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CURSO BÁSICO DE LICITAÇÕES PÚBLICAS

ENFRENTANDO E VENCENDO TABUS


Equipe técnica

Gestão acadêmica
Escola de Administração Fazendária

Conteudista
Renato Teixeira Arten

Desenvolvimento web
Empresa Avante Brasil
Sumário

MÓDULO 1 - PARA COMEÇO DE CONVERSA.............................................................4

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO.......................................................................................4

1.1 O que é o procedimento licitatório? E quem está sujeito a ele?.......................4

1.2 Por que a Administração Pública precisa fazer licitação? E qual a sua
essência?...................................................................................................................9

1.3 Quais as vantagens e desvantagens deste processo?..................................19

UNIDADE 2 - INGRESSEI NA ÁREA DE COMPRAS, E AGORA?...................................24

2.1 Conheça a Lei Geral de licitações e sua evolução..........................................24

2.2 Conheça as modalidades tradicionais e os tipos de licitação.......................30

2.3 Saiba que é possível dispensar a licitação em alguns casos; em outros, ela
é inexigível...............................................................................................................38

UNIDADE 3 - AGORA QUE TRABALHO NA ÁREA DE COMPRAS, O QUE DEVO


SABER?..................................................................................................................47

3.1 Quem são as áreas demandantes e como devo enxergar as demandas?....47

3.2 Como devo orientar as áreas demandantes? Como não ser o “chato da
história”?..................................................................................................................55

3.3 O que a autoridade competente espera de mim? Como agir na fase de


pesquisa de preços?...............................................................................................61
TÍTULO

MÓDULO 1 - PARA COMEÇO DE CONVERSA

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO

1.1 O que é o procedimento licitatório? E quem está sujeito a ele?


Meus sinceros cumprimentos a você, caro aluno! É um grande prazer poder apresentar
um tema tão relevante a um público tão especial. Este será um curso básico, que
apresentará o assunto de forma técnica, objetiva e organizada.

Não se trata, portanto, de treinamento avançado, com inviáveis pretensões de torná-lo


um exímio conhecedor de tudo sobre o assunto. Esteja certo de que tal tarefa exigirá
muito mais tempo de aprendizagem.

Será diferente, porém, dos cursos básicos que você está acostumado a experimentar
em relação a temas tão técnicos quanto o nosso.

O objetivo aqui é discorrer sobre os temas didaticamente, mas fundamentalmente


demonstrando a essência do processo, com linguagem amigável, de modo que você
possa, de fato, ver sentido no seu trabalho.

Ao final, espera-se tornar clara a ideia sobre o que é a área de compras na Adminis-
tração Pública e qual o papel do agente público atuante nesta área. Tal visão geral,
com abordagem focada em uma comunicação leve e direta, além de lhe proporcionar
enxergar sentido no desempenho do seu trabalho, lhe permitirá até desfrutar dele
(sim, isto é possível, acredite!).

Vamos começar? Então, afinal, o que vem a ser o procedimento


licitatório?

Em linhas gerais, a Administração Pública precisa recorrer à licitação pública quando,


para sua existência e o cumprimento de suas atribuições, necessita adquirir bens e
serviços de particulares.

4
TÍTULO

Licitar é selecionar por meio de regras previamente estabelecidas. O procedimento


licitatório é, neste contexto, uma sequência de atos orquestrados entre si que
objetivam, ao final, indicar o escolhido a celebrar um contrato com a Administração
Pública.

E regras são regras. Servem para alinhar todos os competidores em uma posição
de igualdade. Seguem-se as regras para que o resultado seja justo. Não há justiça
quando as regras não são cumpridas, ou ainda, quando são alteradas no meio do
caminho.

Tome Nota
Note que a abordagem de “justiça” deve sempre pautar o procedi-
mento de licitação. Mas… O que é justo para mim pode não ser justo
para você.

Por que acha que toda a estrutura da Justiça que temos (agora com
a inicial em letra maiúscula mesmo) carrega consigo uma série de
códigos, leis, condutas, linhas de defesa e de acusação e, em palavra
final, a decisão de um juiz?

Pois é. A ideia de justiça é mesmo complexa. Cercamo-nos de uma série de regras


– de senso comum da sociedade – para nortear nossas condutas e para descobrir
o que é certo e errado, o que pode e o que não pode. Mesmo assim, eventualmente,
existe a lide, o confronto, a disputa. Dessa forma, necessário irá se fazer um juízo,
uma sentença, para colocar ponto final nas disputas.

Com o processo de licitação não é diferente.

Se contratar com o Poder Público for o objetivo, certamente haverá uma disputa.
No mesmo contexto de justiça de que estamos falando, a todos os concorrentes
interessados nesta empreitada deverão ser oferecidas condições justas de disputa e,
neste sentido, teremos as regras de licitação.

As regras estarão colocadas e o jogo irá começar. Caberá, então, à Administração


Pública mediar esta disputa. Mediar significa observar e aplicar tais regras e, em sua
esfera administrativa, consiste também em dar a palavra final, quando necessário.

5
TÍTULO

É mesmo simples compreender: licitar é selecionar, por meio de regras previamente


estabelecidas; e quando houver disputa, deve o responsável pela sua condução
decidir pautando-se pela ideia de justiça; justiça tal que se materializa através das
regras antes determinadas.

Licitar

é Selecionar

por meio de Regras


estabelecidas

Marçal Justen Filho (2005) entende que “A licitação envolve a prática de uma
série ordenada de atos jurídicos (procedimento) que permita aos particulares
interessados apresentarem-se perante a Administração, competindo entre
si, em condições de igualdade. O ideal vislumbrado pelo legislador é, por via
da licitação, conduzir a Administração a realizar o melhor contrato possível:
obter a maior qualidade, pagando o menor preço. Rigorosamente, trata-se de
desdobramento do princípio mais básico e fundamental que orienta a ativi-
dade administrativa do Estado: o princípio da República. Toda atuação admi-
nistrativa orienta-se à satisfação dos interesses supraindividuais. O adminis-
trador não possui disponibilidade do interesse que persegue.”

Cit., p. 45/46, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

O autor prega, ainda, que: “A licitação destina-se a selecionar a proposta mais


6 (com observância do princípio da
vantajosa para a Administração Pública
isonomia). A vantagem caracteriza-se como a adequação e satisfação do
dade administrativa do Estado: o princípio da República. Toda atuação admi-
nistrativa orienta-se à satisfação dos interesses supraindividuais. O adminis-
trador não possui disponibilidade do interesse que persegue.”
TÍTULO
Cit., p. 45/46, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen
Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

O autor prega, ainda, que: “A licitação destina-se a selecionar a proposta mais


vantajosa para a Administração Pública (com observância do princípio da
isonomia). A vantagem caracteriza-se como a adequação e satisfação do
interesse coletivo por via de execução do contrato. A maior vantagem possí-
vel configura-se pela conjugação de dois aspectos complementares. Um dos
ângulos relaciona-se com a prestação a ser executada por parte da Adminis-
tração; o outro se vincula à prestação a cargo do particular. A maior vanta-
gem apresenta-se quando a Administração assumir o dever de realizar a
prestação menos onerosa e o particular se obrigar a realizar a melhor e mais
completa prestação. Configura-se, portanto, uma relação de custo-benefício.
A maior vantagem corresponde à situação de menor custo e maior benefício
para a Administração”.

Cit., p. 42, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos/Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Marçal (2005) continua, ao afirmar que “A licitação busca realizar dois fins,
igualmente relevantes: o princípio da isonomia e a seleção da proposta mais
vantajosa. Se prevalecesse exclusivamente a ideia da “vantajosidade”, a
busca da “vantagem” poderia conduzir a Administração a opções arbitrárias
ou abusivas. Enfim, poderia verificar-se confusão entre interesses primários
e secundários da Administração.”

Cit., p. 43, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos/Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Conheça agora quem está sujeito obrigatoriamente a recorrer ao procedimento


licitatório, quando, para a sua existência e o desempenho de suas atividades,
necessitam adquirir bens e serviços:

7
TÍTULO

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

É a parte da Administração em que o Estado exerce suas atribuições diretamente,


por suas pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) ou por seus órgãos pertencentes a essas pessoas jurídicas (exemplo:
Receita Federal, que pertence à União).

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

É a parte da Administração em que o Estado repassou atribuições a terceiros,


guardando para si o poder de fiscalização e o controle finalístico, exercida por
autarquias (exemplo: Banco Central), fundações (exemplo: Funai), empresas públicas
(exemplo: Casa da Moeda) e sociedades de economia mista (exemplo: Banco do
Brasil).

Agora que você já sabe o que é uma licitação pública e quem está sujeito a ela,
entenderá no próximo tópico as razões de sua existência.

Nos vemos na sequência, até lá!

8
TÍTULO

1.2 Por que a Administração Pública precisa fazer licitação? E qual a sua
essência?
Agora você será apresentado às razões pelas quais a Administração Pública precisa
se sujeitar ao procedimento licitatório.

Para tanto, é preciso que ampliemos um pouco mais nossa visão. Por um instante,
procure sair de sua posição de servidor público (calma, é só por um instante e apenas
na sua imaginação).

Veremos agora dois exemplos:

Por Exemplo
Exemplo 1. O empresário.

Primeiro, coloque-se na posição de um empresário. Agora imagine que


sua empresa venda móveis de escritório, como mesas e cadeiras. Pense
na quantidade de empresários que existem neste mercado, exatamente
iguais a você.

Imagine a dificuldade de fazer com que os clientes escolham os seus


produtos e não os de seus concorrentes.

É importante frisar que você, como empresário correto que é, cumpre


todas as suas obrigações perante os seus clientes e fornecedores, bem
como perante o Estado, na forma dos impostos incidentes sobre o seu
negócio. Tudo isto aliado a uma grande vontade de vencer na vida, de
fazer dar certo, com força, dedicação e luta diárias. Ótimo!

Tente visualizar agora que, fazendo tudo certo, você será apenas mais
um dentre tantos como você.

Veja: diante disso, você terá que comercializar seus produtos por preços
ainda mais competitivos ou oferecer algo diferente, que só você o faça,
destacando-se de seus concorrentes. Ou ambos. Tudo para fazer os
clientes escolherem você e não os seus concorrentes. Imagine o quão
árdua é esta tarefa. É a vida real, meu caro!

9 um grande cliente que queira com-


Agora imagine que exista no mercado
prar cinco mil cadeiras e mais mil mesas de escritório, exatamente como
como perante o Estado, na forma dos impostos incidentes sobre o seu
negócio. Tudo isto aliado a uma grande vontade de vencer na vida, de
fazer dar certo, com força, dedicação e luta diárias. Ótimo!
TÍTULO
Tente visualizar agora que, fazendo tudo certo, você será apenas mais
um dentre tantos como você.

Veja: diante disso, você terá que comercializar seus produtos por preços
ainda mais competitivos ou oferecer algo diferente, que só você o faça,
destacando-se de seus concorrentes. Ou ambos. Tudo para fazer os
clientes escolherem você e não os seus concorrentes. Imagine o quão
árdua é esta tarefa. É a vida real, meu caro!

Agora imagine que exista no mercado um grande cliente que queira com-
prar cinco mil cadeiras e mais mil mesas de escritório, exatamente como
as que você vende, e de uma só vez. Pense que você já é um empresário
de destaque, ou seja, possui vantagem competitiva no seu mercado,
razão pela qual seria natural que este grande cliente optasse por com-
prar de sua empresa. Garantia de sucesso, não?

Bom, imagine que este grande cliente simplesmente escolha comprar de


seu concorrente, que oferece preços demasiadamente baixos, quase que
por magia. Este seu concorrente, meu caro, é aquele que você sabe que
não entrega o que promete, é aquele que você sabe que não paga os
fornecedores adequadamente, é aquele que não cumpre com suas obri-
gações trabalhistas, é aquele que burla o pagamento de seus impostos,
enfim… Chega! Não é justo, como você poderá concorrer com ele?

Muito traumático? Concordo… Vamos destraumatizar um pouco o exem-


plo.

Imagine que o grande cliente tenha escolhido o seu concorrente, mas


que este concorrente é tão correto quanto você, ou seja, faz tudo certo
também. Com este você poderia, sem dúvida, concorrer. Mas, por obra
do destino, talvez, o representante do comprador descobre que estudou
na infância com um amigo por quem tinha muito apreço e, surpreenden-
temente, este amigo de infância era o tal empresário concorrente que lhe
venderia exatamente as mesmas cinco mil cadeiras e mil mesas de que
precisava. Negócio fechado!

Dessa vez foi justo? Desnecessário verbalizar a resposta… Porém, antes


de falarmos em justiça, convido-lhe a “surfar” pelo segundo caso.

10
TÍTULO

Por Exemplo
Exemplo 2. O pai de família.

Neste exemplo, você é um pai de família, tentando apenas administrar a sua


casa. Imagine que você costuma ir ao mercado com uma única nota hipoté-
tica de quinhentos reais, que é o máximo que você pode gastar por mês.

Com quinhentos reais você sabe que consegue comprar todos os


alimentos e os produtos de limpeza de que você e sua família necessita-
rão pelo período de um mês. Fazendo as melhores escolhas, com sorte
poderá sobrar até para comprar uma caixa de chocolates, para a alegria
das crianças. Tudo isso com apenas quinhentos reais. Mas calma, não
precisa se inquietar desta maneira aí do outro lado da tela, lembre-se que
este é apenas um exemplo hipotético!

Desenhado o cenário, esteja certo de que você faz as suas compras do mês
naquele mercado de sua confiança, aquele que reiteradamente você já com-
provou ser o mais barato de sua cidade. Agora imagine que, num determina-
do mês, você resolveu radicalizar, imbuído daquela vontade insana de agra-
dar e surpreender sua esposa. Resolveu, então, fazer as suas compras do
mês naquele empório, conhecido como o mais luxuoso da cidade, embora
ainda dispondo de apenas uma nota de quinhentos reais.

O resultado, pode-se imaginar, será tão empolgante quanto desastroso.


Se por um lado, você e sua família poderão desfrutar, como nunca antes,
dos melhores produtos de alimentação e de limpeza disponíveis, será
fácil perceber que tal desfrute não durará todo o mês. Em alguns dias,
sua família estará faminta e, sua casa, imunda. Ao final do mês, você não
terá mais esposa.

Agora retorne à sua realidade de servidor público (ufa!) e, antes que se


pergunte o que estes dois exemplos exagerados têm a ver com o capítulo
que estamos estudando, segue aqui a resposta, de antemão: tudo, abso-
lutamente tudo.

11
TÍTULO

De forma resumida, no primeiro exemplo ocorreu brutal injustiça com o pobre


empresário. Já no segundo exemplo, a pobre família ficou suja e morta de fome por
uma ação destemperada do pai.

Pois bem. Para compreender adequadamente este capítulo, é preciso entender que
a Administração Pública é todo o aparelhamento existente no Estado e utilizado por
este para a realização de sua finalidade.

São bens imóveis, móveis, semoventes (animais) e também as pessoas. Trata-se de


verdadeiro corpo administrativo colocado à disposição do Estado para a realização
de seus objetivos.

É necessário esclarecer, também, que por ser pública – repito, pública – a


Administração detém para si determinadas prerrogativas, privilégios, vantagens.
Ao mesmo tempo – e pela mesma razão – subordina-se a determinadas sujeições,
obrigações, desvantagens.

Vamos entender!

Por Exemplo
Exemplos de prerrogativas:

A cobrança de impostos, a possibilidade de desapropriar bens de parti-


culares, a presunção de legitimidade e a estabilidade de seus servidores.

Exemplos de sujeições:

A pena mais gravosa para uma mesma determinada conduta no Código


Penal brasileiro (peculato para o servidor público e apropriação indébita
para o particular, pena de até doze anos para o servidor público e de até
quatro anos para o particular), e a obrigatoriedade de se proceder à aqui-
sição de bens e contratação de serviços por meio de licitação pública,
objeto de nosso estudo.

12
TÍTULO

Importante
Note como isto é importante: apesar de ligeiramente exagerados,
em superficial análise não se pode dizer que houve problemas de
ordem legal, moral ou ética nos exemplos criados. Vivemos em um
País cuja escolha é livre, não é mesmo? O grande cliente preteriu
nosso pobre empresário e, pelo que consta, não há nenhum
problema nisso. Por sua vez, o pai de família pródigo – à parte de
ter prejudicado sua própria família, o que é deplorável, frise-se –
fez o que fez com total e plena liberdade que lhe é assegurada e, a
rigor, nenhum de nós podemos interferir em seus atos.

Mas agora reflita, ainda tendo em mente os nossos dois exemplos:


questione-se se a Administração Pública estivesse presente.

O que mudaria?

Imagine se o tão falado “grande cliente” fosse, na realidade, a União, por


exemplo.

Poderia a União ter preterido o nosso pobre empresário no primeiro


exemplo?

No segundo, imagine se o pai de família, na verdade, fosse um


determinado município deste País e se as compras do mês fossem o
abastecimento da rede municipal de escolas.

Poderia o município ser pródigo e, eventualmente, agir como agiu o tal pai
de família?

13
TÍTULO

Parece-nos muito clara a resposta, não é mesmo? Pois é disto que se trata.
As ações da Administração Pública devem ser pautadas pelo interesse coletivo, pelo
bem comum. Por isso existem as leis e os princípios aos quais ela se sujeita.

O artigo 37 de nossa Constituição Federal dispõe de maneira expressa alguns


princípios norteadores para a Administração Pública, embora não sejam os únicos,
obviamente.

Já de certa forma famoso, o chamado “LIMPE” é a formação das iniciais destes


princípios expressos: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Legalidade

Em relação à legalidade, pode-se dizer, em linhas gerais, que é a sujeição do agente


público aos ditames da lei. Somente a lei permite, proíbe e limita a ação do agente
público. É dizer: o servidor público está totalmente vinculado à lei, que, por sua vez,
representa o interesse público primário, sendo, neste contexto, indisponível (ou seja:
que não se pode dispor, vender, entregar) e intransigível (isto é: que não se pode
negociar).

Impessoalidade

Já o princípio da impessoalidade impede o uso da máquina pública para atender a


interesses pessoais, devendo todos os atos da Administração Pública objetivar o
interesse coletivo, a finalidade pública.

Moralidade

Falar em moralidade é falar em honestidade ou probidade administrativa. Tal princípio


é totalmente relacionado com a ética.

Publicidade

O princípio da publicidade é o que garante a transparência dos atos da Administração


Pública. Salvo poucas exceções de sigilo ou de segredo atribuídos pela lei, todos
os demais atos devem ser publicizados, haja vista que o agente público nada tem a
esconder.

14
TÍTULO

Eficiência

A eficiência se materializou como princípio na Constituição Federal por intermédio da


Emenda Constitucional n°19, de 1998.

A partir daí, a chamada “reforma administrativa” expressou aquilo que todos nós já -
ao menos - deveríamos saber: que não basta seguir a lei, há de se buscar os melhores
resultados possíveis, diante das mais variadas situações. O princípio da eficiência
é quase que autoexplicativo, portanto, deve ser encontrado da forma mais ampla
possível.

Embora não tenhamos, até agora, adentrado ao estudo da Lei Geral de Licita-
ções propriamente dita (Lei nº 8.666, de 1993 – note que esta é a primeira
menção que faço), o assunto atual clama pela leitura de seu artigo terceiro,
cuja redação foi dada pela Lei nº 12.349, de 2010:

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitu-


cional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administra-
ção e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processa-
da e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalida-
de, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probi-
dade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julga-
mento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Este artigo consagra os rumos de toda a lei. É, por isso, o mais importante de todos,
na medida em que resume e dita a maneira como a licitação deve ser conduzida.

E tem tudo a ver com o que estamos estudando nesta unidade.

15
TÍTULO

Tratando do princípio da legalidade, Marçal Justen Filho (2005) expressa:

“No procedimento licitatório, desenvolve-se atividade vinculada. Isso signifi-


ca ausência de liberdade (como regra) para a autoridade administrativa res-
ponsável pela condução da licitação. A lei define as condições da atuação
dos agentes administrativos, estabelecendo a ordenação (sequência) dos
atos a serem praticados e impondo condições excludentes de escolhas pes-
soais ou subjetivas.”

Em relação ao princípio da impessoalidade, Justen Filho (2005) alega que:

“é a emanação da isonomia, da vinculação à lei e ao ato convocatório e da


moralidade. Indica vedação a distinções fundadas em caracteres pessoais
dos interessados. Ao menos, os caracteres pessoais devem refletir diferen-
ças efetivas e concretas (que sejam relevantes para os fins da licitação).
Exclui o subjetivismo do agente administrativo. A decisão será impessoal
quando derivar racionalmente de fatores alheios à vontade psicológica do
julgador. A impessoalidade conduz a que a decisão independa da identidade
do julgador.”

Em sequência, o autor esclarece que:

“A moralidade e a probidade administrativas são princípios de conteúdo ines-


pecífico, que não podem ser explicados de modo exaustivo. A explicitação,
nesse ponto, será sempre aproximativa. Extrai-se a intenção legislativa de
que a licitação seja norteada pela honestidade e seriedade. Exige-se a pre-
servação do interesse coletivo acima do egoístico interesse dos participantes
da licitação ou mera obtenção de vantagens econômicas para a própria
Administração.”

E prossegue ressaltando que:

“O princípio da moralidade também se refere à conduta dos próprios partici-


pantes da licitação. A disputa deve ser honesta entre eles. Devem guardar
postura moralmente correta perante os demais competidores e a Adminis-
tração. A imoralidade de sua conduta acarretará seu afastamento e, eventu-
almente, a invalidação do procedimento. Por isso, é necessária a própria dis-
16entre os licitantes, estarão frustrados
puta. Havendo conluio ou composição
nesse ponto, será sempre aproximativa. Extrai-se a intenção legislativa de
que a licitação seja norteada pela honestidade e seriedade. Exige-se a pre-
servação do interesse coletivo acima do egoístico interesse dos participantes
TÍTULO
da licitação ou mera obtenção de vantagens econômicas para a própria
Administração.”

E prossegue ressaltando que:

“O princípio da moralidade também se refere à conduta dos próprios partici-


pantes da licitação. A disputa deve ser honesta entre eles. Devem guardar
postura moralmente correta perante os demais competidores e a Adminis-
tração. A imoralidade de sua conduta acarretará seu afastamento e, eventu-
almente, a invalidação do procedimento. Por isso, é necessária a própria dis-
puta. Havendo conluio ou composição entre os licitantes, estarão frustrados
os princípios da moralidade e da probidade. Deverá invalidar-se o certame,
punindo-se os responsáveis.”

Cabe, também, ressaltar brevemente o que dispõe Marçal Justen Filho (2005)
acerca do princípio da publicidade:

“A publicidade desempenha duas funções. Primeiramente, objetiva permitir o


amplo acesso dos interessados ao certame. Refere-se, neste aspecto, à uni-
versidade da participação no processo licitatório. Depois, a publicidade orien-
ta-se a facultar a verificação da regularidade dos atos praticados. Parte-se
do pressuposto de que as pessoas tanto mais se preocuparão em seguir a lei
e a moral quanto maior for a possibilidade de fiscalização de sua conduta.
Sendo ilimitadas as condições de fiscalização, haverá maior garantia de que
os atos serão corretos.”

Cit., p. 48, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Cit., p. 52, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Cit., p. 53, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Cit., p. 54, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

17
TÍTULO

Para concluir, convido-lhe a fazer um exercício interessante: procure identificar,


nos dois exemplos que vimos nesta unidade (do empresário e do pai de família), as
hipóteses de agressão aos princípios que compreendemos anteriormente.

Não se surpreenda, porém, se acabar encontrando ofensa a todos eles ou a uma


combinação entre dois ou mais dos princípios, cada qual em sua medida. Se isto
ocorrer, parabéns! Significa que você está no caminho certo sobre a forma de enxergar
a coisa pública, a verdadeira essência da razão pela qual a Administração se submete
a fazer licitação pública.

E então? Finalmente convencido? A seguir, vamos estudar as van-


tagens e desvantagens de se percorrer um processo de licitação.

18
TÍTULO

1.3 Quais as vantagens e desvantagens deste processo?


Agora, você verá elencadas algumas das vantagens e desvantagens de se percorrer
o procedimento licitatório.

A esta altura, já é possível imaginar onde quero chegar. Você deve se lembrar que
vimos anteriormente que a Administração Pública, incomum como deve ser, detém
para si determinadas prerrogativas especiais, ao mesmo tempo em que também
coleciona, paradoxalmente, certas sujeições.

Você deve se lembrar, inclusive, que quando foram citados exemplos de sujeições,
obrigações ou desvantagens, lá estava a nossa querida “licitação pública”, objeto de
nosso estudo.

O ponto relevante desta história é enxergar que, por ser decorrente da coisa pública
(portanto, de todos), as compras ou contratações que pretende fazer a Administração
não podem ser tão simples, assim como fazemos em nossas vidas particulares (que
não são públicas, por sinal).

1 - Se as compras são públicas, então todos nós merecemos conhecer os detalhes


envolvidos. E não apenas isto. Todos nós exigimos que aos candidatos a
vendedores sejam oferecidas condições iguais e justas de disputa. Todos nós
exigimos que seja feito, portanto, o melhor negócio possível, afinal, o dinheiro
é nosso. Dinheiro público tem dono, sim.

2 - Para alcançar o bem comum, a licitação, então, tem de observar um rito


específico, que necessariamente passa pela formalidade. Vimos que
o procedimento licitatório nada mais é do que uma sequência de atos
orquestrados entre si que objetivam, ao final, indicar o escolhido a celebrar
um contrato com a Administração Pública. Tal sequência de atos, que seguem
regras próprias, formais e burocráticas, por óbvio, demanda tempo. Muito
tempo.

19
TÍTULO

3 - Sendo assim, sob esta ótica, pode-se dizer – sem medo de errar – que a
licitação pode ser vista como uma desvantagem para a Administração. O
Poder Público não pode apenas resolver que precisa comprar algo e, num
estalar de dedos, fechar o negócio.
A Administração tem de planejar antecipadamente, tem de seguir uma série
de regras, tem de percorrer uma série de prazos e, ainda, conviver com os
riscos aos quais todos estes passos estão expostos.
4 - Mas, em contrapartida, é uma segurança. Concorda? (Lembre-se que o
dinheiro é seu também.)
A segurança que experimentamos passa pela certeza de que, em determinada
medida, todas as compras públicas observam princípios. Já vimos alguns
destes princípios no capítulo anterior (“LIMPE”). Mas além da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – que são os expressos
em nossa Constituição, outros princípios também são observados em
qualquer licitação pública.
5 - Para mencioná-los, temos os princípios da isonomia ou igualdade, da
razoabilidade e proporcionalidade, da motivação, da supremacia e
indisponibilidade do interesse público, do julgamento objetivo e vinculação
ao instrumento convocatório, da presunção de legitimidade e autotutela dos
atos administrativos. É uma garantia e tanto.

Vejamos...

Isonomia ou Igualdade

O princípio da isonomia ou igualdade é aquele que garante os elementos necessários


indispensáveis para materializar aquele sentimento de justiça que tanto almejamos.
Todos em posição de equivalência de condições para que não haja privilégios
indevidos que possam frustrar a competitividade, a disputa leal do certame licitatório.

Razoabilidade

Por sua vez, o princípio da razoabilidade exige, para a prática dos atos administrativos,
o uso da razão e não da emoção, impedindo que a paixão inviabilize o serviço público.
Será observado, em especial, naqueles casos em que o agente público terá margem
discricionária de decisão. Já o princípio da proporcionalidade, embora intimamente
ligado ao anterior, prevê a adequação entre o ato praticado e a medida adotada, de
modo a individualizar as medidas, adequando-as aos respectivos atos.

20
TÍTULO

Motivação

Em relação ao princípio da motivação, é suficiente dizer apenas que é aquele que


obriga a Administração a justificar todos os seus atos, sob pena de nulidade, já que a
motivação é elemento essencial à formalização dos atos administrativos.

LEI

Neste contexto, impor a supremacia do interesse público em detrimento do interesse


particular significa que o primeiro se sobrepõe ao segundo, fortalecendo a impes-
soalidade e sendo correto dizer que o agente público – dotado do poder de decisão
– deve sempre atender à finalidade legal.

Ressalta-se, contudo, que tal supremacia não é ilimitada: seus limites e regramentos
específicos são disciplinados em lei. Traduzir a indisponibilidade do interesse público
é simplesmente não admitir que dele o agente público disponha, venda, entregue.

É certo afirmar, ainda, que nos processos de licitação aplicam-se os princípios do


julgamento objetivo e da vinculação ao instrumento convocatório.

Neste sentido, convocam-se os interessados a participar


de um certame por meio de um documento norteador,
normalmente chamado de Edital e, neste, a Administração terá
– obrigatoriamente – que expressar as regras do jogo, que
possibilitarão o julgamento das propostas recebidas, não se
admitindo, para tanto, nenhum tipo de subjetividade ou outras
regras que não as anteriormente previstas no citado instrumento
convocatório, uma vez que a Administração se vê vinculada a
ele.

21
TÍTULO

Por fim, é importante dizer que aos atos praticados pela Administração Pública imputa-
se o princípio da presunção de legitimidade, na medida em que se compreende de
plano, isto é, de antemão, que tudo o que se faz é legítimo, verdadeiro e plenamente
justificável.

Além disso, ao administrador foi dada a oportunidade de rever os atos da Administra-


ção, anulando-os quando forem ilegais e revogando-os por motivo de inoportunidade
e inconveniência. A tal princípio dá-se o nome de autotutela dos atos administrativos.

Concluindo, temos que a sujeição da Administração ao processo de licitação pública é


tanto uma desvantagem quanto uma segurança. Certamente é um processo por vezes
demorado e dificultoso, mas o único meio necessário e suficiente para que se alcance
o interesse coletivo, o bem comum, que todos desejamos em nossa sociedade.

Encerramos neste momento esta primeira parte de nosso curso: uma introdução
apenas, mas importantíssima para a compreensão da essência das razões pelas
quais estamos aqui.

22
TÍTULO

Síntese

Licitar é selecionar por meio de regras previamente estabelecidas. O


procedimento licitatório é uma sequência de atos orquestrados entre
si que objetivam, ao final, indicar o escolhido a celebrar contrato com
a Administração Pública. Quando houver disputa, deve o responsável
pela sua condução decidir pautando-se pela ideia de justiça, que se
materializa por meio das regras antes determinadas.

As ações da Administração Pública devem observar o interesse coletivo,


o bem comum, por isso existem as leis e os princípios aos quais ela se
sujeita. O chamado “LIMPE” é a formação das iniciais dos princípios
expressos na Constituição Federal: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.

A sujeição da Administração ao processo de licitação pública é tanto


uma desvantagem quanto uma segurança. Certamente é um processo
por vezes demorado e dificultoso, mas o único meio necessário e sufi-
ciente para que se alcance o interesse coletivo, que todos desejamos.

23
TÍTULO

UNIDADE 2 - INGRESSEI NA ÁREA DE COMPRAS, E AGORA?

2.1 Conheça a Lei Geral de licitações e sua evolução


Estamos de volta! Já adianto que é possível sentir daqui, do outro lado da tela, que
uma emoção toma conta de você neste momento.

É uma emoção que se exterioriza por meio de palpitações que sentimos a cada vez
que alguma coisa muito importante está prestes a acontecer conosco.

Uma avalanche de conhecimentos invadirá seu mundo a partir de agora. E isto é


mesmo bem empolgante, não acha?

Agora que você trabalha na área de compras irá poder desfrutar de oportunidade ímpar:
aprender muita coisa e se desenvolver nesta área, que é essencialmente técnica, ao
mesmo tempo em que experimenta conhecer um pouco mais sobre o restante da
organização em que trabalha.

Confie! Sempre vale a pena o esforço. Por ora, vamos explorar a exposição do
conhecimento...

Iniciaremos aqui uma nova seção, agora adentrando à principal


norma que permeia todo o nosso estudo: a Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993. Nesta fase, será inevitável a leitura de trechos
da própria lei.

Mas não se preocupe: pense que a partir de agora a lei será seu
mantra, sua maior aliada em sua jornada de atuação na área de
compras públicas.

Também conhecida como Lei Geral de licitações, a lei nº 8.666,


de 1993, servirá como sua grande parceira nesta empreitada,
seu porto seguro no desenvolvimento de seu trabalho.

Portanto, se você ainda não o faz, passe a amá-la, pois quem planta o amor só colhe
coisas boas, não é mesmo?

24
TÍTULO

Vamos começar?

De início, é importante dizer que a Lei Geral de licitações regulamenta o artigo 37,
inciso XXI, da Constituição Federal, ao instituir normas para licitações e contratos da
Administração Pública. Este artigo está inserido no capítulo “VII - Da Administração
Pública” e na seção “Disposições Gerais” de nossa carta maior. Já apresentamos a
redação do caput (“cabeça”) deste artigo (quando estudamos os princípios expressos,
o “LIMPE”, lembra-se?), mas vale a pena relembrar o texto e acrescentar o inciso XXI,
neste ponto:

Constituição Federal, de 1988.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:

(...)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condi-
ções efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (grifo nosso)

25
TÍTULO

Note que a Constituição é de 1988 e, portanto, somente cinco


anos após sua promulgação, a Lei Geral de licitações adveio para
regulamentar essa diretriz constitucional. Neste contexto, e também
por todo o seu conteúdo, é correto dizer que a lei nº 8.666, de 1993,
traz em seu corpo normas gerais sobre o tema.

Quando no texto constitucional verificamos as expressões “na


legislação” e “nos termos da lei”, temos que compreender que, em
regra, deverá haver uma lei que regulamente e que detalhe aquele assunto trazido à
baila pela carta magna. É o caso da lei nº 8.666, de 1993.

Constituição Federal, de 1988.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:

(...)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condi-
ções efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (grifo nosso)

Vê-se, por conseguinte, que a Constituição Federal instituiu o processo de licitação


pública e já expressou alguns pontos norteadores, como a necessidade de assegurar
a igualdade de condições a todos os concorrentes e, também, a permissão apenas de
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis para o cumprimento
do contrato.

26
TÍTULO

É como dizer: “exija apenas aquilo que é imprescindível para o cumprimento das
obrigações, nada mais”.

Perceba que a pauta é sempre o mérito da igualdade, com vistas a permitir a todos
condições justas de disputa, como tenho falado bastante até aqui.

Retomando à questão sobre o ditame de normas gerais, é interessante notar que,


ainda para mencionar a Constituição Federal de 1988, a Lei Geral de licitações atende
ao que a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, introduziu em seu texto – que, como
vimos, ficou conhecida como a “Reforma Administrativa” – mais especificamente no
artigo 22, inciso XXVII:

Constituição Federal, de 1988.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,


para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;

Sendo assim, é chegada a hora da leitura dos dois primeiros artigos de nossa querida,
melhor dizendo, nossa amada Lei Geral de licitações.

