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da linguagem e
estudos linguísticos
Faculdade Educacional da Lapa (Org.)
Curitiba
2020
FAEL
5. Comunicação | 43
6. O Signo | 59
7. O Dircurso | 75
8. Divisões da Linguística | 91
9. Sociolinguística | 113
Referências | 143
1
A função social
da escrita em uma
sociedade letrada
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A função social da escrita em uma sociedade letrada
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Para Maria da Graça Costa Val (2006, p. 20), fora da escola, esse saber
é adquirido, em geral, quando as crianças têm acesso aos diversos suportes
de escrita e participam de práticas de leitura e de escrita dos adultos. Esse
conhecimento deve ser trabalhado didaticamente em sala de aula, ofere-
cendo possibilidades para que os alunos observem e manuseiem muitos tex-
tos pertencentes a gêneros diversificados e presentes em diferentes suportes.
Simultaneamente, o trabalho deve orientar a exploração desse material,
explicitando informações desconhecidas, mas sem deixar de v alorizar os
conhecimentos prévios das crianças e de favorecer deduções e descobertas.
Essas práticas terão repercussão positiva no processo de apropriação do
sistema de escrita e, principalmente, na leitura e na produção de textos escritos.
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A função social da escrita em uma sociedade letrada
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Síntese
Nesse texto, ancorado pelas ideias de Magda Soares, Roxane Rojo e
Mary Kato, discutiu-se o conceito de letramento e suas principais caracte-
rísticas. Trata-se de um processo que tem início quando a criança começa
a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade (pla-
cas, rótulos, embalagens comerciais, etc.) e se prolonga por toda a vida,
com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que
envolvem a língua escrita, como a leitura e redação de contratos, de livros
científicos, de obras literárias.
Estima-se que a palavra letramento surgiu pela primeira vez em 1986, na
obra No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de Mary Kato, e
decorre da versão para o português da palavra da língua inglesa literacy.
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2
Alfabetização e
letramento: embates
e interfaces
2.1 Diferenças
É importante a compreensão de que os dois processos – alfabetização
e letramento – são complementares e não alternativos. Nas palavras de
Costa Val (2006, p. 19), não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar,
trata-se de alfabetizar letrando. Quando a ação pedagógica se orienta para
o letramento não deve se deixar de lado ou abandonar o trabalho especí-
fico com o sistema de escrita. Do mesmo modo, não se deve pensar nos
dois processos como sequenciais, como se o letramento fosse uma pre-
paração para a alfabetização ou como se a alfabetização fosse condição
indispensável para o letramento.
Magda Soares (2009, p. 31) define os termos alfabetizar, alfabetiza-
ção e letramento de modo a contribuir com nossas considerações:
2 Alfabetizar é ensinar a ler e a escrever; é tornar o indivíduo
capaz de ler e escrever.
2 Alfabetização é a ação de alfabetizar.
2 Letramento é o estado ou condição que adquire um grupo
social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado
da escrita e de suas práticas sociais.
Isso posto, entende-se que a ação pedagógica mais eficiente é aquela
que procura contemplar, de maneira articulada e simultânea, os dois pro-
cessos. Ou seja, a aprendizagem torna-se significativa quando o aluno
pode relacionar o conhecimento às suas práticas cotidianas. Essa questão
é possível a partir do momento em que a vivência do educando – seu
conhecimento prévio de mundo – é resgatado em sala de aula para servir
como subsídio no processo de análise, fazendo parte dos temas de estudo.
Dessa maneira, é oferecida ao aluno a oportunidade real de falar, ouvir, ler
e escrever, identificando em sala de aula o que acontece fora dela.
Outra questão importante para se compreender diz respeito ao fato de
que um indivíduo que não sabe ler e escrever, isto é, analfabeto, pode ser
letrado. Ou seja, de acordo com Magda Soares (2009, p. 24), um indivíduo
pode ser analfabeto, mas viver em um meio em que a leitura e a escrita
têm presença forte, caso se interesse em ouvir a leitura de jornais feita por
um alfabetizado, por exemplo, se recebe cartas que outros leem para ele,
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Alfabetização e letramento: embates e interfaces
Dica de filme
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Alfabetização e letramento: embates e interfaces
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Síntese
Nesse texto, procuramos abordar as interfaces e embates dos proces-
sos de alfabetização e letramento. Salientou-se que são processos diferen-
tes, cada um com suas especificidades, mas complementares, inseparáveis
e ambos indispensáveis.
