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MARCELO

KROKOSCZ

AUTORIA
e PLÁGIO
UM GUIA PARA ESTUDANTES, PROFESSORES,
PESQUISADORES E EDITORES
AUTORIA e PLÁGIO
MARCELO KROKOSCZ

AUTORIA e PLÁGIO
Um Guia para Estudantes,
Professores, Pesquisadores e Editores
Capa:

David de Oliveira Lemes

Foto:

Andrian Valeanu
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de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor
(Lei no 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei no 10.994, de 14 de dezembro de 2004.


Para Ana Clara e Larissa, minhas filhas,
as maiores e mais importantes criações de minha vida, e
para Daniella, minha esposa,
companheira e coautora indispensável nesta dádiva divina!
Esta obra resulta do trabalho de pesquisa e leitura do autor, o qual
declara que alguns trechos ou partes já foram utilizados literalmen-
te pelo mesmo na elaboração do website www.plagio.net.br e em
conteúdo preparado para orientação da comunidade educativa da
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP.

O Autor
Sumário

Apresentação, xi
Prefácio, xv
Introdução, 1

1 O Que é Plágio?, 9
1.1  Origem, 10
1.2  Definição, 11
1.3  Envolvidos, 12
Reflexão, 20

2 Por Que Acontece Plágio?, 22


2.1  Razão acidental (desconhecimento técnico), 22
2.2 Facilidade de acesso à informação eletrônica (Internet) e de
uso de recursos de edição de texto, 24
2.3  Falta de tempo, 24
2.4 Dificuldade de escrita acadêmica e hábito de reprodução
textual, 27
2.5 Interesse em aumentar o número de publicações, 30
2.6  Falta de ética, 31
Reflexão, 38

3 Tipos de Plágio no Âmbito Educacional, 39


3.1  Plágio direto (word-for-word), 39
3.2 Plágio indireto (paráfrase, mosaico e apt phrase), 43
3.2.1  Uso de paráfrase sem atribuição de crédito, 43
x  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

3.2.2  Elaboração de mosaico, 44


3.2.3  Uso inadequado de chavões (apt phrase), 46
3.3  Plágio de fontes (reprodução de citações), 47
3.4  Plágio consentido (conluio), 50
3.4.1  Conluio entre colaboradores, 50
3.4.2  Conluio comercial, 53
3.5  Autoplágio, 53
Reflexão, 61

4 Como o Plágio pode ser Evitado?, 63


4.1  Conscientização ética, 64
4.2 Atualização das formas de solicitação de trabalhos
acadêmicos, 66
4.3  Capacitação metodológica, 72
4.3.1  Referências, 72
4.3.2  Citações, 79
4.3.2.1  Citação direta curta, 80
4.3.2.2  Citação direta longa, 81
4.3.2.3  Citação indireta, 82
4.4 Uso de programas de detecção eletrônica de plágio, 83
4.5  Institucionalização político-normativa, 84
4.5.1  Leis, 85
4.5.2  Regras institucionais, 86
4.5.3  Sanções, 87
Reflexão, 91

5 Nem Tudo é Plágio, 92


5.1  Conhecimento comum, 94
5.2  Paródia, 99
Reflexão, 107

6 Exercícios, 108
6.1  Teste seus conhecimentos sobre o plágio, 108
6.2 Correção comentada dos exercícios, 130

Referências, 141
Apresentação

E ste livro é uma obra de apoio didático que visa auxiliar estu-
dantes, professores, pesquisadores, autores e instituições no
que se refere à apresentação de conteúdos científicos por meio
de projetos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses,
artigos, relatórios, livros etc. Portanto, trata-se de um material de
apoio e orientação destinado principalmente ao meio acadêmico
cuja finalidade principal é instrumentalizar os sujeitos de pesquisa
no que se refere à exatidão na forma de apresentação de trabalhos
científicos por meio da escrita.
É por meio da redação científica que o pesquisador conven-
cionalmente apresenta e compartilha com seus pares os resulta-
dos obtidos durante seu processo de investigação. Esta tarefa de
descrição de um percurso científico requer a adequação a certas
convenções acadêmicas que permitem à comunidade científica
compreender e aceitar no debate as ideias apresentadas.
Um dos aspectos fundamentais que caracterizam um novo
discurso que se apresenta à discussão científica, seja ele um traba-
lho de conclusão de curso ou um artigo científico, é que ele tenha
sido concebido e apresentado de forma honesta, pois esta é uma
pressuposição tácita da comunidade acadêmica.
Um texto honesto é aquele que apresenta argumentos e ideias
no debate científico respeitando e dialogando com a diversidade
xii  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

de outras vozes envolvidas no assunto. Isto é viabilizado quando


as fontes utilizadas na construção de um discurso são adequada-
mente reconhecidas.
No trabalho de redação científica isto acontece por meio do
uso correto de citações e referências, ou seja, quando a descrição
de um conteúdo em um texto é uma cópia ou síntese das ideias de
outrem é preciso INDICAR (citar) no parágrafo redigido quem são
o autor e a obra original e, além disso, devem ser IDENTIFICADAS
(referenciadas), no final do trabalho, todas as informações rela-
cionadas a tal citação, de forma que a obra possa ser recuperada
por qualquer leitor.
Fundamentalmente, a exatidão no reconhecimento das fontes
utilizadas em um trabalho acadêmico assegura boa parte da au-
tenticidade e credibilidade da argumentação científica proposta.
Ao contrário, quando a este aspecto não é dispensado o devido
cuidado e atenção acaba ocorrendo plágio.
Por origem histórica e definição plágio é a apropriação e apre-
sentação de obra alheia como se fosse própria. Embora em algumas
situações isto possa acontecer de modo deliberado (quando há
intenção do redator em cometer uma fraude intelectual), supõe-se
que em muitos casos o plágio acontece de forma acidental, ou seja,
ocorre na redação científica simplesmente por desconhecimento
por parte do redator das diretrizes de escrita acadêmica, o que
resulta na inaplicação de regras básicas e eficazes que evitam a
ocorrência do plágio.
A forma de utilização de citações e referências em trabalhos
científicos varia de acordo com determinadas convenções, como,
por exemplo, da The American Psychological Association (APA), do
International Committee of Medical Journal Editors e da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entre outras.
Todas estas padronizações tratam da elaboração de citações e
referências, reservando-se a cada uma delas pequenas alterações no
que se refere à forma e apresentação de alguns elementos relaciona-
dos ao reconhecimento de uma fonte, como o modo de apresentar
o(s) autor(es) ou a posição da indicação do ano de publicação.
APRESENTAÇÃO   xiii

Embora neste livro sejam privilegiadas as diretrizes da ABNT,


as orientações relacionadas à prevenção da ocorrência do plágio
são aplicáveis às diferentes normalizações porque o conteúdo
aqui apresentado visa instrumentalizar o redator para identificar
as diferentes situações em que se faz necessária a indicação e
identificação da fonte consultada. Sabendo-se isto, a forma de se
fazerem as citações e as referências pode ser adequada às diretrizes
de qualquer convenção.
Embora a principal característica desta obra seja auxiliar de
forma prática o trabalho de redação científica, na introdução é
desenvolvida uma reflexão sobre aspectos teóricos subjacentes à
temática do plágio, cujo intuito fundamental é fomentar o aprofun-
damento e o debate com a comunidade interessada. Considerando
este escopo, o incômodo e provocação contidos nas indagações
certamente exercerão um papel fundamental. Em tudo isto, que
prevaleça o desenvolvimento do conhecimento que torne a vida
humana cada vez melhor.
Prefácio

O tema está na ordem do dia. A cobrança pela produção de


resultados de pesquisa é cada vez mais intensa. Estudantes,
professores, jovens pesquisadores ou pesquisadores seniores, todos
são afetados. Aqui, como em outros países, publish or perish é a
mensagem sub-reptícia que anima a vida acadêmica.
A pressão parece legítima. A pesquisa científica é dispendiosa.
Os financiamentos são alimentados pela expectativa de frutos, de
transbordamento de resultados para a comunidade científica e
para a sociedade em que se insere. O primeiro passo para isso é a
divulgação dos resultados em veículos respeitáveis. A quantificação
da produção acadêmica tem sido a regra geral. Muito mais que
o conteúdo específico do que se produz, a quantidade de papers
produzidos tem sido um indicador especialmente valorizado.
A síndrome de tal produtivismo, no entanto, tem sido associada
com frequência crescente a algumas distorções sérias na avaliação
do mérito do que se publica. Artifícios diversos para maquiar os
números e inflar os resultados têm sido frequentes. Fatiamento
de trabalhos para publicações parceladas, reiteração de artigos,
coautorias fictícias são alguns deles. Estatisticamente, no entanto,
desvios de conduta relativos à efetiva autoria dos trabalhos publi-
cados estão na moda.
Em intervalos de tempo cada vez mais curtos, manchetes
oportunas ou oportunistas na grande imprensa têm provocado
xvi  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

marolinhas, tempestades, furacões, terremotos ou tsunamis no


meio acadêmico. Levantam suspeitas, tingem reputações, maculam
carreiras. Injustamente, induzem generalizações indevidas. No
epicentro do fenômeno situa-se a ideia de plágio.
Não se trata de uma ideia simples. As redes informacionais
amplificaram a ideia bakhtiniana de polifonia e fizeram ressoar
mais fortemente ainda a dúvida foucaultiana sobre o significado
da autoria. As fecundas e relevantes questões teóricas envolvidas
não podem, no entanto, elidir os aspectos técnicos e a dimensão
ética associada ao plágio.
No presente trabalho, a ideia de plágio é examinada de modo
a contemplar todos os aspectos anteriormente referidos. O centro
de gravidade das questões tratadas é a prática efetiva da escrita
acadêmica. Após uma caracterização inicial do que se considera
plágio, o autor realiza um esforço de compreensão das razões de
sua ocorrência em diferentes contextos. Sem qualquer resquício de
moralismo, apresenta os fundamentos teóricos da ideia de autoria,
ao mesmo tempo em que aborda as questões de natureza técnica
envolvidas. Articula constantemente a complexidade da noção de
autoria com os aspectos pragmáticos relacionados com a produção
do texto científico. Com discernimento teórico e competência didá-
tica, esboça não somente uma tipologia dos plágios, como também
um repertório de ações práticas para evitá-los.
O modo equilibrado como o autor trata das três vertentes da
ocorrência do plágio – a incompreensão teórica, as falhas técnicas
ou os desvios éticos – parece adequado tanto para a leitura de
estudantes universitários que se iniciam na pesquisa nas diversas
áreas da atividade acadêmica, quanto para facilitar a vida de
pesquisadores em atividade, especialmente no que tange às ativi-
dades de orientação. O trabalho realizado apresenta, portanto, as
características de um verdadeiro manual antiplágio.
São Paulo, agosto de 2011

Nílson José Machado


Professor Titular da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo
Agradecimentos

P arodiando uma famosa frase de Isaac Newton, se nesta obra


vi melhor, foi porque contei com o olhar de dois amigos que
tenho ao meu lado na atividade acadêmica:
Ao professor Nílson José Machado, Livre-Docente na área de
Epistemologia e Didática da Faculdade de Educação da Universi-
dade de São Paulo, instituição na qual é professor titular, agradeço
pela gentileza e elegância das orientações teóricas no processo de
entendimento das relações entre autoria, criação e plágio.
À bibliotecária Gisele Brito, membro efetivo da Comissão de
Estudo de Documentação, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas e mestranda em Ciência da Informação pela Universidade
de São Paulo, agradeço pelas contribuições quanto à precisão na
indicação de autoria, identificação de documentos e normalização
de trabalhos acadêmicos em geral.
A generosa e competente contribuição destes dois colabora-
dores ajudou no aperfeiçoamento conceitual e técnico deste livro.
Introdução

“Somos sempre menos originais do que pensamos


e menos plagiários do que cremos.”
(SCHNEIDER, 1990, p. 348).

Apesar de a prática do plágio remontar à antiguidade romana,


no contexto brasileiro trata-se de um assunto que merece ser mais
bem explorado, principalmente considerando-se o impacto negativo
que pode ter na produção científica no meio acadêmico.
A pesquisa científica relacionada especificamente ao plágio e,
de forma geral, à integridade acadêmica no país é praticamente
inexistente e, por consequência, a produção bibliográfica relacionada
também é incipiente. Até mesmo a preocupação nos manuais de
formação científica ou nos códices e diretrizes institucionais com o
objetivo de evitar ou reduzir a prática do plágio é pouco verificada
no cotidiano acadêmico. Isso ocorre de forma diversa nas comu-
nidades científicas internacionais. Como exemplo, instituições de
ensino de países como África do Sul, Inglaterra, Austrália e Estados
Unidos, por meio de seus websites, divulgam amplamente orien-
tações e disponibilizam treinamentos para que seus estudantes e
pesquisadores conheçam as padronizações de escrita e aprimorem
a prática de redação científica.
2  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Além disso, revisando a literatura internacional, constata-se


a existência da preocupação no campo da investigação científica
com o fenômeno do plágio e da ética na produção do conhecimen-
to. O trabalho de pesquisa relacionado a este assunto é veiculado
por periódicos especializados como o International Journal for
Educational Integrity e discutido em eventos científicos como o
International Plagiarism Conference.
No Brasil, a problemática vem obtendo visibilidade na mídia
e recentemente a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), seguindo uma orientação do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), recomendou
a todas as instituições de ensino superior nacionais que “adotem
políticas de conscientização e informação sobre a propriedade
intelectual, adotando procedimentos específicos que visem coibir
a prática do plágio quando da redação de teses, monografias, arti-
gos e outros textos por parte de alunos e outros membros de suas
comunidades” (CAPES, 2011).
Destaca-se também a publicação do Código de Boas Práticas
Científicas elaborado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (FAPESP). O documento apresenta orientações para
pesquisadores visando à prevenção de práticas de más condutas
relacionadas à pesquisa científica, como a fabricação e falsificação
de resultados e plágio (FAPESP, 2011).
Essas iniciativas são passos importantes que não podem ser
ignorados pelo meio acadêmico brasileiro. Ainda não há índices
de estimação da ocorrência do plágio em trabalhos científicos no
Brasil, mas é possível supor que não sejam dos menores. Em países
em que o fenômeno vem sendo enfrentado de forma sistemática há
décadas, as estimativas coincidem em números em torno de 30%
a 40% da incidência de plágio em trabalhos acadêmicos (PLAGIA-
RISM.ORG, 2009; POSNER, 2007).
Considerando-se a inclinação cultural do brasileiro de confundir
corrupção com jeitinho, uma forma diferenciada de favor, somada
à inexistência de reflexão, orientação ou normatização difundida
INTRODUÇÃO   3

sobre o plágio, é possível imaginar que os índices nacionais sejam


bem maiores.
Muitos casos de plágio podem ser categorizados como ocorrên-
cia acidental devido à falha técnica ou negligência procedimental
de quem redige um trabalho científico. Uma ideia de outro autor
deixada para ser documentada depois ou a falta de clareza sobre
o que é plágio e o que não é acabam sendo motivos despercebidos
para que o redator cometa plágio acidental.
Contudo, de uma forma dissimulada ou talvez por serem
pouco discutidas, outras formas de plágio (com um sentido mais
carregado de eufemismo: modos de apresentação de conteúdo
com ausência de originalidade ou fragilidade de autoria) também
poderiam ser debatidas como passíveis desse enquadramento.
O que dizer de artigos publicados em periódicos com vários
nomes de autores que na realidade nem mesmo foram coadju-
vantes no trabalho de pesquisa, mas, em conluio com colegas,
compartilham a autoria com o escopo de incrementar o próprio
currículo acadêmico ou aumentar as possibilidades de serem citados
pelos pares? E, também, o que pensar da originalidade da autoria
quando orientadores pegam carona na publicação de trabalhos de
alunos de graduação, mestrado e doutorado simplesmente porque
exercem o papel de tutoria acadêmica? Em suma, a temática que
se impõe neste debate é a reflexão sobre o papel da autoria em
trabalhos científicos.
Os limites para a arena da discussão que essas indagações
provocam são a compreensão sobre o que de fato é um autor, ori-
ginalidade, obra e escrita no campo da divulgação científica. Além
disso, há de ser considerado imprescindível para o debate justo
de tais questões a consideração de que o piso de sustentação para
o enfrentamento dessas ideias seja a reflexão ética subjacente ao
desenvolvimento do conhecimento.
Certamente cada um destes tópicos merece um tratamento
suficientemente pormenorizado para esclarecer sua compreensão.
4  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Nesta breve introdução, são apresentados apenas alguns aspectos


iniciais que minimamente permitem sustentar a reflexão proposta.
Sobre a autoria pode-se partir da convicção de que na realidade
o que existe são processos de instauração de discursividades nos
quais o papel ou a função do autor é ser o agente originário do
texto e alguém que ao mesmo tempo tende a ser desconsiderado
(FOUCAULT, 2002). Nesta perspectiva depreende-se que o que se
tem a dizer sobrepõe-se a quem o disse. Desta maneira, o conteúdo
é mais importante que seu emissor, pois a finalidade da discursivi-
dade é o fomento do debate.
Nesta indiferença ao autor, Foucault (2002) entende que subjaz
o princípio ético da escrita contemporânea na qual o autor não está
vinculado a uma escrita e, portanto, desaparece. E isso é aceitável
em relação ao autor que nada mais é do que uma função entendida
como uma “característica do modo de existência, de circulação e de
funcionamento de alguns discursos no interior de uma sociedade”
(FOUCAULT, 2002, p. 46).
Mas então, por que indicar o autor (citá-lo, como feito acima),
se o mais importante é a discursividade?
Inicialmente, o próprio Foucault (2002) apresenta um motivo
que justifica a atribuição de autoria de uma ideia a alguém. Para
ele, em certas circunstâncias, essa é uma forma de indicar que se
trata de um discurso diferenciado e que deve ser recebido com
certo status. Além disso, a nomeação do autor em algumas áreas,
como, por exemplo, na biologia e na medicina, tem o papel de
dar indícios de “fiabilidade” metodológica ao que é apresentado
para discussão.
A indicação do autor também é importante porque é uma forma
de se respeitar o interlocutor numa discussão, reconhecendo-o como
o agente emissor da ideia que está sendo apresentada. Ademais,
é um ato de honestidade do redator, que reconhece os limites do
alcance que tem o próprio conhecimento. Ao indicar a autoria de
determinada ideia o redator deixa de parecer aos olhos do leitor
alguém exclusivamente – ou mesmo brilhantemente – responsável
pelo que está sendo apresentado.
INTRODUÇÃO   5

A atribuição da autoria no trabalho de redação é uma maneira,


portanto, de se assegurar a originalidade do texto que está sendo
escrito e se evitar dessa forma a ocorrência do plágio. Desse ponto
de vista, originalidade não significa absolutamente dizer o que
ninguém disse ainda. Isto corresponde àquilo que é inédito. Mas
se é original na maneira como são articuladas e apresentadas as
ideias e conteúdos que podem ser próprios ou alheios.
Assim, um autor pode ser brilhante porque é capaz de apre-
sentar ideias por meio de personagens por ele criados, como o
que acontece nas obras literárias em geral, mas também pode ser
surpreendente na capacidade de elaborar textos teóricos sobre
outros autores. Neste caso, a originalidade está menos aliada sobre
o que se fala e mais relacionada ao modo como se fala, a maneira
como cada autor em particular desenvolve o debate sobre ideias e
pessoas comuns ou inéditas.
De acordo com esta concepção, o plagiário – este epíteto in-
famante, como assevera Schneider (1990) –, além de não ser um
autor, isto é, não ter um estilo, uma personalidade intelectual ou
literária, ao reproduzir ou associar-se às ideias ou palavras alheias
apropria-se da forma e do conteúdo de outro alguém passando-se
por ele, ou pelo menos ficando à sombra dele.
O plagiário pretende-se autor, mas falta-lhe a obra e esta existe
sob a condição de um ato de criação, que é sempre pessoal. Esta
afirmação encontra fundamento na reflexão desenvolvida por
Moles (1971), para quem o processo de criação científica é resul-
tado do modo particular como cada cientista percorre uma rede
de caminhos metodológicos, faz associações e estabelece implica-
ções, bem como das interações que cada indivíduo cultiva com a
sociedade e seus modos de representação míticos e científicos, ou
seja, narrativos e lógicos.
Nesta rede de possibilidades e motivações, cada pesquisador
traça um percurso com a experiência pessoal que tem e isso confere
ao conhecimento criado uma singularidade estética que permite
equiparar o cientista ao artista que cria de forma gratuita, apai-
xonada e lúdica.
6  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Portanto, a autoria entendida como processo de criação do


conhecimento está mais associada a uma experiência íntima na
qual a obra resultante é produto pessoal. Sendo assim, é indevido
o compartilhamento desse crédito com outras pessoas que não
fizeram parte da composição da obra.
Naturalmente, nada é criado a partir do nada. Steiner (2003)
argumenta que somente Deus é capaz de tal proeza. Em geral, no
processo de criação humana todas as obras estão fadadas à influência
ou inspiração de tal forma que toda obra sempre tem uma caracte-
rística de déjà vu. Contudo, é na intimidade da persona que subjaz
a potencialidade da criação, entendida como um ato de poiesis, na
qual o sentimento mais profundo do autor é deixar como legado
uma obra que tenha o status de criação imortal cujo intuito é que
seja reconhecida como única no modo como aborda ou vislumbra
o que em geral é visto de forma comum (STEINER, 2003).
O reconhecimento e respeito a esta individualidade criativa
é algo que depende, imperativamente, do compartilhamento do
princípio de que interesses particulares não devem fazer do outro
um meio se se admite por princípio e dever moral que a virtude de
qualquer escolha depende da incondicionalidade de ser universa-
lizada, da preservação da dignidade humana e da capacidade de
decisão racional e livre pelo bem (KANT, 1980).
Portanto, desse ponto de vista ético, o crédito de autoria não
pode ser algo compartilhável entre quem não é criador de uma
discursividade implícita em um trabalho científico, mesmo que
tenha orientado ou inspirado as reflexões apresentadas, pois o
que subsiste a um autor é minimamente o fato de ter seu nome
atribuído a sua obra e desta relação, ainda que de forma incons-
ciente, depreende-se um desejo íntimo e, portanto, pessoal de ser
reconhecido como único e imortalizado por meio de seu estilo
criativo. E isso é algo singular e indivisível porque é condição de
afirmação de autenticidade e constituição de singularidade.
Nesse sentido, esta obra, ainda que apresentada como recurso
pragmático, é um instrumento que, em última instância, visa: à
preservação de identidades obtidas pelo processo de autoria de
INTRODUÇÃO   7

quem já a alcançou; ao auxílio àqueles que buscam o desenvolvi-


mento da capacidade de autoria; e, no caso especificamente desta
introdução, à oportunidade de reflexão e esclarecimento de todos
os que a partir de agora passam a admitir que “somos sempre me-
nos originais do que pensamos e menos plagiários do que cremos”
(SCHNEIDER, 1990, p. 348).
1

O Que é Plágio?

Na obra Ladrões de palavras, Schneider (1990, p. 49) diz que


“o plágio tem uma história. Mas essa história é complexa e contra-
ditória: como tudo o que concerne à concepção, ela não tem mais
desenlaces que começos”. Essa ideia faz sentido na perspectiva em
que o assunto passa a ser abordado a partir deste capítulo.
Embora o plágio seja entendido como o uso ou a reprodução
desautorizada de obras alheias (livros, músicas, imagens etc.) e
possa ser enquadrado nos códigos jurídicos, há certas especificidades
do ponto de vista educacional que tornam o plágio nos ambientes
de ensino e aprendizagem uma prática que requer análises mais
complexas.
Essa tarefa passa a ser cumprida a partir da compreensão da
origem, legislação, definição e envolvidos com a prática do plágio
apresentados a seguir. Dois elementos novos serão apresentados
e merecerão aprofundamento:

a) no ambiente educacional, o plágio envolve um terceiro


sujeito além do criador e do reprodutor: o espectador;
b) a peculiaridade do plágio no ambiente educacional
escapa de possíveis enquadramentos judiciais, o que
requer formas diferenciadas de abordagem.
10  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

1.1 ORIGEM

A ocorrência do plágio é verificada desde a antiguidade. No


século II a. C. a Lex Fabia de Plarigriis do Direito Romano usava a
expressão latina plagium para se referir a um crime que consistia
no sequestro de um homem livre para fazê-lo de escravo a fim de
comercialização ou uso doméstico. Parece que foi o poeta roma-
no Marcus Valerius Marcialis (40? d. C. – 104? d. C) quem fez a
associação entre essa prática criminosa e o uso ou apresentação
de obras de outros como própria, referindo-se a essa pessoa como
plagiário (MANSO, 1987).
No Epigrama 53, o poeta declama

Commendo tibi, Quinctiane, nostros,


nostros dicere si tamen libellos
possim, quos recitat tuus poeta.
Si de servitio gravi queruntur,
assertor venias, satisque praestes,
et cum se dominum vocabit ille,
dicas esse meos, manuque missos.
Hoc si terque quaterque clamitaris,
impones plagiario pudorem.1 (MARTIALIS, 1867).

Essa reivindicação do poeta romano passou a ser representada


nos códigos jurídicos pelos chamados direitos autorais (copyrights).
Na legislação brasileira, tais direitos podem ser identificados na
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o, parágrafo XVII, o
qual declara que “aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
ção, publicação ou reprodução de suas obras [...]” (BRASIL, 1988).
A legislação específica sobre o assunto está na Lei 9.610/1998, que
trata dos direitos autorais e considera contrafação a reprodução não

1
  “Eu lhe recomendo meus versos, Quintiano, se é que eu posso denominá-los
assim, desde que eles são recitados por certo poeta que se diz seu amigo. Se (meus
versos) se queixam de sua penosa escravidão, seja o seu defensor e o seu apoio;
e se esse outro (poeta) se diz ser seu dono, declare que (os versos) são meus e
que eu os publiquei. Se isto é proclamado repetidas vezes, você imporá vergonha
ao plagiário” (MANSO, 1987, p. 11-12).
O QUE É PLÁGIO?   11

autorizada de uma obra, sendo seus infratores sujeitos às sanções


civis e penais cabíveis (BRASIL, 1998).
Cabe destacar ainda a observação de Furtado (2002), de que

“no Código Penal em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra
a Propriedade Intelectual, nós nos deparamos com a previsão
de crime de violação de direito autoral – artigo 184 – que traz o
seguinte teor: ‘Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 1 (um) ano, ou multa’ ”.

1.2 DEFINIÇÃO

No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (HOUAISS, 2009),


plágio é definido como “ato ou efeito de plagiar; apresentação
feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra
intelectual etc. produzido por outrem”. Para o Novo Dicionário da
Língua Portuguesa, plágio é “ato ou efeito de plagiar” e o verbete
plagiar significa “assinar ou apresentar como seu (obra artística
ou científica de outrem). Imitar (trabalho alheio)” (FERREIRA,
1986, p. 1343).
Trata-se de qualquer conteúdo (artístico, intelectual, comercial
etc.) que tenha sido produzido ou já apresentado originalmente
por alguém e que é reapresentado por outra pessoa como se fosse
próprio ou inédito.
No campo artístico e comercial, o direito autoral é protegido por
lei e qualquer tipo de reprodução pode ser questionada e submetida
ao crivo judicial, sendo os responsáveis pela cópia penalizados de
acordo com a legislação vigente.
Entretanto, em relação aos conteúdos intelectuais (ideias,
textos, trabalhos, atividades etc.) o plágio ocorre não por causa
da reprodução, mas porque os créditos não foram atribuídos ao
responsável original.
Diferentemente dos produtos artísticos e comerciais, o conhe-
cimento não tem um valor material e seu incremento depende do
12  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

que já foi apresentado, portanto, seu aumento se faz a partir do que


já foi dito. Entretanto, o conhecimento antigo que serve de base ou
ponto de partida para o novo conhecimento precisa ser reconheci-
do por meio da indicação dos seus autores e identificação de sua
localização (fonte). Se isso não é feito, ocorre o plágio acadêmico.

1.3 ENVOLVIDOS

Convencionalmente o plágio é identificado quando envolve dois


sujeitos: o responsável original pela obra (o autor) e a pessoa que o
copia (o redator). Porém, no ambiente educacional a constituição
de alguns tipos de plágio ocorre devido ao envolvimento de um
terceiro sujeito que é aquele que recebe o conteúdo intelectual (o
leitor).
O caso de trabalhos escolares ou acadêmicos integralmente
ou com partes copiadas literalmente de páginas da Internet ou de
livros são configurados como plágio porque o redator (o plagiário)
reapresentou conteúdos de outros autores como sendo próprios,
mas não atribuiu os créditos.
Se, por exemplo, ao apresentar um trabalho sobre o assunto
o valor do conhecimento o redator transcreve em seu trabalho
um parágrafo inteiro de outro autor, mas indica quem escreveu o
texto e qual é a sua fonte, não há nada errado nisso, como neste
exemplo:

A produção e a circulação de mercadorias baseiam-se em certos


princípios que são apenas parcialmente aplicáveis ao conhecimento,
ou então que são absolutamente impertinentes em tal universo.
A materialidade, a fungibilidade, a objetivação, a estocabilidade, a
confiança e a equivalência constituem alguns terrenos em que a
“mercadoria” conhecimento parece derrapar.
De fato, se disponho de certo conhecimento e alguém se mostra
interessado em comprá-lo, posso negociar o preço considerado
justo e vendê-lo; no entanto, diferentemente de uma mercadoria
em sentido industrial, o comprador fica com ele, mas não fico sem
O QUE É PLÁGIO?   13

ele. Como se pode lidar com um “bem” que posso vender, ou mes-
mo dar ou trocar, sem ter que ficar sem ele? Esse caráter imaterial
do conhecimento viola de modo inexorável certas expectativas
mercantis (MACHADO, 2004, p. 28, grifo do autor).

