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BELO HORIZONTE-MG
PREFEITURA DE BELO HORIZONTE -
MINAS GERAIS - MG

Fiscal de Controle
Urbanístico e Ambiental

EDITAL 01/2023

CÓD: SL-037MR-23
7908433233886
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos.................................................................................................................................... 7
2. Gêneros e tipos de textos........................................................................................................................................................... 8
3. Variação linguística: diversidade de usos da língua.................................................................................................................... 8
4. Discursos direto, indireto e indireto livre. . ................................................................................................................................ 9
5. Coerência e coesão textuais....................................................................................................................................................... 11
6. Estratégias argumentativas......................................................................................................................................................... 12
7. Processos de formação de palavras............................................................................................................................................ 18

Raciocínio Lógico Quantitativo e Matemático


1. Noções básicas da lógica matemática: proposições, conectivos. ............................................................................................... 25
2. equivalência................................................................................................................................................................................. 26
3. implicação lógica.......................................................................................................................................................................... 31
4. argumentos válidos, problemas com tabelas e argumentação.................................................................................................... 33
5. Linguagem dos conjuntos: Notação e representação de conjuntos; Elementos de um conjunto e relação de pertinência;
Igualdade de conjuntos; Relação de inclusão; Subconjuntos; Conjunto unitário; Conjunto vazio; Conjuntos das partes; For-
mas e representações de conjuntos; Conjunto finito e infinito; Conjunto universo; Operações com conjuntos; União............. 40
6. Números decimais....................................................................................................................................................................... 42
7. Valor absoluto.............................................................................................................................................................................. 43
8. Propriedades no conjunto dos números naturais........................................................................................................................ 43
9. Geometria Plana e Espacial......................................................................................................................................................... 46
10. Verdades e Mentiras: resolução de problemas. Sequências (com números, com figuras, de palavras). .................................... 51
11. Análise combinatória e probabilidade......................................................................................................................................... 53
12. Problemas envolvendo raciocínio lógico...................................................................................................................................... 56

Conhecimentos Gerais e Atualidades


1. BRASIL E O MUNDO: Cultura Geral: Fatos Históricos, Políticos, Geográficos, Econômicos, Sociais e Estatísticos ocorridos nos
anos de 2017 a 2022, divulgados na mídia nacional e internacional........................................................................................... 61
2. Conhecimentos Gerais e Atualidades dos aspectos: ecológicos.................................................................................................. 61
3. Sustentabilidade.......................................................................................................................................................................... 62
4. Meio ambiente............................................................................................................................................................................ 71
5. Saúde........................................................................................................................................................................................... 74
6. Qualidade de vida........................................................................................................................................................................ 76
7. Georreferenciamento.................................................................................................................................................................. 77
8. Inovações tecnológicas e científicas............................................................................................................................................ 78
9. Saneamento básico...................................................................................................................................................................... 78
10. Gestão de resíduos sólidos.......................................................................................................................................................... 81
11. Noções de direitos constitucionais: Direitos e Garantias Fundamentais..................................................................................... 83
12. Organização do Estado................................................................................................................................................................. 92
13. Administração Pública................................................................................................................................................................. 99
14. Poderes Administrativos.............................................................................................................................................................. 106

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ÍNDICE

15. Liberdade econômica................................................................................................................................................................... 108


16. Relações de consumo.................................................................................................................................................................. 110
17. Função social da propriedade...................................................................................................................................................... 110
18. Planejamento participativo.......................................................................................................................................................... 111
19. Conferências de política urbana.................................................................................................................................................. 111
20. Estatuto da Cidade e urbanismo.................................................................................................................................................. 111
21. HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE: Formação da Cidade de Belo Horizonte: Aspectos Históricos e Formação Administrativa...... 111
22. Descrição, Cultura, Arte e Patrimônio Cultural e Tombamentos................................................................................................. 171
23. Mapas de Belo Horizonte............................................................................................................................................................. 173
24. Geografia econômica e demográfica de Belo Horizonte.............................................................................................................. 175
25. GEOGRAFIA URBANA: Características físicas e espaciais: dimensão territorial, a topografia e suas restrições e influências. A
expansão da cidade. Municípios limítrofes e conurbação. Administração Regional: divisão territorial em regionais................ 175
26. Plano Diretor: características gerais, diretrizes norteadoras....................................................................................................... 176
27. Enchentes: principais áreas de inundações; causas e consequências. Áreas de risco geológico e medidas de prevenção......... 246

Conhecimentos específicos
Fiscal de Controle Urbanístico e Ambiental
1. Noções de direitos constitucionais: Direitos e Garantias Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
2. Organização do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268
3. Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
4. Poderes Administrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281
5. Procedimento Administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283
6. Código Civil Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
7. Código Penal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 324
8. Estatuto da Cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
9. Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
10. Liberdade Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 370
11. Improbidade Administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 378

Legislação Municipal
1. Do Servidor Público Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
2. Do poder de polícia administrativa do Município e das atribuições da Fiscalização de Controle Urbanístico e Ambiental nos
enfoques preventivo, educativo, fiscalizador e repressivo nas áreas de atividades em vias urbanas, controle ambiental,
limpeza urbana, obras e posturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 396
3. Da legislação urbanística, ambiental e de limpeza urbana do município de Belo Horizonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 405
4. Da análise de casos problema, elaboração de relatórios e pareceres em relação aos conteúdos tratados neste Edital . . . . . . 405

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem menos severas.”
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito 1988.
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
evento. severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
Interpretação de Textos ou não.
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias incluídos socialmente.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
é decodificar o sentido de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Comentário da questão:
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as
texto, seja ele escrito, oral ou visual. pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
podendo ser diferente entre leitores. inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
educação, além das que não apresentam essas condições.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em temporárias”.
um texto misto (verbal e visual): Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos
deficientes.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe- Resposta: Letra B.
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos

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GÊNEROS E TIPOS DE TEXTOS VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: DIVERSIDADE DE USOS DA LÍN-


GUA.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais
são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem — Definição
e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão A língua é a expressão básica de um povo e, portanto, passa por
da estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua mudanças conforme diversos fatores, como o contexto, a época, a
classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros região, a cultura, as necessidades e as vivências do grupo e de cada
são variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos indivíduo nele inserido. A essas mudanças na língua, damos o nome
dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir de variações ou variantes linguísticas. Elas consistem nas diversas
dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. formas de expressão de um idioma de um país, tendo em vista que
Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos. a língua padrão de uma nação não é homogênea. A construção do
enunciado, a seleção das palavras e até mesmo a tonalidade da fala,
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais entre outras características, são considerados na análise de uma
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças variação linguística.
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance,
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio Confira a seguir os quatro tipos de variantes linguísticas
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos existentes.
tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto – Variações sociais (diastráticas): são as diferenças relacionadas
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais ao grupo social da pessoa que fala. As gírias, por exemplo, fazem
são: narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. parte da linguagem informal dos grupos mais jovens. Assim como
Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto ocorre com os mais novos.
as tipologias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe – Os jargões de grupos sociais específicos: outras turmas
abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se têm seu vocabulário particular, como é o caso dos capoeiristas,
inserem em cada tipo textual: por exemplo, no meio dos quais a expressão “meia-lua” tem um
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, significado bem diverso daquele que fará sentido para as pessoas
desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracterizam que não integram esse universo; o mesmo ocorre com a expressão
pela apresentação das ações de personagens em um tempo e “dar a caneta”, que, entre os futebolistas é compreendida como um
espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem tipo de driblar o adversário, bem diferente do que será assimilado
ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas pela população em geral.
e fábulas. – Os jargões profissionais: em razão dos tempos técnicos, as
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem profissões também têm bastante influência nas variantes sociais.
lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de São termos cuja utilização é restrita a um círculo profissional. Os
texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, contadores, por exemplo, usam os temos “ativo” e “passivo”
em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de para expressar ideias bem diferentes daquelas empregadas pelas
restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc. pessoas em geral.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir – Variações históricas (diacrônicas): essas variantes estão
ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição, relacionadas ao desenvolvimento da história. Determinadas
conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, expressões deixar de existir, enquanto outras surgem e outras se
jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos transformam conforme o tempo foi passando. Exemplos:
expositivos. – Vocabulário: a palavra defluxo foi substituída, com o tempo,
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo por resfriado; o uso da mesóclise era muito comum no século XIX,
de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é, hoje, não se usa mais.
caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é – Grafia: as reformas ortográficas são bastante regulares,
composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos sendo que, na de 1911, uma das mudanças mais significativas foi
argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e a substituição do ph por f (pharmácia – farmácia) e, na de 2016, a
abaixo-assinado. queda do trema foi apenas uma delas (bilíngüe – bilingue).
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de – Variações geográficas (diatópicas): essa variante está
orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor relacionada com à região em que é gerada, assim como ocorre o
procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de português brasileiro e os usos que se fazem da língua portuguesa
verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem em Angola ou em Portugal, denominadas regionalismo. No
a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais contexto nacional, especialmente no Brasil, as variações léxicas, de
de instruções, entre outros. fonemas são abundantes. No interior de um estado elas também
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir são recorrentes.
o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma, – Exemplos: “abóbora”, “jerimum” e “moranga” são três
impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele formas diferentes de se denominar um mesmo fruto, que
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de dependem da região onde ele se encontra. Exemplo semelhante é
texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos. o da “mandioca”, que recebe o nome de “macaxeira” ou mesmo
de “aipim”.
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– Variações situacionais (diafásicas): também chamadas de protestar


variações estilísticas, referem-se ao contexto que requer a adaptação reclamar
da fala ou ao estilo dela. É o caso das questões de linguagem formal repetir
e informal, adequação à norma-padrão ou descaso com seu uso. replicar
A utilização de expressões aprimoradas e a obediência às normas- responder
padrão da língua remetem à linguagem culta, oposta à linguagem retrucar
coloquial. Na fala, a tonalidade da voz também importante. Dessa solicitar
forma, a maneira de se comunicar informalmente e a escolha
vocabular não serão, naturalmente, semelhantes em ocasiões Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar
como uma entrevista de emprego. Essas variações observam o atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
contexto da interação social, considerando tanto o ambiente em gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-
que a comunicação se dá quanto as expectativas dos envolvidos. tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
DISCURSOS DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE.
Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos-
Discurso direto sas vidas.
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão)
ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa. entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com- seguir:
pletamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu: Estilo 1:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é João perguntou:
o seu marido que os outros querem ir para casa. — Que tal o carro?
(Stanislaw Ponte Preta)
Estilo 2:
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro- João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará- Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
grafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, Estilo 3:
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de Verbos de elocução no meio da fala:
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco- — Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o
etes pessoais. carro.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou — Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa-
gem. Verbos de elocução no fim da fala:
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são: — Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente
acrescentar João.
afirmar — Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
concordar
consentir Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
contestar travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos:
continuar — Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu
declamar filho. (Machado de Assis)
determinar — Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse
dizer ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis)
esclarecer — Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta
exclamar e oito. (Machado de Assis)
explicar — Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
gritar
indagar Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla-
insistir mativas:
interrogar — Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com
interromper insistência. (Machado de Assis)
intervir — Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
mandar — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
ordenar, pedir
perguntar Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
prosseguir culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
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Discurso indireto Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros


No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen- tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar, construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de- dificuldade.
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da Discurso Direto
personagem na voz do narrador.
• Presente
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava A enfermeira afirmou:
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo. – É uma menina.
(Ciro dos Anjos)
• Pretérito perfeito
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; – Já esperei demais, retrucou com indignação.
respondeu-me que não.
(Machado de Assis) • Futuro do presente
Pedrinho gritou:
Discurso indireto livre – Não sairei do carro.
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso • Imperativo
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, Olhou-a e disse secamente:
o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das – Deixe-me em paz.
personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde Outras alterações
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador. • Primeira ou segunda pessoa
As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen- Maria disse:
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa- – Não quero sair com Roberto hoje.
gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes • Vocativo
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse – Você quer café, João?, perguntou a prima.
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
ritmo que confere ao texto. • Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa • Forma interrogativa ou imperativa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. – E o amarelo?
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
cadeia por que ele não sabe falar direito? • Advérbios de lugar e de tempo
(Graciliano Ramos) aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
• Pronomes demonstrativos e possessivos
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur- essa(s), esta(s)
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em esse(s), este(s)
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto isso, isto
livre: Era bruto, sim. meu, minha
teu, tua
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte- nosso, nossa
rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-
tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente
nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra-
dor.

Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se
a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O
domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar
corretamente os tipos de discurso na redação.
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Discurso Indireto – Comparativa: emprego de comparações com base em


semelhanças.
• Pretérito imperfeito Exemplo:
A enfermeira afirmou que era uma menina. “Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência
• Futuro do pretérito comparativa endofórica.
Pedrinho gritou que não sairia do carro.
• Pretérito mais-que-perfeito – Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera- demonstrativos.
do) demais. Exemplo:
• Pretérito imperfeito do subjuntivo “Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.”
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz. Temos uma referência demonstrativa catafórica.
Outras alterações
• Terceira pessoa – Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia. nome, verbo ou frase, por outro, para que ele não seja repetido.
• Objeto indireto na oração principal Analise o exemplo:
A prima perguntou a João se ele queria café. “Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é
pelo amarelo. evidente principalmente no fato de que a substituição adiciona ao
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia ante- texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o
rior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo, pronome pessoal retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas) quaisquer informações ao texto.

– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual –


COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAIS. nominal, verbal ou frasal – por meio da figura denominando eclipse.
Exemplo:
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que
— Definições e diferenciação proporciona o entendimento da segunda oração, pois o leitor fica
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um ciente de que o locutor está procurando por Ana.
texto coeso pode ser incoerente, e vice-versa. O que existe em comum
entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais – Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
para uma produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão Exemplo:
textual se volta para as questões gramaticais, isto é, na articulação “Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente
interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação aconteceu.” Conjunção concessiva.
externa da mensagem.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem
— Coesão Textual parte de um mesmo campo lexical ou que carregam sentido
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos,
das palavras que proporcionam a ligação entre frases, períodos e entre outros.
parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se Exemplo:
realiza por meio de palavras denominadas conectivos. “Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está
dando conta da demanda populacional.”
As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos — Coerência Textual
principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem relacionados à A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto
mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como que se origina da sua argumentação – consequência decorrente
endofóricas. Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto
o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual. redundante e contraditório, ou cujas ideias introduzidas não
apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
As regras de coesão prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as que a falta de coerência não consiste apenas na ignorância por parte
regras relacionadas abaixo sejam seguidas. dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da
emissão de ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Referência Observe os exemplos:
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos. “A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo
Exemplo: até o momento.” Aqui, temos um processo verbal acabado e um
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de inacabado.
departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal anafórica
(retoma termo já mencionado). “Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não
consomem produtos de origem animal.
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Princípios Básicos da Coerência Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e


– Relevância: as ideias têm que estar relacionadas. uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer. argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes. entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
Fatores de Coerência O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que
– As inferências: se partimos do pressuposto que os torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua
interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as inferências no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor
podem simplificar as informações. crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais
Exemplo: possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
voltagem da lavadora é 220w”. um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
enunciador está propondo.
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
que existe um local adequado para ligar determinado aparelho. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nossa postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
(roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, A é igual a B.
sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc. A é igual a C.
Exemplo: Então: C é igual a B.
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na que C é igual a A.
frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os Outro exemplo:
chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e Todo ruminante é um mamífero.
nada têm a ver com o Natal. A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão


também será verdadeira.

O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
texto diz e faça o que ele propõe. nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
vista defendidos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse entender bem como eles funcionam.
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
de linguagem. crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
escolher entre duas ou mais coisas”. com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
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Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito, Argumento de Existência
porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão
Tipos de Argumento do que dois voando”.
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concretas,
argumento. que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante a invasão
do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exército americano
Argumento de Autoridade era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa afirmação, sem
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para propagandística. No entanto, quando documentada pela comparação
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso do número de canhões, de carros de combate, de navios, etc., ganhava
produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor credibilidade.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um Argumento quase lógico
amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
Exemplo: são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausíveis.
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto,
conhecimento. Nunca o inverso. quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” não se institui
uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Alex José Periscinoto. Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente aceito
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que concorrem para
desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto,
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com fatos inadequados,
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas.
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
acreditar que é verdade. Argumento do Atributo
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
Argumento de Quantidade daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais raro
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que é
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior mais grosseiro, etc.
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
largo uso do argumento de quantidade. alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade.
Argumento do Consenso Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se competência linguística. A utilização da variante culta e formal da língua
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como que o produtor do texto conhece a norma linguística socialmente
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto em que
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dizer dá
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao confiabilidade ao que se diz.
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas maneiras
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
frases carentes de qualquer base científica. conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve por
bem determinar o internamento do governador pelo período de três
dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque alguns
deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospital por
três dias.
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Como dissemos antes, todo texto tem uma função para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é
argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, um processo de convencimento, por meio da argumentação, no
para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu
comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pensamento e seu comportamento.
pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos inflexão de voz, a mímica e até o choro.
episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
não outras, etc. Veja: expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta
trocavam abraços afetuosos.” dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação,
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão,
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento,
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, vista.
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
meio ambiente, injustiça, corrupção). Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
o argumento. essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e desenvolver as seguintes habilidades:
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, totalmente contrária;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
outros à sua dependência política e econômica”. argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
contra a argumentação proposta;
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos oposta.
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
assunto, etc). A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros sociedade.
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
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partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da - Claro que não!
dedução. - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro Exemplos de sofismas:
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Dedução
da verdade: Todo professor tem um diploma (geral, universal)
- evidência; Fulano tem um diploma (particular)
- divisão ou análise; Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
- ordem ou dedução;
- enumeração. Indução
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão (particular)
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
A forma de argumentação mais empregada na redação Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, – conclusão falsa)
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-
alguns não caracteriza a universalidade. se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
(silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo sentimentos não ditados pela razão.
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
para o efeito. Exemplo: realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Fulano é homem (premissa menor = particular) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
Logo, Fulano é mortal (conclusão) sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
sistematizar a pesquisa.
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
O calor dilata o ferro (particular) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o bronze (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O calor dilata o cobre (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O ferro, o bronze, o cobre são metais todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o
relógio estaria reconstruído.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe ser assim relacionadas:
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
- Lógico, concordo.
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A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
dos elementos que farão parte do texto. palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; - o termo a ser definido;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e - o gênero ou espécie;
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste - a diferença específica.
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou O que distingue o termo definido de outros elementos da
fenômeno. mesma espécie. Exemplo:
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos Elemento especie diferença
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a a ser definido específica
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
são empregados de modo mais ou menos convencional. A por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
artificial. p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
sabiá, torradeira. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. ou instalação”;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Os elementos desta lista foram classificados por ordem definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na expandida;d
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) diferenças).
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e palavra e seus significados.
a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
os pontos de vista sobre ele. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que fundamentação coerente e adequada.
o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.

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Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar Nesse caso, incluem-se
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e mortal, aspira à imortalidade);
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por postulados e axiomas);
indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
a conclusão. razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: que parece absurdo).
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de concretos, estatísticos ou documentais.
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, e só os
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar opinião pessoal só terá validade se fundamentada na evidência dos
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos argumentos,
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer porém, pode ser contestada por meio da contra-argumentação ou
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou refutação. São vários os processos de contra-argumentação:
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, cordeiro”;
assim, desse ponto de vista. Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração verdadeira;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, universalidade da afirmação;
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada.
menos que, melhor que, pior que. Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais para a elaboração de um Plano de Redação.
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
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Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução


tecnológica PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
resposta, justificar, criando um argumento básico; Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação (combinação de morfemas): a derivação e a composição.
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra
(rever tipos de argumentação); derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias primitiva ou radical).
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e 1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados
consequência); à palavra primitiva.
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
argumento básico; PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se inf fiel infiel
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do sobre carga sobrecarga
argumento básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma 2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo primitiva. 
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
menos a seguinte:
PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA
Introdução gol leiro goleiro
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia; feliz mente felizmente
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do
Desenvolvimento sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma
- apresentação de aspectos positivos e negativos do nova palavra.
desenvolvimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as PALAVRA
PREFIXO SUFIXO PALAVRA DERIVADA
condições de vida no mundo atual; PRIMITIVA
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
inf feliz – Infeliz
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos
países subdesenvolvidos; – feliz mente Felizmente
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; des igual – desigual
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
passado; apontar semelhanças e diferenças; – igual dade igualdade
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
urbanos; 4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo
mais a sociedade. anterior, para existência da nova palavra, ambos os acréscimos são
obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para
Conclusão originar um verbo. 
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/
consequências maléficas; PALAVRA
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos PREFIXO SUFIXO PALAVRA DERIVADA
PRIMITIVA
apresentados.
em pobre cer empobrecer
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de em trist ecer estristecer
redação: é um dos possíveis.

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5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra (A) Apenas a I está correta.
primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse (B) Apenas a I e II está correta.
origina substantivos a partir de formas verbais que expressam (C) Todas estão corretas.
uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal (D) Nenhuma das alternativas.
composição ocorre a partir da substituição da terminação verbal
formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “– 2. PREFEITURA DE CRUZEIRO-SP – PROFESSOR PEB II –
er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).” INSTITUTO EXCELÊNCIA – 2018
As variações linguísticas ocorrem principalmente nos âmbitos
VOGAL geográficos, temporais e sociais. Defina variações históricas:
VERBO RADICAL DESINÊNCIA SUBSTANTIVO (A) São variações que ocorrem de acordo com o local onde
TEMÁTICA
vivem os falantes, sofrendo sua influência. Este tipo de variação
debater debat er e debate ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas, com
sustentar sustent ar o sustento diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo assim
diferentes estruturas linguísticas.
vender vend er a venda (B) São variações que ocorrem de acordo com os hábitos e
cultura de diferentes grupos sociais. Este tipo de variação
6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na ocorre porque diferentes grupos sociais possuem diferentes
mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não conhecimentos, modos de atuação e sistemas de comunicação.
modifica sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo (C) São variações que ocorrem de acordo com o contexto
na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um ou situação em que decorre o processo comunicativo. Há
substantivo na frase “O jantar estava maravilhoso”.  momentos em que é utilizado um registro formal e outros em
que é utilizado um registro informal.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da (D) São variações que ocorrem de acordo com as diferentes
junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por épocas vividas pelos falantes, sendo possível distinguir o
justaposição ou por aglutinação.    português arcaico do português moderno, bem como diversas
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. palavras que ficam em desuso.
Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.  
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. 3. IF-SP – PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA – FUNDEP –
Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte. 2018
Associe corretamente a COLUNA I que apresenta as variações
linguísticas com seus respectivos conceitos na COLUNA II.  
QUESTÕES
COLUNA I  
1 – Variações históricas.  
1. PREFEITURA DE SANTANA DO LIVRAMENTO-RS – PROFESSOR 2 – Variações geográficas.
DE PORTUGUÊS – OMNI – 2021 3 – Variações sociais.  
Quanto à diferença entre Norma Culta e Variações Linguísticas, 4 – Variações estilísticas 
assinale a alternativa CORRETA:
I – A norma culta é indispensável e tão importante quanto COLUNA II  
as variações linguísticas. A norma culta rege um idioma, aponta ( ) Condicionam a existência de, pelo menos dois estados
caminhos e deve ser estudada na escola para que assim todos sucessivos de uso da língua: a substituta e a substituída.  
tenham acesso às diferentes formas de pensar a língua. Já as ( ) A língua sofre influências dos ambientes em que ela é
variações linguísticas comprovam a organicidade da língua: ela não aprendida e utilizada e apresenta padrões de uso da língua.  
está encerrada nos dicionários ou gramáticas; está viva, na boca do ( ) A língua serve às situações de comunicação das quais o
povo, seus verdadeiros donos.  sujeito participa, revelando diferenças notáveis.  
II – Norma culta é indispensável para o perfeito funcionamento ( ) É decorrente da extensão da comunidade linguística,
da língua na sociedade. Isso porque ela rege o idioma, ou seja, é traduzida na forma de pronunciar alguns fonemas, nas construções
em torno dela que as demais variações se tornam possíveis sendo sintáticas e nas escolhas vocabulares.  
que as variações linguísticas, é um fenômeno de variações que
acontece com a língua e pode ser compreendida por intermédio Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. 
das variações históricas e regionais.  (A) 1, 4, 2, 3
III – A norma culta resulta da adequação da expressão às (B) 4, 2, 1, 3
finalidades específicas do processo de interação verbal com base (C) 1, 2, 3, 4
no grau de reflexão sobre as formas que constituem a competência (D) 3, 1, 4, 2
comunicativa do sujeito falante, e as variações linguísticas são
o conjunto de fenômenos linguísticos variáveis que são usados
habitualmente por falantes escolarizados em situações mais
monitoradas de fala e de escrita. 

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4. AL-MT – PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA – FUNDEP – trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê
2018 de inimigos maiores. Sem pressentir que o mais temível deles anda-
Sobre as variações linguísticas em geral, pode‐se afirmar que: va por perto, em horas impróprias à deambulação de um professor
(A) Todas as variações linguísticas devem ser aprendidas na universitário.
escola. − Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madrugada?
(B) Algumas das variações linguísticas devem ser desprezadas, − Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando
por serem deficientes. todos roncam.
(C) As variações de caráter regional estão intimamente
relacionadas às variações de caráter profissional. Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de
(D) As variações são testemunhos de pouco valor cultural, mas feitio manso, mas o velho instinto cavernal acordou nele, ao sentir
que não podem ser afastados dos estudos linguísticos. qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho.
(E) A variação de maior prestígio social é a norma culta que, por Achou logo um cipó bem forte, pedindo para ser usado na caça;
isso mesmo, é ensinada como língua padrão. e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com
perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde,
5. PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS-SC – AUXILIAR DE SALA – nas profundas camadas do ser, e só permite que venha aflorar em
FEPESE – 2019 noite de lua cheia!).
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F) Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O
em relação à língua e suas variações. coitado nem teve tempo de cravar as garras no laçador. Quando
( ) As variações linguísticas são próprias da língua e estão agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E ou-
alicerçadas nas várias intenções comunicativas. tra. Era fácil para o tatu arrebentar o cipó com a força que a natu-
( ) A variedade linguística é um importante elemento de reza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu
inclusão. meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sere-
( ) A língua oficial deve ser preservada e utilizada como um no narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha comprado numa dessas
instrumento de opressão. casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na
( ) Nenhuma variante é superior à outra. Todas possuem sua rua, a um vendedor de ocasião, quando tudo se vende, desde o
função dentro de um determinado grupo social. mico à alma, se o PM não ronda perto.
Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima tatu que não se acomodou ao palmo de terra nos fundos da casa e
para baixo. tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira,
(A) V • V • V • F e lá faz greve de fome. De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite
(B) V • V • F • V perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o
(C) V • F • F • V zoológico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor
(D) F • V • V • F reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela profundamente
(E) F • F • V • F contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa
em apelar para os bombeiros a fim de demolir o metrô tão rapi-
6. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Área damente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O
Administrativa- Atenção: Para responder à questão, leia a crônica tatu tem razões de sobra para não confiar no homem e no luar do
“Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade. Corcovado.
O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que Não é fábula. Eu compreendo o tatu.
o pé do homem pisou e trocou em miúdos a Lua, mas o tatu pensa
de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do ple- (Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos. São Paulo:
nilúnio; é sensível, e muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz Companhia das Letras, 2013)
a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições
de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia, No desfecho da crônica, o cronista revela, em relação ao tatu,
quando saio precisamente para caçar? Como prover a minha sub- um sentimento de
sistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos, (A) empatia.
como entre homens, e de noite não me dão folga? (B) desconfiança.
Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do in- (C) superioridade.
terior das placas de sua couraça, em termos de português, é porque (D) soberba.
o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além (E) desdém.
de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes. A
armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não
há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.
Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de
prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só dele sabidas, capturar
vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Es-
tava imóvel, estático, fruindo o banho de luz na folhagem, essa ou-
tra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua.
Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como
quem diz, diante de um motivo de prazer: “Daqui a pouco eu vou
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7. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área 8. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci-
Administrativa- ências Jurídicas- Atenção: Considere o texto abaixo, do pensador
Melancolia e criatividade francês Voltaire (1694-1778), para responder à questão.

Desde sempre o sentimento da melancolia gozou de má fama. O preço da justiça


O melancólico é costumeiramente tomado como um ser desanima- Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como
do, depressivo, “pra baixo”, em suma: um chato que convém evitar. grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar os
Mas é uma fama injusta: há grandes melancólicos que fazem grande homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homicidas e
arte com sua melancolia, e assim preenchem a vida da gente, como matem um homem em grande aparato.
uma espécie de contrabando da tristeza que a arte transforma em Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo de ou-
beleza. “Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tra maneira, e se cabe empregar um de vossos compatriotas para
tristeza”, já defendeu o poeta Vinícius de Moraes, na letra de um massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em qualquer circuns-
conhecido samba seu. tância, condenai o criminoso a viver para ser útil: que ele trabalhe
Mas a melancolia não para nos sambas: ela desde sempre continuamente para seu país, porque ele prejudicou o seu país. É
anima a literatura, a música, a pintura, o cinema, as artes todas. preciso reparar o prejuízo; a morte não repara nada.
Anima, sim: tanto anima que a gente gosta de voltar a ver um bom Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está enganado: a
filme melancólico, revisitar um belo poema desesperançado, ouvir preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que durem toda
uma vez mais um inspirado noturno para piano. Ou seja: os artis- a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa longa e ignominio-
tas melancólicos fazem de sua melancolia a matéria-prima de uma sa pena é mais terrível que a morte, pois esta só é sentida por um
obra-prima. Sorte deles, nossa e da própria melancolia, que é as- momento”.
sim resgatada do escuro do inferno para a nitidez da forma artística Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém
bem iluminada. a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra passa-
Confira: seria possível haver uma história da arte que gem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado todos os
deixasse de falar das grandes obras melancólicas? Por certo se per- dias de sua vida a preservar uma região da inundação por meio de
deria a parte melhor do nosso humanismo criativo, que sabe fazer diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio, ou a drenar pân-
de uma dor um objeto aberto ao nosso reconhecimento prazero- tanos infestados, presta mais serviços ao Estado que um esqueleto
so. Charles Chaplin, ao conceber Carlitos, dotou essa figura huma- a pendular de uma forca numa corrente de ferro, ou desfeito em
na inesquecível da complexa composição de fracasso, melancolia, pedaços sobre uma roda de carroça.
riso, esperteza e esperança. O vagabundo sem destino, que vive a
apanhar da vida, ganhou de seu criador o condão de emocionar o (VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São
mundo não com feitos gloriosos, mas com a resistente poesia que o Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18-20)
faz enfrentar a vida munido da força interior de um melancólico dis-
posto a trilhar com determinação seu caminho, ainda que no rumo Voltaire acusa o sentido contraditório de um determinado po-
a um horizonte incerto. sicionamento ao referir-se a ele nestes segmentos:
(A) massacrar habilmente um compatriota / detestar o homi-
(Humberto Couto Villares, a publicar) cídio
(B) matem um homem / em grande aparato
No terceiro parágrafo, a personagem Carlitos é invocada para (C) Beccaria está enganado / o grande objetivo é servir o pú-
(A) dar um sentido de nobreza a todas as experiências de fra- blico
casso humano. (D) presta mais serviços ao Estado / trabalhos penosos e úteis
(B) testemunhar a determinação de um indivíduo em alcançar (E) servir ao público / preservar uma região da inundação
seus altos objetivos.
(C) indicar a possibilidade da transformação sistemática da dor 9. FCC - 2022 - SEDU-ES - Professor MaPB - Ensino Fundamental
em franca alegria. e Médio - Língua Portuguesa-
(D) personificar a complexa conjunção entre força poética e Ai de ti, Ipanema
marginalidade social.
(E) promover a felicidade que pode desfrutar quem não está Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas
comprometido com nada. mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o si-
nal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste;
porém minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma exortação
bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica e hiperbólica. “En-
tão quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois
na verdade não haverá terreno algum.”
Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da degrada-
ção e da dissolução moral de um bairro prestes a ser tragado pelo
pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em meio às abjeções e
ao vício: “E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida
das marés cobrirá tua face”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada, inofensiva e pura, era então, como Ipanema seria depois, a síntese mítica do
hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma metonímia.
No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não contaminado ainda pelos plenos pecados, eram tempos idílicos e pastorais, a era da
inocência, da bossa nova, dos anos dourados de JK, de Garrincha. Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que perdeste a inocência e o sossego,
e tomaste o lugar de Copacabana, e não percebeste os sinais que não são mais simbólicos: o emissário submarino se rompendo, as águas
poluídas, as valas negras, as agressões, os assaltos, o medo e a morte.

(Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)

Ao qualificar a linguagem de Rubem Braga em sua crônica “Ai de ti, Copacabana”, Zuenir Ventura se vale dos termos exortação e con-
denação, para reconhecer no texto do Velho Braga,
(A) a tonalidade grave de uma invectiva.
(B) a informalidade de um discurso emocional.
(C) o coloquialismo de um lírico confessional.
(D) a retórica argumentativa dos clássicos.
(E) a força épica de uma celebração.

10. FCC - 2022 - PGE-AM - Assistente Procuratorial- Atenção: Examine a tirinha de Fernando Gonsales para responder à questão:

Para obter seu efeito de humor, a tirinha explora a ambiguidade do seguinte termo:
(A) leitor
(B) interessante.
(C) livro.
(D) prende.
(E) é.

11. (AL-AP - AUXILIAR LEGISLATIVO - AUXILIAR OPERACIONAL – FCC – 2020)

Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


Tão simples, tão certa, tão fácil:
− Em que espelho ficou perdida
a minha face?

(Cecília Meirelles)

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LÍNGUA PORTUGUESA

− Em que espelho ficou perdida a minha face? (3ª estrofe) monotonia é um dos elementos mais grandiosos do sublime. É in-
Caso a frase acima seja transposta para o discurso indireto, o contestável que Dante e o Amazonas são igualmente monótonos.
elemento sublinhado assumirá a seguinte forma: Pra gente gozar um bocado e perceber a variedade que tem nessas
(A) ficasse. monotonias do sublime carece limitar em molduras mirins a sen-
(B) ficará. sação. Então acha uma lindeza os barcos veleiros coloridos e acha
(C) ficou. cotuba a morte dos pretendentes, se prende ao horizonte plantado
(D) ficava. de árvores que a refração apara do firme das ilhas e ao livro de Jó. A
(E) ficara. foz do Amazonas é tão ingente que blefa a grandeza. Wordsworth,
o quarteirão dos cinemas no Rio, “I Juca-Pirama ” são muito mais
12. ( PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG – AGENTE COMUNITÁ- grandiosos.
RIO DE SAÚDE – FCM – 2019) Mas quando Belém principia diminuindo a vista larga a bonite-
Texto za surge outra vez. Chegamos lá antes da chuva e o calor era tanto
“Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e, que vinha dos mercados um cheiro de carne-seca. Os barcos ve-
ao mesmo tempo, o elemento comum que possibilita o processo leiros sentados no cais do Ver-o-peso sacudiam as velas roseadas
comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade.”(CEREJA & azuis negras se abanando com lerdeza. Nos esperavam oficialmente
MAGALHÃES, 2013, p.13). no cais dois automóveis da Presidência prontinhos pra batalha de
flores. Pra cada uma das companheiras do poeta um buquê famoso,
fomos. Então passamos revista a todos os desperdícios da chegada.
Só de noite nos reunimos pra janta excelente. Belém andara inda-
gando dos nossos gostos e mantinha na esquina de boreste do ho-
tel, um cinema. Fomos ver William Fairbanks em Não percas tempo,
filme horrível. A noite dormiu feliz.

ANDRADE, Mário de. O turista aprendiz / Mário de Andrade ; edição


de texto apurado, anotada e acrescida de documentos por Telê Ancona
Lopez, Tatiana Longo Figueiredo ; Leandro Raniero Fernandes, colabo-
rador. – Brasília, DF: Iphan, 2015. P. 68 – 70

Em relação ao processo de formação de palavras, há exemplo,


assinalado, de derivação sufixal em:
(A) “... um matinho sempre igual ...”
(B) “... um mundo de águas sujas...”
(C) “... um buquê famoso...”
(D) “... filme horrível...”
(E) “A noite dormiu feliz.”

14. FGV - 2022 - SSP-AM - Técnico de Nível Superior- Como se


sabe, um dos elementos que caracterizam a argumentação é a pre-
sença de certas estratégias argumentativas, que têm por finalidade
convencer, persuadir ou modificar ideias do receptor sobre uma
Tendo por base o conceito veiculado no Texto, qual tipo de lin- tese.
guagem apresenta-se na tirinha? Abaixo estão nomeadas algumas dessas estratégias, acompa-
(A) Oral. nhadas de exemplos; a opção em que a estratégia citada está cor-
(B) Verbal. reta é:
(C) Escrita. (A) “A crise econômica é um problema que preocupa a todos; a
(D) Não verbal. Europa tem países com uma alta taxa de inflação, assim como
os Estados Unidos” / estratégia de analogia.
13. IDECAN - 2023 - SEFAZ-RR - Técnico de Tributos Estaduais- (B) “Segundo o Greenpeace, a perfuração do Ártico ocasionará
Texto 19 de maio. Belém. Durante a noite o Pedro I portou em Sali- um prejuízo irreversível para o planeta” / estratégia de apelo a
nas pra emprestar um tapejara que nos guiasse através da foz trai- um testemunho de autoridade.
çoeira do Amazonas e quando nos levantamos no dia de hoje bem (C) “A campanha eleitoral pode ser definida pela mídia social;
cedinho já estávamos nela. Que posso falar dessa foz tão literária 220 milhões de e-mails podem ser enviados em 24 horas” /
e que comove tanto quando assuntada no mapa?... A imensidão estratégia de apelo ao absurdo.
das águas é tão vasta, as ilhas imensas por demais ficam tão no (D) “Grande parte das crianças não se alimentam de forma
longe fraco que a gente não encontra nada que encante. A foz do saudável, o que mostra o descuido dos pais em relação a esse
Amazonas é uma dessas grandezas tão grandiosas que ultrapassam aspecto da educação dos filhos” / estratégia de citação de es-
as percepções fisiológicas do homem. Nós só podemos monumen- tatísticas.
talizá-las na inteligência. O que a retina bota na consciência é ape- (E) “A liberdade de expressão está sendo desrespeitada con-
nas um mundo de águas sujas e um matinho sempre igual no longe tinuamente, mas esse é um direito dos mais importantes de
mal percebido das ilhas. O Amazonas prova decisivamente que a nossa cultura legal” / estratégia de exemplificação.
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15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Niterói - RJ - Guarda Civil


Municipal- Texto III
ANOTAÇÕES
Envelhecimento e proteção social (fragmento) ______________________________________________________
A satisfação das necessidades individuais dos homens e mu-
lheres idosas representa um dos grandes desafios da agenda públi- ______________________________________________________
ca, pois supõe considerar as especificidades de cada gênero. Nes-
sa direção, com a conquista da longevidade, sobressai em todo o ______________________________________________________
mundo o processo de feminização do envelhecimento, uma vez que
as mulheres constituem a maioria da população idosa em todas as ______________________________________________________
regiões do mundo.
______________________________________________________
As condições estruturais e econômicas são responsáveis pelas
desigualdades entre os sexos, implicando situações que alteram in- ______________________________________________________
clusive as condições de renda, saúde e a própria dinâmica familiar
e impactando as demandas por políticas públicas e prestação de ______________________________________________________
serviços de proteção social (Berzins, 2003, p. 28). De acordo com a
autora, viver mais não tem sido necessariamente sinônimo de viver ______________________________________________________
melhor. As mulheres, apesar de mais longevas, acumulam desvan-
tagens (violências, discriminações, salários inferiores aos dos ho- ______________________________________________________
mens e dupla j ornada de trabalho, além da solidão).
______________________________________________________
Maria do Rosário Fátima e Silva (Serviço Social & Sociedade, São Pau- ______________________________________________________
lo, n. 126, p. 215-234, maio/ago. 2016)
______________________________________________________
No segundo parágrafo, uma estratégia argumentativa utilizada
para sustentar a discussão é: _____________________________________________________
(A) argumento de autoridade
(B) exemplo individual _____________________________________________________
(C) raciocínio hipotético
(D) estrutura concessiva ______________________________________________________
(E) círculo vicioso
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
2 D ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 E
______________________________________________________
5 B
6 A ______________________________________________________

7 D ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 D
11 E ______________________________________________________
12 D ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 B
15 A ______________________________________________________

______________________________________________________

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RACIOCÍNIO LÓGICO
QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

Nos próximos exemplos, veremos como relacionar uma ou


NOÇÕES BÁSICAS DA LÓGICA MATEMÁTICA: PROPOSI- mais proposições através de conectivos.
ÇÕES, CONECTIVOS. Existem cinco conectivos fundamentais, são eles:

^: e (aditivo) conjunção
Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
hipóteses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter Real”, posso escrever p ^ q.
conclusões e, por fim, chegar a um resultado final.
Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas v: ou (um ou outro) ou disjunção
estruturas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real
lógica, para poder justamente determinar um modo, para que
o caminho traçado não seja o errado. Veremos que há diversas : “ou” exclusivo (este ou aquele, mas não ambos) ou
estruturas para isso, que se organizam de maneira matemática. disjunção exclusiva (repare o ponto acima do conectivo).
A estrutura mais importante são as proposições. p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas
nunca ambos)
Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira
ou falsa. ¬ ou ~: negação
Ex.: Carlos é professor. ~p: Carlos não é professor
As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou ->: implicação ou condicional (se… então…)
falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real
verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa.
Importante notar que a proposição deve afirmar algo, ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional)
acompanhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil
frase seja “Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a é o Real
frase não é uma proposição.
Há também o caso de certas frases que podem ser ou não Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas
proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode estruturas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna
ser classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas mais natural decifrar esta simbologia.
informações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem
Nestes casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido parecer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que
ao seu caráter imperativo. estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial
O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos que tudo esteja extremamente estabelecido.
permite deduzir diversas relações entre declarações, assim,
iremos utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes 1 – Princípio da Identidade
encadeamentos. p=p
As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual
(p.ex.: a, b, p, q, …) (ou equivalente) a ela mesma.
Seja a proposição p: Carlos é professor 2 – Princípio da Não contradição
Uma outra proposição q: A moeda do Brasil é o Real p=qvp≠q
Estamos estabelecendo que apenas uma coisa pode acontecer
É importante lembrar que nosso intuito aqui é ver se a às nossas proposições. Ou elas são iguais ou são diferentes, ou seja,
proposição se classifica como verdadeira ou falsa. não podemos ter que uma proposição igual e diferente a outra ao
mesmo tempo.
Podemos obter novas proposições relacionando-as entre si.
Por exemplo, podemos juntar as proposições p e q acima obtendo
uma única proposição “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
Real”.

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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

3 – Princípio do Terceiro excluído


pv¬p
Por fim, estabelecemos que uma proposição ou é verdadeira ou é falsa, não havendo mais nenhuma opção, ou seja, excluindo uma
nova (como são duas, uma terceira) opção).

DICA: Vimos então as principais estruturas lógicas, como lidamos com elas e quais as regras para jogarmos este jogo. Então, escreva
várias frases, julgue se são proposições ou não e depois tente traduzi-las para a linguagem simbólica que aprendemos.

EQUIVALÊNCIA

Diz-se que duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresen-
tam a mesma solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo
Dada as proposições “~p → q” e “p v q” verificar se elas são equivalentes.

Vamos montar a tabela verdade para sabermos se elas são equivalentes

Observamos que as proposições compostas “~p → q” e “p q” são equivalentes.

~p → q ≡ p q ou ~p → q p q, onde “≡” e “ ” são os símbolos que representam a equivalência entre proposições.

Equivalências fundamentais (Propriedades Fundamentais): a equivalência lógica entre as proposições goza das propriedades simétri-
ca, reflexiva e transitiva.

1 – Simetria (equivalência por simetria)

a) p ^ q q^p

b) p v q qvp

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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

d) p ↔ q q↔p

2 - Reflexiva (equivalência por reflexão)


p→p p→p

3 – Transitiva
Se P(p,q,r,...) Q(p,q,r,...) E
Q(p,q,r,...) R(p,q,r,...) ENTÃO
P(p,q,r,...) R(p,q,r,...) .

Equivalências notáveis
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)

a) p (q r) (p q) (p r)

b) p (q r) (p q) (p r)

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2 - Associação (equivalência pela associativa)

a) p (q r) (p q) (p r)

b) p (q r) (p q) (p r)

3 – Idempotência

a) p (p p)

b) p (p p)

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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se outra condicional equivalente à primeira, apenas invertendo-se e negando-se as
proposições simples que as compõem.

1º caso – (p → q) (~q → ~p)

Exemplo
p → q: Se André é professor, então é pobre.
~q → ~p: Se André não é pobre, então não é professor.

2º caso: (~p → q) (~q → p)

Exemplo
~p → q: Se André não é professor, então é pobre.
~q → p: Se André não é pobre, então é professor.

3º caso: (p → ~q) (q → ~p)

Exemplo
p → ~q: Se André é professor, então não é pobre.
q → ~p: Se André é pobre, então não é professor.

4 º Caso: (p → q) ~p v q

Exemplo
p → q: Se estudo então passo no concurso.
~p v q: Não estudo ou passo no concurso.

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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

5 - Pela bicondicional
a) (p ↔ q) (p → q) (q → p), por definição

b) (p ↔ q) (~q → ~p) (~p → ~q), aplicando-se a contrapositiva às partes

c) (p ↔ q) (p q) (~p ~q)

6 - Pela exportação-importação

[(p q) → r] [p → (q → r)]

Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)

Chama-se proposições associadas a p → q as três proposições condicionadas que contêm p e q:


– Proposições recíprocas: p → q: q → p
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p

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Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: Equivalência “NENHUM” e “TODO”

1 – NENHUM A é B TODO A é não B.


Exemplo:
Nenhum médico é tenista Todo médico é não tenista (= Todo
médico não é tenista)

2 – TODO A é B NENHUM A é não B.


Exemplo:
Toda música é bela Nenhuma música é não bela (= Nenhu-
ma música é bela)
Note que:
Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocí-
nio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

IMPLICAÇÃO LÓGICA

Uma proposição P(p,q,r,...) implica logicamente ou apenas im-


plica uma proposição Q(p,q,r,...) se Q(p,q,r,...) é verdadeira (V) todas
as vezes que P(p,q,r,...) é verdadeira (V), ou seja, a proposição P
implica a proposição Q, quando a condicional P → Q for uma tau-
tologia.
Representamos a implicação com o símbolo “ ”, simbolica-
mente temos:
P(p,q,r,...) Q(p,q,r,...).

A não ocorrência de VF na tabela verdade de P → Q, ou ainda


que o valor lógico da condicional P → Q será sempre V, ou então
que P → Q é uma tautologia.
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua recíproca q
→ p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO EQUIVALENTES. Observação: Os símbolos “→” e “ ” são completamente distin-
tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
Exemplos vo. O segundo (“ ”) representa a relação de implicação lógica que
p → q: Se T é equilátero, então T é isósceles. (V) pode ou não existir entre duas proposições.
q → p: Se T é isósceles, então T é equilátero. (F)
Exemplo:
Exemplo A tabela verdade da condicional (p ^ q) → (p ↔ q) será:
Vamos determinar:
a) A contrapositiva de p → q p q p^q p↔q (p ^ q) → (p ↔ q
b) A contrapositiva da recíproca de p → q
c) A contrapositiva da contrária de p → q v v v v v
v f f f v
Resolução
f v f f v
a) A contrapositiva de p → q é ~q → ~p
A contrapositiva de ~q → ~p é ~~p → ~~q p→q f f f v v

b) A recíproca de p → q é q → p
A contrapositiva de q → p é ~p → ~q

c) A contrária de p → q é ~p → ~q
A contrapositiva de ~p → ~q é q → p

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Portanto, (p ^ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p ^ q) 2 – A tabela verdade das proposições p ↔ q, p → q e q


(p ↔q).
L p q p↔q p→q q→p
Em particular:
- Toda proposição implica uma Tautologia: p p v ~p 1ª V V V V V
2ª V F F F V
p p v ~p 3ª F V F V F
V V 4ª F F V V V
F V
A proposição “p ↔ q” é verdadeira (V) na 1ª e 4ª linha e as
- Somente uma contradição implica uma contradição: p ^ ~p proposições “p → q” e “q → p” também são verdadeiras. Logo a
p v ~p → p ^ ~p primeira proposição IMPLICA cada uma das outras duas proposi-
ções. Então:
p↔q p→q e p↔q q→p
p ~p p ^ ~p p v ~p → p ^ ~p
V F F F 3 - Dada a proposição: (p v q) ^ ~p sua tabela verdade é:
F V F F

Propriedades da Implicação Lógica


A implicação lógica goza das propriedades reflexiva e transitiva:

Reflexiva: P(p,q,r,...) P(p,q,r,...)


Uma proposição complexa implica ela mesma.
Transitiva: Se P(p,q,r,...) Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) R(p,q,r,...), então Esta proposição é verdadeira somente na 3ª linha e nesta linha
P(p,q,r,...) R(p,q,r,...) a proposição “q” também verdadeira, logo subsiste a IMPLICAÇÃO
Se P Q e Q R, então P R. LÓGICA, denominada Regra do Silogismo disjuntivo.
(p v q) ^ ~p q
Exemplificação e Regras de Inferência
Inferência é o ato de derivar conclusões lógicas de proposições É válido também: (p v q) ^ ~q p
conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em outras palavras: é a
obtenção de novas proposições a partir de proposições verdadeiras 4 – A tabela verdade da proposição (p → q) ^ p é:
já existentes. Vejamos as regras de inferência obtidas da implicação
lógica:

1 – A tabela verdade das proposições p ^ q, p v q , p ↔ q é:

A proposição é verdadeira somente na 1ª linha, e nesta linha a


proposição “q” também é verdadeira, logo subsiste a IMPLICAÇÃO
LÓGICA, também denominada Regra de Modus ponens.
A proposição “p ^ q” é verdadeira (V) somente na 1ª linha, e
também nesta linha as proposições “p v q” e “p → q” também são. (p → q) ^ p q
Logo a primeira proposição IMPLICA cada uma das outras duas pro-
posições. 5 – A tabela verdade das proposições (p → q) ^ ~q e ~p é:
Então:
p^q pvq
p^q p→q

A tabela acima também demonstram as importantes Regras de


Inferência:
Adição – p p v q e q p v q
Simplificação – p ^ q p e p ^ q q

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A proposição (p → q) ^ ~q é verdadeira somente na 4º linha e Falácia: é um argumento inválido, sem fundamento ou tecnica-
nesta a proposição “~p” também é verdadeira, logo subsiste a IM- mente falho na capacidade de provar aquilo que enuncia.
PLICAÇÃO LÓGICA, denominada de Regra Modus tollens.
(p → q) ^ ~q ~p Silogismo: é um raciocínio composto de três proposições, dis-
postas de tal maneira que a conclusão é verdadeira e deriva logica-
Observe que “~p” implica “p → q”, isto é: ~p p→q mente das duas primeiras premissas, ou seja, a conclusão é a ter-
ceira premissa.
Recapitulando as Regras de Inferência aplicadas a Implicação
Lógica: Argumento: é um conjunto finito de premissas – proposições
–, sendo uma delas a consequência das demais. O argumento pode
Adição ser dedutivo (aquele que confere validade lógica à conclusão com
p pvq base nas premissas que o antecedem) ou indutivo (aquele quando
q pvq as premissas de um argumento se baseiam na conclusão, mas não
Simplificação p^q p implicam nela)
p^q q O argumento é uma fórmula constituída de premissas e conclu-
sões (dois elementos fundamentais da argumentação).
Silogismo disjuntivo (p v q) ^ ~p q
(p v q) ^ ~q p
Modus ponens (p → q) ^ p q
Modus tollens (p → q) ^ ~q ~p

Referência
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
Nobel – 2002.
Alguns exemplos de argumentos:
1)
ARGUMENTOS VÁLIDOS, PROBLEMAS COM TABELAS E AR- Todo homem é mortal Premissas
GUMENTAÇÃO. João é homem
Logo, João é mortal Conclusão

A argumentação é a forma como utilizamos o raciocínio para 2)


convencer alguém de alguma coisa. A argumentação faz uso de Todo brasileiro é mortal Premissas
vários tipos de raciocínio que são baseados em normas sólidas e Todo paulista é brasileiro
argumentos aceitáveis. Logo, todo paulista é mortal Conclusão
A lógica de argumentação é também conhecida como dedução
formal e é a principal ferramenta para o raciocínio válido de um ar- 3)
gumento. Ela avalia conclusões que a argumentação pode tomar e Se eu passar no concurso, então irei viajar Premissas
avalia quais dessas conclusões são válidas e quais são inválidas (fa- Passei no concurso
laciosas). O estudo das formas válidas de inferências de uma lingua- Logo, irei viajar Conclusão
gem proposicional também faz parte da Teoria da argumentação.
Todas as PREMISSAS têm uma CONCLUSÃO. Os exemplos acima
Conceitos são considerados silogismos.
Premissas (proposições): são afirmações que podem ser verda-
deiras ou falsas. Com base nelas que os argumentos são compostos, Um argumento de premissas P1, P2, ..., Pn e de conclusão Q,
ou melhor, elas possibilitam que o argumento seja aceito. indica-se por:
P1, P2, ..., Pn |----- Q
Inferência: é o processo a partir de uma ou mais premissas se
chegar a novas proposições. Quando a inferência é dada como váli- Argumentos Válidos
da, significa que a nova proposição foi aceita, podendo ela ser utili- Um argumento é VÁLIDO (ou bem construído ou legítimo)
zada em outras inferências. quando a conclusão é VERDADEIRA (V), sempre que as premissas
forem todas verdadeiras (V). Dizemos, também, que um argumento
Conclusão: é a proposição que contém o resultado final da infe- é válido quando a conclusão é uma consequência obrigatória das
rência e que está alicerçada nas premissas. Para separar as premis- verdades de suas premissas.Ou seja:
sas das conclusões utilizam-se expressões como “logo, ...”, “portan-
to, ...”, “por isso, ...”, entre outras. A verdade das premissas é incompatível com a falsidade da
conclusão.
Sofisma: é um raciocínio falso com aspecto de verdadeiro. Um argumento válido é denominado tautologia quando assu-
mir, somente, valorações verdadeiras, independentemente dos va-
lores assumidos por suas estruturas lógicas.
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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

Argumentos Inválidos
Um argumento é dito INVÁLIDO (ou falácia, ou ilegítimo ou mal construído), quando as verdades das premissas são insuficientes para
sustentar a verdade da conclusão.
Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão uma
contradição (F).
Um argurmento não válido diz-se um SOFISMA.
Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante conhecer os tipos
de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia.

- A verdade e a falsidade são propriedades das proposições.


- Já a validade e a invalidade são propriedades inerentes aos argumentos.
- Uma proposição pode ser considerada verdadeira ou falsa, mas nunca válida e inválida.
- Não é possível ter uma conclusão falsa se as premissas são verdadeiras.
- A validade de um argumento depende exclusivamente da relação existente entre as premissas e conclusões.

Critérios de Validade de um argumento


Pelo teorema temos:
Um argumento P1, P2, ..., Pn |---- Q é VÁLIDO se e somente se a condicional:
(P1 ^ P2 ^ ...^ Pn) → Q é tautológica.

Métodos para testar a validade dos argumentos1Estes métodos nos permitem, por dedução (ou inferência), atribuirmos valores lógi-
cos as premissas de um argumento para determinarmos uma conclusão verdadeira.
Também podemos utilizar diagramas lógicos caso sejam estruturas categóricas (frases formadas pelas palavras ou quantificadores:
todo, algum e nenhum).

Os métodos constistem em:


1) Atribuição de valores lógicos: o método consiste na dedução dos valores lógicos das premissas de um argumento, a partir de um
“ponto de referência inicial” que, geralmente, será representado pelo valor lógico de uma premissa formada por uma proposição simples
ou de uma conjunção. Lembramos que, para que um argumento seja válido, partiremos do pressuposto que todas as premissas que com-
põem esse argumento são, na totalidade, verdadeiras.
Para dedução dos valores lógicos, utilizaremos como auxílio a tabela-verdade dos conectivos.

DICA:
Para dedução dos valores lógicos, utilizaremos como auxílio a tabela-verdade dos conectivos, portanto, tente memorizar quando é
verdadeiro e quando é falso os conectivos lógicos!

Exemplo
Sejam as seguintes premissas:
P1: O bárbaro não usa a espada ou o príncipe não foge a cavalo.
P2: Se o rei fica nervoso, então o príncipe foge a cavalo.
P3: Se a rainha fica na masmorra, então o bárbaro usa a espada.
P4: Ora, a rainha fica na masmorra.

1 ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.]
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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

Se todos os argumentos (P1,P2,P3 e P4) forem válidos, então todas premissas que compõem o argumento são necessariamente ver-
dadeiras (V). E portanto pela premissa simples P4: “a rainha fica na masmorra”; por ser uma proposição simples e verdadeira, servirá de
“referencial inicial” para a dedução dos valores lógicos das demais proposições que, também, compõem esse argumento. Teremos com
isso então:

Já sabemos que a premissa simples “a rainha fica na masmorra” é verdadeira, portanto, tal valor lógico confirmará como verdade a 1a
parte da condicional da premissa P3 (1º passo).

Lembramos que, se a 1ª parte de uma condicional for verdadeira, implicará que a 2ª parte também deverá ser verdadeira (2º passo),
já que a verdade implica outra verdade (vide a tabela-verdade da condicional). Assim teremos como valor lógico da premissa uma verdade
(V).

Confirmando-se a proposição simples “o bárbaro usa a espada” como verdadeira (3º passo), logo, a 1ª parte da disjunção simples da
premissa P1, “o bárbaro não usa a espada”, será falsa (4º passo).

Como a premissa P1 é formada por uma disjunção simples, lembramos que ela será verdadeira, se pelo menos uma de suas partes for
verdadeira. Sabendo-se que sua 1ª parte é falsa, logo, a 2ª parte deverá ser, necessariamente, verdadeira (5º passo).

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Ao confirmarmos como verdadeira a proposição simples “o príncipe não foge a cavalo”, então, devemos confirmar como falsa a 2a
parte da condicional “o príncipe foge a cavalo” da premissa P2 (6o passo).

E, por último, ao confirmar a 2a parte de uma condicional como falsa, devemos confirmar, também, sua 1a parte como falsa (7o pas-
so).

Através da analise das premissas e atribuindo os seus valores lógicos chegamos as seguintes conclusões:
- A rainha fica na masmorra;
- O bárbaro usa a espada;
- O rei não fica nervoso;
- o príncipe não foge a cavalo.

Observe que onde as proposições são falsas (F) utilizamos o não para ter o seu correspondente como válido, expressando uma con-
clusão verdadeira.

Caso o argumento não possua uma proposição simples ou uma conjunção “ponto de referência inicial”, devem-se iniciar as deduções
pela disjunção exclusiva ou pela bicondicional, caso existam. Lembrando que, no caso da bicondicional(VV ou FF) e a disjunção exclusiva(VF
ou FV), cada uma possui duas possibilidades de serem verdadeiras, logo, é necessário testar as duas possibilidades.

2) Método da Tabela Verdade: para resolvermos temos que levar em considerações dois casos.
1º caso: quando o argumento é representado por uma fómula argumentativa.

Exemplo
A → B ~A = ~B

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Para resolver vamos montar uma tabela dispondo todas as pro- Montando a tabela verdade temos (vamos montar o passo a
posições, as premissas e as conclusões afim de chegarmos a valida- passo):
de do argumento.

(Fonte: http://www.marilia.unesp.br)

O caso onde as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa


está sinalizada na tabela acima pelo asterisco.Observe também, na
linha 4, que as premissas são verdadeiras e a conclusão é verdadei-
ra. Chegamos através dessa análise que o argumento não é valido.

2o caso: quando o argumento é representado por uma sequên-


cia lógica de premissas, sendo a última sua conclusão, e é questio-
nada a sua validade.

Exemplo:
“Se leio, então entendo. Se entendo, então não compreendo.
Logo, compreendo.”
P1: Se leio, então entendo.
P2: Se entendo, então não compreendo.
C: Compreendo.
Se o argumento acima for válido, então, teremos a seguinte es-
trutura lógica (fórmula) representativa desse argumento:
P1 → P2 → C

Representando inicialmente as proposições primitivas “leio”,


“entendo” e “compreendo”, respectivamente, por “p”, “q” e “r”, te-
remos a seguinte fórmula argumentativa:
P1: p → q
P2: q → ~r
C: r
[(p → q) → (q → ~r)] → r ou

Sendo a solução (observado na 5a resolução) uma contingência


(possui valores verdadeiros e falsos), logo, esse argumento não é
válido. Podemos chamar esse argumento de sofisma embora tenha
premissas e conclusões verdadeiras.

Implicações tautológicas: a utilização da tabela verdade em


alguns casos torna-se muito trabalhoso, principlamente quando o
número de proposições simples que compõe o argumento é muito
grande, então vamos aqui ver outros métodos que vão ajudar a pro-
var a validade dos argumentos.

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3.1 - Método da adição (AD) 3.9 – Silogismo disjuntivo (SD)


1º caso:
3.2 - Método da adição (SIMP)

1º caso:
2º caso:

2º caso:

3.10 – Silogismo hipotético (SH)


3.3 - Método da conjunção (CONJ)

1º caso:

3.11 – Exportação e importação.


1º caso: Exportação
2º caso:

3.4 - Método da absorção (ABS)


2º caso: Importação

3.5 – Modus Ponens (MP)


Produto lógico de condicionais: este produto consiste na de-
dução de uma condicional conclusiva, que será a conclusão do ar-
gumento, decorrente ou resultante de várias outras premissas for-
madas por, apenas, condicionais.
Ao efetuar o produto lógico, eliminam-se as proposições sim-
ples iguais que se localizam em partes opostas das condicionais que
3.6 – Modus Tollens (MT) formam a premissa do argumento, resultando em uma condicional
denominada condicional conclusiva. Vejamos o exemplo:

3.7 – Dilema construtivo (DC)

3.8 – Dilema destrutivo (DD) Nós podemos aplicar a soma lógica em alguns casos, como por
exemplo:
1º caso - quando a condicional conclusiva é formada pelas pro-
posições simples que aparecem apenas uma vez no conjunto das
premissas do argumento.

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Exemplo
Dado o argumento:
Se chove, então faz frio.
Se neva, então chove.
Se faz frio, então há nuvens no céu.
Se há nuvens no céu, então o dia está claro.
Temos então o argumento formado pelas seguintes premissas:
P1: Se chove, então faz frio.
P2: Se neva, então chove.
P3: Se faz frio, então há nuvens no céu.
P4: Se há nuvens no céu, então o dia está claro.

Vamos denotar as proposições simples:


p: chover
q: fazer frio
r: nevar
s: existir nuvens no céu
t: o dia está claro
Montando o produto lógico teremos:

Conclusão: “Se neva, então o dia está claro”.

Observe que: As proposições simples “nevar” e “o dia está claro” só apareceram uma vez no conjunto de premissas do argumento
anterior.

2º caso - quando a condicional conclusiva é formada por, apenas, uma proposição simples que aparece em ambas as partes da condi-
cional conclusiva, sendo uma a negação da outra. As demais proposições simples são eliminadas pelo processo natural do produto lógico.
Neste caso, na condicional conclusiva, a 1ª parte deverá necessariamente ser FALSA, e a 2ª parte, necessariamente VERDADEIRA.

Exemplo
Seja o argumento: Se Ana trabalha, então Beto não estuda. Se Carlos não viaja, então Beto não estuda. Se Carlos viaja, Ana trabalha.

Temos então o argumento formado pelas seguintes premissas:


P1: Se Ana trabalha, então Beto não estuda.
P2: Se Carlos não viaja, então Beto não estuda.
P3: Se Carlos viaja, Ana trabalha.
Denotando as proposições simples teremos:
p: Ana trabalha
q: Beto estuda
r: Carlos viaja
Montando o produto lógico teremos:

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Podemos ter também subconjuntos, ou seja, um conjunto


LINGUAGEM DOS CONJUNTOS: NOTAÇÃO E REPRESEN- dentro de outro. Se criássemos um conjunto onde seus elementos
Conclusão:
TAÇÃO “Beto não estuda”.
DE CONJUNTOS; ELEMENTOS DE UM CONJUNTO E são alimentos amarelos, poderíamos agrupar seus elementos e
RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA; IGUALDADE DE CONJUNTOS; obter um subconjunto com frutas amarelas.
RELAÇÃO DE INCLUSÃO; SUBCONJUNTOS; CONJUNTO
UNITÁRIO; CONJUNTO VAZIO; CONJUNTOS DAS PARTES;
FORMAS E REPRESENTAÇÕES DE CONJUNTOS; CONJUN-
TO FINITO E INFINITO; CONJUNTO UNIVERSO; OPERA-
ÇÕES COM CONJUNTOS; UNIÃO.

Um conteúdo matemático comum de ser associado com a


temática da lógica é a Teoria de Conjuntos. Veremos que podemos
estabelecer diversas relações entre os temas, enriquecendo ainda
mais nosso repertório de abordagem para as questões. Mas
primeiro devemos entender do que se trata um conjunto.
Um conjunto é uma coleção de objetos quaisquer. Podem ou
não seguir alguma lógica para se formarem. Podemos elencar um
conjunto através de enumerar seus objetos (um conjunto formado
por parafuso, prego e uma chave de fenda), ou a partir de uma
“lei” (conjunto de ferramentas que tenho em casa: chave de fenda,
furadeira, chave inglesa, entre outras). Além disso, cada um desses
objetos pertencentes a um conjunto iremos chamar de elemento.
Assim, um conjunto é formado por uma coleção de elementos.
Iremos chamar os conjuntos através de letras maiúsculas (A, B, Fonte: Autor
C, X, Y, Z, …), enquanto que seus elementos por letras minúsculas
(a, b, c, …). Neste caso, dizemos que o conjunto E é um subconjunto do
conjunto D.
Dessa forma, dizemos que um conjunto X está contido em outro
Y quando todos seus elementos de Y também são elementos de X,
mas o contrário não vale (no nosso exemplo, abacaxi e maracujá
fazem parte de D, mas milho e quindim não fazem parte de E).
Para tudo isso que vimos, há uma simbologia apropriada.
Para indicar que um elemento está no conjunto (que pertence ao
conjunto) utilizamos o signo ∈, quando ele não está no conjunto
(quando não pertence), utilizamos o mesmo sinal, mas cortado, ∉.

Pedra ∈ A (o elemento Pedra pertence ao conjunto A)


Jeans ∉ A (o elemento Jeans não pertence ao conjunto A)
Quindim ∉ D
Fonte: autor Quindim ∉ E

Podemos listar que Pedra, Rubi, Esmeralda, Pérola e Diamante E além de elementos, podemos fazer o mesmo para conjuntos,
pertencem a esse conjunto A, enquanto Pente, Jeans e Acerola não através dos símbolos ⊂ (contido), ⊄ (não contido), ⊃ (contém) e
pertencem. ⊅ (não contém).
Simbolicamente, podemos definir o conjunto A enumerando
seus elementos da seguinte forma: D ⊃ E (o conjunto D contém o subconjunto E)
A = {Pedra; Rubi; Esmeralda; Diamante; Pérola}. E ⊂ D (o conjunto E está contido em D)
A ⊅ D (o conjunto A não contém o conjunto D)
D ⊄ E (o conjunto D não está contido no conjunto E)

Repare que os símbolos são muito próximos, sempre voltados


ao “conjunto principal” que se referem. Mais uma vez, tanto os
símbolos de pertencimento quanto os de contenção fazem alusão
a linguagem oral.
Além destes símbolos, temos também outros que, tais quais
os conectivos lógicos, se assemelham a certas estruturas, são eles:
união, intersecção e diferença.

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União (∪) Ou seja, em G — F, tirei os elementos de F de G (tirei os números


É a “soma” entre dois ou mais conjuntos, unindo-os. menores que 10 do conjunto de todos os números pares, tirando
G = conjunto dos números pares assim os números 2; 4; 6 e 8.
F= conjunto dos números menores que 10
G ∪ F = {1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 12; 14; 16; 18; …}

Fonte: autor
À esquerda temos a representação de G-F, enquanto que à direita
temos F-G.

Um tipo específico de conjuntos são os conjuntos numéricos,


conjuntos os quais seus elementos são números (conjunto dos
números pares, conjunto dos números inteiros).

Fonte: Autor Os principais conjuntos numéricos são:


Representação da união entre conjuntos Conjunto dos números naturais - números positivos
ℕ = {0; 1; 2; 3; 4; 5; 6; …)
Intersecção (∩)
São os elementos comuns entre os conjuntos (há nos dois ao Conjunto dos números inteiros - números positivos e negativos
mesmo tempo) ℤ = {...; -3; -2; -1; 0; 1; 2; 3; …}
G = conjunto dos números pares
F= conjunto dos números menores que 10 Conjunto dos números racionais - números que podem ser
G ∩ F = {2; 4; 6; 8} escritos como uma fração (razão), ou seja, números com vírgulas,
dízimas periódicas, números inteiros.
ℚ = {...; -½; …; -0,25; …; 0; 3; 0,222222222222…; …}

Conjunto dos números irracionais - números que não podem


ser escritos como uma fração, ou seja, números que resultam em
dízimas não periódicas.
𝕀 = {...; √ 2; π; 7,135794613…; …}

Conjunto dos números reais - união entre o conjunto dos


números racionais e dos números irracionais.
ℝ=𝕀∪ℚ

Interessante notar que estamos aumentando o escopo dos


conjuntos numéricos, podendo assim fazer a seguinte representação
Fonte: autor por diagrama destes conjuntos todos:
Representação da intersecção entre conjuntos

Diferença ( — )
São os elementos que um conjunto não tem em comum com
outro. Nos nossos exemplos, G — F seria pensar o que há em G que
não há em F?, assim como F — G seria o que há em F que não há
em G?
G = conjunto dos números pares
F= conjunto dos números menores que 10
G — F = {10; 12; 14; 16; 18; …}
F — G = {1; 3; 5; 7; 9}
Fonte: Autor

Vimos então o quão prático é a representação de conjuntos


através de diagramas, fazendo ficar muito mais intuitivo as operações
e estabelecer relações entre os elementos e os subconjuntos devido
ao apelo visual.
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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

Por fim, iremos ver uma equação que nos será muito útil para contar elementos de um conjunto quando ocorre uma união:
A∪B=A+B-A∩B

Lemos esta expressão como o número de elementos da união entre A e B (A ∪ B) é igual a soma do número de elemento de A com o
número de elementos de B - a intersecção entre A e B (A ∩ B).
Pode parecer complicada esta equação, mas pense assim. Quando somo os elementos de A com os de B, pode ser que existam
elementos repetidos entre estes conjuntos, estes elementos repetidos são justamente a intersecção. Quando a tiramos, tiramos esta
repetição e obtemos então o número exato de elementos da união entre A e B.

NÚMEROS DECIMAIS

O sistema de numeração decimal é de base 10, ou seja utiliza 10 algarismos (símbolos) diferentes para representar todos os números.
Formado pelos algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, é um sistema posicional, ou seja, a posição do algarismo no número modifica o
seu valor.
É o sistema de numeração que nós usamos. Ele foi concebido pelos hindus e divulgado no ocidente pelos árabes, por isso, é também
chamado de «sistema de numeração indo-arábico».

Evolução do sistema de numeração decimal

Características
- Possui símbolos diferentes para representar quantidades de 1 a 9 e um símbolo para representar a ausência de quantidade (zero).
- Como é um sistema posicional, mesmo tendo poucos símbolos, é possível representar todos os números.
- As quantidades são agrupadas de 10 em 10, e recebem as seguintes denominações:
10 unidades = 1 dezena
10 dezenas = 1 centena
10 centenas = 1 unidade de milhar, e assim por diante

Exemplos

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Ordens e Classes
No sistema de numeração decimal cada algarismo representa uma ordem, começando da direita para a esquerda e a cada três ordens
temos uma classe.

CLASSE DOS CLASSE DOS CLASSE DOS CLASSE DAS


BILHÕES MILHÕES MILHARES UNIDADES SIMPLES
12ª 11ª 10ª 9ª 8ª 7ª 6ª 5ª 4ª 3ª 2ª 1ª
ordem ordem ordem ordem ordem ordem ordem ordem ordem ordem ordem ordem
Centenas Dezenas Unidades Centenas Dezenas Unidades Centenas Dezenas Unidades
de de de de de de de de de Centenas Dezenas Unidades
Bilhão Bilhão Bilhão Milhão Milhão Milhão Milhar Milhar Milhas

Para fazer a leitura de números muito grandes, dividimos os algarismos do número em classes (blocos de 3 ordens), colocando um
ponto para separar as classes, começando da direita para a esquerda.

Exemplos
1) 57283
Primeiro, separamos os blocos de 3 algarismos da direita para a esquerda e colocamos um ponto para separar o número: 57. 283.
No quadro acima vemos que 57 pertence a classe dos milhares e 283 a classe das unidades simples. Assim, o número será lido como:
cinquenta e sete mil, duzentos e oitenta e três.

2) 12839696
Separando os blocos de 3 algarismos temos: 12.839.696
O número então será lido como: doze milhões, oitocentos e trinta e nove mil, seiscentos e noventa e seis.
Fonte:
https://www.todamateria.com.br/sistema-de-numeracao-decimal/

VALOR ABSOLUTO

Valor relativo e absoluto são conceitos importantes na matemática, principalmente quando se trata de análise de dados. Ambos os
valores estão relacionados à comparação entre diferentes quantidades.
O valor absoluto de um número é a sua distância em relação a zero na reta numérica, independentemente do sinal. Por exemplo, o
valor absoluto de -3 e 3 é 3, pois ambos estão a uma distância de 3 unidades de zero.
Já o valor relativo de um número é a sua comparação com outro número em termos percentuais ou em uma razão. Por exemplo, se
um produto custava R$ 100 e agora custa R$ 120, o valor relativo do aumento é de 20% (ou 1,2 vezes o valor anterior).
É importante entender que o valor relativo não leva em consideração a escala absoluta, ou seja, se o aumento de R$ 20 é significativo
ou não em relação ao preço inicial do produto. Por isso, é comum usar tanto o valor relativo quanto o absoluto para uma análise completa.
Outro exemplo seria a taxa de crescimento de uma população. Se uma cidade tinha 100.000 habitantes em 2020 e 110.000 habitantes
em 2021, o valor relativo do crescimento é de 10%, enquanto o valor absoluto é de 10.000 habitantes.
É importante destacar que o valor relativo e absoluto não são conceitos opostos, mas sim complementares. O valor relativo é impor-
tante para comparações entre diferentes quantidades, enquanto o valor absoluto é importante para entender o impacto absoluto das
mudanças em uma escala numérica.
Em resumo, o valor absoluto é a distância entre um número e zero na reta numérica, enquanto o valor relativo é a comparação percen-
tual ou em uma razão entre diferentes quantidades. Ambos os conceitos são importantes para uma análise completa e precisa de dados
e situações numéricas.

PROPRIEDADES NO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS.

— Conjuntos Numéricos
O grupo de termos ou elementos que possuem características parecidas, que são similares em sua natureza, são chamados de con-
juntos. Quando estudamos matemática, se os elementos parecidos ou com as mesmas características são números, então dizemos que
esses grupos são conjuntos numéricos2.

2 https://matematicario.com.br/
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Em geral, os conjuntos numéricos são representados grafica- Também temos subconjuntos dos números racionais:
mente ou por extenso – forma mais comum em se tratando de ope- Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
rações matemáticas. Quando os representamos por extenso, escre- pelos números racionais sem o zero.
vemos os números entre chaves {}. Caso o conjunto seja infinito, ou Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos, forma-
seja, tenha incontáveis números, os representamos com reticências do pelos números racionais positivos.
depois de colocar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}. Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois eles são pelos números racionais positivos e não nulos.
os mais usados em problemas e questões no estudo da Matemáti- Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, forma-
ca. São eles: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais. do pelos números racionais negativos e o zero.
Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
Conjunto dos Números Naturais (N) pelos números racionais negativos e não nulos.
O conjunto dos números naturais é representado pela letra N.
Ele reúne os números que usamos para contar (incluindo o zero) e Conjunto dos Números Irracionais (I)
é infinito. Exemplo: O conceito de números irracionais é dependente da definição
N = {0, 1, 2, 3, 4…} de números racionais. Assim, pertencem ao conjunto dos números
irracionais os números que não pertencem ao conjunto dos racio-
Além disso, o conjunto dos números naturais pode ser dividido nais.
em subconjuntos: Em outras palavras, ou um número é racional ou é irracional.
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números natu- Não há possibilidade de pertencer aos dois conjuntos ao mesmo
rais não nulos, ou sem o zero. tempo. Por isso, o conjunto dos números irracionais é complemen-
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números natu- tar ao conjunto dos números racionais dentro do universo dos nú-
rais pares. meros reais.
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais Outra forma de saber quais números formam o conjunto dos
ímpares. números irreais é saber que os números irracionais não podem ser
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos. escritos em forma de fração. Isso acontece, por exemplo, com deci-
mais infinitos e raízes não exatas.
Conjunto dos Números Inteiros (Z) Os decimais infinitos são números que têm infinitas casas de-
O conjunto dos números inteiros é representado pela maiús- cimais e que não são dízimas periódicas. Como exemplo, temos
cula Z, e é formado pelos números inteiros negativos, positivos e o 0,12345678910111213, π, √3 etc.
zero. Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…}
O conjunto dos números inteiros também possui alguns sub- Conjunto dos Números Reais (R)
conjuntos: O conjunto dos números reais é representado pelo R e é forma-
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não nega- do pela junção do conjunto dos números racionais com o conjunto
tivos. dos números irracionais. Não esqueça que o conjunto dos racionais
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não po- é a união dos conjuntos naturais e inteiros. Podemos dizer que en-
sitivos. tre dois números reais existem infinitos números.
Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negati- Entre os conjuntos números reais, temos:
vos e não nulos, ou seja, sem o zero. R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não posi- R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos.
tivos e não nulos. R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos.
Conjunto dos Números Racionais (Q) R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.
Números racionais são aqueles que podem ser representados
em forma de fração. O numerador e o denominador da fração preci- — Múltiplos e Divisores
sam pertencer ao conjunto dos números inteiros e, é claro, o deno- Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural
minador não pode ser zero, pois não existe divisão por zero. estendem-se para o conjunto dos números inteiros3. Quando tra-
O conjunto dos números racionais é representado pelo Q. Os tamos do assunto múltiplos e divisores, referimo-nos a conjuntos
números naturais e inteiros são subconjuntos dos números racio- numéricos que satisfazem algumas condições. Os múltiplos são en-
nais, pois todos os números naturais e inteiros também podem ser contrados após a multiplicação por números inteiros, e os divisores
representados por uma fração. Além destes, números decimais e são números divisíveis por um certo número.
dízimas periódicas também estão no conjunto de números racio- Devido a isso, encontraremos subconjuntos dos números in-
nais. teiros, pois os elementos dos conjuntos dos múltiplos e divisores
Vejamos um exemplo de um conjunto de números racionais são elementos do conjunto dos números inteiros. Para entender o
com 4 elementos: que são números primos, é necessário compreender o conceito de
Qx = {-4, 1/8, 2, 10/4} divisores.

3 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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Múltiplos de um Número Portanto, os múltiplos de 4 são:


Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a é M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal que
a = b · k. Desse modo, o conjunto dos múltiplos de a é obtido multi- Divisores de um Número
plicando a por todos os números inteiros, os resultados dessas mul- Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
tiplicações são os múltiplos de a. b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
Por exemplo, listemos os 12 primeiros múltiplos de 2. Para isso entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
temos que multiplicar o número 2 pelos 12 primeiros números in- Veja alguns exemplos:
teiros, assim: – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2·1=2 – 63 é múltiplo de 3, logo, 3 é divisor de 63.
2·2=4 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2·3=6
2·4=8 Para listar os divisores de um número, devemos buscar os nú-
2 · 5 = 10 meros que o dividem. Veja:
2 · 6 = 12 – Liste os divisores de 2, 3 e 20.
2 · 7 = 14 D(2) = {1, 2}
2 · 8 = 16 D(3) = {1, 3}
2 · 9 = 18 D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20}
2 · 10 = 20
2 · 11 = 22 Observe que os números da lista dos divisores sempre são di-
2 · 12 = 24 visíveis pelo número em questão e que o maior valor que aparece
nessa lista é o próprio número, pois nenhum número maior que ele
Portanto, os múltiplos de 2 são: será divisível por ele.
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} Por exemplo, nos divisores de 30, o maior valor dessa lista é o
próprio 30, pois nenhum número maior que 30 será divisível por
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas ele. Assim:
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista de D(30) = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}.
múltiplos é dada pela multiplicação de um número por todos os
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. Propriedade dos Múltiplos e Divisores
Para verificar se um número é ou não múltiplo de outro, de- Essas propriedades estão relacionadas à divisão entre dois in-
vemos encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação teiros. Observe que quando um inteiro é múltiplo de outro, é tam-
entre eles resulte no primeiro número. Veja os exemplos: bém divisível por esse outro número.
– O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que, Considere o algoritmo da divisão para que possamos melhor
multiplicado por 7, resulta em 49. compreender as propriedades.
49 = 7 · 7 N = d · q + r, em que q e r são números inteiros.

– O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro Lembre-se de que:


que, multiplicado por 3, resulta em 324. N: dividendo;
324 = 3 · 108 d, divisor;
q: quociente;
– O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número r: resto.
inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
523 = 2 · ?” – Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N – r)
é múltipla do divisor, ou o número d é divisor de (N – r).
• Múltiplos de 4 – Propriedade 2: (N – r + d) é um múltiplo de d, ou seja, o nú-
Como vimos, para determinar os múltiplos do número 4, deve- mero d é um divisor de (N – r + d).
mos multiplicar o número 4 por números inteiros. Assim: Veja o exemplo:
4·1=4 Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e
4·2=8 resto r = 5.
4 · 3 = 12 Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que
4 · 4 = 16 as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
4 · 5 = 20 por 8 e:
4 · 6 = 24 528 = 8 · 66
4 · 7 = 28
4 · 8 = 32 — Números Primos
4 · 9 = 36 Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
4 · 10 = 40 divisores: um e o próprio número4. Eles fazem parte do conjunto
4 · 11 = 44 dos números naturais.
4 · 12 = 48
... 4 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/
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Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um Divisão pelo número primo 7:
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são
chamados de números compostos e podem ser escritos como um
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.

Algumas considerações sobre os números primos:


– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo; Divisão pelo número primo 11:
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único
que é par;
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os
algarismos 1, 3, 7 e 9.

Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
alguns critérios de divisibilidade:
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade
é par é divisível por 2; GEOMETRIA PLANA E ESPACIAL.
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma
dos seus algarismos é um número divisível por 3;
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o — Geometria Plana
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. É a área da matemática que estuda as formas que não possuem
volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi- alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)5.
sões com os próximos números primos menores que o número até Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o
que: perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
– Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
não é primo. Algumas fórmulas de geometria plana:
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
ciente for menor que o divisor, então o número é primo. — Teorema de Pitágoras
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o Uma das fórmulas mais importantes para esta frente
quociente for igual ao divisor, então o número é primo. matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma
Exemplo: verificar se o número 113 é primo. dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é
Sobre o número 113, temos: igual ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
– Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²
divisível por 2;
– A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número — Lei dos Senos
divisível por 3; Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para
– Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5. triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para
facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos.
Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber
se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
operação de divisão.

5 https://bityli.com/BMvcWO
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Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo. Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e
Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:
centro O e raio R, temos que: - Onde a é hipotenusa;
- b e c são catetos;
- m e n são projeções ortogonais;
- h é altura.

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

— Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de
triângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta
conhecer o cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados
(arestas) do triângulo.
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC, temos que:

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Relações Métricas do Triângulo Retângulo


As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmulas
simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em que
o Teorema de Pitágoras é aplicável.

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— Fórmulas Básicas de Geometria Plana

Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

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Fórmulas da Circunferência

Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:


Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.
Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²

— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é a quantidade de arestas, temos:
V+F=A+2

Fórmulas da Esfera

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Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

Fórmulas do cilindro

Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte será 2r · h.

Fórmulas do Prisma
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma.

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Fórmulas do Tetraedro Regular


Diagonal de um paralelepípedo: . Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:
Área total de um paralelepípedo:

.
Volume de um paralelepípedo: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por
retângulos.
Volume de um prisma:

Fórmulas da Pirâmide Regular

Altura da face =

Altura do tetraedro =

Área da face: AF =

Área total: AT =

Volume do tetraedro:

VERDADES E MENTIRAS: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS.


SEQUÊNCIAS (COM NÚMEROS, COM FIGURAS, DE PALA-
Para uma pirâmide regular reta, temos: VRAS).
Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a
pirâmide.
Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas A lógica sequencial envolve a percepção e interpretação de
triangulares. objetos que induzem a uma sequência, buscando reconhecer essa
Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL. sequência e estabelecer sucessores a este objeto.
Volume (V): V = . AB . h. Muitas vezes essas questões vêm atreladas com aspectos
aritméticos (sequências numéricas) ou geometria (construção de
E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da certas figuras).
pirâmide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral), Não há como sistematizar este assunto, então iremos ver
temos pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos. alguns exemplos para nos inspirar para que busquemos resolver
h² + r² = t² demais questões.

h² + a² = g² Exemplos:
1 – A sequência de números a seguir foi construída com um
padrão lógico e é uma sequência ilimitada:
0, 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30,
31, 32, 33, 34, 35, 40, …

A partir dessas informações, identifique o termo da posição 74


e o termo da posição 95. Qual a soma destes dois termos?

Vamos analisar esta sequência dada:


1º) Vemos que a sequência vai de 6 em 6 termos e pula para a
dezena seguinte
Os primeiros 6 termos vão de 0 a 5
Do 7º termo ao 12º termo: 10 a 15
13º termo ao 18º termo: 20 a 25

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2º) Vemos que o padrão segue a tabuada do 6


6 x 1 = 6 (0 até 5)
6 x 2 = 12 (10 até 15)
6 x 3 = 18 (20 até 25)

3º) O número que está multiplicando o 6 menos uma unidade representa a dezena que estamos começando a contar:
6 x 1 1 - 1 = 0 (0 até 5)
6 x 2 2 - 1 = 1 (10 até 15)
6 x 3 3 - 1 = 2 (20 até 25)

4º) Se dividirmos 74 por 6 e 95 por 6 descobriremos seus valores


74 : 6 = 12 (sobra 2)
95 : 6 = 15 (sobra 5)

5º) O termo 74 então está dois termos após 6 x 12


6 x 12 12 - 1 = 11 (110 até 115)
Então o termo 74 está no intervalo entre 120 até 125
O 74º termo é o número 121

6º) Da mesma forma, 95 está 5 após 6 x 15


6 x 15 15 - 1 = 14 (140 até 145)
O termo 95 está no intervalo entre 150 até 155
O 95º termo é o número 154

7º) Somando 121 + 154 = 275


2. Analise a sequência a seguir:
4; 7; 13; 25; 49

Admitindo-se que a regularidade dessa sequência permaneça a mesma para os números seguintes, é correto afirmar que o sétimo
termo será igual a?
1º) Do primeiro termo para o segundo, estamos somando 3.
2º) Do segundo termo para o terceiro, estamos somando 6.
3º) Do terceiro termo para o quarto, estamos somando 12.
4º) Do quarto termo para o quinto, estamos somando 24.
5º) Podemos estabelecer o padrão que estamos multiplicando a soma anterior por 2.
6º) Assim, do quinto termo para o sexto, estaríamos somando 48. E do sexto para o sétimo estaríamos somando 96
7º) Dessa forma, basta somarmos 49 com 48 e 96: 49 + 48 + 96 = 193

3 – Observe a sequência:

O padrão de formação dessa sequência permanece para as figuras seguintes. Desse modo, a figura que deve ocupar a 131ª posição
na sequência é idêntica à qual figura?
1º) Vemos que o padrão retorna para a origem a cada 7 termos.
2º) Os termos 14, 21, 28, 35, …, irão ser os mesmos que o padrão da 7ª figura.
3º) Os termos 8, 15, 22, 29, 36, …, irão ser os mesmos que o padrão da 1ª figura.
4º) Vamos então dividir 131 por 7 para descobrir essa equivalência.
131 : 7 = 18 (sobra 5)
5º) Justamente essa sobra, 5, será a posição equivalente.
Assim, a figura da 131ª posição é idêntica a figura da 5ª posição.

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Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher


ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE. na promoção.

— Tipos de Combinatória
A análise combinatória ou combinatória é a parte da O princípio fundamental da contagem pode ser usado
Matemática que estuda métodos e técnicas que permitem resolver em grande parte dos problemas relacionados com contagem.
problemas relacionados com contagem6. Entretanto, em algumas situações seu uso torna a resolução muito
Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise trabalhosa.
das possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver
de elementos. problemas com determinadas características. Basicamente há três
tipos de agrupamentos: arranjos, combinações e permutações.
— Princípio Fundamental da Contagem Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálculo,
O princípio fundamental da contagem, também chamado de precisamos definir uma ferramenta muito utilizada em problemas
princípio multiplicativo, postula que: de contagem, que é o fatorial.
“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e O fatorial de um número natural é definido como o produto
independentes, de tal modo que as possibilidades da primeira etapa deste número por todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo
é x e as possibilidades da segunda etapa é y, resulta no número total ! para indicar o fatorial de um número.
de possibilidades de o evento ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”. Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.
Exemplo:
Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica- 0! = 1.
se o número de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas. 1! = 1.
Exemplo: Uma lanchonete vende uma promoção de lanche 3! = 3.2.1 = 6.
a um preço único. No lanche, estão incluídos um sanduíche, uma 7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5.040.
bebida e uma sobremesa. São oferecidas três opções de sanduíches: 10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3.628.800.
hambúrguer especial, sanduíche vegetariano e cachorro-quente
completo. Como opção de bebida pode-se escolher 2 tipos: suco Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme
de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem quatro opções: cresce o número. Então, frequentemente usamos simplificações
cupcake de cereja, cupcake de chocolate, cupcake de morango e para efetuar os cálculos de análise combinatória.
cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de
quantas maneiras um cliente pode escolher o seu lanche? — Arranjos
Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da
Solução: Podemos começar a resolução do problema ordem e da natureza dos mesmos.
apresentado, construindo uma árvore de possibilidades, conforme Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p
ilustrado abaixo: ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:

Exemplo: Como exemplo de arranjo, podemos pensar na


votação para escolher um representante e um vice-representante
de uma turma, com 20 alunos. Sendo que o mais votado será o
representante e o segundo mais votado o vice-representante.
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá
ser feita? Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que
altera o resultado.

Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes.
quantos tipos diferentes de lanches podemos escolher. Assim,
identificamos que existem 24 combinações possíveis. — Permutações
Podemos ainda resolver o problema usando o princípio As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número
multiplicativo. Para saber quais as diferentes possibilidades de de elementos (n) do agrupamento é igual ao número de elementos
lanches, basta multiplicar o número de opções de sanduíches, disponíveis.
bebidas e sobremesa.
Total de possibilidades: 3.2.4 = 24.
6 https://www.todamateria.com.br/analise-combinatoria/
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Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando o número de elementos é igual ao número de agrupamentos. Desta
maneira, o denominador na fórmula do arranjo é igual a 1 na permutação.
Assim a permutação é expressa pela fórmula:

Exemplo: Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras diferentes 6 pessoas podem se sentar em um banco com 6 lugares.
Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número de lugares é igual ao número de pessoas, iremos usar a permutação:

Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas se sentarem neste banco.

— Combinações
As combinações são subconjuntos em que a ordem dos elementos não é importante, entretanto, são caracterizadas pela natureza
dos mesmos.
Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos tomados p a p (p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:

Exemplo: A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de 3 membros para formar uma comissão organizadora de um evento,
dentre as 10 pessoas que se candidataram.
De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser formada?
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem dos elementos não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria,
João e José é equivalente a escolher João, José e Maria.

Observe que para simplificar os cálculos, transformamos o fatorial de 10 em produto, mas conservamos o fatorial de 7, pois, desta
forma, foi possível simplificar com o fatorial de 7 do denominador.
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão.

— Probabilidade e Análise Combinatória


A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de obter determinado resultado diante de um experimento aleatório. São
exemplos as chances de um número sair em um lançamento de dados ou a possibilidade de ganhar na loteria.
A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão entre o número de eventos possíveis e número de eventos favoráveis, sendo
apresentada pela seguinte expressão:

Sendo:
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A.
n (A): número de resultados favoráveis.
n (Ω): número total de resultados possíveis.

Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, muitas vezes necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em análise
combinatória.
Exemplo: Qual a probabilidade de um apostador ganhar o prêmio máximo da Mega-Sena, fazendo uma aposta mínima, ou seja,
apostar exatamente nos seis números sorteados?

Solução: Como vimos, a probabilidade é calculada pela razão entre os casos favoráveis e os casos possíveis. Nesta situação, temos
apenas um caso favorável, ou seja, apostar exatamente nos seis números sorteados.
Já o número de casos possíveis é calculado levando em consideração que serão sorteados, ao acaso, 6 números, não importando a
ordem, de um total de 60 números.

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Para fazer esse cálculo, usaremos a fórmula de combinação, O resultado calculado também é conhecido como probabilidade
conforme indicado abaixo: teórica.
Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem,
basta multiplicar o resultado por 100.

Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade


de sair um número menor que 3?

Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma


Assim, existem 50 063 860 modos distintos de sair o resultado. chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a
A probabilidade de acertarmos então será calculada como: fórmula da probabilidade.
Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1,
2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos:

— Probabilidade
A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estuda
experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível
analisar as chances de um determinado evento ocorrer7.
Quando calculamos a probabilidade, estamos associando
um grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de
experimentos, cujos resultados não podem ser determinados
antecipadamente. Probabilidade é a medida da chance de algo
acontecer.
Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de Para responder na forma de uma porcentagem, basta
um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo multiplicar por 100.
de 1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa
comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos. Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é
de 33%.
— Experimento Aleatório
Um experimento aleatório é aquele que não é possível — Ponto Amostral
conhecer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo. Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas experimento aleatório.
condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é
atribuída ao acaso. Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não verificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e
viciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de coroa. Cada resultado é um ponto amostral.
massa) para o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza
qual das 6 faces estará voltada para cima. — Espaço Amostral
Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral
— Fórmula da Probabilidade corresponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou,
Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de resultados possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório.
um evento são igualmente prováveis. Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho,
Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer o espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este
um determinado resultado através da divisão entre o número de baralho.
eventos favoráveis e o número total de resultados possíveis: Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um
dado, são as seis faces que o compõem:
Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.

A quantidade de elementos em um conjunto chama-se


cardinalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto
Sendo: entre parênteses.
P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A. Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento
n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam lançar um dado é n(Ω) = 6.
(evento A).
n(Ω): número total de casos possíveis.

7 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/
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— Espaço Amostral Equiprovável A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por:


Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma
probabilidade de ocorrência.

Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,


preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de Onde o evento B não pode ser vazio.
ocorrência de cada uma ser sorteada?
Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encontro
Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Brasil,
chance de serem sorteadas. um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um
prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens
— Tipos de Eventos e mulheres.
Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um
experimento aleatório. Como evento de probabilidade condicional, podemos associar
a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja
Evento certo francesa (evento B).
O conjunto do evento é igual ao espaço amostral. Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser
Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser mulher), apenas se for francesa (evento B).
sorteada ao acaso e ser mulher.

Evento Impossível PROBLEMAS ENVOLVENDO RACIOCÍNIO LÓGICO.


O conjunto do evento é vazio.

Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas . Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas. em tópicos anteriores.

O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois


todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número QUESTÕES
maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é
20.
1. PREFEITURA DE MINISTRO ANDREAZZA/RO - AGENTE ADMI-
Evento Complementar NI1. CAU/SE - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO - IADES/2022)
Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral, Em uma empresa de arquitetura, há 10 arquitetos, entre os
sendo um evento complementar ao outro. quais 60% são paisagistas. Dois paisagistas serão escolhidos para
realizar um projeto urbanístico. Quantas escolhas distintas poderão
Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço ser feitas para selecionar os dois arquitetos?
amostral é Ω = {cara, coroa}. (A) 10
(B) 12
Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é (C) 15
complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o (D) 18
próprio espaço amostral. (E) 21

Evento Mutuamente Exclusivo 2. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE


Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum. ADMINISTRATIVO - OBJETIVA/2022
A intersecção entre os dois conjuntos é vazia. Sabendo-se que uma urna contém 10 bolas coloridas, de modo
que 5 são azuis, 3 vermelhas e 2 verdes, qual a probabilidade de,
Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes ao retirar 2 bolas dessa caixa, sem reposição entre as retiradas, elas
eventos são mutuamente exclusivos serem uma vermelha e uma azul?
A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}. (A) 1/3
B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}. (B) 1/4
(C) 1/5
— Probabilidade Condicional (D) 1/6
A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre
eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstâncias,
a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a
ocorrência do evento B.

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

3. PREFEITURA DE BAURU/SP - PROFESSOR SUBSTITUTO DE 8. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - PEB II - AVANÇA


EDUCAÇÃO BÁSICA - PREFEITURA DE BAURU/SP/2021 SP/2022
Na Escola Municipal Cinderela 8 alunos ganharam um prêmio, Raquel deseja comprar 15 litros de uma bebida vendida na
por participarem de uma gincana. Havia um fotógrafo para registrar seguinte embalagem:
o momento. De quantas maneiras diferentes os 8 alunos podem
tirar a foto sentados no banco da praça?
(A) 40.320 fotos
(B) 64.000 fotos
(C) 30 fotos
(D) 67.349 fotos

4. PREFEITURA DE HORIZONTINA/RS - ANALISTA DE SUPORTE


DE INFORMÁTICA - OBJETIVA/2021
Para finalizar sua fantasia, Pedro precisa escolher uma peruca
e uma máscara. Ao chegar à loja, ele poderia comprar 5 tipos de
perucas diferentes e 7 máscaras diferentes. Sabendo‐se que ele
pretende comprar apenas uma peruca e uma máscara, ao todo, de
quantos modos distintos ele pode fazer essa escolha? Quantas embalagens iguais a essa, no mínimo, devem ser
(A) 35 adquiridas?
(B) 30 (A) 15 embalagens.
(C) 25 (B) 30 embalagens.
(D) 20 (C) 34 embalagens.
(E) 10 (D) 45 embalagens.
(E) 53 embalagens.
5. PREFEITURA DE RIO AZUL/PR - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
- FAUEL/2021 9. Observe esta sequência de figuras formadas por triângulos
Uma família de 15 pessoas fez um amigo secreto para as festas brancos e pretos:
de fim de ano. Para a realização do sorteio do amigo secreto,
escreveram os nomes de todos os 15 membros da família em papeis,
dobraram-nos e colocaram em um saco opaco para sorteio. Luis,
membro da família, foi o primeiro a sortear. Qual a probabilidade
de Luis sortear a si mesmo?
(A) 1/15
(B) 1/14
(C) 15/15
(D) 14/15

6. PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - ESCRITURÁRIO - VUNESP/2022 Seguindo-se esse mesmo padrão, a 4ª figura terá:
Um mestre de obras precisa de um pedaço de madeira cortada (A) 12 triângulos pretos
em formato de triângulo retângulo, com o maior lado medindo 37 (B) 12 triângulos brancos
cm, e o menor lado medindo 12 cm. O perímetro desse pedaço de (C) 18 triângulos pretos
madeira triangular deve ser de: (D) 18 triângulos brancos
(A) 81 cm. (E) 27 triângulos pretos
(B) 82 cm.
(C) 83 cm. 10. Rafaela recebeu uma planilha Excel em que havia uma
(D) 84 cm. sequência de cálculos utilizando as informações contidas nas
(E) 85 cm. células. Observe, a seguir, os três primeiros termos dessa sequência:
1º termo: A1
7. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE 2º termo: A1 + C4
ADMINISTRATIVO - OBJETIVA/2022 3º termo: A1 + C4 + E7
Um terreno retangular com comprimento de 16m e largura de
12m será dividido ao meio por uma de suas diagonais. Supondo- Admitindo-se que o padrão apresentado até o 3º termo se
se que será utilizado uma cerca para fazer essa divisão, ao todo, mantém, o 5º termo será:
quantos metros de cerca serão necessários? (A) A1 + C4 + E7 + G10
(A) 18m (B) A1 + C4 + E7 + H10
(B) 20m (C) A1 + C4 + E7 + G10 + I13
(C) 22m (D) A1 + C4 + E7 + H10 + J12
(D) 24m (E) A1 + C4 + E7 + G10 + J12

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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

11. Observe a sequência de nomes a seguir: ARLETE; ERICA, 17. TJ – SP 2018- Em um grupo de 100 esportistas que praticam
ILMA, OLIVIA, … apenas os esportes A, B ou C, sabe-se que apenas 12 deles praticam os
Qual dos nomes a seguir completa esta sequência? três esportes. Em se tratando dos esportistas que praticam somente
(A) Humberto dois desses esportes, sabe-se que o número dos que praticam os
(B) Elvira esportes A e B é 2 unidades menor que o número dos que praticam os
(C) Katiane esportes A e C, e o número dos esportistas que praticam B e C excede
(D) Úrsula em 2 unidades o número de esportistas que praticam os esportes A e
(E) Amanda C. Sabe-se, ainda, que exatamente 26, 14 e 12 esportistas praticam,
respectivamente, apenas os esportes A, B e C.
12. IBGE – 2022- Sabendo que o valor lógico da proposição simples Dessa forma, o número total de esportistas que praticam o
p: “Carlos acompanhou o trabalho da equipe” é verdadeira e que o esporte A é:
valor lógico da proposição simples q: “O recenseador visitou todos os (A) 54
locais” é falso, então é correto afirmar que o valor lógico da proposição (B) 60
composta: (C) 58
(A) p disjunção q é falso (D) 56
(B) p conjunção q é falso (E) 62
(C) p condicional q é verdade
(D) p bicondicional q é verdade 18. TJ – PE 2017- Considere os conjuntos A = {0; 2; 3; 5; 6}, B = {2; 3;
(E) p disjunção exclusiva q é falso 5; 6; 9} e C = {0; 2; 4; 6}.Sabe-se que a soma de todos os elementos do
conjunto [A ∩ (C – B)] representa o total de processos que necessitam
13. PC – BA- “O acidente foi investigado e o autor foi encontrado”. De de um parecer técnico. Nessas condições, o total de processos sem
acordo com a lógica proposicional, a negação da frase é descrita como: parecer técnico é:
(A) “o acidente não foi investigado e o autor não foi encontrado” (A) 0
(B) “o acidente não foi investigado ou o autor não foi encontrado” (B) 8
(C) “o acidente não foi investigado e o autor foi encontrado” (C) 7
(D) “o acidente foi investigado e o autor não foi encontrado” (D) 11
(E) “o acidente não foi investigado ou o autor foi encontrado” (E) 2

14. CRF – GO 2022- Julgue o item: 19 TJ – PE 2017- Seja A = {3; {2}; {2; 3}}.
A frase “Dois mil mais vinte mais dois” não é uma proposição. Considere as afirmativas:
( ) CERTO I – {2} pertence a A
( ) ERRADO II – {2; 3} está contido em A
III – o conjunto vazio está contido em A
15. IBGE – 2022- De acordo com a proposição lógica a frase “Se IV – {3} pertence a A
o coordenador realizou a previsão orçamentária, então o trabalho foi
realizado com sucesso” é equivalente a frase: Estão corretas as afirmativas:
(A) Se o coordenador não realizou a previsão orçamentária, então (A) I e III
o trabalho não foi realizado com sucesso. (B) I e IV
(B) O coordenador realizou a previsão orçamentária e o trabalho (C) II e III
foi realizado com sucesso. (D) II e IV
(C) O coordenador realizou a previsão orçamentária ou o trabalho (E) I e II
foi realizado com sucesso.
(D) Se o trabalho não foi realizado com sucesso, então o coordena- 20. PREFEITURA DE ARAPONGAS/PR - FISCAL AMBIENTAL - FAFI-
dor não realizou a previsão orçamentária. PA/2020
(E) Se o trabalho foi realizado com sucesso, então o coordenador O conjunto dos números reais (ℝ) é formado pela união de outros
realizou a previsão orçamentária. conjuntos numéricos: naturais (ℕ), inteiros (ℤ), racionais (ℚ) e irracio-
nais. Das alternativas a seguir, qual representa um conjunto de múl-
16. TRT – AM 2017- Uma construtora convoca interessados em tiplos de um número real e, ao mesmo tempo, um subconjunto dos
vagas de pedreiros e de carpinteiros. No dia de apresentação, das 191 números naturais?
pessoas que se interessaram, 113 disseram serem aptas para a função (A) {1, 5, 7, 9, 11, 13}.
pedreiro e 144 disseram serem aptas para a função carpinteiro. A (B) {−1, 5, −7, 9, −11, 13}.
construtora contratou apenas as pessoas que se declararam aptas em (C) {1, −5, 7, −9, 11, −13}.
apenas uma dessas funções. (D) {⋯ , 27, 36, 45, 54, 63, 72, ⋯ }.
Agindo dessa maneira, o número de carpinteiros que a construtora (E) {1, 5, 7, −9, −11, −13}.
contratou a mais do que o número de pedreiros foi igual a:
(A) 65
(B) 47
(C) 31
(D) 19
(E) 12
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RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E MATEMÁTICO

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GABARITO
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1 C
2 A ______________________________________________________

3 A ______________________________________________________
4 A ______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 D
7 B ______________________________________________________
8 C ______________________________________________________
9 E
______________________________________________________
10 C
______________________________________________________
11 D
12 B ______________________________________________________
13 B ______________________________________________________
14 CERTO
______________________________________________________
15 D
16 C ______________________________________________________
17 B ______________________________________________________
18 A
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19 A
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20 D
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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CONHECIMENTOS
GERAIS E ATUALIDADES
tudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam
BRASIL E O MUNDO: CULTURA GERAL: FATOS HISTÓRICOS, rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma
POLÍTICOS, GEOGRÁFICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E ES- disciplina que se renova a cada instante.
TATÍSTICOS OCORRIDOS NOS ANOS DE 2017 A 2022, DI- O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnoló-
VULGADOS NA MÍDIA NACIONAL E INTERNACIONAL gico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham
em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara
mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos
A importância do estudo de atualidades do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente,
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu- jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor- Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula pre-
nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, parado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com
língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen- o material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os
te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação vir-
parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a tuais, tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e
hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos a veracidade das informações um caminho certeiro.
de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES DOS ASPEC-
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de TOS: ECOLÓGICOS
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur-
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo. A Ecologia estuda como os seres vivos se relacionam entre si e
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con- com o ambiente em que vivem. Ela apresenta subdivisões em duas
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas categorias: a autoecologia e a sinecologia.
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po- • Autoecologia: estuda-se principalmente a forma com que o
lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, ser vivo se relaciona com o ambiente e como este afeta-o na sua
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões fisiologia e sobrevivência.
de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se- • Sinecologia: estuda-se as relações dos seres vivos entre si,
lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico. sejam eles da mesma espécie ou não.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons-
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são — Níveis de organização da Ecologia
sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê • População: conjunto de organismos da mesma espécie que
na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se convivem no mesmo ambiente e se reproduzem entre si.
informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio- • Comunidade: conjunto de populações de diferentes espécies
nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex- que interagem entre si.
trema recorrência na mídia. • Ecossistema: conjunto em que são incluídas as comunidades
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. e os fatores abióticos (sem vida) do ambiente.
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é • Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas do planeta.
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) — Conceitos fundamentais
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem Para se entender a Ecologia, existem alguns conceitos funda-
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, mentais que precisam ser abordados:
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al- • Fatores abióticos: são os fatores “sem” vida do ambiente,
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in- como água, luz, gás, etc.
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de • Habitat: é o local dentro de um ecossistema em que uma de-
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo. terminada espécie vive. Um ecossistema pode ter diversos habitats.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados • Nicho ecológico: é o modo de vida de cada espécie.
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto • Pirâmides Ecológicas: é uma representação gráfica das ca-
de informações veiculados impede que saibamos de fato como es- deias alimentares, ou seja, os níveis tróficos do ecossistema. Exis-
tem três tipos - energia, números e biomassa.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

• Relações Ecológicas: são relações entre os seres vivos que A educação ambiental é um agente catalisador do processo
podem ser Intraespecíficas (entre a mesma espécie), Interespecífi- de interação dentro de uma empresa e não pode ficar restrita ao
cas (entre espécies diferentes), e também harmônicas (quando ne- treinamento, visando à sensibilização e motivação dos funcionários,
nhuma espécie se prejudica na interação) ou desarmônicas (quan- embora contribua para a construção de um sistema de gestão am-
do uma das espécies se prejudica na interação). biental que estará permeando desde o trato com o chão da empre-
• Relações alimentares: em comunidades de um ecossistema sa até o modo de tratamento com os funcionários de modo eficaz
existem dois tipos de seres vivos: os autótrofos e os heterótrofos. e não simplesmente pelo desejo de cumprir um requisito que vise
à certificação. Ela é uma importante ferramenta do gerenciamento
– Autótrofos: seres que produzem o próprio alimento, como ambiental de uma empresa é inquestionável.
por exemplo, as plantas que fazem fotossíntese. A Educação Ambiental efetuada pelas empresas é normalmen-
– Heterótrofos: seres que se alimentam de outros seres por te praticada fora de seus limites, geralmente nas escolas da sua área
não serem capazes de produzir seu próprio alimento. Dentre os he- de influência, através da reciclagem ou sensibilização de professo-
terótrofos, existem os predadores, que caçam as presas e se ali- res para a questão ambiental. São ações realizadas fruto da pressão
mentam delas, e os parasitas que se instalam em um hospedeiro, se de partes interessadas, geralmente o poder público na figura dos
alimentando às custas dele. órgãos de controle ambiental e desprovidas de um planejamento
estratégico onde todos os agentes envolvidos possam, com preci-
• Cadeia alimentar: é uma sequência natural em que um or- são, estabelecer objetivos e metas mensuráveis bem como indica-
ganismo serve de alimento para outro, onde ocorre a transferência dores que permitam aferir a eficácia de Programas desta natureza.
de matéria e energia no ecossistema. Dentro da cadeia alimentar, Tendo com objetivo alcançar uma transformação profunda dos
existem os níveis tróficos, que são os produtores, consumidores e funcionários dentro da organização do presidente ao “chão-de-fá-
decompositores. Os produtores são os seres autótrofos, como as brica”, sobre questões como o uso inteligente dos recursos naturais,
plantas. Os consumidores são divididos em primários, que se ali- condições mais seguras sob o aspecto ambiental para os operários,
mentam de produtores, secundários, que se alimentam de consu- redução das infrações ambientais e destinação final adequada de
midores primários (carnívoros, normalmente), terciários, que se rejeitos.
alimentam de consumidores secundários, assim seguindo até os Muitos problemas ambientais, que à primeira vista parecem
decompositores. Os decompositores são microrganismos, bactérias complicados nas empresas, podem se tornar de simples solução,
e fungos que decompõem a matéria orgânica, assim realizando a desde que haja algum investimento em educação ambiental. Po-
reciclagem dos nutrientes para devolvê-los à terra. dendo se transformar num completo programa educacional incluin-
• Teia Alimentar: cadeias alimentares entrelaçadas. Em um do material didático-pedagógico e pode ser adotada com eficácia e
ecossistema existem diversas cadeias alimentares, que formam a ser adaptada às necessidades de qualquer organização, com simpli-
teia. cidade e baixo custo. Ela conduz os profissionais a uma mudança de
comportamento e atitudes em relação ao meio ambiente interno e
externo às organizações.
SUSTENTABILIDADE A educação ambiental nas empresas tem um papel muito im-
portante, porque desperta cada funcionário para a ação e a busca
de soluções concretas para os problemas ambientais que ocorrem
A sustentabilidade e o desenvolvimento social levam-se em principalmente no seu dia-a-dia, no seu local de trabalho, na exe-
conta o meio ambiente e sobre tudo, e também a responsabilidade cução de sua tarefa, portanto onde ele tem poder de atuação para
de cada um de nós, tendo em vista que muitas iniciativas são am- a melhoria da qualidade ambiental dele e dos colegas. Esse tipo de
plamente divulgadas por Empresas de grande porte. educação extrapola a simples aquisição de conhecimento.
Através dos meios de comunicação, a sociedade como um todo Nesses empreendimentos, o controle da poluição deve come-
vem despertando, para uma realidade muito presente na vida de çar no processo, estando também parte desta responsabilidade nas
cada um, que são os efeitos devastadores que o homem está geran- mãos dos trabalhadores, pois mantêm-se envolvidos diretamente
do para a natureza, sempre se soube disso mais por razões óbvias. na produção.
Há uma demanda muito grande, no sentido de mobilizar a so- Portanto, não é somente na escola que a educação ambiental
ciedade para as questões ambientais de uma maneira mais concre- acontece. Os recursos para o ensino-aprendizagem da educação
ta, mas a falta de iniciativa por parte dos governantes na implan- para o meio ambiente se encontram em todas as partes, como nas
tação de sistemas capazes de chegar até os mais remotos lugares, grandes, médias, pequenas e microempresas; nas indústrias e fá-
onde os recursos naturais são explorados de maneira indiscrimina- bricas.
da, sem uma efetiva fiscalização, sem um plano de manejo, sem
nenhuma orientação, onde os pequenos agricultores, as famílias e Desenvolvimento Sustentável
o comércio, lutam pela sobrevivência e não se preocupam com o O conceito de desenvolvimento sustentável foi oficialmente de-
rastro de destruição que deixam pelo caminho. clarado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
É comprovado que os resultados do Desenvolvimento So- Humano, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, e, por
cioambiental, aliada à Responsabilidade e à sustentabilidade em isso, também chamada de Conferência de Estocolmo. A importância
poucos anos, resultariam em benefícios para o homem, a natureza da elaboração do conceito, nessa época, foi a de unir as noções de
e principalmente as futuras gerações de uma maneira diferente e crescimento e desenvolvimento econômico com a preservação da
quem sabe este planeta terá a chance de se renovar e sobreviver natureza, questões que, até então, eram vistas de forma separada.
ainda que com muitas cicatrizes.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Em 1987, foi elaborado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, Dentre as prioridades do desenvolvimento sustentável pode-
mais conhecido como Relatório Brundtland, que formalizou o ter- mos mencionar1:
mo desenvolvimento sustentável e o tornou de conhecimento pú- - manter as cidades arborizadas;
blico mundial. Em 1992, durante a ECO-92, o conceito “satisfazer as - ruas e calçadas limpas, dotadas de segurança, acessibilidade,
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gera- sinalização e iluminação adequada;
ções futuras de suprir suas próprias necessidades” tornou-se o eixo - incentivar a locomoção a pé ou o uso de bicicletas, que além
principal da conferência, concentrando os esforços internacionais de reduzir a poluição evitam o sedentarismo;
para o atendimento dessa premissa. Com esse objetivo, foi elabo- - incentivar um planejamento sustentável de forma que os
rada a Agenda 21, com vistas a diminuir os impactos gerados pelo bairros possuam estruturas tais como comércio, farmácias, super-
aumento do consumo e do crescimento da economia pelo mundo. mercados, padarias e academias, evitando longos deslocamentos
da população, evitando engarrafamentos, poluição e estresse;
Medidas Sustentáveis - otimização do uso da água e energia;
Dentre as medidas que podem ser adotadas tanto pelos gover- - criar espaços públicos de convivência, atraentes e seguros;
nos quanto pela sociedade civil em geral para a construção de um - equilíbrio entre áreas verdes e áreas construídas;
mundo pautado na sustentabilidade, podemos citar: - correta destinação dos resíduos sólidos;
- redução ou eliminação do desmatamento; - redução da poluição sonora;
- reflorestamento de áreas naturais devastadas;
- preservação das áreas de proteção ambiental, como reservas Construção Sustentável2
e unidades de conservação de matas ciliares; O setor da construção civil tem papel fundamental para a reali-
- fiscalização, por parte do governo e da população, de atos de zação dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável.
degradação ao meio ambiente; O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indús-
- adoção da política dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) ou dos tria da construção como o setor de atividades humanas que mais
5Rs (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar); consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, ge-
- contenção na produção de lixo e direcioná-lo corretamente rando consideráveis impactos ambientais.
para a diminuição de seus impactos; Além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e
- diminuição da incidência de queimadas; energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, lí-
- diminuição da emissão de poluentes na atmosfera, tanto pe- quidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos
las chaminés das indústrias quanto pelos escapamentos de veículos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes
e outros; da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de
- opção por fontes limpas de produção de energia que não ge- vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações
rem impactos ambientais em larga e média escala; entre construção e meio ambiente.
- adoção de formas de conscientizar o meio político e social das A busca de minimizar os impactos ambientais provocados pela
medidas acimas apresentadas. construção, surge o paradigma da construção sustentável. No âm-
bito da Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em
Essas medidas são, portanto, formas viáveis e práticas de se Desenvolvimento, a construção sustentável é definida como: “um
construir uma sociedade sustentável que não comprometa o meio processo holístico que aspira a restauração e manutenção da har-
natural tanto na atualidade quanto para o futuro a médio e longo monia entre os ambientes natural e construído, e a criação de as-
prazo. sentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equi-
dade econômica”. No contexto do desenvolvimento sustentável, o
Desenvolvimento Sustentável Urbano conceito transcende a sustentabilidade ambiental, para abraçar a
O tema desenvolvimento sustentável está intimamente relacio- sustentabilidade econômica e social, que enfatiza a adição de valor
nado com mudanças de comportamentos que contribuam para que à qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades.
os indivíduos vivam em harmonia com os recursos naturais e com o
meio ambiente, sem comprometer a capacidade das gerações futu- Os desafios para o setor da construção são diversos, porém, em
ras de suprir suas próprias necessidades. síntese, consistem na redução e otimização do consumo de mate-
Nos países industrializados, os padrões de consumo das ci- riais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do
dades representam uma pressão muito séria sobre o ecossistema ambiente natural e na melhoria da qualidade do ambiente constru-
global, ao passo que no mundo em desenvolvimento os assenta- ído. Para tanto, recomenda-se:
mentos humanos necessitam de mais matéria-prima, energia e de- - mudança dos conceitos da arquitetura convencional na dire-
senvolvimento econômico simplesmente para superar seus proble- ção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para
mas econômicos e sociais básicos. futuras mudanças de uso e atendimento de novas necessidades,
Nesse sentido, os processos de urbanização estão diretamente reduzindo as demolições;
relacionados com aumento dos impactos ambientais. O processo - busca de soluções que potencializem o uso racional de ener-
de Industrialização e seus efeitos para a poluição do meio ambien- gia ou de energias renováveis;
tem, e as aglomerações urbanas são dois exemplos impactantes
desse processo, tendo em vista que produzem grande consumo
energético, movimentações de terra e impermeabilização do solo, 1 Adaptado de: http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/ecod-basico-ur-
desflorestamento, alto nível de emissões de gases poluentes, polui- banismo-sustentavel
ção dos corpos d’água, contaminação do solo e problemas ambien- 2 http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8059.
tais diretamente decorrentes da urbanização. html
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- gestão ecológica da água; - aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte


- redução do uso de materiais com alto impacto ambiental; urbano pela utilização da infraestrutura urbana, visando a deses-
- redução dos resíduos da construção com modulação de com- timular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade,
ponentes para diminuir perdas e especificações que permitam a vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura ur-
reutilização de materiais. bana destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não
motorizado e no financiamento do subsídio público da tarifa de
Além disso, a construção e o gerenciamento do ambiente cons- transporte público, na forma da lei;
truído devem ser encarados dentro da perspectiva de ciclo de vida. - dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os servi-
Os governos municipais possuem grande potencial de atuação ços de transporte público coletivo e modos de transporte não mo-
na temática das construções sustentáveis. As prefeituras podem in- torizados;
duzir e fomentar boas práticas por meio da legislação urbanística - monitoramento e controle das emissões dos gases de efeito
e código de edificações, incentivos tributários e convênios com as local e de efeito estufa dos modos de transporte motorizado, facul-
concessionárias dos serviços públicos de água, esgotos e energia. tando a restrição de acesso a determinadas vias em razão da critici-
dade dos índices de emissões de poluição.
Mobilidade Sustentável3
A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio Prevenção de Desastres4
às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento Mais recentemente, num contexto de crescimento econômi-
social e econômico do país, no qual as crescentes taxas de urbani- co e de compromisso do governo brasileiro com a erradicação da
zação, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a miséria e resgate da dívida social, a vulnerabilidade aos desastres
retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento permanece como um desafio que vem sendo enfrentado.
expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), O Programa de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, diri-
bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas. gido ao fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil (SIN-
Em outras palavras, o padrão de mobilidade centrado no trans- DEC), por meio de um conjunto articulado de ações que incluem
porte motorizado individual mostra-se insustentável, tanto no que desenvolvimento institucional e intervenções estruturais, correti-
se refere à proteção ambiental quanto no atendimento das necessi- vas e preventivas, conta com crescente destinação de recursos or-
dades de deslocamento que caracterizam a vida urbana. A resposta çamentários, que aumentaram de R$ 130 milhões em 2004 para R$
tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do au- 3 bilhões em 2010.
mento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos Entre os fatores que justificam esse aumento de recursos, além
congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela do compromisso já mencionado, há também a maior frequência e
degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometi- intensidade de eventos climáticos extremos.
mento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos Segundo dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Minis-
níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público, tério da Integração Nacional, que coordena grande parte das ações
atropelamentos e stress). do Programa, o Executivo Federal emitiu, entre 2003 e 2009, um
A necessidade de mudanças profundas nos padrões tradicio- total de 10.803 Portarias de reconhecimento de situações de emer-
nais de mobilidade, na perspectiva de cidades mais justas e susten- gência ou estado de calamidade pública em municípios brasileiros.
táveis, levou à recente aprovação da Lei Federal nº 12.587 de 2012, A média anual de cerca de 1.500 Portarias emitidas foi supe-
que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana e contém prin- rada em 2010 com a emissão de 2.765 Portarias. A distribuição ge-
cípios, diretrizes e instrumentos fundamentais para o processo de ográfica dessas ocorrências denota sua grande concentração nas
transição. Dentre estes, vale destacar: regiões Nordeste, Sudeste e Sul, que são justamente as mais urba-
- integração (da Política Nacional de Mobilidade Urbana) com a nizadas do país.
política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais O sucesso do Programa, especialmente em áreas urbanas, de-
de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do pende diretamente de iniciativas da instância de poder municipal,
solo no âmbito dos entes federativos; tanto nas ações de resposta aos desastres – alerta, socorro, assis-
- prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre tência às vítimas e reconstrução de áreas atingidas - quanto nas
os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre ações preventivas diretamente relacionadas às competências muni-
o transporte individual motorizado; cipais sobre o planejamento e gestão do desenvolvimento urbano.
- integração entre os modos e serviços de transporte urbano; Para dar apoio aos municípios nessas questões, o Programa de
- mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos Gestão de Riscos e Resposta a Desastres prevê o mapeamento das
deslocamentos de pessoas e cargas na cidade; áreas ambientalmente frágeis – geralmente áreas de preservação
- incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso permanente definidas pelo Código Florestal – e o seu monitora-
de energias renováveis e menos poluentes; mento, de forma a tornar efetivos o controle e fiscalização sobre as
- priorização de projetos de transporte público coletivo estru- ocupações inadequadas de áreas de risco e a implementação das
turadores do território e indutores do desenvolvimento urbano in- leis ambientais e urbanísticas.
tegrado; No que se refere aos investimentos em intervenções estruturais
- restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou de caráter preventivo, cabe destacar: o manejo adequado das águas
temporário, de veículos motorizados em locais e horários prede- pluviais mediante novos parâmetros para os projetos de drenagem;
terminados; a implantação rápida de usos adequados em áreas onde ocorreu
remoção de moradias em situação de risco, evitando-se novas ocu-
3 http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8060. 4 http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8061.
html html
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pações; e a criação de parques e áreas de esporte e lazer em APP de Dessa forma, verificamos que o desafio do desenvolvimento
margens de rios. É importante a participação das comunidades na rural sustentável engloba duas metas principais: reverter o estágio
elaboração dos projetos e acompanhamento das intervenções para atual de degradação dos ecossistemas provocada pela agropecuá-
a sua valorização e sustentabilidade. ria, e ainda, promover, difundir e consolidar formas de desenvolvi-
mento rural praticados em bases sustentáveis.
Desenvolvimento Rural Sustentável
Entende-se como Desenvolvimento Rural Sustentável (DRS) BH é eleita referência em Sustentabilidade e Meio Ambiente7
um conjunto de práticas e tecnologias aplicadas ao meio rural que Belo Horizonte ganhou, na manhã desta quarta-feira, dia 21, o
possibilite a exploração e utilização de recursos no meio rural, que 1° lugar no ranking da “Urban Systems” como cidade referência em
podem ser no âmbito da agropecuário ou outro, tal como o turismo sustentabilidade e meio ambiente. Os altos índices de saneamento
rural por exemplo, de forma a tender os critérios definidos interna- e de coleta de lixo ajudaram a garantir o topo do ranking de Meio
cionalmente para o Desenvolvimento sustentável Ambiente pelo terceiro ano consecutivo. O uso de energia solar no
O desenvolvimento sustentável pressupõe a parceria entre Mineirão também contou pontos a favor de BH, que já é conhecida
governos e empresas para a reorientação do consumo e produção como a Capital Solar do Brasil.
baseada na ética, transparência e factibilidade. À medida que a A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Muni-
humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para cipal de Meio Ambiente, receberá o prêmio, nesta quinta-feira, dia
satisfação de necessidades crescentes, surgem tensões e conflitos 22, em São Paulo. O Secretário de Meio Ambiente, Mário Werneck,
quanto ao uso do território e seus recursos5. irá apresentar durante o Fórum do “Connected Smart Cities” as po-
Por esta razão, o crescimento sustentável na área rural também líticas públicas de meio ambiente que se tornaram referência para
vem sendo um fator básico para o crescimento do país. Nesse sen- todo o Brasil.
tido, a preocupação dos produtores agrícolas, tanto de grande ou “Esse reconhecimento muito nos honra e é fruto do que acre-
pequeno porte, é desenvolver um modelo de agricultura que não ditamos construir: uma ‘smart city’. O planejamento estratégico
traga danos ao meio ambiente e que promova uma crescimento da nossa administração contempla o desenvolvimento de projetos
economicamente viável, capaz inclusive de oferecer melhores con- urbanos integrados e sustentáveis. Estamos numa constante busca
dições para os trabalhadores. por novas tecnologias e soluções inteligentes para os nossos pro-
O objetivo do desenvolvimento rural sustentável, portanto, é blemas urbanos que afetam diretamente a qualidade de vida dos
incentivar o uso adequado da terra e dos recursos naturais, seja belo-horizontinos. Buscamos a construção de uma cidade cada vez
nas áreas de agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária, mais moderna e inteligente”, disse o secretário de Meio Ambiente,
Terras Indígenas ou Comunidades Extrativistas, nas Áreas Susceptí- Mário Werneck.
veis à Desertificação (ASD) e nas áreas de produção agropecuária Além do 1º lugar de cidade como referência em Meio Ambien-
de tipo patronal/empresarial de grande escala. te, Belo Horizonte ainda recebeu o prêmio em outras categorias.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Ex- Ranking Geral: 4° lugar, entre as maiores cidades brasileiras.
trativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, trabalha com di- 1° em Meio Ambiente, entre as cidades da região sudeste.
versos projetos na área de gestão ambiental sustentável: Ranking por Porte (mais de 500 mil/habitantes)
1° em Urbanismo
Gestão Ambiental Rural (Gestar)6 1° em Meio Ambiente
Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o projeto de 1° em Saúde
Gestão Ambiental Rural (Gestar) promove atividades de motivação,
capacitação e engajamento com a participação dos moradores das BH mais Verde
comunidades e de representantes de organizações da sociedade ci- No que diz respeito às áreas verdes, Belo Horizonte continua
vil, das escolas, das universidades e dos governos. com o título de Cidade Jardim. É a terceira cidade mais arboriza-
da do Brasil (IBGE 2010), com 18 m² de áreas verdes por pessoa,
Entre seus objetivos estão: índice 50% maior do que o preconizado pela Organização Mundial
- Estimular o uso de tecnologias ambientalmente corretas, com de Saúde (OMS). Temos 73 parques municipais e 790 praças públi-
ênfase na segurança alimentar e no melhoramento tecnológico e fi- cas. “Para manter esse título de Cidade Jardim, nós temos investido
nanceiro dos participantes. O público são os moradores do meio ru- no plantio de árvores, aumentando significativamente a cobertura
ral que realizam atividades agrícolas, agroindustriais e de serviços. vegetal e contribuindo para a melhoria do microclima na cidade”,
- Estimular a conscientização dos moradores das comunidades afirmou Werneck. Além disso, realizamos ações de incentivo à pre-
sobre questões ambientais em espaços de discussão onde sejam servação, como a criação de Reservas Particulares Ecológicas (RPEs)
geradas propostas de recuperação, de preservação e de conserva- e de corredores ecológicos na cidade, aumentando as áreas verdes
ção de áreas impactadas pela ação do homem. protegidas.
- Apoiar pesquisas ambientais e o desenvolvimento de instru-
mentos e metodologias, promover a identificação e facilitação de fi- Política Climática e Planejamento Estratégico
nanciamentos nacionais e internacionais e de créditos que tenham A Política Climática e Planejamento Estratégico da Secretária
relação com a gestão ambiental rural. de Meio Ambiente foi mais um dos pontos que contou a favor do
prêmio para Belo Horizonte. A capital é a única cidade do Brasil que
possui uma política completa de enfrentamento às mudanças cli-
5 https://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_rural_sustent%C3%A1vel máticas de reconhecimento internacional. “Essa política iniciou-se
6 http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2010/01/desenvolvimento-rural- 7 Disponível em https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/bh-e-eleita-re-
-sustentavel ferencia-em-sustentabilidade-e-meio-ambiente Acesso 20.03.2023
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em 2006, com a instituição do Comitê Municipal sobre Mudanças vel, quando podemos visualizar a velocidade na qual estes indica-
Climáticas e Ecoeficiência (CMMCE) e, desde então, realizamos três dores caminham para um resultado que se quer chegar. Temos que
inventários de emissões de gases de efeito estufa, compreendendo pensar na redução das desigualdades e não apenas na diminuição
uma série histórica de 2000 a 2013. Assumimos o compromisso em da pobreza. Este trabalho do Observatório é feito com muita serie-
nosso Planejamento Estratégico, de redução das emissões locais em dade e é fundamental a integração da administração municipal com
20 % considerando o ano base de 2007, levando a uma economia os parceiros que fazem parte do Observatório”, considerou.
de baixo carbono”, afirmou o Secretário de Meio Ambiente, Mário O subsecretário de Assuntos e Investimentos Estratégicos, Mar-
Werneck. cos Mandacaru, realçou a importância de se pensar numa cidade
sustentável. “Falamos sobre a energia renovável, tratamento de re-
Belo Horizonte lança relatório dos Objetivos de Desenvolvi- síduos, reciclagem e do plano da economia verde de Belo Horizon-
mento Sustentável8 te. Estamos muito atentos em relação aos ODS e uma medida cla-
A Prefeitura de Belo Horizonte, que coordena o Observatório ra foi a criação de uma Diretoria de Desenvolvimento Sustentável,
do Milênio, lançou nesta terça-feira, 11/12, o primeiro Relatório de que tem como ação precípua a estruturação do Plano de Economia
Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Verde de Belo Horizonte, em construção com o poder público e a
(ODS), durante o seminário Belo Horizonte Sustentável. O docu- sociedade”, afirmou.
mento é fruto dos trabalhos do Observatório do Milênio e apre-
senta os resultados da cidade em relação aos 17 objetivos estabe- Belo Horizonte é destaque
lecidos pelas Nações Unidas em 2015, com vistas ao alcance de um Para o Oficial Sênior Internacional do Programa das Nações
desenvolvimento das cidades que concilie aspectos econômicos, Unidas para Assentamentos Humanos (ONU Habitat), Alain Gri-
sociais e ambientais, tornando-as lugares mais seguros, saudáveis mard, a coordenação do Observatório pela Prefeitura é fundamen-
e resilientes. tal para o sucesso da iniciativa. “Estamos muito envolvidos com as
O relatório apresenta um conjunto de 144 indicadores que autoridades municipais e com os parceiros do Observatório. O Ob-
foram adaptados à realidade local e serão monitorados até o ano servatório de Belo Horizonte é um exemplo raro para o país. Exis-
de 2030. O trabalho é fruto de colaboração entre governo local e tiam dois observatórios no país e o único que ainda realiza seus
instituições acadêmicas e de pesquisa, por meio da rede do Obser- trabalhos é o de Belo Horizonte. Mesmo em toda a América Latina
vatório do Milênio de Belo Horizonte, atualmente composta pela e Caribe, ninguém apresenta relatórios de excelência como os da
Prefeitura de Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, capital mineira”, salientou.
PUC Minas, Fundação João Pinheiro, Universidade FUMEC, Centro A cidade de Belo Horizonte destacou-se ao longo dos últimos
Universitário Newton Paiva e Centro Universitário UNA. anos pelos resultados alcançados no acompanhamento da agenda
Segundo o gerente de Indicadores da Subsecretaria de Plane- dos Objetivos do Milênio. Desde 2005, foram produzidos relatórios
jamento e Orçamento, Rodrigo Nunes, ao longo do ano, técnicos bianuais de acompanhamento das metas, além de outras atividades
municipais e especialistas acadêmicos reuniram-se para discutir e tais como seminários, revistas, cartilhas, capacitação de estudan-
definir a composição do sistema local de Indicadores. “O trabalho tes, dentre outras. Tais iniciativas tornaram a capital uma referência
resultou em um conjunto qualificado de dados e informações que nacional e internacional no monitoramento das metas. O compro-
subsidiarão as ações públicas e as atividades de outros atores e ins- misso com o alcance das metas ODS tem sido ratificado pela atual
tituições locais, com vistas ao alcance de um novo patamar de de- administração, que coordena a rede de parceiros do Observatório
senvolvimento para o município alinhado com as metas globais de e mobiliza esforços para o cumprimento dos objetivos propostos.
sustentabilidade”, explicou.
O gerente ressaltou que o relatório faz um resumo da história Quais são os 17 ODS
do Município. “São apresentados indicadores para todos os assun- Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
tos de interesse da administração municipal. A partir de 2019, o todos os lugares
Plano de Trabalho do Observatório prevê o detalhamento territorial Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar
e temático de cada indicador e, em 2020, a apresentação do se- e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
gundo relatório de monitoramento das metas locais”, disse. Esse Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-es-
primeiro Relatório já está disponível no site observatoriodomilenio. tar para todos, em todas as idades
pbh.gov.br. Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de
qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo
Importância do Observatório da vida para todos
O secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas
André Reis, destacou a importância do acompanhamento das or- as mulheres e meninas
ganizações que compõem o Observatório do Milênio. “Além disso, Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da
ressalto também a relevância do quadro técnico da Prefeitura que água e saneamento para todos
integra o Observatório. É um trabalho histórico realizado por esta Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno
equipe há anos, com engajamento e responsabilidade”, apontou. e a preço acessível à energia para todos
O presidente da Fundação João Pinheiro, Roberto Nascimento, Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado,
ressaltou a seriedade do trabalho desenvolvido. “A continuidade do inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho de-
trabalho permite observar o movimento dos indicadores ao longo cente para todos
dos anos, ainda mais quando se fala em desenvolvimento sustentá- Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a in-
8 Disponível em https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/belo-horizonte-lanca-re- dustrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
latorio-dos-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel Acesso 20.02.2023
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Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre são contratadas pela SLU e remuneradas pela autarquia, que tam-
eles bém cede caminhões compactadores para a atividade. A SLU conti-
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos nua sendo responsável pelo planejamento e fiscalização do serviço.
inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis Além da coleta seletiva porta a porta, a cidade conta com outra
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sus- modalidade de coleta, a ponto a ponto, em que a população separa
tentáveis os recicláveis na residência e os deposita em contêineres instalados
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudan- pela Prefeitura. Todo o material recolhido nas coletas seletivas por-
ça climática e seus impactos ta a porta e ponto a ponto é doado para as cooperativas e associa-
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos ções. A SLU também providencia estruturas (aluguel, construção,
mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável reforma de galpões), para a triagem de recicláveis, e paga despesas
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável como o aluguel.
dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas,
combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e Pontos Limpos da SLU colocam fim em lixões
deter a perda de biodiversidade Em 2022, a SLU implantou 151 novos Pontos Limpos, em diver-
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o sas regiões da cidade. O programa transforma áreas degradadas,
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para alvos constantes de deposição clandestina de resíduos, em ambien-
todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em tes saudáveis para a comunidade. São locais em que carroceiros,
todos os níveis caçambeiros e caminhoneiros, entre outros, despejam entulho
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitali- e lixo, prejudicando toda a comunidade, com o acúmulo de lixo e
zar a parceria global para o desenvolvimento sustentável consequências como maus cheiros, poeira, atração de insetos e ani-
mais peçonhentos, além da poluição visual. Após uma mobilização
Observatório do Milênio de toda a vizinhança do entorno, esses locais são limpos, ganham
O Observatório do Milênio de Belo Horizonte é um espaço para plantio de árvores, jardins, cercas e pequenas obras. Eles também
produção e disseminação de informações sobre a cidade de Belo recebem uma placa, com os dizeres “Ponto Limpo – Proibido jogar
Horizonte. É formado por um grupo de instituições que, de modo lixo e entulho. Lançar resíduos neste local constitui crime ambien-
colaborativo, compartilham seus recursos técnicos e humanos para tal. Sujeitos a multa”. Os moradores são parte importante do proje-
ampliar e qualificar os conhecimentos com vistas a subsidiar as to. Ao se comprometerem com a ideia, eles ajudam a tomar conta
ações públicas locais em favor do desenvolvimento humano, urba- do espaço, mantendo o local limpo.
no e ambiental de Belo Horizonte. De acordo com o superintendente de Limpeza Urbana, Gene-
dempsey Bicalho Cruz, a SLU trabalha em sintonia com os princípios
Belo Horizonte é destaque em investimento e ações de sus- do desenvolvimento sustentável, minimizando os efeitos ambien-
tentabilidade ambiental9 tais negativos decorrentes da geração de resíduos. “A participação
A capital tem se consolidado, cada vez mais, como uma cida- da população é importante para o êxito desse trabalho. Ela pode
de com políticas e ações de sustentabilidade ambiental. Em 2022 ajudar muito, descartando corretamente seus resíduos e colabo-
o empenho da Prefeitura de Belo Horizonte nessas questões teve rando para a manutenção da limpeza urbana. O resultado é mais
ainda mais destaque. A quantidade de árvores plantadas e áreas qualidade de vida e saúde para todos, além da preservação do meio
recuperadas foi a maior dos últimos anos. Somado a isso, foi feita ambiente”, diz.
a melhoria de parques por toda a cidade, com investimento em in-
fraestrutura e acessibilidade. A coleta seletiva e os Pontos Limpos Meio Ambiente
foram ampliados para mais bairros, beneficiando um número maior Em 2022, a Secretária Municipal de Meio Ambiente promoveu,
de moradores e contribuindo para que a cidade fique ainda mais por meio de suas ações, programas e projetos, diversas políticas de
limpa. incentivo, fiscalização e garantia da promoção à biodiversidade, do
Em 2022, a Superintendência de Limpeza Urbana investiu na conhecimento ecológico, do consumo inteligente, da análise e en-
qualidade de vida da população, ampliando dois programas que co- frentamento às mudanças climáticas, da defesa dos animais, do uso
laboram para um meio ambiente mais saudável: a Coleta Seletiva das energias renováveis, da educação ambiental e dos projetos vol-
Porta a Porta e os Pontos Limpos. tados à sustentabilidade e à proteção de nascentes e áreas verdes,
A expansão da coleta seletiva contemplou moradores de 80.606 visando a preservação, recuperação e perenização do ambiente.
domicílios de Belo Horizonte, em oito novos bairros: Funcionários,
Coração Eucarístico, Minas Brasil, Estoril, Prado, Sagrada Família, Mais Árvores
União e Santa Efigênia. Além disso, novas ruas dos bairros Grajaú, Por meio da política de compensação ambiental, a Secretaria
São Lucas, Castelo, Lourdes e Padre Eustáquio, que já eram aten- Municipal de Meio Ambiente promoveu plantios de novas árvores,
didos com o serviço, passaram a integrar o roteiro dos caminhões. reflorestamento de áreas degradadas e recuperação de ecossiste-
O recolhimento dos recicláveis é executado por seis associações mas. Em 2022 essas ações totalizaram 15.577 novas árvores para
e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, integrantes do a capital, plantadas em vias públicas e áreas verdes do município,
Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Belo Horizonte. Desde setem- com previsão de mais 1700 plantios até o dia 31 de dezembro.
bro de 2019, quando essas entidades foram credenciadas pela SLU Além disso, são executados projetos como o Montes Verdes,
em chamamento público, elas são as responsáveis pelo serviço. Elas que tem por objetivo identificar, catalogar, caracterizar, propor e
9 Disponível em https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/belo-horizonte-e- executar planos de reflorestamento, e o Agroflorestas Urbanas,
-destaque-em-investimento-e-acoes-de-sustentabilidade-ambiental Acesso que associa o aumento da agrobiodiversidade vegetal, proteção
20.03.2023 de recursos hídricos, reocupação de matas ciliares e melhoria da
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qualidade do solo à promoção da segurança alimentar de popula- líticas, planos e projetos voltados à ação climática e definir metas
ções locais, por meio da produção de alimentos agroecológicos. A ambiciosas para o município, além de adaptar o território aos efei-
Prefeitura também firmou um novo acordo com o Instituto Chico tos adversos da mudança do clima, sempre com a participação da
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para produ- comunidade.
ção e plantio de mais 10 mil mudas de espécies nativas da Mata Internacionalmente reconhecida por seu protagonismo na
Atlântica na capital. construção de políticas climáticas, Belo Horizonte é uma cidade que
conta com um histórico avançado de cuidados com o meio ambien-
Crédito Verde te e a vida nas cidades. A capital é um dos Laboratórios de vida
A Prefeitura de Belo Horizonte atualizou e reformulou o pro- urbana do programa Habitating Liv Lab, que busca difundir medidas
grama de certificação “Selo BH Sustentável, reconhecimento conce- a favor da mobilidade com baixo carbono, energia limpa e serviços
dido a empreendimento públicos e privados, condomínios residen- de gestão de resíduos sólidos promovido pela ONU Habitat. Além
ciais, comerciais e industriais que adotem medidas em contribuição disso, a cidade conta com um Inventário de Emissão de Gases de
para a redução do consumo de água, energia, de emissões diretas Efeito Estufa atualizado com o instrumento de análise de riscos e
de gases de efeito estufa e para a redução e reciclagem de resí- vulnerabilidade climática, além de toda a base diagnóstica do con-
duos sólidos. Tendo como base legal a Deliberação Normativa do sumo de energia e recursos hídricos da cidade. Em 2021, Belo Ho-
COMAM nº 66/2009, que estabelece medidas de sustentabilidade rizonte aderiu à campanha global Race to Zero, assumindo a meta
e combate às mudanças climáticas, ele foi desenvolvido e reestru- de neutralização do carbono até 2050 e foi uma das oito cidades
turado através da Lei Municipal 11.284/2021, regulamentado pelo convidadas a contribuir com o desenvolvimento de um resumo para
Decreto 17.972/22. Formuladores de Políticas Urbanas do Painel Intergovernamental
O Selo BH Sustentável foi concebido em versão original no ano de Mudanças Climáticas (IPCC), bem como o refinamento das con-
de 2016. Naquela versão, poderiam ser certificados empreendi- clusões do Sexto Relatório de Avaliação das mudanças climáticas no
mento nas modalidades de selos Bronze, Prata, Ouro e ainda era planeta, desenvolvido pela ONU.
oferecido o Certificado de Boas Práticas Ambientais para os em-
preendimentos que não tivessem alcançado os índices mínimos Jardim de Chuva
estabelecidos, mas já contavam com ações nesse sentido. Por meio A Prefeitura de Belo Horizonte inaugurou, em fevereiro, o Jar-
da reformulação, os empreendimentos certificados agora recebem dim de Chuva do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado. Essas
os selos Bronze, Prata, Ouro e Diamante, e dispõem da emissão do estruturas contribuem para a captação de chuva, criando espaços
Crédito Verde, que oferece descontos aos titulares inscritos na Dí- de armazenamento que facilitam a infiltração no solo e ajudam na
vida Ativa. Desta forma, os edifícios que se considerarem aptos po- recarga do lençol freático. Estas estruturas recebem o escoamento
derão solicitar o Selo e, em caso de aprovação, estarão habilitados de água e acumulam os excessos, formando poças que se infiltram
ao benefício, com descontos progressivos de 5 a 20% na dívida. A gradualmente no solo, auxiliando o sistema de drenagem a traba-
iniciativa visa assegurar a efetividade das medidas de sustentabili- lhar dentro de sua capacidade mesmo durante os picos de precipi-
dade, com vistas a premiar aqueles empreendimentos que, volun- tação. Também chamados de Sistema de Biorretenção, os jardins
tariamente, as implementaram. utilizam a atividade biológica de plantas e micro-organismos para
remover os poluentes das águas pluviais, contribuindo para a infil-
Lei das Carroças tração e retenção da água de chuva.
Em cumprimento à Lei Municipal 10.119/2011, que dispõe so- A iniciativa, que é um dos projetos demonstrativos no âmbito
bre a circulação de veículo de tração animal e de animal, monta- do INTERACT-Bio, com financiamento de cerca de € 50 mil do gover-
do ou não, em via pública, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), no alemão, coordenação do ICLEI - Governos Locais pela Sustenta-
a SMMA cumpriu a 1a rodada do processo de cadastramento de bilidade - e apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, é um importante
animais, condutores e veículos de tração animal. colaborador na prevenção de alagamentos e enchentes nas cida-
A ação - que visa a garantir o cumprimento das regras para o des, além da restauração dos recursos hídricos. A Região Metropo-
tráfego de veículo de tração animal em via pública em circunstân- litana de Belo Horizonte é uma das três selecionadas no Brasil para
cias normais, bem como dos participantes de cavalgadas, passeios a execução do projeto – em conjunto com Londrina e Campinas.
e demais atividades, com a prévia autorização da PBH -, contou com
reuniões em 17 URPVs no objetivo de atender o público de todas as Parques Municipais e Zoobotânica
regionais da capital. Ao todo, foram vacinados 310 animais e em- O ano de 2022 foi de muito trabalho e mão na massa para a
placados mais de 100 veículos. Este número corresponde aos mais Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. O foco das ações
de 250 cadastros de tutores previamente realizados até o mês de foi a melhoria das infraestruturas para os visitantes e ações de pre-
março de 2022. Nos encontros, ainda, os carroceiros puderam re- servação do patrimônio ambiental, como os plantios e o trabalho
ceber instruções e tirar dúvidas sobre as diretrizes que respaldam de combate a incêndios florestais.
a atividade, como normas de bons tratos, condições dos veículos Vale lembrar que a topografia típica da cidade e, consequente-
e equipamentos, regras de trânsito e deposição adequada de resí- mente, dos parques municipais, dificulta a adaptação dessas áreas
duos, condições de trabalho e saúde dos animais. verdes para espaços 100% acessíveis, mas a Fundação tem por di-
retriz que todas as reformas que sejam conduzidas nesses espaços
PLAC considerem a adaptação das estruturas em questão para as normas
Em 2022 a Prefeitura de Belo Horizonte finalizou a elaboração de acessibilidade, sempre visando integrar o máximo possível de
e entrega do Plano Local de Ação Climática (PLAC). O documento áreas para que os visitantes com deficiência possam usufruir do la-
traz estudos técnicos que determina ações a serem tomadas para zer ao ar livre em segurança.
enfrentar o aquecimento global, e tem o objetivo de mapear po-
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

“Sabemos da importância e necessidade de que os equipamen- a sua rede e instalar nos postes de madeira com ganchos disponí-
tos públicos garantam o acesso de todos. A Fundação vem incluin- veis e curtir a beleza dos novos jardins, ampliados e revitalizados
do esse conceito como prioritário para suas unidades, através de para melhorar a beleza cênica do parque.
projetos que contemplam mobiliários e rotas acessíveis. Esse é um O Parque Mata das Borboletas também recebeu diversas me-
passo importante para que nossos parques sejam espaços cada vez lhorias e, com isso, vai passar a ser sede do Programa Escola Inte-
mais acolhedores e que proporcionem boas experiências de lazer, grada, em parceria com a Escola Municipal Benjamin Jacob, que já
descanso, práticas de atividades físicas e socialização”, explica o realizava diversas atividades no local com seus alunos. O Parque ga-
presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Sér- nhou pintura, troca de telhado, instalação de grades do tipo brizzes,
gio Augusto Domingues. entre outras melhorias.
Entre as melhorias entregues à população buscando garantir O Parque Alfredo Sabetta ganhou uma horta comunitária, cons-
mais acessibilidade, destacam-se as reformas em três parques na truída em parceria entre a Prefeitura e a comunidade local, com a
Regional nordeste: Orlando de Carvalho Silveira, Ismael de Oliveira estrutura de apoio para manutenção da área (ponto de água).
Fábregas e Marcos Mazzoni, que, além de reformas gerais em siste-
mas hidráulicos e elétricos e nas edificações, ganharam estruturas Compostagem
acessíveis a pessoas com deficiência, como brinquedos, pisos táteis, Em 2022, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica
rampas, rebaixamento de calçada nas entradas, rotas acessíveis in- também manteve ações sustentáveis na manutenção de seus jar-
terligando áreas, adequação dos sanitários públicos, instalação de dins e matas. A compostagem, feita com resíduos de podas de to-
mesas de jogos, bancos e bebedouros de acordo com as normas dos os parques, vem ganhando mais espaços em alguns parques,
de acessibilidade e até sinalização com mapas táteis, que estão em como o Jacques Cousteau. Desse trabalho, resulta a economia de
fase final de instalação. No Parque Orlando de Carvalho Silveira foi combustível e diminuição da dispersão de CO2 no transporte dos
também inaugurado o primeiro espaço exclusivo para cães em uma resíduos para o aterro e, ainda, um composto de excelente qualida-
área pública de BH. de para revitalização de novos jardins, reduzindo, ainda, a compra
Outro Parque que em 2022 teve obras de acessibilidade con- de insumos. Esta ação, adotada a título experimental no começo da
cluídas foi o Parque Américo Renné Giannetti, popularmente co- pandemia, ganhou novos espaços em 2022 e passa a fazer parte da
nhecido como Parque Municipal, localizado no Centro da cidade e rotina da Fundação.
um dos maiores cartões postais de BH. Foram investidos cerca de
R$ 917 mil neste empreendimento. Na reforma foram executadas Ações de Combate a Incêndios
implantação de rota acessível, criação de novas rotas e acessos, Em 2022, foi renovado o termo de cooperação técnica entre a
além da permeabilização de uma área de 308 m². A obra trouxe Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica e o Corpo de Bom-
maior segurança e conforto aos usuários, permitindo caminhos beiros Militar de Minas Gerais (CBMMG). Por meio da parceria, fo-
mais acessíveis e aumentando a vida útil do pavimento. Foi feita ram realizados neste ano cinco cursos de Brigadista Florestal, cujo
ainda a recuperação e implantação de pista de caminhada com ma- objetivo é atualizar conhecimentos, além de formar novos brigadis-
terial antiaderente e piso tátil para deficientes visuais. tas para atuação no combate ao fogo na capital mineira. Participa-
Outros parques da cidade receberam melhorias diversas, como ram dos cursos servidores da Fundação atuantes nos parques de to-
o Parque Nossa Senhora da Piedade, onde já está disponível inter- das as regionais, além de parceiros que atuam nas matas de todo o
net gratuita para uso dos visitantes e a renovação das estruturas e estado de forma colaborativa e, como novidade em 2022, voluntá-
da pintura. Já no Parque Baleares, está em fase final a recuperação rios das comunidades no entorno dos parques, já que, muitas vezes
do playground. Também receberam novas pinturas os Parques Eco- são os primeiros a identificarem pequenos focos de incêndio nos
lógico do Caiçara, Vencesli Firmino e Elias Michel Farah, este último parques e dão suporte aos brigadistas em campo fornecendo água
também ganhou novo paisagismo. e alimentos durante os combates. Além disso, atuam como guar-
No Parque das Mangabeiras Maurício Campos foi feita a pintu- diães dos parques, denunciando ações de vandalismo e também
ra da Ciranda de Brinquedos e da edificação na portaria da rua Cara- contribuindo na investigação das causas de incêndios criminosos,
ça. No Parque Tom Jobim, além de pintura, o espaço teve banheiros cedendo imagens de câmeras de segurança de seus imóveis.
reformados. No Parque Jornalista Eduardo Couri (Barragem Santa Nos últimos quatro anos, a Fundação já promoveu a formação
Lúcia), as intervenções foram feitas na recuperação dos pisos e na de mais de mil pessoas aptas a atuarem no combate a incêndios. As
reforma dos brinquedos. capacitações são realizadas em parceria com o Corpo de Bombeiros
O Parque Primeiro de Maio ganhou a construção de dois novos Militar de MG, que ministra a formação de brigadistas florestais, e
banheiros e teve suas pontes reformadas, para aumento da segu- também com o 1º Batalhão de Bombeiros de Operações em De-
rança dos visitantes. Com o mesmo objetivo, no Parque Lagoa do sastres (BOED), que ministra parte do curso de agente ambiental,
Nado foi feito o reforço estrutural da barragem de contenção da La- composto por noções básicas de combate a incêndios. O curso de
goa e a instalação de guarda-corpos para evitar acidentes. No par- agente ambiental, que conta também com a parceria do Tribunal
que, por meio de parceria da PBH com o governo Alemão, também de Justiça de MG, por meio do Projeto Revitalizar, também contem-
foi instalado um novo jardim de chuva. pla um módulo ministrado pela Fundação, cujo conteúdo engloba
No Parque Aggeo Pio Sobrinho, além de atender a uma deman- noções de educação e gestão ambiental para proteção de fauna e
da antiga da comunidade (a reforma geral da quadra poliesportiva flora. Neste ano, foram capacitados mais cerca de 300 agentes am-
local), a Fundação realizou outras intervenções, como a recupera- bientais para atuar no combate aos possíveis incêndios em todos
ção da ponte, com instalação de pergolado de madeira, e a implan- os parques.
tação de um redário. A ideia é que o visitante possa levar ao parque Além disso, como faz anualmente, a Fundação realizou a atua-
lização do Plano Integrado de Prevenção e Combate a Incêndios
Florestais (PIPCIF), atualizando informações, imagens e revisando
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

estratégias. Também foram feitas outras ações preventivas como o disso, representa um avanço significativo no estabelecimento de
manejo específico da vegetação, que inclui a realização dos aceiros ferramentas de gestão e monitoramento do território a fim de ga-
- faixas ao longo das cercas onde a vegetação é completamente eli- rantir o fluxo genético e a movimentação das populações existentes
minada da superfície do solo com a finalidade de prevenir a passa- nos ecossistemas compreendidos, promovendo a recolonização de
gem do fogo para área de vegetação, evitando-se assim queimadas áreas degradadas.
ou incêndios. Os aceiros planejados cumprem a função de realizar Vale salientar que a fragmentação dos biomas, causada majori-
o isolamento entre áreas propícias a ação de queimadas. Uma rede tariamente por ações humanas como incêndios florestais, desmata-
de aceiros, propicia a divisão de grandes áreas em áreas menores, mento, mineração e urbanização, implica para as espécies grande
tornando possível o controle do fogo por equipes treinadas em um vulnerabilidade, com perda da diversidade biológica, inclusive le-
menor tempo, evitando a propagação das chamas. vando espécies para ameaça de extinção em médio e longo prazo.
Em 2022, a Fundação também adquiriu novos equipamentos Conservar áreas contíguas e promover conectividade são conside-
para combate a incêndios, permitindo a atuação de mais brigadistas radas estratégias eficientes para garantir maior autossuficiência do
ao mesmo tempo, além de efetuar a revisão de todos os equipa- território e permitir o fluxo migratório adequado às populações que
mentos já em uso. Foram adquiridos novo uniforme padronizado demandam para sua sobrevivência áreas com maior extensão do
exclusivo para a brigada da Fundação, lanternas, capacetes, balacla- que as unidades de conservação ambientais individuais.
vas, luvas, mochilas camelback e outros Equipamentos de Proteção O corredor ecológico, além de ser uma ferramenta de moni-
individual para permitir a adesão de mais brigadistas. toramento e gestão, é um pacto entre os diversos atores que têm
responsabilidades sobre a área. Um corredor ecológico em ambien-
Plantios te urbano potencializa os processos ecológicos e os serviços am-
No ano de 2022, a Fundação de Parques Municipais e Zoobo- bientais indispensáveis para o bem-estar não só das populações
tânica realizou o plantio de mais de 25 mil mudas de árvores em silvestres, mas também das populações humanas. Reconhecer e
seus parques, em diversas ações ao longo do ano, intensificadas no proteger o Corredor Ecológico da Serra do Curral sinaliza a possibi-
período chuvoso. Foram priorizadas as áreas acometidas por incên- lidade de reconexão de outras áreas protegidas já existentes, como
dios nos anos anteriores e priorizadas para escolha as espécies es- o Monumento Natural da Serra da Piedade, a Reserva Particular do
pecíficas dos biomas de cada parque. Jambreiro, a Estação Ecológica do Cercadinho, a mata da Mutuca,
Os plantios de espécies nativas nos parques têm como objeti- o Parque Estadual do Rola Moça, o Parque Nacional da Serra da
vo, inicialmente, melhorar a infraestrutura verde da cidade, poten- Gandarela, integrando efetivamente o mosaico de unidades de con-
cializando os serviços ambientais de infiltração da água de chuva, servação do Quadrilátero Ferrífero, criado no âmbito da Reserva da
retenção da poeira, além de melhoria das condições climáticas, da Biosfera da Serra do Espinhaço.
poluição atmosférica, sonora e, também, da recuperação de nas-
centes. A Fundação tem feito, ainda, uma campanha de recupe- Zoológico contribui com produção própria de alimentos
ração de áreas degradadas, sejam as que passaram por efeitos de No Zoo BH, a equipe de nutrição se dedica não apenas a ela-
borda ou algum tipo de perturbação, como queimadas florestais. A borar e preparar as dietas de cada animal, mas também à produção
arborização intensiva nos parques é um objetivo sempre presente de alimentos diversos, a fim de oferecer mais qualidade e varieda-
no processo de manejo das áreas verdes da cidade. de para os animais, além de economia de recursos no orçamento
público.
Corredor Ecológico Em uma área com acesso restrito ao visitante são cultivados
Outra importante ação em busca da promoção de uma cidade legumes, frutas, verduras e até o capim de alguns animais. A pro-
mais sustentável foi a mobilização, por meio de decreto, em prol do dução local é feita atualmente em 16 canteiros ativos e conta com
Corredor Ecológico Espinhaço - Serra do Curral, uma área de mais alface, almeirão, acelga, couve, batata doce, beterraba, funcho, jiló,
de 1.1 mil hectares de território, compreendendo desde a Reserva salsinha, cebolinha, milho, feijão, acerola, amora, jaca, abacate,
Particular do Patrimônio Natural – RPPN – Minas Tênis Clube, no malvavisco (folhagem parente do hibisco), rami (folhagem de exce-
bairro Taquaril até a Mineração Lagoa Seca, no Belvedere, passan- lente valor proteico), entre outros.
do por três parques municipais, pela Mata da Baleia e pelo Parque Melina Fernandes, zootecnista chefe da Seção de Nutrição, ex-
Estadual da Baleia. plica que, além de minimizar os custos com a compra desses itens,
Essa região da Serra do Curral já compreende um número ex- cultivá-los no Zoo permite à equipe a rastreabilidade do alimento,
pressivo de áreas verdes protegidas que, por sua vez, apresentam o que garante um maior controle sobre a qualidade dos itens ofe-
conexões físicas entre elas num arranjo ideal de corredor, favoreci- recidos aos animais, além de permitir manter uma alta variedade
do também pela formação da crista da Serra. Esse aspecto, somado na dieta, já que nem sempre é fácil encontrar no mercado todos os
ao fato de a região estar, ainda, localizada num perímetro de pro- itens que são produzidos no Zoo. Outra vantagem é a ausência de
teção de tombamentos em diferentes níveis de governo, incluída agrotóxicos no processo de cultivo.
como área prioritária para conservação, conferem a esse trecho da Essa produção torna-se especialmente importante quando se
Serra do Curral vantagens significativas para se instituir uma ferra- tem alguns animais com peculiaridades de saúde – como o Chim-
menta estratégica de gestão integrada e projetos de cooperação. panzé Serafim, que é diabético - ou outros com paladar bastante
O reconhecimento da área como um Corredor Ecológico cons- exigente, como um dos cervídeos do plantel, o cervo-do-pantanal,
titui-se, portanto, num importante instrumento legal não só para que aceita poucos alimentos, entre os quais amora, milho e malva-
embasar as políticas públicas para conservação desse inestimável visco, que por sorte são produzidos na casa. Já os gorilas adoram a
patrimônio natural e cultural, como também contribuir para o in- rama da batata-doce, o que permite aproveitar o alimento em sua
centivo da pesquisa científica em temas como, biodiversidade, re- totalidade, sem desperdiçar as folhas. Outra preferência – disputa-
cursos hídricos, restauração florestal, socioeconômica etc. Além díssima, por sinal - dos gorilas é o funcho, folhagem de alto custo e
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muitas vezes difícil de encontrar no mercado. “Só para o grupo de Destarte, o próprio homem se colocou na situação de crise
gorilas, enviamos 18kg de folhagens diversas por dia, entre elas o ambiental e sociedade de risco, pois, os fatos como o advento da
funcho. Produzir esses alimentos no Zoo nos traz a tranquilidade de industrialização, globalização, crescimento populacional, guerras
que não irá faltar e, mais importante, que estão sendo oferecidos mundiais, fixação da cultura do consumismo, falta de estrutura e
alimentos de alta qualidade”, reforça Melina. adequação, dentre outros, contribuíram para a atual crise ambiental.
O setor de nutrição do Zoo BH produz, em média, três mil pés Ainda, verifica-se que o modelo capitalista, irracional de ex-
de hortaliças a cada 40 dias nos 16 canteiros. Isso gera uma econo- ploração e apropriação dos recursos naturais não apenas alterou o
mia de 40% no orçamento mensal do pedido de Hortifruti do Zoo meio natural, mas também houve o desencadeamento da miséria,
BH. Atualmente, estão sendo preparados outros canteiros, a fim de de desigualdade social, concentração de renda e a própria violação
aumentar essa produção. A meta, segundo Melina, é chegar a 100% aos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. E, também,
de economia e não mais precisar comprar os itens no mercado. desestruturou ou extinguiu a identidade cultural de muitos povos.
Segundo, PHILIPPI Jr., o modelo de desenvolvimento econômico
escolhido e assumido pelo governo brasileiro, nem sempre esteve
MEIO AMBIENTE associado ao meio ambiente, provocando, dentre outros, o incre-
mento de uma sociedade dita consumista onde impera a força do
mercado com regras que priorizam “ter” e não o “ser”, a quantida-
Sociedade e Meio Ambiente de, não a qualidade, de vida ou de qualquer outro objeto, de onde
A preocupação com o meio ambiente10 vem sendo questionada emerge o vocábulo “descartável”, neologismo que provoca a geração
e centro de tomada de decisões, pois, a grave problemática ameaça alucinada de resíduos sólidos, de todos os tipos, tamanhos e maté-
romper com o equilíbrio ecológico do Planeta. rias. (Fonte: Urbanização e Meio Ambiente, Suetônio Mota, ABES,
Grande marco a respeito da preocupação ambiental está na De- RJ, 2003, pg.50)
claração de Estocolmo, de 1972, onde se enunciou, dentre outros, Isto é, o resultado desse tipo de desenvolvimento tem sido a
os direitos fundamentais do homem à liberdade, à igualdade e ao degradação dos recursos naturais. Sendo que, respeitar a vida com-
gozo de condições de vida adequadas num meio ambiente de tal preende respeitar ao meio ambiente e, sendo assim, o cuidado com
qualidade que lhe permita levar uma vida digna com solene obri- o meio ambiente exige “ultrapassar fronteiras e gerações”, pois re-
gação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações quer o “dever de atuação” da presente geração a fim de resguardar
presentes e futuras. o “direito à vida” das futuras gerações.
Já na Declaração do Rio de Janeiro, de 1992, a formulação é
mais sutil, reza que os seres humanos estão no centro da preocu- Impactos Ambientais
pação com o desenvolvimento sustentável, com direito a uma vida Aquecimento global e sustentabilidade são assuntos cada vez
mais saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. mais presentes tanto nos debates políticos, quanto no dia a dia das
pessoas comuns. Sobre esse assunto, os conceitos da sustentabili-
Breve histórico dade pretendem reduzir a emissão dos gases do efeito estufa (GEE),
A sociedade passou por profundas transformações em que a com diversas medidas ambientais, políticas, econômicas e sociais.
realidade socioeconômica se modificou com rapidez junto ao desen- No campo ecológico, destaca-se a importância da restauração de
volvimento incessante das economias de massas. áreas degradadas, da preservação do ecossistema de cada lugar (ou
Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a seja, nenhuma extração deve degradar o equilíbrio ambiental).
adequar às necessidades e vontades humanas. Contudo, o homem O nível social também necessita de diversas atitudes e inicia-
não mediu as possíveis consequências que tal desenvolvimento pu- tivas no referente a aquecimento global e sustentabilidade. O pri-
desse causar. meiro ponto fundamental é a conscientização e a reeducação do
Não apenas o meio natural foi alterado, como também a glo- pensamento consumista, desperdiça demasiadamente. A segunda
balização e seus mecanismos trouxeram para grande parcela da po- questão que pode ser aplicada é a educação, principalmente nas pri-
pulação mundial o aumento da pobreza, desigualdade social, além meiras séries, onde se influencia toda a ética e a moral do indivíduo.
dentre outros, a exclusão estrutural e cultural, como a perda de
identidade cultural e social, dando lugar ao consumismo cultural. Desenvolvimento Sustentável11
Ou seja, os avanços tecnológicos não tão adequados e prepara- O objetivo de uma política visando o desenvolvimento susten-
dos ameaçam aos Direitos Humanos, onde as classes excluídas so- tável é de incentivar o desenvolvimento econômico e, ao mesmo
frem diretamente muito mais com todo este cenário. tempo, promover o uso eficiente dos recursos naturais, reduzir a
degradação do meio ambiente e assegurar os recursos naturais para
Sociedade atual – a crise e os riscos o futuro. Os modelos atuais de desenvolvimento econômico têm le-
A sociedade atual é caracterizada por uma sociedade de risco vado a uma imensa desigualdade social, além de serem perdulários
ambiental, em que não se sabe exatamente quais os riscos, quais e altamente poluidores.
suas proporções e devidas consequências. É impossível dissociar a preservação ambiental da péssima
A exploração irracional dos recursos naturais pelo homem de- qualidade de vida de milhares de seres humanos. Ao mesmo tempo
sencadeou uma série de eventos negativos em que a própria vida do o consumo de energia e a produção de resíduos são, de sobra,
planeta se coloca em risco. maiores nos países desenvolvidos em relação aos subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento.