Outro ponto foi entender que o processo de letramento pode preceder
à alfabetização. Os alunos, muito antes de adquirirem a habilidade para
ler e escrever convencionalmente, já são capazes de produzir linguagem
escrita e atribuir sentido aos textos ouvidos. Ou seja, podem ditar informa-
ções para uma pessoa alfabetizada fazer o papel de escriba.
Por fim, foram mostradas as diferenças entre decodificação e compre-
ensão, a partir das ideias de Roxane Rojo.
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3
A língua escrita e
a língua falada
3.1 Características
De acordo com Morais (2006, p. 156), ao se traduzir o pensamento
ou as palavras percebidas auditivamente em letras, há a necessidade de se
levar em consideração, além da linguagem oral, as regras ortográficas, o
contexto no qual o grafema e o fonema estão inseridos e de se memorizar
a grafia de determinadas palavras, cujos sons podem ser representados por
dois ou mais grafemas.
Se levássemos em consideração apenas a linguagem oral, acabaríamos
escrevendo de um modo diferente do registrado na norma padrão: “toce” em
vez de “tosse”; “ezame” em vez de “exame”; “caza” em vez de “casa”, etc.
Outra diferença que pode ser apontada entre as duas modalidades
de linguagem se refere aos espaços em branco que separam as palavras
durante a escrita. Ao escrever, o pensamento é traduzido em unidades lin-
guísticas que são nitidamente separadas por espaços em branco. Já na fala,
o pensamento é expresso de forma contínua, não existindo qualquer rela-
ção entre espaços em branco e unidades linguísticas.
Mais uma diferença entre a fala e a escrita se refere ao uso de deter-
minados simbolismos que são exclusivos da linguagem escrita. Para tornar
legível e compreensível a mensagem escrita, faz-se uso de sinais de pon-
tuação para representar: intervalos entre ideias, começos e finais de frases,
frases ditas por outro, exclamações e interrogações, etc. No entanto, como
não existem referências concretas na linguagem falada sobre sua utiliza-
ção, a criança tende a apresentar dificuldades para empregar corretamente
a pontuação.
Assim, nota-se que há muitas diferenças entre a fala e a escrita devido
à própria natureza das duas modalidades. Outro exemplo disso é a afirma-
ção tradicional de que, pelo fato de a percepção da fala ocorrer por um
canal auditivo e da escrita por um canal visual, a fala tem caráter efêmero,
circunstancial, enquanto que a escrita tem um caráter duradouro (já que,
pela sua própria natureza gráfica, pode ser guardada, arquivada).
Hoje, como já existem maneiras de “guardar” a fala (por meio de gra-
vações), pode-se argumentar que a afirmação anterior mudou um pouco.
No entanto, não está tão diferente assim, pois a quantidade de fala que é
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A língua escrita e a língua falada
Fala Escrita
Interação a distância
Interação face a face.
(espaço-temporal).
Planejamento simultâneo ou
Planejamento anterior à produção.
quase simultâneo à produção.
Criação coletiva: adminis-
Criação individual.
trada passo a passo.
Impossibilidade de apagamento. Possibilidade de revisão.
Sem condições de con-
Livre consulta.
sulta a outros textos.
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Fala Escrita
A reformulação pode ser promo-
A reformulação é promo-
vida tanto pelo falante como pelo
vida apenas pelo escritor.
interlocutor.
Acesso imediato às rea- Sem possibilidade de
ções do interlocutor. acesso imediato.
O falante pode processar o texto, O escritor pode processar
redirecionando-o a partir das o texto a partir das possí-
reações do interlocutor. veis reações do leitor.
O texto tende a esconder o
O texto mostra todo o seu
seu processo de criação, mos-
processo de criação.
trando apenas o resultado.
Para refletir...
Leia o poema Pronominais, de Oswald de Andrade, e
reflita sobre a língua oral e a língua escrita, uma vez
que este nos mostra um pouco da diversidade do uso
da língua em função da situação comunicativa:
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mul ato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(ANDRADE, 1971)
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A língua escrita e a língua falada
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Síntese
Nesse capítulo, foram abordadas as características da linguagem oral
e da linguagem escrita. Embora consista em uma representação da fala, a
escrita não é uma transcrição dela. Assim, as duas entidades não coinci-
dem, mesmo sendo próprias da mesma língua, uma vez que cada uma tem
suas regras de realização. No entanto, todo texto, tanto oral como escrito,
deve organizar-se de maneira que se possa delinear a intenção de quem
fala, de quem escreve, o universo de quem ouve ou lê e o assunto de que se
trata. Assim, postula-se que as estratégias adotadas para a prática de texto
nas escolas devem ser urgentemente repensadas.
