotações que lhe forem consignadas no orçamento da
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. União;
Brasília, 28 de dezembro de 2011; 190º da Independência e II - as receitas decorrentes:
123º da República. a) da prestação de serviços compreendidos em seu objeto;
b) da alienação de bens e direitos;
ANEXO c) das aplicações financeiras que realizar;
ESTATUTO SOCIAL DA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS d) dos direitos patrimoniais, tais como aluguéis, foros, dividen-
HOSPITALARES S.A. - EBSERH dos e bonificações; e
e) dos acordos e convênios que realizar com entidades nacio-
CAPÍTULO I nais e internacionais;
DA NATUREZA, FINALIDADE, SEDE E DURAÇÃO III - doações, legados, subvenções e outros recursos que lhe
forem destinados por pessoas físicas ou jurídicas de direito público
Art. 1º A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH, ou privado;
empresa pública dotada de personalidade jurídica de direito priva- IV - os oriundos de operações de crédito, assim entendidos os
do e patrimônio próprio, reger-se-á pelo presente Estatuto Social e provenientes de empréstimos e financiamentos obtidos pela enti-
pelas disposições legais que lhe forem aplicáveis. dade; e
Parágrafo único. A EBSERH fica sujeita à supervisão do Ministro V - rendas provenientes de outras fontes.
de Estado da Educação. Parágrafo único. O lucro líquido da EBSERH será reinvestido
Art. 2º A EBSERH tem sede e foro em Brasília, Distrito Federal, para atendimento do objeto social da empresa, excetuadas as par-
e atuação em todo o território nacional, podendo criar subsidiárias, celas decorrentes da reserva legal e da reserva para contingência.
sucursais, filiais ou escritórios e representações no país.
Art. 3º A EBSERH terá por finalidade a prestação de serviços CAPÍTULO III
gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio DA COMPETÊNCIA
diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como a prestação
às instituições públicas federais de ensino ou instituições congê- Art. 8º A EBSERH exercerá atividades relacionadas com suas fi-
neres de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao nalidades, competindo-lhe, particularmente:
ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde I - administrar unidades hospitalares, bem como prestar servi-
pública, observada, nos termos do art. 207 da Constituição , a au- ços de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diag-
tonomia universitária. nóstico e terapêutico à comunidade, integralmente disponibilizados
§1º As atividades de prestação de serviços de assistência à saú- ao Sistema Único de Saúde;
de de que trata o caput estarão inseridas integral e exclusivamente II - prestar, às instituições federais de ensino superior e a outras
no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. instituições públicas congêneres, serviços de apoio ao ensino e à
§2º No desenvolvimento de suas atividades de assistência à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de
saúde, a EBSERH observará as diretrizes e políticas estabelecidas pessoas no campo da saúde publica, em consonância com as dire-
pelo Ministério da Saúde. trizes do Poder Executivo;
§3º A execução das atividades mencionadas neste artigo dar- III - apoiar a execução de planos de ensino e pesquisa de insti-
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LEGISLAÇÃO - EBSERH

tuições federais de ensino superior e de outras instituições públicas VII - os que tiverem interesse conflitante com a sociedade.
congêneres, cuja vinculação com o campo da saúde pública ou com §1º Aos integrantes dos órgãos de administração é vedado in-
outros aspectos da sua atividade torne necessária essa cooperação, tervir em operação em que, direta ou indiretamente, sejam inte-
em especial na implementação de residência médica ou multipro- ressadas sociedades de que detenham o controle ou participação
fissional e em área profissional da saúde, nas especialidades e regi- superior a cinco por cento do capital social.
ões estratégicas para o SUS; §2º O impedimento referido no §1º aplica-se, ainda, quando se
IV - prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em tratar de empresa em que ocupem ou tenham ocupado, em período
pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos hospitais universitários imediatamente anterior à investidura na EBSERH, cargo de gestão.
federais e a outras instituições públicas congêneres;
V - prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos hos- CAPÍTULO V
pitais universitários e federais e a outras instituições públicas con- DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
gêneres, com a implementação de sistema de gestão único com
geração de indicadores quantitativos e qualitativos para o estabele- Art. 12. O órgão de orientação superior da EBSERH é o Con-
cimento de metas; e selho de Administração, composto por nove membros, nomeados
VI - exercer outras atividades inerentes às suas finalidades. pelo Ministro de Estado da Educação, obedecendo a seguinte com-
Art. 9º A EBSERH prestará os serviços relacionados às suas posição:
competências mediante contrato com as instituições federais de I - três membros indicados pelo Ministro de Estado da Educa-
ensino ou instituições públicas congêneres, o qual conterá, obriga- ção, sendo que um será o Presidente do Conselho e outro substitu-
toriamente: to nas suas ausências e impedimentos;
I - as obrigações dos signatários; II - o Presidente da Empresa, que não poderá exercer a Presi-
II - as metas de desempenho, indicadores e prazos de execução dência do Conselho, ainda que interinamente;
a serem observados pelas partes; e III - um membro indicado pelo Ministro de Estado do Planeja-
III - a respectiva sistemática de acompanhamento e avaliação, mento, Orçamento e Gestão;
contendo critérios e parâmetros a serem aplicados. IV - dois membros indicados pelo Ministro de Estado da Saúde;
Parágrafo único. A EBSERH dará ampla publicidade aos contra- V - um representante dos empregados e respectivo suplente,
tos firmados, inclusive por meio de sítio na Internet. na forma da Lei nº 12.353, de 28 de dezembro de 2010 ; e
VI - um membro indicado pela Associação Nacional dos Diri-
CAPÍTULO IV gentes das Instituições Federais de Ensino Superior - ANDIFES, sen-
DOS ÓRGÃOS ESTATUTÁRIOS do reitor de universidade federal ou diretor de hospital universitá-
rio federal.
Art. 10. São órgãos estatutários da EBSERH: §1º O prazo de gestão dos membros do Conselho de Adminis-
I - o Conselho de Administração; tração será de dois anos contados a partir da data de publicação
II - a Diretoria Executiva; do ato de nomeação, podendo ser reconduzidos por igual período.
III - o Conselho Fiscal; e §2º O representante dos empregados, de que trata o inciso V
IV - o Conselho Consultivo. deste artigo, e seu respectivo suplente, serão escolhidos dentre os
Art. 11. Não podem participar dos órgãos da EBSERH, além dos empregados ativos da EBSERH, pelo voto direto de seus pares, em
impedidos por lei: eleição organizada pela empresa em conjunto com as entidades sin-
I - os que detenham controle ou participação relevante no capi- dicais que os representem, na forma da Lei nº 12.353, de 2010, e
tal social de pessoa jurídica inadimplente com a EBSERH ou que lhe sua regulamentação.
tenha causado prejuízo ainda não ressarcido, estendendo-se esse §3º O representante dos empregados não participará das dis-
impedimento aos que tenham ocupado cargo de administração em cussões e deliberações sobre assuntos que envolvam relações sin-
pessoa jurídica nessa situação, no exercício social imediatamente dicais, remuneração, benefícios e vantagens, inclusive assistenciais
anterior à data da eleição ou nomeação; ou de previdência complementar, hipóteses em que fica configu-
II - os que houverem sido condenados por crime falimentar, de rado o conflito de interesse, sendo tais assuntos deliberados em
sonegação fiscal, de prevaricação, de corrupção ativa ou passiva, reunião separada e exclusiva para tal fim.
de concussão, de peculato, contra a economia popular, contra a fé §4º A investidura dos membros do Conselho de Administração
pública, contra a propriedade ou que houverem sido condenados far-se-á mediante assinatura em livro de termo de posse.
a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a §5º Na hipótese de recondução, o prazo de nova gestão conta-
cargos públicos; -se a partir da data do término do prazo de gestão anterior.
III - os declarados inabilitados para cargos de administração em §6º Findo o prazo de gestão, o membro do Conselho de Admi-
empresas sujeitas a autorização, controle e fiscalização de órgãos e nistração permanecerá no exercício da função até a investidura de
entidades da administração pública direta e indireta; substituto.
IV - os declarados falidos ou insolventes; §7º No caso de vacância definitiva do cargo de Conselheiro, o
V - os que detiveram o controle ou participaram da administra- substituto será nomeado pelos Conselheiros remanescentes e ser-
ção de pessoa jurídica concordatária, falida ou insolvente, no perí- virá até a designação do novo representante, exceto no caso do re-
odo de cinco anos anteriores à data da eleição ou nomeação, salvo presentante dos empregados.
na condição de síndico, comissário ou administrador judicial; §8º O suplente do representante dos empregados exercerá
VI - sócio, ascendente, descendente ou parente colateral ou suas funções apenas no caso de vacância definitiva do seu titular.
afim, até o terceiro grau, de membro do Conselho de Administra- §9º Salvo impedimento legal, os membros do Conselho de Ad-
ção, da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal; ministração farão jus a honorários mensais correspondentes a dez
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LEGISLAÇÃO - EBSERH

por cento da remuneração média mensal dos Diretores da EBSERH, simples de votos dos presentes, respeitado o quorum do §1º , e re-
além do reembolso, obrigatório, das despesas de locomoção e esta- gistradas em atas, cabendo ao Presidente, além do voto ordinário,
da necessárias ao desempenho da função. o voto de qualidade.
§10. Além dos casos de morte, renúncia, destituição e outros
previstos em lei, considerar-se-á vaga a função de membro do Con- CAPÍTULO VI
selho de Administração que, sem causa formalmente justificada, DA DIRETORIA
não comparecer a duas reuniões consecutivas ou três alternadas,
no intervalo de um ano, salvo caso de forca maior ou caso fortuito. Art. 15. A EBSERH será administrada por uma Diretoria Executi-
Art. 13. Compete ao Conselho de Administração: va, composta pelo Presidente e até seis Diretores, todos nomeados
I - fixar as orientações gerais das atividades da EBSERH; e destituíveis, a qualquer tempo, pelo Presidente da República, por
II - examinar e aprovar, por proposta do Presidente da EBSERH, indicação do Ministro de Estado da Educação.
políticas gerais e programas de atuação a curto, médio e longo pra- §1º A investidura dos membros da Diretoria far-se-á mediante
zo, em harmonia com a política de educação, com a política de saú- assinatura em livro de termo de posse.
de e com a política econômico-financeira do Governo Federal; §2º O Presidente e Diretores da EBSERH serão nomeados den-
III - aprovar o regimento interno da EBSERH, que deverá conter, tre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
dentre outros aspectos, a estrutura básica da empresa e os níveis I - idoneidade moral e reputação ilibada;
de alçada decisória da Diretoria e do Presidente, para fins de apro- II - notórios conhecimentos na área de gestão, da atenção hos-
vação de operações; pitalar e do ensino em saúde; e
IV - aprovar o orçamento e programa de investimentos e acom- III - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati-
panhar a sua execução; vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no
V - aprovar os contratos previstos no art. 6º da Lei nº 12.550, inciso anterior.
de 2011 ; Art. 16. Compete à Diretoria:
VI - apreciar os relatórios anuais de auditoria e as informações I - administrar e dirigir os bens, serviços e negócios da EBSERH
sobre os resultados da ação da EBSERH, bem como sobre os princi- e decidir, por proposta dos responsáveis pelas respectivas áreas
pais projetos por esta apoiados; de coordenação, sobre operações de responsabilidade situadas no
VII - autorizar a contratação de auditores independentes; respectivo nível de alçada decisória estabelecido pelo Conselho de
VIII - opinar e submeter à aprovação do Ministro de Estado da Administração;
Fazenda, por intermédio do Ministro de Estado da Educação: II - propor e implementar as linhas orientadoras da ação da EB-
a) o relatório de administração e as demonstrações contábeis SERH;
anuais da EBSERH; III - apreciar e submeter ao Conselho de Administração o orça-
b) a proposta de destinação de lucros ou resultados; mento e programa de investimentos da EBSERH;
c) a proposta de criação de subsidiárias; e IV - deliberar sobre operações, situadas no respectivo nível de
d) a proposta de dissolução, cisão, fusão e incorporação que alçada decisória estabelecido pelo Conselho de Administração;
envolva a EBSERH. V - autorizar a aquisição, alienação e oneração de bens móveis,
IX - deliberar sobre alteração do capital e do estatuto social da exceto valores mobiliários, podendo estabelecer normas e delegar
EBSERH; poderes;
X - deliberar, mediante proposta da Diretoria Executiva, sobre: VI - analisar e submeter à aprovação do Conselho de Adminis-
a) o regulamento de licitação; tração propostas de aquisição, alienação e oneração de bens imó-
b) o regulamento de pessoal, incluindo o regime disciplinar e as veis e valores mobiliários;
normas sobre apuração de responsabilidade; VII - estabelecer normas e delegar poderes, no âmbito de sua
c) o quadro de pessoal, com a indicação do total de vagas au- competência;
torizadas; e VIII - elaborar as demonstrações financeiras de encerramento
d) o plano de salários, benefícios, vantagens e quaisquer outras de exercício;
parcelas que componham a retribuição de seus empregados; IX - autorizar a realização de acordos, contratos e convênios
XI - autorizar a aquisição, alienação e a oneração de bens imó- que constituam ônus, obrigações ou compromissos para a EBSERH,
veis e valores mobiliários; exceto os constantes do art. 6º da Lei nº 12.550, de 2011; e
XII - autorizar a contratação de empréstimos no interesse da X - pronunciar-se sobre todas as matérias que devam ser sub-
EBSERH; metidas ao Conselho de Administração.
XIII - designar e destituir o titular da auditoria interna, após Art. 17. A Diretoria reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por
aprovação da Controladoria Geral da União; e semana e, extraordinariamente, sempre que convocada pelo Presi-
XIV - dirimir questões em que não haja previsão estatutária, dente da EBSERH, deliberando com a presença da maioria de seus
aplicando, subsidiariamente, a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de membros.
1976. §1º As deliberações da Diretoria serão tomadas por maioria de
Art. 14. O Conselho de Administração reunir-se-á, ordinaria- votos e registradas em atas, cabendo ao Presidente, além do voto
mente, mensalmente e, extraordinariamente, sempre que for con- ordinário, o de qualidade.
vocado pelo Presidente, a seu critério, ou por solicitação de, pelo §2º O Presidente poderá vetar as deliberações da Diretoria,
menos, quatro de seus membros. submetendo-as, neste caso, ao Conselho de Administração.
§1º O Conselho somente deliberará com a presença da maioria Art. 18. Compete ao Presidente:
absoluta dos seus membros. I - representar a EBSERH, em juízo ou fora dele, podendo dele-
§2º As deliberações do Conselho serão tomadas por maioria gar essa atribuição, em casos específicos, e, em nome da entidade,
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LEGISLAÇÃO - EBSERH

constituir mandatários ou procuradores; III - opinar sobre a modificação do capital social, planos de in-
II - convocar e presidir as reuniões da Diretoria; vestimento ou orçamentos de capital, transformação, incorporação,
III - coordenar o trabalho das unidades da EBSERH, podendo fusão ou cisão;
delegar competência executiva e decisória e distribuir, entre os Di- IV - denunciar, por qualquer de seus membros, os erros, frau-
retores, a coordenação dos serviços da empresa; des ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis;
IV - editar normas necessárias ao funcionamento dos órgãos e V - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais
serviços da EBSERH, de acordo com a organização interna e a res- demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela EB-
pectiva distribuição de competências estabelecidas pela Diretoria; SERH; e
V - admitir, promover, punir, dispensar e praticar os demais atos VI - acompanhar a execução patrimonial, financeira e orçamen-
compreendidos na administração de pessoal, de acordo com as nor- tária, podendo examinar livros e quaisquer outros documentos e
mas e critérios previstos em lei e aprovados pela Diretoria, podendo requisitar informações.
delegar esta atribuição no todo ou em parte; §1º A Diretoria e o Conselho de Administração são obrigados a
VI - designar substitutos para os membros da Diretoria, em disponibilizar, por meio de comunicação formal, aos membros em
seus impedimentos temporários, que não possam ser atendidos exercício do Conselho Fiscal, dentro de dez dias, cópia das atas de
mediante redistribuição de tarefas, e, no caso de vaga, até o seu suas reuniões e, dentro de quinze dias de sua elaboração, cópias
preenchimento; e dos balancetes e demais demonstrações financeiras elaboradas pe-
VII - apresentar, trimestralmente, ao Conselho de Administra- riodicamente, bem como dos relatórios de execução do orçamento.
ção relatório das atividades da EBSERH. §2º O Conselho Fiscal reunir-se-á, ordinariamente, a cada mês
Art. 19. Aos Diretores compete auxiliar o Presidente na direção e, extraordinariamente, quando convocado pelo seu Presidente.
e coordenação das atividades da EBSERH e exercer as tarefas de §3º Em caso de renúncia, falecimento ou impedimento, os
coordenação que lhe forem atribuídas em regimento ou delegadas membros efetivos do Conselho Fiscal serão substituídos pelos seus
pelo Presidente. suplentes, até a nomeação de novo membro.
Art. 20. Os contratos que a EBSERH celebrar ou em que vier a §4º Além dos casos de morte, renúncia, destituição e outros
intervir e os atos que envolvam obrigações ou responsabilidades previstos em lei, considerar-se-á vaga a função de membro do Con-
por parte da empresa serão assinados pelo Presidente, em conjunto selho Fiscal que, sem causa formalmente justificada, não compare-
com um Diretor. cer a duas reuniões consecutivas ou três alternadas, no intervalo de
§1º Os títulos ou documentos emitidos em decorrência de um ano, salvo caso de forca maior ou caso fortuito.
obrigações contratuais, bem como os cheques e outras obrigações
de pagamento serão assinados pelo Presidente, que poderá delegar CAPÍTULO VIII
esta atribuição. DO CONSELHO CONSULTIVO
§2º Na hipótese de delegação da atribuição referida no §1º , os
títulos, documentos, cheques e outras obrigações deverão conter, Art. 23. Conselho Consultivo é órgão permanente da EBSERH
pelo menos, duas assinaturas. que tem as finalidades de consulta, controle social e apoio à Direto-
ria Executiva e ao Conselho de Administração, e é constituído pelos
CAPÍTULO VII seguintes membros:
DO CONSELHO FISCAL I- o Presidente da EBSERH, que o preside;
Art. 21. O Conselho Fiscal, como órgão permanente da EBSERH, II - dois representantes do Ministério da Educação;
compõe-se de três membros efetivos e respectivos suplentes, no- III - um representante do Ministério da Saúde;
meados pelo Ministro de Estado da Educação, sendo: IV - um representante dos usuários dos serviços de saúde dos
I - um membro indicado pelo Ministro de Estado da Educação, hospitais universitários federais, indicado pelo Conselho Nacional
que exercerá a sua presidência; de Saúde;
II - um membro indicado pelo Ministro de Estado da Saúde; e V - um representante dos residentes em saúde dos hospitais
III - um membro indicado pelo Ministro de Estado da Fazenda universitários federais, indicado pelo conjunto de entidades repre-
como representante do Tesouro Nacional. sentativas;
§1º A investidura dos membros do Conselho Fiscal far-se-á me- VI - um reitor ou diretor de hospital universitário, indicado pela
diante registro na ata da primeira reunião de que participarem. ANDIFES; e
§2º O mandato dos membros do Conselho Fiscal será de dois VII - um representante dos trabalhadores dos hospitais univer-
anos contados a partir da data de publicação do ato de nomeação, sitários federais administrados pela EBSERH, indicado pela respecti-
podendo ser reconduzidos por igual período. va entidade representativa.
§3º Salvo impedimento legal, os membros do Conselho Fiscal §1º Os membros do Conselho Consultivo serão indicados bie-
farão jus a honorários mensais correspondentes a dez por cento da nalmente pelos respectivos órgãos e entidades e designados pelo
remuneração média mensal dos Diretores da EBSERH, além do re- Ministro de Estado da Educação, sendo sua investidura feita me-
embolso, obrigatório, das despesas de locomoção e estada neces- diante registro na ata da primeira reunião de que participarem.
sárias ao desempenho da função. §2º A atuação de membros da sociedade civil no Conselho
Art. 22. Cabe ao Conselho Fiscal: Consultivo não será remunerada e será considerada como função
I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos ad- relevante, assegurado o reembolso das despesas de locomoção e
ministradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estada necessárias ao desempenho da função.
estatutários; Art. 24. Compete ao Conselho Consultivo:
II - opinar sobre o relatório anual da administração e demons- I - opinar sobre as linhas gerais das políticas, diretrizes e es-
trações financeiras do exercício social; tratégias da EBSERH, orientando o Conselho de Administração e a
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Diretoria Executiva no cumprimento de suas atribuições; casos em que não houver incompatibilidade com os interesses da
II - propor linhas de ação, programas, estudos, projetos, formas empresa.
de atuação ou outras medidas, orientando para que a EBSERH atinja Parágrafo único. A defesa prevista no caput aplica-se, no que
os objetivos para a qual foi criada; couber, e a critério do Conselho de Administração, aos empregados
III - acompanhar e avaliar periodicamente o desempenho da ocupantes e ex-ocupantes de cargo ou de função de confiança.
EBSERH; e Art. 33. A EBSERH rege-se pela Lei nº 12.550, de 2011, pela Lei
IV - assistir à Diretoria e ao Conselho de Administração em suas nº 6.404, de 1976, por este Estatuto e pelas demais normas que
funções, sobretudo na formulação, implementação e avaliação das lhe sejam aplicáveis.
estratégias de ação da EBSERH.
Art. 25. O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente pelo *(Revogado pelo Decreto nº 10.810, de 2021)
menos uma vez por ano e, extraordinariamente, sempre que convo-
cado pelo presidente, por sua iniciativa ou por solicitação do Conse-
lho de Administração, ou a pedido de um terço dos seus membros. REGIMENTO INTERNO DA EBSERH (APROVADO NA 155ª
REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO DE ADMINIS-
CAPÍTULO IX TRAÇÃO, REALIZADA NO DIA 28 DE MARÇO DE 2023)
DO EXERCÍCIO SOCIAL, DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
E DOS LUCROS

Art. 26. O exercício social da EBSERH coincidirá com o ano civil. REGIMENTO INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DA
Art. 27. A EBSERH levantará demonstrações financeiras e pro- REDE EBSERH
cederá à apuração do resultado em 31 de dezembro de cada exer-
cício. CAPÍTULO I
Art. 28. Do resultado do exercício, feita a dedução para atender DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
a prejuízos acumulados e a provisão para imposto sobre a renda, o
Conselho de Administração proporá ao Ministro de Estado da Fa- Art. 1º A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh),
zenda a sua destinação, observando a parcela de cinco por cento empresa pública de capital fechado, com personalidade jurídica de
para a constituição da reserva legal, até o limite de vinte por cento direito privado e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da
do capital social. Educação (MEC), regida pelo Estatuto Social, pela Lei 6.404, de 15
Parágrafo único. Os prejuízos acumulados devem, preferencial- de dezembro de 1976, pela Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de
mente, ser deduzidos do capital social. 2011, pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, pelo Decreto nº
8.945, de 27 de dezembro de 2016, reger-se-á pelas disposições le-
CAPÍTULO X gais que lhe forem aplicáveis e pelos dispositivos deste Regimento.
DA ORGANIZAÇÃO INTERNA E DO PESSOAL Art. 2º A Rede Ebserh é composta pela Administração Central e
pelos Hospitais Universitários Federais (HUFs), sendo que, para os
Art. 29. A estrutura organizacional da EBSERH e a respectiva fins deste Regimento, considera-se:
distribuição de competências serão estabelecidas pelo Conselho de I. Administração Central: com foro em Brasília/DF, é constituí-
Administração, mediante proposta da Diretoria Executiva. da pelos Órgãos Sociais e Estatutários, pela Presidência, Vice-Presi-
Parágrafo único. O órgão de auditoria interna da EBSERH vincu- dência e Diretorias, juntamente com as suas áreas vinculadas, cuja
la-se diretamente ao Conselho de Administração. competência prioritária é a gestão da Rede Ebserh; e
Art. 30. Aplica-se ao pessoal da EBSERH o regime jurídico esta- II. Hospitais Universitários Federais (HUFs): também denomi-
belecido pela legislação vigente para as relações de emprego pri- nados como Filiais, são os hospitais geridos pela Ebserh, por meio
vado. de contrato de gestão especial firmado com as Universidades Fede-
Parágrafo único. O ingresso do pessoal far-se-á mediante con- rais, para a prestação de serviços de ensino, pesquisa e de atenção
curso público de provas ou de provas e títulos, observadas as nor- à saúde, sendo esse último exclusivamente no âmbito do Sistema
mas específicas expedidas pela Diretoria, respeitado o disposto no Único de Saúde (SUS), com o objetivo de oferecer assistência huma-
art. 10 da Lei nº 12.550, de 2011. nizada e de qualidade em média e alta complexidade, oferecer cam-
po de prática de excelência para a formação profissional, inovação
CAPÍTULO XI e conhecimento científico para o fortalecimento do SUS, por meio
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS de aplicação de boas práticas de gestão hospitalar e de governança
corporativa.
Art. 31. Os membros do Conselho de Administração, da Di-
retoria Executiva, do Conselho Fiscal e os ocupantes de cargos de CAPÍTULO II
confiança, direção, assessoramento ou chefia, ao assumirem suas DOS ÓRGÃOS SOCIAIS E ESTATUTÁRIOS
funções, apresentarão declaração de bens e renda, anualmente re- Art. 3º Para atendimento do objeto social da empresa, a Admi-
novada. nistração Central da Rede Ebserh terá Assembleia Geral e os seguin-
Art. 32. A EBSERH, na forma previamente definida pelo Conse- tes órgãos estatutários:
lho de Administração, assegurará aos integrantes e ex-integrantes I. Conselho de Administração;
dos Conselhos de Administração e Fiscal e da Diretoria Executiva II. Diretoria Executiva;
a defesa em processos judiciais e administrativos contra eles ins- III. Conselho Fiscal;
taurados pela prática de atos no exercício do cargo ou função, nos IV. Conselho Consultivo;
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V. Comitê de Auditoria; e c. Serviço de Planejamento Orçamentário – SPO;


VI. Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração. III. Coordenadoria de Contabilidade – CCONT:
Art. 4º São Unidades internas de governança da Ebserh: a. Serviço de Informações Gerenciais e Gestão de Custos – SIGC;
I. Auditoria Interna; b. Serviço de Contabilidade – SC.
II. Área de Controle Interno, Conformidade e Gerenciamento Art. 9º São áreas vinculadas à Diretoria de Gestão de Pessoas
de Riscos, denominada na Administração Central de Assessoria de – DGP:
Conformidade, Controle Interno e Gerenciamento de Riscos - AC- I. Assessoria de Planejamento da Diretoria de Gestão de Pes-
CIGR; e soas – APDGP;
III. Ouvidoria-Geral. II. Coordenadoria de Planejamento de Pessoal – CPP:
Art. 5º As competências e demais informações sobre a As- a. Serviço de Dimensionamento e Monitoramento de Pessoal
sembleia Geral, órgãos sociais e estatutários e unidades internas – SEDIMP; e b. Serviço de Seleção e Provimento de Pessoal – SESP;
de governança que compõem a estrutura da Administração Central III. Coordenadoria de Administração de Pessoal – CAP:
da Rede Ebserh constam do Estatuto Social da empresa e em seus a. Serviço de Documentação e Registro – SDR;
respectivos regimentos internos. b. Serviço de Pagamento de Pessoal – SPP; e
c. Serviço de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho –
CAPÍTULO III SSOST;
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E SUAS VINCULAÇÕES IV. Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas – CDP:
a. Serviço de Capacitação e Avaliação de Desempenho – SE-
Art. 6º São áreas vinculadas à Presidência – PRES: CAD; e
I. Chefia de Gabinete da Presidência – CG: b. Serviço de Relações de Trabalho – SERET.
a. Secretaria-Geral – SG; e Art. 10. São áreas vinculadas à Diretoria de Atenção à Saúde
b. Assessoria Técnica – ASTEC; – DAS:
II. Assessoria Parlamentar – ASPAR; I. Assessoria de Planejamento da Diretoria de Atenção à Saúde
III. Assessoria de Conformidade, Controle Interno e Gerencia- – APDAS;
mento de Riscos – ACCIGR; II. Coordenadoria de Gestão da Clínica – CGC:
IV. Assessoria – APRES; a. Serviço de Gestão do Cuidado Assistencial – SGCA;
V. Coordenadoria da Consultoria Jurídica – CONJUR; b. Serviço de Gestão da Qualidade – SGQ; e
a. Assessoria – ACONJUR; c. Serviço de Regulação Assistencial – SRA;
b. Assessoria de Inteligência de Dados e Apoio Administrativo III. Coordenadoria de Gestão da Atenção Hospitalar – CGAH:
– AIDA; a. Serviço de Contratualização Hospitalar – SCH;
c. Serviço Jurídico de Contencioso Geral – SCOG; b. Serviço de Gestão da Informação, Monitoramento e Avalia-
d. Serviço Jurídico de Contencioso Trabalhista – SCOT; ção – SGIMA;
e. Serviço Jurídico de Consultivo Administrativo – SCAD; e c. Serviço de Planejamento Assistencial – SPA; e
f. Serviço Jurídico de Consultivo Trabalhista – SCTR; d. Serviço de Planejamento de Insumos Assistenciais – SPIA.
VI. Coordenadoria da Corregedoria-Geral – COGER; Art. 11. São áreas vinculadas à Diretoria de Ensino, Pesquisa e
VII. Coordenadoria de Comunicação Social – CCS: Inovação – DEPI:
a. Serviço de Produção de Conteúdo – SPC; I. Assessoria de Planejamento da Diretoria de Ensino, Pesquisa
b. Serviço de Eventos e Promoção Institucional – SEPI; e e Inovação – APDEPI;
c. Serviço de Relacionamento com a Imprensa – SRI. II. Coordenadoria de Gestão do Ensino – CGEN:
Art. 7º São áreas vinculadas à Vice-Presidência – VP: a. Serviço de Gestão de Pós-Graduação – SGPOS; e
I. Chefia de Gabinete da Vice-Presidência; b. Serviço de Gestão da Graduação, Ensino Técnico e Extensão
II. Assessoria – AVP; – SGETE.
III. Coordenadoria de Gestão da Rede – CGR: III. Coordenadoria de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológi-
a. Supervisão de Contratos de Gestão – SCG; ca em Saúde – CGPITS:
b. Supervisão de Programas Governamentais – SPG; a. Serviço de Gestão da Inovação Tecnológica em Saúde –
c. Supervisão de Desempenho dos HUFs – SDHUF; e SGITS; e
d. Supervisão de Relacionamento dos HUFs – SRHUF; b. Serviço de Gestão da Pesquisa – SGPQ.
IV. Coordenadoria de Estratégia e Inovação Corporativa – CEIC: Art. 12. São áreas vinculadas à Diretoria de Administração e In-
a. Serviço de Gestão por Processos – SGPS; fraestrutura – DAI:
b. Serviço de Gestão Estratégica – SEGES e I. Assessoria de Planejamento da Diretoria de Administração e
c. Serviço de Gestão da Inovação Corporativa e do Conheci- Infraestrutura – APDAI;
mento – SGIC. II. Coordenadoria de Gestão de Suprimentos – CGS:
Art. 8º São áreas vinculadas à Diretoria de Orçamento e Finan- a. Serviço de Gestão de Estoque – SGE; e
ças – DOF: b. Serviço de Gestão de Patrimônio – SGPA;
I. Assessoria de Planejamento da Diretoria de Orçamento e Fi- III. Coordenadoria de Administração – CAD:
nanças – APDOF; a. Serviço de Contratos e Convênios – SCC;
II. Coordenadoria de Planejamento e Execução Orçamentária e b. Serviço de Compras e Licitações – SCL;
Financeira – CPEOF: a. Serviço de Execução Orçamentária e Finan- c. Serviço de Administração da Sede – SADS; e
ceira – SEOF; d. Serviço de Compras Centralizadas – SCCEN;
b. Serviço de Gestão Orçamentária e Financeira – SGOFI; e IV. Coordenadoria de Infraestrutura Hospitalar e Hotelaria –
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CIH: blicas relacionados ao ensino e à gestão hospitalar.


a. Serviço de Manutenção Predial, Projetos e Obras – SMPO; Parágrafo único. Poderão ser instituídos outros colegiados in-
b. Serviço de Engenharia Clínica – SEC; e ternos, além dos previstos nesse artigo, desde que não haja sobre-
c. Serviço de Hotelaria Hospitalar – SHH. posição e conflito de competências com os definidos neste Regi-
Art. 13. São áreas vinculadas à Diretoria de Tecnologia da In- mento Interno e atendam ao disposto no §1º do artigo 15.
formação – DTI: Art. 15. Os Colegiados Internos com atuação no âmbito da Ad-
I. Assessoria de Planejamento da Diretoria de Tecnologia da In- ministração Central serão instituídos por meio de portaria emitida
formação – APDTI; pela autoridade competente.
II. Serviço de Governança de Tecnologia da Informação – SGTI; §1º A portaria de instituição dos colegiados internos deverá
III. Coordenadoria de Sistemas da Informação – CDSI: conter, no mínimo, os seguintes itens:
a. Serviço de Desenvolvimento de Sistemas – SDS; I. objetivos e competências do colegiado;
b. Serviço de Arquitetura de Sistemas – SAS; e II. composição, com a indicação de nomes dos cargos e funções
c. Serviço de Saúde Digital e Inteligência de Dados – SDID; específicas que representem as áreas imprescindíveis à realização
IV. Coordenadoria de Infraestrutura, Suporte e Segurança de dos respectivos trabalhos, bem como previsão de substituição;
Tecnologia da Informação – CISTI: a. Serviço de Infraestrutura e Se- III. coordenador do colegiado interno;
gurança de Tecnologia da Informação – SISEG; e b. Serviço de Supor- IV. área organizacional a qual o colegiado interno terá vínculo
te de Tecnologia da Informação – STI. temático e de suporte ao seu funcionamento;
V. área(s) organizacional(is) ou gestor(es) ao qual o colegiado
CAPÍTULO IV interno deverá submeter os resultados da sua atuação;
DOS COLEGIADOS INTERNOS VI. prazo para início e, no caso de comissões temporárias e gru-
pos de trabalho, de encerramento das atividades com a previsão
Art. 14. Para fins deste Regimento Interno os Colegiados Inter- sobre a possibilidade de prorrogação;
nos serão constituídos para atender as necessidades explícitas e re- VII. órgão superior responsável pela aprovação do regimento
conhecidas como relevantes, cujos objetos de atuação não possam interno do colegiado, com exceção de colegiados temporários; e
ser resolvidos pelas áreas organizacionais isoladamente e podem VIII. previsão de participação de convidados.
organizar-se sob as seguintes formas: §2º A portaria de que trata o parágrafo anterior deverá ser
I. Câmara Técnica: de duração perene, atua de forma consultiva precedida por nota técnica que apresente as motivações para sua
no nível tático, composta por profissionais de referência na área de instituição.
atuação, analisando detalhadamente temas específicos e de grande §3º A participação nos colegiados internos não será remune-
amplitude, como padronizações técnicas e definições de melhores rada.
práticas; §4º Os comitês e comissões permanentes terão seus regimen-
II. Centro de Competência: de duração perene ou temporária, tos aprovados pela respectiva autoridade competente.
atua de forma consultiva no nível operacional, composta por equi-
pe multidisciplinar da Administração Central e dos HUFs da Rede CAPÍTULO V
Ebserh, analisando detalhadamente temas de tecnologia da infor- DAS COMPETÊNCIAS
mação e propondo padronizações técnicas e definições de melho-
res práticas, quanto a sistemas e a infraestrutura de TI; SEÇÃO I
III. Comissão: de duração perene ou temporária, atua de forma DAS COMPETÊNCIAS COMUNS
consultiva ou executiva no nível tático operacional, analisando de-
talhadamente temas específicos e de grande amplitude, procuran- Art. 16. São competências comuns à Presidência, Vice-Presi-
do aprofundar discussões técnicas ou administrativas; dência, Diretorias, Coordenadorias, Supervisões e Serviços:
IV. Comitê: de duração perene, atua de forma consultiva no ní- I. acompanhar e apoiar a evolução dos projetos relacionados
vel estratégico, formulando e avaliando políticas e diretrizes de na- ao Planejamento Estratégico Organizacional executados sob sua
tureza corporativa, planejando e coordenando ações transversais à responsabilidade;
organização com ampla abrangência, propondo soluções integradas II. coordenar a integração e articulação entre os processos sob
para problemas complexos; sua responsabilidade e destes com as demais áreas da Administra-
V. Escritório: de duração perene, atua de forma consultiva ou ção Central e dos HUFs da Rede Ebserh;
executiva no nível estratégico, tático e operacional, analisando de- III. cumprir e fazer cumprir os Instrumentos Normativos e Deci-
talhadamente temas específicos e de grande amplitude, com o ob- sórios de conteúdo técnico e administrativo necessários ao desen-
jetivo de disseminar, zelar, propor e apoiar padrões e práticas de volvimento dos processos sob sua responsabilidade; IV. estabelecer
gestão estabelecidos no âmbito da Rede Ebserh; diretrizes, bem como procedimentos internos e fluxos de trabalho
VI. Grupo de Trabalho: de duração temporária, atua de forma dentro da sua esfera de competência e em conformidade com os
consultiva ou executiva no nível técnico operacional, na execução normativos da Rede Ebserh; V. prestar suporte e orientações téc-
de ações ou projetos específicos, com prazo preestabelecido, pro- nicas, no âmbito de suas competências, às áreas responsáveis pela
pondo soluções para problemas determinados ou executando ações execução dos processos sob sua responsabilidade nos HUFs da
transversais que envolvam mais de uma área organizacional; e Rede Ebserh; VI. monitorar o desenvolvimento da integridade e
VII. Núcleo Técnico Operacional: de duração perene, atua de transparência nos processos executados sob sua responsabilidade;
forma consultiva ou executiva no nível técnico operacional, em te- VII. realizar a identificação e avaliação de eventos de riscos nos
mas específicos, instituídos em consonância com as orientações da processos executados sob sua responsabilidade, bem como esta-
Administração Central da Ebserh ou por normativos e políticas pú- belecer e monitorar atividades de controle interno e mitigação de
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riscos; X. trabalhar de maneira articulada com as demais Diretorias,


VIII. definir, registrar, monitorar, avaliar e compartilhar os resul- Vice-Presidência e Presidência, prestando o apoio necessário ao de-
tados dos processos e projetos executados sob sua responsabilida- senvolvimento da Rede Ebserh;
de, por meio da avaliação de indicadores e metas; IX. promover a XI. realizar articulação institucional com órgãos e entidades re-
gestão e melhoria contínua de processos sob sua responsabilidade, lacionadas à sua área de atuação; e
buscando a priorização daqueles que se alinham aos instrumentos XII. gerenciar processos e celebrar parcerias que não exigem
norteadores da Rede Ebserh; X. propor, acompanhar e apoiar os repasses financeiro, mediante a aprovação prévia da Diretoria Exe-
processos de planejamento de compras, seleção de fornecedores cutiva.
e fiscalização de contratos, das contratações realizadas sob sua res- Parágrafo único. A edição de normas que sejam afetas a mais
ponsabilidade no âmbito da Administração Central; de uma diretoria serão aprovadas em Diretoria Executiva.
XI. atuar na elaboração do plano anual de compras centrali- Art. 18. São competências comuns às Assessorias de Planeja-
zadas, planejamento da contratação e seleção de fornecedores de mento das Diretorias:
compras centralizadas das categorias de compras sob sua respon- I. assessorar a organização e o funcionamento da Diretoria;
sabilidade; II. proceder a articulação da Diretoria em suas relações admi-
XII. fornecer informações e relatórios gerenciais sobre todos nistrativas com as demais Diretorias, com os HUFs da Rede Ebserh,
os atos relacionados aos processos sob sua responsabilidade, para órgãos e entidades;
subsidiar a avaliação por parte de seus superiores e a elaboração III. elaborar e consolidar as pautas de assuntos a serem discuti-
de respostas institucionais aos órgãos de gestão, à coordenadoria dos e deliberados nas reuniões em que participe o Diretor;
da consultoria jurídica e aos órgãos de controle interno e externo; IV. preparar os expedientes a serem despachados ou assinados
XIII. propor, monitorar e apoiar a institucionalização e melhoria pelo Diretor; V. organizar a agenda de compromissos, eventos e reu-
de ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) que suportem a niões da Diretoria; VI. organizar viagens e visitas institucionais do
execução dos processos sob sua responsabilidade; XIV. promover Diretor, promovendo as medidas necessárias para a sua realização;
ações de sustentabilidade na instituição, buscando a viabilidade VII. realizar o recebimento, registro, triagem, distribuição, con-
econômica/ambiental/social nos processos executados sob sua res- trole e arquivo de documentos e processos encaminhados à Dire-
ponsabilidade ou no âmbito das áreas gestoras sob sua responsa- toria;
bilidade; VIII. realizar a manutenção e organização de arquivos digitais e
XV. promover o desenvolvimento de estudos e coordenar ações físicos e demais materiais de interesse da Diretoria;
que visem à inovação, à racionalização e ao dimensionamento oti- IX. realizar estudos e pesquisas de interesse da Diretoria;
mizado dos serviços no âmbito de suas competências; X. elaborar e/ou consolidar os documentos técnicos de cará-
XVI. apoiar tecnicamente a Rede Ebserh em processos de ava- ter transversal da Diretoria; XI. conduzir o processo de solicitação e
liação de necessidades de aquisição de tecnologias em saúde, no concessão de diárias e passagens no âmbito da Diretoria;
âmbito das suas competências; XII. coordenar as ações relacionadas ao planejamento tático e
XVII. gerir colegiados internos especificados no artigo 14, rela- estratégico no âmbito da Diretoria; e
cionados aos temas sob sua responsabilidade; e XIII. assessorar o Diretor em outros assuntos que lhe forem de-
XVIII. identificar lacunas de conhecimento no âmbito da sua signados no âmbito da atuação da Diretoria.
área de atuação e propor, em conjunto com a Diretoria de Gestão Art. 19. São competências comuns às Coordenadorias e aos
de Pessoas (DGP), ações de capacitação da(s) equipe(s) de trabalho. Serviços:
Art. 17. São competências comuns às Diretorias: I. orientar tecnicamente os HUFs da Rede Ebserh nos assuntos
I. propor e gerir as políticas relacionadas à área de atuação da relacionados à sua área de atuação;
Diretoria; II. avaliar tecnicamente o planejamento, a execução e as revi-
II. elaborar e monitorar a execução do planejamento orçamen- sões dos planos de aplicação de recursos e do Contrato de Objetivos
tário da Administração Central no que tange as categorias de com- no que tange as categorias de compras sob sua responsabilidade;
pras sob sua responsabilidade; III. subsidiar a diretoria na elaboração e no monitoramento da
III. atuar na avaliação de pleitos assistenciais em relação a ava- execução do planejamento orçamentário da Administração Central
liação de alteração da oferta de serviços assistenciais nos HUFs da no que tange as categorias de compras sob sua responsabilidade;
Rede Ebserh, no que tange sua área de atuação; IV. contribuir com IV. propor e gerir as políticas relacionadas à área de atuação
a formulação e qualificação de políticas públicas relacionadas à sua da Diretoria;
área de atuação; V. propor normas e procedimentos administrativos e técnicos
V. fomentar ações de atualização e projetos voltados ao desen- relativos à sua área de atuação; e VI. realizar, no âmbito da área de
volvimento científico e incorporação de novas tecnologias vincula- atuação, atividades demandadas pela Diretoria à qual se encontram
das às áreas e temas de sua competência vinculados.
VI. editar normas e procedimentos administrativos e técnicos
relativos à sua área de atuação, em articulação com as demais Dire- SEÇÃO II
torias e a Consultoria Jurídica; DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
VII. apoiar a estruturação dos hospitais da Rede Ebserh para o
processo de certificação e de recertificação como hospital de ensi- SUBSEÇÃO I
no; DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA PRESIDÊNCIA
VIII. promover eventos institucionais relacionados aos temas
sob sua responsabilidade; IX. divulgar as atividades desenvolvidas Art. 20. São competências da Presidência – PRES:
no âmbito de sua atuação; I. dirigir os processos relacionados à comunicação social e ges-
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tão documental; VIII. estudar e emitir parecer nos assuntos que lhe forem sub-
II. dirigir os processos relacionados gestão de órgãos colegia- metidos, para que contribuam com a tomada de decisões.
dos estatutários; Art. 25. São competências da Assessoria – APRES:
III. dirigir os processos relacionados a apuração de responsa- I. fazer a interlocução com as coordenadorias e serviços da Pre-
bilidade, ao relacionamento com órgãos de controle e à atuação sidência, sobre os assuntos afetos à Presidência;
jurídica da empresa; e II. auxiliar o Presidente na articulação com a Vice-Presidência,
IV. dirigir os processos relacionados à conformidade, controle Diretorias, equipes de governança dos HUFs da Rede Ebserh, órgãos
interno e gerenciamento de riscos. Art. 21. São competências da e entidades;
Chefia de Gabinete da Presidência – CG: III. estudar e emitir pareceres nos assuntos que lhe forem sub-
I. prestar assistência direta e imediata ao Presidente na prepa- metidos para apoio à tomada de decisão do Presidente;
ração, na análise e no despacho do expediente; IV. elaborar e/ou consolidar os documentos técnicos em articu-
II. coordenar os trabalhos da Secretaria-Geral e da Assessoria lação com as coordenadorias e assessorias da Presidência; e
Técnica; V. assessorar o Presidente em outros assuntos que lhe forem
III. organizar as agendas internas e externas que tenham parti- designados no âmbito da sua atuação.
cipação do Presidente; IV. subsidiar e auxiliar o Presidente na pre- Art. 26. São competências da Coordenadoria da Consultoria Ju-
paração de documentos para apresentação em eventos internos e rídica – CONJUR:
externos à Ebserh, com a participação da Coordenadoria de Gestão I. assessorar a Presidência, a Diretoria Executiva, o Conselho de
da Rede (CGR) da Vice-Presidência e da Coordenadoria de Comuni- Administração, o Conselho Fiscal, o Conselho Consultivo, os Cole-
cação Social (CCS), quando necessário; giados Executivos, as Superintendências e demais áreas da empresa
V. redigir, revisar, tramitar e organizar a correspondência e ou- em assuntos de natureza jurídica;
tros documentos da Presidência da Ebserh; II. realizar advocacia preventiva na Rede Ebserh;
VI. supervisionar o trabalho da Secretaria–Geral relativo à ges- III. avaliar a legalidade e a regularidade de atos e procedimen-
tão documental na empresa; e VII. supervisionar a operação dos tos submetidos à análise;
órgãos colegiados. IV. formular e supervisionar as teses jurídicas da Ebserh, a se-
Art. 22. São competências da Secretaria-Geral – SG: rem uniformemente seguidas em sua área de atuação;
I. gerir a operação dos órgãos colegiados e manter os registros V. defender os interesses da empresa em ações judiciais e pro-
das reuniões e resoluções; cedimentos extrajudiciais; VI. prestar informações em mandado de
II. organizar e participar das reuniões dos órgãos colegiados segurança, com subsídios prestados pelas áreas da empresa;
estatutários, bem como elaborar os documentos pertinentes rela- VII. Atuar em processos judiciais e extrajudiciais na defesa de
cionados às reuniões; gestor e ex-gestor nos casos autorizados, conforme Norma de Defe-
III. editar e publicar o Boletim de Serviço da Administração Cen- sa de Gestor da Ebserh;
tral; VIII. assistir ao Presidente no controle interno da legalidade
IV. orientar a gestão documental na empresa; e administrativa dos atos a serem por ele praticados ou já efetiva-
V. gerir o repositório dos atos administrativos publicados no dos, e daqueles oriundos de órgão ou entidade sob sua supervisão
Boletim de Serviço da Administração Central e os emitidos pelos jurídica;
órgãos sociais e estatutários da Ebserh. IX. recomendar, de ofício, providências de natureza jurídica a
Art. 23. São competências da Assessoria Técnica – ASTEC: serem adotadas em atendimento ao interesse público e às normas
I. dispensar assistência direta à Presidência; vigentes, mediante elaboração de manifestação jurídica própria; X.
II. assessorar a Presidência em viagens, promovendo e monito- editar portarias e atos normativos inerentes às suas atribuições;
rando as ações necessárias; XI. propor à gestão da empresa a criação ou alteração de nor-
III. contribuir com as atividades de expediente relativas à Pre- mas;
sidência; e XII. analisar e autorizar a não propositura de ações e a não in-
IV. exercer outras atividades que lhe sejam atribuídas pela Pre- terposição de recursos, assim como a estratégia de extinção das
sidência. ações em curso ou de desistência dos respectivos recursos judiciais,
Art. 24. São competências da Assessoria Parlamentar – ASPAR: nos termos da legislação vigente e normativos internos;
I. dispensar assistência direta e imediata ao Presidente em sua XIII. autorizar pagamento de custas processuais, depósitos
representação política; recursais, honorários periciais, condenações, multas e outras des-
II. acompanhar, junto ao Congresso Nacional, os projetos de lei pesas processuais, conforme alçadas estabelecidas em normativo
de interesse da empresa; próprio;
III. analisar e elaborar respostas a requerimentos de informa- XIV. coordenar o desenvolvimento do Plano de Ações de Riscos
ção de parlamentares; Jurídicos;
IV. acompanhar a Presidência em audiências com parlamenta- XV. controlar e monitorar os passivos contingentes prováveis,
res; possíveis e remotos da empresa; e XVI. realizar a projeção das des-
V. atender a parlamentares e assessores parlamentares; pesas judiciais passíveis de execução orçamentária e financeira em
VI. coordenar e acompanhar a captação de recursos orçamen- cada exercício.
tários por intermédio de emendas parlamentares para a adminis- Parágrafo único. A Coordenadoria da Consultoria Jurídica po-
tração central e para os hospitais universitários; derá, sem prejuízo do disposto nesse regimento interno, elaborar
VII. monitorar matérias de interesse da empresa relativas a regulamento próprio especificando as competências dos Serviços,
assuntos legislativos e orientar as ações da Ebserh, em articulação Divisões, Setores e Unidades que compõem a estrutura centralizada
com a Consultoria Jurídica; e de serviços dessa Coordenadoria.
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Art. 27. São competências da Assessoria – ACONJUR: XI. submeter à deliberação superior conflito de competências,
I. assessorar o Consultor Jurídico nos assuntos de sua compe- positivo ou negativo, que envolva a sua área com outra não vincu-
tência; lada;
II. proceder a articulação da CONJUR em suas relações adminis- XII. estudar e propor medidas com vistas à prevenção e ao en-
trativas com as áreas assessoradas, cerramento de litígios judiciais e extrajudiciais;
III. coordenar a distribuição de processos e documentos recebi- XIII. propor treinamento e capacitação de sua equipe de tra-
dos no Gabinete da Consultoria Jurídica; balho;
IV. gerenciar a capacitação dos colaboradores da CONJUR; XIV. propor a implementação de novas ferramentas e tecnolo-
V. elaborar e consolidar as pautas de assuntos a serem discu- gias com vistas à otimização das rotinas administrativas da Consul-
tidos e deliberados nas reuniões em que participe o Consultor Ju- toria Jurídica; e
rídico; XV. desenvolver quaisquer outras atividades que lhe forem atri-
VI. preparar os expedientes a serem despachados ou assinados buídas pelos superiores hierárquicos.
pelo Consultor Jurídico; VII. realizar estudos e pesquisas de interes- Art. 30. São competências do Serviço Jurídico Contencioso Ge-
se da CONJUR; ral – SCOG:
VIII. coordenar as ações relacionadas ao planejamento tático e I. defender os interesses da empresa nas ações judiciais em trâ-
estratégico no âmbito da CONJUR; e mite na justiça comum e em procedimentos extrajudiciais;
IX. exercer outras funções delegadas pelo Consultor Jurídico e II. acompanhar ações de controle abstrato de constitucionali-
demais competências estabelecidas em regulamento próprio. dade e reclamações de interesse da Ebserh, nos temas de sua com-
Art. 28. São competências da Assessoria de Inteligência de Da- petência; e
dos e Apoio Administrativo – AIDA: III. coordenar a elaboração das informações a serem prestadas
I. coordenar a distribuição de processos e documentos destina- em mandado de segurança.
dos à Consultoria Jurídica; Art. 31. São competências do Serviço Jurídico de Contencioso
II. formular métodos, monitorar, otimizar e automatizar proces- Trabalhista – SCOT:
sos internos, visando o aumento da eficiência operacional da Con- I. defender os interesses da empresa nas ações judiciais em trâ-
sultoria Jurídica; mite na Justiça do Trabalho;
III. realizar análises descritivas e preditivas, dando suporte à II. acompanhar ações de controle abstrato de constitucionali-
Consultoria Jurídica em tomada de decisões e na advocacia preven- dade e reclamações de interesse da Ebserh, nos temas de sua com-
tiva; petência; e
IV. articular com outras áreas o desenho e estruturação de ban- III. coordenar a elaboração das informações a serem prestadas
co de dados e demais recursos tecnológicos; em mandado de segurança.
V. coordenar as atividades desenvolvidas pelo apoio adminis- Art. 32. São competências do Serviço Jurídico de Consultivo Ad-
trativo da Consultoria Jurídica; ministrativo – SCAD:
VI. gerenciar as atividades que envolvam análise contábil e ela- I. prestar assessoramento jurídico, elaborar manifestações jurí-
boração de cálculos em processos judiciais; dicas e realizar estudos em matérias administrativas ou finalísticas,
VII. exercer atividades de planejamento, elaboração e acompa- em especial:
nhamento do orçamento e despesas judiciais; e a. governança corporativa;
VIII. exercer outras funções delegadas pelo Consultor Jurídico e b. proteção de dados pessoais;
demais competências estabelecidas em regulamento próprio. c. orçamento público e assuntos relacionados ao direito tribu-
Art. 29. São competências comuns dos Serviços Jurídicos: tário e ao direito financeiro;
I. coordenar, supervisionar e orientar as respectivas áreas vin- d. assuntos relacionados ao direito constitucional, ao direito
culadas, nas matérias de suas competências, conforme especificado administrativo, ao direito empresarial, ao direito ambiental e ao
no Regulamento da Consultoria Jurídica; direito eleitoral;
II. elaborar ações de planejamento das atividades jurídicas de- e. contratos de gestão especial com as Instituições Federais de
senvolvidas pela área e suas vinculadas; Ensino Superior e protocolos de intenções;
III. auxiliar na elaboração da proposta de Plano de Gestão da f. assuntos relacionados ao Programa de Reestruturação dos
Consultoria Jurídica; IV. apresentar proposições normativas de apri- Hospitais Universitários Federais (Rehuf);
moramento ou atualização de interesse da Consultoria Jurídica e g. instrumentos formais de contratualização no âmbito do SUS;
da Ebserh; h. assuntos relacionados à gestão hospitalar e à assistência mé-
V. aprovar teses, modelos e manifestações, em matérias rele- dico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico
vantes de sua competência; à população;
VI. propor orientações normativas e pareceres referenciais nas i. biodireito;
matérias de sua competência; j. assuntos relacionados ao ensino, pesquisa, extensão, inova-
VII. submeter ao Consultor Jurídico propostas e recomenda- ção, propriedade intelectual e ao relacionamento com fundações
ções que impliquem criação ou alteração de normas da empresa; de apoio e startups;
VIII. avocar processos das áreas vinculadas sempre que julgar k. licitações, contratos, convênios e instrumentos congêneres;
necessário; e
IX. resolver divergências de entendimentos jurídicos entre as l. assuntos relacionados à doação, alienação, cessão e transfe-
áreas vinculadas; rência de bens ou serviços.
X. deliberar sobre conflito de competências, positivo ou negati- Art. 33. São competências do Serviço Jurídico de Consultivo
vo, entre áreas vinculadas; Trabalhista – SCTR:
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I. prestar assessoramento jurídico, elaborar manifestações Controladoria-Geral da União; e


jurídicas e realizar estudos sobre: a. matérias trabalhistas e previ- XIII. assessorar os membros da Diretoria Executiva e do Conse-
denciárias, quando não abrangidas pelas competências das demais lho de Administração em matérias inerentes à sua área de atuação.
áreas; Art. 35. São competências da Coordenadoria de Comunicação
b. matéria tributária, quando relacionada aos tributos decor- Social – CCS:
rentes do vínculo de empregatício; I. planejar, orientar, coordenar e supervisionar as atividades de
c. proposição legislativa de interesse da Ebserh que trate de comunicação da Ebserh, quanto a jornalismo, publicidade e rela-
matéria relacionada a pessoal; ções públicas, alinhadas às políticas de Comunicação do MEC;
d. procedimentos éticos e disciplinares; e II. elaborar, supervisionar e avaliar a execução do Plano Anual
e. Estatuto Social, Regimento Interno e outros normativos da de Comunicação;
Ebserh, exceto aqueles nos quais a matéria predominante esteja III. difundir objetivos, serviços, ações, imagem, papel e impor-
abrangida pelas competências das demais áreas. tância da Ebserh;
Art. 34. São competências da Coordenadoria da Corregedoria- IV. orientar tecnicamente as Unidades de Comunicação Social
-Geral – COGER: das filiais da Ebserh na execução de suas atividades;
I. coordenar, orientar e supervisionar a execução das ativida- V. intermediar o relacionamento da Ebserh com os veículos e
des inerentes à sua área de atuação, inclusive no que se refere às profissionais de imprensa;
ações preventivas, objetivando a melhoria do padrão de qualidade VI. produzir, organizar e divulgar, interna e externamente, ma-
no processo de gestão e, como consequência, na prestação de ser- terial de comunicação institucional relativo ao trabalho da empresa;
viços à sociedade; VII. subsidiar os órgãos de direção da Ebserh em relação ao
II. propor ao Conselho de Administração a redação e/ou revisão comportamento e à imagem da empresa na mídia, por meio de mo-
de normas relativas às atividades de apuração de responsabilidade nitoramento e avaliação das informações a respeito da instituição,
administrativa de agentes públicos e de pessoas jurídicas no âmbito divulgadas pelos veículos de imprensa;
da Ebserh; VIII. orientar os empregados porta–vozes da empresa sobre
III. editar resoluções administrativas correcionais para orientar como lidar adequadamente com a imprensa;
a aplicação das normas de apuração de responsabilidade e a ade- IX. assessorar a Presidência, as Diretorias e demais órgãos da
quação da Ebserh às instruções normativas da Controladoria–Geral Ebserh nas ações que envolvam comunicação social, promoção ins-
da União; titucional e realização de eventos institucionais;
IV. receber denúncias envolvendo desvio de conduta de agen- X. estabelecer e administrar processos e procedimentos para a
tes públicos em atuação na Ebserh e de pessoa jurídica, nos termos realização de solenidades e eventos institucionais, de acordo com
da Lei nº 12.846/2013, realizar o juízo de admissibilidade e adotar normas de Cerimonial e Protocolo;
os procedimentos correcionais cabíveis, nos termos das normas in- XI. desenvolver, regulamentar e monitorar o uso correto e pa-
ternas de apuração de responsabilidade; dronizado da marca e demais elementos relacionados à identidade
V. fiscalizar o andamento dos procedimentos correcionais pre- visual da empresa, disponibilizadas na intranet, internet, redes so-
vistos nas normas internas de apuração de responsabilidade e o ciais, banners, cartazes, folders e demais publicações institucionais;
preenchimento dos sistemas correcionais mantidos pela Controla- XII. coordenar, elaborar ou editar material gráfico ou audiovi-
doria–Geral da União no âmbito da Ebserh, podendo solicitar rela- sual com vistas à divulgação da empresa para o público interno ou
tórios periódicos dos Superintendentes; externo;
VI. coordenar, capacitar e orientar tecnicamente as comissões XIII. estabelecer, em parceria com os HUFs da Rede Ebserh, di-
internas de apuração de responsabilidade, podendo solicitar em- retrizes para envio de mensagens dos diversos setores da Ebserh
pregados públicos para compor comissões internas de apuração de aos empregados da Administração Central e das filiais;
responsabilidade referentes a fatos praticados em áreas distintas; XIV. planejar, gerenciar, propor e monitorar ações de comuni-
VII. encaminhar anualmente ao Conselho de Administração cação para meios digitais como internet, tecnologia móvel, redes
dados consolidados e sistematizados, relativos aos resultados pro- sociais e blogs, em parceria com a Diretoria de Tecnologia da Infor-
cedimentos de apuração de responsabilidade de agentes públicos; mação (DTI); e
VIII. avocar, em qualquer fase processual, os processos inves- XV. desenvolver a estratégia de imagem, prevenção e trata-
tigativos ou punitivos instaurados nos HUFs da Rede Ebserh, nos mento de crises em comunicação.
termos da norma interna de apuração de responsabilidade, quando Art. 36. São competências do Serviço de Produção de Conteú-
verificada a omissão da autoridade responsável ou devido à com- do – SPC:
plexidade e relevância da matéria; I. executar o mapeamento de pautas institucionais e, a partir
IX. examinar e instruir, a qualquer tempo antes da decisão final, do levantamento, produzir conteúdo jornalístico para a empresa;
processos de apuração de responsabilidade que lhe forem encami- II. planejar e executar conteúdo para as redes sociais da em-
nhados; presa;
X. julgar processos disciplinares em face de quaisquer empre- III. produzir e orientar os trabalhos para a produção de vídeos
gados públicos da Ebserh nas hipóteses de infração leve; institucionais e jornalísticos;
XI. encaminhar recursos em processos de apuração de respon- IV. produzir, gerenciar e alimentar o site institucional e a intra-
sabilidade de agentes públicos à Diretoria Executiva ou ao Presiden- net com conteúdos jornalísticos, mediante consulta às áreas res-
te para julgamento, nos termos da norma interna específica; ponsáveis;
XII. atuar como unidade Setorial do Sistema de Correição V. criar e produzir informativos internos dirigidos aos emprega-
do Poder Executivo Federal, conforme previsão do Decreto nº dos da empresa;
10.768/2021, zelando pelo cumprimento de atos normativos da VI. realizar cobertura jornalística e fotográfica de eventos ins-
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titucionais; e nismos internacionais;


VII. gerenciar a publicação de conteúdos administrativos no V. dirigir o planejamento para incorporação de novos HUFs à
site da internet e intranet. Rede Ebserh; VI. gerir os processos relacionados aos Contratos de
Art. 37. São competências do Serviço de Eventos e Promoção Gestão Especial;
Institucional – SEPI: VII. dirigir os processos de monitoramento, articulação e inte-
I. elaborar e implementar estratégias de relacionamento com gração da Rede Ebserh; e
os diversos públicos da Ebserh; VIII. coordenar o processo de Tomada de Contas Especial.
II. planejar e executar a gestão de eventos institucionais, in- Art. 42. São competências da Chefia de Gabinete da Vice-Pre-
cluindo as atividades de cerimonial e protocolo; sidência - CGVP:
III. definir as diretrizes táticas da comunicação organizacional I. auxiliar na condução da gestão interna e execuções das ativi-
em alinhamento com as diretrizes da governança corporativa e a dades administrativas vinculadas à Vice-Presidência da Ebserh em
comunicação institucional; articulação com as Assessorias de planejamento, Assessoria da Vi-
IV. desenvolver e avaliar o uso correto e padronizado da marca ce-Presidência e Chefia de Gabinete da Presidência;
da Ebserh; e II. auxiliar o Vice-Presidente em suas relações administrativas
V. produzir e orientar os trabalhos de editoração e produção com a Presidência, Diretorias, equipes de governança dos HUFs da
gráfica de materiais relacionados à Ebserh com vistas à divulgação Rede Ebserh, órgãos e entidades;
da empresa para o público interno ou externo. III. elaborar e consolidar as pautas de assuntos a serem discuti-
Art. 38. São competências do Serviço de Relacionamento com dos e deliberados nas reuniões em que participe o Vice-Presidente;
a Imprensa – SRI: IV. organizar os expedientes a serem despachados ou assinados
I. intermediar, assessorar, orientar e promover o relacionamen- pelo Vice-Presidente; V. gerir a agenda do Vice-Presidente;
to da Rede Ebserh com os veículos e profissionais de imprensa; VI. assistir ao Vice-Presidente em viagens e visitas, promoven-
II. responder demandas da imprensa sobre as atividades da Eb- do as medidas necessárias para a sua realização;
serh e dar apoio nas demandas dos HUFs da Rede Ebserh; VII. realizar o recebimento, registro, triagem, distribuição, con-
III. editar, produzir, organizar e divulgar para a imprensa ma- trole e arquivo de documentos e processos recebidos na Vice-Pre-
terial jornalístico relativo às ações da Ebserh e hospitais, mediante sidência; e
consulta às áreas responsáveis; VIII. realizar a manutenção e organização de arquivos digitais e
IV. monitorar, selecionar e avaliar as informações sobre a Eb- físicos e demais materiais de interesse da Vice-Presidência.
serh, divulgadas pelos veículos de imprensa, de forma a subsidiar Art. 43. São competências da Assessoria – AVP:
os gestores para a tomada de decisão e proteger a imagem da em- I. fazer a interlocução com as coordenadorias, supervisões e
presa; e serviços da Vice-Presidência, sobre os assuntos afetos à Vice-Pre-
V. gerir e monitorar crises de comunicação na imprensa. sidência;
Art. 39. As competências da Assessoria de Conformidade, Con- II. auxiliar o Vice-Presidente na articulação com a Presidência,
trole Interno e Gerenciamento de Riscos – ACCIGR estão previstas Diretorias, equipes de governança dos HUFs da Rede Ebserh, órgãos
no artigo 96 do Estatuto Social. e entidades;
III. estudar e emitir pareceres nos assuntos que lhe forem sub-
SUBSEÇÃO II metidos para apoio à tomada de decisão do Vice-Presidente;
DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA VICE-PRESIDÊNCIA IV. elaborar e/ou consolidar os documentos técnicos em articu-
lação com as coordenadorias da Vice Presidência; e
Art. 40. Sem prejuízo do disposto no artigo 57 do Estatuto So- V. assessorar o Vice-Presidente em outros assuntos que lhe fo-
cial da empresa, são atribuições do Vice-Presidente: rem designados no âmbito da sua atuação.
I. assistir ao Presidente na supervisão, coordenação, monitora- Art. 44. São competências da Coordenadoria de Gestão da
mento e avaliação das ações desenvolvidas pelas Diretorias e pelas Rede – CGR:
Filiais; I. coordenar os processos de planejamento para incorporação
II. substituir o Presidente em suas ausências e impedimentos; de novos HUFs à Rede Ebserh;
III. deliberar sobre pleitos de alteração da oferta de serviços II. coordenar os processos de formalização, alteração e moni-
assistenciais nos HUFs da Rede Ebserh; e toramento dos Contratos de Gestão Especial com as Instituições
IV. coordenar e articular a atuação dos(as) Diretores(as) para o Federais de Ensino Superior;
alcance dos resultados institucionais. Art. 41. São competências da III. coordenar os processos de monitoramento, articulação e in-
Vice-Presidência – VP: tegração da Rede Ebserh; IV. coordenar o processo de planejamen-
I. dirigir os processos relacionados à Estratégia Organizacional, to, avaliação e monitoramento da aplicação de recursos nos HUFs
Arquitetura Organizacional e Arquitetura de Processos da Rede Eb- da Rede Ebserh;
serh; V. coordenar a Comissão Permanente de Análise de Pleitos As-
II. dirigir a elaboração, revisão e implementação do Estatuto sistenciais na avaliação de alteração da oferta de serviços assisten-
Social e do Regimento Interno da Administração Central e dos HUFs ciais nos HUFs da Rede Ebserh;
da Rede Ebserh; VI. coordenar o processo de monitoramento de resultados dos
III. dirigir ações de implementação e fortalecimento da gestão HUFs da Rede Ebserh; e
por processos, de gestão da mudança, de gestão de projetos, de VII. coordenar a operacionalização do Programa de Reestrutu-
gestão da inovação corporativa e da gestão do conhecimento na ração dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf).
Rede Ebserh; Art. 45. São competências da Supervisão de Contratos de Ges-
IV. dirigir acordos e projetos de cooperação técnica com orga- tão – SCG:
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I. avaliar a viabilidade de incorporações de novos HUFs à Rede IV. conduzir iniciativas de gestão e melhoria contínua de pro-
Ebserh, em conjunto com as Diretorias da Administração Central; cessos priorizados no âmbito da Administração Central; e
II. conduzir o processo de formalização e alteração dos Con- V. orientar e monitorar a priorização de processos nos HUFs
tratos de Gestão Especial com as Instituições Federais de Ensino da Rede Ebserh, promovendo a articulação entre os HUFs, entre as
Superior; e Diretorias e os HUFs, e entre as Diretorias para potencializar inicia-
III. monitorar e avaliar o cumprimento das obrigações pactua- tivas de gestão por processos em rede.
das nos Contratos de Gestão Especial. Art. 51. São competências do Serviço de Gestão Estratégica –
Art. 46. São competências da Supervisão de Programas Gover- SEGES:
namentais – SPG: I. gerir a elaboração, revisão e implementação da Arquitetura
I. conduzir o processo de elaboração, formalização, monitora- Organizacional da Rede Ebserh;
mento, avaliação e alterações dos Planos de Aplicação de Recursos II. gerir a elaboração, revisão e implementação do Estatuto So-
e dos Contratos de Objetivos; cial e do Regimento Interno da Administração Central e dos HUFs
II. elaborar estudos e análises estratégicas acerca da execução da Rede Ebserh;
orçamentária da Rede Ebserh; e III. operacionalizar o Rehuf. III. conduzir a elaboração do Plano Estratégico da Rede Ebserh,
Art. 47. São competências da Supervisão de Desempenho dos promovendo sua revisão e atualização tempestivamente;
HUFs – SDHUF: IV. conduzir a priorização de projetos, indicadores e metas es-
I. promover a cultura de gestão por indicadores com vistas a tratégicas;
acompanhar os resultados da Rede Ebserh e fomentar o aprimora- V. monitorar e avaliar os indicadores e metas do Plano Estra-
mento da gestão; tégico;
II. orientar a Rede Ebserh na formulação e análise de indica- VI. orientar as Diretorias e os HUFs da Rede Ebserh quanto ao
dores; desdobramento da estratégia em seus Planos Diretores;
III. monitorar o desempenho dos HUFs da Rede Ebserh; e VII. monitorar e avaliar o alinhamento entre o Plano Estratégico
IV. consolidar informações gerenciais dos HUFs da Rede Ebserh da Rede Ebserh e os Planos Diretores Estratégicos (PDEs) dos HUFs
com o apoio das demais Diretorias para subsidiar a alta gestão da da Rede Ebserh.
Ebserh na avaliação e tomada de decisão. VIII. orientar e avaliar a elaboração dos projetos estratégicos e
Art. 48. São competências da Supervisão de Relacionamento dos projetos previstos nos PDEs;
dos HUFs – SRHUF: IX. monitorar e avaliar a execução dos projetos do Plano Estra-
I. acompanhar, em conjunto com as Diretorias, os HUFs da tégico da Rede Ebserh;
Rede Ebserh, identificando necessidades de suporte, orientação e X. monitorar a execução do portfólio dos projetos dos PDEs; e
atuação para aprimoramento da gestão; II. coordenar ações trans- XI. orientar a Rede Ebserh quanto à gestão de projetos e gestão
versais e integradas para atendimento de demandas dos hospitais da mudança.
priorizadas pela alta gestão da Ebserh; e Art. 52. São competências do Serviço de Gestão da Inovação
III. conduzir com o apoio das Diretorias o processo de planeja- Corporativa e do Conhecimento – SGIC:
mento da incorporação de novos HUFs à Rede Ebserh. I. gerir processos de inovação corporativa e gestão do conheci-
Art. 49. São competências da Coordenadoria de Estratégia e mento no âmbito da Administração Central;
Inovação Corporativa – CEIC: II. gerir o Escritório de Gestão do Conhecimento da Rede Eb-
I. coordenar os processos de elaboração, revisão e implemen- serh e orientar a estruturação e funcionamento dos Escritórios no
tação da Arquitetura Organizacional da Rede Ebserh; âmbito dos HUFs da Rede Ebserh;
II. coordenar a elaboração, revisão e implementação do Esta- III. prospectar parcerias e cooperações técnicas visando o al-
tuto Social e do Regimento Interno da Administração Central e dos cance dos objetivos estratégicos organizacionais;
HUFs da Rede Ebserh; IV. gerir os processos de elaboração, execução, monitoramen-
III. coordenar os processos de definição, desdobramento, mo- to e revisão dos projetos de cooperação técnica com organismos
nitoramento e revisão da estratégia organizacional da Rede Ebserh; internacionais;
IV. coordenar os processos de elaboração e revisão da Cadeia V. orientar a Rede Ebserh quanto à gestão do conhecimento,
de Valor e Arquitetura de Processos da Rede Ebserh; gestão da inovação corporativa e cooperações técnicas; e
V. coordenar as ações de implementação e fortalecimento da VI. orientar a elaboração dos projetos de cooperação técnica
gestão por processos, de gestão da mudança, de gestão de projetos, e parcerias firmadas pelas diretorias e pelos HUFs da Rede Ebserh.
de gestão da inovação corporativa e da gestão do conhecimento na
Rede Ebserh; e
VI. coordenar a elaboração, execução, monitoramento e revi- SUBSEÇÃO III
são dos projetos de cooperação técnica. DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA DIRETORIA DE ORÇA-
Art. 50. São competências do Serviço de Gestão por Processos MENTO E FINANÇAS
– SGPS:
I. gerir a elaboração e revisão da Cadeia de Valor e Arquitetura Art. 53. São competências da Diretoria de Orçamento e Finan-
de Processos da Rede Ebserh; ças – DOF:
II. gerir o Escritório de Processos da Administração Central e I. planejar, implementar e controlar as políticas e diretrizes de
orientar a estruturação e funcionamento dos Escritórios de Proces- gestão orçamentária, financeira e contábil no âmbito da Adminis-
sos no âmbito dos HUFs da Rede Ebserh; tração Central e filiais;
III. orientar a Rede Ebserh quanto à gestão e melhoria contínua II. apoiar e monitorar as filiais da Ebserh no planejamento, im-
de processos; plementação e controle de seus respectivos orçamentos e desem-
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penhos institucionais, de acordo com as características definidas no III. recepcionar e avaliar as demandas que promovam impacto
planejamento de cada HUF da Rede Ebserh; no orçamento, indicar a classificação e conceder a disponibilidade
III. planejar, gerenciar e monitorar a execução orçamentária e e, se necessário, descentralização de créditos no âmbito da Ebserh,
financeira da Rede Ebserh com as medidas necessárias à manuten- observando o planejamento e programação aprovados, os limites
ção da sustentabilidade orçamentária e financeira da empresa; orçamentários disponíveis, respeitadas as competências das de-
IV. disponibilizar para a Rede Ebserh informações gerenciais mais áreas responsáveis pelas solicitações;
atualizadas de natureza orçamentária, financeira e de desempenho IV. recepcionar e avaliar as demandas de descentralização de
com a finalidade de contribuir para a tomada de decisão nas diver- créditos no âmbito da Ebserh, observando o planejamento e pro-
sas instâncias de gestão e para a sustentabilidade da empresa; gramação aprovados, os limites orçamentários disponíveis, respei-
V. estabelecer diretrizes para a gestão de custos da empresa, tando as competências das demais áreas demandantes;
bem como monitorar e avaliar a implantação de sistemas e indica- V. elaborar e monitorar a programação financeira mensal da
dores de custos; e Ebserh;
VI. apresentar à Diretoria Executiva as Demonstrações Finan- VI. gerenciar o fluxo de caixa de recursos financeiros da Ebserh,
ceiras da empresa. monitorando os saldos de recursos a receber e a repassar e as dis-
Art. 54. São competências da Coordenadoria de Planejamento ponibilidades financeiras da empresa;
e Execução Orçamentária e Financeira – CPEOF: VII. apurar, gerenciar e monitorar o fluxo de receita de produ-
I. coordenar a elaboração e consolidação da programação e ção SUS da Rede Ebserh; e
reprogramação dos orçamentos anuais e plurianuais no âmbito da VIII. realizar apuração de contas contábeis para um adequado
Rede Ebserh; encerramento do exercício financeiro da Ebserh.
II. coordenar, analisar e acompanhar as atividades afetas ao Art. 57. São competências do Serviço de Planejamento Orça-
planejamento, programação, acompanhamento, controle e execu- mentário – SPO:
ção orçamentária no âmbito da Ebserh, resguardados os devidos I. promover, orientar, e consolidar o planejamento orçamentá-
limites de alçada das instâncias responsáveis em cada unidade ges- rio anual e plurianual da Ebserh;
tora (UG) vinculada à empresa; II. orientar e avaliar as demandas, justificar e elaborar a pro-
III. realizar a interlocução junto às demais áreas da empresa e posta, realizar o acompanhamento, monitoramento e as revisões
às setoriais dos órgãos superiores envolvidos, quanto às ações ne- do Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal, da Lei de Diretrizes
cessárias ao tratamento das questões relativas ao planejamento e a Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) no âmbito
execução do orçamento no âmbito da Rede Ebserh; da Ebserh;
IV. acompanhar, bem como fazer divulgar, e orientar com vistas III. realizar e consolidar, dentro dos seus limites de alçada, as
ao cumprimento das determinações, recomendações e orientações projeções e estudos necessários ao planejamento orçamentário
emanadas pelos órgãos de controle e órgãos setorial e central dos da Ebserh, incluindo despesas obrigatórias e discricionárias; e IV.
Sistemas de Planejamento, Orçamento e de Administração Finan- estruturar, controlar e monitorar as principais bases de dados orça-
ceira Federal, no que se refere à sua área de competência; mentárias da Diretoria.
V. avaliar, monitorar e controlar o fluxo das receitas dos HUFs Art. 58. São competências da Coordenadoria de Contabilidade
da Rede Ebserh no âmbito do SUS; VI. avaliar, monitorar, controlar – CCONT:
e apurar a necessidade de recursos financeiros a receber do Órgão I. coordenar, supervisionar, avaliar e propor melhorias às ativi-
Setorial, bem como do Fundo Nacional de Saúde/MS; e dades relacionadas à contabilidade e controle de custos;
VII. disciplinar os prazos e procedimentos para o encerramen- II. coordenar a elaboração das Demonstrações Financeiras, tri-
to de exercício financeiro. Art. 55. São competências do Serviço de mestrais e anuais, da empresa;
Execução Orçamentária e Financeira – SEOF: III. solicitar às demais áreas da empresa as informações neces-
I. controlar e realizar a execução orçamentária e financeira da sárias para a correta compatibilidade dos registros contábeis;
Administração Central, em todas as suas etapas; IV. acompanhar a regularidade da empresa nos órgãos fiscais
II. analisar a instrução de processos de solicitação de empenho, e comerciais;
emitir as notas de empenho e monitorar seus respectivos saldos; V. coordenar a elaboração e envio das declarações acessórias;
III. analisar a instrução de processos de solicitação de paga- VI. supervisionar e orientar as atividades de conformidade de
mento, realizar a liquidação da despesa e a emissão da ordem de gestão e contábil;
pagamento; e VII. coordenar, supervisionar e propor métodos de apuração e
IV. acompanhar o resultado dos pagamentos executados, man- mensuração da eficiência do gasto; e
ter interlocuções com as entidades envolvidas no processo, noti- VIII. disciplinar os prazos e procedimentos para o encerramen-
ficar as áreas demandantes e providenciar a regularização de in- to de exercício financeiro.
consistências, conforme orientação, no âmbito da Administração Art. 59. São competências do Serviço de Informações Geren-
Central. ciais e Gestão de Custos – SIGC:
Art. 56. São competências do Serviço de Gestão Orçamentária I. apurar, monitorar e analisar as informações de custos hospi-
e Financeira – SGOFI: talares da Rede Ebserh;
I. gerenciar as dotações orçamentárias no âmbito da Ebserh, II. propor e realizar, dentro de suas competências, estudos téc-
resguardados os devidos limites de alçada das instâncias respon- nicos e indicadores que contribuam para apuração do desempenho
sáveis; financeiro e mensuração da eficiência do gasto da empresa; e
II. realizar e monitorar os pedidos de alterações orçamentárias III. gerenciar plataforma de informações gerenciais de natureza
no âmbito da Ebserh, providenciado as articulações necessárias orçamentária, financeira e de desempenho da empresa.
com as demais áreas envolvidas; Art. 60. São competências do Serviço de Contabilidade – SC:
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I. elaborar e analisar relatórios e documentos pertinentes à XI. formular os programas de estágio não obrigatório e de jo-
contabilidade da Ebserh; vens aprendizes da Ebserh.
II. elaborar as Demonstrações Financeiras Consolidadas da Eb- Art. 62. São competências da Coordenadoria de Planejamento
serh; de Pessoal – CPP:
III. realizar registros Contábeis Patrimoniais e orientar a execu- I. coordenar os processos de solicitação e controle de vagas,
ção orçamentária e financeira, quando couber; dimensionamento, monitoramento, seleção e provimento da força
IV. realizar a conformidade contábil da Unidade no Sistema In- de trabalho própria e cedida da Ebserh, de acordo com as necessi-
tegrado de Administração Financeira (Siafi); dades de cada HUF da Rede Ebserh;
V. elaborar as declarações acessórias para os órgãos fazendá- II. planejar e gerir os processos de contratação de recursos hu-
rios; manos, através da realização de concursos públicos, processos sele-
VI. realizar e controlar os cadastros de usuários no Siafi, no Sis- tivos e contratação de estagiários e aprendizes;
tema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e de- III. coordenar processo de movimentação da força de trabalho;
mais sistemas oficiais na alçada da contabilidade; IV. desenvolver a integração dos empregados da Ebserh, em
VII. realizar e controlar os cadastros de pessoa jurídica da em- articulação com as demais Diretorias, os órgãos da Presidência e as
presa nos órgãos competentes; e Equipes de Governança das filiais; e
VIII. realizar conformidade de registro de gestão no Siafi. V. implantar e gerir os Programas de Estágio e Aprendizagem
da Rede Ebserh.
SUBSEÇÃO IV Art. 63. São competências do Serviço de Dimensionamento e
DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA DIRETORIA DE GESTÃO Monitoramento de Pessoal – SEDIMP:
DE PESSOAS I. realizar dimensionamento de pessoal, de acordo com o pla-
nejamento assistencial e os processos de trabalho, em articulação
Art. 61. São competências da Diretoria de Gestão de Pessoas com as demais áreas técnicas e equipe de governança dos HUFs da
– DGP: Rede Ebserh;
I. gerir e articular ações relativas aos processos de planejamen- II. instruir processo, em conjunto com as demais áreas técnicas,
to, administração, avaliação e desenvolvimento da força de traba- de solicitação de vagas junto aos órgãos competentes;
lho, com todas as instâncias de gestão da Ebserh e com outras enti- III. elaborar, validar e revisar metodologia de dimensionamento
dades públicas ou privadas; de pessoal;
II. dirigir e articular com as demais diretorias os processos de IV. gerir o quadro de vagas autorizadas;
gerenciamento de vagas, dimensionamento de pessoas, seleção e V. monitorar e orientar os HUFs da Rede Ebserh quanto a lota-
provimento, monitoramento de pessoas e decisão sobre contrata- ção dos colaboradores da empresa;
ções, observando as necessidades que garantam o pleno funciona- VI. acompanhar a tabela de Cargos da Rede Ebserh com o obje-
mento da Rede da Ebserh; tivo de sugerir a alteração, extinção e/ou criação de novos cargos/
III. dirigir as ações de Segurança e Medicina do Trabalho na especialidades, baseado em tendências e pesquisas;
Rede Ebserh, em articulação com as demais Diretorias e órgãos da VII. manter atualizado os dados e informações referentes à for-
Presidência; ça de trabalho da Rede Ebserh;
IV. articular, desenvolver e implementar, em conjunto com ou- VIII. monitorar, permanentemente, o quadro de pessoal da
tras entidades públicas ou privadas, projetos e ações, bem como Rede Ebserh, considerando todos os regimes e natureza de contra-
quaisquer outras contribuições que possibilitem melhoria dos pro- tação;
cessos de gestão de pessoas na Ebserh; IX. elaborar proposta com plano de ação visando a adequação
V. gerir o aperfeiçoamento dos Planos de Cargos, Carreiras e de serviços, realocação e/ou ampliação do quadro de pessoal em
Salários, de Benefícios e de Cargos em Comissão e Funções Gratifi- articulação com as demais áreas técnicas e equipe de governança
cadas para a Ebserh, em articulação com as demais Diretorias e os dos HUFs da Rede Ebserh; e
órgãos da Administração Pública Federal; X. pesquisar, estudar e buscar metodologias/técnicas utilizadas
VI. dirigir a formação, capacitação e a avaliação dos colabora- e/ou propostas para monitoramento de pessoal, considerando as
dores da Ebserh, em consonância com o presente Regimento Inter- necessidades da Rede Ebserh.
no e com o planejamento da instituição, bem como de acordo com Art. 64. São competências do Serviço de Seleção e Provimento
as necessidades institucionais da Ebserh; de Pessoal – SESP:
VII. implementar políticas de integração da força de trabalho, I. implementar processos de contratação de recursos humanos
em articulação com as demais Diretorias, Equipes de Governança para a Ebserh, incluindo concurso público e a realização de proces-
das filiais e órgãos da Administração Pública; VIII. gerir a divulgação sos seletivos para as diversas formas de provimento para cargos
de informações relativas à política de gestão de pessoas, bem como temporários, emergenciais ou comissionados;
sobre as atribuições, funções, direitos e deveres de empregados e II. executar a Política de movimentação de empregados na Rede
demais colaboradores no âmbito da Ebserh, em articulação com a Ebserh, propondo normativos e observando as legislações vigentes;
Coordenadoria de Comunicação Social; III. realizar a convocação de candidatos aprovados nos concur-
IX. articular, no âmbito de suas atribuições, com órgãos de clas- sos públicos e/ou processos seletivos acompanhando o provimento
se e sindicais, informações e condições relacionados ao trabalho na dos cargos.
Ebserh; IV. analisar a conformidade dos processos de provimento para
X. negociar acordos coletivos de trabalho da Ebserh com as en- os cargos e funções comissionadas de acordo com o normativo in-
tidades sindicais representativas dos empregados, mediante asses- terno;
soramento da Coordenadoria da Consultoria Jurídica; e V. executar o Programa de Estágio não obrigatório da Ebserh; e
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VI. executar o Programa Jovem aprendiz da Ebserh. Art. 68. São competências do Serviço de Saúde Ocupacional e
Art. 65. São competências da Coordenadoria de Administração Segurança do Trabalho – SSOST:
de Pessoal – CAP: I. gerir, no âmbito da Administração Central, e orientar e acom-
I. coordenar a elaboração da proposta orçamentária relativa à panhar, no âmbito dos HUFs da Rede Ebserh, os processos relacio-
folha de pagamento da Ebserh; nados à saúde e segurança do trabalho na Rede Ebserh;
II. manter atualizado o controle de cargos comissionados, fun- II. propor e acompanhar ações de vigilância em saúde, por
ções e gratificações do quadro de pessoal da Rede Ebserh; meio de estudos e análises epidemiológicas, indicadores de ava-
III. preparar atos de nomeação e exoneração de cargos efetivos liação e gerenciamento de dados sobre a saúde e segurança dos
e comissionados; colaboradores;
IV. coordenar a admissão e demissão dos empregados da Eb- III. receber e registrar as informações de licenças médicas e ou-
serh; tros afastamentos por motivos de saúde dos colaboradores da Ad-
V. coordenar os processos relativos à Segurança e Medicina do ministração Central e prestar orientações aos HUFs da Rede Ebserh
Trabalho e à Saúde e Segurança do Trabalho da Rede Ebserh; quanto ao tema;
VI. gerenciar a elaboração da política salarial e de concessão IV. gerir as ações e políticas de prevenção e promoção na área
de gratificações e benefícios, elaborando os estudos de impacto fi- de saúde e segurança dos trabalhadores desenvolvidas no âmbito
nanceiro; da Rede Ebserh;
VII. coordenar a execução da folha de pagamentos da empresa, V. desenvolver programas e ações de promoção de qualidade
conforme o Plano de Cargos, Carreiras, Salários e Plano de Vanta- de vida do trabalhador da Rede Ebserh;
gens e Benefícios; e VI. prestar orientações técnicas acerca da elaboração de Laudos
VIII. coordenar o cadastro, documentação e registro dos em- Técnicos de Insalubridade/ Periculosidade e de outros documentos
pregados efetivos, temporários e cedidos à Ebserh. técnicos relacionados à saúde e segurança do trabalho na Rede Eb-
Art. 66. São competências do Serviço de Documentação e Re- serh, bem como monitorar a aplicação dos referidos documentos;
gistro – SDR: VII. orientar, encaminhar e acompanhar os empregados da Ad-
I. gerir o cadastro dos empregados efetivos, temporários e ocu- ministração Central em demandas relativas ao Instituto Nacional
pantes de cargo em comissão ou função gratificada da Ebserh; de Seguridade Social (INSS), bem como orientar os HUFs da Rede
II. gerenciar os processos de cessão e requisição de emprega- Ebserh sobre como encaminhar e acompanhar demandas dessa na-
dos e servidores da Rede Ebserh e elaborar atos relativos à gestão tureza relativas aos empregados dos HUFs; e
de pessoas; VIII. desenvolver programas e ações de promoção de qualidade
III. manter e conservar o arquivo de documentos funcionais dos de vida do trabalhador da Rede Ebserh.
empregados e colaboradores da Ebserh; Art. 69. São competências da Coordenadoria de Desenvolvi-
IV. gerir processos relativos ao cadastro, concessão de férias, mento de Pessoas – CDP:
afastamentos funcionais não relacionados à saúde, frequência, I. gerir o processo de desenvolvimento de pessoas da Rede Eb-
banco de horas e escalas de trabalho; serh;
V. elaborar atos de pessoal, de nomeação, transferência, apos- II. planejar e coordenar o processo de Gestão do Desempenho
tilamentos, substituição e exoneração e controlar o provimento dos por Competências (GDC) dos colaboradores da Ebserh;
Cargos Comissionados e Funções Gratificadas; e VI. providenciar III. planejar e coordenar o processo de avaliação do período de
relatórios e declarações de dados cadastrais dos empregados efe- experiência dos novos empregados da Ebserh;
tivos, temporários e ocupantes de cargo em comissão ou função IV. monitorar a gestão do ambiente virtual de aprendizagem
gratificada da Rede Ebserh. (AVA) da Escola Ebserh de Educação Corporativa (3EC);
Art. 67. São competências do Serviço de Pagamento de Pessoal V. planejar e coordenar a gestão do Plano de Cargos, Carreiras e
– SPP: Salários e o Plano de Cargos Comissionados e Funções Gratificadas
I. gerir a folha de pagamento da Rede Ebserh; da Rede Ebserh;
II. gerir as atividades necessárias aos recolhimentos dos encar- VI. coordenar as ações referentes aos processos de afastamen-
gos sociais; to do país para capacitação dos empregados da Rede Ebserh;
III. analisar os documentos de cobrança e providenciar o res- VII. planejar e coordenar a política e o processo de negociações
sarcimento de salários e encargos sociais de servidores cedidos por coletivas da Rede Ebserh;
outros órgãos à Rede Ebserh; VIII. planejar e coordenar a execução de ações preventivas de
IV. efetuar a cobrança de salários e encargos sociais de empre- combate ao Assédio Moral e ao Assédio Sexual;
gados da EBSERH cedidos para outros órgãos; IX. planejar e coordenar ações referentes ao Clima Organizacio-
V. orientar as Divisões de Gestão de Pessoas (DivGPs) dos HUFS nal, em conjunto com as ações de Qualidade de Vida no Trabalho; e
da Rede Ebserh sobre procedimentos de cálculos e pagamento de X. monitorar a mediação dos conflitos de relação de trabalho
remuneração, utilização dos sistemas e aplicação da legislação, nor- junto aos HUFs da Rede Ebserh. Art. 70. São competências do Servi-
mativos e fluxos pertinentes às atividades e processos de pagamen- ço de Capacitação e Avaliação de Desempenho – SECAD:
to de pessoal; I. executar o processo de desenvolvimento de pessoas da Rede
VI. elaborar e executar as rotinas anuais referentes à Declara- Ebserh;
ção do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF); e II. propor e executar ações de capacitação para a Rede deman-
VII. elaborar projeção detalhada de gastos com pessoal para dadas pelas Diretorias ou identificadas na GDC;
inclusão e acompanhamento no Orçamento Anual, bem como fun- III. propor, implementar e monitorar o processo de GDC dos
damentar possíveis necessidades de suplementação de recursos colaboradores da Ebserh;
orçamentários e financeiros. IV. propor metodologia e gerir o processo de avaliação de perí-
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odo de experiência dos novos empregados, na Administração Cen- dados e informações relacionados à assistência, incluindo informa-
tral e acompanhar o processo nos HUFs da Rede Ebserh; ções dos prontuários médicos e seus correlatos, para fins de ensino,
V. gerir o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) da Escola pesquisa, desenvolvimento tecnológico e outros usos dos dados as-
Ebserh de Educação Corporativa (3EC); sistenciais de pacientes;
VI. gerir o Plano de Cargos, Carreiras e Salários - PCCS da Ebserh XIII. definir e promover o processo de monitoramento e avalia-
e o Plano de Cargos Comissionados e Funções Gratificadas - PCCFG ção do desempenho da atenção hospitalar da Rede Ebserh; e
da Ebserh; e XIV. estabelecer estratégias para a qualificação do registro das
VII. gerir o processo de afastamento do País para capacitação informações assistenciais.
dos empregados da Ebserh. Art. 73. São competências da Coordenadoria de Gestão da Clí-
Art. 71. São competências do Serviço de Relações de Trabalho nica – CGC:
– SERET: I. coordenar a integração, implantação e implementação de
I. identificar as entidades sindicais por categoria e região dos dispositivos de gestão da clínica;
empregados da Ebserh; II. coordenar ações estratégicas e as atividades multidisciplina-
II. organizar, supervisionar e gerenciar a Mesa Nacional de Ne- res com vistas a promover a integralidade do cuidado;
gociação Permanente da Ebserh - MNNP/Ebserh; III. coordenar a elaboração, padronização e implantação dos
III. promover ações referentes ao Clima Organizacional, em guias, instrutivos, manuais, protocolos clínicos assistenciais e di-
conjunto com as ações de Qualidade de Vida no Trabalho; retrizes terapêuticas e outros documentos normativos relativos à
IV. atuar na administração, mediação e negociação para o trata- assistência à saúde;
mento de conflitos decorrentes das relações de trabalho; IV. coordenar a implantação de instrumentos de apoio à deci-
V. propor, acompanhar e promover ações afirmativas e preven- são clínica a serem adotados pelos HUFs da Rede Ebserh;
tivas de combate ao assédio moral e ao assédio sexual; e V. coordenar os processos de organização e funcionamento das
VI. gerir e executar as ações relativas às relações de trabalho. comissões hospitalares obrigatórias relacionadas à gestão da clíni-
ca;
SUBSEÇÃO V VI. coordenar e monitorar as ações de regulação assistencial
DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA DIRETORIA DE ATEN- junto às filiais Ebserh, de maneira articulada ao gestor local do SUS;
ÇÃO À SAÚDE VII. coordenar a gestão da informação clínica em consonância
com a Política de Gestão Documental da Ebserh e com as legisla-
Art. 72. São competências da Diretoria de Atenção à Saúde – ções sanitária e arquivística vigentes;
DAS: VIII. coordenar a implementação de ações de gestão da quali-
I. promover a qualificação da assistência prestada nos HUFs da dade, segurança do paciente e humanização; e
Rede Ebserh; IX. propor, no âmbito de sua atuação, ações referentes à assis-
II. promover, em conjunto com a DAI e DTI, a modernização da tência hospitalar, à vigilância em saúde e no que se refere a eventos
estrutura para a assistência dos HUFs da Rede Ebserh; de importância em saúde pública.
III. propor modelo de avaliação da estrutura assistencial dos Art. 74. São competências do Serviço de Gestão do Cuidado
HUFs da Rede Ebserh; Assistencial – SGCA:
IV. estabelecer, em diálogo com a DEPI, princípios e diretrizes I. orientar e monitorar a implantação de dispositivos de gestão
para análise de mérito relativo à alteração de oferta de serviços as- do cuidado assistencial no âmbito da Rede Ebserh;
sistenciais em saúde no âmbito dos HUFs da Rede Ebserh; II. promover e monitorar a implantação de instrumentos de
V. definir diretrizes e apoiar a Rede Ebserh nos processos de apoio à decisão clínica a serem adotados pelos HUFs da Rede Eb-
negociação e pactuação da contratualização junto aos gestores do serh, em especial a classificação de risco;
SUS; III. orientar a definição e a implementação, bem como monito-
VI. promover a integração das ações assistenciais com o ensino, rar a estruturação de linhas de cuidado no âmbito da Rede Ebserh;
a pesquisa e a inovação tecnológica em saúde, em conjunto com a IV. promover e monitorar a implantação nas filiais Ebserh, dos
DEPI; protocolos clínico-assistenciais, diretrizes terapêuticas assistenciais,
VII. qualificar a atuação dos HUFs da Rede Ebserh junto à Rede guias, instrutivos e outras documentações assistenciais, a serem
de Atenção à Saúde, por meio de dispositivos de gestão da atenção adotados na Rede, visando qualificar os processos e a gestão do
hospitalar e de gestão da clínica; cuidado em saúde;
VIII. definir a utilização de protocolos assistenciais, diretrizes V. atuar de maneira articulada com o SPIA no desenvolvimento
terapêuticas e de tecnologias em saúde, alinhados com os Protoco- de dispositivos que assegurem a utilização de medicamentos e pro-
los Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde dutos para saúde padronizados nos protocolos clínicos e diretrizes
(MS), a serem adotados pelos HUFs da Rede Ebserh; terapêuticas;
IX. promover, em diálogo com a DEPI e DTI, o acesso da Rede VI. orientar os HUFs da Rede Ebserh na implementação, mo-
Ebserh às bases de dados de evidências científicas para o ensino, nitoramento e avaliação da farmácia clínica e dispensação farma-
pesquisa, inovação e assistência; cêutica;
X. propor ações referentes à assistência hospitalar e à vigilância VII. apoiar a gestão dos processos envolvidos no cuidado in-
em saúde, inclusive em eventos de importância em saúde pública; tegrado especializado no âmbito hospitalar, inclusive os mediados
XI. gerir os convênios e os instrumentos formais de contratuali- por tecnologias de telessaúde, relativos ao diagnóstico, tratamento,
zação estabelecidos com os gestores de saúde, considerando o seu prevenção e reabilitação;
caráter finalístico; VIII. apoiar a Rede na gestão dos processos de alta por óbitos,
XII. definir e autorizar, em diálogo com a DEPI, a utilização de busca ativa de doadores de órgãos e tecidos, e necrópsia;
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IX. apoiar a Rede na padronização do processamento de mate- cluindo formas de controle e padronização de formatação de acor-
riais hospitalares; do com a política de gestão documental da Ebserh.
X. apoiar a Rede na organização e gestão de estruturas de bio- Art. 76. São competências do Serviço de Regulação Assistencial
ética, de forma a mitigar conflitos e instrumentalizar as decisões – SRA:
difíceis na prática assistencial; e I. propor diretrizes para organização dos processos de gestão
XI. promover a implantação e gestão das comissões hospitala- da oferta de consultas, exames, leitos e cirurgias;
res obrigatórias relacionadas ao cuidado assistencial. II. promover o desenvolvimento de capacidades técnicas rela-
Art. 75. São competências do Serviço de Gestão da Qualidade tivas à elaboração, uso e aplicação de protocolos de regulação do
– SGQ: acesso;
I. estabelecer diretrizes e parâmetros para a gestão da quali- III. elaborar diretrizes para os processos de gestão da lista de
dade, da segurança do paciente, da humanização e das ações de espera cirúrgica (LEC);
vigilância em saúde, nos componentes epidemiológicos, controle IV. monitorar a gestão da informação relacionada à oferta de
de infecção hospitalar e gestão de riscos de tecnologias em saúde, consultas, internações, cirurgias e exames;
nas filiais Ebserh; V. promover os ciclos de melhoria dos processos regulatórios
II. gerir a implementação do Programa Ebserh de Gestão da assistenciais por meio do monitoramento e avaliação dos seus in-
Qualidade, do Programa Ebserh Gestão à Vista, do Programa Eb- dicadores;
serh de Segurança do Paciente e das ações de humanização, esta- VI. propor diretrizes para pactuação e gestão dos processos re-
belecendo indicadores e metas, incentivando a avaliação crítica dos lacionados a transferências internas, admissão e alta, referência e
dados e a realização dos ciclos de melhoria por meio da análise dos contrarreferência de pacientes;
planos de ação; VII. apoiar as filiais em discussões com gestores locais de saú-
III. gerir a execução do processo de avaliação externa do Pro- de, dentro do escopo da regulação assistencial; e
grama Ebserh de Gestão da Qualidade e Selo Ebserh da Qualidade; VIII. propor diretrizes e apoiar a gestão da informação clínica no
IV. orientar tecnicamente as filiais Ebserh para qualificação do âmbito da Rede Ebserh, incluindo as informações clínicas em meio
processo de gestão da informação relativa às doenças e agravos de físico, a digitalização de prontuários físicos e o prontuário eletrônico
notificação compulsória (DNC), bem como no controle de infecções do paciente.
relacionadas à assistência de saúde (IRAS); Art. 77. São competências da Coordenadoria de Gestão da
V. orientar tecnicamente as filiais Ebserh na estruturação e de- Atenção Hospitalar – CGAH:
senvolvimento de atividades de gestão de riscos e incidentes em I. coordenar o processo de planejamento e programação as-
saúde, incluindo os assistenciais e aqueles relacionados às tecnolo- sistencial e aqueles relacionados à contratualização hospitalar da
gias em saúde, como a farmacovigilância, tecnovigilância, hemovi- Rede Ebserh;
gilância e vigilância de produtos saneantes; II. validar os estudos de dimensionamento de serviços assisten-
VI. atuar de maneira articulada com o SPIA no desenvolvimen- ciais da Rede Ebserh; III. validar análises dos Instrumentos Formais
to de dispositivos que assegurem a qualidade dos medicamentos e de Contratualização (IFCs) e estabelecer medidas de apoio à imple-
produtos para saúde; mentação de processos de planejamento assistencial e contratuali-
VII. orientar tecnicamente as filiais Ebserh para qualificação do zação hospitalar;
processo de identificação, tratamento da informação e comunica- IV. coordenar o processo de padronização de medicamentos e
ção de riscos e incidentes em saúde; produtos para saúde para uso na Rede Ebserh;
VIII. gerir o sistema de Vigilância em Saúde e Gestão de Ris- V. coordenar o processo de monitoramento e avaliação do de-
cos Assistenciais Hospitalares (Vigihosp), o Painel de Indicadores de sempenho da atenção hospitalar da Rede Ebserh; e
Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente e demais sistemas VI. propor estratégias para qualificação do registro das infor-
de informação relacionados à gestão da qualidade, vigilância em mações assistenciais.
saúde, segurança do paciente e humanização, orientando e incen- Art. 78. São competências do Serviço de Contratualização Hos-
tivando a notificação e investigação de eventos adversos e queixas pitalar – SCH:
técnicas em sistema próprio e nas plataformas dos órgãos sanitários I. prestar apoio técnico aos HUFs da Rede Ebserh para a (re)
competentes; pactuação dos Instrumentos Formais de Contratualização (IFC) no
IX. identificar e avaliar o perfil de morbimortalidade hospitalar, âmbito do SUS, incluindo a construção das bases e estratégias de
auxiliando a análise de situação de saúde e o processo de melhorias negociação;
para subsidiar a tomada de decisão gerencial; II. monitorar e avaliar a situação de vigência dos IFC e o desem-
X. apoiar a implantação e atuação das Comissões Obrigatórias penho dos HUFs da Rede Ebserh no cumprimento de metas;
diretamente relacionadas à vigilância em saúde, à humanização, à III. fornecer subsídios técnicos aos HUFs da Rede Ebserh para o
qualidade e à segurança do paciente; monitoramento e a avaliação de desempenho dos IFC;
XI. monitorar e avaliar as ações de gestão da qualidade da as- IV. atuar na mediação de eventuais conflitos inerentes à contra-
sistência à saúde, segurança do paciente, humanização e vigilância tualização, entre os HUFs da Rede Ebserh e a gestão do SUS;
em saúde nas filiais Ebserh; V. representar a Ebserh perante os gestores de saúde; e
XII. orientar o desenvolvimento de capacidades técnicas em VI. atuar junto ao MS na resolução de problemas e/ou de regu-
gestão da qualidade da assistência à saúde, da segurança do pacien- larização de repasses de recursos, considerando os acordos e valo-
te, da humanização e das ações de vigilância em saúde no âmbito res estabelecidos nos instrumentos formais de contratualização dos
das filiais da Ebserh; e HUFs da Rede Ebserh.
XIII. orientar os HUFs da Rede Ebserh a respeito da elaboração Art. 79. São competências do Serviço de Gestão da Informação,
e gestão de documentos do sistema de Gestão da Qualidade, in- Monitoramento e Avaliação – SGIMA:
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I. desenvolver e operacionalizar metodologia de gestão da in- mento de dispositivos que assegurem a utilização de medicamen-
formação, incluindo monitoramento e avaliação de indicadores da tos e produtos para saúde padronizados nos protocolos clínicos e
atenção hospitalar na Rede Ebserh; diretrizes terapêuticas;
II. implementar ferramentas para o monitoramento e avaliação VIII. estruturar e implementar a forma e o conteúdo do Catálo-
dos indicadores da produção assistencial da Rede Ebserh definidos go de Padronização de Tecnologias em Saúde Nacional e dos HUFs
pela DAS; da Rede Ebserh; e
III. monitorar e avaliar o desempenho da atenção hospitalar da IX. definir em conjunto com a DOF as naturezas de despesa de
Rede Ebserh no âmbito dos sistemas de informação em saúde de medicamentos e produtos para saúde a serem utilizadas pela Rede
base nacional do SUS; Ebserh.
IV. subsidiar a gestão no processo de tomada de decisão com
o fornecimento de informações relativas à atenção hospitalar da SUBSEÇÃO VI
Rede Ebserh; DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA DIRETORIA DE ENSINO,
V. desenvolver e implementar estratégias de qualificação do PESQUISA E INOVAÇÃO
registro das informações assistenciais no âmbito dos sistemas de
informação em saúde de base nacional do SUS; Art. 82. São competências da Diretoria de Ensino, Pesquisa e
VI. subsidiar a integração do sistema de informação em saúde Inovação – DEPI:
da Rede Ebserh com os sistemas de informação em saúde de base I. estabelecer a política do ensino, da pesquisa e da inovação
nacional do SUS; e tecnológica em saúde;
VII. fornecer subsídios técnicos para a operacionalização de sis- II. promover a qualificação do ensino, da pesquisa e da inova-
temas de informação em saúde de base nacional do SUS. ção tecnológica em saúde;
Art. 80. São competências do Serviço de Planejamento Assis- III. promover a gestão das atividades do ensino, da pesquisa e
tencial – SPA: da inovação tecnológica em saúde realizadas na Rede Ebserh;
I. realizar estudos para a definição de perfil assistencial, a partir IV. promover, em conjunto com a DAI e DTI, a modernização da
da análise da situação de saúde, diagnóstico, projeção assistencial estrutura para ensino, pesquisa e inovação tecnológica em saúde
dos HUFs e estrutura organizacional das Gerências de Atenção à dos HUFs da Rede Ebserh;
Saúde (GAS) dos HUFs da Rede Ebserh; V. propor modelo de avaliação da estrutura de ensino, pesquisa
II. estabelecer parametrização de serviços assistenciais para o e inovação tecnológica em saúde dos HUFs da Rede Ebserh;
planejamento assistencial; VI. estabelecer, em diálogo com a DAS, princípios e diretrizes
III. fornecer subsídios técnicos aos HUFs da Rede Ebserh nos para análise de mérito relativo à alteração de oferta de serviços de
processos de planejamento e programação assistencial para defini- ensino, pesquisa e inovação de tecnologias em saúde no âmbito
ção de seu perfil assistencial; dos HUFs da Rede Ebserh;
IV. analisar o perfil assistencial dimensionado para o HUF da VII. promover, em conjunto com a DAS, a integração das ações
Rede Ebserh, a fim de subsidiar a tomada de decisões pela gestão; de ensino, pesquisa e inovação tecnológica com a assistência à saú-
V. orientar tecnicamente os HUFs da Rede Ebserh no processo de;
de habilitação de serviços assistenciais especializados no âmbito do VIII. definir estratégias para captação de recursos orçamentá-
SUS; rios e financeiros destinados ao ensino, à pesquisa e à inovação tec-
VI. monitorar as habilitações de serviços assistenciais especiali- nológica em saúde;
zados no âmbito do SUS; e IX. promover, em diálogo com a DAS e DTI, o acesso da Rede
VII. analisar e subsidiar a emissão de parecer de mérito assis- Ebserh às bases de dados de evidências científicas para o ensino,
tencial para as demandas de criação, ampliação, suspensão ou ex- pesquisa e inovação tecnológica em saúde;
tinção de serviços assistenciais no âmbito dos HUFs da Rede Ebserh. X. promover e apoiar os Núcleos de Avaliação de Tecnologias
Art. 81. São competências do Serviço de Planejamento de Insu- em Saúde (NATS) na Rede Ebserh;
mos Assistenciais - SPIA: XI. propor estratégias para o fortalecimento e a expansão das
I. definir o processo de seleção e padronização de medicamen- atividades de avaliação em tecnologias de saúde;
tos e produtos para saúde a serem adotados na Rede Ebserh; XII. promover e fortalecer as atividades de ensino, pesquisa e
II. padronizar medicamentos e produtos para saúde para uso inovação tecnológica em saúde;
pela Rede Ebserh; XIII. gerir os convênios relacionados às atividades de ensino,
III. definir em conjunto com a DAI os medicamentos e produtos pesquisa e inovação tecnológica em saúde;
para saúde para contratação centralizada em casos de desabasteci- XIV. participar da construção e gestão dos instrumentos for-
mento por cenários de mercado; mais de contratualização estabelecidos com os gestores de saúde
IV. propor diretrizes e atuar no âmbito das Comissões de Pa- no que concerne ao ensino, pesquisa e inovação tecnológica em
dronização de medicamentos e produtos para saúde para seu pleno saúde, em diálogo com a DAS;
funcionamento; XV. Apoiar a DAS na definição e autorização da utilização de
V. subsidiar a Rede Ebserh na identificação de necessidades dados e informações relacionados à assistência, incluindo informa-
quanto à incorporação, alteração ou exclusão de medicamentos e ções dos prontuários médicos e seus correlatos, para fins de ensino,
produtos para saúde em consonância com as diretrizes do SUS; VI. pesquisa, desenvolvimento tecnológico e outros usos dos dados as-
atuar de maneira articulada com o SGQ no desenvolvimento de dis- sistenciais de pacientes;
positivos que assegurem a qualidade dos medicamentos e produtos XVI. promover, em diálogo com a DAS, a integração das ações
para saúde; do ensino, da pesquisa e da inovação tecnológica em saúde da rede
VII. atuar de maneira articulada com o SGCA no desenvolvi- Ebserh em consonância com as Universidades, MEC e MS; XVII.
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Propor estratégias para a internacionalização do ensino, pesquisa e IX. participar da elaboração e gerenciamento do plano de ação
inovação tecnológica em saúde da Rede Ebserh; decorrente do desdobramento estratégico da Rede Ebserh na área
XVIII. Promover as atividades de ensino, pesquisa e inovação de ensino;
tecnológica em saúde em redes colaborativas. X. apoiar o desenvolvimento de atividades voltadas ao ensino
Art. 83. São competências da Coordenadoria de Gestão do En- em rede para a pós-graduação; e
sino – CGEN: XI. elaborar diretrizes e normas para realização das atividades
I. coordenar o planejamento da área de ensino da Rede Ebserh, de ensino da pós-graduação nos HUFs da Rede Ebserh.
coerente com as políticas e diretrizes gerais do MEC e do MS, ali- Art. 85. São competências do Serviço de Gestão da Graduação,
nhado ao Planejamentos Estratégico da empresa e suas respectivas Ensino Técnico e Extensão – SGETE:
Diretorias e áreas técnicas; I. apoiar os HUFs da Rede Ebserh na execução dos processos de
II. propor políticas, diretrizes e normativos para orientar os pro- gestão do campo de prática para atividades da graduação, ensino
cessos de gestão do campo de prática para o ensino; técnico e da extensão;
III. apoiar as Gerências de Ensino e Pesquisa (GEPs) para o de- II. monitorar o cumprimento dos normativos e diretrizes inter-
senvolvimento das condições técnicas necessárias para ações da nas voltados à Rede Ebserh, enquanto campo de prática das ativida-
área de ensino na Rede Ebserh; des de graduação, ensino técnico e extensão;
IV. monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas pelas GEPs III. monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas pelas GEPs
da Rede Ebserh no âmbito do ensino; V. apoiar o processo de arti- da Rede Ebserh no âmbito da graduação, ensino técnico e extensão;
culação dos HUFs da Rede Ebserh junto às instâncias acadêmicas IV. desenvolver modelo de avaliação do campo de prática das
das universidades; atividades de graduação, ensino técnico e extensão;
VI. articular, junto às instâncias gestoras, estratégias de apoio V. monitorar a implementação do modelo de atuação da pre-
e incentivo à adoção de metodologias pedagógicas inovadoras que ceptoria na Rede Ebserh; e
integrem as ações de atenção à saúde, ensino, pesquisa e extensão VI. elaborar diretrizes e normas para a realização das atividades
na Rede Ebserh; de ensino de graduação, ensino técnico e extensão nos HUFs da
VII. monitorar a estruturação dos HUFs da Rede Ebserh para o Rede Ebserh.
processo de certificação e de recertificação como hospital de ensi- Art. 86. São competências da Coordenadoria de Gestão da Pes-
no; quisa e Inovação Tecnológica em Saúde – CGPITS:
VIII. propor modelo de avaliação do campo de prática para o I. propor e gerir a política de inovação de tecnologia em saúde
ensino; e propriedade intelectual na Rede Ebserh;
IX. propor modelo de atuação da preceptoria na Rede Ebserh; II. apoiar a gestão da inovação tecnológica em saúde na Rede
X. coordenar programa de mobilidade em Rede para residen- Ebserh;
tes; III. apoiar as GEPs da Rede Ebserh para o desenvolvimento das
XI. apoiar a estruturação e gestão dos programas de residência condições técnicas necessárias para ações da área de pesquisa e
da Rede Ebserh; XII. realizar articulação institucional e interinstitu- inovação tecnológica em saúde na Rede Ebserh;
cional para o fortalecimento dos programas de residência na Rede IV. monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas pelas GEPs
Ebserh; da Rede Ebserh no âmbito da pesquisa e inovação tecnológica em
XIII. promover o ensino baseado em competências e EPAs (Ati- saúde;
vidades Profissionais Confiáveis); V. apoiar o processo de articulação dos HUFs da Rede Ebserh
XIV. apoiar a implementação de práticas de ensino baseadas junto às instâncias acadêmicas das universidades;
em simulação; e VI. articular, junto às instâncias gestoras da Saúde e da Ciência,
XV. promover o desenvolvimento de atividades voltadas ao En- Tecnologia e Inovação, estratégias de apoio e incentivo às ações de
sino em Rede. pesquisa e inovação tecnológica em saúde com foco no fortaleci-
Art. 84. São competências do Serviço de Gestão de Pós-Gradu- mento do SUS;
ação – SGPOS: VII. estruturar e desenvolver processos que apoiem a Rede Eb-
I. orientar os HUFs da Rede Ebserh no planejamento das ativi- serh na certificação e recertificação dos HUFs da Rede Ebserh como
dades da pós-graduação e na gestão do campo de prática; hospitais de ensino;
II. monitorar o cumprimento dos normativos e diretrizes inter- VIII. propor e gerenciar modelo de captação de recursos para a
nos voltados à Rede Ebserh, enquanto campo de prática das ativi- pesquisa e inovação tecnológica em saúde;
dades de pós-graduação; IX. coordenar a estruturação e gestão da pesquisa, inovação
III. monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas pelas GEPs tecnológica em saúde e dos Núcleos de Avaliação Tecnológica em
no âmbito do ensino da pós graduação; Saúde (NATS) da Rede Ebserh; e
IV. avaliar as atividades de estruturação dos HUFs da Rede Eb- X. participar do processo de análise e proposição de políticas
serh para a execução de processos de certificação e recertificação públicas relacionadas à pesquisa clínica, inovação em tecnologias
como hospital de ensino; em saúde e avaliação de tecnologias em saúde.
V. desenvolver modelo de avaliação do campo de prática para Art. 87. São competências do Serviço de Gestão da Inovação
o ensino; Tecnológica em Saúde – SGITS:
VI. apoiar as GEPs na implementação do modelo de atuação da I. gerir a política de inovação tecnológica em saúde na Rede
preceptoria na Rede Ebserh; VII. desenvolver e monitorar o progra- Ebserh;
ma de mobilidade em rede para residentes; II. apresentar propostas de inovação tecnológica aplicáveis à
VIII. monitorar a estruturação e gestão dos programas de resi- saúde no âmbito da Rede Ebserh;
dência da Rede Ebserh; III. realizar prospecção de inovação tecnológica em saúde para
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a Rede Ebserh; IV. identificar e propor a ampliação e diversificação SUBSEÇÃO VII


de fontes de recursos para o fortalecimento da inovação tecnológi- DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA DIRETORIA DE ADMI-
ca aplicáveis aos HUFs da Rede Ebserh; NISTRAÇÃO E INFRAESTRUTURA
V. identificar, prospectar, avaliar, articular e propor parcerias
para o desenvolvimento de soluções tecnológicas em saúde aplicá- Art. 89. São competências da Diretoria de Administração e In-
veis aos HUFs da Rede Ebserh; fraestrutura – DAI:
VI. propor e gerir programas, projetos, estratégias, soluções I. propor, implementar e monitorar as políticas de licitações,
tecnológicas inovadoras em saúde e realização de provas de concei- contratos e convênios, compras centralizadas, patrimonial, supri-
to no âmbito dos HUFs da Rede Ebserh; mentos, infraestrutura física, engenharia clínica, hotelaria no âmbi-
VII. avaliar e propor estratégias de implementação e escalona- to da Administração Central, e dos HUFs da Rede Ebserh, bem como
mento de soluções tecnológicas em saúde nos HUFs da Rede Eb- a logística administrativa da Administração Central;
serh; II. dirigir o planejamento das compras centralizadas de bens e
VIII. gerenciar e estimular registro de propriedade intelectual serviços necessários ao pleno funcionamento da Rede Ebserh;
(produtos e patentes); III. dirigir os procedimentos para o desenvolvimento das se-
IX. monitorar as atividades de inovação tecnológica em saúde guintes atividades na Rede Ebserh: a. compras regulares e compras
na Rede Ebserh e apoiar sua divulgação; centralizadas de bens e serviços;
X. promover e fomentar atividades de iniciação tecnológica b. gerenciamento e fiscalização de contratos e convênios;
aplicada aos HUFs da Rede Ebserh para estimular a transferência de c. planejamento e gerenciamento dos serviços de apoio hos-
inovações tecnológicas em saúde e formação de recursos humanos pitalares;
focados em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D); d. gestão patrimonial;
XI. estimular, acompanhar e orientar o processamento dos pe- e. planejamento e gestão de suprimentos;
didos de registro de propriedade intelectual na Rede Ebserh; e f. planejamento e gestão da infraestrutura física;
XII. realizar articulação institucional e interinstitucional para g. planejamento e gestão da engenharia clínica;
promover a ampliação e fortalecimento da Inovação Tecnológica h. planejamento e gestão da hotelaria hospitalar; e
em Saúde e Saúde Digital no âmbito da Rede Ebserh. i. logística administrativa no âmbito da Administração Central;
Art. 88. São competências do Serviço de Gestão da Pesquisa – IV. dirigir a gestão do almoxarifado, do patrimônio, da infraes-
SGPQ: trutura física e dos serviços administrativos da Administração Cen-
I. gerir a política de pesquisa e de avaliação de tecnologias em tral;
saúde na Rede Ebserh; V. orientar e supervisionar os processos relacionados à emissão
II. identificar a necessidade de capacitação de profissionais em de passagens e diárias no âmbito da Rede Ebserh; e
pesquisa clínica e no uso de bancos de dados para fins de pesquisa; VI. estabelecer parâmetros para o provimento de infraestrutu-
III. apoiar a gestão da pesquisa na Rede Ebserh; ra física e de engenharia clínica das filiais.
IV. monitorar e aprimorar o sistema de gestão de pesquisa e o Parágrafo único. As competências constantes da DAI e áreas
controle de acesso à plataforma de coleta de dados; correlacionadas não abrangem os convênios relacionados a ativida-
V. acompanhar os processos de gestão e modernização da es- des de inovação e pesquisa científica e tecnológica, convênios rela-
trutura para realização de pesquisa nos HUFs da Rede Ebserh; cionados a cooperações internacionais ou os instrumentos formais
VI. monitorar o registro de Grupos Temáticos e Pesquisadores de contratualização estabelecidos pelos gestores de saúde, consi-
que atuam na Rede Ebserh; derando o seu caráter finalístico.
VII. promover a realização de pesquisas multicêntricas de rele- Art. 90. São competências da Coordenadoria de Gestão de Su-
vância para o SUS na Rede Ebserh; primentos – CGS:
VIII. apoiar a captação de recursos para o desenvolvimento de I. coordenar o desenvolvimento do modelo de gestão de esto-
pesquisa na Rede Ebserh; que e de patrimônio da Ebserh;
IX. monitorar os resultados da produção científica na Rede Eb- II. monitorar a gestão de estoque e de patrimônio da Rede Eb-
serh e fomentar a sua divulgação; serh, de forma a propor melhorias nas políticas e diretrizes sobre
X. monitorar a execução de projetos de pesquisa com fomento o tema;
Ebserh; III. coordenar a prestação de suporte especializado aos gesto-
XI. fomentar atividades de iniciação científica nos HUFs da Rede res de estoque e de patrimônio da Rede Ebserh; e
Ebserh; IV. supervisionar o desenvolvimento de estudos e coordenar as
XII. monitorar e avaliar as condições técnicas e operacionais ações que visem à racionalização e ao dimensionamento otimizado
para a implantação e/ou aprimoramento dos Núcleos de Avaliação da gestão de estoque e de patrimônio.
de Tecnologias em Saúde (NATS); Art. 91. São competências do Serviço de Gestão de Estoque –
XIII. promover a instituição de uma rede colaborativa de avalia- SGE:
ções de tecnologias em saúde no âmbito da Rede Ebserh; e I. acompanhar e orientar as atividades relacionadas a registro
XIV. propor estratégias para o fortalecimento e a expansão das e controle de estoque, recebimento, armazenamento, movimenta-
atividades de avaliação em tecnologias em saúde. ção, distribuição e dispensação de produtos na Rede Ebserh;
II. desenvolver estudos e operacionalizar ações que visem à ra-
cionalização e ao dimensionamento otimizado de estoque;
III. fomentar o uso racional e sustentável dos materiais;
IV. orientar e monitorar a elaboração de relatórios gerenciais
de estoque na Rede Ebserh.
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V. acompanhar e avaliar os Relatórios Mensais de Movimenta- II. promover a designação dos responsáveis pela gestão e fisca-
ção de Almoxarifados, de composição analítica e sintética de Gestão lização dos contratos, convênios e demais instrumentos obrigacio-
de Estoque da Rede Ebserh; nais firmados pela Administração Central, observado o exposto no
VI. monitorar e orientar os processos relacionados à movimen- parágrafo único do art. 90 deste Regimento Interno;
tação de estoques entre os HUFs da Rede Ebserh; e III. instruir processos de solicitação de pagamento de despesas
VII. orientar, monitorar e consolidar o inventário geral de esto- contratadas pela Administração Central, após ateste dos documen-
ques da Rede Ebserh. tos hábeis;
Art. 92. São competências do Serviço de Gestão de Patrimônio IV. conduzir procedimentos de apuração de irregularidades co-
– SGPA: metidas por fornecedores na execução de contratos firmados pela
I. acompanhar e orientar as atividades de registro e controle Administração Central; e
patrimonial na Rede Ebserh; V. elaborar relatórios gerenciais sobre a execução de contra-
II. orientar e monitorar a elaboração de relatórios gerenciais de tos, convênios, atas de registro de preços e demais instrumentos
patrimônio na Rede Ebserh; obrigacionais firmados pela Rede Ebserh observado o exposto no
III. acompanhar e avaliar os Relatórios Mensais de Movimenta- parágrafo único do art. 90 deste Regimento Interno.
ção de Bens, de composição analítica e sintética de Gestão de Patri- Art. 95. São competências do Serviço de Compras e Licitações
mônio da Rede Ebserh; – SCL:
IV. elaborar relatórios consolidados de gestão patrimonial e de I. promover a designação e apoiar as equipes de planejamento
conciliação contábil da Rede Ebserh; das contratações da Administração Central;
V. orientar, monitorar e consolidar o inventário geral, avaliação II. instruir processos de contratação da Administração Central,
e classificação, testes de recuperabilidade (impairment test) e des- atuando como controle interno sobre a fase de planejamento das
fazimento dos bens na Rede Ebserh; contratações;
VI. conduzir as atividades de registro patrimonial da Adminis- III. conduzir a fase das contratações relacionada à seleção de
tração Central, bem como prestar informações sobre classificação fornecedores, na Administração Central; e
de bens às equipes de planejamento de contratações; IV. acompanhar as compras diretas e licitações conduzidas pela
VII. proceder com o registro de bens recebidos na Administra- Rede Ebserh. Art. 96. São competências do Serviço de Administra-
ção Central, após o seu recebimento definitivo pelas equipes de fis- ção da Sede – SADS:
calização dos contratos; e I. gerir os serviços logísticos gerais e a infraestrutura física ne-
VIII. elaborar os relatórios de composição analítica e sintética cessários ao funcionamento da Administração Central;
de ativo imobilizado e intangível da Administração Central. II. promover e monitorar o uso racional e sustentável dos re-
Art. 93. São competências da Coordenadoria de Administração cursos logísticos e da infraestrutura física da Administração Central;
– CAD: III. gerenciar e acompanhar a utilização e a destinação dos es-
I. coordenar o desenvolvimento do modelo de gestão das con- paços físicos da Administração Central;
tratações da Ebserh; IV. operacionalizar as atividades de protocolo e de arquivo cen-
II. coordenar o modelo de categorias de compras da Rede Eb- tral da Administração Central;
serh; V. operacionalizar as atividades do almoxarifado e do patrimô-
III. coordenar as atividades de compras centralizadas; nio da Administração Central;
IV. monitorar as contratações realizadas pela Rede Ebserh; VI. gerir o processo de trabalho da emissão de passagens e con-
V. propor e coordenar ações estruturantes para aprimorar o cessão de diárias na Rede Ebserh;
grau de maturidade da governança das aquisições da Ebserh; VII. operacionalizar a incorporação, a guarda, o controle e a dis-
VI. coordenar as atividades para realização das contratações da tribuição dos materiais do almoxarifado da Administração Central;
Administração Central da Ebserh; VIII. elaborar os Relatórios Mensais de Movimentação de Almo-
VII. coordenar as atividades de acompanhamento dos contra- xarifados, de composição analítica e sintética de Gestão de Estoque
tos, convênios, atas de registro de preços e demais instrumentos da Administração Central;
obrigacionais firmados pela Administração Central da Ebserh, ob- IX. recepcionar os bens móveis entregues por fornecedores na
servado o exposto no parágrafo único do art. 90 deste Regimento Administração Central, acionando as respectivas equipes de fiscali-
Interno; zação dos contratos para registro de seu recebimento provisório e
VIII. coordenar a gestão dos recursos logísticos e da infraestru- condução de demais trâmites de fiscalização contratual;
tura física necessários ao funcionamento da Administração Central; X. emitir os termos de responsabilidade, com a carga patrimo-
IX. coordenar a gestão do protocolo e do arquivo central da nial do material, nos processos de distribuição e movimentação de
Administração Central; bens, após a manifestação das áreas requisitantes dos bens;
X. coordenar a gestão do almoxarifado e do patrimônio da Ad- XI. comunicar formalmente às instâncias superiores sobre o ex-
ministração Central; e travio ou a identificação de danos sobre os bens móveis;
XI. coordenar a gestão do processo de trabalho de emissão de XII. conduzir o armazenamento provisório, a movimentação os
passagens e de concessão de diárias. processos de classificação, avaliação, desfazimento, testes de recu-
Art. 94. São competências do Serviço de Contratos e Convênios perabilidade e inventários de bens móveis e estoque da Administra-
– SCC: ção Central; e
I. formalizar e acompanhar os contratos, convênios, atas de re- XIII. promover a regularização imobiliária da Administração
gistro de preços e demais instrumentos obrigacionais firmados pela Central.
Administração Central, observado o exposto no parágrafo único do Art. 97. São competências do Serviço de Compras Centralizadas
art. 90 deste Regimento Interno; – SCCEN:
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I. gerir o modelo de categorias de compras da Rede Ebserh e de tão da Rede Ebserh.


câmaras técnicas de padronização nacional referentes às categorias Art. 100. São competências do Serviço de Engenharia Clínica
de compras; – SEC:
II. desenvolver estudos e operacionalizar ações que visem à I. elaborar, propor e promover orientações e diretrizes técnicas
implementação de estratégias e soluções inovadoras relativas às para a Rede Ebserh quanto ao planejamento e a gestão de serviços
contratações; da área de engenharia clínica;
III. planejar as compras centralizadas, fomentando a incorpora- II. desenvolver estudos e operacionalizar ações que visem à ra-
ção das necessidades e do conhecimento técnico dos HUFs da Rede cionalização e ao dimensionamento otimizado dos serviços no âm-
Ebserh; bito de sua competência;
IV. instruir os procedimentos de planejamento das compras III. Promover a qualificação das equipes de engenharia clínica
centralizadas, realizando estudos técnicos e prospecções de merca- da Rede Ebserh, bem como o compartilhamento do conhecimento
do, com suporte das áreas específicas das demais Diretorias; técnico e a integração das equipes;
V. monitorar a efetividade das compras centralizadas e seus in- IV. gerir o dimensionamento e monitorar o parque tecnológico
dicadores de eficiência e economicidade; de equipamentos médico hospitalares da Rede Ebserh;
VI. articular, com demais centrais de compras nacionais e inter- V. orientar e monitorar a Rede Ebserh acerca da atualização
nacionais, o desenvolvimento de ações colaborativas visando apri- tecnológica e dos planos de substituição de equipamentos médico
morar as compras centralizadas; hospitalares; e
VII. propor e manter atualizado o cronograma de compras cen- VI. orientar os HUFs da Rede Ebserh quanto à realização de trei-
tralizadas; e namentos e manutenções preventivas e programadas, relacionados
VIII. propor estratégias de profissionalização dos compradores aos equipamentos médico-hospitalares.
da Rede Ebserh. Art. 101. São competências do Serviço de Hotelaria Hospitalar
Art. 98. São competências da Coordenadoria de Infraestrutura – SHH:
Hospitalar e Hotelaria – CIH: I. propor, elaborar e divulgar orientações e diretrizes técnicas
I. avaliar e coordenar a implementação de diretrizes para o pla- para a Rede Ebserh que tratem sobre o planejamento e a gestão
nejamento e a gestão de serviços da área de infraestrutura física de serviços relacionados à produção e distribuição de dietas orais
hospitalar, engenharia clínica e hotelaria hospitalar no âmbito da e enterais, higienização hospitalar, reposição e uso do enxoval hos-
Rede Ebserh; pitalar, colchões hospitalares e travesseiros, transporte interno e
II. coordenar a prestação de suporte especializado aos gestores externo de pacientes, utilização de áreas de áreas de uso comum,
de infraestrutura física, engenharia clínica e hotelaria hospitalar da controle de pragas e vetores e gerenciamento de resíduos sólidos
Rede Ebserh; hospitalares;
III. supervisionar o desenvolvimento de estudos e coordenar II. desenvolver estudos e operacionalizar ações que visem à ra-
ações que visem à inovação, à racionalização e ao dimensionamen- cionalização e ao dimensionamento otimizado dos serviços no âm-
to otimizado dos serviços no âmbito de suas competências; bito de sua competência;
IV. coordenar iniciativas de compartilhamento do conhecimen- III. promover a qualificação das equipes de hotelaria hospitalar
to técnico e a integração das equipes de infraestrutura física, enge- da Rede Ebserh, bem como o compartilhamento do conhecimento
nharia clínica e hotelaria hospitalar da Rede Ebserh; técnico e a integração das equipes; e
V. coordenar ações estruturantes para aprimorar o grau de ma- IV. monitorar a gestão dos serviços da hotelaria hospitalar na
turidade da governança relacionada à infraestrutura física, enge- Rede Ebserh com vistas ao seu aprimoramento.
nharia clínica e hotelaria hospitalar da Rede Ebserh; e
VI. prover e subsidiar a DAI com informações técnicas sobre os SUBSEÇÃO VIII
projetos e ações de sua competência para a definição e execução de DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA DIRETORIA DE TECNO-
investimentos e demais atividades no âmbito da sua atuação. LOGIA DA INFORMAÇÃO
Art. 99. São competências do Serviço de Manutenção Predial,
Projetos e Obras – SMPO: Art. 102. São competências da Diretoria de Tecnologia da In-
I. elaborar, propor e promover orientações e diretrizes téc- formação – DTI:
nicas para a Rede Ebserh no planejamento e gestão dos serviços I. propor e gerir, em articulação com as demais Diretorias, Vi-
relacionados a estudos especializados e projetos de arquitetura e ce-Presidência e Presidência da Ebserh, o modelo de governança
engenharia, capacidade da infraestrutura física, serviços comuns de de Tecnologia da Informação (TI) da empresa, que permita a pa-
engenharia, obras e manutenção predial; dronização e o controle dos recursos de TI, além da implantação de
II. orientar e monitorar a Rede Ebserh quanto a elaboração, políticas, planos, metodologias, normas e regulamentos;
implementação, gestão e atualização do Plano Diretor Físico Hos- II. propor e apoiar, em articulação com as demais Diretorias,
pitalar (PDFH); Vice-Presidência e Presidência da Ebserh, soluções tecnológicas re-
III. promover ações para a adequação da infraestrutura física da lacionadas à transformação digital, no âmbito das atividades insti-
Rede Ebserh às diretrizes presentes nas normativas vigentes; tucionais, administrativas, de ensino, pesquisa e atenção à saúde,
IV. promover o compartilhamento do conhecimento técnico e inclusive promovendo e propondo parcerias, prospecção tecnológi-
a integração das equipes de infraestrutura física da Rede Ebserh; ca e intercâmbio de experiências e informações;
V. monitorar e avaliar a gestão de infraestrutura física dos HUFs III. propor, em articulação com as demais Diretorias, Vice-Presi-
da Rede Ebserh e a execução dos serviços a ela relacionados; e dência e Presidência da Ebserh, estratégias de inteligência de dados,
VI. gerir informações e indicadores de infraestrutura física da visando qualificar a governança e a gestão dos dados da Ebserh;
Rede Ebserh para subsidiar a tomada de decisões no âmbito da ges- IV. coordenar a elaboração, submeter à aprovação do Comitê
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Gestor de Tecnologia da Informação, gerir, e avaliar o Plano Estra- IV. apoiar a elaboração e executar o modelo de governança de
tégico de Tecnologia da Informação (PETI), que atenda à Adminis- TI em sua esfera de atuação;
tração Central e aos HUFs da Rede Ebserh, em consonância com o V. coordenar a elaboração de estratégias de inteligência de da-
planejamento estratégico institucional; dos visando a definição da arquitetura de tecnologia para a integra-
V. coordenar a elaboração, atualização e execução do Plano Di- ção de dados e de sistemas de informação no âmbito da Ebserh;
retor de Tecnologia da Informação (PDTI) da Administração Central VI. apoiar a elaboração e executar o PETI e o PDTI da Adminis-
da Ebserh, e submetê-lo à aprovação do Comitê Gestor de Tecnolo- tração Central, no que tange aos sistemas de informação;
gia da Informação, assim como orientar a elaboração e acompanhar VII. gerir a implantação das políticas e diretrizes de segurança
a execução do PDTI dos HUFs da Rede Ebserh; da informação, no que tange aos sistemas de informação;
VI. coordenar e promover a implantação de políticas e diretri- VIII. propor, avaliar, coordenar e monitorar a contratação e
zes de segurança cibernética e de segurança da informação; implantação de soluções de sistemas de informação, no âmbito da
VII. orientar a Rede Ebserh quanto às contratações e implanta- Administração Central da Ebserh;
ções de soluções de TI; VIII. coordenar o desenvolvimento, evolu- IX. coordenar o desenvolvimento, evolução e implantação do
ção, implantação e infraestrutura tecnológica do sistema de gestão sistema padronizado e único de gestão hospitalar, com módulos as-
hospitalar da Rede Ebserh; sistenciais e administrativos, para a Ebserh, com o apoio das demais
IX. prover, em articulação com as áreas interessadas, soluções Diretorias e dos HUFs da Rede Ebserh;
complementares aos sistemas de suporte assistencial e administra- X. acompanhar, coordenar e avaliar o desenvolvimento, a im-
tivo que não possuam funcionalidades concorrentes ao sistema de plantação, a manutenção, a disponibilidade e o suporte dos siste-
gestão hospitalar da Rede Ebserh; mas de informação e de inteligência de dados, com foco nos pro-
X. coordenar o desenvolvimento, implantação e manutenção cessos institucionais;
de sistemas de informações com foco nos processos institucionais; XI. coordenar a integração dos sistemas de informação da Ad-
XI. coordenar a integração, quando couber, dos sistemas de in- ministração Central da Ebserh com os sistemas de informação dos
formações da Ebserh com os sistemas de informações do SUS, de HUFs da Rede Ebserh e sistemas federais;
forma a qualificar os sistemas internos da instituição; XII. coorde- XII. coordenar os centros de competência de desenvolvimento
nar o alinhamento dos sistemas, da infraestrutura e da segurança de sistemas de informação; e
cibernética da Ebserh com as estratégias e as políticas públicas do XIII. promover a padronização e a modernização dos sistemas
Governo Federal; de informação.
XIII. coordenar a integração das redes de dados e de telecomu- Art. 105. São competências do Serviço de Desenvolvimento de
nicações entre a Administração Central e os HUFs da Rede Ebserh; Sistemas – SDS:
XIV. manter a segurança, a integridade e a confiabilidade das I. propor e executar ações de inovação no desenvolvimento e
bases de dados institucionais geridas pela Administração Central; e sustentação de sistemas de informação;
XV. gerir acesso lógico às bases de dados institucionais da Ad- II. propor, planejar e executar a contratação e implantação de
ministração Central, conforme regulamento específico ou, em sua soluções e serviços de desenvolvimento de sistemas de informação
ausência, conforme deliberação da Diretoria Executiva da Ebserh. no âmbito da Administração Central da Ebserh e apoiar a contrata-
Art. 103. São competências do Serviço de Governança de Tec- ção e implantação nos HUFs da Rede Ebserh;
nologia da Informação – SGTI: III. desenvolver, evoluir e sustentar sistema padronizado e úni-
I. propor o alinhamento das ações de TI ao planejamento estra- co de gestão hospitalar, com módulos assistenciais e administrati-
tégico da Ebserh; vos para a Rede Ebserh;
II. elaborar, monitorar e avaliar o modelo de governança de TI; IV. desenvolver, implantar, manter e integrar sistemas de infor-
III. propor, apoiar e monitorar políticas, normas e procedimen- mação com foco nos processos institucionais da Ebserh; e
tos relacionados à TI; V. definir e acompanhar aspectos tecnológicos do desenvolvi-
IV. elaborar e monitorar o PETI e o PDTI da Administração Cen- mento de sistemas de informação.
tral e orientar a elaboração dos PDTIs dos HUFs da Rede Ebserh; Art. 106. São competências do Serviço de Arquitetura de Sis-
V. prover informações relacionadas à DTI aos órgãos de contro- temas – SAS:
le internos e externos; I. propor e executar ações na arquitetura e nas integrações dos
VI. coordenar a elaboração e o acompanhamento do orçamen- sistemas de informação em conformidade com a Metodologia de
to anual da DTI e acompanhar a descentralização do orçamento dos Desenvolvimento de Sistemas (MDS);
HUFs da Rede Ebserh relacionados à TI; e II. implantar, manter e integrar sistemas de informação com
VII. apoiar o monitoramento das contratações de soluções de foco nos processos institucionais da Ebserh;
TI no âmbito da Administração Central. III. prover a gestão de configuração de ambientes de sistemas
Art. 104. São competências da Coordenadoria de Sistemas da de informação;
Informação – CDSI: IV. orientar aspectos tecnológicos de projetos de desenvolvi-
I. coordenar as ações de sistemas de informação assegurando mento de sistemas de informação;
seu alinhamento aos objetivos estratégicos e políticas institucionais V. garantir a implementação de padrões de identidade visual de
da Ebserh; sistemas de informação e portais; e
II. coordenar o alinhamento dos sistemas da Ebserh com as es- VI. propor, planejar e executar a contratação e implantação de
tratégias de saúde digital e políticas públicas correlatas do Governo sistemas de informação no âmbito da Administração Central da Eb-
Federal; serh e apoiar a contratação e implantação nos HUFs da Rede Ebserh.
III. apoiar ações de inovação em sistemas de informação, saúde Art. 107. São competências do Serviço de Saúde Digital e Inte-
digital e inteligência de dados; ligência de Dados – SDID:
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I. prospectar, prover e integrar sistemas de saúde digital e inte- VI. executar a gerência de configuração dos equipamentos e
ligência de dados no âmbito das atividades institucionais da Ebserh; serviços relacionados à infraestrutura e segurança cibernética;
II. atuar na governança de dados, elaborando a estratégia de VII. executar e monitorar a padronização e a modernização do
inteligência de dados, identificando e provendo fontes de dados ge- parque de equipamentos e serviços de infraestrutura e segurança
renciais para a Ebserh; cibernética; e
III. desenvolver, implantar e manter painéis de análise de da- VIII. propor e executar ações de inovação em infraestrutura e
dos, com foco nos processos institucionais, propondo padrões de segurança cibernética. Art. 110. São competências do Serviço de
implementação para a Rede Ebserh; Suporte de Tecnologia da Informação – STI:
IV. implantar sistema padronizado e único de gestão hospitalar, I. prover suporte técnico aos serviços e equipamentos de TI no
com módulos assistenciais e administrativos para Rede Ebserh, bem âmbito da Administração Central e orientar a prestação dos servi-
como outros sistemas de saúde digital com o apoio das demais Di- ços nos HUFs da Rede Ebserh;
retorias e dos HUFs da Rede Ebserh; e II. propor, planejar e executar a contratação e implantação de
V. definir e acompanhar aspectos tecnológicos do desenvolvi- equipamentos e soluções de suporte de TI, no âmbito da Adminis-
mento de sistemas para a saúde digital. tração Central e apoiar a contratação e implantação nos HUFs da
Art. 108. São competências da Coordenadoria de Infraestrutu- Rede Ebserh;
ra, Suporte e Segurança de Tecnologia da Informação – CISTI: III. executar a gerência de configuração dos equipamentos e
I. coordenar as ações de infraestrutura, suporte e segurança serviços relacionados ao suporte de TI;
cibernética, assegurando seu alinhamento com os objetivos estra- IV. promover a padronização e a modernização do parque de
tégicos e políticas institucionais da Ebserh; equipamentos e serviços de TI de acordo com a necessidade da
II. coordenar o alinhamento das iniciativas de infraestrutura, rede;
suporte e segurança cibernética da Ebserh com as estratégias e po- V. manter e atualizar o catálogo de serviços e o inventário de
líticas públicas correlatas do Governo Federal; equipamentos de TI; e
III. coordenar ações de infraestrutura de TI para sustentação VI. propor e executar ações de inovação em suporte de TI.
dos sistemas de informação da Ebserh; IV. apoiar a elaboração e
executar o modelo de governança de TI em sua esfera de atuação; CAPÍTULO VI
V. propor e executar políticas e diretrizes de segurança da informa- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ção no que tange à infraestrutura, suporte e segurança cibernética;
VI. apoiar a elaboração e executar o PETI e o PDTI da Adminis- Art. 111. Fica revogado o Regimento Interno da Ebserh, aprova-
tração Central, no que tange a infraestrutura, suporte e segurança do na 137 ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração,
cibernética; realizada no dia 14 junho de 2022.
VII. propor, avaliar, coordenar e monitorar a contratação e im- Art. 112. Até a publicação de regimentos internos próprios dos
plantação de soluções de infraestrutura, suporte e segurança ciber- HUFs da Rede Ebserh os atos de indicação, aprovação e nomeação
nética, no âmbito da Administração Central da Ebserh; de superintendentes e gerentes obedecerão aos seguintes critérios:
VIII. orientar o planejamento e acompanhar as contratações e I. os Superintendentes serão indicados pelo Reitor, conforme
implantações de equipamentos e serviços de infraestrutura, supor- critérios estabelecidos de titulação acadêmica e comprovada expe-
te e segurança cibernética na Rede Ebserh; riência em gestão pública no campo da saúde, definidos pela Eb-
IX. coordenar as ações de sustentação da infraestrutura de TI serh, nos termos do artigo 6º da Lei n°. 12.550, de 2011; e
para sistema padronizado e único de gestão hospitalar, com módu- II. as Gerências serão ocupadas por pessoas selecionadas por
los assistenciais e administrativos, para Rede Ebserh; uma comissão, composta por membros da Diretoria Executiva da
X. coordenar e monitorar as redes de dados da Administração Ebserh e pelo Superintendente do HUF, indicadas a partir de análise
Central e dos HUFs da Rede Ebserh; e curricular que comprove qualificação para o atendimento das com-
XI. promover a padronização e a modernização do parque de petências específicas de cada Gerência.
equipamentos e serviços de infraestrutura e segurança cibernética. Parágrafo único - A aprovação e a nomeação de Superintenden-
Art. 109. São competências do Serviço de Infraestrutura e Se- tes e Gerentes serão realizadas pelo Presidente da Ebserh.
gurança de Tecnologia da Informação – SISEG: Art. 113. Os casos omissos e as dúvidas referentes à aplicação
I. especificar, prover, integrar e administrar as soluções de in- deste Regimento Interno, não solucionadas no âmbito da Diretoria
fraestrutura e segurança cibernética relativas a redes de computa- Executiva, serão dirimidos pelo Conselho de Administração.
dores, seus serviços e aos demais equipamentos de TI; Art. 114. O presente Regimento Interno entra em vigor na data
II. prover orientação e suporte técnico aos serviços e equipa- da publicação de seu extrato no Diário Oficial da União (DOU) e da
mentos de infraestrutura e segurança cibernética; sua disponibilidade integral na página oficial da Ebserh.
III. propor e executar ações de segurança cibernética na Admi-
nistração Central e orientar tais ações no âmbito dos HUFs da Rede
Ebserh;
IV. promover e monitorar ações de segurança cibernética;
V. sustentar a infraestrutura de TI e zelar pela segurança ciber-
nética para o sistema padronizado e único de gestão hospitalar, com
módulos assistenciais e administrativos para a Rede Ebserh;

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Ebserh, pessoas físicas e jurídicas prestadoras de serviços à Ebserh,


CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA EBSERH - PRINCÍPIOS estagiários, estudantes, residentes e todos aqueles que, de forma
ÉTICOS E COMPROMISSOS DE CONDUTA – SEGUNDA EDI- individual ou coletiva, por força de lei, contrato ou qualquer outro
ÇÃO (2020) ato jurídico, prestem serviços à Empresa, de natureza permanente,
temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
direta ou indiretamente.
CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA EBSERH CAPÍTULO II – DOS PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS
PRINCÍPIOS ÉTICOS E COMPROMISSOS DE CONDUTA 2º EDI-
ÇÃO (2020) Art. 3º A Ebserh observará os princípios constantes no art. 37
da Constituição Federal, zelando pela predominância da probida-
APRESENTAÇÃO de administrativa, da integridade, da dignidade da pessoa humana,
da urbanidade, da transparência, da honestidade, da lealdade, do
O Código de Ética e Conduta da Empresa Brasileira de Serviços repúdio ao preconceito e ao assédio, do respeito à diversidade, da
Hospitalares (Ebserh), cuja validade é indeterminada, apresenta o responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável, do inte-
compromisso da Empresa no sentido de submeter seu conteúdo a resse público, do sigilo profissional, e dos demais princípios nortea-
processos de avaliação e revisão periódica, com vistas ao acompa- dores já consagrados da Administração Pública Federal.
nhamento das rápidas mudanças sociais, tecnológicas e administra- Art. 4º Os princípios éticos, tais como o decoro, o zelo, a eficá-
tivas compatíveis com a missão institucional da Ebserh de prestar cia e a consciência dos princípios morais, deverão ser considerados
serviços gratuitos de atenção à saúde e de prestar apoio ao ensino, em todas as decisões dos gestores, bem como em todos os rela-
à pesquisa e à extensão e à formação de pessoas no campo da saú- cionamentos empreendidos no âmbito da empresa, com o objetivo
de pública. de contribuir para a construção e a consolidação da identidade da
O Código de Ética e Conduta busca balizar os princípios e valo- Ebserh como uma instituição que preza pela preservação da ética
res requeridos de seus colaboradores. É o norteador principiológico em todos os seus atos e instâncias.
de ações, buscando assegurar, em um patamar superior de ética e
valores, a todas as categorias e níveis hierárquicos, uma conduta CAPÍTULO III – DOS COMPROMISSOS DE CONDUTA
íntegra no relacionamento com pacientes e seus familiares, colegas,
fornecedores e público em geral. Nesse sentido, trata-se de um do- Art. 5º O exercício da governança e os compromissos de condu-
cumento balizador das condutas pessoais e profissionais de todos ta constantes deste código estarão em conformidade e decorrerão
os empregados da Ebserh, independente do cargo ou da função que dos princípios e valores fundamentais indicados neste Código.
ocupem. §1º Os princípios e valores indicados devem estar refletidos
Em sintonia com o mapa estratégico da Empresa, este docu- nos relacionamentos nos âmbitos interno e externo à Empresa, em
mento tem como inspiração sua visão, sua missão e seus valores conformidade com o que dispõem os artigos 3° e 4° deste Código,
institucionais, e propugna de modo inarredável pelo que consta no sempre zelando pela imagem, reputação e integridade da Ebserh.
referido mapa: ‘A ética é inegociável’. Com todos os públicos com os §2º A marca da empresa e o conhecimento produzido interna-
quais a rede Ebserh se relaciona, a ética em suas diferentes dimen- mente no desenvolvimento de suas atividades ou em parceria são
sões deve estar entrelaçada nas condutas de seus agentes e parcei- patrimônios institucionais e devem ser sempre protegidos por to-
ros, sempre na busca por trabalho inovador e de excelência, boas dos os colaboradores.
práticas de governança corporativa e comunicação transparente. §3º A propriedade intelectual da empresa diz respeito ao seu
Busca-se, com este Código, a inibição de ações antiéticas e direito de proteção às ideias e criação desenvolvidas internamente
atitudes inapropriadas, mas mais do que isso, uniformizar o en- e inclui sua marca, patentes, direitos autorais, registro de software,
tendimento corporativo que possa balizar e realçar os princípios e dentre outros.
valores que são esperados dos colaboradores no exercício de suas §4º A marca e a propriedade intelectual serão protegidas do
atividades. Com isso, fica instituído um mecanismo de fortaleci- mau uso, de desvios ou da utilização para benefícios pessoais, ca-
mento institucional e de princípios éticos efetivos que representem bendo o mesmo zelo e respeito à propriedade intelectual de ter-
os valores preconizados pela Ebserh. ceiros.
§5º O acesso e o tratamento de dados pessoais deverão ser
CAPÍTULO I – DOS OBJETIVOS protegidos nos termos da Lei nº 13.709, de 14/08/2018, a Lei Geral
de Proteção de Dados, bem como dos dispositivos específicos das
Art. 1º O Código de Ética e Conduta da Empresa Brasileira de normas profissionais específicas que regem a proteção de dados
Serviços Hospitalares (Ebserh) tem por objetivo estruturar os princí- dos pacientes, incluindo as limitações de divulgação interna junto a
pios e valores que norteiam as ações e os compromissos de conduta outros colaboradores, bem como a terceiros.
institucionais, nas relações internas e externas à Rede Ebserh. Art. Art. 6º A preservação ambiental e iniciativas de sustentabilida-
2º Este Código de Ética e Conduta é de observância obrigatória por de serão levadas em consideração pela Ebserh nas ações, projetos e
todos os membros do Conselho de Administração, do Conselho Fis- relações de que seja parte.
cal, da Diretoria Executiva, profissionais do quadro permanente da Art. 7º As ações e recursos da Ebserh deverão estar alinhados
Empresa, ocupantes de cargos de confiança, profissionais ou servi- com o Propósito, Visão, Valores e Objetivos Estratégicos, bem como
dores requisitados ou cedidos de outros órgãos públicos, profissio- com a busca constante pela excelência na gestão.
nais de empresas prestadoras de serviços, servidores públicos que Art. 8º A atuação dos agentes da Ebserh deverá estar alinha-
encontram-se desempenhando suas atividades nas unidades da da com o interesse público, respeitadas as razões que motivaram a
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criação da Empresa, sem concessões à ingerência de interesses e fa- nheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta, colateral
vorecimentos particulares, partidários ou pessoais, tanto nas ações ou por afinidade, até o 3º grau;
e decisões gerenciais, quanto na ocupação de cargos. IV.utilizar o cargo ou função pública para captar clientes para
Art. 9º O agente público, no exercício da liberdade de expres- negócios privados de qualquer natureza;
são, deve utilizar adequadamente os canais formais mantidos pela V.atuar, com ganho financeiro ou não, em conflito com o desen-
empresa para manifestar opiniões, sugestões, reclamações, críticas volvimento das atividades da organização;
e denúncias, engajando-se na melhoria contínua dos processos e VI.aceitar, para benefício próprio, direta ou indiretamente,
procedimentos da Empresa, resguardando sua reputação e a de quaisquer tipos de brindes ou gratificações de qualquer pessoa fí-
seus colaboradores. sica ou jurídica com a qual a Ebserh mantenha ou pretenda manter
relação comercial, salvo nos casos protocolares, e quando não hou-
CAPÍTULO IV – DAS RESPONSABILIDADES E DEVERES DO ver valor comercial do objeto;
COLABORADOR VII.permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos
ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com usuários
Art. 10. São responsabilidades e deveres do colaborador: dos serviços ou colegas e superiores hierárquicos;
I.ter consciência de que sua atuação é regida por princípios VIII.assediar, de qualquer forma, outro colaborador ou, ainda,
éticos, efetivados na correta execução dos trabalhos realizados na compactuar com tal conduta;
Rede Ebserh; IX.fazer uso de quaisquer informações, dados ou conhecimen-
II.abster-se sempre de exercer sua função, seu poder ou sua tos pertinentes ao trabalho realizado na Ebserh em benefício pró-
autoridade com finalidade estranha ao interesse da Ebserh; prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
III.resistir, denunciar e não se submeter às pressões de cole- X.divulgar, sem expressa autorização do Superintendente, nos
gas, superiores hierárquicos e partes interessadas que visem obter hospitais, ou do vice-presidente, na Administração Central, em
quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrên- qualquer meio, informações ou imagens dos bens móveis ou imó-
cia de ações imorais, ilegais ou antiéticas; veis, de profissionais e/ou de usuários dos hospitais da Rede, sejam
IV.comunicar às instâncias de gestão sobre convites para even- eles pacientes ou acompanhantes;
tos oferecidos por fornecedores ou empresas do setor privado; XI.manifestar-se, nos veículos de comunicação, redes sociais ou
V.declarar qualquer situação, com respeito ao seu envolvimen- grupos de trocas de mensagem, de forma a denegrir a imagem da
to em atividades profissionais, que constitua conflito de interesse empresa ou de seus colegas de trabalho e superiores hierárquicos,
real, aparente ou possível; bem como para incitar ações que vão contra o interesse público;
VI.cumprir as tarefas relativas ao seu cargo e aos trabalhos que XII.prover informações ou dados falsos com a finalidade de ser
lhe forem confiados, sempre com critério, segurança, agilidade e admitido em emprego, cargo, ou, ainda, obter promoção ou vanta-
confidencialidade, escolhendo, sempre, quando estiver diante de gem pessoal ou salarial;
duas opções, a que garanta a lisura de sua atuação na Ebserh; XIII.apropriar-se de bens que não lhe pertençam, assim como
VII.manter o sigilo de informações, dados e conhecimentos re- remover materiais e equipamentos das instalações da Rede Ebserh
cebidos em razão do seu cargo; sem observar os procedimentos necessários para tanto;
VIII.preservar a confidencialidade profissional mesmo após o XIV.consumir bebida alcóolica ou ter consigo, armazenar ou fa-
desligamento da instituição; zer uso de substâncias que comprometam a atividade laboral, nas
IX.atuar sempre de forma a observar as normas de segurança dependências da Rede Ebserh, bem como apresentar-se ao traba-
do trabalho e a não permitir que haja qualquer risco para si ou para lho sob efeito das mesmas;
terceiros nos serviços prestados, colaborando com os setores res- XV.interferir inadequadamente em quaisquer procedimentos
ponsáveis pela segurança institucional, informando ou reportando operacionais realizados no âmbito da Ebserh, ou tentar obstruí-los,
defeitos, falhas técnicas, atividades ou atitudes suspeitas que pos- especialmente aqueles relacionados à segurança;
sam colocar em risco a atuação da Empresa; XVI.lesar a Ebserh em qualquer de seus recursos patrimoniais,
X.ser cortês e ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- tanto tangíveis quanto intangíveis;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos, sem XVII.manusear aparelho celular, para fins pessoais, de modo a
qualquer espécie de preconceito; comprometer a atividade laboral ou colocar em risco a segurança
XI.acolher pacientes e seus acompanhantes de forma huma- do paciente.
nizada, com profissionalismo, dedicação, cordialidade, presteza e
respeito. CAPÍTULO VI – DOS RELACIONAMENTOS NO ÂMBITO INTER-
NO
CAPÍTULO V – DAS VEDAÇÕES AO COLABORADOR
Art. 12. A Ebserh buscará adotar medidas para que não haja
Art. 11. É vedado ao colaborador: distinção de tratamento entre as pessoas que atuam na Empresa,
I.alegar desconhecimento deste Código para tentar defender- com respeito à hierarquia e ao desempenho das competências de
-se em caso de cometimento de infração; cada um, em conformidade com os princípios e valores fundamen-
II.utilizar pessoal ou recursos materiais da Ebserh na execução tais.
de atividades particulares ou para outros fins que não aqueles re- Art. 13. Todas as pessoas que atuam no âmbito da Ebserh deve-
lacionados aos objetivos da Empresa e às suas atividades profissio- rão contribuir para o estabelecimento e a manutenção de um am-
nais desempenhadas; biente de trabalho em que prevaleçam a cooperação, a eficiência, a
III.agir em benefício ou por interesse de pessoa jurídica de que dedicação, a iniciativa, a justiça, a responsabilidade, a transparência
participe o próprio colaborador ou seus sócios, cônjuge, compa- e a urbanidade.
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Art. 14. Todos os que atuam na Ebserh devem se comprometer CAPÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
no sentido de não serem coniventes com qualquer infração a este
Código, bem como aos demais atos normativos da Empresa. Art. 25. Constituem referências e devem ser utilizados conjunta
ou subsidiariamente na aplicação do Código de Ética e Conduta, os
CAPÍTULO VII – DOS RELACIONAMENTOS NO ÂMBITO EXTER- seguintes normativos.
NO I.Constituição Federal;
II.Código de Ética e Conduta Profissional do Servidor Público
Art. 15. A Ebserh se pautará, em suas relações externas, pelo Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171,
mais elevado padrão ético, bem como pelos princípios e valores de 1994;
fundamentais orientadores deste Código, assumindo o compromis- III.Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, insti-
so de regular tais relações por meio de procedimentos imparciais, tuído pelo Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007;
isonômicos, transparentes, idôneos e em conformidade com a le- IV.Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013;
gislação vigente. V.Código de Conduta da Alta Administração Federal, aprovado
Art. 16. A atuação da Ebserh se pautará pelo compromisso em 21 de agosto de 2000;
com os projetos e as políticas governamentais vigentes, buscando a VI.Resolução nº 10, de 29 de setembro de 2008, da Comissão
prestação de serviços de forma responsável e em consonância com de Ética Pública, da Presidência da República;
o interesse público, com foco no paciente, corpos docente e discen- VII.Códigos de Ética das categorias profissionais que atuam na
te e de pesquisadores. Ebserh;
Art. 17. A Ebserh atuará permanentemente na prevenção e re- VIII.Regulamento de Pessoal da Ebserh;
pressão ao surgimento e manutenção de práticas que possam resul- IX.Regimento Interno da Ebserh;
tar em vantagens ou benefícios pessoais que caracterizem conflito X.Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016;
de interesse para os envolvidos, bem como participação em práti- XI.Decreto 8.945, de 27 de dezembro de 2016.
cas ilegais, desleais ou contrárias aos princípios éticos. Art. 26. Compete à CEE a divulgação, implementação e atu-
Art. 18. A Ebserh deve nortear suas ações com intuito de pre- alização deste Código de Ética e Conduta, a resposta a consultas
servar o bom relacionamento com seus públicos, pautando-se sem- éticas, bem como a apuração de denúncias por transgressão ética.
pre pelo compromisso e satisfação no seu atendimento, preservan- §1º Qualquer pessoa poderá entrar em contato com a CEE, pe-
do o princípio da equidade. los canais de comunicação indicados na intranet e internet, sendo
Art.19. A Ebserh buscará prevenir corrupções e fraudes, bem assegurado total sigilo e confidencialidade das informações.
como o conflito entre o interesse público e os interesses privados §2º A CEE será composta, na forma do seu regimento interno,
de seus colaboradores. por três agentes públicos da Ebserh e respectivos suplentes, todos
Parágrafo único. Não serão tolerados quaisquer atos lesivos à designados pela Presidência da Empresa, contando com o apoio de
Administração Pública ou a qualquer outra instituição ou indivíduos representantes indicados pelos Colegiados Executivos nas filiais.
com os quais a Ebserh mantenha vínculo. Art. 27. A CEE possui competência para celebrar acordos de condu-
ta ética e aplicar sanção de censura.
CAPÍTULO VIII – DAS DENÚNCIAS §1º A censura ética é aplicável nos casos de descumprimento
ao que dispõe o presente Código de Ética e Conduta da Rede Ebserh
Art. 20. Os tratamentos de denúncias referentes às transgres- ou quando constatado desvio ético.
sões éticas serão feitos conforme disciplinados nos normativos re- §2º A censura ética não é publicizada, sendo consignada em
ferenciados no inciso VI do art. 25 deste Código, os editados pela parecer da CEE, encaminhado, conforme o caso, à área de gestão
Comissão de Ética Pública e no Regimento Interno da Comissão de de gestão da Ebserh ou à Comissão de Ética Pública, da Presidência
Ética da Ebserh (CEE). da República.
Art. 21. A denúncia de uma conduta contrária aos preceitos éti- Art. 28. Todas as pessoas que atuam no âmbito da Ebserh de-
cos poderá ser feita por qualquer cidadão, empregado da Ebserh ou vem tomar conhecimento e implementar as orientações estabele-
não, por meio dos canais adequados da Ouvidoria-Geral. cidas neste Código.
Art. 22. O denunciante deverá indicar o responsável ou os res- Art. 29. A Ebserh disponibilizará treinamento periódico, no mí-
ponsáveis pela possível transgressão ética, devendo a denúncia ser nimo anual, sobre o Código de Ética e Conduta, para empregados e
clara, objetiva, específica, e conter a apresentação dos elementos administradores.
de prova ou indicação de onde podem ser encontrados. Art. 30. No ato da contratação, será disponibilizado ao empre-
Art. 23. É garantido sigilo, confidencialidade e proteção insti- gado o acesso a este Código.
tucional ao denunciante de boa fé e aos integrantes da comissão Art. 31. Este Código entra em vigor na data de sua publicação.
responsável pelo processamento das denúncias de transgressões
éticas.
§1º É vedado à CEE divulgar informação sobre qualquer pro-
cesso instaurado.
§2º A Ebserh estabelecerá mecanismo de proteção que impeça
qualquer espécie de retaliação às pessoas que utilizem o canal de
denúncias.
Art. 24. Será assegurado ao investigado o direito à ampla defe-
sa e ao contraditório.

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vinculação com o campo da saúde pública torne necessária a co-


ESTATUTO SOCIAL DA EBSERH (APROVADO NA ASSEM- operação, em especial na implementação de residência médica,
BLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA NO DIA 24 DE uniprofissional ou multiprofissional, no campo da saúde, nas espe-
MAIO DE 2023) cialidades e regiões estratégicas para o SUS;
X- prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em
pesquisas básicas, clínicas e aplicadas, promovendo, estimulando,
ESTATUTO DA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITA- coordenando, apoiando e executando atividades de pesquisa, de-
LARES senvolvimento e inovação, com o objetivo de produzir conhecimen-
tos e tecnologia para o desenvolvimento da saúde pública do País;
CAPÍTULO I XI- realizar, na forma fixada pela Diretoria Executiva e aprovada
DA RAZÃO SOCIAL, NATUREZA JURÍDICA, SEDE, REPRESENTA- pelo Conselho de Administração, aplicações não reembolsáveis ou
ÇÃO GEOGRÁFICA E PRAZO DE DURAÇÃO parcialmente reembolsáveis destinadas a apoiar projetos de ensi-
no, pesquisa, extensão e inovação na área de saúde;
Art. 1º. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - Ebserh, XII - atuar em projetos e programas de cooperação técnica na-
empresa pública de capital fechado, com personalidade jurídica de cional e internacional com vistas ao desenvolvimento de suas ati-
direito privado e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da vidades e ao aprimoramento da formação profissional e da saúde
Educação, é regida por este Estatuto Social, pela Lei nº 6.404, de pública;
15 de dezembro de 1976, pela Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de XIII- prestar serviços delegados pelo Governo Federal com vis-
2011, pelaLei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, pelo Decreto nº tas ao cumprimento do seu objeto social; e
8.945, de 27 de dezembro de 2016, e demais legislações aplicáveis. XIV- exercer outras atividades inerentes às suas finalidades.
Art. 2º. A Ebserh tem sede e foro em Brasília, Distrito Federal, e §1º As atividades de prestação de serviços de assistência à saú-
pode criar escritórios, representações, dependências, filiais e subsi- de desenvolvidas pela Ebserh estarão inseridas integral e exclusiva-
diárias no País, para o desenvolvimento de atividades inerentes ao mente no âmbito do SUS.
seu objeto social, nos termos da Lei nº 12.550, de 2011. §2º No desenvolvimento de suas atividades de ensino, a Ebserh
Parágrafo único. A Rede Ebserh é composta pela Administração observará as orientações da Política Nacional de Educação, de res-
Central, pelos hospitais universitários federais geridos pela Ebserh, ponsabilidade do Ministério da Educação.
além de escritórios, representações, dependências, filiais e subsidi- §3º No desenvolvimento de suas atividades de assistência à
árias criadas pela empresa no País. saúde, a Ebserh observará as orientações da Política Nacional de
Art. 3º. O prazo de duração da Ebserh é indeterminado. Saúde, de responsabilidade do Ministério da Saúde.

CAPÍTULO II CAPÍTULO III


DO OBJETO SOCIAL DO INTERESSE PÚBLICO

Art. 4º. Ebserh tem por objeto social: Art. 5º. A Ebserh poderá ter suas atividades, sempre que con-
I- prestar serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, sentâneas com seu objeto social, orientadas pela União de modo a
ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à população, no contribuir para o interesse público que justificou a sua criação.
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); §1º No exercício da prerrogativa de que trata o caput deste arti-
II- administrar unidades hospitalares; go, a União somente poderá orientar a Ebserh a assumir obrigações
III- prestar serviços de apoio à gestão hospitalar, com otimiza- ou responsabilidades, incluindo a realização de projetos de investi-
ção de processos e serviços, implementação de sistema de gestão, mento e assunção de custos operacionais específicos, em condições
monitoramento de resultados, bem como o desenvolvimento de diversas às de qualquer outra sociedade do setor privado que atue
outras atividades afins; no mesmo mercado, quando:
IV- prestar serviços de consultoria e assessoria em sua área de I- estiver definida em lei ou regulamento, bem como prevista
atuação; em contrato, convênio ou ajuste celebrado com o ente público com-
V- prestar a terceiros serviços secundários operacionais contí- petente para estabelecê-la, observada a ampla publicidade desses
nuos que sejam relacionados às atividades de assistência à saúde; instrumentos; e
VI- participar de iniciativas de promoção da inovação, como in- II- tiver seu custo e receitas discriminados e divulgados de for-
cubadoras, centros de inovação e aceleradoras de empresas; ma transparente, inclusive no plano contábil.
VII- prestar serviços de apoio ao ensino, pesquisa e extensão §2º Para fins de atendimento ao inciso II do caput, a adminis-
nas diversas áreas do conhecimento com vistas à inovação, ensino- tração da companhia deverá:
-aprendizagem e formação de pessoas no campo da saúde pública, I– evidenciar as obrigações ou responsabilidades assumidas em
inclusive mediante intermediação e apoio financeiro, observada, notas explicativas específicas das demonstrações contábeis de en-
nos termos do art. 207 da Constituição, a autonomia universitária cerramento do exercício; e,
e as políticas acadêmicas estabelecidas no âmbito das instituições II– descrevê-las em tópico específico do relatório de adminis-
de ensino; tração.
VIII- promover, estimular, coordenar, apoiar e executar progra- §3º O exercício das prerrogativas de que tratam os parágrafos
mas de formação profissional contribuindo para qualificação profis- anteriores será objeto da Carta Anual, subscrita pelos membros do
sional no campo da saúde pública no País; Conselho de Administração, prevista no art. 13, inciso I, do Decreto
IX- apoiar a execução de planos de ensino e pesquisa, cuja nº 8.945, de 2016.

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CAPÍTULO IV respeitados os prazos previstos na legislação.


DO CAPITAL SOCIAL E RECURSOS Parágrafo único. As pautas das Assembleias Gerais serão cons-
tituídas, exclusivamente, dos assuntos constantes dos editais de
Art. 6º. O capital social da Ebserh é de R$ 681.560.045,66 (seis- convocação, não se admitindo a inclusão de assuntos gerais.
centos e oitenta e um milhões, quinhentos e sessenta mil, quarenta Art. 11. As deliberações serão registradas no livro de atas, que
e cinco reais e sessenta e seis centavos), integralmente sob a pro- podem ser lavradas na forma de sumário dos fatos ocorridos e se-
priedade da União. rão divulgadas em sítio eletrônico oficial atualizado.
Parágrafo único. O capital social poderá ser alterado nas hipó- Seção IV Competências
teses previstas em lei, vedada a capitalização direta do lucro sem Art. 12. A Assembleia Geral, além das matérias previstas na Lei
trâmite pela conta de reservas. nº 6.404, de 1976, e no Decreto nº 1.091, de 21 de março de 1994,
Art. 7º. Constituem recursos da Ebserh: e respeitadas às disposições da Lei nº 13.303, de 2016, e do Decreto
I - as dotações que lhe forem consignadas no orçamento da nº 8.945, de 2016, reunir-se-á para deliberar sobre alienação, no
União; todo ou em parte, de ações do capital social da Ebserh ou, quando
II - as receitas decorrentes: não competir ao Conselho de Administração, de suas controladas.
a)da prestação de serviços compreendidos em seu objeto;
b)da alienação de bens e direitos; CAPÍTULO VI
c)das aplicações financeiras que realizar; DAS REGRAS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA
d)dos direitos patrimoniais, tais como aluguéis, foros, dividen-
dos e bonificações; e SEÇÃO I
e)dos acordos e convênios que realizar com entidades nacio- ÓRGÃOS SOCIAIS E ESTATUTÁRIOS
nais e internacionais.
III- doações, legados, subvenções e outros recursos que lhe fo- Art. 13. A Ebserh terá Assembleia Geral e os seguintes órgãos
rem destinados por pessoas físicas ou jurídicas de direito público estatutários:
ou privado; I - Conselho de Administração;
IV- rendas provenientes de outras fontes. II - Diretoria Executiva;
Parágrafo único. A empresa poderá receber recursos dos orça- III - Conselho Fiscal;
mentos fiscal e da seguridade social da União para o pagamento de IV - Conselho Consultivo;
despesas com pessoal ou de custeio em geral, conforme expressa- V - Comitê de Auditoria;
mente autorizado pela Lei nº 12.550, de 2011. VI - Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração.
Art. 14. A Ebserh será administrada pelo Conselho de Adminis-
CAPÍTULO V tração e pela Diretoria Executiva, de acordo com as atribuições e
DA ASSEMBLEIA GERAL poderes conferidos pela legislação aplicável e pelo presente Esta-
SEÇÃO I tuto Social.
CARACTERIZAÇÃO Parágrafo único. Os administradores deverão orientar a execu-
ção das atividades da Ebserh com observância aos princípios e às
Art. 8º. A Assembleia Geral realizar-se-á ordinariamente, uma melhores práticas adotados e formulados por instituições e fóruns
vez por ano, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao encerra- nacionais e internacionais que sejam referência no tema da gover-
mento de cada exercício social, para deliberação das matérias pre- nança corporativa, observadas às legislações aplicáveis à adminis-
vistas em lei e extraordinariamente, sempre que os interesses so- tração pública indireta.
ciais, a legislação ou as disposições deste Estatuto Social exigirem.
SEÇÃO II
SEÇÃO II REQUISITOS E VEDAÇÕES PARA ADMINISTRADORES
COMPOSIÇÃO
Art. 15. Os administradores da Ebserh, inclusive o conselhei-
Art. 9º. A Assembleia Geral é composta pela União, represen- ro representante dos empregados, deverão atender aos requisitos
tada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, nos termos do obrigatórios e observar as vedações para o exercício de suas ativi-
Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967. dades previstos na Lei nº 6.404, de 1976, na Lei nº 13.303, de 2016
§1º Os trabalhos da Assembleia Geral serão dirigidos pelo pre- e no Decreto nº 8.945, de 2016.
sidente do Conselho de Administração da Ebserh ou pelo substituto Parágrafo único. É vedado o ingresso ou permanência no Con-
que esse vier a designar, que escolherá o secretário da Assembleia selho de Administração e na Diretoria Executiva, além dos impedi-
Geral. dos por lei, de ascendente, descendente ou parente colateral ou
§2º Fica assegurada a participação do Presidente da Ebserh nas afim, até o terceiro grau, de membro do Conselho de Administra-
reuniões da Assembleia Geral como convidado, sem direito a voto. ção, da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal.
Art. 16. Sem prejuízo de outras condições a serem detalhadas
SEÇÃO III em Política de Indicação da Ebserh, será considerado cidadão com
CONVOCAÇÃO E DELIBERAÇÃO reputação ilibada aquele que:
a)não possuir contra si processos judiciais ou administrativos
Art. 10. A Assembleia Geral será convocada pelo Presidente do com acórdão desfavorável ao indicado, em segunda instância, ob-
Conselho de Administração ou pelo substituto que esse vier a de- servada a atividade a ser desempenhada;
signar, ressalvadas as exceções previstas na Lei nº 6.404, de 1976, b)não possuir falta grave relacionada ao descumprimento do
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Código de Ética e Conduta da Ebserh ou outros normativos inter- mediante assinatura de termo de posse lavrado no respectivo livro
nos, quando aplicável; de atas, entrando em exercício imediato.
c)não ter sofrido penalidade trabalhista ou administrativa na Art. 21. O Termo de Posse deverá conter, sob pena de nulidade:
Ebserh ou em outra pessoa jurídica de direito público ou privado a indicação de, pelo menos, um domicílio no qual o administrador
nos últimos 3 (três) anos em decorrência de apurações internas, receberá citações e intimações em processos administrativos e judi-
quando aplicável. ciais relativos a atos de sua gestão, as quais se reputarão cumpridas
Art. 17. Além dos requisitos legais obrigatórios aplicáveis aos mediante entrega no domicílio indicado, cuja modificação somente
administradores da Ebserh, aos membros da Diretoria Executiva será válida após comunicação por escrito à Ebserh, além da sujeição
será exigida a comprovação do exercício, nos últimos dez anos, de do administrador ao Código de Conduta e às políticas internas da
uma das experiências profissionais abaixo, sem prejuízos aos de- Ebserh.
mais requisitos estabelecidos na Política de Indicação da Ebserh: Art. 22. Os membros do Conselho Fiscal serão investidos em
I- cargos gerenciais relevantes em instituições que atuam na seus cargos independentemente da assinatura de termo de posse,
área da saúde ou educação, por, no mínimo, 2 (dois) anos; desde a data da respectiva eleição ou nomeação.
II- função gratificada ou cargo comissionado na Administração Parágrafo único. Os membros do Comitê de Auditoria serão in-
Central ou Unidades Hospitalares da Rede Ebserh, por, no mínimo, vestidos em seus cargos mediante assinatura do termo de posse,
2 (dois) anos; desde a data da respectiva eleição.
III- cargos estatutários ou cargos gerenciais relevantes em um Art. 23. Antes de entrar no exercício da função e ao deixar o
dos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários mais altos em em- cargo, cada membro estatutário deverá apresentar à Ebserh, que
presa de grande porte, por, no mínimo, quatro anos; zelará pelo sigilo legal, Declaração de Ajuste Anual do Imposto de
IV- cargos em comissão ou função de confiança equivalente a Renda Pessoa Física e das respectivas retificações apresentadas à
nível 4, ou superior, do Grupo Direção e Assessoramento Superio- Receita Federal do Brasil ou autorização de acesso às informações
res DAS, em órgãos ou entidades da administração pública, por, no nela contidas.
mínimo, 4 (quatro) anos. Parágrafo único. No caso dos Diretores, a declaração anual de
§1º Os membros da Diretoria Executiva deverão residir na mes- bens e rendas também deve ser apresentada à Comissão de Ética
ma cidade da Administração Central da Ebserh. Pública da Presidência da República - CEP/PR.
§2º A Ebserh divulgará o currículo profissional resumido dos
Administradores e dos membros dos Órgãos Estatutários, em sítio SEÇÃO V
eletrônico oficial atualizado, com acesso fácil e organizado, com PERDA DO CARGO PARA ADMINISTRADORES, CONSELHEIROS
atualização das informações sempre que houver modificação. FISCAIS, MEMBROS DO COMITÊ DE AUDITORIA E DEMAIS
Art. 18. O Conselho de Administração fará recomendação não COMITÊS DE ASSESSORAMENTO
vinculante de novos membros desse colegiado e perfis para apro-
vação da Assembleia Geral, sempre relacionadas aos resultados do Art. 24. Além dos casos previstos em lei, dar-se-á vacância do
processo de avaliação e às diretrizes da política de indicação e do cargo quando:
plano de sucessão. I- o membro do Conselho de Administração ou Fiscal ou do
Comitê de Auditoria ou de Comitês de Assessoramento deixar de
SEÇÃO III comparecer a duas reuniões consecutivas ou 3 (três) intercaladas,
DA VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS E VEDAÇÕES PARA ADMI- nas últimas 12 (doze) reuniões, sem justificativa; e
NISTRADORES II- o membro da Diretoria Executiva se afastar do exercício do
cargo por mais de 30 (trinta) dias consecutivos, salvo em caso de
Art. 19. Os requisitos e as vedações exigíveis para os Adminis- licença, inclusive férias, ou nos casos autorizados pelo Conselho de
tradores deverão ser respeitados em todas as nomeações e elei- Administração.
ções realizadas, inclusive em caso de recondução.
§1º Os requisitos deverão ser comprovados documentalmen- SEÇÃO VI
te, na forma exigida pelo formulário padronizado, aprovado pela REMUNERAÇÃO
Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais e
disponibilizado em seu sítio eletrônico. Art. 25. A remuneração dos membros estatutários e, quando
§2º A ausência dos documentos referidos no §1º importará em aplicável, dos demais comitês de assessoramento, será fixada anu-
rejeição do formulário pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Su- almente em Assembleia Geral, nos termos da legislação vigente,
cessão e Remuneração da empresa. sendo vedado o pagamento de qualquer forma de remuneração
§3º O Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remune- não prevista em Assembleia Geral.
ração deverá verificar se os requisitos e vedações estão atendidos, Parágrafo único. A Ebserh divulgará toda e qualquer remunera-
por meio da análise da autodeclaração apresentada pelo indicado e ção dos membros de órgãos estatutários.
sua respectiva documentação. Art. 26. Os membros dos Conselhos de Administração e Fiscal,
Comitê de Auditoria e demais órgãos estatutários terão ressarcidas
SEÇÃO IV suas despesas de locomoção e estada necessárias ao desempenho
POSSE E RECONDUÇÃO da função, sempre que residentes fora da cidade em que for reali-
zada a reunião.
Art. 20 No prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da elei- Parágrafo único. Caso o membro resida na mesma cidade da
ção ou nomeação, os eleitos para o Conselho o Conselho de Ad- Administração Central da Ebserh, esta custeará as despesas de lo-
ministração e Diretoria Executiva serão investidos em seus cargos comoção e alimentação.
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Art. 27. A remuneração mensal devida aos membros dos Con- §1º Fica assegurado aos administradores e conselheiros fiscais,
selhos de Administração e Fiscal da Ebserh não excederá a dez por bem como aos ex-administradores e ex-conselheiros, o conheci-
cento da remuneração mensal média dos membros da Diretoria mento de informações e documentos constantes de registros ou de
Executiva, sendo vedado o pagamento de participação, de qualquer bancos de dados da Ebserh, indispensáveis à defesa administrativa
espécie, nos lucros da Ebserh. ou judicial, em ações propostas por terceiros, de atos praticados
Parágrafo único. A remuneração dos membros do Comitê de durante o seu prazo de gestão ou de atuação, conforme o caso.
Auditoria será fixada em Assembleia Geral em montante não infe- §2º O benefício previsto no caput aplica-se, no que couber e a
rior à remuneração dos Conselheiros Fiscais. critério do Conselho de Administração, aos membros dos comitês
estatutários e àqueles que figuram no polo passivo de processo ju-
SEÇÃO VII dicial ou administrativo, em decorrência de atos que tenham prati-
TREINAMENTO cado no exercício de competência delegada pelos Administradores.
§3º A forma da defesa em processos judiciais e administrativos
Art. 28. Os administradores e os conselheiros fiscais, inclusi- será definida pelo Conselho de Administração.
ve o representante de empregados, devem participar, na posse e §4º Na defesa em processos judiciais e administrativos, se be-
anualmente, de treinamentos específicos disponibilizados direta ou neficiário da defesa for condenado, em decisão judicial transitada
indiretamente pela Ebserh, conforme disposições da Lei nº 13.303, em julgado, com fundamento em violação de lei ou do Estatuto,
de 2016, e do Decreto nº 8.945, de 2016. ou decorrente de ato culposo ou doloso, ele deverá ressarcir à em-
Art. 29. É vedada a recondução do administrador ou do Con- presa todos os custos e despesas decorrentes da defesa feita pela
selheiro Fiscal que não participar de nenhum treinamento anual Ebserh, além de eventuais prejuízos causados.
disponibilizado pela Ebserh nos últimos dois anos.
SEÇÃO XI
SEÇÃO VIII SEGURO DE RESPONSABILIDADE
CÓDIGO DE CONDUTA
Art. 30. A Ebserh disporá de Código de Conduta e Integridade, Art. 34. A Ebserh poderá manter contrato de seguro de respon-
elaborado e divulgado na forma da Lei nº 13.303, de 2016, e do sabilidade civil permanente em favor dos Administradores e Conse-
Decreto nº 8.945 de 2016. lheiros Fiscais, na forma e extensão definidas pelo Conselho de Ad-
ministração, para cobertura das despesas processuais e honorários
SEÇÃO IX advocatícios de processos judiciais e administrativos instaurados
CONFLITO DE INTERESSES contra eles relativos às suas atribuições junto à empresa.

Art. 31. Nas reuniões dos órgãos colegiados, anteriormente à SEÇÃO XII
deliberação, o membro que não seja independente em relação à QUARENTENA PARA A DIRETORIA EXECUTIVA
matéria em discussão deve manifestar seu conflito de interesses ou
interesse particular, retirando-se da reunião. Art. 35. Os membros da Diretoria Executiva ficam impedidos
§1º Caso não o faça, qualquer outro membro poderá manifes- do exercício de atividades que configurem conflito de interesse, ob-
tar o conflito, caso dele tenha ciência, devendo o órgão colegiado servados a forma e o prazo estabelecidos na legislação pertinente.
deliberar sobre o conflito conforme seu Regimento e legislação apli- §1º Após o exercício da gestão, o ex-membro da Diretoria Exe-
cável. cutiva, que estiver em situação de impedimento, poderá receber re-
§2º Aos integrantes dos órgãos estatutários é vedado intervir muneração compensatória equivalente apenas ao honorário men-
em operação em que, direta ou indiretamente, sejam interessadas sal da função que ocupava, observados os §§2º e 3º deste artigo.
sociedades de que detenham o controle ou participação superior a §2º Não terá direito à remuneração compensatória, o ex-mem-
cinco por cento do capital social. bro da Diretoria Executiva que retornar, antes do término do perí-
§3º O impedimento referido no §2º aplica-se, ainda, quando odo de impedimento, ao desempenho da função que ocupava na
se tratar de empresa em que os integrantes dos órgãos estatutários administração pública ou privada anteriormente à sua investidura,
ocupem ou tenham ocupado cargos de administração ou controle, desde que não caracterize conflito de interesses.
em período de até 3 (três) anos anterior à investidura na Ebserh. §3º A configuração da situação de impedimento dependerá de
prévia manifestação da Comissão de Ética Pública da Presidência da
SEÇÃO X República.
DEFESA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA
CAPÍTULO VII
Art. 32. Os Administradores e os Conselheiros Fiscais são res- DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
ponsáveis, na forma da lei, pelos prejuízos ou danos causados no
exercício de suas atribuições. SEÇÃO I
Art. 33. A Ebserh, por intermédio de seu órgão jurídico ou me- CARACTERIZAÇÃO
diante advogado especialmente contratado, deverá assegurar aos
integrantes e ex-integrantes da Diretoria Executiva e dos Conselhos Art. 36. O Conselho de Administração é órgão de deliberação
de Administração e Fiscal a defesa em processos judiciais e adminis- estratégica e colegiada da Ebserh e deve exercer suas atribuições
trativos contra eles instaurados, pela prática de atos no exercício do considerando os interesses de longo prazo da empresa, os impactos
cargo ou função, nos casos em que não houver incompatibilidade decorrentes de suas atividades na sociedade e no meio ambiente
com os interesses da Ebserh. e os deveres fiduciários de seus membros, em alinhamento ao dis-
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posto na Lei nº 13.303, de 2016. de membro do Conselho de Administração a esse colegiado ocorre-
rá após período equivalente a um prazo de gestão.
SEÇÃO II §3º O prazo de gestão dos membros do Conselho de Adminis-
COMPOSIÇÃO tração se prorrogará até a efetiva investidura dos novos membros.

Art. 37. O Conselho de Administração é composto por 9 (nove) SEÇÃO IV


membros, eleitos pela Assembleia Geral, obedecendo a seguinte VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO EVENTUAL
composição:
I- 3 (três) membros indicados pelo Ministro de Estado da Edu- Art. 39. Em caso de vacância do cargo de conselheiro de admi-
cação; nistração, o substituto será nomeado pelos conselheiros remanes-
II- o Presidente da Empresa, que não poderá exercer a Presi- centes e servirá até a primeira Assembleia Geral subsequente.
dência do Conselho, ainda que interinamente; §1º Em caso de vacância da maioria dos cargos de conselheiros
III- 1 (um) membro indicado pelo Ministro de Estado da Eco- de administração, deverá ser convocada pelos conselheiros rema-
nomia; nescentes a Assembleia Geral para proceder nova eleição de mem-
IV - 2 (dois) membros indicados pelo Ministro de Estado da Saú- bros.
de; §2º No caso de vacância de todos os cargos do Conselho de
V- 1 (um) membro representante dos empregados, na forma da Administração, compete à Diretoria Executiva convocar a Assem-
Lei nº 12.353, de 28 de dezembro de 2010; e bleia Geral.
VI- 1 (um) membro indicado pela Associação Nacional dos Diri- Art. 40. Para o Conselho de Administração proceder à nome-
gentes das Instituições Federais de Ensino Superior - ANDIFES, sen- ação de membros para o colegiado na forma do caput do Art. 39
do reitor de universidade federal. deste Estatuto, deverão ser verificados pelo Comitê de Pessoas, Ele-
§1º O Conselho de Administração deve ser composto por, no gibilidade, Sucessão e Remuneração todos os requisitos de elegibi-
mínimo, 02 (dois) membros independentes, sendo 1 (um) indicado lidade exigidos para eleição pela Assembleia Geral.
pelo Ministro de Estado da Educação e 1 (um) indicado pelo Minis- Art. 41. A função de Conselheiro de Administração é pessoal e
tro de Estado da Saúde. não admite substituto temporário ou suplente, inclusive para repre-
§2º Serão considerados, para o cômputo das vagas destinadas sentante dos empregados.
a membros independentes, aqueles que se enquadrarem nas hipó- Parágrafo único. No caso de ausências ou impedimentos even-
teses previstas no §1º do art. 22 da Lei nº 13.303, de 2016, bem tuais de qualquer membro do Conselho, o colegiado deliberará com
como no §1º do art. 36 do Decreto nº 8.945, de 2016. os remanescentes.
§3º O Presidente do Conselho de Administração e seu substi-
tuto serão escolhidos pelo colegiado, dentre os membros indicados SEÇÃO V
pelo Ministro de Estado da Educação, que não estejam na condição DA REUNIÃO
de membro independente.
§4º O representante dos empregados, de que trata o inciso V Art. 42. O Conselho de Administração se reunirá, com a presen-
deste artigo será escolhido dentre os empregados ativos da Ebserh, ça da maioria dos seus membros, ordinariamente, uma vez por mês
pelo voto direto de seus pares, em eleição organizada pela empre- e extraordinariamente, sempre que necessário.
sa em conjunto com as entidades sindicais que os representem, na §1º O Conselho de Administração será convocado por seu Pre-
forma da Lei nº 12.353, 28 de dezembro de 2010, e sua regulamen- sidente ou pela maioria dos membros do colegiado.
tação. §2º As reuniões do Conselho de Administração podem ser
§5º Para o exercício do cargo, o conselheiro representante dos presenciais, virtuais ou mistas, com a participação de um ou mais
empregados está sujeito a todos os critérios, exigências, requisitos, membro por tele ou videoconferência.
impedimentos e vedações previstas na Lei nº 13.303, de 2016, e do §3º Em casos excepcionais, e a critério do Conselho de Adminis-
Decreto nº 8.945 de 2016. tração, poder-se- á convocar reuniões exclusivamente presenciais.
§6º O representante dos empregados não participará das dis- §4º A pauta da reunião e a respectiva documentação serão dis-
cussões e deliberações sobre assuntos que envolvam relações sin- tribuídas com antecedência mínima de 5 (cinco) dias úteis, salvo
dicais, remuneração, benefícios e vantagens, inclusive assistenciais nas hipóteses justificadas e acatadas pelo colegiado.
ou de previdência complementar, hipóteses em que fica configu- Art. 43. As deliberações serão tomadas pelo voto da maioria
rado o conflito de interesse, sendo tais assuntos deliberados em dos membros presentes e serão registradas no livro de atas, poden-
reunião separada e exclusiva para tal fim. do ser lavradas de forma sumária.
§1º Nas deliberações colegiadas do Conselho de Administra-
SEÇÃO III ção, o Presidente terá o voto de desempate, além do voto pessoal.
PRAZO DE GESTÃO §2º Em caso de decisão não-unânime, a justificativa do voto
divergente será registrada, a critério do respectivo membro, obser-
Art. 38. O Conselho de Administração terá prazo de gestão uni- vado que se exime de responsabilidade o conselheiro dissidente
ficado de 2 (dois) anos, permitidas, no máximo, 3 (três) recondu- que faça consignar sua divergência em ata de reunião ou, não sen-
ções consecutivas. do possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao Conselho de
§1º No prazo estabelecido no caput serão considerados os pe- Administração.
ríodos anteriores de gestão, na Ebserh, ocorridos há menos de 2 §3º As atas do Conselho de Administração devem ser redigidas
(dois) anos. com clareza e registrar as decisões tomadas, as pessoas presentes,
§2º Atingido o limite a que se referem o caput e §1º, o retorno os votos divergentes e as abstenções.
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SEÇÃO VI de forma a garantir que a decisão a ser tomada pelo Colegiado seja
DAS COMPETÊNCIAS tecnicamente bem fundamentada;
XXI- eleger e destituir os membros de comitês de assessora-
Art. 44. Compete ao Conselho de Administração: mento ao Conselho de Administração, bem como do Comitê de Pes-
I - fixar a orientação geral dos negócios da Ebserh; soas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração;
II - avaliar, a cada 4 (quatro) anos, o alinhamento estratégico, XXII- atribuir formalmente a responsabilidade pelas áreas de
operacional e financeiro das participações da Companhia ao seu Controle Interno, Conformidade e Gerenciamento de Riscos a mem-
objeto social, devendo, a partir dessa avaliação, recomendar a sua bros da Diretoria Executiva;
manutenção, a transferência total ou parcial de suas atividades para XXIII- avaliar anualmente o desempenho do próprio Conselho
outra estrutura da administração pública ou o desinvestimento da de Administração e da Diretoria Executiva, individual e coletivamen-
participação; te, e dos membros de comitês de assessoramento ao Conselho de
III- eleger e destituir os membros da Diretoria Executiva da Eb- Administração, nos termos do inciso III do art. 13 da Lei 13.303,
serh, inclusive o Presidente, fixando-lhes as atribuições; de 2016, com o apoio metodológico e procedimental do Comitê de
IV- fiscalizar a gestão dos membros da Diretoria Executiva, exa- Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração;
minar, a qualquer tempo, os livros e papéis da empresa, solicitar XXIV- nomear e destituir os titulares da Auditoria Interna e,
informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e após, submeter a decisão à aprovação da Controladoria Geral da
quaisquer outros atos; União;
V- manifestar-se previamente sobre as propostas a serem sub- XXV- conceder afastamento e licença ao Presidente da Ebserh,
metidas à deliberação dos acionistas em assembleia; inclusive a título de férias;
VI- aprovar a inclusão de matérias no instrumento de convo- XXVI- aprovar o Regimento Interno do Conselho de Adminis-
cação da Assembleia Geral, não se admitindo a rubrica “assuntos tração, do Comitê de Auditoria e dos demais comitês de assesso-
gerais”; ramento, bem como o Código de Conduta e Integridade da Ebserh;
VII- convocar a Assembleia Geral; XXVII- aprovar e manter atualizado um plano de sucessão não-
VIII- manifestar-se sobre o relatório da administração e as con- -vinculante dos membros do Conselho de Administração e da Di-
tas da Diretoria Executiva; retoria Executiva, cuja elaboração deve ser coordenada pelo Presi-
IX- manifestar-se previamente sobre atos ou contratos relativos dente do Conselho de Administração;
à sua alçada decisória; XXVIII- aprovar as atribuições da Diretoria Executiva não previs-
X - autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, a tas no Estatuto Social;
constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações XXIX - aprovar o Regulamento Interno de Licitações e Contra-
de terceiros; tos;
XI- autorizar e homologar a contratação de auditores indepen- XXX- aprovar a prática de atos que importem em renúncia,
dentes, bem como a rescisão dos respectivos contratos; transação ou compromisso arbitral, observada a política de alçada
XII- aprovar as Políticas de Controle Interno, Conformidade e da Ebserh;
Gerenciamento de Riscos, Participações Societárias, bem como ou- XXXI- discutir, deliberar e monitorar práticas de governança
tras políticas gerais da empresa; corporativa e relacionamento com partes interessadas;
XIII- aprovar e acompanhar o plano de negócios, estratégico XXXII- aprovar e divulgar a Carta Anual com explicação dos
e de investimentos, e as metas de desempenho, que deverão ser compromissos de consecução de objetivos de políticas públicas, na
apresentados pela Diretoria Executiva; forma prevista na Lei 13.303, de 2016;
XIV- analisar, ao menos trimestralmente, as demonstrações fi- XXXIII - aprovar e fiscalizar o cumprimento das metas e resul-
nanceiras elaboradas periodicamente pela empresa, sem prejuízo tados específicos a serem alcançados pelos membros da Diretoria
da atuação do Conselho Fiscal; Executiva;
XV- determinar a implantação e supervisionar os sistemas de XXXIV- promover anualmente análise das metas e resultados
gestão de riscos e de controle interno estabelecidos para a preven- na execução do plano de negócios e da estratégia de longo prazo,
ção e mitigação dos principais riscos a que está exposta a Ebserh, sob pena de seus integrantes responderem por omissão, devendo
inclusive os riscos relacionados à integridade das informações con- publicar suas conclusões e informá-las ao Congresso Nacional e ao
tábeis e financeiras e os relacionados à ocorrência de corrupção e Tribunal de Contas da União;
fraude; XXXV- propor à Assembleia Geral a remuneração dos adminis-
XVI- definir os assuntos e valores para sua alçada decisória e da tradores e dos membros dos demais órgãos estatutários da Ebserh;
Diretoria Executiva; XXXVI- executar e monitorar a remuneração de que trata o inci-
XVII - identificar a existência de ativos não de uso próprio da so XXXV deste artigo, dentro dos limites aprovados pela Assembleia
empresa e avaliar a necessidade de mantê-los; Geral;
XVIII- autorizar a alteração dos limites estabelecidos nos inci- XXXVII- autorizar a constituição de subsidiárias;
sos I e II do art. 29 da Lei 13.303, de 2016, que trata da realização XXXVIII- aprovar o Regulamento de Pessoal, bem como quanti-
de contratação por dispensa de licitação, para refletir a variação de tativo de pessoal próprio e de cargos em comissão, acordos coleti-
custos; vos de trabalho, plano de cargos e salários, plano de funções, bene-
XIX- aprovar o Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna fícios de empregados e programa de desligamento de empregados;
- PAINT e o Relatório Anual das Atividades de Auditoria Interna - XXXIX - aprovar o patrocínio a plano de benefícios;
RAINT, sem a presença do Presidente da empresa; XL - estabelecer a Política de Seleção para os titulares das uni-
XX- criar comitês de assessoramento ao Conselho de Adminis- dades de auditoria interna, área de controle interno, conformidade
tração, para aprofundamento dos estudos de assuntos estratégicos, e gestão de riscos, e ouvidoria;
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XLI - estabelecer política de divulgação de informações visando transferência de Diretor para outra Diretoria da Ebserh.
a transparência, clareza e equidade; §2º Atingido o limite a que se refere o caput e o §1º, o retorno
XLII - autorizar a formalização dos contratos de gestão, previs- de membro da Diretoria Executiva para o cargo de Diretor da em-
tos no Art. 6º da Lei 12.550, de 2011; e presa só poderá ocorrer após decorrido período equivalente a um
XLIII – autorizar as tratativas e condições para a incorporação prazo de gestão.
de novas unidades hospitalares à Rede Ebserh. §3º O prazo de gestão dos membros da Diretoria Executiva se
Parágrafo único. Excluem-se da obrigação de publicação a que prorrogará até a efetiva investidura dos novos membros.
se refere o inciso XXXIV as informações de natureza estratégica cuja
divulgação possa ser comprovadamente prejudicial ao interesse da SEÇÃO IV
empresa. LICENÇA, VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO EVENTUAL

SEÇÃO VII Art. 50. Em caso de vacância, ausências ou impedimentos even-


COMPETÊNCIAS DO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINIS- tuais de qualquer membro da Diretoria Executiva, o Presidente de-
TRAÇÃO signará o substituto dentre os membros da Diretoria Executiva.
§1º Em caso de vacância, ausência ou impedimentos eventuais,
Art. 45. Compete ao Presidente do Conselho de Administração: o Presidente da empresa será substituído pelo Vice-Presidente, o
I- presidir as reuniões do colegiado, observando o cumprimen- qual terá os mesmos deveres e atribuições.
to do Estatuto Social e do Regimento Interno; §2º Em caso de vacância, ausência ou impedimentos eventuais
II– interagir, isoladamente ou em conjunto com o Presidente do Presidente e do Vice-Presidente da empresa, excepcionalmente,
da Ebserh, com o ministério supervisor, e demais representantes do o Conselho de Administração designará o seu substituto dentre os
acionista controlador, no sentido de esclarecer a orientação geral membros da Diretoria Executiva.
dos negócios, assim como questões relacionadas ao interesse pú- §3º Em caso de vacância de todos os cargos da Diretoria Exe-
blico a ser perseguido pela Ebserh, observado o disposto no Art. 89 cutiva, o Conselho de Administração deverá imediatamente eleger,
da Lei nº 13.303, de 2016; entre seus membros, o Presidente interino para praticar, até a reali-
III- estabelecer os canais e processos para interação entre os zação de nova eleição, os atos urgentes de administração da Ebserh,
acionistas e o Conselho de Administração, especialmente no que após verificação pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e
tange às questões de estratégia, governança, remuneração, suces- Remuneração do atendimento de todos os requisitos de elegibili-
são e formação do Conselho de Administração, observado o dispos- dade exigidos neste Estatuto Social, na Lei nº 13.303, de 2016, e no
to no Art. 89 da Lei nº 13.303, de 2016. Decreto nº 8.945, de 2016.
Art. 51. Os membros da Diretoria Executiva farão jus, anual-
CAPÍTULO VIII mente, a 30 dias de licença-remunerada, que podem ser acumula-
DIRETORIA EXECUTIVA dos até o máximo de 2 (dois) períodos, sendo vedada sua conversão
em espécie e indenização.
SEÇÃO I
CARACTERIZAÇÃO SEÇÃO V
REUNIÃO
Art. 46. A Diretoria Executiva é o órgão gestor central de admi-
nistração e representação, cabendo-lhe assegurar o funcionamento Art. 52. A Diretoria Executiva se reunirá, com a presença da
regular da Ebserh em conformidade com a orientação geral traçada maioria dos seus membros, ordinariamente, uma vez por semana
pelo Conselho de Administração. e extraordinariamente, sempre que necessário.
§1º A Diretoria Executiva será convocada pelo Presidente da
SEÇÃO II Ebserh ou pela maioria dos membros do colegiado.
COMPOSIÇÃO E INVESTIDURA §2º As reuniões da Diretoria Executiva devem ser, preferencial-
mente, presenciais, admitindo, excepcionalmente, a reunião virtual
Art. 47. A Diretoria Executiva é composta pelo Presidente, pelo ou a participação de membro por tele ou videoconferência, me-
Vice-Presidente e por até 6 (seis) Diretores, todos eleitos pelo Con- diante justificativa aprovada pelo colegiado.
selho de Administração. §3º A pauta da reunião e a respectiva documentação serão
Art. 48. É condição para investidura em cargo da Diretoria Exe- distribuídas com antecedência 4 (quatro) dias, salvo nas hipóteses
cutiva da Ebserh a assunção de compromissos com metas e resul- justificadas e acatadas pelo colegiado.
tados específicos a serem alcançados, que deverão ser aprovados Art. 53. As deliberações serão tomadas pelo voto da maioria
pelo Conselho de Administração. dos membros presentes e serão registradas no livro de atas, poden-
do ser lavradas de forma sumária.
SEÇÃO III §1º Nas deliberações colegiadas da Diretoria Executiva, o Presi-
PRAZO DE GESTÃO dente terá o voto de desempate, além do voto pessoal.
§2º Em caso de decisão não-unânime, a justificativa do voto di-
Art. 49. O prazo de gestão da Diretoria Executiva será unificado vergente será registrada, a critério do respectivo membro, observa-
e de 2 (dois) anos, sendo permitidas, no máximo, 3 (três) recondu- do que se exime de responsabilidade o membro dissidente que faça
ções consecutivas. consignar sua divergência em ata de reunião ou, não sendo possí-
§1º No prazo estabelecido no caput serão considerados os pe- vel, dela dê ciência imediata e por escrito à Diretoria Executiva.
ríodos anteriores de gestão ocorridos há menos de 2 (dois) anos e a §3º Cabe à secretaria da Diretoria Executiva proceder ao regis-
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tro das deliberações tomadas em reuniões ordinárias e extraordi- anos;


nárias, que deverão constar em ata, a qual será assinada pelo Pre- XVI- propor a constituição de subsidiárias;
sidente, pelo Vice-Presidente, pelos Diretores e pelo representante XVII- realizar a avaliação anual de desempenho individual dos
da Consultoria Jurídica, quando presentes, que constará no mínimo: membros dos Colegiados Executivos dos hospitais universitários da
a)o dia, a hora e o local de sua realização e quem a presidiu; Rede Ebserh, observados os quesitos mínimos:
b)os nomes dos membros da Diretoria Executiva presentes, dos a)exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e
ausentes, consignando, a respeito destes, a justificativa da ausên- à eficácia da ação administrativa;
cia, se houver; b)contribuição para o resultado do exercício;
c)a presença das demais autoridades participantes; c)consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negócios
d)os fatos ocorridos; e e atendimento à estratégia de longo prazo.
e)a síntese da deliberação das matérias, os votos divergentes XVIII- convocar assembleia geral, nas hipóteses admitidas em
e as abstenções. lei.
Art. 54. A Diretoria Executiva poderá convidar agentes públicos
ou terceiros a prestarem informações ou assistirem às suas reuni- SEÇÃO VII
ões, sem direito a voto. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE
Parágrafo único. É vedada a participação de agente público ou
terceiro estranho ao funcionamento da reunião, com exceção dos Art. 56. Sem prejuízo das demais atribuições da Diretoria Exe-
casos previstos no caput deste artigo. cutiva, compete especificamente ao Presidente da empresa:
I- dirigir, supervisionar, coordenar e controlar as atividades e a
SEÇÃO VI política administrativa da empresa;
COMPETÊNCIAS II- coordenar as atividades dos membros da Diretoria Executi-
va;
Art. 55. Compete à Diretoria Executiva, no exercício das suas III- interagir, isoladamente ou em conjunto com o Presidente do
atribuições e respeitadas as diretrizes fixadas pelo Conselho de Ad- Conselho de Administração, com o ministério supervisor, e demais
ministração: representantes do acionista controlador, no sentido de esclarecer a
I- gerir as atividades da empresa e avaliar os seus resultados; orientação geral dos negócios, assim como questões relacionadas
II- monitorar a sustentabilidade dos negócios, os riscos estra- ao interesse público a ser perseguido pela Ebserh, observado o dis-
tégicos e respectivas medidas de mitigação, elaborando relatórios posto no Art. 89 da Lei nº 13.303, de 2016;
gerenciais com indicadores de gestão; IV- representar a Empresa em juízo e fora dele, podendo, para
III- elaborar os orçamentos anuais e plurianuais da empresa e tanto, constituir procuradores “ad-negotia” e “ad-judicia”, especifi-
acompanhar sua execução; cando os atos que poderão praticar nos respectivos instrumentos
IV- definir a estrutura organizacional da empresa e a distribui- do mandato;
ção interna das atividades administrativas; V- assinar, com o Diretor da área competente, os atos que cons-
V- aprovar as normas internas de funcionamento da empresa; tituam ou alterem direitos ou obrigações da empresa, bem como
VI- promover a elaboração, em cada exercício, do relatório da aqueles que exonerem terceiros de obrigações para com ela, po-
administração e submetê- lo aos Conselhos de Administração e Fis- dendo, para tanto, delegar atribuições ou constituir procurador
cal e ao Comitê de Auditoria; para esse fim;
VII- promover a elaboração, em cada exercício, das demons- VI- expedir atos de admissão, designação, promoção, cessão,
trações financeiras e submetê-las à Auditoria Independente e aos transferência, dispensa, suspensão de contrato de trabalho e licen-
Conselhos de Administração e Fiscal e ao Comitê de Auditoria; ça de empregados;
VIII- autorizar previamente os atos e contratos relativos à sua VII- baixar as resoluções da Diretoria Executiva;
alçada decisória; VIII- criar e homologar os processos de licitação, podendo de-
IX- indicar os representantes da empresa nos órgãos estatutá- legar tais atribuições;
rios de suas participações societárias; IX- conceder afastamento e licenças aos demais membros da
X- submeter, instruir e preparar adequadamente os assuntos Diretoria Executiva, inclusive a título de férias;
que dependam de deliberação do Conselho de Administração, ma- X- designar os substitutos dos membros da Diretoria Executiva;
nifestando-se previamente quando não houver conflito de interes- XI - convocar e presidir as reuniões da Diretoria Executiva;
se; XII- manter o Conselho de Administração e Fiscal informados
XI- cumprir e fazer cumprir este Estatuto, as deliberações da As- das atividades da empresa; e
sembleia Geral e do Conselho de Administração, bem como avaliar XIII- exercer outras atribuições que lhe forem fixadas pelo Con-
as recomendações do Conselho Fiscal; selho de Administração.
XII - colocar à disposição dos outros órgãos sociais pessoal qua-
lificado para secretariá- los e prestar o apoio técnico necessário; SEÇÃO VIII
XIII- aprovar o seu Regimento Interno; ATRIBUIÇÕES DOS DEMAIS DIRETORES
XIV- deliberar sobre os assuntos que lhe submeta qualquer Di-
retor; Art. 57. São atribuições do Vice-Presidente e dos Diretores:
XV- apresentar, até a última reunião ordinária do Conselho de I - gerir as atividades da sua área de atuação;
Administração do ano anterior, plano de negócios para o exercício II- participar das reuniões da Diretoria Executiva, concorrendo
anual seguinte e estratégia de longo prazo atualizada com análise para a definição das políticas a serem seguidas pela Rede Ebserh e
de riscos e oportunidades para, no mínimo, os próximos (5) cinco relatando os assuntos da sua respectiva área de atuação;
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III- cumprir e fazer cumprir a orientação geral dos negócios da (dois) anos.
Rede Ebserh estabelecida pelo Conselho de Administração na ges- SEÇÃO IV
tão de sua área específica de atuação; e REQUISITOS
IV- auxiliar o Presidente na direção e coordenação das ativida-
des da Ebserh e exercer as tarefas de coordenação que lhe forem Art. 61. Os membros do Conselho Fiscal deverão atender aos
atribuídas em regimento ou delegadas pelo Presidente. requisitos obrigatórios e observar as vedações para exercício das
§1º Compete exclusivamente ao Vice-Presidente assistir ao suas atividades determinados pela Lei nº 6.404, de 1976, pela Lei
Presidente na supervisão, coordenação, monitoramento e avalia- nº 13.303, de 2016, pelo Decreto nº 8.945, de 2016, e por demais
ção das ações desenvolvidas pelas Diretorias e pelas Filiais, além de normas que regulamentem a matéria.
coordenar e articular a atuação dos(as) Diretores(as) para o alcance §1º O Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remune-
dos resultados institucionais. ração deverá opinar sobre a observância dos requisitos e vedações
§2º As demais atribuições e poderes de cada um dos membros para investidura dos membros no Conselho Fiscal.
daDiretoria Executiva serão detalhadas em Regimento Interno. §2º As vedações serão verificadas por meio da autodeclaração
apresentada pelo indicado nos moldes do formulário padronizado.
CAPÍTULO IX
CONSELHO FISCAL SEÇÃO V
VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO EVENTUAL
SEÇÃO I
CARACTERIZAÇÃO Art. 62. Os membros do Conselho Fiscal serão substituídos em
suas ausências ou impedimentos eventuais pelos respectivos su-
Art. 58. O Conselho Fiscal é órgão permanente de fiscalização plentes.
da Ebserh, de atuação colegiada e individual. Parágrafo único. Na hipótese de vacância, renúncia ou desti-
Parágrafo único. Além das normas previstas na Lei 13.303, de tuição do membro titular, o suplente assume até a eleição do novo
2016 e sua regulamentação, aplicam-se aos membros do Conselho titular.
Fiscal da empresa as disposições para esse colegiado previstas na
Lei 6.404, de 1976, inclusive aquelas relativas a seus poderes, de- SEÇÃO VI
veres e responsabilidades, a requisitos e impedimentos parainves- REUNIÃO
tidura e a remuneração.
Art. 63. O Conselho Fiscal se reunirá, com a presença da maio-
SEÇÃO II ria dos seus membros, ordinariamente, uma vez por mês e extraor-
DA COMPOSIÇÃO dinariamente, sempre que necessário.
§1º O Conselho Fiscal será convocado por seu Presidente ou
Art. 59. O Conselho Fiscal será composto de 3 (três) membros pela maioria dos membros do colegiado.
efetivos e respectivos suplentes, eleitos pela Assembleia Geral, sen- §2º As reuniões do Conselho Fiscal podem ser presenciais, vir-
do: tuais ou mistas, com a participação de um ou mais membro por tele
I - 1 (um) membro indicado pelo Ministro de Estado da Educa- ou videoconferência.
ção; II - 1 (um) membro indicado pelo Ministro de Estado da Saúde; §3º Em casos excepcionais, e a critério do Conselho Fiscal, po-
e der-se-á convocar reuniões exclusivamente presenciais.
III - 1 (um) membro indicado pelo Ministro de Estado da Econo- §4º A pauta da reunião e a respectiva documentação serão dis-
mia, como representante do Tesouro Nacional. tribuídas com antecedência mínima de 5 (cinco) dias úteis, salvo
§1º O membro representante do Ministério da Economia de- nas hipóteses justificadas e acatadas pelo colegiado.
verá ser servidor público com vínculo permanente com a adminis- Art. 64. As deliberações serão tomadas pelo voto da maioria
tração pública. dos membros presentes e serão registradas no livro de atas, poden-
§2º Na primeira reunião após a eleição, os membros do Conse- do ser lavradas de forma sumária.
lho Fiscal assinarão o termo de adesão ao Código de Ética e Conduta §1º Em caso de decisão não-unânime, a justificativa do voto
da Ebserh e outros normativos internos, assim como escolherão o divergente será registrada, a critério do respectivo membro, obser-
seu Presidente, ao qual caberá dar cumprimento às deliberações do vado que se exime de responsabilidade o conselheiro fiscal dissi-
órgão, com registro no livro de atas e pareceres do Conselho Fiscal. dente que faça consignar sua divergência em ata de reunião ou, não
sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao Conselho
SEÇÃO III Fiscal.
PRAZO DE ATUAÇÃO §2º As atas do Conselho Fiscal devem ser redigidas com clareza
e registrar as decisões tomadas, as pessoas presentes, os votos di-
Art. 60. O prazo de atuação dos membros do Conselho Fiscal vergentes e as abstenções.
será de 2 (dois) anos, permitidas, no máximo, 2 (duas) reconduções
consecutivas. SEÇÃO VII
§1º Atingido o limite a que se referem o caput, o retorno de COMPETÊNCIAS
membro do Conselho Fiscal a esse colegiado ocorrerá após período
equivalente a um prazo de gestão. Art. 65. Compete ao Conselho Fiscal:
§2º No prazo a que se refere o §1º deste artigo serão conside- I- fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos Admi-
rados os períodos anteriores de gestão ocorridos há menos de 2 nistradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e es-
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tatutários; função.
II- opinar sobre o relatório anual da administração e as de-
monstrações financeiras do exercício social; SEÇÃO III
III- manifestar-se sobre as propostas dos órgãos da administra- REUNIÃO
ção, a serem submetidas à Assembleia Geral, relativas à modifica-
ção do capital social e bônus de subscrição, planos de investimentos Art. 68. O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente pelo
ou orçamentos de capital, transformação, incorporação, fusão ou menos uma vez por ano e, extraordinariamente, sempre que convo-
cisão; cado pelo Presidente da Ebserh, por sua iniciativa ou por solicitação
IV- denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de do Conselho de Administração.
administração e, se estes não adotarem as providências necessárias
para a proteção dos interesses da empresa, à Assembleia Geral, os SEÇÃO IV
erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências; COMPETÊNCIAS
V - convocar a Assembleia Geral Ordinária, se os órgãos da ad-
ministração retardarem por mais de um mês essa convocação, e a Art. 69. Compete ao Conselho Consultivo emitir pareceres opi-
Extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes; nativos, anualmente ou quando solicitado pelo Conselho de Admi-
VI- analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais nistração ou Diretoria Executiva, sobre as linhas gerais das políticas,
demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela empre- diretrizes e estratégias da Ebserh.
sa;
VII- fornecer, sempre que solicitadas, informações sobre maté- CAPÍTULO XI
ria de sua competência à União; COMITÊ DE AUDITORIA
VIII- exercer essas atribuições durante a eventual liquidação da
empresa; SEÇÃO I
IX - examinar o RAINT e PAINT; CARACTERIZAÇÃO
X- assistir às reuniões do Conselho de Administração ou da Di-
retoria Executiva em que se deliberar sobre assuntos que ensejam Art. 70. O Comitê de Auditoria é o órgão de assessoramento
parecer do Conselho Fiscal; ao Conselho de Administração, auxiliando este, entre outros, no
XI- aprovar seu Regimento Interno e seu plano de trabalho anu- monitoramento da qualidade das demonstrações financeiras, dos
al; controles internos, da conformidade, do gerenciamento de riscos e
XII- realizar a autoavaliação anual de seu desempenho, indivi- das auditorias interna e independente.
dual e coletiva; Parágrafo único. O Comitê de Auditoria terá autonomia ope-
XIII- acompanhar a execução patrimonial, financeira e orça- racional e dotação orçamentária, anual ou por projeto, dentro de
mentária, podendo examinar livros, quaisquer outros documentos limites aprovados pelo Conselho de Administração, para conduzir
e requisitar informações; e ou determinar a realização de consultas, avaliações e investigações
XIV- fiscalizar o cumprimento do limite de participação da em- dentro do escopo de suas atividades, inclusive com a contratação e
presa no custeio dos benefícios de assistência à saúde e de previ- utilização de especialistas externos independentes.
dência complementar.
SEÇÃO II
CAPÍTULO X COMPOSIÇÃO
CONSELHO CONSULTIVO
Art. 71. O Comitê de Auditoria, eleito e destituído pelo Conse-
SEÇÃO I lho de Administração, será integrado por 03 (três) membros.
CARACTERIZAÇÃO §1º É vedada a existência de membro suplente no Comitê de
Auditoria.
Art. 66. Conselho Consultivo é órgão permanente da Ebserh §2º Os membros do Comitê de Auditoria devem ser escolhidos,
que tem as finalidades de consulta, controle social e apoio à Direto- preferencialmente, entre pessoas residentes na cidade onde se si-
ria Executiva e ao Conselho de Administração. tua a Administração Central da Ebserh.
§3º Os membros do Comitê de Auditoria, em sua primeira reu-
SEÇÃO II nião, elegerão o seu Presidente, que deverá ser membro indepen-
COMPOSIÇÃO dente do Conselho de Administração, a quem caberá dar cumpri-
mento às deliberações do órgão, com registro no livro de atas.
Art. 67. O Conselho Consultivo é composto pelos seguintes Art. 72. São condições mínimas para integrar o Comitê de Au-
membros: ditoria as estabelecidas no Art. 25 da Lei nº 13.303, de 2016 e no
I - o Presidente da Ebserh, que o preside; Art. 39 do Decreto nº 8.945, de 2016, além das demais normas apli-
II - todos os ex-presidentes efetivos da Ebserh, desde que não cáveis.
estejam no exercício de função gratificada ou cargo em comissão §1º Os membros do Comitê de Auditoria Estatutário devem ter
na Empresa. experiência profissional ou formação acadêmica compatível com o
Parágrafo único. A atuação de membros do Conselho Consul- cargo, preferencialmente na área de contabilidade, auditoria ou no
tivo é considerada atividade de relevante interesse público, de ca- setor de atuação da Ebserh, sendo que pelo menos 1 (um) mem-
ráter voluntário e não remunerada, assegurado o reembolso das bro deve ter reconhecida experiência profissional em assuntos de
despesas de locomoção e estada necessárias ao desempenho da contabilidade societária e ao menos 1 (um) deve ser conselheiro
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independente da Ebserh. avaliando sua independência, a qualidade dos serviços prestados e


§2º O Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remune- a adequação de tais serviços às necessidades da Ebserh;
ração deverá opinar sobre a observância dos requisitos e vedações III- supervisionar as atividades desenvolvidas nas áreas de con-
para os membros do Comitê de Auditoria. trole interno, de auditoria interna e de elaboração das demonstra-
§3º O atendimento às previsões deste artigo deve ser compro- ções financeiras da Ebserh;
vado por meio de documentação mantida na Administração Central IV- monitorar a qualidade e a integridade dos mecanismos de
da Ebserh pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos, contado do último controle interno, das demonstrações financeiras e das informações
dia de mandato do membro do Comitê de Auditoria. e medições divulgadas pela Ebserh;
Art. 73. O Conselho de Administração poderá convidar mem- V- avaliar e monitorar exposições de risco da Ebserh, poden-
bros do Comitê de Auditoria para assistir suas reuniões, sem direito do requerer, entre outras, informações detalhadas sobre políticas e
a voto. procedimentos referentes a:
a)remuneração da administração;
SEÇÃO III b)utilização de ativos da Ebserh; e
MANDATO c)gastos incorridos em nome da Ebserh.
VI- avaliar e monitorar, em conjunto com a administração da
Art. 74. O mandato dos membros do Comitê de Auditoria será Ebserh e a área de auditoria interna, a adequação e o fiel cumpri-
de 3 (três) anos, não coincidente para cada membro, permitida uma mento das transações com partes relacionadas aos critérios esta-
única reeleição. belecidos na Política de Transações com Partes Relacionadas e sua
Parágrafo único. Para assegurar a não coincidência, os manda- divulgação;
tos dos primeiros membros do Comitê de Auditoria serão de um, VII- elaborar relatório anual com informações sobre as ativida-
dois e três anos, a ser estabelecido quando de sua eleição. des, os resultados, as conclusões e suas recomendações, registran-
Art. 75. Os membros do Comitê de Auditoria poderão ser des- do, se houver, as divergências significativas entre administração,
tituídos pelo voto justificado da maioria absoluta do Conselho de auditoria independente e o próprio Comitê de Auditoria em relação
Administração. às demonstrações financeiras.
Art. 81. Ao menos um dos membros do Comitê de Auditoria
SEÇÃO IV deverá participar das reuniões do Conselho de Administração que
VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO EVENTUAL tratem das demonstrações contábeis periódicas, da contratação do
auditor independente e do PAINT.
Art. 76. No caso de vacância de membro do Comitê de Audi- Art. 82. O Comitê de Auditoria deverá possuir meios para rece-
toria, o Conselho de Administração elegerá o novo membro para ber denúncias, inclusive sigilosas, internas e externas à Ebserh, em
completar o mandato do membro anterior. matérias relacionadas ao escopo de suas atividades.
Art. 77. O cargo de membro do Comitê de Auditoria é pessoal e
não admite substituto temporário. CAPÍTULO XII
Parágrafo único. No caso de ausências ou impedimentos even- COMITÊ DE PESSOAS, ELEGIBILIDADE, SUCESSÃO E REMUNE-
tuais de qualquer membro do comitê, este deliberará com os rema- RAÇÃO
nescentes.
SEÇÃO I
SEÇÃO V CARACTERIZAÇÃO
REUNIÃO
Art. 83. A Ebserh disporá de Comitê de Pessoas, Elegibilidade,
Art. 78. O Comitê de Auditoria deverá realizar pelo menos 2 Sucessão e Remuneração que visará assessorar a União e o Con-
(duas) reuniões mensais, de modo que as informações contábeis selho de Administração nos processos de indicação, de avaliação,
sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação. de sucessão e de remuneração dos administradores, conselheiros
Art. 79. A Ebserh deverá divulgar as atas de reuniões do Comitê fiscais e demais membros de órgãos estatutários.
de Auditoria em sítio eletrônico próprio.
§1º Na hipótese de o Conselho de Administração considerar SEÇÃO II
que a divulgação da ata possa pôr em risco interesse legítimo da COMPOSIÇÃO
Ebserh, apenas o seu extrato será divulgado.
§2º A restrição de que trata o §1º não será oponível aos órgãos Art. 84 O Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remu-
de controle, que terão total e irrestrito acesso ao conteúdo das atas neração será constituído por 3 (três) membros integrantes do Con-
do Comitê de Auditoria, observada a transferência de sigilo. selho de Administração ou do Comitê de Auditoria, sem remunera-
ção adicional, observando-se os artigos 153 à 156 da Lei nº 6.404,
SEÇÃO VI de 1976.
COMPETÊNCIAS §1º Caso o Comitê seja constituído apenas por integrantes do
Conselho de Administração, a maioria deverá ser de conselheiros
Art. 80. Compete ao Comitê de Auditoria, sem prejuízo de ou- independentes.
tras competências previstas na legislação: §2º A remuneração dos membros do Comitê de Pessoas, Elegi-
I- opinar sobre a contratação e destituição de auditor indepen- bilidade, Sucessão e Remuneração será fixada em Assembleia Geral
dente; em montante não superior à remuneração dos Conselheiros Fiscais.
II- supervisionar as atividades dos auditores independentes, §3º Os integrantes do Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Suces-
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são e Remuneração deverão possuir a qualificação e a experiência CAPÍTULO XIII


necessárias para o exercício de suas atividades. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

SEÇÃO III SEÇÃO I


COMPETÊNCIAS EXERCÍCIO SOCIAL

Art. 85. Compete ao Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Suces- Art. 86. O exercício social coincidirá com o ano civil e obedece-
são e Remuneração: rá, quanto às demonstrações financeiras, aos preceitos deste Esta-
I- opinar, de modo a auxiliar os acionistas na indicação de mem- tuto e da legislação pertinente.
bros do Conselho de Administração e conselheiros fiscais, sobre o Art. 87. A Ebserh deverá elaborar demonstrações financeiras
preenchimento dos requisitos e a ausência de vedações para as res- trimestrais e divulga-las em sítio eletrônico, observando as regras
pectivas eleições; de escrituração e elaboração de demonstrações financeiras conti-
II- opinar, de modo a auxiliar os membros do Conselho de Ad- das na Lei nº 6.404, de 1976, e nas normas da Comissão de Valores
ministração na indicação de diretores e membros do Comitê de Au- Mobiliários, inclusive quanto à obrigatoriedade de auditoria inde-
ditoria; pendente por auditor registrado naquela autarquia.
III- verificar a conformidade do processo de avaliação e dos Art. 88. Ao fim de cada exercício social, a Diretoria Executiva
treinamentos dos administradores e conselheiros fiscais; fará elaborar, com base na legislação vigente e na escrituração con-
IV- auxiliar o Conselho de Administração na elaboração e no tábil, as demonstrações financeiras aplicáveis às empresas de capi-
acompanhamento do plano de sucessão de administradores; tal aberto, discriminando com clareza a situação do patrimônio da
V- auxiliar o Conselho de Administração na avaliação das pro- Ebserh e as mutações ocorridas no exercício.
postas relativas à política de pessoal e no seu acompanhamento; e Parágrafo único. Outras demonstrações financeiras intermedi-
VI- auxiliar o Conselho de Administração na elaboração da pro- árias serão preparadas, caso necessárias ou exigidas por legislação
posta de remuneração dos administradores para submissão à As- específica.
sembleia Geral.
§1º O Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remune- SEÇÃO II
ração se reunirá sempre que necessitar deliberar assunto de sua DESTINAÇÃO DO LUCRO
competência, convocado pelo Presidente do Comitê e terá o seu
funcionamento e atribuições regulados em regimento interno apro- Art. 89. O lucro líquido da Ebserh será reinvestido para atendi-
vado pelo Conselho de Administração. mento do objeto social da empresa, excetuadas as parcelas decor-
§2º Nas hipóteses dos incisos I e II deste artigo, o comitê deverá rentes da reserva legal e da reserva para contingência, conforme
se manifestar no prazo máximo de 8 (oito) dias úteis, a partir do disposto no Art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 12.550, de 2011.
recebimento de formulário padronizado da entidade da Adminis-
tração Pública responsável pelas indicações, sob pena de aprovação CAPÍTULO XIV
tácita e responsabilização de seus membros, caso se comprove o UNIDADES INTERNAS DE GOVERNANÇA
descumprimento de algum requisito.
§3º As manifestações do Comitê, que serão deliberadas por SEÇÃO I
maioria de votos com registro em ata, deverão ser lavradas na for- DESCRIÇÃO
ma de sumário dos fatos ocorridos, inclusive dissidências e protes-
tos, e conter a transcrição apenas das deliberações tomadas. Art. 90. A Ebserh terá Auditoria Interna, Área de Conformidade,
§4º A manifestação do Comitê referente à indicação de mem- Controle Interno e Gerenciamento de Riscos e Ouvidoria-Geral.
bro aos Conselhos de Administração e Fiscal será submetida a apre- Parágrafo único. O Conselho de Administração estabelecerá
ciação do Conselho de Administração, que o encaminhará para de- Política de Seleção para os titulares dessas unidades, com asses-
liberação da Assembleia Geral. soramento do Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remu-
§5º O mesmo procedimento descrito no §4º deste artigo deve- neração.
rá ser observado na indicação de membros da Diretoria Executiva
e do Comitê de Auditoria, para deliberação do Conselho de Admi- SEÇÃO II
nistração. AUDITORIA INTERNA
§6º As atas das reuniões do Conselho de Administração que
deliberarem sobre os assuntos mencionados nos parágrafos ante- Art. 91. A Auditoria Interna deverá ser vinculada ao Conselho
riores deverão ser divulgadas. de Administração, diretamente ou por meio do Comitê de Audito-
§7º Na hipótese de o Comitê de Elegibilidade, Pessoas e Suces- ria.
são considerar que a divulgação da ata possa pôr em risco interesse Art. 92. À Auditoria Interna compete:
legítimo da Ebserh, apenas o seu extrato será divulgado. I- executar as atividades de auditoria de natureza contábil, fi-
§8º A restrição de que trata o §7º deste artigo não será opo- nanceira, orçamentária, administrativa, patrimonial e operacional
nível aos órgãos de controle, que terão total e irrestrito acesso ao da empresa;
conteúdo das atas do Comitê de Elegibilidade, Pessoas e Sucessão, II- propor as medidas preventivas e corretivas dos desvios de-
observada a transferência de sigilo. tectados;
III- verificar o cumprimento e a implementação pela empresa
das recomendações ou determinações da Controladoria-Geral da
União - CGU, do Tribunal de Contas da União – TCU e do Conselho
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Fiscal; SEÇÃO IV
IV- avaliar a adequação do controle interno, a efetividade do OUVIDORIA-GERAL
gerenciamento dos riscos e dos processos de governança e a con-
fiabilidade do processo de coleta, mensuração, classificação, acu- Art. 97. A Ouvidoria-Geral se vincula ao Conselho de Adminis-
mulação, registro e divulgação de eventos e transações, visando ao tração, ao qual deverá se reportar diretamente.
preparo de demonstrações financeiras; e Parágrafo único. As ouvidorias locais dos hospitais universitá-
V- outras atividades correlatas definidas pelo Conselho de Ad- rios da Rede Ebserh ficarão sujeitas à orientação normativa e à su-
ministração. pervisão técnica da Ouvidoria-Geral e terão suporte administrativo
Art. 93. Serão enviados relatórios trimestrais ao Comitê de das respectivas Superintendências, que proverão os meios e as con-
Auditoria sobre as atividades desenvolvidas pela área de Auditoria dições necessárias à execução das suas competências.
Interna. Art. 98. À Ouvidoria-Geral compete:
I - estabelecer diretrizes e procedimentos para a sistematização
SEÇÃO III e padronização das ações das ouvidorias no âmbito dos hospitais
ÁREA DE CONTROLE INTERNO, CONFORMIDADE E GERENCIA- universitários federais da Rede Ebserh;
MENTO DE RISCOS II - receber, analisar e responder as sugestões, reclamações,
elogios, solicitações e denúncias de cidadão;
Art. 94. À área de Controle Interno, Conformidade e Gerencia- III- propor metodologia e coordenar a realização de pesquisa
mento de Riscos, diretamente vinculada e conduzida pelo Presiden- de satisfação de usuário e da pesquisa de satisfação do residente
te da Ebserh, podendo ser conduzida por ele próprio ou por outro no âmbito da Rede Ebserh;
Diretor estatutário será assegurada a atuação independente. IV- promover a transparência passiva e ativa, nos termos da le-
Art. 95. A área de Controle Interno, Conformidade e Gerencia- gislação vigente;
mento de Riscos deverá se reportar diretamente ao Conselho de V- elaborar, anualmente, relatório de atividades, que deverá
Administração, em situações em que se suspeite do envolvimento consolidar as informações mencionadas no inciso II deste artigo, e,
do Presidente em irregularidades ou quando este se furtar à obri- com base nelas, apontar falhas e sugerir melhorias na prestação de
gação de adotar medidas necessárias em relação à situação a ele serviços públicos prestados pela Ebserh.
relatada. VI- outras atividades correlatas definidas pelo Conselho de Ad-
Art. 96. À área de Controle Interno, Conformidade e Gerencia- ministração.
mento de Riscos compete: Art. 99. A Ouvidoria-Geral deverá dar encaminhamento aos
I- propor políticas de Controle Interno, Conformidade e Geren- procedimentos necessários para a solução dos problemas suscita-
ciamento de Riscos para a empresa, as quais deverão ser periodi- dos e fornecer meios suficientes para os interessados acompanha-
camente revisadas e aprovadas pelo Conselho de Administração, e rem as providências adotadas.
comunicá-las a todo o corpo funcional da organização; Parágrafo único. As atribuições das ouvidorias locais dos hos-
II- verificar a aderência da estrutura organizacional e dos pro- pitais universitários federais da Rede Ebserh serão detalhadas no
cessos, produtos e serviços da empresa às leis, normativos, políticas Regimento Interno da Rede de Ouvidoria da Ebserh.
e diretrizes internas e demais regulamentos aplicáveis;
III- comunicar à Diretoria Executiva, aos Conselhos de Adminis- CAPÍTULO XV
tração e Fiscal e ao Comitê de Auditoria a ocorrência de ato ou con- PESSOAL
duta em desacordo com as normas aplicáveis à empresa;
IV- verificar a aplicação adequada do princípio da segregação Art. 100. A estrutura organizacional da Ebserh e a respectiva
de funções, de forma que seja evitada a ocorrência de conflitos de distribuição de competências serão estabelecidas no Regimento
interesse e fraudes; Interno da Ebserh, aprovado pelo Conselho de Administração, me-
V- verificar o cumprimento do Código de Conduta e Integri- diante proposta da Diretoria Executiva.
dade, conforme art. 18 do Decreto nº 8.945, de 2016, bem como Art. 101. Os empregados estarão sujeitos ao regime jurídico da
promover treinamentos periódicos aos empregados e dirigentes da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, à legislação complementar
empresa sobre o tema; e aos regulamentos internos da Ebserh.
VI- coordenar os processos de identificação, classificação e ava- §1° A admissão de empregados será realizada mediante prévia
liação dos riscos a que está sujeita a empresa; aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos.
VII- coordenar a elaboração e monitorar os planos de ação §2° Os requisitos para o provimento de cargos, exercício de
para mitigação dos riscos identificados, verificando continuamen- funções e respectivos salários, serão fixados em Plano de Cargos e
te a adequação e a eficácia da gestão de riscos; VIII - estabelecer Salários e Plano de Funções.
planos de contingência para os principais processos de trabalho da §3° Os cargos em comissão de livre nomeação e exoneração,
organização; aprovados pelo Conselho de Administração nos termos do inciso
IX- elaborar relatórios quadrimestrais de suas atividades, sub- XXXVIII do art. 44 deste Estatuto Social, serão submetidos, nos ter-
metendo-os à Diretoria Executiva, aos Conselhos de Administração mos da lei, à aprovação da Secretaria de Coordenação e Governan-
e Fiscal e ao Comitê de Auditoria; ça das Empresas Estatais - Sest, que fixará, também, o limite de seu
X- disseminar a importância do Controle Interno, Conformida- quantitativo.
de e do Gerenciamento de Riscos, bem como a responsabilidade §4º O empregado público efetivo da Ebserh que for eleito para
de cada área da empresa nestes aspectos; e XI - outras atividades ocupar cargo na Diretoria Executiva da Ebserh, terá o respectivo
correlatas definidas pela Presidência da Ebserh. contrato de trabalho suspenso, restando afastada, durante o perí-
odo de gestão, a subordinação jurídica inerente à relação de em-
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prego. instrumentos legais superiores:


Art. 102. Integram o quadro de pessoal da Ebserh:
I- os empregados públicos efetivos, admitidos sob o regime ce- 2.1 EMPREGADO
letista, mediante prévia aprovação em concurso público de provas Toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventu-
ou de provas e títulos; al à EBSERH, sob a dependência desta, mediante salário.
II- os ocupantes de cargo em comissão sem vínculo efetivo com
a Administração Pública; 2.2 QUADRO DE PESSOAL
III- os servidores, civis e militares, e empregados públicos a ela Conjunto de cargos, cargos em comissão e funções gratificadas
cedidos. necessárias à realização das finalidades da EBSERH.
Parágrafo único. Os empregados temporários, contratados na
forma do art. 11, 2.3 CARGO
§§1º e 2º, e do art. 12 da Lei nº 12.550, de 2011, não farão par- Composição de funções ou atividades e de atribuições de na-
te do quadro de pessoal próprio da Ebserh e não poderão integrar o tureza e requisitos semelhantes e que tem responsabilidades espe-
Plano de Cargos, Carreiras e Salários da empresa. cíficas a serem praticadas pelo empregado integrante do Plano de
Art. 103. As formas e requisitos para ingresso na Ebserh, a po- Cargos, Carreiras e Salários - PCCS.
lítica de desenvolvimento na carreira, as políticas de remuneração,
os benefícios e as demais relações funcionais e trabalhistas serão 2.4 CARGO EM COMISSÃO E FUNÇÃO GRATIFICADA
disciplinados pelos Regulamento de Pessoal; Plano de Cargos, Car- Conjunto de atividades específicas que se diferenciam das
reiras e Salários; Plano de Cargos em Comissão e Funções Gratifica- atribuições inerentes aos cargos, quanto à natureza e ao nível de
das e Plano de Benefícios da Ebserh. responsabilidade e complexidade, para ocupação em caráter tran-
sitório, na forma que se dispuser o Plano de Cargos em Comissão e
CAPÍTULO XVI Funções Gratificadas - PCCFG.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
2.5 CEDIDO
Art. 104. É incompatível com a participação nos órgãos de ad- Todo servidor pertencente à Administração Pública Federal,
ministração da Ebserh a candidatura a mandato público eletivo, de- suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de eco-
vendo o interessado requerer seu afastamento, sob pena de perda nomia mista, órgãos e entidades dos Poderes da União, Estados,
do cargo, a partir do momento em que tornar pública sua pretensão Distrito Federal e dos Municípios, que mediante processo de cessão
à candidatura. passe a exercer funções na EBSERH.
Parágrafo único. Durante o período de afastamento referido no
caput não serádevida qualquer remuneração ao membro do órgão 2.6 EMPREGADO CEDIDO
de administração, o qual perderá o cargo a partir da data do registro O empregado da EBSERH que, por interesse da Empresa for
da candidatura. cedido à Administração Pública direta, suas autarquias, fundações,
Art. 105. Os membros do Conselho de Administração, da Dire- empresas públicas, sociedades de economia mista, mediante pro-
toria Executiva, do Conselho Fiscal e os ocupantes de cargos comis- cesso de cessão.
sionados ou funções gratificadas prestarão declaração de bens ao
assumirem suas funções e ao deixarem o cargo, renovada anual- 2.7 CONTRATADO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMIS-
mente durante o prazo de gestão ou atuação. SÃO
Art. 106. O Regimento Interno da Ebserh e os regimentos pre- A pessoa física contratada a termo e demissível ad nutum para,
vistos no art. 44, inciso XXVI, deverão ser elaborados ou revisados exclusivamente, exercer cargo em comissão.
pelas áreas respectivas e submetidos à aprovação do Conselho de
Administração em até 180 dias após a publicação deste Estatuto. 2.8 TRANSFERÊNCIA
Art. 107. Os casos omissos surgidos no cumprimento deste Es- A movimentação do empregado por necessidade do serviço,
tatuto serão resolvidos pelo Conselho de Administração. e no interesse das partes, da sede para filiais ou outras unidades
Art. 108. O presente Estatuto Social entra em vigor na data da descentralizadas e vice-versa, desde que haja mudança obrigatória
sua aprovação pela Assembleia Geral. de domicílio, respeitando-se o quantitativo do quadro de pessoal.