27
TÍTULO

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos admi-
nistrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da


administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públi-
cas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais enti-
dades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Fede-
ral e Municípios.

Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, con-


cessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contrata-
das com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalva-
das as hipóteses previstas nesta Lei.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qual-
quer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particula-
res, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a esti-
pulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

Em sequência, é interessante observar que os temas


regulamentados pela Lei Geral de licitações e contratos
abordam não apenas o Direito Administrativo propriamente
dito, mas também outros ramos do Direito, como o Comercial,
Civil e Penal, por exemplo. São normas de alcance amplo
que não ficam adstritas apenas a essa lei.

Quanto à sua evolução no decorrer do tempo, é notório que uma série


de alterações já vem ocorrendo na própria legislação, em diversas
medidas e por intermédio de novas leis que inserem e alteram redações
no rol da Lei Geral.

28
TÍTULO

Além das mudanças no próprio texto legal, por meio


de outras leis (poder de legislar da União), exercem um
papel fundamental a doutrina e – destacadamente
– as decisões dos órgãos de controle e as decisões
reiteradas dos colegiados do Poder Judiciário, na
estrita interpretação dos casos concretos à luz da
legislação. Refere-se às posições explanadas pelo
Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, e
também às chamadas jurisprudências dos diversos colegiados, como o Supremo
Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Não são raros os casos em que os agentes públicos recorrem aos acórdãos do TCU ou
às jurisprudências diversas para fortalecer a motivação dos seus atos administrativos.

Por vezes, não basta citar apenas a regra legal, é necessário apresentar a interpretação
aplicada ao caso concreto, de maneira a proporcionar maior robustez à motivação
dos atos praticados.

Tratando da evolução da lei, Marçal Justen Filho (2005) explica: “As regras
contidas na Lei nº 8.666 são resultado de evolução histórica que não pode
ser olvidada. O diploma contém regras e princípios derivados das leis anterio-
res, amoldados ao sistema da Constituição de 1988 e tendo em vista as
necessidades derivadas dos fatos históricos ocorridos no início da década de
90.

Não é possível ignorar a tendência de superação dos princípios rigorosamen-


te formalistas que, aparentemente, haviam sido consagrados pelo legislador.
Desde a vigência da Lei nº 8.666 comprovou-se a inadequação de uma disci-
plina que privilegiasse a forma sobre o conteúdo. O processo de aplicação
concreta da Lei foi produzindo uma espécie de depuração legislativa, tal
como sempre ocorre. Logo, a interpretação da Lei nº 8.666 vem produzindo
uma espécie de superação da tradição recepcionada, de molde a que os prin-
cípios jurídicos fundamentais sejam efetivamente realizados. (...) Para tanto,
têm colaborado não apenas as mudanças introduzidas no texto original da
Lei nº 8.666, como também a atuação jurisprudencial e a postura dos Tribu-
nais de Contas.” 29
Não é possível ignorar a tendência de superação dos princípios rigorosamen-
te formalistas que, aparentemente, haviam sido consagrados pelo legislador.
TÍTULO
Desde a vigência da Lei nº 8.666 comprovou-se a inadequação de uma disci-
plina que privilegiasse a forma sobre o conteúdo. O processo de aplicação
concreta da Lei foi produzindo uma espécie de depuração legislativa, tal
como sempre ocorre. Logo, a interpretação da Lei nº 8.666 vem produzindo
uma espécie de superação da tradição recepcionada, de molde a que os prin-
cípios jurídicos fundamentais sejam efetivamente realizados. (...) Para tanto,
têm colaborado não apenas as mudanças introduzidas no texto original da
Lei nº 8.666, como também a atuação jurisprudencial e a postura dos Tribu-
nais de Contas.”

Cit., p. 12, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Agora que visualizamos o contexto geral a respeito da lei objeto de nosso estudo,
podemos avançar ao próximo tema.

Conheceremos, em seguida, as modalidades tradicionais de licitação.

2.2 Conheça as modalidades tradicionais e os tipos de licitação


Abordarei agora alguns dos mais importantes termos e conceitos sobre as regras
licitatórias. Você será apresentado às modalidades tradicionais e aos tipos de
licitação.

Nas unidades introdutórias, vimos que a licitação é uma sequência de atos orques-
trados entre si que objetivam, ao final, indicar o escolhido a celebrar um contrato com
a Administração.

Falar em “modalidades” é como falar em “formas” de regular este procedimento, esta


sequência de atos.

As modalidades divergem entre si tanto pelas questões formais quanto pela


complexidade de suas fases. Como exemplos de questões formais, ou secundárias,
podemos citar os prazos de divulgação que cada uma deve cumprir, o âmbito maior
ou menor em relação à publicação e até o valor, em si, que resume a demanda.

30
TÍTULO

Fique tranquilo. Tudo ficará mais claro quando começarmos a leitura dos artigos da
lei. Antes, porém, vale fazer mais alguns comentários, lembrando que, nesta unidade,
não esgotaremos os estudos sobre cada uma das modalidades tradicionais de
licitação.

Aproveitando que mencionei, por que as estou classificando de


“tradicionais”?

Existem outras modalidades que, por acaso, recebam outra


classificação?

Para responder a esta questão, será preciso comentar brevemente sobre outra norma,
a lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que instituiu outra modalidade de licitação
chamada “pregão”, cujo termo certamente você já ouviu falar. O pregão representa,
hoje, a esmagadora maioria dos processos de licitação pública no Brasil. Mais adiante
veremos por quê.

Entretanto, na sequência lógica e organizada que estamos seguindo, é o momento


apenas de apresentar as modalidades que estão inseridas no bojo da nossa amada
lei nº 8.666, de 1993. O pregão, como dito, não está contemplado neste contexto.

São, por conseguinte, modalidades tradicionais, por assim dizer, aquelas que estão
previstas expressamente na Lei Geral de licitações: a concorrência, a tomada de
preços, o convite, o concurso e o leilão.

Dentre as cinco modalidades, a doutrina ainda as separa em dois grupos: seriam


modalidades “comuns” a concorrência, a tomada de preços, o convite; e “especiais” as
modalidades concurso e leilão. De fato, há grande diferença entre estes dois grupos.

Comuns Especiais

• Concorrência • Concurso
• Tomada de preços • Leilão
• Convite

Marçal Justen Filho, Comentários à lei de licitações e contratos administrativos,


11ª ed., São Paulo: Dialética, 2005, p. 195.

31
TÍTULO

Você compreenderá, adiante, que as modalidades especiais foram desenhadas para


atender a casos bem peculiares, de modo que não resta outra opção ao agente público
a não ser segui-las, cada qual em seu caso. Já as modalidades do grupo comum, em
tese, prestam-se ao mesmo fim, sendo que o que as diferencia – basicamente – são
variações formais em suas fases, as quais o legislador impôs.

E, por falar em legislador, veja como este elencou e definiu as modalidades:

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso;

V - leilão.

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisi-
tos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devi-


damente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos-
tas, observada a necessária qualificação.

§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo perti-


nente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em
número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em
local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos
demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu
interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação
das propostas.

§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para


32ou artístico, mediante a instituição de
escolha de trabalho técnico, científico
número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em
local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos
demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu
TÍTULO
interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação
das propostas.

§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para


escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de
edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (qua-
renta e cinco) dias.

§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a


venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legal-
mente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre-
vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.

Ideias ainda ligeiramente embaçadas, não é mesmo?

O artigo 23 começa a esclarecer um pouco mais, especialmente em relação às três


primeiras modalidades, aquelas do grupo comum.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo


anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o
valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia:

a) convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);

c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta


mil reais);
33 (um milhão, quatrocentos e trinta
c) concorrência - acima de R$ 1.430.000,00
c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);

TÍTULO
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta


mil reais);

c) concorrência - acima de R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta


mil reais).

(...)

§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a


tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

(Valores atualizados pelo Decreto nº 9.412, de 18 de junho de 2018, vigente a partir de 19 de


julho de 2018.)

Conclui-se, pela leitura do artigo 23, que a grande diferença entre concorrência, tomada
de preços e convite gira em torno do valor envolvido. E a ideia-chave de toda esta
questão encontra-se disposta na redação de seu parágrafo quarto, o qual expressa
a abrangência de cada modalidade. A concorrência é a mais ampla dentre elas, logo,
fica clara a relação de que “quem pode mais pode menos” e nunca o contrário.

Por Exemplo
Exemplificando: se o valor estimado de determinada compra (não
sendo de engenharia) for de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais),
pode a Administração fazer uso da modalidade tomada de preços e
também da concorrência, em que pese o limite de valor permitir o
convite. Agora, se o valor for de R$ 1.450.000,00 (um milhão,
quatrocentos e cinquenta mil reais), não há espaço para utilização de
outra modalidade que não a concorrência.

34
TÍTULO

Observe

Perceba que a lei não faz tais distinções (como as do artigo 23) em
relação às modalidades do grupo especial (concurso e leilão), pois
estas são utilizadas em situações específicas.

Daí começam a ficar mais claras as evidências desta classificação.

Muito bem. Superada a apresentação das modalidades, trataremos agora de introduzir


os tipos de licitação.

A Lei Geral, em seu artigo 45, elenca quatro tipos:

A DE MENOR A DE MELHOR A DE TÉCNICA E A DE MAIOR LANCE


PREÇO TÉCNICA PREÇO OU OFERTA

Se por um lado as modalidades são como a forma de regulação da disputa, os tipos,


por sua vez, são basicamente os critérios de julgamento do certame.

A lei nº 8.666, de 1993, dispõe que não poderá haver outros tipos de licitação, que não
estes previstos em sua redação.

Vale a pena o destaque para a leitura do parágrafo quinto.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de


licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os
tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório
e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a pos-
sibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na mo-


dalidade concurso:
35de seleção da proposta mais vantajo-
I - a de menor preço - quando o critério
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de
licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os
TÍTULO
tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório
e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a pos-
sibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na mo-


dalidade concurso:

I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajo-


sa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apre-
sentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e
ofertar o menor preço;

II - a de melhor técnica;

III - a de técnica e preço.

IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou conces-


são de direito real de uso.

§ 5° É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste


artigo.

Critério de menor preço -> Direcionado para compras e contratação de serviços em


geral, além de ser o mais utilizado de todos.

Critérios de melhor técnica e de técnica e preço -> Reservados exclusivamente, pela Lei
Geral, para a contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em
especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento
e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos
técnicos preliminares e projetos básicos e executivos.

Critério de maior lance ou oferta -> Utilizado nos casos de alienação de bens ou
concessão de direito real de uso, em especial, nos casos de licitação na modalidade
leilão.

Vamos saber o que Marçal Justen Filho (2005) explica a respeito da estrutura do
procedimento licitatório e dos tipos de licitação.

36
TÍTULO

Saiba Mais

Tratando da estrutura do procedimento licitatório e dos tipos de licita-


ção, Marçal Justen Filho (2005) explica: “A definição do tipo de licita-
ção produz reflexos não apenas sobre o julgamento das propostas. O
próprio procedimento licitatório, em toda sua fase externa, variará
consoante o tipo de licitação. Uma licitação de técnica e preço se dis-
tinguirá de uma de menor preço já no ato convocatório, pois dele
deverão constar as exigências técnicas etc.

A necessidade de variação do procedimento deriva da investigação de


questões diversas, variáveis conforme o tipo de licitação. Por exem-
plo, uma licitação de menor preço exige menor pesquisa acerca das
questões técnicas. Não há necessidade de exames mais aprofunda-
dos sobre essas matérias. Logo, o julgamento (e o procedimento em
seu todo) será concentrado em questões econômico-financeiras.
Diversamente se passará em uma licitação de melhor técnica.
Nenhum julgamento poderá se fazer sem minucioso exame sobre
temas científicos, tecnológicos, de natureza não econômica. Por isso,
a licitação em que o julgamento envolva questões técnicas acarretará
procedimento mais complexo do que as de menor preço, como regra.

Se ignorar a necessidade de adequar o procedimento ao tipo de licita-


ção, a Administração provocará confusões, disputas e controvérsias.
Surgirá o subjetivismo. A Comissão e os licitantes divergirão sobre o
encaminhamento da licitação. Não haverá certeza sobre a sequência
de atos a ser adotada. Se isso ocorrer, a melhor solução será anular,
mesmo de ofício, a licitação e iniciar outra, regida por ato convocató-
rio que adote o procedimento adequado.”

Cit., p. 435, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos/Marçal


Justen Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

37
TÍTULO

É isso! Estão devidamente apresentados as modalidades e os tipos de licitação.


Trata-se de visão básica elementar para a sequência do aprendizado.

A seguir, você terá uma visão interessante sobre os casos em que não há licitação,
hipóteses previstas em lei. Até breve!

2.3 Saiba que é possível dispensar a licitação em alguns casos; em


outros, ela é inexigível
A partir de agora, traremos à tona algumas das informações mais relevantes no
que se refere à regra geral da Constituição Federal quanto à obrigatoriedade da
Administração de observar a licitação pública com vistas a selecionar um particular e
celebrar contrato contendo obrigações recíprocas.

Licitar é a regra geral.

Contudo, tal diretriz constitucional reservou à lei a possibilidade de dispor acerca de


determinadas hipóteses em que a Administração não precisa – ou não deve – seguir
o procedimento licitatório.

São casos bem específicos, muito bem delimitados pelo legislador,


que não deixam espaço para discricionariedade ao agente público.

Em resumo:

• Há casos em que a lei nº 8.666, de 1993, expressou que a licitação poderia ser
dispensada.
• Há casos em que a Lei Geral dispôs que a licitação seria impossível ou inviável.

Nas duas situações mencionadas, pode-se dizer que ocorrem as chamadas


“contratações diretas”.

Contratar diretamente, em consequência, significa escapar ao procedimento licitatório


prévio à contratação. Mas que fique muito claro: prescinde-se da licitação, mas não
do processo administrativo formal, provido de critérios preestabelecidos e objetivos.
Não cabe qualquer informalidade neste contexto.

É preciso deixar estas questões iniciais muito bem fixadas em nossa memória. Todos
os princípios que estudamos até agora também devem ser observados nos casos das
contratações diretas.

38
TÍTULO

Não se trata de fugir à aplicação de quaisquer dessas premissas basilares, mas


tão somente de flexibilizar, nos casos muito bem delineados pela lei, o caminho da
Administração até a celebração do contrato, no sentido de minimizar esforços e
ampliar a busca pelo interesse coletivo.

Em sua obra, Marçal Justen Filho (2005) deixa muito claro que: “A Constitui-
ção acolheu a presunção (absoluta) de que prévia licitação produz a melhor
contratação - entendida como aquela que assegura a maior vantagem possí-
vel à Administração Pública, com observância do princípio da isonomia. Mas
a própria Constituição se encarregou de limitar tal presunção absoluta, facul-
tando contratação direta nos casos previstos em lei.”

E o autor continua sua argumentação ao afirmar que “(...) No entanto, exis-


tem hipóteses em que a licitação formal seria impossível ou frustraria a reali-
zação adequada das funções estatais. O procedimento licitatório normal
conduziria ao sacrifício dos fins buscados pelo Estado e não asseguraria a
contratação mais vantajosa. Por isso, autoriza-se a Administração a adotar
um outro procedimento, em que formalidades são suprimidas ou substituí-
das por outras. Essa flexibilidade não foi adornada de discricionariedade. O
próprio legislador determinou as hipóteses em que se aplicam os procedi-
mentos licitatórios simplificados. Por igual, definiu os casos de não-incidên-
cia do regime formal de licitação. A contratação direta não significa inaplica-
ção dos princípios básicos que orientam a atuação administrativa. Nem se
caracteriza uma livre atuação administrativa. O administrador está obrigado
a seguir um procedimento administrativo determinado, destinado a assegu-
rar (ainda nesses casos) a prevalência dos princípios jurídicos fundamentais.

Permanece o dever de realizar a melhor contratação possível, dando trata-


mento igualitário a todos os possíveis contratantes. Portanto, a contratação
direta não significa eliminação de dois postulados consagrados a propósito
da licitação. O primeiro é a existência de um procedimento administrativo. O
segundo é a vinculação estatal à realização de suas funções.”

Cit., p. 227, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

39
Cit., p. 227/228, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal
cia do regime formal de licitação. A contratação direta não significa inaplica-
ção dos princípios básicos que orientam a atuação administrativa. Nem se
caracteriza uma livre atuação administrativa. O administrador está obrigado
TÍTULO
a seguir um procedimento administrativo determinado, destinado a assegu-
rar (ainda nesses casos) a prevalência dos princípios jurídicos fundamentais.

Permanece o dever de realizar a melhor contratação possível, dando trata-


mento igualitário a todos os possíveis contratantes. Portanto, a contratação
direta não significa eliminação de dois postulados consagrados a propósito
da licitação. O primeiro é a existência de um procedimento administrativo. O
segundo é a vinculação estatal à realização de suas funções.”

Cit., p. 227, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Cit., p. 227/228, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal


Justen Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

As dispensas e inexigibilidades de licitação costumam ocorrer em bom número nas


organizações e, até por suas características, naturalmente chamam a atenção dos
órgãos de controle. Em termos gerais, os casos mais comuns de dispensa de licitação
são os de compras e contratações de serviços de baixo valor.

Dispêndio de recursos financeiros não ultrapassa o valor atual de R$ 17.600,00


(dezessete mil e seiscentos reais).

Compras e contratações de serviços em geral.

Enquadradas como dispensa de licitação.

Para consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e para


autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas, este
valor é dobrado, portanto, R$ 35.200,00 (trinta e cinco mil e duzentos reais).

E nos casos de obras e serviços de engenharia, qual o limite de valor


para dispensa?

Em razão da baixa relevância econômica é, atualmente, de R$


33.000,00 (trinta e três mil reais) e novamente o dobro, R$ 66.000,00
(sessenta e seis mil reais), para consórcios públicos, sociedade de
economia mista, empresa pública e para autarquia ou fundação
qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

40
TÍTULO

Ora, não é preciso grande reflexão para chegarmos à conclusão de que compras de
pequeno vulto, de fato, não justificam a adoção de procedimento tão custoso para a
Administração.

Não é de se espantar que, nestes casos, o alcance do interesse público se aproxima,


de verdade, quando a licitação pública é mesmo afastada.

Há diversos outros casos em que a licitação é dispensada.


O rol encontra-se disciplinado nos incisos do artigo 24 da
lei nº 8.666, de 1993.

Aliás, este rol tem sofrido inúmeras inclusões, por lei, ao


longo do tempo.

Com essa informação, aproveito para esclarecer que a lista não é exemplificativa, ou
seja, é taxativa (que não admite inclusões por meras interpretações ou analogias,
trata-se de lista fechada.).

Apenas para mencionar algo, pois vamos ainda tratar do assunto mais adiante neste
curso, além das situações de baixo valor, o legislador previu outras circunstâncias em
que a Administração dispensará a licitação:

contratação com guerra emergência ou


particular calamidade
remanescente de
licitação pública
anterior
Hipóteses
de dispensa
aquisição ou risco à segurança
restauração de LICITAÇÃO nacional
obras de arte

contratação com
compra ou pessoa integrante da
locação de própria Administração
outros imóvel Pública

Tome Nota
Nota-se, em conclusão, que são casos realmente excepcionais, que
fogem à regra natural de mercado. Natural, então, que se preveja a
hipótese de dispensa do certame licitatório.

41
TÍTULO

Já a previsão quanto à inexigibilidade de licitação está presente no artigo 25 da lei nº


8.666, de 1993.

Como verificamos, a licitação é inexigível quando é inviável a competição, ou seja,


quando não existe no mercado um número plural de empresas que atendam às
necessidades específicas da Administração.

Se as dispensas de licitação já são exceção à regra, considere as inexigibilidades


como a exceção da exceção à regra.

Por Exemplo
São casos especialíssimos, por exemplo:

• a aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam


ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial
exclusivo;

• a contratação de serviços técnicos especializados, de natureza sin-


gular, com profissionais ou empresas de notória especialização;

• ou, ainda, a contratação de profissional de setor artístico, diretamen-


te ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública.

42
TÍTULO

Importante
Estes casos citados são quase a reprodução dos incisos do artigo
25 da Lei Geral de licitações. Ocorre, porém, uma grande diferença
em relação à lista contida nos incisos do artigo 24 (dispensas).

Aqui, no caso das inexigibilidades, o rol é meramente


exemplificativo. Faz sentido!

Veja: se o conceito principal da inexigibilidade é o fato de não


haver a possibilidade de disputa, é correto compreender que isto
não ocorrerá apenas nos casos elencados pela lei.

Uma série de outras circunstâncias (que não ali previstas) pode existir, com inviabi-
lidade de competição e, eventualmente, poder-se-ia enquadrá-las como inexigibili-
dade de licitação. Ocorre que, como ensina a doutrina, não bastaria a conceituação
meramente teórica na lei.

Os exemplos que constam na lei ensinam a interpretar amplamente o conceito


de inviabilidade de licitação, inclusive para contemplar os casos em que se torna
impossível proceder a um julgamento objetivo. Em mesmo sentido, os exemplos
orientam o administrador a impor certos requisitos e pressupostos para a contração
direta.

43
TÍTULO

Por Exemplo
Não se pode contratar um artista simplesmente porque identificou-se
esta necessidade, é preciso que o artista seja consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública.

Marçal Justen Filho, Comentários à lei de licitações e contratos administrativos,


11ª ed., São Paulo: Dialética, 2005, p. 276.

E, para encerrar esta unidade de noções gerais sobre as contratações diretas, trago
excelente texto doutrinário que define, com costumeira precisão conceitual, as
diferenças entre inexigibilidades e dispensas de licitação.

44
TÍTULO

Justen Filho (2005) brilhantemente ensina que: “As diferenças entre inexigibi-
lidade e dispensa de licitação são evidentes. Não se trata de questão irrele-
vante ou meramente retórica, mas de alternativas distintas em sua própria
natureza, com regime jurídico diverso.

A inexigibilidade é um conceito logicamente anterior ao da dispensa. Naque-


la, a licitação não é instaurada por inviabilidade de competição. Vale dizer,
instaurar a licitação em caso de dispensa significaria deixar de obter uma
proposta ou obter uma proposta inadequada. Na dispensa, a competição é
viável e, teoricamente, a licitação poderia ser promovida. Não o é porque,
diante das circunstâncias, a Lei reputa que a licitação poderia conduzir à
seleção de solução que não seria a melhor, tendo em vista circunstâncias
peculiares.

Em suma, a inexigibilidade é uma imposição da realidade extranormativa,


enquanto a dispensa é uma criação legislativa. Como decorrência direta, o
elenco de causas de inexigibilidade contido na Lei tem cunho meramente
exemplificativo. Já os casos de dispensa são exaustivos, o que não significa
afirmar que todos se encontram na Lei nº 8.666. Outras leis existem, preven-
do casos de dispensa de licitação.

Como decorrência, a conclusão acerca da caracterização da inexigibilidade


faz-se em momento logicamente anterior ao do reconhecimento da dispen-
sa. Num primeiro momento, avalia-se se a competição é ou não viável. Se
não o for, caracteriza-se a inexigibilidade. Se houver viabilidade de competi-
ção, passa-se à verificação da existência de alguma hipótese de dispensa.”

Cit., p. 274/275, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal


Justen Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

45
TÍTULO

Síntese

A Constituição Federal instituiu o processo de licitação pública e


já expressou alguns pontos norteadores, como a necessidade de
assegurar a igualdade de condições a todos os concorrentes e a
permissão apenas de exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis para o cumprimento do contrato.

No que diz respeito à evolução da lei nº 8.666, de 1993, que regulamenta


o tema apontado pela Constituição Federal, além das mudanças no
próprio texto legal por meio de outras leis (poder de legislar da União),
exercem um papel fundamental a doutrina e as decisões dos órgãos de
controle e as decisões reiteradas dos colegiados do Poder Judiciário,
na estrita interpretação dos casos concretos à luz da legislação.

Sendo a licitação uma sequência de atos orquestrados entre si, as


modalidades são as formas de regular este procedimento (sequência
de atos). São modalidades tradicionais aquelas que estão previstas
expressamente na Lei Geral de licitações: a concorrência, a tomada de
preços, o convite, o concurso e o leilão.

Se, por um lado, as modalidades são como a forma de regulação da


disputa, por outro, os tipos são basicamente os critérios de julgamento
do certame. E são quatro os tipos elencados pela Lei Geral: menor
preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta.

Licitar é a regra geral. Contudo, tal diretriz constitucional reservou à lei


a possibilidade de dispor acerca de determinadas hipóteses em que
a Administração não precisa – ou não deve – seguir o procedimento
licitatório. São casos bem específicos, muito bem delimitados pelo
legislador, que não deixam espaço para discricionariedade ao agente
público. Há casos em que a lei nº 8.666, de 1993, expressou que a
licitação poderia ser dispensada, tanto assim como há casos em que a
Lei Geral dispôs que a licitação seria impossível ou inviável. Nas duas
situações mencionadas, podemos dizer que ocorrem as chamadas
“contratações diretas”.

46
TÍTULO

UNIDADE 3 - AGORA QUE TRABALHO NA ÁREA DE


COMPRAS, O QUE DEVO SABER?

3.1 Quem são as áreas demandantes e como devo enxergar as


demandas?
Meus cumprimentos, caro aluno! Começar uma nova seção é como que renovar o
espírito para a sequência de nosso curso.

Nesta etapa, você verá as noções exatas de seu papel dentro da área de compras de
seu órgão.

Verá dicas sobre o que é mais e o que é menos relevante, como em uma espécie de
manual de conduta. “Agora que trabalho na área de compras, o que devo saber?”

Aqui, abordar-se-ão as demandas em si, em conjunto com quem as proporciona: as


chamadas “áreas demandantes”.

Para começar, é necessário resgatarmos o que nos cerca como servidores públicos.

Quando ingressamos no serviço público, concordamos em lutar pela causa de


interesse geral, em detrimento das causas de interesse particular, não é mesmo?
Servir ao público é submeter-se a ele.

Esta ideia de submissão é fato, não pode ser negada nem vista de maneira pejorativa.
Não podemos adotar medidas em nome de nosso interesse, mas sim no interesse de
toda a coletividade.

Lembra-se dos conceitos dos princípios da indisponibilidade e da


supremacia do interesse público?

47
TÍTULO

Vimos anteriormente que “impor a supremacia do


interesse público em detrimento do interesse particular INTERESSE PARTICULAR

significa que o primeiro se sobrepõe ao segundo,


fortalecendo a impessoalidade e sendo correto dizer que
INTERESSE PÚBLICO
o agente público – dotado do poder de decisão – deve
sempre atender à finalidade legal.

Ressalta-se, contudo, que tal supremacia não é ilimitada:


seus limites e regramentos específicos são disciplinados
em lei. Traduzir a indisponibilidade do interesse público é
simplesmente não admitir que dele o agente público disponha, venda, entregue.”

Pois bem. Feita esta retomada de tema tão basilar, é acertado concluir que, no serviço
público, todas as nossas atitudes e condutas devem ser sempre pautadas por esta
visão impessoal da coisa pública.

E o que isto de “obediência ao interesse público” tem a


ver com a matéria que estamos estudando nesta
unidade? Tudo, absolutamente tudo! Ora, a organização
em que trabalhamos, como um todo, tem o seu papel
na sociedade brasileira. A esta altura, tenho certeza
que você está buscando lembrar-se dos objetivos
gerais de sua organização. Faça este exercício mental.
Até que foi tranquilo reconhecer isso, não foi?

Agora detalhemos um pouco mais este prisma. Para que


a sua organização alcance os objetivos para o qual foi
criada, ela tem de dividir as tarefas entre as pessoas que
a compõem. Sabemos, dessa forma, que o órgão em que
trabalhamos é dividido em várias unidades distintas: é a
estrutura organizacional.

Cada pedacinho desta estrutura é responsável por uma


atividade. A soma de todas as atividades, executadas
por cada uma destas estruturas, forma o todo: a entrega
para a sociedade daquilo que a organização se propõe a
fazer.

48
TÍTULO

Então, quando de fato compreendemos isso, estamos prontos


para enxergar que cada unidade, componente de uma estrutura
organizacional, tem seu pedacinho – por assim dizer – de entrega
para a sociedade. Logo, sob esta ótica, todas são igualmente
relevantes para a sociedade.

Dentro da estrutura de nossa organização, temos tanto as áreas


que executam precipuamente a atividade finalística do órgão
quanto áreas que buscam prover as condições necessárias para
que as primeiras consigam efetivamente atingir os seus objetivos.

Mas o que é atividade-fim e atividade-meio, afinal? A resposta vai depender de cada


organização. É muito fácil de entender.

Por Exemplo
Exemplo 1

Se a sua organização existe para prover à União sistemas informatiza-


dos, inclusive com o desenvolvimento de gestão de banco de dados e
sistemas de processamento, então a atividade-fim deste órgão será a
área de tecnologia da informação.

É para isto que foi criado, é isto que entrega para a sociedade, em linhas
gerais.

49
TÍTULO

Por Exemplo
Exemplo 2

Se a sua organização existe para prover à população soluções de logísti-


ca integrada, como a entrega de encomendas e serviços postais em todo
o território nacional, então as atividades-fim deste organismo serão as
áreas de operações, de transporte, comercial etc.

É para isto que foi criado, é isto que entrega para a sociedade, em linhas
gerais.

Por Exemplo
Exemplo 3

Se a sua organização existe para proteger a sociedade da entrada de


mercadorias proibidas e clandestinas no território nacional, tanto quanto
proteger a indústria nacional da entrada irregular de mercadorias estran-
geiras, bem como para disponibilizar à União os recursos financeiros que
necessita para exercer seus investimentos no País, então as atividades-
-fim deste órgão serão as áreas de fiscalização, tributação, aduaneira
etc.

É para isto que foi criado, é isto que entrega para a sociedade, em linhas
gerais.

50
TÍTULO

Note que nos exemplos foram ressaltadas algumas


das atividades finalísticas daqueles órgãos, em linhas
gerais mesmo. Mas estas áreas, que executam as
atividades-fim, não são as únicas presentes em suas
estruturas. Existe um mundo fora destas atividades.

Em termos didáticos, tudo aquilo que está presente


na estrutura da organização e que não é atividade-
fim, é atividade-meio.

Os maiores exemplos (pois estão presentes em todos


os órgãos) são a área de gestão de pessoas e a área
administrativa, dentro da qual estamos inseridos.

A atividade-meio age quase que silenciosamente e, muitas vezes, passa despercebida


pela sociedade, mas sabemos que ela existe!

Claro que existe, afinal, estamos aqui, não é mesmo?

Por mais que as atividades-meio possam desfrutar de menor publicidade ou exposição


– digamos assim – todo bom gestor sabe que sem as atividades de suporte os
objetivos finalísticos nunca seriam alcançados.

ATIVIDADE-FIM ATIVIDADE-MEIO

A importância e a relevância das unidades que executam atividades-fim e atividades-


meio figuram, então, em pé de igualdade.

51
TÍTULO

Chegamos até aqui mencionando muito pouco o título desta unidade.


Será que está certo isso?

Com certeza!

Foi necessário apresentar todo este contexto, quase que como


uma forma de sabermos nos situar diante de tamanha grandeza da
Administração Pública, para podermos concluir acerca de quem, afinal,
são as áreas demandantes e como devo enxergar as demandas, no
tocante a licitações e contratos.

Áreas demandantes

São todas e quaisquer unidades que compõem a estrutura de nossa organização.

Todas elas têm necessidades próprias.

E nós, da área administrativa, somos a “ponte” que interliga a área demandante ao


alcance de sua necessidade (demanda), observando e fazendo observar todas as
regras impostas à Administração (lembra-se das sujeições?).

Devemos, em conclusão, enxergar as demandas que nos são apresentadas como


uma pequena, mas verdadeira necessidade de entrega à sociedade.

Cada pedacinho (cada área demandante), sendo responsável pelo seu espaço (dentro
da estrutura do órgão), tem seus objetivos e busca alcançá-los mediante o trabalho
que exerce e que, por vezes, passará pelo nosso trabalho (área de licitações)!

É uma grande engrenagem que deve funcionar harmoniosamente. Sem um, o outro
não existe; e vice-versa.

52
TÍTULO

Importante
A partir de agora, você que trabalha na área de compras, passará
a enxergar, de forma incontestável, que as demandas que as mais
diversas unidades apresentam a você não se tratam de meras
vontades desta ou daquela área, deste ou daquele gestor, mas
sim, de demandas da organização como um todo.

Ao tratá-las adequadamente, o seu mantra será que você, tanto


quanto o seu colega da área demandante, estão entregando o
“seu pedacinho” à sociedade brasileira, dentro desta grande
engrenagem, a qual fazemos parte com muito orgulho.

Quando exercitamos nossa obrigação,


como servidores públicos, de tratar o nosso
trabalho com a impessoalidade que nos é
exigida, tudo passa a acontecer com maior
naturalidade e realização.

Cada um de nós tem um espaço, há que se


responder à altura acerca daquilo que nos
cabe.

Para finalizar, propõe-se agora uma observação interessante, para sua reflexão e
compreensão definitiva da matéria.

Veja: são áreas demandantes tanto aquelas que executam atividades-fim


quanto aquelas que executam atividade-meio da organização, certo?

Mas se tivéssemos o poder de aproximar a visão sobre cada uma dessas


unidades, conseguiríamos ver que todas elas, na verdade, possuem as
suas respectivas atividades-fim.

Quem são as áreas demandantes e como devo enxergar as demandas?

53
TÍTULO

A seguir, apresentamos uma análise dos exemplos apresentados nas páginas 49 e 50


deste módulo.

I - No exemplo 1, a atividade-fim daquele órgão era a área de tecnologia da


informação.

No exemplo 2, as atividades-fim eram as áreas de operações, de transporte e


comercial.

No exemplo 3, as atividades-fim eram as áreas de fiscalização, tributação e


aduaneira. A visão “de cima”, digamos, da sociedade, seria resumida dessa forma.

II - Aproximemos um pouco mais. Dentro de qualquer dos três exemplos, temos


uma série de áreas que executam as atividades-meio, como, por exemplo, a área
de gestão de pessoas, correto?

Pois então ampliemos a visão sobre esta área de gestão de pessoas.

Sabemos que seu papel essencial é cuidar dos ingressos e saídas, do


desenvolvimento e capacitação, da remuneração, das políticas de crescimento e
meritocracia dentro do órgão, dentre outros.

III - Concorda que, se olharmos bem de perto, fazer gestão de pessoas para a área
de gestão de pessoas é a sua atividade-fim?

