Você está na página 1de 19

1

A LINGUÍSTICA APLICADA PARA ALÉM DE SEU LUGAR NA LINGUÍSTICA

Estudos
Culturais
Outras
áreas Educação

Linguística
Aplicada
Linguística Estudos
Sociais
Psicologia

MARIANNA CARDOSO REIS MERLO1


JANAYNA BERTOLLO COZER CASOTTI2

Fazer LA é tomar estradas principais e também secundárias, seguir rumos legitimados e


também marginais, andar pelas estradas e pelas picadas, seguindo rumos e abrindo passagens -
sempre.

Clarissa Menezes Jordão, Apresentação: de rumos e passagens.

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, buscamos relacionar alguns elementos essenciais para o


entendimento do que a Linguística Aplicada (LA) tem se tornado ao longo de sua
trajetória. Assim sendo, discorremos sobre seu contexto histórico, desde o
surgimento de seu lugar na Linguística até a agenda atual de pesquisa em LA e as
possibilidades de atuação nesse campo de estudo, priorizando perspectivas teóricas
brasileiras, uma vez que “a LA brasileira [...] se distingue da LA de outros países em
termos tanto dos objetos que elege para estudo, quanto em termos das
metodologias praticadas e das próprias abordagens teórico-práticas utilizadas”
(JORDÃO, 2016, p. 11).

1
Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal do Espírito Santo –
mariannareis@hotmail.com
2
Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal Fluminense. Docente do Departamento
de Línguas e Letras e do Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal do
Espírito Santo – janaynacasotti@gmail.com
2

Nosso objetivo com este capítulo é demonstrar que, entre rumos e


passagens, assim como pondera Jordão (2016, p. 13) na epígrafe acima, a LA tem
se despontado para além de seu lugar na Linguística, em diálogo constante com sua
“disciplina-irmã” e com outros campos do saber, em uma perspectiva crítica
(PENNYCOOK, 2001), transgressiva (PENNYCOOK, 2006), transdisciplinar
(SIGNORINI; CAVALCANTI, 1998), ou até mesmo indisciplinar (MOITA LOPES,
2006a).

Este capítulo está, portanto, organizado em quatro partes, além desta


introdução. Na seção De onde viemos, resgatamos a trajetória da LA, desde seu
surgimento como aplicação de Linguística durante a década de 1940.
Consideramos, em nosso relato, alguns marcos históricos que delimitaram a
emergência da disciplina no Ocidente e no Brasil, a evolução dos paradigmas de
pesquisa e das concepções de linguagem que embasam os estudos em LA nas
diferentes fases da disciplina. Logo após, na seção Onde estamos, relacionamos a
agenda atual de pesquisa em LA no Brasil, com base nas linhas de pesquisa dos
Programas de Pós-Graduação em LA elencados na Plataforma Sucupira, base de
dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Na seção seguinte, ponderamos sobre os limites e interfaces da LA, considerando-a
como “campo com múltiplos centros” (RAMPTON, 2006, p. 109), que dialoga com
outras áreas do conhecimento e com elas se articula, com o objetivo de prover
inteligibilidade sobre questões sociais nas quais a linguagem tem papel central
(MOITA LOPES, 2006a, p. 14), principal preocupação dos estudos mais atuais em
LA. Por fim, encerramos este trabalho com a seção Para onde vamos, na qual
fazemos breves considerações relacionadas às potencialidades de atuação no
campo de LA face às reflexões aqui elaboradas. Esperamos que este capítulo
contribua para o entendimento dos lugares ocupados pela LA ao longo da história, e
auxilie na compreensão do que é e de como se tem feito LA na contemporaneidade.

2 DE ONDE VIEMOS

Conforme Weedwood (2002) nos conta, os estudos sobre linguagem no


Ocidente remontam ao período da história europeia conhecido como Antiguidade
Clássica, que se estendeu desde o século VIII a.C. até o século V d.C. Apesar disso,
3

é somente no início do século XX, com a publicação póstuma do Curso de


Linguística Geral de Saussure, em 1916, que a Linguística passa a ser reconhecida
como ciência, após ter delimitado seu objeto de estudo, suas metodologias e
categorias de análise. Pouco tempo depois, em 1928, os primeiros linguistas
organizaram I Congresso Internacional de Linguística, na cidade de Haia, no qual a
teoria estruturalista, tal como fora proposta por Saussure, foi consolidada (MOITA
LOPES, 2009).
O objeto principal da Linguística nessa fase foi o estudo imanente da língua,
feito por meio de descrições, análises e categorizações de questões linguísticas em
termos dicotômicos. No auge do cientismo e do positivismo, as teorizações
linguísticas foram vistas com entusiasmo pela comunidade acadêmica, o que fez
com que a Linguística fosse logo considerada “a rainha das ciências humanas”
(RAJAGOPALAN, 2006, p. 150).
O avanço do estruturalismo no século XX teve, como parte de seu legado, a
elaboração de estudos sobre ensino-aprendizagem com base nas teorias
linguísticas fundamentadas principalmente na teoria behaviorista elaborada por
Skinner. Tal fato abriu caminhos para a emergência da LA. Com efeito, na década
de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, o comando do exército estadunidense
percebeu a necessidade de promover o aprendizado de línguas estrangeiras em um
curto espaço de tempo, como o objetivo de comunicar-se com os países aliados e,
eventualmente, interceptar mensagens das nações inimigas. Nesse contexto, as
descobertas científicas da recém-inaugurada Linguística sobre o funcionamento da
língua e sobre a aquisição de linguagem foram aplicadas ao ensino de línguas
estrangeiras. Assim é que surgiram os primeiros estudos em LA, objetivando,
principalmente, a criação de materiais didáticos para o ensino de línguas
estrangeiras (MOITA LOPES, 2009; DE BOT, 2015).
A princípio, portanto, fazer pesquisa em LA significava fazer aplicação das
teorias linguísticas em contextos de ensino-aprendizagem de línguas. Essa visão
fundamentou os primeiros escritos da área, publicados na década de 1940 por
Charles Fries e Robert Lado, na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Tais autores foram os responsáveis pela inauguração do periódico Language
Learning em 1948, o primeiro periódico a carregar, em seu título, o termo LA
(DAVIES, 2007, p. 4).
4