10 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/educacao-am- 11 https://www.educabras.com/enem/materia/geografia/meio_ambiente_2/
biental-perspectivas-e-desafios-na-sociedade-de-risco/ aulas/o_desenvolvimento_sustentavel_e_os_impactos_ambientais
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Para um país em desenvolvimento como o Brasil, seria aparen- Após ser determinada a melhor forma de manter o desenvolvi-
temente aconselhável explorar ao máximo seus recursos naturais mento sustentável, o governo pode regular o acesso a recursos atra-
para aumentar a riqueza da nação. Porém, se os recursos naturais fo- vés de impostos sobre poluição e da venda de permissões limitadas
rem utilizados mais rapidamente que sua capacidade de reposição, para poluir ou explorar certas áreas, implementando um sistema de
o desenvolvimento será insustentável, pois no futuro, eles deixarão cotas ou por outros meios legais que cedem o direito do uso limitado
de existir. Mas, se os recursos forem explorados de uma maneira dos recursos naturais.
responsável, eles poderão se regenerar e continuar a existir perpe- Essas licenças ou permissões, além de limitarem a degradação
tuamente. do meio ambiente, passam a ter um valor econômico para quem as
Existem vários recursos naturais que são renováveis e que po- possui. Por exemplo, impostos sobre poluição reduzem o incentivo
dem se regenerar. Os peixes ou outros animais se reproduzem, a de se manufaturar produtos que poluem; também servem como in-
água e o ar se limpam e a grama e as árvores crescem novamente centivo para os produtores acharem alternativas menos poluentes.
- caso o estrago não seja tão grande a ponto de esgotar os recursos Proteger o meio ambiente tem seus custos, por isso muitos paí-
antes de sua reposição. ses pobres são mais tolerantes em relação às indústrias poluentes.
Portanto, é necessário explorar recursos renováveis de uma for- Porém, os governantes desses países pobres devem se conscientizar
ma sustentável e responsável e com a intervenção dos governos. que estão sacrificando o meio ambiente e recursos naturais que são
uma fonte de capital preciosa e insubstituível.
Assegurando o desenvolvimento sustentável
No último século, a Terra sofreu grandes alterações ambientais. Tratados Internacionais
Ocorreu também o esgotamento de diversos recursos naturais como Os problemas ecológicos são problemas mundiais. Danos irre-
o desaparecimento de florestas inteiras e a extinção de várias espé- versíveis ao meio ambiente, incluindo mudanças na temperatura da
cies. O comprometimento de bens naturais, considerados livres e Terra, não têm fronteiras políticas.
abundantes, como o ar e a água, tem chegado a níveis alarmantes. As organizações mundiais e os países desenvolvidos têm tenta-
Acesso ao meio ambiente é disponível para todos. Os recursos são do desenvolver políticas para incentivar ou até mesmo pressionar
limitados e o acesso a eles é ilimitado. É necessário, portanto, uma os países do “sul” a manterem o meio ambiente. Países ricos têm
regulamentação do governo. dado abatimentos nas dívidas externa de países mais pobres com a
Desmatamento por causa de práticas agrícolas e as queimadas condição desses se empenharem para conservar o meio ambiente.
têm alterado drasticamente o habitat de várias espécies. O período Governos e instituições não governamentais têm trabalhado
de reposição dessas florestas é enorme e dependo da situação do para elaborar normas que conciliam o desenvolvimento econômi-
solo após o desmatamento, até impossível. co e a preservação do meio ambiente, visando o desenvolvimento
Internacionalmente, um foco muito grande é sempre dado à sustentável. O crescimento econômico deve ser regido por políticas
Floresta Amazônica. O governo brasileiro, visando o desenvolvimen- capazes de preservar os recursos naturais.
to do estado da Amazônia, chegou a subsidiar a criação de gado, Em 1972, na Suécia, as nações do mundo se reuniram na pri-
indústrias e outras atividades que causaram o desmatamento de meira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente, com a fina-
áreas extensas da floresta. Internacionalmente, o governo brasileiro lidade de debater os problemas causados pela poluição e maneiras
sofre pressão a respeito de medidas sérias para a preservação da de preservar o ambiente. O documento resultante dessa conferência
Floresta Amazônica - que é frequentemente chamada de “o pulmão ficou conhecido como Declaração de Estocolmo e discute a impor-
do mundo”. tância da manutenção da qualidade do ambiente para garantir o
O tempo de recuperação e reposição de florestas é muito maior bem-estar físico, mental e social do homem.
do que o tempo de reposição de peixes ou de outras espécies. Po- O Brasil, em 1992, sediou a segunda conferência da ONU sobre
rém, quando a caça e a pesca não são controladas, a extinção se tor- ambiente, a ECO-92, no Rio de Janeiro. O tema central visou elaborar
na uma realidade. Acesso livre à pesca acaba desabonando classes normas de conduta que conseguissem conciliar o desenvolvimento
inteiras de peixes. O pacu, por exemplo, um peixe muito apreciado, econômico e a preservação dos ambientes naturais. Essa problemá-
antes abundante em todos os rios de Mato Grosso do Sul, parte de tica sintetiza o chamado desenvolvimento sustentado: o crescimen-
São Paulo e do Paraná, foi tão perseguido, que hoje é muito raro. to econômico deve ser regido por políticas capazes de manter os
recursos naturais, sem destruir o ambiente. Deve-se encontrar alter-
Portanto, por mais que a caça, a pesca, a indústria e o desma- nativas energéticas e novas tecnologias para a produção de recursos
tamento contribuam para a economia, é necessário visar um de- e para o reaproveitamento dos resíduos.
senvolvimento econômico com um dano mínimo aos ecossistemas
naturais. Desmatamento12
O papel do Estado deve ser o de passar e implementar medidas Desmatamento, também chamado de desflorestamento, con-
que integrem as considerações ambientais com as econômicas. siste na retirada da cobertura vegetal parcial ou total de um determi-
Alguns fatores precisam ser levados em consideração: nado lugar. Enquanto alguns enxergam essa prática como uma ação
Que é o período de reposição de cada recurso natural renová- necessária ao suprimento das necessidades do ser humano, outros
vel? apontam o desmatamento como um dos maiores problemas am-
Qual é o perigo de explorar até o limite irreversível cada recurso bientais da atualidade. A retirada da cobertura vegetal está relacio-
natural? nada a diversas causas, como a urbanização, mineração e expansão
Qual é o perigo de levar espécies à extinção? do agronegócio, e seus impactos são inúmeros.
Como o governo pode controlar o uso do meio ambiente?
12 SOUSA, Rafaela. “Desmatamento”; Brasil Escola. Disponível em: https://
brasilescola.uol.com.br/geografia/o-desmatamento.htm.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Causas do desmatamento vegetação próxima a áreas de cursos d’água também provoca des-
A exploração dos recursos naturais acontece desde os primór- lizamentos de terra, que se deposita nos rios, provocando então o
dios da humanidade. Contudo, na medida em que a sociedade se assoreamento.
desenvolveu, essa exploração intensificou-se, colocando em risco o Todas essas questões convertem para o bem-estar e a qualidade
equilíbrio do planeta e comprometendo o suprimento das gerações de vida de todos os seres vivos no planeta. Todos nós dependemos
futuras. das florestas, seja para a produção de oxigênio, seja para o forneci-
A questão do desmatamento tomou grandes proporções a par- mento de matéria-prima para a produção de itens essenciais à vida.
tir da Revolução Industrial. A introdução de novas tecnologias (que Se acabamos com esse recurso natural, obviamente somos nós que
proporcionaram o aumento da produção industrial) e o consumo sofreremos diretamente as consequências. E isso já tem sido obser-
(que aumentou consideravelmente) fizeram com que diversas flo- vado.
restas temperadas e tropicais fossem devastadas, a fim de atender a Diversos recursos naturais estão acabando, comprometendo as
essa nova demanda. gerações futuras. O clima tem sofrido mudanças sentidas em todas
Os países industrializados apresentaram, durante esse período, as partes do mundo. E exatamente por essas questões, o desmata-
maiores taxas de desmatamento. Com o passar dos anos, essas taxas mento tem sido apontando como um dos maiores desafios da atua-
começaram a cair nesses países e a aumentar nos países em desen- lidade.
volvimento e subdesenvolvidos.
O desmatamento pode ser atribuído a diversas atividades, sen- Desmatamento no mundo
do essas, em sua maioria, antrópicas. A retirada da cobertura vege- O desmatamento é uma questão de ordem mundial. De acordo
tal está relacionada, por exemplo, com a expansão do agronegócio; com dados fornecidos pelo Observatório Mundial das Florestas, a
com o extrativismo animal, vegetal ou mineral; com a necessidade devastação das florestas alcançou cerca de 29,7 milhões de hectares
de explorar matéria-prima para atividades de todos os setores da no mundo todo em 2016, um aumento de quase 51% comparado a
economia; com a urbanização referente ao aumento das cidades; e 2015. Os principais contribuintes desse aumento foram os incêndios
também com atividades ilegais que envolvem queimadas propositais florestais, como os que ocorrem em Portugal e na Califórnia (EUA),
e até mesmo exploração de áreas de conservação para fins pessoais, e também a expansão da agricultura, do extrativismo vegetal e da
como especulação fundiária. mineração.
A expansão do agronegócio é considerada uma das principais Só em 2018, segundo os dados da Global Forest Watch, o mun-
causas do aumento do desmatamento no mundo todo. Segundo a do perdeu cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais, o
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura que equivale a quase 30 campos de futebol por minuto. A World Re-
(FAO), só na América Latina, a expansão da agricultura e da pecuária sources Institute (organização não governamental ambientalista dos
comercial é responsável por aproximadamente 70% do desmata- Estados Unidos) divulgou dados que mostram também os países que
mento. mais desmataram florestas primárias (correspondentes à vegetação
em seu estado original e não ao resultado de reflorestamento).
Consequências do desmatamento A lista dos países que mais desmataram é liderada pelo Brasil e
Assim como as causas do desmatamento são muitas, suas con- seguida por países como a República Democrática do Congo, Indo-
sequências são proporcionais. Apesar de muitos acreditarem que nésia, Colômbia, Bolívia e Malásia. Brasil e Indonésia, juntos, desma-
se trata de um “mal necessário” para a manutenção do bem-estar taram aproximadamente 46% das florestas tropicais no mundo em
social, especialmente com a questão da agropecuária e do extrativis- 2018. Acredita-se que esse aumento do desmatamento tem prejudi-
mo, que são atividades essenciais ao desenvolvimento de um país, cado os esforços para conter o aquecimento global.
a questão do desmatamento tomou proporções jamais vistas, colo- Paralelamente, alguns países têm diminuído suas taxas de des-
cando em risco todo o equilíbrio biológico do planeta Terra. matamento. Entre 2010 e 2015, a diminuição do desmatamento
As principais consequências estão relacionadas ao meio am- mundial foi para cerca de 33 mil quilômetros quadrados líquidos,
biente e a tudo que lhe diz respeito. Ao desmatar, compromete-se segundo a FAO. Esse é o resultado obtido entre a devastação das
toda a biodiversidade da área. Espécies da fauna perdem seu habitat áreas e o reflorestamento. Anualmente são perdidos cerca 76 mil
e espécies da flora podem entrar para a lista de ameaças à extinção e quilômetros quadrados, compensados por 43 mil quilômetros qua-
assim causar um enorme desequilíbrio ambiental, prejudicando até drados de reflorestamento.
mesmo as atividades primárias, das quais dependem muitas famí- A Indonésia, por exemplo, tem se esforçado para preservar as
lias, e também a economia, como a caça, a agricultura e a pecuária. suas florestas primárias, conseguindo reduzir, de 2018 até os dias
A retirada da cobertura vegetal também agrava a questão das atuais, cerca de 40% do desmatamento nessas áreas. O Ministro do
mudanças climáticas. Além do aumento das emissões de gases po- Meio Ambiente da Indonésia alegou o esforço do país para garantir
luentes à atmosfera que tem agravado o efeito estufa e o aqueci- o cumprimento das leis nacionais de política ambiental, punindo e
mento global, o desmatamento também é considerado um dos fato- alertando empresas.
res responsáveis pelas alterações no clima. Os anos estão cada vez A Noruega, que desmatou cerca de 10 milhões de m3 em seu
mais quentes, e o aumento da temperatura da Terra tem causado território desde 2014, reflorestou aproximadamente 25 milhões de
inúmeros danos aos ecossistemas e também à saúde humana. m3. A atitude de reflorestar contribui para que o país compensasse
Outra questão diretamente ligada ao desmatamento está rela- cerca de 60% das emissões de gases de efeito estufa à atmosfera.
cionada às alterações provocadas no solo, bem como nos recursos Outro exemplo é a Alemanha, que desmatou 58 mil hectares de flo-
hídricos. Retirar a vegetação de uma determinada área favorece o restas, entre os anos de 2002 e 2012, e reflorestou cerca de 108 mil
processo de erosão do solo, pois é a cobertura vegetal que auxilia hectares.
na infiltração da água da chuva. Portanto, sem ela, a água escorre
sobre o solo, provocando deslizamentos e a erosão. A retirada da
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

O Brasil também havia demonstrado redução de desmatamen- relação importante das DCNT, exigindo aos profissionais da saúde
to, entre os anos de 2010 e 2011, para 20 mil quilômetros quadrados estudos relativos as epidemiologias de cunho alimentar e nutricio-
devastados, 20 mil a menos que os registros de anos anteriores. No nal.
entanto, atualmente, o cenário modificou-se novamente. As taxas Alguns itens são estudados na para diagnóstico das epidemio-
de desmatamento voltaram a subir, e esse assunto será abordado logias nutricionais e seu desenvolvimento nas fases da vida, entre
no tópico seguinte. eles: amamentação, introdução alimentar, prática de atividade fí-
sica, sobrepeso, obesidade e saúde mental, segurança alimentar,
Efeito estufa13 alimentação e nutrição dos povos indígenas, políticas públicas de
O efeito estufa é importantíssimo para a vida no planeta Ter- alimentação e nutrição em geral.
ra. Graças a ele a temperatura é considerável suportável, pois caso
ele não existisse ela seria de aproximadamente 18°C negativos. Para Diagnóstico do estado nutricional de populações
se ter uma ideia, a temperatura próxima da superfície é de apenas No Brasil os casos de DCNT são os maiores problemas de saúde
14ºC. pública, o aumento de casos de sobrepeso e obesidade é uma das
Toda radiação solar interage com os gases que se encontram causas mais frequentes para esse aumento, incluindo o sedentaris-
dentro desse efeito estufa. O resultado disso é que os gases de efeito mo, o que diminui o bem estar e qualidade de vida e aumenta os
estufa, absorvem essa radiação mandada pelo sol e devolvem para a custos do SUS. Sabe-se que cerca de 74% das causas de morte no
superfície terrestre uma radiação infravermelha ou calor como nós Brasil são por decorrência de DCNT.
conhecemos. Já em questão global, a má alimentação é uma das principais
O efeito estufa apesar de ser um dos fatores de aumento da causas de doenças.
temperatura do planeta ainda tem um papel fundamental para a Em 2019, um estudo verificou que 63% das pessoas acompa-
vida do ser humano. Pois, é ele quem mantém as temperaturas su- nhadas pela Atenção Primária á Saúde, estavam em excesso de
portáveis no planeta. peso, e destes cerca de 28% eram obesas, o que representa uma
O que estamos vendo atualmente é um desequilíbrio entre as fatia de mais de 11 milhões de pessoas com sobrepeso e obesidade
ações humanas e os fenômenos normais da natureza. Os desmata- no Brasil.
mentos provocados pelo ser humano tem sido um dos motivos de- O gráfico abaixo representa por região a porcentagem de pes-
terminantes para o desequilíbrio energético do planeta, causando soas com excesso de peso, declarado pelo SISVAM (Sistema de Vigi-
assim uma maior retenção de calor dentro do planeta. lância Alimentar e Nutricional) em 2019.
Os efeitos do aquecimento global no planeta podem ser catas-
tróficos, principalmente para a saúde humana. Outras doenças de saúde pública do Brasil são: desnutrição
energético-proteica, anemia ferropriva, bócio, hipovitaminose A e
cárie.
SAÚDE
Nutrição e Infecções
A nutrição tem como um dos seus papéis o processo de recupe-
Saúde e Nutrição ração da saúde, e as infecções têm causas diversas, mas podem ser
A nutrição e saúde publica, estuda os aspectos e interferências prevenidas através de hábitos como:
que a alimentação tem no bem estar e saúde dos indivíduos, veri- • Higienização correta dos alimentos;
ficando os fatores nutricionais como faltas e excessos e suas ações • Aleitamento Materno nos primeiros meses de vida, sendo im-
em morbimortalidade. portante para evitar as infecções respiratórias agudas;
As causas de mais estudo neste campo são as doenças crôni- • Consumo de alguns alimentos com função anti-inflamatória,
cas não transmissíveis (DCNT) onde se aborda a obesidade, a hi- antiviral, antifúngica, bactericida e que protege de várias infecções,
pertensão, as doenças cardiovasculares, as diabetes e alguns tipos como a cebola e o alho, o gengibre e os alimentos ricos em vitamina
de câncer, como também as doenças infecciosas e transmissíveis, a C;
desnutrição e as carências nutricionais. • Assim, como outros ali mentos ricos em óleos essenciais e
O nutricionista no campo da saúde pública ele atua no campo outros minerais que aumentam a imunidade.
coletivo junto com a equipe multiprofissional ou atuando particu-
larmente em consultas individuas e é muito importante no âmbito Vigilância Nutricional
da estratégia da saúde da família (ESF), criada no SUS. A vigilância alimentar e nutricional visa aplicar ferramentas que
O SUS, o sistema único de saúde, é o que gere todo este cam- busca observar, coletar e analisar informações descrevem as condi-
po da saúde pública, trazendo assistência a toda a população in- ções alimentares e nutricionais de uma população. Traz como ob-
dependente de classe social e renda, sendo integral, igualitário e jetivo elencar assuntos e temas para as ações políticas, auxiliando
universal. no planejamento, monitoramento e gerenciamento de programas e
atividades favorecendo melhoria do hábito e padrão alimentar e do
Epidemiologia Nutricional estado nutricional do povo.
A epidemiologia nutricional fala sobre a utilização de ferramen- Sua principal estratégia e verificar o estado de nutricional nas
tas ideais a avaliação da dieta, investigando interação entre dieta e fases da vida, principalmente crianças e gestantes e população de
doença. Em relação ao mundo atual alguns fatores nutricionais tem baixa renda que estão mais propensos a condições nutricionais pro-
blemáticas.
13 Disponível em https://sustentavel.com.br/aquecimento-global Acesso em
14.02.2022
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Atividades de nutrição em Programas integrados de saúde


pública
A presença de política e programas de nutrição em saúde pú-
blica visa promover o direito igualitário de todos à alimentação de
qualidade, promovendo em si práticas de promoção á saúde atra-
vés do acesso a alimentação saudável. Entre os programas atuais
encontram-se:
• Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN);
• Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)
• Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SI-
SAN);
• Bolsa Família;
• Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT);
• Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O PNAN principalmente, como política nacional consolida em
suas 9 abordagens em sua prática, que são: Organização da Atenção
Nutricional, Promoção da Alimentação Adequada e Saudável, Vigi-
lância Alimentar e Nutricional, Gestão das Ações de Alimentação e
Nutrição, Participação e Controle Social, Qualificação da Força de
Trabalho, Controle e Regulação dos Alimentos, Pesquisa, Inovação e
Conhecimento em Alimentação e Nutrição e Cooperação e articula-
ção para a Segurança Alimentar e Nutricional.
E dentro destes programas, o papel do nutricionista é promo-
ver a saúde em suas fases de vido, do nascer ao envelhecer, favore-
cendo e auxiliando nas escolhas alimentares promovendo alimen-
tação e segurança alimentar e do estado nutricional do indivíduo Fonte: Secretária de saúde de Minas Gerais, 2016.
ou coletividade.
A partir da década de 70, começamos no Brasil um grande movi-
RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E ALIMENTO mento das mulheres no mercado de trabalho, e vemos que as indústrias
A relação entre os alimentos e a nossa saúde é muito direta. alimentícias da época perceberam uma grande chance de começar a
Desde quando houve vida humana na Terra nos precisamos nos produzir alimentos que fossem mais práticos e que exigisse menos des-
alimentar, para ter energia e conseguir sobreviver; no início era ba- sas mulheres na hora de cozinhar. Surgem então os alimentos enlatados,
sicamente isso, os humanos precisavam se alimentar para garantir processados (alimentos que passaram por algum tipo de processamento
a sobrevivência e perpetuação da espécie. Com o passar dos anos não estão em seu estado natural) com a proposta de ajudar a facilitar a
nós fomos evoluindo e a alimentação continuou tendo um papel vida dessas donas de casa que agora começavam a cumprir uma dupla
de garantir energia, mas nós começamos a ter outras necessidades jornada.
que antes não identificávamos. Essa mudança que sofremos se chama transição nutricional, que
Como dito anteriormente passamos por várias etapas, se quer dizer que passamos de uma alimentação que era baseada em ali-
voltarmos 120 anos em nossa história vamos ver que, a nossa ali- mentos frescos e mais saudáveis para alimentos mais industrializados de
mentação era baseada em alimentos primários como arroz, feijão, fácil preparo, mas menos saudáveis. No início, observamos que as pes-
milho, café entre outros era uma alimentação onde comia o que soas de classes mais altas eram as que consumiam mais esses produtos
plantava, de acordo com a época do ano e com a colheita ou os ani- e eram as que apresentavam os primeiros problemas de saúde relacio-
mais que cada um conseguia criar. As pessoas começaram a migrar nados ao consumo desses alimentos; mas esse quadro mudou e hoje o
mais para as cidades e não conseguiam plantar nem criar animais que vemos é que esses alimentos se tornaram mais baratos e mais con-
como antes então iam até as vendas ou mercearias para comprar os sumidos pelas classes mais baixas atualmente essas pessoas são as que
alimentos, iam até o açougue comprar a carne. Nessa época come- mais enfrentam problemas de saúde por uma alimentação com muitos
çava a surgir algumas poucas coisas enlatadas eram produtos como industrializados.
a manteiga por exemplo.
As famílias mesmo morando nas cidades e não conseguindo Alimentação ruim e seus malefícios
plantar e colher a própria comida elas ainda se alimentavam bem Os alimentos industrializados se ingeridos de vez em quando não
não havia alimentos industrializados muito menos ultra processa- trazem grandes prejuízos à saúde, mas quando nossa alimentamos só
dos (alimentos que passam por vários processos como adição de vá- desses alimentos vemos que a piora na saúde é notável. A grande maio-
rios ingredientes que não são saudáveis), as refeições eram prepa- ria desses alimentos têm muito sódio (que é o principal ingrediente do
radas todos os dias várias vezes ao dia, sempre tinha comida fresca. sal de cozinha) para ajudar a dar sabor e conservar, este ingrediente
Abaixo temos alguns exemplos de alimentos in natura, processados quando consumido em excesso pode causar hipertensão (pressão alta).
e ultra processados. Outro ingrediente muito presente nesses alimentos são as gordu-
ras vegetais hidrogenadas e a gordura trans, essas gorduras quando
consumidas em excesso acaba gerando placas de gordura nas artérias
o que pode levar a um infarto do coração; o colesterol alto também
vem do consumo exagerado de gorduras.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

O açúcar em excesso também é um grande problema, assim como o sódio o açúcar é usado para conservar e dar sabor aos alimentos e o
consumo exagerado pode causar diabetes do tipo II. O consumo em excesso desses e outros aditivos que estão nos alimentos industrializados
ainda pode levar à obesidade.

Alimentação e seus benefícios à saúde


Assim como temos alimentos que consumidos em excesso podem nos fazer desenvolver várias doenças temos também alimentos que
podem nos ajudar a manter nossa saúde em dia. Os peixes, azeite, abacate são ricos em nutrientes chamados de ômegas 3, 6 e 9 que ajudam a
controlar os níveis de colesterol; o tomate é rico em um nutriente chamado licopeno que ajuda a prevenir o câncer de próstata; os alimentos in-
tegrais como arroz, pães, biscoitos são mais ricos em fibras que ajudam nos níveis de colesterol no sangue e no bom funcionamento do intestino.
O melhor que podemos fazer para nossa saúde é manter o equilíbrio, não precisamos retirar totalmente esses alimentos da nossa alimen-
tação, a menos que a pessoa tenha alguma doença que pode ser agravada com o consumo desses alimentos, mas uma pessoa saudável pode
consumir os alimentos industrializados, mas deve consumir em maior quantidade alimentos mais saudáveis.

QUALIDADE DE VIDA

Qualidade de vida
O Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte (IQVU-BH) trata-se de um índice composto por diversas variáveis – como: infraestru-
tura urbana, segurança e educação, por exemplo - que buscam quantificar a disponibilidade de bens e serviços públicos e privados na cidade. Seu
calculado para as 80 Unidades de Planejamento (UPs) existentes em Belo Horizonte. Através de seu cálculo é possível a delimitação de áreas prio-
ritárias para os investimentos públicos e a melhor compreensão da distribuição dos bens e serviços públicos e privados entre as regiões da cidade.

Fonte: https://prefeitura.pbh.gov.br/estatisticas-e-indicadores/indice-de-qualidade-de-vida-urbana

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Ao acessar as camadas de educação ambiental na IDE-Sisema,


GEORREFERENCIAMENTO o usuário obterá coordenadas geográficas, nome, descrição, públi-
co-alvo, atividades desenvolvidas e informações de contato de cada
projeto de educação ambiental catalogado na plataforma. Além
A partir do tratamento dos dados e produção das bases geor- disso, poderá ver quais foram os Objetivos de Desenvolvimento
referenciadas, pode-se desenvolver produtos finais, que servem de Sustentável (ODS) contemplados em cada ação desenvolvida no
suporte para diferentes análises espaciais qualitativas e quantitati- estado.
vas.
O portal BHGEO tem como objetivo apresentar e disponibilizar Repercussão
informações geoespaciais municipais de Belo Horizonte, incluindo Superintendente de Gestão Ambiental da Semad, Diogo Fran-
Web Geographic Data Viewer (BHMAP), Catálogo de Metadados co afirma que a iniciativa vai permitir melhor conhecimento dos
(Geonetwork), dicionário de Dados, tutoriais, normas, Legislação, projetos de educação ambiental em execução no estado, além de
mapas de Consulta, entre outros. Tudo isso faz parte da Infraestru- possibilitar maior sinergia entre ações de fomento ambiental de-
tura de Dados Espaciais de Belo Horizonte, o IDE BHGEO, que forma senvolvidas pelos diversos setores da sociedade.
um nó da INDE, a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais. A diretora de Educação Ambiental e Relações Institucionais
A INDE de acordo com o decreto nº 6.666 de 27/18/2008, é da Semad, Ana Cristina da Silveira, explica que as novas camadas
definida como um conjunto integrado de tecnologias; políticas; me- serão constantemente atualizadas com novos projetos até que se
canismos e procedimentos de coordenação e monitoramento; de obtenha um panorama completo das ações de educação ambien-
normas e acordos, necessários para facilitar e ordenar a produção tal desenvolvidas no estado. “Iniciamos, de forma piloto, com os
armazenamento, acesso, intercâmbio, divulgação e utilização de 50 primeiros projetos mapeados e seguiremos catalogando novas
dados geoespaciais de fontes federais, estaduais, distritais e mu- ações e iniciativas junto aos demais educadores ambientais minei-
nicipais”. ros”, afirma.
As novidades foram apresentadas na última segunda-feira
Plataforma de georreferenciamento agrega dados de educa- (7/6), durante a abertura da Semana do Meio Ambiente 2021 do
ção ambiental14 Sisema.
Novidade vai permitir cruzamento de informações de outras
550 camadas de análise disponíveis na ferramenta do Sisema. Parceiros
A visualização espacial dos programas de educação ambiental Uma nova camada deverá ser disponibilizada nos próximos me-
desenvolvidos em Minas Gerais acaba de ser inserida na Infraestru- ses com informações relacionadas exclusivamente ao Programa de
tura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Educação Ambiental (PEA) vinculado ao processo de licenciamento
Recursos Hídricos (IDE-Sisema), plataforma de georreferenciamen- ambiental de empreendimento e atividades listadas na Deliberação
to do estado. Normativa Copam nº 217/17.
Para tanto, a Semad desenvolveu formulário enviado às em-
As informações, compilados em três novas camadas, serão uti- presas, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas
lizadas na elaboração de políticas públicas regionalizadas e estrutu- Gerais (Fiemg), em que solicita dados relacionados à prática da edu-
ração de ações sinérgicas entre os diversos setores que integram a cação ambiental em cada empreendimento mapeado. As informa-
gestão ambiental do estado. ções incluem nome, características e principais atividades do proje-
Duas das novas camadas apresentam a área de abrangência to desenvolvido, além do público atendido e área de abrangência
das ações de educação ambiental desenvolvidas por 50 represen- das ações.
tantes do setor produtivo mineiro e entidades ambientalistas do es- “Para mapear as ações de educação ambiental desenvolvidas
tado. Uma terceira camada fornece informações segmentadas por nas escolas, contaremos com a parceria da Secretaria de Estado de
município. Educação (SEE/MG) e, para os projetos vinculados ao setor agro-
Na avaliação do diretor de Gestão Territorial Ambiental da Se- pecuário, com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de
cretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Susten- Minas Gerais (Faemg)”, acrescenta Ana Cristina.
tável (Semad), Ricardo Campelo, um dos principais benefícios da
inclusão de informações relacionadas à educação ambiental na IDE- Plataforma
-Sisema consiste na possibilidade de cruzamento de dados com as A Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de
outras 550 camadas atualmente disponíveis na plataforma. Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-Sisema) permite, por meio
“O cruzamento de dados permitirá aos usuários identificar, por de camadas geoespaciais, a visualização de características ambien-
exemplo, em qual bacia hidrográfica ou bioma determinado projeto tais existentes no território mineiro como relevo, hidrografia e ve-
está inserido, se existem ações de monitoramento, fiscalização ou getação, entre outros aspectos. O recurso auxilia no licenciamento
recuperação ambiental na área de abrangência de seu projeto que ambiental, na concessão de outorgas para uso da água e nos de-
podem contribuir com as ações desenvolvidas, entre muitas outras mais serviços disponibilizados pelo Sisema.
possibilidades de análise territorial e gestão ambiental”, explica o Com base no cruzamento das camadas geográficas, é possível
diretor. visualizar alternativas de localização para o usuário que busca a re-
gularização ambiental.
Além disso, a plataforma digital disponibiliza ao cidadão acesso
14 Disponível em https://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/plata- gratuito às informações dos chamados critérios locacionais, que são
forma-de-georreferenciamento-agrega-dados-de-educacao-ambiental componentes ambientais mais relevantes e mais sensíveis para a
Acesso 21.03.2023 instalação de um empreendimento.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

rios, lagos, lagoas, aquíferos, doenças, erosão acelerada, assorea-


INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E CIENTÍFICAS mento, inundações frequentes, com as consequentes perdas huma-
nas e materiais, para mencionar apenas alguns exemplos.
Entre os serviços de saneamento, o manejo de águas pluviais
Ciência e Tecnologia (MAP) em áreas urbanas constitui um dos mais importantes, con-
Ciência15 refere-se ao sistema de adquirir conhecimento basea- siderando o crescimento das cidades e o planejamento urbano,
do no método científico bem como ao corpo organizado de conhe- bem como a manutenção das condições de segurança e de saúde
cimento conseguido através de tais pesquisas. Ciência, tecnologia e da população. Este serviço compreende essencialmente a coleta, o
inovação são fundamentais para o avanço da sociedade. A ciência escoamento e a drenagem das águas das chuvas por equipamentos
permite a humanidade compreender um pouco mais sobre a natu- urbanos compostos por redes de drenagem subterrânea e superfi-
reza, a ciência é importante na nossa vida pois nos ajuda a ter uma cial, bueiros, bocas de lobo, sarjetas, dispositivos dissipadores de
qualidade de vida melhor, pois através da ciência muitas doenças fo- energia e controle de vazão, e a posterior disposição dos efluentes
ram eliminadas. A ciência possibilita avanços na saúde, alimentação, em pontos de lançamento ou corpos receptores que o objetivam o
energia e outros. escoamento rápido das águas por ocasião das chuvas, prevenindo
A ciência, a tecnologia e a inovação (CT&I) “são, no cenário inundações, visando à segurança e à saúde da população, além de
mundial contemporâneo, instrumentos fundamentais para o de- permitir a ampliação do sistema viário.
senvolvimento, o crescimento econômico, a geração de emprego e Aproximadamente 95% dos municípios fazem MAP, sendo que
renda e a democratização de oportunidades” (PACTI, 2007, p. 29). a maioria utiliza cursos d’água permanentes como principais corpos
Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envol- receptores (lagos, rios, córregos, riachos, igarapés, etc.). Neste sen-
ve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a tido, em um contexto de crescente impermeabilização e redução
resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento da capacidade dos solos em infiltrar as águas das chuvas, o correto
científico em diversas áreas de pesquisa. funcionamento e a manutenção do sistema de drenagem urbana
Inovação é a ação ou o ato de inovar, ou seja, modificando anti- permitem a atenuação de problemas ambientais, especialmente
gos costumes, manias, legislações, processos etc.; efeito de renova- processos erosivos acelerados, assoreamento e inundações. Além
ção ou criação de uma novidade. O conceito de inovação é bastante disso, o rápido escoamento das águas pluviais previne a formação
utilizado no contexto empresarial, ambiental ou mesmo econômico. de poças e alagados, evitando a proliferação de mosquitos, respon-
sáveis pela transmissão de doenças, como a dengue, a febre amare-
Impactos gerados pela tecnologia la, a malária e a leishmaniose.
Essas mudanças impactam o comportamento do ser humano, Uma variável importante para avaliar a qualidade do manejo de
que tem que aprender a acompanhar essa evolução e conviver com águas pluviais é a pavimentação de ruas com sistema de drenagem
novas tecnologias. Essa adaptação traz consigo uma série de bene- subterrânea (tubulações e/ou galerias e/ou canais) na área urbana.
fícios, como melhora na qualidade de vida, acesso rápido e fácil ao Os maiores percentuais (acima de 50%) de vias pavimentadas são
conhecimento, simplificação da troca de informações e a quebra de encontrados nos municípios das Regiões Sul e Sudeste do País.
várias barreiras da comunicação. Cerca de 27,3% dos municípios que fazem MAP informaram a
Constantemente surgem novas tecnologias que auxiliam na ro- existência de processos erosivos que afetaram o sistema de drena-
tina de pessoas com deficiências físicas e cognitivas, ajudando que gem urbana, e 32,3% declararam ter erosão na área urbana nos últi-
essas pessoas tenham mais facilidade para se inserir na sociedade e mos cinco anos, a partir da data de referência da Pesquisa Nacional
tenham um padrão de vida melhor. de Saneamento Básico - PNSB 2008. Entre estes, a maioria (63%) as-
sociou a erosão urbana (do tipo laminar) a terrenos sem cobertura
vegetal, e 47% afirmaram possuir erosão do leito natural de cursos
SANEAMENTO BÁSICO d’água. Entre os fatores agravantes da erosão foram mencionados,
principalmente, o sistema inadequado de drenagem urbana (48%
dos municípios com o problema), as condições geológicas e morfo-
Saneamento Básico lógicas do terreno (48% das municipalidades), e a ocupação intensa
Saneamento ambiental abrange aspectos que vão além do sa- e desordenada do solo (46% dos municípios), além de outras causas
neamento básico, englobando o abastecimento de água potável, (desmatamento, lançamento inadequado de lixo, etc.).
a coleta, o tratamento e a disposição final dos esgotos e dos re- Em sistemas de drenagem muito antigos ou cujo dimensio-
síduos sólidos e gasosos, os demais serviços de limpeza urbana, a namento e/ou ampliações não acompanharam o crescimento da
drenagem urbana, o controle ambiental de vetores e reservatórios área urbana e do sistema viário dos municípios, há a tendência de
de doenças, a disciplina da ocupação e de uso da terra e obras es- acumulação do material sedimentar erodido. O assoreamento do
pecializadas para proteção e melhoria das condições de vida. Assim, sistema de drenagem urbana atinge 40% daqueles que fazem MAP,
este capítulo procura ressaltar a natureza transversa das questões e é um dos importantes causadores do estrangulamento do siste-
de saneamento que se relaciona também com os demais temas ma de drenagem urbana, propiciando inundações, que ocorrem em
apresentados no Atlas. 43% dos municípios que realizam MAP. Sem o controle da erosão,
Diversos problemas ambientais estão associados à falta ou à os corpos receptores têm seu potencial de vazão diminuído com
precariedade do saneamento, tais como: poluição ou contaminação o assoreamento, criando sérios problemas por ocasião de grandes
na captação de água para o abastecimento humano, poluição de chuvas. Em 19% dos municípios com MAP, ocorre associação entre
erosão e assoreamento, e em 25% deles há uma conjugação do as-
15 Disponível em https://benignonovonovo.jusbrasil.com.br Acesso em soreamento com as inundações.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

As inundações ocorreram, predominantemente, em áreas urbanas pontos de captação, associados a algumas propriedades dos agrotóxicos,
naturalmente inundáveis por cursos d’água (61% dos municípios com que podem ser persistentes, móveis e tóxicos na água, afetando sobre-
declaração de ocorrência de inundações). Foram associadas, principal- maneira as águas em superfície.
mente, a obstrução de bueiros e de bocas de lobo (45% dos municípios A escassez de água e o estresse provocado pela poluição e/ou
com este problema ambiental), a ocupação intensa e desordenada do contaminação podem ameaçar a segurança da população, afetando o
solo (43% dos municípios), e a outras causas (obras inadequadas, dimen- abastecimento público, a produção de alimentos, a saúde e a recreação.
sionamento incorreto do projeto, lançamento de lixo, etc.). A gestão ade- A sustentabilidade dos recursos hídricos requer uma gestão ambiental
quada de bacias hidrográficas, o controle sobre a retirada da cobertura integrada, que possibilite os usos múltiplos sem provocar a queda na
vegetal e a ocupação do solo são fundamentais para o bom funciona- qualidade e a redução da quantidade de água.
mento dos sistemas de drenagem urbana. Cerca de 23% dos municípios brasileiros declararam conviver com
As inundações, quando associadas ao lançamento de esgoto não o racionamento de água, sendo que em 41% deles o racionamento é
tratado em rios e a disposição inadequada do lixo, podem causar sérios constante, independente da época do ano. Os motivos são diversos, pre-
problemas sanitários e de saúde pública, e contribuir para disseminar dominando a seca ou estiagem (66% dos municípios) como causadora
doenças de veiculação hídrica, aumentando a incidência de leptospirose, do racionamento. As demais causas investigadas foram: insuficiência de
de hepatites virais, de diarreias e outras. A leptospirose, por exemplo, é água no manancial (41%), deficiência na produção (35%), deficiência na
uma doença transmitida principalmente através do contato com a água distribuição (30%) e população flutuante em épocas de veraneio (6%).
contaminada pela urina de ratos. No ano de 2008, cerca de 12% dos mu- Os quatro primeiros motivos estão presentes em grande parte dos muni-
nicípios brasileiros apresentaram casos confirmados desta doença, e em cípios nordestinos. O indicador apresenta um padrão disperso por todo
3% ocorreram óbitos, sendo os maiores números (de casos e de óbitos) o Brasil, com maior concentração nos municípios da Região Nordeste do
verificados nas regiões metropolitanas. Por outro lado, as taxas de inter- País.
nação foram mais altas no Sul do País, sobretudo no Rio Grande do Sul As captações de água de superfície destinada ao abastecimento
e em Santa Catarina, e estão associados às fortes inundações ocorridas humano, mesmo que cercadas de cuidados com a qualidade do manan-
neste ano. Ressaltamos, portanto, que a principal estratégia de controle cial, estão sujeitas a fatores que comprometem a qualidade das águas
deste tipo de doenças é o investimento em infraestrutura de saneamen- captadas, tais como: lançamento de esgoto sanitário, despejos de resí-
to. duos industriais, destinação inadequada de lixo, atividade mineradora e
Embora a grande maioria dos municípios brasileiros disponha do presença de resíduos de agrotóxicos. A maioria dos municípios declarou
serviço de coleta de lixo, pouco mais da metade (50,8%) o destina para a ausência de fontes de poluição ou contaminação na captação de água.
vazadouros a céu aberto (lixões). Apesar disso, houve um decréscimo em Considerando os que declararam poluição ou contaminação, juntos, o
relação ao ano de 2000, quando o percentual era 72,3%. Ao analisar este esgoto sanitário, os resíduos de agrotóxicos e a destinação inadequada
indicador por estrato populacional, mais da metade dos municípios pe- do lixo foram relatados como responsáveis por 72% das incidências de
quenos destinavam seus resíduos para lixões (52% dos municípios com poluição na captação em mananciais superficiais, 54% em poços profun-
até 20 mil habitantes, 53% dos municípios entre 21 e 100 mil habitan- dos e 60% em poços rasos.
tes). Trata-se de um grande desafio a ser enfrentado, pois a disposição Entre as três formas de captação, a de água superficial foi a que
inadequada do lixo pode causar poluição das águas e do solo, bem como apresentou maior incidência do problema, com 26% dos municípios que
problemas de saúde, sobretudo para os catadores de lixo. têm captação de água superficial com fontes de poluição ou contamina-
Uma das soluções mais viáveis para reduzir o volume de lixo pro- ção; 8,3% dos municípios têm fontes de poluição na captação em poço
duzido, e, consequentemente, a disposição inadequada dos resíduos raso, e 3,3% dos municípios têm poluição na captação em poço profun-
sólidos, é a coleta seletiva do lixo. Esta vem se expandindo no País, ten- do. As captações de água superficial foram, também, as que apresenta-
do passado de 8,2% dos municípios, em 2000, para 17,9%, em 2008, ram o maior número de fontes de poluição ou contaminação por ponto
sobretudo nos estados das Regiões Sul e Sudeste. O percentual ainda é de captação (até seis fontes). As captações superficiais se encontram
baixo, sendo que entre os que realizam a coleta seletiva, apenas 38% a mais ameaçadas porque são mais vulneráveis às pressões antrópicas.
fazem em todo o município. A coleta seletiva contribui para diminuir a Diversos municípios lançam esgoto não tratado em rios, lagos ou la-
quantidade de resíduos disposta em aterros sanitários e outros destinos, goas (30,5% do total dos municípios), e utilizam estes corpos receptores
gera empregos, melhora a condição de trabalho dos catadores de lixo, para vários usos a jusante, como o abastecimento de água, a recreação,
permite a reciclagem e, com isso, economiza energia e recursos naturais. a irrigação e a aquicultura. Entre estes municípios, 23% lançam o esgoto
Um indicador relevante no contexto das preocupações sobre sanea- não tratado nos corpos hídricos e os utilizam a jusante para a irrigação, e
mento, meio ambiente e saúde pública é a destinação final dos resíduos 16% os usam para o abastecimento humano. Isto encarece o tratamento
sólidos especiais. Aproximadamente 42% dos municípios brasileiros de- da água para o abastecimento, pois há um custo extra para recuperar
positam o lixo séptico (hospitalar) em conjunto com os resíduos comuns, sua qualidade, e pode causar doenças às pessoas, entre outros impactos.
sobretudo nas Regiões Nordeste e Norte, enquanto os demais os enviam Quanto às condições gerais de saúde pública, é apresentada a dis-
para locais de tratamento ou aterros de segurança. tribuição espacial de algumas doenças relacionadas com o saneamento
Em relação às embalagens vazias de agrotóxicos, nos estados do ambiental inadequado (DRSAI), como as diarreias, a dengue, a leptos-
Centrosul está o maior número de áreas com lavouras que controlam pirose, entre outras. Procurou-se exemplifi car os diferentes tipos de
o manejo destas embalagens, destacando-se o Paraná, o Mato Grosso relacionamento entre meio ambiente, doenças e saneamento. A preca-
e o Rio Grande do Sul. Por outro lado, diversos municípios declararam riedade nos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário,
existir poluição por agrotóxicos nos três tipos de captação de água para coleta e destinação final dos resíduos sólidos, drenagem urbana, bem
o abastecimento urbano (superficial, poço raso e poço profundo), no- como a higiene inadequada, se constituem em ameaças à saúde da po-
tadamente na captação superficial. Isto pode ser explicado pelo grande pulação, sobretudo para as pessoas mais pobres dos países em desen-
volume destas substâncias aplicado nas lavouras, e sua proximidade dos volvimento.

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A taxa de internações por DRSAI (ocorrências por 100 mil habitantes) vem se reduzindo no País, o que pode ser explicado pela me-
lhoria nos serviços de saneamento e pela ampliação do acesso ao mesmo. É importante ressaltar que, apesar da queda nas internações
por DRSAI, elas ainda são elevadas, sobretudo em alguns estados das Regiões Norte e Nordeste, e que todas são doenças evitáveis com o
investimento em saneamento e ações preventivas. A análise da distribuição espacial das doenças mostra desigualdades regionais e intrar-
regionais, apesar da redução generalizada do número de internações. Nas Unidades da Federação com as maiores taxas de internação, o
acesso aos serviços de saneamento é menor e vice-versa.
Entre as doenças de transmissão feco-oral, as diarreias ocupam o primeiro lugar, tendo sido responsáveis pela maioria das internações
por DRSAI, embora venham se reduzindo no País. Elas atingem, principalmente, municípios das Regiões Nordeste e Norte, e são um proble-
ma ainda maior quando conjugadas com uma saúde debilitada e com a desnutrição, sendo uma causa de elevação da mortalidade infantil.
A incidência de dengue apresenta fortes oscilações interanuais, com picos de número de ocorrências muito elevados. Este padrão
é típico de doenças causadas por vírus que apresentam mais de uma variedade. A taxa de incidência foi maior, em 2008, nos Estados de
Sergipe, Rio de Janeiro, Roraima e Rio Grande do Norte, com valores entre 1 123 e 1 428 casos por 100 mil habitantes. Os Estados do Rio
Grande do Norte, Paraíba e Sergipe também apresentaram, em 2008, as maiores proporções de município com ocorrência de dengue. O
número de internações hospitalares por dengue sofreu um ligeiro aumento de 1993 a 2008, mas ainda é menor (0,04 int./100 hab. em
2008) do que o de internações por diarreias (0,26 int./100 hab.). As internações são mais elevadas em municípios do Pará, Tocantins, Ce-
ará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Bahia (valores de 0,67 a 3,09 int./100 hab.).
Os serviços de abastecimento de água têm uma abrangência maior no País do que os serviços de coleta e tratamento de esgoto.
Enquanto mais de 90% dos municípios brasileiros têm o serviço de abastecimento por rede geral de água em todos os seus distritos,
sobretudo na Região Sudeste, cerca de 40% dos municípios possuem rede coletora de esgoto em todos os distritos. Quando o assunto é
tratamento, da água distribuída por rede geral e do esgoto coletado, a abrangência é bem menor. Pouco mais de 70% dos municípios têm
todos os distritos com tratamento da água distribuída e para o esgoto coletado este percentual não alcança 20%. Mais uma vez a Região
Sudeste aparece com percentuais mais elevados que o restante do País. Aproximadamente 28,5% dos municípios brasileiros faziam o tra-
tamento do esgoto coletado em 2008, a maioria deles na Região Sudeste, sobretudo no Estado de São Paulo. Entre os que possuem este
serviço, 72% tratam todo o esgoto coletado.
Diante das condições gerais do saneamento ambiental no Brasil, é importante destacar a necessidade de buscar a universalização dos
serviços de saneamento básico e de aumentar a qualidade dos mesmos, de modo a contribuir para melhorar a saúde e o bem-estar da po-
pulação, e tornar o meio ambiente mais saudável. As ações de saneamento reduzem a ocorrência de doenças e evitam danos ao ambiente,
especialmente aos solos e corpos hídricos.16

Belo Horizonte
Um dos principais fatores que levaram BH mais uma vez ao top do Ranking de Meio Ambiente foi o saneamento17. A capital é, hoje,
uma das cidades com os maiores índices de atendimento com abastecimento de água potável e coleta de esgoto, com 100% de abasteci-
mento de água e mais de 95% de coleta de esgoto e lixo. Em relação aos serviços de coleta, tratamento e destinação do lixo, a Prefeitura
tem longa tradição de trabalho inovador e de qualidade na limpeza urbana, com destaque, nos últimos anos, para a renovação completa
da frota de coleta de lixo, a expansão do atendimento da varrição e coleta nas vilas e favelas, inclusive com a inovação de caminhões de
coleta especialmente adaptados para a situação dessas comunidades.

16 Fonte:siteantigo.portaleducacao.com.br
bibliodigital.unijui.edu.br
biblioteca.ibge.gov.br
17 Disponível em https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/bh-e-eleita-referencia-em-sustentabilidade-e-meio-ambiente Acesso 20.03.2023
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O que você precisa saber, sobre o munícipio de forma geral: tagem. Por este motivo, alguns estabelecimentos e municípios tem
- Tem política municipal de saneamento; adotado a separação dos resíduos em três frações: recicláveis se-
- Tem plano municipal de saneamento; cos, resíduos orgânicos e rejeitos.
- Possui conselho municipal de saneamento; Quando esta coleta mínima existe, os resíduos recicláveis secos
- Possui fundo municipal de saneamento; coletados são geralmente transportados para centrais ou galpões
- 95,42% da população é atendida com abastecimento de água, de triagem de resíduos, onde os resíduos são separados de acordo
frente a média de 82,67% do estado e 83,96% do país; com sua composição e posteriormente vendidos para a indústria
- 115.376 habitantes não têm acesso à água. de reciclagem. Os resíduos orgânicos são tratados para geração de
- 93,7% da população é atendida com esgotamento sanitário, adubo orgânico e os rejeitos são enviados para aterros sanitários.
frente a média de 77,44% do estado e 66,04% do país;
- O esgoto de 158.956 habitantes não é coletado. Como funciona a coleta seletiva?
- 96% da população é atendida com coleta de Resíduos Domici- As formas mais comuns de coleta seletiva hoje existentes no
liares e possui coleta seletiva de Resíduos Sólidos, e recupera 0,51% Brasil são a coleta porta-a-porta e a coleta por Pontos de Entrega
do total de resíduos coletados no município; Voluntária (PEVs). A coleta porta-a-porta pode ser realizada tanto
- O lixo de 96.828 habitantes não é recolhido. pelo prestador do serviço público de limpeza e manejo dos resíduos
- 15,6% da população é atendida com Drenagem de Águas Plu- sólidos (público ou privado) quanto por associações ou coopera-
viais, frente a média de 27,95% do estado e 26,39% do país; tivas de catadores de materiais recicláveis. É o tipo de coleta em
- 2% dos domicílios do município estão sujeito à inundação; que um caminhão ou outro veículo passa em frente às residências
- O município tem mapeamento de áreas de risco; e comércios recolhendo os resíduos que foram separados pela po-
- Existem sistemas de alerta para riscos hidrológicos. pulação.
Já os pontos de entrega voluntária consistem em locais situa-
dos estrategicamente próximos de um conjunto de residências ou
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS instituições para entrega dos resíduos segregados e posterior coleta
pelo poder público.

O que é coleta seletiva? Qual a diferença entre Coleta Seletiva e Logística Reversa?
Coleta seletiva é a coleta diferenciada de resíduos que foram A logística reversa é a obrigação dos fabricantes, importadores,
previamente separados segundo a sua constituição ou composição. distribuidores e comerciantes de determinados tipos de produtos
Ou seja, resíduos com características similares são selecionados (como pneus, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes...) de estru-
pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra insti- turar sistemas que retornem estes produtos ao setor empresarial,
tuição) e disponibilizados para a coleta separadamente. para que sejam reinseridos no ciclo produtivo ou para outra desti-
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a im- nação ambientalmente adequada.
plantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios e metas Enquanto a coleta seletiva é uma obrigação dos titulares dos
referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo que serviços de manejo de resíduos sólidos (poder público), a logística
deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos reversa é uma obrigação principalmente do setor empresarial, pois,
municípios. em geral, tratam-se de resíduos perigosos.
Em novembro de 2015, o Governo Federal assinou com repre-
Por que separar os resíduos sólidos urbanos? sentantes do setor empresarial e dos catadores de materiais reciclá-
Cada tipo de resíduo tem um processo próprio de reciclagem. veis o acordo setorial para a logística reversa de embalagens em ge-
Na medida em que vários tipos de resíduos sólidos são misturados, ral. Este é um acordo no qual o setor empresarial responsável pela
sua reciclagem se torna mais cara ou mesmo inviável, pela dificul- produção, distribuição e comercialização de embalagens de papel
dade de separá-los de acordo com sua constituição ou composição. e papelão, plástico, alumínio, aço, vidro, ou ainda pela combinação
O processo industrial de reciclagem de uma lata de alumínio, por destes materiais assumiu o compromisso nacional de cumprir me-
exemplo, é diferente da reciclagem de uma caixa de papelão. tas anuais progressivas de reciclagem destas embalagens.
Por este motivo, a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabe- Em sua fase inicial de implantação (24 meses) esse sistema
leceu que a coleta seletiva nos municípios brasileiros deve permitir, priorizará o apoio a cooperativas de catadores de materiais reciclá-
no mínimo, a segregação entre resíduos recicláveis secos e rejeitos. veis e a instalação de pontos de entrega voluntaria de embalagens
Os resíduos recicláveis secos são compostos, principalmente, por em grandes lojas do comércio. O sistema também traz a possibili-
metais (como aço e alumínio), papel, papelão, tetrapak, diferentes dade de integração com a coleta seletiva municipal, nesses casos
tipos de plásticos e vidro. Já os rejeitos, que são os resíduos não re- devem ser feitos acordos específicos entre o setor empresarial e os
cicláveis, são compostos principalmente por resíduos de banheiros serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos
(fraldas, absorventes, cotonetes...) e outros resíduos de limpeza. dentro da área de abrangência do acordo setorial e os operadores
Há, no entanto, uma outra parte importante dos resíduos que do sistema de logística reversa. (https://www.mma.gov.br/cidades-
são os resíduos orgânicos, que consistem em restos de alimentos e -sustentaveis/residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis/
resíduos de jardim (folhas secas, podas...). É importante que os resí- reciclagem-e-reaproveitamento.html)
duos orgânicos não sejam misturados com outros tipos de resíduos,
para que não prejudiquem a reciclagem dos resíduos secos e para Meio Ambiente: Segundo a definição proposta pela NBR ISO
que os resíduos orgânicos possam ser reciclados e transformados 14001:2015, Meio Ambiente é a circunvizinhança em que uma or-
em adubo de forma segura em processos simples como a compos- ganização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora,
fauna, seres humanos e suas inter-relações.
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Resíduo: O conceito de resíduo pode ser abrangente e gerar Eduque seus colaboradores e a sua família para que respeitem
divergência de opiniões. Algumas pessoas o definem como sendo as diretrizes da coleta seletiva em prol de um meio ambiente sau-
um material que não tem mais valor para o seu proprietário, poden- dável á todas as gerações.
do ser gerado secundariamente por um processo ou como sendo
simplesmente lixo. Dificuldades para a manutenção da eficácia da coleta seletiva
Não basta definir, adquirir e distribuir os coletores nas instala-
Resíduo sólido: refere-se ao estado físico do material, pode se ções da empresa. É necessário capacitar as pessoas, supervisioná-
originar de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, -las e monitorar o funcionamento da Coleta Seletiva;
comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Diferenças entre treinar e conscientizar: não se trata de fazer
Rejeito: pode-se dizer que rejeito é todo resíduo sólido que não um treinamento apenas na implantação, a capacitação deve ser pe-
pode mais ser reutilizado ou reciclado e está pronto para ser dispos- riódica para que todos se conscientizem da importância da coleta
to no meio ambiente como alternativa final. seletiva.

Resíduos domiciliares: São originados de atividades domésticas Diferenciação por cores


diárias das residências urbanas. Para cada tipo de resíduo, define-se um tipo apropriado de co-
letor. Cada acondicionador terá uma cor específica para cada tipo
Resíduos Industriais: São os resíduos gerados nos processos de resíduo.
produtivos e instalações industriais de diversos ramos, tais como
metalúrgico, químico, petroquímico, de papelaria, da indústria ali- A Resolução Conama Nº 275, de 25-04-2001 estabelece o códi-
mentícia etc. A composição desses resíduos é bastante heterogênea go de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na
e uma grande parte é considerada perigosa. identificação de coletores e transportadores, bem como nas cam-
panhas informativas para a coleta seletiva. As cores são estabeleci-
Resíduos de Serviço de Saúde: São os gerados nos serviços de das da seguinte forma:
saúde, também conhecidos como resíduos hospitalares. Esses resí- AZUL: Papel /papelão
duos são comumente descartados por hospitais, farmácias, labora- VERMELHO: Plástico
tórios, clínicas veterinárias e instituições de pesquisa. VERDE: Vidro
Resíduos de Serviços Urbanos: Esses resíduos são englobados AMARELO: Metal
pelos domiciliares, originários de atividades domésticas, e pelos re- PRETO: Madeira
síduos de limpeza urbana, originários da varrição, limpeza de logra- LARANJA: Resíduos perigosos
douros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana. BRANCO: Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
ROXO: Resíduos radioativos
Resíduos da Construção Civil: São gerados na construção civil, MARROM: Resíduos orgânicos
resultante de atividades de reformas, construção, reparos e demoli- CINZA: Resíduo geral não reciclável, misturado, ou contamina-
ções de obras, incluindo os provenientes da preparação e escavação do não passível de separação
de terrenos para obras civis.
Coleta Seletiva para Resíduos Recicláveis
Como funciona a Coleta Seletiva? São aqueles resíduos que ainda podem ser utilizados da forma
A coleta seletiva é o início do processo de gerenciamento e ga- em que estão, como, por exemplo, garrafas pet de refrigerante para
rante que uma maior quantidade de resíduos recicláveis seja rea- armazenar água (nestes casos dizemos que o resíduo foi reaprovei-
proveitada, além de contribuir para a disposição ambientalmente tado ou reutilizado) ou ainda podem passar por processos indus-
adequada dos não recicláveis. Sua prática diminui os impactos ao triais e serem reciclados, como no caso de pneus que se tornam
meio ambiente e à saúde pública, podendo servir como subprodu- composto de asfalto.
to para algumas atividades industriais e como fonte de renda para
trabalhadores. Resíduos Não-Recicláveis
São aqueles que, depois de analisadas todas as tecnologias am-
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece a coleta se- biental e economicamente viáveis, não apresentam outra alterna-
letiva como obrigatória para os planos de gerenciamento de resí- tiva senão a disposição final ambientalmente adequada. Também
duos municipais, reconhecendo a sua importância para realização são conhecidos como rejeitos. (https://www.verdeghaia.com.br/
de uma correta gestão. blog/fazer-implementacao-da-coleta-seletiva/)

Vantagens da Coleta Seletiva


- Permite que sejam implantados Programas de Redução da
Geração;
- Diminui o desperdício;
- Reduz o consumo de energia;
- Diminui a poluição do solo, água e ar;
- Diminui a exploração de recursos naturais;
- Prolonga a vida útil dos aterros sanitários;
- Possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo.
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Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-


NOÇÕES DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS: DIREITOS E GA- guintes características:
RANTIAS FUNDAMENTAIS a) surgiram no século XX;
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais bens da coletividade;
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são interesse coletivo;
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
ratório. dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.

Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais • Direitos Fundamentais de Quarta Geração


Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
• Direitos Fundamentais de Primeira Geração tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
Possuem as seguintes características: ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução Também são transindividuais.
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina-
ram todo o século XIX; Direitos Fundamentais de Quinta Geração
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
ao Estado Absoluto; taria o direito fundamental de quinta geração.
c) estão ligados ao ideal de liberdade;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
em favor das liberdades públicas; São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
teção em face da ação opressora do Estado; índole evolutiva;
f) são os direitos civis e políticos. b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
dentemente de características pessoais;
• Direitos Fundamentais de Segunda Geração c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
Possuem as seguintes características: d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
a) surgiram no início do século XX; e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
Estado Liberal; f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
c) estão ligados ao ideal de igualdade; do pelo decurso do tempo.
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
positiva do Estado; Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
• Direitos Fundamentais de Terceira Geração compatíveis com a sua natureza.
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração. bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega-
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven-
Direitos Metaindividuais do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado.

Natureza Destinatários Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais


Difusos Indivisível Indeterminados Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
Determináveis ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons-
Coletivos Indivisível ligados por uma tituição (princípio da reserva legal).
relação jurídica
Determinados Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
Individuais Homo- O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade-
Divisível ligados por uma
gêneos quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
situação fática
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con-
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente consagrados.
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Os quatro status de Jellinek Direito à Privacidade


a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon- Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
do-se como detentor de deveres para com o Estado; gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos; de sua violação.
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em Direito à Honra
seu favor; O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- tal motivo, são previstos no Código Penal.
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto.
Direito de Propriedade
Referências Bibliográficas: É assegurado o direito de propriedade, contudo, com
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- restrições, como por exemplo, de que se atenda à função social da
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. propriedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
Direitos individuais e o usucapião.
Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
da CF. São eles: ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
intelectual) e os direitos reativos à herança.
Direito à Vida Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito conforme veremos abaixo:
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem- TÍTULO II
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
rada).
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais CAPÍTULO I
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
Direito à Liberdade qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
privada. termos desta Constituição;
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- coisa senão em virtude de lei;
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu-
expressão. mano ou degradante;
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
Direito à Igualdade nimato;
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui- V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
formal. assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce- ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
didos aos membros da coletividade por meio da norma. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli-
jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam. prestação alternativa, fixada em lei;
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí-
a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com- X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma-
formação social. terial ou moral decorrente de sua violação;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
determinação judicial; signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações mento tecnológico e econômico do País;
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- XXX- é garantido o direito de herança;
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
sual penal; brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, do de cujus;
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado sumidor;
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
cer ou dele sair com seus bens; ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- sociedade e do Estado;
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mento de taxas:
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
petente; tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
a de caráter paramilitar; de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência ou ameaça a direito;
estatal em seu funcionamento; XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- perfeito e a coisa julgada;
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização
XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- que lhe der a lei, assegurados:
necer associado; a) a plenitude da defesa;
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori- b) o sigilo das votações;
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou c) a soberania dos veredictos;
extrajudicialmente; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXII- é garantido o direito de propriedade; a vida;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação sem prévia cominação legal;
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
previstos nesta Constituição; e liberdades fundamentais;
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe- XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
prietário indenização ulterior, se houver dano; XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; podendo evitá-los, se omitirem;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
ros pelo tempo que a lei fixar; Estado Democrático;
XXVIII- são assegurados, nos termos da lei: XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
desportivas; executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- outras, as seguintes:
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; a) privação ou restrição de liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

e) suspensão ou interdição de direitos; LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
XLVII- não haverá penas: reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
artigo 84, XIX; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
b) de caráter perpétuo; buições de Poder Público;
c) de trabalhos forçados; LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
d) de banimento; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
e) cruéis; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; defesa dos interesses de seus membros ou associados;
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
moral; de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- lidade, à soberania e à cidadania;
ção; LXXII- conceder-se-á habeas data:
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- de entidades governamentais ou de caráter público;
gas afins, na forma da lei; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
lítico ou de opinião; LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
toridade competente; entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
devido processo legal; autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos da sucumbência;
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
com os meios e recursos a ela inerentes; aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
ilícitos; sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
do da sentença penal condenatória; ma da lei:
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica- a) o registro civil de nascimento;
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; b) a certidão de óbito.
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data
esta não for intentada no prazo legal; e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania;
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- celeridade de sua tramitação.
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
litar, definidos em lei; Constitucional nº 115, de 2022)
LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre §1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família têm aplicação imediata.
ou à pessoa por ele indicada; §2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
lia e de advogado; Federativa do Brasil seja parte.
LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
sua prisão ou por seu interrogatório policial; humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori- Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
dade judiciária; membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide DLG
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; nº 186, de 2008), (Vide Decreto nº 6.949, de 2009), (Vide DLG
LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável 261, de 2015), (Vide Decreto nº 9.522, de 2018) (Vide ADIN 3392)
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- (Vide DLG 1, de 2021), (Vide Decreto nº 10.932, de 2022)
tícia e a do depositário infiel; §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men- muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui sa, conforme definido em lei;
característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu- dor de baixa renda nos termos da lei;
cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas. diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
Referências Bibliográficas: coletiva de trabalho;
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
Direitos sociais mingos;
Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons- mo, em cinquenta por cento à do normal;
titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so- terço a mais do que o salário normal;
ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos: com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
CAPÍTULO II XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
DOS DIREITOS SOCIAIS centivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência mas de saúde, higiene e segurança;
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida- XXIV - aposentadoria;
de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
poder público em programa permanente de transferência de renda, cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
servada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda trabalho;
Constitucional nº 114, de 2021) XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
outros que visem à melhoria de sua condição social: gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária incorrer em dolo ou culpa;
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
indenização compensatória, dentre outros direitos; trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
III - fundo de garantia do tempo de serviço; contrato de trabalho;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, a) (Revogada).
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- b) (Revogada).
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
para qualquer fim; e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
trabalho; intelectual ou entre os profissionais respectivos;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
ou acordo coletivo; menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
percebem remuneração variável; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral empregatício permanente e o trabalhador avulso.
ou no valor da aposentadoria; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
retenção dolosa; atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os • Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no
integração à previdência social. óbice do financeiramente possível.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado • Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e
o seguinte: direitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna,
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda- intrinsecamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa
ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda- humana previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo
das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização existencial não se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se
sindical; encontram na estrutura dos serviços púbicos essenciais.
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco- Os direitos sociais são divididos em:
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à Direitos relativos aos trabalhadores
área de um Município; Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber-
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar-
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou tigos 7º a 11).
administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- Direitos relativos ao homem consumidor
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi-
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução,
dependentemente da contribuição prevista em lei; à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a título da ordem social.
sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações Referências Bibliográficas:
coletivas de trabalho; DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- Direitos de nacionalidade
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- CAPÍTULO III
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas DA NACIONALIDADE
as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- Art. 12. São brasileiros:
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- I - natos:
resses que devam por meio dele defender. a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
da lei. tiva do Brasil;
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
deliberação. optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- nacionalidade brasileira;
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade II - naturalizados:
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
gadores. exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
• Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos- República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado deter- brasileira.
minado grau de concretização de um direito social, fica o legislador § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias com- os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
pensatórias. Constituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas-
III - de Presidente do Senado Federal; cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; nacionalidade dos genitores.
V - da carreira diplomática; A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili-
VI - de oficial das Forças Armadas. tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau-
VII - de Ministro de Estado da Defesa. tada no ius sanguinis.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
que: Portugueses Residentes no Brasil
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu-
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira; Portugueses Equiparados
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para Igual os Direitos Se 1) Residência permanente no Brasil;
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. dos Brasileiros houver 2) Reciprocidade aos brasileiros em
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- Naturalizados Portugal.
derativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
o hino, as armas e o selo nacionais. A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
símbolos próprios. seguintes hipóteses:
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di- Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
mensão pessoal do Estado (o seu povo). Direito de propriedade → Artigo 222, CF.

Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei- Perda da Nacionalidade


ros natos e naturalizados. O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que
apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
Espécies de Nacionalidade na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.
São duas as espécies de nacionalidade:
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá- Dupla Nacionalidade
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento. O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88. Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti- cionalidade.
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre Nacionais do Brasil.
as duas:
Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
Nacionalidade
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Primária Secundária
Nascimento + Requisitos consti- Ato de vontade + Requisitos
tucionais constitucionais
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado

• Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária


O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio-
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
origem territorial (ius solis).

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Direitos Políticos considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e


Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti- legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico
gos 14 a 16. Seguem abaixo: ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na adminis-
tração direta ou indireta.
CAPÍTULO IV § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
DOS DIREITOS POLÍTICOS Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer- fraude.
sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
termos da lei, mediante: de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
I - plebiscito; manifesta má-fé.
II - referendo; § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
III - iniciativa popular. municipais as consultas populares sobre questões locais aprovadas
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites
II - facultativos para: operacionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emen-
a) os analfabetos; da Constitucional nº 111, de 2021)
b) os maiores de setenta anos; § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio-
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: nal nº 111, de 2021)
I - a nacionalidade brasileira; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
II - o pleno exercício dos direitos políticos; suspensão só se dará nos casos de:
III - o alistamento eleitoral; I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; julgado;
V - a filiação partidária; II - incapacidade civil absoluta;
VI - a idade mínima de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- rarem seus efeitos;
pública e Senador; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
do Distrito Federal; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra
d) dezoito anos para Vereador. até um ano da data de sua vigência.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela-
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais,
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo
único período subsequente. de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os constitucionais que permitem o exercício concreto da participação
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses do povo nos negócios políticos do Estado.
antes do pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o Capacidade Eleitoral Ativa
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao nacional
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes Alistamento Eleitoral e Voto
condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º
da atividade; Maiores de Maiores de 16 Estrangeiros (com exceção aos
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 18 e meno- e menores de portugueses equiparados, cons-
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato res de 70 18 anos tantes no Artigo 12, §1º da CF)
da diplomação, para a inatividade. anos Maiores de 70 Conscritos (aqueles convocados
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de anos para o serviço militar obriga-
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a Analfabetos tório)
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
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• Características do Voto Privação dos Direitos Políticos


O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado
valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre. dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo
que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende-
Capacidade Eleitoral Passiva rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas- mento eleitoral.
siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar
cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF. por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta-
duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos: ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão.
Vejamos:
Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
Alistabilidade Elegibilidade Privação dos Direitos Políticos

Direito de votar Direito de ser votado Perda Suspensão


Privação por prazo indetermi- Privação por prazo determi-
Inelegibilidades nado nado
A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos direitos
de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man- políticos depende de um novo políticos se dá automatica-
datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo. alistamento eleitoral mente
• Inelegibilidade Absoluta Referências Bibliográficas:
Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
cida na Constituição Federal. Partidos Políticos
Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos. A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF.
Vejamos:
• Inelegibilidade Relativa
Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi- CAPÍTULO V
nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se DOS PARTIDOS POLÍTICOS
encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
→ Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF); partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
→ Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli- mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF); humana e observados os seguintes preceitos:
→ Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por mo- I - caráter nacional;
tivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não incide II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, §7º, CF). de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
Condição de Militar IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber: sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
da atividade; organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
da diplomação, para a inatividade. vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O Constitucional nº 97, de 2017)
quadro abaixo serve como exemplo: § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Militares – Exceto os Conscritos Superior Eleitoral.
Menos de 10 anos Registro da candidatura → Inatividade § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
Mais de 10 anos Registro da candidatura → Agregado políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda
Na diplomação → Inatividade Constitucional nº 97, de 2017)

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I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos,
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído de organização paramilitar.
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis- Referências Bibliográficas:
tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In- BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de Editora JusPODIVM.
organização paramilitar. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada
a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha
atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 97, de 2017) Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa-
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os ção
Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po-
pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso
de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes
estabelecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo
de partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário de Estado unitário ou um Estado Federado.
ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à tele-
visão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021) • Estado Unitário
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um
por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá-
manutenção de programas de promoção e difusão da participação ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários. concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama-
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de ção da República, com a Constituição de 1891).
Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas
eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na O Estado Unitário pode ser classificado em:
televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor- diciário, exercido de forma central;
me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for-
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti- mação de entes regionais com autonomia para exercer questões
dário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con-
cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva-
De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par- mente ao poder central.
tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que
se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular • Estado Federativo – Federação
com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go- Também chamados de federados, complexos ou compostos,
verno. são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi-
Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia- nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que
ção a partido político é uma das condições de elegibilidade. passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias).
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega-
acima das características pessoais do candidato. ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados,
Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí- mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada
tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união de competências por ato voluntário do poder central.
ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e
políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade.
Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti-
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem
o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do
sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi-
nidos na Constituição Federal.

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O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos: consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
Formas de Estado apresentados e publicados na forma da lei.

Unitário Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político-


Único centro de onde emana o poder estatal -administrativa da República Federativa do Brasil compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô-
Puro Descentralizado nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe-
Não há delegação de compe- Há delegação de competências derativa de Estado.
tências Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos-
sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre
Federado
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado
O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a federal. Daí, têm-se os seguintes elementos:
entes regionais autônomos → Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem
as Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma-
• Confederação rem suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF);
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera- → Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer
nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per- normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e
cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida- municipais (Artigos 22 e 24 da CF);
de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram, → Auto governo: os Estados membros terão seus Governado-
a partir de um juízo interno de conveniência. res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre-
Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF;
uma Confederação: → Auto administração: os membros da federação podem pres-
tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi-
Federação Confederação nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23.

Formada por uma Constituição Formada por um trato • Vedação aos Entes Federados
internacional Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos
Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações:
autonomia mantêm sua soberania Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
Indissolubilidade do pacto fede- Dissolubilidade do pacto I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em-
rativo internacional baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
O Federalismo Brasileiro da lei, a colaboração de interesse público;
Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF: II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Repartição de Competências Constitucionais
A Repartição de competências é a técnica de distribuição de
CAPÍTULO I competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do
território nacional.
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe- Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede- campo específico.
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a
ção. administrativa, legislativa e a tributária.
§ 1º Brasília é a Capital Federal. → Competência administrativa ou material: refere-se à execu-
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem concretamente sobre a matéria;
serão reguladas em lei complementar. → Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor-
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos mas gerais e abstratas sobre determinado campo;
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população → Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri-
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso butos.
Nacional, por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de

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• Técnica da Repartição de Competência Art. 21. Compete à União:


Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
União caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da organizações internacionais;
CF), aos Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios, II - declarar a guerra e celebrar a paz;
as questões de predominante interesse local (Artigo 30 da CF). III - assegurar a defesa nacional;
Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com- IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados- ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
-membros a chamada competência residual, remanescente, não neçam temporariamente;
enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF). V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu ção federal;
as competências previstas para os estados e os municípios, denomi- VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
nada de competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF). bélico;
VII - emitir moeda;
Organização do Estado – União VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca- câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno, privada;
auto legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena-
CF). ção do território e de desenvolvimento econômico e social;
A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos: X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
CAPÍTULO II ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
DA UNIÃO que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór-
gão regulador e outros aspectos institucionais;
Art. 20. São bens da União: XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser ou permissão:
atribuídos; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
das fortificações e construções militares, das vias federais de comu- mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei; dos onde se situam os potenciais hidro energéticos;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites tuária;
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros de Estado ou Território;
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí- e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas cional de passageiros;
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
as referidas no art. 26, II; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi-
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
econômica exclusiva; Territórios;
VI - o mar territorial; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como
VIII - os potenciais de energia hidráulica; prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
e pré-históricos; XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da públicas e de programas de rádio e televisão;
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para XVII - conceder anistia;
fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
2019) XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi-
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua de viação;
ocupação e utilização serão reguladas em lei.
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XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
de fronteiras; garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po-
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin- ferroviária federais;
cípios e condições: XXIII - seguridade social;
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso XXV - registros públicos;
Nacional; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa- XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
2022) obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co- e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti-
médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de ma, defesa civil e mobilização nacional;
2022) XXIX - propaganda comercial.
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela
existência de culpa; Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
atividade de garimpagem, em forma associativa. neste artigo.
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional to Federal e dos Municípios:
nº 115, de 2022) I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: democráticas e conservar o patrimônio público;
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; tia das pessoas portadoras de deficiência;
II - desapropriação; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
em tempo de guerra; notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
radiodifusão; obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - serviço postal; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
metais; Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
lores; quer de suas formas;
VIII - comércio exterior e interestadual; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, cimento alimentar;
aérea e aeroespacial; IX - promover programas de construção de moradias e a melho-
XI - trânsito e transporte; ria das condições habitacionais e de saneamento básico;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XIV - populações indígenas; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
estrangeiros; territórios;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
para o exercício de profissões; rança do trânsito.
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
bem como organização administrativa destes; cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia tar em âmbito nacional.
nacionais; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança gislar concorrentemente sobre:
popular; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
XX - sistemas de consórcios e sorteios; banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - orçamento;
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

III - juntas comerciais; Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
IV - custas dos serviços forenses; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
V - produção e consumo; e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren-
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- tes de obras da União;
fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
controle da poluição; seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico ou terceiros;
e paisagístico; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumi- IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor-
paisagístico; responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
Constitucional nº 85, de 2015) § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
causas; eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
XI - procedimentos em matéria processual; mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de de- setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
ficiência; Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57,
XV - proteção à infância e à juventude; § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, secretaria, e prover os respectivos cargos.
de 2019) § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais legislativo estadual.
não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es-
13.874, de 2019) tado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér-
peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti-
de 2019) tucional nº 111, de 2021)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo
Organização do Estado – Estados ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada
Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no
interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto- art. 38, I, IV e V.
-organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF), § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e
autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da
parágrafos da CF). Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Arti- § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
gos 25 a 28:
Organização do Estado – Municípios
CAPÍTULO III Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en-
DOS ESTADOS FEDERADOS tes federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos
ao elencar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições como integrantes da Federação brasileira.
e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes auto-organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da
sejam vedadas por esta Constituição. CF), autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante (Artigo 30 da CF).
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
Artigos 29 a 31. Vejamos: (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
CAPÍTULO IV p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
DOS MUNICÍPIOS de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten- 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
do respectivo Estado e os seguintes preceitos: 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali- s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
zado em todo o País; 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro milhões) de habitantes;
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu- 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco
nicípios com mais de duzentos mil eleitores; milhões) de habitantes;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
ano subsequente ao da eleição; de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa- milhões) de habitantes;
do o limite máximo de: v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi-
mil) habitantes; lhões) de habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 milhões) de habitantes; e
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu-
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado
(oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi- o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
tantes; VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ-
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser-
(cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil) vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe-
habitantes; lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen- dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De-
tos mil) habitantes; putados Estaduais;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento
cinquenta mil) habitantes; do subsídio dos Deputados Estaduais;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
(seiscentos mil) habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
cinquenta mil) habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi-
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta
(novecentos mil) habitantes; por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub-
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por
e cinquenta mil) habitantes; cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita
(um milhão e duzentos mil) habitantes; do Município;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
Estado para os membros da Assembleia Legislativa; rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; da ocupação do solo urbano;
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ- IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
mara Municipal; observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
XII - cooperação das associações representativas no planeja- Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
mento municipal; Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
pelo menos, cinco por cento do eleitorado; o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa- dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
rágrafo único. § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com ina- prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
tivos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao Municipal.
somatório da receita tributária e das transferências previstas no § § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exer- anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
cício anterior: e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até termos da lei.
100.000 (cem mil) habitantes; § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre Contas Municipais.
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre Organização do Estado - Distrito Federal e Territórios
300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para • Distrito Federal
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e O Distrito Federal é o ente federativo com competências par-
3.000.000 (três milhões) de habitantes; cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21,
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre XIII e XIV, e 22, VII da CF.
3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi- Por ser considerado um ente político dotado de autonomia,
tantes; possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo-
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni- verno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§
cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha- 1º e 4º da CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF).
bitantes.
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por CAPÍTULO V
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
o subsídio de seus Vereadores.
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: SEÇÃO I
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; DO DISTRITO FEDERAL
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
çamentária. reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Art. 30. Compete aos Municípios: Constituição.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação duração.
estadual; § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- o disposto no art. 27.
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e e do corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- Constitucional nº 104, de 2019)
tal;

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

• Territórios I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo- consecutivos, a dívida fundada;
riais integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
são dotados de autonomia política. III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
SEÇÃO II serviços públicos de saúde;
DOS TERRITÓRIOS IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi- tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
ciária dos Territórios. judicial.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou
Título. do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supre-
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao mo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judi-
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da ciário;
União. II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen-
Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII,
sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência e no caso de recusa à execução de lei federal.
deliberativa. IV - (Revogado).
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
Intervenção Federal e Estadual o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o
É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional
autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
um rol taxativo previsto na Constituição Federal. horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a
CAPÍTULO VI Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
DA INTERVENÇÃO mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe- apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
deral, exceto para: o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
I - manter a integridade nacional; essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades
em outra; afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni- Referências Bibliográficas:
dades da Federação; BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois Editora JusPODIVM.
anos consecutivos, salvo motivo de força maior; DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
cionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
crático; Disposições gerais e servidores públicos
b) direitos da pessoa humana; A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz
c) autonomia municipal; a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte-
d) prestação de contas da administração pública, direta e in- resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos
direta. e pessoas que desempenham função pública.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos- Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra-
tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de-
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou
públicos de saúde. seja, que estão a serviço da coletividade.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Princípios da Administração Pública O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi-


Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- do a atos de improbidade administrativa:
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Sanções ao cometimento de atos de improbidade administra-
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. tiva
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política)
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM- Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)
PE”. Observe o quadro abaixo:
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)

Princípios da Administração Pública Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)

L Legalidade • Princípio da Publicidade


I Impessoalidade O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
M Moralidade
salvo a hipótese de sigilo necessário.
P Publicidade A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
E Eficiência tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
sibilitar o controle por todos os interessados.
LIMPE
• Princípio da Eficiência
Passemos ao conceito de cada um deles: Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
• Princípio da Legalidade evitando atuações amadorísticas.
De acordo com este princípio, o administrador não pode agir Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
O quadro abaixo demonstra suas divisões. medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
Princípio da Legalidade boa administração).
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
A Administração Pública desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
Em relação à Administração somente pode fazer o que a tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública lei permite → Princípio da Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
Estrita Legalidade for atingido.
O Particular pode fazer tudo
Em relação ao Particular Disposições Gerais na Administração Pública
que a lei não proíbe
O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú-
• Princípio da Impessoalidade blica:
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- Administração Pública
rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de Direta Indireta
sua função é sempre o interesse público. Autarquias (podem ser qualificadas como agên-
Federal cias reguladoras)
• Princípio da Moralidade Estadual Fundações (autarquias e fundações podem ser
Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público Distrital qualificadas como agências executivas)
um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de Municipal Sociedades de economia mista
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé. Empresas públicas
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen-
Entes Cooperados
tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
(moral comum) e sim com a profissional (ética profissional). Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de
interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen- mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub-
cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos: sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
CAPÍTULO VII Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
SEÇÃO I tivo;
DISPOSIÇÕES GERAIS XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer serviço público;
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: acréscimos ulteriores;
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
como aos estrangeiros, na forma da lei; e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, qualquer caso o disposto no inciso XI:
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em a) a de dois cargos de professor;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
anos, prorrogável uma vez, por igual período; saúde, com profissões regulamentadas;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; ou indiretamente, pelo poder público;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
ções de direção, chefia e assessoramento; autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
ciação sindical; caso, definir as áreas de sua atuação;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
definidos em lei específica; ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
sua admissão; serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
interesse público; de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- obrigações.
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
de índices; Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen- § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na- informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Mi- nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
nistros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos de autoridades ou servidores públicos.
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le- da lei.
gislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
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§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: do cargo de origem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos 2019)
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
serviços; inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
XXXIII; § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social.
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas,
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 109, de 2021)
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguin-
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. tes disposições:
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
possibilite o acesso a informações privilegiadas. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, em-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos prego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou fun-
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho ção, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
I - o prazo de duração do contrato; IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os
obrigações e responsabilidade dos dirigentes; efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
III - a remuneração do pessoal.” V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdên-
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às cia social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. Servidores Públicos
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a à administração pública direta, às autarquias ou fundações públicas,
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutário. Es-
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos ses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao Distrito
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo- Federal ou aos Municípios.
neração. As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas dos
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. SEÇÃO II
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, DOS SERVIDORES PÚBLICOS
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco planos de carreira para os servidores da administração pública direta,
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo das autarquias e das fundações públicas.
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. instituirão conselho de política de administração e remuneração de
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Pode-
ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e res.
responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer componentes do sistema remuneratório observará:
nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de
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I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
cargos componentes de cada carreira; se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
II - os requisitos para a investidura; e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
III - as peculiaridades dos cargos. idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de de 2019)
convênios ou contratos entre os entes federados. § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
admissão quando a natureza do cargo o exigir. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, para concessão de benefícios em regime próprio de previdência
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
caso, o disposto no art. 37, XI. diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
empregos públicos. Constitucional nº 103, de 2019)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
provenientes da economia com despesas correntes em cada diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de Constitucional nº 103, de 2019)
produtividade. § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
nº 103, de 2019) acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a

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hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para Constitucional nº 103, de 2019)
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
critérios estabelecidos em lei. previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, ór-
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado gãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
de tempo de contribuição fictício. nº 103, de 2019)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento
outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros
previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma 2019)
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em tucional nº 103, de 2019)
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes 2019)
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí-
Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
103, de 2019) no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 de 2019)
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
correspondente regime de previdência complementar. pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
na forma da lei. concurso público.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual rada ampla defesa;
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo
que tenha completado as exigências para a aposentadoria
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88.
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de
remuneração proporcional ao tempo de serviço. cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu-
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento horários.
em outro cargo. Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88:
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão SEÇÃO III
instituída para essa finalidade. DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS
• Estabilidade
A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro- beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
vado em estágio probatório. disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade ritórios.
poder ser definida como a garantia constitucional de permanência § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
o transcurso de estágio probatório. a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe- inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse governadores.
é o estágio probatório citado pela lei. § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado, Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica
ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41, do respectivo ente estatal.
§ 1º da CF. § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência
dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101,
de 2019)
Estabilidade do Servidor
Das Regiões
Requisitos para aquisi- Cargo de provimento efetivo/ocupado De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
ção de Estabilidade em razão de concurso público forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as
3 anos de efetivo exercício desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple-
Avaliação de desempenho por comis- mentar.
são instituída para esta finalidade Diz o Art. 43 da CF/88:
Hipóteses em que o Em virtude de sentença judicial transi-
servidor estável pode tada em julgado SEÇÃO IV
perder o cargo Mediante processo administrativo em DAS REGIÕES
que lhe seja assegurada ampla defesa
Mediante procedimento de avaliação Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular
periódica de desempenho, na forma sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a
de lei complementar, assegurada seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
ampla defesa § 1º - Lei complementar disporá sobre:
Em razão de excesso de despesa I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen-
to;
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com
misturam a não ser por expressa determinação constitucional. estes.
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa- na forma da lei:
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
militares de forma reflexa. e preços de responsabilidade do Poder Público;
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- tárias;
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita- III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos tes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma
rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de provocação) ou por provocação dos interessados, através dos re-
baixa renda, sujeitas a secas periódicas. cursos hierárquicos;
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva
a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos do órgão subordinado;
e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas.
glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.
A relação hierárquica é acessória da organização administrati-
Referências Bibliográficas: va, permitindo a distribuição de competências dentro da organiza-
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu- ção administrativa para melhor funcionamento das atividades exe-
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: cutadas pela Administração Pública.
Editora JusPODIVM.
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série Resu- PODER DISCIPLINAR
mo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método. O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de-
corrente de infração administrativa cometida por seus agentes ou
por terceiros que mantenham vínculo com a Administração Pública.
PODERES ADMINISTRATIVOS Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder Hierár-
quico, sendo que um decorre do outro. Para que a Administração
possa se organizar e manter relação de hierarquia e subordinação é
O poder administrativo representa uma prerrogativa especial necessário que haja a possibilidade de aplicar sanções aos agentes
de direito público (conjunto de normas que disciplina a atividade que agem de forma ilegal.
estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma de
público para exercer suas funções necessita ser dotado de alguns caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui
poderes. de sanções penais e sim de penalidades administrativas como ad-
Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que vertência, suspensão, demissão, entre outras.
possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contudo, Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando pra-
devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o ticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona com a
regem. atividade desenvolvida pelo agente.
Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja
dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de pautar motivada e precedida de processo administrativo competente que
seus serviços com eficiência. garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evitando me-
didas arbitrárias e sumárias da Administração Pública na aplicação
PODER HIERÁRQUICO da pena.
A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial de
organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierarquiza- PODER REGULAMENTAR
da, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as pessoas É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e edi-
e órgãos internamente na estrutura estatal tar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finali-
É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está dade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto, privativa dos
obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
sejam manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a Podemos dizer então que esse poder resulta em normas inter-
delegação, a avocação, etc. nas da Administração. Como exemplo temos a seguinte disposição
A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos, constitucional (art. 84, IV, CF/88):
bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e unidade Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e [...]
o subordinado dentro do quadro da Administração Pública. IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.
Compete ainda a Administração Pública:
a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os
que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos subordi- procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação de
nados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando maior
e não devem ser confundidas com os regulamentos, por serem de- clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.
correntes de relação hierarquizada, não se estendendo a pessoas - Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram
estranhas; efeitos para todos (erga omnes); e
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, - O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a cir-
salvo para os manifestamente ilegais; cunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regulamen-
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de tadora que disciplina eventual atividade.
verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obriga-
ções, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenien-

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente Atributos do poder de polícia
dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua execu-
respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo ção e a prioridade do interesse público. São eles: discricionarieda-
das agências. de, autoexecutoriedade e coercibilidade.
Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao - Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade
cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os atos para estabelecer, de acordo com sua conveniência e oportunidade,
normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferiori- quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais
dade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico. e as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade
de fixar as condições para o exercício de determinado direito.
PODER DE POLÍCIA No entanto, a partir do momento em que são fixados esses li-
É certo que o cidadão possui garantias e liberdades individuais mites, com suas posteriores sanções, a Administração será obrigada
e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua utilização a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos
deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social. vinculados.
Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa confe-
rida à Administração Pública para condicionar, restringir e limitar - Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário
o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto, essa
interesses da coletividade. liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o con-
Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o qual trole desse ato.
conceitua o Poder de Polícia: Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra- prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais, em
ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li- que será necessária a atuação da Administração Pública.
berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de Vale lembrar que a administração pública pode executar, por
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos seus próprios meios, suas decisões, não precisando de autorização
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de judicial.
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie- - Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade,
dade e aos direitos individuais ou coletivos. na medida que for necessária será permitido o uso da força par
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polícia, inde-
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se pendentemente da vontade do administrado.
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des-
vio de poder. Uso e Abuso De Poder
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode-
Os meios de atuação da Administração no exercício do poder res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade
de polícia compreendem os atos normativos que estabelecem limi- traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicial-
tações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos ad- mente.
ministrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressi- O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que
vas, dotados de coercibilidade. a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Públicos
A competência surge como limite para o exercício do poder de estão obrigados a respeitar os princípios e as normas constitucio-
polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi- nais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade
derado válido. do ingresso ao Poder Judiciário.
O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri-
divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, deve-se buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causados
condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coleti- a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas
vidade. atribuições quanto agindo nessa qualidade.

Limites Desvio de Poder


Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe al- O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da que
guns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao objeto. fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é praticado por
Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido autoridade competente, que no momento em que pratica tal ato,
para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta re- distinto do que é visado pela norma legal de agir, acaba insurgindo
gra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com no desvio de poder.
todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa.
Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predomi- Segundo Cretella Júnior:
nância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso “o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o
qualquer benefício em detrimento do interesse público. interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem
da Administração, que restaria anarquizada e comprometida se o
fim fosse privado ou particular”.

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Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé, mas Lei da Liberdade Econômica no Município. “Ora, se o próprio Poder
sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, podendo Executivo faz regulamentações dessa matéria, não há qualquer in-
existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção da vontade constitucionalidade material”, descreve.
de satisfação pessoal com inadequada finalidade do ato que pode- Por fim, o relator afirma que a regulação do comércio e o exer-
ria ser praticado. cício do poder de polícia local é reconhecido por assentada juris-
prudência pátria, quando em 2007 o TJMG manifestou durante a
Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina, pode negativa do município para a concessão de alvará para estabeleci-
ocorrer nas seguintes modalidades: mento de comércio de Gás Liquefeito de Petróleo, dizendo que “o
a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse exercício de atividades profissionais, a livre iniciativa e a geração de
público; empregos estão condicionados ao pleno respeito às regras legais
b. quando o agente público visa uma finalidade que, no entan- e jurídicas que, quando de interesse local, podem, ao teor do que
to, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade ao dispõe o art.30 da Constituição da República, ser estabelecidas por
ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente busca uma lei municipal. Por isso, não se pode admitir a alegação de que tenha
finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria deste que o Município, no caso concreto e específico, agido de forma ilegal e
o ato se revestiu, por meio de omissão. irregular”.
Além do relator, outros três vereadores votaram com o parecer:
Ciro Pereira (PTB), Flávia Borja (Avante) e Nikolas Ferreira (PRTB).
LIBERDADE ECONÔMICA Rogerio Alkimim (PMN) votou contra a rejeição do veto.

Proteção à livre iniciativa


Parecer recomenda derrubada de veto ao PL sobre liberdade O texto estabelece dispositivos para a proteção à livre iniciativa
econômica18 e ao livre exercício da atividade econômica e declara como direitos
Assindado por 28 vereadores e ex-vereadores, o Projeto de Lei de pessoa natural ou jurídica, entre outros, o desenvolvimento de
792/2019 cria a Declaração Municipal de Direitos de Liberdade Eco- atividade de baixo risco para sustento próprio ou de sua família sem
nômica, com o objetivo de desburocratizar o ambiente de negócios a necessidade de atos públicos de liberação da atividade econômi-
em BH, principalmente para os pequenos empresários, microem- ca; a não restrição da liberdade de definir preço de produto ou ser-
preendedores ou pessoas físicas que exercem atividade econômica. viço; o desenvolvimento, execução, operação ou comercialização
Aprovado pela Câmara Municipal em dois turnos, o texto foi ve- de novas modalidades de produtos e de serviços livremente, sem
tado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), no dia 3 de junho, sob o necessidade de autorização prévia, quando tais modalidades não
argumento de que legislar sobre o tema é competência exclusiva da forem abarcadas por norma já existente ou quando as normas in-
União e que já existe lei federal a respeito. De volta ao Legislativo, fralegais se tornarem desatualizadas; e ainda a presunção de boa-fé
o veto foi analisado por uma Comissão Especial nesta sexta-feira nos atos praticados no exercício da atividade.
(2/7), que recomendou sua rejeição e, por conseguinte, a publica- O PL determina, ainda, que caso o poder público não analise
ção do texto como lei. Agora, a decisão caberá ao Plenário, onde no prazo máximo estipulado os pedidos de liberação da atividade
são necessários 25 votos “não” para derrubar o veto do prefeito. econômica, haverá o entendimento de que houve aprovação tácita,
ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei. E em rela-
A rejeição ao veto ção aos prazos do poder público para análise e resposta de solicita-
Relator do PL 792/2019 na Comissão Especial, o vereador Brau- ções para exercício de atividades econômicas, estabelece que não
lio Lara (Novo) sustenta que o próprio Executivo já editou matéria pode ultrapassar 30 dias para atos relacionados à atividade de baixo
similar em 2019, que parecer do Tribunal de Justiça Minas Gerais risco e 120 dias para as demais.
reconheceu o mérito de decisões similares e que não se trata de
matéria inconstitucional. Ao fundamentar a rejeição ao veto, o re- O veto
lator destaca que não se vislumbra nenhuma violação do regime Ao vetar a proposta, o prefeito alegou vício de iniciativa, argu-
de repartição de competências estabelecido pela Constituição. “Ao mentando que a Constituição estabelece a competência da União
avesso do asseverado no veto, nada mais faz a proposição que re- para legislar sobre normas gerais de direito econômico, reservando
forçar e regulamentar princípios constitucionais em material legal aos estados e ao Distrito Federal espaço de competência suplemen-
de interesse local”, argumenta em trecho do documento. tar e, aos municípios, apenas a possibilidade de suplementar a le-
Braulio lembra que o município é um agente normativo e re- gislação federal e a estadual, no que couber. O Executivo também
gulador da atividade econômica, devendo entabular em seu orde- argumentou que a União teria editado a medida provisória, poste-
namento legal seu incentivo e planejamento, conforme prevê art. riormente convertida na Lei Federal 13.874, conhecida como “Lei
174 da Constituição Federal. “Os municípios têm competência su- da Liberdade Econômica”, e os primeiros cinco artigos da nova pro-
plementar, à luz da regra do art. 30, II, da Constituição da República, posição apenas repetem o que já está previsto na regulamentação,
logo é possível suplementar a legislação estadual e federal quando não apresentado novos elementos jurídicos.
não há vedação, que são aquelas previstas no seu art. 22”. O relator Além disso, justificou que a única inovação trazida pela norma,
ressalta ainda que o próprio veto se contradiz ao sustentar que o ao dispor sobre parâmetros e procedimentos a serem observados
Decreto 17.245/19 já regulamenta especificamente a aplicação da na concessão de atos administrativos de liberação, transgride o
princípio da separação dos poderes por se tratar de tema afeto à
18 Disponível em https://www.cmbh.mg.gov.br/comunica%C3%A7%- discricionariedade técnica do órgão competente do Poder Execu-
C3%A3o/not%C3%ADcias/2021/07/parecer-recomenda-derrubada-de- tivo. Por fim, Kalil considerou ainda que a Secretaria Municipal de
-veto-ao-pl-sobre-liberdade-econ%C3%B4mica Acesso 21.03.2023 Planejamento, Orçamento e Gestão informou que, atualmente, em
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

decorrência do decreto regulamentador da Lei de Liberdade Eco- Emenda supressiva


nômica, 93% dos alvarás de localização e funcionamento são con- O Plenário da Câmara rejeitou emenda apresentada pela Co-
cedidos de forma imediata pela internet, sem obrigatoriedade de missão de Meio Ambiente e Política Urbana ao PL 729/19. A emen-
vistoria do estabelecimento. da tinha como objetivo suprimir o artigo 3º, que considera como
atos públicos de liberação de atividade econômica a licença, a au-
Aprovado PL que defende reduzir intervenção do poder públi- torização, a inscrição, o registro, o alvará e os demais atos exigidos
co na atividade econômica19 com qualquer denominação, inclusive no âmbito ambiental, sani-
De autoria de 28 vereadores, o Projeto de Lei 792/19, que insti- tário e de edificação, como condição prévia para o exercício de ati-
tui a Declaração Municipal de Direitos de Liberdade Econômica, foi vidade econômica. Com a rejeição da emenda, fica valendo o texto
aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 2º turno, original da proposição, que será encaminhado à Comissão de Legis-
nesta segunda-feira (12/4/21), com 33 votos favoráveis, 5 contrá- lação e Justiça para definição de sua redação final
rios e nenhuma abstenção. Na ocasião, a Emenda 1, que suprime
o artigo 3º do projeto, foi rejeitada com 33 votos contrários à sua Ônibus na pandemia
aprovação, 5 favoráveis e nenhuma abstenção. Como resultado, o Professor Juliano Lopes (PTC) criticou a gestão do transporte
projeto será encaminhado à Comissão de Legislação e Justiça para público durante a pandemia. Segundo ele, os coletivos estão lota-
apreciação de sua redação final. O passo seguinte será o seu envio dos de passageiros, sendo espaços propícios à propagação do novo
para análise do prefeito Alexandre Kalil (PSD), que poderá sancio- coronavírus. O parlamentar também afirmou que a Prefeitura apor-
ná-lo ou vetá-lo na íntegra ou parcialmente. Os parlamentares tam- tou R$ 68 milhões para as empresas de ônibus durante a pande-
bém trataram de assuntos relativos à gestão do transporte público mia, mas não apresentou nenhum incentivo aos comerciantes da
na pandemia, vacinação, educação e política habitacional. cidade. Ele garantiu que irá apresentar um requerimento pedindo
O objetivo do PL 729/19 é desburocratizar o ambiente de ne- explicações da Prefeitura sobre o pagamento de R$ 68 milhões às
gócios em Belo Horizonte, principalmente no âmbito das relações empresas concessionárias do transporte coletivo.
microeconômicas para os pequenos empresários, os microem-
preendedores, ou pessoas físicas que exercem atividade econômica Vacinação
e não conseguem prosperar devido à elevada carga burocrática que Rubão (PP) e Jorge Santos (Republicanos) cobraram transpa-
aumenta os custos de transação como um todo. rência no momento de aplicação das vacinas contra covid-19. Eles
A proposição estabelece dispositivos para a proteção à livre ini- lembraram que há casos de funcionários do SUS que apenas fingem
ciativa e ao livre exercício da atividade econômica e declara como aplicar a vacina, prejudicando pessoas que precisariam ser imuni-
direitos de pessoa natural ou jurídica, entre outros, o desenvolvi- zadas contra o novo coronavírus. Jorge Santos recomendou que
mento de atividade de baixo risco para sustento próprio ou de sua acompanhantes filmem o momento da vacinação para se certifica-
família; a não restrição da liberdade de definir preço de produto rem que o imunizante foi realmente inoculado no paciente.
ou serviço; a presunção de boa fé nos atos praticados no exercício
da atividade; e a implementação, teste e oferecimento de um novo Educação
produto ou serviço para um grupo privado ou restrito de pessoas Flavia Borja (Avante) defendeu que, assim que a cidade reabrir
maiores e capazes. as atividades fechadas para contenção a pandemia, as escolas te-
O projeto determina que caso o poder público não analise no nham prioridade neste processo de reabertura. De acordo com ela,
prazo máximo estipulado os pedidos de liberação da atividade eco- há estudo realizado no Estado de São Paulo que conclui que a rea-
nômica, haverá o entendimento de que houve aprovação tácita, bertura das escolas não aumenta o número de casos por covid-19.
ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei. Quando se
refere à aprovação tácita de atos públicos de liberação de atividade Políticas de habitação
econômica, o projeto em questão se refere a licenças, autorizações, Bella Gonçalves (Psol) criticou a gestão das políticas de habi-
inscrições, registros, alvarás e demais atos exigidos, com qualquer tação pelo governo Zema (Novo). Segundo ela, Minas tem 428 mil
denominação, inclusive no âmbito ambiental, sanitário e de edifica- famílias sem casa, e o governo do Estado não apresenta iniciativas
ção. Em relação aos prazos para análise e resposta de solicitações necessárias para a resolução do problema. De acordo com a parla-
para exercício de atividades econômicas, o projeto estabelece que o mentar, a Cohab, que deveria implementar o plano de habitação
poder público não possa ultrapassar 30 dias para atos relacionados para famílias de baixa renda, não o faz e funciona sob a atual ges-
à atividade de baixo risco e 120 dias para as demais. tão como uma empresa de especulação imobiliária, o que afronta
Irlan Melo (PSD), um dos autores da proposição, defendeu a a Constituição e os direitos sociais do povo de Minas. A vereadora
necessidade de desburocratização e facilitação do ambiente de ne- afirmou também que a Cohab firmou acordo de confidencialida-
gócios. Segundo ele, o projeto será um alívio para o empreendedor de para entregar seu patrimônio para um fundo de investimento
da capital, que, de acordo com Irlan, aprova a matéria votada nesta imobiliário, o que, na visão de Bella Gonçalves, seria um equívoco,
segunda-feira. tendo em vista que milhares de famílias precisam de moradia em
Braulio Lara (Novo) defendeu que o projeto, que, de acordo Minas. A parlamentar também afirmou ser contrária à intenção do
com ele, já era importante quando foi apresentado em julho de governo do Estado de alienar imóveis públicos.
2019, e torna-se ainda mais relevante no atual momento em que os
empreendedores enfrentam as restrições impostas pelas medidas
de combate à covid-19.
19 Disponível em https://www.cmbh.mg.gov.br/comunica%C3%A7%C3%A3o/
not%C3%ADcias/2021/04/aprovado-pl-que-defende-reduzir-interven%-
C3%A7%C3%A3o-do-poder-p%C3%BAblico-na Acesso 21.03.2023
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

A tarifa de energia elétrica residencial, que subiu 10,10% em


RELAÇÕES DE CONSUMO dezembro, também contribuiu para o aumento nas despesas das
famílias.
Além disso, como é comum para janeiro, vários gastos familia-
res se acumulam e, geralmente, são acompanhados de correções,
Intenção de consumo cai pelo segundo mês em Belo Horizon- como é o caso do IPTU e do IPVA e das despesas com matrícula e
te20 material escolar.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizon- A elevação no preço dos aluguéis também deve pesar no or-
te caiu para 35,08 pontos em janeiro, o que indica um pessimismo çamento de muitas famílias em 2021, pois o IGP-M, usado como
acentuado dos moradores da capital no que se refere às expectati- indicador para a correção nos contratos de locação, fechou o ano
vas de consumo. A alta dos preços, o aumento do desemprego e a passado em 23,14%, maior alta desde 2002.
queda na renda das famílias, além do acúmulo de despesas neste A economista do Ipead ressalta a importância do levantamento
início de ano e o contexto de repique da pandemia afetaram dire- pro comércio em geral, pois o ICC permite ao empresário avaliar o
tamente o humor dos belo-horizontinos. Tudo isso agravado pelo humor e as expectativas dos consumidores com o objetivo de pla-
novo fechamento do comércio da cidade. nejar melhor o seu negócio em termos de estoques, contratações,
O ICC-BH é calculado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, investimentos.
Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-UFMG) e vai de Para Thaize, o ICC, além de refletir o panorama, influi na dinâ-
0 a 100. O índice 50 demarca a fronteira entre a situação de pessi- mica econômica.
mismo e a de otimismo. “A gente percebe isso claramente quando o índice começa a
A queda em janeiro é a segunda consecutiva após um período subir, quando a gente mostra uma retomada no índice de confian-
de seis meses de recuperação da confiança dos consumidores da ça do consumidor, normalmente são períodos em que a economia
capital. O indicador já havia encerrado o ano passado com valor começa também a sair da fase crítica. Famílias tiveram as rendas
inferior ao de 2019 – 35,58 contra 39,42 pontos, queda de 6,56%. reduzidas, muitas pessoas desempregadas e com medo do futuro.
Para a economista coordenadora do estudo no Ipead/UFMG, Tudo isso acaba por fazer as pessoas consumirem menos, e a roda
Thaize Martins, o índice baixo mostra um consumidor mais pessi- da economia a girar mais devagar”, afirma.
mista, menos predisposto a gastar e a investir em novos bens e mais A pesquisa também mostra que 60,55% das mulheres e 68,32%
racional na hora de fazer compras. dos homens pretendem adquirir algum bem ou serviço não essen-
“Nesse cenário conturbado, o consumidor vai pensar mais no cial nos próximos três meses.
que é essencial, no que é de emergência e menos nos itens supér- Os grupos que lideraram a lista dos bens e serviços que os con-
fluos. Itens como viagens e bens de maior valor vão perdendo um sumidores pretendem adquirir são vestuário e calçados (19,52%),
pouco a ordem de preferência diante de um cenário pessimista”. móveis (10%) e outros, como eletrodomésticos e veículos (9,05%).
Thaize destaca que os principais componentes que interferiram
na baixa confiança do consumidor foram a inflação e o emprego.
“O aumento no preço dos alimentos traz um reflexo direto para FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
a renda das famílias e para essa percepção do consumidor de que
está tudo aumentando, pois quando mexe com os alimentos isso
fica mais aflorado. Com mais uma onda de fechamento do comér- A função social da propriedade está definida no Inciso XXIII do
cio, também registramos piora na percepção de emprego e renda, Artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Possui direitos básicos,
acentuado por contratos temporários em dezembro que não se fir- com o objetivo de assegurar uma vida digna, livre e justa a todos os
maram em janeiro”, afirma. cidadãos do país.
Segundo o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo No Brasil, notada pela primeira vez na constituição de 1934,
(IPCA), que mede a inflação no país, fechou 2020 acumulado em a função social é condição do direito de propriedade. Determinar
4,52%, o maior desde 2016. se a propriedade urbana ou rural deve atender às necessidades e
Um dos maiores impactos para os consumidores em 2020 foi interesses da sociedade Além de servir em benefício do proprie-
a elevação de 14,09% nos preços de alimentos e bebidas, a maior tário. Desta forma a função social condiciona o direito de proprie-
expansão desde 2002. dade, declarando que este direito é limitado pelo respeito ao bem
A taxa de desocupação em Minas Gerais, também medida pelo comum.
IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Co- A legislação urbanística de Belo Horizonte, existe para se esta-
vid-19), fechou novembro, último dado divulgado, em 12,5%. belecer limites às ações humanas que interferem no espaço urbano
e na qualidade de vida na cidade. Essas ações estão relacionadas
Outros fatores para o pessimismo com as necessidades próprias de uma vida em um grande centro
O valor da cesta básica em Belo Horizonte, que representa urbano, como moradia, trabalho, educação, saúde, locomoção, ali-
os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação, chegou a mentação e lazer.
R$ 566,80 em dezembro, valor 22,09% superior ao mesmo mês de
2019, segundo outra pesquisa do Ipead.

20 Disponível em https://www.em.com.br/app/noticia/econo-
mia/2021/01/27/internas_economia,1232836/intencao-de-consumo-
-cai-pelo-segundo-mes-em-belo-horizonte.shtml Acesso 21.03.2023
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO ESTATUTO DA CIDADE E URBANISMO

A Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão Belo Horizonte foi projetada pelo engenheiro Aarão Reis, entre
(SMPOG) tem a atribuição de coordenar o planejamento, o moni- 1894 e 1897, foi uma das primeiras cidades brasileiras planejadas
toramento e a avaliação de políticas públicas e de gerir as políticas com a intenção de síntese urbana do fim do século XIX.
orçamentárias, de gestão de pessoas, previdenciárias e de moder- O crescimento de uma cidade como Belo Horizonte deve ser
nização da gestão, com fins de viabilizar uma Administração Pública pensado com cuidado para conciliar aspectos urbanos, econômi-
conectada com o cidadão, que garanta alto índice de satisfação na cos, ambientais e sociais. Um ambiente urbano saudável é aquele
prestação dos serviços. em que todos têm acesso às vantagens que caracterizam a vida na
Como órgão central é responsável por políticas e execuções de metrópole: saúde e educação de qualidade, ampla oferta de servi-
ações voltadas para a temáticas de recursos humanos; pagamento ços, espaços de lazer e equipamentos culturais, entre outros.
de pessoal; saúde ocupacional; orçamento; governo eletrônico e de A Subsecretaria de Urbanismo (SUPLAN) tem a função de pro-
tecnologia da informação; organização e modernização administra- gramar o crescimento equilibrado do município garantindo a todos
tiva e atendimento ao cidadão; os cidadãos qualidade de vida em uma cidade sustentável, que ofe-
reça acesso a trabalho, emprego, renda, serviços e lazer.
Orçamento participativo21
Nos 25 anos de existência do Orçamento Participativo (OP) em
Belo Horizonte, o programa vem desempenhando um papel funda- HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE: FORMAÇÃO DA CIDADE
mental na democratização das políticas públicas e na ampliação da DE BELO HORIZONTE: ASPECTOS HISTÓRICOS E FORMA-
participação popular, buscando a corresponsabilidade na gestão da ÇÃO ADMINISTRATIVA
cidade.
O Orçamento Participativo Vilas proporciona à comunidade de
vilas, favelas e conjuntos habitacionais populares um espaço efeti- HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE
vo de exercício da cidadania. A população destes locais decide, por Formação da Cidade de Belo Horizonte. Ideias republicanas e
meio de votação, quais são as obras prioritárias a serem realizadas a experiência urbanística de Belo Horizonte. A Capital planejada da
pela Prefeitura na sua comunidade. República. Mecanismos de controle social e desafios da moderniza-
De 1994 até dezembro de 2020 foram realizados investimentos ção capitalista
de mais de R$ 430 milhões nas obras em vilas, com recursos aprova-
dos no OP. Em geral, são obras de urbanização, tratamento de áreas História
de risco, moradia, lazer e saneamento. Foi à procura de ouro que, no distante 1701, o bandeirante
Desde a implantação do OP, os moradores destas áreas mais João Leite da Silva Ortiz chegou à serra de Congonhas. Em lugar do
carentes já conquistaram a aprovação de 469 empreendimentos metal, encontrou uma bela paisagem, de clima ameno e próprio
nas assembleias públicas, sendo que 400 deles foram concluídos e para a agricultura. Resolveu ficar: construiu a Fazenda do Cercado,
69 encontram-se em andamento. onde desenvolveu uma pequena plantação e criou gado22.
Do total de obras em andamento, 8 estão sendo realizadas O progresso da fazenda logo atraiu outros moradores e um ar-
com recursos do Governo Federal, por meio do Programa Vila Viva. raial começou a se formar em seu redor. Viajantes que por ali pas-
savam, conduzindo o gado da Bahia em direção às minas, fizeram
da região um ponto de parada. O povoado foi batizado de Curral
CONFERÊNCIAS DE POLÍTICA URBANA del Rei. Da serra de Congonhas mudou-se o antigo nome: é hoje
a nossa Serra do Curral. Nossa Senhora da Boa Viagem, a quem os
forasteiros pediam proteção, tornou-se padroeira do local.
Desde 1996, o Plano Diretor de Belo Horizonte, determina que Aos poucos, o Curral del Rei foi crescendo, apoiado na pequena
deve haver uma Conferência Municipal de Política Urbana – CMPU lavoura, na criação e comercialização de gado e na fabricação de fa-
a cada 4 anos, tendo como objetivo principal de avaliar os impac- rinha. Algumas poucas fábricas, ainda primitivas, instalaram-se pela
tos das normativas urbanísticas no crescimento urbano e propor região: produzia-se algodão, fundia-se ferro e bronze. Das pedrei-
alterações para a qualificação do desenvolvimento da cidade. É um ras, extraía-se granito e calcário. Frutas e madeiras eram vendidas
fórum de participação democrática que reúne representantes dos para outros locais.
três setores da Sociedade Civil com representatividade no Conse- Com a decadência da mineração, o arraial se expandiu. Das 30
lho Municipal de Política Urbana (COMPUR) - técnico, popular e ou 40 famílias existentes no início, saltou para a marca de 18 mil
empresarial - os quais discutem e elegem diretrizes para o desen- habitantes. Elevado à condição de Freguesia, mas ainda subordina-
volvimento urbano a serem aplicadas pela Municipalidade. Desde do a Sabará, o Curral del Rei englobava as regiões de Sete Lagoas,
então, 5 conferências foram realizadas no Município, a saber: em Contagem, Santa Quitéria (Esmeraldas), Buritis, Capela Nova do Be-
1999, 2001/2002, 2010, 2014 e 2018. tim, Piedade do Paraopeba, Brumado Itatiaiuçu, Morro de Mateus
Leme, Neves, Aranha e Rio Manso. Vieram as primeiras escolas, o
comércio se desenvolveu. No centro do arraial, os devotos ergue-
ram a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
21 Disponível em https://prefeitura.pbh.gov.br/urbel/orcamento-participativo
Acesso 21.03.2023 22 IBGE. História. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/historico
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Esse ciclo de prosperidade, contudo, durou pouco. As diversas A Lei Estadual n.º 2, de 14-09-1891, confirmou a criação do
regiões que constituíram o arraial foram se tornando autônomas, distrito de Belo Horizonte.
separando-se dele. A população rapidamente diminuiu e a econo- Elevado à categoria de município e Capital, com a
mia local entrou em decadência. Já no final do século passado, res- denominação de Cidade de Minas, pela Lei Estadual n.º 3, de 17-
tavam mais de 4 mil habitantes. 12-1893, e Decretos Estaduais n.º 716, de 05-06-1894 e 776, de
A Proclamação da República, em 1889, vem trazer aos curralen- 30-08-1894. Desmembrado do município de Sabará. Instalada em
ses a esperança de transformações. Para entrar na era que então se 12-12-1897.
anunciava, deixando para trás o passado monárquico, aos sócios do Pela Lei Estadual n.º 302, de 01-07-1901, o município e capital
Clube Republicano do arraial propuseram a mudança de seu nome de Cidade de Minas passou a denominar-se Belo Horizonte.
para Belo Horizonte. Foi nesse clima de euforia que os horizontinos Em divisão administrativa referente ao ano de 1911 e nos
receberam a notícia da nova construção da nova capital. Durante quadros de apuração do Recenseamento Geral de 01-IX-1920,
três dias o arraial se pôs em festa, com missa solene, discursos, município já denominado Belo Horizonte é constituído do distrito
bandas de música e bailes. Seus habitantes já sonhavam com mo- sede.
dernização e o progresso que a capital traria para a região. Nem Pela Lei Estadual n.º 843, de 07-09-1923, é criado o distrito
imaginavam que, nos planos dos construtores, não havia espaço de Venda Nova (ex-povoado), com território desmembrado do
reservado para eles. distrito sede de Belo Horizonte, acrescido de uma parte do distrito
A discussão sobre a mudança da capital mineira não surgiu no da sede do município de Santa Luzia do Rio das Velhas e anexado
século passado; era, ao contrário, uma ideia muito antiga. A pri- ao município de Belo Horizonte.
meira tentativa de transferir a sede do Governo para uma cidade Em divisão administrativa referente ao de 1933, o município é
diferente de Ouro Preto data de 1789, quando os inconfidentes pla- constituído de 2 distritos: Belo Horizonte e Venda Nova.
nejaram instalar a capital de sua república em São João Del Rei. De- Assim permanecendo em divisões territoriais de 31-XII-1936
pois disso, mais quatro tentativas foram feitas, todas fracassadas. A e 31-XII-1937.
questão só veio a ser considerada após a Proclamação da República. Pelo Decreto-lei Estadual n.º 148, de 17-12-1938, o distrito
Só que dessa vez, não se trava de uma simples transferência, mas a de Venda Nova foi transferido de Belo Horizonte para o município
construção de uma nova cidade. de Santa Luzia.
Em 1891, o presidente do Estado, Augusto de Lima, formulou No quadro fixado para vigorar no qüinqüênio 1939-1943, o
um decreto determinando a transferência da capital para um lugar município é constituído do distrito sede.
que oferecesse condições precisas de higiene. Adicionada à Consti- Pela Lei n.º 336, de 27-12-1948, o município de Belo Horizonte
tuição Estadual, a lei provocou muitos protestos da população ou- adquiriu novamente o distrito de Venda Nova município de Santa
ro-pretana. Os mineiros dividiram-se entre os ‘mudancistas’, favorá- Luzia.
veis à nova capital, e os ‘não-mudancistas’. Cada um desses grupos Em divisão territorial datada de I-VII-1960, o município é
fundou seu jornal, promovendo reuniões e debates. constituído de 2 distritos: Belo Horizonte e Venda Nova.
O Governo Estadual, enfrentando essas disputas, criou uma Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1993.
Comissão de Estudos para indicar, dentre cinco localidades, a mais Pela Lei n.º 6.936, de 16-08-1995, é criado o distrito de
adequada para a construção da nova cidade. O Congresso mineiro, Barreiro e anexado ao município de Belo Horizonte.
a quem cabia a decisão final, votou a favor de Belo Horizonte. As- Em divisão territorial datada de 2005, o município é
sim, a 17 de dezembro de 1893, a lei n. º 3 foi adicionada à Consti- constituído de 3 distritos: Belo Horizonte, Barreiro e Venda Nova.
tuição Estadual, determinando que a nova sede do Governo fosse Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
erguida em Belo Horizonte, chamando-se Cidade de Minas. Fonte
No prazo máximo de quatro anos, a capital deveria ser inaugu- Belo Horizonte (MG). Prefeitura. 2014. Disponível em: http://
rada. A lei criava ainda a Comissão Construtora, composta de técni- portalpbh.pbh.gov.br. Acesso em: jan. 2014.
cos responsáveis pelo planejamento e execução das obras. Em sua
formação, estavam alguns dos melhores engenheiros e arquitetos A Construção da Cidade de Belo Horizonte: Formação Urbana
do país, chefiados por Aarão Reis. e Espacial23
Belo Horizonte foi inaugurada a 12 de dezembro de 1897, por A cidade de Belo Horizonte foi construída pela intervenção es-
uma exigência da Constituição do Estado, porém sua construção tatal, num traçado modernizador, inspirado nas experiências urba-
não estava finalizada devido a crises que acometiam o país que li- nísticas das cidades europeias e norte-americanas, ou seja, trata-se
mitava recursos para finalização do projeto. de uma cidade planejada. Segundo Letícia Julião24, a criação e a
Nas duas primeiras décadas do século XX, Belo Horizonte viveu, construção da cidade concretizavam os desejos de uma elite que
alternadamente, períodos de grande crise e surtos de desenvolvi- encarava o advento da República como sinal de ruptura com o pas-
mento. As fases de maior crescimento corresponderam aos anos de sado, preconizando a modernização e o desenvolvimento nacional.
1905, 1912-13 e 1917-19.

Formação Administrativa 23 PASSOS, Daniela. A formação do espaço urbano da cidade de Belo Horizonte:
Distrito criado com a denominação de Nossa Senhora da Boa um estudo de caso a luz de comparações com as cidades de São Paulo e Rio de
Viagem do Curral del Rey, por Ordem Régia de 1750. Janeiro. Revista Mediações, Londrina, Vol. 21, n. 2, p. 332-358, 2016. www.uel.br/
Pelo Decreto Estadual n.º 36, de 12-04-1890, o distrito de revistas/uel/index.php/mediacoes/article/download/22406/pdf
Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rey foi renomeado 24 JULIÃO, Letícia. Itinerários da cidade moderna (1891-1920). In: DUTRA, Elia-
como Belo Horizonte. ne de Freitas; MELLO, Ciro Flavio Bandeira de (Org.). BH: Horizontes históricos.
Belo Horizonte: C/ Arte, 1996. p. 49-119.
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As novas ideias, surgidas com o advento da República, vieram exigia intervenções das mais diversas como saberes jurídicos, médi-
afetar diretamente a vida política do país, já que poderiam significar cos-sanitaristas e estatísticos, entre outros, na busca por respostas
o rompimento com o sistema político centralizador exercido pelo a problemas como miséria, falta de saneamento, doenças, densida-
governo imperial. O ambiente de incertezas dos primeiros anos do de populacional e o potencial de tensões e revoltas sociais28.
novo regime político, em meio à necessidade de legitimação, deter- Inaugurada em 12 de dezembro de 1897, a cidade-capital re-
minou um horizonte favorável a um ousado projeto de construção presentou tudo o que de moderno era preconizado, nas palavras
de uma cidade capital25. de Joaquim Nabuco Linhares29: “Hércules e titânicos foram os tra-
O ideal de modernização foi de fundamental importância para balhos então realizados. Do Nada pode-se dizer, e em tão curto es-
se pensar uma nova cidade capital, uma nova territorialidade para paço, surgiram as belas avenidas e ruas que aqui estão e os suntuo-
sede do governo do Estado de Minas Gerais. A modernização, atin- sos edifícios públicos e particulares que garbosos sustentam nesta
gido as áreas econômicas, políticas e sociais e o modernismo en- cidade.”.
globando a arte, a cultura e a sensibilidade foram fatores chaves Característica de uma cidade que se desejava moderna, Belo
para se pensar um novo espaço para a capital mineira, agregando, Horizonte não fugiu ao paradigma de ser um local de segmentação.
assim, todo o simbolismo de uma época (fins do século XIX e início De acordo com o estilo funcional e progressista de urbanismo que
do século XX). se iniciou na segunda metade do século XIX, a nova capital de Mi-
Movido pela nova ordem republicana, positivista e científica, nas Gerais também possuía espaços classificados e ordenados de
e inspirado ainda em um repertório urbanístico em alta no estran- acordo com as funções e necessidades sociais. Tal fato é percebido
geiro, o engenheiro chefe da Comissão Construtora da nova Capi- no projeto (planta) do engenheiro Aarão Reis, que dividiu Belo Ho-
tal, Aarão Reis (atendendo ao governo da época) planejou a cidade rizonte em três zonas:
concebendo as ruas como “artérias e veias”26. O planejamento das A zona urbana que constituía o espaço moderno e ordenado
cidades, durante o século XIX, assentou-se em ideais sanitaristas, reservado para as elites mineiras. Possuía avenidas largas, retas,
comparando-as a um corpo saudável, limpo e onde o movimento se geométricas, infraestrutura sanitária e técnica, área que deveria ser
dava com total liberdade. Com isso, a população poderia respirar li- espelho das cidades mais modernas do mundo; a zona suburbana,
vremente, numa cidade altamente organizada e compreensiva, em fora dos limites da Avenida do Contorno que funcionava como uma
que ruas, avenidas e praças representassem uma ruptura radical fronteira que separava a vida urbana da suburbana, onde as mora-
com o modelo das cidades até então existentes. dias eram sofríveis e os serviços precários; e, por fim, a zona rural,
As cidades planejadas, ainda segundo Richard Sennett27, eram um cinturão verde, onde se localizariam os núcleos coloniais que
pensadas de acordo com a revolução científica da compreensão do abasteceriam a Capital de frutas, legumes, verduras e matéria pri-
corpo humano e de sua circulação sanguínea, proposto por William ma para a sua construção30.
Harvey em sua obra de 1628, De motu cordis. O que Harvey expôs Esta divisão funcionava como instrumento para o controle da
parecia bastante simples: o coração bombeia sangue através das cidade, sendo que os construtores fixaram os seus limites, classi-
artérias e veias, recebendo-o das veias, para ser bombeado. Muitos ficaram e hierarquizaram os territórios, que deixaram de ser uma
engenheiros e urbanistas fizeram tal analogia na construção de ci- “dimensão indefinida” para se transformarem em áreas delimitadas
dades: a livre circulação (como a sanguínea) ao longo das ruas prin- e identificáveis31.
cipais, transformando-as num importante espaço urbano, cruzando O objetivo desse “enquadramento social” era estabelecer uma
áreas residenciais ou atravessando o centro da cidade. ordem dentro da cidade. De acordo com os construtores da cidade
Construtores e reformadores passaram a dar maior ênfase a (lembrando que os mesmos eram influenciados pelo contexto da
tudo que facilitasse a liberdade de trânsito das pessoas, imaginan- ordem liberal vigente), era necessário traçar com a régua e o com-
do uma cidade de “artérias” e “veias” contínuas, através dos quais passo uma ordem social harmônica, unitária, onde não houvesse
os habitantes pudessem se transportar, tais como hemácias e leu- lugar para a chamada “desordem urbana”.
cócitos no plasma saudável. Assim, as palavras “artérias” e “veias” Nas intervenções eram implantados sistemas sanitários pú-
entraram para o vocabulário urbano já no início do século XVIII, blicos; abertas longas avenidas compatíveis com o tráfego denso;
aplicadas por projetistas que tomaram o sistema sanguíneo como fincados edifícios modernos nos antigos cenários medievais. Trata-
modelo para o tráfego, quando muitos engenheiros estabeleceram va-se de assegurar condições mínimas de vida para uma população
uma ligação entre saúde, locomoção e circulação. em rápido crescimento, adequar a cidade aos negócios, às institui-
Belo Horizonte não fugiu a estes ideais. Segundo o artigo nº ções e ao poder burguês e, ainda, criar dispositivos de controle da
2, do decreto de n. º 803 do ano de 1895, sobre o levantamento
da planta geral da capital, temos que: “a sua área será dividida em 28 BARRETO, Abílio. Memória histórica e descritiva: (história antiga e história
seções, quarteirões, lotes, com praças, avenidas e ruas necessárias média). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro (Centro de Estudos históricos e
para a rápida e fácil comunicação dos seus habitantes, boa ventila- Culturais), 1995. 2 v.
ção e higiene”. 29 LINHARES, Joaquim Nabuco. Mudança da Capital: apontamentos históricos.
Aarão Reis planejou as ruas da área central com largura de 20m, Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, Ano 10, n. 1-2, p. 339-382,
para a conveniência, arborização e livre circulação de veículos. Já as 1905.
avenidas tiveram suas larguras fixadas em 35m, suficiente para dar 30 OLIVEIRA, Éder Aguiar Mendes de. A imigração italiana e a organização
beleza e conforto à população. E não bastava um modelo traçado operária em Belo Horizonte nas primeiras décadas do século XX. 2004. 93 f. Mo-
somente em soluções arquitetônicas, a gestão moderna da cidade nografia (Especialização em História) – Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo,
25 CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República Pedro Leopoldo, 2004.
que não foi. São Paulo: Cia das Letras, 1987. 31 JULIÃO, Letícia. Itinerários da cidade moderna (1891-1920). In: DUTRA, Elia-
26 SENNETT, Richard. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Record, 2006. ne de Freitas; MELLO, Ciro Flavio Bandeira de (Org.). BH: Horizontes históricos.
27 idem. Belo Horizonte: C/ Arte, 1996. p. 49-119.
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multidão de homens pobres e trabalhadores, de modo a ajustá-los Desta forma, percebemos que todo e qualquer desvio da or-
às exigências produtivas modernas e a um padrão de ordem urba- dem original era tido como caos urbano. A intenção (ou tendência)
na32. dos construtores da nova capital mineira tornar-se-ia a de impedir
Portanto, as cidades amplas, abertas, livres para passagens e as manifestações da pluralidade dos habitantes sendo estas suscetí-
transparentes valorizaria a individualidade. As pessoas estariam veis de serem banidas do espaço citadino. Na cidade capital mineira
enquadradas no conjunto que foi articulado. Os espaços abertos e nada poderia ser mais atraente do que um espaço modelar, disci-
iluminados da cidade deveriam colocar todos sob a vista de todos. plinado, com conceitos e condutas traçados para que se revelasse
As construções das cidades e a revolução urbanística (cidades pla- tudo e ensinasse como as relações entre coisas e pessoas deveriam
nejadas) com suas ruas largas, vastas e limpas, poderiam também ser.
tornar visíveis as pessoas que nela transitam e vivem. A cidade se Polo civilizacional; centro poderoso; irradiadora de energia,
tornaria uma paisagem naturalizada, palco de acontecimentos que fortaleza, beleza e vitalidade; vetor de desenvolvimento econômico
nada opera, local que se reproduz, se filtra, se duplica ou se absorve e cultural; espaço para a celebração do futuro e para a exibição das
a luz, permitindo ser visto ou se ver, conforme uma vontade alheia conquistas da modernidade; vitrines da civilização. Estas são algu-
aos transeuntes. Sabemos que esta situação não basta para for- mas representações sobre o que se esperava e de como se via uma
mar comportamentos, mas pode ser através dela que eles venham cidade capital na segunda metade do século XIX, em várias partes
a se desenvolver. Por outro lado, cabe ressaltar que este sistema do mundo35.
de ordem era característico do contexto liberal vigente no início do Esta experiência, ao que parece, não é algo incomum no Brasil
século XX, onde a ideia de cidadania e individualismo era enfatiza- e nem em outros países da América Latina, de modo que podemos
da. Neste sentido, os indivíduos, mesmo sendo “vigiados”, também acreditar que esses modelos urbanos estão diretamente relaciona-
cumpriam a máxima da valorização do bem público, de preservação dos ao processo de expansão capitalista do final dos Oitocentos.
e respeito ao espaço urbano social. Nesse período de profundas transformações políticas e econômicas
Antes mesmo da inauguração da capital mineira, foi transferido internas e externas, em que estabeleciam conexões variadas com o
da cidade de Sabará o destacamento militar que se instalou na Praça contexto internacional, o Brasil (assim como boa parte da América
Belo Horizonte (bairro de Santa Efigênia). De acordo com os estudos Latina) se consolidava como Estado nacional e vivia os desafios da
da Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana, modernidade industrial capitalista. Para além da criação das novas
as ações das forças de segurança eram chamadas a atuar sobretudo cidades planejadas, as transformações contemplaram também pro-
na vila operária (Barro Preto) em incidentes (como brigas, discus- jetos de remodelação urbana36.
sões, pequenos motins, etc.) entre estrangeiros e nacionais e na dis- O espaço público, neste contexto de ordem liberal, segundo
solução de reuniões operárias de caráter reivindicatório33. Assim, Richard Sennett, destinava-se muito mais a ideia passagem do que
para muitos, se o Estado não se excedesse em punições, seria: de permanência. As ruas amplas seriam específicas para movimen-
[...] impossível manter a ordem naquele meio excepcional de tação e circulação, uma espécie de arquitetura da visibilidade. Por
Belo Horizonte, com os seus 5.000 operários de todas as naciona- ser um espaço amplo, aberto e público, acabaria por produzir um
lidades, muitos desacompanhados de suas famílias e outros tantos isolamento, pois todos estariam visíveis a todos, o que tornaria a
que não as tinham, além de crescido número de aventureiros, de liberdade do espaço um conflito com a liberdade do corpo. O indivi-
desclassificados e de malfeitores de toda espécie. Ora, aqueles dualismo das grandes cidades veio “amortecer” o corpo moderno,
homens que, durante o dia, brandiam as ferramentas, explanan- não permitindo que ele criasse vínculos. Os corpos individuais se
do o solo e construindo a cidade que aqui hoje admiramos, mal a tornaram desligados dos lugares que passaram a transitar, perden-
noite caia, ajuntavam-se em tavernas, que proliferavam por toda do ainda a noção de destino compartilhado e se tornaram desen-
parte como cogumelos, e aí bebendo, fumando, jogando, discutin- corajados a se organizarem em grupos. As cidades planejadas pas-
do, armavam frequentes distúrbios. Mas bastava que surgisse ali o sariam então a funcionar como isolante do espaço; praticamente
temido capitão Lopes e tudo serenava, pois, ele, sem nada temer, esvaziando-o, impossibilitariam as aglomerações e privilegiariam o
entrava nas tascas, entre os brigões, prendia-os, entregava-os aos corpo em movimento. Assim, evitar-se-iam os tumultos.
soldados. Os raros que se revoltavam contra a sua energia pagavam Em se tratando do plano da cidade de Belo Horizonte houve
caro a ousadia: recolhia-os ao xadrez de sua delegacia, depois de uma rigidez quanto à construção do espaço, que destinava a área
fazê-los saborear as doçuras dos marmeleiros do seu quintal.... Por interna - perímetro da Avenida do Contorno - a funções específicas,
fim, até os mais valentões se submetiam à sua autoridade, passiva- empurrando para as zonas suburbanas e rurais as camadas popula-
mente, a fim de evitar a marmelada. E era assim que ele, à noite, res. Isto se deu ainda pela grande dificuldade de acesso à moradia
enquanto a população ordeira dormia tranquilamente, percorria dentro da área central, que deveria ser obtida através do mercado
as tascas, dando ordens, repreendendo, mandando fechar portas, imobiliário, que crescia juntamente com a cidade, sendo que o cres-
sempre respeitado e temido, dando margem a que os construtores cimento populacional se deu da periferia para o centro.
da cidade pudessem trabalhar despreocupados em relação ao deli- É importante salientar que o espaço em construção da nova
cado problema da ordem pública34. capital mineira visava o funcionamento eficiente do Estado,
desta forma, no que se refere à ocupação, tratava-se de atender
32 idem primeiramente aos funcionários públicos oriundos de Ouro Preto
33 PLAMBEL. Superintendência de desenvolvimento da Região Metropolitana de 35 ZUCCONI, Guido. A cidade do século XIX. Tradução de Marisa Barda. São
Belo Horizonte. O processo de desenvolvimento de Belo Horizonte: 1897-1970. Paulo: Perspectiva, 2009. (Debates, 319).
Belo Horizonte: Plambel, 1979. 2 v, p. 3-182. 36 ARRUDA, Rogério Pereira. Cidades-Capitais imaginadas pela fotografia: La
34 BARRETO, Abílio. Memória histórica e descritiva: (história antiga e história Plata (Argentina) e Belo Horizonte (Brasil), 1880-1897. 2011. 274 f. Tese (Doutora-
média). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro (Centro de Estudos históricos e do em História) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e
Culturais), 1995. 2 v. Ciências Humanas, Belo Horizonte, 2011.
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(antiga capital de Minas Gerais). O governo mineiro cederia Segundo OLIVEIRA (2001 apud ALCÂNTARA, 2000, p. 1), o Con-
gratuitamente um lote de terreno na nova capital, de acordo trole Social corresponde ao “poder legítimo utilizado pela popula-
com a planta geral, para cada um dos funcionários estaduais que ção para fiscalizar a ação dos governantes, indicar soluções e criar
por força de suas funções fossem obrigados a transferir-se para planos e políticas em todas as áreas de interesse social”.
Belo Horizonte; e aos proprietários de casas em Ouro Preto que De acordo com a Cartilha “Controle Social” da Controladoria
pagassem o imposto predial no exercício do ano de 1890 e que Geral da União: “O controle social pode ser entendido como a par-
construíssem suas novas residências até o prazo de 17 de dezembro ticipação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no monito-
de 189337. Esta foi uma das formas encontradas pelo governo para ramento e no controle das ações da Administração Pública. Trata-se
vencer a resistência dos que não queriam a mudança. de importante mecanismo de prevenção da corrupção e de forta-
No bairro Funcionários abrigou-se o funcionalismo público. Tal lecimento da cidadania” (Controladoria-Geral da União – Controle
localidade se constituiu em uma espécie de “cartão de visitas”, pois Social, 2012, p. 16).
possuía excelentes casas, ruas simétricas (como em todo traçado, Cunha (2003) define controle social como “a capacidade que
dentro da chamada área urbana) e ótimas instalações sanitárias. tem a sociedade organizada de intervir nas políticas públicas, inte-
Porém, é importante destacar que mesmo neste bairro havia a con- ragindo com o Estado na definição de prioridades e na elaboração
vivência vertical entre classes sociais, pois abrigava funcionários dos planos de ação do município, estado ou do governo federal”.
públicos em geral, desde desembargadores a servente de escolas38. São fundamentais ações de pressão, monitoramento, fiscaliza-
Por sua vez, a área central foi destinada à construção de prédios ção, exposição pública de um tema e mesmo o acionamento de ór-
públicos, do Parque Municipal e da Zona Comercial (atualmente co- gãos como o Ministério Público, para exercer auditorias e punir atos
nhecida como Rua Santos Dumont). ilegais por parte do poder público. Por exemplo, os movimentos de
Assim, a área central era considerada a mais “atraente”, pois moradia, em todo o País, participam de canais institucionais (como
concentrava os serviços urbanos modernos como saneamento e conselhos e conferências), mas sabem que é necessário também o
iluminação. Obviamente, por ser o território mais elegante era o monitoramento, a fiscalização e a pressão por fora desses canais,
menos acessível, já que seus terrenos eram bem valorizados (pelos muitas vezes acionando órgãos da Justiça. Se esses movimentos
padrões de mercado da época). Portanto, a área central, especifi- não agirem desta maneira, o direito à moradia – que é um direito
camente o bairro Funcionários e as partes altas, próximas às ruas relativamente novo no Brasil – nunca será efetivado de fato.
“Bahia”, “Rio de Janeiro” e “Espírito Santo”, acabou se tornando o
lugar das elites, que construíram suas residências, faziam negócios Controle Social e Direito41
e desfrutavam do lazer. Os pobres também estavam localizados na É no meio social, como alude Hermes Lima, que “o direito surge
área central, porém ficavam restritos apenas ao Barro Preto, ao e desenvolve-se” para consecução dos objetivos buscados pela
bairro do Quartel (atualmente conhecido como bairro de Santa Efi- sociedade, como, por exemplo, a manutenção da paz, a ordem,
gênia) e ao bairro do Comércio (atual Hipercentro, ou Centro da a segurança e o bem-estar comum; de modo, a tornar possível a
cidade). convivência e o progresso social. Assim, o direito é fruto de uma
Depois desta análise da cidade de Belo Horizonte, cabe fazer- realidade social.
mos uma abordagem comparativa do processo de urbanização das O direito, decorrente da criação humana, é direcionado de
cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Assim, conseguiremos per- acordo com os interesses impostos pela sociedade. Tal fato torna-o
ceber o quanto que a cidade de Belo Horizonte teve de especifi- dinâmico, exigindo que ele, à cada época, acompanhe os anseios e
cidades em sua formação, e como a atuação do poder público foi interesses da sociedade para qual foi criado.
significativa para a construção da cidade capital mineira. Deste modo, verifica-se, concretamente, constante mutação
dos significados dos institutos jurídicos, como manifesta Paulo Nade
Mecanismo de Apoio do Ministério Público e Controladoria “As instituições jurídicas são inventos humanos, que sofrem va-
Geral da União3940 riações no tempo e no espaço. Como processo de adaptação social,
O controle social adquiriu força jurídica no Brasil com a publi- o direito deve estar sempre se refazendo, em face da mobilidade
cação da Constituição Federal de 1988, também conhecida como social. A necessidade de ordem, paz, segurança, justiça, que o direi-
Constituição Cidadã, que, elaborada sob grande influência da so- to visa a atender, exige procedimentos sempre novos. Se o direito
ciedade civil através de emendas populares, estabeleceu a descen- se envelhecer, deixa de ser um processo de adaptação, pois passa a
tralização e a participação popular como marcos no processo de não exercer a função para qual foi criado. Não basta, portanto, o ser
elaboração das políticas públicas, particularmente nos campos das do direito na sociedade, é indispensável o ser atuante, o ser atuali-
políticas sociais e urbanas, consagrando, assim, uma conjuntura fa- zado. Os processos de adaptação devem-se renovar, pois somente
vorável à participação da sociedade nos processos de tomada das assim o direito será um instrumento eficaz na garantia do equilíbrio
decisões políticas fundamentais ao bem-estar da população (Con- e harmonia social”
troladoria-Geral da União – Controle Social, 2012) Portanto, como o direito decorre da criação humana, isto é, da
37 BARRETO, Abílio. Memória histórica e descritiva: (história antiga e história vontade da sociedade em autor regulamentar-se, ele manifesta-se
média). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro (Centro de Estudos históricos e como controlador do homem social ou como sistema de controle
Culturais), 1995. 2 v. social.
38 COSTA, Heloísa Soares de Moura; BAPTISTA, Maria Elisa. A arquitetura silen- Sob este prisma, o direito é utilizado como instrumento de
ciosa. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade. Belo dominação da sociedade, pois esta submete-se, em grau de obe-
Horizonte: UFMG, 1998. p. 263-293. diência, às regras de controle instituídas para organizar a sua con-
39 https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos16/21324209.pdf vivência.
40 http://epsm.nescon.medicina.ufmg.br/dialogos3/Biblioteca/Artigos_pdf/Contro-
le_Social_das_politicas_publicas-REPENTE_Instituto_Polis.pdf 41 http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/324/odireitocomomeio.pdf
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Nesse processo de dominação, os que detêm o poder político As normas jurídicas possuem uma “estrutura imperativo-atri-
em suas mãos controlam a organização social, porque impõem a butiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um dever jurídi-
sua vontade. Isso pode-se verificar com facilidade nos processos le- co a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem”. A
gislativos, como manifesta Eduardo Novoa Monreal, in verbis: “ou- moral, por sua vez, com uma estrutura mais simples, impõe apenas
tro aspecto que se deve levar em conta é que a lei, a que se torna deveres.
como uma concreção da vontade geral de um povo que, fazendo Enquanto a moral se preocupa com a vida interior das pessoas,
uso de seu poder soberano, impõe, por meio de seus representan- como a consciência, o direito cuida, em primeiro plano, das ações
tes, as regras de vida social que devem imperar em uma sociedade, humanas. O animus do agente só será considerado quando neces-
geralmente que se limita a expressar os interesses e aspirações do sário.
grupo social que, de fato, exerce o domínio sobre ela...” Além disso, a moral, bem como todas as demais regras sociais,
se distingue do direito, pois carece de coercibilidade e de heterono-
Instrumentos de controle social42 mia. O direito, ao revés, é imposto independentemente de vontade
Existem diversos meios que servem para regular a condutas de sujeição e possui formas de garantir o respeito e obediência a
dos membros da sociedade visando à harmonia da vida social. Entre seus preceitos.
eles podemos destacar a religião, a moral, as regras de trato social
e, obviamente, o Direito. Controle social e capitalismo no estado democrático de direi-
Paulo Nader (2007, p.31) afirma que “o mundo primitivo não to43
distinguiu as diversas espécies de ordenamentos sociais. O Direito A partir do século XX, o crescimento industrial, e consequente-
absorvia questões afetas ao plano da consciência, própria da moral mente a grande concentração de renda ampliou as desigualdades
e da religião, e assuntos não pertinentes à disciplina e equilíbrio da sociais, provocando tensões nas relações de trabalho e, consequen-
sociedade, identificados hoje por usos sociais.” temente o agravamento da questão social, revelando o paradoxo
No entanto, é certo que hoje não podemos confundir as dife- sobre o crescimento acelerado do capital e o crescimento da de-
rentes esferas normativas. Cada instrumento de controle social pos- sigualdade social. As relações estabelecidas entre o capital e o tra-
sui uma faixa de atuação, um objetivo específico. balho provocam a exploração e a alienação do trabalhador, de uma
A faixa de atuação do Direito é regrar a conduta social, visando vez que o sistema capitalista resolve separar o produtor dos seus
à ordem e o bem comum. Por este motivo, ele irá disciplinar apenas meios de produção, surgindo à expropriação do trabalhador que
os fatos sociais mais relevantes para o convívio social. Ele irá disci- transformado em assalariado vende sua força de trabalho em troca
plinar, principalmente, as relações de conflitos e, quanto às relações de um salário. As péssimas condições de trabalho em que vive esse
de cooperação e competição, somente onde houver situação po- trabalhador constitui-se num agravante à já expressiva desigualda-
tencialmente conflituosa. de social, trazendo como consequência inúmeros fenômenos urba-
nos.
Betioli ressalta que: Os métodos de conversão do trabalho em mercadoria, “ao
“O direito não visa ao aperfeiçoamento interior do homem; mesmo tempo em que institui o trabalhador assalariado, também
essa meta pertence à moral. Não pretende preparar o ser humano produz o fenômeno do pauperismo, responsável pelo surgimento
para uma vida supra terrena, ligada a Deus, finalidade buscada pela da pobreza como questão social”44. Para a autora, a pauperização
religião. Nem se preocupa em incentivar a cortesia, o cavalheirismo como fenômeno crescente, explica-se em parte, porque o desen-
ou as normas de etiqueta, campo específico das regras de trato so- volvimento capitalista limitado apenas à modernização econômica
cial, que procuram aprimorar o nível das relações sociais.” (2008, exclui a possibilidade das massas populares de participarem na vida
p.8-9) política e de procurarem influir na organização e nos assuntos do
Há vários pontos de divergência entre direito e religião. Legaz Estado. O desenvolvimento do capitalismo instala a questão urbana
e Lacambra aponta duas diferenças estruturais: a alteridade e a se- ante as novas necessidades impostas à reprodução da força de tra-
gurança. Segundo o autor (1961, p.419), “a alteridade, essencial balho e a política urbana de produção e consumo, dando priorida-
ao direito, não é necessária à religião.” O próximo, o semelhante é de às metas da expansão produtiva em detrimento dos serviços de
um elemento circunstancial e não um elemento essencial na ideia atendimento às necessidades da população.
religiosa. O mais importante é a prática do bem. A religião é uma Segundo Antunes45, surgem novos processos de trabalho. “O
relação entre o homem e Deus e não entre o homem e os demais. cronômetro, a produção em série e de massa são substituídos pela
Para o Direito, no entanto, o que importa é o comportamento hu- flexibilização da produção, por novos padrões de busca de produ-
mano e social. tividade, por novas formas de adequação da produção à lógica do
A segunda diferença estrutural diz respeito à segurança. Para mercado” (p, 24). Esse novo paradigma nos moldes da produção
a religião a segurança é algo inatingível e espiritual, porquanto que 43 SOUSA. R. J. Maria. Sociedade Civil e Controle Social: o exercício da classe
para o direito, se alcança a partir da certeza ordenadora. trabalhadora na mediação da política de assistência na sociedade de economia
Em relação às diferenças existentes entre o direito e a moral, capitalista. VIII Jornal Internacional de Políticas Públicas. http://www.joinpp.ufma.
podemos apontar algumas das distinções feitas por Paulo Nader br/jornadas/joinpp2015/pdfs/eixo2/sociedade-civil-e-controle-social-o-exercicio-da-
(2007, p.40-44). Segundo o autor, “o direito se manifesta mediante -classe-trabalhadora-na-mediacao-da-politica-de-assistencia-na-sociedade-de-e-
um conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida, conomia-capitalista.pdf
que especificam a fórmula do agir”. Ao contrário da moral que pos- 44 MOTA, Ana Elizabete. O Mito da Assistência Social: Ensaios sobre Estado,
sui diretrizes mais gerais. política e sociedade. Ana Elizabete Mota (org.) – 2 ed. rev. e ampl. - São Paulo:
Cortez, 2008.
45 ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a
42 http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/sociedade-direito-e-controle-social centralidade do mundo do trabalho. 13. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2008a.
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flexível contribui de forma significativa para o processo de acumu- se organizam em um campo de conflitos provocando transforma-
lação flexível, envolvendo mudanças nos padrões e produtos de ções urbanas fundamentais para uma gestão democrática da cida-
consumo; novas maneiras de fornecimento e serviços financeiros, de. Como ressalta Gohn49, “o caráter da organização popular é po-
novos mercados e taxas altamente intensificadas de inovação co- lítico e, como tal, podem expressar as reivindicações das camadas
mercial, tecnológica e organizacional, provocando maior explora- populares, construindo uma contra hegemonia [...] ”.
ção e fragmentação sobre a força de trabalho. Desta feita, a presença dos movimentos sociais se torna uma
Mediante a esta nova lógica de produção, homens e mulheres constante na história política do país, manifestando-se como ele-
se inserem num discurso do “empresário de si próprio”, como elixir mentos e fontes de inovações e mudanças sociais. Ideias, valores,
dos novos tempos para a crise do mercado de trabalho capitalista. interesses e identidades que geram saberes coletivos na luta por
Nessa ótica ideológica, segundo Giovanni Alves46, “cada um deverá transformações sociais, através das quais seus membros preten-
se sentir responsável por sua saúde, por sua mobilidade, por sua dem defender seus interesses e expressar suas vontades.
adaptação aos horários variáveis, pela atualização de seus conheci- Sociedade civil e controle social na política de assistência Na
mentos”. Surge o mito da nova autonomia, e paralelo a isto, subsis- Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) encontra-se claro os
te um novo tipo de subsunção real do trabalho ao capital, de salário sinais da gestão democrática, garantindo o princípio da gestão des-
precário e de precariedade supermoderna. centralizada e participativa. O artigo 14, incisos I a III assegura a
Portanto, o discurso protegido pela democracia, em que todos presença dos mecanismos de participação popular nas decisões po-
os cidadãos participam ativamente da vida política fere os interes- líticas: pela democracia semidireta, o sufrágio universal, plebiscito,
ses capitalistas e termina se tornando uma utopia. “O poder social referendo e iniciativa popular. A criação de mecanismos de partici-
passa às mãos do capital, não só em razão de sua influência direta pação e controle social como as conferências municipais, os conse-
na política, mas também por sua incidência na fábrica, na distribui- lhos gestores, os fóruns e o próprio Ministério Público surgem como
ção do trabalho e dos recursos, assim como também via os ditames novas práticas políticas.
do mercado. Isto significa que a maioria das atividades da vida hu- Ressalta Carvalho50 que, só recentemente o senso comum se
mana fica fora da esfera do poder democrático e da prestação de apropriou do termo “controle social”, que pode ser entendido como
contas”47. um conjunto de processos e mecanismos de controle por parte da
Observa-se uma incompatibilidade entre a democracia e o ca- sociedade civil sobre as estruturas político institucionais do Estado.
pitalismo, buscando fazer um reexame dos princípios básicos des- Esse controle só é possível quando ocorre a pressão, o constrangi-
ses dois institutos. Deduz-se dos estudos realizados que o conceito mento e a cooperação por parte dos atores sociais envolvidos no
literal de democracia vincula a sua legitimidade aos anseios diretos processo político.
de seus cidadãos, ao passo que o capitalismo hoje, mais do que Entende-se por controle social a participação do cidadão na
nunca, busca impor os seus interesses econômicos sobre a adminis- fiscalização, no acompanhamento e no controle das ações na ges-
tração política da sociedade. tão pública. Exercício de democratização que permite à sociedade
Dentro desta lógica, a questão urbana perpassa como mani- organizada intervir nas políticas públicas, direcionando essas políti-
festação da questão social, que nos escritos de Iamamoto (2008) é cas ao atendimento das prioridades da população, melhorando os
indissociável da sociabilidade capitalista. níveis de qualidade dos serviços e a fiscalização da aplicação dos
recursos públicos.
Segundo a autora: O exercício do controle social pela sociedade civil no âmbito
Expressa uma arena de lutas políticas e culturais na disputa en- das políticas públicas é apreendido como uma forma de relação re-
tre projetos societários, informados por distintos interesses de clas- guladora, apontando a conformação dos interesses da própria so-
se na condução das políticas econômicas e sociais, que integram ciedade civil e do Estado à garantia dos direitos sociais de cidadania.
tanto determinantes históricos objetivos que condicionam a vida Nesta perspectiva o fio condutor do exercício do controle social é
dos indivíduos sociais, quanto dimensões subjetivas, fruto da ação a defesa de políticas capazes de gerar a construção da cidadania.
dos sujeitos na construção da história48. Só que na prática há uma ambiguidade entre sociedade e go-
verno, onde a falta de diálogo cria um distanciamento entre a teoria
Nesse desenho que vem se configurando até aqui, as condi- e a prática. Segundo Dagnino51, “a construção da democracia passa
ções de vida e trabalho do trabalhador, toda a problemática urbana por uma mudança nas relações sociais e insiste no surgimento do
expressa com a economia capitalista propicia a organização da po- direito de participar efetivamente do próprio sistema político”. Por-
pulação a uma ação coletiva. Nesse contexto de necessidades da tanto, chama a atenção para que se coloque a importância política
população, as lutas urbanas se desenvolvem e com elas a possibi- da sociedade civil nos seus devidos limites.
lidade de construir-se mecanismos que possibilitem a participação Segundo Gramsci sociedade civil, “é o complexo espaço da mo-
de todos no cenário político e social. Crescem as reivindicações e as derna sociedade onde se travam os enfrentamentos ideológicos,
mobilizações nucleadas pela carência de serviços públicos e as lutas políticos e culturais que definem a hegemonia de um grupo dirigen-
urbanas enquanto expressão de necessidades sociais não atendidas te sobre toda a sociedade”52.
46 ALVES, Giovanni.Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do
capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.
47 WOOD, Ellen Meiksins. Estado, Democracia y globalización. En publicacion: 49 GOHN, G. Reivindicações populares urbanas. São Paulo: Cortez, 1981.
La Teoria Marxista Hoy: Problemas y perspectivas Boron, Atilio A.; Amadeo, Javier; 50 CARVALHO, J. T. (2001), Acessibilidade às informações do controle externo:
Gonzalez, Sabrina. 1ª ed.: Consejo Latino de Ciências Sociales. Buenos Aires, um instrumento para o controle social do Estado. Disponível em:.
2006 51 DAGNINO, Evelina. (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São
48 IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financei- Paulo, Paz e Terra/Unicamp, 2002.
ro, trabalho e questão social. São Paulo: Editora Cortez. 2008. 52 SEMERARO, G. Gramsci e a sociedade civil. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
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“Sociedade política e sociedade civil são realidades distintas e A construção de uma nova capital para a província de Buenos
às vezes contrapostas, mas ao mesmo tempo formam uma unidade Aires se associa imediatamente à revolução de 1880 ocorrida na
dialética, uma justa relação”53. Portanto, a sociedade aqui não deve cidade de Buenos Aires e não deixou de ser uma maneira de con-
ser pensada de forma conjugada, com projetos sociais fechados cluir o processo de unificação nacional, iniciado na primeira me-
dentro de mundos separados e o Estado deve ser visto como uma tade do século XIX. Já a construção de Belo Horizonte se vincula à
realidade concreta que precisa aprender a conquistar e reconstruir proclamação da república no Brasil em 1889, oportunidade usada
em função dos interesses populares. por parcela das elites mineiras para encaminhar um processo de
Sendo assim, a sociedade civil procura paralisar as raízes de modernização do estado.
posse da classe dominante, promovendo a universalização de valo- Nesse sentido, o principal objetivo deste artigo é relacionar
res como liberdade, responsabilidade e participação, valorizando a alguns aspectos do processo de modernização das duas regiões la-
capacidade política dos sujeitos organizados. Nesses espaços públi- tino-americanas que nos permitem compreender suas especificida-
cos, com composição plural e paritária, representados por organiza- des e similaridades. Para tanto, fizemos uma abordagem que não
ções da sociedade civil e agências do Estado, os mecanismos de de- tem a pretensão de corrigir ou trazer novas descobertas sobre os
liberação acontecem num processo dialógico quanto à formulação processos de mudança da capital, fenômeno ocorrido em outros
e controle das políticas públicas. Os Conselhos, as Conferências, os períodos históricos e em outras circunstâncias. Nossa intenção é
Fóruns, etc., se constituem como espaços importantes para a con- lançar mão da perspectiva comparativa para enfatizar a história de
cretização do exercício do controle social duas cidades-capitais vinculadas ao processo de formação de na-
Para Raichelis54, “os instrumentos de participação democrática, cionalidade e de integração ocorrido no contexto da modernidade
dada sua fragilidade, são constantemente ameaçados pela cultura industrial. Este ponto de partida implica considerar a filiação his-
política autoritária, patrimonial e clientelista da sociedade brasilei- tórica dessas capitais aos temas da liberdade, da República e dos
ra”. A autora aborda ainda que, um dos principais desafios para a processos de fixação de cidades como polos políticos, econômicos
consolidação dos conselhos está na área governamental, onde há e socioculturais.
uma grande resistência para que as definições das políticas públicas
sejam abertas à participação e ao controle social da sociedade civil, Onde se deve instalar uma cidade-capital?
não permitindo a sua penetração. Essa pergunta mobilizou a sociedade em Buenos Aires e em
Considerando as observações aqui elencadas, percebe-se que Minas Gerais. Coube às elites políticas regionais e aos respectivos
há uma ambiguidade entre sociedade e governo, desvendando um governos criar procedimentos para respondê-la. Não foi fácil encon-
longo percurso entre o discurso e a prática. A falta de diálogo com trar uma resposta, pois não se tratava de uma questão meramente
a sociedade e a produção de cenários participativos manipulados técnica. A escolha do local envolveu interesses diversos, abarcou
tornou-se marcante nas gestões públicas, sendo necessário haver disputas políticas e econômicas. Não se encontrou uma solução
uma mudança no comportamento tanto da esfera pública quanto simples, pois não se tratava de escolher somente o espaço geográ-
da população. Os avanços na consolidação dos processos democrá- fico da nova capital. Objetivava-se, além disso, instituir um espaço
ticos entre governo e comunidade deveriam existir num processo que fosse a sede do poder do Estado, mas igualmente um lugar sim-
de democratização comunitária, articulado com a esfera pública. bólico. Vejamos, em um primeiro momento, como este processo foi
encaminhado em Buenos Aires.
Modernidade em Belo Horizonte. Modernização Urbana no
Governo de JK. A Cidade Moderna. Cultura e Artes em Belo Hori- O lugar da nova capital mineira
zonte. O lugar de Belo Horizonte entre as capitais brasileiras Após a proclamação da República, em novembro de 1889, o
tema da mudança da capital mineira para outra localidade movi-
Modernidade mentou o estado. O decreto n. 7 do governo provisório de Deo-
No período em que La Plata e a Cidade de Minas (Belo Hori- doro da Fonseca (1827-1892), que permitia aos estados transfe-
zonte) foram construídas, Argentina e Brasil passavam, cada qual rirem suas capitais, fomentou as discussões. Muitos pediram sua
ao seu modo, por uma etapa importante do processo de afirmação aplicação imediata. No entanto, os políticos ouro-pretanos, que em
enquanto nações modernas. De certa forma, ambas as cidades se sua maioria eram contrários, conseguiram uma vitória relativa na
inserem no novo ciclo de urbanização da segunda metade do sé- batalha contra a mudança da capital ao levarem a discussão para
culo XIX que acontece na Europa e se irradia pelos quatro pontos o âmbito legislativo, pois o tema seria discutido no Congresso Cons-
cardeais do planeta, como destaca Zucconi55. Mais que analisar tal tituinte, o qual iniciou seus trabalhos em abril de 1891. Neste mo-
processo, interessa-nos, especificamente, compreender como cada mento, as paixões foram canalizadas para um espaço institucional
um dos dois países deu respostas específicas para os desafios de novo com a expectativa de que as correntes político-regionais, de
seu processo de modernização capitalista56. forma organizada, deliberassem via ação dos seus representantes.
Dos sete governadores do período (1889-1891), e que governaram
por mais tempo, dois explicitamente apoiavam a mudança: João Pi-
53 idem nheiro da Silva (11.02.1890-20.07.1890) e Antônio Augusto de Lima
54 RAICHELIS, Raquel. “Desafios da gestão democrática das políticas sociais”, (18.03.1891-16.06.1891). No entanto, não decidiram a questão por
originalmente publicado em Política Social. Módulo 03. Capacitação em Serviço meio de um ato do Poder Executivo. Por conseguinte, ressaltar a
Social e Política Social. Programa de Capacitação Continuada para Assistentes
Sociais. Brasília, CFESS, ABEPSS, CEAD/NED-UNB, 2000.
55 ZUCCONI, Guido. A cidade do século XIX. São Paulo: Perspectiva, 2009. da modernidade latino-americana no final do século XIX. Revista de História
Comparada. Rio de Janeiro, 6-1: p. 85-123, 2012. https://revistas.ufrj.br/index.php/
56 ARRUDA, Rogério Pereira de. Belo Horizonte e La Plata: cidades-capitais RevistaHistoriaComparada/article/view/60/54
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vitória relativa de Ouro Preto em abril de 1891 se justifica, pois, a vale do rio Paraúna. Para tanto, um ofício determinou os aspectos
defesa do Congresso Constituinte, como fórum legítimo de discus- que deveriam ser observados no estudo das duas localidades. Reali-
são, foi a principal bandeira dos antimudancistas. zados os primeiros estudos, alguns membros da comissão presidida
Uma intervenção mais afirmativa, talvez, tenha sido evitada por Rocha não puderam continuar a missão. Desse modo, somente
diante das divergências e da disputa que então se configuraram no Bello Horizonte foi estudada, para decepção de muitos congressis-
estado. Este foi o caso do governador Augusto de Lima (1859-1934), tas. Linhares afirma que o estado deu instruções secretas à comis-
que já tinha um decreto de mudança da capital para Bello Horizonte são para que estudasse somente Bello Horizonte, diante do curto
antes da reunião do Congresso Mineiro, mas desistiu de publicá-lo. tempo de que dispunha59. Certamente o “curto espaço de tempo”
A reação do jornal O Pharol, em princípios do mês de abril, dá uma foi uma artimanha política para fazer valer a posição dos que advo-
noção do quanto um ato desta natureza poderia desagradar. Em um gavam a mudança da capital para aquela localidade.
editorial, o jornal se refere a um possível decreto de mudança da Durante os trabalhos legislativos, a imprensa discutiu intensa-
capital para Bello Horizonte, manifestando a insatisfação de que tal mente o tema da mudança. Não faltam exemplos de como foram
atitude estava dando margem a negociatas de terras na referida lo- suas reações, que explicitavam discordâncias, disputas e proposi-
calidade, envolvendo os congressistas nacionais e mineiros. Em tom ções. As críticas aos pareceres de Penna e de Rocha foram alvos
inflamado, o articulista pede ao governador que “enxote de junto de preferenciais.
si esses trânsfugas do ensilhamento, reppila-os com energia, sem Ao longo dos trabalhos legislativos, os embates sobre a mu-
considerações de ordem alguma, quaesquer que sejam as posições dança foram acirrados, não tanto em torno da necessidade de uma
que elles occupem na sociedade.” O autor finaliza exortando que a nova capital, mas do local apropriado para instalá-la. A disputa dos
transferência da capital não se transformasse em mais uma fonte congressistas em defesa de suas regiões de origem, para que fos-
de decepção para republicanos sinceros (O Pharol apud O Jornal de sem a sede da nova capital, determinou o adiamento da escolha
Minas, 04 abr. 1891). Nesta altura já se verificava no país um senti- do melhor local. Tanto o parecer de Penna foi recusado no início
mento de decepção com a República, notadamente por parte dos dos trabalhos constituintes, quanto o novo parecer de Rocha. A
republicanos históricos. mudança foi decretada pela Constituição, em junho de 1891, em
Em sua Mensagem ao Congresso Constituinte, em abril de suas disposições transitórias. No entanto, o local seria decidido por
1891, documento que formalizava o início dos trabalhos, o governa- comissões a serem formadas com tal objetivo606162.
dor Antônio Augusto de Lima não só manifestava o apoio à mudan- A decisão de protelar a escolha do local deu margem a que
ça, como já indicava o local para a construção da nova cidade: Bello a disputa pelas localidades continuasse; inclusive, em Ouro Preto
Horizonte (MINAS GERAIS. MENSAGEM, 1891). Esta mensagem, já persistiu a defesa da cidade (A Ordem, 19 jul. 1891). Entre a pro-
definindo a localidade, desagradou e frustrou tanto aos antimudan- mulgação da Constituição e a reunião do Congresso Mineiro, que
cistas como aos mudancistas. Aos primeiros, por discordarem da indicaria as localidades, as expectativas continuaram a movimentar
própria natureza da questão; aos outros, por não estarem unifica- o estado. Na imprensa, as localidades eram novamente apresenta-
dos em torno de uma localidade. Em um texto breve, o governador das e discutidas ou criticadas. Regiões que até então não tinham
se referia à urgência do tema da mudança da capital enfatizando entrado na disputa com muita ênfase aparecem nos jornais, muito
que o mesmo era o que mais preocupava o espírito público naquele provavelmente porque os congressistas lançaram as candidaturas
momento. Para ele, havia o desejo por uma nova capital que fosse no âmbito das discussões parlamentares. A comissão que indicaria
“um centro de atividade intelectual, industrial e financeira, e ponto as localidades a serem estudadas foi formada em reunião do Con-
de apoio para a integridade de Minas Gerais, seu desenvolvimento gresso Mineiro em outubro de 1891. Ao final do mês as discussões
e prosperidade, pois que de tais condições carece, infelizmente, a foram concluídas. Duas atitudes se apresentaram no processo: a
atual Capital [...]”. defesa sincera de localidades e a proposição de novos lugares para
A definição da localidade na Mensagem de Augusto de Lima que a ação da comissão de estudos fosse dificultada, comprome-
amparava-se, de algum modo, em um estudo anterior encomen- tendo a mudança. Realizadas as sessões legislativas, foi aprovada
dado pelo governador Domingos José da Rocha (20.07.1890- a Lei n. 1, adicional à Constituição, a qual indicava Bello Horizonte,
23.07.1890) ao engenheiro Herculano Velloso Ferreira Penna57. Este Paraúna, Barbacena, Várzea do Marçal e Juiz de Fora.
profissional realizou uma avaliação do vale do Rio das Velhas con- Pudemos observar que em todo o tempo histórico da mudança
cluída em novembro de 189058. Quando o Congresso Constituinte da capital as partes em disputas utilizaram estratégias para conquis-
iniciou suas sessões, apesar de o estudo ter sido entregue no ano tar o imaginário popular a seu favor. Isto já acontecera no carnaval
anterior, ele foi amplamente divulgado e debatido na imprensa, de 1890, quando, em Juiz de Fora, a mudança de capital foi tema
provavelmente devido ao fato de a indicação de Bello Horizonte fa- dos festejos, ocasião em que os reclames nos jornais saudavam a
zer parte da Mensagem do Governador. Parte dos parlamentares cidade como nova capital de Minas (O Pharol, 14 fev. 1890). Já em
reagiu negativamente ao parecer de Penna, alegando que o mesmo Ouro Preto, no mesmo ano, as pretensões mudancistas foram ridi-
não tinha base científica e também porque havia estudado somente
uma região. Em comum acordo com os parlamentares, o governa-
dor solicitou novo estudo ao engenheiro Domingos José da Rocha, 59 idem
que teria 45 dias para estudar o vale do Rio das Velhas e também o 60 idem
57 BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: memória histórica e descritiva. História 61 RESENDE, Maria Efigênia Lage de. Uma interpretação sobre a fundação de
média. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro/Centro de Estudos Históricos e Belo Horizonte. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte, UFMG,
Culturais, 1995a. n.39, p.129-61, jul. 1974.
58 LINHARES, Joaquim Nabuco. Mudança da capital: Ouro Preto – Belo Horizon- 62 VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. A capital controversa. Revista do Arquivo
te. Belo Horizonte: Conselho da Medalha da Inconfidência, 1957. Público Mineiro. Belo Horizonte, ano XLIII, n. 2, p.28-43, jul. 2007.