Se o plágio envolvesse apenas autores e redatores, citações e


referências seriam suficientes para evitar sua ocorrência. Contudo,
há situações nas quais o redator entrega um trabalho formalmente
benfeito, com citações e referências corretas, mas que foi feito
por um amigo, comprado de piratas do conhecimento (pessoas
ou empresas que vendem trabalhos acadêmicos) ou até mesmo é
um trabalho idêntico a outro feito pelo redator há um tempo ou
entregue a outra finalidade, mas apresentado como sendo original.
Nesses casos, nos quais há conluio entre amigos e prestadores
de serviço ou o próprio redator entrega trabalhos idênticos em si-
tuações diferentes, também ocorrem formas de plágio que podem
ser chamadas de plágio consentido e autoplágio.
Essas formas de ocorrência do plágio são possíveis porque há
um sujeito envolvido (o leitor) que está sendo enganado nessa
relação das pessoas com o conteúdo. Portanto, mesmo que um
trabalho acadêmico seja pago para ser feito por outro, a partir do
momento em que é apresentado para alguém como sendo próprio,
constitui-se como plágio, pois o leitor está recebendo o produto
intelectual do redator confiando que o trabalho foi originalmente
escrito por ele. Trata-se de plágio consentido porque um amigo
ou prestador de serviço foi quem na realidade fez o trabalho, mas
consentiu que o mesmo fosse apresentado a um leitor como sendo
próprio sem que ele tenha condições de saber sobre o envolvimento
de outros no processo de produção.
Da mesma maneira, quando um trabalho escolar ou acadêmico
foi produzido originalmente pelo redator, mas é apresentado para
leitores diferentes como sendo inédito ou é reapresentado duas ou
mais vezes como se fosse a primeira vez, configura-se como auto-
plágio. Neste caso, é o próprio autor-redator que está se copiando
sem que o leitor o saiba.
14  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Portanto, o plágio no âmbito escolar e acadêmico não pode


simplesmente ser atribuído a um determinado sujeito e deve ser
analisado considerando-se todos os envolvidos no processo de
produção da escrita: o autor, o redator e o leitor. Apesar dessa
afirmação fomentar possível polêmica por ampliar o alcance do
plágio também ao leitor, no aprofundamento a seguir essa questão
pode ser melhor compreendida.

APROFUNDAMENTO
Polêmicas e dificuldades relacionadas ao plágio acadêmico

Do ponto de vista educacional o plágio pode ser considera-


do um assunto que envolve dificuldades e polêmicas. Uma
das dificuldades refere-se ao enquadramento judicial do
trabalho escolar considerado plágio. Um dos aspectos po-
lêmicos tem a ver com os envolvidos com o plágio, que em
geral considera-se apenas o autor e o redator. Entretanto,
um terceiro personagem tem uma participação importante
nessa situação: o leitor.
Como no ambiente acadêmico os trabalhos plagiados são
identificados por terceiros, sem que os autores originais
sequer imaginem que suas obras foram reproduzidas e são
eles quem de fato poderiam requerer direitos junto a justiça,
é bem difícil que o plágio acadêmico seja considerado um
crime.
Além disso, o jurista norte-americano Richard Posner (2007)
observa que não se pode atribuir ao plagiário a pecha de
“ladrão de palavras ou ideias”, pois no caso do roubo ou do
furto a pessoa prejudicada fica sem o que é subtraído. Mas,
no caso do plágio, o autor continua tendo suas ideias ou
palavras, embora tenha sido copiado.
Portanto, tratar o plágio acadêmico apenas na perspectiva
judicial ou criminosa acaba sendo uma forma reducionista e
até mesmo equivocada de enfrentamento do problema. Há
O QUE É PLÁGIO?   15

outros modos de enfrentamento desse problema que serão


apresentados no decorrer deste livro e que têm se mostrado
mais eficazes.
Quanto à polêmica indicada, cabe refletir que a focalização do
problema sobre o redator e o autor é uma maneira simplista
de analisar a ocorrência do plágio no ambiente educacional.
O leitor também é corresponsável pela ocorrência do plágio,
seja pela sua participação passiva ou ativa no processo de
produção da cópia.
No ambiente acadêmico ou escolar os leitores de um texto
plagiado invariavelmente são professores ou orientadores,
ou seja, as pessoas que em nome da instituição de ensino
recebem o trabalho do aluno. Esses leitores exercem um
papel passivo em relação ao plágio de trabalhos educacionais
quando são enganados com trabalhos que formalmente estão
benfeitos: o conteúdo é consistente e coerente e as fontes
estão indicadas e identificadas de acordo com a normaliza-
ção vigente. Contudo, se o trabalho tiver sido comprado, foi
cedido por um colega que tinha feito o mesmo trabalho há
um tempo ou até mesmo se trata de um trabalho feito pelo
próprio redator, mas que já foi entregue para outro professor
ou disciplina com partes ou integralmente semelhante, o leitor
provavelmente terá dificuldades para identificar a fraude,
mas é na intenção e atitude do redator de enganar o leitor
que reside a materialidade do plágio em suas modalidades
correspondentes: plágio consentido e autoplágio.
Mas o leitor também pode ter uma participação mais ativa
no processo de produção do plágio no ambiente educacional,
ainda que isso ocorra involuntariamente. Pode acontecer
porque a forma como os trabalhos acadêmicos são solicitados
é que muitas vezes determina ou oferece a oportunidade de
o redator fazer o plágio.
A professora Nancy Stanlick, da University of Central Florida
(EUA), observa que quando os professores conhecem mini-
mamente seus alunos, e sabem, por exemplo, qual é o seu
16  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

estilo de escrita porque já solicitaram vários trabalhos escri-


tos por eles, quando esses alunos apresentam um trabalho
com uma eloquência ou repertório conceitual diferente do
conhecido fica flagrante o reconhecimento de problemas no
processo de autoria (STANLICK, 2008).
Portanto, no ambiente escolar e acadêmico, o papel do leitor
dos trabalhos produzidos pelos estudantes é importante para
que o plágio seja mitigado. Como visto, há possibilidades
e alternativas inovadoras quanto à forma de solicitação de
trabalhos produzidos por alunos que professores e orienta-
dores envolvidos ativamente no processo de produção da
escrita podem utilizar. Sem uma postura mais incisiva e par-
ticipativa dos educadores no processo de escrita acadêmica
será difícil evitar a ocorrência do plágio nos trabalhos dos
alunos, pois cada vez mais aumenta o número de informa-
ção disponível na Internet e há uma caixa de ferramentas
eletrônicas diversificadas e eficientes que facilitam a edição
de textos (colagens).
Obviamente, apenas o comprometimento do leitor não é su-
ficiente para que o plágio seja evitado, pois há outros fatores
que influenciam sua ocorrência. É o que será aprofundado
no próximo capítulo.
O QUE É PLÁGIO?   17

ATUALIDADES
Matéria publicada na página eletrônica da Secretaria de Comunicação
da Universidade de Brasília, em 14 de julho de 2006.

Ideias Roubadas
CAMILA RABELO
Estagiária da UnB Agência
Calouro de um curso da área de exatas, o estudante Marcos*,
19 anos, mal ingressou na Universidade de Brasília (UnB)
e já utilizou recursos inadequados para conseguir nota em
uma disciplina. Ele confessa que, diante da falta de tempo,
entregou ao professor um texto copiado da Internet. O plágio
em trabalhos acadêmicos não é novidade em instituições
de ensino superior, públicas ou particulares. Na graduação
– quando as exigências quanto a referências e citações são
menores que em cursos de pós-graduação – não é difícil en-
contrar professores que tenham recebido trabalhos como o
de Marcos. Embora comum, copiar textos sem dar o devido
crédito ao autor, além de antiético, é crime. O Código Penal,
no artigo 184, prevê pena de detenção de três meses a um
ano, ou pagamento de multa.
No entanto, conforme o professor da Faculdade de Direito
(FD) da UnB Othon Azevedo Lopes, raramente casos de
cópia sem o devido crédito ao autor evoluem para um pro-
cesso penal. “Esse tipo de pena (de três meses a um ano)
dificilmente resulta em prisão. O mais efetivo nesses casos
é o regimento da instituição”, explica. Segundo o decano de
Ensino de Graduação (DEG) da UnB, Murilo Camargo, a ins-
tituição preza pela conduta ética do aluno. “Pedimos cuidado
com referências e crédito aos autores originais nos materiais
escritos”, diz. Mas quando o assunto é a pós-graduação, as
medidas são mais severas. Isso porque as dissertações e te-
ses devem representar contribuições originais e inovadoras,
como determina o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
(Cepe) da UnB, órgão regulador dos programas.
18  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

CREDIBILIDADE – O decano de Pesquisa e Pós-graduação da


instituição, Márcio Pimentel, afirma que os casos de plágio
em trabalhos finais são raríssimos. “Na graduação, é mais
comum devido a uma porção maior de revisão bibliográfica”,
analisa Pimentel. Em caso de denúncia, a instituição instala
uma comissão formada por professores qualificados em
diferentes áreas para avaliar a suspeita. Quando a cópia é
descoberta antes da defesa, o aluno é impedido de apresen-
tar; e se isso acontecer depois, o profissional perde o título.
A inadmissão do plágio no ambiente acadêmico deve-se, além
da questão legal, à credibilidade dos trabalhos, fundamental
para a evolução da ciência no país. “A academia baseia-se
em sinceridade. É importante mostrar ao leitor como a pes-
quisa foi composta. Sem referências, o estudo perde todo
o seu valor”, explica Lopes. O professor do Departamento
de Ciência da Informação e Documentação (CID) da UnB,
Murilo Bastos, afirma ser preciso mostrar aos estudantes que,
sem honestidade intelectual, não existe evolução científica.
OBSERVAÇÃO – Mas os plagiadores, assim como Marcos*,
têm a Internet como poderosa ferramenta para burlar as
regras. Bastos acredita que a facilidade com que as informa-
ções são divulgadas na rede torna o problema ainda mais
corriqueiro. “Com a Internet, ficou mais fácil preparar textos.
Usa-se ‘ctrl c’ e ‘ctrl v’ (referência aos atalhos que copiam e
colam trechos selecionados) e pronto”, lamenta Bastos. O
coordenador do curso de Comunicação Social do Uniceub,
Henrique Moreira Tavares, chegou a reprovar quatro alunos
por plágio. Todos os casos ocorreram recentemente – entre
2000 e 2005 –, embora Tavares lecione há aproximada-
mente 20 anos. “O plágio está virando uma praga no meio
acadêmico. O professor até se sente inseguro ao corrigir os
textos”, indigna-se.
Ainda que nem sempre seja fácil identificar a cópia no tra-
balho entregue pelos alunos, os professores também usam
a Internet como ferramenta para conter a onda de plágios e
O QUE É PLÁGIO?   19

verificar a autoria dos textos. “Conheço os alunos e como eles


escrevem. Caso a redação esteja diferente, confiro”, revela
Tavares. No entanto, a medida pode ser muito trabalhosa,
como ocorreu com o professor da Faculdade de Agronomia
e Medicina Veterinária (FAV) da UnB, Juan José Verdesio,
que passava aos alunos trabalhos de 20 a 30 páginas como
avaliação. Ele percebeu que havia textos copiados e resolveu
adotar somente provas para compor a nota das disciplinas.
“Já aconteceu de um aluno da graduação plagiar meu pró-
prio texto”, critica.
ESTRATÉGIAS – Mas mesmo com o esforço dos professores
para monitorar essa prática, Fábio*, 20 anos, estudante do
3o semestre da área de Saúde da UnB, mostra que não falta
habilidade para driblar as medidas adotadas pelos docentes.
“Tive um professor que pedia trabalhos escritos à mão para
evitar plágio. Mas não adiantou muito. Imprimi os textos da
Internet e copiei”, conta. Descobrir o plágio fica ainda mais
difícil quando, para burlar as regras, são utilizados trabalhos
de veteranos do curso. “Você pega um texto de um amigo e
muda algumas palavras”, diz Marcos*, que usou a tática já
no primeiro semestre de curso.
Prevendo momentos de aperto nas disciplinas, ele chegou a
cogitar a compra dos trabalhos de todas as matérias de um
estudante formando. “Ele tinha tudo gravado em um CD e
estava vendendo por R$ 380,00. É muito dinheiro”, reclama.
Tanto Fabio* quanto Marcos* nunca foram descobertos,
sorte que a estudante Carolina*, do 6o semestre da área de
Humanas do Uniceub, não teve. Ela foi reprovada em uma
matéria no primeiro semestre de 2005 por entregar texto
copiado da Internet. Segundo a estudante, a intenção não
era plágio, mas sim utilizar a rede para obter informações
adicionais para o trabalho. “Imprimi o arquivo errado e
entreguei o texto na íntegra. É um caso isolado. Foi muito
humilhante e depois disso resolvi não consultar mais a In-
ternet”, desabafa Carolina.
20  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

ALÍVIO – Para o professor do Instituto de Psicologia da UnB,


Odair Furtado, os motivos que levam estudantes a utilizarem
recursos inadequados em trabalhos acadêmicos são muitos
e vão desde uma exigência, considerada desnecessária pelo
aluno, passando por acúmulo de tarefas, insatisfação com o
curso e até falta de caráter. Todos eles relacionados entre si.
Fábio* diz tê-los usado apenas em disciplinas “secundárias”.
“O conhecimento passado nessas matérias não é muito pro-
veitoso para a carreira”, justifica. Já no caso de Marcos*, a
razão é a falta de estímulo com a avaliação do professor que
o leva ao plágio: “Peguei um relatório de um amigo e copiei.
O monitor dá zero para todo mundo mesmo.”
Para o mestrando em Psicologia na UnB Pablo Bergami, 27
anos, que chegou a ministrar disciplinas na instituição, os
estudantes estão muito despreparados em relação à escrita.
“Eles têm dificuldade de sintetizar o que leram de um texto e
expressarem com suas próprias palavras”, analisa. Uma das
estratégias utilizadas por ele para evitar plágio nos trabalhos
foi ensinar os alunos a fazerem referência e citações.
Já Marcelo*, formando na área de Humanas da UnB, esca-
pou de incorrer nessa prática pela atenção de sua professora
orientadora. Ela identificou parágrafos idênticos a outras
obras em sua monografia e sugeriu uma nova redação ou
que ele utilizasse citações. “A revisão foi muito importante
nesse ponto, senão acabaria deixando um parágrafo muito
parecido com outro texto sem maldade”, alivia-se.

RABELO, Camila. Ideias roubadas. 2006. Disponível em:


<http://www.secom.unb.br/unbagencia/ag0706-27.htm>.
Acesso em: 1 mar. 2011.

REFLEXÃO

1. Dada a dificuldade de responsabilizar juridicamente o plagiário


no âmbito educacional, cabe a indagação de Michel Schnei-
O QUE É PLÁGIO?   21

der (1990, p. 136): de que tem medo o plagiário? O próprio


autor responde: “da vergonha de ser desmascarado. Você se
dizia autor, criador e nada mais é além de um plagiário, de
um copista. Você é nulo. Não é nada. Não é ninguém. Queria
se dar um nome próprio, e aí está, reduzido ao estado comum
de um epíteto infamante [uma característica depreciativa]”.
Você concorda que a humilhação e a vergonha da descoberta
intimidam o plagiário? Comente.
2. Em sua opinião, que estratégias diferentes das apresentadas,
professores e orientadores poderiam utilizar para evitar a
ocorrência do plágio nos trabalhos dos estudantes?
3. Algum dos motivos apresentados pelos alunos para cometerem
plágio justificam essa prática? Comente.
2

Por Que Acontece Plágio?

Há uma lista de fatores que podem ser analisados visando à


identificação das razões que levam um acadêmico a cometer plágio
intencionalmente. Entre esses fatores, o advento da Internet e a
facilidade de acesso e uso da informação vêm sendo considerados
pelos estudiosos do assunto a principal razão para o aumento do
plágio em trabalhos acadêmicos. Mas, também há situações em
que o plágio acontece acidentalmente... Em todos os casos, a res-
ponsabilidade sempre recai primeiro sobre o redator.

2.1  RAZÃO ACIDENTAL (DESCONHECIMENTO TÉCNICO)

O processo de desenvolvimento do conhecimento intelec-


tual supõe a edificação contínua de ideias precedentes, que são
confirmadas, aprofundadas, ampliadas ou negadas, modificadas,
reduzidas etc. Portanto, em geral, o conhecimento produzido parte
do que já existe, do que já foi dito, do que já aconteceu, do que já
foi demonstrado.
Neste sentido, o plágio acidental pode ocorrer no processo
de escrita acadêmica por descaso ou desconhecimento técnico do
redator, ou seja, incompetência em relação à indicação de autores
(citações) e negligência quanto à importância da identificação
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   23

das fontes de informação (referências) que foram utilizadas como


ponto de partida ou fundamentação da reflexão que se apresenta
no texto decorrente.
Portanto, a precisão do processo de normalização do texto
acadêmico é a prevenção técnica da ocorrência do plágio. Acon-
tece que as convenções normalizadoras em geral possuem muitos
detalhes considerados pelos redatores exagerados, enfadonhos e
desnecessários. De fato, mas quais são os enquadramentos norma-
tivos que não causam mal-estar a nossa civilização? O que seria
do trânsito sem sinais, regras, obrigações etc.? E ao contrário, se
todos seguissem adequadamente as normas de trânsito, quantos
acidentes e mortes seriam evitados?
Da mesma maneira, o uso correto das normas de escrita aca-
dêmica é essencial para o perfeito desenvolvimento do conheci-
mento produzido. Além do mais, não são técnicas difíceis de serem
aplicadas e que, com o hábito de uso, tornam-se uma prática tão
espontânea quanto o uso do cinto de segurança em um automóvel.
No Capítulo 4 serão apresentadas algumas regras básicas de
elaboração do texto acadêmico que conhecidas e usadas adequada-
mente evitam a ocorrência do plágio acidental e também de todos
os outros tipos que serão apresentados no Capítulo 3.
Em tempo, uma observação importante: embora na circuns-
tância da ocorrência do plágio acidental possa haver o atenuante
da involuntariedade, o mesmo continua caracterizado como tal,
o que é extensivo aos casos nos quais é alegado desconhecimento
do plágio praticado por colega que assina o mesmo trabalho ou
publicação. “Foi sem querer” ou “eu não sabia” podem servir como
explicação, mas não negam ou justificam o fato em si: a ocorrência
do plágio. Toda atenção e corresponsabilidade é pouca...
24  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

2.2 FACILIDADE DE ACESSO À INFORMAÇÃO


ELETRÔNICA (INTERNET) E DE USO DE
RECURSOS DE EDIÇÃO DE TEXTO

Para os pesquisadores do assunto, o avanço tecnológico das


últimas duas décadas facilitou o acesso, compartilhamento e uso
da informação e a integração entre as pessoas (BEASLEY, 2004,
apud McCORD, 2008; PERISSÉ, 2006; VAZ, 2006). Pesquisar
tornou-se muito fácil e instantâneo. Copiar e colar por meio de
editores de texto e computadores, servindo-se da Internet como
fonte de informação, requer apenas alguns cliques e “os estudantes
podem [até] plagiar sem perceber, embora saibam que o plágio é
eticamente errado” (KRAUS, 2002, apud McCORD, 2008, p. 41).
Além disso, o crescimento da aprendizagem virtual também
tem sido observado como terreno propício para o aumento do
plágio. Essa ponderação é feita por McCord (2008, p. 42), embora
aponte estudos sugerindo que a facilidade de reproduzir textos da
Internet contribui de forma semelhante para o aumento generali-
zado do plágio tanto no ambiente virtual quanto nas salas de aula
tradicionais (STEVENS; YOUNG; CALABRESE, 2007).
Há poucos anos a produção textual exigia deslocamentos
a livrarias e bibliotecas em busca das publicações necessárias à
investigação, as pesquisas requeriam a prática de preenchimento
manual de fichas de anotação, quando muito os privilegiados
dispunham de máquinas de escrever mecanicamente.
Em suma, o plágio existe desde a antiguidade, mas copiar foi
se tornando muito mais fácil no decorrer dos tempos e está muito
facilitado pela automatização dos processos de pesquisa e escrita
na atualidade.

2.3  FALTA DE TEMPO

Especialmente no Ensino Superior, grande parte dos estudantes


conciliam os estudos com a jornada de trabalho. É uma carga de
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   25

responsabilidades bastante exigente, pois, além do comprometimen-


to profissional, a pessoa deve cumprir as obrigações acadêmicas,
tais como: frequência nas aulas, realização de trabalhos, submissão
às avaliações disciplinares, manutenção das leituras obrigatórias,
execução de atividades complementares etc.
Invariavelmente, a maioria dos alunos no ensino superior
ainda precisa conciliar com isso seus compromissos familiares,
conjugais, sociais e pessoais. Diante de uma carga tão grande de
tarefas a serem realizadas, é que ocorre a tentativa ou o equívoco
de querer simplificar algumas dessas atividades. É então que co-
meça a mediocridade, isto é, as coisas passam a serem feitas na
média ou pela metade...
O volume de trabalho profissional cansa demais e o estudante
falta nas aulas; os estudos se acumulam, e algumas atividades es-
colares são realizadas durante o expediente profissional; nos finais
de semana, compromissos familiares e sociais são substituídos pela
preparação para as provas ou realização de trabalho ou vice-versa,
e assim por diante.
Nessas circunstâncias, o processo de realização e entrega de um
trabalho acadêmico acaba sendo malfeito porque o tempo disponí-
vel para se fazer tantas coisas é escasso. O texto apresentado é um
trabalho feito por outros ou contém trechos e até páginas inteiras
copiadas literalmente da Internet; o conteúdo apresentado é ruim
porque as fontes utilizadas foram as primeiras que apareceram nos
resultados do buscador eletrônico e o aluno não sabe distinguir
uma fonte de informação de uma fonte acadêmica.
Entretanto, esses trabalhos são facilmente reconhecidos por
professores que conhecem o assunto que está sendo apresentado,
conhecem os alunos que têm, utilizam técnicas de detecção do
plágio ou leem e fazem arguição sobre os trabalhos entregues.
A experiência mostra que quando esses alunos são apanhados
porque cometeram plágio procuram se justificar alegando que ti-
nham muita coisa para fazer e devido à falta de tempo acabaram
reproduzindo trabalhos prontos.
26  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Em relação a isso, cabe uma observação quanto às exigências


acadêmicas. De fato, a falta de interdisciplinaridade faz com que
cada professor desenvolva seu programa de ensino e cobre a pro-
dução acadêmica de seus alunos como se eles tivessem apenas uma
matéria a cada semestre ou ano letivo. A sobrecarga de trabalhos
e atividades depositada sobre os estudantes é muitas vezes maior
que a capacidade que eles possuem para as realizarem. Nesse caso,
o resultado produzido acaba sendo um pouco de muito: um pouco
para cada matéria.
Portanto, solicitar trabalhos escolares ou acadêmicos inter-
disciplinares diminui o volume de tarefas do estudante e então a
qualidade da produtividade pode aumentar. Outra alternativa é
seguir a estratégia indicada no Capítulo 1, solicitando trabalhos
pequenos ou modificando a forma de realização e apresentação.
Trabalhos em grupos de dois ou três alunos também pode facilitar
e otimizar o processo de produção escolar, ao mesmo tempo em
que diminui o trabalho de avaliação e correção do professor.
Mas também cabe observar aqui que a falta de tempo alegada
pelo aluno que comete plágio no máximo chega a ser uma boa
explicação, mas nunca uma justificativa.
Em termos gerais, pode-se argumentar que o volume de com-
promissos assumidos por pessoa implica em atribuições que fazem
parte da rotina dessas atividades e são conhecidas. Entretanto, a
impressão que se tem é que, em especial no Brasil, o traço cultural
do “jeitinho brasileiro” se manifesta em todas as áreas, inclusive
no ambiente educacional.
Então, quando o estudante não cumpre seu papel institucional
e falta às aulas, não realiza as atividades requeridas, prepara-se
mal para as avaliações e obtém um resultado negativo no final da
etapa letiva, geralmente apresenta um rol de lamentações sobre
suas dificuldades pessoais, problemas profissionais, histórico so-
cial desprivilegiado etc. Um discurso de “coitadinho” que apela
à instituição educacional a complacência como se o processo de
aprendizagem fosse ou deveria ser um favor educacional feito por
professores, escolas e universidades ao estudante.
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   27

Enfim, com relação à alegada “falta de tempo” como fator


reconhecidamente relacionado ao plágio, as estratégias para a sua
eliminação dependem de mudanças em diferentes aspectos: seja
na forma de organização das demandas escolares, na maneira dos
professores requererem a produção dos alunos, no comprometi-
mento dos alunos com a excelência dos seus estudos e, até mesmo,
com a mudança da mentalidade social brasileira.

2.4 DIFICULDADE DE ESCRITA ACADÊMICA E


HÁBITO DE REPRODUÇÃO TEXTUAL

No livro Algumas razões para ser cientista, Vitaly L. Ginzburg,


do Instituto de Física P. N. Lebedev, que fica em Moscou, apresenta
o seguinte relato:

Minha linguagem é de certa forma pobre e minhas frases frequente-


mente não são muito literárias. Nessa linha de pensamento, eu me
lembro da minha conversa com G. S. Gorelik. Ele tinha a habilidade
de escrever bem, e para minha pergunta – O que o ajuda a escre-
ver tão bem? – ele respondeu com uma pergunta – Quantas vezes
por semana você fazia redações na escola? – Eu respondi – Algo
como uma vez por semana ou uma vez a cada duas semanas, não
me lembro. – G. S. comentou que ele estudou na Suíça e escrevia
redações todos os dias (GINZBURG, 2005, p. 28).

Qualquer semelhança do histórico educacional do cientista


russo com a realidade nacional pode até ser uma mera coincidência,
mas a mesma situação enfrentada por ele, em muitos casos, é fator
determinante da prática do plágio pelos estudantes brasileiros.
Pesquisa realizada por Marta Oliveira (2007) demonstra como
o plágio acadêmico resulta da dificuldade que o estudante univer-
sitário tem na produção de textos. A autora desenvolve seu estudo
a partir do embasamento em autores que discutem e questionam
uma formação educacional básica voltada para a reprodução textual
(SALOMON, 2001), cujo escopo de avaliação limita-se à verificação
de elementos formais, tais como apresentação de margens, tipo
28  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

de caligrafia e adequação da apresentação (GARCEZ, 1998). Esse


processo, inevitavelmente, acaba capacitando estudantes com
habilidades limitadas a aspectos formais cuja capacidade de pro-
dução textual é apenas o preenchimento de modelos padronizados
(PÉCORA, 2002).
Dessa forma, o estudante, premido pela necessidade de produ-
ção textual acadêmica, acaba repetindo uma prática de pesquisa
aprendida na educação básica, que é a simples reprodução/apre-
sentação de textos prontos que estejam relacionados ao assunto
estudado.
Se por um lado isso acontece por um hábito escolar sedimen-
tado, por outro lado acaba acontecendo porque o estudante não
é capaz de produzir seu próprio texto, pois não foi desenvolvida
nele a característica da autoria.
Analisando a dificuldade de escrita acadêmica como uma das
razões para a prática do plágio nessa perspectiva, o enfrentamento
desse fator relacionado ao plágio pode ser feito pelo menos em
dois momentos (na escola e na universidade) e de duas maneiras
(capacitação técnica e formação pessoal).
Durante o processo de aprendizagem educacional na escola
básica, o estudante pode encontrar a primeira oportunidade para o
desenvolvimento da capacidade técnica de escrita. Ainda que hoje
a rapidez de acesso a informações na Internet e a facilidade de
utilização das mesmas intensifiquem o processo de pesquisa como
um simples hábito de cópia, isso deve ser abolido das práticas de
ensino e aprendizagem escolares.
A mudança não precisa ser radical. Como sugestão, durante o
processo de estudo de um determinado assunto, os alunos podem
fazer o levantamento e busca de materiais e informações sobre
o mesmo. Porém, o que pode ser feito a partir disso é pedir ao
aluno que faça um relatório das diferentes fontes selecionadas,
observando, obviamente, alguns procedimentos de técnica textual
como o uso de paráfrases, sumarização e intertextualidade, atenção
a procedimentos de normalização como elaboração de citações e
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   29

referências; e, o mais importante, a utilização de modos de pen-


samento e raciocínio para o relacionamento e associação de ideias
para a construção do próprio texto.
Tudo isso requer domínio conceitual e procedimental do educa-
dor, o que deve acontecer no seu processo de formação profissional,
mas que também pode ser obtido em cursos de capacitação e por
meio de materiais de estudo como este. Em 4.3 são apresentadas
algumas das técnicas mencionadas.
É importante reconhecer que essa mudança de prática pedagó-
gica quanto ao processo de elaboração textual implica diretamente
outro aspecto que pode ser iniciado na escola básica: o processo
de construção do sujeito autor.
Tornar-se autor é um modo de afirmação de identidade e isso
requer uma escolha e tomada de decisão pessoal, pois se trata de
um processo de individualização e de autoafirmação específico, mas
não exclusivo. Tornar-se único e atuante na comunidade humana
é algo que pode ser feito por diferentes vias e a autoria é apenas
uma delas.
Contudo, considerando a instituição escolar como lugar de
experiências de ensino e aprendizagem daquilo que faz parte da
vida, instrumentalizar o aluno para ser alguém por meio da pro-
dução textual, que é uma forma de autoria, também é um escopo
educacional, até porque

o contexto em que vivemos exige a formação de um aluno que,


distando do lugar comum, seja sujeito-autor atuante, crítico, autô-
nomo e interventor, capaz de, a partir da sua autoria, interpretar
e analisar a realidade, retirando-se da condição de sujeito aco-
modado e reprodutor de modelos textuais para um sujeito capaz
e consciente do seu dizer/escrever (SILVA, 2008).

Mas ambos os processos apresentados, seja quanto à capaci-


tação técnica, seja quanto à formação de autores, embora sejam
melhores se iniciados na escola durante o processo de educação
básica, cabe à universidade aprofundar e potencializar essas duas
características.
30  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

No âmbito universitário já existe de forma institucionalizada


em praticamente todos os cursos, nas diferentes áreas de conhe-
cimento, um espaço privilegiado para o desenvolvimento dessas
características, que é a disciplina de Metodologia Científica.
Em geral, os manuais com conteúdos de ensino dessa matéria
limitam-se aos aspectos de técnicas de pesquisa e elementos de
normalização. Cabe acrescentar no cotidiano de estudos atividades
de produção textual com a devida orientação e acompanhamento
técnico, bem como o incentivo ao desenvolvimento da capacidade
de autoria.