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4
Estudos Linguísticos
e Variações
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Com a leitura desse texto, iniciamos um caminho bastante interessante:
não estudaremos somente o que a é linguística, o que é a linguagem. Buscare-
mos, também, um percurso que nos permita refletir sobre ela e sobre seu uso.
Nessa perspectiva, é importante não sermos apenas meros repetido-
res dos conhecimentos adquiridos, mas usuários sabedores de uma língua
que tem várias funções nos contextos sociais constituídos.
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
A Filologia, que tem como princípio “a determinação do conteúdo
de um documento que utiliza a língua humana”, a partir de meados
do século XVIII aumentou de forma considerável seu campo e sua
abrangência, graças a escola alemã de WOLF, pregando a importância
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Estudos Linguísticos e Variações
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
A IMPORTÂNCIA DA LINGUÍSTICA
NA PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
(...)
Gramática Normativa
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Estudos Linguísticos e Variações
(...)
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Estudos Linguísticos e Variações
( ...)
In: http://www.webartigos.com/artigos/a-importan-
cia-da-linguistica-na-producao-e-interpretacao-de-
-textos/74778/#ixzz3boemVJb9Acesso em 21/05/2015
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Comunicação
Claudia Belucci
5.1 Comunicação
A palavra comunicação deriva do latim communis, que remete à ideia
de comunidade. A atividade de comunicação é uma constante em qualquer
escala da vida animal: todos os animais se comunicam de alguma forma
e em algum período de sua vida seja por necessidade de sobrevivência,
seja por imperativos biológicos, como reprodução, alimentação, ativida-
des que impõem um mínimo de interação.
A constância e a amplitude da atividade comunicativa talvez este-
jam ligadas aos meios de que a espécie dispõe para tal fim. Algumas
espécies possuem códigos nitidamente pontuais e limitados, porém, na
espécie humana o ato comunicativo atinge o mais alto grau de comple-
xidade e eficiência.
A comunicação, por meio das diversas linguagens, está ligada à
capacidade humana, formada por leis combinatórias e signos linguísticos
que se tornam concretizados na mensagem. E há variadas linguagens, a
linguagem dos gestos, do olhar, dos sons, do movimento do corpo, das
cores, das linhas, das formas, dos símbolos e signos. Quando nos refe-
rimos aos signos da linguagem escrita, remetemo-nos à ideia da lingua-
gem verbal, constituída pelos sinais gráficos, cuja interpretação requer do
interlocutor, conhecimentos linguísticos e conhecimentos adquiridos ao
longo de sua existência.
Cabe-nos destacar agora os elementos que compõem a comunicação:
que são:
a) Emissor: aquele que emite a mensagem;
b) Receptor: aquele que recebe a mensagem;
c) Mensagem: conjunto das informações transmitidas;
d) Código: conjunto de signos e regras de combinação desses sig-
nos; a comunicação só será efetivada se o receptor puder codifi-
car a mensagem transmitida pelo emissor;
e) Canal de comunicação ou contato: é o meio pelo qual a mensa-
gem é transmitida;
f) Contexto ou referente: a situação a que a mensagem se refere.
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Comunicação
Emissor Receptor
(o que emite a mensagem) (a quem se destina a mensagem)
Canal de comunicação
(através de que a mensagem
é passada, no caso, a voz)
Mensagem
(objeto da comunicação)
Código
(como a mensagem
está orgaizada)
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
5.2 Linguagem
O homem procura dominar o mundo em que vive.
Uma forma de ele ter esse domínio é o conhecimento. Esse é um
dos motivos pelos quais ele procura explicar tudo o que existe.
A linguagem é uma dessas coisas. Ao procurar explicar a lingua-
gem, o homem está procurando explicar algo que lhe é próprio e
que é parte necessária de seu mundo e da sua convivência com os
outros seres humanos.
(Orlandi, 2009)
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Comunicação
Fonte: Shutterstock.com/Rawpixel
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Comunicação
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
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Comunicação
5.3 Língua
Uma língua é fator resultante da organização de signos, segundo
regras específicas e utilizadas na articulação da comunicação entre indiví-
duos de uma mesma comunidade cultural. A língua é um tipo de lingua-
gem, é a linguagem verbal.
Há na superfície do globo entre 4.000 e 5.000 línguas diferentes e
cerca de 150 países. Um cálculo simples nos mostra que haveria
teoricamente cerca de 30 línguas por país. Como a realidade não é
sistemática a esse ponto (alguns países têm menos línguas, outras,
muito mais), torna-se evidente que o mundo é plurilíngue em cada
um de seus pontos e que as comunidades linguísticas se costeiam,
se superpõem continuamente. O plurilinguismo faz com que as lín-
guas estejam constantemente em contato. O lugar desses contatos
pode ser o indivíduo (bilíngue, ou em situação de aquisição) ou a
comunidade. (CALVET, 2002, p. 35)
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
o som, pois ela é, como o conceito, psíquica e não física. Ela é a imagem
que fazemos do som em nosso cérebro.