A vocação aplicacionista da LA atravessou o Oceano Atlântico e chegou à


Europa. No Reino Unido, Pit Corder, Alan Davies e Henry Widdowson fundaram o
primeiro departamento de LA de que se tem notícias no Ocidente, na Universidade
de Edinburgh, em 1957 (MOITA LOPES, 2009; DE BOT, 2015).
A mesma perspectiva aplicacionista acompanhou a criação da Association
Internationale de Linguistique Appliquée (AILA). Em 1964, após dois anos de
estudos e discussões preparatórias, a organização da AILA se estabeleceu durante
o Colóquio de LA da Universidade de Nancy, na França. Esse evento reuniu
professores e linguistas interessados pela pesquisa em psicologia da aprendizagem
de segunda língua, sociolinguística e linguística contrastiva, principais eixos de
estudo na época3.
Seguindo a tendência mundial que equacionava a LA à aplicação de teorias
linguísticas no ensino de línguas (principalmente estrangeiras), o Brasil presenciou,
em 1970, a inauguração do primeiro programa de pós-graduação stricto sensu em
LA e Ensino de Línguas (LAEL), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 4.
Podemos dizer que a criação do LAEL contribuiu sobremaneira não só para a
expansão dos estudos sobre ensino-aprendizagem de línguas em nosso país, mas
também para a projeção do potencial pesquisador de educadores brasileiros
envolvidos nos estudos em LA.
De modo geral, as teorizações elaboradas pelos estudiosos durante a gênese
da LA tinham por base uma concepção representacionista de linguagem e uma
imagem idealizada de sujeito, tido como elemento descorporificado, a-social e a-
histórico. Como bem observa Moita Lopes (2009, p. 11), a LA, assim como outras
disciplinas, operava conforme o zeitgeist da época, ou seja, de acordo com o
pensamento que então orientava os pesquisadores. Como sabemos, nessa primeira
fase da LA, esse pensamento estava bastante alinhado ao estruturalismo linguístico,
que objetivava o estudo imanente da língua, desconsiderando as dinâmicas sociais
ocorridas nas interações discursivas. Além disso, assim como Rajagopalan (2003, p.
77-78) pondera,

posto que nossa cultura ainda valoriza o conhecimento teórico em


detrimento das possíveis aplicações do conhecimento, era perfeitamente
compreensível na época (e do ponto de vista estratégico, até justificável)

3
Informações disponíveis em <https://aila.info/about/history/>. Acesso em 27/11/2018.
4
Informações disponíveis em <https://www.pucsp.br/pos-graduacao/mestrado-e-doutorado/linguistica-
aplicada-e-estudos-da-linguagem#historia>. Acesso em 27/11/2018.
5

que os primeiros linguistas aplicados buscassem apoiar-se na linguística


teórica.

No entanto, ao aprofundar-se nos estudos relacionados ao ensino-


aprendizagem de línguas, os linguistas aplicados perceberam que somente a
Linguística teórica não daria conta de prover as teorizações necessárias para a
compreensão de um processo tão complexo que é o aprendizado de línguas,
principalmente se considerassem os diversos contextos nos quais esse processo
ocorre (MOITA LOPES, 2006a, p. 19). Nesse entendimento, Widdowson (1979 apud
MOITA LOPES, 2009, p. 15) sugere que a LA, então concebida como “um ramo
teórico da pedagogia de ensino de línguas, deva procurar um modelo que sirva seu
propósito”. Ou seja, para esse autor, os linguistas aplicados deveriam buscar
elaborar uma teoria que não fosse dependente exclusivamente da teoria linguística,
negando, se necessário, “as conotações de seu próprio nome” (Ibid.). É importante
mencionar que a proposta de Widdowson não significava o total abandono da teoria
linguística, mas implicava o diálogo da LA com outros campos do conhecimento
além da Linguística, tais como a Educação, a Psicologia, a Estatística e as Ciências
Sociais, somente para citar alguns.
A proposição de tal diálogo contribuiu para a promoção de uma perspectiva
interdisciplinar para a LA, o que, por sua vez, favoreceu o que Moita Lopes (2009)
chama de “a primeira virada da LA”: a superação da vocação aplicacionista desse
campo. Ainda que esteja subjacente a diversos contextos (cf. NICHOLAS; STARKS,
2014), a visão de LA como aplicação de teorias linguísticas é, para a grande maioria
dos estudiosos da área na contemporaneidade, reducionista, pois restringe o
potencial teórico dos estudos em LA e pressupõe a suficiência da teoria linguística
para a compreensão dos fenômenos estudados (ALMEIDA FILHO, 1991;
CAVALCANTI, 1986; CELANI, 1992; 1998; MOITA LOPES, 2006a; 2009;
SIGNORINI; CAVALCANTI, 1998), ao passo que a abertura para contribuições de
outros campos do conhecimento implica a elaboração de teorizações próprias, que
articulem os diferentes saberes elencados para análise (SIGNORINI, 1998). A partir
dessa perspectiva, então, a LA poderia deixar de ser concebida como consumidora
de teorias linguísticas, passando a ser reconhecida também por seu potencial de
elaborar teorias relacionadas ao seu objeto de estudo.
Tendo se proposto a compreender de maneira mais holística os contextos de
ensino-aprendizagem de línguas, os linguistas aplicados passaram a notar que os
6