2.5 INTERESSE EM AUMENTAR O NÚMERO DE


PUBLICAÇÕES

Na obra intitulada Bouvard e Pecuchét, Gustave Flaubert


apresenta dois personagens que se tornam amigos casualmente
e por compartilharem algumas semelhanças, entre elas a função
profissional de copistas e o desejo de parar de trabalhar para se
dedicarem exclusivamente ao conhecimento. Conseguem realizar
esse projeto após um deles receber uma herança inesperada.
Entretanto, a dedicação dos personagens aos estudos nas mais
diferentes áreas de estudo, que vão da agronomia à astronomia,
da medicina à filosofia, acaba resultando em um amontoado de
fracassos e desilusões, o que leva ambos a retornarem à atividade
de copistas: “Nada de refletir! Vamos copiar. A página deve ser
preenchida [...]” (FLAUBERT, 2007, p. 353).
Considerando-se o interesse com o aumento numérico da
produção científica nacional, a expressão de um dos personagens
da obra citada poderia ser parodiada da seguinte forma: nada de
pesquisa. Vamos publicar! A produção deve aumentar.
A relação entre a ocorrência de plágio e a produção científi-
ca brasileira ainda precisa ser mais bem estudada. Contudo, em
matéria publicada na Revista da Associação dos Docentes da USP,
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   31

alguns professores compartilham a ideia de que há vínculos entre


a ocorrência de plágio de um lado e as exigências do aumento de
publicação de outro lado (REVISTA ADUSP, 2011).
Para a professora Valéria de Marco (FFLCH – USP), “a pressão
sobre professores e alunos, por uma produção muito rápida de teses
e artigos, pode sim levar ao plágio”. Na opinião do professor Luiz
Menna-Barreto (EACH-USP), “a produtividade se torna um convite
para a não produção de trabalhos mais amplos”. Dessa maneira, o
conhecimento se torna mais um produto de consumo apresentado
na vitrine da “ciência shopping center” (BIONDI, 2011, p. 59-60).
Portanto, trata-se de uma preocupação que também merece
ser considerada. O interesse pelo produtivismo científico, seja pela
pressão institucional que atrela concessão de vantagens ao tamanho
do currículo do pesquisador, seja pela ambição pessoal do autor
que deseja publicar a qualquer custo, representa um sério risco à
originalidade e integridade da qualidade científica em todos os
níveis acadêmicos.

2.6  FALTA DE ÉTICA

Quando o plágio acontece intencionalmente, pode ser de-


corrente de dificuldades e limitações do redator no processo de
desenvolvimento de seu trabalho acadêmico. Entretanto, o plágio
também ocorre porque se trata de algo que não tem muita impor-
tância ou valor para o redator.
Embora a universidade seja um ambiente caracterizado prin-
cipalmente pela produção de conhecimento (pesquisa), também
é reservada às instituições de ensino superior a tarefa de ensinar.
Essa característica acaba sobressaindo em muitas universidades,
principalmente porque muitos estudantes procuram o ensino su-
perior com o objetivo de se qualificarem profissionalmente.
Como o objetivo neste caso não é desenvolver o conhecimento,
mas simplesmente obter uma capacitação técnica, o comprometi-
32  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

mento com a produção de conhecimentos não é a prioridade desse


estudante. Nesse caso, a realização de pesquisas e apresentação
de resultados é apenas mais uma exigência a ser cumprida e que
acaba sendo feito de qualquer jeito ou pelos meios mais fáceis.
Essa indiferença com o trabalho de pesquisa e avanço do co-
nhecimento tende a ser pior no caso dos estudantes que sequer
estão preocupados apenas com o ensino. Para aqueles para quem
a importância do ensino superior limita-se à obtenção de um título
de graduação para atestar nível superior frente às exigências do
mercado de trabalho, a preocupação com a integridade acadêmica
no que diz respeito a produção de trabalhos universitários ilibados
é uma quimera.
Isso pode ser entendido como uma “degradação quanto aos
processos e aos procedimentos” característicos de um amoralismo
acadêmico (SCHNEIDER, 1990, p. 61). Tal fenômeno pode ser
verificado na reprodução literal de textos escritos por outros que
são apresentados sem o menor escrúpulo de consciência.
Neste caso, o plágio na cabeça do acadêmico pode chegar a
ser entendido no máximo como um “jeitinho” arrumado para se
alcançar determinado objetivo. Em relação a isso, cabe observar
que se trata de algo relativo ao próprio padrão cultural ao qual se
pertence. No caso do Brasil, dar um jeito se trata de uma estraté-
gia de “navegação social” que é inclusive geralmente aceita pela
sociedade como um padrão moral que permite alcançar direitos
sociais, enfrentar a ineficiência das instituições e promover mobi-
lidade hierárquica (ALMEIDA, 2007).
Portanto, para aqueles para quem o conhecimento não é um
valor em si, mas um meio para obtenção de outros fins, a decisão
de cometer plágio é assumida deliberadamente e sem constrangi-
mentos, embora se saiba que é algo que não deve ser feito e como
pode ser evitado. Sendo assim, este pode ser considerado o pior
motivo para a ocorrência do plágio, pois se relaciona diretamente à
ausência ou corrosão de valores acadêmicos como o compromisso
com a inovação do conhecimento.
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   33

APROFUNDAMENTO
Identidade e identificação

[...] É da representação do sujeito como autor que mais se


cobra sua ilusão de ser origem e fonte de seu discurso. É
nessa função que sua relação com a linguagem está mais
sujeita ao controle social.
Assim, do autor se exige: coerência; respeito aos padrões
estabelecidos, tanto quanto à forma do discurso como às
formas gramaticais; explicitação; clareza; conhecimento
das regras textuais; originalidade; relevância e, entre várias
coisas, “unidade”, “não contradição”, “progressão” e duração
do seu discurso.
Essas exigências têm uma direção: procuram tornar o sujeito
visível (enquanto autor, com suas intenções, objetivos, direção
argumentativa). Um sujeito visível é calculável, controlável,
em uma palavra, identificável.
É, entre outras coisas, nesse “jogo” que o aluno entra quando
começa a escrever.
Para que o sujeito se coloque como autor, ele tem de esta-
belecer uma relação com a exterioridade, ao mesmo tempo
em que ele se remete à sua própria interioridade: ele cons-
trói assim sua identidade como autor. Isto é, ele aprende a
assumir o papel de autor e aquilo que ele implica.
O autor é, pois, o sujeito que, tendo o domínio de certos
mecanismos discursivos, representa, pela linguagem, esse
papel, na ordem social em que está inserido.
Não basta “falar” para ser autor; falando, ele é apenas falan-
te. Não basta “dizer” para ser autor; dizendo, ele é apenas
locutor. Também não basta enunciar algo para ser autor.
Papel social e responsabilidade
O que é preciso, então, para ser autor?
34  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

O que tem faltado, desse ponto de vista, quando se pensam as


condições de produção da escrita, na escola, é compreender
o processo em que se dá a assunção, por parte do sujeito, de
seu papel de autor. Essa assunção implica, segundo o que
estamos procurando mostrar, uma inserção (construção) do
sujeito na cultura, uma posição dele no contexto histórico-
-social.
Aprender a se colocar – aqui: representar – como autor é
assumir, diante da instituição-escola e fora dela (nas outras
instâncias institucionais) esse papel social, na sua relação
com a linguagem: constituir-se e mostrar-se autor.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso & leitura. 5. ed. São Paulo:
Cortez; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campi-
nas, 2000. p. 78-79. Grifo do autor. (Passando a Limpo).
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   35

ATUALIDADES
Matéria publicada pela Folha de S. Paulo, em 4 de novembro de
2009, que apresentou um caso de plágio na universidade.

Reitora da USP é acusada de plágio


em estudo sobre vírus
EDUARDO GERAQUE
da Folha de S. Paulo
A USP abriu uma sindicância interna para apurar uma acusa-
ção de plágio contra a reitora Suely Vilela e mais dez pessoas.
Na prática, a universidade vai investigar sua própria reitora.
O grupo formado por bioquímicos e farmacêuticos publicou
um trabalho em 2008 com três figuras idênticas a um outro
estudo, que saiu em 2003. A pesquisa mais antiga está assi-
nada por um grupo da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro), autor da denúncia.
O estudo assinado pela microbiologista Angela Hampshire
Soares e outros sete colaboradores é sobre a eventual apli-
cação de uma substância extraída da planta sacaca (típica
da Amazônia) para o controle da leishmaniose – as imagens
que geraram acusação de plágio retratam ação da substância.
Um dos objetivos da pesquisa da USP é investigar se uma
substância isolada da jararaca é útil contra o vírus da dengue.
A reitora Suely, que é bioquímica, é uma das coautoras do
trabalho. O principal autor da pesquisa é Andreimar Soa-
res, professor da USP de Ribeirão Preto. O grupo nega que
houve má-fé.
A cópia não se resume às três imagens idênticas de micros-
copia eletrônica que aparecem nas duas pesquisas.
Dois trechos do texto do artigo de 2008, publicado pela revista
“Biochemical Pharmacology”, são semelhantes a parágrafos
que constam do artigo original, editado na revista americana
“Antimicrobial Agents and Chemotherapy”.
36  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

No artigo científico do grupo da USP não existe nenhuma


referência ao trabalho anterior, de 2003. As chamadas
referências bibliográficas formam um item obrigatório, e
elementar, de todo texto de pesquisa.
“Estamos todos chateados e perplexos [com o uso das
imagens]”, diz Rodrigo Stábeli, pesquisador da Fundação
Oswaldo Cruz em Porto Velho, Rondônia. Ele é um dos 11
autores do trabalho suspeito de plágio. Especialista em es-
tudos de proteínas, Stábeli não participou diretamente das
pesquisas realizadas em Ribeirão Preto.
O cientista é a favor da sindicância, que deverá mostrar,
segundo ele, que o suposto plágio é fruto de um equívoco.
O artigo publicado em 2008, assinado pelas 11 pessoas e,
portanto, sob responsabilidade de todos, surgiu a partir da
tese de doutorado da, na época, aluna Carolina Sant’Ana.
Após ter obtido o título de doutora, a pesquisadora, hoje,
não está mais na universidade. Segundo o grupo acusado de
plágio, uma confusão da aluna, que teria usado as imagens
em seminário interno na faculdade, é o que poderia explicar
as cópias. Ela não foi localizada.
A USP possui um portal eletrônico exclusivo para as teses
defendidas na universidade. O trabalho de Sant’Ana, depo-
sitado em 2008, não estava disponível para consulta ontem.
Na história recente da USP, não é a primeira vez que pes-
quisadores são acusados de plágio. Em 2008, Alejandro de
Toledo, diretor do Instituto de Física da USP, e Nelson Carlin
Filho, vice-diretor da Fuvest, foram investigados. O caso ter-
minou com uma moção de censura ética contra os cientistas.
Outro lado
A reitora Suely Vilela afirma que o eventual plágio será
devidamente apurado. “Sobre as acusações referidas, de
uso indevido de obra alheia anterior, já foi instaurada a
competente sindicância administrativa para apuração dos
fatos”, disse a reitora por meio de nota.
POR QUE ACONTECE PLÁGIO?   37

Apesar de 11 cientistas terem assinado o trabalho, como é


comum na comunidade científica, cada um fez a sua parte.
No caso das imagens que foram copiadas, Suely diz não ter
nenhuma responsabilidade.
“O trabalho mencionado é resultado da tese de doutorado
da aluna Carolina Dalaqua Sant’Ana, que foi orientada pelo
professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão
Preto Andreimar Martins Soares”, afirma a nota.
Segundo a reitora, a participação dela no estudo ocorreu em
outra área. “Minha colaboração com o docente é na área de
isolamento e purificação de toxinas animais, matéria distinta
em relação às passagens e imagens questionadas.”
A Folha não conseguiu localizar a aluna. O professor Soares
está na Costa Rica a trabalho e também não foi localizado.
Segundo Rodrigo Stabeli, um dos coautores do trabalho,
o pesquisador da USP de Ribeirão Preto estará de volta ao
Brasil em dez dias aproximadamente para fazer a defesa
do grupo na sindicância interna movida pela universidade.
Em casos de supostos plágios, o caminho mais usado para
informar à comunidade científica o que ocorreu de fato é
fazer uma espécie de autodenúncia. Isso costuma ser publi-
cado nas revistas que veicularam os trabalhos.
Stabeli afirmou que essa retratação, por escrito, já foi en-
viada para as duas publicações em questão. “E mandamos
também isso para a professora Angela [Soares, da UFRJ]”, a
principal autora do trabalho onde estavam as três imagens.
O grupo da UFRJ, autor da denúncia de plágio que gerou o
processo na USP, não falou sobre o caso.

GERAQUE, Eduardo. Reitora da USP é acusada de plágio


em estudo sobre vírus. Folha.com, 04 nov. 2009. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ul-
t305u647429.shtml>. Acesso em: 24 fev. 2011. Grifo do autor.
38  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

REFLEXÃO

1. De acordo com o pensamento de Eni Puccinelli Orlandi, como


se dá a constituição da identidade do autor?
2. Analise o caso de plágio ocorrido na Universidade de São
Paulo, apesar da alegação dos envolvidos de não ter havido
intencionalidade de reprodução.
3. Em sua opinião, qual é a principal razão para a ocorrência do
plágio em trabalhos acadêmicos?
3
Tipos de Plágio no
Âmbito Educacional

Nas publicações brasileiras que se referem ao plágio acadêmico


ainda não existe um consenso sobre as modalidades nas quais ele
se apresenta. Entretanto, propõe-se aqui uma classificação que
corresponde ao padrão internacional encontrado nas orientações
dadas pelas melhores universidades ao redor do mundo conforme
estudo realizado recentemente (KROKOSCZ, 2011).

3.1  PLÁGIO DIRETO (WORD-FOR-WORD)

Quando o redator copia na íntegra (palavra por palavra) um


conteúdo (ideia, texto, imagem, códigos de programação, entre
outros) de outro autor sem a indicação (citação) do mesmo e a
identificação (referência) da obra.
Chama-se de plágio direto porque, de acordo com a normali-
zação vigente no Brasil, cópias literais devem ser indicadas com
citação direta (ver 4.3.2.1 e 4.3.2.2).
Por ser uma reprodução literal da fonte original, este tipo de
plágio pode acontecer por incapacidade do redator no processo
de interpretação do conteúdo original, devido à falta de criati-
vidade no processo de redação ou simplesmente desinteresse e
comodismo do redator no processo de elaboração de um trabalho
acadêmico que é feito pelo sistema de copiar e colar.
40  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Basicamente, copiar e colar não é algo proibido. No entanto,


isso deve ser feito raramente e, de modo particular, no caso da
necessidade de utilização de conteúdos em que o estilo de escrita
original confere ao texto um significado muito peculiar, visto que
interpretá-lo poderia comprometer a qualidade original. Quando
esta cópia é feita é preciso indicar claramente a fonte original.
De acordo com a NBR 10520, da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas, que trata da apresentação de citação em documentos,
essa indicação deve ser feita nos trabalhos acadêmicos com o uso
de aspas duplas, quando o texto copiado ocupa até três linhas no
novo texto. Quando a cópia tem mais de três linhas, precisa ser
destacada com um deslocamento de 4 cm da margem esquerda,
o tamanho da letra do texto deve ser reduzido (10 pontos) e o
espaçamento entrelinhas deve ser simples. Com isso, cria-se uma
“mancha de texto”, o que permite a identificação visual do leitor
de que se trata de uma parte copiada. Em ambos os casos, no texto
reproduzido precisa ser indicado quem é o autor (que pode ser
uma pessoa, instituição, empresa etc.), a data da publicação do
documento e a página. A indicação da página é dispensada quando
o texto do documento reproduzido é extraído de um website, filme,
música etc. (ABNT, 2002b).
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   41

EXEMPLO:

FONTE ORIGINAL
Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão
fugidio não é mais porque agora se tornou um novo instante-já que também
não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é
da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício
eles espocam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E quero
capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdito: o presente me
foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou eu sempre no já.

Fonte: LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9.


CITAÇÃO DIRETA LONGA CORRETA
A permanente decorrência do tempo presente e de como a vida passa de forma
tão fugaz tal qual a correnteza de um rio, são descritos por Clarice Lispector de
forma bela e poética:
Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-
-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo
instante-já que também não é mais. Cada coisa tem um instante
4 cm em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa. Esses instantes
que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício eles espo-
cam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E que-
ro capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdi-
to: o presente me foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou
eu sempre no já. (LISPECTOR, 1998, p. 9).

As palavras da autora provocam a reflexão do leitor... O protagonismo na vida


seria esta busca permanentemente adiada de encontrar-se em um instante no
tempo que ainda não é ou já foi? Pode ser mesmo que para os seres humanos o
sentido da vida é o reconhecimento da provisoriedade de si e das coisas.

Referência:
LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O plágio direto pode acontecer de forma disfarçada, com partes


copiadas literalmente entremeadas por texto elaborado pelo reda-
tor. Entretanto, sempre que há cópia literal e isso não é indicado
configura-se plágio direto.
42  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

CITAÇÃO DIRETA
FONTE ORIGINAL PLÁGIO DIRETO
CORRETA

O que se conclui a partir É bem provável que no É bem provável que no


dessa pesquisa é que a Brasil a corrupção esteja Brasil a corrupção esteja
opinião pública brasileira associada à aceitação associada à aceitação
reconhece e aceita, em do jeitinho como prática do jeitinho como prática
grande medida, que se social aceitável. Isto indica social. Somado a isto
recorra ao jeitinho como que temos um longo o fato de que “há uma
padrão moral. Além disso, caminho pela frente se o divisão profunda (50%
há uma divisão profunda que desejamos é o efeti- versus 50%) entre os que o
(50% versus 50%) entre os vo combate à corrupção. consideram certo e os que
que o consideram certo e (ALMEIDA, 2007). o condenam [...]” podemos
os que o condenam. Por Comentário: O texto em concluir “[...] que temos
isso, se os níveis de corrup- negrito é reprodução um longo caminho pela
ção no Brasil provavelmen- literal da fonte consultada, frente se o que desejamos
te estão relacionados à mas o redator não indicou é o efetivo combate à cor-
aceitação social do jeitinho isto claramente. Devido a rupção.” (ALMEIDA, 2007,
– que é grande e bastante ausência de aspas, o texto p. 70-71).
enraizada entre nós –, os elaborado ficou parecendo Na lista de referências:
resultados da pesquisa in- uma paráfrase, mas na ALMEIDA, Alberto Carlos. A
dicam que temos um longo realidade é uma colagem. cabeça do brasileiro. Rio
caminho pela frente se o
de Janeiro: Record, 2007.
que desejamos é o efetivo
p. 70-71.
combate à corrupção.
Comentário: Neste caso,
REFERÊNCIA:
o redator reescreveu parte
ALMEIDA, Alberto Carlos. A da fonte consultada com
cabeça do brasileiro. Rio as próprias palavras e
de Janeiro: Record, 2007. completou com um trecho
p. 70-71. copiado da fonte original.
Entretanto, utilizou cor-
retamente as aspas para
indicar o texto reproduzido,
na citação registrou o
número da página da qual
consta o conteúdo original
e ainda colocou em lista de
referências a identificação
da obra consultada.
Observação: o trecho em
negrito neste exemplo cum-
pre apenas uma função
didática. Como explicado
anteriormente, quando este
destaque é utilizado em
citações diretas, precisa
informar “grifo nosso” após
a indicação da paginação.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   43

3.2 PLÁGIO INDIRETO (PARÁFRASE, MOSAICO E APT


PHRASE)

Nesse caso, não ocorre a reprodução literal de um conteúdo


original. O redator usa suas próprias palavras, porém o texto que
ele elabora não é original porque simplesmente diz de forma dife-
rente o que foi consultado em uma fonte específica.
Denomina-se plágio indireto porque se trata da reprodução
de conteúdos originais reescritos de forma diferente sem a atri-
buição do crédito ao autor que inicialmente apresentou a ideia. A
normalização brasileira em vigor determina que tal procedimento
seja feito por meio de citação indireta, ou seja, que seja reprodu-
zido o conteúdo original com o estilo de escrita do redator, mas
mantendo-se a indicação do autor original.
O plágio indireto pode acontecer de três diferentes formas:

3.2.1  Uso de paráfrase sem atribuição de crédito

Mesmo quando um texto original é reescrito com as palavras do


redator pode ocorrer plágio se a fonte original não for apresentada
por meio da indicação do autor e da identificação do documento
utilizado. A mudança na forma de apresentação de um conteúdo
é insuficiente para caracterizar originalidade, pois, na essência,
a ideia que é explicitada com outras palavras apenas transmite
a mensagem de um jeito diferente, mas o conteúdo é o mesmo.
44  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

EXEMPLO:

PLÁGIO INDIRETO CITAÇÃO INDIRETA


FONTE ORIGINAL
(PARÁFRASE) CORRETA
Ritmado pelo avanço Na história do A reflexão social brasilei-
do capitalismo, obser- desenvolvimento do ra é afetada pela forma
va-se uma assimetria capitalismo, constata- como a modernidade
crescente entre capital -se que o capital leva é conduzida, caso por
e trabalho, com nítida vantagem em relação exemplo, das mudanças
vantagem do primeiro. ao trabalho. No caso nas noções que se tem
As relações de trabalho do Brasil, soma-se a sobre as relações de
são sucessivamente isto a concentração de trabalho, as quais decor-
redefinidas ao longo do renda e a estagnação rem do desenvolvimento
trajeto da modernida- da economia. Além dos da capitalismo, que
de, do taylorismo-fordis- problemas econômicos, historicamente privile-
mo à produção flexível. esta situação influencia giou o capital em vez do
No caso brasileiro, a ideologia da socie- trabalho (BROM, 2006).
este quadro recebe dade. Na lista de referências:
ainda a moldura da Comentário: O redator BROM, Luiz Guilherme.
estagnação econômi- elaborou um texto com A crise da modernidade
ca e da concentração as próprias palavras, pela lente do trabalho:
de renda. Para além mas o conjunto de as percepções locais dos
do plano econômico, ideias apresentadas problemas globais. São
todavia, a modernidade é nitidamente repro- Paulo: Saraiva, 2006.
assim conduzida deixa duzido de outra fonte
marcas profundas no Comentário: O texto do
que não é citada nem
sistema de ideias dos redator tem um estilo
identificada. Caso
grupos sociais. próprio, mas ele indica
cite a fonte, o plágio é
para o leitor a fonte
REFERÊNCIA: evitado.
original do argumento
BROM, Luiz Guilherme. apresentado e identifica
A crise da modernida- a obra citada na lista de
de pela lente do tra- referências.
balho: as percepções
locais dos problemas
globais. São Paulo:
Saraiva, 2006. p. 8.

3.2.2  Elaboração de mosaico

Neste tipo de plágio o redator utiliza vários “cacos” de fontes


diferentes, organizando as ideias com o acréscimo de algumas pa-
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   45

lavras (conjunções, preposições etc.) para que o texto final tenha


sentido. O resultado é uma colcha de retalhos extraídos de vários
documentos que parece ser original, mas na realidade é apenas
uma sistematização de ideias, conceitos, teorias ou argumentos
de outros autores.

EXEMPLO:

PLÁGIO INDIRETO
FONTE ORIGINAL CITAÇÃO CORRETA
(MOSAICO)
A característica da A pesquisa documental Conforme explicam Mar-
pesquisa documental restringe-se a documen- coni e Lakatos (2008,
é que a fonte de coleta tos escritos ou não, o p. 48), a pesquisa do-
de dados está restrita a que se denomina de cumental “está restrita
documentos, escritos ou fontes primárias. Em a documentos escritos
não, constituindo o que geral, apresenta uma ou não, constituindo-se
se denomina de fontes série de vantagens, o que se denomina de
primárias. entre elas o fato de fontes primárias”. Gil
Referência: MARCONI, que os documentos (2007) destaca entre as
Marina de Andrade; LAKA- constituem fonte de vantagens deste tipo de
TOS, Eva Maria. Técnicas informação rica e pere- pesquisa, a perenidade
de pesquisa. 7. ed. São ne, o que é importante dos dados documentais,
Paulo: Atlas, 2008. p. 48. em qualquer pesquisa característica adequada
histórica. às pesquisas de caráter
A pesquisa documental
Comentário: o redator histórico.
apresenta uma série de
vantagens. Primeiramen- construiu um texto Na lista de referências:
te, há que se considerar utilizando fragmentos GIL, Antonio Carlos.
que os documentos de duas fontes distin- Como elaborar projetos
constituem fonte rica e tas. Para evitar o plágio de pesquisa. 4. ed. São
estável de dados. Como indireto com mosaico, Paulo: Atlas, 2007.
os documentos subsis- o redator deveria usar
MARCONI, Marina de
tem ao longo do tempo, aspas nos fragmentos
Andrade; LAKATOS, Eva
tornam-se a mais impor- copiados, indicar o autor
Maria. Técnicas de pes-
tante fonte de dados em e fazer a referência dos
quisa. 7. ed. São Paulo:
qualquer pesquisa de documentos consulta-
Atlas, 2008.
natureza histórica. dos.
REFERÊNCIA:
GIL, Antonio Carlos. Como
elaborar projetos de pes-
quisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2007. p. 46.
46  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

3.2.3  Uso inadequado de chavões (apt phrase)

Esta modalidade de plágio é muito específica e refere-se à uti-


lização de palavras-chave criadas por algum autor para referir-se
de modo bastante original a algum assunto.
Por exemplo, na área da Astronomia ou da Biologia é bastante
comum que a atribuição do nome a uma nova estrela observada
no espaço ou a um organismo recém-identificado receba um nome
associado a identidade do cientista que fez a descoberta. Caso se-
melhante ocorre no campo das ciências sociais e humanas.
São clássicas expressões como “revolução científica” (Alexandre
Koyré), “imperativo categórico” (Immanuel Kant), “marcador somá-
tico” (António Damásio) e “estruturas organizacionais mecanicistas
e as orgânicas” (Tom Burns e George M. Stalker).
Obviamente tais expressões na atualidade já fazem parte
do domínio público considerando-se a extensão com que foram
utilizadas no campo acadêmico, de modo que se tornaram senso
comum. Portanto, quando um redator está escrevendo sobre deter-
minado assunto no campo da moralidade e ao se referir a padrões
comportamentais utiliza a expressão imperativo categórico, não
há rigorosamente a necessidade de indicar o autor da expressão,
pois supõe-se que, nesse campo de assunto, haja o reconhecimento
compartilhado desse conteúdo.
Entretanto, como o processo de produção de conhecimento
é algo permanente, há continuamente o surgimento de novas
expressões que ainda não foram popularizadas. Neste caso, a uti-
lização dessas expressões precisa ser identificada com a atribuição
do crédito ao autor original, como é o caso do exemplo a seguir.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   47

EXEMPLO:

PLÁGIO INDIRETO
FONTE ORIGINAL CITAÇÃO CORRETA
(apt phrase)
Nosso modelo dinâmico Concluímos que há um Concluímos que
de criação do conheci- processo de conversão dependendo do tipo
mento está ancorado do conhecimento depen- de relações que se
no pressuposto crítico dendo das relações que estabelecem entre as
de que o conhecimen- se estabelecem entre as coisas (conhecimento
to humano é criado e coisas (conhecimento objetivo) e a pessoa (co-
expandido através da objetivo) e a pessoa (co- nhecimento subjetivo)
interação social entre o nhecimento subjetivo). ocorre o que é chamado
conhecimento tácito e o Comentário: a expressão por Takeuchi e Nonaka
conhecimento explícito. destacada foi criada (2008) de “conversão
Chamamos esta intera- originalmente por outros do conhecimento”.
ção de “conversão do autores para definir Na lista de referências:
conhecimento”. os tipos de relações TAKEUCHI, Hirotaka;
REFERÊNCIA: estabelecidas entre o NONAKA, Ikujiro. Gestão
TAKEUCHI, Hirotaka; NO- conhecimento objetivo e do conhecimento. Tra-
NAKA, Ikujiro. Gestão do o subjetivo. Ao utilizar a dução Ana Thorell. Porto
conhecimento. Tradução mesma expressão sem Alegre: Bookman, 2008.
Ana Thorell. Porto Alegre: indicar os autores origi-
Bookman, 2008. p. 59. nais, o redator apresenta
a ideia como se fosse
própria.

Naturalmente, o leitor pode se perguntar: como saber se deter-


minada expressão que se deseja utilizar de um autor dispensa ou
requer indicação de crédito? Havendo dúvida recomenda-se que
a autoria seja reconhecida. Cabe lembrar que a indicação do autor
e da fonte original da ideia que está sendo apresentada não des-
qualifica o texto, pelo contrário, demonstra a erudição do redator.