2.9 REMOÇÃO
REGULAMENTO DE PESSOAL DA EBSERH A movimentação do empregado, no âmbito da sede para filiais
ou unidades descentralizadas e vice-versa, que não caracterize ne-
cessidade de mudança de domicílio, não gere despesas a EBSERH e
1.FINALIDADE respeite o limite do quadro de pessoal.
1.1Disciplinar em âmbito geral os direitos, deveres, obrigações
e penalidades aplicáveis aos integrantes do quadro de pessoal da 2.10 AFASTAMENTOS
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, suas filiais e Ausências temporárias justificadas do empregado.
demais unidades descentralizadas.
2.11 ESTÁGIO
2.DEFINIÇÕES CONCEITUAIS É o ato educativo escolar supervisionado desenvolvido no am-
Para fins deste Regulamento considera-se as seguintes defini- biente de trabalho, que visa a preparação para trabalho produtivo
ções conceituais, além de outras que possam vir a ser definidas em de educandos que estejam frequentando o ensino regular em ins-
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tituições: - de educação superior; - de educação profissional; - de II– cargos em comissão, de livre provimento, assim denomina-
ensino médio; - da educação especial e - dos anos finais do ensino dos:
fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e a)para a sede: Coordenador, Assessor, Auditor Geral; Ouvidor
adultos. (Artigo 1º da Lei 11.788 de 25/09/2008). e Chefe
de Gabinete.
2.12 ESTÁGIO REMUNERADO b)Para as unidades hospitalares – Filiais: Superintendente, Ge-
Compreende o estágio não obrigatório, aquele desenvolvido rente, Ouvidor e Auditor Chefe.
como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obriga- III– funções gratificadas:
tória (art. 2º, §2º, da Lei 11.788/2008). a)para a sede: Auditor Adjunto; Supervisor Regional; Secretário
Geral
REGULAMENTO DE PESSOAL Chefe de Serviço; e
b)para unidades hospitalares: Chefe de Divisão, Chefe de Setor
CAPÍTULO I e Chefe de Unidade.
DO QUADRO DE PESSOAL §2º O cargo em comissão e a função gratificada, demissíveis
ad nutum, serão providos por ato do Presidente da Empresa ou seu
Art. 1º Para a sede, filiais ou outras unidades descentralizadas substituto legal, por meio de portaria publicada no boletim de ser-
administradas pela EBSERH haverá um Quadro de Pessoal definido viço disponível no sítio eletrônico da EBSERH.
pela Diretoria de Gestão de Pessoas, ouvidas as demais áreas, apro- §3º As funções gratificadas serão exercidas, exclusivamen-
vado pela Diretoria Executiva, pelo Conselho de Administração da te, por empregados admitidos na forma do artigo 10 da Lei nº
EBSERH, e autorizado pela Secretaria de Coordenação e Governan- 12.550/2011, ou por cedidos.
ça das Empresas Estatais, do Ministério da Economia - SEST / ME. §4º O cargo em comissão e a função gratificada possuem ta-
Parágrafo único. A alteração do Quadro de Pessoal poderá bela salarial específica descrita no Plano de Cargos em Comissão
ocorrer mediante a reavaliação dos objetivos, das metas e dos pro- e Funções Gratificadas, observada a competência da Secretaria de
cessos da Sede, filiais e outras unidades descentralizadas que justi- Coordenação e Governança das Empresas Estatais, do Ministério da
fiquem a alteração pretendida. Economia - SEST / ME, sobre a matéria.
Art. 6º O cargo em comissão e a função gratificada exigem, para
CAPÍTULO II o seu exercício, comprovada qualificação profissional, adequada
DO PLANO DE CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS - PCCS para a área de atuação.
Art. 7º Ao ocupante de Cargo em Comissão ou Função Gratifi-
Art. 2º Serão definidos no PCCS: a composição da estrutura de cada não é permitido conceder:
cargos e carreiras, os critérios de admissão, os requisitos mínimos I.licença para trato de interesse particular;
para ocupação dos cargos e carreiras, as atribuições dos cargos, o II.cessão por outro órgão; e
sistema de remuneração, a estrutura salarial e a política de progres- III.outros afastamentos que gerem suspensão do contrato de
são funcional dos empregados da EBSERH. trabalho.
Parágrafo único. O PCCS deverá ser periodicamente reavaliado
e atualizado, sempre que necessário, observada a competência da CAPÍTULO IV
Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, do DO PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO
Ministério da Economia - SEST / ME, sobre a matéria.
Art. 8º O recrutamento e a seleção de profissionais, nos termos
CAPÍTULO III dos artigos 10, 11 e 12, da Lei nº 12.550/2011, se dará por concurso
DOS CARGOS, CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES GRATIFI- público ou processo seletivo simplificado, amplamente divulgado
CADAS na imprensa escrita e falada.
§1º A divulgação do concurso público ou do processo seletivo
Art. 3º Os cargos serão providos por concurso público, em cum- simplificado dar-se-á por meio de edital que especifique todos os
primento ao art. 10 da Lei nº 12.550/2011, na forma como se dis- procedimentos do certame.
puser o Plano de Cargos, Carreiras e Salários – PCCS, ou legislação §2º O concurso público de que trata o art. 10 da Lei nº
superior superveniente. 12.550/2011, será composto por provas ou provas e títulos.
Parágrafo único. Os cargos ocupados na forma dos artigos 11 e §3º O processo seletivo simplificado de que trata os art. 11 e
12 da Lei nº 12.550/2011, não integram o PCCS, tendo como refe- 12 da Lei nº 12.550/2011, será composto por provas ou provas e
rência remuneratória o primeiro nível salarial da respectiva carreira. títulos ou títulos.
Art. 4º Os cargos em comissão e as funções gratificadas para as §4º O processo de recrutamento e seleção para os ocupantes
estruturas da sede e das filiais têm a sua classificação, descrição e de Cargo em Comissão ou Função Gratificada será realizado por
atribuições apresentadas no Plano de Cargos em Comissão e Fun- meio de avalição de títulos e comprovação de experiência na área
ções Gratificadas – PCCFG. de atuação.
Art. 5º Os cargos em comissão e as funções gratificadas consti- §5º O concurso público destina-se ao provimento de cargos
tuem cargos de confiança e caracterizam-se por atividades de dire- efetivos vagos e dos que forem criados para a sede e unidades hos-
ção, assessoramento ou chefia. pitalares administradas pela EBSERH.
§1º Constituem-se cargos de confiança da EBSERH: §6º O processo seletivo simplificado se destina ao provimento
I– cargos estatutários: presidente e diretor, conforme descritos de vagas com contratos temporários, respeitado o quantitativo de
no Estatuto Social da Empresa. cargos previstos para a sede e unidades hospitalares administradas
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pela EBSERH. CAPÍTULO VI


§7º As vagas serão preenchidas em ordem rigorosa de classifi- DA REMUNERAÇÃO
cação, de acordo com a necessidade e a conveniência da EBSERH.
Art. 17 A Remuneração do empregado da EBSERH compreende:
CAPÍTULO V I)salário base fixado na Estrutura Salarial constante do Plano de
DA ADMISSÃO E CONTRATAÇÃO Cargos, Carreiras e Salários;
II)salário fixado do cargo em comissão e função gratificada, se
Art. 9º A vaga será provida por candidato aprovado em concur- for o caso, constante do Plano de Cargos em Comissão e Funções
so público ou processo seletivo simplificado. gratificadas;
§1º A admissão e contratação dos empregados dependerá de III)benefícios remuneratórios constantes do Plano de Benefí-
prévia inspeção médica e de atendimento aos pré-requisitos descri- cios;
tos no respectivo edital. IV)outras parcelas remuneratórias decorrentes da legislação
§2º A relação de emprego será estabelecida por meio de con- aplicável, de Acordo Coletivo de Trabalho ou de autorização da Di-
trato individual de trabalho em cumprimento ao artigo 442 da CLT. retoria Executiva, aprovada pelo Conselho de Administração, obser-
Art. 10 A Admissão de empregado ocorrerá na classe e nível vada a competência da Secretaria de Coordenação e Governança
salarial estabelecido para o cargo efetivo, e divulgado no edital que das Empresas Estatais, do Ministério da Economia - SEST / ME sobre
regula o certame de recrutamento e seleção, observados os requi- a matéria.
sitos estabelecidos para o provimento do cargo. §1º Salário Base é o valor percebido pelo empregado fixado no
Art. 11 A Admissão de empregado em cargo efetivo se dará, Plano de Cargos, Carreiras e Salários, sem vantagens pessoais ou
inicialmente, por período não superior a 90 (noventa) dias, consi- transitórias.
derado como prazo de experiência, sendo o contrato de trabalho §2º Remuneração é o valor total percebido pelo empregado,
automaticamente prorrogado por prazo indeterminado após o pe- resultante da soma de salário base, gratificações e outras vantagens
ríodo de experiência, desde que haja interesse na sua prorrogação remuneratórias permanentes e/ou transitórias.
por parte da Empresa e do empregado e avaliação de desempenho Art.18 A remuneração dos profissionais cedidos à EBSERH para
satisfatória. o exercício de cargo em comissão ou função gratificada terá como
Art.12 A contratação de profissional qualificado para o exercí- base a Tabela de Salários dos respectivos cargos, observados os ter-
cio exclusivo de cargo em comissão, de livre nomeação e exonera- mos do instrumento de cessão, obedecida a legislação aplicável em
ção se dará por meio de portaria. vigor, em especial o Decreto nº 9.144/2017 e atualizações, o art.
Parágrafo único. Entende-se como profissional qualificado 7º da Lei nº 12.550/2011, bem como as normas internas vigentes.
aquele que possua a habilitação que o cargo em comissão requeira Parágrafo único. O profissional cedido à EBSERH para ocupar
e atenda aos requisitos estabelecidos no Plano de Cargos em Co- cargo em comissão terá que optar: EBSERH;
missão e Funções Gratificadas – PCCFG, ou norma específica. a) pela remuneração do cargo em comissão ou função gratifi-
Art.13 O contrato temporário respeitará o prazo fixado no edi- cada da EBSERH;
tal do processo, conforme previsto no art. 11 da Lei nº 12.550/2011. b) pela remuneração do órgão de origem acrescida de 60 %
Art. 14 Poderá ocorrer a contratação na forma do art. 12 da (sessenta por cento) do cargo em comissão ou função gratificada
Lei nº 12.550/2011, com base nas alíneas “a” e “b” do §2º do art. da EBSERH.
443 da Consolidação das Leis do Trabalho, para suprir empregada Art. 19 Nas viagens a serviço da EBSERH, no país ou no exterior,
em licença maternidade ou nos afastamentos, não remunerados, de interesse da Empresa, haverá a concessão de passagens e diárias
superiores a 30 (trinta) dias. de viagem, correspondentes ao cargo efetivo, ao cargo em comis-
Art. 15 Para a realização de serviços técnicos especializados, são ou à função gratificada ocupada.
na forma de norma específica, poderá ser contratado, excepcional- Art.20 A periodicidade do pagamento de salários será mensal.
mente, na estrita necessidade desses serviços, a juízo da Diretoria Art. 21 (REVOGADO)
Executiva, pessoal técnico de alta qualificação, por prazo certo e
nunca superior ao previsto em lei, para os contratos de trabalho CAPÍTULO VII
por prazo determinado, desde que não possua a EBSERH, em seu DOS BENEFÍCIOS
Quadro de Pessoal, cargos efetivos, funções ou cargos em comissão
necessários para a sua execução, e nem utilize, para tanto, a contra- Art.22 Benefício é a vantagem “in natura” ou pecuniária, paga
tação indireta. diretamente ou indiretamente ao empregado, quando obedecidos
Art. 16 Será regulado em norma específica o Estágio remune- os critérios estabelecidos para sua concessão no Plano de Benefí-
rado, que deverá ser formalizado por contrato, tendo como forma cios aprovado para a EBSERH.
de ingresso, o recrutamento, via processo seletivo, de acordo com
Orientação nº 22 da ata da Coordenadoria Nacional de Combate CAPÍTULO VIII
às Irregularidades Trabalhistas na Administração Pública - Conap e DA PROGRESSÃO FUNCIONAL
Portaria nº 567/2008 do Ministério Público da União.
Art.23 O desenvolvimento do empregado da EBSERH na carrei-
ra ocorrerá mediante progressões horizontal e vertical regulamen-
tadas no Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com base em crité-
rios específicos, incluída a avaliação de desempenho.
Parágrafo único. A progressão não acarreta mudança de cargo.
Art.24 Caberá à EBSERH, no âmbito de sua competência, insti-
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tuir programa permanente de capacitação destinado à formação, CAPÍTULO XI


qualificação e aperfeiçoamento profissional, visando à preparação DAS FÉRIAS
dos empregados para desempenharem atribuições de maior com-
plexidade e responsabilidade, para atendimento às finalidades da Art. 33 Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do
Empresa. contrato de trabalho o empregado adquirirá direito a férias, de
acordo com as disposições trabalhistas e regulamentares vigentes.
CAPÍTULO IX §1º As férias serão gozadas, obrigatoriamente, no decorrer dos
DA JORNADA DE TRABALHO 12 (doze) meses subsequentes à data de aquisição do direito, com a
anuência da Chefia Imediata.
Art. 25 A duração normal da jornada de trabalho do emprega- §2º Entre dois períodos de gozo de férias deverá haver um pe-
do da EBSERH é de 8 (oito) horas diárias, observado o máximo de 40 ríodo mínimo de 30 (trinta) dias de trabalho.
(quarenta) horas semanais e respeitadas as exceções estabelecidas §3º (REVOGADO)
em lei. §4º As férias dos cedidos observarão as regras do regime de
Art.26 O empregado da EBSERH com exercício nas filiais e ou- origem.
tras unidades descentralizadas, terá jornadas de trabalho de 4 (qua-
tro), 6 (seis) ou 8 (oito) horas diárias, observado o máximo de 40 CAPÍTULO XII
(quarenta) horas semanais e respeitadas as exceções estabelecidas DAS LICENÇAS E AFASTAMENTOS
em lei.
§1º. Em todas as situações que exigirem funcionamento contí- Art.34 Licença é o afastamento de empregado do serviço ativo
nuo do serviço nas 24 (vinte e quatro) horas para garantir o atendi- assegurado por lei ou autorizado pela Empresa.
mento ao público, será admitido o regime de 12 (doze) horas con- Art.35 O empregado poderá ser licenciado nas seguintes mo-
secutivas de trabalho e 36 (trinta e seis) horas de descanso (12x36) dalidades:
(doze por trinta e seis) para o turno da noite, respeitada a jornada I.licença médica ou odontológica;
de trabalho contratual dos empregados. II.licença por acidente de trabalho;
§2º Nas situações previstas no parágrafo anterior, será excep- III.licença paternidade de 5 (cinco) dias, consecutivos, a contar
cionalmente admitido o regime de 12 (doze) horas diurna para a da data do nascimento, ou adoção;
categoria de médicos. IV.licença maternidade de 120 (cento e vinte) dias consecu-
Art.27 O regime de trabalho dos empregados ou cedidos que tivos, a contar da data do nascimento ou adoção, prorrogada por
ocuparem cargos de confiança ou função gratificada será de dedi- mais 60 (sessenta) dias nos termos da Leinº11.770/2008 e atuali-
cação integral, com vista ao atendimento das necessidades da Em- zações. (Redação aprovada pela Resolução CA nº 125, de 26 de no-
presa. vembro de 2020).
Art. 28 O horário de trabalho do empregado deverá estar afi- V.licença gala de 8 (oito) dias consecutivos a contar da data do
xado em quadro específico, em cada posto de trabalho da EBSERH. casamento, ou da data do registro, em cartório, da União Estável;
Art. 29 Todo empregado terá direito ao repouso semanal remu- VI.licença por morte de familiar de:
nerado, em conformidade com as disposições legais e regulamen- a)8 (oito) dias consecutivos a contar da data do óbito de cônju-
tares vigentes. ge ou companheiro, pais, filhos, irmãos;
b)3 (três) dias consecutivos, a contar da data do óbito de avós,
CAPÍTULO X netos, sogros, noras, ou pessoa devidamente inscrita como sua de-
DO REGISTRO E CONTROLE DE FREQUÊNCIA E DE PRESENÇA pendente
VII.licença sem remuneração para tratar de interesse particular
Art. 30 O registro de frequência será eletrônico, em cumpri- pelo período de 2 (dois) anos, devidamente justificada e autoriza-
mento à Portaria nº 1.510/2009 do antigo Ministério do Trabalho e da pela chefia imediata, e aprovada por meio de portaria da DGP,
Emprego, e é obrigatório para todo o empregado da EBSERH, assim no caso da Sede, e pelo Superintendente, para os empregados das
como para os servidores cedidos à Empresa. Filiais, observados os 3 (três) anos de efetivo exercício na Empresa,
Art. 31 As variações de horário no registro de frequência do podendo ser prorrogada, uma única vez, por igual período, e inter-
empregado não excedentes de cinco minutos, observados o limite rompida, a qualquer tempo, a pedido do empregado ou no interes-
máximo de dez minutos diários não serão descontados nem com- se da Administração. (Redação aprovada pela Resolução CA nº 125,
putados como jornada extraordinária. (§1º, art. 58, CLT) de 26 de novembro de 2020).
Parágrafo único. O acúmulo diário de atrasos no registro de fre- Parágrafo único. Uma vez concedida a licença sem remunera-
quência ensejará averiguação e providências disciplinares por parte ção de que trata o Inciso VII, o empregado somente poderá solicitá-
da chefia imediata. -la novamente após transcorrido o prazo de efetivo exercício dispos-
Art. 32 Os ocupantes de cargos em comissão ou funções gratifi- to no mesmo inciso. (Redação aprovada pela Resolução CA nº 125,
cadas deverão registrar presença diária em instrumento específico de 26 de novembro de 2020).
para este fim. VIII.licença para acompanhamento de familiar, filhos menores
Parágrafo único. As ausências previstas de ocupantes de cargos ou pais maiores de 60 (sessenta) anos, conforme normativa a ser
em comissão ou função gratificada deverão ser devidamente noti- aprovada pela Diretoria Executiva.
ficadas pela chefia imediata à Coordenadoria de Administração de IX.licença para capacitação e estudos especializados, conforme
Pessoal da DGP ou à Chefia da Divisão de Gestão de Pessoas, nas normativa específica a ser aprovada pela Diretoria Executiva;
filiais, para fins de registro e cobertura de eventuais intercorrências. X.licença para exercício de mandato de cargo de direção em en-
tidade Sindical representativa dos empregados da EBSERH; (art.543,
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parágrafo 2º da CLT); tiva dentro e fora da Empresa, de modo a não comprometer o nome
XI.licença para atividade política; (Lei 7.664/88, artigo 25); da EBSERH e de seus empregados;
XII.outras ausências permitidas por lei ou em razão de Acordo XXII.observar o estabelecido no Código de Ética da EBSERH;
ou Convenção Coletiva. XXIII.reembolsar valores recebidos indevidamente, quaisquer
Art. 36 O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, que tenham sido as causas;
sem perda da remuneração, por motivo de: XXIV.efetuar ressarcimento de valores pela utilização de equi-
I - doação de sangue, por um dia em cada seis meses de traba- pamentos da Empresa, para uso pessoal, na forma regulada em
lho; II - alistamento eleitoral, até 2 (dois) dias, consecutivos ou não; norma específica;
III- depoimento em inquérito policial ou processo judicial; XXV.comunicar ao chefe imediato, com antecedência, a impos-
IV- convocação para o Júri, funções da Justiça Eleitoral desde sibilidade de comparecer ao serviço;
que amparada em lei, apresentação militar e outros serviços legal- XXVI.cientificar-se das obrigações e penalidades neste Regula-
mente obrigatórios; mento, Normas Internas, Resoluções, Circulares, Ordens de Serviço,
V- realização de provas de exame vestibular; Avisos, Comunicados e outras instruções expedidas pela Direção da
VI- participação em reuniões da Comissão de Negociação. Empresa;
XXVII.representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
CAPÍTULO XIII der;
DOS DEVERES E PROIBIÇÕES XXVIII.compartilhar conhecimentos obtidos em cursos ou
eventos patrocinados pela Empresa;
Art.37 É dever do empregado: XXIX.cumprir regras de uso de equipamentos, recursos, ferra-
I.exercer com zelo e dedicação suas atribuições; mentas, softwares e material, observando as políticas de segurança
II.ser leal à Empresa; da informação e identidade visual da Empresa; e,
III.tratar a todos com urbanidade; XXX.defender os interesses da Empresa.
IV.cumprir as determinações dos superiores hierárquicos, exce- Art. 38 Além dos estabelecidos no artigo 37, são deveres dos
to quando reconhecidamente ilegais ou que afetem o princípio da empregados designados para exercer Cargo em Comissão ou Fun-
moralidade da Administração Pública, delas podendo divergir me- ção Gratificada:
diante manifesto formal dirigido à chefia imediata; I. zelar pela manutenção da disciplina e da ordem;
V.agir com prudência, discernimento e sensatez; II. zelar pelo fiel cumprimento das decisões emanadas pela Di-
VI.ressarcir despesas a que der causa, sem prévia autorização; reção da EBSERH;
VII.desempenhar com diligência e economicidade os trabalhos III. orientar seus subordinados na execução dos serviços;
que lhe forem atribuídos; IV. manter o grupo que dirige em ambiente de boas relações
VIII.guardar sigilo sobre informações de caráter restrito, de que pessoais;
tenha conhecimento em razão do cargo que exerce na EBSERH; V. fazer cumprir, nos locais de trabalho, as Normas e Instruções
IX.manter espírito de cooperação e solidariedade no grupo de da EBSERH;
trabalho a que pertence, guardando respeito mútuo e evitando VI. comunicar à área da gestão de pessoas qualquer irregulari-
comportamento capaz de conturbar o ambiente e prejudicar o bom dade sobre a frequência de seus subordinados; e
andamento do serviço; VII. propor medidas que visem a melhor execução e racionali-
X.comunicar à chefia imediata quaisquer fatos ou informações zação dos serviços.
que possam interessar aos serviços, bem como qualquer irregulari- Art. 39 Ao empregado é proibido, além do previsto na legisla-
dade de que tiver ciência; ção trabalhista:
XI.desempenhar todas as suas atividades de forma a produzir I.ausentar-se em horário de expediente, bem como sair anteci-
a menor degradação ambiental e, sempre que possível, adotar pos- padamente sem autorização da chefia imediata;
tura proativa na defesa do meio ambiente, independentemente de II.permanecer nas instalações da Empresa antes ou após o tér-
cargo, atividade ou setor de trabalho; mino da jornada de trabalho, sem prévia determinação ou autori-
XII.zelar pela boa conservação dos materiais e equipamentos zação;
que compõem o patrimônio da EBSERH; III.permitir que pessoas estranhas à EBSERH, fora dos casos
XIII.ser imparcial em suas informações e decisões, evitando previstos em lei, desempenhe atribuição que seja de sua respon-
preferências pessoais; sabilidade;
XIV.apresentar-se adequadamente trajado ou fazer uso de uni- IV.promover reuniões particulares, dentro ou fora do expedien-
forme específico, de acordo com a área em que estiver lotado; te, no recinto da Empresa, sem autorização;
XV.portar crachá de identificação ostensivamente; V.valer-se de sua condição funcional para lograr, direta ou indi-
XVI.conhecer e acatar as normas legais e regulamentares da retamente, qualquer proveito pessoal;
EBSERH; VI.receber favores, benefícios ou vantagens de quaisquer espé-
XVII.submeter-se aos exames médicos ocupacionais - admissio- cies, em razão de suas atribuições;
nal, periódico, para retorno ao trabalho e demissional - ou quando VII.exercer qualquer espécie de comércio nas dependências da
determinado pela EBSERH; Empresa;
XVIII.manter seus registros funcionais atualizados; VIII.trabalhar em outro local em horário coincidente com seu
XIX.cumprir o regime de trabalho que lhe for determinado; expediente na EBSERH;
XX.comunicar à área da gestão de pessoas quando do registro IX. fazer parte, como sócio ou dirigente, de empresa que preste
de sua candidatura a qualquer cargo eletivo; serviços e forneça bens para a EBSERH, ou que com ela transacione;
XXI.manter conduta compatível com a moralidade administra- X. dedicar-se a assuntos particulares durante o horário de tra-
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balho; pregado deverá restituir à Empresa documentos de identidade fun-


XI. adotar falsa identidade dentro ou fora das dependências da cionais, uniformes, bens e numerários sob sua guarda e responsa-
Empresa; bilidade, e apresentar a Carteira de Trabalho e Previdência Social
XII. portar armas nos locais de trabalho, salvo se exercer função – CTPS.
de vigilância e estiver devidamente autorizado;
XIII. dirigir-se de maneira depreciativa, ofensiva ou agressiva ao CAPÍTULO XV
corpo dirigente e funcional da EBSERH ou depreciar a imagem da DO REQUERIMENTO DE DIREITOS PELO EMPREGADO
Empresa;
XIV. retirar das dependências da EBSERH qualquer tipo de ma- Art. 43 É assegurado ao empregado o direito de requerer, re-
terial, equipamento ou documento, sem a devida autorização; correr e representar, dentro das normas de subordinação, disciplina
XV. registrar a frequência de outro empregado ou contribuir e urbanidade, junto à autoridade competente para decidir.
para fraudes no seu registro ou apuração; §1º A representação de que trata o artigo 37, inciso XXVII, será
XVI. organizar ou participar de quaisquer atividades político- encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su-
-partidárias nas dependências da EBSERH; perior àquela a qual é formulada, assegurando-se a ampla defesa.
XVII. fornecer informações a terceiros, bem como utilizar do- §2º O empregado poderá ser afastado preventivamente de
cumentos e papéis oficiais da EBSERH, sem estar devidamente au- suas funções em situações que assim sejam recomendadas, verifi-
torizado; cadas estas no processo de apuração de responsabilidade.
XVIII. receber presentes, salvo de autoridades estrangeiras nos Art. 44 O recurso, quando cabível, será dirigido à autoridade
casos protocolares em que houver reciprocidade, não sendo consi- competente na matéria, imediatamente superior à que houver ex-
derados presentes, os brindes que não tenham valor comercial ou pedido o ato ou proferido a decisão, no prazo de até 10 (dez) dias
que forem distribuídos por entidades de qualquer natureza a títu- corridos, contados do dia seguinte ao da ciência do empregado.
lo de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de §1º O recurso objeto de matérias não disciplinares não terá
eventos especiais, ou datas comemorativas, que não ultrapassem o efeito suspensivo e a respectiva decisão retroagirá nos efeitos à
valor de R$ 100,00 (cem reais); data do ato impugnado, caso julgado procedente.
XIX. deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada; §2º O recurso terá efeito suspensivo, no que se refere à aplica-
XX. utilizar recursos materiais e humanos da EBSERH em servi- ção de penalidades, conforme disposto na Norma Operacional de
ço ou atividade particular; Controle Disciplinar da Ebserh. (Redação aprovada pela Resolução
XXI. afixar cartazes, comunicados, retratos ou avisos nas de- CA nº 125, de 26 de novembro de 2020).
pendências da Empresa, sem que esteja previamente autorizado §3º Da decisão proferida em recurso pelo Presidente, não ca-
pela área competente; berá novo recurso.
XXII. utilizar o serviço de correio eletrônico da EBSERH para as-
suntos particulares; CAPÍTULO XVI
XXIII. deixar de utilizar o crachá e o uniforme específico da EB- DA SUBSTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO
SERH, de acordo com a área em que estiver lotado; GRATIFICADA
XXIV. utilizar indevidamente dinheiro da EBSERH, bem como
deixar de apresentar, tempestivamente, prestação de contas; Art.45 Substituição é a designação para o exercício transitório
XXV. exorbitar de sua autoridade ou função; e de Cargo em Comissão ou Função Gratificada, em virtude de ausên-
XXVI. deixar de acusar o recebimento de qualquer importância cias ou impedimentos do titular, por empregado indicado previa-
indevidamente creditada em sua remuneração. mente pelo titular e designado pela autoridade competente.
§1º Durante o período de substituição por impedimento, o em-
CAPÍTULO XIV pregado que assumir o cargo em comissão ou a função gratificada,
DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO deverá cumprir a jornada de trabalho do titular, registrando a pre-
sença em folha específica.
Art. 40 A rescisão do contrato de trabalho verificar-se-á: §2º Nos casos de ausência, o substituto exercerá as atividades
I.por término do prazo contratado; do titular sem direito à remuneração - as ausências são caracteri-
II.por dispensa: zadas pela impossibilidade da ação do titular, decorrente de caso
a)a pedido do empregado; fortuito, incerto, casual ou acidental.
b)sem justa causa; §3º Nos casos de impedimento, o substituto exercerá as ativi-
c)com justa causa; dades do titular do Cargo em Comissão ou Gratificada, sem prejuízo
§1º O empregado será comunicado de seu desligamento por de suas obrigações correntes, e fará jus à gratificação correspon-
meio de notificação em observância à alínea “b”, §6º do art. 477 da dente ao cargo substituído na proporção dos dias de efetiva subs-
Consolidação das Leis do Trabalho; tituição, sendo vedada a percepção cumulativa de vencimentos,
§2º O ocupante de cargo em comissão e função gratificada será gratificações ou vantagens - os impedimentos são caracterizados
notificado de sua exoneração por meio da ciência em Portaria; pela impossibilidade legal, regulamentar ou contratual do titular do
Art.41 É assegurado o direito do retorno ao local de origem, cargo em exercer suas atividades, e tem caráter temporário.
ao empregado transferido para outra localidade por interesse da §4º Se o substituto já exercer Cargo em Comissão ou Função
EBSERH, que venha a ser dispensado, na forma regulada em norma Gratificada, fará jus à gratificação de maior valor, sem prejuízo de
específica, respeitado o prazo de até 24 (vinte e quatro) meses da suas obrigações correntes.
transferência. §5º A substituição perdurará durante todo o afastamento do
Art. 42 Por ocasião da rescisão do contrato de trabalho, o em- substituído, salvo no caso de nomeação ou designação de outro
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ocupante para o cargo ou função objeto da substituição, ou, ainda, de âmbito federal, estadual ou municipal e dos Poderes Legislativo
no caso de nova designação de substituto. e Judiciário, ou empregados públicos de empresas estatais, para o
Art. 46 A comunicação de ausência de titular de Cargo em Co- exercício de cargos em comissão e funções gratificadas.
missão ou Função Gratificada para fins de substituição, deverá ser §2º O servidor cedido para a EBSERH poderá optar pelo Plano
feita à área de gestão de pessoas, no prazo máximo de 10 (dez) dias de Benefícios da Empresa ou de seu órgão de origem.
a contar da data da ausência do titular. §3º O empregado ou servidor público cedido à EBSERH, quan-
Art.47 Compete à área de gestão de pessoas o controle de au- do desligado da Empresa, deverá retornar ao órgão de origem, no
sência ou impedimento de titular de Cargo em Comissão ou Função prazo máximo de 15 (quinze) dias.
Gratificada, junto à chefia imediatamente superior.
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XVII DAS PENALIDADES
DA TRANSFERÊNCIA E REMOÇÃO
Art.54 O descumprimento e a inobservância da legislação de
Art. 48 Considera-se transferência a movimentação do empre- caráter geral ou especial, deste Regulamento, bem como dos de-
gado, profissional cedido à EBSERH ou contratado exclusivamente mais normativos da EBSERH, sujeitam o empregado à sanção dis-
para o exercício de Cargo em Comissão, da sede para filial ou congê- ciplinar.
nere e vice-versa, desde que haja mudança obrigatória de domicílio. Parágrafo único. A aplicação de penalidade disciplinar será
Art.49 Considera-se a remoção a movimentação do emprega- precedida de procedimento apuratório conforme estabelecido em
do, profissional cedido à EBSERH e contratado exclusivamente para norma específica.
o exercício de Cargo em Comissão, no âmbito da sede para filial Art.55 Segundo a gravidade da falta cometida, havendo ou não
ou congênere e vice-versa, que não caracterize necessidade de mu- reincidência, os empregados estarão sujeitos às penalidades a se-
dança de domicílio e não gere despesas para a EBSERH. guir descritas, observados os princípios da ampla defesa e do con-
Art. 50 A Transferência ou Remoção ocorrerá em decorrência traditório, na forma da lei.
de: I.advertência por escrito;
I - alteração regimental; II.suspensão por até 30 (trinta) dias; e
II- alteração no quadro de lotação; III.rescisão contratual por justa causa.
III- mudança de unidade organizacional; §1º Os dias de suspensão serão descontados da remuneração
IV - desligamentos; e do empregado e computados para efeito de férias e progressão fun-
V - cessões ou requisições. cional, sendo vedada a sua compensação com direitos funcionais
Art. 51 A Transferência ou a Remoção, em caráter definitivo ou ou a sua conversão em pecúnia.
provisório, da sede para filial ou congênere e vice-versa, deverá ser §2º A ausência do empregado em dia de feriados ou no dia que
formalizada conforme norma específica, e será autorizada quando o antecede ou subsequente, em que estiver designado para traba-
atendidas as seguintes condições: lhar, sem a comunicação prévia à chefia imediata para consequente
I- existência de vaga no local de destino; substituição, será passível de sanção disciplinar, com suspensão de
II- preenchimento, pelo empregado, dos requisitos mínimos 1 (um) dia.
exigidos para o exercício de suas atividades na nova lotação; §3º A penalidade prevista no parágrafo anterior será aplicada
III- prévia aprovação em exame médico ocupacional, quando também ao empregado que faltar injustificadamente 3 (três) dias
necessário; e, destino. de forma consecutiva ou intercalada no mesmo mês.
IV- prévia autorização da chefia imediata do local de origem e Art.56 No exercício regular de suas funções, o empregado é
do local de destino. responsável pelos danos que causar à Empresa ou a terceiros, fican-
do resguardado, na última hipótese, o direito regressivo da EBSERH.
CAPÍTULO XVIII Parágrafo único. A responsabilidade prevista neste item abran-
DA CESSÃO ge os atos e omissões resultantes de dolo ou culpa.
Art.57 Pelo exercício irregular de suas atribuições, os emprega-
Art. 52 Cessão é o ato discricionário do gestor, autorizado pela dos pertencentes ao Quadro de Pessoal da EBSERH e ocupantes de
Diretoria de Gestão de Pessoas e Diretoria Executiva ao empregado Cargo em Comissão ou Função Gratificada, estarão ainda sujeitos às
efetivo da EBSERH, para o exercício de Cargo em Comissão ou para sanções cíveis, criminais e administrativas.
atender situações previstas em leis específicas, em outro órgão ou Art.58 São competentes para aplicar as punições previstas no
entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e artigo 55 deste Regulamento:
dos Municípios, sem alteração do quadro de lotação da unidade de I.o Presidente, quanto aos incisos I, II, e III;
origem. (Redação aprovada pela Resolução CA nº 125, de 26 de no- II.o Diretor ou Superintendente, em sua área de competência,
vembro de 2020). quanto aos incisos I e II; e,
Art. 53 Poderão ser cedidos para a EBSERH os servidores titu- III.ao Coordenador, ao Gerente e Chefes de Serviço, Chefe de
lares de cargo efetivo em exercício na instituição federal de ensino Seção, Chefe de Divisão, Chefe de Setor e Chefe de Unidade, em
ou instituição congênere que formalizarem contrato com a EBSERH, suas áreas de competência, quanto ao inciso I.
conforme prevê o art. 7º da Lei nº 12.550/2011. Art. 59 As penalidades serão formalmente aplicadas por ato es-
§1º Poderá ser solicitada pela EBSERH, por ato discricionário pecífico, devendo o empregado, em todos os casos, dar o “ciente”
do gestor, autorizado pela Diretoria de Gestão de Pessoas a juízo da no original, ficando com uma cópia do documento.
Diretoria Executiva, a cessão de servidores de órgão ou entidade da §1º Caso o empregado se recuse a apor o “ciente”, este fato
Administração Pública direta, indireta, autárquica ou fundacional deverá ser registrado no original do documento, com a assinatura
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de 2 (duas) testemunhas. Art. 69 Os casos omissos serão dirimidos pela Diretoria de Ges-
§2º As penalidades aplicadas ao empregado deverão ser regis- tão de Pessoas.
tradas na sua ficha funcional. Art. 70 Este Regulamento de Pessoal entra em vigor a partir de
§3º Caso o empregado esteja em afastamento legal, a penali- sua aprovação pelo Conselho de Administração da EBSERH.
dade será aplicada no dia do seu retorno ao trabalho.
Art. 60 A gestão dos cedidos à EBSERH, quanto a direitos, de-
veres, proibições e penalidades, ficará sujeita ao tratamento disci- NORMA OPERACIONAL DE CONTROLE DISCIPLINAR DA
plinar da Empresa. EBSERH (ATUALIZADO EM 17/01/2023, ART. 1º AO ART. 6º;
ART. 28 AO ART. 45)
CAPÍTULO XX
DA RESPONSABILIDADE
NORMA OPERACIONAL DE CONTROLE DISCIPLINAR
Art.61 Pelo exercício irregular de suas atribuições, o emprega-
do responderá civil, penal e administrativamente. Dispõe sobre o procedimento apuratório para aplicação da pe-
§1º A responsabilidade civil decorrerá de procedimento doloso nalidade disciplinar, no âmbito da Empresa Brasileira de Serviços
ou de procedimento culposo, de que resulte dano ou prejuízo para Hospitalares-EBSERH.
a EBSERH ou para terceiros.
§2º A responsabilidade penal decorrerá de crime previsto na A Coordenadoria da Corregedoria-Geral da Ebserh no uso das
lei penal, praticado pelo empregado no exercício ou em decorrência atribuições que lhe confere o art. 33 do Regimento Interno da Ad-
do cargo ou função. ministração Central da Ebserh, RESOLVE: Divulgar Norma Operacio-
§3º A responsabilidade administrativa decorrerá de atos prati- nal que dispõe sobre o procedimento para investigação de irregula-
cados pelo empregado, por ação ou omissão, dolosa ou culposa, no ridade e aplicação de penalidade disciplinar, no âmbito da Empresa
exercício de cargo ou função, ou fora dele. Brasileira de Serviços Hospitalares - Ebserh.
Art. 62 Apurada a responsabilidade do empregado, deverá ser
providenciado, quando for o caso, o ressarcimento do prejuízo. CAPÍTULO I
§1º O prejuízo ou dano ocasionado à EBSERH ou a terceiros, DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
por dolo ou culpa do empregado, será composto em 48 horas, a
partir de sua exigibilidade. SEÇÃO I
§2º Não ocorrendo a composição do prejuízo ou dano, inten- OBJETIVO
tar-se-á, para o efetivo ressarcimento, a competente ação judicial,
precedida, se for o caso, de medidas cautelares, assecuratórias, ad- Art. 1º Esta Norma Operacional tem como objetivo estabelecer
ministrativas ou de outros meios admitidos em direito. os procedimentos relativos à apuração de possível irregularidade
§3º Inclui-se nas medidas administrativas previstas no item an- no âmbito da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh,
terior o desconto compulsório em folha de pagamento. tratando da análise e investigação de fato irregular e eventual impu-
§4º O ressarcimento do prejuízo não eximirá o empregado da tação de responsabilidade disciplinar aplicada a agentes públicos.
penalidade disciplinar cabível.
Art. 63 Tratando-se de crime, deverá ser providenciada a ins- SEÇÃO II
tauração do respectivo inquérito policial. ESCOPO DE APLICAÇÃO
Art. 64 Independem as cominações civis, penais e administra-
tivas. Art. 2º Esta norma é aplicável no âmbito da Ebserh para:
I - empregados públicos celetistas contratados pela Ebserh na
CAPÍTULO XXI forma do art. 10 e 12 da Lei nº 12.550/2011, inclusive os que se
DISPOSIÇÕES GERAIS encontrarem cedidos a outros órgãos;
II - agentes públicos cedidos ou em exercício na Ebserh;
Art. 65 As disposições contidas neste Regulamento serão disci- III - membros do corpo diretivo; e
plinadas, quando necessário, através de normas específicas baixa- IV - residentes e estudantes.
das pela Diretoria Executiva. Parágrafo único. A Ebserh, na aplicação da presente Norma
Art. 66 São assegurados à EBSERH os direitos de autoria refe- Operacional, obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalida-
rentes aos programas de computador, assim como artes, projetos de, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, mora-
e demais criações e informações elaboradas por empregado em lidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
razão do cargo ou função, desenvolvidos durante a vigência do con- público e eficiência.
trato de trabalho mantido com a Empresa.
Art. 67 Contar-se-ão por dias corridos os prazos previstos neste SEÇÃO III
Regulamento. DEFINIÇÕES
Parágrafo único. Não se computará no prazo o dia inicial, pror-
rogando-se o vencimento que incidir em dia em que não haja expe- Art. 3º Para os efeitos desta Norma, são estabelecidas as se-
diente para o primeiro dia útil subsequente. guintes definições:
Art. 68 A Sede e as Filiais contarão com programa de estágio I - ampla defesa e contraditório – direito de participação do
regulamentado em norma específica, de acordo com a legislação acusado no esclarecimento dos fatos investigados, por meio de
vigente. produção de provas, acesso à documentação juntada aos autos e
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apresentação de argumentos de defesa e prova; ria CGU nº 2.463/2020, que organiza as informações dos procedi-
II - antecedentes funcionais – são circunstâncias examinadas mentos administrativos correcionais e gera peças necessárias para
a partir dos dados registrados nos assentamentos do empregado a condução dos procedimentos disciplinares.
público, seja positiva ou negativamente. São exemplos de bons an- XIV - fato irregular – ilícito administrativo ou qualquer ação ou
tecedentes funcionais: os agradecimentos e elogios registrados nos omissão lesiva ao interesse público;
assentamentos do empregado ou qualquer outro documento que XV - Hospital Universitário Federal (HUF) – Hospital Universitá-
demonstre sua dedicação e comprometimento com o trabalho. São rio Federal filiado à Rede Ebserh;
exemplos de maus antecedentes funcionais: Termos de Ajustamen- XVI - infração leve – quaisquer das infrações disciplinares lis-
to de Conduta descumpridos ou qualquer outro documento que tadas no art. 112 desta norma, referenciados no Regulamento de
demonstre a falta de compromisso com o trabalho; Pessoal da Ebserh;
III - ato omissivo – não realização de um comportamento exigi- XVII - infração média – quaisquer das infrações disciplinares lis-
do, que o agente tenha o dever funcional de praticar no exercício de tadas no art. 113 desta norma, referenciados no Regulamento de
suas atribuições ou, não tendo o dever de praticar, deixa de promo- Pessoal da Ebserh;
ver-lhe a comunicação quando identifica o fato omissivo; XVIII - infração grave – quaisquer das infrações disciplinares lis-
IV - ato comissivo – aquele que se realiza mediante ação ou que tadas no art. 114 desta norma, referenciados no Regulamento de
se perpetua com o resultado da omissão; Pessoal da Ebserh e na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;
V - autoridade instauradora – autoridade com competência XIX - Investigação Preliminar (IP) - constitui procedimento ad-
para instaurar o procedimento disciplinar; ministrativo de caráter preparatório, informal e de acesso restrito,
VI - autoridade julgadora – autoridade com competência para que objetiva a coleta de elementos de informação para a análise
julgar o procedimento disciplinar; acerca da existência dos elementos de autoria e materialidade rele-
VII - circunstâncias agravantes – são situações relacionadas à vantes para a instauração de processo administrativo sancionador;
conduta e que podem atuar contra a defesa, majorando a penalida- XX - instauração – ato formal de constituição de Investigação
de a ser aplicada. São exemplos de aplicação: o registro de penali- Preliminar ou de Processo Administrativo Sancionador;
dade vigente no assentamento funcional; comprovado treinamento XXI - instrução – fase do Processo Administrativo Sancionador
na área técnica relacionada à infração; elevada experiência e tempo na qual a Comissão Apuradora ou o Comissário disponibiliza as pro-
de serviço na área; o fato de o agente exercer função gratificada ou vas instrutórias do processo, para exercício da ampla defesa e do
ocupar cargo em comissão; ter o agente cometido a irregularidade contraditório, e complementa com as diligências que entender per-
com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício tinentes;
ou profissão; ter o agente cometido a irregularidade em desfavor XXII - matriz de responsabilização – método de estruturação da
de criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grá- apuração feita em caráter inicial, que permite a sistematização das
vida, em ocasião de incêndio, inundação ou qualquer calamidade informações coletadas durante a fase de admissibilidade e tem por
pública; atuar em condições de infraestrutura física e operacional base os seguintes elementos: fato/conduta, agente, elementos de
de sua unidade que favoreçam o desempenho de suas atividades; informação, elementos faltantes e possível tipificação;
ter cometido o ato por motivo irrelevante; XXIII - notificação – comunicação emitida ao agente público
VIII - circunstâncias atenuantes – são situações relacionadas à com o objetivo de cientificálo sobre quaisquer atos processuais;
conduta e que podem atuar a favor da defesa, diminuindo a pena- XXIV - Processo Administrativo Sancionador (PAS) – procedi-
lidade a ser aplicada. São exemplos de aplicação: o agente ter pro- mento punitivo com contraditório, instaurado em desfavor de em-
curado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após a pregado público, que se destina a elucidar irregularidades na Eb-
infração, evitar ou minorar as consequências desta, ou ter, antes do serh, das quais possa resultar aplicação de penalidade disciplinar;
julgamento, reparado o dano; comprovada falta de treinamento ou XXV - reincidência - é verificada quando o empregado, com pe-
capacitação do empregado na área técnica relacionada ao ato irre- nalidade vigente no registro funcional, reitera na prática de infração
gular; problemas de ordem pessoal devidamente justificados e que disciplinar;
possam comprometer a rotina/desempenho do empregado; precá- XXVI - residente – profissional que, após concluir a graduação,
rias condições de infraestrutura física e operacional da Administra- cursa residência em hospital universitário federal filiado à Ebserh;
ção que sejam capazes de dificultar o desempenho do empregado; XXVII - tipificação – é o enquadramento da conduta do agente
os obstáculos, as reais dificuldades do gestor na previsibilidade do aos preceitos legais, administrativos e regulamentares vigentes à
resultado ou dano; a confissão espontânea; ter cometido o ato sob época do fato e/ou da prática do ato sob apuração;
domínio de violenta emoção; XXVIII - Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) – procedimen-
IX - citação – comunicação formal ao empregado para ciência, a to administrativo voltado à resolução consensual de conflitos, por
partir da qual o agente se torna acusado no PAS; meio da assinatura de um instrumento, no qual o empregado públi-
X - comissão apuradora – comissão designada pela autoridade co interessado se compromete a ajustar sua conduta em observân-
instauradora e responsável pela condução do procedimento admi- cia aos deveres e proibições previstas na Consolidação das Leis do
nistrativo durante o período de vigência da portaria; Trabalho – CLT, no Regulamento de Pessoal da Ebserh e no Código
XI - comissário – empregado ou servidor público designado de Ética e Conduta da Ebserh.
pela autoridade instauradora para conduzir a Investigação Prelimi-
nar durante o período de vigência da portaria;
XII - e-Cor – Sistema de Procedimentos de Corregedoria da Eb-
serh;
XIII - e-Pad – Sistema desenvolvido pela Controladoria-Geral
da União, de preenchimento obrigatório, de acordo com a Porta-
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SEÇÃO IV de informação para a análise acerca de autoria e materialidade, vi-


APURAÇÃO DE FATO IRREGULAR sando ao preenchimento da matriz de responsabilização.
Art. 32. Após o encerramento da instrução, o comissário deverá
Art. 4º A Investigação Preliminar – IP deverá ser instaurada produzir o Relatório Conclusivo, o qual deverá conter, obrigatoria-
quando a apuração demandar previamente a coleta de elementos mente, o histórico do processo, a descrição dos atos de instrução, a
de informação para análise acerca da existência dos elementos de análise dos elementos da matriz de responsabilização e a sugestão
autoria e materialidade relevantes para a instauração do Processo final de:
Administrativo Sancionador – PAS. I- arquivamento da IP, se não houver indícios de autoria e/ou
Art. 5º A IP é o único procedimento cabível para apuração da de materialidade da infração;
conduta de: II- instauração de PAS, se houver indícios de autoria e de mate-
I - agentes públicos originariamente vinculados às Universida- rialidade da infração;
des Federais que estejam cedidos ou em exercício na Ebserh; III - celebração de Termo de Ajustamento de Conduta - TAC.
II - residentes e estudantes; Art. 33. A autoridade instauradora avaliará a IP em até 30 (trin-
III - ex-agentes públicos que tenham praticado irregularidade ta) dias.
durante o exercício da função ou cargo público. Parágrafo único. A autoridade instauradora poderá, motivada-
Art. 6º O processamento do fato irregular, nos casos em que mente, reconduzir a IP, mediante portaria publicada em boletim de
seja possível identificar na notícia de irregularidade todos os ele- serviço, caso as diligências realizadas pelo Comissário forem insufi-
mentos da matriz de responsabilização, poderá ser realizado direta- cientes para a análise de admissibilidade.
mente por meio de PAS. Art. 34. A identificação de indícios de autoria de agentes públi-
Parágrafo Único. A IP não poderá ser dispensada nos casos lis- cos vinculados às Universidades Federais que estejam cedidos ou
tados no art. 5º desta norma. em exercício na Ebserh, determina obrigatoriamente o encaminha-
mento da IP ao órgão de origem do referido agente.
( ) Art. 35. Nos casos em que houver identificação de irregularida-
CAPÍTULO III des praticadas por residentes, a IP deverá ser encaminhada à res-
PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO pectiva Comissão de Residência Médica ou Comissão de Residência
Multiprofissional.
SEÇÃO I Parágrafo único. Nos casos em que houver identificação de irre-
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR - IP gularidades praticadas por estudantes, a IP deverá ser encaminha-
da à respectiva instituição com a qual possuir vínculo.
Art. 28. A IP constitui procedimento administrativo de caráter Art. 36. Se verificados indícios de ilícitos criminais, civis ou re-
preparatório, informal e de acesso restrito, que objetiva a coleta de ferente às normas de conselhos profissionais, independentemente
elementos de informação para a análise acerca da existência dos de repercussões disciplinares, o resultado da apuração deverá ser
elementos de autoria e materialidade relevantes para a instauração encaminhado para o respectivo órgão competente.
de processo administrativo sancionador.
Parágrafo único. Da IP não poderá resultar aplicação de sanção, CAPÍTULO IV
sendo dispensável a observância aos princípios do contraditório e PROCEDIMENTO ESPECIAL
da ampla defesa.
Art. 29. Será assegurada à IP o sigilo necessário para o esclare- SEÇÃO I
cimento do fato. Parágrafo único. Poderá ser concedido acesso ao TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA – TAC
processo, mediante requerimento do agente público mencionado
na denúncia ou de seu defensor legalmente constituído, desde que Art. 37. O TAC consiste em procedimento administrativo vol-
não prejudique o andamento das investigações. tado à resolução consensual de conflitos relativos à infração dis-
Art. 30. A IP será instaurada de ofício ou com base em notícia ciplinar de natureza leve e punível com advertência, devendo ser
de irregularidade recebida. proposto quando o investigado:
§1º A instauração da IP será feita por meio de portaria, publica- I- não tenha registro vigente de penalidade disciplinar em seus
da em Boletim de serviço, designando, no mínimo, um comissário. assentamentos funcionais;
§2º A IP deverá ser concluída no prazo de 60 (sessenta) dias, a II- não tenha firmado TAC nos últimos dois anos, contados des-
contar da data da publicação da portaria de instauração, podendo de a publicação do instrumento; e
haver prorrogação por igual período, mediante justificativa do co- III- tenha ressarcido, ou se comprometido a ressarcir, eventual
missário, a ser avaliada pela autoridade instauradora. dano causado à Administração Pública.
§3º A designação do agente público para atuar como comissá- Parágrafo Único O eventual ressarcimento ou compromisso de
rio de IP é encargo ressarcimento de dano causado à Administração Pública deve ser
obrigatório e irrecusável, que independe de prévia autorização comunicado à Divisão de Gestão de Pessoas (DivGP), no HUF, ou
da chefia imediata. 10 à Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP), na Administração Central.
§4º A omissão ou cumprimento indevido do encargo sujeitará Art. 38. Por meio do TAC o agente público interessado se com-
o comissário à promete a ajustar sua conduta e a observar os deveres e proibições
apuração de responsabilidade. previstos na legislação vigente.
Art. 31. O Comissário será responsável pela instrução do pro- Art. 39. A celebração do TAC será realizada pela autoridade
cedimento, mediante a coleta de provas ou informações, por qual- competente para instauração do respectivo procedimento acusa-
quer meio de diligência lícito, com o objetivo de reunir elementos tório.
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Parágrafo único. O empregado público poderá ser acompanha- §2º No caso de descumprimento do TAC, a chefia imediata in-
do de procurador devidamente constituído durante a celebração do formará imediatamente à autoridade competente para instauração
TAC. ou continuidade do respectivo processo punitivo, não cabendo re-
Art. 40. A proposta de TAC poderá: curso desta decisão.
I- ser oferecida de ofício pela autoridade competente para ins-
tauração do respectivo procedimento acusatório até o momento CAPÍTULO V
anterior ao julgamento do PAS; PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR (PAS)
II- ser sugerida pelo comissário responsável pela condução da
IP ou do PAS; ou Art. 44. A autoridade competente deverá instaurar o PAS se ve-
III - ser apresentada pelo agente público interessado. rificada a existência de todos os elementos da matriz de responsa-
§1º Em procedimentos disciplinares em curso, o pedido de TAC bilização, nas seguintes hipóteses:
poderá ser feito pelo interessado à autoridade instauradora em até I- infração disciplinar não sujeita a arquivamento ou instaura-
10 dias após o recebimento da citação. ção de IP, nos termos do art. 19 desta norma;
§2º O pedido de celebração de TAC apresentado pelo comis- II- recusa ou descumprimento de TAC, nos termos do art. 43,
sário responsável ou pelo interessado poderá ser, motivadamente, §2º, desta norma;
indeferido pela autoridade competente se não preenchidos os re- III - após apreciação de Relatório Conclusivo de IP.
quisitos constantes do art. 37 desta norma. Art. 45. O PAS compreende as seguintes fases:
§3º Quando oferecido de ofício, a autoridade competente con- I - instauração; I
cederá o prazo de 10 (dez) dias para manifestação do agente públi- I - instalação;
co interessado, interpretando-se o seu silêncio como recusa. III - citação;
Art. 41. O TAC deverá conter: IV - defesa escrita;
I- a qualificação do agente público envolvido; V - instrução;
II- os fundamentos de fato e de direito para sua celebração; VI- razões finais;
III - a descrição das obrigações assumidas; VII- relatório conclusivo;
IV - o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações; e VIII - análise jurídica;
V - a forma de fiscalização das obrigações assumidas. IX - julgamento;
§1º As obrigações estabelecidas pela Administração devem ser X - recurso; e
proporcionais e adequadas à conduta praticada, visando mitigar a XI - julgamento recursal.
ocorrência de nova infração e compensar eventual dano. Parágrafo único. As fases descritas nos incisos V, VI e VIII deste
§2º As obrigações estabelecidas no TAC poderão compreender, artigo poderão ser dispensadas de acordo com os critérios estabe-
dentre outras: lecidos nesta norma.
I - reparação do dano causado;
II- retratação do interessado;
III- participação em cursos visando à correta compreensão dos REGULAMENTO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA EBSERH
seus deveres e proibições ou à melhoria da qualidade do serviço 2.0
desempenhado;
IV- acordo relativo ao cumprimento de horário de trabalho e
compensação de horas não trabalhadas; REGULAMENTO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA EMPRESA
V- cumprimento de metas de desempenho; BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES - EBSERH
VI- sujeição a controles específicos relativos à conduta irregular
praticada. TÍTULO I
§3º O prazo de cumprimento do TAC não poderá ser superior DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
a 2 (dois) anos.
§4º A inobservância das obrigações estabelecidas no TAC carac- Art. 1º Este regulamento tem por objetivo definir e disciplinar
teriza o descumprimento do dever de lealdade à empresa. 12 os procedimentos de contratação de bens, serviços e obras, de alie-
Art. 42. Após a celebração do TAC, será publicado extrato em nação de bens e de formalização de convênios no âmbito da Ebserh,
Boletim de serviço nos termos da Lei nº 13.303/2016 e do Decreto nº 8.945/2016.
da Administração Central ou do HUF, contendo o número do Art. 2º As contratações serão precedidas de licitação, ressal-
processo e a descrição genérica do fato. vados os casos previstos neste regulamento, e destinam-se a as-
§1º A celebração do TAC será comunicada à chefia imediata do segurar a seleção da proposta mais vantajosa, inclusive no que se
agente público, com o envio de cópia do Termo, para acompanha- refere ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que se
mento do seu efetivo cumprimento. caracterize sobrepreço ou superfaturamento.
§2º O TAC será de acesso restrito até o seu efetivo cumprimen- Art. 3º Nos procedimentos de contratação devem ser observa-
to ou até a conclusão do processo punitivo decorrente de seu des- dos os princípios da impessoalidade, da legalidade, da moralidade,
cumprimento. da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade adminis-
Art. 43. O TAC será registrado no assentamento funcional do trativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional susten-
agente público. tável, da vinculação ao instrumento convocatório, da obtenção de
§1º Declarado o cumprimento das condições do TAC pela che- competitividade, do julgamento objetivo e do formalismo modera-
fia imediata do agente público, não será instaurado procedimento do.
disciplinar pelos mesmos fatos objeto do ajuste. Art. 4º As seguintes diretrizes devem ser observadas nas con-
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tratações conduzidas pela Ebserh: TÍTULO II


I- padronização dos objetos de contratação, dos instrumentos DOS PROCEDIMENTOS DE CONTRATAÇÃO
convocatórios, das minutas de contratos e dos demais artefatos que
compõem o processo de contratação; CAPÍTULO I
II- busca da maior vantagem competitiva, considerando cus- DAS NORMAS GERAIS
tos e benefícios diretos e indiretos de natureza econômica, social
e ambiental, inclusive os relativos à manutenção, ao desfazimento Art. 6º As contratações de que trata este regulamento serão
de bens e resíduos, ao índice de depreciação econômica e a outros realizadas observando-se as seguintes fases:
fatores de igual relevância; I- Formalização da Demanda;
III- parcelamento do objeto, visando a ampliar a participação II- Planejamento da Contratação;
de licitantes, sem perda de economia de escala, e desde que não III - Seleção de Fornecedor;
atinja valores inferiores aos limites estabelecidos no art. 79, incisos IV - Gestão do Contrato.
I e II; §1º O nível de detalhamento da instrução processual e das in-
IV- adoção preferencial da modalidade de licitação denomina- formações necessárias para instruir cada fase da contratação deve-
da Pregão, na forma eletrônica, em portais de compras de acesso rá considerar a análise de riscos do objeto a ser contratado.
público na internet; §2º No caso de utilização da modalidade Pregão, as disposições
V- utilização de tecnologia e de recursos eletrônicos nos pro- da Lei nº 14.133/2021 acerca dos procedimentos para operação da
cessos e procedimentos de contratação, especialmente nas sele- sessão pública apenas serão aplicadas a partir de sua abertura até a
ções de fornecedores com etapas de lances; etapa de homologação.
VI- observância de políticas de compras sustentáveis, de rela- Art. 7º O valor estimado do procedimento licitatório será sigilo-
cionamento com fornecedores, de integridade, de transação com so, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e
partes relacionadas, de proteção de dados pessoais e outras políti- das demais informações necessárias para a elaboração das propos-
cas aprovadas no âmbito da Ebserh, que guardem pertinência com tas, facultando-se sua publicidade, mediante justificativa.
o objeto da contratação. §1º Para fins do disposto no caput, o valor estimado para a
Parágrafo único. É vedada a realização de licitações no forma- contratação será tornado público apenas após o encerramento da
to presencial, com exceção daquelas autorizadas previamente pela etapa de julgamento das propostas.
Diretoria Executiva, sendo facultada a adequação da etapa externa §2º Nas hipóteses em que forem adotados os critérios de julga-
dos procedimentos de seleção de fornecedor aos sistemas informa- mento por maior desconto ou por melhor técnica, a estimativa de
tizados de compras disponíveis, tais como dispensa eletrônica, pre- preços deverá constar do instrumento convocatório.
gão eletrônico, RDC eletrônico, dentre outros, sem que haja afronta Art. 8º Os contratos admitirão os seguintes regimes de execu-
às disposições deste regulamento, de forma a garantir o uso dos ção:
recursos eletrônicos. I- Contratação por Preço Unitário, nos casos em que não for
Art. 5º As contratações devem observar, no que couber para possível definir previamente as quantidades dos serviços a serem
cada tipo de objeto, as normas relativas à: posteriormente executados;
I- disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só- II- Contratação por Preço Global, quando for possível definir
lidos gerados; previamente, com boa margem de precisão, as quantidades dos
II- mitigação dos danos ambientais por meio de medidas con- serviços a serem posteriormente executados;
dicionantes e de compensação ambiental, que serão definidas no III- Contratação por Tarefa, em contratações de profissionais
procedimento de licenciamento ambiental; autônomos ou de pequenas empresas para realização de serviços
III- utilização de produtos, equipamentos e serviços que, com- técnicos comuns e de curta duração;
provadamente, reduzam o consumo de energia e de recursos na- IV- Contratação por Empreitada Integral, nos casos em que o
turais; contratante necessite receber o objeto, normalmente de alta com-
IV- avaliação de impactos de vizinhança, observada a legislação plexidade, em condição de operação imediata;
urbanística; V- Contratação Semi-integrada, em caso de obra ou serviço de
V- proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e engenharia cuja execução possa ser realizada com diferentes meto-
imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi- dologias ou tecnologias, quando for possível definir previamente no
reto causado por investimentos realizados pela Ebserh; Projeto Básico as quantidades dos serviços a serem posteriormente
VI- acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobi- executados na fase contratual;
lidade reduzida; VI- Contratação Integrada, em caso de obra ou serviço de enge-
VII- vigilância sanitária, proteção radiológica e demais normas nharia de natureza predominantemente intelectual e de inovação
técnicas relacionadas à garantia de qualidade e de disponibilidade tecnológica do objeto licitado ou puder ser executado com diferen-
sobre infraestrutura, equipamentos e suprimentos. tes metodologias ou tecnologias de domínio restrito no mercado.
Parágrafo único. A contratação da qual decorra impacto nega- Art. 9º Nas contratações Semi-integradas e Integradas, o instru-
tivo sobre bens do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e mento convocatório deverá conter Matriz de Riscos, que conterá,
imaterial tombados dependerá de prévia autorização da esfera de no mínimo, as seguintes informações:
governo encarregada da proteção do respectivo patrimônio, deven- I- listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do
do o impacto ser compensado por meio de medidas determinadas contrato, impactantes no equilíbrio econômico-financeiro da aven-
pela Diretoria Executiva, na forma da legislação aplicável. ça, e previsão de eventual necessidade de prolação de termo aditi-
vo quando de sua ocorrência;
II- estabelecimento preciso das frações do objeto em que ha-
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verá liberdade das contratadas para inovar em soluções metodo- membros de mais de uma unidade da empresa, cujo propósito en-
lógicas ou tecnológicas, em obrigações de resultado, em termos de volve o desenvolvimento, a guarda e a promoção da padronização
modificação das soluções previamente delineadas no Anteprojeto das especificações técnicas sobre sua área temática para toda a
de Engenharia ou no Projeto Básico da licitação; Rede Ebserh.
III- estabelecimento preciso das frações do objeto em que não §3º As unidades organizacionais responsáveis por gerenciar as
haverá liberdade das contratadas para inovar em soluções meto- categorias de compras serão denominadas Gestora da Categoria
dológicas ou tecnológicas, em obrigações de meio, devendo haver de Compras, no caso da Administração Central e com abrangência
obrigação de identidade entre a execução e a solução pré-definida nacional, e Responsável pela Categoria de Compras, no caso das
no Anteprojeto de Engenharia ou no Projeto Básico da licitação. unidades hospitalares e com abrangência local.
§1º Os riscos decorrentes de fatos supervenientes à contrata- §4º A Responsável pela Categoria de Compras atuará sempre
ção associados à escolha da solução pela contratante deverão ser alinhada às estratégias e orientações da Gestora da Categoria de
alocados como de sua responsabilidade na Matriz de Riscos. Compras, exceto nos casos em que ainda não haja definição formal
§2º A ferramenta da Matriz de Riscos poderá ser estendida sobre algum tema, situações em que a Responsável pela Categoria
aos demais regimes de execução e abranger outros objetos além de Compras poderá atuar com total autonomia, nos limites de sua
de obras e serviços de engenharia, quando compatível e no que competência, dentro de sua unidade hospitalar.
couber. Art. 14. Serão designadas formalmente as unidades organiza-
Art. 10. Na contratação de obras e serviços poderá ser estabe- cionais responsáveis por formalizar as demandas de cada categoria
lecida remuneração variável, vinculada ao desempenho do contra- ou subcategoria de compras.
tado, como base em metas, padrões de qualidade, critérios de sus- Parágrafo único. A unidade organizacional responsável por for-
tentabilidade ambiental e prazos de entrega definidos pela Ebserh malizar a demanda de contratação sobre uma categoria ou subcate-
no instrumento convocatório ou no contrato. goria de compras é denominada unidade requisitante.
Parágrafo único. A remuneração variável está condicionada à Art. 15. As unidades organizacionais que necessitam de bens,
demonstração de eficiência e vantajosidade e respeitará o limite or- serviços ou obras para entregar resultados sob sua responsabilida-
çamentário fixado pela Ebserh para a respectiva contratação, con- de são denominadas unidades demandantes, podendo atuar como
templando: unidade requisitante, se for o caso, ou solicitar às unidades requisi-
I - parâmetros escolhidos para aferir o desempenho do con- tantes que procedam com a formalização de demandas.
tratado; Parágrafo único. A solicitação de compra encaminhada pela
II - faixas de remuneração. unidade demandante à unidade requisitante deve contemplar, ao
Art. 11. Poderá ser celebrado mais de um contrato para exe- menos:
cutar serviço de mesma natureza, quando o objeto da contratação I- apresentação de necessidades, sempre que possível indican-
puder ser executado de forma concorrente e simultânea por mais do os objetivos estratégicos e as iniciativas impactadas pela contra-
de um contratado, desde que: tação pretendida;
I- haja justificativa expressa; II- expectativa de data para recebimento do objeto contratado.
II- não implique perda de economia de escala; Art. 16. As unidades requisitantes devem, antes de formalizar
III- seja mantido controle individualizado da execução do obje- uma demanda, levar em consideração as seguintes diretrizes:
to contratual relativamente a cada um dos contratados; I- levantamento das necessidades das unidades organizacionais
IV- o edital estabeleça os parâmetros objetivos para a alocação abrangidas por seu escopo de atuação, evitando o início de proce-
das atividades a serem executadas por cada contratado. dimentos de contratação que não contemplam a demanda existen-
te na unidade hospitalar ou na Administração Central, conforme o
CAPÍTULO II caso;
DA FORMALIZAÇÃO DA DEMANDA II- adequação das necessidades aos catálogos padronizados de
bens e serviços;
Art. 12. A Formalização da Demanda resulta do levantamento III- correspondência das necessidades com o planejamento or-
da necessidade de uma contratação em termos do negócio da or- çamentário da organização;
ganização, evitando a condução de procedimentos de contratação IV - racionalização dos recursos e estoques disponíveis e ado-
que não contribuam para o alcance dos resultados institucionais. ção de diretrizes sustentáveis;
Art. 13. As contratações realizadas pela Ebserh podem ser di- V - correlação das necessidades levantadas e da demanda a ser
vididas em categorias e subcategorias de compras, representando formalizada com a necessidade real da organização.
a diversidade de objetos contratados pela estatal e permitindo a Parágrafo único. É vedado o fracionamento de despesas, veri-
especialização temática das unidades organizacionais responsáveis ficado quando sobrevierem contratações sucessivas, representadas
por gerenciar cada categoria ou subcategoria. por objetos idênticos ou de natureza semelhante, que
§1º A Diretoria Executiva designará unidades organizacionais poderiam ter sido somadas e realizadas conjunta e concomi-
para atuarem, de forma local ou nacional, como referencial técnico tantemente, ou seja, dentro do mesmo exercício orçamentário,
e de gestão das categorias ou subcategorias de compras, permitin- especialmente quando leve à indevida utilização de contratações
do uma reflexão propositiva e em rede sobre o aprimoramento das diretas.
contratações e do uso de recursos da estatal, resultando no desen- Art. 17. A materialização da fase de Formalização da Demanda
volvimento de estratégias de compras. se dará por intermédio da elaboração, pela unidade requisitante,
§2º As unidades organizacionais gestoras das categorias ou do Documento de Formalização da Demanda – DFD, para aquisi-
subcategorias de compras deverão, sempre que viável, participar ções em geral, ou do Documento de Oficialização da Demanda –
das câmaras técnicas de padronização nacionais, compostas por DOD, para aquisições de soluções de Tecnologia da Informação e
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Comunicação - TIC. com as câmaras técnicas de padronização nacionais, quando for-


§1º O DFD ou o DOD deverá formalizar a abertura do processo malizadas;
administrativo de planejamento de contratação e, preferencialmen- II- apoiar a prestação de informações aos interessados na con-
te, deve ser acompanhado ou citar os documentos comprobatórios tratação, como respostas a esclarecimentos, impugnações e pedi-
da fase de Formalização da Demanda. dos de informação;
§2º O DFD deve contemplar: III- atuar na análise de documentação técnica e de amostras,
I- justificativa da necessidade da contratação, considerando o bem como participar de provas de conceito durante a fase de Sele-
Planejamento Estratégico, o Plano Anual de Compras - PAC e o pla- ção de Fornecedor;
nejamento orçamentário; IV- ampliar a multidisciplinariedade nas etapas de gerencia-
II- quantidade a ser contratada, conforme avaliação inicial, a mento de riscos prévias à contratação.
ser aprofundada nas etapas seguintes; Art. 19. Os colaboradores indicados para participação na EPC
III- previsão de data em que a contratação deve estar disponí- ou na Equipe Técnica de Suporte à EPC devem ser empregados,
vel para ser executada; servidores de cargo efetivo cedidos ou em exercício na Ebserh, e
IV- indicação de colaboradores para compor a Equipe de Pla- devem registrar ciência expressa de sua indicação, antes de serem
nejamento da Contratação - EPC como Integrantes Requisitantes; formalmente designados, observadas as atribuições constantes
V- indicação de coordenador da EPC, preferencialmente da deste Regulamento.
unidade requisitante, que ficará responsável por coordenar os tra- §1º O registro da ciência deverá ser feito no próprio corpo do
balhos da equipe, bem como elaborar cronograma de atividades, DFD ou DOD, por assinatura dos colaboradores indicados.
buscando a previsibilidade necessária à organização da agenda de §2º Em caso de necessidade de alteração dos integrantes da
licitações e contratações da organização; EPC ou na Equipe Técnica de Suporte à EPC, o pedido deverá ser
VI- aprovação da chefia da unidade responsável, respeitado o formalizado via ofício, com registro da ciência dos novos colabora-
disposto no art. 20 deste Regulamento. dores indicados no corpo do próprio documento.
§3º O DOD deve ser composto por: Art. 20. O DFD e o DOD serão divididos em documentos aparta-
I- justificativa da necessidade da contratação, considerando o dos e sequenciais, da seguinte forma:
Planejamento Estratégico, o Plano Diretor de Tecnologia da Infor- I- no caso de contratações de bens, serviços e obras:
mação e Comunicação - PDTIC, o PAC e o planejamento orçamen- a)DFD I: elaborado pela unidade requisitante, conforme art. 17,
tário; §2º;
II- explicitação da motivação e dos resultados a serem alcan- b)DFD II: elaborado pela área de compras, conforme art. 25.
çados com a contratação da solução de Tecnologia da Informação II- no caso de contratações de soluções de Tecnologia da Infor-
e Comunicação - TIC, conforme avaliação inicial, a ser aprofundada mação e Comunicação - TIC:
nas etapas seguintes; a)DOD I: elaborado pela unidade requisitante, conforme art.
III- previsão de data em que a contratação deve estar disponí- 17, §3º;
vel para ser executada; b)DOD II: elaborado pela área de tecnologia da informação,
IV- indicação da fonte dos recursos para a contratação, confor- conforme art. 22;
me planejamento orçamentário da unidade; c)DOD III: elaborado pela área de compras, conforme art. 25,
V- indicação de colaboradores para compor a Equipe de Plane- §1º.
jamento da Contratação - EPC; Art. 21. O DFD I deverá ser encaminhado à área de compras
VI- indicação de coordenador da EPC, preferencialmente da para que seja iniciada a fase de Planejamento da Contratação.
unidade requisitante, que ficará responsável por coordenar os tra- Parágrafo único. Caso o DFD I contemple demanda que atenda
balhos da equipe, bem como elaborar cronograma de atividades, a mais de uma unidade requisitante, deverão ser indicados repre-
buscando a previsibilidade necessária à organização da agenda de sentantes de todas as requisitantes envolvidas.
licitações e contratações da organização; Art. 22. O DOD I será enviado à área de tecnologia da infor-
VII- aprovação da chefia da unidade responsável, respeitado o mação, que avaliará o alinhamento da contratação ao PDTIC e ao
disposto no art. 20 deste Regulamento. PAC e indicará o Integrante Técnico para composição da EPC, com
§4º No caso de constituição de EPC Permanente, nos termos do formalização no DOD II.
art. 27, o DFD ou DOD deve indicar os integrantes responsáveis por §1º Após concluída a etapa prevista no caput, a área de tecno-
conduzir o planejamento daquela contratação específica, referen- logia da informação encaminhará o processo administrativo à área
ciando a portaria de constituição da EPC Permanente. de compras para início da fase de Planejamento da Contratação.
§5º O DFD ou o DOD referenciados nos §§2º e 3º poderão ser §2º O DOD II referenciado no caput poderá ser acompanha-
acompanhados da indicação dos colaboradores que irão compor a do da indicação dos colaboradores que irão compor a Equipe de
Equipe de Fiscalização dos Contratos - EFC, os quais poderão parti- Fiscalização dos Contratos como Fiscais Técnicos, os quais poderão
cipar da EPC. participar da EPC.
Art. 18. O DFD ou o DOD pode, ainda, indicar colaboradores
para compor a Equipe Técnica de Suporte à EPC, no caso de contra- CAPÍTULO III
tações envolvendo amostras, provas de conceito ou complexidades DO PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
técnicas nas exigências de habilitação, que será informada pela EPC
sobre o andamento das etapas da contratação e poderá ser convo- Art. 23. As contratações serão antecedidas por planejamento
cada para: prévio e detalhado, com a finalidade de otimizar o desempenho da
I- robustecer o detalhamento das especificações técnicas, in- empresa, proteger o interesse público envolvido e promover trans-
clusive sobre requisitos da contratação, realizando interlocução parência e equidade, com vistas a maximizar seus resultados econô-
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micos e suas finalidades estatutárias. de Administração.


§1º As contratações de soluções de Tecnologia da Informação §2º É recomendada a indicação de Integrante Administrativo
e Comunicação – TIC deverão observar os normativos específicos para compor EPC nas seguintes situações:
expedidos pelo Ministério da Economia, no que não conflitar com I- aquisições envolvendo vultos significativos para a organiza-
este Regulamento. ção;
§2º As contratações de tecnologias em saúde deverão obser- II- aquisições com elevada criticidade e alto impacto nas entre-
var os normativos específicos expedidos pelo Ministério da Saúde e gas institucionais;
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, no que não III- demais integrantes percorrendo os estágios iniciais da curva
conflitar com este Regulamento. de aprendizagem sobre planejamento de contratações, quando os
Art. 24. O planejamento de cada nova contratação consistirá Integrantes Administrativos devem atuar inclusive na transferência
na instrução de processo administrativo contendo documentação de conhecimento sobre o tema.
capaz de materializar as seguintes etapas: Art. 26. A EPC é o conjunto de colaboradores que reúnem as
I - estudos técnicos preliminares; competências necessárias à completa execução das etapas de pla-
II - gerenciamento de riscos; nejamento da contratação, o que inclui conhecimentos sobre as-
III - elaboração de documentos contendo as especificações téc- pectos técnicos e de uso do objeto, licitações e contratos, dentre
nicas da contratação, como o Anteprojeto de Engenharia, o Termo outros.
de Referência ou o Projeto Básico, com suas respectivas pesquisas §1º A EPC deverá acompanhar as fases da contratação, atuan-
de preços. do, no caso de licitações, na pronta resposta a eventuais esclareci-
§1º Ficam dispensados a elaboração de estudos técnicos pre- mentos e impugnações durante o certame.
liminares e o gerenciamento de riscos, salvo na fase de Gestão do §2º Mediante justificativa, poderá ser formalizada EPC conten-
Contrato e diante da ocorrência de eventos relevantes, quando se do somente um integrante da unidade requisitante da contratação,
tratar de: ressalvado o disposto no §1º do art. 25.
I- contratações diretas de baixo valor, aquelas cujos valores se §3º A constituição da EPC ocorrerá por intermédio da desig-
enquadrem nos limites dos incisos I e II do art. 79 deste Regulamen- nação formal do Diretor de Administração e Infraestrutura ou pelo
to; ou Gerente Administrativo, divulgada em boletim de serviço.
II- contratações diretas emergenciais, previstas no inciso XV do §4º O ato de constituição da EPC deve prever um prazo para
art. 79 deste Regulamento. a conclusão de suas atividades, indicado pela área administrativa
§2º Podem ser aproveitados os documentos já elaborados na com base no PAC e na data prevista para início da execução da con-
fase de Planejamento da Contratação original, a serem inseridos em tratação, informada, pela unidade requisitante, na fase de Formali-
novo processo administrativo relacionado ao original, observadas zação da Demanda.
as disposições do art. 79, §§3º a 5º, no caso das seguintes contra- §5º Compete ao coordenador da EPC acompanhar e priorizar
tações diretas: as atividades da equipe, informando a autoridade competente caso
I- decorrente de licitação deserta, prevista no inciso III do art. seja necessário prorrogar o prazo inicialmente estabelecido.
79 deste Regulamento; §6º Encerrado o prazo previsto nos §4º e 5º sem a conclusão
II- decorrente de licitação fracassada, prevista no inciso IV do das atividades da EPC, a continuidade da fase de Planejamento da
art. 79 deste Regulamento; Contratação dependerá de reedição da portaria de constituição da
III - de remanescente, prevista no inciso VI do art. 79 deste Re- EPC, mediante solicitação fundamentada da Gerência ou Diretoria
gulamento. responsável pela unidade requisitante.
§3º Nas licitações desertas ou fracassadas, deve ser elaborado §7º Nos limites do seu conhecimento técnico ou administrativo
relatório pela EPC que contenha: sobre o tema, os membros da EPC responderão solidariamente por
I- avaliação dos motivos do insucesso da contratação, abordan- todos os atos praticados pela equipe, ressalvado o membro que ex-
do a adequação do preço estimado, o procedimento de seleção do pressar posição individual divergente devidamente fundamentada
fornecedor, número de licitantes e marcas ofertadas, possível con- e registrada em ata lavrada na reunião em que houver sido tomada
centração de mercado, divergência de descritivos técnicos, dentre a decisão.
outros; Art. 27. No caso de objetos de contratação recorrentes, pre-
II- revisão do gerenciamento de riscos decorrente da etapa de vistos no Plano Anual de Compras, poderá ser constituída uma EPC
seleção do fornecedor; permanente, com as seguintes características:
III- conclusão pela reedição do procedimento licitatório ou re- I- designação por exercício;
alização de dispensa de licitação prevista no art. 79, III ou IV, opção II- definição prévia das categorias de compras abarcadas;
esta que deve conter a demonstração de que a repetição do certa- III- preferencialmente rotatividade periódica de ao menos um
me traria prejuízos à Ebserh, podendo ser aproveitados os docu- colaborador a cada recondução.
mentos já elaborados na fase de Planejamento da Contratação. Parágrafo único. No caso de EPC permanente constituída, o
Art. 25. A fase de Planejamento da Contratação se inicia com o DFD ou DOD deverá ser encaminhado à área de compras para que
recebimento, pela área de compras, do DFD I ou DOD II. haja, se necessário, indicação de colaboradores da área administra-
§1º Poderá ser indicado colaborador da área administrativa tiva para comporem a EPC como Integrantes Administrativos.
para compor a EPC como Integrante Administrativo, preferencial-
mente da área de compras, com a formalização do DFD II, sendo
obrigatória a indicação somente nos casos de contratação de obje-
tos de TIC, quando deverá ser formalizado o DOD III, ambos apro-
vados pelo Coordenador de Administração ou pelo Chefe do Setor
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SEÇÃO I tos nos incisos I, IV, V, VI, VII, IX, XIII e XIV e, quando não contemplar
DOS ESTUDOS TÉCNICOS PRELIMINARES os demais elementos do caput, apresentar as devidas justificativas
no próprio documento que o materializa.
Art. 28. O Estudo Técnico Preliminar - ETP, produzido e regis- §3º O ETP será assinado por todos os integrantes da EPC, sendo
trado no Sistema ETP digital pela EPC com base nas informações desnecessária a aprovação por autoridade superior.
consolidadas na fase de Formalização da Demanda, deverá conter: §4º No caso de contratação de solução de Tecnologia da Infor-
I- descrição da necessidade da contratação, considerado o pro- mação e Comunicação - TIC, o ETP será assinado pelos integrantes
blema a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público; Técnico e Requisitante da EPC e aprovado pelo Diretor de Tecnolo-
II- descrição dos requisitos necessários e suficientes à escolha gia da Informação, no caso da Administração Central, ou pelo Setor
da solução, prevendo critérios e práticas de sustentabilidade; de Tecnologia da Informação e Saúde Digital, no caso das unidades
III- levantamento de mercado, que consiste na prospecção e hospitalares.
análise das alternativas possíveis de soluções, podendo, entre ou-
tras opções: SEÇÃO II
a)levar em consideração contratações similares feitas por ou- DAS PESQUISAS DE PREÇOS
tros órgãos e entidades, com objetivo de identificar a existência de
novas metodologias, tecnologias ou inovações que melhor aten- Art. 29. O planejamento de cada contratação conterá pesquisa
dam às necessidades da administração; de preços, empreendida pela EPC com a profundidade operacional
b)ser realizada consulta, audiência pública ou interlocução e metodológica necessária, conforme o caso, para determinar os
transparente com potenciais contratadas, registrada nos autos, referenciais de preços para as contratações.
para coleta de contribuições. Parágrafo único. Os procedimentos básicos para a realização de
IV- descrição da solução como um todo, inclusive das exigên- pesquisas de preços serão regulamentados por norma específica.
cias relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for Art. 30. A estimativa preliminar de valor da contratação ela-
o caso, acompanhada das justificativas técnica e econômica da es- borada no ETP pode ser substituída pela realização da pesquisa de
colha do tipo de solução; preços, realizada de forma antecipada, caso as condições e os requi-
V- estimativa das quantidades a serem contratadas, acompa- sitos da contratação elaborados até essa etapa permitam um levan-
nhada das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão su- tamento mais preciso do referencial de preços para a contratação.
porte, considerando a interdependência com outras contratações, Art. 31. O orçamento de referência do custo global de obras e
de modo a possibilitar economia de escala; serviços de engenharia deverá ser obtido a partir de custos unitá-
VI- estimativa preliminar do valor da contratação, acompanha- rios de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus
da dos preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Ín-
documentos que lhe dão suporte, que deverá ser apresentada em dices da Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em
processo administrativo ou anexo de acesso restritos até a conclu- geral, devendo ser observadas as peculiaridades geográficas.
são da etapa de julgamento das propostas, citando-se no ETP so- §1º No caso de inviabilidade da definição dos custos consoante
mente o número do processo ou anexo que contém tal informação, o disposto no caput, a estimativa de custo global poderá ser apura-
exceto se a Administração optar pela sua publicidade, de forma da por meio da utilização de dados contidos em tabela de referência
justificada; formalmente aprovada por órgãos ou entidades da administração
VII- justificativas para o parcelamento ou não da solução, se pública federal, em publicações técnicas especializadas, em banco
aplicável; de dados e sistema específico instituído para o setor ou em pesqui-
VIII - contratações correlatas e/ou interdependentes; sa de mercado.
IX- demonstração do alinhamento entre a contratação e o pla- §2º Os eventuais componentes de custo que não estejam pre-
nejamento da organização, identificando a previsão no PAC, PDTIC vistos no Sinapi ou outras tabelas citadas no §1º deverão ter seu
(contratação de soluções de Tecnologia da Informação e Comuni- referencial de preços estimado com base no procedimento básico
cação – TIC), ou, se for o caso, justificando a ausência de previsão; para realização de pesquisa de preços regulamentado por norma
X- resultados pretendidos, em termos de efetividade e de de- específica.
senvolvimento nacional sustentável; §3º As contratações de obras e serviços de engenharia devem,
XI- providências a serem adotadas pela administração previa- ainda, utilizar os critérios indicados em Decreto do Poder Executivo
mente à celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de Federal.
servidores ou de empregados para fiscalização e gestão contratual
ou adequação do ambiente da organização; SEÇÃO III
XII- possíveis impactos ambientais e respectivas medidas de DO GERENCIAMENTO DE RISCOS
tratamento;
XIII- posicionamento conclusivo sobre a viabilidade e razoabili- Art. 32. O gerenciamento de riscos de cada contratação consis-
dade da contratação; te nas seguintes atividades:
XIV- avaliação da necessidade de classificação do ETP como si- I- identificação dos principais riscos que possam comprometer
giloso, nos termos da Lei nº 12.527/ 2011. a efetividade do planejamento da contratação, da seleção do forne-
§1º Caso, após o levantamento do mercado de que trata o in- cedor e da gestão contratual ou que impeçam o alcance dos resul-
ciso III, a quantidade de fornecedores for considerada restrita, de- tados que atendam às necessidades da contratação;
ve-se verificar se os requisitos que limitam a participação são real- II- avaliação dos riscos identificados, consistindo na mensura-
mente indispensáveis, flexibilizando-os sempre que possível. ção da probabilidade de ocorrência e do impacto de cada risco;
§2º O ETP deve obrigatoriamente conter os elementos dispos- III- tratamento dos riscos considerados inaceitáveis por meio
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da definição das ações para reduzir a probabilidade de ocorrência XV- garantia de execução (do contrato), se exigida;
dos eventos ou suas consequências; XVI- critérios de sustentabilidade ambiental, social e econômi-
IV- para os riscos que persistirem inaceitáveis após o tratamen- ca; XVII - critérios e índices de reajustes, conforme o caso;
to, definição das ações de contingência para o caso de os eventos XVIII - adequação orçamentária; XIX - subcontratação e consór-
correspondentes aos riscos se concretizarem; cios; XX - alteração subjetiva;
V- definição dos responsáveis pelas ações de tratamento dos XXI - matriz de riscos, se for o caso.
riscos e das ações de contingência. §1º Devem ser preferencialmente utilizados os modelos de TR
Parágrafo único. O gerenciamento de riscos será conduzido: padronizados, como aqueles:
I - pela EPC, durante a fase de Planejamento da Contratação e I- divulgados pelas gestoras das respectivas categorias de com-
de Seleção de Fornecedor; ou pras, preferencialmente com apoio das câmaras técnicas de padro-
II - pela EFC, durante a fase de Gestão do Contrato. nização nacionais; ou
Art. 33. O gerenciamento de riscos materializa-se no documen- II- aprovados pela Consultoria Jurídica.
to Mapa de Riscos. §2º Na ausência de modelos de TR disponíveis, deve ser avalia-
§1º O Mapa de Riscos deve ser confeccionado ao final da elabo- da a adoção das diretrizes de elaboração divulgadas pelo Ministério
ração do ETP e abarcar os possíveis riscos das fases de Planejamen- da Economia, por intermédio de Instruções Normativas ou Cader-
to da Contratação, Seleção de Fornecedor e Gestão do Contrato. nos de Logística, com as devidas adequações a este Regulamento.
§2º O Mapa de Riscos será atualizado, pelo menos: Art. 36. O Anteprojeto de Engenharia, elaborado pela EPC no
I- ao final da elaboração do Termo de Referência, do Projeto caso de contratação integrada, a partir do ETP e do gerenciamento
Básico ou do Anteprojeto de Engenharia; de riscos, deverá conter, no mínimo, o seguinte conteúdo:
II- após a fase de Seleção de Fornecedor; I- demonstração e justificativa do programa de necessidades,
III- caso haja eventos relevantes, durante a fase de Gestão do avaliação de demanda do público-alvo, motivação técnico-econô-
Contrato. mico-social do empreendimento, visão global dos investimentos e
§3º Podem ser utilizados os modelos de Mapa de Riscos divul- definições relacionadas ao nível de serviço desejado;
gados nas Instruções Normativas do Ministério da Economia, caso a II- condições de solidez, de segurança e de durabilidade;
Ebserh não disponha de modelo próprio. III - prazo de entrega;
Art. 34. Em contratações consideradas de elevada complexida- IV- estética do projeto arquitetônico, traçado geométrico e/ou
de técnica e/ou tecnológica, é recomendado o aprofundamento da projeto da área de influência, quando cabível;
etapa de gerenciamento de riscos, atentando-se ainda mais para V- parâmetros de adequação ao interesse público, de economia
o disposto na Política de Gestão de Riscos e Controles Internos da na utilização, de facilidade na execução, de impacto ambiental e de
Ebserh para confeccionar um Mapa de Riscos diferenciado. acessibilidade;
VI- proposta de concepção da obra ou do serviço de engenha-
SEÇÃO IV ria;
DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DA CONTRATAÇÃO VII- projetos anteriores ou estudos preliminares que embasa-
ram a concepção proposta;
Art. 35. O Termo de Referência – TR ou o Projeto Básico - PB, VIII - levantamento topográfico e cadastral;
elaborado pela EPC a partir do ETP e do gerenciamento de riscos, IX- pareceres de sondagem;
deverá conter, no mínimo, o seguinte conteúdo: X- memorial descritivo dos elementos da edificação, dos com-
I- definição do objeto; ponentes construtivos e dos materiais de construção, de forma a
II- fundamentação e justificativa da contratação; estabelecer padrões mínimos para a contratação.
III- descrição da solução como um todo, contendo inclusive os Art. 37. Os TR ou Anteprojetos de Engenharia devem ser apro-
códigos dos catálogos de materiais e de serviços, observada a natu- vados de modo fundamentado por:
reza de despesa do objeto; I- Presidente, Vice-Presidente ou Diretor, no caso de contrata-
IV- requisitos da contratação; ção conduzida pela Administração Central, conforme suas compe-
V- regime de execução ou forma de fornecimento; tências temáticas;
VI- necessidade de formalização de termo de contrato ou ins- II- Superintendente ou Gerentes, no caso de contratação con-
trumento equivalente; duzida pela unidade hospitalar, conforme suas competências temá-
VII- modelos de execução do objeto e de gestão do contrato, ticas.
contendo inclusive a forma de controle e fiscalização contratual, §1º A competência prevista no caput poderá ser avocada por
bem como as condições de entrega, se for o caso; instância colegiada superior ou delegada, neste caso com delimita-
VIII- critérios de medição e pagamento, contendo inclusive as ção de alçadas.
condições de aceitação do objeto; §2º No caso de contratação de solução de tecnologia da infor-
IX - forma de seleção de fornecedor; mação, o TR, antes de ser aprovado, deve ser validado pelo Diretor
X- critérios de seleção de fornecedor, inclusive modo de dispu- de Tecnologia da Informação, no caso da Administração Central, ou
ta e intervalos entre lances, no caso de licitação, e razão de escolha pelo Setor de Tecnologia da Informação e Saúde Digital, no caso das
do fornecedor, no caso de contratação direta; unidades hospitalares.
XI- indicação do sigilo do orçamento ou, caso decidida a sua di- Art. 38. A fase de Planejamento da Contratação se encerra com
vulgação de forma justificada, as estimativas detalhadas dos preços; o envio dos processos de planejamento da contratação, após sua
XII- definição das responsabilidades das partes; completa instrução, à área de compras.
XIII - sanções administrativas;
XIV- garantia do produto ou serviço, se exigida;
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CAPÍTULO IV I- aquisições com valores iguais ou inferiores aos dos incisos I e


DA SELEÇÃO DE FORNECEDOR II do art. 79, caso haja minuta de contrato ou de outro instrumento
obrigacional não previamente padronizado pelo órgão de assesso-
Art. 39. A fase de Seleção de Fornecedor será conduzida com ramento jurídico da Ebserh;
base na documentação produzida durante o planejamento da con- II- aquisições com valores superiores aos dos incisos I e II do
tratação e poderá consistir em condução de licitação ou instrução art. 79.
de contratação direta. §1º No caso de reedição de procedimento licitatório ou contra-
Art. 40. A fase de Seleção de Fornecedor observará a seguinte tação direta decorrentes de licitação fracassada ou deserta, é dis-
sequência de etapas: pensável a remessa dos autos à análise jurídica, desde que tenham
I - preparação; sido observadas as mesmas condições do instrumento convocatório
II- divulgação; inicialmente aprovado.
III- apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de §2º Caso se opte pela contratação direta decorrente de licita-
disputa adotado; ção fracassada ou deserta sem nova remessa à análise jurídica, de-
IV - julgamento; ve-se ter especial atenção ao cumprimento do disposto no art. 24,
V - verificação de efetivação dos lances ou propostas; §3º, e art. 83 deste regulamento.
VI - negociação; Art. 44. Na elaboração de parecer jurídico, o órgão de assesso-
VII- habilitação; ramento jurídico deverá:
VIII- interposição de recursos e adjudicação do objeto; I- apreciar o processo de contratação conforme critérios objeti-
IX- homologação do resultado ou revogação do procedimento. vos prévios de atribuição de prioridade;
§1º A etapa de habilitação poderá, excepcionalmente, ante- II- redigir sua manifestação em linguagem simples e compre-
ceder as etapas referidas nos incisos III a VI do caput, desde que ensível e de forma clara e objetiva, com apreciação de todos os
justificado no processo e expressamente previsto no instrumento elementos indispensáveis à contratação e com exposição dos pres-
convocatório. supostos de fato e de direito levados em consideração na análise
§2º As contratações diretas seguirão as etapas previstas nos jurídica;
incisos I, VI, VII e IX do caput, podendo adotar as etapas dos inci- III- dar especial atenção à conclusão, que deverá ser aparta-
sos II a V, no que couber, caso seja utilizada a dispensa eletrônica da da fundamentação, a fim de permitir à autoridade consulente
ou o procedimento auxiliar de chamamento público de propostas sua fácil compreensão e atendimento e, se constatada ilegalidade,
comerciais. apresentar posicionamento conclusivo quanto à impossibilidade de
Art. 41. As eventuais irregularidades cometidas por empresas continuidade da contratação nos termos analisados, com sugestão
e demais interessados durante a fase de Seleção de Fornecedor se- de medidas que possam ser adotadas para adequá-la à legislação
rão apuradas conforme procedimento específico, regido por norma aplicável.
interna, pelo qual pode ser determinada a aplicação de penalidade Art. 45. O órgão de assessoramento jurídico da Ebserh pode-
de suspensão temporária de participação em licitação e impedi- rá homologar minutas-padrão de editais, de termos de contrato e
mento de contratar com a entidade sancionadora, por prazo não outros instrumentos obrigacionais, bem como aprovar pareceres
superior a 2 (dois) anos, bem como as sanções previstas na Lei nº referenciais sobre matérias recorrentes.
12.846/2013. §1º Havendo manifestação jurídica referencial, é dispensada a
análise individualizada do processo de contratação pelo órgão jurí-
SEÇÃO I dico, desde que a área de licitações ou de contratos ateste, de for-
DA PREPARAÇÃO ma expressa, que o caso concreto se amolda aos termos da citada
manifestação.
Art. 42. A etapa de preparação da contratação consiste na re- §2º A Diretoria Executiva ou o Colegiado Executivo, no âmbito
alização de instrução processual para viabilizar a condução da li- de sua competência e com base na avaliação da maturidade da ges-
citação ou a recomendação da efetivação da contratação direta, tão administrativa, poderá dispensar a análise jurídica de processos
compreendendo: em caso de utilização de minutas-padrão, desde que não haja alte-
I- realização de conformidade administrativa sobre o processo ração, inclusão ou exclusão de cláusulas gerais dos modelos homo-
de planejamento da contratação; logados.
II- elaboração das minutas dos instrumentos convocatórios, Art. 46. As licitações serão processadas e julgadas por Agente
dos termos de contrato, das atas de registro de preços e demais de Licitação, empregado, servidor de cargo efetivo cedido ou em
instrumentos obrigacionais; exercício na Ebserh, designado por ato do Diretor de Administração
III- classificação orçamentária da despesa, bem como registro e Infraestrutura, no caso da Administração Central, ou do Gerente
de disponibilidade orçamentária, quando for o caso; Administrativo, no caso das unidades hospitalares.
IV- apreciação do órgão de assessoramento jurídico, quando §1º O ato de designação de que trata o caput deve ser publica-
for o caso; do em boletim interno e terá validade até o final do respectivo exer-
V- avaliação, ratificação ou alteração da forma escolhida pelo cício, podendo haver inclusões ou destituições de colaboradores, a
TR para seleção de fornecedor; critério da autoridade signatária.
VI - instauração do procedimento licitatório, quando for o caso. §2º O Agente de Licitação poderá ser auxiliado por equipe de
Art. 43. Deverá haver submissão do processo administrativo de apoio e responderá individualmente pelos atos que praticar, salvo
seleção de fornecedor à apreciação do órgão de assessoramento quando induzido a erro pela atuação dessa equipe.
jurídico da Ebserh, que realizará controle prévio de legalidade me- §3º Em licitações complexas, o Agente de Licitação poderá ser
diante análise jurídica da contratação, nos seguintes casos: substituído por Comissão de Licitação formada por, no mínimo, 3
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(três) membros, que responderão solidariamente por todos os atos recimentos ou impugnar edital de licitação por irregularidade na
praticados pela comissão, ressalvado o membro que expressar po- aplicação deste Regulamento e da legislação aplicável, devendo
sição individual divergente fundamentada e registrada em ata lavra- protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para
da na reunião em que houver sido tomada a decisão. a ocorrência do certame, assegurando o prazo de 3 (três) dias úteis
§4º A equipe de apoio ou a Comissão de Licitação deverá ser para o julgamento e resposta pela Administração e, na sequência, o
integrada por empregados, servidores de cargo efetivo cedidos ou prazo de 2 (dois) dias úteis para a apresentação das propostas pelos
em exercício na Ebserh, e será constituída seguindo a mesma rotina licitantes, se for o caso.
estabelecida no caput e §1º. §1º Na hipótese de aquisição de bens, caso se utilize prazo de
Art. 47. Em licitação que envolva bens ou serviços especiais, publicidade do edital inferior a 15 (quinze) dias úteis, para que se
cujo objeto não seja rotineiramente contratado pela Ebserh, pode- viabilize o pedido de esclarecimento e a impugnação, o prazo do
rá ser contratado, por prazo determinado, serviço de empresa ou caput será reduzido para 2 (dois) dias úteis antes da data fixada para
profissional especializado para assessorar os agentes públicos res- a ocorrência do certame, assegurando o prazo de 1 (um) dia útil
ponsáveis pela condução da licitação. para o julgamento e resposta pela Administração e, na sequência,
o prazo de 1 (um) dia útil para a apresentação das propostas pelos
SEÇÃO II licitantes, se for o caso.
DA DIVULGAÇÃO §2º O dia de abertura da licitação não é computado para a con-
tagem dos prazos referidos no caput e no §1º.
Art. 48. O aviso com o resumo do edital da licitação ou de cha-
mamento público de propostas para contratação direta deverá ser SEÇÃO III
publicado no Diário Oficial da União e no Portal da Ebserh. DA APRESENTAÇÃO DE LANCE OU PROPOSTA E DO MODO DE
§1º Caso se utilize a dispensa eletrônica, o aviso deverá ser pu- DISPUTA
blicado no Sistema de Compras do Governo Federal – Comprasnet
4.0 e no Portal da Ebserh. Art. 51. Poderão ser adotados os modos de disputa aberto ou
§2º A autorização para divulgação compete ao Diretor de Ad- fechado, ou, quando o objeto da licitação puder ser parcelado, a
ministração e Infraestrutura, no caso da Administração Central, ou combinação de ambos.
ao Gerente Administrativo, no caso das unidades hospitalares. Art. 52. No modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão
§3º Demais atos e procedimentos do processo serão divulga- lances públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme
dos exclusivamente por meio eletrônico, nos termos definidos no o critério de julgamento adotado.
instrumento convocatório. Parágrafo único. Quando for adotado o modo de disputa aber-
Art. 49. Serão observados os seguintes prazos mínimos para a to, poderão ser admitidos:
apresentação de propostas ou lances, contados a partir da divulga- I - a apresentação de lances intermediários, quais sejam:
ção do instrumento convocatório: a)iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o
I - para aquisição de bens: julgamento pelo critério da maior oferta;
a)5 (cinco) dias úteis, quando adotado como critério de julga- b)iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados
mento o menor preço ou o maior desconto; os demais critérios de julgamento.
b)10 (dez) dias úteis, nas demais hipóteses. II - o reinício da disputa aberta, após a definição do melhor lan-
II - para contratação de obras e serviços: ce, para definição das demais colocações, quando existir diferença
a)15 (quinze) dias úteis, quando adotado como critério de jul- de pelo menos 10% (dez por cento) entre o melhor lance e o sub-
gamento o menor preço ou o maior desconto; sequente.
b)30 (trinta) dias úteis, nas demais hipóteses. Art. 53. No modo de disputa fechado, as propostas apresenta-
III- 45 (quarenta e cinco) dias úteis para licitação em que se das pelos licitantes serão sigilosas até a data e a hora designadas
adote como critério de julgamento a melhor técnica ou a melhor para que sejam divulgadas.
combinação de técnica e preço, bem como para licitação em que
haja contratação Semi-integrada ou Integrada. SEÇÃO IV
IV- 10 (dez) dias úteis para alienação de bens. DO JULGAMENTO
§1º No caso de inversão de fases, os prazos mínimos citados no
caput devem ser utilizados como referência para a abertura da fase Art. 54. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de julga-
de habilitação. mento:
§2º No caso de dispensa eletrônica ou chamamento público de I - Menor Preço;
propostas para contratação direta, o prazo para apresentação de II- Maior Desconto;
propostas não será inferior a 3 (três) dias úteis, salvo justificativa III- Melhor Combinação de Técnica e Preço;
fundamentada. IV - Melhor Técnica;
§3º As modificações promovidas no instrumento convocatório V - Melhor Conteúdo Artístico;
serão objeto de divulgação nos mesmos termos e prazos dos atos VI - Maior Oferta de Preço;
e procedimentos originais, exceto quando a alteração não afetar a VII- Maior Retorno Econômico;
preparação das propostas. VIII- Melhor Destinação de Bens Alienados.
§4º No caso da vistoria prévia obrigatória prevista no art. 67, §1º Os critérios de julgamento serão expressamente identifi-
§2º, o prazo de divulgação de que trata o caput não poderá ser infe- cados no instrumento convocatório e poderão ser combinados na
rior a 20 (vinte) dias úteis. hipótese de parcelamento do objeto.
Art. 50. Qualquer cidadão é parte legítima para solicitar escla- §2º Na hipótese de adoção dos critérios referidos nos incisos
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III, IV, V e VII do caput deste artigo, o julgamento das propostas será do valor mínimo de arrematação.
efetivado mediante o emprego de parâmetros específicos, defini- §2º Na hipótese do parágrafo anterior, o licitante vencedor per-
dos no instrumento convocatório, destinados a limitar a subjetivi- derá a quantia em favor da Ebserh caso não efetue o pagamento
dade do julgamento. devido no prazo estipulado.
§3º Para efeito de julgamento, não serão consideradas vanta- §3º Os bens e direitos a serem licitados pelo critério de maior
gens não previstas no instrumento convocatório. oferta serão previamente avaliados para fixação do valor mínimo
Art. 55. O critério de julgamento pelo menor preço ou maior de arrematação.
desconto considerará o menor dispêndio para a Ebserh, atendidos §4º Os bens e direitos arrematados serão pagos à vista, em até
os parâmetros mínimos de qualidade definidos no instrumento 1 (um) dia útil contado da data da assinatura da ata lavrada no local
convocatório. do julgamento ou da data de notificação, salvo se o instrumento
Parágrafo único. Os custos indiretos, relacionados às despesas convocatório previr de forma diferente.
de manutenção, utilização, reposição, depreciação e impacto am- §5º O instrumento convocatório poderá prever que o paga-
biental, entre outros fatores, poderão ser considerados para a de- mento seja realizado mediante entrada em percentual não inferior
finição do menor dispêndio, sempre que objetivamente mensurá- a 5% (cinco por cento), no prazo referido no parágrafo anterior, com
veis, conforme parâmetros definidos no instrumento convocatório. pagamento do restante no prazo estipulado no mesmo instrumen-
Art. 56. O critério de julgamento por maior desconto terá como to, sob pena de perda, em favor da Ebserh, do valor já recolhido.
referência o preço global fixado no instrumento convocatório, es- §6º O instrumento convocatório estabelecerá as condições
tendendo-se o desconto oferecido nas propostas ou lances vence- para a entrega do bem ao arrematante.
dores a eventuais termos aditivos. Art. 60. No critério de julgamento pelo maior retorno econô-
§1º No caso de obras e serviços de engenharia, o desconto in- mico as propostas serão consideradas de forma a selecionar a que
cidirá de forma linear sobre a totalidade dos itens constantes do proporcionar a maior economia para a Ebserh decorrente da execu-
orçamento estimado, que deverá obrigatoriamente integrar o ins- ção do contrato.
trumento convocatório. §1º O instrumento convocatório deverá prever parâmetros
§2º Para os demais objetos, o desconto linear, total ou parcial, objetivos de mensuração da economia gerada com a execução do
poderá ser exigido conforme definido no instrumento convocatório. contrato, que servirá de base de cálculo da remuneração devida ao
Art. 57. O critério de julgamento pela melhor combinação de contratado.
técnica e preço será utilizado quando a avaliação e a ponderação da §2º Quando não for gerada a economia prevista no lance ou
qualidade técnica das propostas que superarem os requisitos míni- propostas, a diferença entre a economia contratada e a efetivamen-
mos estabelecidos no instrumento convocatório forem relevantes te obtida será descontada da remuneração do contratado.
aos fins pretendidos. §3º Se a diferença entre a economia contratada e a efetivamen-
§1º No julgamento pelo critério de melhor combinação de téc- te obtida for superior à remuneração do contratado, será aplicada
nica e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas téc- sanção prevista em contrato.
nicas e de preço apresentadas pelos licitantes, segundo fatores de §4º Para efeito de julgamento da proposta, o retorno econômi-
ponderação objetivos previstos no instrumento convocatório. co é o resultado da economia que se estima gerar com a execução
§2º O fator de ponderação mais relevante será limitado a 70% da proposta de trabalho, deduzida a proposta de preço.
(setenta por cento). §5º Nas licitações que adotem o critério de julgamento pelo
§3º Poderão ser utilizados parâmetros de sustentabilidade am- maior retorno econômico, os licitantes apresentarão:
biental para a pontuação das propostas técnicas. I- proposta de trabalho, que deverá contemplar:
§4º O instrumento convocatório pode estabelecer pontuação a)as obras, serviços ou bens, com respectivos prazos de realiza-
mínima para as propostas técnicas, cujo não atingimento implicará ção ou fornecimento;
desclassificação. b)a economia que se estima gerar, expressa em unidade de
Art. 58. O critério de julgamento pela melhor técnica ou pelo medida associada à obra, bem ou serviço e expressa em unidade
melhor conteúdo artístico poderá ser utilizado para a contratação monetária.
de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística, II- proposta de preço, que corresponderá a um percentual so-
incluídos os projetos arquitetônicos. bre a economia que se estima gerar durante determinado período,
§1º O critério de julgamento pela melhor técnica ou pelo me- expressa em unidade monetária.
lhor conteúdo artístico considerará exclusivamente as propostas Art. 61. Na implementação do critério melhor destinação de
técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes, segundo parâ- bens alienados, será obrigatoriamente considerada, nos termos do
metros objetivos inseridos no instrumento convocatório. respectivo instrumento convocatório, a repercussão, no meio so-
§2º Poderão ser utilizados parâmetros de sustentabilidade am- cial, da finalidade para cujo atendimento o bem será utilizado pelo
biental para a pontuação das propostas nas licitações para contra- adquirente.
tação de projetos. Parágrafo único. O descumprimento da finalidade a que se re-
§3º O instrumento convocatório poderá estabelecer pontuação fere o caput deste artigo resultará na imediata restituição do bem
mínima para as propostas, cujo não atingimento implicará desclas- alcançado ao acervo patrimonial da Ebserh, vedado, nessa hipóte-
sificação. se, o pagamento de indenização em favor do adquirente.
Art. 59. O critério de julgamento pela maior oferta de preço
será utilizado no caso de contratos que resultem em receita para
a Ebserh.
§1º Poderá ser requisito de habilitação a comprovação do reco-
lhimento de quantia como garantia, limitada a 5% (cinco por cento)
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SEÇÃO V SEÇÃO VI
DA VERIFICAÇÃO DE EFETIVIDADE DOS LANCES OU PROPOS- DA NEGOCIAÇÃO
TAS
Art. 63. Confirmada a efetividade do lance ou proposta que ob-
Art. 62. Efetuado o julgamento dos lances ou propostas, será teve a primeira colocação na etapa de julgamento, ou que passe a
verificada a sua efetividade, promovendo-se a desclassificação da- ocupar essa posição em decorrência da desclassificação de outra
queles que: que tenha obtido colocação superior, a Ebserh deverá negociar con-
I- contenham vícios insanáveis; dições mais vantajosas com quem o apresentou.
II- descumpram especificações técnicas constantes do instru- §1º Ainda que a proposta do primeiro classificado esteja abaixo
mento convocatório; do orçamento estimado, deverá haver negociação com o licitante
III - apresentem preços manifestamente inexequíveis; para obtenção de condições ainda mais vantajosas.
IV - se encontrem acima do orçamento estimado para a contra- §2º A negociação de que trata o §1º deverá ser feita com os de-
tação, quando for o caso; mais licitantes, segundo a ordem inicialmente estabelecida, quando
V - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exi- o preço do primeiro colocado, mesmo após a negociação, permane-
gida; cer acima do orçamento estimado.
VI - apresentem desconformidade com outras exigências do §3º Se depois de adotada a providência referida no §2º deste
instrumento convocatório, salvo se for possível a acomodação a artigo não for obtido valor igual ou inferior ao orçamento estimado
seus termos antes da adjudicação do objeto e sem que se prejudi- para a contratação, será revogada a licitação.
que a atribuição de tratamento isonômico entre os licitantes. Art. 64. No caso de contratação direta, deve ser registrada nos
§1º A verificação da efetividade dos lances ou propostas pode- autos ao menos uma tentativa de negociação de condições mais
rá ser feita exclusivamente em relação aos lances e propostas mais vantajosas sobre a melhor proposta apresentada.
bem classificados. Seção VII Da habilitação
§2º A Ebserh poderá realizar diligências para aferir a efetivida- Art. 65. Na habilitação a Ebserh deverá exigir a documenta-
de das propostas ou exigir dos licitantes que ela seja demonstrada, ção apta a comprovar a possibilidade da aquisição de direitos e da
bem como para facultar a correção de vícios sanáveis, sem que se contração de obrigações por parte somente do licitante mais bem
prejudique a atribuição de tratamento isonômico entre os licitan- classificado, exceto quando a fase de habilitação anteceder a de jul-
tes. gamento, dividindo-se em:
§3º Para fins do disposto no §2º, são considerados vícios sa- I- jurídica, que visa a demonstrar a capacidade de o licitante
náveis, entre outros, os defeitos materiais atinentes à descrição exercer direitos e assumir obrigações, sendo que a documentação
do objeto da proposta e suas especificações técnicas, incluindo a ser apresentada limita-se à comprovação de existência jurídica da
aspectos relacionados à execução do objeto, às formalidades, aos pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da ativi-
requisitos de representação, às planilhas de composição de preços, dade a ser contratada;
à inexequibilidade ou ao valor excessivo de preços unitários quan- II- fiscal em nível federal, de seguridade social e trabalhista,
do o julgamento não é realizado sob o regime de empreitada por mediante a verificação dos seguintes documentos:
preço unitário e, de modo geral, aos documentos de conteúdo de- a)a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadas-
claratório sobre situações pré-existentes, desde que não alterem a tro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
substância da proposta. b)a inscrição no cadastro de contribuintes estadual e/ou muni-
§4º Nas licitações de obras e serviços de engenharia, conside- cipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinen-
ram-se inexequíveis as propostas com valores globais inferiores a te ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;
70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: c)a regularidade perante a Fazenda federal;
I- média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% d)a regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS, que
(cinquenta por cento) do valor do orçamento estimado para a con- demonstre cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei;
tratação; ou e)a regularidade perante a Justiça do Trabalho;
II- valor do orçamento estimado para a contratação. f)o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da
§5º Para os demais objetos, para efeito de avaliação da exequi- Constituição Federal.
bilidade ou de sobrepreço, deverão ser estabelecidos critérios de III- qualificação técnico-profissional e/ou técnico-operacional,
aceitabilidade de preços que considerem o preço global, os quanti- restrita a parcelas do objeto técnica ou economicamente relevan-
tativos e os preços unitários, assim definidos no instrumento con- tes, de acordo com parâmetros estabelecidos de forma expressa no
vocatório. instrumento convocatório, restringindo-se a:
§6º Ainda que as referências para identificação de possível a)apresentação de profissional, devidamente registrado no
inexequibilidade sejam alcançadas, a desclassificação do licitante conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de
deverá ser precedida de realização de diligências, confirmação da atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser-
proposta e outros meios que confirmem a situação inicialmente vis- viço de características semelhantes, para fins de contratação;
lumbrada, que restarão juntadas ao processo de contratação. b)de certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo con-
selho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem
capacidade operacional na execução de serviços similares de com-
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem
como documentos comprobatórios complementares;
c)da indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare-
lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da
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licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc- aprovada pela Administração.
nica que se responsabilizará pelos trabalhos; §9º Nos casos de aquisições cujos valores se enquadrem nos
d)da prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe- limites dos incisos I e II do art. 79, deverão ser exigidos os requisitos
cial, quando for o caso; de habilitação dos incisos I e II do caput, podendo haver dispensa
e)do registro ou inscrição na entidade profissional competente, dos requisitos indicados nos incisos III a V do caput.
quando for o caso; §10 Nos casos de aquisições de bens para pronta entrega e pa-
f)da declaração de que o licitante tomou conhecimento de to- gamento cujos valores sejam superiores aos limites estabelecidos
das as informações e das condições locais para o cumprimento das no inciso II do art. 79, poderá ser dispensado o requisito de habili-
obrigações objeto da licitação. tação indicado no inciso IV do caput, mediante prévia avaliação de
IV- capacidade econômico-financeira, visando a demonstrar riscos.
a aptidão econômica do licitante para cumprir as obrigações de- §11 Quando o critério de julgamento utilizado for a maior ofer-
correntes do futuro contrato, devendo ser comprovada de forma ta de preço, os requisitos de qualificação técnica e de capacidade
objetiva, por coeficientes e índices econômicos previstos no edital, econômico-financeira poderão ser dispensados.
devidamente justificados no processo licitatório, e será restrita à §12 Na hipótese do inciso V, reverterá a favor da Ebserh o valor
apresentação da seguinte documentação: de quantia eventualmente exigida no instrumento convocatório a
a)balanço patrimonial, demonstração de resultado de exercício título de adiantamento, caso o licitante não efetue o restante do
e demais demonstrações contábeis dos 2 (dois) últimos exercícios pagamento devido no prazo para tanto estipulado.
sociais; §13 Quando o requisito de informações sobre capacidade eco-
b)certidão negativa de feitos sobre falência expedida pelo dis- nômico-financeira estiver vinculado ao valor da contratação, o ins-
tribuidor da sede do licitante. trumento convocatório deverá indicar que a informação deverá se
V- recolhimento de quantia a título de adiantamento, no caso referir ao valor da proposta apresentada pelo licitante.
de licitação cujo critério de julgamento for o de maior oferta. §14 De forma excepcional e justificada, para fins de demons-
§1º Os documentos referidos nos incisos do caput poderão ser tração da capacidade econômico- financeira prevista no inciso IV é
substituídos ou supridos, no todo ou em parte, por outros meios admitida:
hábeis a comprovar a regularidade do licitante, inclusive por meio I- apresentação de declaração, assinada por profissional habi-
eletrônico. litado da área contábil, que ateste o atendimento pelo licitante dos
§2º As empresas estrangeiras que não funcionem no País deve- índices econômicos previstos no edital;
rão apresentar documentos equivalentes, na forma de regulamento II- exigência da relação dos compromissos assumidos pelo lici-
emitido pelo Poder Executivo federal. tante que importem em diminuição de sua capacidade econômico-
§3º A exigência de atestados constante do inciso III do caput -financeira, excluídas parcelas já executadas de contratos firmados;
será restrita às parcelas de maior relevância ou valor significativo III- o estabelecimento da exigência de capital mínimo ou de
do objeto da licitação, assim consideradas as que tenham valor in- patrimônio líquido mínimo equivalente a até 10% (dez por cento)
dividual igual ou superior a 4% (quatro por cento) do valor total do valor da proposta apresentada pelo licitante, nas compras para
estimado da contratação. entrega futura e na execução de obras e serviços;
§4º Observado o disposto no caput e no §3º, será admitida a IV- outros meios de comprovação da capacidade econômico-fi-
exigência de atestados com quantidades mínimas de até 50% (cin- nanceira condizentes com as especificidades do caso concreto.
quenta por cento) das parcelas de que trata o referido parágrafo, §15 Para fins de demonstração da capacidade econômico-fi-
vedadas limitações de tempo e de locais específicos relativas aos nanceira prevista no inciso IV é vedada a exigência de:
atestados, exceto se houver no ETP situação específica devidamen- I- valores mínimos de faturamento anterior e de índices de ren-
te fundamentada que justifique adoção de limitação temporal. tabilidade ou lucratividade;
§5º Salvo na contratação de obras e serviços de engenharia, II- índices e valores não usualmente adotados para a avaliação
as exigências a que se referem as alíneas “a” e “b” do inciso III do de situação econômico- financeira suficiente para o cumprimento
caput, a critério da Administração, poderão ser substituídas por ou- das obrigações decorrentes da licitação.
tra prova de que o profissional ou a empresa possui conhecimento Art. 66. Após a entrega dos documentos para habilitação, não
técnico e experiência prática na execução de serviço de característi- será permitida a substituição ou a apresentação de novos docu-
cas semelhantes, hipótese em que as provas alternativas aceitáveis mentos, salvo em sede de diligência, para:
deverão ser previstas em norma específica. I- atestar condição pré-existente à abertura da sessão pública
§6º Serão aceitos atestados ou outros documentos hábeis do certame;
emitidos por entidades estrangeiras quando acompanhados de tra- II- complementação de informações acerca dos documentos já
dução para o português, salvo se comprovada a inidoneidade da apresentados pelos licitantes e desde que necessária para apurar
entidade emissora. fatos existentes à época da abertura do certame;
§7º Em se tratando de serviços contínuos, o edital poderá exigir III- atualização de documentos cuja validade tenha expirado
certidão ou atestado que demonstre que o licitante tenha executa- após a data de recebimento das propostas.
do serviços similares ao objeto da licitação, em períodos sucessi- §1º Na análise dos documentos de habilitação, o Agente de Li-
vos ou não, por um prazo mínimo, que não poderá ser superior a 3 citação ou a Comissão de Licitação poderá sanar erros ou falhas que
(três) anos. não alterem a substância dos documentos e sua validade jurídica,
§8º Os profissionais indicados pelo licitante na forma das alí- mediante despacho fundamentado registrado e acessível a todos,
neas “a” e “c” do inciso III do caput deverão participar da obra ou atribuindo-lhes eficácia para fins de habilitação e classificação.
serviço objeto da licitação, e será admitida a sua substituição por §2º Quando a fase de habilitação anteceder a de julgamento e
profissionais de experiência equivalente ou superior, desde que já tiver sido encerrada, não caberá exclusão de licitante por motivo
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relacionado à habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes pela empresa substituída para fins de habilitação do consórcio.
ou só conhecidos após o julgamento. Art. 69. Estará impedida de participar de licitações e de ser con-
Art. 67. Quando a avaliação prévia do local de execução for im- tratada pela Ebserh a empresa:
prescindível para o conhecimento pleno das condições e peculiari- I - suspensa no âmbito da Rede Ebserh;
dades do objeto a ser contratado, mediante justificativa no ETP, o II- declarada inidônea pela União, por Estado ou pelo Distrito
instrumento convocatório poderá prever, sob pena de inabilitação, Federal, enquanto perdurarem os efeitos da sanção;
a necessidade de o licitante atestar que conhece o local e as condi- III- impedida de licitar e de contratar com a União;
ções de realização da obra ou serviço, assegurado a ele o direito de IV- constituída por sócio de empresa que estiver suspensa, im-
realização de vistoria prévia. pedida ou declarada inidônea;
§1º Para os fins previstos no caput, se os licitantes optarem por V - cujo administrador seja sócio de empresa suspensa, impedi-
realizar vistoria prévia, deverão ser disponibilizados data e horário da ou declarada inidônea;
diferentes para os eventuais interessados. VI- constituída por sócio que tenha sido sócio ou administrador
§2º Em situações excepcionais, devidamente motivadas e apro- de empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período
vadas pela Diretoria Executiva ou pelo Colegiado Executivo, confor- dos fatos que deram ensejo à sanção;
me o âmbito da contratação, a vistoria prévia pode ser declarada VII- cujo administrador tenha sido sócio ou administrador de
como requisito obrigatório de habilitação. empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período
§3º No caso da vistoria prévia obrigatória prevista no §2º, o dos fatos que deram ensejo à sanção;
prazo de divulgação de que trata o art. 49 não poderá ser inferior a VIII- que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que parti-
20 (vinte) dias úteis. cipou, em razão de vínculo de mesma natureza, de empresa decla-
§4º Para os fins previstos no caput, o edital de licitação deve- rada inidônea;
rá prever a possibilidade de substituição da vistoria por declaração IX- cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5% (cin-
formal assinada pelo responsável técnico do licitante acerca do co- co por cento) do capital social seja integrante de órgão estatutário,
nhecimento pleno das condições e peculiaridades da contratação, empregado, servidor cedido ou em exercício na Ebserh;
salvo nos casos em que a vistoria prévia tiver sido declarada como X- cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5% (cinco
requisito obrigatório de habilitação, nos termos do §2º. por cento) do capital social seja integrante do Ministério da Edu-
Art. 68. Salvo vedação devidamente justificada no processo de cação ou de Instituições Federais de Ensino Superior e congêneres
contratação, pessoa jurídica poderá participar de licitação em con- signatárias de contratos de gestão com a Ebserh.
sórcio, observado o seguinte: §1º Aplica-se a vedação prevista no caput:
I- comprovação de compromisso público ou particular de cons- I- à contratação, como pessoa física ou em procedimentos lici-
tituição de consórcio, subscrito pelos consorciados; tatórios, na condição de licitante, de integrante de órgão estatutá-
II- indicação de empresa líder do consórcio, que será responsá- rio, empregado, servidor cedido ou exercício na Ebserh, bem como
vel por sua representação perante a Administração; de integrante do Ministério da Educação ou de Instituições Federais
III- admissão, para efeito de habilitação técnica, do somatório de Ensino e congêneres signatários de contratos de gestão com a
dos quantitativos de cada consorciado e, para efeito de habilitação Ebserh;
econômico-financeira, do somatório dos valores de cada consorcia- II- a quem tenha relação de parentesco, até o terceiro grau civil,
do; com:
IV- impedimento, na mesma licitação, de participação de em- a)integrantes de órgãos estatutários da Ebserh;
presa consorciada, isoladamente ou por meio de mais de um con- b)empregado, servidor cedido ou em exercício na Ebserh cujas
sórcio; atribuições envolvam a atuação na área responsável pela licitação
V- responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos prati- ou estejam envolvidos no respectivo processo de contratação;
cados em consórcio, tanto na fase de Seleção de Fornecedor quanto c)autoridade do Ministério da Educação;
na de Gestão do Contrato. d)autoridade das Instituições Federais de Ensino Superior e
§1º O edital deverá estabelecer para o consórcio acréscimo de congêneres signatárias de contratos de gestão com a Ebserh.
10% (dez por cento) a 30% (trinta por cento) sobre o valor exigido III- cujo proprietário, mesmo na condição de sócio, tenha ter-
de licitante individual para a capacidade econômico-financeira, sal- minado seu prazo de gestão ou rompido seu vínculo com a Ebserh
vo justificativa no ETP. há menos de 6 (seis) meses.
§2º O acréscimo previsto no §1º deste artigo não se aplica aos §2º A vedação prevista no caput também será aplicada ao li-
consórcios compostos, em sua totalidade, de microempresas e pe- citante que atue em substituição a outra pessoa, física ou jurídica,
quenas empresas, assim definidas em lei. com o intuito de burlar a efetividade da sanção a ela aplicada, des-
§3º O licitante vencedor é obrigado a promover, antes da ce- de que comprovado o ilícito ou a utilização fraudulenta da persona-
lebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio, nos lidade jurídica do licitante.
termos do compromisso referido no inciso I do caput. §3º A aplicação das vedações previstas nos incisos IV a VIII do
§4º Desde que haja justificativa técnica aprovada pela autori- caput e no §2º deverá ser precedida de realização de diligências
dade competente, o edital de licitação poderá estabelecer limite para verificar se houve tentativa de fraude por parte das empresas
máximo ao número de empresas consorciadas. apontadas, por meio dos vínculos societários, linhas de fornecimen-
§5º A substituição de consorciado deverá ser expressamente to similares, datas de abertura, dentre outros, sendo necessária a
autorizada pela unidade contratante e condicionada à comprovação convocação do fornecedor para manifestação previamente à sua
de que a nova empresa do consórcio possui, no mínimo, os mesmos desclassificação.
quantitativos para efeito de habilitação técnica e os mesmos valo- §4º O disposto nos §§2º e 3º deve ser observado quando da
res para efeito de capacidade econômico-financeira apresentados emissão de nota de empenho, formalização da contratação e pa-
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gamento. incontornável; ou
IV- homologar o procedimento e autorizar a celebração do con-
SEÇÃO VIII trato.
DA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS E DA ADJUDICAÇÃO DO §1º A anulação da licitação por motivo de ilegalidade não gera
OBJETO obrigação de indenizar, observado o disposto no §2º deste artigo.
§2º A nulidade da licitação induz à do contrato.
Art. 70. Após a declaração do licitante vencedor, será aberta §3º Depois de iniciada a fase de apresentação de lances ou pro-
fase recursal. postas, a revogação ou a anulação da licitação somente será efetiva-
Parágrafo único. Na ausência de interposição de recurso, o da quando assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa a
objeto será adjudicado pelo Agente de Licitação ou Comissão de ser exercido no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
Licitação. §4º A sistemática adotada para revogação ou anulação dos pro-
Art. 71. Salvo no caso de inversão de fases, o procedimento cedimentos licitatórios se aplica, no que couber, aos atos por meio
licitatório terá fase recursal única. Parágrafo único. Na hipótese de dos quais se determine a contratação direta.
inversão de fases, o prazo recursal será aberto: Art. 76. A homologação do resultado implica a constituição de
I- após a habilitação; direito relativo à celebração do contrato em favor do licitante ven-
II- após o encerramento da verificação de efetividade dos lan- cedor, encerrando a fase de Seleção de Fornecedor.
ces ou propostas, abrangendo os atos decorrentes do julgamento. Art. 77. A Ebserh não poderá celebrar contrato com preterição
Art. 72. Os licitantes que desejarem recorrer em face dos atos da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos
da habilitação ou julgamento deverão manifestar a sua intenção de à licitação.
recorrer no prazo determinado no instrumento convocatório, que Art. 78. No caso de contratação direta, o encerramento da fase
será de no mínimo 30 (trinta) minutos, sob pena de preclusão do de Seleção de Fornecedor se materializa com a recomendação da
direito de recorrer. contratação e subsequente ratificação da dispensa ou inexigibilida-
Parágrafo único. A falta de manifestação do licitante quanto à de de licitação.
intenção de recorrer, nos termos do caput, importará na decadência §1º Compete ao Coordenador de Administração, no âmbito da
desse direito, ficando o Agente de Licitação ou Comissão de Licita- Administração Central, e ao Chefe da Divisão Administrativa Finan-
ção autorizado a adjudicar o objeto ao licitante declarado vencedor. ceira, no âmbito da unidade hospitalar, recomendar a contratação
Art. 73. As razões dos recursos deverão ser apresentadas no direta.
prazo de 5 (cinco) dias úteis contados da manifestação de intenção §2º Compete ao Diretor de Administração e Infraestrutura, no
de recorrer. âmbito da Administração Central, e ao Gerente Administrativo, no
Parágrafo único. O prazo para apresentação de contrarrazões âmbito da unidade hospitalar, ratificar a dispensa ou inexigibilidade
será de 5 (cinco) dias úteis e começará imediatamente após o en- de licitação.
cerramento do prazo a que se refere o caput. §3º A dispensa ou inexigibilidade de licitação ratificada deverá
Art. 74. O recurso será recepcionado pelo Agente de Licitação ser registrada em sistema informatizado de compras, permitindo a
ou Comissão de Licitação, que apreciará sua admissibilidade, po- formalização das contratações decorrentes, sendo dispensada a pu-
dendo reconsiderar sua decisão ou encaminhar o recurso ao Diretor blicação de extrato no Diário Oficial da União, sem prejuízo de sua
de Administração e Infraestrutura, no caso da Administração Cen- divulgação no Portal da Ebserh.
tral, ou ao Gerente Administrativo, no caso das unidades hospitala-
res, que decidirá sobre o provimento ou não do recurso. SEÇÃO X
§1º O acolhimento de recurso implicará invalidação apenas dos DA CONTRATAÇÃO DIRETA
atos insuscetíveis de aproveitamento.
§2º Julgados os recursos, a adjudicação do objeto licitado será Art. 79. É dispensável a realização de licitação nas seguintes
realizada pelo Diretor de Administração e Infraestrutura, no caso da situações:
Administração Central, ou pelo Gerente Administrativo, no caso das I- para obras e serviços de engenharia de valor até R$
unidades hospitalares. 137.000,00 (cento e trinta e sete mil reais), desde que não se refi-
ram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras e
SEÇÃO IX serviços de mesma natureza e no mesmo local que possam ser rea-
DA HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADO OU REVOGAÇÃO DO lizadas conjunta e concomitantemente, dentro do mesmo exercício
PROCEDIMENTO orçamentário; (Valor alterado pela Portaria - SEI nº 07, publicada no
Boletim de Serviço nº 1476, de 13.01.2023)
Art. 75. Após a adjudicação, o procedimento licitatório será II- para outros serviços e compras de valor até R$ 68.000,00
encerrado e os autos encaminhados ao Diretor de Administração (sessenta e oito mil reais), e para alienações, nos casos previstos
e Infraestrutura, no caso da Administração Central, ou ao Gerente neste regulamento, desde que não se refiram a parcelas de um
Administrativo, no caso das unidades hospitalares, que poderá: mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser
I- determinar o retorno dos autos para saneamento de vícios realizado de uma só vez, no mesmo local e dentro do mesmo exercí-
supríveis; cio orçamentário; (Valor alterado pela Portaria - SEI nº 07, publicada
II- anular o procedimento, no todo ou em parte, por ilegalidade no Boletim de Serviço nº 1476, de 13.01.2023)
de ofício ou por provocações de terceiros, salvo quando for viável a III- na hipótese de contratação decorrente de licitação que
convalidação do ato ou do procedimento viciado; resultou deserta, e essa, justificadamente, não puder ser repetida
III- revogar o procedimento por motivo de interesse público sem prejuízo, desde que mantidas as condições preestabelecidas e
decorrente de fato superveniente que constitua óbice manifesto observadas as disposições deste regulamento, em especial do art.
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24; biente produtivo e dá outras providências, observados os princípios


IV- quando todas as propostas apresentadas consignarem pre- gerais de contratação dela constantes;
ços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacio- XV- em situações de emergência, quando caracterizada ur-
nal, incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes gência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo
ou acima do valor estimado para a contratação, mesmo após nego- ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipa-
ciação com todos os licitantes, resultando em licitação fracassada, mentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
também configurada no caso de inabilitação de todos os interes- bens necessários ao atendimento da situação emergencial e para
sados durante o procedimento licitatório, e essa, justificadamente, as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
não puder ser repetida sem prejuízo, desde que mantidas as con- máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
dições preestabelecidas e observadas as disposições deste regula- contado da ocorrência da emergência, vedada a prorrogação dos
mento, em especial do art. 24; respectivos contratos, observado o disposto no §6º deste artigo;
V- para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- XVI- na transferência de bens a órgãos e entidades da Adminis-
mento das finalidades precípuas da Ebserh, quando as necessida- tração Pública, inclusive quando efetivada mediante permuta;
des de instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, XVII- na doação de bens móveis para fins e usos de interesse
desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segun- social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socio-
do avaliação prévia; econômica relativamente à escolha de outra forma de alienação;
VI- na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de XVIII- na compra e venda de ações, títulos de crédito e de dívi-
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, ainda que a da, bens produzidos ou comercializados pela Ebserh.
execução do contrato não tenha sido iniciada, desde que atendida §1º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput podem
a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas ser alterados, para refletir a variação de custos, por deliberação do
condições do contrato encerrado por rescisão ou distrato, inclusive Conselho de Administração da Ebserh.
quanto ao preço, devidamente corrigido; §2º As dispensas previstas nos incisos I e II do caput deverão,
VII- na contratação de instituição brasileira incumbida regimen- preferencialmente, ser realizadas mediante procedimento de dis-
tal ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvi- pensa eletrônica, aplicando-se os procedimentos constantes do
mento institucional ou de instituição dedicada à recuperação social Sistema de Dispensa Eletrônica, e da Instrução Normativa da Secre-
do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputa- taria de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão
ção ético-profissional e não tenha fins lucrativos; e Governo Digital do Ministério da Economia (IN SEGES/ME) n.º 67,
VIII- para a aquisição de componentes ou peças de origem na- de 8 de julho de 2021 e suas atualizações, que institui o referido
cional ou estrangeira necessários à manutenção de equipamentos sistema, somente quanto à fase de Seleção do Fornecedor.
durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original §3º Nas dispensas decorrentes de licitações desertas ou fracas-
desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in- sadas, conforme incisos III e IV do caput, deve ser avaliada a redu-
dispensável para a vigência da garantia; ção das quantidades inicialmente licitadas, como forma de viabilizar
IX- na contratação de associação de pessoas com deficiência o alcance imediato de parte do planejamento inicial, sendo o quan-
física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, para a pres- titativo restante imediatamente incluído em novo procedimento
tação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o licitatório.
preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; §4º Nas dispensas decorrentes de licitações fracassadas, con-
X- na contratação de concessionário, permissionário ou auto- forme inciso IV do caput, caso não se obtenham propostas de for-
rizado para fornecimento ou suprimento de energia elétrica ou gás necedores com valores inferiores ao estimado da licitação, é possí-
natural e de outras prestadoras de serviço público, segundo as nor- vel a realização de nova pesquisa de preços antes da efetivação da
mas da legislação específica, desde que o objeto do contrato tenha contratação direta, reduzindo-se, nesse caso, as quantidades inicial-
pertinência com o serviço público; mente licitadas ao mínimo necessário ao atendimento das necessi-
XI- nas contratações entre a Ebserh e suas respectivas subsidia- dades até a realização de novo procedimento licitatório.
rias, para aquisição ou alienação de bens e prestação ou obtenção §5º Na dispensa de licitação sobre remanescente, prevista no
de serviços, desde que os preços sejam compatíveis com os prati- inciso VI do caput, na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a
cados no mercado e que o objeto do contrato tenha relação com a contratação nas condições e no preço do contrato encerrado, pode-
atividade da contratada prevista em seu estatuto social; rão ser convocados os licitantes remanescentes, na ordem de classi-
XII- na contratação de coleta, processamento e comercialização ficação, para a celebração do contrato nas condições ofertadas por
de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas estes durante a licitação, desde que o respectivo valor seja igual ou
com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou inferior ao orçamento estimado para a contratação, inclusive quan-
cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa to aos preços atualizados nos termos do instrumento convocatório.
renda que tenham como ocupação econômica a coleta de materiais §6º A dispensa de licitação emergencial, com base no inciso XV
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas do caput, não dispensará a responsabilização de quem, por ação
técnicas, ambientais e de saúde pública; ou omissão, tenha dado causa ao motivo ali descrito, inclusive no
XIII- para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou tocante ao disposto na Lei nº 8.429/1992.
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- §7º As dispensas de licitação serão conduzidas preferencial-
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão mente por dispensa eletrônica ou por intermédio de chamamentos
especialmente designada pela Diretoria Executiva da Ebserh; públicos de propostas, com prazo mínimo de 3 (três) dias úteis de
XIV- nas contratações visando ao cumprimento do disposto divulgação, cabendo às respectivas EPC justificar a não utilização
nos artigos 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973/2004, que dispõe sobre desses formatos.
incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no am- §8º No caso de dispensa de licitação emergencial, com base no
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inciso XV do caput, o prazo previsto no §7º poderá ser reduzido de §4º A contratação decorrente de diálogo competitivo é carac-
forma justificada. terizada como inexigibilidade de licitação, diante da inviabilidade
§9º Os valores constantes do art. 79, incisos I e II, serão atuali- de competição decorrente do fato de que a solução escolhida por
zados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial intermédio do procedimento contido no art. 95, caput, implica em
(IPCA-E) em 1º de janeiro de cada exercício, por ato do Presidente. características únicas e exclusivas, de propriedade do fornecedor
§10 Para fins do disposto no §9º, o valor resultante da atualiza- selecionado.
ção será arredondado, a menor, até a casa do milhar. Art. 82. Em qualquer dos casos de dispensa ou inexigibilidade
Art. 80. Os procedimentos internos e externos das licitações de licitação, se comprovado, pelo órgão de controle externo, sobre-
destinados à substituição dos contratos celebrados com fundamen- preço ou superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano
to em dispensa de licitação em razão de situação emergencial, nos causado quem houver decidido pela contratação direta, inclusive os
termos do art. 79, inciso XV, deste Regulamento, serão conduzidos responsáveis pelos subsídios à tomada de decisão, e o fornecedor
sob regime prioritário. ou o prestador de serviços.
Parágrafo único. Nos casos em que seja caracterizada a efetiva Art. 83. No processo de contratação direta, durante a instrução
situação de emergência, a Equipe de Planejamento da Contratação indicada no art. 24, devem ser destacados os seguintes elementos:
– EPC deverá iniciar os trabalhos para a realização de procedimento I- caracterização da situação emergencial ou calamitosa que
licitatório juntamente com eventual procedimento de contratação justifique a dispensa, quando for o caso;
direta relativo ao mesmo objeto. II- razão da escolha do fornecedor ou do executante;
Art. 81. Será inexigível a licitação quando houver inviabilidade III - justificativa do preço.
de competição, em especial na hipótese de:
I- aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só CAPÍTULO V
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante co- DOS PROCEDIMENTOS AUXILIARES
mercial exclusivo;
II- contração dos seguintes serviços técnicos especializados, Art. 84. São procedimentos auxiliares das contratações regidas
com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a por este Regulamento:
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação: I - pré-qualificação permanente;
a)estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou exe- II- cadastramento;
cutivos; III- Sistema de Registro de Preços (SRP);
b)pareceres, perícias e avaliações em geral; IV - catálogo eletrônico de padronização;
c)assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras V - credenciamento;
ou tributárias; VI- diálogo competitivo;
d)fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- VII- audiência e consulta públicas;
viços; VIII- Manifestação de Interesse Privado;
e)patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; IX- Acordos-Quadro e Mercado Eletrônico.
f)treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, incluindo a con- Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o caput pode-
tratação de professores, conferencistas ou instrutores, bem como rão, se necessário, ser detalhados em normativos específicos.
a inscrição de empregados, servidores cedidos ou em exercício na
Ebserh para participação de cursos abertos a terceiros; SEÇÃO I
g)restauração de obras de arte e bens de valor histórico. DA PRÉ-QUALIFICAÇÃO PERMANENTE
III- objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento. Art. 85. A pré-qualificação permanente é o procedimento des-
§1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a tinado a identificar:
Administração deverá demonstrar a inviabilidade de competição I- fornecedores que reúnam condições de habilitação e de qua-
mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, de- lificação técnica exigidas para o fornecimento de bem ou a execu-
claração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de com- ção de serviço ou obra nos prazos, locais e condições previamente
provar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa estabelecidos;
ou representante comercial exclusivos, vedada a preferência por II- bens que atendam às exigências técnicas e de qualidade es-
marca específica. tabelecidas pela Ebserh.
§2º Nos processos de planejamento de contratação em que se §1º O procedimento de pré-qualificação será público e perma-
identifique solução que só possa ser fornecida por produtor, em- nentemente aberto à inscrição de qualquer interessado.
presa ou representante comercial exclusivo, na forma do inciso I §2º Na pré-qualificação, a Ebserh poderá atribuir indicadores
do caput, além da comprovação da exclusividade, deverá haver no para classificação dos fornecedores com base em critérios objetivos
ETP a demonstração de que aquela solução é a que melhor atende de excelência operacional, sustentabilidade e melhoria da competi-
à Administração ou se mostre a única possível. tividade, entre outros.
§3º Considera-se de notória especialização o profissional ou a §3º A pré-qualificação poderá ser efetuada nos grupos ou seg-
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente mentos, segundo as especialidades dos fornecedores.
de desempenho anterior, estudos, experiência, publicações, orga- §4º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, contendo al-
nização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos rela- guns ou todos os requisitos de habilitação ou técnicos necessários
cionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é à contratação, assegurada, em qualquer hipótese, a igualdade de
essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação condições entre os concorrentes.
do objeto do contrato. §5º A pré-qualificação terá validade de até 1 (um) ano, poden-
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do ser atualizada a qualquer tempo. Gestoras vinculadas às Instituições Federais de Ensino Superior po-
§6º Na pré-qualificação aberta de produtos, poderá ser exigida dem aderir ao SRP da Ebserh durante o período de transição de
a comprovação de qualidade. gestão para a Unidade Gestora da Ebserh.
§7º É obrigatória a divulgação, no Portal da Ebserh, dos produ- §3º As licitações no âmbito do SRP serão preferencialmente
tos e dos interessados que forem pré-qualificados. precedidas do procedimento de Intenção de Registro de Preços -
§8º O edital de pré-qualificação estabelecerá os requisitos e IRP, com prioridade para participação de outras unidades hospita-
condições de participação, além do prazo e da forma de apresen- lares da Ebserh.
tação, pelos interessados, de questionamentos ou impugnações às §4º Após a formalização do ETP, a EPC deverá elaborar a minuta
suas disposições. do TR e solicitar apoio da área de compras para a abertura de IRP,
Art. 86. A Ebserh poderá exigir, para o procedimento de pré- avaliando e decidindo em seguida as eventuais manifestações de
-qualificação, a apresentação de amostras, a realização de prova de interesse e incluindo as informações consolidadas no TR definitivo.
conceito e a demonstração das exigências de habilitação, qualifica- §5º Os ETP com indicação de realização de licitação no âmbito
ção técnica e de aceitação de bens, conforme o caso, mediante a do SRP devem conter informações e justificativas sobre as eventuais
divulgação no Portal da Ebserh. dispensas do procedimento de abertura de IRP, bem como indicar
§1º Será fornecido certificado de pré-qualificação do fornece- e fundamentar se haverá previsão de adesão de outros órgãos ou
dor e do bem, renovável sempre que o registro for atualizado. entidades.
§2º Caberá recurso no prazo de 5 (cinco) dias úteis contados Art. 90. Poderá ser utilizado o SRP de entidades federais cujas
a partir da data da divulgação do julgamento da pré-qualificação. licitações sejam regidas pela Lei nº 8.666/1993 ou pela Lei nº
Art. 87. A Ebserh poderá realizar licitação restrita aos fornece- 14.133/2021, mediante participação na origem ou adesão à ata de
dores ou produtos pré-qualificados, desde que: registro de preços, para aquisições:
I- conste na convocação para a pré-qualificação a informação I- de bens de pronta entrega e pagamento, desde que não re-
de que as futuras licitações poderão ser restritas aos pré-qualifi- sulte obrigações futuras, como assistência técnica, e não seja exigi-
cados; da a assinatura de termo de contrato; ou
II- os requisitos de qualificação técnica exigidos sejam compatí- II- capitaneadas pela Central de Compras do Ministério da Eco-
veis com o objeto a ser contratado. nomia, independentemente do objeto.
§1º A participação no SRP citada no caput dependerá de confe-
SEÇÃO II rência, pela unidade contratante, da inexistência dos impedimentos
DO CADASTRAMENTO constantes do art. 69, previamente à formalização da contratação.
§2º A assinatura de contrato de garantia, não se confundindo
Art. 88. A Ebserh poderá adotar registros cadastrais próprios com serviço de assistência técnica, não veda a participação em SRP
para a habilitação dos inscritos em procedimentos licitatórios e nos termos do inciso I do caput.
para anotações da atuação do licitante no cumprimento de obriga- §3º Durante a execução de contratações decorrentes da utiliza-
ções assumidas, os quais serão válidos por até 1 (um) ano, podendo ção do SRP citada no caput, deverão ser observadas as disposições
ser atualizados a qualquer tempo. da Lei nº 13.303/2016 e do presente Regulamento quanto a:
§1º A Ebserh utilizará o SICAF - Sistema de Cadastramento Uni- I - acréscimo e supressão do objeto contratual;
ficado de Fornecedores para a realização do registro cadastral de II - rescisão contratual;
fornecedores enquanto não houver a adoção de cadastro próprio III - aplicação de Sanções.
mantido pela Ebserh. §4º É necessário que o fornecedor seja previamente cientifica-
§2º O cadastramento será regulamentado por normativo es- do quanto ao disposto no parágrafo anterior, preferencialmente no
pecífico. momento da solicitação de autorização para adesão ou da forma-
lização da contratação quando se tratar de participação na origem
SEÇÃO III da licitação.
DO SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS Art. 91. Nas contratações em que a Ebserh for participante de
um SRP na origem da licitação ou aderir à ata de registro de pre-
Art. 89. O Sistema de Registro de Preços (SRP) será regido por ços, a EPC deverá instruir processo simplificado de planejamento de
decreto do Poder Executivo e observará, entre outras, as seguintes contratação, tendo em vista que a instrução do processo licitatório
condições: de forma ampla deverá ser realizada pelo órgão gerenciador.
I- realização prévia de ampla pesquisa de preços; §1º A formalização das contratações decorrentes de participa-
II- seleção de acordo com os procedimentos previstos no ins- ção na origem de um SRP ou adesão à ata de registro de preços,
trumento convocatório; previstas no caput, deverá respeitar a vantajosidade técnica e eco-
III - controle e atualização periódicos dos preços registrados; nômica, as condições de habilitação, os impedimentos e demais dis-
IV- definição da validade do registro; posições previstas neste Regulamento.
V- inclusão, na respectiva ata, do registro dos licitantes que §2º Nas contratações em que a unidade for aderir a um SRP, é
aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais ao do licitan- necessário observar os seguintes requisitos:
te vencedor na sequência da classificação do certame. I- no caso de participação na origem:
§1º Poderá aderir ao sistema referido no caput, seja por partici- a)o processo simplificado de planejamento será constituído de
pação na origem da licitação ou adesão à ata de registro de preços, DFD, constituição de EPC e elaboração de ETP com as informações
qualquer órgão ou entidade responsável pela execução das ativida- dos incisos I, V, VI, VIII, IX, X, XI, XII, XIII e XIV do art. 28;
des contempladas no art. 1º da Lei nº 13.303/2016. b)o ETP deverá demonstrar a compatibilidade do planejamento
§2º As unidades hospitalares da Ebserh que operam Unidades da contratação com o Termo de Referência do órgão gerenciador.
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II- no caso de adesão, além dos requisitos citados no inciso I, as seguintes regras:
o processo simplificado de planejamento deverá conter pesquisa I- a Ebserh deverá disponibilizar, permanentemente, em sítio
de preços comprovando a vantajosidade econômica da contratação eletrônico oficial, instrumento convocatório de chamamento de in-
pretendida. teressados, de modo a permitir o cadastramento de novos interes-
§3º No caso de adesão à ata de registro de preços, a consulta sados a qualquer tempo;
ao fornecedor beneficiário da ata sobre a aceitação do fornecimen- II- na hipótese do inciso I do caput, quando o objeto não permi-
to deve conter a solicitação de informação sobre eventual direito a tir a contratação simultânea de todos os credenciados, deverão ser
reajuste ou revisão de preços sobre o contrato a ser firmado, decor- adotados critérios objetivos de distribuição da demanda;
rente de fatos ocorridos em momento anterior à consulta, sob pena III- o instrumento convocatório de chamamento de interessa-
de configuração de preclusão do respectivo direito, por se tratar de dos deverá prever as condições padronizadas de contratação e, nas
informação essencial à análise da vantajosidade quanto ao uso do hipóteses dos incisos I e II do caput, deverá definir o valor da con-
registro de preços. tratação;
Art. 92. A concessão de adesão a uma ata de registro de preços IV- na hipótese do inciso III do caput, a Ebserh deverá registrar
firmada pela Ebserh demanda a solicitação prévia de remessa de as cotações de mercado vigentes no momento da contratação;
estudo, elaborado pelo órgão ou entidade que pretende aderir à V- não será permitido o cometimento a terceiros do objeto con-
ata, demonstrando ganho de eficiência, viabilidade e economicida- tratado sem autorização expressa da Ebserh;
de nessa contratação. VI- será admitida a denúncia por qualquer das partes nos pra-
§1º A área de contratos deverá monitorar o recebimento de zos fixados no instrumento convocatório.
solicitações de adesão a atas de registro de preços firmadas pela
unidade da Ebserh, bem como realizar a interlocução com os ór- SEÇÃO VI
gãos ou entidades interessados para solicitar a remessa do estudo DO DIÁLOGO COMPETITIVO
previsto no caput.
§2º O estudo referido no caput deve ser avaliado e validado Art. 95. O diálogo competitivo, por convite ou amplo, é restrito
pela unidade da Ebserh gerenciadora do registro de preços, além de a contratações em que a Ebserh:
complementado com a manifestação prévia da equipe técnica res- I - vise a contratar objeto que envolva, pelo menos, uma das
ponsável pela execução das contratações oriundas da ata, relacio- seguintes condições:
nada ao eventual impacto da adesão e a certificação da adequada a)inovação tecnológica ou técnica;
execução dos contratos, quando for o caso. b)possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou
c)possibilidade de execução com tecnologias de domínio res-
SEÇÃO IV trito no mercado;
DO CATÁLOGO ELETRÔNICO DE PADRONIZAÇÃO II- verifique a necessidade de definir e identificar os meios e
as alternativas que possam vir a satisfazer suas necessidades, com
Art. 93. A Ebserh poderá instituir catálogo eletrônico de padro- destaque para os seguintes aspectos:
nização de compras, serviços e obras, destinado a permitir a padro- a)a solução técnica mais adequada;
nização dos itens a serem adquiridos, por intermédio de sistema b)os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi-
informatizado de gerenciamento. nida; ou
Parágrafo único. O catálogo referido no caput poderá ser utili- c)a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
zado em licitações cujo critério de julgamento seja o menor preço III- considere que os modos de disputa aberto e fechado não
ou o maior desconto e conterá: permitem apreciação adequada das variações entre propostas.
I- a especificação de bens, serviços ou obras; §1º Na hipótese de diálogo competitivo amplo, serão observa-
II- descrição de requisitos de habilitação de licitantes, confor- das as seguintes etapas:
me o objeto da licitação; I- divulgação de edital contendo os critérios empregados para
III- documentos considerados necessários ao procedimento de pré-seleção dos interessados;
licitação que possam ser padronizados. II- encaminhamento, às empresas selecionadas, de acordos de
confidencialidade para participação no processo;
SEÇÃO V III- envio de solicitações de informação (Request for Informa-
DO CREDENCIAMENTO tion - RFI) às empresas que responderem aos acordos de confiden-
cialidade, contendo as necessidades e as exigências já definidas
Art. 94. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hi- pela Ebserh;
póteses de contratação: IV- encaminhamento, às empresas que responderam aos acor-
I- paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa dos de confidencialidade, de solicitações de proposta (Request for
para a Ebserh a realização de contratações simultâneas em condi- Proposal - RFP) a serem apresentadas em Sessão de Avaliação, com
ções padronizadas; base em especificações técnicas atualizadas diante das informações
II- com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do recebidas;
contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação; V- realização de Sessão de Avaliação com as empresas que re-
III- em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante tornarem as RFP, permitindo a defesa das propostas e a entrega da
do valor da prestação e das condições de contratação inviabiliza a documentação;
seleção de agente por meio do procedimento de licitação. VI- avaliação, pela EPC e por banca especialmente designada,
Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão das propostas apresentadas na Sessão de Avaliação, utilizando cri-
definidos nos respectivos instrumentos convocatórios, observadas térios objetivos e subjetivos para cada um dos objetos pretendidos;
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VII- ranqueamento das empresas, a partir dos escores obtidos ca com a participação do mercado fornecedor e demais interessa-
na etapa anterior; dos, sendo precedida de publicação na imprensa oficial e preferen-
VIII- caso reste alguma dúvida sobre qual a melhor solução cialmente registrada em gravação de áudio e vídeo.
apresentada, realização de uma rodada de refinamento das pro- §2º O prazo entre a publicação e a realização da audiência pú-
postas com número reduzido de empresas (Final Proposal Revision blica não pode ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
- FPR); §3º A consulta pública consiste na busca de informações e su-
IX- seleção da empresa com melhor escore obtido. gestões junto ao mercado fornecedor e demais interessados, utili-
§2º Na hipótese de diálogo competitivo por convite, adota- zando-se de ferramentas e divulgação em formatos eletrônicos.
do de forma excepcional e justificada, poderá haver a delimitação §4º O prazo da consulta pública não poderá ser inferior a 5 (cin-
do universo de empresas aptas a concorrerem ao certame, prefe- co) dias úteis.
rencialmente com base em fontes independentes, devendo o rito Art. 97. A EPC solicitará a realização de audiência ou consulta
subsequente seguir as etapas previstas para o diálogo competitivo públicas à área de compras, encaminhando pelo menos a descrição
amplo. do objeto, eventuais especificações técnicas a serem debatidas, os
§3º As seguintes diretrizes serão observadas nos diálogos com- prazos esperados para realização dos procedimentos e a lista de po-
petitivos: tenciais interessados.
I- quando da publicação do instrumento convocatório, a Ebserh Parágrafo único. As unidades organizacionais gestoras ou res-
divulgará apenas suas necessidades e as exigências já definidas; ponsáveis pelas categorias ou subcategorias de compras podem so-
II- é vedada a divulgação de informações de modo discrimina- licitar a realização de audiência ou consulta públicas para debater
tório que possa implicar vantagem para algum interessado; estudos, prospecções e especificações técnicas com os interessa-
III- a Ebserh não poderá revelar a outros interessados as so- dos.
luções propostas ou as informações sigilosas comunicadas por um Art. 98. A área de compras tomará as providências para a di-
interessado sem o seu consentimento; vulgação de audiência ou consulta públicas, sendo responsável pelo
IV- o diálogo poderá ser mantido até que a Ebserh identifique a recebimento de questionamentos e sugestões dos interessados e
solução que atenda às suas necessidades; repasse aos solicitantes para manifestação, bem como posterior di-
V- o diálogo poderá prever a realização de fases sucessivas, vulgação das respectivas respostas, no caso da consulta pública, ou
caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou as propos- dos registros e gravações, no caso da audiência pública.
tas a serem discutidas; Art. 99. O chamamento público de propostas comerciais para
VI- a Ebserh abrirá prazo não inferior a 20 (vinte) dias para que contratação por dispensa de licitação é considerado uma espécie
os interessados apresentem suas propostas finais, que deverão con- de consulta pública, devendo seguir seus ritos, e somente admite a
ter todos os elementos necessários para a realização do projeto; entrega de propostas de forma eletrônica.
VII- a Ebserh poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às pro-
postas apresentadas, desde que não impliquem discriminação ou SEÇÃO VIII
distorçam a concorrência entre as propostas; DA MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PRIVADO
VIII- a Ebserh definirá a proposta vencedora de acordo com cri-
térios a serem divulgados a todos os interessados no momento da Art. 100. A Ebserh poderá adotar procedimento de Manifes-
abertura do prazo para apresentação de propostas; tação de Interesse Privado - MIP, a ser regulado em normativo
IX- o diálogo competitivo será conduzido por EPC composta de específico, para o recebimento de propostas e projetos de empre-
pelo menos 3 (três) colaboradores, entre empregados, servidores endimentos com vistas a atender necessidades previamente iden-
cedidos ou em exercício na Ebserh; tificadas.
X- a banca de avaliação será composta de pelo menos 5 (cinco) §1º O procedimento de MIP destina-se à apresentação de pro-
colaboradores, entre integrantes de órgão estatutário, emprega- jetos, levantamentos, investigações ou estudos por pessoa física ou
dos, servidores cedidos ou em exercício na Ebserh; jurídica de direito privado, espontaneamente ou a pedido da Eb-
XI- a Auditoria Interna e os órgãos de controle poderão acom- serh.
panhar e monitorar os diálogos. §2º A avaliação e a seleção de projetos, levantamentos, inves-
§4º A banca de avaliação poderá conter a participação adicio- tigações e estudos apresentados serão efetuadas por comissão de-
nal de empregados ou servidores públicos sem vínculo funcional signada pela Ebserh.
com a Ebserh, na proporção de 1 colaborador externo para cada 4 §3º O procedimento de MIP poderá ser restrito a startups, as-
membros internos, desde que possuam notória especialização no sim considerados os microempreendedores individuais, as micro-
objeto a ser contratado e não haja incidência das vedações do art. empresas e as empresas de pequeno porte, de natureza emergente
69 e conflito com a política de transações com partes relacionadas. e com grande potencial, que se dediquem à pesquisa, ao desenvol-
§5º A condução do procedimento de diálogo competitivo está vimento e à implementação de novos produtos ou serviços basea-
condicionada à autorização prévia da Administração Central. dos em soluções tecnológicas inovadoras que possam causar alto
impacto.
SEÇÃO VII Art. 101. O autor ou financiador do projeto poderá participar
DA AUDIÊNCIA E CONSULTA PÚBLICAS da licitação para a execução do objeto, podendo ser ressarcido pe-
los custos aprovados pela Ebserh caso não vença o certame, desde
Art. 96. Havendo necessidade de um conhecimento mais apu- que seja promovida a cessão de direitos.
rado do objeto licitado ou do mercado específico, poderá ser reali- Art. 102. A Ebserh não está obrigada a utilizar, licitar ou contra-
zada audiência ou consulta públicas por solicitação da EPC. tar objeto decorrente de projeto oriundo de procedimento de MIP,
§1º A audiência pública consiste na realização de reunião públi- nem será cobrada pelos projetos, levantamentos, investigações ou
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estudos apresentados. §2º Se o catálogo contiver o bem ou serviço pretendido, a uni-


dade atendida pelo Acordo-Quadro poderá adquiri-lo, devendo:
SEÇÃO IX I- abrir processo administrativo contendo a justificativa da de-
DOS ACORDOS-QUADRO E MERCADO ELETRÔNICO manda e das quantidades a serem adquiridas na aquisição preten-
dida, elaborada pela unidade requisitante, evitando o fracionamen-
Art. 103. As unidades encarregadas de compras centralizadas to de compras;
poderão realizar, de ofício ou a pedido de uma ou mais unidades II- certificar a disponibilidade orçamentária para a aquisição
compradoras atendidas, seleção de fornecedores para firmar Acor- pretendida;
do-Quadro para compra de bens e serviços. III- encaminhar os autos, via Gerência Administrativa, à unida-
§1º O Acordo-Quadro é um acordo entre uma ou mais unida- de centralizadora, respeitando o cronograma de pedidos de com-
des contratantes e um ou mais fornecedores, com natureza de pré- pras ao abrigo dos Acordos-Quadro;
-contrato, cujo objeto é a fixação dos termos dos contratos a serem IV- emitir os empenhos referentes à aquisição pretendida, após
possivelmente celebrados durante um determinado período, prin- receber autorização e orientação da Administração Central;
cipalmente em matéria de preços e, se necessário, das quantidades V- fiscalizar a execução dos empenhos emitidos ao abrigo dos
previstas. Acordos-Quadro, seguindo as regras de recebimento, liquidação e
§2º Cabe à Administração Central conduzir compras centraliza- pagamento previstas no instrumento convocatório.
das para firmar Acordos-Quadro ou autorizar a condução de etapas §3º A rotina de aquisição prevista no parágrafo anterior será
do processo de compras centralizadas por unidade hospitalar per- preferencialmente automatizada por intermédio de sistema de in-
tencente à estatal. formação.
§3º A seleção de fornecedores para firmar Acordos-Quadro Art. 109. No caso de aquisições por intermédio de um Acordo-
será realizada preferencialmente por licitação, sendo admitida as -Quadro, com valor total da compra maior que o limite estabelecido
hipóteses de contratação direta nas situações previstas neste Re- no art. 79, inciso II, serão solicitadas propostas aos fornecedores
gulamento. credenciados, por meio de procedimento de Grandes Compras.
Art. 104. O Acordo-Quadro firmado é de uso obrigatório pe-
las unidades atendidas, que deverão interagir com os fornecedores SUBSEÇÃO II
credenciados, conforme dinâmica de interação previamente pactu- GRANDES COMPRAS
ada.
§1º Após iniciada a vigência de um Acordo-Quadro, quando Art. 110. Nas aquisições acima do limite estabelecido no art.
as unidades atendidas ainda tiverem à disposição condições mais 79, inciso II, chamadas de Grandes Compras, as unidades devem
vantajosas em atas de registro de preços ou contratos vigentes, é comunicar, através do sistema de informação, a intenção de compra
permitida a contratação com base em tais instrumentos, vedada a a todos os fornecedores selecionados na respectiva categoria do
sua substituição. Acordo-Quadro.
§2º A Administração Central poderá autorizar as unidades aten- §1º A intenção de compra incluirá as condições especificas de
didas pelos Acordos-Quadro, de forma excepcional e emergencial, fornecimento pretendidas, concedendo prazo razoável para a apre-
a efetuar compras por outros instrumentos de contratação sobre o sentação de ofertas, que não pode ser inferior a 5 dias úteis a partir
mesmo objeto. da data de publicação.
Art. 105. Os Acordos-Quadro devem preferencialmente gerar §2º A intenção de compra indicará, no mínimo, a data da deci-
Mercados Eletrônicos de compras, contendo lista de bens e/ou ser- são de compra, os requisitos específicos da demanda, as condições
viços e suas correspondentes condições de contratação, através de e os critérios de entrega e os pesos aplicáveis à avaliação das ofer-
sistema de informação, disponíveis para as unidades compradoras. tas.
§3º A unidade deve selecionar a oferta mais conveniente de
SUBSEÇÃO I acordo com o resultado da tabela comparativa, que deve ser feita
MECANISMO DE OPERAÇÃO com base nos critérios de avaliação e ponderações definidos na co-
municação da intenção de compra, devendo a tabela ser anexada
Art. 106. As unidades centralizadoras de compras poderão re- à ordem de compra emitida e servir de base para a aprovação da
alizar processos para firmar Acordos- Quadro considerando, entre contratação.
outros elementos, os planejamentos anuais de compra das unida- Art. 111. Os fornecedores participantes do Acordo-Quadro são
des compradoras atendidas, bem como estudos de demandas mais obrigados a apresentar propostas nos procedimentos de Grandes
comuns e padronizáveis. Compras, respeitado o preço máximo ofertado no procedimento de
Art. 107. As unidades compradoras podem solicitar à respecti- seleção de fornecedores.
va centralizadora a realização de um Acordo-Quadro para objeto ou
conjunto de objetos específicos, ficando a cargo da centralizadora a SUBSEÇÃO III
avaliação de oportunidade e conveniência de atender à demanda. FORMALIZAÇÃO DOS ACORDOS-QUADRO
Art. 108. O Acordo-Quadro vigente será traduzido em um ca-
tálogo, que conterá uma descrição dos bens e serviços oferecidos, Art. 112. O processo de seleção de fornecedores para um Acor-
suas condições de contratação e a identificação dos fornecedores do-Quadro será realizado por intermédio de licitação, de acordo
credenciados. com este Regulamento.
§1º Cada unidade requisitante será obrigada a consultar o ca- Parágrafo único. Os preços ofertados pelos interessados duran-
tálogo antes de iniciar um procedimento de planejamento de con- te a etapa de seleção de fornecedores serão considerados preços
tratação. máximos.
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Art. 113. O instrumento convocatório para Acordo-Quadro I- para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro de-
deve estabelecer os critérios de avaliação que a Administração con- corrente de caso fortuito ou força maior;
sidera relevantes para o contrato específico e, entre outras coisas, II- por necessidade de alteração do projeto ou das especifica-
deve levar em conta o preço, as condições comerciais, a experiência ções para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação,
dos concorrentes, a qualidade técnica, as considerações ambientais a pedido da Ebserh, desde que não decorrentes de erros ou omis-
e o frete. sões por parte da empresa contratada, observados os limites esta-
Parágrafo único. O instrumento convocatório previsto no caput belecidos neste regulamento;
deverá indicar preferencialmente o critério de menor preço. III- alterações de aspectos formais, sem impacto no objeto con-
Art. 114. Os Acordos-Quadro vigentes serão formalizados por tratado ou no valor do contrato. Art. 118. As contratações Semi-in-
intermédio de Contratos-Marco, compreendidos como pré-contra- tegradas e Integradas observarão os seguintes requisitos:
tos centralizados de execução descentralizada. I- o instrumento convocatório deverá conter:
§1º O prazo de vigência dos Contratos-Marco será de até qua- a)Anteprojeto de Engenharia, no caso de Contratação Integra-
tro anos. da, com elementos técnicos que permitam a caracterização da obra
§2º Os Contratos-Marco devem regulamentar os direitos e as ou do serviço e a elaboração e comparação, de forma isonômica,
obrigações das partes, assim como orientar como a unidade cen- das propostas a serem ofertadas pelos particulares;
tralizadora manterá a supervisão adequada dos Acordos-Quadro. b)TR, nos casos de Contratação Semi-integrada;
§3º A formalização da execução descentralizada poderá ocor- c)documento técnico, com definição precisa das frações do
rer por intermédio de assinatura de contratos, por emissão de no- empreendimento em que haverá liberdade de as contratadas ino-
tas de empenho ou por outro meio igualmente válido. varem em soluções metodológicas ou tecnológicas, seja em termos
§4º Poderá ser admitido o reajuste de preços máximos nos de modificação das soluções previamente delineadas no Anteproje-
Contratos-Marco, nos termos previamente definidos pelo instru- to de Engenharia ou no Projeto Básico, seja em termos de detalha-
mento convocatório. mento dos sistemas e procedimentos construtivos previstos nessas
Art. 115. As falhas no cumprimento de suas obrigações sujei- peças técnicas;
tam os fornecedores às penalidades descritas neste Regulamento e d)matriz de riscos.
no Contrato-Marco. II- o valor estimado do objeto a ser licitado será calculado com
Parágrafo único. A ausência de apresentação de propostas nas base em valores de mercado, em valores pagos pela administração
intenções de compra durante os procedimentos de Grandes Com- pública em serviços e obras similares ou em avaliação do custo glo-
pras implica em apuração de irregularidade na execução contratual bal da obra, aferido mediante orçamento sintético ou metodologia
e sujeita o fornecedor a sanção administrativa. expedita ou paramétrica;
Art. 116. As rescisões antecipadas de Contratos-Marco devem III- o critério de julgamento a ser adotado será o de menor pre-
ser deliberadas pela unidade centralizadora e podem ser motivadas ço ou de melhor combinação de técnica e preço, pontuando-se na
por falhas no cumprimento de suas obrigações. avaliação técnica as vantagens e os benefícios que eventualmente
Parágrafo único. No caso de rescisões de Contratos-Marco, a forem oferecidos para cada produto ou solução;
unidade centralizadora deve avaliar a decisão de manutenção dos IV- na Contratação Semi-integrada, o TR poderá ser alterado,
Contratos-Marco restantes em cada Acordo-Quadro, de forma a desde que demonstrada a superioridade das inovações em termos
manter a competitividade da sistemática pela existência de um nú- de redução de custos, de aumento da qualidade, de redução do pra-
mero adequado de fornecedores. zo de execução e de facilidade de manutenção ou operação.
Art. 119. No caso dos orçamentos das Contratações Integradas:
CAPÍTULO VI I- sempre que o Anteprojeto de Engenharia da licitação, por
DAS NORMAS ESPECÍFICAS seus elementos mínimos, assim o permitir, as estimativas de preço
devem se basear em orçamento tão detalhado quanto possível, de-
SEÇÃO I vendo a utilização de estimativas paramétricas e a avaliação apro-
DAS OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA ximada baseada em outras obras similares ser realizadas somente
nas frações do empreendimento não suficientemente detalhadas
Art. 117. Nas licitações de obras e serviços de engenharia pode- no Anteprojeto de Engenharia da licitação, exigindo-se das contra-
rá ser utilizada a contratação integrada, desde que haja justificati- tadas, no mínimo, o mesmo nível de detalhamento em seus de-
vas técnicas e econômicas e quando o objeto envolver, pelo menos, monstrativos de formação de preços;
uma das seguintes condições: II- quando utilizada metodologia expedita ou paramétrica para
I- inovação tecnológica ou técnica; abalizar o valor do empreendimento ou de fração dele, considera-
II- possibilidade de execução com tecnologias de domínio res- das as disposições do inciso I, entre 2 (duas) ou mais técnicas esti-
trito no mercado; mativas possíveis, deve ser utilizada nas estimativas de preço-base
III - possibilidade de execução com diferentes metodologias. a que viabilize a maior precisão orçamentária, exigindo-se das lici-
§1º Na Contratação Integrada, a Ebserh elabora o Anteproje- tantes, no mínimo, o mesmo nível de detalhamento na motivação
to de Engenharia, ficando sob a responsabilidade da empresa con- dos respectivos preços ofertados.
tratada a elaboração e o desenvolvimento do Projeto Básico e do Art. 120. No caso de licitação de obras e serviços de engenha-
Projeto Executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a ria, deverá ser utilizada a Contratação Semi-integrada, quando for
montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais possível definir previamente no TR as quantidades dos serviços a
operações necessárias e suficientes para entrega final do objeto. serem posteriormente executados na fase contratual, em obra ou
§2º É vedada a celebração de termos aditivos aos contratos serviço de engenharia que possa ser executado com diferentes me-
oriundos de Contratação Integrada, exceto nos seguintes casos: todologias ou tecnologias, podendo ser utilizadas outras modalida-
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des, desde que essa opção seja devidamente justificada. I- MIP, respeitado o disposto no art. 102 e seguintes;
§1º Na Contratação Semi-integrada a elaboração do TR é de II- participação da pessoa física e das pessoas jurídicas de que
responsabilidade da Ebserh, ficando sob a responsabilidade da em- tratam os incisos II e III em licitação ou em execução de contrato,
presa contratada a elaboração e o desenvolvimento do projeto exe- como consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão
cutivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da Ebserh.
a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações §2º Considera-se participação indireta a existência de vínculos
necessárias e suficientes para entrega final do objeto. de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhis-
§2º A ausência de TR não será admitida como justificativa para ta entre o autor do Projeto Básico, pessoa física ou jurídica, e o lici-
a adoção da modalidade de contratação integrada. tante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluin-
Art. 121. Nos contratos decorrentes de licitações de obras ou do-se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários, bem
serviços de engenharia em que tenha sido adotado o modo de dis- como a participação de empregados incumbidos de levar a efeito
puta aberto, o contratado deverá reelaborar e apresentar à Ebserh, atos e procedimentos realizados para a Ebserh no curso da licitação.
por meio eletrônico, as planilhas com indicação dos quantitativos e
dos custos unitários, bem como do detalhamento das Bonificações SEÇÃO II
e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais (ES), com os res- DA AQUISIÇÃO DE BENS
pectivos valores adequados ao lance vencedor.
Art. 122. Nas contratações de obras e serviços de engenharia Art. 125. O planejamento de aquisição de bens deve considerar
de grande vulto, o instrumento convocatório poderá exigir a pres- a expectativa de consumo anual e observar o seguinte:
tação de garantia na modalidade seguro-garantia, na forma do art. I - condições de aquisição e pagamento semelhantes às do se-
144. e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimple- tor privado;
mento pela empresa contratada, assumir a execução e concluir o II - processamento por meio de SRP, quando pertinente;
objeto do contrato, hipótese em que: III- determinação de unidades e quantidades a serem adquiri-
I- a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, das em função de consumo e utilização prováveis, cuja estimativa
como interveniente anuente e poderá: será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas
a)ter livre acesso às instalações em que for executado o con- quantitativas, admitido o fornecimento contínuo;
trato principal; IV- condições de guarda e armazenamento que não permitam
b)acompanhar a execução do contrato principal; a deterioração do material;
c)ter acesso a auditoria técnica e contábil; V - atendimento aos princípios:
d)requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra a)da padronização, considerando a compatibilidade de especi-
ou pelo fornecimento. ficações estéticas, técnicas ou de desempenho;
II- a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem b)do parcelamento, quando for tecnicamente viável e econo-
ela indicar para a conclusão do contrato, será autorizada desde que micamente vantajoso;
demonstrada sua regularidade fiscal; c)da responsabilidade fiscal, mediante a verificação da despesa
III- a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, estimada com a prevista no planejamento orçamentário.
total ou parcialmente. §1º Na aplicação do princípio do parcelamento, referente às
§1º São considerados obra ou serviço de engenharia de grande aquisições de bens, devem ser considerados:
vulto aqueles com valor total acima de R$ 50.000.000,00 (cinquenta I- a viabilidade da divisão do objeto em lotes;
milhões de reais). II- o aproveitamento das particularidades do mercado local, vi-
§2º Na hipótese de inadimplemento da empresa contratada, sando à economicidade, sempre que possível, desde que atendidos
serão observadas as seguintes disposições: os parâmetros de qualidade;
I- caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, III- o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a
conforme atestado pela Ebserh, estará isenta da obrigação de pagar concentração de mercado.
a importância segurada indicada na apólice; §2º O parcelamento não será adotado quando:
II- caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pa- I- a economia de escala, a redução de custos de gestão de con-
gará a integralidade da importância segurada indicada na apólice. tratos ou a maior vantagem na contratação recomendar a compra
Art. 123. É vedada a execução, sem projeto executivo, de obras do mesmo item ou de vários itens do mesmo fornecedor;
e serviços de engenharia, independentemente do regime adotado. II- o objeto a ser contratado configurar sistema único e inte-
Art. 124. É vedada a participação direta ou indireta nas licita- grado e houver a possibilidade de risco ao conjunto do objeto pre-
ções relativas a obras e serviços de engenharia: tendido;
I- de pessoa física ou jurídica que tenha elaborado o Anteproje- III- o processo de padronização ou de escolha de marca levar a
to de Engenharia ou o TR da licitação; fornecedor exclusivo.
II- de pessoa jurídica que participar de consórcio responsável Art. 126. O planejamento de aquisição de bens deverá consi-
pela elaboração do Anteprojeto de Engenharia ou do TR da licita- derar ainda:
ção; I- indicação do produto, a partir do catálogo definido como
III- de pessoa jurídica da qual o autor do Anteprojeto de En- padrão pela Administração, preferencialmente, ou a especificação
genharia ou do TR da licitação seja administrador, controlador, ge- completa do bem a ser adquirido;
rente, responsável técnico, subcontratado ou sócio, neste último II- definição das unidades e das quantidades a serem adquiri-
caso quando a participação superar 5% (cinco por cento) do capital das;
votante. III - locais de entrega dos produtos;
§1º A vedação do caput não se aplica aos seguintes casos: IV - regras específicas para recebimento provisório e definitivo,
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quando for o caso; SEÇÃO IV


V - indicação das condições de manutenção, assistência técnica DAS CONTRATAÇÕES INTERNACIONAIS
e garantia exigidas;
VI - detalhamento de forma suficiente a permitir a elaboração Art. 129. Para participação de empresas estrangeiras nos pro-
da proposta, com características que garantam qualidade, rendi- cedimentos de contratação em que a execução do objeto se dê em
mento, compatibilidade, durabilidade e segurança. território nacional, o edital deverá observar as seguintes disposi-
Parágrafo único. Em relação à informação de que trata o inciso ções:
V do caput, desde que fundamentada no ETP, a Ebserh poderá exigir I- diretrizes de política monetária e comércio exterior dos ór-
que os serviços de manutenção e assistência técnica sejam presta- gãos competentes, quando cabíveis;
dos mediante deslocamento de equipe técnica ou disponibilidade II- exigências de habilitação mediante apresentação de docu-
em unidade de prestação de serviços localizada em distância com- mentos equivalentes àqueles exigidos da empresa nacional, quan-
patível com suas necessidades. do for possível;
Art. 127. A Ebserh, na licitação para aquisição de bens, poderá, III- necessidade de representação legal no Brasil, prevendo po-
de forma motivada: deres expressos para receber citação e responder administrativa ou
I - indicar marca ou modelo, nas seguintes hipóteses: judicialmente.
a)em decorrência da necessidade de padronização do objeto; Parágrafo único. É possível dispensar a representação legal no
b)quando determinada marca ou modelo comercializado por Brasil no caso de fornecedor exclusivo de objeto cujo valor se en-
mais de um fornecedor constituir o único capaz de atender o objeto quadre no limite estabelecido no inciso II do art. 79, mediante jus-
do contrato; tificativa fundamentada.
c)quando for necessária, para compreensão do objeto, a iden- Art. 130. Para a realização de obras, prestação de serviços ou
tificação de determinada marca ou modelo apto a servir como refe- aquisição de bens com recursos provenientes de financiamento ou
rência, situação em que será obrigatório o acréscimo da expressão doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira, ban-
“ou similar ou de melhor qualidade”. co estrangeiro de fomento, organismo financeiro multilateral ou de-
II- exigir amostra ou prova de conceito do bem no procedimen- mais entidades públicas ou privadas de natureza de direito interna-
to de pré-qualificação ou na fase de julgamento das propostas ou cional, deverão ser admitidas as condições decorrentes de acordos,
de lances ou no período de vigência do contrato ou da ata de regis- protocolos, convenções, tratados e contratos internacionais.
tro de preços; §1º Na situação prevista no caput também serão admitidas as
III- solicitar a certificação, o laudo laboratorial ou documento normas e procedimentos operacionais daquelas entidades, desde
similar que possibilite a aferição da qualidade e da conformidade do que inexistam conflitos com os princípios que regem a Adminis-
produto ou do processo de fabricação, inclusive sob o aspecto am- tração Pública, inclusive quanto ao critério de seleção da proposta
biental, por instituição oficial competente ou entidade credenciada; mais vantajosa, o qual poderá contemplar, além do preço, outros
IV- vedar a contratação de marca ou produto, quando, median- fatores de avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção
te processo administrativo, parecer da Câmara Técnica de Padroni- do financiamento ou da doação.
zação Nacional e deliberação da Administração Central, §2º As normas e procedimentos operacionais citados no §1º
restar comprovado que produtos adquiridos e utilizados ante- deste artigo serão adotados em detrimento da legislação nacional
riormente não atendem a requisitos indispensáveis ao pleno adim- aplicável, observados os princípios deste regulamento quando com-
plemento da obrigação contratual. patível.
§1º O edital poderá exigir, como condição de aceitabilidade da Art. 131. Poderá ser editada norma operacional versando sobre
proposta, a adequação às normas da Associação Brasileira de Nor- os procedimentos de contratação em que a execução do objeto se
mas Técnicas (ABNT) ou a certificação da qualidade do produto por dê em território estrangeiro, respeitadas as diretrizes deste Regu-
instituição credenciada pelo Sistema Nacional de Metrologia, Nor- lamento.
malização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
§2º No interesse da Administração, as amostras poderão ser SEÇÃO V
examinadas por instituição com reputação ético-profissional na es- DA ALIENAÇÃO
pecialidade do objeto, previamente indicada no instrumento con-
vocatório. Art. 132. A alienação de bens pela Ebserh será precedida de:
§3º Para fins de fundamentação do disposto no inciso IV, po- I- avaliação formal do bem contemplado, ressalvadas as hipóte-
derão ser utilizadas informações de fármaco e tecnovigilância, in- ses previstas nos incisos XVI a XVIII do art. 79;
cluindo a verificação de alertas da Agência Nacional de Vigilância II- licitação, ressalvado o previsto nos incisos I e II do art. 192.
Sanitária – Anvisa referentes a fabricante, produto, modelo ou lote/ §1º A avaliação formal será feita observando-se as normas re-
série, por meio de consulta no Portal da agência, e da existência de gulamentares aplicáveis, admitindo- se a aplicação de redutores
queixas técnicas ou eventos adversos nos sistemas nacionais e da sobre o valor de avaliação apurado ou apreciação como bem sem
Rede Ebserh. valor econômico, nos casos em que custos diretos e indiretos, de
natureza econômica, social, ambiental e operacional, bem como,
SEÇÃO III riscos físicos, sociais e institucionais os autorizem, tais como:
DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS I- incidência de despesas que não justifiquem a sua manuten-
ção no acervo patrimonial da Ebserh;
Art. 128. A contratação de serviços observará o disposto neste II- classificação do bem como antieconômico, ou seja, de ma-
regulamento e em norma operacional específica, ressalvada a situ- nutenção onerosa ou que produza rendimento precário, em virtude
ação descrita no art. 225, §1º. de uso prolongado, desgaste prematuro ou obsoletismo;
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III- classificação do bem como irrecuperável, ou seja, aquele base no volume de inscrições a serem efetivadas;
que não pode ser utilizado para o fim a que se destina ou quando III- relatório de pesquisa de preços, comprovando que o preço
a recuperação ultrapassar 50 % (cinquenta por cento) de seu valor a ser praticado na contratação é igual ou inferior ao praticado pela
de mercado; empresa a ser contratada, podendo ser utilizado como parâmetro
IV- classificação do bem como ocioso, ou seja, aquele que apre- um preço público divulgado em sítio eletrônico ou outro meio de
senta condições de uso, mas não está sendo aproveitado, ou aque- comunicação amplo, desde que contenha a data de acesso;
le que, devido a seu tempo de utilização ou custo de transporte, IV- Termo de Referência.
não justifique o remanejamento para outra unidade ou, por último, Parágrafo único. A adoção do rito simplificado indicado no
aquele para o qual não há mais interesse; caput requer a formalização prévia de EPC permanente.
V- custo de carregamento no estoque;
VI- tempo de permanência do bem em estoque; SEÇÃO IX
VII- depreciação econômica gerada por decadência estrutural/ DAS LOCAÇÕES DE IMÓVEIS
física, desvirtuação irreversível como ocupações irregulares perpe-
tuadas pelo tempo, bem como depreciação gerada por alterações Art. 139. As contratações de locação de imóveis, inclusive na
ambientais no local em que o bem se localiza, como erosões, conta- hipótese prevista no art. 79, V, deste regulamento, devem observar
minações, calamidades, entre outros; os seguintes procedimentos adicionais:
VIII- custo de oportunidade do capital; I- formalização de EPC com, no mínimo, 3 (três) representantes
IX- outros fatores ou redutores de igual relevância. de unidades organizacionais distintas;
§2º O desfazimento, o reaproveitamento, a movimentação e II- elaboração de metodologia para seleção adequada do mo-
a alienação de materiais inservíveis serão regulados em normativo delo de locação a ser efetuado, considerando, ao menos, os custos
específico. com mudança e a restituição de imóveis, bem assim a demonstra-
Art. 133. Estendem-se à atribuição de ônus real a bens in- ção do custo-benefício favorável no tocante à contratação de ser-
tegrantes do acervo patrimonial da Ebserh as normas da Lei nº viços condominiais inclusos nos contratos de locação imobiliária,
13.303/2016 aplicáveis à sua alienação, inclusive em relação às hi- quando aplicável;
póteses de dispensa e de inexigibilidade de licitação. III- avaliação, no ETP, da vigência contratual a ser proposta, com
base na estratégia de ocupação de espaços da unidade e na Lei nº
SEÇÃO VI 8.245/1991;
DAS CONTRATAÇÕES DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA IV- vedação à restrição da locação a determinados bairros ou
regiões, salvo quando houver atendimento ao público, caso em que
Art. 134. As contratações de serviços de publicidade e propa- poderá ser privilegiada a localização do imóvel em razão da facilida-
ganda observarão as diretrizes e os procedimentos deste Regula- de de acesso do público-alvo, ou quando seu uso demandar logís-
mento e aqueles previstos em norma específica. tica diária de transporte de materiais ou documentos com impacto
direto na prestação de serviços assistenciais ou de apoio ao ensino
SEÇÃO VII e à pesquisa;
DAS CONTRATAÇÕES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E V- certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e dis-
COMUNICAÇÃO poníveis que atendam ao objeto;
VI- realização de chamamento público de propostas comer-
Art. 135. As contratações de soluções de tecnologia da infor- ciais, contendo anexo descritivo das necessidades e requisitos da
mação e comunicação deverão respeitar o Plano Diretor de Tecno- organização, fundamentadas no ETP elaborado na fase de Planeja-
logia da Informação e Comunicação - PDTIC e demais instrumentos mento da Contratação, no caso de dispensa de licitação prevista no
de gestão estratégica da empresa. art. 79, V;
Art. 136. Poderá ser editada norma específica para tratar das VII- emissão de parecer técnico fundamentado sobre as pro-
contratações de tecnologia da informação e comunicação, ressalva- postas recebidas, com avaliação objetiva baseada nos requisitos
da a situação descrita no art. 225, §1º. descritos;
VIII- a elaboração laudo de avaliação patrimonial do imóvel a
SEÇÃO VIII ser locado, para suportar as negociações de preços sobre a propos-
DAS CONTRATAÇÕES DE TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO ta do imóvel escolhido.
§1º As avaliações patrimoniais dos imóveis a serem locados,
Art. 137. As contratações de treinamento e capacitação ob- nos termos do inciso VIII do caput, devem ser realizadas:
servarão o planejamento anual de capacitação da Administração I - pela Caixa Econômica Federal, mediante contrato ou convê-
Central ou da unidade hospitalar, conforme caso, respeitando-se o nio específico;
enquadramento legal constante do art. 81, inciso II alínea “f”. II - por particulares habilitados, mediante celebração de con-
Art. 138. No caso de aquisição de inscrições em cursos abertos tratos;
ou in company, até o limite de valor do inciso II do art. 79, poderá III - por profissional devidamente habilitado com registro ativo
ser adotado um rito simplificado de formalização de demanda e de no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA ou no
planejamento de contratação, que consiste em: Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU.
I- DFD contendo a indicação e ciência dos membros da EPC fixa §2º As disposições deste artigo se aplicam, no que couber, à
que participarão do planejamento da respectiva contratação e se- compra de imóveis.
rão responsáveis pela elaboração dos documentos pertinentes; Art. 140. A Ebserh poderá firmar contratos de locação de imó-
II- registro de tentativa de negociação de preços, inclusive com veis nos quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou
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reforma substancial, com ou sem aparelhamento de bens, por si ção exclusiva de mão de obra, os valores para o pagamento das fé-
mesmo ou por terceiros, do espaço físico especificado. rias, décimo terceiro salário e verbas rescisórias aos trabalhadores
Parágrafo único. O valor da locação a que se refere o caput não da contratada serão depositados pela Administração em conta vin-
poderá exceder, ao mês, 1% (um por cento) do valor do imóvel lo- culada específica, aberta em nome da contratada, com movimenta-
cado. ção somente por ordem da contratante;
XIII- o foro do contrato, e quando necessário, a legislação apli-
SEÇÃO X cável.
DAS CESSÕES DE USO DE ÁREAS E INSTALAÇÕES Parágrafo único. Poderá ser admitida adoção de mecanismos
de solução pacífica de conflitos relativos a direitos patrimoniais dis-
Art. 141. As cessões de uso de áreas e instalações, edificadas ou poníveis, observando-se as disposições da Lei nº 9.307/1996.
não edificadas, devem observar os dispositivos deste regulamento. Art. 144. Poderá ser exigida prestação de garantia nas contrata-
§1º As cessões de uso de imóveis sob domínio ou posse da Eb- ções de obras, serviços e compras.
serh devem obedecer ao disposto nos contratos de gestão firmados §1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes moda-
com as Instituições Federais de Ensino Superior. lidades de garantia:
§2º Inexistindo vedação expressa no contrato de gestão, as ces- I - caução em dinheiro;
sões de uso de que trata o caput, a título gratuito ou oneroso, de II- seguro-garantia, emitido por instituição credenciada na Su-
áreas para exercício de atividades de apoio necessárias ao desem- perintendência de Seguros Privados - Susep;
penho da atividade da Ebserh não serão consideradas utilização em III- fiança bancária, emitida por banco ou instituição financei-
fim diverso do previsto no referido contrato. ra devidamente autorizada a operar no país pelo Banco Central do
§3º Quando destinadas a empreendimentos com fins lucrati- Brasil.
vos, as cessões de uso deverão ser sempre onerosas e, sempre que §2º A garantia a que se refere o caput não excederá a 5% (cinco
houver condições de competitividade, deverá ser observado o pro- por cento) do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mes-
cedimento licitatório previsto neste regulamento. mas condições nele estabelecidas.
§3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto en-
TÍTULO III volvendo complexidade técnica e riscos financeiros elevados, o li-
DOS CONTRATOS E CONVÊNIOS mite de garantia previsto no parágrafo segundo poderá ser elevado
para até 10% (dez por cento) do valor do contrato.
CAPÍTULO I §4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou resti-
DOS CONTRATOS tuída após a execução do contrato, devendo ser atualizada moneta-
riamente na hipótese do inciso I do parágrafo primeiro deste artigo.
Art. 142. Os contratos firmados pela Ebserh regulam-se pelas §5º Nos casos de contratos que importem na entrega de bens
normas aqui descritas, pelos preceitos de direito privado e pela Lei pela Ebserh, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da
nº 13.303/2016. garantia poderá ser acrescido o valor desses bens.
Art. 143. São cláusulas necessárias nos contratos: §6º Nas contratações de obras e serviços de engenharia, será
I- o objeto e seus elementos característicos; exigida garantia adicional do licitante vencedor cuja proposta for
II- o regime de execução ou a forma de fornecimento; inferior a 85% (oitenta e cinco por cento) do valor do orçamento
III- o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data- estimado, equivalente à diferença entre esse último e o valor da
-base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios proposta, sem prejuízo das demais garantias exigidas.
de atualização monetária entre a data do adimplemento das obri- Art. 145. A Ebserh pode promover o pagamento antecipado
gações e a do efetivo pagamento; nas contratações em casos excepcionalíssimos, devidamente justifi-
IV- o cronograma de execução, com as respectivas entregas, cados, desde que essa medida:
quando for o caso, e de recebimento; I- represente condição indispensável para obter o bem ou asse-
V- a indicação dos recursos orçamentários que assegurem o pa- gurar a prestação do serviço; ou
gamento das obrigações, quando cabível; II- propicie significativa economia de recursos.
VI- as garantias oferecidas para assegurar a plena execução do §1º Na hipótese de que trata o caput deste artigo, a Adminis-
objeto contratual, quando exigidas; tração deverá:
VII- os direitos e as responsabilidades das partes, as tipificações I- prever a antecipação de pagamento em edital ou em instru-
das infrações e as respectivas penalidades e valores das multas; mento formal de contratação direta;
VIII- os casos de rescisão do contrato e os mecanismos para II- exigir a devolução integral do valor antecipado na hipótese
alteração de seus termos; de inexecução do objeto, atualizado monetariamente pela variação
IX- a vinculação ao instrumento convocatório da respectiva lici- acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
tação ou ao termo que instruiu a contratação, bem como ao lance (IPCA), ou índice que venha a substituí-lo, desde a data do paga-
ou proposta do licitante vencedor ou do proponente, no caso de mento da antecipação até a data da devolução;
contratação direta; III- prever cautelas aptas a reduzir o risco de inadimplemento
X- a obrigação de o contratado manter, durante a execução do contratual, tais como:
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, a)a comprovação da execução de parte ou de etapa inicial do
as condições de habilitação e qualificação exigidas no curso do pro- objeto pelo contratado, para a antecipação do valor remanescente;
cedimento licitatório; b)a prestação de garantia nas modalidades de que trata o art.
XI- Matriz de Riscos, quando cabível; 144, de até 100% (cem por cento) do valor a ser adiantado, ainda
XII- a determinação de que, nos casos de contrato com dedica- que ultrapasse o percentual usual de garantia prestada;
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c)a emissão de título de crédito pelo contratado; dentro da vigência contratual.


d)o acompanhamento da mercadoria, em qualquer momento Art. 150. Os contratos regidos por este Regulamento somente
do transporte, por representante da Administração. poderão ser prorrogados por acordo entre as partes, vedando-se
§2º É vedado o pagamento antecipado pela Administração ajuste que resulte em violação da obrigação de licitar.
na hipótese de prestação de serviços com regime de dedicação §1º Os contratos poderão ter a sua duração prorrogada com
exclusiva de mão de obra, com exceção de parcelas referentes a vistas à manutenção de preços e condições mais vantajosas para a
investimentos em infraestrutura e equipamentos necessários para Ebserh, respeitado o disposto no art. 147.
a implantação dos serviços demandados, desde que cumpridos os §2º Na contratação por escopo, caso excepcionalmente e de
requisitos indicados no caput. forma justificada não tenha sido viabilizada a prorrogação de seu
Art. 146. Nas contratações de serviços contínuos com regime prazo de vigência por aditamento, poderá haver sua prorrogação
de dedicação exclusiva de mão de obra, para assegurar o cumpri- automática quando seu objeto não for concluído no período firma-
mento pelo contratado de obrigações trabalhistas, previdenciárias do no contrato, por apostilamento, desde que registradas nos autos
e com o FGTS, a Ebserh, mediante previsão em edital ou contrato, as ocorrências supervenientes que ocasionaram a não conclusão do
deverá adotar, entre outras medidas, os seguintes controles inter- objeto, sem prejuízo de eventual apuração de responsabilidade.
nos: §3º Na hipótese do parágrafo anterior, quando a não conclusão
I- Conta-Depósito Vinculada - bloqueada para movimentação, no prazo decorrer de culpa da contratada, deverão ser aplicadas as
conforme disposto em Caderno de Logística, elaborado pela Secre- sanções administrativas cabíveis e/ou a rescisão do contrato, po-
taria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e dendo, nesse último caso, ser adotadas as medidas admitidas neste
Gestão, sem prejuízo da edição de norma interna pela Ebserh; ou Regulamento para a continuidade da execução contratual.
II- Pagamento pelo Fato Gerador, conforme disposto em Cader- Art. 151. A ausência de formalização contratual não exonera
no de Logística, elaborado pela Secretaria de Gestão do Ministério a Ebserh do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, sem prejuízo da edi- executado, apurando-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.
ção de norma interna pela Ebserh. Art. 152. É dispensável a redução a termo do contrato, com sua
Art. 147. A duração dos contratos regidos por este Regulamen- substituição por documento equivalente:
to não excederá a 5 (cinco) anos, contados a partir de sua celebra- I- nas contratações por escopo de serviços cujos valores se en-
ção, exceto: quadrem no limite do inciso II do art. 79, desde que não resultem
I- para projetos contemplados no plano de negócios e investi- obrigações futuras, dentre as quais se inclui a assistência técnica;
mentos da Ebserh; II- nas contratações por escopo de bens das quais não resultem
II- nos casos em que a pactuação por prazo superior a 5 (cinco) obrigações futuras, dentre as quais se inclui a assistência técnica,
anos seja prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo independentemente de seu valor;
inviabilize ou onere excessivamente a realização do negócio; III- nos casos em que a substituição por documento equivalen-
III- nas locações de imóveis; te seja prática de mercado.
IV- no contrato sob o regime de fornecimento e prestação de §1º Para efeito deste artigo, constituem documentos equiva-
serviço associado, que terá sua vigência máxima definida pela soma lentes a carta-contrato, a autorização de compra, a ordem de exe-
do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra com o cução de serviço, nota de empenho, ou qualquer outro documento
prazo relativo ao serviço de operação e manutenção, este limitado que comprove a efetivação da despesa.
a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do objeto inicial. §2º O disposto no caput não prejudicará o registro contábil
Art. 148. É vedado o contrato por prazo indeterminado. exaustivo dos valores despendidos e a exigência de recibo por parte
Parágrafo único. É admitido prazo de vigência indeterminado dos respectivos destinatários.
nos contratos em que a Ebserh seja usuária de serviços públicos Art. 153. Será convocado o licitante vencedor ou o destinatário
essenciais de energia elétrica, água e esgoto, dentre outros, assim de contratação para assinar o termo de contrato, observados o pra-
como de serviços postais monopolizados pela ECT (Empresa Brasi- zo e as condições estabelecidos, sob pena de decadência do direito
leira de Correios e Telégrafos), desde que no processo da contra- à contratação.
tação estejam explicitados os motivos que justificam a adoção do §1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez,
prazo indeterminado e comprovadas, a cada exercício financeiro, a por igual período.
estimativa de consumo e a existência de previsão de recursos orça- §2º É facultado à Ebserh, quando o convocado não assinar o
mentários. termo de contrato no prazo e nas condições estabelecidos:
Art. 149. O contrato terá sua duração definida de acordo com I- convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classifica-
as seguintes formas de contratação: ção, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas
I- contratação continuada, nas situações em que a necessidade pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados
permanente ou prolongada do objeto impõe à parte contratada o em conformidade com o instrumento convocatório;
dever de realizar uma conduta que se renova ou se mantém no de- II- revogar a licitação.
curso do tempo durante a vigência contratual; Art. 154. Os termos de contrato, termos aditivos e termos de
II- contratação por escopo, nas situações em que o fim contra- rescisão serão assinados pelas seguintes autoridades da Ebserh, ve-
tual almejado consiste na entrega de objeto certo e determinado, dada a subdelegação:
extinguindo-se a relação jurídica com o alcance do resultado con- I- na Administração Central, pelo Presidente em conjunto com
tratado. um Diretor;
§1º Os contratos firmados pela Ebserh deverão estabelecer, II- nas unidades hospitalares, pelo Superintendente em conjun-
expressamente, a data de início e encerramento de sua vigência. to com um Gerente.
§2º Eventuais alterações ou prorrogações deverão ser firmadas Parágrafo único. Os termos de apostilamento podem ser for-
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malizados somente pelo Diretor de Administração e Infraestrutura, CAPÍTULO II


no caso da Administração Central, ou pelo Gerente Administrativo, DA GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS
no caso das unidades hospitalares.
Art. 155. Os termos de contratos, termos aditivos e termos de Art. 161. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
rescisão, após formalizados, deverão ser publicados no Diário Ofi- fiscalizada pela Ebserh com o objetivo de garantir a observância dos
cial da União e no Portal da Ebserh. direitos e o cumprimento das obrigações pactuadas, bem como a
Parágrafo único. As atas de registro de preços, como instru- obediência à legislação pertinente.
mentos pré-contratuais, devem ser publicadas somente no Portal §1º A execução dos contratos deverá ser acompanhada e fisca-
da Ebserh. lizada por representantes da Ebserh especialmente designados, ou
Art. 156. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros
reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa
o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou in- atribuição, desde que justificada a necessidade de assistência es-
correções resultantes da execução ou de materiais empregados, e pecializada.
responderá por danos causados diretamente a terceiros ou à Eb- §2º Na hipótese de contratação de terceiros prevista no §1º
serh, independentemente da comprovação de sua culpa ou dolo na deste artigo, deverão ser observadas as seguintes disposições:
execução do contrato. I- a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabi-
Art. 157. O contratado é responsável pelos encargos trabalhis- lidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações
tas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do prestadas, firmará termo de compromisso de confidencialidade e
contrato. não poderá exercer atribuição própria e exclusiva de representan-
§1º A inadimplência do contratado quanto aos encargos traba- tes da Ebserh;
lhistas, fiscais e comerciais não transfere à Ebserh a responsabilida- II- a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade
de por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou dos representantes da Ebserh designados para controlar e fiscali-
restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive zar os contratos, nos limites das informações recebidas do terceiro
perante o Registro de Imóveis. contratado.
§2º Será responsabilizado aquele que proceder com culpa no Art. 162. A empresa contratada deverá indicar preposto, aceito
cumprimento das obrigações previstas neste Regulamento, espe- pela Ebserh, para representá-la durante a execução do contrato.
cialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratu- Parágrafo único. O instrumento convocatório poderá exigir a
ais e legais da prestadora de serviço como empregadora, no caso de manutenção de preposto no local da obra ou do serviço.
serviço com dedicação exclusiva de mão de obra. Art. 163. As atividades de gestão e fiscalização da execução con-
Art. 158. O contratado, na execução do contrato, sem prejuí- tratual competem aos gestores da execução dos contratos, auxilia-
zo das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar dos pela fiscalização técnica, administrativa, setorial e pelo público
partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em usuário, conforme o caso, de acordo com as seguintes disposições:
cada caso, pela Ebserh, conforme previsto no edital do certame. I- gestão do contrato: coordenação das atividades relacionadas
§1º A empresa subcontratada deverá atender, em relação ao à fiscalização técnica, administrativa, setorial e pelo público usuá-
objeto da subcontratação, as exigências de qualificação técnica im- rio, bem como dos atos preparatórios à instrução processual e ao
postas ao licitante vencedor. encaminhamento da documentação pertinente à área de acom-
§2º É vedada a subcontratação de empresa ou consórcio que panhamento dos contratos para formalização dos procedimentos
tenha participado: quanto aos aspectos que envolvam a prorrogação, alteração, ree-
I - do procedimento licitatório do qual se originou a contrata- quilíbrio, pagamento, eventual aplicação de sanções, extinção dos
ção; contratos, dentre outros;
II - direta ou indiretamente, da elaboração de Termo de Refe- II- fiscalização técnica: acompanhamento com o objetivo de
rência, Projeto Básico ou Projeto Executivo. avaliar a execução do objeto nos moldes contratados e, se for o
§3º As empresas de prestação de serviços técnicos especializa- caso, aferir se a quantidade, qualidade, tempo e modo da presta-
dos deverão garantir que os integrantes de seu corpo técnico execu- ção dos serviços ou fornecimento de bens estão compatíveis com
tem pessoal e diretamente as obrigações a eles imputadas, quando os indicadores de níveis mínimos de desempenho estipulados no
a respectiva relação for apresentada em procedimento licitatório ato convocatório, para efeito de pagamento conforme o resultado;
ou em contratação direta. III- fiscalização administrativa de contratos com dedicação
Art. 159. Os direitos patrimoniais e autorais de projetos ou ser- exclusiva de mão de obra: acompanhamento dos aspectos admi-
viços técnicos especializados desenvolvidos por profissionais autô- nistrativos da execução dos serviços nos contratos com regime de
nomos ou por empresas contratadas passam a ser propriedade da dedicação exclusiva de mão de obra quanto às obrigações previ-
Ebserh, sem prejuízo da preservação da identificação dos respecti- denciárias, fiscais e trabalhistas, bem como quanto às providências
vos autores e da responsabilidade técnica a eles atribuída. tempestivas nos casos de inadimplemento;
Art. 160. É possível à empresa contratada caucionar ou ceder IV- fiscalização administrativa de contratos de execução indire-
os créditos do contrato, para qualquer operação financeira, desde ta de obras públicas: acompanhamento mensal, por amostragem,
que haja prévia e expressa autorização da unidade contratante da do cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e para
Ebserh. com o FGTS, em relação aos empregados da contratada que efetiva-
mente participarem da execução do contrato;
V- fiscalização administrativa de contratos sobre soluções de
tecnologia da informação e comunicação: acompanhamento dos
aspectos administrativos da execução dos contratos sobre soluções
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de tecnologia da informação quanto à verificação de aderência dos Registro de Preços, compreendendo as atividades de gestão e fis-
recebimentos realizados aos termos do contrato, bem como verifi- calização dos elementos de natureza pré-contratual e das contrata-
cação das regularidades fiscais, trabalhistas e previdenciárias, para ções decorrentes da ata de registro de preços.
fins de pagamento; Parágrafo único. Os elementos pré-contratuais sob gestão e
VI- fiscalização setorial: acompanhamento da execução do con- fiscalização da Equipe de Fiscalização de Ata de Registro de Preços
trato nos aspectos técnicos ou administrativos quando a prestação compreendem, inclusive, a troca ou substituição de marcas e pro-
dos serviços ou fornecimento de bens ocorrer concomitantemente dutos, a manifestação sobre a oportunidade de concessão de ade-
em setores distintos ou em unidades desconcentradas de um mes- são e os impactos sobre eventuais alterações de preços ou cancela-
mo órgão ou entidade; mento da ata, realizados com suporte da área de contratos.
VII- fiscalização pelo público usuário: acompanhamento da Art. 166. A EFC deve promover a abertura de processo adminis-
execução contratual por pesquisa de satisfação junto ao usuário, trativo específico, relacionado ao principal, para consolidar a docu-
com o objetivo de aferir os resultados da prestação dos serviços ou mentação referente à fiscalização contratual, viabilizando a juntada
fornecimento de bens, os recursos materiais e os procedimentos de documentos referentes à execução do contrato.
utilizados pela contratada, quando for o caso, ou outro fator deter- Art. 167. A EFC contará com o suporte das áreas de acompa-
minante para a avaliação dos aspectos qualitativos do objeto; nhamento e de fiscalização administrativa dos contratos, que atu-
VIII- Equipe de Fiscalização do Contrato - EFC: conjunto de co- arão para disseminar boas práticas entre as EFC e para apoiar a
laboradores responsáveis pela gestão e fiscalização contratual, na instituição de controles internos administrativos sobre a gestão e
qualidade de titulares ou substitutos. fiscalização contratual.
Art. 164. A Ebserh designará formalmente a EFC, por ato do §1º Os contratos deverão ser monitorados pelas instâncias in-
Diretor de Administração e Infraestrutura ou do Gerente Adminis- teressadas na organização por intermédio de processos de trabalho
trativo, conforme o caso, podendo conter a indicação de titulares e com incorporação de tecnologia da informação, como:
substitutos para as atividades elencadas. I- sistema eletrônico de processos administrativos, no qual
§1º Somente podem atuar na EFC colaboradores com vínculo ocorrerá a assinatura eletrônica de termos de contratos e demais
direto com a Administração Pública, seja celetista, comissionado ou instrumentos similares;
estatutário, indicados preferencialmente pela unidade requisitante, II- sistema de gestão de contratos, que conterá uma base de
com exceção dos fiscais administrativos. dados dos contratos em execução e deverá permitir ações de trans-
§2º O gestor e os fiscais deverão ser cientificados, expressa- parência ativa de informações e documentos.
mente, da indicação e respectivas atribuições antes da formalização §2º Os contratos devem ser classificados por categoria e sub-
do ato de designação. categoria de compras, conforme tipologia definida pela Administra-
§3º Os substitutos eventualmente designados atuarão nas au- ção Central.
sências e nos impedimentos eventuais e regulamentares dos titu- §3º Deverá haver uma classificação especial de contratos de ar-
lares. rendamento mercantil, cujos reflexos contábeis devem ser monito-
§4º Na ausência, a qualquer título, de gestor e fiscal(ais) do rados pelas áreas de contabilidade, conforme normativo específico.
contrato, as providências de suas alçadas ficarão a cargo da chefia
responsável pela unidade requisitante, que assumirá integralmente SEÇÃO I
as atividades e responsabilidades dos ausentes ou não designados. DO RECEBIMENTO DO OBJETO
§5º É admitida, de forma excepcional e principalmente no caso
de contratações de menor complexidade, a designação de EFC so- Art. 168. O objeto do contrato será recebido, conforme forma-
mente com dois membros, quais sejam, o gestor do contrato titu- lização em termos específicos:
lar e seu substituto, que acumularão todas as competências de EFC I- provisoriamente, pelo fiscal técnico do contrato, para verifi-
previstas neste Regulamento. cação da conformidade com as exigências contratuais;
§6º No caso de aquisições de bens em que haja ordem de for- II- definitivamente, pelo gestor do contrato, após validação dos
necimento com valor superior a R$ 200.000,00 (duzentos mil re- demais integrantes da EFC, quando verificado o atendimento das
ais), a EFC deverá ser formada com pelo menos 3 (três) membros exigências contratuais.
titulares, sendo 1 (um) necessariamente representante da unidade §1º O objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em
requisitante. parte, quando executado em desacordo com o contrato.
§7º Deve ser evitada a designação de integrantes da EFC que §2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a respon-
acumulem papéis de gestão na organização com maior alçada deci- sabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço, nem
sória, a exemplo de membros da Diretoria Executiva e do Colegiado a responsabilidade ético-profissional pela perfeita execução do con-
Executivo, que podem, conforme o caso, exercer controles internos trato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.
sobre a atuação das EFC sob sua supervisão. §3º Os prazos e os métodos para a realização dos recebimentos
§8º Aplica-se a recomendação do §7º aos dirigentes máximos provisório e definitivo serão definidos em norma ou no contrato.
da Auditoria Interna, da Corregedoria-Geral e da Ouvidoria-Geral, §4º Salvo disposição em contrário constante do instrumento
em razão de suas atividades de apoio à Alta Administração. convocatório, os ensaios, testes e demais provas para aferição da
§9º No caso de contratações por escopo enquadradas nos limi- boa execução do objeto do contrato exigidos por normas técnicas
tes dos incisos I e II do art. 79, é dispensada a designação de EFC, oficiais correm por conta da empresa contratada.
quando o encargo de gestão contratual ficará sob responsabilidade Art. 169. O recebimento definitivo do objeto contratado, repre-
da chefia responsável pela unidade requisitante da contratação. sentando o ateste da execução da despesa, é requisito para a instru-
Art. 165. No caso de formalização de ata de registro de preços, ção do processo de pagamento de despesas contratadas.
é recomendada a designação de Equipe de Fiscalização de Ata de Art. 170. A ocorrência de irregularidade fiscal, trabalhista ou
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de seguridade social da empresa contratada requer a abertura de lidade da contratada.


procedimento de apuração de irregularidade na execução contra- §4º A variação do valor contratual para fazer face a repactu-
tual, mas não autoriza a retenção de pagamentos sobre execução ação ou reajuste de preços previsto no próprio contrato e as atu-
contratual realizada, sob pena de enriquecimento ilícito. alizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes
Parágrafo único. No caso de contratos sobre serviços com de- das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho
dicação exclusiva de mão de obra ou de contratos de execução de de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor
obras públicas, caso não seja apresentada a documentação com- corrigido, não caracterizam alteração do contrato e podem ser re-
probatória do cumprimento das obrigações trabalhistas, previden- gistrados por termo de apostilamento, dispensada a celebração de
ciárias e para com o FGTS, a Ebserh: aditamento.
I- comunicará o fato à empresa contratada e reterá o pagamen- Art. 172. O reequilíbrio econômico-financeiro do contrato po-
to da fatura mensal, em valor proporcional ao inadimplemento, até derá ocorrer por meio de:
que a situação seja regularizada; I - reajuste em sentido estrito;
II- não havendo quitação das obrigações por parte da contrata- II- repactuação;
da no prazo de quinze dias, a Ebserh poderá efetuar o pagamento III- revisão.
das obrigações diretamente aos empregados da empresa contra- §1º O reajuste em sentido estrito ou a repactuação serão con-
tada que tenham participado da execução dos serviços objeto do cedidos por termo de apostilamento e a revisão será formalizada
contrato, no limite dos valores retidos, situação na qual o sindicato por termo aditivo.
representante da categoria do trabalhador deverá ser notificado §2º O reajuste em sentido estrito pode ser concedido de ofício.
para acompanhar o pagamento das verbas. §3º Para a formalização do reajuste em sentido estrito ou da re-
pactuação não é necessária a concordância da empresa contratada
SEÇÃO II com os cálculos efetuados pela Administração.
DA ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS §4º A empresa contratada pode interpor recurso administra-
tivo, sem efeito suspensivo, sobre os cálculos efetuados pela Ad-
Art. 171. Os contratos contarão com cláusula que estabeleça a ministração para a concessão de reequilíbrio econômico-financeiro.
possibilidade de alteração, por acordo entre as partes, nos seguin- Art. 173. O reajuste em sentido estrito deve observar os dis-
tes casos: positivos previstos no instrumento convocatório ou, excepcio-
I- quando houver modificação do projeto ou das especifica- nalmente, a combinação de índice para o reajuste, o qual deverá
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; ser preferencialmente um índice setorial ou específico, e, apenas
II- quando necessária a modificação do valor contratual em de- na ausência de tal índice, um índice geral, que deverá ser o mais
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, conservador possível de forma a não onerar injustificadamente a
nos limites permitidos pelo art. 177; Administração.
III- quando conveniente a substituição da garantia de execução; §1º O reajuste deverá observar o interregno mínimo de um ano
IV- quando necessária a modificação do regime de execução da data limite para apresentação da proposta.
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face §2º Os reajustes subsequentes respeitarão o interregno míni-
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais mo de um ano, contado a partir dos efeitos do reajuste anterior.
originários; §3º Caso o contrato possua vigência superior a 12 (doze) me-
V- quando necessária a modificação da forma de pagamento, ses, deverá haver consulta formal ao contratado quanto à possível
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor renúncia ao direito ao reajuste a cada anualidade, ou redução do
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- percentual aplicável.
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- Art. 174. A repactuação de preços, como espécie de reajuste
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; contratual, deverá ser utilizada nas contratações de serviços con-
VI- para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial- tinuados com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, des-
mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis- de que seja observado o interregno mínimo de um ano da data da
tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, apresentação da proposta ou da data da última repactuação.
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini- §1º A repactuação pode ser dividida em tantas parcelas quanto
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou forem necessárias, podendo ser realizada em momentos distintos
previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou para discutir a variação de custos que tenham sua anualidade resul-
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força tante em datas diferenciadas, tais como os custos decorrentes da
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô- mão de obra, quando deve ser considerada a data do acordo, con-
mica extraordinária e extracontratual. venção ou dissídio coletivo, e os custos decorrentes dos insumos
§1º A criação, a alteração ou a extinção de quaisquer tributos necessários à execução do serviço, quando deve ser considerada a
ou encargos legais, bem como a superveniência de disposições le- data da apresentação da proposta.
gais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, §2º Quando a contratação envolver mais de uma categoria pro-
com comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a fissional, com datas-bases diferenciadas, a repactuação deve ser di-
revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. vidida em tantas quanto forem os acordos, dissídios ou convenções
§2º Em havendo alteração do contrato que aumente ou reduza coletivas das categorias envolvidas na contratação.
os encargos do contratado, a Ebserh deverá restabelecer, por adita- §3º A repactuação em razão de novo acordo, dissídio ou con-
mento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial. venção coletiva deve repassar integralmente o aumento de custos
§3º É vedada a celebração de aditivos decorrentes de eventos da mão de obra decorrente desses instrumentos, inclusive novos
supervenientes alocados na Matriz de Riscos como de responsabi- benefícios não previstos na proposta original que tenham se torna-
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do obrigatórios por força deles. Art. 176. Desde que cumpridos todos os requisitos próprios
§4º O interregno mínimo de um ano para a primeira repactua- para a concessão de reajuste em sentido estrito, repactuação ou
ção será contado a partir: revisão em momento anterior à assinatura do termo de contrato,
I- da data limite para apresentação das propostas constante do este poderá ser firmado com valores reajustados ou revistos, con-
ato convocatório, em relação aos custos com a execução do serviço forme o caso.
decorrentes do mercado, tais como o custo dos materiais e equipa- Art. 177. O contratado poderá aceitar, nas mesmas condições
mentos necessários à execução do serviço; ou contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem neces-
II- da data do Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho sários nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por
ou equivalente vigente à época da apresentação da proposta quan- cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
do a variação dos custos for decorrente da mão de obra e estiver de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cin-
vinculada às datas-bases destes instrumentos. quenta por cento) para os seus acréscimos.
§5º Nas repactuações subsequentes à primeira, a anualidade §1º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
será contada a partir da data do fato gerador que deu ensejo à últi- estabelecidos no caput, salvo as supressões resultantes de acordo
ma repactuação. celebrado entre as partes.
§6º A repactuação deve ser precedida de solicitação da con- §2º Se no contrato não houver preços unitários para obras ou
tratada, acompanhada de demonstração analítica da alteração dos serviços, esses serão fixados mediante acordo entre as partes, res-
custos, por meio de apresentação da planilha de custos e formação peitados os limites estabelecidos no caput.
de preços e do novo acordo, convenção ou dissídio coletivo que fun- §3º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o con-
damenta a repactuação, conforme for a variação de custos objeto tratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos tra-
da repactuação. balhos, esses materiais deverão ser ressarcidos pela Ebserh pelos
§7º A Ebserh não se vinculará às disposições contidas em acor- custos de aquisição regularmente comprovados e monetariamente
dos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho que tratem de corrigidos, podendo caber indenização por outros danos eventual-
matéria não trabalhista, de pagamento de participação dos traba- mente decorrentes da supressão, desde que regularmente compro-
lhadores nos lucros ou resultados do contratado, ou que estabele- vados.
çam direitos não previstos em lei, como valores ou índices obriga-
tórios de encargos sociais ou previdenciários, bem como de preços CAPÍTULO III
para os insumos relacionados ao exercício da atividade. DAS SANÇÕES E DA RESCISÃO DE CONTRATOS
§8º É vedado à Ebserh se vincular às disposições previstas nos
acordos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho que tratem SEÇÃO I
de obrigações e direitos que somente se aplicam aos contratos com DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
a Administração Pública, na qualidade de tomadora de serviços.
§9º Os novos valores contratuais decorrentes das repactuações Art. 178. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Ebserh
terão suas vigências iniciadas da seguinte forma: poderá, garantido o regular processo administrativo, aplicar ao con-
I- a partir da ocorrência do fato gerador que deu causa à repac- tratado as seguintes sanções:
tuação, como regra geral; I - advertência, na forma prevista no instrumento convocatório
II- em data futura, desde que acordada entre as partes, sem ou no contrato;
prejuízo da contagem de periodicidade e para concessão das próxi- II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
mas repactuações futuras; ou no contrato;
III- em data anterior à ocorrência do fato gerador, exclusiva- III - suspensão temporária de participação em licitação e im-
mente quando a repactuação envolver revisão do custo de mão de pedimento de contratar com a Ebserh, por prazo não superior a 2
obra em que o próprio fato gerador, na forma de Acordo, Conven- (dois) anos.
ção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, contemplar data de vigência §1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia presta-
retroativa, podendo esta ser considerada para efeito de compensa- da, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferen-
ção do pagamento devido, assim como para a contagem da anuali- ça, que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos
dade em repactuações futuras. pela Ebserh ou cobrada judicialmente.
§10 Os efeitos financeiros da repactuação deverão ocorrer ex- §2º As sanções previstas nos incisos I e III do caput poderão ser
clusivamente para os itens que a motivaram e apenas em relação à aplicadas juntamente com a do inciso II, devendo a defesa prévia do
diferença porventura existente. interessado, no respectivo processo, ser apresentada no prazo de
Art. 175. A revisão deve ser precedida de solicitação da empre- 10 (dez) dias úteis a contar da notificação da instauração do proces-
sa contratada, acompanhada de comprovação: so administrativo para apuração de descumprimento de obrigação
I- dos fatos imprevisíveis ou previsíveis, porém com consequ- contratual.
ências incalculáveis; §3º Deverá ser emitida GRU - Guia de Recolhimento da União
II- da alteração de preços ou custos, por meio de notas fiscais, para pagamento da multa devida pela empresa contratada.
faturas, tabela de preços, orçamentos, notícias divulgadas pela im- §4º Caso não seja identificado o pagamento da GRU sobre a
prensa e por publicações especializadas e outros documentos per- multa, a Administração deverá proceder com o desconto de even-
tinentes, preferencialmente com referência à época da elaboração tuais créditos em benefício da empresa contratada e, caso não exis-
da proposta e do pedido de revisão; tam créditos disponíveis, executar a garantia contratual, restando
III- de demonstração analítica, por meio de planilha de custos possível a cobrança judicial dos valores devidos na hipótese de não
e formação de preços, sobre os impactos da alteração de preços ou quitação da multa após os procedimentos listados.
custos no total do contrato. §5º A sanção de suspensão temporária de participação em li-
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citação e impedimento de contratar poderá também ser aplicada à Art. 184. Constituem motivo para a rescisão unilateral do con-
empresa ou ao profissional que: trato:
I- tenha sofrido condenação definitiva por praticar, por meios I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações,
dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos; projetos ou prazos;
II- tenha praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos II - a decretação de falência ou a instauração de insolvência ci-
da licitação; vil;
III- demonstre não possuir idoneidade para contratar com a Eb- III- o descumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da
serh em virtude de atos ilícitos praticados; Constituição Federal, que proíbe o trabalho noturno, perigoso ou
IV- convocado dentro do prazo de validade da sua proposta ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores de
da vigência da ata de registro de preços, não celebrar o contrato; 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos;
V- deixar de entregar a documentação exigida para o certame; IV- a prática de atos previstos na Lei nº 12.846/2013;
VI - apresentar documentação falsa exigida para o certame; V- a inobservância da vedação ao nepotismo, nos termos do
VII - ensejar o retardamento da execução do objeto da licita- Decreto nº 7.203/2010;
ção; VIII - não mantiver a proposta; VI- a prática de atos que prejudiquem ou comprometam a ima-
IX- falhar ou fraudar na execução do contrato; gem ou reputação das partes, direta ou indiretamente.
X- comportar-se de modo inidôneo, inclusive com a prática de §1º A rescisão decorrente dos motivos acima elencados será
atos lesivos à Administração Pública previstos na Lei nº 12.846/2013. efetivada após o regular processo administrativo.
Art. 179. O atraso injustificado na execução do contrato sujeita- §2º A rescisão unilateral deverá ser precedida de comunicação
rá o contratado a multa de mora, na forma prevista no instrumento escrita e fundamentada da parte interessada e ser enviada à outra
convocatório ou no contrato. parte com antecedência mínima de 90 (noventa) dias.
§1º A aplicação de multa de mora não impedirá que a Ebserh §3º A critério da Ebserh, caso exista risco ao regular funciona-
a converta em compensatória e promova a extinção unilateral do mento da unidade, o prazo referido no parágrafo anterior poderá
contrato com a aplicação cumulada de outras sanções previstas ser reduzido ou ampliado.
neste Regulamento. §4º Os efeitos da rescisão do contrato serão operados a partir
§2º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia presta- da comunicação escrita sobre o julgamento do processo administra-
da, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferen- tivo, preferencialmente por meio eletrônico, ou, na impossibilidade
ça, que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos de notificação do interessado, por meio de publicação no Diário
pela Ebserh ou cobrada judicialmente. Oficial da União.
Art. 180. A aplicação de sanções às empresas contratadas, após §5º Caso a imediata solução de continuidade do contrato tra-
o devido processo administrativo, será decidida: ga prejuízos à Ebserh, a comunicação citada no parágrafo anterior
I- na Administração Central, pelo Diretor de Administração e poderá prever que os efeitos da rescisão serão operados em data
Infraestrutura, em primeira instância, e pelo Presidente, em última futura.
instância;
II- nas unidades hospitalares, pelo Gerente Administrativo, em SEÇÃO III
primeira instância, e pelo Superintendente, em última instância. DOS RECURSOS
Parágrafo único. Não serão admitidos recursos hierárquicos de Art. 185. Caberá recurso, no prazo de 10 (dez) dias úteis a con-
sanções administrativas aplicadas pelos Superintendentes. tar da data da comunicação do ato, nos casos de aplicação de san-
Art. 181. No processo administrativo de apuração de indícios ções ou rescisão do contrato.
de irregularidades na execução contratual, a ser regido por norma §1º Os recursos referidos no caput não têm efeito suspensivo,
interna, serão garantidos o contraditório e a ampla defesa, não po- porém a autoridade competente para decidir sobre o recurso tem
dendo o prazo concedido para apresentação de defesa prévia ser poder para, motivadamente e presentes razões de interesse públi-
inferior a 10 (dez) dias úteis. co, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva.
Art. 182. Após o trânsito em julgado do processo, as sanções §2º A comunicação do ato para fins de contagem do prazo re-
administrativas aplicadas pela Ebserh deverão ser registradas e pu- cursal será feita, preferencialmente, na forma eletrônica, desde que
blicadas no SICAF. haja confirmação de recibo por parte da empresa contratada.
Parágrafo único. Quando a sanção aplicada decorrer de Proces-
so Administrativo de Responsabilização - PAR, os dados relativos à SEÇÃO IV
penalidade deverão ser incluídos no Cadastro Nacional de Empre- DOS CRIMES E DAS PENAS
sas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de que trata a Lei nº 12.846/2013.
Art. 186. Aplicam-se às licitações e aos contratos regidos por
SEÇÃO II este Regulamento as disposições do Capítulo II-B do Título XI da
DOS CASOS DE RESCISÃO DO CONTRATO Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848/1940 (Código Penal).