fenômenos ocorridos nos cenários analisados estavam fortemente ligados à vida


social dos sujeitos envolvidos. Percebeu-se que as dinâmicas de linguagem
observadas no contexto escolar, até então único cenário de pesquisa em LA,
produziam e eram produzidas por questões culturais, sociais e históricas,
engendradas, na maioria das vezes, do lado de fora dos muros da escola. Assim é
que os pesquisadores passaram a direcionar seu olhar também para outros
contextos, abandonando, assim a limitação de operar somente em contextos de
ensino-aprendizagem de línguas (principalmente estrangeiras, principalmente o
inglês). Essa mudança de paradigma é chamada por Moita Lopes (2009, p. 17), de
“segunda grande virada” na LA, que passa a pesquisar, além do ensino-
aprendizagem de línguas estrangeiras e tradução, o ensino-aprendizagem de língua
materna, letramentos diversos, contextos midiáticos, empresariais, policiais, e
outros. O mesmo autor observa que essa mudança é mais perceptível nos estudos
realizados no Brasil a partir dos anos 1990. Ainda assim, apesar dessa mudança de
paradigma ter se consolidado no cenário acadêmico nacional e internacional,
conforme Kumaravadivelu (2006) observa, em diversos contextos, o
equacionamento da LA com o ensino de línguas ainda persiste (cf. DAVIES, 2007).
É na década de 1990, também, que surge a Associação de Linguística
Aplicada do Brasil (ALAB). Em diálogo com a perspectiva mais autônoma e
interdisciplinar de LA, construída a partir das duas “viradas” mencionadas acima, a
ALAB tem, desde seu início, o objetivo de

(re) construir um lócus acadêmico-científico dinâmico e reflexivo,


fomentando, por sua vez, estudos e reflexões da área de LA, não concebida
como aplicação de teorias linguísticas, mas como um campo de
investigação de usos situados da linguagem nas diversas esferas do meio
social5.

Essa mesma transição no estatuto disciplinar da LA pôde ser vista no LAEL, o


primeiro programa de pós-graduação em LA do país. Antes denominado “LA e
Ensino de Línguas”, a partir das teorizações que sinalizavam a mudança do
paradigma de pesquisa no campo da LA, o programa assume uma nova identidade,
traduzida também em seu título:

Em 1996, o Programa assumiu a necessidade de reestruturação de sua


definição e organização global de pesquisa, dada a diversificação de
interesses e mudanças de concepções a respeito do campo da Lingüística
Aplicada e dos Estudos da Linguagem, passando a incluir campos múltiplos

5
Informação disponível em <https://alab.org.br/historia/>. Acesso em 28/11/2018.
7

de atuação. Como decorrência dessa nova perspectiva, a partir de 1997,


mantendo a sigla LAEL, o Programa passou a denominar-se LINGUÍSTICA
APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM6.

A partir desses exemplos, é possível perceber a evolução do estatuto da LA,


de um campo que se ocupava exclusivamente da aplicação de teorias linguísticas
em contextos de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras para um campo de
investigação dos usos da linguagem em diversos contextos sociais. Podemos dizer
que tais mudanças motivaram e foram motivadas por concepções de linguagem que
se distanciam do modelo estruturalista, compreendendo a língua como linguagem,
prática discursiva na qual o sujeito se constitui como ser social, histórico e cultural
(MOTTA-ROTH; SELBACH; FLORÊNCIO, 2016, p. 39).
Com base nas concepções epistemológicas que fundamentam os estudos em
LA na contemporaneidade, relacionamos, na seção a seguir, os principais temas de
pesquisa de nosso país, de acordo com as linhas de pesquisa dos Programas de
Pós-Graduação em LA existentes no Brasil.

3 ONDE ESTAMOS

Tratar de uma agenda de pesquisa em LA implica olhar para o que se tem


feito no mundo, especialmente observando a trajetória da AILA, desde a sua
fundação, quando as atividades propostas ainda se restringiam a linguistas e
professores de idiomas na Europa, até hoje, quando há várias redes regionais, como
AILA Leste Asiático, AILA Europa, AILA Arábia, AILA América Latina, cada qual com
suas especificidades. Além dessas, a AILA tem promovido uma série de ações,
como a organização do Congresso Mundial, o estabelecimento e o apoio de Redes
de Pesquisa (ReNs), com vistas à consecução dos seus objetivos, quais sejam:

contribuir ativamente para o desenvolvimento de todas as áreas temáticas


da linguística aplicada; promover o intercâmbio de conhecimento científico e
experiência prática, estimulando a cooperação internacional, promovendo o
pluralismo de idiomas e apoiando a linguística aplicada em países em
desenvolvimento7

