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___________________________
Organização
Alexandre Dunduro / Dulce Gonzaga
Ficha Técnica:
Título
Estudo sobre as Percepções e Práticas Costumeiras de Maneio da Biodiversidade nas Comunidades Adjacentes
aos Montes Namúli.
Organização
Edição
Coordenador Editorial
Alexandre Dunduro
Revisão Científica
Dulce Gonzaga
Apoio financeiro
Design Gráfico
Khaiya Editores e Serviços
Autores
Alexandre Silva Dunduro; Anastácio Leitão Sousa, Dulce Gonzaga
Colaboração
Endereço do Editor
Rua da Resistência nº1141.E/c, Maputo, Moçambique
khaiyaserv@gmail.com
Tel: +258n87 267 62 70
1
A KHAIYA AGRADECE O APOIO DE:
2
Índice
I. Introdução ........................................................................................................ 4
1.1. Questões metodológicas ........................................................................... 5
1.2. Contexto .................................................................................................... 7
III: Saberes locais e gestão dos recursos naturais na região do Namúli .... 38
3.1. Percepções sobre a biodiversidade ......................................................... 39
3.1.1. Florestas .......................................................................................... 41
3.1.2. A relação com as águas .................................................................... 48
3.2. Acesso aos recursos naturais .................................................................. 51
3.3. O papel preponderante da “Rainha” ........................................................ 52
3.4. Mecanismos de acesso aos recursos naturais ........................................ 53
3.5.O lugar central do mito na gestão da biodiversidade ................................ 54
3.5.1. Os pactos com elementos da natureza – o caso do Nihimo ............. 55
3.5.2 A relação plural entre Montanhas e o Nihimo .................................... 56
3.5.3. Agricultura ......................................................................................... 60
5. Bibliografia.................................................................................................... 71
3
I. Introdução
No entanto, apesar dessa relação cada vez mais difícil entre o homem e a
natureza, existem lugares, um pouco pelo mundo, onde é possível encontrar
exemplos de equilíbrio da biodiversidade. A região dos montes Namúli é um
desses casos únicos, cujas evidências constituem o objecto deste estudo.
4
ambiental? Qual pode ser o lugar do saber local nestes processos? Eis alguns
dos paradigmas que o cenário actual suscita.
5
representada pelo perímetro em volta do monte Namúli, portanto, em todo o seu
espaço concêntrico. Não foi conseguido esse facto, tendo o nosso estudo se
baseado nas comunidades mais frequentadas a partir da cidade do Gurué,
nomeadamente Curruca e Mucunha.
1
. Em conformidade com ZANONI, Magda M. et al.: «O próprio conceito de tradicional, como adjectivo de
populações moradoras de uma dada região, pode implicar uma tendência para uniformizar pessoas,
grupos e comunidades extremamente heterogéneas e pode dificultar a preensão de sua historicidade». IN:
Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 2. Op. cit. p. 48.
6
Tecnologia utilizada relativamente simples, de impacto limitado sobre o
meio ambiente, reduzida divisão técnica e social do trabalho,
sobressaindo a transformação artesanal, onde o produtor (e sua família)
domina o processo de trabalho até o produto final;
1.2. Contexto
2
. DIEGUES e NOGARA (1994). Citados por ZAMONI, Magda M.; FERREIRA, Ângela Duarte D.; et. al. Op. cit. p.
48.
7
visem o aumento da renda e subsistência das comunidades de forma
ambientalmente sustentável.
8
para o fortalecimento das percepções sobre a importância do saber costumeiro,
concorrendo para a sua maior integração nos programas e processos de
desenvolvimento.
9
II - A Região dos Montes Namúli e a sua População
O presente capítulo faz a introdução sobre a região dos Montes Namúli através
da incursão pelas suas dimensões geográfica, visando fornecer uma base de
análise da informação circunstancial relativa ao objecto do estudo a ser
desenvolvido ao longo dos capítulos subsequentes.
Com os seus 2,419 metros de altitude, o monte Namúli está situado a uma
altitude de mais ou menos 700 e 800 metros. Em conformidade com certos
autores, a área mais ampla entre os territórios que compreendem a formação
Chire-Namúli é de aproximadamente 430Km 2, com cerca de 200Km2 que
compreendem aos montes Namúli e outros picos próximos. Outras fontes
referem que à uma média de 1600 m acima do nível médio das águas do mar, o
Monte Namúli é uma "mesa" de granito no planalto, com dimensões de
50x30km.
3
. De acordo com DIA (2009), muitos dos outros domos de granito para o leste são mais como inselbergs - cúpulas altas
crescentes abruptamente de uma paisagem relativamente plana. Cerca de 50 km para o norte-oeste perto Mutuáli está o
complexo Cucuteia com uma série de picos de 1000-1900 m, e 50 km para o norte-leste, perto de Malema encontra-se o
10
A compreensão dos fenómenos em torno dos míticos montes Namúli só pode
ser efectiva a partir de uma perspectiva integrada naquela inerente as
populações do distrito do Gurué como referencia mais ampla, consociando o
cruzamento de múltiplos aspectos sociais e culturais.
