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O MUNDO NA DÉCADA DE 1780

O mundo de 1780 era incalculavelmente menor do que o atual e maior que o atual de certa maneira.

Menor num aspecto geográfico, tendo em vista que o mundo por mais que fosse bastante explorado,
ainda havia imensas áreas “brancas” nos mapas-múndi e muitos territórios desconhecidos.
Além do aspecto geográfico, o aspecto humano era menor, estaticamente um de cada cinco,
europeu, um de cada dez, africano, e um de cada 33, americano ou da Oceania, população esta
distribuída bem esparsamente pela terra, com exceções de alguns polos na China e Índia que
comparativamente aos dias atuais mostravam uma intensa concentração demográfica.

Doenças endêmicas, como a malária atrapalhavam a colonização em certas áreas.

Ainda assim, se o mundo era em muitos aspectos menor, a simples dificuldade ou incerteza das
comunicações faziam-no praticamente maior do que é hoje. Foi diminuído consideravelmente o
tempo de transporte de uma comunicação, bem como de pessoas, mas especificamente entre portos
e cidade portuárias, em comparação as áreas rurais.

O mundo de 1789 era essencialmente rural.

A linha que separava a cidade e o campo, ou melhor, as atividades urbanas e as atividades rurais, era
bem marcada.

O problema agrário era portanto o fundamental no ano de 1789, é fácil compreender por que a
primeira escola sistematizada de economistas do continente, os fisiocratas franceses, tomara como
verdade o fato de que a terra, e o aluguel da terra, era a única fonte de renda líquida. E o ponto
crucial do problema agrário era a relação entre os que cultivavam a terra e os que a possuíam, os
que produziam sua riqueza e os que a acumulavam.

Oeste da Europa, nas colônias além mar, tínhamos essencialmente que o cultivador típico não tinha
liberdade ou então trabalhava sob coerção política, exemplos claros eram os índios que trabalhavam
a força ou os escravos negros.

A lesta da Europa tínhamos a região de servidão agária. O camponês típico era um servo, que
dedicava uma enorme parte da semana ao trabalho forçado na terra do senhor ou o equivalente em
outras obrigações.

No resto da Europa, a estrutura agrária era socialmente semelhante. Isto quer dizer que, para um
trabalhador ou camponês, qualquer pessoa que possuísse uma propriedade era um “cavalheiro” e
membro da classe dominante, e, viceversa, o status de nobre ou de gentil-homem (que dava
privilégios políticos e sociais e era ainda de fato a única via para os mais altos postos do Estado) era
inconcebível sem uma propriedade.

Entretanto essa visão obsoleta, no ponto de vista econômico fez com que os nobres proprietários de
terra passassem a utilizar seu título e suas prerrogativas de maneira mais contudente.

Economicamente a sociedade rural ocidental era muito diferente. Tínhamos um camponês livre que
era o lavrador o qual arrendava o terreno para o senhor, no qual pagava em forma de aluguel ou de
quota de safra. Também tínhamos o livre proprietário, que mesmo assim tinha obrigações com o
senhor local, o príncipe e a Igreja.
O século XVIII não era, logicamente, um século de estagnação agrícola. Pelo contrário, um longo
período de expansão demográfica, de urbanização crescente, de fabricação e comércio encorajava a
melhoria da agricultura e de fato a requisitava.

Um individualismo secular, racionalista e progressista dominava o pensamento "esclarecido".


Libertar o indivíduo das algemas que o agrilhoavam era o seu principal objetivo: do tradicionalismo
ignorante da Idade Média, que ainda lançava sua sombra pelo mundo, da superstição das igrejas
(distintas da religião "racional" ou "natural"), da irracionalidade que dividia os homens em uma
hierarquia de patentes mais baixas e mais altas de acordo com o nascimento ou algum outro critério
irrelevante.

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