3.3  PLÁGIO DE FONTES (REPRODUÇÃO DE CITAÇÕES)

O plágio de fontes ainda é pouco observado e até mesmo desco-


nhecido de um grande número de pessoas no ambiente acadêmico.
Nessa modalidade de plágio, o redator reproduz no seu texto as
48  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

citações utilizadas por um outro autor. Na forma a citação está


correta e até mesmo a fonte consultada é identificada. Contudo,
nesse caso, o modo como a informação foi obtida e é utilizada é
que caracteriza o plágio, pois se trata de conteúdo obtido ou sele-
cionado por outras pessoas e que é utilizado por um terceiro como
se ele tivesse consultado o documento original.
Para entender melhor o plágio de fontes, observe o exemplo
a seguir:

EXEMPLO:

TEXTO ORIGINAL TEXTO 2 TEXTO 3


[...] a virtude também … “a virtude está em “(...) a virtude está em
está em nosso poder, do nosso poder, do mesmo nosso poder, do mesmo
mesmo modo que o vício, modo que o vício, pois modo que o vício, pois
pois quando depende de quando depende de nós quando depende de nós
nós o agir, também de- o agir, também depende o agir, também depende
pende de nós o não agir, o não agir, e vice-versa. o não agir, e vice-versa.
e vice-versa; de modo de modo que quando de modo que quando
que quando temos o po- temos o poder de agir temos o poder de agir
der de agir quando isso quando isso é nobre, quando isso é nobre,
é nobre, também temos também temos o de não também temos o de não
o de não agir quando é agir quando é vil; e se agir quando é vil; e se
vil; e se está em nosso está em nosso poder o está em nosso poder o
não agir quando isso é
poder o não agir quando não agir quando isso é
nobre, também está o
isso é nobre, também nobre, também está o
agir quando isso é vil.
está o agir quando isso agir quando isso é vil.
logo, depende de nós
é vil. Logo, depende de logo, depende de nós praticar atos nobres ou
nós praticar atos nobres praticar atos nobres ou vis, e se é isso que se
ou vis, e se é isso que se vis, e se é isso que se entende por ser bom ou
entende por ser bom ou entende por ser bom ou mau, então depende de
mau, então depende de mau, então depende de nós sermos virtuosos ou
nós sermos virtuosos ou nós sermos virtuosos ou viciosos”. (ARISTÓTELES,
viciosos. viciosos”[34]. III)
REFERÊNCIA: REFERÊNCIA (elabora- REFERÊNCIA (elaborada
ARISTÓTELES. Ética a Ni- da incorretamente pelo incorretamente pelo
cômaco. São Paulo: Abril redator): redator):
Cultural, 1973. p. 287 [34] E.N. III, 5 – 1113b ARISTÓTELES. Ética a Ni-
(Os Pensadores, v. 4). 10-18 cômaco. Pietro Nassetti
(trad.). Martin Claret, SP,
2007.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   49

Os trechos reproduzidos no TEXTO 2 e no TEXTO 3 são idênti-


cos, até nos erros cometidos, caso do ponto final antes da expressão
de modo e da letra minúscula após o termo vil. A diferença está no
modo de indicação do autor e na referência, o que dá a entender
que em ambos os casos a obra foi consultada originalmente. Entre-
tanto, é bem provável que o TEXTO 3 tenha plagiado a referência
do TEXTO 2, pois o texto apresentado corresponde à referência
original. E o texto de Aristóteles na referência dada no TEXTO 3
é traduzido de forma diferente. Vejamos: “a virtude também está
ao nosso alcance, da mesma forma que o vício. Com efeito, quando
depende de nós o agir, igualmente depende o não agir, e vice-versa,
ou seja, assim como está em nossas mãos agir quando isso é nobre,
assim também temos o poder de não agir quando isso é vil; e temos o
poder de não agir quando isso é nobre, do mesmo modo que temos
o poder de agir quando isso é vil. Por conseguinte, depende de nós
praticar atos nobres ou vis, e se é isso que significa ser bom ou mau,
então depende de nós sermos virtuosos ou viciosos”.
Este tipo de plágio é difícil de ser identificado, mas acredita-se
que vem se tornando uma das formas mais comuns de cópia em
trabalhos acadêmicos.
Como o trabalho de produção intelectual requer a construção
argumentativa, a fundamentação ou referência a conceitos e ideias
prévias é o modo de estabelecimento das premissas das quais se
tiram as conclusões. Contudo, no trabalho de levantamento de
literatura, o redator pode ficar tentado a pegar atalhos de pesquisa
utilizando os argumentos apresentados na forma de citações que
foram elaborados por um outro autor.
Formalmente, isso até pode ser feito. Nesse caso, deve-se usar
a expressão latina apud, que significa “citado por”. Contudo, para a
importância da conservação da precisão do trabalho de pesquisa, é
fundamental que as fontes sejam consultadas originalmente, pois,
como visto no exemplo dado, dessa forma o redator corre o risco
inclusive de reproduzir os erros da fonte que ele está copiando e
que não é a original. Além do mais, na atualidade, com os recursos
50  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

disponíveis para acesso à informação, é praticamente desnecessário


utilizar citações de segunda mão.

3.4  PLÁGIO CONSENTIDO (CONLUIO)

É chamado de plágio consentido porque embora tenha a anuên-


cia do autor original, consiste numa fraude intelectual.
O conluio é um tipo de acordo estabelecido com o objetivo
de prejudicar terceiros (FERREIRA, 1986). No caso de trabalhos
acadêmicos, esse tipo de plágio pode acontecer quando envolve
“colaboração” entre amigos ou quando se trata de trabalho compra-
do de escritórios especializados em pirataria intelectual. Vejamos
os dois casos.

3.4.1  Conluio entre colaboradores

É plágio apresentar um conteúdo acadêmico que já tenha sido


apresentado anteriormente por uma outra pessoa, mesmo que essa
outra pessoa tenha consentido alguém a reapresentar o mesmo
trabalho como se fosse original. Esse caso pode acontecer quando
há um conluio (conchavo, combinação) entre duas ou mais pessoas
cuja finalidade é enganar outros. O plágio fica caracterizado porque
o leitor (por exemplo, o professor da instituição) é trapaceado, ao
acreditar que o trabalho entregue pelo redator é dele mesmo, mas,
na realidade, foi escrito originalmente por outro autor que cedeu o
mesmo trabalho para que fosse apresentado como sendo original.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   51

EXEMPLO:

FONTE ORIGINAL PLÁGIO CONSENTIDO (CONLUIO)


Com o advento do capitalismo, a so- Com o advento do capitalismo, a so-
brevivência passou a depender da ca- brevivência passou a depender da ca-
pacidade de troca comercial de bens pacidade de troca comercial de bens
e da força de trabalho por dinheiro e e da força de trabalho por dinheiro e
vice-versa. Esta reorganização social vice-versa. Esta reorganização social
resultou no aparecimento de uma resultou no aparecimento de uma
classe trabalhadora que inchou as classe trabalhadora que inchou as
cidades, inflacionando rapidamente cidades, inflacionando rapidamente
a empregabilidade. Cidades super- a empregabilidade. Cidades super-
povoadas, muitos desempregados povoadas, muitos desempregados
e em péssimas condições de vida e e em péssimas condições de vida e
sustento, provocando o desespero sustento, provocando o desespero
pela sobrevivência, contribuíram para pela sobrevivência, contribuíram para
o crescimento da criminalidade, sur- o crescimento da criminalidade, sur-
gimento e disseminação de doenças, gimento e disseminação de doenças,
institucionalização da pobreza e da institucionalização da pobreza e da
desigualdade social. desigualdade social.
A sociedade entrou num estado de A sociedade entrou num estado de
caos e desordem, demandando a caos e desordem, demandando a
reflexão dos pensadores da época reflexão dos pensadores da época
em vista da compreensão da nova em vista da compreensão da nova
situação de vida e na busca de alter- situação de vida e na busca de alter-
nativas para o restabelecimento da nativas para o restabelecimento da
ordem e do progresso. Neste contexto ordem e do progresso. Neste contexto
surgiu a necessidade da produção de surgiu a necessidade da produção de
um conhecimento voltado especifica- um conhecimento voltado especifica-
mente para o social, o que permitiu o mente para o social, o que permitiu o
surgimento da sociologia como surgimento da sociologia como
ciência e o desenvolvimento de ciência e o desenvolvimento de
teorias que contribuíram para o en- teorias que contribuíram para o en-
tendimento e aprimoramento da vida tendimento e aprimoramento da vida
humana em sociedade. humana em sociedade.
AUTOR: LEMON, Cláudio Henrique. REDATOR: PONTES, Augusto. Capita-
Capitalismo e impacto social. 2004. lismo e impacto social. 2009. 26 f.
26 f. Monografia (Graduação em So- Monografia (Graduação em Socio-
ciologia) – Universidade Para Todos, logia) – Universidade Paralela, São
São Paulo, 2004. Paulo, 2009.
52  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Quando o mesmo trabalho é apresentado em instituições di-


ferentes e apenas o nome do autor é modificado, caracteriza-se
o plágio consentido.
O exemplo anterior apresenta uma situação comum nesse tipo
de plágio. Um trabalho de pesquisa é feito por uma determinada
pessoa que o entrega a uma instituição de ensino em uma deter-
minada data. Passados alguns anos, o mesmo trabalho é entregue
por outra pessoa, a uma instituição de ensino diferente.
Este exemplo demonstra hipoteticamente uma possibilidade de
conluio entre amigos. Imagine uma situação na qual no ambiente de
trabalho um colega comenta com o outro que atua na mesma área
e provavelmente tem a mesma formação que está com dificuldades
para fazer um trabalho de pesquisa. O colega que já é formado na
área alega que teve a mesma dificuldade mas conseguiu concluir o
curso realizando uma investigação que foi bem avaliada. Durante
a conversação, um dos colegas “coincidentemente” alega que está
interessado em fazer uma pesquisa sobre o mesmo assunto... Daí,
pede o trabalho “emprestado” do outro ou este mesmo “cede” o
trabalho sem maiores problemas para que seja reutilizado pelo
amigo e fica tudo por isso mesmo, como se fosse apenas uma
gentileza entre amigos.
Com pequenas alterações o trabalho é entregue como se fosse
original.
Entretanto, mesmo que o autor original, que é um amigo, fa-
miliar, parente etc. tenha “autorizado” o uso do mesmo trabalho
pelo redator, isso não isenta a ocorrência do plágio porque para
o leitor, no caso o professor ou orientador que está recebendo o
conteúdo apresentado, ele pode considerar, sem a menor suspeita,
que se trata de obra original do redator, mas na realidade o traba-
lho já foi apresentado como original por outra pessoa em outras
condições de tempo e lugar.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   53

3.4.2  Conluio comercial

Outro tipo comum de “acordo” entre duas partes para a


realização de trabalhos acadêmicos é o conluio comercial. Nesse
caso, o estudante compra um trabalho acadêmico que é feito sob
encomenda por uma empresa especializada.
O trabalho é entregue atendendo a todas as normas de padro-
nização vigentes, possui a estrutura de um trabalho acadêmico e
dificilmente contém plágio, pois quem o faz geralmente são profis-
sionais da área. Contudo, esse tipo de trabalho caracteriza-se como
plágio porque o professor ou a instituição que o recebe está sendo
enganado; acredita-se que o mesmo seja produto do esforço acadê-
mico do estudante cujo nome vem impresso na capa. Na realidade,
o estudante não sabe quase nada a respeito do trabalho, pois ele
foi inteiramente feito por uma empresa que produziu o relatório
de pesquisa de acordo com a solicitação do cliente. Portanto, o
trabalho entregue por uma pessoa como se fosse dela, na verdade
é de autoria de outra, o que não é do conhecimento de terceiros,
sejam eles orientadores, professores ou leitores em geral.

3.5 AUTOPLÁGIO

Essa modalidade de plágio também é bastante desconhecida


e por isso mesmo surpreendente: é possível que o próprio autor
seja seu plagiário!
Quando um mesmo trabalho intelectual é entregue a pessoas
diferentes em situações diferentes, mas não é indicado que o
conteúdo que está sendo apresentado já foi utilizado em outras
circunstâncias, comete-se autoplágio.
O trabalho acadêmico sempre deve ser original, considerada a
necessidade de contextualização do conteúdo em relação a outras
pesquisas ou em relação aos próprios estudos que o pesquisador
vem fazendo, para indicar a continuidade ou aprofundamento da
54  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

temática que está sendo investigado. Nesses casos, é necessário que


o autor faça a citação de si mesmo em seus trabalhos.
Esse cuidado pode ser interpretado de forma equivocada, como
se faltasse ao autor humildade por estar citando em seu próprio
trabalho ele mesmo. Quando a autocitação é feita com o intuito
de deixar claro ao leitor que o conteúdo que está sendo exposto
já foi apresentado, o autor não está faltando com a modéstia, ao
contrário, está demonstrando preocupação com a originalidade e
reputação, preservando dessa maneira a honestidade intelectual.
Entre estudantes de graduação, que não têm o hábito da pesqui-
sa, a reutilização de trabalhos acadêmicos feitos em circunstâncias
diferentes para finalidades diferentes pode até ser considerado algo
natural. Mas, que fique claro que não é.
Os conteúdos produzidos e entregues podem ser reutilizados
desde que sejam citados e referenciados. Caso contrário configuram-
-se como autoplágio.

EXEMPLO:

FONTE ORIGINAL AUTOPLÁGIO


Baseado em duas décadas de Baseado em duas décadas de
pesquisa com pacientes com lesões pesquisa com pacientes com lesões
neurológicas, Damásio (2001) defende neurológicas, Damásio (2001) defende
a opinião de que, juntamente com a opinião de que, juntamente com
a razão, as emoções e sentimentos a razão, as emoções e sentimentos
exercem um papel importante na exercem um papel importante na
elaboração dos raciocínios e tomada elaboração dos raciocínios e tomada
de decisões. Em sua obra, esse autor de decisões. Em sua obra, esse autor
resgata também a importância do resgata também a importância do
corpo, rompendo com a visão dualista corpo, rompendo com a visão dualista
cartesiana que separou pensamen- cartesiana que separou pensamen-
to (res cogitans) e sentimentos (res to (res cogitans) e sentimentos (res
extensa). extensa).
Referência: NOVAS, Carlos. Razão, Referência: NOVAS, Carlos. O papel
emoção e sentimentos. 2008. 26 f. das emoções no processo de tomada
Trabalho de Filosofia (Graduação em de decisão. 2008. 26 f. Trabalho de
Administração) – Universidade Parale- Conclusão de Curso (Graduação em
la, São Paulo, 2008. Administração) – Universidade Parale-
la, São Paulo, 2009.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   55

O exemplo fictício apresentado anteriormente demonstra a


situação na qual o mesmo estudante entrega em circunstâncias
diferentes um conteúdo idêntico como se fosse original. Primeira-
mente, o conteúdo foi apresentado como um trabalho disciplinar
e posteriormente foi reutilizado na elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso do aluno. Isso é autoplágio.
Para evitá-lo, o estudante poderia ter utilizado o conteúdo da
seguinte maneira:

FONTE ORIGINAL VERSÃO SEM AUTOPLÁGIO


Baseado em duas décadas de A relação entre corpo e mente já foi
pesquisa com pacientes com lesões observada em outros estudos, como
neurológicas, Damásio (2001) defen- no exemplificado a seguir:
de a opinião de que, juntamente com Baseado em duas décadas de
a razão, as emoções e sentimentos pesquisa com pacientes com lesões
exercem um papel importante na neurológicas, Damásio (2001) de-
elaboração dos raciocínios e tomada fende a opinião de que, juntamente
com a razão, as emoções e senti-
de decisões. Em sua obra, esse autor
4 cm mentos exercem um papel impor-
resgata também a importância do tante na elaboração dos raciocínios
corpo, rompendo com a visão dualista e tomada de decisões. Em sua
cartesiana que separou pensamento obra, esse autor resgata também
a importância do corpo, rompendo
(res cogitans) e sentimentos (res com a visão dualista cartesiana que
extensa). separou pensamento (res cogitans)
e sentimentos (res extensa).
REFERÊNCIA: (NOVAS, 2008, p. 10).
NOVAS, Carlos. Razão, emoção e Referência no final do Trabalho
sentimentos. 2008. 26 f. Trabalho de Conclusão de Curso do mesmo
de Filosofia (Graduação em Adminis- autor:
tração) – Universidade Paralela, São
Paulo, 2008. NOVAS, Carlos. Razão, emoção e
sentimentos. 2008. 26 f. Trabalho
de Filosofia (Graduação em Adminis-
tração) – Universidade Paralela, São
Paulo, 2008.
56  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

APROFUNDAMENTO
Dicas para elaboração de paráfrases

Uma das modalidades de ocorrência do plágio bastante co-


mum é o plágio indireto. Isto ocorre porque o redator falha
na atribuição dos créditos da fonte, que no caso de trabalhos
acadêmicos é a indicação do autor (citação) e identificação
do documento original (referência).
Mas apesar disso, a elaboração de paráfrases também é uma
dificuldade bastante comum aos estudantes universitários, ou
seja, a capacidade de dizer com as próprias palavras a ideia
original. Invariavelmente, o estudante acaba fazendo um
mosaico. Inicia escrevendo com as próprias palavras, copia
um trecho original, troca algumas palavras por sinônimos,
escreve mais uma linha com as próprias palavras e repete o
procedimento, eventualmente incluindo trechos levemente
modificados de um terceiro autor. Em suma, o texto resul-
tante é um pasticho, um trabalho feito com a reprodução
de recortes de diferentes partes.
Esta é uma dificuldade que é superada com a prática da
escrita e o desenvolvimento de um estilo próprio de des-
crição. Além disso, a redação de um texto com o intuito
de interpretação é bem-sucedido na medida em que são
empregadas algumas técnicas.
O Massachusetts Institute of Technology (2007, tradução
nossa) fornece para seus estudantes a seguinte lista de pro-
cedimentos para a elaboração de paráfrases:
a) trocar as palavras originais por sinônimos;
b) mudar a estrutura da sentença (por exemplo, invertendo
períodos);
c) trocar a voz passiva para a ativa e vice-versa;
d) reduzir frases em alguns parágrafos;
e) mudar algumas partes da narrativa original;
f) apresentar a fonte utilizada.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   57

Com o intuito de apresentar um exemplo prático da aplicação


desses procedimentos, considere o seguinte texto original
como fonte a partir do qual será elaborada uma paráfrase.

TEXTO ORIGINAL

Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias científicas


são derivadas de maneira rigorosa da obtenção dos dados da experiência
adquiridos por observação e experimentação. A ciência é baseada no
que podemos ver, ouvir, tocar, etc. Opiniões ou preferências pessoais e
suposições especulativas não têm lugar na ciência. A ciência é objetiva. O
conhecimento científico é conhecimento confiável porque é conhecimento
provado objetivamente (CHALMERS, Alan F. O que é ciência afinal? São
Paulo: Brasiliense, 1993. p. 17).

Versão parafraseada com a utilização dos procedimentos


mencionados acima:

Trocar a voz passiva para a ativa e vice-versa; reduzir frases em alguns


parágrafos; mudar algumas partes da narrativa original
“As teorias científicas são deri- Os dados obtidos empiricamente
vadas de maneira rigorosa da por meio da observação e experiên-
obtenção dos dados da experiên- cia são rigorosamente utilizados na
cia adquiridos por observação e elaboração das teorias científicas.
experimentação.”

Trocar as palavras originais por sinônimos


“A ciência é baseada no que O conhecimento científico
podemos ver, ouvir, tocar, etc.” fundamenta-se nas experiências
sensíveis.

Mudar a estrutura da sentença (invertendo períodos, por exemplo)


“A ciência é objetiva. O conheci- A confiabilidade do conhecimento
mento científico é conhecimento científico depende da prova. É nela
confiável porque é conhecimento que consiste a objetividade da
provado objetivamente.” ciência.
58  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Portanto, a versão original do autor consultado, após a


aplicação das técnicas de paráfrase indicadas, poderia ser
apresentada da seguinte forma, na qual conserva-se o sentido
original, mas com uma redação diferente. O novo texto é
caracterizado pela mudança na organização das sentenças e
períodos, passa a ser apresentado com o estilo do redator, mas
conserva a essência do conteúdo original. Veja o resultado:

TEXTO PARAFRASEADO
A confiabilidade do conhecimento científico depende da prova, pois é nela
que consiste a objetividade da ciência. Por meio dos dados obtidos empirica-
mente com a observação e a experiência são elaboradas as teorias científicas
(CHALMERS, 1993).

Referência no final do trabalho:


CHALMERS, Alan F. O que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   59

ATUALIDADES
Matéria publicada pela Folha de S. Paulo, em 7 de maio de 2009,
divulga a ocorrência de plágio em trabalhos de pesquisa publicados
em revista científica.

Periódico científico publica dois


estudos plagiados na íntegra
RAFAEL GARCIA
da Folha de S. Paulo
Um caso de plágio envolvendo dois estudos publicados
no periódico científico “Revista Analytica” surpreendeu os
autores dos artigos originais. Publicados em 2007, os dois
trabalhos eram cópias de artigos anteriores da primeira à
última palavra, com alterações apenas nos títulos. A revista
“Química Nova”, da SBQ (Sociedade Brasileira de Química),
que havia publicado os estudos originais, negocia agora uma
forma de retratação (anulação) dos plágios.
Um dos artigos, um estudo que descrevia um novo método
para controle de qualidade de cachaça, foi copiado do gru-
po do químico Ivo Kuchler, professor da UFF (Universidade
Federal Fluminense).
“Eu trabalho no meio universitário há muitos anos, e a gente
sempre fica sabendo de casos em que alguém copiou um
pedaço do trabalho do outro, ou copiou uma ideia. Mas co-
piar um artigo inteiro eu nunca tinha visto”, disse Kuchler à
Folha. O cientista ficou sabendo do caso de plágio pela SBQ
e disse que ligou para um diretor da “Revista Analytica” na
tentativa de se informar melhor.
“Ele não quis nem conversar comigo”, conta. “Falou que o
problema não era dele e que eu teria de conversar com a
pessoa que tinha assinado o artigo.”
O autor principal do artigo que plagiou Kuchler é o enge-
nheiro químico Johnson Pontes de Moura, formado pela
60  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Editoria de Arte / Folha Imagem

UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). A


Folha tenta contatá-lo desde anteontem por e-mail, telefone
celular e fixo, mas não obteve sucesso. Moura também já
se desligou da faculdade onde dava aula, em Aracruz (ES).
Milena Tutumi, editora da “Revista Analytica” disse à Folha
que está em negociação com a SBQ para publicar uma re-
tratação. “Cedi uma página da próxima edição”, diz. “Vamos
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL   61

dar um editorial explicando a posição da revista nesse caso


e dando os devidos créditos aos autores verdadeiros.” Além
do artigo de Kuchler, Moura plagiou um estudo sobre com-
bustão de metano, do grupo de Ione Baibich, da UFRGS.
Em seu boletim informativo, a SBQ diz que vai dar “apoio
aos autores reais em quaisquer ações jurídicas que venham
a ser consideradas”, mas afirma que a “Revista Analytica”
também foi “vítima” no episódio. Kuchler, porém, discorda.
“Acho que houve negligência dos editores”, diz. “Se você pega
as palavras-chave do meu artigo – cachaça, determinação
de cobre, etc. – encontra na internet facilmente.” Segundo a
SBQ, esse procedimento não é comum em revistas científicas,
mas “tem permeado discussões em fóruns internacionais”.

GARCIA, Rafael. Periódico científico publica dois estudos pla-


giados na íntegra. Folha.com, 07 maio 2009. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u561841.
shtml>. Acesso em: 01 mar. 2011.

REFLEXÃO

1. De acordo com a sua opinião, comente: qual dos tipos de plágio


elencados neste capítulo você considera mais recorrente em
trabalhos acadêmicos?
2. Elabore um exemplo de paráfrase correspondente ao texto
abaixo seguindo as orientações sugeridas pelo Instituto de
Tecnologia de Massachusetts.
Em suma, o nome de um autor serve para caracterizar um certo
modo de ser do discurso: para um discurso, ter um nome de
autor, o fato de se poder dizer “isto foi escrito por fulano” ou “tal
indivíduo é o autor”, indica que esse discurso não é um discurso
cotidiano, indiferente, um discurso que deve ser recebido de
certa maneira e que deve, numa determinada cultura, receber
um certo estatuto. (FOUCAULT, Michel. O que é um autor?
62  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Tradução: Antonio Fernando Cascais, Eduardo Cordeiro. 4. ed.


Alpiarça: Vega, 2002. p. 45).

3. Analise a seguinte reflexão do autor Michel Schneider sobre o


plágio:
O plágio é uma doença, uma espécie de sonambulismo que não
é nem o sono daqueles que não escrevem, nem a insônia do
escritor. Involuntário, ele é uma alteração da memória, forte
o bastante para reter a lembrança de uma leitura. Voluntário,
ele assinala ainda uma doença, da moralidade, na melhor das
hipóteses, da criatividade, na pior; em todo caso, um distúrbio
da identidade. Quanto mais o plagiário se esforça para coincidir
com um outro, para entrar pela abertura de suas frases, insiste
em vestir o corte de suas roupas, em se substituir a ele, mais
ele se descobre e se afirma (SCHNEIDER, Michel. Ladrões de
palavras. Tradução Luiz Fernando P. N. Franco. Campinas:
Editora da UNICAMP, 1990. p. 156).

Como você analisa a correspondência do pensamento do autor


com o texto apresentado na seção ATUALIDADES (Periódico
científico publica dois estudos plagiados na íntegra)?
4

Como o Plágio pode ser Evitado?

O plágio poder ocorrer de várias maneiras, mas há diversos


modos de evitar que ele aconteça. Fundamentalmente, isso resulta
do conhecimento e emprego de técnicas voltadas para a escrita
científica, caso do uso correto de citações e referências. Além de
ter um conteúdo inovador do ponto de vista científico, a qualidade
de um trabalho acadêmico depende da precisão quanto à forma
apresentada. É lamentável e desnecessário pôr a perder numa
apresentação malfeita todos os esforços feitos na etapa de produção
de um determinado conhecimento. É como colocar um produto
de qualidade em embalagem amassada ou com rótulo estragado.
Também é importante enfatizar que em relação à aprendizagem
universitária o destaque deve ser dado ao trabalho de pesquisa pela
importância quanto à produção de novos conhecimentos. Nesse
sentido, a elaboração de qualquer tipo de trabalho acadêmico
(Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, Trabalho Geral Inter-
disciplinar – TGI, monografia, dissertação, tese, artigo científico
etc.) deve sempre ser entendido como um produto dos estudos
realizados que agregam novos conhecimentos a uma determinada
área. Por essa importância, tanto no processo de planejamento e
implementação da pesquisa quanto na etapa de apresentação dos
resultados, que geralmente é feito por meio de um trabalho escrito,
é preciso que os investigadores envolvidos assumam uma postura
de comprometimento ético e responsabilidade com o conhecimento.
64  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

4.1  CONSCIENTIZAÇÃO ÉTICA

Garantida a competência técnica, a melhor forma de evitar o


plágio decorre da atitude do redator, pois produzir um trabalho
acadêmico benfeito e original depende de uma escolha pessoal:
obter êxitos de modo honesto.
Embora esse compromisso dependa inicialmente de uma deci-
são individual que corresponda ao que é esperado no processo de
aprendizagem acadêmica, também faz parte do processo educativo
universitário fomentar o cultivo da ética institucional promovendo
no ambiente de estudos uma cultura fundamentada na integridade
acadêmica.
Isso pode ser verificado, por exemplo, na cultura acadêmica
de muitas universidades norte-americanas, as quais são marcadas
pela preocupação e enfrentamento de práticas escolares desonestas
como a cola e o plágio.
Uma das ações comumente verificadas nas instituições de en-
sino norte-americanas é a implantação de Centros de Integridade
Acadêmica que visam ao desenvolvimento e cultivo da ética no
meio acadêmico. A Universidade de Clemson mantém um hotsite
com informações e subsídios para as instituições interessadas, bem
como links para universidades que usam essa estratégia (CLEMSON
UNIVERSITY, 2010).
Um dos nomes mais recorrentes em publicações relacionadas a
esse assunto é Donald McCabe, professor no Curso de Administração
da Universidade de Rutgers (McCABE, 2001; McCABE; BOWERS,
1994; McCABE; TREVIÑO, 1993, 2002; McCABE; TREVIÑO; BUT-
TERFIELD, 2001, 2002; PAVELA; McCABE, 1993).
McCabe e Pavela (2005) demonstram que os códigos de honra
são formas eficazes encontradas por muitas universidades para
reduzir práticas desonestas no ambiente acadêmico, sobretudo
quando uma parte pequena dos estudantes é envolvida na sua
elaboração e depois garantem a aceitação disso por toda a comu-
nidade educativa.
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   65

Por meio de uma de suas pesquisas sobre a ética acadêmica,


cujo enfoque foi especificamente a utilização do que chamam de
Códigos de Honra, comparando estudantes de instituições que
possuem Códigos de Honra com estudantes de outras instituições
que não adotam tais códigos foi verificado que:

Alunos que seguem um código de honra foram menos propensos


a trapacear, racionalizar ou justificar qualquer comportamento
admitido como desonesto e eram mais propensos a falar sobre a
importância da integridade e sobre como uma comunidade moral
pode minimizar fraudes acadêmicas. Embora os alunos em ambos
os tipos escolas relatem que trapaceiam e sintam-se pressionados
de diversas formas para cometer fraudes, os estudantes que se-
guem um código de honra aparentemente não sucumbem a estas
pressões com a mesma facilidade ou com a mesma frequência
que os alunos que não seguem um código de honra (McCABE;
TREVIÑO; BUTTERFIELD, 2001, p. 226).

Os autores enfatizam por meio de dados de pesquisa que nas


instituições de ensino que adotam Códigos de Honra dessa natu-
reza os níveis de desonestidade acadêmica são significativamente
mais baixos e isso não se deve ao medo de ser punido, mas a uma
“cultura que faz com que a maioria das formas de fraudes graves
sejam socialmente inaceitáveis entre a maioria dos alunos” (McCA-
BE; PAVELA, 2005, tradução nossa).
A característica principal dos códigos de honra conforme a
compreensão desses autores obedece a um padrão que eles chamam
de “modificado”, isto é, diferem dos códigos tradicionais por não se
limitarem apenas a regras e sanções, mas por basearem-se em um
“significante envolvimento dos alunos na promoção da integridade
acadêmica e a considerarem-se responsáveis nas alegações de deso-
nestidade acadêmica” (McCABE; PAVELA, 2005, tradução nossa).
O sucesso de tais códigos depende, portanto, do envolvimento
dos estudantes, os quais são caracterizados pelos autores como
“Millennial generation”, isto é, aquele grupo de pessoas que nas-
ceram após 1982, a chamada Geração Y.
66  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Os autores acreditam que esses alunos têm um grande poten-


cial por serem “mais otimistas sobre o futuro, mais empenhados
no serviço da comunidade, mais focados academicamente, mais
politicamente engajados e menos deprimidos” (McCABE; PAVE-
LA, 2005, tradução nossa). Resta, portanto, tirar proveito disso,
requerendo a colaboração e investindo na liderança desses jovens
e, se isso for obtido, “inovações como códigos de honra tendem a
prosperar”, enfatizam os autores.

4.2 ATUALIZAÇÃO DAS FORMAS DE SOLICITAÇÃO


DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Há uma série de pequenos cuidados e medidas que, adotadas


no processo educativo, podem contribuir para a diminuição do
plágio acadêmico. Nesse sentido, são apresentados a seguir pro-
cedimentos que podem ser adotados por professores para evitar a
ocorrência do plágio em trabalhos acadêmicos.

• Modificar a forma de solicitar a apresentação do conheci-


mento produzido pelos alunos

Por ocasião da Conferência Mundial sobre Plágio realizada em


2010, o professor Phil Davies da Escola de Informática da Univer-
sidade de Glamorgan (Reino Unido) apresentou uma estratégia
interessante que segundo ele vem reduzindo a ocorrência do plágio
nos trabalhos dos estudantes. O professor diz que há dois anos
vem requerendo a utilização da técnica de “digital storytelling”
como forma de apresentação dos trabalhos feitos pelos alunos: ao
invés de conteúdos escritos, os alunos devem apresentar o trabalho
com o uso de recursos multimídia (imagens, vídeos, músicas etc.)
(WILLIANS, 2010).
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   67

• Solicitar que trabalhos longos sejam entregues de forma


escalonada

Geralmente os trabalhos acadêmicos devem ser entregues


seguindo a seguinte estrutura na parte textual:

1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA ou FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO

Solicitando que o trabalho seja entregue de forma escalonada,


iniciando pela introdução, o professor pode ir sugerindo modifi-
cações e adaptações no texto entregue pelo aluno, por exemplo,
sugerindo novas referências que devem constar no trabalho ou
alteração na redação dos parágrafos.
Isso irá requerer do aluno um esforço permanente de cons-
trução do trabalho final, o que inviabiliza, por exemplo, a entrega
de um trabalho pronto que tenha sido comprado pelo aluno ou
emprestado por um colega.