O estudo publicado pela Darwin Initiative Award (2009) faz uma descrição sobre
o enquadramento geográfico do Namúli, nos seguintes termos:
Along with other rugged hills and high ground, the Namúli complex forms part of
the watershed between the Rio Lúrio and Rio Licungo catchments, and appears
to be the largest single such massif in the country. It is essentially a complex of
graniticinselbergs ('whalebacks') or intrusions linked by a high plateau, exposed
by millions of years of subsequent erosion. Many of the other granite domes to
the east are more like inselbergs.4 (DIA (2009).
monte Inago a 1730 m de altura, enquanto as famosas e carismáticas inselbergs perto de Ribaué medirem 150 km de
distância, na mesma direcção.
4
Junto com outras montanhas e elevações o complexo do Namúli forma parte da Bacia hidrográfica entre o Rio Lúrio e
o Rio Licungo, imergindo como o maior maciço do país. Este complexo é de granitos de "inselbergs" - elevações que
se irrompem abruptamente sobre as superfícies planas. Aproximadamente 50km para o noroeste.
11
Maciço de Namúli vista num dia chuva
Para leste do Vale de Rift, do médio Chire ao Lago Chirua e entrando pelo
território moçambicano, encontram-se “The Shire Highlands” dos ingleses,
denominando nós à parte incluída no território de Moçambique “Formações-
Chire-Namúli” porque entendemos que foi o Alto Lúrio, o Luá e Licungo que
trabalharam na separação dos montes de Milange, dos Namúli. (...)
5
. BOLÉO, José de Oliveira. Geografia Física de Moçambique. (Esboço geográfico). Lisboa, 1950. p. 63.
12
colonização fixa para europeus. As mais altas cotas assinaladas são as
seguintes: Namúli I (2.419 m.), Namúli II (2.376 m.), Namúli III (2.174 m.),
Mácua (2.077 m.), Currarre (2.067 m.), Mancuni (1.764 m.), Inago (1.729 m.),
Tacuane (1.679 m.), todas na zona do Gurúè. (...)6
Geologia
Clima
A partir dos dados gerais do distrito de Gurué, pode-se inferir que o clima da
região do Namúli é tropical húmido com uma precipitação média anual de
1.995,7 mm. As chuvas ocorrem entre os meses de Outubro a Julho, podendo
prolongar até o mês de Agosto. A temperatura oscila entre 32.5º C, no mês de
6
. BOLÉO, José de Oliveira. Op. cit. p. 73.
7
Carta Nacional de Solos (INIA, 1995- Ministério da Administração Estatal)
8
. Perfil do distrito do Gurué: Província da Zambézia. Ministério da Administração Estatal (2005)
13
Novembro, a 12.3º C, no mês de Julho com uma evapotranspiração média anual
de 1,226,7 mm. O relevo é dominado pelos planaltos que oscilam entre 500 a
100 metros de altitude, e maciços montanhosos separados por zonas
peneplanálticas mais ou menos acidentadas, como é o caso do maciço de
Namúli, dai a designação de “alta Zambézia” o que justifica a existência de
muitos cursos de água (MAE, 2005).
9
Perfil do distrito do Gurué:, província da Zambézia. Ministério da Administração Estatal (idem.)
10
. Glossário de Termos Usados em Atividades Agropecuárias, Florestais e Ciências Ambientais. Ormando, José
Geraldo Pacheco. 2006.
14
O debate sobre a agroecologia remete-nos, entretanto, ao conceito de saberes
locais na sua relação com a biodiversidade, os quais são compreendidos a partir
da abordagem multidisciplinar, envolvendo saberes da agronomia, ecologia,
economia e sociologia.
11
. Em Moçambique há no total 10 regiões agroecológicas.
15
0 Tomate, um dos principais produtos agrícolas nas encostas do Namúli.
Grande Vale do Rift (Vista do alto das encostas dos Montes Namúli)
16
Esta região, que faz parte do Planalto Norte de Moçambique (assumindo o
zoneamento oficial do IIAM), possui óptimas condições agroecológicas, que
estimulam a prática da agricultura de sequeiro para o consumo familiar, e fonte
de rendimento quer através da venda de excedentes agrícolas, quer pela
elevada capacidade de empregabilidade de pessoas na agricultura. 12
Pela sua flora e fauna, a região do Namúli faz parte da lista dos ecossistemas
mais ricos e diversificados do planeta. Com efeito, esta região alberga uma
grande variedade de espécies vegetais e animais endémicas, ou seja, que não
podem ser vistas num outro lugar no mundo, compreendendo uma diversidade
de aves, insectos, em particular as borboletas, pequenos mamíferos e répteis,
das quais, algumas são endémicas para a região como legado do monte
perdido.