Art. 183. A rescisão do contrato se dará: CAPÍTULO IV


I- de forma unilateral, assegurada a prévia defesa com prazo DOS CONVÊNIOS
não inferior a 10 (dez) dias úteis;
II- por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo, Art. 187. Convênio é o instrumento destinado a formalizar a
desde que haja conveniência para a Ebserh e para a empresa con- comunhão de esforços entre a Ebserh e entidades privadas ou pú-
tratada; blicas para viabilizar o fomento ou a execução de atividades na pro-
III- por determinação judicial. moção de objetivos comuns.
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§1º Os seguintes critérios deverão ser cumulativamente obser- e entidades privadas ou públicas, para o atendimento de interesses
vados na formalização dos convênios: recíprocos, sem prejuízo de ser adotado, para o instrumento a ser
I - a convergência de interesses entre as partes; celebrado, nomenclatura prevista em legislação específica, desde
II - a execução em regime de mútua cooperação; que observado, no que couber, o disposto neste Regulamento.
III- o alinhamento com a função social de realização do interes- §4º As disposições do inciso II não se aplicam aos convênios
se coletivo; relacionados a atividades de inovação e pesquisa científica e tecno-
IV- a análise prévia da conformidade do convênio com a política lógica, convênios relacionados a cooperações internacionais ou os
de transações com partes relacionadas; instrumentos formais de contratualização estabelecidos pelos ges-
V- a análise prévia do histórico de envolvimento com corrupção tores de saúde, considerando o seu caráter finalístico.
ou fraude, por parte da instituição beneficiada, e da existência de Art. 189. O planejamento da formalização do convênio deverá
controles e políticas de integridade na instituição; ser acompanhado de adequada instrução processual, composta mi-
VI- a vedação de celebrar convênio com dirigente de partido nimamente de:
político, titular de mandato eletivo, empregado ou administrador I- manifestação de interesse subscrita pela área demandante
da empresa estatal, ou com seus parentes consanguíneos ou afins e aprovada pelo Diretor/Gerente a que estiver vinculada e/ou pela
até o terceiro grau, e também com pessoa jurídica cujo proprietário Presidência/Superintendência, com indicação do objeto pretendi-
ou administrador seja uma dessas pessoas. do;
§2º A formalização do instrumento contemplará documento II- realização de chamamento público para a definição do par-
anexo contendo detalhamento dos objetivos, das metas, resultados tícipe ou apresentação de justificativa para a seleção direta do par-
a serem atingidos, cronograma de execução, critérios de avaliação ceiro;
de desempenho, indicadores de resultados e a previsão de eventu- III- manifestação de interesse do(s) partícipe(s) selecionado (s),
ais receitas e despesas. assinado por autoridade competente;
§3º O prazo do instrumento deve ser estipulado de acordo com IV- plano de trabalho que contemple detalhamento dos objeti-
a natureza e complexidade do objeto, metas estabelecidas e prazo vos, das metas, dos resultados a serem atingidos, do cronograma de
de execução previsto no plano de trabalho. execução e, se aplicável, dos critérios de avaliação de desempenho,
§4º Aos convênios de patrocínio são aplicáveis os parâmetros dos indicadores de resultados e a previsão de eventuais receitas e
acima e as regras próprias previstas no Capítulo I do Título IV. despesas;
§5º Os convênios relacionados às atividades de inovação e V- minuta do instrumento de convênio;
pesquisa científica e tecnológica devem seguir norma específica, VI- manifestação das áreas técnicas envolvidas no ajuste ou em
podendo haver afastamento de dispositivos previstos neste Regu- relação as quais haja pertinência temática com o seu objeto, acerca
lamento, considerando o seu caráter finalístico. dos seus aspectos técnicos;
Art. 188. O procedimento de formalização de convênio obser- VII- parecer técnico (subscrito pela área demandante e apro-
vará as seguintes fases: vado pelo Diretor/Gerente a que estiver vinculada e/ou pela Presi-
I - planejamento da formalização do convênio; dência/Superintendência), que contextualize a parceria pretendida,
II - seleção do convenente; incluindo a demonstração de convergência de interesses entre as
III - gestão do convênio. partes, execução em regime de mútua cooperação e o alinhamento
§1º Aplicam-se, no que couber, as disposições do Título II des- com a função social de realização do interesse coletivo, bem como
te Regulamento ao procedimento de formalização de convênio, em demonstração de que o prazo do instrumento foi estipulado de
especial: acordo com a natureza e complexidade do objeto, metas estabele-
I- respeito à legislação específica e às boas práticas sobre a es- cidas e prazo de execução previsto no plano de trabalho;
pécie de convênio que será celebrada; VIII- juntada aos autos dos atos constitutivos do partícipe e
II- submissão do planejamento da formalização do convênio identificação de seus dirigentes;
à etapa de conformidade administrativa, que será realizada pela IX- análise prévia da conformidade com a Política de Transações
Diretoria de Administração e Infraestrutura, no âmbito da Sede, e com Partes Relacionadas da Ebserh;
pelas Gerências Administrativas no âmbito das filiais, incluindo-se a X- análise prévia do histórico de envolvimento com corrupção
indicação da programação orçamentária que autoriza e viabiliza a ou fraude, por parte da instituição beneficiada, e da existência de
celebração do ajuste, caso ele envolva receitas e despesas; controles e políticas de integridade na instituição;
III- envio do processo administrativo de formalização do convê- XI- declaração de que está sendo observada a vedação de cele-
nio à análise jurídica, na fase de seleção do convenente; brar convênio com dirigente de partido político, titular de mandato
IV- assinatura do convênio nos moldes da assinatura dos ter- eletivo, empregado ou administrador da empresa estatal, ou com
mos de contrato e a publicação de seu extrato no Diário Oficial da seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, e também
União e no Portal da Ebserh, neste último caso juntamente com a com pessoa jurídica cujo proprietário ou administrador seja uma
via assinada do termo de convênio; dessas pessoas.
V- designação de equipe de fiscalização do convênio - EFCONV. TÍTULO IV
§2º A celebração de convênio com entidades privadas deverá DOS MECANISMOS DE POSICIONAMENTO CONCORRENCIAL
ser preferencialmente precedida de chamamento público ou jus-
tificada a escolha direta do parceiro, desde que demonstrado que CAPÍTULO I
atende de forma mais eficaz à necessidade da Ebserh. DO PATROCÍNIO
§3º A denominação convênio, no âmbito da Ebserh, é utilizada
em seu sentido amplo, para abranger todos os instrumentos admi- Art. 190. Para realização de patrocínio, a Ebserh poderá cele-
nistrativos que formalizam a comunhão de esforços entre a estatal brar convênio ou contrato com pessoa física ou jurídica para pro-
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moção de atividades culturais, sociais, esportivas, educacionais e de §1º Para fins deste Regulamento, governança das aquisições
inovação tecnológica, desde que comprovadamente vinculadas ao é a condução dos atores, instituições, estruturas organizacionais,
fortalecimento de sua marca. instrumentos e processos relacionados com a função de compras
§1º O convênio ou contrato de patrocínio celebrado com pes- públicas em direção ao alcance de resultados coletivamente pac-
soas físicas ou jurídicas obedecerá, no que couber, as normas deste tuados e socialmente legitimados, considerando a geração de valor
Regulamento. público, a transparência, o accountability¸ a gestão do conhecimen-
§2º A realização de patrocínio poderá ser regulamentada por to e as dimensões formais e informais dos cenários, ambientes e
normativo específico. arranjos.
Art. 191. O patrocínio de inovação tecnológica tem por objetivo §2º Os colaboradores da Ebserh devem atuar, de forma colabo-
a procura, a descoberta, as experimentações, os desenvolvimentos, rativa, para promover o amadurecimento da governança das aqui-
a imitação ou a adoção de novos produtos, processos, formas de sições na estatal.
organização, metodologias, entre outros, cujo objetivo final possa Art. 194. São objetivos da estratégia de governança das aquisi-
agregar valor à Ebserh. ções da Ebserh:
Parágrafo único. O patrocínio de inovação tecnológica, conside- I- garantir a disponibilidade de estrutura e instituições adminis-
rado uma parceria para a inovação, poderá ser regulamentado por trativas capazes de sustentar a prestação de serviços de apoio ao
normativo específico. ensino e à pesquisa, por intermédio da oferta de assistência à saúde
com qualidade nas unidades hospitalares;
CAPÍTULO II II- viabilizar o planejamento integrado de aquisição de bens e
DA ATIVIDADE FINALÍSTICA E OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS serviços pela Rede Ebserh, fomentando a atuação de compras cen-
tralizadas, com incorporação de estratégia e inteligência de com-
Art. 192. Ressalvado, no que couber, o Capítulo IV - Dos Convê- pras;
nios, este Regulamento não se aplica: III- ampliar a transparência dos planos e atos decisórios relati-
I- à comercialização, prestação ou execução, de forma direta, vos à gestão de bens e serviços;
de produtos, serviços ou obras especificamente relacionados com IV- orientar as ações dos agentes públicos envolvidos nos pro-
o objeto social da Ebserh; cessos de aquisições aos padrões esperados de conduta e integri-
II- aos casos em que a escolha do parceiro esteja associada as dade;
suas características particulares, vinculadas às oportunidades de V- fornecer subsídios para definições de papéis e responsabili-
negócio definidas e específicas, justificada a inviabilidade de proce- dades com o intuito de possibilitar a prestação de contas dos ges-
dimento competitivo; tores.
III- aos contratos de patrocínio de pesquisa clínica; Parágrafo único. A profissionalização dos agentes públicos en-
IV- aos instrumentos formais de contratualização estabelecidos volvidos com as contratações atuará como fundamento para alcan-
com os gestores de saúde, no âmbito da Política Nacional de Aten- ce dos objetivos da estratégia de governança das aquisições, pro-
ção Hospitalar (PNHOSP), cuja finalidade é a contratação de ações movendo ações estratégicas como:
e serviços de saúde ofertados pelas unidades hospitalares da Rede I- estruturação de trilhas de capacitação e de liderança em con-
Ebserh no âmbito do Sistema Único de Saúde, quando serão ob- tratações públicas, desenvolvendo talentos e habilidades em com-
servados regramentos próprios, especialmente as condições esta- pras;
belecidas pela Lei n.º 8.080/1990 e os normativos expedidos pelo II- criação da Jornada Ebserh de Licitações e Contratos, consti-
Ministério da Saúde; tuindo um programa anual de capacitação em logística e compras
V- aos contratos de gestão firmados com as Instituições Fede- públicas, compreendendo rodadas de debates e treinamentos es-
rais de Ensino Superior. pecíficos;
Parágrafo único. Consideram-se oportunidades de negócio a III- desenvolvimento de estudos sobre recrutamento e seleção
que se refere o inciso II do caput, a formação e a extinção de parce- de colaboradores e gestores das áreas diretamente envolvidas com
rias e outras formas associativas, societárias ou contratuais, a aqui- contratações com base nas diretrizes e objetivos da estratégia de
sição e a alienação de participação em sociedades e outras formas governança das aquisições.
associativas, societárias ou contratuais e as operações realizadas no
âmbito do mercado de capitais, respeitada a regulação pelo respec- CAPÍTULO I
tivo órgão competente. DA CENTRALIZAÇÃO DAS COMPRAS

TÍTULO V Art. 195. A Ebserh divulgará sua Política de Compras Centrali-


DA GOVERNANÇA DAS AQUISIÇÕES zadas, contendo seu modelo de atuação voltado ao estímulo das
Art. 193. A Diretoria Executiva e os Colegiados Executivos são compras conjuntas, com o intuito de viabilizar a captura de ganhos
re de eficiência operacional, como redução de custos e garantia de
sponsáveis pela governança das aquisições e devem implemen- abastecimento de suas unidades.
tar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles Parágrafo único. Para fins deste Regulamento, as compras cen-
internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitató- tralizadas são compras nas quais são agregadas, por um ponto focal,
rios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os obje- informações, expertise, recursos ou volumes de compras de unida-
tivos deste Regulamento e promover um ambiente íntegro e confi- des da Rede Ebserh com o intuito de aprimorar suas performances,
ável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento em substituição aos métodos desconexos pelos quais cada unidade
estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetivida- adquire individualmente o bem ou serviço requisitado.
de e eficácia em suas contratações. Art. 196. Cabe à Administração Central da Ebserh conduzir
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compras centralizadas para firmar instrumentos conjuntos de con- pras centralizadas, entre outros: I - contratos centralizados de exe-
tratação, bem como autorizar a condução de etapas do processo de cução centralizada;
compras centralizadas por unidade hospitalar pertencente à estatal. II - contratos centralizados de execução descentralizada;
Parágrafo único. As unidades hospitalares podem articular en- III - atas de registro de preços;
tre si a condução de processos de compras centralizadas em caráter IV - Acordos-Quadro, Contratos-Marco e Mercado Eletrônico.
regional, ficando a unidade gerenciadora responsável por informar
seu andamento à Administração Central. CAPÍTULO II
Art. 197. Compete às Superintendências das unidades hospita- DO PLANO ANUAL DE COMPRAS
lares a prática dos seguintes atos de gestão de compras centraliza-
das no âmbito da unidade hospitalar, objetivando a racionalização Art. 199. O Plano Anual de Compras - PAC é o documento que
de procedimentos e o melhor uso do poder de compra da empresa: materializa o plano anual de aquisições da Unidade Gestora.
I- apoiar e participar dos processos de compras centralizadas §1º A condução do processo de elaboração do PAC deve con-
conduzidos pela Administração Central ou por unidade responsável tar com participação das unidades requisitantes dos bens e servi-
pela realização de compra regional; ços contratados e das gestoras e responsáveis pelas categorias de
II- disponibilizar equipe técnica para formação de grupos de compras.
padronização de especificações e de análises técnicas durante os §2º O PAC deve ser aprovado pela Diretoria Executiva, no âmbi-
procedimentos de contratação, fomentando o uso do conhecimen- to da Administração Central, ou pelo Colegiado Executivo, no caso
to técnico disponível na rede; das unidades hospitalares.
III- encaminhar, quando solicitado, os dados sobre suas aquisi- §3º Os PAC devem ser publicados e mantidos atualizados no
ções para viabilizar a consolidação da demanda da rede, se respon- Portal da Ebserh, com o intuito de fomentar a atuação de compras
sabilizando pelas informações prestadas, as quais serão utilizadas conjuntas na aquisição de bens e serviços estratégicos, consideran-
para balizar os itens a serem adquiridos; do possíveis ganhos de escala, mitigação de riscos de desabaste-
IV- acompanhar o andamento dos processos de contratação, cimento dos estoques e padronização das especificações técnicas
prestando apoio às equipes da Administração Central ou de unida- com garantia de qualidade.
de responsável pela realização de compra regional quando solici- §4º Cabe à Superintendência, no caso das unidades hospita-
tado; lares, e à Vice-Presidência, no âmbito da Administração Central, o
V- promover o uso consciente dos recursos disponíveis e uma acompanhamento periódico da execução do plano, submetendo ao
gestão de demandas efetiva, capaz de estabelecer previsibilidade colegiado responsável por sua aprovação qualquer necessidade de
e adequabilidade na gestão dos insumos da unidade, facilitando a correção de desvios.
construção da demanda consolidada das compras centralizadas; Art. 200. O PAC deverá conter:
VI- mobilizar e fomentar a integração das equipes finalísticas e I- definição de unidades requisitantes dos bens e serviços, com
administrativas, garantindo a retroalimentação do ciclo de gestão base na distribuição das competências sobre as categorias de com-
de recursos logísticos e a exploração do potencial técnico disponível pras;
na unidade no apoio às compras centralizadas; II- estudo dos tempos médios de processamento das deman-
VII- avaliar, previamente à abertura de procedimento de con- das de aquisição entre o planejamento da contratação e a disponi-
tratação a ser conduzido pela unidade hospitalar, a existência de bilização do contrato para a execução, com diferenciação de fases e
processo de compra centralizada no qual a demanda da unidade de formatos de seleção de fornecedor;
está inserida, somente autorizando sua continuidade caso haja jus- III- materialização do planejamento anual, contendo, para cada
tificava nos autos, evitando duplicidade de cobertura de contrato contratação pretendida:
ou de outro instrumento obrigacional e consequente frustração da a)descrição sucinta do objeto, com quantidades estimadas de
demanda centralizada; itens;
VIII- priorizar as aquisições dos itens registrados pelas compras b)justificativa resumida da necessidade;
centralizadas, compreendendo a oportunidade de promover conti- c)valor estimado, obtido em verificação preliminar dos preços
nuidade e credibilidade aos processos centralizados. dos bens e serviços, não se confundindo com a pesquisa de preços
§1º As Superintendências podem promover a aquisição de conduzida no planejamento da contratação;
itens em contratações locais cujos preços sejam inferiores aos de d)identificação das unidades requisitantes;
compra centralizada com participação da unidade hospitalar, des- e)indicação do formato de seleção de fornecedor provável;
de que informem o feito à unidade gerenciadora da contratação f)data estimada para início de execução do contrato, conforme
e apoiem a identificação das razões pelas quais o preço obtido na expectativa inicial;
compra local foi inferior, subsidiando a reavaliação da inclusão da g)data na qual os documentos sobre o planejamento da con-
demanda da unidade nos próximos ciclos de planejamento da con- tratação devem ser recebidos na área de compras, com base nos
tratação e evitando uma nova frustração da demanda. tempos médios de processamento dos processos;
§2º Na análise da vantajosidade para realização de contrata- h)programa/ação suportado(a) pela aquisição;
ções locais, além do preço do produto ou serviço, deverão ser ava- i)objetivo(s) estratégico(s) apoiado(s) pela aquisição.
liados os custos administrativos decorrentes da instrução de pro- Art. 201. O PAC deve, sempre que possível, ser integrado aos
cesso de contratação independente. instrumentos de planejamento orçamentário, viabilizando uma ges-
§3º A permissão de contratações locais descrita no §1º não se tão integrada do custeio e dos investimentos da Unidade Gestora.
aplica a eventual reedição ou prorrogação quando o objeto de con-
tratação constar do planejamento de compras centralizadas.
Art. 198. São instrumentos obrigacionais de suporte às com-
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CAPÍTULO III IV - ações de divulgação, conscientização e capacitação.


DA LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL Art. 205. As práticas de sustentabilidade, responsabilidade so-
cial e racionalização do uso de materiais e serviços deverão abran-
Art. 202. As unidades da Ebserh devem adotar os seguintes ger, no mínimo, os seguintes temas:
atos de logística sustentável com reflexo em seus procedimentos I- material de consumo compreendendo, pelo menos, papel
de contratação: para impressão, copos descartáveis e cartuchos para impressão;
I- adotar práticas de racionalização com o objetivo de melhoria II- energia elétrica;
da qualidade do gasto público e contínua busca por economicidade III- água e esgoto;
e primazia na gestão dos processos; IV- coleta seletiva;
II- adotar práticas de sustentabilidade com o objetivo de cons- V- qualidade de vida no ambiente de trabalho;
truir um novo modelo de cultura institucional visando à inserção VI- compras e contratações sustentáveis, compreendendo,
de critérios de sustentabilidade nas atividades e contratações da pelo menos, obras, equipamentos, serviços de processamento de
unidade; roupas, de nutrição, de vigilância, de limpeza, de telefonia, de pro-
III- coordenar o fluxo de materiais, de serviços e de informa- cessamento de dados, de apoio administrativo e de manutenção
ções, do fornecimento ao desfazimento, considerando a proteção predial e de equipamentos, contemplando-se inclusive as respon-
ambiental, a justiça social e o desenvolvimento econômico equili- sabilidades do fornecedor pelo recolhimento e descarte do material
brado; utilizado;
IV- implementar estratégias que garantam a padronização dos VII- deslocamento de pessoal, considerando todos os meios de
processos de trabalho, como a implantação de protocolos assisten- transporte, com foco na redução de gastos e de emissões de subs-
ciais, procedimentos operacionais padrão e fluxos padronizados, tâncias poluentes.
visando à redução de custos e o desenvolvimento das dimensões Art. 206. Os PLS deverão ser formalizados em processos e, para
da qualidade; cada tema, deverão ser criados Planos de Ação com os seguintes
V- elaborar Plano de Gestão de Logística Sustentável - PLS no tópicos:
âmbito da unidade, instruindo e designando Comitê Gestor do Pla- I- objetivo do Plano de Ação;
no de Gestão de Logística Sustentável - CGPLS; II- detalhamento de implementação das ações;
VI- relatar à Administração Central da Ebserh as boas práticas III- unidades e áreas envolvidas pela implementação de cada
realizadas sob a diretriz da gestão sustentável para subsidiar a ela- ação e respectivos responsáveis;
boração do relatório anual de sustentabilidade da empresa. IV - metas anuais a serem alcançadas para cada ação;
Art. 203. O PLS é uma ferramenta de planejamento com obje- V- cronograma de implantação das ações;
tivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execu- VI- previsão de recursos financeiros, humanos, instrumentais,
ção e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite à entre outros, necessários para a implementação das ações.
unidade estabelecer práticas de sustentabilidade, responsabilidade Art. 207. Deverão ser observadas as orientações e boas práticas
social e racionalização de gastos e processos. de gestão do PLS socializadas pelo Poder Executivo Federal.
§1º A condução do processo de elaboração do PLS deve contar
com participação multidisciplinar e cabe a cada CGPLS. CAPÍTULO IV
§2º O PLS deve ser aprovado pela Diretoria Executiva, no âm- DA GESTÃO DE RISCOS DO PROCESSO DE CONTRATAÇÃO
bito da Administração Central, e no Colegiado Executivo, no âmbito
das unidades hospitalares. Art. 208. O Plano de Gestão de Riscos nas Aquisições - PGRA
§3º Os PLS devem ser publicados no Portal da Ebserh. é resultado da avaliação sistemática e periódica dos processos de
§4º Cabe a cada CGPLS o acompanhamento periódico da exe- trabalho de contratação, em ambiente colaborativo e pela busca da
cução do plano, sendo os resultados consolidados e submetidos ao melhoria contínua, aumentando a probabilidade de alcance dos ob-
colegiado responsável por sua aprovação. jetivos da Ebserh e reduzindo os riscos a níveis aceitáveis.
§5º O CGPLS será instituído e conduzido pelas seguintes unida- §1º Cabe à Diretoria de Administração e Infraestrutura apoiar a
des organizacionais: elaboração do PGRA da Rede Ebserh, com visão integrada dos desa-
I- na Administração Central: instituição pela Diretoria de Admi- fios, instituindo Plano de Ação para tratamento dos riscos comparti-
nistração e Infraestrutura e condução pelo Serviço de Administra- lhados, que deverão ser aprovados pela Diretoria Executiva.
ção da Sede, com apoio das demais áreas que suportam o funciona- §2º O PGRA deve ser reavaliado a cada dois anos, consolidando
mento da sede da empresa; as lições aprendidas pelo Plano anterior e propondo novas ações de
II- nas unidades hospitalares: instituição pela Superintendên- enfrentamento aos riscos persistentes.
cia e condução pela Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar, §3º Cada Unidade Gestora pode elaborar um PGRA próprio, ali-
com apoio das demais áreas que suportam o funcionamento da uni- nhado ao da Rede Ebserh, resultado de reflexão participativa dos
dade hospitalar. colaboradores, de forma a transparecer sua estratégia interna de
Art. 204. O PLS deverá conter, no mínimo: gestão de riscos, que deverá ser aprovado por seu Colegiado Exe-
I- atualização do inventário de bens e materiais da unidade e cutivo.
identificação de similares de menor impacto ambiental para subs- Art. 209. O PGRA deverá se materializar em um Mapa de Ris-
tituição; cos contendo, no mínimo, as atividades previstas no art. 32 deste
II- práticas de sustentabilidade, responsabilidade social e de ra- Regulamento.
cionalização do uso de materiais e serviços; Art. 210. O PGRA da Rede Ebserh deve ser atualizado para re-
III- responsabilidades, metodologia de implementação e ava- fletir o apetite a risco definido pela Diretoria Executiva, permitindo
liação do plano; o desenvolvimento de uma visão de riscos de forma consolidada.
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Parágrafo único. A elaboração do PGRA da Rede Ebserh deverá Art. 216. Nas contratações com valores acima de R$
seguir as rotinas preconizadas pela Política de Gestão de Riscos e 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), o instrumento convo-
Controles Internos. catório deverá prever a obrigatoriedade de implantação de progra-
ma de integridade pela empresa vencedora do certame, no prazo
CAPÍTULO V de 6 (seis) meses, contado a partir da formalização do contrato.
DA TRANSPARÊNCIA ATIVA Parágrafo único. A existência prévia de programa de integri-
dade na empresa vencedora do certame, seguida de apresentação
Art. 211. Os atos praticados nos processos de contratação são sobre sua construção, seus dispositivos e seus resultados no prazo
públicos, ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo seja citado no caput, supre o requisito deste Regulamento.
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da Art. 217. A Ebserh divulgará Política de Classificação de Contra-
lei. tos por Riscos de Fraude e Corrupção, visando a classificação dos
§1º A publicidade será diferida: contratos firmados conforme seu grau de exposição aos riscos de
I- quanto aos documentos do planejamento da contratação, fraude e corrupção, permitindo o estabelecimento de controles in-
até a publicação do instrumento convocatório ou da ratificação da ternos específicos por tipo de contrato.
contratação direta; Art. 218. Serão instituídos controles internos para evitar a ocor-
II- quanto ao orçamento estimado da contratação, até o encer- rência de contratações com preços inadequados, caracterizados
ramento da etapa de julgamento de propostas; como:
III- quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva aber- I- sobrepreço, quando os preços contratados são expressiva-
tura. mente superiores aos preços referenciais de mercado, podendo re-
§2º Os órgãos de controle interno e externo terão acesso ir- ferir-se ao valor unitário de um item, se a licitação ou a contratação
restrito aos processos de contratação, em qualquer fase ou etapa. for por preços unitários, ou ao valor global do objeto, se a licitação
Art. 212. As seguintes informações referentes às contratações, ou a contratação for por preço global ou por empreitada;
bem como a eventual íntegra de documentos ou dos processos ad- II- superfaturamento, quando houver dano ao patrimônio da
ministrativos que os fundamentaram, serão divulgadas no Portal da Ebserh caracterizado, por exemplo:
Ebserh: a)pela medição de quantidades superiores às efetivamente
I - mecanismos de participação de interessados, como audiên- executadas ou fornecidas;
cia e consulta públicas; b)pela deficiência na execução de obras e serviços de engenha-
II - editais de licitação e de chamamento público de propostas ria que resulte em diminuição da qualidade, da vida útil ou da segu-
para contratação direta; rança das instalações;
III- resultados de licitações e das contratações diretas, conten- c)alterações no orçamento de obras e de serviços de engenha-
do preços unitários e quantitativos; ria que causem o desequilíbrio econômico-financeiro do contrato
IV- contratos, atas de registro de preços, convênios e instru- em favor da empresa contratada;
mentos congêneres firmados, bem como suas alterações e resci- d)outras alterações de cláusulas financeiras que gerem recebi-
sões; mentos contratuais antecipados sem justificativas adequadas, dis-
V- pagamentos efetuados sobre os contratos firmados; torção do cronograma físico-financeiro, prorrogação injustificada
VI- dados sobre colaboradores terceirizados disponibilizados do prazo contratual com custos adicionais para a Ebserh ou reajuste
por contratos de prestação de serviços com dedicação exclusiva de irregular de preços.
mão de obra, respeitada a legislação referente à proteção de dados Art. 219. É vedada aos agentes públicos envolvidos nas fases de
pessoais; Planejamento da Contratação e de Seleção de Fornecedor a prática
Parágrafo único. As informações constantes do inciso III serão de atos que frustrem o objetivo da contratação, a exemplo de:
disponibilizadas com a publicação de link de acesso a portal de I- admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situ-
compras e as dos incisos IV, V e VI do caput serão disponibilizadas ações que:
por intermédio de sistema de informação. a)comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo
Art. 213. A relação das aquisições de bens efetivadas será pu- do processo licitatório inclusive nos casos de participação de socie-
blicada pela área de licitações, semestralmente, no Portal da Eb- dades cooperativas;
serh, contendo as seguintes informações: b)estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu-
I - identificação do bem comprado, de seu preço unitário e da ralidade, da sede ou do domicílio dos licitantes, sem justificativas
quantidade adquirida; robustas;
II - nome do fornecedor; c)sejam impertinentes ou irrelevantes para o objeto específico
III - valor total de cada aquisição. do contrato.
II- estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial,
CAPÍTULO VI legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra entre empresas
DA INTEGRIDADE E DOS MECANISMOS ANTICORRUPÇÃO brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, mo-
dalidade e local de pagamento, mesmo quando envolvido financia-
Art. 214. Os agentes públicos envolvidos nas contratações ob- mento de agência internacional;
jeto deste Regulamento respeitarão as políticas de ética e integri- III- opor resistência injustificada ao andamento dos processos
dade da Ebserh, como Código de Ética e Programa de Integridade. e, indevidamente, retardar ou deixar de praticar ato de ofício, ou
Art. 215. Os termos de contrato firmados pela Ebserh devem praticá-lo contra disposição expressa em lei.
conter cláusulas antinepotismo e anticorrupção, estando as even- Art. 220. É vedada aos agentes públicos envolvidos na fase de
tuais infrações cometidas sujeitas à apuração de responsabilidade. Gestão do Contrato a prática de atos de ingerência na administra-
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ção da empresa contratada, a exemplo de: cionais de que trata o caput para um de seus membros, que atuará
I- possibilitar ou dar causa a atos de subordinação, vinculação de forma monocrática, respeitada a definição de valor como limite
hierárquica, prestação de contas, aplicação de sanção e supervisão de alçada.
direta sobre os empregados da empresa contratada; §2º A aprovação prévia citada no caput pode ocorrer no iní-
II- exercer o poder de mando sobre os empregados da empre- cio da fase de Seleção de Fornecedor ou antes da formalização dos
sa contratada, devendo reportar-se somente aos prepostos ou res- contratos, termos aditivos e convênios que constituam ônus, obri-
ponsáveis por ela indicados, exceto quando o objeto da contratação gações ou compromissos para a Ebserh.
previr a notificação direta para a execução das tarefas previamente
descritas no contrato de prestação de serviços para a função espe- CAPÍTULO VIII
cífica, tais como nos serviços de recepção, apoio administrativo ou DO MODELO DE GESTÃO ADMINISTRATIVA
ao usuário;
III- direcionar a contratação de pessoas para trabalhar nas em- Art. 224. O Modelo de Gestão Administrativa da Ebserh - MGAE
presas contratadas; é o caderno de processos e práticas contendo os fluxos processuais,
IV- promover ou aceitar o desvio de funções dos trabalhadores manuais de trabalho e modelos de documentos padronizados rela-
da empresa contratada, mediante a utilização destes em atividades cionados aos procedimentos de formalização de demanda, planeja-
distintas daquelas previstas no objeto da contratação e em relação mento de contratação, seleção de fornecedor e gestão e fiscalização
à função específica para a qual o trabalhador foi contratado; de contratos administrativos.
V- considerar os trabalhadores da empresa contratada como §1º Cabe à Diretoria de Administração e Infraestrutura o papel
colaboradores eventuais da própria unidade responsável pela con- de facilitador na construção coletiva e revisão periódica do MGAE,
tratação, especialmente para efeito de concessão de diárias e pas- cuja implementação é de responsabilidade de cada Unidade Ges-
sagens; tora.
VI- definir o valor da remuneração dos trabalhadores da em- §2º Cabe à Diretoria Executiva a aprovação do MGAE.
presa contratada para prestar os serviços, salvo nos casos específi-
cos em que se necessitam de profissionais com habilitação/experi- TÍTULO VI
ência superior a daqueles que, no mercado, são remunerados pelo DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
piso salarial da categoria, desde que justificadamente;
VII- conceder aos trabalhadores da empresa contratada direi- Art. 225. A Ebserh editará normativos internos para o detalha-
tos típicos de empregados e servidores públicos, tais como recesso, mento dos procedimentos disciplinados por este regulamento, bem
ponto facultativo, dentre outros. como manuais, com o objetivo de uniformizar procedimentos e di-
Art. 221. É vedada às empresas contratadas a contratação, vulgar eventuais recomendações de órgãos de controle.
como prestador de serviço terceirizado, de cônjuge, companheiro §1º Enquanto não houver a publicação dos normativos citados
ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro no caput, deverão ser observadas as normatizações federais perti-
grau, de dirigente da unidade contratante ou de agente público que nentes ao respectivo tema, em especial as Instruções Normativas
desempenhe funções em qualquer fase da contratação, nos termos do Ministério da Economia, no que não conflitar com as disposições
do Decreto n.º 7.203/2010. deste Regulamento.
Art. 226. Será editado normativo interno para reger a disponi-
CAPÍTULO VII bilização, concessão, aplicação, utilização e prestação de contas de
DOS LIMITES DE ALÇADA aquisições via adiantamento por Suprimento de Fundos, as quais
deverão preferencialmente ocorrer por intermédio de Cartão de
Art. 222. Os níveis de alçada decisória e tomada de decisão Pagamento do Governo Federal.
para aplicação dos procedimentos deste Regulamento são estabe- Art. 227. Aplicam-se às licitações as disposições sobre direito
lecidos em normativo interno da Ebserh, com observância das se- de preferência constantes dos artigos 42 a 49 da Lei Complementar
guintes premissas: nº 123/2006.
I- as competências serão estabelecidas, preferencialmente, de Art. 228. Aplica-se a Lei Complementar nº 182/2021 na con-
forma colegiada; tratação de pessoas físicas ou jurídicas, isoladamente ou em con-
II- os níveis de alçada serão definidos considerando-se os valo- sórcio, para o teste de soluções inovadoras por elas desenvolvidas
res envolvidos e a modalidade da contratação, com regras diferen- ou a ser desenvolvidas, com ou sem risco tecnológico, por meio de
ciadas para as licitações, as contratações diretas e as situações de licitação na modalidade especial regida por essa Lei Complementar.
oportunidade de negócios, conforme seja a necessidade de contro- Parágrafo único. No caso das contratações previstas no caput,
le identificada; os dispositivos deste Regulamento serão aplicados de forma subsi-
III- o regime de alçadas será submetido para aprovação da Di- diária, no que couber.
retoria Executiva, conforme as definições do Conselho de Adminis- Art. 229. Os colaboradores não podem recusar os encargos de
tração. integrante de EPC, de agente de licitação, de gestor e fiscal de con-
Art. 223. Compete à Diretoria Executiva, no âmbito da Admi- trato e de quaisquer outros papéis previstos neste Regulamento,
nistração Central, e o Colegiado Executivo, no âmbito da unidade devendo haver a exposição ao superior hierárquico das deficiências
hospitalar, o exame e a aprovação prévia dos contratos, termos adi- e limitações técnicas que possam dificultar o diligente cumprimen-
tivos e convênios que constituam ônus, obrigações ou compromis- to do exercício de suas atribuições, se for o caso.
sos para a Ebserh. Parágrafo único. Ocorrendo a situação de que trata o caput,
§1º O colegiado competente pode, por decisão unânime, dele- a Ebserh deverá providenciar a qualificação do colaborador para o
gar a competência de exame e aprovação dos instrumentos obriga- desempenho das atribuições, conforme a natureza e complexidade
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do objeto, ou designar outro colaborador com a qualificação reque- §3º No caso de eventual rescisão contratual antecipada de con-
rida. tratação regida pela Lei nº 8.666/1993, caso haja risco de paralisa-
Art. 230. Os colaboradores envolvidos nos procedimentos disci- ção das atividades da unidade, é permitida a condução de procedi-
plinados por este Regulamento deverão, nos limites das respectivas mento de contratação de remanescente, prevista no art. 79, inciso
atribuições, prestar informações com vistas a subsidiar manifesta- VI, desde que seguido o rito de compatibilização de legislações, a
ções no âmbito de ações judiciais, representações junto ao Tribunal exemplo do previsto no art. 90, §1º a 3º.
de Contas da União, inquéritos administrativos, notificações, pe- §4º É facultada a aplicação, no que couber, de disposições des-
tições, solicitações de auditoria ou ouvidoria e de procedimentos te Regulamento aos procedimentos citados no §1º, desde que não
análogos, atuando de modo cooperativo e responsável. haja reflexo na isonomia das respectivas fases de Seleção de For-
Art. 231. As despesas realizadas sem o devido processo de necedor.
contratação, nos termos dos normativos da Ebserh, deverão ser Art. 234. Fica revogado o Regulamento de Licitações e Contra-
quitadas por meio de reconhecimento ou confissão de dívida, após tos da Ebserh, versão 1.1, aprovado na 94ª Reunião do Conselho de
aprovação do Presidente, no âmbito da Administração Central, e do Administração.
Superintendente, no âmbito da unidade hospitalar. Art. 235. Este Regulamento entra em vigor em 1º de julho de
§1º A apuração da legitimidade da despesa deverá ocorrer em 2022.
processo administrativo específico que inclua relatório conclusivo
no qual conste, no mínimo: ANEXO I
I - o nome do credor e o valor do débito; DO GLOSSÁRIO DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
II - o histórico dos fatos;
III- a apresentação das justificativas para a realização da des- Ficam definidos os seguintes conceitos, para fins deste Regu-
pesa; lamento:
IV- a verificação sobre se o valor a ser pago está em conformi- I- Anteprojeto de Engenharia: peça técnica com todos os sub-
dade com os praticados pelo mercado; sídios necessários à elaboração do Projeto Básico, contendo os
V- a existência de atesto do efetivo recebimento dos bens ou da elementos técnicos que permitam a caracterização da obra ou do
prestação de serviços. serviço e a elaboração e comparação, de forma isonômica, das pro-
§2º Aprovado o reconhecimento ou confissão da dívida, deverá postas a serem ofertadas pelos particulares;
ser solicitada ao fornecedor a Nota Fiscal, bem como os documen- II- Área de acompanhamento dos contratos: unidade organiza-
tos que atestem a sua regularidade fiscal e trabalhista, nos termos cional responsável pela formalização e acompanhamento dos con-
deste Regulamento. tratos, representada conforme o arquétipo da unidade:
§3º O processo administrativo de reconhecimento ou confissão a)Administração Central: Serviço de Contratos e Atas;
dívida deverá ser instruído com declaração de disponibilidade orça- b)Hospital Tipo I, II e III: Unidade de Contratos;
mentária que ateste a existência de recursos orçamentários dispo- c)Hospital Tipo IV: Unidade de Licitações e Contratos.
níveis para cobertura das despesas realizadas. III- Área administrativa: unidade organizacional responsável
§4º Os colaboradores que deram causa ao reconhecimento ou pela supervisão do macroprocesso de contratações, representada
confissão de dívida ficam sujeitos à responsabilização por ilegali- conforme o arquétipo da unidade:
dades, irregularidades ou ainda por eventuais danos ou prejuízos a)Administração Central: Coordenadoria de Administração;
sofridos pela Ebserh. b)Hospital Tipo I, II, III e IV: Setor de Administração.
Art. 232. Na contagem dos prazos estabelecidos neste Regula- IV- Área de compras: unidade organizacional responsável pela
mento, exclui-se o dia do início e inclui-se o do vencimento. conformidade administrativa sobre o processo de planejamento de
Parágrafo único. Os prazos se iniciam e expiram exclusivamente contratação, representada conforme o arquétipo da unidade:
em dia útil da localidade da unidade da Ebserh responsável pela a)Administração Central: Serviço de Compras e Licitações;
contratação. b)Hospital Tipo I: Unidade de Planejamento de Compras;
Art. 233. Aplicam-se as regras deste Regulamento aos pro- c)Hospital Tipo II e III: Unidade de Compras e Licitações;
cedimentos licitatórios e de contratações que tenham sido inicia- d)Hospital Tipo IV: Unidade de Licitações e Contratos.
dos após sua entrada em vigor, permanecendo regidas pela Lei nº V- Área de contabilidade: unidade organizacional responsável
8.666/1993, pela Lei nº 14.133/2021 ou regulamentos anteriores as pela operacionalização de procedimentos contábeis, representada
demais contratações celebradas sob a égide desses normativos, até conforme o arquétipo da unidade:
sua completa finalização, inclusive eventuais prorrogações. a)Administração Central: Serviço de Contabilidade;
§1º Aplicam-se as regras da versão anterior do Regulamento b)Hospital Tipo I, II, III e IV: Setor de Contabilidade.
de Licitações e Contratos, aprovado na 94ª Reunião do Conselho de VI- Área de fiscalização administrativa dos contratos: unidade
Administração, às contratações em andamento que tiverem, até a organizacional responsável pela fiscalização administrativa dos con-
entrada em vigor deste Regulamento, a respectiva versão final do tratos, representada conforme o arquétipo da unidade:
Termo de Referência ou do Projeto Básico devidamente aprovada a)Administração Central: Serviço de Contratos e Atas;
pela autoridade competente. b)Hospital Tipo I, II e III: Unidade de Fiscalização Administrativa
§2º As contratações em andamento que, na data de entrada de Contratos;
em vigor deste Regulamento, ainda não tiverem a respectiva ver- c)Hospital Tipo IV: Unidade de Licitações e Contratos.
são final do Termo de Referência ou do Projeto Básico devidamente VII- Área de desenvolvimento de pessoas: unidade organiza-
aprovada pela autoridade competente, deverão ser adequadas a cional responsável pelo planejamento e gestão das ações de trei-
este Regulamento, sem prejuízo dos atos praticados que puderem namento e capacitação dos colaboradores da Ebserh, representada
ser aproveitados, desde que não haja conflito com o disposto neste. conforme o arquétipo da unidade:
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a)Administração Central: Serviço de Capacitação e Avaliação de cos, TR ou PB, estudo de mercado, pesquisa de preços, realização
Desempenho; de análises técnicas, além de outras atividades necessárias à instru-
b)Hospital Tipo I, II e III: Unidade de Desenvolvimento de Pes- ção do processo de compra;
soas; XX- Equipe Técnica de Suporte à Equipe de Planejamento da
c)Hospital Tipo IV: Divisão de Gestão de Pessoas. Contratação: equipe responsável por incorporar conhecimentos
VIII- Área de licitações: unidade organizacional responsável técnicos à contratação, por intermédio de prestação de suporte à
pela condução da fase de Seleção de Fornecedor, representada con- Equipe de Planejamento da Contratação, compreendida principal-
forme o arquétipo da unidade: mente por representantes das áreas demandantes e/ou áreas fina-
a)Administração Central: Serviço de Compras e Licitações; lísticas da organização;
b)Hospital Tipo I, II e III: Unidade de Licitações; XXI- Estratégias de compras: definição do formato mais ade-
c)Hospital Tipo IV: Unidade de Licitações e Contratos. quado de uma contratação, resultante de um processo estruturado
IX- Área de tecnologia da informação: unidade organizacional envolvendo análise sistêmica da situação atual; diagnóstico e análi-
responsável pela gestão de tecnologia da informação, representada se dos gastos; mapeamento da base de fornecedores; entendimen-
conforme o arquétipo da unidade: to dos processos e competências; avaliação dos cenários externo
a)Administração Central: Diretoria de Tecnologia da Informa- e interno e implantação de processos colaborativos entre equipes
ção; internas multidisciplinares e fornecedores;
b)Hospital Tipo I, II, III e IV: Setor de Tecnologia da Informação XXII- Gerenciamento de Riscos: processo de identificação, aná-
e Saúde Digital. lise, avaliação e tratamento de riscos, aplicado ao procedimento de
X- Câmara Técnica de Padronização Nacional: colegiado respon- contratação como forma de garantir o alcance dos objetivos institu-
sável, no âmbito de toda a Rede Ebserh, por desenvolver, guardar cionais, materializado no documento denominado Mapa de Riscos;
e promover a padronização das especificações técnicas de catego- XXIII- Gestora de categoria ou subcategoria de compras: uni-
rias de compras, interagindo com as comissões de padronização, de dade organizacional designada para atuar como referencial técnico
âmbito local; e de gestão das categorias ou subcategorias de compras na Admi-
XI- Categoria de compras: agrupamento de despesas que são nistração Central, com abrangência nacional, resultando no moni-
tecnicamente similares ou que possuem o mesmo tipo de mercado toramento da evolução da categoria ou subcategoria, na condução
fornecedor, podendo ser dividida em subcategorias de compras; do processo de padronização de especificações técnicas, na condu-
XII- Comissão de padronização: colegiado local responsável por ção de eventuais comissões de padronização ou câmaras técnicas
desenvolver, guardar e promover a padronização das especificações de padronização nacionais, no desenvolvimento de estratégias de
técnicas sobre sua área temática; compras e na atuação como ponto focal de relacionamento com o
XIII- Compra: iniciativa estatal de dispêndio de recursos orça- mercado para debater prospecções e incorporação de novas solu-
mentários diretamente, por intermédio de órgãos ou entidades da ções;
Administração Pública, visando contratar a prestação de serviços, a XXIV- Licitação deserta: licitação na qual não acudiram interes-
execução de obras ou o fornecimento de materiais com o objetivo sados;
de atender a uma demanda definida pela organização contratante XXV- Licitação fracassada: licitação na qual as propostas apre-
como necessária ao atendimento da sua missão institucional; sinô- sentadas consignarem preços manifestamente superiores aos prati-
nimo de contratação, aquisição; cados no mercado nacional ou incompatíveis com os fixados pelos
XIV- Contrato: instrumento pelo qual a Administração firma órgãos oficiais competentes, também configurada no caso de inabi-
ajuste com o particular ou com outra entidade da Administração litação de todos os interessados durante o procedimento licitatório;
Pública, com vistas à regulação das relações jurídicas obrigacionais XXVI- Manifestação de Interesse Privado: procedimento desti-
recíprocas, para consecução de objetivos de interesse público, que nado à apresentação de projetos, levantamentos, investigações ou
pode ser formalizado por termo de contrato ou documento equi- estudos por pessoa física ou jurídica de direito privado, com a fina-
valente; lidade de subsidiar a construção de soluções para as necessidades
XV- Documento de Formalização de Demanda: documento que identificadas pela Ebserh;
materializa a fase de Formalização da Demanda, elaborado pela XXVII- Matriz de Riscos: cláusula contratual definidora de riscos
unidade requisitante; e de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilí-
XVI- Documento de Oficialização de Demanda: documento que brio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus
materializa a fase de Formalização da Demanda de aquisições de financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação;
Tecnologia da Informação, elaborado pela unidade requisitante; XXVIII- Pesquisa de preços: processo de obtenção da estimativa
XVII- Equipe de Fiscalização da Ata de Registro de Preços: con- ou referência do valor da contratação, contendo registro em me-
junto de colaboradores responsáveis pela gestão dos elementos mórias de cálculo e documentos que lhe dão suporte; sinônimo de
pré-contratuais da ata de registro de preços e da gestão e fiscali- pesquisa de mercado;
zação dos contratos decorrentes da ata de registro de preços, na XXIX- Prática de mercado: situação identificada como corriquei-
qualidade de titulares ou substitutos; ra em organizações públicas ou privadas, utilizada como forma de
XVIII- Equipe de Fiscalização do Contrato: conjunto de colabo- atender às necessidades de maneira usual e recorrente, caracteriza-
radores responsáveis pela gestão e fiscalização contratual, na quali- da por documentos obtidos em sítios eletrônicos ou encaminhados
dade de titulares ou substitutos; pelas respectivas organizações;
XIX- Equipe de Planejamento de Contratação: equipe multidis- XXX- Projeto Básico: documento necessário para a contratação
ciplinar responsável por conduzir a fase de Planejamento da Contra- de obras e serviços de engenharia, contendo parâmetros e elemen-
tação e prestar suporte técnico na fase de Seleção de Fornecedor, tos descritivos para subsidiar as etapas de Seleção de Fornecedor e
sendo responsável pela elaboração do ETP, gerenciamento de ris- de Gestão do Contrato;
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XXXI- Projeto Executivo: conjunto de elementos necessários e descritivos para subsidiar as etapas de Seleção de Fornecedor e de
suficientes à execução completa da obra, com o detalhamento das Gestão do Contrato.
soluções previstas no Projeto Básico, a identificação de serviços, de
materiais e de equipamentos a serem incorporados à obra, bem
como suas especificações técnicas, de acordo com as normas téc- LEI 13.303/2016 (ESTATUTO JURÍDICO DA EMPRESA PÚBLI-
nicas pertinentes; CA)
XXXII- Reajuste em sentido estrito: forma de manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro de contrato consistente na aplica-
ção do índice de correção monetária previsto no contrato, que deve LEI Nº 13.303, DE 30 DE JUNHO DE 2016.
retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção
de índices específicos ou setoriais; Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da socie-
XXXIII- Repactuação: forma de manutenção do equilíbrio eco- dade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União,
nômico-financeiro de contrato utilizada para serviços contínuos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
com regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predomi-
nância de mão de obra, por meio da análise da variação dos custos O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de
contratuais, devendo estar prevista no edital com data vinculada à PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
apresentação das propostas, para os custos decorrentes do merca- decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
do, e com data vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou ao dis-
sídio coletivo ao qual o orçamento esteja vinculado, para os custos TÍTULO I
decorrentes da mão de obra; DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E ÀS SO-
XXXIV- Responsável pela categoria ou subcategoria de com- CIEDADES DE ECONOMIA MISTA
pras: unidade organizacional designada para atuar como referencial
técnico e de gestão das categorias ou subcategorias de compras nas CAPÍTULO I
unidades hospitalares, com abrangência local, resultando no moni- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
toramento da evolução da categoria ou subcategoria, na condução
do processo de padronização de especificações técnicas, na condu- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa
ção de eventuais comissões de padronização ou câmaras técnicas pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias,
de padronização nacionais, no desenvolvimento de estratégias de abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de eco-
compras e na atuação como ponto focal de relacionamento com o nomia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
mercado para debater prospecções e incorporação de novas solu- cípios que explore atividade econômica de produção ou comercia-
ções. Atua em observância às estratégias e orientações emanadas lização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade
pela Gestora de categoria ou subcategoria de compras; econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja
XXXV- Revisão: forma de manutenção do equilíbrio econômi- de prestação de serviços públicos.
co-financeiro de contrato, que pode ocorrer a qualquer tempo, §1º O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2º, 3º, 4º,
quando se está diante de fatos imprevisíveis ou previsíveis, mas de 5º, 6º, 7º, 8º, 11, 12 e 27, não se aplica à empresa pública e à socie-
consequências incalculáveis, que venham a retardar ou impedir a dade de economia mista que tiver, em conjunto com suas respec-
execução contratual; tivas subsidiárias, no exercício social anterior, receita operacional
XXXVI- Serviço com mão de obra dedicada de forma exclusiva: bruta inferior a R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais).
serviços cujo modelo de execução contratual exige, entre outros re- §2º O disposto nos Capítulos I e II do Título II desta Lei apli-
quisitos, que: ca-se inclusive à empresa pública dependente, definida nos termos
a)os empregados da empresa contratada fiquem à disposição do inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio
nas dependências do contratante para a prestação dos serviços; de 2000 , que explore atividade econômica, ainda que a atividade
b)a empresa contratada não compartilhe os recursos humanos econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja
e materiais disponíveis de uma contratação para execução simultâ- de prestação de serviços públicos.
nea de outros contratos; §3º Os Poderes Executivos poderão editar atos que estabele-
c)a empresa contratada possibilite a fiscalização pelo contra- çam regras de governança destinadas às suas respectivas empresas
tante quanto à distribuição, controle e supervisão dos recursos hu- públicas e sociedades de economia mista que se enquadrem na hi-
manos alocados aos seus contratos. pótese do §1º, observadas as diretrizes gerais desta Lei.
XXXVII- Unidade demandante: unidade organizacional que ne- §4º A não edição dos atos de que trata o §3º no prazo de 180
cessita de bens, serviços ou obras para entregar resultados sob sua (cento e oitenta) dias a partir da publicação desta Lei submete as
responsabilidade, pertencentes a determinadas categorias ou sub- respectivas empresas públicas e sociedades de economia mista às
categorias de compras que possuem outras unidades requisitantes regras de governança previstas no Título I desta Lei.
designadas, não possuindo competência regimental para elaborar §5º Submetem-se ao regime previsto nesta Lei a empresa pú-
um Documento de Formalização de Demanda sobre esse objeto; blica e a sociedade de economia mista que participem de consórcio,
sinônimo de unidade beneficiária de bens, serviços ou obras; conforme disposto no art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
XXXVIII- Unidade requisitante: unidade organizacional respon- de 1976 , na condição de operadora.
sável por formalizar a demanda de contratação sobre uma categoria §6º Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, in-
ou subcategoria de compras; clusive a de propósito específico, que seja controlada por empresa
XXXIX- Termo de Referência: documento necessário para a pública ou sociedade de economia mista abrangidas no caput .
contratação de bens e serviços, contendo parâmetros e elementos §7º Na participação em sociedade empresarial em que a em-
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presa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
não detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no de- Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de
ver de fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada
à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito
partícipes, considerando, para esse fim: a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
I - documentos e informações estratégicos do negócio e demais Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.
relatórios e informações produzidos por força de acordo de acionis- §1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia
tas e de Lei considerados essenciais para a defesa de seus interesses mista tem os deveres e as responsabilidades do acionista contro-
na sociedade empresarial investida; lador, estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 ,
II - relatório de execução do orçamento e de realização de in- e deverá exercer o poder de controle no interesse da companhia,
vestimentos programados pela sociedade, inclusive quanto ao ali- respeitado o interesse público que justificou sua criação.
nhamento dos custos orçados e dos realizados com os custos de §2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de eco-
mercado; nomia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários sujei-
III - informe sobre execução da política de transações com par- ta-se às disposições da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976 .
tes relacionadas;
IV - análise das condições de alavancagem financeira da socie- CAPÍTULO II
dade; DO REGIME SOCIETÁRIO DA EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIE-
V - avaliação de inversões financeiras e de processos relevantes DADE DE ECONOMIA MISTA
de alienação de bens móveis e imóveis da sociedade;
VI - relatório de risco das contratações para execução de obras, SEÇÃO I
fornecimento de bens e prestação de serviços relevantes para os DAS NORMAS GERAIS
interesses da investidora;
VII - informe sobre execução de projetos relevantes para os in- Art. 5º A sociedade de economia mista será constituída sob a
teresses da investidora; forma de sociedade anônima e, ressalvado o disposto nesta Lei, es-
VIII - relatório de cumprimento, nos negócios da sociedade, tará sujeita ao regime previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro
de condicionantes socioambientais estabelecidas pelos órgãos am- de 1976 .
bientais; Art. 6º O estatuto da empresa pública, da sociedade de eco-
IX - avaliação das necessidades de novos aportes na socieda- nomia mista e de suas subsidiárias deverá observar regras de go-
de e dos possíveis riscos de redução da rentabilidade esperada do vernança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de
negócio; gestão de riscos e de controle interno, composição da administra-
X - qualquer outro relatório, documento ou informação produ- ção e, havendo acionistas, mecanismos para sua proteção, todos
zido pela sociedade empresarial investida considerado relevante constantes desta Lei.
para o cumprimento do comando constante do caput . Art. 7º Aplicam-se a todas as empresas públicas, as sociedades
Art. 2º A exploração de atividade econômica pelo Estado será de economia mista de capital fechado e as suas subsidiárias as dis-
exercida por meio de empresa pública, de sociedade de economia posições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as normas
mista e de suas subsidiárias. da Comissão de Valores Mobiliários sobre escrituração e elaboração
§1º A constituição de empresa pública ou de sociedade de eco- de demonstrações financeiras, inclusive a obrigatoriedade de audi-
nomia mista dependerá de prévia autorização legal que indique, toria independente por auditor registrado nesse órgão.
de forma clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de se- Art. 8º As empresas públicas e as sociedades de economia mis-
gurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição ta deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos de trans-
Federal . parência:
§2º Depende de autorização legislativa a criação de subsidiá- I - elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Con-
rias de empresa pública e de sociedade de economia mista, assim selho de Administração, com a explicitação dos compromissos de
como a participação de qualquer delas em empresa privada, cujo consecução de objetivos de políticas públicas pela empresa públi-
objeto social deve estar relacionado ao da investidora, nos termos ca, pela sociedade de economia mista e por suas subsidiárias, em
do inciso XX do art. 37 da Constituição Federal . atendimento ao interesse coletivo ou ao imperativo de segurança
§3º A autorização para participação em empresa privada pre- nacional que justificou a autorização para suas respectivas criações,
vista no §2º não se aplica a operações de tesouraria, adjudicação de com definição clara dos recursos a serem empregados para esse
ações em garantia e participações autorizadas pelo Conselho de Ad- fim, bem como dos impactos econômico-financeiros da consecução
ministração em linha com o plano de negócios da empresa pública, desses objetivos, mensuráveis por meio de indicadores objetivos;
da sociedade de economia mista e de suas respectivas subsidiárias. II - adequação de seu estatuto social à autorização legislativa
Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalida- de sua criação;
de jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com III - divulgação tempestiva e atualizada de informações relevan-
patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela tes, em especial as relativas a atividades desenvolvidas, estrutura
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. de controle, fatores de risco, dados econômico-financeiros, comen-
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante per- tários dos administradores sobre o desempenho, políticas e práticas
maneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal de governança corporativa e descrição da composição e da remune-
ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a ração da administração;
participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, IV - elaboração e divulgação de política de divulgação de in-
bem como de entidades da administração indireta da União, dos formações, em conformidade com a legislação em vigor e com as
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melhores práticas; de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e


V - elaboração de política de distribuição de dividendos, à luz obrigacionais;
do interesse público que justificou a criação da empresa pública ou IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie
da sociedade de economia mista; de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias;
VI - divulgação, em nota explicativa às demonstrações finan- V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código
ceiras, dos dados operacionais e financeiros das atividades relacio- de Conduta e Integridade;
nadas à consecução dos fins de interesse coletivo ou de segurança VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre
nacional; Código de Conduta e Integridade, a empregados e administradores,
VII - elaboração e divulgação da política de transações com par- e sobre a política de gestão de riscos, a administradores.
tes relacionadas, em conformidade com os requisitos de competi- §2º A área responsável pela verificação de cumprimento de
tividade, conformidade, transparência, equidade e comutatividade, obrigações e de gestão de riscos deverá ser vinculada ao diretor-
que deverá ser revista, no mínimo, anualmente e aprovada pelo -presidente e liderada por diretor estatutário, devendo o estatuto
Conselho de Administração; social prever as atribuições da área, bem como estabelecer meca-
VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual de nismos que assegurem atuação independente.
governança corporativa, que consolide em um único documento §3º A auditoria interna deverá:
escrito, em linguagem clara e direta, as informações de que trata I - ser vinculada ao Conselho de Administração, diretamente ou
o inciso III; por meio do Comitê de Auditoria Estatutário;
IX - divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabi- II - ser responsável por aferir a adequação do controle inter-
lidade. no, a efetividade do gerenciamento dos riscos e dos processos de
§1º O interesse público da empresa pública e da sociedade de governança e a confiabilidade do processo de coleta, mensuração,
economia mista, respeitadas as razões que motivaram a autoriza- classificação, acumulação, registro e divulgação de eventos e tran-
ção legislativa, manifesta-se por meio do alinhamento entre seus sações, visando ao preparo de demonstrações financeiras.
objetivos e aqueles de políticas públicas, na forma explicitada na §4º O estatuto social deverá prever, ainda, a possibilidade de
carta anual a que se refere o inciso I do caput . que a área de compliance se reporte diretamente ao Conselho de
§2º Quaisquer obrigações e responsabilidades que a empresa Administração em situações em que se suspeite do envolvimento
pública e a sociedade de economia mista que explorem atividade do diretor-presidente em irregularidades ou quando este se furtar
econômica assumam em condições distintas às de qualquer outra à obrigação de adotar medidas necessárias em relação à situação a
empresa do setor privado em que atuam deverão: ele relatada.
I - estar claramente definidas em lei ou regulamento, bem Art. 10. A empresa pública e a sociedade de economia mista
como previstas em contrato, convênio ou ajuste celebrado com o deverão criar comitê estatutário para verificar a conformidade do
ente público competente para estabelecê-las, observada a ampla processo de indicação e de avaliação de membros para o Conselho
publicidade desses instrumentos; de Administração e para o Conselho Fiscal, com competência para
II - ter seu custo e suas receitas discriminados e divulgados de auxiliar o acionista controlador na indicação desses membros.
forma transparente, inclusive no plano contábil. Parágrafo único. Devem ser divulgadas as atas das reuniões do
§3º Além das obrigações contidas neste artigo, as sociedades comitê estatutário referido no caput realizadas com o fim de verifi-
de economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliá- car o cumprimento, pelos membros indicados, dos requisitos defi-
rios sujeitam-se ao regime informacional estabelecido por essa au- nidos na política de indicação, devendo ser registradas as eventuais
tarquia e devem divulgar as informações previstas neste artigo na manifestações divergentes de conselheiros.
forma fixada em suas normas. Art. 11. A empresa pública não poderá:
§4º Os documentos resultantes do cumprimento dos requisi- I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários,
tos de transparência constantes dos incisos I a IX do caput deverão conversíveis em ações;
ser publicamente divulgados na internet de forma permanente e II - emitir partes beneficiárias.
cumulativa. Art. 12. A empresa pública e a sociedade de economia mista
Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão:
adotarão regras de estruturas e práticas de gestão de riscos e con- I - divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos admi-
trole interno que abranjam: nistradores;
I - ação dos administradores e empregados, por meio da imple- II - adequar constantemente suas práticas ao Código de Con-
mentação cotidiana de práticas de controle interno; duta e Integridade e a outras regras de boa prática de governança
II - área responsável pela verificação de cumprimento de obri- corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei.
gações e de gestão de riscos; Parágrafo único. A sociedade de economia mista poderá solu-
III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário. cionar, mediante arbitragem, as divergências entre acionistas e a
§1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e In- sociedade, ou entre acionistas controladores e acionistas minoritá-
tegridade, que disponha sobre: rios, nos termos previstos em seu estatuto social.
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da socie- Art. 13. A lei que autorizar a criação da empresa pública e da
dade de economia mista, bem como orientações sobre a prevenção sociedade de economia mista deverá dispor sobre as diretrizes e
de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude; restrições a serem consideradas na elaboração do estatuto da com-
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação panhia, em especial sobre:
do Código de Conduta e Integridade; I - constituição e funcionamento do Conselho de Administra-
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de de- ção, observados o número mínimo de 7 (sete) e o número máximo
núncias internas e externas relativas ao descumprimento do Código de 11 (onze) membros;
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II - requisitos específicos para o exercício do cargo de diretor, cados para os cargos de diretor, inclusive presidente, diretor-geral
observado o número mínimo de 3 (três) diretores; e diretor-presidente, serão escolhidos entre cidadãos de reputação
III - avaliação de desempenho, individual e coletiva, de perio- ilibada e de notório conhecimento, devendo ser atendidos, alterna-
dicidade anual, dos administradores e dos membros de comitês, tivamente, um dos requisitos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I e,
observados os seguintes quesitos mínimos: cumulativamente, os requisitos dos incisos II e III:
a) exposição dos atos de gestão praticados, quanto à licitude e I - ter experiência profissional de, no mínimo:
à eficácia da ação administrativa; a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, na área de atu-
b) contribuição para o resultado do exercício; ação da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou
c) consecução dos objetivos estabelecidos no plano de negó- em área conexa àquela para a qual forem indicados em função de
cios e atendimento à estratégia de longo prazo; direção superior; ou
IV - constituição e funcionamento do Conselho Fiscal, que exer- b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes car-
cerá suas atribuições de modo permanente; gos:
V - constituição e funcionamento do Comitê de Auditoria Es- 1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte
tatutário; ou objeto social semelhante ao da empresa pública ou da socieda-
VI - prazo de gestão dos membros do Conselho de Administra- de de economia mista, entendendo-se como cargo de chefia supe-
ção e dos indicados para o cargo de diretor, que será unificado e rior aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários
não superior a 2 (dois) anos, sendo permitidas, no máximo, 3 (três) mais altos da empresa;
reconduções consecutivas; 2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a
VII – (VETADO); DAS-4 ou superior, no setor público;
VIII - prazo de gestão dos membros do Conselho Fiscal não su- 3. cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da
perior a 2 (dois) anos, permitidas 2 (duas) reconduções consecuti- empresa pública ou da sociedade de economia mista;
vas. c) 4 (quatro) anos de experiência como profissional liberal em
atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da
SEÇÃO II empresa pública ou sociedade de economia mista;
DO ACIONISTA CONTROLADOR II - ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual
foi indicado; e
Art. 14. O acionista controlador da empresa pública e da socie- III - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas
dade de economia mista deverá: nas alíneas do inciso I do caput do art. 1º da Lei Complementar nº
I - fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável 64, de 18 de maio de 1990 , com as alterações introduzidas pela Lei
à alta administração, a vedação à divulgação, sem autorização do Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010.
órgão competente da empresa pública ou da sociedade de econo- §1º O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia
mia mista, de informação que possa causar impacto na cotação dos mista e de suas subsidiárias poderá dispor sobre a contratação de
títulos da empresa pública ou da sociedade de economia mista e seguro de responsabilidade civil pelos administradores.
em suas relações com o mercado ou com consumidores e forne- §2º É vedada a indicação, para o Conselho de Administração e
cedores; para a diretoria:
II - preservar a independência do Conselho de Administração I - de representante do órgão regulador ao qual a empresa pú-
no exercício de suas funções; blica ou a sociedade de economia mista está sujeita, de Ministro
III - observar a política de indicação na escolha dos administra- de Estado, de Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de
dores e membros do Conselho Fiscal. titular de cargo, sem vínculo permanente com o serviço público,
Art. 15. O acionista controlador da empresa pública e da so- de natureza especial ou de direção e assessoramento superior na
ciedade de economia mista responderá pelos atos praticados com administração pública, de dirigente estatutário de partido político
abuso de poder, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de e de titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente da
1976 . federação, ainda que licenciados do cargo;
§1º A ação de reparação poderá ser proposta pela socieda- II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses,
de, nos termos do art. 246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de como participante de estrutura decisória de partido político ou em
1976 , pelo terceiro prejudicado ou pelos demais sócios, indepen- trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de cam-
dentemente de autorização da assembleia-geral de acionistas. panha eleitoral;
§2º Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da prática do III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical;
ato abusivo, a ação a que se refere o §1º. IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como
fornecedor ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou
SEÇÃO III serviços de qualquer natureza, com a pessoa político-administrati-
DO ADMINISTRADOR va controladora da empresa pública ou da sociedade de economia
mista ou com a própria empresa ou sociedade em período inferior
Art. 16. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, o administrador de a 3 (três) anos antes da data de nomeação;
empresa pública e de sociedade de economia mista é submetido V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de con-
às normas previstas na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 . flito de interesse com a pessoa político-administrativa controladora
Parágrafo único. Consideram-se administradores da empresa da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a
pública e da sociedade de economia mista os membros do Conse- própria empresa ou sociedade.
lho de Administração e da diretoria. §3º A vedação prevista no inciso I do §2º estende-se também
Art. 17. Os membros do Conselho de Administração e os indi- aos parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau das pesso-
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as nele mencionadas. de de economia mista ou de suas subsidiárias.


§4º Os administradores eleitos devem participar, na posse e Art. 21. (VETADO).
anualmente, de treinamentos específicos sobre legislação societá- Parágrafo único. (VETADO).
ria e de mercado de capitais, divulgação de informações, controle
interno, código de conduta, a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 SEÇÃO V
(Lei Anticorrupção), e demais temas relacionados às atividades da DO MEMBRO INDEPENDENTE DO CONSELHO DE ADMINIS-
empresa pública ou da sociedade de economia mista. TRAÇÃO
§5º Os requisitos previstos no inciso I do caput poderão ser dis-
pensados no caso de indicação de empregado da empresa pública Art. 22. O Conselho de Administração deve ser composto, no
ou da sociedade de economia mista para cargo de administrador ou mínimo, por 25% (vinte e cinco por cento) de membros indepen-
como membro de comitê, desde que atendidos os seguintes quesi- dentes ou por pelo menos 1 (um), caso haja decisão pelo exercício
tos mínimos: da faculdade do voto múltiplo pelos acionistas minoritários, nos
I - o empregado tenha ingressado na empresa pública ou na so- termos do art. 141 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 .
ciedade de economia mista por meio de concurso público de provas §1º O conselheiro independente caracteriza-se por:
ou de provas e títulos; I - não ter qualquer vínculo com a empresa pública ou a socie-
II - o empregado tenha mais de 10 (dez) anos de trabalho efeti- dade de economia mista, exceto participação de capital;
vo na empresa pública ou na sociedade de economia mista; II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o ter-
III - o empregado tenha ocupado cargo na gestão superior da ceiro grau ou por adoção, de chefe do Poder Executivo, de Ministro
empresa pública ou da sociedade de economia mista, comprovan- de Estado, de Secretário de Estado ou Município ou de administra-
do sua capacidade para assumir as responsabilidades dos cargos de dor da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
que trata o caput . III - não ter mantido, nos últimos 3 (três) anos, vínculo de qual-
quer natureza com a empresa pública, a sociedade de economia
SEÇÃO IV mista ou seus controladores, que possa vir a comprometer sua in-
DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO dependência;
IV - não ser ou não ter sido, nos últimos 3 (três) anos, emprega-
Art. 18. Sem prejuízo das competências previstas no art. 142 da do ou diretor da empresa pública, da sociedade de economia mis-
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 , e das demais atribuições ta ou de sociedade controlada, coligada ou subsidiária da empresa
previstas nesta Lei, compete ao Conselho de Administração: pública ou da sociedade de economia mista, exceto se o vínculo
I - discutir, aprovar e monitorar decisões envolvendo práticas for exclusivamente com instituições públicas de ensino ou pesquisa;
de governança corporativa, relacionamento com partes interessa- V - não ser fornecedor ou comprador, direto ou indireto, de
das, política de gestão de pessoas e código de conduta dos agentes; serviços ou produtos da empresa pública ou da sociedade de eco-
II - implementar e supervisionar os sistemas de gestão de riscos nomia mista, de modo a implicar perda de independência;
e de controle interno estabelecidos para a prevenção e mitigação VI - não ser funcionário ou administrador de sociedade ou enti-
dos principais riscos a que está exposta a empresa pública ou a so- dade que esteja oferecendo ou demandando serviços ou produtos
ciedade de economia mista, inclusive os riscos relacionados à inte- à empresa pública ou à sociedade de economia mista, de modo a
gridade das informações contábeis e financeiras e os relacionados à implicar perda de independência;
ocorrência de corrupção e fraude; VII - não receber outra remuneração da empresa pública ou
III - estabelecer política de porta-vozes visando a eliminar risco da sociedade de economia mista além daquela relativa ao cargo de
de contradição entre informações de diversas áreas e as dos execu- conselheiro, à exceção de proventos em dinheiro oriundos de par-
tivos da empresa pública ou da sociedade de economia mista; ticipação no capital.
IV - avaliar os diretores da empresa pública ou da sociedade de §2º Quando, em decorrência da observância do percentual
economia mista, nos termos do inciso III do art. 13, podendo con- mencionado no caput , resultar número fracionário de conselhei-
tar com apoio metodológico e procedimental do comitê estatutário ros, proceder-se-á ao arredondamento para o número inteiro:
referido no art. 10. I - imediatamente superior, quando a fração for igual ou supe-
Art. 19. É garantida a participação, no Conselho de Adminis- rior a 0,5 (cinco décimos);
tração, de representante dos empregados e dos acionistas mino- II - imediatamente inferior, quando a fração for inferior a 0,5
ritários. (cinco décimos).
§1º As normas previstas na Lei nº 12.353, de 28 de dezembro §3º Não serão consideradas, para o cômputo das vagas desti-
de 2010 , aplicam-se à participação de empregados no Conselho de nadas a membros independentes, aquelas ocupadas pelos conse-
Administração da empresa pública, da sociedade de economia mis- lheiros eleitos por empregados, nos termos do §1º do art. 19.
ta e de suas subsidiárias e controladas e das demais empresas em §4º Serão consideradas, para o cômputo das vagas destinadas
que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital a membros independentes, aquelas ocupadas pelos conselheiros
social com direito a voto. eleitos por acionistas minoritários, nos termos do §2º do art. 19.
§2º É assegurado aos acionistas minoritários o direito de eleger §5º (VETADO).
1 (um) conselheiro, se maior número não lhes couber pelo processo
de voto múltiplo previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de SEÇÃO VI
1976 . DA DIRETORIA
Art. 20. É vedada a participação remunerada de membros da
administração pública, direta ou indireta, em mais de 2 (dois) con- Art. 23. É condição para investidura em cargo de diretoria da
selhos, de administração ou fiscal, de empresa pública, de socieda- empresa pública e da sociedade de economia mista a assunção de
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compromisso com metas e resultados específicos a serem alcança- significativas entre administração, auditoria independente e Comitê
dos, que deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração, a de Auditoria Estatutário em relação às demonstrações financeiras;
quem incumbe fiscalizar seu cumprimento. VIII - avaliar a razoabilidade dos parâmetros em que se funda-
§1º Sem prejuízo do disposto no caput , a diretoria deverá mentam os cálculos atuariais, bem como o resultado atuarial dos
apresentar, até a última reunião ordinária do Conselho de Adminis- planos de benefícios mantidos pelo fundo de pensão, quando a em-
tração do ano anterior, a quem compete sua aprovação: presa pública ou a sociedade de economia mista for patrocinadora
I - plano de negócios para o exercício anual seguinte; de entidade fechada de previdência complementar.
II - estratégia de longo prazo atualizada com análise de riscos e §2º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir meios
oportunidades para, no mínimo, os próximos 5 (cinco) anos. para receber denúncias, inclusive sigilosas, internas e externas à
§2º Compete ao Conselho de Administração, sob pena de seus empresa pública ou à sociedade de economia mista, em matérias
integrantes responderem por omissão, promover anualmente aná- relacionadas ao escopo de suas atividades.
lise de atendimento das metas e resultados na execução do plano §3º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se reunir quando
de negócios e da estratégia de longo prazo, devendo publicar suas necessário, no mínimo bimestralmente, de modo que as informa-
conclusões e informá-las ao Congresso Nacional, às Assembleias ções contábeis sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação.
Legislativas, à Câmara Legislativa do Distrito Federal ou às Câmaras §4º A empresa pública e a sociedade de economia mista de-
Municipais e aos respectivos tribunais de contas, quando houver. verão divulgar as atas das reuniões do Comitê de Auditoria Estatu-
§3º Excluem-se da obrigação de publicação a que se refere o tário.
§2º as informações de natureza estratégica cuja divulgação possa §5º Caso o Conselho de Administração considere que a divul-
ser comprovadamente prejudicial ao interesse da empresa pública gação da ata possa pôr em risco interesse legítimo da empresa pú-
ou da sociedade de economia mista. blica ou da sociedade de economia mista, a empresa pública ou a
sociedade de economia mista divulgará apenas o extrato das atas.
SEÇÃO VII §6º A restrição prevista no §5º não será oponível aos órgãos de
DO COMITÊ DE AUDITORIA ESTATUTÁRIO controle, que terão total e irrestrito acesso ao conteúdo das atas
do Comitê de Auditoria Estatutário, observada a transferência de
Art. 24. A empresa pública e a sociedade de economia mista sigilo.
deverão possuir em sua estrutura societária Comitê de Auditoria §7º O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir auto-
Estatutário como órgão auxiliar do Conselho de Administração, ao nomia operacional e dotação orçamentária, anual ou por projeto,
qual se reportará diretamente. dentro de limites aprovados pelo Conselho de Administração, para
§1º Competirá ao Comitê de Auditoria Estatutário, sem prejuí- conduzir ou determinar a realização de consultas, avaliações e in-
zo de outras competências previstas no estatuto da empresa públi- vestigações dentro do escopo de suas atividades, inclusive com a
ca ou da sociedade de economia mista: contratação e utilização de especialistas externos independentes.
I - opinar sobre a contratação e destituição de auditor inde- Art. 25. O Comitê de Auditoria Estatutário será integrado por,
pendente; no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, em sua maio-
II - supervisionar as atividades dos auditores independentes, ria independentes.
avaliando sua independência, a qualidade dos serviços prestados §1º São condições mínimas para integrar o Comitê de Auditoria
e a adequação de tais serviços às necessidades da empresa pública Estatutário:
ou da sociedade de economia mista; I - não ser ou ter sido, nos 12 (doze) meses anteriores à nome-
III - supervisionar as atividades desenvolvidas nas áreas de con- ação para o Comitê:
trole interno, de auditoria interna e de elaboração das demonstra- a) diretor, empregado ou membro do conselho fiscal da empre-
ções financeiras da empresa pública ou da sociedade de economia sa pública ou sociedade de economia mista ou de sua controladora,
mista; controlada, coligada ou sociedade em controle comum, direta ou
IV - monitorar a qualidade e a integridade dos mecanismos de indireta;
controle interno, das demonstrações financeiras e das informações b) responsável técnico, diretor, gerente, supervisor ou qual-
e medições divulgadas pela empresa pública ou pela sociedade de quer outro integrante com função de gerência de equipe envolvi-
economia mista; da nos trabalhos de auditoria na empresa pública ou sociedade de
V - avaliar e monitorar exposições de risco da empresa públi- economia mista;
ca ou da sociedade de economia mista, podendo requerer, entre II - não ser cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o
outras, informações detalhadas sobre políticas e procedimentos segundo grau ou por adoção, das pessoas referidas no inciso I;
referentes a: III - não receber qualquer outro tipo de remuneração da em-
a) remuneração da administração; presa pública ou sociedade de economia mista ou de sua controla-
b) utilização de ativos da empresa pública ou da sociedade de dora, controlada, coligada ou sociedade em controle comum, direta
economia mista; ou indireta, que não seja aquela relativa à função de integrante do
c) gastos incorridos em nome da empresa pública ou da socie- Comitê de Auditoria Estatutário;
dade de economia mista; IV - não ser ou ter sido ocupante de cargo público efetivo, ain-
VI - avaliar e monitorar, em conjunto com a administração e a da que licenciado, ou de cargo em comissão da pessoa jurídica de
área de auditoria interna, a adequação das transações com partes direito público que exerça o controle acionário da empresa pública
relacionadas; ou sociedade de economia mista, nos 12 (doze) meses anteriores à
VII - elaborar relatório anual com informações sobre as ativi- nomeação para o Comitê de Auditoria Estatutário.
dades, os resultados, as conclusões e as recomendações do Comi- §2º Ao menos 1 (um) dos membros do Comitê de Auditoria
tê de Auditoria Estatutário, registrando, se houver, as divergências Estatutário deve ter reconhecida experiência em assuntos de con-
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tabilidade societária. TÍTULO II


§3º O atendimento às previsões deste artigo deve ser com- DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS EMPRESAS PÚBLICAS, ÀS SOCIE-
provado por meio de documentação mantida na sede da empresa DADES DE ECONOMIA MISTA E ÀS SUAS SUBSIDIÁRIAS QUE
pública ou sociedade de economia mista pelo prazo mínimo de 5 EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO OU CO-
(cinco) anos, contado a partir do último dia de mandato do membro MERCIALIZAÇÃO DE BENS OU DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS,
do Comitê de Auditoria Estatutário. AINDA QUE A ATIVIDADE ECONÔMICA ESTEJA SUJEITA AO
REGIME DE MONOPÓLIO DA UNIÃO OU SEJA DE PRESTAÇÃO
SEÇÃO VIII DE SERVIÇOS PÚBLICOS.
DO CONSELHO FISCAL
CAPÍTULO I
Art. 26. Além das normas previstas nesta Lei, aplicam-se aos DAS LICITAÇÕES
membros do Conselho Fiscal da empresa pública e da sociedade de
economia mista as disposições previstas na Lei nº 6.404, de 15 de SEÇÃO I
dezembro de 1976 , relativas a seus poderes, deveres e responsa- DA EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO E DOS CASOS DE DISPENSA E DE
bilidades, a requisitos e impedimentos para investidura e a remu- INEXIGIBILIDADE
neração, além de outras disposições estabelecidas na referida Lei.
§1º Podem ser membros do Conselho Fiscal pessoas naturais, Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de
residentes no País, com formação acadêmica compatível com o serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista,
exercício da função e que tenham exercido, por prazo mínimo de 3 inclusive de engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação
(três) anos, cargo de direção ou assessoramento na administração de bens, à alienação de bens e ativos integrantes do respectivo pa-
pública ou cargo de conselheiro fiscal ou administrador em empre- trimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse patri-
sa. mônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens,
§2º O Conselho Fiscal contará com pelo menos 1 (um) mem- serão precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as
bro indicado pelo ente controlador, que deverá ser servidor público hipóteses previstas nos arts. 29 e 30.
com vínculo permanente com a administração pública. §1º Aplicam-se às licitações das empresas públicas e das socie-
dades de economia mista as disposições constantes dos arts. 42 a
CAPÍTULO III 49 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 .
DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA PÚBLICA E DA SOCIEDADE §2º O convênio ou contrato de patrocínio celebrado com pes-
DE ECONOMIA MISTA soas físicas ou jurídicas de que trata o §3º do art. 27 observará, no
que couber, as normas de licitação e contratos desta Lei.
Art. 27. A empresa pública e a sociedade de economia mista te- §3º São as empresas públicas e as sociedades de economia
rão a função social de realização do interesse coletivo ou de atendi- mista dispensadas da observância dos dispositivos deste Capítulo
mento a imperativo da segurança nacional expressa no instrumento nas seguintes situações:
de autorização legal para a sua criação. I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta,
§1º A realização do interesse coletivo de que trata este artigo pelas empresas mencionadas no caput , de produtos, serviços ou
deverá ser orientada para o alcance do bem-estar econômico e para obras especificamente relacionados com seus respectivos objetos
a alocação socialmente eficiente dos recursos geridos pela empre- sociais;
sa pública e pela sociedade de economia mista, bem como para o II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a
seguinte: suas características particulares, vinculada a oportunidades de ne-
I - ampliação economicamente sustentada do acesso de consu- gócio definidas e específicas, justificada a inviabilidade de procedi-
midores aos produtos e serviços da empresa pública ou da socieda- mento competitivo.
de de economia mista; §4º Consideram-se oportunidades de negócio a que se refe-
II - desenvolvimento ou emprego de tecnologia brasileira para re o inciso II do §3º a formação e a extinção de parcerias e outras
produção e oferta de produtos e serviços da empresa pública ou da formas associativas, societárias ou contratuais, a aquisição e a alie-
sociedade de economia mista, sempre de maneira economicamen- nação de participação em sociedades e outras formas associativas,
te justificada. societárias ou contratuais e as operações realizadas no âmbito do
§2º A empresa pública e a sociedade de economia mista de- mercado de capitais, respeitada a regulação pelo respectivo órgão
verão, nos termos da lei, adotar práticas de sustentabilidade am- competente.
biental e de responsabilidade social corporativa compatíveis com o Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas
mercado em que atuam. públicas e sociedades de economia mista:
§3º A empresa pública e a sociedade de economia mista po- I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$
derão celebrar convênio ou contrato de patrocínio com pessoa fí- 100.000,00 (cem mil reais), desde que não se refiram a parcelas de
sica ou com pessoa jurídica para promoção de atividades culturais, uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras e serviços de mesma
sociais, esportivas, educacionais e de inovação tecnológica, desde natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
que comprovadamente vinculadas ao fortalecimento de sua marca, concomitantemente;
observando-se, no que couber, as normas de licitação e contratos II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00
desta Lei. (cinquenta mil reais) e para alienações, nos casos previstos nesta
Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizado de uma
só vez;
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III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e gência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo
essa, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipa-
a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como mentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
para suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condi- bens necessários ao atendimento da situação emergencial e para
ções preestabelecidas; as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional ou contado da ocorrência da emergência, vedada a prorrogação dos
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes; respectivos contratos, observado o disposto no §2º ;
V - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da adminis-
mento de suas finalidades precípuas, quando as necessidades de tração pública, inclusive quando efetivada mediante permuta;
instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, desde XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo ava- social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socio-
liação prévia; econômica relativamente à escolha de outra forma de alienação;
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e de
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que dívida e de bens que produzam ou comercializem. (Vide ADIN 5624)
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as (Vide ADIN 5846) (Vide ADIN 5924) (Vide ADIN 6029)
mesmas condições do contrato encerrado por rescisão ou distrato, §1º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação
inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; nos termos do inciso VI do caput , a empresa pública e a sociedade
VII - na contratação de instituição brasileira incumbida regi- de economia mista poderão convocar os licitantes remanescentes,
mental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen- na ordem de classificação, para a celebração do contrato nas condi-
volvimento institucional ou de instituição dedicada à recuperação ções ofertadas por estes, desde que o respectivo valor seja igual ou
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável inferior ao orçamento estimado para a contratação, inclusive quan-
reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; to aos preços atualizados nos termos do instrumento convocatório.
VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem na- §2º A contratação direta com base no inciso XV do caput não
cional ou estrangeira necessários à manutenção de equipamentos dispensará a responsabilização de quem, por ação ou omissão, te-
durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original nha dado causa ao motivo ali descrito, inclusive no tocante ao dis-
desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for in- posto na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 .
dispensável para a vigência da garantia; §3º Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput podem
IX - na contratação de associação de pessoas com deficiência ser alterados, para refletir a variação de custos, por deliberação
física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, para a pres- do Conselho de Administração da empresa pública ou sociedade
tação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o de economia mista, admitindo-se valores diferenciados para cada
preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; sociedade.
X - na contratação de concessionário, permissionário ou auto- Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabili-
rizado para fornecimento ou suprimento de energia elétrica ou gás dade de competição, em especial na hipótese de:
natural e de outras prestadoras de serviço público, segundo as nor- I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só
mas da legislação específica, desde que o objeto do contrato tenha possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante co-
pertinência com o serviço público. mercial exclusivo;
XI - nas contratações entre empresas públicas ou sociedades de II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados,
economia mista e suas respectivas subsidiárias, para aquisição ou com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a
alienação de bens e prestação ou obtenção de serviços, desde que inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação:
os preços sejam compatíveis com os praticados no mercado e que a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou exe-
o objeto do contrato tenha relação com a atividade da contratada cutivos;
prevista em seu estatuto social; b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
XII - na contratação de coleta, processamento e comerciali- c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras
zação de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em ou tributárias;
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa- d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser-
ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas viços;
de baixa renda que tenham como ocupação econômica a coleta de e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou §1º Considera-se de notória especialização o profissional ou a
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexi- empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
dade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão de desempenho anterior, estudos, experiência, publicações, orga-
especialmente designada pelo dirigente máximo da empresa públi- nização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos rela-
ca ou da sociedade de economia mista; cionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é
XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de do objeto do contrato.
2004 , observados os princípios gerais de contratação dela cons- §2º Na hipótese do caput e em qualquer dos casos de dispen-
tantes; sa, se comprovado, pelo órgão de controle externo, sobrepreço ou
XV - em situações de emergência, quando caracterizada ur- superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado
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quem houver decidido pela contratação direta e o fornecedor ou o sa de mercado.


prestador de serviços. §4º A empresa pública e a sociedade de economia mista po-
§3º O processo de contratação direta será instruído, no que derão adotar procedimento de manifestação de interesse privado
couber, com os seguintes elementos: para o recebimento de propostas e projetos de empreendimentos
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que com vistas a atender necessidades previamente identificadas, ca-
justifique a dispensa, quando for o caso; bendo a regulamento a definição de suas regras específicas.
II - razão da escolha do fornecedor ou do executante; §5º Na hipótese a que se refere o §4º, o autor ou financiador
III - justificativa do preço. do projeto poderá participar da licitação para a execução do em-
preendimento, podendo ser ressarcido pelos custos aprovados pela
SEÇÃO II empresa pública ou sociedade de economia mista caso não vença
DISPOSIÇÕES DE CARÁTER GERAL SOBRE LICITAÇÕES E CON- o certame, desde que seja promovida a cessão de direitos de que
TRATOS trata o art. 80.
Art. 32. Nas licitações e contratos de que trata esta Lei serão
Art. 31. As licitações realizadas e os contratos celebrados por observadas as seguintes diretrizes:
empresas públicas e sociedades de economia mista destinam-se a I - padronização do objeto da contratação, dos instrumentos
assegurar a seleção da proposta mais vantajosa, inclusive no que convocatórios e das minutas de contratos, de acordo com normas
se refere ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que internas específicas;
se caracterize sobrepreço ou superfaturamento, devendo observar II - busca da maior vantagem competitiva para a empresa públi-
os princípios da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da ca ou sociedade de economia mista, considerando custos e benefí-
publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da econo- cios, diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou ambien-
micidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação tal, inclusive os relativos à manutenção, ao desfazimento de bens e
ao instrumento convocatório, da obtenção de competitividade e do resíduos, ao índice de depreciação econômica e a outros fatores de
julgamento objetivo. igual relevância;
§1º Para os fins do disposto no caput , considera-se que há: III - parcelamento do objeto, visando a ampliar a participação
I - sobrepreço quando os preços orçados para a licitação ou os de licitantes, sem perda de economia de escala, e desde que não
preços contratados são expressivamente superiores aos preços re- atinja valores inferiores aos limites estabelecidos no art. 29, incisos
ferenciais de mercado, podendo referir-se ao valor unitário de um I e II;
item, se a licitação ou a contratação for por preços unitários de ser- IV - adoção preferencial da modalidade de licitação denomina-
viço, ou ao valor global do objeto, se a licitação ou a contratação for da pregão, instituída pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 ,
por preço global ou por empreitada; para a aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados
II - superfaturamento quando houver dano ao patrimônio da aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser ob-
empresa pública ou da sociedade de economia mista caracterizado, jetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usu-
por exemplo: ais no mercado;
a) pela medição de quantidades superiores às efetivamente V - observação da política de integridade nas transações com
executadas ou fornecidas; partes interessadas.
b) pela deficiência na execução de obras e serviços de enge- §1º As licitações e os contratos disciplinados por esta Lei de-
nharia que resulte em diminuição da qualidade, da vida útil ou da vem respeitar, especialmente, as normas relativas à:
segurança; I - disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só-
c) por alterações no orçamento de obras e de serviços de enge- lidos gerados pelas obras contratadas;
nharia que causem o desequilíbrio econômico-financeiro do contra- II - mitigação dos danos ambientais por meio de medidas con-
to em favor do contratado; dicionantes e de compensação ambiental, que serão definidas no
d) por outras alterações de cláusulas financeiras que gerem procedimento de licenciamento ambiental;
recebimentos contratuais antecipados, distorção do cronograma III - utilização de produtos, equipamentos e serviços que, com-
físico-financeiro, prorrogação injustificada do prazo contratual com provadamente, reduzam o consumo de energia e de recursos na-
custos adicionais para a empresa pública ou a sociedade de econo- turais;
mia mista ou reajuste irregular de preços. IV - avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação
§2º O orçamento de referência do custo global de obras e servi- urbanística;
ços de engenharia deverá ser obtido a partir de custos unitários de V - proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus corres- imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
pondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da reto causado por investimentos realizados por empresas públicas e
Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em geral, ou no sociedades de economia mista;
Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), no caso de obras VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobi-
e serviços rodoviários, devendo ser observadas as peculiaridades lidade reduzida.
geográficas. §2º A contratação a ser celebrada por empresa pública ou so-
§3º No caso de inviabilidade da definição dos custos consoante ciedade de economia mista da qual decorra impacto negativo so-
o disposto no §2º, a estimativa de custo global poderá ser apurada bre bens do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial
por meio da utilização de dados contidos em tabela de referência tombados dependerá de autorização da esfera de governo encar-
formalmente aprovada por órgãos ou entidades da administração regada da proteção do respectivo patrimônio, devendo o impacto
pública federal, em publicações técnicas especializadas, em banco ser compensado por meio de medidas determinadas pelo dirigente
de dados e sistema específico instituído para o setor ou em pesqui- máximo da empresa pública ou sociedade de economia mista, na
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forma da legislação aplicável. pedida ou declarada inidônea;


§3º As licitações na modalidade de pregão, na forma eletrôni- V - cujo administrador seja sócio de empresa suspensa, impedi-
ca, deverão ser realizadas exclusivamente em portais de compras da ou declarada inidônea;
de acesso público na internet. VI - constituída por sócio que tenha sido sócio ou administra-
§4º Nas licitações com etapa de lances, a empresa pública ou dor de empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no pe-
sociedade de economia mista disponibilizará ferramentas eletrôni- ríodo dos fatos que deram ensejo à sanção;
cas para envio de lances pelos licitantes. VII - cujo administrador tenha sido sócio ou administrador de
Art. 33. O objeto da licitação e do contrato dela decorrente será empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período
definido de forma sucinta e clara no instrumento convocatório. dos fatos que deram ensejo à sanção;
Art. 34. O valor estimado do contrato a ser celebrado pela em- VIII - que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que parti-
presa pública ou pela sociedade de economia mista será sigiloso, cipou, em razão de vínculo de mesma natureza, de empresa decla-
facultando-se à contratante, mediante justificação na fase de pre- rada inidônea.
paração prevista no inciso I do art. 51 desta Lei, conferir publicidade Parágrafo único. Aplica-se a vedação prevista no caput :
ao valor estimado do objeto da licitação, sem prejuízo da divulgação I - à contratação do próprio empregado ou dirigente, como pes-
do detalhamento dos quantitativos e das demais informações ne- soa física, bem como à participação dele em procedimentos licitató-
cessárias para a elaboração das propostas. rios, na condição de licitante;
§1º Na hipótese em que for adotado o critério de julgamento II - a quem tenha relação de parentesco, até o terceiro grau
por maior desconto, a informação de que trata o caput deste artigo civil, com:
constará do instrumento convocatório. a) dirigente de empresa pública ou sociedade de economia
§2º No caso de julgamento por melhor técnica, o valor do prê- mista;
mio ou da remuneração será incluído no instrumento convocatório. b) empregado de empresa pública ou sociedade de economia
§3º A informação relativa ao valor estimado do objeto da lici- mista cujas atribuições envolvam a atuação na área responsável
tação, ainda que tenha caráter sigiloso, será disponibilizada a ór- pela licitação ou contratação;
gãos de controle externo e interno, devendo a empresa pública ou c) autoridade do ente público a que a empresa pública ou so-
a sociedade de economia mista registrar em documento formal sua ciedade de economia mista esteja vinculada.
disponibilização aos órgãos de controle, sempre que solicitado. III - cujo proprietário, mesmo na condição de sócio, tenha ter-
§4º (VETADO). minado seu prazo de gestão ou rompido seu vínculo com a respecti-
Art. 35. Observado o disposto no art. 34, o conteúdo da pro- va empresa pública ou sociedade de economia mista promotora da
posta, quando adotado o modo de disputa fechado e até sua aber- licitação ou contratante há menos de 6 (seis) meses.
tura, os atos e os procedimentos praticados em decorrência desta Art. 39. Os procedimentos licitatórios, a pré-qualificação e os
Lei submetem-se à legislação que regula o acesso dos cidadãos às contratos disciplinados por esta Lei serão divulgados em portal es-
informações detidas pela administração pública, particularmente pecífico mantido pela empresa pública ou sociedade de economia
aos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 . mista na internet, devendo ser adotados os seguintes prazos míni-
Art. 36. A empresa pública e a sociedade de economia mista mos para apresentação de propostas ou lances, contados a partir da
poderão promover a pré-qualificação de seus fornecedores ou pro- divulgação do instrumento convocatório:
dutos, nos termos do art. 64. I - para aquisição de bens:
Art. 37. A empresa pública e a sociedade de economia mista a) 5 (cinco) dias úteis, quando adotado como critério de julga-
deverão informar os dados relativos às sanções por elas aplicadas mento o menor preço ou o maior desconto;
aos contratados, nos termos definidos no art. 83, de forma a man- b) 10 (dez) dias úteis, nas demais hipóteses;
ter atualizado o cadastro de empresas inidôneas de que trata o art. II - para contratação de obras e serviços:
23 da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 . a) 15 (quinze) dias úteis, quando adotado como critério de jul-
§1º O fornecedor incluído no cadastro referido no caput não gamento o menor preço ou o maior desconto;
poderá disputar licitação ou participar, direta ou indiretamente, da b) 30 (trinta) dias úteis, nas demais hipóteses;
execução de contrato. III - no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias úteis para licitação
§2º Serão excluídos do cadastro referido no caput , a qualquer em que se adote como critério de julgamento a melhor técnica ou a
tempo, fornecedores que demonstrarem a superação dos motivos melhor combinação de técnica e preço, bem como para licitação em
que deram causa à restrição contra eles promovida. que haja contratação semi-integrada ou integrada.
Art. 38. Estará impedida de participar de licitações e de ser con- Parágrafo único. As modificações promovidas no instrumento
tratada pela empresa pública ou sociedade de economia mista a convocatório serão objeto de divulgação nos mesmos termos e pra-
empresa: zos dos atos e procedimentos originais, exceto quando a alteração
I - cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5% (cinco não afetar a preparação das propostas.
por cento) do capital social seja diretor ou empregado da empresa Art. 40. As empresas públicas e as sociedades de economia
pública ou sociedade de economia mista contratante; mista deverão publicar e manter atualizado regulamento interno de
II - suspensa pela empresa pública ou sociedade de economia licitações e contratos, compatível com o disposto nesta Lei, espe-
mista; cialmente quanto a:
III - declarada inidônea pela União, por Estado, pelo Distrito Fe- I - glossário de expressões técnicas;
deral ou pela unidade federativa a que está vinculada a empresa II - cadastro de fornecedores;
pública ou sociedade de economia mista, enquanto perdurarem os III - minutas-padrão de editais e contratos;
efeitos da sanção; IV - procedimentos de licitação e contratação direta;
IV - constituída por sócio de empresa que estiver suspensa, im- V - tramitação de recursos;
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VI - formalização de contratos; VIII - projeto básico: conjunto de elementos necessários e su-


VII - gestão e fiscalização de contratos; ficientes, com nível de precisão adequado, para, observado o dis-
VIII - aplicação de penalidades; posto no §3º, caracterizar a obra ou o serviço, ou o complexo de
IX - recebimento do objeto do contrato. obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com base nas
Art. 41. Aplicam-se às licitações e contratos regidos por esta indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a viabi-
Lei as normas de direito penal contidas nos arts. 89 a 99 da Lei nº lidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
8.666, de 21 de junho de 1993 . empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
SEÇÃO III seguintes elementos:
DAS NORMAS ESPECÍFICAS PARA OBRAS E SERVIÇOS a) desenvolvimento da solução escolhida, de forma a fornecer
visão global da obra e a identificar todos os seus elementos consti-
Art. 42. Na licitação e na contratação de obras e serviços por tutivos com clareza;
empresas públicas e sociedades de economia mista, serão observa- b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente de-
das as seguintes definições: talhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou
I - empreitada por preço unitário: contratação por preço certo de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e
de unidades determinadas; de realização das obras e montagem;
II - empreitada por preço global: contratação por preço certo c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais
e total; e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especifica-
III - tarefa: contratação de mão de obra para pequenos traba- ções, de modo a assegurar os melhores resultados para o empre-
lhos por preço certo, com ou sem fornecimento de material; endimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
IV - empreitada integral: contratação de empreendimento em d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de mé-
sua integralidade, com todas as etapas de obras, serviços e instala- todos construtivos, instalações provisórias e condições organiza-
ções necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a cionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, execução;
atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em con- e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da
dições de segurança estrutural e operacional e com as característi- obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de supri-
cas adequadas às finalidades para as quais foi contratada; mentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em
V - contratação semi-integrada: contratação que envolve a ela- cada caso;
boração e o desenvolvimento do projeto executivo, a execução de f) (VETADO);
obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de tes- IX - projeto executivo: conjunto dos elementos necessários e
tes, a pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas
para a entrega final do objeto, de acordo com o estabelecido nos técnicas pertinentes;
§§1º e 3º deste artigo; X - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e
VI - contratação integrada: contratação que envolve a elabora- responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio
ção e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execu- econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus finan-
ção de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização ceiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, conten-
de testes, a pré-operação e as demais operações necessárias e sufi- do, no mínimo, as seguintes informações:
cientes para a entrega final do objeto, de acordo com o estabeleci- a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura
do nos §§1º, 2º e 3º deste artigo; do contrato, impactantes no equilíbrio econômico-financeiro da
VII - anteprojeto de engenharia: peça técnica com todos os ele- avença, e previsão de eventual necessidade de prolação de termo
mentos de contornos necessários e fundamentais à elaboração do aditivo quando de sua ocorrência;
projeto básico, devendo conter minimamente os seguintes elemen- b) estabelecimento preciso das frações do objeto em que ha-
tos: verá liberdade das contratadas para inovar em soluções metodoló-
a) demonstração e justificativa do programa de necessidades, gicas ou tecnológicas, em obrigações de resultado, em termos de
visão global dos investimentos e definições relacionadas ao nível de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto
serviço desejado; ou no projeto básico da licitação;
b) condições de solidez, segurança e durabilidade e prazo de c) estabelecimento preciso das frações do objeto em que não
entrega; haverá liberdade das contratadas para inovar em soluções meto-
c) estética do projeto arquitetônico; dológicas ou tecnológicas, em obrigações de meio, devendo haver
d) parâmetros de adequação ao interesse público, à economia obrigação de identidade entre a execução e a solução pré-definida
na utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais e no anteprojeto ou no projeto básico da licitação.
à acessibilidade; §1º As contratações semi-integradas e integradas referidas,
e) concepção da obra ou do serviço de engenharia; respectivamente, nos incisos V e VI do caput deste artigo restringir-
f) projetos anteriores ou estudos preliminares que embasaram -se-ão a obras e serviços de engenharia e observarão os seguintes
a concepção adotada; requisitos:
g) levantamento topográfico e cadastral; I - o instrumento convocatório deverá conter:
h) pareceres de sondagem; a) anteprojeto de engenharia, no caso de contratação integra-
i) memorial descritivo dos elementos da edificação, dos com- da, com elementos técnicos que permitam a caracterização da obra
ponentes construtivos e dos materiais de construção, de forma a ou do serviço e a elaboração e comparação, de forma isonômica,
estabelecer padrões mínimos para a contratação; das propostas a serem ofertadas pelos particulares;
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b) projeto básico, nos casos de empreitada por preço unitário, por sua natureza, possuam imprecisão inerente de quantitativos
de empreitada por preço global, de empreitada integral e de contra- em seus itens orçamentários;
tação semi-integrada, nos termos definidos neste artigo; II - empreitada por preço global, quando for possível definir
c) documento técnico, com definição precisa das frações do previamente no projeto básico, com boa margem de precisão, as
empreendimento em que haverá liberdade de as contratadas ino- quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na
varem em soluções metodológicas ou tecnológicas, seja em termos fase contratual;
de modificação das soluções previamente delineadas no antepro- III - contratação por tarefa, em contratações de profissionais
jeto ou no projeto básico da licitação, seja em termos de detalha- autônomos ou de pequenas empresas para realização de serviços
mento dos sistemas e procedimentos construtivos previstos nessas técnicos comuns e de curta duração;
peças técnicas; IV - empreitada integral, nos casos em que o contratante neces-
d) matriz de riscos; site receber o empreendimento, normalmente de alta complexida-
II - o valor estimado do objeto a ser licitado será calculado com de, em condição de operação imediata;
base em valores de mercado, em valores pagos pela administração V - contratação semi-integrada, quando for possível definir pre-
pública em serviços e obras similares ou em avaliação do custo glo- viamente no projeto básico as quantidades dos serviços a serem
bal da obra, aferido mediante orçamento sintético ou metodologia posteriormente executados na fase contratual, em obra ou serviço
expedita ou paramétrica; de engenharia que possa ser executado com diferentes metodolo-
III - o critério de julgamento a ser adotado será o de menor pre- gias ou tecnologias;
ço ou de melhor combinação de técnica e preço, pontuando-se na VI - contratação integrada, quando a obra ou o serviço de en-
avaliação técnica as vantagens e os benefícios que eventualmente genharia for de natureza predominantemente intelectual e de ino-
forem oferecidos para cada produto ou solução; vação tecnológica do objeto licitado ou puder ser executado com
IV - na contratação semi-integrada, o projeto básico poderá diferentes metodologias ou tecnologias de domínio restrito no mer-
ser alterado, desde que demonstrada a superioridade das inova- cado.
ções em termos de redução de custos, de aumento da qualidade, §1º Serão obrigatoriamente precedidas pela elaboração de
de redução do prazo de execução e de facilidade de manutenção projeto básico, disponível para exame de qualquer interessado, as
ou operação. licitações para a contratação de obras e serviços, com exceção da-
§2º No caso dos orçamentos das contratações integradas: quelas em que for adotado o regime previsto no inciso VI do caput
I - sempre que o anteprojeto da licitação, por seus elementos deste artigo.
mínimos, assim o permitir, as estimativas de preço devem se basear §2º É vedada a execução, sem projeto executivo, de obras e
em orçamento tão detalhado quanto possível, devendo a utilização serviços de engenharia.
de estimativas paramétricas e a avaliação aproximada baseada em Art. 44. É vedada a participação direta ou indireta nas licitações
outras obras similares ser realizadas somente nas frações do em- para obras e serviços de engenharia de que trata esta Lei:
preendimento não suficientemente detalhadas no anteprojeto da I - de pessoa física ou jurídica que tenha elaborado o antepro-
licitação, exigindo-se das contratadas, no mínimo, o mesmo nível jeto ou o projeto básico da licitação;
de detalhamento em seus demonstrativos de formação de preços; II - de pessoa jurídica que participar de consórcio responsável
II - quando utilizada metodologia expedita ou paramétrica para pela elaboração do anteprojeto ou do projeto básico da licitação;
abalizar o valor do empreendimento ou de fração dele, considera- III - de pessoa jurídica da qual o autor do anteprojeto ou do
das as disposições do inciso I, entre 2 (duas) ou mais técnicas esti- projeto básico da licitação seja administrador, controlador, geren-
mativas possíveis, deve ser utilizada nas estimativas de preço-base te, responsável técnico, subcontratado ou sócio, neste último caso
a que viabilize a maior precisão orçamentária, exigindo-se das lici- quando a participação superar 5% (cinco por cento) do capital vo-
tantes, no mínimo, o mesmo nível de detalhamento na motivação tante.
dos respectivos preços ofertados. §1º A elaboração do projeto executivo constituirá encargo do
§3º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos contratado, consoante preço previamente fixado pela empresa pú-
decorrentes de fatos supervenientes à contratação associados à blica ou pela sociedade de economia mista.
escolha da solução de projeto básico pela contratante deverão ser §2º É permitida a participação das pessoas jurídicas e da pes-
alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos. soa física de que tratam os incisos II e III do caput deste artigo em
§4º No caso de licitação de obras e serviços de engenharia, as licitação ou em execução de contrato, como consultor ou técnico,
empresas públicas e as sociedades de economia mista abrangidas nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusi-
por esta Lei deverão utilizar a contratação semi-integrada, prevista vamente a serviço da empresa pública e da sociedade de economia
no inciso V do caput , cabendo a elas a elaboração ou a contrata- mista interessadas.
ção do projeto básico antes da licitação de que trata este parágrafo, §3º Para fins do disposto no caput , considera-se participação
podendo ser utilizadas outras modalidades previstas nos incisos do indireta a existência de vínculos de natureza técnica, comercial,
caput deste artigo, desde que essa opção seja devidamente justifi- econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto bási-
cada. co, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos servi-
§5º Para fins do previsto na parte final do §4º, não será admi- ços, fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens
tida, por parte da empresa pública ou da sociedade de economia e serviços a estes necessários.
mista, como justificativa para a adoção da modalidade de contrata- §4º O disposto no §3º deste artigo aplica-se a empregados in-
ção integrada, a ausência de projeto básico. cumbidos de levar a efeito atos e procedimentos realizados pela
Art. 43. Os contratos destinados à execução de obras e serviços empresa pública e pela sociedade de economia mista no curso da
de engenharia admitirão os seguintes regimes: licitação.
I - empreitada por preço unitário, nos casos em que os objetos, Art. 45. Na contratação de obras e serviços, inclusive de enge-
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nharia, poderá ser estabelecida remuneração variável vinculada ao Art. 50. Estendem-se à atribuição de ônus real a bens integran-
desempenho do contratado, com base em metas, padrões de qua- tes do acervo patrimonial de empresas públicas e de sociedades
lidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazos de entrega de economia mista as normas desta Lei aplicáveis à sua alienação,
definidos no instrumento convocatório e no contrato. inclusive em relação às hipóteses de dispensa e de inexigibilidade
Parágrafo único. A utilização da remuneração variável respeita- de licitação.
rá o limite orçamentário fixado pela empresa pública ou pela socie-
dade de economia mista para a respectiva contratação. SEÇÃO VI
Art. 46. Mediante justificativa expressa e desde que não impli- DO PROCEDIMENTO DE LICITAÇÃO
que perda de economia de escala, poderá ser celebrado mais de
um contrato para executar serviço de mesma natureza quando o Art. 51. As licitações de que trata esta Lei observarão a seguinte
objeto da contratação puder ser executado de forma concorrente e sequência de fases:
simultânea por mais de um contratado. I - preparação;
§1º Na hipótese prevista no caput deste artigo, será mantido II - divulgação;
controle individualizado da execução do objeto contratual relativa- III - apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de
mente a cada um dos contratados. disputa adotado;
§2º (VETADO). IV - julgamento;
V - verificação de efetividade dos lances ou propostas;
SEÇÃO IV VI - negociação;
DAS NORMAS ESPECÍFICAS PARA AQUISIÇÃO DE BENS VII - habilitação;
VIII - interposição de recursos;
Art. 47. A empresa pública e a sociedade de economia mista, na IX - adjudicação do objeto;
licitação para aquisição de bens, poderão: X - homologação do resultado ou revogação do procedimento.
I - indicar marca ou modelo, nas seguintes hipóteses: §1º A fase de que trata o inciso VII do caput poderá, excepcio-
a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto; nalmente, anteceder as referidas nos incisos III a VI do caput , desde
b) quando determinada marca ou modelo comercializado por que expressamente previsto no instrumento convocatório.
mais de um fornecedor constituir o único capaz de atender o objeto §2º Os atos e procedimentos decorrentes das fases enumera-
do contrato; das no caput praticados por empresas públicas, por sociedades de
c) quando for necessária, para compreensão do objeto, a iden- economia mista e por licitantes serão efetivados preferencialmente
tificação de determinada marca ou modelo apto a servir como refe- por meio eletrônico, nos termos definidos pelo instrumento con-
rência, situação em que será obrigatório o acréscimo da expressão vocatório, devendo os avisos contendo os resumos dos editais das
“ou similar ou de melhor qualidade”; licitações e contratos abrangidos por esta Lei ser previamente pu-
II - exigir amostra do bem no procedimento de pré-qualificação blicados no Diário Oficial da União, do Estado ou do Município e na
e na fase de julgamento das propostas ou de lances, desde que jus- internet.
tificada a necessidade de sua apresentação; Art. 52. Poderão ser adotados os modos de disputa aberto ou
III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou do pro- fechado, ou, quando o objeto da licitação puder ser parcelado, a
cesso de fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, por institui- combinação de ambos, observado o disposto no inciso III do art.
ção previamente credenciada. 32 desta Lei.
Parágrafo único. O edital poderá exigir, como condição de acei- §1º No modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão lan-
tabilidade da proposta, a adequação às normas da Associação Bra- ces públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o
sileira de Normas Técnicas (ABNT) ou a certificação da qualidade critério de julgamento adotado.
do produto por instituição credenciada pelo Sistema Nacional de §2º No modo de disputa fechado, as propostas apresentadas
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro) . pelos licitantes serão sigilosas até a data e a hora designadas para
Art. 48. Será dada publicidade, com periodicidade mínima se- que sejam divulgadas.
mestral, em sítio eletrônico oficial na internet de acesso irrestrito, à Art. 53. Quando for adotado o modo de disputa aberto, pode-
relação das aquisições de bens efetivadas pelas empresas públicas rão ser admitidos:
e pelas sociedades de economia mista, compreendidas as seguintes I - a apresentação de lances intermediários;
informações: II - o reinício da disputa aberta, após a definição do melhor lan-
I - identificação do bem comprado, de seu preço unitário e da ce, para definição das demais colocações, quando existir diferença
quantidade adquirida; de pelo menos 10% (dez por cento) entre o melhor lance e o sub-
II - nome do fornecedor; sequente.
III - valor total de cada aquisição. Parágrafo único. Consideram-se intermediários os lances:
I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o
SEÇÃO V julgamento pelo critério da maior oferta;
DAS NORMAS ESPECÍFICAS PARA ALIENAÇÃO DE BENS II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados
os demais critérios de julgamento.
Art. 49. A alienação de bens por empresas públicas e por socie- Art. 54. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de julga-
dades de economia mista será precedida de: mento:
I - avaliação formal do bem contemplado, ressalvadas as hipó- I - menor preço;
teses previstas nos incisos XVI a XVIII do art. 29; II - maior desconto;
II - licitação, ressalvado o previsto no §3º do art. 28. III - melhor combinação de técnica e preço;
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IV - melhor técnica; II - descumpram especificações técnicas constantes do instru-


V - melhor conteúdo artístico; mento convocatório;
VI - maior oferta de preço; III - apresentem preços manifestamente inexequíveis;
VII - maior retorno econômico; IV - se encontrem acima do orçamento estimado para a contra-
VIII - melhor destinação de bens alienados. tação de que trata o §1º do art. 57, ressalvada a hipótese prevista
§1º Os critérios de julgamento serão expressamente identifi- no caput do art. 34 desta Lei;
cados no instrumento convocatório e poderão ser combinados na V - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exi-
hipótese de parcelamento do objeto, observado o disposto no inci- gido pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista;
so III do art. 32. VI - apresentem desconformidade com outras exigências do
§2º Na hipótese de adoção dos critérios referidos nos incisos instrumento convocatório, salvo se for possível a acomodação a
III, IV, V e VII do caput deste artigo, o julgamento das propostas será seus termos antes da adjudicação do objeto e sem que se prejudi-
efetivado mediante o emprego de parâmetros específicos, defini- que a atribuição de tratamento isonômico entre os licitantes.
dos no instrumento convocatório, destinados a limitar a subjetivi- §1º A verificação da efetividade dos lances ou propostas pode-
dade do julgamento. rá ser feita exclusivamente em relação aos lances e propostas mais
§3º Para efeito de julgamento, não serão consideradas vanta- bem classificados.
gens não previstas no instrumento convocatório. §2º A empresa pública e a sociedade de economia mista pode-
§4º O critério previsto no inciso II do caput : rão realizar diligências para aferir a exequibilidade das propostas ou
I - terá como referência o preço global fixado no instrumento exigir dos licitantes que ela seja demonstrada, na forma do inciso V
convocatório, estendendo-se o desconto oferecido nas propostas do caput .
ou lances vencedores a eventuais termos aditivos; §3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia, conside-
II - no caso de obras e serviços de engenharia, o desconto in- ram-se inexequíveis as propostas com valores globais inferiores a
cidirá de forma linear sobre a totalidade dos itens constantes do 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
orçamento estimado, que deverá obrigatoriamente integrar o ins- I - média aritmética dos valores das propostas superiores a 50%
trumento convocatório. (cinquenta por cento) do valor do orçamento estimado pela empre-
§5º Quando for utilizado o critério referido no inciso III do sa pública ou sociedade de economia mista; ou
caput , a avaliação das propostas técnicas e de preço considerará o II - valor do orçamento estimado pela empresa pública ou so-
percentual de ponderação mais relevante, limitado a 70% (setenta ciedade de economia mista.
por cento). §4º Para os demais objetos, para efeito de avaliação da exequi-
§6º Quando for utilizado o critério referido no inciso VII do bilidade ou de sobrepreço, deverão ser estabelecidos critérios de
caput , os lances ou propostas terão o objetivo de proporcionar aceitabilidade de preços que considerem o preço global, os quanti-
economia à empresa pública ou à sociedade de economia mista, tativos e os preços unitários, assim definidos no instrumento con-
por meio da redução de suas despesas correntes, remunerando-se vocatório.
o licitante vencedor com base em percentual da economia de re- Art. 57. Confirmada a efetividade do lance ou proposta que ob-
cursos gerada. teve a primeira colocação na etapa de julgamento, ou que passe a
§7º Na implementação do critério previsto no inciso VIII do ocupar essa posição em decorrência da desclassificação de outra
caput deste artigo, será obrigatoriamente considerada, nos termos que tenha obtido colocação superior, a empresa pública e a socie-
do respectivo instrumento convocatório, a repercussão, no meio dade de economia mista deverão negociar condições mais vantajo-
social, da finalidade para cujo atendimento o bem será utilizado sas com quem o apresentou.
pelo adquirente. §1º A negociação deverá ser feita com os demais licitantes, se-
§8º O descumprimento da finalidade a que se refere o §7º gundo a ordem inicialmente estabelecida, quando o preço do pri-
deste artigo resultará na imediata restituição do bem alcançado ao meiro colocado, mesmo após a negociação, permanecer acima do
acervo patrimonial da empresa pública ou da sociedade de econo- orçamento estimado.
mia mista, vedado, nessa hipótese, o pagamento de indenização em §2º (VETADO).
favor do adquirente. §3º Se depois de adotada a providência referida no §1º deste
Art. 55. Em caso de empate entre 2 (duas) propostas, serão uti- artigo não for obtido valor igual ou inferior ao orçamento estimado
lizados, na ordem em que se encontram enumerados, os seguintes para a contratação, será revogada a licitação.
critérios de desempate: Art. 58. A habilitação será apreciada exclusivamente a partir
I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão apre- dos seguintes parâmetros:
sentar nova proposta fechada, em ato contínuo ao encerramento I - exigência da apresentação de documentos aptos a compro-
da etapa de julgamento; var a possibilidade da aquisição de direitos e da contração de obri-
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, gações por parte do licitante;
desde que exista sistema objetivo de avaliação instituído; II - qualificação técnica, restrita a parcelas do objeto técnica ou
III - os critérios estabelecidos no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 economicamente relevantes, de acordo com parâmetros estabele-
de outubro de 1991 , e no §2º do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de cidos de forma expressa no instrumento convocatório;
junho de 1993 ; III - capacidade econômica e financeira;
IV - sorteio. IV - recolhimento de quantia a título de adiantamento, tratan-
Art. 56. Efetuado o julgamento dos lances ou propostas, será do-se de licitações em que se utilize como critério de julgamento a
promovida a verificação de sua efetividade, promovendo-se a des- maior oferta de preço.
classificação daqueles que: §1º Quando o critério de julgamento utilizado for a maior ofer-
I - contenham vícios insanáveis; ta de preço, os requisitos de qualificação técnica e de capacidade
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econômica e financeira poderão ser dispensados. II - bens que atendam às exigências técnicas e de qualidade da
§2º Na hipótese do §1º, reverterá a favor da empresa pública administração pública.
ou da sociedade de economia mista o valor de quantia eventual- §1º O procedimento de pré-qualificação será público e perma-
mente exigida no instrumento convocatório a título de adiantamen- nentemente aberto à inscrição de qualquer interessado.
to, caso o licitante não efetue o restante do pagamento devido no §2º A empresa pública e a sociedade de economia mista pode-
prazo para tanto estipulado. rão restringir a participação em suas licitações a fornecedores ou
Art. 59. Salvo no caso de inversão de fases, o procedimento produtos pré-qualificados, nas condições estabelecidas em regula-
licitatório terá fase recursal única. mento.
§1º Os recursos serão apresentados no prazo de 5 (cinco) dias §3º A pré-qualificação poderá ser efetuada nos grupos ou seg-
úteis após a habilitação e contemplarão, além dos atos praticados mentos, segundo as especialidades dos fornecedores.
nessa fase, aqueles praticados em decorrência do disposto nos inci- §4º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, contendo al-
sos IV e V do caput do art. 51 desta Lei. guns ou todos os requisitos de habilitação ou técnicos necessários
§2º Na hipótese de inversão de fases, o prazo referido no §1º à contratação, assegurada, em qualquer hipótese, a igualdade de
será aberto após a habilitação e após o encerramento da fase pre- condições entre os concorrentes.
vista no inciso V do caput do art. 51, abrangendo o segundo prazo §5º A pré-qualificação terá validade de 1 (um) ano, no máximo,
também atos decorrentes da fase referida no inciso IV do caput do podendo ser atualizada a qualquer tempo.
art. 51 desta Lei. §6º Na pré-qualificação aberta de produtos, poderá ser exigida
Art. 60. A homologação do resultado implica a constituição de a comprovação de qualidade.
direito relativo à celebração do contrato em favor do licitante ven- §7º É obrigatória a divulgação dos produtos e dos interessados
cedor. que forem pré-qualificados.
Art. 61. A empresa pública e a sociedade de economia mista Art. 65. Os registros cadastrais poderão ser mantidos para efei-
não poderão celebrar contrato com preterição da ordem de classifi- to de habilitação dos inscritos em procedimentos licitatórios e se-
cação das propostas ou com terceiros estranhos à licitação. rão válidos por 1 (um) ano, no máximo, podendo ser atualizados a
Art. 62. Além das hipóteses previstas no §3º do art. 57 desta qualquer tempo.
Lei e no inciso II do §2º do art. 75 desta Lei, quem dispuser de com- §1º Os registros cadastrais serão amplamente divulgados e fi-
petência para homologação do resultado poderá revogar a licitação carão permanentemente abertos para a inscrição de interessados.
por razões de interesse público decorrentes de fato superveniente §2º Os inscritos serão admitidos segundo requisitos previstos
que constitua óbice manifesto e incontornável, ou anulá-la por ile- em regulamento.
galidade, de ofício ou por provocação de terceiros, salvo quando for §3º A atuação do licitante no cumprimento de obrigações assu-
viável a convalidação do ato ou do procedimento viciado. midas será anotada no respectivo registro cadastral.
§1º A anulação da licitação por motivo de ilegalidade não gera §4º A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou can-
obrigação de indenizar, observado o disposto no §2º deste artigo. celado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências
§2º A nulidade da licitação induz à do contrato. estabelecidas para habilitação ou para admissão cadastral.
§3º Depois de iniciada a fase de apresentação de lances ou pro- Art. 66. O Sistema de Registro de Preços especificamente desti-
postas, referida no inciso III do caput do art. 51 desta Lei, a revoga- nado às licitações de que trata esta Lei reger-se-á pelo disposto em
ção ou a anulação da licitação somente será efetivada depois de se decreto do Poder Executivo e pelas seguintes disposições:
conceder aos licitantes que manifestem interesse em contestar o §1º Poderá aderir ao sistema referido no caput qualquer órgão
respectivo ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao ou entidade responsável pela execução das atividades contempla-
contraditório e à ampla defesa. das no art. 1º desta Lei.
§4º O disposto no caput e nos §§1º e 2º deste artigo aplica-se, §2º O registro de preços observará, entre outras, as seguintes
no que couber, aos atos por meio dos quais se determine a contra- condições:
tação direta. I - efetivação prévia de ampla pesquisa de mercado;
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re-
SEÇÃO VII gulamento;
DOS PROCEDIMENTOS AUXILIARES DAS LICITAÇÕES III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle e atuali-
zação periódicos dos preços registrados;
Art. 63. São procedimentos auxiliares das licitações regidas por IV - definição da validade do registro;
esta Lei: V - inclusão, na respectiva ata, do registro dos licitantes que
I - pré-qualificação permanente; aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais ao do licitan-
II - cadastramento; te vencedor na sequência da classificação do certame, assim como
III - sistema de registro de preços; dos licitantes que mantiverem suas propostas originais.
IV - catálogo eletrônico de padronização. §3º A existência de preços registrados não obriga a administra-
Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o caput deste ção pública a firmar os contratos que deles poderão advir, sendo
artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos em regu- facultada a realização de licitação específica, assegurada ao licitante
lamento. registrado preferência em igualdade de condições.
Art. 64. Considera-se pré-qualificação permanente o procedi- Art. 67. O catálogo eletrônico de padronização de compras, ser-
mento anterior à licitação destinado a identificar: viços e obras consiste em sistema informatizado, de gerenciamento
I - fornecedores que reúnam condições de habilitação exigidas centralizado, destinado a permitir a padronização dos itens a serem
para o fornecimento de bem ou a execução de serviço ou obra nos adquiridos pela empresa pública ou sociedade de economia mista
prazos, locais e condições previamente estabelecidos; que estarão disponíveis para a realização de licitação.
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Parágrafo único. O catálogo referido no caput poderá ser utili- co por cento) do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
zado em licitações cujo critério de julgamento seja o menor preço mesmas condições nele estabelecidas, ressalvado o previsto no §3º
ou o maior desconto e conterá toda a documentação e todos os deste artigo.
procedimentos da fase interna da licitação, assim como as espe- §3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto en-
cificações dos respectivos objetos, conforme disposto em regula- volvendo complexidade técnica e riscos financeiros elevados, o limi-
mento. te de garantia previsto no §2º poderá ser elevado para até 10% (dez
por cento) do valor do contrato.
CAPÍTULO II §4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou resti-
DOS CONTRATOS tuída após a execução do contrato, devendo ser atualizada moneta-
riamente na hipótese do inciso I do §1º deste artigo.
SEÇÃO I Art. 71. A duração dos contratos regidos por esta Lei não exce-
DA FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS derá a 5 (cinco) anos, contados a partir de sua celebração, exceto:
I - para projetos contemplados no plano de negócios e inves-
Art. 68. Os contratos de que trata esta Lei regulam-se pelas timentos da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
suas cláusulas, pelo disposto nesta Lei e pelos preceitos de direito II - nos casos em que a pactuação por prazo superior a 5 (cinco)
privado. anos seja prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo
Art. 69. São cláusulas necessárias nos contratos disciplinados inviabilize ou onere excessivamente a realização do negócio.
por esta Lei: Parágrafo único. É vedado o contrato por prazo indeterminado.
I - o objeto e seus elementos característicos; Art. 72. Os contratos regidos por esta Lei somente poderão ser
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; alterados por acordo entre as partes, vedando-se ajuste que resulte
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data- em violação da obrigação de licitar.
-base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios Art. 73. A redução a termo do contrato poderá ser dispensada
de atualização monetária entre a data do adimplemento das obri- no caso de pequenas despesas de pronta entrega e pagamento das
gações e a do efetivo pagamento; quais não resultem obrigações futuras por parte da empresa públi-
IV - os prazos de início de cada etapa de execução, de conclu- ca ou da sociedade de economia mista.
são, de entrega, de observação, quando for o caso, e de recebimen- Parágrafo único. O disposto no caput não prejudicará o registro
to; contábil exaustivo dos valores despendidos e a exigência de recibo
V - as garantias oferecidas para assegurar a plena execução do por parte dos respectivos destinatários.
objeto contratual, quando exigidas, observado o disposto no art. Art. 74. É permitido a qualquer interessado o conhecimento
68; dos termos do contrato e a obtenção de cópia autenticada de seu
VI - os direitos e as responsabilidades das partes, as tipificações inteiro teor ou de qualquer de suas partes, admitida a exigência de
das infrações e as respectivas penalidades e valores das multas; ressarcimento dos custos, nos termos previstos na Lei nº 12.527, de
VII - os casos de rescisão do contrato e os mecanismos para 18 de novembro de 2011 .
alteração de seus termos; Art. 75. A empresa pública e a sociedade de economia mista
VIII - a vinculação ao instrumento convocatório da respectiva convocarão o licitante vencedor ou o destinatário de contratação
licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, bem como ao com dispensa ou inexigibilidade de licitação para assinar o termo
lance ou proposta do licitante vencedor; de contrato, observados o prazo e as condições estabelecidos, sob
IX - a obrigação do contratado de manter, durante a execução pena de decadência do direito à contratação.
do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumi- §1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez,
das, as condições de habilitação e qualificação exigidas no curso do por igual período.
procedimento licitatório; §2º É facultado à empresa pública ou à sociedade de economia
X - matriz de riscos. mista, quando o convocado não assinar o termo de contrato no pra-
§1º (VETADO). zo e nas condições estabelecidos:
§2º Nos contratos decorrentes de licitações de obras ou ser- I - convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classifi-
viços de engenharia em que tenha sido adotado o modo de dispu- cação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propos-
ta aberto, o contratado deverá reelaborar e apresentar à empresa tas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualiza-
pública ou à sociedade de economia mista e às suas respectivas dos em conformidade com o instrumento convocatório;
subsidiárias, por meio eletrônico, as planilhas com indicação dos II - revogar a licitação.
quantitativos e dos custos unitários, bem como do detalhamento Art. 76. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover,
das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o
(ES), com os respectivos valores adequados ao lance vencedor, para objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incor-
fins do disposto no inciso III do caput deste artigo. reções resultantes da execução ou de materiais empregados, e res-
Art. 70. Poderá ser exigida prestação de garantia nas contrata- ponderá por danos causados diretamente a terceiros ou à empresa
ções de obras, serviços e compras. pública ou sociedade de economia mista, independentemente da
§1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes moda- comprovação de sua culpa ou dolo na execução do contrato.
lidades de garantia: Art. 77. O contratado é responsável pelos encargos trabalhis-
I - caução em dinheiro; tas, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
II - seguro-garantia; §1º A inadimplência do contratado quanto aos encargos tra-
III - fiança bancária. balhistas, fiscais e comerciais não transfere à empresa pública ou à
§2º A garantia a que se refere o caput não excederá a 5% (cin- sociedade de economia mista a responsabilidade por seu pagamen-
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to, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regula- VI - para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
rização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis-
de Imóveis. tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
§2º (VETADO). objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
Art. 78. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
cada caso, pela empresa pública ou pela sociedade de economia maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
mista, conforme previsto no edital do certame. mica extraordinária e extracontratual.
§1º A empresa subcontratada deverá atender, em relação ao §1º O contratado poderá aceitar, nas mesmas condições con-
objeto da subcontratação, as exigências de qualificação técnica im- tratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, ser-
postas ao licitante vencedor. viços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
§2º É vedada a subcontratação de empresa ou consórcio que atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício
tenha participado: ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para
I - do procedimento licitatório do qual se originou a contrata- os seus acréscimos.
ção; §2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
II - direta ou indiretamente, da elaboração de projeto básico estabelecidos no §1º, salvo as supressões resultantes de acordo ce-
ou executivo. lebrado entre os contratantes.
§3º As empresas de prestação de serviços técnicos especializa- §3º Se no contrato não houverem sido contemplados preços
dos deverão garantir que os integrantes de seu corpo técnico execu- unitários para obras ou serviços, esses serão fixados mediante acor-
tem pessoal e diretamente as obrigações a eles imputadas, quando do entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no §1º.
a respectiva relação for apresentada em procedimento licitatório §4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o con-
ou em contratação direta. tratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos traba-
Art. 79. Na hipótese do §6º do art. 54, quando não for gera- lhos, esses materiais deverão ser pagos pela empresa pública ou so-
da a economia prevista no lance ou proposta, a diferença entre a ciedade de economia mista pelos custos de aquisição regularmente
economia contratada e a efetivamente obtida será descontada da comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indeni-
remuneração do contratado. zação por outros danos eventualmente decorrentes da supressão,
Parágrafo único. Se a diferença entre a economia contratada e desde que regularmente comprovados.
a efetivamente obtida for superior à remuneração do contratado, §5º A criação, a alteração ou a extinção de quaisquer tributos
será aplicada a sanção prevista no contrato, nos termos do inciso VI ou encargos legais, bem como a superveniência de disposições le-
do caput do art. 69 desta Lei. gais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta,
Art. 80. Os direitos patrimoniais e autorais de projetos ou ser- com comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a
viços técnicos especializados desenvolvidos por profissionais au- revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso.
tônomos ou por empresas contratadas passam a ser propriedade §6º Em havendo alteração do contrato que aumente os encar-
da empresa pública ou sociedade de economia mista que os tenha gos do contratado, a empresa pública ou a sociedade de economia
contratado, sem prejuízo da preservação da identificação dos res- mista deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
pectivos autores e da responsabilidade técnica a eles atribuída. -financeiro inicial.
§7º A variação do valor contratual para fazer face ao reajus-
SEÇÃO II te de preços previsto no próprio contrato e as atualizações, com-
DA ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS pensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições
de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações
Art. 81. Os contratos celebrados nos regimes previstos nos inci- orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido,
sos I a V do art. 43 contarão com cláusula que estabeleça a possibili- não caracterizam alteração do contrato e podem ser registrados por
dade de alteração, por acordo entre as partes, nos seguintes casos: simples apostila, dispensada a celebração de aditamento.
I - quando houver modificação do projeto ou das especifica- §8º É vedada a celebração de aditivos decorrentes de eventos
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; supervenientes alocados, na matriz de riscos, como de responsabi-
II - quando necessária a modificação do valor contratual em lidade da contratada.
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
nos limites permitidos por esta Lei; SEÇÃO III
III - quando conveniente a substituição da garantia de execu-
ção; DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
IV - quando necessária a modificação do regime de execução Art. 82. Os contratos devem conter cláusulas com sanções ad-
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face ministrativas a serem aplicadas em decorrência de atraso injustifi-
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais cado na execução do contrato, sujeitando o contratado a multa de
originários; mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no con-
V - quando necessária a modificação da forma de pagamento, trato.
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor §1º A multa a que alude este artigo não impede que a empresa
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela- pública ou a sociedade de economia mista rescinda o contrato e
ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra- aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; §2º A multa, aplicada após regular processo administrativo,
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será descontada da garantia do respectivo contratado. e acordos constitutivos.


§3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia presta- Art. 86. As informações das empresas públicas e das socieda-
da, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferen- des de economia mista relativas a licitações e contratos, inclusive
ça, a qual será descontada dos pagamentos eventualmente devidos aqueles referentes a bases de preços, constarão de bancos de da-
pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista ou, ain- dos eletrônicos atualizados e com acesso em tempo real aos órgãos
da, quando for o caso, cobrada judicialmente. de controle competentes.
Art. 83. Pela inexecução total ou parcial do contrato a empresa §1º As demonstrações contábeis auditadas da empresa pública
pública ou a sociedade de economia mista poderá, garantida a pré- e da sociedade de economia mista serão disponibilizadas no sítio
via defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: eletrônico da empresa ou da sociedade na internet, inclusive em
I - advertência; formato eletrônico editável.
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou §2º As atas e demais expedientes oriundos de reuniões, ordi-
no contrato; nárias ou extraordinárias, dos conselhos de administração ou fiscal
III - suspensão temporária de participação em licitação e impe- das empresas públicas e das sociedades de economia mista, inclu-
dimento de contratar com a entidade sancionadora, por prazo não sive gravações e filmagens, quando houver, deverão ser disponibili-
superior a 2 (dois) anos. zados para os órgãos de controle sempre que solicitados, no âmbito
§1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia presta- dos trabalhos de auditoria.
da, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferen- §3º O acesso dos órgãos de controle às informações referidas
ça, que será descontada dos pagamentos eventualmente devidos no caput e no §2º será restrito e individualizado.
pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista ou co- §4º As informações que sejam revestidas de sigilo bancário,
brada judicialmente. estratégico, comercial ou industrial serão assim identificadas, res-
§2º As sanções previstas nos incisos I e III do caput poderão ser pondendo o servidor administrativa, civil e penalmente pelos danos
aplicadas juntamente com a do inciso II, devendo a defesa prévia causados à empresa pública ou à sociedade de economia mista e a
do interessado, no respectivo processo, ser apresentada no prazo seus acionistas em razão de eventual divulgação indevida.
de 10 (dez) dias úteis. §5º Os critérios para a definição do que deve ser considerado
Art. 84. As sanções previstas no inciso III do art. 83 poderão sigilo estratégico, comercial ou industrial serão estabelecidos em
também ser aplicadas às empresas ou aos profissionais que, em ra- regulamento.
zão dos contratos regidos por esta Lei: Art. 87. O controle das despesas decorrentes dos contratos e
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelos órgãos do
meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos; sistema de controle interno e pelo tribunal de contas competente,
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos na forma da legislação pertinente, ficando as empresas públicas e
da licitação; as sociedades de economia mista responsáveis pela demonstração
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a da legalidade e da regularidade da despesa e da execução, nos ter-
empresa pública ou a sociedade de economia mista em virtude de mos da Constituição.
atos ilícitos praticados. §1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de
licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo proto-
CAPÍTULO III colar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a
DA FISCALIZAÇÃO PELO ESTADO E PELA SOCIEDADE ocorrência do certame, devendo a entidade julgar e responder à
impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade
Art. 85. Os órgãos de controle externo e interno das 3 (três) es- prevista no §2º.
feras de governo fiscalizarão as empresas públicas e as sociedades §2º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica
de economia mista a elas relacionadas, inclusive aquelas domicilia- poderá representar ao tribunal de contas ou aos órgãos integrantes
das no exterior, quanto à legitimidade, à economicidade e à eficácia do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação
da aplicação de seus recursos, sob o ponto de vista contábil, finan- desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.
ceiro, operacional e patrimonial. §3º Os tribunais de contas e os órgãos integrantes do sistema
§1º Para a realização da atividade fiscalizatória de que trata o de controle interno poderão solicitar para exame, a qualquer tem-
caput , os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito aos do- po, documentos de natureza contábil, financeira, orçamentária, pa-
cumentos e às informações necessários à realização dos trabalhos, trimonial e operacional das empresas públicas, das sociedades de
inclusive aqueles classificados como sigilosos pela empresa pública economia mista e de suas subsidiárias no Brasil e no exterior, obri-
ou pela sociedade de economia mista, nos termos da Lei nº 12.527, gando-se, os jurisdicionados, à adoção das medidas corretivas per-
de 18 de novembro de 2011 . tinentes que, em função desse exame, lhes forem determinadas.
§2º O grau de confidencialidade será atribuído pelas empresas Art. 88. As empresas públicas e as sociedades de economia
públicas e sociedades de economia mista no ato de entrega dos do- mista deverão disponibilizar para conhecimento público, por meio
cumentos e informações solicitados, tornando-se o órgão de con- eletrônico, informação completa mensalmente atualizada sobre a
trole com o qual foi compartilhada a informação sigilosa correspon- execução de seus contratos e de seu orçamento, admitindo-se re-
sável pela manutenção do seu sigilo. tardo de até 2 (dois) meses na divulgação das informações.
§3º Os atos de fiscalização e controle dispostos neste Capítu- §1º A disponibilização de informações contratuais referentes a
lo aplicar-se-ão, também, às empresas públicas e às sociedades de operações de perfil estratégico ou que tenham por objeto segredo
economia mista de caráter e constituição transnacional no que se industrial receberá proteção mínima necessária para lhes garantir
refere aos atos de gestão e aplicação do capital nacional, indepen- confidencialidade.
dentemente de estarem incluídos ou não em seus respectivos atos §2º O disposto no §1º não será oponível à fiscalização dos ór-
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gãos de controle interno e do tribunal de contas, sem prejuízo da 12.846, de 1º de agosto de 2013 , salvo as previstas nos incisos II,
responsabilização administrativa, civil e penal do servidor que der III e IV do caput do art. 19 da referida Lei .
causa à eventual divulgação dessas informações. Art. 95. A estratégia de longo prazo prevista no art. 23 deverá
Art. 89. O exercício da supervisão por vinculação da empresa ser aprovada em até 180 (cento e oitenta) dias da data de publica-
pública ou da sociedade de economia mista, pelo órgão a que se ção da presente Lei.
vincula, não pode ensejar a redução ou a supressão da autonomia Art. 96. Revogam-se:
conferida pela lei específica que autorizou a criação da entidade I - o §2º do art. 15 da Lei nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961 ,
supervisionada ou da autonomia inerente a sua natureza, nem au- com a redação dada pelo art. 19 da Lei nº 11.943, de 28 de maio
toriza a ingerência do supervisor em sua administração e funciona- de 2009;
mento, devendo a supervisão ser exercida nos limites da legislação II - os arts. 67 e 68 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 .
aplicável. Art. 97. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 90. As ações e deliberações do órgão ou ente de controle Brasília, 30 de junho de 2016; 195º da Independência e 128º
não podem implicar interferência na gestão das empresas públicas da República.
e das sociedades de economia mista a ele submetidas nem ingerên-
cia no exercício de suas competências ou na definição de políticas
públicas. QUESTÕES

TÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 1. IBFC - 2022 - EBSERH - Técnico de Enfermagem

Art. 91. A empresa pública e a sociedade de economia mista No que se refere às unidades internas de governança da Em-
constituídas anteriormente à vigência desta Lei deverão, no prazo presa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), analise as afir-
de 24 (vinte e quatro) meses, promover as adaptações necessárias mativas abaixo:
à adequação ao disposto nesta Lei. I. A área de Controle Interno, Conformidade e Gerenciamento
§1º A sociedade de economia mista que tiver capital fechado de Riscos se vincula diretamente ao Presidente, podendo ser con-
na data de entrada em vigor desta Lei poderá, observado o prazo duzida por ele próprio ou por outro Diretor estatutário.
estabelecido no caput , ser transformada em empresa pública, me- II. À Auditoria Interna compete, dentre outras funções, propor
diante resgate, pela empresa, da totalidade das ações de titularida- as medidas preventivas e corretivas dos desvios detectados.
de de acionistas privados, com base no valor de patrimônio líquido III. À Ouvidoria-Geral compete, dentre outras funções, receber,
constante do último balanço aprovado pela assembleia-geral. analisar e responder as sugestões, reclamações, elogios, solicita-
§2º (VETADO). ções e denúncias de cidadão.
§3º Permanecem regidos pela legislação anterior procedimen-
tos licitatórios e contratos iniciados ou celebrados até o final do pra- Assinale a alternativa correta.
zo previsto no caput . (A) As afirmativas I, II e III estão corretas
Art. 92. O Registro Público de Empresas Mercantis e Ativida- (B) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
des Afins manterá banco de dados público e gratuito, disponível na (C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
internet, contendo a relação de todas as empresas públicas e as (D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
sociedades de economia mista. (E) Apenas a afirmativa I está correta
Parágrafo único. É a União proibida de realizar transferência
voluntária de recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios 2. IBFC - 2022 - EBSERH - Médico - Clínica Médica
que não fornecerem ao Registro Público de Empresas Mercantis e Acerca dos recursos da Empresa Brasileira de Serviços Hospita-
Atividades Afins as informações relativas às empresas públicas e às lares (EBSERH), segundo o disposto na Lei nº 12.550/2011, analise
sociedades de economia mista a eles vinculadas. as afirmativas abaixo:
Art. 93. As despesas com publicidade e patrocínio da empresa I. O lucro líquido da EBSERH será reinvestido para atendimento
pública e da sociedade de economia mista não ultrapassarão, em do objeto social da empresa, excetuadas as parcelas decorrentes da
cada exercício, o limite de 0,5% (cinco décimos por cento) da receita reserva legal e da reserva para contingência.
operacional bruta do exercício anterior. II. Constituem recursos da EBSERH os oriundos de dotações
§1º O limite disposto no caput poderá ser ampliado, até o limi- consignadas no orçamento da União.
te de 2% (dois por cento) da receita bruta do exercício anterior, por III. Constituem recursos da EBSERH as receitas decorrentes das
proposta da diretoria da empresa pública ou da sociedade de eco- aplicações financeiras que realizar.
nomia mista justificada com base em parâmetros de mercado do
setor específico de atuação da empresa ou da sociedade e aprovada Assinale a alternativa correta.
pelo respectivo Conselho de Administração. (A) As afirmativas I, II e III estão corretas
§2º É vedado à empresa pública e à sociedade de economia (B) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
mista realizar, em ano de eleição para cargos do ente federativo a (C) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
que sejam vinculadas, despesas com publicidade e patrocínio que (D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
excedam a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos que antece- (E) Apenas a afirmativa I está correta
dem o pleito ou no último ano imediatamente anterior à eleição.
Art. 94. Aplicam-se à empresa pública, à sociedade de eco-
nomia mista e às suas subsidiárias as sanções previstas na Lei nº
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3. IBFC - 2022 - EBSERH - Médico - Clínica Médica Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
cima para baixo.
Acerca das disposições da Lei nº 12.550/2011 sobre a Empresa (A) V - V - V
Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), assinale a alternativa (B) V - F - V
incorreta: (C) F - F - V
(A) A EBSERH tem sede e foro em Brasília, Distrito Federal (D) V - V - F
(B) A EBSERH pode manter escritórios, representações, depen- (E) F - F - F
dências e filiais em outras unidades da Federação
(C) A EBSERH está autorizada pela lei a criar subsidiárias para o 6. IBFC - 2022 - EBSERH - Técnico em Contabilidade
desenvolvimento de atividades inerentes ao seu objeto social
(D) A EBSERH tem seu capital social dividido entre pessoas de No que se refere aos Órgãos Sociais e Estatutários da Empresa
direito público e privado que comprovem o desenvolvimento Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), segundo dispõe seu
de ações na área da saúde Estatuto Social, assinale a alternativa que apresente incorretamen-
(E) É dispensada a licitação para a contratação da EBSERH pela te um órgão estatutário da EBSERH.
administração pública para realizar atividades relacionadas ao (A) Conselho de Administração
seu objeto social (B) Conselho Nacional de Fiscalização Sanitária
(C) Comitê de Auditoria
4. IBFC - 2022 - EBSERH - Médico - Clínica Médica A Lei nº (D) Conselho Fiscal
12.550/2011 aborda as competências da Empresa Brasileira de Ser- (E) Diretoria Executiva
viços Hospitalares (EBSERH). Sobre o assunto, assinale a alternativa
que apresente incorretamente uma competência da EBSERH: 7. IBFC - 2022 - EBSERH - Técnico em Contabilidade

(A) Administrar unidades hospitalares, bem como prestar ser- No que se refere à Assembleia Geral da Empresa Brasileira de
viços de assistência médicohospitalar, ambulatorial e de apoio Serviços Hospitalares (EBSERH), leia abaixo o artigo 8º do Estatuto
diagnóstico e terapêutico à comunidade, no âmbito do SUS Social da EBSERH:
(B) Prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em Art. 8º. A Assembleia Geral realizar-se-á ordinariamente, uma
pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos hospitais universitá- vez por ano, nos ______ primeiros meses seguintes ao encerramen-
rios federais e a outras instituições congêneres to de cada exercício social, para deliberação das matérias previstas
(C) Homologar acordos visando à transformação de penalida- em lei e extraordinariamente, sempre que ______, ______ ou as
des pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse disposições deste Estatuto Social exigirem. Capítulo V, Seção I, Arti-
para a proteção ambiental e sanitária go 8º do Estatuto Social da EBSERH.
(D) Prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos hospi- Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente
tais universitários e federais e a outras instituições congêneres, as lacunas.
com implementação de sistema de gestão único com geração (A) 5 (cinco) / o Poder Público / a sociedade
de indicadores quantitativos e qualitativos para o estabeleci- (B) 4 (quatro) / o Poder Público / a sociedade
mento de metas (C) 6 (seis) / a sociedade / a legislação
(E) Prestar às instituições federais de ensino superior e a outras (D) 4 (quatro) / os interesses sociais / a legislação
instituições congêneres serviços de apoio ao ensino, à pesquisa (E) 6 (seis) / os interesses sociais / a legislação
e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas
no campo da saúde pública, mediante as condições que forem 8. IBFC - 2019 - Emdec - Advogado Jr
fixadas em seu estatuto social
A respeito dos conceitos de Empresa Pública e Sociedade de
5. IBFC - 2022 - EBSERH - Pedagogo Economia Mista estabelecidos pela Lei n° 13.303/2016, assinale a
alternativa correta.
Acerca do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de (A) Sociedade de economia mista é a entidade dotada de per-
Serviços Hospitalares (EBSERH), segundo seu Estatuto Social, anali- sonalidade jurídica de direito público, criada por lei, sob a for-
se as afirmativas abaixo e dê valores de Verdadeiro (V) ou Falso (F). ma de sociedade anônima, cujo capital social é integralmente
( ) O Conselho de Administração é órgão de deliberação estra- detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
tégica e colegiada da EBSERH e deve exercer suas atribuições con- Municípios
siderando os interesses de longo prazo da empresa, os impactos (B) Empresa pública é a entidade dotada de personalidade ju-
decorrentes de suas atividades na sociedade e no meio ambiente e rídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com
os deveres fiduciários de seus membros. patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
( ) O Conselho de Administração é composto por 9 (nove) pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Mu-
membros, eleitos pela Assembleia Geral. nicípios
( ) Na composição do Conselho de Administração há 4 (qua- (C) Sociedade de economia mista é a entidade dotada de perso-
tro) membros indicados pelo Ministro de Estado da Educação, 3 nalidade jurídica de direito privado, criada por lei, sob qualquer
(três) membros indicados pelo Ministro de Estado da Economia e; 2 forma societária, cujas ações com direito a voto pertençam
(dois) membros indicados pelo Ministro de Estado da Saúde. pelo menos um terço à União, aos Estados, ao Distrito Federal,
aos Municípios ou a entidade da administração indireta

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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO - EBSERH

(D) Empresa pública é a entidade dotada de personalidade ju-


rídica de direito público, com criação autorizada por lei, cujo GABARITO
capital social seja, pelo menos, um terço pertencente à União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios

9. IBFC - 2022 - AFEAM - Especialista de Fomento - Adminis- 1 A


tração 2 A
3 D
A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão
possuir em sua estrutura societária Comitê de Auditoria Estatutá- 4 C
rio como órgão auxiliar do Conselho de Administração, ao qual se 5 D
reportará diretamente. Acerca do Comitê de Auditoria Estatutário
e das disposições da Lei nº 13.303/2016, assinale a alternativa in- 6 B
correta. 7 D
(A) O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir meios
para receber denúncias, inclusive sigilosas, internas e externas 8 B
à empresa pública ou à sociedade de economia mista, em ma- 9 C
térias relacionadas ao escopo de suas atividades 10 D
(B) O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se reunir quan-
do necessário, no mínimo bimestralmente, de modo que as
informações contábeis sejam sempre apreciadas antes de sua
divulgação
ANOTAÇÕES
(C) A empresa pública e a sociedade de economia mista deve- ______________________________________________________
rão divulgar as atas das reuniões do Comitê de Auditoria Esta-
tutário, sendo vedado publicar apenas o extrato das atas em ______________________________________________________
qualquer hipótese
(D) Ao menos 1 (um) dos membros do Comitê de Auditoria ______________________________________________________
Estatutário deve ter reconhecida experiência em assuntos de
contabilidade societária ______________________________________________________

______________________________________________________
10. IBFC - 2022 - PC-BA - Investigador de Polícia Civil
______________________________________________________
A Lei nº 13.303/2016 dispõe sobre o estatuto jurídico da em-
presa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidi- ______________________________________________________
árias e traz disposições sobre o Comitê de Auditoria Estatutário.
Sobre o assunto, analise as afirmativas abaixo e dê valores de Ver- ______________________________________________________
dadeiro (V) ou Falso (F).
( ) A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão ______________________________________________________
possuir em sua estrutura societária Comitê de Auditoria Estatutário
como órgão auxiliar do Conselho de Administração, ao qual se re- ______________________________________________________
portará diretamente.
______________________________________________________
( ) O Comitê de Auditoria Estatutário deverá possuir meios para
receber denúncias, inclusive sigilosas, internas e externas à empre- ______________________________________________________
sa pública ou à sociedade de economia mista, em matérias relacio-
nadas ao escopo de suas atividades. ______________________________________________________
( ) O Comitê de Auditoria Estatutário deverá se reunir quando
necessário, no mínimo anualmente, de modo que as informações ______________________________________________________
contábeis sejam sempre apreciadas antes de sua divulgação.
______________________________________________________
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
______________________________________________________
cima para baixo.
(A) V - V - V ______________________________________________________
(B) V - F - V
(C) F - F - V ______________________________________________________
(D) V - V - F
(E) F - V - F ______________________________________________________

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LEGISLAÇÃO - SUS

Secretaria Estadual de Saúde (SES)


EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres-
SAÚDE NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e
DE SAÚDE (SUS)– PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E ARCABOUÇO participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
LEGAL implementar o plano estadual de saúde.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)


O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- Conselhos de Saúde
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e colegiado composto por representantes do governo, prestadores
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
da saúde. nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e legalmente constituído em cada esfera do governo.
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan- que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi- de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. fins lucrativos.

AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu-
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas. Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede-
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde

Ministério da Saúde Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co-


Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora nasems)
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar
de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) de matérias referentes à saúde
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura:
Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
federais. São reconhecidos como entidades que representam os entes
municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
forma que dispuserem seus estatutos.

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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO - SUS

Responsabilidades dos entes que compõem o SUS viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
União grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS),
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da em 1976.
Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos
de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -,
todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da
e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta- Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple-
de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, processo de descentralização da saúde.
empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor- A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
Estados e Distrito Federal Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados,
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento uma política de recursos humanos.
à saúde em seu território. O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
Municípios so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recur- todos e dever do Estado” (art. 196).
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú- quização, descentralização com direção única em cada esfera de
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para assistenciais.
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
pode oferecer. ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
História do sistema único de saúde (SUS) nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor-
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Princípios do SUS
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80, Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
o país passou por grave crise na área econômico-financeira. 8.080/1990. Os principais são:
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS sem qualquer custo;
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú-
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra-
à Saúde. tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- complexidade;
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos maior atenção aos que mais necessitam;
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
saúde e alguns parlamentares. ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática, Descentralização: é o processo de transferência de responsabi-
considerando a descentralização, universalização e unificação como lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações
elementos essenciais para a reforma do setor. constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui-
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
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LEGISLAÇÃO - SUS

Distrito Federal e aos municípios. das no Plano Municipal de Saúde;


- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia-
Principais leis ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi- - participação no processo de integração ao SUS, em âmbito
to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi-
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros ços de maior complexidade, não disponíveis no município.
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder Responsabilização Microssanitária
Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar- sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
participação da iniciativa privada. rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com- interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade Instâncias de Pactuação
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
área da saúde e dá outras providências. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
ção social em cada esfera de governo. tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
existentes no País.
Responsabilização Sanitária
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
processo de pactuação, no âmbito regional. apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
Responsabilização Macrossanitária sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus nesse espaço.
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus-
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu- pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe-
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção cíficas em saúde existentes nas regiões.
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O Descentralização
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe-
buições de gestão, incluindo: cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades
pal; político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa-
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror-
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra-
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LEGISLAÇÃO - SUS

cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse
para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel
financeira para o processo de municipalização. central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de
informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú-
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida- de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi-
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém,
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e saúde deve ser integral.
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
atendimento e o processo de descentralização. a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
ponsabilidade.
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
atendimento em um nível mais primário. se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo porque possibilita melhor organização e funcionamento também
de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo dos serviços de média e alta complexidade.
a atender as necessidades da população de seu município com efici-
ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien- Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução. corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta
dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos os princi- em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re-
pais problemas da saúde pública local, suas causas, consequências cursos existentes.
e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os objetivos e
metas a serem atingidos, as atividades a serem executadas, os cro- Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
nogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de avaliação dos da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
resultados. reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con-
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma-
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas-
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas também das condições sociais, ambientais e econômicas em que
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti-
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
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A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon- infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe- gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza- atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
os resultados obtidos. em saúde e capacitação de recursos.
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten- lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
verdade. Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res-
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen-
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas tais, resguardando suas características, atribuições e competências.
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi-
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
realização de ações conjuntas. mais, um projeto que defenda e promova a vida.
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e inventivas e capacidade de governo.
suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação
morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú- dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni-
de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as versal e igualitário às ações e serviços de saúde.
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri-
em saúde e a análise de situação de saúde. to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe-
tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os
Competências municipais na vigilância em saúde níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água políticas e ações em cada Subsistema.
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
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tes na União, nos Estados e Municípios. Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor
Níveis de Gestão do SUS explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe-
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação de tido os incisos daquele artigo, tão somente).
políticas nacionais de saúde, planejamento, normalização, avalia- São objetivos do SUS:
ção e controle do SUS em nível nacional. Financiamento das ações a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos terminantes da saúde;
públicos arrecadados. b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover,
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formu- nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e
lação da política estadual de saúde, coordenação e planejamento outros agravos; e
do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação
saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos ar- da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de
recadados. modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For-
mulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferi- de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
dos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS. O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob-
e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú-
econômica protetivas da saúde. de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso humana.
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
área de atuação do Sistema Único de Saúde. n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer
serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi- o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun-
to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre-
e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito
de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini-
promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações
Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva- e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse-
da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina-
do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias).
e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti-
cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen- Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
te nos arts. 198 e 200. dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único causas.
sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga- Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que
rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela,
200 e leis específicas. saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode- Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem, vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
também, de lei para a sua exequibilidade. porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
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Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a- fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos;
limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi-
devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao camentos e alimentos;
qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca- h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.
rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde. (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
vez, o §3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia- Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde. da assistência social ou de outro setor da Administração Pública e
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087- confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
6/600-RJ, aqui mencionado. saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
do Fundo Estadual da Saúde, vinculado à Secretaria de Estado da Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com-
pedido de cautelar. preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13,
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- “alimentação e nutrição”.
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
necessidade básica de alimentar-se. cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis- que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si. nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda põe o Sistema Único de Saúde.
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
8.080/90. Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen-
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas não podem ser prejudicadas.
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais os níveis de complexidade do sistema”.
previstas na Lei n. 8.080/90.
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da Re- A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
pública, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério da sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
Saúde: a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
a) política nacional de saúde; as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; do sistema.
c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recupe- Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
ração da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
e dos índios; necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
d) informações em saúde; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
e) insumos críticos para a saúde; dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
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individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar
patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe- consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
los entes federativos, responsáveis pela saúde da população. em instrumentos jurídicos competentes .
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui-
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e
completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi-
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer-
traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais
da assistência atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale-
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe- mos dela no tópico seguinte.
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde. CONTROLE SOCIAL NO SUS
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual Participação e Controle Social no SUS
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas Os movimentos sociais ocorridos durante a década de 80 na
na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. 7º busca por um Estado democrático aos serviços de saúde impulsio-
VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demarcação naram a modificação do modelo vigente de controle social da época
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos entes que culminou com a criação do SUS a partir da Constituição Fede-
políticos. rativa de 1988.
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri- O objetivo deste texto é realizar uma análise deste modelo de
zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo- participação popular e controle social no SUS, bem como favorecer
vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão reflexões aos atores envolvidos neste cenário, através de uma pes-
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e quisa narrativa baseada em publicações relevantes produzidas no
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando Brasil nos últimos 11 anos.
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da É insuficiente o controle social estar apenas na lei, é preciso
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes que este aconteça na prática. Entretanto, a sociedade civil, ainda
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. não ocupa de forma efetiva esses espaços de participação.
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. O processo de criação do SUS teve início a partir das defini-
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação ções legais estabelecidas pela nova Constituição Federal do Brasil
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto de 1988, sendo consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na da Saúde (LOA), n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nes-
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- tas as diretrizes e normas que direcionam o novo sistema de saúde,
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamen-
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes to, critérios de repasses para os estados e municípios além de disci-
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- plinar o controle social no SUS em conformidade com as represen-
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar tações dos critérios estaduais e municipais de saúde (FINKELMAN,
e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos. 2002; FARIA, 2003; SOUZA, 2003).
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que coletividade, possibilitando, com isso, um novo olhar às ações, ser-
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti- viços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princí-
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover- pios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde;
namentais. Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político-
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, -administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hie-
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- rarquização (REIS, 2003). A participação popular e o controle social
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira em saúde, dentre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS),
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo destacam-se como de grande relevância social e política, pois se
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano constituem na garantia de que a população participará do processo
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja- de formulação e controle das políticas públicas de saúde.
mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser- No Brasil, o controle social se refere à participação da comu-
viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades nidade no processo decisório sobre políticas públicas e ao contro-
de recursos , além da necessária observação do que ficou decidido le sobre a ação do Estado (ARANTES et al., 2007). Nesse contex-
nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que to, enfatiza-se a institucionalização de espaços de participação da
não contrariem a lei. comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon- da participação no planejamento do enfrentamento dos problemas
sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus priorizados, execução e avaliação das ações, processo no qual a par-
serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente ticipação popular deve ser garantida e incentivada (BRASIL, 2006).
apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
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Sendo o SUS a primeira política pública no Brasil a adotar cons- A participação popular na gestão da saúde é prevista pela Cons-
titucionalmente a participação popular como um de seus princí- tituição Federal de 1998, em seu artigo 198, que trata das diretrizes
pios, esta não somente reitera o exercício do controle social sob as do SUS: descentralização, integralidade e a participação da comuni-
práticas de saúde, mas também evidencia a possibilidade de seu dade. Essas diretrizes orientam a organização e o funcionamento do
exercício através de outros espaços institucionalizados em seu arca- sistema, com o intuito de torná-lo mais adequado a atender às ne-
bouço jurídico, além dos reconhecidos pela Lei Orgânica de saúde cessidades da população brasileira (BRASIL, 2006; WENDHAUSEN;
de n° 8.142/90, os conselhos e as conferências de saúde. Destaca, BARBOSA; BORBA, 2006; OLIVEIRA, 2003).
ainda, as audiências públicas e outros mecanismos de audiência da A discussão com ênfase dada ao controle social na nova Cons-
sociedade, de usuários e de trabalhadores sociais (CONASS, 2003; tituição se expressa em novas diretrizes para a efetivação deste por
BARBOSA, 2009; COSSETIN, 2010). meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços ins-
Ademais, a Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/1990 estabelece titucionais que garantem a participação da sociedade civil organiza-
em seu art. 12 a criação de comissões intersetoriais subordinadas da na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo.
ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as Na atualidade, muitas expressões são utilizadas corriqueiramente
políticas públicas relevantes para a saúde. Entretanto, é a Lei n.° para caracterizar a participação popular na gestão pública de saú-
8.142/1990 que dispõe sobre a participação social no SUS, definin- de, a que consta em nossa Carta Magna e o termo ‘participação da
do que a participação popular estará incluída em todas as esferas comunidade na saúde’. Porém, iremos utilizar aqui o termo mais
de gestão do SUS. Legitimando assim os interesses da população no comum em nosso meio: ‘controle social’. Sendo o controle social
exercício do controle social (BRASIL, 2009). uma importante ferramenta de democratização das organizações,
Essa perspectiva é considerada uma das formas mais avança- busca-se adotar uma série de práticas que efetivem a participação
das de democracia, pois determina uma nova relação entre o Es- da sociedade na gestão (GUIZARDI et al ., 2004).
tado e a sociedade, de maneira que as decisões sobre as ações na
saúde deverão ser negociadas com os representantes da sociedade, Embora o termo controle social seja o mais utilizado, consi-
uma vez que eles conhecem a realidade da saúde das comunidades. deramos que se trata de um reducionismo, uma vez que este não
Amiúde, as condições necessárias para que se promova a de- traduz a amplitude do direito assegurado pela nova Constituição
mocratização da gestão pública em saúde se debruça com a discus- Federal de 1988, que permite não só o controle e a fiscalização
são em torno do controle social em saúde. permanente da aplicação de recursos públicos. Este também se
O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do manifesta através da ação, onde cidadãos e políticos têm um papel
modelo vigente de participação popular e controle social no SUS e social a desempenhar através da execução de suas funções, ou ain-
ainda elucidar questões que permitirão entender melhor a partici- da através da proposição, onde cidadãos participam da formulação
pação e o controle social, bem como favorecer algumas reflexões a de políticas, intervindo em decisões e orientando a Administração
todos os atores envolvidos no cenário do SUS. Pública quanto às melhores medidas a serem adotadas com objeti-
vo de atender aos legítimos interesses públicos (NOGUEIRA, 2004;
Participação e Controle Social BRASIL, 2011b; MENEZES, 2010).
Após um longo período no qual a população viveu sob um es-
tado ditatorial, com a centralização das decisões, o tecnicismo e Fonte: http://cebes.org.br/2013/05/participacao-popular-e-o-controle-
o autoritarismo, durante a década de 1980 ocorreu uma abertura -social-como-diretriz-do-sus-uma-revisao-narrativa/
democrática que reconhece a necessidade de revisão do modelo
de saúde vigente na época, com propostas discutidas em ampliar a Estratégias operacionais e metodológicas para o controle so-
participação popular nas decisões e descentralizar a gestão pública cial
em saúde, com vistas a aproximar as decisões do Estado ao cotidia- Recomenda-se que o processo de educação permanente para
no dos cidadãos brasileiros (DALLARI, 2000; SCHNEIDER et al., 2009; o controle social no SUS ocorra de forma descentralizada, respei-
VANDERLEI; ALMEIDA, 2007). tando as especifi cidades e condições locais a fim de que possa ter
Nessa perspectiva, a dimensão histórica adquire relevância es- maior efetividade.
sencial para a compreensão do controle social, o que pode provocar Considerando que os membros do Conselho de Saúde reno-
reações contraditórias. De fato, o controle social foi historicamente vam-se periodicamente e outros sujeitos sociais alternam-se em
exercido pelo Estado sobre a sociedade durante muitos anos, na suas representações, e o fato de estarem sempre surgindo novas
época da ditadura militar. demandas oriundas das mudanças conjunturais, torna-se necessá-
É oportuno destacar que a ênfase ao controle social que aqui rio que o processo de educação permanente para o controle social
será dada refere-se às ações que os cidadãos exercem para moni- esteja em constante construção e atualização.
torar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso. A operacionalização do processo de educação permanente
Pois, como vimos, também denominam-se controle social as ações para o controle social no SUS deve considerar a seleção, preparação
do Estado para controlar a sociedade, que se dá por meio da legisla- do material e a identifi cação de sujeitos sociais que tenham condi-
ção, do aparato institucional ou mesmo por meio da força. ções de transmitir informações e possam atuar como facilitadores
A organização e mobilização popular realizada na década de 80, e incentivadores das discussões sobre os temas a serem tratados.
do século XX, em prol de um Estado democrático e garantidor do Para isso é importante:
acesso universal aos direitos a saúde, coloca em evidência a possibi- • identificar as parcerias a serem envolvidas, como: universida-
lidade de inversão do controle social. Surge, então, a perspectiva de des, núcleos de saúde, escolas de saúde pública, técnicos e especia-
um controle da sociedade civil sobre o Estado, sendo incorporada listas autônomos ou ligados a instituições, entidades dos segmentos
pela nova Constituição Federal de 1988 juntamente com a criação sociais representados nos Conselhos, Organização Pan-Americana
do SUS (CONASS, 2003). da Saúde (Opas), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni-
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LEGISLAÇÃO - SUS

cef), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e tivas Medidas Provisórias;
a Cultura (Unesco), Instituto Brasileiro de Administração Municipal • Relatórios das Conferências Nacionais de Saúde;
(Ibam), Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva • Normas Operacionais do SUS;
(Abrasco) e outras organizações da sociedade que atuem na área • Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho (NOB/ RH
de saúde. Na identifi cação e articulações das parcerias, deve fi car – SUS), 2005 (BRASIL, 2005), Diretrizes e Competências da Comis-
clara a atribuição dos conselhos, conselheiros e parceiros; são Intergestora Tripartite (CIT), Comissões Intergestoras Bipartites
• realizar as atividades de educação permanente para os con- (CIBs) e das Condições de Gestão dos Estados e Municípios;
selheiros e os demais sujeitos sociais de acordo com a realidade • Constituição do Estado e Leis Orgânicas do Estado, do Distrito
local, garantindo uma carga horária que possibilite a participação e Federal e Município;
a ampla discussão dos temas, democratização das informações e a • Seleção de Deliberações do Conselho Estadual de Saúde
utilização de técnicas pedagógicas para o controle social que facili- (CES), Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pactuações das Comis-
tem a construção dos conteúdos teóricos e, também, a interação do sões Intergestoras Tripartite e Bipartite;
grupo. Sugere-se que as atividades de educação permanente para • Resoluções e deliberações do Conselho de Saúde relaciona-
o controle social no SUS sejam enfocadas em dois níveis: um geral, das à Gestão em Saúde: Plano de Saúde, Financiamento, Normas,
garantindo a representação de todos os segmentos, e outro específi Direção e Execução, Planejamento – que compreende programa-
co, que poderá ser estruturado e oferecido de acordo com o inte- ção, orçamento, acompanhamento e avaliação;
resse ou a necessidade dos segmentos que compõem os Conselhos • Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 333/2003
de Saúde e os demais órgãos da sociedade. (BRASIL, 2003c), Resolução n.º 322/2003 (BRASIL, 2003b), Resolu-
ção n.º 196/96 (BRASIL, 1996) e outras correspondentes com mes-
Para promover o alcance dos objetivos do processo de edu- mo mérito, e deliberações no campo do controle social – formula-
cação permanente para o controle social no SUS, recomenda-se a ção de estratégias e controle da execução pelos Conselhos de Saúde
utilização de metodologias que busquem a construção coletiva de e pela sociedade.
conhecimentos, baseada na experiência do grupo, levando-se em
consideração o conhecimento como prática concreta e real dos su- A definição dos conteúdos básicos de educação permanente
jeitos a partir de suas vivências e histórias. Metodologias essas que para o controle social no SUS deve ser objeto de deliberação pelos
ultrapassem as velhas formas autoritárias de lidar com a aprendiza- plenários dos Conselhos de Saúde nas suas respectivas esferas go-
gem e muitas vezes utilizadas como, por exemplo, a da comunica- vernamentais.
ção unilateral, que transforma o indivíduo num mero receptor de Recomenda-se que, para esse processo, seja prevista a criação
teorias e conteúdos. de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos resultados
Recomenda-se, também, a utilização de dinâmicas que propi- das atividades
ciem um ambiente de troca de experiências, de refl exões pertinen-
tes à atuação dos Conselheiros de Saúde e dos sujeitos sociais e de Responsabilidades
técnicas que favoreçam a sua participação e integração, como, por
exemplo, reuniões de grupo, plenárias, estudos dirigidos, seminá- Esferas governamentais
rios, ofi cinas, todos envolvendo debates. Compete ao Estado, nas três esferas do governo:
A 12.ª Conferência Nacional de Saúde (CONFERÊNCIA..., 2005) a) Oferecer todas as condições necessárias para que o processo
recomendou a realização de ações para educação permanente e de educação permanente para o controle social ocorra, garantindo
propôs que as atividades do Conselheiro de Saúde fossem consi- o pleno funcionamento dos Conselhos de Saúde e a realização das
deradas de relevância pública. Essa proposição foi contemplada na ações para a educação permanente e controle social dos demais
Resolução n.º 333/2003 (BRASIL, 2003c), aprovada pelo Conselho sujeitos sociais.
Nacional de Saúde, que garante ao Conselheiro de Saúde a dis- b) Promover o apoio à produção de materiais didáticos desti-
pensa, sem prejuízo, do seu trabalho, para participar das reuniões, nados às atividades de educação permanente para o controle social
eventos, capacitações e ações específi cas do Conselho de Saúde. no SUS, ao desenvolvimento e utilização de métodos, técnicas e fo-
Assim, o processo proposto, especialmente, no que diz respei- mento à pesquisa que contribuam para esse processo.
to aos Conselhos de Saúde deve dar conta da intensa renovação de
Conselheiros de Saúde, que ocorre em razão do final dos manda- Ministério da Saúde
tos, ou por decisão da instituição ou entidade de substituir o seu a) Incentivar e apoiar, inclusive nos aspectos fi nanceiros e téc-
representante. Isto requer, no mínimo, a oferta de material básico nicos, as instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal para
informativo, uma capacitação inicial promovida pelo Conselho de o processo de elaboração e execução da política de educação per-
Saúde e a garantia de mecanismos que disponibilizem informações manente para o controle social no SUS;
aos novos Conselheiros. b) Manter disponível e atualizado o acervo de referências sobre
saúde e oferecer material informativo básico e audiovisual que pro-
Sugestões de material de apoio: picie a veiculação de temas de interesse geral em saúde, tais como:
• Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU); legislação, orçamento, direitos em saúde, modelo assistencial, mo-
• Declaração dos Direitos da Criança e Adolescente (Unicef); delo de gestão e outros.
• Declaração de Otawa, Declaração de Bogotá e outras;
• Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2003) – Capítulo da
Ordem Social;
• Leis Federais: 8.080/90 (BRASIL, 1990a), 8.142/90 (BRASIL,
1990b), 8.689/93 (BRASIL, 1993), 9.656/98 (BRASIL, 1998) e respec-
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DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO DOS CONSELHOS DE


RESOLUÇÃO 453/2012 DO CONSELHO NACIONAL DA SAÚ- SAÚDE
DE
Segunda Diretriz: a instituição dos Conselhos de Saúde é esta-
belecida por lei federal, estadual, do Distrito Federal e municipal,
RESOLUÇÃO Nº 453, DE 10 DE MAIO DE 2012 obedecida a Lei no 8.142/90.
Parágrafo único. Na instituição e reformulação dos Conselhos
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Ducentési- de Saúde o Poder Executivo, respeitando os princípios da demo-
ma Trigésima Terceira Reunião Ordinária, realizada nos dias 9 e 10 cracia, deverá acolher as demandas da população aprovadas nas
de maio de 2012, no uso de suas competências regimentais e atri- Conferências de Saúde, e em consonância com a legislação.
buições conferidas pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,
e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e pelo Decreto no A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE
5.839, de 11 de julho de 2006, e
Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de Saúde, Terceira Diretriz: a participação da sociedade organizada, ga-
nas três esferas de Governo, na X Plenária Nacional de Conselhos de rantida na legislação, torna os Conselhos de Saúde uma instância
Saúde, nas Plenárias Regionais e Estaduais de Conselhos de Saúde, privilegiada na proposição, discussão, acompanhamento, delibera-
nas 9a, 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, e nas Conferên- ção, avaliação e fiscalização da implementação da Política de Saúde,
cias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Saúde; inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros. A legislação
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da estabelece, ainda, a composição paritária de usuários em relação
Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú- ao conjunto dos demais segmentos representados. O Conselho de
de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es- Saúde será composto por representantes de entidades, instituições
taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga- e movimentos representativos de usuários, de entidades represen-
nização e funcionamento, conforme o §5o inciso II art. 1o da Lei no tativas de trabalhadores da área da saúde, do governo e de entida-
8.142, de 28 de dezembro de 1990; des representativas de prestadores de serviços de saúde, sendo o
Considerando a ampla discussão da Resolução do CNS no seu presidente eleito entre os membros do Conselho, em reunião
333/92 realizada nos espaços de Controle Social, entre os quais se plenária. Nos Municípios onde não existem entidades, instituições
destacam as Plenárias de Conselhos de Saúde; e movimentos organizados em número suficiente para compor o
Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, ampliar Conselho, a eleição da representação será realizada em plenária no
e acelerar o processo de Controle Social do SUS, por intermédio Município, promovida pelo Conselho Municipal de maneira ampla
dos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais, das Conferências de e democrática.
Saúde e Plenárias de Conselhos de Saúde; I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de
Considerando que os Conselhos de Saúde, consagrados pela Saúde e constituído em lei.
efetiva participação da sociedade civil organizada, representam po- II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 e 333/03
los de qualificação de cidadãos para o Controle Social nas esferas do CNS e consoante com as Recomendações da 10a e 11a Confe-
da ação do Estado; e rências Nacionais de Saúde, as vagas deverão ser distribuídas da
Considerando o que disciplina a Lei Complementar no 141, de seguinte forma:
13 de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de a)50% de entidades e movimentos representativos de usuários;
2011, que regulamentam a Lei Orgânica da Saúde, resolve: b)25% de entidades representativas dos trabalhadores da área
de saúde;
Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, reformulação, c)25% de representação de governo e prestadores de serviços
reestruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde: privados conveniados, ou sem fins lucrativos.
III - A participação de órgãos, entidades e movimentos sociais
DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SAÚDE PRIMEIRA DIRETRIZ: terá como critério a representatividade, a abrangência e a comple-
mentaridade do conjunto da sociedade, no âmbito de atuação do
o Conselho de Saúde é uma instância colegiada, deliberativa e Conselho de Saúde. De acordo com as especificidades locais, apli-
permanente do Sistema Único de Saúde (SUS) em cada esfera de cando o princípio da paridade, serão contempladas, dentre outras,
Governo, integrante da estrutura organizacional do Ministério da as seguintes representações:
Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos a)associações de pessoas com patologias;
Municípios, com composição, organização e competência fixadas b)associações de pessoas com deficiências;
na Lei no 8.142/90. O processo bem-sucedido de descentralização c)entidades indígenas;
da saúde promoveu o surgimento de Conselhos Regionais, Conse- d)movimentos sociais e populares, organizados (movimento
lhos Locais, Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos negro, LGBT...);
dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a coordenação dos e)movimentos organizados de mulheres, em saúde;
Conselhos de Saúde da esfera correspondente. Assim, os Conselhos f)entidades de aposentados e pensionistas;
de Saúde são espaços instituídos de participação da comunidade g)entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais, con-
nas políticas públicas e na administração da saúde. federações e federações de trabalhadores urbanos e rurais;
Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade Social, o Con- h)entidades de defesa do consumidor;
selho de Saúde atua na formulação e proposição de estratégias e i)organizações de moradores;
no controle da execução das Políticas de Saúde, inclusive nos seus j)entidades ambientalistas;
aspectos econômicos e financeiros. k)organizações religiosas;
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l)trabalhadores da área de saúde: associações, confederações, técnico e administrativo, subordinada ao Plenário do Conselho de
conselhos de profissões regulamentadas, federações e sindicatos, Saúde, que definirá sua estrutura e dimensão;
obedecendo as instâncias federativas; III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orçamento;
m)comunidade científica; IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo, a
n)entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais cada mês e, extraordinariamente, quando necessário, e terá como
campo de estágio, de pesquisa e desenvolvimento; base o seu Regimento Interno. A pauta e o material de apoio às reu-
o)entidades patronais; niões devem ser encaminhados aos conselheiros com antecedência
p)entidades dos prestadores de serviço de saúde; e mínima de 10 (dez) dias;
q)governo. V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas
IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas no Conse- ao público e deverão acontecer em espaços e horários que possibi-
lho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, conforme litem a participação da sociedade;
processos estabelecidos pelas respectivas entidades, movimentos e VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições mediante o
instituições e de acordo com a sua organização, com a recomenda- funcionamento do Plenário, que, além das comissões intersetoriais,
ção de que ocorra renovação de seus representantes. estabelecidas na Lei no 8.080/90, instalará outras comissões inter-
V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos de repre- setoriais e grupos de trabalho de conselheiros para ações transitó-
sentações de usuários, trabalhadores e prestadores de serviços, ao rias.As comissões poderão contar com integrantes não conselhei-
seu critério, promovam a renovação de, no mínimo, 30% de suas ros;
entidades representativas. VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Diretora eleita
VI - A representação nos segmentos deve ser distinta e autôno- em Plenário, respeitando a paridade expressa nesta Resolução;
ma em relação aos demais segmentos que compõem o Conselho, VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adotadas me-
por isso, um profissional com cargo de direção ou de confiança na diante quórum mínimo (metade mais um) dos seus integrantes, res-
gestão do SUS, ou como prestador de serviços de saúde não pode salvados os casos regimentais nos quais se exija quórum especial,
ser representante dos(as) Usuários(as) ou de Trabalhadores(as). ou maioria qualificada de votos;
VII - A ocupação de funções na área da saúde que interfiram a) entende-se por maioria simples o número inteiro imediata-
na autonomia representativa do Conselheiro(a) deve ser avaliada mente superior à metade dos membros presentes;
como possível impedimento da representação de Usuário(a) e Tra- b) entende-se por maioria absoluta o número inteiro imediata-
balhador( a), e, a juízo da entidade, indicativo de substituição do mente superior à metade de membros do Conselho;
Conselheiro( a). c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois terços) do total
VIII - A participação dos membros eleitos do Poder Legislativo, de membros do Conselho;
representação do Poder Judiciário e do Ministério Público, como IX - qualquer alteração na organização dos Conselhos de Saúde
conselheiros, não é permitida nos Conselhos de Saúde. preservará o que está garantido em lei e deve ser proposta pelo
IX - Quando não houver Conselho de Saúde constituído ou em próprio Conselho e votada em reunião plenária, com quórum quali-
atividade no Município, caberá ao Conselho Estadual de Saúde as- ficado, para depois ser alterada em seu Regimento Interno e homo-
sumir, junto ao executivo municipal, a convocação e realização da logada pelo gestor da esfera correspondente;
Conferência Municipal de Saúde, que terá como um de seus objeti- X - a cada três meses, deverá constar dos itens da pauta o pro-
vos a estruturação e composição do Conselho Municipal. O mesmo nunciamento do gestor, das respectivas esferas de governo, para
será atribuído ao Conselho Nacional de Saúde, quando não houver que faça a prestação de contas, em relatório detalhado, sobre an-
Conselho damento do plano de saúde, agenda da saúde pactuada, relatório
Estadual de Saúde constituído ou em funcionamento. de gestão, dados sobre o montante e a forma de aplicação dos re-
X - As funções, como membro do Conselho de Saúde, não serão cursos, as auditorias iniciadas e concluídas no período, bem como
remuneradas, considerando-se o seu exercício de relevância públi- a produção e a oferta de serviços na rede assistencial própria, con-
ca e, portanto, garante a dispensa do trabalho sem prejuízo para o tratada ou conveniada, de acordo com o art. 12 da Lei no 8.689/93
conselheiro. Para fins de justificativa junto aos órgãos, entidades e com a Lei Complementar no 141/2012;
competentes e instituições, o Conselho de Saúde emitirá declara- XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificativa, buscarão
ção de participação de seus membros durante o período das reuni- auditorias externas e independentes sobre as contas e atividades
ões, representações, capacitações e outras atividades específicas. do Gestor do SUS; e
XI - O conselheiro, no exercício de sua função, responde pelos XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-se por
seus atos conforme legislação vigente. meio de resoluções, recomendações, moções e outros atos delibe-
rativos.
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE SAÚDE As resoluções serão obrigatoriamente homologadas pelo chefe
do poder constituído em cada esfera de governo, em um prazo de
Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão auto- 30 (trinta) dias, dando-se-lhes publicidade oficial. Decorrido o prazo
nomia administrativa para o pleno funcionamento do Conselho de mencionado e não sendo homologada a resolução e nem enviada
Saúde, dotação orçamentária, autonomia financeira e organização justificativa pelo gestor ao Conselho de Saúde com proposta de al-
da secretaria-executiva com a necessária infraestrutura e apoio téc- teração ou rejeição a ser apreciada na reunião seguinte, as entida-
nico: des que integram o Conselho de Saúde podem buscar a validação
I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à sua estru- das resoluções, recorrendo à justiça e ao Ministério Público, quan-
tura administrativa e o quadro de pessoal; do necessário. Quinta Diretriz: aos Conselhos de Saúde Nacional,
II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria-executiva Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, que têm competências
coordenada por pessoa preparada para a função, para o suporte definidas nas leis federais, bem como em indicações advindas das
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LEGISLAÇÃO - SUS

Conferências de Saúde, compete: XIX - examinar propostas e denúncias de indícios de irregula-


I - fortalecer a participação e o Controle Social no SUS, mobi- ridades, responder no seu âmbito a consultas sobre assuntos per-
lizar e articular a sociedade de forma permanente na defesa dos tinentes às ações e aos serviços de saúde, bem como apreciar re-
princípios constitucionais que fundamentam o SUS; cursos a respeito de deliberações do Conselho nas suas respectivas
II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e outras normas instâncias;
de funcionamento; XX - estabelecer a periodicidade de convocação e organizar
III - discutir, elaborar e aprovar propostas de operacionalização as Conferências de Saúde, propor sua convocação ordinária ou
das diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde; extraordinária e estruturar a comissão organizadora, submeter o
IV - atuar na formulação e no controle da execução da política respectivo regimento e programa ao Pleno do Conselho de Saúde
de saúde, incluindo os seus aspectos econômicos e financeiros, e correspondente, convocar a sociedade para a participação nas pré-
propor estratégias para a sua aplicação aos setores público e pri- -conferências e conferências de saúde;
vado; XXI - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos
V - definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e de- de Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e
liberar sobre o seu conteúdo, conforme as diversas situações epide- privadas para a promoção da Saúde;
miológicas e a capacidade organizacional dos serviços; XXII - estimular, apoiar e promover estudos e pesquisas sobre
VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não do relató- assuntos e temas na área de saúde pertinente ao desenvolvimento
rio de gestão; do Sistema Único de Saúde (SUS);
VII - estabelecer estratégias e procedimentos de acompanha- XXIII - acompanhar o processo de desenvolvimento e incorpo-
mento da gestão do SUS, articulando-se com os demais colegiados, ração científica e tecnológica, observados os padrões éticos compa-
a exemplo dos de seguridade social, meio ambiente, justiça, educa- tíveis com o desenvolvimento sociocultural do País;
ção, trabalho, agricultura, idosos, criança e adolescente e outros; XXIV - estabelecer ações de informação, educação e comuni-
VIII - proceder à revisão periódica dos planos de saúde; cação em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho
IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos de Saúde, seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, in-
a serem encaminhados ao Poder Legislativo, propor a adoção de cluindo informações sobre as agendas, datas e local das reuniões e
critérios definidores de qualidade e resolutividade, atualizando-os dos eventos;
face ao processo de incorporação dos avanços científicos e tecnoló- XXV - deliberar, elaborar, apoiar e promover a educação perma-
gicos na área da Saúde; nente para o controle social, de acordo com as Diretrizes e a Política
X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da pauta o Nacional de Educação Permanente para o Controle Social do SUS;
pronunciamento do gestor, das respectivas esferas de governo, XXVI - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento sistemático
para que faça a prestação de contas, em relatório detalhado, sobre com os poderes constituídos, Ministério Público, Judiciário e Legis-
andamento do plano de saúde, agenda da saúde pactuada, rela- lativo, meios de comunicação, bem como setores relevantes não
tório de gestão, dados sobre o montante e a forma de aplicação representados nos conselhos;
dos recursos, as auditorias iniciadas e concluídas no período, bem XXVII - acompanhar a aplicação das normas sobre ética em pes-
como a produção e a oferta de serviços na rede assistencial própria, quisas aprovadas pelo CNS;
contratada ou conveniada, de acordo com a Lei Complementar no XXVIII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de Gestão do
141/2012. Trabalho e Educação para a Saúde no SUS;
XI - avaliar, explicitando os critérios utilizados, a organização e o XXIX - acompanhar a implementação das propostas constantes
funcionamento do Sistema Único de Saúde do SUS; do relatório das plenárias dos Conselhos de Saúde; e
XII - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e convênios, XXX - atualizar periodicamente as informações sobre o Conse-
conforme as diretrizes dos Planos de Saúde Nacional, Estaduais, do lho de Saúde no Sistema de Acompanhamento dos Conselhos de
Distrito Federal e Municipais; Saúde (SIACS).
XIII - acompanhar e controlar a atuação do setor privado cre- Fica revogada a Resolução do CNS no 333, de 4 de novembro
denciado mediante contrato ou convênio na área de saúde; de 2003.
XIV - aprovar a proposta orçamentária anual da saúde, tendo
em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, observado o princípio do processo de planejamento CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988, TÍTULO VIII - ARTIGOS DE
e orçamento ascendentes, conforme legislação vigente; 194 A 200
XV - propor critérios para programação e execução financeira e
orçamentária dos Fundos de Saúde e acompanhar a movimentação
e destino dos recursos; O Título VIII da Constituição cuida da Ordem Social, elencada
XVI - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de em seus artigos 193 a 232.
movimentação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saúde
e os recursos transferidos e próprios do Município, Estado, Distrito – Chamamos a atenção para o fato de que referente ao assunto
Federal e da União, com base no que a lei disciplina; supracitado, os concursos públicos cobram do candidato a literali-
XVII - analisar, discutir e aprovar o relatório de gestão, com a dade do texto legal, portanto, é importante conhecer bem todos os
prestação de contas e informações financeiras, repassadas em tem- artigos deste capítulo em sua integralidade!
po hábil aos conselheiros, e garantia do devido assessoramento;
XVIII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações
e dos serviços de saúde e encaminhar denúncias aos respectivos
órgãos de controle interno e externo, conforme legislação vigente;
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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO - SUS

TÍTULO VIII ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste ser-
DA ORDEM SOCIAL viço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
CAPÍTULO I c) o lucro;
DISPOSIÇÃO GERAL II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
cial, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdên-
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamen- cia Social; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
to das políticas sociais, assegurada, na forma da lei, a participação 2019)
da sociedade nos processos de formulação, de monitoramento, III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
de controle e de avaliação dessas políticas. (Incluído pela Emenda IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
Constitucional nº 108, de 2020) a lei a ele equiparar.
§1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
No tocante à Seguridade Social, segue um processo mnemô- pios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orça-
nico para ser utilizado como técnica de auxílio no processo de me- mentos, não integrando o orçamento da União.
morização: §2º A proposta de orçamento da seguridade social será ela-
borada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
Seguridade Social previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, asse-
P Previdência Social gurada a cada área a gestão de seus recursos.
A Assistência Social §3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segurida-
de social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
S Saúde Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.
CAPÍTULO II §4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
DA SEGURIDADE SOCIAL manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o dispos-
to no art. 154, I.
SEÇÃO I §5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá
DISPOSIÇÕES GERAIS ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte- §6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão
grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
à assistência social. disposto no art. 150, III, «b».
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, §7º São isentas de contribuição para a seguridade social as en-
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: tidades beneficentes de assistência social que atendam às exigên-
I - universalidade da cobertura e do atendimento; cias estabelecidas em lei.
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- §8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e
pulações urbanas e rurais; o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exer-
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios çam suas atividades em regime de economia familiar, sem empre-
e serviços; gados permanentes, contribuirão para a seguridade social median-
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; te a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização
V - equidade na forma de participação no custeio; da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em §9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des- artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade
pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da
preservado o caráter contributivo da previdência social; (Redação empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sen-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) do também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, apenas no caso das alíneas «b» e «c» do inciso I do caput. (Redação
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos §10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para
colegiados. o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur- Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito §11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo su-
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: perior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea
na forma da lei, incidentes sobre: «a» do inciso I e o inciso II do caput. (Redação dada pela Emenda
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos Constitucional nº 103, de 2019)
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§12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os §1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos
quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da
caput, serão não-cumulativas. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
§13. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) outras fontes.
§14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de §2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima men- recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
sal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de con- sobre:
tribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por
Saúde cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
A saúde é direito de todos e dever do Estado. Segundo o artigo II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar-
197, da Constituição, as ações e os serviços de saúde devem ser recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de
executados diretamente pelo poder público ou por meio de tercei- que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas
ros, tanto por pessoas físicas quanto jurídicas. as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
A responsabilidade em matéria de saúde é solidária entre os III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da
entes federados. arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e §3º.
– Diretrizes da Saúde §3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada
De acordo com o Art. 198, da CF, as ações e os serviços públicos cinco anos, estabelecerá:
de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons- I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do §2º; (Reda-
tituem um sistema único – o SUS –, organizado de acordo com as ção dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
seguintes diretrizes: II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
I – descentralização, com direção única em cada esfera de go- saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
verno; e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan-
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades do a progressiva redução das disparidades regionais;
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
III – participação da comunidade. sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV - (revogado).
– A Saúde e a Iniciativa Privada §4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
Referente ao Artigo 199, da CF, a assistência à saúde é livre à admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate
iniciativa privada e instituições privadas poderão participar de for- às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo
ma complementar do SUS, segundo diretrizes deste, mediante con- com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos
trato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades específicos para sua atuação.
filantrópicas e as sem fins lucrativos. §5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
– Atribuições Constitucionais do SUS regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
Por fim, o Artigo 200 da CF, elenca quais atribuições são de agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
competência do SUS. da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
SEÇÃO II piso salarial.
DA SAÚDE §6º Além das hipóteses previstas no §1º do art. 41 e no §4º
do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. seu exercício.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú- §7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos,
física ou jurídica de direito privado. auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma desses profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, de 2022)
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: §8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às
verno; endemias serão consignados no orçamento geral da União com
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades dotação própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; nº 120, de 2022)
III - participação da comunidade. §9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
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agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salários de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen-
mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros in-
Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de sumos;
2022) II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
§10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de bem como as de saúde do trabalhador;
combate às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
às funções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado IV - participar da formulação da política e da execução das
aos seus vencimentos, adicional de insalubridade. (Incluído pela ações de saneamento básico;
Emenda Constitucional nº 120, de 2022) V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
§11. Os recursos financeiros repassados pela União aos científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento Constitucional nº 85, de 2015)
do vencimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias não de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
serão objeto de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa humano;
com pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
§12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de tóxicos e radioativos;
enfermagem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
de direito público e de direito privado. (Incluído pela Emenda dido o do trabalho.
Constitucional nº 124, de 2022)
§13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
até o final do exercício financeiro em que for publicada a lei de que LEI ORGÂNICA DA SAÚDE - LEI N º 8.080/1990
trata o §12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou
dos respectivos planos de carreiras, quando houver, de modo a
atender aos pisos estabelecidos para cada categoria profissional. LEI FEDERAL N° 8.080/1990
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
§14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores correspondentes e dá outras providências.
de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60%
(sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
saúde, para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o §12 cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de 2022)
§15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
prestadores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
60% (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de
saúde, para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o §12 direito Público ou privado.
deste artigo serão consignados no orçamento geral da União com
dotação própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional TÍTULO I
nº 127, de 2022) DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§1º As instituições privadas poderão participar de forma Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo exercício.
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. §1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula-
§2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
§3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações
capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
previstos em lei. §2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
§4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que empresas e da sociedade.
facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicio-
fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bási-
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo co, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,
vedado todo tipo de comercialização. o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras da população expressam a organização social e econômica do País.
atribuições, nos termos da lei: Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicio-
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nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bá- IX - a participação no controle e na fiscalização da produção,
sico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati-
física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. vos, tóxicos e radioativos;
(Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013) X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, científico e tecnológico;
por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de-
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e rivados.
social. §1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
TÍTULO II nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ-
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
saúde, abrangendo:
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen-
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por processos, da produção ao consumo; e
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po- ou indiretamente com a saúde.
der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). §2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de
§1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições pú- ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção
blicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes
pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san- de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
§2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de §3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei,
Saúde (SUS), em caráter complementar. um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi-
lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção
CAPÍTULO I da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi-
DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
advindos das condições de trabalho, abrangendo:
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- ou portador de doença profissional e do trabalho;
terminantes da saúde; II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos
nos campos econômico e social, a observância do disposto no §1º riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra-
do art. 2º desta lei; balho;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo- III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con-
das ações assistenciais e das atividades preventivas. dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri-
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de
Único de Saúde (SUS): equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
I - a execução de ações: IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
a) de vigilância sanitária; V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi-
b) de vigilância epidemiológica; cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
c) de saúde do trabalhador; (Redação dada pela Lei nº 14.572, profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
de 2023) avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;
e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de 2023) VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos
II - a participação na formulação da política e na execução de serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú-
ações de saneamento básico; blicas e privadas;
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
saúde; no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; das entidades sindicais; e
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre- VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
endido o do trabalho; órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
participação na sua produção; §4º Entende-se por saúde bucal o conjunto articulado de ações,
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân- em todos os níveis de complexidade, que visem a garantir promo-
cias de interesse para a saúde; ção, prevenção, recuperação e reabilitação odontológica, individual
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas e coletiva, inseridas no contexto da integralidade da atenção à saú-
para consumo humano; de. (Incluído pela Lei nº 14.572, de 2023)
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CAPÍTULO II Saúde ou órgão equivalente.


DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de-
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri- correspondam.
vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único §1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o
de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre- princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo-
vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos rão sobre sua observância.
seguintes princípios: §2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po-
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur-
níveis de assistência; sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar- saúde.
ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, Art. 11. (Vetado).
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
de complexidade do sistema; nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
integridade física e moral; da sociedade civil.
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri- Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
vilégios de qualquer espécie; de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi- Único de Saúde (SUS).
ços de saúde e a sua utilização pelo usuário; Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; vidades:
VIII - participação da comunidade; I - alimentação e nutrição;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única II - saneamento e meio ambiente;
em cada esfera de governo: III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; IV - recursos humanos;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú- V - ciência e tecnologia; e
de; VI - saúde do trabalhador.
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am- Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte-
biente e saneamento básico; gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis-
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate- sional e superior.
riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali-
Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po- dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e
pulação; educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à
de assistência; e pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli- Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são
cidade de meios para fins idênticos. reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto-
XIV – organização de atendimento público específico e especia- res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde
lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar-
e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de
12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, 2011).
de 2017) I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi-
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com
CAPÍTULO III a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro-
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de
2011).
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de
complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re- saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à
gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de Lei nº 12.466, de 2011).
acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário,
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
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(Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos ção e recuperação da saúde;
entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do
à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função exercício profissional e outras entidades representativas da socie-
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes-
2011). quisa, ações e serviços de saúde;
§1º O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza-
convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ção inerentes ao poder de polícia sanitária;
§2º Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es-
são reconhecidos como entidades que representam os entes mu- tratégicos e de atendimento emergencial.
nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na SEÇÃO II
forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466, DA COMPETÊNCIA
de 2011).
Art. 16. À direção nacional do SUS compete: (Redação dada
CAPÍTULO IV pela Lei nº 14.572, de 2023)
DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
II - participar na formulação e na implementação das políticas:
SEÇÃO I a) de controle das agressões ao meio ambiente;
DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS b) de saneamento básico; e
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios III - definir e coordenar os sistemas:
exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições: a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação b) de rede de laboratórios de saúde pública;
e de fiscalização das ações e serviços de saúde; c) de vigilância epidemiológica; e
II - administração dos recursos orçamentários e financeiros d) vigilância sanitária;
destinados, em cada ano, à saúde; IV - participar da definição de normas e mecanismos de con-
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele
da população e das condições ambientais; decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;
IV - organização e coordenação do sistema de informação de V - participar da definição de normas, critérios e padrões para
saúde; o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- a política de saúde do trabalhador;
drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as- VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância
sistência à saúde; epidemiológica;
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de
drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple-
VII - participação de formulação da política e da execução das mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera- VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
ção do meio ambiente; trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde; consumo e uso humano;
IX - participação na formulação e na execução da política de IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi- da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
XII - realização de operações externas de natureza financeira de XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e à saúde;
transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca- XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com- cias de interesse para a saúde;
petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao
bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo- Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua
-lhes assegurada justa indenização; (Vide ADIN 3454) atuação institucional;
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
tes e Derivados; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos tência à saúde;
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
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mente, de abrangência estadual e municipal; XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con-
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio- trole e avaliação das ações e serviços de saúde;
nal de Sangue, Componentes e Derivados; XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple-
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos
saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; e substâncias de consumo humano;
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária
do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis- de portos, aeroportos e fronteiras;
trito Federal; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica-
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional Art. 18. À direção municipal do SUS compete: (Redação dada
em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede- pela Lei nº 14.572, de 2023)
ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços
XX - definir as diretrizes e as normas para a estruturação física de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
e organizacional dos serviços de saúde bucal. (Incluído pela Lei nº II - participar do planejamento, programação e organização
14.572, de 2023) da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde
§1º A União poderá executar ações de vigilância epidemioló- (SUS), em articulação com sua direção estadual;
gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe-
de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da rentes às condições e aos ambientes de trabalho;
direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre- IV - executar serviços:
sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo a) de vigilância epidemiológica;
único pela Lei nº 14.141, de 2021) b) vigilância sanitária;
§2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên- c) de alimentação e nutrição;
cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica- d) de saneamento básico; (Redação dada pela Lei nº 14.572,
do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do de 2023)
regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021) e) de saúde do trabalhador;
§3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro- f) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de 2023)
duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri- V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e
mônio genético de que trata o §2º deste artigo serão repartidos nos equipamentos para a saúde;
termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela Lei VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente
nº 14.141, de 2021) que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro-
compete: lá-las;
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
e das ações de saúde;. VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân-
Sistema Único de Saúde (SUS); cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu- X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra-
tar supletivamente ações e serviços de saúde; tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
serviços: XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva-
a) de vigilância epidemiológica; dos de saúde;
b) de vigilância sanitária; XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi-
c) de alimentação e nutrição; (Redação dada pela Lei nº 14.572, cos de saúde no seu âmbito de atuação.
de 2023) Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
d) de saúde do trabalhador; das aos Estados e aos Municípios.
e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de 2023)
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra- CAPÍTULO V
vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
VI - participar da formulação da política e da execução de ações (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
de saneamento básico;
VII - participar das ações de controle e avaliação das condições Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten-
e dos ambientes de trabalho; dimento das populações indígenas, em todo o território nacional,
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In-
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
al e regional; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
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ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei CAPÍTULO VI


nº 9.836, de 1999) DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICI-
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti- LIAR
tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa- Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de
mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen- Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído
te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de pela Lei nº 10.424, de 2002)
1999) §1º Na modalidade de assistência de atendimento e internação
§1º A União instituirá mecanismo de financiamento específi- domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi-
co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência
houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter- social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes
ritórios indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
§2º Em situações emergenciais e de calamidade pública: (Inclu- §2º O atendimento e a internação domiciliares serão realizados
ído pela Lei nº 14.021, de 2020) por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina
I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424,
previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In- de 2002)
dígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Inclu- §3º O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser
ído pela Lei nº 14.021, de 2020) realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa-
II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla- ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as CAPÍTULO VII
referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído pela DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O TRA-
Lei nº 14.021, de 2020) BALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde -
se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem- SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a
plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu- presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante
trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
1999) §1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado. §2º As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di-
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a
§1º O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído
base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 11.108, de 2005)
9.836, de 1999) §3º Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em
§1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito
e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi- estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de
ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de 2013)
saúde. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
§1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí- CAPÍTULO VIII
gena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§2º O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO DE
Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações TECNOLOGIA EM SAÚDE”
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº
Lei nº 9.836, de 1999) 12.401, de 2011)
§3º As populações indígenas devem ter acesso garantido ao I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor- a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
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Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota- objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis-
das as seguintes definições: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
coletoras e equipamentos médicos; (Incluído pela Lei nº 12.401, de custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que
2011) se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar,
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à §3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais que se refere o inciso II do §2º deste artigo serão dispostas em regu-
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- lamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos indica-
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e dores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em combinação
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos com outros critérios. (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re-
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de- fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces-
verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido,
tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando
e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro- as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira §1º O processo de que trata o caput deste artigo observará, no
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro- as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401,
dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados de 2011)
quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível,
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde das amostras de produtos, na forma do regulamento, com infor-
de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) mações necessárias para o atendimento do disposto no §2º do art.
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu- 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
2011) III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci-
Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei
2011) nº 12.401, de 2011)
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com-
suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído
pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci- pela Lei nº 14.313, de 2022)
mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.401, de 2011) 14.313, de 2022)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com §2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu- Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu- Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS:
ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
de 2011) I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
do pela Lei nº 12.401, de 2011) na Anvisa. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§1º A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí-
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, do pela Lei nº 14.313, de 2022)
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
Conselho Nacional de Saúde, de 1 (um) representante, especialista tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina e de 1 (um) re- tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
presentante, especialista na área, indicado pela Associação Médica de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
Brasileira. (Redação dada pela Lei nº 14.655, de 2023) as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
§2º O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
do pela Lei nº 12.401, de 2011) II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
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suas entidades vinculadas, nos termos do §5º do art. 8º da Lei nº direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.313, de Conselho Nacional de Saúde.
2022) §1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio-
medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen- nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges- em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua-
tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) lidade de execução dos serviços contratados.
§2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni-
TÍTULO III cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do
contrato.
CAPÍTULO I §3° (Vetado).
DO FUNCIONAMENTO §4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida-
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri- função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).
zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na TÍTULO III-A
promoção, proteção e recuperação da saúde. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. DA TELESSAÚDE
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas Art. 26-A. A telessaúde abrange a prestação remota de serviços
pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta-
condições para seu funcionamento. das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede-
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi- cerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº
à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 14.510, de 2022)
2015) II - consentimento livre e informado do paciente;
I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga- III - direito de recusa ao atendimento na modalidade telessaú-
nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de do; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
2015) IV - dignidade e valorização do profissional de saúde; (Incluído
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou pela Lei nº 14.510, de 2022)
explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) V - assistência segura e com qualidade ao paciente; (Incluído
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, pela Lei nº 14.510, de 2022)
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei nº 14.510,
nº 13.097, de 2015) de 2022)
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às
Lei nº 13.097, de 2015) ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis-
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, são; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei nº 14.510, de
13.097, de 2015) 2022)
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se telessaúde a moda-
pela Lei nº 13.097, de 2015) lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que en-
CAPÍTULO II volve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
adequadas. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- ticados na modalidade telessaúde, terão validade em todo o terri-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos tório nacional. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
serviços ofertados pela iniciativa privada. Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- telessaúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
das, a respeito, as normas de direito público. ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário. (Incluído
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do pela Lei nº 14.510, de 2022)
Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
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vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no entidades profissionais correspondentes.


que não colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
14.510, de 2022) TÍTULO V
Art. 26-E. Na prestação de serviços por telessaúde, serão ob- DO FINANCIAMENTO
servadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema
Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento, CAPÍTULO I
observada a competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído DOS RECURSOS
pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema
de serviço de telessaúde deverá demonstrar a imprescindibilidade Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos
da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacientes. necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos
Art. 26-G. A prática da telessaúde deve seguir as seguintes de- da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me-
terminações: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pa- Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove-
ciente, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do nientes de:
profissional de saúde; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) I - (Vetado)
II - prestar obediência aos ditames das Leis nºs 12.965, de 23 II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis-
de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho tência à saúde;
de 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
Geral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990 IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
(Código de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados
ditames da Lei nº 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Pron- no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
tuário Eletrônico). (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen- §1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita
tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris- de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual
dição exclusivamente por meio da modalidade telessaúde. (Incluído será destinada à recuperação de viciados.
pela Lei nº 14.510, de 2022) §2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
TÍTULO IV tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
DOS RECURSOS HUMANOS §3º As ações de saneamento que venham a ser executadas su-
pletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financiadas
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Dis-
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas trito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: Habitação (SFH).
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- §4º (Vetado).
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além §5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
pessoal; Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
II - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
III - (Vetado) externa e receita própria das instituições executoras.
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema §6º (Vetado).
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
exercidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou §1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos ser- de, através do Fundo Nacional de Saúde.
vidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupantes §2º (Vetado).
de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. §3º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). §4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
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nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei. Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí-
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re- lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade
ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao lucrativa.
Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de Art. 39. (Vetado).
Saúde (SUS). §1º (Vetado).
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da §2º (Vetado).
Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa §3º (Vetado).
prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social. §4º (Vetado).
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos §5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps
a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina- para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita
ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.
e projetos: §6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventa-
I - perfil demográfico da região; riados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção
III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente,
na área; pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem,
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período mediante simples termo de recebimento.
anterior; §7º (Vetado).
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta- §8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados,
duais e municipais; mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho
VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede; e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
outras esferas de governo. cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
§1º (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de 2012) (Vide contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
Lei nº 8.142, de 1990) médico-hospitalares.
§2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro- Art. 40. (Vetado)
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula- Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
cional, em especial o número de eleitores registrados. direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§3º (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§4º (Vetado). humanos e para transferência de tecnologia.
§5º (Vetado). Art. 42. (Vetado).
§6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
na gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44. (Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- jam vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em §1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), §2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
função das características epidemiológicas e da organização dos nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
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taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará, micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú- do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões §3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
epidemiológicas e de prestação de serviços. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
Art. 48. (Vetado). terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
Art. 49. (Vetado). §4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali- mentos.
zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for §5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
Art. 51. (Vetado). to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri- Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe- alocados como:
nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei. órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
Art. 53. (Vetado). II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati- Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento da Saúde;
de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições serão repassados de forma regular e automática para os Municí-
em contrário. pios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
102º da República. §1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
LEI Nº 8.142/1990 estabelecido no §1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990. aos Estados.
§3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu-
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis- ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas
tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergoverna- de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.
mentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras pro- Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta
vidências. lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar
com:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- I - Fundo de Saúde;
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° III - plano de saúde;
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go- IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata
verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se- o §4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
guintes instâncias colegiadas: V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
I - a Conferência de Saúde; e mento;
II - o Conselho de Saúde. VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
§1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situa- Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
ção de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
§2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe- Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na lei.
formulação de estratégias e no controle da execução da política de Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô- Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
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Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
102° da República. das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
gestores do SUS.
DECRETO PRESIDENCIAL Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011.
Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser-
Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o pla- pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a
nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfe- participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado
derativa, e dá outras providências. de forma regionalizada e hierarquizada.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe SEÇÃO I


confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- DAS REGIÕES DE SAÚDE
posto na Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990,
DECRETA: Art. 4º As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em
articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac-
CAPÍTULO I tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES inciso I do art. 30.
§1º Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais,
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de se- compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec-
tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único tivos Estados em articulação com os Municípios.
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a §2º A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de
articulação interfederativa. fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem
Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: as relações internacionais.
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de mínimo, ações e serviços de:
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica- I - atenção primária;
ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida- II - urgência e emergência;
de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações III - atenção psicossocial;
e serviços de saúde; IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo V - vigilância em saúde.
de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará
de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio- cronograma pactuado nas Comissões Intergestores.
nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi- Art. 6º As Regiões de Saúde serão referência para as transferên-
cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, cias de recursos entre os entes federativos.
recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em consonân-
implementação integrada das ações e serviços de saúde; cia com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores .
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes
do usuário no SUS; elementos em relação às Regiões de Saúde:
IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen- I - seus limites geográficos;
sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão II - população usuária das ações e serviços;
compartilhada do SUS; III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e
recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo escala para conformação dos serviços.
SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala-
da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos SEÇÃO II
indicadores de saúde do sistema; DA HIERARQUIZAÇÃO
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a Art. 8º O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com-
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com-
específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo plexidade do serviço.
ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que nas Redes de Atenção à Saúde os serviços:
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à I - de atenção primária;
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais II - de atenção de urgência e emergência;
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III - de atenção psicossocial; e nal, estadual e nacional.


IV - especiais de acesso aberto. Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das
Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos
o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po- entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas
derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, de saúde.
considerando as características da Região de Saúde. Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos
especializados, entre outros de maior complexidade e densidade Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde.
tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de
trata o art. 9º . que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços prazos do planejamento municipal em consonância com os planeja-
de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado mentos estadual e nacional.
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas CAPÍTULO IV
com proteção especial, conforme legislação vigente. DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Parágrafo único. A população indígena contará com regramen-
tos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se
e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento
com disposições do Ministério da Saúde. do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas
Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado Comissões Intergestores.
em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e
em outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva SEÇÃO I
região. DA RELAÇÃO NACIONAL DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE -
Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as re- RENASES
gras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na
respectiva área de atuação. Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RE-
Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário NASES compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao
e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde.
federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactua- Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em
das pelas Comissões Intergestores: âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT.
I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde conso-
acesso às ações e aos serviços de saúde; lidará e publicará as atualizações da RENASES.
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
saúde; pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas respon-
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e sabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes da RE-
IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde. NASES.
Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretri- Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
zes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federa- adotar relações específicas e complementares de ações e serviços
tivos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13. de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as respon-
sabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pac-
CAPÍTULO III tuado nas Comissões Intergestores.
DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
SEÇÃO II
Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente DA RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS -
e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Con- RENAME
selhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas
de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RE-
§1º O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públi- NAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos
cos e será indutor de políticas para a iniciativa privada. indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito
§2º A compatibilização de que trata o caput será efetuada no do SUS.
âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja- Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário
mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensa-
saúde. ção e o uso dos seus medicamentos.
§3º O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dis-
serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo por sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêu-
com as características epidemiológicas e da organização de serviços ticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela
nos entes federativos e nas Regiões de Saúde. CIT.
Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e Parágrafo único. O Ministério da Saúde consolidará e publicará
as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar as atualizações: (Redação dada pelo Decreto nº 11.161, de 2022)
ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regio- Vigência
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I - da RENAME, a cada dois anos, e disponibilizará, nesse prazo, cretarias Municipais de Saúde - COSEMS.
a lista de tecnologias incorporadas, excluídas e alteradas pela CONI- Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão:
TEC e com a responsabilidade de financiamento pactuada de forma I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges-
tripartite, até que haja a consolidação da referida lista; (Incluído tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de
pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de
II - do FTN, à medida que sejam identificadas novas evidências saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde;
sobre as tecnologias constantes na RENAME vigente; e (Incluído II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi-
pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos
III - de protocolos clínicos ou de diretrizes terapêuticas, quando vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en-
da incorporação, alteração ou exclusão de tecnologias em saúde no tes federativos;
SUS e da existência de novos estudos e evidências científicas identi- III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes-
ficados a partir de revisões periódicas da literatura relacionada aos tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde,
seus objetos. (Incluído pelo Decreto nº 11.161, de 2022) Vigência principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das
Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão ado- ações e serviços dos entes federativos;
tar relações específicas e complementares de medicamentos, em IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten-
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen-
entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac- volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili-
tuado nas Comissões Intergestores. dades individuais e as solidárias; e
Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu- V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de
tica pressupõe, cumulativamente: atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên-
I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do cia.
SUS; Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac-
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, tuação:
no exercício regular de suas funções no SUS; I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser-
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es- viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento
pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica- da gestão; e
mentos; e III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di- operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou-
reção do SUS. tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem
§1º Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário as relações internacionais.
à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem. SEÇÃO II
§2º O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen- DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA SAÚDE
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado.
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es- Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos
tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa- firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
nitária - ANVISA. de.
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da
CAPÍTULO V Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên-
SEÇÃO I cia aos usuários.
DAS COMISSÕES INTERGESTORES Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede-
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re- pactuações estabelecidas pela CIT.
des de atenção à saúde, sendo: Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de-
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede-
para efeitos administrativos e operacionais; rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio- e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à
nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis- implementação integrada das ações e serviços de saúde.
trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. §1º O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de ga-
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de rantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do SUS,
saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre- a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saúde.
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias §2º O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se- de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do
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desempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regi- em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao
ões de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regio- respectivo Conselho de Saúde para monitoramento.
nais e estaduais.
Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con- CAPÍTULO VI
terá as seguintes disposições essenciais: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo- Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis-
ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter- tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo:
-regional; I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na
III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe- prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre-
rante a população no processo de regionalização, as quais serão vistas neste Decreto;
estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o
organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990 ;
de cada ente federativo da Região de Saúde; III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
IV - indicadores e metas de saúde; ceiros; e
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde; IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento.
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora- Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
mento permanente; e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
em relação às atualizações realizadas na RENASES; forma direta ou indireta.
VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon- Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
sabilidades; e zes de que trata o §3º do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a
IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada partir da publicação deste Decreto.
um dos partícipes para sua execução. Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas Brasília, 28 de junho de 2011; 190º da Independência e 123º
de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das da República.
ações e serviços de saúde.
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob-
servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges- DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE
tão participativa:
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação
do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me- Os determinantes sociais em saúde são as condições sociais,
lhoria; econômicas, culturais, políticas e ambientais que influenciam a
II - apuração permanente das necessidades e interesses do usu- saúde e o bem-estar das pessoas e das populações. Eles são os
ário; e fatores que determinam as diferenças existentes na saúde entre
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em diferentes grupos populacionais, incluindo as desigualdades em
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas morbidade, mortalidade e expectativa de vida.
que dele participem de forma complementar. Os determinantes sociais em saúde incluem a renda e a
Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator distribuição de renda, a educação, o trabalho, o ambiente físico, o
determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas acesso aos serviços de saúde, a cultura, o gênero, a raça, a etnia
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde. e as políticas públicas, entre outros. Esses fatores interagem e
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi- influenciam a saúde de forma complexa e multifatorial.
zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo Assim, entender e atuar sobre os determinantes sociais em
à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação. saúde é fundamental para promover a saúde e a equidade, já que
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS, eles afetam a saúde de forma mais profunda e duradoura do que
por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do as intervenções baseadas somente no tratamento das doenças e
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde. sintomas. Políticas e ações que visem a melhoria dos determinantes
§1º O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4º sociais em saúde são importantes para reduzir as desigualdades na
da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe- saúde e garantir o acesso universal e equitativo aos serviços de
cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato saúde e à qualidade de vida.
Organizativo de Ação Pública de Saúde. Os determinantes sociais em saúde têm um papel fundamental
§2º O disposto neste artigo será implementado em conformi- no desenvolvimento de políticas públicas, pois eles influenciam
dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em diretamente as condições de vida e de saúde das populações.
Lei. Entender os determinantes sociais em saúde é essencial para
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução identificar as causas das desigualdades em saúde e para orientar a
do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação elaboração de políticas e intervenções que promovam a equidade
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à em saúde.
aplicação dos recursos disponibilizados. Ao levar em conta os determinantes sociais em saúde, as
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato políticas públicas podem abordar as causas fundamentais das
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doenças e das desigualdades em saúde, em vez de apenas tratar outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo-
seus sintomas. Dessa forma, é possível promover a prevenção e ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de
a promoção da saúde em diversos níveis, desde a melhoria das tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi-
condições de vida e de trabalho até a ampliação do acesso aos diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes
serviços de saúde. e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e
Além disso, as políticas públicas que consideram os orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição,
determinantes sociais em saúde têm o potencial de reduzir as manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número
disparidades na saúde entre diferentes grupos populacionais, como de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à
as desigualdades entre ricos e pobres, entre homens e mulheres, taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma-
entre diferentes raças e etnias, entre áreas urbanas e rurais, entre nência, etc.
outros. Essas políticas também podem melhorar a qualidade de As informações do paciente, geradas durante seu período de
vida e o bem-estar da população como um todo. internação, constituirão o documento denominado prontuário,
Portanto, é importante que as políticas públicas sejam o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº
baseadas em uma abordagem de determinantes sociais em saúde, 1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados
integrando diferentes setores e áreas de atuação para promover a e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro
saúde e a equidade de forma mais ampla e sustentável. dos cuidados profissionais prestados ao paciente.
Os principais determinantes sociais em saúde são: O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são
1 – Renda e distribuição de renda: a pobreza e a desigualdade registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó-
socioeconômica são fatores que afetam negativamente a saúde, rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico,
aumentando a exposição a riscos ambientais, a falta de acesso a diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes-
serviços de saúde adequados e a uma alimentação saudável. tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen-
tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente
2 – Educação: a falta de acesso à educação e a baixa ter suas informações adequadamente registradas, como também
escolaridade estão associados a piores indicadores de saúde, como acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
maior incidência de doenças crônicas, menor expectativa de vida e necessário.
maior taxa de mortalidade. Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos
3 – Ambiente físico: a qualidade do ambiente em que as pessoas de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui-
vivem, incluindo a poluição do ar e da água, a falta de saneamento ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização,
básico e a exposição a desastres naturais, pode afetar a saúde de há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja
forma significativa. vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar
4 – Acesso aos serviços de saúde: o acesso a serviços de saúde informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri-
de qualidade, incluindo a prevenção, diagnóstico e tratamento de vacidade e sigilo dos dados pessoais.
doenças, é fundamental para a promoção da saúde e prevenção de
doenças. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Sistema de In-
5 – Gênero: fatores sociais e culturais relacionados ao formação em Saúde (SIS):
gênero podem afetar a saúde, incluindo a violência de gênero, a “ ….. é um conjunto de componentes que atuam de forma inte-
discriminação e a falta de acesso a serviços de saúde. grada por meio de mecanismos de coleta, processamento, análise e
6 – Raça e etnia: a discriminação racial e étnica pode levar a transmissão da informação necessária e oportuna para implemen-
piores indicadores de saúde, incluindo maior incidência de doenças tar processos de decisões no Sistema de Saúde. Seu propósito é
crônicas e menor expectativa de vida. selecionar dados pertinentes e transformá-los em informações para
7 – Condições de trabalho: o ambiente de trabalho pode afetar aqueles que planejam, financiam, proveem e avaliam os serviços de
a saúde, incluindo a exposição a substâncias tóxicas, o estresse e a saúde” (OMS, 1981:42).
falta de acesso a direitos trabalhistas e à proteção social. Informação Oportuna: disponível no local e hora necessários
para tomada de decisão
Informação de Qualidade: atualizada, pertinente e consistente.
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Funções:
- Respaldar a operação diária e a gestão da atenção à saúde;
Sistema de informação em saúde - Conhecer e monitorar o estado de saúde da população e as
Um sistema de informação representa a forma planejada de re- condições sócio-ambientais;
ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número - Facilitar o planejamento, a supervisão e o controle e avaliação
cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter- de ações e serviços;
net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso - Subsidiar os processos decisórios nos diversos níveis de deci-
e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações são e ação;
dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes. - Apoiar a produção e utilização de serviços de saúde;
No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor- - Disponibilizar informações para as atividades de diagnóstico
mações através de um sistema informatizado é muito útil porque e tratamento;
agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad- - Monitorar e avaliar as intervenções, resultados e impactos;
missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o - Subsidiar educação e a promoção da saúde;
processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas - Apoiar as atividades de pesquisa e produção de conhecimen-
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tos

SIS (Sistema de Informação em Saúde)


- Coleta
- Processamento
- Análise
- Transmissão da Informação

Sistemas de Informação e Banco de Dados

Sistema de informação:
É o processo de produção de informação e sua comunicação a atores, possibilitando sua análise com vistas à geração de conhecimen-
tos.

Banco de dados:
É um dos principais componentes do sistema, sendo um agrupamento organizado de dados que pode ser utilizado por vários sistemas.

Sistemas de Informação em Saúde


Componentes que atuam de forma integrada e articulada para obter e selecionar dados e transformá-los em informação:

Principais Sistemas de Informação em Saúde

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SIAB
- O Sistema de Informação da Atenção Básica foi implantado para o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades
realizadas pela Estratégia de Saúde da Família - ESF. O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas Locais de Saúde e
incorporou em sua formulação conceitos como território, problema e responsabilidade sanitária.

- Através dele obtêm-se informações sobre cadastros de famílias, condições de moradia e saneamento, situação de saúde, produção e
composição das equipes de saúde. Principal instrumento de monitoramento das ações do Programa Saúde da Família, tem sua gestão na
Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica / SAS.

Benefícios:
Micro-espacialização de problemas de saúde e de avaliação de intervenções;
Utilização mais ágil e oportuna da informação;
Produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de organização das ações de saúde;
Consolidação progressiva da informação partindo de níveis menos agregados para mais agregados.

Funcionalidades
• Cadastros de famílias;
• Condições de moradia e saneamento;
• Situação de saúde;
• Produção e marcadores; Composição das Equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde.1

E-SUS
O Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) tem por finalidade fornecer de forma prática, ágil, atualizada, completa e de fácil
manipulação, instrumentos de controle e planejamento, além de possibilitar a socialização das informações de saúde.

O SIAB apresenta também como objetivo, avaliar a adequação dos serviços oferecidos e readequá-los, sempre que necessário e, por
fim, melhorar a qualidade dos serviços de saúde.

Isso também é válido para a análise das prioridades políticas a partir dos perfis epidemiológicos de determinada localidade e, princi-
palmente, para a fiscalização da aplicação dos recursos públicos destinados à área social, conformando-se numa estratégia para a opera-
cionalização do Sistema Único de Saúde.
O SIAB tem como lógica central de seu funcionamento a referência a uma determinada base populacional. O Ministério da Saúde (MS)
em 1998, por meio da Coordenadoria de Saúde da Comunidade, editou um manual que descreve os conceitos e procedimentos básicos
que compõem o SIAB, bem como as orientações gerais para seu preenchimento e operacionalização.
1 Fonte: https://www.enfconcursos.com/Fonte: http://www.saude.gov.br
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O SIAB baseia-se nos conceitos de modelo de atenção, família, Quanto ao cadastramento das famílias, é um bom indicador
domicílio, área, micro área e território. O Ministério da Saúde orien- para acompanhamento do planejamento de implantação e imple-
ta que o SIAB seja informatizado. Caso o município não disponha do mentação da Equipe de Saúde da Família (ESF), pois permite deter-
programa, este deve procurar o DATASUS ou a Coordenação Esta- minar com garantia quanto de cobertura da população do municí-
dual do PSF para que estes instalem (gratuitamente) o programa. pio e de cobertura das famílias estimadas já foram realizadas.

O SIAB é um sistema idealizado para agregar e para processar Ainda são possíveis determinar a estrutura familiar, o núme-
as informações sobre a população visitada. Estas informações são ro de pessoas e a idade por família. Em relação ao saneamento,
recolhidas em fichas de cadastramento e de acompanhamento e o instrumento revela-se como suficiente e de fácil manuseio para
analisadas a partir dos relatórios de consolidação dos dados. avaliação das informações, além de proporcionar uma ferramenta
para divulgação, planejamento e possibilitar a indicação de serviços
O preenchimento das fichas é tarefa do agente comunitário, e ainda avaliar a prestação de serviço público e mecanismo de au-
a partir de suas visitas domiciliares. Elas devem ser atualizadas toproteção.2
sempre que necessário, ou seja, mediante ocorrência de eventos,
como: óbito, nascimento, inclusão de parente ou agregado ao gru- E-SUS AB
po familiar, etc. O e-SUS AB é uma estratégia do Departamento de Atenção Bá-
sica (DAB) para reestruturar as informações da Atenção Básica (AB)
Assim, registrar corretamente os dados com maior fidedigni- em nível nacional. Esta ação está alinhada com a proposta mais ge-
dade possível é responsabilidade do Agente comunitário. As fichas ral de reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) do
são instrumentos de trabalho do PSF, pois permitem o planejamen- Ministério da Saúde (MS), entendendo que a qualificação da gestão
to das atividades da equipe, tendo como base o conhecimento do da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendi-
diagnóstico de necessidades da população a que assiste. mento à população.
A Estratégia e-SUS AB faz referência ao processo de informati-
São instrumentos de coleta de dados: zação qualificada do Sistema Único de Saúde (SUS) em busca de um
• Ficha A – cadastramento das famílias; SUS eletrônico (e-SUS) e tem como objetivo concretizar um novo
• Ficha B-GES – acompanhamento de gestantes; modelo de gestão de informação que apoie os municípios e os ser-
• Ficha B-HÁ – acompanhamento de hipertensos; viços de saúde na gestão efetiva da AB e na qualificação do cuidado
• Ficha B-DIA – acompanhamento de diabéticos; dos usuários. Esse modelo nacional de gestão da informação na AB
• Ficha B-TB – acompanhamento de pacientes com tubercu- é definido a partir de diretrizes e requisitos essenciais que orientam
lose; e organizam o processo de reestruturação do sistema de informa-
• Ficha B-HAN – acompanhamento de pacientes com hanse- ção, instituído o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
níase; Básica (SISAB), por meio da Portaria GM/MS Nº 1.412, de 10 de
• Ficha C (cartão da criança) – acompanhamento de crianças; julho de 2013, e a Estratégia e-SUS AB para sua operacionalização.
• Ficha D – registro de atividades, procedimentos e notifica- A Estratégia e-SUS AB preconiza:
ções. ● Individualizar o registro: registro individualizado das infor-
mações em saúde, para o acompanhamento dos atendimentos aos
São instrumentos de consolidação de dados: cidadãos;
• Relatórios A1, A2, A3 e A4 – relatório de consolidado anual ● Integrar a informação: integração dos diversos sistemas de
das famílias cadastradas; informação oficiais existentes na AB, a partir do modelo de infor-
• Relatórios SSA2 e SSA4 – relatório de situação de saúde e mação;
acompanhamento das famílias; ● Reduzir o retrabalho na coleta de dados: reduzir a necessida-
• Relatórios PMA2 e PMA4 – relatórios de produção e marca- de de registrar informações similares em mais de um instrumento
dores para avaliação. (fichas/sistemas) ao mesmo tempo;
● Informatizar as unidades: desenvolvimento de soluções tec-
O dado, após coletado, deve ser selecionado, processado, ana- nológicas que contemplem os processos de trabalho da AB, com
lisado e transformado em informação pela equipe de PSF. Este se recomendações de boas práticas e o estímulo à informatização dos
conforma como um produto das relações entre os vários atores en- serviços de saúde;
volvidos (médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem, ● Gestão do cuidado: introdução de novas tecnologias para oti-
agentes comunitários, famílias, etc.). mizar o trabalho dos profissionais na perspectiva de fazer gestão
O SIAB gera relatórios de uma determinada base populacional, do cuidado
população coberta pelas equipes de saúde da família, a partir da ● Coordenação do cuidado: a qualificação do uso da informa-
ficha de cadastramento da família denominada Ficha A, cadastra- ção na gestão e no cuidado em saúde na perspectiva de integração
mento este realizado pelos agentes comunitários de saúde e que dos serviços de saúde.
produz informações relativas às condições demográficas, sanitárias
e sociais. Além de possibilitar traçar alguns aspectos da situação de A estratégia é composta por dois sistemas:
saúde referida da população. ● SISAB, sistema de informação nacional, que passa a ser o
Apesar de fornecer algumas informações essenciais para as sistema de informação vigente para fins de financiamento, moni-
equipes do Programa de Saúde da Família esse instrumento de co- toramento, acompanhamento do cuidado em saúde e de adesão
leta e o seu produto são passíveis de crítica. 2 Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/
sistema-de-informacao-de-atencao-basica-siab-o-que-e/37938
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aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica humanos disponíveis para esse fim. Em especial, contemplando os
(PNAB), e diferentes cenários de implantação, como visto no Manual de Im-
● Sistema e-SUS AB, composto por dois softwares para cole- plantação da Estratégia e-SUS AB, o fluxo deve estar adequado a
ta dos dados: ○ Sistema com Coleta de Dados Simplificada (CDS), cada realidade.
sistema de transição/contingência, que apoia o processo de coleta
de dados por meio de fichas e sistema de digitação; ○ Sistema com O Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) tem por fi-
Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), sistema com prontuário nalidade fornecer de forma prática, ágil, atualizada, completa e de
eletrônico, que tem como principal objetivo apoiar o processo de fácil manipulação, instrumentos de controle e planejamento, além
informatização das UBS. de possibilitar a socialização das informações de saúde.

Durante o texto, os softwares do Sistema e-SUS AB também são O SIAB apresenta também como objetivo, avaliar a adequação
referidos como Sistema com CDS e Sistema com PEC ou simples- dos serviços oferecidos e readequá-los, sempre que necessário e,
mente, CDS e PEC. por fim, melhorar a qualidade dos serviços de saúde.

Fichas de Coleta de Dados Simplificada Isso também é válido para a análise das prioridades políticas a
O Sistema com CDS é um dos componentes da estratégia e-SUS partir dos perfis epidemiológicos de determinada localidade e, prin-
AB, adequada para UBS não informatizadas, ou quando o acesso a cipalmente, para a fiscalização da aplicação dos recursos públicos
informatização está temporariamente indisponível devido a falta de destinados à área social, conformando-se numa estratégia para a
energia elétrica, problemas com o computador, acesso a internet, operacionalização do Sistema Único de Saúde.
entre outros. O SIAB tem como lógica central de seu funcionamento a re-
O objetivo é ser uma estratégia de coleta de dados por meio ferência a uma determinada base populacional. O Ministério da
de instrumentos com questões estruturadas, na qual a maioria das Saúde (MS) em 1998, por meio da Coordenadoria de Saúde da Co-
perguntas são fechadas. munidade, editou um manual que descreve os conceitos e proce-
Os instrumentos são denominados “Fichas de Coleta de Dados dimentos básicos que compõem o SIAB, bem como as orientações
Simplificada” para a obtenção de dados de cadastros da população gerais para seu preenchimento e operacionalização.
do território adstrito às UBS, das visitas domiciliares, atendimentos O SIAB baseia-se nos conceitos de modelo de atenção, família,
e atividades desenvolvidas pelos profissionais das equipes de AB. domicílio, área, micro área e território. O Ministério da Saúde orien-
Esses dados devem ser digitados no CDS off-line ou PEC e, poste- ta que o SIAB seja informatizado. Caso o município não disponha do
riormente, enviados para o SISAB por meio do PEC com conectivi- programa, este deve procurar o DATASUS ou a Coordenação Esta-
dade à internet. dual do PSF para que estes instalem (gratuitamente) o programa.
A Coleta de Dados Simplificada utilizada pela equipe de Aten-
ção Básica é composta por dez fichas a seguir: O SIAB é um sistema idealizado para agregar e para processar
1. Cadastro Individual; as informações sobre a população visitada. Estas informações são
2. Cadastro Domiciliar; recolhidas em fichas de cadastramento e de acompanhamento e
3. Ficha de Atendimento Individual; analisadas a partir dos relatórios de consolidação dos dados.
4. Ficha de Procedimentos;
5. Ficha de Atendimento Odontológico Individual; O preenchimento das fichas é tarefa do agente comunitário,
6. Ficha de Atividade Coletiva; a partir de suas visitas domiciliares. Elas devem ser atualizadas
7. Ficha de Vacinação (nova); sempre que necessário, ou seja, mediante ocorrência de eventos,
8. Ficha de Visita Domiciliar; como: óbito, nascimento, inclusão de parente ou agregado ao gru-
9. Marcadores de Consumo Alimentar; po familiar, etc.
10. Ficha Complementar,
Assim, registrar corretamente os dados com maior fidedigni-
A Coleta de Dados Simplificada ainda conta com mais duas fichas dade possível é responsabilidade do Agente comunitário. As fichas
de uso exclusivo das equipes do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD): são instrumentos de trabalho do PSF, pois permitem o planejamen-
1. Ficha de Avaliação de Elegibilidade, to das atividades da equipe, tendo como base o conhecimento do
2. Ficha de Atenção Domiciliar. diagnóstico de necessidades da população a que assiste.

A estratégia avança ao permitir a entrada dos dados orientada São instrumentos de coleta de dados:
pelo curso natural do atendimento e não ser focada na situação- • Ficha A – cadastramento das famílias;
-problema de saúde. A entrada de dados individualizados por cida- • Ficha B-GES – acompanhamento de gestantes;
dão abre caminho para a gestão do cuidado e aproximação desses • Ficha B-HÁ – acompanhamento de hipertensos;
dados ao processo de planejamento da equipe. • Ficha B-DIA – acompanhamento de diabéticos;
Dessa forma, este manual foi elaborado com a finalidade de • Ficha B-TB – acompanhamento de pacientes com tuberculose;
orientar os profissionais de saúde e gestores da Atenção Básica a • Ficha B-HAN – acompanhamento de pacientes com hanse-
operar o Sistema e-SUS AB com CDS, tendo em vista, o preenchi- níase;
mento adequado das fichas do CDS e a consequente digitação dos • Ficha C (cartão da criança) – acompanhamento de crianças;
dados no sistema. • Ficha D – registro de atividades, procedimentos e notifica-
O processo de digitação deve ser definido no âmbito da ges- ções.
tão municipal, considerando os aspectos logísticos e os recursos
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São instrumentos de consolidação de dados: Diretora- Presidente Substituta, determino a sua publicação:
• Relatórios A1, A2, A3 e A4 – relatório de consolidado anual Art. 1º Fica aprovado o Regulamento Técnico que estabelece
das famílias cadastradas; os Requisitos de Boas Práticas para Funcionamento de Serviços de
• Relatórios SSA2 e SSA4 – relatório de situação de saúde e Saúde, nos termos desta Resolução.
acompanhamento das famílias;
• Relatórios PMA2 e PMA4 – relatórios de produção e marca- CAPÍTULO I
dores para avaliação. DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS

O dado, após coletado, deve ser selecionado, processado, ana- SEÇÃO I


lisado e transformado em informação pela equipe de PSF. Este se OBJETIVO
conforma como um produto das relações entre os vários atores en-
volvidos (médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem, Art. 2º Este Regulamento Técnico possui o objetivo de estabe-
agentes comunitários, famílias, etc.). lecer requisitos de Boas Práticas para funcionamento de serviços de
O SIAB gera relatórios de uma determinada base populacional, saúde, fundamentados na qualificação, na humanização da atenção
população coberta pelas equipes de saúde da família, a partir da e gestão, e na redução e controle de riscos aos usuários e meio am-
ficha de cadastramento da família denominada Ficha A, cadastra- biente.
mento este realizado pelos agentes comunitários de saúde e que
produz informações relativas às condições demográficas, sanitárias SEÇÃO II
e sociais. Além de possibilitar traçar alguns aspectos da situação de ABRANGÊNCIA
saúde referida da população.
Art. 3º Este Regulamento Técnico se aplica a todos os serviços
Apesar de fornecer algumas informações essenciais para as de saúde no país, sejam eles públicos, privados, filantrópicos, civis
equipes do Programa de Saúde da Família esse instrumento de co- ou militares, incluindo aqueles que exercem ações de ensino e pes-
leta e o seu produto são passíveis de crítica. quisa.
Quanto ao cadastramento das famílias, é um bom indicador
para acompanhamento do planejamento de implantação e imple- SEÇÃO III
mentação da Equipe de Saúde da Família (ESF), pois permite deter- DEFINIÇÕES
minar com garantia quanto de cobertura da população do municí-
pio e de cobertura das famílias estimadas já foram realizadas. Art. 4º Para efeito deste Regulamento Técnico são adotadas as
Ainda são possíveis determinar a estrutura familiar, o núme- seguintes definições:
ro de pessoas e a idade por família. Em relação ao saneamento, I - garantia da qualidade: totalidade das ações sistemáticas ne-
o instrumento revela-se como suficiente e de fácil manuseio para cessárias para garantir que os serviços prestados estejam dentro
avaliação das informações, além de proporcionar uma ferramenta dos padrões de qualidade exigidos, para os fins a que se propõem;
para divulgação, planejamento e possibilitar a indicação de serviços II - gerenciamento de tecnologias: procedimentos de gestão,
e ainda avaliar a prestação de serviço público e mecanismo de au- planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,
toproteção. normativas e legais, com o objetivo de garantir a rastreabilidade,
qualidade, eficácia, efetividade, segurança e em alguns casos o de-
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/ sempenho das tecnologias de saúde utilizadas na prestação de ser-
enfermagem/sistema-de-informacao-de-atencao-basica-siab-o-que- viços de saúde, abrangendo cada etapa do gerenciamento, desde
-e/37938 o planejamento e entrada das tecnologias no estabelecimento de
saúde até seu descarte, visando à proteção dos trabalhadores, a
preservação da saúde pública e do meio ambiente e a segurança
RDC Nº 63, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2011 QUE DISPÕE do paciente;
SOBRE OS REQUISITOS DE BOAS PRÁTICAS DE FUNCIONA- III - humanização da atenção e gestão da saúde: valorização da
MENTO PARA OS SERVIÇOS DE SAÚDE dimensão subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de
gestão da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do
cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia,
RESOLUÇÃO-RDC Nº 63, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2011 raça, orientação sexual e às populações específicas, garantindo o
acesso dos usuários às informações sobre saúde, inclusive sobre
Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento os profissionais que cuidam de sua saúde, respeitando o direito a
para os Serviços de Saúde acompanhamento de pessoas de sua rede social (de livre escolha),
e a valorização do trabalho e dos trabalhadores;
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá- IV - licença atualizada: documento emitido pelo órgão sanitário
ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do art. 11, do competente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios, con-
Regulamento aprovado pelo Decreto no- . 3.029, de 16 de abril de tendo permissão para o funcionamento dos estabelecimentos que
1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e nos § § 1o- e 3o- do exerçam atividades sob regime de vigilância sanitária;
art. 54 do Regimento Interno nos termos do Anexo I da Portaria V - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
no- . 354 da Anvisa, de 11 de agosto de 2006, republicada no DOU (PGRSS): documento que aponta e descreve as ações relativas
de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 24 de novembro ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características
de 2011, adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, e riscos, no âmbito dos estabelecimentos de saúde, contemplando
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os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, c) equipamentos, materiais e suporte logístico; e


coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, d) procedimentos e instruções aprovados e vigentes.
bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambien- III - as reclamações sobre os serviços oferecidos devem ser exa-
te. minadas, registradas e as causas dos desvios da qualidade, investi-
VI - política de qualidade: refere-se às intenções e diretrizes gadas e documentadas, devendo ser tomadas medidas com relação
globais relativas à qualidade, formalmente expressa e autorizada aos serviços com desvio da qualidade e adotadas as providências no
pela direção do serviço de saúde. sentido de prevenir reincidências.
VII - profissional legalmente habilitado: profissional com forma-
ção superior ou técnica com suas competências atribuídas por lei; SEÇÃO II
VIII - prontuário do paciente: documento único, constituído de DA SEGURANÇA DO PACIENTE
um conjunto de informações, sinais e imagens registrados, gerados
a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa- Art. 8º O serviço de saúde deve estabelecer estratégias e ações
ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e cien- voltadas para Segurança do Paciente, tais como:
tífico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe mul- I. Mecanismos de identificação do paciente;
tiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo; II. Orientações para a higienização das mãos;
IX - relatório de transferência: documento que deve acompa- III. Ações de prevenção e controle de eventos adversos relacio-
nhar o paciente em caso de remoção para outro serviço, contendo nadaà assistência à saúde;
minimamente dados de identificação, resumo clínico com da- IV. Mecanismos para garantir segurança cirúrgica;
dos que justifiquem a transferência e descrição ou cópia de laudos V. Orientações para administração segura de medicamentos,
de exames realizados, quando existentes; sangue e hemocomponentes;
X - responsável técnico - RT: profissional de nível superior legal- VI. Mecanismos para prevenção de quedas dos pacientes;
mente habilitado, que assume perante a vigilância sanitária a res- VII. Mecanismos para a prevenção de úlceras por pressão;
ponsabilidade técnica pelo serviço de saúde, conforme legislação VIII. Orientações para estimular a participação do paciente na
vigente; assistência prestada.
XI - segurança do Paciente: conjunto de ações voltadas à prote-
ção do paciente contra riscos, eventos adversos e danos desneces- SEÇÃO III
sários durante a atenção prestada nos serviços de saúde. DAS CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS
XII - serviço de saúde: estabelecimento de saúde destinado a
prestar assistência à população na prevenção de doenças, no trata- Art. 9º O serviço de saúde deve possuir regimento interno ou
mento, recuperação e na reabilitação de pacientes. documento equivalente, atualizado, contemplando a definição e a
descrição de todas as suas atividades técnicas, administrativas e as-
CAPÍTULO II sistenciais, responsabilidades e competências.
DAS BOAS PRÁTICAS DE FUNCIONAMENTO Art. 10. Os serviços objeto desta resolução devem possuir li-
cença atualizada de acordo com a legislação sanitária local, afixada
SEÇÃO I em local visível ao público.
DO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE Parágrafo único. Os estabelecimentos integrantes da Adminis-
tração Pública ou por ela instituídos independem da licença para
Art. 5º O serviço de saúde deve desenvolver ações no senti- funcionamento, ficando sujeitos, porém, às exigências perti-
do de estabelecer uma política de qualidade envolvendo estrutura, nentes às instalações, aos equipamentos e à aparelhagem adequa-
processo e resultado na sua gestão dos serviços. da e à assistência e responsabilidade técnicas, aferidas por meio de
Parágrafo único. O serviço de saúde deve utilizar a Garantia da fiscalização realizada pelo órgão sanitário local.
Qualidade como ferramenta de gerenciamento. Art. 11. Os serviços e atividades terceirizadas pelos estabeleci-
Art. 6º As Boas Práticas de Funcionamento (BPF) são os com- mentos de saúde devem possuir contrato de prestação de serviços.
ponentes da Garantia da Qualidade que asseguram que os serviços § 1º Os serviços e atividades terceirizados devem estar regula-
são ofertados com padrões de qualidade adequados. rizados perante a autoridade sanitária competente, quando couber.
§ 1º As BPF são orientadas primeiramente à redução dos riscos § 2º A licença de funcionamento dos serviços e atividades
inerentes a prestação de serviços de saúde. terceirizados deve conter informação sobre a sua habilitação para
§ 2º Os conceitos de Garantia da Qualidade e Boas Práticas de atender serviços de saúde, quando couber.
Funcionamento (BPF) estão inter-relacionados estando descritos Art. 12. O atendimento dos padrões sanitários estabelecidos
nesta resolução de forma a enfatizar as suas relações e sua impor- por este regulamento técnico não isenta o serviço de saúde do cum-
tância para o funcionamento dos serviços de saúde. primento dos demais instrumentos normativos aplicáveis.
Art. 7º As BPF determinam que: Art. 13. O serviço de saúde deve estar inscrito e manter seus
I- o serviço de saúde deve ser capaz de ofertar serviços dentro dados atualizados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
dos padrões de qualidade exigidos, atendendo aos requisitos das Saúde - CNES.
legislações e regulamentos vigentes. Art. 14. O serviço de saúde deve ter um responsável técnico
II - o serviço de saúde deve fornecer todos os recursos neces- (RT) e um substituto.
sários, incluindo: Parágrafo único. O órgão sanitário competente deve ser noti-
a) quadro de pessoal qualificado, devidamente treinado e iden- ficado sempre que houver alteração de responsável técnico ou de
tificado; seu substituto.
b) ambientes identificados; Art. 15. As unidades funcionais do serviço de saúde devem ter
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um profissional responsável conforme definido em legislações e re- SEÇÃO IV


gulamentos específicos. DO PRONTUÁRIO DO PACIENTE
Art. 16. O serviço de saúde deve possuir profissional legalmen-
te habilitado que responda pelas questões operacionais durante o Art. 24. A responsabilidade pelo registro em prontuário cabe
seu período de funcionamento. aos profissionais de saúde que prestam o atendimento.
Parágrafo único. Este profissional pode ser o próprio RT ou téc- Art. 25. A guarda do prontuário é de responsabilidade do servi-
nico designado para tal fim. ço de saúde devendo obedecer às normas vigentes.
Art. 17. O serviço de saúde deve prover infraestrutura física, § 1º O serviço de saúde deve assegurar a guarda dos prontuá-
recursos humanos, equipamentos, insumos e materiais necessários rios no que se refere à confidencialidade e integridade.
à operacionalização do serviço de acordo com a demanda, modali- § 2º O serviço de saúde deve manter os prontuários em local
dade de assistência prestada e a legislação vigente. seguro, em boas condições de conservação e organização, permitin-
Art. 18. A direção e o responsável técnico do serviço de saúde do o seu acesso sempre que necessário.
têm a responsabilidade de planejar, implantar e garantir a qualida- Art. 26. O serviço de saúde deve garantir que o prontuário con-
de dos processos. tenha registros relativos à identificação e a todos os procedimentos
Art. 19. O serviço de saúde deve possuir mecanismos que ga- prestados ao paciente.
rantam a continuidade da atenção ao paciente quando houver ne- Art. 27. O serviço de saúde deve garantir que o prontuário seja
cessidade de remoção ou para realização de exames que não exis- preenchido de forma legível por todos os profissionais envolvidos
tam no próprio serviço. diretamente na assistência ao paciente, com aposição de assinatura
Parágrafo único. Todo paciente removido deve ser acompanha- e carimbo em caso de prontuário em meio físico.
do por relatório completo, legível, com identificação e assinatura do Art. 28. Os dados que compõem o prontuário pertencem ao
profissional assistente, que deve passar a integrar o prontuário no paciente e devem estar permanentemente disponíveis aos mesmos
destino, permanecendo cópia no prontuário de origem. ou aos seus representantes legais e à autoridade sanitária quando
Art. 20. O serviço de saúde deve possuir mecanismos que ga- necessário.
rantam o funcionamento de Comissões, Comitês e Programas esta-
belecidos em legislações e normatizações vigentes. SEÇÃO V
Art. 21. O serviço de saúde deve garantir mecanismos para o DA GESTÃO DE PESSOAL
controle de acesso dos trabalhadores, pacientes, acompanhantes
e visitantes. Art. 29. As exigências referentes aos recursos humanos do ser-
Art. 22. O serviço de saúde deve garantir mecanismos de iden- viço de saúde incluem profissionais de todos os níveis de escolari-
tificação dos trabalhadores, pacientes, acompanhantes e visitantes. dade, de quadro próprio ou terceirizado.
Art. 23. O serviço de saúde deve manter disponível, segundo o Art. 30. O serviço de saúde deve possuir equipe multiprofissio-
seu tipo de atividade, documentação e registro referente à: nal dimensionada de acordo com seu perfil de demanda.
I - Projeto Básico de Arquitetura (PBA) aprovado pela vigilância Art.31. O serviço de saúde deve manter disponíveis registros de
sanitária competente. formação e qualificação dos profissionais compatíveis com as fun-
II - controle de saúde ocupacional; ções desempenhadas.
III - educação permanente; Parágrafo único. O serviço de saúde deve possuir documenta-
IV - comissões, comitês e programas; ção referente ao registro dos profissionais em conselhos de classe,
V - contratos de serviços terceirizados; quando for o caso.
VI - controle de qualidade da água; Art. 32. O serviço de saúde deve promover a capacitação de
VII - manutenção preventiva e corretiva da edificação e insta- seus profissionais antes do início das atividades e de forma perma-
lações; nente em conformidade com as atividades desenvolvidas.
VIII - controle de vetores e pragas urbanas; Parágrafo único. As capacitações devem ser registradas conten-
IX - manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos e do data, horário, carga horária, conteúdo ministrado, nome e a
instrumentos; formação ou capacitação profissional do instrutor e dos traba-
X - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde; lhadores envolvidos.
XI - nascimentos; Art. 33. A capacitação de que trata o artigo anterior deve ser
XII - óbitos; adaptada à evolução do conhecimento e a identificação de novos
XIII - admissão e alta; riscos e deve incluir:
XIV - eventos adversos e queixas técnicas associadas a produ- I - os dados disponíveis sobre os riscos potenciais à saúde;
tos ou serviços; II - medidas de controle que minimizem a exposição aos agen-
XV - monitoramento e relatórios específicos de controle de in- tes;
fecção; III - normas e procedimentos de higiene;
XVI - doenças de Notificação Compulsória; IV - utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual
XVII - indicadores previstos nas legislações vigentes; e vestimentas de trabalho;
XVIII - normas, rotinas e procedimentos; V - medidas para a prevenção de acidentes e incidentes;
XIX - demais documentos exigidos por legislações específicas VI - medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de
dos estados, Distrito Federal e municípios. ocorrência de acidentes e incidentes;
VII - temas específicos de acordo com a atividade desenvolvida
pelo profissional.

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SEÇÃO VI obstétricos, nas unidades de tratamento intensivo, nas unidades de


DA GESTÃO DE INFRAESTRUTURA isolamento e centrais de material esterilizado.
Art. 47. O serviço de saúde deve garantir mecanismos de pre-
Art. 34. O serviço de saúde deve ter seu projeto básico de ar- venção dos riscos de acidentes de trabalho, incluindo o forneci-
quitetura atualizado, em conformidade com as atividades desenvol- mento de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, em número
vidas e aprovado pela vigilância sanitária e demais órgãos compe- suficiente e compatível com as atividades desenvolvidas pelos tra-
tentes. balhadores.
Art. 35. As instalações prediais de água, esgoto, energia elétri- Parágrafo único. Os trabalhadores não devem deixar o local de
ca, gases, climatização, proteção e combate a incêndio, comunica- trabalho com os equipamentos de proteção individual
ção e outras existentes, devem atender às exigências dos códigos de Art. 48. O serviço de saúde deve manter registro das comunica-
obras e posturas locais, assim como normas técnicas pertinentes a ções de acidentes de trabalho.
cada uma das instalações. Art. 49. Em serviços de saúde com mais de vinte trabalhado-
Art. 36. O serviço de saúde deve manter as instalações físicas resé obrigatória a instituição de Comissão Interna de Prevenção de
dos ambientes externos e internos em boas condições de conserva- Acidentes - CIPA.
ção, segurança, organização, conforto e limpeza. Art. 50. O Serviço de Saúde deve manter disponível a todos os
Art. 37. O serviço de saúde deve executar ações de gerencia- trabalhadores:
mento dos riscos de acidentes inerentes às atividades desenvolvi- I - Normas e condutas de segurança biológica, química, física,
das. ocupacional e ambiental;
Art. 38 O serviço de saúde deve ser dotado de iluminação e II - Instruções para uso dos Equipamentos de Proteção Indivi-
ventilação compatíveis com o desenvolvimento das suas atividades. dual - EPI;
Art. 39. O serviço de saúde deve garantir a qualidade da água III - Procedimentos em caso de incêndios e acidentes;
necessária ao funcionamento de suas unidades. IV - Orientação para manuseio e transporte de produtos para
§ 1º O serviço de saúde deve garantir a limpeza dos reservató- saúde contaminados.
rios de água a cada seis meses.
§ 2º O serviço de saúde deve manter registro da capacidade e SEÇÃO VIII
da limpeza periódica dos reservatórios de água. DA GESTÃO DE TECNOLOGIAS E PROCESSOS
Art. 40. O serviço de saúde deve garantir a continuidade do
fornecimento de água, mesmo em caso de interrupção do forneci- Art. 51. O serviço de saúde deve dispor de normas, procedi-
mento pela concessionária, nos locais em que a água é considerada mentos e rotinas técnicas escritas e atualizadas, de todos os seus
insumo crítico. processos de trabalho em local de fácil acesso a toda a equipe.
Art. 41. O serviço de saúde deve garantir a continuidade do Art. 52. O serviço de saúde deve manter os ambientes limpos,
fornecimento de energia elétrica, em situações de interrupção do livres de resíduos e odores incompatíveis com a atividade, devendo
fornecimento pela concessionária, por meio de sistemas de energia atender aos critérios de criticidade das áreas.
elétrica de emergência, nos locais em que a energia elétrica é con- Art. 53. O serviço de saúde deve garantir a disponibilidade dos
siderada insumo crítico. equipamentos, materiais, insumos e medicamentos de acordo com
Art. 42. O serviço de saúde deve realizar ações de manutenção a complexidade do serviço e necessários ao atendimento da de-
preventiva e corretiva das instalações prediais, de forma própria ou manda.
terceirizada. Art. 54. O serviço de saúde deve realizar o gerenciamento de
suas tecnologias de forma a atender as necessidades do serviço
SEÇÃO VII mantendo as condições de seleção, aquisição, armazenamento,
DA PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR instalação, funcionamento, distribuição, descarte e rastreabilidade.
Art. 55. O serviço de saúde deve garantir que os materiais e
Art. 43. O serviço de saúde deve garantir mecanismos de orien- equipamentos sejam utilizados exclusivamente para os fins a que
tação sobre imunização contra tétano, difteria, hepatite B e contra se destinam.
outros agentes biológicos a que os trabalhadores possam estar ex- Art. 56. O serviço de saúde deve garantir que os colchões, col-
postos. chonetes e demais mobiliários almofadados sejam revestidos de
Art. 44. O serviço de saúde deve garantir que os trabalhadores material lavável e impermeável, não apresentando furos, rasgos,
sejam avaliados periodicamente em relação à saúde ocupacional sulcos e reentrâncias.
mantendo registros desta avaliação. Art. 57. O serviço de saúde deve garantir a qualidade dos pro-
Art. 45. O serviço de saúde deve garantir que os trabalhadores cessos de desinfecção e esterilização de equipamentos e materiais.
com agravos agudos à saúde ou com lesões nos membros superio- Art. 58. O serviço de saúde deve garantir que todos os usuários
res só iniciem suas atividades após avaliação médica. recebam suporte imediato a vida quando necessário.
Art. 46. O serviço de saúde deve garantir que seus trabalha- Art. 59. O serviço de saúde deve disponibilizar os insumos, pro-
dores com possibilidade de exposição a agentes biológicos, físicos dutos e equipamentos necessários para as práticas de higienização
ou químicos utilizem vestimentas para o trabalho, incluindo de mãos dos trabalhadores, pacientes, acompanhantes e visitantes.
calçados, compatíveis com o risco e em condições de conforto. Art. 60. O serviço de saúde que preste assistência nutricional
§ 1º Estas vestimentas podem ser próprias do trabalhador ou ou forneça refeições deve garantir a qualidade nutricional e a segu-
fornecidas pelo serviço de saúde. rança dos alimentos.
§ 2º O serviço de saúde é responsável pelo fornecimento e pelo Art. 61. O serviço de saúde deve informar aos órgãos compe-
processamento das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e tentes sobre a suspeita de doença de notificação compulsória con-
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forme o estabelecido em legislação e regulamentos vigentes. Considerando a Lei nº 9.836, de 23 de setembro de 1999, que
Art. 62. O serviço de saúde deve calcular e manter o registro acrescenta dispositivos à Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
referente aos Indicadores previstos nas legislações vigentes. que institui o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena;
Considerando a Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, que ins-
SEÇÃO IX titui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto
DO CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS da Pessoa com Deficiência);
Considerando a Lei nº 12.527 (Lei de Acesso à Informação), de
Art. 63. O serviço de saúde deve garantir ações eficazes e con- 18 de novembro de 2011;
tínuas de controle de vetores e pragas urbanas, com o objetivo de Considerando a Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017, que
impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou proliferação dos mes- dispõe sobre a participação, a proteção e a defesa dos direitos do
mos. usuário dos serviços públicos da administração pública;
Parágrafo único. O controle químico, quando for necessário, Considerando o Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007,
deve ser realizado por empresa habilitada e possuidora de licença que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
sanitária e ambiental e com produtos desinfestantes regularizados Povos e Comunidades Tradicionais;
pela Anvisa. Considerando a Portaria nº 992, de 13 de maio de 2009, que
Art. 64. Não é permitido comer ou guardar alimentos nos pos- institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra;
tos de trabalho destinados à execução de procedimentos de saúde. Considerando a Portaria nº 2.836, de 1º de dezembro de 2011,
que institui a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays,
CAPÍTULO III Bissexuais, Travestis e Transexuais;
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Considerando a Portaria nº 2.866, de 02 de dezembro de 2011,
que institui a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do
Art. 65. Os estabelecimentos abrangidos por esta resolução te- Campo e da Floresta;
rão o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data Considerando as Diretrizes estabelecidas na Política Nacional
de sua publicação para promover as adequações necessárias ao Re- de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS, de 2003;
gulamento Técnico. Considerando a Política Nacional de Gestão Estratégica e Par-
Parágrafo único. A partir da publicação desta resolução, os no- ticipativa no SUS, Portaria nº 3.027, de 26 de novembro de 2007;
vos estabelecimentos e aqueles que pretendam reiniciar suas ativi- Considerando a Política Nacional de Educação Popular em Saú-
dades, devem atender na íntegra às exigências nela contidas. de no âmbito do SUS (PNEPS-SUS), Portaria nº 2.761, de 19 de no-
Art. 66. O descumprimento das disposições contidas nesta re- vembro de 2013;
solução e no regulamento por ela aprovado constitui infração sani- Considerando a Política Nacional de Educação Permanente
tária, nos termos da Lei no- . 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem para o Controle Social no SUS, Resolução CNS nº 363, de 11 de agos-
prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis. to de 2006;
Art. 67. Esta resolução entra em vigor na data de sua publica- Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006,
ção. que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-
mentares no SUS (PNPIC);
Considerando as diretrizes estabelecidas nas Conferências de
RESOLUÇÃO CNS Nº 553, DE 9 DE AGOSTO DE 2017, QUE Saúde, nas esferas Municipal, Estadual e Nacional, e no Conselho
DISPÕE SOBRE A CARTA DOS DIREITOS E DEVERES DA PES- Nacional de Saúde, em defesa do SUS e dos seus princípios;
SOA USUÁRIA DA SAÚDE. Considerando as proposições do Grupo de Trabalho do Conse-
lho Nacional de Saúde, que elaborou propostas e sistematizou as
contribuições da Consulta à Sociedade, realizada de maio a junho
RESOLUÇÃO Nº 553, DE 09 DE AGOSTO DE 2017 de 2017, para atualização da Carta dos Direitos dos Usuários da
Saúde; e
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua 61ª Reu- Considerando que compete ao Conselho Nacional de Saúde o
nião Extraordinária, realizada no dia 9 de agosto de 2017, no uso de fortalecimento da participação e do controle social no SUS (artigo
suas atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 10, IX da Resolução nº 407, de 12 de setembro de 2008).
1990, pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 e pelo Decre- Resolve:
to nº 5.839, de 11 de julho de 2006, cumprindo as disposições da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, da legisla- Aprovar a atualização da Carta dos Direitos e Deveres da Pes-
ção brasileira correlata; e soa Usuária da Saúde, que dispõe sobre as diretrizes dos Direitos e
Considerando a necessidade de atualização da Carta dos Direi- Deveres da Pessoa Usuária da Saúde anexa a esta Resolução.
tos dos Usuários da Saúde, publicada por meio da Portaria nº 1.820,
de 13 de agosto de 2009, a partir da legislação e avanços do Sistema ANEXO DA RESOLUÇÃO Nº 553, DE 9 DE AGOSTO DE 2017
Único de Saúde (SUS);
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que Primeira diretriz: toda pessoa tem direito, em tempo hábil, ao
dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção e a recupe- acesso a bens e serviços ordenados e organizados para garantia da
ração da saúde a organização e funcionamento dos serviços corres- promoção, prevenção, proteção, tratamento e recuperação da saú-
pondentes; de.
Considerando a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que I- Cada pessoa possui direito de ser acolhida no momento em
dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS; que chegar ao serviço e conforme sua necessidade de saúde e espe-
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cificidade, independentemente de senhas ou procedimentos buro- i)partes do corpo afetadas pelos procedimentos, instrumental
cráticos, respeitando as prioridades garantidas em Lei. a ser utilizado, efeitos colaterais, riscos ou consequências indese-
II- A promoção e a proteção da saúde devem estar relacionadas jáveis;
com as condições sociais, culturais e econômicas das pessoas, inclu- j)duração prevista dos procedimentos e tempo de recuperação;
ídos aspectos como: k)evolução provável do problema de saúde;
a)segurança alimentar e nutricional; l)informações sobre o custo das intervenções das quais a pes-
b)saneamento básico e ambiental; soa se beneficiou;
c)tratamento às doenças negligenciadas conforme cada região m)outras informações que forem necessárias;
do País; I- que toda pessoa tem o direito de decidir se seus familiares e
d)iniciativas de combate às endemias e doenças transmissíveis; acompanhantes deverão ser informados sobre seu estado de saú-
e)combate a todas as formas de violência e discriminação; de;
f)educação baseada nos princípios dos Direitos Humanos; II- o registro atualizado e legível no prontuário, das seguintes
g)trabalho digno; e informações:
h)acesso à moradia, transporte, lazer, segurança pública e pre- a)motivo do atendimento ou internação;
vidência social. b)dados de observação e da evolução clínica;
§1º O acesso se dará preferencialmente nos serviços de Aten- c)prescrição terapêutica;
ção Básica. d)avaliações dos profissionais da equipe;
§2º Nas situações de urgência e emergência, qualquer serviço e)procedimentos e cuidados de enfermagem;
de saúde deve receber e cuidar da pessoa bem como encaminhá-la f)quando for o caso, procedimentos cirúrgicos e anestésicos,
para outro serviço no caso de necessidade. odontológicos, resultados de exames complementares laboratoriais
§3º Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser assegu- e radiológicos;
rada a remoção do usuário, em tempo hábil e em condições seguras g)a quantidade de sangue recebida e dados que garantam a
para um serviço de saúde com capacidade para resolver seu tipo de qualidade do sangue, como origem, sorologias efetuadas e prazo
problema. de validade;
§4º O encaminhamento às especialidades e aos hospitais, h)identificação do responsável pelas anotações;
pela Atenção Básica, será estabelecido em função da necessidade i)data e local e identificação do profissional que realizou o aten-
de saúde e indicação clínica, levando-se em conta a gravidade do dimento;
problema a ser analisado pelas centrais de regulação, com trans- j)outras informações que se fizerem necessárias;
parência. I- o acesso à anestesia em todas as situações em que for indi-
§5º Quando houver alguma dificuldade temporária para aten- cada, bem como a medicações e procedimentos que possam aliviar
der as pessoas é da responsabilidade da direção e da equipe do a dor e o sofrimento;
serviço, acolher, dar informações claras e encaminhá-las sem discri- II- o recebimento das receitas e prescrições terapêuticas, de-
minação e privilégios. verão conter:
Segunda diretriz: toda pessoa tem direito ao atendimento inte- a)o nome genérico das substâncias prescritas;
gral, aos procedimentos adequados e em tempo hábil a resolver o b)clara indicação da dose e do modo de usar;
seu problema de saúde, de forma ética e humanizada. c)escrita impressa, datilografada ou digitada, ou em caligrafia
Parágrafo único. É direito da pessoa ter atendimento adequado, legível;
inclusivo e acessível, com qualidade, no tempo certo e com garantia d)textos sem códigos ou abreviaturas;
de continuidade do tratamento, e para isso deve ser assegurado: e)o nome legível do profissional e seu número de registro no
I- atendimento ágil, com estratégias para evitar o agravamento, conselho profissional; e
com tecnologia apropriada, por equipe multiprofissional capacitada f)a assinatura do profissional e a data;
e com condições adequadas de atendimento; I- o recebimento dos medicamentos, quando prescritos, que
II- disponibilidade contínua e acesso a bens e serviços de imu- compõem a farmácia básica e, nos casos de necessidade de me-
nização conforme calendário e especificidades regionais; dicamentos de alto custo, deve ser garantido o acesso conforme
II- espaços de diálogo entre usuários e profissionais da saúde, protocolos e normas do Ministério da Saúde;
gestores e defensoria pública sobre diferentes formas de tratamen- II- a garantia do acesso à continuidade da atenção no domicílio,
tos possíveis. quando pertinente, com estímulo e orientação ao autocuidado que
III- informações sobre o seu estado de saúde, de forma objeti- fortaleça sua autonomia e a garantia de acompanhamento em qual-
va, respeitosa, compreensível, e em linguagem adequada a atender quer serviço que for necessário, extensivo à rede de apoio;
a necessidade da usuária e do usuário, quanto a: III- o encaminhamento para outros serviços de saúde deve ser
a)possíveis diagnósticos; por meio de um documento que contenha:
b)diagnósticos confirmados; a)caligrafia legível ou datilografada ou digitada ou por meio
c)resultados dos exames realizados; eletrônico;
d)tipos de exames solicitados, as justificativas e riscos; b)resumo da história clínica, possíveis diagnósticos, tratamento
e)objetivos, riscos e benefícios de procedimentos diagnósticos, realizado, evolução e o motivo do encaminhamento;
cirúrgicos, preventivos ou de tratamento; c)linguagem clara evitando códigos ou abreviaturas;
f)duração prevista do tratamento proposto; d)nome legível do profissional e seu número de registro no
g)quanto a procedimentos diagnósticos e tratamentos invasi- conselho profissional, assinado e datado; e
vos ou cirúrgicos; e)identificação da unidade de saúde que recebeu a pessoa, as-
h)a necessidade ou não de anestesia e seu tipo e duração; sim como da Unidade a que está sendo encaminhada.
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Terceira diretriz: toda pessoa tem direito ao atendimento inclu- consultas e exames;
sivo, humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualifica- III - o direito a acompanhante, nos casos de internação, nas si-
dos, em ambiente limpo, confortável e acessível. tuações previstas em lei, assim como naqueles em que a autonomia
§1º Nos serviços de saúde haverá igual visibilidade aos direi- da pessoa estiver comprometida, com oferta de orientação especí-
tos e deveres das pessoas usuárias e das pessoas que trabalham no fica e adequada para os acompanhantes;
serviço de saúde. IV - o direito a visita diária não inferior a duas horas, preferen-
§2º A Rede de Serviços do SUS utilizará as tecnologias disponí- cialmente, abertas em todas as unidades de internação, ressalvadas
veis para facilitar o agendamento de procedimentos nos serviços de as situações técnicas não indicadas;
saúde em todos os níveis de complexidade. V - a continuidade das atividades escolares, bem como o es-
§3º Os serviços de saúde serão organizados segundo a deman- tímulo à recreação, em casos de internação de criança ou adoles-
da da população, e não limitados por produção ou quantidades de cente;
atendimento pré-determinados. VI - a informação a respeito de diferentes possibilidades tera-
§4º A utilização de tecnologias e procedimentos nos serviços pêuticas de acordo com sua condição clínica, baseado em evidên-
deverá proporcionar celeridade na realização de exames e diagnós- cias e a relação custo-benefício da escolha de tratamentos, com
ticos e na disponibilização dos resultados. direito à recusa, atestado pelo usuário ou acompanhante;
§5º Haverá regulamentação do tempo de espera em filas de VII - a escolha do local de morte;
procedimentos. VIII - o direito à escolha de tratamento, quando houver, inclusi-
§6º A lista de espera de média e alta complexidade deve consi- ve as práticas integrativas e complementares de saúde, e à conside-
derar a agilidade e transparência. ração da recusa de tratamento proposto;
§7º As medidas para garantir o atendimento incluem o cum- IX - o recebimento de visita, quando internado, de outros pro-
primento da carga horária de trabalho dos profissionais de saúde. fissionais de saúde que não pertençam àquela unidade hospitalar
§8º Nas situações em que ocorrer a interrupção temporária da sendo facultado a esse profissional o acesso ao prontuário;
oferta de procedimentos como consultas e exames, os serviços de- X - a opção de marcação de atendimento pessoalmente, por
vem providenciar a remarcação destes procedimentos e comunicar telefone e outros meios tecnológicos disponíveis e acessíveis;
aos usuários. XI - o recebimento de visita de religiosos de qualquer credo,
§9º As redes de serviço do SUS deverão se organizar e pactuar sem que isso acarrete mudança da rotina de tratamento e do es-
no território a oferta de plantão de atendimento 24 horas, inclusive tabelecimento e ameaça à segurança ou perturbações a si ou aos
nos finais de semana. outros;
§10 Cada serviço deverá adotar medidas de manutenção per- XII - a não-limitação de acesso aos serviços de saúde por barrei-
manente dos equipamentos, bens e serviços para prevenir interrup- ras físicas, tecnológicas e de comunicação;
ções no atendimento. XIII - a espera por atendimento em lugares protegidos, limpos
§11 É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter aten- e ventilados, tendo a sua disposição água potável e sanitários, e
dimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, devendo os serviços de saúde se organizarem de tal forma que seja
restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, evitada a demora nas filas;
orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou XIV - soluções para que não haja acomodação de usuários em
sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou deficiência, ga- condições e locais inadequados.
rantindo-lhe: Quarta diretriz: toda pessoa deve ter seus valores, cultura e di-
I- identificação pelo nome e sobrenome civil, devendo existir reitos respeitados na relação com os serviços de saúde.
em todo documento do usuário e usuária um campo para se regis- Parágrafo único: os direitos do caput serão garantidos por meio
trar o nome social, independente do registro civil, sendo assegura- de:
do o uso do nome de preferência, não podendo ser identificado por I- escolha do tipo de plano de saúde que melhor lhe convier,
número, nome ou código da doença ou outras formas desrespeito- de acordo com as exigências mínimas constantes da legislação e a
sas ou preconceituosas; informação pela operadora sobre a cobertura, custos e condições
II- a identificação dos profissionais, por crachás visíveis, legíveis do plano que está adquirindo;
e por outras formas de identificação de fácil percepção; II- sigilo e a confidencialidade de todas as informações pesso-
III- nas consultas, nos procedimentos diagnósticos, preventi- ais, mesmo após a morte, salvo nos casos de risco à saúde pública;
vos, cirúrgicos, terapêuticos e internações, o seguinte: III- acesso da pessoa ao conteúdo do seu prontuário ou de pes-
a) integridade física; soa por ele autorizada e a garantia de envio e fornecimento de có-
b) a privacidade e ao conforto; pia, em caso de encaminhamento a outro serviço ou mudança de
c) a individualidade; domicílio;
d) aos seus valores éticos, culturais, religiosos e espirituais; IV- obtenção de laudo, relatório e atestado sempre que justifi-
e) a confidencialidade de toda e qualquer informação pessoal; cado por sua situação de saúde;
f) a segurança do procedimento; V- consentimento livre, voluntário e esclarecido, a quaisquer
g) o bem-estar psíquico e emocional; procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo nos
h) a confirmação do usuário sobre a compreensão das ques- casos que acarretem risco à saúde pública, considerando que o con-
tões relacionadas com o seu atendimento e possíveis encaminha- sentimento anteriormente dado poderá ser revogado a qualquer
mentos. instante, por decisão livre e esclarecida, sem que sejam imputadas
I - o atendimento agendado nos serviços de saúde, preferen- à pessoa sanções morais, financeiras ou legais;
cialmente com hora marcada; VI- pleno conhecimento de todo e qualquer exame de saúde
II - o direito a acompanhante, pessoa de sua livre escolha, nas admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de fun-
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ção, ou demissional realizado e seus resultados; sentá-los aos profissionais dos serviços de saúde;
VII- a indicação de sua livre escolha, a quem confiará a tomada IX- ter em mão seus documentos e, quando solicitados, os re-
de decisões para a eventualidade de tornar-se incapaz de exercer sultados de exames que estejam em seu poder;
sua autonomia; X- cumprir as normas dos serviços de saúde que devem res-
VIII- o recebimento ou a recusa à assistência religiosa, espiritu- guardar todos os princípios desta Resolução;
al, psicológica e social; XI- adotar medidas preventivas para situações de sua vida coti-
IX- a liberdade, em qualquer fase do tratamento, de procurar diana que coloquem em risco a sua saúde e da comunidade;
segunda opinião ou parecer de outro profissional ou serviço sobre XII- comunicar aos serviços de saúde, às ouvidorias ou à vigi-
seu estado de saúde ou sobre procedimentos recomendados; lância sanitária irregularidades relacionadas ao uso e à oferta de
X- a não-participação em pesquisa que envolva ou não trata- produtos e serviços que afetem a saúde em ambientes públicos e
mento experimental sem que tenha garantias claras da sua liber- privados;
dade de escolha e, no caso de recusa em participar ou continuar XIII- desenvolver hábitos, práticas e atividades que melhorem a
na pesquisa, não poderá sofrer constrangimentos, punições ou san- sua saúde e qualidade de vida;
ções pelos serviços de saúde, sendo necessário, para isso: XIV- comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de
a)que o dirigente do serviço cuide dos aspectos éticos da pes- caso de doença transmissível, quando a situação requerer o isola-
quisa e estabeleça mecanismos para garantir a decisão livre e escla- mento ou quarentena da pessoa ou quando a doença constar da
recida da pessoa; relação do Ministério da Saúde; e
b)que o pesquisador garanta, acompanhe e mantenha a inte- XV- não dificultar a aplicação de medidas sanitárias, bem como
gridade da saúde dos participantes de sua pesquisa, assegurando- as ações de fiscalização sanitária.
-lhes os benefícios dos resultados encontrados; e Sexta diretriz: toda pessoa tem direito à informação sobre os
c)que a pessoa assine o termo de consentimento livre e escla- serviços de saúde e aos diversos mecanismos de participação.
recido; §1º A educação permanente em saúde e a educação perma-
XI- o direito de se expressar e ser ouvido nas suas queixas, de- nente para o controle social devem estar incluídas em todas as ins-
núncias, necessidades, sugestões e outras manifestações por meio tâncias do SUS, e envolver a comunidade.
das ouvidorias, urnas e qualquer outro mecanismo existente, sendo §2º As unidades básicas de saúde devem constituir conselhos
sempre respeitado na privacidade, no sigilo e na confidencialidade; locais de saúde com participação da comunidade.
e §3º As ouvidorias, Ministério Público, audiências públicas e ou-
XII- a participação nos processos de indicação e eleição de seus tras formas institucionais de exercício da democracia garantidas em
representantes nas Conferências, nos Conselhos de Saúde e nos lei, são espaços de participação cidadã.
Conselhos Gestores da Rede SUS. §4º As instâncias de controle social e o poder público devem
Quinta diretriz: toda pessoa tem responsabilidade e direitos promover a comunicação dos aspectos positivos do SUS.
para que seu tratamento e recuperação sejam adequados e sem §5º Devem ser estabelecidos espaços para as pessoas usuárias
interrupção. manifestarem suas posições favoráveis ao SUS e promovidas estra-
Parágrafo único. Para que seja cumprido o disposto no caput tégias para defender o SUS como patrimônio do povo brasileiro.
deste artigo, as pessoas deverão: §6º O direito previsto no caput deste artigo, inclui a informa-
I- prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas con- ção, com linguagem e meios de comunicação adequados sobre:
sultas e nas internações sobre: I- o direito à saúde, o funcionamento dos serviços de saúde e
a)queixas; o SUS;
b)enfermidades e hospitalizações anteriores; II- os mecanismos de participação da sociedade na formulação,
c)história de uso de medicamentos, drogas, reações alérgicas, acompanhamento e fiscalização das políticas e da gestão do SUS;
exames anteriores; III- as ações de vigilância à saúde coletiva compreendendo a
d)demais informações sobre seu estado de saúde. vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental; e
II- expressar se compreendeu as informações e orientações re- IV- a interferência das relações e das condições sociais, econô-
cebidas e, caso ainda tenha dúvidas, solicitar esclarecimento sobre micas, culturais, e ambientais na situação da saúde das pessoas e
elas; da coletividade.
III- seguir o plano de tratamento proposto pelo profissional ou §7º Os órgãos de saúde deverão informar as pessoas sobre a
pela equipe de saúde responsável pelo seu cuidado, que deve ser rede SUS mediante os diversos meios de comunicação, bem como
compreendido e aceito pela pessoa que também é responsável pelo nos serviços de saúde que compõem essa rede de participação po-
seu tratamento; pular, em relação a:
IV- informar ao profissional de saúde ou à equipe responsável I- endereços;
sobre qualquer fato que ocorra em relação a sua condição de saúde; II- telefones;
V- assumir a responsabilidade formal pela recusa a procedi- III- horários de funcionamento; e
mentos, exames ou tratamentos recomendados e pelo descumpri- IV- ações e procedimentos disponíveis.
mento das orientações do profissional ou da equipe de saúde; §8º Em cada serviço de saúde deverá constar, em local visível e
VI- contribuir para o bem-estar de todas e todos nos serviços acessível à população:
de saúde, evitar ruídos, uso de fumo e derivados do tabaco e bebi- I- nome do responsável pelo serviço;
das alcoólicas, colaborar com a segurança e a limpeza do ambiente; II- nomes dos profissionais;
VII- adotar comportamento respeitoso e cordial com as demais III- horário de trabalho de cada membro da equipe, inclusive do
pessoas que usam ou que trabalham no estabelecimento de saúde; responsável pelo serviço e;
VIII- realizar exames solicitados, buscar os resultados e apre- IV- ações e procedimentos disponíveis.
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§9º As informações prestadas à população devem ser claras,


para propiciar a compreensão por toda e qualquer pessoa. RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013 QUE INSTITUI AÇÕES
§10. Os Conselhos de Saúde deverão informar à população so- PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE EM SERVIÇOS DE SAÚ-
bre: DE E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
I- formas de participação;
II- composição do Conselho de Saúde;
III- regimento interno dos Conselhos; RESOLUÇÃO - RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013
IV- Conferências de Saúde;
V- data, local e pauta das reuniões; e Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saú-
VI- deliberações e ações desencadeadas. de e dá outras providências.
§11. O direito previsto no caput desse artigo inclui a participa-
ção de Conselhos e Conferências de Saúde, o direito de representar A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sani-
e ser representado em todos os mecanismos de participação e de tária, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos III e IV, do
controle social do SUS. art. 15 da Lei n.º 9.782, de 26 de janeiro de 1999, o inciso II, e §§
Sétima diretriz: toda pessoa tem direito a participar dos Conse- 1° e 3° do art. 54 do Regimento Interno aprovado nos termos do
lhos e Conferências de Saúde e de exigir que os gestores cumpram Anexo I da Portaria nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006,
os princípios anteriores. republicada no DOU de 21 de agosto de 2006, e suas atualizações,
§1º As Conferências Municipais de Saúde são espaços de ampla tendo em vista o disposto nos incisos III, do art. 2º, III e IV, do art.
e aberta participação da comunidade, complementadas por Confe- 7º da Lei n.º 9.782, de 1999, e o Programa de Melhoria do Processo
rências Livres, distritais e locais, além das de plenárias de segmen- de Regulamentação da Agência, instituído por meio da Portaria nº
tos. 422, de 16 de abril de 2008, em reunião realizada em 23 de julho
§2º Respeitada a organização da democracia brasileira, toda de 2013, adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu,
pessoa tem direito a acompanhar dos espaços de controle social, Diretor-Presidente , determino a sua publicação:
como forma de participação cidadã, observando o Regimento Inter-
no de cada instância. CAPÍTULO I
§3º Os gestores do SUS, das três esferas de governo, para ob- DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
servância dessas diretrizes, comprometem-se a:
I- promover o respeito e o cumprimento desses direitos e de- SEÇÃO I
veres, com a adoção de medidas progressivas, para sua efetivação; OBJETIVO
II- adotar as providências necessárias para subsidiar a divulga-
ção desta Resolução, inserindo em suas ações as diretrizes relativas Art. 1º Esta Resolução tem por objetivo instituir ações para a
aos direitos e deveres das pessoas; promoção da segurança do paciente e a melhoria da qualidade nos
III- incentivar e implementar formas de participação dos traba- serviços de saúde.
lhadores e usuários nas instâncias e participação de controle social
do SUS; SEÇÃO II
IV- promover atualizações necessárias nos regimentos e estatu- ABRANGÊNCIA
tos dos serviços de saúde, adequando-os a esta Resolução;
V- adotar estratégias para o cumprimento efetivo da legislação Art. 2º Esta Resolução se aplica aos serviços de saúde, sejam
e das normatizações do SUS; eles públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares, incluindo
VI- promover melhorias contínuas, na rede SUS, como a infor- aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa.
matização para implantar o Cartão SUS e o Prontuário Eletrônico Parágrafo único. Excluem-se do escopo desta Resolução os con-
com os objetivos de: sultórios individualizados, laboratórios clínicos e os serviços móveis
a)otimizar o financiamento; e de atenção domiciliar.
b)qualificar o atendimento aos serviços de saúde;
c)melhorar as condições de trabalho; SEÇÃO III
d)reduzir filas; e DEFINIÇÕES
e)ampliar e facilitar o acesso nos diferentes serviços de saúde.
Oitava diretriz: Os direitos e deveres dispostos nesta Resolução Art. 3º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes
constituem a Carta dos Direitos Usuária da Saúde. definições:
Parágrafo único. A Carta dos Direitos e Deveres da Pessoa Usu- I - boas práticas de funcionamento do serviço de saúde: com-
ária da Saúde será disponibilizada nos serviços do SUS e conselhos ponentes da garantia da qualidade que asseguram que os serviços
de saúde por meios acessíveis e na internet, em http://www.conse- são ofertados com padrões de qualidade adequados;
lho.saude.gov.br. II - cultura da segurança: conjunto de valores, atitudes, compe-
tências e comportamentos que determinam o comprometimento
Publicada no DOU em 15/01/2018 – Ed. 10, Seção 1, Pag. 41-44 com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a
punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar
a atenção à saúde;
III - dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo
e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo doenças, lesão, sofri-
mento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser físi-
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co, social ou psicológico; risco;


IV - evento adverso: incidente que resulta em dano à saúde; IV - A garantia das boas práticas de funcionamento do serviço
V - garantia da qualidade: totalidade das ações sistemáticas ne- de saúde.
cessárias para garantir que os serviços prestados estejam dentro Art.7º Compete ao NSP:
dos padrões de qualidade exigidos para os fins a que se propõem; I - promover ações para a gestão de risco no serviço de saúde;
VI - gestão de risco: aplicação sistêmica e contínua de políticas, II - desenvolver ações para a integração e a articulação multi-
procedimentos, condutas e recursos na identificação, análise, ava- profissional no serviço de saúde;
liação, comunicação e controle de riscos e eventos adversos que III - promover mecanismos para identificar e avaliar a existência
afetam a segurança, a saúde humana, a integridade profissional, o de não conformidades nos processos e procedimentos realizados e
meio ambiente e a imagem institucional; na utilização de equipamentos, medicamentos e insumos propondo
VII - incidente: evento ou circunstância que poderia ter resulta- ações preventivas e corretivas;
do, ou resultou, em dano desnecessário à saúde; IV - elaborar, implantar, divulgar e manter atualizado o Plano de
VIII - núcleo de segurança do paciente (NSP): instância do ser- Segurança do Paciente em Serviços de Saúde;
viço de saúde criada para promover e apoiar a implementação de V - acompanhar as ações vinculadas ao Plano de Segurança do
ações voltadas à segurança do paciente; Paciente em Serviços de Saúde;
IX - plano de segurança do paciente em serviços de saúde: do- VI - implantar os Protocolos de Segurança do Paciente e realizar
cumento que aponta situações de risco e descreve as estratégias e o monitoramento dos seus indicadores;
ações definidas pelo serviço de saúde para a gestão de risco visando VII - estabelecer barreiras para a prevenção de incidentes nos
a prevenção e a mitigação dos incidentes, desde a admissão até a serviços de saúde;
transferência, a alta ou o óbito do paciente no serviço de saúde; VIII - desenvolver, implantar e acompanhar programas de ca-
X - segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do pacitação em segurança do paciente e qualidade em serviços de
risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde; saúde;
XI - serviço de saúde: estabelecimento destinado ao desenvol- IX - analisar e avaliar os dados sobre incidentes e eventos ad-
vimento de ações relacionadas à promoção, proteção, manutenção versos decorrentes da prestação do serviço de saúde;
e recuperação da saúde, qualquer que seja o seu nível de complexi- X - compartilhar e divulgar à direção e aos profissionais do ser-
dade, em regime de internação ou não, incluindo a atenção realiza- viço de saúde os resultados da análise e avaliação dos dados sobre
da em consultórios, domicílios e unidades móveis; incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço
XII - tecnologias em saúde: conjunto de equipamentos, medi- de saúde;
camentos, insumos e procedimentos utilizados na atenção à saúde, XI - notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária os
bem como os processos de trabalho, a infraestrutura e a organiza- eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde;
ção do serviço de saúde. XII- manter sob sua guarda e disponibilizar à autoridade sanitá-
ria, quando requisitado, as notificações de eventos adversos;
CAPÍTULO II XIII - acompanhar os alertas sanitários e outras comunicações
DAS CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS de risco divulgadas pelas autoridades sanitárias.

SEÇÃO I SEÇÃO II
DA CRIAÇÃO DO NÚCLEO DE SEGURANÇA DO PACIENTE DO PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE EM SERVIÇOS DE
SAÚDE
Art. 4º A direção do serviço de saúde deve constituir o Núcleo
de Segurança do Paciente (NSP) e nomear a sua composição, con- Art. 8º O Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde
ferindo aos membros autoridade, responsabilidade e poder para (PSP), elaborado pelo NSP, deve estabelecer estratégias e ações de
executar as ações do Plano de Segurança do Paciente em Serviços gestão de risco, conforme as atividades desenvolvidas pelo serviço
de Saúde. de saúde para:
§ 1º A direção do serviço de saúde pode utilizar a estrutura de I - identificação, análise, avaliação, monitoramento e comuni-
comitês, comissões, gerências, coordenações ou núcleos já existen- cação dos riscos no serviço de saúde, de forma sistemática;
tes para o desempenho das atribuições do NSP. II - integrar os diferentes processos de gestão de risco desen-
§ 2º No caso de serviços públicos ambulatoriais pode ser cons- volvidos nos serviços de saúde;
tituído um NSP para cada serviço de saúde ou um NSP para o con- III - implementação de protocolos estabelecidos pelo Ministé-
junto desses, conforme decisão do gestor local do SUS. rio da Saude;
Art. 5º Para o funcionamento sistemático e contínuo do NSP a IV - identificação do paciente;
direção do serviço de saúde deve disponibilizar: V - higiene das mãos;
I - recursos humanos, financeiros, equipamentos, insumos e VI - segurança cirúrgica;
materiais; VII - segurança na prescrição, uso e administração de medica-
II - um profissional responsável pelo NSP com participação nas mentos;
instâncias deliberativas do serviço de saúde. VIII - segurança na prescrição, uso e administração de sangue e
Art. 6º O NSP deve adotar os seguintes princípios e diretrizes: hemocomponentes;
I - A melhoria contínua dos processos de cuidado e do uso de IX - segurança no uso de equipamentos e materiais;
tecnologias da saúde; X - manter registro adequado do uso de órteses e próteses
II - A disseminação sistemática da cultura de segurança; quando este procedimento for realizado;
III - A articulação e a integração dos processos de gestão de XI - prevenção de quedas dos pacientes;
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XII - prevenção de úlceras por pressão; De forma integrada aos demais pontos de atenção da Rede de
XIII - prevenção e controle de eventos adversos em serviços de Atenção à Saúde (RAS) e com outras políticas intersetoriais, a Assis-
saúde, incluindo as infecções relacionadas à assistência à saúde; tência tem como objetivo garantir resolutividade da atenção e con-
XIV- segurança nas terapias nutricionais enteral e parenteral; tinuidade do cuidado, assegurando a equidade e a transparência,
XV - comunicação efetiva entre profissionais do serviço de saú- sempre de forma pactuada com os Colegiados do SUS. A Política
de e entre serviços de saúde; Nacional de Atenção Hospitalar resultou da necessidade de reorga-
XVI - estimular a participação do paciente e dos familiares na nizar e qualificar a atenção hospitalar no âmbito do SUS.
assistência prestada. A Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no âm-
XVII - promoção do ambiente seguro bito do SUS está instituída na Portaria de Consolidação nº 2, de
28/07/2017, que instituiu a Consolidação das normas sobre as po-
CAPÍTULO III líticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde, Capítulo II
DA VIGILÂNCIA, DO MONITORAMENTO E DA NOTIFICAÇÃO - Das Políticas de Organização da Atenção à Saúde, Seção I - Das
DE EVENTOS ADVERSOS Políticas Gerais de Organização da Atenção à Saúde, Art. 6º - inciso
IV, Anexo XXIV, estabelecendo as diretrizes para a organização do
Art. 9º O monitoramento dos incidentes e eventos adversos componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS).
será realizado pelo Núcleo de Segurança do Paciente - NSP. A PNHOSP, em seu art. 6º, inciso IV, define e recomenda a cria-
Art. 10 A notificação dos eventos adversos, para fins desta Re- ção do Núcleo Interno de Regulação (NIR) nos hospitais, de forma
solução, deve ser realizada mensalmente pelo NSP, até o 15º (déci- a realizar a interface com as Centrais de Regulação, delinear o perfil
mo quinto) dia útil do mês subsequente ao mês de vigilância, por de complexidade da assistência no âmbito do SUS, bem como per-
meio das ferramentas eletrônicas disponibilizadas pela Anvisa. mitir o acesso de forma organizada e por meio do estabelecimen-
Parágrafo único - Os eventos adversos que evoluírem para óbi- to de critérios de gravidade e disponibilizar o acesso ambulatorial,
to devem ser notificados em até 72 (setenta e duas) horas a partir hospitalar, de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, além de
do ocorrido. critérios pré-estabelecidos, como protocolos que deverão ser ins-
Art. 11 Compete à ANVISA, em articulação com o Sistema Na- tituídos em conjunto pelo NIR e a gestão da Regulação, além de
cional de Vigilância Sanitária: permitir a busca por vagas de internação e apoio diagnóstico/ te-
I - monitorar os dados sobre eventos adversos notificados pelos rapêutico fora do próprio estabelecimento para os pacientes que
serviços de saúde; requeiram serviços não disponíveis, sempre que necessário, confor-
II - divulgar relatório anual sobre eventos adversos com a análi- me pactuação na Rede de Atenção à Saúde (RAS).
se das notificações realizadas pelos serviços de saúde;
III - acompanhar, junto às vigilâncias sanitárias distrital, esta- NIR para regulação de leitos intra-hospitalares
dual e municipal as investigações sobre os eventos adversos que O NIR é uma unidade técnico-administrativa que realiza o mo-
evoluíram para óbito. nitoramento do paciente, a partir de seu ingresso no hospital, sua
movimentação interna e externa até a alta hospitalar. É uma estru-
CAPÍTULO IV tura ligada diretamente à direção geral do hospital e deve ser legiti-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS mada, com papel e função definidos.
É oportuno apresentar um modelo que subsidie o gestor hospi-
Art. 12 Os serviços de saúde abrangidos por esta Resolução te- talar a implantar o (NIR) para apoio a realização da gestão de leitos
rão o prazo de 120 (cento e vinte) dias para a estruturação dos NSP e interface com a regulação de acesso por meio, da elaboração de
e elaboração do PSP e o prazo de 150 (cento e cinquenta) dias para diretrizes que norteiem os gestores na implantação e/ou imple-
iniciar a notificação mensal dos eventos adversos, contados a partir mentação do NIR e orientação para constituição da equipe do NIR.
da data da publicação desta Resolução. A implantação e/ou implementação do NIR deve ser entendida
Art. 13 O descumprimento das disposições contidas nesta Re- como projeto importante e permanente dentro do planejamento
solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de estratégico das unidades hospitalares, tendo em vista que os hospi-
20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad- tais são instituições complexas e com rotinas e culturas organizacio-
ministrativa e penal cabíveis. nais que necessitam ser aprimoradas para melhorar qualidade da
Art. 14 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- assistência prestada aos usuários do SUS.
ção. O NIR possui as seguintes funções:
— Permite o conhecimento da necessidade de leitos, por espe-
cialidades e patologias;
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO HOSPITALAR (PNHOSP) — Subsidia discussões tanto internas, como externas (na rede
de atenção à saúde), que permitam o planejamento da ampliação
e/ou readequação do perfil de leitos hospitalares ofertados;
Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP)3 — Otimiza a utilização dos leitos hospitalares, para redução
A assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS) é or- da Taxa de Ocupação, Tempo Médio de Permanência, nos diversos
ganizada a partir das necessidades da população, a fim de garantir setores do hospital, além de ampliar o acesso aos leitos, tanto no
o atendimento aos usuários, com apoio de uma equipe multiprofis- âmbito intra-hospitalar, quanto para outros serviços disponibiliza-
sional, que atua no cuidado e na regulação do acesso, na qualidade dos pela RAS;
da assistência prestada e na segurança do paciente. — Promove o uso dinâmico dos leitos hospitalares, por meio
3 https://antigo.saude.gov.br/atencao-especializada-e-hospitalar/as- do aumento de rotatividade e monitoramento das atividades de
sistencia-hospitalar/politica-nacional-de-atencao-hospitalar-pnhosp gestão da clínica desempenhadas pelas equipes assistenciais;
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LEGISLAÇÃO - SUS

— Permite e aprimora a interface entre a gestão interna hospi- profissionais da equipe de forma multiprofissional, a fim de pa-
talar e a regulação; dronizar a metodologia de investigação diagnóstica e das condutas
— Qualifica os fluxos de acesso aos serviços e as informações terapêuticas em todos os setores da unidade hospitalar, o que di-
no ambiente hospitalar; minui gastos desnecessários, evita a duplicação ou superposição de
— Otimiza os recursos existentes e aponta necessidades de in- exames, proporciona mais agilidade ao tratamento, previne a subs-
corporação de tecnologias no âmbito hospitalar; tituição precoce de drogas e diminui a ocorrência de complicações
— Promove a permanente articulação do conjunto das espe- evitáveis e iatrogenias nos pacientes.
cialidades clínicas e cirúrgicas, bem como das equipes multiprofis- Outro ponto crucial na diminuição da permanência refere-se
sionais garantindo a integralidade do cuidado, no âmbito intra-hos- à agilidade nas respostas aos exames subsidiários ao diagnóstico.
pitalar; Assim, pactuações com os serviços de apoio diagnóstico para a prio-
— Aprimora e apoia o processo integral do cuidado ao usuário rização e hierarquização dos exames da emergência, assim como da
dos serviços hospitalares visando o atendimento mais adequado às UTI, são fundamentais para esse processo.
suas necessidades; É muito importante a possibilidade de tornar os processos in-
— Apoia as equipes na definição de critérios para internação formatizados, por meio de prontuários eletrônicos e a disponibili-
e alta; zação, na rede interna, dos resultados de exames, o que garante
— Fornece subsídios às Coordenações Assistenciais para que agilidade e redução de custos.
façam o gerenciamento dos leitos, sinalizando contingências locais É necessário que a equipe do NIR assegure e tenha o papel de
que possam comprometer a assistência; intermediadora da boa comunicação, além de mediar conflitos e
— Estimula o Cuidado Horizontal dentro da instituição; diminuir riscos de ruídos entre os setores do hospital. A boa relação
— Subsidia a direção do hospital para a tomada de decisão in- entre os setores torna mais fácil e deixa mais clara a definição de
ternamente; critérios de acesso a estas áreas e diminui a disputa por recursos,
— Colabora tecnicamente, com dados de monitoramento na muitas vezes escassos.
proposição e atualização de protocolos de diretrizes clínicas e tera- No caso da gestão de leitos realizada pelo NIR em conjunto com
pêuticas e administrativos. as demais equipes da unidade hospitalar, a viabilização das ações
propostas para a diminuição das médias de permanência, aumen-
No geral, as estruturas hospitalares têm mantido, muito alto, o to da rotatividade e diminuição da superlotação, tanto no setor de
tempo médio de permanência em suas enfermarias, traduzindo-se Urgência e Emergência, quanto nos outros setores do hospital, pre-
em um excedente de usuários que fica represado nas emergências, cede da implementação de algumas “ferramentas tecnológicas”, do
causando também elevadas médias de permanência nesses locais, campo da gestão da clínica e que serão sugeridas no manual.
que por falta de estrutura ou mesmo por terem sua capacidade ins- Em face ao exposto, fica evidente que as atividades desenvol-
talada suplantada tem que ficar mal acomodados, ou em situações vidas pelo NIR favorecem a melhoria dos processos institucionais, a
de improviso e precariedade. racionalização dos recursos, de acordo com a capacidade instalada,
A melhora de indicadores, como a Média de Permanência, leva propicia o aumento da rotatividade dos leitos na unidade hospitalar
em conta a necessidade de adequação e/ou aprimoramento das com consequente ampliação do acesso, além de promover práticas
unidades de saúde em relação a todos os fatores apontados acima. assistenciais seguras, mediante a utilização de protocolos clínicos e
Mas como só está na governabilidade do hospital temas internos a instrumentos de boas práticas para elevar a qualidade do atendi-
instituição é necessário que seja feito uma reavaliação dos proces- mento prestado ao usuário.
sos da rede de atenção à saúde como um todo. Portanto, o NIR deve estar empoderado e legitimado de prefe-
Nessa perspectiva, é importante um olhar para dentro da rência como uma instância colegiada ligada diretamente à direção
instituição com vistas a diminuição das médias de permanência e do hospital.
adoção de processo de cuidado pautado na gestão da clínica e na
pactuação com as equipes do hospital e dos serviços de apoio, no
sentido de mobilizar e viabilizar os acordos internos. QUESTÕES
Um ponto muito relevante para a gestão de vagas é a necessi-
dade de compatibilização da demanda com os recursos disponíveis
no serviço, por meio da definição de perfil e identificação da cartei- 1. IBFC - 2022 - SES-DF - Médico - Clínica Médica
ra de serviços ofertada pela instituição.
Dentre as estratégias importantes estão a definição de um res- Relativamente ao tema da “Evolução histórica da organização
ponsável pela coordenação do Projeto Terapêutico tanto nos seto- do sistema de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de
res de emergência, como também em outros setores, uma vez que Saúde (SUS)”, assinale a alternativa incorreta.
uma unidade é reflexo da outra em sequência. (A) Até a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, a atuação
Como já ocorre nas Unidades de Terapia Intensiva, onde a con- na área de assistência à saúde era prestada à parcela da popu-
dução do projeto terapêutico cabe ao intensivista, no ambiente da lação definida como “indigente” por alguns Municípios e Esta-
emergência também se propõe que seja dada, ao coordenador clí- dos e, principalmente, por instituições de caráter filantrópico
nico do setor, a função de coordenar esse processo, sendo o espe- (B) Com a crise de financiamento da Previdência a partir de
cialista incorporado à equipe terapêutica, mas sob a coordenação meados da década de 70, o INAMPS adota várias providên-
de um profissional emergencista ou clínico que trabalha em escala cias para racionalizar suas despesas e começa, na década de
horizontal acompanhando diariamente a situação dos usuários e 80, a “comprar” serviços do setor público (redes de unidades
apoiando as decisões de conduta de forma linear. das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde), inicialmente
Também é fundamental a pactuação de protocolos entre os através de convênios. A assistência à saúde prestada pela rede
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pública, mesmo com o financiamento do INAMPS apenas para Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
os seus beneficiários, preservava o seu caráter de universalida- cima para baixo.
de da clientela (A) F, V, V
(C) Até a criação do Sistema Único de Saúde - SUS, o Ministé- (B) V, F, V
rio da Saúde, apoiado por Estados e Municípios, desenvolveu (C) V, F, F
basicamente ações de promoção da saúde e de prevenção de (D) F, F, V
doenças, merecendo destaque as campanhas de vacinação e (E) V, V, V
controle de endemias
(D) Na década de 80, o INAMPS adota uma série de medidas 4. IBFC - 2022 - SES-DF - Médico - Clínica Médica
que o aproximam ainda mais de uma cobertura universal de
clientela, dentre as quais se destaca o início da exigência da Em conformidade com o disposto na Resolução n° 453 de 10 de
Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos hos- maio de 2012, a qual dispõe sobre os Conselhos de Saúde, assinale
pitais próprios e conveniados da rede pública a alternativa incorreta.
(E) A Constituição previu a competência concorrente dos entes (A) Na instituição e reformulação dos Conselhos de Saúde o Po-
federados para legislar sobre a “defesa da saúde” der Executivo, respeitando os princípios da democracia, deve
acolher as demandas da população aprovadas nas Conferên-
2. IBFC - 2020 - EBSERH - Técnico em Contabilidade cias de Saúde, e em consonância com a legislação
(B) Nos Municípios onde não existem entidades, instituições e
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) representou um movimentos organizados em número suficiente para compor
marco importante para a saúde pública do Brasil, pois apresenta o Conselho, a eleição da representação deve ser realizada em
um arcabouço jurídico-institucional no campo das políticas públicas plenária no respectivo Estado, promovida pelo Conselho Esta-
de saúde. Sobre a evolução histórica do SUS, analise as afirmativas dual de maneira ampla e democrática
abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). (C) O processo bem-sucedido de descentralização da saúde
( ) O marco da reforma do sistema de saúde brasileiro foi a 8a promoveu o surgimento de Conselhos Regionais, Conselhos
Conferência Nacional de Saúde, que ocorreu em março de 1988 e Locais, Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos
teve como lema “Saúde, Direito de Todos, e Dever do Estado”. dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a coordenação
( ) Os princípios e diretrizes do SUS foram contemplados na Lei dos Conselhos de Saúde da esfera correspondente. Assim, os
Orgânica da Saúde, Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. Conselhos de Saúde são espaços instituídos de participação da
( ) O SUS, portanto, não é composto somente por serviços comunidade nas políticas públicas e na administração da saúde
públicos; é integrado também por uma rede de serviços privados, (D) A participação da sociedade organizada, garantida na legis-
principalmente hospitais e unidades de diagnose e terapia, que são lação, torna os Conselhos de Saúde uma instância privilegiada
remunerados por meio dos recursos públicos destinados à saúde. na proposição, discussão, acompanhamento, deliberação, ava-
liação e fiscalização da implementação da Política de Saúde,
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros
cima para baixo. (E) A representação nos segmentos deve ser distinta e autôno-
(A) F, V, V ma em relação aos demais segmentos que compõem o Con-
(B) V, F, V selho, por isso, um profissional com cargo de direção ou de
(C) V, F, F confiança na gestão do SUS, ou como prestador de serviços de
(D) F, F, V saúde não pode ser representante dos(as) Usuários(as) ou de
(E) V, V, V Trabalhadores(as)

3. IBFC - 2020 - EBSERH - Técnico em Contabilidade 5. IBFC - 2022 - SESACRE - Agente Administrativo

Após a publicação das Leis de n° 8.080/1990, e de n° Acerca das disposições da Resolução nº 453/2012 do Conselho
8.142/1990, a atuação da sociedade no sistema de saúde tomou Nacional de Saúde, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verda-
outras dimensões, pois a partir daí, a participação social foi amplia- deiro (V) ou Falso (F).
da, democratizada e passou a ser qualificada pelo Controle Social. ( ) Como Subsistema da Seguridade Social, o Conselho de Saú-
Em relação ao Controle Social, analise as afirmativas abaixo e dê de atua na formulação e proposição de estratégias e no controle da
valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). execução das Políticas de Saúde, inclusive nos seus aspectos econô-
( ) “A partir do controle social, a sociedade começou, efetiva- micos e financeiros.
mente, a participar da gestão do sistema de saúde.” ( ) Não há, nos Conselhos de Saúde, participação das entidades
( ) “A população, por meio dos Conselhos de Saúde, passou a representativas dos trabalhadores da área da saúde.
exercer o controle social.” ( ) As entidades, movimentos e instituições eleitas no Conse-
( ) “O controle social ocorre por meio da participação da popu- lho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, conforme
lação no planejamento das políticas públicas, fiscalizando as ações processos estabelecidos pelas respectivas entidades, movimentos e
do governo, verificando o cumprimento das leis relacionadas ao instituições e de acordo com a sua organização, com a recomenda-
SUS e analisando as aplicações financeiras realizadas pelo municí- ção de que ocorra renovação de seus representantes.
pio ou pelo estado no gerenciamento da saúde.”

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Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
cima para baixo. cima para baixo.
(A) V - V - V (A) V - V - V
(B) V - F - V (B) V - F - V
(C) F - F - V (C) F - F - V
(D) V - V - F (D) V - V - F

6. IBFC - 2022 - SESACRE - Agente Administrativo 9. IBFC - 2022 - DPE-MT - Analista - Assistente Social

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regio- A Lei Federal nº 8.080/1990 regulamenta as ações e serviços
nalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, conforme de Saúde em todo o território nacional e em seu artigo 16º indica
dispõe a Constituição Federal de 1988. Acerca do assunto, assinale como competência da Direção Nacional do Sistema Único de Saúde:
a alternativa que não apresenta uma diretriz do sistema único. I. Colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância
(A) Participação da comunidade sanitária de portos, aeroportos e fronteiras.
(B) Atendimento integral, com prioridade para as atividades II. Promover a descentralização para os Municípios dos serviços
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais e das ações de saúde.
(C) Descentralização, com direção única em cada esfera de go- III. Participar da definição de normas, critérios e padrões para o
verno controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a
(D) Equidade na forma de participação no custeio política de saúde do trabalhador.
IV. Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutri-
7. IBFC - 2023 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Psicólogo ção.

Sobre o atendimento e a internação domiciliar, assinale a al- Estão corretas as afirmativas:


ternativa incorreta em relação ao que é proposto pela Lei 8.080 de (A) I e III apenas
1990, no Sistema Único de Saúde brasileiro. (B) II e III apenas
(A) Na modalidade de assistência de atendimento domiciliar (C) III e IV apenas
incluem-se, principalmente, os procedimentos médicos, de en- (D) I e II apenas
fermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência so-
cial, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes 10. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho - PE -
em seu domicílio Enfermeiro Diarista e Plantonista
(B) A internação domiciliar deve ser realizada por equipes mul-
tidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina tanto pre- De acordo com a Lei nº 8142/1990, o Sistema Único de Saúde
ventiva, quanto terapêutica e reabilitadora (SUS) de que trata a Lei nº 8080/1990, contará, em cada esfera de
(C) Tanto o atendimento quanto a internação domiciliar só po- governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
derá ser realizada por indicação médica, com expressa concor- guintes instâncias colegiadas: _____ e _____.
dância do paciente e de sua família Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente
(D) A modalidade de assistência de atendimento domiciliar é as lacunas.
preconizada pelo Sistema Único de Saúde, e a modalidade de (A) Estado / Município
assistência de internação domiciliar não é preconizada por esse (B) Conferência de Saúde / Conselho de Saúde
Sistema de Saúde (C) Ouvidoria / Assistência Social
(D) Educação / Município
8. IBFC - 2023 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Agente de Saúde /
Agente de Call Center 11. IBFC - 2020 - EBSERH - Assistente Administrativo

Acerca das disposições da Lei nº 8080/1990, conhecida como Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) abordam, de forma
Lei Orgânica da Saúde, analise as afirmativas a seguir e dê valores geral, as condições de vida e condições de trabalho dos indivíduos
Verdadeiro (V) ou Falso (F). que de alguma forma condicionam sua saúde. Com base na Comis-
( ) A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo são Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), as-
o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. sinale a alternativa correta.
( ) O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula- (A) Fatores psicológicos não fazem parte dos DSS
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu- (B) Fatores comportamentais não fazem parte dos DSS
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento (C) Fatores étnico/raciais não fazem parte dos DSS
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações (D) Fatores culturais e Sociais não fazem parte dos DSS
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. (E) Fatores ambientais, como poluição do ar, da terra e dos ali-
( ) O dever do Estado exclui o das pessoas, da família, das em- mentos, não fazem parte dos DSS
presas e da sociedade.

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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO - SUS

12. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho - PE - (C) A direção do serviço de saúde deve constituir o Núcleo de
Enfermeiro Diarista e Plantonista Segurança do Paciente (NSP) e nomear a sua composição, con-
ferindo aos membros autoridade, responsabilidade e poder
Os Sistemas de Informação em Saúde são sistemas que instru- para executar as ações do Plano de Segurança do Paciente em
mentalizam e apoiam a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), Serviços de Saúde
em todas as esferas, nos processos de planejamento, programação, (D) Por segurança do paciente, deve-se compreender a maximi-
regulação, controle, avaliação e auditoria. Diante disto, analise as zação a um máximo aceitável, do risco de dano desnecessário
afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). associado à atenção à saúde
( ) O sistema CNES significa Cadastro Nacional de Estabeleci-
mentos de Saúde. 15. IBFC - 2023 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Desenvolvimento
( ) O sistema SIA significa Sistema de Informações Ambulato- de Recursos Humanos na Saúde
riais do SUS.
( ) O sistema SIGTAP é um sistema de tabulação apenas para a De acordo com Santos et al. (2020), os marcos históricos de-
tabela da Associação Médica Brasileira (AMB). terminantes para a política de atenção hospitalar foram o Plano da
( ) O sistema SISMAC é um sistema de controle financeiro de Reforma da Atenção Hospitalar Brasileira e a Política Nacional de
todas as complexidades de ações e serviços ambulatoriais. Atenção Hospitalar - PNHOSP, pois determinaram o período entre
2003 e 2013 como oportuno para a reestruturação deste nível de
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de atenção no Sistema Único de Saúde - SUS. Sobre as formas de ges-
cima para baixo. tão de saúde no SUS, conforme os autores, assinale a alternativa
(A) F, V, V, F incorreta.
(B) V, V, F, F (A) O SUS, no tocante à atenção hospitalar, tem como poten-
(C) V, F, F, V cialidade um modelo que foge dos padrões hospitalocêntricos
(D) F, F, V, V e tem tido avanços significativos na implementação da concep-
ção sistêmica e participativa em sua forma de gestão
13. IBFC - 2022 - SES-DF - Médico - Clínica Médica (B) Hoje, a forma de gestão SUS, aponta nova institucionalida-
de jurídica da atenção hospitalar no SUS e mostra o quanto é
Em atenção ao disposto na Resolução-RDC nº 63 de 2011, a centrada no gestor estadual, pactuada com os níveis federal e
qual dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento municipal/regional e contratualizada com modelos alternativos
para os Serviços de Saúde, assinale a alternativa incorreta. de gestão indireta
(A) O serviço de saúde deve possuir mecanismos que garantam (C) O período iniciado em 2003, teve como principais desafios
a continuidade da atenção ao paciente quando houver neces- relacionados com a categoria Política de Saúde, a influência das
sidade de remoção ou para realização de exames que não exis- ideias ancoradas no projeto neoliberal e a regionalização
tam no próprio serviço (D) Para concretizar proposta de atenção hospitalar em confor-
(B) As Boas Práticas de Funcionamento (BPF) são os componen- midade com as Redes de Atenção à Saúde - RAS, dever-se-ia
tes da Garantia da Qualidade que asseguram que os serviços enfrentar os desafios da fragmentação sistêmica, complexa go-
são ofertados com padrões de qualidade adequados vernança regional, problemas de acesso aos serviços de média
(C) O serviço de saúde deve utilizar a Garantia da Qualidade complexidade e da necessidade de articulação política
como ferramenta de gerenciamento
(D) A licença de funcionamento dos serviços e atividades ter-
ceirizados deve conter informação sobre a sua habilitação para GABARITO
atender serviços de saúde, quando couber
(E) O serviço de saúde deve garantir mecanismos para o contro-
le de acesso dos trabalhadores e pacientes, vedado tal registro
1 D
para acompanhantes e visitantes
2 A
14. IBFC - 2022 - Prefeitura de Contagem - MG - Advogado 3 E
Em conformidade com as disposições da Resolução - RDC Nº 4 B
36, que institui ações para a segurança do paciente em serviços de 5 B
saúde, assinale a alternativa incorreta.
(A) Compete ao Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) acom- 6 D
panhar as ações vinculadas ao Plano de Segurança do Paciente 7 D
em Serviços de Saúde 8 D
(B) O Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde
(PSP), elaborado pelo NSP, deve estabelecer estratégias e ações 9 C
de gestão de risco, conforme as atividades desenvolvidas pelo 10 B
serviço de saúde
11 E
12 B

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13 E ______________________________________________________

14 D ______________________________________________________
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ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
Pedagogo

III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos


PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO DE ASSIS- direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. (Re-
TÊNCIA SOCIAL — SUAS, LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA dação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
SOCIAL (LOAS) Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assis-
tência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, ga-
rantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender
contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos
LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993 sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 3o Consideram-se entidades e organizações de assistência
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativamente,
providências. prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- dos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: direitos (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma
LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam
programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social
CAPÍTULO I básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações
DAS DEFINIÇÕES E DOS OBJETIVOS de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei,
e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Es- Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18. (In-
tado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê cluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de § 2o São de assessoramento aquelas que, de forma continua-
ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendi- da, permanente e planejada, prestam serviços e executam progra-
mento às necessidades básicas. mas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento
Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Reda- dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação
ção dada pela Lei nº 12.435, de 2011) e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de as-
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução sistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações
de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) pela Lei nº 12.435, de 2011)
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescên- § 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de forma
cia e à velhice; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (In- programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa e
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos di-
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; reitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, diri-
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a gidos ao público da política de assistência social, nos termos desta
promoção de sua integração à vida comunitária; e (Inclu- Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos
ído pela Lei nº 12.435, de 2011) I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal
à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir CAPÍTULO II
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES
família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorial- SEÇÃO I
mente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de DOS PRINCÍPIOS
vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; (Redação
dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:
I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as
exigências de rentabilidade econômica;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o des- § 2o O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos respecti-
tinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas pú- vos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações
blicas; de assistência social abrangidas por esta Lei. (Incluído pela
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu Lei nº 12.435, de 2011)
direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivên- § 3o A instância coordenadora da Política Nacional de Assis-
cia familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexa- tência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
tória de necessidade; Fome. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discri- § 4º Cabe à instância coordenadora da Política Nacional de As-
minação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às popu- sistência Social normatizar e padronizar o emprego e a divulgação
lações urbanas e rurais; da identidade visual do Suas. (Incluído pela Lei nº 13.714,
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e de 2018)
projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Po- § 5º A identidade visual do Suas deverá prevalecer na identi-
der Público e dos critérios para sua concessão. ficação de unidades públicas estatais, entidades e organizações de
assistência social, serviços, programas, projetos e benefícios vincu-
SEÇÃO II lados ao Suas. (Incluído pela Lei nº 13.714, de 2018)
DAS DIRETRIZES Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos
de proteção: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, pro-
seguintes diretrizes: jetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações
I - descentralização político-administrativa para os Estados, de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de
o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos fami-
cada esfera de governo; liares e comunitários; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - participação da população, por meio de organizações repre- II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas
sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações em e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de
todos os níveis; vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortaleci-
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da mento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e
política de assistência social em cada esfera de governo. indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direi-
tos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
CAPÍTULO III Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instru-
DA ORGANIZAÇÃO E DA GESTÃO mentos das proteções da assistência social que identifica e previne
as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no ter-
Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social fica ritório. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão ofer-
denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os se- tadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente
guintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assis-
2011) tência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de
cada ação. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a § 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministério
cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articu- do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a entidade de
lado, operam a proteção social não contributiva; (Incluído assistência social integra a rede socioassistencial. (Incluído pela
pela Lei nº 12.435, de 2011) Lei nº 12.435, de 2011)
II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, § 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade deve-
projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; rá cumprir os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.435,
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) de 2011)
III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o;
organização, regulação, manutenção e expansão das ações de as- (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
sistência social;
IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades re- II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Federal,
gionais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) na forma do art. 9o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanen- III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata o
te na assistência social; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) inciso XI do art. 19. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e § 3o As entidades e organizações de assistência social vincu-
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) ladas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou ajustes
VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direi- com o poder público para a execução, garantido financiamento
tos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) integral, pelo Estado, de serviços, programas, projetos e ações de
§ 1o As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo assistência social, nos limites da capacidade instalada, aos benefi-
a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à ciários abrangidos por esta Lei, observando-se as disponibilidades
velhice e, como base de organização, o território. (Incluído orçamentárias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
pela Lei nº 12.435, de 2011)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4o O cumprimento do disposto no § 3o será informado ao § 3º Para fins de cumprimento do disposto no art. 12 da Emen-
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pelo ór- da Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019, e de amplia-
gão gestor local da assistência social. (Incluído pela Lei nº ção da fidedignidade das informações cadastrais, será garantida a
12.435, de 2011) interoperabilidade de dados do CadÚnico com os dados constantes
Art. 6o-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofer- do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), de que trata a
tadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência Social Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. (Incluído pela Lei nº 14.601,
(Cras) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social de 2023)
(Creas), respectivamente, e pelas entidades sem fins lucrativos de § 4º Os dados do CNIS incluídos no CadÚnico poderão ser aces-
assistência social de que trata o art. 3o desta Lei. (Incluído pela sados pelos órgãos gestores do CadÚnico, nas 3 (três) esferas da
Lei nº 12.435, de 2011) Federação, conforme termo de adesão do ente federativo ao Ca-
§ 1o O Cras é a unidade pública municipal, de base territorial, dÚnico, do qual constará cláusula de compromisso com o sigilo de
localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e ris- dados. (Incluído pela Lei nº 14.601, de 2023)
co social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no § 5º A sociedade civil poderá cooperar com a identificação de
seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas pessoas que precisem ser inscritas no CadÚnico, nos termos do re-
e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. gulamento. (Incluído pela Lei nº 14.601, de 2023)
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 6º O CadÚnico coletará informações que caracterizem a con-
§ 2o O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão mu- dição socioeconômica e territorial das famílias, de forma a reduzir
nicipal, estadual ou regional, destinada à prestação de serviços a sua invisibilidade social e com vistas a identificar suas demandas
indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal por políticas públicas, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei
ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam nº 14.601, de 2023)
intervenções especializadas da proteção social especial. (Inclu- Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entidades
ído pela Lei nº 12.435, de 2011) e organizações de assistência social, observarão as normas expe-
§ 3o Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais insti- didas pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que
tuídas no âmbito do Suas, que possuem interface com as demais trata o art. 17 desta lei.
políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
programas, projetos e benefícios da assistência social. (Incluído cípios, observados os princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei,
pela Lei nº 12.435, de 2011) fixarão suas respectivas Políticas de Assistência Social.
Art. 6o-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser com- Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de as-
patíveis com os serviços neles ofertados, com espaços para traba- sistência social depende de prévia inscrição no respectivo Conselho
lhos em grupo e ambientes específicos para recepção e atendimen- Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência So-
to reservado das famílias e indivíduos, assegurada a acessibilidade cial do Distrito Federal, conforme o caso.
às pessoas idosas e com deficiência. (Incluído pela Lei nº § 1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de ins-
12.435, de 2011) crição e funcionamento das entidades com atuação em mais de um
Art. 6o-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, destinados município no mesmo Estado, ou em mais de um Estado ou Distrito
à execução das ações continuadas de assistência social, poderão Federal.
ser aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem as § 2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao
equipes de referência, responsáveis pela organização e oferta da- Conselho de Assistência Social do Distrito Federal a fiscalização das
quelas ações, conforme percentual apresentado pelo Ministério do entidades referidas no caput na forma prevista em lei ou regula-
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovado pelo CNAS. mento.
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3º (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
Parágrafo único. A formação das equipes de referência deverá § 4º As entidades e organizações de assistência social podem,
considerar o número de famílias e indivíduos referenciados, os ti- para defesa de seus direitos referentes à inscrição e ao funciona-
pos e modalidades de atendimento e as aquisições que devem ser mento, recorrer aos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais e do
garantidas aos usuários, conforme deliberações do CNAS. (In- Distrito Federal.
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal
Art. 6º-F Fica instituído o Cadastro Único para Programas So- podem celebrar convênios com entidades e organizações de assis-
ciais do Governo Federal (CadÚnico), registro público eletrônico tência social, em conformidade com os Planos aprovados pelos res-
com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar pectivos Conselhos.
informações para a identificação e a caracterização socioeconômica Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assis-
das famílias de baixa renda, nos termos do regulamento. (Redação tência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordena-
dada pela Lei nº 14.601, de 2023) ção e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução
§ 1º As famílias de baixa renda poderão inscrever-se no Ca- dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito
dÚnico nas unidades públicas de que tratam os §§ 1º e 2º do art. Federal e aos Municípios.
6º-C desta Lei ou, nos termos do regulamento, por meio eletrônico. Art. 12. Compete à União:
(Incluído pela Lei nº 14.284, de 2021) I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de
§ 2º A inscrição no CadÚnico poderá ser obrigatória para aces- prestação continuada definidos no art. 203 da Constituição Fe-
so a programas sociais do governo federal, na forma estabelecida deral;
em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 14.601, de 2023)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o apri- IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as asso-
moramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de ciações e consórcios municipais na prestação de serviços de assis-
assistência social em âmbito nacional; (Redação dada pela tência social;
Lei nº 12.435, de 2011) V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência
III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços,
os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência. desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado.
IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as- VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assis-
sistência social e assessorar Estados, Distrito Federal e Municípios tência social e assessorar os Municípios para seu desenvolvimento.
para seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
2011) Art. 14. Compete ao Distrito Federal:
Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramento I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos
à gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e bene- benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios esta-
fícios de assistência social, por meio do Índice de Gestão Descen- belecidos pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Federal;
tralizada (IGD) do Sistema Único de Assistência Social (Suas), para (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
a utilização no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
Federal, destinado, sem prejuízo de outras ações a serem definidas III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluin-
em regulamento, a: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) do a parceria com organizações da sociedade civil;
I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas, com IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
base na atuação do gestor estadual, municipal e do Distrito Federal V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23
na implementação, execução e monitoramento dos serviços, pro- desta lei.
gramas, projetos e benefícios de assistência social, bem como na ar-
ticulação intersetorial; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na gestão programas e os projetos de assistência social em âmbito local;
estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e (Incluído (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
pela Lei nº 12.435, de 2011) VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as-
III - calcular o montante de recursos a serem repassados aos sistência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435,
entes federados a título de apoio financeiro à gestão do Suas. de 2011)
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 15. Compete aos Municípios:
§ 1o Os resultados alcançados pelo ente federado na gestão do I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento
Suas, aferidos na forma de regulamento, serão considerados como dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios
prestação de contas dos recursos a serem transferidos a título de estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social;
apoio financeiro. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2o As transferências para apoio à gestão descentralizada do II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;
Suas adotarão a sistemática do Índice de Gestão Descentralizada do III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluin-
Programa Bolsa Família, previsto no art. 8o da Lei no 10.836, de 9 de do a parceria com organizações da sociedade civil;
janeiro de 2004, e serão efetivadas por meio de procedimento inte- IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergên-
grado àquele índice. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) cia;
§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta
§ 4o Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistência lei.
Social dos Estados, Municípios e Distrito Federal, percentual dos VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
recursos transferidos deverá ser gasto com atividades de apoio téc- programas e os projetos de assistência social em âmbito local;
nico e operacional àqueles colegiados, na forma fixada pelo Minis- (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sendo vedada VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assis-
a utilização dos recursos para pagamento de pessoal efetivo e de tência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435,
gratificações de qualquer natureza a servidor público estadual, mu- de 2011)
nicipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 12.435, de Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter perma-
2011) nente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são:
Art. 13. Compete aos Estados: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de par- I - o Conselho Nacional de Assistência Social;
ticipação no custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;
trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;
Estaduais de Assistência Social; (Redação dada pela Lei nº V - os Conselhos Municipais de Assistência Social.
12.435, de 2011) Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência Social estão vin-
II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o apri- culados ao órgão gestor de assistência social, que deve prover a in-
moramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de fraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo recursos
assistência social em âmbito regional ou local; (Redação materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas referen-
dada pela Lei nº 12.435, de 2011) tes a passagens e diárias de conselheiros representantes do gover-
III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações no ou da sociedade civil, quando estiverem no exercício de suas
assistenciais de caráter de emergência; atribuições. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência So- VIII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistên-
cial (CNAS), órgão superior de deliberação colegiada, vinculado à cia Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública
estrutura do órgão da Administração Pública Federal responsável Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de As-
pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, cujos sistência Social;
membros, nomeados pelo Presidente da República, têm mandato IX - aprovar critérios de transferência de recursos para os Esta-
de 2 (dois) anos, permitida uma única recondução por igual perí- dos, Municípios e Distrito Federal, considerando, para tanto, indica-
odo. dores que informem sua regionalização mais eqüitativa, tais como:
§ 1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é com- população, renda per capita, mortalidade infantil e concentração de
posto por 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, cujos renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos
nomes são indicados ao órgão da Administração Pública Federal para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo
responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias;
Social, de acordo com os critérios seguintes: X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como
I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um) os ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos apro-
representante dos Estados e 1 (um) dos Municípios; vados;
II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre represen- XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os progra-
tantes dos usuários ou de organizações de usuários, das entidades mas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social
e organizações de assistência social e dos trabalhadores do setor, (FNAS);
escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Público XII - indicar o representante do Conselho Nacional de Assistên-
Federal. cia Social (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social;
§ 2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é presi- XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno;
dido por um de seus integrantes, eleito dentre seus membros, para XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas de-
mandato de 1 (um) ano, permitida uma única recondução por igual cisões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência Social
período. (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos.
§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) contará Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.101,
com uma Secretaria Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada de 2009)
em ato do Poder Executivo. Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal
§ 4o Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16, responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência
com competência para acompanhar a execução da política de assis- Social:
tência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em con- I - coordenar e articular as ações no campo da assistência so-
sonância com as diretrizes das conferências nacionais, estaduais, cial;
distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação, de- II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
verão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito a Política Nacional de Assistência Social, suas normas gerais, bem
Federal e pelos Municípios, mediante lei específica. (Re- como os critérios de prioridade e de elegibilidade, além de padrões
dação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) de qualidade na prestação de benefícios, serviços, programas e pro-
Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência jetos;
Social: III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de pres-
I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; tação continuada definidos nesta lei;
II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária da assis-
natureza pública e privada no campo da assistência social; tência social, em conjunto com as demais da Seguridade Social;
III - acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das enti- V - propor os critérios de transferência dos recursos de que tra-
dades e organizações de assistência social no Ministério do Desen- ta esta lei;
volvimento Social e Combate à Fome; (Redação dada pela VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assis-
Lei nº 12.101, de 2009) tência social, na forma prevista nesta lei;
IV - apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de Assis-
e organizações de assistência social certificadas como beneficentes tência Social (CNAS) relatórios trimestrais e anuais de atividades e
e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência de realização financeira dos recursos;
Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; (Re- VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito
dação dada pela Lei nº 12.101, de 2009) Federal, aos Municípios e às entidades e organizações de assistên-
V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e par- cia social;
ticipativo de assistência social; IX - formular política para a qualificação sistemática e continua-
VI - a partir da realização da II Conferência Nacional de da de recursos humanos no campo da assistência social;
Assistência Social em 1997, convocar ordinariamente a cada quatro X - desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as análi-
anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atri- ses de necessidades e formulação de proposições para a área;
buição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de
para o aperfeiçoamento do sistema; (Redação dada pela entidades e organizações de assistência social, em articulação com
Lei nº 9.720, de 26.4.1991) os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
VII - (Vetado.) XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas de
saúde e previdência social, bem como com os demais responsáveis
pelas políticas sócio-econômicas setoriais, visando à elevação do
patamar mínimo de atendimento às necessidades básicas;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XIII - expedir os atos normativos necessários à gestão do Fundo § 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da de-
Nacional de Assistência Social (FNAS), de acordo com as diretrizes ficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos pe-
XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional de Assistência ritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social
Social (CNAS) os programas anuais e plurianuais de aplicação dos - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). § 6º-A. O INSS poderá celebrar parcerias para a realização da
de medicamentos e produtos de interesse para a saúde, às fa- avaliação social, sob a supervisão do serviço social da autarquia.
mílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)
e pessoal, nos termos desta Lei, dar-se-á independentemente da § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de
apresentação de documentos que comprovem domicílio ou inscri- residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em
ção no cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS), em consonância regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo
com a diretriz de articulação das ações de assistência social e de que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720,
saúde a que se refere o inciso XII deste artigo. (Incluído pela de 30.11.1998)
Lei nº 13.714, de 2018) § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá
ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitan-
CAPÍTULO IV do-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o
DOS BENEFÍCIOS, DOS SERVIÇOS, DOS PROGRAMAS E deferimento do pedido. (Incluído pela Lei nº 9.720, de
DOS PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 30.11.1998)
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado
SEÇÃO I e de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo
DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA da renda familiar per capita a que se refere o § 3o deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins
um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo
65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por § 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste
sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da con-
(Vide Lei nº 13.985, de 2020) dição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnera-
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta bilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146,
pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de 2015) (Vigência)
de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos § 11-A. O regulamento de que trata o § 11 deste artigo pode-
e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob rá ampliar o limite de renda mensal familiar per capita previsto no
o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-mínimo, observado o
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação conti- disposto no art. 20-B desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.176,
nuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impe- de 2021) (Vigência)
dimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou § 12. São requisitos para a concessão, a manutenção e a revisão
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e no
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadas-
de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei tro Único, conforme previsto em regulamento. (Incluído pela Lei
nº 13.146, de 2015) (Vigência) nº 13.846, de 2019)
§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos § 13. (Vide medida Provisória nº 871, de 2019)
nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata o caput § 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício previ-
deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa com renda denciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido a idoso
familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com defi-
salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 14.176, de 2021) ciência não será computado, para fins de concessão do benefício
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.176, de 2021) de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência
II - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020) da mesma família, no cálculo da renda a que se refere o § 3º deste
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumu- artigo. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020)
lado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade § 15. O benefício de prestação continuada será devido a mais
social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pen- de um membro da mesma família enquanto atendidos os requisitos
são especial de natureza indenizatória, bem como as transferências exigidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020)
de renda de que tratam o parágrafo único do art. 6º e o inciso VI do Art. 20-A. (Revogado pela Lei nº 14.176, de 2021)
caput do art. 203 da Constituição Federal e o caput e o § 1º do art. Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos probatórios da
1º da Lei nº 10.835, de 8 de janeiro de 2004. (Redação dada pela condição de miserabilidade e da situação de vulnerabilidade de que
Lei nº 14.601, de 2023) trata o § 11 do art. 20 desta Lei, serão considerados os seguintes
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa per- aspectos para ampliação do critério de aferição da renda familiar
manência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com defici- mensal per capita de que trata o § 11-A do referido artigo:. (In-
ência ao benefício de prestação continuada. (Redação dada cluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
pela Lei nº 12.435, de 2011) I – o grau da deficiência;. (Incluído pela Lei nº 14.176, de
2021) (Vigência)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – a dependência de terceiros para o desempenho de ativida- § 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedo-
des básicas da vida diária; e. (Incluído pela Lei nº 14.176, de ra de que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado
2021) (Vigência) o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o bene-
III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de ficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, pode-
que trata o § 3º do art. 20 desta Lei exclusivamente com gastos mé- rá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspen-
dicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimentos espe- so, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação
ciais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado
não disponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não o período de revisão previsto no caput do art. 21. (Incluído
prestados pelo Suas, desde que comprovadamente necessários à pela Lei nº 12.470, de 2011)
preservação da saúde e da vida.. (Incluído pela Lei nº 14.176, § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz
de 2021) (Vigência) não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada,
§ 1º A ampliação de que trata o caput deste artigo ocorrerá na limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remunera-
forma de escalas graduais, definidas em regulamento.. (Incluído ção e do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
§ 2º Aplicam-se à pessoa com deficiência os elementos cons- SEÇÃO II
tantes dos incisos I e III do caput deste artigo, e à pessoa idosa os DOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS
constantes dos incisos II e III do caput deste artigo.. (Incluído
pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões su-
§ 3º O grau da deficiência de que trata o inciso I do caput deste plementares e provisórias que integram organicamente as garantias
artigo será aferido por meio de instrumento de avaliação biopsi- do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de
cossocial, observados os termos dos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de
13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), calamidade pública. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de
e do § 6º do art. 20 e do art. 40-B desta Lei.. (Incluído pela Lei 2011)
nº 14.176, de 2021) (Vigência)
§ 4º O valor referente ao comprometimento do orçamento do § 1o A concessão e o valor dos benefícios de que trata este
núcleo familiar com gastos de que trata o inciso III do caput deste artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios
artigo será definido em ato conjunto do Ministério da Cidadania, e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base em
da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da critérios e prazos definidos pelos respectivos Conselhos de Assis-
Economia e do INSS, a partir de valores médios dos gastos realiza- tência Social. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
dos pelas famílias exclusivamente com essas finalidades, facultada
ao interessado a possibilidade de comprovação, conforme critérios § 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representações de Esta-
definidos em regulamento, de que os gastos efetivos ultrapassam dos e Municípios dele participantes, poderá propor, na medida das
os valores médios. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas de governo, a
(Vigência) instituição de benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte e
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto cinco por cento) do salário-mínimo para cada criança de até 6 (seis)
a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
que lhe deram origem. (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que § 3o Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser
forem superadas as condições referidas no caput, ou em caso de cumulados com aqueles instituídos pelas Leis no 10.954, de 29 de
morte do beneficiário. setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002. (Re-
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregulari- dação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
dade na sua concessão ou utilização.
§ 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras SEÇÃO III
ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de DOS SERVIÇOS
habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de
suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. Art. 23. Entendem-se por serviços socioassistenciais as ativida-
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) des continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas
§ 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedi- ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objeti-
do à pessoa com deficiência não impede nova concessão do bene- vos, princípios e diretrizes estabelecidos nesta Lei. (Reda-
fício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. ção dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
(Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 5º O beneficiário em gozo de benefício de prestação continu- § 1o O regulamento instituirá os serviços socioassistenciais.
ada concedido judicial ou administrativamente poderá ser convoca- (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
do para avaliação das condições que ensejaram sua concessão ou
manutenção, sendo-lhe exigida a presença dos requisitos previstos § 2o Na organização dos serviços da assistência social serão
nesta Lei e no regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) criados programas de amparo, entre outros: (Incluído
Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pela Lei nº 12.435, de 2011)
pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer
atividade remunerada, inclusive na condição de microempreende-
dor individual. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e SEÇÃO V


social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da Constituição Fe- DOS PROJETOS DE ENFRENTAMENTO DA POBREZA
deral e na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
e do Adolescente); (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza compreen-
dem a instituição de investimento econômico-social nos grupos po-
II - às pessoas que vivem em situação de rua. (Incluído pulares, buscando subsidiar, financeira e tecnicamente, iniciativas
pela Lei nº 12.435, de 2011) que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de gestão para
melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do padrão
SEÇÃO IV da qualidade de vida, a preservação do meio-ambiente e sua orga-
DOS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL nização social.
Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento da pobre-
Art. 24. Os programas de assistência social compreendem za assentar-se-á em mecanismos de articulação e de participação
ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de diferentes áreas governamentais e em sistema de cooperação
de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os entre organismos governamentais, não governamentais e da socie-
benefícios e os serviços assistenciais. dade civil.
§ 1º Os programas de que trata este artigo serão definidos pe-
los respectivos Conselhos de Assistência Social, obedecidos os obje- SEÇÃO VI
tivos e princípios que regem esta lei, com prioridade para a inserção (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
profissional e social. DO AUXÍLIO-INCLUSÃO
§ 2o Os programas voltados para o idoso e a integração da
pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o be- Art. 26-A. Terá direito à concessão do auxílio-inclusão de que
nefício de prestação continuada estabelecido no art. 20 desta Lei. trata o art. 94 da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) da Pessoa com Deficiência), a pessoa com deficiência moderada ou
Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimen- grave que, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.176, de
to Integral à Família (Paif), que integra a proteção social básica e 2021) (Vigência)
consiste na oferta de ações e serviços socioassistenciais de presta- I – receba o benefício de prestação continuada, de que trata o
ção continuada, nos Cras, por meio do trabalho social com famílias art. 20 desta Lei, e passe a exercer atividade:
em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de prevenir o a) que tenha remuneração limitada a 2 (dois) salários-mínimos;
rompimento dos vínculos familiares e a violência no âmbito de suas e
relações, garantindo o direito à convivência familiar e comunitária. b) que enquadre o beneficiário como segurado obrigatório do
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Regime Geral de Previdência Social ou como filiado a regime pró-
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os pro- prio de previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal
cedimentos do Paif. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) ou dos Municípios;
Art. 24-B. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimento II – tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do re-
Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), que integra a proteção querimento do auxílio-inclusão;
social especial e consiste no apoio, orientação e acompanhamen- III – tenha inscrição regular no CPF; e
to a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação de IV – atenda aos critérios de manutenção do benefício de pres-
direitos, articulando os serviços socioassistenciais com as diversas tação continuada, incluídos os critérios relativos à renda familiar
políticas públicas e com órgãos do sistema de garantia de direitos. mensal per capita exigida para o acesso ao benefício, observado o
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) disposto no § 4º deste artigo.
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os proce- § 1º O auxílio-inclusão poderá ainda ser concedido, nos termos
dimentos do Paefi. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) do inciso I do caput deste artigo, mediante requerimento e sem re-
Art. 24-C. Fica instituído o Programa de Erradicação do Tra- troatividade no pagamento, ao beneficiário:
balho Infantil (Peti), de caráter intersetorial, integrante da Política I – que tenha recebido o benefício de prestação continuada nos
Nacional de Assistência Social, que, no âmbito do Suas, compre- 5 (cinco) anos imediatamente anteriores ao exercício da atividade
ende transferências de renda, trabalho social com famílias e oferta remunerada; e
de serviços socioeducativos para crianças e adolescentes que se II – que tenha tido o benefício suspenso nos termos do art.
encontrem em situação de trabalho. (Incluído pela Lei nº 21-A desta Lei.
12.435, de 2011) § 2º O valor do auxílio-inclusão percebido por um membro da
§ 1o O Peti tem abrangência nacional e será desenvolvido família não será considerado no cálculo da renda familiar mensal
de forma articulada pelos entes federados, com a participação da per capita de que trata o inciso IV do caput deste artigo, para fins de
sociedade civil, e tem como objetivo contribuir para a retirada de concessão e de manutenção de outro auxílio-inclusão no âmbito do
crianças e adolescentes com idade inferior a 16 (dezesseis) anos em mesmo grupo familiar.
situação de trabalho, ressalvada a condição de aprendiz, a partir de § 3º O valor do auxílio-inclusão e o da remuneração do bene-
14 (quatorze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) ficiário do auxílio-inclusão de que trata a alínea “a” do inciso I do
§ 2o As crianças e os adolescentes em situação de trabalho caput deste artigo percebidos por um membro da família não serão
deverão ser identificados e ter os seus dados inseridos no Cadas- considerados no cálculo da renda familiar mensal per capita de que
tro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚni- tratam os §§ 3º e 11-A do art. 20 desta Lei para fins de manutenção
co), com a devida identificação das situações de trabalho infantil. de benefício de prestação continuada concedido anteriormente a
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) outra pessoa do mesmo grupo familiar.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4º Para fins de cálculo da renda familiar per capita de que Art. 26-F. Compete ao Ministério da Cidadania a gestão do
trata o inciso IV do caput deste artigo, serão desconsideradas: auxílio-inclusão, e ao INSS a sua operacionalização e pagamento.
I – as remunerações obtidas pelo requerente em decorrência (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
de exercício de atividade laboral, desde que o total recebido no mês
seja igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; e Art. 26-G. As despesas decorrentes do pagamento do auxílio-
-inclusão correrão à conta do orçamento do Ministério da Cidada-
II – as rendas oriundas dos rendimentos decorrentes de estágio nia. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
supervisionado e de aprendizagem.
Art. 26-B. O auxílio-inclusão será devido a partir da data do § 1º O Poder Executivo federal compatibilizará o quantitativo
requerimento, e o seu valor corresponderá a 50% (cinquenta por de benefícios financeiros do auxílio-inclusão de que trata o art. 26-A
cento) do valor do benefício de prestação continuada em vigor. desta Lei com as dotações orçamentárias existentes.
(Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
§ 1º Ao requerer o auxílio-inclusão, o beneficiário autorizará § 2º O regulamento indicará o órgão do Poder Executivo res-
a suspensão do benefício de prestação continuada, nos termos do ponsável por avaliar os impactos da concessão do auxílio-inclusão
art. 21-A desta Lei. na participação no mercado de trabalho, na redução de desigualda-
des e no exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pes-
§ 2º O auxílio-inclusão será concedido automaticamente pelo soas com deficiência, nos termos do § 16 do art. 37 da Constituição
INSS, observado o preenchimento dos demais requisitos, mediante Federal.
constatação, pela própria autarquia ou pelo Ministério da Cidada-
nia, de acumulação do benefício de prestação continuada com o Art. 26-H. No prazo de 10 (dez) anos, contado da data de pu-
exercício de atividade remunerada. (Incluído pela Lei nº 14.441, blicação desta Seção, será promovida a revisão do auxílio-inclusão,
de 2022) observado o disposto no § 2º do art. 26-G desta Lei, com vistas a
seu aprimoramento e ampliação. (Incluído pela Lei nº 14.176,
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o auxílio-inclusão será de 2021) (Vigência)
devido a partir do primeiro dia da competência em que se identi-
ficou a ocorrência de acumulação do benefício de prestação conti- CAPÍTULO V
nuada com o exercício de atividade remunerada, e o titular deverá DO FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
ser notificado quanto à alteração do benefício e suas consequências
administrativas. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022) Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Comunitária (Funac),
instituído pelo Decreto nº 91.970, de 22 de novembro de 1985, ra-
Art. 26-C. O pagamento do auxílio-inclusão não será acumula- tificado pelo Decreto Legislativo nº 66, de 18 de dezembro de 1990,
do com o pagamento de: (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) transformado no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
(Vigência) Art. 28. O financiamento dos benefícios, serviços, programas e
projetos estabelecidos nesta lei far-se-á com os recursos da União,
I – benefício de prestação continuada de que trata o art. 20 dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das demais con-
desta Lei; tribuições sociais previstas no art. 195 da Constituição Federal,
além daqueles que compõem o Fundo Nacional de Assistência So-
II – prestações a título de aposentadoria, de pensões ou de be- cial (FNAS).
nefícios por incapacidade pagos por qualquer regime de previdên- § 1o Cabe ao órgão da Administração Pública responsável pela
cia social; ou coordenação da Política de Assistência Social nas 3 (três) esferas de
governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob orientação e con-
III – seguro-desemprego. trole dos respectivos Conselhos de Assistência Social. (Re-
dação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 26-D. O pagamento do auxílio-inclusão cessará na hipó- § 2º O Poder Executivo disporá, no prazo de 180 (cento e oi-
tese de o beneficiário: (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) tenta) dias a contar da data de publicação desta lei, sobre o regu-
(Vigência) lamento e funcionamento do Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS).
I – deixar de atender aos critérios de manutenção do benefício § 3o O financiamento da assistência social no Suas deve ser
de prestação continuada; ou efetuado mediante cofinanciamento dos 3 (três) entes federados,
devendo os recursos alocados nos fundos de assistência social ser
II – deixar de atender aos critérios de concessão do auxílio-in- voltados à operacionalização, prestação, aprimoramento e viabili-
clusão. zação dos serviços, programas, projetos e benefícios desta política.
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal disporá sobre Art. 28-A (Revogado pela Lei nº 13.813, de 2019)
o procedimento de verificação dos critérios de manutenção e de Art. 29. Os recursos de responsabilidade da União destinados
revisão do auxílio-inclusão. à assistência social serão automaticamente repassados ao Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS), à medida que se forem reali-
Art. 26-E. O auxílio-inclusão não está sujeito a desconto de zando as receitas.
qualquer contribuição e não gera direito a pagamento de abono
anual. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Os recursos de responsabilidade da União CAPÍTULO VI


destinados ao financiamento dos benefícios de prestação continua- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
da, previstos no art. 20, poderão ser repassados pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social diretamente ao INSS, órgão respon- Art. 31. Cabe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito
sável pela sua execução e manutenção. (Incluído pela Lei aos direitos estabelecidos nesta lei.
nº 9.720, de 30.11.1998) Art. 32. O Poder Executivo terá o prazo de 60 (sessenta) dias, a
Art. 30. É condição para os repasses, aos Municípios, aos Esta- partir da publicação desta lei, obedecidas as normas por ela insti-
dos e ao Distrito Federal, dos recursos de que trata esta lei, a efetiva tuídas, para elaborar e encaminhar projeto de lei dispondo sobre a
instituição e funcionamento de: extinção e reordenamento dos órgãos de assistência social do Mi-
I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária en- nistério do Bem-Estar Social.
tre governo e sociedade civil; § 1º O projeto de que trata este artigo definirá formas de trans-
II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos ferências de benefícios, serviços, programas, projetos, pessoal,
respectivos Conselhos de Assistência Social; bens móveis e imóveis para a esfera municipal.
III - Plano de Assistência Social. § 2º O Ministro de Estado do Bem-Estar Social indicará Comis-
Parágrafo único. É, ainda, condição para transferência de re- são encarregada de elaborar o projeto de lei de que trata este arti-
cursos do FNAS aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios go, que contará com a participação das organizações dos usuários,
a comprovação orçamentária dos recursos próprios destinados à de trabalhadores do setor e de entidades e organizações de assis-
Assistência Social, alocados em seus respectivos Fundos de Assis- tência social.
tência Social, a partir do exercício de 1999. (Incluído pela Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e vinte) dias da pro-
Lei nº 9.720, de 30.11.1998) mulgação desta lei, fica extinto o Conselho Nacional de Serviço So-
Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços, programas, proje- cial (CNSS), revogando-se, em conseqüência, os Decretos-Lei nºs
tos e benefícios eventuais, no que couber, e o aprimoramento da 525, de 1º de julho de 1938, e 657, de 22 de julho de 1943.
gestão da política de assistência social no Suas se efetuam por meio § 1º O Poder Executivo tomará as providências necessárias
de transferências automáticas entre os fundos de assistência social para a instalação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
e mediante alocação de recursos próprios nesses fundos nas 3 (três) e a transferência das atividades que passarão à sua competência
esferas de governo. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) dentro do prazo estabelecido no caput, de forma a assegurar não
Parágrafo único. As transferências automáticas de recursos en- haja solução de continuidade.
tre os fundos de assistência social efetuadas à conta do orçamento § 2º O acervo do órgão de que trata o caput será transferido, no
da seguridade social, conforme o art. 204 da Constituição Federal, prazo de 60 (sessenta) dias, para o Conselho Nacional de Assistência
caracterizam-se como despesa pública com a seguridade social, na Social (CNAS), que promoverá, mediante critérios e prazos a serem
forma do art. 24 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de fixados, a revisão dos processos de registro e certificado de entida-
2000. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) de de fins filantrópicos das entidades e organização de assistência
Art. 30-B. Caberá ao ente federado responsável pela utilização social, observado o disposto no art. 3º desta lei.
dos recursos do respectivo Fundo de Assistência Social o controle e Art. 34. A União continuará exercendo papel supletivo nas
o acompanhamento dos serviços, programas, projetos e benefícios, ações de assistência social, por ela atualmente executadas direta-
por meio dos respectivos órgãos de controle, independentemente mente no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
de ações do órgão repassador dos recursos. (Incluído pela visando à implementação do disposto nesta lei, por prazo máximo
Lei nº 12.435, de 2011) de 12 (doze) meses, contados a partir da data da publicação desta
Art. 30-C. A utilização dos recursos federais descentralizados lei.
para os fundos de assistência social dos Estados, dos Municípios e Art. 35. Cabe ao órgão da Administração Pública Federal res-
do Distrito Federal será declarada pelos entes recebedores ao ente ponsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência So-
transferidor, anualmente, mediante relatório de gestão submetido cial operar os benefícios de prestação continuada de que trata esta
à apreciação do respectivo Conselho de Assistência Social, que com- lei, podendo, para tanto, contar com o concurso de outros órgãos
prove a execução das ações na forma de regulamento. (In- do Governo Federal, na forma a ser estabelecida em regulamento.
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Parágrafo único. O regulamento de que trata o caput definirá
Parágrafo único. Os entes transferidores poderão requisitar as formas de comprovação do direito ao benefício, as condições de
informações referentes à aplicação dos recursos oriundos do seu sua suspensão, os procedimentos em casos de curatela e tutela e o
fundo de assistência social, para fins de análise e acompanhamento órgão de credenciamento, de pagamento e de fiscalização, dentre
de sua boa e regular utilização. (Incluído pela Lei nº 12.435, outros aspectos.
de 2011) Art. 36. As entidades e organizações de assistência social que
incorrerem em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes
foram repassados pelos poderes públicos terão a sua vinculação
ao Suas cancelada, sem prejuízo de responsabilidade civil e penal.
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 37. O benefício de prestação continuada será devido
após o cumprimento, pelo requerente, de todos os requisitos legais
e regulamentares exigidos para a sua concessão, inclusive apresen-
tação da documentação necessária, devendo o seu pagamento ser

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

efetuado em até quarenta e cinco dias após cumpridas as exigên-


cias de que trata este artigo. (Redação dada pela Lei nº NORMA OPERACIONAL BÁSICA (NOB)
9.720, de 30.11.1998) (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
Parágrafo único. No caso de o primeiro pagamento ser feito
após o prazo previsto no caput, aplicar-se-á na sua atualização o RESOLUÇÃO Nº 33, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012
mesmo critério adotado pelo INSS na atualização do primeiro paga-
mento de benefício previdenciário em atraso. (Incluído Aprova a Norma Operacional Básica do Sistema Único de As-
pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) sistência Social -NOB/SUAS.
Art. 38. (Revogado pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 39. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CNAS, em
decisão da maioria absoluta de seus membros, respeitados o orça- reunião ordinária realizada nos dias 10, 11, 12 e 13 de dezembro de
mento da seguridade social e a disponibilidade do Fundo Nacional 2012, no uso da competência que lhe conferem os incisos I, II, V, IX
de Assistência Social (FNAS), poderá propor ao Poder Executivo a e XIV do artigo 18 da Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei
alteração dos limites de renda mensal per capita definidos no § 3º Orgânica da Assistência Social - LOAS,
do art. 20 e caput do art. 22.
Art. 40. Com a implantação dos benefícios previstos nos arts. RESOLVE:
20 e 22 desta lei, extinguem-se a renda mensal vitalícia, o auxílio-
-natalidade e o auxílio-funeral existentes no âmbito da Previdência Art. 1º Aprovar a Norma Operacional Básica da Assistência So-
Social, conforme o disposto na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. cial - NOB/SUAS, anexa, apresentada pela Comissão Intergestores
§ 1º A transferência dos benefíciários do sistema previdenci- Tripartite - CIT, apreciada e deliberada pelo Conselho Nacional de
ário para a assistência social deve ser estabelecida de forma que Assistência Social - CNAS.
o atendimento à população não sofra solução de continuidade. Art. 2º O CNAS divulgará a NOB/SUAS amplamente nos diver-
(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20.11.1998 sos meios de comunicação e a enviará à Presidência da República,
§ 2º É assegurado ao maior de setenta anos e ao inválido o ao Congresso Nacional e demais entes federados para conhecimen-
direito de requerer a renda mensal vitalícia junto ao INSS até 31 de to, observância e providências cabíveis.
dezembro de 1995, desde que atenda, alternativamente, aos requi- Art. 3º O CNAS recomenda as seguintes ações referentes à
sitos estabelecidos nos incisos I, II ou III do § 1º do art. 139 da Lei nº NOB/SUAS.
8.213, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº I - ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome:
9.711, de 20.11.1998 a) divulgá-la amplamente nos diversos meios de comunicação;
Art. 40-A. Os benefícios monetários decorrentes do dispos- b) incluí-la como conteúdo do Plano Nacional de Capacitação;
to nos arts. 22, 24-C e 25 desta Lei serão pagos preferencialmen- c) publicá-la em meio impresso e distribuí-la, inclusive em brai-
te à mulher responsável pela unidade familiar, quando cabível. le e em meio digital acessível;
(Incluído pela Lei nº 13.014, de 2014) d) regulamentar os blocos de financiamento em tempo hábil
Art. 40-B. Enquanto não estiver regulamentado o instrumen- para que os municípios possam elaborar os seus Planos Plurianuais
to de avaliação de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº - PPA.
13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiên- e) regulamentar os processos e procedimentos de acompanha-
cia), a concessão do benefício de prestação continuada à pessoa mento disposto no art. 36 e da aplicação das medidas administrati-
com deficiência ficará sujeita à avaliação do grau da deficiência e vas definidas no art. 42.
do impedimento de que trata o § 2º do art. 20 desta Lei, composta II - aos órgãos gestores da Política de Assistência Social e aos
por avaliação médica e avaliação social realizadas, respectivamen- conselhos de assistência social:
te, pela Perícia Médica Federal e pelo serviço social do INSS, com a) divulgá-la e publicizá-la amplamente nos diversos meios de
a utilização de instrumentos desenvolvidos especificamente para comunicação;
esse fim. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) b) incluí-la como conteúdo dos Planos de Capacitação.
Parágrafo único. O INSS poderá celebrar parcerias para a re- Art. 4º Revoga-se a Resolução CNAS nº 130, de 15 de julho de
alização da avaliação social, sob a supervisão do serviço social da 2005, publicada no Diário Oficial da União de 25 de julho de 2005,
autarquia. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022) que aprova a NOB/SUAS 2005.
Art. 40-C. Os eventuais débitos do beneficiário decorrentes de Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
recebimento irregular do benefício de prestação continuada ou do ção.
auxílio-inclusão poderão ser consignados no valor mensal desses
benefícios, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº LUZIELE MARIA DE SOUZA TAPAJÓS
14.176, de 2021) Presidenta do Conselho
Art. 41. Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.
Art. 42. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 7 de dezembro de 1993, 172º da Independência e 105º


da República.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ANEXO I - acolhida: provida por meio da oferta pública de espaços e


serviços para a realização da proteção social básica e especial, de-
CAPÍTULO I vendo as instalações físicas e a ação profissional conter:
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL a)condições de recepção;
b)escuta profissional qualificada;
Art. 1º A política de assistência social, que tem por funções a c)informação;
proteção social, a vigilância socioassistencial e a defesa de direitos, d)referência;
organiza-se sob a forma de sistema público não contributivo, des- e)concessão de benefícios;
centralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assis- f)aquisições materiais e sociais;
tência Social - SUAS. g)abordagem em territórios de incidência de situações de risco;
Parágrafo único. A assistência social ocupa-se de prover pro- h) oferta de uma rede de serviços e de locais de permanência
teção à vida, reduzir danos, prevenir a incidência de riscos sociais, de indivíduos e famílias sob curta, média e longa permanência.
independente de contribuição prévia, e deve ser financiada com re- II - renda: operada por meio da concessão de auxílios financei-
cursos previstos no orçamento da Seguridade Social. ros e da concessão de benefícios continuados, nos termos da lei,
Art. 2º São objetivos do SUAS: para cidadãos não incluídos no sistema contributivo de proteção
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a social, que apresentem vulnerabilidades decorrentes do ciclo de
cooperação técnica entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os vida e/ou incapacidade para a vida independente e para o trabalho;
Municípios que, de modo articulado, operam a proteção social não III - convívio ou vivência familiar, comunitária e social: exige a
contributiva e garantem os direitos dos usuários; oferta pública de rede continuada de serviços que garantam opor-
II - estabelecer as responsabilidades da União, dos Estados, do tunidades e ação profissional para:
Distrito Federal e dos Municípios na organização, regulação, manu- a)a construção, restauração e o fortalecimento de laços de per-
tenção e expansão das ações de assistência social; tencimento, de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vi-
III - definir os níveis de gestão, de acordo com estágios de orga- zinhança e interesses comuns e societários;
nização da gestão e ofertas de serviços pactuados nacionalmente; b)o exercício capacitador e qualificador de vínculos sociais e de
IV - orientar-se pelo princípio da unidade e regular, em todo o projetos pessoais e sociais de vida em sociedade.
território nacional, a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades IV - desenvolvimento de autonomia: exige ações profissionais
quanto à oferta dos serviços, benefícios, programas e projetos de e sociais para:
assistência social; a) o desenvolvimento de capacidades e habilidades para o
V - respeitar as diversidades culturais, étnicas, religiosas, socio- exercício do protagonismo, da cidadania;
econômicas, políticas e territoriais; b) a conquista de melhores graus de liberdade, respeito à dig-
VI - reconhecer as especificidades, iniquidades e desigualdades nidade humana, protagonismo e certeza de proteção social para o
regionais e municipais no planejamento e execução das ações; cidadão e a cidadã, a família e a sociedade;
VII - assegurar a oferta dos serviços, programas, projetos e be- c) conquista de maior grau de independência pessoal e qualida-
nefícios da assistência social; de, nos laços sociais, para os cidadãos e as cidadãs sob contingên-
VIII - integrar a rede pública e privada, com vínculo ao SUAS, cias e vicissitudes.
de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social; V - apoio e auxílio: quando sob riscos circunstanciais, exige a
IX - implementar a gestão do trabalho e a educação permanen- oferta de auxílios em bens materiais e em pecúnia, em caráter tran-
te na assistência social; sitório, denominados de benefícios eventuais para as famílias, seus
X - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; membros e indivíduos.
XI - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direi- Art. 5º São diretrizes estruturantes da gestão do SUAS:
tos como funções da política de assistência social. I - primazia da responsabilidade do Estado na condução da po-
Art. 3º São princípios organizativos do SUAS: lítica de assistência social;
I - universalidade: todos têm direito à proteção socioassisten- II - descentralização político-administrativa e comando único
cial, prestada a quem dela necessitar, com respeito à dignidade e à das ações em cada esfera de governo;
autonomia do cidadão, sem discriminação de qualquer espécie ou III - financiamento partilhado entre a União, os Estados, o Dis-
comprovação vexatória da sua condição; trito Federal e os Municípios;
II - gratuidade: a assistência social deve ser prestada sem exi- IV - matricialidade sociofamiliar;
gência de contribuição ou contrapartida, observado o que dispõe V - territorialização;
o art. 35, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do VI - fortalecimento da relação democrática entre Estado e so-
Idoso; ciedade civil;
III - integralidade da proteção social: oferta das provisões em VII – controle social e participação popular.
sua completude, por meio de conjunto articulado de serviços, pro- Art. 6º São princípios éticos para a oferta da proteção socioas-
gramas, projetos e benefícios socioassistenciais; sistencial no SUAS:
IV – intersetorialidade: integração e articulação da rede socioa- I - defesa incondicional da liberdade, da dignidade da pessoa
ssistencial com as demais políticas e órgãos setoriais; humana, da privacidade, da cidadania, da integridade física, moral
V – equidade: respeito às diversidades regionais, culturais, so- e psicológica e dos direitos socioassistenciais;
cioeconômicas, políticas e territoriais, priorizando aqueles que esti- II – defesa do protagonismo e da autonomia dos usuários e a
verem em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social. recusa de práticas de caráter clientelista, vexatório ou com intuito
Art. 4º São seguranças afiançadas pelo SUAS: de benesse ou ajuda;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - oferta de serviços, programas, projetos e benefícios públi- III - desenvolvimento de ofertas de serviços e benefícios que
cos gratuitos com qualidade e continuidade, que garantam a opor- favoreçam aos usuários do SUAS a autonomia, resiliência, susten-
tunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiares e tabilidade, protagonismo, acesso a oportunidades, condições de
sociais; convívio e socialização, de acordo com sua capacidade, dignidade
IV - garantia da laicidade na relação entre o cidadão e o Estado e projeto pessoal e social;
na prestação e divulgação das ações do SUAS; IV – dimensão proativa que compreende a intervenção planeja-
V - respeito à pluralidade e diversidade cultural, socioeconômi- da e sistemática para o alcance dos objetivos do SUAS com absoluta
ca, política e religiosa; primazia da responsabilidade estatal na condução da política de as-
VI - combate às discriminações etárias, étnicas, de classe social, sistência social em cada esfera de governo;
de gênero, por orientação sexual ou por deficiência, dentre outras; V – reafirmação da assistência social como política de segurida-
VII – garantia do direito a receber dos órgãos públicos e pres- de social e a importância da intersetorialidade com as demais polí-
tadores de serviços o acesso às informações e documentos da as- ticas públicas para a efetivação da proteção social.
sistência social, de interesse particular, ou coletivo, ou geral - que
serão prestadas dentro do prazo da Lei nº 12.527, de 18 de novem- CAPÍTULO II
bro de 2011 - Lei de Acesso à Informação - LAI, e a identificação GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
daqueles que o atender;
VIII - proteção à privacidade dos usuários, observando o sigilo Art. 8º O SUAS se fundamenta na cooperação entre a União, os
profissional, preservando sua intimidade e opção e resgatando sua Estados, o Distrito Federal e os Municípios e estabelece as respecti-
história de vida; vas competências e responsabilidades comuns e específicas.
IX - garantia de atenção profissional direcionada para a cons- §1º As responsabilidades se pautam pela ampliação da prote-
trução de projetos pessoais e sociais para autonomia e sustentabi- ção socioassistencial em todos os seus níveis, contribuindo para a
lidade do usuário; erradicação do trabalho infantil, o enfrentamento da pobreza, da
X - reconhecimento do direito dos usuários de ter acesso a be- extrema pobreza e das desigualdades sociais, e para a garantia dos
nefícios e à renda; direitos, conforme disposto na Constituição Federal e na legislação
XI – garantia incondicional do exercício do direito à participa- relativa à assistência social.
ção democrática dos usuários, com incentivo e apoio à organização §2º O SUAS comporta quatro tipos de Gestão:
de fóruns, conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares, I - da União
potencializando práticas participativas; II - dos Estados;
XII - acesso à assistência social a quem dela necessitar, sem dis- III - do Distrito Federal;
criminação social de qualquer natureza, resguardando os critérios IV - dos Municípios.
de elegibilidade dos diferentes benefícios e as especificidades dos §3º O SUAS é integrado pelos entes federativos, pelos respecti-
serviços, programas e projetos; vos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações
XIII - garantia aos profissionais das condições necessárias para de assistência social abrangidas pela Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro
a oferta de serviços em local adequado e acessível aos usuários, de 1993, Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.
com a preservação do sigilo sobre as informações prestadas no Art. 9º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
atendimento socioassistencial, de forma a assegurar o compromis- conforme suas competências, previstas na Constituição Federal e
so ético e profissional estabelecidos na Norma Operacional Básica na LOAS, assumem responsabilidades na gestão do sistema e na ga-
de Recurso Humanos do SUAS - NOB-RH/SUAS; rantia de sua organização, qualidade e resultados na prestação dos
XIV - disseminação do conhecimento produzido no âmbito do serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais que
SUAS, por meio da publicização e divulgação das informações colhi- serão ofertados pela rede socioassistencial.
das nos estudos e pesquisas aos usuários e trabalhadores, no sen- Parágrafo único. Considera-se rede socioassistencial o conjunto
tido de que estes possam usá-las na defesa da assistência social, de integrado da oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de
seus direitos e na melhoria das qualidade dos serviços, programas, assistência social mediante articulação entre todas as unidades de
projetos e benefícios; provisão do SUAS.
XV – simplificação dos processos e procedimentos na relação Art. 10. Os Municípios que não aderiram ao SUAS na forma da
com os usuários no acesso aos serviços, programas, projetos e be- NOB SUAS, aprovada pela Resolução nº 130, de 15 de julho de 2005,
nefícios, agilizando e melhorando sua oferta; do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, farão a adesão
XVI – garantia de acolhida digna, atenciosa, equitativa, com por meio da apresentação à Comissão Intergestores Bipartite - CIB
qualidade, agilidade e continuidade; de seu Estado dos documentos comprobatórios da instituição e fun-
XVII – prevalência, no âmbito do SUAS, de ações articuladas cionamento do conselho, plano e fundo de assistência social, bem
e integradas, para garantir a integralidade da proteção socioassis- como da alocação de recursos próprios no fundo.
tencial aos usuários dos serviços, programas, projetos e benefícios; §1º A criação e o funcionamento do conselho de assistência
XVIII – garantia aos usuários do direito às informações do res- social deverão ser demonstrados por:
pectivo histórico de atendimentos, devidamente registrados nos I - cópia da lei de sua criação;
prontuários do SUAS. II - cópia das atas das suas 3 (três) últimas reuniões ordinárias;
Art. 7º A garantia de proteção socioassistencial compreende: III - cópia da publicação da sua atual composição; e
I - precedência da proteção social básica, com o objetivo de IV - cópia da ata que aprova o envio destes documentos à CIB.
prevenir situações de risco social e pessoal; §2º A criação e existência do fundo de assistência social, assim
II - não submissão do usuário a situações de subalternização; como a alocação de recursos próprios, deverão ser demonstradas
por:
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - cópia da lei de criação do fundo e de sua regulamentação; XIV – dar publicidade ao dispêndio dos recursos públicos desti-
II - cópia da Lei Orçamentária Anual - LOA; nados à assistência social;
III - balancete do último trimestre do fundo; e XV - formular diretrizes e participar das definições sobre o fi-
IV - cópia da resolução do conselho de assistência social de nanciamento e o orçamento da assistência social;
aprovação da prestação de contas do ano anterior. XVI - garantir a integralidade da proteção socioassistencial
Art. 11. Serão pactuados pela Comissão Intergestores Tripartite à população, primando pela qualificação dos serviços do SUAS,
- CIT parâmetros para a consolidação da rede de serviços, de equi- exercendo essa responsabilidade de forma compartilhada entre a
pamentos, da gestão do SUAS e do funcionamento adequado dos União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
conselhos de assistência social. XVII - garantir e organizar a oferta dos serviços socioassisten-
ciais conforme Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais;
SEÇÃO I XVIII – definir os serviços socioassistenciais de alto custo e as
RESPONSABILIDADES DOS ENTES responsabilidades dos entes de financiamento e execução;
XIX- estruturar, implantar e implementar a Vigilância Socioas-
Art. 12. Constituem responsabilidades comuns à União, Esta- sistencial;
dos, Distrito Federal e Municípios: XX - definir os fluxos de referência e contrarreferência do aten-
I - organizar e coordenar o SUAS em seu âmbito, observando as dimento nos serviços socioassistenciais, com respeito às diversida-
deliberações e pactuações de suas respectivas instâncias; des em todas as suas formas de modo a garantir a atenção iguali-
II - estabelecer prioridades e metas visando à prevenção e ao tária.
enfrentamento da pobreza, da desigualdade, das vulnerabilidades XXI – aprimorar a gestão do Programa Bolsa Família e do Ca-
e dos riscos sociais; dastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro
III - normatizar e regular a política de assistência social em cada Único;
esfera de governo, em consonância com as normas gerais da União; XXII – gerir, de forma integrada, os serviços, benefícios e pro-
IV - elaborar o Pacto de Aprimoramento do SUAS, contendo: gramas de transferência de renda de sua competência;
a) ações de estruturação e aperfeiçoamento do SUAS em seu XXIII - regulamentar os benefícios eventuais em consonância
âmbito; com as deliberações do CNAS;
b)planejamento e acompanhamento da gestão, organização e XXIV - implementar os protocolos pactuados na CIT;
execução dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassis- XXV - promover a articulação intersetorial do SUAS com as de-
tenciais; mais políticas públicas e o sistema de garantia de direitos;
V - garantir o comando único das ações do SUAS pelo órgão XXVI - desenvolver, participar e apoiar a realização de estudos,
gestor da política de assistência social, conforme preconiza a LOAS; pesquisas e diagnósticos relacionados à política de assistência so-
VI - atender aos requisitos previstos no art. 30 e seu parágrafo cial, em especial para fundamentar a análise de situações de vulne-
único, da LOAS, com a efetiva instituição e funcionamento do: rabilidade e risco dos territórios e o equacionamento da oferta de
a) conselho de assistência social, de composição paritária entre serviços em conformidade com a tipificação nacional;
governo e sociedade civil; XXVII - implantar sistema de informação, acompanhamen-
b) fundo de assistência social constituído como unidade orça- to, monitoramento e avaliação para promover o aprimoramento,
mentária e gestora, vinculado ao órgão gestor da assistência social, qualificação e integração contínuos dos serviços da rede socioas-
que também deverá ser o responsável pela sua ordenação de des- sistencial, conforme Pacto de Aprimoramento do SUAS e Plano de
pesas, e com alocação de recursos financeiros próprios; Assistência Social;
c) Plano de Assistência Social; XXVIII - manter atualizado o conjunto de aplicativos do Sistema
VII - prover a infraestrutura necessária ao funcionamento do de Informação do Sistema Único de Assistência Social – Rede SUAS;
conselho de assistência social, garantindo recursos materiais, hu- XXIX - definir, em seu nível de competência, os indicadores
manos e financeiros, inclusive para as despesas referentes a pas- necessários ao processo de acompanhamento, monitoramento e
sagens e diárias de conselheiros representantes do governo ou da avaliação;
sociedade civil, no exercício de suas atribuições; XXX - elaborar, implantar e executar a política de recursos hu-
VIII - realizar, em conjunto com os conselhos de assistência so- manos, de acordo com a NOB/RH - SUAS;
cial, as conferências de assistência social; XXXI - implementar a gestão do trabalho e a educação perma-
IX - estimular a mobilização e organização dos usuários e tra- nente;
balhadores do SUAS para a participação nas instâncias de controle XXXII - instituir e garantir capacitação para gestores, trabalha-
social da política de assistência social; dores, dirigentes de entidades e organizações, usuários e conselhei-
X - promover a participação da sociedade, especialmente dos ros de assistência social;
usuários, na elaboração da política de assistência social; XXXIII - criar ouvidoria do SUAS, preferencialmente com profis-
XI - instituir o planejamento contínuo e participativo no âmbito sionais do quadro efetivo;
da política de assistência social; XXXIV - atender às ações socioassistenciais de caráter de emer-
XII - assegurar recursos orçamentários e financeiros próprios gência;
para o financiamento dos serviços tipificados e benefícios assisten- XXXV – assessorar e apoiar as entidades e organizações visando
ciais de sua competência, alocando-os no fundo de assistência so- à adequação dos seus serviços, programas, projetos e benefícios de
cial; assistência social às normas do SUAS.
XIII - garantir que a elaboração da peça orçamentária esteja de Art. 13. São responsabilidades da União:
acordo com os Planos de Assistência Social e compromissos assumi-
dos no Pacto de Aprimoramento do SUAS;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - responder pela concessão e manutenção do Benefício de âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme
Prestação Continuada - BPC definido no art. 203 da Constituição definido no §2º, art. 8º da Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e no
Federal; art. 12-A da Lei nº 8.742, de 1993.
II - coordenar a gestão do BPC, promovendo estratégias de ar- Art. 15. São responsabilidades dos Estados:
ticulação com os serviços, programas e projetos socioassistenciais e I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de par-
demais políticas setoriais; ticipação no custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que
III – regulamentar e cofinanciar, em âmbito nacional, por meio trata o art. 22, da LOAS, mediante critérios estabelecidos pelo Con-
de transferência regular e automática, na modalidade fundo a fun- selho Estadual de Assistência Social – CEAS;
do, o aprimoramento da gestão, dos serviços, programas e projetos II - cofinanciar, por meio de transferência regular e automáti-
de proteção social básica e especial, para prevenir e reverter situa- ca, na modalidade fundo a fundo os serviços, programas, projetos
ções de vulnerabilidade social e riscos; e benefícios eventuais e o aprimoramento da gestão, em âmbito
IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assis- regional e local;
tência social e assessorar os Estados, o Distrito Federal e os Municí- III - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações
pios para seu desenvolvimento; e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência so-
V - garantir condições financeiras, materiais e estruturais para cial;
o efetivo funcionamento da CIT e do CNAS; IV - organizar, coordenar e prestar serviços regionalizados da
VI - regular o acesso às seguranças de proteção social, confor- proteção social especial de média e alta complexidade, de acordo
me estabelecem a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e com o diagnóstico socioterritorial e os critérios pactuados na CIB e
esta NOB SUAS; deliberados pelo CEAS;
VII - definir as condições e o modo de acesso aos direitos socio- V - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assis-
assistenciais, visando à sua universalização; tência social em sua esfera de abrangência e assessorar os Municí-
VIII - propor diretrizes para a prestação dos serviços socioassis- pios para seu desenvolvimento;
tenciais, pactuá-las com os Estados, o Distrito Federal e os Municí- VI - garantir condições financeiras, materiais e estruturais para
pios e submetê-las à aprovação do CNAS; o funcionamento efetivo da CIB e do CEAS;
IX – orientar, acompanhar e monitorar a implementação dos VII - apoiar técnica e financeiramente os Municípios na implan-
serviços socioassistenciais tipificados nacionalmente, objetivando a tação e na organização dos serviços, programas, projetos e benefí-
sua qualidade; cios socioassistenciais;
X - apoiar técnica e financeiramente os Estados, o Distrito Fe- VIII - apoiar técnica e financeiramente os Municípios para a
deral e os Municípios na implementação dos serviços, programas, implantação e gestão do SUAS, Cadastro Único e Programa Bolsa
projetos e benefícios de proteção social básica e especial, dos pro- Família;
jetos de enfrentamento da pobreza e das ações socioassistenciais IX - apoiar técnica e financeiramente os Municípios na implan-
de caráter emergencial; tação da vigilância socioassistencial;
XI - coordenar e gerir a Rede SUAS; X - municipalizar os serviços de proteção social básica executa-
XII – coordenar em nível nacional o Cadastro Único e o Progra- dos diretamente pelos Estados, assegurando seu cofinanciamento,
ma Bolsa Família; com exceção dos serviços socioassistenciais prestados no distrito
XIII - apoiar técnica e financeiramente os Estados, e o Distrito estadual de Pernambuco, Fernando de Noronha, até que este seja
Federal e Municípios na implantação da vigilância socioassistencial; emancipado;
XIV - elaborar plano de apoio aos Estados e Distrito Federal XI - coordenar o processo de definição dos fluxos de referência
com pendências e irregularidades junto ao SUAS, para cumprimen- e contrarreferência dos serviços regionalizados, acordado com os
to do plano de providências; Municípios e pactuado na CIB;
XV – coordenar e manter atualizado cadastro de entidades de XII - organizar, coordenar, articular, acompanhar e monitorar a
assistência social, de que trata o inciso XI, do art. 19, da LOAS, em rede socioassistencial nos âmbitos estadual e regional;
articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; XIII - instituir ações preventivas e proativas de acompanhamen-
XVI – decidir sobre a concessão e renovação da certificação de to aos Municípios no cumprimento das normativas do SUAS, para o
entidade beneficente de assistência social no âmbito da assistência aprimoramento da gestão, dos serviços, programas, projetos e be-
social; nefícios socioassistenciais pactuados nacionalmente;
XVII – reconhecer as entidades e organizações integrantes da XIV - participar dos mecanismos formais de cooperação inter-
rede socioassistencial, por meio do vínculo SUAS; governamental que viabilizem técnica e financeiramente os servi-
XVIII – apoiar técnica e financeiramente as entidades de repre- ços de referência regional, definindo as competências na gestão e
sentação nacional dos secretários estaduais e municipais de assis- no cofinanciamento, a serem pactuadas na CIB;
tência social; XV - elaborar plano de apoio aos Municípios com pendências
XIX - normatizar o §3º do art. 6º- B da LOAS. e irregularidades junto ao SUAS, para cumprimento do plano de
Art. 14. A União apoiará financeiramente o aprimoramento à providências acordado nas respectivas instâncias de pactuação e
gestão descentralizada do Programa Bolsa Família e dos serviços, deliberação;
programas, projetos e benefícios de assistência social, respectiva- XVI - elaborar e cumprir o plano de providências, no caso de
mente, por meio do Índice de Gestão Descentralizada do Programa pendências e irregularidades do Estado junto ao SUAS, aprovado no
Bolsa Família – IGD PBF e do Índice de Gestão Descentralizada do CEAS e pactuado na CIT;
Sistema Único de Assistência Social - IGDSUAS, para a utilização no XVII - prestar as informações necessárias para a União no
acompanhamento da gestão estadual;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XVIII – zelar pela boa e regular execução dos recursos da União XV - elaborar e cumprir o plano de providências, no caso de
transferidos aos Estados, executados direta ou indiretamente por pendências e irregularidades junto ao SUAS, aprovado pelo CASDF
este, inclusive no que tange à prestação de contas; e pactuado na CIT;
XIX - aprimorar os equipamentos e serviços socioassistenciais, XVI - prestar as informações necessárias para a União no acom-
observando os indicadores de monitoramento e avaliação pactua- panhamento da gestão do Distrito Federal;
dos; XVII - instituir plano de capacitação e educação permanente do
XX – alimentar o Censo do Sistema Único de Assistência Social Distrito Federal;
– Censo SUAS; XVIII – zelar pela boa e regular execução, direta ou indireta, dos
XXI - instituir plano estadual de capacitação e educação per- recursos da União transferidos ao Distrito Federal, inclusive no que
manente; tange à prestação de contas;
XXII - acompanhar o sistema de cadastro de entidades e orga- XIX - proceder o preenchimento do sistema de cadastro de en-
nizações de assistência social, de que trata o inciso XI, do art. 19, tidades e organizações de assistência social de que trata o inciso XI
da LOAS, em articulação com os Municípios de sua área de abran- do art. 19 da LOAS;
gência; XX - viabilizar estratégias e mecanismos de organização, re-
XXIII - apoiar técnica e financeiramente entidade de represen- conhecendo o pertencimento das entidades de assistência social
tação estadual dos secretários municipais de assistência social. como integrantes da rede socioassistencial em âmbito local.
XXIV – normatizar, em seu âmbito, o financiamento integral XXI – normatizar, em seu âmbito, o financiamento integral dos
dos serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social ofer-
ofertados pelas entidades vinculadas ao SUAS, conforme §3º do art. tados pelas entidades vinculadas ao SUAS, conforme §3º do art. 6-B
6º- B da LOAS e sua regulamentação em âmbito federal. da LOAS e sua regulamentação em âmbito federal.
Art. 16. São responsabilidades do Distrito Federal: Art. 17. São responsabilidades dos Municípios:
I - destinar recursos financeiros para custeio dos benefícios I - destinar recursos financeiros para custeio dos benefícios
eventuais de que trata o art. 22, da LOAS, mediante critérios e pra- eventuais de que trata o art. 22, da LOAS, mediante critérios esta-
zos estabelecidos pelo Conselho de Assistência Social do Distrito belecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social - CMAS;
Federal - CASDF; II - efetuar o pagamento do auxílio-natalidade e o auxílio-fu-
II - efetuar o pagamento do auxílio-natalidade e o auxílio-fu- neral;
neral; III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluin-
III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluin- do a parceria com organizações da sociedade civil;
do a parceria com organizações da sociedade civil; IV - atender às ações socioassistenciais de caráter de emergên-
IV - atender às ações socioassistenciais de caráter de emergên- cia;
cia; V - prestar os serviços socioassistenciais de que trata o art. 23,
V - prestar os serviços socioassistenciais de que trata o art. 23, da LOAS;
da LOAS; VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão e dos serviços, pro-
VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, dos serviços, pro- gramas e projetos de assistência social, em âmbito local;
gramas e projetos de assistência social em âmbito local; VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assis-
VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assis- tência social em seu âmbito;
tência social em seu âmbito; VIII - aprimorar os equipamentos e serviços socioassistenciais,
VIII - aprimorar os equipamentos e serviços socioassistenciais, observando os indicadores de monitoramento e avaliação pactua-
observando os indicadores de monitoramento e avaliação pactua- dos;
dos; IX - organizar a oferta de serviços de forma territorializada, em
IX - organizar a oferta de serviços de forma territorializada, em áreas de maior vulnerabilidade e risco, de acordo com o diagnóstico
áreas de maior vulnerabilidade e risco, de acordo com o diagnós- socioterritorial;
tico socioterritorial, construindo arranjo insitucional que permita X - organizar, coordenar, articular, acompanhar e monitorar a
envolver os Municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do rede de serviços da proteção social básica e especial;
Distrito Federal e Entorno - RIDE; XI – alimentar o Censo SUAS;
X - organizar, coordenar, articular, acompanhar e monitorar a XII - assumir as atribuições, no que lhe couber, no processo de
rede de serviços da proteção social básica e especial; municipalização dos serviços de proteção social básica;
XI - participar dos mecanismos formais de cooperação intergo- XIII - participar dos mecanismos formais de cooperação inter-
vernamental que viabilizem técnica e financeiramente os serviços governamental que viabilizem técnica e financeiramente os servi-
de referência regional, definindo as competências na gestão e no ços de referência regional, definindo as competências na gestão e
cofinanciamento, a serem pactuadas na CIT; no cofinanciamento, a serem pactuadas na CIB;
XII - realizar a gestão local do BPC, garantindo aos seus bene- XIV - realizar a gestão local do BPC, garantindo aos seus bene-
ficiários e famílias o acesso aos serviços, programas e projetos da ficiários e famílias o acesso aos serviços, programas e projetos da
rede socioassistencial; rede socioassistencial;
XIII – alimentar o Censo SUAS; XV - gerir, no âmbito municipal, o Cadastro Único e o Programa
XIV - gerir, no âmbito do Distrito Federal, o Cadastro Único e Bolsa Família, nos termos do §1º do art. 8° da Lei nº 10.836 de 2004;
o Programa Bolsa Família, nos termos do §1º do art. 8° da Lei nº XVI - elaborar e cumprir o plano de providências, no caso de
10.836, de 2004; pendências e irregularidades do Município junto ao SUAS, aprovado
pelo CMAS e pactuado na CIB;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XVII - prestar informações que subsidiem o acompanhamento II - identificação da rede socioassistencial disponível no terri-
estadual e federal da gestão municipal; tório, bem como de outras políticas públicas, com a finalidade de
XVIII – zelar pela execução direta ou indireta dos recursos trans- planejar a articulação das ações em resposta às demandas identi-
feridos pela União e pelos Estados aos Municípios, inclusive no que ficadas e a implantação de serviços e equipamentos necessários;
tange a prestação de contas; III – reconhecimento da oferta e da demanda por serviços so-
XIX - proceder o preenchimento do sistema de cadastro de en- cioassistenciais e definição de territórios prioritários para a atuação
tidades e organizações de assistência social de que trata o inciso XI da política de assistência social.
do art. 19 da LOAS; IV – utilização de dados territorializados disponíveis nos siste-
XX - viabilizar estratégias e mecanismos de organização para mas oficiais de informações.
aferir o pertencimento à rede socioassistencial, em âmbito local, de Parágrafo único. Consideram-se sistemas oficiais de informa-
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais ofer- ções aqueles utilizados no âmbito do SUAS, ainda que oriundos de
tados pelas entidades e organizações de acordo com as normativas outros órgãos da administração pública.
federais. Art. 22. Os Planos de Assistência Social, além do que estabelece
XXI – normatizar, em âmbito local, o financiamento integral dos o §2º do art. 18 desta Norma, devem observar:
serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social ofer- I - deliberações das conferências de assistência social para a
tados pelas entidades vinculadas ao SUAS, conforme §3º do art. 6º União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
B da LOAS e sua regulamentação em âmbito federal. II – metas nacionais pactuadas, que expressam o compromisso
para o aprimoramento do SUAS para a União, os Estados, o Distrito
CAPÍTULO III Federal e os Municípios;
PLANOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL III – metas estaduais pactuadas que expressam o compromisso
para o aprimoramento do SUAS para Estados e Municípios;
Art. 18. O Plano de Assistência Social, de que trata o art. 30 da IV – ações articuladas e intersetoriais;
LOAS, é um instrumento de planejamento estratégico que organiza, V- ações de apoio técnico e financeiro à gestão descentralizada
regula e norteia a execução da PNAS na perspectiva do SUAS. do SUAS.
§1º A elaboração do Plano de Assistência Social é de responsa- Parágrafo único. O apoio técnico e financeiro compreende, en-
bilidade do órgão gestor da política que o submete à aprovação do tre outras ações:
conselho de assistência social. I - capacitação;
§2º A estrutura do plano é composta por, dentre outros: II - elaboração de normas e instrumentos;
I - diagnóstico socioterritorial; III - publicação de materiais informativos e de orientações téc-
II - objetivos gerais e específicos; nicas;
III - diretrizes e prioridades deliberadas; IV – assessoramento e acompanhamento;
IV - ações e estratégias correspondentes para sua implemen- V - incentivos financeiros.
tação;
V - metas estabelecidas; CAPÍTULO IV
VI - resultados e impactos esperados; PACTO DE APRIMORAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE
VII - recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis e ASSISTÊNCIA SOCIAL
necessários;
VIII - mecanismos e fontes de financiamento; Art. 23. O Pacto de Aprimoramento do SUAS firmado entre a
IX - cobertura da rede prestadora de serviços; União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios é o instrumen-
X - indicadores de monitoramento e avaliação; to pelo qual se materializam as metas e as prioridades nacionais
XI - espaço temporal de execução; no âmbito do SUAS, e se constitui em mecanismo de indução do
Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aprimoramento da gestão, dos serviços, programas, projetos e be-
deverão elaborar os respectivos Planos de Assistência Social a cada nefícios socioassistenciais.
4 (quatro) anos, de acordo com os períodos de elaboração do Plano §1º A periodicidade de elaboração do Pacto será quadrienal,
Plurianual - PPA. com o acompanhamento e a revisão anual das prioridades e metas
Art. 20. A realização de diagnóstico socioterritorial, a cada qua- estabelecidas.
driênio, compõe a elaboração dos Planos de Assistência Social em §2º A pactuação das prioridades e metas se dará no último ano
cada esfera de governo. de vigência do PPA de cada ente federativo.
Parágrafo único. O diagnóstico tem por base o conhecimento §3º A União deverá pactuar na CIT, no último ano de vigência
da realidade a partir da leitura dos territórios, microterritórios ou do PPA de cada ente federativo, a cada 4 (quatro anos), as priorida-
outros recortes socioterritoriais que possibilitem identificar as dinâ- des e metas nacionais para Estados, Distrito Federal e Municípios.
micas sociais, econômicas, políticas e culturais que os caracterizam, §4º Os Estados deverão pactuar nas CIBs, no último ano de vi-
reconhecendo as suas demandas e potencialidades. gência do PPA dos Municípios, a cada 4 (quatro) anos, as priorida-
Art. 21. A realização de diagnóstico socioterritorial requer: des e metas regionais e estaduais para os municípios, que devem
I - processo contínuo de investigação das situações de risco e guardar consonância com as prioridades e metas nacionais.
vulnerabilidade social presentes nos territórios, acompanhado da §5º A revisão das prioridades e metas ocorrerá anualmente,
interpretação e análise da realidade socioterritorial e das deman- sob proposição do Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
das sociais que estão em constante mutação, estabelecendo rela- te à Fome - MDS, pactuadas na CIT, a partir de alterações de indi-
ções e avaliações de resultados e de impacto das ações planejadas; cadores identificados nos sistemas nacionais de estatística, Censo
SUAS, Rede SUAS e outros sistemas do MDS.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§6º O Pacto e o Plano de Assistência Social devem guardar cor- SEÇÃO III
relação entre si. PRIORIDADES E METAS DE APRIMORAMENTO DO SUAS
§7º A União e os Estados acompanharão a realização das prio-
ridades e das metas contidas no Pacto. Art. 31. As prioridades e metas nacionais serão pactuadas a
§8º A primeira pactuação das prioridades e metas se dará para: cada 4 (quatro) anos na CIT, conforme prevê o §1º do art.23, com
I – Os Estados e o Distrito Federal no exercício de 2015, com base nos indicadores apurados anualmente, a partir das informa-
vigência para o quadriênio de 2016/2019. ções prestadas nos sistemas de informações oficiais do MDS e siste-
II - Os Municípios no exercício de 2013, com vigência para o mas nacionais de estatística, que nortearão a elaboração dos Pactos
quadriênio de 2014/2017. de Aprimoramento do SUAS.
Art. 24. O Pacto de Aprimoramento do SUAS compreende:
I - definição de indicadores; SEÇÃO IV
II – definição de níveis de gestão; ALCANCE DAS METAS DE APRIMORAMENTO DO SUAS
III - fixação de prioridades e metas de aprimoramento da ges-
tão, dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassisten- Art. 32. O planejamento para alcance das metas de aprimora-
ciais do SUAS; mento do SUAS será realizado por meio de ferramenta informatiza-
IV – planejamento para o alcance de metas de aprimoramento da, a ser disponibilizada pela União.
da gestão, dos serviços, programas, projetos e benefícios socioas- §1º Os conselhos de assistência social deliberarão acerca do
sistenciais do SUAS; planejamento para o alcance das metas.
V - apoio entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- §2º A resolução do respectivo conselho de assistência social
nicípios, para o alcance das metas pactuadas; e referente à aprovação ou revisão do planejamento para alcance de
VI – adoção de mecanismos de acompanhamento e avaliação. metas deverá ser publicada em diário oficial ou jornal de grande
Art. 25. A realização do Pacto de Aprimoramento do SUAS se circulação.
dará a partir da definição das prioridades e metas nacionais para
cada quadriênio e do preenchimento do instrumento que materia- SEÇÃO V
liza o planejamento para o alcance das metas. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO ALCANCE DAS
Art. 26. As prioridades e metas nacionais referentes a públicos, METAS DE APRIMORAMENTO DO SUAS
vulnerabilidade e riscos específicos poderão ser objeto de pactua-
ção própria. Art. 33. O acompanhamento e a avaliação do Pacto de Apri-
moramento do SUAS tem por objetivo observar o cumprimento do
SEÇÃO I seu conteúdo e a efetivação dos compromissos assumidos entre a
INDICADORES União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a me-
lhoria contínua da gestão, dos serviços, programas, projetos e be-
Art. 27. Os indicadores que orientam o processo de planeja- nefícios socioassistenciais, visando à sua adequação gradativa aos
mento para o alcance de metas de aprimoramento do SUAS serão padrões estabelecidos pelo SUAS.
apurados anualmente, a partir das informações prestadas nos sis- Art. 34. O acompanhamento e a avaliação possibilitam o acesso
temas oficiais de informações e sistemas nacionais de estatística. às informações sobre a execução das ações planejadas, as dificulda-
§1º Os indicadores nacionais serão instituídos pelo MDS. des encontradas e os resultados alcançados, favorecendo a revisão
§2º Serão incorporados progressivamente novos indicadores e e a tomada de decisões pelo gestor.
dimensões, na medida em que ocorrerem novas pactuações. Art. 35. As informações referentes ao acompanhamento e à
avaliação serão atualizadas anualmente pela União, pelos Estados,
SEÇÃO II pelo Distrito Federal e pelos Municípios, para aferição da execução
NÍVEIS DE GESTÃO do planejamento que visa o alcance das respectivas metas.
Parágrafo único. O acompanhamento dos Pactos de Aprimora-
Art. 28. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios serão mento do SUAS, que estará a cargo da União e dos Estados, deverá
agrupados em níveis de gestão, a partir da apuração do Índice de orientar o apoio técnico e financeiro à gestão descentralizada para
Desenvolvimento do SUAS - ID SUAS, consoante ao estágio de orga- o alcance das metas de aprimoramento da gestão, dos serviços,
nização do SUAS em âmbito local, estadual e distrital. programas, projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS.
Parágrafo único. O ID SUAS será composto por um conjunto de
indicadores de gestão, serviços, programas, projetos e benefícios CAPÍTULO V
socioassistenciais apurados a partir do Censo SUAS, sistemas da PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO NO SUAS
Rede SUAS e outros sistemas do MDS.
Art. 29. Os níveis de gestão correspondem à escala de aprimo- Art. 36. O processo de acompanhamento da gestão, dos servi-
ramento, na qual a base representa os níveis iniciais de implantação ços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS,
do SUAS e o ápice corresponde aos seus níveis mais avançados, de realizado pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
acordo com as normativas em vigor. Municípios objetiva a verificação:
Art. 30. Os níveis de gestão são dinâmicos e as mudanças ocor- I – do alcance das metas de pactuação nacional e estadual e
rerão automaticamente na medida em que o ente federativo, quan- dos indicadores do SUAS, visando ao reordenamento e à qualifica-
do da apuração anual do ID SUAS, demonstrar o alcance de estágio ção da gestão, dos serviços, programas, projetos e benefícios socio-
mais avançado ou o retrocesso a estágio anterior de organização assistenciais;
do SUAS. II – da observância das normativas do SUAS.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§1º O processo de acompanhamento se dará pela União aos Es- I - identificar as dificuldades apontadas nos relatórios de audi-
tados e Distrito Federal e pelos Estados aos respectivos Municípios. torias, nas denúncias, no Censo SUAS, entre outros;
§2º O processo de acompanhamento de que trata o caput se II - definir ações para superação das dificuldades encontradas;
dará por meio do: III - indicar os responsáveis por cada ação e estabelecer prazos
I - monitoramento do SUAS; para seu cumprimento.
II - visitas técnicas; §1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios elaborarão
III - análise de dados do Censo SUAS, da Rede SUAS e de outros seus Planos de Providências, que serão:
sistemas do MDS ou dos Estados; I - aprovados pelos CMAS e pactuados nas CIBs no âmbito dos
IV - apuração de denúncias; Municípios;
V - fiscalizações e auditorias; II - aprovados pelos CEAS e pactuados na CIT no âmbito dos
VI - outros que vierem a ser instituídos. Estados;
§3º A União realizará o monitoramento e a avaliação da política III - aprovado pelo CASDF e pactuado na CIT no âmbito do Dis-
de assistência social e assessorará os Estados, o Distrito Federal e os trito Federal.
Municípios para seu desenvolvimento. §2º A execução dos Planos de Providências será acompanhada:
Art. 37. Os processos de acompanhamento desencadearão I - pelos respectivos conselhos de assistência social e pelo Esta-
ações que objetivam a resolução de dificuldades encontradas, o do quanto aos seus Municípios;
aprimoramento e a qualificação da gestão, dos serviços, programas, II - pelos respectivos conselhos de assistência social e pela
projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS, quais sejam: União quanto aos Estados e Distrito Federal;
I - proativas e preventivas; §3º O prazo de vigência do Plano de Providências será estabe-
II - de superação das dificuldades encontradas; lecido de acordo com cada caso, sendo considerado concluído após
III – de avaliação da execução do plano de providências e me- a realização de todas as ações previstas.
didas adotadas. §4º A União acompanhará a execução do Plano de Providências
Parágrafo único. As ações de que trata o caput destinam-se à dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios por meio de apli-
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e à rede so- cativos informatizados.
cioassistencial. Art. 41. O Plano de Apoio decorre do Plano de Providências
Art. 38. As ações de acompanhamento proativas e preventi- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e consiste no ins-
vas consistem em procedimentos adotados na prestação de apoio trumento de planejamento do assessoramento técnico e, quando
técnico para o aprimoramento da gestão, dos serviços, programas, for o caso, financeiro, para a superação das dificuldades dos entes
projetos e benefícios socioassistenciais, conforme previsto nas nor- federados na gestão e execução dos serviços, programas, projetos e
mativas do SUAS e nas pactuações nacionais e estaduais, prevenin- benefícios socioassistenciais.
do a ocorrência de situações inadequadas. §1º O Plano de Apoio contém as ações de acompanhamento,
§1º Os procedimentos adotados no acompanhamento proativo assessoramento técnico e financeiro prestadas de acordo com as
e preventivo poderão desencadear: metas estabelecidas no Plano de Providências e deve ser:
I - o contato periódico, presencial ou não, da União com o Dis- I - elaborado:
trito Federal e os Estados e destes com os respectivos Municípios; a) pelo Estado quanto aos seus Municípios;
II - o monitoramento presencial sistemático da rede socioassis- b) pela União quanto aos Estados e ao Distrito Federal.
tencial dos Municípios e do Distrito Federal; II - encaminhado para pactuação na CIB ou CIT, de acordo com
III - a verificação anual do alcance de metas e de indicadores do o envolvimento e a responsabilidade de cada ente federativo.
SUAS e da observância das normativas vigentes; Art. 42. O descumprimento do Plano de Providências e de
IV – outros procedimentos. Apoio pelos Estados, Distrito Federal e Municípios será comunicado
§2º Os órgãos gestores da política de assistência social deve- aos respectivos conselhos de assistência social e acarretará a aplica-
rão, como parte do processo proativo e preventivo, elaborar instru- ção de medidas administrativas pela União na forma a ser definida
mentos informativos e publicizá-los amplamente, para subsidiar o em norma específica.
aprimoramento do SUAS. §1º Constituem medidas administrativas:
Art. 39. As ações para a superação das dificuldades dos Estados, I - comunicação ao Ministério Público para tomada de provi-
do Distrito Federal e dos Municípios na execução do previsto nas dências cabíveis;
normativas vigentes, no alcance das metas de pactuação nacional e II - exclusão das expansões de cofinanciamento dos serviços
na melhoria dos indicadores do SUAS objetivam solucionar as falhas socioassistenciais e equipamentos públicos;
identificadas e completar o ciclo do processo de acompanhamento. III – bloqueio ou suspensão dos recursos do cofinanciamento;
§1º O processo de acompanhamento adotará como instrumen- IV - descredenciamento do equipamento da rede socioassis-
tos de assessoramento os planos de providências e de apoio. tencial.
§2º As ações para a superação de dificuldades dos entes fe- §2º O gestor federal comunicará ao gestor estadual, do Distrito
derativos consistem no planejamento que envolva o gestor local, o Federal ou municipal as medidas administrativas adotadas pelo não
Estado e a União na resolução definitiva dos problemas. cumprimento das metas e ações do Plano de Providências.
Art. 40. O Plano de Providências constitui-se em instrumento §3º O Fundo Nacional de Assistência Social - FNAS comunicará
de planejamento das ações para a superação de dificuldades dos as Câmaras de Vereadores e às Assembleias Legislativas os casos de
entes federados na gestão e execução dos serviços, programas, pro- suspensão de recursos financeiros.
jetos e benefícios socioassistenciais, a ser elaborado pelos Estados, Art. 43. A CIT pactuará as normas complementares necessárias
Distrito Federal e Municípios, com atribuições, dentre outras, de: para a execução do processo de acompanhamento pela União, pe-
los Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO VI XIII - regionalização: o orçamento público deve ser elaborado


GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA DO SISTEMA sobre a base territorial com o maior nível de especificação possível,
ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL de forma a reduzir as desigualdades inter-regionais, segundo crité-
rio populacional.
Art. 44. São instrumentos da gestão financeira e orçamentária
do SUAS o orçamento da assistência social e os fundos de assistên- SEÇÃO II
cia social. FUNDOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 45. A gestão financeira e orçamentária da assistência social
implica na observância dos princípios da administração pública, em Art. 48. Os fundos de assistência social são instrumentos de
especial: a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicida- gestão orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito
de e a eficiência. Federal e dos Municípios, nos quais devem ser alocadas as receitas
e executadas as despesas relativas ao conjunto de ações, serviços,
SEÇÃO I programas, projetos e benefícios de assistência social.
ORÇAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL §1º Cabe ao órgão da administração pública responsável pela
coordenação da Política de Assistência Social na União, nos Estados,
Art. 46. O orçamento é instrumento da administração pública no Distrito Federal e nos Municípios gerir o Fundo de Assistência
indispensável para a gestão da política de assistência social e ex- Social, sob orientação e controle dos respectivos Conselhos de As-
pressa o planejamento financeiro das funções de gestão e da pres- sistência Social.
tação de serviços, programas, projetos e benefícios socioassisten- §2º Caracterizam-se como fundos especiais e se constituem em
ciais à população usuária. unidades orçamentárias e gestoras, na forma da Lei nº 4.320, de 17
Parágrafo único. A elaboração da peça orçamentária requer: de março de 1964, cabendo o seu gerenciamento aos órgãos res-
I – a definição de diretrizes, objetivos e metas; ponsáveis pela coordenação da política de assistência social.
II – a previsão da organização das ações; §3º Devem ser inscritos no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídi-
III – a provisão de recursos; ca – CNPJ, na condição de Matriz, na forma das Instruções Normati-
IV – a definição da forma de acompanhamento das ações; e vas da Receita Federal do Brasil em vigor, com o intuito de assegurar
V – a revisão crítica das propostas, dos processos e dos resul- maior transparência na identificação e no controle das contas a eles
tados. vinculadas, sem, com isso, caracterizar autonomia administrativa e
Art. 47. Constituem princípios do orçamento público: de gestão.
I - anualidade: o orçamento público deve ser elaborado pelo §4º Os recursos previstos no orçamento para a política de as-
período de um ano, coincidente com o ano civil; sistência social devem ser alocados e executados nos respectivos
II - clareza: o orçamento público deve ser apresentado em lin- fundos.
guagem clara e compreensível a todos; §5º Todo o recurso repassado aos Fundos seja pela União ou
III - especialidade: as receitas e as despesas devem constar de pelos Estados e os recursos provenientes dos tesouros estaduais,
maneira discriminada, pormenorizando a origem dos recursos e a municipais ou do Distrito Federal deverão ter a sua execução orça-
sua aplicação; mentária e financeira realizada pelos respectivos fundos.
IV - exclusividade: o orçamento público não deve conter maté- Art. 49. As despesas realizadas com recursos financeiros rece-
ria estranha à previsão da receita e à fixação da despesa, ressalva- bidos na modalidade fundo a fundo devem atender às exigências
das as exceções legais; legais concernentes ao processamento, empenho, liquidação e efe-
V - legalidade: a arrecadação de receitas e a execução de des- tivação do pagamento, mantendo-se a respectiva documentação
pesas pelo setor público devem ser precedidas de expressa autori- administrativa e fiscal pelo período legalmente exigido.
zação legislativa; Parágrafo único. Os documentos comprobatórios das despe-
VI - publicidade: deve ser permitido o amplo acesso da socieda- sas de que trata o caput, tais como notas fiscais, recibos, faturas,
de a todas as informações relativas ao orçamento público; dentre outros legalmente aceitos, deverão ser arquivados preferen-
VII - unidade: o orçamento público deve ser elaborado com cialmente na sede da unidade pagadora do Estado, Distrito Federal
base numa mesma política orçamentária, estruturado de modo uni- ou Município, em boa conservação, identificados e à disposição do
forme, sendo vedada toda forma de orçamentos paralelos; órgão repassador e dos órgãos de controle interno e externo.
VIII - universalidade: todas as receitas e despesas devem ser
incluídas na lei orçamentária; SEÇÃO III
IX - equilíbrio: o orçamento público deve possuir equilíbrio fi- COFINANCIAMENTO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊN-
nanceiro entre receita e despesa; CIA SOCIAL
X - exatidão: as estimativas orçamentárias devem ser tão exa-
tas quanto possível, a fim de se dotar o orçamento da consistência Art. 50. O modelo de gestão preconizado pelo SUAS prevê o
necessária, para que possa ser empregado como instrumento de financiamento compartilhado entre a União, os Estados, o Distrito
gerência, programação e controle; Federal e os Municípios e é viabilizado por meio de transferências
XI - flexibilidade: possibilidade de ajuste na execução do orça- regulares e automáticas entre os fundos de assistência social, ob-
mento público às contingências operacionais e à disponibilidade servando-se a obrigatoriedade da destinação e alocação de recur-
efetiva de recursos; sos próprios pelos respectivos entes.
XII - programação: o orçamento público deve expressar o pro- Art. 51. O cofinanciamento na gestão compartilhada do SUAS
grama de trabalho detalhado concernente à atuação do setor públi- tem por pressupostos:
co durante a execução orçamentária;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - a definição e o cumprimento das competências e responsa- IV - o cofinanciamento dos serviços, programas e projetos so-
bilidades dos entes federativos; cioassistenciais, inclusive em casos emergenciais e de calamidade
II - a participação orçamentária e financeira de todos os entes pública.
federativos; Parágrafo único. O cofinanciamento federal poderá se dar sem
III - a implantação e a implementação das transferências de a realização de convênios, ajustes ou congêneres, desde que seja
recursos por meio de repasses na modalidade fundo a fundo, de cumprido o art.30, da LOAS.
forma regular e automática; Art. 56. O cofinanciamento federal de serviços, programas e
IV - o financiamento contínuo de benefícios e de serviços socio- projetos de assistência social e de sua gestão, no âmbito do SUAS,
assistenciais tipificados nacionalmente; poderá ser realizado por meio de Blocos de Financiamento.
V - o estabelecimento de pisos para os serviços socioassisten- Parágrafo único. Consideram-se Blocos de Financiamento o
ciais e de incentivos para a gestão; conjunto de recursos destinados aos serviços, programas e proje-
VI - a adoção de critérios transparentes de partilha de recursos, tos, devidamente tipificados e agrupados, e à sua gestão, na forma
pactuados nas Comissões Intergestores e deliberados pelos respec- definida em ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento Social
tivos Conselhos de Assistência Social; e Combate à Fome.
VII - o financiamento de programas e projetos. Art. 57. Os Blocos de Financiamento se destinam a cofinanciar:
Art. 52. São requisitos mínimos para que os Estados, o Distrito I - as Proteções Sociais Básica e Especial, em seu conjunto de
Federal e os Municípios recebam os recursos referentes ao cofinan- serviços socioassistenciais tipificados nacionalmente;
ciamento federal, de acordo com o art. 30, da LOAS: II - a gestão do SUAS;
I - conselho de assistência social instituído e em funcionamen- III - a gestão do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único; e
to; IV – outros, conforme regulamentação específica.
II - plano de assistência social elaborado e aprovado pelo con- §1º Os recursos referentes a cada Bloco de Financiamento so-
selho de assistência social; mente devem ser aplicados nas ações e nos serviços a eles rela-
III - fundo de assistência social criado em lei e implantado; e cionados, incluindo as despesas de custeio e de investimento em
IV - alocação de recursos próprios no fundo de assistência so- equipamentos públicos, observados os planos de assistência social
cial. e a normatização vigente.
Art. 53. Os Municípios e o Distrito Federal devem destinar re- §2º Os repasses fundo a fundo serão efetuados para cada Bloco
cursos próprios para o cumprimento de suas responsabilidades, em de Financiamento, considerando a especificidade de seus compo-
especial: nentes, com exceção dos recursos destinados a acordos específicos
I - custeio dos benefícios eventuais; de cooperação interfederativa e a programas específicos que conte-
II - cofinanciamento dos serviços, programas e projetos socioa- nham regulação própria.
ssistenciais sob sua gestão; §3º Os Blocos de Financiamento poderão ser desdobrados para
III - atendimento às situações emergenciais; facilitar a identificação dos serviços socioassistenciais para os quais
IV - execução dos projetos de enfrentamento da pobreza; se destinavam originariamente.
V - provimento de infraestrutura necessária ao funcionamento Art. 58. O detalhamento da forma de aplicação dos repasses do
do Conselho de Assistência Social Municipal ou do Distrito Federal. cofinanciamento, dos critérios de partilha, da prestação de contas
Parágrafo único. Os Municípios e o Distrito Federal, quando do cofinanciamento dos serviços socioassistenciais regionalizados
instituírem programas de transferência de renda, poderão fazê-lo, de média e alta complexidade e de outras questões afetas à ope-
preferencialmente, integrados ao Programa Bolsa Família. racionalização do cofinanciamento será objeto de ato normativo
Art. 54. Os Estados devem destinar recursos próprios para o específico.
cumprimento de suas responsabilidades, em especial para: Art. 59. Os recursos dos Blocos de Financiamento dos serviços
I – a participação no custeio do pagamento de benefícios even- socioassistenciais tipificados nacionalmente devem ser aplicados
tuais referentes aos respectivos municípios; no mesmo nível de proteção social, básica ou especial, desde que
II – o apoio técnico e financeiro para a prestação de serviços, componham a rede socioassistencial e que a matéria seja delibera-
programas e projetos em âmbito local e regional; da pelo respectivo conselho de assistência social.
III – o atendimento às situações emergenciais; §1º A prestação dos serviços que der origem à transferência
IV – a prestação de serviços regionalizados de proteção social dos recursos deve estar assegurada dentro dos padrões e condi-
especial de média e alta complexidade, quando os custos e a de- ções normatizados e aferida por meio dos indicadores definidos
manda local não justificarem a implantação de serviços municipais; pelo SUAS.
V – o provimento da infraestrutura necessária ao funcionamen- §2º Os recursos que formam cada Bloco e seus respectivos
to do Conselho Estadual de Assistência Social; componentes, respeitadas as especificidades, devem ser expressos
Parágrafo único. Os Estados, quando instituírem programas de em forma de memória de cálculo para registro histórico e monito-
transferência de renda, poderão fazê-lo, preferencialmente, inte- ramento.
grados ao Programa Bolsa Família. Art. 60. O controle e o acompanhamento das ações e serviços
Art. 55. A União tem por responsabilidade: subsidiados pelos Blocos de Financiamento devem ser efetuados
I - o financiamento do Benefício de Prestação Continuada – por meio dos instrumentos específicos adotados pelo MDS no âm-
BPC; bito do SUAS, cabendo aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
II - o financiamento do Programa Bolsa Família – PBF; cípios a prestação das informações de forma regular e sistemática.
III - o apoio técnico para os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SUBSEÇÃO I §2º Os valores para repasse do Piso de que trata o caput serão
COFINANCIAMENTO DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS definidos com base em informações constantes no Cadastro Único,
utilizando-se como referência o número de famílias com presença
Art. 61. O cofinanciamento dos serviços socioassistenciais se de idosos, crianças, adolescentes, jovens, incluindo as pessoas com
dará por meio do Bloco de Financiamento da Proteção Social Básica deficiência, para atenção aos ciclos de vida em serviços que com-
e do Bloco de Financiamento da Proteção Social Especial. plementam a proteção à família no território.
§1º Os Blocos de Financiamento de que trata o caput serão §3º Durante o período de migração dos beneficiários do BPC
compostos pelo conjunto de pisos relativos a cada proteção, de para o Cadastro Único, os dados dos sistemas de informação pró-
acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. prios do BPC também serão considerados.
§2º Os recursos transferidos pelos Blocos de Financiamento de §4º Outras fontes de informação e parâmetros de cálculo po-
que trata o caput, permitem a organização da rede de serviços local derão ser utilizados, inclusive para novos serviços tipificados nacio-
e regional, com base no planejamento realizado. nalmente, desde que previamente pactuados e deliberados.
§3º Não compõem a forma de repasse por Blocos de Financia- §5º Cabe à União e aos Estados, em atenção aos princípios da
mento de que trata o caput os recursos destinados ao cofinancia- corresponsabilidade e cooperação que regem o SUAS, a regulação,
mento por acordos de cooperação interfederativa ou equivalente, o monitoramento e o apoio técnico e financeiro para a execução
para os quais serão aplicadas regras específicas de transferência, a desses serviços.
serem pactuadas e deliberadas nas instâncias competentes. §6º Os valores do Piso de que trata o caput, destinados à manu-
Art. 62. O cofinanciamento dos serviços socioassistenciais de tenção de embarcações, de outros meios de transporte e das equi-
proteção social básica e especial deverá considerar fatores que pes que prestam serviços volantes, serão objeto de normatização
elevam o custo dos serviços na Região Amazônica, além de outras pela União.
situações e especificidades regionais e locais pactuadas na CIT e de- Art. 66. O cofinanciamento da Proteção Social Especial tem por
liberados pelo CNAS. componentes:
Art. 63. O cofinanciamento da Proteção Social Básica tem por I - Média Complexidade:
componentes o Piso Básico Fixo e o Piso Básico Variável. a)o Piso Fixo de Média Complexidade;
Art. 64. O Piso Básico Fixo destina-se ao acompanhamento e b)o Piso Variável de Média Complexidade; e
atendimento à família e seus membros, no desenvolvimento do c)o Piso de Transição de Média Complexidade;
Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF, neces- II - Alta Complexidade:
sariamente ofertado pelo Centro de Referência da Assistência Social a)o Piso Fixo de Alta Complexidade; e
– CRAS. b)o Piso Variável de Alta Complexidade.
§1º O repasse do Piso de que trata o caput deve se basear no Parágrafo único. Os recursos que compõem o cofinanciamento
número de famílias referenciadas ao CRAS. de que trata o caput devem ser aplicados segundo a perspectiva so-
§2º A capacidade de referenciamento de um CRAS está rela- cioterritorial, assegurando-se a provisão de deslocamentos quando
cionada: necessário.
I - ao número de famílias do território; Art. 67. O Piso Fixo de Média Complexidade destina-se ao cofi-
II - à estrutura física da unidade; e nanciamento dos serviços tipificados nacionalmente que são pres-
III - à quantidade de profissionais que atuam na unidade, con- tados exclusivamente no Centro de Referência Especializado para
forme referência da NOB RH. População em Situação de Rua - CENTRO POP e no Centro de Refe-
§3º Os CRAS serão organizados conforme o número de famílias rência Especializado de Assistência Social – CREAS, como o Serviço
a ele referenciadas, observando-se a seguinte divisão: de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
I - até 2.500 famílias; – PAEFI.
II - de 2.501 a 3.500 famílias; Art. 68. O Piso Variável de Média Complexidade destina-se ao
III - de 3.501 até 5.000 famílias; cofinanciamento dos serviços tipificados nacionalmente, tais como:
§4º Outras classificações poderão ser estabelecidos, pactuadas I - Serviço Especializado em Abordagem Social;
na CIT e deliberadas pelo CNAS. II - Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Defici-
Art. 65. O Piso Básico Variável destina-se: ência, Idosas e suas Famílias;
I - ao cofinanciamento dos serviços complementares e ineren- III - Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimen-
tes ao PAIF; to de Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida e de Presta-
II - ao atendimento de demandas específicas do território; ção de Serviços à Comunidade; e
III - ao cofinanciamento de outros serviços complementares IV - outros que venham a ser instituídos, conforme as priorida-
que se tornem mais onerosos em razão da extensão territorial e das des ou metas pactuadas nacionalmente e deliberadas pelo CNAS.
condições de acesso da população; §1º O Piso de que trata o caput poderá incluir outras ações ou
IV - ao cofinanciamento de serviços executados por equipes vo- ser desdobrado para permitir o atendimento de situações ou par-
lantes, vinculadas ao CRAS; ticularidades, a partir da análise de necessidade, prioridade ou dis-
V - a outras prioridades ou metas pactuadas nacionalmente. positivos legais específicos.
§1º O Piso Básico Variável poderá ser desdobrado para permitir §2º Os critérios para definição de valores diferenciados de cofi-
o atendimento de situações ou particularidades, a partir da análise nanciamento de serviços que atendam às especificidades regionais
de necessidade, prioridade ou ainda em razão de dispositivos legais deverão ser objeto de pactuação na CIT e deliberação no CNAS.
específicos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§3º Os valores de referência a serem adotados para o cofinan- Art. 76. Os incentivos financeiros com base nos resultados se-
ciamento dos diferentes tipos de agravos de média complexidade e rão calculados por meio dos Índices de Gestão Descentralizada do
das situações que envolvam a prestação de serviços para públicos SUAS – IGDSUAS e do Programa Bolsa Família - IGDPBF instituídos,
determinados serão submetidos à pactuação na CIT e deliberação respectivamente, na Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e na
no CNAS. Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004.
Art. 69. O Piso de Transição de Média Complexidade será obje-
to de regulação específica. SUBSEÇÃO III
Art. 70. O Piso Fixo de Alta Complexidade destina-se ao cofi- COFINANCIAMENTO DE PROGRAMAS E PROJETOS
nanciamento dos serviços tipificados nacionalmente, voltados ao SOCIOASSISTENCIAIS
atendimento especializado a indivíduos e famílias que, por diversas
situações, necessitem de acolhimento fora de seu núcleo familiar Art. 77. Os critérios para repasses do cofinanciamento de pro-
ou comunitário de origem. gramas e projetos socioassistenciais constituem objeto de norma-
Art. 71. O Piso Variável de Alta Complexidade destina-se ao tização específica.
cofinanciamento dos serviços tipificados nacionalmente a usuários Parágrafo único. As metas dos programas e projetos serão pac-
que, devido ao nível de agravamento ou complexidade das situa- tuadas na CIT e deliberadas no CNAS.
ções vivenciadas, necessitem de atenção diferenciada e atendimen-
tos complementares. SUBSEÇÃO IV
Parágrafo único. O Piso de trata o caput poderá ser utilizado CRITÉRIOS DE PARTILHA PARA O COFINANCIAMENTO
para o:
I - atendimento a especificidades regionais, prioridades nacio- Art. 78. O cofinanciamento dos serviços socioassistenciais, ob-
nais, incentivos à implementação de novas modalidades de serviços servada a disponibilidade orçamentária e financeira de cada ente
de acolhimento e equipes responsáveis pelo acompanhamento dos federativo, efetivar-se-á a partir da adoção dos seguintes objetivos
serviços de acolhimento e de gestão de vagas, de acordo com cri- e pressupostos:
térios nacionalmente definidos, com base em legislação própria ou I - implantação e oferta qualificada de serviços socioassisten-
em necessidades peculiares. ciais nacionalmente tipificados;
II - cofinanciamento de serviços de atendimento a situações II - implantação e oferta qualificada de serviços em territórios
emergenciais, desastres ou calamidades, observadas as provisões e de vulnerabilidade e risco social, de acordo com o diagnóstico das
os objetivos nacionalmente tipificados, podendo ser especificadas necessidades e especificidades locais e regionais, considerando os
as condições de repasse, dos valores e do período de vigência em parâmetros do teto máximo estabelecido para cofinanciamento da
instrumento legal próprio. rede de serviços e do patamar existente;
III – atendimento das prioridades nacionais e estaduais pactu-
SUBSEÇÃO II adas;
INCENTIVOS FINANCEIROS À GESTÃO IV - equalização e universalização da cobertura dos serviços so-
cioassistenciais.
Art. 72. O apoio à gestão descentralizada do SUAS e do Progra- §1º Para a aferição do disposto no inciso I serão utilizadas as
ma Bolsa Família se dará por meio do Bloco de Financiamento da informações constantes no Censo SUAS e nos demais sistemas in-
Gestão do SUAS, do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único. formatizados do MDS.
Art. 73. O incentivo à gestão do SUAS tem como componentes §2º Para implantação de que trata o inciso II serão considera-
o Índice de Gestão Descentralizada Estadual do Sistema Único de dos os dados do diagnóstico socioterritorial e da Vigilância Socioas-
Assistência Social – IGDSUAS-E e o Índice de Gestão Descentralizada sistencial, por meio do cruzamento de indicadores, com o objetivo
Municipal do Sistema Único de Assistência Social – IGDSUAS-M; de estabelecer prioridades progressivas até o alcance do teto a ser
Art. 74. O incentivo à gestão do Programa Bolsa Família tem destinado a cada ente federativo, por nível de proteção.
como componente o Índice de Gestão Descentralizada Estadual do §3º O atendimento das prioridades de que trata o inciso III le-
Programa Bolsa Família – IGD PBF-E e o Índice de Gestão Descentra- vará em consideração informações e cruzamento de indicadores, a
lizada Municipal do Programa Bolsa Família – IGD PBF-M, instituído partir da análise global das situações que demandem esforço con-
pelo art. 8º da Lei nº 10.836 de 2004. centrado de financiamento, sendo que as prioridades estaduais e
Art. 75. Os incentivos à gestão descentralizada visam oferecer o regionais devem ser objeto de pactuação na CIB e deliberação nos
aporte financeiro necessário ao incremento dos processos de: Conselhos Estaduais de Assistência Social, à luz da normatização na-
I - gestão e prestação de serviços, programas, projetos e benefí- cional, e no caso das prioridades de âmbito municipal e do Distrito
cios socioassistenciais em âmbito local e regional, tendo por funda- Federal, debatidas e deliberadas em seus respectivos Conselhos de
mento os resultados alcançados e os investimentos realizados pelos Assistência Social.
entes federativos, no caso do IGDSUAS; e §4º Para a equalização e universalização da cobertura de que
II - gestão do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único, em trata o inciso IV, levar-se-ão em conta os diagnósticos e os planeja-
âmbito municipal, estadual e distrital, tendo por fundamento os re- mentos intraurbanos e regionais, devendo ser objeto de pactuação
sultados alcançados pelos respectivos entes federativos no caso do nas respectivas Comissões Intergestores quando se tratar de defini-
IGD PBF, conforme previsto na Lei nº 10.836 de 2004, e sua regula- ções em âmbito nacional e estadual e de deliberação nos Conselhos
mentação. de Assistência Social de cada esfera de governo.
Art. 79. Na Proteção Social Básica, os critérios de partilha de
cofinanciamento de serviços socioassistenciais basear-se-ão:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - no número de famílias existentes no Município ou Distrito SEÇÃO VI


Federal, de acordo com os dados de população levantados pelo FISCALIZAÇÃO DOS FUNDOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
IBGE; PELOS CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
II - no número de famílias constantes do Cadastro Único, to-
mando como referência os cadastros válidos de cada Município e Art. 84. Os Conselhos de Assistência Social, em seu caráter de-
do Distrito Federal; liberativo, têm papel estratégico no SUAS de agentes participantes
III - na extensão territorial; da formulação, avaliação, controle e fiscalização da política, desde
IV - nas especificidades locais ou regionais; o seu planejamento até o efetivo monitoramento das ofertas e dos
V - na cobertura de vulnerabilidades por ciclo de vida; e recursos destinados às ações a serem desenvolvidas.
VI - em outros indicadores que vierem a ser pactuados na CIT. Parágrafo único. É responsabilidade dos Conselhos de Assis-
Art. 80. Na proteção social especial, os critérios de partilha para tência Social a discussão de metas e prioridades orçamentárias, no
o cofinanciamento de serviços socioassistenciais terão como base âmbito do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e
as situações de risco pessoal e social, por violação de direitos, que da Lei Orçamentária Anual, podendo para isso realizar audiências
subsidiam a elaboração de parâmetros e o estabelecimento de teto públicas.
para o repasse de recursos do cofinanciamento federal, conside- Art. 85. Incumbe aos Conselhos de Assistência Social exercer o
rando a estruturação de unidades ou equipes de referência para controle e a fiscalização dos Fundos de Assistência Social, mediante:
operacionalizar os serviços necessários em determinada realidade I - aprovação da proposta orçamentária;
e território. II - acompanhamento da execução orçamentária e financeira,
Parágrafo único. As unidades de oferta de serviços de proteção de acordo com a periodicidade prevista na Lei de instituição do Fun-
social especial poderão ter distintas capacidades de atendimento do ou em seu Decreto de regulamentação, observando o calendário
e de composição, em função das dinâmicas territoriais e da rela- elaborado pelos respectivos conselhos;
ção entre estas unidades e as situações de risco pessoal e social, as III - análise e deliberação acerca da respectiva prestação de
quais deverão estar previstas nos planos de assistência social. contas.
Art. 81. O cofinanciamento da gestão adotará como referência Art. 86. No controle do financiamento, os Conselhos de Assis-
os resultados apurados a partir da mensuração de indicadores, das tência Social devem observar:
pactuações nas Comissões Intergestores e das deliberação nos Con- I - o montante e as fontes de financiamento dos recursos desti-
selhos de Assistência Social. nados à assistência social e sua correspondência às demandas;
Art.82. Os critérios de partilha para cofinanciamento federal II - os valores de cofinanciamento da política de assistência so-
destinado a construção de equipamentos públicos utilizará como cial em nível local;
referência os dados do Censo SUAS e as orientações sobre os espa- III - a compatibilidade entre a aplicação dos recursos e o Plano
ços de cada equipamento para a oferta do serviço. de Assistência Social;
Parágrafo único: Tendo em vista o efeito indutor da estrutura- IV - os critérios de partilha e de transferência dos recursos;
ção da rede de serviços, o critério de partilha priorizará, sempre que V - a estrutura e a organização do orçamento da assistência
possível, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que estive- social e do fundo de assistência social, sendo este na forma de uni-
rem com a execução de serviços em conformidade com as normati- dade orçamentária, e a ordenação de despesas deste fundo em âm-
vas e orientações do SUAS. bito local;
VI - a definição e aferição de padrões e indicadores de quali-
SEÇÃO V dade na prestação dos serviços, programas, projetos e benefícios
PENALIDADES socioassistenciais e os investimentos em gestão que favoreçam seu
incremento;
Art. 83. Serão aplicadas medidas administrativas e o processo VII - a correspondência entre as funções de gestão de cada ente
de acompanhamento de que trata o Capítulo V desta Norma quan- federativo e a destinação orçamentária;
do: VIII - a avaliação de saldos financeiros e sua implicação na ofer-
I - não forem alcançadas as metas de pactuação nacional e os ta dos serviços e em sua qualidade;
indicadores de gestão, serviços, programas, projetos e benefícios IX – a apreciação dos instrumentos, documentos e sistemas de
socioassistenciais; informações para a prestação de contas relativas aos recursos des-
II - não forem observadas as normativas do SUAS. tinados à assistência social;
§1º Cabem as seguintes medidas administrativas para as trans- X - a aplicação dos recursos transferidos como incentivos de
ferências relativas ao cofinanciamento federal dos serviços, incenti- gestão do SUAS e do Programa Bolsa Família e a sua integração aos
vos, programas e projetos socioassistenciais: serviços;
I - bloqueio temporário, que permitirá o pagamento retroativo XI - a avaliação da qualidade dos serviços e das necessidades de
após regularização dos motivos que deram causa; ou investimento nessa área;
II – suspensão. XII - a aprovação do plano de aplicação dos recursos destina-
§2º A aplicação das medidas administrativas e do processo de dos às ações finalísticas da assistência social e o resultado dessa
acompanhamento se dará na forma definida em norma específica. aplicação;
XIII - o acompanhamento da execução dos recursos pela rede
prestadora de serviços socioassistenciais, no âmbito governamental
e não governamental, com vistas ao alcance dos padrões de quali-
dade estabelecidos em diretrizes, pactos e deliberações das Confe-
rências e demais instâncias do SUAS.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO VII II - a produção e disseminação de informações, possibilitando


VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL conhecimentos que contribuam para a efetivação do caráter pre-
ventivo e proativo da política de assistência social, assim como para
Art. 87. A Vigilância Socioassistencial é caracterizada como uma a redução dos agravos, fortalecendo a função de proteção social do
das funções da política de assistência social e deve ser realizada por SUAS.
intermédio da produção, sistematização, análise e disseminação de Art. 91. Constituem responsabilidades comuns à União, aos Es-
informações territorializadas, e trata: tados, ao Distrito Federal e aos Municípios acerca da área de Vigi-
I – das situações de vulnerabilidade e risco que incidem sobre lância Socioassistencial:
famílias e indivíduos e dos eventos de violação de direitos em de- I - elaborar e atualizar periodicamente diagnósticos socioter-
terminados territórios; ritoriais que devem ser compatíveis com os limites territoriais dos
II – do tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços oferta- respectivos entes federados e devem conter as informações espa-
dos pela rede socioassistencial. ciais referentes:
a)às vulnerabilidades e aos riscos dos territórios e da conse-
SEÇÃO I quente demanda por serviços socioassistenciais de Proteção Social
OPERACIONALIZAÇÃO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTEN- Básica e Proteção Social Especial e de benefícios;
CIAL b)ao tipo, ao volume e à qualidade das ofertas disponíveis e
efetivas à população.
Art. 88. A Vigilância Socioassistencial deve manter estreita re- II - contribuir com as áreas de gestão e de proteção social bási-
lação com as áreas diretamente responsáveis pela oferta de servi- ca e especial na elaboração de diagnósticos, planos e outros.
ços socioassistenciais à população nas Proteções Sociais Básica e III - utilizar a base de dados do Cadastro Único como ferramen-
Especial. ta para construção de mapas de vulnerabilidade social dos territó-
§1º As unidades que prestam serviços de Proteção Social Bá- rios, para traçar o perfil de populações vulneráveis e estimar a de-
sica ou Especial e Benefícios socioassistenciais são provedoras de manda potencial dos serviços de Proteção Social Básica e Especial e
dados e utilizam as informações produzidas e processadas pela Vigi- sua distribuição no território;
lância Socioassistencial sempre que estas são registradas e armaze- IV - utilizar a base de dados do Cadastro Único como instru-
nadas de forma adequada e subsidiam o processo de planejamento mento permanente de identificação das famílias que apresentam
das ações. características de potenciais demandantes dos distintos serviços so-
§2º A Vigilância Socioassistencial deverá cumprir seus objeti- cioassistenciais e, com base em tais informações, planejar, orientar
vos, fornecendo informações estruturadas que: e coordenar ações de busca ativa a serem executas pelas equipes
I - contribuam para que as equipes dos serviços socioassisten- dos CRAS e CREAS;
ciais avaliem sua própria atuação; V – implementar o sistema de notificação compulsória contem-
II - ampliem o conhecimento das equipes dos serviços socioa- plando o registro e a notificação ao Sistema de Garantia de Direitos
ssistenciais sobre as características da população e do território de sobre as situações de violência intrafamiliar, abuso ou exploração
forma a melhor atender às necessidades e demandas existentes; sexual de crianças e adolescentes e trabalho infantil, além de outras
III - proporcionem o planejamento e a execução das ações de que venham a ser pactuadas e deliberadas;
busca ativa que assegurem a oferta de serviços e benefícios às fa- VI – utilizar os dados provenientes do Sistema de Notificação
mílias e indivíduos mais vulneráveis, superando a atuação pautada das Violações de Direitos para monitorar a incidência e o atendi-
exclusivamente pela demanda espontânea. mento das situações de risco pessoal e social pertinentes à assis-
Art. 89. A Vigilância Socioassistencial deve analisar as informa- tência social;
ções relativas às demandas quanto às: VII - orientar quanto aos procedimentos de registro das infor-
I - incidências de riscos e vulnerabilidades e às necessidades mações referentes aos atendimentos realizados pelas unidades da
de proteção da população, no que concerne à assistência social; e rede socioassistencial, zelando pela padronização e qualidade dos
II - características e distribuição da oferta da rede socioassis- mesmos;
tencial instalada vistas na perspectiva do território, considerando a VIII - coordenar e acompanhar a alimentação dos sistemas
integração entre a demanda e a oferta. de informação que provêm dados sobre a rede socioassistencial e
Art. 90. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sobre os atendimentos por ela realizados, mantendo diálogo per-
devem instituir a área da Vigilância Socioassistencial diretamente manente com as áreas de Proteção Social Básica e de Proteção So-
vinculada aos órgãos gestores da política de assistência social, dis- cial Especial, que são diretamente responsáveis pela provisão dos
pondo de recursos de incentivo à gestão para sua estruturação e dados necessários à alimentação dos sistemas específicos ao seu
manutenção. âmbito de atuação;
Parágrafo único. A Vigilância Socioassistencial constitui como IX - realizar a gestão do cadastro de unidades da rede socioas-
uma área essencialmente dedicada à gestão da informação, com- sistencial pública no CadSUAS;
prometida com: X - responsabilizar-se pela gestão e alimentação de outros sis-
I - o apoio efetivo às atividades de planejamento, gestão, mo- temas de informação que provêm dados sobre a rede socioassisten-
nitoramento, avaliação e execução dos serviços socioassistenciais, cial e sobre os atendimentos por ela realizados, quando estes não
imprimindo caráter técnico à tomada de decisão; e forem específicos de um programa, serviço ou benefício;
XI - analisar periodicamente os dados dos sistemas de informa-
ção do SUAS, utilizando-os como base para a produção de estudos
e indicadores;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XII - coordenar o processo de realização anual do Censo SUAS, referidas unidades e o registro do acompanhamento que possibilita
zelando pela qualidade das informações coletadas; a interrupção dos efeitos do descumprimento sobre o benefício das
XIII - estabelecer, com base nas normativas existentes e no famílias;
diálogo com as demais áreas técnicas, padrões de referência para V - fornecer sistematicamente aos CRAS e CREAS listagens terri-
avaliação da qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassis- torializadas das famílias beneficiárias do BPC e dos benefícios even-
tencial e monitorá-los por meio de indicadores; tuais e monitorar a realização da busca ativa destas famílias pelas
XIV – coordenar, de forma articulada com as áreas de Proteção referidas unidades para inserção nos respectivos serviços;
Social Básica e de Proteção Social Especial, as atividades de moni- VI - realizar a gestão do cadastro de unidades da rede socioas-
toramento da rede socioassistencial, de forma a avaliar periodica- sistencial privada no CadSUAS, quando não houver na estrutura do
mente a observância dos padrões de referência relativos à qualida- órgão gestor área administrativa específica responsável pela rela-
de dos serviços ofertados; ção com a rede socioassistencial privada;
XV - estabelecer articulações intersetoriais de forma a ampliar VII - coordenar, em âmbito municipal ou do Distrito Federal, o
o conhecimento sobre os riscos e as vulnerabilidades que afetam as processo de preenchimento dos questionários do Censo SUAS, ze-
famílias e os indivíduos em um dado território, colaborando para o lando pela qualidade das informações coletadas.
aprimoramento das intervenções realizadas.
Art. 92. Constituem responsabilidades específicas da União SEÇÃO II
acerca da área da Vigilância Socioassistencial: INFORMAÇÃO
I - apoiar tecnicamente a estruturação da Vigilância Socioassis-
tencial nos estados, DF e municípios; Art. 95. A gestão da informação, por meio da integração en-
II - organizar, normatizar e gerir nacionalmente, no âmbito da tre ferramentas tecnológicas, torna-se um componente estratégico
Política de Assistência Social, o sistema de notificações para eventos para:
de violência e violação de direitos, estabelecendo instrumentos e I – a definição do conteúdo da política e seu planejamento;
fluxos necessários à sua implementação e ao seu funcionamento; II – o monitoramento e a avaliação da oferta e da demanda de
III - planejar e coordenar, em âmbito nacional, o processo de serviços socioassistenciais.
realização anual do Censo SUAS, zelando pela qualidade das infor- Parágrafo único. Na União, nos Estados, no Distrito Federal e
mações coletadas; nos Municípios, a gestão da informação e a organização de sistemas
IV - propor parâmetros nacionais para os registros de informa- de informação devem ser priorizadas no âmbito da gestão, com des-
ções no âmbito do SUAS; tinação de recursos financeiros e técnicos para a sua consolidação.
V - propor indicadores nacionais para o monitoramento no âm- Art. 96. Constituem-se diretrizes para a concepção dos siste-
bito do SUAS. mas de informação no SUAS:
Art. 93. Constituem responsabilidades específicas dos Estados I - compartilhamento da informação na esfera federal, estadu-
acerca da área da Vigilância Socioassistencial: al, do Distrito Federal e municipal e entre todos os atores do SUAS
I - desenvolver estudos para subsidiar a regionalização dos ser- - trabalhadores, conselheiros, usuários e entidades;
viços de proteção social especial no âmbito do estado; II - compreensão de que a informação no SUAS não se resume
II - apoiar tecnicamente a estruturação da Vigilância Socioassis- à informatização ou instalação de aplicativos e ferramentas, mas
tencial nos municípios do estado; afirma-se também como uma cultura a ser disseminada na gestão
III - coordenar, em âmbito estadual, o processo de realização e no controle social;
anual do Censo SUAS, apoiando tecnicamente os municípios para III - disponibilização da informação de maneira compreensível
o preenchimento dos questionários e zelando pela qualidade das à população;
informações coletadas. IV - transparência e acessibilidade;
Art. 94. Constituem responsabilidades específicas dos Municí- V - construção de aplicativos e subsistemas flexíveis que respei-
pios e do Distrito Federal acerca da área da Vigilância Socioassis- tem as diversidades e particularidades regionais;
tencial: VI - interconectividade entre os sistemas.
I - elaborar e atualizar, em conjunto com as áreas de proteção Art. 97. A Rede SUAS operacionaliza a gestão da informação do
social básica e especial, os diagnósticos circunscritos aos territórios SUAS por meio de um conjunto de aplicativos de suporte à gestão,
de abrangência dos CRAS e CREAS; ao monitoramento, à avaliação e ao controle social de serviços, pro-
II – colaborar com o planejamento das atividades pertinentes gramas, projetos e benefícios da assistência social e ao seu respec-
ao cadastramento e à atualização cadastral do Cadastro Único em tivo funcionamento.
âmbito municipal; Parágrafo único. São consideradas ferramentas de gestão, que
III - fornecer sistematicamente às unidades da rede socioa- orientam o processo de organização do SUAS, além dos aplicativos
ssistencial, especialmente aos CRAS e CREAS, informações e indi- da Rede SUAS:
cadores territorializados, extraídos do Cadastro Único, que possam I - o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Fede-
auxiliar as ações de busca ativa e subsidiar as atividades de planeja- ral;
mento e avaliação dos próprios serviços; II - os sistemas e base de dados relacionados à operacionaliza-
IV - fornecer sistematicamente aos CRAS e CREAS listagens ter- ção do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Conti-
ritorializadas das famílias em descumprimento de condicionalida- nuada, observadas as normas sobre sigilo de dados dos respectivos
des do Programa Bolsa Família, com bloqueio ou suspensão do be- Cadastros;
nefício, e monitorar a realização da busca ativa destas famílias pelas III - os sistemas de monitoramento;
IV - o Censo SUAS;
V - outras que vierem a ser instituídas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 98. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios VI - disseminar o conhecimento produzido pelo órgão gestor
possuem responsabilidades específicas na gestão da informação do municipal e do Distrito Federal para os usuários, trabalhadores,
SUAS. conselheiros e entidades de assistência social;
§1º Constituem responsabilidades relativas à gestão da infor- VII - produzir informações que subsidiem o monitoramento e
mação do SUAS no âmbito da União: a avaliação da rede socioassistencial e da qualidade dos serviços e
I - coletar, armazenar, processar, analisar e divulgar dados e in- benefícios prestados aos usuários.
formações nacionais relativas ao SUAS;
II - organizar e manter a Rede SUAS; SEÇÃO III
III - desenvolver, manter e aperfeiçoar ferramentas e aplicati- MONITORAMENTO
vos nacionais para a gestão do SUAS e para os serviços socioassis-
tenciais; Art. 99. O monitoramento do SUAS constitui função inerente
IV - propor a padronização e os protocolos nacionais de registro à gestão e ao controle social, e consiste no acompanhamento con-
e trânsito das informações no âmbito do SUAS; tínuo e sistemático do desenvolvimento dos serviços, programas,
V - produzir informações, estudos e pesquisas que subsidiem o projetos e benefícios socioassistenciais em relação ao cumprimento
monitoramento e avaliação da rede socioassistencial e da qualidade de seus objetivos e metas.
dos serviços e benefícios prestados aos usuários; Parágrafo único. Realiza-se por meio da produção regular de
VI - disseminar o conhecimento produzido pelo órgão gestor indicadores e captura de informações:
federal para os demais entes da federação; I - in loco;
VII - elaborar o plano nacional de capacitação para a área; II - em dados provenientes dos sistemas de informação;
VIII - disponibilizar bancos de dados do órgão gestor federal do III - em sistemas que coletam informações específicas para os
SUAS para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; objetivos do monitoramento.
IX - criar e manter canais nacionais de comunicação entre ges- Art. 100. Os indicadores de monitoramento visam mensurar as
tores, trabalhadores, conselheiros e usuários da assistência social. seguintes dimensões:
§2º Constituem responsabilidades relativas à gestão da infor- I - estrutura ou insumos;
mação do SUAS no âmbito dos Estados: II - processos ou atividades;
I - coletar, armazenar, processar, analisar e divulgar dados e in- III - produtos ou resultados.
formações estaduais relativas ao SUAS; Art. 101. O modelo de monitoramento do SUAS deve conter
II - organizar e manter o sistema estadual de informações do um conjunto mínimo de indicadores pactuados entre os gestores
SUAS; federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais, que permitam
III - compatibilizar, em parceria com a União, os sistemas esta- acompanhar:
duais de informação com a Rede SUAS; I - a qualidade e o volume de oferta dos serviços, programas,
IV - propor a padronização e os protocolos estaduais de registro projetos e benefícios de proteção social básica e proteção social es-
e trânsito da informação no âmbito do SUAS; pecial;
V - alimentar e responsabilizar-se pela fidedignidade das infor- II - o cumprimento do Protocolo de Gestão Integrada de Servi-
mações inseridas no sistema nacional de informação; ços, Benefícios e Transferência de Renda;
VI - produzir informações, estudos e pesquisas que subsidiem o III - o desempenho da gestão de cada ente federativo;
monitoramento e avaliação da rede socioassistencial e da qualidade IV - o monitoramento do funcionamento dos Conselhos de As-
dos serviços e benefícios prestados aos usuários; sistência Social e das Comissões Intergestores.
VII - disseminar o conhecimento produzido pelo órgão gestor Art. 102. Para o monitoramento do SUAS em âmbito nacional,
estadual para os Municípios, usuários, trabalhadores, conselheiros as principais fontes de informação são:
e entidades de assistência social; I - censo SUAS;
VIII - criar e manter canais estaduais de comunicação entre II - sistemas de registro de atendimentos;
gestores, técnicos, conselheiros, usuários e entidades de assistên- III - cadastros e sistemas gerenciais que integram o SUAS;
cia social; IV – outros que vierem a ser instituídos e pactuados nacional-
IX - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios na estru- mente.
turação dos sistemas de informações locais; Art. 103. Em âmbito estadual, o monitoramento do SUAS deve
X - disponibilizar os bancos de dados ao órgão gestor dos Mu- conjugar a captura e verificação de informações in loco junto aos
nicípios. Municípios e a utilização de dados secundários, fornecidos pelos
§3º Constituem responsabilidades relativas à gestão da infor- indicadores do sistema nacional de monitoramento do SUAS ou
mação do SUAS no âmbito dos Municípios e do Distrito Federal: provenientes dos próprios sistemas de informação estaduais.
I - coletar, armazenar, processar, analisar e divulgar dados e in- Art. 104. Em âmbito municipal e do Distrito Federal, o moni-
formações municipais ou do Distrito Federal relativas ao SUAS; toramento do SUAS deve capturar e verificar informações in loco,
II - desenvolver, implantar e manter sistemas locais de infor- junto aos serviços prestados pela rede socioassistencial, sem pre-
mação; juízo da utilização de fontes de dados secundárias utilizadas pelo
III - compatibilizar, em parceria com Estados e/ou União, os sis- monitoramento em nível nacional e estadual.
temas locais de informação com a Rede SUAS;
IV - alimentar e responsabilizar-se pela fidedignidade das infor-
mações inseridas nos sistemas estaduais e nacional de informações;
V - propor a padronização e os protocolos locais de registro e
trânsito da informação no âmbito do SUAS;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO IV Art. 110. As ações de gestão do trabalho na União, nos Estados,


AVALIAÇÃO no Distrito Federal e nos Municípios devem observar os eixos pre-
vistos na Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS
Art. 105. Caberá à União as seguintes ações de avaliação da - NOB-RH/SUAS, nas resoluções do CNAS e nas regulamentações
política, sem prejuízo de outras que venham a ser desenvolvidas: específicas.
I - promover continuamente avaliações externas de âmbito na- Art. 111. Cabe a cada ente federativo instituir ou designar, em
cional, abordando a gestão, os serviços, os programas, os projetos e sua estrutura administrativa, setor ou equipe responsável pela ges-
os benefícios socioassistenciais; tão do trabalho no âmbito do SUAS.
II - estabelecer parcerias com órgãos e instituições federais de Art. 112. As despesas que envolvem a gestão do trabalho de-
pesquisa visando à produção de conhecimentos sobre a política e o vem estar expressas no orçamento e no financiamento da política
Sistema Único de Assistência Social; de assistência social.
III - realizar, em intervalos bianuais, pesquisa amostral de Parágrafo único. Os entes federativos deverão assegurar recur-
abrangência nacional com usuários do SUAS para avaliar aspectos sos financeiros específicos para o cumprimento das responsabilida-
objetivos e subjetivos referentes à qualidade dos serviços presta- des compartilhadas.
dos.
Art. 106. Os Estados poderão realizar avaliações periódicas da CAPÍTULO IX
gestão, dos serviços e dos benefícios socioassistenciais em seu ter- CONTROLE SOCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA
ritório, visando subsidiar a elaboração e o acompanhamento dos SOCIAL
planos estaduais de assistência social.
Art. 107. O Distrito Federal e os Municípios poderão, sem pre- Art. 113. São instâncias de deliberação do SUAS:
juízo de outras ações de avaliação que venham a ser desenvolvidas, I - o Conselho Nacional de Assistência Social;
instituir práticas participativas de avaliação da gestão e dos serviços II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;
da rede socioassistencial, envolvendo trabalhadores, usuários e ins- III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;
tâncias de controle social. IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.
Art. 108. Para a realização das avaliações a União, os Estados, Parágrafo único. As Conferências de Assistência Social delibe-
o Distrito Federal e os Municípios poderão utilizar a contratação de ram as diretrizes para o aperfeiçoamento da Política de Assistência
serviços de órgãos e instituições de pesquisa, visando à produção Social.
de conhecimentos sobre a política e o sistema de assistência social. Art. 114. A participação social deve constituir-se em estratégia
presente na gestão do SUAS, por meio da adoção de práticas e me-
CAPÍTULO VIII canismos que favoreçam o processo de planejamento e a execução
GESTÃO DO TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE da política de assistência social de modo democrático e participa-
ASSISTÊNCIA SOCIAL tivo.
Art. 115. São estratégias para o fortalecimento dos conselhos e
Art. 109. A gestão do trabalho no SUAS compreende o planeja- das conferências de assistência social e a promoção da participação
mento, a organização e a execução das ações relativas à valorização dos usuários:
do trabalhador e à estruturação do processo de trabalho institu- I - fixação das responsabilidades da União, dos Estados, do Dis-
cional, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos trito Federal e dos municípios para com o controle social;
Municípios. II - planejamento das ações do conselho de assistência social;
§1º Compreende-se por ações relativas à valorização do traba- III - participação dos conselhos e dos usuários no planejamento
lhador, na perspectiva da desprecarização da relação e das condi- local, municipal, estadual, distrital, regional e nacional;
ções de trabalho, dentre outras: IV - convocação periódica das conferências de assistência so-
I - a realização de concurso público; cial;
II - a instituição de avaliação de desempenho; V - ampliação da participação popular;
III - a instituição e implementação de Plano de Capacitação e VI - valorização da participação dos trabalhadores do SUAS;
Educação Permanente com certificação; VII - valorização da participação das entidades e organizações
IV - a adequação dos perfis profissionais às necessidades do de assistência social.
SUAS;
V – a instituição das Mesas de Negociação; SEÇÃO I
VI - a instituição de planos de cargos, carreira e salários (PCCS); CONFERÊNCIAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
VII - a garantia de ambiente de trabalho saudável e seguro, em
consonância às normativas de segurança e saúde dos trabalhado- Art. 116. As conferências de assistência social são instâncias
res; que têm por atribuições a avaliação da política de assistência social
VIII - a instituição de observatórios de práticas profissionais. e a definição de diretrizes para o aprimoramento do SUAS, ocor-
§2º Compreende-se por ações relativas à estruturação do pro- rendo no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
cesso de trabalho institucional a instituição de, dentre outras: Municípios.
I - desenhos organizacionais; Art. 117. A convocação das conferências de assistência social
II - processos de negociação do trabalho; pelos conselhos de assistência social se dará ordinariamente a cada
III - sistemas de informação; 4 (quatro) anos.
IV - supervisão técnica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§1º Poderão ser convocadas Conferências de Assistência So- §2º O gestor federal deverá disponibilizar ferramenta informa-
cial extraordinárias a cada 02 (dois) anos, conforme deliberação da tizada para o planejamento das atividades dos conselhos, contendo
maioria dos membros dos respectivos conselhos. as atividades, metas, cronograma de execução e prazos.
§2º Ao convocar a conferência, caberá ao conselho de assis- Art. 121. No planejamento das ações dos conselhos de assis-
tência social: tência social devem ser observadas as seguintes atribuições precí-
I - elaborar as normas de seu funcionamento; puas:
II - constituir comissão organizadora; I - aprovar a política de assistência social, elaborada em conso-
III - encaminhar as deliberações da conferência aos órgãos nância com as diretrizes estabelecidas pelas conferências;
competentes após sua realização; II - convocar as conferências de assistência social em sua esfera
IV - desenvolver metodologia de acompanhamento e monito- de governo e acompanhar a execução de suas deliberações;
ramento das deliberações das conferências de assistência social; III - aprovar o plano de assistência social elaborado pelo órgão
V - adotar estratégias e mecanismos que favoreçam a mais am- gestor da política de assistência social;
pla inserção dos usuários, por meio de linguagem acessível e do uso IV - aprovar o plano de capacitação, elaborado pelo órgão ges-
de metodologias e dinâmicas que permitam a sua participação e tor;
manifestação. V - acompanhar, avaliar e fiscalizar a gestão do Programa Bolsa
Art. 118. Para a realização das conferências, os órgãos gestores Família (PBF);
de assistência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e VI - fiscalizar a gestão e execução dos recursos do Índice de
dos Municípios deverão prever dotação orçamentária e realizar a Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família – IGD PBF e do
execução financeira, garantindo os recursos e a infraestrutura ne- Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência
cessários. Social – IGDSUAS; Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
§1º A participação dos delegados governamentais e não gover- - 35/41
namentais nas conferências estaduais e nacional deve ser assegu- VII - planejar e deliberar sobre os gastos de no mínimo 3% (três
rada de forma equânime, incluindo o deslocamento, a estadia e a por cento) dos recursos do IGD PBF e do IGDSUAS destinados ao
alimentação. desenvolvimento das atividades do conselho;
§2º Podem ser realizadas etapas preparatórias às conferências, VIII – participar da elaboração e aprovar as propostas de Lei de
mediante a convocação de préconferências, reuniões ampliadas do Diretrizes Orçamentárias, Plano Plurianual e da Lei Orçamentária
conselho ou audiências públicas, entre outras estratégias de am- Anual no que se refere à assistência social, bem como o planeja-
pliação da participação popular. mento e a aplicação dos recursos destinados às ações de assistência
social, nas suas respectivas esferas de governo, tanto os recursos
SEÇÃO II próprios quanto os oriundos de outros entes federativos, alocados
CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL nos respectivos fundos de assistência social;
IX - acompanhar, avaliar e fiscalizar a gestão dos recursos, bem
Art. 119. Os conselhos de assistência social são instâncias deli- como os ganhos sociais e o desempenho dos serviços, programas,
berativas colegiadas do SUAS, vinculadas à estrutura do órgão ges- projetos e benefícios socioassistenciais do SUAS;
tor de assistência social da União, dos Estados, do Distrito Federal X - aprovar critérios de partilha de recursos em seu âmbito de
e dos Municípios, com caráter permanente e composição paritária competência, respeitados os parâmetros adotados na LOAS;
entre governo e sociedade civil. XI - aprovar o aceite da expansão dos serviços, programas e
§1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de- projetos socioassistenciais, objetos de cofinanciamento;
verão instituir os conselhos por meio de edição de lei específica, XII - deliberar sobre as prioridades e metas de desenvolvimento
conforme a LOAS. do SUAS em seu âmbito de competência;
§2º A lei de criação dos conselhos deve garantir a escolha de- XIII - deliberar sobre planos de providência e planos de apoio à
mocrática da representação da sociedade civil, permitindo uma úni- gestão descentralizada;
ca recondução por igual período. XIV - normatizar as ações e regular a prestação de serviços
§3º No exercício de suas atribuições, os conselhos normatizam, públicos estatais e não estatais no campo da assistência social, em
disciplinam, acompanham, avaliam e fiscalizam a gestão e a execu- consonância com as normas nacionais;
ção dos serviços, programas, projetos e benefícios de assistência XV – inscrever e fiscalizar as entidades e organizações de as-
social prestados pela rede socioassistencial. sistência social, bem como os serviços, programas, projetos e be-
nefícios socioassistenciais, conforme parâmetros e procedimentos
SUBSEÇÃO I nacionalmente estabelecidos.
PLANEJAMENTO DAS RESPONSABILIDADES DOS XVI - estabelecer mecanismos de articulação permanente com
CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL os demais conselhos de políticas públicas e de defesa e garantia de
direitos;
Art. 120. Os conselhos devem planejar suas ações de forma a XVII - estimular e acompanhar a criação de espaços de partici-
garantir a consecução das suas atribuições e o exercício do controle pação popular no SUAS;
social, primando pela efetividade e transparência das suas ativida- XVIII - elaborar, aprovar e divulgar seu regimento interno, ten-
des. do como conteúdo mínimo:
§1º O planejamento das ações do conselho deve orientar a a)competências do Conselho;
construção do orçamento da gestão da assistência social para o b)atribuições da Secretaria Executiva, Presidência, Vice-Presi-
apoio financeiro e técnico às funções do Conselho. dência e Mesa Diretora;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c)criação, composição e funcionamento de comissões temáti- Art. 124. Aos conselheiros devem ser encaminhados, com a
cas e de grupos de trabalho permanentes ou temporários; antecedência necessária para a devida apreciação, os seguintes do-
d)processo eletivo para escolha do conselheiro-presidente e cumentos e informações do órgão gestor da política de assistência
vice-presidente; social:
e)processo de eleição dos conselheiros representantes da so- I - plano de assistência social;
ciedade civil, conforme prevista na legislação; II - propostas da Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamen-
f)definição de quórum para deliberações e sua aplicabilidade; tária Anual e do Plano Plurianual, referentes à assistência social;
g)direitos e deveres dos conselheiros; III - relatórios trimestrais e anuais de atividades e de realização
h)trâmites e hipóteses para substituição de conselheiros e per- financeira dos recursos;
da de mandatos; IV - balancetes, balanços e prestação de contas ao final de cada
i)periodicidade das reuniões ordinárias do plenário e das co- exercício;
missões e os casos de admissão de convocação extraordinária; V - relatório anual de gestão;
j)casos de substituição por impedimento ou vacância do con- VI - plano de capacitação;
selheiro titular; VII - plano de providências e plano de apoio à gestão descen-
k)procedimento adotado para acompanhar, registrar e publicar tralizada;
as decisões das plenárias. VIII - pactuações das comissões intergestores.
Art. 122. O Conselho Nacional de Assistência Social deve zelar
pela aplicação de suas normas e resoluções junto aos Conselhos SEÇÃO III
Estaduais do Distrito Federal e dos Municipais. PARTICIPAÇÃO DOS USUÁRIOS NO SISTEMA ÚNICO DE
§1º O Conselho Nacional de Assistência Social deve prestar as- ASSISTÊNCIA SOCIAL
sessoramento aos Conselhos de Assistência Social dos Estados e do
Distrito Federal. Art. 125. O estímulo à participação e ao protagonismo dos usu-
§2º O Conselho Nacional de Assistência Social, em conformida- ários nas instâncias de deliberação da política de assistência social,
de com o princípio da descentralização, deverá, sempre que solici- como as conferências e os conselhos, é condição fundamental para
tado, prestar assessoramento aos conselhos municipais, em parce- viabilizar o exercício do controle social e garantir os direitos socio-
ria com os conselhos estaduais de Assistência Social. assistenciais.
§3º Os Conselhos Estaduais deverão prestar assessoramento Art. 126. Para ampliar o processo participativo dos usuários,
aos conselhos municipais. além do reforço na articulação com movimentos sociais e popula-
res, diversos espaços podem ser organizados, tais como:
SUBSEÇÃO II I - coletivo de usuários junto aos serviços, programas e projetos
RESPONSABILIDADES DOS ENTES FEDERATIVOS COM O socioassistenciais;
CONTROLE SOCIAL II - comissão de bairro;
III - fórum;
Art. 123. Cabe aos órgãos gestores da política de assistência so- IV - entre outros.
cial, em cada esfera de governo, fornecer apoio técnico e financeiro Parágrafo único. Os espaços de que trata o caput devem desen-
aos conselhos e às conferências de assistência social e à participa- cadear o debate permanente sobre os problemas enfrentados, o
ção social dos usuários no SUAS. acompanhamento das ações desenvolvidas e a discussão das estra-
§1º Os órgãos gestores da assistência social devem: tégias mais adequadas para o atendimento das demandas sociais,
I - prover aos conselhos infraestrutura, recursos materiais, hu- com vistas a assegurar o constante aprimoramento das ofertas e
manos e financeiros, arcando com as despesas inerentes ao seu prestações do SUAS.
funcionamento, bem como arcar com despesas de passagens, tras- Art. 127. Constituem-se estratégias para o estímulo à participa-
lados, alimentação e hospedagem dos conselheiros governamen- ção dos usuários no SUAS:
tais e não governamentais, de forma equânime, no exercício de I - a previsão no planejamento do conselho ou do órgão gestor
suas atribuições, tanto nas atividades realizadas no seu âmbito de da política de assistência social;
atuação geográfica ou fora dele; II - a ampla divulgação do cronograma e pautas de reuniões
II - destinar aos conselhos de assistência social percentual dos dos conselhos, das audiências públicas, das conferências e demais
recursos oriundos do Índice de Gestão Descentralizada do SUAS – atividades, nas unidades prestadoras de serviços e nos meios de
IGDSUAS e do Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa comunicação local;
Família – IGD PBF, na forma da Lei. III - a garantia de maior representatividade dos usuários no pro-
III - subsidiar os conselhos com informações para o cumprimen- cesso de eleição dos conselheiros não governamentais, de escolha
to de suas atribuições e para a deliberação sobre o cofinanciamento da delegação para as conferências, e de realização das capacitações;
dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais; IV - a constituição de espaços de diálogos entre gestores, traba-
§2º Os conselhos serão dotados de secretaria executiva, com lhadores e usuários, garantindo o seu empoderamento.
profissional responsável de nível superior, e apoio técnico e admi-
nistrativo para exercer as funções pertinentes ao seu funcionamen-
to.
§3º Os órgãos gestores devem promover e incentivar a capaci-
tação continuada dos conselheiros, conforme planos de capacita-
ção do SUAS.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO X SEÇÃO I
INSTÂNCIAS DE NEGOCIAÇÃO E PACTUAÇÃO DO SISTEMA COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE – CIT
ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 134. A CIT é um espaço de articulação e interlocução entre
Art. 128. As instâncias de negociação e pactuação entre gesto- os gestores federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais, para
res quanto aos aspectos operacionais do SUAS são: viabilizar a política de assistência social, caracterizando-se como
I – Comissão Intergestores Tripartite – CIT, no âmbito nacional; instância de negociação e pactuação quanto aos aspectos operacio-
II – Comissão Intergestores Bipartite – CIB, no âmbito estadual; nais da gestão do SUAS, com a seguinte composição:
§1º Os órgãos gestores federal e estaduais devem prover às I - 5 (cinco) membros titulares e seus respectivos suplentes, re-
respectivas comissões intergestores: infraestrutura e recursos ma- presentando a União, indicados pelo Órgão Gestor Federal da polí-
teriais, humanos e financeiros para viabilizar o seu efetivo funciona- tica de assistência social;
mento, inclusive arcando com as despesas de passagens, traslados, II - 5 (cinco) membros titulares e seus respectivos suplentes,
alimentação e hospedagem de seus membros quando da realização representando os Estados e o Distrito Federal, indicados pelo FON-
de reuniões, câmaras técnicas ou comissões e de sua representação SEAS;
em eventos. III - 5 (cinco) membros titulares e seus respectivos suplentes,
§2º As comissões intergestores devem ser dotadas de secreta- representando os Municípios, indicados pelo CONGEMAS.
ria executiva, com a atribuição de exercer as funções administrati- §1º Os membros titulares e suplentes representantes dos:
vas pertinentes ao seu funcionamento, contando com quadro técni- I – Estados e Distrito Federal deverão contemplar as cinco re-
co e administrativo do órgão gestor correspondente. giões do país;
Art. 129. A CIT é integrada pelos seguintes entes federativos: II – Municípios deverão contemplar as cinco regiões do país e
I – União, representada pelo Órgão Gestor Federal da política os portes dos municípios.
de assistência social; §2º Quando da substituição das representações dos entes fe-
II - Estados e Distrito Federal, representados pelo Fórum Nacio- derativos na CIT, deverá ser observada a rotatividade:
nal de Secretários(as) de Estado de Assistência Social – FONSEAS; I – entre os Estados da respectiva região do país;
III – Municípios, representados pelo Colegiado Nacional de II – entre os Municípios da respectiva região do país e dos por-
Gestores Municipais de Assistência Social – CONGEMAS. tes de município.
Art. 130. A CIB é integrada pelos seguintes entes federativos: §3º A representação dos Estados, Distrito Federal e Municípios
I – Estado, representado pelo Órgão Gestor Estadual da política na CIT poderá ser excepcionalizada quando não for possível con-
de assistência social; templar na composição a integralidade das regiões e dos portes de
II – Municípios, representados pelo Colegiado Estadual de Ges- municípios.
tores Municipais de Assistência Social – COEGEMAS. §4º Os membros titulares e suplentes da CIT serão nomeados
Art. 131. O FONSEAS e o CONGEMAS são reconhecidos como por ato normativo do Ministro de Estado responsável pela gestão
entidades sem fins lucrativos que representam, respectivamente, da Política de Assistência em âmbito nacional.
os secretários estaduais e do Distrito Federal, e os secretários mu- Art. 135. Compete à CIT:
nicipais de assistência social, responsáveis pela indicação dos seus I - pactuar estratégias para a implantação, a operacionalização
representantes na CIT. e o aprimoramento do SUAS;
Art. 132. Os COEGEMAS são reconhecidos como as entidades II - estabelecer acordos acerca de questões operacionais relati-
sem fins lucrativos que representam os secretários municipais de vas à implantação e qualificação dos serviços, programas, projetos
assistência social no âmbito do Estado, responsáveis pela indicação e benefícios socioassistenciais que compõem o SUAS;
das suas representações nas CIBs. III - pactuar instrumentos, parâmetros e mecanismos de imple-
Parágrafo único. Os COEGEMAS devem estar vinculados institu- mentação e regulamentação do SUAS; Conselho Nacional de Assis-
cionalmente ao CONGEMAS, na forma que dispuser seus estatutos. tência Social (CNAS) - 39/41
Art. 133. Entende-se por pactuações na gestão da política de IV - pactuar critérios de partilha e procedimentos de transfe-
assistência social as negociações e acordos estabelecidos entre os rência de recursos para o cofinanciamento de serviços, programas,
entes federativos envolvidos por meio de consensos para a opera- projetos e benefícios da assistência social para os Estados, o Distrito
cionalização e o aprimoramento do SUAS. Federal e os Municípios;
§1º As pactuações de que trata o caput devem ser formalizadas V - pactuar planos de providência e planos de apoio aos Esta-
por meio da publicação do respectivo ato administrativo, cabendo dos e ao Distrito Federal;
aos gestores ampla divulgação das mesmas, em especial na rede VI - pactuar prioridades e metas nacionais de aprimoramento
articulada de informações para a gestão da assistência social. do SUAS, de prevenção e enfrentamento da pobreza, da desigualda-
§2º As cópias das publicações de que trata o §1º devem ser de, das vulnerabilidades sociais e dos riscos sociais;
encaminhadas às secretarias executivas da CIT e CIB e por estas ar- VII - pactuar estratégias e procedimentos de contato perma-
quivadas, incondicional e regularmente. nente e assessoramento técnico às CIBs e gestores de assistência
§3º As pactuações da CIT e das CIBs devem ser encaminhadas social;
aos respectivos Conselhos de Assistência Social para conhecimento VIII - pactuar seu regimento interno e as estratégias para sua
e deliberação dos assuntos de sua competência. divulgação;
IX - publicar e publicizar suas pactuações;
X - informar ao CNAS sobre suas pactuações;
XI - encaminhar ao CNAS os assuntos que forem de sua compe-
tência para deliberação;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XII - pactuar as orientações para estruturação e funcionamento VI - pactuar critérios, estratégias e procedimentos de repasse
das CIBs; de recursos estaduais para o cofinanciamento de serviços, progra-
XIII – pactuar os serviços socioassistenciais de alto custo e as mas, projetos e benefícios socioassistenciais aos municípios;
responsabilidades de financiamento e execução. VII - pactuar o plano estadual de capacitação;
VIII - estabelecer acordos relacionados aos serviços, progra-
SEÇÃO II mas, projetos e benefícios a serem implantados pelo Estado e pelos
COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTITE - CIB Municípios enquanto rede de proteção social integrante do SUAS
no Estado;
Art. 136. A CIB constitui-se como espaço de articulação e in- IX - pactuar planos de providência e planos de apoio aos mu-
terlocução dos gestores municipais e estaduais da política de as- nicípios;
sistência social, caracterizando-se como instância de negociação e X - pactuar prioridades e metas estaduais de aprimoramento
pactuação quanto aos aspectos operacionais da gestão do SUAS, do SUAS;
§1º É requisito para sua constituição a representatividade do XI - pactuar estratégias e procedimentos de interlocução per-
Estado e dos municípios, levando em conta o porte dos municípios manente com a CIT e as demais CIBs para aperfeiçoamento do pro-
e sua distribuição regional, com a seguinte composição: cesso de descentralização, implantação e implementação do SUAS;
I - 06 (seis) representantes do Estado e seus respectivos suplen- XII - observar em suas pactuações as orientações emanadas
tes, indicados pelo gestor estadual da política de assistência social; pela CIT;
II - 06 (seis) representantes dos Municípios e seus respectivos XIII - pactuar seu regimento interno e as estratégias para sua
suplentes, indicados pelo COEGEMAS, observando a representação divulgação;
regional e o porte dos municípios, de acordo com o estabelecido na XIV - publicar as pactuações no Diário Oficial estadual;
Política Nacional de Assistência Social – PNAS, sendo: XV - enviar cópia das publicações das pactuações à Secretaria
a) 02 (dois) representantes de municípios de pequeno porte I; Técnica da CIT;
b) 01 (um) representante de municípios de pequeno porte II; XVI - publicar e publicizar as suas pactuações;
c) 01 (um) representante de municípios de médio porte; XVII - informar ao Conselho Estadual de Assistência Social -
d) 01 (um) representante de municípios de grande porte; e CEAS sobre suas pactuações;
e) 01 (um) representante da capital do Estado. XVIII - encaminhar ao Conselho Estadual de Assistência Social
§2º Os representantes titulares e suplentes deverão ser de os assuntos de sua competência para deliberação.
regiões diferentes, de forma a contemplar as diversas regiões do
Estado, e observar a rotatividade, quando da substituição das re- CAPÍTULO XI
presentações dos municípios. REGRAS DE TRANSIÇÃO
§3º A composição da CIB poderá ser alterada de acordo com
as especificidades estaduais, podendo ser ampliada, contemplando Art. 138. A aplicação das Subseções I e II da Seção III do Capítu-
uma maior representação estadual e municipal, e modificada, nos lo VI desta NOB SUAS fica condicionada à edição de ato normativo
casos em que não seja possível contemplar a proporção de porte de complementar referente aos Blocos de Financiamento.
municípios descrita no inciso II do §1º. Parágrafo único. Os repasses de recursos continuarão a ser efe-
§4º É vedada a redução do número de representantes de cada tuados com base na sistemática implementada pela NOB SUAS de
ente federativo definido nos incisos I e II do §1º. 2005 e portarias posteriores até a regulamentação dos blocos de
§5º Os membros titulares e suplentes da CIB serão nomeados financiamento.
por ato normativo do Secretário de Estado responsável pela gestão Art. 139. A aplicação do Capítulo IV se dará a partir da implan-
da Política de Assistência Social. tação efetiva do sistema de informação que permita o planejamen-
§6º Cada CIB definirá em regimento interno o quórum mínimo to dos entes federativos para o alcance das prioridades e metas do
qualificado que assegure a paridade entre os entes federativos para Pacto Aprimoramento do SUAS e o respectivo acompanhamento.
a realização de suas reuniões. §1º No período de implantação efetiva do sistema de que trata
Art. 137. Compete à CIB: o caput, aplicar-se-á:
I - pactuar a organização do Sistema Estadual de Assistência So- I – aos municípios: o capítulo II da NOB SUAS/2005, aprova-
cial proposto pelo órgão gestor estadual, definindo estratégias para da pela Resolução nº 130 de 2005 do CNAS, que trata dos Tipos
implementar e operacionalizar a oferta da proteção social básica e e Níveis de Gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS,
especial no âmbito do SUAS na sua esfera de governo; que instituiu o modelo de habilitação ao SUAS e os níveis de gestão
II - estabelecer acordos acerca de questões operacionais rela- inicial, básica e plena;
tivas à implantação e ao aprimoramento dos serviços, programas, II - aos Estados e ao Distrito Federal: o Pacto de Aprimoramento
projetos e benefícios que compõem o SUAS; da Gestão dos Estados e do Distrito Federal, de que trata a reso-
III - pactuar instrumentos, parâmetros e mecanismos de imple- lução n.º 17 de 2010 da CIT, com as prioridades instituídas para o
mentação e regulamentação complementar à legislação vigente, quadriênio 2011 – 2014;
nos aspectos comuns às duas esferas de governo; §2º O Pacto a que se refere o inciso II do §1º será revisto em
IV - pactuar medidas para o aperfeiçoamento da organização e 2013, conforme pactuação na CIT de prioridades e metas nacionais
do funcionamento do SUAS no âmbito regional; para os Estados e o Distrito Federal, permanecendo em vigor até o
V - pactuar a estruturação e a organização da oferta de serviços exercício de 2015.
de caráter regional;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§3º Quando da disponibilização do sistema de informação de – CNAS, de elaborar, aprovar e tornar pública a presente Política
que trata o caput, os Estados e o Distrito Federal deverão inserir o Nacional de Assistência Social – PNAS, demonstra a intenção de
planejamento para alcance das prioridades e metas de que trata o construir coletivamente o redesenho desta política, na perspectiva
inciso II do §1º. de implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
§4º No interstício entre a publicação desta Norma e a primeira Esta iniciativa, decididamente, traduz o cumprimento das delibera-
pactuação dos municípios na forma do inciso II do §5º do art. 18, ções da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em
poderão ser pactuadas as prioridades e metas específicas. Brasília, em dezembro de 2003, e denota o compromisso do MDS/
Art. 140. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que SNAS e do CNAS em materializar as diretrizes da Lei Orgânica da
aderiram ao SUAS na forma da NOB SUAS/2005, aprovada pela Re- Assistência Social – LOAS.
solução nº 130 de 2005, passarão automaticamente a respeitar as A versão preliminar foi apresentada ao CNAS, em 23 de junho
regras estabelecidas nesta Norma. de 2004, pelo MDS/SNAS, tendo sido amplamente divulgada e
Art. 141. O Plano Nacional de Assistência Social referente ao discutida em todos os Estados brasileiros nos diversos encontros,
período que compreende a publicação desta Norma até o ano 2015 seminários, reuniões, oficinas e palestras que garantiram o caráter
consistirá na revisão do Plano Decenal, em consonância com o PPA democrático e descentralizado do debate envolvendo um grande
e as prioridades e metas nacionais do Pacto de Aprimoramento do contingente de pessoas em cada Estado deste País. Este processo
SUAS. culminou com um amplo debate na Reunião Descentralizada e Par-
ticipativa do CNAS realizada entre os dias 20 e 22 de setembro de
2004, onde foi aprovada, por unanimidade, por aquele colegiado.
POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Ressalta-se a riqueza desse processo, com inúmeras contribui-
ções recebidas dos Conselhos de Assistência Social, do Fórum Na-
cional de Secretários de Assistência Social – FONSEAS, do Colegiado
POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PNAS/ 2004 de Gestores Nacional, Estaduais e Municipais de Assistência Social,
Associações de Municípios, Fóruns Estaduais, Regionais, Governa-
Brasília, Novembro de 2005 mentais e Não governamentais, Secretarias Estaduais, do Distrito
Federal e Municipais de Assistência Social, Universidades e Núcleos
RESOLUÇÃO Nº 145, DE 15 DE OUTUBRO DE 2004 (DOU de Estudos, entidades de assistência social, estudantes de Escolas
28/10/2004) de Serviço Social, Escola de gestores da assistência social, além de
pesquisadores, estudiosos da área e demais sujeitos anônimos.
O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, consideran- Tal conquista, em tão breve tempo, leva a uma rápida consta-
do a apresentação de proposta da Política Nacional de Assistência tação: a disponibilidade e o anseio dos atores sociais em efetivá-la
Social - PNAS pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate como política pública de Estado, definida em Lei. Muitos, às vezes
à Fome - MDS em 23 de junho, considerando a realização de Re- e ainda, confundem a assistência social com clientelismo, assisten-
uniões Descentralizadas e Ampliadas do Conselho para discussão cialismo, caridade ou ações pontuais, que nada têm a ver com políticas
e construção coletiva do texto final da PNAS ocorridas respectiva- públicas e com o compromisso do Estado com a sociedade. O MDS/
mente em 21 e 22 de julho de 2004 na cidade de Aracaju e em 21 SNAS e o CNAS estão muito empenhados em estabelecer políticas per-
e 22 de setembro de 2004, no Distrito Federal, e considerando o manentes e agora com a perspectiva prioritária de implantar o SUAS,
disposto no artigo 18, incisos I, II, IV da Lei 8.742 de 7 de dezembro para integrar o Governo Federal com os Estados, Distrito Federal e Mu-
de 1993, nicípios em uma ação conjunta. Com isso, busca-se impedir políticas de
RESOLVE: protecionismo, garantindo aquelas estabelecidas por meio de normas
Art. 1º - Aprovar, em reunião do Colegiado de 22 de setembro jurídicas universais. Este é o compromisso do MDS, que integra três
de 2004, por unanimidade dos Conselheiros a Política Nacional de frentes de atuação na defesa do direito à renda, à segurança alimentar
Assistência Social. e à assistência social, compromisso também do CNAS.
Art. 2º - Aprovar, na reunião do Colegiado de 14 de outubro de A Política Nacional de Assistência Social ora aprovada expres-
2004, por unanimidade dos Conselheiros o texto final discutido e sa exatamente a materialidade do conteúdo da Assistência Social
elaborado pelo grupo de trabalho – GT/PNAS constituído pela Re- como um pilar do Sistema de Proteção Social Brasileiro no âmbito
solução N.º 78, de 22 de junho de 2004, publicada no DOU, de 02 da Seguridade Social.
de julho de 2004. Este é um momento histórico e assim devemos concebê-lo, ense-
Art. 3º - O texto da Política Nacional aprovado constituirá o jando todos os esforços na operacionalização desta política. Trata-se,
Anexo I da presente Resolução. portanto, de transformar em ações diretas os pressupostos da Consti-
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário. tuição Federal de 1988 e da LOAS, por meio de definições, de princípios
Art. 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi- e de diretrizes que nortearão sua implementação, cumprindo uma ur-
cação. gente, necessária e nova agenda para a cidadania no Brasil.
MARCIA MARIA BIONDI PINHEIRO PATRUS ANANIAS DE SOUSA
Presidente do CNAS Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Apresentação MÁRCIA HELENA CARVALHO LOPES
A decisão do Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- Secretária Nacional de Assistência Social
te à Fome – MDS, por intermédio da Secretaria Nacional de Assis-
tência Social – SNAS e do Conselho Nacional de Assistência Social
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

MARCIA MARIA BIONDI PINHEIRO Junto ao processo de descentralização, a Política Nacional de


Presidente do Conselho Nacional de Assistência Social Assistência Social traz sua marca no reconhecimento de que para
além das demandas setoriais e segmentadas, o chão onde se en-
Introdução contram e se movimentam setores e segmentos faz diferença no
Ao se considerar as condições políticas e institucionais, reuni- manejo da própria política, significando considerar as desigualda-
das nestes quase onze anos de LOAS, cabe relembrar os avanços des socioterritoriais na sua configuração.
conquistados pela sociedade brasileira na construção da política de Faz-se relevante nesse processo, a constituição da rede de serviços
assistência social, decorrência de seu reconhecimento como direito que cabe à assistência social prover, com vistas a conferir maior eficiência,
do cidadão e de responsabilidade do Estado. eficácia e efetividade em sua atuação específica e na atuação intersetorial,
A última década significou a ampliação do reconhecimento uma vez que somente assim se torna possível estabelecer o que deve ser
pelo Estado, no esteio da luta da sociedade brasileira, dos direitos de iniciativa desta política pública e em que deve se colocar como parceira
de crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. Hoje, o na execução. Para tanto, propõe-se a regulamentação dos artigos 2º e 3º,
Benefício de Prestação Continuada – BPC caminha para a sua univer- da LOAS, para que se identifiquem as ações de responsabilidade direta da
salização, com impactos relevantes na redução da pobreza no País. assistência social e as em que atua em corresponsabilidade.
Observa-se um crescimento progressivo dos gastos públicos, nas três A forma de gestão no sistema descentralizado e participativo pro-
esferas de governo, no campo da assistência social. A alta capilaridade posto pela LOAS, em seu capítulo III, artigo 6º, implica na participação
institucional descentralizada, alcançada com a implementação de se- popular, na autonomia da gestão municipal, potencializando a divisão
cretarias próprias na grande maioria dos municípios do País (mais de de responsabilidades e no co-financiamento entre as esferas de gover-
4.500), e em todos os Estados da Federação e no Distrito Federal, refle- no e a sociedade civil.
te uma expressiva capacidade de construção e assimilação progressiva Como consequência da concepção de Estado mínimo e de polí-
de procedimentos técnicos e operacionais, homogêneos e simétricos tica pública restritiva de direitos, deu-se a precarização do trabalho e
para a prestação dos serviços socioassistenciais, para o financiamen- a falta de renovação de quadros técnicos, criando enorme defasagem
to e para a gestão da política de assistência social em seus diferentes de profissionais qualificados; com um enorme contingente de pessoal
níveis governamentais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. na condição de prestadores de serviços, sem estabilidade de emprego,
Contudo, a consolidação da assistência social como política pú- sem direitos trabalhistas e sem possibilidade de continuidade das ativi-
blica e direito social ainda exige o enfrentamento de importantes dades. Essa é uma realidade geral, encontrada tanto em nível nacional,
desafios. A IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada estadual e municipal.
em dezembro/2003, em Brasília/DF, apontou como principal delibe- Por fim, a Política Nacional de Assistência Social na perspectiva do
ração a construção e implementação do Sistema Único da Assistên- Sistema Único de Assistência Social ressalta o campo da informação,
cia Social – SUAS, requisito essencial da LOAS para dar efetividade à monitoramento e avaliação, salientando que as novas tecnologias da
assistência social como política pública. informação e a ampliação das possibilidades de comunicação contem-
Desencadear a discussão e o processo de reestruturação orgânica porânea têm um significado, um sentido técnico e político, podendo e
da política pública de assistência social na direção do SUAS, ampliando e devendo ser consideradas como veios estratégicos para uma melhor
resignificando o atual sistema descentralizado e participativo, é retrato, atuação no tocante às políticas sociais e a nova concepção do uso da
portanto, do compromisso conjunto do Ministério do Desenvolvimento informação, do monitoramento e da avaliação no campo da política de
Social e Combate à Fome e demais gestores da política de assistência assistência social.
social, à frente das secretarias estaduais e municipais, da potencialização Tal empreendimento deve sobrelevar a prática do controle social,
de todos os esforços políticos e administrativos necessários ao enfrenta- o que, nessa área em particular, adquire uma relevância crucial, já que
mento das grandes e crescentes demandas sociais, e dos inéditos com- o atributo torpe de campo de favores políticos e caridade, agregado
promissos políticos assumidos pelo novo Governo Federal. historicamente a esta área, deve ser minado pelo estabelecimento de
Nessa direção, a presente Política Nacional de Assistência So- um novo estágio, feito de estratégias e determinações que suplantem
cial – PNAS busca incorporar as demandas presentes na sociedade política e tecnicamente o passado. Esta nova qualidade precisa favore-
brasileira no que tange à responsabilidade política, objetivando tor- cer um nível maior de precisão, tanto no que tange ao conhecimento
nar claras suas diretrizes na efetivação da assistência social como dos componentes que a geram, e que precisam ser conhecidos abun-
direito de cidadania e responsabilidade do Estado. dantemente, como aos dados e as consequências que a política pro-
A gestão proposta por esta Política pauta-se no pacto federa- duz. Isto vai incidir em outras condições para a sua ação, no estabeleci-
tivo, no qual devem ser detalhadas as atribuições e competências mento de escopos ampliados, e contribuir para uma outra mensagem
dos três níveis de governo na provisão das ações socioassistenciais, de seus resultados, visando o aprimoramento e a sintonia da política
em conformidade com o preconizado na LOAS e NOB1, a partir das com o direito social. Trata-se de pensar políticas de monitoramento e
indicações e deliberações das Conferências, dos Conselhos e das avaliação como táticas de ampliação e de fortificação do campo assis-
Comissões de Gestão Compartilhada (Comissões Intergestoras Tri- tencial.
partite e Bipartites – CIT e CIBs), as quais se constituem em espaços
de discussão, negociação e pactuação dos instrumentos de gestão e 1. Análise Situacional
formas de operacionalização da Política de Assistência Social. A Assistência Social como política de proteção social configura-se
Frente ao desafio de enfrentar a questão social, a descentraliza- como uma nova situação para o Brasil. Ela significa garantir a todos,
ção permitiu o desenvolvimento de formas inovadoras e criativas na que dela necessitam, e sem contribuição prévia a provisão dessa prote-
sua implementação, gestão, monitoramento, avaliação e informação. ção. Esta perspectiva significaria aportar quem, quantos, quais e onde
No entanto, a compreensão de que a gestão democrática vai muito estão os brasileiros demandatários de serviços e atenções de assistên-
além de inovação gerencial ou de novas tecnologias é bastante limi- cia social. Numa nova situação, não dispõe de imediato e pronto a aná-
tada neste País. A centralização ainda é uma marca a ser superada.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lise de sua incidência. A opção que se construiu para exame da política Por sua vez, ao agir nas capilaridades dos territórios e se confron-
de assistência social na realidade brasileira parte então da defesa de tar com a dinâmica do real, no campo das informações, essa política
um certo modo de olhar e quantificar a realidade, a partir de: inaugura uma outra perspectiva de análise ao tornar visíveis aqueles
- Uma visão social inovadora, dando continuidade ao inaugurado setores da sociedade brasileira tradicionalmente tidos como invisíveis
pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica da Assistência ou excluídos das estatísticas – população em situação de rua, adoles-
Social de 1993, pautada na dimensão ética de incluir “os invisíveis”, os centes em conflito com a lei, indígenas, quilombolas, idosos, pessoas
transformados em casos individuais, enquanto de fato são parte de com deficiência.
uma situação social coletiva; as diferenças e os diferentes, as dispari- Nessa direção, tendo como base informações do Censo Demográ-
dades e as desigualdades. fico de 2000 e da Síntese de Indicadores Sociais - 2003, elaborado a
- Uma visão social de proteção, o que supõe conhecer os riscos, partir das informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
as vulnerabilidades sociais a que estão sujeitos, bem como os recursos lios PNAD de 2002, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
com que conta para enfrentar tais situações com menor dano pessoal IBGE, bem como o Atlas de Desenvolvimento Humano 2002, e tendo
e social possível. Isto supõe conhecer os riscos e as possibilidades de a Política de Assistência Social assumido a centralidade sociofamiliar
enfrentá-los. no âmbito de suas ações, cabe reconhecer a dinâmica demográfica e
- Uma visão social capaz de captar as diferenças sociais, entenden- socioeconômica associadas aos processos de exclusão/inclusão social,
do que as circunstâncias e os requisitos sociais circundantes do indi- vulnerabilidade aos riscos pessoais e sociais em curso no Brasil, em
víduo e dele em sua família são determinantes para sua proteção e seus diferentes territórios.
autonomia. Isto exige confrontar a leitura macro social com a leitura Tendo em vista que normalmente essas informações permitem
micro social. no máximo o reconhecimento por Estado brasileiro, e considerando o
- Uma visão social capaz de entender que a população tem ne- fato de que o modelo de desigualdade socioterritorial do País se repro-
cessidades, mas também possibilidades ou capacidades que devem e duz na dinâmica das cidades, também se faz necessário um panorama
podem ser desenvolvidas. Assim, uma análise de situação não pode desses territórios, espaços privilegiados de intervenção da política de
ser só das ausências, mas também das presenças até mesmo como assistência social. Dessa forma, a presente análise situacional buscará
desejos em superar a situação atual. também compreender algumas características desse universo de mais
- Uma visão social capaz de identificar forças e não fragilidades de 5.500 cidades brasileiras.
que as diversas situações de vida possua. Os dados gerais do País permitem uma análise situacional global
e sugerem, ao mesmo tempo, a necessidade de confrontá-los com a
Tudo isso significa que a situação atual para a construção da polí- realidade que se passa no âmbito dos municípios brasileiros, conside-
tica pública de assistência social precisa levar em conta três vertentes rando pelo menos seus grandes grupos:
de proteção social: as pessoas, as suas circunstâncias e dentre elas seu - Municípios pequenos 1: com população até 20.000 habitantes
núcleo de apoio primeiro, isto é, a família. A proteção social exige a - Municípios pequenos 2: com população entre 20.001 a 50.000
capacidade de maior aproximação possível do cotidiano da vida das habitantes
pessoas, pois é nele que riscos, vulnerabilidades se constituem. - Municípios médios: com população entre 50.001 a 100.000 ha-
Sob esse princípio é necessário relacionar as pessoas e seus ter- bitantes
ritórios, no caso os municípios que, do ponto de vista federal, são a - Municípios grandes: com população entre 100.001 a 900.000
menor escala administrativa governamental. O município, por sua vez, habitantes
poderá ter territorialização intra-urbanas, já na condição de outra tota- - Metrópoles: com população superior a 900.000 habitantes
lidade que não é a nação. A unidade sociofamiliar, por sua vez, permite
o exame da realidade a partir das necessidades, mas também dos re- Aspectos Demográficos
cursos de cada núcleo/domicílio. A dinâmica populacional é um importante indicador para a política
O conhecimento existente sobre as demandas por proteção social de assistência social, pois ela está intimamente relacionada com o pro-
é genérico, pode medir e classificar as situações do ponto de vista na- cesso econômico estrutural de valorização do solo em todo território
cional, mas não explicá-las. Este objetivo deverá ser parte do alcance nacional, destacando-se a alta taxa de urbanização, especialmente nos
da política nacional em articulação com estudos e pesquisas. municípios de médio e grande porte e as metrópoles. Estes últimos
A nova concepção de assistência social como direito à proteção so- espaços urbanos passaram a ser produtores e reprodutores de um in-
cial, direito à seguridade social tem duplo efeito: o de suprir sob dado tenso processo de precarização das condições de vida e de viver, da
padrão pré-definido um recebimento e o de desenvolver capacidades presença crescente do desemprego e da informalidade, de violência,
para maior autonomia. Neste sentido ela é aliada ao desenvolvimento da fragilização dos vínculos sociais e familiares, ou seja, da produção e
humano e social e não tuteladora ou assistencialista, ou ainda, tão só reprodução da exclusão social, expondo famílias e indivíduos a situa-
provedora de necessidades ou vulnerabilidades sociais. O desenvolvi- ções de risco e vulnerabilidade.
mento depende também de capacidade de acesso, vale dizer da redis- A Política Nacional de Assistência Social prevê na caracterização
tribuição, ou melhor, distribuição dos acessos a bens e recursos, isto dos municípios brasileiros a presença das metrópoles, identificadas
implica incremento das capacidades de famílias e indivíduos. como as cidades com mais de 900 mil habitantes, que embora nume-
A Política Nacional de Assistência Social se configura necessaria- ricamente sejam contadas em apenas 15 cidades, sua população total
mente na perspectiva socioterritorial, tendo os mais de 5.500 muni- corresponde a 20% de toda população brasileira. São também em 20%
cípios brasileiros como suas referências privilegiadas de análise, pois o percentual dos que vivem no conjunto dos 4.020 municípios conside-
se trata de uma política pública, cujas intervenções se dão essencial- rados pequenos (com até 20.000 habitantes). Juntos, portanto, esses
mente nas capilaridades dos territórios. Essa característica peculiar da dois extremos representam 40% de toda população brasileira. Significa
política tem exigido cada vez mais um reconhecimento da dinâmica dizer, em outras palavras, que 40% da população encontra-se vivendo
que se processa no cotidiano das populações. em dois contextos totalmente diversos do ponto de vista da concen-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tração populacional, mas seus contextos apresentam situações de vulnerabilidades e riscos sociais igualmente alarmantes, justamente por apre-
sentarem territórios marcados pela quase total ausência ou precária presença do Estado. Os pequenos municípios expressam uma característica
dispersiva no território nacional e ainda com boa parte de sua população vivendo em áreas rurais (45% da população). E as metrópoles, pela
complexidade e alta desigualdade interna, privilegiando alguns poucos territórios em detrimento daqueles especialmente de áreas de fronteira
e proteção de mananciais.

População total - 2000


Todos os municípios do Brasil

Tabela 1
Classificação dos Municípios Segundo Total de Habitantes

Fonte: IBGE, 2000, Atlas do Desenvolvimento Humano, 2002. (*) Embora o número de municípios oficialmente divulgado pelo IBGE
seja 5.561, o Atlas do Desenvolvimento Humano trabalhou com um universo de 5.509 municípios por razões metodológicas.

Seguindo a análise demográfica por município, vale notar que embora a tendência de urbanização se verifique na média das regiões
brasileiras, a sua distribuição entre os municípios apresenta um comportamento diferenciado, considerando o porte populacional.
Além do fato de os municípios de porte pequeno 1 (até 20.000 habitantes) apresentarem ainda 45% de sua população vivendo em
áreas rurais, vale lembrar também que esses municípios representam 73% dos municípios brasileiros, ou seja, a grande maioria das cida-
des brasileiras caracteriza-se como de pequeno porte. Em contraponto, apenas 3% da população das metrópoles encontram-se em áreas
consideradas rurais, ficando 97% dos seus moradores na zona urbana. Essas nuances demográficas apontam a necessidade de os Centros
de Referência de Assistência Social considerarem as dinâmicas internas de cada tipo de município, face à natureza de sua concentração
populacional aliada às condições socioeconômicas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O crescimento relativo da população brasileira vem diminuindo desde a década de 70. A taxa de natalidade declinou de 1992 a 2002
de 22,8% para 21%, bem como a taxa de fecundidade total, que declinou de 2,7 para 2,4 filhos por mulher em período fértil (número médio
de filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil). A queda da fecundidade e natalidade tem provocado importantes transfor-
mações na composição etária da população brasileira, como estreitamento da base da pirâmide etária, com a redução do contingente de
crianças e adolescentes até 14 anos e o alargamento do topo, com o aumento da população idosa.
O Brasil apresenta um dos maiores índices de desigualdade do mundo, quaisquer que sejam as medidas utilizadas. Segundo o Instituto
de Pesquisas Aplicadas – IPEA, em 2002, os 50% mais pobres detinham 14,4% do rendimento e o 1% mais ricos, 13,5% do rendimento. A
questão central a ser considerada é que esse modelo de desigualdade do País ganha expressão concreta no cotidiano das cidades, cujos
territórios internos (bairros, distritos, áreas censitárias ou de planejamento) tendem a apresentar condições de vida também desiguais.
Porém, ainda considerando as medidas de pobreza (renda per capita inferior a ½ salário mínimo) e indigência (renda per capita inferior
a ¼ do salário mínimo) pelo conjunto dos municípios brasileiros, já é possível observar as diferenças de concentração da renda entre os
municípios, o que supõe a necessidade de conjugar os indicadores de renda a outros relativos às condições de vida de cada localidade.
Tabela 2
Concentração da Indigência nos Grupos de Municípios Classificados pela População – 2000

Tabela 3
Concentração da Pobreza nos Grupos de Municípios Classificados pela População – 2000

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nota-se que, em termos percentuais, os municípios pequenos concentram mais população em condição de pobreza e indigência do
que os municípios médios, grandes ou metrópoles. Do ponto de vista da concentração absoluta, as diferenças diminuem, mas os pequenos
municípios na sua totalidade terminam também concentrando mais essa população. Porém, considerando que essa população se distribui
nos mais de 4.000 municípios, termina ocorrendo uma dispersão da concentração, invertendo o grau de concentração da população em
pobreza e indigência, recaindo sobre os grandes municípios e as metrópoles.

A Família e Indivíduos
A família brasileira vem passando por transformações ao longo do tempo. Uma delas refere-se à pessoa de referência da família. Da
década passada até 2002 houve um crescimento de 30% da participação da mulher como pessoa de referência da família.
Em 1992, elas eram referência para aproximadamente 22% das famílias brasileiras, e em 2002, passaram a ser referência para próximo
de 29% das famílias. Esta tendência decrescimento ocorreu de forma diferente entre as regiões do País e foi mais acentuada nas regiões
metropolitanas. Em Salvador, 42,2% das famílias tinham na mulher sua referência.
Em Belém eram 39,8% e em Recife 37,1%. Entre as grandes regiões, o Norte apresentava a maior proporção de famílias com este perfil,
33,4%, e o Sul, a menor, 25,5%. Entre as Unidades Federadas, em um dos extremos estava o Amapá com 41,1% e, no outro, o Mato Grosso,
com 21,9% das famílias cuja pessoa de referência é a mulher. (Gráfico 1).

GRÁFICO 1
Proporção de Famílias com Pessoas de Referência do Sexo Feminino Brasil – 1992/2002

Fonte: IBGE - PNAD - 2002


Proteção Integral

Crianças, adolescentes e jovens


Entre as famílias brasileiras com crianças, 36,3% tinham rendimento per capita familiar de até 1/2 salário mínimo e 62,6% até 1 salário
mínimo. Entre as crianças de 7 a 14 anos de idade, faixa etária correspondente ao ensino fundamental, a desigualdade era menor entre
ricos e pobres. Entre as crianças de famílias mais pobres a taxa de escolarização era de 93,2% e, entre as mais ricas, de 99,7%. Por outro
ângulo de análise, morar em municípios com até 100.000 habitantes se tem mais chance de ter crianças de 7 a 14 anos fora da escola
(entre 7% e 8%) do que morar nos grandes municípios ou metrópoles, onde o percentual varia entre 2% e 4%.

Tabela 4
% de Crianças Fora da Escola de Acordo com a Classificação dos Municípios – 2000

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma variável considerada importante e que influenciaria a defasagem escolar seria o rendimento familiar per capita. Entre a popula-
ção com 25 anos ou mais, a média de anos de estudo dos mais pobres era, em 2002, de 3,4 anos e, entre os mais ricos, de 10,3 anos de
estudo. Por outro lado, tomando o tamanho dos municípios, a defasagem escolar também varia segundo o mesmo indicador, sendo maior
nos municípios pequenos, onde a média de anos de estudos fica em 4 anos, e nos de grande porte ou metrópoles essa média sobe para 6
a quase 8 anos de estudos. Ou seja, além da renda, o tamanho dos municípios também pode interferir no indicador de defasagem escolar.

Tabela 5
% de Crianças Fora da Escola de Acordo com a Classificação dos Municípios – 2000

Trabalho de crianças e adolescentes


Dos 5,4 milhões de crianças e adolescentes ocupados, em 2002, 41,8% estavam em atividades não remuneradas, 36,1% estavam
empregados, 9% eram trabalhadores domésticos, 6,7% trabalhavam por conta própria e apenas 0,1% eram empregadores. No Nordeste e
no Sul as crianças e adolescentes ocupados em atividades não remuneradas representavam o contingente maior, 56,5% e 47,5%, respec-
tivamente.
As crianças e adolescentes empregados representavam o maior contingente no Sudeste, Centro-Oeste e Norte, 54,6%, 50,9 e 38,6%,
respectivamente. O trabalho doméstico entre as crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade era mais frequente nas regiões Norte,
Centro-Oeste e Sudeste, com taxas acima da média nacional, 18,6%, 12,6% e 9,7%, respectivamente. No Estado de Roraima, em 2002,
25,1% das crianças e adolescentes ocupados eram trabalhadores domésticos. No Amapá eram 23,5% e no Pará 19,6%. Entre as Regiões
Metropolitanas, a de Belém se destaca com 22,6% de crianças e adolescentes trabalhadores domésticos.

GRÁFICO 2
Percentagem de Crianças e Adolescentes de 5 a 17 Anos de Idade Ocupadas,
Trabalhadores Domésticos, Segundo Unidades da Federação – 2002

Fonte: IBGE - PNAD – 2002

Gravidez na Adolescência
O comportamento reprodutivo das mulheres brasileiras vem mudando nos últimos anos, com aumento da participação das mulheres
mais jovens no padrão de fecundidade do País. Chama a atenção o aumento da proporção de mães com idades abaixo dos 20 anos. Este
aumento é verificado tanto na faixa de 15 a 19 anos de idade como na de 10 a 14 anos de idade da mãe. A gravidez na adolescência é
considerada de alto risco, com taxas elevadas de mortalidade materna e infantil.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tabela 6
Concentração de Mulheres de 15 a 17 Anos com Filhos – 2000

Do ponto de vista percentual, a distância entre os tamanhos dos municípios aparenta não ser significativa quanto à concentração de
adolescentes mães entre 15 a 17 anos no Brasil, variando entre 7% a 9% do total dessa faixa etária. Porém, em concentração absoluta
distribuída pelo total de municípios classificados pelo grupo populacional, o quadro é bem diferente, ficando 200 vezes maior a presença
de adolescentes mães nas metrópoles do que nos municípios pequenos. Já o segundo grupo de municípios pequenos (de 20.000 a 50.000
habitantes) apresenta quatro vezes mais adolescentes mães do que o primeiro grupo de municípios pequenos (até 20.000 habitantes).

Equidade

Idosos
Segundo a PNAD - 2002, a população idosa (pessoas com 60 ou mais anos de idade) era aproximadamente de 16 milhões de pessoas,
correspondendo a 9,3% da população brasileira. Considerando o aumento da expectativa de vida, as projeções apontam para uma popu-
lação de idosos, em 2020, de 25 milhões de pessoas, representando 11,4% da população total brasileira. Esse aumento considerável da
participação da população idosa produzirá importantes impactos e transformações nas políticas públicas, principalmente saúde, previdên-
cia e assistência social.
A distribuição da população com mais de 65 anos nos municípios brasileiros, apresenta uma média percentual equilibrada em torno
de 6%, não havendo discrepância sob esse ponto de vista entre os tamanhos dos municípios. Em termos absolutos, embora também
fiquem na totalidade em torno de 2 milhões de pessoas nos grupos dos municípios, quando se distribui essa concentração por unidade
municipal, a maior variação fica entre uma média de 545 idosos nos municípios pequenos até 149.000 idosos nas metrópoles.

Tabela 7
Concentração da População com Mais de 65 Anos nos Municípios – 2000

Em 2002, a maioria dos idosos brasileiros era de aposentados ou pensionistas, 77,7%. Muitos ainda trabalham, 30,4%, desempenhan-
do um papel importante para a manutenção da família. No Brasil, das pessoas com idade de 60 ou mais anos, 64,6% eram referências para
as famílias. Destes, 61,5% eram homens e 38,5% mulheres. Um dado preocupante refere-se ao tipo de família dos idosos. No Brasil, 12,1%
dos idosos faziam parte de famílias unipessoais, ou seja, moravam sozinhos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pessoas com Deficiência


Os dados aqui apresentados são baseados na publicação Retratos da Deficiência no Brasil, elaborado em 2003 pelo Centro de Políticas
Sociais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, com base nas informações do Censo Demográfico de 2000. Segun-
do este censo, o Brasil possuía, em 2000, aproximadamente 24,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, correspondendo a 14,48%
do total da população. A Região Nordeste possuía a maior porcentagem de deficientes, 16,8%. O Sudeste, a menor, 13,06% (Tabela 8).

Tabela 8
Estimativa da População com Algum Tipo de Deficiência, e Distribuição
Percentual por Grande Região – 2000

Diferentemente dos censos realizados anteriormente, o Censo Demográfico de 2000 elaborou um levantamento mais detalhado dos
universos das pessoas com deficiência, introduzindo graus diversos de severidade das deficiências, incluindo na análise pessoas com al-
guma dificuldade, grande dificuldade e incapacidade de ouvir, enxergar e andar, bem como as pessoas com limitações mentais e físicas.
Considerando as deficiências em geral, sua incidência está mais associada aos ciclos de vida, enquanto as incapacidades, as doenças
mentais, paraplegias e as mutilações estão mais relacionadas aos problemas de nascença, acidentes e violência urbana, mais prevalente
entre homens jovens.
Segundo o Censo Demográfico de 2000, 32,02% da população estava abaixo da linha de pobreza, ou seja, tinham rendimento familiar
per capita inferior a 1/2 salário mínimo. Entre as PPDs, 29,05% estavam abaixo da linha da pobreza. Preocupante era a situação das PPIs,
com 41,62% em situação de pobreza. Entre as PPDs a taxa de pobreza é inferior à da população total. Este resultado pode estar associado
à atuação do Estado, pela transferência de renda oriundas da assistência social e da previdência social.
Ainda na perspectiva da equidade, a política de assistência social atua com outros segmentos sujeitos a maiores graus de riscos sociais,
como a população em situação de rua, indígenas, quilombolas, adolescentes em conflito com a lei, os quais ainda não fazem parte de uma
visão de totalidade da sociedade brasileira. Tal ocultamento dificulta a construção de uma real perspectiva de sua presença no território
brasileiro, no sentido de subsidiar o direcionamento de metas das políticas públicas.

Investimento da Assistência Social na Esfera Pública


Com base nas informações disponibilizadas pelo Tesouro Nacional, considerando somente o financiamento público nas ações de as-
sistência social no Brasil, seguem os números agregados por entes federativos.
Em 2002, foram investidos R$ 9,9 bilhões de recursos públicos classificados na função orçamentária de código 08 – “Assistência Social”.
Destes, os Municípios participaram com R$ 3,1 bilhões, incluídos aqui R$ 1 bilhão que o Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS trans-
feriu para os Municípios. Os Estados e o Distrito Federal declararam gastos da ordem de R$ 2 bilhões, sendo que, destes, R$ 611 milhões
foram recursos recebidos do FNAS. O Governo Federal realizou uma execução orçamentária de R$ 6,5 bilhões com assistência social. Mas
como repassou R$ 1,6 bilhão aos Estados, ao Distrito Federal e Municípios, a União gastou diretamente R$ 4,9 bilhões na função 08.
Em 2003, foram investidos R$ 12,3 bilhões de recursos públicos classificados na mesma função orçamentária. Destes, os Municípios
participaram com R$ 3,6 bilhões, incluídos aqui R$ 1 bilhão repassado pelo FNAS. Os Estados e o Distrito Federal declararam ter gasto R$
2,2 bilhões, sendo que, destes, R$ 800 milhões foram recursos recebidos do FNAS. O Governo Federal executou R$ 8,4 bilhões, dos quais
gastou diretamente R$ 6,6 bilhões na função 08, tendo repassado R$ 1,8 bilhão a Estados, Distrito Federal e Municípios.
Portanto, em termos nominais, os Estados (incluindo o Distrito Federal) ampliaram em 10% as despesas com assistência social. Os
Municípios, por sua vez, elevaram em 16% seus gastos; e a União, desconsiderando as transferências, despendeu 35% a mais em 2003,
comparando-se com 2002. Quanto às transferências do FNAS, houve um crescimento de 11% de um ano para o outro.
A participação relativa dos entes federados nos gastos com assistência social em 2002 e 2003 variou da seguinte forma: a União am-
pliou sua participação de 49,3% para 53,6%; as Unidades da Federação reduziram de 19,7% para 17,5%; e os Municípios de 31% em 2002
para 28,9% em 2003.
A tabela e as representações gráficas a seguir se referem a essas informações:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tabela 9
Participação dos Entes nos Gastos com a Função Assistência Social – 2002/2003
(em R$ milhões)

Participação dos Entes nos Gastos com Assistência Social

Com relação ao co-financiamento das despesas com assistência social, observa-se que a participação da União (transferências do
FNAS) nas despesas municipais foi de 33,1% em 2002 e de 28,4% em 2003, em média. Nota-se que a participação dos recursos federais é
maior nos Municípios do Nordeste e menor nos Municípios dos Estados da Região Sudeste.
Já a participação da União no financiamento das despesas estaduais (incluindo-se o Distrito Federal) com assistência social foi, em
média, de 31,2% em 2002 e de 37,1% em 2003.
Deve-se ressaltar uma constatação, fruto da análise dos balanços orçamentários dos entes federados enviados à Secretaria do Tesouro
Nacional – STN, referente à discriminação das receitas orçamentárias: os entes federados devem declarar uma receita denominada “Trans-
ferências de Recursos do Fundo Nacional de Assistência Social”, entretanto, apenas cinco Estados registraram receitas dessa natureza em
2002 e 2003, apesar de a União ter repassado recursos para todas as Unidades da Federação. Esta discrepância também acontece quando
se analisa o balanço dos Municípios. Em 2002, de 4.825 Municípios que apresentaram as contas ao Tesouro Nacional, apenas 1.952 apon-
taram receitas dessa natureza, enquanto o FNAS transferiu recursos para 4.913 Municípios (88% dos Municípios brasileiros). Em 2003,
esse número foi de 4.856 (87% de todos os Municípios), mas somente 2.499 Municípios (dos 4.769 declarantes) registraram ter recebido
recursos do FNAS.
Se compararmos os gastos públicos com a função Assistência Social em relação ao Produto Interno Bruto – PIB medido a preços de
mercado pelo IBGE, notaremos uma ampliação significativa da participação. Em 2002, o PIB medido foi de R$ 1.346.028 milhão, dos quais
0,74% refere-se a essa área. Em 2003, o PIB alcançou R$ 1.514.924 milhão, sendo 0,81% relativo aos gastos dos governos com a política
de Assistência Social.
Quando se compara as despesas com Assistência Social em relação ao total gasto com a Seguridade Social, em cada esfera de governo,
que inclui os totais de despesas com Saúde, Previdência e Assistência Social, efetuada em cada âmbito, observa-se que nos Estados e Dis-
trito Federal, a média foi de 5,50% em 2002 e 5,38% em 2003. Entretanto, variou entre os Estados o Distrito Federal de 1,2% a 25,3%, em
2002, e de 0,75% a 34,9%, em 2003. Nos Municípios, agregados por Estados e Distrito Federal, a média foi de 10,86% em 2002 e 10,81%
em 2003.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

GRÁFICO 3
Participação Relativa das Despesas Estaduais com Assistência Social sobre Orçamento da Seguridade Social

Já no âmbito da União, a participação das despesas com Assistência Social na execução orçamentária da Seguridade Social, aumentou
de 3,7% para 4,1%, de 2002 para 2003. Em 2004, esse percentual deverá atingir o valor de 5%, que foi recomendado pelas últimas Confe-
rências Nacionais da Assistência Social, cabendo ressaltar que, para o Orçamento 2005, o Governo Federal propôs despesas que ultrapas-
sam um percentual de 6% do total da Seguridade Social.

Tabela 10
Participação Relativa das Despesas com Assistência Social na Execução Orçamentária dos Entes

O Benefício de Prestação Continuada e a Renda Mensal Vitalícia (benefício configurado como direito adquirido a ser mantido pela
assistência social até o momento de sua extinção) tem participação expressiva no total desses orçamentos, representando cerca de 88%
em 2004 e 87% em 2005.
Vale ressaltar que tais benefícios têm seu custeio praticamente mantido com receitas advindas da Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social – COFINS (que representa cerca de 90,28% do total do orçamento do Fundo Nacional de Assistência Social no exercício
de 2004). Outras fontes de financiamento compõem o orçamento desse fundo, a saber: Recursos Ordinários – 2,40%; Contribuições sobre
Concursos de Prognósticos – 0,03%; Alienação de Bens Apreendidos – 0,22%; Recursos Próprios – Receita de Aluguéis – 0,69%; Contribui-
ção Social sobre o Lucro Líquido das Pessoas Jurídicas – 0,01%; Outras Contribuições Sociais – 0,05% e Fundo de Combate e Erradicação
da Pobreza – 6,33%.
Com relação às despesas municipais com assistência social, em comparação com o total de seu orçamento, verifica-se que a grande
parte dos Municípios dos Estados do Sul e Sudeste gastam percentuais abaixo da média nacional, que foi de 3,04% em 2002 e 3,12% em
2003. Destacam-se Municípios de alguns Estados com despesas da ordem entre 5% a 7% de seus orçamentos nos dois anos pesquisados.
Ressaltam-se negativamente outros com despesas de 1,70% em 2002 e 1,72% em 2003.
A pesquisa Loas+10 também revela que os Estados e os Municípios majoritariamente alocam recursos próprios nas ações dessa po-
lítica, em conformidade com as informações acima disponibilizadas pelo Tesouro Nacional. Os resultados dessa pesquisa apontam que a
maioria dos Estados, Distrito Federal e Municípios tem recursos oriundos do orçamento próprio e do Fundo Nacional de Assistência Social,
apesar de não ser frequente o repasse dos recursos de seus orçamentos próprios para os respectivos fundos.
Entretanto, ainda que haja a alocação de recursos das três esferas de governo, constata-se descaracterização da concepção relativa ao
co-financiamento, à medida que muitos Fundos Municipais não recebem recursos das três esferas de governo.

A esfera estadual é a esfera governamental que menos repassa recursos e, até o momento, todos os recursos da esfera federal são
repassados para ações definidas nacionalmente.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Destaca-se também o fato da maior parte dos Estados, Distrito alimentação, ao vestuário e ao abrigo, próprios à vida humana em
Federal e Municípios assegurar em legislação e nas leis orçamentá- sociedade. A conquista da autonomia na provisão dessas necessi-
rias locais as fontes de financiamento, embora poucos estabelecem dades básicas é a orientação desta segurança da assistência social.
um percentual do orçamento a ser aplicado na assistência social. É possível, todavia, que alguns indivíduos não conquistem por toda
Quanto ao financiamento indireto, segundo dados da Receita a sua vida, ou por um período dela, a autonomia destas provisões
Federal e Previdência Social, dos R$ 2,4 bilhões correspondentes às básicas, por exemplo, pela idade – uma criança ou um idoso –, por
isenções anuais concedidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social alguma deficiência ou por uma restrição momentânea ou contínua
– INSS relativas ao pagamento da cota patronal dos encargos sociais da saúde física ou mental.
devidos a esse órgão e oportunizadas em razão da certificação com Outra situação que pode demandar acolhida, nos tempos
o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEAS, atuais, é a necessidade de separação da família ou da parentela por
51% são de instituições de educação. múltiplas situações, como violência familiar ou social, drogadição,
Interessante notar que as instituições de assistência social são alcoolismo, desemprego prolongado e criminalidade. Podem ocor-
em maior número que as de educação e saúde. rer também situações de desastre ou acidentes naturais, além da
profunda destituição e abandono que demandam tal provisão.
2. Política Pública de Assistência Social A segurança da vivência familiar ou a segurança do convívio é
De acordo com o artigo primeiro da LOAS, “a assistência social, uma das necessidades a ser preenchida pela política de assistên-
direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social cia social. Isto supõe a não aceitação de situações de reclusão, de
não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através situações de perda das relações. É próprio da natureza humana o
de um conjunto integrado de iniciativa pública e da sociedade, para comportamento gregário. É na relação que o ser cria sua identida-
garantir o atendimento às necessidades básicas”. de e reconhece a sua subjetividade. A dimensão societária da vida
A Constituição Federal de 1988 traz uma nova concepção para desenvolve potencialidades, subjetividades coletivas, construções
a Assistência Social brasileira. Incluída no âmbito da Seguridade So- culturais, políticas e, sobretudo, os processos civilizatórios. As bar-
cial e regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS reiras relacionais criadas por questões individuais, grupais, sociais
em dezembro de 1993, como política social pública, a assistência por discriminação ou múltiplas inaceitações ou intolerâncias estão
social inicia seu trânsito para um campo novo: o campo dos direi- no campo do convívio humano. A dimensão multicultural, interge-
tos, da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal. A racional, interterritoriais, intersubjetivas, entre outras, devem ser
LOAS cria uma nova matriz para a política de assistência social, inse- ressaltadas na perspectiva do direito ao convívio.
rindo-a no sistema do bem-estar social brasileiro concebido como Nesse sentido a Política Pública de Assistência Social marca sua
campo da Seguridade Social, configurando o triângulo juntamente especificidade no campo das políticas sociais, pois configura res-
com a saúde e a previdência social. ponsabilidades de Estado próprias a serem asseguradas aos cida-
A inserção na Seguridade Social aponta, também, para seu ca- dãos brasileiros.
ráter de política de Proteção Social articulada a outras políticas do Marcada pelo caráter civilizatório presente na consagração de
campo social, voltadas à garantia de direitos e de condições dignas direitos sociais, a LOAS exige que as provisões assistenciais sejam
de vida. Segundo Di Giovanni (1998:10), entende-se por Proteção prioritariamente pensadas no âmbito das garantias de cidadania
Social as formas “institucionalizadas que as sociedades constituem sob vigilância do Estado, cabendo a este a universalização da co-
para proteger parte ou o conjunto de seus membros. Tais sistemas bertura e a garantia de direitos e acesso para serviços, programas e
decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social, tais como projetos sob sua responsabilidade.
a velhice, a doença, o infortúnio, as privações. (...) Neste conceito,
também, tanto as formas seletivas de distribuição e redistribuição 2.1. Princípios
de bens materiais (como a comida e o dinheiro), quanto os bens Em consonância com o disposto na LOAS, capítulo II, seção I,
culturais (como os saberes), que permitirão a sobrevivência e a in- artigo 4º, a Política Nacional de Assistência Social rege-se pelos se-
tegração, sob várias formas na vida social. Ainda, os princípios regu- guintes princípios democráticos:
ladores e as normas que, com intuito de proteção, fazem parte da I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre
vida das coletividades”. Desse modo, a assistência social configura- as exigências de rentabilidade econômica;
-se como possibilidade de reconhecimento público da legitimidade II – Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o des-
das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu pro- tinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas pú-
tagonismo. blicas;
A proteção social deve garantir as seguintes seguranças: segu- III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao
rança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de acolhi- seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à con-
da; de convívio ou vivência familiar. vivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação
A segurança de rendimentos não é uma compensação do valor vexatória de necessidade;
do salário mínimo inadequado, mas a garantia de que todos tenham IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem dis-
uma forma monetária de garantir sua sobrevivência, independente- criminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às po-
mente de suas limitações para o trabalho ou do desemprego. pulações urbanas e rurais;
É o caso de pessoas com deficiência, idosos, desempregados, V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e
famílias numerosas, famílias desprovidas das condições básicas projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Po-
para sua reprodução social em padrão digno e cidadã. der Público e dos critérios para sua concessão.
Por segurança da acolhida, entende-se como uma das seguran-
ças primordiais da política de assistência social. Ela opera com a
provisão de necessidades humanas que começa com os direitos à
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2.2. Diretrizes Prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos


A organização da Assistência Social tem as seguintes diretrizes, locais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de
baseadas na Constituição Federal de 1988 e na LOAS: indivíduos, conforme identificação da situação de vulnerabilidade
I - Descentralização político-administrativa, cabendo a coorde- apresentada. Deverão incluir as pessoas com deficiência e ser orga-
nação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execu- nizados em rede, de modo a inseri-las nas diversas ações ofertadas.
ção dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem Os benefícios, tanto de prestação continuada como os eventuais,
como a entidades beneficentes e de assistência social, garantindo o compõem a proteção social básica, dada a natureza de sua reali-
comando único das ações em cada esfera de governo, respeitando- zação.
-se as diferenças e as características socioterritoriais locais; Os programas e projetos são executados pelas três instâncias
II – Participação da população, por meio de organizações repre- de governo e devem ser articulados dentro do SUAS. Vale destacar
sentativas, na formulação das políticas e no controle das ações em o Programa de Atenção Integral à Família – PAIF que, pactuado e as-
todos os níveis; sumido pelas diferentes esferas de governo, surtiu efeitos concretos
III – Primazia da responsabilidade do Estado na condução da na sociedade brasileira.
Política de Assistência Social em cada esfera de governo;
IV – Centralidade na família para concepção e implementação O BPC constitui uma garantia de renda básica, no valor de um
dos benefícios, serviços, programas e projetos. salário mínimo, tendo sido um direito estabelecido diretamente na
Constituição Federal e posteriormente regulamentado a partir da
2.3. Objetivos LOAS, dirigido às pessoas com deficiência e aos idosos a partir de 65
A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma in- anos de idade, observado, para acesso, o critério de renda previsto
tegrada às políticas setoriais, considerando as desigualdades so- na Lei. Tal direito à renda se constituiu como efetiva provisão que
cioterritoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos traduziu o princípio da certeza na assistência social, como política
sociais, ao provimento de condições para atender contingências so- não contributiva de responsabilidade do Estado. Trata-se de presta-
ciais e à universalização dos direitos sociais. Sob essa perspectiva, ção direta de competência do Governo Federal, presente em todos
objetiva: os Municípios.
- Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção O aperfeiçoamento da Política Nacional de Assistência Social
social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que compreenderá alterações já iniciadas no BPC que objetivam apri-
deles necessitarem. morar as questões de acesso à concessão, visando uma melhor e
- Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos mais adequada regulação que reduza ou elimine o grau de arbi-
específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassisten- trariedade hoje existente e que garanta a sua universalização. Tais
ciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural. alterações passam a assumir o real comando de sua gestão pela
- Assegurar que as ações no âmbito da assistência social te- assistência social.
nham centralidade na família, e que garantam a convivência fami- Outro desafio é pautar a questão da autonomia do usuário no
liar e comunitária. usufruto do benefício, visando enfrentar problemas como a ques-
tão de sua apropriação pelas entidades privadas de abrigo, em se
2.4. Usuários tratando de uma política não contributiva. Tais problemas somente
Constitui o público usuário da Política de Assistência Social, ci- serão enfrentados com um sistema de controle e avaliação que in-
dadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade clua necessariamente Estados, Distrito Federal, Municípios, conse-
e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade lhos de assistência social e o Ministério Público.
de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos Nestes termos, o BPC não deve ser tratado como o responsável
de vida; identidades estigmatizadas em termos étnico, cultural e pelo grande volume de gasto ou como o dificultador da ampliação
sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão do financiamento da assistência social. Deve ser assumido de fato
pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de pela assistência social, sendo conhecido e tratado pela sua signifi-
substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda do cativa cobertura, 2,5 milhões de pessoas, pela magnitude do inves-
núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não in- timento social, cerca de R$ 8 bilhões, pelo seu impacto econômico
serção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e al- e social e por retirar as pessoas do patamar da indigência. O BPC é
ternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar processador de inclusão dentro de um patamar civilizatório que dá
risco pessoal e social. ao Brasil um lugar significativo em relação aos demais países que
possuem programas de renda básica, principalmente na América
2.5. Assistência Social e as Proteções Afiançadas Latina. Trata-se de uma garantia de renda que dá materialidade ao
princípio da certeza e do direito à assistência social.
2.5.1. Proteção Social Básica Os benefícios eventuais foram tratados no artigo 22 da LOAS.
A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações Podemos traduzi-los como provisões gratuitas implementadas em
de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisi- espécie ou em pecúnia que visam cobrir determinadas necessida-
ções, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Des- des temporárias em razão de contingências, relativas a situações
tina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social de vulnerabilidades temporárias, em geral relacionadas ao ciclo de
decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou vida, a situações de desvantagem pessoal ou a ocorrências de incer-
nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização tezas que representam perdas e danos.
de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (dis-
criminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre
outras).
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Hoje os benefícios eventuais são ofertados em todos os Mu- Realiza, ainda, sob orientação do gestor municipal de Assistên-
nicípios, em geral com recursos próprios ou da esfera estadual e cia Social, o mapeamento e a organização da rede socioassistencial
do Distrito Federal, sendo necessária sua regulamentação mediante de proteção básica e promove a inserção das famílias nos serviços
definição de critérios e prazos em âmbito nacional. de assistência social local. Promove também o encaminhamento
Os serviços, programas, projetos e benefícios de proteção so- da população local para as demais políticas públicas e sociais, pos-
cial básica deverão se articular com as demais políticas públicas lo- sibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais que visem a
cais, de forma a garantir a sustentabilidade das ações desenvolvidas sustentabilidade, de forma a romper com o ciclo de reprodução
e o protagonismo das famílias e indivíduos atendidos, de forma a intergeracional do processo de exclusão social, e evitar que estas
superar as condições de vulnerabilidade e a prevenir as situações famílias e indivíduos tenham seus direitos violados, recaindo em si-
que indicam risco potencial. Deverão, ainda, se articular aos servi- tuações de vulnerabilidades e riscos.
ços de proteção especial, garantindo a efetivação dos encaminha- São considerados serviços de proteção básica de assistência
mentos necessários. social aqueles que potencializam a família como unidade de refe-
Os serviços de proteção social básica serão executados de for- rência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidarie-
ma direta nos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS dade, através do protagonismo de seus membros e da oferta de um
e em outras unidades básicas e públicas de assistência social, bem conjunto de serviços locais que visam a convivência, a socialização
como de forma indireta nas entidades e organizações de assistência e o acolhimento, em famílias cujos vínculos familiar e comunitário
social da área de abrangência dos CRAS. não foram rompidos, bem como a promoção da integração ao mer-
cado de trabalho, tais como:
Centro de Referência da Assistência Social e os Serviços de - Programa de Atenção Integral às Famílias.
Proteção Básica - Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento
O Centro de Referência da Assistência Social – CRAS é uma uni- da pobreza.
dade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de vul- - Centros de Convivência para Idosos.
nerabilidade social, que abrange um total de até 1.000 famílias/ano. - Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortaleci-
Executa serviços de proteção social básica, organiza e coordena a mento dos vínculos familiares, o direito de brincar, ações de socia-
rede de serviços socioassistenciais locais da política de assistência lização e de sensibilização para a defesa dos direitos das crianças.
social. - Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens
O CRAS atua com famílias e indivíduos em seu contexto comu- na faixa etária de 6 a 24 anos, visando sua proteção, socialização e o
nitário, visando a orientação e o convívio sociofamiliar e comunitá- fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
rio. Neste sentido é responsável pela oferta do Programa de Aten- - Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, e de fortale-
ção Integral às Famílias. Na proteção básica, o trabalho com famílias cimento dos vínculos familiares e comunitários.
deve considerar novas referências para a compreensão dos diferen- - Centros de informação e de educação para o trabalho, volta-
tes arranjos familiares, superando o reconhecimento de um modelo dos para jovens e adultos.
único baseado na família nuclear, e partindo do suposto de que são
funções básicas das famílias: prover a proteção e a socialização dos 2.5.2. Proteção Social Especial
seus membros; constituir-se como referências morais, de vínculos Além de privações e diferenciais de acesso a bens e serviços,
afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser mediadora das a pobreza associada à desigualdade social e a perversa concentra-
relações dos seus membros com outras instituições sociais e com ção de renda, revela-se numa dimensão mais complexa: a exclu-
o Estado. são social. O termo exclusão social confunde-se, comumente, com
O grupo familiar pode ou não se mostrar capaz de desempe- desigualdade, miséria, indigência, pobreza (relativa ou absoluta),
nhar suas funções básicas. O importante é notar que esta capaci- apartação social, dentre outras. Naturalmente existem diferenças
dade resulta não de uma forma ideal e sim de sua relação com a e semelhanças entre alguns desses conceitos, embora não exista
sociedade, sua organização interna, seu universo de valores, entre consenso entre os diversos autores que se dedicam ao tema. Entre-
outros fatores, enfim, do estatuto mesmo da família como grupo tanto, diferentemente de pobreza, miséria, desigualdade e indigên-
cidadão. Em consequência, qualquer forma de atenção e, ou, de cia, que são situações, a exclusão social é um processo que pode
intervenção no grupo familiar precisa levar em conta sua singulari- levar ao acirramento da desigualdade e da pobreza e, enquanto tal,
dade, sua vulnerabilidade no contexto social, além de seus recursos apresenta-se heterogênea no tempo e no espaço.
simbólicos e afetivos, bem como sua disponibilidade para se trans- A realidade brasileira nos mostra que existem famílias com as
formar e dar conta de suas atribuições. mais diversas situações socioeconômicas que induzem à violação
Além de ser responsável pelo desenvolvimento do Programa de dos direitos de seus membros, em especial, de suas crianças, ado-
Atenção Integral às Famílias – com referência territorializada, que lescentes, jovens, idosos e pessoas com deficiência, além da gera-
valorize as heterogeneidades, as particularidades de cada grupo fa- ção de outros fenômenos como, por exemplo, pessoas em situação
miliar, a diversidade de culturas e que promova o fortalecimento de rua, migrantes, idosos abandonados que estão nesta condição
dos vínculos familiares e comunitários –, a equipe do CRAS deve não pela ausência de renda, mas por outras variáveis da exclusão
prestar informação e orientação para a população de sua área de social. Percebe-se que estas situações se agravam justamente nas
abrangência, bem como se articular com a rede de proteção social parcelas da população onde há maiores índices de desemprego e
local no que se refere aos direitos de cidadania, mantendo ativo um de baixa renda dos adultos.
serviço de vigilância da exclusão social na produção, sistematização As dificuldades em cumprir com funções de proteção básica,
e divulgação de indicadores da área de abrangência do CRAS, em socialização e mediação, fragilizam, também, a identidade do gru-
conexão com outros territórios. po familiar, tornando mais vulneráveis seus vínculos simbólicos e
afetivos. A vida dessas famílias não é regida apenas pela pressão
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos fatores socioeconômicos e necessidade de sobrevivência. Elas Proteção Social Especial de Média Complexidade
precisam ser compreendidas em seu contexto cultural, inclusive ao São considerados serviços de média complexidade aqueles que
se tratar da análise das origens e dos resultados de sua situação de oferecem atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos
risco e de suas dificuldades de auto-organização e de participação violados, mas cujos vínculos familiar e comunitário não foram rom-
social. pidos. Neste sentido, requerem maior estruturação técnico-ope-
Assim, as linhas de atuação com as famílias em situação de ris- racional e atenção especializada e mais individualizada, e, ou, de
co devem abranger desde o provimento de seu acesso a serviços de acompanhamento sistemático e monitorado, tais como:
apoio e sobrevivência, até sua inclusão em redes sociais de atendi- - Serviço de orientação e apoio sociofamiliar.
mento e de solidariedade. - Plantão Social.
As situações de risco demandarão intervenções em problemas - Abordagem de Rua.
específicos e, ou, abrangentes. Nesse sentido, é preciso desenca- - Cuidado no Domicílio.
dear estratégias de atenção sociofamiliar que visem a reestrutura- - Serviço de Habilitação e Reabilitação na comunidade das pes-
ção do grupo familiar e a elaboração de novas referências morais e soas com deficiência.
afetivas, no sentido de fortalecê-lo para o exercício de suas funções - Medidas socioeducativas em meio-aberto (Prestação de Ser-
de proteção básica ao lado de sua auto-organização e conquista de viços à Comunidade – PSC e Liberdade Assistida – LA).
autonomia. Longe de significar um retorno à visão tradicional, e
considerando a família como uma instituição em transformação, a A proteção especial de média complexidade envolve também
ética da atenção da proteção especial pressupõe o respeito à cida- o Centro de Referência Especializado da Assistência Social, visando
dania, o reconhecimento do grupo familiar como referência afetiva a orientação e o convívio sociofamiliar e comunitário. Difere-se da
e moral e a reestruturação das redes de reciprocidade social. proteção básica por se tratar de um atendimento dirigido às situa-
A ênfase da proteção social especial deve priorizar a reestru- ções de violação de direitos.
turação dos serviços de abrigamento dos indivíduos que, por uma
série de fatores, não contam mais com a proteção e o cuidado de Proteção Social Especial de Alta Complexidade
suas famílias, para as novas modalidades de atendimento. A histó- Os serviços de proteção social especial de alta complexidade
ria dos abrigos e asilos é antiga no Brasil. A colocação de crianças, são aqueles que garantem proteção integral – moradia, alimenta-
adolescentes, pessoas com deficiência e idosos em instituições para ção, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos
protegê-los ou afastá-los do convívio social e familiar foi, durante que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça,
muito tempo, materializada em grandes instituições de longa per- necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitá-
manência, ou seja, espaços que atendiam a um grande número de rio. Tais como:
pessoas, que lá permaneciam por longo período – às vezes a vida - Atendimento Integral Institucional.
toda. São os chamados, popularmente, como orfanatos, internatos, - Casa Lar.
educandários, asilos, entre outros. - República.
São destinados, por exemplo, às crianças, aos adolescentes, - Casa de Passagem.
aos jovens, aos idosos, às pessoas com deficiência e às pessoas em - Albergue.
situação de rua que tiverem seus direitos violados e, ou, ameaçados - Família Substituta.
e cuja convivência com a família de origem seja considerada prejudi- - Família Acolhedora.
cial a sua proteção e ao seu desenvolvimento. No caso da proteção - Medidas socioeducativas restritivas e privativas de liberdade
social especial, à população em situação de rua serão priorizados os (semiliberdade, internação provisória e sentenciada).
serviços que possibilitem a organização de um novo projeto de vida, - Trabalho protegido.
visando criar condições para adquirirem referências na sociedade
brasileira, enquanto sujeitos de direito. 3. Gestão da Política Nacional de Assistência Social na Pers-
A proteção social especial é a modalidade de atendimento as- pectiva do Sistema Único de Assistência Social - SUAS
sistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em si-
tuação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus 3.1. Conceito e Base de Organização do Sistema Único de As-
tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psi- sistência Social – SUAS
coativas, cumprimento de medidas sócio-educativas, situação de O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participa-
rua, situação de trabalho infantil, entre outras. tivo, constitui-se na regulação e organização em todo o território
São serviços que requerem acompanhamento individual e nacional das ações socioassistenciais. Os serviços, programas, pro-
maior flexibilidade nas soluções protetivas. Da mesma forma, com- jetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias,
portam encaminhamentos monitorados, apoios e processos que seus membros e indivíduos e o território como base de organização,
assegurem qualidade na atenção protetiva e efetividade na reinser- que passam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo
ção almejada. número de pessoas que deles necessitam e pela sua complexida-
Os serviços de proteção especial têm estreita interface com o de. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, co-financiamento da
sistema de garantia de direito exigindo, muitas vezes, uma gestão política pelas três esferas de governo e definição clara das compe-
mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério tências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e Muni-
Público e outros órgãos e ações do Executivo. cípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes
Vale destacar programas que, pactuados e assumidos pelos três têm o papel efetivo na sua implantação e implementação.
entes federados, surtiram efeitos concretos na sociedade brasileira, O SUAS materializa o conteúdo da LOAS, cumprindo no tempo históri-
como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI e o Pro- co dessa política as exigências para a realização dos objetivos e resultados
grama de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. esperados que devem consagrar direitos de cidadania e inclusão social.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Segundo Aldaíza Sposati, “Trata das condições para a extensão a oferta de condições materiais de abrigo, repouso, alimentação,
e universalização da proteção social aos brasileiros através da polí- higienização, vestuário e aquisições pessoais desenvolvidas através
tica de assistência social e para a organização, responsabilidade e de acesso às ações socio-educativas.
funcionamento de seus serviços e benefícios nas três instâncias de
gestão governamental.” • Defesa Social e Institucional: a proteção básica e a especial
devem ser organizadas de forma a garantir aos seus usuários o aces-
O SUAS define e organiza os elementos essenciais e imprescin- so ao conhecimento dos direitos socioassistenciais e sua defesa.
díveis à execução da política de assistência social possibilitando a São direitos socioassistenciais a serem assegurados na operação do
normatização dos padrões nos serviços, qualidade no atendimento, SUAS a seus usuários:
indicadores de avaliação e resultado, nomenclatura dos serviços e • Direito ao atendimento digno, atencioso e respeitoso, ausen-
da rede sócio-assistencial e, ainda, os eixos estruturantes e de sub- te de procedimentos vexatórios e coercitivos.
sistemas conforme aqui descritos: • Direito ao tempo, de modo a acessar a rede de serviço com
- Matricialidade Sociofamiliar. reduzida espera e de acordo com a necessidade.
- Descentralização político-administrativa e Territorialização. • Direito à informação, enquanto direito primário do cidadão,
- Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil. sobretudo àqueles com vivência de barreiras culturais, de leitura,
- Financiamento. de limitações físicas.
- Controle Social. • Direito do usuário ao protagonismo e manifestação de seus
- O desafio da participação popular/cidadão usuário. interesses.
- A Política de Recursos Humanos. • Direito do usuário à oferta qualificada de serviço.
- A Informação, o Monitoramento e a Avaliação. • Direito de convivência familiar e comunitária.

Os serviços socioassistenciais no SUAS são organizados segun- O processo de gestão do SUAS prevê as seguintes bases orga-
do as seguintes referências: vigilância social, proteção social e defe- nizacionais:
sa social e institucional:
• Vigilância Social: refere-se à produção, sistematização de 3.1.1. Matricialidade Sócio-familiar
informações, indicadores e índices territorializados das situações As reconfigurações dos espaços públicos, em termos dos di-
de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre fa- reitos sociais assegurados pelo Estado Democrático de um lado e,
mílias/pessoas nos diferentes ciclos da vida (crianças, adolescen- por outro, dos constrangimentos provenientes da crise econômica
tes, jovens, adultos e idosos); pessoas com redução da capacidade e do mundo do trabalho, determinaram transformações fundamen-
pessoal, com deficiência ou em abandono; crianças e adultos víti- tais na esfera privada, resignificando as formas de composição e o
mas de formas de exploração, de violência e de ameaças; vítimas papel das famílias. Por reconhecer as fortes pressões que os pro-
de preconceito por etnia, gênero e opção pessoal; vítimas de apar- cessos de exclusão sociocultural geram sobre as famílias brasileiras,
tação social que lhes impossibilite sua autonomia e integridade, acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se primordial sua
fragilizando sua existência; vigilância sobre os padrões de serviços centralidade no âmbito das ações da política de assistência social,
de assistência social em especial aqueles que operam na forma de como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socializa-
albergues, abrigos, residências, semi-residências, moradias provi- ção primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que
sórias para os diversos segmentos etários. Os indicadores a serem precisa também ser cuidada e protegida. Essa correta percepção
construídos devem mensurar no território as situações de riscos so- é condizente com a tradução da família na condição de sujeito de
ciais e violação de direitos. direitos, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, o Es-
tatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência
• Proteção Social: Social e o Estatuto do Idoso.
• segurança de sobrevivência ou de rendimento e de autono- A família, independentemente dos formatos ou modelos que
mia: através de benefícios continuados e eventuais que assegurem: assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletivida-
proteção social básica a idosos e pessoas com deficiência sem fonte de, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público
de renda e sustento; pessoas e famílias vítimas de calamidades e e o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de
emergências; situações de forte fragilidade pessoal e familiar, em vida.
especial às mulheres chefes de família e seus filhos. Todavia, não se pode desconsiderar que ela se caracteriza como
• segurança de convívio ou vivência familiar: através de ações, um espaço contraditório, cuja dinâmica cotidiana de convivência é
cuidados e serviços que restabeleçam vínculos pessoais, familiares, marcada por conflitos e geralmente, também, por desigualdades,
de vizinhança, de segmento social, mediante a oferta de experiên- além de que nas sociedades capitalistas a família é fundamental no
cias socioeducativas, lúdicas, socioculturais, desenvolvidas em rede âmbito da proteção social.
de núcleos socioeducativos e de convivência para os diversos ciclos Em segundo lugar, é preponderante retomar que as novas fei-
de vida, suas características e necessidades. ções da família estão intrínseca e dialeticamente condicionadas às
• segurança de acolhida: através de ações, cuidados, serviços e transformações societárias contemporâneas, ou seja, às transfor-
projetos operados em rede com unidade de porta de entrada desti- mações econômicas e sociais, de hábitos e costumes e ao avanço
nada a proteger e recuperar as situações de abandono e isolamen- da ciência e da tecnologia. O novo cenário tem remetido à discus-
to de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, restaurando são do que seja a família, uma vez que as três dimensões clássi-
sua autonomia, capacidade de convívio e protagonismo mediante cas de sua definição (sexualidade, procriação e convivência) já não
têm o mesmo grau de imbricamento que se acreditava outrora.
Nesta perspectiva, podemos dizer que estamos diante de uma fa-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mília quando encontramos um conjunto de pessoas que se acham famílias, na medida em que estas são, muitas vezes, movidas por
unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade. hierarquias consolidadas e por uma solidariedade coativa que re-
Como resultado das modificações acima mencionadas, superou-se dundam em desigualdades e opressões. Sendo assim, a política de
a referência de tempo e de lugar para a compreensão do conceito Assistência Social possui papel fundamental no processo de eman-
de família. cipação destas, enquanto sujeito coletivo.
O reconhecimento da importância da família no contexto da Postula-se, inclusive, uma interpretação mais ampla do estabe-
vida social está explícito no artigo 226, da Constituição Federal do lecido na legislação, no sentido de reconhecer que a concessão de
Brasil, quando declara que a: “família, base da sociedade, tem es- benefícios está condicionada à impossibilidade não só do beneficiá-
pecial proteção do Estado”, endossando, assim, o artigo 16, da De- rio em prover sua manutenção, mas também de sua família. Dentro
claração dos Direitos Humanos, que traduz a família como sendo do princípio da universalidade, portanto, objetiva-se a manutenção
o núcleo natural e fundamental da sociedade, e com direito à pro- e a extensão de direitos, em sintonia com as demandas e necessi-
teção da sociedade e do Estado. No Brasil, tal reconhecimento se dades particulares expressas pelas famílias.
reafirma nas legislações específicas da Assistência Social – Estatuto Nessa ótica, a centralidade da família com vistas à superação
da Criança e do Adolescente – ECA, Estatuto do Idoso e na própria da focalização, tanto relacionada a situações de risco como a de
Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, entre outras. segmentos, sustenta-se a partir da perspectiva postulada. Ou seja,
Embora haja o reconhecimento explícito sobre a importância a centralidade da família é garantida à medida que na Assistência
da família na vida social e, portanto, merecedora da proteção do Social, com base em indicadores das necessidades familiares, se de-
Estado, tal proteção tem sido cada vez mais discutida, na medida senvolva uma política de cunho universalista, que em conjunto com
em que a realidade tem dado sinais cada vez mais evidentes de pro- as transferências de renda em patamares aceitáveis se desenvolva,
cessos de penalização e desproteção das famílias brasileiras. Nesse prioritariamente, em redes socioassistenciais que suportem as ta-
contexto, a matricialidade sociofamiliar passa a ter papel de des- refas cotidianas de cuidado e que valorizem a convivência familiar
taque no âmbito da Política Nacional de Assistência Social – PNAS. e comunitária.
Esta ênfase está ancorada na premissa de que a centralidade da Além disso, a Assistência Social, enquanto política pública que
família e a superação da focalização, no âmbito da política de As- compõe o tripé da Seguridade Social, e considerando as caracte-
sistência Social, repousam no pressuposto de que para a família rísticas da população atendida por ela, deve fundamentalmente
prevenir, proteger, promover e incluir seus membros é necessário, inserir-se na articulação intersetorial com outras políticas sociais,
em primeiro lugar, garantir condições de sustentabilidade para tal. particularmente, as públicas de Saúde, Educação, Cultura, Esporte,
Nesse sentido, a formulação da política de Assistência Social é pau- Emprego, Habitação, entre outras, para que as ações não sejam
tada nas necessidades das famílias, seus membros e dos indivíduos. fragmentadas e se mantenha o acesso e a qualidade dos serviços
Essa postulação se orienta pelo reconhecimento da realidade para todas as famílias e indivíduos.
que temos hoje através de estudos e análises das mais diferentes A efetivação da política de Assistência Social, caracterizada
áreas e tendências. Pesquisas sobre população e condições de vida pela complexidade e contraditoriedade que cerca as relações intra-
nos informam que as transformações ocorridas na sociedade con- familiares e as relações da família com outras esferas da sociedade,
temporânea, relacionadas à ordem econômica, à organização do especialmente o Estado, colocam desafios tanto em relação a sua
trabalho, à revolução na área da reprodução humana, à mudança proposição e formulação quanto a sua execução.
de valores e à liberalização dos hábitos e dos costumes, bem como Os serviços de proteção social, básica e especial, voltados para
ao fortalecimento da lógica individualista em termos societários, re- a atenção às famílias deverão ser prestados, preferencialmente, em
dundaram em mudanças radicais na organização das famílias. Den- unidades próprias dos Municípios, através dos Centros de Referên-
tre essas mudanças pode-se observar um enxugamento dos grupos cia da Assistência Social básico e especializado. Os serviços, pro-
familiares (famílias menores), uma variedade de arranjos familiares gramas, projetos de atenção às famílias e indivíduos poderão ser
(monoparentais, reconstituídas), além dos processos de empobre- executados em parceria com as entidades não-governamentais de
cimento acelerado e da desterritorialização das famílias gerada pe- assistência social, integrando a rede socioassistencial.
los movimentos migratórios.
Essas transformações, que envolvem aspectos positivos e ne- 3.1.2. Descentralização Político-Administrativa e Territoriali-
gativos, desencadearam um processo de fragilização dos vínculos zação
familiares e comunitários e tornaram as famílias mais vulneráveis. A No campo da assistência social, o artigo 6º, da LOAS, dispõe
vulnerabilidade à pobreza está relacionada não apenas aos fatores que as ações na área são organizadas em sistema descentralizado
da conjuntura econômica e das qualificações específicas dos indiví- e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assis-
duos, mas também às tipologias ou arranjos familiares e aos ciclos tência social, articulando meios, esforços e recursos, e por um con-
de vida das famílias. Portanto, as condições de vida de cada indiví- junto de instâncias deliberativas, compostas pelos diversos setores
duo dependem menos de sua situação específica que daquela que envolvidos na área. O artigo 8º estabelece que a União, os Estados,
caracteriza sua família. No entanto, percebe-se que na sociedade o Distrito Federal e os Municípios, observados os princípios e dire-
brasileira, dada as desigualdades características de sua estrutura trizes estabelecidas nesta Lei, fixarão suas respectivas políticas de
social, o grau de vulnerabilidade vem aumentando e com isso au- assistência social.
menta a exigência das famílias desenvolverem complexas estraté- A política de assistência social tem sua expressão em cada nível
gias de relações entre seus membros para sobreviverem. da Federação na condição de comando único, na efetiva implan-
Assim, essa perspectiva de análise, reforça a importância da tação e funcionamento de um Conselho de composição paritária
política de Assistência Social no conjunto protetivo da Seguridade entre sociedade civil e governo, do Fundo, que centraliza os recur-
Social, como direito de cidadania, articulada à lógica da universali- sos na área, controlado pelo órgão gestor e fiscalizado pelo Conse-
dade. Além disso, há que considerar a diversidade sociocultural das lho, do Plano de Assistência Social que expressa a política e suas
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

inter-relações com as demais políticas setoriais e ainda com a rede Dessa forma, uma maior descentralização, que recorte regiões
socioassistencial. Portanto, Conselho, Plano e Fundo são os elemen- homogêneas, costuma ser pré-requisito para ações integradas na
tos fundamentais de gestão da Política Pública de Assistência Social. perspectiva da intersetorialidade.
O artigo 11º da LOAS coloca, ainda, que as ações das três es- Descentralização efetiva com transferência de poder de deci-
feras de governo na área da assistência social realizam-se de forma são, de competências e de recursos, e com autonomia das admi-
articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera Fe- nistrações dos microespaços na elaboração de diagnósticos sociais,
deral e a coordenação e execução dos programas, em suas respecti- diretrizes, metodologias, formulação, implementação, execução,
vas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. monitoramento, avaliação e sistema de informação das ações defi-
Dessa forma, cabe a cada esfera de governo, em seu âmbito nidas, com garantias de canais de participação local. Pois, esse pro-
de atuação, respeitando os princípios e diretrizes estabelecidos na cesso ganha consistência quando a população assume papel ativo
Política Nacional de Assistência Social, coordenar, formular e co- na reestruturação.
-financiar, além de monitorar, avaliar, capacitar e sistematizar as Para Menicucci (2002), “a proposta de planejamento e inter-
informações. Considerando a alta densidade populacional do País venções intersetoriais envolve mudanças nas instituições sociais e
e, ao mesmo tempo, seu alto grau de heterogeneidade e desigual- suas práticas”. Significa alterar a forma de articulação das ações em
dade socioterritorial presentes entre os seus 5.561 Municípios, a segmentos, privilegiando a universalização da proteção social em
vertente territorial faz-se urgente e necessária na Política Nacional prejuízo da setorialização e da autonomização nos processos de
de Assistência Social. Ou seja, o princípio da homogeneidade por trabalho. Implica, também, em mudanças na cultura e nos valores
segmentos na definição de prioridades de serviços, programas e da rede socioassistencial, das organizações gestoras das políticas
projetos torna-se insuficiente frente às demandas de uma realidade sociais e das instâncias de participação. Torna-se necessário, consti-
marcada pela alta desigualdade social. Exige-se agregar ao conhe- tuir uma forma organizacional mais dinâmica, articulando as diver-
cimento da realidade a dinâmica demográfica associada à dinâmica sas instituições envolvidas.
socioterritorial em curso. É essa a perspectiva que esta Política Nacional quer implemen-
Também, considerando que muitos dos resultados das ações tar. A concepção da assistência social como política pública tem
da política de assistência social impactam em outras políticas so- como principais pressupostos a territorialização, a descentralização
ciais e vice-versa, é imperioso construir ações territorialmente defi- e a intersetorialidade aqui expressos.
nidas, juntamente com essas políticas. Assim, a operacionalização da política de assistência social em
Importantes conceitos no campo da descentralização foram in- rede, com base no território, constitui um dos caminhos para supe-
corporados a partir da leitura territorial como expressão do conjun- rar a fragmentação na prática dessa política.
to de relações, condições e acessos inaugurados pelas análises de Trabalhar em rede, nessa concepção territorial significa ir além
Milton Santos, que interpreta a cidade com significado vivo a partir da simples adesão, pois há necessidade de se romper com velhos
dos “atores que dele se utilizam”. paradigmas, em que as práticas se construíram historicamente pau-
Dirce Koga afirma que “os direcionamentos das políticas públi- tadas na segmentação, na fragmentação e na focalização, e olhar
cas estão intrinsecamente vinculados à própria qualidade de vida para a realidade, considerando os novos desafios colocados pela di-
dos cidadãos. É no embate relacional da política pública entre go- mensão do cotidiano, que se apresenta sob múltiplas formatações,
verno e sociedade que se dará a ratificação ou o combate ao pro- exigindo enfrentamento de forma integrada e articulada.
cesso de exclusão social em curso. Pensar na política pública a partir Isso expressa a necessidade de se repensar o atual desenho da
do território exige também um exercício de revista à história, ao atuação da rede socioassistencial, redirecionando-a na perspectiva
cotidiano, ao universo cultural da população que vive neste territó- de sua diversidade, complexidade, cobertura, financiamento e do
rio (...). A perspectiva de totalidade, de integração entre os setores número potencial de usuários que dela possam necessitar.
para uma efetiva ação pública... vontade política de fazer valer a A partir daí, a Política Nacional de Assistência Social caracteri-
diversidade e a interrelação das políticas locais” (2003:25). zará os municípios brasileiros de acordo com seu porte demográfico
Nessa vertente, o objeto da ação pública, buscando garantir a associado aos indicadores socioterritoriais disponíveis a partir dos
qualidade de vida da população, extravasa os recortes setoriais em dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
que tradicionalmente se fragmentaram as políticas sociais e em es- IBGE, com maior grau de desagregação territorial quanto maior a
pecial a política de assistência social. taxa de densidade populacional, isto é, quanto maior concentração
Menicucci (2002) afirma que “o novo paradigma para a ges- populacional, maior será a necessidade de considerar as diferenças
tão pública articula descentralização e intersetorialidade, uma vez e desigualdades existentes entre os vários territórios de um municí-
que o objetivo visado é promover a inclusão social ou melhorar a pio ou região. A construção de indicadores a partir dessas parcelas
qualidade de vida, resolvendo os problemas concretos que incidem territoriais termina configurando uma “medida de desigualdade in-
sobre uma população em determinado território”. Ou seja, ao invés traurbana”. Esta medida, portanto, sofrerá variações de abrangên-
de metas setoriais a partir de demandas ou necessidades genéricas, cia de acordo com as características de cada cidade, exigindo ação
trata-se de identificar os problemas concretos, as potencialidades e articulada entre as três esferas no apoio e subsídio de informações,
as soluções, a partir de recortes territoriais que identifiquem con- tendo como base o Sistema Nacional de Informações de Assistência
juntos populacionais em situações similares, e intervir através das Social e os censos do IBGE, compondo com os Campos de Vigilância
políticas públicas, com o objetivo de alcançar resultados integrados Social, locais e estaduais, as referências necessárias para sua cons-
e promover impacto positivo nas condições de vida. O que Aldaíza trução. Porém, faz-se necessária a definição de uma metodologia
Sposati tem chamado de atender a necessidade e não o necessita- unificada de construção de alguns índices (exclusão/inclusão social,
do. vulnerabilidade social) para efeitos de comparação e definição de
prioridades da Política Nacional de Assistência Social.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como forma de caracterização dos grupos territoriais da Polí- áreas de políticas públicas. Em razão dessas características, a rede
tica Nacional de Assistência Social será utilizada como referência a socioassistencial deve ser mais complexa e diversificada, envolven-
definição de municípios como de pequeno, médio e grande porte do serviços de proteção social básica, bem como uma ampla rede
utilizada pelo IBGE, agregando-se outras referências de análise rea- de proteção especial (nos níveis de média e alta complexidade).
lizadas pelo Centro de Estudos das Desigualdades Socioterritoriais, • Metrópoles – entende-se por metrópole os municípios com
bem como pelo Centro de Estudos da Metrópole sobre desigualda- mais de 900.000 habitantes (atingindo uma média superior a
des intraurbanas e o contexto específico das metrópoles: 250.000 famílias cada). Para além das características dos grandes
• Municípios de pequeno porte 1 – entende-se por município municípios, as metrópoles apresentam o agravante dos chamados
de pequeno porte 1 aquele cuja população chega a 20.000 habi- territórios de fronteira, que significam zonas de limites que configu-
tantes (até 5.000 famílias em média. Possuem forte presença de ram a região metropolitana e normalmente com forte ausência de
população em zona rural, correspondendo a 45% da população to- serviços do Estado.
tal. Na maioria das vezes, possuem como referência municípios de
maior porte, pertencentes à mesma região em que estão localiza- A referida classificação tem o propósito de instituir o Sistema
dos. Necessitam de uma rede simplificada e reduzida de serviços de Único de Assistência Social, identificando as ações de proteção bá-
proteção social básica, pois os níveis de coesão social, as demandas sica de atendimento que devem ser prestadas na totalidade dos
potenciais e redes socioassistenciais não justificam serviços de na- municípios brasileiros e as ações de proteção social especial, de
tureza complexa. Em geral, esses municípios não apresentam de- média e alta complexidade, que devem ser estruturadas pelos mu-
manda significativa de proteção social especial, o que aponta para nicípios de médio, grande porte e metrópoles, bem como pela esfe-
a necessidade de contarem com a referência de serviços dessa na- ra estadual, por prestação direta como referência regional ou pelo
tureza na região, mediante prestação direta pela esfera estadual, assessoramento técnico e financeiro na constituição de consórcios
organização de consórcios intermunicipais, ou prestação por muni- intermunicipais.
cípios de maior porte, com co-financiamento das esferas estaduais Levar-se-á em conta, para tanto, a realidade local, regional, o
e federal. porte, a capacidade gerencial e de arrecadação dos municípios, e
• Municípios de pequeno porte 2 – entende-se por município o aprimoramento dos instrumentos de gestão, introduzindo o geo-
de pequeno porte 2 aquele cuja população varia de 20.001 a 50.000 processamento como ferramenta da Política de Assistência Social.
habitantes (cerca de 5.000 a 10.000 famílias em média). Diferen- 3.1.3. Novas bases para a relação entre o Estado e a Sociedade
ciam-se dos pequeno porte 1 especialmente no que se refere à con- Civil
centração da população rural que corresponde a 30% da população O legislador constituinte de 1988 foi claro no art. 204, ao des-
total. Quanto às suas características relacionais mantém-se as mes- tacar a participação da sociedade civil tanto na execução dos pro-
mas dos municípios pequenos. gramas através das entidades beneficentes e de assistência social,
• Municípios de médio porte – entende-se por municípios de bem como na participação, na formulação e no controle das ações
médio porte aqueles cuja população está entre 50.001 a 100.000 em todos os níveis.
habitantes (cerca de 10.000 a 25.000 famílias). A Lei Orgânica de Assistência Social propõe um conjunto inte-
grado de ações e iniciativas do governo e da sociedade civil para
Mesmo ainda precisando contar com a referência de muni- garantir proteção social para quem dela necessitar.
cípios de grande porte para questões de maior complexidade, já A gravidade dos problemas sociais brasileiros exige que o Es-
possuem mais autonomia na estruturação de sua economia, se- tado assuma a primazia da responsabilidade em cada esfera de
diam algumas indústrias de transformação, além de contarem com governo na condução da política. Por outro lado, a sociedade civil
maior oferta de comércio e serviços. A oferta de empregos formais, participa como parceira, de forma complementar na oferta de servi-
portanto, aumenta tanto no setor secundário como no de serviços. ços, programas, projetos e benefícios de Assistência Social. Possui,
Esses municípios necessitam de uma rede mais ampla de serviços ainda, o papel de exercer o controle social sobre a mesma.
de assistência social, particularmente na rede de proteção social Vale ressaltar a importância dos fóruns de participação popu-
básica. lar, específicos e, ou, de articulação da política em todos os níveis
Quanto à proteção especial, a realidade de tais municípios se de governo, bem como a união dos conselhos e, ou, congêneres
assemelha à dos municípios de pequeno porte, no entanto, a pro- no fortalecimento da sociedade civil organizada na consolidação da
babilidade de ocorrerem demandas nessa área é maior, o que leva Política Nacional de Assistência Social.
a se considerar a possibilidade de sediarem serviços próprios dessa No entanto, somente o Estado dispõe de mecanismos forte-
natureza ou de referência regional, agregando municípios de pe- mente estruturados para coordenar ações capazes de catalisar ato-
queno porte no seu entorno. res em torno de propostas abrangentes, que não percam de vista
• Municípios de grande porte – entende-se por municípios de a universalização das políticas, combinada com a garantia de equi-
grande porte aqueles cuja população é de 101.000 habitantes até dade.
900.000 habitantes (cerca de 25.000 a 250.000 famílias). São os Esta prerrogativa está assegurada no art. 5º, inciso III, da LOAS.
mais complexos na sua estruturação econômica, polos de regiões Para tanto, a administração pública deverá desenvolver habili-
e sedes de serviços mais especializados. Concentram mais opor- dades específicas, com destaque para a formação de redes. A noção
tunidades de emprego e oferecem maior número de serviços pú- de rede tem se incorporado ao discurso sobre política social. Nos
blicos, contendo também mais infraestrutura. No entanto, são os anos recentes, novas formas de organização e de relacionamento
municípios que por congregarem o grande número de habitantes interorganizacional, entre agências estatais e, sobretudo, entre o
e, pelas suas características em atraírem grande parte da popula- Estado e a sociedade civil, têm sido propostas pelos atores sociais.
ção que migra das regiões onde as oportunidades são consideradas O imperativo de formar redes se faz presente por duas razões
mais escassas, apresentam grande demanda por serviços das várias fundamentais.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Primeiramente, conforme já mencionado, porque a história das econômico e um regime de proteção social. Como resultado desse
políticas sociais no Brasil, sobretudo, a de assistência social, é mar- processo, a Seguridade Social foi incluída no texto constitucional,
cada pela diversidade, superposição e, ou, paralelismo das ações, no Capítulo II, do Título “Da Ordem Social”.
entidades e órgãos, além da dispersão de recursos humanos, ma- O financiamento da Seguridade Social está previsto no art. 195,
teriais e financeiros. da Constituição Federal de 1988, instituindo que, através de orça-
A gravidade dos problemas sociais brasileiros exige que o Esta- mento próprio, as fontes de custeio das políticas que compõem o
do estimule a sinergia e gere espaços de colaboração, mobilizando tripé devem ser financiadas por toda a sociedade, mediante recur-
recursos potencialmente existentes na sociedade, tornando im- sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
prescindível contar com a sua participação em ações integradas, de Federal, dos Municípios e das contribuições sociais.
modo a multiplicar seus efeitos e chances de sucesso. Desconhecer Tendo sido a assistência social inserida constitucionalmente no
a crescente importância da atuação das organizações da sociedade tripé da Seguridade Social, é o financiamento desta a base para o
nas políticas sociais é reproduzir a lógica ineficaz e irracional da frag- financiamento da política de assistência social, uma vez que este se
mentação, descoordenação, superposição e isolamento das ações. dá com:
Na proposta do SUAS, é condição fundamental a reciprocidade • A participação de toda a sociedade.
das ações da rede de proteção social básica e especial, com cen- • De forma direta e indireta.
tralidade na família, sendo consensado o estabelecimento de fluxo, • Nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
referência e retaguarda entre as modalidades e as complexidades dos Municípios.
de atendimento, bem como a definição de portas de entrada para o • Mediante contribuições sociais:
sistema. Assim, a nova relação público e privado deve ser regulada, - Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
tendo em vista a definição dos serviços de proteção básica e espe- na forma da lei, incidentes sobre: a folha de salários e demais rendi-
cial, a qualidade e o custo dos serviços, além de padrões e critérios mentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
de edificação. Neste contexto, as entidades prestadoras de assis- física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
tência social integram o Sistema Único de Assistência Social, não só - a receita ou o faturamento; o lucro.
como prestadoras complementares de serviços socioassistenciais, - Do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social.
mas como cogestoras através dos conselhos de assistência social e • Sobre a receita de concursos de prognósticos.
corresponsáveis na luta pela garantia dos direitos sociais em garan- • Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a
tir direitos dos usuários da assistência social. lei a ele equiparar.
Esse reconhecimento impõe a necessidade de articular e inte-
grar ações e recursos, tanto na relação intra como interinstitucio- No Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência So-
nal, bem como com os demais conselhos setoriais e de direitos. cial, que toma corpo através da proposta de um Sistema Único, a
Ao invés de substituir a ação do Estado, a rede deve ser ala- instância de financiamento é representada pelos Fundos de As-
vancada a partir de decisões políticas tomadas pelo poder públi- sistência Social nas três esferas de governo. No âmbito federal, o
co em consonância com a sociedade. É condição necessária para o Fundo Nacional, criado pela LOAS e regulamentado pelo Decreto nº
trabalho em rede que o Estado seja o coordenador do processo de 1605/95, tem o seguinte objetivo: “proporcionar recursos e meios
articulação e integração entre as Organizações Não Governamen- para financiar o benefício de prestação continuada e apoiar servi-
tais – ONGs, Organizações Governamentais – OGs e os segmentos ços, programas e projetos de assistência social” (art. 1º, do Decreto
empresariais, em torno de uma situação ou de determinado terri- nº 1605/95).
tório, discutindo questões que dizem respeito à vida da população Com base nessa definição, o financiamento dos benefícios se
em todos os seus aspectos. Trata-se, enfim, de uma estratégia de dá de forma direta aos seus destinatários, e o financiamento da
articulação política que resulta na integralidade do atendimento. rede socioassistencial se dá mediante aporte próprio e repasse de
No caso da assistência social, a constituição de rede pressupõe recursos fundo a fundo, bem como de repasses de recursos para
a presença do Estado como referência global para sua consolidação projetos e programas que venham a ser considerados relevantes
como política pública. Isso supõe que o poder público seja capaz para o desenvolvimento da política de assistência social em cada
de fazer com que todos os agentes desta política, OGs e, ou, ONGs, esfera de governo, de acordo com os critérios de partilha e elegi-
transitem do campo da ajuda, filantropia, benemerência para o da bilidade de municípios, regiões e, ou, estados e o Distrito Federal,
cidadania e dos direitos. E aqui está um grande desafio a ser enfren- pactuados nas comissões intergestoras e deliberados nos conselhos
tado pelo Plano Nacional, que será construído ao longo do processo de assistência social.
de implantação do SUAS.
Cabe ao poder público conferir unidade aos esforços sociais a Assim, o propósito é o de respeitar as instâncias de gestão
fim de compor uma rede socioassistencial, rompendo com a práti- compartilhada e de deliberação da política nas definições afetas ao
ca das ajudas parciais e fragmentadas, caminhando para direitos a financiamento dos serviços, programas, projetos e benefícios com-
serem assegurados de forma integral, com padrões de qualidade ponentes do Sistema Único de Assistência Social.
passíveis de avaliação. Essa mudança deverá estar contida nas di- De acordo com a diretriz da descentralização e, em consonân-
retrizes da política de supervisão da rede conveniada que definirá cia com o pressuposto do cofinanciamento, essa rede deve contar
normas e procedimentos para a oferta de serviços. com a previsão de recursos das três esferas de governo, em razão
da coresponsabilidade que perpassa a provisão da proteção social
3.1.4. Financiamento brasileira. O financiamento deve ter como base os diagnósticos
A Constituição Federal de 1988, marcada pela intensa partici- socioterritoriais apontados pelo Sistema Nacional de Informações
pação da sociedade no processo constituinte, optou pela articula- de Assistência Social que considerem as demandas e prioridades
ção entre a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento que se apresentam de forma específica, de acordo com as diversi-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dades e parte de cada região ou território, a capacidade de gestão Esse movimento deve extrapolar a tradicional fixação de valo-
e de atendimento e de arrecadação de cada município/região, bem res per capita, passando-se à definição de um modelo de financia-
como os diferentes níveis de complexidade dos serviços, através de mento que atenda ao desenho ora proposto para a Política Nacio-
pactuações e deliberações estabelecidas com os entes federados e nal, primando pelo cofinanciamento construído a partir do pacto
os respectivos conselhos. federativo, baseado em pisos de atenção. Tais pisos devem assim
No entanto, tradicionalmente, o financiamento da política de ser identificados em função dos níveis de complexidade, atentando
assistência social brasileira tem sido marcado por práticas centrali- para a particularidade dos serviços de média e alta complexidade,
zadas, genéricas e segmentadas, que se configuram numa série his- os quais devem ser substituídos progressivamente pela identifica-
tórica engessada e perpetuada com o passar dos anos. Tal processo ção do atendimento das necessidades das famílias e indivíduos,
se caracteriza pelo formato de atendimentos pontuais e, em alguns frente aos direitos afirmados pela assistência social.
casos, até paralelos, direcionados a programas que, muitas vezes, Concomitante a esse processo tem-se operado a revisão dos
não correspondem às necessidades estaduais, regionais e munici- atuais instrumentos de planejamento público, em especial o Plano
pais. Tal desenho não fomenta a capacidade criativa destas esferas Plurianual, que se constitui em um guia programático para as ações
e nem permite que sejam propostas ações complementares para a do poder público, e traduz a síntese dos esforços de planejamento
aplicação dos recursos públicos repassados. de toda a administração para contemplar os princípios e concep-
ções do SUAS. Essa revisão deve dar conta de duas realidades que
Ainda deve ser ressaltado no modelo de financiamento em vi- atualmente convivem, ou seja, a construção do novo processo e a
gor, a fixação de valores per capita, que atribuem recursos com base preocupação com a não ruptura radical com o que vige atualmen-
no número total de atendimentos e não pela conformação do servi- te, para que não se caracterize descontinuidade nos atendimentos
ço às necessidades da população, com determinada capacidade ins- prestados aos usuários da assistência social. Portanto, essa é uma
talada. Essa orientação, muitas vezes, leva a práticas equivocadas, proposta de transição que vislumbra projeções para a universaliza-
em especial no que tange aos serviços de longa permanência, que ção dos serviços de proteção básica, com revisão também de suas
acabam por voltar-se para a manutenção irreversível dos usuários regulações, ampliação da cobertura da rede de proteção especial,
desagregados de vínculos familiares e comunitários. também com base em novas normatizações, bem como a definição
Outro elemento importante nessa análise da forma tradicional de diretrizes para a gestão dos benefícios preconizados pela LOAS.
de financiamento da política de assistência social, são as emendas Ainda compõe o rol das propostas da Política Nacional de Assis-
parlamentares que financiam ações definidas desarticulada do con- tência Social a negociação e a assinatura de protocolos intersetoriais
junto das instâncias do sistema descentralizado e participativo. com as políticas de saúde e de educação, para que seja viabilizada
Isso em âmbito federal, de forma desarticulada do conjunto a transição do financiamento dos serviços afetos a essas áreas, que
das instâncias do sistema descentralizado e participativo. Isso se ainda são assumidos pela política de assistência social, bem como
dá, muitas vezes, pela não articulação entre os poderes Legislativo a definição das responsabilidades e papéis das entidades sociais
e Executivo no debate acerca da Política Nacional de Assistência So- declaradas de utilidade pública federal, estadual e, ou, municipal
cial, o que se pretende alterar com a atual proposta. e inscritas nos respectivos conselhos de assistência social, no que
Ao longo dos 10 anos de promulgação da LOAS, algumas ban- tange à prestação de serviços inerentes a esta política, incluindo-se
deiras têm sido levantadas em prol do financiamento da assistência as organizações que contam com financiamento indireto mediante
social, construído sobre bases mais sólidas e em maior consonância isenções oportunizadas pelo Certificado de Entidades Beneficentes
com a realidade brasileira. Juntamente com a busca de vinculação de Assistência Social - CEAS.
constitucional de percentual de recursos para o financiamento des- A proposta orçamentária do Ministério do Desenvolvimento
ta política nas três esferas de governo, figuram reivindicações que, Social e Combate à Fome para o exercício de 2005, em discussão no
no debate da construção do SUAS, têm protagonizado as decisões Congresso Nacional, aponta para um volume de recursos de 6,02%
do órgão gestor Federal. do orçamento da Seguridade Social para a Assistência Social.
São elas: o financiamento com base no território, considerando A história demonstra que, nas quatro edições da Conferência
os portes dos municípios e a complexidade dos serviços, pensados Nacional de Assistência Social, nos dez anos desde a promulgação
de maneira hierarquizada e complementar; a não exigibilidade da da Lei nº 8.742/93 – LOAS, a proposta pela vinculação constitucio-
Certidão Negativa de Débitos junto ao INSS como condição para os nal de, no mínimo, 5% do orçamento da Seguridade Social para esta
repasses desta política; a não descontinuidade do financiamento a política em âmbito Federal e de, minimamente, 5% dos orçamentos
cada início de exercício financeiro; o repasse automático de recur- totais de Estados, Distrito Federal e Municípios, tem sido recorren-
sos do Fundo Nacional para os Estaduais, do Distrito Federal e Mu- te. Na quarta edição dessa Conferência, realizada em dezembro de
nicipais para o cofinanciamento das ações afetas a esta política; o 2003, foi inserido um novo elemento às propostas anteriormente
estabelecimento de pisos de atenção, entre outros. apresentadas, ou seja, que os 5% de vinculação no âmbito Federal
Com base nessas reivindicações e, respeitando as deliberações em relação ao orçamento da Seguridade Social, seja calculado para
da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em de- além do BPC. Isso posto, até que se avance na discussão da viabili-
zembro de 2003, nova sistemática de financiamento deve ser insti- dade e possibilidade de tal vinculação, recomenda-se que Estados,
tuída, ultrapassando o modelo convenial e estabelecendo o repasse Distrito Federal e Municípios invistam, no mínimo, 5% do total da
automático fundo a fundo no caso do financiamento dos serviços, arrecadação de seus orçamentos para a área, por considerar a ex-
programas e projetos de assistência social. Essa nova sistemática trema relevância de, efetivamente, se instituir o co-financiamento,
deverá constar na Norma Operacional Básica que será elaborada em razão da grande demanda e exigência de recursos para esta po-
com base nos pressupostos elencados na nova política. lítica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.1.5. Controle Social Para o avanço pretendido, a política aponta para a construção
A participação popular foi efetivada na LOAS (artigo 5º, inciso de uma nova agenda para os conselhos de assistência social. Uma
II), ao lado de duas outras diretrizes, a descentralização político-ad- primeira vertente é a articulação do CNAS com os conselhos na-
ministrativa para Estados, Distrito Federal e Municípios, o comando cionais das políticas sociais integrando um novo movimento neste
único em cada esfera de governo (artigo 5º, inciso I), e a primazia da País. Outra é a construção de uma agenda comum dos conselhos
responsabilidade do Estado na condução da política de assistência nacional, estaduais e municipais de assistência social. Esta última
social em cada esfera de governo (artigo 5º, inciso III)). tem como objetivo organizar pontos comuns e ações convergentes,
O controle social tem sua concepção advinda da Constituição resguardando as peculiaridades regionais.
Federal de 1988, enquanto instrumento de efetivação da participa- Para isso, serão necessárias novas ações ao nível da legislação,
ção popular no processo de gestão político-administrativo-financei- do funcionamento e da capacitação de conselheiros e dos secretá-
ro e técnico-operativa, com caráter democrático e descentralizado. rios executivos.
Dentro dessa lógica, o controle do Estado é exercido pela socie-
dade na garantia dos direitos fundamentais e dos princípios demo- O desafio da Participação dos Usuários nos Conselhos de As-
cráticos balizados nos preceitos constitucionais. sistência Social
Na conformação do Sistema Único de Assistência Social, os es- Para a análise dessa participação são necessárias algumas re-
paços privilegiados onde se efetivará essa participação são os con- flexões. A primeira delas, sobre a natureza da assistência social, que
selhos e as conferências, não sendo, no entanto, os únicos, já que só em l988 foi elevada à categoria de política pública.
outras instâncias somam força a esse processo. A concepção de doação, caridade, favor, bondade e ajuda que,
As conferências têm o papel de avaliar a situação da assistência tradicionalmente, caracterizou essa ação, reproduz usuários como
social, definir diretrizes para a política, verificar os avanços ocor- pessoas dependentes, frágeis, vitimizadas, tuteladas por entida-
ridos num espaço de tempo determinado (artigo 18, inciso VI, da des e organizações que lhes “assistiam” e se pronunciavam em seu
LOAS). nome. Como resultado, esse segmento tem demonstrado baixo
Os conselhos têm como principais atribuições a deliberação e nível de atuação propositiva na sociedade, e pouco participou das
a fiscalização da execução da política e de seu financiamento, em conquistas da Constituição enquanto sujeitos de direitos.
consonância com as diretrizes propostas pela conferência; a apro- A segunda reflexão a ressaltar é a necessidade de um amplo
vação do plano; a apreciação e aprovação da proposta orçamentária processo de formação, capacitação, investimentos físicos, financei-
para a área e do plano de aplicação do fundo, com a definição dos ros, operacionais e políticos, que envolva esses atores da política de
critérios de partilha dos recursos, exercidas em cada instância em assistência social.
que estão estabelecidos. Os conselhos, ainda, normatizam, discipli- Assim, há que se produzir uma metodologia que se constitua
nam, acompanham, avaliam e fiscalizam os serviços de assistência ao mesmo tempo em resgate de participação de indivíduos disper-
social, prestados pela rede socioassistencial, definindo os padrões sos e desorganizados, e habilitação para que a política de assistên-
de qualidade de atendimento, e estabelecendo os critérios para o cia social seja assumida na perspectiva de direitos publicizados e
repasse de recursos financeiros (artigo 18, da LOAS). controlados pelos seus usuários.
As alianças da sociedade civil com a representação governa- Um dos grandes desafios da construção dessa política é a cria-
mental são um elemento fundamental para o estabelecimento de ção de mecanismos que venham garantir a participação dos usuá-
consensos, o que aponta para a necessidade de definição de es- rios nos conselhos e fóruns enquanto sujeitos não mais sub-repre-
tratégias políticas a serem adotadas no processo de correlação de sentados.
forças. Assim, é fundamental a promoção de eventos temáticos que
Os conselhos paritários, no campo da assistência social, têm possam trazer usuários para as discussões da política fomentando o
como representação da sociedade civil, os usuários ou organizações protagonismo desses atores.
de usuários, entidades e organizações de assistência social (institui- Outra linha de proposição é a criação de ouvidorias por meio
ções de defesa de direitos e prestadoras de serviços), trabalhadores das quais o direito possa, em primeira instância, se tornar reclamá-
do setor (artigo 17 - ll). vel para os cidadãos brasileiros.
É importante assinalar que, cada conselheiro eleito em foro No interior dos conselhos, a descentralização das ações em
próprio para representar um segmento, estará não só representan- instâncias regionais consultivas pode torná-los mais próximo da
do sua categoria, mas a política como um todo em sua instância população. Também a realização de reuniões itinerantes nos três
de governo. E o acompanhamento das posições assumidas deverão níveis de governo pode garantir maior nível de participação. Outra
ser objeto de ação dos fóruns, se constituindo estes, também, em perspectiva é a organização do conjunto dos conselhos em nível re-
espaços de controle social. gional, propiciando articulação e integração de suas ações, fortale-
A organização dos gestores, em nível municipal e estadual, com cendo a política de assistência social, já que a troca de experiência
a discussão dos temas relevantes para a política se constitui em es- capacita para o exercício do controle social.
paços de ampliação do debate. Por fim, é importante ressaltar nesse eixo a necessidade de
As comissões intergestoras tri e bipartite são espaços de pac- informação aos usuários da assistência social para o exercício do
tuação da gestão compartilhada e democratizam o Estado, seguin- controle social por intermédio do Ministério Público e dos órgãos
do as deliberações dos conselhos de assistência social. de controle do Estado para que efetivem esta política como direito
Vale ressaltar que a mobilização nacional conquistada por to- constitucional.
dos atores sociais desta política se efetivou nesses quase onze anos
de LOAS.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.1.6. A Política de Recursos Humanos A descentralização da gestão da política implica novas atribui-
É sabido que a produtividade e a qualidade dos serviços ofe- ções para os gestores e trabalhadores das três esferas de governo
recidos à sociedade no campo das políticas públicas estão relacio- e de dirigentes e trabalhadores das entidades de assistência social,
nados com a forma e as condições como são tratados os recursos exigindo-lhes novas e capacitadas competências que a autonomia
humanos. política-administrativa impõe.
O tema recursos humanos não tem sido matéria prioritária de A participação e o controle social sobre as ações do Estado,
debate e formulações, a despeito das transformações ocorridas no estabelecidos na Constituição Federal de 1988, também requer
mundo do trabalho e do encolhimento da esfera pública do Estado, dos trabalhadores um arcabouço teóricotécnico-operativo de nova
implicando precarização das condições de trabalho e do atendi- natureza, no propósito de fortalecimento de práticas e espaços de
mento à população. debate, propositura e controle da política na direção da autonomia
A inexistência de debate sobre os recursos humanos tem di- e protagonismo dos usuários, reconstrução de seus projetos de vida
ficultado também a compreensão acerca do perfil do servidor da e de suas organizações.
assistência social, da constituição e composição de equipes, dos Após dez anos de implantação e implementação da LOAS, ava-
atributos e qualificação necessários às ações de planejamento, for- lia-se a necessidade premente de requalificar a política de assistên-
mulação, execução, assessoramento, monitoramento e avaliação cia social e aperfeiçoar o sistema descentralizado e participativo da
de serviços, programas, projetos e benefícios, do sistema de infor- mesma.
mação e do atendimento ao usuário desta política. Esta gestão apresenta o SUAS como concepção política, teórica,
Além da pouca definição relativa às atividades de gestão da po- institucional e prática da política na perspectiva de ampliar a co-
lítica, outro aspecto relevante é o referente ao surgimento perma- bertura e a universalização de direitos, aperfeiçoando a sua gestão,
nente de novas “ocupações/funções”. qualificando e fortalecendo a participação e o controle social.
O dinamismo, a diversidade e a complexidade da realidade so- O SUAS propõe o estabelecimento de novas relações entre ges-
cial pautam questões sociais que se apresentam sob formas diver- tores e técnicos nas três esferas de governo, destes com dirigentes
sas de demandas para a política de assistência social, e que exigem e técnicos de entidades prestadoras de serviços, com os conselhei-
a criação de uma gama diversificada de serviços que atendam às ros dos conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e munici-
especificidades da expressão da exclusão social apresentada para pais, bem como com usuários e trabalhadores.
esta política. Portanto, as novas relações a serem estabelecidas exigirão,
Nesse sentido várias funções/ocupações vão se constituindo: além do compromisso com a assistência social como política públi-
monitores e/ou educadores de crianças e adolescentes em ativida- ca, qualificação dos recursos humanos e maior capacidade de ges-
des socioeducativas, de jovens com medidas sócio-educativas, para tão dos operadores da política.
abordagem de rua, cuidadores de idosos, auxiliares, agentes, assis- Deve integrar a política de recursos humanos, uma política de
tentes, entre outros. capacitação dos trabalhadores, gestores e conselheiros da área, de
Tais funções/ocupações necessitam ser definidas e estrutura- forma sistemática e continuada.
das na perspectiva de qualificar a intervenção social dos trabalha- É grande o desafio de trabalhar recursos humanos em um
dores. contexto no qual o Estado foi reformado na perspectiva de seu en-
Considerando que a assistência social é uma política que tem colhimento, de sua desresponsabilização social. O enxugamento
seu campo próprio de atuação e que se realiza em estreita relação realizado na máquina estatal precarizou seus recursos humanos,
com outras políticas, uma política de recursos humanos deve pau- financeiros, físicos e materiais, fragilizando a política.
tar-se por reconhecer a natureza e especificidade do trabalhador, Assim como ocorre em outros setores, a incapacidade de gerar
mas, também, o conteúdo intersetorial de sua atuação. carreira de Estado tem gerado desestímulo nos trabalhadores que
Outro aspecto importante no debate sobre recursos humanos atuam na área. A criação de um plano de carreira é uma questão
refere-se a um conjunto de leis que passaram a vigorar com a Cons- prioritária a ser considerada. O plano de carreira, ao contrário de
tituição Federal de 1988, sendo ela própria um marco regulatório promover atraso gerencial e inoperância administrativa, como al-
sem precedentes no Brasil para a assistência social, ao reconhecê-la guns apregoam, “se bem estruturado e corretamente executado é
como política pública, direito do cidadão, dever do Estado, a ser ge- uma garantia de que o trabalhador terá de vislumbrar uma vida pro-
rida de forma descentralizada, participativa e com controle social. fissional ativa, na qual a qualidade técnica e a produtividade seriam
A nova forma de conceber e gerir esta política estabelecida, variáveis chaves para a construção de um sistema exeqüível” (Plano
pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica da Assistência Nacional de Saúde, 2004:172/173).
Social – LOAS, exige alterações no processo de trabalho dos traba- A elaboração de uma política de recursos humanos urge ine-
lhadores de modo que a prática profissional esteja em consonância quivocamente. A construção de uma política nacional de capacita-
com os avanços da legislação que regula a assistência social assim ção que promova a qualificação de forma sistemática, continuada,
como as demais políticas sociais (Couto, 1999). sustentável, participativa, nacionalizada e descentralizada para os
A concepção da assistência social como direito impõe aos tra- trabalhadores públicos e privados e conselheiros, configura-se ade-
balhadores da política que estes superem a atuação na vertente de mais como importante instrumento de uma política de recursos hu-
viabilizadores de programas para a de viabilizadores de direitos. manos, estando em curso sua formulação.
Isso muda substancialmente seu processo de trabalho (idem). Também compõe a agenda dessa gestão a criação de espaços
Exige também dos trabalhadores o conhecimento profundo da de debate e formulação de propostas de realização de seminários e
legislação implantada a partir da Constituição Federal de 1988. “É conferências de recursos humanos.
impossível trabalhar na ótica dos direitos sem conhecê-los e impos- Valorizar o serviço público e seus trabalhadores, priorizando o
sível pensar na sua implantação se não estiver atento às dificulda- concurso público, combatendo a precarização do trabalho na dire-
des de sua implantação” (Couto, 1999:207). ção da universalização da proteção social, ampliando o acesso aos
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bens e serviços sociais, ofertando serviços de qualidade com trans- da política de Assistência Social, e atribuiu a este fato, a abordagem
parência e participação na perspectiva da requalifição do Estado e preliminar sobre algumas destas situações, a serem atendidas por
do espaço púbico, esta deve ser a perspectiva de uma política de re- essa política pública.
cursos humanos na assistência social, com ampla participação nas A seriedade desta afirmação, inaugurando a Política Nacional,
mesas de negociações. pode ser uma medida de avaliação crucial sobre o significado da
Nesta perspectiva, esta política nacional aponta para a neces- informação, ou de sua ausência, neste campo.
sidade de uma NOB – Norma Operacional Básica para a área de Daí, ressalta-se que a composição de um Sistema Nacional de
Recursos Humanos, amplamente discutida com os trabalhadores, Informação da Assistência Social esteja definido como uma das
gestores, dirigentes das entidades prestadoras de serviços, conse- competências dos órgãos gestores, envolvendo os três níveis de
lheiros, entre outros, definindo composição da equipe (formação, governo. No que diz respeito a este aspecto, as estratégias para
perfil, atributos, qualificação, etc.). a nova sistemática passam, segundo o documento, entre outras
providências, pela: construção de um sistema de informações com
3.1.7. A Informação, o Monitoramento e a Avaliação vistas à ampla divulgação dos benefícios, serviços, programas e pro-
A formulação e a implantação de um sistema de monitoramen- jetos da área, contribuindo para o exercício dos direitos da cidada-
to e avaliação e um sistema de informação em assistência social são nia; utilização de indicadores para construção do Sistema de Ava-
providências urgentes e ferramentas essenciais a serem desencade- liação de Impacto e Resultados da Política Nacional de Assistência
adas para a consolidação da Política Nacional de Assistência Social Social; e implementação do sistema de acompanhamento da rede
e para a implementação do Sistema Único de Assistência Social – socioassistencial. Assim, na agenda básica da Política Nacional de
SUAS. Trata-se, pois, de construção prioritária e fundamental que Assistência Social, estas questões encontraram-se vinculadas ao ní-
deve ser coletiva e envolver esforços dos três entes da federação. vel estratégico, definidas pelo escopo de construir um sistema de
Confirmando as deliberações sucessivas desde a I Conferência informação que permita o monitoramento e avaliação de impacto
Nacional de Assistência Social de 1995, a IV Conferência Nacional, dos benefícios, serviços, programas e projetos de enfrentamento
realizada em 2003, define-se claramente pela elaboração e imple- da pobreza.
mentação de planos de monitoramento e avaliação e pela criação Chega-se, deste modo, a 2004, sem a estruturação de um sis-
de um sistema oficial de informação que possibilitem: a mensura- tema nacional e integrado de informação ou de políticas de moni-
ção da eficiência e da eficácia das ações previstas nos Planos de toramento e avaliação que garantam visibilidade à política e que
Assistência Social; a transparência; o acompanhamento; a avaliação forneçam elementos seguros para o desenvolvimento desta em
do sistema e a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos a todo o território nacional. Os componentes atuais são, efetivamen-
fim de contribuir para a formulação da política pelas três esferas de te, ínfimos diante da responsabilidade de atender aos dispositivos
governo. Agregado a isto, a Conferência ainda aponta para a neces- da legislação e favorecer a ação de gestores, trabalhadores, presta-
sidade de utilização de um sistema de informação em orçamento dores de serviços e a central atuação do controle social.
público também para as três esferas de governo. Torna-se imperativo para a realização dos objetivos, princípios
O que se pretende claramente com tal deliberação é a im- e diretrizes definidos nesta Política Nacional, avançar estrategica-
plantação de políticas articuladas de informação, monitoramento mente tanto no que tange à construção de um sistema nacional de
e avaliação que realmente promovam novos patamares de desen- informação da área como na direção da integração entre as bases
volvimento da política de assistência social no Brasil, das ações re- de dados já existentes e disseminados hoje nas três esferas de go-
alizadas e da utilização de recursos, favorecendo a participação, o verno. É também premente neste sentido uma substancial e decisi-
controle social e uma gestão otimizada da política. Desenhados de va alteração em torno da realização de políticas estratégicas de mo-
forma a fortalecer a democratização da informação, na amplitude nitoramento e avaliação, a serem desenhados como meio de aferir
de circunstâncias que perfazem a política de assistência social, estas e aperfeiçoar os projetos existentes, aprimorar o conhecimento
políticas e as ações resultantes deverão pautar-se principalmente sobre os componentes que perfazem a política e sua execução e
na criação de sistemas de informação, que serão base estruturante contribuir para seu planejamento futuro, tendo como pano de fun-
e produto do Sistema Único de Assistência Social, e na integração do sua contribuição aos escopos institucionais.
das bases de dados de interesse para o campo socioassistencial, Nesse sentido a questão da informação e as práticas de moni-
com a definição de indicadores específicos de tal política pública. toramento e avaliação, aportes do novo sistema, devem ser apreen-
A necessidade de implantação de sistemáticas de monitora- didas como exercícios permanentes e, acima de tudo, comprome-
mento e avaliação e sistemas de informações para a área também tidos com as repercussões da política de assistência social ao longo
remontam aos instrumentos de planejamento institucional, onde de sua realização, em todo o território nacional.
aparecem como componente estrutural do sistema descentraliza- Para além do compromisso com a modernização administra-
do e participativo, no que diz respeito aos recursos e sua alocação, tiva, o desenvolvimento tecnológico, sobretudo da tecnologia da
aos serviços prestados e seus usuários. Desta forma, esta requisição informação15, associado à ação dos atores que perfazem a política
começa a ser reconhecida nos documentos normativos básicos da de assistência social, deve permitir uma ainda inédita construção de
área que estabelecem os fundamentos do processo políticoadmi- ferramentas informacionais para a realização da política pública de
nistrativo da Assistência Social, no âmbito da União, dos Estados, do assistência social no Brasil.
Distrito Federal e dos Municípios. A Política Nacional de Assistência
Social de 1999 reconheceu, ao realizar a avaliação sobre as situa- Tal produção deve ser pautada afiançando:
ções circunstanciais e conjunturais deste campo, a dificuldade de 1) A preocupação determinante com o processo de democrati-
identificação de informações precisas sobre os segmentos usuários zação da política e com a prática radical do controle social da admi-
nistração pública, que, acredita-se, é componente básico do Estado
Democrático de Direito.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2) Novos parâmetros de produção, tratamento e disseminação cia Social e o Conselho Nacional de Assistência Social, contemplan-
da informação pública que a transforme em informação social váli- do medidas de ordem regulatória, bem como medidas de ordem
da e útil, que efetivamente incida em níveis de visibilidade social, de operacional, as quais deverão ser articuladas e objetivadas em um
eficácia e que resulte na otimização político-operacional necessária conjunto de iniciativas, sendo:
para a política pública. • Planejamento de transição da implantação do SUAS, como
3) A construção de um sistema de informações de grande mag- estratégias que respeitam as diferenças regionais e as particularida-
nitude, integrado com ações de capacitação e de aporte de meto- des da realidade brasileira.
dologias modernas de gestão e tomada de decisão, dando o suporte •Elaboração, apresentação e aprovação do Plano Nacional de
necessário tanto à gestão quanto à operação das políticas assisten- Assistência Social na perspectiva da transição do modelo atual para
ciais, seja no âmbito governamental, em todas as suas esferas, seja o SUAS.
no âmbito da sociedade civil, englobando entidades, instâncias de • Reelaboração, apresentação e aprovação da Norma Opera-
decisão colegiada e de pactuação. cional Básica da Assistência Social, que disciplina a descentralização
4) A maximização da eficiência, eficácia e efetividade das ações político-administrativa, o financiamento e a relação entre as três
de assistência social. esferas de governo.
5) O desenvolvimento de sistemáticas específicas de avaliação • Elaboração, apresentação e aprovação da Política Nacional de
e monitoramento para o incremento da resolutividade das ações, Regulação da Assistência Social (Proteção Social Básica e Especial)
da qualidade dos serviços e dos processos de trabalho na área da pactuada com as comissões intergestoras bi e tripartite.
assistência social, da gestão e do controle social. • Elaboração e apresentação ao CNAS de uma Política Nacional
6) A construção de indicadores de impacto, implicações e resul- de Recursos Humanos da Assistência Social.
tados da ação da política e das condições de vida de seus usuários. • Elaboração e apresentação ao CNAS da Norma Operacional
Desta forma, gerar uma nova, criativa e transformadora utili- Básica de Recursos Humanos da Assistência Social.
zação da tecnologia da informação para aperfeiçoar a política de • Conclusão da Regulamentação da LOAS, priorizando os arti-
assistência social no País, que resulte em uma produção de infor- gos 2o e 3o.
mações e conhecimento para os gestores, conselheiros, usuários, • Elaboração de uma metodologia de construção de índices
trabalhadores e entidades, que garanta novos espaços e patamares territorializados de vulnerabilidade ou exclusão/inclusão social de
para a realização do controle social, níveis de eficiência e qualida- todos os municípios brasileiros, que comporá o Sistema Nacional
de mensuráveis, através de indicadores, e que incida em um real de Assistência.
avanço da política de assistência social para a população usuária • Realização, em 2005, da V Conferência Nacional de Assistên-
é o produto esperado com o novo ideário a ser inaugurado neste cia Social;
campo específico. • Realização de reuniões conjuntas do CNAS e conselhos seto-
É preciso reconhecer, contudo, que a urgência da temática e riais e de direitos;
a implantação da agenda para esse setor são vantagens inequívo- Tendo em vista que a política de Assistência Social sempre foi
cas na construção e na condução do Sistema Único de Assistência espaço privilegiado para operar benefícios, serviços, programas e
Social. Ademais a vinculação das políticas do campo da Seguridade projetos de enfrentamento à pobreza, considera-se a erradicação
Social às definições da tecnologia da informação acompanha uma da fome componente fundamental nesse propósito. A experiência
tendência atual que atinge organizações de todos os tipos, patroci- acumulada da área mostra que é preciso articular distribuição de
nadas por diferentes escopos. renda com trabalho social e projetos de geração de renda com as
Existe e desenvolve-se hoje no campo da Seguridade Social famílias.
uma evolução de base tecnológica, disseminada pelas tecnologias É nessa perspectiva que se efetiva a interface entre o SUAS,
da informação, e seus derivativos, que ocorre com a sua incorpo- novo modelo de gestão da política de assistência social, com a po-
ração a todas as dimensões das organizações vinculadas à esfera lítica de segurança alimentar e a política de transferência de renda,
desta política. constituindo-se, então, uma Política de Proteção Social no Brasil de
A convergência tecnológica na área da informação aponta para forma integrada a partir do território, garantindo sustentabilidade e
uma utilização potencialmente positiva, com resultados que, entre compromisso com um novo pacto de democracia e civilidade.
outros, assinalam diminuição de custos, associada ao aumento sig-
nificativo das capacidades ofertadas e de um fantástico potencial de
programas e sistemas, sobretudo os que dizem respeito a processos ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE,
específicos de trabalho, visando, sobretudo, situações estratégicas
e gerenciais. Para alcançarmos este propósito é preciso que a infor-
mação, a avaliação e o monitoramento no setor de assistência so- LEI FEDERAL Nº 8.069/90 – DISPÕE SOBRE O ESTATUTO
cial sejam doravante tratados como setores estratégicos de gestão, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE;
cessando com uma utilização tradicionalmente circunstancial e tão
somente instrumental deste campo, o que é central para o ininter- O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
rupto aprimoramento da política de assistência social no País. (8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
4. Considerações Finais Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em partes
A aprovação desta Política pelo CNAS, enseja a adoção de um geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codificações
conjunto de medidas mediante planejamento estratégico do pro- existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
cesso de implementação da mesma. Portanto, faz-se necessário parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho
uma agenda de prioridades entre a Secretaria Nacional de Assistên- tutelar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos ou violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto
como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em que cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e
desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado. comercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes.
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local,
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à regularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competentes
meninos e meninas, e também aborda questões de políticas de a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas
atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na
à Constituição da República de 1988. legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros
Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze Tutelares:
anos de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida 1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de
entre doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, proteção.
excepcionalmente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de 2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas
idade, em situações que serão aqui demonstradas. pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será 3. Promover a execução de suas decisões, podendo
objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, requisitar serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém,
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, injustificadamente, descumprir suas decisões.
devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos 4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o
seus direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.
a criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o 6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
dignas de existência. 7. Expedir notificações em casos de sua competência.
As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguardar 8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e
a família natural ou a família substituta, sendo está ultima adolescentes, quando necessário.
pela guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de 9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta
assistência material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direitos
os deveres da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos da criança e do adolescente.
incompletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos 10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias,
direito e deveres, inclusive sucessórios. para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensável contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de
à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. Não produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao
sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando fazem meio ambiente.
parte de famílias desestruturadas ou violentas. 11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
filhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de 12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-
recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio governamentais que executem programas de proteção e
poder. socioeducativos.
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade da
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
substituta mediante guarda, tutela ou adoção. desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor,
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra alguma
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados ao
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre Conselho Tutelar para providências cabíveis.
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a
Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no delinquência é uma realidade social, principalmente nas grandes
desenvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao cidades, sem previsão de término, fazendo com que tenha
máximo a estabilidade emocional, econômica e social. tratamento diferenciado dos crimes praticados por agentes
A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são imputáveis.
fatores que interferem diretamente no desenvolvimento das Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos
crianças e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente incompletos são denominados atos infracionais passíveis de
inseridos na entidade familiar. aplicação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser
o responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem implementadas até que sejam completados 18 anos de idade.
atitudes, definindo sanções para os casos mais graves. Contudo, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos
Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta casos de internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA.
sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas
imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação
estatuto como medidas socioeducativas. com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores.
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato
respondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder
a adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou o perdão (remissão), como forma de exclusão do processo, se
responsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e atendido às circunstâncias e consequências do fato, contexto social,
frequência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação
de auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, no ato infracional.
psicológico ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui
colocação em família substituta. medidas aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis) a programa de proteção a família, inclusão em programa de
que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas orientação a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a
já descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos
socioeducativa de acordo com a capacidade do ofensor, ou programas de orientação, obrigação de matricular e acompanhar
circunstâncias do fato e a gravidade da infração, são elas: o aproveitamento escolar do menor, advertência, perda da guarda,
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo destituição da tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
e assinada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do O importante é observar que as crianças e os adolescentes não
envolvimento em atos infracionais e sua reiteração, podem ser considerados autênticas propriedades de seus genitores,
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pessoas,
passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da dotados de direitos e deveres como demonstrado.
vítima, A implantação integral do ECA sofre grande resistência de
3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo parte da sociedade brasileira, que o considera excessivamente
conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social, paternalista em relação aos atos infracionais cometidos por crianças
4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o e adolescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada
enfretamento da prática de atos infracionais, na medida em que vez mais violentos e reiterados.
atua juntamente com a família e o controle por profissionais Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e
(psicólogos e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude, educar a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem
5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez que nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é
exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo durante o utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades
dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa.
recolhimento em entidade especializada Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se
6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extrema desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade
do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total da física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal
liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excepcional. responsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do
Antes da sentença, a internação somente pode ser determinada que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm
pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada importância fundamental no comportamento dos mesmos.1
baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato
infracional. Últimas alterações no ECA
Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
internação têm a obrigação de: As mais recentes:
1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual
adolescentes; administração:
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de - A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
restrição na decisão de internação, na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019;
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e - A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na
dignidade ao adolescente, lei nº 13.812, de 16 de março 2019;
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação - A mudança na idade mínima para que uma criança ou
dos vínculos familiares, adolescente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem
5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda autorização judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei
infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área nº 13.812;
de lazer e atividades culturais e desportivas.
6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade 1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia
competente. Mara de Almeida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares, Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos crimes
que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos, contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescentou ao
em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019. ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em meio
cibernético.
Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017
altera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho
trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses doméstico de adolescentes
de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a
disciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção. regularização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico.
A Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo
Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo
Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca
crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço
e que frequentemente são expostos a condutas profissionais doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou
não qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do
ou para pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo trabalho infantil ilegal.
desnecessariamente seu drama.
Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o
objetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da Estatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a
violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de idade máxima para o atendimento na educação infantil.2
atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. (8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em partes
acompanhamento e orientação à mãe com relação à amamentação geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codificações
Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho
à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante tutelar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.
eles estão obrigados a acompanhar a prática do processo de Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção
amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, (Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II,
enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar. capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos
crimes cometidos contra crianças e adolescentes.
Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
riscos ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à
de idade. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
idade façam acompanhamento através de protocolo ou outro respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para
instrumento de detecção de risco. Esse acompanhamento se dará meninos e meninas, e também aborda questões de políticas de
em consulta pediátrica. Por meio de exames poderá ser detectado atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
precocemente, por exemplo, o transtorno do espectro autista, o outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados
que permitirá um melhor acompanhamento no desenvolvimento à Constituição da República de 1988.
futuro da criança.
Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente
Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes exploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa
Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo que seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa aos seus direitos fundamentais.
nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos
da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
Distrito Federal) em que foi cometido o crime. outras providências.

Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso
agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
contra a dignidade sexual de criança e de adolescente

2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TÍTULO I Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas


DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e,
às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez,
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-
adolescente. natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa pela Lei nº 13.257, de 2016)
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre § 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais
doze e dezoito anos de idade. da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se § 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
um anos de idade. estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção § 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.
em condições de liberdade e de dignidade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a § 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado
deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia § 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser
ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em
comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a pela Lei nº 13.257, de 2016)
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, § 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº
comunitária. 13.257, de 2016)
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: § 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer materno, alimentação complementar saudável e crescimento e
circunstâncias; desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento
relevância pública; integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais § 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável
públicas; durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de § 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia
e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às
do adolescente como pessoas em desenvolvimento. normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para
o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino
TÍTULO II competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção
CAPÍTULO I da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de
disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida que contribuam para a redução da incidência da gravidez na
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no
em condições dignas de existência. caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto com
organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente
ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída pela
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154,
§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde de 2021) Vigência
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de 14.154, de 2021) Vigência
ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº
alimentação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído 14.154, de 2021) Vigência
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste
§ 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente,
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de com base em evidências científicas, considerados os benefícios do
leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) rastreamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à as doenças com maior prevalência no País, com protocolo de
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: tratamento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; § 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério
administrativa competente; imediato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as
de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no
prestar orientação aos pais; Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
do neonato; voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no
permanência junto à mãe. acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe § 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos,
permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência) saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém- pela Lei nº 13.257, de 2016)
nascido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no § 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
forma da regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou
implementação de forma escalonada, de acordo com a seguinte reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas
ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação
Vigência dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência § 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela frequente de crianças na primeira infância receberão formação
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência específica e permanente para a detecção de sinais de risco para
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento
2021) Vigência que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a
e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável,
de 2021) Vigência nos casos de internação de criança ou adolescente. (Redação dada
f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de pela Lei nº 13.257, de 2016)
2021) Vigência Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo
g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra
2021) Vigência criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao
II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) § 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse
Vigência em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da
2021) Vigência Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

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§ 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
entrada, os serviços de assistência social em seu componente educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação
Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei
formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em nº 13.010, de 2014)
rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
de assistência médica e odontológica para a prevenção das aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde pela Lei nº 13.010, de 2014)
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 2014)
§ 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante
especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
Lei nº 13.257, de 2016) pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
(Vigência) (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
CAPÍTULO II (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo VI - garantia de tratamento de saúde especializado à vítima.
de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
sociais garantidos na Constituição e nas leis. Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências
aspectos: legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais; CAPÍTULO III
II - opinião e expressão; DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; SEÇÃO I
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; DISPOSIÇÕES GERAIS
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação
dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do § 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
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judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-
pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em la. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze)
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em programa do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509,
de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 de 2017)
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu § 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) criança após o nascimento, a criança será mantida com os genitores,
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do § 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento,
art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 13.509, de 2017)
2016) § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta)
a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº
promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento 13.509, de 2017)
institucional, pela entidade responsável, independentemente de Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
§ 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mãe programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar
§ 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para
multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo,
entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, educacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de
pela Lei nº 13.509, de 2017) 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
§ 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento
da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório à de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos § 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente
do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº
2017) 13.509, de 2017)
§ 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá § 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado
determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com
expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade
para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (Incluído
2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos § 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído
Lei nº 13.509, de 2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de § 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os
não existir outro representante da família extensa apto a receber responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento
a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária
extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a
manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a
de 2017) solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o de 2009) Vigência
genitor nem representante da família extensa para confirmar a
intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e SEÇÃO III
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
judiciais. SUBSEÇÃO I
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos DISPOSIÇÕES GERAIS
iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado
e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica
direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
13.257, de 2016) § 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar . seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em § 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída necessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela
por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
ou outro descendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão existência de risco de abuso ou outra situação que justifique
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 5 o A colocação da criança ou adolescente em família substituta
Vigência será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da
SEÇÃO II Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio
DA FAMÍLIA NATURAL dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada 12.010, de 2009) Vigência
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. § 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de
documento público, qualquer que seja a origem da filiação. sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
descendentes. federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
observado o segredo de Justiça. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a
natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades
governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

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Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará SUBSEÇÃO III


compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, DA TUTELA
mediante termo nos autos.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
SUBSEÇÃO II de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº
DA GUARDA 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil ,
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão,
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato,
de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.
a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
direito de representação para a prática de atos determinados. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
previdenciários. se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o
exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de SUBSEÇÃO IV
prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, DA ADOÇÃO
a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência segundo o disposto nesta Lei.
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma
§ 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento de 2009) Vigência
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e § 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº
excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) § 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
§ 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela
a criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto Lei nº 13.509, de 2017)
nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
Vigência à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos
§ 3 o A União apoiará a implementação de serviços de adotantes.
acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de matrimoniais.
adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
§ 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em concubino do adotante e os respectivos parentes.
família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
adotando.