Perini (2010, p. 14), expõe:
Chamamos “língua” um sistema programado em nosso cérebro
que, essencialmente, estabelece uma relação entre os esquemas
mentais que formam nossa compreensão do mundo e um código
que os representa de maneira perceptível aos sentidos. Os seres
humanos utilizam um grande número de tais sistemas (“línguas”),
que diferem em muitos aspectos e também se assemelham em mui-
tos outros aspectos. Tanto as diferenças quanto as semelhanças são
altamente interessantes para o linguista.
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Comunicação
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Disponível em:<http://www.seer.ufrgs.br/cadernosdoil/>.
Acesso em: 28 maio 2015.
5.4 Fala
Como vimos, a língua é um sistema de símbolos pelo qual a lingua-
gem se realiza. Mas a linguagem se encontra relacionada a outros sistemas
simbólicos (sinais marítimos, Código Morse...) e torna-se, assim, objeto da
semiologia ou semiótica, que deve estudar “a vida dos signos no seio da
vida social”. Nota-se, portanto, que o termo linguagem tem uma conotação
bem mais abrangente do que língua.
Podemos afirmar que a fala é um fenômeno físico e concreto que
pode ser analisado seja diretamente, com ajuda dos órgãos sensoriais,
seja graças a métodos e instrumentos análogos aos utilizados pelas ciên-
cias físicas.
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Comunicação
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
LÍNGUA FALA
sistemático → regularidade assistemático → variedade
subjacente concreto
potencial real
supraindividual, coletivo individual
guagem”, porque,
afinal, é por onde esta
começa. Esse pro-
cesso iniciado e arti-
culado pelo circuito
da fala, num movi-
mento de associação e
coordenação, é o res-
ponsável pela organi-
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Comunicação
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Concluímos esse capítulo citando Friedrich Nietzsche:
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O Signo
Fonte: Shutterstock.com/Bipsun
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O Signo
sente o que essa palavra significa em nosso inconsciente, ou seja, algo que a
represente de forma gráfica, por meio dos fonemas que formam as sílabas.
Conforme Silva (2003), “o conceito relacionado à imagem acústica
é também uma entidade psíquica, pois não é uma coisa observada no
mundo, mas sim a representação mental dessa coisa, uma ideia. Assim,
o signo linguístico é uma entidade psíquica de duas faces: a imagem
acústica, a qual Saussure chama de significante (que está no plano da
expressão) e o conceito, chamado por ele de significado (que está no
plano de conteúdo)”.
Assim, no exemplo apresentado pela imagem de pássaros, podemos
depurar que a forma gráfica + som pássaro é o significante e o conceito,
é o significado.
O signo linguístico pode ser definido, então, pela união de um con-
ceito e uma imagem gráfica/acústica. Da união entre significante e signifi-
cado temos o signo linguístico. Desta feita, qualquer palavra, em qualquer
língua, que possua um sentido, é um signo linguístico.
Signo
Significante Significado
PÁSSARO
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Saiba mais
Semiologia: s.f. Ciência que se dedica ao estudo dos signos, dos modos
que representam algo diferente de si mesmo, e de qualquer sistema de
comunicação presentes numa sociedade.
Saussure observa ainda que o signo linguístico “une não uma coisa e
uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica”(CLG, p.80)
Decian e Méa (2005) asseveram que, sob o ponto de vista de Saussure,
pode-se verificar “ que o signo é uma entidade psíquica de duas faces: o
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O Signo
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Para ele, então, o signo é uma unidade dotada de sentido, posto que
considera a significação como elemento precedente ao signo. Para se esta-
belecer, o signo precisa representar uma unidade, mas não uma unidade
qualquer e, sim, uma unidade dotada de significado.
Decian e Méa asseveram que Benveniste destaca a ideia de língua
“como um fenômeno dinâmico e de uso contínuo, por meio do qual podem
ser formulados e proferidos vários discursos”.
Esse estudioso também apresenta concepções diferentes das de Saus-
sure em relação à arbitrariedade do signo linguístico.
Para ele, ainda segundo Decian e Méa (2005),
a questão da arbitrariedade tem suscitado discussões vãs, ou seja, não
relevantes, pois, (...) a questão da arbitrariedade está relacionada à
diferenciação entre sentido e referência. A referência está diretamente
ligada à situação de uso, independentemente do sentido, e relacionada
ao momento em que o signo é utilizado. Esse fato faz com que possa
ser conhecido o sentido original das palavras e, mesmo assim, não o
reconhecer numa junção de palavras, formando as frases.