As atividades que acabamos de mencionar (ingressos e saídas de servidores,


desenvolvimento e capacitação, remuneração, formulação de políticas de
crescimento etc.) são atividades finalísticas para a área de pessoal.

IV - Muda-se o exemplo, mas não a conclusão: fazer licitação com certeza não é
atividade-fim para o órgão como um todo, mas, certamente, é atividade finalística
para a área de compras.

54
TÍTULO

Então, se pensarmos bem, é possível inferir que o seu trabalho é atividade-fim para
você.

O seu papel é fundamental para a sua área, que é fundamental para a organização em
que trabalha, que – por sua vez – é fundamental para a sociedade.

Enxergar as coisas desta forma torna tudo mais fácil, dá sentido


ao que fazemos, não é mesmo?

Creio que agora sim conseguimos esgotar o tema dessa unidade. Parabéns para você,
que chegou até aqui, são e salvo.

No próximo tópico, veremos algumas dicas de abordagem adequada para o


relacionamento da área de compras com as áreas demandantes, com foco sempre
na orientação. Até lá!

3.2 Como devo orientar as áreas demandantes? Como não ser o “chato
da história”?
Antes de mais nada, é preciso estabelecer qual é, em verdade, o
seu papel na atuação na área de compras. Falamos anteriormente
que a área de compras é a “ponte” que interliga a área demandante
ao alcance de sua necessidade (demanda), observando e fazendo
observar todas as regras impostas à Administração.

Sobre este aspecto, vimos no começo do curso que a


Administração sofre determinadas sujeições, obrigações,
desvantagens. O exemplo de sujeição mais relevante para
nós, neste contexto, é a nossa querida “licitação pública”,
objeto de nosso estudo.

Vimos que a sujeição da Administração ao processo de licitação pública é tanto uma


desvantagem quanto uma segurança.

55
TÍTULO

DESVANTAGEM SEGURANÇA

Certamente é um processo por vezes demorado e dificultoso – por ser formal e


burocrático – mas o único meio necessário e suficiente para que se alcance o interesse
coletivo, o bem comum, que todos desejamos em nossa sociedade.

De outra parte, as áreas demandantes precisam de soluções dinâmicas, rápidas e


eficientes, na medida em que trabalham eminentemente com foco no resultado.

Não raramente, servidores que atuam nas áreas de atividade Mas por que tanta
dificuldade e demora?
finalística desconhecem por completo o processo de sujeições por
qual a Administração se submete quando necessita comprar algum
bem ou serviço.

Nestes casos, estas pessoas acabam se frustrando ao se


depararem com o procedimento demorado e dificultoso de seleção
de fornecedores.

E você, meu caro, está bem no meio disso tudo.

Então, qual o seu papel, de verdade?

Pois bem. O seu papel, neste caso, é tornar possível encaixar a necessidade do
demandante às exigências da lei, da melhor maneira possível (lembre-se que estamos
todos obrigados a observar o princípio da eficiência).

É encontrar a linha tênue em que se harmonizam a busca pela solução rápida e eficiente
e a segurança que o arcabouço legal do procedimento licitatório proporciona. Fácil?
Claro que não, mas certamente possível.

56
TÍTULO

Você já deve ter ouvido alguns comentários (injustíssimos, por sinal) como os
seguintes:

O pessoal da área E ainda por cima


Isso mesmo! É
de compras é trava e dificulta o
aquele que nega
sempre o chato da andamento dos
tudo.
história. processos.

Importante
Para reverter um problema, antes de mais nada, temos de admitir
que ele existe, não é assim?

Então, não adianta negar: lidar com este tipo de comentário ou de


postura, infelizmente, é uma realidade intrínseca à nossa área
administrativa de compras públicas. Simplesmente faz parte do
pacote.

Muito bem. Dito isso, vamos aprender a melhorar esta situação.

Nesse intuito, para que você possa se relacionar de maneira


adequada e proporcionar uma orientação suficiente e precisa
às áreas demandantes, será necessário fazer uso de um dos
conceitos mais famosos presentes nas escolas de administração
de empresas: o “CHA”.

57
TÍTULO

O CHA sintetiza muito bem a maior arma que temos para contribuir com nossa
organização.

CONHECIMENTO
(saber o que fazer)

Os Conhecimentos (saber)

Você atua em uma área técnica, meu caro. Colecionar conhecimento é requisito
obrigatório, sem dúvida, para atuação na área administrativa de compras públicas.

O conhecimento chega pelo estudo, pelo interesse no aprendizado. Neste ponto,


meus parabéns! Você está aqui. Se está lendo isso, é sinal de que está buscando o
conhecimento para a sua vida profissional.

Conhecimento é fundamental, mas não suficiente. Estude, aprenda com as


experiências, mas vá além, não se limite a isso.

HABILIDADES
(saber como fazer)

As Habilidades (saber fazer)

O saber fazer envolve, ainda, aspectos técnicos. Uma das características desejáveis
para o perfil de quem trabalha nesta área é o da paciência. Sim, a paciência. O
profissional que vai orientar outro precisa, antes de tudo, ser paciente para lidar com
situações ou comportamentos dos mais adversos.

Para contorná-los, necessitará de paciência. Paciência para manter a calma até


conseguir demonstrar o seu papel naquele processo, demonstrar o que pode e o que
não pode, o que é certo e o que é errado. Você deverá ter paciência para demonstrar,
inclusive, que as suas posições objetivam proteger até mesmo o outro profissional,
mas fundamentalmente a instituição e a sociedade.

Você ganha muitos pontos assim.

Outra característica interessante é a capacidade que o profissional tem de ser


didático em suas orientações. Verdade: a didática é importante porque você vai lidar
com gente detentora dos mais variados níveis de conhecimento sobre o tema, então,
muitas vezes, será necessário explicar o beabá das coisas.

58
TÍTULO

É preciso ter em mente que nem todo mundo é especialista em licitações públicas
assim como você, até pela distância que algumas áreas de atuação têm com o tema.
Seja didático, isto resolve muitos problemas e demonstra respeito.

Você ganha muitos pontos assim.

Ainda falando sobre as Habilidades, é importante dizer que esta lista é apenas
referencial, o que quer dizer que muitas outras habilidades serão necessárias, para
as mais diversas situações no trabalho. Aliás, não só no trabalho, mas para a vida.
Porém, algumas características, de fato, são muito desejáveis para quem atua nesta
área, como a objetividade. Em geral, quando chegam até você, as áreas demandantes
já investiram certo tempo no desenho de sua necessidade.

Normalmente, não há mais tempo a perder. Então seja objetivo. Explique o que tem
de ser explicado, de forma direta, sem rodeios, sem subjetividade (“achismos”), pois
isto não cabe na postura do profissional da área de compras. Vale ressaltar que tal
objetividade não fere a característica anterior, da didática. É possível ser didático e
objetivo, não há que se confundir tais características. Esteja certo: você ganha muitos
pontos assim.

E esta é a última característica que merece destaque sobre Habilidades necessárias


para atuação nesta área: seja criterioso. Intimamente ligado aos conhecimentos
técnicos sobre o assunto, ser criterioso significa, sob esta ótica, não se posicionar
de forma diferente em situações semelhantes, ou de forma semelhante em situações
distintas. Adote um critério, o critério da técnica, da correção.

Se você eventualmente demonstrar ou apenas parecer demonstrar que adota posições


divergentes em razão da pessoa ou da área que o procura para orientações, você
estará perdendo pontos, não estará agindo de forma impessoal. Você verá que ganha
respeito quando adota uma postura criteriosa, mesmo que tenha que expressar,
eventualmente, uma “má notícia” ao colega da área demandante.

Portanto, não perca pontos, entre na disputa para vencer!

ATITUDES
(Querer fazer)

As Atitudes (querer fazer)

59
TÍTULO

Esteja motivado pela busca de querer fazer sempre o melhor. Este é um aspecto muito
mais comportamental do que técnico, mas que faz toda a diferença entre o sucesso e
o fracasso. Seja um profissional exemplar, não se contente com o regular. Isto passa
por uma característica das mais interessantes: a empatia.

Esta capacidade de se colocar no lugar do outro, de “calçar os seus sapatos” é tão


louvável quanto necessária, ainda mais nos dias atuais, em que as organizações têm
cada vez menos recursos e mais responsabilidades perante a sociedade. Quando
for atender e orientar uma área demandante, apresente soluções, alternativas, reflita,
pense o processo! Permaneça comprometido com o objetivo final de sua organização,
não se permita perder isso no meio de sua rotina. Mexa-se. Busque sempre o melhor.

Fazendo assim, certamente faturará mais um bocado de pontos.

Afinal, de que pontos estou falando?

Que jogo é esse ao qual me refiro?

Acalme-se, não estou perdendo o juízo (ainda!).

Quando eu mencionei há pouco que iria demonstrar como fazer para erradicar a visão
de “o chato da história”, eu estava falando sério, muito sério.

Quem trabalha na área administrativa de compras sabe o quanto é desafiador o nosso


trabalho. Não apenas desafiador, mas imprescindível para a continuidade do órgão.

Ora, e por que não dizer para a existência das áreas


demandantes? Sim, temos o nosso valor (e não é pouco,
acredite!). Se vamos fazer o nosso trabalho, com toda
a dedicação e da melhor maneira possível, focados na
busca pelos interesses de nossa organização, o que nos
impede de lutarmos pela melhoria de nossa imagem?
Somos merecedores de respeito, tenho certeza de que
concorda comigo.

60
TÍTULO

Por isso, o desafio está lançado: em seu trabalho, siga as dicas de nosso CHA. Estude
o assunto, torne-se especialista no seu trabalho. Seja paciente, seja didático.

Seja, também, objetivo e criterioso.

Demonstre a sua atitude positiva.

Conquiste o respeito e a admiração de seus pares e de seus colegas. Enfim, ganhe


pontos, o máximo que puder, todos os dias.

Encare como uma disputa do bem. Todos só têm a ganhar.

Com isso, encerramos mais um tema, tanto quanto os demais, de fundamental


importância para o pleno desempenho de suas atividades. Até o próximo assunto!

3.3 O que a autoridade competente espera de mim? Como agir na fase de


pesquisa de preços?
Neste tópico, trabalharemos aspectos como os limites de atuação de cada um
dentro do processo de compras públicas. Atividades como a formulação do preço de
referência, que envolve fazer pesquisas de mercado e de preços, acabam por confundir
eventualmente os papéis dos atores envolvidos.

Além disso, outro aspecto interessante para sabermos delimitar as atribuições e os


limites de atuação entre a área demandante e a área administrativa de compras é nos
tornarmos capazes de enxergar o que a autoridade competente espera de nós.

O primeiro assunto a abordar é o da pesquisa.


PESQUISA DE MERCADO
Existe uma diferença significativa entre pesquisa
de mercado e pesquisa de preços.

Se entendermos bem esta distinção, seremos


capazes de melhor visualizar os limites de atuação PESQUISA DE PREÇOS
de cada um no processo.

Pesquisar o mercado significa estudar o contexto de negócio. A pesquisa de mercado


envolve a prospecção de potenciais fornecedores, além do estudo e do consequente
conhecimento do ramo de atividade em comento. É dizer: em tese, a pesquisa de
mercado não nos traz a ideia exata de quanto deverá ser o dispêndio financeiro para
atender determinada necessidade.

61
TÍTULO

Pesquisar o mercado é entender do assunto. É conhecer e


atualizar as tendências daquele ramo. É captar a obsolescên-
cia de determinados produtos, é compreender quais modelos
comerciais têm sido adotados pelos principais fornecedores.
É verificar se se trata de um mercado maduro, com muitos
concorrentes, ou o contrário.

Importante
Perceba que as conclusões da pesquisa de mercado refletem
diretamente as definições das estratégias da contratação.

Neste contexto, que ator seria mais indicado para elaborar a


pesquisa de mercado do que a própria área demandante do bem
ou serviço?

Ora, se são os principais conhecedores do ramo de atividade e os


responsáveis pelo desenho da demanda, não há pessoa melhor.

Por Exemplo
Quem melhor conhece as tendências, as soluções, as evoluções, as
opções de produtos e serviços existentes no ramo de TI do que a própria
área técnica de tecnologia da informação?

Mesmo raciocínio vale para todas as áreas. Esta circunstância tem a ver
com a própria atribuição específica das áreas.

Quem melhor do que a área de gestão de pessoas conhece o mercado de


administração de recursos humanos, e assim por diante.

Tranquilo, não é mesmo?

62
TÍTULO

Agora, pesquisa de preços tem outra conotação.

Conhecer o mercado é uma coisa, precificar determinado


produto ou serviço é outra totalmente diferente. Quanto
mais comum o produto ou serviço, menos especializado
na área preciso ser para executar a precificação do item.

É pura lógica.

Por Exemplo
Se preciso comprar determinado software comum, já estabelecido no
mercado, chamado de “software de prateleira”, isto é, que pode ser facil-
mente encontrado nas lojas comerciais e varejistas, então a pesquisa de
preços pode ser feita por qualquer pessoa e não necessariamente por
alguém integrante da área técnica de tecnologia da informação.

Agora, precificar uma solução tecnológica específica e complexa já não é


tarefa tão simples que possa ser cumprida por qualquer pessoa.

Percebeu a diferença?

Em suma, a diferença é sutil, mas inegável

A pesquisa de mercado reflete as condições do ramo de


atividade daquele produto ou serviço pesquisado.

63
TÍTULO

A pesquisa de preços reflete a variável econômico-


financeira puramente.

A que conclusões podemos chegar sobre o tema?

Primeiramente temos que deixar claro que cada órgão conta com uma realidade
própria. Portanto, não é possível engessar os papéis de cada um, de modo a prejudicar
o andamento dos trabalhos.

Dito isso, o que podemos alinhar é uma visão geral e ideal sobre o assunto, qual seja:
pesquisa de mercado deve ser elaborada pela área conhecedora do assunto, a área
técnica; e pesquisa de preços deve ser elaborada preferencialmente pela área
demandante do produto ou serviço, podendo ser apoiada pela área administrativa.

Normalmente, o que ocorre é de a área técnica ser exatamente


a área demandante, então, na maioria dos casos, tanto a
pesquisa de mercado quanto a de preços são elaboradas pela
área demandante. Isto, porém, não afasta a necessidade de
atuação da área administrativa de compras. A área de compras
deve atuar tanto no apoio quanto na crítica dos resultados,
com foco no afastamento de distorções, aplicação de critérios
razoáveis etc.

A área administrativa pode, ainda, apoiar a área demandante contribuindo com a


etapa de precificação, especialmente naqueles casos em que o produto ou serviço é
comum o suficiente para que qualquer pessoa possa pesquisar.

64
TÍTULO

Importante
Mas note que a atuação da área administrativa deverá ser
secundária preferencialmente, como uma forma de trazer maior
segurança ao processo, tanto na contribuição propriamente dita
quanto pela crítica do trabalho efetuado pela área demandante.

Delegar a elaboração da pesquisa de preços à área administrativa de compras pode ser


um erro brutal, pois, na medida em que não é conhecedora daquele produto ou serviço,
os preços poderão conter distorções extremamente prejudiciais à Administração
Pública.

Princípio da segregação de funções: impõe que, sempre que possível, o processo de


compras seja dividido em tantas pessoas quanto necessário. Cada uma delas poderá
exercer o controle sobre as funções a fim de proporcionar: maior imparcialidade,
menor subjetividade, maior segurança.

Sabe aquela situação em que fazemos um determinado texto que – ao nosso olhar
– está claríssimo, mas chega outra pessoa e o enxerga de outro modo totalmente
diferente?

Este controle (no bom sentido), esta visão de outrem, esta imparcialidade, é o que
busca o princípio da segregação de funções.

É lógico afirmar que cada pessoa, cada área, enxerga as coisas de uma maneira
própria.

É de se esperar, portanto, que o resultado final será mais acertado, sem ruídos ou
vícios que não percebemos, se for executado em várias etapas e por áreas ou pessoas
diferentes.

65
TÍTULO

Importante
Então, em nosso contexto, delegar por completo a formulação do
preço à área administrativa de compras fere a imparcialidade do
processo, na medida em que ela mesma ficaria responsável por
formular o preço e por proceder à compra do produto ou serviço.

O melhor papel que a área administrativa exerce, neste contexto,


é o de apoiar a área demandante, orientando e criticando os
resultados.

E por falar em orientação, afinal, faremos isto com base em quê? É tempo de começar
a mencionar as famosas instruções normativas do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão. Antes de mais nada, é importante ressaltar que tais
normativos vinculam a atuação apenas dos órgãos e entidades integrantes do Sistema
de Serviços Gerais (SISG). Para os demais, serve como normativo referencial, porém
não vinculante.

Recentemente alterada, a Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014, dispõe


sobre os procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de
preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral. Vamos à leitura.

66
TÍTULO

Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 5, de 2014.

A SECRETÁRIA DE LOGÍSTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DO MINIS-


TÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, no uso das atribuições
que lhe confere o art. 34, I, “b”, do Anexo I ao Decreto nº 8.189, de 21 de janeiro
de 2014, e tendo em vista o disposto no art. 3º do Decreto nº 1.094, de 23
demarço de 1994, e nos arts. 40, X, e 43, IV, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993, resolve:

Art. 1º Esta Instrução Normativa dispõe sobre o procedimento administrativo


para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contrata-
ção de serviços em geral.

Parágrafo único. Subordinam-se ao disposto nesta Instrução Normativa os


órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais (SISG).

Art. 2º A pesquisa de preços será realizada mediante a utilização dos seguin-


tes parâmetros:

I - Painel de Preços, disponível no endereço eletrônico http://paineldepre-


cos.planejamento.gov.br;

II - contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluí-


dos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;

III - pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especiali-


zados ou de domínio amplo, desde que contenha a data e hora de acesso; ou

IV - pesquisa com os fornecedores, desde que as datas das pesquisas não se


diferenciem em mais de 180 (cento e oitenta) dias.

§1º Os parâmetros previstos nos incisos deste artigo poderão ser utilizados
de forma combinada ou não, devendo ser priorizados os previstos nos inci-
sos I e II e demonstrada no processo administrativo a metodologia utilizada
para obtenção do preço de referência.

§2º Serão utilizadas, como metodologia para obtenção do preço de referên-


cia para a contratação, a média, a mediana ou o menor dos valores obtidos
na pesquisa de preços, desde que o cálculo incida sobre um conjunto de três
67
ou mais preços, oriundos de um ou mais dos parâmetros adotados neste
diferenciem em mais de 180 (cento e oitenta) dias.

§1º Os parâmetros previstos nos incisos deste artigo poderão ser utilizados

TÍTULO
de forma combinada ou não, devendo ser priorizados os previstos nos inci-
sos I e II e demonstrada no processo administrativo a metodologia utilizada
para obtenção do preço de referência.

§2º Serão utilizadas, como metodologia para obtenção do preço de referên-


cia para a contratação, a média, a mediana ou o menor dos valores obtidos
na pesquisa de preços, desde que o cálculo incida sobre um conjunto de três
ou mais preços, oriundos de um ou mais dos parâmetros adotados neste
artigo, desconsiderados os valores inexequíveis e os excessivamente eleva-
dos.

§3º Poderão ser utilizados outros critérios ou metodologias, desde que devi-
damente justificados pela autoridade competente.

§4º Os preços coletados devem ser analisados de forma crítica, em especial,


quando houver grande variação entre os valores apresentados.

§5º Para desconsideração dos preços inexequíveis ou excessivamente


elevados, deverão ser adotados critérios fundamentados e descritos no pro-
cesso administrativo.

§6º Excepcionalmente, mediante justificativa da autoridade competente,


será admitida a pesquisa com menos de três preços ou fornecedores.

Art. 3º Quando a pesquisa de preços for realizada com os fornecedores, estes


deverão receber solicitação formal para apresentação de cotação.

Parágrafo único. Deverá ser conferido aos fornecedores prazo de resposta


compatível com a complexidade do objeto a ser licitado, o qual não será infe-
rior a cinco dias úteis.

Art. 4º Não serão admitidas estimativas de preços obtidas em sítios de leilão


ou de intermediação de vendas.

Art. 5º O disposto nesta Instrução Normativa não se aplica a obras e serviços


de engenharia, de que trata o Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013.

Art. 6º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Parágrafo único. Esta Instrução Normativa não se aplica aos processos


administrativos já iniciados.

68
TÍTULO

Como agente público, atuante na área de compras de sua organização, você deve
orientar adequadamente as áreas demandantes a elaborarem suas pesquisas.

Oriente, contribua e critique. Proporcione que o processo de compras seja o mais


eficiente possível.

E veja: não é para agir dessa forma somente quando o assunto é a pesquisa de
mercado e de preços.

É para agir dessa forma ao longo de todo o processo de compras, desde a discussão
sobre as regras da lei, até a proposição de soluções, alternativas baseadas em seus
conhecimentos etc.

Dizendo isso, fica fácil perceber o que a autoridade competente espera de você.

Os limites de atuação entre área demandante e área administrativa de compras


impõem visões e ações distintas, cada qual focada na execução de seus objetivos
estratégicos dentro da estrutura do órgão. Não por isso devem se afastar do foco
principal da instituição; ao contrário, devem atuar em conjunto, em harmonia, sendo
que os gestores esperam que cada um cumpra o seu pedacinho dentro de toda essa
engrenagem.

Em conclusão, como já vimos neste e nos tópicos anteriores, o que


a autoridade competente espera de quem atua na área de compras
públicas é que seja a ponte que interliga a área demandante em busca de
sua necessidade (demanda), observando e fazendo observar todas as
regras impostas à Administração (sujeições), de modo a proporcionar
a devida proteção a todos os envolvidos nesta complexa empreitada:
tanto o público interno (você, os seus pares da área demandante,
os respectivos gestores, a instituição) quanto o público externo (a
sociedade).

69
TÍTULO

Assim encerramos não só a unidade, mas também o primeiro módulo de nosso curso.
Espero que tenha sido muito útil e agradável até aqui.

O próximo módulo tratará, de forma organizada, de aprofundar um pouco mais os


conhecimentos mais técnicos, as regras legais, enfim, tudo aquilo que você precisa
saber, fundamentalmente, para atuar nesta área.

Força, foco e fé! Até lá.

70
CURSO BÁSICO DE LICITAÇÕES PÚBLICAS
ENFRENTANDO E VENCENDO TABUS
Equipe técnica

Gestão acadêmica
Escola de Administração Fazendária

Conteudista
Renato Teixeira Arten

Desenvolvimento web
Empresa Avante Brasil
Sumário

MÓDULO 2 – APROFUNDANDO CONHECIMENTOS...................................................4

UNIDADE 4 – AS MODALIDADES TRADICIONAIS DE LICITAÇÃO SEGUNDO A LEI


8.666/1993..............................................................................................................4

4.1 Mais detalhes sobre a concorrência, a tomada de preços e o convite............ 4

4.2 Mais detalhes sobre o concurso e o leilão. Por que este último é um caso à
parte?......................................................................................................................... 15

4.3 A Comissão de Licitação, sua composição, poderes e responsabilidades... 20

UNIDADE 5 – DISPENSA E A INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO SEGUNDO A LEI


8.666/1993............................................................................................................27

5.1 Principais casos de dispensa de licitação. O que devo analisar nestes


processos?................................................................................................................ 27

5.2 Principais casos de inexigibilidade de licitação. O que devo analisar nestes


processos?................................................................................................................ 39

5.3 O que é o fracionamento de despesas? E como evitá-lo?............................... 47

UNIDADE 6 - A MODALIDADE PREGÃO SEGUNDO A LEI 10.520/2002.....................58

6.1 As inovações e vantagens da modalidade pregão e sua forma eletrônica.... 58

6.2 A forma eletrônica é obrigatória? A definição de bens e serviços comuns


nos dias atuais.......................................................................................................... 68

6.3 O perfil ideal do pregoeiro e equipe de apoio. Diferenças frente à Comissão


de Licitação............................................................................................................... 82

UNIDADE 7 – O SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS SEGUNDO O DECRETO


7.892/2013............................................................................................................88

7.1 O SRP é uma modalidade de licitação? A Ata de Registro de Preços é um


contrato?................................................................................................................... 88

7.2 Fase preliminar do SRP, a Intenção de Registro de Preços........................... 100

7.3 Conceitos e papéis dos órgãos gerenciador e participantes. A problemática


do “carona”.............................................................................................................. 106
TÍTULO

MÓDULO 2 – APROFUNDANDO CONHECIMENTOS


UNIDADE 4 – AS MODALIDADES TRADICIONAIS DE
LICITAÇÃO SEGUNDO A LEI 8.666/1993
4.1 Mais detalhes sobre a concorrência, a tomada de preços e o convite
Estamos de volta! Agora é pé na tábua. Informações vão chegando rapidamente, mas
não tão rápido quanto a sua vontade de assimilá-las, tenho certeza!

Então, sem tempo a perder, vamos iniciar nosso estudo neste novo módulo, a começar
pelo aprofundamento dos conceitos acerca das modalidades tradicionais de licitação,
segundo a lei nº 8.666, de 1993.

Nesta unidade, veremos mais detalhes sobre a concorrência, a tomada de preços e o


convite, que são as modalidades classificadas como do grupo comum (lembra-se?).

Nestes casos, o fator primordial é o valor estimado da contratação, que ditará, de


maneira predominante, acerca de qual modalidade de licitação terá de ser adotada.

Marçal Justen Filho (2005) assim esclarece o critério pela escolha da modali-
dade licitatória:

“As modalidades de licitação diferenciam-se entre si por variações de


complexidade nas três primeiras fases (divulgação, proposição e habilita-
ção), mas também pode haver diferenças na fase de julgamento. Tais
variações decorrem de peculiaridades relativas à complexidade do objeto
da contratação. Como regra, o critério de seleção das diversas modalida-
des de licitação é econômico. A Lei nº 8.666 condicionou a adoção de
determinada modalidade ao valor da contratação, mas ressalvou a possi-
bilidade de adotar modalidades diversas independentemente do critério
econômico. Ou seja, é possível que a contratação de valor relativamente
diminuto seja antecedida de licitação em modalidade superior ao valor
econômico cabível - em virtude da maior adequação dessa modalidade
licitatória em face da complexidade do objeto.”

Cit., p. 205, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

4
TÍTULO

A concorrência

É a mais ampla das modalidades. Significa dizer que qualquer interessado pode
participar da disputa. Além disso, é a que comporta contratações de maior montante:
acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais) para obras e serviços
de engenharia e R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais) para
compras e demais serviços em geral.

Saiba Mais

Até por ser a que contempla maior amplitude, é a que maior tempo con-
some na etapa de divulgação: são, em geral, 45 (quarenta e cinco) dias
entre a divulgação do edital e a data de apresentação das propostas.
Digo “em geral” porque esta é a hipótese mais comum, ou seja, é de 45
(quarenta e cinco) dias o prazo de divulgação para a concorrência que
segue o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo
melhor técnica ou técnica e preço. Nos demais casos, a concorrência
terá de obedecer ao prazo de divulgação de 30 (trinta) dias.

Em tese, a fase de habilitação na concorrência é, da mesma forma, a


mais complexa. Por conter maior amplitude de participação dos inte-
ressados, na concorrência a Administração deverá dispor no Edital os
critérios objetivos para que posteriormente verifique se o concorrente
interessado possui as condições suficientes e necessárias para
poder, de fato, ingressar no certame.

De verdade, a fase de habilitação existe em todas as outras modalida-


des, mas obtém proporções mais relevantes na concorrência.

5
TÍTULO

Agora, a tomada de preços.

Falar desta modalidade e diferenciá-la da primeira, em termos práticos,


é tarefa desafiadora. O que acaba restando como diferença indubitável
é a questão econômica. É cabível a tomada de preços para obras e
serviços de engenharia de até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos
mil reais) e de até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta
mil reais) para demais compras e serviços em geral.

Há diferença clara também em relação ao prazo de divulgação do Edital. Na tomada


de preços, em que normalmente se adotam os tipos de melhor técnica ou de técnica
e preço, tal prazo é de 30 (trinta) dias; em outros casos, o prazo é de 15 (quinze) dias.

Há, contudo, característica muito controversa em relação à tomada de preços, que, em


tese, a diferencia da concorrência. Enquanto na primeira há amplitude na participação,
na tomada de preços os interessados têm de ter seu cadastramento prévio para
poderem participar. Como regra, então, a participação na tomada de preços só pode
ser admitida para cadastrados. A problemática, no entanto, gira em torno deste fato e
de sua exceção, também prevista em lei, que é a possibilidade de participação de não
cadastrados desde que o façam até o terceiro dia anterior à data do recebimento das
propostas.

TOMADA DE PREÇO CONCORRÊNCIA

Tenho de ser sincero com você, caro aluno, ao afirmar que tamanha é a discussão
sobre esta questão, com infindáveis teses e soluções discutíveis que, honestamente,
escapam ao foco de nosso estudo. Assim, recomendo que, se assim desejar, busque
na doutrina maior detalhamento, reconhecendo, porém, que para o alcance de nosso
objetivo, basta conhecer o que estamos vendo por aqui.

6
TÍTULO

Agora, falarei sobre o convite.

É, dentre todas, a modalidade que impõe procedi-


mento mais simples. Haja vista a sua própria de-
nominação, é modalidade que permite à Adminis-
tração escolher os participantes, convidando-os,
em número mínimo de três, a disputar a seleção e,
ao final, celebrar o contrato.

O prazo entre o efetivo convite e o recebimento das propostas é de apenas 5 (cinco)


dias. E os limites de valor econômico terminam por permitir concluir que esta é a
modalidade menos complexa de todas: para obras e serviços de engenharia, até R$
330.000,00 (trezentos e trinta mil reais) e até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil
reais) para compras e demais serviços em geral.

A esta altura, você – que já estudou por aqui uma série de preceitos e regras de
conduta, que já aprendeu a “pensar a licitação” sempre voltado ao interesse público,
público de fato – deve estar se perguntando: “De certa forma, o convite não acaba por
representar maior risco de ofensa à igualdade/isonomia?”.

A resposta me parece ser positiva e a razão para isso é muita clara.

Ora, permitir que o agente público simplesmente


convide três interessados a disputar uma
celebração de contrato com a Administração
Pública não me parece a forma mais republicana
de agir. Embora o convite seja legítimo em sua
essência, não se pode ignorar que tamanha
liberdade pode sim representar maior risco à coisa pública.

7
TÍTULO

Importante
Dentre todas as demais modalidades, o convite é, sem dúvida, o
mais sensível do ponto de vista da moralidade e da correção ética,
e por que não dizer, da eficiência e da economicidade.

Diante do texto legal e também por suas características


intrínsecas, assim como ocorre com a tomada de preços, existe
no caso do convite uma controvérsia grande entre a doutrina no
que tange, por exemplo, à exceção quanto à extensão do convite
a não convidados no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, bem
como quanto ao número mínimo de participantes, dentre tantas
outras polêmicas.

Neste caso, contudo, diferentemente do caso da tomada de preços – em que o tema é


relevante, mas apenas foge ao objeto de nosso estudo – considero que a problemática
quanto à discussão doutrinária que circula o convite é demasiadamente irrelevante.
E a razão para isso é simples: a modalidade convite está praticamente em desuso na
Administração Pública atualmente.

Especialmente com o advento do pregão, outra modalidade, e que não está prevista na
lei nº 8.666, de 1993, o convite tornou-se cada vez mais raro e a tendência é mesmo
a sua extinção. Por tudo isso, não se preocupe tanto com o convite. É importante
que você o conheça, até para melhor entender a evolução do processo de compras
públicas no Brasil, mas estou certo de que dificilmente verá ocorrer diante de seus
olhos um processo nesta modalidade nos dias atuais.

Muito bem! Então, sobre concorrência, tomada de preços e convite, temos, em resumo:

Quanto ao valor econômico:

• Concorrência: Acima de R$ 3.300.000,00 para obras e serviços de engenharia, e


acima de R$ 1.430.000,00 para compras e demais serviços em geral.
• Tomada de preços: Até R$ 3.300.000,00 para obras e serviços de engenharia, e
até R$ 1.430.000,00 para compras e demais serviços em geral.

8
TÍTULO

• Convite: Até R$ 330.000,00 para obras e serviços de engenharia, e até R$


176.000,00 para compras e demais serviços em geral.
• Quanto ao prazo mínimo entre divulgação e recebimento das propostas:
• Concorrência: 45 dias quando empreitada integral e melhor técnica ou técnica
e preço, e 30 dias para os demais casos.
• Tomada de preços: 30 dias quando melhor técnica ou técnica e preço (tipos), e
15 dias para os demais casos.
• Convite: 5 dias.

Antes de concluir, fato relevante a mencionar são os meios de divulgação, tanto no


caso da concorrência, quanto na tomada de preço, no concurso e no leilão (note que
o convite não está neste rol).

Embora realizados no local da repartição interessada (as licitações nestes casos são
presenciais), os seus respectivos avisos, contendo o breve resumo dos editais, devem
ser publicados com antecedência e, no mínimo, por uma vez, nos Diários Oficiais
da União ou do Estado, conforme o caso, e em jornal diário de grande circulação
no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região
onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem,
podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros
meios de divulgação para ampliar a área de competição.

O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e


obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.

9
TÍTULO

Acerca das três modalidades tratadas neste capítulo, Justen Filho (2005) já
se pronunciou:

“A definição da modalidade de licitação não deve fazer-se apenas em


função do valor da contratação. Também deverá tomar-se em vista a
complexidade do objeto da licitação. 

O procedimento licitatório “convite” pressupõe a ausência de necessi-


dade de especificações detalhadas ou de complexidades no objeto a
ser contratado. O convite é adequado quando o objeto a ser contratado
é simples o suficiente para ser realizado por qualquer profissional de
uma determinada área. Por isso, o convite pode ser dirigido também a
pessoas que não estejam cadastradas, sem averiguações mais deta-
lhadas.

Na tomada de preços e na concorrência, a situação será distinta, como


regra. A Administração necessitará verificar se o interessado possui
condições de satisfazer as exigências necessárias à execução do
objeto licitado no caso concreto.

 Em tese, a tomada de preços propiciaria uma verificação mais tranquila


acerca dessas questões. A habilitação far-se-ia através do cadastra-
mento, efetivado a qualquer tempo e independentemente da perspecti-
va de uma licitação. Com a Lei, admitiu-se o desenvolvimento simultâ-
neo da habilitação e da licitação. Logo, poderão surgir disputas sobre a
habilitação.