• Fazer a arguição de trabalhos entregues com evidências/


suspeitas de plágio

Se os trabalhos acadêmicos forem solicitados na forma tradi-


cional de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Trabalho Geral
Interdisciplinar (TGI) etc., além da solicitação de que seja feito de
forma escalonada, a exigência de que o trabalho seja apresentado
e questionado por um professor ou grupo de professores aumenta
a necessidade de envolvimento do estudante ou grupo de alunos
no processo de autoria.
Imagina-se que trabalhos que não precisam ser apresentados
pelos alunos são mais facilmente plagiados, porque o compro-
68  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

metimento do estudante com o conteúdo apresentado é quase


insignificante, pois ele não precisa “prestar contas” das ideias e
argumentos desenvolvidos. Acontece o contrário no caso da neces-
sidade de apresentação. Neste caso, o estudante ou grupo precisa
dominar o conteúdo do trabalho. Ainda que haja a possibilidade de
ele estudar o conteúdo, certamente no momento de planejamento
da pesquisa a consideração da necessidade de apresentação do
trabalho exerce uma força positiva no sentido de que o trabalho
seja realmente feito pelo aluno.
Entretanto, cabe observar que, neste caso, existe a necessidade
de providências administrativas que nem sempre estão ao alcance
das instituições de ensino. No final de cada semestre o volume de
trabalhos de conclusão de curso, por exemplo, é muito grande e
alocar pessoal suficiente para arguir tantos trabalhos acaba sendo
inviável.
Então, uma outra medida pode contribuir de maneira diferente
para a diminuição da ocorrência do plágio: solicitar que os trabalhos
sejam entregues prontos para serem publicados!

• Preferir que os trabalhos sejam entregues no formato de


artigos científicos

Algumas instituições de ensino estão passando a requerer dos


alunos que os trabalhos acadêmicos sejam entregues no formato
de artigos científicos prontos para serem publicados.
De acordo com a NBR 6022 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (2003), um artigo científico é “parte de uma publicação
com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos,
técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimen-
to” (ABNT, 2003, p. 2).
Convencionalmente as publicações e eventos científicos re-
querem que os artigos sejam entregues com a seguinte estrutura:

• Título e Subtítulo.
• Nome(s) do(s) autor(es).
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   69

• Resumo: texto elaborado em parágrafo único com 100


a 250 palavras contendo o objetivo do trabalho, a meto-
dologia utilizada, os principais resultados e conclusões
obtidos.
• Abstract: versão do resumo em língua inglesa.
• Palavras-chave: três a cinco termos que identificam os
assuntos principais do artigo.
• Keywords: versão das palavras-chave em língua inglesa.
• Introdução.
• Desenvolvimento.
• Conclusão.
• Referências.

Em geral, um artigo científico não tem mais do que 20 páginas, o


que equivale a cerca de 40.000 caracteres com os espaços incluídos.
Essas exigências visam à publicação de um trabalho científico
na modalidade de artigo de acordo com o que em geral é con-
vencionado. Na forma de artigo científico visando à publicação o
trabalho acadêmico passa a ter mais seriedade porque a visibilidade
pública aumenta a possibilidade de controle externo e consequente
identificação por outros leitores de eventuais plágios.
Mas, além disso, é importante destacar que toda publicação
científica visa ao compartilhamento do conhecimento produzido
academicamente, o que é relevante no processo de desenvolvimento
e avanço científico do país.
Os meios de efetivar a publicação são diversos. As instituições
podem fazer isso em repositórios de trabalhos acadêmicos nas
páginas eletrônicas de suas bibliotecas, em revistas científicas
eletrônicas, em eventos científicos institucionais etc. Também
pode haver uma banca selecionadora dos melhores trabalhos para
submissão a determinado periódico ou evento científico da área
correspondente ao estudo.
70  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

• Recomendar que o estudante assine uma declaração de


autoria

Algumas instituições de ensino internacionais, como a Univer-


sidade de Oxford (EUA) e a Universidade de Cape Town (África do
Sul), exigem que seus alunos entreguem seus trabalhos acompa-
nhados com um documento chamado de Declaração de Autoria.
Trata-se de um compromisso assumido pelo autor ou grupo de
autores com a idoneidade do conteúdo produzido.
Essa medida autentica a responsabilidade autoral sobre o
trabalho entregue, o que implica em um grau maior de compro-
metimento e seriedade com o relatório de pesquisa.
Veja um exemplo de como esse documento pode ser elaborado:

DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Nomes: Matrículas

Professor Disciplina

Título do Trabalho

1. Sabemos o que é plágio e reconhecemos que copiar trabalhos


científicos ou parte deles, bem como submeter como pró-
prios trabalhos que foram feitos por outras pessoas, sejam
elas conhecidos ou “prestadores de serviços acadêmicos”,
vai contra os princípios declarados no Código de Ética do
Centro Universitário FECAP.
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   71

2. Afirmamos que para realizar este trabalho acadêmico


utilizamos a normalização da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) com as adequações propostas
por esta instituição de ensino superior. Cada texto copiado
literalmente e interpretado neste Trabalho Acadêmico que
foi extraído do(s) trabalho(s) de outras pessoas foi/foram
demonstrado(s) por meio de citações e referências.
3. Não permitimos e não permitiremos a ninguém copiar o
nosso trabalho com a intenção de passá-lo como se fosse
trabalho dele.
4. Afirmamos que o conteúdo deste Trabalho Acadêmico é
original, não foi cedido por outra pessoa ou comprado
e não foi entregue a nenhuma outra disciplina, curso ou
instituição de ensino superior.
5. Estamos cientes que a versão eletrônica deste trabalho
poderá ser submetida a softwares de detecção de plágio.
Assim sendo, declaramos que este trabalho é de nossa inteira
responsabilidade e autoria.

Nome Número de Documento:

São Paulo, ______ de __________________________ de ________.

Declaração de autoria adaptada das Universidades de Cape


Town e Oxford (UNIVERSITY OF CAPE TOWN, 2005; UNIVERSITY
OF OXFORD, 2008).
72  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

4.3  CAPACITAÇÃO METODOLÓGICA

Muitos casos de plágio acontecem de forma acidental, ou seja,


o redator acaba cometendo plágio sem querer simplesmente porque
não sabe utilizar de forma correta as regras técnicas relacionadas
à escrita científica que correspondem a determinadas convenções
acadêmicas.
É importante enfatizar que no ambiente acadêmico não é
proibido utilizar conteúdos de outros autores quando o objetivo é
o desenvolvimento do conhecimento, porém, sempre que isso for
feito deve ser indicado o autor original (citação) e identificada a
fonte utilizada (referência).
No Brasil, a elaboração de citações e referências são técnicas
de escrita científica padronizadas convencionalmente pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Algumas institui-
ções de ensino e algumas publicações adotam outras convenções,
como por exemplo o estilo de Vancouver,1 o estilo de Chicago2 ou
da American Psychological Association.3 Há versões em português
dessas convenções que são facilmente encontradas em páginas
eletrônicas de instituições de ensino brasileiras.
A seguir são apresentadas algumas regras técnicas relaciona-
das à elaboração de citações e referências de acordo com a ABNT
(2002a, 2002b).

4.3.1 Referências

No texto escrito pelo redator, os autores e obras consultadas são


INDICADOS por meio das citações. Entretanto, uma citação correta
depende de uma referência benfeita, ou seja da IDENTIFICAÇÃO
correta do documento consultado.

1
  http://www.icmje.org.
2
 http://www.chicagomanualofstyle.org/tools_citationguide.html.
3
 http://www.apastyle.org/index.aspx.
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   73

Geralmente, a elaboração da lista das referências de um tra-


balho científico é uma das últimas coisas a serem feitas, mas esse
procedimento influencia negativamente na qualidade formal do
trabalho.
É recomendável que, antes de ser citado, o documento que se
pretende utilizar no trabalho deva ser referenciado. Dessa maneira,
garante-se que a citação seja feita de forma correta e evita-se que
fontes consultadas sejam esquecidas de serem arroladas na lista
de referências depois que o trabalho foi concluído.
As principais informações na identificação (referência) de um
documento monográfico (livros, trabalhos acadêmicos, folhetos,
manuais, guias etc.) são: autor, título, local, editora e ano. De
acordo com a padronização da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (2002a), essas informações devem ser apresentadas da
seguinte maneira:

• Referência de livros: os elementos essenciais que de-


vem constar são: SOBRENOME, Nome do autor. Título:
subtítulo. Edição. Cidade: Editora, data de publicação.
No caso de obras que o autor é uma instituição, empresa,
organização etc., a identificação deve ser feita por extenso
e escrita com letras maiúsculas.
Quando o autor é uma pessoa, a entrada é pelo sobre-
nome, que deve ser escrito com letras maiúsculas. Os
nomes dos autores podem ser abreviados ou não, mas
a opção escolhida deve ser uniformizada na elaboração
da lista; somente o título da obra deve ser destacado
com negrito, sublinhado, itálico ou aspas; o número da
edição deve ser apresentado somente no caso de obras a
partir da segunda edição e essa indicação deve ser feita
de forma abreviada (por exemplo: 2. ed. ou 2nd ed. no
caso de publicações em inglês).
74  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Exemplo:
MARSH, Bill. Plagiarism: alchemy and remedy in
higher education. Albany: State University of New York
Press, 2007.
• Referência de documentos da Internet: os elementos
obrigatórios que devem constar são: AUTORIA. Título do
documento: subtítulo se houver. Data da publicação na
página eletrônica. Identificação do link da página ele-
trônica entre os sinais < > após a expressão Disponível
em: seguido da data que o documento foi acessado na
Internet pelo redator do trabalho, o que deve ser indicado
após a expressão Acesso em:
Exemplo:
MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY. Aca-
demic integrity: a handbook for students. 2007. Dis-
ponível em: <http://web.mit.edu/academicintegrity/
handbook/handbook.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2009.
• Referência de artigos científicos publicados em re-
vistas/periódicos: os elementos essenciais que devem
constar são: AUTORIA. Título do artigo: subtítulo se
houver. Título do periódico, local de publicação (cida-
de), volume, número, página do início – página do fim
do artigo, mês e ano.
Exemplo:
SILVA, Obdália Santana Ferraz. Entre o plágio e a auto-
ria: qual o papel da universidade? Revista Brasileira
de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, n. 38, p. 357-368,
ago. 2008.
• Referência de publicações apresentadas em eventos
científicos: os elementos essenciais que devem constar
na referência são: AUTORIA. Título: subtítulo se houver.
In: NOME DO EVENTO, número do evento., ano, cidade
da realização do evento. Título... Cidade de publicação:
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   75

Editora, ano. Página inicial – página final do artigo (se


impresso, caso contrário, substituir por 1 CD-ROM ou
dados do acesso).
Exemplo:
KROKOSCZ, Marcelo. Abordagens do plágio nas me-
lhores universidades dos cinco continentes e do Bra-
sil. In: ENCONTRO N. D. P. ENSINO, 15., 2010, Belo
Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2010. 1
CD-ROM.
• Referência de trabalhos acadêmicos (monografias,
dissertações, teses): os elementos essenciais que devem
constar são: AUTORIA. Título do trabalho: subtítulo se
houver. Ano da defesa. Tipo de documento (Grau e área)
– vinculação acadêmica, cidade, ano da defesa.
Exemplo:
GARCIA, Pedro Luengo. O plágio e a compra de
trabalhos acadêmicos: um estudo exploratório com
professores de administração. 2006. 130 f. Dissertação
(Mestrado em Administração) – Faculdade Cenecista
de Varginha, Varginha, 2006.
• Referência de matérias/reportagens de revistas: os
elementos obrigatórios que devem constar são: AUTORIA.
Título: subtítulo se houver. Título da Publicação, local
de publicação, volume e/ou ano, número, página inicial
– página final, data da publicação.
Exemplo:
LIMA, Roberta de Abreu. O plágio na era digital. Veja,
São Paulo, v. 44, n. 9, p. 100-104, 2 mar. 2011.
• Referência de matérias/reportagens de jornais: os
elementos obrigatórios que devem constar são: AUTO-
RIA. Título: subtítulo se houver. Título do Jornal, local
de publicação, data de publicação. Seção ou caderno,
paginação.
76  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Exemplo:
DINIZ, Debora. Indelével vergonha ética. O Estado de
S. Paulo, São Paulo, 27 fev. 2011. Aliás, p. J3.

Em síntese, as referências da obras mais consultadas para


a realização de trabalhos científicos podem ser organizadas
graficamente no seguinte quadro:

LIVROS ARTIGOS DE PERIÓDICOS WEBSITES

Autoria Autoria Autoria

Título: subtítulo (se Título: subtítulo (se hou- Título: subtítulo (se
houver) ver) houver)

Edição (indicada Título do periódico Data da publicação do


apenas a partir da documento na Internet
segunda)

Local da publicação Local de publicação Disponível em: <copiar


e colocar o link entre os
sinais de menor e maior>

Editora Volume Acesso em: indicar o dia,


mês abreviado e ano do
acesso

Data Número

Página do início – página


do fim

Mês e ano

É o que ocorre quando são utilizados em um trabalho acadê-


mico: trechos de música ou filme; informações obtidas por e-mail;
excertos de leis, portarias, decretos etc. Até bula de remédio, se
tiver conteúdo utilizado, deve ser identificada corretamente. Todas
essas situações e muitas outras são detalhadas na Norma 6023 da
ABNT (2002a).
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   77

Para a correta apresentação e adequação das referências do


trabalho acadêmico recomenda-se que seja consultada a biblio-
tecária da instituição de ensino. Ela é a profissional habilitada e
com melhor conhecimento técnico relacionado à normalização de
trabalhos acadêmicos.
Mas também é importante que o redator do trabalho cientí-
fico tenha sempre em mãos as normas convencionadas para que
o relatório final de pesquisa seja adequado à forma requerida. É
importante pensar que a forma de apresentação é a primeira im-
pressão que se dá do trabalho. Da mesma maneira que ao escolher
um produto na prateleira de um supermercado evita-se pegar os
produtos com embalagem amassada, rasgada ou suja, um trabalho
acadêmico mal-apresentado, por mais que tenha um conteúdo
impecável, pode deixar de ser interessante.
Esse trabalho de identificação de fontes também pode ser
facilitado com a utilização de uma ferramenta da Universidade
Federal de São Carlos desenvolvida por Maria Bernardete Martins
Alves (bibliotecária) e Leandro Luis Mendes (aluno de graduação
em Sistemas de Informação). O Mecanismo On-line para Referên-
cias (MORE) é gratuito e está disponibilizado na Internet desde
2005. Ele auxilia automaticamente na elaboração de referências
dos quinze tipos de documentos mais utilizados academicamente,
entre eles, livros, teses, artigos e documentos eletrônicos.
78 
AUTORIA E PLÁGIO 
 KROKOSCZ

O link para acesso do mecanismo é este: <http://www.rexlab.ufsc.br:8080/more/index.jsp>.


COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   79

Algumas plataformas de consulta a acervos bibliográficos e


websites também oferecem ao usuário a referência pronta do do-
cumento que ele está utilizando. Cabem como exemplo o sistema
de gerenciamento de acervos de biblioteca Pergamum e o website
Jus Navigandi.
Para pesquisadores profissionais existem softwares que fazem
o gerenciamento eletrônico das referências, inclusive facilitando
a citação delas no texto do trabalho por meio de comandos au-
tomáticos. O Mendeley é um exemplo desses programas e pode
ser utilizado gratuitamente, mas também há opções pagas como
o EndNote.
No Word 2007, no editor de textos do pacote de programas
Office da Microsoft, na aba referências, há um recurso que cumpre
essa tarefa, entretanto, entre os estilos disponíveis ainda não existe
a ABNT, o que impede que as referências e citações sejam feitas
conforme as exigências dessa convenção.
Contudo, já é possível encontrar na Internet plugins com a
normalização da ABNT para todos esses programas. Cabe observar
que, devido ao detalhamento das normas para elaboração de re-
ferências e citações, em alguns casos, o pesquisador ainda precisa
fazer alguns pequenos ajustes manuais para que a indicação dos
autores e a identificação das fontes sejam feitas exatamente como
a norma requer.

4.3.2 Citações

Citação é a INDICAÇÃO do autor original de uma ideia, texto,


figura etc. que um redator utiliza em seu trabalho escrito. De acordo
com a Norma 10520 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(2002b), as citações podem ser: direta (que pode ser apresentada
na forma curta ou longa), indireta e citação de citação.
80  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

4.3.2.1  Citação direta curta

Quando o redator copia literalmente um trecho de obra original


que quando é transcrito não excede três linhas. Neste caso, deve
colocar o texto copiado entre aspas e INDICAR o autor, o ano da
obra consultada e a página de onde o texto foi extraído.

EXEMPLO:
Se o autor e a data são indicados no final do texto copiado,
devem ser escritos dentro de parêntesis, com letras maiúsculas:

“Documento é toda base de conhecimento fixado material-


mente e suscetível de ser utilizado para consulta, estudo ou prova”
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 80).

Embora essa forma de citação seja mais reconhecida por deixar


o texto mais limpo, a indicação da autoria também pode ser feita
no próprio corpo do texto, adquirindo uma característica mais
coloquial.
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 80) adotam o conceito de que
“documento é toda base de conhecimento fixado materialmente e
suscetível de ser utilizado para consulta, estudo ou prova”.
No caso de cópia de texto de página eletrônica, que não é
numerada, o AUTOR e o ANO da obra devem ser indicados nor-
malmente, sem a página. Neste caso, na lista de referências o
documento eletrônico original será indicado pelo link, conforme
exemplificado aqui:
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   81

EXEMPLO:
FONTE ORIGINAL
Entretanto, o advogado Eduardo Senna citado em matéria do portal Universia,
esclarece que embora o plágio seja uma violação do direito autoral, “não é crime,
e não pode ser punido com ação penal, mas, sim, com ação cível”. O plágio só
pode ser tratado criminalmente no caso de contrafação, no entanto, em geral o
plágio apresentado academicamente não se trata de uma cópia literal da obra
de outro autor, mas de uma “imitação disfarçada” da propriedade intelectual
alheia (UNIVERSIA, 2005).
O aluno que comete plágio estaria sujeito às seguintes sanções legais: uma
indenização por dano patrimonial, uso indevido da obra; e uma indenização por
dano moral pela mesma razão, isso por conta da subdivisão do direito autoral
em patrimonial e moral. “Nem a universidade nem o professor podem entrar com
uma ação contra o aluno. O dono da obra é quem pode processar. Por isso que
é muito difícil de coibir isso e a história fica só no meio acadêmico”, ressalta o
advogado (UNIVERSIA, 2005).

Na lista de Referências:

UNIVERSIA. Como lidar com o plágio em sala de aula. 2005. Disponível em:
<http://www.universia.com.br/docente/materia.jsp?materia=6387>. Acesso
em: 26 nov. 2009.

4.3.2.2  Citação direta longa

Texto copiado literalmente cuja transcrição tenha mais do


que três linhas caracteriza a citação direta longa. Nesse caso, sua
apresentação deve ser feita seguindo as seguintes normas: o texto
deve ser digitado em fonte menor que a do principal do trabalho
(por exemplo, se o texto principal for escrito com fonte no tamanho
12, utilizar na citação direta e longa a fonte com tamanho 10);
inserir a citação em um recuo de 4 cm da margem esquerda do
texto principal; apresentar o texto da citação com o espaçamento
entrelinhas simples (o texto principal deve ser escrito com o espa-
çamento de 1,5 pontos entrelinhas).
82  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

EXEMPLO:
FONTE ORIGINAL CITAÇÃO DIRETA LONGA
No campo virtual, diz o autor, existe uma Argumenta-se que o problema do au-
lei invisível, mas aceita por muitos, de mento da prática de plágio relaciona-se
que todos podem apropriar-se de tudo a mudanças nos padrões morais.
que está “acessável/acessível” e que
não há nada mais natural do que copiar No campo virtual, diz o au-
o texto de um site sem citar a fonte. É tor [PERISSÉ, 2006], existe
uma lei invisível, mas aceita
comum também não considerar que
por muitos, de que todos
a mesma obra copiada pode ter sido podem apropriar-se de tudo
fruto de grande sacrifício de um autor que está “acessável/acessí-
honesto, mas também pode já ter sido vel” e que não há nada mais
“roubada” de outro. 4 cm natural do que copiar o texto
de um site sem citar a fon-
te. É comum também não
REFERÊNCIA: considerar que a mesma
VAZ, Telma Romilda Duarte. O avesso obra copiada pode ter sido
fruto de grande sacrifício
da ética: a questão do plágio e da de um autor honesto, mas
cópia no ciberespaço. Cadernos de também pode já ter sido
Pós-Graduação – Educação, São “roubada” de outro (VAZ,
Paulo, v. 5, n. 1, p. 159-172, 2006. 2006, p. 171).
Disponível em: <www4.uninove.br/
ojs/index.php/cadernosdepos/article/ Na lista de referências:
viewFile/1853/1452>. Acesso em: 14 VAZ, Telma Romilda Duarte. O avesso
out. 2011. da ética: a questão do plágio e da
cópia no ciberespaço. Cadernos de
Pós-Graduação – Educação, São
Paulo, v. 5, n. 1, p. 159-172, 2006.
Disponível em: <www4.uninove.br/
ojs/index.php/cadernosdepos/article/
viewFile/1853/1452>. Acesso em: 14
out. 2011.

4.3.2.3  Citação indireta

É a melhor maneira para se utilizar informações de outros


autores. A informação original é inteiramente reescrita, com a utili-
zação de sinônimos, inversão de frases e períodos, conservando-se
apenas o sentido do conteúdo original. Por não se tratar de cópia, a
indicação da página do texto original é dispensável no texto escrito
pelo redator da citação indireta. É necessário que o autor e a data
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   83

do documento original sejam identificados! Sem isto, mesmo que


o texto original tenha sido inteiramente reescrito fica caracterizado
como plágio.

EXEMPLO:
FONTE ORIGINAL CITAÇÃO INDIRETA
O pressuposto de que o conhecimento Takeuchi e Nonaka (2008) explicam que
é criado através da interação entre o o conhecimento pode ser convertido
conhecimento tácito e o explícito per- de maneiras diferentes, a depender
mite que postulemos quatro modos das interações estabelecidas entre
diferentes de conversão do conheci- o conhecimento subjetivo (tácito) e o
mento. Eles são como a seguir: (1) de objetivo (explícito). Os autores denomi-
conhecimento tácito para conhecimento nam os seguintes modos de conversão:
tácito, que chamamos de socialização; socializado (tácito para tácito); externa-
(2) de conhecimento tácito para conhe- lizado (tácito para explícito), combinado
cimento explícito, ou externalização; (3) (explícito para explícito) ou internalizado
de conhecimento explícito para conhe- (explícito para tácito).
cimento explícito, ou combinação; e (4)
de conhecimento explícito para conheci- Na lista de referências:
mento tácito, ou internalização.
TAKEUCHI, Hirotaka; NONAKA, Ikujiro.
Gestão do conhecimento. Tradução
REFERÊNCIA:
Ana Thorell. Porto Alegre: Bookman,
TAKEUCHI, Hirotaka; NONAKA, Ikujiro. 2008.
Gestão do conhecimento. Tradução
Ana Thorell. Porto Alegre: Bookman,
2008. p. 60.

4.4 USO DE PROGRAMAS DE DETECÇÃO


ELETRÔNICA DE PLÁGIO

Da mesma maneira que a Internet facilitou a reprodução tex-


tual, também favoreceu o reconhecimento da cópia. Já há várias
ferramentas eletrônicas que fazem varredura em arquivos de texto
com a finalidade de encontrar na Internet outros documentos com
similaridades. O The Blog Herald divulgou uma lista com “As 20
melhores ferramentas gratuitas antiplágio” (BAILEY, 2007).
Internacionalmente, a ferramenta desse gênero mais utilizada
nas instituições de ensino é o Turnitin da empresa iParadigms.
84  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

No Brasil, há o aplicativo Farejador de Plágio (www.farejador-


deplagio.com.br), que faz o rastreamento gratuito de similaridades
em uma parte de qualquer documento. Com o pagamento de úni-
ca e pequena taxa, o usuário é registrado para utilizar o sistema
completo indefinidamente.
Também é possível fazer buscas de plágio fazendo a instalação
do aplicativo Viper que pode ser feito gratuitamente.
Outra possibilidade de fazer a detecção de plágio em trabalhos
acadêmicos é copiando e colando textos com até 25.000 caracteres
no http://www.plagium.com.
Nas melhores universidades internacionais tanto professores
quanto alunos são estimulados a utilizarem essas ferramentas.
Portanto, elas não são utilizadas como instrumentos de policia-
mento e coerção contra plagiários, mas como recursos que toda
comunidade educativa deve utilizar para evitar a utilização inde-
vida ou equivocada de determinadas fontes, permitindo que sejam
identificadas e corrigidas.

4.5  INSTITUCIONALIZAÇÃO POLÍTICO-NORMATIVA

Atendendo a uma orientação do Conselho Federal da Ordem


dos Advogados do Brasil (OAB), a Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior (Capes) recomendou no início
de 2011 que

“as instituições de ensino públicas e privadas brasileiras adotem


políticas de conscientização e informação sobre a propriedade
intelectual, adotando procedimentos específicos que visem coibir
a prática do plágio quando da redação de teses, monografias,
artigos e outros textos por parte de alunos e outros membros de
suas comunidades” (CAPES, 2011).

O atendimento dessa orientação para que o plágio seja con-


trolado nas instituições de ensino depende de medidas voltadas
para a disciplinarização. É importante que as instituições de ensino
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   85

divulguem as leis existentes e estabeleçam políticas normativas


relacionadas à coibição do plágio no meio acadêmico.
Cabe destacar ainda a publicação pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) do Código de Boas
Práticas Científicas, que apresenta orientações para pesquisadores
visando à prevenção de práticas de má conduta científica, como
fabricação e falsificação de resultados e plágio (FAPESP, 2011).

4.5.1 Leis

A apresentação de textos, ideias, conteúdos, figuras etc. de


outra pessoa como se fossem próprios (plágio) de acordo com
a legislação brasileira pode ser enquadrada na Lei dos Direitos
Autorais (9.610/1998) como contrafação, isto é, reprodução não
autorizada de uma determinada obra original. De acordo com o
Código Penal (art. 184), a violação de direito autoral pode ter pena
de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Entretanto, o advogado Eduardo Senna, citado em matéria do
portal Universia (2005), esclarece que embora o plágio seja uma
violação do direito autoral, “não é crime, e não pode ser punido
com ação penal, mas, sim, com ação cível”. O plágio só pode ser
tratado criminalmente no caso de contrafação, no entanto, em geral
o plágio apresentado academicamente não se trata de uma cópia
literal da obra de outro autor, mas de uma “imitação disfarçada”
da propriedade intelectual alheia.

O aluno que comete plágio estaria sujeito às seguintes sanções


legais: uma indenização por dano patrimonial, uso indevido da
obra; e uma indenização por dano moral pela mesma razão, isso
por conta da subdivisão do direito autoral em patrimonial e mo-
ral. ‘Nem a universidade nem o professor podem entrar com uma
ação contra o aluno. O dono da obra é quem pode processar. Por
isso que é muito difícil de coibir isso e a história fica só no meio
acadêmico’, ressalta o advogado (UNIVERSIA, 2005).
86  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Apesar desse parecer complacente do advogado, não se pode


ignorar que de acordo com a legislação vigente a prática do plágio
é suscetível de processo e condenação criminal. Contudo, cabe
destacar que, de acordo com a Lei de Direitos Autorais, art. 46,
inciso III, não ocorre infração no caso da

citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de


comunicação de passagens de qualquer obra, para fins de estudo,
crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir,
indicando-se o nome do autor e a origem da obra. (BRASIL, 1998).

4.5.2  Regras institucionais

Como no âmbito acadêmico nem sempre o autor, que é o preju-


dicado direto pelo plágio de sua obra, fica sabendo da reprodução
de suas ideias, a aplicação da lei acaba não se efetivando.
Entretanto, como o plágio acadêmico é uma fraude intelectual
inaceitável no ambiente de cultivo e produção de conhecimento,
tampouco pode ser ignorado. Além do comprometimento com a
educação e o desenvolvimento científico-cultural, as instituições
de ensino precisam promover a reputação pessoal e institucional.
Nesse sentido, a adoção de regras institucionais claras volta-
das para a comunidade educativa são dispositivos de orientação
e controle internos que produzem efeitos positivos no ambiente
acadêmico, seja para manter a cultura de princípios e valores
internos, seja para regulamentar o cotidiano educacional, evitar
a banalização e a impunidade de práticas contrárias à missão da
instituição de ensino.
Entre tais regras é importante deixar claro o que é considerado
plágio pela instituição, como ele ocorre, quais procedimentos serão
tomados no caso de constatação da ocorrência do plágio em tra-
balhos acadêmicos e também quais são as formas de penalização.
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   87

4.5.3 Sanções

A medida mais comum para lidar com casos de plágio é a


abertura de sindicância para apuração da ocorrência. Constatado
o fato, as sanções podem variar de acordo com a gravidade, sobre-
tudo considerando-se que em alguns casos o plágio pode acontecer
acidentalmente. Também é preciso levar em conta a extensão da
ocorrência do plágio considerando-se o trabalho como um todo.
A penalização para um estudante que entregou um trabalho com
trechos plagiados deve ser diferente daquela para aquele que en-
tregou um trabalho integralmente plagiado.
Comumente as sanções variam de suspensão, reprovação na
disciplina no qual houve a ocorrência do plágio, expulsão da ins-
tituição até a cassação do diploma.
Entretanto, cabe reforçar que mais importante do que punir
os envolvidos em casos de plágio, o que é necessário para evitar a
banalização e a impunidade, é fundamental que nas instituições de
ensino sejam desenvolvidas ações visando ao desenvolvimento e
cultivo da integridade acadêmica, conforme foi apresentado em 4.1.