A agenda também nos exige observar o que se tem feito em nível nacional e,
nesse sentido, importa considerar as ações da ALAB, desde a sua função em 1990,

6
Informação disponível em <https://www.pucsp.br/pos-graduacao/mestrado-e-doutorado/linguistica-
aplicada-e-estudos-da-linguagem#historia>. Acesso em 28/11/2018
7
Informações disponíveis no site da AILA: < https://aila.info/about/>. Acesso em 10 dez. 2018.
8

para a consolidação da área em nosso país. Considerando o objetivo geral da ALAB,


que é fomentar pesquisas “de usos situados da linguagem nas diversas esferas do
meio social”8, e seus objetivos específicos9, há que se reconhecer uma necessidade
premente de internacionalização de suas ações, no sentido de proporcionar diálogo
com a AILA, o que sinaliza para a importância de redes de pesquisa.
Esboçar uma agenda da pesquisa em LA significa também retomar vozes de
pesquisadores que trouxeram contribuições importantes em relação à trajetória da
área e à constituição de sua identidade, a partir das quais buscamos trazer os temas
relevantes atualmente no quadro da LA. Nesse sentido, para além de reforçar o que
Kleiman (2013, p. 39-40) aponta diante de tudo o que já se escreveu a respeito – a
presença de uma constante que é o movimento de afirmação da LA em relação à
Linguística, por meio da transdisciplinaridade – pretendemos apresentar dados
atuais sobre pesquisas realizadas no interior das linhas dos Programas de Pós-
Graduação existentes em nosso país, a fim de verificar quais temas estão na
agenda desses programas. Para tanto, contamos com informações da Plataforma
Sucupira, da Capes e também dos sites de Programas de Pós-Graduação em LA.
Desse modo, é por meio de pesquisa documental realizada nos sites dos programas
e do acesso à base de dados da Capes que aponta sete (7) ocorrências de
Programas de Pós-Graduação em LA, que apresentamos os dados a seguir.

Figura 1: Resultado da busca por Programa de Pós em Linguística Aplicada

8
Informações disponíveis no site da ALAB: < https://alab.org.br/historia/>. Acesso em 10 dez. 2018.
9
Informações disponíveis no site da ALAB: < https://alab.org.br/historia/>. Acesso em 10 dez. 2018.
9

Fonte: Plataforma Sucupira/Capes. Acesso em 10 dez. 2018.

A primeira10 ocorrência é a do Programa Interdisciplinar de Linguística


Aplicada da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a
UFRJ, que já destaca, no início do texto com informações sobre o programa, a
ampliação de seu horizonte de pesquisas, antes focadas em ensino-aprendizagem
de línguas, para diversas práticas de letramento não exclusivamente escolares.
Nesse sentido, o programa busca compreender os “processos de uso da linguagem
e de construção de sentido, tanto no nível micro como no macro, em diferentes
contextos sociais (institucionalizados ou não) e em diversos momentos históricos” 11,
reconhecendo que, para se estudar a linguagem como prática social nesses
diferentes contextos, é necessário promover “diálogo entre várias áreas do
conhecimento tais como Estudos da Linguagem, Literatura, Psicologia, Educação,
Antropologia, Sociologia, Estudos Culturais, História e Filosofia, entre outros”.
Para dar conta da proposta, o programa apresenta três linhas de pesquisa,
reunidas na área de concentração de Discurso e interação: 1) Discurso
e letramentos, com vistas a investigar “processos de interação com textos (orais,
escritos, imagéticos, musicais, digitais etc.) e de produção de significado em tempos
de globalização, que forjam contextos culturais complexos (tradicionais e

10
A ordenação posta nesta seção é a mesma que aparece na pesquisa realizada na base de dados
da Capes.
11
Informações disponíveis no site: <http://www.poslaplicada.letras.ufrj.br/pt/o-programa>. Acesso em
10 dez. 2018.
10

periféricos) de construção de conhecimento”; 2) Discurso e práticas sociais, para


estudar “processos multissemióticos de produção, circulação, e interpretação de
significado em contextos socioculturais cada vez mais móveis e dinâmicos, tendo em
vista os processos de globalização”, voltando-se também a “performances
identitárias e alteritárias, frequentemente considerando o entrelaçamento de
subjetividades e tecnologias na constituição de si-mesmos e outros
contemporâneos”; 3) Discurso e transculturalidade, a fim de investigar “cenários
linguístico-culturais cada vez mais complexos desencadeados por múltiplos
movimentos de migração, diáspora e globalização”.
O segundo registro de Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada
é o da Universidade Estadual do Ceará, que foi criado em 1998 para o curso de
mestrado, sendo o doutorado iniciado em 2011. O programa conta hoje com três
linhas de pesquisa. A primeira delas é Linguagem, Tecnologia e Ensino e objetiva
compreender as relações entre letramento, tecnologias e as esferas educativas. A
segunda, Multilinguagem, Cognição e Interação, busca “investigar as relações entre
linguagem e cognição sob três perspectivas complementares em ambientes
multilíngues”12. Já a terceira, Estudos Críticos da Linguagem, busca compreender as
“operações ideológicas do discurso e as relações de poder nelas implicadas”.
Outro Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada é o da
Universidade de Brasília, o PPGLA, criado em 1999 e vinculado ao Departamento de
Línguas Estrangerias e Tradução do Instituto de Letras da universidade. Esse
programa tem como área de concentração “Práticas e teorias no ensino-
aprendizagem de línguas” que apresenta duas linhas de pesquisa, quais sejam: 1)
Processos formativos de professores e aprendizes de línguas, que tem em vista os
processos de ensino, de aprendizagem e de avaliação de línguas em contextos
formais ou não; 2) Língua e cultura na competência comunicativa, que tem como
objetivo de descrever e pensar teoricamente a “inter-relação e interdependência
entre o conhecimento linguístico e o conhecimento cultural, especialmente em
relação à sua relevância no processo e construção da competência comunicativa na
nova língua”.13