12Moçambique - Descrição das zonas de formas de Vida. FAMINE EARLY SYSTEMS NETWORK (FEWS NET-
2014).
13
Nos vários relatos e referências bibliográficas aponta-se para a existência, no passado, talvez há uma dezena de anos,
de várias espécies animais de grande porte nesta região, dos quais se citam: Leões, elefantes, rinocerontes,
hipopótamos, tigres, entre outros, que, hoje, já não podem ser vistos. Apontam-se várias causas que podem estar na
origem do desaparecimento destes animais como o crescimento e expansão demográfica para as zonas onde
tradicionalmente estes animais habitavam (Aqui aponta-se para a expansão das zonas de cultivo pelas comunidades) e
as guerras que assolaram o país desde a década de sessenta: A guerra de Libertação Colonias e a Guerra Civil que
durou dezasseis anos.
14
Relatos da DIA (1999) referem que o último leão foi avistado pela última vez no ano de 1987 e um leopardo em
1990.
17
O estudo do DIA (1999) faz um relato exaustivo sobre as espécies de animais
dos Namúli, mais destacadamente sobre aves, fazendo uma referência especial
ao pássaro denominado Namúli Apalis, que a espécie de ave que actualmente
somente pode ser encontrada nos Montes Namúli. A par das aves, também
podem ser encontrados, como nos referimos acima, espécies de rastejantes,
insectos e anfíbios.
18
florestas. Em termos gerais, pode-se dizer que os tipos de flora predominantes
nesta região são:
Este estudo não tem como enfoque a apresentação detalhado das diferentes
espécies vegetais, pelo que podemos nos socorrer nalgumas referências já
feitas em estudos passados.
19
Globalmente, podemos constatar que a vegetação acima de 1200 metros de
altitude é categorizada em seis principais grupos, a saber: i) floresta de
montanha, ii) floresta arbórea, iii) floresta arbustiva, iv) capinzal montanhoso, v)
matas estreitas ou manchas sobre as rochas emergentes, e vi) áreas cultivadas.
A narrativa sobre a origem das populações que habitam as encostas dos montes
Namúli é plena de mitos diversificados, o que enriquece a própria matéria de
análise histórica. Trata-se de uma narrativa que encontra sempre um novo
ponto-de-partida em cada orador que se propõe a relatar sobre os mistérios do
Namúli. Entretanto, há unanimidade em se assumir que a vida, o homem que
governa as planícies, os planaltos e as montanhas, que exerce poder sobre as
20
florestas e sobre o mar, tenha surgido nas grutas situadas no pico mais alto da
cordilheira Chire-Namúli, o monte Namúli.
O castigo a quem se subir ao cimo do monte, era (como é muitas vezes, nesta
parte do mundo, o castigo de quem viola alguma regra costumeira) a pessoa
perder-se e nunca mais encontrar o caminho para casa. O que é original – e
delicioso, na minha opinião – na lenda Lomwé é a maneira como a pessoa se
perde: se o guardião eterno da montanha lá apanhar alguém, começa a falar
com essa pessoa tanto e tão depressa que a confunde completamente; e ela,
de tão baralhada que fica, nunca mais encontra o caminho de volta.
21
espíritos ancestrais que repousam no monte Namúli, como forma de manter a
ligação entre os vivos e os mortos.
Os povos saídos das cavernas dos montes Namúli, teriam vivido no princípio,
num grande planalto do Namúli. Com o aumento da população, degeneraram-se
em conflitos pelo acesso e gestão dos poucos recursos existentes, culminando
com o êxodo do monte sagrado e a dispersão das populações pelas diversas
regiões das actuais províncias da Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado,
alcançando a parte oriental da República do Malawi.
O monte Namúli é deste modo, considerado o berço mítico dos Lomwé e das
etnias correlacionadas, cuja história encerra uma concepção e construção
mitológica única e aliciante. Nessa perspectiva, certo ancião entrevistado disse:
22
O conceito de Grande Mãe existe há milhares de anos. Está presente nas
primeiras civilizações humanas. Estas sociedades matrilineares conferem à
mulher um papel de relevo na sociedade, o que consubstancia a descendência
pela linha materna. É deste modo que um grupo de anciãos entrevistados
sentenciou: “Aqui, o teu sobrinho, o filho da tua irmã, é o teu herdeiro”.
Dentre os vários aspectos narrados pelas fontes orais, conta-se que os primeiros
povos que habitaram aquela região envolveram-se em disputas familiares, clãs
ou tribos o que terá levado provavelmente a um êxodo massivo, onde se assistiu
a dispersão progressiva de vários grupos de populações saídos do Namúli para
ocupar as planícies onde se encontram actualmente. Foi assim que, seguindo o
curso dos dois grandes rios que nascem no Monte Namúli, nomeadamente o rio
Malema e o rio Licungo, esses grupos ocuparam regiões extensas e distantes
que hoje compreendem toda a Alta Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo
Delegado, e uma parte da actual República do Malawi, dando origem aos povos
Lomwé com variantes Macuas.