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O Signo
Cabe aqui uma interferência: para Saussure, sendo a língua distinta da fala,
aquela pode ser estudada separadamente desta. A prova é que não falamos mais
as línguas mortas, mas podemos assimilar-lhes o organismo linguístico.
Para finalizar essa dicotomia entre Saussure e Benveniste em relação
ao signo linguístico, passemos a apresentar um apanhado das ideias de
cada um deles, contrapondo-as.
Benveniste apresenta que a primeira condição imperiosa para a cons-
tituição do signo é a significação. E especifica que os signos somente pos-
suem sentido em relações de oposições, ou seja, um signo somente pos-
suirá sentido quando está em relação com outro signo. Ou seja, um signo,
para ser considerado como tal, necessariamente deve estar em situação
de uso. Assim, se não estiver em uso por um falante qualquer, não estará
sofrendo oposições e, sem essas relações, o signo não pode ser conce-
bido como dotado de sentido. Continua ainda asseverando que a noção
de signo semiótico não tem como incumbência e objetivo a comunicação,
mas somente a significação. A significação para o autor está distanciada da
situação de uso e ligada apenas ao próprio signo, por isso, podemos dizer
que o signo semiótico não tem caráter dinâmico, mas sim, estático.
Já para Saussure, a língua é concebida como um sistema de signos
que nos permite comunicar algo a alguém e receber informações de outros
indivíduos. Dessa forma, é via língua e seus signos constituintes que se
mantém a comunicação.
Cada uma das noções de signos linguísticos se aproxima muito uma
da outra, pois, para Benveniste, a palavra é a menor unidade da língua,
enquanto Saussure afirma que a menor unidade linguística é o signo.
No artigo As teorias do Signo e suas significações linguísticas, Anto-
nio Carlos da Silva apresenta algumas considerações bastante interessan-
tes. Desse artigo apresentamos um trecho que julgamos de grande valia
para o aprendizado sobre o signo linguístico:
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O Signo
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O Signo
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Ponto divergente:
Foco do
Estudo
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O Signo
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O Signo
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O Dircurso
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O Dircurso
vocabular o autor faz, que intenção tem, que nível de linguagem utiliza,
qual sua entonação ou recursos gráficos utiliza para destacar expressões
ou outras marcas de oralidade e em qual contexto ocorre a comunicação.
A partir das suas estruturas sequenciais, o discurso tem vários níveis que
precisam ser analisados: estruturas da gramática da língua(fonologia, sintaxe,
semântica), estruturas da retórica (figuras de linguagem e outros recursos esti-
lísticos ) e estruturas esquemáticas de escolha das tipologias textuais utiliza-
dos, como a narração, a argumentação, a injunção, a descrição, a exposição.
Conforme Veríssimo, Veríssimo e Oliveira (2014):
Em um contexto de avanços tecnológicos e como consequência a
comunicação mais rápida entre as pessoas, o estudo sobre o funcio-
namento da língua como prática social, é relevante àqueles que se
dedicam às pesquisas que envolvem língua e sociedade. A língua
mantém as relações entre sujeitos que interagem e compartilham
de um mesmo contexto sóciohistórico-político. A interação entre os
indivíduos é fundamentada pela atividade discursiva, mediada pela
linguagem, ou seja, da língua em funcionamento. A perspectiva fun-
damenta-se na filosofia da linguagem de origem bakhtiniana.
Dessa forma, essas regras que motivam uma formação discursiva são
notadas como um sistema de relações entre objetos, tipos enunciativos,
conceitos e estratégias. São elas que atribuem singularidade às formações
discursivas e que permitem a passagem da dispersão para a regularidade,
que é entendida pela análise e descrição dos enunciados de tais formações.
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O Dircurso
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O Dircurso
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Fonte: Shutterstock.com/lassedesignen
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O Dircurso
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Fonte: Shutterstock.com/VLADGRIN
não transparente.
Contudo, podemos afirmar
também que para a Análise do
Discurso não interessa o sujeito
que ora está centrado no eu e ora
está centrado no tu, mas sim o
sujeito que considera a relação
que há entre tais pessoas.
Segundo Brandão (2004),
“para a análise do discurso é
essa concepção de sujeito [...] que vai ocupar o centro de suas preocupa-
ções atuais; para ela, o centro da relação não está nem no eu nem no tu,
mas no espaço discursivo criado entre ambos. O sujeito só constrói sua
identidade na interação com o outro”.