Na concorrência, há exigências práticas que afetam os exames da fase


de habilitação. A habilitação de todos os interessados se processa em
conjunto (ainda quando se utilizem os dados constantes do registro
cadastral). Quanto mais complexa a execução do objeto licitado, tanto
maiores poderão ser as exigências de habilitação, exigindo a utilização
da concorrência. Daí a previsão do art. 23, § 4o, que deve ser utilizada
sempre que a complexidade do objeto licitado torne inadequada a esco-
lha da licitação segundo os critérios padronizados da Lei.”
Cit., p. 201, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen
Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

10
TÍTULO

Esta é praticamente a reprodução do texto legal que, aliás, veremos a seguir. Por razões
quase óbvias, o convite não está contemplado nas disposições sobre divulgação do
Edital: naquela modalidade os participantes são escolhidos e, portanto, não cabe falar
em divulgação, nem restrita nem ampla. Convenhamos: é ou não é para estar mesmo
em extinção tal modalidade?

Para encerrar este assunto, convido à leitura de alguns artigos da Lei Geral, que tratam
em grande medida dos temas abordados neste tópico. Após a leitura, veremos a
seguir a apresentação das últimas modalidades tradicionais de licitação, o concurso
e o leilão. Até breve!

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das
tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da
repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo,
por uma vez:

I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou


entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
instituições federais;

II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar, respecti-


vamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em


jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, pres-
tado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Admi-
nistração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulga-
ção para ampliar a área de competição.

§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados


poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a
licitação.

§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do


evento será: 
11
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em
jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, pres-
tado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Admi-
TÍTULO
nistração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulga-
ção para ampliar a área de competição.

§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados


poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a
licitação.

§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do


evento será: 

I - quarenta e cinco dias para:

a) concurso;

b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de


empreitada integral ou quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técni-
ca e preço”;

II - trinta dias para:

a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” do inciso anterior;

b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica


e preço”;

III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especificados na
alínea “b” do inciso anterior, ou leilão;

IV - cinco dias úteis para convite.

§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão contados a partir da


última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, prevale-
cendo a data que ocorrer mais tarde.

§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que


se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propos-
tas.

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso; 12
cendo a data que ocorrer mais tarde.

§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que


se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
TÍTULO
quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propos-
tas.

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso;

V - leilão.

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos
mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devida-


mente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.

§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente


ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número
mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apro-
priado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastra-
dos na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

(...)

§ 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possí-


veis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou asse-
melhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto
existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convi-


dados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no
§ 3º deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
no processo, sob pena de repetição do convite.

(...)

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo


13dos seguintes limites, tendo em vista o
anterior serão determinadas em função
valor estimado da contratação:
§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convi-
dados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no
§ 3º deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
TÍTULO
no processo, sob pena de repetição do convite.

(...)

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo


anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o
valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia:

a) convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);

c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais);

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta


mil reais);

c) concorrência - acima de R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta


mil reais).

(...)

§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a


tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

(Valores atualizados pelo Decreto nº 9.412, de 18 de junho de 2018, vigente a partir de 19 de


julho de 2018.)

14
TÍTULO

4.2 Mais detalhes sobre o concurso e o leilão. Por que este último é um
caso à parte?
Continuamos na luta em busca do aprofundamento dos conceitos acerca das
modalidades tradicionais de licitação, sob a égide da lei nº 8.666, de 1993.

Neste tópico, veremos mais detalhes sobre as modalidades do chamado grupo


“especial”, como vimos anteriormente: o concurso e o leilão.

Vamos começar com a apresentação conceitual contida no texto da Lei Geral sobre
as modalidades, para depois discutirmos a respeito.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 22. São modalidades de licitação:

(...) IV - concurso;

V - leilão.

(...) § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a institui-
ção de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios cons-
tantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de
45 (quarenta e cinco) dias.

§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a


venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legal-
mente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre-
vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.

15
TÍTULO

São, de fato, modalidades especiais, na medida em que se


diferenciam por demais das anteriores. O concurso é moda-
lidade tal que busca selecionar trabalho técnico, científico ou
artístico. O ponto de partida é a personalização das propos-
tas, trazendo consigo característica personalíssima.

Ao final da licitação, não se fala propriamente em contratação,


mas sim em premiação ou remuneração ao vencedor. Tal
prêmio deve funcionar como incentivo à participação dos interessados e pode ser,
inclusive, uma contrapartida não econômica, como uma honraria, por exemplo. É
relativamente comum a Administração lançar mão da modalidade concurso para
escolher o melhor projeto musical, de ciência, de arquitetura e urbanismo etc.

Não à toa, a lei cuidou de trazer juntamente ao conceito da modalidade concurso a


questão da antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias entre a divulgação e a
apresentação dos trabalhos.

Na verdade, a questão temporal toma relevância ainda maior nesta modalidade, sendo
que a Administração é obrigada a prever não somente o mínimo, mas essencialmente
um prazo razoável e efetivamente suficiente em face da complexidade do objeto.

Assim, se o projeto necessitar de, em geral, cinco meses para que seja elaborado,
então nesta medida deverá a Administração fixar tal prazo. Contrário a isso, restaria
ofensa ao princípio da isonomia.

Marçal Justen Filho (2005) assim expôs sobre o concurso:

“Existem distinções profundas entre o concurso e as modalidades


comuns de licitação. Nas modalidades comuns (concorrência, tomada
de preços e convite), a execução da prestação por parte do terceiro
faz-se após a licitação. Os interessados formulam proposta e o vence-
dor será contratado para executar uma determinada prestação. No con-
curso, o interessado deverá apresentar (como regra) o trabalho artístico
ou técnico já pronto e acabado. Não há seleção entre “propostas para
futura execução”. Os interessados apresentam o resultado de seu
esforço e o submetem à análise da Administração. Por isso, não cabe
ao vencedor desenvolver, após o julgamento, alguma atividade de exe-
16
cução. Logo, o prazo entre a divulgação do concurso e a apresentação
de preços e convite), a execução da prestação por parte do terceiro
faz-se após a licitação. Os interessados formulam proposta e o vence-
TÍTULO dor será contratado para executar uma determinada prestação. No con-
curso, o interessado deverá apresentar (como regra) o trabalho artístico
ou técnico já pronto e acabado. Não há seleção entre “propostas para
futura execução”. Os interessados apresentam o resultado de seu
esforço e o submetem à análise da Administração. Por isso, não cabe
ao vencedor desenvolver, após o julgamento, alguma atividade de exe-
cução. Logo, o prazo entre a divulgação do concurso e a apresentação
dos trabalhos deve ser compatível com o exaurimento de atividade téc-
nica ou artística. Assim, será inválido o concurso que inviabilizar, atra-
vés do prazo reduzido, a ampla participação dos interessados.”

É interessante ressaltar, ainda sobre a modalidade concurso que, por suas próprias
características intrínsecas, não se fala em aplicação dos tipos de licitação previstos
no artigo 45 da Lei Geral, quais sejam, menor preço, melhor técnica, técnica e preço e
maior lance ou oferta.

Leia o texto e repare no final do texto do parágrafo primeiro.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de


licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os
tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório
e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a pos-
sibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

  § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na


modalidade concurso:

I - a de menor preço (...);

II - a de melhor técnica;

III - a de técnica e preço.

IV - a de maior lance ou oferta (...).

17
TÍTULO

E agora trataremos da modalidade leilão.

É a modalidade a ser utilizada quando a Administração


precisa vender bens e não comprá-los. É a brutal diferença
entre as demais modalidades. Tanto é um caso à parte,
que desde o início do curso venho chamando a área em
que trabalhamos de “área de compras”, não é mesmo?

Então, você deve estar se perguntando, por que caberia tratarmos – neste curso
básico – de modalidade que cuida de vender os bens? Tem toda razão, caro aluno.
O leilão não é o objeto central de nosso estudo. Entretanto, como se trata de uma
modalidade de licitação, não poderíamos deixar escapar, ao menos, alguns pequenos
comentários a respeito.

O leilão deverá conter todas as regras a serem utilizadas devidamente expressas em


seu Edital de licitação. A regra do leilão é a sequência de lances e vencerá aquele
que efetivar o maior lance ou maior oferta (este é o critério, o tipo de licitação desta
modalidade). O prazo mínimo entre a divulgação do Edital e sessão pública do leilão
é de 15 (quinze) dias.

Resumidamente, podemos dizer que o leilão é utilizado para a alienação de bens


móveis, inservíveis ou legalmente apreendidos, e bens imóveis, adquiridos por
procedimento judicial ou dação em pagamento.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja deri-
vado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser
alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes
regras:

I - avaliação dos bens alienáveis;

II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;

III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou


leilão.

18
TÍTULO

Para finalizar: sobre os meios de divulgação, tanto no caso do concurso quanto no


leilão, embora realizados no local da repartição interessada, os seus respectivos
avisos, contendo o breve resumo dos editais, devem ser publicados com antecedência
e, no mínimo, por uma vez, nos Diários Oficiais da União ou do Estado, conforme o
caso, e em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em
jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada apresentado o
projeto, ou alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o
vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de
competição.

Vimos aqui as modalidades tradicionais de licitação, segundo a lei nº 8.666, de 1993.


Na sequência, vamos discorrer sobre a Comissão de licitação, responsável pela
condução dos processos.

19
TÍTULO

4.3 A Comissão de Licitação, sua composição, poderes e


responsabilidades.
Voltamos ao estudo do nosso Curso Básico de Licitações. O assunto
aqui é de suma importância. Além disso, é tema que desperta grande
interesse, pois envolve diretamente a sua atuação, na condução dos
processos de licitação pública.

Vimos as modalidades tradicionais de licitação que, sob a égide da lei nº 8.666, de


1993, exigem condução por Comissão especialmente criada para este fim. No caso
de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente nas pequenas unidades
administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída
por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

Essas Comissões têm a função de receber, examinar e julgar todos


os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao
cadastramento de licitantes, e serão sempre compostas em
número mínimo de 3 (três) membros, sendo que um deles a
presidirá.

Em regra, serão servidores públicos do órgão que está


propondo a compra pública; contudo, do número mínimo de
3 (três) membros, pelo menos 2 (dois) devem ser servidores
qualificados pertencentes aos quadros permanentes do órgão
responsável pela licitação.

Servidores públicos estes que, em sua maioria, são os que atuam na área de
compras da organização. Ou seja, é de você mesmo que estou falando, meu caro!
Mas não se assuste. Estamos aqui para te salvar.

Nas organizações, as Comissões podem ser permanentes ou eventuais.

Eventuais

Às eventuais dá-se o nome de especiais. Assim, para a condução das concorrências,


tomadas de preços, convite, concurso e leilão, teremos uma Comissão Permanente
de Licitação (CPL) ou uma Comissão Especial de Licitação (CEL).

20
TÍTULO

Permanentes

No caso de ser permanente, a Lei Geral exige que seus membros não sejam
repetidos após o período de um ano, como forma de proporcionar mais segurança e
imparcialidade às decisões.

A designação dos membros para a formação da Comissão de Licitação será feita pela
autoridade competente ou autoridade superior – que representa administrativamente
o órgão (em geral o ordenador de despesas) – que irá, inclusive, homologar, revogar
ou anular o certame, bem como decidir recursos hierárquicos.

A Comissão conduzirá as sessões públicas, sempre presenciais, em que se farão


o recebimento dos envelopes e, cada qual em sua fase, a abertura, a análise da
documentação e a decisão quanto às propostas. O presidente conduzirá as reuniões,
sendo apoiado no que precisar pelo restante da Comissão.

21
TÍTULO

Importante
Vale lembrar que as sessões públicas são formais e previamente
designadas, portanto, merecem tratamento adequado por parte
de todos os integrantes da Comissão, dos licitantes, e dos demais
cidadãos interessados presentes. A cada sessão pública será
lavrada uma ata circunstanciada, em que constará o relato dos
fatos ocorridos e decisões adotadas e será assinada por todos os
licitantes presentes e pela Comissão.

Embora possam ser compostas por quaisquer servidores


públicos, é essencial que sua composição conte com membros
da área administrativa de compras, em especial, com
conhecimentos suficientes sobre a Lei Geral de licitações. Em
regra, o presidente será dessa área. Além disso, é recomendável
que pertença à Comissão pessoal responsável pela área técnica
(engenharia, por exemplo, no caso de obras e serviços de
engenharia). Não há número máximo de membros, e na ausência
do presidente, outro precisará assumir o posto.

Por que é importante dotar a Comissão de membros com perfil adequado, capazes de
bem avaliar e decidir tecnicamente acerca dos fatos da licitação?

1º Primeiramente porque este um pressuposto básico da atuação no serviço público.

2º E segundo que, para reforçar esta ideia, a lei nº 8.666, de 1993, implementou a
solidariedade da responsabilidade entre os atos da Comissão de licitação.

22
TÍTULO

A redação do parágrafo terceiro do artigo 51 é claríssima.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 51.

(...)

§ 3º Os membros das Comissões de licitação responderão solidariamente


por todos os atos praticados pela Comissão, salvo se posição individual
divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na
reunião em que tiver sido tomada a decisão.

Os membros da Comissão são, portanto, todos solidários entre si. Não apenas o
presidente deve atuar e decidir, todos têm o dever de fazê-lo.

Quando houver divergência de entendimentos, o presidente fará prevalecer algum


destes entendimentos, tudo com transparência e publicidade.

Neste sentido, a pluralidade de membros é fator aliado à capacidade de a Comissão


se manifestar de maneira objetiva, afastando arbitrariedades, e não o contrário, como
eventualmente pode-se pensar.

Fundamentalmente, a tarefa principal da Comissão na condução do certame é julgar


as propostas, tendo como parâmetro o Edital de licitação. Não cabe à Comissão
qualquer tipo de poder para alterar quaisquer condições previstas no instrumento
convocatório. Além da atividade intelectual de julgamento, é tarefa da Comissão
observar e fazer cumprir as formalidades previstas no Edital, como por exemplo: o
recebimento ou recusa de envelopes, a verificação do seu conteúdo com a aposição
de visto, dentre tantas outras.

23
TÍTULO

Interessantíssimo texto apresentou Justen Filho (2005) quando tratou da


responsabilidade solidária dos membros da Comissão: “A responsabilidade
solidária dos membros da comissão não independe de culpa. O sujeito
apenas pode ser responsabilizável na medida em que tenha atuado pessoal
e culposamente para a concretização do ato danoso ou desde que tenha
omitido (ainda que culposamente) os atos necessários a evitá-lo. Se o sujei-
to, por negligência, manifesta sua concordância com ato viciado, torna-se
responsável pelas conseqüências. Se, porém, adotou as precauções neces-
sárias e o vício era imperceptível não obstante a diligência empregada, não
há responsabilidade pessoal.

Sempre que o membro da comissão discordar da conduta de seus pares, deverá


expressamente manifestar sua posição. Isso servirá para impedir a responsabili-
zação solidária do discordante. A ressalva deverá ser fundamentada, apontan-
do-se os motivos pelos quais o sujeito discorda da conduta alheia. É óbvio que a
ressalva de nada servirá se não apontar o vício ocorrente.

Ao eliminar a responsabilidade solidária do integrante da Comissão em virtu-


de de ressalva expressa, a Lei pretende que sejam tornados públicos os
vícios ocorridos. Desse modo, os envolvidos no vício serão desestimulados a
prosseguir na conduta desviada (por temor de que possa ser descoberta) e
se tornará mais simples a atuação dos órgãos de controle e fiscalização (pois
terão notícia direta do defeito).

A Lei determina que a discordância conste de ata. Tem-se de reputar que,


dependendo da gravidade do vício, a mera ressalva na ata não é suficiente. Se
o vício caracterizar ilícito administrativo ou penal, o agente terá o dever de
adotar outras providências, inclusive levando-o ao conhecimento das autori-
dades competentes.

Havendo recusa da maioria em inserir a ressalva no corpo da ata, o sujeito


deverá comunicar a ocorrência às autoridades superiores.”

Cit., p. 481, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen


Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

24
TÍTULO

É isso. Sobre este tema, ficamos por aqui, encerrando assim o estudo sobre as
modalidades tradicionais de licitação. A gente se vê na próxima unidade. Até lá!

Não deixe de conferir a síntese desta unidade.

Síntese

A concorrência é a mais ampla das modalidades, e o convite é, dentre


todas, a modalidade que impõe procedimento mais simples. Sobre
concorrência, tomada de preços e convite, temos, em resumo:

Quanto ao valor econômico:

Concorrência:

- Acima de R$ 3.300.000,00 para obras e serviços de engenharia, e


- Acima de R$ 1.430.000,00 para compras e demais serviços em
geral.

Tomada de Preços:

- Até R$ 3.300.000,00 para obras e serviços de engenharia, e


- Até R$ 1.430.000,00 para compras e demais serviços em geral.
Convite:

- Até R$ 330.000,00 para obras e serviços de engenharia, e


- Até R$ 176.000,00 para compras e demais serviços em geral.

Quanto ao prazo mínimo entre divulgação e recebimento das propostas:

Concorrência:

- 45 dias quando empreitada integral e melhor técnica ou técnica


e preço, e
- 30 dias para os demais casos.

25
TÍTULO

Tomada de preços:
- 30 dias quando melhor técnica ou técnica e preço (tipos), e

- 15 dias para os demais casos.

Convite: 5 dias.

Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme
critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a


venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens
imóveis, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.

As modalidades tradicionais de licitação exigem condução por


Comissão especialmente criada para este fim. Essas Comissões
têm a função de receber, examinar e julgar todos os documentos e
procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes,
e serão sempre compostas em número mínimo de 3 (três) membros,
sendo que um deles a presidirá. Nas organizações, as Comissões
podem ser permanentes ou eventuais. Às eventuais dá-se o nome de
especiais. Assim, para a condução das concorrências, tomadas de
preços, convite, concurso e leilão, teremos uma Comissão Permanente
de Licitação (CPL) ou uma Comissão Especial de Licitação (CEL).

26
TÍTULO

UNIDADE 5 – DISPENSA E A INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO


SEGUNDO A LEI 8.666/1993

5.1 Principais casos de dispensa de licitação. O que devo analisar nestes


processos?
O assunto desta unidade é a dispensa de licitação e qual o foco de análise no qual
você deve se concentrar quando se deparar com tais processos.

Vimos nos tópicos introdutórios que licitar é a regra. Contudo, tal diretriz constitucional
reservou à lei a possibilidade de dispor acerca de determinadas hipóteses em que a
Administração não precisa – ou não deve – seguir o procedimento licitatório. São
casos bem específicos, muito bem delimitados pelo legislador, que não deixam espaço
para discricionariedade ao agente público.

Tornam-se muito importantes estes casos pois, como já exposto, as dispensas


de licitação costumam ocorrer em bom número nas organizações e, até por suas
características, naturalmente chamam a atenção dos órgãos de controle.

Em termos gerais, os casos mais comuns de dispensa de licitação são os de compras


e contratações de serviços de baixo valor. São previstas em lei outras hipóteses de
dispensa de licitação, como em caso de:

• Guerra, emergência ou calamidade;


• Risco à segurança nacional;
• Contratação com pessoa integrante da própria
Administração Pública;
• Compra ou locação de imóvel;
• Contratação com particular remanescente de
licitação pública anterior;
• Aquisição e restauração de obras de arte, dentre
tantas outras.

Neste estudo, conheceremos as situações previstas, por meio da leitura do próprio


artigo 24 da Lei Geral. Após, serão apresentados alguns comentários acerca dos
casos mais relevantes.

27
TÍTULO

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 24. É dispensável a licitação:

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do
limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se
refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e ser-
viços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas con-
junta e concomitantemente;

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos
casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo
serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma
só vez;

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracteriza-


da urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emer-
gência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificada-


mente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas;

VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular


preços ou normalizar o abastecimento;

VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamen-


te superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis
com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado
o parágrafo único do art. 48 desta Lei28
e, persistindo a situação, será admitida
a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constan-
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificada-
mente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas;
TÍTULO
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular
preços ou normalizar o abastecimento;

VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamen-


te superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis
com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado
o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida
a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constan-
te do registro de preços, ou dos serviços;

VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens
produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Admi-
nistração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data
anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível
com o praticado no mercado;

IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacio-


nal, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido
o Conselho de Defesa Nacional;

X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finali-


dades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e loca-
lização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com
o valor de mercado, segundo avaliação prévia;

XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em


conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classi-
ficação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;

XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no


tempo necessário para a realização dos processos licitatórios corresponden-
tes, realizadas diretamente com base no preço do dia;

XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatu-


tariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de
instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada
detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrati-
vos;

XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacio-


nal específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofer-
29 para o Poder Público;
tadas forem manifestamente vantajosas
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatu-
tariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de
instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada
TÍTULO
detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrati-
vos;

XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacio-


nal específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofer-
tadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;

XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de


autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades
do órgão ou entidade.

XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de


uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para presta-
ção de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por
órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para
esse fim específico;

XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou


estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período
de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos,
quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da
garantia;

XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de


navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de desloca-
mento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos
ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação opera-
cional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder
comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu
valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta
Lei;

XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exce-
ção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessida-
de de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída
por decreto;

XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem


fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da
Admininistração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de
mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
no mercado. 30
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exce-
ção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessida-
de de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos
TÍTULO
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída
por decreto;

XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem


fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da
Admininistração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de
mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
no mercado.

XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvi-


mento, limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por
cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;

XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e


gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as
normas da legislação específica;

XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de econo-


mia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou aliena-
ção de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contrata-
do seja compatível com o praticado no mercado.

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as orga-


nizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo,
para atividades contempladas no contrato de gestão.

XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT


ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licen-
ciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.

XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou


com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços
públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de con-
sórcio público ou em convênio de cooperação.

XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resí-


duos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de
coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder
público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamen-
tos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.

XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no


31 alta complexidade tecnológica e
País, que envolvam, cumulativamente,
duos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de
coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas

TÍTULO
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder
público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamen-
tos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.

XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no


País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e
defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada
pela autoridade máxima do órgão.

XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos con-


tingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em opera-
ções de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à
escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
Força.

XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com


ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e
extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
federal.

XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º,


4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princí-
pios gerais de contratação dela constantes.

XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produ-


tos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no
8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante
as etapas de absorção tecnológica.

XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a


implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água
para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias
rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.

XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de


insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação
que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecno-
lógico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira
necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
32
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único
rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.

XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de


TÍTULO
insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação
que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecno-
lógico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira
necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único
de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido
criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.

XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de


estabelecimentos penais, desde que configurada situação de grave e iminen-
te risco à segurança pública.

§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão


20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por con-
sórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autar-
quia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade que integre a admi-


nistração pública estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo não se
aplica aos órgãos ou entidades que produzem produtos estratégicos para o
SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elen-
cados em ato da direção nacional do SUS.

§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando aplicada


a obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos especiais instituí-
dos em regulamentação específica.

§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 9° à hipótese


prevista no inciso XXI do caput.

33
TÍTULO

Cansou? Até eu! Apesar de extenso, vale lembrar que este rol é taxa-
tivo, que não admite inclusões por meras interpretações, isto é,
trata-se de lista fechada. Sendo assim, não são meros exemplos
que comportam outros por analogia.

E agora, vamos a alguns comentários, a começar pelas hipóteses de dispensa em


razão do valor.

1 - Quando o dispêndio de recursos financeiros não ultrapassa dezessete mil


e seiscentos reais, as compras e contratações de serviços em geral são
enquadrados como dispensa de licitação (inciso II do artigo 24).

Para consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e


por autarquia ou agências executivas, este valor é dobrado, portanto, trinta
e cinco mil e duzentos reais (§ 1° do artigo 24). Já para o caso de obras e
serviços de engenharia, o limite de valor para dispensa em razão da baixa
relevância econômica é de trinta e três mil reais (e novamente o dobro,
sessenta e seis mil reais, para consórcios públicos, sociedade de economia
mista, empresa pública e por autarquia ou agências executivas).

2 - Sendo dispensável o procedimento licitatório, a Administração contratará


com a empresa que apresentou a menor cotação dentre as consultadas pela
área demandante. Deverão ser obtidas no mínimo 3 (três) cotações de preços
junto a empresas do ramo, de modo a evidenciar que a opção feita seja, em
termos técnicos e econômicos, a mais vantajosa para a Administração.

3 - Quando se tratar de aquisição de materiais (bens), a dispensa de licitação


em razão do baixo valor (inciso II do artigo 24) deverá ser processada
preferencialmente pelo Sistema de Cotação Eletrônica. Isto vale para as
unidades gestoras integrantes do Sistema de Serviços Gerais (SISG).

4 - O foco principal da análise neste ponto é mesmo tão objetivo quanto parece: a
questão do valor. Fora disso, é preciso cuidar da abordagem final da redação
dos incisos (“desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço

34
TÍTULO

ou compra de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez”). Este
é tema tão relevante que cuidaremos de conhecê-lo em tópico específico,
mais adiante. Trata-se da exigência legal de afastamento da hipótese do
conhecido “fracionamento de despesas”. Fique tranquilo, retornaremos a
este assunto.

5 - Os demais casos são tão individuais que mal comportam grandes comentários
especificamente voltados a cada um deles. É importante, porém, que você
que trabalha na área de compras saiba da existência destas situações tão
peculiares. Não é necessário (talvez impossível) decorar todas, é claro. Mas
você deve ter em mente que, conforme já vimos neste curso, um dos seus
papéis primordiais é orientar as unidades demandantes a quem devemos
servir. Logo, quando você se deparar com alguma demanda incomum,
procure puxar pela memória, pois talvez você se recorde já ter visto isto em
algum lugar, mas, especialmente, faça uma breve consulta aos incisos da
lei. É possível que o caso relatado pela área demandante esteja descrito
exatamente como hipótese de dispensa de licitação, o que representa um
ganho processual muito significativo.

6 - É de se ressaltar, portanto, que contratar diretamente significa escapar ao


procedimento licitatório prévio à contratação. Mas que fique muito claro:
abre-se mão da licitação, mas não do processo administrativo formal, provido
de critérios preestabelecidos e objetivos. Não cabe qualquer informalidade
neste contexto.

7 - Em conclusão, o foco de sua análise quanto aos demais incisos do artigo


24 (hipóteses de dispensa) passa, em verdade, pela aplicação de todos os
princípios que estudamos até agora. Você, como representante da área
administrativa de compras, deverá dar parecer sobre se determinada situação
fática (caso concreto) se enquadra ou não nas situações previstas em lei.

35
TÍTULO

Importante
Lembre-se: somos a “ponte” que interliga a área demandante ao
alcance de sua necessidade (demanda), somos quem determina
de que forma, dentro da lei, a demanda será atendida. Para fazer
tal análise, devem ser levados em conta os princípios básicos,
como os da legalidade, impessoalidade, moralidade, isonomia,
razoabilidade, proporcionalidade, dentre outros.

Como exemplo ilustrativo, antes de encerrarmos, menciono a


hipótese do inciso XI:

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 24. É dispensável a licitação:

(...)

XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em


consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classi-
ficação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido.

Pois bem. Imagine que determinada empresa tenha sido declarada vencedora da
licitação e, em seguida, celebrou contrato com a Administração Pública para executar
uma obra qualquer. Após entregar a primeira fase da execução da obra, a empresa
começa a alegar problemas financeiros e acaba por abandonar o contrato.

36
TÍTULO

Obedecendo a todos os prazos de defesa e recurso, mas com a urgência


necessária, a Administração rescinde unilateralmente o contrato com
a empresa. Inconformada com o atraso não previsto da obra, a área
de engenharia propõe, então, utilizar-se do inciso XI do artigo 24 da
lei, com o objetivo de dispensar novo procedimento licitatório. Propõe
chamar a segunda colocada do certame para que seja celebrado com
urgência novo contrato. Somente estas duas empresas participaram,
não havia outras.

Convocada, a empresa segunda colocada na licitação anterior, muito atenta à


contratação, informa por correspondência que tem interesse em assumir o restante
da obra pelo mesmo preço ofertado pela primeira e desde que os prazos das fases
finais da obra sejam revistos, pois, segundo ela, são inexequíveis. Provocada pelas
alegações da segunda colocada, a área de engenharia revê os prazos das fases finais
da obra previstos no Edital, e se manifesta favoravelmente às alterações concordando
com a empresa, ao mesmo tempo em que atesta ter havido erro no planejamento
inicial, o que justificaria tal alteração.

Evocando o interesse público e dado todo o contexto, em especial o atraso imprevisto


na obra e a necessidade urgente do órgão, a área demandante então conclui que a
melhor alternativa é prosseguir com a contratação remanescente. Esta é a proposta
à área administrativa de compras.

A decisão agora é sua: na situação apresentada, você considera


haver algum problema em se prosseguir ao enquadramento como
contratação de remanescente de obra? Sim? Não? Estava convicto
de sua resposta, mas agora está na dúvida em meio a tantas per-
guntas?

Pois perceba um só pequeno grande detalhe. Mesmo que concorde com a insuficiência
técnica de prazo para a execução das fases finais da obra, aceitar alterar tais prazos
conforme proposto, seja por falha do planejamento ou não, implica necessariamente
em aceitar condições diversas daquelas que foram explicitadas na época da divulgação
do Edital, oportunidade em que houve a disputa no certame.

37
TÍTULO

Sem dúvida alguma, a situação proposta, embora


possa até parecer coerente ou razoável em primeira
análise, fere drasticamente o princípio da isonomia
ou igualdade entre os participantes. A redação do
inciso XI é clara ao mencionar “aceitas as mesmas
condições oferecidas pelo licitante vencedor”. Ora,
este texto não se refere apenas ao preço, mas sim a
todas as demais condições impostas no Edital. Isto
deve ficar muito claro para você.

A alegada defesa do interesse público não pode prosperar, pois o que ocorreria é
justamente o contrário.

As perguntas que não querem calar são: será que se tivessem ciência, na época da
disputa no certame, de que a Administração faria posteriormente alteração nos prazos
das fases finais da obra, o resultado da licitação seria exatamente o mesmo? Haveria
somente duas empresas (como no caso) ou, cientes dos prazos mais elásticos, mais
empresas ofertariam propostas? Os preços seriam exatamente estes?

Me parece que ninguém neste planeta é capaz de responder com grau de


segurança. Então, neste exemplo, meu caro, a resposta é negativa quanto
à possibilidade de enquadramento em contratação remanescente. A
Administração terá de encontrar outra forma para solucionar o imbróglio.
E você terá, inclusive, que auxiliar nesta tarefa!

Muito bem. E para não dizerem por aí que só comentamos exemplos de engenharia,
farei o encerramento deste tópico com um jargão da área de tecnologia da informação.

Creio que a ideia central deste tema tenha sido “transmitida com sucesso”, sem
qualquer tela azul ou “erro fatal”.

A seguir, veremos com mais detalhes a outra possibilidade de contratação direta, a


inexigibilidade de licitação.

38
TÍTULO

5.2 Principais casos de inexigibilidade de licitação. O que devo analisar


nestes processos?
Continuamos firmes nos estudos, agora comentarei sobre a espécie de contratação
direta batizada pela Lei Geral como inexigibilidade de licitação.

Para aprofundar a ideia, é necessário retomar alguns conceitos que já vimos nos
capítulos introdutórios. A previsão quanto à inexigibilidade de licitação consta do
artigo 25 da lei nº 8.666, de 1993. Como vimos, a licitação é inexigível quando é
inviável a competição, ou seja, quando não existe no mercado um número plural de
contratantes que atendam às necessidades específicas da Administração.

Conceituação ainda mais completa apresentou Marçal Justen Filho (2005)


quando tratou da classificação das causas de inviabilidade de competição: “As
causas de inviabilidade de competição podem ser agrupadas em dois grandes
grupos, tendo por critério a sua natureza. Há uma primeira espécie que envolve
inviabilidade de competição derivada de circunstâncias atinentes ao sujeito a ser
contratado. A segunda espécie abrange os casos de inviabilidade de competição
relacionada com a natureza do objeto a ser contratado.

Na primeira categoria, encontram-se os casos de inviabilidade de competi-


ção por ausência de pluralidade de sujeitos em condição de contratação. São
as hipóteses em que é irrelevante a natureza do objeto, eis que a inviabilidade
de competição não decorre diretamente disso. Não é possível a competição
porque existe um único sujeito para ser contratado.

Na segunda categoria, podem existir diversos sujeitos desempenhando a


atividade que satisfaz a necessidade estatal. O problema da inviabilidade de
competição não é de natureza numérica, mas se relaciona com a natureza da
atividade a ser desenvolvida ou de peculiaridade quanto à própria profissão
desempenhada. Não é viável a competição porque características do objeto
funcionam como causas impeditivas.”
Cit., p. 274, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen
Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

39
TÍTULO

Reitero que, se as dispensas de licitação já são exceção à regra,


as inexigibilidades são ainda mais incomuns. Tratam-se de casos
mesmo especiais, como, por exemplo:
• a aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo; ou
• a contratação de serviços técnicos especializados, de
natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização; ou
• a contratação de profissional de setor artístico, diretamente ou através de
empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:

I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;

II - pareceres, perícias e avaliações em geral;

III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributá-


rias;

IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;

V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;

VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

§ 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a


prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, prefe-
rencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipu-
lação prévia de prêmio ou remuneração.

(...)

§ 3º A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apre-


40 técnico em procedimento licitató-
sente relação de integrantes de seu corpo
rio ou como elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licita-
prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, prefe-
rencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipu-
TÍTULO
lação prévia de prêmio ou remuneração.

(...)

§ 3º A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apre-


sente relação de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitató-
rio ou como elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licita-
ção, ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem pessoal
e diretamente os serviços objeto do contrato.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em


especial:

 I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam


ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser
feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato,
Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalen-
tes;

 II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,


de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especializa-
ção, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente


ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica espe-
cializada ou pela opinião pública.

 § 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo


conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho ante-
rior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe
técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita
inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à
plena satisfação do objeto do contrato.

 § 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se com-


provado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à
Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

41
TÍTULO

Vimos, anteriormente, a reprodução do artigo 13 combinado com o artigo 25 da Lei


Geral de licitações. Ocorre, porém, uma grande diferença em relação à lista contida
nos incisos do artigo 24 (dispensas).

Aqui, no caso das inexigibilidades, o rol é meramente exemplificativo. Faz mesmo


sentido, pois se o conceito principal da inexigibilidade é o fato de não haver a
possibilidade de disputa, é correto compreender que isto não ocorrerá apenas nos
exatos casos elencados pela lei.