15
. Dicionário de Filosofia-Martins Fontes. São Paulo; 1998.
23
não menos importante é a de Fraser e Malinowski, buscam no mito, a
justificação retrospectiva dos elementos fundamentais que constituem a cultura
de um grupo.16
No caso vertente das populações dos Montes Namúli os mitos estão presentes
nas narrativas sobre a sua origem. Trata-se de uma referência indispensável no
processo de compreensão das suas vivências. Esta referenciação aos mitos é
um facto de grande importância na construção da identidade das comunidades
Lomwé, quando elas sustentam os argumentos sobre as suas origens, sobre o
mundo, a humanidade em fim, sobre a vida.
"Um dia, nas entranhas do monte Namúli, Deus fez germinar homens a partir
das raízes de um embondeiro – a chamada «árvore dos mil anos», imensa."
16
. Dicionário de Filosofia (idem.)
24
"Reunidos em pequenos grupos e seguidos por animais da floresta, os
primeiros macuas conseguiram sair desse reino de trevas e chegar à luz. Uma
vez à superfície, cada grupo recebeu um nome, capaz de unir os seus
membros e torná-los irmãos uns dos outros. Foi assim que se formaram os clãs
que ocupam hoje o território macua."
"Um dia apareceu a morte e, com ela, a necessidade do casamento, para gerar
filhos que ocupassem o lugar dos mortos de cada grupo. Mas como poderia ser,
se todos eram irmãos?"
Ou, como é descrito por Artur (2003), citando uma fonte oral.
"Os primeiros homens depois de serem criados por Deus, nas grutas da serra
de Namúli, organizavam grandes viagens até as planícies descendo por vários
caminhos e, na medida em que iam se multiplicando iam-se repartindo, dando
origem aos vários subgrupos um dos quais os Lomwés."
25
apenas que as populações adjacentes aos Montes Namúli sejam apenas
fragmentos saídos da migração Bantu. Associado a esta perspectiva de Artur
(2003) a colocação de Nunes (1999) permite uma compreensão da mitologia
sobre as origens das populações do Namúli que aprofunda o debate relativo ao
surgimento das comunidades Lomwé, como pode ser observado no texto a
seguir:
"Num certo dia, nas entranhas profundas do Monte Namúli, o Criador fez
"germinar" homens a partir das raízes de um imenso embondeiro. Estes
homens, após a sua criação, reuniram-se em pequenos grupos e, seguidos por
animais da floresta partiram em direcção a luz do sol que reluzia dentre as
fendas do enorme buraco onde o Criador os fez germinar. Estava assim criado
o primeiro grupo de homens "macuas", portanto "paridos" pelo Namúli.
Chegados à superfície, cada um dos grupos recebeu um nome,18 capaz de unir
cada um dos membros e assim torná-los irmãos. Até que um dia apareceu a
morte! O susto da morte levou ao estabelecimento de laços conjugais, união de
homens e mulheres, como uma forma de, a partir deste pressuposto, garantir-
se a reprodução e, com isso garantir-se a sobrevivência do grupo. Assim, foi
decidido pelos anciãos que o homem, uma vez casado, passaria a viver com a
família de sua esposa, mas sem quaisquer autoridades sobre os seus filhos.
Apenas sobre os filhos da sua irmã. Foi assim que se deu a multiplicação dos
Emakwas, formaram um grupo numeroso no topo da montanha e, não havendo
mais espaço suficiente para todos e faltando zonas de cultivo, foram descendo
e ocupando as zonas da planície onde habitam até os nossos dias. (Nunes,
1999)19.
18
Estes nomes atribuídos a estes grupos pode ser ao que entre os Macua-Lomwé se chama "Nihimo"
19
. Nunes, Rogério. - Macuas: Filhos da Montanha. Revista Além-Mar. 1999.
26
2.5.3. Organização Social
27
os indivíduos de ambos os sexos, adultos ou crianças, que descendem, por
aquela via, de uma antepassada comum.
2) Vários mamwene - Que são independentes uns dos outros, ligados entre
si principalmente por laços matrimoniais, possuindo cada um os seus
21
. Mahimo no plural.
28
dependentes e sendo um deles o mais importante por ter sido o primeiro a
fixar-se nas terras.
2.5.5. Os ritos
Os ritos estão intrinsecamente ligados aos mitos. Tal como o mito, os ritos
contribuem para a continuidade das diferentes formas de vivência e convivência
das comunidades. É essencialmente um mecanismo de busca de referencias
identitárias que permitem o indivíduo situar-se perante o outro, e viver em
sociedade. Os ritos são frequentes entre os povos Bantu e eles estão presentes
na vida dos indivíduos desde o seu nacimento até a morte.