APROFUNDAMENTO
Ética em trabalhos científicos

Os termos “Ética” e “Moral” têm sentido diverso, apesar de


alguns autores os tratarem como sinônimos. Decidir e agir
numa situação concreta é um problema prático-moral, mas
investigar o modo pelo qual a responsabilidade moral se
relaciona com a liberdade e com o determinismo ao qual
nossos atos estão sujeitos é um problema teórico, cujo estudo
é da competência da ética.
A função fundamental da ética é explicar, esclarecer ou
investigar uma determinada realidade, elaborando os con-
ceitos correspondentes. Vásquez (2003, p. 20) diz que não
cabe à ética “formular juízos de valor sobre a prática moral
88  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

de outras sociedades, ou de outras épocas, em nome de


uma moral absoluta e universal, mas deve, antes, explicar
a razão de ser desta pluralidade e das mudanças de moral”
(VÁSQUEZ, 2003, p. 21). A ética não pode ser reduzida a
um conjunto de normas e prescrições, ao explicar a moral,
influi sobre ela. Segundo Neves (2004, p. 25) “os indivíduos
dotados de capacidade racional, autonomia e liberdade de
ação são sujeitos morais capazes de rever valores arraigados
na sociedade, na organização, na família e no seu próprio
ser individual”.
Os problemas de ética mais graves encontrados no meio
acadêmico estão relacionados com a autoria de trabalhos,
manifestando-se de diversas formas (cópia de trabalho,
compra de trabalhos ou inclusão de nome de aluno sem
que este tenha contribuído) e diversos níveis de consciência
(o trabalho pode ter sido copiado conscientemente ou ter
trechos copiados de outros sem a devida citação, sem que
o aluno tivesse noção de que isto é errado).
Em princípio, pode parecer que a cópia ou a compra de tra-
balhos só afeta a professores e alunos envolvidos, ou seja,
que aqueles que se dedicam e cumprem seus deveres não
têm nada a ver com o problema, o que é um engano. Teodo-
rowitsch (2003, p. 37) diz que “[...] quando um aluno copia
ou compra um trabalho que deveria ter sido feito por ele,
está denegrindo o nome da instituição. E isto naturalmente
afeta todos os envolvidos, principalmente quem receberá
um diploma desta instituição”.

OLIVEIRA, Luciel Henrique de; GARCIA, Pedro Luengo; JULIA-


RI, Cristiane Carvalho Braga. Mercado de trabalhos acadêmicos:
um estudo exploratório. Pensamento Plural: Revista Científica
da UNIFAE, São João da Boa Vista, v. 4, n. 2, p. 33-42, 2010.
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   89

ATUALIDADES
Matéria jornalística publicada em O Estado de S. Paulo, de 27 de
fevereiro de 2011, discute a ocorrência de plágio no meio acadêmico.

Indelével vergonha ética


DÉBORA DINIZ
Universidade de Brasília
Uma ex-aluna de doutorado, dez autores, cópias indevidas
de imagens e dois grupos de pesquisa em disputa. O tema do
conflito é uma questão tão antiga quanto a ideia de autoria na
ciência – o plágio. Em um caso raro de julgamento público no
Brasil, um professor da USP é demitido e o título de doutora
da estudante é cassado. Os outros oito pesquisadores vestem
agora o manto da vergonha pelo que é conhecido com a in-
fração ética capital entre os acadêmicos. O plágio é a cópia
indevida e não autorizada de uma criação intelectual. Não é
um crime, mas uma infração ética que ameaça a integrida-
de da ciência – embora possa ser crime, se houver direitos
autorais envolvidos. O plágio assume diferentes nuances, a
depender do campo onde se expressa. Há plágio na música,
na literatura, nas artes. Se nos livros de culinária o plágio
ganha os contornos de uma cópia criativa e saborosa, na
ciência, ele escandaliza e emudece seus praticantes.
Seria falso acreditar que os estudantes ou pesquisadores da
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ou da USP, no
Brasil, plagiam mais que os outros. Onde há ensino e pesqui-
sa, há a prática do plágio. Grande parte das universidades
americanas aderiu aos softwares de caça-plágios pela bagatela
de um real por estudante. A ideia é simples e o mercado está
em ascensão. Para cada estudante matriculado na univer-
sidade, há o registro em um programa eletrônico. Antes de
serem avaliados no mérito, todos os trabalhos acadêmicos
são submetidos à vistoria do caça-plágio. O programa não
emite o veredicto, mas acena para as semelhanças entre o
texto e o arquivo do sistema. Para o software mais popular
90  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

na língua inglesa, Turnitin, o critério mínimo para alertar um


possível plágio é o de sete palavras idênticas em sequência.
A Universidade Harvard optou por não aderir à indústria de
controle do plágio, pois acredita que a honra acadêmica se
ensina e se aprende.
Como professora, nunca identifiquei uma situação de plágio
em sala de aula, mas tenho a convicção ética de que o plá-
gio de um estudante de graduação não se compara ao plágio
de um colega pesquisador. O estudante está em processo de
desenvolvimento moral e intelectual, é um aprendiz das sofis-
ticadas regras da comunicação científica. Antes de descobrir
a própria voz, aprenderá as regras da escrita científica. Entre
o que se define como citação – a repetição autorizada para
o jargão científico – e o plágio há uma fronteira nebulosa
para o jovem estudante. O papel dos educadores é continua-
mente mostrar os limites dessa fronteira e os riscos de ser
identificado como um “plagiador”. O plágio cometido por
um estudante é resolvido com uma reprovação, o castigo
máximo autorizado a um professor diante de seu aluno. A
reprovação terá consequências permanentes sobre a futura
carreira do jovem pesquisador: o registro da infração sempre
estará em seu histórico escolar.
Também para um pesquisador maduro o plágio deve ser
entendido como uma infração ética e não como um crime.
Acredito ser um equívoco usar a força penal do Estado contra
o pesquisador plagiador. A diferença entre o estudante e o
pesquisador deve estar nas consequências do desvio ético. Um
plágio comprovado deve ser publicizado e impor o silêncio
obsequioso aos pesquisadores. A vergonha de ser nomeado
“plagiador”, o dever de retratação pública, a ação da editoria
da revista de retirada da autoria são práticas comuns à co-
munidade científica para o controle do plágio. Como editora
de uma revista científica internacional, nunca encontrei um
plagiador que assumisse a intenção do plágio: todos sofrem
de criptomnésia, memória fotográfica ou desorganização es-
COMO O PLÁGIO PODE SER EVITADO?   91

pacial. Aqueles que não apelam para a psiquiatria para fugir


do estigma de plagiador alegam ter sofrido do que o crítico
literário Harold Blomm denominou, em outro contexto, de
“angústia da influência”: de tão inspirados em suas fontes
literárias, assumem como suas as palavras de outros.
A verdade é que, exceto pelos plagiadores iniciantes, não
há como julgar a intencionalidade do plágio. Por inocência
ou preguiça intelectual, o resultado do plágio é sempre o
mesmo: a violação da honestidade científica. Mas é como
uma infração ética que devemos enfrentar o plágio. A co-
munidade científica brasileira possui uma das ferramentas
mais poderosas de controle do plágio – as bases abertas de
acesso à comunicação científica, como a Biblioteca Scielo.
As mais importantes revistas científicas brasileiras estão dis-
poníveis em formato aberto, uma aposta de democratização
da ciência, mas também de vigilância compartilhada sobre
a integridade da produção científica nacional. É nesse sítio
que os artigos plagiados descobertos serão carimbados com
o registro de “retratação”, o sinal público de que o manto da
vergonha acompanhará para sempre o pesquisador.

DINIZ, Debora. Indelével vergonha ética. O Estado de S. Paulo,


São Paulo, 27 fev. 2011. Aliás, p. J3.

REFLEXÃO

1. O que você pensa da possibilidade de todos os estudantes


utilizarem programas de detecção do plágio?
2. Você considera que há diferentes níveis de plágio e que, a
depender da situação, ele pode ser considerado mais leve ou
mais grave?
5

Nem Tudo é Plágio

Considerando todas as possibilidades de ocorrência do plágio


nas diferentes modalidades, a impressão que se tem é que TUDO
É PLÁGIO. Mas não é assim.
De modo geral, o que escrevemos espontaneamente durante
o processo de registro do que estamos pensando está imune ao
plágio porque cada idioma possui milhares de palavras diferentes
e a forma como cada pessoa escolhe e organiza as palavras para
comunicar alguma ideia é algo muito pessoal.
Por exemplo, experimente escrever uma frase sobre qualquer
assunto que ocorra a sua imaginação neste momento... Por exem-
plo, considere o seguinte pensamento: “a educação é a chave para
o desenvolvimento da sociedade”. Note que essa frase tem um
conteúdo bastante popular, uma ideia compartilhada e aceita pela
maioria das pessoas. A primeira impressão é que provavelmente
esta frase já tenha sido escrita por milhares de pessoas.
Pois bem, essa frase colocada entre aspas em um sistema de
busca eletrônica na Internet permite que todas as frases exatamente
iguais a esta sejam identificadas. Contudo, feita a busca encontra-
mos o seguinte resultado:
NEM TUDO É PLÁGIO   93
94  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

O resultado do buscador eletrônico é o seguinte:


   Nenhum resultado encontrado para “a educação é a chave
para o desenvolvimento da sociedade”.
Note, portanto, que a possibilidade de que aquilo que é escrito
espontaneamente, por mais óbvio que pareça, dificilmente coincide
literalmente com outro texto. Sendo assim, é muito difícil de se
cometer plágio direto, ou seja, reproduzir literalmente o que já
tenha sido escrito por outra pessoa.
Mas, ainda que não ocorra coincidência literal entre um texto
que é escrito de forma espontânea, como ter certeza de não cometer
plágio indireto, isto é, de tratar de um assunto da mesma maneira
que um outro autor já tenha falado sobre isso? Por exemplo, isso
pode facilmente acontecer quando se faz uma redação, se escreve
em um blog, ao elaborar um relatório ou redigir um ensaio etc.
Essa observação faz sentido, pois, considerando-se a frase
apresentada acima (a educação é a chave para o desenvolvimento
da sociedade), não houve a identificação de outras frases literal-
mente iguais, entretanto, os resultados apresentados trouxeram
outros textos que foram desenvolvidos sobre a mesma ideia central:
educação, chave e desenvolvimento. Isso não pode ser considerado
plágio indireto, porque apresenta conteúdos semelhantes com outras
palavras? Isso não é plágio porque se trata de conhecimento comum.

5.1  CONHECIMENTO COMUM

Os conhecimentos que em geral são dominados publicamente,


isto é, já são amplamente conhecidos, dispensam citação e referên-
cia e podem ser utilizados livremente. São conteúdos relacionados
a acontecimentos históricos, fatos cotidianos ou conhecimentos
convencionais das diferentes áreas de estudo compartilhados uni-
versalmente. Vejamos alguns exemplos:

• A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Cli-


máticas realizada em dezembro de 2009 em Copenhague
NEM TUDO É PLÁGIO   95

(Dinamarca) não obteve como resultado o consenso dos


líderes mundiais sobre o corte de emissões de gases estufa.
• O agente causador da síndrome da imunodeficiência hu-
mana adquirida (AIDS) é o vírus da imunodeficiência
humana (HIV).
• É preciso aprofundar a reflexão e a análise crítica sobre a
natureza das chamadas ações de responsabilidade social
que vêm sendo implementadas de forma generalizada e
amplamente divulgadas no mundo dos negócios.
• Da invenção do telefone à criação da rede mundial de
computadores, o avanço das tecnologias de comunicação
vem aumentando a proximidade entre as pessoas que
estão em diferentes lugares ao redor do mundo.
• O uso de computadores e a facilidade de acesso a infor-
mação na Internet têm aumentado os índices de plágio
em trabalhos acadêmicos.
• A capital do Brasil é Brasília.
• O preço do litro do etanol aumentou muito no primeiro
semestre de 2010, chegando quase a ficar equivalente
ao da gasolina.

Outro exemplo de conhecimento comum pode ser extraído do


texto jornalístico publicado pelo ex-presidente da república Fernan-
do Henrique Cardoso (2010) em vários veículos de informação de
massa. No texto intitulado “Sem medo do passado”, no primeiro
parágrafo o autor sentencia: “Houve quem dissesse: ‘O Estado sou
eu.’ Lula dirá: ‘O Brasil sou eu!’ Ecos de um autoritarismo mais
chegado à direita.” Embora não tenha sido citado o autor da frase
“O Estado sou eu”, entende-se que isso seja dispensável, pois a
célebre afirmação atribuída a Luiz XIV é historicamente reconhecida.
Sobre esse assunto, o Massachusetts Institute of Technology
(2010) apresenta alguns exemplos comparativos do que pode ser
considerado conhecimento comum e o que precisa ser citado e
referenciado:
96  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

• Quando a água passa por rochas que contêm arsênio, o


arsênio pode contaminar a água, envenenando-o. Esta
questão tem sido um problema particular em Bangladesh.
RESPOSTA: Sim, a citação é necessária. Em particular, a
referência específica a Bangladesh configura esta infor-
mação como algo que o leitor médio não sabe a não ser
que ele ou ela tenha feito esta pesquisa.
• Estabilidade em vendavais e amortecimento de vibrações
são importantes para altas estruturas; ventos contínuos
induzem vibrações que podem ser mais perigosas para
uma estrutura que as de um terremoto.
RESPOSTA: Não, a citação não é necessária. Problemas
de estabilidade estrutural são amplamente noticiados na
imprensa popular e tem sido observado historicamente.
• Investigação em células estaminais oferece a promessa
no desenvolvimento de tratamentos para certos tipos de
doenças.
RESPOSTA: Não, a citação não é necessária. Esta infor-
mação é amplamente conhecida.
• Alguns argumentam que os benefícios da Internet atin-
giram todos os níveis da sociedade, enquanto outros
apontam para o fato de um estudo de 1999 que revelou
que o acesso à Internet está intimamente ligado aos níveis
de renda, com famílias ganhando US$ 75.000 ou mais
com a maior taxa de acesso.
RESPOSTA: Sim, a citação é necessária. A referência es-
pecífica a um estudo de 1999 e o valor que é mencionado
é algo que o leitor médio não sabe a menos que ele ou
ela tenha feito a pesquisa.

Em alguns casos, o que o redator está escrevendo não se trata


do tema principal em discussão, mas para construir a moldura do
debate ele precisa desenvolver uma reflexão na qual aparecem
elementos que ajudam a contextualizar a argumentação que ele irá
NEM TUDO É PLÁGIO   97

fazer. Nesses casos, nas diferentes áreas do conhecimento, o redator


precisa utilizar conteúdos, ideias que fazem parte do conhecimento
comum. Podem ser fatos históricos, conceitos amplamente difundi-
dos, até mesmo teorias ou dados de um autor específico, mas que
por serem tão conhecidos já não se faz mais necessário indicar e
referenciar o autor, pois supõe-se que todos já compartilham essa
informação naquela área. Por exemplo, no campo da economia,
uma discussão sobre desenvolvimento humano pode necessitar uma
reflexão prévia sobre critérios em geral utilizados para mensurar
como as nações evoluem desse ponto de vista. O redator então pode
descrever que em geral os índices de longevidade, rentabilidade
e escolaridade são padrões de referência para a verificação desse
aspecto. Note que, nesse caso, o redator está utilizando uma base
conceitual conhecida como Índice de Desenvolvimento Humano
proposta pelo economista Amartya Sen. Entretanto, como tal teoria
já é amplamente conhecida na área, não é necessário que o redator
para construir a sua argumentação busque a fonte onde essa infor-
mação foi dada originalmente. Ocorre algo semelhante no campo
da infectologia. Os estudos sobre a AIDS muitas vezes requerem
desenvolvimento de frases, períodos ou parágrafos relacionados
ao vírus HIV, que é o agente que provoca o desencadeamento da
síndrome. Como essa informação se trata de conhecimento comum,
não é preciso citar quando se refere ao HIV, que se trata do vírus
identificado por Luc Montagnier ou Robert Gallo.
Da mesma forma, nas diferentes áreas de estudo, seja no campo
das Ciências Sociais aplicadas, em relação às Ciências Agrárias ou
Biológicas, ou na área das Ciências Humanas, há vários conheci-
mentos básicos ou amplamente difundidos que são considerados
comuns e portanto não precisam ser citados e referenciados.

Apesar disso tudo, nem sempre o redator tem clareza ou segu-


rança suficiente se o conteúdo que está redigindo é conhecimento
comum ou não. Nesse caso, convém observar duas dicas:

1. Se o que está sendo redigido é resultado exclusivamente


das ideias do autor durante o processo de redação, não
98  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

há necessidade de citação ou referência, pois o texto que


está sendo desenvolvido é o que pode ser chamado de
uma obra textual que está sendo elaborada por um ato
de criação autoral de alguém que está pensando e esbo-
çando ideias por meio da escrita. Contudo, se durante
esse processo, em determinado momento o redator não
sabe mais o que escrever e então decide folhear algum
livro, zapear em alguns websites na Internet ou coisa
semelhante para pensar o que escrever, se ao consultar
alguma dessas fontes tiver a ideia de reescrever com as
próprias palavras o que leu, a fonte consultada precisará
ser documentada. Essa é a segunda dica.
2. Se no processo de redação houver dúvida se o conhecimen-
to que está usando é de conhecimento comum ou não, é
recomendável sempre fazer a citação e a referência. Isso
não é demérito para o texto e tampouco para o redator.
Pelo contrário, denota erudição, conhecimento de fontes
e respeito aos autores e às obras consultadas.

Para exercitar a identificação do que é conhecimento comum,


observe os casos a seguir e decida qual deles pode ser considerado
conhecimento comum:

a) Considera-se que uma imagem vale mais que mil palavras.


Isso quer dizer que é melhor dizer as coisas mostrando
ao invés de tentar explicá-las.
b) O ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Cen-
ter nos Estados Unidos em 2001 aumentou a sensação
de insegurança global.
c) A crise financeira de 2008 foi consequência da desregu-
lamentação da economia, por exemplo, da ausência do
Estado no papel de controle na concessão de empréstimos
e taxação de juros.
NEM TUDO É PLÁGIO   99

Todas as situações apresentadas correspondem a conhecimento


comum porque se referem a opiniões compartilhadas socialmente
ou são acontecimentos históricos.

5.2 PARÓDIA

Há casos em que o uso de uma determinada forma e conteú-


do é feito com a finalidade de parodiar, isto é, tem a intenção de
imitar uma fonte original com a finalidade de fazer graça. Não
ocorre plágio nesses casos, pois há uma relação estabelecida de
intertextualidade na qual a recuperação e conhecimento do texto
original é inclusive condição de compreensão do texto imitado.
Christofe (1996), em sua tese de doutorado sobre intertextualidade
e plágio, defende que nesses casos “esta necessidade faz com que
a intertextualidade implícita se realize de forma a possibilitar o
seu reconhecimento”. É o caso do seguinte exemplo apresentado
pela autora. Vejamos:
100  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

EXEMPLO:

FONTE ORIGINAL PARÓDIA


Canção do exílio Canção do exílio às avessas
Minha terra tem palmeiras, Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o Sabiá; Onde canta o curió
As aves que aqui gorjeiam, Não permita Deus que eu tenha
Não gorjeiam como lá. De voltar pra Maceió.
Nosso céu tem mais estrelas, Minha Dinda tem coqueiros
Nossas várzeas têm mais flores, Da Ilha de Marajó
Nossas flores têm mais vida, As aves, aqui, gorjeiam
Nossa vida mais amores. Não fazem cocoricó.
Em cismar, sozinho, à noite, O meu céu tem mais estrelas
Mais prazer encontro eu lá; Minha várzea tem mais cores.
Minha terra tem palmeiras, Este bosque reduzido
Onde canta o Sabiá. deve ter custado horrores.
Minha terra tem primores, E depois de tanta planta,
Que tais não encontro eu cá; Orquídea, fruta e cipó,
Em cismar – sozinho, à noite – Não permita Deus que eu tenha
Mais prazer encontro eu lá; De voltar pra Maceió.
Minha terra tem palmeiras,
Minha Dinda tem piscina,
Onde canta o Sabiá.
Heliporto e tem jardim
Não permita Deus que eu morra
feito pela Brasil’s Garden:
Sem que eu volte para lá;
Não foram pagos por mim.
Sem que desfrute os primores
Em cismar sozinho à noite
Que não encontro por cá;
sem gravata e paletó
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o Sabiá.
Onde canta o curió.
DIAS, Antonio Gonçalves. Canção do [...]
exílio [1843]. Disponível em: <http://
www.ufrgs.br/proin/versao_1/exilio/ SOARES, Jô. Canção do exílio às aves-
index01.html>. Acesso em: 22 abr. sas. Veja, São Paulo, no 1252, p. 15,
2010. 16 set. 2002.

Em nenhum momento o humorista atribui os créditos ao es-


critor original. Mas, neste caso, não existe a intencionalidade do
redator em dissimular a obra original pela falta do reconhecimento
da autoria. Não obstante, é condição do humor presente no texto
que o leitor espontaneamente reconheça que o texto apresentado
é uma representação do original.
NEM TUDO É PLÁGIO   101

Embora não haja a citação e referência na paródia, tampouco


há a intencionalidade de esconder o autor original. Pelo contrário,
o redator espera justamente que o leitor reconheça no texto apre-
sentado por ele o autor original, pois nisso consiste a brincadeira.

APROFUNDAMENTO
Não violação: a semelhança

Não existe na legislação internacional, ou em nossa história


legislativa, qualquer menção à imitação ou à semelhança
como forma de violação de direito autoral. A imitação, nas
leis destinadas à proteção da propriedade intelectual, é
apenas admitida pela legislação da propriedade industrial
tendo em vista o desvio de clientela.
Há uma única referência, indireta, na lei brasileira quanto
à imitação: é a feita pelo § único do art. 10o, relativamente
aos títulos, sendo a tônica a confundibilidade deles, dado o
possível desvio de clientela do suporte material. Mas título
é mero acessório de obra, e em relação a esta nenhuma
disposição há.
A não recepção por parte do legislador autoral do conceito
de imitação ou semelhança, que não se confunde, técnica
ou juridicamente com o conceito de cópia reside, em par-
te, na dificuldade de se separar o que é original do que é
comum, principalmente no caso de obras que partam das
mesmas ideias, dados, notícias, fatos, conceitos, sistemas
e métodos, e que dão origem a diferentes obras. Exempli-
ficando: a qualquer um é dado escrever literatura baseada
no triângulo amoroso ou nas diversas situações, trágicas ou
cômicas, decorrentes das lutas de classes sociais; ou de fazer
um filme épico, ou escrever sobre temas ou personagens
da História, ou produzir audiovisual ou narrativas sobre
o cotidiano dos animais ou das pessoas. Por isso, ninguém
deve deter um privilégio sobre esses temas ou referências,
102  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

mostrando a realidade que a convivência de semelhantes


no universo cultural, didático ou de entretenimento é sau-
dável e um grande suporte à liberdade de expressão. Fosse
outro o alcance da proteção, o direito autoral perderia sua
principal função que é a de estimular diversos (e não apenas
um) artistas, escritores, pintores a expressarem suas ideias
através de formas concretas, e delas retirar os frutos e os
rendimentos com exclusividade em relação às produções.
A realidade demonstra, também, que obras partindo de
semelhanças conceituais têm um resultado diferente umas
das outras, como consequência da contribuição, da óptica
ou da estética individual de cada escritor, artista, diretor ou
estudioso, que dá ensejo a obras distintas, mesmo partindo
de dados idênticos. O autor não inventa: cria a partir de
elementos já postos à sua disposição pela sociedade.
Essa não recepção reside, igualmente, na existência de
criações e produções simultâneas, oriundas de diferentes
locais e culturas, e muito semelhantes entre si. Como todos
os criadores de obras intelectuais lidam com elementos de
manifestação da cultura humana, a literatura, a música, a
arte pictórica, todas essas expressões culturais são digeridas
pelo artista, que as transforma segundo seu código próprio
de criação. E o resultado é, não raras vezes, muito próximo:
há diversas pinturas semelhantes, há músicas semelhantes,
algumas com compassos idênticos, há projetos arquitetônicos
semelhantes, há filmes com temática e cenas semelhantes, o
mesmo ocorrendo na literatura, no teatro, etc., sem que isso
signifique derivação, e sem que deixem de ser portadoras de
identidade própria. A todas essas obras, individualmente,
devem ser conferidas a proteção autoral, e todas podem
coexistir harmonicamente no mercado editorial, de discos,
livros, filmográfico ou radiodifundindo, sem que isso possa
ser entendido como violação aos direitos autorais recíprocos.
Inúmeras sequências de notas musicais são encontradas em
diferentes composições pelo mundo inteiro, sem que isso
NEM TUDO É PLÁGIO   103

seja empecilho à criação, divulgação e fruição dos autores.


A possibilidade de confusão entre obras do espírito é prati-
camente inexistente, porque a carga de elementos distinti-
vos, intrínsecos e extrínsecos, torna-as tão individualizadas
quanto os rostos e os corpos humanos.
Outro fundamento da ausência de imitação, como hipótese
de violação de direito autoral, reside no próprio mecanismo
do conhecimento. A imitação, em última análise, é a base do
processo de cognição: a criança aprende a falar imitando os
sons, os alunos aprendem imitando o pensamento ou a pes-
quisa de seus professores, os quais, por sua vez aprenderam
imitando outros. Proibir legalmente no plano autoral o que
se entende por imitação, conceito relativo e subjetivo, será
colocar nas mãos de poucos tudo aquilo que potencialmen-
te existe desde os primórdios da humanidade no intelecto
de cada ser humano, reduzindo-o à escravidão intelectual
e artística, ou a uma odiosa censura, afora o cerceamento
à liberdade de expressão e criação artísticas e ao próprio
aprendizado. Direito autoral é privilégio e não monopólio.

ABRÃO, Eliane Yachouh. Direitos de autor e direitos conexos.


São Paulo: Editora do Brasil, 2002. p. 160-161.
104  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

ATUALIDADES
Matéria publicada pela Revista Veja, em 2 de março de 2011,
apresenta alguns pontos de vista e informações relacionadas ao
plágio no meio acadêmico.

O plágio na era digital


ROBERTA LIMA DE ABREU
da Revista Veja
Por quase duas décadas, o doutor em bioquímica Andreimar
Soares, 45 anos, percorreu trajetória típica dos bem-sucedidos
no universo acadêmico. Publicou 115 artigos científicos, foi
laureado com prêmios, recebeu bolsas de estudos, orientou
e avaliou dezenas de estudantes de mestrado e doutorado
de todo o país. Também catedrático da Universidade de São
Paulo (USP), na semana passada ele viu sua reputação des-
moronar quando veio à luz a informação de que um de seus
trabalhos, publicado três anos atrás na prestigiada revista
Biochemical Pharmacology, trazia imagens e gráficos copiados
de outra obra científica. A própria ex-reitora da instituição,
Suely Vilela, teve participação na pesquisa, mas apenas num
trecho que, concluiu-se, não era fruto de usurpação de ideias
alheias. O caso, objeto de uma investigação da comissão de
ética da USP havia um ano, não só manchou para sempre um
currículo até então irretocável como custou ao acadêmico o
emprego na universidade. Diz o reitor João Grandino Rodas,
de quem veio a palavra final; “Que o castigo tenha um efeito
pedagógico para os demais, espantando a praga do plágio.”
[...]
Na academia, o plágio vem sendo objeto de discussão desde
o século XVIII, quando surgiu na Inglaterra a pioneira lei de
propriedade intelectual. Ao proteger a autoria das ideias, ela
proporcionava retorno financeiro, e por vezes renome, a seus
criadores. Fomentou-se assim a produção de conhecimento,
garantindo-se que cada obra funcionasse como uma etapa
NEM TUDO É PLÁGIO   105

numa cadeia de inovação bem maior. O conhecimento básico


persiste até hoje. Todos os casos de plágio em universidades
afrontam a lei de direitos autorais – e constituem, não há
dúvida, um ataque a um pilar sobre o qual se ancoram a
inventividade e o avanço do conhecimento. Conclui o jurista
Eduardo Ghiaroni Senna, especializado no assunto: “O plá-
gio é um desestímulo ao mérito e um entrave ao progresso
intelectual.”
Embora cause espanto devido às credenciais dos envolvidos, a
história protagonizada pelo professor da USP é mais comum
no Brasil do que se pode supor – e sua incidência só aumenta.
A razão diz respeito às mudanças recentes na própria forma
de conceber e divulgar o conhecimento, revolucionada pela
internet na década de 90 para cá. “O acesso fácil a todo tipo
de informação no computador, inclusive àquela de alto nível
acadêmico, tornou a reprodução de conteúdo uma operação
tão tentadora quanto trivial”, resume o professor de meto-
dologia científica Marcelo Krokoscz, hoje debruçado sobre o
tema. O caso da USP é emblemático do fenômeno: a fraude
materializou-se justamente porque as imagens surrupiadas,
captadas por um microscópio, circulavam livremente na rede,
com qualidade suficiente para proporcionar uma boa cópia.
É algo que se alastra desde a graduação até o panteão dos
cientistas de mais alta estirpe. Uma tendência para a qual uma
pesquisa recente, de abrangência nacional, deu os primeiros
números. Sob o comando do especialista Pedro Luengo,
foram ouvidos 585 professores universitários. Indagados
sobre se já haviam flagrado casos de cópia de conteúdo feita
por alunos, 82% deram resposta afirmativa. Um número
espantoso, até porque está subestimado. Parte do plágio,
afinal, passa incólume aos olhos mais desatentos. A situação
no Brasil ecoa, em graus bastante semelhantes, o que ocorre
no cenário internacional. Um dos maiores levantamentos já
feitos acerca do tema, conduzido pela instituição The Center
for Academic Integrity (que reúne centenas de universidades
106  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

americanas), trouxe à tona o ponto de vista dos alunos. É


estarrecedor. Quase 80% dos entrevistados admitem já ter
copiado obras alheias pelo menos uma vez na vida, sem se
preocupar em citar a fonte.
O combate à prática, que já começa a tomar corpo em
universidades estrangeiras, é ainda incipiente no Brasil.
Algumas das melhores instituições de ensino superior do
mundo, como as inglesas Oxford e Cambridge e o americano
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), deram a
partida na caça aos plagiadores com uma iniciativa simples,
mas decisiva: elas definem, com regras claras e amplamente
difundidas entre alunos e professores, o conceito de cópia
e suas punições. Não raro, até exigem dos estudantes que
assinem um termo em que eles se comprometem a não
incorrer no erro. Citações de textos e ideias de outrem, só
com o devido crédito. Essas instituições também já usam
softwares feitos para atestar a originalidade dos trabalhos,
vasculhando a rede em busca de eventuais cópias – sistema
recém-implantado no Brasil pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) e pela Universidade Anhembi Morumbi. “Combater o
plágio é trabalho que exige disciplina e persistência”, afirma
o diretor do programa de ética em pesquisa da Universidade
de Michigan, Nicholas Steneck.
Todas as iniciativas serão inócuas se não se atentar para
um fator pouco comentado, porém determinante para que
o plágio se dissemine – o despreparo dos professores para
as novas demandas do mundo digital. Explica o especialista
Ryon Braga: “O acesso universal à informação exige outro
tipo de professor, capaz de formular desafios intelectuais mais
elaborados, que impossibilitem a cópia literal.” O momento
deve ser encarado como uma chance de deixar a zona da
mediocridade onde a cópia prolifera. Em casos extremos,
pasmem-se, alunos chegam até a pagar por trabalhos e teses
acadêmicas já prontas, modalidade de plágio que cresce no
Brasil junto com a própria inépcia do ensino – e é também
NEM TUDO É PLÁGIO   107

impulsionada pela internet [...]. Enquanto os educadores


fracassarem na tarefa de transformar a rede numa ferra-
menta em prol do aprendizado, será impossível eliminar
definitivamente a transcrição cega e acrítica de textos que
tanto assola as salas de aula.