12
Informação disponível em <http://www.uece.br/posla/index.php/linhas-de-pesquisa> Acesso em 10
dez.2018.
13
Informação disponível em
<http://www.pgla.unb.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=422&lang=pt>.
Acesso em 10 dez.18.
11

Na Universidade Estadual de Campinas, há também o Programa de Pós-


Graduação em Linguística Aplicada (PPG-LA) que teve início em 1987, com o curso
de Mestrado. No ano de 1993, foi aprovado o curso de Doutorado. O programa
possui duas áreas de concentração – sendo uma a de Linguagem e Educação e a
outra de Linguagem e Sociedade. Já as linhas de pesquisa são, ao todo, quatro: 1.
Linguagens e Tecnologias: Estudos da linguagem com ênfase na sua relação com
as diferentes mediações tecnológicas; 2. Linguagens e Educação Linguística:
Estudos da linguagem com ênfase em questões ligadas ao ensino-aprendizagem de
línguas; 3. Linguagens, Culturas e Identidades: Estudos da linguagem com ênfase
em questões culturais e identitárias; 4. Linguagem e Tradução: Estudos da
linguagem com ênfase em teorias de tradução e análises de práticas tradutórias.
Outra ocorrência é a do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada
da Universidade de Taubaté (UNITAU), que teve início em 1996 e mantém-se até
hoje com o curso de mestrado. Tem como área de concentração “Língua materna e
línguas estrangeiras” e apresenta três linhas de pesquisa: 1) Ensino e Aprendizagem
de Línguas; 2) Formação de Professores de Línguas; e 3) Processos Discursivos da
Linguagem Verbal e Não Verbal.
Também a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) possui um
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, que tem como enfoque as
tecnologias e os processos interacionais e que, para dar conta disso, apresenta três
linhas de pesquisa. A primeira, de Linguagem e Práticas Escolares, tem em vista a
investigação de “práticas discursivas e interacionais no contexto da escola, levando
em conta sua relação com o contexto histórico e sociocultural” 14; a segunda, de
Texto, Léxico e Tecnologia, visa ao estudo de fenômenos linguísticos e discursivos
em contextos interacionais, especialmente enfocando as tecnologias; já a terceira,
de Interação e Práticas Discursivas, se preocupa com “fenômenos interacionais e
discursivos envolvidos no âmbito da interação social, em diferentes contextos como:
empresa, família, escola, hospitais, consultórios, entre outros”.
Por fim, mas não menos importante, mesmo porque se trata do primeiro
programa em LA no Brasil, criado em 1970: o Programa de Estudos Pós-Graduados
em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Atualmente denominado LAEL,
esse programa vem contribuindo com os estudos em LA por meio de suas cinco

14
Informação disponível em <http://www.unisinos.br/mestrado-e-doutorado/linguistica-
aplicada/presencial/sao-leopoldo>. Acesso em 10/12/18.
12

linhas de pesquisa – Linguagem e Educação, Linguagem e Patologias da


Linguagem, Linguagem e Trabalho e Linguagem e Tecnologias e também por meio
do Intercâmbio de Pesquisa em Linguística Aplicada, o InPLA, evento organizado
pelo programa desde a sua primeira edição em 1990 e realizado de forma bienal,
tendo, recentemente, a sua 21ª edição. Reunidas na área de concentração da
Linguística, estão as seguintes linhas de pesquisa: Linguagem e Educação, que visa
à investigação de práticas sociais e discursivas em contexto educacional e de
construção de identidades; Linguagem e Patologias da Linguagem, que se dedica ao
estudo das relações entre a produção e a percepção de fala, voz e canto e também
ao estudo de aspectos ligados à aquisição, às patologias e à clínica de linguagem;
Linguagem e Trabalho, que se volta aos estudos textuais e discursivos em uma
abordagem discursiva e/ou enunciativa e também aos estudos da linguagem em
uso; e, por fim, a linha de Linguagem e Tecnologias que se dedica aos estudos das
tecnologias da fala, das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem de línguas
e também aos estudos da linguagem forense, especialmente envolvendo teorias e
técnicas linguísticas para resolver questões relativas a esse contexto.
Como podemos ver, os temas em estudo nas linhas de pesquisa dos
Programas de Pós-Graduação em LA brasileiros giram em torno da dinâmica
discursiva em que se envolvem os participantes das práticas sociais que são objeto
de estudo nos projetos desenvolvidos em suas linhas de pesquisa, o que nos
permite compreender a composição de programas voltados para os desafios da
contemporaneidade.
Tendo, portanto, elencado a agenda de pesquisa em LA no contexto
acadêmico do Brasil, nos voltamos aos limites e interfaces da LA. Esse é o tema da
seção a seguir.