2.5.6. O nascimento
29
estridentes (elulu). Afinal, trata-se de mais um ser, um elemento que veio ao
mundo para garantir a continuidade da linhagem, do grupo, e das suas tradições.
Importa referir que a intensidade da celebração varia de acordo com o sexo da
criança recém-nascida. Tratando-se de sociedades matrilineares, a emoção será
maior quando o nado for do sexo feminino.
30
personalidades relevantes da sua comunidade, marcando deste modo, a
integração da criança no seio da comunidade.
31
Raparigas Lomwé em actividades domésticas
32
Rapazes da comunidade de Curruca em recreio
2.5.8. A Morte
33
exemplo, a escolha do lugar onde o cadáver deverá ser depositado, o de
concentração da comunidade, os aspectos relativos ao funeral propriamente
dito, a logística, entre outros.
Não existe um critério predefinido sobre o lugar da sepultura, mas tem de ser
sempre em lugares afastados de zonas residenciais, excepto os casos de morte
de um ancião, cujo enterro é geralmente realizado nas cercanias da sua casa. O
único aspecto comum, e fundamental, é que as campas, devem estar sempre
viradas para o Monte Namúli, na medida em que é lá onde começou a vida,
devendo ser para lá onde ela deve terminar, ou seja, é para o Namúli que o
indivíduo vai depois da morte.
2.6. Resumo
34
As comunidades do Namúli constituem formações socioeconómicas que, para
além de serem caraterizadas por um modo de produção e uma base de sua
superestrutura específicas, comtemplam igualmente, formas históricas de
organização social e política, designadas ao longo do tempo, por clãs, tribos e
etnias.
22
. AFANASSIEV, V. G. – Fundamentos da Filosofia. Edições Progresso, 1982. Moscovo. p. 278.
35
Na região do Namúli, o clã é chefiado por um Conselho de Anciãos do qual
fazem parte homens e mulheres, que para além da sua idade avançada, gozam
de grande prestígio na sociedade, desempenhando funções sociais,
económicas, político/jurídicas e religiosas/espirituais específicas.
36
Nestas comunidades, a velhice representa o alcance de um estatuto muito
importante na sociedade, a de ancião (nikholo, ou makholo no plural). Deste
modo, o nikholo é ainda, uma pessoa que granjeia do respeito de todos os
membros da sociedade, pelo facto de serem detentores de conhecimentos
amplos, experiências e memórias dos antepassados, fazendo com que as suas
opiniões sejam incessantemente requeridas e observadas.
37
III: Saberes locais e gestão dos recursos naturais na região do Namúli
A diversidade de ecossistemas.
23
. TIMBERLAKE, Jonathan, DOWSETT-LEMAIRE, Françoise. et al. Mount Namúli, Mozambique:
Biodiversity and Conservation. Darwin Initiative Award. 2009. p. 9
38
O interesse pelas questões sobre o conhecimento local na preservação dos
ecossistemas naturais é relativamente recente, o que justifica a fraca
disponibilidade de estudos e publicações neste domínio. Por outras palavras, a
combinação entre a sociedade, a natureza e as ciências é uma realidade muito
recente.
O presente estudo poderá contribuir para o suprimento, inda que de forma muito
limitada e modesta essa lacuna, através da sistematização das experiencias das
comunidades da região do Namúli, garantem a sua subsistência económica e a
sua reprodução social, os mecanismos de transmissão dos mecanismos de
gestão sustentável dos recursos naturais, bem como as formas de adaptação a
novas realidades impostas pela natureza ou pela presença cada vez maior da
legislação ambiental promulgada pelo Estado Moçambicano.
39
parte integrante deste enorme complexo natural que consubstancia a
biodiversidade.
A percepção que existe entre as populações Lomwé das regiões adjacentes aos
Montes Namúli sobre a biodiversidade, como todos outros povos Bantu, é que a
natureza e todos os seus elementos, são uma dádiva do Criador, dos
Antepassados, portanto deve-se dar o devido valor. Por conseguinte, o homem
não explora a natureza; ele é parte da natureza; por isso, todo o cuidado é
necessário ao lidar com ela. Na cosmogonia africana, tudo está interligado:
Homem e Natureza.
40
exemplo, que os recursos naturais, mais especificamente os recursos florestais
(na região do Namúli) serem dos mais procurados. Se por um lado as
comunidades sentem-se impelidas a avançar sobre as florestas em função da
necessidade de abertura de novos campos de cultivo, por outro lado, interesses
empresariais e comerciais ligados a exploração madeireira, exercem uma
pressão acrescida sobre esses recursos.
3.1.1. Florestas
24
Lucas, Ana Glória – Biodiversidade em risco de extinção. Além Mar.2007
41
na floresta onde são buscados os espíritos, onde parte do contacto entre as
comunidades e os antepassados ocorrem, sendo essas florestas, apenas
algumas delas, consideradas sagradas.