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§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no §
a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção
2009) Vigência à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
velho do que o adotando. interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que execução da política de garantia do direito à convivência familiar,
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do
de convivência tenha sido iniciado na constância do período de deferimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de Vigência
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que § 5 o O estágio de convivência será cumprido no território
justifiquem a excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda residência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
12.010, de 2009) Vigência fornecerá certidão.
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do bem como o nome de seus ascendentes.
procedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
12.010, de 2009) Vigência registro original do adotado.
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais § 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
curatelado. constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do de 2009) Vigência
representante legal do adotando. § 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
destituídos do poder familiar . (Expressão substituída pela Lei nº § 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
12.010, de 2009) Vigência adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
será também necessário o seu consentimento. de 2009) Vigência
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com § 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no §
observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades 6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do
do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o § 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a
constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei
Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em
da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com
12.010, de 2009) Vigência doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
§ 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual
fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
13.509, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual
mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar
prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
fundamentada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº Vigência
13.509, de 2017)

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Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder 2009) Vigência
familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
de 2009) Vigência postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta Vigência
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfizer 12.010, de 2009) Vigência
os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas II - for formulada por parente com o qual a criança ou
no art. 29. adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.
§ 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato
em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os
adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas
execução da política municipal de garantia do direito à convivência interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência,
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde,
§ 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais além de grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à
§ 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo
fora do País, que somente serão consultados na inexistência de Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar criança em
postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2017)
§ 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção § 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente
terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar
informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao
§ 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação
condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a
na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes
sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança
no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela III - que, em se tratando de adoção de adolescente,
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de
comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mediante parecer elaborado por equipe interprofissional,
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída
pretendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência
nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou
criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Lei nº 13.509, de 2017) Vigência

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das § 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países
à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída
internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
está situada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
de 2009) Vigência e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
um relatório que contenha informações sobre a identidade, a jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que Vigência
os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
IV - o relatório será instruído com toda a documentação Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe Vigência
interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e
pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão
e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tradução, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes
12.010, de 2009) Vigência do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;
solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia
a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade
deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal
do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório
internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil,
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado;
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes
Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da
adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de
Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº
§ 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, 12.010, de 2009) Vigência
admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional § 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste
sejam intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira § 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Vigência
Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
próprio da internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida § 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo
§ 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem Vigência
como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país
as características da criança ou adolescente adotado, como idade, de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem
cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de determinará as providências necessárias à expedição do Certificado
2009) Vigência de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a Vigência
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
crianças e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
2009) Vigência se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista
comprovados, é causa de seu descredenciamento. (Incluído pela no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência requerer o que for de direito para resguardar os interesses da
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à
representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade
cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.
de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem
renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o
de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído
com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência CAPÍTULO IV
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que LAZER
julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-
organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de se-lhes:
adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência escola;
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser II - direito de ser respeitado por seus educadores;
efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos às instâncias escolares superiores;
da Criança e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - direito de organização e participação em entidades
Vigência estudantis;
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência,
ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
sido processado em conformidade com a legislação vigente no país frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica.
de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do processo pedagógico, bem como participar da definição das
propostas educacionais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medidas profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação
de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de educação em vigor.
dependência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
2019) seguintes princípios:
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os II - atividade compatível com o desenvolvimento do
que a ele não tiveram acesso na idade própria; adolescente;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao III - horário especial para o exercício das atividades.
ensino médio; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada
III - atendimento educacional especializado aos portadores de bolsa de aprendizagem.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da trabalho protegido.
criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
do adolescente trabalhador; governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
VII - atendimento no ensino fundamental, através de I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, cinco horas do dia seguinte;
alimentação e assistência à saúde. II - perigoso, insalubre ou penoso;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
subjetivo. desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder IV - realizado em horários e locais que não permitam a
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da freqüência à escola.
autoridade competente. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao
responsável, pela freqüência à escola. adolescente que dele participe condições de capacitação para o
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular exercício de atividade regular remunerada.
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
esgotados os recursos escolares; não desfigura o caráter educativo.
III - elevados níveis de repetência. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, outros:
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da TÍTULO III
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da DA PREVENÇÃO
criação e o acesso às fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, CAPÍTULO I
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para DISPOSIÇÕES GERAIS
programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a
infância e a juventude. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
violação dos direitos da criança e do adolescente.
CAPÍTULO V Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas
TRABALHO públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Federal)
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - a promoção de campanhas educativas permanentes para XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos profissionais nas
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento escolas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes
cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos aos órgãos e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que
humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) identifiquem situações em que crianças e adolescentes vivenciam
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do violência e agressões no âmbito familiar ou institucional; (Incluído
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as XII - a promoção de programas educacionais que disseminem
entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana,
e defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei bem como de programas de fortalecimento da parentalidade
nº 13.010, de 2014) positiva, da educação sem castigos físicos e de ações de prevenção
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias de ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à identificação e
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao à resposta à violência doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº
enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o 14.344, de 2022) Vigência
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de áreas da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; o art. 71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros,
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) com pessoas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a Tutelar suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- e o adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)
natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo Vigência
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por
ou degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do
de 2014) cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível,
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão,
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta culposos ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
focados nas famílias em situação de violência, com participação Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
de profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) desenvolvimento.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela
públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de adotados.
2014) Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
outras informações relevantes às consequências e à frequência Lei.
das formas de violência contra a criança e o adolescente para a
sistematização de dados nacionalmente unificados e a avaliação CAPÍTULO II
periódica dos resultados das medidas adotadas; (Incluído pela DA PREVENÇÃO ESPECIAL
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa humana, SEÇÃO I
de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou degradante e DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES, DIVER-
as formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído SÕES E ESPETÁCULOS
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
IX - a promoção e a realização de campanhas educativas Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará
direcionadas ao público escolar e à sociedade em geral e a difusão as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
das crianças e dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia em que sua apresentação se mostre inadequada.
existentes; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos
X - a celebração de convênios, de protocolos, de ajustes, públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
de termos e de outros instrumentos de promoção de parceria do local de exibição, informação destacada sobre a natureza
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de
governamentais, com o objetivo de implementar programas de classificação.
erradicação da violência, de tratamento cruel ou degradante e de Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões
formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência etária.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma
exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável. unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, comprovado documentalmente o parentesco;
apresentação ou exibição. 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de ou responsável.
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em responsável, conceder autorização válida por dois anos.
desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, dispensável, se a criança ou adolescente:
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
que se destinam. II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
Art. 78. As revistas e publicações contendo material expressamente pelo outro através de documento com firma
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser reconhecida.
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
conteúdo. criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas exterior.
com embalagem opaca.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto- PARTE ESPECIAL
juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas,
crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e TÍTULO I
munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
e da família.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem CAPÍTULO I
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de DISPOSIÇÕES GERAIS
jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que
eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entrada e Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
para orientação do público. governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios.
SEÇÃO II Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
DOS PRODUTOS E SERVIÇOS I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de
I - armas, munições e explosivos; violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação
II - bebidas alcoólicas; dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
III - produtos cujos componentes possam causar dependência III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
física ou psíquica ainda que por utilização indevida; e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração,
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo abuso, crueldade e opressão;
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
físico em caso de utilização indevida; crianças e adolescentes desaparecidos;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. da criança e do adolescente.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar
em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e
adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
SEÇÃO III VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar
e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa 2009) Vigência
autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
§ 1º A autorização não será exigida quando:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. A linha de ação da política de atendimento a CAPÍTULO II


que se refere o inciso IV do caput deste artigo será executada em DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
cooperação com o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas,
criado pela Lei nº 13.812, de 16 de março de 2019, com o Cadastro SEÇÃO I
Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, criado pela Lei DISPOSIÇÕES GERAIS
nº 12.127, de 17 de dezembro de 2009, e com os demais cadastros,
sejam eles nacionais, estaduais ou municipais. (Incluído pela Lei nº Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
14.548, de 2023) manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados
I - municipalização do atendimento; a crianças e adolescentes, em regime de: (Vide)
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional I - orientação e apoio sócio-familiar;
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada III - colocação familiar;
a participação popular paritária por meio de organizações IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; 12.010, de 2009) Vigência
III - criação e manutenção de programas específicos, observada V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei
a descentralização político-administrativa; nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do 2012) (Vide)
adolescente; VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério 2012) (Vide)
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização § 1 o As entidades governamentais e não governamentais
do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando
ato infracional; os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que
das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.
agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista § 2 o Os recursos destinados à implementação e manutenção
na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros,
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição
participação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais § 3 o Os programas em execução serão reavaliados pelo
que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) renovação da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos 12.010, de 2009) Vigência
da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como
atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado
integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente,
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
infantil e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas
de 2016) pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do Vigência
adolescente é considerada de interesse público relevante e não III - em se tratando de programas de acolhimento institucional
será remunerada. ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração
familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou
b) não apresente plano de trabalho compatível com os institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração
princípios desta Lei; de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluído
c) esteja irregularmente constituída; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. § 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257,
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, de 2016)
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Art. 93. As entidades que mantenham programa de
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
renovação, observado o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
Vigência apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias
II - integração em família substituta, quando esgotados os para promover a imediata reintegração familiar da criança ou
recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, observado
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; o disposto no § 2 o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
V - não desmembramento de grupos de irmãos; de 2009) Vigência
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
entidades de crianças e adolescentes abrigados; internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
VII - participação na vida da comunidade local; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
VIII - preparação gradativa para o desligamento; adolescentes;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
educativo. restrição na decisão de internação;
§ 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os unidades e grupos reduzidos;
efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
§ 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas dignidade ao adolescente;
de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado dos vínculos familiares;
acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta Lei. casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vínculos familiares;
§ 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de
e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos
dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas necessários à higiene pessoal;
de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados
crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, à faixa etária dos adolescentes atendidos;
Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e
de 2009) Vigência farmacêuticos;
§ 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária X - propiciar escolarização e profissionalização;
competente, as entidades que desenvolvem programas de XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão acordo com suas crenças;
o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade
§ 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento competente;
familiar ou institucional somente poderão receber recursos XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e sua situação processual;
finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de TÍTULO II


adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
adolescentes; CAPÍTULO I
XVIII - manter programas destinados ao apoio e DISPOSIÇÕES GERAIS
acompanhamento de egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
cidadania àqueles que não os tiverem; são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e ameaçados ou violados:
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que III - em razão de sua conduta.
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes CAPÍTULO II
deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. qualquer tempo.
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação
de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de
SEÇÃO II direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção
Público e pelos Conselhos Tutelares. integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das III - responsabilidade primária e solidária do poder público:
dotações orçamentárias. a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da
I - às entidades governamentais: municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de
a) advertência; programas por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº
b) afastamento provisório de seus dirigentes; 12.010, de 2009) Vigência
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos
II - às entidades não-governamentais: da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for
a) advertência; devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010,
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; de 2009) Vigência
d) cassação do registro. V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança
§ 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade,
de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº
nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou 12.010, de 2009) Vigência
representado perante autoridade judiciária competente para VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja
dissolução da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Vigência VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida
§ 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
descumprimento dos princípios norteadores das atividades de Vigência
proteção específica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou
a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada encaminhados às instituições que executam programas de
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção qual obrigatoriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº
da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas 12.010, de 2009) Vigência
que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração em de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) 2009) Vigência
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
forma como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
Vigência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a
medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, autoridade judiciária competente, caso em que também deverá
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído contemplar sua colocação em família substituta, observadas as
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. Vigência
98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as § 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
seguintes medidas: da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
de responsabilidade; dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; Vigência
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento § 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído
oficial de ensino fundamental; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei
de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em regime hospitalar ou ambulatorial; III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
12.010, de 2009) Vigência serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº § 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
12.010, de 2009) Vigência mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte
§ 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a
medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais
transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e
para colocação em família substituta, não implicando privação de estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para § 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista
adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de § 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao TÍTULO III


Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política CAPÍTULO I
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a DISPOSIÇÕES GERAIS
destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo crime ou contravenção penal.
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
complementares ou de outras providências indispensáveis ao Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
ajuizamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de a idade do adolescente à data do fato.
2017) Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou as medidas previstas no art. 101.
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento CAPÍTULO II
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência fundamentada da autoridade judiciária competente.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência seus direitos.
Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº ele indicada.
12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada
12.010, de 2009) Vigência pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada
elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade a necessidade imperiosa da medida.
judiciária. Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
gozando de absoluta prioridade. dúvida fundada.
§ 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme CAPÍTULO III
previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo sem o devido processo legal.
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for seguintes garantias:
encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional,
Vigência mediante citação ou meio equivalente;
§ 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. à sua defesa;
(Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016) III - defesa técnica por advogado;
§ 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e na forma da lei;
a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
2016) competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
em qualquer fase do procedimento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO IV SEÇÃO V
DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS DA LIBERDADE ASSISTIDA

SEÇÃO I Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se


DISPOSIÇÕES GERAIS afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade
I - advertência; ou programa de atendimento.
II - obrigação de reparar o dano; § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
III - prestação de serviços à comunidade; seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
IV - liberdade assistida; ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
V - inserção em regime de semi-liberdade; Público e o defensor.
VI - internação em estabelecimento educacional; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua outros:
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. I - promover socialmente o adolescente e sua família,
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
prestação de trabalho forçado. programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do
mental receberão tratamento individual e especializado, em local adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
adequado às suas condições. III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. e de sua inserção no mercado de trabalho;
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI IV - apresentar relatório do caso.
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria
e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, SEÇÃO VI
nos termos do art. 127. DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado
desde o início, ou como forma de transição para o meio
SEÇÃO II aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
DA ADVERTÊNCIA independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes
será reduzida a termo e assinada. na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
SEÇÃO III no que couber, as disposições relativas à internação.
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
SEÇÃO VII
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos DA INTERNAÇÃO
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
por outra forma, compense o prejuízo da vítima. sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
poderá ser substituída por outra adequada. § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
SEÇÃO IV judicial em contrário.
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na máximo a cada seis meses.
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, excederá a três anos.
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
programas comunitários ou governamentais. adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as liberdade ou de liberdade assistida.
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
à jornada normal de trabalho.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser CAPÍTULO V


revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela DA REMISSÃO
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
quando: apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
ou violência a pessoa; atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida menor participação no ato infracional.
anteriormente imposta. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada extinção do processo.
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
nº 12.594, de 2012) (Vide) reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
outra medida adequada. eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso
compleição física e gravidade da infração. do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive Público.
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, TÍTULO IV
entre outros, os seguintes: DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Ministério Público; Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
solicitada; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
V - ser tratado com respeito e dignidade; orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; freqüência e aproveitamento escolar;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
pessoal; tratamento especializado;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e VII - advertência;
salubridade; VIII - perda da guarda;
XI - receber escolarização e profissionalização; IX - destituição da tutela;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: X - suspensão ou destituição do poder familiar . (Expressão
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos
desde que assim o deseje; IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade
porventura depositados em poder da entidade; judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos do agressor da moradia comum.
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415,
a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios de 2011)
e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de
contenção e segurança.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TÍTULO V V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua


DO CONSELHO TUTELAR competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
CAPÍTULO I judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
DISPOSIÇÕES GERAIS adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo ou adolescente quando necessário;
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
nesta Lei. proposta orçamentária para planos e programas de atendimento
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa dos direitos da criança e do adolescente;
do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
como órgão integrante da administração pública local, composto de a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato Constituição Federal ;
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019) de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
serão exigidos os seguintes requisitos: família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - reconhecida idoneidade moral; XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
II - idade superior a vinte e um anos; profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
III - residir no município. reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas
remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de doméstica e familiar e à responsabilização do agressor; (Incluído
2012) pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento
12.696, de 2012) cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, correção
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) prover orientação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) encaminhamentos necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal 2022) Vigência
e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao XV - representar à autoridade judicial ou policial para requerer
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de
continuada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar
12.696, de 2012) contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá 2022) Vigência
serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade XVI - representar à autoridade judicial para requerer a concessão
moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente vítima
ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a
CAPÍTULO II revisão daquelas já concedidas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO 2022) Vigência
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: propositura de ação cautelar de antecipação de produção de prova
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente;
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
VII; XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as competência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou
medidas previstas no art. 129, I a VII; omissão, praticada em local público ou privado, que constitua
III - promover a execução de suas decisões, podendo para violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente;
tanto: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações
serviço social, previdência, trabalho e segurança; reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas
descumprimento injustificado de suas deliberações. violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança ou adolescente;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério TÍTULO VI


Público para requerer a concessão de medidas cautelares direta DO ACESSO À JUSTIÇA
ou indiretamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante
ou denunciante de informações de crimes que envolvam violência CAPÍTULO I
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. (Incluído DISPOSIÇÕES GERAIS
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, qualquer de seus órgãos.
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela
e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo hipótese de litigância de má-fé.
interesse. Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados
e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
CAPÍTULO III por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
DA COMPETÊNCIA processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem
constante do art. 147. com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de
representação ou assistência legal ainda que eventual.
CAPÍTULO IV Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que
se atribua autoria de ato infracional.
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia,
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº
dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) 10.764, de 12.11.2003)
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a
ano subsequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº finalidade.
12.696, de 2012)
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de CAPÍTULO II
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
Lei nº 12.696, de 2012)
§ 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, SEÇÃO I
é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao DISPOSIÇÕES GERAIS
eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao
CAPÍTULO V Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de
DOS IMPEDIMENTOS habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento,
inclusive em plantões.
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido
e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, SEÇÃO II
irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou DO JUIZ
madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma
representante do Ministério Público com atuação na Justiça da da lei de organização judiciária local.
Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou Art. 147. A competência será determinada:
distrital. I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta
dos pais ou responsável.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade
do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
continência e prevenção.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade b) as peculiaridades locais;


competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde c) a existência de instalações adequadas;
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. d) o tipo de freqüência habitual ao local;
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, freqüência de crianças e adolescentes;
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade f) a natureza do espetáculo.
judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações
do respectivo estado. de caráter geral.
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: SEÇÃO III
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério DOS SERVIÇOS AUXILIARES
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
aplicando as medidas cabíveis; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
do processo; equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; e da Juventude.
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer
disposto no art. 209; subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento,
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre
contra norma de proteção à criança ou adolescente; manifestação do ponto de vista técnico.
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores
aplicando as medidas cabíveis. públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação
e da Juventude para o fim de: judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar , perda de 2015 (Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509,
ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei de 2017)
nº 12.010, de 2009) Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; CAPÍTULO III
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou DOS PROCEDIMENTOS
materna, em relação ao exercício do poder familiar ; (Expressão
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência SEÇÃO I
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando DISPOSIÇÕES GERAIS
faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; processual pertinente.
g) conhecer de ações de alimentos; § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
registros de nascimento e óbito. nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
portaria, ou autorizar, mediante alvará: § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
desacompanhado dos pais ou responsável, em: começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
a) estádio, ginásio e campo desportivo; para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
b) bailes ou promoções dançantes; 13.509, de 2017)
c) boate ou congêneres; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
II - a participação de criança e adolescente em: necessárias, ouvido o Ministério Público.
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o
b) certames de beleza. fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
levará em conta, dentre outros fatores: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a) os princípios desta Lei; Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
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SEÇÃO II § 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local


DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez)
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a
localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
de quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
nº 12.010, de 2009) Vigência incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir
Art. 156. A petição inicial indicará: da intimação do despacho de nomeação.
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da
e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído
formulado por representante do Ministério Público; pela Lei nº 12.962, de 2014)
III - a exposição sumária do fato e o pedido; Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de
rol de testemunhas e documentos. documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, partes ou do Ministério Público.
ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído
, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional
causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos
mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída pela ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência requerente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária 13.509, de 2017)
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
independentemente de requerimento do interessado, a realização das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de
de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de
multidisciplinar para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637
suspensão ou destituição do poder familiar, ressalvado o disposto e 1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) ,
no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei n o 13.431, de 4 de ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
abril de 2017 . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, § 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou
ou multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo, de representantes adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº
disposto no § 6 o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, 12.010, de 2009) Vigência
de 2017) § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem
§ 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos
de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe de não comparecimento perante a Justiça quando devidamente
multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos da Lei nº citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022) § 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a
§ 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva.
ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
e encaminhará os documentos pertinentes. (Incluído pela Lei nº Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará
14.340, de 2022) vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, este for o requerente, designando, desde logo, audiência de
oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e instrução e julgamento.
oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. § 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios § 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público,
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, (dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa § 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015 13.509, de 2017)
(Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

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§ 4 o Quando o procedimento de destituição de poder familiar § 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade dos
for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações.
nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 4 o O consentimento prestado por escrito não terá validade se
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste artigo.
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para § 5 o O consentimento é retratável até a data da realização da
preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em audiência especificada no § 1 o deste artigo, e os pais podem exercer
família substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro pela Lei nº 13.509, de 2017)
de nascimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº § 6 o O consentimento somente terá valor se for dado após
12.010, de 2009) Vigência o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
SEÇÃO III § 7 o A família natural e a família substituta receberão a devida
DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Redação
couber, o disposto na seção anterior. dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
SEÇÃO IV das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
colocação em família substituta: Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
especificando se tem ou não parente vivo; ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,
pais, se conhecidos; decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou lógico da medida principal de colocação em família substituta, será
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
também os requisitos específicos. Vigência
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá
suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o
ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser disposto no art. 35.
formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
§ 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
devidamente assistidas por advogado ou por defensor público, para 12.010, de 2009) Vigência
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10
(dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega SEÇÃO V
da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A ADO-
pela Lei nº 13.509, de 2017) LESCENTE
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017) Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
§ 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar será será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial
no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído competente.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior,
atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional o representante do Ministério Público poderá:
praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da I - promover o arquivamento dos autos;
repartição especializada, que, após as providências necessárias e II - conceder a remissão;
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido medida sócio-educativa.
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida
sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante
deverá: termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.
adolescente; § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos
da materialidade e autoria da infração. ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado,
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a e este oferecerá representação, designará outro membro do
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento
circunstanciada. ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o a homologar.
adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão,
ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o educativa que se afigurar a mais adequada.
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e,
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
boletim de ocorrência. autoria e materialidade.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no será de quarenta e cinco dias.
prazo de vinte e quatro horas. Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo,
a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação,
policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência,
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial acompanhados de advogado.
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando
autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
Público relatório das investigações e demais documentos. § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
compartimento fechado de veículo policial, em condições judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do transferido para a localidade mais próxima.
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em
pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não
adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. responsabilidade.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
do Ministério Público notificará os pais ou responsável para responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos,
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
polícias civil e militar.
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§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão. representação de delegado de polícia e conterá a demonstração
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes
internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados
judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
estudo do caso. prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva
de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº
defesa prévia e rol de testemunhas. 13.441, de 2017)
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas § 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, término do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo.
será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada § 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo,
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
que em seguida proferirá decisão. I – dados de conexão: informações referentes a hora, data,
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP)
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua 13.441, de 2017)
condução coercitiva. II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou
antes da sentença. código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão.
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, § 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
desde que reconheça na sentença: admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído
I - estar provada a inexistência do fato; pela Lei nº 13.441, de 2017)
II - não haver prova da existência do fato; Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão
III - não constituir o fato ato infracional; encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
ato infracional. 2017)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos
adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade. autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
internação ou regime de semi-liberdade será feita: sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I - ao adolescente e ao seu defensor; Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
responsável, sem prejuízo do defensor. materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e
unicamente na pessoa do defensor. 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
SEÇÃO V-A excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA PARA A IN- incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento
VESTIGAÇÃO DE CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações
CRIANÇA E DE ADOLESCENTE necessárias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela
Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela
, 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , Lei nº 13.441, de 2017)
218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
(Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
13.441, de 2017) armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
I – será precedida de autorização judicial devidamente juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da 13.441, de 2017)
infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público;
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
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Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou
ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, a seu representante legal, lavrando certidão;
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. encontrado o requerido ou seu representante legal;
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
SEÇÃO VI Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
ATENDIMENTO cinco dias, decidindo em igual prazo.
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário,
entidade governamental e não-governamental terá início mediante designará audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº
portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério 12.010, de 2009) Vigência
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
resumo dos fatos. sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido,
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão sentença.
fundamentada.
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de SEÇÃO VIII
dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
indicar as provas a produzir. DA HABILITAÇÃO DE PRETENDENTES À ADOÇÃO
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento, Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
intimando as partes. apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério 12.010, de 2009) Vigência
Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
autoridade judiciária em igual prazo. Vigência
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária Vigência
oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
afastado, marcando prazo para a substituição. casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
julgamento de mérito. V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da 12.010, de 2009) Vigência
entidade ou programa de atendimento. VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
SEÇÃO VII VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº
DA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ÀS NOR- 12.010, de 2009) Vigência
MAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e
administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo
adolescente terá início por representação do Ministério Público, de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por Vigência
servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
testemunhas, se possível. interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as Vigência
circunstâncias da infração. II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010,
a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos de 2009) Vigência
do retardamento. III - requerer a juntada de documentos complementares e a
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação realização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído
de defesa, contado da data da intimação, que será feita: pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
presença do requerido;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe § 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o pela Lei nº 13.509, de 2017)
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz § 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda para
dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois
de 2009) Vigência do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação da
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela demais sanções previstas na legislação vigente. (Incluído pela Lei nº
execução da política municipal de garantia do direito à convivência 13.509, de 2017)
familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente habilitados Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação
perante a Justiça da Infância e da Juventude, que inclua preparação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
ou de adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) CAPÍTULO IV
§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória DOS RECURSOS
da preparação referida no § 1 o deste artigo incluirá o contato com
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância
institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de
de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as seguintes
programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. I - os recursos serão interpostos independentemente de
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) preparo;
§ 3 o É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhidos II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
institucionalmente ou por família acolhedora sejam preparados prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva. (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação revisor;
no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
de 2009) Vigência agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado,
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro
ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no
cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para prazo de cinco dias, contados da intimação.
a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149
conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. caberá recurso de apelação.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde
§ 1 o A ordem cronológica das habilitações somente poderá logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou
previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao
a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos
§ 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) de 2009) Vigência
§ 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, será Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e
dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação por de destituição de poder familiar, em face da relevância das
equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo
ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para penal do infrator, quando cabível;
julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar remoção de irregularidades porventura verificadas;
oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
Vigência serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar XIII - intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais
o descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos decorrentes de violência doméstica e familiar contra a criança e o
anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
CAPÍTULO V previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
DO MINISTÉRIO PÚBLICO hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
Art. 201. Compete ao Ministério Público: suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; ou adolescente.
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às § 4º O representante do Ministério Público será responsável
infrações atribuídas a adolescentes; pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os nas hipóteses legais de sigilo.
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar , § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
oficiar em todos os demais procedimentos da competência da a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei competente procedimento, sob sua presidência;
nº 12.010, de 2009) Vigência b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de acertados;
contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente,
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
inciso II, da Constituição Federal ; e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los: autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer
a) expedir notificações para colher depoimentos ou diligências, usando os recursos cabíveis.
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar; será feita pessoalmente.
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a
direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências requerimento de qualquer interessado.
investigatórias; Art. 205. As manifestações processuais do representante do
c) requisitar informações e documentos a particulares e Ministério Público deverão ser fundamentadas.
instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias CAPÍTULO VI
e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de DO ADVOGADO
ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável,
assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide
judiciais e extrajudiciais cabíveis; poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e
adolescente; gratuita àqueles que dela necessitarem.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de § 3º A notificação a que se refere o § 2º deste artigo será
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem imediatamente comunicada ao Cadastro Nacional de Pessoas
defensor. Desaparecidas e ao Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado Desaparecidos, que deverão ser prontamente atualizados a cada
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de nova informação. (Incluído pela Lei nº 14.548, de 2023)
sua preferência. Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar tribunais superiores.
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
CAPÍTULO VII II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, territórios;
DIFUSOS E COLETIVOS III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
I - do ensino obrigatório; Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
II - de atendimento educacional especializado aos portadores de que cuida esta Lei.
de deficiência; § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) poderá assumir a titularidade ativa.
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
educando; interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
V - de programas suplementares de oferta de material didático- exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
fundamental; esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às Código de Processo Civil.
crianças e adolescentes que dele necessitem; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
privados de liberdade. ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e de segurança.
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da obrigação ou determinará providências que assegurem o
X - de programas de atendimento para a execução das medidas resultado prático equivalente ao do adimplemento.
socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência. o réu.
(Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência) § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição prazo razoável para o cumprimento do preceito.
e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
2005) da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças ou se houver configurado o descumprimento.
adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo
órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte município.
interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
necessários à identificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
11.259, de 2005) pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa
aos demais legitimados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção
depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério
correção monetária. Público para o ajuizamento da ação.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
para evitar dano irreparável à parte. disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985 .
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de TÍTULO VII
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da CAPÍTULO I
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova DOS CRIMES
a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados. SEÇÃO I
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os DISPOSIÇÕES GERAIS
honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art.
20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
infundada. disposto na legislação penal.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de ao Código de Processo Penal.
responsabilidade por perdas e danos. § 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente,
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099,
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e de 26 de setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
quaisquer outras despesas. 2022) Vigência
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe e o adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou
informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
indicando-lhe os elementos de convicção. pena que implique o pagamento isolado de multa. (Incluído pela
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as incondicionada.
providências cabíveis. Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
requerer às autoridades competentes as certidões e informações (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
dias. ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função,
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência. (Incluído
organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou pela Lei nº 13.869. de 2019)
perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez
dias úteis. SEÇÃO II
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as DOS CRIMES EM ESPÉCIE
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter
fundamentadamente. registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento,
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de neonato:
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério Pena - detenção de seis meses a dois anos.
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões Parágrafo único. Se o crime é culposo:
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
ou anexados às peças de informação. Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem
dispuser o seu regimento. como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador,
competente: preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro
Pena - detenção de seis meses a dois anos. título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
apreensão sem observância das formalidades legais. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à 11.829, de 2008)
pessoa por ele indicada: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Pena - detenção de seis meses a dois anos. dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo 2008)
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
em benefício de adolescente privado de liberdade: 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Público no exercício de função prevista nesta Lei: II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo
de colocação em lar substituto: são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829,
terceiro, mediante paga ou recompensa: de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
efetiva a paga ou recompensa. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. § 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena § 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
correspondente à violência. finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829,
envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº de 2008)
11.829, de 2008) I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação Lei nº 11.829, de 2008)
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) II – membro de entidade, legalmente constituída, que
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor
2008) de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores,
§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de Lei nº 11.829, de 2008)
exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado
sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440,
2008) de 2017)
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído
forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
2008) § 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
pela Lei nº 11.829, de 2008) (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por nº 12.015, de 2009)
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
pela Lei nº 11.829, de 2008) Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas
pela Lei nº 11.829, de 2008) de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim CAPÍTULO II
de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
“cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. de maus-tratos contra criança ou adolescente:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, o dobro em caso de reincidência.
de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
explosivo: atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda o dobro em caso de reincidência.
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
componentes possam causar dependência física ou psíquica: documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, o dobro em caso de reincidência.
de 2015) § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente,
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional,
de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que
de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização ou indiretamente.
indevida: § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação
definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração (Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869).
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem
dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
o dobro em caso de reincidência. de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a
da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e
(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Vigência
§ 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que
12.038, de 2009). deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados
(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer Vigência
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
o dobro em caso de reincidência. imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do seu filho para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
local de exibição, informação destacada sobre a natureza da Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de classificação: Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à
o dobro em caso de reincidência. convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do
que não se recomendem: art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo ou comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada
sem aviso de sua classificação: (Expressão declarada inconstitucional pela Lei nº 13.106, de 2015)
pela ADI 2.404).
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre
classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de
ou adolescentes admitidos ao espetáculo: atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Livro II.
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes
dias. e princípios estabelecidos nesta Lei.
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital,
pelo órgão competente: estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Redação
desta Lei: dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando- II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas
se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto
revista ou publicação. no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . (Redação
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de
de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua efeito)
participação no espetáculo:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e § 4 o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação § 3 implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando
o

dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos
da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais (Vide)
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao § 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) concomitantemente com a opção de que trata o caput , respeitado
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594,
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação de 2012) (Vide)
das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº
Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste 12.594, de 2012) (Vide)
artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, de pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela
26 de dezembro de 1995 , a dedução de que trata o inciso I do caput Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite período a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº
em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem
II - não poderá ser computada como despesa operacional na ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594,
apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso depositadas em conta específica, em instituição financeira pública,
II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído
Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) do Conselho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
§ 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela Lei nº (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador;
art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594, IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído
de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei
de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei § 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser
nº 12.594, de 2012) (Vide) emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) § 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio
12.594, de 2012) (Vide) ou em relação anexa ao comprovante, informando também se
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores.
vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá: V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca,
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declaração a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos
do imposto de renda, desde que não exceda o valor de mercado; no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts.
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será requerimento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído
considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto se pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
o leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
nº 12.594, de 2012) (Vide) República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico
260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 contendo a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança
(cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita e do Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) a indicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas bancárias específicas mantidas em instituições financeiras
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Vide) Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a
nº 12.594, de 2012) (Vide) que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes pertencer a entidade.
dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes
(Vide) aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos
bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) seus respectivos níveis.
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares,
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade
dará conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei judiciária.
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão 1) Art. 121 ...............................................................
amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço,
(Vide) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
de 2012) (Vide) vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
12.594, de 2012) (Vide) menor de catorze anos.
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem 2) Art. 129 ...............................................................
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído hipóteses do art. 121, § 4º.
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário 3) Art. 136...............................................................
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) contra pessoa menor de catorze anos.
4) Art. 213 ...............................................................
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pena - reclusão de quatro a dez anos. todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saú-
5) Art. 214............................................................... de física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espi-
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: ritual e social, em condições de liberdade e dignidade.    (Redação
Pena - reclusão de três a nove anos.» dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade
1973 , fica acrescido do seguinte item: e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta priori-
“Art. 102 ............................................................... dade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “ cação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comu-
administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e nitária.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular § 1º A garantia de prioridade compreende:    (Redação dada
do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das pela Lei nº 13.466, de 2017)
escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto
criança e do adolescente. aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla II – preferência na formulação e na execução de políticas so-
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de ciais públicas específicas;
comunicação social. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será cionadas com a proteção à pessoa idosa;    (Redação dada pela Lei
veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças nº 14.423, de 2022)
e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupa-
(seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) ção e convívio da pessoa idosa com as demais gerações;    (Redação
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
publicação. V – priorização do atendimento da pessoa idosa por sua pró-
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão pria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria
esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. sobrevivência;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 , e 6.697, de 10 VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas
de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços às pessoas
em contrário. idosas;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divul-
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da gação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biop-
República. sicossociais de envelhecimento;
FERNANDO COLLOR VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de as-
Bernardo Cabral sistência social locais.
Carlos Chiarelli IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de
Antônio Magri Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).
Margarida Procópio § 2º Entre as pessoas idosas, é assegurada prioridade especial
aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas necessida-
des sempre preferencialmente em relação às demais pessoas ido-
ESTATUTO DO IDOSO. sas.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo
de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido
na forma da lei.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá outras providên- § 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direi-
cias.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tos da pessoa idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
TÍTULO I Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste-
munhado ou de que tenha conhecimento.
Art. 1º É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a re- Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e
gular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou supe- Municipais da Pessoa Idosa, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de janei-
rior a 60 (sessenta) anos.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de ro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos da pessoa idosa,
2022) definidos nesta Lei.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,
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TÍTULO II CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO À SAÚDE

CAPÍTULO I Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde da pessoa ido-


DO DIREITO À VIDA sa, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-lhe
o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e re-
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vi- cuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
gente. afetam preferencialmente as pessoas idosas.    (Redação dada pela
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a prote- Lei nº 14.423, de 2022)
ção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públi- § 1º A prevenção e a manutenção da saúde da pessoa idosa
cas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de serão efetivadas por meio de:    (Redação dada pela Lei nº 14.423,
dignidade. de 2022)
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
CAPÍTULO II II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especiali-
zado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade assegurar à IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a
pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se loco-
humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, mover, inclusive para as pessoas idosas abrigadas e acolhidas por
garantidos na Constituição e nas leis.    (Redação dada pela Lei nº instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventu-
14.423, de 2022) almente conveniadas com o poder público, nos meios urbano e ru-
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os se- ral;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
guintes aspectos: V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa- redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
ços comunitários, ressalvadas as restrições legais; § 2º Incumbe ao poder público fornecer às pessoas idosas,
II – opinião e expressão; gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continu-
III – crença e culto religioso; ado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao
IV – prática de esportes e de diversões; tratamento, habilitação ou reabilitação.    (Redação dada pela Lei nº
V – participação na vida familiar e comunitária; 14.423, de 2022)
VI – participação na vida política, na forma da lei; § 3º É vedada a discriminação da pessoa idosa nos planos de
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da ida-
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- de.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
gridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da ima- § 4º As pessoas idosas com deficiência ou com limitação inca-
gem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos pacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei.    (Re-
espaços e dos objetos pessoais. dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade da pessoa idosa, § 5º É vedado exigir o comparecimento da pessoa idosa enfer-
colocando-a a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, ma perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o se-
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.    (Redação dada pela Lei guinte procedimento:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
nº 14.423, de 2022)    I - quando de interesse do poder público, o agente promo-
verá o contato necessário com a pessoa idosa em sua residência;
CAPÍTULO III ou    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
DOS ALIMENTOS   II - quando de interesse da própria pessoa idosa, esta se fará
representar por procurador legalmente constituído.     (Redação
Art. 11. Os alimentos serão prestados à pessoa idosa na forma dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
da lei civil.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)   § 6º É assegurado à pessoa idosa enferma o atendimento do-
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo a pes- miciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social
soa idosa optar entre os prestadores.    (Redação dada pela Lei nº (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de
14.423, de 2022) saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS, para expe-
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser cele- dição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos
bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as sociais e de isenção tributária.    (Redação dada pela Lei nº 14.423,
referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial de 2022)
nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737,    § 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80 (oiten-
de 2008) ta) anos terão preferência especial sobre as demais pessoas idosas,
Art. 14. Se a pessoa idosa ou seus familiares não possuírem exceto em caso de emergência.    (Redação dada pela Lei nº 14.423,
condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao poder de 2022)
público esse provimento, no âmbito da assistência social.    (Reda-
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 16. À pessoa idosa internada ou em observação é assegu- Art. 21. O poder público criará oportunidades de acesso da pes-
rado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde propor- soa idosa à educação, adequando currículos, metodologias e mate-
cionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo rial didático aos programas educacionais a ela destinados.    (Reda-
integral, segundo o critério médico.     (Redação dada pela Lei nº ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
14.423, de 2022) § 1º Os cursos especiais para pessoas idosas incluirão conteúdo
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento da tecnológicos, para sua integração à vida moderna.    (Redação dada
pessoa idosa ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escri- pela Lei nº 14.423, de 2022)
to.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) § 2º As pessoas idosas participarão das comemorações de ca-
Art. 17. À pessoa idosa que esteja no domínio de suas facul- ráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vi-
dades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de vências às demais gerações, no sentido da preservação da memória
saúde que lhe for reputado mais favorável.    (Redação dada pela Lei e da identidade culturais.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
nº 14.423, de 2022) 2022)
Parágrafo único. Não estando a pessoa idosa em condições Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
de proceder à opção, esta será feita:    (Redação dada pela Lei nº formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe-
14.423, de 2022) cimento, ao respeito e à valorização da pessoa idosa, de forma a
I – pelo curador, quando a pessoa idosa for interditada;    (Re- eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a maté-
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ria.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – pelos familiares, quando a pessoa idosa não tiver curador Art. 23. A participação das pessoas idosas em atividades cultu-
ou este não puder ser contactado em tempo hábil;    (Redação dada rais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo me-
pela Lei nº 14.423, de 2022) nos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísti-
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não cos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial
houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; aos respectivos locais.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami- Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horá-
liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério rios especiais voltados às pessoas idosas, com finalidade informati-
Público. va, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios envelhecimento.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
mínimos para o atendimento às necessidades da pessoa idosa, Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pes-
promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, as- soas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e
sim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoaju- programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por
da.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) atividades formais e não formais. (Redação dada pela lei nº 13.535,
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência prati- de 2017)
cada contra pessoas idosas serão objeto de notificação compulsória Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de univer-
pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, sidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de
bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quais- livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados à
quer dos seguintes órgãos:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de pessoa idosa, que facilitem a leitura, considerada a natural redução
2022) da capacidade visual.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I – autoridade policial;
II – Ministério Público; CAPÍTULO VI
III – Conselho Municipal da Pessoa Idosa;    (Redação dada pela DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO
Lei nº 14.423, de 2022)
IV – Conselho Estadual da Pessoa Idosa;    (Redação dada pela Art. 26. A pessoa idosa tem direito ao exercício de atividade
Lei nº 14.423, de 2022) profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psí-
V – Conselho Nacional da Pessoa Idosa.    (Redação dada pela quicas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Lei nº 14.423, de 2022) Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em qualquer trabalho ou
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra a emprego, são vedadas a discriminação e a fixação de limite máximo
pessoa idosa qualquer ação ou omissão praticada em local público de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a
ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psico- natureza do cargo o exigir. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
lógico.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) 2022)
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória pre- Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em con-
vista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de curso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais
outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011) elevada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
CAPÍTULO V I – profissionalização especializada para as pessoas idosas,
DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regula-
res e remuneradas;   (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 20. A pessoa idosa tem direito a educação, cultura, espor- II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com
te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos
sua peculiar condição de idade.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento so-
de 2022) bre os direitos sociais e de cidadania;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III – estímulo às empresas privadas para admissão de pessoas ta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência
idosas ao trabalho.   (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) social percebido pela pessoa idosa.     (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
CAPÍTULO VII § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de pessoas idosas em situação de risco
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência eco-
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios nômica, para os efeitos legais.    (Vigência)    (Redação dada pela Lei
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais nº 14.423, de 2022)
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção se- CAPÍTULO IX
rão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, pro DA HABITAÇÃO
rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu úl-
timo reajustamento, com base em percentual definido em regula- Art. 37. A pessoa idosa tem direito a moradia digna, no seio da
mento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de família natural ou substituta, ou desacompanhada de seus familia-
24 de julho de 1991. res, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada privada.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente permanência será prestada quando verificada inexistência de gru-
ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do be- po familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros
nefício. próprios ou da família.
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto § 2º Toda instituição dedicada ao atendimento à pessoa idosa
no caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de in-
no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários- terdição, além de atender toda a legislação pertinente.    (Redação
-de-contribuição recolhidos a partir da competência de julho de dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. § 3º As instituições que abrigarem pessoas idosas são obriga-
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe- das a manter padrões de habitação compatíveis com as necessida-
tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será des delas, bem como provê-las com alimentação regular e higiene
atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe- penas da lei.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
do efetivo pagamento. com recursos públicos, a pessoa idosa goza de prioridade na aquisi-
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base ção de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:    (Reda-
dos aposentados e pensionistas. ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades ha-
CAPÍTULO VIII bitacionais residenciais para atendimento às pessoas idosas;    (Re-
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários vol-
Art. 33. A assistência social às pessoas idosas será prestada, tados à pessoa idosa;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para
na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), na Política Nacional da garantia de acessibilidade à pessoa idosa;    (Redação dada pela Lei
Pessoa Idosa, no SUS e nas demais normas pertinentes   (Redação nº 14.423, de 2022)
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimen-
Art. 34. Às pessoas idosas, a partir de 65 (sessenta e cinco) tos de aposentadoria e pensão.
anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para aten-
tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 dimento a pessoas idosas devem situar-se, preferencialmente, no
(um) salário mínimo, nos termos da Loas.     (Vide Decreto nº 6.214, pavimento térreo.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de 2007)(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro CAPÍTULO X
da família nos termos do caput não será computado para os fins do DO TRANSPORTE
cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica asse-
são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pes- gurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e
soa idosa abrigada. semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando
§ 1º No caso de entidade filantrópica, ou casa-lar, é facultada prestados paralelamente aos serviços regulares.
a cobrança de participação da pessoa idosa no custeio da entida- § 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que a pessoa idosa
de.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua ida-
§ 2º O Conselho Municipal da Pessoa Idosa ou o Conselho Mu- de.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
nicipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação
prevista no § 1º deste artigo, que não poderá exceder a 70% (seten-
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§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este arti- III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime am-
go, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para as pes- bulatorial, hospitalar ou domiciliar;
soas idosas, devidamente identificados com a placa de reservado IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
preferencialmente para pessoas idosas.    (Redação dada pela Lei nº orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas
14.423, de 2022) ou ilícitas, à própria pessoa idosa ou à pessoa de sua convivência
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre que lhe cause perturbação;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legisla- 2022)
ção local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos V – abrigo em entidade;
meios de transporte previstos no caput deste artigo. V – abrigo em entidade;
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual obser- VI – abrigo temporário.
var-se-á, nos termos da legislação específica:(Regulamento)     (Vide
Decreto nº 5.934, de 2006) TÍTULO IV
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para pes- DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
soas idosas com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários míni-
mos;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO I
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no DISPOSIÇÕES GERAIS
valor das passagens, para as pessoas idosas que excederem as va-
gas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários míni- Art. 46. A política de atendimento à pessoa idosa far-se-á por
mos.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) meio do conjunto articulado de ações governamentais e não gover-
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os namentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos pios.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
nos incisos I e II. Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
Art. 41. É assegurada a reserva para as pessoas idosas, nos ter- I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de
mos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estaciona- janeiro de 1994;
mentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de II – políticas e programas de assistência social, em caráter su-
forma a garantir a melhor comodidade à pessoa idosa.    (Redação pletivo, para aqueles que necessitarem;
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança da pessoa de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opres-
idosa nos procedimentos de embarque e desembarque nos veícu- são;
los do sistema de transporte coletivo.    (Redação dada pela Lei nº IV – serviço de identificação e localização de parentes ou res-
14.423, de 2022) ponsáveis por pessoas idosas abandonados em hospitais e institui-
ções de longa permanência;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
TÍTULO III 2022)
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi-
tos das pessoas idosas;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO I VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS dos diversos segmentos da sociedade no atendimento da pessoa
idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 43. As medidas de proteção à pessoa idosa são aplicáveis
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou CAPÍTULO II
violados:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela
de atendimento; manutenção das próprias unidades, observadas as normas de pla-
III – em razão de sua condição pessoal. nejamento e execução emanadas do órgão competente da Política
Nacional da Pessoa Idosa, conforme a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro
CAPÍTULO II de 1994.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO Parágrafo único. As entidades governamentais e não governa-
mentais de assistência à pessoa idosa ficam sujeitas à inscrição de
Art. 44. As medidas de proteção à pessoa idosa previstas nes- seus programas perante o órgão competente da Vigilância Sanitária
ta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e leva- e o Conselho Municipal da Pessoa Idosa e, em sua falta, perante o
rão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os
dos vínculos familiares e comunitários.    (Redação dada pela Lei nº regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos:    (Re-
14.423, de 2022) dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha-
o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, bitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho com-
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de patíveis com os princípios desta Lei;
responsabilidade; III – estar regularmente constituída;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
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Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institu- XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências
cionalização de longa permanência adotarão os seguintes princí- cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
pios: familiares;
I – preservação dos vínculos familiares; XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com forma-
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; ção específica.
III – manutenção da pessoa idosa na mesma instituição, salvo Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos pres-
em caso de força maior;     (Redação dada pela Lei nº 14.423, de tadoras de serviço às pessoas idosas terão direito à assistência judi-
2022) ciária gratuita.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
IV – participação da pessoa idosa nas atividades comunitárias,
de caráter interno e externo;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, CAPÍTULO III
de 2022) DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
V – observância dos direitos e garantias das pessoas ido-
sas;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 52. As entidades governamentais e não governamentais de
VI – preservação da identidade da pessoa idosa e oferecimento atendimento à pessoa idosa serão fiscalizadas pelos Conselhos da
de ambiente de respeito e dignidade.    (Redação dada pela Lei nº Pessoa Idosa, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros pre-
14.423, de 2022) vistos em lei.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de aten- Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
dimento à pessoa idosa responderá civil e criminalmente pelos atos a seguinte redação:
que praticar em detrimento da pessoa idosa, sem prejuízo das san- “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta
ções administrativas.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com a político-administrativas.” (NR)
pessoa idosa, especificando o tipo de atendimento, as obrigações Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos
da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respec- recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi-
tivos preços, se for o caso;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de mento.
2022) Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsa-
pessoas idosas;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguin-
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação tes penalidades, observado o devido processo legal:
suficiente; I – as entidades governamentais:
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de a) advertência;
habitabilidade; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
V – oferecer atendimento personalizado; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami- d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
liares; II – as entidades não-governamentais:
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de a) advertência;
visitas; b) multa;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
da pessoa idosa;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e e) proibição de atendimento a pessoas idosas a bem do interes-
de lazer; se público.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de § 1º Havendo danos às pessoas idosas abrigadas ou qualquer
acordo com suas crenças; tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento pro-
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; visório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocor- programa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
rência de pessoa idosa com doenças infectocontagiosas;    (Redação § 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públi-
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) cas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finali-
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi- dade dos recursos.
site os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles § 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento
que não os tiverem, na forma da lei; que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, in-
receberem das pessoas idosas;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, clusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução da
de 2022) entidade, com a proibição de atendimento a pessoas idosas a bem
XV – manter arquivo de anotações no qual constem data e cir- do interesse público, sem prejuízo das providências a serem toma-
cunstâncias do atendimento, nome da pessoa idosa, responsável, das pela Vigilância Sanitária.    (Redação dada pela Lei nº 14.423,
parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como de 2022)
o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais da-
dos que possibilitem sua identificação e a individualização do aten-
dimento;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

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§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a na- Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde da pessoa idosa, a
tureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro- autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as san-
vierem para a pessoa idosa, as circunstâncias agravantes ou atenu- ções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências
antes e os antecedentes da entidade.    (Redação dada pela Lei nº que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais
14.423, de 2022) instituições legitimadas para a fiscalização.    (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO IV Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará
à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem preju-
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter- ízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo
minações do art. 50 desta Lei: Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 fiscalização.
(três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, poden-
do haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas CAPÍTULO VI
as exigências legais. DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTI-
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de DADE DE ATENDIMENTO
longa permanência, as pessoas idosas abrigadas serão transferidas
para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad-
enquanto durar a interdição.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, ministrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis
de 2022) nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por 1999.
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pes- entidade governamental e não governamental de atendimento à
soa idosa de que tiver conhecimento:    (Redação dada pela Lei nº pessoa idosa terá início mediante petição fundamentada de pes-
14.423, de 2022) soa interessada ou iniciativa do Ministério Público.    (Redação dada
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 pela Lei nº 14.423, de 2022)
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária,
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento
prioridade no atendimento à pessoa idosa:    (Redação dada pela Lei provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar
nº 14.423, de 2022) adequadas, para evitar lesão aos direitos da pessoa idosa, median-
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 te decisão fundamentada.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
(mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano 2022)
sofrido pela pessoa idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
2022) 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documen-
tos e indicar as provas a produzir.
CAPÍTULO V Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida-
DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e
NORMAS DE PROTEÇÃO À PESSOA IDOSA julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou-
    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tras provas.
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin-
atualizados anualmente, na forma da lei. do a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade admi- § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo
nistrativa por infração às normas de proteção à pessoa idosa terá de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi-
início com requisição do Ministério Público ou auto de infração ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas-
elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por 2 (duas) tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder
testemunhas.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) à substituição.
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração pode- § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
circunstâncias da infração. verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á julgamento do mérito.
a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua- § 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
tro) horas, por motivo justificado. entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresen-
tação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
lavrado na presença do infrator;
II – por via postal, com aviso de recebimento.

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TÍTULO V V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:


DO ACESSO À JUSTIÇA a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen-
tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no-
CAPÍTULO I tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil
DISPOSIÇÕES GERAIS ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí- autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. tigatórias;
Art. 70. O poder público poderá criar varas especializadas e ex- c) requisitar informações e documentos particulares de insti-
clusivas da pessoa idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de tuições privadas;
2022) VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em infrações às normas de proteção à pessoa idosa;    (Redação dada
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou pela Lei nº 14.423, de 2022)
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este assegurados à pessoa idosa, promovendo as medidas judiciais e ex-
artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori- trajudiciais cabíveis;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
em local visível nos autos do processo. as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, irregularidades porventura verificadas;
estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser-
companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos o desempenho de suas atribuições;
na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públi- X – referendar transações envolvendo interesses e direitos
cos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à das pessoas idosas previstos nesta Lei.    (Redação dada pela Lei nº
Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em 14.423, de 2022)
relação aos Serviços de Assistência Judiciária. § 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
§ 4º Para o atendimento prioritário, será garantido à pessoa previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
idosa o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a desti- teses, segundo dispuser a lei.
nação a pessoas idosas em local visível e caracteres legíveis.    (Re- § 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem ou-
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Mi-
§ 5º Dentre os processos de pessoas idosas, dar-se-á prioridade nistério Público.
especial aos das maiores de 80 (oitenta) anos.    (Redação dada pela § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
Lei nº 14.423, de 2022) suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento à
pessoa idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO II Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
DO MINISTÉRIO PÚBLICO atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos
Art. 72. (VETADO) autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer di-
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, ligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.
serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica. Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
Art. 74. Compete ao Ministério Público: será feita pessoalmente.
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a pro- Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
teção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais in- nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque-
disponíveis e individuais homogêneos da pessoa idosa;    (Redação rimento de qualquer interessado.
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de inter- CAPÍTULO III
dição total ou parcial, de designação de curador especial, em cir- DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLE-
cunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos TIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS
em que se discutam os direitos das pessoas idosas em condições de
risco;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi-
III – atuar como substituto processual da pessoa idosa em situ- nistério Público deverão ser fundamentadas.
ação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;    (Redação Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res-
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pessoa idosa,
IV – promover a revogação de instrumento procuratório da referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:    (Reda-
pessoa idosa, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
necessário ou o interesse público justificar;    (Redação dada pela Lei I – acesso às ações e serviços de saúde;
nº 14.423, de 2022)
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
ou com limitação incapacitante;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
de 2022) execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença in- facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
fectocontagiosa;    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) daquele.
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) para evitar dano irreparável à parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex- Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde-
cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in- nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à
dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa, autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
protegidos em lei.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado
foro do domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá competência da sentença condenatória favorável à pessoa idosa sem que o autor
absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facul-
Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superio- tada igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou
res.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) assumindo o polo ativo, em caso de inércia desse órgão.    (Redação
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian-
legitimados, concorrentemente: tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
I – o Ministério Público; outras despesas.
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; Público.
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar
(um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele-
assembléia, se houver prévia autorização estatutária. mentos de convicção.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos
de que cuida esta Lei. que possam configurar crime de ação pública contra a pessoa idosa
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por asso- ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem encami-
ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá nhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providên-
assumir a titularidade ativa. cias cabíveis.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re-
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes. querer às autoridades competentes as certidões e informações que
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi-
Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias,
mandado de segurança. no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez)
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri- dias.
gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da § 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di-
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro-
prático equivalente ao adimplemento. positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz § 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for- arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
ma do art. 273 do Código de Processo Civil. no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Públi-
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor co ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público.
multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for § 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento,
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Co-
para o cumprimento do preceito. ordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitima-
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado das poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que juntados ou anexados às peças de informação.
se houver configurado. § 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena-
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de
Fundo da Pessoa Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público
Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento para o ajuizamento da ação.
à pessoa idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TÍTULO VI II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;


DOS CRIMES III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
CAPÍTULO I IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
DISPOSIÇÕES GERAIS a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
esta Lei;
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
sições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri- Ministério Público.
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro- Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
cedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e parte ou interveniente a pessoa idosa:    (Redação dada pela Lei nº
do Código de Processo Penal. (Vide ADIN 3.096-5 - STF) 14.423, de 2022)
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
CAPÍTULO II Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão
DOS CRIMES EM ESPÉCIE ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes apli-
cação diversa da de sua finalidade:     (Redação dada pela Lei nº
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública 14.423, de 2022)
incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Penal. Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência da pessoa
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando idosa, como abrigada, por recusa desta em outorgar procuração à
seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao di- entidade de atendimento:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
reito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne- 2022)
cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me- benefícios, proventos ou pensão da pessoa idosa, bem como qual-
nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. quer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se ressarcimento de dívida:     (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente. 2022)
§ 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
superendividamento da pessoa idosa.    (Redação dada pela Lei nº Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação,
14.423, de 2022) informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa ido-
Art. 97. Deixar de prestar assistência à pessoa idosa, quando sa:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos
causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade públi- a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles
ca:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) dispor livremente:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis- Art. 107. Coagir, de qualquer modo, a pessoa idosa a doar, con-
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta tratar, testar ou outorgar procuração:    (Redação dada pela Lei nº
a morte. 14.423, de 2022)
Art. 98. Abandonar a pessoa idosa em hospitais, casas de saú- Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não pro- Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem dis-
ver suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou manda- cernimento de seus atos, sem a devida representação legal:
do:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psí- TÍTULO VII
quica, da pessoa idosa, submetendo-a a condições desumanas ou DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
degradantes ou privando-a de alimentos e cuidados indispensáveis,
quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho excessivo ou Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Mi-
inadequado:    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nistério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940,
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:
§ 2o Se resulta a morte: “Art. 61. ............................................................................
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. ............................................................................
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) me- II - ............................................................................
ses a 1 (um) ano e multa: ............................................................................
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
motivo de idade;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7
lher grávida; de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
.............................................................................” (NR) “Art. 1o ............................................................................
“Art. 121. ............................................................................ ............................................................................
............................................................................ § 4o ............................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de pro- de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato so- ............................................................................” (NR)
corro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outu-
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, bro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra “Art. 18............................................................................
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ............................................................................
.............................................................................” (NR) III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a meno-
“Art. 133. ............................................................................ res de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou superior
............................................................................ a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminu-
§ 3o ............................................................................ ída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeter-
............................................................................ minação:
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR) ............................................................................” (NR)
“Art. 140. ............................................................................ Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000,
............................................................................ passa a vigorar com a seguinte redação:
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes “Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactan-
portadora de deficiência: tes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendi-
............................................................................ (NR) mento prioritário, nos termos desta Lei.” (NR)
“Art. 141. ............................................................................ Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fun-
............................................................................ do Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional da Pes-
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de soa Idosa seja criado, os recursos necessários, em cada exercício
deficiência, exceto no caso de injúria. financeiro, para aplicação em programas e ações relativos à pessoa
.............................................................................” (NR) idosa.    (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
“Art. 148. ............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados rela-
............................................................................ tivos à população idosa do País.
§ 1o............................................................................ Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio-
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente nal projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de
ou maior de 60 (sessenta) anos. Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social,
............................................................................” (NR) de forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o
“Art. 159............................................................................ estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
............................................................................ Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que
o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004.
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independência e
............................................................................” (NR) 115o da República.
“Art. 183............................................................................ Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data
............................................................................ de sua publicação.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.” (NR) Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122o da
“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do República.
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pa- SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
gamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou as-
cendente, gravemente enfermo: 1. Conceito de Sociologia
............................................................................” (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro O termo Sociologia foi usado pela primeira vez, no sentido
de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do pelo qual ainda hoje o conhecemos, para designar, a sociedade,
seguinte parágrafo único: dessa forma são encontradas inúmeras as definições nos manuais
“Art. 21............................................................................ de Sociologia, desde as mais restritivas, como aquela que propõe
............................................................................ Durkheim3, para quem a Sociologia é o estudo das instituições so-
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a 3 DURKHELM, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Companhia
metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR) Editora Nacional, 1978.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ciais, de sua gênese e de seu funcionamento, até as mais amplas fessores, por terem obtido prestígio no campo da aplicação daque-
como a de Park4 para quem a Sociologia é a ciência do comporta- las técnicas pedagógicas, são chamados a opinar ou até a decidir a
mento coletivo. respeito de medidas importantes, envolvendo aspectos de nossa
Divulgada entre nós pelo professor Costa Pinto5, parece-nos política educacional. O que então se ouve ou se lê é quase sempre a
uma definição muito operacional aquela que aponta a Sociologia manifestação mais completa de uma absoluta ingenuidade, quando
como o estudo científico da formação, da organização e da trans- não de um desconhecimento total dos problemas básicos da edu-
formação da sociedade humana. Fica aí perfeitamente claro que a cação no Brasil.
preocupação da Sociologia não se esgota no fato social, tal como Esta inoperância das escolas normais em transmitir a seus alu-
ele se nos apresenta na sua realidade manifesta, mas que, para bem nos uma base filosófica e sociológica compatível com a importância
entendê-la, é preciso ir às próprias raízes da relação social, não ape- de seu trabalho futuro, ao mesmo tempo que demonstra uma razo-
nas entre os homens, mas até mesmo entre os animais que apre- ável capacidade de introduzi-Ias na aprendizagem das técnicas di-
sentam alguma manifestação de vida coletiva, na certeza de que, ao dáticas mais modernas, leva-nos a concluir que, em muitas de nos-
conhecermos como se originou uma forma qualquer de interação, sas escolas de formação, os futuros professores aprendem como
estaremos entendendo muitos dos seus aspectos sucessivos. ensinar, mas não aprendem por que e, sobretudo, para que ensinar.
Também o segundo ponto da definição acima, o que se refere à
organização da sociedade humana - é importante de ser considera- 2. Conceito de Educação
do, visto que ele se refere àqueles aspectos da interação social que
são o resultado de todo um sistema de ações e reações interindi- Do ponto de vista sociológico, de acordo com a teoria criada
viduais e intergrupais das quais resultam as diferentes ordenações por Durkheim6, a educação pode ser definida como a ação exercida
societárias, tais como grupos, instituições, formas de sociabilidade, pelas gerações adultas sobre aquelas ainda não amadurecidas para
etc. a vida social, dessa forma, a educação é a socialização da criança.
Finalmente, o último elemento da definição, as transforma- Assim entendida, fica evidente a significação e a importância da
ções, nos lembram que a vida em sociedade só pode ser apreendida educação para a vida do grupo, pois é ela, em última análise, que
por nós, em seu sentido mais profundo, se tivermos presente que garante as condições de coesão, de renovação e da própria sobre-
esta vida está permanentemente se modificando e que entender e vivência da sociedade.
tentar explicar o sentido de tais modificações é tarefa precípua do Informal, espontânea, até mesmo inconsciente, nos grupos
sociólogo. pré-letrados, à medida que a complexidade da vida social aumenta,
Principalmente no Brasil, onde vivemos um período de inten- a educação vai adquirindo importância cada vez maior, de tal sorte
sas e rápidas transformações, em todos os níveis de nossa realida- que nenhuma coletividade humana dos tempos modernos deixa de
de, não pode escapar à sensibilidade dos estudiosos dos problemas lhe reservar um papel de fundamental relevo no quadro de suas
sociais a importância de entender o caráter dinâmico das relações instituições.
sociais e em que medida nosso próprio desempenho como educa- Em culturas altamente complexas, como as que caracterizam
dores pode retardá-las ou acelerá-las, no sentido do desenvolvi- as sociedades contemporâneas, é à educação que compete a tarefa
mento do pais. superior de criar as condições capazes de evitar que esta complexi-
Os professores, e muito principalmente os professores primá- dade acabe por destruir e eliminar a própria sociedade. São assim,
rios, têm sido sempre apontados como um dos grupos profissionais as instituições educacionais, através de todas as suas manifestações
de mais acentuadas tendências conservadoras. Este conservadoris- concretas, que estabelecem e regulamentam os mecanismos de
mo que pode, em parte, ser explicado pela própria natureza de sua transferência cultural, de especialização de hierarquias, das formas
tarefa específica - “transmitir às gerações mais jovens o acervo cul- de conhecimento socialmente úteis, do domínio das técnicas de
tural das gerações mais velhas”, garantindo as condições de conti- ação social, enfim, de todo este verdadeiro universo cultural que
nuidade da vida social - pode também, em parte, ter sua explicação constitui o conjunto dos conhecimentos que o homem moderno
no relativo descaso de nossos cursos de formação de professores domina.
em dar a seus alunos uma base filosófica sociológica que lhes per- Em tais condições, há cada vez menos lugar para a improvisa-
mita apreender o sentido profundo de sua missão cultural. Nossas ção, para o autodidatismo, para o “aprender a fazer, fazendo”, ao
escolas - principalmente nossas escolas normais, em sua maioria mesmo tempo que tendem a ser cada vez maiores as exigências,
- têm-se preocupado até agora’ em - aos jovens mais as disciplinas principalmente no mercado de trabalho, em termos de conheci-
relacionadas com as técnicas didáticas, propriamente ditas, do que mentos teóricos bem fundamentados, para que se atribua a alguém
as disciplinas de fundamentação teórica da educação. a responsabilidade de uma tarefa especializada. Mesmo os traba-
Isto explica por que chegamos atualmente ao ponto de en- lhos desqualificados socialmente, que em outros tempos podiam
contrar, em todo este nosso imenso Brasil, inúmeros professores ser feitos, praticamente, por qualquer indivíduo, sem maiores exi-
considerados como possuidores de um alto gabarito na aplicação gências, hoje implicam em algum tipo de conhecimento, que ape-
dos mais modernos métodos de aprendizagem e que muitas vezes nas a “escola da vida” não é mais capaz de dar.’ A passagem pelos
são incapazes de formular uma apreciação critica razoável acerca bancos escolares assume um caráter cada vez mais relevante para
do sistema educacional, enquanto instituição integrada no contexto todos aqueles que almejam uma ascensão social.
global da sociedade. E, o que é mais grave, muitas vezes tais pro-
4 PARK, Robert Ezra. A notícia como forma de conhecimento: um capítulo da
sociologia do conhecimento. In: STEINBERG, Charles S. (org.). Comunicação de
Massa. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1970.
5 COSTA PINTO, L. de A. Sociologia e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, Civiliza- 6 DURKHELM, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Companhia
ção Brasileira,1963. Editora Nacional, 1978.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. Conceito de Sociologia Educacional do com categorias lógicas, com um mínimo de segurança, com um
certo teor de espírito crítico que são imposições irrefutável da sua
Como acabamos de ver, no início deste texto, a Sociologia tem condição de participante mais ativo do processo social.
por objeto de estudo a vida dos homens em sociedade, em suas in- Dessa forma, é através do processo educativo que se concre-
ter-relações, bem como as criações culturais que nela têm origem. tiza a resposta ao desafio da sociedade industrial e que se torna
Por outro lado, a educação é o processo social através do qual a possível manter o equilíbrio entre as necessidades cada vez mais
sociedade sistematiza a transmissão de sua herança cultural, sendo urgentes de especialização profissional, de um lado e de formação
esta transmissão a própria condição de continuidade da espécie hu- de quadros políticos suficientemente preparados para assumir a
mana, enquanto tal. liderança social, de outro.
A partir destas duas definições, não é difícil deduzir-se a im- Mas a educação não se esgota somente nestas duas tarefas
portância que tem, no conjunto das ciências humanas, a Sociologia primordiais, ela vai mais longe, quando se propõe comunicar e
Educacional, que estuda a sociedade do ângulo dos seus processos transferir às jovens gerações os valores culturais e éticos que for-
educativos. Cabe a esta disciplina analisar ampla e profundamente mam o substrato espiritual da sociedade humana, voltada para
o quadro em que se processa a vida dos grupamentos humanos e a conquista, em plano universal, de condições de convivência e
compreender, a partir de uma visão global, de que forma se rela- de sobrevivência para todos, uma vez que é a Educação o veículo
cionam os fins que um determinado sistema educacional se pro- mais adequado à transmissão do “projeto nacional” de qualquer
põe obter e os meios de que lança mão para tanto. Cabe, pois, à sociedade moderna.
Sociologia Educacional desvendar os sucessivos véus que cobrem São tantas as funções que, se espera, sejam cumpridas pela
a realidade, para ver, em toda sua objetividade, até que ponto as educação, que esta já não se pode limitar às instituições especifi-
necessidades sociais básicas estão ou não sendo atendidas com efi- camente educacionais. Daí a importância de se estudar também,
cácia; cabe, enfim, a esta disciplina apontar, dentro do quadro das além da escola, da universidade, todas as demais instituições que,
opções que se colocam concretamente a cada contexto, quais as so- embora não estejam diretamente vinculadas à educação, desem-
luções mais viáveis para a superação dos obstáculos que se opõem, penham papel de magna importância na socialização das gerações
constantemente, ao funcionamento regular das instituições sociais. mais jovens.
Professores, políticos, assistentes sociais, pais de família, todos
os grupos ou categorias profissionais que de algum modo atuam em 4. A Educação como Processo Social
sociedade, estão obrigados a conhecer, nas condições da vida mo-
derna, pelo menos os princípios básicos da Sociologia Educacional. a) Educação como Processo Socializador
Desde o encaminhamento profissional dos filhos ou dos alunos, até Para Durkheim7 a palavra educação tem sido muitas vezes em-
o planejamento de um sistema de educação global, será no corpo pregada em sentido demasiadamente amplo, para designar o con-
de conhecimentos organizados por esta disciplina que iremos en- junto de influências que, sobre nossa inteligência ou sobre a nossa
contrar respostas a muitas de nossas mais ansiosas indagações. vontade, exercem os outros homens, ou, em seu conjunto, realiza
A Sociologia Educacional, para ser bem compreendida, pressu- a natureza. Assim, ela compreende, tudo aquilo que fazemos por
põe uma razoável formação teórica ao nível das ciências sociais e, nós mesmos, e tudo aquilo que os outros intentam fazer com o fim
em particular, da própria Sociologia geral. O estudo daquela espe- de aproximar-nos da perfeição de nossa natureza. Em sua mais lar-
cialidade a partir dela mesma, como é feito muitas vezes, tanto em ga acepção, compreende mesmo os efeitos indiretos, produzidos
escolas normais como em cursos superiores de Pedagogia, respon- sobre o caráter e sobre as faculdades do homem, por coisas e insti-
de pelo despreparo existente entre grande número de professores tuições cujo fim próprio é inteiramente outro: pelas leis, formas de
que terminam seus cursos conhecendo alguma coisa relacionada governo, pelas artes industriais, ou ainda, por fatos físicos indepen-
com Sociologia Educacional, podendo citar uns poucos autores que dentes da vontade do homem, tais como o clima, o solo; a posição
escreveram acerca da matéria, conhecendo algumas definições mí- geográfica.
nimas lidas nos manuais, mas sem condições de “ver” o fenômeno Essa definição engloba como se vê, fatos inteiramente diversos,
educação integrado no processo social total, sem uma capacidade que não devem estar reunidos num mesmo vocábulo, sem perigo
crítica que lhes permita discernir os aspectos fundamentais de sua de confusão. A influência das coisas sobre os homens é diversa, já
profissão, enfim, tendo da educação uma visão apenas parcial, in- pelos processos, já pelos resultados, daquela que provém dos pró-
completa, desligada do contexto e, portanto, deficiente enquanto prios homens; e a ação dos membros de uma mesma geração, uns
instrumento de ação. sobre outros, difere da que os adultos exercem sobre as crianças
Uma exigência básica em qualquer atividade profissional que e adolescentes. É unicamente esta última que aqui nos interessa
se explicita no campo do social como é, sem dúvida, o caso dos e, por consequência, é para ela que convém reservar o nome de
professores da educação básica, é a de uma participação ativa de educação.
seus agentes em todos os aspectos da vida cultural e política da Mas em que consiste essa influência toda especial? Respostas
sociedade na qual vivem. muito diversas têm sido dadas a essa pergunta. Todas, no entanto,
Concebe-se que, por exemplo, um botânico entenda principal- podem reduzir-se a dois tipos principais.
mente de plantas e falhe ao formular um conceito sobre a realidade Segundo KANT, “o fim da educação é desenvolver em cada indi-
social na qual está inserido, pode-se admitir que um radiotécnico víduo, toda a perfeição de que ele seja capaz”. Mas, que se deve en-
não tenha muita condição de expressar ideias articuladas a respei- tender pelo termo perfeição? Perfeição, ouve-se dizer muitas vezes,
to de acontecimentos sociais que se sucedem à sua volta, mas um é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades humanas.
professor, seja de que nível de ensino for, tem, tacitamente, um
compromisso, que o obriga a pensar e julgar este país e este mun- 7 Émile Durkheim, Educação e sociologia, trad. Lourenço Filho, Edições Melhora-
mentos, São Paulo, 4ª ed., 1955.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Levar ao mais alto grau possível todos os poderes que estão em nós, O postulado tão contestável de uma educação ideal conduz a
realizá-Ios tão completamente como possível, sem que uns prejudi- erro ainda mais grave. Se se começa por indagar qual deva ser a
quem os outros - não será, com efeito, o ideal supremo? educação ideal, abstração feita das condições de tempo e de lugar,
Vejamos, porém, se isso é possível. Se, até certo ponto, o de- é porque se admite, implicitamente, que os sistemas educativos
senvolvimento harmônico é necessário e desejável, não é menos nada têm de real em si mesmos. Não devem, pois, entrar em con-
verdade que ele não é integralmente realizável, já que essa harmo- sideração; não temos de ser solidários com os erros de observação
nia teórica se acha em contradição com outra regra da conduta hu- ou de lógica cometidos por nossos antepassados; mas podemos e
mana, menos imperiosa: Aquela que nos obriga a nos dedicarmos a devemos encarar a questão sem nos ocupar das soluções que lhe
uma tarefa, restrita e especializada. tem sido dada; isto é, deixando de lado tudo o que tem sido, de-
Não podemos, nem devemos dedicar, todos, ao mesmo gêne- vemos indagar agora o que deve ser. Os ensinamentos da história
ro de vida, temos segundo nossas aptidões, diferentes funções a podem servir, quando muito, para que não pratiquemos os mesmos
preencher, e será preciso que nos coloquemos em harmonia com o erros.
trabalho que nos incumbe. Nem todos somos feitos para refletir, e Na verdade, porém, cada sociedade considerada em momento
será preciso que haja sempre homens de sensibilidade e homens de determinado de seu desenvolvimento, possui um sistema de edu-
ação. Inversamente, há necessidade de homens que tenham, como cação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente irresistí-
ideal de vida, o exercício e a cultura do pensamento. Ora, o pen- vel. É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como
samento não pode ser desenvolvido senão isolado do movimento, queremos. Há costumes com relação aos quais somos obrigados a
senão quando o indivíduo se curve sobre si mesmo, desviando-se nos conformar; se os desrespeitarmos, muito gravemente, eles se
da ação exterior. vingarão em nossos filhos. Estes, uma vez adultos, não estarão em
Daí uma primeira diferenciação, que não ocorre sem ruptura estado de viver no meio de seus contemporâneos com os quais não
de equilíbrio. E a ação, por sua vez, como o pensamento, é susce- encontrarão harmonia. Que eles tenham sido educados, segundo
tível de tomar uma multidão de formas diversas e especializadas. ideias passadistas ou futuristas, não importa; num caso como nou-
Tal especialização não exclui, sem dúvida, certo fundo comum, e, tro, não são de seu tempo e, por consequência, não estarão em
por conseguinte, certo balanço de funções tanto orgânicas como condições de vida normal. Há, pois, a cada momento, um tipo re-
psíquicas sem o qual a saúde do indivíduo seria comprometida, gulador de educação do qual não nos podemos separar sem vivas
comprometendo, ao mesmo tempo, a coesão social. Mas não pade- resistências, e que restringem as veleidades dos dissidentes.
ce dúvida também que a harmonia perfeita possa ser apresentada Ora, os costumes e as ideias que determinaram esse tipo, não
como fim último da conduta e da educação. fomos nós, individualmente, que os fizemos. São produto da vida
Menos satisfatória, ainda, é a definição utilizada por James Mill em comum e exprimem suas necessidades. São mesmo, na sua
utilitária, segundo a qual a educação teria por objeto fazer do indi- maior parte, obra das gerações passadas. Todo o passado da huma-
víduo um instrumento de felicidade, para si mesmo e para os seus nidade contribuiu para estabelecer esse conjunto de princípios que
semelhantes, dessa forma a felicidade é coisa essencialmente sub- dirigem a educação de hoje; toda nossa história aí deixou traços,
jetiva, que cada um aprecia a seu modo. Tal fórmula deixa, portan- como também o deixou a história dos povos que nos precederam.
to, indeterminado o fim da educação, e por consequência a própria Da mesma forma, os organismos superiores trazem em si como
educação, que fica entregue ao arbítrio individual. que um eco de toda a evolução biológica de que são o resultado.
Tocamos aqui no ponto fraco em que incorrem as definições Quando se estuda historicamente a maneira pela qual se formaram
apontadas, uma vez que elas partem do postulado de que há uma e se desenvolveram os sistemas de educação, percebe-se que eles
educação ideal, perfeita, apropriada a todos os homens, indistinta- dependem da religião, da organização política, de grau de desenvol-
mente é essa educação universal a única que o teorista se esforça vimento das ciências, do estado das indústrias, etc. Separados de
por definir. Mas, se antes de o fazer, ele considerasse a história, não todas essas causas históricas, tornam-se incompreensíveis. Como,
encontraria nada em que apoiasse tal hipótese. A educação tem então poderá um indivíduo pretender reconstruir, pelo esforço úni-
variado infinitamente, com o tempo e o meio, por exemplo, nas co de sua reflexão, aquilo que não do pensamento individual? Ele
cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a subor- não se encontra em face de uma tabula rasa, sobre a qual poderia
dinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da socie- edificar o que quisesse, mas diante de realidades que não podem
dade. Hoje, esforça-se em fazer dele personalidade autônoma. Em ser criadas, destruídas ou transformadas à vontade. Não podemos
Atenas, procurava-se formar espíritos delicados, prudentes, sutis, agir sobre elas senão na medida em que aprendemos a conhecê-
embebidos da graça e harmonia, capazes de gozar o belo e os pra- -las, se não nos metermos a estudá-Ias, pela observação, como o
zeres da pura especulação, já em Roma, desejava-se especialmente físico estuda a matéria inanimada, e o biologista, os corpos vivos.
que as crianças se tornassem homens de ação, apaixonados pela Como proceder de modo diverso? Quando se quer determinar,
glória militar, indiferentes no que tocasse às letras e às artes. tão-somente pela dialética o que deva ser a educação, começa-se
Se a educação romana tivesse tido o caráter de individualismo por fixar fins certos à tarefa de educação. Mas que é que nos per-
comparável ao nosso, a cidade romana não se teria podido manter, mite dizer que a educação tem tais fins ao invés de tais outros? Não
a civilização latina não teria podido constituir-se nem, por conse- poderíamos saber, a priori, qual a função da respiração ou da circu-
quência, a civilização moderna, que dela deriva, em grande parte. lação no ser vivo; só a conhecemos pela observação. Que privilégio
As sociedades cristãs da Idade Média não teriam podido viver se nos levaria a conhecer de outra forma a função educativa? Respon-
tivessem dado ao livre exame o papel de que ele hoje desfruta. Im- der-se-á que não há nada mais evidente do que o seu fim: o. de
porta, pois, para esclarecimento do problema, atender a necessida- preparar as crianças. Mas isso seria enunciar o problema por outras
des inelutáveis de que é impossível fazer abstração. De que servi- palavras: nunca resolvê-Io. Seria melhor dizer em que consiste esse
ria imaginar uma educação que levasse à morte a sociedade que a preparo, a que tende, a que necessidades humanas corresponde.
praticasse? Ora, não se pode responder a tais indagações senão começando por
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observar em que esse preparo tem consistido e a que necessidades sobre uma base comum. Não há povo em que não exista certo nú-
tenha atendido, no passado. Assim, para constituir a noção prelimi- mero de ideias de sentimentos e de práticas que a educação deve
nar de educação, para determinar a coisa a que damos esse nome, inculcar a todas as crianças, indistintamente, seja qual for a catego-
observação histórica parece-nos indispensável. ria social a que pertençam. Mesmo onde a sociedade esteja dividi-
da em castas fechadas, há sempre uma religião comum a todas e,
b) Definição de Educação por conseguinte, princípios de cultura religiosa fundamentais, que
Para definir educação, será preciso, pois, considerar os siste- serão os mesmos para toda a gente. Se cada casta cada família tem
mas educativos que ora existem, ou tenham existido, compará-Ios, seus deuses especiais, há divindades gerais que são reconhecidas
e aprender deles os caracteres comuns. O conjunto desses caracte- por todos e que todas as crianças aprendem a adorar. E, como tais
res constituirá a definição que procuramos. divindades encarnam e personificam certos sentimentos, certas
Nas considerações do item anterior, já assinalamos dois des- maneiras de conhecer o mundo e a vida, ninguém pode ser iniciado
ses caracteres. Para que haja educação, faz-se mister que haja, no culto de cada uma, sem adquirir, ao mesmo passo, todas as es-
em face de uma geração de adultos, uma geração de indivíduos pécies de hábitos mentais que vão além da vida puramente religio-
jovens, crianças e adolescentes e que uma ação seja exercida pela sa. Igualmente, na Idade Média, servos, vilões, burgueses e nobres,
primeira, sobre a segunda. Seria necessário definir, agora, a natu- recebiam todos a mesma educação cristã.
reza específica dessa influência de uma geração sobre a outra ge- Se assim for, nas sociedades em que a diversidade intelectual e
ração. moral atingiu esse grau de contraste, por mais forte razão o será nos
Não existe sociedade na qual o sistema de educação não apre- povos mais avançados, em que as classes, embora distintas, estão
sente o duplo aspecto: o do ser ao mesmo tempo, uno e múltiplo. separadas por abismos menos profundos.
Vejamos como ele é múltiplo. Em certo sentido, há tantas es- Mesmo onde esses elementos comuns de toda a educação não
pécies de educação, em determinada sociedade, quantos meios se exprimem senão sob forma de símbolos religiosos, não deixam
diversos nela existirem. É ela formada de castas? A educação varia eles de existir. No decurso da história, constituiu-se todo um con-
de uma casta a outra, a dos “patrícios” não era a dos plebeus; a dos junto de ideias acerca da natureza humana, sobre a importância
brâmanes não era a dos sudras. respectiva de nossas diversas faculdades, sobre o direito e sobre
Ainda hoje não vemos que a educação varia com as classes so- o dever, sobre a sociedade o indivíduo, o progresso, a ciência, arte
ciais e com as regiões? A da cidade não é a do campo, a do burguês etc... ideias essas que são a base mesma do espírito nacional; toda e
não é a do operário. Dir-se-á que esta organização não é moralmen- qualquer educação a do rico e a do pobre, a que conduz às carreiras
te justificável, e que não se pode enxergar nela senão um defeito, liberais, como a que prepara para as funções industriais, tem por
remanescente de outras épocas, e destinado a desaparecer. A res- objeto fixar essas ideias na consciência dos educandos.
posta a essa objeção é simples. Claro está que a educação das crian- Resulta desses fatos que cada sociedade faz do homem certo
ças não deveria depender do acaso, que as fez nascer aqui ou acolá, ideal, tanto do ponto de vista intelectual, quanto do físico e moral,
destes pais e não daqueles. Mas, ainda que a consciência moral que esse ideal é, até certo ponto, o mesmo para todos os cida-
de nosso tempo tivesse recebido, acerca desse ponto, a satisfa- dãos, que a partir desse ponto ele se diferencia, porém, segundo
ção que ela espera, ainda assim a educação não se tornaria mais os meios particulares que toda sociedade encerra em sua comple-
uniforme e igualitária. E, dado mesmo que a vida de cada criança xidade. Esse ideal, ao mesmo tempo uno e diverso, é que constitui
não fosse, em grande parte, predeterminada pela hereditariedade, a parte básica da educação.
a diversidade moral das profissões não deixaria de acarretar, como
consequência, grande diversidade pedagógica. Ele tem por função suscitar na criança:
Cada profissão constitui um meio sui generis, que reclama apti- - Um certo número de estados físicos e mentais que a socieda-
dões particulares e conhecimentos especiais, meio que é regido por de considera como indispensáveis a todos os seus membros;
certas ideias, certos usos, certas maneiras de ver as coisas, e, como - Certos estados físicos e mentais, que o grupo social particular
a criança deve ser preparada em vista de certa função, a que será (casta, classe, família, profissão) considera igualmente indispensá-
chamada a preencher, a educação não pode ser a mesma, para to- veis a todos que o formam. A sociedade, em seu conjunto, e cada
dos os indivíduos. Eis porque vemos, em todos os países civilizados, meio social em particular, é que determinam este ideal a ser reali-
a tendência que ela manifesta para ser, cada vez mais, diversificada zado.
e especializada; e essa especialização, dia a dia, se torna mais pre-
coce. A sociedade não poderia existir sem que houvesse em seus
A heterogeneidade, que assim se produz, não repousa, como membros certa homogeneidade: a educação perpetua e reforça
aquela de que há pouco tratamos, sobre injustas desigualdades; essa homogeneidade fixando de antemão na alma da criança cer-
todavia, não é menor. Para encontrar um tipo de educação abso- tas similitudes essenciais, reclamadas pela vida coletiva. Por outro
lutamente homogêneo e igualitário, seria preciso remontar até às lado, sem uma tal ou qual diversificação, toda cooperação seria
sociedades pré-histórico, no seio das suas não existisse nenhuma impossível: a educação assegura a persistência desta diversidade
diferenciação. Devemos compreender, porém, que tal espécie de necessária, diversificando-se ela mesma e permitindo as especiali-
sociedade não representa senão um momento imaginário na his- zações. Se a sociedade tiver chegado a um grau de desenvolvimento
tória da humanidade. em que as antigas divisões, em castas e em classes, não possam
Mas, qualquer que seja a importância destes sistemas espe- mais manter-se, ela prescreverá uma educação mais igualitária,
ciais de educação, não constituem eles toda a educação. Pode-se di- como básica. Se, ao mesmo tempo, o trabalho se especializar, ela
zer até que não se bastam a si mesmos; por toda parte, onde sejam provocará nas crianças, sobre um primeiro fundo de ideias e de sen-
observados, não divergem, uns dos outros, senão a partir de certo timentos comuns, mais rica diversidade de aptidões profissionais.
ponto, para além do qual todos se confundem. Repousam assim Se um grupo social viver em estado permanente de guerra com so-
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ciedades vizinhas, ele se esforçará por formar espíritos fortemente perfeitamente constituídos desde o nascimento de cada animal. A
nacionalistas; se a concorrência internacional tomar forma mais pa- educação não poderá, nesse caso, ajuntar nada de essencial à natu-
cífica, o tipo que procurará realizar será mais geral e mais humano. reza, porquanto esta parece bastar à vida do grupo quanto basta à
A educação não é, pois, para sociedade, senão o, meio pelo do indivíduo. No homem, ao contrário, as múltiplas aptidões que a
qual ela prepara no íntimo das crianças, as condições essenciais da vida social supõe, muito mais complexas, não podem organizar-se
própria existência. Mais adiante, veremos como ao indivíduo, de em nossos tecidos, aí se materializando sob a forma de predisposi-
modo direto, interessará submeter-se a essas exigências. Por ora, ções orgânicas. Segue-se que elas não podem transmitir-se de uma
chegamos à fórmula seguinte: geração a outra, por meio da hereditariedade. É pela educação que
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as essa transmissão se dá.
gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; Entretanto - podem objetar-nos - se realmente para as quali-
tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de dades morais é assim, porquanto elas nos vêm limitar a atividade,
estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade e por isso mesmo só podem ser suscitadas por uma ação vinda de
política no seu conjunto e por meios especiais a que a criança, par- fora, não há outras qualidades que todo homem se interessa em
ticularmente, se destine. adquirir e espontaneamente procura possuir? Sim; tais são as di-
versas qualidades da inteligência que melhor lhe permitem adaptar
c) Caráter social da Educação a conduta da natureza à natureza das coisas. Tais são, também, as
Da definição do parágrafo precedente, conclui-se que a educa- qualidades físicas e tudo quanto contribua para a saúde e o vigor do
ção consiste numa socialização metódica das novas gerações. Em organismo. Para essas, pelo menos parece que a educação não faz
cada um de nós, já o vimos, pode-se dizer que existem dois seres. senão ir adiante do que a natureza conseguiria por si mesma; mas
Um, constituído de todos os estados mentais que não se relacionam ainda assim, para esse estado de perfeição relativa, a sociedade
senão conosco mesmo e com os acontecimentos de nossa vida pes- concorre muito: apressa aquilo que, sem o seu concurso, só muito
soal, e, é o que se poderia chamar ser individual. lentamente se daria.
O outro é um sistema de ideias, sentimentos e hábitos, que ex- Mas o que demonstra claramente, apesar das aparências, que
primem em nós, não a nossa personalidade, mas o grupo ou grupos aqui, como alhures, a educação satisfaz, antes de tudo, a necessi-
diferentes de que fazemos parte, tais são as crenças religiosas, as dades sociais, é que existem sociedades em que esses predicados
crenças e práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, não são cultivados, e mais, que eles têm sido muito diversamente
as opiniões coletivas de toda a espécie. Seu conjunto forma o ser compreendidos, segundo cada grupo social considerado.
social. Constituir esse ser social em cada um de nós que é o fim É preciso saber, por exemplo, que vantagens duma sólida cultu-
da educação. ra intelectual nem sempre foram reconhecidas por todos os povos.
Na realidade, esse ser social não nasce com o homem, não se A ciência, o espírito crítico, que hoje tão alto colocamos, durante
apresenta na constituição humana primitiva, como também não re- muito tempo foram tidos como perigosos. Não conhecemos o dito
sulta de nenhum desenvolvimento espontâneo. Espontaneamente, que proclama bem-aventurados os pobres de espírito? Não deve-
o homem não se submeteria à autoridade política, não respeitaria mos acreditar que esta indiferença pelo saber tenha sido artificial-
a disciplina moral, não se devotaria, não se sacrificaria. Nada há em mente imposta ao homem, com violação de sua própria natureza.
nossa natureza congênita que nos predisponha a tornar-nos, neces- Eles não possuem por si mesmos o apetite instintivo da ciência,
sariamente, servidores de divindades ou de emblemas simbólicos como tantas vezes e tão arbitrariamente se tem afirmado. Os ho-
da sociedade, que nos leve a render-Ihes culto, a nos privarmos em mens não desejam a ciência senão na medida em que a experiência
seu proveito ou em sua honra. lhes tenha demonstrado que não podem passar sem ela. Ora, no
Foi a própria sociedade, na medida de sua formação e conso- que concerne à vida individual, ela não é necessária. Como Rous-
lidação, que tirou de seu próprio seio essas grandes forças morais, seau já dizia, para satisfazer às necessidades da vida, a sensação, a
diante das quais o homem sente sua fraqueza e inferioridade. Ora, experiência e o instinto podem bastar, como bastam aos animais. Se
exclusão feita de vagas e incertas tendências sociais atribuídas à o homem não conhecesse outras necessidades senão essas, muito
hereditariedade, criança não traz, ao entrar na vida, mais do que simples, que têm raízes em sua própria constituição individual, não
a sua natureza de indivíduo. A sociedade se encontra, a cada nova se teria posto no encalço da ciência, tanto mais que ela não pode
geração, como que em face de uma tabula rasa, sobre a qual é ser adquirida senão após duros e penosos esforços. O homem não
preciso construir quase tudo de novo. É preciso que, pelos meios veio a conhecer a sede do saber senão quando a sociedade sen-
mais rápidos, ela agregue ao ser egoísta e a-social, que acaba de tiu que seria necessário fazê-Io. Esse momento veio quando a vida
nascer, uma natureza de vida moral e social. social, sob todas as formas, se tornou demasiado complexa para
Essa virtude criadora é, aliás, a apanágio da educação humana. poder funcionar de outro modo que não fosse pelo pensamento
De espécie muita diversa é a que recebem os animais, se é que se refletido, isto é, pelo pensamento esclarecido pela ciência. Então, a
pode dar a nome de educação’ ao treinamento progressivo a que cultura científica tornou-se indispensável; e é essa a razão pela qual
são submetidos par seus ascendentes, nalgumas espécies. Nos a sociedade a reclama de seus membros e a impõe a todos, como
animais, pode-se apressar o desenvolvimento de certos instintos um dever. Originariamente, porém, enquanto a organização social
adormecidos, mas nunca iniciá-Ios numa vida inteiramente nova. era muito simples, muito pouco variada, sempre igual a si mesma,
O treinamento pode facilitar o trabalho de funções naturais, mas a tradição cega bastava, como basta o instinto para o animal. Nesse
não cria nada de novo. Instruído por sua mãe, talvez o passarinho estado, o pensamento e o “livre exame” eram inúteis, se não preju-
possa voar mais cedo, ou fazer seu ninho, mas pouco aprende diciais, porque ameaçavam a tradição. Eis porque eram proscritos.
além do que poderia descobrir por si mesmo. É que os animais, Dá-se o mesmo com as qualidades físicas. Se o estado do meio
ou vivem fora de qualquer estado social, ou formam estados mui- social inclina a consciência pública para o ascetismo, a educação
to rudimentares, que funcionam graças a mecanismos instintivos, física será relegada a plano secundário. É o que se produziu, em
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parte, nas escolas da Idade Média; e esse ascetismo era necessário, ciente consistência, permitindo ao espírito a sua aplicação. Foi a lin-
porque a única maneira de adaptação às concepções da época era guagem que nos permitiu ascender acima da sensação; e não será
tê-Io em apreço. Tal seja a corrente da opinião, a educação física necessário demonstrar que, de todos os aspectos da vida social, a
será de uma ou de outra espécie. Em Esparta, tinha por objeto, es- linguagem é um dos mais preeminentes.
pecialmente, enrijar os membros para resisti à fadiga; em Atenas, Por esse exemplo se vê a que se reduziria o homem, se se re-
era um meio de tornar os corpos belos à vista; nos tempos da cava- tirasse dele tudo quanto a sociedade lhe empresta: retornaria à
laria, pediam-se-Ihe guerreiros ágeis e flexíveis; em nossos tempos, condição de animal. Se ele pôde ultrapassar o estádio em que os
não tem senão um fim higiênico, preocupando-se especialmente animais permanecem, é porque, primeiramente, não se conformou
em corrigir os efeitos danosos da cultura intelectual muito intensa. com o resultado único de seus esforços pessoais, mas cooperou
Desse modo, mesmo quando as qualidades pareçam à primeira sempre com seus semelhantes, e isso veio reforçar o rendimento
vista espontaneamente desejadas pelos indivíduos, refletem já as da atividade de cada um. Depois, e sobretudo, porque os resultados
exigências do meio social que as prescreve como necessárias. do trabalho de uma geração não ficaram perdidos para a geração
Estamos agora em condições de esclarecer uma dúvida que que se lhe seguiu. Os frutos da experiência humana são quase que
todo o trecho interior sugere. Se os indivíduos, como mostramos, integralmente conservados, graças à tradição oral, graças aos livros,
só agem segundo as necessidades sociais, parece que a sociedade aos monumentos figurados, aos utensílios e instrumentos de toda
impõe aos homens insuportável tirania. Na realidade, porém, eles espécie, que se transmite de geração em geração. O solo da natu-
mesmos são interessados nessa submissão porque o novo ser que reza humana se recobre, assim, de fecunda camada de aluvião, que
a ação coletiva, por intermédio da educação, assim edifica, em cada cresce sem cessar. Ao invés de se dissipar, todas as vezes que uma
um de nós, representa o que há de melhor no homem, o que há em geração se extingue e é substituída por outra, a sabedoria humana
nós de propriamente humano. vai sendo acumulada e revista, dia a dia, e é essa acumulação inde-
Na verdade, o homem não é humano senão porque vive em finida que eleva o homem acima do animal e de si mesmo.
sociedade. É difícil, numa só lição, demonstrar com rigor esta pro- Como a cooperação, no entanto, esse aproveitamento de ex-
posição tão geral e tão importante, mas posso afirmar que essa periência não se torna possível senão na sociedade e por ela. Para
proposição é cada vez menos contestada. E, além disso, não será que o legado de cada geração possa ser conservado e acrescido,
difícil relembrar, embora sumariamente, os fatos essenciais que a será preciso que exista uma entidade moral duradoura, que ligue
justificam. uma geração à outra: a sociedade. Por isso mesmo, o suposto anta-
Antes de tudo, se há hoje verdade histórica estabelecida é a de gonismo, muitas vezes admitido, entre indivíduos e sociedade, não
que a moral se acha estritamente relacionada com a natureza das corresponde a coisa alguma no terreno dos fatos. Bem longe de es-
sociedades, pois que, como o mostramos nas páginas anteriores, tarem em oposição, ou de poderem desenvolver-se em sentido in-
ela muda quando as sociedades mudam. É que ela resulta da vida verso, um do outro - sociedade e indivíduo são ideias dependentes
em comum. É a sociedade que nos lança fora de nós mesmos, que uma da outra. Desejando melhorar a sociedade, o indivíduo deseja
nos obriga a considerar outros interesses que não os nossos, que melhorar a si próprio. Por sua vez, a ação exercida pela sociedade,
nos ensina a dominar as paixões, os instintos, e dar-Ihes lei, ensi- especialmente através da educação, não tem por objeto, ou por
nando-nos o sacrifício, a privação, a subordinação dos nossos fins efeito, comprimir o indivíduo, amesquinhá-Io, desnaturá-Io, mas
individuais a outros mais elevados. Todo o sistema de representa- ao contrário engrandecê-Io e torná-Io criatura verdadeiramente
ção que mantém em nós a ideia e o sentimento da lei, da disciplina humana. Sem dúvida, o indivíduo não pode engrandecer-se senão
interna ou externa, é instituído pela sociedade. pelo próprio esforço. O poder do esforço constitui, precisamente,
Foi assim que adquirimos esse poder de resistirmos a nós mes- uma das características essenciais do homem.
mos, esse domínio sobre as nossas tendências, que é dos traços dis-
tintivos da fisionomia humana, pois ela é tão desenvolvida em nós 5. As Instituições Sociais e a Educação8
quanto mais plenamente representamos as qualidades do homem
de nosso tempo. Pensemos em que medida as instituições sociais são significati-
Do ponto de vista intelectual, não devemos menos à socieda- vas para o processo de socialização? Estamos inseridos numa reali-
de. É a ciência que elabora as noções cardeais, que dominam o pen- dade social, e a ela estamos adequados, sob pena de nos sentirmos
samento: a noção de causa, de lei, de espaço, de número; noções inadequados ao nosso meio social, acarretando como consequên-
de corpo, de vida, de consciência, de sociedade, etc. Todas essas cia sofrimento psíquico. Com efeito, o fato de nos sentirmos não
ideias fundamentais se encontram perpetuamente em evolução: enquadrados em nosso meio social envolve sofrimentos de ordem
é que elas são o resumo, a resultante de todo trabalho científico, psíquica que fazem com que nossa personalidade possa em certos
justamente ao contrário de serem o seu ponto de partida, como momentos, desintegrar-se e encontrar-se num “ego esburacado”,
Pestalozzi acreditava. Não concebemos hoje o homem, a natureza, como nos diz fundamentalmente a psicanálise.
as coisas, o espaço mesmo - como os homens da Idade Média os Portanto a educação, em sua concepção mais ampla, de certa
concebiam; é que os nossos conhecimentos e os nossos processos forma nos protege contra a desfragmentação do ego.
científicos já não são os mesmos. Ora, a ciência é obra coletiva, por- Segundo Oliveira, desde que nascemos, somos colocados no
quanto supõe vasta cooperação de todos os sábios, não somente mundo e, enquanto indivíduos, iniciamos nosso aprendizado das
de dada época, mas de todas as épocas que se sucedem na história. regras presentes no contexto da sociedade, assimilando os proce-
Aprendendo uma língua, aprendemos todo um sistema de dimentos mais adequados para nela vivermos e convivermos ade-
ideias organizadas, classificadas, e, com isso, nos tornamos herdei- quadamente. À medida que nós desenvolvemos pelo processo de
ros de todo o trabalho de longos séculos, necessário a essa, organi- interação com o outro e com o meio, vamos aprendendo as regras
zação. Há mais, no entanto. Sem a linguagem, não teríamos ideias 8 http://www.grugratulinofreitas.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/21/970/26/ar-
gerais, porquanto é a palavra que as fixa, que dá aos conceitos sufi- quivos/File/materialdidatico/formacaodocentes/fundsoced/testo4.pdf
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

significativas que nos permitem circular no espaço no espaço social É a partir da inserção em contextos sócio históricos que temos
de forma adequada, construindo padrões de comportamento que a própria constituição da família. Entendemos que família e educa-
são considerados fundamentais para nossa vivência em sociedade. ção, em muitos momentos de nossa vivencia social, possuem obje-
Durkheim, em sua teoria sociológica, afirma que recebemos a tivos que são comuns.
sociedade por herança, com todos os seus valores, hábitos, crenças, Dessa forma, podemos compreender que a família possui algu-
normas jurídicas, religião e assim por diante. São as gerações ante- mas funções que lhe são especificas no universo da formação dos
riores que deixam para as novas gerações, por intermédio da edu- indivíduos: sexual, reprodutiva, econômica e educacional. A Função
cação, instrumentos sociais que permitem, a estas circular dentro Sexual e a Função Reprodutiva garantem a própria reprodução da
do espaço de possibilidades que é o espaço social. espécie. A Função de Caráter Econômico assegura todos os meios
Dessa forma, pensar nas instituições sociais é pensar em todo de sobrevivência, garante as condições materiais necessárias ao
um conjunto de regras e procedimentos que, se encontram pa- desenvolvimento dos indivíduos. A Função Educadora envolve a
dronizados, que são aceitos pela sociedade e que, de certa forma, transmissão dos valores, dos hábitos, das crenças, dos ritos e dos
garantem a própria sobrevivência desta mesma sociedade, assim a mitos que são padrões culturais presentes na sociedade, e é por
instituição social pode ser definida como um conjunto de regras essa razão que a família e sempre concebida como a primeira ins-
e procedimentos padronizados, reconhecidos, aceitos e sanciona- tituição socializadora.
dos pela sociedade e que têm grande valor social, por exemplo, os Oliveira destaca a função socializadora da família na constitui-
modos de pensar, de sentir e de agir que a pessoa encontra prees- ção da personalidade dos indivíduos em sua fase inicial, notada-
tabelecidos e cuja mudança se faz muito lentamente, com dificul- mente na infância, primeira fase de socialização, no processo de
dade. socialização, considerando-se a família, encontramos duas fases
Em toda e qualquer instituição social, seja ela a família, a Igreja, distintas:
a escola ou os próprios meios de comunicação de massa, encon-
tramos a presença de regras e de certos procedimentos que são - Socialização Primária: aquela que o indivíduo sofre na infân-
padronizados e que contribuem para que sejam mantidas a orga- cia, convertendo-o em um novo membro da sociedade; na sociali-
nização de um grupo e a própria “satisfação das necessidades dos zação primária, como já foi dito, destaca-se principalmente o papel
indivíduos que dela participam”. Portanto, compreender as institui- da família que transmite conteúdos cognitivos que variam de uma
ções sociais é de fundamental importância para até mesmo com- sociedade para outra;
preendermos a nós mesmos e nossas circunstâncias. - Socialização Secundária: aquela que ocorre posteriormente
Quando trabalhamos cm as instituições sociais, dois elemen- e que leva a interiorizar setores particulares do mundo objetivo da
tos merecem destaque: a presença do grupo social e da instituição sua sociedade.
social, enquanto realidades de caráter distinto, mas fundamental-
mente interdependentes. O Grupo Social, diz respeito à reunião de Na atualidade, podemos afirmar que a instituição da família,
indivíduos que interagem atendendo às suas necessidades. Já quan- vem perdendo suas próprias funções pedagógicas, embora esteja
do trabalhamos com as Instituições Sociais, estamos trabalhando a exercer forte influência na formação das gerações mais jovens e
com todo um conjunto de regras e de normas que se encontram pa- das crianças enquanto instituição fundamental de socialização, está
dronizadas no contexto social, que permitem a indivíduos e grupos se reconfigurando; homem e mulher, nos papéis sociais de pai e
construir repertórios específicos de ações individuais e coletivas, de mãe, estão experienciando novas formas de exercícios destes
que lhes possibilitem circular adequadamente no contexto social mesmos papéis.
mais amplo. Os grupos sociais “[...] referem-se a indivíduos com O fato de a mulher agora ser integrante do mercado de traba-
objetivos comuns, em um processo de interação mais ou menos lho e atuar neste de forma mais ativa, além de ser mantenedora
contínuos. Já as instituições sociais referem-se às regras e proce- do lar, favorece essa reconfiguração. As atribuições familiares agora
dimentos padronizados dos diversos grupos. ” Essa diferenciação é parecem estar sendo cada vez mais divididas entre homem e mu-
extremamente significativa, na medida em que nos permite clarifi- lher. O homem não tem mais o papel exclusivo ordenador e mante-
car s aspectos específicos do grupo social e das instituições sociais. nedor do lar, mas o de “companheiro” e de administrador conjunto,
se assim podemos dizer. Também, concebemos por esses aspectos
a) As primeiras Instituições Socializadoras: A família e a Edu- que há uma certa crise no contexto da família, sem que ela perca
cação seu papel significativo de primeira instancia de socialização.
Devemos compreender que a família é a principal instituição A família é a primeira agencia de controle social da qual a
socializadora com a qual temos efetivo contato. É pela educação criança participa, ocorrendo aí uma socialização baseada nos con-
que perdemos nosso caráter eminentemente biológico e interna- tatos primários, mais afetivos, diretos e emocionais. Ela é uma
lizamos todos os elementos de nosso caráter social. O homem é, instituição basicamente conservadora e, como tal, no mundo de
pois, sempre tridimensional, ou seja, é um ser biológico, psíqui- hoje, não tem encontrado condições de rápida adequação à nova
co e social. É então, pela educação que vamos perdendo paulati- realidade social em que está inserida. E é justamente aí que se
namente elementos puramente biológicos de nosso ser e vamos encontra um dos principais aspectos da crise que abala a família
adquirindo elementos sociais que nos permitem estar no mundo nas sociedades modernas, em vertiginoso processo de mudança
de forma mais integrada. Podemos afirmar que até mesmo nossa social.
personalidade individual vai se configurando em função dessa inte- Para aspectos presentes na estrutura familiar de hoje, no
ração que estabelecemos com o outro e com nosso ambiente. contexto das sociedades contemporâneas, que acabam por exigir
novas configurações da instituição família. Há uma crise instalada
devido às variadas formas que a família assume no contexto social
envolvente. A família nuclear não é mais a forma predominante,
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sem contar que cada vez mais crescente o que se costuma deno- do personalidades na medida em que é internalizada por indivíduos
minar de conflito de gerações, que estão nas sociedades atuais no e grupos e, por sua vez, também a construção de repertórios de
cerne da instituição familiar. ações individuais e coletivas, fazendo com que os indivíduos pos-
sam circular adequadamente na sociedade.
b) A Instituição Religiosa e a Educação
Para pensarmos a instituição religiosa e a educação, devemos c) A Instituição do Estado e a Educação
também pensar a respeito da própria função da religião no contex- Devemos compreender que a instituição do Estado possui o
to das sociedades. A religião possui uma dupla função: uma so- poder de coerção, no sentido de que é a única instituição no contex-
cial e uma psicossocial. A Função Social pode ser compreendida to. Das sociedades complexas que tem para si o atributo de recorrer
até mesmo como uma função socializadora, na medida em que, à violência física para cumprir com todos os seus objetivos. Então
enquanto grupo social, a instituição religiosa adapta indivíduos e podemos compreender que o Estado é a instituição significativa
grupos ao contexto social pois se coloca como força constituinte de controle social, pois ele tem na lei o elemento fundamental de
da coesão e do ordenamento social. execução de suas funções.
Quando fazemos referência à função social da religião, é de Observemos que determinados costumes, quando passam
fundamental importância que compreendamos que a religião é vi- para esfera da lei, constituem-se como obrigatórios. Encontra-se
venciada coletivamente por meio de crenças expressas, ritos, visí- presente então um processo de coercibilidade no que concerne
veis, culto exterior e cerimônias públicas. É, portanto, construção à vontade individual, isto é, nenhum de nós pode pensar ou dizer
humana que se manifesta coletivamente, na medida em que é par- se quer ou não cumprir determinada lei, esta exerce um poder
te integrante da sociedade que a influência e que é influenciada por coercitivo sobre nós, pois todos estamos obrigados a cumpri-la.
ela. A Função Psicossocial pode ser atestada pela sua constituição É no contexto do século XX que vamos ter o crescente desen-
enquanto um universo que possibilita o encontro de uma estrutura volvimento nas sociedades modernas do compromisso do Estado
de possibilidade para indivíduos e /ou grupos. para com a educação. Nesse sentido, o Estado, cada vez mais, teve
A sociedade é fruto das relações que se estabelecem entre os a seu cargo os compromissos com as funções da educação, o que
grupos humanos, que buscam sobreviver em seu sentido imediato envolve planejamento da educação e sua interação ao contexto da
e histórico. É a partir da necessidade de sobrevivência imediata e sociedade envolvente.
histórica que caracteriza todos os seres humanos que se constituem Dessa forma, a Política Educacional é a medida de caráter polí-
universos de representações coletivas. Devemos compreender a tico que é imposta no campo da educação e que inclui a ampliação
Igreja como um grupo social específico, na medida em que nele en- do número de escolas, salas de aula e a manutenção de condições
contramos indivíduos que possuem uma mesma fé e que se encon- para que significativo contingente populacional a ela tenha acesso.
tram ligados pelas mesmas regras e a um mesmo líder espiritual. Podemos depreender disso que a educação, de certa forma, deve
Nesse sentido, toda e qualquer Igreja tem como função especifica a estar subordinada às próprias condições do país e de sua época,
formação religiosa de indivíduos e grupos. conforme disposto nos 205 e 206 da Constituição Federal sobre a
É sempre necessário que o indivíduo possua um referencial no educação:
qual possa apoiar-se e com o qual possa estabelecer a lógica de
seus procedimentos e agir dentro dos espaços de interlocução que Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da fa-
lhe são facultados no interior do contexto por ele vivenciado. Ele mília, será promovida e incentivada como colaboração da socieda-
necessita de um discurso que, uma vez internalizado, lhe permita de, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
a construção do referencial que para ele funcionará como guia e o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
fará com que possa situar-se dentro dos parâmetros aceitos pela Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
sociedade. cípios:
Os valores morais, éticos e culturais, as regras e as normas pre- I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
sentes no universo social possuem essa função permitindo aos in- cola;
divíduos interagir e organizar seus padrões comportamentais den- II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
tro do estabelecido, do permitido, entre os limites do aceito e do samento, a arte e o saber;
não-aceito, o que demonstra também a característica normativa da III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis-
Igreja em sua função social. Devemos compreender assim, que toda tência de instituições públicas e privadas de ensino;
e qualquer Igreja se consubstancia a partir das determinações da IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
realidade social, pois a religião é “coisa” social, conforme nos diriam V - valorização dos profissionais da educação escolar garanti-
os funcionalistas. dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamen-
No contexto religioso brasileiro estão ocorrendo rupturas com te por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
relação às concepções das Igrejas tradicionais e históricas pela plu- VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
ralidade das relações presentes nos campos social, político, econô- VII - garantia de padrão de qualidade.
mico e cultural. A partir dessa pluralidade, marca da secularização, VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da
as referidas Igrejas distanciaram-se das necessidades objetivas e educação escolar pública, nos termos de lei federal.
subjetivas de seu público-alvo, levando à busca de espaços alterna-
tivos de discurso fácil, que, internalizados por indivíduos e grupos, Podemos então observar que o Estado, em sua política edu-
os constituem subjetivamente. cacional, estabeleceu instrumentos que demonstram estar a edu-
Por esses aspectos mencionados, podemos verificar a própria cação adequada à nova realidade política, social e econômica da
função educativa da religião, no sentido de que ela reproduz todos sociedade. A própria sociedade deve fornecer à educação todos
os elementos presentes no contexto social mais amplo, constituin- os recursos necessários na medida em que a educação não é re-
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frataria às alterações presentes no contexto social mais amplo. Observemos que hoje a criança leva para a escola uma série
Entendamos que é ao Estado que cabe estabelecer as diretrizes à de informações sobre os mais variados temas, e a escola não pode
educação obrigatória. deixar de acompanhar todo esse processo. Os professores devem
No caso brasileiro, porém, apesar de a Constituição ser de- constantemente estar atualizados para fazer frente ao acúmulo
masiadamente clara, encontra-se instalado um verdadeiro caos na de informações que seus alunos trazem de seus lares, devido aos
educação, o que reflete o descaso de parte do poder público para meios de comunicação de massa. Se assim não procederem, es-
com a educação, notadamente caracterizado pelo nível do ensi- tarão de certa forma alicerçados numa ilusão. O mesmo se aplica
no escolar, pela má remuneração dos professores e pelo péssimo à instituição escolar. Tal ilusão envolve pensar que todo o conheci-
estado das escolas públicas. A educação, portanto, deveria ser re- mento é adquirido por meio do ensino, apesar de a realidade estar
pensada no contexto de nossa sociedade por parte dos segmentos a dize-nos que muito do que as novas gerações conhecem foi adqui-
administrativos do Estado, elaboradores das políticas educacionais. rido fora e para além da escola. Nesse sentido, Oliveira nos diz que
“A concorrência movida pelos meios de comunicação à família e à
d) Os Meios de Comunicação Social e a Educação escola, ameaçando o status dessas agências tradicionais de educa-
No contexto da atualidade, não podemos negar a forte influ- ção, não deve ser encarada como uma competição destruidora. A
ência dos meios de comunicação de massa nas sociedades, já que família e a escola são instituições que necessitam apenas adaptar-
estes fornecem informações que não se encontram mais restritas a -se à realidade dos dias atuais”. Aponta ainda para a necessidade de
regiões ou partes determinadas do mundo. Assim, podemos dizer readaptação da escola à realidade social envolvente.
que o mundo não possui mais espaços que nos são desconhecidos,
pois tudo encontra-se interligado e de dentro de nossa casa pode- 6. Educação para o controle e para a transformação social, cul-
mos chegar ao absurdo de assistir a uma guerra em andamento em tura e organização social, desigualdades sociais
qualquer lugar do mundo, como podemos ver na ocasião da guerra
dos Estados Unidos contra o Iraque. a) As concepções paradigmáticas e a Educação9
No campo das comunicações de massa, podemos dizer que A educação é, por sua origem, seus objetivos e funções um
o mundo é uma “aldeia global”, em que a maioria dos segmentos fenômeno social, estando relacionada ao contexto político, econô-
sociais tem acesso a informações dos lugares mais distantes, mais mico, científico e cultural de uma sociedade historicamente deter-
remotos. Esse fato altera drasticamente até mesmo o processo edu- minada.
cativo, ou seja, esse fortalecimento das informações e dos meios Conforme Álvaro Vieira Pinto10, a educação é o processo pelo
de comunicação de massa perpassa o processo educativo, fazendo qual a sociedade forma seus membros à sua imagem e em função
com que em muitos momentos tenhamos que repensar nossas pró- de seus interesses. De tal conceito, pode-se deduzir que, não obs-
prias práticas educativas. tante a educação ser um processo constante na história de todas as
Até algum tempo atrás, a família e a escola eram, sem dúvida, sociedades, ela não é a mesma em todos os tempos e em todos os
as grandes instituições encarregadas da educação assistemática e lugares, e se acha vinculada ao projeto de homem e de sociedade
sistemática. Com o surgimento e desenvolvimento dos poderosos que se quer ver emergir através do processo educativo.
veículos de comunicação de massa essa situação alterou-se subs- Dermeval Saviani11 afirma que o estudo das raízes históricas
tancialmente, esse aspecto exige de nós, como dissemos anterior- da educação contemporânea nos mostra a estreita relação entre a
mente, atitudes questionadoras com relação à educação, ao pro- mesma e a consciência que o homem tem de si mesmo, consciência
cesso educativo. esta que se modifica de época para época, de lugar para lugar, de
As informações transmitidas pelos meios de comunicação de acordo com um modelo ideal de homem e de sociedade.
massa o são enquanto uma forma de transmissão de caráter fácil, A educação é, portanto, um processo social que se enquadra
na medida em que se constituem em uma forma de lazer, permi- numa concepção determinada de mundo, a qual determina os
tindo que as pessoas entrem em contato com assuntos da atua- fins a serem atingidos pelo ato educativo, em consonância com
lidade. Essa facilidade e uma certa ausência de elaborações mais as ideias dominantes numa dada sociedade. O fenômeno educa-
aprimoradas no contato com os meios de comunicação fazem com tivo não pode ser, pois, entendido de maneira fragmentada, ou
que no contexto das sociedades estes acabem por gozar de forte como uma abstração válida para qualquer tempo e lugar, mas sim,
prestigio entre os membros da população. como uma prática social, situada historicamente, numa realidade
Como consequência, as instituições sociais básicas, no pro- total, que envolve aspectos valorativos, culturais, políticos e eco-
cesso de socialização (família, igreja e escola), estão perdendo a nômicos, que permeiam a vida total do homem concreto a que a
influência sobre as gerações mais jovens, já que os conhecimentos educação diz respeito.
transmitidos por elas não coincidem, muitas vezes, com o interes- Assim sendo, tanto a teoria quanto as práticas educacionais
se dos jovens. Assim é que o ensino transmitido pela escola em desenvolvem-se, predominantemente, segundo os paradigmas
sendo afetado pelos meios de comunicação de massa, principal- dominantes num dado momento histórico, o que leva a educação
mente a televisão. a funcionar essencialmente como elemento reprodutor das condi-
Novas necessidades, principalmente entre os integrantes da ções científicas, políticas, econômicas e culturais de determinada
geração mais jovem, são criadas pela influência adquirida principal- sociedade.
mente da televisão. Novas formas de ver o mundo, novas manei-
ras de pensar, de sentir e de agir são veiculadas, fazendo com que 9 Publ. UEPG Humanit. Sci., Appl. Soc. Sci., Linguist., Lett. Arts, Ponta Grossa,
novas necessidades sejam criadas. Nesse sentido, a escola deveria 13 (2) 101-112, dez. 2005.
acompanhar esse processo, razão pela qual ela deve ser repensada 10 PINTO, A.V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez,1987.
diante da influência dos meios de comunicação de massa. 11 SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 10 ed. São
Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991.
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Tomando por referência o desenvolvimento e as rearticulações Já Capra14 define que o paradigma que está agora retroceden-
do capitalismo em períodos diversos, percebe-se que a educação do dominou a nossa cultura por várias centenas de anos, durante
tem sido utilizada no sentido de dar suporte ideológico a esse sis- os quais modelou nossa moderna sociedade ocidental e influenciou
tema, constituindo-se ao mesmo tempo num elemento produtivo, significativamente o restante do mundo. Esse paradigma consiste
pela qualificação de recursos humanos para o capital, embora algu- em várias ideias e valores entrincheirados, entre os quais a visão de
mas vezes essas funções sejam percebidas e provoquem reações. universo como um sistema mecânico composto de blocos de cons-
Conforme Frigotto12 a perspectiva das classes dominantes, trução elementares, a visão de corpo humano como uma máquina,
historicamente, a educação dos diferentes grupos sociais de traba- a visão da vida em sociedade como uma luta competitiva pela exis-
lhadores deve dar-se a fim de habilitá-los técnica, social e ideolo- tência, e a crença no progresso material ilimitado, a ser obtido pelo
gicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a função social intermédio do crescimento econômico e tecnológico.
da educação de forma controlada para responder às demandas do No século XIX, inaugura-se a individualização das ciências so-
capital. ciais, e o modelo cientificista é estendido às mesmas, revelando-se,
Entende-se, pois, que para que os desafios que atualmente se através do positivismo de Augusto Comte, que busca estudar os fe-
apresentam à educação e às instituições formais de ensino sejam nômenos sociais, utilizando o mesmo método aplicado às ciências
devidamente equacionados, faz-se necessário uma breve retros- naturais. Os pensadores modernos acreditavam que, graças à ciên-
pectiva histórica, situando e analisando os paradigmas vigentes na cia, poderiam ser criadas condições mais adequadas de existência,
sociedade, tomando como ponto de partida as transformações que não só biológica, mas também política e social.
caracterizam a Idade Contemporânea. Dentre as características do positivismo, apontadas por Lück15,
A segunda metade do século XVIII é assinalada pelas revolu- podem-se citar: o universo entendido como um sistema mecânico,
ções burguesas que trazem como consequência o fim do Absolu- composto de unidades materiais elementares, sendo a realidade
tismo e a consolidação do capitalismo industrial. O século XIX, por regular, estável e permanente, dotada de existência própria; a ver-
sua vez, vem marcar o triunfo do liberalismo europeu, vinculado ao dade, apresentada como absoluta, objetiva, existindo independen-
direito natural e também o triunfo do cientificismo, que se impon- temente do sujeito cognoscente. A ciência, por sua vez, é conside-
do de forma totalitária, nega as formas de conhecimento que não rada como isenta de valores, os quais são absolutos e existentes na
estejam de acordo com seus princípios epistemológicos e com suas natureza.
regras metodológicas. No século XIX, o pensamento positivista sofre também a influ-
O cientificismo, tomando por base as ideias de Newton e Des- ência do desenvolvimento da Biologia e dos trabalhos de Darwin
cartes, estrutura-se segundo uma ótica mecanicista, que explica o sobre a evolução das espécies e passa a apoiar-se na analogia orgâ-
universo a partir da linearidade determinista dos fenômenos e re- nica da sociedade, considerando que ela, à semelhança dos organis-
conhece uma só natureza material, que engloba e explica tanto o mos, evoluiria de formas mais simples às mais complexas, através
mundo dos valores como o mundo dos fatos. De acordo com tal mo- de transformações graduais e constantes. Este processo de mudan-
delo de análise, conhecer significa quantificar, dividir e classificar, ça, ou progresso, seria comum a todos, sendo que as sociedades
devendo o pesquisador ser neutro, imparcial, analisando seu objeto primitivas se transformariam em modernas, atingindo o modelo de
de estudo segundo critérios de máxima objetividade. progresso, ou seja, a sociedade industrial do Ocidente.
Destaca-se neste processo a contribuição de Descartes, cuja Émile Dürkheim16, sociólogo adepto do paradigma positivista,
obra “Discurso do método”, apregoa os seguintes princípios: Ne- elaborou sua obra num momento de constantes crises econômicas
nhum fenômeno deve ser acolhido como verdade, sem que se de- que causavam o desemprego e a miséria dos trabalhadores, ocasio-
monstrem evidências concretas, cada conceito deve ser divido em nando o acirramento da luta de classes. Possuindo uma visão oti-
quantas parcelas seja necessário, para que seja devidamente ana- mista da sociedade industrial, discordava das ideias socialistas de
lisado; é necessário partir dos conceitos mais simples para os mais que a crise das sociedades europeias se devia aos fatores de ordem
complexos, no sentido de conduzir, o conhecimento degrau a de- econômica, atribuindo-a a fatores de ordem moral. Afirmava ainda
grau, buscando enumerações tão completas e revisões tão gerais, que a divisão do trabalho social propiciaria um aumento da solida-
que levem à certeza de que nada foi omitido. riedade entre os indivíduos, não apenas no âmbito econômico, mas
Juntamente com o pensamento de Descartes, as ideias de Isa- principalmente no que concerne ao aumento da produtividade, o
ac Newton foram significativas para a estruturação da ciência mo- que geraria relações de cooperação entre os homens.
derna. Em sua obra “Princípios matemáticos da filosofia natural”, Nas sociedades anteriores ao capitalismo, ou seja, nas socie-
propõe uma complexa sistematização matemática da concepção dades tribais e feudais, a divisão do trabalho social era pouco de-
mecanicista da natureza, representando o universo e o ser humano senvolvida, não havendo grande número de especializações. Na
como uma máquina, que podem ser divididos e compreendidos a sociedade feudal, a produção de bens de consumo era realizada
partir da razão. Tal visão do mundo máquina, que implica no racio- pelo trabalho artesanal, o que implicava em que uma só pessoa
cínio lógico-dedutivo passa, a impor-se como a única forma legítima fosse capaz de produzir aquilo de que necessitava, sem depender
de fazer ciência, com base no modelo explicativo mecânico -causal. dos outros. Nestas sociedades, as pessoas estariam unidas por
Behrens13 afirma que este modo reducionista e atomístico de laços de semelhança na religião, na tradição ou no sentimento, o
análise dos fatos passa a ser a única forma legítima de fazer ciência, e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000.
constituindo, não apenas uma nova teoria, mas a própria visão da 14 CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas
realidade. vivos. São Paulo: Cultrix,1996.
12 FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. 3.ed. São Paulo: 15 LÜCK, H. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos.
Cortez,1999. Petrópolis: Vozes,1994.
13 BEHRENS, M.A Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma 16 DURKHELM, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Compa-
emergente. In: MORAN, J.M.; BEHRENS, M.A; MASSETO, M. Novas tecnologias nhia Editora Nacional, 1978.
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que Dürkheim caracterizou como solidariedade mecânica. A divisão de propiciar uma formação sectária, competitiva e individualista
do trabalho social, típica das sociedades capitalistas, vem a gerar que, em nome da técnica e do capital, muito perdeu, no sentido
um outro tipo de solidariedade, a solidariedade orgânica, superior de formar pessoas responsáveis, sensíveis e que venham a buscar o
à solidariedade mecânica, quando as pessoas se unem a partir da sentido da vida, do destino humano e de uma sociedade igualitária.
dependência que têm umas das outras, para realizar uma atividade Conforme Valente17 a educação é um serviço e, como tal, sofre
social. as influências e se adapta às concepções paradigmáticas, vigentes
As novas formas de conceber e de interpretar a ciência e a na sociedade nos diferentes momentos históricos. Considerando-se
sociedade repercutem sobre a educação que segundo o enfoque que a educação guarda relações com o contexto em que se insere,
positivista, deve ser entendida como instrumento de inserção, de também as transformações nos sistemas de produção repercutem
integração dos indivíduos à vida social, visando à manutenção, à sobre ela, sendo que os trabalhadores devem desenvolver formas
continuidade, enfim, à perpetuação da sociedade. de ação que se encontrem em consonância com os ditames do es-
Assim, o autor define a educação como sendo a ação exerci- tágio em que a economia se encontra.
da pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram Assim, no momento histórico em que predominou o paradigma
ainda preparadas para a vida social; tem como objeto suscitar e de- da produção em massa, o processo de desqualificação e atomização
senvolver na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e de tarefas, ocorrido no âmbito da produção e da distribuição, foi
morais, reclamados pela sociedade política em seu conjunto e pelo também estendido aos sistemas educacionais, sendo que o objetivo
meio especial a que a criança particularmente se destine. fundamental da educação consistiria em “empurrar” a informação
Destacam-se, assim, as funções uniformizadora e diferenciado- para o aluno, sendo ele visto como um “produto que está sendo
ra da educação que, por um lado, visa integrar os indivíduos ao con- montado”. Na escola, a estrutura de controle do processo de pro-
texto da sociedade, transmitindo valores e desenvolvendo atitudes dução, composta por diretores e por supervisores, tem por objetivo
comuns a todos e de outro lado, visa diferenciá-los, respondendo à verificar se o “planejamento da produção” está sendo cumprido,
divisão social do trabalho. através do currículo, de métodos e de disciplinas, considerando-se
A pedagogia Dürkheniana define o processo educacional, como que a racionalidade do processo seria capaz de produzir alunos ca-
sendo o meio pelo qual os sistemas se constituem, se mantêm e pacitados.
se perpetuam, destacando-se fundamentalmente os processos de Os conteúdos complexos apresentam-se fragmentados, cate-
conservação e de continuidade, bem como os de ordem e de equilí- gorizados, hierarquizados, devendo o professor cumprir as normas
brio dos sistemas, enfatizando a autoridade do professor, que como e certificar-se de que eles estejam sendo passados de forma pre-
líder instituído, tem o direito legítimo de exercer seu poder sobre os cisa, objetiva, equânime. Os trabalhadores e os estudantes veem
alunos, visando integrá-los à ordem social estabelecida. negadas suas possibilidades de poderem intervir nos processos
A concepção positivista exerceu grande influência na consoli- produtivos e educacionais de que participam, sendo também, os
dação dos paradigmas educacionais atuais, vinculando a organiza- professores e os alunos impedidos de participar dos processos de
ção do conhecimento acadêmico à observância de seus princípios, reflexão crítica sobre a realidade, reduzindo-se a educação institu-
o que pode ser claramente observado na lógica de organização, cionalizada exclusivamente a tarefas de custódia das gerações mais
vigente nos currículos e nas práticas pedagógicas em sala de aula. jovens. As análises críticas sobre o currículo, evidenciadas por di-
A visão fragmentada da educação tem contribuído para que versos autores, podendo-se citar, dentre eles Apple18 e Santomé19,
o ensino tenha, por centralidade, a reprodução do conhecimento, vieram a demonstrar que as habilidades exigidas dos estudantes,
onde a ênfase se encontra na memorização dos conteúdos e no pro- estão prioritariamente relacionadas com o sistema de poder, sendo
duto do processo pedagógico. a obediência e a submissão à autoridade as categorias fundamen-
Referindo-se ao paradigma positivista, Lück afirma que ele tais da aprendizagem nas salas de aula.
submete o conhecimento a um tratamento metodológico analíti- Qualquer um que esteja familiarizado com a pesquisa recente
co, linear e atomizador, que mediante o raciocínio lógico-formal, o a respeito da escola e da desigualdade está sem dúvida também
distancia da realidade da qual emerge, proporcionando informa- familiarizado com o rápido crescimento da evidência de como as
ções isoladas que passam a valer por si só, o que contribui para escolas atuam como agente de reprodução econômica e cultural
incapacitar o homem a compreender o mundo, a sua realidade, e a de uma sociedade iníqua. Não há também nenhuma dúvida de que
posicionar-se diante de seus problemas vitais e sociais. Esta estraté- existe um currículo oculto nas escolas, um currículo que tacitamen-
gia descuida-se também do processo de apropriação crítica e inte- te tenta ensinar aos estudantes normas e valores que estão relacio-
ligente do conhecimento, e mais ainda, de sua produção, uma vez nados com o trabalhar nesta sociedade iníqua.
que o ensino se encontra essencialmente centrado na reprodução Assim, nas instituições de ensino verifica-se uma distorção se-
do conhecimento já produzido. O aluno é considerado apenas em melhante à do mundo produtivo, sendo as diretrizes educacionais
sua dimensão cognitiva, em total rejeição a expressões do domínio e curriculares, elaboradas por poucas pessoas, cabendo aos profes-
afetivo e psicomotor, associados à atividade, donde passa a ter um sores propiciar atividades de memorização de dados, tendo como
elevado caráter de passividade. “Consequentemente, o ensino dei- preocupação fundamental, serem obedecidos. Os alunos, por sua
xa de formar cidadãos capazes de participar do processo de novas vez, envolvem-se com as estratégias para decorar dados e conceitos
ideias e conceitos, fundamentais para o exercício da cidadania crí- sem significação, importando-se apenas com as notas escolares, ou
tica e participação na sociedade moderna, onde tanto se valoriza o seja, o resultado extrínseco de suas atividades.
conhecimento”. 17 VALENTE, J.A.O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP:
Behrens considera que o paradigma positivista ao ensejar a UNICAMP/NIED, 1999.
racionalidade, a objetividade, a separatividade, a decomposição 18 APPLE, M. Educação e poder. Porto Alegre, RS. Artes Médicas, 1989.
do todo, em partes fragmentadas, trouxe como resultado uma for- 19 SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado.
mação acadêmica reducionista, verificando-se ainda o agravante Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda,1988.
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Conforme Santomé20, os conteúdos culturais que formam o legitimamente. Destaca também o caráter ideológico da educação,
currículo escolar, com excessiva frequência, apresentam-se descon- como “aparelho de distribuição dos indivíduos por classes que cria,
textualizados, distantes do mundo experencial dos alunos. Traba- mantém e reproduz socialmente qualificações especializadas que
lham-se as disciplinas escolares de forma isolada, que não propicia têm um certo grau de relevância para o modo de produção”.
a construção e a compreensão de nexos que permitem a sua estru- Outrossim, os avanços, oriundos da própria ciência, dentre elas
turação com base na realidade. as contribuições da Física Quântica, da Matemática, somados aos
Percebe-se, portanto, que não educamos de forma inocente, avanços da Microfísica, da Química e da Biologia, nos últimos vinte
ou seja, o currículo não se restringe a uma sequência lógica de con- anos, trouxeram modificações no campo da análise dos fenômenos,
teúdos, de metodologias, de técnicas e de instrumentos de avalia- demonstrando a tendência crescente de superação do pensamento
ção, mas veicula conteúdos e modos de proceder relacionados a newtoniano-cartesiano.
uma determinada visão de mundo. Em decorrência desta nova postura, delineia-se um novo para-
A educação baseada no paradigma fordista tem sido constan- digma, que critica a razão produtivista e a racionalidade modernas,
temente criticada, uma vez que o ato de aprender/ensinar tornou- englobando diferentes pressupostos de novas teorias. Embora re-
-se uma questão meramente técnica. A tecnocracia instalada no cebendo diferentes denominações, tais como: holístico, sistêmico,
interior das escolas, utilizando-se do discurso da racionalidade e da emergente, importa destacar que, “o ponto de encontro entre os
eficiência separou o “saber” do “fazer”, desperdiçando o potencial autores que contribuem com seus estudos sobre o paradigma ino-
mais nobre do homem, que é a sua capacidade de pensar e de criar. vador, é a visão de totalidade e o desafio de buscar a superação da
Além disso, este paradigma mostrou-se ineficiente, colocando no reprodução para a produção do conhecimento”.
mercado, um profissional incapaz de agir e de sobreviver face às Ao discorrer sobre a superação do paradigma da modernidade,
exigências da sociedade emergente. Santos (1987) identifica alguns pontos relevantes a serem obser-
Desta forma, o saber científico, que pretendia libertar o conhe- vados, que podem ser expressos por quatro teses fundamentais.
cimento do dogmatismo, possibilitando aos indivíduos e à socieda- A primeira delas refere-se a uma tendência em direção ao caráter
de um progresso cada vez maior, acabou por transformar-se em: holístico do conhecimento, donde já não se justificam as tradicio-
Razão instrumental, que por meio do controle lógico-tecnoló- nais distinções entre natureza e cultura, natural e artificial, vivo e
gico implantou a tecnocracia, que passa a gerir todas as esferas da inanimado, mente e matéria, observador e observado, subjetivo e
vida humana, além de que o poder da ciência e da técnica passa a objetivo, coletivo e individual. Destaca-se a tendência à superação
ser controlado e utilizado por grupos humanos na defesa de seus da distinção entre ciências naturais e ciências sociais, e a influência
interesses particulares. das segundas sobre as primeiras. “É como se o dito de Dürkheim
Neste processo, o ato de aprender e de ensinar transforma-se se tivesse invertido e ao invés de serem os fenômenos sociais estu-
em questão meramente técnica, reduzindo a competência docente dados como se fossem fenômenos naturais, serem os fenômenos
ao domínio dos meios que permitam aos alunos dominar conheci- naturais estudados como se fossem fenômenos sociais”.
mentos previamente elaborados, dosados e limitados. Os profes- Assim, as ciências sociais apresentam-se cada vez mais como
sores, por sua vez, transformam-se em meros executores de estra- possíveis agentes catalisadores desta necessária fusão, introduzin-
tégias pré-determinadas, perdendo de vista a dimensão política do do neste processo os conceitos de historicidade, de liberdade, de
processo educativo, deixando de lado as discussões sobre o “para autodeterminação e de consciência, colocando no centro do pro-
que ensinar”, ou seja, a serviço de quem está a educação. cesso de conhecimento a pessoa, considerada como sujeito e autor
Em decorrência das concepções paradigmáticas vigentes, que do mundo.
tomam por referência os critérios de objetividade e de separação A segunda tese refere-se à superação da excessiva parcelização
entre sujeito e objeto, muitas das concepções sobre a educação di- e disciplinação do saber, oriundos do paradigma dominante, o qual
vulgaram a ideia de que ela é um processo neutro, e que o conheci- gerou visíveis efeitos negativos no campo das ciências. Através de
mento tem sempre um valor positivo, sendo que a própria comuni- uma abordagem temática, transdisciplinar, os conhecimentos dei-
dade científica passou a aceitar esta ideia, relacionada ao moderno xam de ser fragmentados em partes isoladas, progredindo uns ao
conceito de ciência, que desvincula o campo pedagógico do campo encontro dos outros. Desta forma, as teorias e os conceitos, nasci-
epistemológico e político. dos de projetos desenvolvidos localmente, podem analogamente
A dimensão política da educação foi sendo, aos poucos, resga- ser aplicados fora de seu contexto de origem.
tada pelas escolas, a partir das teorias reprodutivistas, dominantes Como terceira tese, Santos propõe a superação da visão do
nos anos 70, podendo-se citar entre os autores que as defendem, conhecimento objetivo e rigoroso, pretendido pelo modelo domi-
Althusser, Bourdieu e Passeron, Establet e Baudelot e pelas teorias nante da ciência, que propõe a separação entre sujeito/objeto. Esta
progressistas, representadas pelas ideias de Snyders, Gramsci, Ma- visão dicotômica começou a ser abalada, quando a mecânica quân-
nacorda, Paulo Freire, dentre outros, que vislumbraram o potencial tica veio demonstrar que o ato e o produto do conhecimento são
transformador da educação, considerando as relações dialéticas inseparáveis. Deste modo, sujeito e objeto apresentam-se indisso-
que ela estabelece com a sociedade ciáveis, pois o objeto é a extensão do sujeito, donde todo conheci-
As análises efetuadas por Bourdieu21 permitem demonstrar mento científico é autoconhecimento.
que a ciência não está livre de interesses, sendo o campo científico Como quarta tese, ao contrário do que ocorre com a ciência
um espaço de lutas concorrenciais, que objetiva o monopólio da moderna, que desvaloriza o conhecimento vulgar e prático, a ciên-
autoridade científica, entendida como a capacidade de falar e agir cia pós-moderna deve reabilitar o senso comum, e dialogar com
20 DURKHELM, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Compa- outras formas de conhecimento, pois nenhuma forma de conhe-
nhia Editora Nacional, 1978. cimento é, em si mesma, racional. O senso comum, apesar de seu
21 BOURDIEU, P. (1983). O campo científico. In: Ortiz, R. (org.). Sociologia. São caráter vulgar e conservador, apresenta características que preci-
Paulo: Ática, 1983. sam ser consideradas: ele é prático e pragmático, transparente e
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evidente; é superficial, interdisciplinar e imetódico, uma vez que Neste contexto, as políticas de inserção da educação à lógica
aceita o que existe, tal como existe. É capaz de captar a profundida- do capital são legitimadas por um discurso baseado na ênfase à
de horizontal das relações entre as pessoas, e entre elas e as coisas, modernização educativa, à competitividade, à produtividade, ao
apresentando um caráter emancipatório. Isto, porém, não significa desempenho, à eficiência e à qualidade, que expressam o ideário
que a ciência moderna deva desprezar o conhecimento produzido neoliberal, e sinalizam a efetivação de um novo parâmetro políti-
pela tecnologia, mas, que deve transformar este conhecimento em co-pedagógico, tendo por base a pedagogia da produtividade e da
sabedoria de vida. eficiência, vinculados à lógica de mercado.
Lück22 considera que reconhecer a complexidade da realidade Assim, durante todo o século XX, pôde-se constatar que os sis-
implica que se procure entendê-la através de estratégias dinâmicas temas educacionais não permaneceram imunes às mudanças nos
e flexíveis de organização da diversidade percebida, que levem ao modos de produção e de gestão empresariais, sendo que também
entendimento das múltiplas interconexões existentes, sem as quais as soluções propugnadas pelo toyotismo refletem-se sobre a educa-
as coisas não fazem sentido. ção, visto que cada modelo de produção e distribuição requer pes-
Portanto, urge uma revisão dos conceitos e dos valores que soas com determinadas capacidades, conhecimentos, habilidades
durante séculos estiveram a nortear a vida humana, sendo que o e valores. Transfere-se então, a liberdade de mercados do mundo
novo paradigma educacional deverá superar visões fragmentadas, econômico, para o âmbito da educação, sendo que principalmente
tais como corpo/ mente; indivíduo/grupo; sujeito/objeto; profes- os países com governos mais conservadores estão a elaborar “pa-
sor/aluno; normal/anormal, tendo como ponto de partida o en- drões de qualidade”, para analisar o sistema educacional e cada
tendimento da complexidade e da totalidade do universo natural, vez mais, as instituições escolares passam a ser vistas e analisadas
individual e social. da mesma maneira que as empresas e mercados econômicos.
Assim, as novas exigências da sociedade, em consonância com
b) As exigências do novo contexto políticoeconômico e a edu- os organismos internacionais, vêm gerando, em nível mundial,
cação reformas no âmbito das políticas educacionais, visando tornar os
As dinâmicas da sociedade contemporânea vêm a solicitar sistemas de ensino mais diversificados, mais flexíveis e mais com-
que a prática educativa guarde relações com as transformações e petitivos, numa perspectiva neoconservadora, representada pelo
exigências do contexto atual, em que a educação e a aquisição de “tecnicismo revistado”, aparentemente moderno, que se caracteri-
conhecimentos passam a constituir-se pontos estratégicos para o za como mais uma tendência que busca atrelar a educação à base
desenvolvimento econômico e social. A partir destas condições, econômica da sociedade, ao introjetar, na prática educativa, a lógica
impõe-se novas solicitações à educação, em conformidade com os do mercado capitalista, cujo fim último reside na crescente produti-
significativos avanços das forças produtivas, que vieram gerar uma vidade econômica, em que o homem assume uma forma moderna
nova cultura, centrada no conhecimento científico e tecnológico, de insumo da produção.
tidos agora como o mais efetivo fator de produção no mundo ca- Nessa perspectiva, a educação passa a ser vista, apenas em
pitalista. seu objetivo imediato de servir ao capital, encontrando-se atre-
Ainda que a Educação constitua um dos temas favoritos das lada ao setor produtivo, que em nome da “qualidade total”, está
autoridades políticas, nos mais variados países, poucas vezes os levando as instituições educativas a uma descaracterização de sua
debates sobre as questões educacionais conseguem ultrapassar o função primordial, ou seja, o comprometimento com a formação
âmbito de sua dimensão econômica, limitando-se a uma parafer- integral dos indivíduos que lhes são confiados.
nália de indicadores numéricos de diferentes tipos. E enquanto a Outrossim, a formação dos recursos humanos, requerida pelo
economia sufoca a Filosofia, a escola permanece reduzida a uma novo modelo econômico está a exigir quadros cada vez mais reduzi-
cultura utilitarista no sentido mais mesquinho, de preparação dos de trabalhadores, dotados, porém, das habilidades outrora re-
para exames, cujos resultados expressam algo cada vez mais difícil jeitadas pelo taylorismo-fordismo: visão de totalidade, sensibilida-
de interpretar. de, espírito crítico, capacidade de trabalhar em grupo, flexibilidade,
Assim, do ponto de vista do capitalismo globalizado, educação dentre outras.
e conhecimento são as forças motrizes e os eixos da transformação Desta forma a educação, e particularmente as instituições edu-
produtiva e do desenvolvimento econômico. cativas, são questionadas enquanto agentes de formação para o
Para Gentili23 os debates do início da década de 90 sobre as mu- mundo do trabalho e para a vida societária. Verifica-se o redimen-
danças na base técnica de produção, em que as novas tecnologias sionamento do papel da escola, que já não é considerada o meio
apresentam-se como configuradoras da Terceira Revolução Indus- mais eficiente e ágil de socialização dos conhecimentos técnico-
trial, implicam no plano político ideológico nas teses da sociedade -científicos e do desenvolvimento de habilidades, capacidades e de
pós-industrial, pós-capitalista, sociedade global sem classes, e ou- competências sociais, requeridas em um tempo-espaço de acirra-
tras denominações. No plano econômico, este modelo implica um mento da competição, da tecnologização, da globalização do capital
novo tipo de organização industrial, baseada na tecnologia flexível e do trabalho, em uma sociedade que se constitui, para alguns, cada
(microeletrônica associada à informática, à microbiologia e a outras vez mais como uma sociedade da informação e do conhecimento.
formas de energia), em contraposição à tecnologia rígida do siste- Machado24 considera que, no atual discurso sobre a qualidade
ma taylorista e fordista, e traz como consequência um trabalhador na educação, a formação do cidadão é frequentemente confundida
flexível, com uma nova qualificação humana. com a satisfação do cliente, ou o projeto educacional, com seu am-
plo espectro de valores encontra-se reduzido ao estatuto de mero
22 LÜCK, H. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. projeto empresarial, sobrelevando-se o valor econômico.
Petrópolis: Vozes,1994.
23 GENTILI, P. Poder econômico, ideología y educación. Buenos Aires, Monõ y 24 MACHADO, N.J. Educação: projetos e valores. São Paulo: Escrituras Edito-
Davila/FLACSO, 1994. ras, 2000.
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É fato notório, portanto, que as mudanças do sistema de or- didáticas para ajudar os alunos a compreender áreas específicas do
ganização social como um todo, têm recebido críticas quanto às conhecimento (ciências, história, matemática). Na educação o foco,
estratégias e aos propósitos aos quais se destinam, e que ao mes- além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e
mo tempo, as mudanças nos sistemas de ensino não têm sido sa- ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Educar é ajudar
tisfatórias no sentido de responder às necessidades de formação a integrar todas as dimensões da vida, a encontrar nosso caminho
integral do homem, estando a manter compromissos apenas com intelectual, emocional e profissional que nos realize e que contri-
a transmissão de informações e de conhecimentos úteis às exigên- bua para modificar a sociedade que temos.
cias do mercado para atender os interesses do poder. Como con- Percebe-se, portanto, que os sistemas escolares encontram-
sequência desta maneira de enfocar a educação, pode-se observar -se repletos de paradoxos e de dilemas, pois, ao mesmo tempo em
que muitas vezes, a formação profissional fundamenta-se apenas que são depositadas tantas expectativas em relação à educação,
em certas habilidades necessárias à continuidade do sistema, em as políticas que a ela se aplicam encontram-se mais preocupadas
detrimento de uma ampla formação científica, cultural e crítica. com interesses reduzidos e tangencialmente educativos. Ao mesmo
A partir da década de 80, aprofunda-se o debate acerca da tempo em que a educação é responsabilizada por uma série de pro-
referência aos mecanismos de mercado, como orientadores das blemas de ordem social, moral e econômica, ela é também consi-
políticas educacionais, em virtude das transformações que carac- derada como elemento fundamental para a reestruturação econô-
terizam o acelerado processo de integração e de reestruturação do mica, para a solução de problemas sociais e culturais emergentes.
capitalismo em nível mundial. Os avanços científicos e tecnológicos,
as modificações do sistema de produção e os novos paradigmas de c) Repensando as funções da Educação
desenvolvimento econômico estão, uma vez mais, a afetar a organi- As transformações científicas, políticas, econômicas, culturais e
zação do trabalho e o perfil dos trabalhadores, o que vem repercutir sociais, que ocorrem em nível mundial, estão a exigir o repensar da
na qualificação profissional e, consequentemente, nos sistemas de educação e das escolas, pois os paradigmas que têm dado sustenta-
ensino e nas escolas. ção às práticas educacionais não têm sido capazes de propiciar um
Neste processo, merece destaque o fato de que principalmente desenvolvimento individual e social equânime, podendo-se verifi-
nos países tidos como do Terceiro Mundo, suas próprias condições car o aumento da miséria, da exclusão social, do individualismo, da
estruturais não possibilitam a todos o acesso às novas tecnologias competitividade, que estão a segregar indivíduos, grupos e nações.
de informação e de telecomunicação como recursos para ampliar Por outro lado, não se pode negar a função da educação como
seu universo de informações, e para criar ambientes de aprendiza- fator de desenvolvimento econômico e social de um país, donde
do que enfatizem a construção do conhecimento. urge o imperativo de ela estar atenta às mudanças no contexto e
Conforme Perrenoud25 o que mais ameaça à democracia é a às exigências da sociedade do conhecimento, colocando-se lado a
tendência para a sociedade dual, tanto no que se refere ao empre- lado com o progresso, acompanhando os avanços científicos e tec-
go, quanto no que se refere ao campo do saber e das competências. nológicos, formando pessoas dinâmicas, criativas, sensíveis, capa-
E afirma: zes de trabalhar em equipe, e que estejam devidamente habilitadas
É um risco quando uma minoria de pessoas bastante qualifi- para enfrentar um mundo que vive um processo acelerado de mu-
cadas e muito ativas permitem a uma maioria de desempregados danças.
ou de marginais viverem fora do circuito econômico. É toda a pro- Evidencia-se assim, a emergência de: Repensar de forma mais
blemática da divisão do trabalho. De uma certa maneira, as tecno- dinâmica e com novos enfoques a questão de conhecimentos a tra-
logias modernas permitem produzir para todos (com acentuadas balhar: ninguém mais pode aprender tudo, mesmo de uma área
desigualdades de níveis de vida, com certeza sem exigir a todos que especializada. O mais velho debate que data ainda do século XVI, se
trabalhem para a produção, mesmo de maneira indireta. A auto- a cabeça deve ser bem cheia ou bem-feita, torna-se mais presente
matização e a informatização das tarefas menos qualificadas, con- do que nunca. “Encher a cabeça tornou-se inviável, além de inútil”.
duzem-nos para uma sociedade de peritos, de planificadores e de Simultaneamente, destaca-se o imperativo da educação extra-
engenheiros, que, a breve prazo, apenas terão necessidade de uma polar as fronteiras mercadológicas de uma sociedade globalizada, o
mão-de-obra relativamente limitada para fazer funcionar um apare- que exige que ela não abdique de suas responsabilidades de refle-
lho de produção largamente automatizado. xão, estando atenta ao seu sentido ético de compromisso prioritá-
Assim, as instituições escolares defrontam-se com vários de- rio com a humanização das pessoas e com a condução democrática
safios, face às mudanças e às exigências da sociedade, estando a dos destinos da sociedade.
receber críticas constantes quanto aos resultados concretos de suas Escudero27 considera que na sociedade da informação tem-
atividades e à eficácia do seu funcionamento, e também no que -se que resgatar o sentido da educação como um direito moral e
tange às suas relações com as estruturas sociais, levando-se em como e uma necessidade social, e não apenas, como um espaço de
conta essencialmente a possibilidade de democratização do conhe- criação das habilidades e das competências exigidas pelos novos
cimento, do ensino e da própria sociedade. tempos.
Para Moran26: Há uma preocupação com ensino de qualidade Neste processo de reconstrução da educação, Blázques28 afir-
mais do que com educação de qualidade. Ensino e educação são ma, que se evidencia a necessidade de investigar e debater os no-
conceitos diferentes. No ensino organiza-se uma série de atividades vos compromissos dos docentes, cujas tarefas se tornam cada vez
25 PERRENOUD, P A escola deve seguir ou antecipar as mudanças da socieda- mais complexas e difíceis, considerando-se que a educação não
de? In: PERRENOUD, P. & THURLER, M.G. A escola e a mudança: contributosso- 27 25 ESCUDERO, J.M. La educación y la sociedad de la información: cuestiones
ciológicos. Lisboa: Escolar Editora, 1994. de contexto y bases para un diálogo necesario. In: BLÁZQUEZ, F. (coord). La
26 MORAN, J.M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovi- sociedad de la información y la comunicación: reflexiones desde la educación.
suais e telemáticas. In: MORAN, J.M; BEHRENS, M.A.A.; MASSETO, M. Novas Mérida: Junta de Extremadura, 2001.
tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. 28 BLÁZQUEZ, F. La sociedade de la información y de la comunicación. Reflexio-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pode renunciar a que todos os cidadãos, independentemente de tem a acumulação de saberes, as novas descobertas, que são apli-
sua procedência social e cultural, possam utilizar essas informa- cadas em vários domínios da atividade humana, mas, que, não se
ções, manejá-las e utilizá-las em seu proveito. pode desconhecer as limitações e fracassos que podem acompa-
Quando pensamos a sociedade do século XXI, vemos que o nhar tais processos, quando não respeitam os limites da ética e da
que caracteriza esta nova sociedade é o conhecimento, o que vai dignidade humana.
exigir que as pessoas sejam mais capacitadas e preparadas para o Os desafios educacionais da pós-modernidade consistem em
exercício de uma profissão. Encontramos ainda que o foco desta preparar os indivíduos para a transitoriedade de todos os aspec-
sociedade será a subjetividade, a ação social e a vida cotidiana o tos da vida, onde surge a necessidade da atualização constante
que exigirá novas crenças, epistemologias e parâmetros. A ênfase e da emancipação dos homens, como sujeitos históricos. E isto
na subjetividade será, portanto, o novo paradigma deste século e significa afirmar que compete à educação, compreender os desa-
valorizará o homem na sua inteireza, na sua totalidade, o que se fios de uma sociedade cada vez mais informacional e globalizada,
refletirá em novos valores e ideias, entre eles, os valores humanos. perscrutando as direções futuras e dialogando com uma realidade
cada vez mais carregada de símbolos.
Nesse sentido, Delors29 apontam as principais tensões que ne- Conforme Pereira30, a tecnologia do mundo atual e futuro, por
cessitam ser ultrapassadas: mais que seja englobante, é e será, sempre, meio, instrumento, es-
a) A tensão entre o global e o local: tornar-se cada vez mais tratégia, decorrência. Cabe à educação a função de posicionar os
cidadão do mundo sem perder as raízes e buscando participar ativa- indivíduos como sujeitos diante dela, submetendo a ciência e a tec-
mente da vida do seu país e das comunidades de base; nologia às determinações objetivas do ser humano.
b) A tensão entre o singular e o universal: a mundialização da Assim sendo, torna-se pertinente a colocação de Ribas31 de que
cultura vai-se realizando de forma progressiva, mas ainda parcial, não se pode voltar as costas aos avanços da ciência e da tecnologia,
podendo incorrer no risco de esquecer o caráter único de cada pes- apenas por identificá-los com os interesses dominantes na socieda-
soa, sua vocação para escolher o seu destino e realizar todas as suas de. A educação tem um papel social a cumprir e as escolas, agên-
potencialidades, mantendo a riqueza das suas tradições e da sua cias encarregadas pela educação formal necessitam refletir sobre a
própria cultura ameaçada; sua finalidade, repensar sua função, adequando-se às demandas do
c) A tensão entre tradição e modernidade, que deve envolver atual momento histórico, tendo em vista preparar sujeitos que, em-
o adaptar-se sem se negar a si mesmo, construir a sua autonomia bora convivendo com os valores econômicos dominantes, tenham
em dialética com a liberdade e a evolução do outro, dominar o pro- condições de percebê-los e redimensioná-los segundo as reais
gresso científico e prestar particular atenção ao desafio das novas proporções e repercussões. Cumpre, pois, à educação, a tarefa de
tecnologias da informação; buscar desenvolver-se como uma prática dinâmica e reflexiva, que,
d) A tensão entre as soluções a curto e a longo prazo, tensão ultrapassando as visões reducionistas, possibilite a seus usuários a
essa alimentada atualmente pelo domínio do efêmero e do instan- consciência da realidade humana e social mediante uma perspecti-
tâneo, num contexto em que o excesso de informações leva à bus- va globalizadora.
ca de soluções rápidas, quando muitos dos problemas enfrentados
necessitam de estratégias pacientes, passando pela concentração e 7. A relação Escola / Família / Comunidade32
negociação das reformas a executar. As políticas educativas enqua-
dram-se nas categorias nas quais esta estratégia deve ser utilizada. Não há como pensarmos em educação sem o envolvimento
e) A tensão entre a indispensável competição e o cuidado com da família nesse processo, a escola e família são instituições sociais
a igualdade de oportunidades. Hoje, a pressão da competição faz muito presentes na vida escolar do aluno, de forma que só se pode
com que muitos responsáveis esqueçam a missão de dar a cada ser pensar em sucesso educativo se pensarmos também em trabalho
humano os meios de poder realizar as suas oportunidades; conjunto. Educar é sem dúvida um papel que recai sobre a família
f) A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conhe- e a escola. Por isso, quanto mais estreita for essa relação, melhor
cimentos e as capacidades de assimilação pelo homem, sendo ne- será o resultado. Pais e professores têm objetivos comuns e preci-
cessário preservar os elementos essenciais de uma educação básica sam ser cordiais, coerentes e responsáveis nesse processo.
que ensine a viver melhor, através do conhecimento, da experiência Não há como conceber um compartilhamento da ação educa-
e da construção de uma cultura pessoal; tiva sem considerar os contatos entre as famílias e os educadores,
g) A tensão entre o espiritual e o material, pois, muitas vezes, essa é uma questão primordial que deve ser muito mais frequente
mesmo sem perceber o mundo tem sede de ideais, ou de valores. na educação dos anos iniciais do que nas outras etapas, os contatos
Compete à educação, a tarefa de despertar em todas essas condi- podem ser de várias naturezas: contatos rotineiros, reunião de pais,
ções, segundo as tradições e convicções de cada um, respeitando reuniões de conselho de escola, comemorações, trabalho do pro-
inteiramente o pluralismo. fessor e informações da própria criança.

Afirmam ainda os citados autores que não se pode subestimar


o papel fundamental dos intelectuais e da inovação, a passagem
para uma sociedade cognitiva, os processos endógenos que permi-
nes desde la educación. In: BLÁZQUEZ, F. (coord.). La sociedad de la información 30 PEREIRA, E. M. de A. Pós-modernidade: desafios à Publ. UEPG Humanit.
y la comunicación: reflexiones desde la educación. Mérida, Espanha: Junta de Sci., Appl. Soc. Sci., Linguist., Lett. Arts, Ponta Grossa, 2005. universidade. In:
Extremadura, 2001. SANTOS FILHO, J.C. e MORAES, S.E. Moraes (orgs). Escola e universidade na
29 DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNES- pós-modernidade. Campinas, Sp: Mercado de Letras; São Paulo: Fapesp, 2000.
CO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 4. ed. São 31 RIBAS, M.H. Construindo a competência. São Paulo: Olho d’Água, 2000.
Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2000. 32 Texto adaptado de LIMA, L. S. e REIS, M. H. S.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Todas as formas de contatos entre escola e família sevem Não há dúvidas que o ambiente escolar e a família compõem o
para aproximar as famílias do universo escolar e para que a escola meio social no qual o aluno está inserido. Eles dois mais o local em
possa conhecer a dinâmica familiar daquele aluno, quanto mais que localiza sua residência ou sua escola, bem como os laços sociais
à escola conhece o aluno e sua família mais próxima estarão do e econômicos compõem o meio social com forte interferência no
sucesso na educação dele. aprendizado e na motivação para aprendê-lo.
Quando falamos na necessidade da relação entre família e es-
cola, falamos principalmente na possibilidade de compartilhar cri- b) Educação: Responsabilidade de todos
térios educativos para que possam minimizar as possíveis diferen- Observa-se nas últimas décadas, uma crescente preocupação
ças entre os dois ambientes. Para o aluno, é muito mais produtivo com essa inserção da comunidade na escola, inclusive com progra-
que os ambientes tenham ideias parecidas sobre educação. O cres- mas voluntários, como os famosos “Amigos na escola”. Indepen-
cimento harmonioso do aluno deve permear a colaboração entre dentemente das questões ideológicas que esse tipo de participação
as duas instâncias, família e escola, de forma que possa contribuir possa suscitar sabemos que a comunidade tem um papel impor-
para: tante na construção da autonomia da escola, principalmente da
Buscar meios para que a família possa criar o hábito de partici- escola pública porque essa correrá uma medida em que a escola
par da vida escolar dos seus filhos, percebendo o quanto a família é se coloca a serviço dos interesses da população que dela necessi-
importante no processo Ensino Aprendizagem do aluno, através de ta.
ações previstas no Projeto Político Pedagógico, propor alteração no Paro34 (2003) argumenta que a ausência da comunidade na es-
Projeto Político Pedagógico com o intuito de melhorar o processo cola pública torna-se mais difícil a avaliação da qualidade do ensino
ensino aprendizagem, despertar as famílias, fazendo com que pos- ofertado. Os pais, até mesmo mais que os alunos, como co-usuário
sam perceber a importância da participação nas atividades escola- da escola, são capazes de apontar problemas e, muitas vezes, suge-
res dos filhos, promover atividades que permitam o envolvimento rir ações para solução deles. Além de todos esses aspectos é ainda
das famílias, criar momentos de integração entre pais, alunos e co- importante realizar a divisão do poder na escola possibilitando a
munidade escolar, mostrando-lhes o quanto eles são importantes comunidade participar da tomada de decisões.
na vida escolar de seus filhos. A relação entre escola e comunidade precisa ser um espaço
aberto onde favoreça e solicite a participação de toda essa abertu-
a) Relação Escola X Comunidade ra aponta para o caráter interdependente da escola. Essa interação
Para Libâneo33 a organização de atividades que asseguram a entre escola e comunidade é amparada por leis que exigem, por
relação entre escola e comunidade, implica ações que envolvem a exemplo, a criação dos conselhos escolares, que são estratégias de
escola e suas relações externas, tais como os níveis superiores de interação e de democratização do espaço escolar e favorecem a de-
gestão do sistema escolar, os pais, as organizações políticas e comu- mocratização do ensino.
nitárias, as cidades e os equipamentos urbanos. O objetivo dessas
atividades é buscar as possibilidades de cooperação e de apoio, c) Gestão Escolar Democrática no contexto escolar
oferecidas pelas diferentes instituições, que contribuam para o A escola tem como uma de suas atribuições desenvolver ações
aprimoramento do trabalho da escola, isto é, para as atividades e atividades que ensinem e aprimorem o respeito as diferenças en-
de ensino e de educação dos alunos. Espera-se especialmente, que tre todos, para tanto, se faz necessário que a escola efetive ações
os pais atuam na gestão escolar mediante canais de participação em prol do desenvolvimento da cidadania. É nesse contexto que se
bem definidos. destaca a gestão democrática do ensino público, princípio consti-
Assim, podemos inferir que a participação efetiva da comuni- tucional que traduz a participação ativa e cidadã da comunidade
dade na escola é uma responsabilidade da escola. Essa participação escolar e local na condução da escola, pois a gestão da escola é um
traz, sem dúvidas, inúmeras vantagens, porém reconhece-se que há ato político que implica tomada de decisões que não podem ser
inúmeros obstáculos em relação a tal participação. Mesmo assim, a individuais, mas coletivas.
escola não deve desistir, pois essa participação deve ser entendida No contexto educacional, a democracia deve ser o princípio
como uma questão política, que auxilia na construção da cidadania. norteador da prática pedagógica, configurando-se como fundamen-
Um bom começo para efetivas mudanças no padrão de participação to das ações escolares, desse modo, o desenvolvimento de práticas
da comunidade é, por exemplo, um incentivo e a implantação dos democráticas é parte da construção de um sistema que respeita os
conselhos escolares que devem atuar de maneira ativa e autônoma. direitos individuais e coletivos de todos.
Pais e mães podem participar de várias formas no ambiente No entanto, para que a gestão democrática se concretize é es-
escolar e na própria educação dos filhos, basta que a escola ofereça sencial o desenvolvimento de ações pautada nos princípios de au-
opções e dedique um tempo para que isso aconteça. Claro que essa tonomia e interculturalismo, em processos de participação e de co-
não é uma tarefa fácil, uma vez que os professores estão envolvidos operação na construção de uma sociedade mais justo e igualitária.
emocionalmente com seus alunos e famílias. Famílias e escola têm Para tanto, o processo de ensino e aprendizagem é fundamental,
a responsabilidade de educar as crianças, para isso precisam esta- pois por meio de práticas democráticas desenvolvidas em sala de
belecer uma relação de parceria, aumentando as possibilidades de aula se vivencia e se aprende o respeito às diferenças, possibilitan-
compartilhar critérios educativos que possam minimizar as possí- do a resolução positiva de conflitos e favorecendo a realização de
veis diferenças entre os dois ambientes, escola e família. objetivos coletiva.

33 LIBANEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas, 34 PARO, V. Gestão democrática da escola pública. 3ª ed. São Paulo: Ática,
estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. 2003.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Portanto, se a escola busca desenvolver valores democráticos estratégias, BOUCHARD cita as seguintes: respeitam os deveres e
como o respeito, a justiça, a liberdade e a solidariedade, devem direitos de pais e filhos, partilham responsabilidades cotidianas,
necessariamente, democratizar os métodos e os processos de en- desenvolvem uma consciência social (além das paredes da casa),
sino-aprendizagem e, fundamentalmente, o relacionamento entre trocam com os filhos suas experiências, emoções e sentimentos. Ex-
professor e aluno. plicam as consequências das ações das crianças, reconhecem seus
Dessa forma, os professores que estabelecem relações hori- próprios erros.
zontais com seus alunos, propiciando o diálogo sobre conteúdos Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das diferenças
e vivências, conseguem concretizar intervenções que atendem as de classes sociais, valores, crenças, hábitos de interação e comuni-
questões individuais e coletivas. Essa atitude, além de respeitar as cação subjacentes aos modelos educativos. Tanto a criança como
condições e possibilidades de cada um, proporciona o êxito do pro- o pai pode comportar-se segundo modelos que não são da escola.
cesso de ensino e aprendizagem. Isto pode não ser um problema para as famílias das camadas sócias
mais altas, quem tem a possibilidade de escolher uma escola que
d) O Inevitável Encontro se assemelhe ao seu próprio modelo. Esta não é a realidade para as
Há inúmeros fatores a serem levados em conta na consideração classes trabalhadoras. Os modelos adotados pelas escolas depen-
da relação família e escola, o primeiro deles, é que a ação educati- dem, em geral, da disposição das diretorias e de sua orientação.
va dos pais difere, necessariamente, da escola, dos seus objetivos,
conteúdos, métodos, no padrão de sentimentos e emoções que es- e) O Espaço e a Participação Dos Pais na Vida da Escola
tão em jogo, na natureza dos laços pessoais entre os protagonistas Sabe-se que em geral, os pais poucas participações exercem na
e, evidentemente, nas circunstâncias em que ocorrem. determinação do que acontece na escola. Algumas vezes teme-se a
Outra consideração refere-se ao comportamento das famílias participação de certos pais que, sendo muito eloquentes e de tem-
das diferentes camadas sociais em relação à escola pública, famílias peramento forte, tentam impor sua vontade sobre procedimentos
de classe média desenvolvem estratégias de participação, tendo em escolares e que muitas vezes funcionariam mais para “facilitar” sua
vista a criação de condições para o sucesso escolar de seus filhos, própria vida, ou de seus filhos, do que para melhorar a qualidade
além dos mais, o nível de escolaridade e a facilidade de verbalização do ensino, conforme percebido por gestores e professores. Em vis-
possibilitam a esses pais uma crítica que famílias das classes traba- ta disso, muitas vezes, os dirigentes escolares não apenas deixam
lhadoras não conseguem ou não ousam fazer. de ouvir os pais, como até evitam fazê-lo, e de dar espaço para a
Outro fator a ser considerado refere-se às estratégias de socia- participação familiar. É possível que ajam dessa forma também por
lização escolar, se são complementares ou não às da escola, e isto terem receio de perder espaço e autoridade.
depende muito de classe social que a família pertence. As famílias Observando a escola, podemos perceber que a maioria dos
podem desenvolver práticas que venham facilitar a aprendizagem pais por terem dificuldades em estarem frequentes na escola tem
escolar (por exemplo: preparar para a alfabetização) e desenvolver nos revelado não apenas uma carência, mas nos fez perceber que
hábitos coerentes com os exigidos pela escola (por exemplo: hábi- estamos no caminho certo ao realizar ações que despertem neles
tos de conversação) ou não. o entendimento da importância dessa participação. Porém não po-
Além de estratégias de socialização, as famílias diferem uma demos deixar de registrar um imobilismo ou incapacidade da escola
das outras quanto a modelos educativos. Bouchard35 distingue, de em elaborar ações que superem ou ajudam superar essas limita-
forma geral, três modelos: o “racional”, o “humanista” e o “simbios- ções, pois o que mais ouvimos a escola dizer que é muito difícil tra-
sinérgico”. No racional, os pais mantêm uma hierarquia na qual de- zer os pais para a escola, isso tem caracterizado o desânimo e a falta
cidem e impõem suas decisões sobre as atividades e o futuro dos de vontade em mudar situações.
filhos. Dão muita importância à disciplina, à ordem, à submissão, Exemplificando esforços de mudanças dessa situação, decidi-
à autoridade. Nas suas estratégias educativas, os pais distribuem mos assumir juntamente com os diretores a realização de trabalho
ordens, impõem, ameaçam, criticam, controlam, proíbem, dão as para promover a superação dessas dificuldades, e tomamos a ini-
soluções para a criança, assim orientam mais para um conformismo ciativa de promover encontros, realizar reuniões e palestras com
do que para a autonomia. pais de alunos de nossas escolas, abrindo-se para apoiar as famílias
No modelo humanista, os pais se colocam mais como guias, como forma de promover a integração dos mesmos ao seu traba-
dando aos filhos o poder de decisão, numa política que Bouchard lho.
chama de autogestão no poder pela criança. Entre as estratégias Heloísa Lück37, corrobora ao exemplificar: A participação dos
educativas estão as seguintes: permite e estimula a expressão das pais na vida da escola tem sido observada em pesquisas, como um
emoções pelos filhos, encoraja nos seus empreendimentos, reco- dos indicadores mais significativos na determinação da qualidade
nhece e valoriza as capacidades dos filhos, favorece a autonomia do ensino, isto é aprendem mais os alunos cujos pais participam
e a autodeterminação nos seus filhos sua comunicação orienta-se mais da vida da escola.
necessidades dos filhos.
No modelo simbiosinérgico36 há uma “co-gestão do poder
e pais e filhos são parceiros nas atividades que concernem a am- A DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA
bos”. “Símbio” significa associação durável e reciprocamente pro-
veitosa entre dois ou mais seres vivos” e sinérgico” corresponde
aos recursos das pessoas e à ação coordenada de muitos. Entre as Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princí-
pios democráticos, em especial na democracia participativa, dando
35 BOUCHARD, J. M. De I'Institution a Ia communauté: les parents et les profes-
direitos de participação para estudantes, professores e funcioná-
sionels-une relation qui se construit. In: DURNING, R Education familiale. Vigneux:
Matrice, 1988. 37 Lück, Heloísa. A gestão participativa na escola/ Heloísa Lück. 6. ed. Petrópolis,
36 https://bit.ly/2lOHCeZ RJ: Vozes, 2010. Série Cadernos de Gestão.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rios. Esse ambiente de ensino coloca os alunos como atores centrais está inserida a escola e outros cidadãos tenham o direito de estar
do processo educacional, os educadores participam facilitando as bem informados de ter participação crítica na criação das políticas
atividades de acordo com os interesses dos estudantes. e programas escolares para si e para os jovens.
Outro aspecto importante de uma escola democrática é dar As escolas democráticas são marcadas pela participação geral
aos estudantes a possibilidade de escolher o que querem fazer com nas questões administrativas e de elaboração de políticas. As As-
seu tempo. Os estudantes são livres para escolher as atividades que sembléias para tomadas de decisões não incluem apenas educa-
desejam ou que acham que devem fazer. Dessa forma aprendem a dores profissionais, mas também os educandos, seus pais e outros
terem iniciativa. Eles também ganham a vantagem do aumento da membros da comunidade escolar. Nas salas de aula, os jovens e os
velocidade e no aproveitamento do aprendizado, como acontece professores envolvem-se no planejamento cooperativo, chegando a
quando alguém está praticando uma atividade que é do seu inte- decisões que respondem ás preocupações, aspirações e interesses
resse. Os estudantes dessas escolas são responsáveis pelo processo de ambas as partes. Esse tipo de planejamento democrático, tanto
ensino aprendizagem e têm o poder de dirigir seus estudos desde no âmbito da escola quanto da sala de aula, não é unânime para
muitos novos. chegar a decisões predeterminadas que muitas vezes tem criado
A escola democrática mais antiga ainda em funcionamento é ilusão de democracia, mas uma tentativa de respeitar o direito das
Summerhill na Inglaterra, que foi fundada em 1.921 por A.S. Neill. pessoas participarem na tomada de decisões que afetam sua vida.
Summerhill é uma escola particular que recebe dinheiro público e é As escolas democráticas valorizam a diversidade de sua comu-
obrigada a atender os padrões governamentais. nidade não as considera um problema. Essas comunidades incluem
Nos Estados Unidos da América, exemplo conhecidos de esco- pessoas que refletem diferenças de idade, cultura, etnia, sexo, clas-
las bem sucedidas são a Sudbry Valley School, Play Mountain Place, se socioeconômica, aspirações e capacidades. Essas diferenças en-
The Circle School e Albany Free School. riquecem a comunidade e o leque de opiniões que deve considerar.
Na Austrália, a Currambena Primary School existe desde 1.969. Separar pessoas de qualquer idade como base nessas diferenças ou
Atualmente, redes articulam cerca de 500 escolas que se iden- usar rótulos para estereotipá-las são procedimentos que só produ-
tificam como escolas democráticas em países como Austrália, Cana- zem diferenças que diminuem a natureza democrática da comuni-
dá, Dinamarca, Finlândia, Israel, Japão, Nova Zelândia, Rússia, África dade. As comunidades das escolas democráticas são marcadas pela
do Sul, Holanda, Inglaterra , Estados Unidos da América e Brasil. ênfase na cooperação e na colaboração, e não na competição.
As escolas brasileiras em busca de um ensino de qualidade es- Numa escola democrática não há barreiras educacionais, elimi-
tão se espelhando em escolas democráticas já consolidadas, para nam-se a formação de grupos com base na capacidade dos alunos,
inserir na cultura brasileira essa nova maneira de constituir a edu- provas preconceituosas e outras iniciativas que tantas vezes impe-
cação. dem o acesso e permanências de todos na escola, proporcionando
A Escola da Ponte em Portugal que desde 1.976, vem construin- um ensino de qualidade para todos, sem exclusão. As escolas de-
do sua gestão democrática, serve de inspiração para as escolas bra- mocráticas não procuram apenas amenizar a dureza das desigual-
sileiras, entre elas a Desembargador Amorim Lima em São Paulo, dades sócias na escola, mas mudar as condições que a geram.
que desde 2003 está realizando seu processo de democratização De acordo com Mantoan ( 2003) no Brasil começou a ser pos-
que serão abordadas com mais detalhe nesse trabalho. sível escolas democráticas a partir de 1996 com Lei de Diretrizes e
Uma das características marcante desse tipo de escola é o di- Bases da Educação Nacional que possibilitou mudanças, pois cada
álogo entre todos os envolvidos no processo: pais, educadores e escola tem autonomia para escolher sua maneira de trabalhar. Ago-
estudantes se reúnem em uma Assembléia para conversarem sobre ra com o paradigma da inclusão essas escolas passam a ser não só
o que é necessário para a escola, desde o conteúdo na sala de aula, uma utopia, mas a possibilidade de uma escola de qualidade que
até se a escola precisa de pintura ou não, em algumas escolas até as contemple a diversidade humana.
crianças de dois anos participam desta reunião.
A escola democrática é diferente da escola tradicional. A pri- Fonte: Disponível em: https://www.brasilescola.com. Acesso
meira geralmente não está divida em séries e sim em ciclos, os alu- em: 02.MAI.2023
nos junto com os professores escolhem o que será aprendido. A
outra é a escola que muitos de nós estudamos, ou estudou, onde as
coisas simplesmente são impostas aos alunos, como se estes fosses EDUCAÇÃO E SOCIEDADE
um problema e não parte do processo.
Ramos (apud CUCIO, 2007), diz que nas escolas democráticas
a relação com o conhecimento se baseia em que todos querem — A sociedade e as outras ciências
aprender sempre, e que obrigar alguém a aprender algo que ele
não queira é desestimulá-lo a aprender. O Conceito de Sociedade
Escutar o aluno, entender suas necessidades e o que deseja De acordo com a Sociologia (ciência que se deixa ao estudo
aprender, permitir que ele aprenda junto com os educadores e a da sociedade), uma sociedade é uma união de sujeitos que se
comunidade escolar, decida qual o caminho que deve ser seguido, relacionam de forma organizada com a finalidade de conquistas
este é o segredo da educação democrática. em comum e de conservá-las; essa convivência se dá, na maioria
As escolas democráticas pretendem ser espaços democráticos, das vezes, de forma impessoal, mas com base na coletividade.
de modo que a idéia de democracia também se estenda aos mui- Essas conquistas comuns, denominadas “bem comum”, são
tos papéis que todos desempenham nas escolas. Isso significa que compartilhadas entre as pessoas que integram a sociedade.
os educadores, profissionais, assim como pais e a comunidade que

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As ciências sociais
As ciências sociais são um extenso campo de estudos FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA.
dedicado ao entendimento do modo como as sociedades operam,
se desenvolvem e se organizam. As ciências sociais examinam
as origens, os transcursos históricos, o funcionamento, o O Papel da Escola / Função Social da Escola38
desenvolvimento, as transformações, os conflitos, os aspectos e os
hábitos culturais, enfim, todos os fatores que se relacionam a uma A sociedade tem avançado em vários aspectos, e mais do que
sociedade.   nunca é imprescindível que a escola acompanhe essas evoluções,
Para atingir o seu objetivo, que é compreender o funcionamento que ela esteja conectada a essas transformações, falando a mesma
da sociedade, as ciências sociais debruçam-se sobre como os língua, favorecendo o acesso ao conhecimento que é o assunto cru-
aspectos sociais de um local ou região influenciam e contribuem cial a ser tratado neste trabalho.
para a individualização da identidade de uma dada sociedade. Assim, É importante refletirmos sobre que tipo de trabalho temos de-
os estudos sociais concentram-se na pesquisa e na investigação senvolvido em nossas escolas e qual o efeito, que resultados temos
acerca dos diversos fatores inerentes ao comportamento humano alcançado. Qual é na verdade a função social da escola? A esco-
no decorrer do tempo, para entender como tais comportamentos la está realmente cumprindo ou procurando cumprir sua função,
têm influência sobre a forma como uma sociedade se organiza. como agente de intervenção na sociedade? Eis alguns pressupostos
a serem explicitados nesse texto. Para se conquistar o sucesso se faz
As áreas de estudo das ciências sociais necessário que se entenda ou que tenha clareza do que se quer al-
As ciências sociais possuem três diferentes áreas de estudo. cançar, a escola precisa ter objetivos bem definidos, para que possa
São elas: desempenhar bem o seu papel social, onde a maior preocupação
– Antropologia: voltada para o estudo dos costumes, - o alvo deve ser o crescimento intelectual, emocional, espiritual do
cultura, religião, economia e estruturas familiares, entre outras aluno, e para que esse avanço venha fluir é necessário que o canal
características de uma determinada sociedade. (escola) esteja desobstruído.
– Ciência Política: dedica-se ao estudo do funcionamento da
política, o que abrange os regimes governamentais, o modo como A Escola no Passado
as relações de poder se desenvolvem e até mesmo as ideologias.
– Sociologia: dedica-se ao estudo do funcionamento das relações A escola é um lugar que oportuniza, ou deveria possibilitar
sociais que se dão entre os indivíduos integram uma sociedade.   as pessoas à convivência com seus semelhantes (socialização). As
melhores e mais conceituadas escolas pertenciam à rede particu-
— Estado e sociedade lar, atendendo um grupo elitizado, enquanto a grande maioria teria
Uma sociedade é uma esfera ilimitada, em que os indivíduos que lutar para conseguir uma vaga em escolas públicas com estru-
convivem de forma organizada. O Estado pode ser definido como tura física e pedagógicas deficientes.
uma instituição ou um aglomerado de instituições que gerem e O país tem passado por mudanças significativas no que se re-
controlam uma sociedade no seu âmbito maior: uma nação. Em vista fere ao funcionamento e acesso da população brasileira ao ensino
disso, os estudiosos em geral tendem a abordar as concepções de público, quando em um passado recente era privilégio das cama-
Estado e Sociedade de forma indiferenciada, quando não, com base das sociais abastadas (elite) e de preferência para os homens, as
justamente na distinção: a Sociedade é o âmbito mais abrangente, mulheres mal apareciam na cena social, quando muito as únicas
e o Estado é uma esfera restrita, uma instituição criada e mantida que tinham acesso à instrução formal recebiam alguma iniciação
exclusivamente para gerir uma sociedade, isto é, primeiro, vem a em desenho e música.
sociedade; depois, o Estado. Enquanto o estado não existe sem a
sociedade, a sociedade pode ou não ser institucionalizada. Sim, Atuação da Equipe Pedagógica - Coordenação
mesmo isso parecendo impossível nos nossos dias, as chamadas
sociedades apátridas (sem estado) predominaram por muitos A política de atuação da equipe pedagógica é de suma impor-
séculos ao longo da história.   tância para a elevação da qualidade de ensino na escola, existe a
Na contemporaneidade, o ser humano, do nascimento e no necessidade urgente de que os coordenadores pedagógicos não
decorrer da vida, integra, de modo coexistente e sucessivo, as restrinjam suas atribuições somente à parte técnica, burocrática,
mais variadas sociedades e instituições, compostas por sujeitos elaborar horários de aulas e ainda ficarem nos corredores da esco-
relacionados por parentesco, por conveniência material, interesses la procurando conter a indisciplina dos alunos que saem das salas
de ordem religiosa e outras afinidades. Tais sociedades e instituições durante as aulas, enquanto os professores ficam necessitados de
visam ao desenvolvimento de suas aptidões dos indivíduos que acompanhamento. A equipe de suporte pedagógico tem papel de-
integram, sejam elas físicas, morais e intelectuais, e para garantir terminante no desempenho dos professores, pois dependendo de
essa expansão, são impostas determinadas regras, estabelecidas e como for a política de trabalho do coordenador o professor se sen-
validadas pelas leis, pela moral e pelos costumes.   tirá apoiado, incentivado. Esse deve ser o trabalho do coordenador:
A Sociedade pode ser entendida como uma esfera intermediária incentivar, reconhecer, e elogiar os avanços e conquistas, em fim
entre o indivíduo e o Estado, sendo maior, mais abrangente e, o sucesso alcançado no dia a dia da escola e consequentemente o
portanto, superior a ele; com relação indivíduo, porém, como desenvolvimento do aluno em todos os âmbitos.
medida de valor, a sociedade é inferior.

38 COSTA, V.L.P. Função Social da escola.2012.


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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Compromisso Social do Educador acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo nos discen-


tes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na socie-
Ao educador compete a promoção de condições que favore- dade em que vivem.
çam o aprendizado do aluno, no sentido do mesmo compreender Eis o grande desafio da escola, fazer do ambiente escolar um
o que está sendo ministrado, quando o professor adota o método meio que favoreça o aprendizado, onde a escola deixe de ser ape-
dialético; isso se torna mais fácil, e essa precisa ser a preocupação nas um ponto de encontro e passe a ser, além disso, encontro com
do mesmo: facilitar a aprendizagem do aluno, aguçar seu poder o saber com descobertas de forma prazerosa e funcional, conforme
de argumentação, conduzir ás aulas de modo questionador, onde Libâneo, devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é
o aluno- sujeito ativo estará também exercendo seu papel de su- aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio
jeito pensante; que dá ótica construtivista constrói seu aprendiza- dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas
do, através de hipóteses que vão sendo testadas, interagindo com e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individu-
o professor, argumentando, questionando em fim trocando ideias ais e sociais dos alunos.
que produzem inferências. A escola deve oferecer situações que favoreçam o aprendiza-
O planejamento é imprescindível para o sucesso cognitivo do do, onde haja sede em aprender e também razão, entendimento da
aluno e êxito no desenvolvimento do trabalho do professor, é como importância desse aprendizado no futuro do aluno. Se ele compre-
uma bússola que orienta a direção a ser seguida, pois quando o pro- ender que, muito mais importante do que possuir bens materiais,
fessor não planeja o aluno é o primeiro a perceber que algo ficou a é ter uma fonte de segurança que garanta seu espaço no mercado
desejar, por mais experiente que seja o docente, e esse é um dos fa- competitivo, ele buscará conhecer e aprender sempre mais.
tores que contribuem para a indisciplina e o desinteresse na sala de Analisando os resultados da pesquisa de campo (questionário)
aula. É importante que o planejar aconteça de forma sistematizada observamos que os jovens da turma analisada não possuem pers-
e contextualizado com o cotidiano do aluno - fator que desperta seu pectivas definidas quanto à seriedade e importância dos estudos
interesse e participação ativa. para suas vidas profissional, emocional, afetiva. A maioria não tem
Um planejamento contextualizado com as especificidades e hábito de leitura, frequenta pouquíssimo a biblioteca, outros nun-
vivências do educando, o resultado será aulas dinâmicas e prazero- ca foram lá. A escola é na verdade um local onde se encontram,
sas, ao contrário de uma prática em que o professor cita somente o conversam e até namoram. Há ainda, a questão de a família estar
número da página e alunos abrem seus livros é feito uma explicação raramente na escola, não existe parceria entre a escola e família,
superficial e dá-se por cumprido a tarefa da aula do dia, não houve comunidade a escola ainda tem dificuldades em promover ações
conversa, dialética, interação. que tragam a família para ser aliadas e não rivais, a família por sua
vez ainda não concebeu a ideia de que precisa estar incluída no pro-
Ação do Gestor Escolar cesso de ensino e aprendizagem independente de seu nível de es-
colaridade, de acordo com Libâneo, “o grande desafio é o de incluir,
A cultura organizacional do gestor é decisiva para o sucesso nos padrões de vida digna, os milhões de indivíduos excluídos e sem
ou fracasso da qualidade de ensino da escola, a maneira como ele condições básicas para se constituírem cidadãos participantes de
conduz o questionamento das ações é o foco que determinará o uma sociedade em permanente mutação”.
sucesso ou fracasso da escola. De acordo com Libâneo: Característi- Políticas que fortaleçam laços entre comunidade e escola é
cas organizacionais positivas eficazes para o bom funcionamento de uma medida, um caminho que necessita ser trilhado, para assim al-
uma escola: professores preparados, com clareza de seus objetivos cançar melhores resultados. O aluno é parte da escola, é sujeito que
e conteúdos, que planejem as aulas, cativem os alunos. aprende que constrói seu saber, que direciona seu projeto de vida,
Um bom clima de trabalho, em que a direção contribua para assim sendo a escola lida com pessoas, valores, tradições, crenças,
conseguir o empenho de todos, em que os professores aceitem opções e precisa estar preparada para enfrentar tudo isso.
aprender com a experiência dos colegas. Informar e formar precisa estar entre os objetivos explícitos da
Clareza no plano de trabalho do Projeto pedagógico-curricular escola; desenvolver as potencialidades físicas, cognitivas e afetivas
que vá de encontro às reais necessidades da escola, primando por dos alunos, e isso por meio da aprendizagem dos conteúdos (co-
sanar problemas como: falta de professores, cumprimento de ho- nhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores), fará
rário e atitudes que assegurem a seriedade, o compromisso com com que se tornem cidadãos participantes na sociedade em que
o trabalho de ensino e aprendizagem, com relação a alunos e fun- vivem.
cionários. Uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educan-
Quando o gestor, com seu profissionalismo conquista o respei- do valoriza a transmissão de conhecimento, mas também enfatiza
to e admiração da maioria de seus funcionários e alunos, há um cli- outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o res-
ma de harmonia que predispõe a realização de um trabalho, onde, peito às diferenças, a cultura escolar.
apesar das dificuldades, os professores terão prazer em ensinar e Ao ouvir depoimentos de alunos que afirmaram que a maioria
alunos prazer em aprender. das aulas são totalmente sem atrativos, professores chegam à sala
cansados, desmotivados, não há nada que os atraem a participa-
Função Social da Escola rem, que os desafiem a querer aprender. É importante ressaltar a
importância da unidade de propostas e objetivos entre os coorde-
A escola é uma instituição social com objetivo explícito: o de- nadores e o gestor, pois as duas partes falando a mesma linguagem
senvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos o resultado será muito positivo que terá como fruto a elevação da
alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, qualidade de ensino.
habilidades, procedimentos, atitudes e valores) que, aliás, deve

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No caso da criança que inicia a sua vida escolar, a Escola39 é Contudo, partindo do pressuposto de que a escola visa expli-
um dos lugares socialmente instituídos para a criança se inserir na citamente à socialização do sujeito é necessário que se adote uma
cultura urbana, para que se relacione com o outro e com o conhe- prática docente lúdica, uma vez que ela precisa estar em sintonia
cimento. É parte de uma dinâmica, onde o sujeito organiza e in- com o mundo, a mídia que oferece: informatização e dinamismo.
terpreta suas relações com o mundo interno e externo. É nela que Considerando a leitura, a pesquisa e o planejamento ferramen-
aprendemos, a ler e a escrever, dois objetos socioculturais funda- tas básicas para o desenvolvimento de um trabalho eficaz, e ainda
mentais numa sociedade letrada. Não ler e escrever, hoje, significa fazendo uso do método dialético, o professor valoriza as teses dos
não dispor dos instrumentos básicos para inserção e participação alunos, cultivando neles a autonomia e autoestima o que conse-
social, para a constituição da cidadania. quentemente os fará ter interesse pelas aulas e o espaço escolar
A Escola tem um papel realmente importante na vida de uma então deixará de ser apenas ponto de encontro para ser também
pessoa porque é na Escola começa a ter uma Educação profissional lugar de crescimento intelectual e pessoal.
de qualidade e também é por ela que todo mundo começa a formar Para que a escola exerça sua função como local de oportunida-
a sua própria opinião e assim poder tomar decisões por contar pró- des, interação e encontro com o outro e o saber, para que haja esse
pria sem contar que a Escola é responsável por formar profissionais paralelo tão importante para o sucesso do aluno o bom desenvol-
para o mercado de trabalho. Por meio dela os jovens podem decidir vimento das atribuições do coordenador pedagógico tem grande
qual vai ser o seu futuro. relevância, pois a ele cabe organizar o tempo na escola para que
Ela se situa de forma cada vez mais evidente em meio a um os professores façam seus planejamentos e ainda que atue como
interesse de classes distintas com necessidades distintas. É vista formador de fato; sugerindo, orientando, avaliando juntamente os
com vários olhos, tanto como objeto educacional quanto um refú- pontos positivos e negativos e nunca se esquecendo de reconhecer,
gio. Muitos pais pensam que a Escola se torna um meio de estar elogiar, estimular o docente a ir em frente e querer sempre melho-
se livrando dos seus filhos e querem que a Escola de a Educação rar, ir além.
adequada para eles. A incoerência social da Escola é fruto da Incoe- O fato de a escola ser um elemento de grande importância na
rência social da Sociedade, frutos da ganância e ambição de muitos. formação das comunidades torna o desenvolvimento das atribui-
Como função social a Escola é um local onde visa a inserção do ções do gestor um componente crucial, é necessário que possua
cidadão na sociedade, através da inter-relação pessoal e da capaci- tendência crítico-social, com visão de empreendimento, para que
tação para atuar no grupo que convive. Forma cidadãos críticos e a escola esteja acompanhando as inovações, conciliando o conhe-
bem informados, em condições de compreender e atuar no mundo cimento técnico à arte de disseminar ideias, de bons relacionamen-
em que vive. tos interpessoais, sobretudo sendo ético e democrático. Os coor-
denadores por sua vez precisam assumir sua responsabilidade pela
“É na Escola que se constrói parte da identidade de ser e per- qualidade do ensino, atuando como formadores do corpo docente,
tencer ao mundo; nela adquirem-se os modelos de aprendizagem, a promovendo momentos de trocas de experiências e reflexão sobre
aquisição de princípios éticos e morais que permeiam a sociedade; a prática pedagógica, o que trará bons resultados na resolução de
na Escola depositam-se expectativas, bem como as dúvidas, inse- problemas cotidianos, e ainda fortalece a qualidade de ensino, con-
guranças e perspectivas em relação ao futuro e às suas próprias tribui para o resgate da autoestima do professor, pois o mesmo pre-
potencialidades”. cisa se libertar de práticas não funcionais, e para isso a contribuição
do coordenador será imprescindível, o que resultará no crescimen-
A Escola tem um compromisso com a Educação, devendo atuar to intelectual dos alunos.
forma abrangente, não só tendo como objetivo a instrução. Deve
manter uma visão holística, procurando avaliar, para melhorar, to- E qual é a Função Social das Instituições de Educação Infan-
dos os aspetos dos quais o ser humano é constituído. Deve pro- til?40
ver os indivíduos não só, nem principalmente, de conhecimentos, Parece óbvio dizer que a educação da criança não foi sempre
ideias, habilidades e capacidades formais, mas também, de disposi- igual, até porque a própria forma de ser criança, a infância, não é
ções, atitudes, interesses e pautas de comportamento. Assim, tem única e estável, sofre permanentes mudanças relacionadas à inser-
como objetivo básico a socialização dos alunos para prepará-los ção concreta da criança no meio social. Este processo resulta em
para sua incorporação no mundo do trabalho e que se incorporem permanentes transformações também no âmbito conceitual e das
à vida adulta e pública. ideias que a sociedade constrói acerca da responsabilidade sobre a
A Escola não foi inventada nem para o aluno, nem para o pro- construção dos novos sujeitos.
fessor, nem para o político, nem para o pedagogo, nem para o so- As rupturas ocorridas nas estruturas sociais e familiares, que
ciólogo. tiveram como marco a sociedade moderna, resultaram na privati-
A Escola foi inventada para que os que não sabem possam zação do espaço familiar, que passa a ser organizado em torno da
aprender com os que sabem. Ou seja, para o Ensino. criança. No entanto, a responsabilidade da família pela proteção,
A possibilidade de formar o cidadão para o mercado de tra- educação e socialização da criança sofreu novas transformações a
balho e para a vida está diretamente ligada à frequência Escolar, à partir do desenvolvimento do modelo urbano-industrial, que teve
superação das exigências impostas nas instituições, às adaptações como consequência uma perpetuação das desigualdades sociais e
aos ritos de passagem. Portanto, as Escolas contribuem para que da própria constituição da infância.
as sociedades se perpetuem, pois, transmitem valores morais que Ao mesmo tempo o prolongamento do tempo de infância,
integram as sociedades. Mas elas também podem exercer um papel como um período em que a criança é preservada do mundo do tra-
decisivo nas mudanças sociais. balho, é acompanhado de um reconhecimento social da criança,
39 THOMAZ, J. R. A função da escola em organizar-se pensando na formação do 40 ROCHA, E. A. C. “A função social das instituições de educação infantil”, em:
aluno. 2009. Revista Zero-a-Seis. Nº 07. Florianópolis: Editora UFSC, 2003.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mas não de uma garantia do direito à infância. Uma sociedade de recortes acima explicitados. Trata-se de orientar a ação pedagógica
extremas diferenças resulta no convívio com diferentes infâncias: por olhares que contemplem sujeitos múltiplos e diversos, reconhe-
a vivida por crianças que têm um pleno reconhecimento dos seus cendo sobretudo a infância como “tempo de direitos”.
direitos e por aquelas que não têm nenhum destes mesmos direitos Um novo tempo, que exige dos educadores consciência sobre
garantidos. a necessidade de um espaço que contemple todas as dimensões do
As grandes modificações impostas pela sociedade às diferentes humano, sem esquecer que toda intervenção educativa (inevitável
estruturas familiares põem em movimento os padrões de organi- como processo de constituição de novos sujeitos em qualquer cul-
zação da vida familiar quanto às práticas de criação de filhos, de tura) mantém em si um movimento contraditório e dinâmico entre
divisão de tarefas e papéis familiares, trazendo como consequência indivíduo e cultura, movimento este que precisa ser mantido sob
a necessidade de tornar coletivo o cuidado e a educação da criança estreita vigilância por aqueles que se pretendem educadores, para
pequena. Coloca-se então como importante questão social a defini- evitar que se exacerbe o poder controlador das características he-
ção de quem é responsável por este sujeito de direitos. gemônicas da cultura em detrimento do exercício pleno das capaci-
Como bem define Arroyo em sua palestra “O significado da dades humanas, sobretudo a criatividade.
Infância”: “A reprodução da infância deixa de ser uma atribuição
exclusiva da mulher, no âmbito privado da família. É a sociedade Princípios Pedagógicos para a Educação Infantil
que tem que cuidar da infância. É o Estado que, complementando a Retomando a preocupação inicial deste debate, é possível
família, tem que cuidar da infância (...) que hoje tem que ser objeto delimitar orientações para a educação infantil, resultantes das di-
dos deveres públicos do Estado, da sociedade como um todo. In- ferentes formas de inserção social da família em instituições edu-
fância que muda, que se constrói, que aparece não só como sujeito cativas (tais como creches e outras modalidades), rompendo com
de direitos, mas como sujeito público de direitos, sujeito social de os parâmetros pedagógicos estabelecidos a partir da “infância em
direitos.” situação escolar” delimitada pela pedagogia. Mantém-se, neste
É neste sentido que se toma a reflexão sobre uma política de caso, a passagem da infância de um âmbito familiar para um ins-
educação da infância e um projeto político-pedagógico consequen- titucional (creche) que, na medida em que se corresponsabiliza
te. Ou seja, as instituições que passam a ser corresponsáveis pela pela criança, passa também a constituir um discurso próprio acerca
criança, nestes novos espaços coletivos necessitam redimensionar das condições de permanência das crianças em seu interior, assim
suas funções frente a estas mudanças, assumindo uma posição de como da configuração dos profissionais que nela passam a atuar.
negação, seja dos projetos de cunho custodial atrelados a perspec- Diferenciam-se, escola e creche, essencialmente quanto ao sujeito,
tivas educacionais higienistas e moralizadoras, seja dos projetos de que neste último caso é a criança, e não o sujeito escolar (o aluno).
“preparação para o futuro” que pretendem uma escolarização pre- Diferenciam-se ainda quanto à definição de suas funções, pois se o
coce preocupada com a inserção na escola de ensino fundamental. ensino fundamental tem constituído historicamente uma pedago-
A educação infantil tem uma identidade que precisa considerar a gia escolar que visa aprendizagens específicas; as funções da cre-
criança como um sujeito de direitos, oferecendo-lhe condições ma- che, como já vimos, encontram-se em processo de definição de sua
teriais, pedagógicas, culturais e de saúde para isso, de forma com- finalidade social e resultam numa pedagogia ainda em constituição.
plementar à ação da família. Uma “Pedagogia da Infância” e da “Educação Infantil” necessitam
A tutela, a socialização e a educação da criança pequena pas- considerar outros níveis de abordagem de seu objeto: a criança, em
sam a ser compartilhadas por diversos segmentos públicos, deixan- seu próprio tempo, uma vez que se ocupa fundamentalmente de
do de ser uma tarefa exclusivamente privada. A organização social projetar a educação destes “novos” sujeitos sociais.
típica das sociedades industriais, e não só isto, como também a am- A definição destes contornos em termos de projetos educati-
pliação do universo cultural com o qual a criança passa a interagir, vos deverá levar em conta não só as especificidades da origem de
rompem com os padrões instituídos de uma educação infantil que cada instituição, mas sobretudo as referências discursivas que apre-
se dá, sobretudo, no interior da família e sob uma orientação par- sentam a infância sob ângulos antes desprezados tanto na Pedago-
ticular própria, baseada em valores específicos dos grupos sociais gia como na Psicologia.
familiares. Estas transformações nos impõem uma reflexão acerca Acompanhando a trajetória da constituição da Pedagogia, os
da responsabilidade social sobre a criança. Contemporaneamente, estudos que se propuseram a tomar a infância como objeto, des-
nos países onde o avanço da economia e as conquistas sociais são de a Pedologia até a moderna Psicologia Infantil sofreram, de fato,
uma realidade, a educação infantil é vista como uma tarefa pública uma universalização da escola e das demandas práticas daí decor-
socialmente compartilhada, que se reflete em políticas públicas que rentes. Para a Pedagogia, a criança passa a ser o aluno e seu foco
respeitam os direitos da criança e associam-se, frequentemente, às de preocupações, o ensino e a aprendizagem, tendo em vista espe-
políticas sociais voltadas para a família, com o intuito de viabilizar cialmente a aquisição dos conhecimentos já produzidos. Enquan-
uma educação que contemple as múltiplas dimensões humanas. to a escola se coloca como o espaço privilegiado para o domínio
Pensar, analisar e perspectivar a educação de crianças em con- dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se
textos institucionais educativos específicos exige que se retomem põem, sobretudo, com fins de complementaridade à educação da
os diferentes níveis de análise sobre a criança, percebendo-se as família. Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e
diferentes dimensões de sua constituição e percebendo-a como um como objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, através da
outro a ser ouvido e recebido. Em meu entender, esta complexi- aula, a creche e a pré-escola têm como objeto as relações educati-
dade representa para a Pedagogia a necessidade de percepção do vas travadas num espaço de convívio coletivo e têm como sujeito a
sujeito-criança como objeto de sua ação, que não admite a trans- criança até o momento em que entra na escola.
posição, de forma exclusiva e parcial, da visão de qualquer um dos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A partir desta consideração, conseguimos estabelecer um mar- dos para a educação infantil. Envolve dimensões políticas e contex-
co diferenciador destas instituições educativas, escola, creche e tuais, relacionadas por sua vez a outras dimensões “praxiológicas”,
pré-escola, a partir da função social que lhes é atribuída no contex- referentes a aspectos sociais, expressivos, afetivos, lúdicos, nutri-
to social, sem estabelecer necessariamente com isto uma diferen- cionais, cognitivos e culturais.
ciação hierárquica ou qualitativa. Perspectivar uma educação da infância independente das fron-
Estabelecida a diferenciação supra referida, podemos, por teiras institucionais, no entanto, só será viável uma vez que fiquem
ora, afirmar que o conhecimento didático (resultante de uma ação bem demarcadas as especificidades da educação da criança peque-
pedagógica escolar geral e do processo ensino-aprendizagem em na. Por enquanto, esta distinção é necessária. Colocando-se igual-
particular) não é adequado para analisar os espaços pedagógicos mente como uma prática social, a educação infantil tem como obje-
não-escolares. Isto não significa que o conhecimento e a aprendi- to as relações educacionais-pedagógicas no âmbito das instituições
zagem não pertençam ao universo da educação infantil. Todavia, a de educação coletiva para crianças. Sejamos mais cautelosos, sem
dimensão que os conhecimentos assumem na educação das crian- perder de vista a ousadia, e pensemos numa perspectiva que não
ças pequenas coloca-se numa relação extremamente vinculada aos seja o que a educação infantil tem em comum com o ensino fun-
processos gerais de constituição da criança: a expressão, o afeto, a damental (porque correríamos novamente o risco de tomar como
sexualidade, a socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a referência a escola). Nosso esforço deve ser também o de marcar
fantasia e o imaginário. Não é, portanto, o objetivo final da educa- aquilo que é próprio da educação das crianças de 0 a 5 anos, para
ção da criança pequena o conteúdo escolar, muito menos em sua só depois fazer o movimento inverso numa tentativa de também
‘versão escolarizada’. Aqui ele é parte e consequência das relações influenciar a escola.
que a criança estabelece com o meio natural e social, pelas relações Neste sentido torna-se possível definir os diferentes âmbitos
sociais múltiplas entre as crianças e destas com diferentes adultos das intervenções educativas como sendo a Educação Infantil, deli-
(e destes entre si). Este conjunto de relações, que poderia ser iden- mitada sua especificidade frente a uma Educação da Infância (que
tificado como o objeto de estudo de uma “didática” da educação abrange também crianças maiores de 5 anos) e à própria Infância,
infantil, é que, num âmbito mais geral, estou preferindo denominar que as inclui, mas que logicamente extrapola os âmbitos da análise
de Pedagogia da Educação Infantil ou até mesmo, mais amplamen- pedagógica (sendo objeto de estudo e intervenção de um conjunto
te falando, de Pedagogia da Infância, que terá, pois, como objeto de outros campos). Pensar a educação da infância exige a articula-
de preocupação a própria criança, seus processos de constituição ção de campos teóricos que permitam captar o conjunto dos aspec-
como seres humanos em diferentes contextos sociais, sua cultu- tos envolvidos neste processo (social, familiar, cultural, psicológico,
ra, suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e etc.) e a totalidade do sujeito-criança.
emocionais. Como bem expressa Assis em seu parecer sobre as Diretrizes
Cabe, então, indagar, a esta altura da discussão: Valeriam para Nacionais: “Ao iniciar sua trajetória na vida, nossas crianças têm di-
a educação infantil os parâmetros pedagógicos escolares, estabele- reito à Saúde, ao Amor, à Aceitação, Segurança, à Estimulação, ao
cendo-se apenas diferenciais relativos à faixa etária? Apoio, à Confiança de sentir-se parte de uma família e de um am-
Definitivamente não, uma vez que a tarefa das instituições de biente de cuidados e educação. (...) Nesta perspectiva fica evidente
educação infantil não se limita ao domínio do conhecimento, as- que o que se propõe é a negociação constante entre as autoridades
sumindo funções de complementaridade e socialização relativas constituídas, os educadores e as famílias das crianças no sentido de
tanto à educação como ao cuidado e tendo como objeto as rela- preservação de seus direitos, numa sociedade que todos desejamos
ções educativas-pedagógicas estabelecidas entre e com as crianças democrática, justa e mais feliz. ”
pequenas. Estas relações envolvem, além da dimensão cognitiva, as Isto significa que é necessário resgatar no espaço da educação
dimensões expressiva, lúdica, criativa, afetiva, nutricional, médica, das crianças pequenas as suas manifestações próprias, o espaço da
sexual, física, psicológica, linguística e cultural. Dimensões humanas brincadeira, da interação, do afeto e da expressão das diferentes
que têm sido constantemente esquecidas numa sociedade onde o linguagens como referência para o trabalho pedagógico, contem-
que prevalece é o privilegiamento de um conhecimento parcializa- plando sua identidade social e cultural e as múltiplas dimensões
do resultante da fragmentação em diferentes disciplinas científicas. humanas. Não significa, contudo, descartar o papel do professor,
De fato, a multiplicidade de fatores que estão presentes nestas como o adulto que organiza as atividades e dirige o processo de
relações, sobretudo nas instituições responsáveis pelas crianças pe- elaboração dos conhecimentos que circulam naquele cotidiano.
quenas, exige um olhar multidisciplinar que favoreça a constituição
de uma Pedagogia da Educação Infantil e tenha como objeto a pró- Para saber mais...
pria relação educacional-pedagógica expressa nas ações intencio-
nais. Acredito que a extensão desta perspectiva pode influenciar a Tendo visto a função social da escola e das instituições de edu-
escola e passar a constituir uma Pedagogia da Infância. cação infantil Arêas41 tratou as diferentes visões de grandes autores
Estes pressupostos passam a exigir a reflexão sobre uma Pe- da educação:
dagogia da Infância que tenha como objeto um projeto para uma
infância concreta, pertencente a um tempo e a um espaço social Paulo Freire:
determinado. Exige que pensemos além das fronteiras institucio- a) A formação do sujeito deve contemplar o desenvolvimento
nais que separam a educação infantil da escola fundamental e vi- do seu papel dirigente na definição do seu destino, dos destinos de
ce-versa, sem perder de vistas as especificidades que o constituem. sua educação e da sua sociedade;
O ponto de partida de uma Pedagogia da Infância não se co- b) Formar o cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valo-
loca numa uniformização das práticas escolares tradicionalmente res que tornem o estudante solidário, crítico, ético e participativo;
centradas no domínio de conteúdos escolares, e nem tampouco na 41 ARÊAS, Celina Alves. A função social da escola. Conferência Nacional da
articulação institucional orientada pela antecipação destes conteú- Educação Básica, 2016.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

José Geraldo Bueno (PUC SP) avaliação e reuniões pedagógicas alusivas a este contexto; cuidan-
a) Construção de um sistema de ensino que possa se constituir do, também para que os planos de aula e outras concepções de
em fator de mudança social alfabetização inicial sejam organizados ponderando as orientações
b) Responsável pela formação das novas gerações em termos da proposta pedagógica.
de acesso à cultura, de formação do cidadão e de constituição do Para que o plano de alfabetização funcione, serão viabilizados
sujeito social. para os alunos materiais variados de leitura nas salas de aula: li-
c) Distinção entre a função da escola em relação à origem so- vros diversificados (com e sem palavras, de prosa, de poesia); revis-
cial dos alunos trouxe importantes contribuições para uma melhor tas; gibis; suplementos infantis de jornais; cartelas com nomes dos
compreensão da complexidade dessa instituição, por outro, parece alunos; letras móveis; jogos com letras e palavras; produções das
ter desembocado, novamente, numa concepção abstrata de escola, próprias crianças, com desenhos e escritas; dicionários. Os alunos
em particular em relação à escola pública, como sendo aquela que, participarão de projetos ou atividades nas quais poderão conhecer
voltada fundamentalmente para a educação das crianças das cama- e praticar os diferentes usos da leitura e da escrita cotidianamente.
das populares, cumpre o papel de reprodutora das relações sociais Porém, não é tão simples situar claramente um limite separan-
e de apoio à manutenção do status quo. do o que é estar alfabetizado do que é não estar alfabetizado. Mas
a escola precisa definir essa fronteira. Por exemplo ao questionar
Pablo Gentili se o aluno é capaz de escrever sem copiar um pequeno texto que
a) Visão neoliberal da função social da escola: “Na perspecti- seja compreensível, ainda que contenha falha ortográfica; se o alu-
va dos homens de negócios, nesse novo modelo de sociedade, a no é capaz de ler (com fluência suficiente para compreender) um
escola deve ter por função a transmissão de certas competências pequeno texto escrito em linguagem familiar. A ocorrência de que
e habilidades necessárias para que as pessoas atuem competiti- muitos alunos até chegam a se alfabetizar, mas não desenvolvem
vamente num mercado de trabalho altamente seletivo e cada vez adequadamente sua capacidade de leitura e escrita ao longo do en-
mais restrito. sino fundamental, justifica-se pelo fato de que os educandos têm
b) A educação escolar deve garantir as funções de classificação dificuldade de compreender o que lêem e dificuldade de se expres-
e hierarquização dos postulantes aos futuros empregos (ou aos em- sar. Por isso, é fundamental que todos os professores constituam
pregos do futuro). Para os neoliberais, nisso reside a ‘função social um plano de progressão das habilidades de leitura e escrita dos alu-
da escola’. Semelhante ‘desafio’ só pode ter êxito num mercado nos, colocando finalidades para a série, ano ou ciclo. Na escola, as
educacional que seja, ele próprio, uma instância de seleção merito- crianças precisam ter contato com diferentes textos, ouvir histórias,
crática, em suma, um espaço altamente competitivo”. observar adultos lendo e escrevendo. A leitura e a escrita são capi-
tais para o aprendizado de todos os assuntos escolares e não esco-
E assim conclui a Autora: Função Social da Escola - Compromis- lares. Por isso, em cada ano/série, o aluno precisa ampliar cada vez
so com a formação do cidadão e da cidadã com fortalecimento dos mais sua capacidade de ler e escrever.Assim, em sua proposta pe-
valores de solidariedade, compromisso com a transformação dessa dagógica, a escola precisa situar claramente o que os alunos devem
sociedade. aprender em cada etapa, até a conclusão do ensino fundamental.
Os indicadores na Gestão escolar democrática, enfocam a par-
ticipação nas decisões, a preocupação com a qualidade, com a rela-
QUALIDADE NA EDUCAÇÃO ção custo-benefício e com a transparência. Em relação à Formação
e condições de trabalho dos profissionais da escola: discute-se so-
bre os processos de formação dos professores, sobre a competên-
Os Indicadores da Qualidade na Educação estão sendo utili- cia, assiduidade e estabilidade da equipe escolar. Quanto ao Espaço
zados no Programa Nacional da Escola Básica. Os Indicadores da físico escolar: os indicadores enfatizam o bom aproveitamento dos
Qualidade na Educação baseiam-se numa visão ampla de qualidade recursos existentes na escola, a disponibilidade e a qualidade des-
educativa e, por isso, abrangem sete dimensões: ambiente educa- ses recursos e a organização dos espaços escolares. Os indicado-
tivo; prática pedagógica e avaliação; ensino e aprendizagem da lei- res para o Acesso, permanência e sucesso na escola, evidenciam
tura e da escrita; gestão escolar democrática; formação e condições a preocupação com os alunos que apresentam maior dificuldade
de trabalho dos profissionais da escola; ambiente físico escolar; no processo de aprendizagem. Aqueles que mais faltam na escola.
acesso e permanência dos alunos na escola. Quais os motivos que levam os alunos a abandonaram ou se evadi-
Quanto ao Ambiente educativo, os indicadores se referem ram da escola .
ao respeito, à alegria, à amizade e solidariedade, à disciplina, ao Devemos, porém, enfatizar que não existe um modelo único
combate à discriminação e ao exercício dos direitos e deveres. Em para a escola de qualidade. Qualidade é um conceito ativo, que
relação à Prática pedagógica e avaliação: os indicadores refletem deve ser construído e reconstruído continuadamente. Cada escola
coletivamente sobre a proposta pedagógica da escola, sobre o pla- tem autonomia para refletir, indicar e atuar no caminho e encontro
nejamento das atividades educativas, sobre as estratégias e recur- da qualidade da educação. A escola necessita ter uma estratégia
sos de ensino-aprendizagem, os processos de avaliação dos alunos, compartilhada entre os professores para fazer os alunos progredi-
incluindo a auto-avaliação, e a avaliação dos profissionais da escola. rem na leitura e na escrita, buscando envolver as famílias , que po-
O enfoque dado ao Ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, dem exercer um papel respeitável, estimulando o aprendizado de
refere-se à prática de garantir que todos os alunos aprendam. Para leitura e escrita de seus filhos.
a ação se concretizar, a escola precisa ter uma proposta pedagógica
com orientações transparentes para a alfabetização inicial.A esco-
la pode implementar as orientações da proposta pedagógica para
a alfabetização inicial, buscando as orientações nos momentos de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Psicologia Escolar, diferentemente, define-se pelo âmbito


PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO. profissional e refere-se a um campo de ação determinado, isto é,
a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atu-
ação nos conhecimentos produzidos pela Psicologia da Educação,
Quando se fala em Psicologia em sua relação com a Educação por outras subáreas da psicologia e por outras áreas de conheci-
geralmente se usam os termos “Educacional” ou “Escolar”. Além mento.
dessas nomeações são comuns os termos: Psicologia na Educação, Deve-se, pois, sublinhar que Psicologia Educacional e Psicolo-
Psicologia da Educação, Psicologia aplicada à Educação e Psicologia gia Escolar são intrinsecamente relacionadas, mas não são idênti-
do Escolar. cas, nem podem reduzir-se uma à outra, guardando cada qual sua
Entretanto, por meio da pesquisa histórica, foi possível encon- autonomia relativa. A primeira é uma área de conhecimento (ou
trar ainda as seguintes expressões: Psicologia Pedagógica, Pedago- subárea) e tem por finalidade produzir saberes sobre o fenôme-
gia Terapêutica, Pedologia, Puericultura, Paidologia, Paidotécnica, no psicológico no processo educativo. A outra constitui-se como
Higiene Escolar, Ortofrenia, Ortofrenopedia e Defectologia. Tam- campo de atuação profissional, realizando intervenções no espaço
bém em obras diversas aparecem expressões relacionadas: Psico- escolar ou a ele relacionado, tendo como foco o fenômeno psico-
técnica, Psicologia Aplicada às coisas do Ensino, Psicologia para pais lógico, fundamentada em saberes produzidos, não só, mas princi-
e professores, Psicologia da criança, Psicologia do aluno e da profes- palmente, pela subárea da psicologia, a psicologia da educação.
sora, Biotipologia Educacional, Psicopedagogia, Psicologia Especial, A autora diz em nota de rodapé que “muitas expressões são
Higiene Mental Escolar, Orientação Educacional e Orientação Pro- utilizadas, dentre as quais: Psicologia Educacional, Psicologia da
fissional. Em alguns casos se refere à teoria e em outros se designa Educação, Psicologia na Educação e outras. Há implicações teóricas
o conjunto de práticas desenvolvidas nesse âmbito. que subjazem à opção por uma ou outra denominação, mas que
Com esse emaranhado de nomes pode-se pensar que há inclu- não serão aqui tratadas, dada delimitação do presente texto”. Em
sive uma indefinição identitária desse campo. Se a resposta for sim, termos gerais a definição mostra Psicologia Educacional e da Educa-
essa é uma discussão muito importante para os profissionais que ção como sinônimos e correspondem à teorização ou produção de
têm interesse nesse tema. Além disso, é necessário questionar, por saberes sobre o processo educativo e a Psicologia Escolar como um
exemplo, como geralmente se nomeiam os profissionais e os servi- campo de atuação ou prática do psicólogo em contextos educativos
ços desse setor? Será que existem diferenças quando se fala Escolar diversos. Antunes recentemente voltou a tratar do tema dizendo
e Educacional? Ou ainda Psicologia da Educação ou na Educação? que essas diferenciações devem ser observadas a partir do contexto
Na busca de responder a essas indagações que pensamos em histórico no qual estão inseridas e, portanto, é de suma importância
traçar um percurso histórico desse conjunto de nomenclaturas para trazer à luz como foram constituídas historicamente.
compreender como, ao longo do tempo, foram se constituindo es- Essa diferenciação e diríamos até cisão clássica entre teoria e
sas nomeações e quais são suas finalidades e distinções. A partir da prática foi historicamente constituída na Psicologia e também na
investigação constatou-se que realmente é fato que a própria defi- Psicologia Educacional e Escolar, especialmente pela influência es-
nição do que seja ou não Psicologia Educacional e Escolar passou tadunidense.
por várias transformações conceituais que refletiram em sua pró- E, nesse sentido, no Brasil, devido à influência que se teve das
pria designação. A análise histórica dessas configurações revelou formulações estrangeiras, classicamente se considerava que essa
que essas diversas terminologias não são meramente uma questão era a distinção primordial. A professora Geraldina Witter ainda
de escolha de nomenclaturas que denominam o mesmo fenômeno. complementa dizendo que essa diferenciação é inócua, pois, segun-
Identificamos que esses termos citados e suas distinções têm do ela, “é claro que uma coisa não vive sem a outra, não é?”
todo um sentido histórico. Essas diferenciações estão relacionadas, Mas, de um modo geral, essa divisão clássica e hoje tradicional
sobretudo, à definição desse campo em termos de (a) objetos de é muito disseminada por alguns teóricos e profissionais que man-
interesse, (b) finalidades e (c) métodos de investigação e/ou inter- têm a ideia de que a Psicologia Educacional fica a cargo de respon-
venção, que, por sua vez, estão relacionados à visão de homem, de der pela teorização e pelas pesquisas, e a Psicologia Escolar, pela
mundo, de sociedade, de educação e de escola e também quanto prática. Contudo, a partir do olhar histórico, verifica-se que o termo
ao foco de olhar à interface Psicologia e Educação. E isso foi se mo- “Psicologia Educacional” durante muito tempo no Brasil reunia em
dificando ao longo do tempo, como será tratado a seguir. si os dois aspectos - o teórico e o prático -, sendo que também havia
Para Antunes, a Psicologia Educacional pode ser considerada outras nomeações (antes citadas) que designavam esse campo.
como uma subárea da psicologia, o que pressupõe esta última Uma peculiaridade da história da Psicologia no Brasil é que, di-
como área de conhecimento. Entende-se área de conhecimento ferentemente do que ocorreu em outros países nos quais o campo
como corpus sistemático e organizado de saberes produzidos de da Psicologia Educacional e Escolar se consolidou após a Psicologia
acordo com procedimentos definidos, referentes a determinados propriamente dita, como uma derivação desta, pelo menos no que
fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes da realidade, se refere à prática, aqui ocorreu de forma diferente. Esse campo
fundamentado em concepções ontológicas, epistemológicas, me- nasceu, desenvolveu-se e se consolidou concomitantemente à Psi-
todológicas e éticas determinadas. cologia propriamente dita. E especialmente ao que tange à aplica-
Faz-se necessário, porém, considerar a diversidade de concep- ção prática dos conhecimentos psicológicos, o campo educativo foi
ções, abordagens e sistemas teóricos que constituem as várias pro- um dos primeiros. Isso é possível apreender por meio das evidên-
duções de conhecimento, particularmente no âmbito das ciências cias encontradas em documentos escritos, nos depoimentos que
humanas, das quais a psicologia faz parte. Assim, a Psicologia da podemos ter acesso de pioneiros e também na constituição dos pri-
Educação pode ser entendida como subárea de conhecimento, que meiros serviços. Para Antunes, essa ligação é tão intensa que: “[o]
tem como vocação a produção de saberes relativos ao fenômeno vínculo entre a Psicologia e Educação é um vínculo muito estreito, e
psicológico constituinte do processo educativo. eu diria até constitutivo”. Essa mesma autora reitera que a Psicolo-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gia Educacional e Escolar foi um dos principais pilares sob o qual a ção moral e física dos infantes. Ela informa que Manoel Andrade
Psicologia se erigiu no seu processo de autonomização e que muitas Figueiredo (1670-1735), que escreveu a primeira cartilha educativa
práticas iniciais da Psicologia principiaram por meio da sua relação de Portugal, denominada “A Nova Escola para aprender a ler, escre-
com a Educação. ver e contar” (de 1722), descrevia nesta a “educação de meninos
Como temos conhecido através dos estudos de Massimi e Mas- rudes”. Estes não deveriam ser tratados de forma punitiva, pois isso
simi e Guedes, desde o período colonial, podemos encontrar indí- poderia afetar o desenvolvimento e a personalidade da criança.
cios de conhecimentos psicológicos sendo aplicados em diferentes Assim, explicações para o comportamento infantil tinham fei-
áreas e uma delas se destaca, o trabalho de educação jesuítica. No ções ambientalistas e empiristas, além da proposição de formas
Brasil, desde a chegada dos jesuítas e da instituição de um proje- de prevenção de problemas de comportamento por meio de um
to de Educação no país, pode-se verificar o uso de conhecimentos, sistema de monitoria e ensino. Inicia-se, assim, o uso de conheci-
saberes ou ideias psicológicas em interação com os processos edu- mentos que posteriormente chamaríamos de psicológicos com fins
cativos. Massimi relata que encontrou em obras, cartas e documen- educativos, especialmente de cunho punitivo, correcional ou adap-
tos históricos do período colonial referências a temas como família, tacionista. Os termos Pedologia, Puericultura, Paidologia, Paidotéc-
desenvolvimento e aprendizagem infantis, e o papel dos jogos na nica (relacionados à criança) e também Ortofrenia, Ortofrenopedia,
educação, entre outros assuntos que mais tarde seriam objeto da Defectologia (relacionados à criança “defeituosa”, “deficiente” ou
Psicologia em sua relação com a Educação. “retardada”) têm origem nesse tipo de pensamento adaptacionista.
Desse modo, muito antes da influência dos estudos norte-a- Mesmo com essa origem remota, só podemos falar em uma
mericanos aportarem no país, assim como os conhecimentos psi- “área” propriamente dita chamada “Psicologia Educacional” (nome
cológicos europeus e ingleses do século XX, podemos encontrar inicialmente dado a esta) a partir da autonomização da Psicologia
referências como a de Juan Luís Vives, comentador de Aristóteles (em fins do século XIX e início do século XX). No caso do Brasil, tam-
que, segundo Noemy Silveira Rudolfer, em seu trabalho precursor bém se tem como marco inicial a criação da profissão de psicólogos
no século XVI, na obra “De Anima et Vita”, escreve sobre Psicolo- no país, em 1962. Esse campo teórico e prático tem ainda como ori-
gia e sua relação com o ensino. A autora afirma que: Ele não podia gem a criação de instituições e associações dedicadas a esse objeto
aplicar à educação princípios psicológicos inexistentes. Nem seria de estudo e intervenção nos primeiros anos do século XX, especial-
possível encontrá-los numa época de transição da psicologia. Tratou mente nos anos 1930. Entretanto, aos poucos é que foram sendo
de induzi-los com o alvo da aplicação em mira. definidas as especificidades dessa que é considerada por uns uma
“área”, por outros um “campo”, um “ramo” ou até uma “subdivisão”
[...] não se pode conhecer a natureza ou a origem da alma, ou “subárea” da Psicologia.
mas apenas suas manifestações, diz ele [Vives]. É com razão, Nesses primórdios a Psicologia Educacional define melhor seu
pois, que o consideram o iniciador da psicologia empírica. objeto de interesse, suas finalidades, seus métodos de investigação
e conceitos primordiais. É nítida a expressão fundante da Puericul-
[...] é, por conseguinte, nos elementos da psicologia de Vives tura, quando o foco de interesse era o conhecimento do desenvol-
que vamos encontrar os primeiros traços da psicologia educacio- vimento infantil, e também da Ortofrenia, quando o objetivo era
nal, na sua exposição da variedade de manifestação da alma. trabalhar as questões das crianças ditas “anormais”. Também se
observa a presença da chamada Pedagogia Terapêutica, Higiene Es-
Para Cerqueira, Vives foi um dos colaboradores para a elabora- colar ou Higiene Mental Escolar, quando se enfatizavam os métodos
ção do “Ratio Studiorum”, que foi o plano geral de estudos organi- de intervenção médico-curativos e clínicos para resolver os chama-
zado pela Ordem da Companhia de Jesus para a aplicação em todos dos “problemas das crianças”.
os colégios mantidos por esta. A educação jesuíta durou de 1549 Essas referências iniciais da Psicologia Educacional tinham re-
a 1759 e tinha como propósito primordial o trabalho educativo vi- lação com a crescente onda do movimento de Higiene Mental ou
sando à catequização e instrução na fé cristã. Em 1759, por meio higienista que se tornou expressivo no país no início e meados do
das Reformas Pombalinas, ocorreu a expulsão da Companhia de século XX. Também foram influências iniciais a expansão do movi-
Jesus do Brasil. O Marquês de Pombal então instaura uma série de mento psicométrico, da Psicanálise e da Psicologia Infantil (Pueri-
mudanças no sistema educacional que tinham influência das ideias cultura) ou Pedagogia Terapêutica, como era chamada.
iluministas e defendiam o ensino laico. A Psicologia Educacional no Brasil, em seus primórdios, abarca-
As reformas de Pombal incluíram mudanças nos “estudos me- va teoria e prática e estava relacionada sobretudo à disciplina “Psi-
nores” (primeiras letras) e nos “estudos maiores” (ligados à Uni- cologia Educacional” dos cursos Normais, que utilizava trabalhos
versidade de Coimbra). Foram contratados professores régios, que empíricos realizados em Laboratórios de Psicologia, durante muito
recebiam da Coroa e, ao mesmo tempo, se submeteram a uma tempo relacionados ao movimento psicométrico, higienista e influ-
orientação pedagógica que incorporava os ideais iluministas. Nesse ência da Psicologia Infantil. Usavam-se como sinônimos de Psico-
sentido, o ensino passa a ter como característica a educação por logia Educacional, com essa configuração, os termos Psicologia na
meio de aulas régias (ou avulsas) tendo a figura do professor como Educação, Psicologia da Educação, Psicologia aplicada à Educação e
central no processo. Psicologia Experimental. Geralmente a expressão “Psicologia Edu-
Segundo Antunes, no Período Colonial a característica princi- cacional” era mais utilizada por ser a nomenclatura das disciplinas
pal era propiciar a educação dos indígenas e da população recém- ministradas nos cursos Normais e esta abarcava as demais como
-chegada ao Brasil. Tinha-se como objetivo principal a educação de conteúdos. Segundo Mello “Em 1931 uma disciplina psicológica é
crianças de modo a “domá-las”, “moldá-las” segundo os propósitos introduzida, pela primeira vez, no currículo de um curso universi-
do adulto. A autora considera que se utilizava de castigos e prêmios tário, o nome que recebe - Psicologia Aplicada aos Problemas da
como meio de controle do comportamento e que é comum encon- Educação - dá indícios do caráter que se queria atribuir ao curso”.
trar referências do período que tratam do cuidado com a educa-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Essa disciplina era oferecida no curso de aperfeiçoamento pe- que se acresce à de adaptação e atendimento das “anormalida-
dagógico do Instituto Pedagógico de São Paulo (curso para profes- des” por meio de trabalhos terapêuticos garantidos por meio da
sores), e sabe-se que existiam disciplinas anteriores que tinham Higiene Mental Escolar.
terminologias parecidas também em outros estados. Outras no- Essa configuração fica evidente nos primeiros serviços de aten-
menclaturas relacionadas eram Psicologia Pedagógica, Pedagogia dimento psicológico do país que tiveram configuração “educacio-
Científica, Psicologia Experimental. nal”. Em 1938 são criados o Serviço de Saúde Escolar, que teve o
Em algumas obras dos anos de 1920 e 1930, que analisamos, médico Durval Marcondes como coordenador em São Paulo, a Se-
encontra-se a nomeação Biologia Educacional e Biotipologia Educa- ção Técnica de Ortofrenia e Higiene Mental do Departamento de
cional, que traziam conhecimentos do campo biológico e também Educação e Cultura do Distrito Federal no Rio de Janeiro e a Clí-
psicológico. Essas denominações nos informam o quanto a relação nica de Orientação Infantil no Rio de Janeiro. Esta última tinha o
entre Psicologia e Educação era constitutiva, tanto de um quanto médico Arthur Ramos (1903-1949) como responsável. Tanto Durval
de outro desses campos de conhecimento. Também nos comunica Marcondes como Artur Ramos demonstraram ter forte ligação ao
sobre a relação inicial da Psicologia com a pesquisa empírica, fisio- pensamento psicanalítico.
lógica e biológica, a partir das expressões experimental, fisiológica Outros serviços semelhantes apareceram com igual finalidade
e biológica. Aqui começa a se estabelecer outra grande influência em outros estados da Federação e pode-se afirmar que, como a
além das anteriormente citadas - o conhecimento biológico e fisio- Educação e a escola brasileira estavam passando naquele momento
lógico, do campo médico, que trouxe a “biologização” dos fenôme- por muitas reformulações, a Psicologia veio para contribuir com a
nos escolares, algo largamente criticado nos dias atuais. organização destas, de modo a cumprir com a finalidade “ajusta-
Pode-se inferir que a escolha por Psicologia da Educação ou tória”. Nesse momento, a marca da Psicologia do “ajustamento” e
na Educação, Psicologia Pedagógica, Biologia Educacional ou Bioti- clínico-médica começava a se consolidar.
pologia Educacional denotam, por um lado, que os conhecimentos Especialmente nos anos 1930, a influência das pesquisas pro-
psicológicos foram importantes para a constituição e consolidação duzidas na Europa e nos Estados Unidos cresceu no país, e o movi-
desses outros campos de saberes, ao mesmo tempo em que mos- mento da Escola Nova começou a ter presença marcante. Sabe-se
tram certa relação de “subjugação” de um saber ao outro. No caso, que, nesse período, historicamente o país estava passando por mu-
nota-se que a Psicologia estaria relacionada aos campos educacio- danças sociopolíticas estruturais, deixando de ser essencialmente
nal, pedagógico ou biológico, sendo quase que um “braço” destes. agrário e rural para se tornar um país agroexportador, industrializa-
Em outros termos, principia uma influência funesta de alicerçar a do e urbano. Nesse sentido, com vistas a uma “renovação escolar”,
Psicologia em sua relação com a Educação à influência biologicista e crescia a ideia de uma nova “Educação” e também cresceram em
também pedagógica nesses tempos remotos. conjunto as teorias higienistas que buscavam medidas de caráter
É possível inferir que, pelo fato de ainda não termos, naquela profilático para o âmbito escolar.
época, uma Psicologia como ciência e profissão, algo que foi se con- Yazzle esclarece sobre o período que conforme Penna, o pen-
solidar após a legislação que criou a profissão de psicólogos no país samento psicológico brasileiro em suas origens - assim como nos-
(em 1962), a Psicologia e também a Psicologia Educacional ainda sa cultura do século XIX - foi profundamente marcado pelas ideias
estavam se constituindo de forma a “tomar de empréstimo” as pro- francesas embebidas pelo positivismo comtiano.
duções que eram realizadas em outros campos de saber (Educação,
Biologia, Medicina etc.). Isso se observa inclusive nos termos usa- [...] os primeiros trabalhos da Psicologia no Brasil foram
dos até hoje quanto a procedimentos de intervenção como o uso desenvolvidos por profissionais da medicina que, oriundos de uma
da palavra anamnese e diagnóstico (de origem do campo médico). elite econômica, puderam complementar sua formação intelectual
Pode-se dizer que o objeto de interesse inicial foi se constituir junto a centros de cultura europeus (principalmente a França).
em um campo de teoria e aplicação estritamente ligado à docência Assim, a erudição burguesa, humanista e academicista aí veicu-
nas Escolas Normais e cursos de formação de professores. A Psico- lada conduzia ao estudo dos fenômenos psicológicos sob a ótica
logia Educacional caracterizou-se, então, nesses primórdios, como positivista, enfatizando a observação direta e a possibilidade de
ensino de Psicologia para futuros educadores, tendo a finalidade experimentação.
de formação e utilização de investigação e produção de saberes
oriundos dos laboratórios, com vistas à compreensão dos processos [...] o modo liberal democrático de pensar a sociedade com-
educativos. Esses conhecimentos tiveram a influência, sobretudo, preendia que a educação dada pela escola, aberta a todos os seg-
do movimento psicométrico e de elementos de Puericultura ou Psi- mentos, oferecendo oportunidades iguais para todos os indivíduos,
cologia da Criança, vindas da Europa, especialmente a partir dos es- no novo modelo econômico que aos poucos ia se implantando no
tudos desenvolvidos no Instituto Jean-Jacques Rousseau (nos anos Brasil, ampliando as diferenças sociais, poderia minimizar os efei-
1930). Também se destacam a forte presença da Psicanálise a partir tos dos movimentos populares [...].
dos anos 1940 e também do pensamento biologicista medicalizante
que se traduzia à época no movimento higienista. Para essa mesma autora, o escolanovismo baseava-se nessa
Em resumo, a Psicologia Educacional teórica e prática tinha ideia liberal de “mito da igualdade de oportunidades” que a escola
como objetivo principal diagnosticar as crianças no interior da es- pode oferecer, negando as diferenças de classe dadas pela consti-
cola quanto a sua “normalidade” ou “anormalidade” e, baseada tuição sociopolítica do capitalismo. O movimento de Escola Nova
nos experimentos e testagens, garantia-se a divisão em classes e/ encontrou na Psicologia, através dos testes psicológicos e conheci-
ou escolas especiais para atendimento de suas “necessidades es- mento sobre inteligência, maturidade e prontidão para aprendiza-
peciais” se fosse o caso. Entra em cena a ideia de normatização gem, explicações para as diferenças individuais que culpabilizavam
o sujeito pela sua condição e ocultavam as desigualdades sociais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nesse contexto, a Psicologia tinha como foco analisar o proces- atualmente designamos áreas específicas (no momento ditas “es-
so de desenvolvimento infantil, o olhar para a criança, e seu interes- peciais” da Psicologia). Assim, a Psicologia Educacional fazia parte
se era constituir-se como campo que aliaria esses conhecimentos da Psicologia Especial, assim como a Psicologia Clínica, a Social ou a
no contexto educacional de forma adaptacionista, cuja identifica- do Trabalho (eram especialidades). Em outras palavras, o “especial”
ção era a Pedologia, a Puericultura e até a Paidologia ou Paidotéc- aqui se referia a um conteúdo “especial”, “específico” ou de “espe-
nica (terminologias que se referem ao estudo do desenvolvimento cialidade” no interior do grande campo da Psicologia chamado de
infantil). Assim, o objeto de interesse primordial passava a ser a Psicologia Geral.
criança no contexto educacional, e a finalidade, compreender suas Além disso, as nomeações Psicotécnica e Psicologia Aplicada
características, seu processo de desenvolvimento, utilizando para indicavam a ênfase no campo prático da Psicologia e, nesse sentido,
isso investigações agora não apenas psicométricas, mas também se destacava a Psicologia Aplicada aos âmbitos escolar, clínico, do
com foco no estudo das influências familiares e contextuais. trabalho, social etc. A Psicologia Aplicada à Educação também tinha
A influência da Psicanálise foi um exemplo da mudança de foco como símiles a Psicologia para pais e professores, a Psicologia da
do pensamento biologicista e puramente clínico-médico para um criança, do aluno e da professora e a Psicopedagogia. Especialmen-
olhar direcionado às configurações familiares e sua importância te em textos das décadas de 20, 30, 40 e 50 do século XX é que apa-
naquele contexto. Embora ainda se possa identificar o olhar me- recem tais denominações referindo-se especificamente à atuação
dicalizante e de ideologia liberal e a influência do movimento de prática da Psicologia Educacional.
Higiene Mental, pode-se dizer que o foco deixa um pouco de lado Observou-se que, a partir da profissionalização, com a aprova-
apenas o “indivíduo” criança e passa a observar seu entorno, no ção de lei que regulamentou a profissão de psicólogos no Brasil (Lei
caso a família. N. 4.119 de 27 de agosto de 1962), usam-se mais termos relaciona-
Esse tipo de pensamento também se inseriu no que depois pas- dos à Psicologia Aplicada, assim como se perpetuam as terminolo-
sou a se designar “Psicologia do Escolar”, que representava a ênfase gias ligadas ao campo de tratamento dos “anormais” e inicia-se o
no olhar para “o” escolar, ou o estudante, ressaltando a análise in- uso da nomenclatura “Psicologia Escolar” nos anos 1970 e 1980. Em
dividual dos fenômenos escolares e o olhar para a criança no con- meados dos anos 1970 iniciam-se práticas de psicólogos em unida-
texto escolar. Nos anos 1960 e 1970 do século XX, podemos dizer des como prefeituras e centros de atendimento psicológico especí-
que essa “Psicologia do Escolar” com foco na “criança-problema”, fico para atendimento escolar (Taverna, 2003). Também à época é
ou “criança que não aprende”, e nos “problemas de aprendizagem” característica o crescimento da “Psicologia do Escolar”, que mostra-
foi a tônica do momento. A marca ainda clara do modelo clínico- va como objeto de interesse o aprendiz e cuja principal finalidade
-médico permanece e busca-se cada vez mais a investigação dos era compreendê-lo para contribuir com seu processo educativo.
processos “anormais” ou “desviantes”, cuja base é a Psicologia do Mantém-se ainda a primazia do interesse “na” criança que
“ajustamento”, da Psicologia Diferencial e da Psicopatologia. “não aprende” no contexto escolar e nos chamados “anormais” e
É por aí que a história da presença da Psicologia na educação “crianças-problema”, embora as explicações sobre esse não apren-
começa. Começa medindo aptidões tidas como naturais, e tentan- der mudem de foco. Com finalidades liberais e ajustatórias, a teoria
do fazer um encaixe perfeito entre as capacidades medidas de Q.I., da carência cultural, nascida nos Estados Unidos como forma de ex-
habilidades específicas etc. e o ensino. Era um raciocínio muito pa- plicação das diferenças individuais entre as minorias pobres, negras
recido com o da taylorização do processo de produção industrial. e latinas no país, passa a ser amplamente divulgada em nosso país.
Você tem a máquina e a matéria-prima, por exemplo, uma máquina Segundo Patto:
que processa arame, você precisa de fios de arame no diâmetro
exato para que aquela máquina possa processá-lo, e você separa A teoria da carência cultural foi a resposta que o Estado norte-
os arames mais grossos ou mais finos. Houve um namoro sério da -americano deu aos movimentos das minorias raciais, às suas rei-
Escola Nova com o taylorismo, tanto lá fora como aqui no Brasil. E vindicações de igualdade de liberdade, de fraternidade, de direitos
essa ideia de ajustamento, digamos assim, entre o processo de en- civis, sociais e políticos... [...] A teoria da carência cultural é baseada
sino e as características do aprendiz. Esta é a concepção de ensino nisto. [...]
que está na base da educação compensatória.
Para o atendimento ou “tratamento” dos “anormais” surgem [...]. Afirmava-se que as crianças negras não aprendiam, não
os serviços de Higiene Mental, Higiene Mental Escolar, Ortofrenia, porque fossem geneticamente inferiores, porque depois da Segun-
Ortofrenopedia e Defectologia. Todas essas nomeações tinham da Guerra Mundial e depois do nazi-fascismo ninguém tinha a co-
como objeto a investigação e tratamento dos denominados “anor- ragem de afirmar isso explicitamente, mesmo que acreditasse... A
mais”, “retardatários”, “excepcionais”, “especiais”, campo que hoje teoria da carência cultural parte do princípio de que a inteligência
denominamos Educação Especial. Nesse contexto, o objeto de inte- é algo que se pode aumentar pela estimulação ambiental. E os pro-
resse se desloca para o indivíduo que apresenta algum tipo de “des- gramas de educação compensatória eram isto, era fazer com que
vio” daqueles considerados “normais”. No contexto educativo, era crianças supostamente menos capazes de aprender, porque teriam
chamado de “criança-problema”, “aluno problema”, “criança difícil”. um ambiente muito pobre de estimulação, pudessem ser estimu-
A finalidade da Psicologia Educacional interessada nessa temática é ladas através desses programas para poderem ir bem na escola.
então constituída com base na identificação e discriminação desses Acreditava-se que desta forma se poderia garantir na sociedade
“diferentes”, a partir dos instrumentais psicométricos e avaliativos norte-americana a igualdade de oportunidades.
em moda no período.
Ao contrário do que parece, o termo “Psicologia Especial”, nes-
sa época, não estava relacionado à área que tinha como foco os
indivíduos “anormais” ou “especiais”; a Psicologia Especial da épo-
ca dizia respeito à distinção da Psicologia Geral, indicando o que
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mas, por mais que você queira, não é possível instaurar igual- Essa ideia de “crítica” é endossada por outros pesquisadores
dade de oportunidades numa sociedade desigual, não é? Mas as e profissionais da Psicologia Educacional e Escolar e fortemente di-
pessoas que trabalharam a teoria da carência cultural e planejaram vulgada nos anos 1980, 1990 e 2000. Khouri, por exemplo, na obra
os programas de educação compensatória não eram mal intencio- “Psicologia Escolar”, descreve o novo papel do psicólogo nesse cam-
nadas, elas acreditavam nisso, embora esse não seja o caminho. po de atuação: [...] “o psicólogo escolar atua, em primeiro lugar, de
Como diz Yazzle, a Psicologia passa a minimizar os fatores bioló- acordo com um papel de educador” afirma Reger, que acrescenta:
gicos como explicação dos comportamentos “do escolar” e inicia-se seu objetivo básico é ajudar a aumentar a qualidade e a eficácia do
um discurso sobre os fatores ambientais e socioeconômicos como processo educacional através dos conhecimentos psicológicos. Ele
produtores de “déficits comportamentais”, para a autora: “caía-se, está na escola para ajudar a planejar programas educacionais [...]42.
assim, no determinismo sociológico”. E foi apenas a partir da crítica Tanamachi e Meira afirmam que esse campo é uma “[...] área
a esse tipo de pensamento que foi possível construir outro conhe- de estudo da Psicologia e de atuação/formação profissional do psi-
cimento e prática que pudesse tirar o foco da “criança-problema”, cólogo, que tem no contexto educacional - escolar ou extraescolar,
que “não aprende”, e das finalidades de trabalho junto aos “pro- mas a ele relacionado -, o foco de sua atenção”. As autoras reite-
blemas de aprendizagem” com objetivos ajustatórios ou discrimi- ram que o profissional da área, mesmo não atuando diretamente
natórios, para finalmente se pensar nos processos educacionais de no contexto escolar, tem um compromisso teórico e prático com as
um modo mais amplo. Essa crítica principia em meados e final da questões da escola e da Educação. Ao produzir referências (ciência)
década 70 do século XX. ou atuar (profissão) nesse âmbito, o profissional não deve se limitar
Nos anos 1980, muitos teóricos passam a criticar o foco na aos conhecimentos nem da Psicologia, nem da Educação, mas uti-
criança, no educando, no olhar que enfatizava o desenvolvimento lizar como base as produções inúmeras e fecundas de outras áreas
individual e a utilização de instrumental psicométrico, psicanalíti- de conhecimento como a Filosofia, Sociologia, Antropologia etc.
co ou a teoria da carência cultural. A partir da tese de Maria He- De um modo geral, busca-se, a partir dessa nova orientação, no-
lena Souza Patto intitulada “Psicologia e Ideologia, reflexões sobre vas formas de pesquisa, produção de conhecimentos e atuação que
a Psicologia Escolar” de 1981 nota-se uma mudança provocada tenham imbricadas as dimensões teóricas e práticas e, sobretudo,
pela crítica da autora ao pensamento tradicional que até então era práxicas de compromisso ético-político com as questões educacio-
dominante no âmbito da Psicologia Educacional e Escolar no país. nais, escolares e sua melhoria.
Muitos pesquisadores acreditam que essa publicação foi um divisor As publicações analisadas, relacionadas à perspectiva crítica,
de águas para a Psicologia Educacional e Escolar no país, dada a sua revelam que o objeto de estudo e a forma de trabalho se ampliou
crítica ter levado a pensar em outros rumos para a área. muito desde aquela atuação inicial nos “problemas de aprendiza-
A partir da crítica empreendida nessa obra e também em ou- gem” das chamadas “crianças-problema”. Para os autores contem-
tras posteriores, observa-se a mudança no que se refere ao objeto porâneos, o trabalho do psicólogo nesse campo é ter como princi-
de interesse, às proposições das finalidades e também aos métodos pal tarefa buscar otimizar situações que envolvam os processos de
e técnicas de atuação nesse contexto. Cresce a utilização da nomen- escolarização a partir de uma prática com o coletivo e o individual
clatura Psicologia Escolar com vista a se diferenciar da Psicologia concomitantemente. Como métodos e técnicas, utilizam-se diferen-
Educacional agora entendida como tradicional e representante de tes estratégicas que atendam às necessidades das instituições es-
todo o pensamento anterior de cunho ajustatório, adaptacionista, colares, dos educadores, dos educandos e da comunidade escolar
discriminatório e que ora assumiu feições biologicistas, medicali- como um todo. O profissional pode atuar como profissional dentro
zantes, ora defendeu teorias como aquelas oriundas do pensamen- da escola ou nos moldes de trabalho externo (consultoria externa).
to higienista e da carência cultural. Por outro lado, mesmo que haja uma identificação com esse
A chamada Psicologia Escolar, atualmente denominada por al- novo pensamento, ainda se encontram trabalhos de Psicologia Edu-
guns autores como Psicologia Escolar Crítica, tem como prerrogati- cacional e Escolar que expressam a influência do modelo clínico de
va outras bases de sustentação teórica e metodológica e se carac- atendimento, cujo foco ainda é individualizante, sobre a “criança
teriza por propor um olhar para o processo de escolarização e para que não aprende”. Apesar de encontrarmos muitos relatos teóricos
o contexto sócio-político-cultural em que estão inseridos os pro- e práticos de cunho crítico, por outro lado, ainda se faz presente o
cessos educativos. Nessa visão, tem-se como objeto de interesse a pensamento tradicional. Um exemplo é o crescimento da chamada
investigação e intervenção nos contextos educacionais e processos Psicopedagogia que, em termos gerais, revive o movimento psica-
de escolarização. Compreende-se que o “não aprender” está rela- nalítico e clínico-médico de atenção à criança no contexto educacio-
cionado a toda uma produção do fracasso escolar, cujas origens se nal e sua família. Também a onda medicalizante tem possibilitado a
referem a uma multiplicidade de fatores intervenientes, incluindo entrada de diagnósticos médicos para explicações de fenômenos no
as políticas públicas educacionais, a formação docente, o material campo educacional, retomando a visão biologicista.
didático, a organização do espaço escolar, entre outros. Muitas ve- A partir dos anos 2000, cresceram vertiginosamente trabalhos
zes, esse “não aprender” é materializado/corporificado sob a forma de atendimento clínico a crianças, assim como o encaminhamento
de uma queixa escolar sobre aquele indivíduo “que não aprende”. para diagnosticá-las e medicá-las a partir de “supostos” transtornos
Essa queixa chega ao psicólogo que deve, a partir de então, atuar de neurológicos. A medicalização e patologização tem sido cada vez
forma diferente da anterior, que tinha na investigação psicométrica mais frequente no discurso educacional.
seu maior instrumental de trabalho. Nessa linha de pensamento, a Em conclusão, é possível afirmar que, ao longo do tempo, fo-
função do psicólogo escolar é de modo crítico buscar ir às origens ram muitos os objetos de estudo, finalidades, métodos e técnicas
e raízes do processo de escolarização, compreender suas diferentes de investigação e intervenção no campo de conhecimento da Psi-
facetas, incluir em seu trabalho uma atuação junto ao aprendiz, aos cologia Educacional e Escolar. Essas modificações ocorreram tam-
docentes, à família, à escola, à Educação como um todo e à socie-
dade em que está inserida. 42 KHOURI, Y. G. Psicologia Escolar. 13.ed. São Paulo: Summus Editorial, 1984.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bém devido à mudança acerca da visão de homem, de mundo, de Aspectos Psicológicos da Educação
educação, escola e sociedade. Essas distinções estão relacionadas a
concepções ideológicas que perpassaram cada momento histórico. A Relação Desenvolvimento/Aprendizagem: diferentes abor-
Contudo, na década de 1980 já se verificam algumas práticas dagens
de psicólogos escolares voltados para a superação do psicologismo, Aguiar43 aponta, que a partir das pesquisas e concepções difun-
contemplando os determinantes concretos, sociais e históricos das didas por grandes pensadores como o psicólogo suíço Jean Piaget,
necessidades e dificuldades que envolvem as instituições educacio- o soviético, Lev Vygotsky, a argentina, Emília Ferreiro e o francês,
nais. Henri Wallon eclodiu o interesse de estudos sobre o processo de
Ampliou-se o modo de olhar e atualmente não apenas se con- funcionamento da inteligência e aquisição do conhecimento. Em-
sideram as “dificuldades de aprendizagem do aluno”, pensa-se con- bora, as teorias desses estudiosos do comportamento humano
temporaneamente no fenômeno do “fracasso escolar”, das “quei- apresentem alguns aspectos divergentes, evidenciam-se em suas
xas escolares”, dos “problemas de escolarização”, objetos de estudo obras um alto grau de aproximação e inter-relacionamento.
e intervenção mais abrangentes e não individualizantes da ques- Inicialmente, é considerável afirmar que Piaget não intencio-
tão. As intervenções/ações do psicólogo escolar também passa- nou formular considerações pedagógicas através dos seus estudos.
ram a envolver “orientação profissional”, “orientação educacional”, Ele tentou comprovar que a criança raciocina mediante estruturas
“orientação a queixas escolares” e “formação docente”, ou seja, um lógicas próprias que evoluem conforme faixas etárias estabelecidas.
trabalho que envolve todos os atores do contexto educativo (alu- Na visão de Piaget, as operações cognitivas são ações interiorizadas
nos, educadores, pais e a comunidade escolar em geral). Embora de onde se conclui que o conceito de ação passa pelas manifes-
essas novas proposições não sejam unânimes, elas têm crescido tações da inteligência ao longo do desenvolvimento, desde suas
cada vez mais. formas primitivas as mais avançadas e abrangentes. Nesse foco, a
Com base em todo esse levantamento bibliográfico, pode se criança só pode conhecer ou construir seus conhecimentos, através
dizer que a crise “identitária” da Psicologia Educacional e Escolar da ação individual que exerce sobre os objetos.
persiste, mas tem tido nova configuração, pois está cada vez mais Cada vez que ensinamos prematuramente a uma criança algu-
claro que a denominação, assim como as definições do modo de ma coisa que poderia ter descoberto por si mesma, esta criança foi
construção do conhecimento (teoria) e intervenção (prática), segui- impedida de inventar e consequentemente de compreender com-
rá os pressupostos subjacentes à escolha de cada profissional no pletamente. Isso obviamente não significa que o professor deve
que se refere às suas bases de pensamento críticas ou tradicionais. deixar de inventar situações experimentais para facilitar a invenção
Contudo, em nossa compreensão, é preciso se tomar cuida- do seu aluno?
do com essa polarização pura e simples já que, a nosso ver, é im- Posteriormente, a psicolinguística argentina, Emília Ferreiro
portante que possamos não esquecer a contribuição histórica de deslocou o foco de investigação do como se ensina para o como
certas teorias e práticas que deram sustentação inicial e contribuí- se aprende, colocando a criança como sujeito central da aprendi-
ram para erigir esse campo de conhecimento. Em outras palavras, zagem, sujeito ativo que elabora hipóteses sobre o funcionamen-
exige-se um “dialetizar” dessas dicotomizações de modo a melhor to da linguagem escrita em seu contexto social. De acordo com as
compreendê-las. É por isso que adotamos a terminologia Psicologia preposições de Ferreiro há alunos que ingressam na língua escrita
Educacional e Escolar, para manter nossa consideração à história por meio da magia (uma magia cognitivamente desafiante) e alu-
desse campo de conhecimento, que no nosso entendimento é am- nos que entram na língua escrita pelo treino de habilidades básicas.
plo, multifacetado, e que tanto deu contribuições relevantes para Em geral, as primeiras se tornam leitoras; as outras têm um destino
o campo educacional, como favoreceu a discriminação e o precon- incerto?
ceito. Nessa perspectiva, Ferreiro também alega que a aprendizagem
Consideramos que é essencial que possamos, a partir do co- da leitura e da escrita não está limitada à sala de aula. Ressalta ain-
nhecimento da história, compreendermos nossas escolhas no pre- da que, o processo de alfabetização é iniciado muito antes da crian-
sente de modo a construir um novo futuro. E essa construção é a ça entrar na escola. Em suma, a alfabetização deixa de ser saber
cada dia, a cada passo, como afirma Guzzo: “Trazendo as palavras exclusivo da ação pedagógica. O processo inicial da aprendizagem
de Fagan, tornar-se psicólogo escolar é nunca chegar a ser psicólogo é explicado também por variáveis sociais, culturais, políticas e psi-
escolar, pois para responder às mudanças sociais no contexto edu- colinguísticas.
cacional, nunca se está pronto... é preciso que se construa a cada É relevante observar que, os estudos de Emília Ferreiro e seus
dia”. colaboradores partiram do pressuposto que a criança é capaz de
Talvez devamos pensar que esse é um caminho interessante, criar hipóteses, testá-las e constituir sistemas interpretativos na
o do movimento, o de sempre se reinventar, pois, a cada passo da busca de compreensão do mundo que a cerca. Complementa a au-
estrada, novos horizontes são avistados, o que exige outras formas tora, que não existe ponto zero da aprendizagem escrita; a criança
de caminhar e seguir. E devemos, ao invés de procurar uma defi- sempre apresenta um conhecimento prévio que o sujeito reestru-
nição, nomeação ou denominação definitiva, estarmos abertos às tura a partir de um processo de acomodação e assimilação mental.
múltiplas possibilidades que ainda não construímos. Não tenhamos
a pretensão de que fique pronta nossa “edição convincente” para “Os alunos são facilmente alfabetizados desde que descubram,
não estarmos fechados às mudanças e transformações necessárias. através de contextos funcionais, que a escrita é um objeto interes-
sante que merece ser conhecido (como tantos outros objetos da
realidade aos quais dedicam seus melhores esforços intelectuais).”