Veja o que diz Marçal Justen Filho (2005) acerca da caracterização dos servi-
ços de natureza singular: “O elenco do art. 13 faz referência genérica a certas
atividades, que comportam diferentes graus de complexidade. Suponha-se,
por exemplo, “restauração de bens de valor histórico” (inc. VII). A fórmula
verbal compreende uma ampla gama de hipóteses. Abrange atividades rela-
tivamente simples: suponha-se a manutenção necessária e rotineira para
todo e qualquer bem de relevância histórica, envolvendo limpeza externa, pin-
tura e outras atividades semelhantes. Mas também pode apanhar casos de
extraordinária complexidade. Imagine-se a restauração dos afrescos no teto
da Basílica de S. Francisco de Assis, na Itália, que envolveu centenas de pes-
soas altamente especializadas. Ambas as hipóteses poderiam caracterizar
um serviço técnico profissional especializado, mas o grau de dificuldade
entre ambas é muito distinto. O primeiro caso admite contratação de qual-
quer profissional, enquanto o segundo exige a participação de profissionais
com habilitação muito maior. Ou seja, seria possível afirmar que o segundo
caso apresenta natureza singular, ao contrário do que se passa com o
primeiro.

Semelhantes considerações poderiam fazer-se a propósito de todas as ativi-


dades previstas no art. 13.

Ou seja, a fórmula “natureza singular” destina-se a evitar a generalização da


contratação direta para todos os casos enquadráveis no art. 13. É imperioso
verificar se a atividade necessária à satisfação do interesse sob tutela estatal
é complexa ou simples, se pode ser reputada como atuação padrão e comum
ou não. A natureza singular caracteriza-se como uma situação anômala,
42 satisfatoriamente por todo e qual-
incomum, impossível de ser enfrentada
quer profissional “especializado”. Envolve os casos que demandam mais do
Semelhantes considerações poderiam fazer-se a propósito de todas as ativi-
dades previstas no art. 13.

TÍTULO
Ou seja, a fórmula “natureza singular” destina-se a evitar a generalização da
contratação direta para todos os casos enquadráveis no art. 13. É imperioso
verificar se a atividade necessária à satisfação do interesse sob tutela estatal
é complexa ou simples, se pode ser reputada como atuação padrão e comum
ou não. A natureza singular caracteriza-se como uma situação anômala,
incomum, impossível de ser enfrentada satisfatoriamente por todo e qual-
quer profissional “especializado”. Envolve os casos que demandam mais do
que a simples especialização, pois apresentam complexidades que impedem
obtenção de solução satisfatória a partir da contratação de qualquer profis-
sional (ainda que especializado).”.
Cit., p. 282, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen
Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Importante
Dentre as situações de exceção de contratação direta por
inexigibilidade, algumas das mais comuns são as propostas da
área demandante para a contratação de treinamentos com base
no inciso II do artigo 25 combinado com o inciso VI do artigo 13
(serviços técnicos relativos a treinamento e aperfeiçoamento de
pessoal). Propostas tais que se intitulam como sendo de natureza
singular, cujos profissionais ou empresas seriam de notória
especialização.

Mas veja, não basta a simples afirmação para tanto. Conforme o


parágrafo primeiro do artigo 25, considera-se de notória
especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo
de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior,
estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas
atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação da
necessidade da Administração.

43
TÍTULO

A complexidade contida nestas palavras denota que não serão quaisquer treinamentos
a serem considerados como de natureza singular. A singularidade e a notória
especialização são itens que devem ser vistos com muita cautela.

Somente a título exemplificativo, menciona-se que


poderia ser enquadrada como inexigibilidade de licitação
a contratação para a participação de servidor público,
atuante nas áreas de planejamento estratégico e projeção
de cenários econômicos, em conferência específica na qual
grandes nomes da economia do País farão palestras, como
ex-presidentes do Banco Central do Brasil e demais bancos
centrais internacionais, como ex-ministros de Estado da
Fazenda etc.

Em contrapartida, isto não pode ser encarado como um “cheque em branco”. É preciso
também cuidar para que o preço a se pagar não seja tal que não se justifique por si
só, ou seja, que não faça sentido para a Administração. Assim, não se deve descartar
a relação custo-benefício envolvida. É dizer: estabeleça o limite a se investir e, dentro
deste limite, escolha aquela opção que indiscutivelmente é a única que atende às
necessidades.

O mesmo vale para qualquer outra área de interesse. Os profissionais ou empresas não
necessariamente precisam ser famosos, mas sim gozarem de notório reconhecimento
de especialização em seu ramo de atuação, de modo que seu trabalho seja singular,
o único que realmente atenderá aos anseios da Administração. Por vezes torna-
se dificultoso comprovar tais requisitos, especialmente quando o assunto é muito
técnico, razão pela qual você, como representante da área administrativa de compras
públicas, deverá exigir que a área demandante apresente, nos autos do processo,
o máximo de argumentos possíveis, que possam exaurir eventuais dúvidas da
autoridade competente, que irá dar a palavra final.

Tais requisitos não podem deixar incertezas no ar. Todos por quem eventualmente
o processo tenha de passar (área demandante, administrativa, jurídica, autoridade
competente etc.) devem restar convictos dos argumentos apresentados. Do contrário,
ou não se trata de verdadeira razão para inexigir a licitação, ou então ainda não foram
apresentados argumentos suficientes.

44
TÍTULO

Outro caso relativamente comum, neste contexto de exceção que estamos vendo, é
o previsto no inciso I do artigo 25: a aquisição de materiais ou equipamentos que só
possam ser fornecidos por empresa ou representante comercial exclusivo. A redação
da lei estabelece que deve haver a comprovação de exclusividade por meio de atestado
fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação
ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda,
pelas entidades equivalentes.

Tome Nota
Note que não basta determinada empresa se autoproclamar exclusi-
va sobre seus produtos e serviços para que se justifique o enquadra-
mento em situação de inviabilidade de competição.

O fato é que esta declaração de exclusividade deve ser dada por agente terceiro que,
de certa forma, possa fazê-lo de maneira idônea e imparcial. As agências reguladoras
são um bom exemplo para tanto, mas podem existir outras situações também.

Marçal Justen Filho (2005) chama a atenção para o problema do atestado


previsto no texto legal: “A interpretação formalista do inc. I tem conduzido a
reputar indispensável um atestado fornecido pelo órgão de Registro de
Comércio ou por Sindicato, Federação ou Confederação Patronal. Ora o legis-
lador incorreu em extrema infelicidade, ao adotar a solução ora examinada.
Aplicar o dispositivo segundo uma interpretação literal apenas agrava o pro-
blema.

É que não incumbe ao Registro de Comércio controlar a existência de exclu-


sividade de representantes. Não há nem obrigatoriedade de arquivamento
dos instrumentos contratuais em face do Registro de Comércio. Por outro
lado, essa questão não apresenta qualquer pertinência aos órgãos sindicais.
Logo, trata-se de formalidade destituída de qualquer seriedade, inútil para a
Administração Pública.”

O autor conclui a questão afirmando que “De todo modo, o inc. I refere-se a
45
“entidades equivalentes”. Deve interpretar-se o dispositivo como indicando
sividade de representantes. Não há nem obrigatoriedade de arquivamento
dos instrumentos contratuais em face do Registro de Comércio. Por outro
lado, essa questão não apresenta qualquer pertinência aos órgãos sindicais.
TÍTULO
Logo, trata-se de formalidade destituída de qualquer seriedade, inútil para a
Administração Pública.”

O autor conclui a questão afirmando que “De todo modo, o inc. I refere-se a
“entidades equivalentes”. Deve interpretar-se o dispositivo como indicando
instituições dotadas de credibilidade e autonomia em relação ao mercado
privado. A inviabilidade de competição pode ser evidenciada através de
documentação emitida por instituição confiável e idônea, ainda que não inte-
grante no Registro de Comércio e sem natureza sindical.”
Cit., p. 280, de Comentários à lei de licitações e contratos administrativos / Marçal Justen
Filho. -- 11. ed. -- São Paulo : Dialética, 2005.

Por tudo exposto, chegamos à conclusão de que, assim como no caso das dispensas de
licitação, o foco de sua análise quanto aos casos de inexigibilidade de licitação passa
pela aplicação dos princípios que estudamos até agora. Você, como representante da
área administrativa de compras, deverá dar parecer sobre se determinada situação
fática (caso concreto) se enquadra ou não nas situações previstas em lei.

A seguir, vamos abordar o tema que tem relação com as contratações diretas, mas
também com as modalidades de licitação. Vou expor a problemática do fracionamento
de despesas: tudo o que você precisa saber, como representante da área de compras,
para conduzir o seu órgão a não infringir a legislação. Nos vemos em seguida!

46
TÍTULO

5.3 O que é o fracionamento de despesas? E como evitá-lo?


Estamos de volta! Falarei agora de um assunto relativamente avançado. Trata-
se de prática que tanto a lei quanto os órgãos de controle proíbem, mas que pode
eventualmente ocorrer se a atuação da área administrativa de compras não estiver
devidamente atenta e precisa.

Você já sabe bem o que são as modalidades de licitação (está nos faltando estudar
apenas o pregão!) e sabe também o que são as contratações diretas – dispensa e
inexigibilidade. Agora entenderá o que é o chamado fracionamento de despesas.

Indo direto ao ponto, de forma bem prática, fracionar despesas é burlar


a Lei Geral de licitações. Nada mais é do que a fuga ao procedimento
licitatório determinado pela lei.

Atribui-se ao fracionamento de despesas situação em que se divide a despesa em


tantas partes quantas necessárias para utilizar-se de modalidade inferior (ou menos
rigorosa) à determinada pela lei ou, ainda, para utilizar-se de contratações diretas
(dispensa, por exemplo).

Por Exemplo
Se a Administração pretende adquirir dez computadores, não poderá
fatiar esta compra em três ou quatro processos, de modo que individual-
mente não ultrapassem o limite da dispensa, que é de R$ 17.600,00
(dezessete mil e seiscentos reais). É dizer: se cada computador custa
aproximadamente R$ 2.000,00 (dois mil reais), o total desta aquisição
seria de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Não se admite fatiá-la em dois ou
três processos, cujos valores estimados seriam inferiores ao limite per-
mitido para dispensar o procedimento licitatório.

A mesma coisa vale para a fuga à modalidade adequada. Não é permitida


a utilização da modalidade de convite para parcelas de uma mesma obra
ou serviço, ou mesmo para obras e serviços de idêntica natureza e local,
que pudessem ser realizadas de uma só vez, obras e serviços tais que –
se somados – determinar-se-ia a utilização da modalidade tomada de
preços. Bem assim como utilizar-se de várias tomadas de preços em
47
lugar de uma única concorrência. Note que a fuga ao procedimento ade-
quado (seja a modalidade adequada ou a licitação em si – no caso de
(dezessete mil e seiscentos reais). É dizer: se cada computador custa
aproximadamente R$ 2.000,00 (dois mil reais), o total desta aquisição

TÍTULOseria de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Não se admite fatiá-la em dois ou


três processos, cujos valores estimados seriam inferiores ao limite per-
mitido para dispensar o procedimento licitatório.

A mesma coisa vale para a fuga à modalidade adequada. Não é permitida


a utilização da modalidade de convite para parcelas de uma mesma obra
ou serviço, ou mesmo para obras e serviços de idêntica natureza e local,
que pudessem ser realizadas de uma só vez, obras e serviços tais que –
se somados – determinar-se-ia a utilização da modalidade tomada de
preços. Bem assim como utilizar-se de várias tomadas de preços em
lugar de uma única concorrência. Note que a fuga ao procedimento ade-
quado (seja a modalidade adequada ou a licitação em si – no caso de
contratação direta), representa verdadeira ofensa ao princípio da legalida-
de tanto quanto ao da moralidade e da eficiência, para não mencionar
outros.

A vedação ao fracionamento de despesas está contida na Lei Geral, especialmente


no parágrafo quinto do artigo 23 e na parte final das redações dos incisos I e II do
artigo 24.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do


artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo
em vista o valor estimado da contratação:

(...)

§ 5° É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “tomada de preços”,


conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda
para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser
realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus
valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respec-
tivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza
específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de espe-
cialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.

(...)

Art. 24. É dispensável a licitação: 48


realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus
valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respec-
tivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza
TÍTULO
específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de espe-
cialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.

(...)

Art. 24. É dispensável a licitação:

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do
limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se
refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e ser-
viços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas con-
junta e concomitantemente;

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos
casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo
serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma
só vez.

É necessário salientar, neste ponto, que o assunto aqui apresentado nada tem a ver
com as hipóteses previstas na própria lei nº 8.666, de 1993, em seus artigos 15 e
23 parágrafos primeiro e segundo, os quais preveem a prática do parcelamento das
contratações visando melhores condições de economicidade, economia de escala
e ampliação das condições de competitividade. Lá estão contempladas práticas
positivas, que trazem benefícios à Administração.

O ponto de sensível diferenciação é o de que, ao se parcelar, não se fala em alteração


da modalidade de licitação. Distinto, portanto, do fracionamento de despesas que
ocorre quando, por exemplo, uma aquisição inicialmente desenhada na modalidade
de tomada de preço acaba sendo efetuada por convite, ou mesmo por dispensa de
licitação.

49
TÍTULO

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do


artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo
em vista o valor estimado da contratação:

(...)

§ 1° As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão dividi-


das em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos
recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade sem
perda da economia de escala.

§ 2° Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos


termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra,
serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a moda-
lidade pertinente para a execução do objeto em licitação.

Agora que já compreendemos a ideia geral, vamos complicar um


pouco a questão. Afinal, precisamos de certa dose de aventura para
tornar este curso mais emocionante, não é mesmo?

Denota-se desta discussão que a chave da questão tem nome: chama-se


“planejamento”. Os casos mais comuns de ocorrência de fracionamento de despesas
estão ligados à ausência de planejamento por parte do agente público. Não é raro
o gestor não saber efetivamente quanto será gasto na contratação de determinado
bem, obra ou serviço, pois lhe faltou planejamento.

50
TÍTULO

Mas supondo-se que estejamos avançados no hábito de planejar, algumas perguntas


ainda nos restam.

Para fazer frente à análise sobre se eventual pretendida contratação


caracteriza fracionamento de despesas, quais as variáveis ou quais
os aspectos são determinantes? Seria a nomenclatura ou denomi-
nação do bem ou serviço apenas? Seria o ramo de atividade, a natu-
reza da despesa? Seria a classificação contábil, a conta contábil?
Sabendo-se que dentre uma mesma natureza de despesa, pode-se
citar uma série de compras ou serviços, então como aplicar a mais
correta interpretação no sentido de proteger o interesse coletivo,
adequando-se às determinações dos órgãos de controle e buscando
a verdadeira intenção do legislador?

E em relação ao tempo? É razoável pensar, logo em primeira análise,


que decerto devem ser considerados, para fins limitadores, os exer-
cícios orçamentários (ano-calendário). Mas seria possível eventual-
mente considerar meses, trimestres etc., adequando-se à realidade
de cada órgão?

Enfim, superado o conceito genérico de fracionamento de


despesas, nos deparamos com a necessidade de desenho
de critérios objetivos, de fato, para a real aplicabilidade do
conceito em termos práticos.

E estas respostas, meu caro, não serão encontradas na lei.


Não há na legislação um conceito único, geral e seguro que
defina objetivamente tais situações. Agora a coisa complicou,
não é mesmo?

51
TÍTULO

De pronto, já vou adiantar a questão mais fácil de todas


estas elencadas. A questão temporal é quase unânime
dentre os doutrinadores e os órgãos de controle: o prazo
a ser considerado para fins de limite é o do exercício
orçamentário, portanto, o ano-calendário, de 1º de
janeiro a 31 de dezembro. Então é dentro deste período
que se avaliará se as despesas estariam ou não sendo
fracionadas.

Para resolver as demais questões, deve-se retomar ao início de nosso estudo. Lá


onde buscamos explorar os princípios basilares que devem nortear a ação do agente
público.

Para compreender e decidir acertadamente, o servidor público que atua na área de


compras (você!) deve atuar com razoabilidade e cautela para verificar, dentre os objetos
que não são idênticos entre si, os que possuem, ao menos, alguma similaridade em
sua razão de existir e que possam ser efetivamente contratados de uma vez só.

Em outras palavras, deve-se entender a “natureza” dos objetos a serem contratados,


especialmente em razão de ser possível ou não terem os mesmos potenciais
fornecedores. Explica-se: estamos falando de licitação, correto? Licitar é selecionar
fornecedores em meio ao mercado, concedendo condições de igualdade, correto?
Pois bem.

Quando aqui se fala em “mesma natureza” deve-se atentar para casos em que os
itens, objeto da contratação, mesmo que aparentemente distintos entre si, possuam
similaridade suficiente para, ao menos, serem comercializados pelos mesmos
potenciais fornecedores.

Por Exemplo
Sabão, limpa-vidros e desinfetante não são a mesma coisa, mas
guardam forte semelhança na medida em que são todos produtos
de limpeza. O mesmo vale para materiais de escritório, serviços
gráficos e tantos outros exemplos mais. A regra geral aqui é verifi-
car se tais itens poderiam ser fornecidos de uma só vez e por um
único fornecedor. Se a resposta for positiva, então eles devem ser
52 dentro do mesmo exercício,
agrupados para fins de contratação
de modo a afastar o fracionamento de despesas.
Sabão, limpa-vidros e desinfetante não são a mesma coisa, mas
guardam forte semelhança na medida em que são todos produtos
TÍTULOde limpeza. O mesmo vale para materiais de escritório, serviços
gráficos e tantos outros exemplos mais. A regra geral aqui é verifi-
car se tais itens poderiam ser fornecidos de uma só vez e por um
único fornecedor. Se a resposta for positiva, então eles devem ser
agrupados para fins de contratação dentro do mesmo exercício,
de modo a afastar o fracionamento de despesas.

Em resumo, então, não é suficiente avaliar – isoladamente – o ramo de


atividade, a classificação contábil, de determinados itens para saber se
devem ou não ser agrupados na etapa de planejamento das contrata-
ções para o ano-calendário. Deve-se olhar para os potenciais fornecedo-
res. Deve-se avaliar, portanto, a natureza dos itens – como gênero – e
verificar a questão também sob o prisma do mercado.

Para finalizar o assunto, é preciso mencionar situação interessante quando se


efetivamente observa ter havido planejamento adequado. Veja: é certo que, em regra,
a lei dispensa a Administração de contratar determinado serviço que custe menos do
que dezessete mil e seiscentos reais. E é certo, também, que ocorrem situações em
que se é impossível prever determinadas demandas.

Pense, então, num caso hipotético, de ter já ocorrido duas dis-


pensas de licitação no valor de R$ 8.800,00 (oito mil e oitocentos
reais) cada uma, no início de cada semestre, para a prestação dos
serviços de impressão de folders e cartazes para suprir as ne-
cessidades do órgão num determinado exercício financeiro. Pos-
teriormente, no mesmo exercício, uma nova lei entra em vigor na
metade do segundo semestre e atinge brutalmente as atividades
do órgão, que se vê na necessidade de novamente orientar seus pares e intervenien-
tes por meio dos serviços gráficos. Como fica tal situação, se já foi exaurido o limite
de dispensa?

Ora, não se admite falar em falha no planejamento porquanto não era possível
imaginar que a situação fática (a nova lei) deveria ter sido prevista pelo gestor. E o
fato é que existe uma nova demanda que precisa ser atendida. Esclarece-se que a
situação deverá ser solucionada, ainda que impossível de ser prevista, afastando-se
o fracionamento de despesas.

53
TÍTULO

A solução virá por uma nova licitação, na modalidade pregão, por exemplo. Não se
admitirá nova dispensa, pois o limite já fora exaurido. A licitação ocorrerá, portanto,
qualquer que seja o seu valor, mesmo que a necessidade seja de apenas R$ 5.400,00
(cinco mil e quatrocentos reais) , por exemplo. Teríamos neste cenário:

Ano de 2017: - 1 processo de dispensa de licitação no valor de R$ 8.800,00


em janeiro;

- 1 processo de dispensa de licitação no valor de R$ 8.800,00


em julho;

- 1 processo de licitação (pregão) no valor de R$ 5.400,00


em setembro.

Importante
Perceba que, neste caso, não houve fuga ao procedimento
licitatório. Os dois processos de dispensa foram efetuados
conforme permissão legal. O terceiro, este sim, estaria fora do
planejamento, mas como já não havia mais limite para dispensa,
teve de se percorrer o procedimento mais rigoroso (licitação).

Mudarei um pouco o exemplo, mas utilizando o mesmo objeto e números. Imagine


que, agora, a Administração já tinha conhecimento, antecipadamente, que a nova lei
entraria em vigor em meados do segundo semestre. Aliás, até por atingi-la brutalmente,
como foi dito, o legislador tomou o devido cuidado de consultar a Administração
acerca da nova lei.

54
TÍTULO

Muito bem. O planejamento, neste caso, remeteria à conclusão de que, naquele


exercício financeiro, a necessidade do órgão seria de R$ 23.000,00 (vinte e três mil
reais), portanto, fora do limite de dispensa. Estão corretas as contas? Acompanhe
comigo: R$ 8.800,00 (oito mil e oitocentos reais) no início do primeiro semestre, mais
R$ 8.800,00 (oito mil e oitocentos reais) no início do segundo semestre e mais R$
5.400,00 (cinco mil e quatrocentos reais) na metade do segundo semestre.

Neste caso, poderia a Administração repetir o exemplo anterior, ou seja,


fazer duas dispensas exaurindo o limite e depois uma licitação para
complementar o atendimento à necessidade? Sem dúvida nenhuma a
resposta é negativa. Não pode. Se de forma prévia o agente público já
sabe que precisará gastar R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais), deverá
necessariamente optar por fazer procedimento licitatório, escolhendo a
modalidade adequada. Do contrário, estará ocorrendo o fracionamento
de despesas, a burla ao procedimento licitatório, uma artimanha de
dissociar no tempo as contratações.

A Administração poderia optar por fazer um único pregão no início do


ano, ou mesmo três pregões ao longo do ano, pois, neste caso, não
haveria fuga ao procedimento de licitação, conforme cenários abaixo:

Ano de 2017: - 1 processo de licitação (pregão) no valor de


R$ 23.000,00 em janeiro; ou 

Ano de 2017: - 1 processo de licitação (pregão) no valor de


R$ 8.800,00 em janeiro;

- 1 processo de licitação (pregão) no valor de


R$ 8.800,00 em julho;

- 1 processo de licitação (pregão) no valor de


R$ 5.400,00 em setembro.

55
TÍTULO

E é assim, diante de toda a apresentação conceitual e da forma de raciocinar o


problema, que você será capaz de lidar com as demandas de seu órgão e contribuir
para evitar a ocorrência deste mal, que acabamos de tratar neste tópico.

Ficaremos por aqui neste assunto. Já avançamos bastante. É com satisfação que
informo que na sequência daremos início à seção que tratará da modalidade pregão.
Eu confesso que já não aguentava mais de ansiedade por ter chegado até este ponto
do curso tendo feito pouquíssimas menções à modalidade mais utilizada por todos.

Tudo proposital, é claro, para que você pudesse seguir e entender adequadamente a
lógica da evolução do processo de compras públicas no Brasil, a partir da lei nº 8.666,
de 1993.

Então é isso! A gente se vê na sequência. Parabéns por ter chegado firme até aqui.

56
TÍTULO

Síntese
Há casos em que a lei nº 8.666, de 1993, expressou que a licitação
poderia ser dispensada, tanto assim como há casos em que a Lei Geral
dispôs que a licitação seria impossível ou inviável. Nas duas situações
mencionadas, podemos dizer que ocorrem as chamadas “contratações
diretas”. Contratar diretamente significa escapar ao procedimento
licitatório prévio à contratação. Abre-se mão da licitação, mas não do
processo administrativo formal, provido de critérios preestabelecidos e
objetivos, não cabendo qualquer informalidade neste contexto.
O foco da análise do servidor que atua na área de compras passa,
em verdade, pela aplicação de todos os princípios que estudamos até
agora. O servidor, como representante da área administrativa, deverá
dar parecer sobre se determinada situação fática apresentada pela
área demandante (caso concreto) se enquadra ou não nas situações
previstas nos incisos dos artigos 24 e 25 da Lei Geral (hipóteses de
dispensa e inexigibilidade, respectivamente).
Fracionar despesas é burlar a Lei Geral de licitações. Nada mais é do
que a fuga ao procedimento licitatório determinado pela lei. Atribui-se
ao fracionamento de despesas situação em que se divide a despesa
em tantos pedaços quantos necessários para utilizar-se de modalidade
inferior (ou menos rigorosa) à exigida pela lei ou, ainda, para utilizar-se
de contratações diretas (dispensa, por exemplo).

57
TÍTULO

UNIDADE 6 - A MODALIDADE PREGÃO SEGUNDO A LEI


10.520/2002

6.1 As inovações e vantagens da modalidade pregão e sua forma


eletrônica
Olá, meu caro! Chegamos ao momento mais aguardado por todos. Já disse isso uma
vez, mas vou repetir: é possível sentir daqui, do outro lado da tela, que uma emoção
toma conta de você neste momento. Sabemos que algo muito importante está prestes
a acontecer porque palpitações tomam conta neste momento.

Agora conheceremos, enfim, a modalidade mais usual, aquela que


representa a grande maioria dos casos de licitação na Administra-
ção Pública, aquela que será o seu dia a dia: a modalidade denomi-
nada pregão. Está preparado? Mais do que preparado, está empol-
gado? Então vamos nessa!

Você bem sabe que a Lei Geral de licitações é de 1993. Temos experimentado a
aplicação desta lei há mais de vinte anos, portanto. Como tudo na vida (vale também
para as leis), persiste a necessidade de evolução e atualização.

Apenas nove anos após a entrada em vigor da Lei Geral de licitações, adveio a lei nº
10.520, de 2002 (e seus desdobramentos), mudando radicalmente a forma como a
Administração Pública conduziria seus processos de compras de bens e contratações
de serviços em geral a partir de então.

Aliás, você deve se lembrar que vimos que a lei nº 8.666, de 1993, estabelece normas
gerais sobre licitações públicas.

E deve se lembrar também que a lei, ao elencar as modalidades existentes, proibiu


tanto a criação de outras modalidades quanto a combinação entre elas.

58
TÍTULO

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso;

V - leilão.

(...)

§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação


das referidas neste artigo.

É preciso ressaltar neste momento que a lei federal nº 8.666, de 1993, que estabelece
normas gerais, dirige tal proibição às demais entidades da Federação (Estados, Distrito
Federal e Municípios). Outra lei federal específica, no entanto, não se subordina a tal
proibição da norma geral e foi assim que ocorreu com lei nº 10.520, de 2002, que criou
nova modalidade licitatória, a sexta modalidade.

Trata-se de lei curta, de apenas 13 artigos. Até mesmo por isso, a Lei do Pregão
expressou que se aplicam subsidiariamente, para a modalidade de pregão, as normas
da lei nº 8.666, de 1993, a Lei Geral de licitações.

59
TÍTULO

Portanto...

Lei 8.666 Lei 10.520


MODALIDADES DE LICITAÇÃO
de 1993 de 2002

- CONCORRÊNCIA
- TOMADA DE PREÇOS - PREGÃO
- CONVITE
- CONCURSO
- LEILÃO

Importante
É importante frisar, também, que a Lei do Pregão é atualmente
regulamentada pelo Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2000. E
antes que você se pergunte como é possível um Decreto do ano
de 2000 regulamentar uma lei de 2002, apresento de antemão a
explicação: a lei nº 10.520, de 2002, foi uma norma de iniciativa do
Poder Executivo, que tratou do assunto por meio da Medida
Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001, que foi
convertida em lei somente em 2002.

Mas espere. A Medida Provisória citada ainda é posterior (2001)


à data do Decreto que a regulamenta (2000). Isso mesmo, e não
se trata de qualquer teste sem graça para verificar se você está
acordado neste momento. Acontece que tal Medida Provisória foi,
na verdade, a última reedição de uma sequência que começou com
a Medida Provisória nº 2.026, de 4 de maio de 2000.

Agora a lógica temporal fez sentido, não é mesmo?

60
TÍTULO

Superado este cenário inicial, passarei a discorrer sobre as inovações e vantagens da


modalidade pregão e sua forma eletrônica.

Antes de partirmos para a leitura do texto legal propriamente dito, vale a pena apre-
sentar algumas das principais inovações desta modalidade em relação às modalida-
des tradicionais. A primeira delas é que o pregão fundamentalmente modificou a di-
nâmica dos procedimentos de licitação que até então existiam, por meio da inversão
de fases de propostas e habilitação.

HABILITADO
$ INABILITADO

O licitante habilitado é aquele


que tem as condições mínimas
exigidas no Edital para poder Um licitante inabilitado sequer
participar do certame. A pode ter sua proposta considerada
habilitação é, portanto, como um pela Administração.
pré-requisito documental que
possibilita ou não a disputa.

Nas modalidades tradicionais, os licitantes juntam suas documentações e formulam


propostas após conhecerem o Edital e as guardam lacradas em envelopes específicos
para, então, entregá-los à Administração. Tais envelopes são solenemente abertos
pela Comissão de licitação durante sessão pública em uma ordem.

Primeiro os relativos Depois os relativos às


às condições condições de técnica e/
de habilitação. ou de preço, a depender do
tipo de licitação.

61
TÍTULO

Então, nas modalidades tradicionais, temos: habilitação, depois a proposta em si.

Nas sessões públicas das modalidades tradicionais, a Comissão


abre todos os envelopes de habilitação dos licitantes que enviaram
propostas.

Após concluída a avaliação, a Comissão partirá para os próximos


envelopes apenas daqueles licitantes que foram habilitados, e
desconsiderará os licitantes que foram inabilitados, que ficam
excluídos da disputa.

Importante
Tal sequência origina, muitas vezes, procedimento relativamente
moroso, pois se muitos forem os licitantes que apresentaram
propostas, a Comissão deverá analisar e decidir quanto à
sequência na disputa de efetivamente todos eles. Além disso,
para cada decisão da Comissão de licitação cabem recursos
administrativos. Significa dizer que, sempre que houver algum
licitante descontente e que queira contestar decisão da Comissão
sobre ele ou qualquer outro licitante, o procedimento será
suspenso para o necessário julgamento dos recursos.

Os prazos recursais também constam da lei: são 5 (cinco) dias


úteis para apresentação, mais 5 (cinco) dias úteis para
impugnação aos recursos e mais outros 5 (cinco) dias úteis para
a decisão (no caso de convite são dois dias úteis, portanto
2 + 2 + 5).

62
TÍTULO

Perceba que, até este momento, muitos dias se passaram e a


Comissão ainda sequer chegou perto de conhecer as propostas
daqueles licitantes que disputarão o certame.

Pois bem. Esta é uma grande inovação da modalidade pregão: a


inversão das fases.

No pregão, primeiro ocorre a fase de lances e somente após o


encerramento desta é que a Administração parte para a fase de
habilitação.

Note que situação de extremo antagonismo: enquanto que nas primeiras


modalidades a Comissão precisa avaliar a documentação de habilitação
de todos os licitantes, que podem ser em número de dez, vinte, trinta
licitantes (o número é ilimitado…), no pregão a Administração terá de
avaliar a documentação de habilitação de apenas um, a do vencedor.

E caso este seja inabilitado, a Administração passará a avaliar a


documentação apenas do segundo colocado, e assim por diante.

63
TÍTULO

Ressalta-se mais uma vez, mas de uma forma diferente...

Modalidades tradicionais, segundo Modalidade pregão, segundo a lei


a lei nº 8.666, de 1993 nº 10.520, de 2002

1º) 2º) 1º) 2º)

Habilitação
de todos os Habilitação
licitantes, Avaliação das Disputa de lances apenas do
acompanhada propostas (propostas vencedor,
de todos os propriamente propriamente acompanhado
seus respectivos ditas. ditas). de seus recursos
recursos administrativos.
administrativos.

Por que já não tiveram esta ideia antes?

De fato, faz pouco (ou nenhum) sentido ficar investindo (muito) tempo dos servidores
públicos para avaliar dezenas de documentos que de nada servirão, pois, ao final,
bastaria saber apenas se o licitante vencedor, ou seja, aquele que ofertou a melhor
proposta (menor preço ou melhor técnica ou melhor técnica e preço) está ou não ha-
bilitado, gozando, assim, das condições mínimas de contratar com a Administração.

Pois é. Então neste aspecto a inovação do pregão (com sua inversão de fases) veio
totalmente ao encontro do princípio da eficiência, não é mesmo?

Sem dúvida, é isso mesmo.

Você está começando a entender as razões pelas quais a Administração elege esta
modalidade como a sua campeã de utilização, certo?

E ainda vai melhorar muito, você vai perceber!

64
TÍTULO

Vamos conhecer duas características importantes dessa modalidade:

• A primeira é a fixação de um único critério de julgamento admitido, o do tipo


menor preço.
• A segunda diz respeito aos valores limites para sua utilização.

A questão é justamente a ausência de qualquer limite, isto é, para a utilização do pre-


gão não há a exigência de valor mínimo ou valor máximo, a despeito das modalidades
tradicionais (convite até R$ 176.000,00 etc.).

Dito isso, é necessário mencionar, então, a única exigência efetiva que a Lei do Pregão
expõe para que se utilize tal modalidade.

Vamos conhecer o texto constante em seu artigo primeiro.

Lei nº 10.520, de 2002.

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a


licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efei-


tos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.

65
TÍTULO

Vamos conhecer algumas vantagens do pregão?

I - O pregão deve ser utilizado especialmente para bens e serviços comuns. Por
serem comuns, abarcam a enorme maioria dos objetos licitados, concorda?

Não apenas isto, mas a exigência por bens e serviços comuns acaba, também,
por diferenciar mais claramente quando se deve utilizar esta ante as demais
modalidades tradicionais de licitação.

A concorrência e a tomada de preços, por exemplo, ficariam então mais voltadas


para obras e serviços de engenharia, e todos os demais bens e serviços que não
sejam comuns. Tudo está se encaixando agora!

II - Outra vantagem do pregão em relação a outras modalidades é o prazo entre a


divulgação do Edital e a abertura da sessão pública.

No pregão, tal prazo não pode ser inferior a 8 (oito) dias úteis, então o prazo será de
9 (nove) dias úteis ou mais, o que já representa grande agilidade em relação a uma
concorrência ou tomada de preços, por exemplo.

III - Quanto aos meios de divulgação, deve ser publicado aviso em diário oficial
do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e
facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal
de grande circulação.  

Do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a indicação do local, dias e


horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital.

IV - Mais uma inovação que você talvez tenha percebido: eu cuidei para não cometer
um erro técnico nas comparações entre as modalidades citadas anteriormente,
mais especificamente quando estávamos estudando a questão da inversão de
fases.

É possível que você tenha notado que, quando eu me referia às licitações tradicionais,
eu citei mais de uma vez a Comissão de licitação.

Em contrapartida, quando mencionei as decisões no decorrer do pregão, eu usei o


termo genérico “a Administração”...