42
farmacêutico das comunidades, entre outras dimensões que revelam a
dependência das populações em relação as florestas.
"As florestas são protegidas porque é dentro delas que se realizam os grandes
rituais de interesse da comunidade, como são os casos de cerimónias de
pedido de chuvas nos raros anos em que essa necessidade se verifica, de
iniciação dos rapazes, onde se buscam alimentos como a caça, o mel, os frutos
silvestres nas épocas de carências, os cogumelos, os insectos comestíveis,
entre outros proventos da mãe natureza."
Nas proximidades das aldeias existiu sempre uma ou mais florestas onde as
grandes e mais antigas árvores servem de santuários para as cerimónias
propiciatórias de invocação aos antepassados. Para além disso, os nossos
cemitérios estão geralmente dentro de florestas densas caracterizadas por
árvores seculares, o que serve de sombra e a noite, garantem a escuridão e
sossego dos mortos. É estranho termos hoje cemitérios num espaço aberto,
com túmulos visíveis a todos que passam. Actualmente, os madeireiros
procuram e derrubam essas grandes árvores, frondosas o que entra em
contradição com as nossas tradições.
43
Então, fica claro que não é a árvore em si que é sagrada, mas sim, ela passa a
ser respeitada por ser considerado de facilitadora da comunicação com os
mortos, os antepassados.
Ocorre igualmente, que alguns nomes atribuídos a certos indivíduos não são
obra do acaso. Em situações não raras, o nome de uma criança (particularmente
nomes relacionados com plantas, animais ou parte deles), tem paralelismo com
44
a planta, o animas ou parte dele, usada para resolver as complicações do seu
parto, ou com o nome da planta ou animal usado por um terapeuta tradicional,
para aliviar o indivíduo de uma enfermidade que poderia ser fatal.
45
quanto os nomes dos indivíduos25, dos vegetais, dos animais, estão profunda e
intrinsecamente ligados aos processos vitais das comunidades.
Sendo assim, podemos entender que os fenómenos naturais não são os que
os mitos procuram explicar, mas sim, os fenómenos naturais são aquilo por
meio dos quais os mitos tentam explicar a realidade, não de ordem natural,
mas sim de ordem lógica.26
25
. Nomes relacionados com animais, estações do ano, dias da semana, fases da vida, circunstâncias do
parto, etc.
26
. MAIA, António Alone. Convertibilidade, relações totémicas e hermenêutica entre os Nyungwe de
Moçambique. IN: Revista de antropologia social dos alunos do PPGAS-UFSCar, v.4, no 1, Janeiro-
Junho, pp. 115-133. 2012.
27
. MUCACA, Cornélio Artur Luís. - Plantas usadas para o tratamento de algumas doenças associadas ao SIDA no
distrito de Guruè – Zambézia. Monografia Científica apresentada ao Departamento de Biologia para Tese de
Licenciatura em ensino de Química e Biologia. Universidade Pedagógica. Maputo. 2006. p. 48.
46
A planta Murama (em língua local e-lomwè), ou seja: Punica granatum (nome científico), cujas raízes
misturadas com outras plantas, serve para o tratamento de doenças de origem hídrica (diarreias).
A planta Nakhuka (em língua local e-lomwè), ou seja: Sansevieria sp. (nome científico), cujas raízes servem
para o tratamento de Problemas ou câncer da pele (Sarcoma De Kaposi)
Tendo em consideração que este tipo de informação é de difícil cedência, não foi
possível obter dados mais exaustivos. Porém, apresentamos de seguida, alguns
dos poucos outros exemplos de plantas medicinais fornecidos:
47
Caaponga Portulaca oleracea L. “
Mukhunhupo Protorus longifolia L. Tratamento de Sífilis
Caaponga Portulaca lerácea L. “
Nsihaha Opuntia ficus-indica Tratamento Câncer
da pele
Erva gorda Bryophylum tubiflora “
48
Se bem que vários rios nascem nas encostas dos inúmeros montes que
perfazem o maciço de Namúli, não existe uma relação espiritual forte com estes
rios que ali nascem. Os rituais que são característicos nesta região, por
exemplo, raramente são feitos nos rios ou em lagoas. Existe porém, como
excepção, um lugar sagrado que é mencionado com muita frequência nos
diálogos junto das comunidades, trata-se de uma pequena queda de água na
encosta do Monte Namúli. As comunidades acreditam que as águas daquele
lugar têm o poder de curar enfermidades e tem a força de abençoar os que lá
visitam.
49
As práticas e proibições em torno dos rios e fontes dos cursos de água estão
associadas ao facto de estas serem a matriz da qual nasceram todos os
antepassados das comunidades Lomwè que habitam a região do Namúli. É
assim que, mesmo sem explicar a lógica dos procedimentos, um grupo de
anciãs entrevistadas disse:
50
Os cursos de água possuem hoje múltiplas utilidades, algumas das quais atentam as prescrições
tradicionais e legais:
Em cima, cascatas como atrativo contemplativo e turístico; em baixo a esquerda, lavando roupa e pescando
com uso de rede mosquiteira; a direita, banhando-se.