43 AGUIAR, G. Concepções de Ensino-aprendizagem.2010.


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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É oportuno salientar que, apesar de Piaget e Vygotsky explici- do desenvolvimento é justamente a interação da criança com o
tarem visões distintas, ambos podem perfeitamente dialogar por meio. Em linhas gerais, é claramente perceptível que o pensamen-
partirem do mesmo pressuposto: o desenvolvimento humano é to de Wallon propõe um relacionamento bastante proximal com
desencadeado mediante as relações recíprocas e contínuas entre as ideias de Vygotsky.
sujeito e objeto, meio físico e social. O meio é um complemento indispensável ao ser vivo. Ele de-
Nesse sentido, Vygotsky fundamenta-se por um cunho sócio verá corresponder às suas necessidades e as suas aptidões sensó-
histórico, salientando a importância das interações entre sujeito e rios-motoras, depois psicomotoras. Não é mesmo verdadeiro que
objeto, explicitando que a ação do sujeito sobre o objeto passa es- a sociedade coloca o homem em presença de novos meios, novas
sencialmente pela mediação social. É notório no conceito de Piaget necessidades e novos recursos que aumentam a possibilidade de
que, a criança é fundamentalmente ativa. evolução e diferenciação individual. A constituição biológica da
Na percepção Vygotskyana, a criança além de apresentar-se criança ao nascer não será a única do seu destino (...). Os meios em
ativa, é sobretudo interativa. Nesse prisma, a teoria socio-histórica que vive a criança e aqueles com que ela sonha constituem a forma
define o conhecimento como uma construção social que é resulta- que amolda sua pessoa (...).
do da apropriação do sujeito, dos saberes, das produções culturais A teoria Walloniana insere em suas fundamentações pontos
da sociedade pela inter-relação e mediação da própria sociedade. relevantes como o afeto e a emoção. Sendo que, os processos afe-
Desde o nascimento as crianças estão em constante interação tivos são estados que despertam sensações de prazer ou desprazer.
com os adultos, que ativamente procuram incorporá-las a sua cul- Já a emoção caracteriza-se como um estado afetivo que comporta
tura e à reserva de significados e de modos de fazer as coisas que se sensações de bem-estar ou mal-estar, que tem um início, é ligado
acumulam historicamente. No começo, as respostas que as crian- a uma situação de duração relativamente breve e inclui ativação
ças dão ao mundo são dominadas pelos processos naturais, espe- orgânica.
cialmente àqueles proporcionados por sua herança biológica. Mas Do ponto de vista Walloniano, emoção é a exteriorização da
através da constante mediação dos adultos, os processos psicoló- afetividade que desencadeia várias expressões: corporal, motora e
gicos instrumentais mais complexos começam a tomar forma (...). fisiológica. É o primeiro recurso de ligação entre o orgânico e o so-
Faz-se necessário refletir sobre o conceito de aprendizagem cial. A emoção promove os primeiros vínculos com o mundo huma-
postulado por Vygotsky. Para ele, a linguagem humana é o ins- no e através dele com o mundo físico. Sucintamente, emoção é uma
trumento fundamental para a mediação do sujeito e o objeto do forma concreta de participação mútua. É sobretudo, instrumento
conhecimento. Pois ao longo do desenvolvimento do indivíduo, a de socialização. A emoção é determinante na evolução mental: a
linguagem é internalizada através das interações sociais, e passa a criança corresponde a estímulos musculares, viscerais e externos.
funcionar como instrumento imprescindível de organização do co- Em síntese, observa-se que o processo de desenvolvimento e
nhecimento. aprendizagem do ser humano é um tema amplo, mutável e com-
Nesse aspecto, acrescenta o autor que, o professor deve agir plexo. Este envolve várias compreensões sobre a natureza humana:
e pensar de forma ampla, compreendendo que o conhecimento é dimensão genética; aspectos sócio-histórico-culturais; fatores afe-
um conjunto de capacidades ativadas: observação, atenção, memó- tivos e estímulos; interação e medição da construção do conheci-
ria, raciocínio etc.; e que o aperfeiçoamento de uma destas capaci- mento.
dades significa o melhoramento das capacidades em geral. Assim, Face às proposições referidas por esses autores, conclui-se que
concentrar a capacidade de atenção na leitura e compreensão de as concepções definidas iluminam diferentes aspectos no cotidia-
texto implica em melhorar a capacidade de atenção sobre qualquer no escolar trazendo consigo contribuições valorosas que poderão
disciplina ou temática. auxiliar professores e gestores educacionais a refletir sobre a com-
Outras contribuições bastante significativas na compreensão plexa temática ensino-aprendizagem, bem como nortear e redire-
do processo ensino-aprendizagem são as valorosas pesquisas des- cionar as práticas escolares. Atenta-se ainda que, a melhor forma
tinadas a professores e gestores da educação concebidas por Henri de promover um processo de alfabetização e letramento exitoso é
Wallon, autor da Teoria do Desenvolvimento. Em sua teoria, Wallon oportunizar as crianças um espaço alfabetizador lúdico, onde o alu-
priorizou conceitos importantes que nortearão um processo peda- no possa interagir com o outro e com o objeto mediado pelo olhar
gógico mais produtivo e satisfatório para o aluno. Esses conceitos atento e comprometido do professor.
envolvem: integração, integração organismo-meio e integração dos
conjuntos funcionais-emoção, sentimento e paixão. Ou seja, o pa- A Construção do Pensamento e da Linguagem
pel da afetividade nos diferentes estágios.
A compreensão e a afetividade do professor na prática pedagó- No livro, “A construção do pensamento e da linguagem”44,
gica são recursos fundamentais para a eficácia do ensino nos anos Vygotsky estuda questões fundamentais do pensamento infantil,
iniciais. A relação interpessoal professor-aluno é determinante, formula concepções inteiramente novas para a época em que o es-
para desenvolver aprendizagens significativas. Desse modo, é ex- creveu, articula seu pensamento em um bem tramado aparato con-
tremamente importante perceber que, para o professor atingir seus ceitual e sedimenta o processo infantil de aquisição da linguagem
objetivos, faz-se preciso: confiar na capacidade do aluno; promover e do conhecimento com um sistema de categorias bem definidas,
constantemente o próprio desenvolvimento; desenvolver diferen- subordinando todo o seu trabalho a uma clara orientação episte-
tes saberes, entre eles, habilidades de relacionamento pessoal e mológica.
conteúdos culturais. Estes saberes são conhecimentos construídos
ao longo do tempo e através da socialização familiar e escolar.
Nesse contexto, Wallon adverte que, o desenvolvimento hu-
mano é estabelecido sob o foco do potencial genético combinado 44 RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano,
com vários fatores ambientais. Dessa forma, a ênfase da teoria 2011.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para o autor A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua O pensamento não coincide de forma exata com os significados
função inicial é a comunicação, expressão e compreensão. Essa fun- das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações en-
ção comunicativa está estreitamente combinada com o pensamen- tre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gra-
to. A comunicação é uma espécie de função básica porque permite mática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do
a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o pensamento. pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar
Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: a todo o conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um discurso.
linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e Portanto, podemos concluir que o pensamento não se reflete na
comunicar, e seria a primeira linguagem que surge. Depois teríamos palavra; realiza-se nela, a medida em que é a linguagem que permi-
a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada te a transmissão do seu pensamento para outra pessoa.
ao pensamento. Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último
plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último pla-
A Linguagem Egocêntrica no interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de
nossa consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades,
A progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o pro- nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso
cessamento de perguntas e respostas dentro de nós mesmos - o vai refletir imensamente na nossa fala e no nosso pensamento.
que estaria bem próximo ao pensamento, representa a transição O pensamento e a fala unem-se em pensamento verbal. Neste
da função comunicativa para a função intelectual. significado há um sentido cognitivo e um afetivo, que sempre estão
Nesta transição, surge a chamada fala egocêntrica. Trata-se da intimamente entrelaçados.
fala que a criança emite para si mesmo, em voz baixa, enquanto Para Vygotsky, a criança se inscreve desde os seus primeiros
está concentrado em alguma atividade. Esta fala, além de acompa- dias num sistema de comportamento social em que suas atividades
nhar a atividade infantil, é um instrumento para pensar em sentido adquirem significado. Sua relação com o ambiente se dá por meio
estrito, isto é, planejar uma resolução para a tarefa durante a ativi- da relação com outras pessoas, situação em que é oferecido a ela
dade na qual a criança está entretida. um conjunto de acepções, já culturalmente enraizado no grupo em
A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mes- que ela foi inserida. Os significados, por sua vez, são interiorizados
ma, e não uma linguagem social, com funções de comunicação e ao longo de seu processo de desenvolvimento, culminando com o
interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar aparecimento do pensamento verbal. Assim, o pensamento verbal
melhor as ideias e planejar melhor as ações. É como se a criança - síntese entre a atividade prática e a fala - é uma forma de compor-
precisasse falar para resolver um problema que, nós adultos, resol- tamento que se circunscreve num processo histórico-cultural e suas
veríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio. características e propriedades não podem ser vislumbradas nas for-
Uma contribuição importante de Vygotsky, descrita no livro, é mas naturais da fala e do pensamento.
o fato de que, por volta dos dois anos de idade, o desenvolvimento
do pensamento e da linguagem - que até então eram estudados em A Formação de Conceitos, Crescimento e Desenvolvimento: o
separado - se fundem, criando uma nova forma de comportamento. biológico, o psicológico e o social45
Este momento crucial, quando a linguagem começa a servir o
intelecto e os pensamentos começam a oralizar-se - a fase da fala Cada estágio da vida oferece ao indivíduo desafios importan-
egocêntrica - é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, tes para o seu desenvolvimento. O ser humano está em constante
por perguntas acerca de todas as coisas novas (“o que é isso?”) e processo de aprendizagem e essa não ocorre de forma isolada. São
pelo enriquecimento do vocabulário. inúmeros os fatores, tanto biológicos, quanto sociais ou históricos
O declínio da vocalização egocêntrica é sinal de que a criança que influenciam na formação do sujeito, mas que isoladamente não
progressivamente abstrai o som, adquirindo capacidade de “pensar determinam a sua constituição. Como afirma Vygotsky “o compor-
as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí estamos entrando na fase do tamento do homem é formado por peculiaridades e condições bio-
discurso interior. Se, durante a fase da fala egocêntrica houver algu- lógicas e sociais do seu crescimento”.
ma deficiência de elementos e processos de interação social, qual- Pode-se dizer que desde o nascimento, o homem já é um ser
quer fator que aumente o isolamento da criança, iremos perceber social em desenvolvimento e todas as suas manifestações aconte-
que seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é im- cem porque existe um outro social. Mesmo, quando ainda não se
portante para o cotidiano dos educadores, em que eles podem de- utiliza da linguagem oral, o sujeito já está interagindo e se familiari-
tectar possíveis deficiências no processo de socialização da criança. zando com o ambiente em que vive.
No mesmo sentido, a aprendizagem não acontece de maneira
Discurso Interior e Pensamento isolada, o indivíduo participante de um grupo social, ao conviver
com outras pessoas efetua trocas de informações e, desta forma,
O discurso interior é uma fase posterior à fala egocêntrica. É vai construindo o seu conhecimento conforme seu desenvolvimen-
quando as palavras passam a ser pensadas, sem que necessaria- to psicológico e biológico lhe permite. Para Vygotsky, a história do
mente sejam faladas. É um pensamento em palavras. Já o pensa- desenvolvimento das funções psicológicas superiores seria impos-
mento é um plano mais profundo do discurso interior, que tem por sível sem um estudo de sua pré-história, de suas raízes biológicas,
função criar conexões e resolver problemas, o que não é, necessa- e de seu arranjo orgânico. As raízes do desenvolvimento de duas
riamente, feito em palavras. É algo feito de ideias, que muitas vezes formas fundamentais, culturais, de comportamento, surge durante
nem conseguimos verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para
achar as palavras certas para exprimir um pensamento. 45 MELLO, E.F.F.; TEIXEIRA, A.C. A interação social descrita por Vygotsky e a
sua possível ligação com a aprendizagem colaborativa através das tecnologias de
rede.2012.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a infância: o uso de instrumentos e a fala humana. Isso, por si só Antes de ingressar na escola, a criança participa do grupo fami-
coloca a infância no centro da pré-história e do desenvolvimento liar, e de grupos ligados à família. Mas é no ambiente escolar que
cultural. este processo de interação em grupo se intensifica. A frequência de
A partir da abordagem do autor, é possível observar que a inte- encontros faz com que a experiência seja diferenciada de qualquer
ração tem papel fundamental no desenvolvimento da mente. A par- outra vivenciada até então, imputando à escola o status de espaço
tir da interação entre diferentes sujeitos se estabelecem processos legítimo de construção e partilha de conhecimentos. Nela, a inte-
de aprendizagem e, por consequência, o aprimoramento de suas ração é constante, mesmo quando não mediadas pelo educador se
estruturas mentais existentes desde o nascimento. consolidam aprendizagens que não constam nos currículos escola-
Neste processo, o ser humano necessita estabelecer uma rede res. Pozo salienta que “possivelmente em toda atividade ou com-
de contatos com outros seres humanos para incrementar e cons- portamento humano se está produzindo aprendizagem em maior
truir novos conceitos. O outro social, se torna altamente significa- ou menor dose.” Então, mesmo na ausência de um objetivo claro
tivo para as crianças que estão no auge do seu desenvolvimento, de ensinar algo, as interações informais e assistemáticas entre os
uma vez que assume o papel de meio de verificação das diferenças alunos podem leva-los a um novo aprendizado.
entre as suas competências e as dos demais, para, a partir deste
processo, formular hipóteses e sintetizar ideias acerca desses laços Fundamentos da Educação: Psicologia46
constituídos, tornando um processo interpessoal, num processo in-
trapessoal. Ao tratar das funções psicológicas superiores no desen- Os próprios títulos das obras de Jean Piaget colocam em evi-
volvimento da criança, Vygotsky as classifica em dois momentos: dência a significação que a sua doutrina científica reveste para a
Primeiro no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro didática. A génese do número na criança, O desenvolvimento das
entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da criança quantidades na criança, A geometria espontânea da criança, são to-
(intrapsicológica). Isso se aplica igualmente para atenção voluntá- dos títulos que deixam entrever um material rico em observações
ria, para a memória lógica e para a formação de conceitos. Todas as e reflexões que se prestam a uma aplicação imediata ao ensino -
funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos impressão que vem confirmar o estudo mais aprofundado desta
humanos. grande obra psicológica.
É importante que a criança, ao estabelecer esta comunicação, A psicologia de Jean Piaget é genética. Não se limita a estu-
já se sinta parte do mundo e que dele participe ativamente. Afinal, dar as reações características do adulto, ou de um período isolado
o conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas na intera- da infância, uma vez que analisa a própria formação das noções e
ção entre ambos. Agindo sobre os objetos e sofrendo a ação destes, operações no decurso do desenvolvimento da criança. Daí resulta
o homem vai ampliando a sua capacidade de conhecer, ou seja, de não somente uma compreensão aprofundada dos estados finais
vivenciar processos de aprendizagem. Nesta dinâmica, é possível do desenvolvimento mental, mas também um conhecimento pre-
apontar que o sujeito é um elemento ativo no processo de cons- ciso dos seus mecanismos de formação. Ora é evidente que estes
trução do seu conhecimento pois, conforme estabelece relações e últimos interessam ao didata, ao mais alto nível. Porque este não
se comunica, desenvolve-se cultural e socialmente, constituindo-se aponta a outro alvo senão ao de provocar de maneira consciente e
como indivíduo ativo. sistemática os processos de formação intelectual, que a psicologia
Sobre isto, Rogoff estabelece que o aprendizado acontece genética, pelo seu lado, estuda na atividade espontânea da criança.
a partir da apropriação participatória: O conceito de apropriação E não poderia pôr-se em dúvida que o conhecimento exato destes
participatória se refere a como indivíduos mudam através de seu processos é absolutamente necessário quando nós nos propomos
envolvimento em uma ou outra atividade. Com a participação guia- provocá-los através de situações de aprendizagem e de atividades
da como processo interpessoal através do qual as pessoas são en- escolares apropriadas.
volvidas na atividade sociocultural, a apropriação participatória é o Em segundo lugar, a psicologia de Jean Piaget analisa, com par-
processo pessoal pelo qual, através do compromisso em uma ativi- ticular sucesso, as funções mentais superiores, a saber: as noções,
dade, os indivíduos mudam e controlam uma situação posterior de operações e representações cujo conjunto constitui o pensamen-
maneiras preparadas pela própria participação na situação prévia. to humano. Ora, neste caso, esta psicologia responde ainda a uma
Esse é o processo de apropriação, e não de aquisição. necessidade precisa, porque os problemas didáticos mais difíceis
Assim como teoriza Vygotsky, acerca da natureza social do ser não dizem respeito à aquisição de hábitos, de automatismos ou de
humano que o acompanha desde seu nascimento, Rogoff aprofun- outros mecanismos primitivos, mas à formação de noções, de re-
da a teoria afirmando que através da apropriação participatória os presentações complexas e de operações constituindo sistemas de
envolvidos estabelecem novas condição para aquela situação. Ou conjunto (tabuada da multiplicação, regras da gramática, etc.). Ora,
seja, estabelecem conexões conforme as necessidades do grupo, é também bem evidente que só uma psicologia tal como a de Jean
dinâmica natural uma vez que todos os processos biológicos e so- Piaget, que fornece uma análise precisa das operações mentais e
ciais se organizam em uma lógica reticular, assumindo-se como uma dos seus grupos e agrupamentos, pode fornecer os conceitos ne-
pessoa que se comunica com outras e que, com estas, estabelece cessários para a solução de semelhantes problemas didáticos: as
relações conforme seu interesse. doutrinas centradas nas funções elementares tais como a motrici-
O ser humano não vive isolado, ele participa de diferentes am- dade, a percepção ou a associação não esclarecem as reações psí-
bientes. Os grupos reúnem seus integrantes em torno de um obje- quicas mais complexas.
tivo comum e as pessoas geralmente participam desses porque se É uma didática geral a que aqui apresentamos ao leitor: estu-
sentem acolhidas, porque percebem que naquele grupo sua pre- da as características fundamentais dos processos formativos e daí
sença é importante, então, pode-se afirmar que a comunicação cria deduz os princípios metodológicos sobre os quais deve assentar o
vínculos e é fundamental para que os indivíduos se efetivem como 46 Rogalski, J. A “Didática psicológica. Aplicação à didática da psicologia de Jean
ser social. Piaget” de Aebli: uma abordagem e um autor esquecidos. Laboreal. 2014.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ensino de todas as áreas fundamentais. Ainda que fornecêssemos Mas, que significa conhecer um objeto como “a alavanca” ou
um grande número de exemplos concretos, retirados mais frequen- uma noção como “a fração ordinária”?
temente do ensino primário, não se encontraria neste livro a didá- Será a capacidade de apresentar uma definição?
tica completa de nenhuma área do ensino. Propusemo-nos, pelo É evidente que não.
contrário, definir as noções fundamentais e o quadro geral comuns Dir-se-á então que o aluno deve possuir uma representação da
a todas as didáticas específicas. Admitiríamos que esta metodologia alavanca, imaginar o mecanismo do seu funcionamento?
teria cumprido a sua função, se se demonstrasse que pode servir Talvez; mas ainda falta explicitar o que se entende exatamente
para ordenar melhor o tão complexo domínio da didática, se as te- quando se diz que a criança deve adquirir esta ou aquela repre-
ses emitidas nas partes psicológica e didática incitassem outros in- sentação. No domínio do pensamento matemático, o problema é
vestigadores a empreender novas experiências ou se os professores o mesmo.
primários que os lessem adquirissem algumas ideias novas para o Que significa possuir a noção de fração ordinária?
seu trabalho prático.
Tendo nós próprios ensinados no primário e no secundário, Quando é que pode afirmar-se que ela foi adquirida pela crian-
cremos saber o que o praticante espera de uma obra didática: ça?
além dos princípios pedagógicos gerais, são exemplos concretos O educador desprevenido acredita, por vezes, que a aquisição
mostrando exatamente como o autor entende proceder, e isto em está concluída quando os alunos são capazes de resolver os pro-
situações escolares reais que frequentemente só oferecem possibi- blemas que impliquem as noções e as operações em questão. Ora,
lidades muito limitadas de realização, face aos postulados da nova frequentemente o fracasso total da turma perante um problema
escola. É por razões destas que empreendemos numerosas experi- colocado sob um formato pouco habitual evidencia que as crian-
ências didáticas destinadas a verificar como e com que sucesso as ças nem sequer assimilaram a noção e que usam simplesmente um
nossas propostas podem ser postas em prática nas condições esco- “truque”. O problema didático assim colocado é de ordem geral.
lares correntes. Publicamos, além disso, na parte experimental des- Traduz o fato de que as “matérias” (fatos, noções, etc.), inicialmente
ta obra os protocolos detalhados das lições que demos no quadro de algum modo exteriores ao espírito da criança, devem tornar-se
de uma dessas experiências. elementos do seu pensamento. Sem analisar ainda esse processo
Pedimos desculpa se essas descrições parecem um pouco lon- de aquisição, é preciso definir-lhe o resultado desejado, que se
gas a um ou outro dos nossos leitores: elas não são reproduzidas exprime dizendo que a criança “conhece o fato” ou que “adquiriu
apenas para permitir a outros investigadores repetir e verificar a a noção”. É esse o primeiro problema importante que se coloca a
nossa experiência, mas ainda e sobretudo para mostrar aos nos- qualquer didática. Incumbe, sem dúvida, à psicologia do pensamen-
sos colegas do ensino como concebemos a realização prática dos to responder-lhe com um máximo de autoridade.
nossos princípios didáticos. O próprio Piaget sugeriu-nos que escre- Mas há mais. Qualquer didática deve definir, e define de fato,
vêssemos este trabalho; as suas considerações e conselhos foram não somente como os alunos “conhecem” certa matéria, mas tam-
da maior utilidade ao longo de toda a sua realização. Além disso, bém como a “aprendem”. Tomemos o exemplo de um pedagogo
permitiu-nos designar este livro como uma aplicação à didática da para quem a noção de fração é uma imagem mental, depositada,
sua psicologia. Queira, portanto, Piaget aceitar a presente obra, não como que por impressão fotográfica, no espírito dos alunos. Com o
somente como uma nova confirmação do valor da sua doutrina psi- objetivo de provocar esse processo, apresentará à turma imagens
cológica, mas também como um sinal do nosso profundo reconhe- de círculos divididos em sectores que pendurará nas paredes da
cimento pela confiança e pelo encorajamento que nunca cessou de sala durante um período prolongado e que mandará copiar, colorir,
nos testemunhar. etc. Este exemplo ilustra uma das soluções (aliás, falsa, como nos
esforçaremos por mostrar a seguir) dadas a um segundo problema
A Contribuição da Psicologia para a Solução de Problemas Di- didático que apela para uma solução psicológica: a de determinar
dáticos com precisão a natureza dos processos de aquisição pelos quais a
criança assimila os fatos e as noções.
O que é de fato a didática? É uma ciência auxiliar da pedagogia À didática incumbe, além disso, o cuidado de estudar as con-
na qual esta última delega, para as realizações de pormenor, as tare- dições mais favoráveis a esses processos de formação. Ainda aí en-
fas educativas mais gerais. Como levar o aluno a adquirir tal noção, frentamos um campo muito amplo de problemas psicológicos que
tal operação ou tal técnica de trabalho? São esses os problemas levantam as questões da necessidade, do interesse, da atenção, da
que o didata procura resolver fazendo apelo ao seu conhecimento organização social da atividade escolar. O professor primário apoia-
psicológico das crianças e dos seus processos de aprendizagem. -se no seu conhecimento psicológico da criança para ter em conta
Existe assim uma didática da aritmética, dos trabalhos manu- essas condições nos seus ensinamentos.
ais, do canto, etc.; todavia limitaremos o presente estudo às aqui- A didática científica atribui-se como tarefa deduzir do conhe-
sições intelectuais, referindo-nos ainda - obviamente - aos outros cimento psicológico dos processos de formação intelectual as me-
aspetos da vida psíquica, na medida em que constituem condições didas metodológicas mais aptas a provocá-los. Tal relação entre a
ou consequências da formação intelectual. A fim de aclarar a contri- didática e a psicologia não se estabelece senão raramente duma
buição que a psicologia pode proporcionar à solução dos problemas maneira consciente e direta. E, todavia, qualquer método de ensino
didáticos, comecemos por nos interrogar como são geralmente de- é solidário com uma psicologia da criança e do seu pensamento,
terminadas as tarefas da didática. frequentemente não explicitada, é verdade, mas tacitamente pres-
Em quase todos os programas escolares, tais tarefas são defini- suposta. A análise atenta de uma metodologia, e mesmo de simples
das em termos de noções a adquirir: noções de geografia, de física, práticas didáticas em uso nas escolas, revela bastante facilmente as
de aritmética, etc. Eis as “matérias” que o aluno deve “aprender”, concepções psicológicas subjacentes.
que deve assimilar para as “conhecer”.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estas considerações sugeriram-nos, para esta obra, o plano uma metodologia de pesquisa própria, faz com que alguns autores
seguinte: começaremos por estudar a solução dada ao problema sugiram que o estudo desenvolvimento humano constitua um cam-
da formação das noções e operações pela didática do século XIX. po de atuação independente da Psicologia, que tem sido chamado
Depois, tentaremos mostrar que esta metodologia é solidária com de “Ciência do Desenvolvimento Humano”.
a psicologia e a filosofia “sensualista-empirista” em voga na mes- Pesquisadores do desenvolvimento humano concordam que
ma época. Numa segunda secção da parte histórica passaremos em um dos objetos de estudo do psicólogo do desenvolvimento é o
revista algumas teorias reformadoras do século XX e os seus funda- estudo das mudanças que ocorrem na vida dos indivíduos. Papalia e
mentos psicológicos, nomeadamente diversos movimentos peda- Olds, por exemplo, definem desenvolvimento como “o estudo cien-
gógicos habitualmente agrupados sob a designação de teorias da tífico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde
“escola ativa”. Numa terceira parte consideraremos certos aspetos a concepção até a morte”.
da psicologia de Jean Piaget que nos parece poderem servir de base A definição destes autores salienta o fato de que psicólogos
a princípios metodológicos, cuja exposição constituirá o conteúdo do desenvolvimento estudam as mudanças, mas não nos oferece
dos capítulos seguintes. Finalmente, ilustraremos as nossas suges- nenhuma informação sobre questões fundamentais ao estudo do
tões com a descrição de uma experiência didática que nós mesmo desenvolvimento humano. O que muda? Como muda? E quando
conduzimos nas escolas públicas do cantão de Zurique. muda? Estas são perguntas frequentes nas pesquisas sobre o de-
senvolvimento, e são frequentemente abordadas de forma distintas
pelas diferentes abordagens teóricas que descrevem o desenvolvi-
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUAS DISTIN- mento humano.
TAS CONCEPÇÕES Dizer que ao longo do tempo mudanças ocorrem na vida dos
indivíduos não nos esclarece estas questões. O tempo é apenas
uma escala, não é uma variável psicológica. Portanto, é preciso en-
No século XXI psicólogos do desenvolvimento enfrentam novos
tender como as condições internas e externas ao indivíduo afetam e
desafios uma vez que as novas concepções de atuação profissional
promovem essas mudanças. As mudanças no desenvolvimento são
que enfatizam a prevenção e a promoção de saúde fazem com que
adaptativas, sistemáticas e organizadas, e refletem essas situações
profissionais de várias áreas busquem na psicologia do desenvolvi-
internas e externas ao indivíduo que tem que se adaptar a um mun-
mento subsídios teóricos e metodológicos para sua prática profis-
do em que as mudanças são constantes.
sional. O que está em questão é o desenvolvimento harmônico do
Variáveis internas podem ser entendidas como aquelas ligadas
indivíduo, que integra não apenas um aspecto, mas todas as dimen-
à maturação orgânica do indivíduo, as bases genéticas do desenvol-
sões do desenvolvimento humano sejam elas: biológicas, cogniti-
vimento.
vas, afetivas ou sociais. 47
Recentemente, os processos inatos que promovem o desenvol-
vimento humano voltam a ser discutidos por teóricos do desenvol-
A Delimitação Conceitual do Campo da Psicologia do Desen-
vimento humano.
volvimento
As variáveis externas são aquelas ligadas à influência do am-
biente no desenvolvimento. As abordagens sistêmicas de investiga-
O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afe-
ção do desenvolvimento humano há muito chamam atenção para a
tivas, cognitivas, sociais e biológicas em todo ciclo da vida. Desta
importância de se entender as diversas interações que ocorrem nos
forma faz interface com diversas áreas do conhecimento como: a
múltiplos contextos em que o desenvolvimento se dá. Incluindo-se
biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina entre outras.
nesta discussão uma análise do momento histórico em que o indi-
Tradicionalmente o estudo do desenvolvimento humano focou
víduo se desenvolve.
o estudo da criança e do adolescente, ainda hoje muitos dos manu-
Biaggio argumenta que a especificidade da psicologia do de-
ais de psicologia do desenvolvimento abordam apenas esta etapa
senvolvimento humano está em estudar as variáveis externas e in-
da vida dos indivíduos.
ternas aos indivíduos que levam as mudanças no comportamento
O interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem ori-
em períodos de transição rápida (infância, adolescência e envelhe-
gem na história do estudo científico do desenvolvimento humano,
cimento). Teorias contemporâneas do desenvolvimento aceitam
que se inicia com a preocupação com os cuidados e com a educação
que as mudanças são mais marcadas em períodos de transição rá-
das crianças, e com o próprio conceito de infância como um período
pida, mas mudanças ocorrem ao longo de toda a vida do indivíduo,
particular do desenvolvimento.
não só nestes períodos. Portanto, é preciso se ampliar o escopo do
No entanto, este enfoque vem mudando nas últimas décadas,
entendimento do que é o estudo do desenvolvimento humano.
e hoje há um consenso de que a psicologia do desenvolvimento
Para que se leve a termo estas considerações, as pesquisas em
humano deve focar o desenvolvimento dos indivíduos ao longo de
desenvolvimento humano utilizam metodologia específica, entre
todo o ciclo vital. Ao ampliar o escopo de estudo do desenvolvi-
elas a mais comumente usada são os estudos longitudinais. A “In-
mento humano, para além da infância e adolescência, a psicologia
ternational Society for the Study of Behavioral Development” lançou
do desenvolvimento acaba por fazer interface também com outras
em 2005 uma edição especial intitulada “Longitudinal Research on
áreas da psicologia. Só para citar algumas áreas temos: a psicologia
Human Development: Approachs, Issues and New Directions”. Nesta
social, personalidade, educacional, cognitiva.
edição se discute as contribuições e limitações dos estudos longitu-
Assim surge a necessidade de se delimitar esse campo de atu-
dinais para a produção do conhecimento na psicologia do desen-
ação, definindo o que há de específico na psicologia do desenvol-
volvimento.
vimento humano. A necessidade de se integrar ao estudo do de-
Cillessen ressalta que estudos longitudinais se aplicam as várias
senvolvimento humano uma perspectiva interdisciplinar, que adote
áreas do conhecimento não apenas a Psicologia do Desenvolvimen-
47 MOTA, Márcia Elia da. disponível em http://pepsic.bvsalud.org/ to. Também não se aplicam apenas a estudos de longo prazo e com
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

muitos indivíduos, mas na psicologia do desenvolvimento adquirem Que possibilidades concretas são estas de formação de cone-
uma importância fundamental, pois permitem que se acompanhe xões? O cérebro humano dispõe de cerca de 100 bilhões de neurô-
o desenvolvimento dos indivíduos ao longo do tempo, ao mesmo nios, sendo que cada um pode chegar a estabelecer cerca de 1000
tempo em que, controlam-se as múltiplas variáveis que afetam o sinapses, em certas circunstâncias ainda mais. Desta forma, as pos-
desenvolvimento. sibilidades são de trilhões de conexões, o que significa que a capaci-
Os teóricos que trabalham na abordagem do Curso da Vida, dade de aprender de cada um de nós é absolutamente muito ampla.
chamam atenção para algumas das limitações deste tipo de aborda- Enquanto espécie, o ser humano apresenta, desde o nascimen-
gem, que estudam apenas uma coorte de cada vez, não permitindo to, uma plasticidade muito grande no cérebro, podendo desenvol-
inferências sobre o comportamento entre gerações. Apontam para ver várias formas de comportamento, aprender várias línguas, uti-
a necessidade de incluir outras coortes históricas em estudos sobre lizar diferentes recursos e estratégias para se inserir no meio, agir
o desenvolvimento humano, ressaltando a necessidade de estudos sobre ele, avaliar, tomar decisões, defender-se, criar condições de
longitudinais de coorte, mais amplos que os estudos longitudinais sobrevivência ao longo de sua vida.
tradicionais. A plasticidade cerebral também permite que áreas do cérebro
Além da Teoria do Curso da Vida, teóricos de diversas abor- destinadas a uma função específica possam assumir outras funções,
dagens chamam a atenção para a necessidade de se considerar as como, por exemplo, o córtex visual no caso das crianças que nas-
questões metodológicas específicas ao estudo do desenvolvimento cem cegas. Como esta parte do cérebro não será “chamada a fun-
e as limitações das metodologias tradicionais Assim, pelas questões cionar”, pois o aparelho da visão apresenta impedimentos (então
acima citadas, consideramos que uma melhor definição de Psico- não manda informação a partir da percepção visual para o cérebro),
logia do Desenvolvimento seria “O estudo, através de metodologia ela poderá assumir outras funções.
específica e levando em consideração o contexto sócio histórico, Plasticidade cerebral é, também, a possibilidade de realizar a
das múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, afetivas, biológicas ou “interdisciplinaridade” do cérebro: áreas desenvolvidas por meio
sociais, internas ou externas ao indivíduo que afetam o desenvolvi- de um tipo de atividade podem ser “aproveitadas” para aprender
mento humano ao longo da vida”. outros conhecimentos ou desenvolver áreas relativas a outro tipo
Através da identificação dos fatores que afetam o desenvolvi- de atividade. Por exemplo, áreas desenvolvidas pela música, como
mento humano podemos pensar sobre trabalhos de intervenção a de ritmo, são “aproveitadas” no ato da leitura da escrita ou a de
mais eficazes, que levem a um desenvolvimento harmônico do in- divisão do tempo na aprendizagem de matemática.
divíduo. Sendo assim, os conhecimentos gerados por essa área da
psicologia trazem grandes contribuições para os trabalhos de pre- A ação da criança depende da maturação orgânica e das possi-
venção e promoção de saúde. Aqui a concepção de saúde adquire bilidades que o meio lhe oferece: ela não poderá realizar uma ação
uma perspectiva mais ampla e engloba os diversos contextos que para a qual não tenha o substrato orgânico, assim como não fará
fazem parte da vida dos indivíduos (escola, trabalho, família). muitas delas, mesmo que biologicamente apta, se a organização do
O desenvolvimento humano48 se realiza em períodos que se seu meio físico e social não propiciar sua realização ou se os adultos
distinguem entre si pelo predomínio de estratégias e possibilidades não a ensinarem.
específicas de ação, interação e aprendizagem. O ser humano aprende somente as formas de ação que existi-
Os períodos de desenvolvimento são, normalmente, referidos rem em seu meio, assim como ele aprende somente a língua ou as
como infância, adolescência, maturidade e velhice. É mais adequa- línguas que aí forem faladas. As estratégias de ação e os padrões
do, porém, pensarmos o processo de desenvolvimento humano em de interação entre as pessoas são definidos pelas práticas culturais.
termos das transformações sucessivas que o caracterizam, transfor- Isto significa que a cultura é constitutiva dos processos de de-
mações que são marcadas pela evolução biológica (que é constante senvolvimento e de aprendizagem.
para todos os seres humanos) e pela vivência cultural. A criança se constitui enquanto membro do grupo por meio da
formação de sua identidade cultural, que possibilita a convivência e
Plasticidade Cerebral sua permanência no grupo. Simultaneamente ela constitui sua per-
sonalidade que a caracterizará como indivíduo único.
O cérebro humano apresenta uma grande plasticidade. Plasti- Os comportamentos e ações privilegiados em cada cultura são,
cidade é a possibilidade de formação de conexões entre neurônios então, determinantes no processo de desenvolvimento da criança.
a partir das sinapses. A plasticidade se mantém pela vida toda, em- A vida no coletivo sempre envolve a cultura: as brincadeiras, o
bora sua amplitude varie segundo o período de formação humana. faz de conta, as festas, os rituais, as celebrações são todas situações
Assim é que, quanto mais novo o ser humano, maior plasticidade em que a criança se constitui como ser de cultura.
apresenta. Certas conexões se fazem com uma rapidez muito gran-
de na criança pequena. É isto que possibilita o desenvolvimento da Desenvolvimento Cultural
linguagem oral, a aprendizagem de uma ou mais línguas maternas
simultaneamente, o domínio de um instrumento musical, o desen- O desenvolvimento tecnológico e o processo de globalização
volvimento dos movimentos complexos e a perícia de alguns deles, da informação por meio da imagem modificaram os processos de
como aqueles envolvidos no ato de desenhar, de correr, de nadar... desenvolvimento cultural por introduzirem novas formas de media-
Consequentemente a infância é o período de maior plasticida- ção. As novas gerações desenvolvem-se com diferenças importan-
de e isto atende, naturalmente, ao processo intenso de crescimento tes em relação às gerações precedentes, por meio, por exemplo, da
e desenvolvimento que ocorre neste período. Assim, a plasticidade interação com a informática, com as imagens presentes por meio
atende às necessidades da espécie. urbano (várias formas de propaganda, como cartazes, outdoors
móveis). O mesmo acontece com crianças nas zonas rurais com o
48 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag1.pdf advento da eletricidade e da TV, ou com crianças indígenas que
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

passaram a experienciar o processo de escolarização e, também, Em b e c temos uma regra importante que é o valor posicional:
em vários casos a presença de novos instrumentos culturais como o a posição dos elementos simbólicos determina o significado (1 e 5)
rádio, a TV, câmeras de vídeo, fotografia, entre outros. 15 é diferente de 51. O mesmo se aplica ao gato que corre atrás do
O desenvolvimento do cérebro é função da cultura e dos ob- cachorro, em que se explicita a ação inversa do cachorro que corre
jetos culturais existentes em um determinado período histórico. atrás do gato.
Novos instrumentos culturais levam a novos caminhos de desenvol- A função simbólica é a atividade mais básica das ações que
vimento. O computador é um bom exemplo: modificou as formas acontecem na escola, tanto do educador como do educando. Quan-
de lidar com informações, provocando mudanças nos caminhos da do os elementos do currículo não mobilizam adequadamente o
memória. A presença de novos elementos imagéticos e cinestési- exercício desta função, a aprendizagem não se efetua.
cos repercute no desenvolvimento de funções psicológicas como a Nesta dimensão do simbólico, as artes destacam-se, pois são
atenção e a imaginação. elas as formas mais complexas de atividade simbólica humana. An-
Considerando, então, que o cérebro se desenvolve do diálogo teriores aos conhecimentos formais, elas propiciaram a estrutura-
entre a biologia da espécie e a cultura, verifica-se que, na escola, o ção dos movimentos e das imagens de forma que eles pudessem
currículo é um fator que interfere no desenvolvimento da pessoa. evoluir culturalmente para sistemas de registros.
Os “conteúdos” escolhidos para o currículo irão, sem dúvida,
ter um papel importante na formação. As atividades para conduzi- Percepção
rem às aprendizagens, precisam estar adequadas às estratégias de A percepção é realizada pelos cinco sentidos externos. O ser
desenvolvimento próprias de cada idade. Em outras palavras, a re- humano desenvolve estes sentidos desde que não haja impedi-
alização do currículo precisa mobilizar algumas funções centrais do mentos nos órgãos dos sentidos ou nas estruturas cerebrais que
desenvolvimento humano, como a função simbólica, a percepção, a processam a percepção de cada um deles. Quando isto acontece,
memória, a atenção e a imaginação. um sentido “compensa” o outro: a pessoa desenvolve mais o tato
quando não enxerga, desenvolve mais a visão quando não ouve.
Linguagem e Imagens Mentais: percepção, memória e imagi- Nestes casos, também, o ser humano pode desenvolver os dois sub-
nação desenvolvimento da função simbólica sentidos externos que são a vibração e o calor.
Isso revela que os sentidos funcionam com interdependência,
A partir da sua ação e interação com o mundo (a natureza, as o que tem uma relevância fundamental para os professores, pois
pessoas, os objetos) e das práticas culturais, a criança constitui o o ensino deve mobilizar várias dimensões da percepção para que
que chamamos de função simbólica, ou seja, a possibilidade de re- o aluno possa “guardar” conteúdos na memória de longa duração.
presentar, mentalmente, por símbolos o que ela experiencia, sensi- Há maior empenho em perceber algo quando há algum inte-
velmente, no real. resse neste “algo”. Por exemplo, quando alguém ouve uma música
O desenvolvimento da função simbólica no ser humano é de de um cantor de quem gosta muito, fica atento e evoca a melodia
extrema importância, uma vez que é por meio do exercício desta ou a letra. Se for uma canção nova e se reconhece a voz do can-
função que o ser humano pode construir significados e acumular tor, mobiliza os processos mentais da memória auditiva a partir da
conhecimentos. percepção auditiva, ou seja, seleciona a canção, destacando-a das
Todo ensino na escola, de qualquer área do conhecimento, im- outras informações sonoras e/ou ruídos presentes no ambiente.
plica na utilização da função simbólica. As atividades que concor- Por outro lado, a percepção pode criar um interesse novo. Ao
rem para a formação da função simbólica variam conforme o perío- ser introduzida a um conhecimento novo, uma pessoa pode se in-
do de desenvolvimento. Por exemplo, o desenho e a brincadeira de teressar ou não por ele, dependendo das estratégias utilizadas por
faz-de-conta são atividades simbólicas próprias da criança pequena, quem o introduz. Assim, em sala de aula, não é somente o conteúdo
que antecedem a escrita: na verdade, elas criam as condições inter- que motiva, mas, sobretudo, como o professor trabalha com o con-
nas para que a criança aprenda a ler e a escrever. teúdo, seja ele da escrita, artes ou ciências.
A linguagem escrita, a matemática, a química, a física, o siste- A percepção visual é o processamento de atributos do objeto
ma de notação da dança, da música são manifestações da função como cor, forma e tamanho. Ela acontece em regiões do córtex ce-
simbólica. As aprendizagens escolares são apropriações de conhe- rebral e há fortes indicações de que estas regiões sejam as mesmas
cimentos formais, ou seja, conhecimentos organizados em siste- ou estejam muito próximas daquelas que “guardariam” a memória
mas. Sistematizar é estabelecer conceitos, ordená-los em níveis de dos objetos. Desta forma, percepção e memória estão muito próxi-
complexidade com regras internas que regulam a relação entre os mas nas aprendizagens escolares.
elementos que os compõem. Todo conhecimento formal é repre-
sentado, simbolicamente, pela linguagem de cada sistema. Memória
Por exemplo: Toda aprendizagem envolve a memória. Todo ser humano tem
memória e utiliza seus conteúdos a todo o momento. São três os
movimentos da memória: o de arquivar, o de evocar e o de esque-
a) a2 = b2 + c2¶
cer. Ao entrar em contato com algo novo, o ser humano pode criar
b) 15 + 36 = 51 ¶ novas memórias, ou seja, arquiva este conhecimento, experiência
c) O gato correu atrás do cachorro.¶ ou ideia em sua memória de longa duração. As impressões grava-
O cachorro correu atrás do gato¶ das na memória de longa duração, a partir das experiências vividas,
podem ser “evocadas”, trazidas à consciência. Outras experiências,
informações, vivências, imagens e ideias são esquecidas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sabemos que estes movimentos têm uma participação do sis- Memória operacional
tema límbico no qual se originam nossas emoções. A memória é Como o próprio nome diz, a memória operacional se ocupa das
modulada pela emoção. Isto quer dizer que os estados emocionais operações, ou seja, um sistema de ações organizadas, segundo a
podem “interferir”, facilitando ou reforçando a formação de novas natureza do comportamento. Por exemplo, está na memória ope-
memórias, assim como podem, também, enfraquecer ou dificultar racional o comportamento de andar, de dirigir, de dançar. São com-
a formação de uma nova memória. portamentos que se efetuam, muito rapidamente, para os quais
Quanto ao tempo, os tipos de memória são muito importan- não há “tempo” para comandos do cérebro. São comportamentos
tes para o educador, pois as aprendizagens escolares dependem da que têm uma ordem de movimentos a ser seguida e esta ordem já
formação de novas memórias de longa duração. Muitas vezes, no está “fixada” na memória.
entanto, os conteúdos ficam no nível da curta duração e desapare- Na memória operacional estão as conjugações verbais, isto é,
cem rapidamente. O desafio da pedagogia é formular metodologias os tempos futuro, presente e passado do verbo. Assim, a organi-
de ensino que transformem esta primeira ação da memória (curta zação da ação no tempo se realiza com a participação deste tipo
duração) em memórias de longa duração. É importante mencionar de memória. Este fato tem implicações para as aprendizagens es-
aqui que temos, também, a possibilidade de formar uma memória colares. Com estas descobertas somos levados a rever o ensino da
ultrarrápida que desaparece após a sua utilização, como quando, sintaxe em português: a gramática é necessária para o aluno, pois
por exemplo, gravamos um número de telefone para discá-lo e, logo fornece estrutura para a apropriação e organização da linguagem
em seguida, já o esquecemos. escrita e a organização das informações em todas as matérias.
Quanto à natureza, temos vários tipos de memória. Temos a
memória implícita, a memória explícita e a operacional. A memória Imaginação - A Capacidade Imaginativa na Espécie Humana
explícita pode ser semântica ou episódica. Se considerarmos a evolução de nossa espécie, veremos que
Para as aprendizagens escolares, precisam ser mobilizadas a ela é pautada pela invenção, ou seja, pela criação de objetos, de
memória explicita semântica e a memória operacional. sistemas, de linguagens, tecnologia, teorias, ciência, arte, códigos
Para a formação de novas memórias dos conteúdos escolares etc. Toda produção cultural é resultante de um processo cumulativo
ao aluno precisa, desde o início da escolarização, ser ensinado o de invenções, pequenas e grandes, que dão base para as invenções
que fazer e como para aprender os conhecimentos envolvidos nas futuras.
aprendizagens escolares. O aluno precisa ser capaz de “refazer” o A comunicação, atividade primordial da espécie, ganha a cada
processo da aprendizagem. Refazer implica tanto em recapitular o geração novos processos, novas tecnologias. O ser humano dedi-
conteúdo ensinado, como em retomar as atividades (humanas) que ca grande parte de sua criatividade a ampliar e desenvolver meios
o levaram a “guardar” o conteúdo na memória de longa duração. de comunicação e meios de transporte que facilitem os processos
comunicativos e que tornem mais ágeis os deslocamentos das pes-
Memória Explícita Semântica soas.
Também chamada de declarativa, a memória explícita semân- A possibilidade de criar depende, na nossa espécie, da ima-
tica inclui as memórias que podem ser explicitadas pela linguagem. ginação, função psicológica pela qual nós somos capazes de unir
Este tipo de memória engloba aquilo que pode ser lembrado por elementos percebidos e experiências em novas redes de conexão.
meio das imagens, símbolos ou sistemas simbólicos. A capacidade O funcionamento da imaginação e seu desenvolvimento, embora
da memória declarativa está ligada à organização de informações relacionados às outras funções psicológicas superiores, têm uma
em padrão. grande autonomia e se manifestam tanto na ação como no ato de
Pesquisas demonstram que o ser humano se lembra “mais fa- aprender.
cilmente” daquilo que está organizado segundo regras. Isto implica Desta forma, podemos dizer que para as aprendizagens escola-
na existência de padrões internos. Todas as linguagens são organi- res a imaginação desempenha um papel central e deve ser conside-
zadas por padrões: a linguagem das ciências, das várias áreas do rada no planejamento, na alocação de tempo das atividades dentro
conhecimento, a linguagem escrita, a matemática, a cartográfica, e fora da sala de aula, nas situações comuns do cotidiano escolar.
a linguagem da dança, da música. Toda atividade artística também Os alunos devem, também, ser acompanhados avaliativamente na
depende de utilização de elementos que se organizam em padrões, evolução de sua imaginação.
que têm regras próprias em cada forma de arte.
Na escrita, os padrões aparecem nas cinco dimensões da lin- A Ligação entre Imaginação e Memória
guagem, embora apareçam, mais fortemente, na sintaxe. Por isto, Vygotsky trata da diferença entre reprodução e criação: ambas
a sintaxe é o elemento forte, o instrumentador da língua escrita. A atividades têm apoio na memória, mas diferem pelo alcance tem-
palavra solta é um símbolo, a palavra na construção sintática surge poral. Reproduzir algo, mentalmente, se apoia na experiência sen-
como estrutura. Na linguagem oral humana, o eixo forte do padrão sível anterior. Por exemplo, construo uma imagem mental da casa
é o verbo. Há maior resiliência no cérebro para os símbolos que onde moravam meus avós, pelos elementos gravados na memória,
representam a ação humana, uma vez que o movimento é o grande mas crio uma imagem mental da casa dos avós de uma persona-
recurso na espécie para o desenvolvimento cultural e tecnológico, gem em um romance a partir dos elementos oferecidos pelo autor.
além de ser a matéria bruta primeira da comunicação entre huma- Ou seja, no segundo caso uso a imaginação para criar este espaço
nos e de expressão das emoções. utilizando, com certeza, elementos percebidos, anteriormente, mas
As pessoas tendem a memorizar, mais facilmente, aquilo em que se combinam entre si, de acordo com a relação dialógica esta-
que elas conseguem aplicar padrões. Para as aprendizagens escola- belecida com o texto no ato da leitura, diferentemente, do primeiro
res isto é fundamental: o ensino bem sucedido é aquele que “ins- caso em que busco a fidedignidade da imagem mental, tendo a casa
trumentaliza” a pessoa para construir, aplicar, reconhecer e “mani- concreta como referencial.
pular” padrões.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vygotsky coloca que a primeira experiência se apoia na análise do passado. Ela é uma reprodução do que se viveu, enquanto que
no segundo é uma realização do presente projetada no futuro. A criação literária dá esta possibilidade de partilhamento na criação, pois
possibilita ao leitor a superação do texto para a criação das imagens de cada personagem, que é constituída pelos dados oferecidos de sua
personalidade, de suas ações, de suas formas de pensamento, criação de imagens do contexto.
A imaginação na realidade não se “desprega” da memória, mas recria com os elementos da memória. Imaginar implica, portanto, em
se liberar das conexões que estão feitas dos elementos percebidos, para “reutilizar” estes elementos em outras configurações.
Temos aí duas implicações importantes: primeiramente, que a imaginação não é dada na espécie, é construída. Segundo, que ela é
parte integrante do processo de aprendizagem, porque aprender significa, exatamente, ser capaz de estabelecer conexões entre infor-
mações, construindo significado. Podemos ver que, neste segundo caso, a imaginação é base para o estabelecimento destas novas redes,
uma vez que ela é a função psicológica que estabelece relações significativas entre elementos que não estavam conectados entre si. A
imaginação cria condições de aprendizagem.
Temos assim que a relação entre imaginação e memória tem sentido duplo: a base para o funcionamento da imaginação são os ele-
mentos que estão contidos na memória e o próprio funcionamento da imaginação desenvolve a memória (por meio do processo imagi-
nativo, novas mediações semióticas são realizadas, dando à pessoa uma maior complexidade aos sistemas contidos na memória de longa
duração).

Porque a imaginação é importante na aprendizagem?

1. Ela está na origem da construção do conhecimento que vamos ensinar.


O conhecimento científico e o conhecimento estético foram produzidos a partir do exercício da imaginação humana nos vários
períodos históricos.

2. Ela está na origem do conhecimento que será construído pelo aluno.


A imaginação motiva. Muitos educadores concordarão que a motivação é um fator importante para o educando aprender.
Motivar implica em mobilização para, interesse em envolvimento com o objeto de aprendizagem.
Esta disponibilidade para aprender envolve, do ponto de vista psicológico, a imaginação.
Por exemplo, podemos motivar o aluno para um fenômeno científico que será estudado com o concurso da mobilização da imagina-
ção: como será que a energia elétrica surge na represa? Como será que a luz chega à lâmpada?
Que será que acontece com a semente debaixo da terra? Como será que o computador guarda tanta informação? Porque o rio muda
de cor?
Levantar hipóteses para qualquer destas questões implica em ter liberdade de pensamento. Isto é, a capacidade imaginativa no ser
humano tem como base a liberação da experiência sensível imediata, desta forma a pessoa pode lidar, livremente, com o acervo mental
que detém de imagens, informações, sensações colhidas nas várias experiências de vida, juntamente com as emoções e sentimentos que
as acompanharam.
O desenvolvimento humano e a aprendizagem, na escola, envolvem, precisamente, esta dialética de receber informações por meio
dos sentidos e ter a possibilidade de ir além delas pelas funções mentais.

O Desenvolvimento Humano na Teoria de Piaget

De acordo com a publicação de Marcia Regina Terra49 o estudo do desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conheci-
mento da Psicologia em que concentram-se no esforço de compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o
nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme mostra a linha evolutiva da Psicologia, tem
culminado na elaboração de várias teorias que procuram reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vistas, as condições
de produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões de mundo e de homem dominantes em cada momento
histórico da sociedade.
Assim, dentre essas tantas teorias tem-se a de Jean Piaget, que, como as demais, busca compreender o desenvolvimento do ser
humano. No entanto, ela se destaca de outras pelo seu caráter inovador quando introduz uma ‘terceira visão’ representada pela linha
interacionista que constitui uma tentativa de integrar as posições dicotômicas de duas tendências teóricas que permeiam a Psicologia em
geral - o materialismo mecanicista e o idealismo - ambas marcadas pelo antagonismo inconciliável de seus postulados que separam de
forma estanque o físico e o psíquico.
Um outro ponto importante a ser considerado, segundo estudiosos, é o de que o modelo piagetiano prima pelo rigor científico de sua
produção, ampla e consistente ao longo de 70 anos, que trouxe contribuições práticas importantes, principalmente, ao campo da Educa-
ção - muito embora, curiosamente aliás, a intenção de Piaget não tenha propriamente incluído a ideia de formular uma teoria específica
de aprendizagem.
Tendo em vista o objetivo da teoria piagetiana que de acordo com Coll e Gillièron é “compreender como o sujeito se constitui enquan-
to sujeito cognitivo, elaborador de conhecimentos válidos” cabe algumas considerações sobre o método piagetiano sobre o desenvolvi-
mento humano.

49 http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Visão Interacionista de Piaget: a relação de interdependência entre o homem e o objeto do conhecimento


Introduzindo uma terceira visão teórica representada pela linha interacionista, as ideias de Piaget contrapõem-se, conforme mencio-
namos mais acima, às visões de duas correntes antagônicas e inconciliáveis que permeiam a Psicologia em geral: o objetivismo e o subje-
tivismo. Ambas as correntes são derivadas de duas grandes vertentes da Filosofia (o idealismo e o materialismo mecanicista) que, por sua
vez, são herdadas do dualismo radical de Descartes que propôs a separação estanque entre corpo e alma, id est, entre físico e psíquico, ou
seja, para ele havia uma ruptura radical entre o corpo e a alma que eram distintos e independentes entre si.
Assim sendo, a Psicologia objetivista, privilegia o dado externo, afirmando que todo conhecimento provém da experiência; e a Psico-
logia subjetivista, em contraste, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo,
portanto, a primazia do sujeito sobre o objeto.
Desta forma as duas teorias distintas entre si privilegiam cada uma a sua proposta ora o subjetivismo, as experiências internas, as
vivências e tudo que é inerente ao indivíduo e ora o objetivismo com tudo que é externo ao indivíduo não havendo assim um meio termo
entre ambas.
Sendo assim, considerando insuficientes essas duas posições para explicar o processo evolutivo da filogenia humana, Piaget formula o
conceito de epigênese, argumentando que “o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação
inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas”.
Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo
com o meio ambiente - físico e social - que o rodeia, significando entender com isso que as formas primitivas da mente, biologicamente
constituídas, são reorganizadas pela psique socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o
objeto a conhecer.
Esse processo, por sua vez, se efetua através de um mecanismo auto regulatório que consiste no processo de equilibração progressiva
do organismo com o meio em que o indivíduo está inserido.
Deste modo considera-se que as experiências internas, inatas do indivíduo em relação direta com o meio externo é o que produz o
conhecimento, ou seja, o social em conjunto com o individual é que forma a estrutura completa do ser humano e, a cada novo contato com
o meio existem reorganizações para que se atinja novamente o estado de equilíbrio o indivíduo com o meio que o cerca.

Psicologia Objetivista Psicologia Subjetivista Interacionismo


Materialismo mecanicista Idealismo Piaget
Privilegia o psiquismo, para ela o
Privilegia o dado externo, assim todo
conhecimento é anterior à experiên- É um “meio termo” entre o objetivismo e o
o conhecimento vem da experiências
cia, ou seja, é o indivíduo que “age” subjetivismo.
do indivíduo.
sobre o objeto.
É o meio ambiente e objetos que Nessa visão o processo evolutivo humano tem
As vivências inatas e inerentes ao ser
cercam o indivíduo bem como suas uma origem biológica que é ativada pela ação e
humano que possibilitam o conheci-
experiências externas que possibili- interação do organismo com o meio ambiente -
mento.
tam o conhecimento físico e social - que o rodeia.
O Processo de Equilibração: a busca pelo pensamento lógico
Pode-se dizer que o “sujeito epistêmico” protagoniza o papel central do modelo piagetiano, pois a grande preocupação da teoria é
desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início da sua vida até a idade adulta.
Nesse sentido, a compreensão dos mecanismos de constituição do conhecimento, na concepção de Piaget, equivale à compreensão
dos mecanismos envolvidos na formação do pensamento lógico, matemático. Como lembra La Taille, “(...) a lógica representa para Piaget
a forma final do equilíbrio das ações. Ela é um sistema de operações, isto é, de ações que se tornaram reversíveis e passíveis de serem
compostas entre si’”.
Com base nisso Piaget sustenta que a gênese do conhecimento está no próprio sujeito, ou seja, o pensamento lógico não é inato ou
tampouco externo ao organismo mas é fundamentalmente construído na interação homem-objeto, assim o desenvolvimento da filogenia
humana se dá através de um mecanismo auto regulatório que tem como base condições biológicas (que são inatas) e que são ativadas pela
ação e interação do organismo com o meio ambiente tanto físico quanto social.
Está implícito nessa ótica de Piaget que o homem é possuidor de uma estrutura biológica que o possibilita desenvolver o mental, no
entanto, esse fato por si só não assegura o desencadeamento de fatores que propiciarão o seu desenvolvimento, haja vista que este só
acontecerá a partir da interação do sujeito com o objeto a conhecer. Por sua vez, a relação com o objeto, embora essencial, da mesma for-
ma também não é uma condição suficiente ao desenvolvimento cognitivo humano, uma vez que para tanto é preciso, ainda, o exercício do
raciocínio. Por assim dizer, a elaboração do pensamento lógico demanda um processo interno de reflexão. Tais aspectos deixam à mostra
que, ao tentar descrever a origem da constituição do pensamento lógico, Piaget focaliza o processo interno dessa construção.
Simplificando ao máximo, o desenvolvimento humano, no modelo piagetiano, é explicado segundo o pressuposto de que existe uma
conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer. Esses fatores que são complementares en-
volvem mecanismos bastante complexos e intrincados que englobam o entrelaçamento de fatores que são complementares, tais como:
o processo de maturação do organismo, a experiência com objetos, a vivência social e, sobretudo, a equilibração do organismo ao meio.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O conceito de equilibração torna-se especialmente marcante (...) É muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em
na teoria de Piaget pois ele representa o fundamento que explica que possa ocorrer assimilação sem acomodação, pois dificilmente
todo o processo do desenvolvimento humano. Trata-se de um fenô- um objeto é igual a outro já conhecido, ou uma situação é exata-
meno que tem, em sua essência, um caráter universal, já que é de mente igual a outra.
igual ocorrência para todos os indivíduos da espécie humana mas Vê-se nessa ideia de “equilibração” de Piaget a marca da sua
que pode sofrer variações em função de conteúdos culturais e do formação como biólogo que o levou a traçar um paralelo entre a
meio em que o indivíduo está inserido. Nessa linha de raciocínio, o evolução biológica da espécie e as construções cognitivas.
trabalho de Piaget leva em conta a atuação de dois elementos bási- Dessa perspectiva, o processo de equilibração pode ser defi-
cos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores nido como um mecanismo de organização de estruturas cognitivas
variantes. em um sistema coerente que visa a levar o indivíduo a construção
a. Os fatores invariantes: Piaget postula que, ao nascer, o in- de uma forma de adaptação à realidade. Haja vista que o “objeto
divíduo recebe como herança uma série de estruturas biológicas nunca se deixa compreender totalmente”, o conceito de equilibra-
- sensoriais e neurológicas - que permanecem constantes ao longo ção sugere algo móvel e dinâmico, na medida em que a constituição
da sua vida. São essas estruturas biológicas que irão predispor o do conhecimento coloca o indivíduo frente a conflitos cognitivos
surgimento de certas estruturas mentais. Em vista disso, na linha constantes que movimentam o organismo no sentido de resolvê-
piagetiana, considera-se que o indivíduo carrega consigo duas mar- -los.
cas inatas que são a tendência natural à organização e à adaptação, Em última instância, a concepção do desenvolvimento huma-
significando entender, portanto, que, em última instância, o ‘motor’ no, na linha piagetiana, deixa ver que é no contato com o mundo
do comportamento do homem é inerente ao ser. que a matéria bruta do conhecimento é ‘arrecadada’, pois que é no
b. Os fatores variantes: são representados pelo conceito de es- processo de construções sucessivas resultantes da relação sujeito-
quema que constitui a unidade básica de pensamento e ação estru- -objeto que o indivíduo vai formar o pensamento lógico.
tural do modelo piagetiano, sendo um elemento que se transforma É bom considerar, ainda, que, na medida em que toda expe-
no processo de interação com o meio, visando à adaptação do indi- riência leva em graus diferentes a um processo de assimilação e
víduo ao real que o circunda. Com isso, a teoria psicogenética deixa acomodação, trata-se de entender que o mundo das ideias, da cog-
à mostra que a inteligência não é herdada, mas sim que ela é cons- nição, é um mundo inferencial. Para avançar no desenvolvimento
truída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente é preciso que o ambiente promova condições para transformações
(físico e social) em que ele estiver inserido. cognitivas, id est, é necessário que se estabeleça um conflito cog-
Em síntese, pode-se dizer que, para Piaget, o equilíbrio é o nor- nitivo que demande um esforço do indivíduo para superá-lo a fim
te que o organismo almeja mas que paradoxalmente nunca alcança, de que o equilíbrio do organismo seja restabelecido, e assim suces-
haja vista que no processo de interação podem ocorrer desajustes sivamente.
do meio ambiente que rompem com o estado de equilíbrio do or- No entanto, esse processo de transformação vai depender
ganismo, eliciando esforços para que a adaptação se restabeleça. sempre de como o indivíduo vai elaborar e assimilar as suas intera-
Essa busca do organismo por novas formas de adaptação envolvem ções com o meio, isso porque o estado conquistado na equilibração
dois mecanismos que apesar de distintos são indissociáveis e que se do organismo reflete as elaborações possibilitadas pelos níveis de
complementam: a assimilação e a acomodação. desenvolvimento cognitivo que o organismo detém nos diversos
A assimilação consiste na tentativa do indivíduo em solucionar estágios da sua vida.
uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que ele Deste modo, por toda a vida do indivíduo ele passa por pro-
possui naquele momento específico da sua existência. Represen- cessos de assimilação e acomodação buscando atingir o estado de
ta um processo contínuo na medida em que o indivíduo está em equilibração, porém a conquista desse estado está diretamente re-
constante atividade de interpretação da realidade que o rodeia e, lacionada com os níveis de desenvolvimento do indivíduo nos diver-
consequentemente, tendo que se adaptar a ela. Como o processo sos estágios de sua vida.
de assimilação representa sempre uma tentativa de integração de A esse respeito, para Piaget, os modos de relacionamento com
aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados, ao a realidade são divididos em 4 períodos distintos, no processo evo-
entrar em contato com o objeto do conhecimento o indivíduo bus- lutivo da espécie humana que são caracterizados “por aquilo que o
ca retirar dele as informações que lhe interessam deixando outras indivíduo consegue fazer melhor” no decorrer das diversas faixas
que não lhe são tão importantes, visando sempre a restabelecer a etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento. São eles:
equilibração do organismo.
A acomodação, por sua vez, consiste na capacidade de modi- - 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
ficação da estrutura mental antiga para dar conta de dominar um - 2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
novo objeto do conhecimento. Quer dizer, a acomodação repre- - 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
senta “o momento da ação do objeto sobre o sujeito” emergindo, - 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
portanto, como o elemento complementar das interações sujeito-
-objeto. Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes
Em síntese, toda experiência é assimilada a uma estrutura de de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do
ideias já existentes (esquemas) podendo provocar uma transforma- indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia. De uma forma
ção nesses esquemas, ou seja, gerando um processo de acomoda- geral, todos os indivíduos passam por esses períodos na mesma se-
ção. quência, porém o início e o término de cada uma delas pode sofrer
Como observa Rappaport, os processos de assimilação e aco- variações em função das características da estrutura biológica de
modação são complementares e acham-se presentes durante toda cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados
a vida do indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pelo meio ambiente em que ele estiver inserido. Por isso mesmo é Contudo, Macedo lembra que a atividade sensório-motor não
que esta forma de divisão nessas faixas etárias é uma referência, e está esquecida ou abandonada, mas refinada e mais sofisticada,
não uma norma rígida. pois verifica-se que ocorre uma crescente melhoria na sua apren-
dizagem, permitindo que a mesma explore melhor o ambiente, fa-
Os Estágios Cognitivos Segundo Piaget50 zendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e percepções
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque di- intuitivas.
ferente do que normalmente se atribui à esta palavra. Piaget separa
o processo cognitivo inteligente em duas palavras: aprendizagem A criança deste estágio:
e desenvolvimento. Para Piaget, segundo Macedo, a aprendizagem
refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em fun- - É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colo-
ção da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Enquan- car, abstratamente, no lugar do outro.
to que o desenvolvimento seria uma aprendizagem de fato, sendo - Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é
este o responsável pela formação dos conhecimentos. fase dos “por quês”).
- Já pode agir por simulação, “como se”.
Sensório-motor - Possui percepção global sem discriminar detalhes.
Para Piaget o universo que circunda a criança é conquistado - Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.
mediante a percepção e os movimentos (como a sucção, o movi-
mento dos olhos, por exemplo). Exemplos: Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa
Neste estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a
começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes.
o meio, é nesse período que a criança começa a discriminar ainda Não relaciona as situações.
que de forma pouco desenvolvida o meio que o cerca.
Segundo Lopes, as noções de espaço e tempo são construídas Operatório-concreto
pela ação, configurando assim, uma inteligência essencialmente Conforme Nitzke, neste estágio a criança desenvolve noções
prática, ou seja, é no contato direto com o objeto que o bebe co- de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade ,..., sendo então
meça a construir a noção de espaço e de tempo de forma que ainda capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realida-
não há, neste período, uma construção simbólica desenvolvida. de. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata,
Considerando que esse período é marcado pela construção depende do mundo concreto para abstrair.
prática das noções de objeto, espaço, causalidade e é assim que os Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da re-
esquemas vão “pouco a pouco, diferenciando-se e integrando-se, versibilidade, ou seja, a capacidade da representação de uma ação
no mesmo tempo em que o sujeito vai se separando dos objetos no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação ob-
podendo, por isso mesmo, interagir com eles de forma mais com- servada.
plexa.” Nitzke diz que o contato com o meio é direto e imediato,
sem representação ou pensamento. Exemplos: Despeja-se a água de dois copos em outros, de for-
matos diferentes, para que a criança diga se as quantidades conti-
Exemplos: O bebê pega o que está em sua mão; “mama” o que nuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já dife-
é posto em sua boca; “vê” o que está diante de si. Aprimorando rencia aspectos e é capaz de “refazer” a ação.
esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
Operatório-formal
Pré-operatório De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o indiví-
Para Piaget, o que marca a passagem do período sensório-mo- duo adquire a sua forma final de equilíbrio, ou seja, ele consegue
tor para o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica ou alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta.
semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem. Assim, conforme Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções cog-
demonstram as pesquisas psicogenéticas, a emergência da lingua- nitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência, como enfatiza
gem acarreta modificações importantes em aspectos cognitivos, Rappaport, “esta será a forma predominante de raciocínio utilizada
afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita as inte- pelo adulto. Seu desenvolvimento posterior consistirá numa amplia-
rações interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de ção de conhecimentos tanto em extensão como em profundidade,
trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental”.
Tanto é assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste A representação agora permite à criança uma abstração total,
estágio do desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às pos- não se limitando mais à representação imediata e nem às relações
sibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem. previamente existentes.
É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir Agora a criança é capaz de pensar logicamente, formular hipó-
um objeto ou acontecimento por uma representação, e esta substi- teses e buscar soluções, sem depender mais só da observação da
tuição é possível, conforme Piaget, graças à função simbólica. Assim realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança
este estágio é também muito conhecido como o estágio da Inteli- alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se
gência Simbólica. aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas.

50 Tafner, M. A construção do conhecimento segundo PIAGET. s/d. Em http://www.


cerebromente.org.br/
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Exemplos: Se lhe pedem para analisar um provérbio como “de c) uma outra contribuição importante do enfoque psicogené-
grão em grão, a galinha enche o papo”, a criança trabalha com a tico foi lançar luz à questão dos diferentes estilos individuais de
lógica da ideia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha co- aprendizagem; (PCN); entre outros.
mendo grãos.
Em resumo, conforme aponta Coll, as relações entre teoria psi-
As consequências do modelo piagetiano para a ação peda- cogenética x educação, apesar dos complicadores decorrentes da
gógica “dicotomia entre os aspectos estruturais e os aspectos funcionais
Conforme mencionado anteriormente, a teoria psicogenética da explicação genética” e da tendência dos projetos privilegiarem,
de Piaget não tinha como objetivo principal propor uma teoria de em grande parte, um reducionismo psicologizante em detrimento
aprendizagem. A esse respeito, Coll faz a seguinte observação: “ao ao social, pode-se considerar assim que a teoria psicogenética trou-
que se sabe, ele nunca participou diretamente nem coordenou uma xe contribuições importantes ao campo da aprendizagem escolar.
pesquisa com objetivos pedagógicos”. Não obstante esse fato, de
forma contraditória aos interesses previstos, portanto, o modelo Origens do Pensamento e da Língua e o Significado das Pala-
piagetiano, curiosamente, veio a se tornar uma das mais importan- vras e a Formação de Conceitos de acordo com Vygotsky51
tes diretrizes no campo da aprendizagem escolar, por exemplo, nos
USA, na Europa e no Brasil, inclusive. Assim como no reino animal, para o ser humano pensamento e
De acordo com Coll as tentativas de aplicação da teoria genéti- linguagem têm origens diferentes. Inicialmente o pensamento não
ca no campo da aprendizagem são numerosas e variadas, no entan- é verbal e a linguagem não é intelectual.
to os resultados práticos obtidos com tais aplicações não podem ser Convém ressaltar porém que o desenvolvimento da linguagem
considerados tão frutíferos. Uma das razões da difícil penetração da e do pensamento se cruzam, assim com cerca dos dois anos de ida-
teoria genética no âmbito da escola deve-se, principalmente, se- de as curvas de desenvolvimento do pensamento e da linguagem,
gundo o autor, “ao difícil entendimento do seu conteúdo conceitual até então separadas, encontram-se para, a partir daí, dar início a
como pelos método de análise formalizante que utiliza e pelo estilo uma nova forma de comportamento. É a partir deste ponto que o
às vezes ‘hermético’ que caracteriza as publicações de Piaget”. O pensamento começa a se tornar verbal e a linguagem racional. Ini-
autor ressalta, também, que a aplicação educacional da teoria ge- cialmente a criança aparenta usar linguagem apenas para interação
nética tem como fatores complicadores, entre outros: superficial em seu convívio, mas, a partir de certo ponto, esta lin-
a) as dificuldades de ordem técnica, metodológicas e teóricas guagem penetra no subconsciente para se constituir na estrutura
no uso de provas operatórias como instrumento de diagnóstico psi- do pensamento da criança. Sendo assim se torna possível à criança
copedagógico, exigindo um alto grau de especialização e de prudên- utilizar a linguagem de forma racional, atribuindo-lhe significados.
cia profissional, a fim de se evitar os riscos de sérios erros; A partir do momento que a criança descobre que tudo tem um
b) a predominância no “como” ensinar coloca o objetivo do “o nome, cada novo objeto que surge representa um problema que a
quê” ensinar em segundo plano, contrapondo-se, dessa forma, ao criança resolve atribuindo-lhe um nome. Quando lhe falta a palavra
caráter fundamental de transmissão do saber acumulado cultural- para nomear este novo objeto, a criança recorre ao adulto. Esses
mente que é uma função da instituição escolar, por ser esta de ca- significados básicos de palavras assim adquiridos funcionarão como
ráter preeminentemente político-metodológico e não técnico como embriões para a formação de novos e mais complexos conceitos.
tradicionalmente se procurou incutir nas ideias da sociedade;
c) a parte social da escola fica prejudicada uma vez que o ra- Pensamento, Linguagem e Desenvolvimento Intelectual
ciocínio por trás da argumentação de que a criança vai atingir o De acordo com Vygotsky, todas as atividades cognitivas básicas
estágio operatório secundariza a noção do desenvolvimento do pen- do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam
samento crítico; se constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de
d) a ideia básica do construtivismo postulando que a atividade sua comunidade. Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de
de organização e planificação da aquisição de conhecimentos estão estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas por
à cargo do aluno acaba por não dar conta de explicar o caráter da fatores congênitos. São, isto sim, resultado das atividades pratica-
intervenção por parte do professor; das de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo
e) a ideia de que o indivíduo apropria os conteúdos em confor- se desenvolve. Consequentemente, a história da sociedade na qual
midade com o desenvolvimento das suas estruturas cognitivas esta- a criança se desenvolve e a história pessoal desta criança são fato-
belece o desafio da descoberta do “grau ótimo de desequilíbrio”, ou res cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste proces-
seja, o objeto a conhecer não deve estar nem além nem aquém da so de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na
capacidade do aprendiz conhecedor. determinação de como a criança vai aprender a pensar, uma vez
Por outro lado, como contribuições contundentes da teoria psi- que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança
cogenética podem ser citados, por exemplo: através de palavras.
a) a possibilidade de estabelecer objetivos educacionais uma Para Vygotsky, um claro entendimento das relações entre pen-
vez que a teoria fornece parâmetros importantes sobre o ‘processo samento e língua é necessário para que se entenda o processo de
de pensamento da criança’ relacionados aos estádios do desenvol- desenvolvimento intelectual. Linguagem não é apenas uma expres-
vimento; são do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter-re-
b) em oposição às visões de teorias behavioristas que conside- lação fundamental entre pensamento e linguagem, um proporcio-
ravam o erro como interferências negativas no processo de aprendi- nando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um papel
zagem, dentro da concepção cognitivista da teoria psicogenética, os essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo.
erros passam a ser entendidos como estratégias usadas pelo aluno
na sua tentativa de aprendizagem de novos conhecimentos (PCN); 51 http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/vigo.html
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Zona de Desenvolvimento Próximo (ou proximal) de modo diferente, por outra via, é muito importante para o peda-
Um dos princípios básicos da teoria de Vygotsky é o conceito gogo conhecer essa peculiaridade, é a lei da compensação, não é
de “zona de desenvolvimento próximo”. Zona de desenvolvimen- o limite biológico que determina o não desenvolvimento do surdo,
to próximo representa a diferença entre a capacidade da criança cego, mas sim a sociedade que vem criando estes limites para que
de resolver problemas por si própria e a capacidade de resolvê-los os deficientes não se desenvolvam totalmente.
com ajuda de alguém. Em outras palavras, teríamos uma “zona de A segunda tese refere-se à origem cultural das funções psíqui-
desenvolvimento autossuficiente” que abrange todas as funções e cas que se originam nas relações do indivíduo e seu contexto social
atividades que a criança consegue desempenhar por seus próprios e cultural, isso mostra que a cultura é parte constitutiva da nature-
meios, sem ajuda externa. Zona de desenvolvimento próximo, por za humana, pois o desenvolvimento mental humano não é passivo,
sua vez, abrange todas as funções e atividades que a criança ou o nem tão pouco independente do desenvolvimento histórico e das
aluno consegue desempenhar apenas se houver ajuda de alguém. formas sociais da vida. O desenvolvimento mental da criança é um
Esta pessoa que intervém para orientar a criança pode (pais, profes- processo continuo de aquisições, desenvolvimento intelectual e lin-
sor, responsável, instrutor de língua estrangeira) quanto um colega guístico relacionado à fala interior e pensamento e impondo estru-
que já tenha desenvolvido a habilidade requerida. turas superiores, ao saber de novos conceitos evita-se que a criança
Uma analogia interessante nos vem à mente quando pensamos tenha que reestruturar todos os conceitos que já possui. Vygotsky
em zona de desenvolvimento próximo. Em mecânica, quando re- tinha como objetivo constatar como as funções psicológicas, tais
gula-se o ponto de um motor a explosão, este deve ser ajustado como memória, a atenção, a percepção e o pensamento aparecem
ligeiramente à frente do momento de máxima compressão dentro primeiro na forma primária para, posteriormente, aparecerem em
do cilindro, para maximizar a potência e o desempenho. formas superiores, assim é possível perceber a importante distinção
A ideia de zona de desenvolvimento próximo é de grande rele- realizada entre as funções elementares (comuns aos animais e aos
vância em todas as áreas educacionais. Uma implicação importante humanos) e as funções psicológicas superiores (especificamente
é a de que o aprendizado humano é de natureza social e é parte vinculada aos humanos).
de um processo em que a criança desenvolve seu intelecto dentro A terceira tese refere-se a base biológica do funcionamento
da intelectualidade daqueles que a cercam. De acordo com Vygot- psicológico o cérebro é o órgão principal da atividade mental, sen-
sky, uma característica essencial do aprendizado é que ele desperta do entendido como um sistema aberto, cuja estrutura e funciona-
vários processos de desenvolvimento internamente, os quais fun- mento são moldados ao longo da história, podendo mudar sem que
cionam apenas quando a criança interage em seu ambiente de con- ajam transformações físicas no órgão.
vívio. A quarta tese faz referência à característica mediação presen-
te em toda a vida humana em que usamos técnicas e signos para
Teoria Vygotskiana52 fazermos mediação entre seres humanos e estes com o mundo. A
Vygotsky trabalha com teses dentro de suas obras nas quais linguagem é um signo mediador por excelência por isso Vygotsky a
são possíveis descrever como: à relação indivíduo/ sociedade em confere um papel de destaque no processo de pensamento. Sendo
que afirma que as características humanas não estão presentes esta uma capacidade exclusiva da humanidade. Através da fala po-
desde o nascimento, nem são simplesmente resultados das pres- demos organizar as atividades práticas e das funções psicológicas.
sões do meio externo, elas são resultados das relações homem e As pesquisas de Vygotsky foram realizadas com a criança na fase em
sociedade, pois quando o homem transforma o meio na busca de que começa a desenvolver a fala, pois se acreditava que a verdadei-
atender suas necessidades básicas, ele transforma-se a si mesmo. A ra essência do comportamento se dá a partir da mesma. É na ativi-
criança nasce apenas com as funções psicológicas elementares e a dade pratica, ou seja, na coletividade que a pessoa se aproveita da
partir do aprendizado da cultura, estas funções transformam-se em linguagem e dos objetos físicos disponíveis em sua cultura, promo-
funções psicológicas superiores, sendo estas o controle consciente vendo assim seu desenvolvimento, dando ênfase aos conhecimen-
do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo tos histórico-cultural, conhecimentos produzidos e já existentes em
em relação às características do momento e do espaço presente. seu cotidiano.
O desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo
outro que indica, delimita e atribui significados à realidade, dessa O Desenvolvimento e a Aprendizagem
forma, membros imaturos da espécie humana vão aos poucos se Vygotsky dá um lugar de destaque para as relações de desen-
apropriando dos modos de funcionamento psicológicos, comporta- volvimento e aprendizagem dentro de suas obras. Para ele a criança
mento e cultura. Neste caso podemos citar a importância da inclu- inicia seu aprendizado muito antes de chegar à escola, mas o apren-
são de fato, onde as crianças com alguma deficiência interajam com dizado escolar vai introduzir elementos novos no seu desenvolvi-
crianças que estejam com desenvolvimento além, realizando a tro- mento. A aprendizagem é um processo contínuo e a educação é
ca de saberes e experiências, onde ambos passam a aprender junto. caracterizada por saltos qualitativos de um nível de aprendizagem a
Vygotsky defende a educação inclusiva e acessibilidade para outro, daí a importância das relações sociais, desse modo dois tipos
todos. Devido ao processo criativo que envolve o domínio da natu- de desenvolvimento foram identificados: o desenvolvimento real
reza, o emprego de ferramentas e instrumentos, o homem pode ter que se refere àquelas conquistas que já são consolidadas na crian-
uma ação indireta, planejada tendo ou não deficiência, assim, pes- ça, aquelas capacidades ou funções que realiza sozinha sem auxílio
soas com deficiência auditiva, visuais, e outras podem ter um alto de outro indivíduo, habitualmente costuma-se avaliar a criança so-
nível de desenvolvimento, a escola deve permitir que dominem de- mente neste nível, ou seja, somente o que ela já é capaz de realizar
pois superem seus saberes do cotidiano. As crianças cegas podem e o desenvolvimento potencial que se refere àquilo que a criança
alcançar o mesmo desenvolvimento de uma criança normal, só que pode realizar com auxílio de outro indivíduo.
52 COELHO, L.; PISONI, S. Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. Revista e-Ped-
FACOS/ CNEC Osório. Vol 02/2012.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Neste caso as experiências são muito importantes, pois ele conhecimentos prévios, trabalhar a partir deles, estimular as poten-
aprende através do diálogo, colaboração, imitação... A distância cialidades dando a possibilidade de este aluno superar suas capa-
entre os dois níveis de desenvolvimentos chamamos de zona de cidades e ir além ao seu desenvolvimento e aprendizado. Para que
desenvolvimento potencial ou proximal, o período que a criança o professor possa fazer um bom trabalho ele precisa conhecer seu
fica utilizando um ‘apoio’ até que seja capaz de realizar determi- aluno, suas descobertas, hipóteses, crenças, opiniões desenvolven-
nada atividade sozinha. Por isso Vygotsky afirma que “aquilo que do diálogo criando situações onde o aluno possa expor aquilo que
é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvol- sabe. Assim os registros, as observações são fundamentais tanto
vimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer para o planejamento e objetivos quanto para a avaliação.
com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã”. O
conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito importante Infância e Adolescência
para pesquisar o desenvolvimento e o plano educacional infantil,
porque este permite avaliar o desenvolvimento individual. Aqui é Infância
possível elaborar estratégias pedagógicas para que a criança possa
evoluir no aprendizado uma vez que esta é a zona cooperativa do Memória dos bebês53
conhecimento, assim, o mediador ajuda a criança a concretizar o Você consegue se lembrar de alguma coisa que aconteceu an-
desenvolvimento que está próximo, ou seja, ajuda a transformar o tes dos seus 2 anos de idade? Provavelmente não. Os cientistas do
desenvolvimento potencial em desenvolvimento real. desenvolvimento propuseram várias explicações para esse fenôme-
O desenvolvimento e a aprendizagem estão inter-relacionados no comum. Uma explicação, sustentada por Piaget e outros, é que
desde o momento do nascimento, o meio físico e social influenciam eventos dessa época não são armazenados na memória, porque o
no aprendizado das crianças de modo que chegam as escolas com cérebro ainda não está suficientemente desenvolvido. Freud, por
uma série de conhecimentos adquiridos, na escola a criança desen- outro lado, acreditava que as primeiras lembranças estão armaze-
volverá outro tipo de conhecimento. nadas, porém reprimidas, porque são emocionalmente perturbado-
Assim se divide o conhecimento em dois grupos: aqueles ad- ras. Outros pesquisadores sugerem que as crianças só conseguem
quiridos da experiência pessoal, concreta e cotidiana em que são armazenar eventos na memória quando podem falar sobre eles.
chamados de ‘conceitos cotidianos ou espontâneos’ em que são Pesquisas mais recentes que utilizam o condicionamento ope-
caracterizados por observações, manipulações e vivências diretas rante com tarefas não verbais e apropriadas para a idade sugerem
da criança já os ‘conceitos científicos’ adquiridos em sala de aula que o processamento da memória nos bebês pode não ser funda-
se relacionam àqueles não diretamente acessíveis à observação mentalmente diferente do que acontece com crianças mais velhas
ou ação imediata da criança. A escola tem papel fundamental na e adultos, salvo que o tempo de retenção dos bebês é mais curto.
formação dos conceitos científicos, proporcionando à criança um Esses estudos constataram-que os bebês repetirão uma ação dias
conhecimento sistemático de algo que não está associado a sua vi- ou semanas mais tarde - se eles foram periodicamente lembrados
vência direta principalmente na fase de amadurecimento. da situação em que a aprenderam.
O brinquedo é um mundo imaginário onde a criança pode rea- Em uma série de experimentos realizados por Carolyn Rove-
lizar seus desejos, o ato de brincar é uma importante fonte de pro- e-Collier e associados, os bebês foram submetidos a condiciona-
moção de desenvolvimento, sendo muito valorizado na zona proxi- mento operante para mexer a perna e ativar um móbile preso a um
mal, neste caso em especial as brincadeiras de ‘faz de conta’. Sendo dos tornozelos por uma fita. Bebês de 2 a 6 meses, aos quais foram
estas atividades utilizadas, em geral, na Educação Infantil fase que apresentados os mesmos móbiles dias ou semanas depois, repe-
as crianças aprendem a falar (após os três anos de idade), e são tiam os chutes, mesmo quando seu tornozelo não mais estava pre-
capazes de envolver-se numa situação imaginária. Através do ima- so ao móbile. Quando os bebês viram esses móbiles, deram mais
ginário a criança estabelece regras do cotidiano real. chutes do que antes do condicionamento, mostrando que o reco-
Mesmo havendo uma significativa distância entre o comporta- nhecimento dos móbiles acionava a lembrança de sua experiência
mento na vida real e o comportamento no brinquedo, a atuação no inicial com esses objetos. Em uma tarefa semelhante, crianças de
mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas 9 a 12 meses foram condicionadas a pressionar uma alavanca para
criam uma zona de desenvolvimento proximal, na medida em que fazer um trem de brinquedo percorrer um circuito. A extensão de
impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento. tempo que uma resposta condicionada podia ser retida aumentou
com a idade, de dois dias para crianças de 2 meses a 13 semanas
Vygotsky e a Educação para crianças de 18 meses.
A escola se torna importante a partir do momento que dentro A memória de bebês novos sobre um comportamento parece
dela o ensino é sistematizado sendo atividades diferenciadas das estar associada especificamente ao indicativo original. Bebês entre
extraescolares e lá a criança aprende a ler, escrever, obtém domínio 2 e 6 meses repetiam o comportamento aprendido somente quan-
de cálculos, entre outras, assim expande seus conhecimentos. Tam- do viam o móbile ou o trem original. Entretanto, crianças entre 9
bém não é pelo simples fato da criança frequentar a escola que ela e 12 meses experimentavam o comportamento em um trem dife-
estará aprendendo, isso dependerá de todo o contexto seja ques- rente se não mais que duas semanas se passassem desde o treina-
tão política, econômica ou métodos de ensino. Conforme foi visto mento.
até aqui, aulas onde o aluno fica ouvindo e memorizando conteú- Um contexto familiar pode melhorar a evocação quando a lem-
dos não basta para se dizer que o aprendizado ocorreu de fato, o brança de alguma coisa enfraqueceu. Crianças de 3, 9 e 12 meses
aprendizado exige muito mais. O trabalho pedagógico deve estar inicialmente podiam reconhecer o móbile ou o trem num ambiente
associado à capacidade de avanços no desenvolvimento da criança, diferente daquele onde foram treinadas, mas não depois de pas-
valorizando o desenvolvimento potencial e a zona de desenvolvi- 53 PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano, 12ª edição, 2013, editor:
mento proximal. A escola deve estar atenta ao aluno, valorizar seus AMGH.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sado muito tempo. Lembretes não verbais periódicos por meio de Testes de desenvolvimento infantil
uma breve exposição ao estímulo original podem manter uma lem- Embora seja praticamente impossível medir a inteligência de
brança desde a primeira infância até entre 1 e 2 anos de idade. um bebê, é possível testar seu desenvolvimento. Os testes de de-
Pelo menos um importante pesquisador da memória refuta a senvolvimento comparam o desempenho do bebê numa série de
alegação de que as memórias condicionadas sejam qualitativamen- tarefas com normas estabelecidas baseadas na observação do que
te as mesmas das crianças mais velhas e dos adultos. De uma pers- um grande número de bebês e crianças pequenas sabe fazer em
pectiva evolucionista do desenvolvimento, as habilidades se desen- determinadas idades.
volvem à medida que podem realizar funções úteis na adaptação ao As Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil (Bayley, 1969,
ambiente. O conhecimento procedural e perceptual demonstrado 1993,2005) constituem um teste de desenvolvimento amplamente
logo cedo pelos bebês ao chutar um móbile para ativá-lo não é a utilizado e elaborado para avaliar crianças entre 1 mês e 3 anos e
mesma coisa que a memória explícita de uma criança mais velha ou meio. Pontuações na Bayley-IIl indicam os pontos fortes e fracos
de um adulto sobre eventos específicos. A primeira infância é uma e as competências de uma criança em cada uma tías cinco áreas
fase de grandes transformações, e é improvável que a retenção de do desenvolvimento: cognitivo, linguagem, motor, socioemocional
experiências específicas seja útil por muito tempo. Essa pode ser e comportamento adaptativo. Uma escala opcional de classificação
uma das razões de os adultos não se lembrarem de eventos que do comportamento pode ser preenchida pelo examinador, em par-
aconteceram quando eram bebês. Mais adiante discutiremos pes- te com base nas informações dadas pelo cuidador. Pontuações se-
quisas sobre o cérebro que lançam alguma luz sobre o desenvolvi- paradas, chamadas Cle quocientes de desenvolvimento (ODs), são
mento da memória na primeira infância. 54 calculadas para cada escala. Os ODs são muito úteis para detectar,
logo no início, perturbações emocionais e déficits sensoriais, neuro-
Abordagem psicométrica: testes de desenvolvimento e de in- lógicos e ambientais, e podem ajudar pais e profissionais a planejar
teligência o atendimento das necessidades da criança.
Embora não haja um consenso científico claro sobre a definição
de comportamento inteligente, a maioria dos profissionais concor- Intervenção Precoce
da que o comportamento inteligente é orientado para uma meta e A intervenção precoce é um processo sistemático de planeja-
é adaptativo: direcionado para se adaptar às circunstâncias e condi- mento e fornecimento de serviços terapêuticos e educacionais para
ções de vida. A inteligência permite às pessoas adquirir, lembrar e famílias que precisam de ajuda para satisfazer as necessidades de
utilizar conhecimento; entender conceitos e relações; e resolver os desenvolvimento de bebês e crianças em idade pré-escolar.
problemas do dia a dia.
A natureza precisa da inteligência tem sido debatida por mui- Fundamentos do desenvolvimento psicossocial
tos anos, e também a melhor maneira de medi-la. O movimento Embora os bebês apresentem os mesmos padrões de desenvol-
moderno para testar a inteligência teve início no começo do século vimento, cada um deles, desde o início, exibe uma personalidade
XX, quando administradores de escolas em Paris pediram ao psicó- distinta: a combinação relativamente coerente de emoções, tempe-
logo A1fred Binet que elaborasse um modo de identificar crianças ramento, pensamento e comportamento é que torna cada pessoa
que não pudessem acompanhar o trabalho escolar e precisassem única. De maneira geral, bebês podem ser alegres; outros se irritam
de instruções especiais. O teste desenvolvido por Binet e seu colega com facilidade. Há crianças que gostam de brincar com as demais;
Theodore Simon foi o precursor dos testes psicométricos que ava- outras preferem brincar sozinhas. Esses modos característicos de
liam a inteligência por números. sentir, pensar e agir, que refletem influências tanto inatas quanto
O objetivo da aplicação de testes psicométricos é medir quan- ambientais, afetam a maneira como a criança responde aos outros
titativamente os fatores que supostamente constituem a inteligên- e se adapta ao seu mundo. Da primeira infância em diante, o desen-
cia (tais como compreensão e raciocínio) e, a partir dos resultados volvimento da personalidade se entrelaça com as relações sociais; e
dessa medida, prever o desempenho futuro (como o desempenho essa combinação chama-se desenvolvimento psicossocial.
escolar). Os testes de 01 (quociente de inteligência) consistem em Ao explorarmos o desenvolvimento psicossocial, primeiro foca-
perguntas ou tarefas que devem mostrar quanto das habilidades lizaremos as emoções, os blocos de construção da personalidade;
medidas a pessoa possui, comparando seu desempenho com nor- em seguida, o temperamento ou disposição; e depois as primeiras
mas estabeleci das para um grupo extenso que compôs a amostra experiências sociais da criança na família. Finalmente, discutiremos
de padronização. Para crianças em idade escolar, as pontuações no como os pais moldam as diferenças comportamentais entre meni-
teste de inteligência podem servir para prever o desempenho na nos e meninas.
escola com razoável precisão e confiabilidade. Testar bebês e crian-
ças pequenas já é outra questão. Como os bebês não podem nos Emoções
dizer o que sabem e como pensam, a maneira mais óbvia de afe- Emoções, como tristeza, alegria e medo, são reações subjeti-
rir sua inteligência é avaliando o que sabem fazer. Mas se eles não vas à experiência e que estão associadas a mudanças fisiológicas
pegarem um chocalho, é difícil saber se não o fizeram porque não e comportamentais. O medo, por exemplo, é acompanhado de
sabiam como, não estavam com vontade, não perceberam o que se aceleração dos batimentos cardíacos e, geralmente, de ações de
esperava deles ou simplesmente perderam o interesse. autoproteção. O padrão característico de reações emocionais de
uma pessoa começa a se desenvolver durante a primeira infância e
constitui um elemento básico da personalidade. As pessoas diferem
na frequência e na intensidade com que sentem uma determinada
emoção, nos tipos de eventos que podem produzi-la, nas manifes-
54 ROVEE-COLLIER, C.; HARTSHORN, k. & DIRUBBO, M. Long-term maintenance of infant tações físicas que demonstram e no modo como agem em consequ-
memory. Developmental Psychobiology.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ência disso. A cultura também influencia o modo como as pessoas A terceira mudança ocorre durante o segundo ano, quando o
se sentem em relação a uma situação e a maneira como expressam bebê desenvolve a autoconsciência, as emoções autoconscientes
suas emoções. e maior capacidade para regular suas emoções e atividades. Essas
Algumas culturas asiáticas, que enfatizam a harmonia social, mudanças, que coincidem com maior mobilidade física e com o
desencorajam expressões de raiva, mas dão muita importância à comportamento exploratório, podem estar relacionadas à mielini-
vergonha. O oposto geralmente é verdadeiro na cultura norte-ame- zação dos lobos frontais.
ricana, que enfatiza a autoexpressão, a autoafirmação e a autoes- A quarta mudança ocorre por volta dos 3 anos, quando alte-
tima. rações hormonais no sistema nervoso autônomo (involuntário)
coincidem com a emergência das emoções avaliadoras. Subjacente
Quando aparecem as emoções? ao desenvolvimento de emoções como a vergonha pode estar um
O desenvolvimento emocional é um processo ordenado; emo- afastamento da dominância por parte do sistema simpático, a parte
ções complexas desdobram-se de outras mais simples. De acordo do sistema autônomo que prepara o corpo para a ação, enquanto
com um dos modelos, o bebê revela sinais de contentamento, inte- amadurece o sistema parassimpático, a parte do sistema autônomo
resse e aflição logo após o nascimento. Trata--se de respostas difu- envolvida na excreção e na excitação sexual.
sas, reflexas, a maior parte fisiológicas, à estimulação sensorial ou a
processos internos. Aproximadamente nos próximos seis meses, es- Desenvolvimento da autonomia
ses estados emocionais iniciais se diferenciam em verdadeiras emo- À medida que a criança amadurece - fisicamente, cognitiva-
ções: alegria, surpresa, tristeza, repugnância, e depois raiva e medo mente e emocionalmente - ela é levada a buscar sua independência
- reações a eventos que têm significado para o bebê. Conforme será em relação aos vários adultos aos quais está apegada. “Eu fazer!”
discutido mais adiante, a emergência dessas emoções básicas, ou é a frase típica da criança quando começa a usar seus músculos e
primárias, está relacionada à maturação neurológica. sua mente para tentar fazer tudo sozinha - não somente andar, mas
As emoções autoconscientes, como o constrangimento, a em- alimentar-se, vestir-se e explorar o mundo.
patia e a inveja, surgem somente depois que a criança desenvolveu Erikson identificou o período entre 18 meses e 3 anos como o
a auto consciência: compreensão cognitiva de que ela tem uma segundo estágio no desenvolvimento da personalidade, autonomia
identidade reconhecível, separada e diferente do resto de seu mun- versus vergonha e dúvida, marcado pela passagem do controle ex-
do. Essa consciência da própria identidade parece emergir entre terno para o autocontrole. Tendo atravessado a primeira infância
15 e 24 meses. A autoconsciência é necessária para que a criança com um senso de confiança básica no mundo e uma autoconsciên-
possa estar consciente de ser o foco da atenção, identificar-se com cia florescente, a criança pequena começa a substituir o julgamento
o que outras “identidades” estão sentindo, ou desejar o que outra dos cuidadores pelo seu próprio. A “virtude” que emerge durante
pessoa tem. esse estágio é a vontade. O treinamento do controle das necessida-
Por volta dos 3 anos, tendo adquirido autoconsciência e mais des fisiológicas é um passo importante em direção à autonomia e
algum conhecimento sobre os padrões, regras e metas aceitas de ao autocontrole; o mesmo acontece com a linguagem.
sua sociedade, a criança torna-se mais capacitada para avaliar seus À medida que a criança torna-se mais apta a expressar seus de-
próprios pensamentos, planos, desejos e comportamento com rela- sejos, ela passa a ter mais poder. Como a liberdade sem limites não
ção àquilo que é considerado socialmente apropriado. Só então ela é segura nem saudável, disse Erikson, vergonha e dúvida ocupam
pode demonstrar emoções auto avaliadoras como orgulho, culpa e um lugar necessário. As crianças pequenas precisam que os adultos
vergonha. estabeleçam limites apropriados; assim, a vergonha e a dúvida aju-
dam-nas a reconhecer a necessidade desses limites.
Crescimento do cérebro e desenvolvimento emocional Nos Estados Unidos, os “terríveis dois anos” assinalam um de-
O desenvolvimento do cérebro após o nascimento está intima- sejo de autonomia. Crianças pequenas precisam testar as noções
mente ligado a mudanças na vida emocional: as experiências emo- de que são indivíduos, têm algum controle sobre seu mundo e pos-
cionais são afetadas pelo desenvolvimento do cérebro e podem suem novos e emocionantes poderes. São levadas a experimentar
causar efeitos duradouros na estrutura cerebral. suas novas ideias, exercitar suas próprias preferências e tomar suas
Quatro importantes mudanças na organização do cérebro próprias decisões. Esse desejo se manifesta na forma de negativis-
correspondem aproximadamente a mudanças no processamento mo, a tendência a gritar “Não!” só para resistir à autoridade. Quase
emocional. Durante os três primeiros meses, começa a diferencia- todas as crianças ocidentais exibem algum grau de negativismo; ge-
ção das emoções básicas à medida que o córtex cerebral torna-se ralmente começa antes dos 2 anos de idade, com tendência a atin-
funcional e faz emergir as percepções cognitivas. Diminuem o sono gir o máximo aos 3 anos e meio ou 4 anos e declina por volta dos 6
REM e o comportamento reflexo, incluindo o sorriso neonatal es- anos. Cuidadores que consideram as expressões de autoafirmação
pontâneo. da criança como um esforço normal e saudável por independência
A segunda mudança ocorre por volta dos 9 ou 10 meses, quan- contribuem para seu senso de competência e evitam excesso de
do os lobos frontais começam a interagir com o sistema límbico, conflitos.
uma das regiões do cérebro associada às reações emocionais. Ao Surpreendentemente, os “terríveis dois anos” não são univer-
mesmo tempo, estruturas límbicas como o hipocampo tornam-se sais. Em alguns países em desenvolvimento, a transição da primeira
maiores e mais semelhantes à estrutura adulta. Conexões entre o para a segunda infância é relativamente suave e harmoniosa.
córtex frontal e o hipotálamo e o sistema límbico, que processam
a informação sensorial, podem facilitar a relação entre as esferas
cognitiva e emocional. À medida que essas conexões tornam-se
mais densas e mais elaboradas, o bebê poderá ao mesmo tempo
experimentar e interpretar emoções.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As raízes do desenvolvimento moral: socialização e interna- Crianças pequenas aprendem imitando umas às outras. Brin-
lização cadeiras como a de seguir o líder ajudam a estabelecer um vínculo
Socialização é o processo pelo qual a criança desenvolve há- com as outras crianças, preparando-as para brincadeiras mais com-
bitos, habilidades, valores e motivações que as tornam membros plexas durante os anos pré-escolares. A imitação das ações uns dos
responsáveis e produtivos de uma sociedade. A aquiescência às outros resulta em uma comunicação verbal mais frequente (algo
expectativas parentais pode ser vista como um primeiro passo em como “Entre na casinha”, “Não faça isso!” ou “Olhe pra mim”), que
direção à submissão aos padrões sociais. A socialização depende ajuda os pares a coordenar atividades conjuntas. A atividade coope-
da internalização desses padrões. Crianças bem-sucedidas na so- rativa desenvolve-se durante o segundo e o terceiro ano à medida
cialização não mais obedecem a regras ou comandos apenas para que cresce a compreensão social. Assim como acontece com os ir-
obter recompensas ou evitar punições; elas fazem dos padrões da mãos, o conflito também pode ter um propósito: ajuda a criança a
sociedade seus próprios padrões aprender a negociar e a resolver disputas.
Evidentemente, algumas crianças são mais sociáveis que ou-
Contato com outras crianças tras, refletindo traços de temperamento como o seu humor habi-
Embora os pais exerçam uma grande influência sobre a vida tual, disposição para aceitar pessoas desconhecidas e capacidade
dos filhos, o relacionamento com as outras crianças - seja dentro de para se adaptar à mudança. A sociabilidade também é influencia-
casa ou fora - também é importante já a partir da primeira infância. da pela experiência. Bebês que passam algum tempo com outros
bebês, como nas creches, tornam-se sociáveis mais cedo do que
Irmãos aqueles que passam quase todo o tempo em casa.
O relacionamento entre irmãos desempenha um papel distinto
na socialização. Conflitos entre irmãos podem tornar-se um veículo Adolescentes55
para a compreensão de relações sociais. Lições e habilidades apren-
didas nas interações com os irmãos são passadas para os relaciona- A busca da identidade A busca da identidade - que Erikson de-
mentos fora de casa finiu como uma concepção coerente do self, constituída de metas,
É comum os bebês se apegarem a seus irmãos e irmãs mais valores e crenças com os quais a pessoa está solidamente compro-
velhos. Embora a rivalidade possa estar presente, a afeição também metida - entra em foco durante os anos da adolescência. O desen-
estará. Quanto mais o apego dos irmãos aos pais for um apego se- volvimento cognitivo dos adolescentes lhes possibilita construir
guro, melhor será o relacionamento entre eles uma “teoria do self”. Como Erikson enfatizou, o esforço de um ado-
No entanto, à medida que os bebês tornam-se mais indepen- lescente para compreender o self não é “uma espécie de enfermi-
dentes e autoconfiantes, inevitavelmente entram em conflito com dade do amadurecimento”. Ele faz parte de um processo saudável e
os irmãos - pelo menos na cultura norte-americana. O conflito entre vital fundamentado nas realizações das etapas anteriores - na con-
irmãos aumenta dramaticamente depois que a criança mais nova fiança, autonomia, iniciativa e produtividade - e lança os alicerces
atinge os 18 meses. Durante os próximos meses, os irmãos mais para lidar com os desafios da idade adulta.
novos começam a ter uma participação mais intensa nas interações Entretanto, uma crise de identidade raramente é totalmente
familiares e se envolvem com maior frequência nas disputas em fa- resolvida na adolescência; questões relativas à identidade surgem
mília. À medida que isso acontece, eles tornam-se mais conscientes repetidamente durante toda a vida adulta.
das intenções e dos sentimentos dos outros. Começam a reconhe-
cer o tipo de comportamento que vai transtornar ou irritar os ir- Erikson: identidade x confusão de identidade
mãos mais velhos e quais os comportamentos considerados “feios” A principal tarefa da adolescência, dizia Erikson, é confrontar a
ou “bons”. crise de identidade versus confusão de identidade, ou confusão de
À medida que se desenvolve a compreensão cognitiva e social, identidade versus confusão de papel, de modo a tornar-se um adul-
o conflito entre irmãos tende a se tornar mais construtivo, e o irmão to singular com uma percepção coerente do self e com um papel va-
mais novo participa de tentativas de reconciliação. O conflito cons- lorizado na sociedade. O conceito da crise de identidade baseou-se
trutivo entre irmãos ajuda as crianças a reconhecerem as necessi- em parte na experiência pessoal de Erikson. Criado na Alemanha
dades, os desejos e os pontos de vista uns dos outros, e também como o filho bastardo de uma mulher judia dinamarquesa que ha-
ajuda a aprender como brigar, discordar e chegar a um acordo no via se separado do seu primeiro marido, Erikson jamais conheceu
contexto de um relacionamento seguro e estável. o pai biológico. Embora tenha sido adotado aos 9 anos de idade
pelo segundo marido de sua mãe, um pediatra judeu alemão, ele
Sociabilidade com outras crianças se sentia confuso a respeito de quem era. Debateu-se durante al-
Bebês e - mais ainda - crianças pequenas mostram interesse gum tempo antes de encontrar sua vocação. Quando viajou para os
em pessoas de fora do círculo familiar, principalmente pessoas de Estados Unidos, precisou redefinir sua identidade como imigrante.
seu tamanho. Nos primeiros meses, eles olham, sorriem e arrulham A identidade, segundo Erikson, forma-se quando os jovens re-
para outros bebês. Dos 6 aos 12 meses, cada vez mais querem tocá- solvem três questões importantes: a escolha de uma ocupação, a
-los, além de sorrir e balbuciar para eles. Por volta de I ano, quando adoção de valores sob os quais viver e o desenvolvimento de uma
os principais itens de sua agenda são aprender a andar e a mani- identidade sexual satisfatória.
pular objetos, os bebês prestam menos atenção às outras pesso- Durante a terceira infância, as crianças adquirem as habilidades
as. Essa fase, porém, é curta. A partir de aproximadamente I ano e necessárias para obter sucesso em suas respectivas culturas. Quan-
meio até quase 3 anos de idade, a criança demonstra cada vez mais do adolescentes, elas precisam encontrar maneiras de usar essas
interesse no que as outras crianças fazem e uma compreensão cada habilidades. Quando os jovens têm problemas para fixar-se em
vez maior de como lidar com elas. 55 PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano, 12ª edição, 2013, editor:
AMGH.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

uma identidade ocupacional- ou quando suas oportunidades são estado realizado eram mais propensos a ver a raça como central em
artificialmente limitadas -, eles correm risco de apresentar compor- sua identidade. E, alcançar este estágio de formação da identidade
tamento com consequências negativas sérias, tal como atividades racial tem aplicações práticas. Embora o efeito seja mais forte para
criminosas. os homens do que para as mulheres, aumentos na identidade racial
De acordo com Erikson, a moratória psicossocial, um período do período de um ano foram relacionados com uma diminuição no
de adiamento que a adolescência proporciona, permite que os jo- risco de sintomas depressivos, mesmo quando fatores como auto
vens busquem compromissos aos quais possam ser fiéis. Os ado- estima são controlados.
lescentes que resolvem essa crise de identidade satisfatoriamente Outro modelo focaliza-se em três aspectos da identidade ra-
desenvolvem a virtude da fidelidade: lealdade constante, fé ou um cial/étnica: conexão com o próprio grupo racial/étnico, consciência
sentimento de integração com uma pessoa amada ou com amigos e de racismo e realização incorporada, a crença de que a realização
companheiros. Fidelidade também pode ser uma identificação com acadêmica é uma parte da identidade do grupo. Um estudo longitu-
um conjunto de valores, uma ideologia, uma religião, um movimen- dinal de jovens de grupos rninoritários de baixa renda revelou que
to político, uma busca criativa ou um grupo étnico. os três aspectos da identidade parecem estabilizar-se e até aumen-
A fidelidade é uma extensão da confiança. Na primeira infância, tar ligeiramente na metade da adolescência. Portanto, a identidade
é importante que a confiança nos outros supere a desconfiança; na racial/étnica pode atenuar as tendências a uma queda nas notas e
adolescência, torna-se importante que a própria pessoa seja confi- na ligação com a escola durante a transição do ensino fundamental
ável. Os adolescentes estendem sua confiança a mentores e aos en- para o ensino médio. Por outro lado, a percepção de discriminação
tes queridos. Ao compartilhar pensamentos e sentimentos, o ado- durante a transição para a adolescência pode interferir na formação
lescente esclarece uma possível identidade ao vê-la refletida nos da identidade positiva e levar a problemas de conduta ou a depres-
olhos do ser amado. Entretanto, essas intimidades do adolescente são. Como exemplo, as percepções de discriminação em adolescen-
diferem da intimidade madura, que envolve maior compromisso, tes sino-americanos estão associadas com sintomas depressivos,
sacrifício e conciliação. alienação e queda no desempenho acadêmico. Os fatores de prote-
Erikson via como o principal perigo desse estágio a confusão ção são pais carinhosos e envolvidos, amigos pró-sociais e desem-
de identidade ou de papel que pode atrasar consideravelmente a penho acadêmico forte.
maturidade psicológica. (Ele não resolveu sua crise de identidade Um estudo longitudinal de 3 anos com 420 adolescentes nor-
até os 20 e poucos anos.) Algum grau de confusão de identidade te-americanos de ascendência africana, latina e europeia examinou
é normal. De acordo com Erikson, ela é responsável pela nature- duas dimensões da identidade étnica: estima do grupo (sentir-se
za aparentemente caótica de grande parte do comportamento dos bem em relação à própria etnia) e exploração do significado da
adolescentes e pela penosa auto consciência deles. Grupos fecha- etnia na vida da pessoa. A estima do grupo aumentou durante a
dos e intolerância com as diferenças, ambos marcas registradas do adolescência, especialmente para afro-americanos e latinos, para
cenário social adolescente, são defesas contra a confusão de iden- os quais ela era mais baixa de início. A exploração do significado da
tidade. etnia aumentou apenas na metade da adolescência, talvez refletin-
A teoria de Erikson descreve o desenvolvimento da identida- do a transição de escolas fundamentais de bairros relativamente
de masculina como norma. De acordo com ele, um homem não é homogêneos para escolas secundárias de etnia mais diversa. As in-
capaz de estabelecer uma intimidade real até ter adquirido uma terações com os membros de outros grupos étnicos podem estimu-
identidade estável, enquanto as mulheres se definem através do lar a curiosidade dos jovens sobre sua própria identidade étnica. A
casamento e da maternidade (algo que talvez fosse mais verda- pesquisa verificou que as meninas parecem passar pelo processo
deiro na época em que Erikson desenvolveu sua teoria do que na de formação de identidade mais cedo que os meninos. Por exem-
atualidade). Desse modo, as mulheres (ao contrário dos homens) plo, um estudo com mais de 300 adolescentes mostrou que durante
desenvolvem a identidade por meio da intimidade, não antes dela. um período de quatro anos meninas latinas passaram por explora-
Conforme veremos, essa orientação masculina da teoria de Erikson ção, resolução e afirmação de sentimentos positivos em relação a
foi alvo de críticas. Ainda assim, seu conceito de crise de identidade suas identidades étnicas, enquanto os meninos apresentaram au-
inspirou muitas pesquisas valiosas. mentos apenas na afirmação. Este achado é importante porque o
aumento na exploração - que os meninos não demonstraram - era
Fatores étnicos na formação da identidade o único fator ligado a aumento na autoestima.
Para muitos jovens de grupos minoritários, a raça ou a etnia é O termo socialização cultural refere-se a práticas que ensinam
fundamental na formação da identidade. as crianças sobre sua herança racial ou étnica, promovem costumes
Um estudo de 940 adolescentes, estudantes universitários e e tradições culturais e alimentam o orgulho racial/ étnico e cultural.
adultos afro-americanos encontrou evidência de todos os quatro Os adolescentes que passaram por socialização cultural tendem a
estados de identidade em cada faixa etária. Apenas 27 dos adoles- ter identidade étnica mais forte e mais positiva do que aqueles que
centes estavam no grupo de identidade realizada, comparado com não a experimentaram.
47 dos estudantes universitários e 56 dos adultos. Em vez disso, os
adolescentes eram mais propensos a estar na moratória, ainda ex- Sexualidade
plorando o que significa ser afro-americano. Vinte e cinco por cento Ver-se como um ser sexual, reconhecer a própria orientação
dos adolescentes estavam em execução, com sentimentos sobre sexual, chegar a um acordo com as primeiras manifestações da se-
a identidade afro-americana baseados em sua educação familiar. xualidade e formar uniões afetivas ou sexuais, tudo isto faz parte da
Os três grupos (realização, moratória e execução) relataram mais aquisição da identidade sexual. A consciência da sexualidade é um
consideração positiva por serem afro americanos do que os 6 de aspecto importante da formação da identidade que afeta profunda-
adolescentes que eram difusos (nem comprometidos nem em pro-
cesso de exploração). Aqueles de qualquer idade que estavam no
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mente a auto imagem e os relacionamentos. Embora este processo Nem todas as manifestações no cérebro são destrutivas. Os
seja impulsionado biologicamente, sua expressão é, em parte, de- pesquisadores descobriram que cérebros mais velhos podem criar
finida culturalmente. novas células nervosas a partir de células-tronco – algo impensado
Durante o século XX, uma mudança importante nas atitudes e no passado.
no comportamento sexual nos Estados Unidos e em outros países
industrializados trouxe uma aceitação mais generalizada do sexo Principais problemas comportamentais e mentais
antes do casamento da homossexualidade e de outras formas de Muitos idosos com problemas comportamentais e mentais ten-
atividade sexual anteriormente desaprovadas. Com o acesso difun- dem a não procurar ajuda. Alguns desses problemas são intoxicação
dido à internet, o sexo casual com conhecidos virtuais que se conec- medicamentosa, delírio, transtornos metabólicos, baixo funciona-
tam por meio das salas de bate-papo online ou de sites de encontro mento da tireoide, pequenos ferimentos da cabeça, alcoolismo e
de solteiros tornou-se mais comum. depressão.
Telefones celulares, e-mail e mensagens instantâneas facilitam A depressão está associada a outros problemas de saúde. Pelo
que adolescentes solitários arranjem esses contatos com pessoas fato de a depressão estar associada a outros problemas de saúde,
anônimas, sem a supervisão dos adultos. um diagnóstico preciso, prevenção e tratamento adequado podem
ajudar pessoas idosas a viverem mais tempo e permanecerem mais
Velhice56 ativas. A depressão pode ser tratada com drogas, psicoterapia, an-
tidepressivos.
O envelhecimento econômico de uma população que está O Mal de Alzheimer é uma das mais comuns e mais temidas do-
envelhecendo depende da proporção de pessoas saudáveis e fi- enças terminais entre as pessoas idosas. Gradualmente, rouba dos
sicamente capazes dessa população. A tendência é encorajadora. pacientes a inteligência, a consciência e até mesmo a habilidade de
Alguns problemas que eram considerados inevitáveis agora são en- controlar as funções de seu corpo, e finalmente os mata. Os sinto-
tendidos como resultantes do estilo de vida ou doenças, e não do mas clássicos do mal de Alzheimer são a diminuição da capacidade
envelhecimento. de memória, deterioração da linguagem e deficiências no proces-
O envelhecimento primário é um processo gradual e inevitável samento espacial e visual. O principal sintoma é incapacidade de
de deterioração física que começa cedo na vida e continua ao longo lembrar acontecimento recente ou absorver novas informações.
dos anos, não importa o que as pessoas façam para evita-lo. Assim, A memória episódica é particularmente vulnerável aos efeitos
o envelhecimento secundário é uma consequência inevitável de fi- do envelhecimento; efeitos que são agrados à medida que as tare-
car velho. O envelhecimento secundário resulta de doenças, abusos fas da memória tornam-se mais complexas ou exigentes, ou reque-
e maus hábitos, fatores que em geral podem ser comparadas ao rem a livre recordação de informações, em oposição ao reconheci-
conhecido debate natureza experiência. mento de material previamente visto.
Uma classificação mais significativa é a idade funcional, que é a
capacidade de uma pessoa interagir em um ambiente físico e social
em comparação com outros da mesma idade cronológica. Podemos TEORIAS DA APRENDIZAGEM.
encontrar casos de pessoas com 90 anos de idade que estão mais
jovens do que umas com 60 anos, por estarem bem de saúde.
A senescência é um período marcado por declínios no funcio- Sabe-se que a aprendizagem é um processo contínuo, que
namento físico associados ao envelhecimento. pode ocorrer em qualquer situação. Nesse sentido, podemos dizer
As teorias de programação genética sustentam que o corpo da que um dos fatores essenciais do aprendizado é a cultura, pois ela
pessoa envelhece de acordo com o relógio evolutivo normal inato molda o sujeito por meio de suas relações com o meio.
dos genes. Estudos sobre gêmeos constataram que as diferenças Muitas pessoas confundem construção de conhecimento com
genéticas são responsáveis por aproximadamente um quarto da va- aprendizagem. Entretanto, aprender é algo muito mais amplo, pois
riância no tempo de vida adulto humano. Essa influência genética é é a forma de o sujeito aumentar seu conhecimento. Nesse sentido,
mínima antes dos 60, mas aumenta depois dessa idade. a aprendizagem faz com que o sujeito se modifique, de acordo com
Algumas mudanças físicas costumam estar associadas ao enve- a sua experiência (LA ROSA, 2003).
lhecimento, sendo óbvias para um observador causal, embora afe- Entretanto, o ser humano passa por mudanças que não se
tem mais algumas pessoas do que outras. A pele mais velha tende a referem à aprendizagem e sim aos processos maturativos, tais
se tornar mais pálida e menos elástica; e assim como a gordura e os como: aquisição da linguagem, engatinhar, andar ou até mudanças
músculos encolhem, a pele fica enrugada. São comuns varizes nas em decorrência de doenças físicas ou psicológicas. Sendo assim,
pernas. O cabelo fica mais fino, grisalho e depois branco, e os pelos a aprendizagem é uma mudança significativa que ocorre baseada
do corpo tornam-se mais ralos. também nas experiências dos indivíduos. Todavia, para ser carac-
O envelhecimento no cérebro varia muito de uma pessoa para terizada como tal, é necessária a solidez, ou seja, ela deve ser in-
outra. O cérebro pode reorganizar os circuitos neuronais para res- corporada definitivamente pelo sujeito.
ponder ao desafio do envelhecimento neurobiológico.
Há uma diminuição na quantidade ou densidade do neuro- Principais teorias de aprendizagem
transmissor dopamina devido à perda de sinapses. Os receptores Existe uma infinidade de tipos diferentes de aprendizagem. O
de dopamina são importantes na medida em que ajudam a regular que diferencia uma aprendizagem de outra diz respeito ao modo
a atenção. como cada uma se manifesta e ao próprio processo como cada
uma é adquirida. Uma aprendizagem é sempre uma aquisição, em-
bora as explicações para essa aquisição sejam variadas e muitas
56 PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano, 12ª edição, 2013, editor:
delas até contraditórias.
AMGH.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O fenômeno da aprendizagem é sempre algo concreto, e O inatismo e o ambientalismo são teorias psicológicas formu-
acontece mesmo que ninguém tenha interesse em explicá-lo. A ladas acerca da constituição do psiquismo humano. Elas vêm reve-
aprendizagem existe independentemente das diversas teorias que lar diferentes concepções das dimensões biológicas e culturais do
procuram entendê-la quer descrevendo suas características, quer indivíduo assim como a forma que ele aprende, se desenvolve e as
propondo elementos para que possa vir a ser repetida. possibilidades de ação na educação.
As teorias da aprendizagem são elaboradas devido à insis- A abordagem Inatista traz a concepção de que a prática peda-
tência de pesquisadores que, observando fatos reais de aprendi- gógica não advém de circunstâncias contextualizadas, ela baseia-
zagens, levantam suas hipóteses e procuram sua verificação para, -se nas capacidades básicas do ser humano. Ou seja, a persona-
então, enunciarem uma teoria que contribua para o progresso lidade, a forma de pensar, seus hábitos, seus valores, as reações
científico. Cabe aqui a lembrança de que a função da ciência, de emocionais e o comportamento são inatos, isto é, nascem com o
modo geral, consiste em facilitar e melhorar a vida do homem. indivíduo e seu destino já vem prédeterminado.
Na maioria das vezes, as teorias da aprendizagem são estu- Os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais
dadas de maneira fragmentada, ou seja, trabalhando-se ora um ou importantes para o desenvolvimento.
autor, ora outro, e nunca todos juntos de forma a permitir compa- Segundo Rousseau, a natureza, dizem-nos, é apenas o hábito.
rações entre uma teoria e outra. Visando auxiliar em tarefas dessa Que significa isso? Não há hábitos que só se adquirem pela força
natureza, este texto pretende justamente abordar num mesmo e não sufocam nunca a natureza? É o caso, por exemplo, do hábi-
documento os principais autores que representam os dois grandes to das plantas, cuja direção vertical se perturba. Em se lhe devol-
grupos teóricos relativos à aprendizagem: o das teorias comporta- vendo a liberdade, a planta conserva a inclinação que a obrigam
mentais e o das teorias cognitivas. a tomar; mas a seiva não muda, com isto, sua direção primitiva; e
Na medida do possível, foram evitados termos técnicos que se a planta continuar a vegetar, seu prolongamento voltará a ser
assustariam qualquer leitor mesmo da área da educação. Não há vertical. O mesmo acontece com os homens.
necessidade de aprofundar estudos acerca de como ocorre ou Nesta teoria, a prática escolar não importa e nem desafia o
deixa de ocorrer qualquer aprendizagem, mas conhecer ao menos aluno, já que está restrito àquilo que o educando já conquistou. O
superficialmente os fundamentos teóricos de cada linha ajuda bas- desenvolvimento biológico é que é determinante para a aprendiza-
tante qualquer profissional que desenvolva processos de ensino e gem. O processo de ensinar e aprender só pode acontecer à medi-
aprendizagem nos dias de hoje, sobretudo devido à exigência cons- da que o educando estiver maduro para aprender. A educação terá
tante de se ter que improvisar e alterar planos a todo instante, a o papel de aprimorar o educando.
fim de poder acompanhar as mudanças. Na concepção inatista, a prática pedagógica não tem origem
Na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos contextualizada, daí a ênfase no conceito de educando em geral.
centrais para que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: Os postulados inatistas justificam práticas pedagógicas esponta-
o aluno, o professor e a situação de aprendizagem. neístas, do reforço das características inatas, onde o sucesso esco-
As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica lar está no educando e não na escola.
envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhe- Principais teorias: Humanístico
cimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a re- A ideia que norteia esta teoria está baseada no princípio do
lação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimen- ensino centrado no aluno. Este possui liberdade para aprender, e
to. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de o crescimento pessoal é valorizado. O pensamento, sentimentos e
conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação ações estão integrados. O autor humanista mais conhecido é Ro-
através da interação entre as pessoas. gers. A teoria humanista:
O conceito de aprendizagem tem vários significados não • Vê o ser que aprende primordialmente como pessoa;
compartilhados. Algumas definições incluem: condicionamento, • Valoriza a auto-realização e o crescimento pessoal;
aquisição de informação, mudança comportamental, uso do co- • Vê o indivíduo como fonte de seus atos e livre para fazer
nhecimento na resolução de problemas, construção de novos sig- escolhas;
nificados e estruturas cognitivas e revisão de modelos mentais. • A aprendizagem não se limita a um aumento de conheci-
Segue abaixo um resumo das características de cada teoria da mentos, ela influi nas escolhas e atitudes do aprendiz;
aprendizagem, destacando os pontos considerados relevantes pe- • O aprendiz é visto como sujeito, e a auto-realização é en-
los pesquisadores responsáveis por cada enunciado: fatizada.

Principais teorias: Inatismo Principais teorias: Behavorismo ou Comportamental


Os cientistas e os filósofos criaram abordagens denominadas O behavorismo, ou teoria comportamental, foi desenvolvido
inatistas que valorizam os fatores endógenos e as abordagens am- nos Estados Unidos da América John Watson (1878-1958) e na Rús-
bientalistas que dão atenção especial à ação do meio e da cultura sia por Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936). Embora as bases des-
sobre a conduta humana. ta teoria tenham sido desenvolvidas por estes pesquisadores, foi
A visão de desenvolvimento enquanto processo de apropria- Burrhus Frederic Skiiner (1904-1990) que a popularizou, através
ção pelo homem da experiência históricosocial é relativamente de experimentos com ratos. Em seus experimentos, os ratos eram
recente. Durante longos anos, o papel da interação de fatores in- condicionados a determinadas ações, com recompensas boas ou
ternos e externos no desenvolvimento não era destacado. Enfati- ruins pelos seus atos. Assim, se moldava o comportamento destes
zava-se ora os primeiros, ora os segundos. (DAVIS, 1994, p.26) a partir de um sistema de estímulo, resposta e recompensa.
Nesta teoria, o comportamento deve ser estudado e sistema-
tizado para que se possa modificá-lo. De acordo com esta teoria, a
maneira como o indivíduo aprende é uma grandeza possível de ser
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mensurada tal e qual um fenômeno físico. Nesta teoria, a aprendi- destacam-se a de Tolman, a da Gestalt e a de Lewin. As mais re-
zagem, independente da pessoa, deverá seguir as seguintes eta- centes e de bastante influência no processo instrucional são as de
pas: Bruner, Piaget, Vygotsky e Ausubel. O enfoque cognitivista:
– Identificação do problema Encara a aprendizagem como um processo de armazenamento
– Questionamentos acerca dos problemas de informações;
– Hipóteses Auxilia na organização do conteúdo e de suas idéias a respeito
– Escolha das hipóteses de um assunto, em uma área particular de conhecimento;
– Verificação Busca definir e descrever como os indivíduos percebem, dire-
– Generalização. O cérebro a utilizará ao identificar problemas cionam a atenção, coordenam as suas interações com o ambiente;
futuros semelhantes Como aprendem, compreendem e reutilizam informações in-
tegradas em suas memórias a longo prazo;
Principais teorias: Construtivismo Como os indivíduos efetuam a transferência dos conhecimen-
O construtivismo é uma abordagem psicológica desenvolvida tos adquiridos de um contexto para o outro;
a partir da teoria da epistemologia genética, elaborada por Jean Para Vygotsky (1896-1934), o desenvolvimento cognitivo é
Piaget. Nesta teoria, o indivíduo aprende a partir da interação en- produzido pelo processo de interiorização da interação social com
tre ele e o meio em que ele vive. O professor é visto como um materiais fornecidos pela cultura. As potencialidades do indivíduo
mediador do conhecimento. devem ser levadas em conta durante o processo de ensino-apren-
Jean Piaget desenvolveu sua teria a partir de várias outras dizagem;
existentes no período, como a do cognitivismo. Para ele, o desen- O sujeito é não apenas ativo, mas interativo, pois forma conhe-
volvimento da aprendizagem em crianças ocorre pelas seguintes cimentos e constitui-se a partir de relações intra e interpessoais;
etapas: Para Piaget (1981), a construção do conhecimento se dá atra-
– Sensório –motor(0 a 2 anos): as ações representam o mundo vés da interação da experiência sensorial e da razão;
para a criança. Chorar, chupar o dedo, morder. A interação com o meio (pessoas e objetos) são necessários
– Pré-operatório (2 a 7 anos): a criança lida com imagens con- para o desenvolvimento do indivíduo;
cretas Enfatiza o processo de cognição à medida que o ser se situa no
– Operações concretas (7 a 11 anos): a criança já é capaz de mundo e atribui significados à realidade em que se encontra;
efetuar operações lógicas. Preocupa-se com o processo de compreensão, transformação,
– Operações formais (11 em diante) a criança já efetua opera- armazenamento e uso da informação envolvida na cognição.
ções lógicas com mais de uma variável.

Principais teorias: interacionismo. O CONHECIMENTO DO VALOR ÉTICO COMO AGENTE DE


A teoria interacionista foi desenvolvida por Jean Vygotsky. Em PROMOÇÃO SOCIAL NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS.
sua abordagem, o conhecimento é, antes de tudo, impulsionado
pelo desenvolvimento da linguagem no ser humano. Sua teoria
também considera que a interação entre o indivíduo e o meio em A questão da ética nunca esteve tão em voga quanto nos dias
que ele está inserido são essenciais ao processo de aprendizagem de hoje. Cada vez mais se fala nesse assunto e também num rosá-
e, inclusive, entra em acordo com as etapas do desenvolvimento rio de comportamentos e atitudes que devem permear as relações
propostas por Jean Piaget na teoria construtivista. interpessoais, seja em casa, entre vizinhos, amigos e especialmente
Entretanto, para Vygotsky, é o próprio movimento de apren- no ambiente de trabalho. Ocorre que, para além do palavreado, ob-
der e buscar conhecimento que irá gerar a aprendizagem efetiva. serva-se que os valores éticos acabam sendo deixados de lado em
Este processo deve ocorrer de fora para dentro, ou seja, do meio muitos casos diante de situações do dia a dia.
social para o indivíduo. Até por isso, se evidencia a necessidade de saber quais são
Todas estas teorias exerceram ( e ainda exercem) profundas esses valores éticos e compreender a importância deles nos dias
influências na maneira como organizamos os processos educacio- de hoje. Neste artigo, abordaremos o que é ética e o que são as
nais em todo o mundo. Ao longo dos anos, cada teoria foi mais relações interpessoais, como ser ético nas relações interpessoais e,
adequada para as necessidades de seu tempo, visto que a escola e especificamente, no ambiente de trabalho.
o mundo do trabalho também sofreram grandes mudanças. O que é ética?
A partir dos anos 90, o conceito de inteligências múltiplas, de- Em primeiro lugar, precisamos compreender os conceitos fun-
senvolvido por Howard Gardner, propunha que o ser humano era damentais que giram em torno deste tema. Ética é uma palavra de
dotado de várias inteligências diferentes e complementares entre origem grega (“ethos”), que está relacionada à questão de caráter e
si. Isto explicaria, por exemplo, porque algumas pessoas apresen- reúne elementos ligados aos costumes, aos hábitos e às formas de
tariam maior facilidade para aprender matemática e ciências exa- viver de um indivíduo ou de um grupo de pessoas. Ela pressupõe
tas, enquanto outros seriam mas rápidos para aprender esportes uma reflexão a respeito da essência que perpassa os princípios e
ou atividades artísticas, como o desenho e a música. valores que congregam a moral, que procura entender o sentido da
vida humana e o bem e o mal.
Principais teorias: cognitivismo No entanto, no dia a dia, o significado de ético pode variar de
As teorias cognitivas tratam da cognição, de como o indivíduo pessoa para pessoa. Por exemplo, um sujeito faz algo que você
“conhece”; processa a informação, compreende e dá significados considera antiético, mas, por algum motivo, o indivíduo considera
a ela. Dentre as teorias cognitivas de aprendizagem mais antigas, aquilo normal. Porém, por mais que se queira “dobrar” a ética, ela

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é única e baseia como deve ser nosso comportamento, reunindo o respeito às regras é outro elemento ético importantíssimo, pois
aspectos que sintetizam as boas práticas para uma boa convivência revela o seu comprometimento não apenas com a empresa, mas
em sociedade. também com os demais colegas. Enfim, seja exemplo de conduta,
na realização do trabalho, no trato com os colegas e no respeito às
O que são relações interpessoais? normas da organização.
Segundo especialistas, as relações interpessoais podem ser de-
finidas como a conexão, ligação ou mesmo o vínculo entre dois ou Disponível em: https://www.gestaoeducacional.com.br/os-va-
mais indivíduos dentro de um determinado contexto. Que contex- lores-eticos-nas-relacoes-interpessoais/ Acesso em: 02.mai.2023.
to pode ser esse? Vários. As relações interpessoais se desenrolam
no ambiente familiar, social, religioso, de trabalho, escolar, entre
outros. Isso porque as relações sociais fazem parte dos seres huma- IMPACTO E IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO NO
nos, que necessitam se relacionar entre si. AVANÇO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM.
Especialistas afirmam que essa troca de energia, de conheci-
mentos e de emoções é de fundamental importância para o bem-
O processo ensino-aprendizagem é uma dinâmica complexa
-estar individual, pois, por meio de conexões sinceras e positivas,
que envolve a interação entre professores e alunos, bem como o
baseadas na empatia, no respeito e no amor, acabam por refletir
uso de ferramentas pedagógicas e metodologias de ensino. Nesse
não apenas na vida pessoal como em seu entorno.
contexto, o relacionamento entre esses agentes é de fundamental
importância para o sucesso do processo educativo.
Como ser ético nas relações interpessoais?
O relacionamento entre professores e alunos tem um impacto
Como as pessoas têm necessidade de viver em sociedade,
significativo no envolvimento e na motivação dos alunos em relação
mantendo vários tipos de relações entre si, é preciso que tais inte-
ao aprendizado. Quando os alunos se sentem valorizados e respei-
rações sejam regidas por um código de ética que permita um bom
tados pelo professor, eles tendem a se esforçar mais e a se envol-
convívio entre os indivíduos. Esse conjunto de regras torna as pes-
ver mais ativamente no processo de aprendizagem. Por outro lado,
soas mais leais, transparentes, enriquecidas com os valores éticos
quando os alunos não se sentem valorizados e respeitados, podem
mais elevados.
perder a motivação para aprender e até mesmo resistir às tentati-
Basicamente, as relações ocorrem baseadas em um intento de
vas do professor de ensinar.
suprir alguma necessidade básica e pessoal. Posteriormente, essa
Além disso, o relacionamento entre professores e alunos pode
conexão pode avançar para uma relação mais próxima, que envolva
influenciar diretamente o desempenho acadêmico dos alunos.
reciprocidade. Ou, então, se um dos lados não tiver uma postura
Quando os alunos se sentem apoiados e incentivados pelo profes-
ética, de uma boa conduta e empatia, pode acabar se aproveitando
sor, eles tendem a obter melhores resultados em suas atividades
da outra e, uma hora ou outra, cortando laços e gerando diversos
acadêmicas. Por outro lado, quando o relacionamento entre profes-
distúrbios e prejuízos. Daí a importância de as pessoas seguirem os
sor e aluno é negativo ou hostil, os alunos podem se sentir desmoti-
valores éticos que regem a sociedade e nos diferencia dos animais.
vados e podem ter um desempenho acadêmico inferior.
E uma das formas para demonstrar seus valores éticos nas re-
Outro aspecto importante do relacionamento entre professo-
lações interpessoais é por meio da palavra, pois ela tem o poder
res e alunos é a criação de um ambiente de aprendizagem positivo e
de expressar coisas boas e ruins e ser resultado de nosso estado
seguro. Quando os alunos se sentem seguros e confortáveis ​​em sua
emocional, dos nossos pensamentos e, claro, dos valores éticos que
sala de aula, eles tendem a se sentir mais à vontade para compar-
cultivamos.
tilhar ideias, fazer perguntas e participar ativamente do processo
de aprendizagem. Por outro lado, quando o ambiente de aprendi-
Ética nas relações de trabalho
zagem é negativo ou hostil, os alunos podem se sentir inseguros e
As relações de trabalho são um claro exemplo em que a ética e
receosos em expressar suas ideias ou fazer perguntas, o que pode
o relacionamento interpessoal devem fazem parte, permanecendo
prejudicar o processo de aprendizagem.
sempre pautados pela promoção do bem-estar entre os indivíduos
Além disso, o relacionamento entre professores e alunos pode
e impactando positivamente na empresa.
ajudar a desenvolver habilidades sociais e emocionais nos alunos.
“O princípio da ética também se aplica a relações humanas
Quando os alunos têm um relacionamento positivo com o profes-
dentro das organizações, expressões de valores positivos em um
sor, eles podem aprender a se comunicar efetivamente, a trabalhar
ambiente profissional provoca ternura, compaixão, perdão e esses
em equipe e a resolver conflitos de maneira construtiva. Essas ha-
sentimentos não devem ser reprimidos em nome da razão nos ce-
bilidades são valiosas não apenas para o sucesso acadêmico, mas
nários corporativos, uma vez que a ética zela pelo bem comum e
também para o sucesso pessoal e profissional ao longo da vida.
são necessários para a evolução do homem, tanto moral quanto
Por fim, o relacionamento entre professores e alunos pode
social e profissional”, afirma Nancy Assad, no artigo Ética: a força da
contribuir para o desenvolvimento da autoestima e da confiança
linguagem nas relações interpessoais.
dos alunos. Quando os alunos se sentem valorizados e respeitados
Entre as sugestões indicadas por especialistas, podemos citar
pelo professor, eles tendem a desenvolver uma autoimagem posi-
o respeito entre os colegas, mesmo que haja diferenças de opinião,
tiva e a se sentir mais confiantes em suas habilidades acadêmicas.
hierarquia, credo, cor, gênero etc. A honestidade é outro valor fun-
Por outro lado, quando os alunos são desvalorizados ou desrespei-
damental nesse processo e que contribui para um bom ambiente
tados pelo professor, sua autoestima pode ser prejudicada, o que
na organização.
pode afetar negativamente seu desempenho acadêmico e sua saú-
Exemplo de ética é também evitar a estrutura do local para
de mental.
seus interesses pessoais, pois isso evidencia que o funcionário não
se importa com a viabilidade financeira da companhia. Além disso,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

7. Instituição: Instituto que possui a função de criar e desenvol-


Em resumo, o relacionamento entre professores e alunos é
ver afetivamente a criança/adolescente ou ser o lar do idoso.
fundamental para o avanço do processo ensino-aprendizagem.
8. Famílias com constituição funcional: Pessoas que moram
Um relacionamento positivo e respeitoso pode motivar os alunos
juntas e desempenham funções parentais em relação à criança ou
a se envolverem mais ativamente no processo de aprendizagem,
adolescente.
melhorar seu desempenho acadêmico, desenvolver habilidades so-
ciais e emocionais, promover a autoestima e a confiança e criar um
Quando abordar Familias?
ambiente de aprendizagem positivo e seguro. Portanto, é impor-
tante que os professores busquem desenvolver um relacionamento
Não são todas as famílias que devem ser abordadas com pro-
saudável e respeitoso com seus alunos, incentivando a participação
fundidade e/ou de forma constante. É uma forma de trabalho com
ativa e o diálogo aberto. Além disso, é fundamental que os profes-
indicações específicas e, como qualquer tipo de tratamento, só
sores adotem práticas pedagógicas que valorizem a diversidade e a
deve ser feita quando realmente for indicada.
individualidade dos alunos, levando em consideração suas necessi-
Cabe à equipe conhecer sobre esta metodologia de trabalho
dades e interesses.
e cada um destes instrumentos para fazer a escolha daquele que
É importante destacar que o relacionamento entre professo-
o auxiliará mais em cada caso recebido em seu dia a dia. A equipe
res e alunos não é apenas uma responsabilidade do professor, mas
deve também realizar uma análise crítica do que é possível fazer
também dos alunos. Os alunos também têm um papel importante
ou não, tendo em vista as necessidades familiares, o interesse da
na construção de um relacionamento positivo com seus professo-
unidade estudada e a capacidade da equipe de trabalho intervir fa-
res, mostrando respeito, participação ativa e cooperação.
voravelmente no processo de autoconhecimento e crescimento das
Por fim, é necessário que as instituições de ensino e os gover-
famílias.
nos reconheçam a importância do relacionamento entre professo-
Em algumas situações especiais se torna de relevada importân-
res e alunos e ofereçam suporte adequado para o desenvolvimen-
cia a abordagem familiar, entre elas:
to de práticas pedagógicas efetivas e relacionamentos saudáveis.
- Ausência ou diminuição da autonomia do paciente (crianças,
Isso pode incluir programas de formação para professores, políticas
idosos e pacientes dependentes para o cuidado)
educacionais que incentivem um ambiente de aprendizagem positi-
- Ambivalência do afeto: maternagem imaginária e materna-
vo e seguro, bem como recursos para atender às necessidades dos
gem ambiente, quando o filho não é o idealizado. Por exemplo, nos
alunos e promover a inclusão e a diversidade.
casos de crianças com necessidades especiais ou filhos com desvios
importantes de conduta.
O relacionamento entre professores e alunos é crucial para o
- De acordo com a importância dos papéis individuais dos
sucesso do processo ensino-aprendizagem. Um relacionamento
membros da família no comportamento cooperativo (por ex: quem
saudável e respeitoso pode ter um impacto significativo no envol-
compra a comida e quem prepara as refeições)
vimento, motivação, desempenho acadêmico, habilidades sociais
- Quando a família exerce uma influência normativa no pacien-
e emocionais, autoestima e confiança dos alunos. Portanto, é im-
te (que pode ser positiva ou negativa em termos de cooperação).
portante que professores, alunos, instituições de ensino e governos
- Casos de doenças crônicas, genéticas, agudas sérias, termi-
trabalhem juntos para criar um ambiente de aprendizagem positivo
nais, psiquiátricas maiores.
e inclusivo.
- Nos casos de crises do ciclo de vida
Para trabalharmos com as famílias temos que conhecê-las e a
partir daí traçar um plano de cuidados. Para facilitar este processo
FAMÍLIA: AS NOVAS MODALIDADES DE FAMÍLIA, METO-
utilizamos ao longo do tempo uma série de estratégias, como a co-
DOLOGIAS DE ABORDAGEM FAMILIAR.
leta de um bom histórico familiar. Mas além da história, podemos
utilizar uma série de ferramentas específicas para como o genogra-
A família constitui um sistema aberto, dinâmico e complexo, ma, o ciclo de vida, o ecomapa, o APGAR familiar, o practice, o firo
cujos membros pertencem a um mesmo contexto social e dele e a conferencia familiar.
compartilham. É o lugar do reconhecimento da diferença e o apren-
dizado quanto ao unir-se e separar-se; é a sede das primeiras tro- Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.
cas afetivo-emocionais e da construção da identidade (Fernandes php/5464546/mod_resource/content/0/Abordagem%20Fami-
e Curra) liar_Dias%20RB_Guimaraes%20FG%20%282%29.pdf. Acesso em:
As famílias podem ser classificadas em vários tipos: 02.mai.2023.
1. Nuclear: Formada por pais e filhos (até o casamento e cons-
tituição de nova família) ou novos casais.
2. Extensiva: Formada por mais de uma geração, podendo ter
vínculos colaterais
3. Unitária: Pessoa que vive sozinha e não tem laços familiares.
4. Monoparental: Constituída por um dos pais biológicos e os
filhos (independente dos vínculos externos ao núcleo)
5. Homoafetiva: Família nuclear composta por casal homoafe-
tivo.
6. Reconstituída: Família que passou a ter nova configuração
após ruptura anterior, como em caso de segundo casamento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nestas décadas, o Serviço Social experimentou, no Brasil, um


ÉTICA PROFISSIONAL. profundo processo de renovação. Na intercorrência de mudanças
ocorridas na sociedade brasileira com o próprio acúmulo profis-
sional, o Serviço Social se desenvolveu teórica e praticamente, lai-
RESOLUÇÃO CFESS Nº 273 DE 13 MARÇO DE 1993 cizou-se, diferenciou-se e, na entrada dos anos noventa, apresen-
ta-se como profissão reconhecida academicamente e legitimada
Institui o Código de Ética Profissional do/a Assistente Social socialmente.
e dá outras providências. A dinâmica deste processo que conduziu à consolidação pro-
fissional do Serviço Social materializou-se em conquistas teóricas
A Presidente do Conselho Federal de Serviço Social - CFESS, e ganhos práticos que se revelaram diversamente no universo
no uso de suas atribuições legais e regimentais, e de acordo com profissional. No plano da reflexão e da normatização ética, o Códi-
a deliberação do Conselho Pleno, em reunião ordinária, realizada go de Ética Profissional de 1986 foi uma expressão daquelas con-
em Brasília, em 13 de março de 1993, quistas e ganhos, através de dois procedimentos: negação da base
Considerando a avaliação da categoria e das entidades do filosófica tradicional, nitidamente conservadora, que norteava a
Serviço Social de que o Código homologado em 1986 apresenta “ética da neutralidade”, e afirmação de um novo perfil do/a téc-
insuficiências; nico/a, não mais um/a agente subalterno/a e apenas executivo/a,
Considerando as exigências de normatização específicas de mas um/a profissional competente teórica, técnica e politicamen-
um Código de Ética Profissional e sua real operacionalização; te.
Considerando o compromisso da gestão 90/93 do CFESS De fato, construía-se um projeto profissional que, vinculado
quanto à necessidade de revisão do Código de Ética; a um projeto social radicalmente democrático, redimensionava a
Considerando a posição amplamente assumida pela catego- inserção do Serviço Social na vida brasileira, compromissando-o
ria de que as conquistas políticas expressas no Código de 1986 com os interesses históricos da massa da população trabalhadora.
devem ser preservadas; O amadurecimento deste projeto profissional, mais as alterações
Considerando os avanços nos últimos anos ocorridos nos de- ocorrentes na sociedade brasileira (com destaque para a ordena-
bates e produções sobre a questão ética, bem como o acúmulo de ção jurídica consagrada na Constituição de 1988), passou a exigir
reflexões existentes sobre a matéria; uma melhor explicitação do sentido imanente do Código de 1986.
Considerando a necessidade de criação de novos valores éti- Tratava-se de objetivar com mais rigor as implicações dos princí-
cos, fundamentados na definição mais abrangente, de compro- pios conquistados e plasmados naquele documento, tanto para
misso com os usuários, com base na liberdade, democracia, cida- fundar mais adequadamente os seus parâmetros éticos quanto
dania, justiça e igualdade social; para permitir uma melhor instrumentalização deles na prática co-
Considerando que o XXI Encontro Nacional CFESS/CRESS re- tidiana do exercício profissional.
ferendou a proposta de reformulação apresentada pelo Conselho A necessidade da revisão do Código de 1986 vinha sendo
Federal de Serviço Social; sentida nos organismos profissionais desde fins dos anos oitenta.
RESOLVE: Foi agendada na plataforma programática da gestão 1990/1993
do CFESS. Entrou na ordem do dia com o I Seminário Nacional
Art. 1º Instituir o Código de Ética Profissional do assistente de Ética (agosto de 1991) perpassou o VII CBAS (maio de 1992) e
social em anexo. culminou no II Seminário Nacional de Ética (novembro de 1992),
Art. 2º O Conselho Federal de Serviço Social - CFESS, deverá envolvendo, além do conjunto CFESS/CRESS, a ABESS, a ANAS e
incluir nas Carteiras de Identidade Profissional o inteiro teor do a SESSUNE. O grau de ativa participação de assistentes sociais de
Código de Ética. todo o país assegura que este novo Código, produzido no marco
Art. 3º Determinar que o Conselho Federal e os Conselhos Re- do mais abrangente debate da categoria, expressa as aspirações
gionais de Serviço Social procedam imediata e ampla divulgação coletivas dos/as profissionais brasileiros/as.
do Código de Ética. A revisão do texto de 1986 processou-se em dois níveis. Rea-
Art. 4º A presente Resolução entrará em vigor na data de sua firmando os seus valores fundantes - a liberdade e a justiça social
publicação no Diário Oficial da União, revogadas as disposições em -, articulou-os a partir da exigência democrática: a democracia é
contrário, em especial, a Resolução CFESS nº 195/86, de 09.05.86. tomada como valor éticopolítico central, na medida em que é o
único padrão de organização político-social capaz de assegurar a
Brasília, 13 de março de 1993. explicitação dos valores essenciais da liberdade e da equidade. É
ela, ademais, que favorece a ultrapassagem das limitações reais
A história recente da sociedade brasileira, polarizada pela luta que a ordem burguesa impõe ao desenvolvimento pleno da cida-
dos setores democráticos contra a ditadura e, em seguida, pela dania, dos direitos e garantias individuais e sociais e das tendên-
consolidação das liberdades políticas, propiciou uma rica expe- cias à autonomia e à autogestão social. Em segundo lugar, cuidou-
riência para todos os sujeitos sociais. Valores e práticas até en- -se de precisar a normatização do exercício profissional de modo
tão secundarizados (a defesa dos direitos civis, o reconhecimento a permitir que aqueles valores sejam retraduzidos no relaciona-
positivo das peculiaridades individuais e sociais, o respeito à di- mento entre assistentes sociais, instituições/organizações e popu-
versidade, etc.) adquiriram novos estatutos, adensando o elenco lação, preservandose os direitos e deveres profissionais, a qua-
de reivindicações da cidadania. Particularmente para as catego- lidade dos serviços e a responsabilidade diante do/a usuário/a.
rias profissionais, esta experiência ressituou as questões do seu A revisão a que se procedeu, compatível com o espírito do
compromisso ético-político e da avaliação da qualidade dos seus texto de 1986, partiu da compreensão de que a ética deve ter
serviços. como suporte uma ontologia do ser social: os valores são deter-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

minações da prática social, resultantes da atividade criadora tipifi- TÍTULO I


cada no processo de trabalho. É mediante o processo de trabalho DISPOSIÇÕES GERAIS
que o ser social se constitui, se instaura como distinto do ser na-
tural, dispondo de capacidade teleológica, projetiva, consciente; é Art.1º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social:
por esta socialização que ele se põe como ser capaz de liberdade. a- zelar pela observância dos princípios e diretrizes deste Có-
Esta concepção já contém, em si mesma, uma projeção de socie- digo, fiscalizando as ações dos Conselhos Regionais e a prática
dade - aquela em que se propicie aos/às trabalhadores/as um ple- exercida pelos profissionais, instituições e organizações na área
no desenvolvimento para a invenção e vivência de novos valores, do Serviço Social;
o que, evidentemente, supõe a erradicação de todos os processos b- introduzir alteração neste Código, através de uma ampla
de exploração, opressão e alienação. participação da categoria, num processo desenvolvido em ação
É ao projeto social aí implicado que se conecta o projeto pro- conjunta com os Conselhos Regionais;
fissional do Serviço Social - e cabe pensar a ética como pressupos- c- como Tribunal Superior de Ética Profissional, firmar juris-
to teórico-político que remete ao enfrentamento das contradições prudência na observância deste Código e nos casos omissos.
postas à profissão, a partir de uma visão crítica, e fundamentada Parágrafo único Compete aos Conselhos Regionais, nas áreas
teoricamente, das derivações ético-políticas do agir profissional. de suas respectivas jurisdições, zelar pela observância dos princí-
pios e diretrizes deste Código, e funcionar como órgão julgador de
Código de Ética primeira instância.
Princípios Fundamentais
TÍTULO II
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e DOS DIREITOS E DAS RESPONSABILIDADES GERAIS DO/A
das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação ASSISTENTE SOCIAL
e plena expansão dos indivíduos sociais;
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do ar- Art. 2º Constituem direitos do/a assistente social:
bítrio e do autoritarismo; a- garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, esta-
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tare- belecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dos princípios
fa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos firmados neste Código;
civis sociais e políticos das classes trabalhadoras; b- livre exercício das atividades inerentes à Profissão;
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto so- c- participação na elaboração e gerenciamento das políticas
cialização da participação política e da riqueza socialmente pro- sociais, e na formulação e implementação de programas sociais;
duzida; d- inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que e documentação, garantindo o sigilo profissional;
assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos e- desagravo público por ofensa que atinja a sua honra pro-
aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão demo- fissional;
crática; f- aprimoramento profissional de forma contínua, colocando-
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconcei- -o a serviço dos princípios deste Código;
to, incentivando o respeito à diversidade, à participação de gru- g- pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobre-
pos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; tudo quando se tratar de assuntos de interesse da população;
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes h- ampla autonomia no exercício da Profissão, não sendo
profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com as
e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; suas atribuições, cargos ou funções;
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao proces- i- liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, res-
so de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, guardados os direitos de participação de indivíduos ou grupos en-
exploração de classe, etnia e gênero; volvidos em seus trabalhos.
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias pro- Art. 3º São deveres do/a assistente social:
fissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta a- desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência
geral dos/as trabalhadores/as; e responsabilidade, observando a legislação em vigor;
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à b- utilizar seu número de registro no Conselho Regional no
população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da exercício da Profissão;
competência profissional; c- abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que carac-
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem terizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento
discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, et- dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos
nia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gê- competentes;
nero, idade e condição física. d- participar de programas de socorro à população em situa-
ção de calamidade pública, no atendimento e defesa de seus inte-
resses e necessidades.
Art. 4º É vedado ao/à assistente social:
a- transgredir qualquer preceito deste Código, bem como da
Lei de Regulamentação da Profissão;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b- praticar e ser conivente com condutas antiéticas, crimes a- exercer sua autoridade de maneira a limitar ou cercear o
ou contravenções penais na prestação de serviços profissionais, direito do/a usuário/a de participar e decidir livremente sobre
com base nos princípios deste Código, mesmo que estes sejam seus interesses;
praticados por outros/as profissionais; b- aproveitar-se de situações decorrentes da relação assisten-
c- acatar determinação institucional que fira os Código de Éti- te social-usuário/a, para obter vantagens pessoais ou para tercei-
ca princípios e diretrizes deste Código; ros;
d- compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive c- bloquear o acesso dos/as usuários/as aos serviços ofereci-
nos casos de estagiários/as que exerçam atribuições específicas, dos pelas instituições, através de atitudes que venham coagir e/ou
em substituição aos/às profissionais; desrespeitar aqueles que buscam o atendimento de seus direitos.
e- permitir ou exercer a supervisão de aluno/a de Serviço So-
cial em Instituições Públicas ou Privadas que não tenham em seu CAPÍTULO II
quadro assistente social que realize acompanhamento direto ao/à DAS RELAÇÕES COM AS INSTITUIÇÕES EMPREGADORAS
aluno/a estagiário/a; E OUTRAS
f- assumir responsabilidade por atividade para as quais não
esteja capacitado/a pessoal e tecnicamente; Art. 7º Constituem direitos do/a assistente social:
g- substituir profissional que tenha sido exonerado/a por de- a- dispor de condições de trabalho condignas, seja em entida-
fender os princípios da ética profissional, enquanto perdurar o de pública ou privada, de forma a garantir a qualidade do exercício
motivo da exoneração, demissão ou transferência; profissional;
h- pleitear para si ou para outrem emprego, cargo ou função b- ter livre acesso à população usuária;
que estejam sendo exercidos por colega; c- ter acesso a informações institucionais que se relacionem
i- adulterar resultados e fazer declarações falaciosas sobre si- aos programas e políticas sociais e sejam necessárias ao pleno
tuações ou estudos de que tome conhecimento; exercício das atribuições profissionais;
j- assinar ou publicar em seu nome ou de outrem trabalhos de d- integrar comissões interdisciplinares de ética nos locais de
terceiros, mesmo que executados sob sua orientação. trabalho do/a profissional, tanto no que se refere à avaliação da
conduta profissional, como em relação às decisões quanto às po-
TÍTULO III líticas institucionais.
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS Art. 8º São deveres do/a assistente social:
a- programar, administrar, executar e repassar os serviços so-
CAPÍTULO I ciais assegurados institucionalmente;
DAS RELAÇÕES COM OS/AS USUÁRIOS/AS b- denunciar falhas nos regulamentos, normas e programas
da instituição em que trabalha, quando os mesmos estiverem fe-
Art. 5º São deveres do/a assistente social nas suas relações rindo os princípios e diretrizes deste Código, mobilizando, inclusi-
com os/as usuários/as: ve, o Conselho Regional, caso se faça necessário;
a- contribuir para a viabilização da participação efetiva da po- c- contribuir para a alteração da correlação de forças institu-
pulação usuária nas decisões institucionais; cionais, apoiando as legítimas demandas de interesse da popula-
b- garantir a plena informação e discussão sobre as possibili- ção usuária;
dades e consequências das situações apresentadas, respeitando d- empenhar-se na viabilização dos direitos sociais dos/as
democraticamente as decisões dos/as usuários/as, mesmo que usuários/as, através dos programas e políticas sociais;
sejam contrárias aos valores e às crenças individuais dos/as pro- e- empregar com transparência as verbas sob a sua respon-
fissionais, resguardados os princípios deste Código; sabilidade, de acordo com os interesses e necessidades coletivas
c- democratizar as informações e o acesso aos programas dis- dos/as usuários/as.
poníveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indis- Art. 9º É vedado ao/à assistente social:
pensáveis à participação dos/as usuários/as; a- emprestar seu nome e registro profissional a firmas, or-
d- devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas ganizações ou empresas para simulação do exercício efetivo do
aos/às usuários/as, no sentido de que estes possam usá-los para Serviço Social;
o fortalecimento dos seus interesses; b- usar ou permitir o tráfico de influência para obtenção de
e- informar à população usuária sobre a utilização de mate- emprego, desrespeitando concurso ou processos seletivos;
riais de registro audiovisual e pesquisas a elas referentes e a for- c- utilizar recursos institucionais (pessoal e/ou financeiro)
ma de sistematização dos dados obtidos; para fins partidários, eleitorais e clientelistas.
f- fornecer à população usuária, quando solicitado, informa-
ções concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e CAPÍTULO III
as suas conclusões, resguardado o sigilo profissional; DAS RELAÇÕES COM ASSISTENTES SOCIAIS E OUTROS/AS
g- contribuir para a criação de mecanismos que venham des- PROFISSIONAIS
burocratizar a relação com os/as usuários/as, no sentido de agili-
zar e melhorar os serviços prestados; Art. 10 São deveres do/a assistente social:
h- esclarecer aos/às usuários/as, ao iniciar o trabalho, sobre a- ser solidário/a com outros/as profissionais, sem, todavia,
os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional. eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos
Art. 6º É vedado ao/à assistente social: contidos neste Código;
b- repassar ao seu substituto as informações necessárias à
continuidade do trabalho;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c- mobilizar sua autoridade funcional, ao ocupar uma chefia, CAPÍTULO V


para a liberação de carga horária de subordinado/a, para fim de DO SIGILO PROFISSIONAL
estudos e pesquisas que visem o aprimoramento profissional,
bem como de representação ou delegação de entidade de organi- Art. 15 Constitui direito do/a assistente social manter o sigilo
zação da categoria e outras, dando igual oportunidade a todos/as; profissional.
d- incentivar, sempre que possível, a prática profissional in- Art. 16 O sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo de
terdisciplinar; que o/a assistente social tome conhecimento, como decorrência
e- respeitar as normas e princípios éticos das outras profis- do exercício da atividade profissional.
sões; Parágrafo único Em trabalho multidisciplinar só poderão ser
f- ao realizar crítica pública a colega e outros/ as profissionais, prestadas informações dentro dos limites do estritamente neces-
fazê-lo sempre de maneira objetiva, construtiva e comprovável, sário.
assumindo sua inteira responsabilidade. Art. 17 É vedado ao/à assistente social revelar sigilo profis-
Art. 11 É vedado ao/à assistente social: sional.
a- intervir na prestação de serviços que estejam sendo efe- Art. 18 A quebra do sigilo só é admissível quando se tratarem
tuados por outro/a profissional, salvo a pedido desse/a profissio- de situações cuja gravidade possa, envolvendo ou não fato deli-
nal; em caso de urgência, seguido da imediata comunicação ao/à tuoso, trazer prejuízo aos interesses do/a usuário/a, de terceiros/
profissional; ou quando se tratar de trabalho multiprofissional e a as e da coletividade.
intervenção fizer parte da metodologia adotada; Parágrafo único A revelação será feita dentro do estritamente
b- prevalecer-se de cargo de chefia para atos discriminatórios necessário, quer em relação ao assunto revelado, quer ao grau e
e de abuso de autoridade; número de pessoas que dele devam tomar conhecimento.
c- ser conivente com falhas éticas de acordo com os princípios
deste Código e com erros técnicos praticados por assistente social CAPÍTULO VI
e qualquer outro/a profissional; DAS RELAÇÕES DO/A ASSISTENTE SOCIAL COM A JUSTIÇA
d- prejudicar deliberadamente o trabalho e a reputação de
outro/a profissional. Art. 19 São deveres do/a assistente social:
a- apresentar à justiça, quando convocado na qualidade de
CAPÍTULO IV perito ou testemunha, as conclusões do seu laudo ou depoimen-
DAS RELAÇÕES COM ENTIDADES DA CATEGORIA E DE- to, sem extrapolar o âmbito da competência profissional e violar
MAIS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL os princípios éticos contidos neste Código;
b- comparecer perante a autoridade competente, quando
Art.12 Constituem direitos do/a assistente social: intimado/a a prestar depoimento, para declarar que está obriga-
a- participar em sociedades científicas e em entidades repre- do/a a guardar sigilo profissional nos termos deste Código e da
sentativas e de organização da categoria que tenham por finalida- Legislação em vigor.
de, respectivamente, a produção de conhecimento, Art. 20 É vedado ao/à assistente social:
a defesa e a fiscalização do exercício profissional; a- depor como testemunha sobre situação sigilosa do/a usuá-
b- apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organiza- rio/a de que tenha conhecimento no exercício profissional, mes-
ções populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação mo quando autorizado;
da democracia e dos direitos de cidadania. b- aceitar nomeação como perito e/ou atuar em perícia quan-
Art. 13 São deveres do/a assistente social: do a situação não se caracterizar como área de sua competência
a- denunciar ao Conselho Regional as instituições públicas ou ou de sua atribuição profissional, ou quando infringir os dispositi-
privadas, onde as condições de trabalho não sejam dignas ou pos- vos legais relacionados a impedimentos ou suspeição.
sam prejudicar os/as usuários/as ou profissionais;
b- denunciar, no exercício da Profissão, às entidades TÍTULO IV
de organização da categoria, às autoridades e aos órgãos DA OBSERVÂNCIA, PENALIDADES, APLICAÇÃO E CUMPRI-
competentes, casos de violação da Lei e dos Direitos Humanos, MENTO DESTE CÓDIGO
quanto a: corrupção, maus tratos, torturas, ausência de condições
mínimas de sobrevivência, discriminação, preconceito, abuso de Art. 21 São deveres do/a assistente social:
autoridade individual e institucional, qualquer forma de agressão a- cumprir e fazer cumprir este Código;
ou falta de respeito à integridade física, social e mental do/a cida- b- denunciar ao Conselho Regional de Serviço Social, através
dão/cidadã; de comunicação fundamentada, qualquer forma de exercício irre-
c- respeitar a autonomia dos movimentos populares gular da Profissão, infrações a princípios e diretrizes deste Código
e das organizações das classes trabalhadoras. e da legislação profissional;
Art. 14 É vedado ao/à assistente social valer-se de posição c- informar, esclarecer e orientar os/as estudantes, na docên-
ocupada na direção de entidade da categoria para obter vanta- cia ou supervisão, quanto aos princípios e normas contidas neste
gens pessoais, diretamente ou através de terceiros/as. Código.
Art. 22 Constituem infrações disciplinares:
a- exercer a Profissão quando impedido/a de fazêlo, ou faci-
litar, por qualquer meio, o seu exercício ao/às não inscritos/as ou
impedidos/as;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b- não cumprir, no prazo estabelecido, determinação ema- através de publicação em Diário Oficial e em outro órgão da im-
nada do órgão ou autoridade dos Conselhos, em matéria destes, prensa, e afixado na sede do Conselho Regional onde estiver in-
depois de regularmente notificado/a; serido/a o/a denunciado/a e na Delegacia Seccional do CRESS da
c- deixar de pagar, regularmente, as anuidades e contribui- jurisdição de seu domicílio.
ções devidas ao Conselho Regional de Serviço Social a que esteja Art. 30 Cumpre ao Conselho Regional a execução das decisões
obrigado/a; proferidas nos processos disciplinares.
d- participar de instituição que, tendo por objeto o Serviço Art. 31 Da imposição de qualquer penalidade caberá recurso
Social, não esteja inscrita no Conselho Regional; com efeito suspensivo ao CFESS.
e- fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adul- Art. 32 A punibilidade do assistente social, por falta sujeita a
terado, perante o Conselho Regional ou Federal. processo ético e disciplinar, prescreve em 5 (cinco) anos, contados
da data da verificação do fato respectivo.
Das Penalidades Art. 33 Na execução da pena de advertência reservada, não
Art. 23 As infrações a este Código acarretarão penalidades, sendo encontrado o/a penalizado/a ou se este/a, após duas con-
desde a multa à cassação do exercício profissional, na forma dos vocações, não comparecer no prazo fixado para receber a penali-
dispositivos legais e/ ou regimentais. dade, será ela tornada pública.
Art. 24 As penalidades aplicáveis são as seguintes: §1º A pena de multa, ainda que o/a penalizado/a compareça
a- multa; para tomar conhecimento da decisão, será publicada nos termos
b- advertência reservada; do artigo 29 deste Código, se não for devidamente quitada no pra-
c- advertência pública; zo de 30 (trinta) dias, sem prejuízo da cobrança judicial.
d- suspensão do exercício profissional; § 2º Em caso de cassação do exercício profissional, além dos
e- cassação do registro profissional. editais e das comunicações feitas às autoridades competentes in-
Parágrafo único Serão eliminados/as dos quadros dos CRESS teressadas no assunto, proceder-se-á a apreensão da Carteira e
aqueles/as que fizerem falsa prova dos requisitos exigidos nos Cédula de Identidade Profissional do/a infrator/a .
Conselhos. Art. 34 A pena de multa variará entre o mínimo correspon-
Art. 25 A pena de suspensão acarreta ao/à assistente social a dente ao valor de uma anuidade e o máximo do seu décuplo.
interdição do exercício profissional em todo o território nacional, Art. 35 As dúvidas na observância deste Código e os casos
pelo prazo de 30 (trinta) dias a 2 (dois) anos. omissos serão resolvidos pelos Conselhos Regionais de Serviço
Parágrafo único A suspensão por falta de pagamento de anu- Social “ad referendum” do Conselho Federal de Serviço Social, a
idades e taxas só cessará com a satisfação do débito, podendo quem cabe firmar jurisprudência.
ser cassada a inscrição profissional após decorridos três anos da Art. 36 O presente Código entrará em vigor na data desua pu-
suspensão. blicação no Diário Oficial da União, revogando-se as disposições
Art. 26 Serão considerados na aplicação das penas os ante- em contrário.
cedentes profissionais do/a infrator/a e as circunstâncias em que
ocorreu a infração. Brasília, 13 de março de 1993
Art. 27 Salvo nos casos de gravidade manifesta, que exigem
aplicação de penalidades mais rigorosas, a imposição das penas
obedecerá à gradação estabelecida pelo artigo 24. COMO SE DÁ O CONHECIMENTO — VERTENTES DO CO-
Art. 28 Para efeito da fixação da pena serão considerados es- NHECIMENTO (RACIONALISMOS, EMPIRISMO E INTERA-
pecialmente graves as violações que digam respeito às seguintes CIONISMO);
disposições:
artigo 3º - alínea c;
artigo 4º - alínea a, b, c, g, i, j; Racionalismo
artigo 5º - alínea b, f;
artigo 6º - alínea a, b, c; Liderado pelo filósofo e matemático francês moderno René
artigo 8º - alínea b; Descartes, o racionalismo é um movimento ligado à teoria do
e artigo 9º - alínea a, b, c; conhecimento que afirma que toda a possibilidade de conhe-
artigo11 - alínea b, c, d; cimento certo e indubitável advém do raciocínio puro. Descar-
artigo 13 - alínea b; tes aventou a possibilidade de possuirmos conhecimento para
artigo 14; além do raciocínio, mas a origem das ideias, segundo ele, esta-
artigo 16; ria nas ideias inatas (termo trazido da filosofia platônica), que
artigo 17; são ideias que adquirimos antes mesmo do nosso nascimento.
Parágrafo único do artigo 18;
artigo 19 - alínea b; Elas estariam “impressas” em nossa alma, e buscar essas ideias
artigo 20 - alínea a, b por meio do puro raciocínio seria o caminho para o conhecimen-
Parágrafo único As demais violações não previstas no “caput”, to verdadeiro. O primeiro conhecimento certo e indubitável atin-
uma vez consideradas graves, autorizarão aplicação de penalida- gido por Descartes foi o cogito, expresso pela frase: “penso, logo
des mais severas, em conformidade com o artigo 26. existo”. Descartes baseou-se no princípio de que deve haver um
Art. 29 A advertência reservada, ressalvada a hipótese previs- método para organizar o conhecimento e que devemos descon-
ta no artigo 33 será confidencial, sendo que a advertência pública, fiar de todo o conhecimento prévio, duvidando, assim, de tudo.
suspensão e a cassação do exercício profissional serão efetivadas
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A esse movimento, Descartes chamou de dúvida metódi- aprendizado individual, com ações pontuais de capacitação do tra-
ca e hiperbólica. Ao duvidar de absolutamente tudo, Des- balhador ou ações formais voltadas ao treinamento em grupo.
cartes duvidou da sua própria existência. Contudo, ele cons- Tratam-se de treinamentos não-estruturados, mais informais, e
tatou que duvidar é um ato do pensamento e quem pensa estruturados, baseados em métodos, planejamento e envolve
precisa antes existir. Sendo assim, se ele pensa, ele existe. Esse é adequada avaliação de necessidades de treinamento. North (1996)
o básico da teoria do conhecimento proposta pelo racionalismo. entende aprendizagem humana como um processo cumulativo,
baseado tanto nas experiências passadas, incorporadas na
Empirismo coletividade, como nas experiências correntes dos indivíduos.
Para aqueles teóricos que veem as organizações como siste-
Os três grandes pilares do empirismo moderno são: mas interpretativos, a aprendizagem envolve uma resposta ou
ação nova com base na interpretação e constitui o processo de
Francis Bacon colocar as teorias cognitivas em ação (ARGYRIS; SCHON, 1978
John Locke apudCALDAS;BERTERO, 2007).
David Hume A aprendizagem organizacional é definida como o processo
pelo qual se desenvolve o conhecimento sobre as relações do
Enquanto o racionalismo buscava em Platão a tese para a fun- resultado da ação entre a organização e o ambiente (DUNCAN;
damentação do conhecimento primordial (aquele que advém da WEISS, 1979 apudCALDAS;BERTERO, 2007). Nesse sentido, o mo-
pura racionalidade), os empiristas pegam um caminho um pou- delo proposto por Daft e Weick (1984) de processo de interpretação
co mais aristotélico. Para eles, a origem de todo o conhecimento nas organizações envolve três estágios que constituem o processo
está na experiência prática sensorial, pois é por meio dos senti- global de aprendizagem:
dos que temos os primeiros dados do conhecimento: as intuições. (1) o rastreamento, ou coleta de dados, sondagem, monito-
ramento;
Toda a possibilidade de racionalização desse conheci- (2) a interpretação, como processo de produção de sentido,
mento acontece depois do ato de receber os dados da intui- de entendimento; e, por fim,
ção (dados dos sentidos: visão, audição, tato…). Para saber (3) a aprendizagem propriamente dita, com a tomada de ação,
mais sobre essa área da filosofia moderna, leia: Empirismo.” de modo análogo à aprendizagem de uma nova habilidade no
nível individual, que proporciona novos dados para interpreta-
Disponível em:: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/teo- ção.
ria-do-conhecimento.htm. Acesso em: 02.mai.2023. Assim, os três estágios estão interligados pela retroalimen-
tação do processo (feedback).Para o modernismo sistêmico, a so-
Interacionismo ciedade pós-industrial está organizada em torno do conhecimento
com vistas ao controle social e ao direcionamento da inovação
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado e da mudança (BELL, 1974 apudCALDAS;BERTERO, 2007). Bell
em tópicos anteriores. ainda aponta o fundamento modernista da noção de progresso
social e a busca humana por unidade de conhecimento e um con-
junto de princípios que na epistemologia da aprendizagem alicer-
EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NAS ORGA- çariam as modalidades de experiência e as categorias da razão
NIZAÇÕES; e assim dariam forma a um conjunto de verdades invariáveis.
Nessa linha, o conceito central aparece na ideia clara de produti-
vidade, entendida como a capacidade de lograr uma produção
No contexto organizacional, o processo de aprendiza- mais que proporcional a partir de um dado investimento de
gem tem como finalidade promover melhoria na performance capital, ou um dado esforço de trabalho ou, mais simplesmente,
por meio de mudanças comportamentais voltadas à produção, a sociedade pode alcançar mais produto com menos esforço ou
podendo ocorrer tanto para responder a necessidades imediatas custo. Luhmann ainda argumenta que o sistema precisa tornar as
de trabalho como para desenvolver competências relevantes para o ações individuais compatíveis a seus próprios objetivos globais por
futuro (ABBAD;BORGES-ANDRADE, 2004). meio de um processo de “aprendizagem sem perturbação” (CAL-
O conceito de competência é central para a literatura de DAS;BERTERO, 2007).
aprendizagem e apresentada em diferentes perspectivas. Po- Em contraposição, o pós-modernismo vê essa postura utili-
rém, da revisão de definições de competências, nota-se uma tarista da aprendizagem como uma das tensões envolvidas nas
interseção consensual em torno de um conjunto de co- organizações. A busca pela performance é parte do discurso
nhecimentos, habilidades e atitudes/comportamentos desen- organizacional, uma simples expressão do poder, que esconde
volvidos para o trabalho, no caso do indivíduo, e o conjunto de modo sutil o problema. A sociedade organizacional busca
de conhecimentos, habilidades e capacidades tecnológicas, domesticar as paixões mais impulsivas do homem, atenuan-
desenvolvidas no nível organizacional (LIMA;BORGES-ANDRADE, do-as em interesses sociais e econômicos (HIRSCHMAN, 1977
2006).Embora se diferencie na literatura a aprendizagem nos apudCALDAS;BERTERO, 2007).
níveis individual, coletivo (grupo, rede, equipe) e organizacio- Em organizações com cultura orientada à função, apren-
nal, esses são processos interdependentes, pois o último não der, no nível do indivíduo, significa acumular as técnicas neces-
acontece sem o primeiro e, em regra, pressupõe o segundo sárias para adequar-se a uma função e, espera-se, técnicas adicio-
(ABBAD;FREITAS;PILATI, 2006). As estratégias de promoção da nais para qualificar-se a posições mais altas (TROMPENAARS,
aprendizagem nas organizações necessariamente se voltam ao 1994). Por seu turno, os modelos de sistemas racionais (SCOTT,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1991) pressupõemobjetivos estáveis e assume que modos de O conhecimento tecnológico, naquele contexto de revolução
aprendizagem estão sujeitos a alterações, que muitas escolhas não industrial, estaria confinado aos gestores e ao departamento
são guiadas por intenções pré-estabelecidas, mas resultam na de engenharia de projetos, por meio do chamado gerenciamento
descoberta de novos propósitos. E enquanto modelos de sis- científico.Essa abordagem evolui com a escola das relações
temas racionais propõem que tecnologias são conhecimento, humanas e o reconhecimento da complexidade do comporta-
modelos de aprendizagem ressaltam que precisam se inventadas mento humano na organização. Simon descreveu em Com-
continuamente, moldadas e modificadas com base no feedbackdo portamento Administrativo, publicado em 1945, os elementos
ambiente. Abordagens de aprendizagem adotam a concepção de integração das abordagens estrutural e motivacional e propôs
de sistemas abertos de organizações (SCOTT, 1998). a teoria do equilíbrio organizacional. O foco de análise de Simon se
concentra no processo de decisão na organização e procura recon-
3 EVOLUÇÃO DAS TEORIAS ORGANIZACIONAIS E SUAS PERS- ciliar os princípios da racionalidade com o comportamento indi-
PECTIVAS DE APRENDIZAGEM vidual, mais preocupado em satisfazer (homem administrativo)
que maximizar (homem econômico) os interesses pessoais.
A partir dessa revisão e tendo esse mapa conceitual de apren- A característica de aprendizagem que se extrai de sua análise é o
dizagem como ponto de partida, busca-se verificar como essas di- processo humano de resolução de problemas como determinante
versas perspectivas de aprendizagem em organizações evoluíram elemento da função e estrutura da organização (SIMON, 1957
nas teorias organizacionais, desde as teorias clássicas às pós-mo- apud BURREL;MORGAN, 2001).
dernas.A Ordemé ao mesmo tempo objeto e objetivo essen- No contexto da teoria da contingência, em que as organizações
cial para as teorias das organizações clássicas, da administração podem ser entendidas pelos mesmos princípios que se aplicam
científica à teoria da decisão, cujos expoentes foram Taylor, Fayol aos organismos biológicos, o ambiente se torna um importante
e Simon, num contexto de transição de Estado guarda-noturno foco de análise. Nesse contexto de organização vista como
para um Estado industrial, em plena Revolução Industrial. Mes- um sistema aberto, sujeita a um mundo incerto, turbulento,
mo sem perder a ordemde vista, o debate organizacional evolui perigoso e mudando constantemente, a tarefa principal do ge-
ao tratar a questão do Consenso, que se refere à perspectiva rente máximo é garantir a sobrevivência da organização. O gerente
da escola das Relações Humanas, da teoria da contingência e responsável por exercer o controle estratégico da organização
sistêmica, e da cultura corporativa, baseadas em Durkheim, Bar- nesse ambiente, se preocupa com os processos de aprendizagem
nard, Mayo e Parsons. com um objetivo claro: permitir a adaptação às mudanças. Assim, a
Teorias essas desenvolvidas em contexto de evolução de um dimensão de controle estratégico do ponto de vista da teoria
capitalismo empresarial a um capitalismo do bem-estar.Asteorias de contingência pode ser conceitualizada como a variação entre
clássicas de gestão compartilham uma orientação determinista em um ambiente estável, onde o objetivo básico é atingir eficiência
busca da ordem por meio de uma série de mecanismos impessoais na atuação, para um ambiente turbulento, onde o principal passa a
e estruturados que atuam sobre os atores e condicionam seus ser criar sistemas de aprendizagem no âmbito da organização.
comportamentos na organização. Sempre focado no alcance das Portanto, pode-se dizer que para os teóricos da contingência a
metas organizacionais, os autores clássicos, como Taylor, Fayol aprendizagem organizacional é estratégica como instrumento deso-
e Gulick, determinaram um elemento básico da estrutura de brevivência da organização assim como as escolhas tecnológicas
divisão do trabalho: os papéis. e a orientação dos seus membros, cujas personalidades também
Os trabalhadores devem se investir nesses papéis que es- são vistas como contingenciais (BURREL;MORGAN, 2001).
tão estruturados e predefinidos como conjunto deobrigações e Ainda em torno do consenso, no paradigma interpretativis-
responsabilidades associadas a certa posição, da qual se ta, as teorias buscam entender o mundo como ele é (sociologia da
gera uma expectativa comportamental. Para tanto, os seres regulação) e a natureza da sociedade do ponto de vista da experi-
humanos devem ser cuidadosamente selecionados, treinados e ência individual. Portanto, a análise ocorre no nível subjetivo e sob
controlados para a adequada interpretação de seus papéis, na vi- a perspectiva de um quadro de referência do participante,
são dos clássicos da Administração. contrastando com o distanciamento do observador objetivista
Desse ponto de vista, os processos de aprendizagem se das teorias do paradigma funcionalista (BURREL;MORGAN, 2001).
apresentam de modo funcionalista e cuidadosamente voltados As organizações fazem interpretações todo o tempo em
para o ensino das posições de produção, no espírito da divisão do que se deparam com informações do ambiente e a literatura
trabalho. Não há preocupação com a visão global do processo aponta diversas imagens para interpretação: sondagem, moni-
produtivo, que deve estar concentrado na alta direção. Taylor, toramento, produção de sentido, entendimento e aprendizagem
com predileção pelos estudos de tempos e movimentos, con- (DAFT e WEICK, 1984). São conceitos que podem ser organiza-
duziu grande parte de seu trabalho no nível da organização dos em três estágios que constituem o processo de aprendiza-
do chão de fábrica, e seu esquema teórico incluía o ser humano gem: (1) rastreamento, ou monitoramento do ambiente para
como uma peça de máquina, torneada e lubrificada para funcionar prover dados aos gestores; (2) interpretação, ou atribuição de
em posição fixa. Fayol, por seu turno, direcionou seu foco de análise sentido aos dados por meio das percepções pessoais e tradu-
no nível gerencial, ressaltando as funções de planejamen- ções dos dados para a organização; e, (3) aprendizagem,
to, organização, comando, coordenação e controle. Por essa propriamente dita, em terceiro estágio, envolve uma resposta
abordagem, não havia orientação para a aprendizagem em ou reação às novas situações dadas pelo monitoramento, tra-
organizações no conceito atual. Esperava-se uma atuação duzidas pela interpretação organizacional.
passiva dos indivíduos, que deveriam exercer o papel designado
corretamente, numa visão mecânica da organização para a melho-
ria da eficiência na produção.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Interpretação organizacional é entendida como o processo de traduzir eventos do ambiente e desenvolver compreensão com-
partilhada e esquemas conceituais entre os membros da administração superior, dando sentido aos dados colhidos no estágio de
monitoramento.
Trata-se, pois, da construção de um consenso em relação às informações do ambiente que a organização foi capaz de coletar
e sistematizar, introduzindo um novo construto no mapa cognitivo organizacional, como base para o processo de aprendizagem
e tomada de decisão.A aprendizagem em organizações é entendida por essa abordagem como processo pelo qual se desenvolve
o conhecimento sobre as relações do resultado da ação entre a organização e o ambiente (DUNCAN; WEISS, 1979 apudCAL-
DAS;BERTERO, 2007).
A aprendizagem é o processo de colocar as teorias cognitivas em ação (ARGYRIS; SCHON, 1978; HEDBERG, 1981 apudCALDAS;BER-
TERO, 2007). Nesse ponto, vale reproduzir o diagrama esquemático de Daft e Weick (1984), mostrando que o ato de aprender
proporciona ainda novos dados para a interpretação, num ciclo que interconecta e retroalimenta os três estágios do processo global de
aprendizagem.

Figura 1: Relações entre rastreamento, interpretação e aprendizagem da organização

Fonte: reproduzido de Caldas e Bertero(2007,p. 240)

Por essa abordagem, a interpretação e seu processo global de aprendizagem em organizações apresenta-se como uma das
mais importantes funções desempenhadas pelas organizações, tendo em vista que, mesmo partindo de pressupostos distintos de
ambiente analisável ou não, trata-se de um processo pelo qual os gestores traduzem dados em conhecimento e entendimento
sobre o ambiente. A partir dessa tradução da realidade, são formuladas estratégias e tomada de decisão, dando sentido ao am-
biente, o que é uma necessidade básica dos indivíduos e das organizações.

Fonte: NOGUEIRA, R. A.; ODELIUS, C. C. APRENDIZAGEM: EVOLUÇÃO NO CONTEXTO DAS TEORIAS ORGANIZACIONAIS. Perspectivas
em Gestão &amp; Conhecimento, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 3–18, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pgc/article/
view/17286. Acesso em: 2 maio. 2023.

ESTRATÉGIAS DE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS

Uma tendência muito forte da gestão contemporânea é a de buscar o alinhamento de todos os setores com a estratégia organiza-
cional. Em outras palavras, isso significa que as ações desenvolvidas por cada setor precisam ser coerentes e contribuir para os objetivos
mais amplos do negócio.
E o RH não escapa dessa tendência: também precisa trabalhar a favor da estratégia organizacional e das metas da empresa. Portanto,
neste artigo completo vamos destacar dicas e métodos para você garantir esse alinhamento. Confira!

A importância de uma gestão de pessoas eficiente

Como já dissemos, todos os setores precisam estar alinhados com a estratégia organizacional. Produção, logística, financeiro, comer-
cial, compras, supply chain e, é claro, também o setor de Recursos Humanos. Mas, afinal, qual é o papel e a importância do RH?
Basicamente, o setor de RH promove a gestão de pessoas. E — principalmente no atual cenário econômico —, as pessoas são o centro
da organização.
Afinal, as suas habilidades, competências e conhecimentos são a fonte da inovação e das vantagens competitivas de uma empresa. E
um exemplo claro disso é o uso do termo “talentos” para se referir aos colaboradores.
Logo, uma gestão de pessoas eficiente é essencial para promover captação, desenvolvimento e retenção de talentos. Ela permite
recrutar profissionais de excelência, ajudá-los a atingir seu pleno potencial e mantê-los comprometidos e engajados com a empresa e seu
trabalho.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atividades relacionadas à gestão de pessoas Logo, para que seja possível fazer a gestão do desempenho, é
necessário que cada colaborador tenha suas próprias metas. Dessa
Diante disso, o setor de RH se envolve em uma grande diversi- forma, é feita uma comparação entre os resultados desejados e os
dade de atividades. E você provavelmente já pensou nas mais em- resultados reais, para analisar o progresso obtido.
blemáticas: recrutamento e desligamento de funcionários. Porém, E a gestão do desempenho conta ainda com um instrumento
a lista é muito maior! importante, o Painel de Desempenho do Colaborador (ou PDC). Ele
Entre as atividades específicas da gestão de pessoas, podemos é composto por uma série de indicadores relevantes, os chamados
destacar: KPIs.
- definição de planos de cargos e carreiras; Assim, ele favorece uma visão geral (ou “visão macro”) do tra-
- criação de programas de capacitação, treinamento e educa- balho que vem sendo realizado pelos colaboradores.
ção corporativa; E o seu uso ainda permite a identificação dos fatores que afe-
- definição de métodos para a avaliação do desempenho dos tam o trabalho dos colaboradores. Por meio dessa informação, é
colaboradores; possível adotar ações para eliminar obstáculos e aproveitar oportu-
- fortalecimento da plano de benefícios oferecido pela empre- nidades para a maior produtividade, impulsionando o negócio para
sa; atingir suas metas.
- criação de políticas de feedback;
- auxílio e aconselhamento aos gestores de equipe; Como fazer o alinhamento à estratégia organizacional
- mediação entre colaboradores e gestores;
- representação das demandas e solicitações dos colaborado- Chegamos à pergunta principal deste artigo. Sabemos que é
res. importante alinhar a gestão de pessoas à estratégia organizacional.
Mas como fazer isso na prática? Você pode encontrar a resposta
Vale a pena lembrar que, neste artigo, estamos focando apenas seguindo estes cinco passos:
no setor de RH (Recursos Humanos), que é o responsável pela ges-
tão estratégica de pessoas. A maioria das empresas tem também 1. Entenda as metas e o direcionamento do negócio
um setor (ou uma subdivisão) chamado de DP — Departamento Muitas empresas falham em divulgar adequadamente sua es-
de Pessoal. tratégia organizacional aos gestores de equipes. Portanto, não po-
Esse se ocupa de atividades mais burocráticas, como o fecha- dem esperar um alinhamento dos setores com essa estratégia.
mento de folha de pagamento, por exemplo. Assim, ele também Então, para que a gestão de pessoas possa fazer parte da toma-
tem uma contribuição importante na gestão de pessoas, porém, da de decisões e colaborar com os projetos da empresa, é preciso
sua relação com a estratégia organizacional é mais distante. entender para onde o negócio está caminhando.
Em outras palavras, é preciso responder à pergunta: quais são
Os impactos da gestão de pessoas nos resultados do negócio as metas de curto, médio e longo prazo? Sem esse entendimento, é
inviável apoiar a estratégia organizacional. Logo, é essencial que o
Nós já vimos que as pessoas são o centro da empresa, e que a gestor de RH tenha um estreito contato com a alta diretoria.
gestão de pessoas é responsável por garantir o melhor “aproveita- 2. Entenda as metas e direcionamento do próprio RH
mento” dos recursos humanos. Agora, vamos entender como isso O segundo passo é levantar também os objetivos do RH. Mas,
impacta os resultados do negócio. atenção: esses objetivos precisam ser condizentes com as respostas
Aqui, a palavra-chave é produtividade. E você, com certeza, já obtidas no primeiro passo. Por exemplo:
a viu em muitos contextos. Grosso modo, ela se refere à relação - se a meta do negócio é reduzir custos, a gestão de pessoas
entre eficácia e eficiência — ou, em outros termos, à capacidade pode levantar objetivos como reduzir o turnover ou controlar as
de um colaborador de trabalhar mais e melhor. despesas trabalhistas;
Assim, quando a gestão de pessoas é bem executada, ela pro- - se a meta do negócio é aumentar a produtividade, a gestão de
move mais satisfação e motivação aos colaboradores. Afinal, cola- pessoas pode levantar objetivos como automatização do trabalho
boradores que estão felizes e animados com seu emprego são natu- administrativo;
ralmente mais produtivos. - se a meta do negócio é sustentabilidade, a gestão de pessoas
E ainda há vários benefícios que vêm junto com a produtivida- pode levantar objetivos como a criação de programas de volunta-
de: os projetos são concluídos mais rapidamente, a qualidade do riado.
atendimento ao cliente é melhor, e até a lucratividade aumenta. Perceba que todos são objetivos ligados diretamente ao traba-
lho do setor de RH. Porém, eles vão colaborar — direta ou indireta-
Produtividade e Gestão do Desempenho mente — para a estratégia organizacional da empresa.