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cularizadas por alguns foliões (Correio da Noite, 19 fev. 1890). Em O estudo comparativo entre as cinco localidades foi realizado
1894, em São João Del Rey, se registra a saída às ruas de bloco de- entre o final de dezembro de 1892 e 17 de junho de 1893, data em
nominado mudança da capital. que o relatório foi entregue ao governador do estado, Afonso Pena,
No final de 1891, um plebiscito patrocinado pelo jornal O Mo- que o submeteu ao Congresso Mineiro.
vimento também foi uma forma de popularização do tema. Nele Para infelicidade dos juiz-foranos, o relatório da Comissão de
saem vencedoras Bello Horizonte e Várzea do Marçal. Assim, o jor- Estudo das Localidades indicou Várzea do Marçal (São João del-Rei)
nal impôs uma derrota simbólica a Juiz de Fora, grande rival dos e Bello Horizonte como os locais mais adequados para a construção
antimudancistas, principalmente ouro-pretanos, antecipando, in- da nova capital. Todavia, a decisão caberia ao Congresso Mineiro.
clusive, o desfecho da disputa. Em fins de julho de 1893, foi formada no Congresso uma comissão
Se o plebiscito de O Movimento ofereceu uma oportunidade para emitir um parecer e apresentar um projeto sobre o local mais
para que simbolicamente a questão da mudança fosse resolvida, o conveniente à edificação da nova capital, tendo como base o estu-
governo não foi tão eficiente, pois, contrariando algumas expecta- do de Aarão Reis. Como os trabalhos do Congresso se encerrariam
tivas, a comissão de estudo das localidades foi organizada somente naqueles dias, não haveria tempo útil para a discussão do trabalho
no final de 1892. A crise do governo de Deodoro da Fonseca, no realizado pela comissão. Neste sentido, foi convocada uma sessão
final de 1891, que resultou em sua renúncia, afetou a política minei- extraordinária para novembro na cidade de Barbacena. A transfe-
ra, protelando a formação da comissão de estudo das localidades. rência também foi justificada devido à situação tensa em que se
O marechal Floriano Peixoto (1839-1895), como forma de atingir encontrava a cidade de Ouro Preto. Foram sessões acaloradas, pois
seus opositores nos estados, destituiu ou pressionou pela renúncia ainda havia espaço político para a atuação dos antimudancistas,
de alguns governadores. Inicialmente, o de Minas Gerais, Cesário que tentaram inviabilizar a aprovação de uma localidade.
Alvim (1839-1903), se manteve em frágil situação, que chegou ao Os mudancistas também colaboraram para o tumulto das ses-
limite com o movimento separatista do sul. Ao seu lugar ascendeu o sões, pois ainda estavam divididos em torno da indicação da me-
vice-governador Eduardo Ernesto da Gama Cerqueira (1842-1907). lhor localidade. A comissão escolhida para estudar o relatório de
As disputas políticas nacionais e suas repercussões no estado, Aarão Reis designou em seu projeto Várzea do Marçal como capital
bem como as contendas regionais, protelaram o encaminhamento de Minas Gerais, determinou um prazo de quatro anos para a cons-
do processo mudancista. Enquanto providências oficiais não eram trução, além de permitir ao estado a transferência imediata da sede
tomadas, o tema não foi esquecido. Em meados de 1892 era anun- do governo. No entanto, um membro da comissão, o deputado Ca-
ciada em Juiz de Fora a inauguração de um empreendimento cultu- milo Prates, apresentou projeto em separado indicando Barbacena
ral inovador na cidade. Tratava-se da revista A mudança da capital e concedendo um prazo de 15 anos para a mudança definitiva. Se
de Minas, de autoria de Assis Vieira. No formato do teatro de re- na comissão especial não houve consenso, muito menos no Con-
vista, o autor, juntamente com a Companhia de Operetas Phenix gresso, sendo necessárias três rodadas de discussão para se chegar
Dramática, do Rio de Janeiro, levava ao palco do teatro Novelli o a uma conclusão. Foram apresentadas emendas em favor de Bello
tema da transferência da capital mineira. A peça “cômico-lyrico- Horizonte e Barbacena, bem como emendas sobre prazos de cons-
-phantastica” de acontecimentos mineiros compunha-se de dois trução e mudança provisória. Ao final, prevaleceram a escolha de
atos, quatro quadros e uma apotheose (O Pharol, 10 de jun. 1892). Bello Horizonte e o prazo de quatro anos para a construção, sem a
Após algumas apresentações, a Companhia viajou para Ouro Preto. alternativa de mudança provisória de Ouro Preto.
No retorno a Juiz de Fora, em agosto, novas apresentações foram A historiografia sobre a mudança da capital mineira tem apre-
realizadas. sentado teses distintas sobre a temática, esclarece Viscardi63. A
Tudo leva a crer que a revista obteve o sucesso esperado, pois autora identifica dois grupos: um, que destaca as bases políticas e
voltou ampliada, segundo noticiou a imprensa na época. regionais da disputa, em que preponderaria a tentativa de regiões
Após a sugestão, sem sucesso, de dois profissionais para reali- concentrarem maior poder político-econômico; outro, que defende
zarem os estudos, surge, em 1892, a indicação do engenheiro Aarão a mudança da capital como uma tentativa de conciliação entre as
Reis (1853-1936), o qual já era conhecido do novo governador do diferentes regiões mineiras. Do primeiro grupo fazem parte autores
estado, Afonso Pena (1847-1909). A comissão organizada por Aarão como Hélio Lobo, Afonso Arinos de Melo Franco, Moema Siqueira
Reis recebeu instruções governamentais definindo que o estudo e Vera Cardoso Silva. No segundo grupo destacam-se autores como
deveria levar em conta uma cidade para 150 ou 200 mil habitantes. Maria Efigênia Lage de Resende, Paul Singer, John Wirth, Peter Bla-
Foram determinados nove aspectos a serem observados no estu- senheim, Francisco Iglesias e Helena Bomeny. Ambos os grupos
do. A localidade ideal deveria ter boas condições naturais de salu- apresentam argumentos consistentes que não vem ao caso deta-
bridade; abastecimento abundante de água potável; facilidade de lhar, mas todos são unânimes em destacar que havia problemas his-
implantação de esgotos, bem como conveniente escoamento das tóricos relativos à organização econômica e política do estado e que
águas pluviais e drenagem do solo; oferta de condições favoráveis puderam ser rediscutidos em virtude da implantação da República.
para a edificação e construção em geral. Era mister, ainda, a garan- Enfim, o país passava por uma etapa importante de seu processo
tia de um farto abastecimento dos produtos da pequena lavoura in- de modernização, o qual não se fez sem disputas e projetos dife-
dispensáveis ao consumo diário; a possibilidade de implantação de renciados.
iluminação pública e particular; condições topográficas favoráveis à Para Viscardi, na luta sobre a mudança da capital, os dois proje-
livre circulação de veículos e ao estabelecimento de carris urbanos; tos em disputa acabaram sendo suplantados por um terceiro, repre-
ligação da localidade ao plano geral de viação estadual e federal. sentado pela “construção de uma capital moderna, no espaço da
A última recomendação mencionava o aspecto financeiro, pedindo tradição, ou seja, inserindo o futuro no passado.”. De certo modo,
o levantamento das despesas mínimas exigidas para as instalações 63 VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. A capital controversa. Revista do Arquivo
iniciais indispensáveis para o funcionamento regular da nova capital Público Mineiro. Belo Horizonte, ano XLIII, n. 2, p.28-43, jul. 2007.
(MINAS GERAIS. DIRETRIZES, 1892).
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é uma interpretação semelhante à de Mello, que defende que “a Tão logo se iniciaram os debates sobre a mudança da capital,
nova capital mineira significou [...] não uma ruptura do tipo novo/ nos dois últimos meses de 1889, os textos publicados na impren-
velho, moderno/antigo, mas uma recomposição do tempo históri- sa faziam referências a algumas cidades, brasileiras e estrangeiras,
co dentro de uma legitimação da justaposição tradição/futuro.”64. como recurso retórico para atacar ou defender a causa em questão.
Neste sentido, a Ouro Preto caberia ser o solo sagrado da República Sobre as estrangeiras, não faltaram referências a Washington, Paris,
brasileira e das tradições mineiras, e à nova cidade, a esperança de Atenas, Nova York, Chicago, Philadelphia, Baltimore e La Plata. En-
futuro, a garantia do progresso. Em nossa percepção, o processo de tre todas, La Plata foi a que mais ensejou argumentos consistentes
transformação capitalista, centrado na modernização econômica e para atacar ou defender a mudança da capital. O Pharol se tornou
também cultural, encontrou resistências, vertentes diferenciadas, o líder da propaganda pela mudança com a publicação do artigo
oportunidades de ganhos políticos e financeiros, possibilidades de “A Capital de Minas”, em 28 de dezembro de 1889. A 15 de janeiro
acúmulo de poder, tornando o tema da mudança da capital deli- do ano seguinte o jornal sugeria que o estado de Minas seguisse o
cadamente complexo. A mudança efetiva da capital, por meio da exemplo da província de Buenos Aires e construísse uma nova ca-
construção de uma nova cidade, atendeu parcialmente às expecta- pital. Neste momento, a referência a La Plata tornou-se um aspecto
tivas das elites políticas e econômicas em disputa. No entanto, no recorrente do debate. Na folha juiz-forana, as alusões serão sempre
longo prazo, o processo se notabilizou por ter um caráter conser- positivas, ao contrário do que ocorrerá no Correio da Noite e em O
vador, tanto no que tange à não incorporação de maiores parce- Jornal de Minas. Os dois jornais ouro-pretanos não pouparam argu-
las da população no processo, e pelo rígido controle do processo mentos para desqualificar a capital buenairense.
político-legislativo, quanto pelo fato de não ter alterado a estrutura Em O Pharol, La Plata é apresentada com “a mais bella talvez
produtiva do estado, não levando, por exemplo, à imediata indus- de todas as cidades americanas” (O Pharol, 15 jan. 1890). Cidade
trialização e dinamização econômica do estado, como parcela dos exemplo de beleza, salubridade e conforto. Cidade modelo de de-
mudancistas almejava. senvolvimento econômico, principalmente industrial. Esta era a
Nesta seção procuramos enfatizar que o tema da mudança da cidade de La Plata, moderna como deveria ser a nova capital de
capital não foi somente uma discussão de políticos ou um tema res- Minas Gerais. Neste tom, a recorrência a La Plata seguiu como um
trito às elites. Foi uma questão que esteve inicialmente na imprensa argumento legítimo para demonstrar a necessidade e a possibilida-
e rapidamente ganhou outros cenários e espaços. Espaços institu- de de Minas realizar empreendimento semelhante. Isto seria pos-
cionais como o Congresso Mineiro, mas também informais como sível porque Minas Gerais não era inferior, “sob nenhum aspecto”,
as ruas e as praças, que foram usados como autênticos espaços à província de Buenos Aires (O Pharol, 16 jan. 1890). Nos artigos,
públicos ao serem ocupados pelos meetings, comícios, passeatas. alguns elementos ainda são notados, como, por exemplo, o fato de
Um tema que motivou a produção cultural e, assim, pode ter seus que a cidade fora construída sem ônus para o estado, pois um Ban-
significados construídos e reconstruídos. As revistas, bem como o co Construtor e Hypotecário se responsabilizou pela empreitada.
carnaval, demonstraram a apropriação65 coletiva da questão e sua Estava lançada desde este momento a cidade de La Plata como ar-
penetração no imaginário e na memória coletiva mineira. No entan- gumento, ora justificador, ora desabonador, da mudança da capital.
to, isto não significou a inserção da população nas decisões políticas A resposta ao articulista de O Pharol não se fará esperar. No
e econômicas em torno do projeto de mudança da capital. dia 17 de janeiro, os argumentos apresentados no dia anterior são
questionados pelo Correio da Noite, de Ouro Preto. O periódico ou-
A planta da capital de Minas ro-pretano se dedica a demonstrar a situação de La Plata. Neste
Além de realizar os estudos das localidades para a nova capital sentido, o nome da capital buenairense caiu como uma luva para o
de Minas, o engenheiro Aarão Reis também foi o responsável por argumento central dos antimudancistas: o interesse pela mudança
seu planejamento e construção. Na realização da planta da Cida- se resumia a uma questão de dinheiro, de plata. No editorial a ideia
de de Minas, Aarão Reis aplicou suas concepções de sociedade, de é assim apresentada: “O caso é que uns patriotas conceberam a
progresso e de civilização, bem como expressou os conhecimentos ideia de uma La Plata para Minas. A questão da mudança da capi-
de urbanismo adquiridos na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e tal já não resume, pois, senão em apetites de la plata.” (Correio da
em sua prática profissional. Na transferência e adaptação de mo- Noite, 17 jan. 1890). Este foi um dos tipos de argumento mobiliza-
delos66, o engenheiro tomou como exemplos as experiências urba- dos pelos antimudancistas para contestar os oponentes ao longo
nísticas de Washington, Londres, Paris e La Plata. Sabe-se que nesta de todo o debate. Tratava-se de acusar que algumas companhias
última cidade Aarão Reis buscou informações quando trabalhava na objetivavam obter vantagens, tornando a mudança da capital um
proposta da capital mineira. Contudo, uma análise da imprensa do negócio lucrativo para alguns como tinha sido na Argentina. O jor-
período permite-nos sustentar a tese de que La Plata já figurava no nal enfatiza que, ao contrário do que se dizia, a construção onerou
imaginário das elites mineiras bem antes de o engenheiro iniciar o estado, que estava altamente endividado (O Jornal de Minas, 22
seus trabalhos. nov. 1890). O mesmo não poderia acontecer com as finanças do
64 MELLO, Ciro Flávio Bandeira de. A noiva do trabalho - uma capital para a estado de Minas, que deveriam ser preservadas de um possível des-
república. In: DUTRA, Eliana de Freitas (Org.). BH: horizontes históricos. Belo controle econômico. Procurava-se destacar que no Brasil o governo
Horizonte: federal não se responsabilizaria pela construção da nova cidade,
C/Arte, 1996, p.11-47. o que aconteceu na Argentina com a indenização feita à província
65 CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados, São com a federalização de Buenos Aires. “Em Minas vai tudo nos cus-
Paulo, v.5, n.11, p.173-91, abr. 1991. tar”, enfatizava O Jornal de Minas (28 nov. 1890).
66 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da A respeito da comparação com La Plata, O Jornal de Minas lem-
comparação. brava que um dia ela serviu para atacar a monarquia, ao demons-
A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista trar a “rápida e maravilhosa florescência dos nossos vizinhos”. Toda-
USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995. via, mostrando-se ciente da dinâmica histórica e do funcionamento
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

da política, reconhecia-se que, “entretanto, agora não tiramos proveito algum daquelle badulaque de ruinas financeiras para assegurarmos
a consolidação e a ordem da nossa republica” (O Jornal de Minas, 28 nov. 1890). Pelo contrário, havia que tornar La Plata um exemplo a
ser rejeitado.
O destaque de que La Plata era uma cidade com predominância de italianos, “de súbito introduzidos”, foi uma das primeiras obser-
vações negativas e que permaneceu na argumentação dos antimudancistas.24 Afirmava-se que La Plata, “[...] ao passo que não attrahiu
população nacional, foi convertida em grande colônia de estrangeiros” (O Jornal de Minas, 28 nov. 1890). Nesta argumentação, explici-
tava-se a dificuldade de aceitação da mão de obra imigrante estrangeira no estado, ao contrário do que acontecia em São Paulo. Para os
antimudancistas, seria um risco para o estado uma cidade nova em que se repetisse o acontecido em La Plata. O afluxo de estrangeiros
em nada colaboraria para que a capital fosse “um centro de hegemonia nacional”. A região do Rio da Prata estava repleta de mercenários
“imigrantistas” - isto também poderia acontecer com Minas. Neste sentido, defendia-se a permanência da capital em Ouro Preto. Nesta
perspectiva, para o redator, “A autonomia de Minas, em quanto bem se não firmasse, convinha ter por base uma cidade como esta, essen-
cialmente mineira; cabeça defendida por natureza, e servida por um cérebro puritano e sem mescla” (O Jornal de Minas, 22 nov. 1890).
Estas considerações nos demonstram que havia um conjunto de referências muito consistentes sobre La Plata. Era do conhecimento
da elite letrada que escrevia nos jornais algumas das questões suscitadas pela construção da cidade. Neste sentido, de uma experiência
urbana e social que frequentou os debates sobre a mudança da capital, La Plata saltou para o lugar de um modelo urbanístico efetivo a
ser considerado por
Aarão Reis no seu planejamento. Como chefe da Comissão Construtora da Nova Capital, o engenheiro se dedicou a realizar o sonho
dos mudancistas. Para eles, a mudança da capital, “sob o ponto de vista econômico [...] se resolveria já sem o menor ônus para o estado
e as discussões de preferência cessariam, quando procedêssemos como os argentinos, fazendo brotar do solo, como que por encanto, a
esplendida La Plata” (O Pharol, 18 fev. 1890). Posto isto, podemos nos dedicar a estudar alguns aspectos da proposta do engenheiro e sua
equipe para a nova capital mineira.
Tanto o estudo das localidades quanto o planejamento e a construção da nova capital estiveram a cargo da equipe coordenada pelo
engenheiro Aarão Reis, que não estava vinculado à estrutura administrativa do estado. Em La Plata, diferentemente, o planejamento e
construção da cidade ocorreram no âmbito do Departamento de Engenheiros da província. Por mais que Aarão Reis tivesse que prestar
contas à Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas e ao Presidente de Estado, ele obteve poderes especiais para executar suas
funções por meio da criação da Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC) - uma estrutura com grande grau de autonomia, à maneira
de um comitê científico67. No âmbito dela, a cidade foi planejada e construída. Isto aponta para uma das principais diferenças em relação
ao planejamento e construção de La Plata. Enquanto nesta última, no decorrer do processo e na memória histórica, o governador Dardo
Rocha é apresentado como sujeito principal, como o fundador, deixando em segundo plano a ação dos técnicos, em Belo Horizonte o en-
genheiro Aarão Reis ganha destaque no processo.
No caso mineiro, a novidade do planejamento e a proposta de aplicação das modernas concepções urbanísticas, se não suplantaram
o fato político da mudança, correram paralelo a ele em grau de importância. Em grande medida isto ocorreu devido à longevidade do pro-
cesso de discussão da mudança da capital. A dinâmica histórica da mudança não proporcionou a primazia do processo a nenhum político
mineiro. Se La Plata é considerada mais uma obra de Dardo Rocha do que de Pedro Benoit e a equipe do Departamento de Engenheiros,
a Cidade de Minas/Belo Horizonte é vista como uma obra de Aarão Reis e da CCNC. A cidade não tem um fundador, como La Plata, mas
políticos atualmente homenageados nas suas principais avenidas, como Afonso Pena, Bias Fortes, Augusto de Lima e João Pinheiro, os
quais em momentos determinados deram suas contribuições ao processo de mudança da capital. Ao Presidente do Estado Afonso Pena
(1892-1894), na medida em que nomeou Aarão Reis para realizar os estudos das localidades e construir a cidade, coube certo destaque
na memória histórica da capital. A avenida que leva seu nome foi assim nomeada pela CCNC; já os demais presidentes de Estado foram
homenageados nos logradouros públicos, posteriormente à inauguração da cidade.
A planta da nova capital de Minas (FIG. 2), confeccionada por Aarão Reis e sua equipe, foi apresentada ao governo em março de 1895
e aprovada em abril, sendo então divulgada por meio de descrições na imprensa, e reproduzida, por exemplo, no Album de vistas locaes e
das obras projetadas para edificação da nova cidade e na Revista Geral dos Trabalhos. Essa divulgação parece conter uma propaganda com
finalidade pedagógica: ao dar publicidade a uma nova ordenação espacial, esperava-se um novo modo de ocupação. A planta, assim, as-
sume o caráter de representação não somente de um determinado espaço, mas também dos ideais de modernidade, dos saberes técnicos
e da linguagem urbanística moderna. Ela faz parte de um processo de comunicação social68 e pode ser vista também como um símbolo da
modernidade nacional, em sua expressão regional. A planta, como miniatura e como esquema, procura criar um referencial, uma espécie
de substituto da cidade que, ao ser visto, modelaria um modo de percepção do espaço. Neste sentido, a planta pode ser compreendida
como um mapa, tal como definido por Jacob, ou seja, uma metáfora para compreender as relações humanas, as relações de poder e a
hierarquia social69.

67 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da comparação.


A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
68 JACOB, Christian. L’empire des cartes: approche théorique de la cartographie à travers l’histoire. Paris: Albin Michel, 1992.

69 idem
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FIGURA 2 – Planta Geral da Cidade de Minas (Belo Horizonte). Comissão Construtora da Nova Capital, Aarão Reis, 1895. Fonte: Museu
Histórico Abílio Barreto (MHAB).

A proposta urbanística para a nova capital procurou viabilizar em termos racionais e, portanto, técnicos uma cidade que fosse diferen-
te das formas urbanas que prevaleciam em Minas Gerais e em grande parte do Brasil. Tal como em La Plata a linearidade, a geometrização,
a salubridade, a comodidade, a hierarquização dos espaços e a busca da beleza também foram aspectos vitais que informaram os proje-
tistas. Estes estavam sintonizados com os saberes urbanísticos (tributários dos ideais iluministas) e críticos da época aos problemas das
primeiras cidades industriais inglesas. No entanto, muitas das soluções urbanísticas criadas por Aarão Reis, contraditoriamente, remetiam
ao urbanismo barroco, como demonstram Beatriz Magalhães e Rodrigo Andrade. Para estes, isto se expressaria na “hierarquização dos
espaços, na distribuição ordenada dos palácios e praças a partir de um centro de emanação, na presença nítida de um centro de simetria —
a Avenida Álvares Cabral [...]”70. Já a perspectiva higienista ainda teria levado ao planejador, segundo Angotti-Salgueiro, a deslocar alguns
dispositivos técnicos indispensáveis à cidade para sua área suburbana: na parte mais baixa do terreno e ao longo do ribeirão equipamentos
como cemitério, matadouro, hipódromo, lavanderia municipal, banhos públicos, incinerador de lixo, estação de tratamento de água e um
forno crematório. Já na parte alta foram instalados os reservatórios de água71.
Em La Plata, o Rio e a estância Iraola foram tomados como pontos de referência vitais para o planejamento espacial, traduzindo uma
opção pela cidade higiênica e pela cidade-porto em linha de continuidade com uma tradição econômica e cultural, consubstanciada na
ideia de uma nova Buenos Aires. Em La Plata, a estância Iraola foi transformada em parque (Bosque). Ao mesmo tempo, esta opção faci-
litou a geometrização da área urbana. Em Belo Horizonte, as montanhas (a Serra do Curral) e a antiga fazenda, transformada em parque
(Municipal), ofereceram aos planejadores os pontos de referência para a ocupação espacial. A cidade poderia ser moderna, mas sua loca-
lização afirmava o apego a um tipo de paisagem que, de algum modo, é vista como constitutiva da identidade mineira. Encravar a nova ca-
pital em uma região que tradicionalmente abrigou a sede do poder estadual, manter a grande distância do litoral, fornecia os parâmetros
objetivos para que a cidade conciliasse o passado e o futuro. A tradição e o futuro, como já destacamos. No que tange ao parque, ele foi
70 MAGALHÃES, Beatriz de Almeida; ANDRADE, Rodrigo Ferreira. A formação da cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p. 37-78.

71 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da comparação.


A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

inserido dentro da malha urbana como forma de integrar natureza portante, mas ficou longe de se aproximar dos boulevards parisien-
e cultura. Neste caso, a geometrização presente na cidade não se ses, principalmente porque a ocupação arquitetônica dos primeiros
repetiu no parque. anos não levou em consideração a harmonização entre a largura da
Conforme descrição da Revista Geral dos Trabalhos (MINAS via e a altura dos edifícios. Do mesmo modo, também não houve,
GERAES. Revista Geral dos Trabalhos I, 1895a, p.97-101), a cidade prontamente, a ocupação prevista dos carrefours, para os quais se
“será dividida em uma parte central, urbana, e outra contornando esperavam prédios monumentais.
a primeira suburbana. Uma extensa avenida de 35 metros de largu- No planejamento urbano, as praças cumpriram a função de
ra e cerca de 10 quilômetros de desenvolvimento, separará a área quebrar a monotonia da superposição das duas malhas, ao mesmo
urbana da suburbana.” Este tipo de zoneamento tripartite (urbano, tempo que, ao cortarem ruas e avenidas, dariam “largueza para o
suburbano e rural) corresponde ao modelo de cidade ideal propos- effeito architectonico dos edifícios públicos, verdadeiros palácios
to por Charles Fourier, como lembra Angotti-Salgueiro72. Seria uma esplendidamente situados” (MINAS GERAES. Revista Geral dos Tra-
tentativa de harmonização entre natureza e ocupação humana. O balhos I, 1895a, p.97-101). De todas elas, a Praça da Liberdade foi
tipo de zoneamento proposto por Aarão Reis demonstra a inter- a que mais atenção ganhou, não necessariamente na proposta de
venção técnica no espaço e a racionalidade do processo, ao mesmo Aarão Reis, mas na execução da mesma, pois na fase construtiva ela
tempo em que revela a busca da harmonia em benefício do pro- se notabilizou como sede do poder público estadual. A presença do
gresso social. No entanto, as formas de apropriação deste modelo palácio presidencial e das secretarias, que por muitas décadas tor-
levaram historicamente a um tipo de ocupação que revelou a hie- nou a praça símbolo do poder republicano, hoje vê seu uso trans-
rarquização social e usufruto diferenciado e altamente excludente formado pela lógica da associação do poder público e do capital
do espaço citadino. privado. Uma lógica que enfatiza a apropriação urbana via usos de
Como bem demonstra a historiografia737475, Aarão Reis realizou equipamentos culturais, com a respectiva transferência de imóveis
melhor detalhamento da área urbana, em detrimento das demais. públicos à iniciativa privada.
Nela, houve a superposição de duas malhas: uma ortogonal, basea- Outra praça muito importante na proposta de Aarão Reis era a
do no xadrez, e outra diagonal.26 A primeira, representada pelas da República, situada em frente ao portão principal do Parque, na
ruas e a segunda, pelas avenidas. Às ruas foi dada a largura de 20 Avenida Afonso Pena. Nela seriam implantados o Palácio da Justiça
metros; às avenidas, 35. Mas, à principal avenida foi dada atenção e o do Congresso. Ela seria o ponto de partida de três importantes
especial, pois a mesma cumpria função estética, de circulação e de avenidas: uma daria acesso ao Palácio Presidencial; outra à praça
ordenamento do espaço. De acordo com a Revista, “haverá uma em homenagem à Federação (atual Praça da Assembleia) e a ter-
grande avenida de 50 metros de largura, com duplo renque central ceira à praça onde se instalaria a Municipalidade (atual Praça Raul
de arvores, e 3200 metros de comprimento, ligando em linha recta Soares). No entanto, na implantação da proposta foram feitas algu-
o bairro commercial, junto a estação, ao alto do Cruzeiro, onde será mas modificações, inviabilizando a existência da Praça da República
edificado o magestoso templo projectado pelo Dr. Magalhães [...]” como lugar emblemático do espaço urbano.
(MINAS GERAIS. Revista Geral dos Trabalhos I, 1895a, p.97-101). Em atenção à salubridade da cidade, em parte garantida pela
Esta grande avenida (Afonso Pena), à maneira dos boulevards largura de ruas e avenidas, foi proposta a implantação de um con-
parisienses, é apresentada por Aarão Reis como uma via larga o su- junto arbóreo por toda a área urbana, bem como a construção de
ficiente para abrigar faixa central de areia para passeios a cavalo, um grande parque. Na proposta de Aarão Reis, haveria renques de
dois passeios laterais junto a esta; duas faixas para a circulação de árvores em toda a extensão das ruas e avenidas, sendo que nestas
veículos; e mais dois passeios junto aos prédios. Para Angotti-Sal- eles seriam duplos. O Parque foi pensado como elemento estrutu-
gueiro, não estava em questão em Belo Horizonte, como na Paris rante do espaço urbano e também uma obra de arte que, diante
de Haussmann, a circulação como elemento estratégico do plane- da extensão e planejamento, seria “o mais importante e grandioso
jamento urbano76. A intenção estética talvez tenha sido a mais im- de quantos há na América, e, por si só merecerá a visita de nacio-
72 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da nais e estrangeiros e elevará a nova cidade acima de quantas ora
comparação. attrahem, no Brazil, a população que deseja refazer forças, no verão
A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista em logares amenos e aprazíveis” (MINAS GERAIS. Revista Geral dos
USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995. Trabalhos I, 1895a, p.97-101). Nesta perspectiva, a beleza e a salu-
73 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da bridade da cidade a inscreveriam nas rotas nacionais e internacio-
comparação. nais do trânsito turístico.
A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista No entanto, em que pese a importância do parque na propos-
USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995. ta urbanística da cidade, muitos dos equipamentos propostos para
74 JULIÃO, Letícia. Belo Horizonte: itinerários da cidade moderna (1891-1920). sua área não foram implantados, bem como foi reduzido, ao longo
In: dos anos, em parte de sua extensão. Este fenômeno de transfor-
DUTRA, Eliana de Freitas (Org.). BH: horizontes históricos. Belo Horizonte: C/Arte, mação espacial da cidade, que teve no parque um dos principais
1996. p.49-118. exemplos, está diretamente associado ao crescimento urbano, à
75 MAGALHÃES, Beatriz de Almeida; ANDRADE, Rodrigo Ferreira. A formação valorização ou depreciação de espaços, ao aumento demográfico
da cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade. que não pode ser previsto no momento do planejamento inicial.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p. 37-78. Configura-se, ainda, o que Magalhães e Andrade chamam de a ver-
76 ANGOTTI-SALGUEIRO, Heliana. Revisando Haussmann. Os limites da tigem do novo77. Este fenômeno torna-se mais grave quando não há
comparação. uma verdadeira ocupação pública e cidadã dos espaços da cidade.
A cidade, a arquitetura, os espaços verdes. (O caso de Belo Horizonte). Revista 77 MAGALHÃES, Beatriz de Almeida; ANDRADE, Rodrigo Ferreira. A formação
USP, São Paulo, n.26, p.195-205, jun.-ago. 1995. da cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci (Org.). Arquitetura da modernidade.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p. 37-78.
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Destino semelhante teve o Bosque em La Plata. Ao longo do tempo, Desde os finais do século XIX, vários postulados foram elabo-
ele perdeu suas características iniciais, pois passou a abrigar equi- rados para amenizar o problema das moradias urbanas, como na
pamentos urbanos como estádio de futebol, sedes de faculdades e Londres vitoriana dos anos 1880. Naquela cidade, os cortiços aloja-
colégio. Hoje em dia algumas lideranças locais tentam reverter este vam até oito pessoas em um só quarto, e a porta da frente não se
processo. fechava, de modo a abrigar os sem-teto que dormiam nas escadas.
A construção da cidade ocorreu entre 1894 e o final de 1897, Surgiu então a ideia da construção de núcleos residenciais para os
quando foi inaugurada. Antes da conclusão do processo, o enge- operários, anexados às fábricas e contando com pequeno jardim e
nheiro Aarão Reis, em 1895, demitiu-se da coordenação dos traba- quintal. Também houve a tentativa de planejar uma cidade-jardim
lhos da CCNC, sendo substituído pelo engenheiro Francisco Bicalho. em que as residências seriam ajardinadas, ideia semelhante à dos
Essa mudança, aliada a outros fatores, fez com que a implantação núcleos residenciais. Todavia, por sua natural complexidade, tal
do plano da Cidade de Minas sofresse algumas modificações, toda- prática era inconciliável com a realidade e tornou-se apenas um es-
via sem alteração do desenho urbanístico proposto. tilo paisagístico incorporado pelas grandes cidades europeias.
Em Belo Horizonte, tal como em La Plata, a construção foi um A ideia de pensar a cidade se transformava: antes, era perce-
empreendimento estatal. Ao governo coube o planejamento geral, bida como um mal em si mesma; a partir da ação dos urbanistas,
a confecção dos projetos dos edifícios públicos, que foram cons- a reforma infraestrutura tornou-se uma necessidade para o desen-
truídos por particulares. Em ambas as cidades houve distribuição volvimento da industrialização, chave para o progresso material e
de lotes ao funcionalismo público. Importante diferencial dos dois humano79. “Funcionar e descongestionar o espaço para o desenvol-
processos foi que em Minas Gerais houve a necessidade de várias vimento da grande indústria” (ibidem).
demolições, pois o local da construção da cidade abrigava um ar- A cidade moderna é paradoxal ao englobar progresso e opor-
raial tipicamente colonial. O local foi considerado propício, mas não tunidade simultaneamente a miséria e segregação espacial: “A en-
o arraial. Dele foi feito tabula rasa. Já em La Plata, não houve este cortiçada cidade vitoriana era, sem sombra de dúvida e sob vários
tipo de trabalho, pois a área escolhida servia a plantação somente. aspectos, um lugar horroroso, mas oferecia oportunidades econô-
Em Belo Horizonte, ocorreu um processo de transformação espacial micas e sociais, luzes e multidões”80. Em 1909, foi decretado pela
em que um povoado de origens coloniais deu lugar a uma cidade de Câmara dos Lordes britânica, dar ao povo uma condição domés-
traçado geométrico. Ocorreu um processo simultâneo de destrui- tica na qual sua saúde física, sua moral, seu caráter e sua inteira
ção e construção. Enquanto um povoado era destruído, uma cida- condição social pudessem ser melhorados […] o decreto, em linhas
de, que se queria moderna, era construída em seu lugar. gerais, tinha em mira e esperava assegurar a existência do lar sau-
dável, da casa bonita, da cidade aprazível, do município dignificado
A Administração Municipal do Prefeito Juscelino Kubitschek e do subúrbio insalubre. Era necessário abolir o cortiço, reconstruir
Os empreendimentos realizados em Belo Horizonte pelo prefei- novas bases para evitar seu ressurgimento. (Ibidem, p.64)
to Juscelino Kubitschek abrangeram mudanças não apenas no âm- A administração parisiense do prefeito Haussmann, no final
bito material – como a construção de novos bairros, asfaltamento do século XIX, incorporou a tendência de reformulação urbanística
de ruas e avenidas, serviço de saneamento e terraplenagem, aterro a partir do planejamento racional de avenidas largas e retas, des-
de córregos etc.; enfim, uma nova reestruturação e planejamento truindo os indícios de uma cidade medieval e construindo uma ou-
urbanos –, como também na esfera cultural, a partir da Exposição tra nos padrões da modernidade.
de Arte Moderna e do projeto arquitetônico da Pampulha, entre Berlim e Nova York também incorporaram o planejamento ra-
outros. Tanto os aspectos infraestruturas como os superestruturais cional moderno e inseriram o zoneamento que era, na cidade mo-
tiveram como fundamento o discurso de modernidade e progresso derna, a maneira explícita de segregação espacial: “Os lojistas da
incorporado por Juscelino Kubitschek78. 5th Avenue temiam que as levas de trabalhadores em confecção,
Durante as primeiras décadas do século XX, acentuou-se a que migravam para as ruas do alto comércio, destruíssem o caráter
preocupação com o planejamento urbano. Os urbanistas recorre- elitista de seus estabelecimentos, ameaçando, o valor das proprie-
ram à arquitetura com o intuito de resolver os problemas advindos dades”81.
do século anterior. Em decorrência da industrialização, as cidades A administração da cidade do Rio de Janeiro, nos primeiros
se tornaram superpovoadas em razão da migração de mão-de-obra anos do século XX, também pode ser comparada às reformas esté-
do campo em busca da possibilidade de progresso. O aumento da ticas e higienistas das principais cidades mundiais. O Rio de Janeiro,
densidade populacional acarretou a especulação imobiliária. Como além de ser a capital da República, contava com o terceiro porto do
consequência, muitos dos que chegavam à cidade não conseguiam mundo, com um núcleo ferroviário nacional; era um centro finan-
moradia por causa dos altos preços das habitações, e se aglutina- ceiro em ebulição, possuía forte mercado de mão-de-obra e consu-
vam em cortiços. Cidades como Nova York, Londres, Paris e Berlim, mo. Para atender às demandas decorrentes de tal perfil, necessita-
apesar de se situarem em países desenvolvidos, também passavam va de reformas em sua estrutura urbana.
por esses problemas. A imprensa e o poder público se articulavam
para difundir o discurso de que era necessário reformar imediata-
mente esses guetos em formação, já que se constituíam pontos ne- 79 RIBEIRO, L. C. de. Urbanismo: olhando a cidade, agindo na sociedade. In:
vrálgicos de violência e insalubridade e que, além disso, prejudica- PECHMAN, R, M. (Org.) Olhares sobre a cidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.
vam a imagem estética da cidade. 80 HALL, P.Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do
projeto urbanos do século XX. Trad.
78 CEDRO, Marcelo. A administração municipal do prefeito Juscelino Kubitschek: Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 1995.
estética e planejamento da cidade de Belo Horizonte na década de 1940. Oculum 81 HALL, P.Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do
Ensaios: Revista de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, n.5, 2006. http:// projeto urbanos do século XX. Trad.
periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/oculum/article/view/390 Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 1995.
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Belo Horizonte foi planejada nessa conjuntura de importação momento de sua administração. Se, historicamente, para cidades
do modelo urbanístico moderno. Inaugurada em 1897, a cidade foi da América Latina, tal iniciativa de Juscelino não foi uma novidade
completamente construída e não apenas reformulada, já que ante- revolucionária, ela, todavia, representava a continuidade de impor-
riormente não passava de um pequeno arraial de origem colonial. tação do modelo de modernidade que tardiamente seria conduzido
Embora Rio de Janeiro e Belo Horizonte se espelhassem no pelo poder público e voltaria a inserir a cidade de Belo Horizonte
mesmo modelo racional e higienista, os projetos administrativos em seu projeto de origem: a modernidade.
das duas cidades foram distintos. Enquanto a primeira necessitava As discussões acerca dos problemas urbanos se estenderam.
de uma reformulação urbana, a segunda foi construída e planejada Em 1933, foi redigida a Carta de Atenas, que, publicada em 1942,
para ser a nova capital de Minas Gerais. era o resultado do último Congresso Internacional de Arquitetura
O discurso de modernidade e progresso proferido pelo prefei- Moderna (Ciam), que contou com arquitetos e técnicos em plane-
to do Rio de Janeiro, Pereira Passos, visava combater os problemas jamento urbano de vários países. O objetivo do fórum foi o mesmo
de alta densidade populacional, insalubridade e miséria presentes do final do século anterior: buscar soluções para o “caos” em que se
nos cortiços. Era necessário modernizar, embelezar e sanear, como encontravam as cidades, em razão, entre outros aspectos, do trân-
também melhorar o sistema de transporte e circulação. “Regene- sito congestionado e de moradias insalubres, como também da ex-
rar” o Rio de Janeiro compreendia destruir os vestígios da cidade trapolação, em alta escala, do limite de densidade habitante/metro
velha, considerada suja e doentia. O discurso ainda pretendia incul- quadrado. O relatório focalizou 33 cidades, tais como (entre outras)
car na população uma nova mentalidade cosmopolita e parisiense, Amsterdã, Londres, Madri, Berlim, Los Angeles e Paris.
novos hábitos e costumes de uma sociedade elegante e moderna. A O discurso proferido no congresso apresentava alguns pressu-
construção da Avenida Central (atual Rio Branco) representou bem postos marxistas ao afirmar que a desordem urbana instituída era
essa ideologia, que “espelhava a nova fase do Rio de Janeiro em consequência da industrialização desordenada advinda dos interes-
monumentos simbólicos como a Escola Nacional de Belas Artes, o ses privados, que rompia com o equilíbrio das condições de traba-
Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional, o Palácio Monroe, sede de lho ao aumentar a densidade urbana em razão do êxodo rural; que
grandes jornais, lojas elegantes, cinemas, agremiações etc.”82. causava a deterioração da relação casa-trabalho; que mantinha o
O poder municipal, com o apoio do presidente Rodrigues Al- artesanato relegado ao segundo plano; que impunha a insalubri-
ves, pretendia forjar um Rio de Janeiro “civilizado” para facilitar a dade às moradias. Enfim, o discurso assemelhava-se ao mesmo
entrada de mão-de-obra e de capital estrangeiros. Para isso, recor- do final do século XIX, que enfatizava as razões da precariedade
ria à ideologia de progresso e modernidade importada do modelo infraestrutura urbana. Era preciso elaborar novos princípios de cir-
francês. O porto deveria ser reformado para que fossem evitadas culação, novas técnicas de construção e novos métodos para evitar
doenças como varíola e febre amarela. A Avenida Central seria o engarrafamentos e grande concentração demográfica. A harmonia
modelo de modernidade, e sua forma larga e retilínea simbolizava teria que ser novamente instituída no espaço urbano a partir da
a caminhada rumo ao progresso, além de proporcionar a ligação melhoria da qualidade de vida.
de novas conexões urbanas. A Avenida Beira-Mar (atual Atlântica) Assim, as principais preocupações se centralizavam na arquite-
foi construída para fazer conjunto com a beleza natural das praias. tura e no urbanismo, vistos como alternativas primordiais para a so-
Caminhando lado a lado com o planejamento urbano, entre- lução e o planejamento da cidade moderna ao focalizarem melhoria
tanto, consolidou-se um dos elementos constituintes da moderni- para habitações, trabalho, recreação e circulação urbana.
dade: a segregação espacial. No Rio de Janeiro, cortiços do centro Nos anos iniciais da década de 1940, o contexto belo-horizon-
foram demolidos, expulsando-se moradores para o subúrbio ou tino ainda não se assemelhava ao daquelas cidades que eram alvo
para o Morro da Providência, dando origem ao processo de fave- das preocupações dos arquitetos internacionais. As consequências
lização. da industrialização em cidades como Londres e Paris ainda não
Desse modo, o caráter autoritário e cerceador do poder pú- haviam chegado ao Brasil: como já se viu, o modelo brasileiro de
blico visava inserir o Rio de Janeiro na modernidade. Consequen- modernização (atribuído à industrialização e às modificações es-
temente, desencadeava a segregação socioespacial, dificultando, truturais) ocorreu tardiamente em relação à Europa e aos Estados
principalmente, a vida dos imigrantes e dos ex-escravos. Porém, Unidos.
segundo Annateresa Fabris83, a modernização da Avenida Central A administração de Juscelino à frente da prefeitura de Belo Ho-
se consolidou mais pelo método político-econômico do que pela rizonte pode ser associada ao Congresso de Arquitetura Moderna
forma arquitetônica, ao contrário da administração juscelinista em no qual foi lançada a Carta de Atenas, cujas soluções e sugestões
Belo Horizonte quarenta anos depois. serviriam como paradigma para o planejamento de uma cidade mo-
Buenos Aires também contou com propostas, inspiradas no derna. O Estado Novo usou da arquitetura em sua busca do novo
modelo anglo-europeu, de remodelação estética, cuja arquitetura para conduzir o processo de modernidade tardia. Em coerência
enfatizava o caráter higiênico da cidade. A capital argentina contava com a orientação nacional, a administração juscelinista, imbuída
com vários casos de alcoolismo, sífilis e tuberculose que, segundo do discurso modernizante baseado no culto ao “novo”, absorveu as
os teóricos urbanos, eram decorrentes do crescimento caótico ad- modernas normas de arquitetura e planejamento, buscando inserir
vindo da imigração, necessitando, assim, de reformas sanitárias. Belo Horizonte no mesmo contexto de modernização das principais
Desse modo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e a própria Belo Ho- cidades do mundo.
rizonte se espelharam no modelo parisiense, em voga até então, Le Corbusier foi um dos responsáveis pela redação da Carta de
pois Juscelino Kubitschek também absorveu os pressupostos de Atenas em 1933 e por sua posterior revisão e publicação em 1942.
planejamento que estavam vigorando no contexto internacional no Uma de suas ideias para eliminar o excesso populacional urbano
82 FABRIS, A. Fragmentos urbanos: representações culturais. São Paulo: Nobel, era aumentar a quantidade de espaço livre das cidades: construção
2000. de avenidas largas e retas, demolição de edificações antigas e cons-
83 idem
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trução de altos edifícios, além do estabelecimento de zoneamentos Lauro Cavalcanti85 afirma que “inúmeros pontos do ideário cor-
urbanos, ou seja, as moradias seriam relacionadas ao aspecto so- busiano coincidiam com o discurso de intelectuais ligados ao Esta-
cioeconômico da população. do Novo”. O Estado Novo pretendia construir o modelo de “novo
A solução proposta por Le Corbusier para resolver os proble- homem”, idealizado por meio do trabalho; já para Le Corbusier, por
mas habitacionais era reduzir o preço das moradias a partir de meio da arquitetura chegar-se-ia a um novo espírito para o homem.
edificações em série, aproveitando novos métodos e materiais de Para Le Corbusier, a arquitetura moderna representava uma ruptu-
construção. A burguesia apoiou tal ideia, já que a construção de ra com os estilos anteriores: o discurso estado-novista também pre-
edifícios mais úteis e baratos, ao eliminar adereços em demasia, gava sua ruptura com o regime oligárquico. O “novo” manifestava-
tornava economicamente viável o remodelamento urbano. Mas -se pela transformação do país agrário em país industrial. O padrão
também a liberdade do artista em sua busca pelas formas puras de produção em série adotado pela indústria estava em sintonia
contribuiu para que houvesse a união da arte com a indústria da com as ideias de Le Corbusier acerca das construções para resolver
construção civil. o problema habitacional.
No campo arquitetônico e de planejamento urbano, a tendên- Desse modo, o Estado Novo utilizava-se da ideologia de pro-
cia era encontrar novas soluções para acabar com os cortiços e re- gresso e modernização para obter apoio de intelectuais modernis-
vitalizar os centros comerciais. Os cortiços eram considerados gran- tas e inserir no imaginário social o desejo em se formar o “novo
des males da cidade moderna por apresentarem insuficiência de homem”.
espaço físico, mediocridade de aberturas, ausência de sol, doenças, Integrado a essa ideologia de modernidade e progresso, Jus-
inexistência de instalações sanitárias, promiscuidade, presença de celino Kubitschek absorveu as orientações da Carta de Atenas. Os
vizinhos desagradáveis, além de “enfear” a cidade. empreendimentos realizados pela prefeitura de Belo Horizonte
O discurso higienista e de bem-estar era o pretexto para aca- seguiam os pressupostos formulados por Le Corbusier, já que ha-
bar com os cortiços e construir novas edificações que atendessem via uma estreita aproximação desse arquiteto com o governo de
ao interesse do remodelamento estético da cidade. A segregação Getúlio Vargas, como também com Lúcio Costa e Oscar Niemeyer,
apresentava-se como necessária para que pudesse haver uma re- principais responsáveis pelas obras arquitetônicas e urbanísticas
forma estética urbana. A modernização instituía novas construções encomendadas por Juscelino.
e implementava desapropriações. Os mentores da Carta de Atenas A reforma urbana das ruas e avenidas de Belo Horizonte, tor-
pregavam que a preservação de áreas verdes, praias, lagos, rios era nadas largas, retas e asfaltadas, convergia com o modelo da cidade
uma necessidade, bem como a construção de lagos artificiais. Pró- moderna, abrindo caminho para os automóveis, símbolo emergen-
ximo a essas áreas, era preciso que se reservassem espaços e se te da modernidade. A substituição de paralelepípedos por asfalto
criassem agremiações próprias ao estímulo das práticas esportivas. nas avenidas Afonso Pena, Santos Dumont e Paraná, o aterro e sa-
Todavia, essas novas áreas de lazer e beleza que seriam inseridas no neamento de córregos para construção e prolongamento das aveni-
cotidiano da cidade deveriam ser reservadas aos bairros residen- das Amazonas e Silviano Brandão são demonstrações que se enqua-
ciais, longe da parte central. Sendo assim, tornava-se necessária a dram na reforma urbana prevista pela Carta de Atenas no tocante à
construção de novas vias de acesso. circulação da cidade moderna.
A zona industrial deveria ficar distante da zona habitacional, ha- A Pampulha tinha como objetivo dotar a cidade de uma área tu-
vendo um setor residencial programado e destinado aos operários. rística e de lazer. A Carta de Atenas pressupunha a criação de lagos
Separadas por uma área verde, haveria menos ruído e poluição, artificiais, de áreas verdes para a prática de esportes que tivessem
além de evitar o deslocamento de operários que moravam longe como objetivo compensar a população pelo trabalho desgastante
do trabalho. Para o setor industrial, portanto, deveriam ser planeja- do cotidiano. Todavia, tais áreas dotadas de maior beleza deveriam
das vias de acesso, uma vez que “a velocidade nova dos transportes ser reservadas aos bairros residenciais e afastadas do centro, po-
mecânicos que utilizam a rodovia exige a criação de novas vias ou a rém havendo a criação de nova via de acesso. No caso da Pampulha,
transformação das já existentes”84. houve a construção da Avenida Pampulha (atual Presidente Antô-
Os novos pressupostos de planejamento e remodelação ur- nio Carlos), planejada de acordo com o ideário moderno: grande,
banos da Carta de Atenas também preconizavam medidas de pre- larga e retilínea, com árvores e postes para o seu embelezamen-
servação do patrimônio urbano. A cidade moderna deveria salva- to. Juscelino Kubitschek, desde o projeto inicial da Pampulha, teve
guardar seus valores arquitetônicos, desde que não faltasse com a como objetivo incentivar a construção de residências de luxo ao
higiene. As novas construções não deveriam copiar estilos arquite- redor da lagoa. O conjunto arquitetônico da Pampulha, baseado
tônicos passados, mas, sim, fazer valer a liberdade do arquiteto em na busca da pureza das formas, remodelou e inseriu esteticamente
auto superar-se ao criar novos padrões: “Os valores arquitetônicos Belo Horizonte no mundo arquitetônico internacional. Vê-se nesse
devem ser salvaguardados […] caso se constituam a expressão de caso a enorme contribuição dos novos rumos tomados pela arqui-
uma cultura anterior e correspondam ao interesse geral” (ibidem, tetura, baseados na busca de formas arrojadas. As obras de Oscar
p.52). Niemeyer, Cândido Portinari e Alfredo Ceschiatti, na Pampulha, pos-
É assim que os pressupostos contidos na Carta de Atenas de sibilitaram que o “novo” estampasse a modernidade aos olhos dos
1933, bem como as ideias do arquiteto Le Corbusier, influenciaram cidadãos. Na Pampulha utilizaram-se novas técnicas e materiais de
tanto o Estado Novo quanto Juscelino Kubitschek em seus em- construção como ferro, vidro e betão armado. Houve a interação
preendimentos que visavam à modernidade e ao progresso. do espaço natural com a expressão cultural, seguindo-se, assim, as
bases teóricas do urbanismo contemporâneo.

84 FABRIS, A. Fragmentos urbanos: representações culturais. São Paulo: Nobel, 85 CAVALCANTI, L. Modernistas, arquitetura e patrimônio. In: PANDOLFI, D.
2000. (Org.) Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.
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A construção do Iate Clube como forma de inserir o esporte ordem porque ela é companheira do progresso” (Estado de Minas,
na sociedade urbana, a construção do Museu Histórico de Belo 12.12.1942). A área operária distanciava-se do centro e dos bairros
Horizonte para preservar a memória da cidade e o patrimônio ar- residenciais que abrigavam as classes média e alta. A Pampulha se-
quitetônico se enquadram nas orientações da Carta de Atenas de ria um local privilegiado para a frequência da elite: o Cassino, a Casa
reforma e planejamento urbanos de uma cidade moderna. Também do Baile, o Iate Clube.
a manifestação do projeto higienista moderno estava presente no Em 1942, outras desapropriações ocorreram, como a da Fazen-
discurso de Juscelino, que declarou, quando da construção dos pos- da Dalva, para ser construída a cidade universitária, e terreno na
tos de assistência municipal, que iria “eliminar o degradante aspec- Nova Suíça, para a construção da Escola Técnica Federal87. Saliente-
to da esmola”. -se, porém, que a desapropriação para a construção da barragem
Foi, contudo, inevitável a absorção da segregação espacial e da Pampulha havia sido realizada na administração do prefeito Ota-
das reformas higienistas que se mantiveram presentes desde as cílio Negrão de Lima (1935-1938).
primeiras orientações urbanas do século XIX e que foram impor- Desse modo, o que se pretendeu mostrar foi que a administra-
tadas pelo Rio de Janeiro, por Buenos Aires e por Belo Horizonte. ção juscelinista, apesar de incorporar o discurso de modernidade,
No tocante à construção do Conjunto Habitacional IAPI (Instituto de progresso e atualização, não empreendeu algo inédito, pois impor-
Aposentadoria e Pensões dos Industriários), a questão dos cortiços tou modelos de reforma urbana já difundidos e consolidados em
foi relembrada, pois a Carta de Atenas dava continuidade às teorias outros países e, mesmo, no Brasil, uma vez que, desde o final do
higienistas em relação à estética urbana: século XIX, cidades como Rio de Janeiro, Buenos Aires e a própria
Um conhecimento elementar das principais noções de higiene Belo Horizonte haviam adotado a ideologia de modernidade urbana
basta para discernir os cortiços e discriminar os quarteirões noto- e de planejamento racional. O que a administração juscelinista fez
riamente insalubres. Estes quarteirões deverão ser demolidos. De- foi dar continuidade ao mesmo discurso e modelo administrativo,
ve-se substituí-los por parques […] todavia, alguns desses quartei- não deixando que Belo Horizonte se acomodasse em seu traçado
rões podem ocupar um local conveniente à construção de certos estético urbano. Assim, a absorção do que estava em voga, no caso,
edifícios indispensáveis à vida da cidade. Um urbanismo inteligente as ideias de Le Corbusier, contribuía para incrementar o discurso de
saberá dar-lhes o destino adequado86. modernidade e progresso proferido por Juscelino Kubitschek.
A partir de então, há uma nítida relação com a postura adotada No que se refere à reforma urbana de Belo Horizonte, o estilo
pela administração juscelinista no que se refere à desapropriação adotado por Juscelino Kubitschek foi um preâmbulo do que estava
da Pedreira Prado Lopes. A intervenção do poder municipal, com por vir, especialmente com a construção de Brasília. A influência
o intuito de acabar com as condições de miséria, insalubridade e corbusiana no planejamento da nova capital por Oscar Niemeyer
marginalidade, demonstra a discriminação, provocada pelo modelo e Lúcio Costa se fez notar pelo estilo habitacional de blocos unifor-
racional, com os setores populares, transferindo-os para locais mais mes, pelo uso do ferro e concreto, como também pela intenção,
afastados do centro. O saneamento de áreas pobres e a remoção segregadora, de evitar o processo de favelização que pudesse com-
de habitantes estão contidos na remodelação urbana da cidade mo- prometer a estética urbana. As favelas não foram evitadas com o
derna. A Pedreira Prado Lopes, que sempre fora habitada por um decorrer do tempo, mas localizam-se nas cidades-satélites, já que
aglomerado de operários que extraíram pedras para a construção o planejamento estritamente corbusiano dos arquitetos brasileiros
de Belo Horizonte, tornou-se um hábitat para a população operária evitou que surgissem na área do Plano Piloto da nova capital bra-
e desempregada. Juscelino acabou com as 483 cafuas da Pedreira sileira.
Prado Lopes e determinou a construção, em colaboração com o Ins-
tituto de Aposentaria e Pensões dos Industriários, de um edifício Belo Horizonte Contemporânea Favelas numa Capital Planeja-
em blocos com capacidade para três mil pessoas, entre elas, indus- da e Urbanização em Belo Horizonte. Desafios da Segurança Públi-
triários e funcionários da prefeitura. ca Municipal Patrimônio Cultural de Belo Horizonte
O trecho do discurso que se segue, de Juscelino Kubitschek,
traduz de forma explícita, a análise supra realizada: fonte de discór- Gestão das Favelas em Belo Horizonte88
dia onde vivia um aglomerado de pessoas da mais diversa proce- A cidade de Belo Horizonte foi planejada para ser modelo de
dência e também levando cada um uma vida bem diferente de seu limpeza e símbolo da modernidade e do progresso. Todavia, devido
vizinho. A pedreira, situada além da Lagoinha, mas distante apenas à lógica excludente de seu projeto, fortemente marcado pelos ideais
1 km da cidade, estava mais perto que muitos bairros residenciais. positivistas, teve de se haver com as questões das favelas desde
Gente humilde, trabalhadora, vivia, muitas vezes, no barracão se- antes de sua inauguração até os dias atuais. Ao longo da história
parado do vizinho malandro e desordeiro apenas por frágil parede da capital mineira, as lutas faveladas tiveram momentos distintos,
de tábuas ou latas. A promiscuidade, a falta de ordem, a contínua relacionados com o momento político do país e com o caráter das
bebedeira imperava nos botequins daquele aglomerado de casas políticas públicas locais. A década de 1990 representa um marco
e eram um perigo para os bons costumes. Raro o dia em que, dos na forma de intervir em vilas e favelas em Belo Horizonte. A partir
morros da pedreira, não descia um ferido e mesmo um cadáver, tais de 1993, começa a se consolidar em Belo Horizonte um modelo de
as brigas em que se empenhavam as pessoas dali.
A remoção para a Vila Operária, construída nas imediações da 87 PLAMBEL.O processo de desenvolvimento de Belo Horizonte: 1897-1972.
Gameleira, demonstra a segregação espacial na qual o zoneamento Belo Horizonte: Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral de Economia
delimita as áreas habitadas relacionando-as com funções socioe- Urbana, 1997.
conômicas específicas, além de manter a ordem e a higienização 88 MOTTA. L. D. Da construção da nova capital mineira ao atual modelo de
urbanas. De cunho positivista, Juscelino Kubitschek “não despreza a gestão de vilas e favelas: notas sobre um estudo de caso do Programa Vila
86 CURY, I. (Org.) Carta de Atenas 1933. In: Cartas patrimoniais. 2.ed. Rio de Viva. http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoshistoria/article/viewFile/P.
Janeiro: Iphan, 2000. 2237-8871.2012v13n19p126/4369
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

planejamento urbano que prevê intervenções de tipo estrutural, com a pretensão de superar a fase de intervenções isoladas e pontuais
em vilas e favelas. Nessa perspectiva, a Prefeitura criou, no fim da década de 1990, o PGE, uma espécie de Plano Diretor de cada favela,
para possibilitar a superação da fase de intervenções pontuais.
É nessa lógica que, no ano 2005, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte faz suas primeiras intervenções estruturais no Aglomerado
da Serra, apresentando o Programa Vila Viva, Intervenção Estrutural em Assentamentos Precários como uma solução inovadora e moderna
para os problemas das vilas e favelas da cidade. Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, pelo Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, pela Caixa Econômica Federal, pelo Governo Federal, pela Prefeitura de
Belo Horizonte e, recentemente, por verbas do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC –89, o Programa Vila Viva consiste em um
conjunto de ações integradas, direcionadas à urbanização, desenvolvimento social e regularização fundiária de vilas e favelas de Belo Ho-
rizonte, visando a promoção de profundas transformações dos núcleos habitacionais onde é implementado90.
As intervenções guiadas por essa concepção de cidade são, muitas vezes, distintas das formas de vida dos moradores das favelas,
transformadas de acordo com os objetivos do Programa. As obras relacionadas ao sistema viário, por exemplo, implicam no alargamento
de vias já existentes (becos são transformados em ruas e avenidas) e abertura de vias (criação de ruas e avenidas); alterações semelhantes
acontecem em decorrência das intervenções de saneamento básico (canalização de esgoto, construção de redes coletoras e de abasteci-
mento de água), que, devido ao cercamento de córregos e à destruição de algumas “pontes”, implicam no fechamento de alguns acessos;
obras de criação de parques (locais destinadas à preservação ou utilização coletiva) também isolam áreas antes utilizadas para passagem,
lazer ou alguma atividade econômica (hortas, plantas medicinais). As intervenções também implicam, muitas vezes, na retirada/transfe-
rência de comércios e outros pontos de referência, como a quadra, o campinho de futebol, a igreja etc.
A pesquisa de campo realizada em dois Aglomerados de Belo Horizonte, onde houve intervenções do Vila Viva, revelam a pretensão
do poder público de concretizar o espaço abstrato (dos mapas, planos e projeto) em detrimento do espaço vivido91, com o objetivo de
controlar, homogeneizar e enquadrar os espaços e a população da favela. Esse objetivo fica ainda mais evidente com a análise da maneira
como os técnicos implementam o Programa Vila Viva no Morro das Pedras (em especial no que se refere ao Projeto Pré-Morar, que prepara
as famílias que serão removidas para o uso “adequado” dos apartamentos nos quais serão reassentadas, devido à realização de obras de
urbanização) e a partir de entrevistas com moradores removidos de suas casas, no Aglomerado da Serra.
A cidade de Belo Horizonte foi planejada para abrigar o novo centro administrativo do estado de Minas Gerais, consubstanciando o
moderno e o progresso em contraposição ao antigo e ao tradicional, marca da então capital Ouro Preto92. O projeto priorizava os aspectos
técnicos e de infraestrutura, como acessos (circulação), abastecimento de água, eletricidade e esgotamento sanitário93. O engenheiro res-
ponsável pelo projeto, Aarão Reis, acreditava que a ciência poderia fornecer os elementos necessários para a construção de uma cidade
moderna, organizada e com funções definidas e localizadas.
No projeto original, a cidade foi dividida em três áreas: urbana, suburbana e rural. A área urbana, delimitada pela Avenida 17 de De-
zembro (atual Avenida do Contorno), tinha como características principais rígidas exigências urbanísticas, traçado simetricamente definido
e ruas largas para favorecer a circulação – o que mostra a influência de Haussmann, engenheiro que projetou Paris. A área urbana seria,
então, destinada aos prédios e espaços públicos e às residências dos funcionários públicos. A outra área, a suburbana, foi pensada para
ser uma região residencial de segunda categoria e, por isso, tinha padrões de urbanização mais flexíveis94. A área rural ficaria na periferia
da cidade e seria uma espécie de “cinturão verde”.

89 PEREIRA, Claudius Vinícius Leite; AFONSO, Andrea Scalon; MAGALHÃES, Maria Cristina Fonseca de. Programa Vila Viva: Intervenção estrutural em assentamen-
tos precários. Apresentado no 17º Encontro Nacional da Anamma, Recife, 2007
90 BRANDENBERGER, Francys. Plano global específico: um instrumento de planejamento urbano em assentamentos subnormais. In: ZENHA, Rosimari; FREITAS,
Carlos Geraldo Luz de (Org.). Anais do Seminário de avaliação de projetos IPT em habitação e meio ambiente: assentamentos urbanos precários. São Paulo: Coleção
Habitare. 2002.
91 LEFEBVRE, Henri. A Revolução Urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

92 GUIMARAES, Berenice. Minas Gerais: a construção da nova capital. Análise e Conjuntura, Belo Horizonte, v. 8, n. 2;3, p. 17-31, maio/dez. 1993.
93 GUIMARAES, Berenice. Minas Gerais: a construção da nova capital. Análise e Conjuntura, Belo Horizonte, v. 8, n. 2;3, p. 17-31, maio/dez. 1993.
94 COSTA, Heloísa. Habitação e produção do espaço em Belo Horizonte. In: MONTEMOR, R. (Org.) Belo Horizonte: espaços e tempos em construção. Belo Horizonte:
CEDEPLAR, 1994.

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Figura 1 – Planta original de Belo Horizonte projetada por Aarão Reis

Fonte: (FICHEIRO..., 2012).

Le Ven (1977) crítica o caráter segregacionista do projeto de Aarão Reis, que estabeleceu padrões para os tipos de construção, crité-
rios para a manutenção da higiene e salubridade da cidade, bem como buscou determinar quais espaços poderiam ser ocupados por quais
grupos sociais. Essa segregação fica evidente ao observarmos o vazio e a ociosidade criados em alguns espaços da área central (antes,
área urbana) que persistem até hoje e, ainda, pela intensa ocupação das áreas rural e suburbana como possibilidade de acesso à moradia
na cidade, uma vez que os lotes dentro dos limites da Avenida do Contorno eram muito caros95 e os padrões para se construir nessa área
eram muito rígidos96.
Todavia, a ocupação intensa das áreas externas à Avenida do Contorno não significou que a população pobre não ocupava o centro. A
construção da cidade necessitou de muita mão de obra, o que atraiu muitos operários, sem que a cidade se preparasse para receber um
fluxo tão grande de pessoas. O projeto da nova capital, portanto, não previu o reassentamento dos moradores do Curral Del Rey nem dos
operários que vieram para sua construção. Diante das tentativas do poder público de restringir a ocupação da cidade, a população pobre
ocupou áreas externas e internas à Avenida do Contorno. Assim, antes mesmo da inauguração, Belo Horizonte já tinha duas áreas ocupa-
das – a do Córrego do Leitão e a do Alto da Estação – que abrigavam três mil pessoas ao todo97. A despeito de ter sido planejada para ser
modelo de higiene, limpeza, beleza e modernidade, Belo Horizonte teve de se haver, desde a sua construção, com questões que emergiram
da lógica excludente de seu próprio projeto. Já em 1902, na tentativa de controlar e evitar que os operários e pobres ocupassem a área
urbana, a Prefeitura cria a Área Operária e realiza as primeiras remoções de favelas na cidade.
Porém, mesmo com a criação e delimitação da Área Operária, as ocupações se espalharam pela cidade, devido ao aumento do núme-
ro de pessoas pobres vindas do interior do estado. Durante os primeiros 30 anos da capital, o poder público realizou uma série de remo-
ções, o que não colocou fim ao problema, pois as famílias removidas sempre procuravam outras áreas mais desvalorizadas ou nas quais
havia necessidade de mão-de-obra. Essa dinâmica viciosa, que destinava à população pobre os espaços mais distantes do centro e dos
equipamentos públicos ou aqueles mais próximos do centro e desvalorizados (geralmente por terem uma topografia acidentada), persistiu
da época das obras de construção da cidade até o início da década de 1930.
A partir da década de 1930 até os dias de hoje, a organização e as ações dos movimentos sociais e de moradores de favelas de Belo
Horizonte, assim como as políticas e ações públicas direcionadas às favelas, estão estreitamente relacionadas ao momento histórico,
político e econômico vivido pelo país.
Na primeira metade da década de 1930, por exemplo, as lutas da população periférica se intensificaram, influenciadas pela organiza-
ção das bases populares da Aliança Libertadora Nacional e também pela criação da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Nesse período,
o Estado realiza ações no sentido de flexibilizar as exigências para a criação de Áreas Operárias e de controlar a especulação imobiliária
95 idem
96 AFONSO, Mariza Rezende; AZEVEDO, Sérgio de. Poder público e movimento de favelados. In: POMPERMAYER, Maiori (Org.). Movimentos Sociais em Minas
Gerais: emergência e perspectivas. Belo Horizonte: UFMG, 1988.
97 GUIMARAES, Berenice Martins. Favelas em Belo Horizonte: tendências e desafios. Análise e onjuntura, Belo Horizonte, v. 7, n. 2;3, p. 11-18, maio/dez. 1992.
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e os loteamentos irregulares. No entanto, a partir de 1937, com a planejamento e da execução, atingindo 70 mil pessoas. Apesar de
implantação do Estado Novo, a Prefeitura dá início a uma política de reconhecer o direito da população favelada a permanecer nessas
erradicação das favelas, passando a tratar a questão como caso de áreas, o programa não realizou a legalização e titulação das áreas
polícia e a vincular a imagem dos favelados à ideia de perigo. São ocupadas.
realizadas diversas remoções (mesmo de favelas fora da Avenida Uma grande vitória dos movimentos sociais de Belo Horizon-
do Contorno), justificadas pela necessidade de obras urbanísticas te ligados à luta pela moradia e pela melhoria das condições nas
em benefício da coletividade98. Só não foram removidas as favelas favelas foi a aprovação da Lei n° 3.532, de 6 de janeiro de 1983,
nas quais era difícil a realização de obras urbanísticas e aquelas que que criou o Programa Municipal de Regularização de Favelas (PRO-
não interessavam ao mercado imobiliário. Porém, essas remoções -FAVELA). A lei do PRO-FAVELA, ao reconhecer o direito dos fave-
não se deram sem resistência; muitas famílias faveladas, ao serem lados de terem a propriedade de suas moradias, representou uma
removidas, ocupavam uma nova área, como foi o caso da Barroca, grande vitória. Mas, apesar de ter sido criado em 1983, ele só foi
que sofreu sucessivas remoções e foi se reconstruindo, diversas ve- regulamentado um ano depois, após muita pressão dos movimen-
zes, sempre ao longo da Avenida Olegário Maciel. tos sociais e da Pastoral das Favelas, pela da lei 4.762, de 10 de
Mesmo com toda repressão, as políticas e ações para remoção agosto de 1984. Para implementar o PRO-FAVELA, a Prefeitura criou
das favelas não conseguiram controlar o crescimento do número de a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL), que seria, a
áreas ocupadas, que se intensificou na segunda metade da década partir de então, o principal órgão para efetivação do programa; e,
de 1940, devido a um quadro que combinava redemocratização, posteriormente, passa a ser o órgão responsável pela política urba-
aumento da população e fortalecimento dos movimentos sociais. na em vilas e favelas do município de Belo Horizonte.
Mas é em meados da década de 1950, auge do populismo, que Nesse momento de reafirmação e conquistas dos movimentos
o poder público começa a tratar a questão das favelas como proble- sociais em Belo Horizonte – que coincide com o processo de mobi-
ma social, apesar de continuar a removê-las e tentar acabar com lização da Assembleia Nacional Constituinte de 1988 – é extinta a
elas. Em Belo Horizonte, foi criado o Departamento Municipal de CHISBEL (marco da concepção de desfavelização), sendo criada a
Habitação e Bairros Populares (DBP), que tinha como função cons- Secretaria Municipal de Ação Comunitária. Outro passo importante
truir habitações para famílias retiradas de favelas. Essa mudança na para os movimentos favelados foi a criação da Federação de Mora-
forma de atuação do poder público estava fortemente relacionada dores de Bairros, Vilas e Favelas de Belo Horizonte (FAMOBH), que
com a atuação intensa dos movimentos populares em Belo Horizon- tinha como objetivo principal congregar as associações de morado-
te naquele período, marcada pelas várias ocupações de terrenos res, na tentativa de unificar suas lutas100.
particulares e pela criação de várias organizações, como as Asso-
ciações de Defesa Coletiva (ADC) e a Federação dos Trabalhadores Década de 1990: início do atual modelo de gestão das vilas e
Favelados de Belo Horizonte, criadas em 1955. As ADC foram um favelas da cidade
importante instrumento para reivindicação de direitos e para resis- É no bojo do momento político da Constituinte (final da
tência a remoções de favelas, que, como outras organizações fave- década de 1980), da aprovação da Lei Orgânica do Município de
ladas da época, contou com o apoio da ala progressista da Igreja Ca- Belo Horizonte em 1990 e das administrações progressistas pós-
tólica. É nesse contexto que se realiza, no ano de 1963, o Primeiro 88, que a coligação Frente BH Popular, encabeçada pelo PT, vence
Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana, que culminou as eleições municipais de 1992 e assume a Prefeitura de Belo
na proposta do Governo do Estado de Minas Gerais de, pela pri- Horizonte.
meira vez, construir conjuntos habitacionais para as populações das As propostas dessa gestão são marcadas pela participação po-
favelas e urbanizar algumas vilas e favelas. pular na construção do programa de governo, que tem como uma
Em 1964, com o Golpe Militar, as ações públicas voltadas para das questões centrais a habitação, abrangendo as questões do défi-
as vilas e favelas são sufocadas e os movimentos sociais e associa- cit habitacional, dos sem casa e das vilas e favelas.
ções são reprimidos, lançados na ilegalidade e impedidos de atuar. As duas principais e mais importantes marcas da Política Mu-
Os favelados, bem como suas ocupações e associações, passam nicipal de Habitação foram a concepção que insere a moradia num
a ser tratados novamente como problema de polícia. Assim, em contexto mais amplo de direito à cidade e a preocupação com um
1971, no auge da repressão militar, é criada a Coordenação de Habi- planejamento integrado no qual as ações e intervenções não fos-
tação de Interesse Social (CHISBEL), órgão que realizou, entre 1971 sem mais pontuais, numa tentativa de otimizar e não desperdiçar
e 1983, intervenções em 423 áreas da capital, removendo 10 mil recursos e ações do poder público101. A gestão do PT na Prefeitura
barracos e 44 mil pessoas99. de Belo Horizonte inaugurou, então, uma maneira de intervir nas
A partir de 1975, sobretudo por intermédio da Pastoral das vilas e favelas da cidade que vigora até hoje. A ideia e a crença em
Favelas da Igreja Católica, as entidades faveladas começaram a se um planejamento articulado e global102 nortearão as ações do exe-
reestruturar e se reorganizar. A rearticulação dos movimentos so- 100 SOMARRIBA, Maria das Mercês Gomes; VALADARES, Maria Gezica; AFON-
ciais, somada às catástrofes causadas pelas chuvas de 1979 e 1982, SO, Mariza Rezende; Fundação João Pinheiro. Lutas urbanas em Belo Horizonte.
levou o poder público estadual a modificar a forma de atuação em Petrópolis: Vozes, 1984.
vilas e favelas. Em 1979, foi criado o Programa de Desenvolvimento 101 BEDÊ, Mônica. Trajetória da Formulação e Implantação da Política Habitacio-
de Comunidades (PRODECOM), da Secretaria de Estado de Planeja- nal de Belo Horizonte na Gestão da Frente BH Popular: 1993-1996, 2005. [302]f.
mento e Coordenação Geral, que, em parceria com a CHISBEL e o Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências da Universidade
PLAMBEL, realizou intervenções em 11 áreas de favelas, priorizando Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
a participação dos moradores, por meio de mutirões, na fase do
98 GUIMARAES, Berenice Martins. Favelas em Belo Horizonte: tendências e de- 102 MARICATO, Ermínia. Brasil 2000: qual planejamento urbano? Cadernos
safios. Análise e onjuntura, Belo Horizonte, v. 7, n. 2;3, p. 11-18, maio/dez. 1992. IPPUR, Rio de Janeiro, Ano XI, n. 1/2, p. 113-130, 1997.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

cutivo municipal durante toda a década de 1990 – sobretudo por cos para o parcelamento, uso e ocupação do solo dessas zonas que
intermédio da URBEL. Uma das principais características do plane- guardam fortes semelhanças com as normas que vigoram para a
jamento inaugurado (utilizado e aprimorado até os dias de hoje) é cidade formal. Em outras palavras, foi utilizada a mesma lógica que
o seu enfoque holístico, a confiança depositada na técnica e a cen- rege a organização do espaço da cidade “formal”, apenas adapta-
tralidade da figura do Estado no planejamento, por meio de seus da para garantir que as populações e os espaços das vilas e favelas
próprios técnicos e consultores terceirizados. A esse planejamento, fossem controlados, geridos e organizados, na tentativa de modi-
que é uma herança do positivismo, Maricato (2000) chamou de mo- ficá-los para que se assemelhassem cada vez mais aos da cidade
dernista. “normal” ou “formal”. Conforme Lefebvre (1999), a práxis dominan-
Um marco importante na política urbana de Belo Horizonte foi te sempre tenta capturar os espaços diferenciais produzidos, como
a aprovação do Plano Diretor (Lei nº 7125, de 27 de agosto de 1996) aqueles dos subúrbios.
e da Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo Urbano (Lei nº Para implementar essa perspectiva de planejamento, a partir
7166, de 27 de agosto de 1996). No mesmo ano em que o Plano de 1997, a Prefeitura de Belo Horizonte institui o PGE como instru-
Diretor foi instituído, é sancionada a Lei de Parcelamento, Uso e mento de política pública para as, tornando-o uma exigência “para
Ocupação do Solo Urbano de Belo Horizonte, que “estabelece as aprovação de intervenções financiadas com recursos do OP.”103. O
normas e as condições para parcelamento, ocupação e uso do solo PGE é uma espécie de plano diretor de cada vila ou favela que abor-
urbano no município” (BELO HORIZONTE, 1996), definindo parâme- da os aspectos jurídico-legal, sócio organizativo e físico-ambiental,
tros, requisitos e normas técnicas para loteamentos e construção procurando realizar um diagnóstico integrado, bem como construir
de edificações (comerciais, industriais e habitacionais). uma escala de prioridades entre as intervenções levantadas. Seu
Um dos pontos essenciais dessa Lei para a definição das inter- principal objetivo é elaborar um diagnóstico integrado de cada ZEIS,
venções e formas de utilização do espaço urbano é o zoneamento criando “uma base de informações e de referência no contexto de
de Belo Horizonte, que consiste na divisão da cidade em zonas com uma política de investimentos progressivos, visando a consolidação
características físicas, ambientais e sociais semelhantes, buscando dos assentamentos e a superação das fases de intervenção pontuais
definir a “vocação” dos diferentes espaços para os diferentes fins. e desarticuladas.”104.
A classificação dos espaços da cidade limita e/ou determina as pos- Isso significa que todas as comunidades situadas em ZEIS só
sibilidades de utilização deles. É importante perceber que os crité- podem reivindicar recursos e obras se tiverem um PGE referente
rios para a classificação de uma área ou região em uma zona são, à sua vila ou favela, ou seja, essa exigência condicionou as inter-
basicamente, as características físicas naturais, de infraestrutura e venções e reivindicações dos locais a um estudo técnico, holístico
de modo de ocupação. A partir dessa classificação, são criados pú- e que pretende dar conta de todas as necessidades de um deter-
blicos alvo relacionados a cada zona, que deverão “receber” deter- minado local, além de garantir que em todas elas sejam seguidas
minadas políticas e intervenções que visam determinado fim. os mesmos critérios para levantamento de dados e proposição de
Numa retomada histórica, é importante lembrar que as primei- intervenções. Assim, a Prefeitura de Belo Horizonte, por intermédio
ras legislações municipais que criaram áreas ou zonas de interesse do zoneamento e do PGE, implanta um tipo de intervenção que via-
especial datam da década de 1980. O objetivo era flexibilizar e criar biliza, nas ZEIS, a concretização do espaço abstrato/planejado em
formas alternativas às leis de parcelamento do solo vigentes para detrimento do espaço vivido105. Ao colocar um plano, um planeja-
os assentamentos “normais” e regulares, com vistas a atender às mento como condição para a realização de melhorias e garantia de
especificidades de assentamentos como vilas e favelas. Em Belo infraestrutura básica, o poder público exclui das suas possibilidades
Horizonte, cidade pioneira (ao lado de Recife) na criação de uma de ação o atendimento às demandas que surgem cotidianamente.
legislação específica para vilas e favelas, o PRO-FAVELA, de 1983, Mesmo após mais de 10 anos de instituição do PGE como
representou uma vitória para os movimentos que lutavam por mo- condição para a realização de intervenções nas vilas e favelas, há
radia e pela reforma urbana. Esse programa reconheceu o direito comunidades que ainda não o concluíram, o que significa que, nes-
de permanência dos moradores em áreas ocupadas e previu a defi- ses locais, não houve intervenções estruturais, mesmo com a ne-
nição de critérios urbanísticos específicos para cada assentamento cessidade de certas obras. Portanto, o poder municipal criou uma
precário e informal, por intermédio da criação do Setor Especial-4 condição para a realização de intervenções, mas transferiu para
(SE-4), que definia as áreas de vilas e favelas. Assim, a delimitação cada comunidade local a obrigação e a responsabilidade de obter
das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), feita pelo zoneamen- recursos para a produção do PGE, um documento extenso, técnico
to da cidade pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, em e complexo, que, por essas características, exige um tempo grande,
1996, veio especificar e delimitar as áreas que poderiam ser urba- contratação de técnicos e uma quantia elevada de recursos para ser
nizadas, a partir de critérios específicos; transformou em ZEIS as elaborado. Com a obrigatoriedade do PGE para cada vila e favela, a
áreas que haviam sido classificadas anteriormente como SE-4. Prefeitura “força” as comunidades a decidirem pela aplicação de re-
Se, por um lado, a reivindicação dos movimentos sociais por cursos do OP na elaboração do Plano, garantindo, dessa forma, que
parâmetros específicos de urbanização de vilas e favelas visava a 103 PEREIRA, Claudius Vinícius Leite; AFONSO, Andrea Scalon; MAGALHÃES,
ampliar e criar instrumentos para exigir do poder público melhores Maria Cristina Fonseca de. Programa Vila Viva: Intervenção estrutural em assen-
condições nessas áreas, é interessante, por outro, pensar as ZEIS tamentos precários. Apresentado no 17º Encontro Nacional da Anamma, Recife,
(bem como as SE-4 da década de 1980) como um mecanismo de 2007.
controle dos espaços da cidade e de distinção entre eles; um me- 104 PEREIRA, Claudius Vinícius Leite; AFONSO, Andrea Scalon; MAGALHÃES,
canismo que identifica e marca os espaços e as populações que os Maria Cristina Fonseca de. Programa Vila Viva: Intervenção estrutural em assen-
ocupam, definindo tipos específicos de políticas para cada um de- tamentos precários. Apresentado no 17º Encontro Nacional da Anamma, Recife,
les. Além disso, a proposta é questionável, pois mesmo que a cria- 2007.
ção da ZEIS preveja a flexibilização dos parâmetros urbanísticos, a 105 LEFEBVRE, Henri. La Production de L’espace. 4. ed. Paris: Anthropos, 2000.
revisão da Lei nº 71666/96, em 2000, estabeleceu critérios específi-
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todas as vilas e favelas serão diagnosticadas e planejadas a partir captação de recursos junto a agências financiadoras – como a Cai-
dos mesmos critérios, sem que isso implique em um investimento xa Econômica Federal, o BID, BNDES108 – para execução das obras
maior. previstas nos
Além da dificuldade para elaboração do PGE e da padroniza- PGE. Sendo o Vila Viva um programa para implementação das
ção que ele impõe, cabe mencionar outros problemas relativos aos propostas dos PGE (obrigatórios para todas as vilas e favelas), es-
critérios para sua elaboração. O primeiro refere-se à participação ses dois elementos parecem compor um mecanismo que constrói
restrita da comunidade na elaboração, que se restringe à partici- a ideia da necessidade de se planejar a cidade dentro de uma con-
pação de um Grupo de Referência (GR), composto, basicamente, cepção de planejamento e de urbanismo calcada no conhecimento
pelas lideranças locais, formais e informais; o pressuposto aceito técnico-científico, independente das discussões políticas e sociais
é que há um grupo mais apto e preparado para fornecer e obter que perpassam os problemas urbanos.
informações.106 Outro problema do PGE é que a linguagem utili- O Programa Vila Viva, elaborado pela Prefeitura Municipal de
zada privilegia a utilização de termos e conhecimentos técnicos e Belo Horizonte, por intermédio da URBEL, é vinculado à Política
específicos; a linguagem técnica, além de ser um obstáculo à com- Municipal de Habitação e consiste em um conjunto de ações inte-
preensão daqueles que não a dominam, é uma limitação simbólica, gradas, direcionadas à urbanização, ao desenvolvimento social e à
pois o formato técnico desqualifica e deslegitima outros projetos, regularização fundiária em vila e favelas de Belo Horizonte, além
visões e formas de expressá-los107. Um terceiro problema consiste de procurar integrar outras políticas públicas para essa parcela da
na determinação dos aspectos a serem considerados na elaboração população. As intervenções em vilas e favelas de Belo Horizonte, no
do PGE, pois, ao determinar o que deve ser diagnosticado, o poder âmbito do Vila Viva, se iniciaram em 2004, no Aglomerado da Serra,
público define um recorte que prioriza determinados aspectos em região centro-sul – a região mais nobre da cidade. De acordo com
detrimento de outras demandas. O grande espaço de tempo entre informações do portal eletrônico da Prefeitura de Belo Horizonte,109
as fases da obtenção de recursos no OP, levantamento, conclusão estão em curso intervenções nos aglomerados da Serra e Morro das
dos estudos e realização das obras também se constitui como um Pedras, assim como nas vilas Califórnia, São José, Pedreira Prado
problema; no momento da realização das obras previstas pelo PGE, Lopes e Taquaril.
há um desencontro entre o projeto – baseado na realidade de um Os critérios utilizados pela URBEL para a escolha das vilas e fa-
momento específico – e a realidade de fato, que é transformada e velas que receberam as obras do Vila Viva não são claros. Ao contrá-
construída diária e cotidianamente. Outro problema é a fragmen- rio do que se poderia supor, os primeiros locais a receberem o Vila
tação dos estudos e das propostas de intervenção, tanto no que Viva são aquelas favelas que, em comparação com outras, possuem
refere aos eixos (físico-ambiental, sócio organizativo e jurídico-fun- uma melhor situação com relação ao acesso a equipamentos sociais
diário) quanto às etapas para apresentação dos estudos; o fato de (saneamento, creches, escolas, postos de saúde etc.). Movimentos
que a construção daquele espaço é resultado do entrelaçamento e sociais denunciam que os critérios para a escolha das vilas e favelas
da interdependência dos vários aspectos é ignorado. são definidos pelo interesse do capital imobiliário, que tem como
Assim, o PGE tem como objetivo principal ser um instrumento preferência as regiões mais próximas do centro da cidade110. Assim,
para o poder municipal efetivar as políticas públicas pensadas pelos o objetivo seria melhorar determinadas áreas da cidade, modifican-
urbanistas e não algo a ser apropriados pelas comunidades locais. do a paisagem da favela, os padrões urbanísticos e, principalmente,
É nesse sentido que Lefebvre (1999; 2000) distingue urbanismo de o sistema viário para atender demandas da cidade formal, que pou-
urbano, quando afirma que o urbanismo é uma representação do co mudariam a vida das pessoas das vilas. Das seis primeiras áreas
urbano e oculta a verdadeira lógica urbana; é a pretensão do Estado onde foram realizadas as primeiras obras do Vila Viva, em três serão
de concretizar o espaço abstrato – aquele dos mapas, planos e pro- abertas grandes vias para viabilizar o trânsito de regiões nobres e
jetos, uma abstração do que é vivido no cotidiano. Esse urbanismo importantes da cidade.
carrega as marcas da era industrial, uma vez que pretende planificar Para a realização das obras, o Vila Viva prevê a desapropriação
e uniformizar o espaço, procurando subsumir outros projetos para de casas e remoções de famílias, que ocorrem por dois motivos: re-
o urbano e impedir a emergência de outras centralidades, caracte- tirada de área de risco geológico (deslizamento de terra, enchente,
rística essencial do urbano. desabamento) ou retirada de trecho de obra, caso em que também
Ademais, a conclusão do PGE não implica, necessariamente, a estão inseridas as famílias vítimas de danos indiretos causados pe-
realização das obras e intervenções previstas. Assim, a origem do las obras (rachaduras, trincas, abalo de estrutura do imóvel etc.).
Programa Vila Viva está diretamente relacionada à estratégia de Em ambos os casos, as áreas de remoção já estão definidas no PGE,
sendo feitos ajustes e acertos no projeto executivo de cada área
a receber intervenção. No que se refere à indenização, as opções
dadas às famílias removidas são três: 1) indenização pelas benfeito-
106 As características do processo de elaboração do PGE (como também no pro- rias realizadas na casa, que consiste na avaliação da qualidade dos
cesso do OP), no que se refere à participação das comunidades, estão inseridas materiais utilizados na construção, mas ignora a localização do ter-
em um contexto mais amplo, do início da década de 1990, em que a ideia de go- 108 Além de estabelecerem critérios e metas, esses órgãos financiadores operam
vernança ganha destaque e passa a ser uma exigência de agências internacionais numa lógica que privilegia os resultados, sobretudo quantitativos. Essas agências
como o BID e o FMI. De acordo com Zhouri (2008), governança remete à ideia de estipulam prazos para a conclusão das ações que apoiam, o que também é uma
gestão, realizada a partir de um consenso que abstrai a dimensão das relações de maneira de limitar as ações e induzir ao cumprimento das metas, mesmo que isso
poder presentes nos processos sociais. comprometa a qualidade. Assim, as chances da comunidade interferir para modifi-
107 ZHOURI, Andréa. Justiça Ambiental, Diversidade Cultural e Accountability: car ou ao menos ajustar/adaptar os projetos e planos ficam ainda mais reduzidas.
desafios para a governança ambiental. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 109 Disponível em: <www.pbh.gov.br>. Acesso em: 04 abr. 2012.
23, n. 68, p. 97-107, out. 2008. 110 Ver, por exemplo, o Manifesto Vila Viva ou Vila Morta, disponível em: <http://
prod.midiaindepende nte.org/pt/blue/2008/10/429697.shtml>.
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reno e o tamanho da casa, o que deixa o valor da indenização muito minha família está aqui, minha mãe mora aqui perto. Eu tinha que
baixo; 2) compra de uma casa pela prefeitura no valor de até R$ ficar aqui mesmo! (Moradora do Morro das Pedras há 23 anos, re-
30.000,00 à escolha da família, o que implicaria na saída da favela movida devido a danos causados por obra do Vila Viva à sua casa).
para alguma área da região metropolitana afastada do centro, pois Uma moradora que foi removida do Aglomerado da Serra, ti-
com esse valor não é possível comprar uma casa em Belo Horizonte; nha uma indenização muito baixa e queria permanecer no Aglome-
3) um apartamento na favela de origem, construído no âmbito do rado, afirmou:
Programa Vila Viva. Olha, nós já não queríamos, nós não queríamos vir para cá
Apesar de existirem três opções para indenização, os critérios [o apartamento] não, foi difícil, ninguém quis. Minha filha teve
utilizados para estabelecê-las têm implicações que acabam por síndrome do pânico e ninguém quis ficar aqui não. A gente custou
restringir a possibilidade de escolha dos moradores. O reassenta- a acostumar aqui, porque a gente não conhecia ninguém. [...]. Na
mento autônomo (indenização em dinheiro), ao considerar só as casa que a gente morou lá em cima era mil vezes melhor, porque
benfeitorias, deixa as indenizações muito baixas. No reassentamen- era bem mais espaçosa, terreiro e aquela coisa toda. Aqui, porque
to monitorado, o valor máximo (R$ 30.000,00) é muito baixo para ... chegamos, não conhecia ninguém, a gente já não queria ficar
adquirir uma casa, sobretudo em Belo Horizonte. Os apartamentos aqui, a gente estava muito acostumado com a casa lá em cima, os
se tornam, então, a única chance de permanência no local, o que meninos [os filhos] também. [...]. Eles não queriam muito não, eles
leva muitos moradores a escolher morar nos conjuntos construídos [os filhos crianças] choraram muito quando nós saímos da casa.
na própria favela. A realocação nos apartamentos – espaço distinto Essa menina ali [uma das crianças de 5 anos] vivia pedindo para a
daquele das casas e barracos – implica transformações e mudan- gente voltar para a casinha dela. Até hoje a gente passa lá a gente
ças para esses novos moradores; apesar de terem permanecido no vê o lugar onde foi a casa e ela fala “ali era onde eu morava, eu que-
Aglomerado de origem, vivenciarão situações bastante novas, des- ria voltar para minha casinha.”, quer dizer, eles sentem muita falta.
conhecidas e diferentes das estratégias que criaram para sobreviver (Moradora do Aglomerado da Serra há mais de 30 anos, removida
nesses locais: a laje, o pedaço111, as relações com os vizinhos, o co- de área de risco e reassentada no apartamento).
mércio em conjunto com a casa etc. Essa situação leva à perda de Essa situação evidencia a oposição entre o habitat e o habi-
referências culturais e simbólicas e das relações de vizinhança liga- tar, como definidos por Lefebvre (1999). O habitat, fruto de um ur-
das àquele espaço específico, coisas impossíveis de serem quantifi- banismo nascido no século XIX, restringe o ser humano a alguns
cadas e monetarizadas112. O depoimento de uma moradora revela a atos elementares como comer, dormir e reproduzir-se. “O habitat
importância dessa relação com os vizinhos. foi instaurado pelo alto: aplicação de um espaço global homogêneo
Em questão de vizinhança, eu preferia lá [casa de onde foi re- e quantitativo obrigando o ‘vivido’ a encerrar-se em caixas, gaio-
movida] mesmo. Até porque eu cresci com os meninos vizinhos, las, ou ‘máquinas de habitar’” (p. 81). Ao contrário, o habitar está
que acabou virando minha família, que os irmãos casaram com as associado ao vivido, ao cotidiano, ao concreto, aos significados e
minhas irmãs, minha irmã casou na outra casa. Então, em questão sentimentos atribuídos ao espaço de moradia, para além do utilita-
de amizade eu gostava mais de lá. (Moradora do Aglomerado da rismo do habitat. Nesse sentido, a casa, a morada deve ser encara-
Serra há mais de 40 anos, removida para construção de uma Área da não como um espaço para se dormir, comer e reproduzir, pois o
de Proteção Ambiental e reassentada no apartamento). ser humano tem, além de necessidades, desejos e projetos. Esses
Para os moradores que já tinham o desejo de morar em apar- desejos e projetos geram contradições, fissuras e resistência, coisas
tamento, a remoção não significou uma imposição. Mas, e aqueles das quais o urbanismo não dá conta, pois procura ignorá-las ou su-
que queriam permanecer no aglomerado, tinham indenizações bai- perá-las, por meio da homogeneização.
xas e não queriam morar em apartamentos? Nesse sentido, é im- Ao criar mecanismos para que os moradores removidos es-
portante perceber como, para além dos desejos de cada morador, colham os apartamentos, o Estado, nesse caso representado pela
foi criado um mecanismo para conduzir os moradores a optarem Prefeitura, amplia sua capacidade de controlar a vida das pessoas.
pelos apartamentos. A situação vivida por uma moradora do Aglo- O pagamento de contas, o controle do crescimento da família im-
merado do Morro das Pedras, removida devido a danos causados posto pela limitação do espaço e a falta de espaço para as crianças
por obras do próprio Programa à sua casa, elucida essa questão. demonstram a impossibilidade de se reproduzir, ou mesmo repor,
Eles sempre oferecem, eles sempre oferecem para a pessoa com um apartamento, uma casa da qual não se queria sair. Uma
(pelo menos é a gente fica sabendo) eles sempre oferecem a opção moradora relata as transformações na vida da família decorrentes
ou pegar o dinheiro ou ganhar o apartamento. No meu caso não, da mudança para o apartamento.
eles nem chegaram a oferecer o dinheiro nenhuma hora. [...]. Eu Lá tinha liberdade total, brincava, tinha todos os amiguinhos,
já tinha preferência, mesmo se tivessem falado “você tem a opção conhecia todo mundo, descia e subia o beco não tinha problema
[do dinheiro ou do apartamento]” Eu já preferia o apartamento, nenhum, aí eles acostumaram muito lá. Agora aqui [no apartamen-
porque como o meu barraco era muito pequeno, o dinheiro que ele to] fica difícil porque eles ficam muito preso, porque não pode ficar
valia não dava para comprar uma casa. [...] Com certeza, porque a lá embaixo (Moradora do Aglomerado da Serra há mais de 30 anos,
111 CHAUI, Marilena de Souza. Conformismo e resistência: aspectos da cultura removida de área de risco e reassentada no apartamento).
popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1986. E sobre as contas, acrescenta:
Quando eu morava em casa eu não tinha tanta conta para pa-
112 ZHOURI, Andréa; TEIXEIRA, Raquel. O. S. Paisagens industriais e desterrito- gar como agora, é muita conta. Pra você ter ideia, quando você tá
rialização de populações locais: conflitos socioambientais em projetos hidrelétri- morando numa casa, você só paga sua luz e sua água, quando você
cos. In: ZHOURI, A.; SIANO, D. B. P.; LASCHEFSKI, K. (Org.). A insustentável está morando no apartamento, você tem que pagar condomínio,
leveza da política ambiental: desenvolvimento e conflitos socioambientais. Belo luz, água e alguns gastos a mais que acontece no prédio (Moradora
Horizonte: Autêntica, 2005. do Aglomerado da Serra há mais de 30 anos, removida de área de
risco e reassentada no apartamento).
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Parece que a pretensão é realizar um projeto civilizatório113 que Guardas Municipais no Brasil116
tem como referência, para a produção dos novos espaços de reas- A Constituição Federal (CF), de 1988, apresentou em seu art.
sentamento, o modelo urbano da cidade formal em detrimento da 144, a segurança pública como “dever do Estado, direito e respon-
organização do espaço produzida na favela. Como afirma Rebouças sabilidade de todos”. Nos termos do artigo, os órgãos responsáveis
(2000), persiste a ideia de que a produção de novos espaços com pela segurança pública, são: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Fe-
referência em outros padrões possa transformar e melhorar as rela- deral e Polícia Ferroviária Federal, subordinadas à União; Polícias
ções sociais e o padrão de vida da população reassentada. Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, subordina-
A visão da Prefeitura, da URBEL e dos técnicos sociais, expres- dos aos entes federativos; e, de maneira auxiliar, as Guardas Muni-
sa nas reuniões do Projeto Pré-Morar com os moradores, nas con- cipais. Conforme a redação do artigo, os prefeitos de cada municí-
versas informais e nos jornais de divulgação das obras, é de que pio podem optar por instituir, ou não, as guardas municipais, com
os apartamentos são a melhor opção de reassentamento. Um dos a função de proteção do patrimônio público municipal. A temática
técnicos sociais afirmou que os apartamentos significarão um salto da segurança pública, que era tradicionalmente competência dos
na qualidade de vida dos moradores, tendo em vista a qualidade governos estaduais, a partir das atividades das polícias militares e
das casas em que moravam; que os moradores, devido ao apego à civis, mudou a partir da CF de 1988, trazendo a possibilidade de
casa de origem, podem até não perceber isso em um primeiro mo- ampliação de atribuição a partir da instituição das guardas munici-
mento, mas que, no futuro, eles verão. Por isso, todo o trabalho dos pais. Nesse sentido, a função social das guardas municipais no Brasil
técnicos sociais está pautado nessa certeza, a partir da qual tentam, foi definida pela Constituição de 1988, de preservação dos próprios
de acordo com seus próprios termos, fazer um trabalho de conven- municipais. No entanto, essas organizações apresentaram outras
cimento do morador para conscientizá-lo das vantagens de morar configurações (MISSE; BRETAS, 2010). A atuação das guardas muni-
no apartamento, que podem não estar claras devido ao apego à cipais aparecia ora como uma polícia comunitária, em que também
casa de origem, ao modo de vida em casa ou até por falta de instru- atuava na repressão ao crime, ora como uma organização que man-
ção. A ideia que os técnicos têm dos moradores da favela reflete a tinha o seu papel tradicional, de preservação do patrimônio público
crença de que eles necessitam de informações e de figuras técnicas municipal.
para orientá-los quanto à melhor escolha a fazer, quanto à melhor A Constituição Federal da República de 1988 no âmbito da se-
forma de morar, quanto ao que será melhor para o aglomerado. gurança pública, foi elaborada por constituintes que traziam con-
Dessa forma, torna-se possível designar os moradores removidos sigo a bagagem autoritária do período ditatorial brasileiro com a
como beneficiários, desqualificando o modo e a condição de vida arquitetura institucional fragmentada militarizada e com a relevan-
em barracos e casas. te atuação das Forças Armadas. O sistema de segurança pública foi
Nesse sentido, as ações do Pré-Morar são emblemáticas no debatido pela Subcomissão de Defesa do Estado, da Sociedade e de
que se refere ao acionamento do discurso técnico para justificar sua Segurança, que era ligada à Comissão da Organização Eleitoral
posições, decisões e percepções, principalmente nos momentos de Partidária e Garantias das Instituições. De acordo com Fontoura, Ri-
questionamentos, conflitos e problemas com os moradores. Nessa vero e Rodrigues (2009), essa foi a primeira vitória das Forças Arma-
tentativa de conferir neutralidade às suas ações e legitimá-las, as das no processo de elaboração da Constituição. Os integrantes das
práticas culturais são contrapostas ao discurso técnico, sendo, ge- Forças Armadas eram interessados na manutenção dos aspectos
ralmente, classificadas como irracionais, ignorantes, sem que seja militares já constituídos, como o serviço militar obrigatório, a juris-
assumida a conotação moral que perpassa esse discurso técnico114. dição especial para crimes de natureza militar, além da manutenção
A lógica pela qual os técnicos operam “superficializa e esvazia as das Polícias Militares e da subordinação dessas ao Exército.
práticas sociais, destituindo-as de seu sentido”115; eles associam, Em contrapartida, o movimento de esquerda pela cidadania,
àqueles moradores que não compartilham de suas visões, imagens pelo Estado democrático, e grupos mais progressistas não tinham
de carência de informação e, sobretudo, de formação, tentando, uma proposta homogênea para a temática de segurança pública e
dessa forma, anular as formas autônomas de agir e pensar. para as polícias. Alguns defensores dos direitos humanos, profissio-
nais da área, como juristas da área criminal levantavam a bandei-
ra da desmilitarização da polícia, no entanto, a proposta não tinha
consenso e não foi objeto de grandes investimentos por parte desse
grupo. Dessa forma, não se observou uma esquerda participativa
113 REBOUÇAS, Lidia Marcelino. O Planejado e o Vivido: o reassentamento de para evitar a continuidade do regime militar e repensar as polícias,
famílias ribeirinhas no Pontal do Paranapanema. São Paulo: AnnaBlume/FAPESP, que foram essenciais para a manutenção do regime anterior e deve-
2000. riam ser repensadas para atuarem no Estado democrático.
Neste cenário, a discussão foi mobilizada e defendida pelos
114 SIENA, Mariana. Remoção de Famílias das Áreas Consideradas de Risco: atores que buscavam a manutenção do arranjo institucional do pe-
a técnica de fazer viver e deixar morrer. Trabalho apresentado na 34º Encontro ríodo ditatorial. Com o fim da ditadura brasileira, as Forças Armadas
Anual da Anpocs, tinham preocupação com as questões de segurança nacional e com
Caxambu, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a segurança pública, por isso era interessante que elas permaneces-
2010. sem razoavelmente juntas. O papel dos militares na elaboração da
115 VARGAS, Maria Auxiliadora R. Construção Social da Moradia de Risco: constituinte foi decisivo para a forma final do texto.
trajetórias de despossessão e resistência – a experiência de Juiz de Fora/MG.
2006. 160 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional). Instituto 116 CARDEAL, Camila Costa. De guarda patrimonial a polícia municipal: a guar-
de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio da municipal de Belo Horizonte e o seu processo de institucionalização. 2018. 181
de Janeiro, Rio de Janeiro. f. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) - Escola de Governo Profes-
sor Paulo Neves de Carvalho, Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte, 2018
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É importante ressaltar que a CR de 1988 trouxe pela primeira além das discussões sobre o porte de arma de fogo. E devido a esse
vez um capítulo dedicado a segurança pública, o terceiro capítulo dissenso que o município aparece de forma restrita na área da se-
de título V — Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. gurança pública ficando facultada ao gestor municipal a criação, ou
E positivo o fato da temática se inserir na defesa do Estado e das não, de uma Guarda Municipal. Nesse sentido, é possível entender
instituições democráticas. Em contrapartida, a segurança pública a Constituição de 1988, como um dispositivo que estabeleceu a atri-
está sob o mesmo título das questões de segurança nacional, como buição da segurança pública para os governos estaduais, aos quais
defendido pela coalização governista da constituinte, o que indica as polícias estão subordinadas e aos municípios ficou a possibili-
a falta de clareza entre uma e outra que esteve presente durante a dade de constituir guardas municipais, limitadas à preservação dos
ditadura militar brasileira. Isso contribuiria para a inadequada visão próprios municípios e impedidas de atuar na defesa dos cidadãos
da segurança pública não como serviço público para o cidadão, mas (FONTOURA• RIVERO; RODRIGUES, 2009).
voltada para garantir a segurança do Estado desde o início do pe- Contudo, o cenário após a democratização revelou que as
ríodo democrático. transformações com a Constituição não acarretaram mudanças
A passagem do período ditatorial brasileiro para o Estado de- significativas na segurança pública, diferente do que ocorreu em
mocrático trouxe uma desconfiança em relação ao Estado. A pre- outras áreas, em que foi presente a tendência de municipalização
sença autoritária e controladora, característica de ditaduras mili- (como na saúde e educação). Esse fenômeno levantou, novamente,
tares, continuou a se reverberar na área da segurança pública: “a o tema da descentralização (MISSE BRETAS, 2010).
dimensão negativa do Estado encontrou sua forma mais evidente e A partir dos anos 2000, começou a se desenhar uma atuação
sua representação mais próxima do passado autoritário exatamen- integrada entre as forças de segurança pública. Na esfera federal,
te na área de segurança pública, nas polícias militares, judiciárias e houve a criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SE-
na federal” (MISSE; BRETAS, 2010, p.9). Assim, o afastamento dos NASP) em 1995, a criação do Conselho Nacional de Segurança Públi-
militares, juntamente com o aumento da violência urbana, levou a ca (CONASP) e a elaboração do Plano Nacional de Segurança Pública
população a colocar em xeque o papel das polícias, mobilizando or- em 2000. Esse último estabeleceu o Fundo Nacional de Segurança
ganizações da sociedade civil para buscarem modelos alternativos Pública (FNSP). A criação da SENASP, do CONASP, a construção do
para a seara da segurança pública (BRETAS; MORAIS, 2009). Plano Nacional de Segurança Pública, juntamente com o FNSP mar-
No entanto, ao longo do período de redemocratização ficou caram um processo de alargamento e multidimensionalidade dessa
evidente a permanência dos traços autoritários da ditadura militar temática e de criação e ampliação das guardas municipais (KAHN
brasileira. A CF de 1988 foi elaborada por constituintes que traziam ZANETIC, 2009). O Plano Nacional de Segurança Pública (2000), em
consigo os resquícios do autoritarismo, do militarismo, além da for- seu capítulo IV, apresenta o tema: Reformas substantivas na esfera
te presença das Forças Armadas. A temática da segurança pública municipal: segurança pública no município a Guarda Municipal para
estava incluída na ‘Subcomissão de Defesa do Estado, da Sociedade tratar da questão.
e de sua Segurança”, ligada à “Comissão da Organização Eleitoral O Fundo Nacional de Segurança Pública foi construído com o
Partidária e Garantias das Instituições”, o que representa a perma- objetivo de apoiar projetos na área de segurança pública. Assim, os
nência dos ideais das Forças Armadas de Defesa do Estado, confor- entes federativos e os municípios podem solicitar verbas ao Gover-
me demonstra Fontoura, Rivero e Rodrigues (2009). Santos (2016) no Federal para desenvolvimento de ações, no entanto, uma das
também chama a atenção para o significado que o próprio nome da exigências para os entes municipais era que existisse a Guarda Mu-
subcomissão revela. nicipal. Contudo, a Lei nº 10.201/01 do FNSP foi alterada pela Lei
O próprio nome da subcomissão já antecipava os conflitos la- no 10.746/03, em 2003, e aqueles municípios que não possuíssem
tentes entre sociedade e Estado e quão difícil seria garantir os di- guardas, mas apresentassem atividades que incentivassem o tra-
reitos civis diante de um legado histórico institucional que priorizou balho de policiamento comunitário, desenvolvessem diagnósticos
por muitas décadas a defesa do Estado em detrimento da seguran- e planos de segurança elou possuíssem Conselho Municipal de Se-
ça individual e social. Logo, a tarefa reservada aos progressistas que gurança, também poderiam pleitear recursos. O que significa a va-
buscavam alcançar mudanças no status quo do setor se mostrava lorização, no âmbito nacional da dimensão preventiva que também
extremamente complexa (SOARES, 2009, p. 10). poderia ser exercida pelos municípios (RICARDO’ CARUSO 2007).
De um lado, havia o desejo dos integrantes das Forças Arma- Também houve investimentos em programas sociais municipais
das de manterem os seus privilégios, assim como a manutenção e que tivessem caráter preventivo e com foco na questão da crimina-
subordinação das polícias militares ao Exército; de outro lado, parti- lidade e violência, o que significa a aposta no potencial preventivo
dos de esquerda e grupos mais progressistas, não elaboraram uma das políticas públicas municipais.
proposta que fosse homogênea para o campo da segurança públi- Esta tendência de crescimento da participação dos municípios
ca. Defensores de direitos humanos e profissionais da área, ainda na segurança coincide internacionalmente com o aparecimento no
que defendessem a desmilitarização da polícia, não possuíam um campo da segurança de teorias como broken windows e policia-
entendimento comum para a proposta de repensar a organização mento comunitário e orientado a problema — teorias que apon-
(FONTOURA; RIVERO RODRIGUES, 2009). Esse cenário possibilitou tam também para a necessidade de incluir outros recursos — além
que características essenciais do regime anterior permanecessem, dos tipicamente policiais — para a solução de problemas criminais
uma vez que a discussão apresentou, em sua maioria, pessoas que (KAHN c ZANETIC 2009, p. 84).
defendiam a manutenção do arranjo institucional, como policiais, Em 2005, observa-se a continuação do esforço de defender a
militares, burocratas e professores vinculados ao Exército (SANTOS, centralidade do papel do município, com o Guia para a prevenção
2016). do crime e da violência, o qual orienta a atuação das guardas mu-
No texto constitucional, a inclusão das guardas municipais nicipais e a Malriz curricular da SENASP, cujo objetivo é contribuir
atraiu discussões sobre quais papéis iriam desempenhar: se atua- para a construção da identidade profissional das guardas. Em se-
vam na proteção do cidadão ou na proteção do patrimônio público, guida, houve a elaboração do Programa Nacional de Segurança Pú-
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blica com Cidadania (Pronasci), em 2007, dirigido pelo Ministério comissão deverão ser providos por membros efetivos do quadro de
da Justiça. Entre os seus princípios, o programa enfatizava a imple- carreira do órgão. Ambos os aspectos demonstram a tentativa da
mentação dos seus mecanismos para a atuação local, o que tam- nova legislação de diferenciar as atribuições das polícias militares
bém atribuiu ao ente municipal a possibilidade de ser responsável e das guardas municipais, “o estatuto das guardas veio exatamen-
pelo combate à criminalidade. Em 2009, ocorreu a I Conferência te para tentar reverter essa referência simbólica e cultural que as
Nacional de Segurança Pública (CONSEG), executada entre etapas polícias militares exercem e a mimetização institucional que des-
municipais, estaduais e, finalizando, com a etapa nacional. Entre pontava como tendência natural” (KOPITTKE 2016, p. 78), com a
princípios e diretrizes que foram estabelecidos estava entre eles a tentativa de que as guardas municipais construam sua própria iden-
consolidação do papel do município como cogestor da segurança tidade organizacional, a partir da formação e da ocupação de cargos
pública. Uma das diretrizes aprovadas foi a regulamentação das de comando.
guardas civis como polícias municipais (IPEA, 2010). Dessa forma, o que se observa a partir da legislação nacional é
No âmbito legislativo, desde 2001, propostas de emendas cons- que há uma tentativa de distanciar as duas instituições, Guarda Mu-
titucionais tramitavam no Congresso Nacional, que tinham como nicipal e Polícia Militar. Nesse sentido, para a construção de guardas
conteúdo a ampliação das atribuições e competências das guardas municipais que possam ter atuação diferenciada das demais insti-
municipais. Os debates sobre o tema centravam em duas principais tuições do campo da segurança pública e possam ser protagonistas
vertentes: a primeira que defendia uma interpretação literal do tex- de novas formas de prover segurança, é fundamental a distinção
to constitucional; e a segunda vertente que interpretava as guar- entre as duas instituições no que diz respeito ao controle estrutu-
das municipais de uma forma mais completa e sistêmica, de acordo ração hierárquica e capacitação (FBSP 2016).
com o contexto que estavam inseridas (CARUSO; ANJOS, 2005). No
entanto, como são instituições públicas, inseridas no texto cons- Alguns números sobre as Guardas Municipais no Brasil
titucional na parte “Da Segurança Pública” as guardas municipais Conforme foi visto, o ano de 2014 apresentou um marco para
vieram encontrando respaldo para continuarem suas atividades de as Guardas Municipais do País em virtude da aprovação da Lei
policiamento a critério e interpretação da lei por parte de cada pre- 13.022/2014. No entanto, a nova legislação estabeleceu um prazo
feito municipal” (CARUSO, ANJOS, 2005, p. 17). Em 2002 foi apre- de dois anos para que tais mudanças sejam implementadas, dessa
sentada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no 534/2002, forma, os dados que serão apresentados a seguir, da última pes-
que dispõe sobre a alteração do art. 144 da Constituição Federal quisa disponível do Perfil dos Estados e dos Municípios Brasileiros
para dispor sobre as competências da guarda municipal e criação da (IBGE 2014) não se pode atribuir eventuais mudanças na estrutura
guarda nacional ainda pendente de aprovação no Senado Federal e funcionamento dessas instituições, em função do novo Estatuto.
(CARUSO• ANJOS 2005) As guardas municipais no Brasil estavam presentes em 1.081
Dessa forma, o que se observa é que tanto no âmbito nacional, dos 5.570 municípios brasileiros, isso corresponde a 19 4% dos mu-
como no municipal houve um aumento na atuação do município nicípios, em 2014. Esse número aumentou ao longo de oito anos,
na temática da segurança pública, a qual foi reconhecida como um em 2006 as guardas municipais estavam em 14 1 0 0 e em 2012
problema social, que não apenas se resolve com a melhoria da in- passou para 17,8% (MUNIC, 2014). Conforme foi observado ante-
fraestrutura das polícias, mas também com investimentos em ou- riormente, um dos fatores desse aumento pode ser o incentivo da
tros setores. SENASP, a partir do Fundo Nacional de Segurança Pública.
No ano de 2014 foi aprovado o Estatuto Geral das Guardas Mu- De acordo com os dados do Índice Mineiro de Responsabilida-
nicipais, pela Lei 13 022/2014. A nova legislação caracteriza as guar- de Social (IMRS), da Fundação João Pinheiro, sobre a existência de
das municipais como instituições de caráter civil, uniformizadas e guardas municipais em Minas Gerais, durante o período analisado
armadas e atribui como competência geral das guardas municipais (2009, 2012 e 2014) os dados poucos se alteraram. Em 2009, 93,7%
a preservação do patrimônio público municipal (art. 40). A aprova- dos municípios mineiros não contavam com guardas municipais,
ção do Estatuto vem com a aposta de uma maior regulamentação sendo que apenas 6,3% afirmaram a existência de guardas muni-
e delimitação das atividades que as guardas municipais já vinham cipais em seus municípios. No ano de 2012, esse valor pouco se
exercendo. O objetivo do Ministério da Justiça é que as guardas não alterou, aumentou um pouco, sendo 93,1% aqueles que afirmaram
confundam suas atribuições e sua identidade institucional com as não possuir guardas municipais e 6,9% afirmaram que existiam. No
das polícias militares (KOPOTTKE 2016). último ano analisado, 2014 93% dos municípios afirmaram que não
Entre as competências específicas (art. 5 0), a Lei, além de contar com guardas municipais e 7% afirmaram a existência.
reforçar a função de zeladoria dos bens, equipamentos e prédios Sobre o uso de armas de fogo pelas guardas municipais não
públicos; também ressalta a função de prevenção e inibição, pela foram identificadas mudanças significativas entre os anos de 2006
presença e vigilância da instituição, de infrações penais ou admi- e 2014. Conforme os dados da Munic (2014) em 2006, entre aque-
nistrativas e atos infracionais que atentem contra os bens, serviços les municípios que responderam que tinham guardas municipais,
e instalações municipais; além de ressaltar atividades preventivas, 16,2% afirmaram que elas utilizavam armas de fogo, isso corres-
desenvolvimento de ações de prevenção primária à violência e ponde a 127 dos municípios, em números absolutos. Em 2012, esse
atuação mediante ações preventivas na segurança escolar, entre percentual passou para 15 4%, correspondendo a 153 guardas mu-
outras competências. nicipais e para 15,6%, em 2014, significando 169 guardas munici-
A nova legislação também reforça em seu art. 12: “E faculta- pais que afirmaram utilizar armas de fogo. É importante ressaltar
da ao Município a criação de órgão de formação, treinamento e que em relação aos dados do IBGE em 2014 0 Estado de São Paulo
aperfeiçoamento dos integrantes da guarda municipal” e ressalta era aquele que possuía o maior número de guardas municipais que
em seu §3 0 que esse órgão não pode ser o mesmo destinado à contavam com a arma de fogo para o desempenho de suas ativida-
formação, treinamento ou aperfeiçoamento das forças militares. des. Enquanto o Estado de Minas Gerais foi aquele que estava entre
Além disso, também é esclarecido em seu art. 15 que os cargos em os estados que não possuíam nenhuma guarda municipal que fazia
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o uso de arma de fogo, assim como os Estados de Rondônia, Amazo- Além disso, como não foi colocada como condição de criação
nas, Roraima, Amapá e Piauí. Realidade que já foi modificada, com a das guardas municipais a presença de especialistas qualificados
utilização da arma de fogo em Belo Horizonte. para formular um projeto de instituição de segurança municipal,
assim como não existia um saber especializado e técnico para coor-
Perfil de atuação, identidade e atividades das guardas muni- denar as novas condições, os prefeitos municipais optaram por
cipais chamar os policiais militares para a condução e gestão do processo
A unidade de análise deste trabalho é a Guarda Municipal de de constituição das guardas, reconhecidos como os únicos especia-
Belo Horizonte, para tal foi necessário compreender o campo de listas em fazer segurança pública (MISSE; BRETAS, 2010) e, assim,
conhecimento pelo o qual já foram consolidados e compartilhados se tornou uma prática comum a presença de policiais militares (da
saberes sobre as guardas municipais no Brasil. Já foi demonstrado ativa ou aposentados) nos postos de comando das guardas munici-
o percurso normativo na instituição, assim como o seu panorama pais, “muitos deles impregnados com as visões mais tradicionalistas
em números no País, nesta seção, o objetivo foi apresentar o que a de segurança pública” (BRETAS; MORAIS, 2009, pág. 160).
literatura revela sobre o perfil de atuação, a identidade e as 29 ati- Esses servidores das polícias estaduais trouxeram para as guar-
vidades das guardas municipais, assim delimitando o estado atual das civis a lógica, as regras e os vícios estruturais de suas institui-
e as contribuições desta pesquisa para a temática da segurança pú- ções de origem, o que, na prática, contribuiu para que as guardas
blica municipal. civis não tivessem identidade própria como órgão municipal de se-
A inclusão dos municípios, a partir da CF de 1988, não trouxe gurança pública (MARIANO, 2004, p. 116).
efetivamente a sua participação na segurança pública, o seu papel A presença de policiais militares no comando dessas institui-
ficou restrito à instituição de guardas municipais e a sua função de ções pode ter acarretado uma confusão sobre a natureza do seu
proteção de bens, serviços e instalações do município. Apesar da trabalho (PATRÍCIO, 2008), assim como na indefinição do seu man-
limitação legal, várias prefeituras criaram Guardas Municipais, com dato, gerando uma ausência de identidade institucional, o que fez
o objetivo de atender às suas necessidades imediatas. No entanto, com que as guardas assumissem diversos formatos e orientações.
o que se observou foi a criação de instituições com atribuições li- Não é raro que algumas instituições quase que reproduzam
mitadas, com uma ausência de regulamentação específica, o que métodos, ideologias e indicadores de avaliação comuns ao universo
repercutiu na ausência de um perfil institucional para a estrutura- policial militar assim como se vejam como uma espécie de “minipo-
ção da organização, além da própria restrição imposta pelas polícias lícia”, sem, no entanto, possuir o respaldo legal que lhe confira o po-
militares (PATRÍCIO, 2008; MARIANO, 2004; BRETAS MORAIS, 2009). der de polícia tão requisitado pelos guardas (PATRÍCIO 2008 p.69).
Dessa forma, foram constatadas implicações na ordem estrutural, Ricardo e Caruso (2007) reforçam que a presença de policiais
identitária e no exercício de sua missão (PATRICIO, 2008, p. 68), as- militares no comando de muitas guardas municipais ajuda a com-
sim como a criação de organizações sem um caráter definido, com preender o motivo da presença de códigos simbólicos a reprodução
variadas personalidades jurídicas e que, muitas vezes, eram próxi- pelos guardas da policial militar, internalizados durante o processo
mas dos modelos policiais (CARUSO; ANJOS, 2005). de formação profissional. Em contrapartida:
Na década de 90, o aumento da criminalidade violenta e da No momento cm que interagem com policiais militares nas ruas
insegurança tomaram conta dos debates públicos enquanto uma da cidade, esta possível “aderência” a uma identidade policial des-
demanda política. Nesse sentido, a temática das guardas municipais morona, já que nesta relação assimétrica, estabelece-se a dualidade
se apresentou na arena pública com questionamentos sobre quais nos (policiais) versus outros (guardas municipais). Os (as) guardas
deveriam ser as suas funções, sobre a expansão do número de guar- vivem, portanto, numa permanente negociação de suas identida-
das, sobre a sua criação, assim como sobre os possíveis modelos des. Ora são “quase-policiais”, ora não sabem o que são (RICARDO
que poderiam adotar e sobre como integrá-las às outras forças de e CARUSO, 2008, p. 108).
segurança pública (MISSE, BRETAS, 2010, p. 10). Soares (2005) apresentou uma análise das guardas municipais,
Esse contexto possibilitou que, na prática das guardas munici- em que ele as entende como instituições sem metas claras e com-
pais, fosse possível observar o exercício de diferentes tipos de atua- partilhadas, que não atuavam segundo padrões comuns e, assim,
ção. Como no policiamento preventivo em escolas municipais, em não apresentavam uma identidade institucional e não haviam sido
parques públicos e no trânsito, e muitas vezes extrapolando suas elemento de questionamento ou alvo de propostas reformadoras.
funções previstas constitucionalmente, com a realização do policia- Soares afirmava que elas também não possuíam organograma bem
mento ostensivo e repressivo, rondas escolares e auxílio à Polícia composto, transparente, com uma dinâmica de fluxos racionaliza-
Militar. Como será visto nesta dissertação, a GMBH também apre- dos e apoiados em um regimento interno disciplinar e funcional.
sentou ao longo de sua trajetória desvios de funções, realizando Assim como não apresentavam hierarquia, cadeia de comando ou
outras atividades para além da proteção dos próprios públicos mu- gerenciamento adequado de informações, controle interno ou ex-
nicipais. Além de realizarem outras atividades, também acabaram terno, nem mecanismos de legitimidade, confiabilidade e eficiên-
incorporando estruturas e unidades militarizadas, com a função cia. Também não era possível identificar nas guardas processos de
de realizarem um policiamento especializado e repressivo em seus recrutamento, de formação e de qualificação orientados por uma
territórios (MARIANO 2004). Como demonstram Ribeiro e Diniz identidade profissional reconhecida. O acesso à tecnologia de infor-
(2014), em seu estudo sobre as atividades realizadas por essas or- mação e comunicação era precário, assim como os equipamentos
ganizações, destacam que algumas delas tentam reproduzir o pa- e a preparação física. Frequentemente, não se observava símbolos
drão de constituição e funcionamento das Polícias Militares, o que distintivos, rituais próprios, uma linguagem particular e uma me-
significa armamento, uniformes e padrão de formação igual ao das todologia de comunicação com a sociedade. Não havia padroniza-
Forças Armadas (que é o que orienta as Polícias Militares). ção dos regimes de trabalho, uniformização nas vestimentas e no
acesso a armamento, assim como não apresentavam treinamento
adequado para utilização de armas de fogo.
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Soares (2005) continuava afirmando que faltava uma política Ricardo e Caruso (2007), em pesquisa realizada com as guardas
de segurança pública municipal em que as guardas municipais fos- municipais do Brasil afirmam que ao estudar o seu funcionamento,
sem protagonistas, a qual elas revelem metas claras e publicitadas, acompanhando suas ações e em contato com seus integrantes, ti-
um horizonte de ação, que lhes sejam determinados um perfil e veram a oportunidade de perceber que cada guarda municipal se
uma identidade institucional, assim como um conjunto de ações. adapta e toma o contorno de acordo com o entendimento de seu
Dessa forma, Mariano afirmava, desde os anos 2000, a impor- comandante. Essa característica leva a dificuldade de se definir a
tância da regulamentação e estabelecimento de um perfil das guar- instituição enquanto guardas profissionais, uma vez que determina
das municipais, ainda que o autor reconheça o desafio de que essas de modo personalista o que é prioritário para a organização, “seus
instituições se apresentem enquanto um novo sistema de seguran- arranjos organizacionais, plano de carreira, formação e aperfeiçoa-
ça pública e que ainda que não estejam constitucionalmente insti- mento profissional, gestão e critérios de avaliação de desempenho
tucionalizadas como polícia (MARIANO 2004 2013). Pesquisas na são fluidos, inconstantes e pouco estruturados” (RICARDO; CARU-
década de 2000 demonstraram como a falta de uma legislação na- SO, 2007, p. 108).
cional, que regulamentasse e padronizasse as guardas municipais, O que os autores chamaram a atenção foi o desconhecimento
fizeram com que uma variabilidade de instituições municipais sur- e o quão complexa a instituição Guarda Municipal pode ser, assim
gisse, ficando a cargo dos prefeitos a orientação para a sua atuação. como os seus integrantes. Eles podem ser identificados como os
Além disso, foi recorrente e pôde ser observada na atuação agentes públicos mais próximos da população, o que significa que
municipal a confusão estabelecida entre o que significa o policia- podem aparecer como uma figura que faz parte da dinâmica urbana
mento ostensivo e o policiamento repressivo, provavelmente devi- de vários municípios e, dessa forma, são para os guardas municipais
do à cultura repressiva (MARIANO, 2013). que, muitas vezes, a população solicita atendimento e pede alguma
O que caracteriza o policiamento ostensivo é o fato do agente informação. Contudo, questionamentos surgem para os cidadãos,
de segurança ser reconhecido pela população por meio do unifor- como: quem são os guardas, se eles são a mesma organização que
me ou da farda. Os GCMs usam uniformes porque não são milita- a Polícia Militar, se eles são subordinados a Polícia Militar, se po-
res. A Polícia Militar (cm uma tradição de policiamento ostensivo dem prender e multar (RICARDO; CARUSO, 2007). Em pesquisa rea-
repressivo. Para as (GCA4s se apresentarem como Valor de oxigena- lizada com os guardas municipais de Betim, município do estado
ção do sistema de segurança pública, devem realizar o policiamento de Minas Gerais (CARDEAL 2015), foi revelado que a maioria dos
ostensivo preventivo (grifos do autor (MARIANO, 2013, p. 1 15). guardas concordava que a população do município tinha uma visão
Dessa forma, na visão do autor, a função das guardas munici- positiva sobre a atuação da instituição, além disso, foi encontrado
pais deveria ser ocupar esse vácuo constitucional, no que diz respei- um alto número de guardas que percebiam que eram frequente-
to à prevenção. As Guardas Municipais, por atuarem na esfera local, mente acionados pelos cidadãos. Contudo, a avaliação positiva e
possuem maior potencial para atuarem no trabalho preventivo e a alta procura pelo trabalho da Guarda Municipal não significava
comunitário. No âmbito municipal, é mais fácil combinar ações pre- um entendimento sobre a função desempenhada pelos agentes
ventivas policiais com outras ações de políticas públicas sociais, de municipais. A maioria deles afirmou que os moradores de Betim
prevenção à criminalidade e à violência, do que no âmbito estadual não entendiam a função desempenhada pela organização. Dessa
e nacional. E no âmbito local que são sentidos os efeitos cotidianos forma, em seus espaços de atuação, os guardas municipais, coti-
da violência e da criminalidade (CARUSO; ANJOS, 2005). dianamente, também administram e mediam conflitos e deles são
No entanto, o que se tem observado é um entendimento de esperadas respostas encaminhamentos e resolução das demandas
que as guardas municipais fizessem ou substituíssem o mesmo pa- que surgem (RICARDO’ CARUSO 2007). No entanto, não está claro
pel das polícias militares, assim como os próprios guardas muni- e nem é consensual qual o papel dos guardas municipais, quais as
cipais, muitas vezes, desejam ser policiais militares e os próprios atividades que podem desempenhar, o que pode levar a uma crise
gestores municipais incentivam esta forma de atuação próxima à da identitária entre os seus membros.
PM (MARIANO, 2013). Se apresentarem enquanto uma instituição Vargas e Oliveira Júnior (2010), também concordam que a pre-
preventiva e comunitária é um desafio para as guardas municipais, sença das guardas municipais vem sendo ampliada, assim como a
uma vez que passa pela necessidade de criarem novos paradigmas. concepção de segurança pública é alargada, no sentido que o au-
Muniz (2000) reconhece como O desconhecimento sobre o pa- mento da incidência da violência e do sentimento de insegurança
pel decisivo dos municípios nas políticas públicas de segurança no da população trazem esse debate. Os autores reforçam o papel
Brasil, tem comprometido, de forma, substantiva, os esforços de se desempenhado pela Senasp, conforme foi descrito no início desta
construir e enraizar políticas e programas tecnicamente adequados seção. Para eles, o Programa de Segurança Pública para o Brasil,
e consequentes no âmbito da segurança pública (MUNIZ, 2000, p. que tem o objetivo de trazer o maior envolvimento dos municípios
50). nas políticas de segurança pública; e o Guia para a prevenção do
Assim, o modelo de municipalização da segurança pública, com crime e da violência nos municípios e a Malriz Curricular promo-
a proposta de oferecer novas formas de promoção da segurança, vem a filosofia preventiva e comunitária, assim como “consideram
tem levado a posições políticas distintas em relação ao papel da claramente equivocada a abordagem repressiva e o uso de arma
Guarda Municipal, em que de um lado defende o sistema tradi- de fogo pelos guardas dos municípios” (VARGAS; OLIVEIRA JUNIOR,
cional definido constitucionalmente, o qual a instituição atuaria 2010, p. 86).
na proteção dos próprios municipais; e outro lado que defende a Os autores sublinham que é necessário saber para qual direção
atuação das guardas municipais também nas questões que afetam estão indo os diferentes projetos de funcionamento da segurança
à prevenção do crime e da violência, ampliando a sua atuação com pública e se esses trazem inovações para a área. Além da análise
atividades de policiamento ostensivo. Esta segunda dimensão tem dos próprios projetos para as guardas municipais, que ficam entre
sido majoritária. a restrição ao seu papel estabelecido pela Constituição ou a extra-
pola, qual é a direção que estão tomando e se vão de encontro ao
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estabelecimento de uma cultura organizacional própria devem ser guardas, eles percebiam que era importante que não trabalhassem
considerados. Para isso, os autores também elaboraram um modelo sozinhos, por razão de segurança. No entanto, a ampla demanda
analítico, em que dividiram em três vértices, com tipos de estrutura por parte dos servidores dos próprios municipais e a limitação do
de policiamento e perfis de atuação das guardas municipais. efetivo, impediu que isso ocorresse (VARGAS, 2010). Nessa época,
O primeiro vértice é de uma Polícia Municipal, em que a guar- a guarda era dividida em três setores, agrupando as nove regionais
da atuaria na prevenção juntamente com a repressão, assumindo da capital, sendo que cada um deles ficava sob a responsabilidade
as funções das outras forças de segurança pública. A característica de um gerente, provenientes da Polícia Militar. Os tipos de próprios
da guarda desse modelo é do patrulhamento ostensivo, com o pa- municipais mais atendidos eram: centros de saúde escolas muni-
trulhamento das ruas e de aplicador da lei. O segundo vértice é de cipais, parques municipais unidades municipais de ensino infantil
uma Polícia Comunitária, em que a atuação da guarda é preventiva núcleo de atendimento à família conselho tutelar rodoviária, praça
e próxima à comunidade, as principais características são de uma da estação, sede da prefeitura, dentre outros.
atuação apaziguadora e de mediação de conflitos. Por fim, o ter- Acerca da competência da GMBH, a pesquisa (VARGAS, 2010)
ceiro vértice é a de uma Guarda Patrimonial, em que a atuação é identificou que os gestores da época frisavam a atuação da organi-
delimitada à defesa do patrimônio, na proteção dos próprios muni- zação municipal de proteção do usuário, do servidor público e do
cipais, como previsto pela Constituição Federal. Sendo a caracterís- próprio municipal, destacando a limitação da atuação, o que era
tica principal a proteção de bens e de pessoas, usuários e servidores reforçado na orientação e no treinamento dos guardas. No entanto,
do patrimônio municipal essa dimensão parecia presente apenas para os gestores, os quais
Em pesquisa realizada sobre a distribuição das Guardas Muni- viam como bem definido o papel e limitação de atuação da Guarda.
cipais no território brasileiro, Ribeiro e Diniz (2014) contribuíram Para os próprios guardas pareciam ainda confusos sobre quais eram
apresentando dois modelos de Guardas Municipais: o primeiro de- as suas atividades e o que os diferenciava de outros agentes, princi-
les as guardas que são chefiadas por policiais militares e profissio- palmente aqueles da segurança pública.
nais de carreira. Estas são caracterizadas por possuírem uma iden- A formação dos guardas era semelhante àquela oferecida aos
tidade muito própria, realizando a função de guardas patrimoniais soldados da Polícia Militar de Minas Gerais no que se refere à hie-
elou com a função de policiamento repressivo. O segundo modelo, rarquia, disciplina, ordem unida e militarismo (VARGAS, 2010, p.
quando as guardas são chefiadas por civis elou outras pessoas que 87). De acordo com a autora, a formação era orientada para um
não possuem um papel institucional muito definido, estas são ca- treinamento próximo ao da PM, mas também apresentava técnicas
racterizadas pela tendência a acumular a função de proteção do de acordo com a referência estabelecida pela matriz curricular da
patrimônio público com outras tarefas. SENASP de mediação de conflitos e projetos de prevenção.
Diante da análise proposta pelos autores e da instituição Por fim, desde 2008, o futuro previsto para a GMBH era de uma
GMBH, a qual se configura enquanto uma guarda que foi coman- presença da instituição na segurança pública.
dada por policiais militares ao longo de sua trajetória e a partir de Entre os gestores da Secretaria e da Guarda é bastante difun-
2015 passou a ser dirigida por um profissional de carreira, assim dida a percepção de que no futuro dar-se-á o alargamento das suas
como a portar arma de fogo, a instituição, de acordo com o modelo atribuições em direção a uma participação efetiva na segurança
de Ribeiro e Diniz (2014), enquadrar-se-ia no primeiro modelo, das pública, atuando no policiamento preventivo da cidade e adminis-
guardas municipais chefiadas por policiais militares ou profissionais trando os conflitos dc menor potencial agressivo. Nesta ótica vis-
de carreira. De acordo com o modelo de Vargas e Oliveira Junior lumbra-se uma divisão de trabalho com a Polícia Militar, ficando a
(2010), a GMBH seria uma Polícia Municipal. Um dos objetivos da cargo desta instituição a ação de repressão. Esta expectativa, anco-
presente pesquisa foi tentar desvelar quais são as principais ativida- ra-se na percepção de que no futuro a tendência é a de aumento da
des e funções da GMBH a partir de 2017 e, assim, entender que tipo criminalidade e de demandas por mais serviços policiais e, conse-
de organização os guardas pretendem que a GMBH seja. quentemente, inflação do trabalho da PM que paulatinamente irá
repassar à GMBH atividades que hoje são exercidas por ela (VAR-
Algumas referências sobre a Guarda Municipal de Belo Hori- GAS, 2010 1). 1 17)
zonte Vargas, Oliveira Júnior e Silva (2010) partiram do pressuposto
De acordo com Vargas (2010), a Guarda Municipal de Belo Hori- de que a Guarda Municipal de Belo Horizonte, buscava se identificar
zonte, entre os anos de 2007 e 2008, contava com o efetivo de 1.085 como sendo um modelo patrimonial próprio, ainda sem uma cultu-
guardas, sendo apenas duas guardas do sexo feminino. Na época da ra organizacional, mas tomava por referência uma cultura policial já
pesquisa, a sua atuação era restrita aos próprios municipais, dentre estabelecida. Além disso, também partiram da hipótese de que o
os quais 306 com presença fixa e 567 sem presença fixa. A maioria perfil dos guardas pode seguir as seguintes tendências: protetor de
das suas atividades era em postos fixos e uma pequena parcela rea- bens público e de pessoas (restrito à vigilância dos próprios, repas-
lizava rondas motorizadas ou a pé, cujo objetivo era dar apoio aos sador do que não é de sua competência, garantidor de segurança
guardas em postos fixos ou realizar visitas preventivas nos próprios dos usuários e dos servidores do patrimônio municipal); apazigua-
que não contavam com presença física de guardas. Vargas (2010) dor/mediador (manutenção da paz, atuando próximo e com o auxí-
chama atenção para a importante forma de apropriação do territó- lio da comunidade, e prioritariamente na identificação e prevenção
rio pela estabilidade do efetivo em cada próprio, o que permitia o dos delitos); e aplicador da lei/repressor (policiamento ostensivo,
desenvolvimento de laços de confiança com a comunidade. realizado por meio do patrulhamento das ruas, buscando aplicar as
Desde o início da condução da GMBH, a locação do efetivo foi leis aos comportamentos desviantes) (VARGAS; OLIVEIRA JUNIOR;
feita pelos gestores, levando em conta os locais de maiores necessi- SILVA, 2010, p. 134).
dades. Em um segundo momento, a organização do efetivo passou Nesse sentido, eles identificaram que existia um grupo de guar-
a considerar as demandas por segurança feitas pelos próprios fun- das na GMBH, ou uma tendência entre eles, que corresponderia
cionários públicos da prefeitura. Em relação à forma de atuação dos à capacidade de mediação e interação como um elemento impor-
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tante de trabalho. Assim, observa-se um primeiro perfil de guarda, favoráveis à reprodução ampliada de práticas criminosas –
mais moderado, reflexivo e voltado para a comunidade. Contudo, fatores independentes de ações policiais e externos ao âmbito
também havia um componente relacionado à figura do herói, aque- de intervenção de políticas públicas de segurança – continuem
le guarda que seria forte, corajoso e com a capacidade de ajudar as a produzir seus efeitos e o façam em razão de diversos motivos
pessoas. Essa ênfase aproxima a GMBH ao modelo da Polícia Mili- alheios à área em foco, com potência crescente. Nesse caso,
tar, sendo configurado como um estilo de atuação mais repressivo, mesmo que a política de segurança fosse adequada, inteligente e
próximo ao aplicador da lei. consistente, eficiente, eficaz e efetiva, ainda assim os indicadores
Além disso, também foram percebidos perfis de respostas dos poderiam ser negativos. Provavelmente, seriam menos maus do
guardas municipais que foram coerentes com o mandado constitu- que se a referida política não estivesse sendo adotada, mas isso
cional da instituição e da orientação da gerência. conduziria o analista a um argumento contra factual impossível de
O dever de repassar os atendimentos ao órgão competente testar e, portanto, de comprovar.
(geralmente a PM), não atuar nas ruas em nenhuma hipótese e ver- O contrário também seria viável: os referidos fatores negativos
-se como prestadora de serviços auto define a GM como guarda poderiam perder força ou mesmo desaparecer, produzindo resulta-
patrimonial, que restringe sua atuação aos espaços dos próprios e dos positivos e alheios às políticas de segurança.
limita a autorização de uso da força física, demarcando, claramente, Consideremos quatro exemplos da participação relativamente
a diferença de papéis, em relação à PM (VARGAS; OLIVEIRA JUNIOR; autônoma de fatores negativos (o primeiro e o quarto fatores ci-
SILVA, 2010, p. 141). tados, a seguir, são, na verdade, positivos, em si mesmos, porém
O que a define, portanto, como protetora de bens públicos e de negativos do ponto de vista de seu provável impacto sobre a se-
pessoas. A pesquisa apresentou uma importante conclusão, a qual gurança pública): dinâmicas demográficas ou a qualidade da saú-
indicou que esse perfil de protetora de bens públicos é o último que de pública materno-infantil, ou o aperfeiçoamento das condições
aparece entre as outras dimensões apresentadas. Sendo o primei- sanitárias, fruto de processo de urbanização, levam ao aumento
ro, o mais forte e representativo, o de ser uma polícia ou guarda co- do número de jovens na população. Sabemos que a magnitude da
munitária. Por fim, em relação à cultura organizacional, afirmaram presença de jovens na população constitui uma variável significativa
que ela ainda estava em formação, mas se aproximava de uma guar- para o panorama da criminalidade e da violência. Eis aí um contexto
da com perfil mais próximo do modelo comunitário, principalmente favorável ao crescimento do número de crimes.
ao se referir na relação com o público. Contudo, elementos do perfil Desastres naturais, como enchentes e tornados, podem gerar
da polícia municipal, o aplicador da lei e repressivo, também esta- desabastecimento, desespero e uma onda de saques, de tal manei-
vam presentes. Nesse sentido, passados em torno de IO anos da ra que se produza um ambiente propício à proliferação de práticas
realização dessa pesquisa (VARGAS; OLIVEIRA JUNIOR; SILVA, 2010), criminosas de tipos diversos, contra a vida e o patrimônio.
nos interessava saber em que direção a Guarda Municipal de Belo Crise econômica, provocando desemprego em massa e apro-
Horizonte estava se dirigindo. fundando desigualdades, na contramão de uma cultura hegemôni-
ca individualista e igualitária, pode funcionar como vetor facilitador
Histórico da Política Nacional de Segurança117 da difusão de práticas criminosas.
Segue-se a descrição de um processo (sucessivas tentativas de Crescimento econômico e elevação da renda média, universali-
formular e implantar políticas por meio da elaboração de planos), zação do acesso ao ensino público, em ambiente de intenso desen-
buscando-se compreender seus principais movimentos (os avanços volvimento tecnológico, no contexto da expansão do que se con-
e recuos, as pressões e reações, a indução e as negociações que vencionou chamar “sociedade do conhecimento ou da informação”,
marcaram a experiência recente dos diversos atores relevantes na tornam simples a reprodução doméstica de obras culturais (como
área da Segurança Pública, em âmbito nacional). Não por acaso, o filmes e gravações musicais) e incontrolável sua distribuição ilíci-
verbo adotado é descrição, em vez de avaliação. Por prudência e ta, colocando em xeque os termos que tradicionalmente definem
honestidade intelectual, descartemos falsas expectativas: é muito a propriedade intelectual e alimentando verdadeira avalancha dos
difícil proceder a uma avaliação de políticas de segurança pública, crimes apelidados “pirataria”.
assim como da performance policial. Não se trata de uma dificulda- Cada uma das quatro hipóteses – ou as quatro, associadas –
de exclusivamente brasileira. Em todo o mundo, entre os especialis- corresponde (m) a um conjunto de fatores independentes da per-
tas e gestores, estudiosos e profissionais que atuam na área, essa é formance policial ou das políticas de segurança, e configura (m)
uma questão controversa. As polêmicas se sucedem em seminários cenários em que boas práticas – políticas e performance virtuosas
internacionais e visitas de consultores. É simples entender: deter- – não podem mais do que reduzir danos ou limitar consequências
minada política pode ser virtuosa e, ainda assim, os indicadores negativas. Seria injusto e inadequado avaliá-las pelo resultado agre-
selecionados podem apontar crescimento dos problemas identifi- gado do entrechoque de dinâmicas, vetores e processos, a não ser
cados como prioritários – por exemplo, taxas de certos tipos de cri- que o fizéssemos comparativamente a situações análogas.
minalidade. O contrário também é verossímil: podem conviver uma Em certo sentido, vetores independentes – esses e outros, in-
política inadequada e bons resultados. cluindo aqueles que, a par de intrinsecamente positivos, exercem
pressão auspiciosa – estão sempre atuando, sobretudo em momen-
A problemática da avaliação tos de instabilidade. Como é impossível isolar o campo de interven-
Deixando de lado hipóteses mais simples, como os efeitos ção das políticas e das performances a serem examinadas, impõem-
de sazonalidade e a relatividade da aceleração, há a hipótese -se cautela e uma boa dose de ceticismo na aplicação da cláusula
prosaica de que fatores sociais promotores das condições ceateris-paribus – reconheçamos que, a rigor, ela só é aplicável em
117 SOARES, Luiz Eduardo. A Política Nacional de Segurança Pública: histórico, laboratório, hipótese que não se presta aos fenômenos sociais.
dilemas e perspectivas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 21, n. 61, 2007, p.
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O quadro começa a ficar realmente interessante quando obser- atrativo o fracasso; tanto quanto fazer o inverso pode condenar ao
vamos que o sucesso ou o fracasso de tais políticas e performances abandono, e ao círculo vicioso do agravamento que se retroalimen-
concorrem para a formação de vetores independentes positivos ou ta, a situação mais necessitada de apoio.
negativos, o que relativiza a própria noção de independência dos Resultados paradoxais – isto é, eminentemente positivos, mas,
fatores, com a qual trabalhamos até aqui. simultaneamente, geradores de efeitos negativos (sendo essa am-
Há outras dificuldades: o aprimoramento dos serviços de segu- bivalência sincrônica ou diacrônica, conforme o caso) – constituem
rança pública pode elevar o grau de confiança da população nas po- outra fonte de problemas para avaliações. Por isso, uma boa polí-
lícias, o que, por sua vez, pode levar ao crescimento do volume das tica deve manter-se aberta, autorizando mudanças sucessivas de
denúncias ou dos registros de crimes. É o que tipicamente ocorre orientação, a partir, entretanto, de linhas gerais permanentes. Tal
quando, por exemplo, o Estado oferece às mulheres um atendimen- abertura corresponderia ao reconhecimento do caráter dinâmico
to respeitoso e diferenciado, mediante a qualificação de policiais do quadro sobre o qual pretende incidir – o dinamismo, aqui, es-
e da instalação de Delegacias Especializadas (as Deam). Os delitos pelha os movimentos derivados dos próprios impactos precipitados
computados crescem exatamente quando a performance melhora pela política adotada. Não se trata, portanto, exatamente, nem de
e uma política positiva se implementa – o que, em geral, leva os profecias que se auto cumprem (porque os problemas contempla-
incautos na mídia e os espertos na oposição a críticas injustas e pre- dos preexistiam à intervenção dirigida para resolvê-los e não são
cipitadas. Políticas especificamente dedicadas à redução da homo- agravados por dita intervenção; pelo contrário, são amenizados ou
fobia e do racismo produzem o mesmo efeito. Via de regra, o efeito solucionados) nem de ações geradoras de efeitos perversos (por-
é sentido em qualquer área e se potencializa quando são as insti- que os efeitos visados são alcançados). No entanto, os resultados
tuições da segurança pública e da Justiça criminal, em seu conjunto, positivos – esses aos quais atribuímos a qualidade da ambivalência
que se aprimoram e conquistam credibilidade. e do paradoxo – criam novos desafios.
Pesquisas demonstram que o cidadão não procura a polícia Um exemplo: digamos que o aprimoramento das investiga-
quando é vítima de um crime, principalmente por três razões: medo ções policiais aumente a taxa de esclarecimento de determinados
de ser maltratado pela própria polícia; ou de ser alvo de vingan- crimes, reduzindo a impunidade. Disso pode resultar o estímulo
ça por parte do agente do crime e de seus cúmplices; e descrença ao desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas de organização,
na capacidade da polícia, o que tornaria inútil seu esforço de ir à comunicação e ação dos criminosos que atuam na área em causa.
Delegacia. Deduz-se, portanto, que, se os resultados começarem Mais bem organizados, equipados e orientados, os criminosos po-
a aparecer, produzir-se-á um círculo virtuoso e as denúncias e re- dem tornar-se mais ambiciosos e mais perigosos, em suas escolhas
gistros tenderão a chegar, aumentando a capacidade de investiga- e ações. O custo do investimento nesse esforço de qualificação, por
ção e antecipação das polícias – se a gestão for orientada de modo parte dos criminosos, pode ser compensado pela inflação do valor
adequado. Evidentemente, o argumento só é válido se os registros dos objetos ou bens (materiais ou imateriais) por eles visados – essa
crescerem até certo ponto, bem entendido; ponto dificilmente inflação pode ser, por sua vez, determinada pelo aumento do risco
identificável, ex-ante, a partir do qual produzir-se-ia um efeito de das operações necessárias para obter tais bens ou objetos. O au-
saturação. mento do risco provém seja da melhoria dos serviços policiais (um
O mesmo valeria para o caso de as polícias demonstrarem que bem em si mesmo, uma vez que gera um sem-número de benefícios
passaram a adotar atitudes respeitosas para com os cidadãos, in- para a sociedade) seja do endurecimento das leis penais – o que
dependentemente da cor, do bairro, da idade, da opção sexual e mostra quão falsa pode ser a suposição de que leis mais duras são
da classe social. Em ambas as situações, os números dos crimes eficientes no combate ao crime.
tenderiam a crescer (não os fatos, os números), e a qualidade da Tome-se o caso das drogas: na medida em que se aperta o cer-
ação preventiva e repressiva se ampliaria (reitere-se a observação co ao tráfico internacional, maiores passam a ser os riscos do trans-
cautelar assinalada antes). porte ilegal e da distribuição para o varejo. A leitura ingênua deduzi-
Claro que há sempre o recurso a pesquisas de vitimização, que ria dessa adição de custos uma eventual tendência à desaceleração
medem eventos e percepções. Repetidas com regularidade, são o do comércio de drogas. Contudo, o que é mais difícil e envolve mais
meio mais seguro para acompanhar quantidades e tipos de ocor- riscos tem mais valor e passa a exigir, para realizar-se, pagamento
rências, assim como a confiança popular nas polícias. Todavia, não correspondente ao novo valor, inflacionado, paradoxalmente, pelos
resolvem o problema da avaliação, porque persistem os motivos novos obstáculos agregados à provisão do serviço ilícito. Ganhos
referidos. mais elevados, por seu turno, implicam mais estímulo a investimen-
Há também as profecias que se auto cumprem e os efeitos não tos nessa área da economia ilegal e maior capacidade de recruta-
intencionais da ação social – efeitos perversos ou de composição. mento de operadores dispostos a enfrentar óbices e riscos. Ou seja,
Sobretudo quando avaliações não se esgotam nos exercícios aca- a espiral descrita faz de cada ônus acrescido ao ato criminoso uma
dêmicos e se convertem em instrumento de monitoramento, indu- promessa de benefício, uma ampliação da recompensa.
ção, distribuição de recursos e de capital político. Quando políticas O mesmo vale para o caso da corrupção: aprimoramento dos
e performances são avaliadas para fins de aprimoramento, ônus e instrumentos de controle, intensificação de ações repressivas e au-
bônus são distribuídos a gestores e corporações, conforme os re- mento de penas tornam o custo da transgressão mais elevado. No
sultados colhidos. Essa perspectiva altera o próprio objeto da ava- entanto, o ciclo não se esgota aí. Considerando-se que a parcela
liação, para o bem ou para o mal, complexificando todo o processo. do ganho ilícito (digamos que se trate de fraudar uma licitação)
Note-se que pode ser um equívoco premiar com recursos os Esta- apropriada pelo mediador criminoso é, por definição, elástica, o au-
dos ou as áreas que apresentam os dados mais graves, as taxas mais mento do risco pode promover um novo arranjo, em cujo âmbito
elevadas de criminalidade, uma vez que a valorização pode tornar se reduza a margem de lucro do beneficiário da fraude – sem sub-
trair-lhe atratividade –, e se eleve, proporcionalmente, o percen-
tual que cabe ao broker, mantendo-se, para ele ou ela, o interesse
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da operação. Se o processo inflacionar excessivamente o valor da situação política interna seja estável; e no qual a economia favoreça
operação, pode, ao invés de desestimulá-lo, suscitar a mudança de o emprego de força de trabalho nativa barata. Claro que o Brasil se
sua qualidade, tornando-a ainda mais danosa. Por exemplo, pro- destacaria, portanto, como opção preferencial, fosse esse o cálculo
vocando o entendimento entre os competidores da licitação para dos terroristas. Nesse sentido, convergiriam ação eficiente antiter-
que a manipulem, incluindo-a em pacote mais abrangente, em ror em outros países com a desatenção – para dizer o mínimo – na-
cujos termos todos os envolvidos se beneficiariam, a médio prazo, cional: o resultado poderia ser a migração para nosso país de bases
lesando-se com mais proficiência e em maior intensidade o inte- de treinamento e operação terroristas.
resse público. Isso não significa que nada haja a fazer e que Estado Observe-se que não só resultados são pertinentes para a ava-
e sociedade devam render-se ao inevitável. Mas significa, sim, que liação. Processos e metas intermediárias, identificadas por diag-
intervenções realmente efetivas requerem mais engenho e arte – nósticos institucionais como especialmente relevantes, devem ser
isto é, mais atenção à complexidade do que suporia necessária a objetos de acompanhamento crítico sistemático. Por exemplo:
visão ligeira do problema. a qualidade da formação e da capacitação dos policiais e demais
Nesse contexto, talvez ganhem sentido algumas perguntas que, profissionais que atuam no campo da segurança pública; a consis-
de outro modo, provavelmente soariam inconsequentes e arbitrá- tência dos dados produzidos; os métodos de gestão; a confiabili-
rias: o chamado “problema das drogas” não decorreria justamen- dade e efetividade dos controles interno e externo etc. Para o caso
te da criminalização, tornando-as matéria de segurança pública? E das políticas preventivas, os programas aplicados podem ter valor
a corrupção, não a estaríamos combatendo por métodos caros e segundo distintos critérios, independentemente de resultados per-
contraproducentes? Hoje, no Brasil, há muitos mecanismos de con- ceptíveis a curto prazo. Nesse sentido, acrescente-se que a perspec-
trole, que envolvem gastos consideráveis e um verdadeiro cipoal tiva temporal é necessária para uma avaliação rigorosa, mas nem
burocrático, dificultando imensamente a gestão e exigindo exação sempre factível, dada a natureza prática da própria avaliação, útil,
fiscal de efeitos recessivos. Talvez esse emaranhado oneroso e pa- afinal de contas, para o monitoramento corretivo do sistema exa-
ralisante exerça um papel contraditório, alimentando a corrupção, minado, cujo aprimoramento não pode aguardar uma década de
pelos motivos supra expostos. estudos comparativos.
Efeitos paradoxais das políticas de segurança e da performance Deixemos por ora a reflexão sobre os limites da avaliação de
policial podem ser, ainda, as migrações das práticas criminosas: o políticas de segurança pública e de performance policial e passe-
sucesso de determinadas intervenções locais acaba provocando o mos à descrição dos planos que prescrevem políticas de segurança
deslocamento dos crimes para bairros contíguos, cidades próximas pública, assim como dos movimentos encetados pelos atores rele-
ou estados vizinhos. O resultado agregado pode, com isso, manter- vantes para implementá-los. O âmbito de observação é nacional e
-se inalterado ou deteriorar-se, uma vez que migrações podem im- o período são os últimos oito anos (2000-2007, ainda em curso).
plicar disputas por território e intensificação do recurso à violência
para que se viabilize o empreendimento criminoso. Há também a Governos Fernando Henrique Cardoso: tímida gestação de
migração não-geográfica, mas de tipo de crime: quando a repres- um novo momento
são de roubos a banco aumenta, os criminosos podem deslocar-se Sucessivos ministros da Justiça do segundo governo Fernando
para a prática de sequestros e daí para o roubo de cargas – e assim Henrique Cardoso (FHC), com a colaboração de secretários nacio-
sucessivamente. nais de segurança, gestavam, lentamente, um plano nacional de
O mesmo ocorre em âmbito internacional: mais rigor no com- segurança pública, quando um jovem sobrevivente da chacina da
bate ao terrorismo, por exemplo, pode induzir deslocamento de Candelária, Sandro, sequestrou, no coração da Zona Sul carioca, o
suas bases para áreas periféricas às disputas políticas centrais – do ônibus 174, ante a perplexidade de todo o país, que as TV trans-
ponto de vista dos protagonistas do terror. Coloquemo-nos na po- formaram em testemunha inerte da tragédia, em tempo real. Ato
sição do agente do terror. O que ele procura? De que ele precisa contínuo, o presidente da República determinou que seus auxiliares
(além de dinheiro e militantes) para criar seus meios de interven- tirassem da gaveta o papelório, e decidissem, finalmente, qual seria
ção, treinando suas equipes e reunindo informações para planejar a agenda nacional para a segurança, pelo menos do ponto de vista
ações? São indispensáveis as seguintes condições: acesso a um ter- dos compromissos da União. Em uma semana, a nação conheceria
ritório situado em uma região geopoliticamente estável e pacífica, o primeiro plano de segurança pública de sua história democrática
que suscite pouca suspeita e baixo interesse, por parte das agências recente, o qual, em função do parto precoce, precipitado a fórceps,
de inteligência dos países diretamente envolvidos nos confrontos vinha a público sob a forma canhestra de listagem assistemática de
terroristas. intenções heterogêneas. Assinale-se que, antes, no primeiro go-
Um território em que prospere a impunidade; marcado por bai- verno FHC, deram-se passos importantes para a afirmação de uma
xa qualidade dos serviços nacionais de segurança; no qual armas pauta especialmente significativa para a segurança pública, quando
ilegais circulem livremente; em que haja vastos espaços para trei- se a concebe regida por princípios democráticos: foi criada a secre-
namento, distantes da atenção de instituições do Estado e pouco taria nacional de Direitos Humanos e formulou-se o primeiro plano
acessíveis à mídia. Um território que propicie acesso praticamente nacional de Direitos Humanos.
ilimitado a tecnologia e comunicações de primeira qualidade, servi- Faltava àquele documento a vertebração de uma política, o que
do por transporte rápido e eficiente para qualquer parte do mundo exigiria a identificação de prioridades, uma escala de relevâncias, a
– ou seja, inserido na globalização, mas relativamente refratário, identificação de um conjunto de pontos nevrálgicos condicionan-
por força de sua soberania, à voracidade panóptica dos países cen- tes dos processos mais significativos, de tal maneira que mudanças
trais. Um território politicamente independente, que não se envol- incrementais e articuladas ou simultâneas e abruptas pudessem
va em profundidade com os conflitos nos quais os terroristas este- alterar os aspectos-chave, promovendo condições adequadas às
jam implicados; no qual não haja grandes segmentos populacionais transformações estratégicas, orientadas para metas claramente
tendentes a engajar-se na política das regiões em conflito; em que a descritas. Isso, entretanto, não se alcança sem uma concepção sis-
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têmica dos problemas, em Sequestro do ônibus 174 no Jardim Bo- informacional das polícias – pré-requisito indispensável para o esta-
tânico, no Rio de Janeiro: o sequestrador Sandro do Nascimento, belecimento de condições mínimas para a cooperação operacional.
com a refém Geísa Gonçalves, negocia com a polícia, após deixar A pequena sabotagem, a miudeza das arestas interpessoais, o atrito
o ônibus. entre projetos e as rivalidades políticas combinaram-se e criaram o
Suas múltiplas dimensões, sociais e institucionais; tampouco caldo de cultura para que prosperasse o que se poderia denominar
se obtém sem um diagnóstico, na ausência do qual também não “política do veto”, graças à qual todo o movimento nacional rumo
se viabiliza o estabelecimento de metas e de critérios, métodos e à racionalização administrativa e à modernização institucional tor-
mecanismos de avaliação e monitoramento. O documento apresen- nava-se refém da má vontade de uma autoridade estadual, do mau
tado à nação como um plano não atendia aos requisitos mínimos humor de um personagem obscuro, de uma crispação corporativa,
que o tornassem digno daquela designação. de uma medíocre disputa provinciana.
Entre as boas ideias daquele “plano”, destacava-se o reconhe- De todo modo, destaque-se que o período Fernando Henrique
cimento da importância da prevenção da violência, tanto que deri- Cardoso marcou uma virada positiva, democrática e progressista,
vou daí o Plano de Integração e Acompanhamento dos Programas modernizadora e racionalizadora, na medida em que conferiu à
Sociais de Prevenção da Violência (Piaps) cuja missão era promo- questão da segurança um status político superior, reconhecendo
ver a interação local e, portanto, o mútuo fortalecimento dos pro- sua importância, a gravidade da situação e a necessidade de que o
gramas sociais implementados pelos governos federal, estadual e governo federal assuma responsabilidades nessa matéria; e firmou
municipal, que, direta ou indiretamente, pudessem contribuir para compromisso político com a agenda dos direitos humanos, mais
a redução dos fatores, potencialmente, criminógenos. A ambição especificamente, na área da Segurança Pública, com uma pauta vir-
era formidável, assim como os obstáculos à sua execução. Dada tuosa (prevenção; integração Inter setorial e intergovernamental;
a estrutura do Estado, no Brasil, caracterizada pela segmentação valorização da experiência local; qualificação policial; estímulo ao
corporativa, reflexo tardio da segunda revolução industrial, nada é policiamento comunitário; apoio ao programa de proteção às teste-
mais difícil do que integrar programas setoriais, gerando, pela coor- munhas e à criação de ouvidorias). Infelizmente, a riqueza da pauta
denação, uma política intersetorial. Sobretudo quando a pretensão não se fez acompanhar dos meios necessários e suficientes para sua
ultrapassa o domínio de uma única esfera de governo e se estende execução – entendendo-se, nesse caso, os meios em sentido amplo:
aos três níveis federativos. faltaram verbas, orientação política adequada, liderança e compro-
Importantes esforços foram feitos pela Secretaria Nacional de misso efetivos, e um plano sistêmico, consistente, que garantisse
Segurança Pública (Senasp) na direção certa: o estabelecimento de uma distribuição de recursos correspondente às prioridades identi-
condições de cooperação entre as instituições da segurança públi- ficadas no diagnóstico.
ca; o apoio a iniciativas visando a qualificação policial; o investimen- Observe-se que, antes das movimentações tímidas, porém
to (ainda que tímido) na expansão das penas alternativas à privação inaugurais, do governo FHC, o campo da segurança pública, no
da liberdade; o desenvolvimento de perspectivas mais racionais de âmbito da União, marcara-se por indiferença e imobilismo, resig-
gestão, nas polícias estaduais e nas secretarias de segurança, atra- nando-se os gestores federais a dar continuidade a práticas tradi-
vés da elaboração de planos de segurança pública, nos quais se de- cionais, adaptando-as ao novo contexto democrático, consagrado
finissem metas a alcançar. pela Constituição de 1988. As estruturas organizacionais, entre-
Exemplo maior da atenção tardia e modesta do segundo gover- tanto, permaneceram intocadas pelo processo de transição para a
no Fernando Henrique Cardoso à segurança foi a criação do Fundo democracia, coroado pela promulgação da Carta Magna cidadã. As
Nacional de Segurança Pública, que ficaria sob responsabilidade da autoridades que se sucederam limitaram-se a recepcionar o lega-
Senasp e que, supostamente, serviria de instrumento indutor de do de nossa tradição autoritária, acriticamente, reproduzindo suas
políticas adequadas. No entanto, ante a ausência de uma política características básicas, introduzindo meros ajustes residuais. Ou
nacional sistêmica, com prioridades claramente postuladas, dada seja, as polícias e suas práticas deixaram de ser, ostensivamente,
a dispersão varejista e reativa das decisões, que se refletia e ins- voltadas com exclusividade para a segurança do Estado, redirecio-
pirava no caráter dispersivo e assistemático do plano nacional do nando-se, no perfunctório, para a defesa dos cidadãos e a proteção
ano 2000, o Fundo acabou limitado a reiterar velhos procedimen- de seus direitos – sobretudo ao nível do discurso oficial e dos pro-
tos, antigas obsessões, hábitos tradicionais: o repasse de recursos, cedimentos adotados nas áreas afluentes das cidades. Todavia, a
ao invés de servir de ferramenta política voltada para a indução de velha brutalidade arbitrária permaneceu como o traço distintivo do
reformas estruturais, na prática destinou-se, sobretudo, à compra relacionamento com as camadas populares, em particular os ne-
de armas e viaturas. Ou seja: o Fundo foi absorvido pela força da gros, nas periferias e favelas. O mesmo se passou com o sistema
inércia e rendeu-se ao impulso voluntarista que se resume a fazer penitenciário e os cárceres, de um modo geral.
mais do mesmo. Alimentaram-se estruturas esgotadas, benefician- Os tempos mudaram, o país passou-se a limpo, em certo sen-
do políticas equivocadas e tolerando o convívio com organizações tido, adequando-se à nova ecologia política, ante a ascensão dos
policiais refratárias à gestão racional, à avaliação, ao monitoramen- movimentos sociais e do associativismo, mas as instituições da se-
to, ao controle externo e até mesmo a um controle interno minima- gurança pública preservaram seus obsoletos formatos – com o ciclo
mente efetivo e não corporativista. de trabalho policial dividido, entre Polícia Militar e Polícia Civil –,
O espírito democrático da maioria dos ministros da Justiça que sua irracionalidade administrativa, sua formação incompatível com
se revezaram no governo corroborou esse verdadeiro e involuntá- a complexidade crescente dos novos desafios, sua antiga rivalida-
rio capitulacionismo. Escusando-se de intervenções mais ousadas, de mútua, seu isolacionismo, sua permeabilidade à corrupção, seu
renunciando à iniciativa reformista, ministros e secretários nacio- desapreço por seus próprios profissionais, seu desprezo por ciên-
nais repetiram à exaustão reuniões com secretários estaduais de cia e tecnologia, e seus orçamentos irrealistas, que empurravam os
Segurança e chefes das polícias, no afã de persuadi-los a participar profissionais ao segundo emprego na segurança privada ilegal e em
do esforço nacional, por exemplo, de uniformização da linguagem atividades nebulosas.
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Em uma palavra, a transição democrática não se estendeu à 3. Aos governos estaduais e federal caberia instalar Gabinetes
segurança pública, que corresponde a um testemunho vivo de nos- de Gestão Integrada da Segurança Pública, um em cada estado, que
so passado obscurantista e, do ponto de vista dos interesses da ci- funcionaria como braço operacional do Susp e começaria a traba-
dadania, ineficiente. Ainda que as realidades estaduais e regionais lhar com base no entendimento político, antes mesmo da normati-
sejam muito diferentes, as instituições da segurança pública torna- zação que o institucionalizaria.
ram-se, via de regra, parte do problema, em vez de solução. O GGI seria um fórum executivo que reuniria as polícias, de
todas as instâncias, e, mediante convite, as demais instituições da
Primeiro governo Lula: proposta audaciosa que a política Justiça criminal. As decisões seriam tomadas apenas por consenso,
abortou para que se eliminasse o principal óbice para a cooperação interins-
O primeiro mandato do presidente Lula teve início sob o signo titucional: a disputa pelo comando. Como se constatou haver am-
da esperança para a maioria da população, e também para aqueles pla agenda consensual, para ações práticas, na área da Segurança
que se dedicavam à segurança pública e acreditaram nas promessas Pública, não se temeu a paralisia pelo veto. Observe-se que os GGI
de campanha. Em fevereiro de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva, como começaram a operar, imediatamente, e, nos raros Estados em que,
pré-candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalha- nos anos seguintes, não foram esvaziados pelo boicote político, ren-
dores (PT) e presidente do Instituto Cidadania, acompanhado dos deram frutos e demonstraram-se formatos promissores.
coordenadores do Plano Nacional de Segurança Pública,3 apresen- 4. Cumpriria ao governo federal, por sua vez, não contingen-
tou-o à nação, no Congresso Nacional, ante a presença do ministro ciar os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, em 2003;
da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, do presidente da Câmara, Aécio e aumentá-lo, consideravelmente, nos anos subsequentes – razão
Neves, e do presidente do Senado, Ramez Tebet. pela qual foi iniciada negociação com o Banco Mundial e o BID, vi-
O Plano foi recebido com respeito até mesmo pelos adversários sando um aporte a juros subsidiados de U$ 3,5 bilhões, por sete
políticos, porque, de fato, era nítido seu compromisso com a serie- anos. O Fundo Nacional de Segurança seria aceito pelos credores
dade técnica, repelia jargões ideológicos, assumia posição eminen- como a contrapartida do governo federal.
temente não-partidária e visava contribuir para a construção de um 5. Também competiria ao governo federal enviar ao Congresso
consenso mínimo nacional, partindo do suposto de que segurança Nacional a emenda constitucional da desconstitucionalização das
pública é matéria de Estado, não de governo, situando-se, portan- polícias e, como matéria infraconstitucional, a normatização do Sis-
to, acima das querelas político-partidárias. Sagrado candidato, Lula tema Único de Segurança Pública.
incorporou o Plano a seu Programa de Governo. 6. Uma vez endossados os termos do acordo com os 27 gover-
O Plano Nacional de Segurança Pública foi elaborado no âmbito nadores, o presidente os convocaria para a celebração solene do
do Instituto Cidadania, ao longo de mais de um ano de trabalho, Pacto pela Paz, reiterando, politicamente, o compromisso comum
tendo-se ouvido gestores, pesquisadores, especialistas e profis- com a implantação do Plano Nacional de Segurança Pública.
sionais das mais diversas instituições e regiões do país, formados
nas mais diferentes disciplinas, além de lideranças da sociedade, Estivemos muito próximos de alcançar o entendimento nacio-
em todo o país. Os coordenadores também buscamos incorporar, nal em torno das reformas, uma vez que os governadores se dispu-
na medida do possível, as experiências bem-sucedidas, nacionais seram a colaborar, endossando a carta de adesão que foi subme-
e internacionais. Eleito Lula, coube à Secretaria Nacional de Segu- tida à apreciação de cada um. Entretanto, o presidente Lula, para
rança Pública, órgão do Ministério da Justiça, aplicar o Plano, o que surpresa dos que construíam o consenso por meio de delicadas
começou a ser feito, até que sucessivos sinais foram deixando clara negociações, não confirmou a participação do governo no Pacto
a indisposição do governo para levar adiante a integralidade dos Nacional. Não chegou a haver, portanto, o passo número seis. Se o
compromissos assumidos. presidente tivesse convocado os governadores para a celebração do
Pacto, completaríamos as etapas quatro e cinco, quase automatica-
O autor foi secretário nacional de Segurança Pública de janeiro mente, sem maiores traumas – a despeito de dificuldades naturais,
a outubro de 2003, tendo-lhe cabido colocar em marcha as primei- mas, certamente, superáveis, considerando-se a força política, en-
ras etapas do Plano, nomeadamente: tão, do presidente, além da liderança dos governadores.
1. Construir um consenso com os governadores em torno do O presidente reviu sua adesão ao Plano e desistiu de prosse-
próprio Plano, de suas virtudes, sua conveniência, sua oportunida- guir no caminho previsto, porque percebeu – na interlocução com
de, sua viabilidade, demonstrando os benefícios que proporcionaria a instância que, à época, se denominava “núcleo duro do governo”
para o conjunto do país e para cada estado, em particular, se fossem – que fazê-lo implicaria assumir o protagonismo maior da reforma
feitos os esforços necessários, em moldes cooperativos, suprapar- institucional da segurança pública, no país, ou seja, implicaria assu-
tidários, republicanos, para que se superassem as resistências cor- mir a responsabilidade pela segurança, perante a opinião pública.
porativas, as limitações materiais, as dificuldades operacionais e E isso o exporia a riscos políticos, pois a responsabilidade por cada
de gestão, e se implementassem as medidas propostas. Modular problema, em cada esquina, de cada cidade, lhe seria imputada. O
em sua estrutura, o Plano deveria ser implantado etapa por etapa, desgaste seria inevitável, uma vez que os efeitos práticos de uma
o que implicaria – era a prospecção otimista que fazíamos – afir- reorganização institucional só se fariam sentir a longo prazo.
mação progressiva da tendência a que se ampliassem as bases de Dada a contradição, no Brasil, entre o ciclo eleitoral (bienal,
apoio ao próprio plano, gradualmente, nas polícias e na sociedade. posto que os detentores de cargos executivos engajam-se, neces-
2. Os pontos fundamentais do acordo a celebrar seriam a nor- sariamente, nas disputas para as outras esferas federativas) e o
matização do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e a des- tempo de maturação de políticas públicas de maior porte e vulto
constitucionalização das polícias. (aquelas mais ambiciosas, que exigem reformas e ferem interesses,
provocando, em um primeiro momento, reações negativas e efeitos