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O Dircurso
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Texto e Discurso
Não hesitaria, como aliás tenho feito há anos nos meus cursos
de Introdução à Análise de Discurso, em começar a reflexão
partindo de M. A. K. Halliday na enfatização de ser o texto a
unidade primeira. Para ser texto, diz ele (1976), é preciso ter tex-
tualidade. E a textualidade é função da relação do texto consigo
mesmo e com a exterioridade. Mas, embora as inversões que
ele propõe (texto>sentenças; sentido>dizer, etc.) sejam muito a
meu gosto, a exterioridade não tem em Halliday nem a mesma
natureza, nem o mesmo estatuto que tem na análise de discurso
(E. ORLANDI, 1992).
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O Dircurso
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(...)
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O Dircurso
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Saiba mais
Transcrição fonética
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Teoria da aquisição da linguagem e estudos linguísticos
Fonte: Shutterstock.com/SuriyaPhoto
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Divisões da Linguística
8.2.1 Morfologia
Afirmamos no início desse subcapítulo que a palavra está sob o domí-
nio da Morfologia.
Etimologicamente, a palavra morfologia vem do grego, morfhê,
‘forma’; e logos, ‘estudo’, ‘tratado’. Ou seja, na origem, morfologia é o
estudo da forma e, no caso da linguística, a forma das palavras.
E por tratar de formas, ocupa-se das condições de estruturação da parte
significativa dos signos e das regras que determinam variações de significan-
tes. Segundo Borba (2007), esse enfoque parece muito genérico, mas é uma
maneira de enfatizar o caráter fônico da morfologia. Assim, da combinatória
fônica é que resultam os padrões morfológicos: os fonemas se combinam
em sílabas para formar os morfemas, que são unidades de primeiro nível.
Se se admite que as unidades básicas da morfologia –os morfemas-
são aquelas formas significativas mínimas que só têm estatuto linguístico
quando combinadas com outras, então se pode afirmar que o campo de
ação da morfologia é o estudo das formas presas procurando determinar
como elas estruturam unidades maiores e como aí atuam.
Nesse sentido, a importância dos estudos morfológicos varia con-
forme o tipo de estrutura linguística que está descrevendo.
Compete-nos destacar que, em linguística, Morfologia é o estudo da
estrutura, da formação e da classificação das palavras. A particularidade
da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e
não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está
agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes
gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome,
Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição.
A seguir apresentamos um pequeno trecho de uma entrevista que Mar-
garida Basilio, professora e doutora em Linguística, realizou no ano de
2009, em que formalizou algumas de suas concepções sobre a morfologia:
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Divisões da Linguística
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8.2.2 Sintaxe
Enquanto a palavra está sob o domínio da Morfologia, compete à
Sintaxe o domínio da frase.
A Sintaxe trata das relações que as unidades contraem no inte-
rior do enunciado. Seu ponto de partida é, então, a combinatória de
formas livres, que segue dois princípios fundamentais: a sucessão e
a linearidade, ou seja, as unidades se sucedem umas após as outras
numa linha temporal.
Podemos então, afirmar agora que a sintaxe constitui a teoria geral da
frase: é parte da gramática que trata da disposição das palavras na frase
e constitui tópico crucial nos processos da alfabetização e do letramento,
desde que respeitados os objetivos de suas diversas perspectivas.
Apresentaremos agora algumas ponderações em relação à sintaxe,
todas relacionadas com o modelo teórico em que ela é estudada.
Comecemos com a Sintaxe Tradicional. Segundo Nicola (2010) esta
fornece a amostra do uso adequado da “norma culta” (daí seu caráter nor-
mativo) e idealiza a frase como uma sequência de palavras, autônoma de
sentido. Com foco na frase, identifica as relações entre as palavras e as
funções exercidas por elas.
Já a Sintaxe Gerativa apresenta-se como autônoma, e sua deno-
minação se confunde com a do modelo ( Teoria Gerativa, Gramática
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(...)
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Saiba mais
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Divisões da Linguística
8.3.1 Semântica
Podemos conceituar Semântica como a ciência que estuda o signifi-
cado de uma língua a partir de seu uso, em outras palavras, o modo como
podemos relacionar significante e significado.
Segundo Pires (2011), “a Semântica estuda o que é que sabemos que
nos permite interpretar qualquer sentença (ou discurso) da nossa língua.”
De uma forma bem simplificada, asseveramos que a Semântica pro-
cura descrever o significado das palavras e das sentenças; estuda e esmiúça
o sentido no e do linguístico.