Depois do lume, os utensílios jamais serão mergulhados nas águas dos rios ou lagoas.
51
A terra ou os recursos naturais estão ligados aos núcleos familiares que dão
corpo a comunidade. É neste sentido que a terra, por exemplo, é identificada
com erukulo ou nloko e a sua gestão cabe aos anciãos.
O homem, ao sair do seu grupo materno para se filiar no outro por meio do
casamento, adquire neste último direito de uso e exploração dos recursos,
enquanto a ele estiver ligado. Mas os seus direitos efectivos permanecem
sobre a terra da sua matrilinhagem, para onde a qualquer momento e por
qualquer circunstância, poderá regressar. Verifica-se, portanto que as parcelas
da terra identificadas com determinada matrilinhagem, dentro de um
determinado território são contínuos.
52
Tanto o poder e a influência da Rainha, quanto as dinâmicas sociais locais,
estão intrinsecamente ligados aos Antepassados, de quem se reconhece a
dádiva. A terra, os recursos naturais no geral tendo já sido de pertença de um
parente, ela passa de geração em geração. Naturalmente que este legado é de
conhecido e reconhecido por todas outras famílias e comunidades, o que limita
as possibilidades de conflitos pela posse da terra.
28
. Consideramos sociedades tradicionais, aquelas que possuem um limitado nível tecnológico de produção.
29
. No sentido em que muitas vezes, é apontada a alegada falta de explicação convincente e científica para
algumas das práticas.
53
conhecimentos e habilidades que determinam e influenciam as pessoas nas
suas atitudes.30
Mito são narrativas utilizadas pelos povos gregos antigos para explicar, tanto os
factos da realidade, como os fenómenos da natureza, as origens do mundo e do
homem, que não eram compreendidas por eles. Os mitos envolvem muita
simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes
componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas
que realmente existiram.
30
. FERRAZ, Bernardo. Cultura e Meio Ambiente. Comunicação do Presidente da Comissão Nacional do
Meio Ambiente. 1a Conferência Nacional sobre Cultura. Doc. 17/CNC/93. Maputo, 1993. p. 3.
54
Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimentos e explicar factos que a
ciência ainda não tenha explicado, através de rituais em cerimónias, danças,
sacrifícios e orações. Um mito também pode ter a função de manifestar alguma
coisa de forma forte ou de explicar os temas desconhecidos e tornar o mundo
conhecido ao Homem.
Para certos autores como Lévi-Strauss, os rituais são compostos por dois
mecanismos estruturais básicos de funcionamento: a fragmentação e a
repetição:
31
. LÉVI-STRAUSS, Claude.1978, p. 27.
32
. O conceito de Clã confunde-se com o de Linhagem, e numa outra estância, com o de Etnia (que designa,
em geral, o grupo de pessoas pertencentes a uma herança cultual comum).
55
Um grupo de famílias unidas por laços de parentesco reais (na base de um
antepassado comum), ou fictícios, onde a unidade do grupo é geralmente
simbolizada por um totem, sendo igualmente circunscrito a um território
determinado.
56
Monte Malessane, cujo nome está associado ao nihimo A-malessani.
Se bem que no passado, devido a fraca mobilidade das pessoas, e porque estas
deveriam se confinar em espaços territoriais específicos, quer por razões de
segurança contra os ataques de outros grupos humanos, quer como forma de
distinção da família alargada, o referencial geográfico do nihimo assumia uma
importância vital. É daí que cada uma destas unidades sociais estava ligada a
um elemento ou lugar geográfico, como por exemplo, uma montanha, um rio,
uma planície, entre outros.
57
Amukhewela, Amulai, Anyarini, Antapa, Anronha, Amuyema, Amuroka, Aneela,
Ananyatto, Amurenkana, Amuraha, Amwipasi, Amusoma.
58
Ocorrem de facto, montanhas em toda a parte alta ao norte do noroeste da
província da Zambézia, efectivamente no distrito do Gurúè, as quais estão
associadas ao Namúli, de entre as quais podemos respigar como exemplos, os
montes: Morresse, Malessa, Mirole, Maloa.
Como referimos a certo momento, as relações entre ada uma destas unidades
sociais e identitárias culminam com as acções de protecção daquelas
montanhas, tomadas aqui como objectos totémicos.
59
3.5.3. Agricultura
60
Por outras palavras, o crescente aumento da densidade populacional na regiões
mais próximas ao Namúli, ou ainda, nas suas colinas, representou a
necessidade da ampliação significativa de terras cultivadas e a consequente
redução de áreas de floresta natural, tendo engendrado ainda, mudanças
significativas no cenário agrário
"Desde muito tempo que as zonas baixas para o cultivo não oferecem espaço
para acolher mais pessoas que pretendem desenvolver a agricultura, cultiva-se
também nas partes inclinadas das colinas. Basta cultivar em roda, na forma de
33
. Nestes casos, ocorre a fraca acumulação de biomassa vegetal, o é apenas possível com o pousio.