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desestabilizadores), torna-se oneroso, politicamente, arcar com o unificação das atuais polícias estaduais; ou a criação de polícias me-
risco das mudanças, e, portanto, do ponto de vista do cálculo utili- tropolitanas e municipais (pelo menos nos municípios maiores) de
tário do ator individual, torna-se irracional fazê-lo. ciclo completo; ou a divisão do trabalho entre polícias municipais,
Assim, em 2003, chegamos a um acordo nacional em torno de estaduais e federais, de acordo com a complexidade dos crimes a
transformações significativas e criamos uma nova agência opera- serem enfrentados, sabendo-se, entretanto, que todas atuariam
cional, os GGI, mas os resultados se perderam em decorrência da em regime de ciclo completo, ou seja, investigando e cumprindo o
alteração de rota no ministério da Justiça e no Planalto. patrulhamento uniformizado.
As características elementares do Plano Nacional de Seguran- O Brasil é uma República federativa; é uma nação continental,
ça Pública do primeiro mandato do presidente Lula eram originais: marcada por profundas diferenças regionais. Soluções uniformes
tratava-se de um conjunto de propostas articuladas por tessitura não são necessariamente as melhores. Além disso, soluções unifor-
sistêmica, visando a reforma das polícias, do sistema penitenciário mes acabam se defrontando com a política de veto, praticada por
e a implantação integrada de políticas preventivas, Inter setoriais. estados que não têm condições políticas de promover mudanças
Em outras palavras, compreendia-se que alterações tópicas produ- em suas polícias ou por aqueles que consideram contraproducen-
zem efeitos sobre os demais componentes do universo contempla- te fazê-lo. Esse contexto conduz à paralisia e torna os estados que
do e que uma transformação suficiente para impactar a realidade precisam de transformações urgentes e profundas reféns dos que
da violência criminal requer mudanças simultâneas e sucessivas, optam pela manutenção do status quo. Observe-se que, segundo
em níveis distintos e escalas diferentes, respeitando-se as lógicas e o que dispõe o Plano Nacional de Segurança em pauta, em caso de
os ritmos específicos. Sobretudo, trabalhava-se com a convicção de mudanças, os policiais seriam aproveitados nas novas instituições,
que a consistência interna e a objetividade de um Plano dependem passando por processos de requalificação, desde que suas fichas
do rigor do diagnóstico e de sua abrangência, assim como o sucesso profissionais recomendassem o aproveitamento.
de sua implementação depende de avaliações regulares e monito- Sempre segundo o Plano Nacional do primeiro mandato de
ramento sistemático, identificando-se os erros para que não haja o Lula, desconstitucionalização não implicaria confusão quanto a
risco de que se o repita, indefinidamente. princípios matriciais, na definição do próprio papel e da própria
Os focos sobre os quais incidiria o programa de reforma das natureza das polícias no Estado Democrático de Direito. Os prin-
polícias seriam: recrutamento, formação, capacitação e treinamen- cípios elementares manter-se-iam na Constituição Federal. Os mo-
to; valorização profissional; gestão do conhecimento e uniformiza- delos organizacionais é que passariam a ser definidos pelos esta-
ção nacional das categorias que organizam os dados, para que eles dos. A possibilidade de que o Brasil ingressasse em uma fase de
possam funcionar como informação; introdução de mecanismos de intenso experimentalismo é tida como muito auspiciosa e em nada
gestão, alterando-se funções, rotinas, tecnologia e estrutura orga- conducente ao caos, a mais fragmentação e a mais ineficiência do
nizacional; investimento em perícia; articulação com políticas pre- que se verifica, atualmente. Isso porque a desconstitucionalização
ventivas; controle externo; qualificação da participação dos municí- dar-se-ia simultaneamente à normatização do Susp, processo que
pios, via políticas preventivas e Guardas Municipais, preparando-as compensaria a flexibilização federativa, posto que fixaria regras
para que se possam transformar, no futuro próximo, em polícias de aplicáveis a todas as polícias existentes ou por criar. Hoje, vigora a
ciclo completo, sem repetir os vícios das polícias existentes; investi- fragmentação babélica na formação, na informação, na gestão, nos
mento em penas alternativas à privação da liberdade e criação das abismos que separam as instituições da União e dos estados – e
condições necessárias para que a Lei de Execuções Penais (LEP) seja mesmo essas, em seus respectivos âmbitos de atuação. O Susp sig-
respeitada no sistema penitenciário. nificaria ordenamento do caos e geração de condições para a efeti-
A normatização do Susp não seria senão a definição legal das va cooperação, horizontal e vertical.
regras de funcionamento dos tópicos referidos. Assim, o Susp não A armadilha política descrita antes, fruto da contradição en-
implicaria a unificação das polícias, mas a geração de meios que tre o ciclo eleitoral e o tempo de maturação de políticas públicas
lhes propiciassem trabalhar cooperativamente, segundo matriz in- reformistas, terminou levando o governo federal a aposentar, pre-
tegrada de gestão, sempre com transparência, controle externo, cocemente, seus compromissos ambiciosos na segurança pública:
avaliações e monitoramento corretivo. Nos termos desse modelo, o o Plano Nacional foi deslocado, progressivamente, do centro da
trabalho policial seria orientado prioritariamente para a prevenção agenda do Ministério da Justiça, e substituído, gradualmente, por
e buscaria articular-se com políticas sociais de natureza especifica- ações da Polícia Federal, que passaram a emitir para a sociedade a
mente preventiva. mensagem de atividade competente e destemida, na contramão de
Paralelamente à aludida institucionalização do Susp, o Plano nossa tradicional e corrosiva impunidade. Não é preciso ponderar,
Nacional de Segurança Pública do primeiro mandato do presidente entretanto, que, por mais virtuosas que tenham sido as operações
Lula propunha a desconstitucionalização das polícias, o que signi- da Polícia Federal – surgiram questionamentos pertinentes quanto
fica a transferência aos Estados do poder para definirem, em suas à consistência de algumas e ao caráter midiático de muitas delas –,
respectivas constituições, o modelo de polícia que desejam, preci- ações policiais não podem substituir uma Política de Segurança Pú-
sam e/ou podem ter. Sendo assim, cada estado estaria autorizado a blica. Sobretudo em uma situação como a brasileira, marcada por
mudar ou manter o status quo, conforme julgasse apropriado. Isto fragmentação institucional e pela incompatibilidade entre o mode-
é, poderia manter o quadro atual, caso avaliasse que a ruptura do lo herdado da ditadura e os desafios crescentes de uma sociedade
ciclo do trabalho policial, representada na organização dicotômica, que se complexifica e transnacionaliza, em contexto democrático,
Polícia Militar-Polícia Civil, estivesse funcionando bem. Caso con- mas profundamente desigual.
trário, se a avaliação fosse negativa – caso se constatasse desmo- Restaram, como contribuições mais significativas para a segu-
tivação dos profissionais e falta de confiança por parte da popu- rança pública, na esfera da União, os esforços envidados pela Se-
lação, ineficiência, corrupção e brutalidade –, mudanças poderiam nasp em favor da qualificação policial, com cursos a distância e pre-
ser feitas e novos modelos seriam experimentados. Por exemplo, a senciais (esforços necessários mas insuficientes, porque teriam de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

ser acompanhados pela criação de um ciclo básico nacional comum acesso à Justiça, a qual depende da qualidade e da orientação das
para todos os profissionais da segurança pública e pela criação de polícias (e das demais instituições do sistema de Justiça criminal) e
um Conselho Federal de Educação Policial, com independência de da equidade no acesso à educação.
governos e capacidade amplamente reconhecida, para avaliar, mo- O Pronasci tem também o mérito de valorizar a contribuição
nitorar, orientar mudanças, discutir procedimentos e questionar dos municípios para a segurança pública, rompendo os preconcei-
metodologias, à luz do conhecimento produzido no país e no exte- tos restritivos, oriundos de uma leitura limitada do artigo 144 da
rior), e aqueles envidados em favor do desarmamento, cujo impac- Constituição – contribuição que não se esgota na criação de Guar-
to, segundo alguns analistas, teria reduzido os homicídios dolosos das Civis; estende-se à implantação de políticas sociais preventivas.
no país. O resultado do referendo, entretanto, favorável à comer- Outro princípio essencial, explicitamente retomado pelo Pro-
cialização de armas, freou o ímpeto inicial do movimento, que unia nasci do Plano lançado por Lula em 2002, afirma que segurança é
polícias e expressivos segmentos da sociedade. matéria de Estado, não de governo, situando-se, portanto, acima
Dois importantes compromissos originais do Plano Nacional de das disputas político-partidárias.
Segurança Pública, com o qual o presidente Lula inaugurou seu pri- Comparando-se os planos dos dois mandatos do presidente
meiro mandato, foram descartados: a elevação do status da Senasp Lula, evidenciam-se algumas diferenças expressivas: em favor do
para o nível ministerial, tornando-a uma Secretaria Especial, direta- Pronasci, destaque-se a edição de Medida Provisória que o institui,
mente ligada à Presidência da República, para cujo âmbito seriam o que implica, entre outras vantagens, envolvimento formal do go-
transferidas ambas as polícias federais; e o deslocamento da Secre- verno com sua implantação e fortalecimento político dos agentes
taria Nacional Antidrogas (Senad) para a reforçada Senasp (ou para responsáveis por essa implantação. Os operadores trabalham sob
o Ministério da Justiça, ou da Saúde). constante tensão e insegurança, quando o plano a que servem e
que se esforçam por implementar só encontra como sustentação a
Segundo governo Lula: retomando compromissos, ampliando palavra do líder, às vezes evasiva e puramente retórica.
repertórios, adiando questões polêmicas Ainda a favor do Pronasci, registre-se a importância da expli-
Em 20 de agosto de 2007, o governo federal lançou o Programa citação dos recursos a serem destinados à sua implementação, em
Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), pela Me- seis anos (2007-2012), o que, por sua vez, importa em um benefício
dida Provisória 384, comprometendo-se a investir R$ 6,707 bilhões, adicional: o comprometimento do próximo governo, pelo menos
até o fim de 2012, em um conjunto de 94 ações, que envolverão em sua primeira metade, com a continuidade dos trabalhos e o
dezenove ministérios, em intervenções articuladas com estados e cumprimento das metas previstas.
municípios. Especialmente positiva também é a identificação da institui-
Do ponto de vista dos princípios matriciais, o Pronasci reite- ção responsável pela avaliação do programa, assim como a desig-
ra o Plano Nacional de Segurança Pública do primeiro mandato do nação de agentes locais de avaliação – o que significa que haverá
presidente Lula, o qual, por sua vez, incorporava, sistematizava e investimento na construção de indicadores e no desenvolvimento
explicitava o que já estava, embrionária ou tacitamente, presente de métodos de avaliação. Daí talvez venha a derivar uma dinâmica
no Plano Nacional do governo Fernando Henrique Cardoso. Isso que dissemine uma nova cultura institucional, ainda inexistente na
mostra que, a despeito das diferenças e da precariedade do tra- área da Segurança Pública, como vimos, não só por conta de todas
tamento conferido à questão dos princípios, no plano do governo as dificuldades apontadas na primeira unidade do presente ensaio,
FHC, tem havido mais continuidade do que descontinuidade entre mas também e, sobretudo, pela ausência de mecanismos institucio-
os esforços sucessivos, que já formam uma série histórica tão mais nais indispensáveis a uma gestão racional, nas polícias: tecnologia,
relevante quão mais se distingue do período anterior, ainda forte- funções e rotinas, estrutura organizacional compatível, qualificação
mente marcado por reverente omissão, relativamente à área – tabu de pessoal.
– da Segurança Pública. Membros da Força Nacional de Segurança Pública tomam posi-
Os valores consensuais em pauta – que o Pronasci endossa e ção durante operação para apreensão de drogas na favela da Grota,
enfatiza – são os seguintes: direitos humanos e eficiência policial Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro.
não se opõem; pelo contrário, são mutuamente necessários, pois Mas não houve somente avanços. Eis alguns pontos do Pronas-
não há eficiência policial sem respeito aos direitos humanos, as- ci que representam retrocesso, relativamente ao Plano de Seguran-
sim como a vigência desses direitos depende da garantia oferecida, ça com o qual o presidente Lula venceu a eleição de 2002: (a) em
em última instância, pela eficiência policial. Tampouco é pertinente vez de unidade sistêmica, fruto de diagnóstico que identifica priori-
opor prevenção a repressão qualificada; ambas as modalidades de dades e revela as interconexões entre os tópicos contemplados pelo
ação do Estado são legítimas e úteis, dependendo do contexto. Po- plano, tem-se a listagem de propostas, organizadas por categorias
lícia cumpre papel histórico fundamental na construção da demo- descritivas (em si mesmas discutíveis) mas essencialmente frag-
cracia, cabendo-lhe proteger direitos e liberdades. Nesse sentido, mentárias e inorgânicas, isto é, desprovidas da vertebração de uma
empregar a força comedida, proporcional ao risco representado política; (b) O envolvimento de um número excessivo de ministérios
pela resistência alheia à autoridade policial, impedindo a agressão lembra o Piaps, com seus méritos e suas dificuldades. A intenção
ou qualquer ato lesivo a terceiros, não significa reprimir a liberdade é excelente, mas o arranjo não parece muito realista, sabendo-se
de quem perpetra a violência, mas preservar direitos e liberdades quão atomizada é nossa máquina pública, e quão burocráticos e
das vítimas potenciais. Assim, aprimoramento do aparelho policial departamentalizados são os mecanismos de gestão; (c) A única re-
e aperfeiçoamento da educação pública não devem constituir obje- ferência à regulamentação do Sistema Único de Segurança Pública
tos alternativos e excludentes de investimento estatal. Não se edifi- (Susp) é brevíssima, superficial, pouco clara, e sugere uma com-
ca uma sociedade verdadeiramente democrática sem igualdade no preensão restrita, reduzindo-o à dimensão operacional: “O Pronasci
irá regulamentar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), já
pactuado entre estados e União, mas ainda não instituído por lei. O
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

SUSP dispõe sobre o funcionamento dos órgãos de segurança públi- No primeiro eixo temático subsumido pela segunda categoria,
ca. Seu objetivo é articular as ações federais, estaduais e municipais “Programas locais”, denominado “Território de paz”, estão os se-
na área da Segurança Pública e da Justiça Criminal” (Documento do guintes tópicos: (a) “Gabinetes de Gestão Integrada Municipal”; (b)
Ministério da Justiça, intitulado Pronasci); (d) O tema decisivo, as Conselhos Comunitários de Segurança Pública”; (c) “Canal Comu-
reformas institucionais, não é sequer mencionado – provavelmente nidade”.
por conta de seu caráter politicamente controvertido (dada a inde- No segundo eixo temático, “Integração do jovem e da família”,
finição das lideranças governamentais a respeito do melhor modelo incluem-se: (a) “Mães da paz”; (b) “Saúde da família”; (c) “Forma-
a adotar) e de seu potencial desagregador, derivado das inevitáveis ção do preso”; (d) “Pintando a liberdade e pintando a cidadania”.
reações corporativas que suscitaria. Assim, com o Susp anêmico e No terceiro eixo, “Segurança e convivência”, encontram-se: (a)
sem o seu complemento institucional – a desconstitucionalização “Urbanização”; (b) “Projetos educacionais”; (c) “Atividades cultu-
ou alguma fórmula reformista, ao nível das estruturas organizacio- rais”.
nais –, o status quo policial e, mais amplamente, o quadro fragmen- As apresentações dos itens são sumaríssimas. Portanto, não
tário das instituições da segurança pública acaba sendo assimilado. seria justo avaliá-las pelo documento divulgado. Será necessário
Desse modo, naturaliza-se o legado da ditadura, chancelando-se a aguardar a apresentação do Pronasci, em sua versão completa e
transição incompleta como a transição possível. O Pronasci resig- definitiva. Saltam à vista, entretanto, desde logo, alguns aspectos,
na-se a ser apenas um bom Plano destinado a prover contribuições positivos e negativos. São extremamente positivos os pontos focali-
tópicas. zados, em si mesmos. Todos são relevantes, ainda que alguns sejam
Examinemos as categorias com as quais o Pronasci é formula- muito importantes do que outros, até porque constituem precondi-
do. As duas categorias ordenadoras denominam-se “Ações estrutu- ções para a realização dos demais. Todavia, o caráter assistemático
rais” e “Programas locais”. A categoria “Ações estruturais” subsume do Programa, concebido como uma listagem de tópicos e compro-
os seguintes eixos temáticos: “Modernização das instituições de se- missos que mal se adaptam às categorias ordenadoras escolhidas
gurança pública e do sistema prisional”; “Valorização dos profissio- ou que o fazem com heterogeneidades e assimetrias, acaba pro-
nais de segurança pública e agentes penitenciários”; “Enfrentamen- vocando redundâncias e lapsos – ou seja, não se indicam os passos
to à corrupção policial e ao crime organizado”; “Programas locais” que completarão as iniciativas anteriores, para torná-las efetivas,
– estes últimos subdividem-se em: “Território de paz”; “Integração uma vez que, muitas delas – vale reiterar –, mesmo quando virtuo-
do jovem e da família”; “Segurança e convivência”. sas em si mesmas, podem condenar-se à ineficácia se não forem
No primeiro eixo das “Ações estruturais”, denominado, como acompanhadas de outras medidas e reformas.
vimos, “Modernização das instituições de segurança pública e do Cito apenas alguns exemplos, que poderiam se multiplicar:
sistema prisional”, encontramos os seguintes tópicos: (a) “Força Na- mencionam-se as duas polícias federais, afirmando-se compromis-
cional de Segurança Pública” – em que se diz quando foi criada, de so com ações destinadas a promover aprimoramentos tópicos. Con-
quantos profissionais é composta, para que serve, e que ganhará tudo, nada se diz sobre suas inter-relações e sobre as relações de
sede própria, em Brasília, onde ficarão 500 agentes, em condições ambas com a Senasp, assim como nada se diz sobre a relação desse
de pronto-emprego, mediante solicitação dos governadores; (b) conjunto institucional com as polícias estaduais. Tampouco se iden-
“Polícia Rodoviária Federal” – em que se fazem breves referên- tificam critérios para distribuição dos recursos do Fundo Nacional
cias a melhorias, em um parágrafo; (c) “Vagas em presídios” – em de Segurança Pública, nem há o reconhecimento de que as polícias
que se prometem 37,8 mil novas vagas, até 2011, e a construção federais, tanto quanto as estaduais, permanecem desprovidas de
de presídios para jovens entre 18 e 24 anos; (d) “Lei Orgânica das mecanismos de avaliação, monitoramento e controle externo.
Polícias Civis” – em que não se especifica o conteúdo da Lei Orgâni- Os seis eixos do Susp não são reconhecidos como alvos estraté-
ca em questão; (e) “Regulamentação do Susp” (já comentado); (f) gicos de intervenções sistêmicas e modulares: formação, informa-
“Lei Maria da Penha” (proteção à mulher) – em que se promete a ção, gestão, perícia, controle externo e articulação com as políti-
construção de centros de educação e reabilitação para agressores; cas sociais. Por isso, o Pronasci elenca propostas em várias dessas
(g) “Escola Superior da Polícia Federal”; (h) “Campanha de desar- áreas, mas não o faz de forma estruturada: refere-se, por exemplo,
mamento”. a cursos diversos, mas não à substituição da atual fragmentação
No segundo eixo, “Valorização dos profissionais de segurança babélica que se verifica no setor, atualmente, por um modelo na-
pública e agentes penitenciários”, incluem-se: (a) “Bolsa-forma- cional, respeitoso da diversidade regional e da autonomia fede-
ção”; (b) “Moradia”; (c) “Rede de educação a distância”; (d) “Gra- rativa, mas integrador. Sobre o futuro das Guardas Municipais, o
duação e mestrado”; (e) “Formação dos agentes penitenciários”; documento é omisso. Apenas defende a valorização e qualificação
(f) “Atendimento a grupos vulneráveis” – em que se explicita o das Guardas, atribuindo-lhes vocação para a prevenção, mas não
compromisso de formar os profissionais da segurança a tratarem assume posição na polêmica sobre o destino institucional dessas
de maneira adequada e digna “mulheres, homossexuais, afrodes- corporações: há dezenas de projetos de emenda constitucional, no
cendentes e outras minorias”; (g) “Jornadas de direitos humanos”; Congresso Nacional, que propõem sua transformação em polícias
(h) “Tecnologias não-letais”; (i) “Comando de incidentes”; (j) “Inteli- ostensivas, uniformizadas e armadas.
gência”; (l) “Investigação de crimes”; (m) “Guardas Municipais”; (n) Essa mudança de status é desejável sem que as guardas se sub-
“Policiamento comunitário”. metam a intensa preparação e profunda reorganização, para que
No terceiro eixo, “Enfrentamento à corrupção policial e ao cri- essas futuras polícias municipais não reproduzam os vícios das PM?
me organizado”, constam: (a) “Laboratórios contra lavagem de di- A ruptura do ciclo de trabalho policial deveria ser replicada na es-
nheiro”; (b) “Ouvidorias e corregedorias”; (c) “Tráfico de pessoas”. fera municipal, ou seja, as Guardas deveriam ser pequenas PM? Ou
deveríamos aproveitar a oportunidade histórica de uma renovação
institucional desse porte para superar a dicotomia que, hoje, divide

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

o trabalho policial entre as polícias civil e militar, nos estados? Por períodos e localidades, é essencial para se conhecerem melhor os
que não Guardas Civis municipais como polícias de ciclo completo, objetivos dos formuladores de políticas e os resultados que estas
ainda que se lhes preservem a vocação comunitária e preventiva? podem trazer para a sociedade.
Eis aí, portanto, razões para otimismo e para cautela. Os mé- Dessa forma, é importante mencionar que as iniciativas na área
ritos do Pronasci são suficientes para justificar a esperança de que de segurança têm sofrido variações significativas quanto aos seus
haverá avanços na segurança pública brasileira. Mas não parecem objetivos e estratégias ao longo das últimas décadas. Essas varia-
suficientes para justificar a esperança de que o país começará, fi- ções estão diretamente associadas ao paradigma conceitual que
nalmente, a revolver o entulho autoritário que atravanca o progres- alimenta cada uma dessas iniciativas.
so na área, com sua carga de irracionalidade e desordem organi-
zacional, incompatíveis com funções tão importantes, exigentes e Este texto apresenta como recorte temporal as últimas cinco
sofisticadas, em uma sociedade cada vez mais complexa, na qual o décadas, num período que compreende desde a ditadura militar
crime cada vez mais se organiza, se nacionaliza e se transnacionali- até hoje, sendo analisadas características que permitem o delinea-
za. Por outro lado, considerando-se a virtude dos compromissos já mento de três paradigmas principais na área de segurança:
firmados pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, através da edição do • Segurança Nacional, vigente durante a ditadura militar;
Pronasci, com todo o seu potencial para produzir bons resultados – • Segurança Pública, que se fortalece com a promulgação da
ainda que parciais e insuficientes –, há bons motivos para crer que o Constituição de 1988;
processo poderá fortalecer sua liderança e criar condições políticas • Segurança Cidadã, perspectiva que tem se ampliado em toda
mais favoráveis para a assunção dos riscos envolvidos nas reformas a América Latina e começa a influenciar o debate em segurança no
mais ousadas. Brasil, a partir de meados de 2000.

Paradigmas de Segurança no Brasil118 No entanto, antes de iniciar o detalhamento sobre os três pa-
O aumento da percepção de insegurança e a elevação dos índi- radigmas descritos aqui, é importante a reflexão sobre algumas de
ces de criminalidade têm colocado o debate sobre a efetividade das suas propriedades:
ações de prevenção e controle da violência cada vez mais em evi- • os paradigmas analisados não são estanques, ou seja, não
dência. Mas será que essa é uma preocupação recente? Será que a surgem com um conjunto de características que permanecem inal-
violência tem sido percebida da mesma forma ao longo das últimas teradas durante toda a sua vigência (POPPER, 1982). Pelo contrário,
décadas? E as políticas de segurança, adotaram sempre estratégias algumas dessas características sofrem transformações ao longo do
semelhantes? tempo, que até podem indicar a transição para um novo paradigma.
De fato, para melhor compreender a dinâmica atual da violên- No entanto, alguns traços mais marcantes – que podem ser aqui
cia e as alternativas de políticas públicas disponíveis, é imprescindí- denominados de núcleo paradigmático – permitem identificá-los e
vel retomar a reflexão sobre o histórico das políticas de segurança diferenciá-los de outros com características distintas;
no país. Nas últimas décadas, identifica-se uma crescente produção • os paradigmas não são excludentes. O advento de um novo
acadêmica sobre a evolução da dinâmica da violência e da crimina- paradigma não significa que todos os anteriores deixaram de existir.
lidade no país, bem como sobre o histórico da atuação das forças Na verdade, dois ou mais paradigmas podem coexistir em determi-
policiais. No entanto, observa-se uma produção comparativamente nado período. Assim, não é possível identificar claramente as datas
reduzida sobre a dinâmica histórica das políticas de segurança no de início e término de um paradigma. É interessante observar essa
país119. coexistência especialmente em períodos de transição paradigmá-
Nesse sentido, o presente artigo busca contribuir para a com- tica. Nesse sentido, as transições entre paradigmas se aproximam
preensão da evolução histórica dos paradigmas que influenciaram mais de um processo do que de uma brusca ruptura. Essa coexis-
– e influenciam – as políticas públicas de segurança no país. Essa tência pode ocorrer quando se considera não só a escala tempo-
reflexão é importante, pois, considerando-se as múltiplas possibi- ral, mas também a distribuição geográfica. Por exemplo, diferentes
lidades de especialização e diferenciação das instituições e suas regiões do país podem adotar políticas de segurança com base em
respectivas formas de atuação, a configuração exata escolhida em diretrizes distintas, em um mesmo período;
determinado local e período estará fortemente relacionada aos • o histórico dos paradigmas no país influencia as caracterís-
conceitos e paradigmas que são a base da formulação da política ticas das políticas públicas de segurança subsequentes. Esse fenô-
pública de segurança. meno é denominado “dependência da trajetória”121. Em outras pa-
O conceito de paradigma é adotado aqui como visões de mun- lavras, determinadas características paradigmáticas ganham tanta
do compartilhadas, que influenciam a forma de pensar de determi- força que acabam influenciando a direção na qual se dá o desen-
nado grupo, em determinada época120, no que se refere não só à volvimento do novo paradigma. Esta reflexão será aprofundada,
produção científica, mas também à formulação de políticas públi- mais adiante, na análise das características dos três paradigmas de
cas. Assim, identificar os distintos paradigmas que definem a ela- segurança;
boração de políticas públicas de segurança no Brasil, em diferentes • um paradigma não é uma política pública. Os paradigmas são
118 FREIRE, Moema Dutra. Paradigmas de Segurança no Brasil: da Ditadura aos crenças, valores e conceitos que predominam no governo e na so-
nossos dias. Aurora (PUCSP. Online) , ciedade em determinada localidade e período. Mas isso não quer
v. 5, p. 49-58, 2009. Disponível em http://revista.forumseguranca.org.br/index.php/ dizer que essas mesmas crenças, valores e conceitos sejam auto-
rbsp/article/view/54/52 maticamente traduzidos em políticas públicas. Estes podem, sim,
119 SAPORI, L. F. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2007.
120 KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. Tradução Beatriz Vianna 121 NORTH, D. Institutions, institutional change and economic performance.
Boeira e Nelson Boeira. 3ª. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. United States: Cambridge University Press, 1990.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

influenciar a sua formulação ou indicar possíveis tendências, mas figura do “inimigo interno”, passando a ser potencialmente suspei-
vários outros fatores – como variáveis políticas, orçamentárias, téc- to todo e qualquer cidadão que pudesse atentar contra a “vontade
nicas, etc. – também incidem na conformação final das políticas. nacional”.
Esses fundamentos são essenciais para a compreensão da tra- Em suma, o paradigma de Segurança Nacional caracteriza-se
jetória histórica dos paradigmas em segurança no Brasil, conforme pela prioridade dada, inicialmente, ao inimigo externo, materia-
explanação a seguir. lizado no combate ao comunismo, e, posteriormente, ao inimigo
interno, correspondente a qualquer indivíduo percebido como con-
Segurança Nacional trário à ordem vigente. A ameaça à segurança aqui é vista como
O conceito de Segurança Nacional foi adotado no Brasil duran- tudo aquilo que atenta contra o Estado e contra os interesses nacio-
te o período da ditadura militar (1964-1985), em que eram priori- nais, intimamente associados aos interesses daqueles que estão no
zadas a defesa do Estado e a ordem política e social. Este processo poder. Para a preservação dos interesses nacionais e a eliminação
iniciou-se pela tomada do poder pelas Forças Armadas e pela ins- de atos percebidos como ameaça ao Estado, justifica-se a adoção
tauração de um regime no qual o presidente detinha uma grande de qualquer meio, mesmo aqueles que demandem a violação de
soma de poderes. O período caracterizou-se por supressão de di- direitos (que na época foram suprimidos) e até mesmo o desres-
reitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão a peito à vida humana. Assim, a atuação do Estado é incisivamente
qualquer manifestação contrária ao regime militar. repressiva, por meio das Forças Armas e de órgãos especiais criados
A ditadura representou uma brusca e violenta ruptura do prin- para este fim.
cípio segundo o qual todo poder emana do povo e em seu nome é Segurança Pública
exercido. A perspectiva de Segurança Nacional era fundada na ló- Logo após o término do período correspondente à ditadura
gica de supremacia inquestionável do interesse nacional, definido militar, promulgou-se a Constituição de 1988, que, em seu artigo
pela elite no poder, justificando-se o uso da força sem medidas em 144, estabelece que a Segurança Pública – dever do Estado e di-
quaisquer condições necessárias à preservação da ordem. reito e responsabilidade de todos – é exercida para a preservação
A base conceitual para atuação do Estado na área de seguran- da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
ça, no período, fundamentava-se na Doutrina de Segurança Nacio- por meio dos seguintes órgãos: Polícia Federal; Polícia Rodoviária
nal e Desenvolvimento, formulada pela Escola Superior de Guer- Federal; Polícia Ferroviária Federal; Polícias Civis; Polícias Militares
ra122. Esta doutrina foi moldada em torno do conceito de Segurança e Corpos de Bombeiros Militares.
Nacional, definido então como a habilidade de um Estado garantir, Em paralelo à definição do conceito e ao estabelecimento dos
em determinada época, a obtenção e manutenção de seus objeti- órgãos responsáveis pela Segurança Pública, a Constituição expres-
vos nacionais, apesar dos antagonismos ou pressões existentes ou sa ainda, em seu artigo 142, o papel das Forças Armadas, destacan-
potenciais. do sua responsabilidade pela manutenção da segurança nacional,
Dessa forma, o conceito de Defesa Nacional estava intima- soberania nacional, defesa da pátria e garantia dos poderes cons-
mente associado à defesa do Estado e este princípio foi expresso titucionais.
na primeira Constituição promulgada pelo regime militar, em 1967. A partir dessas duas definições constitucionais, percebe-se que
A emenda constitucional de 1969 acrescentou a esse princípio o o texto constitucional de 1988 inova em relação ao paradigma ante-
destaque para as Forças Armadas, com o argumento de que eram rior, ao destacar que a Segurança Pública é dever do Estado e direito
essenciais à execução da política de Segurança Nacional, cabendo a e responsabilidade de todos. No entanto, na lista de responsáveis
estas promover a obtenção e a salvaguarda dos objetivos nacionais. pela Segurança Pública, são mencionadas apenas as instituições po-
As Forças Nacionais, nesse contexto, emergiram assim como intér- liciais federais e estaduais, não citando o papel de outros órgãos
pretes da vontade nacional. governamentais na prevenção à violência, ou mesmo a importância
Um marco importante para a formulação da Doutrina de Segu- da atuação dos municípios e da comunidade.
rança Nacional foi o treinamento de oficiais superiores das Forças É relevante destacar ainda que a perspectiva de Segurança
Armadas no National War College (centro de treinamento do alto Pública, ao suceder um paradigma no qual as Forças Armadas
escalão do exército norte-americano), que trouxeram para o Brasil detinham a primazia da preservação da ordem, preocupa-se em
uma ideologia voltada para a garantia de metas de segurança para diferenciar os papéis institucionais das polícias e do Exército.
implantar uma geopolítica para todo o Cone Sul, no sentido de con- Essa separação de papéis transcrita no texto da Constituição é
tenção do perigo de expansão do comunismo. importante, pois destaca a distinção entre Segurança Pública e
Foi criado, então, um aparelho repressivo composto pelo Servi- Segurança Nacional: a primeira é voltada para a manifestação da
ço Nacional de Informação (SNI) e órgãos de informação das Forças violência no âmbito interno do país e a segunda refere-se a ameaças
Armadas, como o Destacamento de Operações de Informações – externas à soberania nacional e defesa do território.
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), cujo objetivo Para entender essa nova perspectiva, é interessante lembrar o
era garantir de forma eficiente o bloqueio ou a eliminação de qual- contexto da Constituição de 1988, que aprofundou os princípios de
quer força que exercesse pressão ou ameaçasse o Estado de Segu- descentralização administrativa, conferindo a estados e municípios
rança Nacional123. Com o recrudescimento do regime, instituiu-se a novos papéis. A responsabilidade sobre a Segurança Pública, nes-
se conceito, passa a ser prioritariamente dos estados, por serem
estes os responsáveis pela gestão das polícias civil e militar. Esse
122 OLIVEIRA, E. As Forças Armadas: política e ideologia no Brasil (1964- arranjo dotou os estados de autonomia na condução da política de
1969). Petrópolis: Vozes, 1976. segurança, mas, ao mesmo tempo, dificultou a implementação de
123 BORGES, N. (2003), A doutrina de Segurança Nacional e os governos diretrizes mínimas de uma política nacional de segurança, o que
militares. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. (Orgs.) O Brasil republicano. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

poderia trazer prejuízo para a prevenção e controle da violência e de Segurança Cidadã envolve várias dimensões, reconhecendo a
criminalidade, pois a manifestação desses fenômenos não respeita multicausalidade da violência e a heterogeneidade de suas mani-
as fronteiras estaduais. festações.
Nesse contexto, é importante mencionar o papel de articulação Uma intervenção baseada no conceito de Segurança Cidadã
entre os estados, atribuído posteriormente ao governo federal. Em precisa, necessariamente, envolver as várias instituições públicas e
1995 foi criada a Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais a sociedade civil, na implementação de ações planejadas a partir
de Segurança Pública, transformada em 1997 em Secretaria Nacio- dos problemas identificados como prioritários para a diminuição
nal de Segurança Pública (Senasp), à qual compete, entre outros, dos índices de violência e delinquência em um território, engloban-
assessorar o ministro da Justiça na definição e implementação da do iniciativas em diversas áreas, tais como educação, saúde, lazer,
política nacional de segurança pública, bem como acompanhar as esporte, cultura, cidadania, entre outras. Segundo este modelo, são
atividades dos órgãos responsáveis pela segurança pública. definidas cinco categorias principais de intervenções (PNUD, 2005,
A Senasp passou então a buscar a articulação entre as unidades p.09):
federativas, visando a estruturação do Sistema Único de Segurança • as dirigidas ao cumprimento voluntário de normas;
Pública (Susp). Inspirado no Sistema Único desenvolvido no âmbito • as que buscam a inclusão social e a diminuição de fatores de
das políticas de saúde (SUS), o Susp objetiva articular as ações fede- risco (álcool, drogas, armas, etc.);
rais, estaduais e municipais na área de segurança pública, procuran- • as que têm como propósito a melhoria dos contextos urba-
do aperfeiçoar o planejamento e a troca de informações para uma nos associados ao medo e ao perigo real (recuperação de espaços
atuação qualificada dos entes federados na área. O Susp não busca públicos);
a unificação, pois reconhece a autonomia das instituições que com- • as que facilitam o acesso dos cidadãos a mecanismos institu-
põem o Sistema, mas sim a integração, otimizando resultados. O cionais e/ou alternativos de resolução de conflitos;
Susp está estruturado em seis eixos: • as que possuem foco na construção de capacidades institu-
• gestão unificada da informação; cionais, melhoria da eficácia policial e das autoridades executivas
• gestão do sistema de segurança; ou judiciais e da confiança dos cidadãos em tais instituições.
• formação e aperfeiçoamento de policiais;
• valorização das perícias; A Figura 1 ilustra os pilares dessa perspectiva conceitual.
• prevenção;
• ouvidorias independentes e corregedorias unificadas.

Para estimular a implementação das diretrizes do governo fe-


deral materializadas no Susp, a Senasp conta com o Fundo Nacional
de Segurança Pública. Para o recebimento dos recursos financeiros
do Fundo, os estados devem apresentar projetos, que, após análise
e aprovação, são implementados por meio da celebração de convê-
nio entre aquela Secretaria e as unidades federativas.
Assim, observa-se que a perspectiva da Segurança Pública des-
loca o papel de prevenção e controle da violência das Forças Arma-
das para as instituições policiais. Nesse sentido, no paradigma da
Segurança Pública, cabe primordialmente às instituições policiais a
responsabilidade pelo controle e prevenção da violência. No entan-
to, enquanto na perspectiva da Segurança Nacional a violência era
representada como as ameaças aos interesses nacionais, no arca-
bouço da Segurança Pública está é caracterizada como ameaça à
integridade das pessoas e do patrimônio.

Segurança Cidadã
A perspectiva de Segurança Cidadã surgiu na América Latina, a
partir da segunda metade da década de 1990, tendo como princípio
a implementação integrada de políticas setoriais no nível local124. O
conceito de Segurança Cidadã começou a ser aplicado na Colômbia, No Brasil, é possível perceber tentativas de aproximação a esse
em 1995, e, seguindo o êxito alcançado naquela localidade na pre- conceito nos últimos anos. Em 2003, a Secretaria Nacional de Segu-
venção e controle da criminalidade, passou a ser adotado então por rança Pública iniciou o projeto de cooperação técnica “Segurança
outros países da região. Cidadã”, em parceria com as Nações Unidas e com a colaboração de
O conceito de Segurança Cidadã parte da natureza multicausal técnicos colombianos que iniciaram a implementação do conceito
da violência e, nesse sentido, defende a atuação tanto no espectro em seu país. Essa iniciativa demonstra o início da transição para um
do controle como na esfera da prevenção, por meio de políticas pú- novo paradigma em segurança. No entanto, como ressaltado ante-
blicas integradas no âmbito local. Dessa forma, uma política pública riormente, a adoção de um novo marco conceitual não significa sua
124 MARTIN, G.; CEBALLOS, M. Bogotá: anatomia de uma transformação imediata materialização na forma de políticas públicas.
– políticas de Segurança Cidadã (1995-2003). Bogotá: Pontifícia Universidade É importante observar também uma característica atual da
Javeriana, 2004. segurança no país, que influencia a transição entre paradigmas.
Apesar da prerrogativa de articulação de políticas nacionais de
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segurança conferida ao Ministério da Justiça, como a característica federativa do Brasil confere autonomia aos estados na condução das
políticas de segurança em seus territórios, pode-se afirmar que este novo paradigma está presente de forma mais ou menos intensa nas
diferentes unidades da federação.
Uma reflexão semelhante pode ser aplicada para outra política governamental mais recente: o Programa Nacional de Segurança
Pública com Cidadania (Pronasci). Algumas premissas conceituais adotadas por essa política demonstram indícios do aprofundamento
da transição rumo ao novo paradigma aqui examinado. No entanto, é importante lembrar novamente que o arcabouço conceitual ou o
paradigma que influencia o desenho de políticas não corresponde necessariamente aos seus resultados práticos. Nesse sentido, apesar de
observada a maior convergência conceitual das políticas de segurança mais recentes com o paradigma da Segurança Cidadã, ainda perma-
necem diversos desafios para a aplicação prática dessa perspectiva.
Ao se examinarem as características do paradigma de Segurança Cidadã, especialmente quando comparadas àquelas existentes nas
perspectivas apresentadas anteriormente (Segurança Nacional e Segurança Pública), nota-se uma grande mudança conceitual. Na pers-
pectiva de Segurança Cidadã, o foco é o cidadão e, nesse sentido, a violência é percebida como os fatores que ameaçam o gozo pleno de
sua cidadania. Em outras palavras, permanece a proteção à vida e à propriedade já presente no paradigma de Segurança Pública, mas
avançasse rumo à proteção plena da cidadania.
Quanto à forma de abordagem dessa violência, é dado novo fôlego à importância da prevenção, que compõe, ao lado das iniciativas
de controle, uma estratégia múltipla de tratamento.
Outra diferença importante está na distribuição de responsabilidades e competências para prevenção à violência. A perspectiva de
Segurança Cidadã defende uma abordagem multidisciplinar para fazer frente à natureza multicausal da violência, na qual políticas públicas
multissetoriais são implementadas de forma integrada, com foco na prevenção à violência. Nesse sentido, uma política pública de Segu-
rança Cidadã deve contar não apenas com a atuação das forças policiais, sendo reservado também um espaço importante para as diversas
políticas setoriais, como educação, saúde, esporte, cultura, etc.
No entanto, as políticas setoriais no âmbito de políticas de Segurança Cidadã possuem um diferencial: são elaboradas e implemen-
tadas com foco na prevenção à violência. Nesse sentido, uma política de educação que faz parte de uma estratégia de Segurança Cidadã
deverá ter como público-alvo, por exemplo, jovens em situação de risco em comunidades vulneráveis.
É imprescindível destacar ainda o papel conferido aos municípios e cidadãos na implementação de uma política de Segurança Cidadã.
Em contraste com o paradigma anterior, em que as ações são de competência principalmente das instituições policiais federais, na
perspectiva de Segurança Cidadã, além do papel de suma importância das instituições policiais, é conferido também espaço de atuação
ao município, principalmente na gestão local das políticas setoriais voltadas para prevenção à violência.
A comunidade também é destaque nesse processo: a gestão local da segurança aproxima os cidadãos da implementação da política,
possibilitando a eles uma maior atuação no tema e conferindo maior legitimidade às ações. As ações comunitárias ganham destaque nesse
conceito e a construção de uma cultura cidadã na comunidade, incluindo o respeito às normas de convivência e a resolução pacífica de
conflitos, é um dos pilares das ações de prevenção.
Análise comparada: núcleos paradigmáticos em contraste
Com o objetivo de melhor compreender os três paradigmas de segurança aqui examinados, após a breve descrição realizada anterior-
mente, foram eleitas seis categorias de análise, apresentadas nos quadros a seguir, que auxiliarão a identificar o núcleo paradigmático das
perspectivas estudadas.

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Trajetória da evolução paradigmática em segurança no Brasil


Após a descrição dos três paradigmas em segurança, é interessante fazer um breve exame de algumas tendências que marcaram a
trajetória das políticas públicas no Brasil no período estudado. Essas tendências estão diretamente relacionadas à Constituição de 1988,
que representa um marco para a estruturação das políticas públicas atuais. Serão examinadas aqui especialmente tendências ligadas de
forma mais direta a políticas públicas na área social, pois se referem mais claramente à evolução posterior dos paradigmas em segurança,
destacando-se:
• o reconhecimento e a ampliação de direitos de cidadania (políticos, civis, econômicos e sociais);
• a descentralização federativa;
• o debate sobre universalização versus focalização em políticas públicas.
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A ampliação dos direitos de cidadania, intensificada com o fim para a concepção do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). No
do período ditatorial e fortalecida pela Constituição de 1988, confe- entanto, o fortalecimento de alguns elementos presentes no SUS,
re nova ênfase à participação social em políticas públicas. Ressalta- que também caracterizavam a concepção inicial do Susp, não se
-se o papel do cidadão não apenas como beneficiário, mas também manifestou plenamente no paradigma de Segurança Pública, mas
como agente importante na formulação e no controle social de po- sim na perspectiva da Segurança Cidadã.
líticas públicas. A partir do advento da nova Constituição, multipli- Na Segurança Pública, a descentralização alcança apenas o ní-
caram-se as experiências participativas, com especial destaque para vel estadual, enquanto na Segurança Cidadã é dada nova ênfase à
os conselhos de políticas públicas. gestão local em segurança e a atuação municipal passa a ser fun-
A Constituição de 1988 também reforçou a descentralização damental para aplicação desse conceito. O mesmo ocorre com a
federativa na implementação de políticas públicas, especialmente participação social. Na Segurança Pública, existe a ideia de instau-
quando consideradas as políticas na área social. Foi enfatizado o ração de conselhos, mas na Segurança Cidadã a participação social
papel dos estados e municípios, notadamente nas políticas de saú- é central: o indivíduo é o centro da política e seu principal benefi-
de e educação. ciário, possuindo papel preponderante na gestão local das políticas
Por fim, a Constituição de 1988 deu ênfase à universalização de Segurança Cidadã. A participação aqui extrapola os espaços ins-
do acesso a políticas públicas, mas isso ocorreu em meio ao deba- titucionais dos conselhos, passando a ser vista como uma mudança
te sobre a importância da focalização dos esforços em territórios e cultural.
públicos-alvo mais vulneráveis. Esse debate permanece nas arenas Sobre a universalização da política, a Segurança Pública já res-
decisórias em políticas públicas. salta a importância de que esta esteja ao alcance de todos os indi-
Mas qual a relação dessas tendências com os paradigmas em víduos. No entanto, na Segurança Cidadã, permanece o conceito
segurança? É possível perceber que essas tendências aparecem de de universalização, mas de forma combinada com a focalização de
forma semelhante nas transições paradigmáticas aqui examinadas. determinadas ações, privilegiando públicos e fatores de risco para
A Constituição de 1988 também é marco para a área de segurança, a prevenção à violência.
ao consolidar uma nova perspectiva conceitual: a Segurança Públi- Ao se observar a trajetória paradigmática em segurança, cons-
ca. Nesta perspectiva, o movimento correspondente à ampliação tata-se que algumas das tendências centrais para políticas públicas
dos direitos de cidadania aparece refletido na reorientação do foco da área social começam a ser aprofundadas apenas com o adven-
da segurança: é estabelecida claramente a diferença entre Seguran- to da perspectiva de Segurança Cidadã. Em outras palavras, a nova
ça Nacional e Segurança do Cidadão. Os indivíduos ganham força tendência paradigmática em segurança – a Segurança Cidadã – in-
como público-alvo das políticas, em contraste com o paradigma an- corpora e aprofunda características que já estão presentes em ou-
terior, voltado para a soberania e os interesses nacionais. tras políticas públicas no Brasil. Por isso é ressaltada a manifestação
A descentralização também aparece de certa forma refletida tardia dessas tendências, quando comparada a outras políticas,
nessa transição paradigmática inicial. Na perspectiva da Seguran- principalmente na área social. Por consequência, seu amadureci-
ça Nacional, o protagonismo era conferido às Forças Armadas, de mento também ocorre em período posterior, o que acarreta alguns
organização federal. Já na Segurança Pública, as polícias, principal- limites à aplicação prática dessa perspectiva conceitual, como exa-
mente civis e militares, de responsabilidade dos estados, assumem minado a seguir.
esse papel preponderante.
A Constituição de 1988 também estabeleceu a universaliza- Considerações finais: avanços e limites rumo a um novo para-
ção do acesso à política como princípio da área de segurança, ao digma
ressaltar, em seu artigo 144, que a Segurança Pública é dever do A identificação e a análise dos principais elementos que compõem
Estado e direito e responsabilidade de todos. Ao se contrastar esse as perspectivas de Segurança Nacional, Segurança Pública e Segurança
posicionamento com o vigente durante o período ditatorial, pode- Cidadã permitem observar uma interessante trajetória paradigmática
-se perceber claramente a diferença: na perspectiva da Segurança na formulação de políticas públicas de segurança no país.
Nacional, a política de segurança tinha como principal beneficiário Nessa análise comparada, percebe-se a tendência crescente de in-
o Estado e não o cidadão. fluência da perspectiva conceitual de Segurança Cidadã, que se distin-
Após essa primeira análise, poder-se-ia concluir que as tendên- gue das duas outras aqui examinadas, principalmente no que diz res-
cias examinadas, que possuem como marco a Constituição de 1988, peito à sua metodologia multidimensional de abordagem do problema
surgem de forma idêntica na evolução das políticas sociais e na da violência, bem como na atuação dos municípios e no papel prepon-
transição paradigmática em segurança. No entanto, a continuidade derante conferido ao empoderamento e participação dos cidadãos na
dessa análise, agora já abarcando as características do paradigma gestão local das políticas de Segurança Cidadã.
de Segurança Cidadã, permite uma conclusão adicional: a evolução No entanto, apesar de essa perspectiva já estar presente no Brasil
dos paradigmas em segurança seguiu um ritmo distinto, de matu- de forma conceitual, sua aplicação integral em todos os estados ainda
ração mais lenta, do que aquele observado em outras políticas da não é observada, permanecendo a demanda de difusão do conceito,
área social. bem como sua correspondente transposição prática.
Quando se observa o paradigma em saúde atualmente conso- Essa difusão é naturalmente lenta, pois esbarra muitas vezes em
lidado, percebe-se que, no momento do advento da Constituição, visões de mundo arraigadas nas instituições policiais – centradas na
este já havia atingido um grau de maturidade, o que permitiu sua preponderância dessas instituições na implementação das políticas de
universalização, descentralização articulada e organização de uma segurança, identificando as políticas sociais como elementos alheios à
estrutura participativa, em linha com o fortalecimento dos direitos esfera da segurança – e em uma perspectiva operacional-repressiva.
de cidadania, com um importante papel desempenhado pelos con- Mas essa barreira cultural não é restrita às instituições de segurança:
selhos. Dado o avanço desse modelo, o Sistema Único de Saúde, ca- muitos dos setores responsáveis por políticas sociais apresentam tam-
racterístico desse paradigma, foi inclusive adotado como inspiração bém resistência em relação a um trabalho articulado. Além disso, a co-
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munidade muitas vezes não percebe a importância da sua colaboração intelligentsia carioca acabou por conformar e pautar a interpretação do
para a prevenção à violência, uma vez que um paradigma reina não só fenômeno tráfico de drogas na sociedade brasileira, influenciando as
sobre os tomadores de decisão, mas também sobre o povo. pesquisas em outros centros.
Outros fatores que dificultam a plena assimilação da perspectiva Uma importante controvérsia que persiste e perpassa estudos
no país correspondem à característica centralizada da administração brasileiros e americanos diz respeito ao real impacto que o comércio e
pública e à inexistência da prática de atuação dos municípios em temas o consumo de drogas ilícitas teria na incidência dos homicídios e outros
de prevenção e controle da violência. Como as polícias civil e militar são crimes violentos ao longo do tempo.
de responsabilidade dos governos estaduais, não é associada compe- Inúmeras pesquisas empíricas buscam apontar as causas da cri-
tência aos municípios na implementação de políticas públicas voltadas minalidade mediante a observação de dados de criminalidade ou vio-
para prevenção e controle da violência. Essa perspectiva muda ao se lência frente a séries históricas de registros oficiais das organizações
destacar o papel das políticas setoriais na política de Segurança Cidadã policiais. De uma maneira geral, as análises temporais dispostas em
e também no estímulo à participação dos cidadãos nessa política. longas séries históricas de crimes oferecem duas situações particulares
Com relação ao conceito de atuação integrada das instituições res- com relação a tendências: por um lado, momentos de crescimento ou
ponsáveis pela formulação e implementação de políticas setoriais (edu- explosão da criminalidade e, por outro, situações em que se observa a
cação, saúde, cultura, esporte, etc.), é importante mencionar outra di- redução dos números absolutos. Em ambos os casos, a questão geral
ficuldade: a atuação pulverizada dos diversos setores governamentais, por trás dos estudos é identificar os fatores que explicam tal tendência.
com baixa integração e articulação e, mais ainda, baixa percepção do Muitas explicações para o crescimento ou a diminuição do nú-
papel dessas instituições setoriais em políticas de segurança. Essas ca- mero de homicídios imputam essas variações às influências de fatores
racterísticas demandam um grande esforço de gestão e sensibilização exógenos. O crescimento pode ser devido ao aumento da população
para o papel das distintas áreas e esferas governamentais em uma po- jovem, e a queda, por exemplo, pode ser considerada resultado de
lítica de Segurança Cidadã. condições econômicas favoráveis. Não obstante as distintas possibili-
Entretanto, como políticas baseadas no paradigma da Segurança dades de se compreender o fenômeno da criminalidade à luz das abor-
Cidadã requerem necessariamente a integração de políticas setoriais, dagens teóricas diversas, pesquisadores têm apontado a necessidade
o Estado tem aí a oportunidade de aprendizado quanto à gestão inte- de desagregar as categorias gerais de crimes, como os homicídios, em
grada de políticas públicas. Essa contribuição ajudaria a combater um subtipos “homogêneos” para melhor analisar os padrões e compor-
problema recorrente no país: a fragmentação de políticas públicas. tamentos específicos de cada tipo. Ou seja, muitos estudos procuram
Já quanto ao estímulo à participação dos cidadãos, a perspectiva detalhar a relação entre vítima e autor dos casos de homicídios para a
de Segurança Cidadã demanda também o reforço à gestão local da se- compreensão das características situacionais de sua ocorrência. Outras
gurança, em que os cidadãos devem desempenhar um importante pa- possibilidades de desagregação dos crimes de homicídios podem se re-
pel, oferecendo subsídios para a formulação de políticas públicas (que ferir à presença de álcool ou drogas no organismo das vítimas, local e
devem estar de acordo com as necessidades da comunidade) e o seu horário de ocorrência e motivação do crime. O fator tráfico de drogas
acompanhamento. Esse papel pode ser desempenhado, por exemplo, é incorporado, então, como possível variável explicativa da dinâmica
pelos Conselhos de Segurança Pública, já existentes em muitas loca- da violência.
lidades e que contam com representantes da comunidade, mas que Nesse sentido, a drástica redução de homicídios na cidade de
demandam fortalecimento e sensibilização quanto aos aspectos da Nova York na década de 1990 tem sido explicada por alguns estudiosos
perspectiva de Segurança Cidadã. como resultado de mudanças substantivas no mercado das drogas ilí-
citas. Tal ideia é contestada por especialistas que enfatizam o papel de
Mercado do crack e Violência Urbana na Cidade de Belo Hori- importantes mudanças ocorridas na atuação da polícia (MESSNER et
zonte125 alii, 2007; ZIMRING, 2007).
Uma importante vertente de estudos na sociologia do crime tem Outro case que tem provocado rica polêmica é a notável redução
como foco o impacto das drogas ilícitas na dinâmica da criminalidade. de homicídios no estado de São Paulo na primeira década deste milê-
A despeito da crença disseminada de que drogas ilícitas e violência, em nio. Diversos fatores sociais são pontados como possíveis explicações
especial homicídios, estão intimamente conectadas, ainda temos mui- para esse fenômeno sem precedentes na sociedade brasileira. Mudan-
to a avançar na coleta de dados empíricos e na elaboração de teorias ças na estrutura demográfica da população, alterações na política de
que proporcionem compreensão mais apurada da dinâmica do fenô- aprisionamento ou mesmo nas metodologias de ação policial são os
meno. Mesmo na sociologia americana, que tem se debruçado sobre mais recorrentes. Não se descarta, contudo, a possibilidade de que
o tema desde a década de 1970, os estudos realizados sugerem uma parte dessa redução da violência no estado esteja relacionada a mu-
forte relação entre drogas e homicídios, mas são incompletos no sen- danças no gerenciamento dos conflitos advindos do tráfico de drogas
tido de explicar tanto a natureza como a direção causal dessa relação por parte do Primeiro Comando da Capital.
(GOLDSTEIN et alii,1997). A relação drogas/violência foi objeto de sistematização teórica em
No Brasil, a partir da década de 1980, autores como Alba Zaluar, artigo referencial de Goldstein (1985). Segundo o autor, os homicídios
Michel Misse, Luiz Eduardo Soares, Ignácio Cano, Gláucio Soares e ou- decorrentes do consumo e do comércio de drogas podem ter lugar em
tros realizaram trabalhos empíricos referenciais sobre os mecanismos três contextos distintos:
sociais associados ao mercado ilegal de drogas e à resposta das polí- a) Sob o efeito psicofarmacológico das drogas: após a ingestão da
ticas de segurança pública para desmantelá-lo ou para atenuar a vio- droga, alguns indivíduos podem se tornar irracionais a ponto de agir de
lência a ele correlacionada. A rica e variada produção científica dessa forma violenta. A violência psicofarmacológica pode resultar também
da irritabilidade associada a síndromes de substâncias que causam de
125 SAPORI, Luis Flavio; SENA, Lúcia Lamounier; SILVA, Braulio Figueiredo. pendência química. Além disso, o uso da droga pode contribuir para
Mercado do crack e violência urbana na cidade de Belo Horizonte. Dilemas. Revis- que o indivíduo se comporte violentamente, e também pode alterar
ta de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 5, n. 1, p. 37-66, 2012. seu comportamento de maneira a aumentar seus riscos de vitimização.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

b) Formação de compulsão econômica: deve ser compreendida O uso de armas de fogo foi difundido entre outros jovens que
como o potencial que a dependência da droga tem na incidência de compunham a rede de relações dos “jovens do tráfico”, ou seja, jovens
crimes contra o patrimônio. que iam à mesma escola ou frequentavam a mesma redondeza. Passa-
Alguns usuários de drogas são compelidos a se engajar em ativi- ram a usar armas de fogo não apenas para autodefesa, mas também
dades criminosas, perpetrando roubos e furtos para obter recursos porque a arma de fogo transformou-se em símbolo de status social nas
econômicos necessários ao financiamento do consumo contumaz. Em comunidades onde residiam. A partir daí iniciou-se um ciclo vicioso.
diversas situações em que há reação das vítimas ou descontrole emo- Quanto mais armas apareciam na comunidade, maior era o incen-
cional do criminoso podem ocorrer homicídios. tivo para que todos procurassem se armar, potencializando a letalidade
c) Violência sistêmica: está relacionada à dinâmica do comércio na resolução de conflitos diversos do cotidiano (BLUMSTEIN, 1995, pp.
das drogas, especialmente das drogas ilícitas. Incluem-se aqui disputas 28-30).
territoriais entre traficantes rivais, afirmação de códigos de condutas Tendo como referência essa perspectiva teórica, o presente artigo
no interior dos grupos de traficantes, eliminação de informantes, pu- procura analisar a dinâmica da incidência de homicídios na cidade de
nições por adulteração de drogas e punições por dívidas não pagas, Belo Horizonte nas duas últimas décadas, a partir de alterações na con-
entre outros conflitos que emergem no processo de comercialização formação do mercado de drogas ilícitas. Procura-se argumentar que a
do produto. incorporação do crack a esse mercado desempenhou papel decisivo
Blumstein (1995) propõe outro tipo de conexão entre drogas e no expressivo incremento dos homicídios na cidade desde meados da
violência, que incorpora os efeitos sociais mais amplos do comércio década de 1990. E a explicação do fenômeno reside nas característi-
de drogas ilícitas. O autor o qualifica como “efeito de desorganização cas peculiares do tráfico do crack no varejo, pautado por uma rede de
da comunidade”, incluindo as maneiras através das quais as normas e comercialização bastante conflituosa, em uma intensidade superior à
padrões de conduta característicos do tráfico de drogas acabam por verificada no comércio de outras drogas ilícitas.
influenciar as atitudes e comportamentos de outros indivíduos que
não têm envolvimento direto com a venda ou o consumo da droga. A A epidemia de homicídios em Belo Horizonte
solução violenta de conflitos do cotidiano tende a incorporar o recurso Os dados do Gráfico 1 representam a dinâmica temporal dos ho-
à força física, fomentando um contexto social de cunho hobbesiano. micídios na cidade de Belo Horizonte em um período de 20 anos. Como
Foi exatamente Blumstein quem primeiro realizou um estudo so- se pode observar, a capital mineira vivencia patamares relativamente
bre o impacto do mercado de drogas ilícitas − especificamente o crack baixos de homicídios no início da série − com cerca de 300 homicídios
− no engendramento de uma epidemia de homicídios que atingiu seg- por ano −, alcança o nível mais elevado de ocorrências no ano de 2004,
mentos juvenis empobrecidos nas grandes cidades americanas entre com mais de 1.200 mortes, e retorna, no último ano da série, a valores
meados da década de 1980 e meados da década de 1990. Esse estudo significativamente inferiores ao período de pico vivenciado cinco anos
é considerado paradigmático por todos os que o sucederam, por ter antes.
apresentado uma sistematização teórica consistente acerca dos meca- A observação mais atenta do gráfico nos permite, da mesma
nismos sociais envolvidos na relação entre tráfico de crack e homicídios forma, subdividi-lo em três momentos bem distintos. Um primeiro
(MESSNER et alii, 2007). momento, que pode ser chamado de evolução estável, indo de 1990
Blumstein argumenta ainda que a epidemia de homicídios que a 1996; um segundo, entre os anos de 1997 e 2004, de crescimento
assolou a sociedade americana pode ser explicada por dois processos consecutivo dos números absolutos de mortes em Belo Horizonte e
conectados, quais sejam, a emergência e a difusão do mercado do que pode ser considerado um período de deterioração gradativa; e,
crack em diversas cidades e a disseminação do uso de armas de fogo por fim, o momento de reversão de tendência ou evolução negativa,
por amplos contingentes de jovens nessas mesmas cidades. O crack foi que vai de 2005 até o último ano dos dados disponíveis.
introduzido nos Estados Unidos, em tempos distintos e em diferentes
partes do país, a partir dos primeiros anos da década de 1980, atin-
gindo maior intensidade por volta de 1985 em grandes cidades, como
Nova York e Los Angeles. Uma importante característica do crack é seu
baixo preço, o que permitiu a formação de amplo mercado consumi-
dor oriundo de classes mais empobrecidas. A lucratividade da venda da
droga, segundo o autor, é acentuada pelo fato de que o usuário fazia
várias transações comerciais diárias para adquirir o produto, de modo
a se ajustar à demanda crescente. Os traficantes começaram a recrutar
grande número de jovens negros e pobres, residentes em bairros com
pouca oferta de opções de trabalho no mercado formal, para atuar
como vendedores da droga. Tais jovens, assim como quaisquer outros
participantes do mercado de drogas ilícitas, buscaram nas armas de
fogo um instrumento de autoproteção, dado que passaram a atuar em
contexto social bastante conflitivo e pautado pelo uso constante da
violência física. Eles foram impelidos a prover sua própria segurança
mediante o uso intensivo da arma de fogo.
Mas o engendramento da epidemia de homicídios não se limitou
a tal processo, tipicamente associado à dinâmica do tráfico do crack.
A aquisição e a utilização crescentes de armas de fogo pelos jovens
envolvidos com o tráfico de drogas acabaram por se espraiar para além
de seus limites.
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A dinâmica verificada ao longo dos anos nos leva a acreditar


que tenha havido um fenômeno muito peculiar na capital, sobretu-
do no período denominado deterioração gradativa. Deparamo-nos,
então, com fortes evidências de uma relação entre o início desse
período de deterioração e o processo de entrada e disseminação
do comércio e uso do crack em Belo Horizonte, considerando o fato
de que a droga começou a ser comercializada na cidade em 1995. O
comércio ilegal do crack em Belo Horizonte instala-se, inicialmente,
em um aglomerado urbano, como foi o caso da pedreira Prado Lo-
pes; cria, então, um mercado consumidor e, posteriormente, vai se
propagando para outras localidades.
Nossa hipótese é a de que o recrudescimento dos homicídios
em Belo Horizonte, particularmente no período de 1997 a 2004,
esteve relacionado à consolidação do tráfico do crack na cidade. A
fim de explorar elementos que estão além da cifra anual dos regis-
tros de mortes violentas, procuramos analisar uma amostra de 673
inquéritos de homicídios ocorridos entre 1993 e 2006. Esse total
compreende aproximadamente 7,3% dos homicídios registrados
naquele local no mesmo período, de acordo com os dados apre-
sentados no Gráfico 1, e implica uma média anual de 50 inquéritos
analisados.
A fim de testar a hipótese deste estudo, coube-nos a leitura Os dados deste artigo apresentam uma grande semelhança
de cada uma das peças documentais que compõem o referido in- com aqueles utilizados em diversos estudos epidemiológicos nos
quérito. Procuramos distinguir a motivação principal que provavel- quais se busca conhecer a relação entre uma ou mais variáveis que
mente levou o indiciado a cometer o crime. Diante das possíveis refletem a exposição e a doença (o efeito).
motivações observadas pelas análises, chegamos ao agrupamento No caso particular de nosso trabalho, gostaríamos de conhecer
de categorias apresentado na tabela a seguir. a probabilidade de ocorrência de um homicídio cuja motivação está
relacionada a drogas ilícitas, conhecendo-se o período de exposi-
ção: um dos três momentos considerados.
A relação de causa e efeito entre variáveis pode ser verificada
utilizando-se inúmeros métodos estatísticos. Tradicionalmente, es-
tudos quantitativos em sociologia têm se baseado na modelagem
de dados por meio de uma técnica conhecida como regressão, que
permite explorar e inferir a relação entre uma variável dependente
(variável resposta) e uma ou mais variáveis independentes especí-
ficas (variáveis explicativas). Neste estudo, usaremos o modelo de
regressão logística para medir o grau de associação existente entre
os períodos considerados e a incidência de homicídios cuja moti-
vação está relacionada a drogas ilícitas. A função logística se aplica
a problemas dessa natureza porque varia entre 0 e 1. O modelo
estatístico por trás dessa função calcula a probabilidade do efeito
(o período) sobre a causa (os homicídios por drogas ilícitas) pela
Cada caso no banco de dados foi diferenciado como aqueles seguinte fórmula:
cuja motivação foi o conflito relacionado ao comércio de drogas ilí-
citas (N=124 ou 18,5%) e aqueles com outras motivações (N=549
ou 81,5%). Da mesma forma, dividimos a ocorrência dos homicídios
em três momentos distintos:
a) antes da entrada do crack em Belo Horizonte, de 1993 a
1996;
b) explosão do mercado ilegal do crack em Belo Horizonte, de
1997 a 2004; e c) período seguinte à explosão do crack em Belo Ho-
rizonte, de 2005 em diante. A tabela a seguir apresenta a distribui- em que os termos β0 e β1 representam parâmetros desconhe-
ção da principal motivação dos homicídios analisados por período cidos que serão estimados com base nos dados amostrais dos in-
considerado neste artigo. quéritos policiais. Dessa forma, ao estimar esses parâmetros, será
possível calcular a probabilidade de ocorrência de homicídio devido
a drogas ilícitas para cada um dos períodos representados por uma
variável dummy.

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Também usaremos como variável independente a informação Por fim, esse modelo logístico evidencia a forte presença de
sobre a utilização de arma de fogo para o cometimento do homicí- arma de fogo nos homicídios ocorridos na cidade. As chances de que
dio, de modo a estimar a probabilidade de que o homicídio venha a uma morte dessa natureza seja cometida por arma de fogo é 3,5 ve-
ser cometido com uma, em comparação com todos os outros meios zes maior que as chances de que se tenha o mesmo crime cometido
utilizados. por algum outro instrumento.
Assim, nosso modelo estatístico pode ser descrito da seguinte Dessa forma, elaboramos um modelo estatístico no qual os re-
maneira: p(HDI) = 1/(1 + е-(β0 + βp2 + βp3 + βAF)), onde p(HDI) é a sultados significativos corroboram nossas hipóteses acerca dos ho-
probabilidade de que ocorra um homicídio cuja motivação é devida a micídios na cidade de Belo Horizonte a partir da entrada do crack no
drogas ilícitas, β0 é o intercepto, βp2 (P2) é a estimativa para o perío- mercado ilegal de drogas.
do dos anos de 1997 a 2004, βp3 (P3) é a estimativa para o período A metodologia utilizada estimou parâmetros que dão a dimen-
dos anos de 2005 e 2006 e βAF (AF) é a estimativa para homicídios são da mudança para o período como um todo. Assim, a probabilida-
cometidos com utilização de arma de fogo. de de um homicídio devido a conflitos relacionados a drogas ilícitas
Além disso, uma das grandes vantagens do modelo de regressão é a mesma em 1º de janeiro de 1997 e em 31 de dezembro de 2004.
logística é que cada coeficiente estimado fornece uma estimativa do Por conta desse fator, procuramos implementar uma modelagem
logaritmo natural (LN) do odds ratio para todas as variáveis do mo- que consiga captar o efeito do tempo na motivação dos homicídios
delo. Em outras palavras, é possível obter a razão das chances (odds de uma forma menos compartimentada. Para tanto, estimamos um
ratio) para cada covariável, que é definida como a probabilidade de modelo logístico cuja variável independente “tempo” não mais re-
que um evento ocorra dividido pela probabilidade de que o evento presente períodos previamente definidos, mas os dias sequenciais
não ocorra. O efeito das variáveis independentes no modelo é apre- contados desde a data do primeiro inquérito amostrado na pesquisa.
sentado na tabela a seguir. Essa variável contínua, “tempo”, foi normalizada, tomando-se como
referência para o valor 0 (zero) o primeiro dia de 1997, que é o mo-
mento em que, em tese, se deu a disseminação do crack no mercado
de drogas ilegais em Belo Horizonte. Assim, valores negativos repre-
sentam o período, em dias ou anos, anterior à chegada do crack na
cidade, e valores positivos representam momentos posteriores.
Hipoteticamente, assumimos que, em comparação com o mo-
mento inicial da entrada do crack no mercado de drogas ilegais de
Belo Horizonte, há um segundo momento em que o número de ho-
micídios cuja motivação sejam conflitos relacionados a esse mercado
diminui.
Acreditamos que isto passa a ocorrer em meados de 2003, ou
seja, pouco mais de seis anos após a imersão do crack no mercado de
drogas existente. Por conta desse pressuposto, incluiremos no mo-
delo a mesma variável tempo descrita anteriormente, mas agora de
forma não linearizada, ou seja, elevando-a ao quadrado.
Assim, o modelo logístico nesse segundo momento do trabalho
Porque os coeficientes são estatisticamente significativos pode ser descrito, matematicamente, da seguinte maneira: P(HDI) =
(P<0,05), verifica-se a existência do efeito das variáveis independen- 1/(1 + е-(β0 + βp2 + βp3 + βAF)), onde P(HDI) é a probabilidade de
tes sobre a ocorrência de homicídios decorrentes de conflitos relacio- que ocorra um homicídio cuja motivação são as drogas ilícitas, β0 é o
nados ao comércio ilegal de crack em Belo Horizonte. Considerando intercepto, βp2 é a estimativa para o tempo, βp3 é a variável tempo
os resultados do odds ratio, pode-se afirmar que as hipóteses desse elevada a seu quadrado e βAF é a estimativa para homicídios cometi-
trabalho se confirmam, isto é, tanto no período da disseminação do dos com utilização de arma de fogo. Desse modo, o cálculo da regres-
crack em Belo Horizonte (P2 no modelo), de 1997 a 2004, quanto no são logística apresenta os seguintes resultados:
período imediatamente posterior (P3 no modelo), de 2005 a 2006, a
probabilidade de homicídios devido a drogas ilícitas aumenta consi-
deravelmente.
De 1997 a 2004, as chances de que ocorressem homicídios devi-
do a conflitos relacionados a drogas ilícitas era 2,31 vezes maior que
de 1993 a 1996. Isto é o mesmo que dizer que a sua odds ratio au-
mentou 131% no período, considerado o marco da entrada e da dis-
seminação do crack no mercado de drogas ilícitas de Belo Horizonte.
Essa mesma análise pode ser feita comparando-se os coeficien-
tes do período considerado como posterior à entrada do crack no
mercado de drogas de Belo Horizonte (P3), que vai de 2005 a 2006,
com os do primeiro período, de 1993 a 1996. Não obstante, com-
parando-se os coeficientes relativos aos anos de 2005 e 2006 (P3)
com os do período de 1997 a 2004 (P2), verifica-se um incremento da
ordem de 200% na odds ratio de que os homicídios nos últimos anos
dessa análise se devam a conflitos relativos ao mercado de drogas
ilícitas a partir da inserção do crack na cidade.
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Como se pode verificar a partir do modelo logístico no qual são to das probabilidades a partir do momento que se considera que o
apresentados os resultados das estimativas dos parâmetros expo- início da disseminação do tráfico em Belo Horizonte, em 1997, coin-
nencializados (odds ratio), a medida de tempo (em anos) e a de cide com o início da epidemia de homicídios na cidade, cujo ápice
armas de fogo (meio utilizado) se mostram estatisticamente sig- se deu em 2004, momento em que se começa a verificar a reversão
nificantes em um nível inferior a 5%. Por outro lado, o parâmetro das probabilidades, embora elas não tenham sido estatisticamente
estimado para a covariável que representa o quadrado da variável significantes no modelo.
tempo não se mostrou estatisticamente significante. Embora essa
covariável não tenha atingido um nível de significância estatística O mercado das drogas ilícitas como rede
usual, confirmando uma mudança de padrão com relação aos ho- É nossa pretensão identificar as especificidades do mercado de
micídios decorrentes do crack nos últimos anos da série de dados crack que o relacionam com o aumento das taxas de homicídio em
considerada, procuramos, mesmo assim, observar o comportamen- Belo Horizonte, já atestado no item anterior. Os dados levantados
to dos valores preditos das probabilidades pelo modelo ao longo em campo, por meio de metodologia qualitativa, nos permitem
do tempo. afirmar que as estruturas sobre as quais se desenvolve o mercado
Do ponto de vista analítico, os resultados são interessantes, de drogas ilícitas não necessariamente devem ser pensadas como
como se pode observar pelo gráfico a seguir. No período anterior altamente identificadas e organizadas, isto é, não apresentam uma
ao que se considera a entrada do crack na cidade (tempo em anos composição de papéis rígida e definida verticalmente. A complexi-
inferior a 0 no eixo X do gráfico), observa-se um aumento, com o dade do mercado de drogas, em termos de relações e atores en-
passar do tempo, da probabilidade de que se tenha um homicídio volvidos, nos possibilita uma leitura de estrutura em rede. Uma
cuja motivação tenha envolvimento com o mercado de drogas ilíci- dinâmica que se realiza como um emaranhado de conexões, nós
tas. A partir do momento considerado marco dessa entrada (eixo ou pontos que se ligam a partir de várias aberturas, interesses e/ou
X do gráfico igual a 0), as probabilidades aumentam rapidamente, condicionantes de participação múltiplos e posições fluidas.
passando de valores próximos a 0,2 para valores aproximados a 0,3, A definição de uma estrutura pela diversidade de interações a
momento em que, como assinala a horizontal superior, as probabi- ela correspondentes nos leva a considerar que aquilo que se analisa
lidades tendem a assumir um comportamento de inversão. como rede é a dinâmica de um conjunto de interações que emer-
gem como forma.
Capra (2001) salienta que as redes devem ser entendidas como
formas, resultados de uma dinâmica de conexões que fazem emer-
gir um padrão de organização. As modificações no processo de co-
nexão entre os componentes resultam em modificações no padrão
de organização como um todo.
Na dinâmica de funcionamento da rede destacam-se os precei-
tos significativos. Um deles é a integração voluntária das conexões,
isto é, o que explica a ligação dos nós de uma rede é a identifica-
ção de valores e objetivos comuns entre eles. Se adotarmos esse
preceito para os contextos sociais em que a atividade de comer-
cialização de drogas se insere, podemos afirmar que a decisão dos
indivíduos pela integração à rede de comercialização local passa
tanto por uma escolha racional, em um leque de baixas ou altas
oportunidades, quanto pela identificação com os valores locais e
sociais que o tráfico implica.
Outro preceito discutido nas redes é a autonomia relativa dos
nós que a compõem (SCHERER WARREN, 2006). A princípio, uma
As linhas verticais indicam os dois momentos no tempo consi- rede poderia ser vista como algo ausente de referências centrais.
derados relevantes nesta pesquisa. A primeira linha, que coincide No entanto, em um padrão de organização, podem ser identificados
com o valor 0 do eixo X, destaca as probabilidades de ocorrência alguns pontos que atuam como hiperlinks, centros mais dinâmicos
de homicídios relacionados ao tráfico de drogas em Belo Horizonte, e/ou centrais na rotina de funcionamento da rede (CAPRA, 2001).
exatamente a partir do momento em que se considera o marco da Suas diversas conexões, ainda que possam ter uma dinâmica mais
disseminação do crack na cidade. Já a segunda linha vertical indica autônoma de movimentação, necessariamente têm que estabele-
o momento subsequente à explosão do mercado ilegal do crack na cer com esses centros algum tipo de ligação e, até mesmo, uma
capital. Verifica-se que os valores preditos das probabilidades ten- forma de subordinação.
dem a assumir gradativamente índices que indicam uma reversão Em nosso estudo, destacamos quais são os hiperlinks e a ma-
da tendência observada anteriormente nos últimos anos da série. neira de conexão que as redes estabelecem com eles. A estrutura
Os resultados obtidos mostram que há uma forte evidência de de formação, padrão de ação e vínculos que uma rede estabelece
que o crescimento das ocorrências de homicídios em Belo Horizon- a partir dessas múltiplas lideranças são também configuradores de
te a partir de 1997 possa ser explicado, em grande medida, pela uma dinâmica, mais ou menos ampliada, de conflitos nas redes.
intensificação dos conflitos relacionados ao tráfico de drogas. Com- Para discutir o cenário em que os conflitos ligados ao mercado do
parando o gráfico do número absoluto de homicídios na cidade com crack estão relacionados a homicídios, descrevemos a seguir a dinâ-
o gráfico dos valores preditos das probabilidades decorrentes de mica da rede de bocas.
homicídios motivados pelo tráfico de drogas, observa-se um com-
portamento muito similar ao longo do tempo. Ou seja, o crescimen-
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Crack e rede de bocas Começa muitas vezes dentro de colégio. Aí começa a ter as pes-
Uma boca é referência de um espaço físico, constituindo-se em soas que chamam e tudo o mais, por querer aparecer mesmo, na
um ponto comercial para a venda de uma droga ilícita. É o lugar, e juventude, por querer ter fama, ter boas mulheres e tudo o mais.
não os indivíduos, que atua como hiperlink para a formação das Aí sempre tem um que já é mais velho e se interessa por aquilo
conexões dessa rede. As bocas constituem suas conexões em rede e começa com um pequeno tráfico mesmo, e por aí vai. E aque-
a partir de dois formatos: uma rede de comercialização hierarqui- la pessoa não quer mais aquele poder pequeno, já quer um poder
camente centralizada, uma “firma” reconhecidamente pertencente maior, uma arma melhor. (ex-traficante entrevistado).
a um patrão, que apresenta estrutura hierárquica de poder e divi-
são de atividades de trabalho, assemelhando-se a uma empresa; e Outra situação identificada é a rede formada por pequenos co-
as redes de conexão iniciadas por um grupo de indivíduos ou um merciantes, nós isolados. É uma situação empreendedora em que
único, que assume a autoridade da revenda em um local, um pon- indivíduos, de forma relativamente autônoma, estabelecem-se co-
to, mas não necessariamente apresenta uma estrutura empresarial mercialmente a partir da implantação de um ponto de venda. É um
hierárquica, ainda que possua alguma divisão de tarefas e possa vir processo derivado da pulverização de uma rede maior já existente
a se constituir em uma rede centralizada com o avanço de suas co- que se estende em uma localidade a partir da instalação de várias
nexões. bocas. Esses pontos de venda estão ligados às firmas, grupos ou for-
A dimensão territorial é uma variável imanente às redes de necedores atuantes na região, para quem esses empreendedores
bocas. Sua formação em uma determinada localização é uma di- em algum momento atuaram na condição de vendedores.
mensão estratégica para sua referência como ponto de venda. Mas,
também, o território é um espaço simbólico que caracteriza a boca Uma área que possui muitas bocas é uma área boa para ven-
como uma atividade específica ali desempenhada. O pertencimen- der. Mas elas pertencem a um só grupo, uma firma. (traficante en-
to de um grupo/indivíduo a esse local consolidado é algo próprio trevistado).
de uma atividade ilícita aceita ou tolerada pelos que habitam essas
regiões. As redes centralizadas, as firmas, instaladas nos grandes aglo-
Ainda que espacialmente definidas, as bocas são campos relati- merados, têm sua formação inicial relacionada à conexão estabele-
vamente isolados nos territórios em que se instalam. cida entre um ou mais membros de uma comunidade e um forne-
Elas devem resguardar-se de áreas de grande circulação, que as cedor fora dela. Essa ligação entre os nós permite a instalação de
exponham de maneira excessiva. Em geral, instalam-se em lugares um ponto de venda cuja estrutura é marcada pela presença de um
que lhes garantam a visibilidade para o tipo de ir e vir que ali se gerente, figura central desse tipo de rede, e de pessoas a ele conec-
realiza. Esse fator possibilita o deslocamento rápido, quando neces- tadas na condição de membros ou trabalhadores da boca.
sário, e segurança, tanto aos que nelas exercem a atividade do trá- A propriedade das firmas está relacionada a um indivíduo com
fico quanto aos que habitam nas proximidades. “A boca fica em um força real e simbólica. É uma figura de referência forte, com po-
canto na favela, uma ponta de bico”, diz um traficante entrevistado. der de decisão sobre a dinâmica da rede. É chamado de “patrão”
A formação das redes de bocas pode se derivar de situações e é aquele que “põe a droga no lugar”. Não necessariamente é
distintas. Nas redes de grupos, o fato desencadeador identificado morador local; nunca está presente na região em que a boca está
pela pesquisa foi a baixa ou nenhuma estruturação. instalada; e pode ser proprietário de uma ou mais bocas em distin-
As conexões são restritas a um grupo local, cuja ligação com o tas localidades. Em geral, não é conhecido pelo grupo que trabalha
lugar pode se dar primeiramente pelo objetivo do encontro para o diretamente ligado à estrutura na posição de vendedores (peque-
uso de uma droga ilícita. Nesse caso, a sociabilidade, geralmente de nos traficantes). Seu contato é mais restrito ao gerente.
conhecidos e/ou amigos, é o fator que interliga os nós iniciais dessa
rede. Esse sistema de referência definido por um valor de sociabi- (...) Tem essa divisão nas firmas: o patrão que traz, que geral-
lidade forma, ao longo do tempo, uma rede mais consolidada de mente não fica nessas bocas; fica o gerente mesmo, e a gente acha
comercialização. A circulação de informação sobre o local torna-o que o gerente é que é o patrão. Muitos gerentes se fazem de patrão.
uma referência que, aos poucos, o solidifica como ponto de venda, (traficante entrevistado).
que um grupo passa a assumir como propriedade. O uso frequente
é fator que conecta outros usuários que também buscam um local O gerente é a conexão mais importante da rede centralizada.
para partilhar o uso e, eventualmente, adquirir os produtos ali uti- Sua atuação assemelha-se à de um hiperlink. Diríamos que a refe-
lizados. rência de uma boca, como um hiperlink de uma rede, confunde-se
com a figura de gerente. Seu papel é de grande responsabilidade
A boca tinha um dono. Quem mandava era eu e meu amigo. e com atividades multivariadas. Encarrega-se do embalo e da dis-
Ninguém ia vender na minha boca, não. Era uma turma que tribuição da mercadoria, da contagem e da aferição de lucro, da
fazia uso e alguém começou a vender pra suprir o uso. Eu assumi distribuição de tarefas, da decisão sobre a forma de resolução dos
aquele ponto de venda. (ex-traficante entrevistado) problemas, do acerto de contas e da administração dos recursos
humanos que passam a estar sob sua responsabilidade. Os entre-
No caso desse tipo de rede, a comercialização é no início uma vistados sempre se referem ao gerente como alguém que tem “dis-
estratégia de sustentação do uso de drogas. Obter uma quantidade posição”. Isso pode ser traduzido na capacidade de incorporação de
maior de produto do que normalmente se consome e que possa ser um papel de liderança na firma.
disponibilizada para comercialização é uma das formas pelas quais Gerenciar uma boca significa representar um “patrão”, agir em
se garante a continuidade desse uso. nome dele, garantir-lhe sucesso empresarial, retribuir com capaci-
dade administrativa a confiança que lhe foi outorgada.

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O gerente de boca tem que ser o linha de frente mesmo. Na A rede de bocas tem como característica a tendência à centra-
verdade, ele tem que ser um camarada que bate de frente, tem que lização. Seus nós são muito definidos por papéis, ainda que possa
estar preparado pra matar a qualquer hora e tem que dar lição para haver uma pluralidade deles. O deslocamento dos papéis está re-
as pessoas que devem. (traficante entrevistado). lativamente condicionado a diretrizes internas definidas de forma
mais hierárquica ou é originado de substituições/eliminação nas
A dinâmica das conexões comerciais externas é obviamente situações de conflito que trataremos a seguir.
fundamental para a manutenção da rede, pois garante sua razão
de ser, o comércio da droga. Com exceção dos agentes de seguran- Eu era o cabeça na boca. Fui levantando. O Zé jogou uma carga
ça pública, são ligações com um grau de penetrabilidade relativo na minha mão. Fui crescendo. Tinha conceito com o patrão de BH.
no movimento interno da rede. No âmbito das conexões internas, Eu achava que eu ia ser patrão. Cada um tem um objetivo. Eu queria
verifica-se um relacionamento forte entre os nós e a dinâmica ter uma casa, uma família (...). Aí alguém mandou passar o cerol na
complexa. Essas conexões são compostas por indivíduos morado- minha boca... (traficante entrevistado)
res das regiões onde as bocas estão instaladas. Podem ser usuários
e/ou membros integrados à rede de comercialização que ocupam A centralização indica domínio sobre um território socialmen-
posições diversas: prestadores de serviços locais, entre outros pos- te frágil, por um grupo que facilmente se impõe com força real e
síveis nós conectores. simbólica. A imposição de poder local sem dúvida gera despotismo,
Nas redes centralizadas, é frequente a existência de nós sus- traduzido em regras privadas de controle e resolução de conflitos,
tentadores, um grupo fortemente conectado entre si e ao geren- restrição ao direito de ir e vir, porte de armas para constrangimento
te. O conjunto de conexões formado por esses nós faz referência e outras formas de dominação que possam garantir a prevalência
a um poder constituído pelas relações de confiança e identificação de poder.
de pertencimento que identificam uma boca. Os nós sustentado- Uma das variáveis identificada com as situações violentas é a
res têm papel de suporte, de sustentação na dinâmica comercial dimensão de cultura do mercado de bocas. As práticas de violência
de uma rede, tendo sido nomeados por alguns entrevistados como inerentes a esse mercado parecem se espraiar para todo o tecido
“grupo”, “quadrilha”, “facção”. Esse suporte é de natureza diversa, social local e passam a ser incorporadas como usuais nas locali-
tal como segurança, negociação, resolução de conflitos. dades em que as bocas estão instaladas. Esse fator parece indicar
Um dos movimentos mais dinamizadores de uma rede de bo- força maior na configuração dos conflitos, que aparentemente não
cas é o das conexões de moradores locais que querem se integrar à se restringem ao âmbito das bocas, mas que, na maneira como se
dinâmica de comercialização e, assim, atuam em sua linha de fren- resolvem, incorporam as formas típicas de resolvê-los.
te. Podem estar conectados na condição de “vapores”, “guerreiros” A afirmação encontra exemplo nos conflitos de natureza pes-
(vendedores), “aviões” (os que acionam os vendedores e entregam soal. Relatos demonstram que, em situações de disputa ou mal-en-
a droga), “correria” (deslocamento entre bocas), “olheiros”, “fogue- tendido, resoluções extremas e/ou a prática de homicídio apresen-
teiros” (acionadores da segurança), “faxineiros” ou “ratos” (cobra- tam-se como resposta obrigatória, mesmo sem necessariamente
dores e matadores). haver uma questão comercial como fator desencadeante do con-
Em geral, estas conexões são compostas por jovens a partir dos flito.
12 anos, ainda que a pesquisa tenha identificado que nas firmas a
presença de jovens abaixo dessa idade é frequente. Eles se conec- Essa guerra não foi em função da droga; foi em função de –
tam com o objetivo de obter trabalho e renda, o benefício de acesso como a gente fala? – assim mesmo, da pilantragem. Pilantragem
à droga e integração simbólica. que a gente fala é um pegar o outro pelas costas. Aí, foi por isso que
O acesso a um pertencimento é também um produto ofertado começou essa guerra. Na verdade, foi por causa de uma mulher. Aí,
por uma boca. “A boca é uma família, porque boca sem união não é não sei o que aconteceu lá, que um camarada daqui de baixo matou
boca”, disse um traficante entrevistado. uma menina de uma camarada lá da (...). Daí estourou essa guerra!
Essas conexões são dinâmicas e centrais na rede; são nós que (traficante entrevistado).
apresentam um alto nível de vulnerabilidade. Na medida em que
pertence a uma rede, esse nó deve representá-la, garantindo a di- Os conflitos de natureza comercial identificados são advindos
nâmica de entrada e saída do produto, seja na condição de vende- de questões internas às redes, ou seja, relacionados, de maneira
dor ou no exercício de outra atividade própria dessa rede. A partir mais recorrente, às situações que implicam os agentes envolvidos
do momento em que se liga à rede, seu movimento passa a girar em na comercialização e também dizem respeito ao tipo de produto
torno de conexões altamente conflituosas: entre sua rede de boca, que hoje predomina nas redes de boca, o crack. Podemos afirmar
as demais bocas e os agentes da segurança pública. que essa droga potencializou e estendeu os conflitos na rede de
Seu movimento na rede é regulado e transitório. Sua inserção e bocas.
manutenção dependem da capacidade de domínio de sua atuação. Atualmente, as redes de boca comercializam de maneira pre-
No entanto, essa conexão tem baixo poder de controle e ampliação dominante o crack, ainda que também a cocaína e maconha. No
sobre seu desempenho, não só pela fragilidade pessoal que lhe é entanto, esses produtos são apresentados como tendo, neste mo-
inerente, mas também porque está sujeita aos demais movimentos mento, menor peso comercial.
dos nós da rede, cuja atuação reestrutura ou elimina essa conexão.
Maconha todo mundo tem e todo mundo ganha; agora, o plan-
Eu tô falando: o vapor pode ser morto tanto pelo patrão da tão da pedra é o melhor. (traficante entrevistado)
boca dele, pelo gerente, ou pelo gerente e o patrão de outra boca. O crack é ouro! (traficante entrevistado)
Ele fica no meio mesmo; é um lixo da comunidade. (traficante en-
trevistado).
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A pedra vale a pena: não acaba nunca; um fala pro outro, pega se dão com os próprios moradores da região ou das proximidades,
e pronto. Neguinho quer fumar o dia todo: vem de novo, tá noiado, fato que restringe seu público consumidor. Com o crack, essa restri-
vira quatro, cinco noites. (traficante entrevistado) ção acentua-se.
O usuário que compra uma quantidade maior de produtos para
O domínio do crack nas bocas relaciona-se com os conflitos de revenda ou revende uma parte do que compra para custear seu uso
natureza mercadológica, sendo o mais recorrente o processo de não é muito comum na rede de comercialização do crack. Uma das
endividamento envolvendo tanto os usuários e as conexões exter- explicações para esse fato é o perfil predominante do usuário, um
nas quanto as conexões internas, ou seja, os indivíduos que atuam indivíduo pobre e sem capital social que lhe permita inserções em
na rede exercendo papéis de frente na comercialização. Os relatos redes mais amplas. Aliada a essa variável, o uso da droga é imedia-
apurados demonstram que o crack potencializou as situações de to, geralmente na mesma boca ou no entorno. A droga consome as
endividamento na rede, por um motivo relacionado a seu principal possibilidades de sua circulação para além da posse do usuário. Os
efeito farmacológico, a compulsão ao uso. Aliado a esse efeito, te- relatos mais frequentes atestavam que o cliente do crack é um con-
mos uma droga de valor relativamente alto, tendo em vista o perfil sumidor compulsivo, de alto consumo, um usuário que se imobiliza
socioeconômico que predomina entre os usuários. e aos poucos vai se tornando um “noinha”, um “mendigo que fica lá
nos becos ou casinhas.”
É caro pra carai! Se você pega R$ 10 de maconha, você faz Sendo assim, a rentabilidade do consumidor do crack para a
seis, sete cigarro; você usa de manhã, à noite e depois vai. Por isso rede não está relacionada às extensões advindas das redes de rela-
que hoje em dia os caras nem fazem muita questão de maconha: cionamento dos usuários, mas à demanda sempre ampliada exigida
eles vendem mais crack, que dá mais dinheiro e é uma droga que por uma droga de consumo rápido.
controla mais o ser humano. (traficante entrevistado)
A pedra é neguinho que implora; não tem dinheiro, fica pedin-
Sobre o usuário endividado, os relatos indicam que não neces- do; é mais pesada. (traficante entrevistado).
sariamente está propenso a ser vítima de uma situação de violên- O pessoal que fuma pedra é bem mais pobre. E já está lá mes-
cia por sua dívida, a não ser quando quebra os procedimentos em mo, então nem toma banho; fica por lá mesmo. Não consegue ter
relação aos débitos. Isso significa que dever não é um mal em si; a outra atividade; não tem interesse de ter outra atividade. (trafican-
traição, sim. Por exemplo, se um usuário está devendo numa boca te entrevistado).
e compra de outra, está infringindo um código local, podendo ser,
inclusive, denunciado entre bocas concorrentes. A negociação é Outra variável de violência relacionada ao crack é formada pe-
possível, desde que o devedor seja percebido como portador de los conflitos originados do “derrame” da droga, ou seja, a sobrepo-
atitudes coerentes em relação ao débito, tais como não demonstrar sição do uso no montante da droga que tem que ser paga por meio
o uso da droga e não realizar outra compra antes de quitar a dívida. da venda. Ao contrário de outras drogas, o crack não é um produto
que permita “malhação” ou “dobra”, estratégias para garantir gera-
O traficante não mata o usuário porque ele tá devendo. Ele ção de um plus a partir de uma quantidade de produto adquirido.
mata porque ele é um sem-vergonha e tá devendo e foi comprar Sendo assim, a incorporação do usuário à rede de comercialização
na outra boca. É nessa situação que ele mata o usuário. Se ele com- para o sustento do uso (e, portanto, o derrame) torna-se mais re-
prou e não pagou, mas não tá devendo, não tá usando, o trafican- corrente graças à “fissura” pelo uso.
te segura mais a onda. Mas se vê que ele tá chapado, tá tirando Na cadeia de repasse, o derrame torna-se um problema não
mercado dele (...): “Cê tá achando que eu sou otário?” (traficante somente para o usuário, mas também para o vendedor que lhe re-
entrevistado) passou a droga e que posteriormente tem que acertar contas com a
boca. Os conflitos se estendem à medida que a rede de conexões se
É necessário ressaltar que um dos complicadores da situação amplia e há movimento dos papéis de seus integrantes
de endividamento com o crack é a impossibilidade de exercício de
uma prática comum no mercado de drogas, o “repasse”. Como já Agora, tem nego que não fuma a pedra; é a pedra que fuma
ressaltado, é próprio dessas redes um movimento interno das co- o cara. Bandido que é bandido não é viciado. Cê tá vendendo 50
nexões em que um conector-usuário passa eventualmente a ser co- bolinho: cê vai queimar 10? Aí cê queimou o lucro todo! (traficante
nectado por referência de revenda do produto. Nesse movimento, entrevistado)
ele constitui sua rede de conexões própria, independente das rela-
ções com o link anterior, com quem obtém a droga. Esse movimen- Assim, o processo de endividamento gerado pelo crack desem-
to sustenta e estende a rede até o ponto máximo em que cada um boca em outro tipo de conflito, interno à comunidade e/ou seu en-
de seus pontos de conexão consegue se espraiar. torno, o roubo. Esse tipo de delito torna-se prática comum, já que
Nessa ampliação da rede, o usuário também garante seu uso as bocas atuam em boa medida por escambo. O trabalho de gran-
a partir do próprio produto, fator que dinamiza a rede de comer- de parte das conexões internas à rede é remunerado por produto.
cialização. Nesse sentido, o dinheiro ou algum bem atua como meio de troca
No entanto, a capacidade de esse vendedor/usuário fazer esse para o produto. Esse fato valida o roubo como prática definida do
movimento não depende simplesmente de seu voluntarismo, de comércio do crack. As situações de roubo podem ocorrer dentro da
um perfil empreendedor. Está, também, condicionada a sua inser- própria família, no entorno das bocas ou dentro da própria região
ção em redes de relacionamento mais amplas. Grande parte dos de moradia, sendo o delito mais passível de levar ao homicídio con-
que atuam como vendedores nas bocas pertencem a redes limita- tra o usuário por parte dos próprios integrantes da rede.
das por sua condição socioespacial. Em geral, seus relacionamentos

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Não tem um cara que tá roubando aqui dentro da área pra fa- rizados, evitando-se a disseminação de homicídios. Grandes confli-
zer do produto que roubou, fazer dinheiro pra poder usar a droga. tos atraem as atenções e uma exposição para além das conexões
Ou seja, o cara rouba lá fora pra levantar o dinheiro pra comprar a centrais pode levar a uma desestruturação radical da dinâmica de
droga aqui. Se o cara roubar aqui ele morre aqui! (traficante entre- uma rede.
vistado)
Na região do (...) também tinha muita disputa e roubos de
Outra variável geradora de violência é a alta rentabilidade das boca, onde praticamente só se vende crack. Tem um alto índice de
bocas, propiciada pelo crack. A disputa no mercado do crack não se homicídios. Agora está mais tranquilo, pois o tráfico está mais or-
dá em termos de valor de revenda da droga. O valor já é estipula- ganizado e a liderança tá bem definida. (traficante entrevistado).
do em instâncias mais amplas da rede de comercialização, em uma
estrutura que começa nas redes internacionais de fornecimento da Considerações finais
pasta base, passando pelos laboratórios de processamento da dro- Retomemos a questão inicial deste trabalho: o crack pode ser
ga e pelos grandes distribuidores. A droga chega aos fornecedores responsabilizado pelo aumento das taxas de homicídios em Belo
locais com um valor fixo. Um centro de comercialização como uma Horizonte? Em primeiro lugar, deve-se ter clareza de que a violência
rede de bocas não determina o valor de uma droga. é própria das redes de comercialização de drogas ilícitas. O caráter
A não alteração interna dos preços foi relatada pelos entrevis- de ilegalidade dessa atividade comercial, em um contexto de ele-
tados como uma estratégia de, inclusive, sobrevivência. Uma redu- vada demanda pelo produto por ela oferecido, tende a fomentar
ção de preços levaria tanto à perda de lucro, pois os preços prati- situações de conflito resolvidas mediante o uso da força física. Há
cados são unânimes e ela não necessariamente ampliaria a rede de uma violência sistêmica associada ao comércio das drogas ilícitas,
conexões, como também levaria a uma situação de guerra aberta conforme aponta Goldstein (1985).
com outras redes. O senso comum prevalecente na sociedade brasileira, fre-
quentemente reforçado pelos meios de comunicação, concebe tal
O preço é o mesmo; depende da qualidade da pedra. A pedra violência como atributo de uma atividade criminosa tipicamente
mais boa é a que ganha o território. Liquidação dá guerra: pedra de organizada. O narcotráfico atuante nas favelas é tratado como orga-
10 eu vou vender a 5? A correria vai ser menor pra comprar. (trafi- nização estruturalmente fechada, com rigidez de papéis. Uma vez
cante entrevistado) inserida, há impossibilidade de desligamento. As situações de con-
flito, geradoras de violência e homicídio, são explicadas, em última
As situações geradoras de conflitos abertos, alguns denomina- instância, por essa rigidez.
dos “guerra do tráfico”, geralmente são originadas de um processo Essa interpretação não é válida para a realidade de Belo Ho-
de concorrência primitiva, qual seja, a tomada de uma boca. Esse rizonte. Não identificamos organizações criminosas caracterizadas
fenômeno foi chamado de maneira unânime pelos entrevistados de como empresas, com um corpo bem definido de funcionários e
“olho grande”. A rentabilidade de uma boca atrai para si as atenções uma estrutura hierárquica verticalizada envolvendo todos seus
daqueles que atuam no mercado local. componentes. Podem ser qualificadas como organizações crimino-
Essa situação, dependendo da maior ou menor força dos con- sas, sem dúvida alguma, mas se estruturam como redes de relacio-
troladores, pode levar à tomada da boca ou a seu desmantelamen- namentos, o que é bastante singular. Como já discutido, uma rede
to. é sustentada por suas conexões, e o arranjo dessa integração não é
Outra situação é a guerra como ação de tomada de uma boca, planejado em toda a sua extensão. Uma determinada ordem, uma
a ocupação de um ponto de venda por um grupo ou indivíduo. Esse estrutura de rede, é um processo emergente, condicionado pelas
fenômeno se dá em processo, ou seja, aos poucos os membros per- relações estabelecidas entre os indivíduos que a compõem.
tencentes a uma rede vão “atravessando” áreas já demarcadas por O resultado de uma rede é um processo de auto-organização.
outras. Os relatos indicam que os confrontos não são entre os “do- Suas conexões se interpenetram, realizam trocas, participam da for-
nos”, mas sim entre os membros que estão conectados à rede no mação e da distribuição dos sentidos que formam uma rede. No
papel de vendedores. Assim, a guerra se realiza entre traficantes entanto, essa conectividade, que a princípio deriva de uma integra-
das bocas, fato que reforça a afirmação anterior sobre a vulnera- ção voluntária, de uma identificação com os valores e os propósitos
bilidade das conexões que atuam na linha de frente da comercia- geradores de vínculos, nos faz refletir sobre o perfil da violência que
lização. a permeia.
Quando analisamos a rede de bocas de fumo, constatamos que
Os meninos que trabalham pros caras do (...) estão na rua de ela é marcadamente territorial. Sua estrutura e suas conexões são
trás, e os meninos que trabalham para os caras do (...) estão na rua constituídas a partir de um território. Sua dinâmica implica a domi-
de cima. Só que a rua do (...) está vendendo mais do que a rua do nação. Como vimos, as redes se instalam em territórios a despeito
(...). Então os meninos vão lá e acertam os meninos do (...), matam de uma deliberação local; naturalizam atitudes e comportamentos
os meninos do (...) porque eles estão vendendo mais que eles. En- violentos; impõem um padrão de convivência como fato consuma-
tão, sempre vai ser assim. Onde estiver vendendo mais – o cara vai do. No caso das firmas instaladas nos grandes aglomerados, a do-
querer ir lá e matar o outro, para ele pegar o ponto dele, pros outros minação se estende sobre as populações locais, inclusive com res-
não venderem mais que ele. (traficante entrevistado). trições aos direitos fundamentais.
A violência dessas redes é mais constrangedora no que tange
Finalmente, os dados indicam que, quanto mais organizada e às relações comerciais estabelecidas. Sua dinâmica é garantida por
com conexões centrais fortes, a rede apresenta menor probabili- conexões de jovens que buscam trabalho, renda e reconhecimento.
dade de ocorrência de conflitos internos. A realização de acordos No entanto, a autonomia para a integração a essa rede está rela-
comerciais e a distribuição de pontos de venda tendem a ser prio-
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

cionada a um baixo leque de oportunidades. O acesso à renda é de drogas. A sucessão de homicídios começou a atrair a presença da
facilmente consumido, inclusive pelo principal produto fornecido polícia nos principais aglomerados, fato que afeta diretamente a lu-
pela rede. cratividade do comércio da droga ilícita. E a maior presença policial
As relações estabelecidas configuram-se como trabalho des- nos locais de venda da droga não é algo desejado pelos patrões e
tituído de qualquer regra de seguridade. A insegurança e a sujei- gerentes das redes de bocas, conforme mostra depoimento de tra-
ção à violência são moeda corrente. Essa violência é ainda maior ficante entrevistado: “Pra matar, tem quem pedir, porque, se não,
se considerarmos que é trabalho remuneradocom escambo ou quebra a boca. Os homi na boca diminui o dinheiro.”
produto originado de roubos.
A violência que se verifica nas redes de bocas diz respeito à de- Política de Proteção do Patrimônio Cultural em Belo Horizonte
cisão mercadológica pela venda do crack. Tudo o que foi destacado O município de Belo Horizonte teve sua política de preservação
sobre os efeitos farmacológicos aliados à inserção dessa droga em e promoção ao patrimônio cultural instituída no contexto dos de-
populações pobres nos leva a considerar que estamos vivendo uma bates relacionados à redemocratização do País na década de 1980.
situação de vitimização da pobreza. O processo de endividamento Nesse sentido, ela se afinava com uma perspectiva mais ampliada e
no comércio do crack tende a ser mais intenso do que no da cocaína inclusiva acerca do conceito de patrimônio, posteriormente mate-
em pó, embora o crack seja a própria cocaína na forma de pedra. rializada no texto da Constituição de 1988, particularmente em seus
E tal endividamento mais acentuado resulta dos efeitos farma- artigos 215 e 216126.
cológicos singulares do crack em comparação com os da cocaína Assim, mesmo não contando com o tão aclamado valor de “an-
em pó. O crack gera consumidores mais compulsivos e, consequen- tiguidade” - afinal a cidade foi projetada em fins do século XIX - o
temente, mais endividados, conforme é relatado pelos traficantes município se dispôs a reconhecer o valor incutido num contexto
entrevistados. O “derrame” da droga acaba sendo mais frequente edificado ao longo do século seguinte, e marcado pela transforma-
na comercialização do crack no varejo do que na da cocaína em pó ção, pelas substituições e pelo crescimento urbano.
e da maconha. Os dados obtidos permitem-nos concluir que o mer- O estopim para a criação do serviço municipal de preservação
cado do crack tende a disseminar a violência nas regiões onde pre- foi, como via de regra tem se verificado, a vivência de uma perda
domina, incrementando a incidência de roubos e principalmente de traumática. No caso, a demolição do Cine Teatro Metrópole, edifi-
homicídios. Em outros termos, o tráfico do crack tem o potencial de cação art déco, que se implantava na esquina das ruas da Bahia e
gerar epidemias de homicídios. Goiás e que consistia numa modernização do antigo Theatro Muni-
Cabe-nos explicar, ainda, por que a deterioração gradativa dos cipal, edifício eclético construído em 1906.
homicídios em Belo Horizonte foi revertida a partir de 2005, con- A ampla mobilização social que precedeu a demolição deste
solidando-se nos anos posteriores a despeito da disseminação do exemplar arquitetônico não foi suficiente para garantir a sua salva-
consumo do crack. O município já acumula uma redução de 42% guarda, mas contribuiu para a promulgação, em 1984, da Lei Muni-
no número absoluto de homicídios entre 2004 e 2009. A ação re- cipal nº 3.802, que organizou a proteção do patrimônio cultural do
pressiva qualificada adotada pela Secretaria de Defesa Social, pau- município e criou o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural
tando-se pela prisão de homicidas contumazes assim como pela do Município de Belo Horizonte (CDPCMBH). Em 1993, foi instituí-
presença mais ostensiva da Polícia Militar de Minas Gerais nas re- do o órgão municipal responsável pela implementação e gestão da
giões de maior violência, acabou por reduzir a letalidade dos con- política de proteção ao patrimônio cultural da cidade, hoje repre-
flitos oriundos do tráfico do crack. Uma força-tarefa composta por sentado pela Diretoria de Patrimônio Cultural (DIPC), pertencente à
policiais civis e militares da capital foi constituída em meados de Fundação Municipal de Cultura (FMC).
2005, tendo como principal tática a identificação, por meio da aná-
lise de inquéritos policiais, de indivíduos que tinham cometido mais Instrumentos de Preservação
de dois homicídios e ainda se encontravam em liberdade. Manda- A partir de estudos sobre a formação, ocupação, modos de
dos de prisão temporária e preventiva foram fornecidos pelas varas vida, história e tipologias arquitetônicas da cidade, foram sendo
criminais, dando fundamento legal à operação. Mais de 100 homi- identificados alguns Conjuntos Urbanos, caracterizados como áreas
cidas contumazes foram presos no período de 18 meses. Um im- definidas com o objetivo de se proteger lugares representativos da
portante projeto de prevenção social da criminalidade, o Fica Vivo, cidade, denominados espaços polarizadores, onde são encontradas
foi implantado a partir de 2004 nos aglomerados de Belo Horizonte ambiências, edificações ou mesmo conjuntos de edificações que
que apresentavam os maiores indicadores de homicídios. Além de apresentam expressivo significado histórico e cultural.
contemplar diversas ações de inclusão social de jovens em situação É importante ressaltar que os Conjuntos Urbanos incluem
de vulnerabilidade social, o projeto envolvia a presença constante imóveis dos mais variados usos, como residências, casas comerciais,
e comunitária da Polícia Militar nesses mesmos aglomerados por instituições públicas, áreas verdes e de lazer, além de formas de
meio dos Grupamentos Especiais de Patrulhamento em Áreas de expressão e práticas culturais. Essa pluralidade também se expressa
Risco (Gepar). Todas essas ações, que perduraram até 2009, foram nas opções construtivas, que podem abranger desde elaborados
decisivas para reverter a epidemia de homicídios que assolava a ci- projetos arquitetônicos, como também edificações modestas fruto
dade (SAPORI, 2007). de uma apropriação popular dos estilemas formais em voga na
Sob tal perspectiva, a ação governamental foi capaz de im- época, refletindo os modos de vida constituídos no cotidiano da
pactar a incidência de homicídios mesmo em uma conjuntura de cidade.
disseminação do comércio e do consumo do crack. As evidências
disponíveis apontam para uma autorregulação da violência no inte-
rior do tráfico de crack, resultante da decisão de patrões e gerentes 126 BRANDÃO, Mariana Guimarães, SOARES, Caronlina Pereira. A política
das diversas redes de bocas de evitar ao máximo o cometimento de de proteção do patrimônio cultural em Belo Horizonte. Simpósio Científico 2017.
assassinatos. Prevaleceu a racionalidade mercadológica do tráfico ICOMOS-BRASIL.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Os estudos que envolvem a definição dos Conjuntos Urbanos partem de uma perspectiva de percepção da cidade, baseada nas cate-
gorias de mancha, pedaço, trajeto, pórtico e circuito, desenvolvida pelo Núcleo de Antropologia Urbana NAU/USP sob a coordenação do
professor doutor José Guilherme Cantor Magnani.
A categoria pedaço é formada por dois elementos básicos: um de ordem espacial, físico que configura um território claramente de-
marcado. (...) O segundo elemento - a rede de relações - instaura um código capaz de separar, ordenar, classificar. É no horizonte da vida
do dia-a-dia que o pedaço se inscreve, possibilitando o ingresso e participação naquelas práticas de forma coletiva e ritualizada.
(...) O termo na realidade designa aquele espaço intermediário entre o privado (a casa) e o público, onde se desenvolve uma socia-
bilidade básica, mais ampla que a fundada nos laços familiares, porém mais densa, significativa e estável que as relações formais e indi-
vidualizadas impostas pela sociedade.
(...) A mancha, ao contrário - sempre aglutinada em torno de um ou mais estabelecimentos, apresenta uma implantação mais estável,
tanto na paisagem como no imaginário. (...). Uma área contígua do espaço urbano dotada de equipamentos que marcam seus limites e
viabilizam - cada qual com sua especificidade, competindo ou complementando - uma atividade ou prática predominante.
Uma mancha é recortada por trajetos e pode também abrigar vários pedaços. (...) as marcas dessas duas formas de apropriação e uso
do espaço - pedaço e mancha - na paisagem mais ampla da cidade, são diferentes. No primeiro caso, onde o determinante é o componente
simbólico, o espaço enquanto ponto de referência é restrito, interessando mais a seus habitues. Com facilidade muda-se de ponto, quando
então leva-se junto o pedaço. (...) A mancha, ao contrário, sempre aglutinada em torno de um ou mais estabelecimentos, apresenta uma
implantação mais estável, tanto na paisagem como no imaginário. As atividades que oferece e as práticas que propicia são o resultado de
uma multiplicidade de relações entre seus equipamentos, edificações e vias de acesso, o que garante uma maior continuidade, transfor-
mando-a, assim, em ponto de referência físico, visível e público para um número mais amplo de usuários.
(...) O trajeto aplica-se a fluxos no espaço mais abrangente da cidade e no interior das manchas urbanas. Na paisagem mais ampla e
diversificada da cidade, trajetos ligam pontos e manchas, complementares ou alternativos. (...). No interior das manchas os trajetos são
de curta extensão, na escala do andar.
(...) O termo trajeto surgiu da necessidade de categorizar uma forma de uso do espaço que se diferencia, em primeiro lugar, daquele
descrito pela categoria pedaço. Enquanto esta última, como foi visto, remete a um território que funciona como ponto de referência – e,
no caso da vida no bairro, evoca a permanência de laços de família, de vizinhança, origem e outros – trajeto aplica-se a fluxos no espaço
mais abrangente da cidade e no interior das manchas urbanas. Não que não se possa reconhecer sua ocorrência no bairro, mas é justa-
mente para pensar a abertura do particularismo do pedaço que essa categoria foi elaborada. É a extensão e principalmente a diversidade
do espaço urbano para além do bairro que colocam a necessidade de deslocamentos por regiões distantes e não contíguas: esta é uma
primeira aplicação da categoria. Na paisagem mais ampla e diversificada da cidade, trajetos ligam pontos e manchas, complementares ou
alternativos: casa /trabalho /casa; casa /cinema /restaurante /bar; casa /posto de saúde /hospital /curandeiro - eis alguns exemplos, dos
mais corriqueiros, de trajetos possíveis.
(...) os trajetos levam de um ponto a outro através dos pórticos. Trata-se de espaços, marcos e vazios na paisagem urbana que confi-
guram passagens. Lugares que já não pertencem ao pedaço ou mancha de lá, mas ainda não se situam-nos de cá; escapam aos sistemas
de classificação de um e outra e como tal apresentam a “maldição dos vazios fronteiriços”. Terra de ninguém, lugar do perigo, preferido
por figuras liminares e para a realização de rituais mágicos, muitas vezes lugares sombrios que é preciso cruzar rapidamente, sem olhar
para os lados.
(...) há, por fim, a noção de circuito. Trata-se de uma categoria que descreve o exercício de uma prática ou a oferta de determinado
serviço por meio de estabelecimentos, equipamentos e espaços que não mantêm entre si uma relação de contiguidade espacial, sendo
reconhecido em seu conjunto pelos usuários habituais: por exemplo, o circuito gay, o circuito dos cinemas de arte, o circuito neoesotérico,
dos salões de dança e shows black, do povo-de-santo, dos antiquários, dos clubbers e tantos outros.
A noção de circuito também designa um uso do espaço e de equipamentos urbanos – possibilitando, por conseguinte, o exercício da
sociabilidade por meio de encontros, comunicação, manejo de códigos –, porém de forma mais independente com relação ao espaço, sem
se ater à contiguidade, como ocorre na mancha ou no pedaço. Mas tem, igualmente, existência objetiva e observável: pode ser levantado,
descrito e localizado. Em princípio, faz parte do circuito a totalidade dos equipamentos que concorrem para a oferta de tal ou qual bem ou
serviço, ou para o exercício de determinada prática, mas alguns deles acabam sendo reconhecidos como ponto de referência e de sustenta-
ção à atividade. Mais do que um conjunto fechado, o circuito pode ser considerado um princípio de classificação. Nesse sentido, é possível
distinguir um circuito principal que engloba outros, mais específicos: o circuito dos acupunturistas ou o dos astrólogos, por exemplo, fazem
parte do circuito principal neo-esotérico e com ele mantém contatos, vínculos e troca.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Os Conjuntos Urbanos agregam elementos construtivos bastante diversos, e sua coesão é estruturada a partir um elemento polariza-
dor. Este é o argumento do conjunto, ou seja, é o elemento aglutinador que, por seu valor histórico/urbanístico, incorporou-se no imagi-
nário coletivo, na configuração da cena urbana e no cotidiano de seus moradores.

Figura 1 – Planta topográfica da cidade de minas, mostrando a cidade projetada pelo engenheiro Aarão Reis. 1895. Fonte: APCBH/
FMC.

Figura 2 – Mapa atual de Belo Horizonte com a indicação das áreas protegidas pelo CDPCM-BH. Fonte: DIPC/FMC.
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Atualmente, Belo Horizonte conta com 23 Conjuntos Urbanos pro- tombados. Para tanto, a equipe técnica da DIPC elabora continuamen-
tegidos pelo CDPCM-BH: te os dossiês de tombamento e as diretrizes de preservação dos bens
1. Conjunto Urbano Praça Rui Barbosa; culturais, que são mensalmente submetidos à apreciação do CDPCM-
2. Conjunto Urbano Rua dos Caetés; -BH. A equipe realiza, ainda, o devido acompanhamento das obras de
3. Conjunto Urbano Praça da Liberdade-Av. João Pinheiro; restauração dos bens protegidos;
4. Conjunto Urbano Rua da Bahia; 2. Registro Documental: instrumento de proteção que recai sobre
5. Conjunto Urbano Praça da Boa Viagem; edificações com valor histórico-urbanístico, mas que, isoladamente,
6. Conjunto Urbano Av. Afonso Pena; não apresentam características relevantes capazes de justificar seu
7. Conjunto Urbano Avs. Carandaí - Alfredo Balena; tombamento. A proteção por Registro Documental constitui na ela-
8. Conjunto Urbano Av. Álvares Cabral; boração de documentação detalhada sobre o imóvel para compor o
9. Conjunto Urbano Praça Floriano Peixoto; acervo do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH). Atual-
10. Conjunto Urbano Praça Hugo Werneck; mente, Belo Horizonte já contabilizou 1.544 Registros Documentais en-
11. Conjunto Urbano Bairro Floresta; tregues e devidamente arquivados no APCBH, enriquecendo, assim, o
12. Conjunto Urbano Lagoa da Pampulha - Edificações de Uso Co- acervo de informações e imagens dedicadas à história da ocupação e
letivo e seus bens integrados; dos modos de habitar a cidade;
13. Conjunto Urbano Praça Raul Soares-Av. Olegário Maciel; 3. Controle da Altimetria: o controle de altimetria para novas cons-
14. Conjunto Urbano Av. Barbacena-Grandes Equipamentos; truções nos Conjuntos Urbanos tem como objetivo garantir a adequa-
15. Conjunto Urbano Bairros Prado e Calafate; da inserção de uma nova construção na área, sem agredir a paisagem
16. Conjunto Urbano Bairro Santo Antônio; a ser preservada;
17. Conjunto Urbano Bairro Cidade Jardim; 4. Definição de Diretrizes Especiais de Projeto para edificações sem
18. Conjunto Urbano Bairro Santa Tereza; proteção específica: tratam-se de diretrizes que nortearão as obras de
19. Conjunto arquitetônico e paisagístico do Mosteiro Nossa Se- reformas com acréscimo de área ou de novas construções no períme-
nhora das tro do Conjunto Urbano ou nas vizinhanças de imóveis protegidos fora
Graças, Vila Paris, e sua área de entorno; de conjuntos urbanos, visando preservar a ambiência local e a visibi-
20.Serra do Curral e sua área de entorno; lidade de bens culturais tombados. Tais diretrizes, deliberadas pelo
21. Conjunto Arquitetônico de tipologia de influência da Comissão CDPCM-BH, sobrepõem-se às determinações dos macrozoneamentos
Construtora da Nova Capital; estabelecidas pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. As-
22. Conjunto Arquitetônico Sylvio de Vasconcellos; sim, elas estabelecem parâmetros urbanísticos mais exigentes que os
23. Conjunto Urbano Bairros Lagoinha, Bonfim e Carlos Prates. legais, podendo influir em limites rigorosos para a altura máxima das
edificações, no aumento das taxas de permeabilidade, na diminuição
Além dos Conjuntos Urbanos, temos a proteção de bens móveis das taxas ocupação, no aumento dos afastamentos frontais mínimos
e integrados e as áreas de Diretrizes Especiais (ADEs), estabelecidas na exigidos e na obrigatoriedade de seu ajardinamento, na conformação
legislação urbanística, a saber: dos gradis, exigindo sua permeabilidade visual, dentre diversos outros
1. Conjunto de Murais da Artista Yara Tupynambá; parâmetros;
2. Mobiliário moderno da Assembleia Legislativa de Minas Gerais; 5. Registro Imaterial: após a criação do instrumento de Registro de
3. Acervo da Comissão Construtora da Nova Capital; Bens Culturais de Natureza Imaterial, com a Lei Municipal nº 9.000/04,
4. ADE Pampulha; iniciaram-se os trabalhos de inventário e salvaguarda dos processos de
5. ADE Cidade Jardim; criação, manutenção e transmissão de conhecimentos e das práticas
6. ADE Santa Tereza; e manifestações dos diversos grupos socioculturais que compõem a
7. ADE Venda Nova; identidade e a memória do município, por meio do registro dos sabe-
8. ADE Lagoinha. res, das celebrações, das formas de expressão e dos lugares. Os bens
culturais reconhecidos através deste instrumento passam a ter medi-
Adotar prioritariamente a proteção através de Conjuntos Urbanos das de salvaguarda definidas e aprovadas pelo CDPCM-BH. O processo
não exclui, entretanto, a possibilidade de se efetuar tombamentos de de inventário do Patrimônio Imaterial já promoveu dois bens culturais
imóveis, ou registros de manifestações culturais isolados, ou seja, em registrados: o Ofício de Fotógrafo Lambe-Lambe e as Formas de Ex-
áreas fora daqueles conjuntos estabelecidos ou em estudo/inventário. pressão - Teatro de Bonecos, de Palco e Rua.
Assim, uma ampla região da cidade é continuamente monitorada pela
DIPC, com a indicação de imóveis passíveis de receber, isoladamente, Além disso, há 14 processos de Registro Imaterial abertos pelo
algum grau de proteção. Conselho:
Para a proteção e a promoção do patrimônio municipal, a DIPC se 1. Palácio das Artes: espaço de formação artística, promoção e fo-
apoia nos seguintes fundamentos deliberados pelo CDPCM-BH: mento cultural;
1. Tombamento específico: instrumento de proteção que recai 2. Manifestações das festas juninas;
sobre bens materiais possuidores de valor histórico, arquitetônico, cul- 3. Mercado Central de Belo Horizonte;
tural, simbólico e/ou afetivo para a cidade. Com o tombamento, são 4. Polo Moveleiro - Avenida Silviano Brandão;
estabelecidas diretrizes específicas para a preservação das caracterís- 5. Samba em Belo Horizonte;
ticas mais importantes do bem cultural. Tendo em vista a perspectiva 6. Carnaval em Belo Horizonte;
ampliada sobre o patrimônio cultural, adotada pela DIPC, que prescin- 7. Dança e circo em Belo Horizonte;
de do valor de excepcionalidade histórica e estética dos bens e enfoca 8. Práticas culturais ciganas em Belo Horizonte;
o valor de ambiência urbana, a cidade conta, atualmente, com cerca 9. Pedreira Prado Lopes;
de 786 bens imóveis tombados, além de 35 bens móveis ou integrados 10. Lugares de memória da ditadura militar;
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11. Irmandade Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário;


12. Feira de Arte e Artesanato da Avenida Afonso Pena;
13. Ofício de calceteiro;
14. Comunidade quilombolas de Belo Horizonte.

6. Licenciamento e Regularização de Engenhos de publicidade e toldos: a DIPC realiza a análise, paralela e complementar, dos proces-
sos administrativos relativos à instalação de engenhos de publicidade e toldos, com base na Deliberação nº109/2004 do CDPCM-BH. Esta
deliberação apresenta diretrizes relativas a tipos de engenhos, suas dimensões, locais passíveis de instalação, as dimensões e materiais
de toldos, dentre outras, as quais são mais restritivas que aquelas definidas pelo Código de Posturas do Município. Ela é aplicável a todos
os imóveis situados no perímetro de Conjuntos Urbanos, de ADE’s de Interesse Cultural (áreas de Diretrizes Especiais), e aos imóveis pro-
tegidos;
7.Licenciamento de Calçadas: As calçadas portuguesas estão presentes na cidade desde a década de 1920. O mosaico português foi
até os anos 1990 o principal revestimento utilizado na cidade nos passeios e áreas públicas. A partir da década de 1990, o impulso mo-
dernizante caracterizou o discurso da substituição deste calçamento por outro material mais seguro e menos oneroso. Foi então realizada
pelo CDPCM-BH a proteção dos mosaicos em calçada portuguesa da área central, inclusive das calçadas originais remanescentes em laje,
através do instituto do tombamento. Nesse sentido, em 1991, numa tentativa de preservar e incentivar a utilização dos mosaicos portu-
gueses, a Prefeitura realiza concurso público para o Projeto de Requalificação do Eixo Simbólico da Av. Afonso Pena o qual foi selecionada
a proposta do Escritório Baptista e Schimidt que estabeleceu diversos padrões para a área. O projeto foi implantado pela administração
ainda na década de 1990, em grande trecho da Av. Afonso Pena, Rua da Bahia e Av. Santos Dumont. Em 2000, o CDPCM-BH incorporou
o projeto como diretriz para recuperação das calçadas em Conjuntos Urbanos. O novo Código de Posturas, em 2003, facultou a cada
Secretaria Municipal de Administração Regional a definição de padrões de revestimento do passeio. Foi constituído, então, um grupo de
técnicos representantes das instâncias responsáveis pelo assunto, para discutir e elaborar a padronização das calçadas de Belo Horizonte.
O Projeto de Padronização de Calçadas da Área Central conta com mais de 120 padrões levantados dentro da Av. do Contorno e uma parte
de detalhamento construtivo. Hoje a Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana (SMARU) exige a apresentação, já em projeto, do
padrão da rua onde a nova edificação será erigida. O Código de Posturas do Município foi alterado em 2010, estabelecendo penalidade
para a não execução do revestimento com o tipo padrão adotado pelo Executivo.

Incentivos à Preservação
A fim de estimular a preservação de um patrimônio edificado marcadamente apoiado em imóveis particulares, nos quais a adesão e
a colaboração dos proprietários são de importância fundamental para o sucesso de nossa empreitada, o município instituiu uma série de
benefícios e compensações. Tais iniciativas têm contribuído visivelmente para a política municipal de preservação, conferindo maior agili-
dade e eficácia nas ações de restauração e de conservação, que passam ser vistas como financeiramente vantajosas para os proprietários.
Dentre tais benefícios, citamos:
• Isenção de IPTU: podem ser isentos do IPTU os bens culturais com tombamento definitivo, desde que confirmado seu bom estado
de conservação, estabelecido pela legislação municipal;
• Transferência do direito de construir: instrumento previsto na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, que concede o direito
de alienar ou de exercer em outro local o potencial construtivo do lote que não possa ser exercido no imóvel de origem, seja por possuir
proteção específica ou por se inserir em área de preservação ambiental ou cultural, quando ocorra restrição a seu potencial construtivo.
Até a presente data, a prefeitura já contabilizou 195 imóveis tombados que se tornaram geradores de TDC. O procedimento para tanto é
atualmente regulamentado pelo Decreto Municipal nº 15.254/2015, e se inicia com a abertura de processo administrativo junto à SMARU;
• Programa “Adote um Bem Cultural”: Programa pioneiro em Minas Gerais, objetiva incentivar a parceria entre poder público e inicia-
tiva privada na restauração, conservação e promoção dos bens culturais. Trata-se de um programa de adoção onde a FMC incentiva e me-
dia ações entre os proprietários dos bens culturais (sejam do poder público ou particular) e a iniciativa privada (pessoa física ou jurídica). A
adoção, antes vinculada à medida compensatória acordada entre empreendedor e o CDPCM-BH, atualmente é voluntária. Até a presente
data foram adotados 56 bens culturais;

Figura 3 – Exemplos de bens recuperados por meio do Programa Adote um Bem Cultural: pinturas parietais da Igreja de São Jorge,
Acervo documental do Cemitério do Bonfim, restauração dos jardins da Casa do Baile.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

• Leis de Incentivo: os projetos de recuperação de imóveis tombados podem ser financiados através das Leis de Incentivo nas ins-
tâncias federal, estadual e municipal. No caso de projetos destinados à preservação do patrimônio cultural, estes podem incluir desde a
restauração do bem, até a sua reabilitação e reconversão para novo uso;
• Estabelecimento de medida compensatória acordada entre empreendedores e CDPCM-BH: com base na Deliberação nº051/2016
do CDPCM-BH, a realização de obra ou projeto público ou privado que tenha efeito real ou potencial, material ou imaterial, sobre área ou
bem identificado como de interesse histórico, artístico, arquitetônico ou paisagístico pelo Município poderá ser condicionada à adoção
de medidas mitigadoras e compensatórias com vistas à redução dos impactos negativos, assim considerados pelo órgão de proteção do
patrimônio cultural.

Ações viabilizadas por meio de medida compensatória do CDPCM-BH em 2016/2017 (em andamento):
1. Recuperação da sede da Corporação Musical Filarmônica Primeiro de Maio;
2. Fomento ao ofício de fotógrafo lambe-lambe;
3. Apoio ao Festival Mineiro da Arte Capoeira – YAKALAKAYA, originário de Luanda/Angola;
4. Apoio ao Festival Internacional de Capoeira;
5. Custeio do Registro Imaterial dos Quilombos de Belo Horizonte, com previsão de conclusão em outubro/2017;
6. Recuperação da sede do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango;
7. Finalização da restauração do bem tombado à Rua Desembargador Barcelos nº 102, para instalação da sede do CENARAB;
8. Recuperação da Antiga Capela Velório do Cemitério do Bonfim, com realização de exposição sobre o Cemitério do Bonfim;
9. Restauração do bem tombado à Rua Pouso Alegre, nº1095/1099;
10. Adequação de engenhos do Mis Cine Santa Tereza;
11. Reforma de fachada e climatização da reserva técnica do Museu da Moda;
12. Execução de projeto e obras emergenciais na antiga Estação da Gameleira;
13. Readequação do projeto do Mercado das Flores;
14. Restauração do Retábulo Lateral da Igreja da Boa Viagem;
15. Obra de qualificação da infraestrutura física e tecnológica do MIS Cine Santa Tereza;
16. Publicação da edição comemorativa do Dossiê do Conjunto Moderno da
17. Projeto de restauração e adequação a novo uso do bem tombado à Rua dos Guaicurus nº471, para implantação do Museu do Sexo;
18. Projeto de implantação da climatização dos equipamentos detentores de acervos de interesse do patrimônio cultural;
19. Projeto de paisagismo do Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB);
20. Participação no custeio do projeto para manutenção da gráfica do APCBH: publicações de promoção e proteção do Patrimônio
Cultural;

• Fundo de proteção do patrimônio cultural: tem por finalidade prestar apoio financeiro, em caráter suplementar, a projetos e ações
destinados à promoção, preservação, manutenção e conservação do patrimônio cultural do Município;
• Prêmio Mestres da Cultura Popular: em consonância com as indicações do Plano Nacional de Cultura e com a Lei Municipal nº
9.000/2004, a FMC criou o Prêmio “MESTRES DA CULTURA POPULAR DE BELO HORIZONTE” que, de maneira simplificada e acessível, visa
reconhecer e valorizar a atuação dos mestres e mestras da cultura popular, responsáveis pela transmissão e perpetuação de saberes, cele-
brações e formas de expressão que compõem o patrimônio cultural imaterial de Belo Horizonte. O prêmio seleciona 3 mestres ou mestras,
com idade igual ou superior a 60 anos, residentes e atuantes em Belo Horizonte há pelo menos 10 anos, e que possuam o reconhecimento
de suas comunidades como detentores do conhecimento indispensável à transmissão de saber, celebração ou forma de expressão tradi-
cional.

Instrumentos de Promoção do Patrimônio


A DIPC tem ainda outra frente de ação voltada para a promoção do patrimônio cultural. Por meio de vários projetos, a Diretoria divulga
e promove o patrimônio, chamando a atenção da população para a preservação e valorização da memória da cidade. Apresentamos alguns
dos projetos desenvolvidos:
1. Projeto Semáforos do Patrimônio Cultural;
2. Projeto piloto - Sinalização Interpretativa do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte;
3. Exposição e publicação de livro sobre o Registro Imaterial do Ofício dos fotógrafos lambe-lambes;
4. Publicação do livro do Registro Imaterial do Teatro;
5.Edição bianual dos calendários do Patrimônio Cultural, publicados desde 2001.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Figura 4 – Dois projetos de promoção do patrimônio cultural da cidade: Semáforos do Patrimônio Cultural e Sinalização Interpretativa
do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte.

As Interfaces da Política Municipal de Preservação com Outros Órgãos Municipais


Conforme já mencionado, a DIPC mantém, rotineiramente, uma intensa interlocução com outros órgãos da administração municipal,
responsáveis pela gestão urbana e ambiental. Dentre estas interfaces realizadas, a mais expressiva em termos de volume de análises é
a que ocorre junto à Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana (SMARU). Este órgão é o responsável pelo licenciamento e pela
regularização de edificações, de parcelamento do solo, de obras em logradouros públicos e pelo licenciamento de atividades econômicas
(concessão de Alvará de Localização e Funcionamento).
As interfaces junto à SMARU são atualmente regulamentadas pela Portaria SMARU nº008/2016, a qual define os órgãos a serem con-
sultados, os procedimentos a serem seguidos neste processo, os prazos a serem observados, dentre outros.
No que se refere aos procedimentos de interface entre a SMARU e DIPC, é importante esclarecer que todo processo de licenciamento
ou de regularização aberto naquela Secretaria exige, no check-list de documentos a serem apresentados pelo requerente, a “Informação
Básica do Patrimônio”. Este documento é gerado a partir de um sistema de informações georeferenciadas da prefeitura e indica a necessi-
dade de interface do processo junto à DIPC. A Informação Básica do Patrimônio informa se o lote em questão está situado no perímetro de
algum Conjunto Urbano protegido, apontando se o terreno está submetido a alguma diretriz especial de projeto deliberada pelo conselho,
e se a edificação, porventura existente no local, possui algum grau de proteção (tombamento, processo de tombamento aberto ou registro
documental).
Caso o terreno não esteja situado no perímetro de algum Conjunto Urbano, mas esteja na área mais ampla monitorada pela DIPC,
ainda em processo de inventário, a Informação
Básica do Patrimônio indica a necessidade de apresentação de um outro documento: a
“Carta de Grau de Proteção”. Este último documento é gerado pelos técnicos da DIPC mediante a realização de vistoria ao local. Ele
indica o grau de proteção do imóvel em questão: sem interesse; tombamento; processo de tombamento aberto; Registro Documental (já
aprovado ou solicitado). Ele indica, também, as diretrizes para novas construções e se há algum imóvel protegido nos terrenos lindeiros ao
do lote em questão, o que acarretaria diretrizes especiais de projeto para este último.
Portanto, todo processo administrativo de regularização ou de licenciamento aberto na SMARU conta com o indicativo da necessidade
ou não de interface com a DIPC, via Informação Básica do Patrimônio e, em determinados casos, via Carta de Grau de Proteção.
Conforme já ressaltamos, esta interface é recorrente, sendo semanalmente disponibilizado um técnico da DIPC para a realização da
mesma. Em 2016 contabilizamos um total de 756 processos, abertos na SMARU que contaram com análise pela DIPC. Além disso, cerca de
31 processos foram submetidos à análise do CDPCM-BH por não atenderem às diretrizes estabelecidas para o local.
Além da interface junto à SMARU, outra interlocução regularmente realizada pela DIPC é com a Secretaria Municipal de Meio Ambien-
te (SMMA). Dentre as ações conjuntas destes dois órgãos, podemos citar os processos de licenciamento e de regularização das Estações
de Rádio Base (ERB’s) e seus respectivos equipamentos para prestação de serviço de telefonia.
As análises dos impactos e da intrusão das ERB’s possuem natureza bastante subjetiva, mas a DIPC busca analisar as propostas apre-
sentadas para harmonização dos equipamentos inseridos nos conjuntos urbanos, ADE’s ou vizinhos a áreas e bens protegidos, levando em
conta que os mesmos não devem obstruir, competir ou provocar prejuízos na fruição daqueles bens, na ambiência local e nas suas visadas
mais privilegiadas.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Em julho de 2005 é publicada a Deliberação 01/2005 do CDP- municipal, estadual e federal naquela região. O Comitê Gestor foi
CM-BH tratando, dentre outras coisas, da Instalação de Antenas instituído por meio da Portaria Nº340, do IPHAN, de 07/08/2015.
de Telefonia e elementos de telecomunicação em áreas protegidas Integram o Comitê 26 titulares e 26 suplentes, sendo dois represen-
em função do grande impacto visual que aqueles equipamentos vi- tantes do IPHAN, um representante do IEPHA-MG, um representan-
nham causando na cidade. Entendendo a necessidade de prestação te da Copasa, 18 representantes da PBH e quatro representantes
do serviço e as possibilidades tecnológicas de redução do número e não governamentais, ligados ao Conselho Internacional de Monu-
das dimensões dos equipamentos o CDPCMBH estabeleceu: mentos e Sítios (ICOMOS) Brasil, ao Escritório da Unesco no Brasil,
1. Em bem cultural com tombamento específico, ou no mesmo ao Instituto dos Arquitetos do Brasil seção Minas Gerais (IAB-MG) e
lote, não é permitida a instalação de antenas, a não ser em casos ao Fórum de Diretrizes Especiais da Pampulha (Fadep).
especiais através de uso de equipamento que não seja perceptível
e não cause nenhum impacto visual, com medida mitigadora a ser
definida pelo CDPCM-BH; DESCRIÇÃO, CULTURA, ARTE E PATRIMÔNIO CULTURAL E
2. Em bem cultural sem tombamento específico, porém dentro TOMBAMENTOS
de Conjunto protegido, é facultada a instalação desde que o equipa-
mento não apresente impacto significativo, não obstrua a visibilida-
de de outro bem cultural tombado lindeiro a este, não obstrua a lei- Arte e cultura
tura do traçado original da cidade e seus eixos de visada. Caso seja Foi eleita a cidade com maior interesse em cultura no Brasil
possível a instalação do equipamento, a empresa, conjuntamente, (Datafolha, 2017), a capital mineira, atualmente, possui, cerca de
com o proprietário ou condôminos deve oferecer a gentileza urba- 200 espaços culturais espalhados por todas as regionais. Entre mu-
na de limpeza e recuperação das fachadas da edificação, incluindo seus, centros de cultura e de referências, teatros, cinemas, biblio-
a adequação dos engenhos publicitários, caso existam e estejam tecas e galerias, Belo Horizonte abriga e expõem sua cultura, bem
irregulares. Se o imóvel estiver em bom estado de conservação e a como as culturas mineira, brasileira e, até mesmo, mundial.
instalação do equipamento reapresentar impacto visual, a proposta
deve ser apresentada ao CDPCM-BH para análise e definição de me- Cultura em Belo Horizonte (BH)
dida mitigadora vinculada à valorização da paisagem urbana local. Belo Horizonte foi projetada pelo engenheiro Aarão Reis entre
Além desta outras diretrizes relativas às ERB’s e equipamen- 1894 e 1897 e foi umas primeiras cidades planejadas do Brasil. Belo
tos de telefonia foram deliberadas pelo CDPCM-BH, quais sejam: Horizonte está localizada na região mais rica em minerais do estado.
Deliberação nº 67/2009, que restringe a instalação de antenas na Seu marco histórico se deu em 1701 com a chegada dos bandeiran-
área tombada da Serra do Curral e nas Apa (Área Parcelada) 01 e tes e a descoberta do ouro. O povoado denominado Curral Del Rey,
Apa (Área Parcelada) 02, nas quais as altimetrias máximas chegam foi elevado à categoria de freguesia em 1750, com a expansão do
a 7,5 m e 9,0 m, determinando que a indicação pelas empresas comércio de gado, da agricultura e de sua população.
de telefonia fosse de, no máximo, 10 pontos para instalação dos A história seria a mesma de qualquer cidade mineira não fosse
equipamentos ao longo do perímetro de proteção (perímetro de a anunciação da república em 1889. Belo Horizonte foi escolhido
tombamento e Apas 01 e 02). O Conselho condiciona alguns casos para substituir Ouro Preto por ser economicamente viável e ter me-
à apresentação de propostas de harmonização compatíveis com os nos restrições topográficas.
interesses do Patrimônio, podendo eventualmente determinar ain- Foi integrada como capital a partir da década de 1930, quando
da contrapartidas que possam mitigar os impactos e danos provo- a indústria se desenvolveu. A Pampulha, cujo conjunto arquitetô-
cados pelas ERB’s. nico é hoje Patrimônio Mundial da UNESCO, foi fundada em 1943.
Desde julho de 2016 a interface é regulamentada pela Instru- Os prédios tombados pelo Patrimônio Histórico Municipal, Es-
ção de Serviço Conjunta entre a SMMA/FMC nº01, visando imprimir tadual e Nacional guardam a toda a história da construção e desen-
maior celeridade nas análises para os licenciamentos de antenas de volvimento da capital, assim como a vida daqueles que passaram e
telecomunicações através do sistema de controle e gerenciamento que nutriram sentimentos por ela.
de expedientes SGCE da SMMA. Tal Instrução Normativa estabele- BH também é muito conhecida por sua vida noturna bastante
ceu como se processa a interface com a FMC adotando a troca de agitada, com várias opções para quem é turista, ou para os seus
informações e pareceres por meio digital (intranet da PBH) e por habitantes locais, sendo conhecida como a Capital Nacional dos Bo-
correio eletrônico, determinando ainda que a FMC designasse os tecos devido a essa variedade de entretenimento das noites belo-
servidores que executariam a interface, indicando o fluxo, as etapas -horizontinas.
e demais procedimentos dos processos administrativos.
Destacamos também que quando os licenciamentos incidem Passeios gratuitos em BH
sobre áreas ou bens que possuem ainda proteção de órgãos de Mercado Central - um dos principais centros culturais e gas-
defesa do patrimônio em outras esferas, como o Instituto Estadual tronômicos da capital. Fica localizado bem na região central, ele foi
do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Geais (IEPHA-MG) ou inaugurado em 1929 e, desde então, reúne cultura, gastronomia,
o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), artesanato e tradições de todas as regiões de Minas.
a DIPC só emite os pareceres após apreciação e aprovação prévia Feira Hippie – ocorre todos os domingos, das 7 às 14 horas.
daqueles órgãos. Com o recente reconhecimento do Conjunto Mo- É possível encontrar de tudo lá desde bolsas, sapatos, roupas, até
derno da Pampulha como Patrimônio Cultural da Humanidade pela artesanato indígena, além de cerveja gelada com os mais variados
Unesco, por exemplo, os licenciamentos naquela região e entorno tira-gostos.
ficam sujeitos à análise e aprovação do Comitê Gestor do Conjunto
Moderno da Pampulha Patrimônio Mundial, órgão responsável por
promover a gestão compartilhada e a articulação entre as políticas
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Conjunto Arquitetônico da Pampulha - construído em 1943 e projetado por Oscar Niemeyer, é composto por 5 monumentos: Casa do
Baile, Igreja São Francisco de Assis, Museu de Arte da Pampulha (MAP), Iate Clube e Casa Kubitschek. Devido à sua importância cultural e
arquitetônica, o conjunto foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2016.

Exposições e Museus em BH
- Museu de Ciências Morfológicas da UFMG
- Circuito Cultural Praça da Liberdade
- Instituto Inhotim
- Palácio das Artes
- Museu da Moda
- Museu Brasileiro do Futebol
- Museu de Artes e Ofícios
- Museu da História da Inquisição
- Museu Histórico Abílio Barreto
- Museu dos Brinquedos
- Museu da Escola de Minas Gerais
- Museu da Imagem e do Som
- Museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB)

Política de proteção do patrimônio histórico em Belo Horizonte


Em 1980 inicia-se o movimento para criação da política de proteção de bens culturais em Belo Horizonte, que foi desencadeado
pela reação à demolição do Cine Metrópole (edificação histórica referencial localizada na Rua da Bahia esquina com Rua Goiás). No ano
1984, é aprovada a Lei Municipal que cria o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte/CDPCM-BH (Lei
3.802/84) e no ano 1993, é instituído o órgão municipal responsável pela implementação e gestão da política de proteção ao patrimônio
cultural de BH, atualmente representado pela Diretoria de Patrimônio Cultural, Arquivo Público e Conjunto Moderno da Pampulha/DPAM.
Essa política de proteção tem como referência para atuação o Inventário de Conjuntos Urbanos na cidade, definido a partir de áreas
polarizadoras, onde são percebidas ambiências, edificações ou mesmo um conjunto de edificações que apresentam expressivo significado
histórico e cultural. Estes espaços caracterizam-se por desempenhar um papel estratégico e simbólico na estruturação e compreensão do
espaço urbano e dos seus usos, bem como na identificação da população.
Para proteger essas áreas, foram estabelecidos critérios e diretrizes de proteção para cada conjunto. Assim, os limites de segurança de
cada área urbana são determinados por acordo dos dois espaços, a saber:
- Espaço de Valor Simbólico e/ou Polarizador: é de grande importância para a cidade tanto pelo seu valor histórico-urbanístico como
pelos seus espaços edificados que, ao longo do tempo, foram entrando no imaginário coletivo, na configuração da cena urbana e no coti-
diano de seus habitantes;
- Espaço de Valor Urbanístico: possui o traçado original da cidade, apresenta uma ocupação bastante heterogênea, conformando
um cenário urbano variado onde se identificam, em grupos pequenos ou isoladamente, edificações e/ou ambiências de valor histórico e
simbólico específico.
A política de proteção do patrimônio cultural visa trabalhar com os cidadãos e as comunidades para identificar, conservar e promover
bens culturais representativos da memória de uma cidade. Para a proteção desses conjuntos, foram adotados pelo Conselho Deliberativo
do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte/CDPCM-BH os seguintes instrumentos de proteção:
- Diretrizes Especiais de Projeto: refere-se a diretrizes norteadoras das intervenções, reformas com acréscimo de área ou de novas
construções no perímetro do Conjunto Urbano, que visa preservar a ambiência local e a visibilidade de bens culturais tombados.
- Registro Documental: recusro de proteção que recai sobre edificações com valor histórico-urbanístico, mas que, isoladamente, não
apresentam características relevantes capazes de justificar seu tombamento.
- Tombamento específico: recurso de proteção que recai sobre bens materiais, móveis ou integrados, possuidores de valor histórico,
arquitetônico, cultural, simbólico e/ou afetivo para a cidade. Com o tombamento, são estabelecidas pelo Conselho diretrizes específicas
para a proteção e preservação das características essenciais do bem cultural.
- Registro Imaterial: seguidamente a criação do instrumento de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial (Lei Nº 9.000/04) deu-
-se início os trabalhos de inventário e salvaguarda dos processos de criação, manutenção e transmissão de conhecimentos e das práticas
e manifestações dos diversos grupos socioculturais que compõem a identidade e a memória de Belo Horizonte, por meio do registro dos
saberes, das celebrações, das formas de expressão e dos lugares. Os bens culturais reconhecidos através deste instrumento passam a ter
medidas de salvaguarda para incentivar sua preservação.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

MAPAS DE BELO HORIZONTE

Mapas

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GEOGRAFIA ECONÔMICA E DEMOGRÁFICA DE BELO HO-


GEOGRAFIA URBANA: CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ESPA-
RIZONTE
CIAIS: DIMENSÃO TERRITORIAL, A TOPOGRAFIA E SUAS
RESTRIÇÕES E INFLUÊNCIAS. A EXPANSÃO DA CIDADE.
MUNICÍPIOS LIMÍTROFES E CONURBAÇÃO. ADMINISTRA-
Economia ÇÃO REGIONAL: DIVISÃO TERRITORIAL EM REGIONAIS
É a principal economia de Minas Gerais, com destaque para o
setor terciário, como comércio, serviços e turismo. Esta alicerçada
no setor terciário, que corresponde a cerca de 70% do Produto In-
terno Bruto (PIB) da cidade. Onde se destaca o comércio, serviços Território
financeiros, atividades imobiliárias e administração pública. Área da unidade territorial [2021] ------- 331,354 km²
PIB per capita [2020] ----- 38.670,40 R$ Hierarquia urbana [2018] ------- Metrópole (1C) - Município in-
tegrante do Arranjo Populacional de Belo Horizonte/MG
Região de Influência [2018] ------- Arranjo Populacional de Belo
Horizonte/MG - Metrópole (1C) Região intermediária [2021] ------
-- Belo Horizonte
Região imediata [2021] ------- Belo Horizonte
Mesorregião [2021] ------- Metropolitana de Belo Horizonte
Microrregião [2021] ------- Belo Horizonte

Posição geográfica: estava localizada no Centro de Minas Ge-


rais;
Possui um relevo mais plano que Ouro Preto e uma altitude
considerável – 800 metros;
Seu clima é bastante ameno;
Possui uma rica bacia hidrográfica em seu interior;

Durante o processo de planejamento da nova capital, foi deci-


dido que até o ano 2000 ela possuiria cerca de 100.000 habitantes.
Fonte: IBGE Inicialmente, até a década de 1920, a cidade estagnou devido à cri-
se mundial que atingiu o país Sua dinâmica urbana limitava-se aos
Além do setor terciário, também temos o setor secundário pre- serviços administrativos e aos serviços hospitalares especializados
sente na composição do PIB municipal. A Região Metropolitana de no tratamento da tuberculose.
Belo Horizonte comporta vários centros industriais de diversos ra- Mas foi só na década de 1940 que Belo Horizonte começou a
mos: tecnologia, eletrodomésticos, automobilístico, têxtil (calçado crescer. A industrialização, que chegou ao país e começou no Sudes-
e artigos de moda), petroquímico, metalúrgico, e construção civil. te, chegou a Belo Horizonte e sustentou a economia e o crescimen-
Podemos afirmar que o setor primário é praticamente inexis- to populacional da cidade. Junto com as indústrias, foi edificado o
tente, mas temos algumas atividades mineradoras na região serra- conjunto arquitetônico da Pampulha, que hoje é o principal ponto
na de Belo Horizonte. Em 2018, a renda per capita do município era turístico da cidade.
de R$ 36.759,66, de acordo com dados do IBGE. Foi marcada, na década de 1980, pela valorização da memória
da cidade, com a alteração na orientação do crescimento. Vários
Demografia edifícios de importância histórica foram tombados. Deu-se início a
Segundo dados do IBGE, a população estimada de Belo Hori- implantação do metrô de superfície.
zonte em 2021 era de 2.530.701 de pessoas, a sexta cidade mais
populosa do Brasil. Na região Sudeste, é a terceira com a maior po- Divisão Geográfica de Belo Horizonte
pulação, perdendo de São Paulo e Rio de Janeiro. No âmbito esta- Belo Horizonte é uma cidade com cerca de 480 bairros, distri-
dual, é a mais populosa de Minas Gerais. buídos entre as regiões administrativas do município. Essas regiões
Trata-se de uma cidade é bastante povoada, com uma densida- são chamadas de regionais e são utilizadas para definir atividades
de demográfica de 7167,0 hab/km², segundo dados do IBGE (2010), específicas relacionadas ao atendimento da população como servi-
possuindo índice elevados para os padrões territoriais da cidade. ços de infraestrutura, (saneamento básico, praça, pavimentação de
Esse fato, associado à grande população, faz com que a capital mi- vias públicas), lazer, escola, hospital, etc.
neira possua inúmeras construções verticais e seja conurbada com A cidade possui nove regionais:
municípios vizinhos, como Contagem. - Barreiro
Localizamos nela os principais serviços de saúde, educação, - Centro-Sul
comércio e infraestrutura de Minas Gerais. Sendo assim, a cidade - Leste
conta com boa qualidade de vida. Em 2010, o Índice de Desenvolvi- - Nordeste
mento Humano Municipal (IDHM) era 0,810. Apesar disso, o índice - Noroeste
expressivo, não reflete a desigualdade social é um dos pontos nega- - Norte
tivos de Belo Horizonte. - Oeste
- Pampulha
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Nos anos 2000, o governo do estado criou novos projetos para


promover o crescimento do município do Vetor Norte. Entre esses
projetos está o desenvolvimento do aeroporto de fronteiras desde
2004.

Vetor Sul
A conurbação do Vetor Sul é bem nova e ao contrário dos veto-
res Oeste e Norte, que tiveram incentivos do governo para seu cres-
cimento, o Vetor Sul se desenvolve de maneira natural. A partir dos
anos 2000, o crescimento urbano ultrapassou os limites territoriais
da capital em direção a Nova Lima, já que o espaço era escasso na
nobre região sul da cidade de Belo Horizonte. Os bairros formados a
partir daí estão entre as áreas mais caras da cidade. A verticalização
dessa região é uma característica marcante, que hoje convive com o
tráfego intenso em meio à construção de grandes edifícios. O Vetor
Sul, concentra-se grande número de condomínios horizontais fe-
chados e bairros planejados, como o Alphaville Lagoa dos Ingleses.