Borges, Pires e Muller (2012) certificam, em relação à semântica:
A semântica das línguas naturais é um empreendimento cientí-
fico, um projeto coletivo que visa entender o fato de que nós,
humanos, temos a capacidade de interpretar qualquer sentença
da nossa língua, que adota uma metalinguagem lógico-mate-
mática. Se as línguas humanas são efetivamente semelhantes às
linguagens lógicas é um ponto de divergentes opiniões. Noam
Chomsky (1955, 1980, 1982, 1990), por exemplo, já manifestou
seu ceticismo várias vezes.
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Lógica Formal
Frege
Análise Conversacional
Grice
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Atos de Fala
Austin
Searle
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Teoria da Enunciação
Ducrot
Nele um argumento não é uma prova para algo, mas uma razão
que é dada ao interlocutor para aceitar uma conclusão. A lin-
guagem nos remete a uma construção que a linguagem faz das
coisas do mundo. (...)
Nauria Inês Fontana. Soletras, Ano IV, N° 07. São Gonçalo: 142
UERJ, jan./jun.2004.
Saiba mais
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Divisões da Linguística
8.3.2 Pragmática
A Pragmática é um dos ramos da linguística que busca a análise do uso
concreto da linguagem, em um contexto, pelos falantes de uma língua qualquer.
Dessa forma, não se limita à significação dada às palavras aos mol-
des da sintaxe e da semântica, pois observa o contexto linguístico em que
essas palavras estão inseridas, porquanto parte da observação dos atos de
fala e suas implicações culturais e sociais.
Ao se estudar a Pragmática, deve-se levar em conta que essa ciência tem
por base que o sentido de tudo está na utilidade, no efeito prático que os atos
de fala podem originar. Assim, o que realmente implica é a comunicação e o
funcionamento da linguagem entre os usuários da língua, concentrando-se nas
ações de interferência pelos quais compreendemos o que está implícito.
Finalizamos esse capítulo com um trecho do artigo Desfazendo
Mitos Sobre a Pragmática, de Danilo Marcondes.
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ALCEU-v.1-n.1-pg38a46-jul/dez2000.Disponívelem:<http://revista
alceu.com.puc-rio.br/media/alceu_n1_Danilo.pdf>. Acesso em: 21
maio 2015.
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Sociolinguística
Fonte: AMARAL, Tarsila do. Operários. 1933. Óleo sobre tela, 150 x 205 cm. Palácio
da Boa Vista, SP.
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Sociolinguística
-se essencialmente para o organismo linguístico interno, uma vez que ele
concebia a língua como um produto homogêneo e sua análise partia da
observação do comportamento linguístico de um indivíduo.
As primeiras inquirições acerca de estudos sociolinguísticos nasce-
ram a partir de William Bright (1966) e Fishman (1972), os quais passa-
ram a congregar os aspectos sociais nas descrições linguísticas.
Dando seguimento aos estudos de Bright, Labov preocupa-se em des-
crever a heterogeneidade linguística, pois para ele, todo fato linguístico
relaciona-se a um fato social, e que a língua sofre efeitos de ordem fisio-
lógica e psicológica. Labov tornou-se representante da teoria da variação
linguística. Dessa feita, a Sociolinguística é uma área da linguística que
analisará a língua por meio de fatores externos, os quais distinguirão a
diversidade e a heterogeneidade linguística.
Destacamos, então, que a Sociolinguística é uma das subáreas da lin-
guística e estuda a língua em uso no interior das comunidades de fala,
voltando a atenção para um tipo de investigação que correlaciona aspectos
linguísticos e sociais. Esta ciência se faz presente num espaço multidisci-
plinar, na fronteira entre língua e sociedade, focalizando precipuamente os
empregos linguísticos concretos, em especial os de caráter heterogêneo.
De acordo com Mollica (2003), todas as línguas apresentam um dina-
mismo inerente, o que significa dizer que elas são heterogêneas. Encontram-
se, assim, formas distintas que, em princípio, se equivalem semantica-
mente no nível do vocabulário e no domínio pragmático-discursivo.
A Sociolinguística é a parte da Linguística que tem como foco de
seus estudos a Língua, a Cultura e a Sociedade, imbricadas.
Língua e Sociedade se inter-relacionam e se torna praticamente
impossível se idealizar a existência de uma sem a outra. A interação ocorre
no grupo de fala, que está inserido em uma sociedade qualquer, com suas
peculiaridades e afinidades.