Justamente para garantir essa produtividade foi desenvolvida a 3. Formule ações específicas
Gestão do Desempenho, uma metodologia interna à gestão de pes- Você já levantou os objetivos do RH, agora, é hora de criar um
soas que permite, basicamente, acompanhar, analisar e melhorar a plano de ação. E esse, quanto mais específico e detalhado, melhor.
performance dos colaboradores. Então, determine os passos que serão necessários para concreti-
Diferente de uma análise de desempenho anual dos funcioná- zar cada objetivo, defina prazos e delegue tarefas a pessoas da sua
rios, a gestão do desempenho é um processo contínuo e proativo. equipe.
Ela permite identificar e suprir possíveis falhas de performance ao Vale ressaltar que esse plano não é útil apenas para a organi-
invés de simplesmente apontar os problemas depois que eles já zação do trabalho, mas também para a comunicação com a equipe
aconteceram. de gestão de pessoas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Um objetivo muito grande ou amplo pode ser confuso, ou até Além do tempo, também se pode obter uma importante eco-
intimidador. Por isso, apresentá-lo junto com um plano de ação é nomia financeira, o que auxilia na realização de metas de lucrativi-
uma boa maneira de conquistar o engajamento da equipe. dade da empresa. E, na busca por aprimoramento dos processos, é
importante também trazer profissionais de gestão de pessoas que
4. Verifique com a diretoria tenham ampla experiência.
Antes de colocar o plano de ação em prática, reúna os direto- Eles terão a credibilidade necessária para desafiar a equipe
res da empresa. Verifique como eles se sentem em relação à sua a pensar em maneiras mais eficientes de realizar suas atividades.
proposta. Será que eles concordam que existe alinhamento com a Além disso, também vão ter um olhar analítico e crítico, capaz de
estratégia organizacional? identificar as oportunidades de aprimoramento.
Se a resposta for negativa, é preciso retornar ao primeiro pas- Ainda, outra recomendação é buscar alternativas de apoio
so. É provável que você não tenha entendido completamente a es- tecnológico que sejam, ao mesmo tempo, confiáveis e acessíveis. E
tratégia do negócio. alternativas versáteis, de preferência, para que não seja necessário
utilizar vários softwares específicos diferentes.
5. Monitore os resultados E não se esqueça de que o objetivo da automatização é simpli-
Este passo é essencial para que, no futuro, você possa compro- ficar um processo. Portanto, se a tecnologia estiver criando novos
var que a gestão de pessoas está apoiando os resultados do negó- empecilhos, é um sinal de que sua escolha ou implementação não
cio. Afinal, é preciso ter dados relevantes. foi adequada.
Portanto, determine algumas métricas de RH e crie maneiras Finalmente, também é possível criar, dentro da equipe de ges-
de coletar os dados — como pesquisas junto aos funcionários ou tão de pessoas, uma pequena subdivisão dedicada especificamen-
relatórios obtidos com um software de gestão de pessoas. te a detectar e aproveitar oportunidades para o aprimoramento de
A identificação de um propósito realista processos.
Agora, vamos retomar um pouco do que vimos no item ante- Tenha em mente que, se essa função for distribuída entre toda
rior: o passo dois, focado em identificar metas e direcionamento a equipe, provavelmente será deixada em segundo plano na lista
para o setor de RH. Por quê? Bem, porque não basta criar qualquer de prioridades.
meta.
Na verdade, o propósito de trabalho desse setor — assim como Identificação da cultura empresarial
o de qualquer outro dentro de uma empresa — deve ser realista.
E essa afirmação parte de uma técnica usada na definição de Existe uma importante relação entre a cultura empresarial e a
boas metas. Trata-se da técnica SMART — palavra em inglês para estratégia organizacional. Se a estratégia organizacional não atribui
“inteligente”. Segundo essa técnica, uma boa meta precisa ser: nenhuma importância ao desenvolvimento de uma cultura empre-
- specific — específica, respondendo a seis perguntas: quem, o sarial saudável, essa cultura não vai surgir por sorte.
que, onde, quando, como e por que; E, mesmo que uma boa cultura se desenvolva pelo esforço úni-
- measurable — mensuráveis, ou seja, podem ser acompanha- co dos colaboradores, ela vai ser abalada sempre que houver um
das por meio de KPIs; desligamento.
- attainable — realizáveis por meio de ações concretas; Também chamada de cultura organizacional, a cultura empre-
- realistic — realistas; sarial está relacionada ao comportamento das pessoas dentro de
- timely — com prazo definido. uma empresa. E esse comportamento é norteado pela sua visão,
valores e missão, além de suas normas, crenças e sistemas.
Além disso, um propósito, ou meta, realista precisa atender Portanto, a cultura empresarial é algo definido no DNA da em-
dois critérios. Em primeiro lugar, é preciso que haja vontade de tra- presa, desde a sua fundação, mas também desenvolvido ao longo
balhar por ele; em segundo lugar, é preciso que haja condições de do tempo.
concretizá-lo. Assim, sem uma estratégia organizacional que valorize a cultu-
Por isso, mesmo uma meta ambiciosa pode ser realista. Aliás, ra empresarial, é muito provável que o ambiente da empresa acabe
ela exerce mais força motivacional do que uma meta simples, ou se tornando tóxico. Nesse tipo de situação, seus colaboradores não
seja, atende ao primeiro critério. Então, basta ter em mente que é poderão apresentar o melhor desempenho.
preciso representar um progresso para o negócio. Percebemos, então, que a estratégia organizacional é essen-
cial para garantir uma boa cultura empresarial — e a cultura, por
A busca por aprimoramento dos processos sua vez, define como seus colaboradores vão agir e interagir. Logo,
precisamos entender qual é o peso da gestão de pessoas nessa
É positivo perseguir metas revolucionárias e criativas de gestão questão.
de pessoas. No entanto, essa não é a única forma pela qual o RH Por sua própria natureza, o setor de Recursos Humanos é o
pode colaborar para o cumprimento da estratégia organizacional. mais indicado para informar como seria a cultura ideal e como ela
O simples aprimoramento dos processos existentes já pode re- pode ser desenvolvida. Alguns elementos que podem formar a cul-
presentar um importante benefício para o negócio. De fato, para tura organizacional são:
gerar mais valor, o setor de RH precisa acelerar o aprimoramento - a criação de um ambiente de trabalho agradável e feliz;
operacional, gastando menos tempo em atividades administrativas. - a qualidade de vida no ambiente de trabalho;
Assim, pode focar no que é realmente importante. - a integração de pessoas diferentes, promovendo a diversi-
dade;
- o incentivo à capacitação da equipe;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- o desenvolvimento de um senso de propósito que motive os Ponto de convergência


colaboradores;
- a colaboração e a troca de ideias e experiências; O gestor de RH é o ponto de convergência entre a equipe de
- a transparência nas relações internas e externas. gestão de pessoas e o restante da diretoria da empresa. E só é pos-
sível manter esse alinhamento por meio com uma comunicação efi-
Vê como tudo se encaixa? Quando a gestão de pessoas inter- ciente, garantindo que o trabalho do setor de RH está coerente com
vém para a formação de uma cultura organizacional saudável, isso os objetivos mais amplos do negócio.
leva à uma maior satisfação dos colaboradores. Eles ficam mais mo- Mas como o gestor de RH pode desenvolver a comunicação?
tivados e produtivos. Em primeiro lugar, é importante reforçar que estamos falando
E, como já vimos, a produtividade da equipe impacta os resul- sobre comunicação interna— que é muito diferente da comunica-
tados da empresa, permitindo a concretização das metas estabele- ção estabelecida com clientes ou parceiros externos.
cidas na estratégia do negócio. Em segundo lugar, também tenha em mente que, ao mesmo
tempo que o setor de RH precisa usar os recursos e estrutura da
Atenção às regras da empresa comunicação interna, ele também é parcialmente responsável por
desenvolver essa comunicação, em benefício de toda a empresa.
Outro elemento de uma empresa que está intrinsecamente re- Portanto, para manter uma comunicação interna eficaz, é pre-
lacionado à estratégia do negócio são suas regras. ciso planejamento e sistematização. Defina os veículos que serão
Muitos colaboradores não entendem por que a empresa exige utilizados, bem como os conteúdos e a periodicidade.
certos comportamentos, e podem ter a impressão de que é uma E, se a comunicação interna será usada para fazer o alinhamen-
maneira de exercer poder e controle. Por isso, é importante que o to do trabalho com a estratégia do negócio, é importante que ela
setor de RH deixe claro o verdadeiro papel das regras: elas ajudam traga informações sobre as metas da empresae os principais avan-
a empresa a atingir suas metas. ços realizados.
Você pode demonstrar essa afirmação na prática, a partir de
exemplos simples. Considere, por exemplo, o uso obrigatório de Motivador e facilitador
uniforme; ele visa melhorar a experiência do cliente, criando uma
imagem mais organizada e profissional. Assim, garante metas de ex- Também é bom lembrar que, enquanto o gestor de RH é res-
celência no atendimento. ponsável pela gestão de pessoas dentro da empresa, é a sua equi-
Outro exemplo é o uso de equipamentos de segurança, que pe que vai fazer a maior parte da execução. Por esse motivo, além
visa assegurar que a empresa seja um local de trabalho seguro para de fazer a ligação entre a equipe de RH e a direção da empresa, o
seus colaboradores. Assim, garante metas de responsabilidade so- gestor ainda precisa atuar como agregador, motivador e facilitador
cial. para o trabalho da equipe.
Quando todos os colaboradores trabalham obedecendo às nor- Existem muitas recomendações que podemos fazer sobre o
mas, é mais fácil concretizar suas metas. Nesse sentido, a gestão de papel do gestor como líder — de fato, esse seria um tema muito
pessoas tem um papel importante. amplo para abordarmos aqui.
Seja reforçando as regras junto aos colaboradores ou contro- Porém, vale a pena reforçar a importância de quatro elementos
lando o seu cumprimento adequado, ela está efetivamente aju- para a liderança eficaz:
dando a empresa a atingir suas metas. Logo, está ajudando a con- 1. uso de transparência;
cretizar a estratégia organizacional. E esse papel não precisa ser 2. aplicação de uma política de feedbacks;
desempenhado de maneira agressiva. 3. envolvimento da equipe na gestão (a chamada “liderança
Em vez disso, o setor de RH pode criar programas para recom- participativa”);
pensar o cumprimento adequado das normas. Além disso, docu- 4. tratamento dos colaboradores como clientes.
mentar formalmente as regras e educar os colaboradores sobre as
motivações por trás de cada uma também são estratégias inteligen- Auxílio aos outros setores
tes para conseguir maior adesão.
Aliás, a criação de documentos como um guia ou manual do Agora, vamos discutir como o setor de RH pode ajudar outros
colaborador pode se tornar uma ferramenta importante para a setores da empresa a concretizar as metas definidas pela estraté-
integração de novos funcionários. Usando esses documentos, a gia organizacional. Afinal, é na comunicação da estratégia que o
equipe de RH poderá economizar tempo e, ainda, garantir que os próprio RH possui um papel estratégico. Mas o que isso quer dizer?
funcionários terão plena ciência das regras da empresa. Quando a alta direção de uma empresa desenvolve a estraté-
gia organizacional, ela trabalha com metas amplas e repletas de ge-
O acompanhamento do gestor neralismos — como “agregar valor para os stakeholders” ou “atingir
crescimento sustentável”. Para os colaboradores, isso é como uma
Neste artigo, estamos desenvolvendo a relação entre gestão de língua estrangeira.
pessoas e estratégia organizacional sob várias perspectivas. Mas, Lembra como o gestor de RH faz a ponte entre a alta direção
independentemente da perspectiva, há uma figura que é essencial e sua equipe, para garantir o alinhamento entre gestão de pessoas
para que essa relação seja bem-sucedida: o gestor de RH. e estratégia organizacional? Da mesma forma, o setor de RH tam-
bém deve fazer a ponte entre a alta direção e os colaboradores da
empresa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, ele vai comunicar a estratégia organizacional de manei- Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de en-
ra que ela possa ser entendida por todos. E o setor de RH pode sino são:
assumir o papel de transformar essas metas em ações mais especí- • motivar e despertar o interesse dos alunos;
ficas — exatamente como nós descrevemos no item 3 desse artigo. • favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
Ele pode criar, ou colaborar para a criação de um documento • aproximar o aluno da realidade;
simples, que comunique a estratégia organizacional aos colabora- • visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;
dores em termos mais fáceis e ações mais “executáveis”. • oferecer informações e dados;
E como esse trabalho envolve todos os setores, é importante • permitir a fixação da aprendizagem;
que o RH dialogue com os gestores de cada equipe. De acordo com • ilustrar noções mais abstratas;
a dinâmica da empresa, seu envolvimento com as equipes de tra- • desenvolver a experimentação concreta.
balho pode ser direto ou indireto, mediado pelo gestor correspon-
dente. Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento
aos seus objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada.
Conclusão Todos esses objetivos podem ser alcançados através de recursos de
ensino, midiáticos, como, por exemplo, computador, internet, em
Enfim, neste artigo você viu qual é a importância da gestão de que o aluno além de conhecer novas tecnologias, faz também inte-
pessoas e o impacto que ela pode ter nos resultados de um negó- ração com o mundo e novas informações. O aluno busca algo novo,
cio. Também entendeu melhor a relação entre gestão de pessoas e algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa busca. Mas não
estratégia organizacional, descobrindo formas de garantir o alinha- basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de ensino/aprendiza-
mento entre elas. gem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias
Alguns pontos-chave da nossa discussão foram: enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que esta-
- o plano de ação, que transforma metas abstratas em passos mos utilizando, não basta trocar o livro por um computador se na
mais simples, específicos prática não promovemos a inclusão do aluno, no que se refere aos
- a cultura e as regras da empresa, que influenciam as relações processos de aprendizagem.
e o ambiente de trabalho, garantindo as condições para maior pro- O computador é conhecido como uma tecnologia da informa-
dutividade (e, portanto, para concretização das metas) ção devido a sua grande capacidade na solução de problemas rela-
- a comunicação interna, que permite informar aos colabora- cionados a armazenamento, organização e produção de informa-
dores qual é a estratégia do negócio ção de várias áreas do conhecimento. A utilização dessa tecnologia
pode ser usada de varias formas, como programas de exercício-e-
E, como vimos, o RH influencia todos estes pontos de alguma -prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de
forma. Ou seja, ele está profundamente interligado à questão da programação entre outros, despertando assim um grande interesse
estratégia organizacional.57 do aluno.
Conforme observado por Valente (1993), o computador não é
mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com
PROGRAMAS, METODOLOGIAS E TECNOLOGIAS DA EDU- a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre
CAÇÃO; pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do com-
putador. O processo de interação se torna mais agradável com a
presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o
A mídia pode ser inserida em sala de aula através dos Recursos aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.
de Ensino. Estes segundo Gagné (1971, p. 247) “são componentes
do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para Educação, Mídia e Tecnologia
o aluno”. Estes componentes são, além do professor, todos os tipos A aplicação de novas tecnologias na educação vem modifican-
de mídias que podem ser utilizadas em sala de aula, tais como, re- do o panorama do sistema educacional e, por isso, pode-se falar
vistas, livros, mapas, fotografias, gravações, filmes etc. de um tipo de aula antes e depois da difusão de mídias integradas
A utilização de recursos de ensino diminui o nível de abstração e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das
dos alunos, pois eles vêem na prática o que estão aprendendo na aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas
escola, e podem relacionar a matéria aprendida com fatos reais do para questionarem a real necessidade de se preparar para o ensino
seu cotidiano. Desta forma é mais fácil eles absolverem os conteú- virtual. Hoje, há a percepção de algumas tendências relativas aos
dos escolares. novos modelos de ensino e aprendizagem de idiomas mediados por
Dale (1966) criou uma classificação de recursos de ensino que computador. Uma dessas tendências é a aprendizagem por meio de
é bastante utilizada. Ele nos trouxe o “cone de experiências”, que Redes Sociais ou Comunidades Virtuais de Aprendizagem.
mostra que o ensino verbalizado, uso de palavras sem experiência, Afirma-se que a Educomunicação apresenta-se, hoje, como
não deve mais ser usado pelo professor, pois os alunos aprendem um paradigma, um conceito orientador de caráter sociopolítico e
mais quanto mais pratica experiências em torno do que está sendo educacional a partir da interface Comunicação/Educação. Mais do
ensinado. que como uma metodologia, no âmbito da didática, o neologismo
tem sido visto como um parâmetro capaz de mobilizar consciências
em torno de metas a serem alcanças coletivamente nas diferentes
esferas da leitura e da construção do mundo, como propunha Paulo
Freire.
57 Fonte: www.blog.gympass.com
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O fato permite e facilita um diálogo permanente entre os que permeada por ela. E não poderia deixar de ser: além dos avanços
buscam dar respostas tanto às questões vitais anunciadas e des- tecnológicos que conquistaram as gerações X e Y (você se lembra
critas nas diretrizes propostas pelo poder público quanto às “ex- como enviava mensagens e fazia planos com os amigos antes do
periências escolares” inovadoras e multidisciplinares, previstas na smartphone?), os estudantes das novas gerações são nativos digi-
reforma do ensino tais. Isso significa que a maioria deles nunca conheceu um mundo
Trata-se de um percurso que leva em conta a sociedade da in- sem internet, celular, Google ou redes sociais, dessa forma, o uso
formação e o papel da mídia na geração de conteúdos, mensagens de tecnologias educacionais se tornou fundamental para potencia-
e apelos comportamentais. lizar o ensino e principalmente, gerar maior interesse e interação
Segundo a justificativa do CNE que embasa o documento, se, dos alunos.
de um lado, “é importante a escola valer-se dos recursos midiáti- A Tecnologia Educacional é um conceito que diz respeito à utili-
cos é, igualmente, fundamental submetê-los aos seus propósitos zação de recursos tecnológicos para fins pedagógicos. Seu objetivo
educativos”. Nesse sentido, o texto propõe que valores — presen- é trazer para a educação – seja dentro ou fora de sala de aula – prá-
tes muitas vezes de forma conflituosa no convívio social e assim ticas inovadoras, que facilitem e potencializem o processo de en-
reproduzidos pela mídia — sejam identificados e revisitados pela sino e aprendizagem. O uso da TE tem sido amplamente discutido
educação. É o caso, por exemplo, do consumismo e de uma pouco no meio acadêmico, na mídia e nos círculos sociais, espaços onde
disfarçada indiferença com relação aos desequilíbrios que ocorrem nem sempre é bem recebido. As maiores críticas dizem respeito à
no mundo; indiferença essa que leva, com certa naturalidade, à ba- sua relação com o papel da escola e do professor e à dificuldade de
nalização dos acontecimentos por parte significativa dos meios de acesso à tecnologia, especialmente nas escolas da rede pública e
informação. entre estudantes com menor renda familiar.
Em relação ao universo da comunicação, a Resolução CNE/CEB Mas, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o foco
nº. 7, de 14/12/2010, que estipula as diretrizes para o ensino de principal da Tecnologia Educacional não está sobre os dispositivos
nove anos, não permanece, contudo, apenas num denuncismo inó- tecnológicos (a escola não precisa, obrigatoriamente, contar com
cuo. Ao contrário, estabelece metas a serem cumpridas. os equipamentos mais modernos para trabalhar a TE), e sim sobre
É necessário, por exemplo, que a escola contribua para trans- as práticas que o seu uso possibilita. Em outras palavras: ter bem
formar os alunos em consumidores críticos dos produtos midiáticos definida a finalidade do uso da tecnologia em sala de aula é mais
(meta número 1), ao mesmo tempo em que passem a usar os re- importante que os meios e recursos tecnológicos que serão empre-
cursos tecnológicos como instrumentos relevantes no processo de gados para tal prática.
aprendizagem (meta número 2). É dessa criticidade do olhar e da E é aí que entra o papel fundamental do professor e do profis-
criatividade no uso dos recursos midiáticos que pode surgir uma sional da educação no emprego da Tecnologia Educacional: definir
nova aliança entre o aluno e o professor (meta número 3), favore- quais são os recursos e ferramentas mais adequados para a realida-
cida justamente pelo diálogo que a produção cultural na escola é de de seus alunos, e também a forma mais relevante de os utilizar
capaz de propiciar. em suas práticas pedagógicas. Ainda assim, pode surgir a dúvida:
No caso do docente, o parecer que justificou o documento do com que objetivo um profissional da educação deveria inserir a tec-
CNE entende que “muitas vezes terá que se colocar na situação de nologia nas práticas pedagógicas e no dia a dia da sua instituição
aprendiz e buscar junto com os alunos as respostas para as ques- de ensino?
tões suscitadas”. Surge, aqui, a meta número 4: reconhecer o aluno
como partícipe e corresponsável por sua própria educação, sujeito Tecnologia Educacional: por que usar?
que é de um direito muito especial: o de expressar-se numa socie- Ao longo das últimas décadas praticamente todas as áreas da
dade plural. sociedade têm experimentado uma grande evolução tecnológica.
Assim como a tecnologia, a comunicação envolvida no proces- Toda evolução compreende uma mudança na comunicação, nas re-
so de ensino e aprendizagem também está em constante transfor- lações sociais e, é claro, no processo de ensino e aprendizagem.
mação. Por esse motivo, não é mais possível estar diante de uma Mas, como dissemos no tópico acima, a utilização da Tecnologia
sala de aula com a expectativa de captar a atenção de toda uma Educacional nem sempre é bem recebida – inclusive por educado-
turma de crianças e adolescentes e utilizando uma linguagem do res. A raiz dessa resistência talvez esteja na desinformação sobre as
século passado. Hoje, não é mais possível falar sobre ecologia, sem diferentes possibilidades que ela oferece à educação.
falar sobre sustentabilidade e tecnologias limpas. Ou falar sobre
linguagens, sem mencionar os memes e as fake news. E esses são Listamos aqui alguns dos motivos para utilizar a Tecnologia
apenas alguns dos exemplos possíveis. Educacional em sua escola.
Para estabelecer uma comunicação verdadeira com a realidade - Ampliar o acesso à informação.
dos estudantes das novas gerações, o processo de ensino e apren- - Facilitar a comunicação escola – aluno – família.
dizagem necessita, invariavelmente, levar em conta e valer-se da - Automatizar processos de gestão escolar.
tecnologia. Dessa necessidade emergiu a Tecnologia Educacional. - Estimular a troca de experiências.
Pensada especificamente para trazer inovação e facilitar o processo - Aproximar o diálogo entre professor e aluno.
de ensino e aprendizagem, ela aparece nas salas de aula de diversas - Possibilitar novas formas de interação.
maneiras: em novos dispositivos ou gadgets, softwares e soluções - Melhorar o desempenho dos estudantes.
educacionais. Vamos analisar alguns motivos por que o uso da tecnologia di-
É raro ver qualquer tipo de interação entre professor e alunos gital em sala de aula pode melhorar o desempenho dos seus alunos.
em sala de aula que ignore completamente as novas tecnologias.
Mesmo em uma sala de aula desprovida de equipamentos de últi-
ma geração, com o professor mais tradicional, a interação é sempre
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. A tecnologia digital desperta maior interesse e prende a 6. A tecnologia digital oferece feedback imediato e constante
atenção dos alunos. a professores, alunos e responsáveis.
O uso da tecnologia digital na educação contribui enorme- Nas escolas que utilizam um ambiente virtual de aprendizagem
mente para o engajamento dos estudantes na dinâmica de aula. A (AVA), transferir as tarefas e avaliações para o meio digital é uma
mente humana é apaixonada por novidades. Por isso, é importante maneira de gerar dados de desempenho imediatos para professo-
variar a rotina de estudos, fazer pequenas mudanças no local e, es- res, alunos e responsáveis. Dessa maneira, o aluno pode corrigir
pecialmente, experimentar diferentes ferramentas e recursos tec- equívocos enquanto o conteúdo continua “fresco” na memória, em
nológicos. Quando se buscam novas formas de ensinar e aprender, vez de descobrir dias depois (ou apenas no final do bimestre) que,
coloca-se uma aura de novidade sobre a rotina de estudos, tornan- durante todo o tempo, seu desempenho esteve abaixo do espera-
do-a mais interessante e prazerosa. Consequentemente, crescem a do. Além disso, professores e responsáveis acompanham de perto a
atenção e o interesse dos alunos pelo assunto em pauta. evolução de cada estudante, intervindo e direcionando os estudos
conforme necessário.
2. A tecnologia digital auxilia na percepção e na resolução de
problemas reais. 7. A tecnologia digital permite traçar um plano de ensino ade-
Grande parte dos artigos e discussões recentes na área da edu- quado a cada aluno.
cação (inclusive a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricu- A tecnologia digital permite gerar uma grande quantidade de
lar) diz que é preciso aproximar o conteúdo estudado da realidade dados educacionais. É possível identificar temas e conceitos nos
dos alunos. Experimente dar um sentido mais prático à sua discipli- quais os estudantes apresentam maior facilidade ou dificuldade de
na, seja por meio da contextualização da informação (aplicação em compreensão, bem como verificar o desempenho da turma e de
situações reais, apresentação de casos locais) ou dos meios utiliza- cada aluno, individualmente. A análise desses dados dá autonomia
dos para transmiti-la (tecnologias digitais, canais frequentemente para que professores, pais e alunos tracem um plano de ensino per-
utilizados pelas novas gerações). Isso auxilia não apenas na com- sonalizado, mais adequado a cada turma e estudante. Também pos-
preensão do conteúdo, mas também na visualização e na resolução sibilita que o próprio aluno, nas etapas mais avançadas da educação
de problemas reais que se apresentam no dia a dia do estudante. básica, direcione seu aprendizado para suas áreas de interesse e da
formação que pretende seguir.
3. A tecnologia digital insere os jovens no debate social e con-
tribui para a formação do senso crítico. Exemplos de usos da Tecnologia Educacional
Uma das principais vantagens da aplicação da tecnologia digital A Tecnologia Educacional pode estar presente na educação de
na educação é a possibilidade de acessar informações atualizadas, diversas maneiras, algumas delas são:
em tempo real. Não é mais preciso aguardar pela atualização do - em gadgets (dispositivos), como a lousa digital, os tablets e as
livro didático impresso para ter acesso a temas contemporâneos, mesas educacionais;
questões recentes de vestibulares, dados atualizados e debates so- - em softwares, como os aplicativos, os jogos e os livros digitais;
ciais relevantes. Trabalhar com informações hiperatualizadas con- - e em outras soluções educacionais, como a realidade aumen-
tribui para inserir o estudante no debate social e desenvolver seu tada, os ambientes virtuais de aprendizagem e as plataformas de
senso crítico e de argumentação, preparando-o simultaneamente vídeo.
para os desafios da vida social e acadêmica.
Diversas práticas e iniciativas educacionais apenas tornaram-se
4. A tecnologia digital trabalha a responsabilidade na utiliza- realidade com o uso da TE. A seguir, vamos falar um pouco sobre
ção da internet e dos recursos digitais. as possibilidades do uso da Tecnologia Educacional e as diferentes
A tecnologia digital está presente na vida das novas gerações formas de como ela vem transformando a educação.
desde muito cedo. É extremamente comum ver crianças em idade
pré-escolar utilizando tablets e smartphones, por exemplo. A inser- Ensino híbrido
ção da tecnologia no ambiente escolar ajuda a estabelecer regras A prática de combinar o estudo on e offline, conhecido como
de convivência e segurança nos ambientes virtuais. Também é uma ensino híbrido, é uma grande tendência possibilitada pela Tecnolo-
boa oportunidade para trabalhar a responsabilidade no manuseio e gia Educacional. Ela confere maior autonomia aos estudantes, para
na conservação dos equipamentos digitais. que trilhem seus próprios roteiros de estudo, desenvolvam proje-
tos ou atividades de sistematização e de reforço. Também é uma
5. A tecnologia digital contribui para democratizar o acesso prática que incentiva e facilita que o aluno desenvolva o hábito do
ao ensino. estudo diário, fora do ambiente escolar.
Hoje existem diversas ferramentas e metodologias desenvolvi-
das com o objetivo de ajudar os profissionais da educação a promo- Sala de aula invertida
ver a democratização do acesso ao ensino e a trabalhar a favor de Na sala de aula invertida, o aluno traz para a aula o conheci-
uma educação mais inclusiva. O uso da tecnologia digital em sala de mento prévio sobre o tema que será estudado, adquirido a partir
aula (na forma de recursos sonoros, visuais e de escrita, por exem- de textos, vídeos, jogos e outros formatos de conteúdo recomen-
plo) pode dar mais autonomia aos estudantes portadores de defi- dados pelo professor – quase sempre no meio digital. A constru-
ciência, transtornos ou problemas de aprendizagem, ajudando-os a ção e significação deste conhecimento, no entanto, acontecem em
superar limitações e a desenvolver ao máximo seu potencial. conjunto, na sala de aula. Assim como o ensino híbrido, a proposta
da sala de aula invertida tem como objetivo colocar o estudante no

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

papel de protagonista de seu processo de aprendizagem e da sua Capacitação


própria evolução, engajando também os outros membros do seu De nada adiantam os recursos tecnológicos sem uma equipe de
núcleo familiar. professores e profissionais capacitados para extrair deles as melho-
res práticas pedagógicas. Por isso, a formação dos educadores para
Gamificação a tecnologia é primordial.
A gamificação, assunto muito comentado no meio educacional
nos últimos anos, consiste em utilizar elementos de jogos digitais Diálogo
(como avatares, desafios, rankings, prêmios etc.) em contextos que Uma ação importante é estimular o diálogo e a troca de expe-
diferem da sua proposta original – como na educação. A principal riências entre as equipes. Os professores sentem-se mais seguros,
vantagem apontada pelos profissionais da educação no uso da ga- dispostos e motivados a utilizar a tecnologia quando compartilham
mificação é o aumento no interesse, na atenção e no engajamento das experiências de seus pares.
dos alunos com o conteúdo e as práticas propostas.
Segurança
Personalização do ensino É preciso estimular o uso consciente e seguro dos recursos digi-
A geração de dados educacionais é extremamente beneficiada tais, por parte tanto das equipes da escola quanto dos estudantes.
pelo uso da TE, pois simplifica a aferição do desempenho e dos re-
sultados de avaliações objetivas. A partir desses dados, é possível Atualização
criar modelos de ensino personalizados, que estejam em sintonia A partir do momento em que o professor identifica uma prática
com o momento real de aprendizagem de cada estudante. Assim, o ou rotina que poderia ser inovada com o uso da tecnologia, tam-
professor tem uma noção mais clara do panorama da turma e pode bém é importante pensar na atualização dos planos de aula que
agir individualmente e de forma personalizada sobre os pontos po- irão nortear essas práticas.
tenciais e de maior dificuldade de cada estudante.
Microlearning Plano de Aula X tecnologia
Tanto para as novas gerações quanto para as anteriores, a enor- A partir da modernização de espaços, ferramentas e práticas
me quantidade de informações com as quais temos contato diaria- educacionais, profissionais da educação em todo o mundo estão
mente ocasionou uma transformação na forma como consumimos trabalhando por uma transformação cada vez mais profunda e efe-
conteúdo. Para que a atenção não seja desviada de pronto, este tiva no processo de ensino e aprendizagem. Essa transformação
conteúdo aparece em nosso dia a dia de forma muito mais frag- é um processo nascido e desenvolvido dentro de cada espaço de
mentada, em vídeos e mensagens breves. Daí surge a expressão aprendizagem, baseado em uma mudança de hábitos e paradigmas
microlearning, que consiste na fragmentação de conteúdo educa- estabelecidos nas relações diárias entre alunos e professores. Não
cional para que este seja melhor assimilado pelos alunos. O meio basta esperar que a transformação chegue até a sala de aula, ela
digital favorece este tipo de interação, por meio de vídeos, jogos, precisa ter um ponto de partida dentro do ambiente escolar. Que
animações, apresentações interativas etc. tal ser um agente dessa mudança na sua escola, começando pelo
plano de aula?
Como inserir a tecnologia na minha escola? A chegada da Base Nacional Comum Curricular deixa ainda
Existem medidas essenciais para inserir a Tecnologia Educacio- mais evidente a necessidade de trazer a tecnologia para dentro da
nal de maneira relevante no dia a dia de sua instituição de ensino. realidade das escolas. Segundo a BNCC, os estudantes devem de-
Elencamos algumas delas a seguir: senvolver ao longo da Educação Básica a competência para:
Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e
Diagnóstico comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas di-
Antes de mais nada, é preciso entender os alunos e professores versas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar
da sua escola. Em que momentos eles estão conectados? A partir por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimen-
de quais dispositivos? Quais são as redes sociais em que estão pre- tos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
sentes e os sites que acessam? Essa investigação é essencial caso (BNCC)
sua instituição pretenda estabelecer uma conexão verdadeira com
os seus públicos e propor usos significativos para a Tecnologia Edu- A seguir, apresentamos 6 ideias para atualizar seu plano de aula
cacional. e trabalhar a tecnologia de maneira relevante e integrada ao dia a
dia da turma.
Documentos normativos
As possibilidades para o uso da TE, bem como o destaque da 1. Interação em ambientes virtuais
sua importância, devem estar previstas dentro do PPP e em outros Desde a primeira infância, os estudantes da Geração Z estão
documentos normativos da instituição de ensino. navegando em ambientes virtuais. Eles comunicam-se com desen-
voltura no meio digital, às vezes mais do que seus pais e professo-
Investimento res. Incentivar e orientar a interação nesses espaços tem muito a
É importante relacionar tudo aquilo que a escola possui de su- acrescentar à prática pedagógica. Procure identificar as tarefas que
porte para o uso da tecnologia, para daí desenvolver planos reais podem ser transpostas, facilitadas ou repensadas para o meio di-
sobre as práticas que podem ser adotadas. Essa relação também gital.
deixa claro aquilo que é preciso melhorar e o investimento que
pode ser feito com esta finalidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As ferramentas para isso são abundantes: é possível criar gru- 3. Métodos colaborativos de produção de conteúdo
pos e comunidades nas redes sociais; fóruns de discussão com te- Uma maneira de engajar os estudantes com o plano de aula
máticas específicas relacionadas ao conteúdo que está sendo es- da sua disciplina é torná-los parte da construção do conhecimento.
tudado; ou mesmo utilizar um ambiente virtual de aprendizagem, Mobilize a criação de um blog para a turma e estimule a interação
caso a sua escola ou sistema de ensino disponha de um. por meio dos comentários; organize e deixe disponível para con-
sulta um banco de textos e artigos com as produções dos alunos;
2. Textos em formato digital desenvolva projetos interdisciplinares.
O consumo de textos em formato digital é baseado na lingua- O Google Docs, por exemplo, é uma ferramenta gratuita, que
gem hipertextual e em uma forma de leitura não linear. O texto em permite construir textos de maneira colaborativa, editando, adicio-
formato digital permite ampliar o conhecimento acerca de uma te- nando comentários e enviando feedback em tempo real. No entan-
mática, elucidar e ilustrar conceitos, contextualizar momentos his- to, existem diversas outras ferramentas disponíveis. Procure pelas
tóricos, esclarecer vocabulários específicos, entre diversas outras melhores soluções que conversem com a realidade e as necessida-
possibilidades. A leitura deixa de ser apenas receptiva para tornar- des da turma.
-se um processo interativo.
Muitos materiais didáticos já possuem uma versão digital que 4. Apresentações em formatos multimídia
pode ser aproveitada como recurso em sala de aula ou em casa. É importante empregar recursos tecnológicos ao seu plano de
Explore também as funcionalidades oferecidas por portais de no- aula, uma vez que o uso de materiais em diferentes formatos (como
tícia online, e-books, PDFs interativos etc. O hipertexto permite vídeos, apresentações em slides, mapas mentais etc.) colabora para
adicionar links, imagens, vídeos, referências e diversos formatos de o engajamento da turma. Além disso, pode servir para enriquecer
conteúdo adicional ao corpo do texto, transformando a forma como tanto a aula do professor quanto as apresentações dos próprios alu-
lemos e aprendemos. Quando se transforma a forma de ler, modifi- nos.
ca-se também a forma de produzir conteúdo. Algumas ferramentas que apresentam essas funcionalidades
O hipertexto, pela sua natureza não sequencial e não linear, são o YouTube (edição e compartilhamento de vídeos), o Google Sli-
afeta não só a maneira como lemos, possibilitando múltiplas entra- des e o Prezi (apresentação de slides e construção de mapas men-
das e múltiplas formas de prosseguir, mas também afeta o modo tais), o PowToon (construção de vídeos e animações – em inglês),
como escrevemos, proporcionando a distribuição da inteligência entre outras. Busque também compartilhar experiências e conhe-
e cognição. De um lado, diminui a fronteira entre leitor e escritor, cer as ferramentas utilizadas por outros professores.
tornando-os parte do mesmo processo; do outro, faz com que a es- 5. Diferentes formatos de avaliação
crita seja uma tarefa menos individual para se tornar uma atividade A tecnologia também pode convergir para o plano de aula no
mais coletiva e colaborativa. O poder e a autoridade ficam distri- modo de avaliação. Por mais que a prova em papel e caneta – com
buídos pelas imensas redes digitais, facilitando a construção social os alunos em fila e vigiados pelo professor – continue sendo o mé-
do conhecimento.(MARCUSCHI, Luiz A. O hipertexto como um novo todo de avaliação mais comum, existem formas diferentes de verifi-
espaço de escrita em sala de aula. Linguagem e Ensino, Rio Grande car a aprendizagem dos estudantes.
do Sul, 2001. v.4, n. 1, p. 79-111.) Caso a sua escola utilize um sistema de ensino, uma dica é ve-
rificar se ele disponibiliza avaliações em formato digital, como ativi-
A BNCC e os gêneros digitais dades de fixação e reforço, provas e simulados. Você também pode
A tecnologia está presente ao longo de todo o texto da Base desenvolver suas próprias avaliações, pesquisas e questionários uti-
Nacional Comum Curricular. Ela aparece especialmente na leitura, lizando ferramentas gratuitas como o Google Forms.
interpretação e produção dos novos gêneros digitais, como: 6. Aplicativos e softwares educacionais
- Blogs; Utilizar elementos lúdicos para facilitar o entendimento de
- Tweets; conceitos, além de estimular e engajar os estudantes para a realiza-
- Mensagens instantâneas; ção de tarefas, das mais simples as mais complexas, não é nenhu-
- Memes; ma novidade na área da educação. No entanto, o desenvolvimento
- GIFs; tecnológico ocorrido nos últimos anos possibilitou que essa prática
- Vlogs; fosse transportada para o meio digital e amplamente difundida nas
- Fanfics; salas de aula em diferentes partes do mundo. Nas pautas mais re-
- Entre diversos outros. centes, esse fenômeno é conhecido como gamificação.
Ao buscar no App Store ou Play Store, na categoria “Educação”,
Se engana quem pensa que os novos gêneros digitais devem é possível encontrar inúmeros jogos e aplicativos – muitos deles
ser trabalhados apenas pelo professor de Língua Portuguesa. O tra- gratuitos – que podem ser aproveitados dentro do contexto edu-
balho com esses gêneros pode ser explorado em diferentes áreas cacional.
do conhecimento, valorizando também o trabalho interdisciplinar
– como sugere, inclusive, a própria BNCC.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O que inserir em seu plano importante que o conteúdo seja apresentado de forma clara e con-
… e como? textualizada, mostrando a sua aplicação prática e importância. Os
de aula…
professores devem também buscar conhecer as necessidades, ex-
- Grupos e comunidades nas redes pectativas e interesses de seus alunos, a fim de adaptar o conteúdo
sociais; e torná-lo mais relevante para eles.
1. Interação em ambientes - Fóruns de discussão; A emoção também pode desempenhar um papel importante
virtuais - Ambiente virtual de aprendiza- na seleção de informações, pois as informações que geram emo-
gem; ções fortes, sejam positivas ou negativas, têm mais chances de se-
- Etc. rem retidas pelo cérebro. Por isso, é importante que os professores
- Portais de notícia; criem um ambiente emocionalmente seguro e acolhedor para os
2. Textos em formato - E-books; alunos, para que eles se sintam motivados a aprender e a se engajar
digital - PDFs interativos; com o conteúdo. Estratégias como contar histórias emocionantes,
- Etc. estimular a participação ativa dos alunos e valorizar suas contribui-
ções podem ajudar a criar um ambiente emocionalmente positivo.
- Blog/vlog;
3. Métodos colaborativos Por fim, a repetição é uma estratégia eficaz para consolidar as
- Banco de textos e artigos;
de produção de conteúdo informações na memória de longo prazo. Por isso, é importante que
- Etc.
os professores usem técnicas de revisão e recapitulação, além de
- Vídeos; apresentar o conteúdo de forma gradual e sequencial, para que os
4. Apresentações em for- - Slides; alunos possam assimilar as informações de forma mais eficaz. O uso
matos multimídia - Mapas mentais; de recursos como resumos, mapas mentais e flashcards também
- Etc. podem ser úteis para reforçar a memorização do conteúdo.
- Avaliações online; Os critérios de seleção são importantes para o processo de
5. Diferentes formatos de - Atividades de fixação e reforço; aprendizagem, pois determinam quais informações serão retidas e
avaliação - Simulados; quais serão descartadas pelo cérebro. Por isso, é importante que
- Etc. os professores levem em consideração fatores como a atenção, a
relevância, a emoção e a repetição, para que possam criar um am-
- Jogos biente de aprendizagem efetivo e engajador para os alunos. Além
6. Aplicativos e softwares
- Aplicativos educacionais; disso, é importante que os professores utilizem uma variedade de
educacionais
- Etc. estratégias e recursos para atender às necessidades e interesses
dos alunos, tornando o processo de aprendizagem mais persona-
Pensar novas formas de utilização da tecnologia a favor da edu- lizado e significativo.
cação é uma missão de todo profissional que atua hoje nessa área.
Procure manter-se atualizado sobre as tendências em tecnologia
educacional, acompanhando blogs, revistas e portais de notícia so- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO;
bre o assunto. Troque experiências com outros profissionais e des-
cubra novas práticas, soluções e ferramentas que estão surgindo a
cada dia.58 TICs é a sigla para Tecnologias da Informação e da Comunicação
e diz respeito às máquinas e programas que geram o acesso ao co-
nhecimento. Elas consistem no tratamento da informação, articula-
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, APRENDIZAGEM do com os processos de transmissão e de comunicação.
As TICs multiplicaram as possibilidades de pesquisa e informa-
ção para os alunos, que munidos dessas novas ferramentas tornam
Os critérios de seleção de informações são fundamentais para a aprendizagem ativa e passam a protagonizar o processo de edu-
o processo de aprendizagem, pois determinam quais informações cação.
serão retidas e quais serão descartadas pelo cérebro. Esses critérios Contudo, o desenvolvimento das novas tecnologias não dimi-
podem ser influenciados por diversos fatores, como a atenção, a nui o papel dos professores, que agora devem ensinar os alunos
relevância, a emoção e a repetição. a avaliarem e gerirem a informação. Nesse contexto, os docentes
A atenção é um fator chave na seleção de informações, pois passam a ser:
somente as informações que capturam a atenção do indivíduo se-
rão processadas e armazenadas pelo cérebro. Isso significa que um organizadores do saber;
ambiente de aprendizagem livre de distrações é fundamental para fornecedores de meios e recursos de aprendizagem;
que o aluno possa se concentrar no conteúdo. Além disso, é im- provocadores do diálogo, da reflexão e da participação crí-
portante que o conteúdo seja apresentado de forma interessante tica.
e engajadora, utilizando recursos multimídia, atividades práticas e Quando as TICs são integradas corretamente ao contexto pe-
outras estratégias que possam prender a atenção dos alunos. dagógico, os alunos se tornam mais motivados e engajados. Além
Outro fator importante é a relevância das informações. Os disso, as TICs colaboram com a gestão educacional para melhorar a
alunos têm mais chances de lembrar de informações que são re- qualidade do ensino.
levantes para suas necessidades e interesses pessoais. Por isso, é Desse modo, tem-se que as tecnologias de informação e comu-
nicação podem potencializar a educação, porém exigem mudanças
58 Fonte: www.blog.sae.digital/www.revistas.usp.br/www.administra-
e adaptações das comunidades discente e docente.
dores.com.br
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quais são os desafios do uso das TICs na educação? Apesar dos desafios da utilização de recursos tecnológicos para
Como exposto anteriormente, não basta implementar a tecno- auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, os impactos positivos
logia em sala de aula, é preciso preparar a instituição de ensino para são inúmeros. Alguns exemplos são:
o uso das ferramentas digitais.
acompanhamento individual do aluno;
A seguir, listamos os principais desafios acerca do uso das TICs personalização no processo de aprendizagem;
na educação, assim como seus benefícios para o meio acadêmico: autonomia do estudante;
trabalho em equipe;
1. Capacitação para colaboradores aprendizado mais dinâmico e interessante;
2. Engajamento dos alunos gerenciamento das tarefas burocráticas.
3. Avanços do setor tecnológico
4. Adequação da infraestrutura Quais são os benefícios das TICs na educação?
5. Seleção de ferramentas As TICs, como já descrito, são ferramentas versáteis e úteis. Va-
mos, então, elencar algumas vantagens do uso amplo das TICs na
1. Capacitação para colaboradores educação:
A chegada das ferramentas e recursos digitais nas instituições
de ensino evidenciou os problemas relacionados às antigas práticas Facilitam o acompanhamento individualizado e a personaliza-
educacionais. ção do ensino, ao promover múltiplos recursos que podem abarcar
Assim, nesse novo contexto é fundamental que toda a equipe cada aluno em suas peculiaridades;
esteja flexível e aberta a receber as novas tecnologias. Além disso, Potencializam a capacidade de ensino e transmissão do conhe-
é fundamental que a IES invista na capacitação dos colaboradores cimento do professor, que passa a contar com inúmeros recursos
sobre a correta utilização das ferramentas. para passar a matéria;
Estimulam a autonomia do aluno e o aprimoramento do senso
2. Engajamento dos alunos de responsabilidade, pois são diversas as ferramentas que exigem
Outro desafio decorrente da implementação das TICs na edu- do estudante uma postura ativa;
cação é manter o aluno envolvido nos trabalhos desenvolvidos, Dinamizam o aprendizado e o conteúdo com recursos variados;
evitando distrações e elaborando tarefas que contribuam para a Incentivam o trabalho em grupos por meio de atividades coo-
aprendizagem. perativas e interativas, impulsionando a capacidade do estudante
Para tanto, é necessário que a gestão da IES trabalhe coletiva- de lidar com pessoas;
mente com os professores a fim de encontrar soluções para esse Minimizam o tempo que é gasto por educadores e coordena-
problema. A equipe deve elaborar, então, critérios para a utilização dores com aspectos burocráticos, por promoverem a automatiza-
das ferramentas tecnológicas e para as atividades avaliativas. ção de muitos processos; assim, tornam o trabalho destes profissio-
nais da educação mais eficiente;
3. Avanços do setor tecnológico Multiplicam as possibilidades de aprendizagem, por não se li-
É sabido que novas tecnologias são introduzidas e outras mo- mitarem à sala de aula e poderem ser utilizados em qualquer lugar;
dificadas a todo momento. Assim, alguns desses aparatos podem Contribuem para o acesso amplo à educação ao democratizar
perder a relevância e cair em desuso rapidamente. métodos de ensino.
Para evitar que isso aconteça, é preciso investir em recursos
digitais que possuam capacidade de atualização e que sejam de TICs e Acessibilidade Metodológica
qualidade. Dessa forma, a IES garante que gastos com reparação e A Acessibilidade Metodológica é um princípio educacional que
novas aquisições não sejam necessários. tem como objetivo possibilitar a inclusão de estudantes com defi-
ciência no ensino. Portanto visa a garantia de acesso ao ensino, de
4. Adequação da infraestrutura forma qualitativa.
Além de investir em equipamentos de qualidade e em capaci-
tação, a IES deve oferecer uma infraestrutura nos ambientes físico e Deste modo, a Acessibilidade Metodológica busca meios inclu-
virtual, compatível com as necessidades do corpo discente. sivos de aprendizado, mitigando barreiras de conhecimento. Por
Sendo assim, é necessário investir, por exemplo, em laborató- sua importância, existe previsão legal de obrigatoriedade da acessi-
rios de informática e em uma biblioteca digital. Dessa forma, a IES bilidade. Conforme o artigo 24 do Decreto nº 5.296/2004:
aumenta a produtividade e satisfação de alunos e professores.
“os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou mo-
5. Seleção de ferramentas dalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso
Existem diversas soluções tecnológicas desenvolvidas exclusi- e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para
vamente para o ensino, mas nem todas são adequadas à realidade pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, in-
e ao contexto de uma instituição. clusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações
Por isso, a escolha de uma ferramenta deve ser condizente com desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários.” (Nossos des-
os interesses e objetivos da IES, além de oferecer uma boa contri- taques)
buição para o aprendizado dos alunos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sendo assim, acessibilidade metodológica é medida por meio 1. Ambientes virtuais imersivos
dos seguintes indicadores: São dispositivos que promovem experiências que combinam o
mundo real com o mundo virtual.
Conteúdos Curriculares;
Estrutura Curricular; Os ambientes virtuais imersivos são cenários em 3D, dinâmicos
Metodologia; e móveis, que utilizam técnicas de computação gráfica para simular
Apoio ao Discente; a experiência em tempo real. Assim, o usuário consegue se sentir
Ambiente Virtual de Aprendizagem (para cursos que sejam to- como se estivesse nesses ambientes presencialmente.
tal ou parcialmente à distância);
Material Didático. Os ambientes imersivos permitem o aprendizado através da
Além disso, o uso de TICs amplia muito a acessibilidade meto- experiência e da interação entre os alunos. Alguns exemplos de am-
dológica porque, ao variar as possibilidades de acesso, a inclusão bientes virtuais imersivos são tecnologias de realidade aumentada
fica muito facilitada. Como exemplos de uso de TICs para inclusão e que permitem, além do aprendizado, uma diversão interativa, pois
acessibilidade metodológica, podemos citar: prendem a atenção dos alunos.

Leitores digitais auditivos para facilitar o acesso por alunos com Considerando que uma das dificuldades mais presentes na
deficiências visuais; educação, principalmente no século XXI, é a manutenção da con-
Promoção de métodos alternativos de conhecimento que faci- centração, os ambientes virtuais podem ser um aliado muito útil.
litam o aprendizado de pessoas neurodiversas;
Possibilidade de acervo remoto a conhecimentos; Alguns exemplos de ambientes de realidade aumentada são
Apoio ao discente, inclusive digital, na elaboração de estraté- museus que permitem visitas virtuais, assim como o uso de ferra-
gias inclusivas; mentas como o Google Earth.
Promoção do Ambiente Virtual de aprendizagem por meio de
plataformas que se enquadram como TICs. 2. Ferramentas de comunicação
São ferramentas que facilitam a comunicação entre as pesso-
Como aplicar as TICs na educação? as envolvidas no processo educativo. Estreitam o relacionamento e
Como já explicamos acima, TIC significa Tecnologia da Informa- também simplificam a troca de informação, com o envio de recados
ção e Comunicação. Assim, tudo que reúne recursos tecnológicos e comunicados importantes.
integrados pode ser classificado como TIC. As TICs conseguem pro-
porcionar automação, comunicação e integração de diversos pro- Essas ferramentas, ao simplificar as comunicações, agilizam a
cessos. troca de informações entre professores, alunos, diretores, coorde-
nadores e gestores educacionais. Conheça alguns exemplos:
Assim, as TICs são mais amplas do que imaginamos. Alguns
exemplos básicos de TICs são: e-mail;
aplicativos como WhatsApp;
Notebooks, desktops e computadores em geral; site;
câmeras fotográficas ou vídeo para computadores e webcams redes sociais.
sites na internet
endereços eletrônicos (e-mails) 3. Ferramentas de trabalho
aplicativos e sites de reprodução de vídeos (por exemplo, o São programas ou aplicativos que auxiliam na realização de
Youtube) tarefas e na organização de arquivos, que também podem ser ar-
Cartões de memória, hardwares e pen-drives; mazenados na nuvem. Podem ser utilizados tanto por professores
telefones celulares e todos os aplicativos nele contidos. quanto por alunos.
Na educação, as TICs são utilizadas majoritariamente para po-
tencializar a aprendizagem, por meio de auxílio na individualização Essas ferramentas têm uma série de utilidades, podendo faci-
do ensino, no gerenciamento das ferramentas educacionais, táticas litar o registro de cadernos e resumos, viabilizar o acesso a textos
de ampliar a absorção do conteúdo, entre outras possibilidades. e materiais didáticos, disponibilizar instrumentos de comentários e
grifos, entre outros. Veja esses exemplos:
A seguir, iremos apresentar as categorias em que as TICs são
divididas e como é possível inseri-las na IES. Confira! Ferramentas de edição de textos;
Conteúdos multimídia;
1. Ambientes virtuais imersivos Ferramentas de armazenamento.
2. Ferramentas de comunicação
3. Ferramentas de trabalho 4. Ferramentas de gestão
4. Ferramentas de gestão São ferramentas que simplificam e facilitam a organização den-
5. Ferramentas para acervo de conteúdo tro e fora da sala de aula, permitindo que o corpo docente gaste
6. Ferramentas de experimentação menos tempo com as tarefas burocráticas.
7. Objetos digitais de aprendizagem (ODA)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estas ferramentas de gestão facilitam a organização de infor-


mações e processos que tenham a ver com o processo de ensino. ENSINO À DISTÂNCIA - EAD;
Além disso, estas ferramentas podem auxiliar na gestão administra-
tiva das IES. Alguns exemplos são:
— Educação a distância (EAD)59
simulados e correção de provas online. Está cada vez mais difícil prender a atenção dos alunos em salas
sistemas informatizados de controle de presença de aula convencionais, tendo em vista que recebem um mundo de
emissão de boletos via sistemas financeiros informações fora da escola, por meio das mais diversas mídias,
portanto, há uma necessidade de remodelar os métodos de ensino,
5. Ferramentas para acervo de conteúdo facilitando o processo de ensino-aprendizagem, motivando os
São ferramentas que auxiliam na distribuição de diversos con- alunos. Assim, podemos considerar a educação a distância como
teúdos das disciplinas do curso e permitem o acompanhamento de uma nova ponte para esta mudança. Mas qual a característica da
maneira individualizada. As plataformas permitem que os materiais educação a distância?
sejam distribuídos com agilidade e instantaneidade. A característica básica da educação a distância é o
estabelecimento de uma comunicação de dupla via, na medida em
Além disso, por seus índices digitalizados e ferramentas de bus- que professor e aluno não se encontram juntos na mesma sala,
ca, as plataformas de acervo didático conseguem ser de fácil nave- requisitando, assim, meios que possibilitem a comunicação entre
gação e pesquisa. Exemplos: ambos, como correspondência postal, correspondência eletrônica,
telefone ou rádio, modem, vídeo controlado por computador,
biblioteca digital; televisão apoiada em meios abertos de dupla comunicação
solução de aprendizagem. etc. Afirmam, também, que há muitas denominações utilizadas
correntemente para descrever a educação a distância, como:
6. Ferramentas de experimentação estudo aberto, educação não tradicional, estudo externo, extensão,
São dispositivos que possibilitam o desenvolvimento de proje- estudo por contrato, estudo experimental.
tos, em que os alunos precisam fazer pesquisas e elaborar um pro- Na educação a distância a aprendizagem se dá por parte do
duto diferenciado. aluno, ele deve construir seu conhecimento através das condições
oferecidas. Ele deve ser autodidata e não mais esperar apenas pelo
Neste tipo de TICs, como a estratégia de ensino é experimenta- conhecimento do professor em sala de aula.
ção direta, o aluno assume papel de protagonista no próprio apren- A aprendizagem se dá através da busca de informações. O aluno
dizado, o que gera retenção de conhecimento, interesse e absorção decide o caminho e ao professor cabe a orientação, esclarecendo
do que é estudado. dúvidas, identificando dificuldades, sugerindo atividades,
Estas ferramentas auxiliam, também, na absorção de compe- supervisionando o processo de aprendizagem.
tências práticas, ao gerar certo nível de conhecimento empírico. A educação a distância poderá ser usada dentro de um
Assim como auxiliam no trabalho com as competências cognitivas, programa amplo de prestação de um serviço que a nacionalidade
as habilidades socioemocionais, a comunicação e o trabalho em está a exigir, como:
equipe. Exemplos: – democratização do saber;
– formação e capacitação profissional;
kits de robótica; – educação aberta e continuada;
plataformas de programação e de produção audiovisual; – educação para a cidadania.
sistemas de programação
A educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre
7. Objetos digitais de aprendizagem (ODA) normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo
Os objetos de aprendizagem auxiliam a prática pedagógica, técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação
seja dentro ou fora da sala de aula. Principalmente os digitais, que por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e
podem ser utilizados para trabalhar conteúdos e habilidades de ma- administrativas especiais. Trata-se de uma modalidade de educação,
neira mais criativa e dinâmica, sendo muito eficientes para reter a planejada por docentes ou instituições, em que professores e
atenção dos alunos. Exemplo: alunos estão separados espacialmente e diversas tecnologias de
comunicação são utilizadas.
livros digitais; Portanto, educação a distância é uma nova forma de ensino, na
animações; qual acontece em local diferente de ensino e deve ser estruturada e
jogos; mediada por tecnologias. Os níveis de educação a distância podem
videoaulas. variar, tudo irá depender da estrutura organizacional. Os níveis mais
comuns de educação a distância são:
Fonte: Disponível em: https://blog.saraivaeducacao.com.br/. – Instituições com finalidades únicas: neste nível, a instituição
acesso em: 02.mai.2023. dedica-se exclusivamente ao ensino a distância.
– Instituições com finalidade dupla: esta instituição dedica-se
ao ensino a distância e também ao ensino presencial.

59 Badalott i; Greisse Moser. Educação e tecnologias / Greisse Moser


Badalott i: UNIASSELVI, 2017.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– Professores individuais: neste nível, a instituição permite de educação pós-secundária inscreveram-se a cada ano para os
que professores criem e ensinem seus próprios cursos. Geralmente cursos distribuídos pelo Serviço de Aprendizado Adulto da CPB,
encontramos como cursos de capacitação. matriculando mais de 600 mil alunos.
Iniciando em 1981, a Annenberg apoiou a CBP em um projeto
— História da educação a distância que normalmente proporcionava fundos na faixa de 2 a 3 milhões de
Talvez você deve estar pensando que a educação a distância dólares para telecursos de nível universitário. Os cursos integravam
nasceu juntamente com a internet, porém, ela surgiu muito antes programas de televisão com livros didáticos, guias de estudo e guias
disso. Vamos classificar sua evolução através de gerações, cada qual para o corpo docente e para a administração.
com suas características.
Terceira geração
Primeira geração Esta geração foi marcada pela abordagem sistêmica na qual sua
Esta geração caracteriza-se pelo estudo por correspondência, finalidade era articular mídias, ou seja, agrupar várias tecnologias
também chamado de estudo em casa, estudo independente. de comunicação, para oferecer um ensino de alta qualidade e custo
Iniciou-se por volta de 1880, as pessoas podiam estudar em casa reduzido. Esta abordagem incluía guias de estudos impressos,
ou no trabalho com instrução de um professor a distância. Isso orientações por correspondência, transmissão por rádio e
poderia acontecer por causa de uma tecnologia barata e confiável, televisão, audioteipes gravados, conferências por telefone, kits para
os serviços postais. experiência em casa e biblioteca local.
Em 1878, o bispo John H. Vincent, criou o círculo literário Além disso, era oferecido ao aluno suporte e orientação,
Científico Chautauqua, no qual oferecia curso por correspondência discussões em grupos de estudos locais e utilização de laboratórios
com duração de quatro anos, mais adiante foi utilizado para das universidades durante o período de férias. A ideia deste
ofertar cursos de educação superior e em 1883 autorizado pelo projeto era fortalecer o ensino, baseado em pesquisas que alunos
estado de Nova York a conceder diplomas e graus de bacharel por aprendem de formas diferentes.
correspondência. Esta geração foi marcada também pelo nascimento Universidade
Próximo a este período, outra escola na Pensilvânia começou a Aberta (UA) do Reino Unido. Nesse momento surgia a primeira
oferecer curso por correspondência sobre segurança nas minas. O universidade nacional de educação a distância, com objetivo inicial
curso teve tamanha repercussão que a escola começou a oferecer de economia de escala obtendo mais alunos de qualquer outra
outros cursos. universidade mais completa de tecnologia de comunicação.
O uso do correio para entrega de materiais de ensino ocorreu Devido ao sucesso, a abordagem sistêmica obteve um alcance
em diversos países. O principal motivo por nascer os educadores global surgindo Universidades abertas em diversos outros países.
por correspondência era a visão de usar a tecnologia para chegar
até aqueles que de outro modo não poderiam se beneficiar dela. Quarta geração
E o sucesso dessa modalidade era evidenciado no número de Esta geração foi caracterizada pela teleconferência. Teve seu
matriculados que crescia a cada ano. início em 1980 pela utilização na educação a distância dos Estados
Unidos, onde esta tecnologia era utilizada para atividades em grupo.
Segunda geração Muitos educadores sentiram-se atraídos por esta tecnologia, pois se
Quando surgia, no século XX, uma nova tecnologia chamada aproximava mais da visão tradicional de educação do que dos modelos
Rádio, muitos educadores ficaram otimistas e entusiasmados. A por correspondências, universidades abertas ou estudo em casa.
autorização para uma emissora educacional foi concedida, pelo A primeira tecnologia usada nesse âmbito foi a teleconferência,
governo, em 1921 para a University of salt Lake City. Porém, pois obtinha interação bidirecional entre aluno e professor. O aluno
essa tecnologia não obteve muito sucesso, pois poucos docentes podia interagir com professores e outros alunos em tempo real.
mostravam interesse e emissoras queriam utilizar essa tecnologia Essa interação poderia ser conduzida com alunos em suas casas ou
para conseguir anúncios. escritórios utilizando telefones comuns.
Mais tarde nascia a televisão educativa. Essa tecnologia teve Esta geração também foi marcada pela era do satélite de
mais sucesso que a rádio por causa das contribuições da Fundação comunicação. Assim que surgira essa nova tecnologia universidades
Ford. Esta instituição doou muito dinheiro para a transmissão norte-americanas iniciaram experiências com transmissão de
educativa. programas educacionais. Geralmente, esses programas eram
Em 1961 surgia o Serviço Fixo de Televisão Educativa. Este transmitidos em estações receptoras, depois retransmitindo
serviço era um sistema de distribuição, com custo menor, que localmente.
transmitia imagens para até quatro canais em qualquer área Ainda nesta geração, alavanca-se a educação a distância fora
geográfica. da educação superior. Treinamentos para corporações e educação
Assim, escolas e outras instituições de ensino, poderiam receber continuada para profissionais liberais. Para esse novo meio de
transmissões usando uma antena especial. Com essa transmissão educação a distância utilizava-se a televisão comercial, vídeos e
era possível efetuar cursos de formação continuada para docentes áudios interativos transmitidos por satélites.
e compartilhar conhecimentos de outros professores. Em 1987, com uma lei aprovada para as escolas americanas,
Em 1952 surgia a primeira televisão a cabo e em 1972 Federal surgia um programa para o uso de telecomunicações para instrução
Communications Commission exigia que as operadoras desse em matemática, ciências e idiomas, assim proporcionando cursos
serviço tivessem um canal educativo, assim nascendo os telecursos de nível médio em 19 estados.
elaborados por escolas e universidades. Mais de mil instituições

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quinta geração
Esta geração é marcada pelas aulas virtuais baseadas EDUCAÇÃO CORPORATIVA: CONCEPÇÃO, PARÂMETROS E
no computador e na internet. Quando surgiram os primeiros IMPLEMENTAÇÃO;
computadores, que ocupavam salas inteiras, ficava inviável o uso
dessa tecnologia para educação.
Com o surgimento dos computadores pessoais estimava-se A educação corporativa é uma prática coordenada de gestão
que em torno de 15% das residências norte-americanas possuíam de pessoas integrada com a gestão de conhecimento em que é
um computador pessoal e quase todas as crianças tinha acesso a orientada à estratégia de longo prazo de uma empresa/instituição.
um em casa ou na escola. Os softwares educacionais também foram Em outras palavras, a educação corporativa é muito mais do
uma nova forma de domínios dos conhecimentos. que um simples treinamento empresarial/institucional ou qualifi-
Com o surgimento da internet, obtemos uma nova evolução cação de mão-de-obra oferecido por uma empresa/instituição aos
na forma de educação, pois podia-se conectar grupos de estudos seus funcionários.
pelo mundo todo. Como as tecnologias das gerações anteriores, a No caso, trata-se de articular coerentemente as competências
tecnologia da internet estimulava novas ideias de como organizar o individuais e organizacionais no contexto mais amplo da empresa/
ensino a distância. instituição.
Logo, práticas de educação corporativa estão intrinsecamente
— História da educação a distância no Brasil relacionadas ao processo de inovação nas empresas. E também ao
No Brasil, o marco inicial da educação a distância foi em 1900. aumento da competitividade de seus produtos ou serviços.
Pesquisadores encontraram recortes de jornais do Rio de Janeiro Nesse contexto, a educação corporativa vem crescendo a pas-
em que se ofereciam cursos de datilografia por correspondência. sos largos no Brasil. Cada vez mais se torna crescente a necessidade
Quatro anos mais tarde, chegava ao Brasil uma filial norte- de treinamento no meio empresarial/institucional com foco real no
americana de escolas internacionais que capacitava alunos para alcance de resultados.
conhecimentos comerciais. Em 1912 era possível fazer diversos Líderes e colaboradores precisam reciclar seus conhecimentos
cursos de diversas áreas por correspondência. e se valerem do aprendizado contínuo para melhorarem o tempo
A tecnologia do Rádio foi utilizada no Brasil em 1923 com gasto nas tarefas do dia a dia e conquistarem maiores objetivos.
a criação da Rádio Sociedade: Foi um projeto de um grupo de Para tornar isso real, a primeira coisa é entender que a empre-
intelectuais da academia brasileira de ciências (ABC), que pretendia sa/instituição não é a única detentora do conhecimento. É neces-
divulgar a ciência no país. Além de música (clássica e popular), eram sário identificar potencial nos funcionários, e assim, incentivá-los a
transmitidos informativos e uma série de cursos, como os de inglês, buscar cada vez mais inovação e novos conteúdos.
francês, história do Brasil, literatura portuguesa, literatura francesa, Outro ponto importante é a tendência que os modelos organi-
radiotelefonia e telegrafia, além de palestras de divulgação zacionais se tornem cada vez menos formais, facilitando a interação
cientifica. e comunicação entre as pessoas no meio.
Foi estimulado pelo código brasileiro de telecomunicações, A organização precisa definir um plano estratégico de como
em 1960, a produção de programas com conteúdos de educação será desenvolvida a educação corporativa de seus colaboradores,
para ouvintes e telespectadores, assim, promovendo as televisões buscando a melhor ferramenta segundo os custos e benefícios da
educativas. Infelizmente, em 1970 a educação a distância no Brasil mesma.
restringia-se apenas a cursos profissionalizantes, porém, neste É interessante dizer que as aulas podem ser tanto presenciais
mesmo período, ela começava a ganhar relevância no estudo quanto à distância, sendo esta última de grande valia nestes no-
formal, principalmente para suprir as necessidades de quem vos tempos, visto a maior economia e ganho de tempo no processo
não havia frequentado, ou havia abandonado, o ensino regular. como um todo.
Assim constituiu-se a Lei Federal 5692/71, que abordava o ensino Muitas empresas/instituições têm optado pela educação a dis-
Supletivo. tância por conta de vantagens como: incentivo a disciplina pessoal,
Em 1974 foi criado o Projeto Saci, que utilizava o formato de flexibilidade de horários, autonomia do aluno, melhor custo/bene-
telenovelas para distribuir conteúdo educacional em aulas pré- fício, etc.
gravadas, em 1978 apareceu a iniciativa mais popular nesse sentido.
O telecurso 2º grau, criado pela TV Cultura e pela Fundação Roberto Objetivos da Educação Corporativa
Marinho, tornou-se uma das mais abrangentes ações de Educação
a Distância da TV. É um sistema de conhecimento que tem como objetivo formar
Mesmo em aceleração, a educação a distância continuava e instruir colaboradores de uma empresa/instituição com o intuito
restrita ao ensino técnico, para alunos que não possuíam de aumentar as chances de sucesso da organização.
possibilidade de frequentar o presencial. Além disso, essa No entanto, a educação corporativa nas empresas pode ser tra-
modalidade ainda não fazia parte do ensino superior. balhada de acordo com diversas finalidades distintas entre si.
Muitas foram as dificuldades até a educação a distância chegar Logo, aprimorar resultados e aumentar as chances de sucesso
ao ensino superior e ser legalizada. Você deve estar se perguntando: de uma empresa/instituição podem ser traduzidos a partir de al-
qual a importância de conhecer a história da educação a distância no guns objetivos que a educação corporativa pode trabalhar:
mundo e no Brasil? A educação nas escolas ainda está em processo - Desenvolver atitudes e comportamentos a serem seguidos;
de transformação, tendo o conhecimento dessa trajetória podemos - Desenvolver habilidades direcionadas ao ramo da empresa/
refletir e pensar novas formas de ensinar ou mediar nossos alunos. instituição;
- Integrar colaboradores com a cultura empresarial;
- Melhorar a produtividade de equipes;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Aprimorar a gestão de tempo de colaboradores; Basicamente, os gestores precisam se perguntar “que habilida-
- Desenvolver competências de gestão e liderança; des técnicas e não técnicas eu preciso que meus liderados desen-
- Instruir colaboradores a operação de equipamentos de forma volvam para chegar a este objetivo?”, “quais colaboradores preci-
adequada; sam ser treinados ou podem ser estimulados a se desenvolver para
- Ensinar colaboradores a realizarem procedimentos de manei- assumir novos desafios?”.
ra correta e efetiva; O incentivo à atualização e aos estudos não pode ser somente
- Apresentar sistemas e procedimentos de Segurança no Tra- com subsídios. Ele precisa estar no discurso e nas ações da empre-
balho; sa/instituição e de seus líderes - isso está muito ligado à meritocra-
- Qualificar colaboradores de forma contínua, a partir de mu- cia. Os colaboradores que aproveitam os treinamentos oferecidos
danças do mercado; pela empresa/instituição e buscam conhecimento por conta pró-
- Demonstrar a totalidade da cadeia de negócios da empresa/ pria precisam ser reconhecidos e estimulados. Assim, eles se tor-
instituição. nam cada vez mais produtivos e leais aos objetivos corporativos.
Esses são alguns dos principais objetivos da educação corpora-
tiva nas empresas/instituições. É claro que isso varia de empresa/ 4 - Faça da capacitação um acordo de parceria
instituição para empresa/instituição, visto que cada uma tem sua Demonstre ao seu colaborar que o investimento que a empre-
peculiaridade. sa/instituição está oferecendo destina-se para que ele cresça com
No entanto, na grande maioria das vezes, as empresas/institui- pessoa e profissionalmente, mas em contrapartida, a organização
ções buscam com a educação corporativa agilidade e qualidade na espera que os conhecimentos adquiridos com a atividade sejam
aquisição de objetivos, melhorando e otimizando seus resultados. transmitidos internamente no ambiente de trabalho como um re-
torno. Estabeleça um programa de gestão do conhecimento. Desta
Iniciativas para uma Educação Corporativa forma, todos ganham.
60
Passos para transformar a educação corporativa numa mola Os benefícios da Educação Corporativa nas empresas
propulsora do crescimento empresarial/institucional:
Muito além de você implementar a educação corporativa em
1 - Tenha um programa de capacitação sua empresa/instituição, é interessante conhecer os principais be-
Estruturar uma estratégia de capacitação para os colaborado- nefícios que ela pode proporcionar ao seu negócio.
res, além de gerar metas a serem cumpridas e definir objetivos em Investir em treinamentos para colaboradores pode ser de ex-
curto, médio e longo prazo, também pode se tornar um diferencial trema valia para o aumento de motivação, engajamento e retenção.
na imagem de empregadora da empresa/instituição. Logo, é importante dizer que os benefícios podem variar de
Um estudo realizado pelo Great Place to Work revelou que uma acordo com o nível e segmento de atuação da empresa/instituição.
das características mais marcantes das empresas que figuram o Mesmo assim, ainda existem os benefícios que são considerados
topo da lista de melhores lugares para se trabalhar é o investimento universais, como veremos a seguir.
em capacitação da equipe. O sentimento que a empresa/instituição
está investindo no conhecimento pessoal, além é claro de aumentar Aumento de produtividade
as expertises dos colaboradores, faz com que a equipe se sinta mo- Ao ser inserido em um treinamento da educação corporativa,
tivada a dar o melhor de si, gerando um ciclo de competitividade e um colaborador consegue executar seu trabalho de forma mais
crescimento econômico. qualificada e com uma maior agilidade.
Logo, ele acaba por saber como executar suas tarefas da me-
2 - Aproveite os investimentos em capacitação para fomentar lhor maneira possível e ainda recebe as melhores instruções para
a inovação fazê-lo de maneira ainda mais otimizada e eficiente.
Solucionar problemas antigos com ideias disruptivas, criar Isso faz com que ele leve menos tempo na realização das tare-
novos produtos e serviços, melhorar processos. Tudo isso é pauta fas e reduza a possibilidade de erros que possam ocorrer, aumen-
constante na mesa de diretoria das empresas que querem se man- tando assim, de fato, sua produtividade.
ter competitivas.
Uma boa maneira de incentivar a inovação é o investimento Incentivo a inovação
em capacitação. Os cursos, as palestras, o intercâmbio de informa- É legal pensar também que quando um colaborador começa a
ções entre os colaboradores, podem ser utilizados para melhorar a dominar suas atividades como um todo, entendem o porquê do seu
colaboração e incentivar o ‘fazer diferente’. O ideal é estabelecer trabalho, eles acabam por se sentirem mais confiantes na criação
um elo entre a educação corporativa e as iniciativas para a inovação. de novos processos.
Desta maneira, quando um colaborador é inserido em um trei-
3 - Incentive a atualização dos profissionais namento da educação corporativa, ele terá maior capacidade de
Para que a educação corporativa contribua com o crescimento avaliar novos processos de forma mais crítica possível, propor pos-
da empresa/instituição, ela precisa estar relacionada à estratégia síveis melhorias e levar cada vez mais inovação para sua empresa/
de negócio da empresa/instituição. Assim, todos os investimentos instituição.
em auxílio educação (graduação, especialização etc.) e realização
de cursos in company devem se alicerçar nas necessidades da com- Melhora o ambiente corporativo
panhia. Um colaborador que passou por um treinamento corporativo
acaba por se sentir cada vez mais valorizado pela sua empresa/ins-
60 https://www.mariaaugusta.com.br/a-importancia-da-educacao-corporativa/ tituição.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Deste modo, ele se sente cada vez mais motivados com o seu trabalho como um todo e com sua empresa/instituição, impactando de
forma direta e positiva na melhora do clima organizacional.

Diminuição do Turnover
A educação corporativa também coopera para a redução da taxa de rotatividade de funcionários, também conhecida como turnover.
Ao passo que o colaborador passa por um treinamento, ele consegue acaba por ficar mais motivado e se sente parte fundamental para
a empresa/instituição, diminuindo as chances de que eles queira buscas novos desafios.

RELAÇÕES DA CAPACITAÇÃO DE PESSOAS COM A GESTÃO DO CONHECIMENTO;

Aprendizagem e gestão do conhecimento

As organizações podem não ter cérebros, mas possuem sistemas cognitivos e memórias e desenvolvem rotinas, ou seja, procedimen-
tos relativamente padronizados para lidar com problemas internos e externos. Tais rotinas vão sendo incorporadas na memória organiza-
cional. As mudanças em processos, estruturas ou comportamentos não seriam, por si sós, indicadores de que a aprendizagem realmente
aconteceu: é necessário também que esse conhecimento seja recuperado pelos membros da organização.
O conhecimento é um recurso que pode e deve ser gerenciado para melhorar o desempenho da empresa. Ela, portanto, precisa
descobrir as formas pelas quais o processo de aprendizagem organizacional pode ser estimulado e investigar como o conhecimento orga-
nizacional pode ser administrado para atender às suas necessidades estratégicas, disseminado e aplicado por todos como uma ferramenta
para o sucesso da empresa.
Conhecimento pode ser definido como “o conjunto de crenças mantidas por um indivíduo acerca de relações causais entre fenôme-
nos”, entendendo relações causais como relações de causa e efeito entre ações e eventos imagináveis e suas prováveis consequencias. O
conhecimento da empresa é fruto das interações que ocorrem no ambiente de negócios e se desenvolve através do processo de aprendi-
zagem. O conhecimento pode ser entendido como o conjunto de informações associadas à experiência, à intuição e aos valores (Fleury e
Oliveira Jr., 2001).
É possível distinguir dois tipos de conhecimento: o explícito e o tácito. O conhecimento explícito, ou codificado, refere-se ao conheci-
mento transmissível em linguagem formal, sistemática, enquanto o conhecimento tácito possui uma qualidade pessoal, tornando-se mais
difícil de ser formalizado e comunicado: “O conhecimento tácito é profundamente enraizado na ação, no comprometimento e no envolvi-
mento em um contexto específico” (Nonaka, 1994).
O conhecimento tácito, segundo Nonaka, consiste em parte de habilidades técnicas, o tipo de destreza informal e de difícil especifica-
ção incorporado ao termo know-how (Nonaka, 2001).
Na visão de Spender (2001), tácito não significa conhecimento que não pode ser codificado, mas que ainda não foi explicado. O autor
menciona que o conhecimento tácito, no local de trabalho, apresenta três componentes:
• Consciente: facilmente codificavel, pois o indivíduo consegue entender e explicar o que está fazendo.
• Automático: o indivíduo não tem a consciência de que o está aplicando.
• Coletivo: conhecimento desenvolvido pelo indivíduo e compartilhado com outros; é resultado da formação aprendida em um con-
texto social específico.

Pode-se distinguir diversos níveis de interação social através dos quais se cria conhecimento na organização. É importante que a or-
ganização seja capaz de integrar aspectos relevantes do conhecimento desenvolvido a partir dessas interações. A fim de apresentar uma
compreensão melhor de como o conhecimento é criado e de como a criação do conhecimento pode ser gerenciada, Nonaka e Takeuchi
(1995) propõem um modelo de conversão de conhecimento, pressupondo quatro formas de conversão de conhecimento descritas no
quadro 1.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os tipos de transformação do conhecimento são descritos por o nível grupal e então para o nível da empresa. À medida que a es-
Nonaka e Takeuchi (1995, p.62) como: piral de conhecimento sobe na empresa, ela pode ser enriquecida
• socialização os autores entendem a conversão que surge da e estendida, seguindo a interação dos indivíduos uns com os outros
interação do conhecimento tácito entre indivíduos, principalmen- e com suas organizações. A criação de conhecimento organizacio-
te através da observação, imitação e prática. A chave para adquirir nal requer a partilha e a disseminação de experiências individuais.
conhecimento desse modo é a experiência compartilhada. Um in- Em alianças entre empresas, cada processo deve proporcionar um
divíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, caminho para que gerentes estejam expostos a conhecimento e a
sem usar a linguagem. Os aprendizes trabalham com seus mestres idéias fora dos limites tradicionais da organização.
e aprendem sua arte não através da linguagem, mas sim através da Nonaka (1994) explica que existem diversos gatilhos que in-
observação, imitação e prática (Nonaka e Takeuchi -1995); duzem os modos de conversão de conhecimento. A socialização
normalmente se inicia com a construção de um time ou campo de
• combinação é uma forma de conversão que envolve diferen- interação, o que facilita a troca de perspectivas e de experiências
tes conjuntos de conhecimento explícito controlados por indiví- entre seus membros. A externalização pode ser iniciada com suces-
duos. A combinação é um processo de sistematização de conceitos sivas rodadas de diálogo, em que a utilização de metáforas pode ser
em um sistema de conhecimento. As pessoas trocam e combinam estimulada para ajudar os membros do grupo a articular suas pers-
conhecimento através de meios como documentos, reuniões, con- pectivas e a revelar conhecimento tácito. A combinação é facilitada
versas, redes de comunicação computadorizadas, etc. A reconfigu- pela coordenação entre membros do time e outras áreas da orga-
ração das informações existentes através da classificação, do acrés- nização e pela documentação do conhecimento existente. A inter-
cimo, da combinação e da categorização do conhecimento explícito nalização pode ser estimulada por processos de aprender fazendo
pode levar a novos conhecimentos. O treinamento formal nas esco- (learning by doing), em que os indivíduos passam pela experiência
las normalmente assume essa forma; de compartilhar conhecimento explícito gradualmente traduzido,
• Internalização é a conversão de conhecimento explícito em em um processo de tentativa e erro, em diferentes aspectos de co-
conhecimento tácito, no qual os autores identificam alguma simi- nhecimento tácito.
laridade com a noção de “aprendizagem”, está intimamente rela- Socialização, externalização, combinação e internalização de-
cionada ao “aprender fazendo”. As experiências, incluindo aquelas vem ser integradas como etapas de um processo contínuo e circular
adquiridas nos outros modos de conversão, são internalizadas no que ocorre no meio de um grupo, coletividade ou comunidade de
conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos men- praticantes na organização. Como conseqüência, esse processo é
tais ou conhecimentos técnicos. Na internalização, faz-se necessá- basicamente interdependente. A prática desenvolve a compreen-
ria uma verbalização e diagramação do conhecimento sob forma de são, que pode reciprocamente mudar essa prática e estendê-la à
documentos, manuais, histórias orais, vídeos, etc. Adquirir novos comunidade, de forma que conhecimento e prática estejam inter-
conhecimentos não é uma questão apenas de instruir-se com os -relacionados (Brwon e Duguid, 2001).
outros ou com livros, mas também aprender através da prática, da No processo de transferência do conhecimento tácito, pode ha-
experimentação, da interação intensiva entre o sujeito e seu obje- ver imperfeições, já que não é diretamente apropriavel. Trata-se de
to de estudo. Esta forma de aquisição de conhecimento pode ser um conhecimento muito específico à realidade daquela determina-
representada pela simulação de sistemas, onde o conhecimento e da atividade, por isso sua transferência é difícil, custosa e incerta. Já
respeito de determinado sistema são adquiridos através da análise o conhecimento explícito, de fácil transferência corre o risco de ser
de diversos cenários. revendido, perdido ou comercializado por alguém que o adquire, o
• Externalização é um processo no qual o conhecimento tácito que o torna mais acessível a concorrentes potenciais.
se torna explícito, expresso na forma de modelos, metáforas, ana-
logias, conceitos ou hipóteses, apesar de este não ser um conceito Alguns especialistas aconselham as empresas a se concentrar
bem desenvolvido, de acordo com os autores. no desenvolvimento do conhecimento explícito que possa ser reti-
do através de patentes e copyrights e também no desenvolvimento
A abordagem de criação de conhecimento de Nonaka (1994) de conhecimento coletivo tácito, que, embora mais difícil de trans-
e Nonaka e Takeuchi (1995) estabelece importantes nexos com o ferir, é mais fácil de proteger.
trabalho de Brown e Duguid (1991): “Tentativas de resolver proble- Segundo Spender (2001), embora o conhecimento seja um
mas práticos freqüentemente geram relações entre indivíduos que importante ativo fluido, ele necessita de gerenciamento. O autor
podem proporcionar informação útil. A troca e desenvolvimento de parte da crença de que: “O conhecimento é identificado quando
informação dentro dessas comunidades em amadurecimento faci- faz sentido para a organização, ou seja, quando está relacionado
litam a criação de conhecimento, estabelecendo uma relação entre com os seus objetivos estratégicos”. Nesse sentido, a identificação,
as dimensões rotineiras do trabalho do dia-a dia e aprendizagem e o monitoramento, a retenção dos conhecimentos e competências-
inovação ativas” (Nonaka, 1994). Essas comunidades representam, -chave para a organização constituem processos cruciais para o seu
portanto, um papel-chave no processo de socialização apresentado posicionamento estratégico.
por Nonaka e Takeuchi, no qual o conhecimento tácito entre indi-
víduos é integrado, passo importante para o desenvolvimento de Caráter estratégico do conhecimento
conhecimento coletivo na empresa.
Nonaka (!994) e Nonaka e Takeuchi (1995) afirmam que os Três pontos principais acerca da natureza intrínseca do conhe-
quatro modos de conversão de conhecimento devem ser geren- cimento são relevantes para a ação estratégica (Oliveira Jr.,2001):
ciados de forma articulada e cíclica e denominam o conjunto dos • a definição de qual conhecimento realmente vale a pena ser
quatro processos de “espiral de criação de conhecimento”. Nessa desenvolvido pela empresa;
espiral, o conhecimento começa no nível individual, move-se para
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• as formas pelas quais é possível ou não que esse conhecimen- essenciais da empresa. Tal conhecimento, aperfeiçoado pela prática
to venha a ser compartilhado pelas pessoas, constituindo vantagem do trabalho, possui uma natureza dinâmica para atender às deman-
para a empresa; das contínuas do mercado.
• as formas pelas quais o conhecimento que constitui a vanta- Em suma, ao analisar como uma organização gerencia o conhe-
gem da empresa pode ser protegido. cimento, é possível distinguir três momentos nesse processo:
• aquisição e desenvolvimento de conhecimentos;
Embora seja comum a disseminação e o compartilhamento do • disseminação do conhecimento;
conhecimento por todos nas empresas,existem também conjuntos • construção da memória.
de conhecimento pertencentes somente a alguns indivíduos, a pe-
quenos grupos ou a áreas funcionais. Para tornar o conhecimen- Aquisição e desenvolvimento de conhecimentos
to acessível a toda organização, as empresas buscam codificá-lo e
simplificá-lo. Procuram estabelecer uma linguagem comum, per- A aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de com-
mitindo, assim, a criação de uma estrutura para o conhecimento petências podem ocorrer por processos proativos ou por processos
organizacional. reativos.
Os esforços para agilizar a multiplicação do conhecimento atual Os processos proativos incluem a experimentação e a inovação,
e também de um novo conhecimento reproduzem um paradoxo que implicam a geração de novos conhecimentos e metodologias,
central: sua codificação e a simplificação acarretam maior facilida- criando novos produtos ou serviços com base em situações não ro-
de de imitação. Apesar da necessidade estratégica das empresas tineiras. A experimentação usualmente é motivada por oportuni-
transferirem conhecimento para se desenvolver, é preciso evitar dades de expandir horizontes, e não pelas dificuldades existentes.
que os competidores tenham facilidade de imitação, o que levaria
à corrosão da vantagem competitiva anteriormente estabelecida. Os processos reativos compreendem três modalidades:
Segundo Grant (1996), para que o conhecimento agregue valor • Resolução Sistemática de problemas: nos últimos anos, esse
à organização. Algumas condições devem ser observadas: processo ganhou especial destaque em virtude dos princípios e mé-
• Transferibilidade: capacidade de transferir conhecimento não todos dos programas de qualidade. Suas ferramentas estão atual-
apenas entre empresas, mas principalmente dentro da empresa. mente disseminadas, como diagnóstico feito com métodos, uso de
 Capacidade de Agregação: associada à transferência de informações para a tomada de decisões e uso de instrumental artís-
conhecimento. Capacidade do conhecimento transferido ser agre- tico para organizar os dados e proceder a interferências.
gado pelo recebedor e adicionada a conhecimentos previamente • Experiências realizadas por outros: a observação das ex-
existentes. periências realizadas por outras organizações pode constituir um
• Apropriabilidade: habilidade do proprietário de um recurso importante caminho para a aprendizagem organizacional. O ben-
em receber retorno equivalente ao valor criado pelo recurso. chmarking, por exemplo, tem sido usado como ferramenta para re-
• Especialização na aquisição de conhecimento: reconhece que pensar a própria organização.
o cérebro humano possui capacidade limitada de adquirir, armaze- • Contratação de pessoal: o chamado “sangue novo” pode
nar e processar conhecimentos. Como consequência, para que o constituir importante fonte de renovação dos conhecimentos da
conhecimento seja adquirido, são necessários indivíduos especia- organização.
listas na aquisição, armazenagem e processamento em alguma área
do conhecimento. Disseminação do conhecimento
• Importância para a produção: parte do pressuposto de que
o insumo crítico para a produção e a principal fonte de valor é o Pode ocorrer por processos diversos:
conhecimento. É fundamental que o conhecimento agregue valor • Comunicação e circulação de conhecimentos: o conhecimen-
ao processo produtivo. to precisa circular rápida e eficientemente pela organização. Obser-
va-se que novas ideias têm maior impacto quando compartilhadas
Ações relacionadas com a criação e transferência de conheci- do que quando são propriedade de poucos.
mento devem estar comprometidas com o desenvolvimento das • Treinamento: talvez seja a forma mais corriqueira de pensar o
competências estratégicas definidas pela empresa. A natureza do processo de aprendizagem e disseminação de novas competências.
conhecimento agregado às competências será decisiva para a sus- • Rotação de pessoas: por áreas, unidades, posições na empre-
tentabilidade da vantagem competitiva conferida por tal competên- sa, de forma a vivenciar novas situações de trabalho e compreender
cia (Oliveira Jr., 1999 e 2001). a contribuição das diferentes posições para o sistema-empresa.
O conhecimento pode ser desenvolvido internamente na em- • Trabalho em equipes diversas: a interação com pessoas de
presa, pode ser coletado externamente (por exemplo, pela con- background cultural diferente – em termos de origem, formação ou
tratação de pessoas que detêm o conhecimento necessário e pelo experiência profissional – propiciam a disseminação de ideias e o
monitoramento do ambiente externo) ou pode ser desenvolvido surgimento de propostas e soluções para os problemas.
através de relações de parceria ou alianças estratégicas com em-
presas, universidades ou instituições externas à organização. Construção da memória
Por meio de processos de aprendizagem que cruzam conjun-
tos de conhecimentos individuais, unidades individuais isoladas e A construção da memória organizacional refere-se ao processo
parcerias com outras organizações, forma-se o know-how coletivo, de armazenagem de informações com base na história organizacio-
ou conhecimento coletivo, no qual estão inseridas as competências nal, as quais podem, assim, ser recuperadas e auxiliar na tomada de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

decisões. As informações são estocadas, tanto as experiências bem- É nesse contexto que a gestão do conhecimento se transforma
-sucedidas como as malsucedidas devem ser de fácil recuperação e em um valioso recurso estratégico para a vida das pessoas e das
estar à disposição das pessoas. empresas. Não é de hoje que o conhecimento desempenha papel
Uma organização pode existir independentemente deste ou fundamental na história. Sua aquisição e aplicação sempre repre-
daquele indivíduo. O foco nas atividades cognitivas individuais, sentaram estímulo para as conquistas de inúmeras civilizações. No
como elemento central no processo de aquisição de informações; entanto, apenas «saber muito» sobre alguma coisa não proporcio-
assim, transcende o nível individual. Isso mostra como a organiza- na, por si só, maior poder de competição para uma organização,
ção preserva o conhecimento do passado, mesmo quando alguns mas sim, exatamente quando aliado a sua gestão que ele faz di-
elementos-chave a deixam. As interpretações do passado estão ferença. A criação e a implantação de processos que gerenciem,
embutidas em sistemas e artefatos, em estruturas e nos indivíduos. armazenem e disseminem o conhecimento representam um novo
Alguns autores diferenciam duas estratégias para a construção desafio a ser enfrentado pelas empresas.
da memória organizacional (Hansen, Nohria e Tierney, 1999): pri- A gestão do conhecimento parte da premissa de que todo o
meiro, por meio de estratégias mais centralizadoras, com a cons- conhecimento existente nas organizações, na cabeça das pessoas,
trução de bancos de dados, em que o conhecimento é codificado nas veias dos processos e no coração dos departamentos, pertence
e estocado e depois disponibilizado para todos os membros da também à organização. Em contrapartida, todos os colaboradores
organização – estratégia particularmente relevante para o conheci- podem usufruir de todo o conhecimento presente na organização.
mento explícito. Segundo, através do indivíduo, que disponibiliza o De forma empírica, conhecimento é o fato ou a condição do
conhecimento para os demais membros por sua rede de interações saber, obtido através da vivência, da experiência ou de uma associa-
– isso é particularmente relevante para o conhecimento tácito. ção. Todo este saber reside ou tem potencial para ser guardado na
Em suma, a gestão do conhecimento está encadeada nos pro- nossa mente, e/ou ser armazenado em uma organização, nos seus
cessos de aprendizagem nas organizações e na conjugação destes processos, produtos, serviços, sistemas e documentos.
três processos: aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, Assim, para implantar a Gestão do Conhecimento as empresas
disseminação de conhecimentos e construção de memórias. Ocorre devem se ver como uma comunidade humana, onde o conheci-
assim um processo coletivo de elaboração das competências neces- mento coletivo representa o maior diferencial. É no conhecimento
sárias à organização. coletivo que se baseiam as competências essenciais ao desenvolvi-
À medida que entramos ao século XXI, parece que a socieda- mento do trabalho.
de do conhecimento, baseada no capital humano, vai afetar todos As organizações têm reconhecido que o conhecimento é ne-
os aspectos da nossa vida. Antigas verdades e crenças não vão ser cessário para mantê-las competitivas no mercado e melhorar signi-
mais aplicáveis num mundo da ciência de computação, automação, ficativamente o seu desempenho, mas para implementar uma Ges-
tecnologias, produtos inteligentes, trabalhadores do conhecimento tão de Conhecimento é necessário garantir uma boa comunicação
e comunicação instantânea. Se isto se tornar verdade, então, pro- interna, ou seja, explicar a todos os colaboradores da organização
vavelmente, Gestão do Conhecimento tornar-se-á parte integrante qual o seu papel e a sua verdadeira importância. A Gestão de Co-
de qualquer negócio. Por agora, um crescente número de iniciati- nhecimento deve passar a fazer parte da cultura da organização
vas de sucesso surgiram, algumas enfatizaram estratégias e aspec- para que todos os colaboradores entendam a sua necessidade. O
tos culturais, outras enfatizaram a tecnologia de apoio, enquanto sucesso e os benefícios na implementação de uma Gestão de Co-
poucas tentaram combinar as duas facetas numa abordagem mais nhecimento em qualquer tipo de organização só é possível se a
sistemática. Do ponto de vista da implementação, muitas começa- cultura organizacional for positiva em relação à geração, partilha,
ram com projetos-piloto ou iniciativas confinadas e apenas algumas socialização e transferência de conhecimento.
tentaram implementar soluções completas para toda a empresa. O Para adotar e obter resultados da Gestão de Conhecimento é
real poder da Gestão do Conhecimento está apenas começando a preciso desenhar estratégias de implantação e estar consciente que
se desdobrar e muito mais está para ser visto nos próximos anos. a Gestão de Conhecimento não é uma moda nem uma ferramenta
Gestão do Conhecimento está surgindo como uma nova disciplina, de gestão, mas sim uma filosofia organizacional. O planejamento de
vai levar algum tempo até que tenhamos os métodos de aceitação uma eficaz Gestão de Conhecimento não é nada fácil: se a mensa-
geral para acessar e avaliar, objetivamente, como essa disciplina e gem não for bem passada, os colaboradores não entenderão a sua
seus processos estão contribuindo para a competitividade das em- importância e vão achar que a partilha do seu conhecimento signifi-
presas que os utilizam. Se estamos assistindo ao início de uma dura- ca perder a propriedade intelectual das suas ideias, assim como dos
doura revolução, ou se esta é uma nova e pequena onda passageira, métodos e dos processos. Quando uma organização consegue cata-
só tempo dirá.61 lisar o conhecimento individual em prol do conhecimento organiza-
cional e colocá-lo ao seu serviço, atinge patamares de desempenho,
Gestão do conhecimento nas organizações otimização e inovação que muito beneficiam a si própria.

Estamos diante de um cenário de rara complexidade, no mun- Gestão do Conhecimento é, sobretudo, um exercício de refle-
do corporativo e na sociedade em geral. Fenômenos econômicos e xão. O conhecimento é uma informação que muda algo ou alguém,
sociais de alcance mundial, como a globalização da economia e a provocando uma ação que torna um indivíduo ou uma instituição
generalização do uso da tecnologia da informação, são responsá- mais eficiente.
veis pela reestruturação do ambiente e do modo de vida. O conceito de Gestão do Conhecimento surgiu no início da dé-
cada de 90 e, segundo SVEIBY (1998, p. 3), “a Gestão do Conheci-
mento não é mais uma moda de eficiência operacional. Faz parte da
61 Fonte: www.iem.unifei.edu.br - Texto adaptado de Noel Teodoro estratégia empresarial”.
de Castilho/Carlos Eduardo Sanches da Silva/João Batista Turrioni
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para compreender Gestão do Conhecimento, se devem descrever os conceitos de dado, informação, conhecimento, e por fim, de
Gestão do Conhecimento.
Dado pode ter significados distintos, dependendo do contexto no qual a palavra é utilizada. Para uma organização, dado é o registro
estruturado de transações. Genericamente, pode ser definido como um “conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos”
(DAVENPORT & PRUSAK, 1998, p.2). É informação bruta, descrição exata de algo ou de algum evento. Os dados em si não são dotados de
relevância, propósito e significado, mas são importantes porque compõem a matéria-prima essencial para a criação da informação.
Informação é uma mensagem com dados que fazem diferença, podendo ser audível ou visível, e onde existe um emitente e um re-
ceptor. É o insumo mais importante da produção humana. “São dados interpretados, dotados de relevância e propósito” (DRUCKER, 1999,
p.32). É um fluxo de mensagens, um produto capaz de gerar conhecimento. É um meio ou material necessário para extrair e construir o
conhecimento. Afeta o conhecimento acrescentando-lhe algo ou reestruturando-o.
O conhecimento deriva da informação assim como esta, dos dados. O conhecimento não é puro nem simples, mas é uma mistura de
elementos; é fluido e formalmente estruturado; é intuitivo e, portanto, difícil de ser colocado em palavras ou de ser plenamente entendido
em termos lógicos. Ele existe dentro das pessoas e por isso é complexo e imprevisível. Segundo DAVENPORT e PRUSAK (1998, p.6), “o co-
nhecimento pode ser comparado a um sistema vivo, que cresce e se modifica à medida que interage com o meio ambiente”. Os valores e
as crenças integram o conhecimento, pois determinam, em grande parte, o que o conhecedor vê, absorve e conclui a partir das suas obser-
vações. NONAKA e TAKEUSHI (1997, p.63) observam que “o conhecimento, diferente da informação, refere-se a crenças e compromisso”.
Estes autores classificaram o conhecimento humano em dois tipos: conhecimento tácito e conhecimento explícito.
O conhecimento tácito é difícil de ser articulado na linguagem formal, é um tipo de conhecimento mais importante. É o conhecimento
pessoal incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas, sistema de
valor, insights, intuições, emoções, habilidades. Só pode ser avaliado por meio da ação.
Conhecimento explícito é o que pode ser articulado na linguagem formal, inclusive em afirmações gramaticais, expressões mate-
máticas, especificações, manuais etc., facilmente transmitido, sistematizado e comunicado. Ele pode ser transmitido formal e facilmente
entre os indivíduos. Esse foi o modo dominante de conhecimento na tradição filosófica ocidental.
Os conhecimentos tácito e explícito são unidades estruturais básicas que se complementam e a interação entre eles é a principal di-
nâmica da criação do conhecimento na organização. Segundo NONAKA & TAKEUCHI (1997, p.79), para se tornar uma “empresa que gera
conhecimento” a organização deve completar uma “espiral do conhecimento”, espiral esta que vai de tácito para tácito, de explícito a explí-
cito, de tácito a explícito, e finalmente, de explícito a tácito. Logo, o conhecimento deve ser articulado e então internalizado para tornar-se
parte da base de conhecimento de cada pessoa. A espiral começa novamente depois de ter sido completada, porém em patamares cada
vez mais elevados, ampliando assim a aplicação do conhecimento em outras áreas da organização.

FIGURA 1: Espiral do Conhecimento-NONAKA, I. & TAKEUCHI, H., (1997, p. 80).

Socialização é o compartilhamento do conhecimento tácito, por meio da observação, imitação ou prática (tácito para tácito). Exter-
nalização/Articulação é a conversão do conhecimento tácito em explícito e sua comunicação ao grupo (tácito para explícito). Combinação/
padronização do conhecimento é juntá-lo em um manual ou guia de trabalho e incorporá-lo a um produto(explícito para explícito).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Internalização é quando novos conhecimentos explícitos são com- A gestão do conhecimento, ainda segundo TERRA (2000), tem
partilhados na organização e outras pessoas começam a utilizá-los um “caráter universal”, ou seja, aplica-se a empresas de todos os
para aumentar, estender e reenquadrar seu próprio conhecimento portes e nacionalidades e a sua efetividade requer a criação de no-
tácito (explícito para tácito). vos modelos organizacionais (estruturas, processos, sistemas ge-
Gestão do Conhecimento é o processo sistemático de identifi- renciais), novas posições quanto ao papel da capacidade intelectual
cação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são de cada colaborador e uma efetiva liderança disposta a enfrentar,
estratégicos na vida de uma organização. É a administração dos ativamente, as barreiras existentes ao processo de transformação.
ativos de conhecimento das organizações. Permite à organização
saber o que ela sabe. O processo de gestão do conhecimento
Há desafios na Gestão do Conhecimento: influenciar o compor-
tamento do colaborador é considerado o maior deles, fazer com A gestão do conhecimento é um processo corporativo, focado
que as lideranças da organização comprem a ideia. na estratégia empresarial e que envolve a gestão das competências,
Para desenvolver os sistemas de conhecimento é necessário ter a gestão do capital intelectual, a aprendizagem organizacional, a in-
foco externo (benchmarking de outras organizações), tecnologias teligência empresarial e a educação corporativa.
facilitadoras (groupware), gestão de desempenho (mensuração, re-
comendação, recompensas para equipes, obrigações contratuais) e
gestão de pessoas (equipes virtuais, comunidade de prática, coor- LIDERANÇA;
denadores de conhecimento, busca do perfil do disseminador do
conhecimento).
Há uma década, DRUCKER (1999) já alertava para o fato de que Uma característica essencial das organizações é que elas são
o trabalho se tornava cada vez mais baseado no conhecimento. “So- sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra o conceito
mente a organização pode oferecer a continuidade básica de que os de Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo geral de
trabalhadores do conhecimento precisam para serem eficazes. Ape- como as organizações se relacionam com as pessoas.
nas a organização pode transformar o conhecimento especializado Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na
do trabalhador em desempenho”. Porém, avançou-se muito pouco organização também o subsistema técnico. A interação da gestão
sobre como se deveria gerenciar o conhecimento. de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, en-
volve alinhar objetivos organizacionais e individuais.
O trabalhador do “conhecimento”, segundo TERRA (2000, A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mu-
p.203) têm algumas questões e desafios a vencer: danças e transformações nos últimos anos.
•Como mapear o conhecimento (competências individuais) Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influência
existente nas empresas? sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas organizações. É
•Onde se encontram as expertises e habilidades centrais da uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das relações en-
empresa relacionadas às corecompetentes? tre os indivíduos. Por isso, é muito importante essa atenção dada
•Como facilitar e estimular a explicitação do conhecimento tá- aos fundamentos da psicologia.
cito dos colaboradores? A liderança não deve ser confundida com direção nem com ge-
•Como atrair, selecionar e reter pessoas com as requeridas rência. Um bom administrador deve ser necessariamente um bom
competências, habilidades e atitudes? líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um administrador. Na
•Como manter o equilíbrio entre o trabalho em equipe e o tra- verdade, os líderes devem estar presentes no nível institucional,
balho individual e entre o trabalho multidisciplinar e a requerida intermediário e operacional das organizações. Todas as organiza-
especialização individual? ções precisam de líderes em todos os seus níveis e em todas as suas
•Como utilizar os investimentos em tecnologia de comunica- áreas de atuação.
ção para aumentar o conhecimento da empresa e não apenas ace- A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre ex-
lerar o fluxo de informações? clusivamente em grupos sociais e nas organizações. Podemos defi-
•Quais sistemas, políticas e processos devem ser implementa- nir liderança como uma influência interpessoal exercida numa dada
dos para moldar comportamentos relacionados ao estímulo, à cria- situação e dirigida através do processo de comunicação humana
tividade e ao aprendizado? para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elemen-
•Como incentivar e premiar o compartilhamento de conhe- tos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: a influência,
cimento e desencorajar que as pessoas guardem o conhecimento a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar.
para si próprias? A liderança envolve o uso da influência e todas as relações
•Como tornar a empresa aberta ao conhecimento externo? interpessoais podem envolver liderança. Todas as relações dentro
Como ampliar e capturar o fluxo de conhecimentos, insights e de uma organização envolvem líderes e liderados: as comissões, os
ideias provenientes de clientes, parceiros, fornecedores e da comu- grupos de trabalho, as relações entre linha e assessoria, superviso-
nidade em geral? res e subordinados etc. Outro elemento importante no conceito de
liderança é a comunicação. A clareza e a exatidão da comunicação
Para que a gestão do conhecimento produza efeitos práticos afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificul-
nas empresas, deve estar plenamente ancorada pelas decisões e dade de comunicar é uma deficiência que prejudica a liderança. O
compromissos da alta administração a respeito das iniciativas ne- terceiro elemento é a consecução de metas. O líder eficaz terá de
cessárias em termos de desenvolvimento estratégico e organizacio- lidar com indivíduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmen-
nal, investimento em infraestrutura tecnológica e cultura organiza- te considerada em termos de grau de realização de uma meta ou
cional, que celebre o trabalho em conjunto e o compartilhamento. combinação de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

considerar o líder como eficaz ou ineficaz, em termos de satisfação maneira tendem naturalmente a responder com falta de interesse
decorrente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação e de estímulo, alienação, desencorajamento, pouco esforço pessoal
das diretrizes e comandos de um líder apoia-se muito nas expectati- e baixa produtividade, situação que vai reforçar o ponto de vista
vas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a bons do administrador, fazendo-o aumentar ainda mais a pressão, a vi-
resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um instrumen- gilância e a fiscalização. A ação constrangedora do administrador
to para ajudar a alcançar objetivos. provoca reação acomodada das pessoas. Quanto mais ele obriga,
tanto mais elas tendem a se alienar em relação ao trabalho.
Teorias sobre Liderança
Teoria Y
Teorias de Traços de Personalidade
Já o administrador que pensa e age de acordo com a teoria Y,
As mais antigas teorias sobre liderança se preocupavam em tende a dirigir as pessoas com maior participação, liberdade e res-
identificar os traços de personalidade capazes de caracterizar os ponsabilidade no trabalho, pois considera que elas são aplicadas,
líderes. O pressuposto era que se poderia encontrar um número gostam de trabalhar e têm iniciativa própria. Ele tende a delegar
finito de características pessoais, intelectuais, emocionais e físicas e a ouvir opiniões, pois acredita que as pessoas sejam criativas e
que identificassem os líderes de sucesso, como: habilidosas. Compartilha com elas os desafios do trabalho, porque
• Habilidade de interpretar objetivos e missões; pensa que elas são capazes de assumir responsabilidades, com au-
• Habilidade de estabelecer prioridades; tocontrole e autodireção no seu comportamento. Esse estilo de
• Habilidade de planejar e programar atividades da equipe; administrar tende a criar um ambiente democrático de trabalho e
• Facilidade em solucionar problemas e conflitos; oportunidades para que as pessoas possam satisfazer suas neces-
• Facilidade em supervisionar e orientar pessoas; sidades pessoais mais elevadas através do alcance dos objetivos
• Habilidade de delegar responsabilidades para os outros. organizacionais. Pessoas que trabalham com respeito, confiança e
participação tendem a responder com iniciativa, prazer em traba-
As críticas à teoria de traços de personalidade residem em dois lhar, dedicação, envolvimento pessoal, entusiasmo e elevada pro-
aspectos principais. O primeiro é que as características de persona- dutividade em seu trabalho. A situação impulsionadora do adminis-
lidade são geralmente medidas de maneira pouco precisa. O segun- trador provoca uma reação empreendedora das pessoas. Quanto
do é que essa teoria não considera a situação dentro da qual atua a mais ele impulsiona, tanto mais elas tendem a tomar iniciativa e
liderança, ou seja, os elementos do ambiente que são importantes responsabilidade no trabalho.
para determinar quem será um líder eficaz. Alguns traços de perso- Onde se situar? Qual o estilo de liderança a adotar? Essa ques-
nalidade são importantes em certas situações, mas não em outras. tão é simples. Em um modelo burocrático, provavelmente a teoria X
Um líder de empresa pode ser o último a falar em casa. Muitas ve- seria a mais indicada como estilo de liderança para submeter rigida-
zes é a situação que define um líder. Quando a situação se modifica, mente todas as pessoas às regras e regulamentos vigentes. Porém,
a liderança passa para outras mãos. na medida em que se adota um modelo adaptativo, a teoria Y tor-
na-se imprescindível para o sucesso organizacional. Contudo, inde-
Teoria Sobre Estilos de Liderança pendentemente do modelo organizacional, o mundo moderno está
abandonando a teoria X e trocando-a definitivamente pela teoria Y.
Um dos mais populares expoentes da teoria comportamental,
Douglas McGregor, publicou um livro clássico, em que procura mos- Comportamentos de Liderança
trar com simplicidade que cada administrador possui uma concep-
ção própria a respeito da natureza das pessoas que tende a moldar A abordagem comportamental tenta identificar o que fazem os
o seu comportamento em relação aos subordinados. Ele chegou à líderes. Os líderes devem concentrar-se em fazer com que as tarefas
conclusão de que há duas maneiras diferentes e antagônicas de en- sejam cumpridas ou em manter seus seguidores felizes? Na aborda-
carar a natureza humana. Uma delas é antiga e negativa, baseada gem comportamental, as características pessoais são consideradas
na desconfiança nas pessoas. A outra é moderna e positiva, basea- menos importantes que o real comportamento exibido pelos líde-
da na confiança nas pessoas. McGregor denominou-as, respectiva- res.
mente, Teoria X e Teoria Y. Três categorias gerais do comportamento de liderança recebe-
ram atenção particular: comportamentos relacionados ao desem-
Teoria X penho de tarefas, à manutenção do grupo e à participação do em-
pregado nas tomadas de decisão.
O administrador que pensa e age de acordo com a Teoria X ten-
de a dirigir e controlar os subordinados de maneira rígida e inten- Desempenho de Tarefas
siva, fiscalizando seu trabalho, pois considera que as pessoas são
passivas, indolentes, relutantes e sem qualquer iniciativa pessoal. A liderança exige fazer com que as tarefas sejam desempenha-
Nesse estilo de liderança, o administrador pensa que não se deve das. Os comportamentos de desempenho de tarefas são os esforços
confiar nas pessoas, porque elas não têm ambição e evitam a res- do líder para garantir que a unidade de trabalho ou a organização
ponsabilidade. Ele não lhes delega responsabilidades porque acre- atinjam suas metas. Essa dimensão é às vezes mencionada como
dita que elas são dependentes e preferem ser dirigidas. Com todas preocupação com produção, liderança diretiva, estrutura iniciado-
essas restrições, o administrador cria um ambiente autocrático de ra ou proximidade de supervisão. Inclui o enfoque na velocidade,
trabalho, uma atitude de desconfiança, vigilância e controle coerci- qualidade e precisão do trabalho, quantidade de produção e na
tivo que não estimula ninguém a trabalhar. Pessoas tratadas dessa obediência às regras.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Manutenção do Grupo Na liderança autocrática, o líder centraliza o poder e mantém o


controle de tudo e de todos em suas mãos.
Ao exibir o comportamento de manutenção do grupo, os líde- Grupos com líder autoritário. Tendia a ser mais agressivo e bri-
res agem para garantir a satisfação dos membros do grupo, para guento. Quando se exprimia a agressão, esta tendia a ser dirigida
desenvolver e manter relações harmoniosas de trabalho e preser- aos outros membros do grupo e não ao líder. Alguns indivíduos
var a estabilidade social do grupo. Essa dimensão é algumas vezes passaram a depender completamente do líder e só trabalhavam
chamada de preocupação com as pessoas, liderança de apoio ou quando ele estava presente. Quando o líder se afastava do grupo, o
consideração. Inclui enfoque nos sentimentos e no bem-estar das trabalho não progredia com a mesma intensidade. Nas frustrações,
pessoas, apreciação por elas e redução do estresse. esses grupos tendem a se dissolver, através de recriminações e acu-
sações pessoais.
Líderes positivos e negativos
Líderes democráticos
Existem diferenças entre maneiras pelas quais os líderes foca-
lizam a motivação das pessoas. Se o enfoque enfatiza recompensas Os líderes participativos ou democráticos descentralizam a au-
– econômicas ou outras – o líder usa a liderança positiva. Quanto toridade. As decisões participativas não são unilaterais, como no
melhor for a educação do empregado, maior é a sua solicitação de caso do estilo autocrata, pois elas saem da consulta aos subordi-
independência, e outros fatores trabalham a favor da motivação, nados, bem como de sua participação. O líder e seus subordinados
mais dependente da liderança positiva. Se a ênfase é colocada atuam como uma unidade social. Os empregados são informados
em penalidades, o líder está se utilizando da liderança negativa. sobre as condições que afetam seu trabalho e encorajados a ex-
Este enfoque pode conseguir um desempenho aceitável em suas pressar suas ideias, bem como a fazer sugestões. A tendência geral
situações, mas tem custos humanos altos. Líderes de estilo nega- é no sentido de ampliar o uso das práticas participativas, pois elas
tivo agem de forma a dominarem e serem superiores às pessoas. são consistentes com os modelos de apoio colegiado do comporta-
Para conseguirem que um trabalho seja feito, eles submetem o seu mento organizacional.
pessoal a personalidades tais como perda do emprego, reprimen- O líder é extremamente comunicativo, encoraja a participa-
das frente a outros e descontos de dias trabalhados. Exibem sua ção das pessoas e se preocupa igualmente com o trabalho e com
autoridade a partir da falsa crença que podem amedrontar todos o grupo. O líder atua como um facilitador para orientar o grupo,
para que atinjam a produtividade. Eles são mais chefes do que líde- ajudando-o na definição dos problemas e nas soluções, coordenan-
res. Existe um contínuo de estilo de liderança que classifica desde do atividades e sugerindo ideias. Os grupos submetidos à liderança
o fortemente positivo até o fortemente negativo. Quase todos os democrática apresentaram boa quantidade de trabalho e qualidade
gerentes usam ambos os estilos indicados em algum lugar do con- surpreendentemente melhor, acompanhadas de um clima de satis-
tínuo todos os dias, mas o estilo dominante deve afirmar-se com o fação, integração grupal, responsabilidade e comprometimento das
grupo. O estilo está relacionado com o modelo de comportamento pessoas.
organizacional da pessoa. O modelo autocrático tende a produzir o Na liderança democrática ou participativa, o líder trabalha e
estilo chamado de negativo, o modelo protetor é de alguma forma toma decisões em conjunto com os subordinados, ouvindo, orien-
positivo; e os modelos de apoio ou corporativo são claramente po- tando e impulsionando os membros.
sitivos. A liderança positiva geralmente atinge níveis mais altos de Grupos com líder democrático. Os indivíduos convivem ami-
satisfação no trabalho e desempenho. gavelmente. Há mais atitudes amistosas e ligadas às tarefas. As
relações com o chefe são mais espontâneas e livres. O trabalho
Líderes autocráticos progredia de maneira suave e espontânea, mesmo quando o chefe
está ausente. Sob frustrações, originadas na situação de trabalho,
O líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. Os responde o grupo através de ataques organizados às dificuldades.
subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. O líder au-
tocrático é dominador, emite ordens e espera obediência plena e Líderes liberais
cega dos subordinados. Os grupos submetidos à liderança auto-
crática apresentaram o maior volume de trabalho produzido, com Os líderes liberais ou rédeas soltas evitam o poder e a respon-
evidentes sinais de tensão, frustração e agressividade. O líder é sabilidade. Eles dependem muito do grupo, quanto ao estabeleci-
temido pelo grupo, que só trabalha quando ele está presente. A mento dos seus próprios objetivos e resolução dos seus próprios
liderança autocrática enfatiza somente o líder. O líder autocrático problemas. São os membros do grupo que treinam a si mesmos e
é tipicamente negativo, baseia suas ações em ameaças e punições: promovem suas próprias motivações. O líder tem apenas um pa-
mas também podem ser positivos, como foi demonstrado no caso pel secundário. Na liderança do tipo rédeas soltas a contribuição
de um autocrata benevolente que faz escolhas para dar algumas do líder é ignorada aproximadamente da mesma forma que na li-
recompensas a seus subordinados. derança do tipo autocrática o líder ignora o grupo. Essa forma de
Algumas vantagens do estilo de liderança autocrática é que ele liderança tende a permitir que diferentes unidades da organização
geralmente satisfaz como líder, favorece decisões rápidas, utiliza elaborem objetivos cruzados, e que pode degenerar num caos. Por
favoravelmente os subordinados menos competentes, oferecendo essa razão normalmente não é usada como um estilo dominante,
segurança e base estruturais para os empregados. A maior desvan- mas mostra-se útil naquelas situações nas quais o líder pode deixar
tagem é que a maioria dos subordinados não gosta desse estilo, as escolhas inteiramente por conta do grupo.
especialmente se for usado de maneira extrema a ponto de criar O líder permite total liberdade para a tomada de decisões in-
medo e frustração. dividuais ou grupais, participando delas apenas quando solicitado
pelo grupo. O comportamento do líder é evasivo e sem firmeza.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os grupos submetidos à liderança liberal não se saíram bem, nem


quanto à quantidade nem quanto à qualidade do trabalho, com for- AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS;
tes sinais de individualismo, desagregação do grupo, insatisfação,
agressividade e pouco respeito ao líder. O líder é ignorado pelo gru-
po. A liderança liberal enfatiza somente o grupo. Avaliação e Desemprenho
Na liderança liberal, o líder omite-se e deixa a situação fluir à A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos
vontade, sem intervir ou mudar o rumo dos acontecimentos. resultados apresentados por seus colaboradores é acompanhando de
Grupos com líder permissivo. O trabalho progredia desorde- perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz de de-
nadamente e pouco. Embora houvesse considerável atividade, a monstrar este acompanhamento é através da Avaliação de Desempenho
maior parte dela era improdutiva. Perdeu-se um tempo considerá- do colaborador. A avaliação de desempenho é uma ferramenta da gestão
vel em discussões e conversas sobre assuntos meramente pessoais de pessoas que visa analisar o desempenho individual ou de um grupo
entre os componentes do grupo. de funcionários em uma determinada empresa. É um processo de iden-
Um líder usa todos três tipos de estilos durante um período tificação, diagnóstico e análise do comportamento de um colaborador
de tempo, mas um deles tende a ser dominante. Os pesquisadores durante um intervalo de tempo, analisando sua postura profissional, seu
notaram diferença na atmosfera de trabalho, no comportamento conhecimento técnico, sua relação com os parceiros de trabalho etc.
dos elementos do grupo e nas realizações no desempenho dos três Este método tem por objetivo analisar as melhores práticas dos
grupos. funcionários, proporcionando um crescimento profissional e pesso-
al, visando um melhor desempenho de suas funções no ambiente
Como um Líder Deve Agir de trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio
à administração de recursos humanos da empresa, alimentando-a
A gestão situacional é a habilidade de mudar a situação, quan- com informações que auxiliam a tomada de decisão sobre práticas
do for necessário. E para realizar essa mudança, deve o líder ter de bonificação, aumento de salários, demissões, necessidades de
uma variedade de comportamentos para adaptar-se à situação. treinamento etc.
Esse fato chama-se residência de estilo, que é a capacidade de man- Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação de desem-
ter um estilo adequado a cada situação. penho de um colaborador inclui, dentre outras, as expectativas de-
Já o repertório de estilos consiste na habilidade do gerente (ou sejadas e os resultados reais. Sendo divida em algumas etapas:
líder) em variar seu próprio estilo básico de comportamento. - Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento per-
Comportamento do líder manente de feedback instantâneo;
- Identificação e equacionamento imediato dos problemas
As pesquisas sobre liderança levaram os psicólogos a observar emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão de
duas estruturas gerais de comportamento do líder. Vejamos: motivação e de obtenção de resultados;
• Líder orientado para a tarefa (OT). Dentro dessa estrutura - Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho,
de comportamento, o líder (gerente) dirige os seus esforços e o de em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no pe-
seus subordinados para a tarefa, visando iniciar, organizar e dirigir ríodo considerado e redefinem novas orientações, compromissos
um trabalho. recíprocos e ações corretivas, se for o caso.
• Líder orientado para as relações interpessoais (OR). O
gerente (líder) voltado para essa orientação tem relações pessoais Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limita-
mais amplas no trabalho, caracterizado por ouvir, confiar e enco- ções dos funcionários, buscando identificar pontos de melhoria,
rajar. necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento do in-
divíduo para outras funções em que poderia render melhor.
Baseado nessa orientação, Reddin propôs quatro combinações Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é identi-
de estilos de liderança. ficar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de desempenho
• Líder separado: Esse estilo de liderança dá ao gerente bai- entre os muitos funcionários da organização. Tendo sempre como
xa orientação para o trabalho e pouca orientação para as relações base a interação constante entre avaliador e avaliado.
humanas.
• Líder relacionado: Tem apenas alta orientação para as re- Formas de avaliação de desempenho – Listamos abaixo os mé-
lações humanas. todos mais tradicionais de avaliação:
• Líder integrado: Possui uma elevada orientação para o - Escalas gráficas de classificação: é o método mais utilizado
trabalho e também interesses altos; é voltado para as relações hu- nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores defi-
manas. nidos, graduados através da descrição de desempenho numa varia-
• Líder dedicado: Tem apenas alta orientação para o traba- ção de ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver exem-
lho. plos de comportamentos esperados para facilitar a observação da
existência ou não do indicador. Permite a elaboração de gráficos
que facilitarão a avaliação e acompanhamento do desempenho his-
tórico do avaliado.
- Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos in-
divíduos através de frases descritivas de determinado tipo de de-
sempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre as

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para descre- - Avaliação 360 graus: neste método o avaliado recebe feedba-
ver os comportamentos do avaliado. Este método busca minimizar cks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem relação, tam-
a subjetividade do processo de avaliação de desempenho. bém chamados de stakeholders, como pares, superior imediato,
- Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões entre subordinados, clientes, entre outros.
um especialista em avaliação de desempenho da área de Recursos - Avaliação de competências: trata-se da identificação de com-
Humanos com cada líder, para avaliação do desempenho de cada petências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habilida-
um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal desempe- des) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado
nho por meio de análise de fatos e situações. Este método permite desempenho seja obtido.
um diagnóstico padronizado do desempenho, minimizando a sub- - Avaliação de competências e resultados: é a conjugação das
jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, conjun- avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verificação da
tamente com o líder, do desenvolvimento profissional de cada um. existência ou não das competências necessárias de acordo com o
- Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam de- desempenho apresentado.
sempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser realçados - Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futuro,
e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que devem ser identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o desenvol-
corrigidos através de orientação constante. O método não se pre- vimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita
ocupa em avaliar as situações normais. No entanto, para haver su- a identificação de talentos que estejam trabalhando aquém de suas
cesso na utilização desse método, é necessário o registro constante capacidades, fornecendo base para a recolocação dessas pessoas.
dos fatos para que estes não passem despercebidos. - Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S.
- Comparação de pares: também conhecida como comparação Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho sob
binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois colabo- quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e
radores ou entre o desempenho de um colaborador e sua equipe, do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos estratégicos
podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo muito sim- para cada uma das perspectivas e tarefas para o atendimento da
ples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de ser realiza- meta em cada objetivo estratégico.
do quanto maior for o número de pessoas avaliadas.
- Auto-avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado com Vantagens da Avaliação de desempenho
relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja utilizado Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar
conjuntamente a outros sistemas para minimizar o forte viés e falta novos talentos dentro da própria organização, por meio da análise
de sinceridade que podem ocorrer. do comportamento e das qualidades de cada indivíduo. Gerando,
- Relatório de performance: também chamada de avaliação por assim, novas possibilidades para remanejamento interno de cola-
escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descrição mais boradores. Além de poder oferecer bonificações e premiações aos
livre acerca das características do avaliado, seus pontos fortes, fra- funcionários que mais se destacarem na avaliação.
cos, potencialidades e dimensões de comportamento, entre outros Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais
aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se combinar ou fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que tem como
comparar as classificações atribuídas e por isso exige a suplementa- resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para um re-
ção de um outro método, mais formal. sultado eficiente. Este feedback faz com que os avaliados queiram
- Avaliação por resultados: é um método de avaliação basea- investir ainda mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de-
do na comparação entre os resultados previstos e realizados. É um sempenho e trazendo vantagens para a empresa.
método prático, mas que depende somente do ponto de vista do Este método é importante, também, para eliminar “achismos”
supervisor a respeito do desempenho avaliado. e palpites quando da avaliação de um funcionário. É um meio de
- Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do alcance obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma
de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos objetivos orga- possível mudança na gestão de recursos humanos da empresa.
nizacionais e negociados previamente entre cada colaborador e seu Por isso, manter este tipo de avaliação pode trazer muitos be-
superior. É importante ressaltar que durante a avaliação não devem nefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma organi-
ser levados em consideração aspectos que não estavam previstos zação, seja qual for o seu tamanho. Com ela o gestor pode avaliar
nos objetivos, ou não tivessem sido comunicados ao colaborador. E melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho, investir
ainda, deve-se permitir ao colaborador sua autoavaliação para dis- no treinamento de seus pares, melhorar a produtividade, desenvol-
cussão com seu gestor. ver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de forma mais
- Padrões de desempenho: também chamada de padrões de eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe é avaliada de for-
trabalho é quando há estabelecimento de metas somente por parte ma satisfatória pelos gerentes.
da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas que
serão avaliadas. Aplicações
- Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de com- A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de diferen-
portamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assinala- tes funções administrativas, motivacionais e de comunicação, como
-se “sim” quando o comportamento do colaborador corresponde citados a seguir:
ao comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É - Identificação de pontos fortes e fracos dos colaboradores e,
diferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido consequentemente, da organização;
da não obrigatoriedade na escolha das frases. - Identificação de diferenças individuais;
- Estímulo à comunicação interpessoal;
- Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, formada por
chefe e subordinado;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Informação ao colaborador de como o seu desempenho é Na maior parte dos órgãos e entidades do setor público, dife-
percebido; rentemente do setor privado, a avaliação de desempenho se baseia
- Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do no estabelecimento de metas definidas pela alta gestão e são con-
avaliado; sideradas para a organização, como um todo, e não para as equipes
- Indicações de promoções e de aumentos salariais por mérito; de trabalho.
- Indicações de necessidade de treinamento; As equipes são avaliadas pela instância imediatamente supe-
- Gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais rior, assim como por áreas internas ou externas à organização que
(sistemas técnicos e sociais); sejam clientes da equipe que está sendo avaliada ou que com ela
- Auxílio na verificação de aprendizagens; se relacionam.
- Identificação de problemas de trabalho em geral, no relacio- No início de cada ano, cada equipe estabelece as próprias me-
namento individual, intraequipe ou interequipes; tas a atingir neste período, com base naquelas definidas pela orga-
- Registro histórico suplementar para ações administrativas de nização como um todo. Cada equipe indicará os recursos materiais
gestão; e humanos necessários para o alcance dessas metas e definirá tam-
- Apoio às pesquisas de clima organizacional. bém os indicadores que serão utilizados para medi-los.
No final do ano, a instância imediatamente superior verifica em
Objetivos da avaliação de desempenho que grau as metas de cada equipe foram atingidas, e com base nes-
Além de possibilitar a tomada de decisão quanto à progressão ses resultados irá atribuir notas para as equipes.
e promoção dos servidores, a avaliação de desempenho tem outros Os critérios para a atribuição das notas serão estabelecidos
objetivos de igual importância: em conjunto com todos os envolvidos. Essas notas serão um dos
• Identificar necessidades de capacitação. componentes que participarão da fórmula para cálculo do valor da
• Corrigir desempenhos inadequados. avaliação de desempenho.
• Identificar possibilidades de futuras mobilidades funcionais (proces-
so de movimentação que configura a evolução do funcionário na carreira). Avaliação individual
• Possibilitar o planejamento funcional do avaliado. A avaliação individual é composta por elementos cujas notas
Como resultados complementares da contínua utilização da farão parte do cálculo da Avaliação de Desempenho. São eles:
avaliação de desempenho podemos citar o estímulo ao diálogo 1. Avaliação pelos membros da equipe
entre chefias e subordinados e o aperfeiçoamento dos canais de 2. Avaliação do alcance das metas
comunicação entre os níveis hierárquicos. 3. Avaliação do desenvolvimento profissional

• Modelo de Avaliação de Desempenho 1) Avaliação pelos membros da equipe


Para garantir a eficiência e a eficácia da avaliação, a construção O primeiro elemento constitui-se na avaliação conjunta dos
de um modelo da avaliação de desempenho deve obedecer a deter- servidores da mesma equipe. Os servidores são avaliados por seus
minados requisitos. Vejamos: pares, por seus chefes e subordinados.
• Garantir que a avaliação seja comparativa entre os indivídu- Os itens a serem medidos e os critérios adotados serão estabe-
os e que ela seja feita tanto pelos chefes, subordinados, bem como lecidos pelas equipes, devendo ser validados pela instituição como
por seus pares. um todo, para garantir sua homogeneidade na avaliação.
• Realizar análises comparativas de resultados entre os mem- Os servidores atribuem notas para cada um dos seus colegas de
bros de uma mesma carreira ou cargos. equipe, para a chefia e para seus subordinados. O resultado dessas
• Divulgar com a máxima transparência os critérios de avalia- avaliações será uma nota cujo valor entrará na composição final da
ção. fórmula avaliação de desempenho.
• Informar os resultados da avaliação feita para cada indiví-
duo, por seus chefes, subordinados e pares, sem, entretanto, iden- 2) Avaliação do alcance das metas
tificar os autores. O segundo elemento diz respeito ao alcance das metas esta-
• Incluir, no cômputo da avaliação individual, o resultado da belecidas.
avaliação institucional. Com base nas metas institucionais definidas para cada equipe,
• Utilizar os resultados das avaliações como insumo para a de- cada servidor define suas próprias metas, que devem ser as mais
finição das políticas e prioridades de capacitação. quantificáveis possíveis. Cada servidor deve também informar o
Para a realização da avaliação de desempenho, devem ser con- que precisa para poder desempenhar as tarefas.
sideradas a avaliação individual e também a avaliação institucio- A chefia juntamente com cada servidor verifica, ao final do ano,
nal.8 se as metas foram atingidas e em que grau. Com base nessa verifi-
cação, é atribuída uma nota cujo valor entrará na composição final
A título ilustrativo apresentaremos a seguir um modelo de ava- da fórmula avaliação de desempenho.
liação de desempenho e a forma como são realizadas as avaliações
institucional e individual no setor privado. 3) Avaliação do desenvolvimento profissional
Esta avaliação leva em conta:
Avaliação institucional • O aperfeiçoamento ou aquisição de competências.
Esta é a avaliação de cada uma das equipes que compõem a • A ampliação do grau de responsabilidade.
estrutura organizacional da instituição, distribuídas por suas diver- • O aumento na abrangência das atribuições.
sas áreas. Chamamos por equipe um grupo de pessoas com uma • A aquisição de novos conhecimentos relevantes para o de-
chefia. sempenho de suas atribuições.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para que seja possível fazer este tipo de avaliação, é necessá- questão. Sendo insatisfatório, é preciso compreender até onde a
rio, em primeiro lugar, definir, na descrição dos cargos, os requisitos empresa colaborou para permear aquele comportamento e como
mínimos exigidos relativos às competências e ao seu grau de profi- ajudar no desenvolvimento desse colaborador.
ciência, ao grau de responsabilidade e às atribuições.
Este é o ponto de partida para cada cargo e perfil profissional, Como um líder avalia seu funcionário
com base no qual é realizada a avaliação do crescimento e desen- Avaliar o desempenho do colaborador pode ser dividido em três
volvimento profissional. etapas básicas, sendo a primeira delas a apreciação diária do comporta-
Para essa avaliação, é necessário criar ferramentas que permi- mento do funcionário. Por meio dessa sondagem, podem ser analisados
tam objetivá-la, uma vez que nem sempre os indicadores são al- pontos como relacionamento com a equipe, comprometimento, postura,
tamente quantificáveis, como é o caso das atitudes e de algumas progressos e limitações, sempre oferecendo um feedback ao funcionário.
habilidades que compõem as competências. A segunda parte é saber identificar os problemas, a fim de re-
Por fim, é necessário estabelecer critérios de pontuação que solvê-los junto ao avaliado e manter a produtividade da empresa.
identifiquem o crescimento, a ampliação ou o aperfeiçoamento Para isso, não cabem broncas ou dispensas, e sim conversa e moti-
profissional de cada servidor. Essa pontuação é traduzida por um vação em prol de bons resultados.
valor que entrará na composição final da fórmula avaliação de de- A terceira parte consiste na realização de entrevistas periódicas,
sempenho. que permitem analisar a evolução do funcionário e, se necessário,
adotar medidas, que servem como termômetro para entender se há
Condições para o funcionamento do modelo de avaliação de condições de evolução ou reversão de alguma situação fora do padrão.
desempenho A avaliação concede um raio X da empresa para os líderes. Vale
A fórmula da avaliação de desempenho terá em sua compo- salientar que não é indicado que esses líderes sejam autoritários.
sição as notas da Avaliação Institucional e da Avaliação Individual O processo de avaliação não consiste em punir ou demitir um fun-
desdobrada em: Avaliação pelos membros da equipe, Avaliação do cionário que apresente desvios, mas avaliar o que ele tem de bom
alcance das metas e Avaliação do desenvolvimento profissional. e, se for o caso, orientá-lo a mudar de postura quanto ao que pode
Para que esse modelo de avaliação de desempenho tenha um ser melhorado. Dessa forma, será gasto muito menos com troca de
funcionamento eficiente e alcance os objetivos pretendidos é ne- pessoal e os funcionários responderão positivamente ao desafio.
cessário garantir a existência de algumas condições:
• Implantação de um sistema informatizado para que as avaliações Momento certo para a avaliação de desempenho
possam ser feitas on-line e o sigilo das informações possa ser preservado. A Avaliação de Desempenho pode ser feita a qualquer momen-
• Estabelecimento de metas claras, com indicadores objetivos, to e sempre que o empreendedor achar necessário. O ideal é que
para cada equipe e área da instituição. seja realizada uma avaliação mensal para melhor análise da evo-
• Criação de um plano de carreira e remuneração que incentive lução coletiva da empresa e de seus colaboradores. Apesar de ser
os servidores a perseguir um desempenho satisfatório. apenas um item em diversos outros para a formação de um negócio
• Fornecimento de condições técnicas e materiais para que os de sucesso, uma avaliação de desempenho efetiva, que consegue
servidores possam desempenhar suas funções adequadamente. trazer aprimoramentos, pode se tornar uma ação muito positiva
para o crescimento de todo o corpo profissional.62
Desempenho: indo além da simples avaliação
A abordagem ao desempenho deve contemplar a comparação O Processo de Avaliação Institucional apresenta as seguintes
dos resultados esperados com os efetivamente alcançados. Isso im- diretrizes:
plica seu constante acompanhamento para identificação de desvios e - Consiste em uma atividade intrínseca ao processo de plane-
execução das devidas correções ao longo da realização das atividades. jamento, sendo um processo contínuo, geral, específico, buscando
Assim, a denominação mais adequada para esse processo de integrar ações.
planejamento, de acompanhamento e de avaliação é o de Gestão - Elabora críticas às suas ações e aos resultados obtidos.
de Desempenho. - Busca conhecer e registrar as limitações e possibilidades do
Por meio do processo de Gestão de Desempenho (processo in- trabalho avaliado.
serido na Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas e apoiado - É um processo democrático, apresentando, em princípio, os
na Gestão por Competências) é possível corrigir desvios e garantir a aspectos a serem avaliados envolvendo a participação dos sujeitos.
sustentabilidade da organização por meio da revisão de objetivos, - É um processo transparente e ético em relação a seus funda-
estratégias, processos de trabalho e políticas de recursos humanos. mentos, enfoque e, principalmente, no que se refere à utilização e
divulgação dos seus resultados.
Avaliação
A Avaliação de Desempenho é uma das ferramentas mais im-
portantes em gestão de pessoas, já que objetiva analisar o desem- ANDRAGOGIA.
penho individual ou de um grupo de funcionários. Por meio desse
processo, o empreendedor pode diagnosticar e analisar o compor-
tamento de um colaborador durante um período de tempo deter- Pedagogia: é a ciência da técnica educativa, podendo ser mais
minado. claramente entendida como a forma de instituir ou de apreender o
Com o resultado de uma Avaliação de Desempenho, é possí- sistema educativo, sendo, assim, caracterizada como a própria for-
vel constatar se a postura individual e coletiva do avaliado condiz ma intencional de efetivar a educação. A pedagogia concentra-se
com a cultura da empresa. Caso o resultado seja satisfatório, é ideal na educação de crianças, dado que pode se constitui de princípios
analisar o que fazer para que sigam o exemplo do funcionário em 62 Fonte: www.endeavor.org.br
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

básicos da aprendizagem. O termo pedagogia é derivado da junção A andragogia no treinamento empresarial


de duas palavras gregas, sendo gogos, que significa educar, e pai- No âmbito corporativo, a educação para adultos oferece ins-
dós, que quer dizer criança. trumentos de ensino propícios da realidade do profissional dentro
de uma organização, com a progressão de competências e habi-
Andragogia: é uma teoria surgida nos anos 1970, também lidades que agregam em sua vida e atuação profissional. O inter-
voltada para o ensino, mas que se contrapõe à pedagogia por se câmbio de informações acontece de forma recíproca entre aluno e
dedicar à educação de adultos. Da mesma forma que o público in- professores, o que garante resultados mais expressivos, com uma
fanto-juvenil demanda abordagens diferentes em cada período de abordagem própria para o público adulto. No método andragógico,
seu desenvolvimento e aprendizagem, os adultos também apresen- é elementar se conhecer o perfil dos alunos, para poder proporcio-
tam necessidades próprias. Em outras palavras, a andragogia é a nar a eles uma experiência eficaz e com engajamento. Esse método
designação do ensino para adultos e é exercida nos vários contextos pode ser aplicado nas modalidades presenciais ou EAD (ensino à
educacionais, como a educação formal e a educação profissional e/ distância), conforme as especificidades dos alunos. A andragogia é
ou empresarial, podendo ser exercida por meio de treinamentos, aplicada a partir de toda vivência profissional, o que faz com que o
palestras e cursos. A expressão andragogia também tem origem no aluno possa resgatar experiências de seu campo de atuação e elimi-
grego: angros significa adulto, podendo, com base nisso, ser defini- nar dúvidas ou dificuldades que ainda permanecem, e isso facilita a
da como “a arte e a ciência de auxiliar adultos aprender”. absorção do conteúdo dos novos treinamentos.

Diferenças entre a Pedagogia e a Andragogia


• enquanto a pedagogia se exerce como porta de entrada para POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM
o conhecimento, a andragogia se pratica para especialização e atua- SAÚDE;
lização (ou reciclagem)
• a pedagogia envolve as fases de desenvolvimento do indiví-
Prezado(a),
duo, da infância à adolescência, e se baseia nas diversas metodolo-
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
gias de alfabetização para formar cidadãos conhecedores, críticos
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
e capacitados para viver em sociedade. Quanto à andragogia, en-
servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
globa técnicas e instrumentos que mediam a realidade dos alunos,
sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
ou seja, põe em pratica uma metodologia fundamentada no auto-
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
conhecimento do aluno e na sua motivação, levando em conta sua
cabem na estrutura de nossas apostilas.
experiência de vida. Essa abordagem proporciona uma assimilação
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
maior do conteúdo programático e um aprendizado mais efetivo.
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
• na pedagogia, o professor é a o centro no processo de apren-
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
dizagem, no qual se prioriza a transferência do conhecimento e não
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
existe um aprofundamento na aplicabilidade desse conhecimento,
sendo a experiência de vida um elemento irrelevante. No método
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
andragógico, ao contrário, as situações comuns do cotidiano são a
link a seguir: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_
base da aprendizagem, com soluções para situações reais, o que
nacional_educacao_permanente_saude_fortalecimento.pdf
proporciona desenvolvimento e agrega valor de uso, pois os adultos
carregam bagagem de conhecimento de experiências passadas.  
• o método pedagógico é aplicado a partir de uma comunica-
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PARA O
ção vertical (como vimos, de professor para aluno) e seu objetivo é
SUS- CAMINHOS PARA E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM
impulsionar o desenvolvimento apropriado para a formação do in-
SAÚDE;
divíduo com base no conteúdo programado. Já a andragogia opera
pela comunicação horizontal, que nada mais é que uma relação de
aprendizagem embasada na reciprocidade entre professor e aluno. Prezado(a),
Na educação para adultos, o professor não é a figura central, mas A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
um facilitador. Além de considerar a aplicação das experiências dos será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
alunos no treinamento, a andragogia tem como objetivo a autorrea- servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
lização individual, em um espaço no qual a aprendizagem ocorra de sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
forma dinâmica. dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
cabem na estrutura de nossas apostilas.
Benefícios da andragogia:   Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
• autonomia do profissional organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
• cursos e treinamentos criados para atender às demandas es- dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
pecíficas da corporação e do profissional material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
• otimização do conhecimento, com aplicação na prática
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• cooperação ativa dos profissionais, com incentivo à inovação link a seguir: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politi-
ca2_vpdf.pdf

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

viabilidade por meio dos Pólos de Educação Permanente em Saúde


PORTARIA N° 198/GM EM 13 DE FEVEREIRO DE 2004; para o SUS (instâncias interinstitucionais e locorregionais/rodas de
gestão);
Considerando a pactuação da proposta do Ministério da Saú-
PORTARIA Nº 198/GM EM 13 DE FEVEREIRO DE 2004 de “Alocação e Efetivação de Repasses dos Recursos Financeiros do
Governo Federal para os Projetos dos Pólos de Educação Perma-
Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde nente em Saúde conforme as Linhas de Apoio da Política Nacional
como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o de Educação Permanente em Saúde” pela Comissão Intergestores
desenvolvimento de trabalhadores para o setor e dá outras provi- Tripartite, em 23 de outubro de 2003; e
dências.
Considerando a Resolução do CNS nº 335, de 27 de novembro
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições de 2003 que afirma a aprovação da “Política de Educação e Desen-
legais, e volvimento para o SUS: Caminhos para a Educação Permanente em
Saúde” e a estratégia de “Pólos ou Rodas de Educação Permanente
Considerando a responsabilidade do Ministério da Saúde na em Saúde” como instâncias locorregionais e interinstitucionais de
consolidação da reforma sanitária brasileira, por meio do fortaleci- gestão da Educação Permanente.
mento da descentralização da gestão setorial, do desenvolvimento
de estratégias e processos para alcançar a integralidade da atenção R E S O L V E:
à saúde individual e coletiva e do incremento da participação da
sociedade nas decisões políticas do Sistema Único de Saúde (SUS); Art. 1º Instituir a Política Nacional de Educação Permanente em
Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação
Considerando a responsabilidade constitucional do Ministério e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor.
da Saúde de ordenar a formação de recursos humanos para a área
de saúde e de incrementar, na sua área de atuação, o desenvolvi- Parágrafo único. A condução locorregional da Política Nacional
mento científico e tecnológico; de Educação Permanente em Saúde será efetivada mediante um
Colegiado de Gestão configurado como Pólo de Educação Perma-
Considerando a necessidade do gestor federal do Sistema Úni- nente em Saúde para o SUS (instância interinstitucionl e locorregio-
co de Saúde formular e executar políticas orientadoras da forma- nal/roda de gestão) com as funções de:
ção e desenvolvimento de trabalhadores para o setor, articulando I- identificar necessidades de formação e de desenvolvimento
os componentes de gestão, atenção e participação popular com o dos trabalhadores de saúde e construir estratégias e processos que
componente de educação dos profissionais de saúde; qualifiquem a atenção e a gestão em saúde e fortaleçam o controle
social no setor na perspectiva de produzir impacto positivo sobre a
Considerando a importância da integração entre o ensino da saúde individual e coletiva;
saúde, o exercício das ações e serviços, a condução de gestão e de II- mobilizar a formação de gestores de sistemas, ações e servi-
gerência e a efetivação do controle da sociedade sobre o sistema de ços para a integração da rede de atenção como cadeia de cuidados
saúde como dispositivo de qualificação das práticas de saúde e da progressivos à saúde (rede única de atenção intercomplementar e
educação dos profissionais de saúde; de acesso ao conjunto das necessidades de saúde individuais e co-
letivas);
Considerando que a Educação Permanente é o conceito pe- III- propor políticas e estabelecer negociações interinstitucio-
dagógico, no setor da saúde, para efetuar relações orgânicas entre nais e intersetoriais orientadas pelas necessidades de formação
ensino e as ações e serviços e entre docência e atenção à saúde, e de desenvolvimento e pelos princípios e diretrizes do SUS, não
sendo ampliado, na Reforma Sanitária Brasileira, para as relações substituindo quaisquer fóruns de formulação e decisão sobre as po-
entre formação e gestão setorial, desenvolvimento institucional e líticas de organização da atenção à saúde;
controle social em saúde; IV- articular e estimular a transformação das práticas de saúde
e de educação na saúde no conjunto do SUS e das instituições de
Considerando que a Educação Permanente em Saúde realiza ensino, tendo em vista a implementação das diretrizes curriculares
a agregação entre aprendizado, reflexão crítica sobre o trabalho e nacionais para o conjunto dos cursos da área da saúde e a transfor-
resolutividade da clínica e da promoção da saúde coletiva; mação de toda a rede de serviços e de gestão em rede-escola;
V- formular políticas de formação e desenvolvimento de forma-
Considerando a aprovação da proposta do Ministério da Saúde dores e de formuladores de políticas, fortalecendo a capacidade do-
de “Política de Formação e Desenvolvimento para o SUS: Caminhos cente e a capacidade de gestão do SUS em cada base locorregional;
para a Educação Permanente em Saúde” pelo plenário do Conselho VI- estabelecer a pactuação e a negociação permanentes entre
Nacional de Saúde (CNS), em 04 de setembro de 2003; os atores das ações e serviços do SUS, docentes e estudantes da
área da saúde; e
Considerando a pactuação da proposta do Ministério da Saú- VII- estabelecer relações cooperativas com as outras articula-
de “Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS: Caminhos ções locorregionais nos estados e no País.
para a Educação Permanente em Saúde - Pólos de Educação Per- Art. 2º Poderão compor os Pólos de Educação Permanente em
manente em Saúde” pela Comissão Intergestores Tripartite, em 18 Saúde para o SUS:
de setembro de 2003, onde a Educação Permanente constou como I - gestores estaduais e municipais de saúde e de educação;
II - instituições de ensino com cursos na área da saúde;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III- escolas técnicas, escolas de saúde pública e demais centros Art. 7º Os projetos apresentados pelos Pólos de Educação Per-
formadores das secretarias estaduais ou municipais de saúde; manente em Saúde para o SUS serão acreditados pelo Ministério da
IV- núcleos de saúde coletiva; Saúde, de acordo com as “Orientações e Diretrizes para a Operacio-
V- hospitais de ensino e serviços de saúde; nalização da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
VI - estudantes da área de saúde; como estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento dos
VII- trabalhadores de saúde; trabalhadores para o setor” (Anexo II desta Portaria), produzidas
VIII- conselhos municipais e estaduais de saúde; e em conformidade com os documentos aprovados no Conselho Na-
IX- movimentos sociais ligados à gestão das políticas públicas cional de Saúde e os documentos pactuados na Comissão Interges-
de saúde. tores Tripartite.
Parágrafo único. Outras instituições poderão pedir sua inte- Parágrafo único. O Ministério da Saúde oferecerá o acompa-
gração, cabendo ao Colegiado de Gestão o encaminhamento das nhamento e assessoramento necessários para que todos os proje-
inclusões. tos apresentados contemplem as diretrizes de validação previstas
Art. 3º O Colegiado de Gestão de cada Pólo de Educação Per- e os critérios pactuados para tanto, de forma a assegurar que ne-
manente em Saúde para o SUS será composto por representantes nhum projeto seja excluído.
de todas as instituições participantes e poderá contar com um Art. 8º É constituída uma Comissão Nacional de Acompanha-
Conselho Gestor que será constituído por representantes do ges- mento da Política de Educação Permanente do SUS, sob a respon-
tor estadual (direção regional ou similar), dos gestores municipais sabilidade da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
(Cosems), do gestor do município sede do Pólo, das instituições de Saúde - SGTES, do Ministério da Saúde, que tem como papel fun-
ensino e dos estudantes, formalizado por resolução do respectivo damental a pactuação em torno das diretrizes políticas gerais e a
Conselho Estadual de Saúde. formulação de critérios para o acompanhamento e a ressignifica-
Art. 4º Nos Estados com vários Pólos de Educação Permanente ção dos projetos existentes, bem como para a análise dos novos
em Saúde para o SUS, cabe à Secretaria Estadual de Saúde (SES) a projetos, sua avaliação e acompanhamento, com a participação de
iniciativa de reuni-los periodicamente para estimular a cooperação representantes do Ministério da Saúde (das Secretarias, Agências
e a conjugação de esforços, a não fragmentação das propostas e a ou da FUNASA do MS), do Conselho Nacional de Saúde, do Conse-
compatibilização das iniciativas com a política estadual e nacional lho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), do Con-
de saúde, atendendo aos interesses e necessidade do fortalecimen- selho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), do
to do SUS e da Reforma Sanitária Brasileira e sempre respeitando as Ministério da Educação (MEC), dos estudantes universitários e das
necessidades locais. associações de ensino das profissões da saúde.
Parágrafo único. Poderá ser criado um Colegiado ou Fórum dos Art. 9º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Pólos.
Art. 5º Cada Pólo de Educação Permanente em Saúde para o Prezado candidato, os anexos podem ser acessados no link a
SUS será referência e se responsabilizará por um determinado ter- seguir: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/ima-
ritório, que a ele se vinculará para apresentar necessidades de for- gem/1832.pdf
mação e desenvolvimento.
Parágrafo único. A definição dos territórios locorregionais se
fará por pactuação na Comissão Intergestores Bipartite e aprova- RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC N°. 63 DE 25
ção no Conselho Estadual de Saúde em cada Estado, não podendo DE NOVEMBRO DE 2011;
restar nenhum município sem referência a um Pólo de Educação
Permanente em Saúde para o SUS;
Art. 6º A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, RESOLUÇÃO-RDC Nº 63, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2011
como uma estratégia do SUS para a formação e desenvolvimento de
trabalhadores para o setor, pela esfera federal, será financiada com Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento
recursos do Orçamento do Ministério da Saúde. para os Serviços de Saúde
§1º A primeira distribuição de recursos federais será feita de
acordo com os critérios e a tabela de Alocação e Efetivação de Re- A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
passes dos Recursos Financeiros do Governo Federal para os Pro- ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do art. 11, do
jetos dos Pólos de Educação Permanente em Saúde (Anexo I desta Regulamento aprovado pelo Decreto no- . 3.029, de 16 de abril de
Portaria), pactuados pela Comissão Intergestores Tripartite, em 23 1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e nos § § 1o- e 3o- do
de outubro de 2003. Conforme pactuado, em maio de 2004, será art. 54 do Regimento Interno nos termos do Anexo I da Portaria
feita uma avaliação da implantação dos Pólos e dos critérios de dis- no- . 354 da Anvisa, de 11 de agosto de 2006, republicada no DOU
tribuição dos recursos para definição da próxima distribuição. de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 24 de novembro
§2º A principal mobilização de recursos financeiros do Minis- de 2011, adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu,
tério da Saúde para a implementação da política de formação e Diretora- Presidente Substituta, determino a sua publicação:
desenvolvimento dos trabalhadores de saúde para o SUS será desti-
nada à implementação dos projetos dos Pólos de Educação Perma- Art. 1º Fica aprovado o Regulamento Técnico que estabelece
nente em Saúde para o SUS pactuados pelo Colegiado de Gestão de os Requisitos de Boas Práticas para Funcionamento de Serviços de
cada Pólo, CIB e CES de cada Estado, assegurando as diretrizes para Saúde, nos termos desta Resolução.
implementação da Política Nacional de Educação Permanente em
Saúde, estabelecidas nacionalmente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO I VI - política de qualidade: refere-se às intenções e diretrizes


DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS globais relativas à qualidade, formalmente expressa e autorizada
pela direção do serviço de saúde.
SEÇÃO I VII - profissional legalmente habilitado: profissional com for-
OBJETIVO mação superior ou técnica com suas competências atribuídas por
lei;
Art. 2º Este Regulamento Técnico possui o objetivo de estabe- VIII - prontuário do paciente: documento único, constituído de
lecer requisitos de Boas Práticas para funcionamento de serviços um conjunto de informações, sinais e imagens registrados, gerados
de saúde, fundamentados na qualificação, na humanização da a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa-
atenção e gestão, e na redução e controle de riscos aos usuários e ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e cien-
meio ambiente. tífico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe mul-
tiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo;
SEÇÃO II IX - relatório de transferência: documento que deve acompa-
ABRANGÊNCIA nhar o paciente em caso de remoção para outro serviço, contendo
minimamente dados de identificação, resumo clínico com da-
Art. 3º Este Regulamento Técnico se aplica a todos os serviços dos que justifiquem a transferência e descrição ou cópia de laudos
de saúde no país, sejam eles públicos, privados, filantrópicos, de exames realizados, quando existentes;
civis ou militares, incluindo aqueles que exercem ações de en- X - responsável técnico - RT: profissional de nível superior legal-
sino e pesquisa. mente habilitado, que assume perante a vigilância sanitária a
responsabilidade técnica pelo serviço de saúde, conforme le-
SEÇÃO III gislação vigente;
DEFINIÇÕES XI - segurança do Paciente: conjunto de ações voltadas à prote-
ção do paciente contra riscos, eventos adversos e danos desneces-
Art. 4º Para efeito deste Regulamento Técnico são adotadas as sários durante a atenção prestada nos serviços de saúde.
seguintes definições: XII - serviço de saúde: estabelecimento de saúde destinado a
I - garantia da qualidade: totalidade das ações sistemáticas ne- prestar assistência à população na prevenção de doenças, no trata-
cessárias para garantir que os serviços prestados estejam dentro mento, recuperação e na reabilitação de pacientes.
dos padrões de qualidade exigidos, para os fins a que se propõem;
II - gerenciamento de tecnologias: procedimentos de gestão, CAPÍTULO II
planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, DAS BOAS PRÁTICAS DE FUNCIONAMENTO
normativas e legais, com o objetivo de garantir a rastreabilidade,
qualidade, eficácia, efetividade, segurança e em alguns casos o de- SEÇÃO I
sempenho das tecnologias de saúde utilizadas na prestação de ser- DO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE
viços de saúde, abrangendo cada etapa do gerenciamento, desde
o planejamento e entrada das tecnologias no estabelecimento de Art. 5º O serviço de saúde deve desenvolver ações no senti-
saúde até seu descarte, visando à proteção dos trabalhadores, a do de estabelecer uma política de qualidade envolvendo estrutura,
preservação da saúde pública e do meio ambiente e a segurança processo e resultado na sua gestão dos serviços.
do paciente; Parágrafo único. O serviço de saúde deve utilizar a Garantia da
III - humanização da atenção e gestão da saúde: valorização da Qualidade como ferramenta de gerenciamento.
dimensão subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de Art. 6º As Boas Práticas de Funcionamento (BPF) são os com-
gestão da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do ponentes da Garantia da Qualidade que asseguram que os serviços
cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, são ofertados com padrões de qualidade adequados.
raça, orientação sexual e às populações específicas, garantindo o § 1º As BPF são orientadas primeiramente à redução dos riscos
acesso dos usuários às informações sobre saúde, inclusive sobre inerentes a prestação de serviços de saúde.
os profissionais que cuidam de sua saúde, respeitando o direito a § 2º Os conceitos de Garantia da Qualidade e Boas Práticas de
acompanhamento de pessoas de sua rede social (de livre escolha), Funcionamento (BPF) estão inter-relacionados estando descritos
e a valorização do trabalho e dos trabalhadores; nesta resolução de forma a enfatizar as suas relações e sua impor-
IV - licença atualizada: documento emitido pelo órgão sanitário tância para o funcionamento dos serviços de saúde.
competente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios, con- Art. 7º As BPF determinam que:
tendo permissão para o funcionamento dos estabelecimentos que I- o serviço de saúde deve ser capaz de ofertar serviços dentro
exerçam atividades sob regime de vigilância sanitária; dos padrões de qualidade exigidos, atendendo aos requisitos
V - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde das legislações e regulamentos vigentes.
(PGRSS): documento que aponta e descreve as ações relativas II - o serviço de saúde deve fornecer todos os recursos neces-
ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características sários, incluindo:
e riscos, no âmbito dos estabelecimentos de saúde, contemplando a) quadro de pessoal qualificado, devidamente treinado e iden-
os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, tificado;
coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, b) ambientes identificados;
bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambien- c) equipamentos, materiais e suporte logístico; e
te. d) procedimentos e instruções aprovados e vigentes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - as reclamações sobre os serviços oferecidos devem ser exa- Art. 15. As unidades funcionais do serviço de saúde devem ter
minadas, registradas e as causas dos desvios da qualidade, investi- um profissional responsável conforme definido em legislações e
gadas e documentadas, devendo ser tomadas medidas com relação regulamentos específicos.
aos serviços com desvio da qualidade e adotadas as providências no Art. 16. O serviço de saúde deve possuir profissional legalmen-
sentido de prevenir reincidências. te habilitado que responda pelas questões operacionais durante o
seu período de funcionamento.
SEÇÃO II Parágrafo único. Este profissional pode ser o próprio RT ou téc-
DA SEGURANÇA DO PACIENTE nico designado para tal fim.
Art. 17. O serviço de saúde deve prover infraestrutura física,
Art. 8º O serviço de saúde deve estabelecer estratégias e ações recursos humanos, equipamentos, insumos e materiais necessários
voltadas para Segurança do Paciente, tais como: à operacionalização do serviço de acordo com a demanda, modali-
dade de assistência prestada e a legislação vigente.
I. Mecanismos de identificação do paciente; Art. 18. A direção e o responsável técnico do serviço de saúde
II. Orientações para a higienização das mãos; têm a responsabilidade de planejar, implantar e garantir a qualida-
III. Ações de prevenção e controle de eventos adversos relacio- de dos processos.
nadaà assistência à saúde; Art. 19. O serviço de saúde deve possuir mecanismos que ga-
IV. Mecanismos para garantir segurança cirúrgica; rantam a continuidade da atenção ao paciente quando houver ne-
V. Orientações para administração segura de medicamentos, cessidade de remoção ou para realização de exames que não exis-
sangue e hemocomponentes; tam no próprio serviço.
VI. Mecanismos para prevenção de quedas dos pacientes; Parágrafo único. Todo paciente removido deve ser acompanha-
VII. Mecanismos para a prevenção de úlceras por pressão; do por relatório completo, legível, com identificação e assinatura
VIII. Orientações para estimular a participação do paciente na do profissional assistente, que deve passar a integrar o pron-
assistência prestada. tuário no destino, permanecendo cópia no prontuário de origem.
Art. 20. O serviço de saúde deve possuir mecanismos que ga-
SEÇÃO III rantam o funcionamento de Comissões, Comitês e Programas esta-
DAS CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS belecidos em legislações e normatizações vigentes.
Art. 21. O serviço de saúde deve garantir mecanismos para o
Art. 9º O serviço de saúde deve possuir regimento interno ou controle de acesso dos trabalhadores, pacientes, acompanhantes
documento equivalente, atualizado, contemplando a definição e a e visitantes.
descrição de todas as suas atividades técnicas, administrativas e as- Art. 22. O serviço de saúde deve garantir mecanismos de iden-
sistenciais, responsabilidades e competências. tificação dos trabalhadores, pacientes, acompanhantes e visitantes.
Art. 23. O serviço de saúde deve manter disponível, segundo o
Art. 10. Os serviços objeto desta resolução devem possuir li- seu tipo de atividade, documentação e registro referente à:
cença atualizada de acordo com a legislação sanitária local, afixada I - Projeto Básico de Arquitetura (PBA) aprovado pela vigilância
em local visível ao público. sanitária competente.
Parágrafo único. Os estabelecimentos integrantes da Adminis- II - controle de saúde ocupacional;
tração Pública ou por ela instituídos independem da licença para III - educação permanente;
funcionamento, ficando sujeitos, porém, às exigências perti- IV - comissões, comitês e programas;
nentes às instalações, aos equipamentos e à aparelhagem adequa- V - contratos de serviços terceirizados;
da e à assistência e responsabilidade técnicas, aferidas por meio de VI - controle de qualidade da água;
fiscalização realizada pelo órgão sanitário local. VII - manutenção preventiva e corretiva da edificação e insta-
Art. 11. Os serviços e atividades terceirizadas pelos estabeleci- lações;
mentos de saúde devem possuir contrato de prestação de serviços. VIII - controle de vetores e pragas urbanas;
§ 1º Os serviços e atividades terceirizados devem estar regula- IX - manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos e
rizados perante a autoridade sanitária competente, quando couber. instrumentos;
§ 2º A licença de funcionamento dos serviços e atividades ter- X - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde;
ceirizados deve conter informação sobre a sua habilitação para XI - nascimentos;
atender serviços de saúde, quando couber. XII - óbitos;
Art. 12. O atendimento dos padrões sanitários estabelecidos XIII - admissão e alta;
por este regulamento técnico não isenta o serviço de saúde do cum- XIV - eventos adversos e queixas técnicas associadas a produ-
primento dos demais instrumentos normativos aplicáveis. tos ou serviços;
Art. 13. O serviço de saúde deve estar inscrito e manter seus XV - monitoramento e relatórios específicos de controle de in-
dados atualizados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de fecção;
Saúde - CNES. XVI - doenças de Notificação Compulsória;
Art. 14. O serviço de saúde deve ter um responsável técnico XVII - indicadores previstos nas legislações vigentes;
(RT) e um substituto. XVIII - normas, rotinas e procedimentos;
Parágrafo único. O órgão sanitário competente deve ser noti- XIX - demais documentos exigidos por legislações específicas
ficado sempre que houver alteração de responsável técnico ou de dos estados, Distrito Federal e municípios.
seu substituto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO IV VII - temas específicos de acordo com a atividade desenvolvida


DO PRONTUÁRIO DO PACIENTE pelo profissional.

Art. 24. A responsabilidade pelo registro em prontuário cabe SEÇÃO VI


aos profissionais de saúde que prestam o atendimento. DA GESTÃO DE INFRAESTRUTURA
Art. 25. A guarda do prontuário é de responsabilidade do servi-
ço de saúde devendo obedecer às normas vigentes. Art. 34. O serviço de saúde deve ter seu projeto básico de ar-
§ 1º O serviço de saúde deve assegurar a guarda dos prontuá- quitetura atualizado, em conformidade com as atividades desenvol-
rios no que se refere à confidencialidade e integridade. vidas e aprovado pela vigilância sanitária e demais órgãos compe-
§ 2º O serviço de saúde deve manter os prontuários em local tentes.
seguro, em boas condições de conservação e organização, permitin-
do o seu acesso sempre que necessário. Art. 35. As instalações prediais de água, esgoto, energia elétri-
Art. 26. O serviço de saúde deve garantir que o prontuário con- ca, gases, climatização, proteção e combate a incêndio, comunica-
tenha registros relativos à identificação e a todos os procedimentos ção e outras existentes, devem atender às exigências dos códigos de
prestados ao paciente. obras e posturas locais, assim como normas técnicas pertinentes a
Art. 27. O serviço de saúde deve garantir que o prontuário seja cada uma das instalações.
preenchido de forma legível por todos os profissionais envolvidos Art. 36. O serviço de saúde deve manter as instalações físicas
diretamente na assistência ao paciente, com aposição de assi- dos ambientes externos e internos em boas condições de conserva-
natura e carimbo em caso de prontuário em meio físico. ção, segurança, organização, conforto e limpeza.
Art. 28. Os dados que compõem o prontuário pertencem ao Art. 37. O serviço de saúde deve executar ações de gerencia-
paciente e devem estar permanentemente disponíveis aos mesmos mento dos riscos de acidentes inerentes às atividades desenvolvi-
ou aos seus representantes legais e à autoridade sanitária quando das.
necessário. Art. 38 O serviço de saúde deve ser dotado de iluminação e
ventilação compatíveis com o desenvolvimento das suas atividades.
SEÇÃO V Art. 39. O serviço de saúde deve garantir a qualidade da água
DA GESTÃO DE PESSOAL necessária ao funcionamento de suas unidades.
§ 1º O serviço de saúde deve garantir a limpeza dos reservató-
Art. 29. As exigências referentes aos recursos humanos do ser- rios de água a cada seis meses.
viço de saúde incluem profissionais de todos os níveis de escolari- § 2º O serviço de saúde deve manter registro da capacidade e
dade, de quadro próprio ou terceirizado. da limpeza periódica dos reservatórios de água.
Art. 40. O serviço de saúde deve garantir a continuidade do
Art. 30. O serviço de saúde deve possuir equipe multiprofissio- fornecimento de água, mesmo em caso de interrupção do forneci-
nal dimensionada de acordo com seu perfil de demanda. mento pela concessionária, nos locais em que a água é considerada
insumo crítico.
Art.31. O serviço de saúde deve manter disponíveis registros de Art. 41. O serviço de saúde deve garantir a continuidade do
formação e qualificação dos profissionais compatíveis com as fornecimento de energia elétrica, em situações de interrupção do
funções desempenhadas. fornecimento pela concessionária, por meio de sistemas de energia
Parágrafo único. O serviço de saúde deve possuir documenta- elétrica de emergência, nos locais em que a energia elétrica é con-
ção referente ao registro dos profissionais em conselhos de classe, siderada insumo crítico.
quando for o caso. Art. 42. O serviço de saúde deve realizar ações de manutenção
Art. 32. O serviço de saúde deve promover a capacitação de preventiva e corretiva das instalações prediais, de forma própria ou
seus profissionais antes do início das atividades e de forma perma- terceirizada.
nente em conformidade com as atividades desenvolvidas.
Parágrafo único. As capacitações devem ser registradas conten- SEÇÃO VII
do data, horário, carga horária, conteúdo ministrado, nome e a DA PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR
formação ou capacitação profissional do instrutor e dos traba-
lhadores envolvidos. Art. 43. O serviço de saúde deve garantir mecanismos de orien-
Art. 33. A capacitação de que trata o artigo anterior deve ser tação sobre imunização contra tétano, difteria, hepatite B e contra
adaptada à evolução do conhecimento e a identificação de novos outros agentes biológicos a que os trabalhadores possam estar ex-
riscos e deve incluir: postos.
I - os dados disponíveis sobre os riscos potenciais à saúde; Art. 44. O serviço de saúde deve garantir que os trabalhadores
II - medidas de controle que minimizem a exposição aos agen- sejam avaliados periodicamente em relação à saúde ocupacional
tes; mantendo registros desta avaliação.
III - normas e procedimentos de higiene; Art. 45. O serviço de saúde deve garantir que os trabalhadores
IV - utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual com agravos agudos à saúde ou com lesões nos membros superio-
e vestimentas de trabalho; res só iniciem suas atividades após avaliação médica.
V - medidas para a prevenção de acidentes e incidentes; Art. 46. O serviço de saúde deve garantir que seus trabalha-
VI - medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de dores com possibilidade de exposição a agentes biológicos, físicos
ocorrência de acidentes e incidentes; ou químicos utilizem vestimentas para o trabalho, incluindo
calçados, compatíveis com o risco e em condições de conforto.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º Estas vestimentas podem ser próprias do trabalhador ou Art. 60. O serviço de saúde que preste assistência nutricional
fornecidas pelo serviço de saúde. ou forneça refeições deve garantir a qualidade nutricional e a segu-
§ 2º O serviço de saúde é responsável pelo fornecimento e pelo rança dos alimentos.
processamento das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e Art. 61. O serviço de saúde deve informar aos órgãos compe-
obstétricos, nas unidades de tratamento intensivo, nas unidades de tentes sobre a suspeita de doença de notificação compulsória con-
isolamento e centrais de material esterilizado. forme o estabelecido em legislação e regulamentos vigentes.
Art. 47. O serviço de saúde deve garantir mecanismos de pre- Art. 62. O serviço de saúde deve calcular e manter o registro
venção dos riscos de acidentes de trabalho, incluindo o forneci- referente aos Indicadores previstos nas legislações vigentes.
mento de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, em número
suficiente e compatível com as atividades desenvolvidas pelos tra- SEÇÃO IX
balhadores. DO CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBA-
Parágrafo único. Os trabalhadores não devem deixar o local de NAS
trabalho com os equipamentos de proteção individual
Art. 48. O serviço de saúde deve manter registro das comunica- Art. 63. O serviço de saúde deve garantir ações eficazes e con-
ções de acidentes de trabalho. tínuas de controle de vetores e pragas urbanas, com o objetivo de
Art. 49. Em serviços de saúde com mais de vinte trabalhado- impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou proliferação dos mes-
resé obrigatória a instituição de Comissão Interna de Prevenção de mos.
Acidentes - CIPA. Parágrafo único. O controle químico, quando for necessário,
Art. 50. O Serviço de Saúde deve manter disponível a todos os deve ser realizado por empresa habilitada e possuidora de licença
trabalhadores: sanitária e ambiental e com produtos desinfestantes regularizados
I - Normas e condutas de segurança biológica, química, física, pela Anvisa.
ocupacional e ambiental; Art. 64. Não é permitido comer ou guardar alimentos nos pos-
II - Instruções para uso dos Equipamentos de Proteção Indivi- tos de trabalho destinados à execução de procedimentos de saúde.
dual - EPI;
III - Procedimentos em caso de incêndios e acidentes; CAPÍTULO III
IV - Orientação para manuseio e transporte de produtos para DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
saúde contaminados.
Art. 65. Os estabelecimentos abrangidos por esta resolução te-
SEÇÃO VIII rão o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data
DA GESTÃO DE TECNOLOGIAS E PROCESSOS de sua publicação para promover as adequações necessárias ao Re-
gulamento Técnico.
Art. 51. O serviço de saúde deve dispor de normas, procedi- Parágrafo único. A partir da publicação desta resolução, os no-
mentos e rotinas técnicas escritas e atualizadas, de todos os seus vos estabelecimentos e aqueles que pretendam reiniciar suas ativi-
processos de trabalho em local de fácil acesso a toda a equipe. dades, devem atender na íntegra às exigências nela contidas.
Art. 52. O serviço de saúde deve manter os ambientes limpos, Art. 66. O descumprimento das disposições contidas nesta re-
livres de resíduos e odores incompatíveis com a atividade, devendo solução e no regulamento por ela aprovado constitui infração sani-
atender aos critérios de criticidade das áreas. tária, nos termos da Lei no- . 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem
Art. 53. O serviço de saúde deve garantir a disponibilidade dos prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.
equipamentos, materiais, insumos e medicamentos de acordo com Art. 67. Esta resolução entra em vigor na data de sua publica-
a complexidade do serviço e necessários ao atendimento da de- ção.
manda.
Art. 54. O serviço de saúde deve realizar o gerenciamento de
suas tecnologias de forma a atender as necessidades do serviço TREINAMENTOS EM SERVIÇO OBRIGATÓRIOS PARA OS
mantendo as condições de seleção, aquisição, armazenamento, SERVIÇOS DE SAÚDE (HOSPITAIS) DE ACORDO COM AS LE-
instalação, funcionamento, distribuição, descarte e rastreabilidade. GISLAÇÕES VIGENTES;
Art. 55. O serviço de saúde deve garantir que os materiais e
equipamentos sejam utilizados exclusivamente para os fins a que se
destinam. Os treinamentos em serviço obrigatórios para os serviços de
Art. 56. O serviço de saúde deve garantir que os colchões, col- saúde, como hospitais, são essenciais para garantir a segurança e
chonetes e demais mobiliários almofadados sejam revestidos de qualidade no atendimento aos pacientes. As legislações vigentes
material lavável e impermeável, não apresentando furos, rasgos, determinam que os profissionais de saúde devem receber treina-
sulcos e reentrâncias. mentos regulares para manter suas habilidades e conhecimentos
Art. 57. O serviço de saúde deve garantir a qualidade dos pro- atualizados e garantir a prestação de serviços seguros e eficazes.
cessos de desinfecção e esterilização de equipamentos e materiais. A Norma Regulamentadora nº 32 (NR32), do Ministério do Tra-
Art. 58. O serviço de saúde deve garantir que todos os usuários balho e Emprego, estabelece as diretrizes básicas para a implemen-
recebam suporte imediato a vida quando necessário. tação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalha-
Art. 59. O serviço de saúde deve disponibilizar os insumos, pro- dores dos serviços de saúde. Entre as exigências da NR32, está a
dutos e equipamentos necessários para as práticas de higienização necessidade de treinamentos em serviço obrigatórios para todos
de mãos dos trabalhadores, pacientes, acompanhantes e visitantes. os profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos
em enfermagem, dentre outros.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os treinamentos em serviço obrigatórios devem abranger di- A gerência de projetos é frequentemente a responsabilidade
versas áreas, como segurança do paciente, controle de infecção, de um indivíduo intitulado gerente de projeto, que trabalha para
manuseio de equipamentos médicos, gerenciamento de resíduos, manter o progresso e a interação mútua progressiva dos diversos
ética profissional, entre outras. O objetivo desses treinamentos é participantes do empreendimento, de modo a reduzir o risco de
fornecer aos profissionais de saúde as habilidades e conhecimentos fracasso do projeto.
necessários para prestar cuidados de saúde seguros e de alta qua- Todo processo é sujeito a influencia de variáveis, que podem
lidade aos pacientes. afetar, seu andamento caso a organização não esteja preparada
Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVI- para lidar com elas.
SA) estabelece requisitos específicos para a capacitação dos pro- Vejamos as variáveis mais comuns:
fissionais de saúde que trabalham em hospitais. A Resolução RDC
nº 36/2013, por exemplo, determina que todos os profissionais de Variáveis controláveis ou previsíveis
saúde devem receber treinamentos em segurança do paciente, in- Ex.: recursos, valores ou tempo (embora não possa controlar o
cluindo noções básicas de gerenciamento de riscos e eventos ad- tempo é possível calcular o tempo estimado para executar determi-
versos. nada tarefa, de forma, que se torna possível controlar essa variável
Os treinamentos em serviço obrigatórios devem ser realizados dentro de um planejamento).
periodicamente, de acordo com as necessidades e riscos específicos
de cada área e serviço de saúde. É responsabilidade dos emprega- Variáveis incontroláveis ou imprevisíveis
dores dos serviços de saúde garantir que seus funcionários recebam Ocorrências naturais, mortes, acidentes, atividades que se de-
os treinamentos necessários e possam aplicar seus conhecimentos penda de uma terceira pessoa.
na prática diária.
Para garantir a eficácia dos treinamentos em serviço obriga- No gerenciamento do projeto, temos três variáveis fundamen-
tórios, é importante que eles sejam ministrados por profissionais tais para a sua execução.
qualificados e experientes, que possam transmitir o conhecimen-
to de forma clara e objetiva. Além disso, é importante que os trei- Tempo ou prazo
namentos sejam adaptados às necessidades e realidades de cada O tempo requerido para terminar as etapas do projeto, é nor-
serviço de saúde, considerando as particularidades do ambiente de malmente influenciado quando se pretende baixar o tempo para
trabalho e dos pacientes atendidos. execução de cada tarefa que contribui diretamente à conclusão de
Os treinamentos em serviço obrigatórios são essenciais para cada componente.
garantir a segurança e qualidade no atendimento aos pacientes nos Custo
serviços de saúde, como hospitais. As legislações vigentes estabele- Envolve vários aspectos, tais como custo de mão de obra, cus-
cem a necessidade de treinamentos regulares para os profissionais tos de materiais, gerência de risco, produtos, equipe, equipamento,
de saúde, que devem abranger diversas áreas e ser adaptados às o próprio tempo, lucro, entre outros.
necessidades e realidades de cada serviço de saúde. Cabe aos em-
pregadores dos serviços de saúde garantir que seus funcionários Escopo ou contexto
recebam os treinamentos necessários e possam aplicar seus conhe- São as exigências especificadas para o resultado fim, ou seja, o
cimentos na prática diária. que se pretende, e o que não se pretende realizar. A qualidade do
produto final pode ser tratada como um componente do escopo.
Normalmente a quantidade de tempo empregada em cada tarefa é
ADMINISTRAÇÃO DE PROJETOS determinante para a qualidade total do projeto.
Lembre-se das variáveis incontroláveis ou imprevisíveis, elas
estão ai para dar o tempero do seu projeto. Gestores de projetos
O Gerenciamento de Projetos é a aplicação de conhecimentos, costumam considerar margens de segurança definidas com o apoio
habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma efeti- de gestores técnicos que irão executar o projeto.
va e eficaz. Trata-se de uma competência estratégica para organi- Por exemplo, aplica-se uma margem de segurança na mão de
zações, permitindo com que elas unam os resultados dos projetos obra, para cobrir eventuais faltas e atrasos, e para prover o projeto
com os objetivos do negócio – e, assim, melhor competir em seus uma certa “margem de manobra” para que atividades de emergên-
mercados. cia sejam executadas sem um impacto muito grande no prazo final
Tem relação direta com a capacidade das empresas de atingi- do projeto. Aplica-se uma margem de segurança nos recursos ma-
rem suas metas, justamente porque os projetos atuais necessitam teriais prevendo desperdícios e eventuais danos ou extravios, mas
da união de esforços aplicados de forma integrada para serem re- as margens neste caso devem ser aplicadas com critério para que a
alizados com êxito. Em diversas ações das empresas, é necessário excessiva margem de segurança em materiais não seja um prejuízo
um projeto, direcionando esforços temporários para produzir de- no projeto.
terminado produto, serviço ou resultado único. Um projeto bem planejado leva em conta o imprevisto, se al-
Gerência de projetos ou gestão de projetos é a aplicação de guma coisa der errado, o projeto vai parar? Pode-se executar outra
conhecimentos, habilidades e técnicas na elaboração de atividades tarefa enquanto resolvemos o problema que impede o andamento
relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré definidos. O do projeto? E este problema pode ser simplesmente uma etapa de
conhecimento e as práticas da gerência de projetos são mais bem aprovação do cliente por exemplo. Neste caso as tarefas que não
descritos em termos de seus processos componentes. fazem parte do caminho crítico podem ser executadas para que a
equipe não fique parada por exemplo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Etapas de um projeto Isso tem impacto direto sobre cronograma, custos e desempenho
Todo projeto é desenvolvido em cinco etapas: Iniciação, plane- do projeto. Mesmo que todos projetos tenham uma estrutura orga-
jamento, execução, controle e conclusão. nizacional semelhante, com elementos repetitivos, o resultado de
cada projeto é obtido sob uma combinação exclusiva de objetivos,
Iniciação é a etapa onde tomamos conhecimento do projeto a circunstâncias, condições, contextos, fornecedores etc. O gerencia-
ser feito, é o momento da confecção do briefing, ou de sua leitura mento de projetos consiste na aplicação de conhecimentos, habili-
à equipe, é nesta hora onde surgem diversas dúvidas do projeto. dades, ferramentas e técnicas adequadas às atividades do projeto,
Em geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em uma reunião a fim de atender aos seus requisitos. Aqui vamos abordar, detalha-
de brainstorm. damente, as nove áreas do conhecimento que caracterizam os prin-
Planejamento é onde o projeto é detalhado, se aplicarmos o cipais aspectos envolvidos em um projeto e no seu gerenciamento.
principio de Pareto, é onde investimos 80% do nosso tempo. É o Áreas do conhecimento: Ao todo são nove áreas do conheci-
momento em que detalhamos as atividades, pesquisamos, deter- mento: Integração; Escopo; Tempo; Custo; Qualidade; Recursos
minamos prazos, alocamos recursos e custos. O resultado do plane- humanos; Comunicações; Riscos; Aquisições. Este conjunto de co-
jamento é uma lista de tarefas e/ou um gráfico de Gantt. nhecimentos é utilizado para orientar o gerenciamento de 42 pro-
Execução é o objetivo do projeto, é a “hora da verdade”, quem cessos, agrupados em 5 grupos: Iniciação; Planejamento; Execução;
executa é o gestor técnico, é a hora de colocar o projeto em prática. Monitoramento; Encerramento. Vamos descrever o que cada área
Controle, o gestor do projeto faz o controle da execução, re- do conhecimento aborda, para depois estabelecer a relação entre
gistrando tempo e recursos, e gerenciando as possíveis mudanças. as áreas de conhecimento e os processos.
Conclusão, bom conclusão dispensa mais comentários, é a - Integração: “O Gerenciamento da integração do projeto inclui
hora em que o projeto termina. os processos e as atividades necessárias para identificar, definir,
Na verdade as cinco etapas do projeto não acontecem como combinar, unificar e coordenar os vários processos e atividades dos
uma sequência linear, afinal, como já vimos existem problemas não grupos de processos de gerenciamento.” Em suma, podemos dizer
previstos, existem ajustes à serem feitos. E estes ajustes são feitos que à área de integração cabe a tarefa de articular as partes inte-
“on the fly”, ou seja, durante a execução do projeto, configurando ressadas para que objetivos do projeto sejam atingidos.
um ciclo claro que passa por execução, controle e planejamento. - Escopo: Esse gerenciamento está relacionado principalmente
Geralmente na hora da execução é que o planejamento é pos- com a definição e controle do que está e do que não está incluso no
to a prova, o controle é o acompanhamento que o gestor de pro- projeto. Consiste em definir o que será feito e o que não será feito
jetos faz junto ao gestor técnico, ele registra os tempos e uso de no projeto, monitorar e controlar possíveis mudanças.
recursos. Este controle pode apontar tanto uma tendência à eco- - Tempo: “O Gerenciamento do tempo do projeto inclui os pro-
nomia de recursos quando à necessidade de utilizar recursos alem cessos necessários para gerenciar o término pontual do projeto.“
do planejado. Consiste de definição das atividades, sequenciamento de ativida-
des, estimativas de duração de atividades, criação do cronograma e
É atribuição do gestor de projetos revisar seu planejamento controle do cronograma.
para avaliar os impactos destas variações e tomar as devidas pro- - Custos: “O gerenciamento dos custos do projeto inclui os
vidências. processos envolvidos em estimativas, orçamentos e controle dos
O gerenciamento de projetos tenta adquirir controle sobre es- custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do or-
sas três variáveis (tempo, custo, escopo), no entanto, algumas lite- çamento aprovado.
raturas definem como quatro variáveis, sendo qualidade a quarta - Qualidade: O gerenciamento é responsável por monitorar se
variável, contudo a qualidade é uma das principais componentes os resultados do projeto estão as necessidades que originaram o
do escopo. Estas variáveis podem ser dadas por clientes externos projeto. Na etapa do planejamento são estabelecidos padrões de
ou internos. O(s) valor(es) das variáveis remanescentes está/estão qualidade, que permitem aferir o desempenho do projeto no que-
a cargo do gerente do projeto, idealmente baseado em sólidas téc- sito qualidade.
nicas de estimativa. - Recursos Humanos: Projetos sempre envolvem pessoas. É
Geralmente, os valores em termos de tempo, custo, qualidade preciso montar uma equipe, selecionar, organizar e definir papéis
e escopo são definidos por contrato. e estabelecer prazos. Estes são assuntos que dizem respeito ao ge-
Para manter o controle sobre o projeto do início ao fim, um renciamento de recursos humanos.
gerente de projetos utiliza várias técnicas, dentre as quais se des- - Comunicação: “O gerenciamento das comunicações do
tacam: projeto inclui os processos necessários para assegurar que as in-
- Planejamento de projeto formações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas, ar-
- Análise de valor agregado mazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna e
- Gerenciamento de riscos de projeto apropriada.”. Comunicação é, sem dúvida, uma das áreas mais
- Cronograma importantes na gestão de projetos. Gerentes passam boa parte do
- Melhoria de processo tempo recebendo informações dos interessados no projeto e trans-
ferindo estas informações para a equipe executora. Esse processo
Áreas de conhecimento em Gerenciamento de Projetos contínuo de comunicação garante que uma ideia seja transformada
Há um consenso por parte dos gerentes que atuam na área de em projeto e posteriormente executada na prática.
gestão de projetos: Um mesmo projeto, gerenciado por 10 geren- - Riscos: Trata da identificação, análise e resposta a riscos do
tes diferentes, vai gerar 10 resultados distintos. Mesmo que este- projeto. É composta pelo plano de gerência, identificação, análise
jam alinhados a um guia comum. Cada gerente, enquanto pessoa, qualitativa, análise quantitativa, plano de respostas, e monitora-
tem um modo específico de perceber e decidir sobre a situação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mento e controle dos riscos. O gerenciamento de riscos visa reduzir - Cada nível da EAP é uma parte menor do nível anterior;
a probabilidade e o impacto de eventos negativos, aumentando a - O projeto inteiro deve ser incluso em cada um dos níveis mais
probabilidade de eventos positivos. elevados da EAP;
- A EAP deve incluir apenas as entregas necessárias para o pro-
EAP – Estrutura Analítica de Projetos, também conhecida como jeto;
WBS – Work breakdown structure. O conhecimento da aplicação - As entregas que não estão na EAP não fazem parte do pro-
dessa ferramenta serve para o gerenciamento de projetos e para jeto.63
profissionais que vão se submeter a certificação PMP – Project Ma-
nagement Professional, o qual é indispensável, vamos entender o Escritório de Projetos
porquê: O objetivo do Escritório de Projetos é que a partir da sua im-
Para o PMI a EAP é um elemento obrigatório no gerenciamen- plementação a empresa alcance benefícios com a padronização de
to de projeto. É uma ferramenta que organiza todo o escopo do processos, definição de políticas, procedimentos e práticas de ge-
projeto de maneira visual, subdividindo o mesmo em entregas de renciamento de projetos. O Escritório de Projetos também pode
maneira que essas sejam melhores gerenciadas. Ao invés do geren- fornecer funções de controle, como auditorias nos projetos. Mas
te de projetos apresentar um documento textual extenso às partes isso não é o bastante. O Escritório deve evoluir para servir também
interessadas (patrocinador, clientes, equipe, gerente funcional, ge- como uma fonte de orientação, documentação e capacitação rela-
rente de portfólio e pessoas afetadas pelo projeto), ele apresenta cionadas às práticas envolvidas na gestão dos projetos dentro da
a EAP, fornecendo uma visão rápida e geral do que está incluso no organização.
escopo do projeto, facilitando a análise e ajudando a identificar Um Escritório de Projetos baseia a sua gestão nas principais
possíveis incoerências e necessidades. Também ajuda o gerente de abordagens ou melhores práticas de gerenciamento de projetos co-
projetos e a equipe de desenvolvimento a não se esquecerem dos nhecidas no mercado e como exemplo podemos citar as melhoras
elementos solicitados, evitando impactos negativos e diminuindo o práticas definidas pelo PMI – Project Management Institute, atra-
número de solicitações de mudanças. vés de seu Guia de Conhecimento (PMBOK – Project Management
A EAP é desenvolvida dentro do processo de gerenciamento Body of Knowledge).
de escopo, mas pode ser utilizada em vários outros processos do A principal função é do Escritório de Projetos é assegurar que
gerenciamento de projetos; na gestão de riscos, na gestão de tem- a metodologia de gerenciamento de projetos seja seguida, porém,
po, na gestão de custos, e até nas comunicações, pois ela facilita a não é a única, vejamos algumas delas:
demonstração do andamento do projeto, identificando as entregas - Definição, padronização e suporte à metodologia e ferramen-
finalizadas, as em execução, ou ainda as que não começaram. A ta de gerenciamento de projetos.
criação de uma EAP é um esforço para decompor as entregas e o - Assegurar que o projeto ande conforme o planejado, forne-
trabalho necessário para produzi-las em partes menores, chamadas cendo apoio as áreas funcionais.
de pacotes de trabalho. Ela permite dividir um projeto grande em - Definição e acompanhamento dos indicadores de desempe-
partes que você possa planejar, organizar, gerenciar e controlar, nho.
mas não se engane, pois para o PMI ela também é obrigatória em - Coaching: suporte e treinamento aos gerentes funcionais,
projetos pequenos. membros de equipe e áreas interessadas.
É interessante destacar que em uma EAP não se inclui as ativi- - Revisão, auditoria de projetos e intervenção para recupera-
dades, mas sim os pacotes de trabalho ou entregas que resultam ção de projetos com problemas.
em uma atividade ou grupos de atividades. Cada pacote de trabalho - Monitoramento do portfólio de projetos.
deve ser referenciado com substantivos – coisas, em vez de ações. - Garantir a qualidade final do projeto e satisfação do Cliente.
Uma EAP deve ser orientada a entregas, mas isso não significa que
apenas as entregas são inclusas, deve ser incluso todo escopo do Existe uma diversidade de modelos e funções que o Escritório
projeto, do produto e os esforços para alcançá-los. de Projetos pode assumir. Os modelos de PMO variam de acordo
Para criar uma EAP, são necessárias as seguintes entradas: com o nível de controle e a influência que podem exercer na gestão
- Plano de gerenciamento do projeto; de projetos dentro da organização. Como exemplo podemos citar:
- Declaração do escopo do projeto;
- Documentação dos requisitos; - Projeto Autônomo (APT – Autonomus Project Team): destina-
- Fatores ambientais da empresa; do ao gerenciamento de um projeto ou programa específico.
- Ativos de processos organizacionais. - Escritório de Suporte a Projetos (PSO – Project Support Of-
fice): criado em uma esfera departamental para apoio a diversos
Podem ser utilizadas as seguintes ferramentas: projetos simultâneos.
- Decomposição; - Centro de Excelência (PMCOE – Project Management Center
- Opinião especializada. of Excellence): seu papel é disseminar a cultura de gerenciamento
de projetos na empresa, manter as metodologias, desenvolver ge-
E irá resultar nas seguintes saídas: rentes de projetos, líderes e membros de equipes.
- Linha de base do escopo; - Escritório de Projetos Corporativo (PrgMO – Program Mana-
- Atualizações dos documentos do projeto. gement Office): criado em uma esfera corporativa, compreende as
funções do Centro de Excelência e, alguns casos, compreende as
Algumas regras a serem seguidas para o desenvolvimento de funções do Escritório de Suporte a Projetos, atuando no gerencia-
uma EAP: mento estratégico dos projetos.
- A EAP deve ser criada com a ajuda da equipe; 63 Texto adaptado de Daiany Silva
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não há garantia de sucesso com a implementação de um de- e contínua. Os treinamentos devem ser planejados e desenvolvidos
terminado modelo, mas sim com a implementação do modelo cor- de forma a atender às necessidades identificadas, e devem ser ava-
reto e adequado à estrutura organizacional e nível de maturidade liados constantemente para garantir sua eficácia.
da empresa.
O apoio da Alta Administração é fundamental para o sucesso
da sua implementação. O PMO é uma entidade organizacional es- PROGRAMAS DE TREINAMENTO, DESENVOLVIMENTO E
tratégica empregada em nível corporativo, que define padrões para EDUCAÇÃO;
o gerenciamento de projetos em toda a empresa e é apoiado pela
Alta Administração.
Programas de treinamento, desenvolvimento e educação são
fundamentais para o sucesso de uma organização. Esses programas
LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE TREINAMENTO; visam aprimorar as habilidades e competências dos colaboradores,
de forma a melhorar seu desempenho e contribuir para o cresci-
mento e desenvolvimento da organização.
O levantamento de necessidades de treinamento é uma eta- O treinamento é uma atividade que visa capacitar os colabo-
pa fundamental para garantir que os treinamentos sejam eficazes radores para desempenhar suas funções de maneira eficaz. É uma
e atendam às necessidades reais dos colaboradores e da organiza- ação pontual, com objetivos específicos e duração limitada. O trei-
ção. O objetivo do levantamento de necessidades de treinamento é namento pode ser realizado de diversas formas, como por exem-
identificar quais são as habilidades e competências que os colabo- plo: treinamentos presenciais, e-learning, treinamentos em serviço,
radores precisam desenvolver para desempenhar suas atividades workshops, entre outros.
com eficiência e eficácia. Já o desenvolvimento é um processo contínuo, que busca apri-
Existem diversas técnicas e metodologias para realizar o levan- morar as habilidades e competências dos colaboradores de forma a
tamento de necessidades de treinamento. Uma das mais utilizadas prepará-los para assumir novas responsabilidades e desafios dentro
é a análise das atividades e tarefas desempenhadas pelos colabora- da organização. O desenvolvimento pode ser feito por meio de cur-
dores, a fim de identificar as lacunas de conhecimento e habilidades sos de aperfeiçoamento, coaching, mentoring, job rotation, entre
que precisam ser preenchidas. Essa análise pode ser feita por meio outras atividades.
de observação direta, entrevistas individuais ou coletivas, questio- A educação, por sua vez, é um processo mais amplo que visa
nários, entre outras técnicas. à formação integral dos colaboradores, não apenas em relação às
Outra técnica muito utilizada é a análise de desempenho, que suas funções dentro da organização, mas também em relação ao
consiste em avaliar o desempenho dos colaboradores em relação seu desenvolvimento pessoal e social. A educação pode ser reali-
aos objetivos e metas estabelecidos pela organização. Essa análise zada por meio de cursos de graduação e pós-graduação, programas
pode ser feita por meio de indicadores de desempenho, avaliações de educação continuada, entre outras atividades.
de desempenho ou feedbacks constantes. Para que os programas de treinamento, desenvolvimento e
Além disso, o levantamento de necessidades de treinamento educação sejam eficazes, é necessário que sejam planejados de
pode ser feito com base nas demandas do mercado e nas tendên- forma estratégica e alinhados aos objetivos da organização. É im-
cias do setor em que a organização atua. Nesse caso, é importante portante identificar as necessidades de capacitação dos colabora-
que a empresa esteja atenta às mudanças e inovações no mercado, dores e elaborar programas que atendam a essas necessidades. É
e busque se adaptar às novas exigências. fundamental que os programas sejam acompanhados e avaliados
É importante ressaltar que o levantamento de necessidades de constantemente, de forma a garantir sua eficácia e ajustá-los quan-
treinamento deve ser uma atividade contínua, que acompanhe a do necessário.
evolução das atividades e necessidades da organização e de seus Além disso, é importante que os gestores e profissionais de
colaboradores. Os treinamentos devem ser planejados e desenvol- Recursos Humanos estejam engajados na promoção desses progra-
vidos de forma a atender às necessidades identificadas, e devem mas, incentivando os colaboradores a participarem e reconhecendo
ser avaliados constantemente para garantir sua eficácia. seus esforços e progressos. É importante que a empresa crie uma
É responsabilidade dos gestores e profissionais de Recursos cultura de aprendizagem contínua, em que os colaboradores se sin-
Humanos da organização garantir que o levantamento de necessi- tam motivados a se desenvolverem e aprimorarem suas habilida-
dades de treinamento seja realizado de forma adequada, levando des.
em consideração as particularidades de cada equipe e setor da or- Os programas de treinamento, desenvolvimento e educação
ganização. O planejamento e desenvolvimento dos treinamentos podem trazer inúmeros benefícios para a organização, como por
devem ser feitos com base nas necessidades identificadas, e devem exemplo: aumento da produtividade, melhora na qualidade dos
ser acompanhados por indicadores de desempenho que permitam serviços prestados, redução de custos, aumento da motivação e
avaliar a eficácia dos treinamentos. engajamento dos colaboradores, entre outros. Além disso, esses
O processo de levantamento de necessidades de treinamento programas também contribuem para a retenção de talentos, uma
é uma etapa fundamental para garantir que os treinamentos sejam vez que os colaboradores se sentem valorizados e investidos pela
eficazes e atendam às necessidades reais dos colaboradores e da empresa.
organização. Existem diversas técnicas e metodologias para realizar Programas de treinamento, desenvolvimento e educação são
o levantamento de necessidades de treinamento, e é responsabili- fundamentais para o sucesso de uma organização. Esses programas
dade dos gestores e profissionais de Recursos Humanos da organi- visam aprimorar as habilidades e competências dos colaboradores,
zação garantir que essa atividade seja realizada de forma adequada de forma a melhorar seu desempenho e contribuir para o cresci-
mento e desenvolvimento da organização. Para que sejam eficazes,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é necessário que sejam planejados de forma estratégica e alinhados Com essa ferramenta, é possível disponibilizar conteúdos de quali-
aos objetivos da organização, e que sejam acompanhados e avalia- dade para os colaboradores, acompanhando o progresso de cada
dos constantemente. um e gerando relatórios de desempenho.
Além desses exemplos, os espaços compartilhados de conhe-
cimento também podem ser encontrados em redes sociais, fóruns
GESTÃO DE CONHECIMENTOS; online, grupos de discussão, entre outros. A internet é uma fonte
inesgotável de informações e, com a evolução das tecnologias, cada
vez mais esses espaços compartilhados de conhecimento têm se
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado mostrado efetivos e valiosos.
em tópicos anteriores. No entanto, é importante ressaltar que para que esses espa-
ços funcionem adequadamente, é necessário que haja uma cultura
colaborativa e um ambiente propício para o compartilhamento de
APRENDIZAGEM NAS EMPRESAS;
conhecimento. É preciso que as pessoas estejam abertas a apren-
der e compartilhar seus conhecimentos, além de haver incentivos e
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado reconhecimentos para as participações.
em tópicos anteriores. Além disso, é importante que haja uma gestão adequada des-
ses espaços, com políticas e diretrizes claras e bem definidas, a fim
de garantir a segurança e a qualidade das informações compartilha-
EDUCAÇÃO CORPORATIVA das. O gerenciamento também deve ser capaz de avaliar o impacto
desses espaços no desenvolvimento profissional e na performance
dos colaboradores e da organização como um todo.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
em tópicos anteriores.
GESTÃO DA QUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES;

ESPAÇOS COMPARTILHADOS DE CONHECIMENTOS


— Principais teóricos e suas contribuições para a gestão da
qualidade
Os espaços compartilhados de conhecimento são uma das for- Gestão da Qualidade: “Capacidade de satisfazer desejos” – Wil-
mas mais eficazes de desenvolver habilidades e conhecimentos pro- liam Edward Deming.
fissionais em diferentes áreas. Eles podem ser um ponto de encon- “Grau em que um produto está de acordo com as especifica-
tro para pessoas interessadas em aprender e trocar experiências, ções” – Gilmore
o que gera uma dinâmica enriquecedora para todos os envolvidos. Qualidade é uma relação entre a expectativa em relação a algo
Um exemplo de espaço compartilhado de conhecimento é a e a realidade daquele algo.
comunidade de prática, que consiste em um grupo de pessoas que
compartilham interesses, objetivos e problemas em comum e que
trabalham juntas para desenvolver habilidades, adquirir conhe-
cimentos e melhorar sua performance. Esse tipo de comunidade
pode ser virtual ou presencial, e é muito utilizado em organizações
para fomentar o aprendizado colaborativo.
A comunidade de prática permite que as pessoas aprendam
juntas de forma contínua e informal. Nesse tipo de espaço compar-
tilhado, as pessoas se ajudam mutuamente, trocam experiências
e aprendem através da resolução de problemas e da experimen-
tação. Além disso, a comunidade de prática também é uma ótima
forma de aumentar a motivação dos envolvidos, já que a troca de
conhecimentos e a colaboração geram um senso de pertencimento Quando a expectativa é suprida efetivamente, aparece em
e engajamento. cena a Qualidade, que é a relação entre Expectativa e Realidade.
Outro exemplo de espaço compartilhado de conhecimento é a Essa relação pode-se dar de 3 maneiras:
plataforma de aprendizagem online. Essa é uma ferramenta muito 1. A Expectativa ser igual a Realidade = Qualidade. Quando as
útil para quem deseja aprender de forma autônoma e flexível. A especificações do produto ou serviço se adequam à Expectativa (sa-
plataforma de aprendizagem pode oferecer cursos, treinamentos, tisfazem as necessidades intrínsecas) do cliente.
tutoriais e outros materiais didáticos de qualidade em diferentes 2. A Expectativa ser menor que a Realidade = Excelência. Quan-
áreas, permitindo que as pessoas desenvolvam habilidades especí- do as especificações do produto ou serviço surpreendem positiva-
ficas ou aprimorem seus conhecimentos em determinado assunto. mente, satisfazendo ou superando as Expectativas do cliente. Exce-
A plataforma de aprendizagem online também é uma ótima lência é Qualidade (superando-a, acima da Qualidade)
opção para organizações que desejam oferecer treinamentos e ca- 3. A Expectativa ser maior que a Realidade = Frustração. Quan-
pacitações aos seus colaboradores de forma eficiente e econômica. do as especificações do produto ou serviço não atendem ou satisfa-
zem as Expectativas do cliente.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Qualidade é dinâmica, sofre mudanças, depende do momen- — Criou o ciclo PDCA (chamado ciclo de Deming), porém o cria-
to e dos indivíduos. Nas primeiras eras a relação de Qualidade es- dor desse ciclo foi Walter Shewart.
tava muito mais ligada a Gilmore, em que a Qualidade do produto — Inspirou os 2 grandes nomes da Qualidade: William Edward
estava muito mais ligado à capacidade de repetir as especificações Deming e Joseph Juran.
dele. Relação mais Industrial de Qualidade.
A organização ou prestador de serviços pode atuar tanto no William Edward Deming
Realidade, quanto na Expectativa para obter essa relação (Quali- Para Deming o cliente é o foco da Qualidade, que muda assim
dade). como os desejos do cliente.
Traz 14 princípios da Qualidade:
— Eras da Qualidade 1. Aperfeiçoamento constante do produto ou serviço.
2. Estabelecer Nova Filosofia da Qualidade.
Era da Inspeção 3. Acabar com a dependência da inspeção – fazer certo desde
A Qualidade era analisar o produto posterior à sua produção. o início.
Era a relação do produto com o padrão estabelecido. 4. Acabar com o lucro na base do preço – aumentar a margem
Desvantagem: Quando a preocupação da Qualidade é somen- de lucro, baixando o custo de produção.
te na produção final dos produtos, tem-se um desperdício grande. 5. Aperfeiçoamento constante do processo – diminuindo os
Não havia durante esse processo a retroalimentação, não há análise desperdícios.
anterior das fases de produção. 6. Treinamento on the job (no trabalho) – capacitação dos indi-
víduos dentro das atividades em si.
Era do Controle Estatístico 7. Estabelecer a Liderança – é necessário direcionamento e mo-
A Qualidade era analisar o produto posterior à sua produção. nitoramento do controle.
Era a relação do produto com o padrão estabelecido, porém, a ava- 8. Eliminar o medo de inovar.
liação ocorria entre as fases de produção, para que havendo des- 9. Quebrar as barreiras entre os departamentos – trabalharem
perdício, se encontre em que momento aconteceu a falha, para não juntos.
se repetir. Gerando agora padrões estatísticos para que não ocorra 10. Eliminar slogam sobre Qualidade – Qualidade não é meta,
novamente, minimizando então o desperdício. Retroalimentação. é princípio, é valor.
11. Eliminar padrões artificiais – colocar a base da Qualidade
Era da Garantia da Qualidade – William Edward Deming: no propósito e não na meta em si.
O Planejamento como método de prevenção a priori. Pro-ativi- 12. Permita que as pessoas tenham orgulho de trabalhar na
dade na produção. organização.
Treinamento dos indivíduos, análise gerando melhoramento e 13. Programa de educação contínua.
eficiência nos processos, principalmente antes da produção, mini- 14. Qualidade objetivo de todos – todos devem estar envolvi-
mizando erros e desperdícios. dos.

Era da Gestão da Qualidade Total Philip Crosby


Opera além das Eras anteriores, o conceito agora é a Qualidade Principal ponto deste autor é a intolerância com margem de
passando a ser um Diferencial Competitivo. Pesquisa de mercado, erro.
Avaliação de Experiência do Produto ou Serviço, fazem parte do — Conceito “Defeito Zero” ;
processo. — Fazer certo desde a primeira vez;
Preocupação não somente durante o processo, mas também — Intolerância;
com o que os clientes, fornecedores e colaboradores pensam. Pas- — Quem comanda a perspectiva de Qualidade é o cliente e é
sa-se a ver a Qualidade não só durante o processo, ou somente den- mutável.
tro da Organização, a Qualidade acontece antes da produção com
os fornecedores, durante a produção dentro da organização com os Joseph Juran
colaboradores e fora dela, com seus clientes. — Conceito da Trilogia da Qualidade: Planejamento + Controle
+ Aperfeiçoamento = PCAQ.
— Principais autores — Planejamento: Identificar as necessidades do cliente e com
base nisso, desenhar e projetar serviços e produtos.
Walter Shewart — Controle de Qualidade: Avaliar desempenho > Comparar o
Pai do Controle Estatístico: começa-se a utilizar modelos ma- que almejava com o que foi alcançado > Propor melhorias.
temáticos para aceitar limites de erros. A margem de erros começa — Aperfeiçoamento: Melhora contínua, Treinamento, Motiva-
a ser inserida nos processos, classificando como erros aceitáveis e ção e Apoio das Equipes.
não aceitáveis.
— Gráfico de Controle. Armand Feigenbaum
— Inicia-se a amostragem, não mais a necessidade de avaliação Conceito de que a Qualidade é um Esforço Sistêmico. A Quali-
individual, um a um e sim amostras, acelerando o processo. dade deve ser disseminada da diretoria da organização para os de-
— Buscar evitar as causas do erro e não o erro em si. mais colaboradores, não só uma parte, mas do todo.
— Trabalha custo relacionados a garantia da Qualidade e rela-
cionados à falta de Qualidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

— Garantia: Focado na Prevenção e Avaliação – Existe um custo Tipos de Gráficos de Controle: Controle por variáveis e Con-
nesses processos e são avaliados; trole por atributos.
— Falta de Qualidade: Focado nas Falhas Internas: perdas de
processos produtivos e Falhas Externas: perdas ligadas a imagem da • Diagramas de dispersão
organização e de competitividade em relação ao mercado. Representações de dados de duas ou mais variáveis que são
organizadas por um gráfico. O gráfico de dispersão usa coordena-
Kauru Ishikawa das cartesianas para mostrar valores de um conjunto de dados. Os
Um dos principais tradutores dos conceitos americanos para a dados são exibidos por pontuação, cada um com valor de uma va-
realidade japonesa. Responsável pela disseminação dos CCQs - Cír- riável, determinando assim, a posição no eixo horizontal e o valor
culos de Controle de Qualidade: pequenos grupos de 6,12 ou mais da outra variável determinando a posição no eixo vertical (em caso
pessoas que são responsáveis por repensar a Qualidade dentro da de duas variáveis).
organização.
— Filosofia da melhoria continua. • Listas de controle
— Diagrama Causa ou Efeito ou Espinha de Peixe: Encontrar o Ou folhas de verificação são planilhas ou tabelas utilizadas para
Efeito – Listar as Possíveis Causas e Sub-causas que vão responder facilitação da coleta e análise de dados. O uso de folhas de verifica-
ao Efeito. ção visa economizar tempo, eliminando o trabalho de se desenhar
figuras ou escrever números repetitivos. Além disso elas evitam
Principal herança do diagrama Causa e Efeito é que a organiza- comprometer a análise dos dados.
ção consiga entender o problema como um efeito e consiga erradi-
car a causa para que não se repita. • Fluxogramas
Tipo de diagrama que pode ser entendido como uma repre-
sentação esquemática de um processo ou algoritmo, comumente
expresso por gráficos que ilustram de forma descomplicada a tran-
sição de informações entre os elementos que o compõem, ou seja,
é a sequência operacional do desenvolvimento de um processo, o
qual caracteriza: o trabalho que está sendo realizado, o tempo ne-
cessário para sua realização, a distância percorrida pelos processos,
quem está realizando o trabalho e como ele flui entre os participan-
tes deste processo.

— Ferramentas de gestão da qualidade (ou de processos) CONCEITO DE QUALIDADE


• Análise (gráfico) de Pareto
Conceito: uma pequena parcela das soluções, resolvem gran- De acordo com o conceito trazido pelo dicionário Oxford, a
des parcelas de problemas, assim uma pequena parcela de soluções qualidade pode ser o grau negativo ou positivo de excelência, ou
porem resolver, por exemplo 80% dos problemas. Assim, 20% das ainda, a capacidade de atingir os efeitos pretendidos.
causas são responsáveis por 80% dos problemas. Curva ABC.
Perceba que este conceito é bastante interessantes e nos ajuda
• Diagrama de causa-efeito – Ishikawa a esclarecer alguns pontos sobre o tema.
A organização consegue entender o problema como um efeito
e levanta as causas para erradicar e não se repetir. Espinha de peixe. De acordo com os autores da área, a qualidade pode ser enten-
dida de diversas formas, como por exemplo:
• Histograma
Gráfico em barras junto com o histograma representam uma Joseph Moses Juran: conformidade entre o que o cliente de-
ferramenta que analisa frequência dos fatos. Quantas vezes eles seja e o que o produto oferece, trazendo assim a satisfação com o
acontecem. produto, ou ainda, ausência de deficiência no produto ou no serviço
oferecido;
• Carta de controle ou gráfico de controle remoto da quali- Philip Crosby: fazer as coisas certas da primeira vez, eliminando
dade o retrabalho e encontrando zero defeitos no processo produtivo;
Tipo de gráfico utilizado para o acompanhamento durante um Noriaki Kano: produtos e serviços que atendem, ou até mesmo
processo, determina uma faixa chamada de limites de controle pela excedem as expectativas dos clientes, gerando satisfação;
linha superior (limite superior de controlo) e uma linha inferior (li- Henry Ford: fazer as coisas de maneira correta enquanto nin-
mite inferior de controlo) e uma linha média do processo (limite guém está olhando.
central), estatisticamente determinadas. Objetiva verificar se o pro- Perceba que todos os conceitos acima estão diretamente rela-
cesso está sob controle. cionados à percepção do cliente e à execução das atividades e dos
processos internos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Embora este conceito esteja diretamente ligado à percepção Quais tipos de indicadores devemos acompanhar ao longo do
e a necessidade de quem está analisando, ou ainda, a percepção tempo?
cliente, ele pode assumir várias formas. Vamos aos principais:

Atualmente, podemos dizer que a qualidade consiste em satis- Indicadores estratégicos


fazer as necessidades dos clientes e transpor as não conformidades, Estes são indicadores voltados à visão estratégica da empre-
ou seja, as falhas na execução das atividades e processos internos. sa, tais como performance de mercado e performance ao longo do
tempo. Estes indicadores auxiliam a alta gerência na tomada de de-
Qualidade segundo a Norma ISO cisões ditando o rumo da empresa.
Agora vamos falar sobre o conceito de qualidade conforme a
norma ISO 9001:2015. Indicadores de qualidade
Estes indicadores visam a satisfação do cliente perante aos
De acordo com o proposto pela norma ISO, a qualidade é o produtos e serviços fornecidos. Nesse sentido estes indicadores
grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a re- ajudam a melhorar e aprimorar os produtos e serviços fornecidos,
quisitos. desta forma consegue-se melhorar a experiência do cliente e apri-
morar produtos e serviços.
Sendo assim, a norma ISO 9001 propõe um sistema de gestão
voltado para a qualidade e para o desempenho da sua organização, Indicadores de capacidade
de modo a satisfazer os clientes internos e externos, além de: Este é um indicador interno que visa o processo interno, seja
a fabricação ou o fornecimento do serviço. Os “indicadores de ca-
Melhorar os processos produtivos, a fim de prover de forma pacidade” também estão ligados aos “indicadores de qualidade” e
consistente, produtos e serviços que atendam aos requisitos do ajudam a melhorar os produtos e serviços prestados.
cliente e regulamentos internos;
Facilitar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente; Indicadores de produtividade
Abordar riscos e oportunidades dentro do contexto organiza- Mede a eficiência da empresa na fabricação ou fornecimento
cional; de serviços. Uma empresa ter quem faz mais gastando menos para
Demonstrar conformidade com os requisitos prévios do siste- minimizar seu custo e maximizar seu lucro.
ma de gestão da qualidade.
Para isso, a norma propõe a adoção de um bom sistema de
gestão, capaz de abranger e acompanhar todos os aspectos organi- QUESTÕES
zacionais, além de melhorá-los continuamente.
Fonte: Disponível em: https://8quali.com.br/o-que-e-qualida-
de/. Acesso em: 05.out.2023. 1. Quadrix - 2023 - Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás - GO -
Assistente Social- A velhice é considerada pelo serviço social como
uma construção social existente nas diversas sociedades. Nesse
INDICADORES DE QUALIDADE sentido, o processo de efetivação dos direitos das pessoas idosas
está diretamente relacionado à história social e política do país e à
questão social, como resultante da relação capital/trabalho. À luz
Esta etapa é muito importante, pois após mapear e definir os
do Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003), assinale a alternativa
processos podemos trabalhar com indicadores para a implementa-
correta.
ção de uma gestão de performance.
(A) A garantia dos direitos da pessoa idosa à saúde, à educação
Para tanto temos alguns tópicos fundamentais a tratar, confor-
e à cidadania é dever exclusivo do Estado. A família, por sua
me abaixo:
vez, deve assegurar-lhe o direito à vida, à alimentação, ao lazer,
• Defina os seus objetivos: Está é uma visão macro de futuro,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
devemos traçar objetivos para termos uma visão para, aí sim, poder
(B) A assistência social aos idosos será prestada conforme as di-
iniciar a criação dos indicadores;
retrizes e os princípios previstos na Lei Orgânica da Assistência
• Defina os seus indicadores: Defina os indicadores do passo
Social (LOAS), na Política Nacional do Idoso, no SUS e em outras
anterior para atingir os objetivos;
normas, de maneira articulada.
• Definir a interpretação dos indicadores: Como serão mensu-
(C) É assegurada prioridade especial a todos os idosos, de ma-
rados e interpretados estes indicadores. 1. Podemos montar uma
neira igual entre si e sem distinção de idade.
história ou uma macro apresentação sobre o assunto fazendo uma
(D) É garantido o benefício mensal de meio salário-mínimo às
figura demonstrando objetivos, indicadores, etc. 2. Devemos definir
pessoas idosas, com 65 anos de idade ou mais, que não possam
o alcance, distribuir as responsabilidades e compartilhar esta visão
prover sua própria subsistência. A concessão desse benefício é
para se ter um engajamento maior. 3. Devemos também acompa-
regulamentada pela LOAS.
nhar e melhorar os indicadores baseados nos objetivos traçados.
(E) O sistema de transporte coletivo interestadual deverá re-
servar uma vaga gratuita, por veículo, para pessoas idosas, in-
dependentemente de sua renda. Além disso, deverá oferecer
desconto máximo de 50%, sobre o valor das passagens, para os
idosos que excederem as vagas gratuitas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. IBFC - 2023 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Psicólogo- O Estatu- (C) cabe ao poder público fornecer gratuitamente medicamen-
to da Pessoa Idosa foi um importante marco na regulação dos direi- tos e órteses relativas ao tratamento, habilitação ou reabilita-
tos assegurados às pessoas idosas no Brasil. Assinale a alternativa ção para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
correta em relação a essa legislação. cuidado voltadas às suas necessidades específicas, porém as
(A) São consideradas pessoas idosas aquelas com 65 anos ou próteses devem ser custeadas pela iniciativa privada
mais (D) os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as
(B) Deve ser priorizado o atendimento asilar da pessoa idosa unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados inter-
em detrimento do atendimento da pessoa idosa por sua pró- mediários, deverão proporcionar condições para a permanên-
pria família, em qualquer circunstância cia em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos
(C) O sustento da pessoa idosa deve ser provido pela sua fa- de internação de criança ou adolescente
mília ou por ela própria, não cabendo ao poder público esse
provimento 5. (Prefeitura de Suzano/SP - Professor de Educação Básica -
(D) Entre as pessoas idosas, é assegurada prioridade especial VUNESP) Paro (1998) ressalta que em uma perspectiva de educa-
aos maiores de 80 anos, atendendo-se suas necessidades sem- ção, que visa à transformação social,
pre preferencialmente em relação às demais pessoas idosas (A) A educação escolar deve ser vista como se sua produção se
desse independentemente da participação do consumidor em
3. IBFC - 2023 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Psicólogo- De acor- tal processo.
do com o Estatuto da Criança e do Adolescente, no que tange ao (B) Pode-se avaliar os resultados da educação escolar nos mes-
seu direito à convivência familiar e comunitária, assinale a alterna- mos moldes que os da produção material em geral.
tiva incorreta. (C) A não participação da população na gestão da escola públi-
(A) É direito da criança e do adolescente ser criado e educado ca nos leva a concluir que isto se deve a uma “aversão natural”
no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi- à participação, própria de nossa tradição cultural.
tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em am- (D) As associações das comunidades escolares devem revestir-
biente que garanta seu desenvolvimento integral -se de um caráter paternalista.
(B) Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro- (E) Não existe a independência da produção em relação ao
grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situa- “consumidor”.
ção reavaliada, no máximo, a cada três meses, devendo a auto-
ridade judiciária competente, com base em relatório elaborado 6. (Secretaria da Criança/DF - Especialista Socioeducativo -
por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de for- FUNIVERSA) O especialista socioeducativo que, no âmbito de suas
ma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar atribuições, trabalhe sob a perspectiva crítico-social dos conteúdos,
ou pela colocação em família substituta considerando a realidade social e econômica do menor em cumpri-
(C) Será garantida a convivência da criança e do adolescente mento de medida socioeducativa, poderá embasar-se na obra de
com a mãe ou o pai privado de liberdade, somente mediante (A) Padre José Maurício Nunes Garcia.
autorização judicial (B) Paulo Freire.
(D) A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente (C) Ana Mae Barbosa.
à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro- (D) Manuel Dias de Oliveira.
vidência, caso em que esta será incluída em serviços e progra- (E) José Carlos Libâneo.
mas de proteção, apoio e promoção
7. (Pref. de Quixadá/CE - Psicólogo - ACEP). Sobre as fases do
4. IBFC - 2023 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Psicólogo- O Esta- desenvolvimento humano e os fatores psicológicos do desenvolvi-
tuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor no Brasil desde mento, assinale a alternativa CORRETA.
1990, foi um marco legal que reuniu reivindicações de movimen- (A) Freud abordou a construção das estruturas mentais do pen-
tos sociais que trabalhavam em defesa da ideia de que crianças e samento pautadas na epistemologia genética.
adolescentes são também sujeitos de direitos e merecem acesso à (B) A interação e a socialização, segundo Piaget, são mecanis-
cidadania e proteção. O ECA assegura que: mos importantes que favorecem a autorregulação do ser hu-
(A) é dever da família, da comunidade e da sociedade em geral mano.
assegurar à criança e ao adolescente a efetivação dos direitos (C) No Construtivismo, o período da criança entre 02 a 07 anos
referentes à vida, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig- caracteriza-se como estágio pré-operacional.
nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co- (D) Vygotsky associou o desenvolvimento da inteligência da
munitária, não cabendo ao poder público tal incumbência criança aos processos de assimilação e acomodação.
(B) o poder público, as instituições e os empregadores propi-
ciarão condições adequadas ao aleitamento materno, com ex- 8. (Prefeitura de Itapevi - SP Psicólogo - VUNESP/2019) Jean
ceção para mães submetidas a medida privativa de liberdade Piaget considera que a estruturação do sujeito sofre influência de
alguns fatores. De acordo com a perspectiva do autor, o fator mais
importante nesse processo é a
(A) interação social.
(B) maturação nervosa.
(C) exercício repetitivo.
(D) equilibração.
(E) experiência adquirida.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

9. (FUNTELPA - Psicólogo - IDECAN). Sobre o desenvolvimento (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.


psicológico, Vygotsky afirma que “A internalização de formas cultu- (D) As duas afirmativas são falsas.
rais de comportamento envolve a reconstrução da atividade psico-
lógica...” Tal afirmativa denota que: 14. (INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO
(A) O uso de signos externos é também radicalmente recons- – 2019 - PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE
truído. – PE - TÉCNICO EM ENFERMAGEM)
(B) Os processos psicológicos permanecem tal como aparecem De acordo com as legislações vigentes, é obrigatório o treina-
nos animais. mento em serviço para a equipe multiprofissional de hospitais, em
(C) As mudanças nas operações linguísticas são tímidas. relação ao seguinte tema:
(D) A fala egocêntrica se fortalece fazendo surgir a fala externa. (A) Acolhimento e humanização no atendimento hospitalar.
(E) Deixam de ser internalizadas as atividades sociais e histó- (B) Suporte básico e avançado de vida.
ricas. (C) Técnicas de negociação.
(D) Gerenciamento de conflitos.
10. (Pref. de Fortaleza/CE- Psicólogo - Pref. de Fortaleza/CE)
Ao se falar de zona de desenvolvimento proximal, está-se referindo 15. (FGV – 2019 - PREFEITURA MUNICIPAL DE CUIABÁ - ANA-
à teoria de desenvolvimento de: LISTA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO)
(A) Henri Wallon. Qual o principal objetivo do Levantamento de Necessidades de
(B) Lev Vygotsky. Treinamento?
(C) Carl Gustav Jung. (A) Verificar a efetividade das ações de treinamento.
(D) Jean Piaget. (B) Identificar as carências de desempenho dos colaboradores.
(C) Avaliar o desempenho dos colaboradores.
11. (CEFET/RJ- Psicólogo- CESGRANRIO) A posição de Vygotsky (D) Verificar a adequação dos recursos de treinamento.
sobre a relação entre desenvolvimento e aprendizagem é que o (E) Identificar o perfil dos colaboradores.
(A) desenvolvimento é dependente da maturação e condiciona
o aprendizado. 16. (FCC – 2016 – EBSERH - ANALISTA ADMINISTRATIVO)
(B) desenvolvimento é definido como a substituição de respos- Quais são as etapas de um programa de treinamento?
tas inatas a partir do aprendizado. (A) Identificação de necessidades, planejamento, implementa-
(C) aprendizado e o desenvolvimento são coincidentes e con- ção, avaliação e feedback.
temporâneos. (B) Identificação de necessidades, implementação, feedback,
(D) aprendizado alavanca o desenvolvimento devido ao estabe- controle e monitoramento.
lecimento das relações sociais. (C) Planejamento, implementação, avaliação, controle e moni-
(E) processo de desenvolvimento da criança é independente do toramento.
aprendizado. (D) Planejamento, implementação, avaliação, feedback e con-
trole.
12. (Prefeitura de Fraiburgo - SC - Psicólogo - FEPESE/2019) (E) Identificação de necessidades, planejamento, implementa-
Quando se aproxima dos 24 meses de idade, a criança estará desen- ção, controle e monitoramento.
volvendo ativamente a linguagem, o que lhe proporcionará a capa-
cidade de iniciar a representar uma coisa por outra, isto é, formar 17. (FGV – 2015 – PETROBRAS - TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO
esquemas simbólicos. E CONTROLE JÚNIOR)
O trecho exprime o período piagetiano de desenvolvimento Questão: O espaço compartilhado de conhecimentos caracte-
infantil: riza-se como:
(A) Período pré-operacional. (A) Ambiente exclusivo para o compartilhamento de informa-
(B) Período das operações formais. ções de caráter sigiloso.
(C) Período das operações concretas. (B) Espaço em que se restringe a participação de colaboradores
(D) Período sensório-motor. que não estejam diretamente envolvidos em projetos estratégicos.
(E) Fase de latência. (C) Ambiente criado para a comunicação interna da empresa,
possibilitando o compartilhamento de informações sobre assuntos
13. (Prefeitura de Teotônio Vilela - Psicólogo - AL ADM&- gerais.
TEC/2019) Leia as afirmativas a seguir: (D) Ambiente que incentiva o diálogo e o compartilhamento de
I. As interações estabelecidas no microssistema família não tra- informações relevantes entre os colaboradores, contribuindo para
zem implicações significativas para o desenvolvimento da criança, o aprendizado e o desenvolvimento da empresa.
pois outros sistemas sociais (ex.: escola, local de trabalho dos geni- (E) Ambiente exclusivo para a realização de treinamentos e ca-
tores, clube) determinam todo o seu desenvolvimento. pacitações.
II. A família tem um papel importante no desenvolvimento da
criança, sendo a base para o aprendizado de valores sociais, apesar
de não ter influência sobre as características psicológicas do indiví-
duo e não viabilizar a sobrevivência da criança.
Marque a alternativa CORRETA:
(A) As duas afirmativas são verdadeiras.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18. SEED/RR – PROFESSOR – IBFC/2021 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
Sturzenegger (2017) ao descrever o papel da Educação à Dis- cima para baixo:
tância, cita Paulo Freire: “Freire entendia a tecnologia como uma (A) V - V - V – V.
das “grandes expressões da criatividade humana” e como “a ex- (B) F - V - F – F.
pressão natural do processo criador, em que os seres humanos se (C) V - V - F – F.
engajam no momento em que forjam o seu primeiro instrumento (D) V - F - V – F.
com que melhor transformam o mundo” (Freire, 1968a, p. 98). A
tecnologia faz “parte do natural desenvolvimento dos seres huma- 20. FGV - 2015 - TJ-RO - Pedagogo- Na educação corporativa
nos” (Freire, 1968a, p. 98) e é elemento para a afirmação de uma é importante considerar as especificidades do aprendiz adulto, a
sociedade (Freire, 1993a). Freire ainda destaca que “o avanço da partir de um sistema andragógico. Os pedagogos que trabalham na
ciência e da tecnologia não é tarefa de demônios, mas sim a expres- área organizacional devem levar em conta que a aprendizagem do
são da criatividade humana” (Freire, 1984, p. 6), reiterando o que adulto acontece em condições específicas. Nesse sentido, o foco do
já havia afirmado no livro Ação cultural para a liberdade e outros pedagogo empresarial deve estar voltado para:
escritos (1968a). ” (STURZENEGGER, 2017, p. 75). (A) ajudar o adulto a aprender;
Analise as afirmativas abaixo, a partir do trecho acima apre- (B) ensinar conteúdos considerados relevantes;
sentado: (C) desenvolver ambientes formais de aprendizagem;
I. É necessário haver interatividade e participação entre pro- (D) adotar um modelo pedagógico funcional e matricial;
fessores e alunos para a criação de vínculos no intuito de formar (E) priorizar a escolha de bons instrutores.
estudantes autônomos.
II. O ensino à distância, por ser visto como instrumento de de- 21. FGV - 2022 - TCE-TO - Analista Técnico - Pedagogia- Uma
mocratização da educação, pode promover uma sociedade mais empresa está insatisfeita com seus resultados e pretende se mo-
justa. dernizar. A direção decide se informar sobre a Educação Corporativa
III. A interação, aos moldes de Paulo Freire, não supõe uma re- (EC) e avalia investir em sua implementação. Um consultor especia-
lação dialógica entre professor/aluno. lizado é contratado para explicar os objetivos da EC de acordo com
Assinale a alternativa correta: seus pressupostos básicos.
(A) Apenas as afirmações I e II estão corretas. Um pressuposto da EC é o fato de que:
(B) Apenas as afirmações I e III estão corretas. (A) o ambiente acelerado do mercado demanda que as empre-
(C) Apenas a afirmação I está correta. sas invistam na formação continuada de colaboradores para
(D) As afirmações I, II e III estão corretas. cargos fixos na organização;
(B) o novo paradigma verticalizante e hierárquico exige da em-
19. SEED/RR – PROFESSOR – IBFC/2021 presa a qualificação técnica e atitudinal do seu pessoal de nível
Na atualidade, é inegável a importância do ensino à distância gerencial e de suas lideranças;
(EAD) enquanto uma modalidade educacional juntamente com o (C) o ambiente corporativo contemporâneo exige que as em-
ensino presencial. Nesse sentido, Maia e Mattar (2007) afirmam: presas ofereçam cursos aos funcionários como forma de com-
“O desenvolvimento da EAD criou um novo tipo de personagem pensação pelo trabalho;
em nossa sociedade, que pode ser batizado de ‘aprendiz virtual’. (D) o novo paradigma organizacional demanda o cultivo de va-
Em primeiro lugar, em EAD o centro do processo de ensino e lores e de uma cultura empresarial competitiva, para além dos
aprendizagem não é mais o interesse do professor na disciplina, conhecimentos instrumentais;
mas sim o que o aluno precisa aprender. O aprendiz, portanto, deve (E) o atual ambiente competitivo exige que a responsabilidade
ser levado em conta na fase do planejamento e da implementação pela formação pessoal e técnica se desloque dos colaboradores
da experiência de aprendizado à distância, e não apenas no final, para a empresa.
quando o conteúdo de um curso a distância já estiver pronto. ”
(MAIA; MATTAR, 2007, p. 99) 22. VUNESP - 2020 - EBSERH - Pedagogo- Na Gestão do
Analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Conhecimento, há o esforço de se transformar o conhecimento
Falso (F), de acordo com os autores: tácito em explícito e o de transformar o conhecimento individual
( ) O desafio para o aluno, no sistema ensino à distância, em coletivo, havendo o seu compartilhamento entre todos
é desenvolver a capacidade de ‘aprender a aprender’, os colaboradores da organização. Trata-se da administração
pesquisando e avaliando diferentes fontes de informação que dos ativos intangíveis, através de um processo sistemático de
serão transformadas em conhecimento. identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos
( ) No ensino à distância, diferentemente do ensino presencial, que são estratégicos para a organização. Contudo, a Gestão de
o professor é o único que pode gerenciar o processo de ensino/ Conhecimento só́ tem sentido se
aprendizagem. (A) a capacitação de pessoas for feita por sistemas on-line,
( ) No ensino à distância, a organização, a sequência e a escolha utilizando-se das tecnologias existentes.
das ferramentas do material a ser explorado, são agora de (B) o processo de conhecer desembocar no processo de
responsabilidade, principalmente, do aluno. aprender, para criar e aplicar novos conhecimentos.
( ) O professor, no ensino à distância, permanece como uma (C) a sistematização do conhecimento ocorrer depois de um
entidade individual e não uma entidade coletiva. período de aprendizagem da comunidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(D) o processo de conhecer fortalecer as pessoas na troca de


experiências e na construção de novos negócios. GABARITO
(E) a troca de experiências ocorrer em comunidades presenciais
e existir uma simbiose entre elas.

23. AOCP - 2018 - UNIR - Pedagogo- Andragogia é a vertente da 1 B


educação no ensino de adultos. Sobre a andragogia, julgue o item 2 D
a seguir.
3 C
A andragogia tem como pressuposto que a comunicação
entre professor e aluno é recíproca e horizontal; que o ensino é 4 D
centrado no aluno, nas suas condições, motivações, aspirações e 5 E
oportunidades para desenvolver competências; que o aluno é mais
independente que a criança; que o autodesenvolvimento é contínuo 6 E
e que o aprendizado deve atender as necessidades do aluno. 7 C
( ) CERTO
( ) ERRADO 8 D
9 A
24. VUNESP - 2020 - EBSERH - Pedagogo- Considera-se que a
10 B
aprendizagem organizacional é gerada a partir da ação estratégica
e da interação entre os componentes da organização, existindo 11 D
uma relação de dependência entre cultura e aprendizagem 12 A
organizacional. Não há mais a figura de um único e onisciente líder,
mas a formação de equipes coesas que aprendem em conjunto e 13 D
tornam-se bem-sucedidas em seus objetivos e metas. A identificação 14 B
do indivíduo como sujeito do processo de aprendizagem, desse
modo, é base para a formação e o compartilhamento de dois tipos 15 B
de conhecimentos no ambiente organizacional, quais sejam, 16 A
(A) o cognitivo e o afetivo. 17 D
(B) o sistêmico e o mental.
(C) o explícito e o tácito. 18 A
(D) o oculto e o real. 19 D
(E) o estratégico e o técnico.
20 A
25. COPESE - UFT - 2018 - UFT - Pedagogo- Sobre a importância 21 D
e a incorporação das tecnologias da informação e da comunicação
22 B
nos processos educacionais, assinale a alternativa CORRETA.
(A) A qualidade dos processos de ensino e aprendizagem 23 CERTO
mediados pelas TIC independem das concepções que 24 C
fundamentam a prática pedagógica e do modo como elas são
utilizadas. 25 B
(B) Desafios principais quanto à proposta de inovações
tecnológicas à Educação, se apresentam: a garantia de acesso ANOTAÇÕES
pleno para toda a sociedade e a formação de docentes para o
uso crítico dos suportes tecnológicos em atividades que sejam
realmente diferenciadas e significativas. ______________________________________________________
(C) O impacto tecnológico que ocorre no interior da escola,
______________________________________________________
com a utilização das TIC não altera as relações entre educador
e educando e nem estabelece novas formas de comunicação. ______________________________________________________
(D) A Internet, como rede de comunicação mundial utiliza se de
informações e comunicações rápidas, para que não se alterem ______________________________________________________
as relações entre as sociedades, quanto às novas formas de
agir, de pensar e de se relacionar. ______________________________________________________

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