61
escadarias ou canteiros, a água das chuvas não consegue arrastar as areias.
Para além disso, essas escadarias são acompanhadas por plantas, geralmente
feijões e outras leguminosas."
62
Capítulo IV -Lições aprendidas e conclusões
Deste modo, pode ser por isso que a modernidade, ao querer satisfazer as suas
crescentes necessidades, é responsabilizada a acção negativa de destruição da
natureza, como foi expressamente por Castells (1999), nos seguintes termos:
Qualquer que seja o caso, no computo geral, podemos observar nos dias que
correm, que as dinâmicas sociais e económicas influem de forma substancial, na
aceleração da degradação ambiental, em duas dimensões essenciais:
34
. ZANONI, M. M. et al. Preservação da natureza e desenvolvimento rural: dilemas e estratégias dos agricultores
familiares em áreas de protecção ambiental. IN: Desenvolvimento e Meio Ambiente, no 2. pp. 39-55. Jul./Dez. 2000.
Editora da UFPR.
63
transmitidos ao longo das gerações pela tradição, em prol dos ecossistemas,
enquadrando-se no princípio segundo o qual:
35
. ESTEVES, Flavia. The Lost Mountain Project – Phase II Report: Preliminary Findings on Biodiversity Assessment,
Namúli. p. 1.
36
. Ibidem, p. 2.
37
. The Lost Mountain Project – Namúli Mountain, Zambézia: Baseline Study on the Management of Natural Resources
in Curuca Community, Namúli, District of Gurúè, Zambézia Province. p. 1
64
4.2. Principais lições/ Constatações
65
4.3. Notas finais
66
Com efeito, os sistemas costumeiros nas comunidades da região do Namúli,
relativos a protecção ambiental, permitem a contenção do processo de
degradação dos recursos naturais, num pacto em que a sociedade e a natureza
estão intimamente ligados, não havendo distanciamento de um e do outro
elemento. Tudo acontece como se o princípio ou no subconsciente das
populações estivesse claro que o fim da biodiversidade implica o fim da
comunidade, ou melhor, a extinção da espécie humana. É essa dimensão de
consciência que pode diferenciar a cultura nestas comunidades do Namúli, e a
cultura talhada nos moldes ocidentais e assente nos primores capitalistas – a
busca incessante do lucro.
67
em terrenos declivosos, bem como a exploração florestal protagonizada pelo
sector empresarial desde o período colonial, estão na origem da degradação
acentuada ou a gradual esterilidade dos solos e dos ecossistemas na região do
Namúli.
4.4.Perspectivas
68
intervenientes externos, bem como mecanismos para o aumento da
produtividade, sem afectar negativamente os recursos ambientais e
culturais locais.
69
ANEXOS: Aspectos climatéricos
O clima é tropical. No inverno existe muito menos pluviosidade que no verão. A classificação do clima é Aw
de acordo com a Köppen e Geiger. Gurúè tem uma temperatura média de 22.2 °C. A pluviosidade média
38
anual é 1857 milímetros.
Gráfico de temperatura
O mês mais quente do ano é Outubro com uma temperatura média de 24.8 °C. Em Julho, a temperatura
média é 18.0 °C, que pode ser considerada a temperatura média mais baixa de todo o ano.
Tabela climática
A tabela mostra que a diferença entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso é de 335
milímetros. As temperaturas médias, durante o ano, variam 6.8 °C.
Gráfico climático
A partir dos dados acima, depreende-se que a maioria da precipitação cai em Março, com uma média de
355 milímetros. Note-se também que a precipitação do mês Setembro é de 20 milímetros, que é o mês
mais seco.
38
. http://pt.climate-data.org/location/32616/
70
5. Bibliografia
FURZE, Brian; LACY, Terry de; BIRCKHEAD, Jim. – Culture, conservation and
biodiversity: The social dimension of linking local level development and
conservation through protect areas. WILEY Ed.
71
INSTITUO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MOÇAMBIQUE. Fichas Técnicas
de Culturas. Ministério da Agricultura. Outubro-2010.
72
ZAMONI, Magda M.; FERREIRA, Ângela Duarte D.; et. al. – Preservação da
natureza e desenvolvimento rural: dilemas e estratégias dos agricultores
familiares em Áreas de Proteção Ambiental. IN: Desenvolvimento e Meio
Ambiente, n. 2. Pp. 39-55. Julho/Dezembro 2000. Editora da UFPR.
Sitios Consultados
Arigora.blogspot.com - O Povo Macua-Lomwé da Zambézia -Pebane (2011).-
consultado no dia 15 de Agosto de 2016
http://pt.climate-data.org/location/32616.
73