Colar Metropolitano
Definido pela Lei Complementar nº89, de 12 de janeiro de
2006, trata-se da formação de municípios do entorno da região me-
tropolitana atingidos pelo processo de metropolização. Com a esta
lei, foi integrado à Região Metropolitana de Belo Horizonte o Colar
Metropolitano, atualmente composto de 16 municípios: Barão de
Cocais, Belo Vale, Bom Jesus do Amparo, Bonfim, Fortuna de Mi-
nas, Funilândia, Inhaúma, Itabirito, Itaúna, Moeda, Pará de Minas,
Fonte: https://www.researchgate.net/publication/320963722/ Prudente de Morais, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo, São
José da Varginha e Sete Lagoas.
Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é formada
pela capital mineira e outros 33 municípios — Baldim, Betim, Bru- Referências bibliográficas:
madinho, Caeté, Capim Branco, Contagem, Confins, Esmeraldas, Disponível em http://portalbelohorizonte.com.br Acesso 20.03.2023
Florestal, Ibirité, Itaguara, Igarapé, Itatiaiuçu, Jaboticatubas, Juatu- Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/belo-horizonte/
ba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Nova panorama Acesso 20.03.2023
Lima, Nova União, Pedro Leopoldo, Raposos, Ribeirão das Neves,
Rio Acima, Rio Manso, Sabará, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas,
São José da Lapa, Sarzedo, Taquaraçu de Minas e Vespasiano. PLANO DIRETOR: CARACTERÍSTICAS GERAIS, DIRETRIZES
Municípios limítrofes: Brumadinho, Contagem, Ibirité, Nova NORTEADORAS
Lima, Santa Luzia, Sabará, Ribeirão das Neves e Vespasiano.
O processo de conurbação (união de duas ou mais cidades, em
consequência de seu crescimento geográfico) iniciou no final da dé- BELO HORIZONTE E SUA GESTÃO TERRITORIAL
cada de 1940 pelo Vetor Oeste quando Belo Horizonte, Contagem As Regiões Administrativas da Prefeitura de Belo Horizonte:
e Betim se ligaram, no chamado Eixo Industrial, época da primeira localização geográfica e principais bairros
fase de crescimento do Vetor Norte. A estrutura de governo do município de Belo Horizonte é divi-
dida em127:
Vetor oeste
O Crescimento populacional desta região foi intenso começan- Prefeito;
do nos anos 40 até se consolidar, no final dos anos 70. Este período Vice-Prefeito.
foi marcado por importantes intervenções públicas que definiram
os futuros processos de expansão da capital e sua conurbação com Secretarias
os municípios de Contagem e Betim. Assistência social, segurança alimentar e cidadania;
Assuntos institucionais e comunicação social;
Vetor Norte Controladoria-geral do município;
Em 1940, o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, Cultura;
inaugurou o conjunto Arquitetônico da Pampulha e criou a alameda Desenvolvimento econômico;
Antônio Carlos, que liga o centro de Belo Horizonte à região. Além Educação;
disso, o início da aeronáutica comercial no aeroporto da Pampu- Esportes e lazer;
lha é um marco para o crescimento da zona Norte. Esses fatores Fazenda;
propulsiona a expansão periférica nos municípios da zona norte de Governo;
Belo Horizonte. A maioria deles está em Justinópolis (Ribeirão das Meio ambiente;
Neves) e São Benedito (distrito de Santa Luzia). 127 https://prefeitura.pbh.gov.br/.
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Obras e infraestrutura; Isso nos mostra que a cidade muda no tempo. E a administra-
Planejamento; ção municipal procura acompanhar as mudanças para atender as
Política urbana; novas necessidades.
Procuradoria-geral do município;
Saúde; Principais Bairros de Belo Horizonte
Segurança e prevenção. Os bairros de Belo Horizonte se estruturam da seguinte ma-
neira:
Fundações Bairros por regional administrativa;
Fundação de parques e zoobotânica; Bairros por população-Censo 2010 IBGE, Parte I;
Fundação municipal de cultura. Bairros por população, Censo IBGE 2010, Parte II;
Bairros por população, Censo 2010, IBGE, Parte III;
Empresas e autarquias Bairros da Região do Barreiro;
BELOTUR; Bairros da Região Centro-Sul;
BHTRANS; Bairros da Região leste;
HOSPITAL METROPOLITANO ODILON BEHRENS; Bairros da Região Nordeste;
PBH ATIVOS; Bairros da Região Noroeste;
PRODABEL; Bairros da Região Norte;
SLU; Bairros da Região Oeste;
SUDECAP; Bairros da Região da Pampulha;
URBEL. Bairros da Região Venda Nova.
A composição dos mesmos encontra-se disponível em:
Coordenadorias de atendimento
Barreiro; https://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/o-que-e-um-bairro-/.
Centro-sul;
Leste; Planos diretores regionais129
Nordeste; Os Planos Diretores das Regiões Administrativas de Belo Hori-
Noroeste; zonte foram concebidos como um instrumento de definição de uma
Norte; política territorial de planejamento e de gestão urbana municipal
Oeste; no âmbito local, sendo elaborado um plano para cada uma das nove
Pampulha; regionais de Belo Horizonte: Barreiro, Centro-Sul, Leste, Nordeste,
Venda nova. Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova. Sob coordenação
da SUPLAN, contam com consultoria técnica especializada e com a
Bairros128 participação da população em seu processo de elaboração.
A história dos bairros, assim como a da cidade e a das pessoas Os Planos têm por objetivo final a definição de uma estrutura
que nela vivem, vai se transformando com o tempo e os seus no- urbana, bem como a indicação de instrumentos de política urbana
mes refletem isso. Para os bairros da cidade de Belo Horizonte, por que garantam a efetivação dos princípios contidos no Plano Diretor
exemplo, dois tipos de nomes são usados hoje: os oficiais e os po- municipal, reorientando o processo de evolução socioeconômica e
pulares. físico-territorial da região e garantindo a distribuição mais iguali-
Os nomes oficiais, para alguns bairros, são os que foram dados tária dos ônus e benefícios dos processos de urbanização para as
no projeto original da cidade. Para outros, que surgiram depois do diversas áreas da cidade.
planejamento inicial, o nome oficial é o da época da aprovação do
loteamento do bairro: Europa, Céu Azul etc. A Constituição e o Estatuto da Cidade
Para outros, ainda, o nome oficial foi dado por lei, depois que O art. 182 da Constituição Federal de 1988 determina que a
aquela região já estava ocupada, como é o caso do São João Batista. política de desenvolvimento urbano seja executada pelo Poder Pú-
Os nomes populares são aqueles pelos quais conhecemos nossos blico municipal e que tenha como objetivos a ordenação do ple-
bairros. Sua origem está ligada a alguma característica física ou cul- no desenvolvimento das funções sociais da cidade e a garantia do
tural do lugar. Pode vir de uma igreja ou de um santo de devoção, bem-estar de seus habitantes.
de uma fazenda, de um estabelecimento, do nome de um antigo As funções sociais da cidade estão ligadas aos direitos funda-
morador. Ou seja, esse e o nome que tem a “cara” do bairro: Venda mentais: direito à habitação, trabalho, lazer, mobilidade, educação,
Nova, Jardim dos Comerciários, etc. saúde, proteção, segurança, prestação de serviços, planejamento,
Nos diversos usos que a cidade faz dos bairros, esses nomes se preservação do patrimônio cultural e natural e sustentabilidade ur-
misturam. Para os cartórios, o bairro é Sinimbú; para o dia-a-dia, é bana, entre outros.
Santa Mônica. O Minas - Caixa é um nome popular. Seu nome ofi- Criado em 2001, o Estatuto da Cidade (Lei Federal n°
cial é bairro São Pedro. Ha ainda os nomes que não existem mais. 10.257/2001) é a norma que estabelece as diretrizes gerais para
Jardim Astória e Jardim das Nações são nomes que não estão mais a política urbana no Brasil. O texto regulamenta o Capítulo II “Da
em uso, só existem na memória de antigos habitantes da cidade. Política Urbana” da Constituição Federal, definindo normas e ins-
trumentos que regulam o uso da propriedade urbana em favor do
bem coletivo.
128 https://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/como-os-bairros-recebem- 129 https://prefeitura.pbh.gov.br/politica-urbana/planejamento-urbano/plano-dire-
-seus-nomes-/ tor/regionais.
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Desenvolvimento e expansão urbana Novo Plano Diretor de BH: entenda as grandes mudanças
De acordo com o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor é o ins- Processo de aprovação
trumento básico para orientação da política de desenvolvimento e A Lei Municipal 11.181/2019, sancionada no dia 08/08/2019,
expansão urbana dos municípios. Elaborado numa perspectiva de aprovou o novo Plano Diretor de BH, inovando a legislação
longo prazo, o documento sintetiza os princípios, diretrizes e obje- municipal com diretrizes e exigências técnicas que, certamente,
tivos pactuados para o desenvolvimento das cidades, orientando a afetarão o mercado imobiliário da cidade nos próximos anos de
elaboração de políticas públicas municipais. sua vigência.
A criação do Plano Diretor é obrigatória para as cidades com De maneira geral, o Executivo e o Legislativo do Município
mais de 20 mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas fundamentaram a aprovação do novo Plano Diretor na Função
e aglomerações urbanas, onde o Poder Público municipal pretenda Social da Propriedade, prevista no artigo 182 da Constituição
utilizar determinados instrumentos de política urbana previstos na da República, bem como nos Objetivos de Desenvolvimento
Constituição Federal, tais como: Sustentável (ODS), elaborados pela Organização das Nações
• o parcelamento ou edificação compulsórios; Unidas (ONU) e na Nova Agenda Urbana, consolidada pela Terceira
• o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana Conferência das Nações Unidas para Habitação e Desenvolvimento
progressivo no tempo; Sustentável.
• a desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida A defesa do Plano Diretor de BH, pela Prefeitura e pela maioria
pública. dos vereadores, foi no sentido de que a nova legislação tem o
O Plano Diretor é estabelecido na forma de uma lei municipal, potencial de proporcionar o crescimento urbano sustentável
sendo elaborado em conjunto pela prefeitura, pelos cidadãos e pela e equilibrado entre as regiões na cidade, consideradas as suas
Câmara Municipal. peculiaridades, proporcionando, ainda, melhorias no transporte
O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento público e no acesso à moradia por grupos minoritários.
municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias O novo texto foi enfaticamente defendido pelos partidos mais
e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele à esquerda e por instituições organizadas, como movimentos
contidas. ocupacionais e ambientalistas.
(conforme art. 40, § 1° da Lei n° 10.257/2001) A mudança na legislação era necessária, uma vez que o
próprio Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) exige a revisão do
Função social da propriedade Plano Diretor, naqueles Municípios que possuem mais de 20.000
A partir da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Ci- (vinte mil) habitantes, a cada 10 (dez) anos, para que a boa
dade, a função social da propriedade tem se tornado um conceito política urbana possa ser realizada – a propósito, temos um artigo
muito caro ao planejamento urbano, que deve ser perseguido pelos dedicado ao Estatuto da Cidade.
planos diretores. Ocorre que, apesar do debate a respeito das diretrizes e
A função social da propriedade se realiza quando o interesse propostas de alteração ter se iniciado nos anos anteriores à
do indivíduo fica subordinado ao interesse coletivo por uma boa promulgação do novo Plano Diretor, inclusive com a participação
urbanização. de vários setores organizados da sociedade, notadamente os
Conforme estabelecido no Plano Diretor de Belo Horizonte (Lei sindicatos de incorporadoras, construtoras e corretoras, o plano
n° 7.165/96 e alterações posteriores), a função social da proprie- efetivamente aprovado trouxe disposições que não passaram por
dade materializa-se quando a propriedade atende aos critérios de qualquer análise ou discussão anterior dos cidadãos que, de fato,
ordenamento territorial e às diretrizes de desenvolvimento urbano seriam e são afetados pela lei.
expressas nele mesmo, assegurando práticas como: Isso porque, a despeito da grande importância da mudança
• o aproveitamento socialmente justo e racional do solo; legislativa, não houve ampla divulgação em meios massivos de
• a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis, bem comunicação, acerca das discussões envolvendo o novo Plano
como a proteção, a preservação e a recuperação do meio ambiente; Diretor de BH e dos canais abertos de consulta e participação da
• o aproveitamento e a utilização compatíveis com a segurança população, para opinar sobre o tema.
e a saúde dos usuários e dos vizinhos. As audiências públicas no processo de aprovação foram
realizadas a toque de caixa e sem real oitiva, por parte do Poder
Em Belo Horizonte, o Plano Diretor apresenta as diretrizes de Público, às demandas e sugestões dos setores interessados.
ordenamento do território, as regras para zoneamento e as normas A discussão sobre o novo Plano Diretor se iniciou na 4ª
para instalação de usos e atividades. Ainda, o texto estabelece as Conferência Municipal, realizada no ano de 2014, ainda na gestão
áreas de diretrizes especiais (ADEs), as zonas de interesse social do prefeito Márcio Lacerda, e só se encerrou no ano de 2019 com
(Zeis), as formas de participação popular na gestão urbana e os ins- a promulgação da Lei 11.181/19.
trumentos de politica urbana disponíveis, tais como: Desde o início, todavia, a reclamação geral de grande parte
• Transferência do Direito de Construir; dos setores afetados diz respeito à falta de diálogo da Prefeitura
• Operação Urbana; com os cidadãos, como se vê, por exemplo, em matéria de 2014
• Parcelamento, edificação e utilização compulsórios; do jornal Estado de Minas.
• Consórcio imobiliário; A tensão foi tamanha durante a 4ª Conferência que o CMI-
• Direito de preferência, etc. Secovi e o Sinduscon/MG, ambos representantes das construtoras
Após sua versão inicial, o Plano Diretor de 1996 passou por e incorporadoras, decidiram abandonar as discussões.
diversas alterações, abordaremos aqui a versão atual consolidada.

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A verdade é que a maioria da população da cidade, não No Plano Diretor anterior, alguns bairros da cidade tinham o
efetivamente envolvida com movimentos sociais urbanos ou com coeficiente básico de 2,7, com o coeficiente máximo chegando a
o mercado imobiliário, não teve sua participação viabilizada nas 3,5.
discussões. O atual Plano Diretor de BH, em seu artigo 4º, inciso VII,
Além disso, como criticaram aqueles que se opuseram à alínea “a”, determina o coeficiente de aproveitamento básico 1,0
aprovação do Plano, a mudança mais impactante, que foi a (um inteiro) para todo o município.
redução do coeficiente de aproveitamento nas áreas centrais, Isso significa que, ao contrário das diferenciações regionais
com a possibilidade de edificação em área superior àquela original estabelecidas pela legislação anterior e ao contrário dos
do terreno somente com o pagamento de outorga onerosa, preexistentes elevados coeficientes de aproveitamento básico (na
veio desacompanhada de um estudo de viabilidade e impacto região Centro-Sul, por exemplo, era 2,7), o novo texto autorizou,
econômico. em toda a cidade, de forma gratuita, apenas a construção líquida,
Afinal, segundo afirmavam, a medida, que explicaremos em metros quadrados, do tamanho original do terreno.
abaixo, aumentaria os custos de construção de edifícios no Mais adiante no texto (artigo 45 e seguintes) o legislador
município e, também, desvalorizaria lotes vagos e aumentaria o permitiu a superação do potencial construtivo básico até o limite
preço dos aluguéis na cidade. do potencial construtivo máximo, ou do potencial construtivo de
Por outro lado, havia concordância no Legislativo municipal centralidade da região, mediante:
sobre o fato de que a nova legislação apresentava grandes (i) pagamento de Outorga Onerosa do Direito de Construir
objetivos de longo prazo, como o estímulo ao desenvolvimento (ODC);
de centralidades próximas a corredores de ônibus e vias com boa (ii) Transferência do Direito de Construir (TDC);
infraestrutura ao transporte público. (iii) adoção de soluções projetuais de gentileza urbana,
Nesse contexto destaca-se, também, a reformulação do previstas no Anexo XII do Plano Diretor;
zoneamento da cidade, buscando adequá-lo à concepção de (iv) benefício decorrente da produção de Habitação de
desenvolvimento urbano contemporânea e novo tratamento às Interesse Social (BPH); ou
ocupações, com a permissão de novas formas de intervenção (v) utilização de certificados de potencial adicional de
nelas. construção (Cepacs), quando regulamentados em regime de
Em suma, as mudanças já implementadas certamente Operação Urbana Consorciada (OUC).
afetarão os particulares, dentre os quais estão os agentes do Ampliação da aplicação da Outorga Onerosa do Direito de
mercado imobiliário. Construir (ODC)
Especialmente nos pontos de interesse desse mercado, Na nova legislação, nos termos do § 1º do artigo 45 do
foram implementadas normas substancialmente relevantes para Novo Plano Diretor de BH, o CAmax e o CAcent são definidos
edificação, uso do solo e da propriedade, algumas das quais serão como direitos de construção, pertencentes ao Município, sendo
brevemente detalhadas a seguir. essa concepção, justamente, o que autoriza a cobrança de
contraprestação ao Poder Público, daqueles que pretendem
Principais alterações do novo Plano Diretor de BH superar o potencial construtivo básico.
Veja a seguir as principais alterações trazidas pelo Novo Plano Por isso, ao menos conceitualmente, a Outorga Onerosa do
Diretor de Belo Horizonte, que terão importantes desdobramentos Direito de Construir (ODC) não seria um novo tributo municipal,
para o mercado imobiliário como um todo do município uma vez que já era prevista na legislação anterior – mas de forma
bem delimitada.
Unificação do coeficiente de aproveitamento básico dos E, ao que tudo indica, por ser mais simples e menos específica
imóveis do que as outras hipóteses de contraprestação ao Município, para
O coeficiente de aproveitamento máximo (CAmax) e o superação do potencial de construção básico, a ODC fará parte
coeficiente de aproveitamento mínimo (CAmin) definem o do cotidiano das construtoras e incorporadoras, a fim de que
potencial construtivo máximo e o aproveitamento construtivo obtenham autorização para executar seus empreendimentos.
mínimo dos terrenos no Município, respectivamente, como A celebração da ODC entre os particulares e o Poder Público,
demonstramos em nosso artigo sobre Plano Diretor. assim como as demais hipóteses de aquisição do direito de
Em áreas consideradas como de centralidade, o coeficiente de construir para além do potencial construtivo básico, se fará
aproveitamento máximo (CAmax) é substituído pelo coeficiente mediante assinatura de Termo de Conduta Urbanística (TCU) pelo
de aproveitamento de centralidade (CAcent), geralmente superior responsável pelo projeto a ser licenciado.
ao primeiro. No tocante à referida outorga, em conformidade com
O coeficiente de aproveitamento básico, por sua vez, é aquele o artigo 48 do Plano Diretor, ela é o instrumento de política
inerente ao terreno, a ser exercido de forma gratuita. urbana que permite o exercício do direito de construir acima do
Pode ser único para todo o território municipal ou variar de CAbas, mediante contrapartida do responsável legal pelo projeto
acordo com a região, estimulando ou desincentivando, conforme licenciado ao Executivo em função do ônus decorrente da carga
o caso, um maior adensamento de pessoas. adicional na estrutura urbana.
A definição dos coeficientes mínimo, básico e máximo resulta, Mas como o valor da ODC é calculado? E como deverá ser
na prática, em uma obrigação do proprietário de aproveitar feito o seu pagamento?
um terreno no município em seu aproveitamento mínimo e,
ao mesmo tempo, em um direito de exercer o seu potencial
construtivo básico gratuitamente.

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Cálculo da ODC Forma de pagamento da ODC


Para regulamentar mais a fundo tanto a ODC quanto os demais Uma vez calculado o valor da contrapartida, o interessado na
instrumentos do Plano Diretor de BH, na mesma data em que este aprovação do projeto deve pagar, como condição para obtenção
efetivamente entrou em vigor (05 de fevereiro de 2020), outras do alvará de construção, um sinal de 10% (dez por cento),
duas normas também entraram: a Lei Municipal 11.216/2020 e o conforme previsto no inciso I do artigo 14 da Lei 11.216/2020.
Decreto 17.272/2020. O pagamento do restante do valor (90%) é condicionante
De passagem, é importante explicar que o Decreto é um para o início das obras e deverá ser feito no ato da comunicação
instrumento originado do Poder Executivo, ou seja, do(a) de intenção de início, nos termos do inciso II do mesmo artigo 14.
prefeito(a), enquanto a lei, seja ela ordinária ou complementar, A partir da emissão do alvará, o interessado tem o prazo de
sempre será de competência do Poder Legislativo (no caso, da 1 (um) ano para dar início às obras e, portanto, tem igual período
Câmara Municipal), mesmo que a apresentação do projeto de lei para quitar o restante da contrapartida associada à ODC.
possa ser de iniciativa também do Executivo. Se não iniciar as obras no período e nem requerer o
O objeto de um Decreto é bastante limitado, destinando-se cancelamento do alvará, terá de pagar o valor integral e perderá
ele a regulamentar (basicamente, detalhar) um ou outro ponto tudo para o Município se vier a, posteriormente, desistir de
de uma Lei, ponto(s) este(s) que a própria lei previu que seria(m) executar o projeto.
objeto de regulamentação. Caso, ao contrário, ele requeira o cancelamento dentro desse
Então, no caso de Belo Horizonte, a Lei 11.216/2020 foi prazo de 1 (um) ano, perderá apenas o sinal pago e não será
editada para regular a aplicação dos instrumentos de política obrigado a pagar o restante.
urbana previstos nos Capítulos II, III e IV do Título II da Lei nº Por outro lado, se pretender iniciar as obras antes desse prazo
11.181, de 8 de agosto de 2019, que aprova o Plano Diretor do de 1 (um) ano, terá de pagar os 90% restantes da contrapartida.
Município de Belo Horizonte, enquanto o Decreto 17.272/2020 Não o fazendo, ou seja, iniciando as obras sem o pagamento,
veio para regulamenta[r] as Seções II, III, V e VI do Capítulo IV do o débito será inscrito em dívida ativa, atraindo a aplicação de
Título II da Lei nº 11.181, de 8 de agosto de 2019, os Capítulos V e pesadas multas, que podem chegar a até 30% (trinta por cento)
VI da Lei nº 11.216, de 4 de fevereiro de 2020. do total, sem prejuízo de juros de mora e correção monetária,
estes últimos ilimitados, e do possível embargo da obra.
No que se refere à ODC, a fórmula para seu cálculo consta do A título de esclarecimento, todas essas conclusões decorrem
artigo 13 da Lei 11.216/2020, sendo CT= 0,5 x (CAof x AT x V), na da leitura dos parágrafos 1º a 7º do mesmo artigo 14 da Lei
qual: 11.216/2020.
• CT corresponde ao valor da contrapartida onerosa devida A ODC poderá, ainda, ser paga total ou parcialmente mediante:
pelo responsável legal pelo projeto licenciado; i) transferência ao Município de outro imóvel de propriedade
• CAof corresponde ao coeficiente de aproveitamento a ser daquele que pretende construir acima do CAbas, desde que tal
praticado mediante ônus financeiro, não computado o potencial imóvel seja considerado de interesse público pelo ente municipal;
construtivo adicional decorrente da superação do CAbas adquirido ou ii) transferência da faixa de recuo de alinhamento ao Executivo
a partir dos meios previstos nos incisos II a V do § 2º do artigo 45 Municipal.
do Plano Diretor; Nesses casos, a referência para o valor da propriedade
• AT corresponde à área do terreno, medida em metros imobiliária também será a planta de valores do ITBI (Imposto
quadrados; sobre Transmissão de Bens Imóveis por ato oneroso inter vivos).
• V corresponde ao valor do metro quadrado do terreno, Se quiser saber mais sobre esse importante imposto, veja outro
obtido de acordo com a Planta de Valores Imobiliários utilizada de nossos artigos sobre o tema.
para o cálculo do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ainda é relevante mencionar que o artigo 21 da Lei
Ato Oneroso Inter Vivos – ITBI. 11.216/2020 previu que, durante o período de transição entre
Planos Diretores (3 anos contados da entrada em vigor, de
Trocando em miúdos, a contrapartida financeira para a 05/02/2020 a 05/02/2023), o valor da ODC será calculado de
aquisição de ODC corresponderá a metade (em virtude do 0,5 no maneira idêntica à já prevista para a plena vigência da nova
início da fórmula) do produto da multiplicação da (i) área total do legislação, para regiões que tenham o CAbas de transição igual ou
terreno pelo (ii) coeficiente praticado mediante ônus financeiro, inferior a 1,0 (um inteiro).
ou seja, apenas o coeficiente superior ao básico e que não tenha Em contrapartida, para as regiões que tenham o CAbas
sido obtido por meio de outro instrumento, como o TDC ou o BPH superior a 1,0 (um inteiro), no período de transição, a ODC será
(explicados em detalhes no nosso artigo anterior) e (iii) pelo valor calculada a partir do preço da área a ser construída mediante
atribuído no cadastro municipal ao metro quadrado do terreno. ônus financeiro, com base no valor cheio do metro quadrado do
Vale destacar que o responsável por elaborar e atualizar a terreno, dividida pelo valor do CAbas de transição da região.
Planta de Valores Imobiliários para o cálculo do ITBI é o próprio
Município, de forma a existir ampla margem de discricionariedade Mudanças no cálculo da área líquida construída
(e muitas vezes injustiça) na cobrança da ODC. Ao contrário do que ocorria na vigência do Plano Diretor
Como não há uma tabela fixa de valores publicada pela anterior, não são excluídas do cálculo da área líquida construída
Prefeitura, o valor do metro quadrado do terreno, que compõe a de cada edificação as varandas e os espaços destinados a
fórmula exposta acima, varia constantemente de acordo com as estacionamento, estes quando ultrapassarem o mínimo legal
negociações imobiliárias realizadas na mesma região. exigido (previsto no Anexo XII do atual Plano Diretor de BH).

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Essa mudança é de grande relevância e impacta diretamente § 1° – A contrapartida devida pelo fechamento da varanda
na atratividade comercial de novos empreendimentos imobiliários, corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do resultado da
especialmente nos de médio e alto padrão, haja vista ser normal, multiplicação da área da varanda pelo valor do metro quadrado
em tais casos, a oferta de várias vagas de garagem por unidade do terreno, obtido de acordo com a Planta de Valores Imobiliários
autônoma. utilizada para o cálculo do ITBI.
A ideia por trás da inclusão das vagas de garagem como § 2° – A autorização prevista no caput deste artigo é
área construída é, claramente, desincentivar, “na marra”, o uso condicionada à permeabilidade visual do fechamento.
do transporte particular, tentando transferir para o transporte Nota-se que, além de um dos dois pagamentos referidos nos
coletivo a demanda por mobilidade da sociedade. incisos I e II do artigo transcrito acima, no valor da metade da área
Isso, todavia, nos parece uma verdadeira utopia em uma da varanda multiplicada pelo valor do metro quadrado do terreno,
cidade que já não consegue atender satisfatoriamente a atual há a condicionante de prevalecer permeabilidade visível da parte
demanda por transporte público, vide as sucessivas e recorrentes do imóvel a ser fechada. Isto é, deve ser possível a visualização do
reportagens da mídia sobre ônibus lotados, atrasados e em interior do cômodo, mesmo com seu fechamento, por meio de
condições precárias de conservação. grades, janelas, dentre outros.
Ora, se hoje o sistema de transporte coletivo não consegue
atender à demanda da população, como justificar a legitimidade Obrigação de taxa de permeabilidade mínima em terreno
de uma disposição do Plano Diretor que somente sobrecarrega natural
ainda mais o sistema? Uma das diretrizes do Plano Diretor de BH é o aumento do
A ficção adotada pelo Plano Diretor de BH quanto às vagas de índice de permeabilidade do solo no município, tanto em áreas
garagem, contida em seu Anexo XII, estabelece como regra geral, públicas como em áreas particulares, conforme definido nos seus
para uso residencial, a inclusão de apenas uma vaga para cada 3 artigos 7º, inciso XIII e 10, inciso II.
(três) unidades habitacionais. Tendo em vista esse objetivo, diferentemente da legislação
Isso significa que, em um edifício com 30 (trinta) apartamentos, anterior, o Plano atual prevê que a taxa de permeabilidade (TP)
apenas 10 (dez) vagas são exigidas. mínima de cada empreendimento somente seja alcançada a partir
É claro que a incorporadora poderá optar por construir mais da manutenção de percentual do terreno em solo natural.
vagas, mas a área delas, ao contrário da legislação anterior, agora Conforme previsto no artigo 161, § 1º, do Plano Diretor, a
é considerada área construída. TP corresponde à porcentagem mínima da área do terreno a ser
Existe, no já mencionado Anexo XII, a previsão de um mantida descoberta, em terreno natural e dotada de vegetação e
“benefício” de conversão da área líquida das unidades autônomas arborização.
em áreas comuns, vagas e áreas de manobras, na proporção de Se tratando de condomínios, a parcela do solo destinada ao
0,7m² para cada 1m² de área líquida de unidade autônoma. cumprimento da TP deverá estar nas áreas comuns, de modo que
Esse “benefício”, todavia, precisa ser repartido por todo o não são consideradas eventuais áreas descobertas em unidades
empreendimento, tanto nas áreas comuns e de lazer quanto nas individuais.
áreas de estacionamento. Ademais, fica expressamente proibida, nos termos do § 5º
Assim, não parece ser, verdadeiramente, um benefício, do mesmo artigo, a utilização de qualquer tipo de pavimentação,
especialmente se comparado à situação anterior. ainda que drenante, para fins de atingimento da TP mínima
Quanto às varandas, a inovação do Plano Diretor visa, prevista para a região em que o terreno se localiza.
sobretudo, à inibição ou à diminuição de práticas outrora comuns As TPs mínimas de cada região do município estão
de aumento da área líquida construída em empreendimentos já determinadas nos Anexo II (Mapa de Estrutura Ambiental) e XII
aprovados, por meio do fechamento de varandas, por exemplo, (Parâmetros Urbanísticos) do Plano Diretor de BH.
com a criação de novos cômodos e espaços em áreas que, Destaca-se que o Plano Diretor mantém a obrigatoriedade
inicialmente, não seriam consideradas como de fato construídas. de caixa de captação nas edificações, que deverá, ainda, estar
Essas mudanças implicaram, também, a edição de norma associada à dita manutenção de parcela do terreno ao natural,
válida para edificações já existentes. com cobertura vegetal, para cumprimento da TP, em conformidade
Trata-se da proibição ao livre aumento da área construída com o disposto no já mencionado artigo 161.
líquida de edificações ou unidades, erguidas ainda na vigência da Por fim, a esse respeito, há a disposição de benefício
lei anterior, por meio do fechamento de varandas. urbanístico de 1m² (um metro quadrado) de área líquida
Afinal, conforme disposto no artigo 394 do Plano Diretor de edificada a ser outorgada gratuitamente ao proprietário do
BH, independentemente do atingimento/transpasse do CAmax ou empreendimento, para cada 1m² (um metro quadrado) de área
do CAcent, pelo fechamento de varandas de qualquer natureza, permeável no afastamento frontal do terreno, desde que 50%
serão devidas contraprestações ao Município pelos proprietários (cinquenta por cento) da área permeável obrigatória esteja nesse
dos imóveis já construídos. Veja-se a redação do dispositivo: afastamento frontal, para terrenos com testada inferior ou igual
Art. 394 – Independentemente da superação do CAmax a 15m (quinze metros), ou desde que pelo menos 80% (oitenta
ou do CAcent ou da disponibilidade de EPCA, fica autorizado o por cento) da área permeável obrigatória esteja no afastamento
fechamento de varandas aprovadas com base em legislação frontal, para terrenos com testada maior que 15m (quinze
urbanística anterior a esta lei, condicionado, alternativamente: metros).
I – ao pagamento de contrapartida referente à área da Ampliação e regulamentação do IPTU progressivo no tempo
varanda ao Executivo direcionada ao FC; O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) autoriza os
II – à aquisição de potencial construtivo referente à área da Municípios a instituírem o IPTU progressivo no tempo, bem
varanda por meio de TDC. como, sucessivamente, a desapropriação mediante pagamento
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

de títulos da dívida pública, como instrumentos de garantia do Tanto no procedimento de declaração de inutilização do bem,
exercício da Função Social da Propriedade. Veja o nosso artigo como após a notificação da Prefeitura, para aproveitamento do
sobre o Estatuto da Cidade. bem, em vista da sua subutilização ou da sua inutilização, serão
Em Belo Horizonte, tais institutos já tinham sido incluídos na garantidos ao proprietário o contraditório e a ampla defesa, lhe
legislação após alteração no Plano Diretor anterior, promovida sendo dada a chance de apresentar recurso administrativo e afins.
em 2010, mas ainda careciam de maior regulamentação e Não sendo cumpridas as exigências feitas na notificação
apresentavam-se de forma menos completa do que atualmente. do Executivo Municipal, no prazo legal, passará a incidir o IPTU
No Plano Diretor de BH vigente, os institutos citados estão progressivo no tempo, em que a alíquota do ano seguinte será
previstos nos artigos 40 e seguintes e estão regulamentados igual ao dobro daquela do ano anterior e assim sucessivamente,
também pela Lei 11.216/2020. por 5 (cinco) anos, respeitado o limite máximo da alíquota de 15%
Nota-se que, como alternativa ao desempenho da Função (quinze por cento).
Social da Propriedade, o IPTU progressivo e a desapropriação Os prazos para regularização do imóvel deverão constar
só serão exercidos pelo Município após frustrada a edificação, o na notificação municipal, mas também estão expressamente
parcelamento ou o uso compulsório do imóvel subutilizado ou previstos no artigo 4º da Lei 11.261/2020, abaixo citado:
não utilizado por completo. Art. 4º – A partir do recebimento ou da publicação da
Obviamente, a obrigatoriedade de edificação, parcelamento notificação para parcelar, edificar ou utilizar o imóvel, ou da
ou uso do solo é aplicável em conformidade com a destinação de decisão de indeferimento do recurso, se for o caso, o proprietário
cada terreno, prevista no Plano Diretor, de acordo com os objetivos observará os seguintes prazos e condições:
e instrumentalidades das regiões em que estão inseridos. I – dois anos, contados do recebimento ou da publicação
Sendo assim, são excluídos do âmbito de incidência do da notificação para parcelar, para aprovação do projeto de
dispositivo, por exemplo, imóveis que se localizem em regiões parcelamento do solo;
nas quais não há CAmin definido, imóveis que possuam II – um ano, contado do recebimento ou da publicação da
impedimentos ambientais de ocupação e imóveis que apresentem notificação para edificar, para aprovação do projeto de edificação;
impossibilidade técnica de implantação de saneamento básico, III – dois anos, contados da emissão do alvará de urbanização
rede elétrica ou sistema de circulação. ou de construção, para início das obras do empreendimento;
Nos termos do artigo 41 do Plano Diretor de BH, imóveis IV – quatro anos, contados da emissão do alvará de
subutilizados são aqueles: (i) cuja área total construída seja urbanização ou de construção, para a conclusão das obras,
inferior à multiplicação da área do terreno pelo CAmin;ou (ii) de acordo com cronograma aprovado pelo órgão municipal
que, estando inseridos em área de ocupação preferencial de nível responsável pelo planejamento urbano, seguida da obtenção da
3 (OP-3), sejam utilizados como estacionamento e não estejam certidão de origem ou da certidão de baixa de construção;
associados a outra atividade exercida em área maior ou igual V – seis meses, contados do recebimento ou da publicação da
àquela do estacionamento, ou não sejam edifício-garagem com notificação para utilização do imóvel ou da emissão da certidão
aproveitamento construtivo igual ao potencial básico. de baixa de construção para efetivar a utilização da edificação,
O § 1º do artigo mencionado excetua do conceito de cabendo ao proprietário a comprovação perante o órgão municipal
subutilizados os imóveis em que conste edificação de área responsável pelo planejamento urbano.
construída líquida inferior ao CAmin, desde que destinados a Destaca-se que, pela redação da Lei 11.216/2020, não é
atividade comercial lá comprovadamente exercida, observada, mera liberalidade do Município a cobrança do IPTU progressivo
ainda, vedação à atividade de estacionamento dentro da ocupação no tempo, mas um ato obrigatório da Administração Municipal,
preferencial de nível 3. uma vez não cumpridas as exigências e prazos do artigo 4º para
Por outro lado, o imóvel não utilizado por completo é, nos aproveitamento do imóvel pelo proprietário.
termos do artigo 42 do Plano: Nesse cenário, o Município possui a obrigação de tributar o
(i) a gleba não parcelada e o lote não edificado; contribuinte, já no exercício seguinte, na alíquota progressiva do
(ii) o imóvel abandonado; IPTU, caso não cumpridas as determinações.
(iii) o imóvel edificado, mas sem uso comprovado há mais de Após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos de cobrança do
5 (cinco) anos; ou IPTU progressivo, poderá ocorrer: (i) a desapropriação do imóvel,
(iv) o imóvel inserido em edificação caracterizada como obra após decreto de utilidade pública, mediante pagamento de títulos
paralisada, entendida como aquela inacabada, que não apresente da dívida pública ao proprietário; (ii) a manutenção da cobrança
alvará de construção em vigor e não possua certidão integral de do IPTU pela alíquota máxima, até que as obrigações sejam de
baixa de construção. fato cumpridas pelo proprietário do imóvel; ou (iii) a criação
de consórcio imobiliário entre o Município e o proprietário do
Procedimento para a cobrança do IPTU progressivo no imóvel, como forma de viabilizar o cumprimento da Função Social
tempo da Propriedade.
Uma vez identificado imóvel subutilizado ou não utilizado, Aqui, diferentemente do que ocorre para início da incidência
pelo Executivo Municipal, seu proprietário será notificado do IPTU progressivo, existe a liberalidade da Administração
para utilização, edificação ou parcelamento do bem de forma Municipal acerca de qual opção adotar a fim de que o bem imóvel
compulsória. A notificação deverá ser averbada no registro cumpra seu objetivo diante das diretrizes urbanísticas da cidade.
imobiliário do bem.

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No tratamento desses instrumentos destinados a fazer valer a Função Social da Propriedade, parece-nos que o Plano Diretor de
BH andou muito bem, fundando as bases para que imóveis abandonados e “esqueletos” deixados na cidade por incorporadoras falidas
possam ser, finalmente, regularizados.
Não deixe de conferir o nosso artigo sobre Patrimônio de Afetação, no qual trouxemos o emblemático caso da empresa goiana
Encol e as dezenas de construções inacabadas decorrentes de sua falência, muitas ainda hoje não concluídas, depois de passados mais
de 20 anos.
Altura máxima na divisa para edificações, afastamentos laterais e de fundos
Por fim, uma última alteração na legislação municipal que impactará a atividade imobiliária na cidade é a mudança dos padrões
urbanísticos referentes aos afastamentos laterais, de fundos e às alturas máximas das divisas.
Isso ocorreu, basicamente, em decorrência da mudança no zoneamento municipal, com a alteração das diretrizes que guiarão o
desenvolvimento de cada região, de maneira que se torna interessante a transcrição dos quadros constantes no Anexo XII do Plano
Diretor de BH, referentes a essas divisas e limites construtivos:

4. AFASTAMENTOS LATERAIS E DE FUNDOS

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5. ALTURA MÁXIMA NA DIVISA – AMD

Para regiões em que os padrões sejam inexistentes, prevalecem as regras gerais de limitação das edificações, previstas no Código
Civil e, também, aquela de afastamento lateral e de fundos de 1,5 m (um metro e meio), prevista no Código de Edificações do Município
(Lei 9.725/2009) (ou Código de Obras, conforme explicamos em artigo próprio), o qual, nesse ponto, não foi modificado pela nova
legislação.

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Não houve, igualmente, alteração do Código de Edificações condomínio (afinal, uma mesma despesa dividida por um menor
no tocante às normas de iluminação e ventilação, de modo que, número de apartamentos resultará num encargo individual
nas referências das tabelas acima aos diâmetros constantes na maior).
citada norma, deve-se ler aqueles constantes nos seus artigos 61 O padrão construtivo das casas e edifícios que venham a ser
e seguintes, com a mesma redação desde 2009. construídos sob a vigência do Plano Diretor atual também pode
ser alterado a partir da exigência de uma maior área permeável
do solo, ao natural, com cobertura vegetal, implicando na
necessidade de se manter mais áreas verdes, como jardins e
gramados, nos empreendimentos.
Também deve-se destacar os importantes impactos
econômicos que o Plano Diretor tem a potencialidade de trazer
ao mercado imobiliário da cidade.
Afinal, como visto, as edificações se tornarão mais caras
do que o eram anteriormente à vigência da lei, principalmente
nas áreas mais centrais da cidade, nas quais o coeficiente de
aproveitamento básico era superior a 1,0.
Isso, certamente, terá implicações nos preços dos imóveis,
tornando mais caras unidades habitacionais em grandes
empreendimentos, nos quais incidirá a outorga onerosa.
Prazo de transição Também podem ficar mais caros os aluguéis, que tendem a
O Plano Diretor de BH já está vigente, tendo entrado em ser proporcionais ao preço de aquisição dos imóveis.
vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Município, em Por fim, nota-se que há, de fato, uma tendência de
09/08/2019, para algumas disposições e, para a maior parte da desvalorização dos terrenos vagos na capital, porque, além de as
lei, 180 dias após a sua publicação, isto é, em fevereiro de 2020. construções ficarem, no geral, mais caras, impondo uma pressão
Porém, a lei definiu prazo de transição para a completa de redução dos custos com aquisição de lotes, pelos construtores,
implementação da sua principal mudança, que é, como visto, o os terrenos vazios poderão ser mais onerosos àqueles que os
coeficiente de aproveitamento básico padrão igual a 1,0 (um detenham, por causa do IPTU progressivo da forma determinada
inteiro). no Plano Diretor.
Essa alteração respeitará, nos termos do artigo 356 do
Plano, o período de transição de 3 (três) anos, a partir do início LEI Nº 11.181, DE 8 DE AGOSTO DE 2019.
da vigência da lei. Nesse período serão aplicados os coeficientes
diversificados, estabelecidos no Anexo XVII do Plano Diretor. Aprova o Plano Diretor do Município de Belo Horizonte e dá
Os coeficientes de transição, basicamente, são valores outras providências.
intermediários entre aqueles previstos na legislação anterior e a O POVO DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, por seus
razão de 1,0 da nova lei, para áreas em que o coeficiente era mais representantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
elevado.
Por exemplo, o coeficiente de aproveitamento básico da TÍTULO I
região Centro-Sul, que antes era de 2,7, o mais elevado da cidade, DOS PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DA POLÍTICA
será de 1,8, no período de transição. URBANA MUNICIPAL
Naturalmente, os projetos protocolados para aprovação antes
da entrada em vigor do atual Plano Diretor serão avaliados de CAPÍTULO I
acordo com a legislação anterior, constituindo direito adquirido DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA POLÍTICA URBANA
do interessado.
Art. 1º Esta lei aprova o Plano Diretor, instrumento básico da
Impacto para o mercado da construção civil política urbana do Município, que contém as normas fundamentais
Inicialmente, destaca-se que as construtoras deverão adaptar de ordenamento da cidade para o cumprimento da função social
seus projetos às novas exigências construtivas impostas pelo da propriedade urbana, em consonância com o disposto no
Plano Diretor de BH. Estatuto da Cidade.
Por exemplo, os novos parâmetros trazidos com a redução § 1º A política urbana do Município contempla questões
do número de vagas para veículos leves exigidas, aliados à não vinculadas à estrutura urbana, ao desenvolvimento urbano, ao
exclusão dos espaços destinados a estacionamento da área líquida meio ambiente, à habitação, ao patrimônio cultural e urbano
construída dos imóveis, tende a levar o mercado imobiliário e à mobilidade urbana, bem como ao tratamento dos espaços
a alterar o perfil de suas construções na capital mineira, com a públicos e privados.
redução do número de vagas de garagem por unidade habitacional. § 2º A política urbana do Município se pautará pelas diretrizes,
Empreendimentos com 4 ou 5 vagas de garagem se tornarão princípios, objetivos e regras previstos nesta lei, que consolida:
algo raro e, quando forem viabilizados, certamente será com I - normas de ordenamento do desenvolvimento urbano
prejuízo ou da área privativa dos apartamentos ou do número e ambiental voltadas a uma configuração espacial compacta,
total de unidades autônomas, encarecendo, em qualquer cenário, racional e eficiente da cidade;
o valor médio do m² e, num ciclo vicioso, também a taxa de II - regras gerais e especiais de parcelamento, ocupação e uso
do solo e de desenho urbano;
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III - diretrizes para a aplicação dos instrumentos de política e ordenamento territorial, com destaque para os princípios
urbana. orientados pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável -
§ 3º As diretrizes, os princípios e os objetivos estabelecidos ODS-11, voltado para tornar as cidades mais inclusivas, seguras,
pela política urbana do Município devem ser observados na resilientes e sustentáveis.
elaboração, interpretação e aplicação de todos os instrumentos Art. 4º O Plano Diretor inclui conceitos, instrumentos e
legais de natureza urbanística, bem como considerados na parâmetros norteadores da política urbana atrelados à NAU, de
elaboração do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do forma a estabelecer o comprometimento do Município com os
orçamento anual. compromissos globais, em especial:
Art. 2º São princípios gerais da política urbana do Município: I - promover o desenvolvimento de estratégias espaciais
I - a função social da propriedade, em conformidade urbanas, incluindo instrumentos de planejamento e desenho
com o disposto na Constituição da República e na legislação urbano que apoiem a gestão e a utilização sustentáveis dos
infraconstitucional; recursos naturais e do solo, bem como a conformação de um
II - a garantia do direito a uma cidade sustentável, entendida ambiente urbano dotado de compacidade e densidade urbana
como aquela que proporciona o acesso à terra urbana, à moradia, adequadas, caracterizado pelo policentrismo e pelos usos mistos,
ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte, por meio de:
aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes e a) implementação de zoneamento com base na capacidade
futuras gerações; de suporte das diferentes porções territoriais do Município;
III - a justa distribuição dos benefícios e dos ônus do processo b) ordenamento territorial voltado à formação de unidades
de urbanização; de vizinhança qualificadas;
IV - a gestão democrática, por meio dos instrumentos II - conduzir o ordenamento do território, dando prioridade
previstos nesta lei e de outros que venham a ser desenvolvidos; à renovação urbana por meio da provisão de infraestruturas e
V - a democratização do uso do espaço público; serviços acessíveis e bem conectados, conformando densidades
VI - o equilíbrio das funções da cidade, de forma a garantir a populacionais sustentáveis, dotando o tecido urbano de
diversidade nos processos de ocupação regular do território de desenho compacto e proporcionando sua integração às novas
modo harmônico e eficiente; centralidades, de forma a prevenir a marginalização e a expansão
VII - o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado urbana descontrolada, bem como a disseminar polos de geração
e à preservação do patrimônio histórico, paisagístico e cultural do de oportunidades de trabalho e crescimento econômico, por
Município; meio de:
VIII - a promoção do desenvolvimento sustentável, sob a a) fomento à conformação e à consolidação de áreas de
ótica universal da política de combate às mudanças climáticas, centralidade;
compatibilizando o desenvolvimento social e o econômico com a b) definição de áreas de grandes equipamentos de uso
preservação ambiental, a partir dos princípios da justiça social e coletivo;
da eficiência econômica, garantindo o uso racional e equitativo c) reconhecimento ou criação de áreas de grandes
dos recursos naturais e contribuindo para a melhoria da qualidade equipamentos econômicos;
de vida e para o conforto climático; III - promover estratégias de ocupação de vazios urbanos
IX - a proteção das áreas verdes e daquelas ameaçadas de ou de expansões urbanas planejadas, conforme o caso, para
degradação, assegurando a sustentabilidade da flora e da fauna; desencadear economias de escala e de aglomeração, aumentar
X - a integração das ações relativas às políticas setoriais a eficiência dos recursos, a resiliência urbana e a sustentabilidade
associadas à política urbana e ambiental; ambiental, por meio de:
XI - o compartilhamento de responsabilidades entre o a) implementação dos instrumentos do parcelamento, da
poder público e a iniciativa privada, sobretudo proprietários, edificação e da utilização compulsórios;
possuidores e responsáveis técnicos, no processo de urbanização b) implementação do Imposto Predial e Territorial Urbano -
e no cumprimento das normas constantes desta lei; IPTU - progressivo no tempo;
XII - a integração entre o planejamento urbano municipal e o IV - conformar espaços públicos seguros, inclusivos,
metropolitano; acessíveis e verdes como forma de promoção de desenvolvimento
XIII - a solução para implementação de estratégias eficientes econômico e social sustentável, bem como de facilitar negócios,
para a mobilidade urbana, priorizando o transporte coletivo, bem investimentos públicos e privados e oportunidades de subsistência
como modais de transporte não motorizado. para todos, por meio de:
a) definição de diretrizes para qualificação de espaço público
CAPÍTULO II e áreas públicas;
DA POLÍTICA URBANA MUNICIPAL E DA NOVA AGENDA b) estabelecimento de incentivos a soluções projetuais
URBANA de gentileza urbana quando da implantação ou alteração de
edificações;
Art. 3º O Plano Diretor está fundamentado no compromisso c) emprego de recursos provenientes da outorga onerosa do
de implementação no Município da Nova Agenda Urbana - NAU, direito de construir - ODC - para a qualificação de centralidades;
documento consolidado na terceira Conferência das Nações V - promover o planejamento urbano e territorial integrado,
Unidas para Habitação e Desenvolvimento Sustentável. incluindo expansões urbanas planejadas com base nos princípios
Parágrafo único. O compromisso do Município com a NAU do uso equitativo, eficiente e sustentável do solo e dos recursos
contempla a consideração de acordos e pactos a ela vinculados naturais, da compacidade, do policentrismo, da densidade e da
para o desenvolvimento da política de crescimento urbano conectividade adequadas e do uso misto do espaço, de forma a
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conformar diversidade social e econômica nas áreas construídas, X - disponibilizar recursos financeiros e humanos para a
reduzindo os desafios e as necessidades de mobilidade e os custos urbanização, requalificação, reconversão e prevenção da formação
per capita de fornecimento de serviços, bem como aproveitando a de assentamentos informais, com estratégias de melhorias físicas
densidade e as economias de escala e de aglomeração, por meio e ambientais integradas a outras que atuem nas dimensões
de: sociais, econômicas, culturais e políticas e promovam o acesso
a) integração das políticas de mobilidade urbana e de à habitação sustentável, adequada, segura e economicamente
planejamento urbano; acessível, por meio de:
b) orientação do desenvolvimento urbano ao transporte a) destinação dos recursos da ODC ao Fundo Municipal de
coletivo; Habitação Popular - FMHP;
c) adequação da densidade populacional e de empregos b) reconhecimento dos assentamentos informais por meio da
à capacidade do sistema de circulação e das alternativas de definição de zonas especiais de interesse social - Zeis - e de áreas
transporte; especiais de interesse social - Aeis-2;
VI - implantar ruas e espaços públicos seguros, inclusivos, c) definição de parâmetros urbanísticos específicos para
acessíveis, verdes e de qualidade, considerando a escala humana incentivar a produção de Habitação de Interesse Social - HIS - nas
e proporcionando o melhor uso comercial possível do nível áreas centrais e nas centralidades;
térreo das edificações, incentivando comércio e mercados locais, d) utilização de instrumentos de política urbana para subsidiar
estimulando a apropriação dos espaços públicos e promovendo a a produção de unidades habitacionais de interesse social;
mobilidade de pedestres e ciclistas para melhoria da saúde e do XI - desenvolver normas adequadas para o setor habitacional,
bem-estar, a partir das seguintes estratégias: voltadas para o combate e a prevenção da especulação, da
a) incentivo à implantação de áreas de fruição pública em desapropriação, da condição de desabrigados e das desocupações
todo o Município, por meio da disponibilização de potencial forçadas, assegurando a sustentabilidade, a segurança da posse, a
construtivo adicional; qualidade, a economicidade, a saúde, a segurança, a acessibilidade,
b) incentivo a edificações de uso misto por meio do estímulo a eficiência energética e de recursos e a resiliência, por meio da
à implantação de fachadas ativas; definição de instrumentos específicos para os assentamentos
c) definição de mapa de rotas cicloviárias e de pedestres; precários, quais sejam:
VII - promover a captura e o compartilhamento do a) planos globais específicos para as áreas classificadas como
incremento no valor da terra e da propriedade decorrente de Zeis;
processos de desenvolvimento urbano, projetos de infraestrutura b) diretrizes de preservação ambiental e de ocupação especial
e investimentos públicos, colocando em prática medidas para de interesse social para áreas especiais de interesse ambiental
prevenir sua captura exclusivamente privada, por meio de: desocupadas e dotadas de atributos ambientais relevantes;
a) definição de coeficiente de aproveitamento básico - CAbas c) planos de regularização urbanística para Aeis ocupadas;
- igual a 1,0 (um inteiro) para todo o Município; XII - promover a implementação de programas de
b) aplicação da ODC; desenvolvimento urbano sustentável, priorizando esquemas
c) desenvolvimento de operações urbanas; habitacionais bem localizados e bem distribuídos, a fim de evitar
VIII - garantir a gestão sustentável dos recursos naturais, a produção em massa de habitações periféricas e isoladas,
de forma a proteger e qualificar o ecossistema urbano, reduzir desconectadas de sistemas urbanos, independentemente do
as emissões de gases de efeito estufa - GEE - e a poluição segmento econômico e social para o qual são desenvolvidas,
do ar e promover a gestão e redução de risco de desastres, além de fornecer soluções para as necessidades habitacionais dos
concomitantemente à promoção do desenvolvimento econômico grupos de baixa renda, por meio de:
sustentável e do bem-estar e da qualidade de vida de todas as a) reserva de terras para a implantação de empreendimentos
pessoas, por meio de: habitacionais de interesse social por meio de definição de Aeis-1;
a) definição de zonas de preservação ambiental, incorporando b) definição de condição especial de ODC para
a elas áreas degradadas a serem recuperadas; empreendimentos habitacionais de interesse social;
b) definição de áreas de diretrizes especiais - ADEs - de c) definição de parâmetros urbanísticos específicos para a
interesse ambiental; conversão de edificações existentes na área central para o uso
c) constituição de rede de áreas de estruturação ambiental, residencial, estendendo-os para outras regiões da cidade que
incluindo conexões verdes e conexões de fundo de vale; apresentarem contexto de subutilização de imóveis edificados;
IX - promover medidas de redução de risco de desastres, de XIII - fomentar a valorização do patrimônio cultural para o
mitigação e de adaptação às alterações climáticas na concepção desenvolvimento urbano sustentável, promovendo o uso inovador
de espaços, edifícios, construções, serviços e infraestruturas com de monumentos e sítios arquitetônicos a partir da restauração
atenção à resiliência, por meio de: e da adaptação responsáveis, bem como do envolvimento de
a) exigência de área permeável vegetada em terreno natural comunidades locais na promoção e disseminação de conhecimento
nos lotes; do patrimônio cultural material e imaterial, por meio de:
b) indicação ou exigência de instalação de caixa de captação a) definição de regramento específico para ADEs de interesse
nas edificações como dispositivo para auxílio da contenção de cultural;
cheias; b) aplicação da Transferência do Direito de Construir - TDC -
c) definição de tipologias arquitetônicas específicas para como forma de subsidiar a recuperação de imóveis de interesse
áreas sujeitas a inundações; cultural;
d) contenção do adensamento nas áreas de fundo de vale por
meio do desenvolvimento de planos de ocupação específicos;
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XIV - desenvolver infraestrutura de transporte sustentável e XVIII - garantir um planejamento integrado que vise a
eficiente, alcançando os benefícios da conectividade e reduzindo equilibrar as necessidades de curto prazo com os resultados
os custos financeiros, ambientais e de saúde pública advindos desejados de longo prazo, assim como a incorporar a flexibilidade
da mobilidade ineficiente, dos congestionamentos, da poluição no desenvolvimento dos planos, de forma a proporcionar sua
do ar, do efeito de ilhas de calor urbano e de poluição sonora, adequação às mudanças nas condições econômicas e sociais ao
bem como promover alternativas de transporte, considerando as longo do tempo, bem como a implementar avaliações sistemáticas,
necessidades energéticas, por meio da integração das políticas de por meio de:
mobilidade urbana e de planejamento urbano, com vistas a: a) monitoramento do cumprimento e da eficácia da legislação
a) assegurar que as intervenções no sistema de mobilidade urbanística no âmbito do Compur;
urbana contribuam para a melhoria da qualidade ambiental e b) estabelecimento de período de transição para introdução
estimulem o uso de modos não motorizados de transporte; dos parâmetros previstos neste Plano Diretor.
b) promover desenvolvimento orientado ao transporte Parágrafo único. O Executivo deverá desenvolver indicadores
sustentável, estimulando uma ocupação compacta e com uso para avaliação periódica quanto ao cumprimento de medidas
misto do solo; previstas na NAU.
c) qualificar os meios coletivos de transporte com objetivo de
ampliar o percentual de viagens por esse modal em relação ao CAPÍTULO III
total de viagens em modos motorizados; DOS OBJETIVOS GERAIS DA POLÍTICA URBANA
d) garantir a acessibilidade universal ao sistema de mobilidade;
e) promover, gradativamente, a integração de todos os Art. 5º São objetivos gerais da política urbana do Município:
modais de transporte; I - efetivar o cumprimento da função social da propriedade,
XV - incentivar os projetos de edificação promotores de por meio do combate à retenção especulativa de imóveis e à
eficiência de custos e de uso de recursos, a partir dos benefícios da ociosidade das edificações existentes, bem como da adequação
economia de escala e de aglomeração e da promoção de eficiência de seu aproveitamento às normas constantes desta lei;
energética, energias renováveis, resiliência, produtividade, II - reverter parte da mais-valia da terra urbanizada em
proteção ambiental e crescimento sustentável na economia medidas de desenvolvimento urbano;
urbana, por meio de: III - recuperar parte dos investimentos do Executivo de que
a) possibilidade de implantação de área adicional de uso tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;
comum para edificações residenciais que adotarem tecnologias IV - adequar o adensamento construtivo e populacional à
de resiliência e sustentabilidade; capacidade de suporte das diversas porções do território;
b) admissão de altas densidades construtivas em áreas V - promover a distribuição dos equipamentos urbanos e
dotadas de infraestrutura mais qualificada; comunitários - EUCs, dos espaços livres de uso público - Elups - e
c) incentivo a soluções projetuais de gentileza urbana das áreas verdes, de forma a atender à população residente em
para melhoria do espaço público, vinculadas à possibilidade de todas as áreas do Município;
acréscimo de área às edificações sem ônus monetário; VI - fomentar a diversidade econômica no Município,
XVI - obter recursos de diversas fontes com vistas a disciplinando a instalação de atividades não residenciais e criando
custear serviços urbanos e qualificação da infraestrutura, bem mecanismos para a disseminação de centros e centralidades no
como o transporte urbano e territorial, assegurando a gestão território;
compartilhada entre os diferentes atores e a prestação de contas, VII - garantir a unidade do tecido citadino e o respeito às
por meio de: especificidades locais;
a) instituição da ODC e destinação dos recursos obtidos para VIII - promover a estruturação de um modelo de planejamento
fundos cuja gestão contemple o controle social; e gestão da cidade que seja democrático, descentralizado e
b) definição de áreas para operações urbanas consorciadas integrado;
- OUCs; IX - promover a compatibilização da política urbana municipal
XVII - estabelecer mecanismos institucionais, políticos e com a metropolitana, a estadual e a federal, garantida a
legais para ampliar plataformas inclusivas, em alinhamento preservação dos atributos dos núcleos locais;
com políticas nacionais que permitam a participação efetiva X - preservar, proteger e recuperar os espaços públicos, o
de todos no processo de tomada de decisões, planejamento meio ambiente e o patrimônio histórico, cultural, paisagístico,
e acompanhamento, bem como reforçar o engajamento da artístico e arqueológico municipal;
sociedade civil e a coprovisão e coprodução do espaço, por meio XI - proporcionar à população o acesso a rede de transporte
de: coletivo de qualidade, bem como disponibilizar infraestrutura de
a) realização quadrienal da Conferência Municipal de Política suporte à utilização de modos de transporte não motorizados;
Urbana e definição dessa instância como fórum responsável pela XII - promover o atendimento de todo o Município pelo
revisão do conteúdo deste Plano Diretor; serviço público de saneamento básico;
b) instituição do Conselho Municipal de Política Urbana XIII - garantir a adequação do parcelamento e da ocupação
- Compur - como instância de monitoramento da legislação do solo às condições ambientais das várias porções do território;
urbanística municipal; XIV - assegurar a produção de HIS, desenvolvendo e
c) gestão de porções territoriais dotadas de características implementando estratégias para a viabilidade de produtos
específicas por meio dos Fóruns das Áreas de Diretrizes Especiais imobiliários a preços acessíveis a todas as faixas de renda familiar;
- Fades; XV - promover a qualificação urbanística das áreas de vilas e
favelas, de forma a integrá-las às demais áreas da cidade;
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XVI - promover a regularização fundiária dos assentamentos XIII - a ampliação dos índices de permeabilidade do solo em
precários; áreas públicas e particulares;
XVII - incentivar as atividades de agricultura urbana no XIV - o controle das ações de decapeamento do solo e os
Município; movimentos de terra, de forma a evitar o assoreamento de
XVIII - reduzir as emissões de GEE a partir da implementação represas, córregos, barragens e lagoas;
de políticas de combate às mudanças climáticas; XV - a preservação das faixas não edificáveis de proteção às
XIX - promover a cooperação entre os governos, a sociedade margens d`água e às nascentes, para manutenção e recuperação
civil, a iniciativa privada e entidades e organismos nacionais e das matas ciliares;
internacionais no processo de urbanização; XVI - a identificação e regulação dos espaços dotados de
XX - priorizar, nos casos de infração às normas constantes desta características e potencialidade para se tornarem áreas verdes.
lei, as medidas corretivas, inclusive a demolição, em detrimento de
medidas de regularização superveniente, ressalvadas as situações CAPÍTULO IV
de interesse social, mediante ato motivado do chefe do Executivo; DA ESTRUTURAÇÃO URBANA
XXI - estabelecer o efetivo controle da poluição sonora, visual,
atmosférica, hídrica e do solo; Art. 7º A política de estruturação urbana do Município busca
XXII - constituir medidas de sustentabilidade urbano- compatibilizar a ocupação do solo urbano com as características
ambiental, considerando os princípios preconizados pela política prevalentes nas diferentes porções do território municipal,
de combate às mudanças climáticas; considerando a capacidade de suporte dessas.
XXIII - incorporar às ações de planejamento urbano medidas Parágrafo único. São princípios vinculados à política de
para gerar espaços inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. estruturação urbana do Município:
Parágrafo único. Em complementação às ações de regulação I - a regulação do parcelamento e da ocupação do território
e planejamento urbano previstas nesta lei, poderão ser utilizados com base em seus atributos físicos, econômicos e sociais;
instrumentos tributários e financeiros como ferramenta para II - a vinculação do adensamento construtivo e populacional
efetivação dos objetivos da política de desenvolvimento urbano à capacidade de suporte da estrutura urbana existente nas
do Município. diferentes porções do território municipal;
Art. 6º O ordenamento do parcelamento, da ocupação e III - a preservação dos atributos ambientais e culturais de
do uso do solo urbano no Município deve ser feito de forma a porções do território municipal;
assegurar: IV - a diversidade das formas de ocupação por meio de
I - a utilização racional da infraestrutura urbana, parâmetros urbanísticos diferenciados de acordo com as
compatibilizando parâmetros urbanísticos com a capacidade de características de cada porção do território;
suporte das diversas porções do território; V - o controle da volumetria e da implantação da edificação
II - a descentralização das atividades urbanas, com a nos lotes e sua relação com a vizinhança;
disseminação de bens, serviços e infraestrutura no território VI - o direcionamento do desenvolvimento urbano.
urbano, consideradas as dinâmicas local e regional;
III - o desenvolvimento econômico, orientado para a geração CAPÍTULO V
e a manutenção de emprego e renda, mediante o incentivo à DO DESENVOLVIMENTO URBANO
implantação e à manutenção de atividades que os promovam;
IV - o acesso à moradia, mediante a oferta disciplinada de solo Art. 8º A política de desenvolvimento urbano do Município
urbano; busca descentralizar os benefícios do processo de urbanização
V - a justa distribuição dos custos e dos benefícios decorrentes por meio da democratização do acesso a equipamentos públicos,
dos investimentos públicos e do processo de urbanização; comércio, serviços e espaços de lazer e convívio.
VI - a preservação, a proteção e a recuperação do meio Parágrafo único. São princípios vinculados à política de
ambiente e do patrimônio cultural, assegurado, quando de desenvolvimento urbano no Município:
propriedade pública, o acesso a esses bens pelos cidadãos; I - o estímulo à formação e à consolidação de centros e
VII - a manutenção e ampliação das áreas verdes, de forma a centralidades em todas as regiões do Município, de forma a reduzir
contribuir com a mitigação das emissões de GEE; a necessidade de deslocamentos da população para exercício de
VIII - o aproveitamento socialmente justo e ecologicamente atividades cotidianas;
equilibrado da terra urbana; II - o reconhecimento da área central como centro
IX - a utilização da propriedade pública e privada de forma metropolitano e o fomento a uma rede de centros e centralidades
compatível com a segurança da população e com o direito de a ela complementares, hierarquizados de acordo com a capacidade
vizinhança; de suporte da estrutura urbana;
X - a definição de critérios para instalação e controle das III - a disseminação da instalação de atividades econômicas e
atividades que envolvam risco de segurança, radioatividade ou de serviços públicos em geral, de forma a proporcionar o acesso a
que sejam emissoras de poluentes, de vibrações ou de radiações, comércio, serviços e EUC à população residente em todas as áreas
implementando um sistema eficaz e atualizado de fiscalização; do Município;
XI - o disciplinamento das obras e das atividades causadoras de IV - a disponibilização de áreas para a instalação de
impacto ambiental e urbanístico, em relação às quais deverão ser empreendimentos com potencial de impactos de cunho
adotados procedimentos especiais para efeito de licenciamento; urbanístico ou ambiental relevantes, de forma a reduzir o conflito
XII - a minimização de situações de risco geológico potencial destes com usos incompatíveis ou inconvenientes;
e efetivo;
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V - a reserva de áreas para a instalação de EUC, bem como II - associado a escavações;


o reconhecimento daqueles que se destacam no atendimento à III - de enchentes e inundações;
população; IV - de erosão;
VI - a destinação de áreas para instalação de polos V - de assoreamento;
econômicos, nas quais seja vedado o uso residencial, bem como o VI - de poluição ou contaminação do lençol freático;
reconhecimento daqueles que concentram atividades econômicas VII - associado a cavidades abandonadas.
de grande porte e potencial de geração de impactos; Art. 10. São princípios vinculados à proteção ambiental no
VII - a conjugação, em uma mesma área, de equipamentos Município:
de uso coletivo e residencial voltados para famílias de baixa I - o reconhecimento, a recuperação e a manutenção de áreas
renda, de forma a viabilizar a implantação de empreendimentos públicas ou privadas com atributos ambientais relevantes;
habitacionais de interesse social em áreas dotadas de adequada II - a consolidação de áreas verdes com tratamento paisagístico
acessibilidade aos serviços públicos; para uso público, aumento da taxa de permeabilidade, melhoria
VIII - a associação entre as áreas de concentração de comércio, da drenagem urbana e arrefecimento da temperatura local;
serviços, EUC e habitação aos eixos prioritários de transporte III - o estímulo à preservação da cobertura vegetal de
coletivo, bem como à qualificação do espaço urbano; interesse ambiental presente em áreas particulares, por meio de
IX - o estímulo ao uso misto do espaço público como mecanismos de compensação aos proprietários;
forma de proporcionar maior diversidade, segurança e melhor IV - a busca pela recuperação e manutenção de áreas verdes,
aproveitamento desse; criando novos parques e praças, visando à adequada apropriação
X - o reconhecimento e a qualificação de centros formados desses espaços pela população e a sua participação na preservação
espontaneamente, estimulando a inserção do uso residencial em desses;
contextos urbanos caracterizados pelo predomínio de atividades V - a qualificação de áreas vazias como áreas verdes;
econômicas; VI - a ampliação da arborização dos logradouros públicos da
XI - a ampliação da interação entre o logradouro público e cidade a partir da elaboração do plano diretor da arborização do
os imóveis privados, considerando a articulação da forma de Município;
ocupação desses últimos com o desenho urbano, visando à VII - a instituição de corredores verdes, bem como programa
melhoria da paisagem da cidade, à qualificação e à ampliação de voltado para a criação de condições para a sobrevivência de
percursos voltados a modos não motorizados de transporte e à avifauna no meio urbano pelo plantio de árvores frutíferas, nos
ampliação de rotas de pedestres a pontos e estações do sistema termos da legislação federal;
de mobilidade urbana, entre outros; VIII - a criação de condições urbanísticas para que a
XII - o estímulo ao modo de transporte a pé a partir da recuperação e a preservação dos fundos de vale sejam executadas,
melhoria das condições de circulação do pedestre, inclusive por preferencialmente, mediante a criação de parques lineares
meio da implantação de travessias em diagonal, em especial na adequadamente urbanizados, que permitam a implantação de
ADE Avenida do Contorno. interceptores de esgoto sanitário;
IX - a implantação de tratamento urbanístico e paisagístico nas
CAPÍTULO VI áreas remanescentes de tratamento de fundos de vale, mediante
DO MEIO AMBIENTE a implantação de áreas verdes e de lazer;
X - a adoção de alternativas de tratamento de fundos de
Art. 9º A política ambiental do Município, além do disposto vale com a mínima intervenção no meio ambiente natural e que
na legislação específica, integra ações de proteção ambiental assegurem acessibilidade, esgotamento sanitário, limpeza urbana
e saneamento, bem como medidas de prevenção e combate e resolução das questões de risco geológico.
ao risco geológico efetivo e soluções para direcionamento do Parágrafo único. Em territórios ocupados por comunidades
ordenamento territorial segundo princípios de resiliência e e povos tradicionais, a preservação ambiental deverá ser
sustentabilidade. compatibilizada com suas práticas culturais, salvaguardando os
§ 1º Considera-se saneamento o conjunto de ações modos de vida a eles vinculados.
voltadas para a saúde pública e a proteção ao meio ambiente, Art. 11. São objetivos vinculados à proteção ambiental no
compreendendo: Município:
I - o abastecimento de água com qualidade compatível com I - promover a recuperação e a preservação de lagos, represas
os padrões de potabilidade; e lagoas municipais;
II - a coleta, o tratamento e a disposição adequada dos esgotos II - proteger as nascentes, os cursos d`água e os brejos, bem
sanitários e dos resíduos sólidos; como as áreas de preservação permanente associadas;
III - a drenagem urbana das águas pluviais; III - elaborar planos para disposição adequada de resíduos,
IV - o controle de vetores transmissores e reservatórios de utilizando-os, preferencialmente, para recuperação de áreas
doenças. degradadas e posterior criação de áreas verdes;
§ 2º As áreas de risco geológico são as sujeitas a sediar evento IV - viabilizar a proporção de, no mínimo, 12m² (doze metros
geológico natural ou induzido ou a serem por ele atingidas, quadrados) de área verde por munícipe, visando a uma distribuição
dividindo-se nas seguintes categorias de risco: mais equitativa entre áreas verdes e habitantes no Município, de
I - potencial, incidente em áreas desocupadas; forma a reduzir as distorções entre as regiões administrativas;
II - efetivo, incidente em áreas ocupadas. V - estabelecer a integração do órgão municipal responsável
§ 3º São modalidades de risco geológico: pela política de meio ambiente com as entidades e os órgãos de
I - de escorregamento; controle ambiental das esferas estadual e federal, visando ao
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incremento de ações conjuntas eficazes de defesa, preservação, VI - promover política tarifária que considere as condições
fiscalização, recuperação e controle da qualidade de vida e do econômicas, garantindo que a tarifa não seja empecilho para a
meio ambiente; prestação de serviços;
VI - implementar projetos e atividades de educação urbano- VII - buscar, permanentemente, a melhoria da qualidade e a
ambiental nos locais de ensino, trabalho, moradia e lazer; máxima produtividade na prestação dos serviços de saneamento,
VII - gerenciar e tratar os resíduos sólidos, promovendo, considerando as especificidades locais e as demandas da
inclusive, campanhas educativas e políticas públicas de população;
reaproveitamento, redução, reutilização e reciclagem; VIII - utilizar o quadro epidemiológico no planejamento,
VIII - exigir a recuperação das áreas degradadas e garantir a implementação e avaliação da eficácia das ações de saneamento;
indenização decorrente de danos causados ao meio ambiente; IX - garantir a participação efetiva da sociedade na formulação
IX - criar um sistema de informações urbano-ambientais; das políticas, no planejamento e no controle de serviços de
X - ampliar a rede de monitoramento da qualidade do ar e saneamento;
incentivar o uso de combustíveis alternativos aos de origem fóssil X - estabelecer mecanismos de controle sobre a atuação
nos veículos automotores; de concessionários dos serviços de saneamento, de maneira a
XI - elaborar plano diretor de áreas verdes, com caracterização assegurar a adequada prestação dos serviços;
e mapeamento dessas; XI - controlar a poluição industrial, visando o enquadramento
XII - criar mecanismos de incentivos que favoreçam parcerias dos efluentes a padrões de lançamento previamente estabelecidos;
para implantação e manutenção de áreas verdes; XII - controlar as atividades potencialmente ou efetivamente
XIII - promover, em consonância com a política habitacional poluidoras das águas nas bacias dos mananciais de abastecimento,
do Município, ações de resgate, implantação ou recuperação de articulando ações, se necessário, com outros Municípios da Região
áreas verdes; Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH;
XIV - adotar e estimular, quando possível, tecnologias XIII - promover campanhas educativas que visem a contribuir
alternativas ambientalmente corretas nas ações desenvolvidas para a redução e racionalização do consumo de água;
pelos setores público e privado de forma a atender os índices XIV - incentivar estudos e pesquisas direcionados para a
fixados por programas de certificação em sustentabilidade busca de alternativas tecnológicas e metodológicas para coleta,
ambiental; transporte, tratamento e deposição final dos resíduos sólidos,
XV - adotar os aspectos da dimensão ambiental nos visando a prolongar ao máximo a vida útil dos aterros sanitários;
empreendimentos urbanos, considerando o preconizado pela XV - incentivar a implantação de sistemas de monitorização
política de combate às mudanças climáticas; para o controle de contaminação do lençol freático nas áreas de
XVI - exigir das instituições e dos concessionários dos serviços depósito de resíduos industriais e de aterros sanitários;
públicos guarda, garantia de integridade, tratamento urbanístico, XVI - controlar os efeitos potencialmente danosos ao meio
manutenção e conservação das faixas de domínio e serviço sob ambiente e à saúde nas áreas de armazenamento, tratamento e
sua responsabilidade; destinação final de resíduos sólidos;
XVII - promover, quando possível, projetos e programas XVII - elaborar e promover permanente atualização do
ambientais de caráter temporário sob as redes de transmissão de diagnóstico da drenagem urbana no Município, enfocando os
energia, em conformidade com a legislação pertinente, de modo aspectos relacionados à prevenção e ao controle de inundações,
a reduzir a ociosidade dessas áreas; às condições de risco à saúde, ao risco geológico e à expansão do
XVIII - implantar enquadramento dos corpos d`água no sistema de circulação;
Município. XVIII - buscar alternativa de gestão que viabilize a
Art. 12. São objetivos vinculados ao saneamento no Município: autossustentação econômica e financeira do sistema de drenagem
I - articular, em nível metropolitano, o planejamento das urbana;
ações de saneamento e os programas urbanísticos de interesse XIX - promover controle de vetores em todo o Município,
comum, de forma a assegurar a preservação dos mananciais, a visando à prevenção das zoonoses e à melhoria da qualidade de
produção de água tratada, a interceptação e o tratamento dos vida.
esgotos sanitários, a drenagem urbana, o controle de vetores e a § 1º A política de saneamento do Município será
adequada coleta e disposição final dos resíduos sólidos; regulamentada em lei específica, que terá por finalidade assegurar
II - fomentar o desenvolvimento científico, a capacitação de a proteção da saúde da população e do meio ambiente, bem como
recursos humanos e a adoção de tecnologias apropriadas na área institucionalizar a gestão, disciplinar o planejamento e a execução
de saneamento, criando condições para o desenvolvimento e a de ações, obras e serviços de saneamento no Município.
aplicação de tecnologias alternativas; § 2º A política municipal de saneamento contará, para sua
III - condicionar o adensamento construtivo e populacional à execução, com o Sistema Municipal de Saneamento, definido
concomitante solução dos problemas de saneamento local; como o conjunto de instrumentos e agentes institucionais que, no
IV - priorizar planos, programas e projetos que visem à âmbito das respectivas competências, atribuições, prerrogativas
ampliação de saneamento das áreas ocupadas por população de e funções, integram-se, de modo articulado e cooperativo, para
baixa renda; a formulação de políticas, definição de estratégias e execução
V - garantir o atendimento universal do serviço de saneamento das ações de saneamento, inclusive com clara definição dos seus
e o ambiente salubre, indispensáveis à segurança sanitária e mecanismos de financiamento.
à melhoria da qualidade de vida, impondo-se ao Executivo e à Art. 13. São diretrizes para a ocupação de áreas de risco
coletividade o dever de assegurá-lo; potencial no Município:

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I - a adoção de medidas mitigadoras, em conformidade com a V - a ampliação da terra urbanizada a baixo custo, com vistas
natureza e a intensidade do risco declarado; a facilitar o acesso à moradia;
II - a definição de destinação que impeça a ocupação nas VI - a qualificação dos empreendimentos habitacionais de
áreas nas quais o risco não possa ser mitigado; interesse social;
III - o assentamento compatível com as modalidades de risco VII - a redução do déficit habitacional do Município.
a que se refere o § 3º do art. 9º; Art. 18. São diretrizes da PMH:
IV - a restrição às atividades de terraplenagem no período de I - articular, em nível metropolitano, o planejamento das ações
chuvas; relativas à PMH, objetivando a busca de soluções para problemas
V - a criação de programas que visem a estabelecer parcerias comuns ligados à habitação, sobretudo nas áreas conurbadas;
com a sociedade civil, no intuito de recuperar áreas degradadas, II - desenvolver programas visando à promoção da
por meio de replantios e outras medidas; regularização fundiária plena dos assentamentos precários, nos
VI - a adoção de processos construtivos adequados, em termos da legislação federal;
concordância com as diretrizes do laudo geológico-geotécnico III - desenvolver programas visando ao atendimento da
respectivo. demanda habitacional da população de baixa renda, por meio da
Art. 14. São diretrizes para o controle de áreas de risco efetivo produção de novas moradias;
no Município: IV - desenvolver programas visando ao atendimento da
I - o monitoramento para verificação de mudanças nas suas demanda habitacional, por meio da concessão de subsídio para
condições; locação de imóveis;
II - a execução de obras de consolidação do solo; V - desenvolver programas visando ao acompanhamento
III - a fixação de exigências especiais para construção, em social e também ao assessoramento técnico à população atendida
conformidade com a natureza e a intensidade do risco declarado; nos seus programas e ações;
IV - o controle de adensamento construtivo e populacional; VI - promover a ampliação de reserva de áreas destinadas a
V - a orientação à população envolvida em situações de risco. programas habitacionais;
§ 1º O monitoramento das áreas com risco efetivo deve estar VII - criar mecanismos que propiciem a permanência
associado a sistema de alerta em contínuo funcionamento. de famílias de baixa renda nas áreas de sua residência e nos
§ 2º Nas áreas de risco, deve-se estimular o plantio de empreendimentos habitacionais de interesse social, assegurando-
espécies adequadas à consolidação do solo. lhes o direito à moradia;
§ 3º Nos terrenos inseridos em área identificada como VIII - priorizar formas de atuação que propiciem a geração de
passível de risco de inundação, devem ser empregadas soluções trabalho e renda;
construtivas que afastem as edificações de áreas afetadas IX - promover a melhoria dos padrões de urbanização e de
por cheias, devendo ser utilizados, sempre que necessários, construção na implementação de seus programas e ações;
mecanismos de armazenamento ou contenção das águas X - promover a produção de HIS com diversidade de
correntes e pluviais, dentro de princípios de segurança da tipologias, visando melhor adequação à topografia e às diferentes
população e conservação ambiental. composições familiares;
§ 4º Nos terrenos previstos no § 3º deste artigo, é vedada a XI - estabelecer e monitorar indicadores de sustentabilidade
construção em subsolo. urbanística, ambiental e social alinhados com os objetivos da
§ 5º Regulamento disporá sobre a identificação das áreas PMH;
passíveis de risco de inundação. XII - considerar os indicadores de conforto e sustentabilidade
ambiental nos programas habitacionais, de forma a racionalizar os
CAPÍTULO VII usos de água e de energia e a possibilitar a redução e a reciclagem
DA HABITAÇÃO dos resíduos sólidos.
Art. 19. A PMH será executada pelo Sistema Municipal de
Art. 15. Para os efeitos desta lei, considera-se habitação Habitação - SMH, entendido como o conjunto de instrumentos
a moradia digna inserida no contexto urbano, provida de e agentes institucionais que, de modo articulado e cooperativo,
infraestrutura de serviços urbanos e de equipamentos definem estratégias e promovem a consecução dos seus objetivos.
comunitários. § 1º Integram o SMH:
Art. 16. A Política Municipal de Habitação - PMH - caracteriza- I - o CMH, como órgão consultivo e deliberativo;
se como de interesse social e visa ao atendimento da população II - o órgão gestor da PMH, como órgão executor;
de baixa renda residente no Município, conforme as resoluções III - o FMHP, de natureza contábil, por meio do qual são
do Conselho Municipal de Habitação - CMH. centralizados e gerenciados os recursos orçamentários destinados
Art. 17. São princípios da PMH: aos programas da PMH.
I - a promoção do acesso da população de baixa renda à § 2º O CMH convocará o órgão gestor da PMH para realizar a
moradia digna; Conferência Municipal de Habitação, visando a:
II - a promoção de processos participativos na sua formulação I - estimular a participação dos cidadãos e de suas entidades
e implementação; representativas na formulação da PMH;
III - a sua articulação com a política urbana e com outras II - promover discussão das diretrizes e da implementação da
políticas setoriais; PMH;
IV - o estímulo à realização de parcerias entre o poder público III - propor diretrizes para o aprimoramento da PMH.
e a sociedade civil;

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§ 3º A composição, as competências e as estratégias de CAPÍTULO IX


gestão do SMH são regidas por legislação específica, observados DA MOBILIDADE URBANA
os princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei.
Art. 20. A PMH será executada nas seguintes linhas de Art. 24. Para os fins desta lei, entende-se por mobilidade
atuação: urbana o conjunto de deslocamentos de pessoas e bens, com
I - intervenção em assentamento precário, visando à melhoria base nos desejos e nas necessidades de acesso ao espaço urbano,
das condições da moradia; mediante a utilização dos vários meios de transporte.
II - produção habitacional de interesse social, visando à Art. 25. São princípios da Política Municipal de Mobilidade
redução do déficit habitacional. Urbana - PMMU:
Art. 21. A PMH será executada por meio da implementação I - reconhecimento do espaço público como bem comum;
articulada de programas setoriais, visando a: II - universalidade do direito de se deslocar e de usufruir a
I - produzir unidades habitacionais para atendimento do cidade;
déficit habitacional; III - equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público
II - produzir unidades habitacionais para reassentamento de coletivo;
famílias removidas; IV - sustentabilidade ambiental nos deslocamentos urbanos;
III - promover intervenções em assentamentos precários; V - acessibilidade à pessoa com deficiência ou com mobilidade
IV - conceder subsídios para aquisição de moradia; reduzida;
V - conceder subsídio para locação de imóveis para moradia; VI - segurança nos deslocamentos para promoção da saúde e
VI - proceder à regularização urbanística e jurídica dos imóveis garantia da vida;
ocupados pelas famílias atendidas; VII - eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços
VII - realizar acompanhamento social das famílias atendidas; de transporte urbano e na circulação urbana;
VIII - prestar assistência técnica às famílias atendidas; VIII - gestão democrática e controle social do planejamento e
IX - produzir imóveis residenciais e não residenciais para avaliação da PMMU;
locação. IX - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do
Art. 22. Os planos específicos das zonas e áreas de interesse uso dos diferentes modos de transporte e serviços;
social poderão ser realizados de forma integrada entre si e com X - equidade no uso do espaço público de circulação, vias e
outros planos específicos de outras zonas ou áreas, de acordo com logradouros.
perímetros a serem definidos e a partir de critérios de proximidade Art. 26. São diretrizes a serem observadas pela PMMU:
e priorização dos assentamentos precários do Município. I - priorização dos pedestres e modos de transportes não
motorizados sobre os motorizados;
CAPÍTULO VIII II - priorização dos serviços de transporte público coletivo
DO PATRIMÔNIO CULTURAL E URBANO sobre o transporte individual motorizado;
III - desenvolvimento do sistema de transporte coletivo do
Art. 23. A política de preservação do patrimônio cultural ponto de vista quantitativo e qualitativo;
e urbano é pautada pela busca da integração dos objetivos IV - criação de medidas de desestímulo à utilização do
urbanísticos expressos nesta lei com a política municipal de transporte individual por automóvel;
preservação ao patrimônio cultural. V - estímulo ao uso de combustíveis renováveis e menos
§ 1º O princípio básico da política de preservação do poluentes, de forma a reduzir a emissão de GEE;
patrimônio cultural e urbano é a promoção da preservação das VI - integração dos diversos meios de transporte;
ambiências e dos modos de vida característicos de determinadas VII - promoção de ações educativas capazes de sensibilizar e
porções do território municipal. conscientizar a população sobre a importância de se atender aos
§ 2º São parte integrante do patrimônio cultural do Município princípios da PMMU;
todos os povos e comunidades tradicionais que nele habitam, VIII - fomento às pesquisas referentes à sustentabilidade
entendidos como os grupos culturalmente diferenciados e ambiental e à acessibilidade no trânsito e no transporte;
que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias IX - incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao
de organização social, que ocupam e que utilizam territórios uso de energias renováveis e menos poluentes;
e recursos naturais como condição para sua reprodução X - busca por alternativas de financiamento para as ações
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, fazendo uso de necessárias à implementação da PMMU;
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela XI - integração com a política de desenvolvimento urbano e as
tradição. respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico,
§ 3º Para fins de formulação e implementação de normas e planejamento e gestão do uso do solo no âmbito do Município;
intervenções que afetem os povos e comunidades tradicionais, XII - mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos
devem ser garantidas a informação e a participação. dos deslocamentos de pessoas e cargas no Município;
XIII - priorização de projetos de transporte público coletivo
estruturadores do território e indutores do desenvolvimento
urbano integrado;
XIV - integração com a política metropolitana de mobilidade
e com as respectivas políticas setoriais, assegurando melhores
condições de mobilidade, acessibilidade e conectividade em todo
espaço urbano e seu aprimoramento no âmbito metropolitano;
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XV - priorização do investimento público destinado à melhoria Art. 31. As ações de qualificação do espaço público devem
e expansão do sistema de circulação para a implantação da rede estar associadas a medidas de caráter social, cultural, ambiental,
estruturante de transporte público coletivo. econômico e jurídico, de forma a garantir a extensão da qualificação
Art. 27. São objetivos da PMMU: do espaço urbano a aspectos que superem o mero incremento da
I - integrar os diferentes modos de transporte; qualidade da estrutura física local, bem como evitar a ocorrência
II - proporcionar a melhoria da acessibilidade e da mobilidade de processos de gentrificação do espaço.
de pessoas e cargas; Art. 32. O cronograma de implantação das ações de
III - promover o acesso amplo e democrático ao espaço qualificação do espaço público, inclusive em operações urbanas,
urbano, priorizando os meios de transporte coletivos e não deverá ter como objetivo compatibilizar o interesse público
motorizados, de forma inclusiva e sustentável; relacionado às obras com a redução do seu impacto no cotidiano
IV - contribuir para a redução das desigualdades e a promoção local, devendo ser objeto de prévia divulgação junto à população
da inclusão social; diretamente afetada pelas intervenções.
V - promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos Parágrafo único. A conformação do canteiro de obras, bem
sociais; como a definição de sua logística de funcionamento, deverá
VI - promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação compatibilizar a eficiência na implantação das intervenções com a
dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de minimização da interferência no cotidiano local, especialmente no
pessoas e cargas no Município; que diz respeito ao exercício das atividades econômicas.
VII - consolidar a gestão democrática como instrumento e Art. 33. O exercício de qualquer atividade em logradouro
garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade público deverá ser objeto de licenciamento de acordo com o
urbana. disposto no Código de Posturas do Município.
Art. 28. O instrumento básico da PMMU é o Plano Diretor de Art. 34. O responsável pela turbação ou pelo esbulho que
Mobilidade Urbana de Belo Horizonte - PlanMob-BH, que integra provocar danos ao logradouro público, bem como ao imóvel
o Capítulo I do Título XI desta lei. público municipal, deverá providenciar sua recomposição, sem
prejuízo da aplicação das penalidades cabíveis.
CAPÍTULO X
DO ESPAÇO PÚBLICO E DAS ÁREAS PÚBLICAS CAPÍTULO XI
DO ESPAÇO PRIVADO
Art. 29. As ações de qualificação do espaço público têm como
objetivo garantir a melhoria do desenho urbano sob preceitos de Art. 35. A legislação e as ações do Executivo relativas à
sustentabilidade, inclusão e resiliência, bem como proporcionar atividade edilícia devem ter como foco:
a disponibilização de estrutura adequada à sua apropriação pela I - a relação entre as edificações e o espaço urbano, priorizando
população. o interesse coletivo, de forma a promover a qualificação da
Art. 30. As ações de qualificação do espaço público devem ambiência urbana e a proteção do patrimônio cultural e ambiental;
ocorrer em consonância com os seguintes princípios: II - a regulamentação dos espaços construídos destinados ao
I - garantia de acesso às benfeitorias urbanas e a integração uso coletivo;
e articulação das áreas de vilas e favelas e das áreas periféricas III - a efetivação da acessibilidade universal;
carentes; IV - a redução dos impactos decorrentes da atividade
II - valorização do patrimônio cultural material e imaterial construtiva e do funcionamento das edificações no meio ambiente;
local; V - a autonomia do responsável técnico no desenvolvimento
III - permanência da população residente e dinamização das de projetos, garantida a observância aos critérios legais;
atividades existentes, preferencialmente em compatibilidade com VI - o incremento das ações de fiscalização ao longo do
a vocação local; desenvolvimento das obras, de forma a minimizar a necessidade
IV - potencialização da apropriação do espaço público pela de demolições e ajustes após a conclusão;
população; VII - o incentivo a soluções edilícias sustentáveis, bem como a
V - priorização da circulação de pedestres e da qualificação exigência da destinação correta dos resíduos da construção civil.
da estrutura relativa aos modos não motorizados de transporte,
minimizando os alongamentos de percurso; CAPÍTULO XII
VI - melhoria da acessibilidade ao sistema de transporte DA INTEGRAÇÃO ENTRE ESPAÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS
coletivo;
VII - criação e ampliação de áreas verdes, de equipamentos Art. 36. Os modelos de ocupação e o desenho urbano devem
comunitários e espaços públicos em geral, garantido o livre acesso privilegiar soluções de integração entre os espaços públicos e
a eles para o conjunto da população; os espaços privados, de modo a conformar uma melhor relação
VIII - manutenção ou recuperação da qualidade ambiental e da edificação com o logradouro público ou com as áreas de uso
paisagística local; público.
IX - priorização da utilização de soluções e materiais de § 1º As soluções projetuais de gentileza urbana constituem
natureza sustentável, inclusive de pavimentos de natureza alternativas de tratamento de espaços de transição entre a
permeável, de forma a contribuir para a drenagem urbana; edificação e o logradouro público ou as áreas de uso público,
X - incentivo à adoção de praças e áreas verdes. promovendo a qualificação da paisagem urbana e estimulando
a apropriação coletiva dessas áreas, de forma a torná-las mais
aprazíveis, seguras e inclusivas.
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§ 2º Os benefícios urbanísticos dispostos no Capítulo IV do § 3º No âmbito das unidades de vizinhança, serão


Título II e no Anexo XII desta lei, respeitadas as condições, podem implementadas, de forma coordenada, ações para proporcionar
ser concedidos mediante o emprego das seguintes soluções de a melhoria do cotidiano dos cidadãos, como a definição de
gentileza urbana: parâmetros urbanísticos, a aplicação de instrumentos de política
I - implantação de área permeável, em terreno natural, urbana e a implantação de elementos urbanos, tais como
vegetada e arborizada no afastamento frontal das edificações, equipamentos públicos, áreas verdes, sistema de transporte não
integralmente visível do logradouro público; motorizado e coletivo.
II - implantação de área de fruição pública;
III - qualificação do nível térreo, por meio de: TÍTULO II
a) implantação de fachada ativa nas edificações de uso não DOS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA
residencial ou de uso misto;
b) garantia de permeabilidade visual nas edificações de uso CAPÍTULO I
residencial. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º A fachada ativa é aquela situada no nível térreo,
correspondente à unidade de uso não residencial ao longo da qual Art. 38. A propriedade urbana deverá cumprir sua função
esteja garantida a permeabilidade visual no nível do pedestre, social, elemento constitutivo do direito de propriedade, sendo
bem como o acesso direto de pedestres à atividade econômica a utilizada em prol do bem coletivo, da segurança, do bem-estar dos
partir do logradouro público. indivíduos e do equilíbrio ambiental, assegurando o atendimento
§ 4º A atividade econômica de estacionamento de veículos e das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à
o acesso a esse não caracterizam fachada ativa. justiça social, ao desenvolvimento das atividades econômicas e à
§ 5º A área de fruição pública é o espaço contíguo ao garantia do direito à terra urbana, à moradia, ao trabalho, ao lazer
logradouro público, destinado à ampliação de áreas verdes e à e à circulação, para as presentes e futuras gerações.
formação de faixas, largos e praças para convívio coletivo. § 1º A propriedade urbana cumpre sua função social quando
§ 6º A área de fruição pública deve ser de livre acesso e constitui atende às normas de ordenação do território expressas nesta lei.
limitação administrativa permanente, vedada sua ocupação ou § 2º Os instrumentos previstos neste título serão aplicados
obstrução com edificações, instalações ou equipamentos. com o objetivo de alcançar o cumprimento da função social da
§ 7º São de responsabilidade do proprietário a implantação e propriedade urbana.
a manutenção da área de fruição pública em seu imóvel. § 3º A aplicação dos instrumentos de política urbana se dará
Art. 37. A qualificação das unidades de vizinhança constitui em relação ao imóvel urbano, de modo autônomo à dimensão
estratégia de implementação da legislação urbanística, a ser dos direitos reais incidentes, não cabendo ao Executivo dirimir,
realizada a partir de ações do poder público e da iniciativa privada, discutir ou conhecer conflitos concernentes ao domínio da coisa,
com os seguintes objetivos: respondendo o proprietário por eventuais danos causados a
I - diminuição do deslocamento por veículo motorizado terceiros.
individual; § 4º Nos contextos de interesse social e de imóveis ocupados
II - melhoria dos padrões de acessibilidade das áreas públicas por população de baixa renda, cabe ao Executivo a aplicação dos
e das áreas de uso público; instrumentos previstos nesta lei, sem prejuízo de outros que
III - fortalecimento da rede de comércio e serviços locais; se apresentem adequados, quando sua aplicação seja hábil à
IV - melhoria de áreas públicas e de áreas de uso público; promoção da regularização fundiária e à resolução extrajudicial
V - incentivo à apropriação do espaço público e do espaço de conflitos.
de uso público em compatibilidade com as características da § 5º O Executivo deverá dar publicidade aos atos relativos à
vizinhança; aplicação dos instrumentos de política urbana de que trata esta
VI - dotação das localidades de atendimento por serviços lei, bem como garantir o acesso público às seguintes informações:
públicos convergentes com a composição socioeconômica da I - cadastro dos imóveis objeto de notificação para
população de cada local; cumprimento da função social da propriedade;
VII - implementação de alternativas que propiciem o aumento II - relatório de monitoramento da aplicação dos instrumentos
de áreas verdes e da arborização das localidades. de política urbana.
§ 1º As unidades de vizinhança qualificadas são porções § 6º O Executivo deverá garantir a publicidade na gestão
territoriais nas quais devem ser formadas redes de deslocamento dos fundos associados à aplicação dos instrumentos de política
a pé e cicloviárias que propiciem o acesso de residentes e usuários urbana.
ao comércio, aos serviços, aos equipamentos comunitários e Art. 39. O Executivo é autorizado a promover a concessão de
de lazer e às áreas verdes, bem como ao sistema de transporte uso especial para fins de moradia, de forma gratuita ou onerosa,
coletivo, garantindo a expansão da urbanidade na escala local a nos termos da legislação específica.
todos.
§ 2º A rede conformada por conjuntos de quadras dentro de
cada unidade de vizinhança qualificada deve possibilitar a todos
os cidadãos o atendimento de suas demandas a pé, por bicicleta
ou pela conjugação destes deslocamentos com o sistema de
transporte público.

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CAPÍTULO II III - o imóvel edificado sem uso comprovado há mais de 5


DO PARCELAMENTO, DA EDIFICAÇÃO E DA UTILIZAÇÃO (cinco) anos;
COMPULSÓRIOS, DO IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO, DA IV - o imóvel inserido em edificação caracterizada como obra
DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS DA paralisada, entendida como aquela inacabada, que não apresente
DÍVIDA PÚBLICA E DO CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO alvará de construção em vigor e não possua certidão integral de
baixa de construção.
Art. 40. O Executivo poderá determinar o parcelamento, § 1º Regulamento disporá sobre os critérios para
a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano enquadramento de imóveis no disposto no caput deste artigo,
não parcelado, não edificado, subutilizado ou não utilizado, visando a coibir a retenção especulativa deles.
observadas a capacidade de suporte e as diretrizes da política § 2º Contra o ato administrativo que declarar imóvel como
urbana das diferentes porções do território municipal, visando ao não utilizado, caberá recurso, na forma prevista em regulamento.
cumprimento da função social. § 3º Nenhum imóvel será declarado não utilizado até a
§ 1º Os instrumentos de que trata o caput deste artigo poderão publicação do regulamento previsto no § 2º deste artigo.
ser aplicados em todo o território do Município, observados os Art. 43. Descumpridas as obrigações, os prazos e as etapas
requisitos para sua instituição constantes da legislação federal, para parcelar, edificar ou utilizar o imóvel, o Executivo procederá
bem como o que dispuser norma específica que os regulamente. à aplicação do IPTU progressivo no tempo, mediante a majoração
§ 2º Excetuam-se do disposto no § 1º deste artigo as áreas da alíquota pelo prazo de 5 (cinco) anos consecutivos.
para as quais não há previsão de coeficiente de aproveitamento § 1º A alíquota a ser aplicada a cada ano será igual a 2 (duas)
mínimo - CAmin, nas quais somente poderá se exigir a utilização vezes aquela prevista no ano anterior, respeitado o limite máximo
compulsória de edificações existentes, vedadas as demais de 15% (quinze por cento).
hipóteses de aproveitamento impositivo. § 2º Decorrido o prazo de 5 (cinco) anos previsto no caput
§ 3º O instrumento do parcelamento, edificação ou utilização deste artigo, sem que a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar
compulsórios não será aplicado: seja atendida, o Executivo poderá, alternativamente:
I - à gleba ou ao lote no qual haja impossibilidade técnica de I - manter a cobrança pela alíquota máxima até que se cumpra
implantação de infraestrutura de saneamento, de energia elétrica a referida obrigação;
ou de sistema de circulação; II - proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em
II - à gleba ou ao lote com impedimento de ordem ambiental títulos da dívida pública, conforme o disposto na legislação federal
à sua ocupação ou utilização. e na norma específica a que se refere o § 1º do art. 40 desta lei;
§ 4º A norma específica prevista no § 1º deste artigo deverá III - constituir consórcio imobiliário com o proprietário do
estabelecer a forma de notificação do proprietário, bem como imóvel, como forma de viabilizar o cumprimento da função social
os prazos para cumprimento da obrigação de parcelar, edificar da propriedade.
ou utilizar e o tratamento a ser dado aos empreendimentos de § 3º O Executivo poderá adotar programas voltados para
grande porte, observado o disposto na Lei Federal nº 10.257, de aproximação entre proprietários notificados para o parcelamento,
10 de julho de 2001. edificação e utilização compulsórios e agentes interessados no
Art. 41. Para efeito do disposto neste título, considera-se desenvolvimento de empreendimentos imobiliários.
imóvel subutilizado: § 4º O consórcio imobiliário constitui forma de viabilização
I - aquele cuja área total construída seja inferior à multiplicação de planos de urbanização ou edificação por meio da qual o
da área do terreno pelo CAmin; proprietário transfere ao Executivo seu imóvel e, após a realização
II - aquele inserido em área de Ocupação Preferencial 3 - OP-3 das obras, recebe, como pagamento, unidades imobiliárias
- que, utilizado como estacionamento de veículos, não atenda a, devidamente urbanizadas ou edificadas.
pelo menos, uma das seguintes condições: § 5º O valor das unidades imobiliárias a serem entregues ao
a) esteja associado a uma ou mais atividades com área proprietário será correspondente ao valor do imóvel antes da
utilizada igual ou superior àquela ocupada pela atividade de execução das obras, nos limites do disposto na legislação federal,
estacionamento; descontados os débitos existentes em favor do Município relativos
b) ocorra em edifício-garagem com utilização de, no mínimo, ao imóvel.
o potencial construtivo dado pela multiplicação do CAbas pela § 6º É vedada a concessão de isenções ou de anistias relativas
área do terreno. à tributação progressiva de que trata este artigo, conforme
§ 1º Não se considera subutilizado o terreno que abrigue uso previsto no § 3º do art. 7º da Lei Federal nº 10.257/01.
não residencial com área líquida edificada inferior ao definido § 7º Os requisitos e demais critérios de aplicação do
no inciso I do caput deste artigo, desde que a área não ocupada parcelamento, edificação e utilização compulsórios, bem como
do terreno seja destinada ao exercício da atividade, ressalvado o dos instrumentos que lhe sejam consequentes, serão, nos termos
disposto no inciso II do caput deste artigo. do regulamento, objeto de compatibilização com a legislação
§ 2º Contra o ato administrativo que declarar imóvel como federal que rege a matéria em caso de sua alteração.
subutilizado, caberá recurso, na forma prevista em regulamento.
§ 3º Nenhum imóvel será declarado subutilizado até a
publicação do regulamento previsto no § 2º deste artigo.
Art. 42. Para os efeitos desta lei, considera-se imóvel não
utilizado:
I - a gleba não parcelada e o lote não edificado;
II - o imóvel abandonado, nos termos da legislação federal;
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CAPÍTULO III § 4º Em qualquer empreendimento, 10% (dez por cento) da


DO DIREITO DE PREEMPÇÃO diferença entre o CAbas e o CAmax definidos pelo zoneamento
para o terreno no qual se insere somente poderão ser adquiridos
Art. 44. O direito de preempção confere ao Município por meio da TDC.
preferência para a aquisição de imóvel urbano objeto de § 5º Não se aplica o disposto no § 4º deste artigo à HIS-1, nos
alienação onerosa entre particulares com a finalidade de cumprir termos do art. 162 desta lei.
os objetivos do Plano Diretor. Art. 46. Em qualquer hipótese, o prazo para utilização do
§ 1º O direito de preempção poderá ser exercido em qualquer potencial construtivo adicional coincidirá com o de validade do
área do Município, sempre que o Executivo necessitar de imóveis alvará de construção específico, cuja caducidade incluirá a do
para os seguintes objetivos: direito de construir adicional nele previsto, não podendo ser este
I - execução de programas e projetos habitacionais de objeto de transferência ou alienação.
interesse social; Parágrafo único. A renovação do alvará de construção
II - regularização fundiária; contempla manutenção da possibilidade de utilização do potencial
III - constituição de reserva fundiária; construtivo adicional.
IV - ordenamento e direcionamento da expansão urbana; Art. 47. A perda do direito de utilização do potencial
V - implantação de EUC; construtivo adicional referente à ODC não implica ressarcimento
VI - criação de espaços públicos de lazer ou áreas verdes; do valor pago por parte do Município.
VII - criação de unidades de conservação ou proteção de
outras áreas de interesse ambiental; SEÇÃO II
VIII - proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou DA OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR
paisagístico.
§ 2º Norma específica de aplicação dos instrumentos de Art. 48. A ODC é o instrumento de política urbana que permite
política urbana previstos nesta lei delimitará as áreas em que o exercício do direito de construir acima do CAbas, mediante
poderá incidir o direito de preempção e fixará prazo de vigência, contrapartida do responsável legal pelo projeto licenciado ao
não superior a 5 (cinco) anos, renovável a partir de 1 (um) ano Executivo em função do ônus decorrente da carga adicional na
após o decurso do prazo inicial de vigência. estrutura urbana.
§ 1º O pagamento pela ODC será devido pelo responsável
CAPÍTULO IV legal pelo projeto licenciado a partir da aprovação do projeto
DOS INSTRUMENTOS PARA SUPERAÇÃO DO COEFICIENTE arquitetônico e poderá ocorrer à vista ou parceladamente,
DE APROVEITAMENTO BÁSICO conforme estabelecido em norma específica.
§ 2º A quitação integral do pagamento referente à ODC é
SEÇÃO I condição para emissão de certidão de baixa de construção da
DISPOSIÇÕES GERAIS edificação, bem como para emissão de Alvará de Localização e
Funcionamento - ALF - para as atividades a serem exercidas na
Art. 45. A superação do potencial construtivo básico de cada edificação.
terreno, dado pelo produto entre sua área e o respectivo CAbas, § 3º O Executivo poderá aceitar imóveis cuja aquisição seja de
pode ocorrer até o limite dado pelo coeficiente de aproveitamento interesse público como pagamento pela ODC.
máximo - CAmax - ou pelo coeficiente de aproveitamento de § 4º O CAbas e o CAmax ou CAcent dos terrenos sobre os
centralidade - CAcent - do zoneamento no qual o terreno esteja quais incida faixa de recuo de alinhamento deverá considerar toda
inserido, desde que observadas as condições previstas nesta lei. a área deles.
§ 1º O CAmax e o CAcent definem o direito de construir § 5º Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, poderá
adicional, entendido como bem dominical, de titularidade do ser admitido o pagamento da ODC por meio da transferência
Executivo, com funções urbanísticas e socioambientais. da faixa de recuo de alinhamento ao Executivo, nos termos do
§ 2º A superação do potencial construtivo delimitado pelo regulamento.
CAbas é condicionada à aplicação de potencial construtivo § 6º Na hipótese de o valor correspondente à faixa de
adicional, adquirido por um ou mais dos seguintes meios, recuo de alinhamento, calculado com base na planta de valores
conforme definido em Termo de Conduta Urbanística - TCU - imobiliários utilizada para cálculo do Imposto sobre Transmissão
firmado pelo responsável legal pelo projeto licenciado: de Bens Imóveis por ato Oneroso Inter vivos - ITBI, ser inferior
I - ODC; àquele devido a título de ODC, a diferença deverá ser paga pelo
II - TDC; responsável legal pelo projeto licenciado.
III - adoção de soluções projetuais de gentileza urbana, Art. 49. O Executivo deverá dar publicidade aos atos relativos
previstas nesta lei; à aplicação da ODC, sobretudo aos valores aplicáveis à cobrança
IV - benefício decorrente da produção de HIS - BPH, nos de contrapartidas.
termos da Seção V deste capítulo; Parágrafo único. Ficam isentas do pagamento da ODC as
V - utilização de certificados de potencial adicional de instituições religiosas, bem como os equipamentos de assistência
construção - Cepacs, quando regulamentados em regime de OUC. social a elas vinculados.
§ 3º A superação do potencial construtivo delimitado pelo Art. 50. O Executivo deverá manter registro das ODCs, do
CAmax ou pelo CAcent é condicionada à aplicação de potencial qual constem os imóveis receptores e os respectivos potenciais
construtivo adicional, adquirido exclusivamente por meio do BPH. construtivos recebidos.

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SEÇÃO III Art. 55. O imóvel gerador, consumada a transferência, pode


DA TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR ser receptor de TDC para repor o potencial construtivo transferido,
desde que sejam mantidas as características do imóvel que o
Art. 51. A TDC é o instrumento pelo qual o Executivo autoriza levaram a ser classificado como gerador de TDC.
o proprietário de imóvel urbano a alienar ou a exercer em outro Art. 56. O Executivo deve manter registro das TDCs ocorridas,
local o direito de construir previsto nesta lei relativo ao CAbas, nos do qual constem os imóveis transmissores e receptores, bem como
termos desta lei e da Lei Federal nº 10.257/01. os respectivos potenciais construtivos transferidos e recebidos.
Parágrafo único. A autorização prevista no caput deste artigo
será: SEÇÃO IV
I - formalizada por meio de certidão. DA ADOÇÃO DE SOLUÇÕES PROJETUAIS DE GENTILEZA
II - outorgada ao proprietário do imóvel no livre gozo e URBANA
disposição da propriedade, que deverá comprovar essa qualidade
mediante a apresentação dos documentos e declarações. Art. 57. Na hipótese de utilização de soluções projetuais
Art. 52. São imóveis passíveis de geração de TDC aqueles de gentileza urbana como meio para a superação do CAbas,
considerados necessários para: será exigida a assinatura de TCU pelo responsável legal pelo
I - o atendimento ao interesse cultural; empreendimento, por meio do qual esse se comprometerá
II - o atendimento ao interesse ambiental; a cumprir as condições para superação do CAbas, sob pena de
III - a implantação de EUC; aplicação das penalidades previstas em lei.
IV - a implantação de projetos viários prioritários - PVP. § 1º As condições para o emprego de soluções projetuais de
§ 1º Não podem originar TDC: gentileza urbana estão dispostas no Anexo XII desta lei.
I - os imóveis não parcelados; § 2º Empregadas as soluções projetuais previstas no caput
II - os imóveis de propriedade pública, ou que, em sua origem, deste artigo, será cobrado o cumprimento das condições e serão
tenham sido alienados pelo Município, pelo Estado ou pela União outorgados os benefícios previstos no Anexo XII desta lei.
de forma não onerosa. § 3º Após a concessão de certidão de baixa de construção,
§ 2º A geração de TDC referente aos imóveis tombados é as responsabilidades contidas no TCU serão transferidas ao
condicionada ao seu bom estado de conservação, atestado por proprietário do imóvel ou ao condomínio constituído para a sua
meio de laudo técnico emitido pelo órgão municipal responsável administração.
pela política de preservação do patrimônio cultural. § 4º Constatadas irregularidades quanto à manutenção
§ 3º Para os imóveis de que trata o § 2º deste artigo, é admitida de soluções projetuais de gentileza urbana, fica o proprietário
a transferência de 1/3 (um terço) do potencial construtivo de do imóvel ou o condomínio constituído para sua administração
forma antecipada, para viabilizar a recuperação do estado de sujeito à complementação do pagamento de ODC, bem como às
conservação do bem. demais penalidades previstas em lei.
§ 4º A geração de TDC referente aos imóveis destinados
ao atendimento a interesse ambiental é condicionada à sua SEÇÃO V
preservação ou recuperação, atestada por meio de laudo técnico DO BENEFÍCIO DECORRENTE DA PRODUÇÃO DE HIS
emitido pelo órgão municipal responsável pela política de meio
ambiente. Art. 58. O benefício decorrente da produção de habitação de
§ 5º A geração de TDC referente aos imóveis destinados ao interesse social - BPH - constitui potencial construtivo adicional
atendimento aos objetivos previsto no inciso IV do caput deste transferível, outorgado de forma gratuita em decorrência da
artigo está condicionada à observação de: implantação de unidades habitacionais destinadas a famílias
I - transferência da propriedade do terreno ao Município; com renda inferior a um salário mínimo e meio, cujo valor de
II - celebração de TCU pelo proprietário do terreno com o venda será definido pelo Executivo, que deverá considerar sua
Município, no qual estarão estabelecidas as condições para a sua compatibilidade com a referida renda familiar.
efetivação. § 1º Para cada metro de área líquida edificada das unidades
§ 6º Os terrenos privados situados em zona de preservação habitacionais descritas no caput deste artigo, será outorgado 1m²
ambiental - PA-1 - poderão ser geradores de TDC, desde que (um metro quadrado) de área líquida transferível, passível de
implantada reserva particular ecológica, de caráter perpétuo e ser utilizada para superação do CAmax ou do CAcent do terreno
aberta ao público. receptor.
§ 7º Norma específica disporá sobre o procedimento para § 2º A superação prevista no § 1º deste artigo é limitada a
requerimento da TDC, por meio do qual o proprietário deverá 10% (dez por cento) do CAmax ou do CAcent do terreno receptor.
informar sobre a situação possessória do imóvel, assumindo § 3º Não é admitida a recepção do potencial construtivo
exclusiva responsabilidade, perante o Executivo e perante previsto no § 1º deste artigo por terrenos situados em PAs.
terceiros, pelas informações prestadas. § 4º Na transferência de que trata o § 1º deste artigo, deverá
Art. 53. São passíveis de recepção de TDC os imóveis situados ser aplicado à área correspondente ao BPH índice multiplicador
em área para a qual seja prevista a aplicação de CAmax ou CAcent, dado pela divisão do valor do metro quadrado do terreno gerador
até o limite de cada um desses coeficientes. pelo do terreno receptor, tal como dispostos na planta de valores
Art. 54. Consumada a TDC em relação a cada imóvel receptor, imobiliários utilizada para cálculo do ITBI.
fica o potencial construtivo transferido vinculado a esse, vedada § 5º A utilização no terreno receptor do potencial construtivo
nova transferência. previsto no § 1º deste artigo é condicionada à emissão da certidão
de baixa de edificação do imóvel gerador.
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§ 6º A concessão do BPH poderá ser suspensa na hipótese IV - de regularizações de caráter urbanístico das edificações
de verificação de impacto significativo decorrente da aplicação do Município;
do potencial construtivo adicional resultante do instrumento na V - de demais fontes previstas nesta lei;
infraestrutura e no meio ambiente urbano. VI - de outros recursos que, por sua natureza, possam ser
destinados ao FC.
SEÇÃO VI § 2º 25% (vinte e cinco por cento) da arrecadação proveniente
DO ESTOQUE DE POTENCIAL CONSTRUTIVO ADICIONAL da ODC prevista no inciso II do § 1º deste artigo deverão ser
destinados ao FMHP para investimento em HIS nas centralidades
Art. 59. O estoque de potencial construtivo adicional - EPCA - é ou em sua vizinhança imediata.
calculado e reavaliado com base em estudo técnico desenvolvido § 3º A gestão do FC ficará a cargo do Executivo.
pelo órgão municipal responsável pela política de planejamento § 4º Caberá ao Compur, a partir de proposta apresentada
urbano, que deve observar, no mínimo, os seguintes fatores: pelo Executivo, definir prioridades para destinação dos recursos
I - a capacidade do sistema de circulação; vinculados ao FC.
II - a infraestrutura disponível; Art. 61. Os recursos obtidos por meio da ODC vinculada a
III - as restrições ambientais e relativas à paisagem urbana; terrenos não incluídos em áreas de centralidades ou áreas de
IV - as políticas de desenvolvimento urbano; grandes equipamentos serão destinados ao FMHP e aplicados em
V - a conformação de unidades de vizinhança qualificada. conformidade com a legislação federal.
§ 1º Deverá ser publicado no Diário Oficial do Município - Parágrafo único. Os recursos previstos no caput deste artigo
DOM, até a data da entrada em vigor desta lei, o EPCA de referência poderão ser destinados à implantação de unidades habitacionais
para fins de monitoramento, acompanhado da disponibilização da de interesse social de propriedade pública, voltadas para a
metodologia utilizada na sua elaboração. disponibilização à população por meio de aluguel social.
§ 2º A limitação de EPCA poderá ser instituída para áreas
específicas motivada por justificativa técnica do órgão municipal CAPÍTULO V
responsável pela política urbana a partir da análise dos fatores DA OPERAÇÃO URBANA
dispostos no caput deste artigo.
§ 3º Para instituir limitação de EPCA, o Executivo deverá Art. 62. Operação urbana é um instrumento voltado para
dar publicidade ao estoque disponível para superação do CAbas viabilizar projetos urbanos de interesse público, articulados com
de cada unidade territorial com, no mínimo, 6 (seis) meses de a qualificação dos modelos de ocupação e uso de imóveis no
antecedência do início do controle. Município, que prevê intervenções e medidas coordenadas pelo
§ 4º O impacto na infraestrutura e no meio ambiente Executivo, com a participação de agentes públicos e da sociedade.
decorrente da concessão da ODC, TDC e do BPH será monitorado § 1º A operação urbana poderá ocorrer em qualquer área do
permanentemente pelo Executivo, que tornará públicos os Município e será aprovada por lei específica.
relatórios periódicos de monitoramento sobre o EPCA de § 2º A operação urbana poderá estabelecer regras específicas
referência e sobre as unidades territoriais com limitação de EPCA. de parcelamento, ocupação, uso do solo e do subsolo, edilícias
§ 5º Esgotado o EPCA em uma unidade territorial na qual e de posturas, considerando o impacto ambiental, as melhorias
incida limitação, fica vedada a superação do CAbas nos terrenos estruturantes e a qualificação das unidades de vizinhança objetos
nela inseridos até que haja reavaliação da unidade. da aplicação do instrumento.
§ 6º Em unidades territoriais nas quais o EPCA tenha se § 3º A operação urbana poderá prever a autorização de TDC
esgotado, o Compur poderá autorizar a aplicação da TDC em como contrapartida de transferência não onerosa de imóvel
terrenos inseridos em zonas de ocupação preferencial, bem como ao Município, sendo vedado, nessa hipótese, o pagamento de
em áreas de centralidade e em áreas de grandes equipamentos, a indenização, a qualquer título, ao particular.
partir da avaliação do impacto urbanístico decorrente. § 4º As contrapartidas previstas na operação urbana em
§ 7º As áreas de operação urbana poderão ter EPCA específicos função dos benefícios estabelecidos em sua lei específica não
estabelecidos pela aplicação do instrumento de política urbana às se confundem com as medidas mitigadoras ou compensatórias
unidades territoriais. impostas aos empreendedores em decorrência de processos
§ 8º A limitação de EPCA não se aplica às áreas de OP-3 e de licenciamento urbanístico ou ambiental, tampouco com
às centralidades regionais, ressalvada a hipótese prevista no § 7º as medidas de qualificação urbanística aplicáveis às mesmas
deste artigo. como condição de viabilização da nova regulação conferida pela
Art. 60. Fica criado o Fundo de Desenvolvimento Urbano das aplicação do instrumento.
Centralidades - FC, de natureza especial contábil, com o propósito § 5º As operações urbanas deverão prever que as alterações
de garantir, nas áreas de centralidade, a efetivação dos princípios da ocupação e do uso do solo ocorram de forma compatível com a
e objetivos previstos no Capítulo III do Título I desta lei. preservação dos imóveis, das atividades tradicionais e dos espaços
§ 1º Serão destinados ao FC os recursos provenientes: urbanos de especial valor cultural protegidos por tombamento
I - de dotações consignadas, anualmente, no orçamento ou por lei, bem como com os planos específicos para áreas de
municipal, bem como os créditos adicionais que lhe sejam interesse social.
destinados; Art. 63. A lei específica referente à operação urbana pode
II - de ODC vinculada a terrenos incluídos em porções prever que a execução de obras públicas por agentes da iniciativa
territoriais classificadas como áreas de centralidades ou áreas de privada seja remunerada pela concessão para exploração
grandes equipamentos; econômica do serviço implantado.
III - do produto da aplicação de seus recursos financeiros;
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Art. 64. Com fundamento na diretriz da recuperação da VII - o seu prazo de vigência.
valorização advinda do processo de transformação urbana prevista Parágrafo único. O encaminhamento à Câmara Municipal de
nesta lei, e de modo a privilegiar a função social da propriedade Belo Horizonte - CMBH - do projeto de lei relativo à OUS deve ser
urbana, o cálculo do valor a ser inicialmente ofertado como precedido de:
justa indenização pela desapropriação dos imóveis necessários I - elaboração de diretrizes urbanísticas relativas à OUS pelo
à implantação do plano urbanístico das operações urbanas não Executivo;
poderá incluir a valorização imobiliária decorrente da implantação II - avaliação, pelo Executivo, das repercussões urbanísticas da
da operação urbana. OUS, que deverá incorporar procedimento de discussão pública;
Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no caput III - elaboração de avaliação de viabilidade econômica e
deste artigo, a valorização imobiliária no perímetro da operação financeira, que deverá atestar a proporcionalidade entre os
urbana deverá ser aferida considerando o valor estimado do benefícios concedidos e as contrapartidas prestadas;
metro quadrado apurado no estudo de viabilidade econômica e IV - assinatura de TCU entre o Executivo e os demais
financeira, a ser publicado anteriormente ao encaminhamento de participantes da OUS, por meio do qual estes se comprometerão
lei específica da operação urbana. a cumprir as obrigações e os prazos constantes da proposta de
Art. 65. As operações urbanas classificam-se em operações texto legal, sob pena de aplicação das penalidades previstas na
urbanas simplificadas - OUSs - e OUC. lei específica.

SEÇÃO I SEÇÃO II
DA OPERAÇÃO URBANA SIMPLIFICADA DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA

Art. 66. OUS é o conjunto de intervenções e medidas Art. 69. OUC é o conjunto de intervenções e medidas
coordenadas pelo Executivo voltadas para a promoção de coordenadas pelo Executivo, com a participação dos proprietários,
transformações urbanísticas locais, melhorias sociais e valorização moradores, usuários permanentes e investidores privados, com
ambiental. o objetivo de alcançar transformações urbanísticas estruturais,
§ 1º A OUS deve ser motivada por interesse público expresso melhorias sociais e valorização ambiental.
em políticas públicas em curso ou a serem implantadas e pode § 1º As OUCs são instituídas visando a alcançar, dentre outros,
ser proposta pelo Executivo a partir de iniciativa própria ou de os seguintes objetivos:
qualquer cidadão. I - utilização intensiva de áreas envolvidas em intervenções
§ 2º A operação urbana simplificada poderá abarcar urbanísticas de grande porte;
perímetros contínuos ou descontínuos. II - cumprimento da função social por imóveis considerados
§ 3º O Executivo divulgará de forma ampla informações sobre subutilizados ou não utilizados;
as OUSs. III - implantação de projetos de qualificação urbanística
Art. 67. As OUSs são instituídas visando a alcançar, dentre estruturantes;
outros, os seguintes objetivos: IV - criação e qualificação de espaços públicos e áreas verdes;
I - abertura de vias ou melhorias no sistema de circulação; V - implantação de equipamentos estratégicos para o
II - implantação de empreendimentos de interesse social e desenvolvimento urbano;
melhoramentos em assentamentos precários; VI - dinamização de áreas visando à geração de empregos;
III - implantação de equipamentos públicos, espaços públicos VII - implantação de empreendimento de interesse social e
e áreas verdes; urbanização e regularização de assentamentos precários;
IV - recuperação do patrimônio cultural; VIII - ampliação e melhoria da rede estrutural de transporte
V - proteção, preservação e sustentabilidade ambiental; coletivo;
VI - implantação de projetos de qualificação urbanística; IX - melhoria e ampliação da infraestrutura e do sistema de
VII - regularização de parcelamentos, edificações e usos; circulação;
VIII - fomento à conformação ou ao desenvolvimento de X - preservação, valorização e criação de patrimônio
centralidades. ambiental, histórico, arquitetônico, cultural e paisagístico;
Art. 68. Devem constar na lei específica referente à OUS: XI - sustentabilidade ambiental e combate às mudanças
I - os objetivos da operação; climáticas, por meio da racionalização dos usos de água e energia,
II - a identificação das áreas envolvidas; redução e reciclagem dos resíduos sólidos, entre outras medidas;
III - os procedimentos de natureza econômica, administrativa, XII - fomento à conformação ou ao desenvolvimento de
urbanística ou jurídica necessários ao cumprimento dos objetivos centralidades.
da operação; § 2º O planejamento das OUCs deverá ocorrer de forma a
IV - os parâmetros urbanísticos, edilícios e de posturas a integrar as políticas de parcelamento, ocupação e uso do solo
serem adotados na operação; às demais temáticas objeto desta lei, especialmente àquelas
V - as contrapartidas a serem prestadas pelos entes envolvidos relativas ao meio ambiente, à preservação do patrimônio cultural,
na operação e seus respectivos prazos de cumprimento, à mobilidade urbana e à política social.
dimensionadas em função dos benefícios conferidos pelo § 3º As OUCs podem determinar condições especiais para
Executivo por meio do instrumento; regularização de parcelamentos do solo, de edificações e de uso.
VI - as penalidades a serem aplicadas em caso de
descumprimento da legislação específica da operação urbana,
bem como das condições previstas em TCU;
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§ 4º A OUC promoverá a concessão de incentivos a § 1º As OUCs devem prever atendimento por programas
empreendimentos que comprovem a utilização, nas construções habitacionais e sociais para população de baixa renda residente
e no uso de edificações, de tecnologias que reduzam os impactos na área, com garantia de atendimento às famílias moradoras
ambientais e economizem recursos naturais. que possam ser realocadas em função de obras necessárias à
§ 5º Da lei específica referente à OUC devem constar: implementação do plano urbanístico.
I - os objetivos da operação; § 2º Nas OUCs, parte da receita estimada deverá ser
II - a identificação das áreas envolvidas; destinada à implementação da política municipal de habitação,
III - os procedimentos de natureza econômica, administrativa, preferencialmente para a construção de unidades habitacionais
urbanística ou jurídica necessários ao cumprimento dos objetivos em áreas dotadas de adequada acessibilidade aos serviços
da operação; públicos.
IV - os parâmetros urbanísticos, edilícios e de posturas a Art. 71. Os recursos obtidos pelo Executivo na forma do inciso
serem adotados na operação; VI do § 5º do art. 69 desta lei serão aplicados, exclusivamente, na
V - o EPCA previsto para a área de OUC; própria OUC.
VI - as contrapartidas a serem prestadas pelos entes Art. 72. As regras para emissão e utilização de Cepacs serão
envolvidos na operação e seus respectivos prazos de cumprimento, determinadas pela lei específica de cada OUC, que deverá
dimensionadas em função dos benefícios conferidos pelo estabelecer, no mínimo:
Executivo por meio do instrumento e observada a legislação I - a forma de conversão dos Cepacs em metros quadrados de
federal; construção ou em outros parâmetros urbanísticos;
VII - a programação de intervenções urbanísticas, articulada II - a forma de vinculação dos Cepacs aos terrenos ou
com as formas de ocupação e de uso dos terrenos; empreendimentos;
VIII - o programa de atendimento econômico e social para a III - o valor mínimo do Cepac.
população diretamente afetada pela OUC;
IX - os incentivos a serem concedidos aos proprietários, CAPÍTULO VI
usuários permanentes e investidores privados; DO REAJUSTE DE TERRENOS
X - as disposições específicas sobre outros instrumentos
de política urbana que possam maximizar os efeitos da OUC, Art. 73. O reajuste de terrenos constitui instrumento de
sobretudo no cumprimento da função social da propriedade; redesenho de porções do território municipal com vistas à sua
XI - os instrumentos para o monitoramento e avaliação dos qualificação urbanística, a ser efetivada a partir da unificação de
efeitos das intervenções urbanas, da ocupação e do uso do solo registros imobiliários para posterior parcelamento.
na área de OUC; § 1º Constituem objetivos associados ao reajuste de terrenos:
XII - a forma de controle e os mecanismos de gestão da I - proporcionar um melhor aproveitamento do solo urbano;
operação, obrigatoriamente compartilhados com representação II - promover o compartilhamento do financiamento da
da sociedade civil; infraestrutura;
XIII - as obrigações dos agentes envolvidos na OUC e os prazos III - dotar o espaço urbano de um desenho compatível com
para seu cumprimento, bem como penalidades referentes ao seu novas formas de parcelamento, ocupação e uso do solo das áreas
descumprimento; de abrangência do instrumento.
XIV - a criação de um fundo específico, de natureza contábil, § 2º O reajuste de terrenos deverá ser desenvolvido a partir
ao qual devem ser destinados os recursos provenientes das de um plano de intervenções de qualificação do espaço urbano.
contrapartidas da OUC. § 3º As operações urbanas poderão prever áreas para reajuste
Art. 70. O encaminhamento à CMBH do projeto de lei relativo de terrenos.
à OUC deve ser precedido: § 4º Nos processos de reajuste de terrenos, a divisão de
I - da elaboração de plano urbanístico relativo à OUC, benefícios urbanísticos entre os proprietários dos imóveis e demais
contendo: partícipes deverá ser proporcional ao valor de seus respectivos
a) o programa básico de ocupação com regras especiais para bens ou dos recursos destinados a viabilizar a implementação dos
parcelamento, ocupação e uso do solo, edilícias e de posturas; projetos de qualificação.
b) as intervenções urbanísticas para melhoria das condições § 5º Nas áreas objeto de reajuste de terrenos, deverão ser
habitacionais, ambientais, morfológicas, paisagísticas, físicas e estabelecidas diretrizes relativas ao parcelamento, à ocupação
funcionais dos terrenos e espaços públicos; e ao uso do solo, bem como às intervenções de qualificação do
c) as etapas de implementação das intervenções urbanas; espaço urbano, observados os objetivos da operação urbana.
II - da definição do EPCA específico para a área de OUC; § 6º A utilização do reajuste de terrenos dependerá de:
III - da elaboração e aprovação de Estudo de Impacto de I - definição de percentual mínimo de adesão dos proprietários
Vizinhança - EIV; de terrenos afetados com base no número de partícipes, na
IV - da elaboração de avaliação de viabilidade econômica e quantidade de imóveis ou na extensão dos terrenos ou glebas,
financeira que: que será condição para implementação do reajuste de terrenos;
a) ateste a proporcionalidade entre os benefícios concedidos II - definição dos mecanismos de execução e de gestão
e as contrapartidas prestadas; específicos do reajuste de terrenos;
b) estime o equilíbrio entre a arrecadação decorrente da III - definição das formas de financiamento das intervenções
contrapartida pelos benefícios concedidos e o dispêndio de urbanísticas;
recursos necessário à implementação do plano urbanístico.

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IV - dimensionamento das contrapartidas a serem exigidas de § 2º A concessão urbanística somente poderá fazer uso de
forma equitativa de todos os partícipes do reajuste de terrenos, as regras específicas de parcelamento, ocupação, uso do solo e do
quais serão proporcionais: subsolo, edilícias e de posturas quando vinculada à operação
a) ao valor do bem ou do financiamento que dispuseram para urbana, observada a prestação de contrapartidas específicas, nos
viabilizar a implementação de melhorias; termos do § 4º do art. 62 desta lei.
b) aos benefícios urbanísticos que recebam. § 3º O desenvolvimento de concessão urbanística, quando
vinculada à operação urbana, deve obedecer às disposições afetas
CAPÍTULO VII às OUSs ou às OUCs, de acordo com os objetivos e o porte das
DA CONCESSÃO URBANÍSTICA intervenções que tem por finalidade viabilizar.

Art. 74. A concessão urbanística é o conjunto de intervenções CAPÍTULO VIII


e medidas coordenadas pelo Executivo para a implementação DO CONVÊNIO URBANÍSTICO DE INTERESSE SOCIAL
de planos e projetos de interesse público, viabilizadas por meio
de cooperação da iniciativa privada ou de outros entes públicos, Art. 76. O convênio urbanístico de interesse social é uma forma
cuja remuneração do parceiro é derivada da exploração da obra de acordo de cooperação firmado entre o Executivo e a iniciativa
realizada. privada para execução de empreendimentos de interesse social.
§ 1º Na concessão urbanística, o Executivo poderá delegar § 1º Por meio do convênio urbanístico, poderão ser firmados
a empresa pública ou, mediante licitação, a empresa privada, compromissos dentro dos seguintes padrões:
isoladamente, ou em consórcio com outras, a realização de obras I - o proprietário de imóvel situado em áreas destinadas
de urbanização ou de qualificação urbanística. à implantação de empreendimento de interesse social poderá
§ 2º A empresa concessionária ficará responsável: autorizar o Executivo a realizar, dentro de determinado prazo,
I - por custear previamente o pagamento das indenizações obras de implantação de empreendimento;
devidas em decorrência das remoções e das desapropriações a II - o Executivo poderá disponibilizar terrenos para
cargo do Executivo; empreendedores privados interessados em implantar
II - por custear a aquisição, pelo Município, de imóvel no empreendimento de interesse social, com vistas à viabilização do
exercício do direito de preempção; atendimento, por parte destes, ao público da PMH.
III - pela aquisição dos imóveis que forem necessários à § 2º Na hipótese prevista no inciso I do § 1º deste artigo, a
realização das obras concedidas; proporção da participação do proprietário é obtida pela divisão
IV - pelo recebimento de imóveis para fins de estabelecimento do valor inicial do terreno pelo custo total do empreendimento.
de consórcio imobiliário; § 3º Na hipótese prevista no inciso II do § 1º deste artigo,
V - pela elaboração dos respectivos projetos básico e executivo concluídas as intervenções físicas e sociais relativas ao
ou pela implantação de projeto desenvolvido pelo Executivo; empreendimento, o empreendedor privado deve receber,
VI - pela implantação de plano urbanístico desenvolvido pelo nas áreas incluídas no convênio ou fora dessas, imóveis em
Executivo; valor equivalente à proporção obtida pela divisão do valor do
VII - pelo gerenciamento e execução das obras objeto da orçamento das intervenções por ele realizadas pelo custo total do
concessão urbanística. empreendimento.
§ 3º A empresa concessionária obterá sua remuneração § 4º Para a realização das obras previstas no inciso I do § 1º
mediante exploração, por sua conta e risco, dos terrenos e das deste artigo, fica o Executivo autorizado a utilizar recursos do
edificações destinados a usos privados que resultarem da obra FMHP, mediante aprovação do CMH.
realizada, bem como da renda derivada da exploração de espaços § 5º O convênio urbanístico de interesse social deve ser
públicos e de receitas acessórias, nos termos que forem fixados objeto de licitação, cujo edital estabelecerá, no mínimo:
no edital de licitação que estabelecer a concessão urbanística. I - os padrões da urbanização e da edificação;
Art. 75. A concessão urbanística pode ocorrer em qualquer II - o cronograma dos serviços e obras;
área do Município e será aprovada por lei específica, admitida sua III - a estimativa dos valores envolvidos na transação.
inclusão em lei de operação urbana. Art. 77. Os valores dos imóveis objeto de convênio urbanístico
§ 1º A lei específica da concessão urbanística deverá conter: de interesse social são determinados de acordo com a planta de
I - as obrigações dos agentes envolvidos e os prazos para valores imobiliários utilizada para cálculo do ITBI.
seu cumprimento, bem como penalidades referentes ao seu
descumprimento; CAPÍTULO IX
II - os instrumentos para monitoramento e avaliação dos DO ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA
efeitos das intervenções urbanas, da ocupação e do uso do solo
em sua área de abrangência; Art. 78. O licenciamento de instalação, construção,
III - a forma de controle e os mecanismos de gestão da ampliação ou funcionamento de empreendimentos de impacto
concessão urbanística, obrigatoriamente compartilhados com ou intervenção urbanística de impacto cujas repercussões
representação da sociedade civil; apresentem caráter preponderantemente urbanístico é sujeito
IV - os critérios técnicos para definição da remuneração da à elaboração de EIV e aprovação pelo Compur, bem como ao
concessão urbanística à empresa concessionária. cumprimento das condicionantes estabelecidas a partir de sua
análise.

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§ 1º O EIV deve considerar a interferência do empreendimento TÍTULO III


ou da intervenção urbanística na qualidade de vida da população DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE
residente na área e em suas proximidades, abordando, no que
couber: CAPÍTULO I
I - o adensamento populacional; DISPOSIÇÕES GERAIS
II - os EUCs;
III - a oferta e a qualificação de Elup; Art. 82. Os processos de construção e gestão da política
IV - o uso e a ocupação do solo; urbana municipal deverão ocorrer de forma democrática, com
V - a valorização imobiliária; a participação efetiva da sociedade civil por meio dos canais
VI - a geração de tráfego e a demanda por transporte coletivo; previstos nesta lei, bem como de outros existentes ou que vierem
VII - as condições de acessibilidade pelos modos de locomoção a ser criados.
não motorizados;
VIII - a ventilação e a iluminação; CAPÍTULO II
IX - a paisagem urbana e o patrimônio natural e cultural; DO CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICA URBANA
X - a emissão de ruído, em conformidade com os parâmetros
previstos na legislação municipal. Art. 83. O Compur é o órgão municipal colegiado responsável
§ 2º Os empreendimentos ou intervenções urbanas sujeitos pela discussão pública de matérias de política urbana e tem as
à elaboração de EIV são aqueles determinados por esta lei, bem seguintes atribuições:
como aqueles objeto de convocação pelo Compur em decorrência I - monitorar a implementação das normas contidas na
da necessidade de emprego de medidas mitigadoras para legislação urbanística municipal, sugerindo alterações em
minimização de repercussões negativas identificadas. seu conteúdo sempre que julgar pertinente, por meio do
§ 3º No âmbito do EIV, deverá ser considerada a percepção encaminhamento de propostas à Conferência Municipal de
da população afetada, devendo o estudo conter mecanismos de Política Urbana;
consulta específicos de acordo com a natureza do empreendimento II - convocar, quadrienalmente, o órgão municipal responsável
ou intervenção urbanística. pela política de planejamento urbano para realizar a Conferência
Art. 79. O EIV deverá propor alternativas com o objetivo de Municipal de Política Urbana;
majorar os efeitos positivos e conter as repercussões negativas III - promover fóruns, apresentações, palestras, audiências
dos empreendimentos ou intervenções urbanísticas para a públicas, seminários ou cursos voltados para o debate de temas
conformação de unidades de vizinhança qualificadas, a partir de afetos à política urbana do Município;
princípios como: IV - debater normas e políticas voltadas ao meio urbano e
I - estabelecimento de medidas mitigadoras para as propor formas de aplicação à dinâmica do Município;
repercussões negativas que possam ser minoradas ou revertidas; V - promover a atualização das classificações viárias quanto à
II - definição de medidas compensatórias para as repercussões permissividade em relação à instalação de usos não residenciais e
negativas que possam ser toleradas pela população, mas não à função no sistema de circulação;
possam ser extintas; VI - complementar a listagem de atividades contida no Anexo
III - determinação de medidas intensificadoras dos efeitos XIII desta lei;
positivos dos empreendimentos ou intervenções urbanísticas na VII - opinar sobre a compatibilidade das propostas contidas
vizinhança; nos planos plurianuais e nos orçamentos anuais com as diretrizes
IV - orientação da implantação e das adaptações de desta lei;
empreendimentos ou intervenções, de forma a adequá- VIII - opinar sobre os casos omissos da legislação urbanística
los às características urbanísticas, ambientais, culturais e municipal, indicando soluções para eles;
socioeconômicas locais; IX - deliberar, em sede de recurso, nos processos
V - incentivo à utilização adequada e sustentável dos recursos administrativos relativos à aplicação das normas contidas na
ambientais, culturais, urbanos e humanos; legislação urbanística municipal;
VI - fornecimento de subsídios aos processos de tomada de X - deliberar sobre os processos de licenciamento urbanístico;
decisão relativos ao licenciamento urbanístico; XI - propor diretrizes gerais para as áreas de centralidades;
VII - estabelecimento de condições de implantação dos XII - indicar prioridades para destinação dos recursos
empreendimentos e funcionamento das atividades sob os vinculados ao FC, a partir de proposta apresentada pelo Executivo;
princípios de prevenção e precaução de mudanças irreversíveis XIII - elaborar seu regimento interno.
e danos graves ao meio ambiente, às atividades culturais e ao § 1º O Compur deve reunir-se, no mínimo, 1 (uma) vez por
espaço urbano. mês.
Art. 80. O EIV será disponibilizado para consulta por qualquer § 2º O Compur poderá autorizar o exercício de atividades
interessado pelo órgão municipal responsável pela política de classificadas no grupo III do Anexo XIII desta lei que, ainda que não
planejamento urbano. admitidas para via específica, apresentem compatibilidade com
Art. 81. A aplicação do EIV deverá observar o disposto no a dinâmica urbana local, mediante parecer favorável do órgão
Capítulo I do Título XII desta lei. municipal responsável pela política de planejamento urbano, o
qual poderá estabelecer medidas mitigadoras e contrapartidas
em decorrência dos impactos ocasionados pela implantação e
regularização do exercício da atividade.

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§ 3º O disposto no § 2º deste artigo não se aplica às vias debates da Conferência Municipal de Política Urbana, ressalvado
dotadas de permissividade de usos específica, nos termos do o disposto nos incisos V e VI do caput do art. 83, nos arts. 99 e
Título IX desta lei. 100, no § 2º do art. 107, bem como nos anexos V, VI, VIII, IX e X
§ 4º As atualizações e complementações propostas pelo desta lei.
Compur nos termos do inciso VI do caput deste artigo produzirão Parágrafo único. Excetua-se da observância ao prazo disposto
efeitos imediatos, devendo ser incorporadas nas revisões no caput deste artigo alteração do conteúdo do Anexo XIII desta
subsequentes do Plano Diretor do Município de Belo Horizonte. lei, que poderá ocorrer quadrienalmente, nº 2º (segundo) ano de
§ 5º As atualizações propostas pelo Compur nos termos do gestão do Executivo.
inciso V do caput deste artigo serão encaminhadas a cada 3 (três)
meses pelo Executivo ao Legislativo, por meio de projeto de lei. CAPÍTULO IV
§ 6º Na hipótese de o Legislativo não se manifestar pela DOS FÓRUNS DAS ÁREAS DE DIRETRIZES ESPECIAIS
aprovação ou rejeição dos projetos de lei objeto do § 5º deste
artigo no prazo de 90 (noventa) dias, as alterações incluídas neles Art. 87. Os Fades são órgãos municipais colegiados
passarão a produzir efeitos imediatos, nos termos do § 4º deste responsáveis pela discussão pública de matérias afetas às porções
artigo. territoriais classificadas como ADEs, estabelecendo ambientes
Art. 84. O Compur é composto por membros titulares, com de gestão compartilhada da cidade a partir de premissas da
seus respectivos suplentes, com mandato de 2 (dois) anos, regulamentação específica de cada uma delas.
observada a seguinte distribuição: Parágrafo único. Os Fades têm a atribuição de monitorar a
I - 11 (onze) representantes do Executivo; implementação das normas urbanísticas incidentes nas ADEs,
II - 2 (dois) representantes do Legislativo; verificando sua efetividade na proteção das especificidades da
III - 9 (nove) representantes da sociedade civil, sendo: ADE.
a) 3 (três) representantes do setor popular; Art. 88. Os Fades serão compostos por membros titulares e
b) 3 (três) representantes do setor técnico; seus respectivos suplentes, conforme disposto em regulamentação
c) 3 (três) representantes do setor empresarial. específica, garantida a paridade entre os representantes do
§ 1º O setor técnico é composto por instituições de ensino Executivo e da sociedade civil.
superior, entidades de profissionais liberais e organizações não § 1º Os representantes da sociedade civil serão escolhidos.
governamentais. § 2º Os Fades deverão ser objeto de regulamentação em até
§ 2º O setor popular é composto por organizações de 180 (cento e oitenta) dias após a entrada em vigor desta lei.
moradores e entidades de movimentos reivindicativos setoriais
específicos vinculados à questão urbana. TÍTULO IV
§ 3º O setor empresarial é composto por entidades patronais DO ZONEAMENTO
da indústria, do comércio e dos serviços vinculados à questão
urbana. CAPÍTULO I
§ 4º Os membros representantes da sociedade civil, titulares DISPOSIÇÕES GERAIS
e suplentes, serão indicados por seus respectivos setores, nos
termos definidos no regimento interno do Compur e, assim como Art. 89. O zoneamento constitui classificação baseada nas
os demais membros, nomeados pelo prefeito. características do território municipal de acordo com a capacidade
§ 5º Os membros do Compur devem exercer seus mandatos de suporte de suas diferentes porções.
de forma gratuita, vedada a percepção de qualquer vantagem de § 1º Compõem o zoneamento do Município as seguintes
natureza pecuniária. zonas e áreas, descritas no Capítulo II deste título:
§ 6º São públicas as reuniões do Compur, facultado aos I - zonas de preservação ambiental;
munícipes solicitar, por escrito e com justificativa, a inclusão de II - zonas de ocupação moderada;
assunto de seu interesse na pauta de discussões. III - zonas de ocupação preferencial;
IV - zonas especiais de interesse social;
CAPÍTULO III V - áreas especiais de interesse social;
DA CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE POLÍTICA URBANA VI - áreas de centralidade;
VII - áreas de grandes equipamentos;
Art. 85. A Conferência Municipal de Política Urbana tem como VIII - áreas de diretrizes especiais;
objetivo avaliar a condução e os impactos da implementação IX - áreas de conexões ambientais;
da política urbana municipal e apontar diretrizes para seu X - áreas de projetos viários prioritários.
aprimoramento. § 2º Além da definição de parâmetros urbanísticos específicos,
§ 1º A Conferência Municipal de Política Urbana deve ser as normas relativas às áreas poderão dispor sobre uso do solo e
amplamente convocada e dela poderão participar, debatendo e qualificação do espaço público.
votando, delegados representantes dos setores com assento no § 3º A distribuição do zoneamento no território municipal é
Compur. aquela incluída nos anexos I a IV e no Anexo VII desta lei.
§ 2º A Conferência Municipal de Política Urbana é realizada § 4º Os parâmetros urbanísticos aplicáveis a cada zoneamento
quadrienalmente, nº 2º (segundo) ano de gestão do Executivo. são aqueles previstos nesta lei, em especial em seu Anexo XII.
Art. 86. A alteração do conteúdo do Plano Diretor deverá
observar o prazo mínimo de 8 (oito) anos a partir da entrada em
vigor desta lei, sendo vinculada ao projeto de lei resultante dos
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Art. 90. Nos lotes com porções inseridas em zoneamentos SEÇÃO II


distintos, devem ser adotados os parâmetros que permitam DAS ZONAS DE OCUPAÇÃO MODERADA
o maior adensamento construtivo, ressalvadas as seguintes
situações: Art. 94. São classificadas como zonas de ocupação moderada
I - nos lotes parcialmente inseridos em ADEs, aplicam-se os as porções do território municipal cuja possibilidade de ocupação
parâmetros previstos para a ADE a todo o lote; sofre restrições em função de:
II - nos lotes parcialmente inseridos em zonas de preservação I - baixa capacidade de suporte local ou de sua saturação;
ambiental, conexões de fundo de vale ou áreas de projetos viários II - inserção em bairros tradicionais ou conjuntos urbanos
prioritários, prevalecem seus respectivos parâmetros apenas nas com relevância cultural e simbólica;
porções sobre as quais incidem; III - busca pela manutenção de modelo de ocupação destinado
III - nos lotes parcialmente inseridos em conexões de fundo de ao uso habitacional de interesse social ou de mercado popular.
vale ou em áreas de projetos viários prioritários, a não ocupação Parágrafo único. As porções do território descritas no inciso I
das porções inseridas nesses zoneamentos permite a concentração do caput deste artigo classificam-se em OM-1, OM-2, OM-3 e OM-
do potencial construtivo nas demais porções, considerando os 4, de acordo com a qualidade da infraestrutura, das características
parâmetros urbanísticos previstos para os demais zoneamentos físicas do terreno, das condições de acessibilidade local e da
em que se inserem. necessidade de manutenção de baixas ou médias densidades.
Art. 91. Nos lotes nos quais haja sobreposição de
zoneamentos, os parâmetros urbanísticos das ADEs, áreas de SEÇÃO III
projetos viários prioritários, áreas de conexões de fundo de vale DAS ZONAS DE OCUPAÇÃO PREFERENCIAL
e operações urbanas consorciadas prevalecem sobre aqueles dos
outros zoneamentos. Art. 95. São classificadas como zonas de ocupação
Parágrafo único. Na hipótese de sobreposição, em um mesmo preferencial as porções do território municipal nas quais a
lote, de 2 (dois) ou mais dos zoneamentos ou operações urbanas ocupação é estimulada em decorrência de melhores condições
identificados no caput deste artigo, prevalecem os parâmetros de infraestrutura e de acessibilidade e de menores restrições
urbanísticos mais restritivos dentre os previstos. topográficas e paisagísticas.
Art. 92. Para os empreendimentos a serem implantados Parágrafo único. As zonas de ocupação preferencial
em terrenos parcialmente inseridos em áreas de centralidades, classificam-se em OP-1, OP-2 e OP-3, de acordo com a qualidade da
aplicam-se os parâmetros previstos para as áreas de centralidades infraestrutura, as características físicas do terreno, as condições de
em todo o terreno. acessibilidade local e a possibilidade de receber altas densidades.
§ 1º Excetuam-se do disposto no caput deste artigo os lotes
integralmente ou parcialmente inseridos em ADEs e as áreas SEÇÃO IV
de lotes sobre as quais incide zona de preservação ambiental 1, DAS ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL
conexões de fundo de vale ou áreas de projetos viários prioritários.
(Redação dada pela Lei nº 11216/2020) Art. 96. São classificadas como Zeis as porções do território
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo não se aplica às ADEs Vale municipal ocupadas predominantemente por população de baixa
do Arrudas, Bacia da Pampulha e Serra do Curral. renda, nas quais há interesse público em promover a qualificação
urbanística por meio da implantação de programas habitacionais
CAPÍTULO II de urbanização e regularização fundiária.
DO ZONEAMENTO Parágrafo único. As Zeis dividem-se nas seguintes zonas:
I - Zeis-1: áreas ocupadas desordenadamente e de forma
SEÇÃO I espontânea;
DAS ZONAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL II - Zeis-2: áreas ocupadas em que o Executivo tenha
implantado conjuntos habitacionais de interesse social.
Art. 93. São classificadas como zonas de preservação Art. 97. Compete ao Executivo proceder à descrição do
ambiental porções do território municipal cuja possibilidade polígono das áreas delimitadas como Zeis.
de ocupação sofre restrições em decorrência da presença de Art. 98. A delimitação das Zeis deverá observar o tempo
atributos ambientais e paisagísticos relevantes, da necessidade mínimo de ocupação de 5 (cinco) anos, bem como ser precedida
de preservação do patrimônio histórico, cultural, arqueológico, de estudos técnicos específicos que avaliem áreas que estejam
natural ou paisagístico, da amenização de situações de risco inseridas em:
geológico ou da necessidade de recuperação de sua qualidade I - faixas de domínio ou servidão;
ambiental. II - áreas de risco;
§ 1º As zonas de preservação ambiental classificam-se em PA- III - áreas com relevância ambiental;
1, PA-2 e PA-3, de acordo com a relevância ambiental que possuem IV - áreas de interesse cultural;
e com a possibilidade de compatibilização de seus atributos V - áreas com irregularidade urbanística ou fundiária;
ambientais relevantes com a ocupação edilícia e o exercício de VI - áreas com declividade acima de 30% (trinta por cento).
atividades. Parágrafo único. A delimitação das Zeis não compreenderá
§ 2º Os parques do Município são classificados como PA-1. áreas incorporadas ao assentamento que não preencham o
requisito de prazo previsto no caput deste artigo.

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Art. 99. O Executivo poderá promover, a qualquer tempo, II - presença ou previsão de implantação de equipamento
revisões nos perímetros das Zeis em áreas que forem objeto de público comunitário que atenda à população;
programas públicos que alterem significativamente o desenho III - presença de condições topográficas e geológico-
urbano da região, mediante a realização de estudo técnico geotécnicas adequadas para a destinação proposta para o imóvel,
específico e a aprovação do Compur. que não deve apresentar predominância de áreas com incidência
Parágrafo único. Na hipótese de exclusão de áreas de Zeis, de risco;
o Compur deverá definir o novo zoneamento incidente sobre a IV - não inserção predominante em porções territoriais:
porção territorial. a) identificadas como de preservação ambiental;
Art. 100. O Executivo poderá determinar a exclusão de b) afetadas por faixa de domínio ou servidão e por demais
áreas inseridas nas Zeis, obedecidas regras a serem definidas em elementos geradores de restrições legais à ocupação;
regulamento, que: c) afetadas por projeto ou programa que comprometa a
I - não tenham sido ocupadas por população de baixa renda; implantação de empreendimento de interesse social;
II - sejam caracterizadas como área vazia. V - regularidade ou possibilidade de regularização da situação
Art. 101. As Zeis ficam sujeitas a critérios especiais de fundiária dos imóveis.
parcelamento, ocupação e uso do solo, visando à promoção da Art. 106. São classificadas como Aeis de Interesse Ambiental
melhoria da qualidade de vida de seus habitantes e à integração as porções do território municipal subutilizadas, desocupadas
dos assentamentos à malha urbana. ou predominantemente desocupadas, dotadas de elementos
Art. 102. As intervenções públicas voltadas à urbanização, ambientais relevantes, nas quais é possível a compatibilização
à regularização fundiária e ao controle urbano das Zeis deverão entre a proteção de atributos naturais e paisagísticos, a geração
ocorrer de forma integrada entre os diversos órgãos e entidades de espaços públicos de lazer, a implantação de EUC e a produção
do Executivo. de empreendimentos de interesse social.
Parágrafo único. Constituem critérios para a delimitação de
SEÇÃO V Aeis de Interesse Ambiental:
DAS ÁREAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL I - presença de atributos ambientais relevantes a serem
preservados, em conciliação com as áreas edificáveis;
SUBSEÇÃO I II - inserção total ou parcial da área em zonas de preservação
DISPOSIÇÕES GERAIS ambiental, bem como em áreas demarcadas como ADE de
Interesse Ambiental ou como conexão verde de fundo de vale.
Art. 103. São classificadas como áreas especiais de interesse
social - Aeis - aquelas, edificadas ou não, destinadas à implantação SUBSEÇÃO III
de programas e empreendimentos de interesse social, com DAS AEIS-2
predominância do uso habitacional, conforme diretrizes da PMH.
Parágrafo único. As Aeis dividem-se em Aeis-1, Aeis de Art. 107. São classificadas como Aeis-2 as porções do
Interesse Ambiental e Aeis-2, de acordo com a existência de território municipal nas quais estejam presentes loteamentos
ocupação e a presença de atributos ambientais relevantes. passíveis de regularização fundiária nos termos da legislação
Art. 104. A delimitação de Aeis de Interesse Ambiental federal, ocupados, predominantemente, por população de baixa
ou de Aeis-2 em porção do território municipal para a qual renda enquadrada nos critérios de atendimento da PMH.
esteja prevista taxa de permeabilidade igual ou superior a 70% § 1º A delimitação de Aeis-2 deverá observar o tempo mínimo
(setenta por cento) indica contextos em que há a possibilidade de de ocupação de 5 (cinco) anos, bem como considerar a inserção
conjugação de ocupação de interesse social com a capacidade de das áreas em:
suporte restrita por fragilidade ou relevância ambiental. I - faixas de domínio ou servidão;
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas no caput deste II - áreas de risco;
artigo, as diretrizes para Aeis de Interesse Ambiental ou Plano de III - áreas com relevância ambiental;
Regularização Urbanística - PRU, conforme o caso, deverão incluir IV - áreas de interesse cultural;
avaliação ampla das questões ambientais, bem como indicar V - áreas com irregularidade urbanística ou fundiária;
a utilização de forma moderada dos parâmetros urbanísticos VI - áreas com declividade acima de 30% (trinta por cento).
referentes às áreas de interesse social. § 2º O Executivo poderá promover, a qualquer tempo,
adequações nos perímetros das Aeis-2 em áreas que forem objeto
SUBSEÇÃO II de programas públicos que alterem significativamente o desenho
DAS AEIS-1 E AEIS DE INTERESSE AMBIENTAL urbano da região, mediante a realização de estudo técnico
específico e a aprovação do CMH.
Art. 105. São classificadas como Aeis-1 as porções do território § 3º Na hipótese de exclusão de áreas de Aeis-2, o Compur
municipal destinadas à implantação de empreendimentos deverá definir o novo zoneamento incidente sobre a área.
de interesse social, compostas de áreas vazias e edificações § 4º Compete ao Executivo proceder à descrição narrativa do
existentes, subutilizadas ou não utilizadas. polígono das áreas delimitadas como Aeis-2.
Parágrafo único. Constituem critérios para a delimitação de
Aeis-1:
I - existência de infraestrutura adequada, ou com possibilidade
de expansão, para atendimento à população a ser assentada;

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SEÇÃO VI § 6º Na hipótese prevista nos §§ 3º e 5º deste artigo, a HIS


DAS ÁREAS DE CENTRALIDADES deverá atender aos mesmos critérios quanto à composição
daquela implantada em Aeis-1.
Art. 108. São classificadas como áreas de centralidades as § 7º Imóveis públicos destinados a EUC e, predominantemente,
porções do território municipal onde se pretende direcionar a serviços de uso coletivo poderão utilizar os parâmetros
maior adensamento construtivo e populacional e a concentração urbanísticos de Ageuc, exceto em terrenos localizados em PA-1.
de atividades econômicas, complementarmente à qualificação
urbanística do espaço urbano. SEÇÃO VIII
§ 1º As áreas de centralidade são classificadas em dois DAS ÁREAS DE DIRETRIZES ESPECIAIS
grupos, de acordo com a extensão territorial de sua capacidade
polarizadora: Art. 111. São classificadas como áreas de diretrizes especiais
I - centralidades locais; - ADE - as porções do território municipal que, em função de
II - centralidades regionais. especificidades urbanísticas, culturais ou ambientais, demandam
§ 2º Nas áreas de centralidades, é admitido adensamento a adoção de políticas específicas de parcelamento, ocupação ou
construtivo superior àquele previsto para o entorno por meio uso do solo de caráter restritivo em relação às normas gerais da
da aplicação do CAcent, com o objetivo de estimular seu legislação urbanística municipal.
desenvolvimento e consolidação. Parágrafo único. As ADEs são aquelas tratadas nos capítulos I
§ 3º Nas áreas de centralidades, busca-se proporcionar o a IV do Título VIII e no Título IX desta lei.
compartilhamento dos usos residenciais e não residenciais, seja
por meio do estímulo à inserção de unidades habitacionais em SEÇÃO IX
núcleos de características predominantemente não residenciais DAS ÁREAS DE CONEXÕES AMBIENTAIS
ou pelo fortalecimento de núcleos de atividades econômicas em
áreas com predomínio do uso residencial. Art. 112. São classificadas como áreas de conexões ambientais
§ 4º As áreas de centralidades que atendam a bairros com as porções do território municipal predominantemente lineares,
predominância de famílias de baixa renda são prioritárias para a cuja delimitação tem como objetivo a conformação de uma rede
implantação de equipamentos comunitários. de qualificação ambiental voltada para a proteção de cursos
Art. 109. A qualificação urbana das áreas de centralidades d`água e nascentes e prevenção de processos erosivos, bem
deverá ser prioritariamente financiada: como para a disponibilização de áreas vegetadas e permeáveis e
I - pelos recursos destinados ao FC; espaços propícios ao exercício de atividades de esporte e lazer.
II - pela implantação de medidas mitigadoras e compensatórias § 1º As áreas de conexões ambientais dividem-se em:
em função da instalação de empreendimentos de impacto no I - conexões verdes;
local. II - conexões de fundo de vale.
§ 2º A qualificação das áreas públicas ou privadas classificadas
SEÇÃO VII como conexões ambientais visa à criação e à recuperação de seus
DAS ÁREAS DE GRANDES EQUIPAMENTOS atributos naturais, de forma a mitigar impactos derivados de perda
de áreas permeáveis, da carência de vegetação e de interferências
Art. 110. As áreas de grandes equipamentos dividem-se em: danosas a cursos d`água, dentre outras consequências da
I - áreas de grandes equipamentos de uso coletivo - Ageucs, urbanização e ocupação do solo.
caracterizadas pela presença de equipamentos dessa natureza ou § 3º Como estratégias para a efetivação dos objetivos das
que estejam destinadas predominantemente à implantação de áreas de conexões ambientais, são previstas:
atividades não residenciais; I - a definição de parâmetros urbanísticos específicos;
II - áreas de grandes equipamentos econômicos - Agees, II - a execução de obras públicas comprometidas com a
caracterizadas pela presença predominante de atividades de qualificação ambiental, especialmente no que diz respeito à
grande porte e geradoras de impactos urbanísticos ou ambientais proteção de cursos d`água e à conformação de corredores verdes.
de maior relevância ou que estejam destinadas à implantação
desses. SEÇÃO X
§ 1º Nas Ageucs e Agees, é admitido adensamento construtivo DAS ÁREAS DE PROJETOS VIÁRIOS PRIORITÁRIOS
elevado, com o objetivo de maximizar a utilização de terrenos
para atendimento das demandas da população. Art. 113. O Anexo IV desta lei contém a identificação das
§ 2º É proibido o uso residencial em Agee. áreas do Município destinadas à implantação de projetos viários
§ 3º Nas Ageucs de propriedade pública, o uso residencial prioritários - PVP, bem como a identificação das vias cujos
somente é admitido quando vinculado a HIS. terrenos lindeiros estão sujeitos a recuo de alinhamento quando
§ 4º Nas Ageucs de propriedade privada, o potencial da aprovação de projeto de edificação, com vistas à ampliação do
construtivo destinado ao uso residencial é limitado ao coeficiente sistema de circulação.
de aproveitamento igual a 1,0 (um inteiro), admitido o uso misto. Art. 114. Nos imóveis inseridos nas áreas de PVP, a ocupação
§ 5º A limitação do potencial construtivo passível de do solo somente será admitida quando o imóvel não estiver
destinação ao uso residencial prevista no § 4º deste artigo não se declarado de utilidade pública para fins de desapropriação.
aplica à HIS. § 1º Após definido ou aprovado pelo Executivo o projeto
básico a ser implantado em área de PVP, as restrições de que trata
este artigo, bem como os parâmetros urbanísticos específicos
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estabelecidos no Anexo XII desta lei, deixarão de incidir sobre Art. 118. Nos projetos de parcelamento do solo, as áreas não
as porções dos lotes que não forem atingidas no projeto básico, parceláveis nos termos da legislação federal serão identificadas
passando a vigorar os parâmetros dos demais zoneamentos em como unidades de preservação - UPs.
que o imóvel se insere. § 1º A critério do Executivo, as UPs poderão ser agregadas a
§ 2º Após executada a intervenção a que se destina, a área de um terreno, devendo ser identificadas e descritas nas certidões de
PVP ficará descaracterizada, deixando os terrenos nela inseridos origem e nas plantas de parcelamento.
de submeter-se às suas restrições e parâmetros urbanísticos § 2º As UPs não serão consideradas para aplicação dos
específicos. parâmetros urbanísticos de ocupação.
Art. 115. Nos lotes lindeiros às vias incluídas entre as sujeitas § 3º Poderá ser admitido o parcelamento do solo em glebas
a recuo de alinhamento, o afastamento frontal mínimo das identificadas na base de dados do Executivo como alagadiças e
edificações terá como referência o limite da faixa de recuo de sujeitas a inundações, condicionado à emissão de laudo por
alinhamento. responsável técnico que ateste a viabilidade de ocupação da área,
indicando as medidas necessárias para tanto, cuja implementação
TÍTULO V será de responsabilidade do proprietário, nos termos do
DO PARCELAMENTO DO SOLO regulamento.
Art. 119. No parcelamento do solo, as seguintes áreas não
CAPÍTULO I edificáveis poderão constituir parte integrante dos lotes, sendo
DISPOSIÇÕES GERAIS identificadas e descritas com indicação de sua natureza nas
certidões de origem e nas plantas de parcelamento, bem como
Art. 116. O parcelamento do solo urbano pode ser feito por consideradas para aplicação dos parâmetros urbanísticos de
meio de loteamento ou desmembramento, em conformidade ocupação:
com a legislação federal. I - as áreas não edificáveis de interesse ambiental, entendidas
§ 1º As alterações de parcelamento poderão ocorrer por como as áreas de preservação permanente definidas pela
meio de modificação de parcelamento ou de reparcelamento, nos legislação federal;
termos desta lei. II - as faixas não edificáveis de 15m (quinze metros) de largura
§ 2º No caso de gleba atingida por via pública oficializada, de cada lado, ao longo das faixas de domínio público das rodovias
comprovadamente implantada ou mantida pelo Município, o e ferrovias, salvo maiores exigências da legislação específica ou do
parcelamento será enquadrado como desmembramento, desde órgão responsável pelo domínio;
que não contemple a abertura de novas vias ou a alteração das III - as áreas de servidão não edificáveis, relativas aos diversos
vias existentes. serviços públicos existentes, conforme descrição do órgão
§ 3º Os parâmetros relativos ao parcelamento do solo são responsável pelo respectivo serviço.
aqueles contidos no Anexo XII desta lei. IV - as faixas não edificáveis ao longo de águas canalizadas,
§ 4º Poderá ser admitido lote menor que o mínimo exigido no cujas dimensões serão estabelecidas pelo Executivo até o máximo
Anexo XII desta lei: de 15m (quinze metros) de largura a partir de suas margens.
I - quando obra pública gerar a impossibilidade de atendimento § 1º As áreas a que se refere o inciso I do caput deste artigo
deste parâmetro urbanístico; poderão ser objeto de intervenção nas hipóteses de utilidade
II - na hipótese de a área da gleba descrita na matrícula pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental
ser inferior àquela prevista para o lote mínimo, desde que o previstas na legislação federal, nos termos do regulamento desta
parcelamento constitua lote único. lei.
§ 5º É de responsabilidade do órgão executor a regularização § 2º No parcelamento do solo referente à regularização
dos terrenos ou glebas afetados por obras públicas, nos termos urbanística de assentamento precário localizado em Zeis ou em
do regulamento. Aeis-2, a incorporação das áreas não edificáveis aos lotes poderá
Art. 117. O parcelamento do solo deverá obedecer às ser dispensada pelo Executivo, nos termos do regulamento desta
diretrizes fornecidas pelos órgãos municipais licenciadores, em lei.
conjunto com o órgão estadual competente, quando for o caso. Art. 120. O parcelamento do solo em áreas nas quais haja
§ 1º Compete ao Executivo, no exame da regularidade técnica risco geológico, bem como naquelas com declividade superior a
e urbanística do projeto de parcelamento do solo, garantir o 30% (trinta por cento), é condicionado à emissão de laudo por
não comprometimento do logradouro público e das áreas de responsável técnico que ateste a viabilidade de se edificar no local.
propriedade pública, bem como dos lotes regularmente aprovados Art. 121. Os parcelamentos devem atender aos dispositivos
em planta de parcelamento. do Anexo XII desta lei, bem como às seguintes condições:
§ 2º A apresentação dos títulos de domínio ou posse no I - todos os lotes devem confrontar-se com via pública, vedada
processo de parcelamento do solo tem como objetivo indicar a a frente exclusiva para via de pedestres;
localização, o formato, a dimensão e as características do imóvel, II - a extensão máxima da somatória das testadas dos imóveis
não competindo ao Executivo o exame: contíguos compreendidos entre duas vias transversais não pode
I - da regularidade dominial ou possessória do imóvel; ser superior a 200m (duzentos metros);
II - da tempestividade dos registros cartoriais. III - o sistema de circulação deve ser elaborado considerando
§ 3º Integram o parcelamento do solo os Elups e as áreas as condições topográficas e geológicas locais e observando as
destinadas à implantação de EUC. diretrizes do sistema de circulação e a condição mais favorável à
§ 4º Nas áreas destinadas à implantação de EUC, é admitida a insolação dos lotes;
implantação de HIS, desde que associada aos equipamentos.
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IV - as vias previstas no sistema de circulação do loteamento § 1º A gleba objeto do parcelamento deve estar isenta
devem ser articuladas com as vias adjacentes oficiais, existentes de impedimento que impossibilite transferência de área ao
ou projetadas, e compatibilizadas com a topografia local. Município.
§ 1º Excetuam-se do disposto no inciso I do caput deste § 2º Nas glebas com área igual ou superior a 30.000m² (trinta
artigo os lotes inseridos em Zeis ou em Aeis-2, bem como aqueles mil metros quadrados), será destinado a Elups no mínimo 1/3 (um
correspondentes às áreas destinadas à implantação de Elups. terço) do percentual a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º São admitidos lotes com área superior à máxima prevista § 3º Apenas mediante parecer técnico da Comissão de
no Anexo XII desta lei destinados à implantação de Elups e EUCs. Diretrizes para Parcelamento do Solo poderá ser dispensada a
§ 3º É admitida a superação da extensão prevista no exigência prevista no § 2º deste artigo.
inciso II do caput deste artigo nos casos em que a natureza do § 4º Na definição das áreas a serem transferidas ao Município,
empreendimento demande grandes áreas contínuas e desde que será resguardado o atendimento ao interesse público, devendo
suas vias circundantes se articulem com as adjacentes, observados ser priorizado o acordo entre o Executivo e o proprietário.
os critérios estabelecidos para o parcelamento vinculado. § 5º Na hipótese de justificado interesse público de ordem
§ 4º As áreas de propriedade pública inseridas em PA-1 ambiental, comprovado por meio do laudo a que se refere o art.
poderão ser parceladas, devendo ser preferencialmente 122 desta lei, as UPs e áreas de preservação permanente poderão
destinadas a Elups, sendo vedada sua ocupação, exceto para ser transferidas ao Município, sendo computada, para efeito do
edificações destinadas a serviços de apoio e manutenção dessas cálculo do percentual, apenas metade de sua área, até o máximo
áreas ou que possibilitem seu uso para cultura, esporte e lazer. de 5% (cinco por cento) da gleba parcelada.
§ 5º Excetuam-se do disposto no § 4º deste artigo as áreas § 6º Não são computados como Elups os canteiros centrais ao
inseridas em Aeis de Interesse Ambiental, cuja ocupação será longo das vias e as praças de rotatória.
condicionada ao disposto nas diretrizes para Aeis de Interesse § 7º As áreas transferidas ao Município devem ser entregues
Ambiental, previstas no art. 170 desta lei. cercadas e com passeios implantados ao longo de suas testadas
§ 6º Os Elups devem ter acesso a partir de via pública, para as vias.
podendo esse acesso ser compartilhado com aquele referente às § 8º No ato do registro do parcelamento, passam a integrar
áreas destinadas à implantação de EUC ou a outro Elup aprovado o domínio do Município as áreas destinadas à implantação de
e com frente para logradouro público. EUC e os Elups, devendo as áreas estar desocupadas, quando da
§ 7º Os Elups devem ser implantados, mantidos e conservados expedição dos termos de recebimento parcial ou total de obras
pelo empreendedor até a expedição do termo de recebimento de urbanização.
total de obras de urbanização. § 9º A transferência de área ao Município poderá ser feita
Art. 122. Os parcelamentos do solo em áreas com em local diverso daquele objeto de parcelamento, desde que haja
presença de cursos d`água, nascentes, vegetação expressiva interesse público, hipótese em que a nova área a ser transferida
ou sítios arqueológicos estão sujeitos a laudo de liberação para deverá apresentar valor igual ou superior ao da área original,
parcelamento expedido pelo órgão municipal responsável pela aplicando-se, para a conversão, a planta de valores imobiliários
política de preservação ambiental. utilizada para cálculo do ITBI.
Art. 123. Para ser admitida como delimitadora de quarteirão, § 10 A transferência prevista no § 9º deste artigo fica
a via de pedestre ou mista deve, obrigatoriamente, promover a condicionada ao atendimento da demanda por equipamentos
ligação entre duas vias de hierarquia superior. públicos na região na qual se insere a área objeto do projeto de
Art. 124. São considerados lotes aprovados: parcelamento.
I - os lotes e partes de lote que possam ser identificados § 11 É admitida a conversão da transferência prevista no
quanto à localização, o formato e a dimensão na Planta Cadastral caput deste artigo em pagamento em dinheiro, a ser destinado ao
de Belo Horizonte de 1942, elaborada na administração Juscelino FC, nas seguintes hipóteses:
Kubitschek de Oliveira; I - glebas com área de até 10.000m² (dez mil metros
II - as partes de lote cujas edificações tenham recebido quadrados);
certidão de baixa de construção. II - situações em que, da porcentagem prevista no caput
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput deste artigo, a efetivação deste artigo, resulte área inferior à mínima de lote prevista para
da condição de lote do imóvel depende da regularização do lote o zoneamento no qual estiver situado o imóvel, a critério do
no cartório de registro de imóveis, por meio de certidão de origem Executivo.
fornecida pelo Executivo. § 12 O valor da conversão prevista no § 11 deste artigo é
§ 2º Na hipótese prevista no inciso II do caput deste artigo, calculado de acordo com a planta de valores imobiliários utilizada
devem ser tomados como referência para a demarcação dos lotes para cálculo do ITBI.
a localização, o formato e a dimensão constantes na planta de § 13 A transferência prevista no caput não se aplica às
situação, respeitados os limites dos lotes constantes do Cadastro glebas com área inferior a 800m² (oitocentos metros quadrados).
de Plantas - CP. (Redação acrescida pela Lei nº 11216/2020)
Art. 125. Nos loteamentos e desmembramentos, é obrigatória Art. 126. Os Elups podem separar quarteirões, desde que:
a transferência ao Município de, no mínimo, 15% (quinze por I - não haja viabilidade técnica de execução de via pública;
cento) da área da gleba descrita na matrícula, excetuada dessa II - não seja de interesse público a abertura de via pública
a área correspondente às UPs, para a instalação de EUC e que mantenha a testada do quarteirão em, no máximo, 200m
implantação de Elups. (duzentos metros);
III - o somatório das testadas dos quarteirões separados e do
Elup não ultrapasse 400m (quatrocentos metros);
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IV - o projeto paisagístico do Elup contemple percurso § 4º O projeto aprovado deverá ser executado no prazo
pavimentado que transponha o quarteirão. constante do cronograma de execução, sob pena de caducidade
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese prevista no caput deste da aprovação, total ou parcial, que será declarada mediante
artigo, o Executivo poderá exigir do empreendedor alternativa procedimento administrativo, na forma do regulamento.
que viabilize a transposição do quarteirão dentro do Elup usado § 5º Na hipótese de alteração do cronograma de execução de
como separador dos quarteirões. obras, a não adequação da validade da caução aos novos prazos
Art. 127. O projeto de parcelamento deve ser protocolado em estabelecidos dá ensejo à sua execução, nos termos do regulamento.
cartório de registro de imóveis até 180 (cento e oitenta) dias após
sua aprovação, sob pena de caducidade. CAPÍTULO III
DO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO DOS LOTEAMENTOS
CAPÍTULO II
DO LOTEAMENTO Art. 132. As vias públicas dos loteamentos devem receber
classificação de acordo com sua função no sistema de circulação,
Art. 128. No loteamento, além das áreas descritas no art. entre as seguintes categorias:
125 desta lei, é obrigatória a transferência ao Município da I - de ligação regional;
área correspondente à implantação do sistema de circulação do II - arterial;
loteamento. III - coletora;
Art. 129. Aprovado o loteamento, quando necessária a IV - local;
execução de obra de urbanização, deve ser expedido alvará de V - mista;
urbanização, com prazo de validade de acordo com o previsto na VI - de pedestres;
legislação federal, a ser fixado levando-se em conta a extensão do VII - ciclovia.
cronograma das obras de urbanização. Parágrafo único. Compõem as vias públicas os espaços
§ 1º É condição para a expedição do alvará de urbanização o destinados à circulação de pedestres e de veículos.
registro do loteamento no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 133. O sistema de circulação dos loteamentos a serem
§ 2º O prazo previsto no caput deste artigo inicia-se na data implantados deve obedecer, quanto à geometria das vias, as
do registro do projeto de parcelamento no Cartório de Registro características definidas no Anexo XII desta lei.
de Imóveis. § 1º O ato de aprovação do projeto de loteamento a ser
Art. 130. As obras de urbanização devem seguir os padrões implantado deve estabelecer a classificação funcional das vias, bem
determinados pelo Executivo, ficando o seu início condicionado como aquela relativa à permissividade quanto à instalação de usos
à apresentação de documentação pertinente, nos termos do não residenciais.
regulamento. § 2º O proprietário de gleba cujo acesso ao sistema de circulação
Parágrafo único. O Executivo pode estabelecer padrões de somente possa ser feito por meio de imóvel de propriedade pública
urbanização específicos para cada finalidade de loteamento. pode parcelá-la, desde que com anuência do Executivo.
Art. 131. A execução das obras constantes do projeto de § 3º Na hipótese prevista no § 2º deste artigo, cabe ao
loteamento deve ser garantida pelo depósito, confiado ao proprietário da gleba o ônus da implantação do acesso pelo imóvel
Executivo, do valor a elas correspondente, seguindo a planilha de de propriedade pública, cuja localização, geometria e classificação
valores vigente, nas seguintes opções: serão definidos a partir de Diretrizes para Parcelamento do Solo
I - em dinheiro; emitidas pelos órgãos municipais licenciadores.
II - em títulos da dívida pública; § 4º Quando as condições de topografia, ambientais e de
III - por fiança bancária; acessibilidade não propiciarem a continuidade e interligação dos
IV - por vinculação a imóvel situado na área a ser parcelada logradouros, as vias coletoras secundárias e locais devem ser
ou fora dela, feita mediante instrumento público, hipótese em finalizadas com praças de retorno.
que esse deverá ser mantido nas condições em que se encontrava
no momento do estabelecimento da caução, bem como ser CAPÍTULO IV
conservado até o recebimento das obras; DO DESMEMBRAMENTO
V - por seguro garantia.
§ 1º Cumprido o cronograma de obras, o depósito poderá Art. 134. No desmembramento, a implantação dos Elups deve
ser restituído, até o máximo de 50% (cinquenta por cento), no ser garantida pelo depósito, confiado ao Executivo, do valor a ela
momento da liberação do loteamento, depois de feita vistoria e correspondente, conforme previsto no art. 131 desta lei.
emitidos os laudos técnicos pelas concessionárias de água, esgoto
e energia elétrica. CAPÍTULO V
§ 2º A critério do Executivo, o depósito previsto no caput DO PARCELAMENTO VINCULADO
deste artigo poderá ser liberado parcialmente, na medida em
que as obras de urbanização forem executadas e integralmente Art. 135. Parcelamento vinculado é a modalidade de
recebidas pelas concessionárias de água, esgoto e energia, destinação de parcelamento em que ocorre aprovação simultânea
respeitado o limite previsto no § 1º deste artigo. do parcelamento e do plano de vinculação entre parcelamento,
§ 3º O restante do depósito deve ser restituído até 1 (um) ano ocupação e uso do solo, em função da necessidade de análise e de
após a liberação do loteamento. estudos da repercussão do empreendimento sobre o meio urbano.
§ 1º O plano de vinculação entre parcelamento, ocupação e
uso do solo deverá conter, no mínimo:
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I - as porções do terreno passíveis de ocupação; III - regularização de parte de lote, sem a participação no
II - os parâmetros construtivos das edificações em cada lote, processo dos proprietários das demais partes, desde que a
demarcados no projeto de parcelamento; forma, as dimensões e a localização da parte em questão estejam
III - os usos a serem exercidos em cada lote, demarcados no claramente e corretamente caracterizadas no respectivo registro
projeto de parcelamento. ou matrícula;
§ 2º O plano de vinculação entre parcelamento, ocupação e IV - interesse público devidamente justificado;
uso do solo pode ser substituído por plano específico ou pelas V - alteração de vinculação de lote aprovado em parcelamento
diretrizes exigidas para as Zeis, Aeis, ou conexões de fundo de vale, vinculado, exceto na hipótese prevista no inciso V do art. 136
ou elaborado para aplicação de instrumento de política urbana, desta lei;
conforme o caso, desde que tais planos ou diretrizes contemplem VI - lotes desafetados com mudança de destinação para a
as prerrogativas necessárias à análise do parcelamento vinculado implantação de empreendimento de interesse social;
pelos órgãos municipais competentes. VII - demais hipóteses que não impliquem aumento de
§ 3º O plano de vinculação entre parcelamento, ocupação e desconformidade em relação à legislação urbanística vigente.
uso do solo ou o documento equivalente deve ser referenciado § 1º A incorporação de área indivisa a lote aprovado deverá
no CP. ocorrer por meio de parcelamento da área, concomitantemente à
§ 4º As alterações de parcelamento vinculado apenas modificação de parcelamento.
poderão ocorrer mediante aprovação de novo plano e deverão § 2º Não será admitida a modificação de parcelamento na
observar os critérios de modificação de parcelamento ou de hipótese em que a nova divisa proposta para o terreno implique
reparcelamento, estando condicionadas à avaliação das Diretrizes em desconformidade da edificação existente em relação aos
para Parcelamento do Solo emitidas pelos órgãos municipais parâmetros urbanísticos previstos nesta lei.
licenciadores.
Art. 136. É obrigatório o parcelamento vinculado: CAPÍTULO VII
I - em parcelamentos e modificações de parcelamento que DO REPARCELAMENTO
originem lotes com área superior a 10.000m² (dez mil metros
quadrados); Art. 139. Reparcelamento é a alteração de parte ou de todo o
II - em parcelamentos que originem quarteirões com parcelamento que implique modificação do sistema de circulação,
dimensões superiores às previstas no inciso II do caput do art. 121 dos Elups ou das áreas destinadas à instalação de EUC.
desta lei; Art. 140. A alienação de bens públicos afetados no
III - em parcelamentos de glebas inseridas em Aeis-1 e em parcelamento do solo dependerá de avaliação dos órgãos
Aeis de Interesse Ambiental; municipais licenciadores sobre o atendimento às demandas locais
IV - em parcelamentos em PA-1 de propriedade particular; por áreas destinadas à instalação de EUC, Elups e sistema viário,
V - em parcelamentos nos quais a exigência de implantação não podendo comprometer a qualidade urbanística da unidade
de sistema viário seja substituída pela demarcação de faixa de de vizinhança.
recuo de alinhamento, em decorrência da existência de edificação § 1º Ressalvada a hipótese prevista no caput, o reparcelamento
implantada sobre ela. não poderá reduzir a oferta de áreas destinadas a EUC e Elups.
§ 1º Na hipótese prevista no inciso V do caput deste artigo, a (Redação dada pela Lei nº 11216/2020)
alteração da vinculação, quando solicitada, será condicionada à § 2º Nos casos de alienação onerosa do imóvel público
implantação do sistema viário na faixa de recuo de alinhamento desafetado, o recurso arrecadado será destinado ao FC.
demarcada na planta de parcelamento. Art. 141. Aplicam-se ao reparcelamento, no que couber,
§ 2º Excetuam-se do disposto no caput deste artigo as glebas as regras previstas para modificação de parcelamento ou para
de propriedade do Município, bem como aquelas inseridas em loteamento.
Zeis e Aeis-2.
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VI DO PARCELAMENTO DO SOLO NAS ZEIS
DA MODIFICAÇÃO DE PARCELAMENTO
Art. 142. O parcelamento do solo nas Zeis observará o disposto
Art. 137. Modificação de parcelamento é a divisão ou neste capítulo, bem como no Anexo XII desta lei, aplicando-se, no
alteração das dimensões de lotes pertencentes a parcelamento que couber e de forma subsidiária, as regras de parcelamento do
aprovado, que não implique modificação do sistema de circulação, solo de caráter geral previstas nesta lei e regulamentações.
dos Elups ou das áreas destinadas à instalação de EUC previstas no § 1º Ao parcelamento do solo destinado à regularização de
parcelamento original. assentamento precário em Zeis, não se aplicam:
Art. 138. A modificação de parcelamento é admitida nas I - a exigência de emissão das diretrizes para parcelamento do
seguintes situações: solo, prevista no art. 117 desta lei;
I - regularização de parte remanescente da desapropriação II - a exigência de prévia avaliação e autorização legislativa para
parcial de lote pertencente a parcelamento aprovado; a alienação de bem público afetado no âmbito do reparcelamento.
II - incorporação de parte remanescente de implantação de § 2º Regulamento deverá dispor sobre o detalhamento
vias a lote aprovado; das características geométricas das vias para além daquelas
estabelecidas no Anexo XII desta lei.