4 LIMITES E INTERFACES

A partir das “viradas” da LA (MOITA LOPES, 2009) discutidas anteriormente,


novos focos de pesquisa e novas concepções de linguagem passaram a embasar os
estudos nessa área. Como vimos, ao perceber a complexidade das dinâmicas
linguísticas do mundo social, os pesquisadores notaram a insuficiência da teoria
linguística em fornecer as bases para a compreensão dos fenômenos estudados,
13

pois, muito frequentemente, “[...] os limites disciplinares não dão conta da


complexidade do que se estuda” (MOITA LOPES, 1998, p. 113).
Para ilustrar esse argumento, tomemos como exemplo o contexto do ensino-
aprendizagem de línguas, principal tema de pesquisa na área de LA no Brasil
(JORDÃO, 2016). Ao analisar, por exemplo, o ensino-aprendizagem de uma língua
estrangeira para crianças em nosso país, é preciso considerar aspectos sociais (e.g.
o acesso ao aprendizado de uma língua estrangeira, principalmente em contextos de
ensino público), psicológicos (e.g. questões cognitivas que envolvem o aprendizado
de uma língua estrangeira na infância), políticos (e.g. as políticas linguísticas e
educacionais vigentes em nosso país) e sociológicos (e.g. os papéis assumidos por
determinadas línguas na atualidade) (cf. MERLO, 2018); questões que estão fora do
escopo de uma teoria essencialmente linguística. Assim, a “formulação reducionista
e unidirecional de que as teorias linguísticas forneceriam a solução para os
problemas relativos à linguagem com que se defrontam professores e alunos em
sala de aula” (MOITA LOPES, 2006a, p. 18) é, nas palavras de Moita Lopes (Ibid.),
simplista, pois “tal processo está sob contingências outras que nenhuma teoria
linguística pode contemplar [...]” (op. cit.).
A partir desse entendimento, os pesquisadores passaram a construir, em
suas teorizações, uma base multidisciplinar que dê conta dos procedimentos de
análises próprios da LA, ressignificando sua relação com outros campos do
conhecimento. Autores tais como Cavalcanti (1986) e Almeida Filho (1991) já
ressaltavam o caráter interdisciplinar da LA. Nessa mesma visão, Celani (1992, p.
21) explica que

[...] embora a linguagem esteja no centro da LA, esta não é


necessariamente dominada pela Linguística. Em uma representação gráfica
da relação da LA com outras disciplinas com as quais ela se relaciona, a LA
não apareceria na ponta de uma seta partindo da Linguística. Estaria
provavelmente no centro do gráfico, com setas bidirecionais dela partindo
para um número aberto de disciplinas relacionadas com a linguagem, entre
as quais estaria a Linguística, em pé de igualdade, conforme a situação,
com a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, a Pedagogia ou a tradução.

A ilustração que abre este capítulo foi elaborada com base no pensamento de
Celani acima. Entendemos, a partir dessa visão, que a LA não prescinde das
teorizações linguísticas (MOITA LOPES, 2009), mas a Linguística se torna apenas
mais uma das disciplinas com as quais a LA se articula.
14

Ao refletir sobre a perspectiva metodológica da LA, que busca subsídios em


diferentes áreas do conhecimento para analisar seu objeto de pesquisa, Celani
(1998, p. 17) observa que “em uma postura multi/pluri/interdisciplinar, disciplinas
plurais colaboram no estudo de um objeto, de um campo, de um objetivo (DURAND,
1993), em uma situação de integração” (itálico no original). Ou seja, nessa visão, os
campos do saber dialogam, mas não se atravessam, não se “contaminam”. Para a
autora, portanto, a perspectiva que mais bem descreve a LA é a
transdisciplinaridade, que, em suas palavras, “envolve mais do que a justaposição
de ramos do saber. Envolve a coexistência em um estado de interação dinâmica [...]”
(CELANI, 1998, p. 117, itálico no original). Essa “interação dinâmica” se dá pelo
atravessamento e contaminação da LA por outros campos do saber, contribuindo
para que esta tenha se configurado “como uma espécie de interface que avança por
zonas fronteiriças de diferentes disciplinas” (SIGNORINI, 1998, p. 90) na busca pela
compreensão das especificidades de seu objeto de pesquisa - “o estudo de práticas
específicas de uso da linguagem em contextos específicos” (Ibid., p. 91).
Conforme vimos na seção anterior, alguns campos do saber com os quais a
LA interage são a Filosofia, a Sociologia e a Política, a Antropologia, a História, a
Educação, a Psicologia, as Análises de Discurso, a Geografia, a Comunicação e a
Estatística (CELANI, 1992; ROJO, 2006; MOITA LOPES, 2009). Assim, Cavalcanti
(1986) explica que ao identificar uma questão de uso da linguagem em determinado
contexto, o linguista aplicado deve partir em busca de subsídios em áreas relevantes
para a compreensão daquele fenômeno, para então elaborar a análise da questão e
sugerir encaminhamentos futuros. Considerando a complexidade do objeto de
pesquisa da LA, podemos afirmar, com base em Signorini (1998, p. 91), que
qualquer outra perspectiva epistemológica que não opere de maneira transdisciplinar
será reducionista, visando a uma “demonstração pura e simples do poder explicativo
(ou operatório) de dado aparelho conceitual”.
No entanto, conforme observa Celani (1998) ao considerar a
compartimentalização do saber acadêmico, a transdisciplinaridade na LA é
frequentemente vista como “fraqueza” científica de uma disciplina que não consegue
delimitar seu escopo e pretende se tornar uma “ciência de tudo”15 (DAVIES, 2007, p.
6). Além disso, questões políticas e institucionais entram em jogo quando se propõe

15
Todas as traduções presentes neste capítulo são de nossa responsabilidade.
15

um diálogo transdisciplinar na academia. A esse respeito, Moita Lopes (1998, p.