66
TÍTULO

V - Percebeu a grande jogada? Pois agora ela será desvendada! Com o advento da
Lei Pregão, passou a existir a figura do pregoeiro (que é uma única pessoa!). Ah...
O tão famoso pregoeiro…

Será usado um jargão agora que possivelmente o fará lembrar-se de seus bons
tempos de escola: “o pregoeiro está para o pregão assim como a Comissão está
para as modalidades tradicionais de licitação”.

Ficou mais claro (e agradável) o conceito dessa forma, não é verdade?

VI - E, por último, mas não menos importante, o pregão inovou sobremaneira


ao prever a possibilidade de a Administração conduzir suas licitações de forma
eletrônica. Ressalte-se, no entanto, que o pregão, tal qual descrito na lei nº 10.520,
de 2002, é totalmente presencial tanto quanto uma concorrência, por exemplo.

No próprio texto da lei abriu-se a janela de oportunidade para que a forma eletrônica
pudesse ser adotada.

Lei nº 10.520, de 2002.

Art. 2º

§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tec-


nologia da informação, nos termos de regulamentação específica.

Registre-se que tal regulamentação específica atualmente é dada pelo Decreto nº


5.450, de 31 de maio de 2005, sobre o qual falarei mais adiante.

Sem dúvida alguma, este avanço tecnológico aplicado à lei representou um salto
gigantesco para a área de compras de todos os órgãos da Administração Pública
brasileira, novamente ao encontro do princípio da eficiência. A partir daí, tudo mudou
nesta área.

Veremos, no próximo tópico, mais detalhes acerca deste formato, agora chamado
pregão eletrônico.

67
TÍTULO

6.2 A forma eletrônica é obrigatória? A definição de bens e serviços


comuns nos dias atuais.
No tópico anterior apresentamos, enfim, a modalidade mais festejada em licitações,
o pregão. Vimos as principais inovações e evoluções que esta representou para o
mundo das compras públicas. A partir de agora, veremos com maior grau de detalhes
esta mesma modalidade, porém em sua forma eletrônica.

Como vimos, o pregão eletrônico simplesmente revolucionou a forma de pensar e


processar as licitações. Se antes cada processo, por mais simples que fosse o objeto,
se arrastava por meses até a sua conclusão, agora, com o pregão, este tempo pôde
ser reduzido sensivelmente.

Se antes as licitações presenciais representavam uma dificuldade imensa com


deslocamentos, custos e quaisquer outros imprevistos, agora, com a forma eletrônica
do pregão, estas barreiras caíram por terra. Não apenas isto ocorreu.

Com o advento do pregão eletrônico, as circunstâncias de disputa nunca mais foram


as mesmas.

As licitações, que antes acabavam por esbarrar em dificuldades geográficas, territo-


riais, experimentaram o fenômeno da impressionante ampliação da competitividade.

Empresas passaram a disputar contratos em todo o País e não mais apenas regional
ou localmente.

A internet contribuiu de forma incalculável para o aumento da eficiência das compras


públicas.

As sessões públicas, que antes eram árduas reuniões


presenciais – em que se encaravam face a face licitantes,
pregoeiro e/ou membros da Comissão – agora são conduzidas
via chat pela internet, em que tanto o pregoeiro quanto os
licitantes se relacionam confortavelmente cada um em seu
respectivo computador conectado à rede mundial.

68
TÍTULO

Os profissionais excelentes, muito técnicos, apresentavam dificuldades em lidar


com a pressão de falar em público ou de conduzir ânimos por vezes exaltados em
disputas entre os licitantes.

PREGÃO ELETRÔNICO

Todavia, encontraram no formato de pregão eletrônico uma grande oportunidade


de desempenhar plenamente sua capacidade produtiva em favor da Administração
Pública.

Conheça vantagens adquiridas depois de os procedimentos terem passado para o


meio eletrônico.

1 - As respostas rápidas de um sistema de computador tornaram todo o


procedimento ainda mais célere e impessoal, o que é extremamente desejável
por todos.
Além de impessoal, a internet possibilita a ampliação da capacidade de
fiscalização dos atos administrativos, na medida em que se expandem
publicamente a qualquer interessado, estejam onde estiverem.

2 - O procedimento ficou mais simples, mais ágil, mais acessível, mas não por
isso deixou de ser extremamente formalista, por vezes burocrático mesmo.
Aliás, é interessante que muitas vezes costumamos associar a palavra
“burocrático” a algo negativo, prejudicial, inoperante, ineficiente. Pois pense
que é exatamente o contrário: a burocracia é, na verdade, um meio para se
atingir um fim. O meio, neste contexto, é a formalidade, os procedimentos, as
regras predefinidas, as etapas a serem percorridas. O fim é a impessoalidade,
a finalidade do interesse público.

3 - Então, quando se fala que o pregão eletrônico é moderno, ágil e acessível,


mas ao mesmo tempo formal e burocrático, na verdade está se querendo
dizer que é um procedimento que mescla o avanço com a segurança, que
busca dosar, ao nível mais adequado possível, essas variáveis aparentemente
contraditórias.

69
TÍTULO

E por falar em regras, já descobrimos que o que regulamenta a Lei do Pregão,


especialmente na forma eletrônica, é o Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005. E
será este normativo que passaremos a estudar a partir de agora.
Interessante começarmos com a leitura do artigo quinto do Decreto nº 5.450, de 2005,
que faz um apanhado geral dos princípios que quer destinar à modalidade pregão.

Decreto nº 5.450, de 2005.

Art. 5º A licitação na modalidade de pregão é condicionada aos princípios


básicos da legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade,
eficiência, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório
e do julgamento objetivo, bem como aos princípios correlatos da razoabilida-
de, competitividade e proporcionalidade.

Parágrafo único. As normas disciplinadoras da licitação serão sempre inter-


pretadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados, desde que
não comprometam o interesse da administração, o princípio da isonomia, a
finalidade e a segurança da contratação.

Importante
Muito já estudamos acerca dos princípios atinentes ao assunto
objeto de nosso curso. Esta redação do artigo quinto apresenta
apenas uma confirmação de que estamos no caminho certo.

Mas note a preocupação com um princípio em específico, que


parece figurar para nós pela primeira vez, o princípio da
competitividade, que é reforçado no parágrafo único quando este
determina que as normas disciplinadoras serão sempre
interpretadas em favor da ampliação da disputa entre os
interessados.

70
TÍTULO

E é bem essa a ideia mesmo. Já comentamos: com o pregão, ainda mais na forma
eletrônica, a amplitude da disputa nos procedimentos licitatórios tomou significativa
grandeza. E isto é uma ótima notícia para o interesse coletivo. Continuando no estudo
do Decreto, é chegada a hora de responder à pergunta contida no título deste tópico.

Afinal, a forma eletrônica do pregão é de uso obrigatório?

Vamos deixar que o regulamento responda por si.

Decreto nº 5.450, de 2005.

Art. 4º Nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obriga-
tória a modalidade pregão, sendo preferencial a utilização da sua forma
eletrônica.

§ 1º O pregão deve ser utilizado na forma eletrônica, salvo nos casos de com-
provada inviabilidade, a ser justificada pela autoridade competente.

Importante
Nos dias atuais, e diante de tantos argumentos positivos que
temos visto sobre o pregão em sua forma eletrônica, que
autoridade competente conseguirá apresentar justificativa
adequada para não o adotar?

A ressalva prevista no final do parágrafo primeiro é tão incomum


que eu sequer consigo lembrar de algum exemplo possível de se
mencionar por aqui. Além disso, o verbo “deve” utilizado no
começo do parágrafo já corrobora com tal obrigatoriedade em
quase a totalidade dos casos.

71
TÍTULO

Em tempo, o título de nosso tópico atual ainda expõe que trataremos da definição do
conceito de bens e serviços nos dias atuais. Aqui se promete e aqui se cumpre!

Antes de mais nada, vejamos o que dizem a Lei do Pregão e o Decreto a respeito disso.

Lei nº 10.520, de 2002.

Art. 1º

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efei-


tos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.

Decreto nº 5.450, de 2005.

Art. 2º

§ 1º Consideram-se bens e serviços comuns, aqueles cujos padrões de


desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por
meio de especificações usuais do mercado.

À sua maneira, a Lei do Pregão e o regulamento de


sua forma eletrônica tentam ajudar o agente público
a definir este conceito de bens e serviços comuns. Em
meados dos anos 2000, logo no início da utilização
deste formato novo para a época, a dificuldade era
compreender a chave da questão: as especificações
usuais do mercado.

Pois não pense que nos demais casos de licitação, seja por qual modalidade
for, a Administração poderia definir, no Edital, especificações que venham a ser
desacompanhadas da necessária objetividade para analisar padrões de desempenho
e qualidade. O que se discutia era a usualidade de especificações já presente no
mercado acerca de tais padrões de desempenho e qualidade.

72
TÍTULO

A bem da verdade, com o desenvolvimento dos mercados e do País, está cada vez
mais difícil encontrar bens e serviços que não sejam comuns. Esta realidade acaba
por remeter ao procedimento de pregão eletrônico quase todas as compras e
contratações de serviços em geral.

Cada dia mais, o conceito de bens e serviços comuns para a aplicação da modalidade
de pregão eletrônico acaba sendo ampliado, distanciando-se, em específico, daquelas
contratações abarcadas pelas modalidades tradicionais segundo a lei nº 8.666, de
1993.

Nesse sentido, o que as obras, os serviços de engenharia e todos os


demais bens e serviços tidos como “não comuns” têm de especial
que os possam distinguir dos bens e serviços “comuns” abarcados
pela modalidade pregão?

A distinção mais evidente é a de – embora não seja raro vê-los por aí – no caso
das obras e serviços de engenharia, a obrigação da pessoa a ser contratada pela
Administração tem características predominantemente intelectuais e não apenas de
intermediação e revenda de uma solução já existente no mercado.

A obrigação em obras e serviços de engenharia envolve não apenas a parte intelectual,


mas também a sua execução, isto é, a construção da solução contratada, o que já
não ocorre no caso de uma obrigação contratual de simples entrega de um bem ou
prestação de serviço comum, por assim dizer.

Não basta a ideia de complexidade do objeto em si, mas a complexidade do


cumprimento da obrigação contratada.

73
TÍTULO

Vejamos alguns exemplos.

Por Exemplo
Exemplo 1

A prestação do serviço de limpeza é comum na medida em que, apesar


de exigir a gestão de mão de obra com a dedicação de postos de traba-
lho, não se trata de uma tarefa complexa que necessite de grande inte-
lectualidade.

Exemplo 2

Da mesma forma, é comum um contrato cujo objeto é a aquisição de


solução de grandes servidores para banco de dados (data centers)
acompanhada da instalação e manutenção dos equipamentos de tecno-
logia da informação, na medida em que a complexidade dos equipamen-
tos foi decorrente do trabalho anterior do fabricante e não da empresa
contratada que aplicará tal solução, cumprindo papel de intermediário
apenas; e mesmo que eventualmente a Administração venha a contratar
com o próprio fabricante, as obrigações decorrentes do contrato não
serão as de “idealização, desenvolvimento e construção dos equipamen-
tos”, mas sim a de “entrega dos equipamentos já idealizados, desenvolvi-
dos e construídos” que, nesta linha, já são usuais no mercado.

Exemplo 3

Em contrapartida, não se trata de serviço comum a contratação da ela-


boração do projeto, bem como a obra para a construção de edifício que
abrigará a nova sede de determinado órgão da Administração Pública.

74
TÍTULO

Importante
Assim, nos exemplos 1 e 2, aplicam-se a modalidade pregão, por
se enquadrarem no conceito mais acertado de bens e serviços
comuns.

Já no exemplo 3, caberá uma concorrência, por exemplo.

A partir de agora, passaremos a estudar um pouco a respeito das fases interna e


externa do pregão eletrônico.

É aquela em que a Administração se debruça sobre o


planejamento da compra do bem ou da contratação
do serviço.

É fase de preparação, estudo e definição das


FASE INTERNA
características do objeto.

Nesta etapa, a área demandante apresenta sua


necessidade e discute com a área administrativa de
compras acerca das condições expostas.

75
TÍTULO

Fase Interna

É nesta fase em que são definidas as especificações


técnicas do objeto. Para tanto, é desejável que a
Administração efetue prospecção de mercado, mas
fazendo observar determinados limites à participação
dos atores de mercado, com vistas a evitar que estes
exerçam influência tal que repercutam negativamente
na definição das especificações.

É preciso cuidar, portanto, para que não haja o direcionamento das especificações,
nem que sejam previstas condições excessivas ou desnecessárias que acabem por
limitar a competitividade do certame.

Lembra-se da unidade em que tratamos das diferenças entre a pesquisa de mercado


e a pesquisa de preços? Pois então.

Isso ocorre nesta fase interna. Vamos relembrar um pouco do que vimos sobre o
tema.

Pesquisa de mercado

Pesquisar o mercado significa estudar o contexto de negócio. A pesquisa de mercado


envolve a prospecção de potenciais fornecedores e o estudo e, consequente,
conhecimento do ramo de atividade em comento.

É entender do assunto, conhecer e atualizar as tendências daquele ramo. É captar a


obsolescência de determinados produtos, é compreender que modelos comerciais
têm sido adotados pelos principais fornecedores. É verificar se se trata de um mercado
maduro, com muitos concorrentes, ou o contrário.

Pesquisa de preços

Já a pesquisa de preços tem outra conotação. Conhecer o mercado é uma coisa,


precificar determinado produto ou serviço é outra totalmente diferente. Enquanto
a pesquisa de mercado reflete as condições do ramo de atividade daquele produto
ou serviço pesquisado, a pesquisa de preços reflete fundamentalmente a variável
econômico-financeira. E tudo isso ocorre na fase interna da licitação.

76
TÍTULO

Ainda sobre esta temática, devemos recorrer à Instrução Normativa nº 5, de 27 de


junho de 2014, que foi recentemente alterada e dispõe sobre os procedimentos
administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de
bens e contratação de serviços em geral.

Fiz todas essas colocações somente para reafirmar que o seu papel na fase interna
é essencial.

A participação da área demandante em conjunto com o apoio e críticas da área


administrativa de compras culminará em decisões adotadas nesta fase interna, das
quais decorrerão o sucesso ou o fracasso do pregão eletrônico.

Em linha geral, a fase interna é encerrada pela elaboração e construção da minuta


do Edital de licitação, que deverá passar pelo exame de assessoria jurídico-legal que
atende ao órgão, antes de efetivamente deixar de ser uma minuta e se transformar em
Edital propriamente dito a ser divulgado a todos os interessados.

É a partir daí (da divulgação do Edital) que se encerra a fase interna do pregão
eletrônico e inicia-se a sua fase externa. Aproveitando o “gancho”, apresentam-se os
critérios quanto à amplitude de sua divulgação, em razão do valor da contratação. O
texto contido no regulamento encontra-se didático o suficiente.

Decreto nº 5.450, de 2005.

Art. 17. A fase externa do pregão, na forma eletrônica, será iniciada com a
convocação dos interessados por meio de publicação de aviso, observados
os valores estimados para contratação e os meios de divulgação a seguir
indicados:

I - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais):

a) Diário Oficial da União; e

b) meio eletrônico, na internet;

II - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) até R$


1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):

a) Diário Oficial da União;

b) meio eletrônico, na internet; e 77


a) Diário Oficial da União; e

b) meio eletrônico, na internet;


TÍTULO
II - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) até R$
1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):

a) Diário Oficial da União;

b) meio eletrônico, na internet; e

c) jornal de grande circulação local;

III - superiores a R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):

a) Diário Oficial da União;

b) meio eletrônico, na internet; e

c) jornal de grande circulação regional ou nacional.

§ 1º Os órgãos ou entidades integrantes do SISG e os que aderirem ao siste-


ma do Governo Federal disponibilizarão a íntegra do edital, em meio eletrôni-
co, no Portal de Compras do Governo Federal - COMPRASNET, sítio www.-
comprasnet.gov.br.

§ 2º O aviso do edital conterá a definição precisa, suficiente e clara do objeto,


a indicação dos locais, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a
íntegra do edital, bem como o endereço eletrônico onde ocorrerá a sessão
pública, a data e hora de sua realização e a indicação de que o pregão, na
forma eletrônica, será realizado por meio da internet.

§ 3º A publicação referida neste artigo poderá ser feita em sítios oficiais da


administração pública, na internet, desde que certificado digitalmente por
autoridade certificadora credenciada no âmbito da Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

(...)

§ 5º Todos os horários estabelecidos no edital, no aviso e durante a sessão


pública observarão, para todos os efeitos, o horário de Brasília, Distrito Fede-
ral, inclusive para contagem de tempo e registro no sistema eletrônico e na
documentação relativa ao certame.

Destaque, no pregão eletrônico, para as condições tecnológicas já previstas no


regulamento, como, por exemplo, a adoção do horário de Brasília e o uso de assinaturas
eletrônicas por meio de certificados digitais.

78
TÍTULO

Tem início a partir da divulgação do Edital.

O tempo entre a divulgação e a sessão pública não


pode ser inferior a 8 (oito) dias úteis.

FASE EXTERNA
É neste período (entre a divulgação e a sessão
pública) que os licitantes interessados conhecerão
a demanda da Administração. Examinarão o Edital
para poder formular suas propostas, podendo, para
tanto, solicitar esclarecimentos sobre algum item do
documento e até mesmo impugná-lo por completo.

Fase Externa

Os prazos para a Administração tratar os pedidos de esclarecimentos e impugnações


são extremamente exíguos (até pela dinâmica da modalidade). Assim, esta é uma
fase crítica, em que o pregoeiro, auxiliado por sua equipe de apoio e área técnica
demandante, decidirá sobre os fatos que intervierem, comandando a sequência do
certame.

Só para se ter uma ideia, o prazo de resposta de uma impugnação ao Edital é de


apenas 24 horas.

É o princípio da eficiência sendo observado na prática, amigo.

Encerrado o prazo de divulgação, é chegada a hora da abertura


da sessão pública. O pregoeiro conduzirá a sessão pela internet
(via chat), que passa pela avaliação inicial de propostas
previamente cadastradas no sistema e a abertura da fase de
lances.

A etapa de lances é extremamente dinâmica, para não dizer emocionante. Somente


ao final, após encerrada esta etapa, é que o pregoeiro e todos os demais interessados
conhecerão a identidade dos licitantes e, em especial, a do vencedor. Caberá ao
pregoeiro buscar negociar condição ainda mais vantajosa para a Administração e, na
sequência, fará o julgamento objetivo da proposta apresentada.

79
TÍTULO

Fase Externa Após manifestação pela intenção de fazê-lo, o


prazo para a interposição de recursos é de:
Tendo sido declarado vence-
dor, requer-se que qualquer
interessado manifeste ime-
3 (três) dias úteis
diatamente a sua intenção ou
não de apresentar recurso ad-
ministrativo. Este que, por sua
vez, seguirá rito diferente da lei 3 (três) dias úteis para
nº 8.666/1993, a saber: contrarrazões dos interessados

5 (cinco) dias úteis para a decisão


da autoridade competente

Se houver sido desclassificada a proposta do primeiro colocado,


o pregoeiro percorrerá os mesmos passos anteriores em
relação ao segundo colocado, e assim por diante, sempre
obedecendo a ordem de classificação obtida durante a etapa
de lances.

Superada a fase recursal, o pregoeiro fará


o encaminhamento do certame para a
homologação da autoridade competente para que, posteriormente,
o processo possa seguir para a celebração do contrato.

80
TÍTULO

Importante
Uma pausa neste momento para esclarecer algo
importantíssimo: a condução do pregão eletrônico é situação
muito crítica.

Nos parágrafos anteriores, procurei apenas apresentar uma ideia


geral, sem qualquer pretensão de exaurir todo o detalhamento de
cada pequena etapa, especialmente em sua fase externa.

Este é um curso básico, que pretende consignar um contexto geral para aquele servidor
que tenha ingressado na área de compras de seu órgão. Neste ponto, é preciso deixar
muito claro e cristalino que é condição necessária (exigida na legislação!) que o
servidor seja devidamente treinado para que possa atuar como pregoeiro.

Existem cursos específicos de “formação de pregoeiro”, que em medida alguma


poderão ser substituídos por este nosso curso. Esclarecido? Então vamos em frente!

Veja o parágrafo único do artigo sétimo do regulamento da modalidade pregão.

Decreto nº 3.555, de 2000.

Art. 7º

Parágrafo único. Somente poderá atuar como pregoeiro o servidor que tenha
realizado capacitação específica para exercer a atribuição.

Ufa! Quanta informação vimos nesta unidade, não? Mas é por aí mesmo. Este será o
seu dia a dia, então aproveite o momento!

Estamos a todo vapor. No próximo tópico, você aprenderá mais sobre você mesmo,
digo, sobre o perfil ideal, as habilidades desejáveis para quem atua na figura de pre-
goeiro na Administração Pública. Até lá!

81
TÍTULO

6.3 O perfil ideal do pregoeiro e equipe de apoio. Diferenças frente à


Comissão de Licitação.
Vamos conferir neste tópico uma série informações interessantes acerca da figura de
pregoeiro: seu papel, poderes e responsabilidades; sua relação com a equipe de apoio
e a autoridade competente; as diferenças ante a Comissão de licitação etc.

Mas mais do que isso, vamos analisar o perfil do servidor para atuar nesta função:
suas habilidades e qualidades como pessoa que o credenciam para o trabalho de
forma mais desejável. Imperdível. Vamos em frente!

Para começar, abordarei o aspecto da formalidade e das responsabilidades atribuídas


legalmente ao servidor que atua nesta posição.

De pronto, já cabe esclarecer que este servidor será sempre designado por documento
específico pela autoridade competente do órgão (portaria, por exemplo), razão pela
qual, em tese, não lhe cabe negar ou abrir mão da função por vontade própria.

Tanto a Lei do Pregão, quanto os regulamentos (Decretos), expressaram o que se


espera deste servidor. Vejamos os principais pontos dos textos.

Lei nº 10.520, de 2002. Art. 3º.

(...)

IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou


entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio,
cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a
análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a
adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.

Decreto nº 3.555, de 2000 (regulamento da modalidade pregão presencial).

Art. 9º As atribuições do pregoeiro incluem:

I - o credenciamento dos interessados;

II - o recebimento dos envelopes das propostas de preços e da documenta-


ção de habilitação;

82 de preços, o seu exame e a clas-


III - a abertura dos envelopes das propostas
sificação dos proponentes;
adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.

Decreto nº 3.555, de 2000 (regulamento da modalidade pregão presencial).


TÍTULO
Art. 9º As atribuições do pregoeiro incluem:

I - o credenciamento dos interessados;

II - o recebimento dos envelopes das propostas de preços e da documenta-


ção de habilitação;

III - a abertura dos envelopes das propostas de preços, o seu exame e a clas-
sificação dos proponentes;

IV - a condução dos procedimentos relativos aos lances e à escolha da pro-


posta ou do lance de menor preço;

V - a adjudicação da proposta de menor preço;

VI - a elaboração de ata;

VII - a condução dos trabalhos da equipe de apoio;

VIII - o recebimento, o exame e a decisão sobre recursos; e

IX - o encaminhamento do processo devidamente instruído, após a adjudica-


ção, à autoridade superior, visando a homologação e a contratação.

Decreto nº 5.450, de 2005 (regulamento da modalidade pregão na forma


eletrônica).

Art. 11. Caberá ao pregoeiro, em especial:

I - coordenar o processo licitatório;

II - receber, examinar e decidir as impugnações e consultas ao edital, apoiado


pelo setor responsável pela sua elaboração;

III - conduzir a sessão pública na internet;

IV - verificar a conformidade da proposta com os requisitos estabelecidos no


instrumento convocatório;

V - dirigir a etapa de lances;

VI - verificar e julgar as condições de habilitação;

VII - receber, examinar e decidir os recursos, encaminhando à autoridade


competente quando mantiver sua decisão;

VIII - indicar o vencedor do certame;

IX - adjudicar o objeto, quando não houver recurso;

X - conduzir os trabalhos da equipe de apoio; e


83
XI - encaminhar o processo devidamente instruído à autoridade superior e
V - dirigir a etapa de lances;

VI - verificar e julgar as condições de habilitação;


TÍTULO
VII - receber, examinar e decidir os recursos, encaminhando à autoridade
competente quando mantiver sua decisão;

VIII - indicar o vencedor do certame;

IX - adjudicar o objeto, quando não houver recurso;

X - conduzir os trabalhos da equipe de apoio; e

XI - encaminhar o processo devidamente instruído à autoridade superior e


propor a homologação.

Convém agora destacar as distinções entre a Comissão de licitação das modalidades


tradicionais de licitação e a figura do pregoeiro e sua equipe de apoio.

I - Você deve se lembrar: estudamos que, no caso da Comissão, todos os membros


são solidários no que diz respeito às ocorrências e decisões tomadas no âmbito do
certame, juntamente com o presidente. No caso do pregoeiro e sua equipe de apoio,
não é bem assim que funciona.

O pregoeiro é meramente auxiliado por sua equipe de apoio, então, salvo em casos
bem específicos, sua equipe não responde solidariamente com ele, que concentra
em si as decisões.

II - E, assim como no caso da designação da maior parte dos membros da Comissão


de licitação, para ser pregoeiro é necessário ser servidor do órgão ou entidade
promotora da licitação. A ideia é basicamente afastar que terceirizados exerçam
este papel.

Por tudo isso, com tantos poderes e responsabilidades, o servidor deverá possuir
um perfil adequado, condizente com as exigências que lhe são impostas.

III - Já comentamos ligeiramente sobre parte deste assunto quando estávamos


conhecendo as vantagens do pregão eletrônico.

Vimos que profissionais excelentes, muito técnicos, mas com dificuldades em lidar
com a pressão de falar em público ou de conduzir ânimos por vezes exaltados
em disputas entre os licitantes, encontraram no formato eletrônico do pregão uma
grande oportunidade de desempenhar plenamente sua capacidade produtiva em
favor da Administração Pública.

84
TÍTULO

IV - A timidez, a introversão, a dificuldade de falar em público, ficaram – de fato –


de certa maneira em segundo plano com o advento do formato eletrônico.

Em contrapartida, deverá a pessoa ter habilidade para lidar com computadores,


sistemas, navegação na internet, por exemplo.

Na verdade, o pregoeiro deverá mesclar atributos profissionais


e pessoais para conseguir obter um bom desempenho no
papel.

Em geral, a todos nós servidores públicos tais atributos são


obrigatórios, mas, convenhamos, alguns devem ser destaca-
dos nas pessoas que exercem esta função tão importante na
Administração Pública.

Vamos conhecer as qualidades do pregoeiro.

I - São desejáveis qualidades como organização, motivação, domínio da língua


culta, facilidade em tomar decisões e em mediar conflitos (aspectos de liderança)
e pontualidade.

Precisa ter domínio emocional, demonstrar segurança, manter-se motivado para


buscar os interesses da Administração, ter boa articulação para exercer sua
capacidade negocial e de persuasão.

II - E mais. O servidor deve colecionar vasto conhecimento técnico dos procedimentos


administrativos e das leis, deve respeitar a isonomia, observar o formalismo no
procedimento, mostrar-se proativo para antecipação na solução de problemas, ser
estudioso e dedicado em relação ao tema.

III - Quanto às qualidades morais, são essenciais os sensos de responsabilidade,


de justiça, de moral e ética.

Enfim, com tanta qualidade assim, podem pensar que o pregoeiro é alguma auto-
ridade…

Podem pensar e com toda razão!

85
TÍTULO

O pregoeiro é autoridade em todas as decisões


administrativas que a lei e os regulamentos
lhe atribuíram (como resolver impugnações,
classificar ou desclassificar propostas,
habilitar ou inabilitar licitantes, negociar preço,
declarar vencedor etc.).

Nenhum colega, seja da equipe de apoio ou


não, poderá influenciá-lo a adotar decisão que
não concorde. Nem seus superiores poderão fazê-lo. O pregoeiro dá a palavra final de
forma autônoma e independente.

Ora, somente autoridade decide em esfera administrativa, não é assim? Não à toa que,
quando no caso do julgamento de recursos administrativos, que são hierárquicos, o
pregoeiro fará “subir” o julgamento da decisão.

É dizer: recorre-se à autoridade superior de decisão adotada por outra autoridade, qual
seja: o pregoeiro. O mesmo ocorre com a Comissão de licitação, mas vale lembrar que
aqui a decisão está concentrada em uma única pessoa.

Satisfeito? Pois comemore! Não é em qualquer posição que você terá a oportunidade
de desempenhar função tão relevante na área administrativa.

Trata-se de um trabalho extremamente técnico, que por sua exigência em alto nível
de desempenho, acaba conquistando rapidamente o respeito dos colegas, dos
superiores e da sociedade.

Portanto, encare como uma grande oportunidade para você demonstrar todo o seu
talento profissional.

Tenha certeza de que você será visto no meio da multidão. Use essa chance a seu
favor!

Encerramos por aqui mais esta unidade. Espero que o curso esteja sendo muito útil
para você, e que esteja aproveitando de verdade. Na próxima unidade, iniciaremos um
novo tópico com um novo tema.

Vamos falar sobre o Sistema de Registro de Preços (SRP), tão difundido atualmente
nas licitações públicas. Até lá!

86
TÍTULO

Síntese

A modalidade denominada pregão modificou a dinâmica dos


procedimentos de licitação que até então existiam, por meio da
inversão de fases de propostas e habilitação, de sua forma eletrônica,
e de suas etapas mais céleres. Sem dúvida alguma, representou
um salto gigantesco para a área de compras de todos os órgãos da
Administração Pública brasileira, totalmente alinhado ao princípio da
eficiência.

O pregão eletrônico simplesmente revolucionou a forma de pensar


e processar as licitações. Se antes cada processo, por mais simples
que fosse o objeto, se arrastava por meses até a sua conclusão,
agora, com o pregão, este tempo pôde ser reduzido sensivelmente.
Se antes as licitações presenciais representavam uma dificuldade
imensa com deslocamentos, custos e quaisquer outros imprevistos,
agora, com a forma eletrônica do pregão eletrônico, estas barreiras
caíram por terra. As licitações, que antes acabavam por esbarrar em
dificuldades geográficas, territoriais, experimentaram o fenômeno da
impressionante ampliação da competitividade. Empresas passaram a
disputar contratos em todo o País e não mais regional ou localmente.

O servidor público que atua na figura de pregoeiro deverá mesclar


atributos profissionais e pessoais para conseguir obter um bom de-
sempenho neste papel. São desejáveis qualidades como: organização,
motivação, domínio da língua culta, facilidade em tomar decisões e
em mediar conflitos (aspectos de liderança), pontualidade, domínio
emocional, segurança, motivação para buscar os interesses da Admi-
nistração, boa articulação para exercer sua capacidade negocial e de
persuasão, vasto conhecimento técnico dos procedimentos adminis-
trativos e das leis relativas ao tema. Deve, ainda, o servidor demons-
trar respeito à isonomia e ao formalismo no procedimento, proativida-
de para antecipação na solução de problemas e, quanto às qualidades
morais, são essenciais os sensos de responsabilidade, de justiça, de
moral e ética.

87
TÍTULO

UNIDADE 7 – O SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS


SEGUNDO O DECRETO 7.892/2013

7.1 O SRP é uma modalidade de licitação? A Ata de Registro de Preços é


um contrato?
Regressamos! Agora com o espírito renovado para iniciarmos um novo assunto.
Estudaremos o Sistema de Registro de Preços (SRP) e os principais conceitos que
o envolvem. Algumas dúvidas frequentes serão esclarecidas, como, por exemplo, as
elencadas no título desta unidade.

É de bom proveito começarmos já explicando que o SRP não é uma modalidade de


licitação. Trata-se de uma metodologia específica que a Lei Geral de licitações previu
para que as compras fossem processadas.

SRP

É um formato, um sistema, uma estratégia de contratações –


que em nada se confunde com as modalidades de licitação
que já estudamos – por meio do qual a Administração busca
fornecedores para registrar preços num documento vinculativo,
que a permita executar tantas contratações quantas foram de seu
interesse ao longo de um determinado período de tempo, ao preço
e condições anteriormente fixados ou registrados.

A Lei Geral de licitações, inclusive, incentiva o uso do SRP prevendo-o em seu texto
logo em seu artigo 15.

Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:

(...)

II - ser processadas através de sistema de registro de preços;

88
TÍTULO

Algumas características são bem peculiares deste sistema, as quais passaremos a


conhecer a partir de agora.

Primeiramente, vale a pena ressaltar que não apenas às compras o SRP é voltado.
Embora faça muito sentido para aquisições (vamos entender melhor adiante), também
para a contratação de serviços pode-se fazer uso desta metodologia.

CONCORRÊNCIA
percorre-se o procedimento
No Sistema de licitatório normalmente, por
Registro de Preços PREGÃO
intermédio das modalidades ELETRÔNICO

para que, ao final, seja celebrada


uma Ata de Registro de Preços
entre a Administração e o(s)
fornecedor(es)

documento pelo qual firmar-se-ão


os detalhes do objeto e os preços
ATA D E
REGISTRO pelos quais estes fornecedores
D E P RE ÇO S
se comprometem a entregar
à Administração durante sua
vigência. A partir da ata, celebram-
se os contratos administrativos
propriamente ditos.

89
TÍTULO

SISTEMA DE REGISTRO LICITAÇÃO DE QUE DECORRA


DE PREÇOS CONTRATO DIRETAMENTE

Muitas são as suas características, Diferentemente de uma licitação de


mas talvez a que mais “salte que decorra contrato diretamente,
aos olhos” é a possibilidade que vincula a Administração a
que este sistema proporciona à cravar em números certos as
Administração de estimar sua quantidades que necessariamente
demanda com quantidades vai executar, no caso da ata de
mínimas e máximas e não se registro de preços tal vinculação
comprometer a executá-las em não existe.
nenhum momento e em nenhum
percentual.

É uma diferença muito significativa. E, convenhamos, muito mais a favor da


Administração.

E isso nos leva a responder à segunda indagação do título desta unidade:

Ata de registro de preços não é contrato.

É um documento vinculativo, que gera obrigações mútuas sim, mas


não as mesmas obrigações que decorrem de uma relação contratual.
É dizer: na ata de registro de preços existe uma expectativa, uma pro-
messa de contratação naquelas exatas condições preestabelecidas.
O fornecedor vincula-se a fornecer à Administração o objeto da licita-
ção no preço e demais condições firmadas após a disputa no certame,
mas a Administração não tem a obrigação de efetivamente convocá-
-lo para celebrar o contrato.