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§ 3º Os projetos de parcelamento das Zeis serão aprovados § 2º As diretrizes para Aeis de Interesse Ambiental poderão
pelo Executivo a título de urbanização específica de interesse flexibilizar a área mínima de lotes do zoneamento prevista
social, em conformidade com o disposto na legislação federal. no Anexo XII desta lei, limitada a 500m² (quinhentos metros
Art. 143. Nas Zeis, o percentual de reserva de áreas destinadas quadrados) para os lotes de destinação livre e 1.000m² (mil
à implantação de EUC, de sistema de circulação e de Elup será metros quadrados) para os demais lotes.
estabelecido nos respectivos processos de regularização fundiária, Art. 153. No parcelamento e na ocupação das Aeis de Interesse
em consonância com o disposto no plano global específico - PGE, Ambiental, deverá ser resguardada ao máximo a configuração do
se for o caso. terreno natural, por meio da adoção de soluções voltadas para
Art. 144. As vias de pedestres em Zeis poderão ser a minimização da movimentação de terra e da interferência nos
caracterizadas como becos, escadarias ou passagens de uso atributos ambientais e paisagísticos da área, inclusive no interior
comum e serão incorporadas ao domínio público no ato do dos lotes.
registro do projeto de parcelamento do solo. § 1º Na Aeis de Interesse Ambiental deve ser evitada a
Art. 145. A aprovação do projeto de parcelamento do solo, movimentação de terra junto aos cursos d`água, que devem ser
integral ou parcial, dos assentamentos precários em Zeis deverá mantidos em leito natural.
ser precedida de parecer do órgão gestor da PMH. § 2º No caso de necessidade de transposição do sistema
Art. 146. Nas Zeis são admitidos lotes com frente voltada de circulação em cursos d`água, por inexistência de alternativa
exclusivamente para via de pedestres. tecnicamente viável para completude do sistema de circulação,
Art. 147. A aprovação de lote com área superior ou inferior essa transposição deverá ser feita, preferencialmente, em
aos limites estabelecidos no Anexo XII desta lei será condicionada desnível.
a parecer emitido pelo órgão gestor da PMH que justifique a § 3º As áreas lindeiras aos cursos d`água deverão ser
conveniência ou necessidade da aprovação e ateste o atendimento destinadas, preferencialmente, a áreas verdes com potencial
às condições básicas de habitabilidade, salubridade e segurança. de implantação de áreas de lazer e sociabilidade, respeitadas as
áreas de preservação permanente.
CAPÍTULO IX § 4º As vias locais deverão ter calçamento intertravado, de
DO PARCELAMENTO DO SOLO NAS AEIS-1 paralelepípedo ou outro material que garanta sua permeabilidade
e que seja adequado à moderação da velocidade de circulação de
Art. 148. O parcelamento do solo nas Aeis-1 deve observar o veículos e à criação de modelo de pavimentação compatível com
disposto neste capítulo, aplicando-se, no que couber e de forma as características da área, garantindo o padrão de acessibilidade
subsidiária, as regras de parcelamento do solo de caráter geral universal na faixa livre de pedestres.
previstas nesta lei. § 5º Os parques serão delimitados, preferencialmente, por
Parágrafo único. Os parâmetros urbanísticos para vias públicas mistas ou de pedestres, de forma a garantir a sua
parcelamento do solo em Aeis-1 são aqueles estabelecidos no visualização e acesso a partir do espaço público.
Anexo XII desta lei. § 6º A arborização dos Elups e das áreas de fruição pública e a
Art. 149. Os projetos de parcelamento do solo em Aeis-1 compensação pela supressão de indivíduos arbóreos deverão ser
estão sujeitos à transferência ao Município de 5% (cinco por executadas com espécies da flora nativa local, cuja seleção deve
cento) da área total da gleba em imóveis adequados à instalação ser aprovada pelo órgão municipal responsável pela política de
de EUC e Elups. meio ambiente.
Art. 150. No parcelamento do solo em Aeis-1, os lotes deverão § 7º Nas Aeis de Interesse Ambiental, as áreas definidas
ser vinculados ao empreendimento de interesse social. pelas diretrizes como de preservação ambiental deverão,
Parágrafo único. A aprovação do parcelamento em Aeis-1 alternativamente:
é condicionada à assinatura de TCU pelo proprietário, que, por I - configurar EUCs ou Elups;
meio desse termo, deverá comprometer-se com a implantação II - ser incorporadas a lotes dotados de área passível de
das unidades de habitação de interesse social previstas no projeto. ocupação;
III - constituir UPs;
CAPÍTULO X IV - constituir Reserva Particular Ecológica - RPE - de caráter
DO PARCELAMENTO DO SOLO NAS AEIS DE INTERESSE perpétuo.
AMBIENTAL Art. 154. No parcelamento em Aeis de Interesse Ambiental,
além da área correspondente à implantação do sistema de
Art. 151. O parcelamento do solo nas Aeis de Interesse circulação, é obrigatória a transferência ao Município, de, no
Ambiental observará o disposto neste capítulo e, no que couber e mínimo:
de forma subsidiária, as regras de parcelamento do solo previstas I - 10% (dez por cento) da área da gleba para Elups;
para Aeis-1. II - 10% (dez por cento) da área da gleba para EUCs ou Elups.
Parágrafo único. Os parâmetros urbanísticos para Parágrafo único. Sempre que solicitada pelo Executivo, é
parcelamento do solo são aqueles previstos para os zoneamentos obrigatória a transferência das áreas de preservação permanente
inseridos em cada mancha de Aeis de Interesse Ambiental. como Elups, com vistas à implantação de parques, ainda que essas
Art. 152. O parcelamento do solo nas Aeis de Interesse excedam a área mínima a ser transferida para o Município.
Ambiental é condicionado à elaboração, pelo Executivo, de
diretrizes para Aeis de Interesse Ambiental.
§ 1º Nas Aeis de Interesse Ambiental, o parcelamento do solo
somente será admitido para a integralidade da gleba.
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CAPÍTULO XI § 3º As alterações em edificações regulares existentes são


DO PARCELAMENTO DO SOLO NAS AEIS-2 condicionadas ao não incremento de suas desconformidades em
relação à legislação urbanística vigente.
Art. 155. O parcelamento do solo nas Aeis-2 observará o Art. 159. O benefício urbanístico relativo às áreas não
disposto neste capítulo e, no que couber e de forma subsidiária, computadas para cálculo da área líquida para vagas de
as regras de parcelamento do solo de caráter geral previstas nesta estacionamento para veículos leves deve seguir limitação
lei. conforme disposto no Anexo XII desta lei.
§ 1º Ao parcelamento do solo destinado à regularização de Art. 160. Em terrenos lindeiros a vias preferencialmente
assentamento precário em Aeis-2, não se aplicam: residenciais, nos termos do Título VII desta lei, é vedada a
I - a exigência de emissão das diretrizes para parcelamento do construção de edificações cuja parte destinada ao uso não
solo, prevista no art. 117 desta lei; residencial tenha área total edificada igual ou superior a 2.500m²
II - a exigência de prévia avaliação e autorização legislativa para (dois mil e quinhentos metros quadrados).
a alienação de bem público afetado no âmbito do reparcelamento. Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput deste
§ 2º O parcelamento do solo de áreas com declividade acima artigo as edificações destinadas a serviços de uso coletivo
de 30% (trinta por cento) deve contemplar análise técnica que classificados nos grupos I e II de acordo com o Anexo XIII desta lei.
ateste sua viabilidade. Art. 161. O controle da permeabilidade do solo nos terrenos
§ 3º Os parâmetros urbanísticos para parcelamento do solo deve ser garantido por meio do atendimento à TP, associado à
em Aeis-2 são aqueles estabelecidos no Anexo XII desta lei, disponibilização de caixa de captação.
bem como aqueles estabelecidos pelas leis estaduais e federais § 1º A TP corresponde à porcentagem mínima da área do
relativos à regularização de interesse social. terreno a ser mantida descoberta, em terreno natural e dotada de
Art. 156. O percentual de reserva de áreas destinadas à vegetação e arborização.
implantação de EUC, de sistema de circulação e de Elups nas Aeis- § 2º Ainda que coberta, será também considerada para fins
2 será estabelecido nos respectivos processos de regularização de cumprimento da taxa de permeabilidade a área em terreno
fundiária, em consonância com o disposto no PRU, se for o caso. natural dotada de vegetação e arborização, desde que a razão
Art. 157. Nas Aeis-2 são admitidos lotes com frente entre a profundidade e a altura da cobertura não seja superior a
exclusivamente para via de pedestres, conforme regulamento. 1,0 (um inteiro).
§ 3º A TP mínima para as diferentes porções territoriais do
TÍTULO VI Município é definida nos anexos II e XII desta lei.
DA OCUPAÇÃO DO SOLO § 4º Em edificações condominiais, a TP deve estar situada na
área de uso comum dos empreendimentos.
CAPÍTULO I § 5º Para a efetivação da TP, não é admitida a utilização de piso
DISPOSIÇÕES GERAIS intertravado, bem como qualquer outro tipo de pavimentação,
mesmo que drenante.
Art. 158. Poderão ser construídas edificações em terrenos § 6º Nas hipóteses em que laudo geotécnico atestar
que façam parte de parcelamento aprovado. incremento de risco geológico em função do cumprimento da TP,
§ 1º Os projetos de edificação devem observar os parâmetros os órgãos municipais responsáveis pelas políticas de planejamento
urbanísticos previstos nesta lei, em especial aqueles incluídos no urbano definirão a forma de mitigação ou compensação de
Anexo XII desta lei, quais sejam: impactos e prestação de contrapartida de caráter ambiental.
I - afastamento frontal mínimo - AFmin; § 7º A área vegetada e arborizada referente à TP deve estar
II - afastamento de fundos mínimo - AFUmin; situada, preferencialmente, no afastamento frontal.
III - afastamento lateral mínimo - ALmin; § 8º A caixa de captação constitui dispositivo complementar
IV - altimetria máxima; à TP, com função de amortecimento da descarga de água pluvial
V - altura máxima na divisa - AMD; na rede pública de drenagem, bem como de melhoria do
VI - coeficiente de aproveitamento mínimo - CAmin; funcionamento do sistema de micro e macrodrenagem, sendo
VII - coeficiente de aproveitamento básico - CAbas; objeto de exigência conforme disposto em regulamento.
VIII - coeficiente de aproveitamento máximo - CAmax; § 9º A instalação da caixa de captação deve garantir que o
IX - coeficiente de aproveitamento de centralidade - CAcent; lançamento de águas pluviais de um terreno edificado na rede
X - faixa de acumulação; pública de drenagem seja equivalente à sua vazão em condições
XI - número mínimo de vagas para veículos leves; naturais.
XII - número mínimo de vagas para carga e descarga; § 10 São de responsabilidade do proprietário do imóvel a
XIII - número mínimo de vagas para embarque e desembarque; manutenção e a limpeza periódica da caixa de captação, de forma
XIV - quota de terreno por unidade habitacional - QT; a garantir o cumprimento efetivo de sua função.
XV - VETADO § 11 A caixa de captação poderá ser utilizada como
XVI - recuo de alinhamento; reservatório para reuso das águas pluviais.
XVII - taxa de permeabilidade vegetada - TP; § 12 Regulamento poderá dispor sobre dispositivos de
XVIII - taxa de ocupação - TO. controle aptos a substituir a caixa de captação, garantido o
§ 2º As definições dos parâmetros urbanísticos válidos para atendimento ao objetivo descrito no § 9º deste artigo.
cada zoneamento são estabelecidas no Anexo XII desta lei.

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§ 13 Para terrenos em que estejam implantados postos de § 4º O protocolo do pedido de licenciamento de que trata o
abastecimento de combustíveis, a TP será de 10% (dez por cento), § 3º deste artigo será condicionado a parecer de enquadramento
sendo que o restante da TP prevista para o zoneamento será de interesse social, que será emitido com base na proposta e
atendida por meio da instalação de caixa de captação ou outro nos documentos apresentados pelo empreendedor, visando à
mecanismo que o licenciamento ambiental indicar. adequação da habitação de interesse social às diretrizes da PMH
§ 14 Na hipótese de elaboração de planos específicos definidos e às condições urbanísticas do local, bem como à inserção do
para Zeis, Aeis e conexões de fundo de vale, a TP exigida para cada empreendimento no contexto do Município.
lote poderá ser concentrada em parte da porção territorial objeto § 5º A aprovação de edificação associada a empreendimento
do plano. de interesse social será condicionada à assinatura de TCU.
§ 15 Na hipótese prevista no § 14 deste artigo, a norma § 6º A emissão de alvará de construção e de certidão de
derivada do plano específico deve definir a TP a ser exigida nos baixa para imóvel de destinação livre somente será admitida de
lotes. forma concomitante à emissão dos mesmos documentos para a
habitação de interesse social.
CAPÍTULO II § 7º Nas edificações dotadas de elevador que incluam
DOS CRITÉRIOS DE OCUPAÇÃO DO SOLO APLICÁVEIS À unidades de HIS, deverá ser garantido o pagamento das despesas
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL E AO EMPREENDIMENTO relativas à manutenção do elevador por unidades não residenciais,
DE INTERESSE SOCIAL ou por meio de outra forma estabelecida pelo Executivo.
§ 8º São dispensadas as exigências previstas nos §§ 5º e
Art. 162. A caracterização da habitação de interesse social 6º deste artigo para o empreendimento de interesse social
deverá ocorrer a partir de critérios estabelecidos pelo Executivo, promovido, exclusivamente, pelo Executivo.
que deverão correlacionar a renda mensal da família beneficiada Art. 165. Na implantação de empreendimento de interesse
e o valor da unidade habitacional, conforme a classificação abaixo: social, o empreendedor poderá optar pela adoção dos parâmetros
I - habitação de interesse social 1 - HIS-1 - destinada às famílias de parcelamento e ocupação do solo previstos para as Aeis-1,
com alto grau de vulnerabilidade socioeconômica; condição que implicará atendimento às exigências e usufruto dos
II - habitação de interesse social 2 - HIS-2 - destinada às benefícios previstos para tal zoneamento.
famílias com médio grau de vulnerabilidade socioeconômica. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se
§ 1º Os valores de comercialização das unidades habitacionais aplica às porções do território municipal inseridas em zonas de
previstos neste artigo serão definidos pelo Executivo e atualizados preservação ambiental.
anualmente.
§ 2º O grau de vulnerabilidade socioeconômica será definido CAPÍTULO III
pelo CMH, considerando a renda mensal das famílias beneficiadas, DA OCUPAÇÃO DO SOLO NAS ZEIS
respeitadas as diretrizes estabelecidas em regulamento.
§ 3º Não se aplica o disposto no caput deste artigo à habitação Art. 166. Nas Zeis, são proibidas novas construções,
de interesse social para reassentamento - HIS-R, destinada a acréscimos ou quaisquer intervenções que criem situações de
famílias removidas de seu domicílio. risco, inviabilizem implantação de infraestrutura, comprometam
Art. 163. O Executivo estabelecerá parâmetros especiais de a infraestrutura existente ou apresentem conflitos com os planos
ocupação para a habitação de interesse social quando configurada e projetos públicos existentes para o local, conforme parecer
como condomínio. técnico emitido pelos órgãos municipais competentes.
Parágrafo único. Os parâmetros especiais estabelecidos pelo § 1º Para edificações com mais de 2 (dois) níveis, serão
caput deste artigo deverão contemplar, pelo menos: exigidos, em qualquer situação, laudo e respectiva anotação de
I - largura e extensão máximas de vias internas; responsabilidade técnica que ateste a viabilidade estrutural da
II - afastamento entre blocos e vias internas; obra.
III - distância máxima a ser percorrida pelo pedestre. § 2º É proibida a obstrução do sistema de circulação e de
Art. 164. Empreendimento de interesse social é aquele demais espaços de uso coletivo existentes, tais como praças
que contempla a implantação de habitação de interesse social, e áreas de lazer, ainda que não derivados de parcelamento
podendo combinar os usos residencial e não residencial. aprovado.
§ 1º No empreendimento de interesse social, deverão estar § 3º O sistema de circulação e os demais espaços de uso
devidamente identificados no projeto: coletivo referidos no § 2º deste artigo somente poderão ser
I - a habitação de interesse social, vinculada ao atendimento alterados mediante indicativos dos planos globais específicos,
à PMH, nos termos do art. 162 desta lei; de projeto de urbanização ou de projeto de parcelamento do
II - os imóveis de destinação livre, voltados para a diversidade assentamento, ou ainda por solicitação da comunidade, sujeita à
de ocupação e uso do solo. avaliação técnica do órgão gestor da PMH.
§ 2º Os imóveis de destinação livre somente poderão abrigar Art. 167. Os parâmetros urbanísticos para ocupação em Zeis
os usos não residencial e misto, admitida a produção habitacional são aqueles estabelecidos no Anexo XII desta lei, complementados
para qualquer faixa de renda. pelos parâmetros urbanísticos específicos contidos em decreto
§ 3º O licenciamento de empreendimento de interesse social derivado do PGE.
será condicionado à análise prévia pelo órgão gestor da PMH, § 1º O detalhamento dos demais parâmetros urbanísticos
sem prejuízo das demais avaliações a ele impostas pela legislação para além daqueles estabelecidos no Anexo XII desta lei e a
urbanística ou ambiental. determinação de parâmetros edilícios e de posturas serão feitos
no regulamento desta lei.
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§ 2º Os projetos de edificação inseridos em Zeis deverão CAPÍTULO V


observar as normas de acessibilidade, ressalvada a hipótese de DA OCUPAÇÃO DO SOLO NAS AEIS-2
existência de impedimentos técnicos ou econômicos e garantido,
neste caso, o reassentamento das famílias em moradia com Art. 172. Os parâmetros urbanísticos de ocupação das Aeis-2
melhores condições de acessibilidade. são aqueles constantes do Anexo XII desta lei.
Parágrafo único. O detalhamento dos demais parâmetros
CAPÍTULO IV urbanísticos das Aeis-2 para além daqueles estabelecidos no
DA OCUPAÇÃO DO SOLO NAS AEIS-1 E NAS AEIS DE Anexo XII desta lei e a determinação de parâmetros edilícios e
INTERESSE AMBIENTAL de posturas serão objeto do regulamento desta lei ou do decreto
derivado do PRU.
Art. 168. Nas Aeis-1 e nas Aeis de Interesse Ambiental,
somente será admitida a implantação de: TÍTULO VII
I - empreendimento de interesse social, nos termos do art. DO USO DO SOLO
164 desta lei;
II - equipamento urbano ou comunitário de propriedade CAPÍTULO I
pública; DISPOSIÇÕES GERAIS
III - edificação residencial unifamiliar destinada à moradia do
proprietário, admitida sua conjugação a uma unidade de uso não Art. 173. O uso do solo urbano divide-se nas categorias
residencial de até 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) residencial, não residencial e misto.
de área líquida edificada. Parágrafo único. Os usos não residenciais são classificados de
Art. 169. Os empreendimentos de interesse social acordo com as seguintes subcategorias:
implantados em Aeis-1 devem contemplar a destinação para HIS I - comércio;
de, no mínimo, 70% (setenta por cento) da área construída, sendo II - serviço;
pelo menos 70% (setenta por cento) destes para HIS-1. III - indústria;
§ 1º Respeitado o disposto no caput deste artigo, o restante IV - serviço de uso coletivo;
da área construída poderá ter destinação livre. V - agricultura urbana.
§ 2º Excepcionalmente, os percentuais estabelecidos no Art. 174. Os usos não residenciais são classificados, de acordo
caput deste artigo poderão ser objeto de flexibilização, com vistas com o potencial de geração de incômodos atribuído a cada
a permitir o enquadramento de empreendimento de interesse atividade, em:
social em programa habitacional promovido pelo poder público. I - grupo I - atividades compatíveis com o uso residencial, sem
Art. 170. A ocupação do solo nas Aeis de Interesse Ambiental potencial de geração de repercussões negativas e cuja instalação
é condicionada à elaboração, pelo Executivo, de diretrizes para não está condicionada ao cumprimento de medidas mitigadoras
Aeis de Interesse Ambiental. ou à limitação de área utilizada pelo empreendimento;
§ 1º Até que sejam elaboradas as diretrizes previstas no II - grupo II - atividades compatíveis com o uso residencial,
caput deste artigo, será admitida a ocupação do solo destinada com potencial de geração de incômodos de pouca relevância,
exclusivamente às hipóteses previstas nos incisos II e III do art. cuja instalação está condicionada ao cumprimento de medidas
168 desta lei. mitigadoras ou à limitação de área utilizada pelo empreendimento;
§ 2º As diretrizes para Aeis de Interesse Ambiental poderão III - grupo III - atividades potencialmente causadoras de maior
flexibilizar os parâmetros urbanísticos do zoneamento previstos impacto urbanístico ou ambiental e que, por sua natureza, têm
na tabela 10 do Anexo XII desta lei, limitados aos parâmetros potencial de geração de incômodos de maior relevância, bem
de Aeis-1 e desde que considerada a manutenção dos atributos como de maior atração de veículos e pessoas;
ambientais relevantes existentes na área. IV - grupo IV - atividades com alto potencial de geração de
§ 3º A flexibilização prevista no § 2º deste artigo não é incômodos, que geram riscos à saúde ou ao conforto da população
admitida para as porções territoriais demarcadas como PA-1. ou que sejam de difícil compatibilidade com o funcionamento das
§ 4º Na ADE Trevo, a flexibilização da quota de terreno por atividades urbanas na maioria dos locais.
unidade habitacional é limitada a 60m²/un (sessenta metros § 1º A classificação das atividades econômicas é prevista no
quadrados por unidade habitacional). Anexo XIII desta lei.
Art. 171. Os empreendimentos de interesse social § 2º Para efeito da aplicação do disposto no Anexo XIII desta
implantados em Aeis de Interesse Ambiental devem contemplar lei, considera-se área da atividade ou área utilizada a área total
a destinação para HIS de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) edificada ocupada, acrescida dos espaços descobertos destinados
da área construída, sendo pelo menos 70% (setenta por cento) ao seu exercício.
desses para HIS-1. § 3º São classificadas no grupo I, para fins de localização:
§ 1º Excepcionalmente, os percentuais estabelecidos no I - as atividades econômicas exercidas por Microempreendedor
caput deste artigo poderão ser objeto de flexibilização, com vistas Individual - MEI, nos termos da legislação federal, excetuadas
a permitir o enquadramento de empreendimento de interesse aquelas classificadas como de alto risco ambiental ou alto risco de
social em programa habitacional promovido pelo poder público. segurança, conforme o Anexo XIII desta lei;
§ 2º Respeitado o disposto no caput deste artigo, o restante II - os serviços de uso coletivo vinculados a empreendimentos
da área construída poderá ter destinação livre. públicos.
§ 3º Nos lotes de destinação livre, 20% (vinte por cento) da § 4º As atividades previstas no inciso I do § 3º deste artigo
área deverão constituir área de fruição pública. serão sujeitas a procedimento simplificado de licenciamento.
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§ 5º O disposto no § 3º deste artigo não isenta o cumprimento § 6º A aplicação do disposto no § 4º deste artigo a
das medidas mitigadoras relativas à atividade exercida, bem como empreendimentos situados em terrenos parcial ou integralmente
da observância do disposto na legislação pertinente. inseridos nas ADEs Santa Tereza ou Cidade Jardim, nas ADEs
§ 6º As atividades exercidas por MEI caracterizadas na prioritariamente destinadas à manutenção da ambiência
subcategoria de indústria poderão ser reclassificadas como residencial e na ADE da Pampulha é condicionada à ausência de
artesanato de acordo com seu porte, potencial poluidor e volume acesso pelas vias nas quais a atividade não é admitida.
de produção, sendo assim dispensadas do enquadramento em § 7º É vedada a aplicação do disposto no § 4º deste artigo a
licenciamento ambiental. empreendimentos situados em terrenos parcial ou integralmente
Art. 175. É obrigatório o licenciamento de todas as atividades inseridos nos setores 1 e 2 da ADE Bacia da Pampulha e no setor
exercidas em um empreendimento, inclusive as auxiliares. 1 da ADE Mirantes.
§ 1º A instalação de atividades auxiliares, de forma isolada ou § 8º A instalação de escolas infantis e de estabelecimentos de
compartilhada com outras, sujeita-se aos critérios de localização e ensino fundamental e de ensino médio:
cumprimento de medidas mitigadoras previstos nesta lei. I - é vedada em terrenos lindeiros a vias de ligação regional;
§ 2º As atividades auxiliares são aquelas complementares II - é condicionada, em terrenos lindeiros a vias arteriais,
ao funcionamento das atividades econômicas e serviços de uso à análise de seus impactos na circulação de veículos e pessoas
coletivo e estão identificadas no Anexo XIII desta lei. pelo órgão municipal responsável pela política de mobilidade
§ 3º Para as atividades econômicas previstas na Classificação urbana que, quando verificados impactos, poderá estabelecer
Nacional de Atividades Econômicas - Cnae - e não mencionadas condicionantes a serem cumpridas pelo estabelecimento de
no Anexo XIII desta lei, somente será admitida a instalação de suas ensino.
atividades auxiliares, ressalvado o disposto no inciso VI do art. 83 § 9º É vedado o uso do estacionamento como atividade
desta lei. econômica em bens tombados ou com processo de tombamento
Art. 176. A localização dos usos não residenciais é disciplinada aberto.
pela conjugação da classificação de cada atividade, prevista no § 10 As atividades classificadas conforme o Anexo XIII
Anexo XIII desta lei, com a classificação do logradouro público desta lei nos grupos I a IV são admitidas nas Ageucs e Agees
quanto à permissividade em relação à instalação de usos não independentemente da classificação dos logradouros adjacentes
residenciais, da seguinte forma: a elas quanto à permissividade de usos.
I - vias preferencialmente residenciais - VR, nas quais § 11 As indústrias não poluentes, baseadas em tecnologia
são admitidas atividades de baixo impacto urbanístico, e em ciclos de produção sustentável, cuja forma de exercício
predominantemente de apoio ao cotidiano da vizinhança; da atividade não implique impactos urbanísticos ou ambientais
II - vias de caráter misto - VM, nas quais são admitidas significativos, poderão ser instaladas em qualquer via do
atividades de médio impacto urbanístico, predominantemente município na qual seja admitido o uso não residencial, nos termos
conviventes com o cotidiano da vizinhança, com potencial de do regulamento.
polarização de outras atividades econômicas; Art. 177. Independentemente da classificação quanto à
III - vias preferencialmente não residenciais - VNR, nas quais permissividade em relação à instalação de usos não residenciais,
podem ser instaladas todas as atividades admitidas no Município. é permitido:
§ 1º A classificação das vias quanto à permissividade em I - ao profissional autônomo exercer na sua residência as
relação à instalação de usos não residenciais é prevista no Anexo atividades inerentes à sua profissão;
VI desta lei e a localização de usos por grupo e por classificação II - o estabelecimento e o funcionamento de empresas na
do logradouro público quanto à permissividade em relação à residência de seus titulares, limitados ao exercício de atividades
instalação de usos não residenciais é prevista no Anexo XIV desta específicas, previstas no Anexo XIII desta lei.
lei, ressalvadas as particularidades contidas neste capítulo e § 1º A aplicação do disposto no inciso II do caput deste artigo
definidas para zonas ou áreas específicas. deverá observar os limites de área dispostos em regulamento.
§ 2º Nas VRs, as atividades de bares, restaurantes e similares § 2º As possibilidades previstas no caput deste artigo são
somente podem utilizar as áreas edificadas, vedada a colocação admitidas:
de mesa e cadeira no passeio. I - em residências unifamiliares;
§ 3º As porções territoriais de propriedade pública II - em unidades residenciais com entrada direta pelo
classificadas como PA-1 podem receber edificações destinadas logradouro público pertencentes a edificações multifamiliares;
exclusivamente a: III - em unidades residenciais com entrada por área de uso
I - serviço de apoio e manutenção das áreas; comum pertencentes a edificações multifamiliares, desde que
II - equipamentos de cultura, lazer, esportes; garantido pelo profissional autônomo ou pelos titulares da
III - equipamentos destinados a práticas ambientais. empresa o atendimento à convenção de condomínio a que estão
§ 4º Nos empreendimentos situados em terrenos com frente sujeitos.
para logradouros de permissividade de usos diferentes, é admitida § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se às ADEs, a não
a extensão de usos. ser que tratado de forma diversa em suas normas específicas.
§ 5º Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, o acesso Art. 178. Os tipos de repercussões negativas, potencialmente
ao empreendimento por logradouro no qual não é admitida a gerados em função da natureza das atividades, são os seguintes:
atividade é condicionado a parecer favorável do órgão municipal I - atração de alto número de veículos leves, identificada
responsável pela política de planejamento urbano, que poderá como item 1 no Anexo XIII desta lei;
estabelecer medidas para mitigação dos impactos decorrentes de II - atração de alto número de veículos pesados, identificada
tal acesso, quando identificados. como item 2 no Anexo XIII desta lei;
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III - atração de alto número de pessoas, identificada como de empreendimentos de impacto e às medidas específicas
item 3 no Anexo XIII desta lei; dispostas em orientações para atividades classificadas como de
IV - geração de risco de segurança, identificada como item 4 alto risco, bem como em normas complementares.
no Anexo XIII desta lei; § 5º Verificado impacto da atividade na circulação de veículos
V - geração de efluentes atmosféricos, identificada como item ou pedestres, poderá ser exigida, a critério do órgão municipal
5 no Anexo XIII desta lei; responsável pela política de mobilidade urbana, a implantação de
VI - geração de efluentes líquidos especiais, identificada como sinalização ou equipamentos de controle do tráfego.
item 6 no Anexo XIII desta lei; § 6º Para atividades sujeitas à medida mitigadora prevista no
VII - geração de resíduos sólidos especiais e de saúde, inciso II do § 1º deste artigo e não sujeitas à medida mitigadora
identificada como item 7 no Anexo XIII desta lei; prevista no inciso I do § 1º deste artigo, poderá ser autorizada a
VIII - geração de radiações ionizantes ou não ionizantes, utilização da área reservada para o estacionamento de veículos
identificada como item 8 no Anexo XIII desta lei; leves como área de estacionamento e manobra de veículos
IX - geração de ruídos e vibrações, identificada como item 9 pesados, desde que haja anuência do órgão municipal responsável
no Anexo XIII desta lei. pela política de mobilidade urbana.
§ 1º As atividades potencialmente geradoras de repercussões § 7º Para as edificações existentes na data da publicação desta
negativas em função de seu exercício ficam sujeitas à adoção das lei, não serão exigidas vagas de estacionamento para veículos
seguintes medidas mitigadoras, a partir de normatização, sem leves adicionais àquelas existentes na edificação como condição
prejuízo do cumprimento das normas ambientais, de posturas, para instalação e funcionamento de usos não residenciais, sendo
sanitárias e outras pertinentes: que:
I - implantação de alternativa de controle de acesso de I - as vagas existentes deverão ser mantidas;
veículos à edificação, identificada como item 1 no Anexo XIII desta II - na ocorrência de modificação com acréscimo de área,
lei; somente serão exigidas as vagas correspondentes à área
II - realização de medidas para viabilizar a carga e a descarga, acrescida, ressalvada dispensa pelo órgão municipal responsável
identificada como item 2 no Anexo XIII desta lei; pelo planejamento urbano quando verificada impossibilidade
III - realização de medidas para viabilizar embarque e técnica de disponibilização das vagas.
desembarque, identificada como item 3 no Anexo XIII desta lei; § 8º Constatado impacto originado pela ausência de vagas
IV - realização de medidas para prevenção e combate a de veículos leves na hipótese enunciada no § 7º deste artigo, o
incêndio, identificada como item 4 no Anexo XIII desta lei; órgão municipal responsável pela política de mobilidade urbana
V - adoção de processo de umidificação, identificada como poderá exigir solução de controle de acesso de veículos leves e
item 5 no Anexo XIII desta lei; a disponibilização de vagas de estacionamento de veículos leves.
VI - adoção de sistema de controle de efluentes atmosféricos, § 9º Para as edificações privadas destinadas
identificada como item 6 no Anexo XIII desta lei; predominantemente a serviços de uso coletivo, a exigência
VII - adoção de sistema de tratamento dos efluentes líquidos do número mínimo de vagas para veículos leves poderá ser
especiais resultantes do processo produtivo da atividade, flexibilizada, mediante parecer favorável do órgão municipal
identificada como item 7 no Anexo XIII desta lei; responsável pela política de mobilidade urbana.
VIII - adoção de procedimentos para gerenciamento de § 10 Para as atividades classificadas como de alto risco
resíduos sólidos, identificada como item 8 no Anexo XIII desta lei; ambiental, o licenciamento será precedido de diretrizes elaboradas
IX - realização de medidas de controle dos níveis de emissões pelo órgão municipal responsável pela política de meio ambiente,
radiométricas, identificada como item 9 no Anexo XIII desta lei; cujo atendimento deve ser garantido no funcionamento da
X - implantação de medidas de controle de ruído e atenuação atividade.
da vibração, observadas as normas legais de construção, § 11 Para as atividades classificadas como de alto risco de
iluminação e ventilação, identificada como item 10 no Anexo XIII segurança, o licenciamento será precedido do atendimento da
desta lei. medida mitigadora prevista no inciso IV do § 1º deste artigo.
§ 2º A realização de medidas para prevenção e combate a § 12 A vinculação das repercussões e medidas mitigadoras às
incêndio deve ser comprovada por meio da apresentação de atividades é dada pelo Anexo XIII desta lei.
laudo elaborado por profissional habilitado, relativo às condições Art. 179. Poderá permanecer no local, independentemente
de segurança, prevenção e combate a incêndios, ou de Auto de de vedação estabelecida por legislação posterior à sua instalação,
Vistoria do Corpo de Bombeiros contemplando análise sobre a atividade em funcionamento admitida nesse local por lei vigente
a atividade em licenciamento e sua relação com outras, caso à época de sua implantação que atenda a uma das seguintes
existam na mesma edificação. condições:
§ 3º A realização de medidas para controle dos níveis I - possuir ALF emitido em data anterior à da publicação da lei
de emissões radiométricas deve ser comprovada por laudo que estabeleceu a vedação;
elaborado por profissional habilitado e, no caso de exercício II - ser exercida por empresa regularmente constituída e
de atividades com fontes de radiação ionizante, em medicina comprovadamente instalada em data anterior à da publicação da
nuclear, radioterapia e aplicações industriais, o laudo deverá ser lei que estabeleceu a vedação;
acompanhado da respectiva autorização emitida pela Comissão III - ser exercida em edificação não residencial, construída ou
Nacional de Energia Nuclear - CNEN. aprovada em data anterior à da publicação da lei que estabeleceu
§ 4º A instalação das atividades é condicionada ao a vedação;
atendimento às condições especiais para licenciamento previstas
nesta lei, às exigências derivadas de processos de licenciamento
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IV - ser caracterizada como atividade agropecuária CAPÍTULO III


comprovadamente existente, desenvolvida em áreas classificadas DO USO DO SOLO NAS AEIS-1
como zonas rurais até 27 de agosto de 1996.
§ 1º Na hipótese prevista no inciso IV do caput deste artigo, é Art. 183. Os usos não residenciais nas Aeis-1 deverão ser
vedada a expansão da área ocupada pela atividade. compatíveis com o uso residencial e poderão ser especificados
§ 2º A permanência das atividades admitida neste artigo fica por listagem específica de atividades, conforme regulamento.
sujeita ao atendimento às normas de licenciamento da legislação Parágrafo único. Até que seja efetivada a regulamentação
vigente, especialmente à apresentação de EIV quando o exercício prevista no caput deste artigo, serão admitidas as atividades
da atividade assim o exigir. incluídas no Anexo XIII desta lei, de acordo com as regras de
§ 3º No terreno no qual se exerça a prerrogativa prevista no localização previstas no art. 176 desta lei.
caput deste artigo são admitidas:
I - o acréscimo de área utilizada pela atividade dentro dos CAPÍTULO IV
limites dos parâmetros urbanísticos legais; DO USO DO SOLO NAS AEIS DE INTERESSE AMBIENTAL
II - a substituição da atividade exercida por outra de mesma
tipologia, desde que classificada no mesmo grupo ou em grupo Art. 184. Os usos não residenciais nas Aeis de Interesse
inferior ao da original, conforme o Anexo XIII desta lei. Ambiental deverão ser compatíveis com o uso residencial, e
§ 4º Na hipótese prevista no inciso II do caput do art. 177 poderão ser especificados em listagem de atividades, conforme
desta lei, o direito de permanência é condicionado à manutenção regulamento.
da condição do imóvel de residência do titular da empresa. § 1º Até que seja efetivada a regulamentação prevista no caput
§ 5º Nas ADEs, a aplicação do direito de permanência de uso deste artigo, serão admitidas as atividades incluídas no Anexo XIII
deverá observar o disposto em suas regras específicas. desta lei, de acordo com as regras de localização previstas no art.
§ 6º Na ausência de disposição específica para a ADE, aplica- 176 desta lei.
se o disposto no caput deste artigo. § 2º Nas Aeis de Interesse Ambiental, a instalação das
Art. 180. Poderá permanecer no local a atividade em atividades classificadas no grupo IV do Anexo XIII desta lei
funcionamento há 10 (dez) anos ou mais, contados da data da fica condicionada à deliberação favorável do órgão municipal
publicação desta lei, classificada pelo Anexo XIII desta lei nos responsável pela política de meio ambiente, não sendo admitidas
grupos I, II ou III. atividades que apresentem risco de contaminação do lençol
§ 1º A permanência das atividades admitida neste artigo fica freático ou das águas superficiais, conforme o Anexo XV desta lei.
sujeita ao atendimento às normas de licenciamento da legislação § 3º O Executivo deverá incentivar iniciativas de fruição do
vigente, especialmente à apresentação de EIV quando o exercício espaço pela comunidade nos espaços públicos conformados nas
da atividade assim o exigir. Aeis de Interesse Ambiental, tais como atividades de agricultura
§ 2º No terreno no qual se exerça a prerrogativa prevista no urbana, esporte e lazer.
caput deste artigo, é admitido o acréscimo de área utilizada pela
atividade dentro dos limites dos parâmetros urbanísticos legais. TÍTULO VIII
DAS ÁREAS DE INTERESSE AMBIENTAL
CAPÍTULO II
DO USO DO SOLO NAS ZEIS CAPÍTULO I
DAS ADES DE INTERESSE AMBIENTAL
Art. 181. As Zeis são predominantemente de uso residencial,
sendo admitidos os usos não residencial e misto, nos termos desta Art. 185. As ADEs de Interesse Ambiental são aquelas nas
lei. quais existe interesse público na preservação ambiental, em
Parágrafo único. Os usos não residenciais nas Zeis deverão decorrência da presença de atributos ambientais relevantes
ser compatíveis com o uso residencial, observando-se, ou da necessidade de qualificação ambiental das unidades de
cumulativamente, além dos critérios estabelecidos por esta lei, a vizinhança, a ser incentivada por meio de mecanismos previstos
possibilidade da geração de trabalho e renda, em conformidade na legislação municipal.
com a situação socioeconômica dos moradores das Zeis. § 1º São critérios para a identificação das ADEs de Interesse
Art. 182. Nas Zeis, é permitido o exercício das: Ambiental a presença, em determinada porção do território, de
I - atividades específicas indicadas no Anexo XIII desta lei; um ou mais dos seguintes elementos:
II - atividades previstas nos incisos I e II do § 3º do art. 174 I - cobertura vegetal relevante;
desta lei. II - nascentes, cursos d`água, lagoas e represas;
Parágrafo único. O licenciamento de atividades não previstas III - lençol freático subaflorante, configurando ecossistema de
no Anexo XIII desta lei ou com área superior àquela estabelecida brejo;
no mesmo anexo depende de parecer favorável do órgão gestor IV - expressivo contingente de quintais arborizados;
da PMH. V - áreas com declividade superior a 30% (trinta por cento),
vegetadas ou não;
VI - áreas degradadas, ainda não ocupadas, em processo de
erosão ativa ou cuja vegetação tenha sido suprimida ou submetida
à degradação;
VII - áreas em que se quer preservar ou recuperar os atributos
naturais existentes, em conciliação com a ocupação;
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VIII - áreas onde se pretende estabelecer a manutenção de III - constituir UPs;


maiores taxas de permeabilidade vegetada e a vegetação de IV - constituir RPE de caráter perpétuo.
espaços públicos e privados para o arrefecimento da temperatura § 3º Os Elups de que trata o § 1º deste artigo devem, sempre
local e criação ou manutenção de atributos naturais ou que possível, interligar-se com as áreas classificadas como PA-1,
paisagísticos; de modo a criar eixos contínuos de preservação ambiental.
IX - áreas em que a ocupação atual não possua atributos § 4º Todos os cursos d`água da ADE de Interesse Ambiental
ambientais relevantes ou áreas em que se observe a escassez de da Izidora devem ser mantidos em leito natural, ressalvadas as
áreas verdes e permeáveis, nas quais, em uma possível renovação transposições do sistema de circulação quando não houver
da ocupação, deva ser garantida a criação e preservação de alternativa tecnicamente viável, devendo ser evitadas, em todos
espaços vegetados; os casos, as movimentações de terra junto a eles.
X - áreas situadas em regiões com pouca permeabilidade § 5º Na ADE de Interesse Ambiental da Izidora, os parques
do solo, nas quais, em uma possível renovação da ocupação, os e reservas particulares ecológicas serão delimitados, integral ou
lotes devem ser dotados de maior área permeável para auxílio parcialmente, por vias públicas, de forma a garantir a visualização
na infiltração da água e controle do lançamento de efluentes no e o acesso a eles a partir do espaço público.
sistema público de drenagem, bem como de aumento de área § 6º Na ADE de Interesse Ambiental da Izidora, o Executivo
vegetada. pode exigir a implantação de rede elétrica, de telefonia ou similar
§ 2º As intervenções em ADE de Interesse Ambiental serão no subsolo, de forma a evitar o impacto da fiação aérea na
objeto de orientação prévia ao parcelamento e à ocupação pelo paisagem, conforme dispuser regulamento.
órgão municipal responsável pelas políticas de meio ambiente, Art. 188. Na ADE de Interesse Ambiental da Izidora, nas
que deverá indicar, se for o caso: porções territoriais classificadas como PA-2 e PA-3, o plano de
I - a localização da área permeável no terreno, bem como a vinculação entre parcelamento, ocupação e uso do solo poderá
necessidade de disponibilidade percentual adicional; prever:
II - a necessidade de concentração em parte do terreno de I - a implantação de lotes com área mínima de 200m²
todo o seu potencial construtivo; (duzentos metros quadrados), sem limite máximo de área, desde
III - as diretrizes para intervenção em área de preservação que a área média dos lotes seja igual ou superior à área mínima
permanente; prevista no Anexo XII desta lei para essas zonas;
IV - as áreas com movimentação de terra; II - a redução da QT válida para cada lote para até 100m²/un
V - as árvores cuja supressão será admitida. (cem metros quadrados por unidade habitacional), condicionada
§ 3º O cumprimento das orientações previstas no § 2º deste à implantação, pelo empreendedor, dos equipamentos urbanos e
artigo não dispensa o atendimento dos demais parâmetros legais. comunitários referentes ao parcelamento, a serem definidos no
§ 4º As áreas situadas em ADE de Interesse Ambiental são âmbito do licenciamento ambiental respectivo;
passíveis de reconhecimento como RPE, nos termos da legislação III - a redução da TP válida para cada lote, desde que garantido:
específica. a) o seu atendimento na área parcelada como um todo,
§ 5º As áreas públicas identificadas como ADE de Interesse calculada a partir da área total de lotes;
Ambiental devem ser preferencialmente destinadas à implantação b) a observância dos seguintes limites mínimos:
de Elups.
Área do lote Limite mínimo de TP
CAPÍTULO II
DA ADE DE INTERESSE AMBIENTAL DA IZIDORA Até 360m² 10%
Maior que 360m², 20%
Art. 186. A ADE de Interesse Ambiental da Izidora objetiva a limitada a 1.000m²
conciliação do parcelamento, da ocupação e do uso do solo com
Maior que 1.000m² 30%
a preservação dos atributos ambientais e culturais relevantes da
região, bem como a organização do perímetro predominantemente
desocupado para que a extensão do tecido urbano ao local ocorra § 1º Poderão ser considerados, para fins de aferição da área
com qualidade ambiental e diversidade socioeconômica. média prevista no inciso I do caput deste artigo, os lotes inseridos
Art. 187. Na ADE de Interesse Ambiental da Izidora, o em PA-1, bem como os lotes destinados a espaços livres de uso
parcelamento do solo somente pode ser feito por meio da público, reservas particulares ecológicas e equipamentos urbanos
modalidade de parcelamento vinculado, respeitadas as áreas de e comunitários em qualquer zoneamento.
preservação ambiental existentes na região. § 2º Na hipótese prevista no inciso III do caput deste artigo, o
§ 1º No parcelamento das áreas lindeiras aos principais cumprimento da TP poderá ocorrer:
cursos d`água, em especial do Ribeirão do Isidoro, do Córrego I - nos lotes;
dos Macacos e do Córrego da Terra Vermelha, deve ser prevista a II - nas áreas verdes transferidas ao Município para além
implantação de Elups destinadas a atividades de lazer, preservação daquelas exigidas no Título V desta lei;
e requalificação ambiental. III - nas áreas permeáveis e vegetadas adjacentes ao sistema
§ 2º As áreas inseridas em PA-1 ou caracterizadas como área viário.
de preservação permanente deverão, alternativamente: § 3º Nas glebas em que mais de 80% (oitenta por cento) da
I - configurar EUCs ou Elups; área estiverem inseridos em zoneamento PA-1, serão admitidos
II - ser incorporadas a lotes dotados de área passível de parcelamentos com os parâmetros de PA-2, nos termos deste
ocupação;
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artigo, desde que no mínimo 65% (sessenta e cinco por cento) I - setor 1 - áreas de proteção máxima - grau 1, para a
da área inserida em PA-1 sejam destinados a parques, reservas preservação permanente de nascentes, de cursos d`água e de
particulares ecológicas ou espaços livres de uso público. cobertura vegetal;
§ 4º O disposto no § 3º deste artigo aplica-se apenas a II - setor 2 - áreas de proteção moderada - grau 2, para o
glebas em que mais de 80% (oitenta por cento) da área estiverem controle da ocupação e do uso em áreas de nascentes, de cursos
inseridos em zoneamento PA-1 quando da aprovação desta lei. d`água e de cobertura vegetal;
Art. 189. Na ADE de Interesse Ambiental da Izidora, na III - setor 3 - áreas de controle especial de uso do solo, em
implantação de empreendimento de interesse social, o proprietário função da vulnerabilidade à contaminação de águas subterrâneas
poderá optar pela adoção dos parâmetros de parcelamento e e superficiais.
ocupação do solo previstos para as Aeis de Interesse Ambiental, Art. 195. No setor 1 da ADE Bacia da Pampulha somente é
condição que implicará atendimento às exigências e usufruto dos admitida a instalação de serviços de apoio à manutenção de
benefícios previstos para tal zoneamento. vegetação, de nascentes e de cursos d`água.
Art. 190. Em todas as vias classificadas como locais, mistas ou Parágrafo único. Nos terrenos de propriedade particular
de pedestres situadas na ADE de Interesse Ambiental da Izidora, inseridos no setor 1, são admitidos os usos de acordo com a
deve ser implantado calçamento intertravado de paralelepípedo, classificação do logradouro público quanto à permissividade
ou outro que garanta a permeabilidade da via, e que seja em relação à instalação de usos não residenciais, desde que
adequado às características do solo local. obedecidos os parâmetros de ocupação previstos para as áreas
Art. 191. Na arborização dos espaços públicos da ADE de de PA-1.
Interesse Ambiental da Izidora, somente podem ser adotadas Art. 196. Nas áreas dos setores 1 e 2 da ADE Bacia da
espécies arbóreas da flora nativa local. Pampulha, a instalação de atividades classificadas pelo Anexo XIII
Art. 192. Para as edificações construídas na ADE de desta lei nos grupos III e IV é condicionada a anuência do órgão
Interesse Ambiental da Izidora, pode ser exigida pelo Executivo municipal responsável pela política de meio ambiente, podendo
a utilização de sistema de aproveitamento de energia solar e de ser exigido o licenciamento ambiental corretivo para aquelas
reaproveitamento de água, conforme dispuser regulamento. instaladas quando da renovação da licença.
Art. 197. No setor 3 da ADE Bacia da Pampulha, é vedada a
CAPÍTULO III instalação de atividades capazes de gerar efluentes líquidos e de
DA ADE BARRAGEM SANTA LÚCIA contaminar o lençol freático e as águas superficiais, listadas no
Anexo XV desta lei.
Art. 193. A ADE Barragem Santa Lúcia é destinada à proteção Parágrafo único. Para as atividades consideradas como de
das características ambientais e paisagísticas da região, bem como alto risco ambiental de acordo com o Anexo XIII desta lei, quando
a melhorar a capacidade da barragem Santa Lúcia de controlar a houver obrigatoriedade de licenciamento ambiental pelo órgão
vazão das águas pluviais direcionadas à drenagem existente no municipal responsável pela política de preservação ambiental,
Córrego do Leitão e, por conseguinte, na Avenida Prudente de esse deverá avaliar a possibilidade de contaminação do lençol
Morais. freático sempre que pertinente segundo porte e natureza da
§ 1º São objetivos específicos da ADE Barragem Santa Lúcia: atividade.
I - preservação das condições de drenagem da Barragem
Santa Lúcia, evitando a ocorrência de assoreamentos; CAPÍTULO V
II - preservação do Parque Jornalista Eduardo Couri; DAS ÁREAS DE CONEXÕES AMBIENTAIS
III - manutenção e ampliação da cobertura vegetal existente
na região, com vistas à diminuição do escoamento superficial e à Art. 198. As áreas de conexões ambientais são assim
redução do risco de enchentes, de modo a minimizar os processos caracterizadas:
de erosão, bem como o carreamento de sólidos em direção à I - conexões verdes: vias que interligam zonas de preservação
barragem; ambiental e áreas de diretrizes especiais ambientais, visando
IV - recuperação, preservação e proteção das características à melhoria da arborização urbana e à formação de corredores
ambientais da região, assim como de sua paisagem urbana. ecológicos;
§ 2º Os objetivos previstos no § 1º deste artigo devem ser II - conexões de fundo de vale: fundos de vale onde há
observados quando da elaboração de planos voltados às Zeis necessidade de saneamento ambiental amplo, visando à
inseridas na ADE. restauração da qualidade dos cursos d`água, à necessidade de
contenção de cheias, à recuperação de ambientes hídricos e à
CAPÍTULO IV intervenção em áreas de preservação permanente, de forma a
DA ADE BACIA DA PAMPULHA viabilizar a implantação de parques lineares.
§ 1º É vedado o tamponamento de córregos em áreas de
Art. 194. A ADE Bacia da Pampulha tem como objetivo conexões de fundo de vale, devendo ser evitada a canalização e
assegurar condições de recuperação e de preservação ambiental priorizada sua manutenção em leito natural com áreas adjacentes
da área da bacia hidrográfica da Pampulha situada no Município. dedicadas à preservação ambiental.
Parágrafo único. Incluem-se na ADE Bacia da Pampulha os § 2º Deverá ocorrer em desnível a transposição de cursos
seguintes setores de proteção especial quanto à ocupação e ao d`água inseridos em área de conexões de fundo de vale pelo
uso do solo, conforme delimitação contida no Anexo VII desta lei. sistema de circulação.

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§ 3º Os parques inseridos em conexões de fundo de vale serão CAPÍTULO II


delimitados, integral ou parcialmente, por vias públicas de forma DAS ADES PRIORITARIAMENTE DESTINADAS À
a garantir a visualização e o acesso a partir do espaço público. MANUTENÇÃO DA AMBIÊNCIA RESIDENCIAL
Art. 199. No licenciamento de empreendimento de impacto
situado em áreas de conexão verde e conexão de fundo de vale, SEÇÃO I
a contrapartida deverá ser destinada à qualificação dessas áreas. DO USO RESIDENCIAL
Art. 200. Nas áreas de conexões verdes, os projetos de
requalificação urbana devem contemplar a substituição da Art. 205. As ADEs Belvedere, Belvedere III, Estoril,
fiação aérea por subterrânea, nos casos em que for técnica e Mangabeiras, São Bento e Santa Lúcia têm como objetivo garantir
economicamente viável. a manutenção da ambiência predominantemente residencial das
Art. 201. O órgão municipal responsável pela política de porções do território municipal que abarcam, mediante definição
planejamento urbano deverá coordenar a elaboração de Plano de parâmetros específicos de ocupação e uso do solo.
de Estruturação Urbano-Ambiental - PEA - para cada porção § 1º A ADE São Bento divide-se nos seguintes setores,
territorial identificada como conexão de fundo de vale, com o identificados no Anexo VII desta lei:
objetivo de garantir a não intensificação da ocupação e do uso do I - setor 1 - residencial unifamilar;
solo local e assegurar a qualificação ambiental na área. II - setor 2 - residencial multifamiliar.
§ 1º O detalhamento do conteúdo do PEA será objeto de § 2º Nas ADEs Belvedere, Mangabeiras e Santa Lúcia e no setor
regulamentação. 1 da ADE São Bento, o uso residencial admitido é exclusivamente
§ 2º A revitalização de leitos naturais deve contemplar ações o unifamiliar em edificações horizontais.
de saneamento, especialmente a implantação de interceptores de § 3º No setor 2 das ADEs São Bento e Estoril, é admitido o uso
esgoto. residencial multifamiliar em edificações horizontais.
§ 3º A porção territorial classificada como ADE de Interesse § 4º Nos lotes lindeiros à Avenida Raja Gabáglia, é admitido
Ambiental da Izidora fica dispensada da elaboração de PEA. o uso residencial multifamiliar em edificações horizontais ou não,
desde que o acesso ocorra exclusivamente por essa via.
TÍTULO IX
DO PATRIMÔNIO CULTURAL E URBANO SEÇÃO II
DO USO NÃO RESIDENCIAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 206. As ADEs São Bento, Mangabeiras, Belvedere,
Belvedere III, Pampulha, Santa Tereza e Cidade Jardim têm
Art. 202. Para os imóveis tombados ou com processo de classificação específica para suas vias quanto à permissividade em
tombamento aberto, é dispensado o atendimento aos parâmetros relação à instalação de usos não residenciais, dispostas no Anexo
previstos na tabela 2 do Anexo XII desta lei. VII desta lei, sendo:
§ 1º O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do I - vias com permissividade específica São Bento - Pesb;
Município de Belo Horizonte - CDPCM-BH - poderá dispensar o II - vias com permissividade específica Mangabeiras - PEM;
atendimento ao afastamento frontal e lateral nos terrenos: III - vias com permissividade específica Belvedere - PEB;
I - que abriguem ou sejam lindeiros a imóveis tombados ou IV - vias com permissividade específica Pampulha - PEP;
com processo de tombamento aberto; V - vias com permissividade específica Santa Teresa - Pesat;
II - inseridos nos conjuntos urbanos protegidos. VI - vias com permissividade específica Cidade Jardim - PECJ.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do § 1º deste artigo, a § 1º A permissividade de usos nas ADEs referenciadas no
altura da edificação implantada na divisa é limitada à altura do caput deste artigo é determinada pela conjugação da classificação
imóvel de interesse de preservação. das vias incluída no Anexo VII desta lei com as listagens constantes
Art. 203. O tombamento do imóvel possibilita sua do Anexo XIII desta lei.
regularização urbanística conforme aprovação do CDPCM-BH, § 2º Na ADE Belvedere, o uso não residencial somente é
prevalecendo os parâmetros urbanísticos vinculados à aprovação admitido em edificações horizontais.
sobre as exigências legais. § 3º Nas ADEs Belvedere e Belvedere III, são admitidos os
Art. 204. Nas ADEs Santa Tereza, Região da Lagoinha, Venda usos dos grupos I a III nas vias classificadas como PEB-III.
Nova e Avenida do Contorno, a concessão de ALF para a atividade Art. 207. Na ADE Estoril, o uso não residencial é restrito às
de estacionamento de veículos é condicionada ao cumprimento atividades classificadas nos grupos I e II do Anexo XIII desta lei e
integral da TP, com arborização no afastamento frontal do terreno. somente pode ser exercido:
Parágrafo único. Não estão sujeitas às condições previstas no I - em edificações horizontais;
caput deste artigo as edificações implantadas sobre o alinhamento. II - em edificações não residenciais construídas ou aprovadas
em data anterior à publicação desta lei.
Art. 208. Nas ADEs Mangabeiras e São Bento, as atividades
exercidas em edificações existentes até a data da publicação desta
lei são isentas da observância dos limites de área previstos no
Anexo XIII desta lei.

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§ 1º Na ADE Mangabeiras, somente é admitida a instalação a) serviço de apoio e manutenção das áreas;
de usos não residenciais incluídos nos grupos I e II em edificações b) equipamentos de cultura, lazer, esportes;
horizontais ou em edificações construídas ou aprovadas até c) equipamentos destinados a práticas ambientais;
a data de publicação desta lei, desde que voltadas para as vias II - setor 2 - destinado à limitação da altimetria das edificações,
classificadas como PEM-II. com o objetivo de garantir a manutenção das visadas a partir do
§ 2º Na ADE São Bento, somente é admitida a instalação de setor 1.
usos não residenciais: § 2º Os terrenos privados situados no setor 1 das ADEs
I - nas vias classificadas como Pesb-II, desde que incluídos Mirantes poderão, independentemente do zoneamento em
nos grupos I e II, em edificações horizontais ou em edificações que estão situados, ser geradores de TDC, considerando CAbas
construídas ou aprovadas até a data de publicação desta lei; igual a 1,0 (um inteiro), desde que garantido o acesso público
II - nas vias classificadas como Pesb-III, desde que: permanente e sua qualificação para o uso pela população.
a) estejam incluídos nos grupos I a III; § 3º A implantação de edificações no setor 1 das ADEs
b) o acesso ocorra exclusivamente pela via assim classificada. Mirantes deve resguardar visadas importantes à observação
Art. 209. Na ADE Santa Lúcia, a instalação de usos não paisagística.
residenciais somente é admitida nos lotes lindeiros à Avenida Raja
Gabáglia, desde que o acesso ocorra exclusivamente por essa via. CAPÍTULO VI
Art. 210. Nas ADEs incluídas neste capítulo, é admitido o uso DA ADE DISTRITO DA MODA
não residencial nas áreas de grandes equipamentos, de acordo
com as regras previstas para essas áreas. Art. 214. A ADE Distrito da Moda é aquela que, em virtude
do potencial existente relacionado aos setores têxtil, de design
CAPÍTULO III e produção de moda, demanda a adoção de medidas para
DA ADE BURITIS incremento da geração de emprego e renda, que incluam:
I - a elaboração de estudos técnicos para a instituição de
Art. 211. A ADE Buritis é destinada a restringir o adensamento parâmetros e posturas urbanísticas específicas, bem como para
construtivo e populacional dessa porção do território municipal, intervenções físicas pertinentes;
por meio da definição de parâmetros urbanísticos em função da II - a implementação de políticas para o desenvolvimento
iminência de saturação da capacidade de suporte da região. econômico local, tais como apoio técnico e articulação entre
§ 1º A ADE Buritis divide-se nos seguintes setores, identificados parceiros;
no Anexo VII desta lei: III - o incentivo a atividades da economia criativa condizentes
I - setor 1 - residencial unifamilar; com suas vocações culturais.
II - setor 2 - residencial multifamiliar e não residencial, Parágrafo único. A ADE Distrito da Moda é dividida nos
admitidos de acordo com as regras gerais desta lei. subsetores Barro Preto e Prado.
§ 2º As vias de pedestres inseridas na ADE Buritis deverão
ser objeto de projeto de qualificação, de modo a estimular os CAPÍTULO VII
deslocamentos a pé. DA ADE VALE DO ARRUDAS
§ 3º Na ADE Buritis, deve ser estimulada a adoção de medidas
de melhoria da paisagem urbana, tais como a proteção e o Art. 215. A ADE Vale do Arrudas constitui área que demanda
tratamento paisagístico de taludes, a serem implementadas em planos e projetos de qualificação urbanística em função de sua
edificações existentes e naquelas a construir. localização estratégica, de sua importância como eixo simbólico,
histórico e de articulação viária ao longo do curso d`água mais
CAPÍTULO IV importante do Município, com o objetivo de reverter suas
DA ADE SERRA DO CURRAL condições de degradação ou subutilização.
§ 1º São diretrizes para regulamentação da ADE Vale do
Art. 212. A ADE Serra do Curral corresponde à área de Arrudas:
proteção da Serra do Curral, incluindo a área tombada e a área I - qualificação urbanística integral do eixo definido pela ADE
de entorno, definidas conforme deliberação do CDPCM-BH, de por meio do tratamento da paisagem urbana e intensificação do
acordo com o Anexo III desta lei. uso dos espaços públicos;
II - estímulo à qualificação das fachadas das edificações e, em
CAPÍTULO V especial, dos galpões;
DAS ADES MIRANTES III - criação de áreas de lazer com incremento da arborização
e implantação de ciclovias;
Art. 213. As ADEs Mirantes constituem áreas topograficamente IV - promoção e estímulo à realização de eventos de interesse
elevadas, dotadas de significativo potencial paisagístico, cultural;
delimitadas com o objetivo de se estabelecer espaços de uso V - melhoria e padronização da acessibilidade para pedestres,
coletivo, bem como de restringir a verticalização no entorno, principalmente em relação ao acesso às estações do metrô e à
preservando visadas privilegiadas para observação paisagística. transposição do curso d`água, das pistas veiculares e da linha
§ 1º As ADEs Mirantes dividem-se nos seguintes setores: férrea.
I - setor 1 - destinado à implantação de Elups voltados à
observação paisagística, bem como de edificações destinadas,
exclusivamente, a:
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

§ 2º A regulamentação da ADE Vale do Arrudas deve ser VI - estimular a qualificação e a apropriação de edificações
referenciada em setores de interesse especial que retratem vazias ou subutilizadas;
a diversidade urbana da ADE, e deve considerar critérios de VII - fomentar atividades econômicas características de seus
preservação cultural e ambiental, as diretrizes e as propostas diversos setores;
provenientes do planejamento do Hipercentro. VIII - garantir a manutenção de ambiências características de
§ 3º Os planos urbanísticos voltados à qualificação da ADE Vale porções específicas do território;
do Arrudas devem prever, por meio de parâmetros urbanísticos e IX - configurar e qualificar os espaços públicos sob princípios
critérios especiais de ocupação e uso do solo: de acessibilidade universal e inclusão.
I - o aumento das taxas de permeabilidade do solo, entre Art. 218. Na área de OP-3 da ADE Avenida do Contorno,
outras medidas de proteção das características de drenagem das para os projetos de adaptação de edificações existentes na data
áreas de fundo de vale; da publicação desta lei destinados à manutenção, criação ou
II - o desenvolvimento de modelos de assentamento específico ampliação do número de unidades residenciais, será admitida a
para as áreas lindeiras ao curso d`água em toda a extensão da aplicação dos seguintes parâmetros:
ADE; I - manutenção e utilização dos fossos, caso existentes
III - medidas de valorização da paisagem urbana de fundo de na edificação atual, como área para ventilação, podendo ser
vale, a partir de estudos voltados para a manutenção das visadas utilizados também para adequação da edificação às normas de
significativas da área; prevenção e combate a incêndio;
IV - o incentivo ao reagrupamento de lotes e vias, de modo a II - apresentação de solução de sistema de armazenamento
viabilizar a instalação de grandes equipamentos; dos resíduos sólidos para as edificações que não atenderem às
V - o incentivo à diversidade de usos, visando a garantir mais normas técnicas do Regimento de Limpeza Urbana;
vitalidade à área, principalmente no período noturno; III - previsão de um banheiro e um cômodo de uso comum do
VI - a orientação da ocupação em função do melhor condomínio;
aproveitamento da infraestrutura viária e da disponibilidade de IV - previsão de espaço para uso comum do condomínio, com
modais de transporte; área mínima correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) da
VII - a diversidade de modelos de ocupação para atendimento área do pavimento-tipo, nas edificações que apresentem mais de
de famílias com diferentes características socioeconômicas; 5 (cinco) níveis residenciais;
VIII - a qualificação de bens culturais e de perímetros urbanos V - manutenção das vagas destinadas a estacionamento
de interesse histórico; de veículos, admitida a redução dessas desde que atendido o
IX - a configuração e qualificação de espaços públicos sob disposto no Anexo XII desta lei;
princípios de acessibilidade universal e inclusão. VI - iluminação e ventilação dos compartimentos, assim
entendidos como aqueles nos quais:
CAPÍTULO VIII a) a profundidade máxima é limitada a 3 (três) vezes a medida
DA ADE AVENIDA DO CONTORNO do pé-direito;
b) a área total da superfície das aberturas para o exterior,
Art. 216. A ADE Avenida do Contorno é destinada a reforçar em cada compartimento, é igual ou superior a 1/8 (um oitavo)
a identidade da área central por meio da proteção de porção da área da superfície do piso, admitida exaustão mecânica nos
do território reconhecida por seu valor simbólico e cultural, compartimentos destinados a banheiro e área de serviço;
correspondente à área urbana incluída no plano de Aarão Reis. VII - conjugação de área de serviço e banheiro em um mesmo
§ 1º Incluem-se na ADE Avenida do Contorno os seguintes compartimento.
setores, identificados no Anexo VII desta lei: § 1º Para as edificações destinadas ao uso misto que atendam
I - setor Hipercentro; ao disposto no caput deste artigo, será admitida a manutenção
II - setor Floresta; das vagas destinadas a carga e descarga existentes, ou sua
III - setor ADE Residencial Central; redução, desde que atendido o disposto na tabela 2.2 do Anexo
VI - setor ADE Rua da Bahia Viva; XII desta lei, condicionada à destinação de, no mínimo, 30% (trinta
V - setor ADE Savassi; por cento) de sua área líquida a unidades de uso residencial.
VI - setor ADE Distrito da Moda, subsetor Barro Preto; § 2º VETADO
VII - setor ADE Vale do Arrudas, de forma parcial. Art. 219. Na ADE Avenida do Contorno, os empreendimentos
§ 2º Deverão ser definidos na ADE Avenida do Contorno de interesse social poderão utilizar a legislação aplicável à Aeis-1 e
eixos de desenvolvimento especiais para qualificação do espaço o coeficiente de aproveitamento máximo de OP-3.
público. Art. 220. O setor Hipercentro constitui área caracterizada
Art. 217. São objetivos específicos da ADE Avenida do pela intensa circulação de pessoas e pela presença marcante de
Contorno: comércio e serviços.
I - proporcionar a proteção e a valorização do patrimônio Parágrafo único. No setor Hipercentro deve ser incentivada
arquitetônico, cultural, ambiental e paisagístico; a ampliação da oferta de moradias, com o objetivo de estimular
II - valorizar o centro principal do Município, estimulando a a vivacidade da área em todos os períodos do dia, e ampliar o
convivência entre atividades econômicas tradicionais e modernas; acesso a comércio, serviços e equipamentos existentes na área
III - preservar o traçado urbano histórico; por modos coletivos ou não motorizados de transporte.
IV - promover espaço urbano sustentável e acessível aos mais
diversos grupos sociais;
V - estimular os usos residencial e misto;
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Art. 221. O setor Floresta corresponde à parcela deste bairro Parágrafo único. A delimitação do setor Lagoa da Pampulha
inserida na Avenida do Contorno e caracterizada pela ocorrência deverá acompanhar os limites estabelecidos em deliberação do
de padrões de arruamento e de ocupação especiais em função CDPCM-BH, devendo ser alterada sempre que houver ajustes
de sua relevância urbanística e arquitetônica, conformadores de nesses.
ambiência urbana característica a ser preservada.
Art. 222. O setor ADE Residencial Central corresponde SEÇÃO I
às porções do território inseridas na Avenida do Contorno DA OCUPAÇÃO DO SOLO
caracterizadas pela predominância do uso residencial, nas quais
é pertinente controlar a instalação de usos não residenciais, bem Art. 228. Na implantação ou modificação de equipamentos
como adotar parâmetros específicos de ocupação, com o objetivo destinados à cultura, ao turismo, ao esporte e ao lazer, poderá
de garantir a manutenção de núcleos com menor dinâmica e ser admitida a flexibilização dos parâmetros urbanísticos previstos
atratividade de pessoas. nesta lei, observadas as seguintes condições:
§ 1º No setor ADE Residencial Central, somente é permitido o I - não estejam implantados em terrenos lindeiros a vias
uso não residencial nas seguintes hipóteses: classificadas como PEP-I no Anexo VII desta lei;
I - em edificações horizontais; II - os volumes resultantes das novas edificações não interfiram
II - em edificações destinadas a hotéis ou apart-hotéis; em visadas significativas do Conjunto Moderno da Pampulha nem
III - em edificações de uso misto, com fachada ativa; em visadas de bens de interesse de preservação.
IV - em edificações tombadas ou com processo de § 1º A avaliação quanto ao requisito previsto no inciso II do
tombamento aberto; caput deste artigo cabe ao CDPCM-BH, que deverá considerar a
V - em edificações não residenciais construídas ou aprovadas relevância dos projetos no que diz respeito à contribuição para a
até a data da publicação desta lei. qualificação da área.
§ 2º Nas edificações destinadas a hotéis ou a apart-hotéis, § 2º O órgão municipal responsável pela política de
apenas é admitido o exercício de outras atividades no nível térreo planejamento urbano deve definir limites e condições para
e no primeiro nível. flexibilização dos parâmetros urbanísticos tratados no caput deste
§ 3º No setor ADE Residencial Central, é vedada a instalação artigo para fins de aprovação do projeto arquitetônico.
das atividades de casas de shows e espetáculos, discotecas e Art. 229. O uso residencial multifamiliar em terrenos inseridos
danceterias. em zonas de preservação ambiental situadas na ADE Pampulha
Art. 223. O setor ADE Rua da Bahia Viva é aquele que, deverá observar as seguintes diretrizes:
em virtude de sua importância histórico-cultural associada à I - unidades habitacionais agrupadas somente horizontalmente
sua vocação de lazer, demanda a adoção de medidas para o e, no máximo, 2 (duas) a 2 (duas);
incremento de seu potencial, que incluam: II - garantia da manutenção ou implantação de jardins com
I - a elaboração de estudos técnicos para a instituição de maciços arbóreos entre as edificações;
parâmetros e posturas urbanísticas específicas, bem como para III - entrada e saída única de veículos por empreendimento.
intervenções físicas pertinentes; Parágrafo único. É vedado o uso residencial multifamiliar nos
II - a implementação de políticas para o desenvolvimento terrenos inseridos no setor Lagoa da Pampulha.
econômico local, tais como apoio técnico e articulação entre
parceiros; SEÇÃO II
III - o incentivo às atividades da economia criativa condizentes DO USO DO SOLO
com suas vocações culturais.
Art. 224. O setor ADE Savassi é aquele que, em função do alto Art. 230. Na ADE Pampulha, a instalação de uso não residencial
potencial para desenvolvimento econômico e cultural, demanda a é disciplinada pela conjugação da classificação das vias incluídas
adoção de normas especiais e incentivos, inclusive voltados para no Anexo VII desta lei com as listagens constantes do Anexo XIII
o exercício de atividades da economia criativa condizentes com desta lei.
suas vocações. § 1º Na ADE Pampulha, nas vias classificadas como PEP IV, são
Art. 225. O Fade Avenida do Contorno constitui instância de admitidos os usos não residenciais classificados pelo Anexo XIII
referência na gestão democrática das questões vinculadas à ADE desta lei nos grupos I a III.
Avenida do Contorno, devendo seu funcionamento observar o § 2º Na ADE Pampulha, nas vias classificadas como PEP V, são
disposto neste capítulo e no Capítulo IV do Título III desta lei. admitidos os usos não residenciais classificados pelo Anexo XIII
desta lei nos grupos I a IV.
CAPÍTULO IX § 3º Os imóveis tombados ou indicados para tombamento
DA ADE PAMPULHA inseridos na ADE Pampulha poderão receber quaisquer dos
usos não residenciais contidos no Anexo XIII desta lei admitidos
Art. 226. A ADE Pampulha tem como objetivo a proteção e em vias com permissividade específica Pampulha, graus I a III,
a valorização do patrimônio arquitetônico, cultural, ambiental e independentemente da classificação da via na qual se situem, com
paisagístico e o fomento ao potencial turístico e de lazer da área. exceção das casas de festas e eventos, ouvido o Fade Pampulha
Art. 227. O setor Lagoa da Pampulha tem como função quanto à pertinência do exercício da atividade no local.
resguardar padrões arquitetônicos, especificidades da paisagem § 4º As atividades incluídas no Anexo XIII desta lei poderão ser
e características da imagem urbana no entorno do conjunto associadas a outras, da seguinte forma:
arquitetônico existente ao longo da lagoa, valorizando os edifícios
ícones da arquitetura modernista.
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I - as atividades incluídas entre os serviços de alimentação CAPÍTULO XI


poderão ser associadas a atividades incluídas entre as de comércio DA ADE SANTA TEREZA
varejista de produtos alimentícios;
II - as atividades de centro de convenções e de centro cultural Art. 235. A ADE Santa Tereza tem como objetivo a proteção
poderão ser associadas a atividades incluídas entre as de comércio da ambiência, da paisagem e das edificações que remontam às
varejista de produtos alimentícios e comércio varejista de artigos primeiras décadas do século XX, bem como a preservação do
e aparelhos de uso pessoal e domiciliar. modo de vida local.
§ 5º O remembramento de lotes para uso não residencial é Art. 236. As atividades instaladas na ADE Santa Tereza em data
permitido somente ao longo das vias identificadas no Anexo VII anterior a 21 de dezembro de 2000 e que estejam em desacordo
desta lei. com o Anexo XIII desta lei poderão permanecer no local, desde
Art. 231. As atividades instaladas na ADE Pampulha em data que atendam a uma das seguintes condições:
anterior a 14 de janeiro de 2003 e que estejam em desacordo com I - possuir ALF emitido em data anterior à prevista no caput
o Anexo XIII desta lei poderão permanecer no local, desde que deste artigo;
tenham atendido a uma das seguintes condições: II - ser exercida por empresa regularmente constituída e
I - possuir ALF emitido em data anterior à prevista no caput comprovadamente instalada em data anterior à prevista no caput
deste artigo; deste artigo;
II - ser exercida por empresa regularmente constituída e III - ser exercida em edificação construída especificamente
comprovadamente instalada em data anterior à prevista no caput para a atividade, desde que comprovadamente instalada em data
deste artigo; anterior à prevista no caput deste artigo;
III - ser exercida em edificação construída especificamente IV - apresentar auto de fiscalização, notificação, auto de
para a atividade, desde que comprovadamente instalada em data infração ou laudo de vistoria integrante de processo administrativo
anterior à prevista no caput deste artigo; instaurado pelo Executivo emitido em data anterior à prevista no
IV - apresentar auto de fiscalização, notificação, auto de caput deste artigo;
infração ou laudo de vistoria integrante de processo administrativo V - apresentar declaração escrita de, no mínimo, 2 (dois)
instaurado pelo Executivo em data anterior à prevista no caput vizinhos que ateste o funcionamento da atividade em data
deste artigo; anterior à prevista no caput deste artigo.
V - apresentar declaração escrita de, no mínimo, dois vizinhos Parágrafo único. Na ADE Santa Tereza, não se aplica o disposto
que ateste o funcionamento da atividade em data anterior à no § 3º do art. 179 desta lei.
prevista no caput deste artigo. Art. 237. Na ADE Santa Tereza, a instalação de usos não
Parágrafo único. Na ADE da Pampulha, não se aplica o disposto residenciais é disciplinada pela conjugação da classificação das
no § 3º do art. 179 desta lei. vias incluídas no Anexo VII desta lei com as listagens constantes
do Anexo XIII desta lei.
SEÇÃO III § 1º Na ADE Santa Tereza, nas vias classificadas como Pesat-
DO TRATAMENTO E DA UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO III, são admitidos os usos não residenciais classificados pelo Anexo
XIII desta lei nos grupos I a III.
Art. 232. As intervenções de qualquer natureza em espaços § 2º Na ADE Santa Tereza, deverá ser incentivado o exercício
públicos do setor Lagoa da Pampulha são condicionadas à de atividades vinculadas a:
aprovação do CDPCM-BH. I - economia criativa;
Parágrafo único. Na Avenida Otacílio Negrão de Lima, é vedada II - serviços de alojamento com área menor ou igual a 360m²
a venda de produtos alimentícios em veículos motorizados, (trezentos e sessenta metros quadrados);
admitida, no entanto, sua comercialização por ambulantes, em III - economia solidária, especialmente nas áreas das vilas
mobiliário ou em veículos não motorizados e licenciados para tal Dias e São Vicente.
finalidade. § 3º Na ADE Santa Tereza, deverá ser mantido e restaurado o
Art. 233. O Fade Pampulha constitui instância de referência calçamento em paralelepípedo e pé de moleque remanescente.
na gestão democrática das questões vinculadas à ADE Pampulha, Art. 238. O Fade Santa Tereza constitui instância de referência
devendo seu funcionamento observar o disposto no Capítulo IV na gestão democrática das questões vinculadas à ADE Santa
do Título III desta lei. Tereza, devendo seu funcionamento observar o disposto no
Capítulo IV do Título III desta lei.
CAPÍTULO X
DA ADE TREVO CAPÍTULO XII
DA ADE REGIÃO DA LAGOINHA
Art. 234. A ADE Trevo tem como objetivo a preservação da
paisagem das proximidades da Lagoa da Pampulha e dos atributos Art. 239. A ADE Região da Lagoinha tem como objetivo
ambientais relevantes dessa porção do território municipal. preservar os traços urbanísticos e arquitetônicos remanescentes
da ocupação inicial da região dos bairros Lagoinha e Bonfim,
bem como proporcionar a requalificação de áreas degradadas
existentes nessa porção territorial.
Parágrafo único. A ADE Região da Lagoinha é subdividida nos
setores 1 (um) a 5 (cinco) conforme o Anexo VII desta lei.
Art. 240. São objetivos específicos da ADE Região da Lagoinha:
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I - proporcionar a proteção, a valorização e a restauração II - serviços de alojamento com área menor ou igual a 360m²
do patrimônio arquitetônico, histórico, cultural, ambiental, (trezentos e sessenta metros quadrados);
arqueológico e paisagístico; III - restaurantes e similares com área menor ou igual a 360m²
II - promover o desenvolvimento socioeconômico por meio (trezentos e sessenta metros quadrados);
do estímulo a atividades econômicas e culturais compatíveis com IV - economia solidária, especialmente nas áreas das vilas
a vocação da região, com o foco na economia criativa e solidária; Senhor dos Passos e Pedreira Prado Lopes.
III - estimular o turismo, especialmente no Cemitério Nosso § 1º Além das atividades previstas no caput deste artigo,
Senhor do Bonfim; deverá ser estimulada a permanência das atividades econômicas
IV - implementar corredor cultural na Lagoinha e no Bonfim, tradicionais exercidas na região.
envolvendo as ruas Bonfim, Itapecerica, Além Paraíba, Fortaleza, § 2º A definição da destinação do Mercado da Lagoinha,
do Serro, Sebastião de Melo e Guapé, bem como a Praça 15 de bem como dos equipamentos voltados a serviços de uso coletivo,
Julho; deve estar associada, preferencialmente, à sua utilização para
V - valorizar as visadas cênicas dos percursos de deslocamento atividades de caráter histórico-cultural e atividades econômicas
a pé, enfatizando aquelas que conectam as duas porções da ADE tradicionais existentes na área ou vinculadas à economia solidária
separadas pelo vale da Avenida Presidente Antônio Carlos; e criativa.
VI - assegurar a participação da sociedade civil na gestão local; Art. 243. Na ADE Região da Lagoinha, é vedada a instalação
VII - desenvolver plano local para a ADE Região da Lagoinha, de novos empreendimentos que incluam as seguintes atividades:
com a participação da comunidade local. I - comércio atacadista de papel e papelão em bruto ou
§ 1º A aplicação dos instrumentos de política urbana previstos resíduos;
no Título II desta lei na ADE Região da Lagoinha deverá priorizar a II - comércio atacadista, reciclagem ou compostagem de
requalificação das áreas degradadas existentes e o aproveitamento resíduos e sucatas;
de áreas não edificadas, subutilizadas ou não utilizadas. III - atividades relacionadas ao tratamento de esgoto;
§ 2º As ações e intervenções previstas no plano local poderão IV - coleta de resíduos perigosos ou não perigosos;
ser executadas por meio de operações urbanas. V - garagem de ônibus;
Art. 241. A elaboração de plano local para a ADE Região da VI - crematórios, exceto nas Ageucs e Agees.
Lagoinha deverá buscar o atendimento aos seguintes objetivos: Art. 244. O Fade Região da Lagoinha constitui instância de
I - promover a ocupação e o uso de imóveis não edificados, referência na gestão democrática das questões vinculadas à ADE
subutilizados e não utilizados; Região da Lagoinha, devendo seu funcionamento observar o
II - melhorar as condições de circulação na ADE, priorizando disposto no Capítulo IV do Título III desta lei.
os modos não motorizados de transporte e a conexão da ADE com
as áreas vizinhas, especialmente com a área central; CAPÍTULO XIII
III - priorizar a instalação de empreendimentos de uso DA ADE CIDADE JARDIM
residencial e misto, em especial daqueles associados à habitação
de interesse social; Art. 245. A ADE Cidade Jardim tem como objetivo geral a
IV - promover a recuperação e a valorização dos espaços proteção e a valorização do patrimônio cultural, arquitetônico e
urbanos da ADE e do patrimônio cultural material e imaterial paisagístico local de caráter predominantemente modernista.
existente nessa porção territorial; Art. 246. São objetivos específicos da ADE Cidade Jardim:
V - estimular a utilização das áreas remanescentes situadas I - fortalecer a área da ADE Cidade Jardim como espaço de
ao longo da Avenida Presidente Antônio Carlos de forma a referência histórico-arquitetônica;
proporcionar e garantir a preservação da paisagem cultural e II - preservar a ambiência local;
promover a conexão das duas porções da ADE; III - viabilizar um processo sustentável de preservação;
VI - estabelecer normas para a implantação de corredor IV - manter a tipologia de ocupação original e existente,
cultural na Lagoinha e no Bonfim, de forma a contemplar: desestimulando a substituição de edificações;
a) a instituição de parâmetros e posturas urbanísticas V - preservar o estilo arquitetônico modernista;
específicas e a definição das intervenções físicas pertinentes, VI - preservar o alto índice de cobertura vegetal;
com ênfase na promoção da acessibilidade universal nos espaços VII - compatibilizar a tipologia de ocupação existente e o alto
urbanos; índice de cobertura vegetal com o uso do solo a ser admitido;
b) o estímulo à diversidade comercial e de serviços, com foco VIII - estimular as atividades econômicas que não provoquem:
nas atividades vinculadas à economia criativa condizentes com as a) poluição sonora e atmosférica;
vocações culturais dessa porção territorial; b) aumento do fluxo de veículos leves ou pesados.
c) a implantação de equipamentos culturais, bem como
o desenvolvimento de políticas de estímulo à cultura e ao SEÇÃO I
desenvolvimento socioeconômico local; DA OCUPAÇÃO DO SOLO
VII - estimular a geração de renda por meio da economia
solidária para possibilitar a permanência da população das vilas Art. 247. Na ADE Cidade Jardim, as vagas existentes destinadas
Senhor dos Passos e Pedreira Prado Lopes na região. a estacionamento de veículos apenas poderão ser transformadas
Art. 242. Na ADE Região da Lagoinha, deverá ser incentivado em áreas ajardinadas.
o exercício de atividades vinculadas a:
I - economia criativa condizentes com as vocações culturais
da região;
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SEÇÃO II CAPÍTULO XV
DO USO DO SOLO DA ADE PRIMEIRO DE MAIO

Art. 248. Na ADE Cidade Jardim, a instalação de usos não Art. 253. A ADE Primeiro de Maio tem como objetivo preservar
residenciais é disciplinada pela conjugação da classificação das os traços da ambiência original dos espaços públicos e a tipologia
vias incluída no Anexo VII desta lei com as listagens constantes do característica da ocupação e do uso local, por meio das seguintes
Anexo XIII desta lei. ações:
Parágrafo único. Na ADE Cidade Jardim, nas vias classificadas I - valorizar a centralidade formada pelo centro comercial ao
como PECJ-III, são admitidos os usos não residenciais classificados longo da Rua Ladainha nos bairros Primeiro de Maio e Providência;
pelo Anexo XIII desta lei nos grupos I a III. II - promover a requalificação urbana da área e das fachadas
Art. 249. As atividades instaladas na ADE Cidade Jardim em de edificações de interesse cultural, com integração ao Parque
data anterior a 30 de maio de 2008 e que estejam em desacordo Ecológico Primeiro de Maio;
com o Anexo XIII desta lei poderão permanecer no local, desde III - instituir perímetro de proteção do patrimônio cultural.
que atendam a uma das seguintes condições:
I - possuir ALF emitido em data anterior à prevista no caput CAPÍTULO XVI
deste artigo; DAS ADES DOS QUILOMBOS
II - ser exercida por empresa regularmente constituída e
comprovadamente instalada em data anterior à prevista no caput Art. 254. As ADEs dos Quilombos constituem porções do
deste artigo; território municipal sujeitas a políticas específicas de preservação
III - ser exercida em edificação construída especificamente cultural, histórica e ambiental que visem a reforçar a identidade
para a atividade, desde que comprovadamente instalada em data territorial das comunidades quilombolas.
anterior à prevista no caput deste artigo; § 1º A delimitação das ADEs dos quilombos de Mangueiras e
IV - apresentar auto de fiscalização, notificação, auto de Luízes, identificadas no Anexo III desta lei, coincidem com os limites
infração ou laudo de vistoria integrante de processo administrativo dos respectivos territórios quilombolas, conforme descrição
instaurado pelo Executivo emitido em data anterior à prevista no perimétrica definida pelo Instituto Nacional de Colonização e
caput deste artigo; Reforma Agrária - Incra.
V - apresentar declaração escrita de, no mínimo, 2 (dois) § 2º A delimitação da ADE do Quilombo Manzo N`Gunzo
vizinhos que ateste o funcionamento da atividade em data Kaiango, identificada no Anexo III desta lei, coincide com os
anterior à prevista no caput deste artigo. limites da descrição perimétrica definida no processo de registro
Parágrafo único. Na ADE Cidade Jardim, somente se aplica o do quilombo aprovado pelo CDPCM-BH, podendo ser objeto de
disposto no § 3º do art. 179 desta lei aos imóveis identificados no atualização quando de sua definição pelo Incra.
Anexo VII desta lei. § 3º São objetivos das ADEs dos Quilombos:
Art. 250. O Fade Cidade Jardim constitui instância de I - reconhecer as especificidades da ocupação de cada
referência na gestão democrática das questões vinculadas à ADE quilombo como patrimônio histórico, cultural e simbólico do
Cidade Jardim, devendo seu funcionamento observar o disposto Município;
no Capítulo IV do Título III desta lei. II - proteger os espaços e as práticas culturais construídas por
essas coletividades, com respeito às suas formas de expressão e
CAPÍTULO XIV aos seus modos de criar, fazer e viver.
DA ADE VENDA NOVA III - reconhecer e proteger os territórios quilombolas como
parte essencial da identidade dos descendentes negros, bem
Art. 251. A ADE Venda Nova tem como objetivo resguardar o como elementos necessários à manutenção de um estilo de vida
traçado original desta porção territorial, bem como compatibilizar e de formas de sociabilidade próprias;
a proteção do patrimônio cultural com a permanência do uso IV - possibilitar a ocupação e o uso dessas porções territoriais
residencial e com o desenvolvimento de atividades econômicas. de forma condizente com o modo de vida das respectivas
§ 1º A ADE Venda Nova é subdividida nos setores 1 (um) a 4 comunidades quilombolas, considerada a condição de uso coletivo
(quatro), de acordo com a restrição altimétrica vigente para cada da propriedade dos quilombos;
porção de seu território. V - garantir a permanência da população residente nos
§ 2º Os setores da ADE Venda Nova são identificados no quilombos, em condições de segurança do ponto de vista
Anexo VII desta lei. geológico e geotécnico;
Art. 252. Na ADE Venda Nova, a implantação de VI - restringir usos que impliquem impactos negativos ou
empreendimentos de qualquer natureza em terrenos com área que sejam incompatíveis com as atividades exercidas pelas
igual ou superior a 500m² (quinhentos metros quadrados) é comunidades.
condicionada à avaliação do órgão municipal responsável pela § 4º Os parâmetros urbanísticos, as regras de uso do
política de planejamento urbano. solo, edilícias e de posturas das ADEs dos Quilombos deverão
ser aqueles estabelecidos nas respectivas regulamentações
específicas, desenvolvidas de forma compartilhada entre as
comunidades quilombolas e o Executivo, ou apresentadas pelas
comunidades quilombolas e aprovadas pelo Executivo.
Art. 255. São objetivos específicos da ADE Quilombo de
Mangueiras:
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I - viabilizar processo sustentável de ocupação, compatível § 3º O reconhecimento da conclusão de obra pelo Executivo
com a preservação ambiental; se dará:
II - compatibilizar a preservação ambiental com o uso I - no caso do parcelamento do solo, pela emissão do termo
sustentável dos recursos naturais, considerando os meios de de recebimento de obras de urbanização e liberação de caução
subsistência alternativos da comunidade quilombola local; de lotes;
III - garantir o desenvolvimento de práticas econômicas II - no caso de edificação, pela emissão da certidão de baixa
relacionadas a modelos produtivos agrícolas. de construção.
§ 1º Na ADE Quilombo de Mangueiras, não se aplica a
limitação prevista no § 1º do art. 179 desta lei. CAPÍTULO II
§ 2º Os equipamentos comunitários que forem necessários DA INTERVENÇÃO EM ASSENTAMENTO PRECÁRIO
para uso da comunidade do Quilombo de Mangueiras deverão ser
implantados dentro da área do quilombo, sem ônus de aquisição Art. 260. Entende-se como intervenção em assentamento
de terreno para o Município. precário aquela efetivada em área ocupada predominantemente
Art. 256. Na ADE Quilombo de Mangueiras são admitidas, por população de baixa renda, visando à melhoria da qualidade
além das atividades determinadas pela comunidade de vida dos moradores e à sua integração à cidade.
quilombola, pecuária de subsistência e atividades agrícolas, § 1º As intervenções em assentamentos precários devem
independentemente de sua inclusão no Anexo XIII desta lei. atender às resoluções do CMH.
Parágrafo único. Nas porções do território da ADE Quilombo § 2º As intervenções em assentamento precário deverão
de Mangueiras classificadas como PA-1, poderão ser desenvolvidos priorizar as Zeis e Aeis-2.
usos sustentáveis de exploração dos recursos naturais que tenham Art. 261. São diretrizes para a intervenção em assentamento
como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura da precário:
comunidade quilombola. I - atender, prioritariamente, às famílias que se enquadrem
em uma das seguintes situações:
TÍTULO X a) tenham sido removidas por motivo de calamidade;
DA POLÍTICA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO b) sejam ocupantes de área de risco ou insalubre;
c) sejam ocupantes de área destinada à implantação de obras
CAPÍTULO I públicas;
DA PARCERIA DE INTERESSE SOCIAL II - promover a melhoria da condição de habitabilidade,
salubridade e segurança do assentamento, visando a garantir aos
Art. 257. A intervenção em assentamento precário e a seus moradores o direito à moradia digna e à cidade;
produção habitacional de interesse social poderão ocorrer por III - promover o reassentamento preferencialmente dentro
meio de parcerias promovidas por iniciativa do Executivo ou por ou em área próxima ao assentamento quando for necessária a
solicitação de proponente, entendido como o agente público remoção de família do seu domicílio;
ou privado envolvido de modo articulado e cooperativo com o IV - preservar a predominância do uso residencial, garantindo
Executivo na elaboração de programas, planos, projetos, obras ou que a instalação de usos não residenciais contribua de modo
ações relacionados à PMH. efetivo para a melhoria da qualidade de vida no assentamento e
Art. 258. A parceria de interesse social será estabelecida por no seu entorno e promova a geração de trabalho e renda;
meio de TCU firmado com o Executivo, no qual serão previstas V - alinhar as intervenções dos diversos órgãos e esferas de
as obrigações das partes, constituindo o TCU título executivo governo às diretrizes do plano específico;
extrajudicial. VI - efetivar a regularização fundiária.
Parágrafo único. Na hipótese de o parceiro privado Art. 262. A regularização fundiária será implementada de
não ser o proprietário do imóvel no qual será implantado o forma articulada com outras ações executadas no assentamento
empreendimento, o TCU deverá incluir a manifestação favorável precário e quando tenham sido alcançadas as condições de
do parceiro privado à parceria. habitabilidade, salubridade e segurança.
Art. 259. O descumprimento das obrigações estabelecidas
no TCU pelo parceiro privado implica os seguintes impedimentos, CAPÍTULO III
sem prejuízo da aplicação de outras penalidades: DA PRODUÇÃO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL
I - contratar ou realizar nova parceira;
II - receber incentivos fiscais; Art. 263. Entende-se como produção habitacional de interesse
III - ter reconhecida, pelo Executivo, a conclusão de obra; social o parcelamento e a ocupação do solo ou a adaptação de
IV - participar de licitação de obras a serem realizadas no edificação existente visando ao provimento de habitação para
Município. famílias de baixa renda.
§ 1º Na hipótese de comercialização de unidade imobiliária Art. 264. São diretrizes para a produção habitacional de
em desconformidade com o disposto no TCU, soma-se ao disposto interesse social:
no caput deste artigo a aplicação de multa de 50% (cinquenta I - promover a implantação de unidades habitacionais em
por cento) do valor de garantia de cada unidade comercializada áreas inseridas na malha urbana, dotadas de infraestrutura e de
indevidamente. equipamentos comunitários;
§ 2º O pagamento da multa prevista no § 1º deste artigo II - promover a adequação de edificações não utilizadas ou
poderá ser efetuado por meio da transferência de unidades subutilizadas, visando à provisão de moradia para a população de
habitacionais do empreendimento ao Município. baixa renda;
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III - incentivar parcerias do Executivo com a iniciativa privada, visando à adequação do empreendimento às diretrizes da PMH,
cooperativas, associações ou entidades habitacionais; às condições urbanísticas do local e à sua inserção no contexto do
IV - estimular a implantação de unidades habitacionais por Município.
meio da especificação de parâmetros de parcelamento, ocupação § 2º A aprovação do parcelamento ou da edificação em
e uso do solo que visem ao melhor aproveitamento da capacidade empreendimento de interesse social será condicionada à
de suporte e inserção urbana; assinatura de TCU.
V - fomentar a atuação de cooperativas, associações ou § 3º É dispensada a obrigatoriedade prevista no § 2º deste
entidades habitacionais com utilização de processos de autogestão artigo para o empreendimento de interesse social promovido
e assessoria técnica especializada; exclusivamente pelo Executivo.
VI - garantir que a produção habitacional se instale com
a predominância do uso residencial, permitindo usos não CAPÍTULO IV
residenciais de forma a contribuir para a integração à cidade e a DAS INTERVENÇÕES EM ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE
criação de oportunidades de trabalho e renda para os moradores; SOCIAL
VII - promover a regularização fundiária na implantação de
novos empreendimentos; SEÇÃO I
VIII - privilegiar processos construtivos que garantam maior DOS PLANOS GLOBAIS ESPECÍFICOS
qualidade e menor custo da produção da habitação de interesse
social; Art. 267. A realização de intervenções em Zeis é condicionada
IX - promover a construção de moradias com características à elaboração de um PGE distinto para cada assentamento, sob a
de adaptabilidade às condições de acessibilidade de pessoas com coordenação do órgão gestor da PMH.
mobilidade reduzida; § 1º Em todas as etapas de elaboração dos PGEs será garantida
X - buscar modelos de moradia adequada à composição das a participação da comunidade envolvida, que deverá aprovar as
famílias; propostas indicadas.
XI - incentivar soluções construtivas que reduzam o consumo § 2º O detalhamento do conteúdo dos PGEs será objeto de
de água e de energia e contribuam para o controle das mudanças definição pelo órgão gestor da PMH.
climáticas; § 3º Concluído o PGE, os parâmetros urbanísticos e as regras
XII - promover a implantação de unidades habitacionais nas de uso do solo de cada Zeis serão estabelecidos em decreto, que
centralidades e na área central; prevalecerá sobre os estabelecidos nos Anexos XII e XIII desta lei.
XIII - incentivar a implantação de unidades habitacionais em § 4º O decreto a que se refere o § 3º deste artigo disporá
empreendimento que as associem a usos não residenciais; sobre a alteração do perímetro da Zeis, se necessário.
XIV - incentivar a implantação de unidades habitacionais em § 5º Os critérios para ocupação e uso dos terrenos em
empreendimentos que incluam diferentes faixas de renda. Zeis localizadas em áreas de centralidades serão definidos em
Art. 265. O cadastro de imóveis para a implantação de regulamento.
empreendimentos de interesse social é composto de imóveis § 6º O Executivo poderá dispensar a elaboração de PGE
vazios, subutilizados ou não utilizados, identificados pelo órgão mediante parecer motivado, emitido pelo órgão gestor da PMH.
gestor da PMH.
§ 1º As unidades de habitação de interesse social implantadas SEÇÃO II
em terreno de propriedade pública serão prioritariamente DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
destinadas às famílias por meio da concessão de direito real de
uso ou do aluguel social. Art. 268. Na regularização fundiária das Zeis, deverá ser
§ 2º As transferências de domínio dos lotes e frações ideais, estabelecido lote padrão para cada área objeto de parcelamento
feitas posteriormente à titulação em Aeis-1 e Aeis de Interesse do solo.
Ambiental, deverão ocorrer com a interveniência do órgão gestor Parágrafo único. Considera-se lote padrão a área básica,
da PMH, de acordo com normas e critérios estabelecidos em medida em metros quadrados, estabelecida a partir de
conjunto com o CMH. parâmetros estatísticos referentes às áreas dos lotes resultantes
§ 3º As transferências de domínio dos lotes e frações ideais do levantamento planimétrico cadastral.
de imóveis situados em Aeis-2 e destinados ao atendimento de Art. 269. A modificação do parcelamento da Zeis apenas
famílias de baixa renda deverão ocorrer com a interveniência será admitida para reduzir a desconformidade em relação ao lote
do órgão gestor da PMH, de acordo com normas e critérios padrão de cada assentamento.
estabelecidos em conjunto com o CMH. Parágrafo único. Os lotes resultantes de modificações de
Art. 266. O licenciamento de empreendimento de interesse parcelamento voltadas para o assentamento ou reassentamento
social será condicionado à análise prévia pelo órgão gestor da de famílias, posteriores à aprovação do parcelamento da Zeis,
PMH, sem prejuízo das demais avaliações impostas pela legislação obedecerão à área máxima estabelecida na tabela 1 do Anexo XII
urbanística ou ambiental. desta lei, independentemente do aumento da desconformidade
§ 1º O protocolo do pedido de licenciamento de que em relação ao lote padrão, ressalvadas as exceções previstas no
trata o caput deste artigo será condicionado a parecer de Anexo XII desta lei.
enquadramento de interesse social, emitido com base na Art. 270. Nos lotes ocupados por mais de um domicílio, sempre
proposta e nos documentos apresentados pelo empreendedor, que necessário, o parcelamento e a titulação serão precedidos da
elaboração de estudos básicos efetuados com a participação dos
moradores para definição das frações ideais respectivas.
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Parágrafo único. A subdivisão do lote entre os ocupantes será Art. 276. As transferências de domínio dos lotes e frações
feita com base na ocupação existente demonstrada nos estudos ideais feitas posteriormente à titulação deverão ocorrer com a
básicos. interveniência do órgão gestor da PMH, de acordo com normas e
Art. 271. Concluído o processo de regularização fundiária, critérios estabelecidos em conjunto com o CMH.
as áreas localizadas nas Zeis serão objeto de decreto que disporá Parágrafo único. Os parâmetros para cálculo de frações ideais
sobre: em lotes de uso multifamiliar serão os seguintes:
I - a delimitação da poligonal do assentamento regularizado; I - os lotes com ocupação multifamiliar distribuída
II - a alteração do perímetro da Zeis, se houver; horizontalmente poderão ser destinados a todas as famílias
III - a redefinição dos parâmetros urbanísticos de que os ocupam, e a cada família corresponderá uma fração
parcelamento, ocupação e uso do solo aplicáveis aos lotes ideal calculada pela proporção entre a parcela do lote ocupada
aprovados, se necessário; individualmente e a área total do lote, assegurados os parâmetros
IV - a desafetação de bem público de uso comum, logradouro mínimos de segurança, salubridade, conforto e acesso;
público ou lote destinado a equipamento urbano ou comunitário, II - os lotes com ocupação multifamiliar distribuída
quando for o caso. verticalmente poderão ser destinados a todas as famílias que
Art. 272. A definição de parâmetros urbanísticos e das os ocupam, e a cada família corresponderá uma fração ideal,
condições para a ocupação e o uso do solo de cada assentamento calculada pela proporção entre a soma da área edificada com
tem como objetivos: a sua respectiva área livre e a área de ocupação total do lote,
I - assegurar a observância de padrões mínimos de assegurados os parâmetros mínimos de segurança, salubridade,
urbanização, segurança, acesso, higiene, salubridade e conforto conforto e acesso.
das edificações; Art. 277. Nas Zeis, os imóveis de uso residencial poderão ser
II - orientar a regularização das edificações existentes; objeto de concessão de uso especial para fins de moradia, nos
III - orientar o projeto e a execução de reformas, ampliações termos da legislação específica.
e das novas edificações; Art. 278. Nas Zeis, os imóveis de uso residencial destinados
IV - orientar a localização e o funcionamento dos usos não à locação ou os de uso não residencial poderão ser objeto de
residenciais; concessão do direito real de uso ou de permissão de uso, com ou
V - evitar o processo de expulsão indireta dos moradores sem ônus.
do assentamento, provocado pela valorização do uso do solo Parágrafo único. Os critérios para concessão ou permissão
decorrente da implantação de atividades. de uso previstos no caput deste artigo são regidos por legislação
Art. 273. Poderão ser regularizadas as edificações situadas nos específica, observados os objetivos e diretrizes da PMH.
assentamentos, mediante apresentação de cadastro simplificado. Art. 279. A renda arrecadada com a alienação, a concessão ou
Parágrafo único. As edificações deverão ser objeto de a permissão de uso onerosas dos imóveis objeto de regularização
avaliação técnica específica do órgão gestor da PMH, para fundiária nos assentamentos classificados como Zeis será revertida
efetivação do cadastro. ao FMHP.
Art. 280. Ainda que não titulada ou não realizada a concessão
SEÇÃO III de algum dos lotes resultantes do parcelamento aprovado, será
DA ALIENAÇÃO E DA UTILIZAÇÃO DOS IMÓVEIS respeitada a posse existente, inclusive para fins de indenização
das benfeitorias, no caso da conveniência de se promover sua
Art. 274. O Executivo fica autorizado a desafetar os bens desocupação.
públicos existentes no interior dos assentamentos inseridos em
Zeis, para fins de urbanização e de regularização fundiária. CAPÍTULO V
Art. 275. O Executivo fica autorizado a alienar lotes situados DAS INTERVENÇÕES EM ÁREAS ESPECIAIS DE INTERESSE
em áreas públicas municipais aos moradores das Zeis, mediante SOCIAL
dispensa de licitação, nos termos da legislação federal, desde que
atendidas as seguintes condições: SEÇÃO I
I - os lotes serão alienados em conformidade com as DISPOSIÇÕES GERAIS
respectivas áreas definidas e aprovadas no parcelamento;
II - para cada família, somente será alienado um lote, ou Art. 281. Fica o Executivo autorizado a titular, financiar,
fração ideal, no caso de ocupação multifamiliar, de uso residencial vender, permutar, retomar, doar ou dar em garantia, com
ou misto; dispensa de licitação, nos termos da legislação federal e conforme
III - os lotes somente serão alienados aos moradores regulamento, imóvel de propriedade municipal, desde que em
cadastrados pela pesquisa socioeconômica realizada nas favor de:
respectivas Zeis; I - beneficiário da PMH;
IV - o documento de propriedade será concedido mediante II - fundo ou instituição financeira com finalidade vinculada
escritura de compra e venda, nos critérios estabelecidos pelo à produção de empreendimento habitacional de interesse social;
órgão gestor da PMH e de acordo com legislação vigente; III - entidade promotora de programa habitacional de
V - não poderá ser titulado aquele que for proprietário, interesse social habilitada por instituição promotora de programa
concessionário ou foreiro de outro imóvel. habitacional ou selecionada pelo Município em chamamento
público.

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Art. 282. Fica o Executivo autorizado a desafetar os bens deverá ser definida de forma moderada e considerar a
públicos existentes no interior das Aeis-2 para fins de regularização manutenção dos atributos ambientais relevantes existentes na
fundiária ou de implantação das intervenções propostas pelo área, obedecidas as condições dispostas no Anexo XII desta lei.
respectivo plano urbanístico. § 4º A indicação do CAmax pelo PRU é limitada ao coeficiente
Art. 283. A transferência de imóveis produzidos no âmbito estabelecido para as Aeis-1.
da PMH, bem como daqueles regularizados em áreas públicas, § 5º O Executivo poderá dispensar a elaboração de PRU
devem ocorrer com a interveniência do órgão gestor da PMH, mediante parecer motivado, emitido pelo órgão gestor da PMH
de acordo com normas e critérios definidos pelo CMH, visando à e pelo órgão municipal responsável pela política de planejamento
defesa e à permanência do caráter de interesse social. urbano.
Art. 287. O PRU deverá prever a permanência das famílias
SEÇÃO II residentes que se enquadrem nos critérios de atendimento da
DAS DIRETRIZES PARA AEIS DE INTERESSE AMBIENTAL PMH, ou o respectivo reassentamento, prioritariamente, dentro
dos limites de sua respectiva Aeis-2.
Art. 284. Os órgãos municipais responsáveis pela política Art. 288. O detalhamento do conteúdo do PRU será objeto de
urbana e pela política de meio ambiente deverão estabelecer regulamento.
diretrizes para parcelamento, ocupação e uso do solo para Art. 289. Concluído o PRU, os parâmetros urbanísticos e
as porções do território classificadas como Aeis de Interesse as regras de uso do solo de cada loteamento integrante das
Ambiental. Aeis-2 serão estabelecidas por decreto, prevalecendo sobre os
§ 1º Na definição das diretrizes previstas no caput deste estabelecidos nos Anexos XII e XIII desta lei.
artigo, deverão ser observadas: Parágrafo único. Além do disposto no caput deste artigo, o
I - a manutenção dos atributos ambientais relevantes decreto disporá também sobre a alteração do perímetro da Aeis-
existentes na área; 2, se for o caso.
II - a não alteração dos parâmetros urbanísticos nas porções
do território cuja TP seja igual ou superior a 70% (setenta por SEÇÃO IV
cento). DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
§ 2º As diretrizes previstas no caput deste artigo deverão
prever a integração entre os parques, porções territoriais Art. 290. Concluído o processo de regularização fundiária, as
legalmente reconhecidas como de preservação ambiental e Elups, áreas localizadas em Aeis-2 serão objeto de decreto que disporá,
de modo a garantir a continuidade dos percursos de pedestres no mínimo, sobre:
entre as áreas. I - a delimitação da poligonal do assentamento regularizado;
§ 3º As diretrizes previstas no caput deste artigo poderão II - a alteração do perímetro da Aeis-2, se for o caso;
indicar a revisão do perímetro das Aeis de Interesse Ambiental. III - a redefinição dos parâmetros urbanísticos de
Art. 285. Concluído o processo de definição de diretrizes parcelamento, ocupação e uso do solo aplicáveis aos lotes
previsto no art. 284 desta lei, os parâmetros urbanísticos e as aprovados, se necessário;
regras de uso do solo de cada loteamento integrante das Aeis de IV - a desafetação de bem público de uso comum, logradouro
Interesse Ambiental serão estabelecidos em regulamento, que público ou lote destinado a equipamento urbano ou comunitário,
prevalecerá sobre os parâmetros estabelecidos nos Anexos XII e quando for o caso.
XIII desta lei.
Parágrafo único. Além do conteúdo previsto no caput deste TÍTULO XI
artigo, o regulamento disporá, no mínimo, sobre: DA MOBILIDADE URBANA
I - a alteração do perímetro da Aeis de Interesse Ambiental,
se houver; CAPÍTULO I
II - a desafetação de bem público de uso comum, logradouro DO PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA DE BELO
público ou lote destinado a equipamento urbano ou comunitário, HORIZONTE PLANMOB-BH
quando for o caso.
SEÇÃO I
SEÇÃO III DOS PRINCÍPIOS, DIRETRIZES, OBJETIVOS, METAS E
DOS PLANOS DE REGULARIZAÇÃO URBANÍSTICA CONTEÚDO DO PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA
DE BELO HORIZONTE
Art. 286. A realização de intervenções e a regularização
fundiária nas Aeis-2 estão condicionadas à elaboração do PRU. Art. 291. O PlanMob-BH é o instrumento de efetivação
§ 1º Em todas as etapas de elaboração dos PRU, será garantida da PMMU e tem por finalidade atender as necessidades de
a participação da comunidade envolvida. mobilidade da população do Município, bem como orientar as
§ 2º O PRU poderá indicar revisão do perímetro da Aeis-2, ações relativas aos modos de transporte, serviços e infraestrutura
bem como sua manutenção ou supressão após a conclusão do viária e de transporte, responsáveis por garantir o deslocamento
processo de regularização fundiária. de pessoas e cargas em seu território.
§ 3º No caso da incidência de Aeis-2 em porções do território Art. 292. São objetivos estratégicos do PlanMob-BH:
municipal com taxa de permeabilidade igual ou superior a 70%
(setenta por cento), a flexibilização de parâmetros urbanísticos

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I - ampliar o percentual de viagens em modos de transporte VI - os programas, projetos e infraestruturas destinados


coletivos em relação ao total de viagens em modos motorizados, aos modos de transporte não motorizados deverão abordar
tendo como meta tornar o transporte coletivo mais atrativo do sua integração aos demais modos de transporte, bem como
que o transporte individual; sua adequação à política municipal de promoção da saúde da
II - promover a melhoria contínua dos serviços, equipamentos população e, ainda, conter:
e instalações relacionados à mobilidade; a) a identificação das vias prioritárias para circulação de
III - promover a segurança no trânsito; pedestres no acesso ao transporte coletivo, com vistas à sua
IV - assegurar que as intervenções no sistema de mobilidade melhoria por meio da ampliação e manutenção dos passeios;
urbana contribuam para a melhoria da qualidade ambiental e b) a previsão de implantação de infraestrutura para circulação
estimulem o uso de modos não motorizados de transporte; de bicicletas, contemplando ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas;
V - tornar a mobilidade urbana um fator positivo para o c) as ações de estímulo à circulação a pé, incluindo a
ambiente de negócios da cidade; iluminação de travessias e de calçadas e a sinalização indicativa
VI - tornar a mobilidade urbana um fator de inclusão social. para o pedestre, bem como ações educativas com ênfase em
Art. 293. A meta global do PlanMob-BH é garantir a segurança, entre outras;
mobilidade e a acessibilidade no ambiente urbano por meio de d) as ações de estímulo ao uso da bicicleta, incluindo a
redes integradas, do gerenciamento da demanda e da qualidade sinalização indicativa para o ciclista, as ações educativas focadas
dos serviços de transporte público, resultando em uma divisão em segurança, a implantação de paraciclos, bicicletários e o
modal mais sustentável. sistema de informação para o deslocamento por bicicletas, entre
Parágrafo único. Constitui condição para o alcance da meta outras;
global a inversão da tendência de crescimento do número de VII - os serviços de transporte coletivo em suas diversas
viagens em veículos privados, de modo a, no mínimo, manter escalas, contendo:
a participação atual do modo coletivo na matriz de viagens do a) a rede estruturante do transporte público coletivo e suas
Município e aumentar a participação dos modos não motorizados, tecnologias;
garantindo a redução da participação do modo motorizado b) a composição das linhas do sistema convencional;
individual, especialmente nas viagens a trabalho e estudo. c) as linhas de vilas e favelas;
Art. 294. Para o atendimento dos objetivos estratégicos do d) o sistema suplementar de transporte coletivo;
PlanMob-BH, serão estabelecidas metas de curto, médio e longo e) os demais serviços de transporte coletivo, tais como o
prazo, cuja observância será monitorada por meio de indicadores transporte escolar, as linhas executivas, o transporte fretado e
de desempenho. outros possíveis serviços que vierem a ser implantados;
Parágrafo único. Os prazos das ações previstas no PlanMob- VIII - as infraestruturas do sistema de mobilidade urbana
BH devem ser os seguintes, contados da data da entrada em vigor voltadas para o transporte coletivo, especificando as áreas
desta lei: prioritárias a serem definidas para:
I - curto prazo: até 2 (dois) anos; a) construção de vias, pistas e faixas exclusivas e preferenciais
II - médio prazo: até 5 (cinco) anos; para o transporte público coletivo;
III - longo prazo: até 2030. b) implantação de terminais e estações de embarque e
Art. 295. O detalhamento técnico do PlanMob-BH será desembarque;
elaborado pelo Executivo e deverá contemplar: IX - o sistema de circulação, em conformidade com o Anexo
I - o detalhamento dos objetivos estratégicos da PMMU, em V desta lei;
consonância com seus princípios e diretrizes; X - a garantia de acessibilidade física para pessoas com
II - a definição das metas de curto, médio e longo prazo; deficiência e restrição de mobilidade, especialmente no transporte
III - a definição dos indicadores de desempenho e de coletivo;
monitoramento do sistema de mobilidade urbana; XI - a integração dos modos de transporte público e desses
IV - as ações e as políticas que associem o uso e a ocupação com os privados e os não motorizados, incluindo medidas que
do solo à capacidade de transporte, de forma a contribuir para permitam minimizar os conflitos intermodais;
o desenvolvimento econômico e urbano da cidade e a garantir XII - a operação e o disciplinamento do transporte de carga
retorno social e econômico dos investimentos em infraestrutura, na infraestrutura viária, a partir do conceito de logística urbana,
propondo alterações na legislação, quando necessário; compatibilizando a movimentação de passageiros com a garantia
V - a inclusão de medidas voltadas para as seguintes da distribuição das cargas de forma eficiente e eficaz no espaço
finalidades: urbano;
a) diminuição do impacto ambiental do sistema de mobilidade XIII - as ações referentes aos polos geradores de tráfego, de
urbana, tanto na redução de emissões de poluentes locais e forma a equacionar estacionamento e operações logísticas, sem
globais quanto na diminuição do impacto nas áreas e atividades estimular o acesso por modos de transporte individual motorizado,
urbanas; e melhorar o acesso por modos de transporte coletivos e não
b) racionalização da matriz de transportes do Município, motorizados, incluindo espaços internos para o estacionamento
priorizando os modos de transporte que acarretem menor de bicicletas;
impacto ambiental; XIV - a política de estacionamento integrada às diretrizes
do planejamento urbano municipal, por meio da definição de
áreas de estacionamentos dissuassórios integrados ao sistema de
transporte urbano, com vistas a contribuir para a racionalização
da matriz de transportes do Município;
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XV - os mecanismos e os instrumentos de financiamento do Art. 298. A redução do impacto ambiental associado à


transporte público coletivo e da infraestrutura de mobilidade mobilidade urbana deve estar prioritariamente vinculada ao
urbana; gerenciamento da demanda de transporte, consideradas, sempre
XVI - a identificação de meios institucionais que assegurem a que possível, as seguintes ações:
implantação e a execução do planejamento da mobilidade urbana. I - tornar mais curtas as viagens por modos motorizados de
transporte, por meio de ações de política urbana que diminuam a
SEÇÃO II necessidade de deslocamentos no Município;
DA INTEGRAÇÃO ENTRE A POLÍTICA MUNICIPAL DE II - estimular modos de transporte coletivos e modos de
MOBILIDADE URBANA E A OCUPAÇÃO E O USO DO SOLO transporte não motorizados e desestimular modos de transporte
individuais motorizados;
Art. 296. A estruturação urbana deve associar a ocupação e o III - mudar a matriz energética tanto do transporte público
uso do solo às ações relativas à mobilidade urbana, tendo como quanto do privado, priorizando a utilização de fontes de energia
objetivos: de menor impacto ambiental;
I - estimular o adensamento nas regiões de entorno das IV - monitorar os impactos da circulação de veículos na
áreas servidas por sistemas de transporte de alta capacidade, qualidade do ar;
especialmente dos corredores de transporte e viários, das estações V - substituir gradativamente a frota de ônibus do serviço de
do transporte público e das áreas de centralidades, inclusive por transporte público coletivo por veículos acessíveis e movidos a
meio da utilização dos instrumentos de política urbana previstos combustíveis não derivados do petróleo.
nesta lei;
II - equacionar e internalizar, nos empreendimentos de SEÇÃO IV
impacto, o estacionamento e as operações logísticas sem, DA INTEGRAÇÃO ENTRE A POLÍTICA MUNICIPAL DE
contudo, estimular o acesso por modos de transporte individual; MOBILIDADE URBANA E AS POLÍTICAS SOCIAIS
III - qualificar a estrutura complementar aos modos
de transporte coletivos e não motorizados, incluindo a Art. 299. Constituem objetivos relativos aos aspectos sociais
disponibilização de espaços internos aos empreendimentos para da mobilidade urbana:
o estacionamento de bicicletas. I - garantir a acessibilidade universal ao sistema de mobilidade
Parágrafo único. Para consecução dos objetivos previstos no nos padrões definidos nas leis específicas;
caput deste artigo, serão observadas as seguintes ações: II - fortalecer a dimensão social do direito à mobilidade
I - adequar a densidade populacional e de empregos à urbana, ampliando-a, especialmente no que se refere aos modos
capacidade de transporte, com a definição de patamares de coletivos e não motorizados.
adensamento em torno dos eixos de transporte coletivo tomando Art. 300. A PMMU atenderá os interesses sociais por meio das
como referência a capacidade de suporte local; seguintes ações:
II - garantir o tratamento dos espaços públicos de forma a I - promover a inclusão social por meio de políticas tarifárias
estruturar a circulação em modos de transporte não motorizados que beneficiem o acesso ao transporte coletivo pela população de
e qualificar o acesso ao sistema de transporte coletivo nos baixa renda, observados critérios efetivamente gerenciados pelo
corredores e centralidades; poder público que evitem a evasão e a penalização dos demais
III - ampliar a estrutura relativa à utilização dos modos de usuários;
transporte não motorizados; II - contribuir para reduzir a tarifa básica, com base em
IV - priorizar o adensamento nas centralidades e desenvolver estudos de aplicação de subsídios e desonerações tributárias que
sua infraestrutura de forma a torná-las acessíveis por modos se mostrem viáveis e tenham fonte de custeio;
coletivos e não motorizados, bem como facilitar as atividades de III - garantir acessibilidade física para pessoas com deficiência
abastecimento necessárias ao seu funcionamento; e restrição de mobilidade;
V - garantir que as medidas mitigadoras e compensatórias IV - adequar a infraestrutura e a frota de veículos em
definidas em processos de licenciamento de empreendimentos de conformidade com os requisitos de acessibilidade universal;
impacto sejam compatíveis com o desenvolvimento sustentável, a V - garantir cobertura espacial e temporal para atendimento
fim de que o ônus decorrente de sua instalação não seja arcado aos usuários de transporte público.
pela coletividade.
CAPÍTULO II
SEÇÃO III DOS MODOS DE TRANSPORTE
DA INTEGRAÇÃO ENTRE A POLÍTICA MUNICIPAL DE
MOBILIDADE URBANA E O MEIO AMBIENTE Art. 301. São os seguintes os modos de transporte vinculados
à PMMU:
Art. 297. Constituem metas de caráter ambiental associadas I - a pé;
à mobilidade urbana: II - por bicicleta;
I - reduzir em 20% (vinte por cento) a emissão de GEE per III - coletivo de alta e média capacidade;
capita em relação à linha de tendência de emissões; IV - coletivo convencional e suplementar;
II - reduzir os níveis locais de emissões de gases poluentes. V - escolar;
VI - coletivo de serviço fretado;
VII - coletivo de serviço executivo;
VIII - individual motorizado por automóvel e motocicleta;
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IX - individual motorizado público; SEÇÃO II


X - individual motorizado privado remunerado. DO TRANSPORTE POR BICICLETA
Parágrafo único. O Executivo deverá elaborar estudo acerca
dos diversos modais de transporte e seus impactos sociais e Art. 304. Constituem metas relativas ao transporte por
econômicos na estrutura urbana. bicicleta:
I - elevar, de forma gradual, a participação do modal bicicleta
SEÇÃO I na matriz de viagens, buscando atingir 6% (seis por cento) do total
DO MODO A PÉ de deslocamentos;
II - aumentar a integração desse modal com o transporte
Art. 302. Constituem objetivos relativos à circulação de coletivo.
pedestres: Art. 305. Constituem ações relativas ao transporte por
I - estabelecer rede de caminhamento a pé, constituída por bicicleta:
calçadas e travessias, com base no Anexo VIII desta lei, de forma I - ampliar e estimular o uso da rede de ciclovias e ciclofaixas
a contemplar o tratamento para pedestres nas calçadas das em todas as áreas do Município em conformidade com o Anexo IX
centralidades e da rede estruturante de transporte de toda a desta lei, por meio da:
cidade, por meio: a) implementação da integração aos demais modos de
a) da implantação de melhorias nos passeios, nos acessos às transporte, especialmente o transporte coletivo;
estações de metrô e nos pontos de ônibus constantes das calçadas b) melhoria na oferta de equipamentos e infraestrutura, bem
consideradas prioritárias; como da sinalização indicativa para o ciclista;
b) do aumento do tempo do sinal verde para o pedestre nos c) realização dos programas educativos para a segurança dos
pontos de travessia; usuários, ciclistas, motoristas profissionais e demais condutores;
II - promover ações de fiscalização nas calçadas e nas d) implantação de paraciclos e bicicletários junto às estações
travessias para o cumprimento das regras de acessibilidade da de integração, bem como de sinalização informativa para o
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e do Código de deslocamento por bicicletas;
Posturas do Município; II - identificar e implantar rede de ciclorrotas ou rotas cicláveis
III - ampliar a fiscalização de respeito à legislação de trânsito incluindo vias com limitação de velocidade a 30km/h (trinta
que estabelece a prioridade do pedestre em travessias não quilômetros por hora), bem como outras identificadas como de
semaforizadas; tráfego compartilhado entre veículos motorizados e bicicletas;
IV - implantar os projetos de desenho urbano para as áreas III - desenvolver um plano estratégico de ampliação da rede
de centralidades regionais, considerando, entre outros, aspectos de bicicletas compartilhadas por meio de programa coordenado
de sinalização indicativa específica para pedestres e iluminação pelo Executivo, com participação da sociedade civil;
específica dos passeios e das travessias; IV - redefinir as diretrizes e elaborar um padrão de tratamento
V - promover o modo de transporte a pé, como passeios para a implantação das ciclovias no Município.
turísticos e a criação de facilidades para os deslocamentos a pé Art. 306. O Executivo poderá conceder à iniciativa privada a
no Município; implantação e a manutenção da infraestrutura e dos equipamentos
VI - priorizar os pedestres nos projetos viários, minimizando necessários ao transporte por bicicleta e a execução de projetos
alongamentos dos percursos de caminhamento que tenham por de educação no trânsito.
função garantir a melhoria no tráfego;
VII - implementar passagens de pedestres em pontos SEÇÃO III
estratégicos de transposição da linha férrea, inclusive em paralelo DO TRANSPORTE COLETIVO DE ALTA E MÉDIA CAPACIDADE
com os viadutos já existentes, observando as condições de
acessibilidade e segurança; Art. 307. Constituem objetivos relativos ao transporte coletivo
VIII - melhorar as condições de iluminação das vias; de alta e média capacidade:
IX - definir diretrizes e padrões de tratamento de acessibilidade I - ampliar a rede de transporte de alta e média capacidade,
das vias, passeios e calçadas, bem como de sinalização vertical e tronco-alimentada, de elevado padrão de serviço, que garanta
horizontal nos aglomerados, vilas e favelas; velocidade e conforto aos usuários, levando em consideração as
X - prever o tratamento específico e a manutenção das tecnologias que se mostrem viáveis de serem implantadas;
calçadas pelo Executivo, em projetos urbanos especiais em áreas II - promover o adensamento urbano ao longo da rede
de centralidade, financiada por meio dos recursos provenientes estruturante implantada e suas estações;
do FC. III - implantar rede estruturante do transporte coletivo
Art. 303. Constituem ações relativas à circulação de pedestres: em conformidade com o Anexo X desta lei, com integração dos
I - considerar o modo de transporte a pé como prioritário sistemas de alta e média capacidade.
nas políticas públicas e reverter a tendência de queda de sua Parágrafo único. A rede estruturante de transporte coletivo
participação; será suportada por um conjunto de corredores exclusivos e
II - tratar as calçadas como parte integrante dos projetos de preferenciais de ônibus, por corredores de elevada capacidade
transporte coletivo; e pela expansão do sistema sobre trilhos, possibilitando a
III - desenvolver campanha de conscientização que incentive integração física e tarifária desses sistemas com as demais linhas
o deslocamento realizado a pé; de transporte coletivo público.
IV - desenvolver programas voltados para a qualificação Art. 308. Constituem ações relativas ao transporte coletivo de
urbanística, ambiental e paisagística dos espaços públicos. alta e média capacidade:
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

I - implantar facilidades para estacionamento integrado de Parágrafo único. Sempre que disponíveis serviços de
automóveis e bicicletas; transporte fretado, devem ser adotadas medidas de restrição ao
II - implantar melhorias nos acessos às estações do sistema, transporte individual motorizado, especialmente para viagens a
tendo como finalidade principal o estímulo à sua utilização. trabalho e a estudo, tais como:
I - restrição do número de vagas de estacionamento em via
SEÇÃO IV pública;
DOS SISTEMAS CONVENCIONAL E SUPLEMENTAR DE II - ações de fiscalização.
TRANSPORTE COLETIVO
SEÇÃO VII
Art. 309. Constituem objetivos dos sistemas convencional e DO TRANSPORTE COLETIVO DE SERVIÇO EXECUTIVO
suplementar do transporte coletivo:
I - manter um sistema capilar que garanta ligação dos bairros Art. 314. Constitui objetivo relativo ao transporte coletivo
fora da rede tronco-alimentada com o centro, reforçando ligações de serviço executivo a atração de usuários, especialmente para
intra e inter-regionais nos sistemas convencional e suplementar; viagens por motivo de trabalho, com vistas à diminuição do uso do
II - garantir o atendimento a vilas e favelas, incorporando transporte individual privado para essa finalidade.
ações que viabilizem a circulação dessas linhas nos planos Art. 315. Constitui ação relativa ao transporte coletivo de
urbanísticos correspondentes. serviço executivo o incentivo à implantação de serviços especiais
Art. 310. Constituem ações relativas ao transporte coletivo - de transporte coletivo.
sistemas convencional e suplementar:
I - ampliar as intervenções de prioridade ao transporte SEÇÃO VIII
coletivo no sistema de circulação, por meio da implantação de DO TRANSPORTE INDIVIDUAL MOTORIZADO POR
faixas exclusivas nas principais vias por onde circulam os ônibus, AUTOMÓVEL E MOTOCICLETA
em conformidade com o Anexo X desta lei;
II - ampliar o atendimento às vilas e favelas e a rede de linhas Art. 316. Constitui objetivo relativo ao transporte individual
suplementares existentes. motorizado por automóvel e motocicleta a reversão da tendência
de aumento de sua participação relativa na matriz de transporte,
SEÇÃO V em especial nas viagens por motivo de trabalho e estudo, em
DO TRANSPORTE ESCOLAR médio e longo prazos.
Art. 317. Constituem ações relativas ao transporte individual
Art. 311. Constituem objetivos relativos ao transporte escolar: motorizado por automóvel e motocicleta:
I - a ampliação do uso do transporte escolar; I - implantar serviços de compartilhamento de veículo
II - o desestímulo da utilização dos deslocamentos para individual motorizado;
escolas por transporte privado individual. II - identificar vias destinadas a receber medidas de moderação
Art. 312. Constituem ações relativas ao transporte escolar: do tráfego a partir da limitação de velocidade a 30km/h (trinta
I - estimular o uso do transporte escolar e desestimular o uso quilômetros por hora), de forma a permitir o compartilhamento
do transporte privado individual motorizado por meio de: do leito viário por modos de transporte motorizados e não
a) restrição de parada e estacionamento de veículos de motorizados, com maior segurança para os usuários;
transporte privado individual nos logradouros lindeiros às escolas; III - definir política de estacionamento integrada às diretrizes
b) disciplinamento da parada de veículos de transporte do planejamento urbano municipal, visando a contribuir para a
privado individual na saída dos turnos escolares; racionalização da matriz de transporte;
II - estimular a adoção pelas escolas de soluções para o IV - definir, em curto prazo, áreas para implantação de
transporte escolar com compartilhamento de rotas; estacionamentos dissuasórios integrados ao sistema de transporte
III - exigir das escolas classificadas como empreendimento de urbano;
impacto a realização de licenciamento urbanístico corretivo que V - envidar esforços no sentido de, em 5 (cinco) anos, reduzir
contemple planos de logística de embarque e desembarque dos em 10% (dez por cento) o uso de veículo individual motorizado
seus alunos; pelos órgãos do Executivo.
IV - estimular parcerias entre as escolas e as empresas de
transporte escolar com o objetivo de racionalizar os trajetos dos SEÇÃO IX
veículos de forma compatível com a localização das moradias dos DO TRANSPORTE INDIVIDUAL MOTORIZADO PÚBLICO E
alunos, possibilitando, inclusive, a redução dos custos associados DO TRANSPORTE INDIVIDUAL MOTORIZADO PRIVADO
à atividade; REMUNERADO
V - estimular a carona solidária no trajeto casa-escola com a
participação da escola. Art. 318. Constitui objetivo relativo ao serviço de transporte
individual motorizado público e de transporte individual
SEÇÃO VI motorizado privado remunerado atender os desejos de
DO TRANSPORTE COLETIVO DE SERVIÇO FRETADO mobilidade individual em complementaridade com os outros
modos de transporte.
Art. 313. Constitui objetivo relativo ao transporte coletivo de Art. 319. Constituem ações relativas ao transporte individual
serviço fretado o incentivo à sua utilização, desde que não haja motorizado público ou privado remunerado:
competição direta com o sistema de transporte público coletivo.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

I - incentivar o uso de novas tecnologias de comunicação I - instituir programa municipal de segurança no trânsito,
entre usuários e prestadores de serviço; com vistas a zerar o número de mortos em acidentes de trânsito,
II - celebrar e manter convênios para a criação de praça usando como indicador o número de óbitos ocorridos em até 30
integrada com os Municípios da RMBH na organização do serviço (trinta) dias após o acidente e a ele relacionados;
por transporte individual motorizado público; II - implementar sistema semafórico inteligente, que leve em
III - fazer gestão do serviço de transporte individual consideração a aproximação de veículos de transporte público
motorizado, a fim de adequar a frota às necessidades da coletivo.
população, bem como equacionar o equilíbrio entre os serviços Art. 323. O Município deverá priorizar o acesso de modos de
relativos ao transporte individual motorizado público e ao transporte diversos às áreas de periferia, vilas e favelas.
transporte individual motorizado privado remunerado, através da
simplificação e racionalização das exigências para a circulação, a SEÇÃO II
fim de promover a concorrência leal entre serviços de transporte; DA POLÍTICA DE PREÇO DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE E
IV - estudar a criação de novos serviços de táxi-lotação, com DO ESTACIONAMENTO
a implantação de novas estações ou aproveitando as estações de
integração existentes. Art. 324. Constitui objetivo da política de preços definir
valores coerentes a serem cobrados pelos serviços de mobilidade,
CAPÍTULO III estacionamentos em vias públicas de veículos de passageiros e
DOS DEMAIS ASPECTOS VINCULADOS À MOBILIDADE de carga e também, eventualmente, por circulação, estimulando
URBANA modos de transporte não motorizados, coletivos e menos
poluentes.
Art. 320. Constituem objeto da PMMU, além dos modos de Parágrafo único. Constitui ação voltada para o atendimento
transporte descritos: ao objetivo previsto no caput deste artigo definir políticas de
I - o sistema de circulação e segurança; preço para cada modo de transporte com vistas a priorizar a
II - a política de preço dos serviços de transporte e do utilização dos sistemas de transporte coletivo e não motorizados e
estacionamento; desestimular o uso do automóvel, especialmente na área central.
III - a logística urbana; Art. 325. Fica criado o Fundo Municipal de Melhoria da
IV - a informação referente à mobilidade urbana; Qualidade e Subsídio ao Transporte Coletivo - FSTC, cujos
V - a integração dos modos de transporte; recursos serão prioritariamente destinados a subsidiar o serviço
VI - os instrumentos de gestão; de transporte coletivo no Município, com vistas à manutenção e
VII - o monitoramento, a avaliação e a revisão do PlanMob- redução das tarifas cobradas.
BH. Art. 326. Constituem ações relativas à política de
estacionamento:
SEÇÃO I I - promover a redução progressiva do número de vagas do
DO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO E DA SEGURANÇA estacionamento rotativo de superfície na área central, associando
tal ação a medidas de priorização do transporte coletivo e não
Art. 321. Constituem objetivos relativos ao sistema de motorizado;
circulação e à segurança: II - estimular a criação de estacionamentos públicos ou
I - garantir retorno econômico, social e ambiental em relação privados visando à integração da rede de transporte público e à
aos investimentos no sistema de circulação, favorecendo os diminuição de vagas na rua;
sistemas mais eficientes; III - estimular a substituição de vagas de estacionamento de
II - assegurar acessibilidade adequada às diversas regiões do veículos por espaços de lazer denominados parklets.
Município; § 1º O parklet e os elementos nele instalados devem ser
III - aumentar a mobilidade entre as diversas regiões carentes acessíveis ao público em geral, sendo vedada sua utilização
de interligações, reforçando as diretrizes de descentralização do exclusiva por seu mantenedor.
Município; § 2º A instalação de parklet depende de prévia autorização
IV - diminuir o número de acidentes e de vítimas no trânsito; do Executivo.
V - priorizar a implantação de infraestrutura viária voltada
para o transporte coletivo; SEÇÃO III
VI - priorizar as iniciativas, os projetos e os investimentos que DA LOGÍSTICA URBANA
potencializem a segurança no trânsito por meio:
a) do desenvolvimento de projetos de educação no trânsito, Art. 327. Constituem objetivos relativos à logística urbana:
com foco no público mais vulnerável, em especial pedestres, I - racionalizar a distribuição de cargas urbanas, com vistas
idosos, motociclistas e jovens condutores; a minimizar o impacto das atividades de abastecimento na
b) da modernização tecnológica dos equipamentos de circulação de veículos;
monitoramento, controle do tráfego e orientação aos usuários. II - priorizar, quando necessário, o transporte de mercadorias
Art. 322. Constituem ações relativas ao sistema de circulação em relação ao transporte individual;
e à segurança: III - ampliar a segurança e reduzir o impacto das atividades de
transporte de mercadorias;

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

IV - racionalizar as operações de logística urbana, cooperando I - a definição de tarifa que garanta o equilíbrio econômico-
com entidades públicas e privadas, em consonância com as financeiro do sistema municipal de transporte coletivo;
políticas de uso e ocupação do solo, desenvolvimento econômico II - o desenvolvimento de plano operacional que reduza
e gestão da mobilidade. o tempo total de deslocamento dos usuários e que estimule a
§ 1º A política de logística urbana consiste na definição integração entre os modos de alta capacidade;
da operação e do disciplinamento do transporte de carga na III - a abordagem do sistema alimentador e os modos não
infraestrutura viária, de forma a compatibilizar a movimentação motorizados;
de passageiros com a distribuição das cargas. IV - a instalação de estacionamentos próximos às estações
§ 2º A política de logística contempla a avaliação da eficácia, não inseridas na ADE Avenida do Contorno;
da eficiência e da efetividade da regulamentação, propondo as V - a instalação de bicicletários nas estações do sistema de
alterações e os ajustes necessários e as medidas de racionalização alta e média capacidade;
do sistema de distribuição, por meio, inclusive, de melhorias VI - a implantação de acessos amplos e seguros para a
tecnológicas e da ampliação do sistema de circulação e de locomoção de pedestres às estações do metrô e do Sistema de
distribuição. Transporte por Ônibus - BRT.
Art. 328. Constituem ações relativas à logística urbana: § 2º As ações de integração do sistema municipal e do sistema
I - estimular a criação de centros de distribuição de pequenas metropolitano devem promover a melhoria da segurança e a
cargas nos centros comerciais, com o objetivo de facilitar as ampliação das estações referentes a esse, inclusive a adequação
operações de carga e descarga e de distribuição dos produtos; do Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro - Tergip - para
II - fiscalizar as áreas de carga e descarga, com vistas a impedir servir como terminal metropolitano de transporte.
sua utilização de forma irregular; Art. 332. Constitui meta relativa à integração dos modos de
III - desenvolver, em conjunto com a sociedade civil transporte a implantação de bilhete único, integrando os modos
organizada, alternativas para a redução do tempo de operações de transporte público, com opção de compra diária, semanal e
de carga e descarga; mensal.
IV - estimular o compartilhamento de vagas para operação de
carga e descarga pelos empreendimentos localizados na mesma SEÇÃO VI
área. DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO

SEÇÃO IV Art. 333. Constitui objetivo relativo aos instrumentos


DA INFORMAÇÃO REFERENTE À MOBILIDADE URBANA de gestão garantir a adequada estrutura do órgão municipal
responsável pela política de mobilidade urbana, por meio:
Art. 329. Constituem objetivos relativos à informação I - da integração com os demais órgãos do setor urbano;
referente à mobilidade urbana: II - do controle social e de participação popular adequados e
I - ampliar a informação sobre os serviços de mobilidade, de eficazes para garantir a transparência das ações do PlanMob-BH.
forma a garantir maior eficiência, eficácia e efetividade; Art. 334. O Conselho Municipal de Mobilidade Urbana -
II - ampliar os canais de informação aos usuários de todos Comurb - é o órgão responsável pelo cumprimento do disposto
os modos de transporte, utilizando formas tradicionais e novas no inciso II do caput do art. 333 desta lei.
tecnologias. § 1º São atribuições do Comurb:
Art. 330. Constituem ações relativas à informação referente à I - definir e rever os indicadores de desempenho a serem
mobilidade urbana: tomados como referência para o monitoramento e a avaliação do
I - implantar, de forma progressiva, painéis informativos sobre PlanMob-BH;
o sistema de transporte público coletivo nos pontos de ônibus; II - acompanhar, monitorar e avaliar os investimentos em
II - tornar públicos os dados do sistema de transporte coletivo; mobilidade e o uso dos recursos dos fundos da mobilidade;
III - estimular o desenvolvimento de aplicativos que permitam III - avaliar o balanço anual das metas do plano de mobilidade
aos usuários, incluindo as pessoas com deficiência visual, acessar urbana;
informações, em tempo real, sobre o sistema de transporte IV - propor metas relativas aos instrumentos de gestão da
público coletivo. mobilidade urbana em médio e longo prazo.
§ 2º As alterações nos Anexos VIII a X desta lei deverão ser
SEÇÃO V submetidas ao Comurb.
DA INTEGRAÇÃO DOS MODOS DE TRANSPORTE Art. 335. Constituem objetivos relativos aos instrumentos de
gestão em curto prazo:
Art. 331. Constituem objetivos relativos à integração dos I - reservar espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços
modos de transporte: de transporte público coletivo, bem como para os modos de
I - incentivar a utilização do sistema de transporte coletivo transporte não motorizados;
e de modos não motorizados por meio de sua integração aos II - estipular padrões de emissão de poluentes para locais e
demais modos; horários determinados, podendo ser condicionado o acesso e a
II - integrar o sistema de transporte municipal física, circulação nas porções do território objeto de controle;
operacional e tarifariamente ao sistema de transporte sobre III - controlar o uso e a operação da infraestrutura viária
trilhos e ao sistema metropolitano. destinada à circulação e à operação do transporte de carga, com a
§ 1º A integração dos modos de transporte deverá contemplar: fixação de prioridades e restrições;

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IV - monitorar e controlar a emissão de poluentes atmosféricos I - compartilhar com a sociedade civil as informações
e de gases de efeito estufa nos modos de transporte motorizados, concernentes à mobilidade urbana, por meio de um sistema de
podendo ser imposta restrição de acesso a determinadas vias em informações e de um núcleo de fomento, discussão e avaliação
razão da criticidade da qualidade do ar constatada; consultiva;
V - priorizar a aplicação de recursos do Fundo de Transportes II - monitorar a mobilidade no Município por meio de um
Urbanos na execução dos programas de investimento e sistema de informação e de mapas colaborativos;
manutenção em transporte público, tráfego, trânsito e educação III - conhecer as principais características do transporte e as
para a mobilidade urbana; áreas urbanas que são atendidas por ele;
VI - implantar políticas de uso e ocupação do solo e de IV - melhorar a compreensão da relação do transporte com a
desenvolvimento urbano associadas ao sistema de transporte acessibilidade, a mobilidade urbana e o desenvolvimento urbano;
coletivo, com o objetivo de: V - melhorar as condições de formulação da política de
a) permitir, após a reestruturação dos corredores, a revisão mobilidade urbana, bem como de sua gestão junto a organismos,
do adensamento; movimentos ou cidadãos locais, de forma a proporcionar maior
b) obter recursos para ampliação e melhoria da rede estrutural efetividade na tomada de decisão sobre a participação e o
de transporte público coletivo; controle social na temática;
c) implantar espaços públicos destinados a modos de VI - promover a troca de informações e de boas práticas entre
transporte não motorizado; sistemas de transporte de outras cidades, brasileiras ou não, com
d) melhorar e ampliar a infraestrutura e a rede viária vistas à aplicação no Município;
estrutural, priorizando os transportes coletivos, transportes não VII - subsidiar produções acadêmicas e pesquisas, permitindo
motorizados e as ligações regionais e perimetrais que contribuem a participação dos atores locais;
para a desconcentração e descentralização urbanas; VIII - estabelecer redes de cooperação regional entre
VII - priorizar obras relacionadas aos projetos viários profissionais, autoridades, associações e cidadãos.
prioritários constantes da legislação urbanística municipal, de § 2º O monitoramento de que trata este artigo será realizado
acordo com a implantação da rede estruturante do transporte com base em indicadores de desempenho apurados anualmente
público coletivo; e divulgados no balanço anual da mobilidade, a ser disponibilizado
VIII - fiscalizar a conservação e a implantação de passeios na página eletrônica do órgão municipal responsável pela política
em logradouros públicos, nos termos do Código de Posturas do de mobilidade urbana, e será utilizado nas avaliações periódicas
Município; do PlanMob-BH.
IX - estabelecer consórcios, convênios e acordos com Art. 338. As revisões do PlanMob-BH serão realizadas de
Municípios da RMBH, com vistas à gestão coordenada dos forma integrada ao processo de revisão do Plano Diretor de Belo
sistemas de mobilidade urbana. Horizonte.