103) pontua que

Áreas de investigação disciplinares são mais facilmente


departamentalizadas e se adequam com facilidade ao mundo universitário
como ele é [...]. [...] as práticas de pesquisa interdisciplinares, por não
constituírem disciplinas, constituem, na verdade, INdisciplina, e suscitam,
portanto, problemas institucionais”.

É por essas razões que o autor (2006a; 2006b; 2009) advoga por uma LA
indisciplinar, ou seja, por um “processo transdisciplinar de produção de
conhecimento” (Ibid. 2006b, p. 97) que ultrapassa as fronteiras criadas pela
disciplinas acadêmicas. De modo similar, Pennycook (2001) e compreende a LA
como postura crítica, ou seja, como prática problematizadora, que possibilita uma
“abordagem mutável e dinâmica para as questões da linguagem em contextos
múltiplos” (PENNYCOOK, 2006, p. 67). Para ele, a LA é uma forma de
“antidisciplina”, que transgride a fixidez das ciências por seus modos de produzir
conhecimento.
Em diálogo com os autores acima, Fabrício (2006, p. 62) advoga por uma
visão positiva da transdisciplinaridade em LA. Para a autora, “[...] não devemos ver a
multiplicidade de construtos presentes em uma LA híbrida e inter/transdisciplinar
com temor pelo risco de perda das especificidades da área ou de sua essência”.
Nessa mesma visão, Jordão (2016, p. 13) afirma que, a partir da integração com
diferentes áreas do conhecimento,

[...] A LA constitui-se em um espaço epistemológico e ontológico no qual


tanto as diferenças entre as várias áreas do conhecimento, quanto a
necessidade de relação entre as áreas, apontam para as limitações de uma
“história única” (ADICHE, 2009), de uma perspectiva única. A LA, desse
modo, caracteriza-se por ser uma área que concebe a diferença como
produtiva e engaja-se com ela. A relação de alteridade da LA funda-se,
portanto, numa concepção híbrida e aberta de conhecimento, na qual o
contato com outras áreas é uma oportunidade de reconhecer-se nelas, e ao
mesmo tempo de perceber a própria alteridade da própria identidade, sem
que isso signifique “perder” a própria identidade: ao contrário, isso significa
performar a identidade cotidianamente.

Assim, ao valorizar o intercâmbio epistemológico, a LA contribui para


ressignificar a própria concepção de conhecimento, que é transdisciplinar por
excelência, mas que, em nome da ciência, foi dissecado, segmentado e organizado
em “reinos” (CELANI, 1998, p. 126). A interação transdisciplinar contribui também
para que a LA esteja em constante diálogo consigo mesma, e, partindo da assunção
de “suas escolhas ideológicas, políticas e éticas, submete a reexame e a
16

estranhamentos contínuos não só suas construções, como também os ‘vestígios’ de


práticas modernas, iluministas ou coloniais nelas presentes” (FABRÍCIO, 2006, p.
50-51, aspas no original). Muito mais que “fraqueza” disciplinar, a indisciplina da LA
em se conformar com perspectivas únicas demonstra a força desse campo que,
engajado em práticas constantes de performatividade identitária, possibilita que o
conhecimento científico possibilite a apresentação de alternativas para se
compreender o mundo contemporâneo, “ao mesmo tempo em que descreve a vida
social e as formas de conhecê-la” (MOITA LOPES, 2006a, p. 27).

5 PARA ONDE VAMOS

‘Desaprender’ a noção de negatividade atribuída à mestiçagem e apostar na fluidez e nos entre-


espaços como um modo privilegiado de construção de conhecimento sobre a vida contemporânea é,
assim, um grande desafio. É para esse não lugar que a LA parece caminhar.

Branca Falabella Fabrício, Linguística Aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em


curso.

Neste capítulo, buscamos traçar um panorama histórico dos eventos que


contribuíram para a emergência da LA contemporânea, principalmente no Brasil.
Elaboramos, também, um panorama dos estudos atuais em desenvolvimento nos
Programas de Pós-Graduação em LA nacionais, além de ponderarmos sobre a
transdisciplinaridade, traço essencial das pesquisas em LA que visem cooperar na
compreensão de questões sociais nas quais a linguagem tem papel central (MOITA
LOPES, 2006a).
Em que pesem as limitações de espaço que o texto nos imprime, cremos que
a narrativa aqui construída possa contribuir para um melhor entendimento sobre os
lugares ocupados pela LA. Vimos que, ao longo de sua história, a LA tem se
caracterizado por seu caráter problematizador, trans/indisciplinar, ressignificando
concepções de linguagem e de conhecimento ao lidar com a complexidade de seu
objeto de estudo. Entre rumos e passagens, a LA tem caminhado de seu lugar na
Linguística para um “não lugar” nos estudos de linguagem, no qual as linhas que
delimitam as fronteiras do conhecimento são móveis, fluidas e enfraquecidas.
17

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA FILHO, J.C.P. Maneiras de compreender linguística aplicada. Revista do


Instituto de Letras da PUCCAMP, Campinas, n.2, p. 7-14, 1991. Disponível em
<https://periodicos.ufsm.br/letras/article/viewFile/11407/6882>. Acesso em
27/11/2018.