90
TÍTULO

Agora, a partir de celebrado o contrato (aliás, seja no SRP


ou não), as condições, preços e quantidades ali expressos
devem ser cumpridos pelas partes. Então perceba que a ata ATA D E
é um documento anterior à contratação, que relaciona mera REGISTRO
D E P R E ÇO S
expectativa futura. A partir da ata de registro de preços (e
dentro de sua vigência), a Administração poderá celebrar
tantos contratos quantos forem necessários, até o limite de
quantitativos nela existente. Cada contrato terá vida própria,
contará vigência específica, será individualmente fiscalizado,
dentre outras situações.

Temos, então, pelo Sistema de Registro de Preços, a seguinte sequência lógica:

Licitação
Ata de Registro de
(concorrência ou Contratos
Preços
pregão eletrônico)

Outra característica interessante: fora do SRP, ao final da licitação, o licitante apresenta


sua proposta, não é mesmo?

Esta proposta tem validade, inclusive está


assim previsto na Lei Geral, de apenas:
60
dias

Agora, quando se celebra uma ata de registro de


preços, também assim previsto na lei, a validade desta
12
vinculação pode ser de até: meses
(vigência da ATA)

91
TÍTULO

Uma terceira característica importantíssima, por sinal, é a


desnecessidade, no Sistema de Registro de Preços, de se
efetuar o bloqueio de recursos orçamentários previamente à
abertura da licitação, como ocorre nas licitações fora do SRP,
sem exceção.

EM OUTRAS PALAVRAS

Até por sua natureza de incerteza em relação à contratação futura, a


Administração não precisa reservar recursos orçamentários relativos à estimativa
de valores expressos na licitação conduzida pelo SRP. Tais recursos somente
precisarão ser reservados quando da contratação, e não quando da abertura da
licitação.

Feitos os esclarecimentos iniciais acerca desta metodologia, chegou a hora de


apresentar o regulamento, dado pelo atual Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013,
que vai detalhar os casos mais relevantes que se deve utilizar o sistema.

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes


hipóteses:

I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de


contratações frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas


parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida
ou em regime de tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços


para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de gover-
no; ou
92
contratações frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas


TÍTULO
parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida
ou em regime de tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços


para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de gover-
no; ou

IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o


quantitativo a ser demandado pela Administração.

Importante
Com a leitura do artigo terceiro, percebemos que a decisão
quanto à adoção ou não pelo SRP passa muito pela avaliação de
fatores relacionados à estratégia de contratação em si dos bens e
serviços.

Em outras palavras: deve ser o caso de se aplicar o Sistema de


Registro de Preços se restar configurada a necessidade de
contratações frequentes, eventualmente com entregas
parceladas para atendimento de diversas localidades e na
condição de impossibilidade de definição prévia do quantitativo
exato a ser demandado pela Administração.

E apresento destaque para a opção do legislador constante no inciso III do artigo


terceiro: a conveniência de se fazer aquisição de bens ou a contratação de serviços
para atendimento a mais de um órgão ou entidade.

Em verdade, o Sistema de Registro de Preços é uma grande ferramenta posta à


disposição da Administração Pública.

Trata-se de tendência cada vez mais contundente na área de compras públicas,


na medida em que permite que em apenas uma licitação sejam aproveitadas as
demandas semelhantes de um número plural de órgãos.

93
TÍTULO

Pode significar um grande caminho de centralização das compras públicas, com foco
no ganho processual, na redução de dezenas ou centenas de servidores ocupados
em processos idênticos sendo replicados ao mesmo tempo em cada órgão da
Administração, além de proporcionar maior possibilidade de ganho de escala nas
compras públicas.

se os órgãos
Por exemplo ao optarem pelo Sistema de
ABC Registro de Preços poderão
juntar suas demandas
e percorrer uma única
licitação (ganho processual)
precisam e com quantitativo muito
adquirir 500 mais atraente ao mercado,
(quinhentas) fomentando maior disputa
cadeiras de de preços (ganho de escala).
escritório cada
um

Pode proporcionar mais segurança também.

94
TÍTULO

Veja:

determinado órgão poderia,


eventualmente, pelo baixo
Na hipótese da necessidade de
valor envolvido em sua compra
compra de pequenos itens de varejo
individual, proceder à:
(cujas necessidades são basicamente
iguais a todos), com menor relevância
financeira, como é o caso de: DISPENSA DE LICITAÇÃO
• materiais de escritório;

• alguns itens de copa e cozinha, como


Agora vamos procurar ampliar
forno de micro-ondas;
nossa visão. Tratam-se de
• outros eletrodomésticos menores, dispensas de licitações que, se
como ventiladores; aglutinadas, poderiam gerar
economia à Administração como
• dentre tantos outros exemplos que
um todo, além de proporcionar
poderíamos lembrar.
um mesmo padrão de itens para
as entidades.

Por todas estas vantagens para a Administração Pública, o SRP tem se caracterizado,
cada vez mais, como a grande tendência na área.

É preciso, contudo, expressar uma ressalva importante em relação ao texto constante


no inciso IV do artigo terceiro do regulamento, que vimos anteriormente.

95
TÍTULO

Artigo 3º
Inciso IV

Embora haja disposição de impossibilidade de definição prévia do quantitati-


vo exato a ser demandado pela Administração, bem como de que a Adminis-
tração não se obriga a efetivamente contratar os bens registrados, ressalta-
-se que tal disposição não pode ser entendida como uma autorização para
que a Administração não defina, ainda que de forma estimativa, as quantida-
des que poderão vir a ser adquiridas durante a validade da ata de registro de
preços.

Assim, necessário se faz que tais estimativas sejam – de fato – realistas,


baseadas em avaliação minuciosa e objetiva da área demandante. Estimati-
vas mal formuladas repercutem em resultado negativo da licitação, prejudi-
cial inclusive ao mercado, o que atenta contra o interesse público e contra
objetivo essencial do Sistema de Registro de Preços, que é o de aumentar a
eficiência logística da Administração.

Após estes relevantes comentários iniciais sobre o SRP, cabe a leitura de alguns dos
principais itens do regulamento atual desse sistema.

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as seguintes definições:

 I - Sistema de Registro de Preços - conjunto de procedimentos para registro


formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para
contratações futuras;

II - ata de registro de preços - documento vinculativo, obrigacional, com


característica de compromisso para futura contratação, em que se registram
os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem pratica-
das, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e pro-
postas apresentadas; 96
Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as seguintes definições:

 I - Sistema de Registro de Preços - conjunto de procedimentos para registro


TÍTULO
formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para
contratações futuras;

II - ata de registro de preços - documento vinculativo, obrigacional, com


característica de compromisso para futura contratação, em que se registram
os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem pratica-
das, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e pro-
postas apresentadas;

 (...)

Art. 7º A licitação para registro de preços será realizada na modalidade de


concorrência, do tipo menor preço, nos termos da Lei nº 8.666, de 1993, ou na
modalidade de pregão, nos termos da Lei nº 10.520, de 2002, e será precedi-
da de ampla pesquisa de mercado.

§ 1º O julgamento por técnica e preço, na modalidade concorrência, poderá


ser excepcionalmente adotado, a critério do órgão gerenciador e mediante
despacho fundamentado da autoridade máxima do órgão ou entidade.

§ 2º Na licitação para registro de preços não é necessário indicar a dotação


orçamentária, que somente será exigida para a formalização do contrato ou
outro instrumento hábil.

(...)

Art. 11. Após a homologação da licitação, o registro de preços observará,


entre outras, as seguintes condições:

I - serão registrados na ata de registro de preços os preços e quantitativos do


licitante mais bem classificado durante a fase competitiva;

II - será incluído, na respectiva ata na forma de anexo, o registro dos licitantes


que aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais aos do licitante
vencedor na sequência da classificação do certame, excluído o percentual
referente à margem de preferência, quando o objeto não atender aos requisi-
tos previstos no art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993;

III - o preço registrado com indicação dos fornecedores será divulgado no


Portal de Compras do Governo Federal e ficará disponibilizado durante a
vigência da ata de registro de preços; e

IV - a ordem de classificação dos licitantes registrados na ata deverá ser res-


peitada nas contratações.

§ 1º O registro a que se refere o inciso97


II do caput tem por objetivo a formação
referente à margem de preferência, quando o objeto não atender aos requisi-
tos previstos no art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993;

III - o preço registrado com indicação dos fornecedores será divulgado no


TÍTULO
Portal de Compras do Governo Federal e ficará disponibilizado durante a
vigência da ata de registro de preços; e

IV - a ordem de classificação dos licitantes registrados na ata deverá ser res-


peitada nas contratações.

§ 1º O registro a que se refere o inciso II do caput tem por objetivo a formação


de cadastro de reserva no caso de impossibilidade de atendimento pelo
primeiro colocado da ata, nas hipóteses previstas nos arts. 20 e 21.

§ 2º Se houver mais de um licitante na situação de que trata o inciso II do


caput, serão classificados segundo a ordem da última proposta apresentada
durante a fase competitiva.

§ 3º A habilitação dos fornecedores que comporão o cadastro de reserva a


que se refere o inciso II do caput será efetuada, na hipótese prevista no pará-
grafo único do art. 13 e quando houver necessidade de contratação de forne-
cedor remanescente, nas hipóteses previstas nos arts. 20 e 21.

§ 4º O anexo que trata o inciso II do caput consiste na ata de realização da


sessão pública do pregão ou da concorrência, que conterá a informação dos
licitantes que aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais ao do
licitante vencedor do certame.

Art. 12. O prazo de validade da ata de registro de preços não será superior a
doze meses, incluídas eventuais prorrogações, conforme o inciso III do § 3º
do art. 15 da Lei nº 8.666, de 1993.

§ 1º É vedado efetuar acréscimos nos quantitativos fixados pela ata de regis-


tro de preços, inclusive o acréscimo de que trata o § 1º do art. 65 da Lei nº
8.666, de 1993.

§ 2º A vigência dos contratos decorrentes do Sistema de Registro de Preços


será definida nos instrumentos convocatórios, observado o disposto no art.
57 da Lei nº 8.666, de 1993.

§ 3º Os contratos decorrentes do Sistema de Registro de Preços poderão ser


alterados, observado o disposto no art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

§ 4º O contrato decorrente do Sistema de Registro de Preços deverá ser assi-


nado no prazo de validade da ata de registro de preços.

Art. 13. Homologado o resultado da licitação, o fornecedor mais bem classifi-


cado será convocado para assinar a ata de registro de preços, no prazo e nas
98 convocatório, podendo o prazo ser
condições estabelecidos no instrumento
prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado pelo fornecedor e
§ 3º Os contratos decorrentes do Sistema de Registro de Preços poderão ser
alterados, observado o disposto no art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.
TÍTULO
§ 4º O contrato decorrente do Sistema de Registro de Preços deverá ser assi-
nado no prazo de validade da ata de registro de preços.

Art. 13. Homologado o resultado da licitação, o fornecedor mais bem classifi-


cado será convocado para assinar a ata de registro de preços, no prazo e nas
condições estabelecidos no instrumento convocatório, podendo o prazo ser
prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado pelo fornecedor e
desde que ocorra motivo justificado aceito pela administração.

Parágrafo único. É facultado à administração, quando o convocado não assi-


nar a ata de registro de preços no prazo e condições estabelecidos, convocar
os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual
prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado.

Art. 14. A ata de registro de preços implicará compromisso de fornecimento


nas condições estabelecidas, após cumpridos os requisitos de publicidade.

Parágrafo único. A recusa injustificada de fornecedor classificado em assinar


a ata, dentro do prazo estabelecido neste artigo, ensejará a aplicação das
penalidades legalmente estabelecidas.

Art. 15. A contratação com os fornecedores registrados será formalizada


pelo órgão interessado por intermédio de instrumento contratual, emissão de
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou outro instrumento
hábil, conforme o art. 62 da Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 16. A existência de preços registrados não obriga a administração a con-


tratar, facultando-se a realização de licitação específica para a aquisição pre-
tendida, assegurada preferência ao fornecedor registrado em igualdade de
condições.

Muito bem. Ficaremos por aqui neste tópico. Na sequência, continuaremos a ver
detalhes sobre o Sistema de Registro de Preços.

Em especial, o detalhe de sua fase preliminar.

Espero você!

99
TÍTULO

7.2 Fase preliminar do SRP, a Intenção de Registro de Preços


Estamos de volta! É um grande prazer contar com sua atenção até este momento.
Vamos em frente, detalhando um pouco mais sobre o Sistema de Registro de Preços.
Será abordada agora a sua fase preliminar, a Intenção de Registro de Preços (IRP).

Vimos com destaque, no capítulo anterior, que o Sistema de Registro de Preços é uma
grande ferramenta posta à disposição da Administração Pública e que representa
cada vez mais forte tendência na área de compras públicas, haja vista que permite
que, em uma única licitação, sejam contempladas demandas semelhantes de um
número plural de órgãos.

Veremos agora como se operacionaliza esta consolidação de demandas entre os


diversos órgãos ou entidades.

Prometo que este será um tópico bem curto! Acompanhe.

$ O REGULAMENTO DO SRP

instituiu a chamada

INTENÇÃO DE REGISTRO DE PREÇOS (IRP)

Nada mais é do que um comando, uma manifestação em


sistema próprio de tecnologia de informação, obrigatório de
ser observado pelos órgãos e pelas entidades integrantes do
Sistema de Serviços Gerais (SISG).

100
TÍTULO

Vamos entender...

o órgão ou a entidade lança a


Por meio da IRP informação de que pretende abrir,
nos próximos dias, licitação de
determinado objeto

Por exemplo:

AQUISIÇÃO DE TELEVISORES

Para tanto, deverá disponibilizar documento (normalmente o Termo de Referência)


contendo todas as características e especificações técnicas do objeto, além de
prazos de entrega e tudo mais que for necessário para bem conhecer o objeto da
contratação.

Dessa forma, os demais órgãos poderão ter conhecimento exato do objeto que aquele
primeiro pretende contratar e, se também for de sua necessidade, poderão manifestar-
se positivamente em relação ao seu ingresso neste procedimento licitatório.

É muito comum, por exemplo, que determinado órgão esteja ainda se preparando
para iniciar a especificação de um objeto que pretende adquirir no futuro enquanto
que outro já esteja adiantado nesta mesma tarefa.

Nesse sentido, o órgão que está mais adiantado capitaneará o procedimento licitatório,
contemplando a sua demanda e também a demanda daquele outro, mais atrasado.

A ferramenta ganha ainda maior relevância quando nos voltamos para a realidade
das dificuldades que grande parte dos órgãos públicos tem de estruturar
adequadamente seu corpo funcional em razão das inúmeras restrições por que
passam.

A ideia é a de que órgãos mais bem estruturados possam apoiar


aqueles menos favorecidos, especialmente no que diz respeito ao
avanço nestas fases interna e externa das licitações.

101
TÍTULO

Nesse contexto, a IRP adquire importância significativa, pois proporciona a tais


órgãos menos estruturados uma atuação mais focada em suas atividades precípuas
e menos nas atividades de suporte.

ASSIM:

NO SISTEMA DE COMPRAS

juntamente com o

de modo a permitir
o órgão que pretende abrir nova detalhamento
que outros órgãos
licitação divulgará a Intenção de do objeto que
possam manifestar-
Registro de Preços por um prazo se pretende
se pela sua inclusão
nela estabelecido contratar
no escopo.

Caberá ao órgão promotor da IRP (e que conduzirá a licitação) aceitar ou recusar


as manifestações de ingresso eventualmente recebidas, motivando a sua decisão.
Em caso de aceitação desta demanda participante, o primeiro promoverá a
juntada, no Edital que ainda será elaborado, da respectiva demanda daquele que
se manifestou.

102
TÍTULO

Importante
Tendo em vista este cenário, vale ressaltar que aquele órgão que
se manifestou pelo ingresso na licitação do outro aceita
necessariamente todas as características constantes no futuro
Edital, sem quaisquer ressalvas.

É dizer: a especificação técnica do objeto, os prazos de entrega, as


redações constantes da minuta de contrato etc.

Em contrapartida, terá o benefício de apenas acompanhar a


condução da licitação por parte do órgão que promoveu a IRP.
Simples assim.

Por fim, é preciso ressaltar que, em casos bem específicos, todo este procedimento
poderá ser evitado pelo órgão promotor da licitação.

Em outras palavras, existe a possibilidade, prevista no Decreto, de que o órgão dis-


pense a divulgação da IRP, impossibilitando, assim, que outros tenham conhecimen-
to da licitação que virá a ser aberta, o que “fecha as portas” para qualquer ingresso
como partícipe da licitação.

Tal situação, porém, é exceção à regra, até porque representa senso contrário à
essência do Sistema de Registro de Preços. E por ser exceção, merecerá atenção
especial da autoridade competente do órgão, com a respectiva justificativa para tal.

Complementando a sequência lógica do SRP mencionada anteriormente, teremos:

Licitação
Intenção de
(concorrência Ata de Registro
Registro de Contratos
ou pregão de Preços
Preços
eletrônico)

103
TÍTULO

Agora vamos à leitura do artigo quarto do regulamento, que trata justamente da IRP.

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 4º Fica instituído o procedimento de Intenção de Registro de Preços - IRP,


a ser operacionalizado por módulo do Sistema de Administração e Serviços
Gerais - SIASG, que deverá ser utilizado pelos órgãos e entidades integrantes
do Sistema de Serviços Gerais - SISG, para registro e divulgação dos itens a
serem licitados e para a realização dos atos previstos nos incisos II e V do
caput do art. 5º e dos atos previstos no inciso II e caput do art. 6º.

§ 1º A divulgação da intenção de registro de preços poderá ser dispensada,


de forma justificada pelo órgão gerenciador.

§ 2º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão editará norma com-


plementar para regulamentar o disposto neste artigo.

§ 3º Caberá ao órgão gerenciador da Intenção de Registro de Preços - IRP:

I - estabelecer, quando for o caso, o número máximo de participantes na IRP


em conformidade com sua capacidade de gerenciamento;

II - aceitar ou recusar, justificadamente, os quantitativos considerados ínfi-


mos ou a inclusão de novos itens; e

III - deliberar quanto à inclusão posterior de participantes que não manifesta-


ram interesse durante o período de divulgação da IRP.

§ 4º Os procedimentos constantes dos incisos II e III do § 3º serão efetivados


antes da elaboração do edital e de seus anexos.

§ 5º Para receber informações a respeito das IRPs disponíveis no Portal de


Compras do Governo Federal, os órgãos e entidades integrantes do SISG se
cadastrarão no módulo IRP e inserirão a linha de fornecimento e de serviços
de seu interesse.

§ 6º É facultado aos órgãos e entidades integrantes do SISG, antes de iniciar


um processo licitatório, consultar as IRPs em andamento e deliberar a res-
peito da conveniência de sua participação.
104
III - deliberar quanto à inclusão posterior de participantes que não manifesta-
ram interesse durante o período de divulgação da IRP.
TÍTULO
§ 4º Os procedimentos constantes dos incisos II e III do § 3º serão efetivados
antes da elaboração do edital e de seus anexos.

§ 5º Para receber informações a respeito das IRPs disponíveis no Portal de


Compras do Governo Federal, os órgãos e entidades integrantes do SISG se
cadastrarão no módulo IRP e inserirão a linha de fornecimento e de serviços
de seu interesse.

§ 6º É facultado aos órgãos e entidades integrantes do SISG, antes de iniciar


um processo licitatório, consultar as IRPs em andamento e deliberar a res-
peito da conveniência de sua participação.

A esta altura, será necessário conhecermos alguns conceitos importantes sobre os


atores envolvidos no Sistema de Registro de Preços.

Quem são os órgãos gerenciador e participantes e não participantes e quais


os seus papéis neste contexto?

É o que veremos no próximo tópico. Até lá!

105
TÍTULO

7.3 Conceitos e papéis dos órgãos gerenciador e participantes. A


problemática do “carona”.
Muito bem! Voltamos firmes no propósito, não é mesmo? Veremos agora os principais
conceitos e papéis dos órgãos gerenciador e participantes e não participantes no
âmbito do Sistema de Registro de Preços.

Vejamos como estão conceituados tais atores no regulamento do SRP.

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as seguintes definições:

(...)

III - órgão gerenciador - órgão ou entidade da administração pública federal


responsável pela condução do conjunto de procedimentos para registro de
preços e gerenciamento da ata de registro de preços dele decorrente;

IV - órgão participante - órgão ou entidade da administração pública que par-


ticipa dos procedimentos iniciais do Sistema de Registro de Preços e integra
a ata de registro de preços;

V - órgão não participante - órgão ou entidade da administração pública que,


não tendo participado dos procedimentos iniciais da licitação, atendidos os
requisitos desta norma, faz adesão à ata de registro de preços.

Algumas conclusões já podemos tirar das definições anteriores.

Órgão gerenciador

É aquele que divulgou a Intenção de Registro de Preços, o órgão que já tinha as


especificações prontas e que resolveu abrir a licitação. Não só conduziu a licitação,
como também celebrou a Ata de Registro de Preços (contemplando a sua demanda e
também a dos demais órgãos).

106
TÍTULO

Órgão participante

É aquele que adentrou ao escopo da licitação por meio de manifestação na IRP


e, após a condução da licitação pelo gerenciador, recebeu a informação de que a
Ata de Registro de Preços encontrava-se celebrada e pronta para ser executada,
especificamente naquela parte da demanda que lhe cabia.

Órgão não participante

É aquele que ingressou no escopo da Ata de Registro de Preços sem que tenha sido
incluído na fase preliminar do SRP. Isto é, fez “adesão” à Ata de Registro de Preços
sem ter sido participante no Edital de licitação, por intermédio da Intenção de Registro
de Preços. Este, meu caro, é o famoso “carona”, jargão conhecido no meio da área de
compras públicas.

É simplesmente uma anomalia. Uma figura alienígena ao procedimento licitatório.

A palavra “alienígena” (que se refere a algo de fora) demonstra muito


bem o que o órgão não participante representa em relação ao processo
de licitação (além, é claro, de tornar o texto muito mais interessante e,
com isso, prender a sua atenção por aqui).

Explico mais ainda: por ter feito adesão diretamente à Ata de Registro de Preços, o
órgão não participante (e sua demanda respectiva) não foi contemplado no Edital,
tampouco existia quando da disputa de preços durante a sessão pública do certame.
Simplesmente passou a integrar a ata por mero pedido seu e deliberação do órgão
gerenciador.

Então, você concorda comigo que toda a essência do SRP não foi observada neste
caso?

Bom, toda não, mas apenas parte.

107
TÍTULO

Vamos conhecer as diferenças entre o ganho de escala e o ganho processual.

GANHO DE ESCALA

No quesito ganho de escala, em que se valoriza a consolidação de demandas com


o intuito de tornar a licitação mais atraente ao mercado e fomentar a disputa de
preços entre os licitantes, o órgão não participante (ou “carona”) não contribuiu
com absolutamente nada. Ele não fazia parte do Edital, logo os licitantes sequer
podiam supor que ele viesse a existir depois.

GANHO PROCESSUAL

Em contrapartida, no quesito ganho processual, não há como negar sua


ocorrência em certa medida. Afinal de contas, o órgão não participante sequer
deu início a qualquer etapa de licitação (fases interna ou externa), simplesmente
tomou carona de uma Ata de Registro de Preços que já existia. Claro que houve
economia de recursos neste processo.

Mas justamente por se tratar de uma situação extraordinária, que visa ampliar o
atendimento às necessidades da Administração, a ocorrência ou a existência de
órgão não participante em determinado processo sofre uma série de restrições.

Restrições tais que estão devidamente previstas no regulamento do SRP. Vejamos...

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a ata de registro de


preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entida-
de da administração pública federal que não tenha participado do certame
licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador.

Agora
§ 1ºvamos encerrar
Os órgãos o assunto
e entidades sobre
que não os órgãos
participaram não participantes
do registro (que são a
de preços, quando
exceção) e vamos
desejarem fazercomeçar a falar
uso da ata sobre a de
de registro regra geral,deverão
preços, que sãoconsultar
os órgãoso gerenciador
órgão
e participantes. Já vimos quem são, então é hora de comentar um
gerenciador da ata para manifestação sobre a possibilidade de adesão. pouco sobre as
competências de cada um. É tema bem tranquilo de entender porque as disposições
§ 1º-A A manifestação do órgão gerenciador de que trata o § 1º fica condicio-
108 e pelas entidades que não participa-
nada à realização de estudo, pelos órgãos
ram do registro de preços, que demonstre o ganho de eficiência, a viabilidade e
de da administração pública federal que não tenha participado do certame
licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador.

TÍTULO
§ 1º Os órgãos e entidades que não participaram do registro de preços, quando
desejarem fazer uso da ata de registro de preços, deverão consultar o órgão
gerenciador da ata para manifestação sobre a possibilidade de adesão.

§ 1º-A A manifestação do órgão gerenciador de que trata o § 1º fica condicio-


nada à realização de estudo, pelos órgãos e pelas entidades que não participa-
ram do registro de preços, que demonstre o ganho de eficiência, a viabilidade e
a economicidade para a administração pública federal da utilização da ata de
registro de preços, conforme estabelecido em ato do Secretário de Gestão do
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

§ 1º-B O estudo de que trata o § 1º-A, após aprovação pelo órgão gerenciador,
será divulgado no Portal de Compras do Governo federal.

§ 2º Caberá ao fornecedor beneficiário da ata de registro de preços, observa-


das as condições nela estabelecidas, optar pela aceitação ou não do forneci-
mento decorrente de adesão, desde que não prejudique as obrigações presen-
tes e futuras decorrentes da ata, assumidas com o órgão gerenciador e órgãos
participantes.

§ 3º As aquisições ou as contratações adicionais de que trata este artigo não


poderão exceder, por órgão ou entidade, a cinquenta por cento dos quantitati-
vos dos itens do instrumento convocatório e registrados na ata de registro de
preços para o órgão gerenciador e para os órgãos participantes.

§ 4º O instrumento convocatório preverá que o quantitativo decorrente das


adesões à ata de registro de preços não poderá exceder, na totalidade, ao
dobro do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de preços para
o órgão gerenciador e para os órgãos participantes, independentemente do
número de órgãos não participantes que aderirem.

§ 4º-A Na hipótese de compra nacional:

I - as aquisições ou as contratações adicionais não excederão, por órgão ou


entidade, a cem por cento dos quantitativos dos itens do instrumento convoca-
tório e registrados na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e para
os órgãos participantes; e

II - o instrumento convocatório da compra nacional preverá que o quantitativo


decorrente das adesões à ata de registro de preços não excederá, na totalida-
de, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de
preços para o órgão gerenciador e para os órgãos participantes, independente-
mente do número de órgãos não participantes que aderirem.

§ 5º (REVOGADO)
109
tório e registrados na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e para
os órgãos participantes; e

TÍTULO
II - o instrumento convocatório da compra nacional preverá que o quantitativo
decorrente das adesões à ata de registro de preços não excederá, na totalida-
de, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de
preços para o órgão gerenciador e para os órgãos participantes, independente-
mente do número de órgãos não participantes que aderirem.

§ 5º (REVOGADO)

§ 6º Após a autorização do órgão gerenciador, o órgão não participante deverá


efetivar a aquisição ou contratação solicitada em até noventa dias, observado
o prazo de vigência da ata.

§ 7º Compete ao órgão não participante os atos relativos à cobrança do cum-


primento pelo fornecedor das obrigações contratualmente assumidas e a apli-
cação, observada a ampla defesa e o contraditório, de eventuais penalidades
decorrentes do descumprimento de cláusulas contratuais, em relação às suas
próprias contratações, informando as ocorrências ao órgão gerenciador.

§ 8º É vedada aos órgãos e entidades da administração pública federal a


adesão a ata de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade munici-
pal, distrital ou estadual.

§ 9º É facultada aos órgãos ou entidades municipais, distritais ou estaduais a


adesão a ata de registro de preços da Administração Pública Federal.

§ 9º-A Sem prejuízo da observância ao disposto no § 3º, à hipótese prevista


no § 9º não se aplica o disposto nos § 1º-A e § 1º-B no caso de órgãos e
entidades de outros entes federativos.

§ 10. É vedada a contratação de serviços de tecnologia da informação e comu-


nicação por meio de adesão a ata de registro de preços que não seja:

I - gerenciada pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; ou

II - gerenciada por outro órgão ou entidade e previamente aprovada pela Secre-


taria de Tecnologia da Informação e Comunicação do Ministério do Planeja-
mento, Desenvolvimento e Gestão.

§ 11. O disposto no § 10 não se aplica às hipóteses em que a contratação de


serviços esteja vinculada ao fornecimento de bens de tecnologia da informa-
ção e comunicação constante da mesma ata de registro de preços.

110
TÍTULO

A redação do Decreto é clara e didática por si só. Mas alguns dos parágrafos merecem
algum comentário.

Por exemplo, as regras matemáticas dos limitadores previstos nos parágrafos terceiro
e quarto.

§ 3º

Dizer que, por entidade ou órgão, a quantidade a ser alvo de adesão não pode superar
a 50% (cinquenta por cento) do valor da própria ata (gerenciador + participantes) é
dizer, por exemplo, que se a ata previa a compra de, no máximo, 120 (cento e vinte)
televisores ao total, então o máximo de quantidade de televisores que um único
outro órgão pode aderir é 60 (sessenta).

§ 4º

E também: ainda no mesmo exemplo, dizer que o máximo total a ser permitida
a adesão é o dobro do total da ata, independentemente do número de entidades
que aderiram, é dizer que o máximo total que a Administração poderá extrair desta
licitação são os 120 (cento e vinte) previstos entre gerenciador e participante e mais
240 (duzentos e quarenta) entre todos os “caronas”, limitados, estes últimos, a 60
(sessenta) para cada órgão.

Agora vamos encerrar o assunto sobre os órgãos não participantes (que são a
exceção) e vamos começar a falar sobre a regra geral, que são os órgãos gerenciador
e participantes. Já vimos quem são, então é hora de comentar um pouco sobre as
competências de cada um. É tema bem tranquilo de entender porque as disposições
são muito lógicas.

Novamente será exposto o texto do regulamento, pois, neste caso, é a melhor forma
de apresentar as informações. Vamos ao artigo quinto do Decreto.

111
TÍTULO

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 5º Caberá ao órgão gerenciador a prática de todos os atos de controle e


administração do Sistema de Registro de Preços, e ainda o seguinte:

I - registrar sua intenção de registro de preços no Portal de Compras do


Governo federal;

II - consolidar informações relativas à estimativa individual e total de consu-


mo, promovendo a adequação dos respectivos termos de referência ou pro-
jetos básicos encaminhados para atender aos requisitos de padronização e
racionalização;

III - promover atos necessários à instrução processual para a realização do


procedimento licitatório;

IV - realizar pesquisa de mercado para identificação do valor estimado da


licitação e, consolidar os dados das pesquisas de mercado realizadas pelos
órgãos e entidades participantes, inclusive nas hipóteses previstas nos §§ 2º
e 3º do art. 6º deste Decreto;

V - confirmar junto aos órgãos participantes a sua concordância com o


objeto a ser licitado, inclusive quanto aos quantitativos e termo de referência
ou projeto básico;

VI - realizar o procedimento licitatório;

VII - gerenciar a ata de registro de preços;

VIII - conduzir eventuais renegociações dos preços registrados;

  IX - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades


decorrentes de infrações no procedimento licitatório; e

X - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decor-


rentes do descumprimento do pactuado na ata de registro de preços ou do
descumprimento das obrigações contratuais, em relação às suas próprias
contratações.

XI - autorizar, excepcional e justificadamente, a prorrogação do prazo previs-


112
to no § 6º do art. 22 deste Decreto, respeitado o prazo de vigência da ata,
decorrentes de infrações no procedimento licitatório; e

X - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decor-


rentes do descumprimento do pactuado na ata de registro de preços ou do
TÍTULO
descumprimento das obrigações contratuais, em relação às suas próprias
contratações.

XI - autorizar, excepcional e justificadamente, a prorrogação do prazo previs-


to no § 6º do art. 22 deste Decreto, respeitado o prazo de vigência da ata,
quando solicitada pelo órgão não participante. (Art. 22 § 6º - Após a autoriza-
ção do órgão gerenciador, o órgão não participante deverá efetivar a aquisi-
ção ou contratação solicitada em até noventa dias, observado o prazo de
vigência da ata.)

§ 1º A ata de registro de preços, disponibilizada no Portal de Compras do


Governo federal, poderá ser assinada por certificação digital.

§ 2º O órgão gerenciador poderá solicitar auxílio técnico aos órgãos partici-


pantes para execução das atividades previstas nos incisos III, IV e VI do
caput.

(...)

Art. 17. Os preços registrados poderão ser revistos em decorrência de even-


tual redução dos preços praticados no mercado ou de fato que eleve o custo
dos serviços ou bens registrados, cabendo ao órgão gerenciador promover
as negociações junto aos fornecedores, observadas as disposições contidas
na alínea “d” do inciso II do caput do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 18. Quando o preço registrado tornar-se superior ao preço praticado no


mercado por motivo superveniente, o órgão gerenciador convocará os forne-
cedores para negociarem a redução dos preços aos valores praticados pelo
mercado.

§ 1º Os fornecedores que não aceitarem reduzir seus preços aos valores pra-
ticados pelo mercado serão liberados do compromisso assumido, sem apli-
cação de penalidade.

§ 2º A ordem de classificação dos fornecedores que aceitarem reduzir seus


preços aos valores de mercado observará a classificação original.

Art. 19. Quando o preço de mercado tornar-se superior aos preços registra-
dos e o fornecedor não puder cumprir o compromisso, o órgão gerenciador
poderá:

I - liberar o fornecedor do compromisso assumido, caso a comunicação


ocorra antes do pedido de fornecimento, e sem aplicação da penalidade se
confirmada a veracidade dos motivos e comprovantes apresentados; e
113
II - convocar os demais fornecedores para assegurar igual oportunidade de
§ 2º A ordem de classificação dos fornecedores que aceitarem reduzir seus
preços aos valores de mercado observará a classificação original.

TÍTULO
Art. 19. Quando o preço de mercado tornar-se superior aos preços registra-
dos e o fornecedor não puder cumprir o compromisso, o órgão gerenciador
poderá:

I - liberar o fornecedor do compromisso assumido, caso a comunicação


ocorra antes do pedido de fornecimento, e sem aplicação da penalidade se
confirmada a veracidade dos motivos e comprovantes apresentados; e

II - convocar os demais fornecedores para assegurar igual oportunidade de


negociação.

Parágrafo único. Não havendo êxito nas negociações, o órgão gerenciador


deverá proceder à revogação da ata de registro de preços, adotando as medi-
das cabíveis para obtenção da contratação mais vantajosa.