LIMA, Roberta de Abreu. O plágio na era digital. Veja, São Pau-


lo, v. 44, n. 9, p. 100-104, 2 mar. 2011.

REFLEXÃO

1. Qual é a sua opinião em relação à ideia de que sanções duras


aplicadas ao plagiário podem ter um efeito educativo e pre-
ventivo em relação a outros casos?
2. Como você se posiciona em relação à seguinte ideia de Eliane
Yachouh Abrão, autora do texto “Direitos de autor e direitos
conexos”: direito autoral é privilégio e não monopólio.
6

Exercícios

6.1  TESTE SEUS CONHECIMENTOS SOBRE O PLÁGIO

Depois dos estudos e informações dadas em relação ao plágio,


neste capítulo é apresentada uma lista de exercícios sobre o assunto.
Alguns dos exercícios apresentados constam do website <www.
plagio.net.br>, que foi produzido e é mantido pelo mesmo autor
deste livro. Mas a maioria dos testes a seguir foi extraída literalmente
de universidades internacionais e foi traduzida para o português
pelo próprio autor deste manual. As referências das fontes citadas
foram adaptadas de acordo com as diretrizes da Norma 6023 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002a).
A utilização das mesmas questões visa compartilhar com a
comunidade brasileira as indagações sobre o plágio que são feitas
pelas instituições de ensino estrangeiras permitindo que se constate
os aspectos que em geral são considerados por elas importantes
sobre o problema.
A interação com estas questões também possibilita ao inte-
ressado brasileiro avaliar seus conhecimentos sobre o assunto no
mesmo nível em que as pessoas de outros países são avaliadas.
É importante destacar que essa avaliação tem um caráter diag-
nóstico cuja finalidade fundamental é permitir que o respondente
EXERCÍCIOS   109

reconheça as próprias dificuldades relacionadas à identificação,


ocorrência e prevenção do plágio.
Por esse motivo, depois da lista de exercícios, este manual traz
também a resolução comentada de todas as questões, permitindo
assim que este teste seja mais uma oportunidade de aprendizagem.
Boa sorte!

1. Comente a seguinte afirmação: “Plágio é usar as ideias e as


palavras de alguém como se fossem próprias sem citar a obra
original” (PENN STATE UNIVERSITY, 2002).
2. Comente a seguinte afirmação: “Conteúdo da Internet é livre
para ser usado sem reconhecimento da fonte” (UNIVERSITY
OF EAST ANGLIA, [2011]).
3. “As afirmativas a seguir descrevem uma série de práticas re-
lacionadas ao plágio. Qual das alternativas não caracteriza
ocorrência de plágio?” (UNIVERSITY OF OXFORD, [2011]).
(A) Copiar um parágrafo na íntegra de uma fonte sem qualquer
atribuição de créditos.
(B) Copiar um parágrafo e fazer pequenas alterações (por
exemplo, substituir alguns verbos, substituindo um adje-
tivo por um sinônimo). A fonte é dada nas referências.
(C) Cortar e colar um parágrafo usando algumas frases do
original, mas omitir uma ou duas outras. Colocar uma ou
duas frases em uma ordem diferente, sem aspas; no final
do texto é indicado o autor, por exemplo (JONES, 1999)
além de inclusão na lista de referências.
(D) Compor um parágrafo tomando frases curtas de 10 a 15
palavras de um número diferente de fontes e colocá-las
juntas, acrescentando algumas palavras de sua preferência
para dar coerência ao texto; todas as fontes consultadas
são incluídas na lista de referências.
(E) Citar um parágrafo, colocando-o entre aspas, com a fonte
citada no texto e identificada na lista de referências.
110  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

(Este teste foi desenvolvido por Jude Carroll da Oxford Brookes


University e é baseado em um exercício do “Academic writing
for graduate students”, J. M. Swales e C. B. Feak, University of
Michigan, 1993.)
4. Comente a seguinte afirmação: “Fazer a referência incorreta de
informações que eu uso é plágio” (PENN STATE UNIVERSITY,
2002).
5. Analise a seguinte situação e comente se ela pode ser caracteri-
zada como plágio. “Inglês é a segunda língua de Fernando. Ele
é um orador fluente, mas quer melhorar a sua escrita em Inglês.
Então ele pede a Emily, uma amiga britânica, para verificar a
revisão de literatura que é escrita como parte de uma tarefa.
Emily verifica a revisão e passa algum tempo com Fernando
explicando seus erros e trabalhando com ele para melhorar a
escrita dele em Inglês. Depois, Fernando fica muito satisfeito,
e refaz completamente seu trabalho. Contudo depois ele fica
preocupado com a possibilidade de ter trapaceado... Isto é
exemplo de plágio?” (UNIVERSITY OF ESSEX, 2010).
6. “Qual dos seguintes tipos de fontes devem ser reconhecidas
(citadas/referenciadas). Marque todas as alternativas que se
aplicam” (CLARK COLLEGE, 2010).
(A) Informações disponíveis em uma variedade de livros di-
dáticos e enciclopédias gerais.
(B) Citações diretas, paráfrases e resumos, suposições discu-
tíveis.
(C) Conhecimento comum.
(D) Imagens, fotos, gráficos, quadros, tabelas e estatísticas.
(E) Suas próprias ideias, descobertas e raciocínios.
7. Comente a seguinte afirmação: “Conhecimento comum (fatos
que podem ser encontrados em uma variedade de fontes e que
muitas pessoas sabem) não precisam ser citados” (WAYNE
STATE UNIVERSITY, 2011).
8. Comente a seguinte afirmação: “Se você ler sobre uma teoria
ou descoberta, e então reescrever isto com suas próprias pa-
EXERCÍCIOS   111

lavras, traduzindo, resumindo, ou parafraseando, você ainda


tem que fazer referência da fonte” (UNIVERSITY OF EAST
ANGLIA, [2011]).
9. Comente a seguinte afirmação: “Usar algumas frases de um
artigo e misturá-las com suas próprias palavras, não é plágio”
(THE UNIVERSITY OF SOUTHERN MISSISSIPPI, [2011]).
10. Comente a seguinte afirmação: “É aceitável voltar a usar con-
teúdo de um de seus próprios textos que você apresentou sobre
tópico semelhante em outra situação – você não pode plagiar
a si mesmo” (UNIVERSITY OF EAST ANGLIA, [2011]).
11. Comente a seguinte afirmação: “Copiar e colar da Internet pode
ser feito sem citar a página eletrônica porque tudo na Internet
é de conhecimento comum e pode ser usado sem citação” (THE
UNIVERSITY OF SOUTHERN MISSISSIPPI, [2011]).
12. Comente a seguinte afirmação: “Se eu utilizar alguma coisa da
Internet e mudar apenas algumas palavras e frases, eu posso
usar estas informações em atividades do curso como se fossem
minhas” (PENN STATE UNIVERSITY, 2002).
13. Comente a seguinte afirmação: “Você não precisa fazer refe-
rência a algo que é de conhecimento comum” (UNIVERSITY
OF EAST ANGLIA, [2011]).
14. Analise a seguinte situação e comente se ela pode ser carac-
terizada como plágio: “Meu marido/esposa/pai/filho/amigo
– ou outros – ajudou-me em um trabalho acadêmico. Ela/ele
escreveu ou reescreveu parte ou a totalidade do trabalho a fim
de torná-lo mais interessante, com mais autoridade ou ‘mais
elegante’. Isto não configura plágio, pois eu simplesmente
contei com uma ajuda” (WAYNE STATE UNIVERSITY, 2011).
15. Comente a seguinte afirmação: “Você não tem que citar pro-
vérbios famosos porque eles são do conhecimento comum”
(THE UNIVERSITY OF SOUTHERN MISSISSIPPI, [2011]).
16. “Leia a frase a seguir e decida se neste caso há necessidade
de citação da fonte ou não: Um estudo recente concluiu que
a temperatura global aumentou 0,6º C nos últimos 100 anos”
(CLARK COLLEGE, 2010). Comente sua escolha.
112  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

17. Comente a seguinte afirmação: “Quando você resume um


bloco de texto de outro trabalho, fazer a referência da fonte
no final do seu trabalho é suficiente” (THE UNIVERSITY OF
SOUTHERN MISSISSIPPI, [2011]).
18. “No caso abaixo, a fonte original é dada ao lado de um exemplo
de trabalho de estudante. Determine o tipo de plágio ocorrido
escolhendo uma das alternativas” (INDIANA UNIVERSITY,
2005).

CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

The philosophical position known as Does knowledge exist outside of, or


constructivism views knowledge as separate from, the individual who
a human construction. The various knows? Constructivists hold that hu-
perspectives within constructivism are man knowledge, whether the bodies
based on the premise that knowledge is of content in public disciplines (such
not part of an objective, external reality as mathematics or sociology) or knowl-
that is separate from the individual. edge of the individual learner; is a
Instead, human knowledge, whether the human construction (Gredler, 2001).
bodies of content in public disciplines
(such as mathematics or sociology) or
knowledge of the individual learner; is a
human construction.

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
A posição filosófica conhecida como Será que o conhecimento existe
construtivismo enxerga o conhecimento fora, ou separado, do indivíduo que
como uma construção humana. As conhece? Construtivistas afirmam
diversas perspectivas dentro do cons- que o conhecimento humano, sendo o
trutivismo são baseadas na premissa conjunto de conteúdos de disciplinas
de que o conhecimento não é parte (como a matemática ou a sociologia)
de uma realidade externa, objetiva, ou o conhecimento individual de um
que é separada do indivíduo. Em vez aluno, é uma construção humana
disso, o conhecimento humano, sendo (GREDLER, 2001).
o conjunto de conteúdos de disciplinas
(como a matemática ou a sociologia) ou
o conhecimento individual de um aluno,
é uma construção humana.

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
GREDLER, M. E. Learning and instruc- GREDLER, M. E. Learning and instruc-
tion: theory into practice. 4th ed. Upper tion: theory into practice. 4th ed. Upper
Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2001. Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2001.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
EXERCÍCIOS   113

(A) Plágio direto.


(B) Plágio indireto.
(C) Isto não é plágio.
Justifique a sua escolha:
19. Comente a seguinte afirmação: “A data do aniversário de Geor-
ge Washington é de conhecimento comum o que significa que
você não tem que citar a fonte em que você encontrou” (THE
UNIVERSITY OF SOUTHERN MISSISSIPPI, [2011]).
20. “Duas das seguintes afirmativas são verdadeiras. Quais?”
(CLARK COLLEGE, 2010)
(A) A citação bibliográfica é uma breve informação sobre uma
fonte que vai no corpo do trabalho, ao lado de onde você
usa a informação.
(B) Você pode desenvolver seu próprio estilo para escrever
citações bibliográficas.
(C) A citação bibliográfica fornece informações completas
sobre uma fonte.
(D) A lista de uma ou mais citações bibliográficas é muitas
vezes chamada de Bibliografia, Referências Bibliográficas
ou Referências.
21. Comente a seguinte afirmação: “Se alguém disse alguma coisa
em uma palestra ou na TV, eu não tenho que citá-lo porque não
é algo que está escrito” (PENN STATE UNIVERSITY, 2002).
22. Comente a seguinte afirmação: “Você pode comprar um tra-
balho acadêmico de uma empresa da internet e apresentá-lo
como se fosse fruto de seu próprio trabalho, desde que você
assine um contrato com o serviço online” (CLARK COLLEGE,
2010).
23. Analise o quadro abaixo extraído integralmente do site Plagio.
Net (2011) e assinale uma das alternativas.
114  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

TEXTO ORIGINAL (AUTOR) TEXTO DO ALUNO (REDATOR)


Uma das características da ciência, Uma das características da ciência
que permite organizar, comparar seus é a utilização de um método para se
enunciados, testar suas verdades, é a chegar à verdade. O método científico
existência de um método. A ciência tem corresponde a uma série de etapas que
um conjunto de procedimentos organi- devem ser seguidas pelo pesquisador
zados para obter, compilar, relacionar e durante o processo de investigação.
testar seus resultados.
REFERÊNCIA:
LUNGARZO, Carlos. O que é ciência. 6.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1997. p. 42
(Primeiros Passos).

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto (cópia literal).
(B) Plágio indireto (texto de um autor reescrito pelo redator).
(C) Não é plágio.
Justifique sua escolha.
24. Comente a seguinte afirmação: “Se eu mudar algumas palavras
dentro de uma parte do texto original e depois usar isso em
meu trabalho estou parafraseando e não plagiando” (WAYNE
STATE UNIVERSITY, 2011).
25. “Entre as seguintes afirmativas, qual delas NÃO requer o uso de
reconhecimento da fonte original” (CLARK COLLEGE, 2010):
(A) Uma citação literal do The New York Times on-line sobre
recuperação econômica;
(B) Uma fotografia de Rosa Parks que você encontrou no
“Mulheres da História Mundial: um dicionário biográfico.”
(C) Um parágrafo que você escreveu resume informações de
um artigo da Newsweek sobre bioengenharia de alimentos.
(D) Uma lista das três coisas mais importantes que você acha
que os alunos podem fazer para ter sucesso na faculdade.
EXERCÍCIOS   115

26. Comente a seguinte afirmação: “Está certo plagiar se eu não


for pego, pois isto é algo que afeta apenas a mim e não aos
outros” (PENN STATE UNIVERSITY, 2002).
27. “No caso abaixo, a fonte original é dada ao lado de um exemplo
de trabalho de estudante. Determine o tipo de plágio ocorrido
escolhendo uma das alternativas” (INDIANA UNIVERSITY,
2005).
CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

The concept of systems is really quite Systems, including both business


simple. The basic idea is that a system has systems, and educational systems,
parts that fit together to make a whole; but are actually very simple. The main
where it gets complicated – and interes- idea is that systems have parts
ting – is how those parts are connected or that fit together to make a whole.
related to each other. There are many kinds What is interesting is how those
of systems: government systems, health sys- parts are connected together.
tems, military systems, business systems,
and educational systems, to name a few.

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
O conceito de sistemas é realmente muito Sistemas, incluindo sistemas de
simples. A ideia básica é que um sistema negócios e sistemas de ensino,
tem partes que se encaixam para formar são realmente muito simples. A
um todo; mas o que fica complicado – e inte- ideia principal é que os sistemas
ressante – é a forma como essas partes são têm peças que se encaixam para
conectadas ou relacionadas umas às outras. formar um todo. O que é interes-
Existem muitos tipos de sistemas: sistemas sante é como essas partes estão
de governo, sistemas de saúde, sistemas conectadas entre si.
militares, sistemas de negócios e sistemas
de ensino, para citar alguns.

REFERÊNCIA:
FRICK, T. Restructuring education through
technology. Bloomington: Phi Delta Kappa
Educational Foundation, 1991.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Isto não é plágio.
Justifique sua escolha.
116  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

28. “Leia a frase a seguir e decida se neste caso há necessidade


de citação da fonte ou não: Em minha opinião as pessoas per-
manecem dependentes do petróleo porque a maioria de nós
não estamos dispostos a mudar nossos hábitos e nosso modo
de vida” (CLARK COLLEGE, 2010).
29. Analise a seguinte situação e comente se ela pode ser caracte-
rizada como plágio: “Trevor adora esporte e passa todo o fim
de semana jogando futebol com seus amigos. Ele não apro-
veita o tempo para escrever o trabalho que deve ser entregue
na segunda-feira. No domingo à noite ele finalmente se senta
para escrever, mas depois de uma hora percebe que não terá
tempo suficiente para terminá-lo. Trevor entra em pânico e
decide comprar um trabalho feito por outra pessoa. Ele não
quer cometer plágio, então ele mistura partes do trabalho
comprado com o trabalho que ele escreveu. Isto é exemplo de
plágio?” (UNIVERSITY OF ESSEX, 2010).
30. “No caso a seguir, a fonte original é dada ao lado de um exemplo
de trabalho de estudante. Determine o tipo de plágio ocorrido
escolhendo uma das alternativas” (INDIANA UNIVERSITY,
2005).
EXERCÍCIOS   117

CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

Learning is a complex set of processes A learning theory is made up of a


that may vary according to the develop- set of constructs linking observed
mental level of the learner, the nature changes in performance with what-
of the task, and the context in which the ever is thought to bring about those
learning is to occur. As already indicated, changes. Therefore since learning is
no one theory can capture all the vari- a complex set of processes that may
ables involved in learning. vary according to the developmental
level of the learner, the nature of the
task, and the context in which the
learning is to occur, it is apparent
that no one theory can capture all the
variables involved in learning.

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
Aprendizagem é um conjunto complexo A teoria de aprendizagem é compos-
de processos que podem variar de acordo ta de um conjunto de construções
com o nível de desenvolvimento do que liga as mudanças observadas no
aluno, a natureza da tarefa e do contexto desempenho com o que é pensa-
em que a aprendizagem deve ocorrer. do para trazer essas mudanças.
Como já indicado, nenhuma teoria pode Portanto, visto que o aprendizado é
capturar todas as variáveis ​​envolvidas na um conjunto complexo de processos
aprendizagem. que podem variar de acordo com o
nível de desenvolvimento do aluno, a
REFERÊNCIA: natureza da tarefa e do contexto em
GREDLER, M. E. Learning and instruc- que a aprendizagem deve ocorrer, é
tion: theory into practice. 4th ed. Upper evidente que nenhuma teoria pode
Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2001. capturar todas as variáveis envolvi-
das na aprendizagem.

A learning theory, there, comprises a set


of constructs linking observed changes in
performance with what is thought to bring
about those changes.

TRADUÇÃO
A teoria da aprendizagem, ali, compreen-
de um conjunto de construções que liga
as mudanças observadas no desempe-
nho com o que é pensado para trazer
essas mudanças.

REFERÊNCIA:
DRISCOLL, M. P. Psychology of learning
for instruction. 2nd ed. Needham Hei-
ghts, MA: Allyn & Bacon, 2000.
118  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante anterior?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Isto não é plágio.
Justifique sua escolha.
31. Analise a seguinte situação e comente se ela pode ser caracte-
rizada como plágio: “Ping é um afincado estudante de Ciência
da Computação. Ele passa muito tempo trabalhando em seu
projeto do último ano e tenta incluir o maior número de refe-
rências eruditas de periódicos e livros os quais ele encontra.
Ele garante que sempre que usa uma citação a coloca entre
aspas. Mas ele está tão envolvido em seu trabalho e muitas das
citações incluídas ele esqueceu de onde muitas delas vieram.
Ele não manteve um registro completo de suas fontes e não
tem tempo para procurá-los, por isso ele deixa muitas de suas
citações sem crédito e decide não incluir uma bibliografia ou
lista de referências no final do seu projeto. Isto é um exemplo
de plágio?” (UNIVERSITY OF ESSEX, 2010).
32. “No caso abaixo, a fonte original é dada ao lado de um exemplo
de trabalho de estudante. Determine o tipo de plágio ocorrido
escolhendo uma das alternativas” (INDIANA UNIVERSITY,
2005).

CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

There is a design methodology called Rapid prototyping could be an advan-


rapid prototyping, which has been used tageous methodology for developing
successfully in software engineering. innovative computer-based instruction
Given similarities between software de- (TRIPP; BICHELMEYER, 1990).
sign and instructional design, we argue
that rapid prototyping is a viable method
for instructional design, especially for
computer-based instruction.
EXERCÍCIOS   119

CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
Existe uma metodologia de projeto cha- A rápida construção de protótipos
mado de prototipagem rápida, que tem pode ser uma metodologia vantajosa
sido usado com sucesso em engenharia para o desenvolvimento de instrução
de software. Dadas as semelhanças inovadora baseada em computador
entre o design de software e design ins- (TRIPP; BICHELMEYER, 1990).
trucional, argumentamos que a prototi-
pagem rápida é um método viável para o
design instrucional, especialmente para
instrução baseada em computador.

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
TRIPP, S. D.; BICHELMEYER, B. A. Rapid TRIPP, S. D.; BICHELMEYER, B. A.
prototyping: an alternative instructional Rapid prototyping: an alternative
design strategy. Educational Technology instructional design strategy. Edu-
Research and Development, Washing- cational Technology Research and
ton, v. 38, n. 1, p. 31-44, 1990. Development, Washington, v. 38, n. 1,
p. 31-44, 1990.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Isto não é plágio.
Justifique sua escolha.
33. Analise a seguinte situação e comente se ela pode ser caracte-
rizada como plágio: “Jack corta-e-cola trechos de documentos
da Internet em seu trabalho de Direito. Na lista de referências
ele inclui todos os endereços eletrônicos dos quais ele extraiu
partes do texto, mas não usa aspas ou citações para deixar claro
exatamente quais partes do seu trabalho foram copiadas de
uma fonte externa. Isto é exemplo de plágio?” (UNIVERSITY
OF ESSEX, 2010).
34. “No caso a seguir, a fonte original é dada ao lado de um exemplo
de trabalho de estudante. Determine o tipo de plágio ocorrido
escolhendo uma das alternativas” (INDIANA UNIVERSITY,
2005).
120  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

The study of learning derives from es- The study of learning derives from
sentially two sources. Because learning essentially two sources. The first con-
involves the acquisition of knowledge, the cerns the nature of knowledge and
first concerns the nature of knowledge how we come to know things. The
and how we come to know things... The second source concerns the nature
second source in which modern learning and representation of mental life.
theory is rooted concerns the nature and
representation of mental life.

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
O estudo da aprendizagem deriva, O estudo da aprendizagem deriva,
essencialmente, de duas fontes. Como essencialmente, de duas fontes. A
o aprendizado envolve a aquisição de primeira diz respeito à natureza do
conhecimentos, a primeira diz respeito à conhecimento e como chegamos a
natureza do conhecimento e como che- conhecer as coisas. A segunda fonte
gamos a conhecer as coisas... A segunda diz respeito à natureza e representa-
fonte, na qual a teoria da aprendizagem ção da vida mental.
moderna está enraizada, diz respeito à
natureza e representação da vida mental.

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
DRISCOLL, M. P. Psychology of learn- DRISCOLL, M. P. Psychology of lear-
ing for instruction. 2nd ed. Needham ning for instruction. 2nd ed. Need-
Heights, MA: Allyn & Bacon, 2000. ham Heights, MA: Allyn & Bacon,
2000.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Isto não é plágio.
Justifique sua escolha.
EXERCÍCIOS   121

35. Analise o quadro a seguir extraído integralmente do site Plagio.


Net (2011) e assinale uma das alternativas.

TEXTO ORIGINAL (AUTOR) TEXTO DO ALUNO (REDATOR)

Meu nome é Albert Einstein – disse A Teoria da Relatividade Restrita foi


baixinho. – Trago... bem, trago um apresentada por Albert Einstein para
trabalho talvez de um filósofo perdido publicação com simplicidade e até
em sofisticações e em teorias incompre- pode-se presumir, pouca pretensão.
ensíveis. Ou talvez – sorriu novamente Entretanto, naquele texto estavam
debaixo dos bigodes pretos – ou talvez contidas a explicação teórica da agita-
de um homem que gosta de brincar à ção de partículas minúsculas, a teoria
custa da física. Assim foi apresentada, eletromagnética da luz e outra teoria
trezentos anos depois de Newton, a deduzindo a célebre equação
Teoria da Relatividade Restrita, contendo E = Mc2, identificando matéria
ainda de quebra a explicação teórica (massa) e energia como grandezas de
da agitação de partículas minúsculas, mesma natureza.
como o pólen, no meio de um líquido em
completo repouso (movimento brownia-
no); a teoria eletromagnética da luz com
um novo conceito, o fóton (partícula de
energia a deslocar-se com o movimento
ondulatório, o que vinha a explicar o efei-
to fotoelétrico); e outra teoria deduzindo
a célebre equação E = Mc2, identificando
matéria (massa) e energia como grande-
zas de mesma natureza.

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
GAROZZO, Filippo. Albert Einstein. GAROZZO, Filippo. Albert Einstein.
São Paulo: Editora Três, 1974. p. 75. São Paulo: Editora Três, 1974.
(Coleção Os homens que mudaram a (Coleção Os homens que mudaram a
humanidade). humanidade).

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto (cópia literal).
(B) Plágio indireto (texto de um autor reescrito pelo redator).
(C) Não é plágio.
Justifique sua escolha.
122  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

36. Analise o exemplo a seguir adaptado de exercício da Harvard


University (2011):

FONTE 1 FONTE 2
An episode of Scrubs off a DVD (without Indeed, of the more than 3500 hours
commercials) is only 22 minutes long. A of instruction during medical school,
22-minute episode followed by a 5-minute an average of less than 60 hours are
break and a 22-minute discussion will be devoted to all of bioethics, health law
more engaging and more memorable to and health economics combined.
the students than a lecture… Most of the instruction is during the
One need not agree with all elements of preclinical courses, leaving very little
the story for it to have educational value. instructional time when students are
What is accurate and what is inaccurate experiencing bioethical or legal chal-
are grist for a good discussion, and encou- lenges during their hands-on, clinical
rages student participation more than any training. More than 60 percent of the
article that just tells them what to believe. instructors in bioethics, health law,
Furthermore, watching people and hearing and health economics have not pu-
their voices provide much better tests of blished since 1990 on the topic they
clinical skills of observation than merely are teaching.
reading words on a page. One must see a
patient’s body language and hear her tone
of voice in order to learn how to observe
(or how to hone one’s skills).
TRADUÇÃO TRADUÇÃO
Um episódio de Scrubs tirado de um DVD De fato, das mais de 3.500 horas de
(sem comerciais) tem apenas 22 minutos aulas durante o curso de medicina,
de duração. A apresentação de um uma média de menos de 60 horas são
episódio de 22 minutos seguido por um dedicadas para toda bioética, a legis-
intervalo de 5 minutos e uma discussão de lação de saúde e economia da saúde
22 minutos será mais envolvente e mais combinados. A maioria das aulas é du-
memorável para os alunos do que uma rante os cursos pré-clínicos, deixando
aula ... muito pouco tempo de ensino, quando
Não é preciso concordar com todos os os alunos estão enfrentando os de-
elementos da história para que tenha valor safios da bioética ou jurídica durante
educativo. O que é exato e o que é impreci- sua prática de treinamento clínico.
so são munição para uma boa discussão e Mais de 60 por cento dos instrutores
incentivam a participação dos alunos mais em bioética, direito, saúde e economia
do que qualquer artigo que apenas diz- da saúde não publicam desde 1990
-lhes em que acreditar. Além disso, assistir sobre o tema que estão ensinando.
as pessoas e ouvir suas vozes subsidiam
muito melhor testes de habilidades clíni-
cas de observação do que simplesmente
ler palavras em uma página. É preciso ver
a linguagem corporal do paciente e ouvir
seu tom de voz, a fim de aprender a como
observar (ou como aprimorar as habilida-
des de cada um).
EXERCÍCIOS   123

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
SPIKE, Jeffrey. Television viewing and ethi- PERSAD, G. C. et al. The current state
cal reasoning: why watching Scrubs does a of medical school education in bioe-
better job than most bioethics classes. The thics, health law, and health econom-
American Journal of Bioethics, Philadel- ics. Journal of Law, Medicine and
phia, v. 8, n. 12, p. 11-13, Dec. 2008. Ethics, Boston, v. 36, n. 1, p. 89-94,
Spring 2008.
VERSÃO COM PLÁGIO
In order to advocate the use of the sitcom Scrubs as part of the medical education
system, it is also important to look at the current bioethical curriculum. Medical
school curriculum does not focus adequately on the moral issues that doctors face
in the clinic. In fact, in more than 3500 hours of training that students undergo
in medical school, only about 60 hours are focused on bioethics, health law, and
health economics. It is also problematic that students receive this training before
they actually go on to their hands-on, clinical training (Persad et al, 2008). Most of
these hours are taught by instructors without current publications in the field.
By watching episodes of Scrubs, however, medical students would have the chance
to watch people and hear their voices, providing a much better test of clinical skills
of observation than you can get from reading words on a page. One must see a
patient’s body language and hear her tone of voice if one is to become a better
observer, and watching the patients on television would provide a good opportunity
for medical students to do so. Perhaps even more significantly, medical students
would be introduced to certain issues, and while the experiences may not be their
own, they would be effective in helping them to understand those experiences as
they empathize with the characters.