CAVALCANTI, M.C. A propósito de linguística aplicada. Trabalhos em Linguística


Aplicada, Campinas, n.7, p. 5-12, 1986.

CELANI, M.A.A. Afinal, o que é Linguística Aplicada? In: PASCHOAL, M.S.Z.;


CELANI, M.A.A. (org.) Linguística Aplicada: da aplicação da linguística à linguística
aplicada transdisciplinar. São Paulo: Educ, 1992. p. 15-23.
______. Trandisciplinaridade na Linguística Aplicada no Brasil. In: SIGNORINI, I.;
CAVALCANTI, M.C. (org.) Linguística Aplicada e transdisciplinaridade: questões e
perspectivas. Campinas: Mercado de Letras, 1998. p. 115-126.
COOK, G. Applied Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2003.
DAVIES, A. An introduction of Applied Linguistics: from practice to theory. 2. ed.
Edinburgh: Edinburgh University Press, 2007.
DE BOT, K. A history of applied linguistics: from 1980 to the present. New York:
Routledge, 2015.
FABRÍCIO, B.F. Linguística Aplicada como espaço de ‘desaprendizagem’:
redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L.P. (org.) Por uma linguística aplicada
INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 45-66.
JORDÃO, C.M. Apresentação: de rumos e passagens. In: ______. A linguística
aplicada no Brasil: rumos e passagens. Campinas: Pontes editores, 2016. p. 11-13.
KLEIMAN, A.B. O estatuto disciplinar da Linguística Aplicada: o traçado de um
percurso, um rumo para o debate. In: SIGNORINI, I.; CAVALCANTI, M.C. (org.)
Linguística Aplicada e transdisciplinaridade: questões e perspectivas. Campinas:
Mercado de Letras, 1998. p. 47-70.
______. Agenda de pesquisa e ação em Linguística Aplicada: problematizações. In:
MOITA LOPES, L.P. (org.) Linguística Aplicada na modernidade recente: festschirft
para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. p. 39-58.
KUMARAVADIVELU, B. A Linguística Aplicada na era da globalização. In: MOITA
LOPES, L.P. (org.) Por uma linguística aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola
Editorial, 2006. p. 129-148.
MERLO, M. C. R. 2018. Inglês para crianças é para inglês ver? Políticas linguísticas,
formação docente e educação linguística nas séries iniciais do ensino fundamental
18

no Espírito Santo. Vitória, ES. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do


Espírito Santo, 272 p.
MOITA LOPES, L.P. Oficina de linguística aplicada. Campinas: Mercado de Letras,
1996.
______. A transdisciplinaridade é possível em Linguística Aplicada? In: SIGNORINI,
I.; CAVALCANTI, M.C. (org.) Linguística Aplicada e transdisciplinaridade: questões e
perspectivas. Campinas: Mercado de Letras, 1998. p. 101-114.
______. Uma Linguística Aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como
linguista aplicado. In: ______. (org.) Por uma linguística aplicada INdisciplinar. São
Paulo: Parábola Editorial, 2006a. p. 13-44.
______. Linguística Aplicada e vida contemporânea: problematização dos construtos
que têm orientado a pesquisa. In: ______. (org.) Por uma linguística aplicada
INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006b. p. 85-108.

______. Da aplicação de Linguística à Linguística Aplicada Indisciplinar. In:


PEREIRA, R.C.; ROCA, P. (org.) Linguística aplicada: um caminho com diferentes
acessos. São Paulo: Contexto, 2009. p. 11-24.
MOTTA-ROTH, D.; SELBACH, H.V.; FLORÊNCIO, J.A. Conversações
indisciplinares na linguística aplicada brasileira entre 2005-2015. In: JORDÃO, C.M.
A linguística aplicada no Brasil: rumos e passagens. Campinas: Pontes editores,
2016. p. 17-57.
NICHOLAS, H.; STARKS, D. Language Education and Applied Linguistics: bridging
the two fields. New York: Routledge, 2014.
PENNYCOOK, A. Critical applied linguistics: a critical introduction. Mahwah:
Lawrence Erlbaum Associates, 2001.
______. Uma Linguística Aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES, L.P. (org.) Por
uma linguística aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 67-84.
RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão
ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
______. Repensar o papel da Linguística Aplicada. In: MOITA LOPES, L.P. (org.)
Por uma linguística aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
p.149-168.
RAMPTON, B. Continuidade e mudança nas visões de sociedade em Linguística
Aplicada. In: MOITA LOPES, L.P. (org.) Por uma linguística aplicada INdisciplinar.
São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 109-128.
ROJO, R.H.R. Fazer Linguística Aplicada em perspectiva sócio-histórica: privação
sofrida e leveza de pensamento. In: MOITA LOPES, L.P. (org.) Por uma linguística
aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 253-276.

SIGNORINI, I. Do residual ao múltiplo e ao complexo: o objeto da pesquisa em


Linguística Aplicada. In: SIGNORINI, I.; CAVALCANTI, M.C. (org.) Linguística
19

Aplicada e transdisciplinaridade: questões e perspectivas. Campinas: Mercado de


Letras, 1998. p. 89-98.
______.; CAVALCANTI, M.C. Introdução. In: ______. (org.) Linguística Aplicada e
transdisciplinaridade: questões e perspectivas. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
p. 7-18.
WEEDWOOD, B. História Concisa da Linguística. São Paulo: Parábola Editorial,
2002.

Você também pode gostar