SEÇÃO VII TÍTULO XII


DO MONITORAMENTO, DA AVALIAÇÃO E DA REVISÃO DO DAS ATIVIDADES DE LICENCIAMENTO, FISCALIZAÇÃO E
PLANMOB-BH APLICAÇÃO DE PENALIDADES

Art. 336. Constituem objetivos relativos ao monitoramento, à CAPÍTULO I


avaliação e à revisão do PlanMob-BH: DO LICENCIAMENTO
I - garantir a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações e
dos programas do PlanMob-BH; SEÇÃO I
II - garantir a revisão do PlanMob-BH e das suas ações e DISPOSIÇÕES GERAIS
programas de acordo com os resultados obtidos no monitoramento
e na avaliação; Art. 339. O licenciamento de obras de parcelamento do
III - garantir a transparência das ações e dos programas, por solo ou de edificação, bem como a instalação de atividades
meio da divulgação dos dados obtidos com o monitoramento e a econômicas, é condicionado ao atendimento às normas previstas
avaliação; nesta lei e na legislação pertinente.
IV - ampliar a divulgação de informações referentes à § 1º A implantação dos parcelamentos do solo e a construção
mobilidade urbana, acrescentando os indicadores de mobilidade das edificações deverão corresponder ao projeto aprovado pelo
urbana controlados ou acompanhados pelo órgão municipal órgão municipal responsável pela política de regulação urbana.
responsável pela política de mobilidade urbana, nos termos da § 2º O exercício de atividade não residencial depende de
legislação de acesso à informação. prévio licenciamento, por intermédio de Documento Municipal
Art. 337. O Observatório da Mobilidade Urbana de Belo de Licença - DML - específico ou ALF.
Horizonte - ObsMob-BH - é voltado para a realização do § 3º O exercício da atividade não residencial deverá ocorrer em
monitoramento e da implementação do PlanMob-BH no que conformidade com os termos do DML ou do ALF, especialmente
diz respeito à operacionalização das estratégias nele previstas e aqueles referentes às atividades licenciadas, à área utilizada e às
aos seus resultados em relação às metas de curto, médio e longo restrições ou condições específicas de funcionamento.
prazo. § 4º É responsabilidade do empreendedor a garantia do
§ 1º São objetivos específicos do ObsMob-BH: exercício das atividades econômicas com o cumprimento das
medidas mitigadoras, potencializadoras e compensatórias

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atribuídas a elas por esta lei ou no processo de licenciamento I - extração ou tratamento de minerais;
urbanístico ou ambiental, bem como com o atendimento às II - barragens para contenção de rejeitos ou resíduos;
condições de segurança previstas na legislação pertinente. III - indústrias;
§ 5º Fica sujeita à interdição imediata e multa, conforme IV - terminais rodoviários, ferroviários e aeródromos;
previsto no Anexo XVI desta lei, a atividade com risco iminente, V - terminais de minério, de produtos químicos e
comprovada conforme laudo do Corpo de Bombeiros Militar de petroquímicos;
Minas Gerais, da Defesa Civil ou laudo pericial oficial. VI - oleodutos, gasodutos, minerodutos;
VII - interceptores de esgoto;
SEÇÃO II VIII - aterros sanitários e usinas de reciclagem de resíduos
DO LICENCIAMENTO DE EMPREENDIMENTO DE IMPACTO sólidos e estação de transbordo de resíduos;
IX - unidades de incineração de resíduos;
Art. 340. Empreendimentos ou intervenções urbanísticas X - autódromos, hipódromos e estádios esportivos;
de impacto são aqueles, públicos ou privados, que venham XI - cemitérios e crematórios;
a sobrecarregar a infraestrutura urbana ou a ter repercussão XII - estabelecimentos prisionais;
ambiental relevante. XIII - ferrovias, subterrâneas ou de superfície;
§ 1º Os empreendimentos de impacto são sujeitos a processo XIV - linhas de transmissão de energia elétrica, acima de
específico de licenciamento, de caráter urbanístico ou ambiental, 230kV (duzentos e trinta quilovolts);
de acordo com a preponderância das repercussões decorrentes XV - usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a
de sua implantação. fonte de energia primária, acima 10MW (dez megawatts);
§ 2º As edificações descritas nos arts. 218 e 219 desta lei não XVI - intervenções em corpos d`água, como barragens,
serão consideradas empreendimentos de impacto para efeitos de canalizações e retificações de coleções de água, e em diques;
licenciamento. XVII - estações de tratamento de água;
Art. 341. A instalação, a construção, a ampliação ou o XVIII - estações de tratamento de esgotos sanitários;
funcionamento dos empreendimentos ou de intervenções XIX - garagem de empresas de transporte de passageiros e
urbanísticas de impacto, sem prejuízo de outras licenças de cargas;
legalmente exigíveis, ficam sujeitos a: XX - postos de abastecimento de veículos e de revenda de
I - licenciamento ambiental pelo Conselho Municipal de combustíveis;
Meio Ambiente - Comam, nos casos em que o empreendimento XXI - loteamentos que impliquem abertura de novas vias de
ou intervenções urbanísticas implique repercussões circulação ou prolongamento das existentes;
preponderantemente ambientais; XXII - parcelamentos destinados a uso industrial;
II - licenciamento urbanístico pelo Compur, nos casos em XXIII - helipontos, exceto os localizados em edificações
que o empreendimento ou intervenções urbanísticas implique que abriguem serviços de uso coletivo caracterizados como de
repercussões preponderantemente urbanísticas. interesse público;
§ 1º No licenciamento de impacto, as medidas mitigadoras, XXIV - tipologias de atividades e empreendimentos arrolados
por serem específicas, podem ser diferentes daquelas contidas no pelo Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam, como
Anexo XIII desta lei para as atividades econômicas. modificadoras do meio ambiente, sujeitas ao licenciamento
§ 2º O licenciamento de impacto poderá indicar a não ambiental.
aplicação de medidas mitigadoras contidas no Anexo XIII desta lei, § 1º O Comam estabelecerá os critérios de competência,
desde que verificada a não promoção da repercussão negativa a dispensa e modalidades para o licenciamento ambiental dos
ela associada pelo empreendimento ou intervenção urbanística. empreendimentos listados nos incisos I a XXIII do caput deste
Art. 342. O empreendimento em funcionamento sujeito a artigo, considerando a significância do seu potencial impacto,
licenciamento urbanístico ou ambiental poderá permanecer em atribuída por meio de critérios que conjuguem o porte, o potencial
atividade até que seja concluído o processo de licenciamento, poluidor ou degradador do meio ambiente e a localização.
desde que cumpridas as seguintes condições: § 2º Os empreendimentos de impacto concomitantemente
I - manutenção da área utilizada do empreendimento; sujeitos a licenciamento ambiental e urbanístico deverão
II - não alteração da atividade ou do conjunto de atividades observar os procedimentos vinculados ao primeiro, hipótese em
de impacto; que devem ser acrescidos ao escopo do licenciamento ambiental
III - atendimento às condições de segurança relativas às os requisitos da avaliação de impacto urbanístico a eles aplicáveis.
atividades exercidas; Art. 345. Submetem-se ao licenciamento urbanístico
IV - cumprimento dos prazos e condições relativos ao processo pelo Compur, mediante elaboração de EIV, os seguintes
de licenciamento urbanístico ou ambiental, conforme previsto em empreendimentos e intervenções urbanísticas:
TCU firmado com o Executivo. I - edificações com área de estacionamento maior que
Art. 343. O Compur e o Comam poderão convocar qualquer 10.000m² (dez mil metros quadrados) ou com mais de 400
empreendimento ou conjunto de empreendimentos em (quatrocentas) vagas;
instalação, construção, ampliação ou funcionamento para II - edificações com mais de 20.000m² (vinte mil metros
avaliação de impactos, com o objetivo de estabelecer medidas quadrados) de área total edificada;
para a mitigação deles. III - edificações com mais de 300 (trezentas) unidades
Art. 344. Submetem-se a licenciamento ambiental pelo habitacionais;
Comam os empreendimentos que contemplem o exercício das IV - atividades classificadas como serviço de uso coletivo,
seguintes atividades: identificadas no Anexo XIII desta lei;
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V - casas de shows e espetáculos, discotecas e danceterias, § 4º Descumprido o prazo determinado na notificação, poderá
identificadas no Anexo XIII desta lei; o Executivo realizar as obras ou as intervenções necessárias para
VI - hipermercados, conforme o Anexo XIII desta lei; fazer cessar a irregularidade ou reparar o dano, sendo o custo
VII - parcelamentos vinculados, que originem lote com área respectivo, acrescido da taxa de administração, ressarcido pelo
superior a 10.000m² (dez mil metros quadrados) ou quarteirão proprietário, sem prejuízo das sanções cabíveis.
com dimensão superior a 200m (duzentos metros); § 5º A aplicação das penalidades previstas, bem como o
VIII - intervenções viárias significativas; pagamento da multa, não obsta a continuação da ação fiscal e
IX - operações urbanas consorciadas. não isenta o infrator da obrigação de corrigir as irregularidades
Parágrafo único. O Compur deverá definir os empreendimentos apontadas ou de reparar o dano resultante da infração.
e as intervenções urbanísticas arrolados nesta lei sujeitos a Art. 348. Considera-se reincidência, para os fins desta lei:
licenciamento simplificado perante o órgão municipal responsável I - a não correção de irregularidade já penalizada;
pela política de planejamento urbano, com base em critérios II - o cometimento, pela mesma pessoa física ou jurídica, da
que conjuguem localização, porte e potencial de geração de mesma infração, ainda que em outro local, nos 24 (vinte e quatro)
repercussões negativas deles. meses seguintes à última autuação, ainda que tenha sido sanada
a irregularidade inicial.
CAPÍTULO II Art. 349. A multa será aplicada:
DA FISCALIZAÇÃO I - imediatamente, nas hipóteses previstas no Anexo XVI desta
lei;
SEÇÃO I II - quando o infrator não sanar a irregularidade dentro do
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES prazo fixado na notificação;
III - por desobedecer auto de embargo ou de interdição;
Art. 346. Constitui infração a ação ou a omissão que IV - por fornecer informações incorretas ou inverídicas ao
caracterize inobservância aos preceitos de lei, de seu regulamento Executivo;
ou de normas técnicas correspondentes. V - por impedir ou dificultar vistoria fiscal.
§ 1º A infração ao disposto na legislação urbanística municipal Art. 350. O valor base da multa a ser aplicada está estabelecido
implica a imposição de penalidades ao agente que lhe der causa. no Anexo XVI e será reajustado periodicamente, conforme
§ 2º Responderá solidariamente com o infrator quem, de estabelecido em norma específica de atualização monetária.
qualquer modo, concorrer para a prática da infração ou dela se § 1º Em cada reincidência, o valor da multa corresponderá ao
beneficiar. valor da multa anterior acrescido de seu valor base, limitado ao
§ 3º O munícipe é responsável pela veracidade das triplo do valor base.
informações por ele prestadas ao Executivo. § 2º A multa aplicada deverá ser paga no prazo de 30 (trinta)
§ 4º O munícipe deverá permitir e possibilitar ao agente fiscal dias, sob pena de ser inscrita em dívida ativa.
do Executivo, no exercício de sua função, a vistoria em seu imóvel. § 3º Na hipótese de infrações ocorridas em Zeis, o valor das
§ 5º Não havendo possibilidade de vistoria imediata, o agente multas previstas no Anexo XVI, bem como em seu regulamento,
fiscal poderá agendar, por auto de notificação, nova vistoria. será equivalente a 20% (vinte por cento) de seu valor nominal
Art. 347. O cometimento de infração, sem prejuízo das atualizado.
sanções civis e penais cabíveis, sujeitará o infrator às seguintes § 4º Excetuam-se do disposto no § 3º deste artigo as multas
penalidades: referentes aos itens 29 (vinte e nove) a 32 (trinta e dois) do Anexo
I - multa; XVI desta lei.
II - apreensão de produto, de equipamento ou do documento Art. 351. Empregam-se às infrações previstas nesta lei, no que
de licenciamento; couber, as regras de aplicação de penalidades previstas no Código
III - cassação das licenças urbanísticas e ambientais; de Edificações e no Código de Posturas, em caso de parcelamento,
IV - demolição; ocupação e uso do solo.
V - embargo de obra ou serviço; Art. 352. A constatação de loteamento clandestino em
VI - interdição do local, do equipamento, da atividade ou do andamento ou concluído acarretará, sem prejuízo das demais
estabelecimento; penalidades previstas no Anexo XVI desta lei, a submissão do
VII - recomposição do dano causado; ocorrido à Procuradoria-Geral do Município para apuração da
VIII - suspensão da atividade; responsabilidade administrativa, civil e criminal.
IX - suspensão de novo licenciamento.
§ 1º Para 2 (duas) ou mais infrações simultâneas, serão SEÇÃO II
aplicadas, cumulativamente, as penalidades pertinentes. DO DOCUMENTO DE AUTUAÇÃO E DA DEFESA
§ 2º O cometimento de infração implica a emissão de
notificação prévia, obrigando o infrator a sanar a irregularidade Art. 353. O agente que der causa à infração ou que, de
dentro do prazo nela fixado. qualquer modo, concorrer para a sua prática ou dela se beneficiar,
§ 3º A notificação prévia poderá ser dispensada conforme será intimado mediante a entrega do documento de autuação a
disposto no Anexo XVI desta lei, podendo, neste caso, ser emitida ele, ao seu representante legal ou ao seu preposto, pessoalmente,
notificação acessória, com a finalidade de informar o infrator por via postal com aviso de recebimento ou por edital.
sobre o prosseguimento da ação fiscal a que está sujeito. § 1º A assinatura do documento fiscal não constitui
formalidade essencial à sua validade e não implica confissão, e a
sua recusa não agrava a penalidade a ser aplicada.
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§ 2º A publicação da autuação no DOM se dará no caso de § 2º VETADO


o munícipe, seu representante legal ou preposto não serem § 3º No prazo definido no caput deste artigo, caso seja instituída
encontrados, consumando-se a intimação na data da publicação. a limitação de EPCA para unidades territoriais específicas, será
Art. 354. A defesa ou o recurso contra a autuação fiscal será garantida a utilização dos coeficientes de aproveitamento básico
recebido e julgado, respectivamente, pelas Juntas Integradas de previstos no Anexo XVII desta lei, sendo contabilizado no consumo
Julgamento Fiscal - JIJFIs - ou pela Junta Integrada de Recursos de EPCA o potencial construtivo praticado pelas edificações acima
Fiscais - JIRFI, conforme regulamento. do CAbas do Anexo XII desta lei.
§ 1º A interposição de defesa ou recurso não suspende o Art. 357. A partir da data de publicação desta lei e até a sua
curso da ação fiscal respectiva, suspendendo apenas o prazo para entrada em vigor, o empreendedor poderá requerer a renovação
pagamento da multa. antecipada do alvará de construção cuja data de vencimento seja
§ 2º O prazo para apresentação de defesa é: posterior à data de entrada em vigor desta lei.
I - o mesmo prazo estabelecido para o atendimento da Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo,
notificação prévia; a renovação do alvará de construção ficará condicionada ao
II - de 15 (quinze) dias para as demais autuações. atendimento às disposições da Lei nº 9.725, de 15 de julho de
2009, e terá como início de sua validade a data da entrada em
TÍTULO XIII vigor desta lei.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 358. O processo administrativo relativo à infração pelo
descumprimento do disposto nesta lei deverá ser objeto de
CAPÍTULO I regulamento.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 359. Para os empreendimentos vinculados ao Programa
Minha Casa Minha Vida, fica dispensado o atendimento aos
Art. 355. Poderão ser licenciados com base no disposto na parâmetros de dimensionamento mínimo dos ambientes e
legislação urbanística vigente, inclusive no que diz respeito às compartimentos previstos na Seção IV do Capítulo VI e no Anexo
regras de parcelamento, ocupação e uso do solo, os seguintes III da Lei nº 9.725/09, desde que garantida a observância aos
projetos e empreendimentos, desde que protocolizados até a parâmetros mínimos de mobiliário estipulados em programa de
data de entrada em vigor desta lei: subsídio habitacional referendado pelo órgão gestor da PMH.
I - os projetos de ocupação do solo; Art. 360. Na hipótese de infrações ocorridas em Zeis, o valor
II - os projetos de parcelamento; das multas previstas na Lei nº 8.616, de 14 de julho de 2003, e na
III - os empreendimentos de impacto em licenciamento Lei nº 9.725/09, bem como em seus respectivos regulamentos,
urbanístico cujos estudos de impacto de vizinhança tenham será equivalente a 20% (vinte por cento) de seu valor nominal
sido protocolizados no órgão municipal responsável pela política atualizado, até que sejam revistos os instrumentos legais citados.
urbana; Art. 361. O Executivo poderá encaminhar projeto de lei de
IV - os empreendimentos de impacto em licenciamento revisão das normas relativas à ADE Pampulha antes do prazo
ambiental cujos estudos de impacto ambiental tenham sido previsto para a revisão desta lei, com o objetivo de compatibilizar a
protocolizados no órgão municipal responsável pela política de legislação municipal com as diretrizes voltadas para a preservação
meio ambiente; do Conjunto Moderno da Pampulha, considerando sua condição
V - o empreendimento para o qual foi emitido parecer de de Patrimônio Cultural da Humanidade.
enquadramento como de interesse social. Parágrafo único. As alterações nas normas relativas à ADE
§ 1º A aplicação do disposto no caput deste artigo às situações Pampulha deverão ser elaboradas de forma compartilhada com
previstas em seus incisos I a IV é condicionada ao acatamento do a sociedade civil.
protocolo. Art. 362. O Executivo poderá encaminhar projeto de lei
§ 2º O parecer de enquadramento de interesse social de que relativo à ampliação da permissividade de usos não residenciais e
trata o inciso V do caput deste artigo terá validade de um ano, ao acréscimo de novas atividades econômicas admitidas nas ADEs
podendo ser renovado uma única vez, por igual período. antes do prazo previsto para a revisão desta lei.
§ 3º A aplicação do disposto no caput deste artigo às situações Parágrafo único. As alterações nas normas relativas à
previstas em seu inciso II, para os casos em que é necessária a permissividade de usos não residenciais nas ADEs deverão ser
emissão de diretrizes para parcelamento do solo, demandará que elaboradas de forma compartilhada com a sociedade civil.
o documento esteja dentro de seu prazo de validade. Art. 363. O Executivo deverá desenvolver estudos e
§ 4º O indeferimento dos processos de licenciamento que alternativas técnicas visando à qualificação do polo industrial,
façam uso do disposto neste artigo implica reapresentação do turístico e de lazer e entretenimento da região do Olhos d`Água,
pedido de licenciamento com base nas regras de parcelamento, compatibilizando seu desenvolvimento com a preservação dos
ocupação e uso do solo desta lei. atributos ambientais e paisagísticos da Serra do Curral.
Art. 356. Os coeficientes de aproveitamento básico previstos Parágrafo único. Para fins de cumprimento do objetivo
no Anexo XVII desta lei ficam vigentes por 3 (três) anos a partir da previsto no caput deste artigo, o Executivo poderá fazer uso dos
data da entrada em vigor desta lei. instrumentos de política urbana previstos nesta lei.
§ 1º No período em que forem aplicados os critérios do caput
deste artigo, a superação dos coeficientes de aproveitamento
básico previstos no Anexo XVII desta lei deverá observar o disposto
em seu art. 45, bem como os demais parâmetros previstos no
Anexo XII desta lei.
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CAPÍTULO II Art. 366. São objetivos a serem observados no


DAS ÁREAS DESTINADAS A OPERAÇÕES URBANAS desenvolvimento da OUC do Corredor Antônio Carlos/Pedro I e
CONSORCIADAS do Eixo Leste-Oeste no que diz respeito às porções da área central
nela inseridas, identificadas preferenciais para qualificação
Art. 364. Sem prejuízo de outras que venham a ser instituídas urbanística pelo Plano de Reabilitação do Hipercentro:
por lei específica, ficam delimitadas as seguintes áreas destinadas I - possibilitar a implantação de equipamentos estratégicos
a OUCs, para as quais, até a aprovação de suas respectivas para o desenvolvimento urbano, sobretudo voltados para a
leis específicas, prevalecem os parâmetros e as condições valorização da área central como centralidade principal do
estabelecidos neste capítulo: Município;
I - áreas destinadas à OUC do Corredor Antônio Carlos/Pedro II - otimizar a utilização das áreas envolvidas em intervenções
I e do Eixo Leste-Oeste; urbanísticas de porte, inclusive por meio da reciclagem de áreas e
II - áreas destinadas à OUC da Via 710; edificações consideradas subutilizadas;
III - áreas destinadas à OUC do Vetor Norte. III - viabilizar a implantação de programas de produção
§ 1º A delimitação das áreas de que trata o caput deste artigo habitacional, especialmente de interesse social;
é a estabelecida no Anexo IV desta lei, podendo ser objeto de IV - proporcionar a implantação e a qualificação de espaços
alteração pelo plano urbanístico de cada operação, com vistas ao públicos;
atendimento dos objetivos de cada OUC. V - preservar e qualificar o patrimônio ambiental, histórico,
§ 2º As restrições ao parcelamento, à ocupação e ao uso arquitetônico, cultural e paisagístico local;
do solo estabelecidas neste capítulo, bem como as constantes VI - fomentar programas de dinamização econômica da área
do Anexo XII desta lei, relativas às áreas de OUC, sobrepõem-se central, visando à geração de empregos.
às do zoneamento previsto nesta lei e são válidas por 2 (dois) Parágrafo único. Para os imóveis situados na área destinada
anos a partir da entrada em vigor desta lei, não se aplicando, à OUC do Corredor Antônio Carlos/Pedro I e do Eixo Leste-Oeste,
exclusivamente: é vedada a aplicação do CAmax e do CAcent durante o período
I - aos empreendimentos públicos ou de comprovado disposto no § 2º do art. 364 desta lei.
interesse público;
II - às Aeis. SEÇÃO II
§ 3º Na hipótese de o limite das áreas de que trata o caput DAS ÁREAS DESTINADAS À OUC DO VETOR NORTE
deste artigo coincidir com o traçado de via existente, os lotes
lindeiros a ambos os lados da via ficam submetidos aos parâmetros Art. 367. São objetivos a serem observados no
de parcelamento, ocupação e uso do solo estabelecidos neste desenvolvimento da OUC do Vetor Norte:
capítulo. I - ordenar a ocupação do solo, visando a estruturar nova
centralidade no entorno da Cidade Administrativa do Estado de
SEÇÃO I Minas Gerais - Camg;
DAS ÁREAS DESTINADAS À OUC DO CORREDOR ANTÔNIO II - assegurar condições para a expansão do uso institucional
CARLOS/PEDRO I E DO EIXO LESTE-OESTE E À OUC DA VIA de interesse público, complementar às atividades da Camg;
710 III - garantir a proteção e a valorização do patrimônio
arquitetônico, cultural e paisagístico;
Art. 365. São objetivos a serem observados no IV - ordenar o crescimento urbano na região;
desenvolvimento da OUC do Corredor Antônio Carlos/Pedro I e V - permitir a implantação de equipamentos estratégicos para
do Eixo Leste-Oeste no que diz respeito às áreas de corredores o desenvolvimento urbano;
viários e entorno de estações de transporte coletivo, bem como VI - implantar espaços públicos;
da OUC da Via 710: VII - ampliar e melhorar a rede viária estrutural e local;
I - permitir, de forma ordenada e após a reestruturação da VIII - proteger as áreas de fragilidade ambiental;
área objeto da OUC, o adensamento construtivo e populacional, IX - otimizar as áreas envolvidas em intervenções urbanísticas
verificada maior capacidade de suporte do sistema de transporte; de porte;
II - otimizar a ocupação e a utilização das áreas envolvidas X - reciclar as áreas consideradas subutilizadas.
em intervenções urbanísticas de porte, inclusive por meio da § 1º A área destinada à OUC do Vetor Norte divide-se nas
recuperação de áreas e edificações consideradas subutilizadas; subáreas I a IV.
III - possibilitar a implantação de equipamentos estratégicos § 2º Para os imóveis situados na área destinada à OUC do
para o desenvolvimento urbano e para o sistema de transporte; Vetor Norte, é vedada a aplicação do CAmax e do CAcent.
IV - implantar novos espaços públicos e áreas verdes com Art. 368. Na subárea I, constituída pelo Parque Serra Verde
vistas à melhoria da ambiência nas áreas objeto da OUC; e pelas áreas de proteção ambiental e paisagística, aplicam-se os
V - criar e adequar as condições de acesso por modos não seguintes parâmetros urbanísticos:
motorizados de transporte às estações de transporte coletivo; I - CAbas igual a 0,05 (cinco centésimos);
VI - ampliar e melhorar a rede de circulação complementar II - TO igual a 2% (dois por cento);
aos corredores; III - TP igual a 95% (noventa e cinco por cento).
VII - viabilizar a implantação de programas de produção Parágrafo único. Na subárea I, somente são admitidas as
habitacional, especialmente de interesse social; atividades relacionadas às seguintes finalidades:
VIII - fomentar programas de dinamização econômica, visando I - serviço de apoio e manutenção das áreas;
à geração de empregos e ao desenvolvimento de centralidades. II - equipamentos de cultura, lazer, esportes;
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III - equipamentos destinados a práticas ambientais. II - promover a preservação do patrimônio cultural do Bairro
Art. 369. À subárea II, configurada pela área de entorno Cidade Jardim, a partir da elaboração de Plano de Preservação do
imediato da Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, Conjunto Urbano Bairro Cidade Jardim.
aplicam-se os seguintes parâmetros urbanísticos: III - desenvolver estratégias e ações voltadas para a
I - CAbas limitado a 0,5 (cinco décimos); qualificação da Região da Izidora.
II - altura máxima das edificações limitada a 9m (nove § 1º As áreas da OUS-MSJ compreendem:
metros), contados a partir do terreno natural, podendo tal limite I - os lotes 3A e 4A da quadra 14 da Zona Fiscal 125, de
ser superado mediante estudo de controle de altimetria a ser propriedade do Município, bem como os lotes 7 e 12 a 15 da
desenvolvido pelo Executivo, visando a garantir a visibilidade e o mesma quadra;
caráter monumental do equipamento público instalado; II - o Conjunto Urbano Bairro Cidade Jardim;
III - afastamento mínimo de 25m (vinte e cinco metros) III - a Vila Monte São José;
em relação à Rodovia MG-10, incluindo-se a faixa de domínio IV - as áreas identificadas como de interesse social na Região
da rodovia, para os terrenos com testada para a face oeste da da Izidora.
Rodovia. § 2º Os parâmetros urbanísticos previstos no Anexo XIX desta
§ 1º Na subárea II, somente são admitidas as seguintes lei aplicam-se exclusivamente aos lotes identificados no Anexo
atividades e tipologias de atividades, de acordo com o disposto no XVIII desta lei.
Anexo XIII desta lei: § 3º A aprovação do Plano Urbanístico da Vila Monte São José
I - instituições científicas, culturais, tecnológicas e filosóficas; pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte
II - serviços públicos; S/A - Urbel - será acompanhada pela exclusão do perímetro de
III - serviços de alimentação; Zeis dos lotes identificados no Anexo XVIII desta lei.
IV - hotéis e apart-hotéis; Art. 373. Fica autorizada a alienação onerosa dos imóveis de
V - academias de ginástica; propriedade do Município inseridos na OUS-MSJ, por meio de
VI - cinemas; procedimento licitatório, observados os critérios legais.
VII - teatros com área de até 1.000m² (mil metros quadrados); § 1º Os recursos provenientes da alienação dos terrenos de
VIII - estacionamento de veículos com área de até 360m² propriedade do Município inseridos na OUS-MSJ serão destinados
(trezentos e sessenta metros quadrados); à efetivação das medidas previstas no inciso IV do § 1º art. 372
IX - demais atividades classificadas como do grupo I, indicadas desta lei.
no Anexo XIII desta lei. § 2º O pagamento dos valores previstos no caput deste artigo
§ 2º Para as áreas pertencentes à Camg, prevalecem os poderá ocorrer de forma parcelada, desde que observado prazo
parâmetros gerais de ocupação e uso do solo previstos nesta lei. de 2 (dois) anos desde o pagamento da 1ª (primeira) parcela até
Art. 370. Na subárea III, configurada pelas áreas inseridas na a quitação integral.
porção territorial sob influência direta da Camg e delimitada em Art. 374. A contrapartida dos benefícios urbanísticos previstos
função das características topográficas e de circulação locais, o no âmbito dessa OUS é de R$ 5.137.000.00 (cinco milhões, cento
CAbas é limitado a 0,5 (cinco décimos). e trinta e sete mil reais), a serem destinados às seguintes medidas:
§ 1º A limitação prevista no caput deste artigo não se aplica I - à elaboração do Plano Urbanístico da Vila Monte São José;
ao uso residencial unifamiliar. II - à elaboração de projetos e à execução das intervenções
§ 2º Na subárea III, é vedada a instalação de atividades contempladas no plano previsto no inciso I;
classificadas no grupo IV pelo Anexo XIII desta lei. III - à elaboração do Plano de Preservação do Conjunto
§ 3º Na subárea III, o lote mínimo é de 1.000m² (mil metros Urbano Bairro Cidade Jardim.
quadrados); Parágrafo único. O valor da contrapartida será reajustado
Art. 371. A subárea IV é configurada pelas áreas inseridas mensalmente a partir da data da publicação desta lei por meio do
em regiões potencialmente beneficiadas e valorizadas por Índice Nacional de Custo da Construção - INCC.
intervenções urbanísticas públicas, bem como dotadas de Art. 375. O custo dos projetos e obras da OUS-MSJ deverá ter
potencial para melhor aproveitamento de áreas subutilizadas. como referência a tabela da Superintendência de Desenvolvimento
Parágrafo único. Os terrenos inseridos na subárea IV ficam da Capital - Sudecap - vigente na data da emissão do alvará de
submetidos aos parâmetros urbanísticos das OM-2, excetuadas as obra em logradouro público.
porções territoriais que estejam em zoneamentos mais restritivos Art. 376. O protocolo do Plano Urbanístico da Vila Monte
ou em Zeis, que mantêm os parâmetros urbanísticos de suas São José e sua aprovação pela Urbel são condição para a emissão
respectivas zonas. do alvará de construção do empreendimento que faça uso dos
benefícios previstos nesta operação urbana.
SEÇÃO III Parágrafo único. A emissão de certidão de baixa de construção
DA OPERAÇÃO URBANA SIMPLIFICADA VILA MONTE SÃO do empreendimento que faça uso dos benefícios previstos nesta
JOSÉ operação urbana fica condicionada à emissão de termo de
recebimento dos planos, projetos e obras objeto dos incisos I a III
Art. 372. Fica instituída a Operação Urbana Simplificada Vila do caput do art. 374 desta lei, com o emprego da integralidade do
Monte São José - OUS-MSJ, com os seguintes objetivos: valor da contrapartida prevista no mesmo artigo.
I - promover a qualificação urbanística da Vila Monte São José, Art. 377. Para fins de aprovação de edificação inserida nos
a partir da realização de intervenções objeto de plano urbanístico imóveis identificados no Anexo XVIII desta lei, será concedido
desenvolvido especificamente para esse fim. benefício referente à aplicação dos parâmetros urbanísticos

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constantes do Anexo XIX desta lei, condicionado à prestação de Art. 386. Ficam alterados o caput do art. 17 e o caput do
contrapartida, bem como à incorporação das seguintes soluções art. 18 da Lei nº 9.074/05, que passam a vigorar com a seguinte
projetuais: redação:
I - adoção de caixa de captação com capacidade que garanta “Art. 17. Independentemente de solicitação ou de protocolo
vazão de 0,405 m³/s (zero vírgula quatrocentos e cinco metros de requerimento, será considerada regular a edificação de uso
cúbicos por segundo); exclusivamente residencial, construída em lote aprovado e inscrita
II - emprego de soluções técnicas voltadas para a redução no Cadastro Imobiliário Municipal, cuja somatória do valor venal
do impacto ambiental da edificação, com obtenção do Selo BH das unidades imobiliárias situadas no lote seja limitado a 2,5
Sustentável junto ao órgão municipal responsável pelas políticas (duas vírgula cinco) vezes o valor venal considerado para isenção
de meio ambiente. de IPTU no ano da abertura do processo, salvo se:
Parágrafo único. O atendimento aos parâmetros urbanísticos (...)
previstos no Anexo XIX desta lei, bem como às soluções projetuais Art. 18. Poderá ser requerida a regularização por meio de
constantes do caput deste artigo, é condição para a emissão da procedimento simplificado, a ser regulamentado, para a edificação
certidão de baixa de construção do empreendimento. cuja somatória do valor venal das unidades imobiliárias situadas
Art. 378. O órgão municipal responsável pela política no lote não ultrapasse 4 (quatro) vezes o valor venal considerado
urbana procederá ao monitoramento da OUS-MSJ e coordenará para isenção de IPTU no ano da abertura do processo, e desde
ações ligadas a essa finalidade exercidas por outros órgãos da que o proprietário do imóvel seja possuidor de um único lote no
administração direta e indireta do Município. Município, nos seguintes casos:”
Art. 379. A efetivação da OUS-MSJ nos moldes previstos nesta Art. 387. Ficam alterados os incisos I e II do caput do art. 21
lei é condicionada à incorporação, em um único empreendimento, da Lei nº 9.074/05, que passam a vigorar com a seguinte redação:
dos imóveis identificados no inciso I do § 1º do art. 372 desta lei. “Art. 21. (...)
Art. 380. A OUS-MSJ tem validade de 5 (cinco) anos a partir da I - 11% (onze por cento) do resultado da multiplicação da área
data de sua publicação, prazo em que: irregular construída pelo valor do metro quadrado do terreno, em
I - deverão ser licenciados os projetos arquitetônicos que caso de edificação situada na ADE Avenida do Contorno, exceto
façam uso dos benefícios previstos nesta lei; no Setor Floresta;
II - deverão ser executados integralmente os planos, projetos II - 25% (vinte e cinco por cento) do resultado da multiplicação
e obras objeto dos incisos I a III do caput do art. 374 desta lei. da área irregular construída pelo valor do metro quadrado do
Parágrafo único. Esgotado o prazo previsto no caput deste terreno, em caso de edificação situada fora da ADE Avenida do
artigo, serão admitidas modificações dos projetos descritos Contorno ou no Setor Floresta.”
no inciso I dentro dos parâmetros previstos pela OUS-MSJ, Art. 388. Ficam alterados os incisos I e II do caput do art. 22
condicionadas ao integral cumprimento das obrigações pelo da Lei nº 9.074/05, que passam a vigorar com a seguinte redação:
empreendedor e respeitados os parâmetros urbanísticos previstos “Art. 22. (...)
nesta operação urbana. I - 4,5% (quatro e meio por cento) do valor do metro quadrado
Art. 381. O não cumprimento das obrigações nos prazos do terreno, multiplicado pelo volume invadido, em metros cúbicos
e condições previstos nesta seção sujeita o empreendedor às ou fração, a partir da limitação imposta, no caso de edificação
seguintes penalidades: situada na ADE Avenida do Contorno, exceto no Setor Floresta;
I - suspensão do alvará de construção e embargo das obras do II - 10% (dez por cento) do valor do metro quadrado do
empreendimento até o cumprimento das obrigações; terreno, multiplicado pelo volume invadido, em metros cúbicos
II - pagamento de multa diária equivalente a 0,5% (cinco ou fração, a partir da limitação imposta, no caso de edificação
décimos por cento) do valor da contrapartida, até o limite de 20% situada fora da ADE Avenida do Contorno ou no Setor Floresta.”
(vinte por cento) dele, em caso de descumprimento dos prazos Art. 389. Fica alterado o inciso II do caput do art. 23 da Lei nº
previstos no art. 380 desta lei; 9.074/05, que passa a vigorar com a seguinte redação:
III - demolição, caso não seja possível sanar as irregularidades. “Art. 23. (...)
Art. 382. Na OUS-MSJ, aplicam-se, subsidiariamente, as II - quando se tratar de muro divisório acima da altura máxima
normas da legislação urbanística, edilícia e de posturas do permitida, o valor será calculado pela multiplicação da área do
Município. plano vertical excedente por:
a) 7,5% (sete e meio por cento) do valor do metro quadrado
TÍTULO XIV do terreno, no caso de edificação situada na ADE Avenida do
DISPOSIÇÕES FINAIS Contorno, exceto no Setor Floresta;
b) 15% (quinze por cento) do valor do metro quadrado do
Art. 383. Para fins de enquadramento no disposto na Lei terreno, no caso de edificação situada fora da ADE Avenida do
nº 9.074, de 18 de janeiro de 2005, deverão ser considerados Contorno ou no Setor Floresta.”
os parcelamentos do solo e as edificações comprovadamente Art. 390. Ficam alterados os incisos I e II do caput do art. 24
existentes na data de publicação desta lei. da Lei nº 9.074/05, que passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 384. VETADO “Art. 24. (...)
Art. 385. Fica alterado o caput do art. 13 da Lei nº 9.074/05, I - 11% (onze por cento) do resultado da multiplicação da área
que passa a vigorar com a seguinte redação: permeável não atendida pelo valor do metro quadrado do terreno,
“Art. 13. É passível de regularização a edificação situada em no caso de edificação situada na ADE Avenida do Contorno, exceto
terreno que faça parte de parcelamento aprovado.” no Setor Floresta;

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II - 25% (vinte e cinco por cento) do resultado da multiplicação § 2º A autorização prevista no caput deste artigo é
da área permeável não atendida pelo valor do metro quadrado condicionada à permeabilidade visual do fechamento.
do terreno, no caso de edificação situada fora da ADE Avenida do Art. 395. O valor atribuído à outorga onerosa do direito de
Contorno ou no Setor Floresta.” construir deverá ser objeto de atualização quando da revisão
Art. 391. São partes integrantes desta lei: desta lei, com o objetivo de aprimorar o processo de gestão da
I - Anexo I - Mapa de estrutura urbana - zoneamento; valorização dos imóveis urbanos, vedada sua redução.
II - Anexo II - Mapa de estrutura ambiental; Art. 396. Para os estabelecimentos caracterizados como de
III - Anexo III - Mapa de áreas de diretrizes especiais; assistência social nos termos do Anexo XIII desta lei, as adaptações
IV - Anexo IV - Mapa de projetos estratégicos; voltadas para o atendimento às normas de acessibilidade,
V - Anexo V - Mapa de hierarquização do sistema viário; sempre que requeridas, poderão ser implantadas com base em
VI - Anexo VI - Mapa de hierarquização do sistema viário cronograma aprovado pelo Executivo, de forma a não implicar
quanto à permissividade em relação aos usos não residenciais; prejuízo à continuidade da atividade.
VII - Anexo VII - Mapas de setores e de permissividade em Art. 397. As edificações situadas em Zeis ou Aeis-2,
relação à instalação de usos não residenciais das ADEs; comprovadamente existentes na data da publicação desta
VIII - Anexo VIII - Mapa de classificação de calçadas; lei e ocupadas por famílias abarcadas pela PMH, poderão ser
IX - Anexo IX - Mapa de rede cicloviária; regularizadas de forma não onerosa.
X - Anexo X - Mapa de rede estruturante de transporte Art. 398. Regulamento poderá dispor sobre condições para
coletivo; caracterização da compatibilidade das edificações à normativa
XI - Anexo XI - Glossário; de ocupação do solo vigente em face dos limites reais dos
XII - Anexo XII - Parâmetros Urbanísticos; terrenos nos quais se inserem, desde que respeitadas as áreas de
XIII - Anexo XIII - Usos não residenciais: classificação das propriedade pública.
atividades, repercussões negativas e medidas mitigadoras; Art. 399. As normas da legislação municipal que remetam às
XIV - Anexo XIV - Localização dos usos não residenciais; Leis nº 7.165, de 27 de agosto de 1996, e 7.166, de 27 de agosto
XV - Anexo XV - Atividades vedadas na ADE de Interesse de 1996, bem como ao Plano Diretor e à Lei de Parcelamento,
Ambiental da Izidora, no setor 3 da ADE Bacia da Pampulha e nas Ocupação e Uso do Solo deverão ser aplicadas e interpretadas a
Aeis de Interesse Ambiental; partir do disposto nesta lei.
XVI - Anexo XVI - Penalidades; Art. 400. O art. 37 da Lei nº 9.725/09 passa a vigorar acrescido
XVII - Anexo XVII - Coeficientes de aproveitamento básico de do seguinte inciso VIII:
transição; “Art. 37. (...)
XVIII - Anexo XVIII - Lotes beneficiários dos parâmetros VIII - área sob laje em balanço, com pé direito superior a 10m
urbanísticos da Operação Urbana Simplificada Vila Monte São (dez metros), até a profundidade de 5m (cinco metros).”.
José; Art. 401. O art. 42 da Lei nº 9.725/09 passa a vigorar acrescido
XIX - Anexo XIX - Parâmetros Urbanísticos da Operação dos §§ 5º e 6º:
Urbana Simplificada Vila Monte São José. “Art. 42. (...)
Art. 392. O Executivo deverá garantir a utilização de base § 5º Para a hipótese disposta no parágrafo único do art. 43
cartográfica atualizada na aplicação da legislação urbanística desta lei, em que a edificação existente tenha elementos que
municipal, inclusive em relação ao sistema viário e ao avancem sobre o passeio em seu projeto original, é admitida a
parcelamento do solo, sendo de sua responsabilidade o ajuste e projeção de saliência sobre o logradouro desde que ela esteja
a complementação das informações constantes dos anexos desta acima do elemento construído.
lei, sempre que necessário. § 6º Para a hipótese disposta no parágrafo único do art. 43
Parágrafo único. O Executivo deverá disponibilizar ferramenta desta lei, é admitido que revestimento por fachada aerada ou
digital que permitirá o acesso público às informações urbanísticas solução arquitetônica similar avance sobre o passeio até o limite
relativas a esta lei. de 0,25m (vinte e cinco centímetros).
Art. 393. Fica o Executivo autorizado a permutar imóveis de Art. 402. O art. 43 da Lei nº 9.725/09 passa a vigorar acrescido
propriedade do Município com o objetivo de implantar Elups ou do seguinte parágrafo único:
equipamentos urbanos e comunitários, desde que devidamente “Art. 43. (...)
caracterizado o interesse público. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se
Art. 394. Independentemente da superação do CAmax aplica às edificações existentes até a data de publicação desta lei
ou do CAcent ou da disponibilidade de EPCA, fica autorizado o que, caracterizadas como vazias ou subutilizadas, sejam objeto de
fechamento de varandas aprovadas com base em legislação modernização e adaptação para melhor uso ou para aquelas que
urbanística anterior a esta lei, condicionado, alternativamente: careçam de qualificação das fachadas, conforme previsto no art.
I - ao pagamento de contrapartida referente à área da varanda 42 desta lei.
ao Executivo direcionada ao FC; Art. 403. O art. 74 da Lei nº 9.725/09 passa a vigorar acrescido
II - à aquisição de potencial construtivo referente à área da do seguinte inciso VII:
varanda por meio de TDC. “Art. 74. (...)
§ 1º A contrapartida devida pelo fechamento da varanda VII - advertência.
corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do resultado da (...)”
multiplicação da área da varanda pelo valor do metro quadrado Art. 404. A Lei nº 9.725/09 passa a vigorar acrescida do
do terreno, obtido de acordo com a Planta de Valores Imobiliários seguinte art. 80-A:
utilizada para o cálculo do ITBI.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

“Art. 80-A. A advertência é a penalidade que pode substituir Art. 410. Esta lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
quaisquer das outras penalidades previstas no art. 74 desta após sua publicação.
lei, inclusive em casos de reincidência, quando a infração for Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput deste
cometida por instituições de educação e de assistência social, sem artigo, entrando em vigor na data da publicação desta lei, os
fins lucrativos, conforme regulamento.” seguintes dispositivos e anexos desta lei:
Art. 405. O § 4º do art. 15 da Lei nº 8.616/03 passa a vigorar I - os arts. 344 e 345 e a coluna do Anexo XIII referente à
com a seguinte redação: determinação de licenciamento urbanístico;
“Art. 15. (...) II - os arts. 357 e 363;
(...) III - a Seção III do Capítulo II do Título XIII, o Anexo XVIII e o
“§ 4º Na ADE Avenida do Contorno e nas áreas de Anexo XIX;
centralidades, a área situada junto à pista de rolamento poderá IV - os arts. 396, 400 a 404, 407, e 409;
ser utilizada como estacionamento de veículos, mediante recuo V - a camada referente a Projetos Viários Prioritários do
do meio-fio, desde que: Anexo IV;
I - o AF seja menor ou igual a 5m (cinco metros), resultando VI - o Anexo VI.
em, no mínimo, 7,4m (sete metros e quarenta centímetros)
quando somado à largura do passeio existente; Belo Horizonte, 8 de agosto de 2019.
II - o estacionamento seja implantado no mesmo plano da
pista de rolamento da via, podendo ser exigido demarcação ou
revestimento com material distinto do da pista de rolamento; ENCHENTES: PRINCIPAIS ÁREAS DE INUNDAÇÕES; CAUSAS
III - o passeio seja transferido para junto do alinhamento E CONSEQUÊNCIAS. ÁREAS DE RISCO GEOLÓGICO E MEDI-
da edificação, garantida largura mínima de 2,4m (dois metros e DAS DE PREVENÇÃO
quarenta centímetros)”.
Art. 406. O § 2º do art. 79 das Disposições Transitórias da Lei
nº 9.959, de 20 de julho de 2010, passa a vigorar com a seguinte Enchentes: principais áreas de inundações; causas e conse-
redação: quências130
“Art. 79. (...) Com a chegada do período chuvoso, que vai de outubro a mar-
§ 2º São passíveis de recepção da Transferência do Direito ço, ocorreu a preocupação com a segurança de quem mora, transita
de Construir de que trata este artigo os imóveis inseridos no ou trabalha perto de áreas que comumente sofrem com alagamen-
perímetro da Operação Urbana do Isidoro.” to em Belo Horizonte.
Art. 407. Ficam admitidas em todas as vias das ADEs Belvedere Em setembro de 2018, foram cerca de 90 áreas com risco de
e Belvedere III as atividades incluídas na coluna “Admitida em PEB inundação na capital mineira, de acordo com a Superintendência de
I” relativa a tais ADEs, inserida no Anexo XIII desta lei. Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Art. 408. Ficam revogados na data da entrada em vigor desta Os pontos foram mapeados em um documento chamado Carta
lei: de Inundação, onde é possível ver o traçado das regiões da cidade
I - a Lei nº 6.831, de 17 de janeiro de 1995; cortadas por córregos.
II - o inciso II do art. 4º e o parágrafo único do art. 5º, ambos Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o estudo permite
da Lei nº 6.978, de 16 de novembro de 1995; maior conhecimento das bacias hidrográficas e a identificação de
III - a Lei nº 7.165/96; trechos críticos.
IV - a Lei nº 7.166/96; A regional com mais áreas com risco de inundação é a Ven-
V - a Lei nº 7.277, de 17 de Janeiro de 1997; da Nova, com 20 pontos. A Avenida Vilarinho é um desses trechos.
VI - a Lei nº 7.620, de 12 de dezembro de 1998; Neste ano, já houve enchente no local. A via é uma das principais
VII - a Lei nº 8.137, de 21 de dezembro de 2000; áreas de inundação da cidade.
VIII - a Lei nº 8.407, de 30 de julho de 2002; A Vilarinho está entre as cinco principais áreas de inundação
IX - a Lei nº 9.037, de 14 de janeiro de 2005; - Avenida Francisco Sá, Tereza Cristina, Bernardo Vasconcelos e Cris-
X - o art. 26 da Lei nº 9.074/05; tiano Machado, na altura do Primeiro de Maio e Suzana.
XI - a Lei nº 9.506, de 24 de janeiro de 2008; A região do Barreiro tem 13 áreas que merecem atenção. Nas-
XII - a Lei nº 9.563, de 30 de maio de 2008; centes e córregos como Olaria, do Túnel, do Barreiro, Jatobá e Cafe-
XIII - VETADO; zal cortam bairros que ficam suscetíveis à chuva forte.
XIV - os arts. 6º, 6º-A e 15 da Lei nº 9.814, de 18 de janeiro Na Pampulha, é a mesma quantidade. São dez na Região Nor-
de 2010; deste e Norte, oito na Oeste, seis pontos na Leste e três na Centro-
XV - a Lei nº 9.959/10, excetuados: -Sul.
a) os capítulos III e IV do Título II das Disposições Transitórias; A atenção se volta para o Ribeirão do Onça, na Região Nordes-
b) o Título III das Disposições Transitórias; te, e para o Arrudas na Oeste. A inundação ocorre quando o rio
c) os anexos XXVII a XXIX, XXXI e XXXII; sai da calha, como ocorre com o Arrudas quando transborda. Na
XVI - o artigo 1º da Lei nº 10.378, de 9 de janeiro de 2012; Avenida Tereza Cristina, que corta a última região, o Córrego Fer-
XVII - a Lei nº 10.628, de 5 de julho de 2013. rugem, que pertence à Bacia do Arrudas, requer intervenções em
Art. 409. Ficam revogados o Anexo Único da Lei nº 10.716, Contagem para evitar enchentes.
de 20 de janeiro de 2014, e o art. 27 da Lei nº 10.065, de 12 de
janeiro de 2011. 130 https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2018/09/27/bh-tem-quase-90-a-
reas-sujeitas-a-enchentes-saiba-onde-ficam.ghtml.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Placas em 975 pontos tando transbordos. Outras duas estão em andamento. Ainda segun-
O período chuvoso passa pela primavera e entra no verão. do a secretaria, o canal do Arrudas foi recuperado no trecho que
Neste início, a característica é de pancadas de chuva, enquanto na vai da Rua Rio de Janeiro até a Alameda Ezequiel Dias, na Região
próxima estação as chuvas se tornam mais volumosas e contínuas. Centro-Sul.
O ápice são os meses de novembro, dezembro e janeiro, quan- Na Região Nordeste, o impacto da chuva na Avenida Bernardo
do têm os maiores volumes de chuva e inundações. Mas, no início Vasconcelos vem dos Córregos Cachoeirinha e Suzana. A Secreta-
do período, já deve se ficar mais atentos, porque começam as chu- ria de Obras informou que há um projeto para implantar um canal
vas e com elas sempre têm algum risco. paralelo ao existente do Minas Shopping até o lançamento no Ri-
Uma vez conhecida as áreas que inundam, a sinalização dos beirão do Onça. O valor é estimado em R$ 120 milhões ainda não
trechos é uma das ações para evitar que acidentes aconteçam. De captados.
acordo com a Sudecap, o mapeamento das inundações orientou a Uma obra está prevista para melhorar a drenagem dos ribei-
instalação de 975 placas pela cidade, priorizando áreas com maior rões do Onça e Pampulha e evitar enchentes na Avenida Cristiano
fluxo de trânsito. Isso alerta para que carros e pedestres não trafe- Machado. A via comumente alaga na altura dos bairros Primeiro de
guem, caminhem ou permaneçam no local durante um temporal. Maio e Suzana. A primeira etapa está em fase de licitação e deve
Belo Horizonte tem um relevo acidentado, é cortada por mui- envolver recursos municipal e federal na ordem de R$ 45,2 milhões.
tos cursos de água e, como todo centro urbano, o asfalto reduz a Segundo a secretaria, em relação à Avenida Vilarinho, é preciso
absorção. São características que favorecem a subida rápida do ní- atualizar estudos que vão indicar soluções adequadas para a reduzir
vel de córregos e rios ao receberem grande volume de chuva. inundações. Há uma licitação em andamento para obras na Bacia
Isso é a geografia da cidade. BH é cortada por 700 km de cór- do Córrego do Nado.
regos e rios. Ou seja, existe uma oferta de cursos de água muito
grande. O relevo da cidade proporciona uma grande velocidade da Veja as 89 áreas com risco de inundação
água em direção à macrodrenagem, isto é, aos córregos e rios.
A microdrenagem é feita pelas bocas de lobo. Como a cidade
tem um relevo acidentado, a água corre mais rápido e sobrecarrega
esses córregos. O nível também baixa rapidamente e, uma inunda-
ção dura em média 40 minutos.
O lixo descartado irregularmente em vias públicas, córregos e
encostas é um dos fatores que favorecem enchentes pontuais. De
acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), a limpeza
dos córregos da capital é feita de forma intensiva em, pelo menos,
109 locais, incluindo também os afluentes e veios d´água. Até o iní-
cio de setembro, já haviam sido limpos mais de 40 pontos na cidade
e recolhidas cerca de 900 toneladas de lixo e entulho.
A chegada das chuvas também preocupa quanto aos desliza-
mentos de encostas. De acordo com a Companhia Urbanizadora e
de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), atualmente, cerca de 1,3
mil edificações em 216 vilas e favelas estão em situação de risco
geológico alto. A região da cidade com mais edificações em áreas de
risco de deslizamento é a Centro-Sul, seguida da Leste.
Entre outubro de 2017 e março 2018 choveu muito acima da
média e houveram muitas ocorrências. Mas, desde 2003, não há
nenhuma morte por deslizamento na cidade.

Alertas e atendimento à população


No último período chuvoso, a Defesa Civil atendeu 4.563 so-
licitações em Belo Horizonte. A maioria das demandas estão rela-
cionadas a inundações e alagamentos de vias, deslizamentos de
encostas, desabamentos e trincas de muros de arrimos, infiltrações
e trincas de habitações e rachaduras e quedas de árvores.

Obras relacionadas às chuvas


De acordo com a Secretaria Municipal de Obras sobre inter-
venções feitas nestes pontos para evitar inundações, em relação
à Avenida Francisco Sá, no Prado, Região Oeste, em 2016, foram https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2018/09/27/bh-tem-
investidos R$ 2,7 milhões de recursos do Programa de Aceleração -quase-90-areas-sujeitas-a-enchentes-saiba-onde-ficam.ghtml
de Crescimento (PAC) na recuperação da galeria de rede pluvial. A
galeria recebe o escoamento dos bueiros.
Para reduzir os impactos da chuva da Avenida Tereza Cristina,
foram concluídas duas bacias de detenção, que tem como função
evitar que a chuva escoe diretamente para os córregos e rios, evi-
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Regional Barreiro: Córrego Taquaril


Nascentes até Rua Rosa Magalhães
Córrego Jatobá Regional Nordeste:
Nascentes até cruzamento com Córrego Olaria;
Cruzamento do Cór. Olaria até cruzamento com Cór. do Túnel; Córrego Cachoeirinha
Cruzamento do Cór. Túnel até cruzamento com Cór. do Barreiro. Avenida Clara Nunes até Rua Wilson Modesto Ribeiro

Córrego Olaria Ave. Sanitária


Nascente até cruzamento com Cór. Jatobá Rua Queluzita até Rua Manoel Rubim

Córrego Mineirão Córrego Água Limpa


Nascente até cruzamento Cór. Olaria Rua Luiz Bambus até Rua Valter de Abreu

Córrego Túnel Córrego Gorduras


Nascente até cruzamento com Cór. Jatobá Rua Maria de Fátima até Rua Prof. Zulma Fonseca
Rua Tales até Ribeirão da Onça
Córrego Cafezal
Nascente até Rua D Córrego do Onça
Avenida Risoleta Neves até Rua Padre Argemiro Moreira
Córrego Barreiro
Cruzamento do Cór. Clemente até cruzamento com Cór. Cafe- Av. Cândido M. Oliveira
zal; Rua Mestre Valentim até Rodovia MG-020
Cruzamento do Cór Cafezal até Rua Benjamim Dias
Córrego Espia
Córrego Olhos d´Água Rua 714 até Rua Luiz de Souza Lima
Nascentes até Rua Sem Nome
Córrego Beira Linha
Córrego Bom Sucesso Rua São Téofilo até o Ribeirão da Onça
Nascentes até Rua Eduardo de Menezes;
Rua sem nome até Rua Itamar Teixeira; São José
Nascentes até Rodovia BR-262. Rua Castro Alves até Rua Luiz de Souza Lima

Regional Centro-Sul: Regional Noroeste:

Córrego Leitão Córrego Tejuco


Rua Joaquim Murtinho; Rua Piraquara até Rua Rabelo Horta
Rua Alvarenga Peixoto
Córrego Taiobas
Córrego Bolina Nascentes até Rua Almeida Nero
Rua Alípio Goulart até Rua Edgard Coelho
Córrego Coqueiros
Regional Leste: Rua Macedônia até Av. Brigadeiro Eduardo Gomes

Córrego Santa Inês Córrego Ressaca


Cruzamento entre os córregos Santa Inês, Itaituba e Ribeirão Cruzamento de Rua Tocantins com Rua Heráclito Mourão de
Arrudas Miranda

Córrego Ituiutaba Córrego Rua Cirilo Gaspar


Cruzamento do córrego com a Rua Elísio de Brito Rua Santa Judite até Av. Américo Vespúcio

Córrego São Geraldo Córrego Engenho Nogueira


Rua Janaitiba até Av. dos Andradas Rua Garibaldi

Córrego da Mata Regional Norte:


Cruzamento ruas Cons. Rocha, Felipe Camarão e Av. Silviano
Brandão Córrego Embira
Nascentes até Av. Dep. Último de Carvalho;
Córrego Navio Rua Zacarias Caxanga Filho até Ribeirão Isidoro
Rua Isaura Possidônio até Rua Salvador Pinto

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Córrego Bacurais Córrego Engenho Nogueira


Rua José Oscar Barreira até Ribeirão Isidoro Anel Rodoviário até Av. Perimetral;
Cruzamento da Av. Antonio Carlos com Av. Abraão Caram
Córrego Isidoro
Av. Dom Pedro I até Av. Cristiano Machado; Córrego Pampulha
Av. Cristiano Machado até Rodovia MG-020 Área da Infraero/Rua São Tomás/Beco do Pastor/Beco Beira
Muro;
Córrego Floresta Rua Rita Alves Castanheira até Rua Modelo
Margeando Rodovia MG-010
Córrego Suzana
Córrego Lagoa do Mota Rua Bento Mendes Castanheira até o Ribeirão Pampulha
Rodovia MG-010 até Ribeirão Isidoro
Córrego Baraúnas
Córrego Terra Vermelha Rua Manoel Ferreira Cardoso até Lagoa da Pampulha
Rua José A. Ulhoa, Rua Flores Reais até o Ribeirão Isidoro
Córrego Olhos d´Água
Córrego Fazenda Velha Rua Carlos Lacerda até Rua Adolfo Lipe Fonseca
Rua Maxacalis até Av. A;
Rua 47 até Ribeirão Isidoro Av. Virgílio M. Franco
Rua Abeilard Pereira até Córrego Borges
Regional Oeste:
Regional Venda Nova:
Córrego Bom Sucesso
Rua Sem Nome até Rua Francisco de Castro Junior; Av. Camões
Rua 7 até o Ribeirão Arrudas Rua Brasil até Córrego Borges

Córrego Água Branca Av. Madrid


Rua Silvio de Oliveira Pacheco até o Ribeirão Arrudas Rua Eugênio Sales até Córrego Borges

Córrego Arrudas Córrego Gameleira


Confluência do Córrego Água Branca/Ribeirão Arrudas até Rua Rua Itabirinha até Córrego Borges
Bonança;
Av. Amazonas até Av. Guaratan Córrego Borges
Confluência dos córregos Camões/Madrid/Virgílio/Gameleira
Córrego Ponte Queimada até Rua Norte de Minas;
VDP 34 até Córrego Cercadinho Av. Deputado Anuar Menhen até Córrego Vilarinho

Córrego Cercadinho Córrego Marimbondo


Rua Igapo até Ribeirão Arrudas Rua Monte Alverne até Córrego Borges

Córrego Pintos Córrego Lareira


Rua André Cavalcanti até Ribeirão Arrudas Rua Otavio Pereira até Córrego Borges

Regional Pampulha: Ribeirão Vermelho


Nascentes até Rua Vilma
Avenida Hum
Rua Luiz Lopes Córrego Piratininga
Rua Joaquim Henrique Cardoso até Rua Ecologia Rua Estela até o Córrego Capão

Córrego Flor d´Água Córrego Capão


Rua Frei Martinho Burnier até o Córrego Ressaca Rua Olga Guimarães até Av. Civilização

Córrego Ressaca Córrego Brejo Quaresma


Rua João Alves da Silva até Rua Andorra Rua Conceição Silvana até próximo à Avenida Vilarinho

Córrego Mergulhão Córrego Bezerra


Rua C até Rua 14 Rua Jovino Rodrigues Pego até Av. Vilarinho

Córrego Joaquim Pereira


Nascentes até Rua Bristol
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Córrego Abolição
Av. D até Rua 24

Av. C
Rua 26 até Av. C

Córrego Candelária
Rua José Fanti até o Córrego Vilarinho

Av. Dois
Rua Baco até Rua 1

Córrego Vilarinho
Confluência com Córrego Bezerra até Av. Cristiano Machado

Córrego Floresta
Rua Dinorah Drummond até Av. Leontino Francisco Alves

Córrego Lagoa do Mota


Rua Julita Nunes Lima até Rua Severino Lara

Áreas de risco geológico e medidas de prevenção


Minas é líder em áreas de risco no país e tem a 2ª maior população exposta. Para especialistas, situação é reflexo da geologia, concen-
tração habitacional e questões político-econômicas131

Desabamento com vítimas em Belo Horizonte depois de chuva em março de 2018: quarta cidade em número de pessoas vivendo em
área de risco, BH registrou 4.563 ocorrências no último período chuvoso

Em estudo inédito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ligou o sinal de alerta em Minas Gerais: 1.377.577 moradores,
em 139 municípios mineiros monitorados, vivem em áreas de risco de ocorrência de acidentes.
São 8.073 locais onde fenômenos naturais, a exemplo das chuvas, são capazes de provocar situações de enchentes, inundações e
desabamento de imóveis.
O número de áreas de risco é o maior do Brasil – que reúne 27.660 locais nessa situação em 872 municípios monitorados –, dada a
própria extensão do estado e sua formação geológica, embora a população exposta seja inferior à de São de Paulo.
Um quadro que fica explícito nos períodos chuvosos. Somente em Belo Horizonte, foram registradas 4.563 ocorrências de acidentes
durante o período de chuva 2017/2018, a maioria delas, segundo a Coordenadoria de Defesa Civil Municipal, em propriedades privadas.
A capital mineira é a quarta no ranking dos municípios monitorados em população exposta ao risco, atrás de Salvador (BA), São Paulo
(SP) e Rio de Janeiro (RJ), nesta ordem.
São 389.218 pessoas vivendo nessas áreas, o equivalente a 16,4% do total de moradores. Outros dois municípios de Minas estão nas
primeiras posições do ranking: Ribeirão das Neves, na região metropolitana, em 7º lugar, com 179.314 pessoas expostas, que representam
nada menos que 60,5% de seus habitantes; e Juiz de Fora, na Zona da Mata, em 9º, com 128.946 moradores em risco (25% do total).
131 https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/06/29/interna_gerais,970180/especialistas-discutem-concentracao-de-areas-de-risco-em-minas.shtml.
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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

As ameaças naturais são acentuadas pela falta de investimen-


tos na área e por limitações acadêmicas. Nesse sentido, mais estu- QUESTÕES
dos como o do IBGE são bem-vindos. Não faz sentido um trabalho
feito somente pelo governo federal. Deve haver outras escalas de
trabalho na órbita dos estados. 1. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018
Sobre o panorama apontado pelo IBGE, ressalta-se que a lide- Algumas cidades, seja na sua totalidade ou em parte, são consi-
rança no ranking de risco exibida por Minas tem que ser observada deradas Patrimônio Histórico Cultural, merecendo, por isso, cuida-
levando em consideração que o estado tem a segunda maior popu- dos quanto à sua preservação (como acontece em várias constru-
lação do Brasil e que seu território é extenso. ções de Santa Bárbara).
As estatísticas refletem o próprio movimento de ocupação no Na cidade de Belo Horizonte, recentemente, um grupo de obras
Brasil, visto que os terrenos calcários são avaliados como de risco arquitetônicas foi tombado como Patrimônio Cultural da Humani-
pela engenharia e, por isso, há escassez de ocupação nessas áreas, dade.
mas o mesmo cuidado não se manifesta quando moradias são ins- Esse patrimônio é
taladas em barrancos e encostas. (A) a Cidade Administrativa, sede do governo estadual.
Esses locais geralmente são ocupados por população de baixa (B) o circuito cultural da Praça da Liberdade.
renda, com moradias precárias e em situação de vulnerabilidade. (C) o conjunto arquitetônico da Pampulha.
Além da concentração populacional, existem outros fatores (D) o conjunto JK na Praça Raul Soares.
para liderança de Minas em áreas de risco. Um deles é a situação
política e econômica do país. Outro ponto é o relevo montanhoso e 2. FGR - 2019
drenado por rios, além do clima com estação chuvosa concentrada Leia os itens abaixo. Eles se referem aos pontos turísticos do
entre os meses de setembro a março, que propicia a existência de Município de Belo Horizonte:
áreas suscetíveis. I - Circuito Cultural Praça da Liberdade: Importante “corredor
Para chegar aos dados, a pesquisa do IBGE cruzou informações de cultura” do Brasil; está localizado em uma área histórica de Belo
do Censo Demográfico 2010, do próprio órgão, e números do ma- Horizonte que remonta à época da construção da capital; abriga
peamento de áreas de risco, realizado pelo Centro Nacional de Mo- museus, centros de cultura e de formação; ao procurar articular o
nitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Com isso, espaço urbano aos diversos grupos artísticos e populares, o Circuito
foi criado o conceito de Base Territorial Estatística de Áreas de Risco vem se consolidando como importante política pública cultural em
(Bater). Minas Gerais.
Trata-se de um conjunto de recortes espaciais, definidos espe- II - Conjunto Moderno da Pampulha: Área turística de grande
cificamente para permitir a associação dos números demográficos visitação, tornou-se Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNES-
do Censo 2010 às áreas de risco existentes no banco de dados do CO. A obra-prima, construída em meados no século passado, leva a
Cemaden. Para determinar o que é ou não área de risco, o IBGE con- assinatura de Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e Cândido Por-
siderou locais onde fenômenos naturais, como chuvas, são capazes tinari. Inclui edifícios e jardins da Igreja São Francisco de Assis, o
de provocar condições adversas. Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile, o Iate Tênis Clube,
Com intuito de monitorar esses espaços mais de perto, a Com- entre outros, o espelho d’água e a orla da Lagoa.
panhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) de- III - Museu Histórico Abílio Barreto: Projetado inicialmente para
senvolve o Programa Estrutural em Área de Risco (Pear) em vilas e ser um cassino na década de 1940, durante a administração do pre-
favelas. De acordo com o órgão, o trabalho é executado por de meio feito Juscelino Kubitschek. Os jardins que circundam o prédio têm
de vistorias, obras de manutenção, intervenções com mão de obra como característica principal sua composição de formas sinuosas,
do morador e atividades de prevenção ao risco geológico. Entre se- com grandes blocos ou manchas de cores, construídas com espé-
tembro de 2017 e fevereiro de 2018, foram feitas 800 visitas a áreas cies da flora brasileira. Foram incorporadas ao paisagismo estátuas
ameaçadas. de Ceschiatti, Zamoiski e José Pedrosa.
A Urbel também divulgou um diagnóstico sobre a situação, IV - Mirante do Mangabeiras: Localizado no bairro Mangabei-
o mais recente desempenhada pela prefeitura. De acordo com o ras, o espaço é constituído por dois decks, grande área gramada,
levantamento, há 1.500 edificações em risco alto e uma em risco plantas ornamentais e bancos. O Mirante foi incorporado ao Parque
muito alto na capital. A maior parte dos casos se registram no Cen- das Mangabeiras, que está numa área de preservação ambiental, e
tro-Sul da cidade, onde houve 319 situações. proporciona uma visão privilegiada da capital. Duas esculturas em
aço, em formato de olhos, foram instaladas simbolizando o convite
à contemplação de Belo Horizonte.

Estão CORRETOS os itens:


(A) Apenas II, III e IV.
(B) Apenas I, II e III.
(C) Apenas I, II e IV.
(D) Todos eles estão corretos.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

3. CONSULPLAN - 2016 (C) O mapa de declividade do Município foi elaborado com


“O Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, base no mapa de curvas de nível; ele fornece três valores de
conquistou, neste domingo (17), o título de Patrimônio Mundial da declividade: mínima, média e máxima.
Humanidade, dado pela Unesco. (D) Nas regiões administrativas Oeste, Norte e Barreiro estão as
É um reconhecimento importantíssimo tanto do ponto de vis- áreas com trechos mais suaves, e por isso representam menor
ta da arquitetura nacional, quanto da arquitetura internacional. A ônus para a Prefeitura com obras de infraestrutura.
Pampulha é um exemplo da criatividade humana e do intercâmbio
de ideias entre Brasil e Europa, diz Andrey Schlee, diretor de patri- 6. FGR - 2019
mônio material do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artís- Leia os itens abaixo. Eles se referem aos principais eventos cul-
tico Nacional).” turais realizados no Município de Belo Horizonte.
I. Arraial de Belo Horizonte: o evento realizado na Praça da Es-
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/07/ tação está entre os cinco maiores destinos turísticos brasileiros do
1792609-conjunto-da-pampulha-e-declarado-patrimonio-mundial- período junino.
-dahumanidade.shtml.) II. Carnaval: nos últimos dez anos este evento vem perdendo
importância devido à redução do número de participantes.
O arquiteto responsável pelo projeto desse conjunto arquitetô- III. Aniversário de Belo Horizonte: evento realizado no mês de
nico, encomendado pelo então prefeito de Belo Horizonte, Jusceli- janeiro quando se comemora a inauguração da capital.
no Kubitschek, foi: IV. Parada do Orgulho LGBT/QIAP: A edição de 2018 abordou o
(A) Zanini. tema “Mais Democracia e Mais Direitos Humanos: esse é o Brasil
(B) Lúcio Costa. que queremos para as LGBT.”
(C) Renzo Piano.
(D) Oscar Niemeyer. Estão CORRETOS os itens:
(A) II e III.
4. Instituto Consulplan – 2020 (B) I, II e III.
O mês de janeiro terminou sendo o mês mais chuvoso da histó- (C) II, III e IV.
ria da cidade de Belo Horizonte, desde o início da medição climato- (D) I e IV.
lógica há 110 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET). A capital mineira completou 121 anos em dezembro de 7. FGR - 2019
2019. Até agora, o primeiro mês de 2020 acumulou 932,3 milíme- Em relação ao texto A política de proteção do patrimônio cul-
tros de chuva na cidade, de acordo com o INMET. O recorde anterior tural em Belo Horizonte (BRANDÃO E SOARES, 2017) é CORRETO
era de janeiro do ano de 1985, quando o acumulado do mês foi de afirmar que:
850,3 milímetros. São fatores que contribuem para as enchentes, (A) A política de patrimônio no Município de Belo Horizonte
EXCETO: teve início em 1930 com a revolução.
(A) A pavimentação das ruas de maneira sustentável, diferente- (B) O município de Belo Horizonte teve sua política de preser-
mente do asfaltamento, em geral, utilizado. vação e promoção ao patrimônio cultural instituída no contex-
(B) A ocupação irregular de áreas e a falta de planejamento das to dos debates relacionados à redemocratização do País na dé-
cidades são consideradas causas antrópicas. cada de 1980 e materializada no texto da Constituição de 1988,
(C) O mau descarte do lixo faz com que ele se acumule em buei- particularmente em seus artigos 215 e 216.
ros, que são responsáveis por conter parte da água que eleva (C) A Política de Patrimônio de Belo Horizonte, que focou mais
o nível dos rios. na questão da arquitetura, teve início no final do século XIX.
(D) O desmatamento, sobretudo em áreas localizadas nas pro- (D) A política de Patrimônio de Belo Horizonte se constituiu e
ximidades das margens de um rio. Esta vegetação é respon- materializou com a constituição de 1934, com a chamada Era
sável por conter as águas que se expandem ou reduzir a sua Vargas.
velocidade.
8. FGR - 2019
5. FGR - 2019 “Uma das questões que atualmente tem atraído grande aten-
Segundo artigo no site da Prefeitura intitulado Mapa de declivi- ção no âmbito dos estudos populacionais refere-se ao processo de
dades, “A topografia de Belo Horizonte é, por vezes, usada como ar- desconcentração espacial da população [...]” (LOBO, CARDOSO &
gumento para justificar que não podemos ser uma cidade acessível MATOS, 2008).
para todos [...]” (PBH, 2018). Sobre a atual distribuição espacial da população na Região Me-
Sobre o enunciado acima e outros conhecimentos relacionados tropolitana de Belo Horizonte, marque a alternativa que contem a
aos aspectos físicos e territoriais do Município, é INCORRETO afir- tendência INCORRETA:
mar que: (A) Crescimento gradual da população periférica.
(A) O conhecimento da topografia municipal é fundamental (B) Progressiva dispersão espacial da população.
para auxiliar o planejamento e mobilidade urbanos, e também (C) Redução do peso demográfico do núcleo metropolitano.
a melhoria da infraestrutura existente. (D) Constante polarização espacial demográfica.
(B) As maiores declividades médias do território municipal es-
tão localizadas nas regiões administrativas Centro-Sul e leste.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

9. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Planejada para ser a ca- A história da cidade está marcada por momentos característi-
pital de Minas, Belo Horizonte surgiu em uma época de grandes cos:
transformações. O País vivia, por exemplo, os reflexos da abolição I. A primeira vez foi a invenção política (1897­1914) com a obra
da escravatura e da Proclamação da República. da República que queria superar o passado colonial imperial consi-
derado como período de atraso e estagnação.
(Belo Horizonte Inventada Três Vezes ­PAULA, João Antonio de e II. A segunda vez foi a mercantil (1914­1950) com a privatização
MONTE­MOR, Roberto Lu de serviços e o domínio dos interesses econômicos e a horizontali-
zação da cidade e consequente modernização.
III. A terceira foi intervenção social com a caracterização das lu-
tas sociais que consolidou-se nos anos de 80 e 90 com uma série de
iniciativas democráticas populares.

Tendo por base a bibliografia acima, ASSINALE:


(A) Apenas o item I está correto.
(B) Apenas o item II está correto.
(C) Apenas o item III está correto.
(D) Apenas o item II está incorreto.

10. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Em 17 de dezembro de


1893, Afonso Pena, na ocasião Governador de Minas Gerais (1892­
94), promulgou a lei que designava Belo Horizonte para ser a capital
do Estado. Todos os fatos estão corretos, EXCETO:
iz de Melo). (A) O prazo mínimo para a transferência definitiva do governo
era de 4 anos.
(B) Belo Horizonte teve que ser inaugurada às pressas, ainda
poeirenta e com prédios a construir.
(C) O poder aquisitivo da população vinda de Ouro Preto foi
“favorecida” e desenvolveu o setor econômico da Capital.
(D) As fases de maior crescimento corresponderam aos anos
de 1905, 1912­13 e 1917­19. Aos poucos, pequenas fábricas co-
meçaram a funcionar na cidade, ampliou-se o fornecimento de
energia elétrica, retomaram-se as obras inacabadas, expandi-
ram-se as linhas de bonde, criaram-se praças e jardins e a cida-
de ganhou arborização.

11. (FGR – Guarda Municipal – FGR) A Catedral da Nossa Senho-


ra da Boa Viagem tem valor simbólico para Belo Horizonte. Assina-
le a opção abaixo, que NÃO corresponde com a realidade daquela
Matriz:
(A) A construção se processou de forma acelerada, não obstan-
te as dificuldades de recursos materiais, humanos e financei-
ros, à época.
(B) É um símbolo de fé, modernidade e tradição.
(C) Ocupou o mesmo local da antiga Matriz que foi demolida.
(D) Foi construída segundo padrões estéticos e arquitetônicos
do neogótico, estilo que já era utilizado no Brasil junto ao ecle-
tismo.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

12. (FGR – Guarda Municipal – FGR) O crescimento econômi- 14. (FGR – Guarda Municipal – FGR)
co transformou o perfil de Belo Horizonte na década de 1960. Sem
respeito pela memória da cidade, o progresso avançou sobre suas
ruas, demolindo casas, erguendo arranha-céus, cobrindo tudo de
asfalto. É INCORRETO afirmar:
(A) A “Cidade­Jardim” que tanto encantara os poetas, não exis-
tia como antes. Derrubaram árvores e a cidade verde tinha fi-
cado no passado.
(B) O “Pirulito” foi retirado da Praça Sete, como parte das trans-
formações radicais, e foi deixado no Museu Abílio Barreto; e
a beleza das antigas construções era transformada em pó, em
seu lugar surgiam edifícios modernos, novos e novas indústrias.
(C) O crescimento das indústrias e das instituições financeiras
irradia-se às cidades vizinhas e à capital que também recebe-
ram muitos investimentos e fábricas. Esse progresso fez dimi-
nuir as desigualdades e os problemas sociais da época.
(D) A instauração da Ditadura Militar, após o Golpe de 1964,
também levou a população às ruas. Primeiro foram às mulhe-
res católicas que, com seus terços em punho, apoiaram o “mo-
vimento que nos livrara do perigo comunista”. A manifestação
foi denominada a “Marcha da Família com Deus pela Liberda- “A Praça da Liberdade coroa de Minas estava posta em sossego.
de”. era um sossego cheio de graça.
No fundo, o Palácio da Liberdade vigiava.
13. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Nos anos 1980, teve iní- Mesmo sendo apenas um nome, a divina Liberdade encantava
cio uma grande mudança nas relações do belo­horizontino com sua a Praça. Vinha o passado e senta­se num banco, tomando a fresca
cidade. O crescimento desordenado e os problemas de perda de ou tomando luar.
importantes marcos da história de Belo Horizonte, a degradação Vinha o presente, ajeitava­se ao lado dele.
ambiental e as desigualdades sociais foram, pouco a pouco, se tor- Os dois puxavam uma dessas infindáveis conversas mineiras,
nando algumas das maiores preocupações dos cidadãos. saborosas e lendas.
Uma nova mentalidade começava a surgir. Assinale a opção IN- As palmeiras ouviam.
CORRETA: Os Fícus ouviam.
(A) Em 1981, adotou-se um novo sistema de transporte, na ten- E calavam, num calar mineiro.
tativa de melhorar a situação do trânsito na cidade. Mas o progresso exige fontes luminosas musicais”.
(B) Em 1980, a canalização do Ribeirão Arrudas pôs fim ao pro- O texto acima consta do livro “Sobre Belo Horizonte” organiza-
blema das enchentes que todos os anos causava prejuízos ao do por Marcelo Pinheiro cujo autor é:
centro da capital. (A) Carlos Drumond de Andrade.
(C) Foi iniciada a implantação do metrô de superfície como al- (B) Abílio Barreto.
ternativa rápida, segura e menos poluente para o transporte (C) Mário de Andrade.
de massa. (D) João Alphonsus.
(D) A memória da cidade começou a ser mais valorizada, com
o tombamento de vários edifícios de importância histórica. A 15. (FGR – Guarda Municipal – FGR) A política cultural da Pre-
população ganhou, ainda, diversos espaços de lazer como o feitura de Belo Horizonte, desde 1993, orienta­se por quatro diretri-
Parque das Mangabeiras, inaugurado em 82, e o Mineirinho. zes básicas:
I. Estender os chamados direitos culturais, ampliando o acesso
de toda a população à produção e ao consumo de cultura, garantir
a preservação da memória social, bem como facilitar a participação
popular nas decisões da política cultural.
II. Articular os programas sociais e culturais da administração
municipal, promovendo o desenvolvimento integral de crianças e
jovens envolvidos com a ação pública do município.
III. Descentralizar a ação cultural, instalando e fazendo a manu-
tenção de centros culturais regionais, além de valorizar as manifes-
tações culturais locais.
IV. Incentivar e estimular a qualificação da produção cultural,
viabilizando empreendimentos culturais estáveis e duradouros.

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

Para colocar em prática essas diretrizes, a Fundação Municipal Em relação a esse associativismo de base local, que sempre es-
de Cultura estabeleceu ações, a saber: teve presente na história de BH, pode­se afirmar que:
Todas as alternativas estão corretas, EXCETO: (A) Cresceu quantitativamente, sem no entanto diversificar so-
(A) Informação, difusão e intercâmbio cultural. cialmente, em decorrência da própria evolução urbana que foi
(B) Gestão e dinamização dos espaços e serviços públicos. lenta.
(C) Criação de um Serviço de Informação Turística na Pampulha. (B) Em 1964, as formas associativas se desmobilizaram por for-
(D) Incentivo à leitura em Belo Horizonte. ças da repressão sofrida.
(C) É muito semelhante ao padrão desenvolvido para a cidade
16. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Percebe­se na leitura “Lu- de São Paulo.
tas Urbanas em Belo Horizonte” de SOMARRIBA, que as grandes (D) Tem grande participação da comunidade, o que nem sem-
carências urbanas sempre marcaram a vida de Belo Horizonte. A pre significa presença legítima da liderança existente.
criação de associação de bairros e favelas foi fundamental para me-
lhorar a qualidade de vida da população de BH. 17. (FGR – Guarda Municipal – FGR)

No trajeto turístico feito pelo ônibus do Centro para o Sion


(Projeto da Belotur) podemos observar e ouvir sobre os pontos
mais importantes, EXCETO:
(A) Os passageiros conhecerão dados históricos sobre a Praça
Sete e as várias mudanças do monumento “Pirulito”.
(B) O Museu de Artes e Ofícios, a Praça Rui Barbosa (Praça da
Estação), o Viaduto Santa Tereza, o Centro Cultural de Belo Ho-
rizonte.
(C) Os edifícios que compõem o conjunto arquitetônico da Pra-
ça da Liberdade e das avenidas João Pinheiro e Afonso Pena.
(D) Vão ouvir curiosidades sobre a história, como a tradição
boêmia da Rua da Bahia e a importância comercial da Savassi.
Rua Geraldo Pedro dos Santos

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CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

18. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Em relação à Avenida do Em relação à transferência da capital mineira de Ouro Preto
Contorno pode­se dizer que: para Belo Horizonte, é CORRETO afirmar que:
I. Foi originalmente denominada Avenida 17 de Dezembro, em (A) foi consensual entre os moradores de Belo Horizonte e
homenagem à data da promulgação da lei que oficializou a escolha Ouro Preto.
de Belo Horizonte como sede da nova Capital do Estado. (B) foi nomeado um grupo da Nova Capital chefiada pelo enge-
II. Foi para ser uma espécie de fronteira social entre a parte nheiro João Leite da Silva Ortiz para a mudança.
planejada e urbanizada e a área suburbana da nova Capital. (C) o nome oficial de Belo Horizonte só foi adotado definitiva-
III. Ficou inacabada até a década de 1940 e somente nos anos mente quatro anos mais tarde, em 1901.
1970 é que adquire sua configuração atual como um dos maiores (D) carinhosamente Belo Horizonte ganhou vários apelidos
corredores de circulação, unindo vários bairros da área central. com forma de facilitar a transferência para a nova capital.
IV. Tem­se hoje uma configuração contemporânea, constituído
lugar de passagem e de consumo, oferecendo experiências diversas 21. (FGR – Guarda Municipal – FGR) A construção da capital,
e descontínuas. ao final do século XIX, tinha como objetivo divulgar as ideias de mo-
dernidade e progresso, que refletiam mudanças que ocorriam no
Comparando o que foi afirmado sobre a Avenida do Contorno e país e no exterior, principalmente no campo da arquitetura e do
o relatado por José Mário Barros no livro “Permanências e Mudan- planejamento urbano.
ças em Belo Horizonte”, pode­se AFIRMAR: Marque a alternativa que NÃO corresponde a ideia de moder-
(A) Os itens I e II estão corretos. nidade e progresso presente na construção de Belo Horizonte.
(B) Os itens II e III estão corretos. (A) A fundação da capital mineira figurava, sem dúvida, nessa
(C) Os itens I, II e IV estão corretos. perspectiva de um projeto plantado no futuro.
(D) Todos os itens estão corretos. (B) A capital mineira foi construída em consonância com as no-
vas tendências urbanas e em sintonia com a estratégia política
19. (FGR – Guarda Municipal – FGR) A transferência da capital da ordem, em especial, da Europa à época.
de Ouro Preto para Belo Horizonte, na época chamada “Cidade de (C) A demolição da antiga Matriz de Boa Viagem na capital
Minas”, ocorreu em decorrência: mineira e o propósito de se erguer uma nova igreja matriz no
I. da localização privilegiada de Belo Horizonte, num planalto mesmo local.
central de Minas Gerais. (D) A construção da capital mineira visava a implantação de
II. das ótimas condições geográficas e o clima agradável de Belo uma cidade que primasse pela beleza, pela estética, pelos pa-
Horizonte. drões arquitetônicos, sendo ao mesmo tempo espelho que re-
III. da exploração excessiva do ouro e seu esgotamento, com fletisse a imagem do novo tempo que se instaurava no país.
a decadência da mineração em Ouro Preto, que foi perdendo seu
prestígio como Capital. 22. (FGR – Guarda Municipal – FGR) “PROIBIDO PISAR NO GRA-
IV. da imposição política de Afonso Pena, então governador de MADO
Minas Gerais. Talvez fosse o melhor dizer:
PROIBIDO COMER O GRAMADO
Marque a alternativa CORRETA. A prefeitura vigilante vela a soneca das ervinhas.
(A) Apenas os itens I e II estão corretos. E o capote preto do guarda é uma bandeira da noite.
(B) Apenas os itens I, II e III estão corretos. [estrelada de funcionários.”
(C) Apenas os itens II, III e IV estão corretos. Carlos Drumonnd de Andrade – Reunião, 1971.
(D) Todas os itens estão corretas
Pode-se inferir, com base no texto acima, que o escritor Carlos
20. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Drumonnd de Andrade tinha preocupação:
(A) em criticar a omissão da Prefeitura de Belo Horizonte com
o meio ambiente.
(B) com a preservação do espaço público, possivelmente uma
praça pública através da prefeitura de Belo Horizonte.
(C) destacar a importância do Guarda Municipal em proteger o
patrimônio público.
(D) fazer apologia do autoritarismo militar da época, em espe-
cial o vigilante noturno.

No brasão de Belo Horizonte, símbolo da cidade, aparecem


duas datas: 17 de dezembro de 1893 e 12 de dezembro de 1897,
respectivamente, o dia em que ficou decidida a transferência da
sede do governo e o dia da instalação oficial da nova capital.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

23. (FGR – Guarda Municipal – FGR) A respeito de Belo Horizon- 26. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Em relação à participação
te, pode-se dizer que foi inventada três vezes. das associações de moradores nas lutas urbanas, pode-se dizer:
I. A primeira vez foi a invenção política (1897-1914) – obra da I. que os dados existentes, desde a transferência da capital para
república que queria demarcar o início de novos tempos, superar o Belo Horizonte até hoje, são bastante significativos para analisar a
passado colonial-imperial tido como fator de atraso e estagnação. trajetória da melhoria urbana da cidade.
II. A segunda foi a invenção mercantil (1914-1980) que culmi- II. que alguns partidos políticos tiveram relevância por incluí-
nou com a privatização de serviços, o domínio dos interesses eco- rem em suas propostas partidárias a participação das associações.
nômicos, a modernização e a verticalização da cidade, a expansão III. que a Igreja católica, em seu todo, incorporou-se de corpo e
da infraestrutura material e a industrialização. alma aos movimentos associativos, como ocorreu em outras partes
III. A terceira invenção é a social – que tendo antecedentes nas do país.
lutas sociais, que resistiram à tendência excedente, que marca o IV. todos os municípios que integravam a Região Metropolitana
projeto da cidade desde o início, consolidou-se nos anos 80-90 pela de Belo Horizonte em 1980 contavam com associações de base.
emergência de uma série de iniciativas democráticas populares.
Marque a alternativa CORRETA.
Marque a alternativa CORRETA. (A) Apenas o item I está correto;
(A) Apenas o item I é verdadeiro. (B) Apenas o item II está correto;.
(B) Apenas os itens II e III são verdadeiros. (C) Apenas o item III está correto;
(C) Apenas os itens I e II são verdadeiros. (D) Apenas o item IV está correto.
(D) Todos os itens são verdadeiros.
27. (FGR – Guarda Municipal – FGR) De 1967 até 1979, os pre-
24. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Por que ruas tão largas? feitos de Belo Horizonte deixaram de ser eleitos para serem nomea-
Por que ruas tão retas? dos. Este período corresponde ao regime militar implantado no
... país.
Cidade grande é isso? Assinale qual prefeito abaixo foi eleito pelo voto popular e não
... nomeado.
Aqui tudo é exposto evidente cintilante. Aqui (A) Dr. Célio de Castro.
obrigam-me a nascer de novo, desarmado”. (B) Dr. Oswaldo Pieruccetti.
Carlos Drumonnd de Andrade –Boitempo II. (C) Dr. Luiz Verano.
(D) Dr. Maurício de Freitas Teixeira Campos.
Na crônica poética acima, o autor faz menção à cidade de Belo
Horizonte: 28. (FGR – Guarda Municipal – FGR) Estudos para o Plano Dire-
(A) como uma cidade igual as demais. tor de BH/2010 mostram:
(B) como uma cidade moderna, positivista, eugênica, que veio I. a concentração de estabelecimentos comerciais, industriais e
para romper com o passado. de serviços na área central e suas imediações
(C) que nasceu por acaso, como um símbolo ideológico cultural. II. equipamentos sociais de saúde, educação e lazer bem distri-
(D) como um fruto espontâneo da aglomeração de casas le- buídos nas 9 (nove) regionais.
vantadas por uma conjunção de interesses e posicionamento III. que o nível de distribuição das atividades e equipamentos
estratégico. proporciona a mesma segregação social que o processo de metro-
polização e periferização cristalizou.
25. (FGR – Guarda Municipal – FGR) O transporte com carros IV. que temos duas cidades convivendo lado a lado: a cidade
em Belo Horizonte está insuportável. Caso não seja tomada medida das classes média e alta, e a cidade da periferia com índices urbanos
para diminuir o número de automóveis em BH e outras metrópoles e sociais semelhantes ao da primeira.
brasileiras, o alardeado colapso será inevitável.
Especialistas em transportes apostam como medidas eficazes Com base nas informações acima, marque a alternativa COR-
para evitar o caos do trânsito de BH e cidades vizinhas: RETA.
I. Elaboração de planejamento para crescimento ordenado da (A) Apenas os itens I e II são verdadeiros.
região metropolitana de Belo Horizonte. (B) Apenas os itens II e III são verdadeiros.
II. A implantação de um modelo intermodal como solução para (C) Apenas os itens III e IV são verdadeiros.
desafogar o tráfego e melhorar o transporte na Capital. (D) Apenas os itens I e III são verdadeiros.
III. O transporte elétrico sobre trilhos que pode ser usado como
alternativa ao metrô e, principalmente aos ônibus, situação inédita
em BH.
IV. A ampliação dos metrôs é um exemplo para o transporte de
massa como acontece nas grandes metrópoles do país e do exterior.

A partir das medidas acima listadas, pode-se dizer:


(A) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.
(B) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.
(C) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.
(D) Todas as alternativas estão corretas.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E ATUALIDADES

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
2 C ______________________________________________________

3 D ______________________________________________________
4 A ______________________________________________________
5 D
______________________________________________________
6 D
7 B ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 D
______________________________________________________
10 C
______________________________________________________
11 A
12 C ______________________________________________________
13 B ______________________________________________________
14 A
______________________________________________________
15 C
16 B ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 D
______________________________________________________
19 B
______________________________________________________
20 C
21 C ______________________________________________________
22 B ______________________________________________________
23 D
______________________________________________________
24 B
25 C ______________________________________________________

26 B ______________________________________________________
27 A
______________________________________________________
28 D
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________ ______________________________________________________

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
Fiscal de Controle
Urbanístico e Ambiental
Direitos Metaindividuais
NOÇÕES DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS: DIREITOS E GA-
RANTIAS FUNDAMENTAIS Natureza Destinatários
Difusos Indivisível Indeterminados

Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais Determináveis


Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- Coletivos Indivisível ligados por uma
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados relação jurídica
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são Determinados
Individuais
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de Divisível ligados por uma
Homogêneos
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- situação fática
ratório.
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais guintes características:
a) surgiram no século XX;
• Direitos Fundamentais de Primeira Geração b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
Possuem as seguintes características: que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução bens da coletividade;
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
ram todo o século XIX; povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição interesse coletivo;
ao Estado Absoluto; d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
c) estão ligados ao ideal de liberdade; de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
em favor das liberdades públicas;
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- • Direitos Fundamentais de Quarta Geração
teção em face da ação opressora do Estado; Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
f) são os direitos civis e políticos. tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
• Direitos Fundamentais de Segunda Geração Também são transindividuais.
Possuem as seguintes características:
a) surgiram no início do século XX; Direitos Fundamentais de Quinta Geração
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
Estado Liberal; taria o direito fundamental de quinta geração.
c) estão ligados ao ideal de igualdade;
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
positiva do Estado; São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
índole evolutiva;
• Direitos Fundamentais de Terceira Geração b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu- dentemente de características pessoais;
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração. e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
do pelo decurso do tempo.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende,
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco-
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
compatíveis com a sua natureza. expressão.

Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais Direito à Igualdade


Muito embora criados para regular as relações verticais, de su- A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. formal.
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais didos aos membros da coletividade por meio da norma.
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
tituição (princípio da reserva legal). princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- formação social.
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente consagrados. Direito à Privacidade
Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
Os quatro status de Jellinek
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon-
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
de sua violação.
do-se como detentor de deveres para com o Estado;
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
Direito à Honra
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi- nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em tal motivo, são previstos no Código Penal.
seu favor;
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- Direito de Propriedade
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- É assegurado o direito de propriedade, contudo, com
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. restrições, como por exemplo, de que se atenda à função social da
propriedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
Referências Bibliográficas: direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- e o usucapião.
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
intelectual) e os direitos reativos à herança.
Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
da CF. São eles: conforme veremos abaixo:

Direito à Vida TÍTULO II


O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exemplo, CAPÍTULO I
na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra declarada). DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc. qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
Direito à Liberdade igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- termos desta Constituição;
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
privada. coisa senão em virtude de lei;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu- XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
mano ou degradante; tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- prietário indenização ulterior, se houver dano;
nimato; XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência ros pelo tempo que a lei fixar;
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli- a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir desportivas;
prestação alternativa, fixada em lei; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí- obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma- légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
terial ou moral decorrente de sua violação; triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- mento tecnológico e econômico do País;
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por XXX- é garantido o direito de herança;
determinação judicial; XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei do de cujus;
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
sual penal; sumidor;
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, sociedade e do Estado;
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
cer ou dele sair com seus bens; mento de taxas:
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
petente; XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada ou ameaça a direito;
a de caráter paramilitar; XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- perfeito e a coisa julgada;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
estatal em seu funcionamento; XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- que lhe der a lei, assegurados:
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- a) a plenitude da defesa;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; b) o sigilo das votações;
XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- c) a soberania dos veredictos;
necer associado; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori- a vida;
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
extrajudicialmente; sem prévia cominação legal;
XXII- é garantido o direito de propriedade; XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação e liberdades fundamentais;
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
previstos nesta Constituição;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion- ou à pessoa por ele indicada;
dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
podendo evitá-los, se omitirem; de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru- lia e de advogado;
pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por
Estado Democrático; sua prisão ou por seu interrogatório policial;
XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de dade judiciária;
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
outras, as seguintes: pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen-
a) privação ou restrição de liberdade; tícia e a do depositário infiel;
b) perda de bens; LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
c) multa; ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
d) prestação social alternativa; de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
e) suspensão ou interdição de direitos; LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
XLVII- não haverá penas: reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
artigo 84, XIX; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
b) de caráter perpétuo; buições de Poder Público;
c) de trabalhos forçados; LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
d) de banimento; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
e) cruéis; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; defesa dos interesses de seus membros ou associados;
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
moral; de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- lidade, à soberania e à cidadania;
ção; LXXII- conceder-se-á habeas data:
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- de entidades governamentais ou de caráter público;
gas afins, na forma da lei; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
lítico ou de opinião; LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
toridade competente; entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
devido processo legal; autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos da sucumbência;
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
com os meios e recursos a ela inerentes; aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
ilícitos; sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
do da sentença penal condenatória; ma da lei:
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica- a) o registro civil de nascimento;
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; b) a certidão de óbito.
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data
esta não for intentada no prazo legal; e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania;
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- celeridade de sua tramitação.
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
litar, definidos em lei; Constitucional nº 115, de 2022)
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
têm aplicação imediata. trabalho;
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ou acordo coletivo;
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Federativa do Brasil seja parte. percebem remuneração variável;
§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso ou no valor da aposentadoria;
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
§4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men- sa, conforme definido em lei;
cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em dor de baixa renda nos termos da lei;
nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu- XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas. horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho;
Referências Bibliográficas: XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
mingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas mo, em cinquenta por cento à do normal;
pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons- XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais terço a mais do que o salário normal;
fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so- XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de com a duração de cento e vinte dias;
igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos: XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
CAPÍTULO II centivos específicos, nos termos da lei;
DOS DIREITOS SOCIAIS XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- mas de saúde, higiene e segurança;
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada insalubres ou perigosas, na forma da lei;
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) XXIV - aposentadoria;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
poder público em programa permanente de transferência de renda, XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob- trabalho;
servada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Constitucional nº 114, de 2021) XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
outros que visem à melhoria de sua condição social: incorrer em dolo ou culpa;
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
indenização compensatória, dentre outros direitos; dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; contrato de trabalho;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; a) (Revogada).
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, b) (Revogada).
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
para qualquer fim; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo:
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis • Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos-
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais já
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado determinado
empregatício permanente e o trabalhador avulso. grau de concretização de um direito social, fica o legislador proibido de
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja a criação de meca-
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, nismos equivalentes chamados de medias compensatórias.
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, • Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi- reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces- óbice do financeiramente possível.
sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os • Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua direitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna,
integração à previdência social. intrinsecamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado humana previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo
o seguinte: existencial não se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda- encontram na estrutura dos serviços púbicos essenciais.
ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização Os direitos sociais são divididos em:
sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, Direitos relativos aos trabalhadores
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco- Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber-
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba- dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar-
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à tigos 7º a 11).
área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- Direitos relativos ao homem consumidor
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi-
administrativas; mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução,
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio título da ordem social.
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
dependentemente da contribuição prevista em lei; Referências Bibliográficas:
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
sindicato; cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
organizações sindicais; gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação CAPÍTULO III
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do DA NACIONALIDADE
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- Art. 12. São brasileiros:
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas I - natos:
as condições que a lei estabelecer. a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
resses que devam por meio dele defender. ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá tiva do Brasil;
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
da lei. petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira;
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
II - naturalizados:
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
deliberação.
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
gadores. tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, • Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio-
os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
Constituição. origem territorial (ius solis).
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie-
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; nacionalidade dos genitores.
III - de Presidente do Senado Federal; A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau-
V - da carreira diplomática; tada no ius sanguinis.
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa. Portugueses Residentes no Brasil
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos
que: portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu-
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Portugueses Equiparados
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
trangeira; Igual os Direitos Se houver 1) Residência
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao dos Brasileiros permanente no
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para Naturalizados Brasil;
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. 2) Reciprocidade
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- aos brasileiros em
derativa do Brasil. Portugal.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
o hino, as armas e o selo nacionais. Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
símbolos próprios. zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
seguintes hipóteses:
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di- Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
mensão pessoal do Estado (o seu povo). Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei-
ros natos e naturalizados. Perda da Nacionalidade
O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que
Espécies de Nacionalidade apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
São duas as espécies de nacionalidade: na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá-
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento. Dupla Nacionalidade
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88. do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti- Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
cionalidade.
O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre
as duas: Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
Nacionalidade Nacionais do Brasil.

Primária Secundária Referências Bibliográficas:


Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
constitucionais constitucionais cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado


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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti- considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
gos 14 a 16. Seguem abaixo: legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na adminis-
CAPÍTULO IV tração direta ou indireta.
DOS DIREITOS POLÍTICOS § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer- ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
termos da lei, mediante: de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
I - plebiscito; manifesta má-fé.
II - referendo; § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
III - iniciativa popular. municipais as consultas populares sobre questões locais aprovadas
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites
II - facultativos para: operacionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emen-
a) os analfabetos; da Constitucional nº 111, de 2021)
b) os maiores de setenta anos; § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio-
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: nal nº 111, de 2021)
I - a nacionalidade brasileira; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
II - o pleno exercício dos direitos políticos; suspensão só se dará nos casos de:
III - o alistamento eleitoral; I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; julgado;
V - a filiação partidária; II - incapacidade civil absoluta;
VI - a idade mínima de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- rarem seus efeitos;
pública e Senador; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
do Distrito Federal; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra
d) dezoito anos para Vereador. até um ano da data de sua vigência.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela-
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais,
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo
único período subsequente. de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os constitucionais que permitem o exercício concreto da participação
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses do povo nos negócios políticos do Estado.
antes do pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o Capacidade Eleitoral Ativa
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao nacional
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes Alistamento Eleitoral e Voto
condições:
Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade; Maiores de 18 e Maiores de 16 Estrangeiros (com
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela menores de 70 e menores de exceção aos portugueses
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato anos 18 anos equiparados, constantes no
da diplomação, para a inatividade. Maiores de 70 Artigo 12, §1º da CF)
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de anos Conscritos (aqueles
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a Analfabetos convocados para o serviço
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato militar obrigatório)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Características do Voto Privação dos Direitos Políticos


O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado
valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre. dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo
Capacidade Eleitoral Passiva que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende-
Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas- rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para mento eleitoral.
cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF. Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar
O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos: dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta-
ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão.
Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva Vejamos:

Alistabilidade Elegibilidade
Privação dos Direitos Políticos
Direito de votar Direito de ser votado
Perda Suspensão
Inelegibilidades Privação por prazo Privação por prazo
A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito indeterminado determinado
de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man- Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos
datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo. políticos depende de um novo direitos políticos se dá
alistamento eleitoral automaticamente
• Inelegibilidade Absoluta
Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab- Referências Bibliográficas:
soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele- cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
cida na Constituição Federal.
Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF.
• Inelegibilidade Relativa Vejamos:
Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi-
nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se CAPÍTULO V
encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas: DOS PARTIDOS POLÍTICOS
→ Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do
Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF); Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
→ Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli- partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF); mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
→ Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por mo- humana e observados os seguintes preceitos:
tivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não incide I - caráter nacional;
sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, §7º, CF). II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
Condição de Militar III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber: § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
da atividade; e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a
da diplomação, para a inatividade. sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
quadro abaixo serve como exemplo: Constitucional nº 97, de 2017)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
Militares – Exceto os Conscritos jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral.
Menos de 10 anos Registro da candidatura → § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
Inatividade acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
Mais de 10 anos Registro da candidatura → políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda
Agregado Constitucional nº 97, de 2017)
Na diplomação → Inatividade
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos,
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído de organização paramilitar.
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis- Referências Bibliográficas:
tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In- BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de Editora JusPODIVM.
organização paramilitar. DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada
a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha
atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 97, de 2017)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa-
Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido ção
pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po-
de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso
estabelecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes
de partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo
ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à tele- de Estado unitário ou um Estado Federado.
visão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco • Estado Unitário
por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na
Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um
manutenção de programas de promoção e difusão da participação
único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá-
política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.
ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru-
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de
guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama-
Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas
ção da República, com a Constituição de 1891).
eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na
televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, O Estado Unitário pode ser classificado em:
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor- somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas diciário, exercido de forma central;
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti- b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for-
dário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) mação de entes regionais com autonomia para exercer questões
administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con-
De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par- cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva-
tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que mente ao poder central.
se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular
com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go- • Estado Federativo – Federação
verno. Também chamados de federados, complexos ou compostos,
Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia- são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi-
ção a partido político é uma das condições de elegibilidade. nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias).
acima das características pessoais do candidato. Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega-
Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí- ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados,
tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada
ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e de competências por ato voluntário do poder central.
políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade. O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti-
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem Formas de Estado
o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do Unitário
sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi- Único centro de onde emana o poder estatal
nidos na Constituição Federal.
Puro Descentralizado

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não há delegação de Há delegação de competências Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos-
competências sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado
Federado federal. Daí, têm-se os seguintes elementos:
O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a → Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem
entes regionais autônomos as Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma-
rem suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF);
• Confederação → Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera- normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e
nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per- municipais (Artigos 22 e 24 da CF);
cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida- → Auto governo: os Estados membros terão seus Governado-
de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram, res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre-
a partir de um juízo interno de conveniência. feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF;
Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e → Auto administração: os membros da federação podem pres-
uma Confederação: tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi-
nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23.
Federação Confederação • Vedação aos Entes Federados
Formada por uma Constituição Formada por um trato Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos
internacional entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram
aos Municípios:
autonomia mantêm sua soberania
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em-
Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
federativo internacional sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
da lei, a colaboração de interesse público;
O Federalismo Brasileiro II - recusar fé aos documentos públicos;
Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF: III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

TÍTULO III Repartição de Competências Constitucionais


DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO A Repartição de competências é a técnica de distribuição de
competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes
CAPÍTULO I federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA território nacional.
Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe- campo específico.
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede- A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- administrativa, legislativa e a tributária.
ção. → Competência administrativa ou material: refere-se à execu-
§ 1º Brasília é a Capital Federal. ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, concretamente sobre a matéria;
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem → Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre
serão reguladas em lei complementar. determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor-
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou mas gerais e abstratas sobre determinado campo;
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos → Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri-
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população butos.
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar. • Técnica da Repartição de Competência
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período União caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de CF), aos Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios,
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios as questões de predominante interesse local (Artigo 30 da CF).
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com-
apresentados e publicados na forma da lei. petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados-
-membros a chamada competência residual, remanescente, não
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político- enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF).
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- as competências previstas para os estados e os municípios, denomi-
nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe- nada de competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF).
derativa de Estado.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Organização do Estado – União VII - emitir moeda;


A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as ope-
integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca- rações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e
pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno, capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
auto legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena-
CF). ção do território e de desenvolvimento econômico e social;
A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos: X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
CAPÍTULO II ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
DA UNIÃO que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór-
gão regulador e outros aspectos institucionais;
Art. 20. São bens da União: XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser ou permissão:
atribuídos; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita-
das fortificações e construções militares, das vias federais de comu- mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta-
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei; dos onde se situam os potenciais hidro energéticos;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites tuária;
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros de Estado ou Território;
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí- e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas cional de passageiros;
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
as referidas no art. 26, II; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi-
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
econômica exclusiva; Territórios;
VI - o mar territorial; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como
VIII - os potenciais de energia hidráulica; prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
e pré-históricos; XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da públicas e de programas de rádio e televisão;
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para XVII - conceder anistia;
fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi-
2019)
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira,
de viação;
é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e
ocupação e utilização serão reguladas em lei. de fronteiras;
Art. 21. Compete à União: XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
organizações internacionais; enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
II - declarar a guerra e celebrar a paz; de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin-
III - assegurar a defesa nacional; cípios e condições:
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for- a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma- admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
neçam temporariamente; Nacional;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
ção federal; ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
bélico; 2022)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co- XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti-
mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso ma, defesa civil e mobilização nacional;
médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de XXIX - propaganda comercial.
2022) XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
existência de culpa; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da neste artigo.
atividade de garimpagem, em forma associativa. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados to Federal e dos Municípios:
pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
nº 115, de 2022) democráticas e conservar o patrimônio público;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan-
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, tia das pessoas portadoras de deficiência;
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
II - desapropriação; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e notáveis e os sítios arqueológicos;
em tempo de guerra; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
radiodifusão; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
V - serviço postal; ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
metais; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- quer de suas formas;
lores; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - comércio exterior e interestadual; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
IX - diretrizes da política nacional de transportes; cimento alimentar;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, IX - promover programas de construção de moradias e a melho-
aérea e aeroespacial; ria das condições habitacionais e de saneamento básico;
XI - trânsito e transporte; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
XIV - populações indígenas;
territórios;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
estrangeiros;
rança do trânsito.
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
para o exercício de profissões;
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es-
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, tar em âmbito nacional.
bem como organização administrativa destes; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia gislar concorrentemente sobre:
nacionais; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
popular; II - orçamento;
XX - sistemas de consórcios e sorteios; III - juntas comerciais;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, IV - custas dos serviços forenses;
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- V - produção e consumo;
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e controle da poluição;
ferroviária federais; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
XXIII - seguridade social; tico e paisagístico;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
XXV - registros públicos; midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; e paisagístico;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, Constitucional nº 85, de 2015)
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; causas;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XI - procedimentos em matéria processual; § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
deficiência; § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
XV - proteção à infância e à juventude; de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci- setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
vis. Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57,
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
de 2019) regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais secretaria, e prover os respectivos cargos.
não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
13.874, de 2019) legislativo estadual.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es-
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas tado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro
peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér-
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de
Lei nº 13.874, de 2019) janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto
no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti-
Organização do Estado – Estados tucional nº 111, de 2021)
Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo
interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto- ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada
-organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF), a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no
autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e art. 38, I, IV e V.
parágrafos da CF). § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e
Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Ar- dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da
tigos 25 a 28: Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS Organização do Estado – Municípios
Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en-
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- tes federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui- ao elencar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ção. como integrantes da Federação brasileira.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem
sejam vedadas por esta Constituição. auto-organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante CF), autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, (Artigo 30 da CF).
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir Artigos 29 a 31. Vejamos:
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para CAPÍTULO IV
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções DOS MUNICÍPIOS
públicas de interesse comum.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten-
tes de obras da União; didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
ou terceiros; mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; zado em todo o País;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor- domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu-
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de nicípios com mais de duzentos mil eleitores;
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do
ano subsequente ao da eleição;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa- u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
do o limite máximo de: de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze milhões) de habitantes;
mil) habitantes; v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi-
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; lhões) de habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 milhões) de habitantes; e
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
(oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi- V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu-
tantes; nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ-
(cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil)
maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser-
habitantes;
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe-
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen- a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo
tos mil) habitantes; dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De-
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de putados Estaduais;
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o
cinquenta mil) habitantes; subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de do subsídio dos Deputados Estaduais;
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
(seiscentos mil) habitantes; o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
cinquenta mil) habitantes; o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi-
(novecentos mil) habitantes; tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub-
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por
e cinquenta mil) habitantes;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita
(um milhão e duzentos mil) habitantes; do Município;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança,
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ-
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; mara Municipal;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais XII - cooperação das associações representativas no planeja-
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até mento municipal;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa-
3.000.000 (três milhões) de habitantes;
rágrafo único.
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal,
3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com ina-
milhões) de habitantes; tivos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de somatório da receita tributária e das transferências previstas no §
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exer-
milhões) de habitantes; cício anterior:

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
100.000 (cem mil) habitantes; Contas Municipais.
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; Organização do Estado - Distrito Federal e Territórios
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre
300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes; • Distrito Federal
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para O Distrito Federal é o ente federativo com competências par-
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21,
3.000.000 (três milhões) de habitantes; XIII e XIV, e 22, VII da CF.
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre Por ser considerado um ente político dotado de autonomia,
3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi- possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo-
tantes; verno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni- 1º e 4º da CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF).
cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha-
bitantes. CAPÍTULO V
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com
o subsídio de seus Vereadores. SEÇÃO I
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: DO DISTRITO FEDERAL
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or- reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
çamentária. mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. Constituição.
Art. 30. Compete aos Municípios: § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
I - legislar sobre assuntos de interesse local; legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; duração.
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
estadual; o disposto no art. 27.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; e do corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e Constitucional nº 104, de 2019)
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
tal; • Territórios
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo-
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; riais integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- são dotados de autonomia política.
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
da ocupação do solo urbano; SEÇÃO II
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, DOS TERRITÓRIOS
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi-
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas ciária dos Territórios.
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou Título.
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de União.
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
Municipal. além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência
termos da lei. deliberativa.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Intervenção Federal e Estadual § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a


É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram mesmo prazo de vinte e quatro horas.
um rol taxativo previsto na Constituição Federal. § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
CAPÍTULO VI o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
DA INTERVENÇÃO essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe- afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
deral, exceto para:
I - manter a integridade nacional; Referências Bibliográficas:
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
em outra; cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; Editora JusPODIVM.
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
dades da Federação; cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu- Disposições gerais e servidores públicos
cionais: A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo- a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte-
crático; resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos
b) direitos da pessoa humana; e pessoas que desempenham função pública.
c) autonomia municipal; Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra-
d) prestação de contas da administração pública, direta e in- ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de-
direta. sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos- seja, que estão a serviço da coletividade.
tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços Princípios da Administração Pública
públicos de saúde. Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi-
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
consecutivos, a dívida fundada;
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori-
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
PE”. Observe o quadro abaixo:
serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es- Princípios da Administração Pública
tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão L Legalidade
judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: I Impessoalidade
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou M Moralidade
do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo
Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; P Publicidade
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de E Eficiência
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; LIMPE
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen-
tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, Passemos ao conceito de cada um deles:
e no caso de recusa à execução de lei federal.
IV - (Revogado). • Princípio da Legalidade
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, De acordo com este princípio, o administrador não pode agir
o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada.
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou O quadro abaixo demonstra suas divisões.
da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Princípio da Legalidade Disposições Gerais na Administração Pública


O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pública:
A Administração Pública
Em relação à Administração somente pode fazer o que a
Pública lei permite → Princípio da Administração Pública
Estrita Legalidade Direta Indireta
O Particular pode fazer tudo Autarquias (podem ser
Em relação ao Particular
que a lei não proíbe qualificadas como agências
reguladoras)
Federal
• Princípio da Impessoalidade Fundações (autarquias
Estadual
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve e fundações podem ser
Distrital
servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- qualificadas como agências
Municipal
rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de- executivas)
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de Sociedades de economia mista
sua função é sempre o interesse público. Empresas públicas
Entes Cooperados
• Princípio da Moralidade
Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de
um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen- As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen-
tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos:
(moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi- CAPÍTULO VII
do a atos de improbidade administrativa: DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SEÇÃO I
Sanções ao cometimento de atos de improbidade
DISPOSIÇÕES GERAIS
administrativa
Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política) Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
Perda da função pública (responsabilidade disciplinar) dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial) lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
• Princípio da Publicidade como aos estrangeiros, na forma da lei;
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú- II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica, vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
salvo a hipótese de sigilo necessário. de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos- comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
sibilitar o controle por todos os interessados. III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
anos, prorrogável uma vez, por igual período;
• Princípio da Eficiência IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo-
Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro-
deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional, vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa-
evitando atuações amadorísticas. dos para assumir cargo ou emprego, na carreira;
Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi-
com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per-
o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui-
boa administração). ções de direção, chefia e assessoramento;
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul- ciação sindical;
tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado definidos em lei específica;
for atingido. VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
sua admissão;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
interesse público; mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por obrigações.
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona-
de índices; mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen- campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na- nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Mi- de autoridades ou servidores públicos.
nistros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o da lei.
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
gislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li- administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; dos serviços;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
tivo; e XXXIII;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
serviço público; § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
não serão computados nem acumulados para fins de concessão de indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
acréscimos ulteriores; gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ressarcimento.
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
qualquer caso o disposto no inciso XI:
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
a) a de dois cargos de professor;
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
saúde, com profissões regulamentadas;
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
possibilite o acesso a informações privilegiadas.
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
ou indiretamente, pelo poder público; órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te- ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e dispor sobre:
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- I - o prazo de duração do contrato;
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
caso, definir as áreas de sua atuação; tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- III - a remuneração do pessoal.”
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de Servidores Públicos


aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti- cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
e exoneração. Distrito Federal ou aos Municípios.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, SEÇÃO II
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, DOS SERVIDORES PÚBLICOS
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo planos de carreira para os servidores da administração pública dire-
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos ta, das autarquias e das fundações públicas.
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá instituirão conselho de política de administração e remuneração de
ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que deres.
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o componentes do sistema remuneratório observará:
nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda cargos componentes de cada carreira;
Constitucional nº 103, de 2019)
II - os requisitos para a investidura;
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
III - as peculiaridades dos cargos.
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de
convênios ou contratos entre os entes federados.
servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual admissão quando a natureza do cargo o exigir.
ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas, § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
nº 109, de 2021) vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
guintes disposições:
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
caso, o disposto no art. 37, XI.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
ção;
empregos públicos.
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não provenientes da economia com despesas correntes em cada
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- produtividade.
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
2019)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
nº 103, de 2019) Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em Constitucional nº 103, de 2019)
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
critérios estabelecidos em lei.
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os municipal será contado para fins de aposentadoria, observado
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação
de 2019) dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores de tempo de contribuição fictício.
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente,
equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
Constitucional nº 103, de 2019) exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo,
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do
Constitucional nº 103, de 2019) Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades 103, de 2019)
sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14
e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição
vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do concurso público.
correspondente regime de previdência complementar. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
na forma da lei. rada ampla defesa;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que remuneração proporcional ao tempo de serviço.
tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória. em outro cargo.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse instituída para essa finalidade.
regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, ór-
gãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- • Estabilidade
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) vado em estágio probatório.
§ 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
nº 103, de 2019) poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e o transcurso de estágio probatório.
de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe-
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o é o estágio probatório citado pela lei.
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
tucional nº 103, de 2019) ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- § 1º da CF.
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia-
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído dos concursos públicos, segue a tabela explicativa:
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela Estabilidade do Servidor
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
V - condições para instituição do fundo com finalidade previden- Requisitos para Cargo de provimento efetivo/ocupado em
ciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recursos pro- aquisição de razão de concurso público
venientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer Estabilidade 3 anos de efetivo exercício
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Avaliação de desempenho por comissão
VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí- instituída para esta finalidade
do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Hipóteses em que Em virtude de sentença judicial transitada
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, obser- o servidor estável em julgado
vados os princípios relacionados com governança, controle interno e pode perder o Mediante processo administrativo em
transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cargo que lhe seja assegurada ampla defesa
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles Mediante procedimento de avaliação
que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen- periódica de desempenho, na forma de
te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional lei complementar, assegurada ampla
nº 103, de 2019) defesa
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela Em razão de excesso de despesa
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com
misturam a não ser por expressa determinação constitucional. estes.
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa- na forma da lei:
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
militares de forma reflexa. e preços de responsabilidade do Poder Público;
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- tárias;
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita- III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88. rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará
militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu- a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos
mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas
horários. glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.
Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88:
Referências Bibliográficas:
SEÇÃO III BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
TERRITÓRIOS Editora JusPODIVM.
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série Resu-
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom- mo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método.
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
ritórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e PODERES ADMINISTRATIVOS
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, O poder administrativo representa uma prerrogativa especial
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos de direito público (conjunto de normas que disciplina a atividade
governadores. estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito público para exercer suas funções necessita ser dotado de alguns
Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica poderes.
do respectivo ente estatal. Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contudo,
dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o
da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, regem.
de 2019) Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo
dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de pautar
Das Regiões seus serviços com eficiência.
De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as PODER HIERÁRQUICO
desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple- A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial de
mentar. organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierarquiza-
Diz o Art. 43 da CF/88: da, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as pessoas
e órgãos internamente na estrutura estatal
SEÇÃO IV É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está
DAS REGIÕES obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não
sejam manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular delegação, a avocação, etc.
sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos,
seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e unidade
§ 1º - Lei complementar disporá sobre: de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e
I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen- o subordinado dentro do quadro da Administração Pública.
to;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Compete ainda a Administração Pública: A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os


a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação de
que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos subordi- dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando maior
nados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.
e não devem ser confundidas com os regulamentos, por serem de- - Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram
correntes de relação hierarquizada, não se estendendo a pessoas efeitos para todos (erga omnes); e
estranhas; - O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a cir-
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, cunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regulamen-
salvo para os manifestamente ilegais; tadora que disciplina eventual atividade.
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de
verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obriga- Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
ções, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenien- dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os
tes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo
provocação) ou por provocação dos interessados, através dos re- das agências.
cursos hierárquicos; Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os atos
do órgão subordinado; normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferiori-
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas. dade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.

A relação hierárquica é acessória da organização administrati- PODER DE POLÍCIA


va, permitindo a distribuição de competências dentro da organiza- É certo que o cidadão possui garantias e liberdades individuais
ção administrativa para melhor funcionamento das atividades exe- e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua utilização
cutadas pela Administração Pública. deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social.
Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa confe-
PODER DISCIPLINAR rida à Administração Pública para condicionar, restringir e limitar
O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de- o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos
corrente de infração administrativa cometida por seus agentes ou interesses da coletividade.
por terceiros que mantenham vínculo com a Administração Pública. Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o qual
Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder Hierár- conceitua o Poder de Polícia:
quico, sendo que um decorre do outro. Para que a Administração Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
possa se organizar e manter relação de hierarquia e subordinação é ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
necessário que haja a possibilidade de aplicar sanções aos agentes berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
que agem de forma ilegal. interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma de costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
de sanções penais e sim de penalidades administrativas como ad- do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie-
vertência, suspensão, demissão, entre outras. dade e aos direitos individuais ou coletivos.
Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando pra- Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de
ticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona com a polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites
atividade desenvolvida pelo agente. da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou des-
motivada e precedida de processo administrativo competente que vio de poder.
garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evitando me-
didas arbitrárias e sumárias da Administração Pública na aplicação Os meios de atuação da Administração no exercício do poder
da pena. de polícia compreendem os atos normativos que estabelecem limi-
tações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos ad-
PODER REGULAMENTAR ministrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressi-
É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e edi- vas, dotados de coercibilidade.
tar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finali- A competência surge como limite para o exercício do poder de
dade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto, privativa dos polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi-
Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável. derado válido.
Podemos dizer então que esse poder resulta em normas inter- O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá
nas da Administração. Como exemplo temos a seguinte disposição divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, deve-se
constitucional (art. 84, IV, CF/88): condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coleti-
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: vidade.
[...]
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como Limites
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe al-
guns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao objeto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido Segundo Cretella Júnior:
para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta re- “o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o
gra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem
todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa. da Administração, que restaria anarquizada e comprometida se o
Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predomi- fim fosse privado ou particular”.
nância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso
qualquer benefício em detrimento do interesse público. Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé, mas
sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, podendo
Atributos do poder de polícia existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção da vontade
Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua execu- de satisfação pessoal com inadequada finalidade do ato que pode-
ção e a prioridade do interesse público. São eles: discricionarieda- ria ser praticado.
de, autoexecutoriedade e coercibilidade.
- Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina, pode
para estabelecer, de acordo com sua conveniência e oportunidade, ocorrer nas seguintes modalidades:
quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse
e as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade público;
de fixar as condições para o exercício de determinado direito. b. quando o agente público visa uma finalidade que, no entan-
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses li- to, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade ao
mites, com suas posteriores sanções, a Administração será obrigada ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente busca uma
a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria deste que
vinculados. o ato se revestiu, por meio de omissão.

- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário


intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto, essa
liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o con- PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
trole desse ato.
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for
prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais, em LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999
que será necessária a atuação da Administração Pública.
Vale lembrar que a administração pública pode executar, por Regula o processo administrativo no âmbito da Administração
seus próprios meios, suas decisões, não precisando de autorização Pública Federal.
judicial. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade,
na medida que for necessária será permitido o uso da força par CAPÍTULO I
cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polícia, inde-
pendentemente da vontade do administrado. Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad-
Uso e Abuso De Poder ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta,
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode- visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicial- § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
mente. Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que de função administrativa.
a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Públicos § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
estão obrigados a respeitar os princípios e as normas constitucio- I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad-
nais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade ministração direta e da estrutura da Administração indireta;
do ingresso ao Poder Judiciário. II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri- jurídica;
buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causados III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas de decisão.
atribuições quanto agindo nessa qualidade. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro-
Desvio de Poder porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da que ça jurídica, interesse público e eficiência.
fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é praticado por Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa-
autoridade competente, que no momento em que pratica tal ato, dos, entre outros, os critérios de:
distinto do que é visado pela norma legal de agir, acaba insurgindo I - atuação conforme a lei e o Direito;
no desvio de poder. II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to-
tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
promoção pessoal de agentes ou autoridades; que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e conter os seguintes dados:
boa-fé; I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as II - identificação do interessado ou de quem o represente;
hipóteses de sigilo previstas na Constituição; III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co-
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri- municações;
gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita- IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
mente necessárias ao atendimento do interesse público; fundamentos;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter- V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
minarem a decisão; Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o inte-
direitos dos administrados; ressado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade- Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi- modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem
nistrados; pretensões equivalentes.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale- Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados
gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados
nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas CAPÍTULO V
as previstas em lei; DOS INTERESSADOS
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuí-
zo da atuação dos interessados; Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi-
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me- nistrativo:
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de
aplicação retroativa de nova interpretação. direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de repre-
sentação;
CAPÍTULO II II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad- direitos e interesses coletivos;
ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan-
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que to a direitos ou interesses difusos.
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
suas obrigações; maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor-
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em mativo próprio.
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có-
pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferi- CAPÍTULO VI
das; DA COMPETÊNCIA
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci-
são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
quando obrigatória a representação, por força de lei. delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
CAPÍTULO III houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns-
Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração,
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
I - expor os fatos conforme a verdade;
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
presidentes.
III - não agir de modo temerário;
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo-
 I - a edição de atos de caráter normativo;
rar para o esclarecimento dos fatos.
II - a decisão de recursos administrativos;
CAPÍTULO IV III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
DO INÍCIO DO PROCESSO dade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi-
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a cados no meio oficial.
pedido de interessado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1o  O ato de delegação especificará as matérias e poderes Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
exercício da atribuição delegada. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele
autoridade delegante. participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo-
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar tivo de força maior.
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilata-
legado. do até o dobro, mediante comprovada justificação.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial-
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. o local de realização.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão pu-
blicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a CAPÍTULO IX
unidade fundacional competente em matéria de interesse especial. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
grau hierárquico para decidir. administrativo determinará a intimação do interessado para ciência
de decisão ou a efetivação de diligências.
CAPÍTULO VII § 1o A intimação deverá conter:
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad-
ministrativa;
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser- II - finalidade da intimação;
vidor ou autoridade que: III - data, hora e local em que deve comparecer;
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste- representar;
munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao V - informação da continuidade do processo independentemen-
cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; te do seu comparecimento;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte- VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro. § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen- úteis quanto à data de comparecimento.
to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por
atuar. via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi- que assegure a certeza da ciência do interessado.
mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. § 4o  No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos in- meio de publicação oficial.
teressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
e afins até o terceiro grau. das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su-
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser pre sua falta ou irregularidade.
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco-
nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
CAPÍTULO VIII administrado.
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti-
do direito de ampla defesa ao interessado.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, san-
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em ções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de
vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da outra natureza, de seu interesse.
autoridade responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente CAPÍTULO X
será exigido quando houver dúvida de autenticidade. DA INSTRUÇÃO
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
ser feita pelo órgão administrativo. Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
§ 4o  O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüen- comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se
cialmente e rubricadas. de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo,
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações proba-
horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o tórias.
processo. § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au-
tos os dados necessários à decisão do processo.
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§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessa- Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência
dos devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan-
 Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas do-se data, hora e local de realização.
obtidas por meios ilícitos. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
 Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de prazo.
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti-
a parte interessada. do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alega- emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
ções escritas. ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de
§ 2o  O comparecimento à consulta pública não confere, por quem se omitiu no atendimento.
si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser
obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser co- previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e
mum a todas as alegações substancialmente iguais. estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res-
 Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór-
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú- gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
blica para debates sobre a matéria do processo. Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de
 Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria re- manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for
levante, poderão estabelecer outros meios de participação de admi- legalmente fixado.
nistrados, diretamente ou por meio de organizações e associações Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública
legalmente reconhecidas. poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
 Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou- prévia manifestação do interessado.
tros meios de participação de administrados deverão ser apresenta- Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob-
dos com a indicação do procedimento adotado. ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên- o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote-
cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali- gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre- Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi-
sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o
ser juntada aos autos. conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci-
 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale- são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori-
gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a dade competente.
instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão CAPÍTULO XI
registrados em documentos existentes na própria Administração DO DEVER DE DECIDIR
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór-
gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir
documentos ou das respectivas cópias. decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla-
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da mações, em matéria de sua competência.
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili- Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad-
gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo pror-
objeto do processo. rogação por igual período expressamente motivada.
§ 1o  Os elementos probatórios deverão ser considerados na
motivação do relatório e da decisão. CAPÍTULO XI-A
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun- DA DECISÃO COORDENADA
damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam (INCLUÍDO PELA LEI Nº 14.210, DE 2021)
ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as de-
apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expe- cisões administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais
didas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci-
e condições de atendimento. são coordenada, sempre que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór- I - for justificável pela relevância da matéria; e(Incluído pela Lei
gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a nº 14.210, de 2021)
omissão, não se eximindo de proferir a decisão. II - houver discordância que prejudique a celeridade do proces-
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao so administrativo decisório. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o § 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada
não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec- a instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua
tiva apresentação implicará arquivamento do processo. de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o proces-
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so administrativo mediante participação concomitante de todas as V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura
autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução atuação governamental em matéria idêntica ou similar; e(Incluído
técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilida- pela Lei nº 14.210, de 2021)
de do procedimento e de sua formalização com a legislação perti- VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujei-
nente. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) ta à sua competência.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 2º  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) § 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fun-
§ 3º  (VETADO).(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) damentação da decisão da autoridade ou do agente a respeito de
§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade origi- matéria de competência do órgão ou da entidade representada. (In-
nária de cada órgão ou autoridade envolvida. (Incluído pela Lei nº cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
14.210, de 2021) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legali- § 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União,
dade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV
necessário, da simplificação do procedimento e da concentração do caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coorde-
das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) nada e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu intei-
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos admi- ro teor, para conhecimento dos interessados. (Incluído pela Lei nº
nistrativos:(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) 14.210, de 2021)
I - de licitação;(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído pela Lei nº CAPÍTULO XII
14.210, de 2021) DA MOTIVAÇÃO
III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distin-
tos.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coorde- indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
nada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art. I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
9º desta Lei.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade pública;
responsável pela convocação da decisão coordenada.(Incluído pela IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
Lei nº 14.210, de 2021) tatório;
Art. 49-C.  (VETADO).(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) V - decidam recursos administrativos;
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser VI - decorram de reexame de ofício;
intimados na forma do art. 26 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 14.210, VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
de 2021) ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida-
pela elaboração de documento específico sobre o tema atinente à ção de ato administrativo.
respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, poden-
o processo da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de do consistir em declaração de concordância com fundamentos de
2021) anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, nes-
Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo te caso, serão parte integrante do ato.
abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais pre- § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode
cedentes.(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das de-
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão cisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessa-
coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma dos.
fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alte- § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões
ração necessárias para a resolução da questão.(Incluído pela Lei nº ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
14.210, de 2021)
Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao CAPÍTULO XIII
objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCES-
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada SO
será consolidada em ata, que conterá as seguintes informações: (In-
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021) Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei nº 14.210, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re-
de 2021) nunciar a direitos disponíveis.
II - síntese dos fundamentos aduzidos;(Incluído pela Lei nº § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
14.210, de 2021) atinge somente quem a tenha formulado.
III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;(In- § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso,
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021) não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração
IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das considerar que o interesse público assim o exige.
propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convoca- Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo
ção;(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021) quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
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CAPÍTULO XIV Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou


DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efei-
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan- to suspensivo ao recurso.
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele co-
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. nhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis- cinco dias úteis, apresentem alegações.
trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, I - fora do prazo;
salvo comprovada má-fé. II - perante órgão incompetente;
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de- III - por quem não seja legitimado;
cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. IV - após exaurida a esfera administrativa.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a au-
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- toridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
dade do ato. § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra-
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen- administrativa.
tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad- Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con-
ministração. firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci-
são recorrida, se a matéria for de sua competência.
CAPÍTULO XV Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi-
cado para que formule suas alegações antes da decisão.
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da
razões de legalidade e de mérito. súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso ex-
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a deci- plicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
são, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encami- conforme o caso.  (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
nhará à autoridade superior. Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclama-
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso adminis- ção fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-
trativo independe de caução. -se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa con- julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
traria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prola- administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabiliza-
tora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes ção pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.  (Incluído pela
de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplica- Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
bilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções
pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quan-
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três do surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. justificar a inadequação da sanção aplicada.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- agravamento da sanção.
cesso;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente CAPÍTULO XVI
afetados pela decisão recorrida; DOS PRAZOS
III - as organizações e associações representativas, no tocante a
direitos e interesses coletivos; Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin-
difusos. do-se o do vencimento.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o pra- § 1o  Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
zo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis- § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a
do recebimento dos autos pelo órgão competente. data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no os prazos processuais não se suspendem.
qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexa-
me, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
efeito suspensivo.
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CAPÍTULO XVII As pessoas jurídicas possuem origem pelo artigo 45 do


DAS SANÇÕES CC/2002. Vejamos:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de di-
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe- reito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo regis-
tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa- tro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa. Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por
que passar o ato constitutivo.
CAPÍTULO XVIII Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a cons-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS tituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato
respectivo, contado o prazo da publicação e sua inscrição no regis-
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a tro.
reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
os preceitos desta Lei. Denota-se que da mesma forma que a natural surge no mo-
Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão mento do nascimento com vida, a pessoa jurídica também possui
ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como um período de existência.
parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). A existência legal da pessoa jurídica no âmbito do sistema das
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;  (In- disposições normativas, exige a fiel observância da lei em vigor, que
cluído pela Lei nº 12.008, de 2009). considera indispensável o registro para a aquisição de sua persona-
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído lidade jurídica.
pela Lei nº 12.008, de 2009). Desta forma, a inscrição do ato constitutivo ou do contrato so-
III – (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). cial, se trata de requisito indispensável para a atribuição de perso-
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, nalidade à pessoa jurídica, que deverá ser feito no registro com-
neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan- petente, sendo a junta comercial, para as sociedades empresárias
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui- em geral, e o Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, para as
losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados fundações, associações e sociedades simples.
da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radia- Nos parâmetros do artigo 44 do CC/2002, são pessoas jurídicas
ção, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença gra- de direito privado:
ve, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
a doença tenha sido contraída após o início do processo.(Incluído I - as associações;
pela Lei nº 12.008, de 2009). II - as sociedades;
§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando III - as fundações;
prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra- IV - as organizações religiosas; 
tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri- V - os partidos políticos;
das.  (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identificação
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.  (Incluído Para algumas espécies de pessoas jurídicas, independente-
pela Lei nº 12.008, de 2009). mente do registro civil, em alguns casos, a lei impõe que se faça o
§ 3o(VETADO)  (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). registro em algum outro órgão, com o objetivo único de cadastro e
§ 4o(VETADO)  (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). de reconhecimento de validade de atuação. Um exemplo disso, é o
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. caso dos partidos políticos, que, nos moldes do § 2º do art. 17 da
CFB/1988, bem como dos parágrafos do art. 7º da Lei n. 9.096/1995,
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o  da Independência e devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral.
111o da República. De igual modo, as entidades sindicais conseguem obter per-
sonalidade jurídica com o registro civil. Porém, deverão informar a
sua criação ao Ministério do Trabalho para controle do sistema da
unicidade sindical, que ainda vigora no País, de acordo com o art.
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 8º, I e II, da CFB/1988.
Entretanto, vale ressaltar que em alguns casos, será preciso
que haja autorização do Poder Executivo para o funcionamento das
— Das Pessoas Jurídicas pessoas jurídicas, observando-se desta maneira, que o registro da
pessoa jurídica possui natureza constitutiva, por ser atributivo de
Disposições Importantes sua personalidade, de modo diferente do registro civil de nascimen-
Podemos conceituar a pessoa jurídica, como sendo determina- to da pessoa natural, que para tal, basta a declaração da condição
do grupo humano, criado de acordo com a legislação e composto de pessoa que já é adquirida no momento do nascimento com vida.
de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns. De acordo com o Código Civil, o registro declarará, nos ditames
Destaca-se que a pessoa jurídica, enquanto sujeito de direito, do artigo 46:
poderá através de seus órgãos e representantes legais, atuar no Art. 46. O registro declarará:
comércio e na sociedade, praticando atos e negócios jurídicos de I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
modo geral. social, quando houver;

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II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, – As fundações se compõem de simples patrimônio que possui
e dos diretores; vínculo a uma finalidade e advém da afetação patrimonial deman-
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passiva- dada por seu instituidor universitas bonorum, incluindo-se, com
mente, judicial e extrajudicialmente; mais propriedade, na categoria das instituições;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administra- – Tanto as organizações religiosas, quanto os partidos políticos
ção, e de que modo; se encaixam no conceito jurídico de associação;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas – A Lei nº 12.441/2011 alterou o Código Civil brasileiro, acres-
obrigações sociais; centando por meio do inciso VI, a empresa individual de responsa-
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do bilidade limitada, (EIRELI);
seu patrimônio, nesse caso.
Nesse diapasão analisemos nos próximos subtemas, cada uma
Da Classificação das Pessoas Jurídicas desses importantes tipos de pessoas jurídicas de direito privado.
A doutrina informa a existência de pessoas jurídicas de direito
público, interno ou externo, e de direito privado nos moldes do ar- As associações
tigo 40 do CC/2002, que aduz: São entidades de direito privado, formadas pela união de in-
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou divíduos com o objetivo de realizar fins de cunho não econômicos.
externo, e de direito privado. Assim determina o Código Civil de 2002 no artigo 53:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas
Das Pessoas Jurídicas de Direito Público que se organizem para fins não econômicos.
O artigo 42 do CC/2002 predispõe:
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Esta- O marco principal relacionado às associações civis, é a sua fina-
dos estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo Direito lidade não econômica, sendo que poderá ser lúdica, educacional,
internacional público. religiosa, etc.
De acordo com o referido dispositivo, as associações são o re-
Sobre o dispositivo acima, denota-se que a origem dos Estados sultado da união de pessoas, normalmente em grande número, que
soberanos ou das entidades supraestatais, irá depender da ocorrên- são os associados, e na forma estabelecida em seu ato constitutivo,
cia de fatos históricos tais como as revoluções ou criações constitu- chamado de estatuto.
cionais, bem como pela edição de tratados internacionais.
Já as pessoas jurídicas de direito público interno, nos termos do Obs. importante: O fato de não buscar lucro, não significa que
art. 41 do CC/2002, são as seguintes: a associação está impedida de gerar renda para a manutenção de
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: suas atividades, bem como do adimplemento do seu quadro funcio-
I - a União; nal, tendo em vista que em uma associação, os seus membros não
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; estão pretensos a partilhar lucros ou dividendos, como ocorre nas
III - os Municípios; sociedades simples e empresárias, sendo que a receita gerada, de-
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação verá ser utilizada em benefício da própria associação com o objetivo
dada pela Lei nº 11.107, de 2005) da melhoria de sua atividade.
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas ju- Nos ditames do artigo 54 do CC/2002, pela redação alterada
rídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito pela Lei n. 11.127/2005, o estatuto das associações deverá abran-
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, ger, sob pena de nulidade, os seguintes requisitos:
pelas normas deste Código. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações con-
terá:
Das Pessoas Jurídicas de Direito Privado I - a denominação, os fins e a sede da associação;
O atual Código Civil brasileiro, classifica as pessoas jurídicas de II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos as-
direito privado da seguinte forma: sociados;
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: III - os direitos e deveres dos associados;
I - as associações; IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
II - as sociedades; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos de-
III - as fundações. liberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias
22.12.2003) e para a dissolução.
V - os partidos políticos.  (Incluído pela Lei nº 10.825, de VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das res-
22.12.2003) pectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Ante a verificação do mencionado dispositivo legal, ressalta-se
Sobre o dispositivo legal retro mencionado, podemos extrair o que a lei tratou de estabelecer o conteúdo mínimo necessário do
seguinte entendimento: estatuto de uma associação, com o fim de evitar abusos de inidô-
– As sociedades civis ou empresárias, e as associações, são neos que constituem associações fraudulentas somente para cau-
consideradas corporações e são também o resultado da fusão de sar danos à Fazenda Pública ou a terceiros de boa-fé.
indivíduos, ou universitas personarum;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em relação à Assembleia Geral, órgão máximo da associação, A depender da espécie de atividade realizada, boa parte da
em geral, o seu estatuto autoriza a composição de um Conselho doutrina entende que a sociedade poderá ser civil ou mercantil,
Administrativo ou Diretoria e de um Conselho Fiscal. sendo que a sociedade mercantil pratica atos de comércio com o
Desta parte dispõe o Código Civil de 2002 da seguinte forma: objetivo de produção de lucros, e as sociedades civis, a despeito de
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:  perseguirem proveito econômico, não realizam atividade mercantil.
(Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) O Código Civil de 2002, classifica as sociedades quanto ao ob-
I – destituir os administradores;  (Redação dada pela Lei nº jeto social em:
11.127, de 2005) • Sociedades empresárias: De acordo com o art. 982 do
II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de CC/2002, são as sociedades que possuem como objetivo, o exer-
2005) cício de atividade própria de empresário sujeita a registro na Junta
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os inci- Comercial, bem como à legislação falimentar. Podem assumir as se-
sos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especial- guintes formas, de acordo com os artigos 983 e 1.039 a 1.092 do
mente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido CC/2002:
no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administrado- a) sociedade em nome coletivo;
res. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005). b) sociedade em comandita simples;
c) sociedade limitada;
Além do exposto, denota-se que o Código Civil em vigor, prevê d) sociedade anônima;
a exclusão do associado, desde que exista justa causa, e esteja na e) sociedade em comandita por ações.
forma prevista no estatuto social, instrumento que controla a exis-
tência de um procedimento que assegure direito de defesa e de •Sociedades simples: São as pessoas jurídicas que, perseguem
recurso. Vejamos o que dispõe o artigo 57: proveito econômico, porém, não empreendem atividade empresa-
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa rial. Podem ser comparadas às sociedades civis, e não possuem a
causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de obrigação legal de inscrever os seus atos constitutivos no Registro
defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Público de Empresas Mercantis, mas apenas no Cartório de Registro
Civil de Pessoas Jurídicas. Seu campo de atuação é vasto e é aplicado
Por fim, vale mencionar que o Código Civil de 2002, determina em sociedades de profissionais liberais, instituições de ensino, enti-
no artigo 61, que em situações de dissolução, o patrimônio líquido, dades de assistência médica ou social, dentre outras pertinentes.
desde que deduzidas as quotas ou frações ideais de propriedade
do associado e também dos respectivos débitos sociais, deverá ser Obs. importante: Em relação à sociedade de advogados, por dis-
aplicado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, posição de norma especial contida no art. 15, § 1º, da Lei n. 8.906, de
sendo que na omissão deste, por meio de deliberação dos associa- 1994, o seu registro deverá ser realizado na Ordem dos Advogados do
dos, a instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos Brasil (OAB), respectivamente), em virtude de suas peculiaridades.
ou semelhantes, os bens remanescentes deverão, por força de lei
ser devolvidos à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União, As fundações
nos termos do art. 61, § 2º do CC/2002. Vejamos no estudo das fundações, seus principais pontos de
destaque.
Obs. importante: Havendo cláusula do estatuto ou, ausente As fundações resultam da afetação de um patrimônio, seja por
este, por ato dos associados, dispõe o § 1º do art. 61, a permissão testamento ou por escritura pública, que faz o seu instituidor, espe-
aos respectivos membros, antes da destinação do remanescente a cificando este, a finalidade para a qual se destina.
entidades congêneres, receber em restituição, inclusive com valor Assim dispõe o art. 62, caput, do Código Civil de 2002:
atualizado, as contribuições que houverem prestado ao patrimônio Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por es-
da entidade. critura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, espe-
cificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
As sociedades de administrá-la.
Podemos conceituar a sociedade como uma espécie de cor- Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para
poração com personalidade jurídica própria, e instituída através de fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
um contrato social, com o fim de exercer atividade econômica e I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
partilhar lucros. II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e ar-
Nesse contexto, trata-se o contrato social, desde que devida- tístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
mente registrado, como sendo o ato constitutivo da sociedade. III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
Estabelece o artigo 981 do CC/2002: IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reci- V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº
procamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o 13.151, de 2015)
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resulta- VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
dos. promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de 13.151, de 2015)
um ou mais negócios determinados. VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alter-
nativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulga-
ção de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído
pela Lei nº 13.151, de 2015)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos As Organizações Religiosas


direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) No âmbito jurídico, podem ser consideradas organizações re-
IX – atividades religiosas; e  (Incluído pela Lei nº 13.151, de ligiosas todas as entidades de direito privado que forem formadas
2015). pela junção de indivíduos com o objetivo de culto em homenagem
a determinada força ou forças sobrenaturais, por intermédio de
Para que seja criada uma fundação, o instituidor deverá de for- doutrina e ritual próprios, envolvendo, normalmente, preceitos de
ma obrigatória, destacar determinada parcela de seu patrimônio caráter ético.
pessoal, que esteja acompanhada por bens móveis ou imóveis, com Nesse sentido se encaixam as igrejas, seitas e até mesmo as
as devidas especificações, dando-lhes finalidade não econômica, in- comunidades leigas, como confrarias ou irmandades.
dicando também a forma de administração desses bens. Nesse diapasão, vale mencionar o parágrafo 1º que foi inseri-
Duas são as formas de concretização do ato de dotação patri- do no art. 44 do CC/2002, pela Lei n. 10.825/2003, que determina
monial: escritura pública ou testamento, sendo que em situações serem livres a criação, a organização, a estruturação interna e o fun-
de instituição por escritura pública, de acordo com o artigo 64 do cionamento das organizações religiosas, sendo proibido ao poder
CC/2002, o instituidor é obrigado a transferir à fundação a proprie- público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constituti-
dade, ou outro direito real que tenha sobre os bens dotados, sob vos e necessários ao seu funcionamento.
pena de a transcrição ou inscrição se efetivar por meio de ordem Isso ocorre pelo fato do art. 19, I, da CFB/1988 já vedar à
judicial; já a instituição por testamento poderá ocorrer por meio de União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios “estabele-
qualquer modalidade testamentária cer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
Vejamos outros importantes pontos que merecem destaque funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações
em relação às fundações: de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colabora-
ção de interesse público”.
– O órgão responsável por aprovar estatutos da fundação, com
Trata-se, assim, do que se ajustou denominar de liberdade de
recurso ao juiz competente, em caso de divergência é o Ministério
organização religiosa, uma das formas de expressão da liberdade
Público, (art. 66 CC/2002);
religiosa, coincidindo com a liberdade de crença e de culto.
– Poderá haver também atuação fiscalizatória de forma con-
Destaca-se, por fim, que a liberdade de organização e funciona-
junta do Ministério Público do Estado ou do Distrito Federal e Ter-
mento das entidades religiosas não as livra da averiguação judicial
ritórios com o Ministério Público Federal, caso exista interesse que
de seus atos, tendo em vista que seria inconstitucional abrir uma
justifique a intervenção deste último;
exceção ao princípio da indeclinabilidade do Poder Judiciário , nos
– Nos ditames do artigo 114 da Lei n. 6.015/1973 (Lei de Regis-
moldes do art. 5º, XXXV, da CFB/1988.
tros Públicos), da mesma forma que toda pessoa jurídica de direito
privado, o ciclo constitutivo da fundação só se consuma com a ins-
Os partidos políticos
crição de seus atos constitutivos no Cartório de Registro Civil das
A ilustre Maria Helena Diniz, conceitua os partidos políticos
Pessoas Jurídicas;
como: “entidades integradas por pessoas com ideias comuns, tendo
– Para que se possa alterar o estatuto da fundação, o artigo 67 do
por finalidade conquistar o poder para a consecução de um pro-
CC/2002, exige a observância dos pressupostos de deliberação de dois
grama. São associações civis, que visam assegurar, no interesse do
terços dos competentes para gerir e representar a fundação; que haja
regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e
respeito à finalidade da fundação; aprovação pelo órgão do ministério
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Fede-
público no prazo máximo de 45 dias, sendo que caso seja esgotado o
ral. Adquirem personalidade jurídica com o registro de seus estatu-
lapso temporal, ou no caso de o ministério público denegar a aprova-
tos mediante requerimento ao cartório competente do Registro Civil
ção, poderá o magistrado supri-la, a requerimento do interessado;
das pessoas jurídicas da capital federal e ao Tribunal Superior Elei-
– Nos ditames do artigo 68, quando a alteração não tiver sido
toral. Os partidos políticos poderão ser livremente criados, tendo
aprovada por votação unânime, os administradores da fundação,
autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcio-
ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requere-
namento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade
rão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser,
e disciplina partidária. Ser-lhes-á proibido receber recursos financei-
no prazo de dez dias;
ros de entidade ou governo estrangeiro, devendo prestar contas de
– Nos dizeres do artigo 69 do CC/2002: “Tornando-se ilícita, im-
seus atos à Justiça Eleitoral”.
possível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o
Nesse sentido, o parágrafo 3º, inserido no art. 44 do CC/2002
prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
pela Lei n. 10.825/2003, estabelece somente a informação de que
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu pa-
os “partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o
trimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no
disposto em lei específica”.
estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha
Assim sendo, na ausência de norma posterior, esta legislação
a fim igual ou semelhante”.
específica continua sendo a Lei nº. 9.096/95 que ao fundamentar
– A extinção da fundação privada coloca fim à personalidade
a respeito dos partidos políticos, veio também, a regulamentar os
jurídica, devendo ser liquidado o passivo com o ativo existente, sen-
artigos 17 e 14, § 3º, V, da CFB/1988.
do que depois de tal procedimento é que o resultado patrimonial
positivo será destinado à fundação com fim igual ou semelhante;
As empresas individuais de responsabilidade limitada
– De acordo com o artigo 167 do CC/2002, qualquer interessa-
Sobre o tema, denota-se que a lei nº. 12.441/2011, consagrou,
do ou o Ministério Público poderão promover em juízo a extinção
no ordenamento jurídico brasileiro uma possibilidade que anterior-
da fundação quando se tornar ilícito o seu objeto; for impossível a
mente não era autorizada na criação de pessoa jurídica a ser com-
sua manutenção; e; vencer o prazo de sua existência.
posta por apenas uma pessoa natural, sem a necessidade de um
conjunto de vontades.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nesse sentido, ressalta-se que antes as empresas eram consti- Desta forma, com base em sua teoria, buscou-se justificar a
tuídas normalmente somente “no papel”. superação da personalidade jurídica da sociedade em situações
Isso acontecia por causa da exigência de participação de mais de abuso, vindo a permitir o reconhecimento da responsabilidade
de uma pessoa, sendo que eram criadas pessoas jurídicas sem qual- ilimitada dos sócios. Porém, o precedente jurisprudencial com a
quer espécie de affectio societatis, fato que era constatado de for- permissão do desenvolvimento da teoria ocorreu na Inglaterra, em
ma fácil a partir do momento em que era averiguado que um dos 1897 com o advento do famoso caso Salomon & Co.
sócios possuía a maior parte das quotas de uma sociedade, ao pas- Em sentido geral, a desconsideração objetiva a superação epi-
so que o outro sócio, era figura titular sem significativa participação sódica da personalidade jurídica da sociedade, em situações de
no capital social, além de não possuir qualquer interesse concreto ocorrência de fraude, abuso, ou simples desvio de função, bus-
no negócio. cando satisfazer o terceiro que foi lesado junto ao patrimônio dos
Desta forma, surgindo a EIRELI — Empresa Individual de Res- próprios sócios, que, por sua vez, passam a ter responsabilidade
ponsabilidade Limitada — veio a novidade permissionária de uma pessoal pelo ilícito que causaram.
única pessoa natural poder constituir uma pessoa jurídica com res- Ressalta-se que a medida de afastamento determinada pela
ponsabilidade limitada ao capital integralizado, sem ter a necessi- personalidade jurídica deverá ser temporária, permanecendo ape-
dade de formar sociedade com outra pessoa, tendo em vista, ainda, nas na situação concreta, até que os credores se satisfaçam no pa-
que outra grande vantagem da EIRELI, é o fato da sua responsabili- trimônio pessoal dos sócios infratores.
dade ser limitada ao capital constituído e integralizado. No entanto, em situações de maior gravidade, a despersonali-
zação da pessoa jurídica poderá ser justificada em regime definitivo,
Obs. importante: A EIRELI não é uma sociedade empresária, na forma de extinção compulsória, pela via judicial, da personalida-
mas, sim, uma pessoa jurídica unipessoal. de jurídica.
Assim sendo, cabe diferenciar o rigor terminológico que dife-
A respeito do nome empresarial, vale a pena mencionar que ele rencia a despersonalização, que se trata da própria extinção da per-
deverá ser formado pela incorporação da expressão “EIRELI”, após a sonalidade jurídica, da desconsideração, que diz respeito somente
firma ou a denominação social da empresa individual de responsabili- à sua superação episódica, em decorrência de fraude, abuso ou
dade limitada, de acordo com o artigo 980-A, § 1º do CC/2002. desvio de finalidade, sendo que ambas não se confundem com a
Sobre a EIRELI, vejamos alguns outros importantes pontos que responsabilidade patrimonial direta dos sócios, nem por ato pró-
merecem destaque: prio, e nem em relação às hipóteses de corresponsabilidade e soli-
– De acordo com o artigo 980-A, § 2º do CC/2002, a pessoa na- dariedade.
tural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada, Ademais, destaca-se o fato de a teoria da desconsideração da
somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade; personalidade jurídica também pode ser aplicada de maneira “in-
– A instituição da EIRELI pode ser originária, quando advir de versa”, fato que significa ir ao patrimônio da pessoa jurídica, quan-
ato de vontade de criação específica desta modalidade de pessoa do a pessoa física que a compõe esvazia de forma fraudulenta o seu
jurídica; ou, superveniente, se nos moldes do § 3º do art. 980-A, patrimônio pessoal.
for o resultado da concentração das quotas de outra modalidade Na situação acima, haverá a possibilidade de o magistrado apli-
societária num único sócio, independentemente das razões que car a desconsideração da autonomia patrimonial da pessoa jurídica,
motivaram tal concentração; promovendo a busca de bens que estão em seu próprio nome, para
– Estabelece o artigo 5º do artigo 980 do CC/2002 que “Pode- responder por dívidas que não são suas, mas são de seus sócios,
rá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada fator que de início, foi sendo aceito pela jurisprudência, passando
constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a re- tal matéria a ser prevista no Código de Processo Civil de 2015, por
muneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor meio do parágrafo 2º do artigo 133.
ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da Nesse diapasão, é importante frisar a importância da contri-
pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional”; buição oferecida pelo Código de Defesa do Consumidor - Lei n.
– Não será considerado como empresário, aquele que exerce 8.078/90 - que incorporou em seu caderno processual, norma ex-
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, pressa sobre a aplicação da teoria da desconsideração. Vejamos:
mesmo com o concurso de auxiliares ou colaboradores, exceto se o Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica
exercício da profissão constituir elemento de empresa; da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso
– A matéria disciplinar jurídica das sociedades limitadas é apli- de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
cável, subsidiariamente, no que couber, às EIRELI, na forma do § 6º violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração tam-
do art. 980-A do CC/2002; bém será efetivada quando houver falência, estado de insolvência,
– Nos moldes do § 7º do art. 980 do CC/2002, inserto pela Lei n. encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
13.874/2019 - Lei da Declaração de Direitos de Liberdade Econômi- administração.
ca - “somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dí-
vidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese Em observação aos pressupostos indicados pela norma acima,
em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio depreende-se que ela foi influenciada por uma concepção objetivis-
do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude”. ta, principalmente se em comparação, passarmos a analisar a pre-
visão ainda mais genérica do parágrafo 5º do mesmo dispositivo,
Desconsideração da Personalidade Jurídica
que assim dispõe:
O instituto da desconsideração da personalidade da pessoa ju-
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sem-
rídica, disregard of legal entity, obteve notoriedade na década de
pre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao res-
1950, com a publicação do trabalho de Rolf Serick, que à época era
sarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
professor da Faculdade de Direito de Heidelberg.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A discussão acima tem sido conhecida pela doutrina e jurispru- § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos
dência especializadas, como a dicotomia de teorias da Desconside- requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a descon-
ração da Jurídica que pode ser desmembrada em: sideração da personalidade da pessoa jurídica.
– Teoria Maior: Exige a comprovação de desvio de finalidade § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a
da pessoa jurídica ou a confusão patrimonial; alteração da finalidade original da atividade econômica específica
– Teoria Menor: Decorre da insolvência do devedor, e é aplica- da pessoa jurídica.
da de forma especial no Direito Ambiental e do Consumidor.
Ante todo o enunciado do retro dispositivo, destaca-se prin-
Já o Código Civil de 2002, posicionando-se ao lado das legisla- cipalmente, o final do atual texto, com a expressão “beneficiados
ções modernas, consagrou a teoria da desconsideração da persona- direta ou indiretamente pelo abuso”, porquanto a desconsideração
lidade jurídica da seguinte forma: se trata de instrumento de imputação de responsabilidade, não
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, carac- podendo, desta maneira, sob pena de se ignorar a exigência do
terizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, próprio nexo causal, atingir nenhum sócio que não tenha usufruído
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Públi- de nenhum benefício direto ou indireto, por causa do ato abusivo
praticado por outrem.
co quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas
Vejamos no quadro elucidativo abaixo, outras importantes con-
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
siderações acerca do assunto em deslinde:
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
IMPORTANTE SABER
Desta maneira, de acordo com a regra legal, a desconsideração
* A desconsideração inversa ou invertida vai de encontro ao
será possível, a requerimento da parte ou do Ministério Público,
patrimônio da pessoa jurídica, quando a pessoa física que a com-
quando lhe couber intervir, consistindo o abuso em:
põe, esvazia fraudulentamente o seu patrimônio pessoal, sendo
a) Desvio de finalidade: Onde foi desvirtuado o objetivo social que tal visão é desenvolvida notadamente nas relações de família;
para a perseguição de fins não previstos contratualmente ou proi- * Na situação acima, poderá o magistrado desconsiderar a au-
bidos por lei; tonomia patrimonial da pessoa jurídica, buscando bens que estão
b) Confusão patrimonial: Nesse caso, a atuação do sócio ou em seu próprio nome, para responder por dívidas que não são suas
administrador foi confundida com o funcionamento da própria e sim de seus sócios, fato que tem sido aceito pela jurisprudência;
sociedade, utilizada como verdadeiro escudo, não sendo possível * Nenhuma desconsideração poderá ser decretada se os requi-
identificar a separação patrimonial entre ambos. sitos legais não forem obedecidos;
*Desconsideração indireta, é a desconsideração da perso-
Nesse sentido, ante as duas situações acima, denota-se a im- nalidade jurídica que possui como objetivo o alcance de quem se
prescindibilidade da ocorrência de prejuízo tanto individual, quanto encontra por trás dela e não se afigura de forma suficiente, pois
o que justifique a suspensão temporária da personalidade jurídica. poderá existir outra ou outras pessoas integrantes das constelações
Por fim, destaca-se dentre os pressupostos da desconsideração societárias que possuem o objetivo encobrir algum fraudador;
da personalidade jurídica, uma importante mudança no regramen- * Não constitui desvio de finalidade, a expansão ou a alteração
to ocorrida em 2019, que se trata da Lei da Declaração de Direitos da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa
de Liberdade Econômica, Lei nº. 13.874/2019, que teve como base jurídica;
de criação a Medida * A desconsideração da personalidade jurídica é aplicável tam-
Provisória nº. 881/2019, que fez com que o art. 50 do Código bém para as empresas individuais de responsabilidade limitada;
Civil passasse a ter a seguinte redação: * No âmbito do Direito Empresarial, de acordo com o art. 82-A
Art. 50 do Código Civil. Em caso de abuso da personalidade jurí- da Lei de Falências e de Recuperação de Empresas (Lei n. 11.101,
dica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patri- de 9-2-2005), com as alterações da Lei nº. 14.112/2020, é “vedada
monial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Públi- a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos
co quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que sócios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos admi-
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam nistradores da sociedade falida, admitida, contudo, a desconsidera-
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios ção da personalidade jurídica”.
da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade Da Extinção da Pessoa Jurídica
é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e Da mesma forma que a pessoa natural, a pessoa jurídica com-
para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. pleta o seu ciclo existencial através da extinção.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de sepa- A dissolução poderá ser:
ração de fato entre os patrimônios, caracterizada por: a) Convencional: É a dissolução deliberada entre os próprios
I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do só- integrantes da pessoa jurídica, desde que respeitado o estatuto ou
cio ou do administrador ou vice-versa; o contrato social;
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contra- b) Administrativa: Advém da cassação da autorização de fun-
prestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e cionamento, sendo exigida para determinadas sociedades se cons-
III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. tituírem e funcionarem;
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também c) Judicial: Em observação a uma das hipóteses de dissolução
se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores determinadas pela lei ou no estatuto, o magistrado, por iniciativa de
à pessoa jurídica. qualquer um dos sócios, poderá, por meio de sentença, determinar
a sua extinção;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por fim, em se tratando de dissolução da sociedade, os bens Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a cons-
que excederem, deverão por força de lei, ser divididos entre os só- tituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato
cios, desde que observada a participação social de cada um deles. respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no re-
gistro.
Art. 46. O registro declarará:
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
social, quando houver;
TÍTULO II II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores,
DAS PESSOAS JURÍDICAS e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passiva-
CAPÍTULO I mente, judicial e extrajudicialmente;
DISPOSIÇÕES GERAIS IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administra-
ção, e de que modo;
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
externo, e de direito privado. obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
seu patrimônio, nesse caso.
I - a União;
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores,
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
III - os Municípios; Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as de-
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação cisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o
dada pela Lei nº 11.107, de 2005) ato constitutivo dispuser de modo diverso.
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as deci-
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas ju- sões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto,
rídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o
pelas normas deste Código. juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á admi-
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Esta- nistrador provisório.
dos estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito Art. 49-A.  A pessoa jurídica não se confunde com os seus só-
internacional público. cios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civil- nº 13.874, de 2019)
mente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídi-
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os cas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, es-
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. tabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos,
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefí-
I - as associações; cio de todos.
II - as sociedades; Art. 50.  Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri-
III - as fundações. zado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
22.12.2003) couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de
V - os partidos políticos.  (Incluído pela Lei nº 10.825, de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
22.12.2003) bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídi-
ca beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (In-
pela Lei nº 13.874, de 2019)
cluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade
§ 1 o São livres a criação, a organização, a estruturação interna
é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores
e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao
e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela
poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos cons- Lei nº 13.874, de 2019)
titutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de sepa-
10.825, de 22.12.2003) ração de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela
§ 2 o  As disposições concernentes às associações aplicam-se Lei nº 13.874, de 2019)
subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do só-
Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) cio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874,
§ 3 o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão con- de 2019)
forme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contra-
22.12.2003) prestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante;
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direi- e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
to privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimo-
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Po- nial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
der Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que § 3º  O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também
passar o ato constitutivo. se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administrado-
res à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4º  A mera existência de grupo econômico sem a presença Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os inci-
dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a des- sos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especial-
consideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei mente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido
nº 13.874, de 2019) no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administrado-
§ 5º  Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a res. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
alteração da finalidade original da atividade econômica específica Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na for-
da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) ma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direi-
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada to de promovê-la. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patri-
liquidação, até que esta se conclua. mônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou fra-
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, ções ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à
a averbação de sua dissolução. entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso
§ 2º  As disposições para a liquidação das sociedades aplicam- este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, esta-
-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. dual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da § 1  o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por delibera-
inscrição da pessoa jurídica. ção dos associados, podem estes, antes da destinação do remanes-
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a prote- cente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o res-
ção dos direitos da personalidade. pectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio
da associação.
CAPÍTULO II § 2 o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal
DAS ASSOCIAÇÕES ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas con-
dições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obriga- CAPÍTULO III
ções recíprocos. DAS FUNDAÇÕES
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações con-
terá: Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por es-
I - a denominação, os fins e a sede da associação; critura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, espe-
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos as- cificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
sociados; de administrá-la.
III - os direitos e deveres dos associados; Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos de- I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
liberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e ar-
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias tístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
e para a dissolução. III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das res- IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
pectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto 13.151, de 2015)
poderá instituir categorias com vantagens especiais. VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatu- promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº
to não dispuser o contrário. 13.151, de 2015)
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alter-
ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não im- nativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulga-
portará, de per si , na atribuição da qualidade de associado ao ad-
ção de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído
quirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito
de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
dada pela Lei nº 11.127, de 2005) IX – atividades religiosas; e  (Incluído pela Lei nº 13.151, de
Parágrafo único. (revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.127, 2015)
de 2005) X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer di- Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os
reito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o ins-
ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. tituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim
Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: (Redação igual ou semelhante.
dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos,
I – destituir os administradores;  (Redação dada pela Lei nº o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro di-
11.127, de 2005) reito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados,
II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de em nome dela, por mandado judicial.
2005)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares di-
patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acor- versos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
do com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, corresponderem.
submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competen-
te, com recurso ao juiz. Desse modo, com a intenção de obter uma efetiva compreen-
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo as- são da matéria, necessário se faz, com que se faça a distinção de
sinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta morada, residência e domicílio, conforme veremos a seguir:
dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. a) Morada: Cuida-se da localidade, ou, do lugar onde a pessoa
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado natural se estabelece de forma provisória. Tal conceito acaba por se
onde situadas. confundir com a noção de estadia, que segundo o entendimento de
§ 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, ca- Roberto de Ruggiero, morada é: “a mais tênue relação de fato entre
berá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territó- uma pessoa e um lugar tomada em consideração pela lei”, vindo,
rios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) ainda, a alertar que “a sua importância é, porém, mínima e subal-
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá terna, não produzindo em regra qualquer efeito, senão quando se
o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. ignora a existência de uma sede mais estável para a pessoa”.
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mis- Desta maneira, pressupõe-se que o aluno que é contemplado
ter que a reforma: com uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, vindo a morar lá e
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e permanece por um ano e meio, por exemplo, possui lá, a sua mora-
representar a fundação; da ou estadia, sendo que muito se especula sobre a caracterização
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; de tal relação transitória de fato, ser também, sua habitação.
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo
máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o b) Residência: Dá a noção de uma maior estabilidade, haja vis-
Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento ta ser a residência o lugar onde a pessoa natural se estabelece com
do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) habitualidade.
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por vo-
O renomado jurista Ruggiero, afirma com precisão a respeito
tação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o
de ser a residência, a sede estável da pessoa natural. Desta manei-
estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciên-
ra, se o indivíduo que mora e permanece habitualmente em uma
cia à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
cidade, local onde é encontrado normalmente, ali, por certo, é a
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a
sua residência.
que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o ór-
gão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá
c) Domicílio: Para ser conceituado, denota-se que o domicílio
a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
possui regras mais complexas, uma vez que tal noção de conceito
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. abrange a de residência e também a de morada. Assim, o domicí-
lio, de acordo com o visto anteriormente, se trata do lugar onde a
— Conceituação e Particularidades pessoa natural estabelece residência com ânimo definitivo, fazendo
De antemão, aduz-se que o domicílio civil da pessoa, pode ser dele, o centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua ativida-
conceituado como o lugar onde ela estabelece residência com âni- de profissional, sendo que não é suficiente para a sua configuração,
mo definitivo, vindo a fazer desse lugar, em regra, o centro principal o simples ato material de residir no lugar, mas, também, a intenção
de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. de permanecer ali, transformando aquele lugar no centro fixo e ne-
Constituído por duas noções, a primeira noção de domicílio se cessário para a prática de suas atividades.
encontra relacionada à vida privada da pessoa, às suas relações in- A base legal do domicílio se encontra disposta no artigo 70 do
ternas, preconizando o local no qual esta reside, seja de forma per- Código Civil de 2002:
manente, sozinha ou, também com os seus familiares. Já a segunda Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela esta-
noção, diz respeito aos interesses da atividade externa da pessoa, belece a sua residência com ânimo definitivo.
à sua vida social e profissional, referindo-se ao lugar onde ela fixa O domicílio é constituído por duas bases. São elas:
o centro de seus negócios jurídicos ou de suas ocupações habituais a) Base objetiva: Traduz-se no ato de fixação em determinado
de modo geral, sendo que ambas as noções, são alternativas de do- local;
micílio. b) Base subjetiva: É o ânimo definitivo de permanência no lo-
Ressalta-se que o atual Código Civil de 2.002 consentiu em seu cal.
caderno processual, as duas opções acima, vindo a aceitar a sua
cumulação. Tal fato se comprova por meio do disposto nos artigos Desta maneira, se o indivíduo vem a se fixar em um certo local,
70 e 72 do CPC/2002. Vejamos: com a intenção de nele permanecer, vindo a transformá-lo no cen-
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela esta- tro de seus negócios, depreende-se que tal indivíduo constituiu, ali,
belece a sua residência com ânimo definitivo. o seu domicílio civil.
(...) Em outra seara, vale a pena registrar que não existe empecilhos
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às rela- para que uma pessoa resida em mais de um local com habitualida-
ções concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. de, considerando somente um desses locais como um centro princi-
pal de seus negócios, ou, como seu domicílio.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No entanto, caso uma pessoa tenha várias residências e viva de a fazer tais declarações, da própria mudança juntamente com as
forma alternada em cada uma delas, sem que seja possível saber circunstâncias que a determinaram. É o que predispõe o artigo 74
qual é de fato o seu domicílio, ou, seja difícil considerar apenas uma CC/2002. Vejamos:
como seu centro principal, denota-se o correto de acordo com o Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a
artigo 71 do Código Civil de 2002, é considerar qualquer uma delas intenção manifesta de o mudar.
como sendo o seu centro principal.
Vejamos o que dispõe o aludido dispositivo legal: O dispositivo acima, cuida-se de norma jurídica imperfeita,
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, haja vista a ausência de declaração não ocasionar nenhuma sanção
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer ao omitente.
delas.
— Do Domicílio Aparente ou Ocasional
— Do Tratamento Legal e da Mudança de Domicílio De início, considera-se que a necessidade de fixação do domicí-
Ressalta-se de antemão, que o Código Civil de 1.916 conceitua- lio advém de imperativo de segurança jurídica. Assim, pelo fato de
va que o domicílio civil da pessoa natural, segundo o seu artigo 31, existirem pessoas que não possuam residência fixa, ou que vivam
se tratava do lugar onde ela estabelece sua residência com ânimo sempre viajando, a legislação criou a teoria do domicílio aparente
definitivo. ou ocasional, segundo a qual, aquele que cria as aparências de um
Entretanto, de acordo com o artigo 32 do referido Código, caso domicílio em determinado lugar, pode ser considerado pelo tercei-
a pessoa natural tivesse várias residências onde alternadamente ro como tendo ali o seu domicílio.
vivia, ou, ainda, diversos centros de ocupações habituais, o seu do- O artigo 73 do Código Civil de 2.002 tratou de aplicar de forma,
micílio era considerado qualquer destes ou daquelas, vindo, desta a teoria do domicílio aparente ou ocasional. Vejamos:
forma, a admitir, a pluralidade de domicílios. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha
Nesse sentido, aplicando-se o princípio da pluralidade domici- residência habitual, o lugar onde for encontrada.
liar, se a pessoa mora em um lugar com sua família, mas, exerce em
outro a sua profissional, ou realiza ali os seus principais negócios Assim sendo, no local em que a pessoa for encontrada, a lei
jurídicos, qualquer um desses lugares, é considerado seu domicílio. acabou por criar uma aparência de domicílio, podendo a pessoa ser
demandada judicialmente em tal local. Exemplos: Ciganos, andari-
À luz do próprio Código de Processo Civil de 2.015, nota-se o
lhos, artistas de circo, dentre outros.
uso do princípio da pluralidade domiciliar, quando esse caderno
É importante frisar, por último, que o Código de Processo
processual determina em seu artigo 46, § 1º, o seguinte:
Civil de 2015, também faz o uso da regra acima, estabelecendo no
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real
parágrafo 2º do art. 46, o seguinte:
sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do
Art. 46 . Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele
réu.
poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no
do autor.
foro de qualquer deles.
— Do Domicílio da pessoa jurídica
Desta maneira, o Código Civil de 2002 também condescendeu a De modo geral, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito
pluralidade de domicílios, vindo a anunciar sobre o assunto em seus privado é a sua sede, devidamente indicada em seu estatuto, con-
artigos 70 e 71, o seguinte: trato social ou ato constitutivo equivalente, sendo considerado as-
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela esta- sim, o seu domicílio especial.
belece a sua residência com ânimo definitivo. Denota-se que caso não exista tal fixação, a legislação irá ope-
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, rar de forma supletiva ao considerar como seu domicílio, o lugar
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer onde funcionarem as suas diretorias e administrações, bem como
delas. verificar se existem filiais em diversos lugares, sendo que caso assim
seja, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele
Denota-se que o legislador usou de inovação, ao substituir a praticados, nos moldes do artigo 75, IV e § 1º, do Código Civil de
expressão “centro de ocupações habituais”, por outra de uso mais 2.002.
abrangente, ao dispor, no art. 72, que: “é também domicílio da pes-
soa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal consolidou entendi-
onde esta é exercida”, e, ainda, “se a pessoa exercitar profissão em mento por meio da súmula 363 da seguinte maneira:
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as rela- Súmula 363 – STF – A pessoa jurídica de direito privado pode
ções que lhe corresponderem”. ser demandada no domicílio da agência ou do estabelecimento em
Em consonância com a maior parte da doutrina, a consagração que se praticou o ato.
do critério relacionado à relação profissional é mais adequada, ten-
do em vista que a preferência pelo local onde ocorrem as relações Assim, caso a administração ou diretoria da pessoa jurídica de
profissionais servirá tanto para definir o domicílio do comerciante, direito privado se encontre no estrangeiro, a lei considera como seu
quanto para definir o domicílio do empregado, podendo aplicar-se domicílio, em relação às obrigações contraídas por qualquer uma de
as regras contidas nos artigos 469 e 651, § 1º, da CLT. suas agências, o lugar do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela
Para que seja feita a mudança de residência, basta que a pes- corresponder, de acordo com o artigo 75, § 2º, do Código Civil de 2.002.
soa manifeste tal vontade e a faça valer, tendo em vista que a prova Em relação à pessoas jurídicas de direito público, nos ditames
da intenção resulta do que declarar a pessoa às autoridades do lu- do artigo 75 do Código Civil de 2002, elas tem domicílio em lei da
gar que deixa de morar, e para onde irá, bem como, caso não venha seguinte maneira:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) A união: Possui como domicílio o Distrito Federal; DOMICÍLIO (Art. 76, § U, CC/2.002)
b) Os estados e os territórios: Possuem como domicílio as ca-
pitais; DO INCAPAZ É o do seu representante ou assistente;
c) Os municípios: Possuem como domicílio o lugar onde se en- DO SERVIDOR O lugar em que exerce
contre funcionando a Administração Municipal; PÚBLICO permanentemente as suas funções;
d) As demais pessoas jurídicas de direito público: Possuem
por domicílio o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e O lugar onde serve, e, sendo da
administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus esta- Marinha ou da Aeronáutica, a sede
DO MILITAR
tutos ou atos constitutivos. do comando a que se encontra
imediatamente subordinado;
Em termos de lei seca, temos: O lugar onde o navio estiver
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: DO MARÍTIMO
matriculado;
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; O lugar onde estiver cumprindo a
DO PRESO
III - do Município, o lugar onde funcione a administração mu- sentença.
nicipal; Art. 76 (...)
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as Parágrafo único. O domicílio do incapaz
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio é o do seu representante ou assistente;
especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
o do servidor público, o lugar em
que exercer permanentemente suas
Vale a pena registrar que o critério estabelecido por lei para a
LEGISLAÇÃO: art. 76, funções; o do militar, onde servir, e,
fixação do domicílio das pessoas jurídicas de direito público nem
§ U, CC/2.002 sendo da Marinha ou da Aeronáutica,
sempre se identifica com a regra adotada para determinar a com-
a sede do comando a que se encontrar
petência de foro ou territorial.
imediatamente subordinado; o
Desta maneira, o Código de Processo Civil de 2.015, predispõe
por meio dos artigos 51 e 52, o seguinte: do marítimo, onde o navio estiver
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas matriculado; e o do preso, o lugar em
em que seja autora a União. que cumprir a sentença.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá
ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato Nesse ponto, vale a pena destacar que o agente diplomático,
ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Dis- ao ser citado no estrangeiro, alegue extraterritorialidade sem infor-
trito Federal. mar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas Distrito Federal, ou, no último ponto do território brasileiro onde o
em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. teve, nos ditames do artigo 77 do Código Civil de 2.002.
Parágrafo único. Se o Estado ou o Distrito Federal for o deman- Em relação ao domicílio de eleição ou especial, destaca-se que
dado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no ele advém do ajuste feito entre as partes de um contrato. Para regu-
de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situa- larizar a situação, dispõe o artigo 78 do Código Civil de 2.002:
ção da coisa ou na capital do respectivo ente federado. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes espe-
cificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obriga-
Nesse sentido, depreende-se que a lei processual optou por ções deles resultantes.
tornar menos rígida a diretriz contida no inciso I do art. 99 do
CPC/1.973, que conduzia a competência para o foro da capital do Esse dispositivo se encontra coadunado com o determinado
Estado, ou, do Território para as ações nas quais a União ou o Terri- nos artigos 62 e 63 do Código de Processo Civil de 2015. Vejamos:
tório eram autores, rés ou, também, intervenientes. Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da
pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.
— Das Espécies de Domicílio Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do
De antemão, denota-se que o domicílio voluntário é o usual e valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda
comum no Ordenamento Jurídico, uma vez que advém do ato de de direitos e obrigações.
livre vontade do indivíduo, que fixa residência em um determinado
local, com ânimo definitivo, animus manendi, sendo que esta espé- No entanto, convém registrar que o dispositivo acima, poderá
cie de domicílio não sofre interferência da lei. ser apenas em relações jurídicas nas quais predomine o princípio da
No condizente ao domicílio legal ou necessário, verifica-se que igualdade dos contratantes, bem como de sua autonomia de von-
ele advém de determinação legal como forma de atenção à condi- tade.
ção especial que determinadas pessoas possuem. Isso acontece pelo fato de que no campo do Direito do Con-
Desta maneira, de acordo com o artigo 76 do Código Civil de sumidor, considera-se ilegal a cláusula contratual que estabelece o
2.002, são possuidores de domicílio necessário: o incapaz, o servi- foro de eleição em proveito do fornecedor do produto ou serviço,
dor público, o militar, o marítimo e o preso. em prejuízo do consumidor, por violar a norma contida no artigo 51,
Em alusão ao regimento dado pelo artigo 76 do Código Civil de IV, do CDC que considera nula de pleno direito a cláusula de obri-
2.002, podemos esquematizar da seguinte forma: gação iníqua, abusiva, que coloque o consumidor em desvantagem
exagerada, sendo assim, incompatível com a boa-fé e a equidade
de forma geral.
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Infere-se que ainda, que se dê ciência antecipada da cláusula Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes espe-
ao consumidor, isso porque o sistema de proteção oferecido pelo cificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obriga-
Código, fundado por superior interesse público, não permite que o ções deles resultantes.
fornecedor seja beneficiado por tal prerrogativa.
Por fim, ressalta-se que é inegável o fator de desigualdade eco- Podemos conceituar a prescrição como sendo a perda da pre-
nômica existente entre as partes contratantes, somente mitigada tensão de reparação do direito violado em decorrência da inércia
pelos mecanismos legais de freios e contrapesos advindos do co- do seu titular, no prazo previsto pela legislação.
mando contratual do Código de Defesa do Consumidor, assim, veri- Em relação ao instituto da decadência, trata-se da extinção de
fica-se a compensação da desigualdade econômica através de uma um direito em virtude de este não ter sido exercido no prazo legal,
igualdade jurídica. sendo que assim, quando o indivíduo deixa de respeitar o prazo es-
tabelecido por lei para o exercício de seu direito, acaba por perder
o direito tal direito, sendo, desta maneira, a perda do próprio direi-
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO to ante a inércia de ação de seu titular.