TRADUÇÃO
A fim de defender o uso do sitcom Scrubs como parte do sistema de educação
médica, também é importante olhar para o currículo atual de bioética. Os currículos
das escolas de medicina não se concentram de forma adequada sobre as questões
morais que os médicos enfrentam na clínica. De fato, em mais de 3500 horas de
formação que os estudantes submetem-se na escola de medicina, apenas cerca de
60 horas se concentram em bioética, direito, saúde e economia da saúde. Também
é problemático que os estudantes recebam esse treinamento antes de realmente
irem para a prática na formação clínica (PERSAD et al., 2008). A maior parte destas
horas é ministrada por instrutores sem publicações atuais na área.
Assistindo episódios de Scrubs, no entanto, estudantes de medicina teriam a chan-
ce de observar as pessoas e ouvirem suas vozes, proporcionando um teste muito
melhor de habilidades clínicas de observação do que você pode obter a partir da lei-
tura de palavras em uma página. Se é preciso ver a linguagem corporal do paciente
e ouvir seu tom de voz para se tornar um melhor observador, assistir os pacientes
na televisão seria uma boa oportunidade para estudantes de medicina fazerem isto.
Talvez ainda mais significativamente, estudantes de medicina seriam introduzidos
a certas questões e enquanto não pudessem ter suas próprias experiências, eles
seriam eficazes para ajudá-los a entender essas experiências por meio da empatia
com os personagens.
124  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

REFERÊNCIA:
PERSAD, G. C. et al. The current state of medical school education in bioethics,
health law, and health economics. Journal of Law, Medicine and Ethics, Boston, v.
36, n. 1, p. 89-94, Spring 2008.

Qual foi o tipo de plágio ocorrido na versão do estudante?


Explique.
37. Analise o quadro abaixo extraído integralmente do site Plagio.
Net (2011) e assinale uma das alternativas.
FONTE ORIGINAL 1 FONTE ORIGINAL 2
É certo que o conhecimento do senso A aprendizagem da ciência é um pro-
comum tende a ser um conhecimento cesso de desenvolvimento progressivo
mistificado e mistificador mas, apesar do senso comum. Só podemos ensinar
disso e apesar de ser conservador, tem e aprender partindo do senso comum
uma dimensão utópica e libertadora que de que o aprendiz dispõe.
pode ser ampliada através do diálogo
com o conhecimento científico.
REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
SANTOS, Boaventura de Souza. Um dis- ALVES, Rubem. Filosofia da ciência:
curso sobre as ciências. 7. ed. Porto: introdução ao jogo e as suas regras. 7.
Afrontamento, 1995. p. 21. ed. São Paulo: Loyola, 2003. p. 12.

VERSÃO DO ESTUDANTE
Apesar de o senso comum ser uma forma de conhecimento com características
diferentes da ciência, pode-se reconhecer que a sua visão de mundo utópica e
libertadora podem ser pontos de partida para o desenvolvimento da aprendizagem
científica (ALVES, 2003; SANTOS, 1995).
REFERÊNCIAS:
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e as suas regras. 7. ed. São
Paulo: Loyola, 2003.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. Porto: Afron-
tamento, 1995.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto (cópia literal).
(B) Plágio indireto (texto de um autor reescrito pelo redator).
(C) Não é plágio.
Justifique sua escolha.
EXERCÍCIOS   125

38. “No caso abaixo, a fonte original é dada ao lado de um exemplo


de trabalho de estudante. Determine o tipo de plágio ocorrido
escolhendo uma das alternativas” (INDIANA UNIVERSITY, 2005).
CONTEÚDO DA FONTE ORIGINAL VERSÃO DO ESTUDANTE

Major changes within organizations are When major changes are initiated in
usually initiated by those who are in organizations, “[...] there is often the
power. Such decision-makers sponsor implicit assumption that training will
the change and then appoint someone ‘solve the problem.’ And, indeed, train-
else – perhaps the director of training ing may solve part of the problem.”
– to be responsible for implementing (DORMANT, 1986, p. 238).
and managing change. Whether the
appointed change agent is in training
development or not, there is often the
implicit assumption that training will
“solve the problem.” And, indeed, train-
ing may solve part of the problem.... The
result is that potentially effective innova-
tions suffer misuse, or even no use, in
the hands of uncommitted users.

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
Grandes mudanças dentro das orga- Quando grandes mudanças são inicia-
nizações são geralmente iniciadas das nas organizações, “[...] frequen-
por aqueles que estão no poder. Tais temente há o pressuposto implícito
tomadores de decisão promovem a de que o treinamento irá “resolver o
mudança e então designam alguém – problema”. E, de fato, o treinamento
talvez o diretor de treinamento – para pode resolver parte do problema... “
ser responsável pela implementação (DORMANT, 1986, p. 238).
e gestão da mudança. Se o agente de
mudança designado está desenvolven-
do treinamento ou não, frequentemente
há o pressuposto implícito de que o
treinamento irá “resolver o problema”.
E, de fato, o treinamento pode resolver
parte do problema... O resultado é que
as inovações potencialmente eficazes
são mal empregadas, ou até mesmo
não são empregadas, por usuários
descomprometidos.

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
DORMANT, D. The ABCDs of managing DORMANT, D. The ABCDs of managing
change. In: INTRODUCTION to perfor- change. In: INTRODUCTION to perfor-
mance technology. Washington, D.C.: mance technology. Washington, D.C.:
National Society of Performance and National Society of Performance and
Instruction, 1986. v. 1, p. 238-256. Instruction, 1986. v. 1, p. 238-256.
126  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante anterior?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Isto não é plágio.
Justifique sua escolha.
39. Analise o quadro a seguir extraído integralmente do site Plagio.
Net (2011). É apresentado um fragmento de texto como fonte
original e amostras do mesmo texto utilizado em um trabalho
de aluno:
TEXTO ORIGINAL

Para que a empresa seja socialmente responsável, deve incluir em suas políticas
objetivos e compromissos que envolvam desde a utilização de materiais que não
agridam o meio ambiente até a preocupação com o ser humano, seja ele integran-
te de seu público interno, pertencente à comunidade ou ao público consumidor de
seus produtos e serviços. Suas ações devem contemplar, também, o investimento
cultural.
REFERÊNCIA:
COELHO, Marcio. A essência da administração: conceitos introdutórios. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 245.

TRABALHO DE ALUNO

Entre os objetivos e compromissos adotados por empresas socialmente respon-


sáveis, Coelho (2008) destaca a utilização de materiais que não agridam o meio
ambiente até a preocupação com o ser humano, seja ele integrante de seu público
interno, pertencente à comunidade ou ao público consumidor de seus produtos e
serviços.
REFERÊNCIA:
COELHO, Marcio. A essência da administração: conceitos introdutórios. São
Paulo: Saraiva, 2008.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Não ocorreu plágio.
Justifique sua escolha.
EXERCÍCIOS   127

40. Analise o quadro a seguir extraído integralmente do site Plagio.


Net (2011) e assinale uma das alternativas.

TRABALHO 1 TRABALHO 2

Baseado em duas décadas de pesquisa Baseado em duas décadas de


com pacientes com lesões neurológi- pesquisa com pacientes com lesões
cas, Damásio (2001) defende a opinião neurológicas, Damásio (2001) defende
de que, juntamente com a razão, as a opinião de que, juntamente com
emoções e sentimentos exercem um a razão, as emoções e sentimentos
papel importante na elaboração dos exercem um papel importante na
raciocínios e tomada de decisões. Em elaboração dos raciocínios e tomada
sua obra, esse autor resgata também a de decisões. Em sua obra, esse autor
importância do corpo, rompendo com a resgata também a importância do
visão dualista cartesiana que separou corpo, rompendo com a visão dualista
pensamento (res cogitans) e sentimen- cartesiana que separou pensamento
tos (res extensa). (res cogitans) e sentimentos (res
extensa).

REFERÊNCIA: REFERÊNCIA:
NOVAS, Carlos. Razão, emoção e NOVAS, Carlos. O papel das emoções
sentimentos. 2008. 26 f. Trabalho de no processo de tomada de decisão.
Filosofia (Graduação em Administração) 2008. 26 f. Trabalho de Conclusão de
– Fundação Escola de Comércio Álvares Curso (Graduação em Administração) –
Penteado, São Paulo, 2008. Fundação Escola de Comércio Álvares
Penteado, São Paulo, 2008.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Não é plágio.
(B) Plágio indireto (texto de um autor reescrito pelo redator).
(C) Autoplágio.
Justifique sua escolha.
128  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

41. Analise o exemplo a seguir disponibilizado pela Harvard Uni-


versity (2011) e comente a ocorrência de plágio
CONTEÚDO ORIGINAL VERSÃO COM PLÁGIO

Political transitions brought about by the In the case of Rwanda, both overt
collapse of authoritarian rule, democra- ethnic discrimination and a weak state
tization, or political reforms also make led to genocide. The state had not pro-
states particularly prone to violence. tected the civil liberties of the Tutsis,
The emergence and rise of exclusion- thus failing to uphold true democratic
ary national ideologies, such as ethnic principles. In fact, political transi-
nationalism and religious fundamental- tions brought about by the collapse of
ism, can be destabilizing as well. The authoritarian rule, democratization, or
emergence of dehumanizing ideologies, political reforms also make states par-
which literally deny the humanity of ticularly prone to violence. The emer-
other ethnic groups, is particularly dan- gence and rise of exclusionary national
gerous because it is often the precursor ideologies, such as ethnic nationalism
to genocidal slaughter. and religious fundamentalism, can be
destabilizing as well. The emergence of
dehumanizing ideologies is often the
precursor to genocidal slaughter.

TRADUÇÃO TRADUÇÃO
Transições políticas provocadas pelo No caso de Ruanda, ambas as dis-
colapso do regime autoritário, a demo- criminações ostensivas étnica e um
cratização, ou as reformas políticas Estado fraco levaram ao genocídio. O
também fazem estados particularmente Estado não havia protegido as liberda-
propensos à violência. O surgimento e des civis dos Tutsis, falhando assim
a ascensão das excludentes ideologias na defesa de verdadeiros princípios
nacionais, como o nacionalismo étnico democráticos. Na verdade, transições
e o fundamentalismo religioso, pode ser políticas provocadas pelo colapso do
desestabilizador também. O surgimento regime autoritário, a democratização,
de ideologias desumanizantes, que ou as reformas políticas também
literalmente negam a humanidade de fazem estados particularmente
outros grupos étnicos, é particularmen- propensos à violência. O surgimento
te perigoso porque muitas vezes é o e a ascensão de ideologias nacionais
precursor de genocídios. excludentes, como o nacionalismo
étnico e o fundamentalismo religioso,
também podem ser desestabiliza-
dores. O surgimento de ideologias
desumanizantes é frequentemente o
precursor de genocídios.

REFERÊNCIA:
BROWN, Michael E. The causes of
internal conflict: an overview. In: BROWN
Michael E. et al. (Ed.) Nationalism and
ethnic conflict. Cambridge: MIT, 2001.
p. 14.
EXERCÍCIOS   129

Qual foi o tipo de plágio ocorrido na versão do estudante?


Explique.
42. “Um estudante está elaborando seu Trabalho de Conclusão
de Curso e ao consultar o livro Conceitos introdutórios de ad-
ministração, escrito por Márcia Lopez (publicado em 2008),
encontra na página 56 o seguinte texto:
Tudo isso nos leva a perceber que o planejamento também
envolve o desenvolvimento de uma hierarquia de planos
abrangente para integrar e coordenar as atividades.
Assim, se juntarmos tudo o que foi feito até aqui, chega-
mos à seguinte definição de planejamento: “É a atividade
de definir as metas das organizações, estabelecer uma
estratégia para alcançar essas metas e desenvolver uma
hierarquia de planos abrangente para integrar e coordenar
as atividades afins” (ROBBINS, 2000, p. 116).
O estudante decide então utilizar a definição de planejamento,
que está entre aspas, reproduzindo-a literalmente em seu tra-
balho. Como a citação deve ser elaborada para que não ocorra
plágio?” (PLAGIO.NET, 2011)
(A) Deve reproduzir o texto da citação entre aspas e no final
acrescentar (LOPEZ, 2008, p. 56).
(B) Pode escrever o texto da definição com as próprias pala-
vras, mantendo a ideia do autor mas acrescentando no
final (ROBBINS, 2000, p. 116 apud LOPEZ, 2008, p. 56).
A obra consultada (LOPEZ, 2008) deve ser listada nas
referências.
(C) Deve reproduzir o texto da citação entre aspas e no final
acrescentar (ROBBINS, 2000, p. 116).
130  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

43. Analise o quadro a seguir extraído integralmente do site Plagio.


Net (2011) e assinale uma das alternativas.

TEXTO ORIGINAL (AUTOR) TEXTO DO ALUNO (REDATOR)


Conhecimento científico é conhecimento Para que o conhecimento obtido por
provado. As teorias científicas são deri- meio das experiências sensoriais (visão,
vadas de maneira rigorosa da obtenção audição, tato, etc.) seja reconhecido
dos dados da experiência adquiridos como científico é necessário que seja
por observação e experimentação. A provado. Esta objetividade implica no
ciência é baseada no que podemos ver, fato de que opiniões ou preferências
ouvir, tocar, etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas
pessoais e suposições especulativas não não têm lugar na ciência.
têm lugar na ciência. A ciência é objetiva.
O conhecimento científico é conheci-
mento confiável porque é conhecimento
provado objetivamente.

REFERÊNCIA:
CHALMERS, Alan F. O que é ciência
afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

Qual das seguintes afirmativas é verdadeira para a versão do


estudante acima?
(A) Plágio direto.
(B) Plágio indireto.
(C) Não é plágio.
Justifique sua escolha.

6.2 CORREÇÃO COMENTADA DOS EXERCÍCIOS

1. VERDADE. A frase corresponde à definição dada ao plágio


pelos dicionários, bem como ao que é convencionado na co-
munidade acadêmica. Cabe observar que apenas a citação da
obra original não é suficiente para evitar o plágio. É preciso
que a fonte seja completamente identificada (referenciada) no
final do trabalho.
2. FALSO. A Internet é uma fonte de informação como qualquer
outra e portanto quando estes conteúdos são utilizados preci-
EXERCÍCIOS   131

sam ser reconhecidos. De acordo com a convenção brasileira,


isso deve ser feito da seguinte forma: AUTOR. Título do do-
cumento/página. Data da publicação. Disponível em: <colar
aqui o link>. Acesso em: dia mês abreviado ano.
Exemplo: MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY.
Academic integrity: Avoiding Plagiarism – Test: What is com-
mon knowledge? 2010. Disponível em: <http://web.mit.edu/
academicintegrity/plagiarism/what-is-common-knowledge.
html>. Acesso em: 24 fev. 2011
3. LETRA E. Pois sempre que um texto é copiado a fonte original
deve ser indicada (citação) entre aspas ou em recuo com for-
matação distinta do texto original e referenciada (identificada
no final do trabalho).
As outras alternativas estão erradas pois: (A) cópia de textos
na íntegra deve ser reconhecida adequadamente; (B) textos
originais que sofrem pequenas mudanças necessitam que o
autor original seja indicado junto ao texto; (C) texto copiado
e colado sempre deve ser apresentado com aspas; (D) utilizar
recortes de frases de fontes diferentes para montar um texto
único constitui PLÁGIO MOSAICO.
4. VERDADE. As informações utilizadas em um trabalho acadêmico
devem ser corretamente identificadas, pois esta documentação
é que faz o pleno reconhecimento do autor e permite ao leitor
a recuperação da fonte original.
5. NÃO É PLÁGIO. Aliás, trata-se de um exemplo recomendável
na comunidade de estudos. Colegas devem se ajudar, colabo-
rando por meio de conselhos, opiniões, sugestões e avaliações
da produção acadêmica dos pares. Isto é bem diferente do caso
de quando um colega faz o trabalho por outro.
6. LETRAS B e D. Quando o conteúdo utilizado já é amplamente
divulgado em vários livros, catálogos, enciclopédias, manuais
etc., constitui-se conhecimento comum, o que descarta a ne-
cessidade de citação ou referência. Da mesma forma, ensaio
pessoal ou composição literária que é escrita de forma livre
e espontânea por um redator é fruto do trabalho de criação
132  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

autoral e estilo de composição de quem está escrevendo e por


isso não necessita de atribuição de créditos a outrem.
7. VERDADE. O que é de conhecimento comum não precisa ser
citado como, por exemplo, dizer que o vírus HIV é o causador
da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS)
ou que a necessidade de surgimento do Estado foi fruto da
passagem da existência humana na natureza para a convi-
vência social. Nesses dois casos, há autores que originalmente
desenvolveram essas ideias, entretanto, elas já se tornaram
tão amplamente divulgadas que se tornaram comuns, o que
dispensa a indicação da fonte original.
8. VERDADE. Se a discussão do redator refere-se especifica-
mente a uma teoria ou descoberta ou utiliza dados de outros
investigadores, seja para aprová-los ou reprová-los, é preciso
reconhecer a fonte original.
9. FALSO. Frases utilizadas na íntegra, mesmo que sejam colocadas
em ordem diferente do original, articuladas com preposições
ou verbos de ligação, precisam ser apresentadas com aspas, o
autor original indicado e a fonte identificada na lista de refe-
rências.
10. FALSO. A reutilização de conteúdos próprios também deve ser
reconhecida, caso contrário constitui-se autoplágio. O leitor
sempre deve ser informado sobre a originalidade do conteúdo
que está lendo. Mesmo que esse conteúdo seja do mesmo autor,
é preciso que seja indicado quando e em qual situação ele já
foi apresentado. Essa informação é importante no meio aca-
dêmico para que professores saibam que trabalho semelhante
foi entregue em outra circunstância ou para que editores de
revistas científicas saibam que o manuscrito enviado já foi pu-
blicado pelo mesmo autor em outro periódico. Observação: em
algumas instituições de ensino internacionais é aceitável que
o aluno reutilize o próprio conteúdo e isso não é considerado
plágio. Contudo, essas instituições são exceção.
11. FALSO. Toda informação utilizada precisa ser documentada
(citada e referenciada), independentemente da fonte utilizada,
seja ela pessoal, eletrônica ou impressa. O reconhecimento da
EXERCÍCIOS   133

autoria de um conteúdo somente é dispensável quando se trata


de conhecimento comum.
12. FALSO. Conteúdos consultados e reescritos com as próprias
palavras do redator precisam ser documentados. Também nas
paráfrases é necessário que o autor e a fonte sejam apresenta-
dos.
13. VERDADE. O que é de conhecimento comum não precisa ser
documentado. Em geral trata-se de fatos históricos, conteúdos
convencionais dentro de cada área, publicados em diversas
fontes ou de acontecimentos veiculados pela mídia, como, por
exemplo, o relato da Revolução Industrial ou a definição de
custos na área de Ciências Contábeis.
14. FALSO. É o caso do plágio consentido, no qual há conluio entre
o redator e outras pessoas. Ocorre esse tipo de plágio quando
o redator apresenta um texto como se fosse próprio, mas, na
realidade, parte dele ou integralmente foi literalmente feito
por outras pessoas.
15. VERDADE. Ditados ou provérbios são expressões compartilhadas
por uma comunidade e, portanto, constituem-se conhecimento
comum.
16. A FONTE PRECISA SER CITADA. A informação dada é fruto de
pesquisa recente e não se trata de um conhecimento comum.
17. FALSO. Além da referência, o redator precisa indicar junto
ao texto parafraseado qual é o autor e a data do documento
utilizado como fonte.
18. PLÁGIO DIRETO. Embora na versão do estudante haja a indica-
ção do autor e a referência da fonte original, o período inicial
é uma paráfrase, porém, no final do texto ocorre a reprodução
literal da fonte original, o que deveria ter sido indicado com o
uso de aspas.
19. VERDADE. Fatos históricos são considerados conhecimentos
comuns e não requerem a documentação da fonte.
20. LETRAS A e D. Para fazer citações na área acadêmica as insti-
tuições de ensino, instituições de financiamento ou os meios
de divulgação de relatórios de pesquisa (revistas, sites espe-
134  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

cializados etc.) adotam convenções para a redação científica,


como, por exemplo, diretrizes da Associação Brasileira de
Normas Técnicas ou da American Psychological Association,
entre outras. Portanto, não existe a possibilidade de estilos
próprios de elaboração de citações (B); em geral as citações
fornecem apenas algumas informações sobre o documento
consultado, como, por exemplo, a indicação do autor e da
data do documento. As informações completas são dadas nas
referências.
21. FALSO. Fontes de informação podem ser documentos impres-
sos, eletrônicos e também pessoais. Se são utilizadas de forma
literal ou interpretada, ideias obtidas por meio de conversas,
conferências, programas de televisão, e-mail, músicas, filmes
etc., a fonte utilizada precisa ser identificada.
22. FALSO. É o caso do plágio consentido, caracterizado pelo con-
luio entre um cliente e um prestador de serviços. Neste caso,
o estudante que compra o trabalho e a empresa que produz e
vende o trabalho. Embora o estudante pague pelo trabalho feito
pela empresa, quando ele apresenta na instituição de ensino
esse trabalho como se tivesse sido feito por ele mesmo, está
enganando a instituição com a finalidade de obter indevida-
mente vantagem pessoal (nota, aprovação, diplomação etc.).
23. NÃO É PLÁGIO. Se trata de conhecimento comum no campo
da metodologia científica. As etapas do método científico são
amplamente divulgadas em diversos manuais e compartilhadas
por estudantes e pesquisadores da academia.
24. FALSO. A substituição de algumas palavras por sinônimos não é
suficiente para que seja feita uma paráfrase. Muitas instituições
científicas consideram isso plágio direto, pois se trata apenas
de uma dissimulação das palavras originais. Neste caso, é
melhor copiar literalmente a fonte consultada e apresentá-la
entre aspas com a citação do autor e da data do documento.
Mesmo no caso de uma paráfrase benfeita, isto é, o conteúdo
original é descrito de forma diferente, de tal maneira que as
palavras utilizadas são outras e a ordem dos períodos também
é diferente do original, em suma, o texto reescrito conserva o
EXERCÍCIOS   135

conteúdo, a essência da ideia original, mas é apresentado com


o estilo do redator que a descreve. Ainda assim, a fonte original
precisa ser reconhecida com o uso de citação e referência.
25. LETRA D. Composição de texto que é fruto das próprias ideias
do redator não requer a identificação de fontes.
26. FALSO. Independentemente de ser pego ou não, o plágio é uma
fraude que denota falta de ética do redator, representa prejuízo
moral ou material ao autor original que não é identificado,
compromete a reputação da instituição científica para a qual
o trabalho foi entregue, seja ela uma universidade, agência de
fomento ou revista científica e também tem implicações nega-
tivas em relação aos leitores, que são levados a acreditarem
em uma relação entre autoria e conteúdo que não é legítima.
27. PLÁGIO INDIRETO. O redator escreveu uma versão do texto
original, fazendo uma boa paráfrase. Entretanto, não houve a
citação e nem a referência do documento original.
De acordo com o exemplo dado pela Indiana University (2005),
o texto poderia ter sido apresentado assim:
Systems, including both business systems, and educational
systems, are actually very simple. The main idea is that systems
have parts that fit together to make a whole. What is interesting
is how those parts are connected together (FRICK, 1991).
REFERÊNCIA
FRICK, T. Restructuring education through technology.
Bloomington: Phi Delta Kappa Educational Foundation, 1991.
28. NÃO PRECISA SER CITADA A FONTE. O texto apresenta um
ponto de vista pessoal sobre um determinado assunto. A ideia
apresentada não foi extraída de uma fonte específica e repre-
senta uma convicção particular. Trata-se de conhecimento
comum.
29. SIM, ISTO É PLÁGIO. O trabalho de base do estudante foi
comprado e o papel do aluno consiste apenas na dissimulação
do plágio, fazendo um pastiche com partes do trabalho com-
prado e trechos escritos por ele. No final o trabalho pode até
136  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

parecer uma criação original do redator, mas também é fruto


de conteúdos escritos por outras pessoas.
30. PLÁGIO MOSAICO. A versão do estudante é uma colagem de
cacos de texto extraídos de fontes diferentes. O único aspecto
original no texto elaborado pelo aluno é a montagem de um
texto mosaico, elaborado com diferentes fragmentos. Isso é
plágio!
Uma versão correta do texto neste caso deveria ser elaborada
da seguinte maneira:
“A learning theory [is made up of] a set of constructs linking
observed changes in performance with whatever is thought
to bring about those changes” (DRISCOLL, 2000, p. [inserir o
número da páginas da qual o texto foi extraído]). Therefore
since “learning is a complex set of processes that may vary ac-
cording to the developmental level of the learner, the nature of
the task, and the context in which the learning is to occur, [it
is apparent that] no one theory can capture all the variables
involved in learning” (GREDLER, 2001, p. [inserir o número
da páginas da qual o texto foi extraído]).
REFERÊNCIAS:
DRISCOLL, M. P. Psychology of learning for instruction. 2nd
ed. Needham Heights, MA: Allyn & Bacon, 2000.
GREDLER, M. E. Learning and instruction: theory into prac-
tice. 4th ed. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2001.
31. SIM, ISTO É PLÁGIO. Esse tipo de plágio pode ser categorizado
como acidental, porque decorre de um descuido do redator
no processo de identificação das fontes consultadas. No caso
apresentado, isso acaba acontecendo porque durante o pro-
cesso de elaboração do trabalho o registro da documentação
acabou sendo descuidado e depois as fontes utilizadas não
puderam ser recuperadas. Portanto, ainda que o redator use
aspas, indique o autor e o data do documento consultado, se
ele falhar na elaboração das referências pode cometer plágio.
32. ISTO NÃO É PLÁGIO. A versão do estudante é uma versão
parafraseada da fonte original. Contudo, o autor e a data do
EXERCÍCIOS   137

documento são indicados (citação) junto ao texto do redator e


no final do trabalho é apresentada a identificação (referência)
completa da fonte consultada.
33. SIM, ISTO É PLÁGIO. Embora o estudante tenha identificado
no final do trabalho a lista de documentos consultados, ele
não deixou claro no conteúdo quais trechos foram transcritos
literalmente e quais ideias foram parafraseadas de outros
autores. Para evitar o plágio não basta fazer as referências, é
preciso fazer corretamente as citações.
34. PLÁGIO DIRETO. Na versão do estudante ocorre a transcrição
literal de trechos da fonte original sem qualquer tipo de de-
monstração de que isso foi feito. Também não há a citação da
fonte. Somente a identificação da fonte na lista de referências
não é suficiente para evitar a ocorrência e caracterização do
plágio.
35. PLÁGIO DIRETO. O aluno (redator) interpretou e redigiu um
texto sobre a primeira parte da fonte consultada e reproduziu
literalmente alguns trechos da parte final do texto original.
Pequenos trechos copiados devem ser indicados para o leitor
com o uso de aspas. Neste caso, também deve ser citado o autor,
ano da obra consultada e a página de onde o texto foi copiado.
No final do trabalho deve ser feita a referência (identificação)
completa do documento.
36. PLÁGIO INDIRETO. Na versão do estudante o primeiro pará-
grafo indica a FONTE 2. Entretanto, nota-se que a citação foi
feita em local errado, pois da forma apresentada dá a entender
que a frase a seguir foi produzida pelo estudante, o que não é
verdade. Veja o exemplo:
[...] students receive this training before they actually go on to
their hands-on, clinical training (PERSAD et al., 2008). Most
of these hours are taught by instructors without current
publications in the field.
O parágrafo seguinte é uma paráfrase da FONTE 1, mas não
é feita a citação do autor nem é apresentada a referência no
final do trabalho.
138  AUTORIA E PLÁGIO   KROKOSCZ

37. NÃO É PLÁGIO. O texto desenvolvido pelo aluno é uma síntese


das ideias apresentadas por outros dois autores que são cita-
dos e identificados nas referências. A indicação do número da
página de onde as ideias foram extraídas, no caso de citação
indireta, é facultativa de acordo com a norma que trata da
elaboração de citações da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (2002b).
38. NÃO É PLÁGIO. O texto elaborado pelo estudante destaca os
trechos que foram copiados da fonte original com o uso de
aspas; o autor e a data do documento são indicados (citação);
e a fonte consultada é identificada no final do trabalho (refe-
rência).
39. PLÁGIO DIRETO. No trabalho do estudante há a reprodução
de um trecho da fonte original sem que isso seja destacado.
Neste caso, o estudante deveria ter usado aspas, pois o texto
reproduzido tem até três linhas, conforme diretriz da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (2002b).
40. AUTOPLÁGIO. Trabalhos acadêmicos realizados pelo mesmo
autor, mas são submetidos integralmente à avaliação em dis-
ciplinas diferentes ou publicados na íntegra ou com pequenas
modificações em revistas científicas diferentes, configuram
autoplágio, isto é, quando o próprio autor reutiliza obra própria
sem autocitação e referência em situações parecidas, porém
com objetivos diferentes do que foi intencionado originalmente.
41. PLÁGIO DIRETO. Na versão do estudante ocorre a reprodução
literal de parte do texto original sem que isso seja destacado
para o leitor, com o uso de aspas ou recuo no texto, conforme
diretriz da Norma 10520 (ABNT, 2002b). O texto elaborado
pelo aluno também não tem citação e nem referência da fonte
original.
42. LETRA B. Apesar de ter usado a definição de Robbins (2000, p.
116), o texto foi obtido por meio da consulta na obra de Lopez
(2008, p. 56). Portanto, o aluno fez uma citação de um texto
que foi citado por outro autor. O termo latino apud significa
citado por e deve ser utilizado nestes casos para que o leitor
saiba que o texto utilizado não foi consultado na fonte primá-
EXERCÍCIOS   139

ria. A obra que foi consultada (LOPEZ, 2008) deve constar da


lista de referências no final do trabalho.
43. PLÁGIO DIRETO. O texto original apresenta um conteúdo uni-
versalmente conhecido (conhecimento comum), o que dispensa
o uso de citação e referência de autoria. Entretanto, o texto
elaborado pelo redator reproduziu literalmente um trecho do
texto do autor consultado sem identificá-lo.

TEXTO ORIGINAL (AUTOR) TEXTO DO ALUNO (REDATOR)


Conhecimento científico é conhecimento Para que o conhecimento obtido por
provado. As teorias científicas são deri- meio das experiências sensoriais (visão,
vadas de maneira rigorosa da obtenção audição, tato, etc.) seja reconhecido
dos dados da experiência adquiridos por como científico é necessário que seja
observação e experimentação. A ciência provado. Esta objetividade implica no
é baseada no que podemos ver, ouvir, fato de que opiniões ou preferências
tocar, etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas
pessoais e suposições especulativas não têm lugar na ciência.
não têm lugar na ciência. A ciência é
objetiva. O conhecimento científico é
conhecimento confiável porque é conhe-
cimento provado objetivamente.

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Formato 14 × 21 cm
Tipologia Charter 11/13
Papel g/m2 (miolo)
Supremo 250 g/m2 (capa)
Número de páginas 168
Impressão

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