Conforme Pessoa (2002), a Sociolinguística possibilita a investigação
das Atitudes Linguísticas, do Percurso Linguístico de uma determinada
comunidade e o estudo dos Dialetos Sociais em qualquer comunidade
linguística. Nessas perspectivas, a Sociolinguística pesquisa seguimentos
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A Dimensão Sociolinguística do
Atlas Linguístico do Brasil
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Precisamos, antes de tudo, apresentar algumas considerações. A defi-
nição de Wardhaugh (1992, p.46) nos pareceu promissora:
Enquanto os dialetos regionais são geograficamente baseados, os
dialetos sociais, originados entre os grupos sociais dependem de
uma série de fatores, sendo os principais deles aparentemente per-
tencentes à classe social, a religião e à etinicidade.
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Falo Eo
fluentemente Inglês, Espanhol, Português?
Francês e Alemão!
Aí varêia...
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com o tempo. A língua que falamos hoje no Brasil é diferente da que era
falada aqui mesmo no início da colonização, e também é diferente da língua
que será falada aqui mesmo dentro de trezentos ou quatrocentos anos!
A título de ilustração, podemos apontar um exemplo bastante
significativo e conhecido da maioria dos estudantes da língua portuguesa.
No período escravocrata do Brasil, fazia-se uso da língua portuguesa,
porém, muitas palavras novas foram incorporadas ao léxico, outras caíram
em desuso e outras ainda, se modificaram com o tempo, apesar de, com
alterações, serem usadas até hoje, mas se mantendo o significado.
A palavra você é um dos exemplos mais contundentes: do pronome
de tratamento usado para se referir a pessoas da aristocracia à nomeação
de pessoas com quem convivemos.
Observe, a seguir, uma sequência com as alterações que essa palavra
foi incorporando. Escritas e também orais.
A evolução das línguas é inevitável, mas nunca é de maneira brusca,
como já dissemos. Sempre haverá um período de transição entre um estado
de língua para outro estado.
As mudanças diacrônicas podem ocorrer, segundo Lima(2013):
→ no som/pronúncia;
→ na flexão e na derivação;
→ nos padrões de estruturação da frase;
→ ao nível dos significados;
→ pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos).
E apresenta ainda os fatores de variação:
Internos à língua (pelo desaparecimento de oposições que não se
revelem funcionais; pela prevalência do princípio da economia, que
tende a eliminar redundâncias; pela introdução de novos elementos
com a função de tornarem a comunicação clara/não ambígua);
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Sociolinguística
A partir desta ideia pode-se ver que esses três parâmetros estão
muito bem associados às gírias. Pois as mesmas são constantes
nos mais diversos ambientes de uma sociedade, de uma região e
de toda uma história. Talvez se pode até dizer que a gíria possa
ser considerada uma língua de chefes, como bem afirma Calvet
(2002), ou seja, pois seria como se os usuários de determinadas
gírias fossem donos do meio social, pelo fato deles se sentirem
íntimos dessas práticas linguísticas.
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(...)
10.2 O “Erro”
A língua varia com o tempo e varia de acordo com os interesses e cul-
turas locais de cada comunidade. Segundo Cagliari (1999), todas as varie-
dades, do ponto de vista estrutural linguístico, são perfeitas e completas
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A Norma Linguística
entre si. O que as diferencia são os valores sociais que seus membros têm
na sociedade. Continua ainda afirmando que, para ele, há três variedades
linguísticas: uma norma padrão, que está na gramática, mas não é falada;
um conjunto de variedades desprestigiadas e um segundo grupo de varie-
dades prestigiadas.
Concordando ou não, nós, enquanto sujeitos sociais, usamos esses
conceitos para distinguir os indivíduos e classes sociais pelos modos de
falar e para revelar em que consideração os temos. Já revelamos aí, por-
tanto, nossos preconceitos, pois assinalamos nessa análise as marcas lin-
guísticas de prestígio ou não.
Bagno (2005) lembra que “todo falante nativo de uma língua é um
falante plenamente competente dessa língua, capaz de discernir intuiti-
vamente a gramaticalidade ou agramaticalidade de um enunciado, isto
é, se um enunciado obedece ou não às leis de funcionamento da língua.
Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna, assim como
ninguém comete erros ao andar ou respirar”.
Não é a “variação linguística” que sofre o preconceito, visto que
a variação é abstrata. Quem sofre preconceito, sempre, é o usuário de
uma variante que não seja a adotada pelo grupo social em que esse
falante se insere.
Assim, aquilo que para o sociolinguista representa apenas “dife-
rença” no uso da língua, para as pessoas em geral vai representar,
de fato, um “erro”, um “defeito”, um sinal de “ignorância”. Por
isso, venho repetindo que onde tem variação sempre tem também
avaliação. (BAGNO, 2007, p. 13)
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Referências
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