Art. 20. O registro do fornecedor será cancelado quando:

I - descumprir as condições da ata de registro de preços;

II - não retirar a nota de empenho ou instrumento equivalente no prazo esta-


belecido pela Administração, sem justificativa aceitável;

III - não aceitar reduzir o seu preço registrado, na hipótese deste se tornar
superior àqueles praticados no mercado; ou

IV - sofrer sanção prevista nos incisos III ou IV do caput do art. 87 da Lei nº


8.666, de 1993, ou no art. 7º da Lei nº 10.520, de 2002.

Parágrafo único. O cancelamento de registros nas hipóteses previstas nos


incisos I, II e IV do caput será formalizado por despacho do órgão gerencia-
dor, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

Art. 21. O cancelamento do registro de preços poderá ocorrer por fato super-
veniente, decorrente de caso fortuito ou força maior, que prejudique o cum-
primento da ata, devidamente comprovados e justificados:

I - por razão de interesse público; ou

II - a pedido do fornecedor.

114
TÍTULO

Portanto, note que, ao órgão gerenciador, cabe quase tudo.

I - Abrir a IRP.

II - Consolidar os dados.

III - Confirmar a concordância dos participantes em relação aos termos da licitação.

IV - Conduzir a licitação propriamente dita.

V - Gerenciar a ata de registro de preços.

VI - Aplicar as sanções e penalidades de que decorrerem os inadimplementos do


licitante e também da empresa contratada em relação ao seu contrato.

VII - Cancelar o registro de preços etc.

ASSIM:

O § 2º do artigo 5º
por exemplo, poderá
menciona que
solicitar que sejam
quanto aos atos
encaminhados os
necessários à
respectivos termos de
correta instrução
referência dos órgãos
processual
participantes em
determinado padrão.

o gerenciador poderá
quanto à definição poderá solicitar apoio na
solicitar apoio aos
dos valores de consolidação da pesquisa
participantes
referência de preços.

quanto à condução da licitação, conforme inciso


VI do mesmo artigo.

115
TÍTULO

Importante
Esta última previsão é relativamente incomum, mas pode ocorrer
na hipótese, por exemplo, de uma grande entidade, que dispõe de
valorosa estrutura administrativa, acabar manifestando interesse
em ingressar como participante na licitação de outro órgão,
inclusive com demanda muito superior a do gerenciador.

Nesse caso, o gerenciador poderia solicitar ao órgão que conta


melhores condições, digamos assim, que conduza a licitação e
depois retorne ao gerenciador para que este, por sua vez, pudesse
celebrar a ata e seguir com as contratações.

É bom também ressaltar o que dispõem os incisos IX e X do artigo quinto. São


relativos à abertura de processos de penalidades e a correspondente aplicação
das sanções administrativas decorrentes de descumprimentos das empresas
envolvidas.

Artigo 5º

Inciso IX Inciso X

O primeiro, guarda relação com os descumprimentos ou falhas cometidas


por licitantes no decorrer do pregão eletrônico, por exemplo; como o órgão
gerenciador é quem está conduzindo a licitação, caberá a ele apurar e dar
sequência a estes casos.

Já o segundo, tem a ver com os descumprimentos ou as falhas cometidas


pela empresa contratada (após a licitação e após a celebração da ata) no
decorrer do contrato.

Mas perceba: o órgão gerenciador somente é responsável por apurar e dar


sequência aos casos que dizem respeito à sua parte naquela ata, ou seja, é
responsável apenas pelos seus contratos e nunca pelos contratos dos
órgãos participantes.
116
gerenciador é quem está conduzindo a licitação, caberá a ele apurar e dar
sequência a estes casos.

Já o segundo, tem a ver com os descumprimentos ou as falhas cometidas


TÍTULO
pela empresa contratada (após a licitação e após a celebração da ata) no
decorrer do contrato.

Mas perceba: o órgão gerenciador somente é responsável por apurar e dar


sequência aos casos que dizem respeito à sua parte naquela ata, ou seja, é
responsável apenas pelos seus contratos e nunca pelos contratos dos
órgãos participantes.

Parece óbvio, mas é preciso dizer, neste ponto, que o regulamento anterior
(Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de 2001) não dispunha desta acertada
diferenciação, o que acarretava um peso excessivo e totalmente despropor-
cional sobre o órgão gerenciador. Ainda bem que isto foi melhor desenhado
no atual regulamento.

E, em relação ao órgão participante, vamos à leitura do artigo sexto.

Decreto nº 7.892, de 2013.

Art. 6º O órgão participante será responsável pela manifestação de interesse


em participar do registro de preços, providenciando o encaminhamento ao
órgão gerenciador de sua estimativa de consumo, local de entrega e, quando
couber, cronograma de contratação e respectivas especificações ou termo
de referência ou projeto básico, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993, e da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, adequado ao registro de
preços do qual pretende fazer parte, devendo ainda:

I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro de preços estejam


formalizados e aprovados pela autoridade competente;

II - manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante a utilização da Intenção


de Registro de Preços, sua concordância com o objeto a ser licitado, antes da
realização do procedimento licitatório; e

III - tomar conhecimento da ata de registros de preços, inclusive de eventuais


alterações, para o correto cumprimento de suas disposições.

Parágrafo único. Cabe ao órgão participante aplicar, garantida a ampla


117decorrentes do descumprimento do
defesa e o contraditório, as penalidades
I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro de preços estejam
formalizados e aprovados pela autoridade competente;

TÍTULO
II - manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante a utilização da Intenção
de Registro de Preços, sua concordância com o objeto a ser licitado, antes da
realização do procedimento licitatório; e

III - tomar conhecimento da ata de registros de preços, inclusive de eventuais


alterações, para o correto cumprimento de suas disposições.

Parágrafo único. Cabe ao órgão participante aplicar, garantida a ampla


defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes do descumprimento do
pactuado na ata de registro de preços ou do descumprimento das obriga-
ções contratuais, em relação às suas próprias contratações, informando as
ocorrências ao órgão gerenciador.

§ 1º Cabe ao órgão participante aplicar, garantida a ampla defesa e o contra-


ditório, as penalidades decorrentes do descumprimento do pactuado na ata
de registro de preços ou do descumprimento das obrigações contratuais, em
relação às suas próprias contratações, informando as ocorrências ao órgão
gerenciador.

(...)

§ 5º Caso o órgão gerenciador aceite a inclusão de novos itens, o órgão parti-


cipante demandante elaborará sua especificação ou termo de referência ou
projeto básico, conforme o caso, e a pesquisa de mercado, observado o dis-
posto no art. 6º.

§ 6º Caso o órgão gerenciador aceite a inclusão de novas localidades para


entrega do bem ou execução do serviço, o órgão participante responsável
pela demanda elaborará, ressalvada a hipótese prevista no § 2º, pesquisa de
mercado que contemple a variação de custos locais ou regionais.

118
TÍTULO

Importante
Então perceba que as atribuições ou competências do órgão
participante são mais leves. É este mesmo o espírito da coisa,
tudo em nome do amplo atendimento ao interesse dos órgãos,
isto é, do interesse coletivo.

Atenção para o parágrafo primeiro, que deixa claro que ele


(participante) é o responsável pela condução das aplicações de
eventuais penalidades que ocorrem no âmbito de suas próprias
contratações, e informará ao órgão gerenciador, pois pode lhe ser
útil para eventualmente adotar alguma medida em relação ao
cancelamento total do registro.

É isso, caro aluno! Estudamos bastante, quase esgotamos o tema Sistema de Registro
de Preços.

Com isso, encerramos mais um módulo. Já estamos caminhando para o final de nosso
curso.

Espero você na sequência. Até lá!

119
TÍTULO

Síntese

O Sistema de Registro de Preços é um formato, um sistema, uma


estratégia de contratações – que em nada se confunde com as
modalidades de licitação – por meio do qual a Administração busca
fornecedores para registrar preços num documento vinculativo, que a
permita executar tantas contratações quantas foram de seu interesse
ao longo de um determinado período de tempo, ao preço e condições
previamente fixados ou registrados.

No Sistema de Registro de Preços percorre-se o procedimento licita-


tório normalmente, por intermédio das modalidades concorrência ou
pregão eletrônico, para que, ao final, seja celebrada uma Ata de Registro
de Preços entre a Administração e o(s) fornecedor(es), documento pelo
qual firmar-se-ão os detalhes do objeto e os preços pelos quais estes
fornecedores se comprometem a entregar à Administração durante
sua vigência. A partir da ata, celebram-se os contratos administrativos
propriamente ditos.

O Sistema de Registro de Preços é uma grande ferramenta posta à


disposição da Administração Pública e que representa cada vez mais
forte tendência na área de compras públicas, haja vista que permite que,
em uma única licitação, sejam contempladas demandas semelhantes
de um número plural de órgãos.

120
CURSO BÁSICO DE LICITAÇÕES PÚBLICAS
ENFRENTANDO E VENCENDO TABUS
Equipe técnica

Gestão acadêmica
Escola de Administração Fazendária

Conteudista
Renato Teixeira Arten

Desenvolvimento web
Empresa Avante Brasil
Sumário

MÓDULO 3 - A QUE CONCLUSÕES CHEGAMOS........................................................4

UNIDADE 8 - SOU QUASE UM ESPECIALISTA JÁ, O QUE FAZER A PARTIR


DE AGORA?...............................................................................................................4

8.1 Tendências nas compras públicas. Regramentos especiais (IN nº 4/2014 e


5/2017)......................................................................................................................4

8.2 Quais as fontes de informação? Reciclar, atualizar, estudar, analisar e


aprender. Sempre!...................................................................................................12

8.3 Palavras finais sobre o curso. Trabalhar na área de compras públicas é


entediante?..............................................................................................................19
TÍTULO

MÓDULO 3 - A QUE CONCLUSÕES CHEGAMOS

UNIDADE 8 - SOU QUASE UM ESPECIALISTA JÁ, O QUE


FAZER A PARTIR DE AGORA?

8.1 Tendências nas compras públicas. Regramentos especiais (IN nº


4/2014 e 5/2017)
Estamos de volta! Daremos início ao terceiro e último módulo de nosso curso. Vamos
explorar o fechamento de ideias, as fontes de informação e a exposição de caminhos
e tendências para o setor público de compras.

Tanto este como os próximos tópicos serão mais enxutos, mas de grande valia para
o processo de aprendizagem que buscamos aplicar nesta capacitação.

Vou começar explicando que, além de todas as regras que estudamos até aqui,
para determinados segmentos de mercado exige-se que sejam seguidas instruções
específicas para além daquelas gerais estabelecidas pelas leis e decretos.

Estou me referindo às conhecidas instruções normativas do Ministério do


Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

É importante ressaltar, porém, que tais normativos não vinculam a atuação generali-
zada de todos os órgãos e entidades da Administração Pública.

Sendo assim, em cada caso, é preciso verificar qual a sua abrangência (geralmente no
início de seu texto consta tal informação). Mas mesmo para aqueles órgãos que não
estejam efetivamente vinculados pela norma, é interessante conhecer tais instruções
e, no que couber, tomá-las como referência.

Já estudamos anteriormente a Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014.

Você deve se lembrar que ela trata sobre os procedimentos administrativos básicos
para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de
serviços em geral.

4
TÍTULO

Agora veremos alguns breves comentários em relação a dois normativos


extremamente relevantes.

Instrução Normativa nº 4 Instrução Normativa nº 5


11 de setembro de 2014 26 de maio de 2017

Dispõe sobre contratações Dispõe sobre contratações de


de Soluções de Tecnologia da serviços para a realização de
Informação. tarefas executivas sob o regime de
execução indireta.

Ambos normativos representam muito bem a principal tendência nas compras


públicas, que, aliás, é o título de nosso capítulo. Cada vez mais, as contratações
públicas terão de ter seus esforços concentrados na qualidade e na intensidade de
sua etapa de planejamento.

Planejar é tudo!

Se tal afirmação se aplica a tudo na vida, por que não às compras públicas?

Quanto mais bem planejada é uma contratação, com menos


surpresas o gestor terá de lidar ao longo de sua vigência.

À medida que o planejamento é amplo e intenso, maiores


quantidades de situações poderão ser previstas, possibilitando
que soluções sejam implementadas antes mesmo de ocorrer
o problema.

A evolução chega para tudo e para todos, não adianta negar. Se antes, por exemplo, os
órgãos de controle ficavam muito voltados a verificar o atendimento às formalidades
das leis e das normas, agora os esforços se voltam para o atendimento ao Plano
Estratégico do órgão.

Se antes o foco era mais quantitativo, agora é mais qualitativo. Significa dizer que,
cada vez mais, as autoridades competentes, as unidades demandantes, a área
administrativa de compras (você!), a assessoria jurídica, o fiscal do contrato, deverão
preocupar-se com a qualidade de suas contratações.

5
TÍTULO

São fatores comumente exigidos no escopo do planejamento das contratações: a


análise de riscos e a aderência ao Plano Estratégico do órgão. Além disso, outra
tendência muito relevante é a previsão de atendimento a critérios de sustentabilidade
ambiental.

Sem dúvida alguma, as licitações evoluirão a patamares


qualitativos que envolverão maior foco no planejamento e no
meio ambiente.

E você exerce papel fundamental nesta conduta. Para você ter


uma ideia, tanto a IN nº 4/2014 (soluções de TI) quanto a IN nº
5/2017 (serviços em geral) dispõem sobre a necessidade de a
Administração designar Equipes de Planejamento com vistas a:

• apresentar estudos;
• elaborar documentos;
• avaliar os riscos envolvidos nas contratações destes objetos.

As atribuições do integrante administrativo neste contexto – frise-se – nada tem a ver


com as do membro de Comissão de licitação ou pregoeiro. Até mesmo pelo princípio
da segregação das funções, espera-se que o integrante administrativo formule as
regras da seleção do fornecedor em conjunto com o restante da Equipe. Logo, este
papel não pode se confundir com o de quem irá julgá-las (pregoeiro, por exemplo).

Nesse contexto, o integrante administrativo não se confunde com o pregoeiro que,


por sua vez, não se confunde com o fiscal administrativo do contrato. São papéis
distintos que ocorrem em momentos também distintos, mas todos sob a ótica de um
mesmo processo de contratação.

Apenas para concretizar parte do que está sendo falado, vamos à leitura de pequenos
trechos destes dois normativos mencionados.

6
TÍTULO

Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 4/2014 (contratações de soluções de TI).

Art. 2º Para fins desta IN, considera-se:

(...)

IV - Equipe de Planejamento da Contratação: equipe responsável pelo plane-


jamento da contratação, composta por:

a) Integrante Técnico: servidor representante da Área de Tecnologia da Infor-


mação, indicado pela autoridade competente dessa área;

b) Integrante Administrativo: servidor representante da Área Administrativa,


indicado pela autoridade competente dessa área;

c) Integrante Requisitante: servidor representante da Área Requisitante da


Solução, indicado pela autoridade competente dessa área.

(...)

Art. 4º As contratações de que trata esta IN deverão ser precedidas de plane-


jamento, elaborado em harmonia com o Plano Diretor de Tecnologia da Infor-
mação - PDTI.

(...)

 Art. 8º As contratações de Soluções de Tecnologia da Informação deverão


seguir três fases:

I - Planejamento da Contratação;

II - Seleção do Fornecedor; e

III - Gestão do Contrato.

Art. 9º A fase de Planejamento da Contratação consiste nas seguintes


etapas:

I - Instituição da Equipe de Planejamento da Contratação;

II - Estudo Técnico Preliminar da Contratação;

III - Análise de Riscos; e


7
IV - Termo de Referência ou Projeto Básico.
II - Seleção do Fornecedor; e

III - Gestão do Contrato.


TÍTULO
Art. 9º A fase de Planejamento da Contratação consiste nas seguintes
etapas:

I - Instituição da Equipe de Planejamento da Contratação;

II - Estudo Técnico Preliminar da Contratação;

III - Análise de Riscos; e

IV - Termo de Referência ou Projeto Básico.

(...)

Art. 10. A Equipe de Planejamento da Contratação deverá acompanhar,


apoiar e/ou realizar, quando determinado pelas áreas responsáveis, todas as
atividades das fases de Planejamento da Contratação e Seleção do Fornece-
dor.

(...)

Art. 11. A fase de Planejamento da Contratação terá início com o recebimento


pela Área de Tecnologia da Informação do Documento de Oficialização da
Demanda - DOD, a cargo da Área Requisitante da Solução, para instituição da
Equipe de Planejamento da Contratação, que conterá no mínimo:

I - necessidade da contratação, considerando os objetivos estratégicos e as


necessidades corporativas da instituição, bem como o seu alinhamento ao
PDTI;

II - explicitação da motivação e demonstrativo de resultados a serem alcan-


çados com a contratação da Solução de Tecnologia da Informação;

III - indicação da fonte dos recursos para a contratação; e

IV - indicação do Integrante Requisitante para composição da Equipe de Pla-


nejamento da Contratação.

§ 1º Após o recebimento do DOD, a Área de Tecnologia da Informação avalia-


rá o alinhamento da contratação ao PDTI e indicará o Integrante Técnico para
composição da Equipe de Planejamento da Contratação.

 § 2º O DOD será encaminhado à autoridade competente da Área Administra-


tiva, que deverá:

I - decidir motivadamente sobre o prosseguimento da contratação;

II - indicar o Integrante Administrativo para composição da Equipe de Plane-


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jamento da Contratação, quando da continuidade da contratação; e
§ 1º Após o recebimento do DOD, a Área de Tecnologia da Informação avalia-
rá o alinhamento da contratação ao PDTI e indicará o Integrante Técnico para
composição da Equipe de Planejamento da Contratação.
TÍTULO
 § 2º O DOD será encaminhado à autoridade competente da Área Administra-
tiva, que deverá:

I - decidir motivadamente sobre o prosseguimento da contratação;

II - indicar o Integrante Administrativo para composição da Equipe de Plane-


jamento da Contratação, quando da continuidade da contratação; e

III - instituir a Equipe de Planejamento da Contratação, conforme exposto no


art. 2º, inciso IV.

Instrução Normativa SEGES/MPDG nº 5/2017 (contratações de serviços em


geral).

Art. 1º As contratações de serviços para a realização de tarefas executivas


sob o regime de execução indireta, por órgãos ou entidades da Administra-
ção Pública federal direta, autárquica e fundacional, observarão, no que
couber:

I - as fases de Planejamento da Contratação, Seleção do Fornecedor e


Gestão do Contrato;

II - os critérios e práticas de sustentabilidade; e

III - o alinhamento com o Planejamento Estratégico do órgão ou entidade,


quando houver.

(...)

Art. 19. As contratações de serviços de que tratam esta Instrução Normativa


serão realizadas observando-se as seguintes fases:

I - Planejamento da Contratação;

II - Seleção do Fornecedor; e

III - Gestão do Contrato.

Parágrafo único. O nível de detalhamento de informações necessárias para


instruir cada fase da contratação deverá considerar a análise de risco do
objeto contratado.

9 para cada serviço a ser contratado,


Art. 20. O Planejamento da Contratação,
consistirá nas seguintes etapas:
Art. 19. As contratações de serviços de que tratam esta Instrução Normativa
serão realizadas observando-se as seguintes fases:
TÍTULO
I - Planejamento da Contratação;

II - Seleção do Fornecedor; e

III - Gestão do Contrato.

Parágrafo único. O nível de detalhamento de informações necessárias para


instruir cada fase da contratação deverá considerar a análise de risco do
objeto contratado.

Art. 20. O Planejamento da Contratação, para cada serviço a ser contratado,


consistirá nas seguintes etapas:

I - Estudos Preliminares;

II - Gerenciamento de Riscos; e

III - Termo de Referência ou Projeto Básico.

(...)

 Art. 21. Os procedimentos iniciais do Planejamento da Contratação consis-


tem nas seguintes atividades:

I - elaboração do documento para formalização da demanda pelo setor


requisitante do serviço, conforme modelo do Anexo II, que contemple:

a) a justificativa da necessidade da contratação explicitando a opção pela


terceirização dos serviços e considerando o Planejamento Estratégico, se for
o caso;

b) a quantidade de serviço a ser contratada;

c) a previsão de data em que deve ser iniciada a prestação dos serviços; e

d) a indicação do servidor ou servidores para compor a equipe que irá elabo-


rar os Estudos Preliminares e o Gerenciamento de Risco e, se necessário,
daquele a quem será confiada a fiscalização dos serviços, o qual poderá par-
ticipar de todas as etapas do planejamento da contratação, observado o dis-
posto no § 1º do art. 22;

II - envio do documento de que trata o inciso I deste artigo ao setor de licita-


ções do órgão ou entidade; e

III - designação formal da equipe de Planejamento da Contratação pela auto-


ridade competente do setor de licitações.

Art. 22. Ao receber o documento de que trata o inciso I do art. 21, a autoridade
10 se necessário, indicar servidor ou
competente do setor de licitações poderá,
servidores que atuam no setor para compor a equipe de Planejamento da
daquele a quem será confiada a fiscalização dos serviços, o qual poderá par-
ticipar de todas as etapas do planejamento da contratação, observado o dis-
posto no § 1º do art. 22;
TÍTULO
II - envio do documento de que trata o inciso I deste artigo ao setor de licita-
ções do órgão ou entidade; e

III - designação formal da equipe de Planejamento da Contratação pela auto-


ridade competente do setor de licitações.

Art. 22. Ao receber o documento de que trata o inciso I do art. 21, a autoridade
competente do setor de licitações poderá, se necessário, indicar servidor ou
servidores que atuam no setor para compor a equipe de Planejamento da
Contratação.

§ 1º A equipe de Planejamento da Contratação é o conjunto de servidores,


que reúnem as competências necessárias à completa execução das etapas
de Planejamento da Contratação, o que inclui conhecimentos sobre aspectos
técnicos e de uso do objeto, licitações e contratos, dentre outros.

 § 2º Os integrantes da equipe de Planejamento da Contratação devem ter


ciência expressa da indicação das suas respectivas atribuições antes de
serem formalmente designados.

Por tudo o que vimos, para encerrar este tópico, faço questão de ousar na tentativa de
plantar esta pequena semente em sua vida: chama-se planejamento.

Invista em sua tarefa de planejar. Não a ignore. É o que, cada vez mais, se espera de
todos os atores envolvidos nas compras públicas.

No próximo tópico comentarei sobre as diversas fontes de informação que você


deverá ter como parâmetro para adequada atuação na área de compras.

Espero por você!

11
TÍTULO

8.2 Quais as fontes de informação? Reciclar, atualizar, estudar, analisar e


aprender. Sempre!
Voltamos! Estamos nos aproximando do final do curso.

É chegada a hora de reconhecer algo de suma importância: o fato de que não importa
o quanto já sabemos sobre algo, será pouco, será sempre pouco.

Já parou para pensar que o conhecimento é infindável? Por mais conhecimento que
detenhamos sobre algo, sempre haverá algo mais para aprender, para estudar, para
aprofundar? Esta é a mágica do negócio.

E, entenda, meu caro. Eu ainda não estou falando sobre licitações não… Estou falando
sobre a vida. Não importa o quanto você conhece seus pais ou seus filhos, por
exemplo, sempre haverá algo mais a conhecer. E isso passa muito pelas mudanças
que experimentamos e testemunhamos ao longo da vida. Tudo muda, evolui, se
transforma. E isto, esteja certo, abre uma enorme janela de oportunidade para novos
aprendizados. Todos os dias. Pode acreditar.

Agora retomando ao assunto de nosso curso, tenha consciência de que este é um


curso básico, voltado àqueles que acabaram de ingressar na área de compras de sua
instituição.

O que procurei fazer aqui foi proporcionar uma variedade de conhecimentos iniciais
(mas claro, com algum grau de aprofundamento) para que você possa, daqui para
frente, seguir adiante, evoluir, mudar, por si só.

A partir de agora é com você. Certamente virão outros treinamentos, experiências,


mas aproveito este espaço para fazer um apelo verdadeiro: busque, “vá atrás para
estar à frente”. Confie no que estou lhe dizendo. Você só terá a ganhar.

12
TÍTULO

Dica
Fundamentalmente, a dica é: esteja aberto a aprender em qual-
quer ramo da sua vida, incluindo o seu trabalho que, neste caso, é
a área de compras públicas, não é mesmo?

Não espere que as coisas simplesmente aconteçam diante de ti.


Promova você mesmo as mudanças que entende necessárias
para a sua vida (e para o seu trabalho).

Reciclar Atualizar Estudar Analisar Aprender Sempre!

Nesta área de licitações, onde devo procurar? Quais as fontes da informação?

Esteja certo de que a resposta é tão somente um parâmetro, portanto, não se contenha
a isso apenas. De pronto, temos as leis. Você precisará conhecê-las muito bem. Isso
é o básico. Depois, temos os decretos. Por fim, as instruções normativas, Portarias
e, também, algumas orientações normativas, do atual Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão.

13
TÍTULO

Leis

• Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso


XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos
da Administração Pública e dá outras providências.

• Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União,


Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão,
para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

• Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o


Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte;
altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de
1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no10.189, de 14 de
fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de
1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de
5 de outubro de 1999.

14
TÍTULO

Instruções Normativas e Portarias

• Portaria nº 306, de 13 de dezembro de 2001. Aprova a implantação do


Sistema de Cotação Eletrônica de Preços.

• Instrução Normativa nº 1, de 19 de janeiro de 2010. Dispõe sobre os


critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contrata-
ção de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta,
autárquica e fundacional e dá outras providências.

• Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014. Dispõe sobre os


procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa
de preços para aquisição de bens e contratação de serviços em geral.

• Instrução Normativa nº 4, de 11 de setembro de 2014. Dispõe sobre


o processo de contratação de Soluções de Tecnologia da Informação
pelos órgãos integrantes do Sistema de Administração dos Recursos
de Tecnologia da Informação - SISP do Poder Executivo Federal.

• Instrução Normativa nº 5, de 26 de maio de 2017. Dispõe sobre as


regras e diretrizes do procedimento de contratação de serviços sob o
regime de execução indireta no âmbito da Administração Pública fede-
ral direta, autárquica e fundacional.

• Portaria nº 409, de 21 de dezembro de 2016. Dispõe sobre as garan-


tias contratuais ao trabalhador na execução indireta de serviços e os
limites à terceirização de atividades, no âmbito da Administração
Pública federal direta, autárquica e fundacional e das empresas esta-
tais federais controladas pela União.

15
TÍTULO

Decretos

• Decreto nº 9.507, de 21 de setembro de 2018. Dispõe sobre a execução


indireta, mediante contratação, de serviços da administração pública fede-
ral direta, autárquica e fundacional e das empresas públicas e das socieda-
des de economia mista controladas pela União.

• Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998. Dispõe sobre proibição de


aquisição de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso
das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio - SDO, pelos órgãos e
pelas entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fun-
dacional, e dá outras providências.

• Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2000. Aprova o Regulamento para a


modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e
serviços comuns.

• Decreto nº 3.722, de 9 de janeiro de 2001. Regulamenta o art. 34 da Lei


no 8.666, de 21 de junho de 1993, e dispõe sobre o Sistema de Cadastra-
mento Unificado de Fornecedores - SICAF.

• Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005. Regulamenta o pregão, na


forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras
providências.

• Decreto nº 7.174, de 12 de maio de 2010. Regulamenta a contratação de


bens e serviços de informática e automação pela administração pública
federal, direta ou indireta, pelas fundações instituídas ou mantidas pelo
Poder Público e pelas demais organizações sob o controle direto ou indire-
to da União.

• Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012. Regulamenta o art. 3º da Lei no


8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretri-
zes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contra-
tações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão
Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP.

• Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013. Regulamenta o Sistema de


1615 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
Registro de Preços previsto no art.
1993.
• Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012. Regulamenta o art. 3º da Lei no
8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretri-
TÍTULO zes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contra-
tações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão
Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP.

• Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013. Regulamenta o Sistema de


Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993.

• Decreto nº 8.538, de 6 de outubro de 2015. Regulamenta o tratamento


favorecido, diferenciado e simplificado para as microempresas, empresas
de pequeno porte, agricultores familiares, produtores rurais pessoa física,
microempreendedores individuais e sociedades cooperativas de consumo
nas contratações públicas de bens, serviços e obras no âmbito da admi-
nistração pública federal.

Orientações Normativas

• Orientação Normativa nº 1, de 20 de agosto de 2015. Sobre certifica-


ções no caso de aquisições de bens de informática e automação.

• Orientação Normativa nº 1, de 10 de maio de 2016. Estabelece proce-


dimentos para a operacionalização do pregão, na forma eletrônica,
para aquisição de bens e serviços comuns, no âmbito dos órgãos e
entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais SISG, bem como
os órgãos e entidades que firmaram Termo de Adesão para utilizar o
Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais - SIASG.

• Orientação Normativa nº 2, de 6 de junho de 2016. Sobre a adoção de


listas de verificação nos processos de aquisição de materiais e servi-
ços, visando o aperfeiçoamento dos procedimentos realizados nos
pregões eletrônicos.

17
TÍTULO

Todas estas normas conferem aquele detalhe fundamental entre o sucesso e o


fracasso de uma licitação.

Por último, mas não menos importante, é possível indicar os posicionamentos


do principal órgão de controle, o Tribunal de Contas da União (TCU) e também as
jurisprudências dos Tribunais Superiores.

Estes têm adquirido uma relevância extremamente significativa, mas não podem
ser elencados em primeiro lugar porque o pressuposto para compreendê-los
adequadamente é justamente conhecer os normativos anteriores.

Mas acredite: os acórdãos do TCU e as súmulas do STJ ou STF farão a diferença no


seu trabalho. Serão aquele algo a mais.

Não é viável listar aqui cada acórdão ou jurisprudência. Recomenda-se, entretanto,


que acompanhe os Boletins do TCU, interessantíssima fonte de informação, atualizada
e resumida, para quem realmente não tem tempo a perder.

O Informativo de Licitações e Contratos, elaborado pela Diretoria de


Jurisprudência (Dijur) da Secretaria das Sessões do Tribunal de Contas
da União é publicado quinzenalmente, às terças-feiras, e destaca UR
DIJ
selecionadas decisões das Câmaras e do Plenário do Tribunal, nas
áreas de licitação e contratos.

Então é isso! Encerramos por aqui este tópico. Espero que tenha conseguido
sensibilizá-lo suficientemente para que se mantenha motivado a continuar na luta
pelo aprendizado, hoje e sempre. Estarei na torcida por aqui!

O próximo será o último tópico de nosso curso. Serão as palavras derradeiras deste
que tanto vos falou ultimamente. Será apresentada uma abordagem interessante
sobre a sua relação pessoal com o trabalho e, especialmente, com a área de compras
públicas. É imperdível. Até lá!

18
TÍTULO

8.3 Palavras finais sobre o curso. Trabalhar na área de compras públicas


é entediante?
Estamos de volta para encerrar o nosso curso com chave de ouro! Antes de mais
nada, quero cumprimentá-lo por ter chegado até aqui e agradecer demais por sua
atenção. Foi um grande prazer.

No primeiro módulo, ressaltei que este seria diferente dos cursos básicos que você
está acostumado a experimentar em relação a temas tão técnicos quanto licitações
públicas.

O objetivo era discorrer sobre os temas didaticamente, mas fundamentalmente


demonstrando a essência do processo, com linguagem amigável, de modo que você
pudesse, de fato, ver sentido no seu trabalho.

Porque quando vemos sentido naquilo que fazemos conquistamos outro nível de
desempenho e satisfação profissional. Na medida em que vemos valor no trabalho,
passamos até mesmo a gostar do que fazemos. É um ciclo naturalmente positivo.

Ao chegarmos ao final, espero ter contribuído, ao menos um


pouco, para o desenho da ideia sobre o que é a área de compras
na Administração Pública e qual o seu papel como agente
público atuante nesta área.

Melhor do que entender como funciona a área de compras é


entender como a própria Administração Pública funciona.
Quem trabalha com licitações acaba aprendendo muito sobre
o Direito Administrativo, sem qualquer exigência de ter formação em Direito.

Quem trabalha na área administrativa de compras sabe que possui sim um papel
burocrático (formalista) de atuação – que significa controle, segurança – mas nunca
deixa de exercitar sua capacidade de raciocínio, aplicada aos diferentes casos e
desafios com os quais se depara a cada dia.

Aprende que, ao contrário da impressão inicial, sua atuação é dinâmica, uma vez
que o processo de hoje é diferente do processo de ontem e será, ainda, diferente do
processo de amanhã.

19
TÍTULO

Quem trabalha com licitações sabe que carrega consigo


grande responsabilidade, mas decorrente de sua grande
entrega para a sociedade. Entende que somente áreas re-
levantes são dotadas de grande carga de responsabilidade.

Quem ingressa na área, sabe que existe um grande tabu


de que “é um trabalho chato, entediante”. O objetivo deste
curso foi possibilitar a visão de que, na verdade, trata-se de
uma área técnica muito relevante e agitada, por que não?

Ao final de um ciclo trabalhando na área de compras, tenha certeza, teremos maior


segurança em relação ao que fazemos ou – no mínimo – contaremos com boa visão
sistêmica sobre a organização em que servimos, possibilitando-nos escolher mais
acertadamente outro caminho no futuro, de modo que a contribuição à sociedade só
fará aumentar.

Conhecemos um pouco mais os papéis, os objetivos institucionais e os interesses de


quase todas as demais unidades (que são nossas áreas demandantes).

Passamos, com isso, a ter uma visão ampla sobre o que é o


nosso trabalho, o que ele significa para nós, para a organização
e, fundamentalmente, para a sociedade.

Dessa forma, permita-se aprender, permita-se gostar dessa


área. Se mesmo assim você perceber que, por mera questão
de afinidade, sua trilha pertença a outra área dentro da
organização, esteja certo de que a sua experiência na área de
licitações te proporcionará uma escolha muito mais feliz.

No final das contas, não é isso que todos nós desejamos?

E se eventualmente acabar gostando da área, mas cansar do


assunto “licitações” (seleção de fornecedores), siga um passo adiante no processo:
conheça a área de “contratos” (gestão e acompanhamento contratual). Conhecerá
outro mundo riquíssimo e infindável de desafios.

Enfrente o tabu, e permita-se vencê-lo. Finalizamos assim, o nosso curso. Boa sorte!

20
TÍTULO

Síntese

Cada vez mais, as contratações públicas terão de ter seus esforços


concentrados na qualidade e na intensidade de sua etapa de
planejamento. Planejar é tudo.

Quem trabalha com licitações sabe que carrega consigo grande


responsabilidade. A experiência é, sem dúvida, enriquecedora. E o que
mais fascina na área de compras é que aprendemos bastante sobre a
organização em que trabalhamos.

Passamos, com isso, a ter uma visão ampla sobre o que é o


nosso trabalho, o que ele significa para nós, para a organização e,
fundamentalmente, para a sociedade.

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