TÍTULO III — Prescrição e Decadência no Código Civil Brasileiro


DO DOMICÍLIO Com o objetivo de corrigir falha histórica, o Código Civil de
2002, trouxe em seu caderno processual a disciplina referente à de-
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela esta- cadência, haja vista que o Código Civil de 1916 tratava todos os pra-
belece a sua residência com ânimo definitivo. zos sob a denominação comum de prescrição, fato que provocava
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, no aplicador do direito, insurreição em desfavor do texto legal, bem
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. como contra o princípio de hermenêutica, vindo a impor diferenças
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às rela- onde este não fazia, baseando-se na essência e no sentido do prazo
ções concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. previsto.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares di- Desta maneira, com a vigência do atual Código Civil, depreen-
versos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe de-se que o fato de este instituto legal tratar a matéria de forma
corresponderem. explícita, fica mais viável de se tratar a respeito da diferença entre
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha os institutos em estudo.
residência habitual, o lugar onde for encontrada. Nesse sentido, ressalta-se que a possibilidade de renúncia pré-
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a via constitui um importante elemento para distinguir os institutos,
intenção manifesta de o mudar. tendo em vista que a decadência, de acordo com a lei, é irrenun-
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar ciável conforme preconiza o artigo 209 do Código Civil de 2002, ao
a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde passo que a renúncia à prescrição é admissível e possui aceitação
vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as tácita, sendo que para renunciar à aplicação da prescrição, é neces-
circunstâncias que a acompanharem. sário que esta já tenha sido consumada e que terceiro não tenha
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: sido prejudicado.
I - da União, o Distrito Federal; Ressalta-se que renunciar à prescrição é ato que implica na
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; possibilidade de um inadimplente de uma dívida prescrita, que uma
III - do Município, o lugar onde funcione a administração mu- vez tendo sido consumado o prazo prescricional, desde que terceiro
nicipal; não tenha sido prejudicado, significa renunciar ao direito de alegar
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as meio de defesa indireta de mérito, (a prescrição), em desfavor do
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio seu credor.
especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Desta forma, anunciado o pagamento e se este é executado,
§ 1  o  Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lu- houve a renúncia expressa. Porém, caso tal pagamento não tenha
gares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os sido afirmado de forma explícita, tendo constituído procurador com
atos nele praticados. a providência das guias bancárias para o depósito ou tenha existido
§ 2 o  Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estran- a prática de qualquer ato que não seja compatível com a prescrição,
geiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às significa dizer que o indivíduo renunciou de forma tácita.
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do Ante o exposto, em função da particularidade relativa em à
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. renúncia proibida para o prazo decadencial legal, deverá o magis-
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, trado, de ofício, conhecer da decadência, quando esta se encontrar
o militar, o marítimo e o preso. prevista em lei.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representan-
te ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer per-
Obs. importante: Em relação ao pronunciamento de ofício da
manentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
prescrição, depreende-se que de acordo com a regra contida no arti-
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
go 193 do Código Civil de 2.002, a prescrição poderá ser alegada em
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver
qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estran-
geiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, jurisdição, pela parte a quem aproveita.
o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde o teve.
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Dando continuidade ao tema em estudo, denota-se que antes Vale ressaltar que a respeito do assunto, o Código Civil de 1916
da aprovação da Lei nº. 11.280/2006, instituto legal que autorizou carregava dispositivo similar, porém, composto por mais requisitos,
o conhecimento de ofício da prescrição, e que ainda na vigência do sendo que dispunha que as pessoas que a lei privasse de adminis-
Código de Processo Civil/1973, a previsão de determinadas situa- trar os próprios bens, teriam o direito de ação regressiva contra os
ções de acolhimento ex officio de prescrição, já existia. Um exemplo seus representantes legais, quando estes, por dolo ou negligência,
disso, é o caso dos absolutamente incapazes, que, por terem direito dessem causa à prescrição.
à tutela especial do Estado, tinham a prescrição declarada de ofício Por fim, vejamos duas regras que merecem destaque:
no momento em que tal ato jurídico os favorecia, (informação con- 1ª) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr
tida no artigo 194 do CC/2002, ora revogado), na condição tanto de contra o seu sucessor, conforme preceitua o art. 196 do atual Có-
sujeito passivo, quanto como terceiro interessado juridicamente no digo Civil;
desfecho da lide processual. 2ª) Com o principal, prescrevem os direitos acessórios, de
Assim, tendo sido revogado o artigo 194 do CC/2002 pela Lei acordo com o artigo 167 do Código Civil de 1916, que embora não
nº. 11.280/2006, passou a ser permitido ao órgão judicante reco- possua previsão expressa no Código Civil de 2002, tal regra conti-
nhecer de ofício a prescrição, sem quaisquer restrições à situações nua sendo adotada pela legislação, haja vista ser acolhida com peso
específicas, sendo que tal norma também veio a alterar o contido pela doutrina.
no parágrafo 5º do art. 219 do CPC/1973, que previa que o magis-
trado poderia pronunciar de ofício, a prescrição, fato que anterior- Desfechando, denota-se que haja a consumação da prescrição,
mente só poderia acontecer, caso a lide não envolvesse direitos de bem como da decadência, necessário se faz, em resumo, sejam ci-
ordem patrimonial. tados quatro fatores. Vejamos no quadro abaixo:

Nesse sentido, utilizando esse regulamento, o Código de Pro- CONSUMAÇÃO DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
cesso Civil de 2015 estabeleceu de forma expressa através do pará-
grafo único do artigo 487, o seguinte: A existência de um direito exercitável;
Art. 487 (...) A inércia do titular pelo não exercício;
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a
prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes A Continuidade da inércia por certo tempo;
seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. A ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo
do curso da prescrição, que se trata de requisito que pode ser
A hipótese de ressalva contida no retro dispositivo, se refere ao aplicado à decadência excepcionalmente, somente por previsão
julgamento de improcedência prima facie, termo que significa que legal específica contida no art. 207 do CC/2002.
quando determinada prova é suficiente para permitir a suposição
ou consolidação de um fato, a menos que seja controvertida. — Das causas impeditivas e suspensivas
No condizente à decadência, infere-se que ela não pode ser O direito brasileiro prevê várias causas impeditivas e suspen-
declarada de ofício se for estipulada de forma convencional, que sivas da prescrição, sendo que por suposição, não existe diferença
se trata de hipótese na qual os próprios contratantes, e não a legis- doutrinária entre o impedimento e a suspensão da prescrição, haja
lação, previram prazo decadencial para o exercício de um direito. vista as duas serem consideradas como formas de paralisação do
Entretanto, em decorrência da importância do instituto que im- prazo prescricional.
plica a perda do direito material discutido em juízo, denota-se que Entretanto, a diferença fática entre a decadência e a prescrição
também não haverá preclusão temporal para sua arguição, segundo se refere ao termo inicial, tendo em vista que no impedimento, o
o artigo 211 do Código Civil de 2002. prazo não correu, ao passo que na suspensão, o prazo, já se encon-
Nesse diapasão, registra-se que a discussão relacionada à tra fluindo, e por isso, acaba por se congelar, enquanto pendente a
possibilidade de alteração convencional dos prazos prescricionais, causa suspensiva.
também é fato que outrora era tido como questão controvertida Pelos motivos acima expostos, as causas impeditivas e suspen-
na doutrina, mas, no entanto, tal questionamento foi também foi sivas da prescrição são tratadas de igual maneira pelos artigos 197
desfeito pelo Código Civil de 2002. a 199 do Código civil de 2002. Vejamos:
Assim, de acordo com o artigo 192 do Código Civil de 2002, que Art. 197. Não corre a prescrição:
colocou fim à controvérsia, os “prazos de prescrição não podem ser I — entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
alterados por acordo das partes”. II — entre ascendentes e descendentes, durante o poder fami-
Sobre a matéria, destaque-se nos conformes do artigo 195 do liar;
CC/2002, norma que também é aplicável à decadência, por força do III — entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curado-
contido no artigo 208 do CC/2002 o seguinte: res, durante a tutela ou curatela.
Art. 195.   Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas Art. 198. Também não corre a prescrição:
têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que I — contra os incapazes de que trata o art. 3º;
derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. II — contra os ausentes do País em serviço público da União,
dos Estados ou dos Municípios;
Tal regulamento demonstra a importância dos institutos, bem III — contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas,
como sua arguição em juízo, tendo em vista que podem facilitar o em tempo de guerra.
ajuizamento de ações de responsabilização civil por perdas de chan- Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
ce. I — pendendo condição suspensiva;

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II — não estando vencido o prazo; Nesse sentido, destaca-se uma outra particularidade da pres-
III — pendendo ação de evicção. crição pelo atual Código Civil que se refere à interrupção da pres-
crição, que, contemporaneamente poderá ocorrer apenas por uma
Sobre os dispositivos acima citados, aduz-se tal disciplina não única vez.
se justifica em três pontos diversos, pois a sua caracterização tanto De acordo com o artigo 202 do Código Civil são causas interrup-
como impedimento, quanto por suspensão, irá depender em peso tivas da prescrição:
do caso concreto. Exemplo: Havendo união dos devedores através Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá
do casamento, suspender-se-á a prescrição já iniciada, por força da ocorrer uma vez, dar-se-á:
aplicação do artigo 197, I, do Código Civil de 2.002. I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a
Vejamos em síntese, outras situações nas quais não corre a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
prescrição: processual;
• A prescrição não corre contra os absolutamente incapazes, II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados e dos III - por protesto cambial;
Municípios, e os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventá-
tempo de guerra; rio ou em concurso de credores;
• Caso um credor se ausente do País para prestar serviços em V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
uma embaixada brasileira em outro país, o prazo prescricional ficará VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que
suspenso até o seu retorno. Mas se o ausente for o devedor, a pres- importe reconhecimento do direito pelo devedor.
crição irá correr a seu favor, de forma que durante o tempo em que
estiver fora, o prazo irá fluir de forma normal; Nesta seara, denota-se que houve importante alteração, se
• Por força do artigo 199 do CC/2002, não corre a prescrição examinarmos a regra semelhante que se encontra inserida no ar-
pendendo condição suspensiva, não estando vencido o prazo, ou tigo 172, I, do Código Civil de 1916, tendo em vista que esta última
estando em curso ação de evicção; norma, que predisposta a interrupção da prescrição “pela citação
• Também não corre a prescrição estando pendente ação de pessoal feita ao devedor, ainda que ordenada por juiz incompe-
evicção, que consiste na perda total ou parcial do direito do ad- tente”, já havia passado por modificações à vista do elucidado no
quirente sobre a coisa, em de uma decisão judicial, que reconhece parágrafo 1º do art. 219 do Código de Processo Civil de 1973, já
a propriedade anterior de outrem, de acordo com o previsto nos com redação demandada pela Lei n°. 8.952/1.994, com o seguinte
artigos 447 a 457 do CC/2002; conteúdo: “A interrupção da prescrição retroagirá à data da propo-
• Pelos riscos da evicção, irá responder o alienante perante o situra da ação”.
adquirente de maneira que caso a ação de evicção esteja pendente, Desta forma, desde que a parte interessada viesse a promover
proposta pelo terceiro em desfavor do adquirente, tanto os prazos os atos necessários para uma eficaz citação, no prazo estipulado por
prescricionais em geral, quanto o prazo de usucapião que seria uma lei, não mais a data da citação válida, mas, sim, a datada propositu-
prescrição aquisitiva, ficarão suspensos até que se decida a respeito ra da ação, determinaria a interrupção do prazo prescricional.
de quem realmente é o proprietário do bem; Sobre o matéria acima, ressalta-se que ela foi conservada no
• Existem demandas que geram repercussões tanto no juízo cí- Código de Processo Civil de 2015, vindo a determinar de forma clara
vel, quanto no juízo criminal pelo fato de correrem de forma simul- no parágrafo único do artigo 802 o seguinte:
tânea, podendo, assim gerar sentenças contraditórias, caso aconte- Art. 82. A interrupção da prescrição retroagirá à data de pro-
ça de a sentença civil ser prolatada antes da penal. Por esse motivo, positura da Ação.
no caso de demanda por homicídio, por exemplo, a despeito da Seguindo esta diretriz, aduz o artigo 240 do CPC/2015:
relativa independência entre a jurisdição penal e a civil, ressalta-se Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo in-
que enquanto não houver sentença criminal definitiva, a prescrição competente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui
não poderá correr contra os herdeiros da vítima; em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei
• De acordo com o artigo 201 do Código Civil, a suspensão da n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
prescrição em favor de um dos credores solidários somente apro- § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que
veitará aos outros se a obrigação for indivisível. ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, re-
troagirá à data de propositura da ação.
— Das Causas Interruptivas § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as
De antemão, ressalta-se que existe diferença entre a interrup- providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não
ção e a suspensão da prescrição. Nesse ponto, podemos distinguir se aplicar o disposto no § 1º.
esses institutos da seguinte forma: § 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável
*Na suspensão da prescrição, o prazo fica paralisado; exclusivamente ao serviço judiciário.
* Na interrupção, todo o prazo decorrido é zerado, vindo a re- § 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à
começar a contagem, de acordo com o parágrafo único do artigo decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.
202 do Código Civil de 2002, “do ato que a interrompeu, ou do últi-
mo ato do processo para a Interromper”. Entretanto, caso a parte interessada deixe de promover os atos
necessários à efetivação da citação no prazo determinado por lei,
Desta maneira, após o lapso de dois anos do prazo prescricional excedidos os prazos dispostos no CPC/2015, o renomado Barbosa
para a elaboração de uma pretensão, por meio de ação ordinária de Moreira ensina que “a citação apenas surtirá o efeito interruptivo
cobrança que possui o prazo máximo de dez anos de acordo com o ou obstativo na data em que se realizar desde que até então não se
atual Código Civil, caso seja averiguada depois uma causa interrup- haja consumado a prescrição ou a extinção do direito...”.
tiva, todo o lapso temporal recomeça a ser contado do zero.
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Mas, levando em conta o entendimento da doutrina majoritá- • Ao praticar atos que não sejam compatíveis com a Prescrição
ria, o disposto no art. 202, I, do Código Civil de 2002 não entraria e fazendo a nomeação de procurador para que seja efetuado o de-
em confronto com o disposto no artigo 219 e seus respectivos pará- pósito do valor devido, o devedor atua de forma inequívoca com o
grafos do Código de Processo Civil de 1973, devendo as menciona- objetivo de reconhecer o direito do credor, vindo, desta forma, a
das normas ser interpretadas de forma proporcional. interromper o curso da prescrição;
• Nos ditames do artigo 203 do CC/2002a prescrição pode ser
Obs. importante: lançado o despacho positivo inicial de cita- interrompida por qualquer interessado.
ção, (o famoso “cite-se”), ressalta-se que os efeitos da interrupção
do prazo prescricional irão retroagir até a data da propositura da Obrigações com Pluralidade de sujeitos
ação. Isso, caso a parte viesse a praticar os atos processuais que lhe Em relação às obrigações com pluralidade de sujeitos, aduz-se
fossem determinados, obedecendo os prazos determinados por lei que tanto no polo passivo e ativo, bem como na condição de sujeito
para proporcionar a citação. principal ou de obrigado em relação acessória, determina o art. 204
do CC/2002:
Destaca-se com importância, que a causa da interrupção da Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não apro-
prescrição é a citação. Porém, se do despacho que a determina até veita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o
a sua consumação, não se detectar qualquer ato imputável à parte, codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
como o despacho inicial, por exemplo, tal ato do juiz, poderá vir a § 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita
se confundir com a citação. aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor
Assim, infere-se que a regra processual se encontra coadunável solidário envolve os demais e seus herdeiros.
com a legislação de direito material, fato que ocorre por se tratar de § 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do deve-
um dado objetivo para a contagem do lapso da prescrição. dor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão
Todavia, havendo a interrupção, ressalta-se que a prescrição quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
voltará a contar novamente. No entanto, diante do pressuposto de § 3º A interrupção produzida contra o principal devedor preju-
que “o fundamento da prescrição é a inércia da parte, e não do dica o fiador.
Poder Judiciário”, infere-se que a partir do trânsito em julgado da
sentença condenatória, haverá o início de novo prazo para a pre- Em alusão ao dispositivo acima citado, ressalta-se que pode-
tensão executória, bem como para o cumprimento da prestação mos dividir sua interpretação em duas escalas, conforme demons-
jurisdicional que foi fixada. trado no quadro abaixo:
Entretanto, caso seja ajuizado no prazo correto, não haverá a
interrupção da prescrição, mas, sim, a respeito da sua não consu-
PLURALIDADE
mação, quando a parte pratica os atos que lhes são cabíveis por lei. A interrupção da prescrição feita por um
DE
Sobre o tema em estudo, façamos a análise de alguns outros deles não poderá favorecer os demais.
importantes pontos que merecem destaque: CREDORES
• De acordo com o inciso II do artigo 202 do CPC/2002, o pro- A interrupção da prescrição operada
testo, nas mesmas condições do inciso antecedente, por ser matéria contra um dos codevedores, ou seu
de medida cautelar de protesto, prevista nos artigos 726 a 729 do PLURALIDADE DE herdeiro, não poderá prejudicar os
Código de Processo Civil de 2015, poderá o credor, vencendo a sua DEVEDORES demais coobrigados, para os quais
inércia, se utilizar da medida judicial acima mencionada para men- continuará fluindo, normalmente, o lapso
cionar a respeito do seu interesse no cumprimento da obrigação prescricional.
ao devedor, atitude que irá prontamente interromper a prescrição;
• A medida judicial só poderá interromper o curso do prazo No entanto, caso haja solidariedade ativa, por existir um víncu-
prescricional se o interessado promovê-la no prazo e na forma da lo interno ligando os credores entre si, a interrupção promovida por
lei processual;
um deles aproveita a todos.
• Sobre a interrupção da prescrição por protesto cambial, de
Da mesma forma, caso haja solidariedade passiva, a interrup-
acordo com o inciso III do Código Civil de 2002, tal protesto cambial
ção que foi executada em desfavor do devedor solidário envolve os
é considerado como causa interruptiva, vindo a revogar de forma
demais e também os seus herdeiros.
notória o entendimento anterior já assegurado pelo Supremo Tribu-
É importante registrar que caso a interrupção seja promovida
nal Federal na Súmula 153 que afirma o seguinte: “Simples protesto
de forma direta contra um dos herdeiros do devedor solidário, os
cambiário não interrompe a prescrição”;
• Sobre o contido no inciso IV do artigo 202 do CC/2002, sobre seus efeitos não terão o condão de prejudicar os outros herdeiros
a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em ou devedores, salvo quando se tratar de obrigações e direitos indi-
concurso de credores, ressalta-se que o credor que habilitar o seu visíveis.
crédito no inventário ou no concurso de credores aberto contra o Por último, infere-se que quando a interrupção for produzida
devedor, ensejará a interrupção do curso do prazo prescricional que contra o principal devedor alcançará pela relação de acessoriedade,
corria contra si; ao fiador.
• As interpelações, as notificações e as medidas cautelares em
geral, podem interromper o curso do prazo prescricional; — Do Direito Intertemporal
• De acordo com o inciso VI do artigo 202 do CC/2002, qual- De antemão, convém mencionar a respeito dos prazos pres-
quer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhe- cricionais na seara de Direito Intertemporal, que se trata de um
cimento do direito pelo devedor poderá causar a interrupção da instituto que ocorre quando existe conflito de normas jurídicas no
prescrição; tempo que acabam por fixar prazos distintos.
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Nesse âmbito, determina o artigo 6º da LINDB: Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por
Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados acordo das partes.
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de
jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Desta maneira, existem dois princípios fundamentais que tra- Art. 194. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006)
tam do tema. São eles: Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm
a) A imediatidade dos efeitos da lei; ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem
b) A irretroatividade da nova regra legal. causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a
Além disso, com a entrada de nova legislação em vigor, pode- correr contra o seu sucessor.
rão ocorrer três diferentes situações jurídicas, sendo elas:
a) Situações pretéritas: São as iniciadas e terminadas antes da SEÇÃO II
vigência da nova lei; DAS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO
b) Situações pendentes: São as iniciadas antes da vigência da
lei; Art. 197. Não corre a prescrição:
c) Situações futuras: São as iniciadas após a vigência da lei I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
nova e que ainda não foram concluídas. II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,
Referente às situações pretéritas, trata de uma situação jurí- durante a tutela ou curatela.
dica que já se encontra consolidada e mesmo em sede de prazos Art. 198. Também não corre a prescrição:
prescricionais, não existe maiores discussões a respeito do assunto. I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
Já nos casos das situações futuras stricto sensu, deverá ser apli- II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos
cada a nova regra prescricional. Estados ou dos Municípios;
Porém, em relação às situações jurídicas pendentes, por meio III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em
tempo de guerra.
das quais são inseridas as situações futuras ainda não concluídas
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
quando da edição da nova norma, a situação é um pouco mais com-
I - pendendo condição suspensiva;
plicada.
II - não estando vencido o prazo;
Desta forma, caso uma nova lei não venha a estabelecer regras
III - pendendo ação de evicção.
de transição, o jurista Wilson de Souza Campos Batalha, com base
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apu-
no direito alemão, ensina o seguinte:
rado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva
a) Caso a nova lei venha a aumentar o prazo de prescrição ou
sentença definitiva.
de decadência, deverá ser aplicado o novo prazo, computando-se o Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores
tempo decorrido na vigência da lei antiga; solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
b) Mas, se a lei nova reduzir o prazo de prescrição ou decadên-
cia, é necessário que se saiba diferenciar alguns pontos, pois, se SEÇÃO III
o prazo maior da lei antiga acabar antes de findar o prazo menor DAS CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO
determinado pela lei nova, adota-se o prazo da lei anterior; porém,
caso o prazo menor da lei nova venha a se consumar antes de ter- Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá
minado o prazo maior previsto pela lei anterior, aplica-se o prazo da ocorrer uma vez, dar-se-á:
lei nova, contando-se o prazo a partir da vigência desta. I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a
citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
TÍTULO IV processual;
DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
CAPÍTULO I IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventá-
DA PRESCRIÇÃO rio ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
SEÇÃO I VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que
DISPOSIÇÕES GERAIS importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo
qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. para a interromper.
205 e 206. Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer in-
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pre- teressado.
tensão. Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não apro-
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, veita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o
e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a pres- co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
crição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos § 1 o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos
do interessado, incompatíveis com a prescrição. outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidá-
rio envolve os demais e seus herdeiros.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2 o  A interrupção operada contra um dos herdeiros do deve- IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do ter-
dor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão ceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obri-
quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. gatório.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal devedor preju- § 4 o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da
dica o fiador. data da aprovação das contas.
§ 5 o Em cinco anos:
SEÇÃO IV I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
DOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procurado-
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe res judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado
haja fixado prazo menor. o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos con-
Art. 206. Prescreve: tratos ou mandato;
§ 1 o Em um ano: III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que des-
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres des- pendeu em juízo.
tinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento
da hospedagem ou dos alimentos; CAPÍTULO II
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste con- DA DECADÊNCIA
tra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade ci- Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à
vil, da data em que é citado para responder à ação de indenização decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem
proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, a prescrição.
com a anuência do segurador; Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198,
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da inciso I.
pretensão; Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventu- Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando
ários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, estabelecida por lei.
custas e honorários; Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz
entraram para a formação do capital de sociedade anônima, conta- não pode suprir a alegação.
do da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou TÍTULO V
acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de DA PROVA
encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2 o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimenta- Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato
res, a partir da data em que se vencerem. jurídico pode ser provado mediante:
§ 3 o Em três anos: I - confissão;
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rús- II - documento;
ticos; III - testemunha;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas IV - presunção;
temporárias ou vitalícias; V - perícia.
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer pres- Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não
tações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
com capitalização ou sem ela; Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, so-
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; mente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representa-
V - a pretensão de reparação civil; do.
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos rece- Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se
bidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a decorreu de erro de fato ou de coação.
distribuição; Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.
violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: § 1 o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da pública deve conter:
sociedade anônima; I - data e local de sua realização;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos só- II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de
cios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes,
praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar intervenientes ou testemunhas;
conhecimento; III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral pos- residência das partes e demais comparecentes, com a indicação,
terior à violação; quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do ou-
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, tro cônjuge e filiação;
a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - manifestação clara da vontade das partes e dos interve- Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades pro-
nientes; vam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando,
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados
inerentes à legitimidade do ato; por outros subsídios.
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é
comparecentes, ou de que todos a leram; bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela
como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato. comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
§ 2 o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, Art. 227. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico,
§ 3 o A escritura será redigida na língua nacional. a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complemen-
§ 4 o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacio- tar da prova por escrito.
nal e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:
comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o ha- I - os menores de dezesseis anos;
vendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, II - ( Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vi-
tenha idoneidade e conhecimento bastantes. gência)
§ 5 o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, III - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vi-
nem puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo gência)
menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade. IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital
Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões das partes;
textuais de qualquer peça judicial, do protocolo das audiências, ou V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colate-
de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, rais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consangüinida-
ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas, assim como os traslados de, ou afinidade.
de autos, quando por outro escrivão consertados. § 1  o  Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz
Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certi- admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo. (Re-
dões, extraídos por tabelião ou oficial de registro, de instrumentos dação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
ou documentos lançados em suas notas. § 2 o A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualda-
Art. 218. Os traslados e as certidões considerar-se-ão instru- de de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados to-
mentos públicos, se os originais se houverem produzido em juízo dos os recursos de tecnologia assistiva. (Incluído pela Lei nº 13.146,
como prova de algum ato. de 2015) (Vigência)
Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados Art. 229. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
presumem-se verdadeiras em relação aos signatários. Art. 230. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as dis- Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico
posições principais ou com a legitimidade das partes, as declara- necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.
ções enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá
do ônus de prová-las. suprir a prova que se pretendia obter com o exame.
Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à
validade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e cons- Estabelecimento empresarial: é um conjunto de bens corpóre-
tará, sempre que se possa, do próprio instrumento. os e incorpóreos organizado pelo empresário para a exploração de
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somen- sua empresa. Desta forma é uma universalidade de fato indispen-
te assinado por quem esteja na livre disposição e administração de sável para a exploração da atividade pelo empresário. Por exemplo:
seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; terreno, prédio, máquinas, mercadorias, marca, nome empresarial,
mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a res- ponto comercial etc.
peito de terceiros, antes de registrado no registro público. Atualmente, é utilizada a expressão “estabelecimento empre-
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir- sarial”. Mas há autores que usam, ainda, a expressão “estabeleci-
-se pelas outras de caráter legal. mento comercial”, o que em nada compromete o instituto.
Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticida-
de, faz prova mediante conferência com o original assinado. Trespasse: é o contrato de alienação do estabelecimento em-
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por ta- presarial.
belião de notas, valerá como prova de declaração da vontade, mas,
O adquirente do estabelecimento empresarial é o responsável
impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original.
pelas dívidas que conhece, se tornando solidariamente responsá-
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de cré-
vel. Em relação às dividas tributárias e trabalhistas não é preciso ter
dito, ou do original, nos casos em que a lei ou as circunstâncias con-
conhecimento das mesmas.
dicionarem o exercício do direito à sua exibição.
Por isso, o adquirente do estabelecimento empresarial respon-
Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão
de por todas as dívidas relacionadas ao negócio explorado, desde
traduzidos para o português para ter efeitos legais no País.
Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os que estejam devidamente contabilizadas. Ele continuará responsá-
registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções vel solidariamente pelo prazo de até 1 ano, a contar em relação às
mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena dívidas já vencidas da publicação do trespasse; e em relação às de-
destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar mais (dívidas vincendas) da data de seus respectivos vencimentos.
a exatidão.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O contrato de Trespasse deverá ser averbado na junta comer- O empresário individual e o representante legal da sociedade
cial, devendo ser publicado na imprensa oficial. Via de regra, o em- empresária que adotaram firma deverão assinar todos os instru-
presário é livre para alienar o seu estabelecimento empresarial, mentos de relações jurídicas, não com seu nome civil, mas com o
mas se não lhe restarem outros bens que garantam a satisfação empresarial.
de todos os seus credores, a eficácia da alienação dependerá do
prévio pagamento dos mesmos ou então da anuência de todos os b) DENOMINAÇÃO
seus credores no prazo de até 30 dias a contar de suas respectivas A denominação pode ser composta pelo elemento fantasia ou
notificações. pelo nome civil de um, alguns ou de todos os sócios.
Em havendo a manifestação contrária à alienação de apenas
um dos credores, fica vedada a venda. Caso não seja respeitada, O Código exige que o empresário e a sociedade empresarial si-
a alienação se torna irregular e por consequência é ineficaz, não gam um sistema de contabilidade, com base na escrituração de seus
produzindo efeitos para os credores. livros, além de anualmente promover o balanço, salvo no caso do
pequeno empresário. O Diário, contudo, é livro necessário a todos
Concorrência: em havendo a alienação, o alienante não poderá os empresários, inclusive os pequenos, Nele serão lançadas, com
fazer concorrência nos 5 anos subsequentes à transferência, pois individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia
caso contrário é considerada concorrência, ou seja, atuar no mes- a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas
mo mercado. ao exercício da empresa estende-se ao pequeno empresário. A con-
A alienação do estabelecimento empresarial precisa seguir al- tabilidade deverá ser confiada a contabilista legalmente habilitado.
guns requisitos, como vimos acima: Importante consideração é a trazida no artigo 1.190, que prevê que
a) por ter valor econômico, é uma das garantias dos credores “nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, po-
do empresário, portanto deverá haver a concordância destes, na derá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a
alienação do estabelecimento, caso contrário, poderá ter sua falên- sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as
cia decretada; formalidades prescritas em lei.”
b) o contrato de alienação deve ser averbado na Junta Comer-
cial para poder surtir efeitos perante terceiros; Toda empresa é feita por pessoas e para pessoas, direta ou in-
c) o adquirente do estabelecimento (comprador) responde diretamente.
pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que Assim, o capital humano é um recurso aplicado ao dia a dia do
regularmente contabilizados, continuando o alienante (vendedor) negócio, de forma a realizar a sua atividade econômica.
solidariamente obrigado pelo prazo de 01 ano (a cláusula de não- Administradores, gerentes, funcionários, entre outros, são
-transferência do passivo, não libera o adquirente), garantindo-se aqueles que fazem a empresa acontecer, trabalhando para con-
ao adquirente o direito de regresso (direito de cobrar) contra o alie- cretizar seu objetivo. Ou seja, seus atos são exercidos em nome da
nante pelas dívidas pagas; empresa.
d) o adquirente será, também, sucessor do alienante nos débi- O artigo busca mostrar o que é, quem são os prepostos e quais
tos tributários e trabalhistas; suas responsabilidades ao carregar a empresa em suas atividades
e) se não houver autorização expressa, o alienante não poderá específicas.
estabelecer-se novamente no mesmo ramo de atividade, pelo prazo
de 05 (cinco) anos, fazendo concorrência a este. 1. Preposto
O próprio nome já é bem esclarecedor, uma vez que é aquele
O título do estabelecimento empresarial não se confunde com que foi “pre” “posto” naquela situação, foi escolhido anteriormente
o nome empresarial. O título do estabelecimento é o elemento de para a atividade.
identificação, já o nome empresarial é o elemento de identificação A palavra vem do latim praepositus, de praeponere, que é
do empresário. Não há obrigatoriedade de utilização do mesmo aquele posto adiante ou à frente.
nome. Preposto é a pessoa devidamente nomeada para representar a
Já o nome empresarial é o elemento de identificação do em- empresa em seus atos. Pode ter vínculo empregatício ou não com
presário, tanto pessoa física (empresário individual) como pessoa a empresa, e pode ser um colaborador permanente ou temporário.
jurídica (sociedade empresária). De bom alvitre ressaltar que o preponente é aquele que cons-
Para o registro do empresário na Junta Comercial, é necessária titui o preposto como tal.
a adoção de um nome empresarial. Seu regramento legal está nos artigos 1.169 a 1.178 do Código
Civil – CC.
Existem duas espécies de nome empresarial:
a) FIRMA Há algumas disposições que o preposto deve seguir no que diz
Tem como base o nome civil. respeito à sua relação com a empresa e o preponente:
O empresário individual só poderá adotar firma, que deverá O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substi-
conter seu nome completo ou não, sendo opcional o acompanha- tuir no desempenho da preposição, sob pena de responder pesso-
mento de seu ramo de atividade. almente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contra-
Algumas sociedades empresariais também adotam firma ou ra- ídas (art. 1.169 do CC);
zão social, podendo ser o nome civil de todos os sócios, ou então de Ou seja: o preposto não pode delegar suas atividades para ter-
um ou alguns sócios. Não precisa ter o ramo de atividade. ceiro. Se o fizer, responde por tudo aquilo que o terceiro fez indevi-
damente. O preposto só pode delegar sua atividade para terceiro se
tiver prévia autorização por escrito para fazer isso.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por 3. Contabilista


conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamen- O contador (graduado em contabilidade) e o técnico de conta-
te, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob bilidade (formação técnica) ou, simplesmente, contabilistas, como
pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo pre- denomina o Código Civil, é o profissional inscrito no Conselho Re-
ponente os lucros da operação (art. 1.170 do CC); gional de Contabilidade.
Ou seja: a atuação do preposto é exclusiva, não podendo fazer Por exercer representatividade da empresa, também é consi-
negócios por conta própria. Caso o faça, pode responder por perdas derado seu preposto. Como tal, possui as seguintes regulamenta-
e danos causados e terá que dar o lucro do negócio ao preponente. ções legais:
Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao Os assentos lançados nos livros ou fichas do empresário ou so-
preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protes- ciedade preponente, por qualquer dos prepostos contabilistas en-
to, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação (art. 1.171 carregados de sua escrituração, produzem os mesmos efeitos como
do CC). se o fossem realizados pelo preponente. No que também se enqua-
Ou seja: se ao preposto for entregue papel, bem ou valor sem dram erros e falhas do contabilista. A exceção existe se o contabi-
que esse tenha recusado seu recebimento, ele se torna responsável lista houver agido com má-fé, ou seja, com o intuito de prejudicar
por aquilo que lhe foi entregue. Exceto se a lei prever casos que (art. 1.177 do CC)
conceda ao preposto algum prazo para reclamar sobre aquela en- No exercício de suas funções como contabilistas, os prepos-
trega. tos são responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos
(sem intenção de prejudicar). E em relação aos atos dolosos (com
2. Gerente intenção de prejudicar), é responsável conjuntamente (de forma
Gerente não se confunde com sócio administrador, esse último solidária) ao preponente perante terceiros. Em ambos os casos,
é o que deve ser nomeado no contrato ou estatuto social para exer- quando o preponente arcar com o prejuízo, este poderá cobrar do
cer a administração da sociedade. contabilista a reparação dos danos que sofreu (art. 1.177, parágrafo
Abaixo desse pode haver o gerente ao qual incumbe a gestão único do CC).
do dia a dia da empresa. Por isso, é fundamental que o empresário tenha um profissio-
São características: nal de contabilidade de sua maior confiança, além de ser necessário
Gerente é o preposto permanente (ou seja, sem eventualidade, ter uma noção da matéria para acompanhar o trabalho do contabi-
ele está no seu cargo diariamente) no exercício da empresa, na sede lista.
desta, ou em sucursal, filial ou agência (art. 1.172 do CC);
4. Outros casos
O gerente está autorizado a praticar todos os atos necessários
- Terceirizado
ao exercício dos poderes que lhe delegaram, exceto se houver dis-
O terceirizado que age em nome da empresa também é consi-
posição legal exigindo que o gerente tenha poderes especiais (situa-
derado preposto para os fins de direito, ainda que, nesse caso, não
ção que a lei especifique como necessário que sejam dados poderes
exista vínculo empregatício.
específicos e de forma expressa) para atuar (art. 1.173 do CC);
A terceirização permite que uma empresa transfira para outra
Se a empresa tiver mais de um gerente, estes são solidários
uma atividade que seria sua, alocando os terceirizados para atuar
nos poderes conferidos. O que quer dizer que podem exercer as
pela empresa terceirizadora.
mesmas atividades e conjunto ou separadamente. A não ser que Com a Lei nº 13.429/2017 (tendo alterado a Lei nº 6.019/1974,
haja estipulação de poderes para cada um dos gerentes (art. 1.173, que dispõe sobre trabalho temporário nas empresa urbanas e dá
parágrafo único do CC); outras providências), se permite também terceirizar as atividades
Sendo os poderes do gerente limitados, só se pode conside- fins da empresa, não apenas as atividades meio (como era permiti-
rar válidas as limitações, perante terceiros que tratarem com ele, do anteriormente), tanto no setor público como privado.
quando for arquivado e averbado o instrumento de sua nomeação
no registro da empresa na Junta Comercial, se for o caso. Se, depen- - Representante comercial
dendo do que acontecer, ficar comprovado que o terceiro sabia da Sendo um tipo de contrato de agência e distribuição, a repre-
limitação do gerente, não precisaria do arquivamento e averbação sentação comercial também se apresenta de forma a constituir
(art. 1.174 do CC); prepostos da empresa, vez que o representante atua em nome da-
Para a mesma finalidade e com idêntica ressalva do item ante- quela.
rior, deve a modificação ou revogação do mandato que conceda a A representação comercial é regida pela Lei nº 4.866/1965.
gerência ser arquivada e averbada na Junta Comercial (art. 1.174,
parágrafo único do CC); Responsabilidade
O gerente, nos atos que praticar dentro do limite de seus pode- Como se vê, a empresa é plenamente responsável pelos atos
res, nos que pratique em nome do preponente e nos atos que pra- praticados por seus prepostos desde que em seu nome, ou seja,
ticar em seu próprio nome, mas à conta do preponente, responde exercendo sua função dentro da atividade empresarial.
em conjunto com o preponente (art. 1.175 do CC); Tal responsabilidade está caracterizada da seguinte forma:
O gerente pode comparecer à Justiça em nome do preponente, Os preponentes são responsáveis pelos atos de qualquer pre-
pelas obrigações resultantes do exercício da sua função como pre- posto, desde que praticado nos seus estabelecimentos e relativos à
posto (art. 1.176 do CC). atividade da empresa, mesmo que não autorizados por escrito (art.
1.178 do CC);

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quando os atos de seus prepostos forem praticados fora do Espécies de Posse


estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos a) Posse Plena Direta: A posse plena é quando alguém se
poderes conferidos por escrito em instrumento específico, que não encontra com ela de forma completa, porém, é direta quando o
pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor (art. indivíduo detém materialmente a coisa, mas, não é o seu dono;
1.178, parágrafo único do CC). b) Posse Plena Indireta: Nesse caso, o possuidor indireto que
Ademais, o artigo 932, III do Código Civil responsabiliza o em- cede o uso do bem ao possuidor direto detém a posse, mas não se
pregador pela reparação que tenha causado seu preposto: encontra materialmente em posse da coisa. Assim sendo, apenas
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: o possuidor pleno pode desmembrar a posse. 
(...)
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, servi- Vejamos em síntese, outras importantes espécies de posse:
çais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em – De acordo com o artigo 1.197 do CC/2.002: A posse direta,
razão dele; de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem
O empregador, inclusive, deverá reparar o dano ainda que não aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua pos-
haja culpa de sua parte (art. 933 do CC). se contra o indireto”.
Isso se dá por não ter a empresa/empregador escolhido bem – A posse justa pode ser caracterizada quando possui os vícios
seu preposto (culpa in eligendo), por não ter instruído bem seu pre- da posse, que são: a posse violenta que é adquirida pela força fí-
posto (culpa in instruendo), por não vigiar os atos de seu preposto sica ou violência moral; posse clandestina, que se estabelece em
(culpa in vigilando) e/ou até mesmo porque a empresa/emprega- segredo daquele que tem interesse; e a posse precária que advém
dor lucra com os atos de seu preposto, então, teria que arcar tam- do abuso de confiança por parte de quem devia restituí-la;
bém com os prejuízos por ele causado. (Por Rafael Loreto) – A posse injusta diz respeito àquela que se encontra revesti-
da por algum dos vícios mencionados acima;
Podemos conceituar o direito das coisas como um conjunto – Afirma o artigo 1.200 do CC/2002, que justa é a posse que
de normas que regem as relações jurídicas das pessoas, com o não for violenta, clandestina ou precária;
objetivo de regulamentar as relações existentes entre os homens – A posse de boa-fé pode ser caracterizada como aquela em
e as coisas, estabelecendo normas para aquisição, exercício, con- que o possuidor se encontra certo de que a coisa realmente lhe
servação e perda de poder dos homens sobre as coisas, sendo que pertence;
tais coisas, deverão ser corpóreas e incorpóreas, bem como pos- – Nos ditames do artigo 1.201 do CC/2.002: “É de boa-fé a
suir valor econômico. posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa”;
— Posse – Na posse de má-fé, o possuidor tem ciência da ilegitimidade
A posse é um fato juridicamente protegido, mas, não é um di- de seu direito de posse;
reito. Em relação ao possuidor, o artigo 1.196 do CC/2.002, assim – É considerada como posse nova, quando ela tiver como
o conceitua: tempo de duração de até um ano e dia;
Art. 1.196.  Considera-se possuidor  todo aquele que tem de – É considerada como posse velha, quando ela tiver com mais
fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à de ano e dia;
propriedade. – A posse é originária, a partir do momento em que o pos-
A propriedade é constituída por três elementos. São eles: suidor adquire por meio de ato unilateral, sem que ninguém lhe
a) O uso: Retira o labor da coisa, porém, não alterar a sua transmita a posse por usucapião, podendo ela ser de boa, ou de
substância; má-fé;
b) O gozo: É o elemento que faz a coisa produzir frutos, jus – Denomina-se posse derivada, aquela adquirida havida por
fruiendi; uma transmissão da posse, sendo que advindos do contrato, exis-
c) O Dispor: Consiste em dar a coisa o que o proprietário de- te a figura do transmitente e do adquirente;
seja ter. – De acordo com o artigo 1.198 do CC/2.002, “Considera-se
detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para
Desta forma, depreende-se que os elementos da posse são com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de
usar e gozar. Exemplo: Em situações de locação de carro, o locador ordens ou instruções suas”;
está usando o veículo, ao passo que o locatário está gozando do – Nos ditames do artigo 1.199 do CC/2.002, “Se duas ou mais
fruto da locação que é o de utilizar o veículo. pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre
ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
São teorias da Posse: compossuidores;
a) Da teoria objetiva de Ihering: Trata-se da que mais se asse- – Através da composse, a posse admite vários possuidores do
melha com o Código Civil Brasileiro em vigor. É a posse a exteriori- bem, por ocorrer a composse quando uma coisa se encontra na
zação, ou, a visibilidade do domínio; posse simultânea por mais de uma pessoa;
b) Da teoria Subjetiva de Savigny: A existência da posse de-
pende de ter o corpo da coisa e a intenção de ser o dono dela. A Obs. importantes:
posse tem como elementos: • Jus Possessioni é o direito de posse;
• Jus Possidendi é o direito de possuir;
CORPUS + ANIMUS DOMINI, FIGURA MATERIAL DA COISA • Quando a posse direta for transferida com animus tempo-
+ A FIGURA EVOLUTIVA DE CUIDAR DA COISA, ELEMENTO DA rário não eliminará necessariamente a posse indireta, sendo que
VONTADE. isso só acontecerá se for transferida com animus definitivo.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Efeitos da Posse c) Efeito do direito às benfeitorias: Sobre as benfeitorias, a


Os efeitos da posse se encontram contidos nos artigos 1.210 legislação pátria contempla três tipos, sendo elas:
a 1.222 do CC/2.002. Tratam-se das consequências jurídicas que • Necessárias: A coisa é imprescritível. Aqui, o objetivo é im-
poderão ser lançadas em desfavor do possuidor. Emitem vários pedir que a coisa venha a se deteriorar, ou perecer;
efeitos, sendo eles: a percepção dos frutos, as responsabilidades • Úteis: Tornam mais viável o serviço da coisa, tornando a coi-
pela deterioração, usucapião, dentre outros. sa mais produtiva;
Vejamos em apartado, os efeitos da posse: • Voluptuárias: Com o seu implemento, a coisa se torna mais
a) Efeito dos meios de defesa de posse: Um dos efeitos é a confortável. Trata-se de uma benfeitoria supérflua
proteção possessória. Sobre o assunto, dispõe o artigo 1.210 do
CC/2.002: Modalidades da Perda da Posse
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em As modalidades de perda da posse se encontram inseridas no
caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violên- Código Civil de 2.002 nos seus artigos 1.223 a 1.224. Podem ser
cia iminente, se tiver justo receio de ser molestado. classificadas da seguinte forma:
a) Pela tradição: Se refere à entrega da coisa, tendo em vista
Vejamos: que só adquire a coisa móvel por ato entre vivos e pela tradição,
• Da turbação: Trata-se de mecanismo que impede o livre nos termos do artigo 1.226 do CC/2.002. Entretanto, nem toda tra-
exercício da posse. O indivíduo continua com a posse, porém, de dição é propriedade;
forma não pacífica, podendo se valer da ação de manutenção da b) Pelo perecimento: Na qual o direito irá perecer quando pe-
posse; recer o objeto;  
• Do esbulho: Se refere à perda da posse, podendo valer-se c) Pelo abandono: Se refere àquela que afasta o bem de si
da ação de reintegração de posse; sem nenhuma formalidade, podendo se dar forma expressa ou
tácita;
Nesse sentido, aduz-se que nos termos do disposto no artigo d) Com Instituto possessório: Trata-se de cláusula ficta.
1.211 do CC/2.002, quando mais de uma pessoa se disser possui-
dora, será mantida na posse do bem de forma provisória, aquela Obs. importantes:
que tiver a coisa, isso, caso não estiver manifesto que a obteve de A posse poderá ser perdida quando houver a cessação, mes-
alguma das outras por modo vicioso. mo que contra a vontade do possuidor, do poder sobre o bem, ao
É importante mencionar o contido no bojo do artigo 1.212 do qual se refere o art. 1.196 do CC/2.002.
CC/2.002: Nos termos do artigo 1.224 do CC/2.002: “Só se considera per-
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a dida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo
de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-
sabendo que o era. -la, é violentamente repelido”.

Ante a análise do referido dispositivo, possui legitimidade o — Dos Direitos Reais


possuidor que ao pleitear contra terceiro, recebeu a coisa esbu- Os direitos reais encontram-se inseridos no código Civil de
lhada por danos sofridos por reintegração de posse, além daquele 2.002 em seus artigos 1.225 ao 1.227.
que foi responsável pelo esbulho. De acordo com o doutrinador Goffredo Telles Júnior, são consi-
derados direitos reais, aqueles direitos subjetivos de ter, como seus,
b) Efeito do direito aos frutos: Trata-se do segundo efeito da objetos materiais, bem como as coisas corpóreas ou incorpóreas.
posse. Nesse sentido, fruto é todo e qualquer rendimento que sur- Nos ditames do Código Civil de 2.002, são direitos reais:
ge por força da natureza, pela atividade da pessoa sobre a coisa, 1.225. São direitos reais:
bem como pela utilização da coisa pela pessoa. I - a propriedade;
São espécies de frutos: II - a superfície;
• Frutos naturais: São os decorrentes pela força da natureza; III - as servidões;
• Frutos industriais: São os fabricados além da atividade da IV - o usufruto;
pessoa sobre a coisa; V - o uso;
• Frutos civis: São os juros, os aluguéis, os contratos, dentre VI - a habitação;
outros de natureza similar; VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
• Frutos Pendentes: Se referem àqueles que não foram des- VIII - o penhor;
tacados da sua origem. Exemplo: A colheita que ainda não foi co- IX - a hipoteca;
lhida; X - a anticrese.
• Frutos Percebidos: Se tratam dos frutos que foram desta- XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
cados da sua origem. Exemplo: A colheita depois que foi colhida; XII - a concessão de direito real de uso.
• Frutos percebidos: O possuidor de boa-fé tem direito, en-
quanto ela durar, aos frutos percebidos; O artigo 1.226 do CC/2.002 dispõe sobre as condições para a
aquisição da tradição. Vejamos:
• Frutos pendentes: Os frutos pendentes ao tempo em que
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituí-
cessar a boa-fé  devem ser restituídos, após a dedução das des-
dos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
pesas da produção e custeio; devem ser também  restituídos os
frutos colhidos de forma antecipada;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em relação aos direitos reais sobre imóveis constituídos, ou – De acordo com o artigo 1.231 do CC/2.002, “Os frutos e mais
transmitidos por atos entre vivos, aduz o artigo 1,227 do CC/2.002: produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu pro-
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis ó se adquirem com prietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a ou-
o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos trem”.
(arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Da Aquisição da Propriedade
Obs. importante: O Negócio Jurídico não é suficiente para
transferir a propriedade, sendo também necessária a tradição sole- Da Usucapião
ne, com o Registro no Cartório de Registro de Imóveis. Cuida-se a usucapião de modalidade de aquisição de proprie-
dade móvel e imóvel, que ocorre através de posse mansa, pacífica,
— Propriedade sem contestação e sem interrupção durante determinado tempo.
Trata-se a propriedade de um direito real por excelência, haja De acordo com o Código Civil de 2.002, são espécies de usu-
vista ser ela um direito subjetivo que a pessoa possui e que pode capião:
usar, gozar e dispor do seu bem, possuindo ainda, o direito de rea- Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
vê-la de quem tiver injustamente detendo ou possuindo aquele oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
bem que lhe pertence. É o que dispõe o artigo 1.228 do CC/2.002: independentemente de título e boa-fé; podendo  requerer ao juiz
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dis- que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
por da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que registro no Cartório de Registro de Imóveis.
injustamente a possua ou detenha.
De acordo com a legislação vigente, o referido dispositivo tra-
Nesse diapasão, são características da propriedade: ta-se da usucapião extraordinária e dispensa o título e a boa-fé, du-
a) Absoluta: Por meio da qual, o proprietário pode usar e dis- rante o período de 15 anos.
por do seu bem da forma que desejar, exceto com as restrições im- Entretanto, aduz o parágrafo único do artigo 1.238 em estudo:
postas por lei ou interesse coletivo; Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á
b) Perpétua: Trata-se de um direito irrevogável. Por meio dela a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua mo-
o direito de propriedade não deixa de existir porque o seu titular radia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter pro-
lança mão do seu direito. Porém, tal direito poderá ser revogado dutivo.
pela usucapião mediante o desuso e o uso por parte de terceiro;
c) Direito Exclusivo: Depreende que não há como uma coisa Usucapião Especiais
pertencer simultaneamente a mais de uma pessoa.
a) Rural/pró-labore:
São funções da propriedade: Sobre o assunto, aduz o artigo 1.239 do CC/2.002:
a) Pessoal: Por meio desta função, a propriedade favorece o Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel ru-
indivíduo para que ele possa alcançar o seu desenvolvimento de ral ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem
forma completa; oposição,  área de terra em zona rural não superior a cinquenta
b) Social: Ao passo que na função pessoal a propriedade é so- hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
mente um direito, na função social, ela também é uma responsa- tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
bilidade.
b) Urbano/pro mísero:
Pontos importantes: Sobre o tema, dispõe o artigo 1.240 do CC/2.002 de forma cla-
– O proprietário poderá ser privado da coisa, na situações de ra:
desapropriação, desde que seja por  necessidade ou utilidade pú- Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
blica, ou, interesse social e também no caso de requisição, em se duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterrup-
tratando de caso de perigo público iminente; tamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
– Poderá ainda, o proprietário ser privado da coisa caso o imó- família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
vel reivindicado consista em extensa área, na posse ininterrupta e outro imóvel urbano ou rural.
de boa-fé,  por mais de cinco anos, com considerável número de § 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos
pessoas, e estas houverem realizado nela, tanto em conjunto, como ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
de forma apartada, obras e serviços que forem considerados pelo civil.
magistrado como sendo de interesse social e econômico relevante, § 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reco-
fixando-se justa indenização ao proprietário; nhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
– Art. 1.229. CC/2002: A propriedade do solo abrange a do es-
paço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade Assim temos:
úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a ativida-
des que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundi- USUCAPIÃO URBANO/PRO MÍSERO
dade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. – Possuir como sua área urbana de até 250m²;
– Nos ditames do artigo 1.231 do CC/2.002, a propriedade pre- – Por 5 anos ininterruptos e sem oposição;
sume-se plena e exclusiva, até prova em contrário; – Utilizando para sua moradia e de sua família

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em continuidade, dispõe o artigo 1.240 do CC/2.002: Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterrup- e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé,
tamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre adquirir-lhe-á a propriedade.
imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros qua-
drados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companhei- Já em se tratando de usucapião coletivo, temos o disposto no
ro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua artigo 10 da Lei nº. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade):
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja pro- Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta
prietário de outro imóvel urbano ou rural. metros quadrados, ocupadas  por população de baixa renda para
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mes- sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
mo possuidor mais de uma vez. onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada pos-
suidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde
Desta forma, temos: que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano
ou rural.
USUCAPIÃO HABITACIONAL/PRO MORADIA
– Criado pela lei minha casa minha vida; Do Condomínio Geral
– O prazo é de 2 anos sem interrupção e sem oposição; Condomínio é a propriedade em comum, onde diversos indi-
– Em imóvel urbano de até 250m²; víduos possuem a titularidade do direito. O condomínio pode ser
– Para aquele cuja propriedade dividia com ex-cônjuge/compa- classificado da seguinte forma:
nheira que abandonou o lar;
– Utilizando para sua moradia ou de sua família. Quanto a origem:
a) Voluntário: Advém da vontade dos condôminos, sendo que
a) Usucapião Especial: as partes convencionam através de contrato.
Art. 1.241 (CC/2.002) - Poderá o possuidor requerer ao juiz
seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imó- Quanto à forma:
vel. b) Pro-Diviso: É existente como direito, mas não existe de fato.
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo Exemplo: Situação em que mais de um indivíduo compra um bem,
constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de dividindo-o por uma cerca, porém ambos são donos da propriedade
Imóveis. inteira.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele
que,  contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o c) Pro-Indiviso: No qual não existe possibilidade de divisão.
possuir por dez anos.
Dos direitos e deveres dos condôminos
b) Usucapião Ordinária: Sobre o tema determina o artigo 1.314 do CC/2.002:
Nesse tipo de usucapião, o justo título é um documento hábil Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua
que pode transferir propriedade. Assim, temos: destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a
indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a
USUCAPIÃO ORDINÁRIA respectiva parte ideal, ou gravá-la.

REQUISITOS: Desta forma, depreende-se o seguinte:


– Posse; • Não poderá existir desvio de finalidade;
– Justo título; • Para efetuar a venda não é necessário consentimento, mas,
– Boa-fé; apenas após oferecer para os outros condôminos o direito de pre-
– Tempo de 10 anos. ferência, que se poderá vender o bem mesmo sem a concordância
dos outros;
No entanto, aduz o parágrafo único do referido dispositivo:
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste ar- Sobre os direitos e deveres dos condôminos, vejamos seus
tigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no principais pontos de destaque:
registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormen- – Na proporção de sua parte, o condômino é obrigado a con-
te, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua mo- correr para as despesas de conservação ou divisão da coisa, bem
radia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. como suportar os ônus a que ela se encontrar sujeita;
– O condômino poderá se eximir do pagamento das despesas e
Também são situações nas quais é cabível a usucapião ordiná- dívidas, renunciando à parte ideal;
ria, segundo o Código Civil de 2.002: – Caso os demais condôminos venham a assumir as despesas
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exi- e as dívidas, a renúncia lhes será aproveitada, adquirindo a parte
gido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que fize-
antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pací- rem;
ficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. – Não havendo condômino que faça os pagamentos, a coisa
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao deve- comum deverá ser dividida;
dor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a
prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– Segundo o artigo 1.317 do CC/2.002, “Quando a dívida hou- III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço
ver sido contraída por todos os condôminos, sem se discriminar a do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa
parte de cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade, en- dos quais se constituíram.
tende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu qui- Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivel-
nhão na coisa comum”; mente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das
–  As dívidas que forem adquiridas por um dos condômi- correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos
nos em proveito da comunhão, e durante ela, obrigam o contratan- dos terrenos marginais, sem indenização.
te; porém, este terá ação regressiva contra os demais condôminos; Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de
– De acordo com o artigo 1.319 do CC/2.002, “Cada condômino prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na pro-
responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano porção da testada de cada um sobre a antiga margem.
que lhe causou”; Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de
– É lícito a qualquer tempo que o condômino exija a divisão da terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste ad-
coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte quirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro
nas despesas da divisão; ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
– Os condôminos poderão de comum acordo, determinar que Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização,
fique indivisa a coisa comum por prazo não superior a cinco anos, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer
podendo haver prorrogação ulteriormente; a que se remova a parte acrescida.
– A indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador, não Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos pro-
poderá exceder de cinco anos;  prietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indeniza-
– Por meio de pedido de qualquer interessado e se graves ra- ção os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso,
zões o aconselharem, poderá o magistrado determinar a divisão da entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio
coisa comum antes do prazo acordado; do álveo.
– Determina o artigo 1.322 do CC/2.002 que: “Quando a coisa
for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, in- Sendo que o referido álveo abandonado, se refere a rio parti-
denizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferin- cular, sendo preciso que o rio tenha aberto novo curso por força da
do-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao es- natureza.
tranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um ter-
mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior. reno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se
prove o contrário.
Da Aquisição da Propriedade Imóvel Art. 1.254.  Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno
próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a pro-
Da Acessão priedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de
Trata-se a acessão do direito do proprietário de acrescer aos responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
seus bens tudo o que se incorpora, de forma natural ou artificial à
propriedade. É uma forma originária de aquisição da coisa perten- Sobre o dispositivo acima, destaca-se a situação hipotética
cente a outrem, pela razão de se considerar acessória da principal. segundo a qual, um proprietário de um terreno usa sementes ou
O Código Civil de2.002, aduz que: material de outra pessoa, e que agindo de boa-fé será considerado
Art. 1.248. A acessão pode dar-se: o dono do material alheio, mesmo que restituía os gastos dos ma-
I - por formação de ilhas; teriais. Porém, se agiu de má-fé, deverá pagar o valor integral das
II - por aluvião; sementes acrescido de indenização por perdas e danos.
Sobre a acessão, vejamos outros importantes pontos que me-
Que se constitui em acréscimo lento de terra, que passa a al- recem destaque:
terar a extensão de uma das margens, vindo a beneficiar a um e
– A pessoa que   semear, plantar ou edificar em terreno alheio,
consequentemente, prejudicar a outro, sendo que nesta situação,
irá perder, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e
não cabe indenização
construções, sendo que caso tenha agido de boa-fé, terá direito a
III - por avulsão;
indenização;
– De acordo com o artigo 1.258 do CC/2.002: “Se a constru-
Que acontece de forma violenta e repentina. Exemplo: Uma
ção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em pro-
tempestade de chuva.
porção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor
IV - por abandono de álveo;
V - por plantações ou construções de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que
particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, ob- represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da
servadas as regras seguintes: área remanescente”;
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acrésci-
mos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as Da Perda da Propriedade
margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o Sobre o assunto, tratam os artigos 1275 a 1276 do CC/2.002.
álveo em duas partes iguais; Vejamos:
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das mar- Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-
gens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros -se a propriedade:
desse mesmo lado; I - por alienação;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - pela renúncia; Aduz-se que o dispositivo em estudo, trata-se de instrumento


III - por abandono; específico de coisa imóvel, sendo que sua transferência só será re-
IV - por perecimento da coisa; conhecida após o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
V - por desapropriação. Vejamos o que predizem os artigos 1.246 e 1.247 do CC/2.002:
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da per- Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apre-
da da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título sentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
Desta maneira, com a solicitação do registro, o oficial do regis-
Desta forma, temos: tro ao aceitar, deverá protocolá-lo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, pode-
PERDA DA PROPRIEDADE rá o interessado reclamar que se retifique ou anule, independente-
– Por alienação: Por transferência, podendo ser onerosa ou mente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
gratuita;
– Pela renúncia: A parte abre mão de maneira formal e expres- Aqui, verifica-se que o proprietário do bem pode reivindicá-lo
sa, não pode ser tácita, podendo renunciar em termo judicial ou através do cancelamento do registro.
por escritura;
– Por abandono: Trata-se de forma tácita de perda de proprie- Propriedade Fiduciária
dade, na qual o proprietário abre mão do direito, sendo necessário Possui registro legal no Código Civil de 2.002 por meio dos ar-
que o objeto não esteja na posse de ninguém, assim, se afasta por 3 tigos 1361 ao 1368. Vejamos seus principais pontos de destaque:
anos, e a propriedade é declarada vaga, sendo que após, é incorpo- Art. 1.361.  Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel
rado ao município se for urbano e ao Estado caso seja rural; de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garan-
– Por perecimento da coisa: O objeto perece sem que haja des- tia, transfere ao credor.
truição física do bem. Desta forma, o dono da coisa perde a proprie- § 1o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do
dade e a posse; contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe
– Por meio de desapropriação: Por intermédio de indenização, serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do  domicílio
basea-se no princípio da supremacia do interesse público sobre o do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição compe-
interesse privado. tente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado
– Art. 1.275 (CC/2.002): “Além das causas consideradas neste de registro.
Código, perde-se a propriedade: § 2o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o des-
I - por alienação; dobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da
II - pela renúncia; coisa.
III - por abandono; § 3o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, tor-
IV - por perecimento da coisa; na eficaz,  desde o arquivamento, a  transferência da propriedade
V - por desapropriação”. fiduciária.

Vejamos outros pontos importantes: Ante análise do citado dispositivo, infere-se que realizado e
– Determina o artigo 1.276 do CC/2.002 que “O imóvel urbano registrado o contrato, constitui-se a propriedade fiduciária e o des-
que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conser- dobramento da posse, ficando o devedor com a posse direta e o
var em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, credor com a posse indireta, ato em que se torna titular da posse
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, da propriedade resolúvel, até que seja extinto até o domínio, mo-
à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas mento em que ocorre a transferência do bem e do direito real sobre
a coisa.
respectivas circunscrições”.
Além disso, vindo a adquirir o domínio superveniente, passará
– Na situação acima, aduz o parágrafo 1º do referido dispositi-
a ter o direito de tornar certa, desde o arquivamento, a transferên-
vo, que o imóvel situado na zona rural, que se encontre em abando-
cia da propriedade fiduciária.
no pelas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado como bem
Sobre o tema em estudo, vejamos outros de seus principais
vago, e passar, três anos depois, a se tornar propriedade da União,
pontos:
onde quer que ele se localize.
– Nos ditames do artigo 1.362 do CC/2, “O contrato, que serve
– O Estado não adquire bem imóvel por abandono, mas, so-
de título à propriedade fiduciária, conterá: I - o total da dívida, ou
mente a União, Distrito Federal e os municípios. sua estimativa; II - o prazo, ou a época do pagamento; III - a taxa de
juros, se houver; IV - a descrição da coisa objeto da transferência,
Da Aquisição por registro do título com os elementos indispensáveis à sua identificação;
O tema em estudo encontra respaldo nos artigos 1.245 a 1.247 – Antes que aconteça o vencimento da dívida, o devedor, por
do Código Civil de 2.002. Assim sendo, temos: sua conta e risco, poderá usar a coisa segundo sua destinação, sen-
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o do obrigado na condição de depositário a empregar na guarda da
registro do título translativo no Registro de Imóveis. coisa a diligência exigida por sua natureza, bem como a fazer a sua
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante entrega ao credor quando a dívida não for paga no vencimento;
continua a ser havido como dono do imóvel. – Não pagando a dívida, o fiduciário deverá restituir a coisa ao
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a fiduciário, e, descumprindo será depositário infiel, tornando-se su-
decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, jeito a ação de depósito;
o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– Se ocorrer o vencimento da dívida, e esta não seja paga, o De acordo com Gagliano, o direito real de superfície pode ser
credor ficará obrigado a vender, judicial ou extrajudicialmente, destacado pelas seguintes características:
a coisa a terceiros, bem como a aplicar o preço no pagamento de a) O direito real de superfície concede ao seu titular o direito
seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, caso de construir ou plantar em terreno alheio, sem descaracterizar ou
exista, ao devedor; prejudicar a substância da coisa principal;
– De acordo com o caput do artigo 1.365 do CC/2.002: “É nula b) É sempre pactuado em caráter temporário, diferentemente,
a autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em pois, da enfiteuse, que era perpétua;
garantia, se a dívida não for paga no vencimento”; c) A sua constituição somente se dará por escritura pública, de-
– A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel vidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis;
atribui direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou d) Não se admite a realização de obra no subsolo, ressalvada a
sucessor. hipótese de haver previsão contratual expressa neste sentido.

— Superfície Desse modo, ressalta-se que a sucessão se encontra dotada de


A respeito do tema, o art. 1.369, CC, diz que, “O proprietário caráter oneroso ou gratuito, sendo considerado oneroso quando as
pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu partes devam determinar se o pagamento será realizado em uma
terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devi- única, ou, mais parcelas.
damente registrada no Cartório de Registro de Imóveis”. Além disso, através desse direito real, o proprietário do solo
Obtém-se do referido dispositivo, o direito real de superfície, confere a outrem, de maneira gratuita ou onerosa, o direito de rea-
que segundo o entendimento do ilustre Pablo Stolze: “não autoriza lizar obras e explorar o imóvel, devolvendo-o, com os seus acrésci-
obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”. mos, ao final do prazo que foi ajustado e caso seja de caráter tem-
porário, será útil a ambas as partes.
Da regulamentação no Código Civil de 2.002: Em relação à transmissibilidade do direito de superfície, o re-
O direito de superfície se encontra disposto no Código Civil de nomado jurista Tartuce ensina: “De acordo com o texto legal, pode
2.002, nos artigos 1.369 a 1.377, da seguinte maneira: haver transferência da superfície a terceiros, bem como sua trans-
Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de missão aos herdeiros do superficiário, com falecimento deste. Não
construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
se permitindo, porém, a estipulação de pagamento de qualquer
mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de
quantia pela transferência, como ocorria com o laudêmio, na enfi-
Registro de Imóveis.
teuse (art. 1.372 do CC)”.
Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no
Além disso, a respeito do direito real de superfície, vale a pena
subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
citar alguns importantes enunciados das Jornadas de Direito Civil.
Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa;
Vejamos:
se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma
só vez, ou parceladamente.
DIREITO DE SUPERFÍCIE
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos
que incidirem sobre o imóvel.
ENUNCIADOS DAS JORNADAS DE DIREITO CIVIL
Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros
– I JDC. Enunciado 93 — Art. 1.369: As normas previstas no Códi-
e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
go Civil sobre direito de superfície não revogam as relativas a direito
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pela concedente, a
de superfície constantes do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001)
nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.
60 por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano.
Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de su-
– I JDC. Enunciado 94 — Art. 1.371: As partes têm plena liber-
perfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência,
dade para deliberar, no contrato respectivo, sobre o rateio dos en-
em igualdade de condições.
cargos e tributos que incidirão sobre a área objeto da concessão do
Art. 1.374. Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se
direito de superfície.
o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que
– III JDC. Enunciado 249 — Art. 1.369: A propriedade superfi-
foi concedida.
ciária pode ser autonomamente objeto de direitos reais de gozo e
Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a
garantia, cujo prazo não exceda a duração da concessão da superfí-
propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, inde-
cie, não se lhe aplicando o art. 1.474.
pendentemente de indenização, se as partes não houverem estipu-
– VI JDC. Enunciado 568 — O direito de superfície abrange o
lado o contrário.
direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao
Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em con-
terreno, na forma estabelecida no contrato, admitindo-se o direi-
sequência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário
to de sobrelevação, atendida a legislação urbanística. Em relação à
e ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada
extinção do direito de superfície, de acordo com Tartuce: “A super-
um.
fície pode extinguir-se antes do termo final se o superficiário der ao
Art. 1.377. O direito de superfície, constituído por pessoa jurídi-
terreno destinação diversa daquela para a qual lhe foi concedida
ca de direito público interno, rege-se por este Código, no que não for
(art. 1.374 do CC). A regra trata do inadimplemento do negócio su-
diversamente disciplinado em lei especial.
perficiário, quando a parte desrespeita a lógica do ato de constitui-
ção”.
Ressalta-se que embora o instituto da superfície tenha ínfima
difusão no Código Civil, vem acrescentando uma primordial signifi-
cância no meio social em que se encontra incluso.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Havendo a extinção da superfície, passará o proprietário a ter – Acessória: Só existe em função da propriedade;
a propriedade de forma plena sobre o terreno, a construção, ou a – Atípica: Por que a lei não esgota as modalidades de servidão;
plantação, as acessões e as benfeitorias, havendo ou não pagamen- – Inalienável:  Não pode ser alienada de forma separada do di-
to de indenização, caso as partes não venham a avençar de forma reito de propriedade.
contrária, nos ditames do artigo 1.375 do Código Civil de 2.002.
Classificação da servidão
— Servidões No condizente ao imóvel que recai, a servidão poderá ser: ur-
Podemos conceituar a servidão como sendo um direito real bana ou rural.
sobre  imóvel  alheio que impõe um ônus ao  prédio serviente  em Referente ao direito concedido, a servidão poderá ser:
favor do  prédio dominante, cujo fim é o de tornar a propriedade a) Servidão positiva: Na qual o titular do prédio dominante
do prédio dominante mais útil ou compatível com o seu objetivo, poderá fazer algo no prédio serviente. Exemplo: A servidão de pas-
sendo que por outro lado, o prédio serviente terá o seu uso parcial- sagem.
mente restringido. b) Servidão negativa: Por meio dela, o titular do prédio ser-
viente deve evitar de praticar determinado ato.
Sobre o tema, vejamos o que ensina o CC/2.002:
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio do- Já em relação à necessidade de um ato humano para o exercí-
minante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, cio, a servidão poderá ser das seguintes formas:
e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou c) Servidão contínua: É aquela que depende de conduta huma-
por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de na de maneira. Exemplo: A servidão de passagem.
Imóveis. d) Servidão não aparente: Por meio dela não existe a possibi-
lidade de visualizar, por que não apresenta sinais exteriores. Exem-
Nesse diapasão, verifica-se que a servidão atinge somente bem plo: A servidão de vistas.
imóvel vizinho, sendo que não atinge apenas imóveis que fazem
fronteira, sendo plenamente possível a servidão em desfavor de Em relação à extinção da servidão, dispõe de forma expressa
imóveis que não fazem fronteira com o prédio dominante. de modo a dispensar comentários, o Código Civil de 2.002:
Além disso, não pode o dono do prédio serviente causar emba- Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios
raço ao exercício legítimo da servidão. Porém, por outro lado, este judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio
direito real se encontra delimitado às necessidades do prédio domi- dominante lho impugne:
nante, evitando-se, desta forma, o máximo possível, agravar o en- I – quando o titular houver renunciado a sua servidão;
cargo do prédio serviente, nos ditames do artigo 1.385 do CC/2.002. II – quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade
Registra-se que a obrigação que surge com a constituição da ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão;
servidão é propter rem, haja vista que sendo constituída para certa III – quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.
finalidade, não poderá ser ampliada e nem tampouco, alterada. Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do
São exemplos do direito de servidão: A servidão de passagem; prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova
a servidão de não construir acima de determinada altura; a servi- da extinção:
dão de dutos, dentre outros. I – pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;
Nesse sentido, a servidão poderá ser constituída através de: II – pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato,
Ato inter vivos; testamento; sentença; e, por usucapião. ou de outro título expresso;
Por ato inter vivos, a servidão poderá ser: Gratuita ou onerosa. III – pelo não uso, durante dez anos contínuos.
Em relação à constituição do direito de servidão, denota-se que
poderá se dar através de testamento público, particular ou cerrado. — Usufruto
A servidão também poderá se dar através de usucapião, sendo De antemão, denota-se que não existe no atual Código Civil,
que o prazo para aquisição será de: conceituação do direito real de usufruto. Porém, é possível aduzir
a) 10 anos:  Quando houver exercício contínuo com justo título que o tratamento legal atribuído a ele nos artigos 1.390 a 1.411 do
e boa-fé, segundo os artigos 1.379 e art. 1.242 do CC/2.002; referido diploma legal, que trata de direito real sobre coisa alheia,
b) 20 anos: Não existindo justo título, de acordo com o artigo demonstra que tal direito é oponível erga omnes e sua defesa é
1.379 do CC/2.002.
realizada através de ação real.
Através do usufruto a propriedade pode ser dividida entre dois
Obs. importante: A servidão e o direito de vizinhança não se con-
sujeitos. São eles:
fundem, pois, o direito de vizinhança é criado por lei e o seu fim é me-
a) O nu-proprietário: Para este a propriedade se encontra
lhorar a coexistência entre vizinhos; ao passo que a servidão, via regra
nua e sem a provisão de direitos elementares, tendo em vista que
geral, é constituída por um negócio jurídico. Exemplo: O contrato.
conserva somente o jus disponendi em decorrência do princípio da
elasticidade e da expectativa de reaver o bem, sendo que é nesse
Sobre as características da servidão, vejamos de forma esque-
matizada no quadro abaixo: momento que a propriedade irá se consolidar;
b) O usufrutuário: Se refere àquele que detém o domínio útil
CARACTERÍSTICAS DA SERVIDÃO da coisa, que se analisa nos direitos de uso e gozo, bem como pos-
– Perpétua:   Não se extingue com a morte  ou com a  aliena- sui a obrigação de conservar a sua substância em decorrência do
ção do prédio. Com exceção da hipótese de desapropriação, a ser- mesmo princípio, sendo que o desmembramento acaba por gerar a
vidão só se extingue em relação à terceiros quando cancelada (art. posse direta do usufrutuário e a indireta do nu-proprietário direta
1.387 do CC/2.002). do usufrutuário.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No condizente à aplicação do direito real de usufruto, denota- se extinguir, revertendo-se ao nu-proprietário, a não ser que esteja
-se que é extensa. Sobre o assunto, elucida Gonçalves: [...] “a idéia expresso o direito de acrescer, situação na qual, o quinhão irá caber
de usufruto é muito difundida por mais de uma província no direito aos cousufrutuários sobreviventes;
civil, sendo cultivado: – Ao legado de usufruto, não contido por fixação de tempo,
a) Nas relações de família, precipuamente, como foi dito (usu- entende-se deixado ao legatário de forma vitalícia;
fruto do marido sobre os bens da mulher, usufruto dos bens do filho – Segundo o artigo 1.399 do Código Civil de 2.002, o usufrutuá-
sob poder familiar); rio pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio,
b) No direito das sucessões, como expressão de vontade testa- mas não lhe mudar a destinação econômica, sem expressa autori-
mentária; zação do proprietário;
c) No direito das obrigações, ligado ao contrato de doação; e – Prevê o art. 1.390 do Código Civil de 2.002, que “o usufruto
d) no direito das coisas, como direito real de gozo e fruição. pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patri-
mônio inteiro ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte,
Apesar de reconhecer sua importância, Nader (2006, p. 423) os frutos e utilidades”;
comenta os defeitos do usufruto que “apresenta inconveniências, – Sendo a fonte contratual, a definição do objeto do usufruto
como a de impedir a plena circulação da riqueza e a de tolher, em deverá constar, de forma clara do termo constitutivo do jus in re
relação aos imóveis, as iniciativas que visam à reforma e ampliação aliena, em conjunto com outros dados indispensáveis, tais como a
dos prédios”. identidade da pessoa beneficiada, tempo de duração e outros re-
quisitos que expressem a vontade das partes;
Nesse sentido, passemos a analisar as características do usu- – O objeto se divide em próprio e impróprio, sendo o primei-
fruto que são: ro, o que se refere às coisas inconsumíveis e infungíveis, em que a
a) De direito real sobre coisa alheia: Pelo fato de ser direito substância é conservada e restituída ao nuproprietário; e, no segun-
real, possui oponibilidade erga omnes e direito de sequela, fator do, tal substância recai sobre coisas consumíveis e fungíveis;
que dá a permissão para que o titular, usufrutuário, possa buscar – O usufruto será considerado particular quando o seu objeto
a coisa nas mãos de quem estiver, de forma injusta, para dela usar for determinado de forma individual, e sobre um bem específico;
– O usufruto será universal, caso venha a incidir sobre uma uni-
e gozar como lhe é assegurado, sendo que a defesa de tal direito é
versalidade de bens ou quota-parte;
feita através de testamentária; c ação real;
– De acordo com o artigo 1.405 do CC: “Se o usufruto recair
b) Trata-se de um direito temporário: Isso, por que de acordo
num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos
com o Código Civil, o usufruto poderá ser extinto pela renúncia ou
juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele”;
morte do usufrutuário, nos termos do artigo 1.410, I do CC/2.002;
– O usufruto sobre bem imóvel exige registro no Cartório de
através do termo de sua duração (art. 1.410, II); pelo decurso do
Registro de Imóveis, exceto se for advindo de usucapião, situação
prazo de trinta anos da data em que se começou a exercer, caso
na qual, o registro será declaratório;
tenha sido instituído em favor de pessoa jurídica, nos ditames do – É importante mencionar sobre o alcance do usufruto, que
artigo 1.410 do CC/2.002; e pela cessação do motivo de que se ori- pode ser analisado no caput do artigo 1.392 do Código Civil de
gina (art. 1.410, IV, CC/2.002); 2.002: “Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos
c) É impenhorável: Por ser inalienável, o usufruto também é acessórios da coisa e seus acrescidos”;
impenhorável, tendo em vista que o direito não pode ser penhora- – Havendo entre os acessórios e os acrescidos, coisas consumí-
do em ação de execução movida por dívida do usufrutuário. Isso, veis, o usufrutuário deverá restituir, ao final do usufruto, as coisas
por que o bem poderia, por exemplo, ser vendido em hasta pública; que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade
d) Divisível: Pelo estudo do art. 1.411 do Código Civil percebe- e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor estimado ao tem-
-se a possibilidade de sua constituição em favor de duas ou mais po da restituição;
pessoas, o que gera o cousufruto; – De acordo com Viana, existindo entre os acessórios e acresci-
e) É dependente de conservação da forma e substância: Signifi- dos coisa consumível, será ela alcançada pelo usufruto, e se, findo
ca que o usufrutuário no exercício dos seus direitos de usar e gozar o usufruto, cabe ao usufrutuário, se ainda houver coisa consumível,
o bem, deverá fazê-lo de forma responsável, de modo a conservar restituí-la, sendo que caso não haja, deverá se restituir o equivalen-
a forma e a substância da coisa usufruída, que pertence ao nu-pro- te em gênero, qualidade e quantidade. Porém, não sendo possível,
prietário; deverá restituir o seu valor, estimado à época da restituição;
f) É suscetível de posse: Pois, para que possa exercer o direi- – O usufruto legal se trata de uma espécie de usufruto pelo
to real de usufruto, o usufrutuário necessita deter a posse do bem qual a lei o institui em favor de determinadas pessoas, em especial
para realizar os atos de administração com o uso e o gozo. na seara familiar, como por exemplo, o usufruto dos pais sobre os
bens do filho menor, de acordo com o artigo 1.689, I, CC/2.002;
Dando continuidade, vejamos os principais pontos de destaque – O fideicomissário será tratado em situação de equidade ao
acerca do usufruto: nu-proprietário, sendo a sua propriedade limitada pela existência
– O usufruto deverá ser temporário, para que não prejudique de um direito real de usufruto para favorecer o herdeiro fiduciário,
a expectativa do nu-proprietário de poder recuperar a propriedade sendo que o usufruto será de caráter vitalício, como se presume da
plena, não mais despojada dos elementos que lhe dão conteúdo; dicção da norma;
– Falecendo o usufrutuário, aduz-se que tal direito real não po- – Pelo usufruto indígena, poderão os índios exercer seu poder
derá ser transmitido para os herdeiros; exclusivo sobre suas terras, tendo em vista que são por eles habita-
– De acordo com o disposto no artigo 1.411 do Código Civil de das em caráter permanente e usadas para suas atividades produti-
2.002, sendo constituído o usufruto em favor de duas ou mais pes- vas, posto serem bens da União, conforme dispõe o artigo 20, XI, da
soas, a parte em relação a cada uma das pessoas que falecerem irá Constituição Federal;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– De acordo com o artigo 716 do CC/2.002, através do usufruto Em relação aos deveres do usuário, pode ser considerada como
judicial, o magistrado pode conceder ao exequente o usufruto de tal, a conservação da coisa como se fosse sua, agindo com diligência
móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e e zelo, para que seja possível fazer a sua restituição da forma que foi
eficiente para o recebimento do crédito; recebida. Além disso, é proibido ao usuário premeditar obstáculos
– Poderá ocorrer usufruto por usucapião, caso um possuidor que dificultem ou impeçam o exercício dos direitos do proprietário.
tenha obtido o uso e gozo da coisa em relação entabulada com o Por fim, operado o lapso temporal que foi dado, será o usuá-
proprietário, porém, após isso, recebe ciência de que aquele que rio obrigado a restituir a coisa, pela razão de ser mero detentor da
lhe transferiu a posse direta não se tratava do verdadeiro proprietá- posse direta, tendo em vista que o usuário é caracterizado por sua
rio, caracterizando a posse a non domino; temporalidade e a levando em conta que a posse precária do usuá-
– O usufruto por sub-rogação real é verificado quando o bem rio ensejará a sua responsabilidade por perdas e danos a que sua
sobre o qual incide o usufruto é substituído por outro; mora der motivo.
– São formas de extinção do usufruto, segundo o artigo 1.410
do Código Civil de 2.002: Pela morte do usufrutuário (art. 1.410, I); Da concessão de uso Especial para fins de moradia (CUEM)
pela renúncia (art. 1.410, I; por culpa do usufrutuário, quando este É um instituto que se encontra acoplado à lista dos direitos
aliena o bem, visto ser direito inalienável, (art. 1.410, VII); reais do Código Civil com a aprovação da Lei nº. 11.481/07, sendo
– Também são formas de extinção do usufruto: A destruição da que esta mudança fez com que esse novo direito se tornasse figura
coisa; o advento de termo de sua duração; o implemento de condi- na seara do direito administrativo.
ção resolutiva; o não-uso ou não-fruição (art. 1.410, VIII); pela ces- Registra-se que a concessão especial de uso já existia e que foi
sação do motivo de que se origina (art. 1.410, IV). criada pela Medida Provisória Nº2220, tendo como objetivo a re-
gulamentação da ocupação ilegal de bens públicos para as popula-
— Uso ções, sendo conhecidas como “invasões”.
A respeito do direito real de uso, ensina Venosa: “Trata-se, por- Nesse sentido, a Medida Provisória nº 335 veio a regulamen-
tanto, de modalidade de usufruto de menor âmbito (...) Enquanto o tar esses assentamentos também em áreas da Marinha. A Lei
usufrutuário tem o ius utendi et fruendi, o usuário tem apenas o ius nº.11.481/07 quando promulgada acrescentou várias disposições.
utendi, ou seja, o simples direito de usar da coisa alheia.” Nos conformes do art. 1º da Lei 11.481/07:
Porém, para boa parte da doutrina, o uso trata-se de um direi- Art. 1º. É o Poder Executivo autorizado, por intermédio da Se-
to real sobre coisa alheia. Para um melhor entendimento sobre o cretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Or-
tema, é necessário saber o que é um direito real sobre coisa alheia, çamento e Gestão, a executar ações de identificação, demarcação,
atendo-se ao conceito do direito de propriedade, haja vista partir cadastramento, registro e fiscalização dos bens imóveis da União,
dele a origem de todos os direitos reais. bem como a regularização das ocupações nesses imóveis, inclusive
Nesse sentido, o direito real de propriedade une determinado de assentamentos informais de baixa renda, podendo, para tanto,
sujeito de direito a uma coisa ou bem, e esta união, é o direito real. firmar convênios com os Estados, Distrito Federal e Municípios em
Assim sendo, o direito real de propriedade oferece ao seu titu- cujos territórios se localizem e, observados os procedimentos licita-
lar as opções de usar, gozar e dispor da coisa, além de poder reaver tórios previstos em lei, celebrar contratos com a iniciativa privada.
a coisa das mãos daquele que a deteve de foram injusta. Desse modo, não há obstáculo ao afirmar que o instituto jurí-
No direito de uso, existe a figura do usuário que possui a fa- dico da concessão de uso especial para fins de moradia em áreas
culdade de usar da coisa, porém, os frutos advindos daquele bem públicas, nos moldes do inciso XI do art. 1225 do Código Civil de
não irão lhe pertencer, mas sim ao legítimo proprietário da coisa 2.002, se apresenta como um importante mecanismo de formali-
que lhe cedeu o bem, vindo a remanescer desta forma ao usuário, zação da posse de loteamentos irregulares, regulamentando as
apenas os frutos necessários para sua mantença, bem como aos da ocupações nesses imóveis da União, levando em conta também o
sua família. atendimento ao direito  constitucional à moradia, por ser este um
Sobre o tema, dispõe o artigo 1.412 do Código Civil de 2.002: direito fundamental social, se caraterizado   quanto aos  assenta-
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, mentos informais de baixa renda.
quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família. Assim dispõe o art. 6º da Lei 11.481/2007:
§ 1º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário confor- Art. 6º Para fins do disposto no art. 1o desta Lei, as terras da
me a sua condição social e o lugar onde viver. União deverão ser cadastradas, nos termos do regulamento.
§ 2º As necessidades da família do usuário compreendem as § 1o Nas áreas urbanas, em imóveis possuídos por população
de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço carente ou de baixa renda para sua moradia, onde não for possí-
doméstico. vel individualizar as posses, poderá ser feita a demarcação da área
a ser regularizada, cadastrando-se o assentamento, para posterior
Depreende-se que a respeito das necessidades pessoais a que outorga de título de forma individual ou coletiva.
se refere o legislador no caput do mencionado dispositivo, devem
ser averiguadas de acordo com a condição social do usuário, bem Além disso, aduz o parágrafo 1º do referido dispositivo, que as
como o lugar onde ele vive, e por esta razão, infere-se que o uso é terras da União deverão ser cadastradas, nos termos do regulamen-
mutável e pode ser alargado ou estreitado caso haja o aumento ou to. Vejamos:
diminuição das necessidades pessoais do usuário. § 1o Nas áreas urbanas, em imóveis possuídos por população
Ressalta-se que o direito real de  uso  pode reincidir tanto so- carente ou de baixa renda para sua moradia, onde não for possí-
bre res móveis como imóveis, sendo que caso seja móvel, a maior vel individualizar as posses, poderá ser feita a demarcação da área
parte doutrinária defende não poder ser fungível e nem consumí- a ser regularizada, cadastrando-se o assentamento, para posterior
vel. outorga de título de forma individual ou coletiva.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em outro diapasão, quando se referir a imóveis, com área supe- Da Extinção do Uso
rior a 250m², ocupados, para a finalidade de residência por popula- Considera-se extinto o uso quando o usuário morrer, tendo em
ção de baixa renda, por um tempo de cinco anos sem interrupção e vista que este direito real é de natureza personalíssima e o ordena-
sem oposição, onde for possível se identificar os terrenos ocupados mento jurídico não permite a sua transmissão na sucessão.
por possuidor, denota-se que a concessão será feita coletivamen- Também haverá a extinção se for resolvido o termo de dura-
te, exceto na situação de os possuidores serem concessionários ou ção estabelecido no ato constitutivo, a não ser que o usuário faleça
proprietários de outro imóvel urbano ou rural. antes disso. Ocorrerá ainda, a extinção do direito de uso quando
Nesse sentido, permite-se ao possuidor que some sua posse acabar o motivo que o ocasionou, ou, a partir do momento em que
com a do antecessor, desde que ambas sejam contínuas. se verifica que o usuário não necessita mais de tal direito.
Desta maneira, será outorgada igual fração ideal do terreno,
não excedente a 250m² para cada possuidor, não importando a di- — Habitação
mensão da área que cada um ocupar, salvo em situação de acordo Sobre o direito de habitação, dispõe o Código Civil de 2002:
escrito entre os ocupantes, estabelecendo-se assim, frações ideais Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratui-
diferenciadas. tamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem
Caso a ocupação esteja propensa a acarretar risco à vida ou à emprestar, mas simplesmente cupa-la com sua família.
saúde dos ocupantes, o Poder Público deverá propiciar ao possui- Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de
dor o exercício do direito de uso em outra localidade. Da mesma uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de
maneira será, se a ocupação ocorrer em imóvel com os seguintes pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exer-
caracteres: cerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
a) De uso comum do povo; Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário
b) Destinado a projeto de urbanização; à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
c) De interesse da defesa nacional, de preservação ambiental e
de proteção dos ecossistemas naturais; Em interpretação aos artigos acima, denota-se o direito real
d) Localizado em via de comunicação. de habitação se trata do direito por meio do qual, o(a) cônjuge ou
companheiro(a) sobrevivente, mesmo que em relação homoafeti-
Obs. importante: O direito de concessão de uso especial para va, precisa continuar habitando no imóvel que era a residência do
fins de moradia é transmissível por ato inter vivos e causa mortis e casal, não importando o regime de bens, mesmo que exista mais de
será extinto no momento em que se restar materializada as seguin- um imóvel residencial para fins de inventário.
tes condutas do concessionário: dar ao imóvel destinação distinta Desta forma, mesmo havendo filhos como herdeiros, o cônju-
da moradia para si ou para sua família e adquirir propriedade ou, ge ou companheiro terá o direito de morar no imóvel de maneira
obter concessão de uso de outro imóvel urbano ou rural. vitalícia até que venha a falecer, sendo que esse direito se estende
ao companheiro, uma vez que nos conformes da CFB/1988, a união
estável é reconhecida como entidade familiar.
Sendo constada a extinção, deverá ser averbada no Cartório
Sobre o assunto, vejamos o que dispõe a Carta Magna:
de Registro de Imóveis através de declaração do Poder Público con-
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
cedente.
do Estado.
Da Concessão de Direito Real de Uso (CDRU)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
Esse direito foi inserto pela Lei nº. 11.481/2007 através do in-
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo
ciso XII à listagem de Direitos Reais que se encontra disposto no
a lei facilitar sua conversão em casamento.
artigo 1.225 do CC/2.002, vindo esse direito a tratar da concessão
de direito real de uso. Em relação à união estável, aduzem os artigos 1.723 e 1.724
O instituto da concessão de Direito Real de Uso como direito do Código Civil de 2.002, que ela requer publicidade, continuidade,
real, já existia no ordenamento jurídico brasileiro, porém, não fazia durabilidade, objetivo de constituir família e ausência de impedi-
parte da lista no direito privado, uma vez que este se refere a insti- mento ao casamento, com exceção das situações de separação de
tuto do direito administrativo, criado pelo Decreto -Lei Nº271/1967. fato ou judicial, bem como seja levada em conta a observância dos
O referido instituto possui como fim, a satisfação de atender deveres de lealdade, respeito e assistência mútua.
a casos específicos de urbanização, cultivo agrícola da terra ou ou- Assim, temos:
tra utilização de interesse social, fatores relacionados à industriali- Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união está-
zação, sendo contratada, de forma gratuita ou onerosa através de vel entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
instrumento público, particular, ou, por meio de termo de cunho contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
administrativo. de família.
Destaca-se que a aproximação do instituto em estudo com o Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obede-
uso, é considerável, tendo em vista a existência da transmissão da cerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda,
posse direta de um bem com o objetivo de cumprir a sua função sustento e educação dos filhos.
social.
Por último, registra-se que a concessão de uso pode ser trans- Nesse diapasão, ressalta-se que o STF, por meio da ADIN 4.277
mitida por morte ou negócio jurídico  inter vivos, ao contrário do e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, reconhe-
direito real de uso, que é vitalício e intuitu personae. ceu a possibilidade de pessoas do mesmo sexo constituírem enti-
dade familiar, sendo que deverá ser dispensada a mesma proteção
estatal atribuída às famílias heteroafetivas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desta maneira, o correto é procurar uma forma de interpre- Podemos definir o direito do promitente comprador como uma
tação com vistas a garantir à pessoa que viva em união estável, os espécie de contrato preliminar e bilateral, através do qual as partes,
mesmos direitos que ela teria caso fosse casada, independente- ou, ao menos uma delas, se comprometem a realizar um contrato
mente do tipo de relação que tenha com alguém. definido de compra e venda.
A respeito do direito de habitação, vejamos outros pontos im- Nesse sentido, sendo a promessa de compra e venda um di-
portantes que merecem destaque: reito pessoal, ou seja, um contrato, é preciso comentar a sua con-
– O direito real de habitação possui ligação com o direito de sideração como direito real do compromitente-comprador, caso o
moradia, sendo assim, elevado à categoria de direito social garan- referido contrato tenha sido registrado. Assim, o ilustre Orlando
tido pelo artigo 6º da CFB/1.988, sobrepondo, desta maneira ao di- Gomes entende que a legislação atribui à anotação do contrato no
reito de propriedade dos demais condôminos ou herdeiros, mesmo registro competente, a eficácia de direito real, de maneira a assegu-
que estes sejam provenientes de outra união, por motivo de seu rar a eficácia erga omnes, porém, “a rigor é um direito é um direito
evidente caráter assistencial; pessoal que, por esse registro, se torna oponível a qualquer direito
– Não é necessário que o direito real de habitação esteja aver- de aquisição sobre o imóvel, posteriormente titulado”. 
bado no registro imobiliário, e nem em testamento, pois o mesmo Seguindo esta premissa, o Código Civil de 2.002, exige o regis-
é advindo de lei; tro do contrato de compromisso de compra e venda para a aquisi-
– A atual jurisprudência do STJ, em interpretação ao artigo 7º, ção do direito real, tanto por instrumento público, quanto por parti-
§3º da lei nº. 9.278/96 através do princípio da especialidade, aduz cular, haja vista a legislação civil vigente se referir pelo artigo 1.418
que não existe a necessidade de que o bem de família seja o único que permite ao titular do direito real exigir do promitente vende-
bem a ser inventariado na abertura da sucessão, podendo assim, dor, ou de terceiros, a outorga da escritura definitiva de compra e
existir mais de um bem; venda, nos conformes do pactuado no contrato, e, havendo recusa,
– Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, poderá requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.
aquele que sobreviveu, possuirá o direito real de habitação, en-
quanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativa- Obs. importante: O direito do promitente comprador é um di-
mente ao imóvel destinado à residência da família; reito real à aquisição por meio do qual, o promitente vendedor tem
– A perspectiva do direito real de habitação é deixar a pessoa, de vender determinado bem ao promitente comprador, pelo preço,
no caso o cônjuge ou companheiro na sua casa, não tendo que dela modo e condições contratadas, sendo que o promitente comprador
sair depois da morte de seu cônjuge ou companheiro; se compromete a pagar, bem como a satisfazer todas as condições
– O direito real de habitação, incide, de forma relativa ao imó- que foram avençadas no contrato, podendo após o pagamento, re-
querer a adjudicação compulsória caso haja recusa do vendedor em
vel em que residia o casal, ainda que o bem fosse de propriedade
entregar a coisa.
exclusiva do cônjuge falecido;
– Caso o bem tenha sido adquirido antes do casamento ou
Da Irretratabilidade da Promessa
união, não existe o direito a meação, pois, será exercido apenas
A condição para que o contrato de compra e venda produza
pelo cônjuge ou companheiro o direito real de habitação;
seus efeitos normais, é a inexistência de cláusula de arrependimen-
– O direito real de habitação é subjetivamente pessoal e in-
to, sendo tal cláusula, a manifestação de vontade contrária à que
transferível. Desta maneira, o imóvel propenso a esse tipo de di- foi declarada antes, ou manifestada visando não mais concretizar o
reito real não pode ser habitado por outra pessoa que não seja o negócio jurídico prometido.
cônjuge/companheiro sobrevivente que poderá usufruir deste para Sobre o tema, dispõe o artigo 463 do CC/2.002:
fins residenciais; Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do
– Não poderá o direito real de habitação ser aplicado de forma disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláu-
rígida, uma vez que com a existência das novas dinâmicas das rela- sula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exi-
ções familiares, a legislação não pode contemplar apenas o cônjuge gir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o
ou o companheiro, mas, também aos demais herdeiros que preen- efetive.
cham requisitos específicos, seja por ausência de dependência eco-
nômica, seja através de dependência econômica. Assim, verifica-se que a parte prejudicada, em razão da não
conclusão do contrato definitivo, poderá requerer ao magistrado
Obs. importante: A interpretação do artigo 7º, parágrafo único o suprimento da vontade do inadimplente, vindo a conferir assim,
da lei 9.278/1.996, deverá ser utilizada em concordância com a re- caráter definitivo ao contrato preliminar, exceto se tal condição for
dação do artigo 1.831 do Código Civil de 2.002 que dispõe: contrária à natureza da obrigação, não sendo possível a execução
da obrigação especifica, vindo a se resolver a inadimplência em per-
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o re- das e danos.
gime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que Entretanto, sobre o assunto, o artigo 1.417 do CC/2.002 de-
lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao termina que “mediante promessa de compra e venda, em que se
imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou
daquela natureza a inventariar. particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire
o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel”.
— Do Direito ao Promitente Comprador Ressalta-se que a norma do art. 1.417 do CC/2.002, infere so-
A lei que regula a questão da promessa de compra e venda de
bre a contemplação do contrato preliminar com cláusula de arre-
terrenos loteados para pagamento parcelado, é o Decreto-lei nº
pendimento, se tratando, assim, de um pré-contrato gerador de di-
58/37. Em relação ao parcelamento do solo urbano, temos a Lei nº
reitos de cunho obrigacional sobre essa espécie, incidindo as regras
6.766/79 e os artigos 1.417 e 1.418 do Código Civil de 2.002.
gerais sobre o contrato preliminar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim sendo, para a promessa de compra e venda produzir os § 2º Se, porém, no decêndio, alegarem os compromitentes ma-
efeitos desejados pelo promitente comprador de um genuíno direi- téria relevante, o juiz, recebendo-a como embargos, mandará que
to potestativo de exigir posteriormente a escritura definitiva, adju- os compromissários os contestem em cinco dias.
dicando para si a titularidade, é preciso que não tenha sido pactua- § 3º Havendo as partes protestado por provas, seguir-se-á uma
da a cláusula de arrependimento. dilação probatória de 10 dias, findos os quais, sem mais alegação,
serão os autos conclusos para sentença.
Da Adjudicação Compulsória § 4º Das sentenças proferidas nos casos deste artigo caberá o
Trata-se a adjudicação compulsória de ato do magistrado (sen- recurso de agravo de petição.
tença), através do qual é determinada a transferência de uma coisa § 5º Estando a propriedade hipotecada, cumprido o dispositivo
do patrimônio de alguém para outra pessoa. do § 3º, do art. 1º, será o credor citado para, no caso deste arti-
A doutrina e a jurisprudência entendiam anteriormente que a go, autorizar o cancelamento parcial da inscrição, quanto aos lotes
adjudicação compulsória só era possível caso existisse o registro do comprometidos.
contrato, tendo em vista que faltaria interesse de agir ao autor da Art. 17. Pagas todas as prestações do preço, é lícito ao compro-
ação, no caso o compromitente-comprador, se o contrato não fosse mitente requerer a intimação judicial do compromissário para, no
devidamente registrado. O Código Civil em vigor, também consente prazo de trinta dias, que correrá em cartório, receber a escritura de
com esse entendimento. Vejamos: compra e venda.
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se Parágrafo único. Não sendo assinada a escritura nesse prazo,
não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou depositar-se-á o lote comprometido por conta e risco do compro-
particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire missário, respondendo este pelas despesas judiciais e custas do de-
o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. pósito.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode
exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos O art. 22 do Decreto-Lei 58/37, estabelece
deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e Art. 22. Os contratos, sem cláusula de arrependimento, de com-
venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver promisso de compra e venda e cessão de direito de imóveis não lo-
recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. teados, cujo preço tenha sido pago no ato de sua constituição ou
deva sê-lo em uma ou mais prestações, desde que inscritos a qual-
Além disso, ressalta-se que as decisões mais recentes têm per-
quer tempo, atribuem aos compromissários direito real oponível a
mitido a adjudicação compulsória sem o registro. Sobre o assunto
terceiros, e lhes conferem o direito de adjudicação compulsória nos
Sílvio de Salvo Venosa, afirma que “a jurisprudência homogênea do
termos do art. 16 desta lei, 640 e 641 do Código de Processo Civil.
Superior Tribunal de Justiça admite prescindir o compromisso de
A disposição acima, contemplou os contratos de imóveis não
compra e venda do registro imobiliário para possibilitar a adjudi-
loteados, desde que não exista cláusula de arrependimento, a pos-
cação compulsória”. Tal fato é tão destacante a ponto da Súmula
sibilidade de ação de adjudicação compulsória.
nº 239 do STJ trazer em seu bojo, o entendimento pacífico deste
Tribunal que permitiu a ação de adjudicação compulsória com fun-
damento no contrato sem o registro no cartório. Extinção
A ação adjudicatória pode ser caracterizada pelo rito sumaríssi- A adjudicação compulsória se extingue:
mo, atualmente sumário, conforme determinado no art. 16 do De- a) Pela execução voluntária do contrato;
creto-lei nº 58/37, sendo que nos parágrafos do mencionado dispo- b) Pela execução compulsória;
sitivo, se encontram estabelecidas as condições de admissibilidade c) Pelo distrato;
da ação, dentre elas o cumprimento das obrigações. d) Pela resolução;
Sobre o tema, vejamos o que ensina o referido Decreto-lei nº e) Pela impossibilidade superveniente;
58/37: d) Pelo vicio redibitório;
Art. 15. Os compromissários têm o direito de, antecipando ou
ultimando o pagamento integral do preço, e estando quites com os Por fim, infere-se que nos ditames do artigo 36 da Lei 6.766/79,
impostos e taxas, exigir a outorga da escritura de compra e venda. apenas com o cancelamento do registro é que ocorre a extinção
Art. 16. Recusando-se os compromitentes a passar a escritura deste direito real.
definitiva no caso do art. 15, serão intimados, por despacho judicial
e a requerimento do compromissário, a dá-la nos 10 dias seguintes — Penhor, Hipoteca e anticrese
à intimação, correndo o prazo em cartório.
§ 1º Se nada alegarem dentro desse prazo, o juiz, por sentença, Penhor
adjudicará os lotes aos compradores, mandando: Ocorre o penhor quando o devedor, ou, um terceiro transfere
a) tomar por têrmo a adjudicação, dela constando, além de ao credor a posse direta de determinado bem móvel suscetível de
outras especificações, as cláusulas do compromisso, que devessem alienação como forma de garantir o pagamento de seu débito. Sen-
figurar no contrato de compra e venda, e o depósito do restante do do assim, o bem fica nas mãos do credor até que haja o pagamento
preço, se ainda não integralmente pago; da obrigação, havendo a transferência de bem móvel, ou da posse
b) expedir, pagos os impostos devidos, o de transmissão inclusi- ao credor que haverá de perdurar até que o débito seja pago.
ve, em favor dos compradores, como título de propriedade, a carta O penhor se encontra respaldado nos artigos 1.431 a 1.472 do
de adjudicação; CC/2.002. Em relação aos direitos e deveres do credor pignoratício,
c) cancelar a inscrição hipotecária tão somente a respeito dos determinam os artigos do Código Civil vigente que tratam do tema:
lotes adjudicados nos termos da escritura aludida no § 3º, do art. Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:
1º. I - à posse da coisa empenhada;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devida- IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da
mente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente;
sua; V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pa-
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício gamento do restante do preço da arrematação.
da coisa empenhada;
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se Além do exposto, registra-se que a hipoteca exige publicidade,
lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor haja vista possuir efeito erga omnes e tratar, de modo geral, de bens
mediante procuração; com alto valor monetário.
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encon-
tra em seu poder; Anticrese
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autori- O instituto da anticrese se encontra regulamentado no Código
zação judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa em- Civil de2.002 no art. 1.506 a 1.510.
penhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O A anticrese pode ser detectada quando o devedor efetue trans-
dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, subs- ferência ao credor da posse de bem imóvel, para que este venha a
tituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. se esbaldar dos frutos e rendimentos de tal bem, até o montante
Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a da dívida a ser paga. 
coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente Vale a pena mencionar que o bem imóvel sobre o qual se en-
pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar contra recaída a anticrese, estará suscetível à hipoteca para o cre-
que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empe- dor anticrético ou até mesmo para terceiros. É o que está disposto
nhada, suficiente para o pagamento do credor. no parágrafo 2º do artigo 1.506 do atual Código Civil. Vejamos:
Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: Art. 1.506. (...)
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono § 2o Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá
a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compen- ser hipotecado pelo devedor ao credor anticrético, ou a terceiros,
sada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da respon- assim como o imóvel hipotecado poderá ser dado em anticrese.
sabilidade;  
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao — Da Laje
dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício Por meio de medida provisória convertida na Lei nº.
de ação possessória; 13.465/2017, com o fulcro de regulamentação fundiária das zonas
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, rural e urbana, foi criado o direito real de laje, cuja norma possui
inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capi- como finalidade, legislar sobre a já mencionada regularização fun-
tal da obrigação garantida, sucessivamente; diária rural e urbana.
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez Sobre o tema em estudo, aduz o Código Civil de 2.002:
paga a dívida; Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de
no caso do inciso IV do art. 1.433. que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela original-
mente construída sobre o solo.
Por último, vale a pena ressaltar a existência de seis espécies § 1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o sub-
de penhor adotados pela doutrina majoritária que são: o penhor solo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção ver-
comum ou civil, o penhor rural, o penhor de direitos e títulos de tical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as
créditos, o penhor de veículos, o penhor legal e o penhor industrial demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da
e mercantil.  construção-base.
§ 2º O titular do direito real de laje responderá pelos encargos
Hipoteca e tributos que incidirem sobre a sua unidade.
Ocorre a hipoteca quando se grava um  bem imóvel que per- § 3º Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma cons-
tence ao devedor ou a um terceiro, sem que haja a transmissão da tituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor.
posse ao credor. Desta forma, caso o devedor não adimpla a dívida § 4º A instituição do direito real de laje não implica a atribui-
no seu vencimento, ficará o credor habilitado a exercer o direito de ção de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação
excussão requerendo a venda judicial do bem para que seu crédito proporcional em áreas já edificadas.
seja pago com o dinheiro arrecadado na venda do bem que passou § 5º Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre
pela hipoteca. posturas edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje.
Nesse sentido, o Código Civil de 2.002, estabelece as condições § 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua constru-
para a hipoteca legal: ção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde
Art. 1.489. A lei confere hipoteca: que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e
I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imó-
das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas
veis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou admi-
vigentes.
nistração dos respectivos fundos e rendas;
II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a
Com efeito, denota-se que a prerrogativa introduzida nesse
outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior;
dispositivo, é a de identificar o imóvel conceituado pela lei como
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do
construção-base, sendo que a legislação procurou disciplinar e re-
delinquente, para satisfação do dano causado pelo delito e paga-
gulamentar as diversas construções que vão sendo sobrepostas,
mento das despesas judiciais;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

normalmente sem critérios bastante ausentes de segurança em – Dispõe o artigo 1.510-E do CC/2.002 que a ruína da constru-
aglomerados urbanos que acabam se transformando em comuni- ção-base poderá levar a laje à desordem, sendo que assim, o direito
dades, ou favelas. real de laje poderá ser extinto, exceto se permanecer íntegra a laje
O contido na legislação civil, também admite o uso do direito instituída no subsolo;
real de laje para o piso inferior, também conhecido como subsolo – Na situação acima, a legislação prevê que será mantido o di-
do imóvel. reito de laje se a construção-base for refeita em cinco anos. Porém,
O instituto do direito real de laje possui como intuito a criação de qualquer modo, os responsáveis pela ruína responderão civil-
de um sistema de sobreposição que veio da superabundância de mente no caso de culpa;
pressões populacionais nas comunidades que convivem há tempos
no sistema de aglomeração e desconforto jurídico e físico, sendo — Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia
que o direito de laje acaba por incentivar que já se construa, pre- De antemão, infere-se que a concessão de uso especial e a de
vendo a cessão da laje a terceiros. direito real de uso, são direitos reais devidamente contidos no bojo
Em relação à regularização de sobrelevações sucessivas conti- do artigo 1.225, inciso XI e XII do atual Código Civil, e se trata de
da no parágrafo 6º, deverão os poderes municipais se ater para a um instrumento pautado na função social da propriedade, com a
segurança das construções com o fito de evitar desmoronamentos, finalidade do melhor aproveitamento dos imóveis. Vejamos o que
dentre outros dissabores. dispõe o referido dispositivo:
Em deslinde, determina o artigo 1.510-B do Código Civil de Art. 1.225. São direitos reais:
2.002, que é defeso ao lagista prejudicar com obras novas, bem XI – a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído
como com a ausência de reparação à segurança, linha arquitetô- pela Lei nº 11.481, de 2007)
nica ou arranjo estético do edifício. Tal norma advém do direito de XII – a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela
vizinhança, estando também inserta no ordenamento dos condo- Lei nº 13.465, de 2017).
mínios em edifícios.
Já o artigo 1.510-C do CC/2.002, cuida da parte condizente à di- Da Concessão de Uso Especial para fins de Moradia
visão de despesas de cada indivíduo nessa comunhão, descrevendo O objetivo desse instituto é a promoção da utilização de bem
no parágrafo 1º de forma exemplar a respeito das partes comuns, público, levando em consideração tanto a função social, quanto o
como telhados, alicerces, construção de calçadas, dentre outros. direito de moradia.
Lembrando que para tais despesas, deverá concorrer o titular da Nesse sentido, poderá a Administração Pública conceder ao
laje, sem prejuízo no disposto das normas que regulam os condo- ocupante um imóvel público urbano de até 250 metros quadrados,
mínios de edifícios, sempre usadas naquilo que couber, sendo que desde que o ocupante do imóvel não tenha nenhum outro imóvel
estas despesas deverão constar no contrato com as devidas pecu- situado em área urbana ou rural, vindo a utilizar o imóvel público
liaridades. para a sua moradia e de sua família, pelo prazo de 5 anos, sendo
que tal ocupação deverá ser exercida de forma pacífica e ininter-
Sobre o direito real de laje, vejamos seus principais pontos de rupta.
destaque: De acordo com a Medida Provisória  2.220/01, poderá o ocu-
– Como o caderno processual do direito real de laje determina pante somar à sua contagem de seu tempo, o período que o seu an-
a aplicação dos princípios gerais dos condomínios em edifício em tecessor ocupou o imóvel, desde que tal ato também seja de modo
relação às despesas, ressalta-se que serão despesas comuns: a lim- contínuo, até 31 de junho do ano de 2001.
peza, a manutenção de entrada coletiva para o prédio, a coleta de Por fim, vale a pena registrar que  o ocupante não adquire a
lixo, dentre outros; propriedade do imóvel, tendo em vista que os imóveis públicos não
– Da mesma forma que o síndico e cada condômino nos edifí- podem ser usucapidos, conforme determina o artigo 183 pelo caput
cios de apartamentos, de acordo com parágrafo 2º do artigo 1.510- e através do parágrafo 3º da CFB/1.988. Vejamos:
A do CC/2.002, qualquer interessado pode tomar a iniciativa de pro- Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até du-
mover reparos urgentes no edifício para posteriormente cobrar as zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterrup-
despesas proporcionais dos outros coproprietários ou possuidores; tamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
– O artigo 1.510-D do CC/2.002, dispõe a respeito do direito de família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
preferência em caso de alienação de unidades superpostas, sendo outro imóvel urbano ou rural.
que nesta situação, a precedência de compra deverá acontecer em § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-
-base e da laje, nessa ordem. Já os coproprietários deverão receber Concessão de Direito Real de Uso
ciência do fato para, caso queiram, se manifestar em trinta dias, Trata-se de um contrato administrativo através do qual, o par-
exceto se o contrato dispuser de modo diferente; ticular passa a ser titular de um direito real de utilização de de-
– O titular da construção-base ou da laje a quem não se der terminado bem público. Constitui-se em uma das alternativas de
conhecimento da alienação terá o direito, mediante depósito do regularização fundiária, uma vez que não existe a possibilidade de
respectivo preço, de haver para si a parte alienada a terceiros, se adquirir áreas públicas através da usucapião, além de possuir como
o requerer no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contado a objetivo, a garantia do direito à moradia e à dignidade da pessoa
partir da data de alienação; humana, conforme previstos no texto constitucional.
– Havendo mais de uma laje, terá preferência em ordem su- A concessão de direito real de uso foi criada e disciplinada pelo
cessiva, o titular das lajes ascendentes e o titular das lajes descen- Decreto-Lei nº 271/1967, que assim determina em seu artigo 7º:
dentes, assegurada a prioridade para a laje mais próxima à unidade Art. 7º. É instituída a concessão de uso de terrenos públicos
sobreposta a ser alienada; ou particulares remunerada ou gratuita, por tempo certo ou in-
determinado, como direito real resolúvel, para fins específicos de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

regularização fundiária de interesse social, urbanização, industriali- Exemplo: Crime de Peculato (Art. 312 do CP), quando não pra-
zação, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das ticado por funcionário público no exercício de sua função, recebe a
várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de denominação de Apropriação Indébita (Art. 168 do CP).
subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas ur- No caso exemplificado acima, ambos crimes se caracterizam
banas. (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007). pela apropriação de coisa alheia, sendo a Apropriação Indébita, cri-
me comum, praticado por qualquer pessoa, enquanto o Peculato,
O ilustre jurista legista Hely Lopes Meirelles, trata esse direito trata-se de crime próprio, praticado apenas por funcionário público.
da seguinte forma: “Concessão de direito real de uso – é o contrato
pelo qual a Administração transfere o uso remunerado ou gratuito Peculato Próprio (Art. 312 CP)
de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para que Cometerá o crime de Peculato, o funcionário público que, apro-
dele se utilize em fins específicos de urbanização, industrialização, priar-se (para ele mesmo, ou desviar para outra pessoa), dinheiro
edificação, cultivo ou qualquer outra exploração de interesse social”. ou qualquer outro bem, que recebeu em razão de seu cargo públi-
A respeito da incidência da concessão de direito real de uso, co.
ressalta-se que poderá se dar sobre terrenos públicos ou privados, Neste caso, o funcionário público tem a posse, ou seja, o bem
ser onerosa ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado. Porém, específico encontra-se em suas mãos, de modo que, dolosamente,
deverá ser precedida de autorização legal, bem como regulamen- ele transforma tal posse em domínio, para si mesmo ou para ou-
tada por licitação na modalidade concorrência, não importando o trem, dando assim, ao objeto material, destinação diversa da que
valor do contrato. lhe foi confiada.
Por último, vale destacar que o imóvel reverterá à Administra-
ção concedente, se o concessionário ou seus sucessores não lhe Sujeito ativo
derem o uso que foi avençado, ou vierem a desviá-lo de sua finali- Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capí-
dade contratual. Além do mais, responderá o concessionário pelos tulo do Código Penal, trata-se do funcionário público, sendo cabível
encargos administrativos e tributários do terreno desde a feitura de apenas a participação de pessoas que não o sejam.
sua inscrição.
Sujeito passivo
Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capítu-
CÓDIGO PENAL lo do Código Penal, trata-se do Estado e do particular prejudicado.

Peculato Impróprio ou Peculato Furto (Art. 312, § 1º, CP)


A diferença entre este caso e o Peculato Próprio, é que aqui,
Dos crimes contra a administração pública apesar do funcionário público valer-se de seu cargo para subtrair
ou concorrer para que o bem se subtraia, ele não retém a posse
Dos crimes praticados por funcionário público contra a admi- desse bem.
nistração em geral
Peculato Culposo (Art. 312, § 2º, CP)
Peculato – Art. 312 Ocorre quando, de forma culposa (por negligência, imprudên-
O Título XI, Capítulo I do Código Penal refere-se aos crimes pró-
cia ou imperícia), apesar de não possuir vontade para que se ocorra
prios de funcionários públicos contra a Administração em geral.
a subtração ou apropriação do bem, o funcionário público cria uma
No caso, particulares podem participar dos mesmos apenas
oportunidade para que um outro funcionário público ou um tercei-
como coautores, caso concorram de qualquer modo para realização
ro pratique o crime.
de um desses crimes.
Tais crimes são denominados de crimes funcionais, já que são
Peculato mediante erro de outrem - Art. 313
praticados por pessoas que se dedicam à realização das funções ou
atividades estatais, exigindo a qualidade do sujeito ativo, como fun- Este crime também é chamado de Peculato Estelionato, onde o
cionário público e a intenção de dolo. Também são denominados funcionário público, no exercício de seu cargo, se apropria de bens
como crimes de responsabilidade. ou valores que recebeu de outrem, mediante erro.
Lembrando que o conceito de funcionário público para efeitos
penais encontra-se disposto no Art. 327 do CP. Inserção de dados falsos em sistema de informações - Art.
313-A e Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
Crimes Funcionais informações - Art. 313-B
Dividem-se em: É a principal diferença entre esses dois crimes, conhecidos
→ Crime Funcional Próprio: para a caracterização do crime é como Peculato via informática, o fato do funcionário público, no
indispensável que o mesmo seja realizado por funcionário público caso do Art. 313-A, ser autorizado para o exercício daquela função,
(função de cargo público). Exemplo: Crime de Prevaricação, previsto onde aproveita-se para cometer o crime.
no Art. 319 do CP, se este crime não for praticado por funcionário Exemplo: o funcionário público autorizado a preencher o painel
público, será inexistente, pois o fato torna-se irrelevante. eletrônico do Congresso Nacional, viola o mesmo e altera o cômpu-
→ Crime Funcional Impróprio: o sujeito ativo destes crimes é to dos votos dos parlamentares.
funcionário público, assim, eles recebem uma denominação espe- Já no caso do Art. 313-B, o funcionário público não possui au-
cífica pelo exercício da função. Porém, se tais crimes forem cometi- torização ou solicitação de autoridade competente para realização
dos por particulares, sem investimento de cargo público, receberão da atividade onde cometeu o crime.
outra denominação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento - Facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318
Art. 314 Trata-se de crime próprio de funcionário público, que em sua
A ação física deste crime divide-se em três hipóteses: função, facilita a prática de contrabando ou descaminho.
→ Extraviar, ou seja, mudar o destino ou o fim, para onde o → Contrabando refere-se a entrada ou saída de produtos no
livro ou documento público deveria ser encaminhado; País, cuja comercialização dos mesmos não é permitida, ou seja,
→ Sonegar, ou seja, não apresentar o livro ou documento pú- refere-se à importação ou exportação de mercadorias ilegais e proi-
blico no local devido, cometendo sua ocultação intelectual ou frau- bidas.
dulenta; → Descaminho refere-se a comercialização permitida de pro-
→ Inutilizar, ou seja, tornar o livro ou documento público im- dutos, no entanto, estes adentram o País de forma ilegal, com a
prestável, estraga-lo, arruína-lo, seja no todo ou parcialmente. finalidade do não pagamento dos impostos devidos.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Art. 315 Prevaricação – Art. 319
Neste crime, ao invés de ocorrer a destinação das verbas ou Este crime consiste em praticar, ou deixar de praticar, indevi-
rendas públicas, aos entes públicos determinados, ocorre um des- damente, ato de ofício, ou praticar o mesmo contra disposição ex-
vio daquelas, dentro da própria administração, de modo que as pressa em lei, para a satisfação de interesse ou sentimento pessoal.
mesmas se destinam para local diverso do previsto. O crime de Prevaricação é um crime demasiadamente come-
tido no funcionalismo público, verificando-se quando o funcioná-
Concussão – Art. 316 rio público, por qualquer sentimento pessoal (inveja, ciúmes, ódio,
Este crime também é conhecido como extorsão praticada por amor, pena, etc.), ou para satisfazer seu interesse pessoal (promo-
funcionário público no exercício de sua função, ou a pretexto da ção, recebimento de comissão legal, vantagem funcional na carrei-
mesma. ra, proteção de um direito seu, seja na vida particular, familiar ou de
Ele ocorre quando o funcionário público exige, seja para si amizade, etc.), indevidamente pratica, retarda ou deixa de praticar,
mesmo ou para outrem, uma vantagem indevida de alguém, apro- algum ato de seu ofício, contrariamente a uma expressa disposição
veitando-se do cargo ou função que exerça para formular esta exi- de lei.
gência. É importante observarmos que se o funcionário público agir ce-
Neste caso, mesmo que o funcionário público não esteja pre- dendo a pedido de outrem e impelido por promessa de vantagem
sente naquele momento no exercício de sua função, ou até mesmo indevida, ele cometerá o crime de Corrupção Passiva.
ainda não a tenha assumido, caso a exigência de vantagem indevida
tenha sido em razão desta função, já se configura o crime de con- Condescendência criminosa - Art. 320
cussão. Condescendência refere-se à aceitação, conivência, indulgên-
A diferença entre os crimes de Concussão e Extorsão, é que cia, ou seja, consiste no superior hierárquico, prover-se de senti-
apesar de ambos serem caracterizados pela exigência da vantagem mento de pena, e a partir deste sentimento, omitir determinado
indevida, a Concussão trata-se de crime próprio, apenas podendo ato, que configurou um delito de seu subordinado, com a finalidade
ser praticada por funcionário público. de se evitar a punição do mesmo. Seria o vulgo “coleguismo” ou
“apadrinhamento”.
Corrupção Passiva – Art. 317
Da mesma forma que o crime de Concussão seria a Extorsão É importante se atentar ao fato de que o crime de Condescen-
praticada por funcionário público no exercício da sua função, a Cor- dência é muito parecido com o crime de Prevaricação. Na verdade,
rupção seria o Rufianismo (Art. 230 CP) praticado pelo mesmo. este seria uma forma especial do outro, pois aqui também há uma
Para a caracterização do crime de Corrupção Passiva não é omissão (deixar de praticar) algo, com o objetivo de atender a um
necessário que o funcionário público receba a vantagem indevida, sentimento pessoal (indulgência, piedade, condescendência, etc.).
bastando apenas solicitar a mesma.
Aqui também não faz diferença se aquilo solicitado ou recebido Advocacia administrativa – Art. 321
seja uma vantagem indevida, mas já é suficiente a simples aceitação A partir da análise doutrinária, pode-se verificar que a conduta
da promessa de vantagem pelo servidor para a caracterização do praticada pelo agente, apta a configurar o crime de advocacia admi-
crime. nistrativa, não consiste em uma atividade de “advogado”, tal como
Há uma sutil diferença entre os crimes de Concussão e Corrup- o termo “advocacia administrativa” em um primeiro momento su-
ção Passiva. Se há exigência, há Concussão, porém, se há simples gere, mas sim em um ato de funcionário público que “advoga”, ou
solicitação, há Corrupção Passiva. seja, patrocina, pleiteia em favor de outrem, valendo-se de sua con-
dição, de funcionário público, em interesse de terceiro particular.
Diferença entre Corrupção Passiva e Corrupção Ativa A conduta típica vem expressa pelo verbo “patrocinar”, que sig-
A Corrupção Passiva é um crime praticado por funcionário pú- nifica advogar, proteger, beneficiar, favorecer, defender. O agente
blico, onde o mesmo solicita ou recebe vantagem indevida de al- deve valer-se das facilidades que a qualidade de funcionário público
guém; lhe proporciona.
Já a Corrupção Ativa (Art. 333 CP), é um crime praticado por O patrocínio pode ser direto, quando o funcionário público
particular contra a administração, consistindo na oferta ou promes- pessoalmente advoga os interesses privados perante a Administra-
sa de vantagem indevida deste particular ao servidor público, para ção Pública, ou indireto, quando o funcionário se vale de interposta
determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. pessoa para a defesa dos interesses privados perante a Administra-
Em outras palavras, seria o suborno do funcionário público. ção Pública.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

“Interesse privado” é qualquer vantagem a ser obtida pelo par- I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
ticular, legítima ou ilegítima, perante a Administração. Se o interes- empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pesso-
se for ilegítimo, a pena será maior. as não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Entretanto, prevalece na doutrina e na jurisprudência o en- Administração Pública;
tendimento de que somente caracteriza o delito o patrocínio, pelo II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
funcionário público, de interesse “alheio” perante a administração. O § 2º estabelece uma qualificadora, prevendo pena de reclu-
Caso o interesse seja “próprio” do funcionário, não estará configu- são, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resultar
rado o delito, podendo ocorrer mera infração funcional. dano à Administração ou a terceiro.

Violência arbitrária – Art. 322 Violação do sigilo de proposta de concorrência – Art. 326
O tipo penal que compõe o crime de violência arbitrária tutela Quanto ao crime de Violação do sigilo de proposta de concor-
o bem jurídico Administração Pública, sobretudo no que diz respei- rência, devemos nos atentar ao fato de que, com o advento da Lei
to à moralidade do serviço, bem como o bem jurídico, integridade n° 8.666/93 (Lei de Licitações), o mesmo foi tacitamente revogado
física. por seu art. 94:
O objeto material do delito será o administrado, submetido ao Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedi-
poder estatal, contra o qual é praticada a violência ilegal perpetrada mento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
pelo funcionário público. Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Como núcleo do crime, temos o verbo praticar que é sinônimo
de exercer ou cometer. A violência, por sua vez, deve ser entendida Por revogação tácita designa-se a eliminação da vigência de
somente como a vis corporalis, abrangendo vias de fato, lesão cor- uma norma por apresentar-se incompatível com outra norma pos-
poral ou homicídio. terior, em um determinado caso concreto. Assim, a revogação tácita
O emprego da violência deve ser arbitrário, não se englobando ocorre quando o aplicador constata que disposições contraditórias
situações, como por exemplo, de legitima defesa ou estrito cumpri- foram publicadas em momentos diferentes.
mento do dever legal. Desse modo, esta revogação tem lugar quando normas suces-
sivas no tempo apresentam contradição uma em relação à outra.
Abandono de função – Art. 323 Para resolver o conflito, emprega-se o chamado critério cronológico
O crime de Abandono de função trata-se de crime contra a Ad- (critério da lex posterior).
ministração Pública que se configura quando o funcionário público Conforme dispõe a LINDB, art. 2º, deve-se entender que a nor-
se afasta do seu cargo por tempo juridicamente relevante, colocan- ma anterior foi revogada pela posterior, ainda que não expressa
do em risco a regularidade dos serviços prestados. (descrita no tipo literal) esta revogação.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado – Funcionário público – Art. 327


Art. 324 São considerados funcionários públicos, para fins penais, quem
Este crime pode ser tipificado por dois verbos: entrar ou con- exerce cargo, emprego ou função pública.
tinuar.
O verbo entrar no exercício, significa iniciar o desempenho de Cargos públicos: são as mais simples e indivisíveis unidades de
determinada atividade pública antes mesmo de satisfeitas as exi- competência a serem expressadas por um agente, previstas em um
gências legais, ou seja, antes da investidura (nomeação, posse) legal número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas
do cargo de funcionário público. jurídicas de direito público e criadas por lei;
Já o verbo continuar a exercê-la, significa prosseguir no desem-
penho de determinada atividade, sem autorização, depois do fun- Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho a se-
cionário público ser oficialmente notificado de que foi exonerado, rem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los,
removido, substituído ou suspenso daquele cargo. sob relação trabalhista. O regime jurídico é o trabalhista (contratu-
al), embora pontualmente derrogado por normas de direito públi-
Violação de sigilo funcional – Art. 325 co, sobretudo as que diretamente constam do texto constitucional.
O crime de Violação de sigilo funcional ocorre quando um fun- É a forma de contratação própria das pessoas jurídicas de direito
cionário público revela fato de que tem ciência em razão do cargo e privado;
que deva permanecer em segredo, ou facilita a sua revelação.
A conduta caracteriza-se quando o funcionário público revela Funções públicas: são as funções de confiança e as exercidas
o sigilo funcional de forma intencional (este crime não admite a pelos agentes públicos contratados por tempo determinado para
forma culposa), dando ciência de seu teor a terceiro, por escrito, atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.
verbalmente, mostrando documentos, etc. Importante ressaltar que, ainda que a função pública seja exer-
A conduta de facilitar a divulgação do segredo, também deno- cida transitoriamente e sem remuneração, poderá o agente ser con-
minada divulgação indireta, dá-se quando o funcionário público, siderado funcionário público para fins penais. Por isso, jurados e
querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota de- mesários eleitorais não estão afastados do conceito.
terminado procedimento que torna a descoberta acessível a outras
pessoas.
A Lei nº 9.983/2000 criou no § 1º do artigo 325 algumas in-
frações penais equiparadas, punindo com as mesmas penas do
“caput” quem:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Segue abaixo os dispositivos legais do Código Penal referentes Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
ao presente tópico: Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei:
TÍTULO XI Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Concussão
CAPÍTULO I Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
Peculato dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem Excesso de exação
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
alheio: sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na co-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públi-
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. cos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de Corrupção passiva
outrem: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
Pena - detenção, de três meses a um ano. ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é vantagem:
posterior, reduz de metade a pena imposta. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
Peculato mediante erro de outrem vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in-
fluência de outrem:
Inserção de dados falsos em sistema de informações Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser-
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- Facilitação de contrabando ou descaminho
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra- Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para de contrabando ou descaminho (art. 334):
outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Prevaricação
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor- Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
mações ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor- zer interesse ou sentimento pessoal:
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
de autoridade competente: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente públi-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. co, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho tele-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a fônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi- presos ou com o ambiente externo:
nistração Pública ou para o administrado. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Condescendência criminosa


Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa-
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
parcialmente: quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui autoridade competente:
crime mais grave. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Advocacia administrativa § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores


Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun- comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
cionário: administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. ca ou fundação instituída pelo poder público.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMI-
Violência arbitrária NISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretex-
to de exercê-la: Usurpação de função pública
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor- Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
respondente à violência. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Abandono de função Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
em lei: Resistência
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. esteja prestando auxílio:
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron- Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
teira: § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor-
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado respondentes à violência.
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa-
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Desobediência
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Desacato
Violação de sigilo funcional Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e ou em razão dela:
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
não constitui crime mais grave. Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em- trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Reda-
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da ção dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Administração Pública; Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú- Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
blica ou a outrem: alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcioná-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. rio. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Violação do sigilo de proposta de concorrência Corrupção ativa


Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi- Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
Funcionário público dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em ra-
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce zão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
cargo, emprego ou função pública. de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em-
prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para Descaminho
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
execução de atividade típica da Administração Pública. imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de merca-
doria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
13.008, de 26.6.2014) estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro-
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Re- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
dação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) pena correspondente à violência.
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativida- concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
de comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulenta- Inutilização de edital ou de sinal
mente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no terri- Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur-
tório nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti-
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação Subtração ou inutilização de livro ou documento
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro ofi-
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste cial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mer- razão de ofício, ou de particular em serviço público:
cadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) crime mais grave.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 9.983, de 2000)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá-
Contrabando ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
nº 13.008, de 26.6.2014) empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela
de 26.6.2014) Lei nº 9.983, de 2000)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (In- II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- pela Lei nº 9.983, de 2000)
tente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira desti- remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
nada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- 2000)
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- pela Lei nº 9.983, de 2000)
sileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e pres-
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida ta as informações devidas à previdência social, na forma definida
pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos des- Lei nº 9.983, de 2000)
te artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (In- mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
cluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa- e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na
gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e sua subutilização ou não utilização;
dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade f) a deterioração das áreas urbanizadas;
ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) g) a poluição e a degradação ambiental;
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajus- h) a exposição da população a riscos de desastres. (In-
tado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos be- cluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012)
nefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) VII – integração e complementaridade entre as atividades urba-
nas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do
Município e do território sob sua área de influência;
VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e ser-
ESTATUTO DA CIDADE viços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustenta-
bilidade ambiental, social e econômica do Município e do território
sob sua área de influência;
LEI N° 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001 IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do
processo de urbanização;
Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, esta- X – adequação dos instrumentos de política econômica, tribu-
belece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. tária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvol-
vimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: sociais;
XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que
CAPÍTULO I tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;
DIRETRIZES GERAIS XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente
natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, pai-
Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. sagístico e arqueológico;
182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta XIII – audiência do Poder Público municipal e da população
Lei. interessada nos processos de implantação de empreendimentos
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Es- ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio
tatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da po-
social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem pulação;
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas
equilíbrio ambiental. por população de baixa renda mediante o estabelecimento de nor-
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno de- mas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação,
senvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade ur- consideradas a situação socioeconômica da população e as normas
bana, mediante as seguintes diretrizes gerais: ambientais;
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupa-
o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à ção do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução
infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacio-
trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; nais;
II – gestão democrática por meio da participação da população XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e pri-
e de associações representativas dos vários segmentos da comuni-
vados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao
dade na formulação, execução e acompanhamento de planos, pro-
processo de urbanização, atendido o interesse social.
gramas e projetos de desenvolvimento urbano;
XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os de-
edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construti-
mais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendi-
vos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de impactos
mento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distri- ambientais e a economia de recursos naturais. (Incluído pela
buição espacial da população e das atividades econômicas do Mu- Lei nº 12.836, de 2013)
nicípio e do território sob sua área de influência, de modo a evitar XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de infraes-
e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos nega- trutura de energia, telecomunicações, abastecimento de água e sa-
tivos sobre o meio ambiente; neamento. (Incluído pela Lei nº 13.116, de 2015)
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transpor- XIX – garantia de condições condignas de acessibilidade, utiliza-
te e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da ção e conforto nas dependências internas das edificações urbanas,
população e às características locais; inclusive nas destinadas à moradia e ao serviço dos trabalhadores
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: domésticos, observados requisitos mínimos de dimensionamento,
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; ventilação, iluminação, ergonomia, privacidade e qualidade dos
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; materiais empregados. (Incluído pela Lei nº 13.699, de
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou 2018)
inadequados em relação à infra-estrutura urbana; XX - promoção de conforto, abrigo, descanso, bem-estar e
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam acessibilidade na fruição dos espaços livres de uso público, de seu
funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra- mobiliário e de suas interfaces com os espaços de uso privado, ve-
-estrutura correspondente; dado o emprego de materiais, estruturas, equipamentos e técnicas
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

construtivas hostis que tenham como objetivo ou resultado o afas- j) usucapião especial de imóvel urbano;
tamento de pessoas em situação de rua, idosos, jovens e outros l) direito de superfície;
segmentos da população. (Redação dada pela Lei nº 14.489, de m) direito de preempção;
2022) n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de
Art. 3o Compete à União, entre outras atribuições de interesse uso;
da política urbana: o) transferência do direito de construir;
I – legislar sobre normas gerais de direito urbanístico; p) operações urbanas consorciadas;
II – legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os q) regularização fundiária;
Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à política ur- r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e
bana, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es- grupos sociais menos favorecidos;
tar em âmbito nacional; s) referendo popular e plebiscito;
III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Esta- t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária;
dos, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)
moradias e melhoria das condições habitacionais, de saneamento u) legitimação de posse. (Incluído pela Lei nº 11.977,
básico, das calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano e de 2009)
dos demais espaços de uso público; (Redação dada pela VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) de impacto de vizinhança (EIV).
IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive § 1o Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela
habitação, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei.
que incluam regras de acessibilidade aos locais de uso público; § 2o Nos casos de programas e projetos habitacionais de in-
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) teresse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Adminis-
V – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- tração Pública com atuação específica nessa área, a concessão de
ção do território e de desenvolvimento econômico e social. direito real de uso de imóveis públicos poderá ser contratada cole-
tivamente.
CAPÍTULO II § 3o Os instrumentos previstos neste artigo que demandam
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal devem
ser objeto de controle social, garantida a participação de comunida-
des, movimentos e entidades da sociedade civil.
SEÇÃO I
DOS INSTRUMENTOS EM GERAL
SEÇÃO II
DO PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO OU UTILIZAÇÃO COM-
Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros ins-
PULSÓRIOS
trumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do ter-
Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano di-
ritório e de desenvolvimento econômico e social; retor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utiliza-
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações ção compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
urbanas e microrregiões; utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementa-
III – planejamento municipal, em especial: ção da referida obrigação.
a) plano diretor; § 1o Considera-se subutilizado o imóvel:
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no
c) zoneamento ambiental; plano diretor ou em legislação dele decorrente;
d) plano plurianual; II – (VETADO)
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; § 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo muni-
f) gestão orçamentária participativa; cipal para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser
g) planos, programas e projetos setoriais; averbada no cartório de registro de imóveis.
h) planos de desenvolvimento econômico e social; § 3o A notificação far-se-á:
IV – institutos tributários e financeiros: I – por funcionário do órgão competente do Poder Público mu-
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - nicipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa
IPTU; jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou administração;
b) contribuição de melhoria; II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de
c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros; notificação na forma prevista pelo inciso I.
V – institutos jurídicos e políticos: § 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser infe-
a) desapropriação; riores a:
b) servidão administrativa; I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o
c) limitações administrativas; projeto no órgão municipal competente;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as
e) instituição de unidades de conservação; obras do empreendimento.
f) instituição de zonas especiais de interesse social; § 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excep-
g) concessão de direito real de uso; cional, a lei municipal específica a que se refere o caput poderá pre-
h) concessão de uso especial para fins de moradia; ver a conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; compreenda o empreendimento como um todo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa SEÇÃO V


mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações de DA USUCAPIÃO ESPECIAL DE IMÓVEL URBANO
parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta
Lei, sem interrupção de quaisquer prazos. Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urba-
na de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
SEÇÃO III ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia
DO IPTU PROGRESSIVO NO TEMPO ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja pro-
prietário de outro imóvel urbano ou rural.
Art. 7o Em caso de descumprimento das condições e dos pra- § 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher,
zos previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo ou a ambos, independentemente do estado civil.
cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Muni- § 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao
cípio procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial mesmo possuidor mais de uma vez.
e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majo- § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua,
ração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos. de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no
§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
na lei específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição
excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de
a alíquota máxima de quinze por cento. possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados
§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente,
atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alí- desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
quota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
prerrogativa prevista no art. 8o. § 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido
§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto
tributação progressiva de que trata este artigo. que ambas sejam contínuas.
§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será de-
SEÇÃO IV clarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para
registro no cartório de registro de imóveis.
DA DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS
§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno
a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que
Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo
cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condômi-
sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamen-
nos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
to, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desa-
§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sen-
propriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.
do passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no
§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo
mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urba-
Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em nização posterior à constituição do condomínio.
prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da § 5o As deliberações relativas à administração do condomínio
indenização e os juros legais de seis por cento ao ano. especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos pre-
§ 2o O valor real da indenização: sentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana,
montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou posses-
Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que sórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usu-
trata o § 2o do art. 5o desta Lei; capiendo.
II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usu-
juros compensatórios. capião especial urbana:
§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder libera- I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou
tório para pagamento de tributos. superveniente;
§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do II – os possuidores, em estado de composse;
imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua in- III – como substituto processual, a associação de moradores da
corporação ao patrimônio público. comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídi-
§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado direta- ca, desde que explicitamente autorizada pelos representados.
mente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão § 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a in-
a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento tervenção do Ministério Público.
licitatório. § 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judi-
§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos ciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis.
do § 5o as mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utili- Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invo-
zação previstas no art. 5o desta Lei. cada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer
como título para registro no cartório de registro de imóveis.
Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urba-
no, o rito processual a ser observado é o sumário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO VI § 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo


DA CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA de vigência fixado na forma do § 1o, independentemente do núme-
ro de alienações referentes ao mesmo imóvel.
Art. 15. (VETADO) Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o
Art. 16. (VETADO) Poder Público necessitar de áreas para:
Art. 17. (VETADO) I – regularização fundiária;
Art. 18. (VETADO) II – execução de programas e projetos habitacionais de inte-
Art. 19. (VETADO) resse social;
Art. 20. (VETADO) III – constituição de reserva fundiária;
IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
SEÇÃO VII V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
DO DIREITO DE SUPERFÍCIE VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
VII – criação de unidades de conservação ou proteção de ou-
Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o di- tras áreas de interesse ambiental;
reito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou in- VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou pai-
determinado, mediante escritura pública registrada no cartório de sagístico;
registro de imóveis. IX – (VETADO)
§ 1o O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25
o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabele- desta Lei deverá enquadrar cada área em que incidirá o direito de
cida no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística. preempção em uma ou mais das finalidades enumeradas por este
§ 2o A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita artigo.
ou onerosa. Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar
§ 3o O superficiário responderá integralmente pelos encargos o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de trinta dias,
e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária, arcando, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.
ainda, proporcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva, com § 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta
os encargos e tributos sobre a área objeto da concessão do direito de compra assinada por terceiro interessado na aquisição do imó-
de superfície, salvo disposição em contrário do contrato respectivo. vel, da qual constarão preço, condições de pagamento e prazo de
§ 4o O direito de superfície pode ser transferido a terceiros, validade.
obedecidos os termos do contrato respectivo. § 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo me-
§ 5o Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem-se nos um jornal local ou regional de grande circulação, edital de aviso
a seus herdeiros. da notificação recebida nos termos do caput e da intenção de aqui-
Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de su- sição do imóvel nas condições da proposta apresentada.
perfície, o superficiário e o proprietário, respectivamente, terão § 3o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifes-
direito de preferência, em igualdade de condições à oferta de ter- tação, fica o proprietário autorizado a realizar a alienação para ter-
ceiros. ceiros, nas condições da proposta apresentada.
Art. 23. Extingue-se o direito de superfície: § 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obri-
I – pelo advento do termo; gado a apresentar ao Município, no prazo de trinta dias, cópia do
II – pelo descumprimento das obrigações contratuais assumi- instrumento público de alienação do imóvel.
das pelo superficiário. § 5o A alienação processada em condições diversas da propos-
Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprietário recupe- ta apresentada é nula de pleno direito.
rará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e benfei- § 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá
torias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização, adquirir o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU ou pelo va-
se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo lor indicado na proposta apresentada, se este for inferior àquele.
contrato.
§ 1o Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito SEÇÃO IX
de superfície se o superficiário der ao terreno destinação diversa DA OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR
daquela para a qual for concedida.
§ 2o A extinção do direito de superfície será averbada no cartó- Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito
rio de registro de imóveis. de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveita-
mento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo
SEÇÃO VIII beneficiário.
DO DIREITO DE PREEMPÇÃO § 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é
a relação entre a área edificável e a área do terreno.
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público mu- § 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamen-
nicipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alie- to básico único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas
nação onerosa entre particulares. específicas dentro da zona urbana.
§ 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as § 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingi-
áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo de dos pelos coeficientes de aproveitamento, considerando a propor-
vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano cionalidade entre a infra-estrutura existente e o aumento de densi-
após o decurso do prazo inicial de vigência. dade esperado em cada área.
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Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser § 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o
permitida alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser caput, são nulas as licenças e autorizações a cargo do Poder Público
prestada pelo beneficiário. municipal expedidas em desacordo com o plano de operação urba-
Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições a se- na consorciada.
rem observadas para a outorga onerosa do direito de construir e de Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consor-
alteração de uso, determinando: ciada poderá prever a emissão pelo Município de quantidade de-
I – a fórmula de cálculo para a cobrança; terminada de certificados de potencial adicional de construção, que
II – os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga; serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no pagamento
III – a contrapartida do beneficiário. das obras necessárias à própria operação.
Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onero- § 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão
sa do direito de construir e de alteração de uso serão aplicados com livremente negociados, mas conversíveis em direito de construir
as finalidades previstas nos incisos I a IX do art. 26 desta Lei. unicamente na área objeto da operação.
§ 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certifica-
SEÇÃO X do de potencial adicional será utilizado no pagamento da área de
DAS OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS construção que supere os padrões estabelecidos pela legislação de
uso e ocupação do solo, até o limite fixado pela lei específica que
Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, po- aprovar a operação urbana consorciada.
derá delimitar área para aplicação de operações consorciadas. Art. 34-A. Nas regiões metropolitanas ou nas aglomerações urba-
§ 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de in- nas instituídas por lei complementar estadual, poderão ser realizadas
tervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a operações urbanas consorciadas interfederativas, aprovadas por leis
participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e inves- estaduais específicas. (Incluído pela Lei nº 13.089, de 2015)
tidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações Parágrafo único. As disposições dos arts. 32 a 34 desta Lei apli-
urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental. cam-se às operações urbanas consorciadas interfederativas previs-
§ 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorcia- tas no caput deste artigo, no que couber. (Incluído pela Lei nº
13.089, de 2015)
das, entre outras medidas:
I – a modificação de índices e características de parcelamento,
uso e ocupação do solo e subsolo, bem como alterações das normas
SEÇÃO XI
edilícias, considerado o impacto ambiental delas decorrente;
DA TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR
II – a regularização de construções, reformas ou ampliações
Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá auto-
executadas em desacordo com a legislação vigente.
rizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exer-
III - a concessão de incentivos a operações urbanas que utilizam
cer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito
tecnologias visando a redução de impactos ambientais, e que compro-
de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística
vem a utilização, nas construções e uso de edificações urbanas, de tec-
dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado neces-
nologias que reduzam os impactos ambientais e economizem recursos
sário para fins de:
naturais, especificadas as modalidades de design e de obras a serem
I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
contempladas. (Incluído pela Lei nº 12.836, de 2013)
II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse
Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana con-
histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural;
sorciada constará o plano de operação urbana consorciada, conten-
III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização
do, no mínimo:
de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de
I – definição da área a ser atingida;
interesse social.
II – programa básico de ocupação da área;
§ 1o A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário
III – programa de atendimento econômico e social para a popu-
que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele, para os fins
lação diretamente afetada pela operação;
previstos nos incisos I a III do caput.
IV – finalidades da operação;
§ 2o A lei municipal referida no caput estabelecerá as condi-
V – estudo prévio de impacto de vizinhança;
ções relativas à aplicação da transferência do direito de construir.
VI - contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários per-
manentes e investidores privados em função da utilização dos be-
nefícios previstos nos incisos I, II e III do § 2o do art. 32 desta Lei;
SEÇÃO XII
(Redação dada pela Lei nº 12.836, de 2013)
DO ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA
VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente com-
Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e ativida-
partilhado com representação da sociedade civil.
des privados ou públicos em área urbana que dependerão de ela-
VIII - natureza dos incentivos a serem concedidos aos pro-
boração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter
prietários, usuários permanentes e investidores privados, uma vez
as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funciona-
atendido o disposto no inciso III do § 2o do art. 32 desta Lei. (In-
mento a cargo do Poder Público municipal.
cluído pela Lei nº 12.836, de 2013)
Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos
§ 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na for-
positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à
ma do inciso VI deste artigo serão aplicados exclusivamente na pró-
qualidade de vida da população residente na área e suas proximida-
pria operação urbana consorciada.
des, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
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II – equipamentos urbanos e comunitários; § 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitan-
III – uso e ocupação do solo; tes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integra-
IV – valorização imobiliária; do, compatível com o plano diretor ou nele inserido.
V – geração de tráfego e demanda por transporte público; § 3o As cidades de que trata o caput deste artigo devem ela-
VI – ventilação e iluminação; borar plano de rotas acessíveis, compatível com o plano diretor no
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. qual está inserido, que disponha sobre os passeios públicos a serem
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos in- implantados ou reformados pelo poder público, com vistas a ga-
tegrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão rantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade
competente do Poder Público municipal, por qualquer interessado. reduzida a todas as rotas e vias existentes, inclusive as que concen-
Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a trem os focos geradores de maior circulação de pedestres, como
aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas os órgãos públicos e os locais de prestação de serviços públicos e
nos termos da legislação ambiental. privados de saúde, educação, assistência social, esporte, cultura,
correios e telégrafos, bancos, entre outros, sempre que possível de
CAPÍTULO III maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de passa-
DO PLANO DIRETOR geiros. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:
Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quan- I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o
do atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade ex- parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando
pressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessi- a existência de infra-estrutura e de demanda para utilização, na for-
dades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao ma do art. 5o desta Lei;
desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretri- II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;
zes previstas no art. 2o desta Lei. III – sistema de acompanhamento e controle.
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instru- Art. 42-A. Além do conteúdo previsto no art. 42, o plano di-
mento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. retor dos Municípios incluídos no cadastro nacional de municípios
§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de plane- com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande im-
jamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orça- pacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos
mentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as priori- correlatos deverá conter: (Incluído pela Lei nº 12.608,
dades nele contidas. de 2012)
§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município I - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de
como um todo. modo a promover a diversidade de usos e a contribuir para a gera-
§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo ção de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº 12.608,
menos, a cada dez anos. de 2012)
§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fisca- II - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de
lização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou proces-
municipais garantirão: sos geológicos ou hidrológicos correlatos; (Incluído pela Lei nº
I – a promoção de audiências públicas e debates com a parti- 12.608, de 2012)
cipação da população e de associações representativas dos vários III - planejamento de ações de intervenção preventiva e realo-
segmentos da comunidade; cação de população de áreas de risco de desastre; (Incluído pela
II – a publicidade quanto aos documentos e informações pro- Lei nº 12.608, de 2012)
duzidos; IV - medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e infor- à mitigação de impactos de desastres; e (Incluído pela Lei nº
mações produzidos. 12.608, de 2012)
§ 5o (VETADO) V - diretrizes para a regularização fundiária de assentamentos
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades: urbanos irregulares, se houver, observadas a Lei no 11.977, de 7 de
I – com mais de vinte mil habitantes; julho de 2009, e demais normas federais e estaduais pertinentes,
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações ur- e previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da
banas; demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros ins-
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instru- trumentos de política urbana, onde o uso habitacional for permiti-
mentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal; do. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico; VI - identificação e diretrizes para a preservação e ocupação
V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou ati- das áreas verdes municipais, quando for o caso, com vistas à redu-
vidades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou ção da impermeabilização das cidades. (Incluído pela Lei nº
nacional. 12.983, de 2014)
VI - incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas § 1o A identificação e o mapeamento de áreas de risco levarão
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inun- em conta as cartas geotécnicas. (Incluído pela Lei nº
dações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos. 12.608, de 2012)
(Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012) § 2o O conteúdo do plano diretor deverá ser compatível com
§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades as disposições insertas nos planos de recursos hídricos, formulados
enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos e financei- consoante a Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. (In-
ros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as cluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
medidas de compensação adotadas.
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§ 3o Os Municípios adequarão o plano diretor às disposições Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participa-
deste artigo, por ocasião de sua revisão, observados os prazos le- tiva de que trata a alínea f do inciso III do art. 4o desta Lei incluirá a
gais. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012) realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as pro-
§ 4o Os Municípios enquadrados no inciso VI do art. 41 desta postas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do
Lei e que não tenham plano diretor aprovado terão o prazo de 5 orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação
(cinco) anos para o seu encaminhamento para aprovação pela Câ- pela Câmara Municipal.
mara Municipal. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012) Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas
Art. 42-B. Os Municípios que pretendam ampliar o seu perí- e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa parti-
metro urbano após a data de publicação desta Lei deverão elaborar cipação da população e de associações representativas dos vários
projeto específico que contenha, no mínimo: (Incluído pela segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de
Lei nº 12.608, de 2012) suas atividades e o pleno exercício da cidadania.
I - demarcação do novo perímetro urbano; (Incluído
pela Lei nº 12.608, de 2012) CAPÍTULO V
II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos DISPOSIÇÕES GERAIS
trechos sujeitos a controle especial em função de ameaça de de-
sastres naturais; (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012) Art. 46. O poder público municipal poderá facultar ao proprie-
III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão uti- tário da área atingida pela obrigação de que trata o caput do art. 5o
lizadas para infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instala- desta Lei, ou objeto de regularização fundiária urbana para fins de
ções públicas, urbanas e sociais; (Incluído pela Lei nº regularização fundiária, o estabelecimento de consórcio imobiliário
12.608, de 2012) como forma de viabilização financeira do aproveitamento do imó-
IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação vel. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
do solo, de modo a promover a diversidade de usos e contribuir § 1o Considera-se consórcio imobiliário a forma de viabilização
para a geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei de planos de urbanização, de regularização fundiária ou de reforma,
nº 12.608, de 2012) conservação ou construção de edificação por meio da qual o pro-
V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por prietário transfere ao poder público municipal seu imóvel e, após
meio da demarcação de zonas especiais de interesse social e de ou- a realização das obras, recebe, como pagamento, unidades imobi-
tros instrumentos de política urbana, quando o uso habitacional for liárias devidamente urbanizadas ou edificadas, ficando as demais
permitido; (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012) unidades incorporadas ao patrimônio público. (Redação dada
pela lei nº 13.465, de 2017)
VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para pro-
§ 2o O valor das unidades imobiliárias a serem entregues ao
teção ambiental e do patrimônio histórico e cultural; e (In-
proprietário será correspondente ao valor do imóvel antes da exe-
cluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
cução das obras. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição
§ 3o A instauração do consórcio imobiliário por proprietários
dos ônus e benefícios decorrentes do processo de urbanização do
que tenham dado causa à formação de núcleos urbanos informais,
território de expansão urbana e a recuperação para a coletividade
ou por seus sucessores, não os eximirá das responsabilidades admi-
da valorização imobiliária resultante da ação do poder público.
nistrativa, civil ou criminal (incluído pela lei nº 13.465, de 2017)
§ 1o O projeto específico de que trata o caput deste artigo de-
Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim como as ta-
verá ser instituído por lei municipal e atender às diretrizes do plano
rifas relativas a serviços públicos urbanos, serão diferenciados em
diretor, quando houver. (Incluído pela Lei nº 12.608,
função do interesse social.
de 2012)
Art. 48. Nos casos de programas e projetos habitacionais de
§ 2o Quando o plano diretor contemplar as exigências estabe-
interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Adminis-
lecidas no caput, o Município ficará dispensado da elaboração do tração Pública com atuação específica nessa área, os contratos de
projeto específico de que trata o caput deste artigo. (In- concessão de direito real de uso de imóveis públicos:
cluído pela Lei nº 12.608, de 2012) I – terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura pú-
§ 3o A aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo blica, não se aplicando o disposto no inciso II do art. 134 do Código
perímetro urbano ficará condicionada à existência do projeto espe- Civil;
cífico e deverá obedecer às suas disposições. (Incluído pela II – constituirão título de aceitação obrigatória em garantia de
Lei nº 12.608, de 2012) contratos de financiamentos habitacionais.
Art. 49. Os Estados e Municípios terão o prazo de noventa dias,
CAPÍTULO IV a partir da entrada em vigor desta Lei, para fixar prazos, por lei, para
DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE a expedição de diretrizes de empreendimentos urbanísticos, apro-
vação de projetos de parcelamento e de edificação, realização de
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão vistorias e expedição de termo de verificação e conclusão de obras.
ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: Parágrafo único. Não sendo cumprida a determinação do
I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, caput, fica estabelecido o prazo de sessenta dias para a realização
estadual e municipal; de cada um dos referidos atos administrativos, que valerá até que
II – debates, audiências e consultas públicas; os Estados e Municípios disponham em lei de forma diversa.
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos ní- Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obrigação
veis nacional, estadual e municipal; prevista nos incisos I e II do caput do art. 41 desta Lei e que não
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas tenham plano diretor aprovado na data de entrada em vigor desta
e projetos de desenvolvimento urbano; Lei deverão aprová-lo até 30 de junho de 2008. (Redação
V – (VETADO) dada pela Lei nº 11.673, 2008) Vigência
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Art. 51. Para os efeitos desta Lei, aplicam-se ao Distrito Federal Art. 57-A. A operadora ferroviária, inclusive metroferroviária,
e ao Governador do Distrito Federal as disposições relativas, res- poderá constituir o direito real de laje de que trata a Lei nº 10.406,
pectivamente, a Município e a Prefeito. de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e o de superfície de que
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos trata esta Lei, sobre ou sob a faixa de domínio de sua via férrea,
envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito in- observado o plano diretor e o respectivo contrato de outorga com o
corre em improbidade administrativa, nos termos da Lei no 8.429, poder concedente. (Incluído pela Lei nº 14.273, de 2021) Vigência
de 2 de junho de 1992, quando: Parágrafo único. A constituição do direito real de laje ou de
I – (VETADO) superfície a que se refere o caput deste artigo é condicionada à
II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado existência prévia de licenciamento urbanístico municipal, que es-
aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio público, con- tabelecerá os ônus urbanísticos a serem observados e o direito de
forme o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei; construir incorporado a cada unidade imobiliária. (Incluído pela
III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em Lei nº 14.273, de 2021) Vigência
desacordo com o disposto no art. 26 desta Lei; Art. 58. Esta Lei entra em vigor após decorridos noventa dias
IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do de sua publicação.
direito de construir e de alteração de uso em desacordo com o pre-
visto no art. 31 desta Lei;
V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas
em desacordo com o previsto no § 1o do art. 33 desta Lei; ESTATUTO NACIONAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA
VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos
incisos I a III do § 4o do art. 40 desta Lei;
VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006
a observância do disposto no § 3o do art. 40 e no art. 50 desta Lei;
VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos ter- Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
mos dos arts. 25 a 27 desta Lei, pelo valor da proposta apresentada, Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas
se este for, comprovadamente, superior ao de mercado. de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
Art. 53. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.180-35, de aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei
24.8.2001) no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63,
Art. 54. O art. 4o da Lei nº 7.347, de 1985, passa a vigorar com de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezem-
a seguinte redação: bro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.
“Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,
objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consu- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
midor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO).” (NR)
Art. 55. O art. 167, inciso I, item 28, da Lei no 6.015, de 31 de CAPÍTULO I
dezembro de 1973, alterado pela Lei no 6.216, de 30 de junho de DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1975, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 167. ................................................... Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas gerais rela-
I - .............................................................. tivas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às
.................................................................. microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Po-
28) das sentenças declaratórias de usucapião, independente da deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
regularidade do parcelamento do solo ou da edificação; especialmente no que se refere:
.........................................................” (NR) I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da
Art. 56. O art. 167, inciso I, da Lei no 6.015, de 1973, passa a União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante
vigorar acrescido dos seguintes itens 37, 38 e 39: regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias;
“Art. 167. .................................................... II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciá-
I – .............................................................. rias, inclusive obrigações acessórias;
37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à prefe-
da concessão de uso especial para fins de moradia, independente rência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à
da regularidade do parcelamento do solo ou da edificação; tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.
38) (VETADO) IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere
39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano;” o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição
(NR) Federal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Art. 57. O art. 167, inciso II, da Lei no 6.015, de 1973, passa a § 1o Cabe ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) apre-
vigorar acrescido dos seguintes itens 18, 19 e 20: ciar a necessidade de revisão, a partir de 1o de janeiro de 2015, dos
“Art. 167. .................................................... valores expressos em moeda nesta Lei Complementar.
II – .............................................................. § 2o (VETADO).
18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização § 3o Ressalvado o disposto no Capítulo IV, toda nova obrigação
compulsórios de imóvel urbano; que atinja as microempresas e empresas de pequeno porte deverá
19) da extinção da concessão de uso especial para fins de mo- apresentar, no instrumento que a instituiu, especificação do trata-
radia; mento diferenciado, simplificado e favorecido para cumprimento.
20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano.” (NR) (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4o Na especificação do tratamento diferenciado, simplifica- § 4º Os comitês de que tratam os incisos I e III do caput des-
do e favorecido de que trata o § 3o, deverá constar prazo máximo, te artigo elaborarão seus regimentos internos mediante resolução,
quando forem necessários procedimentos adicionais, para que os observado, quanto ao CGSN, o disposto nos §§ 4º-A e 4º-B deste
órgãos fiscalizadores cumpram as medidas necessárias à emissão artigo. (Redação dada pela Lei Complementar nº 188, de 2021)
de documentos, realização de vistorias e atendimento das deman- § 4º-A. O quórum mínimo para a realização das reuniões do
das realizadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte CGSN será de 3/4 (três quartos) dos componentes, dos quais um
com o objetivo de cumprir a nova obrigação. (Incluído pela deles será necessariamente o Presidente. (Incluído pela Lei Com-
Lei Complementar nº 147, de 2014) plementar nº 188, de 2021)
§ 5o Caso o órgão fiscalizador descumpra os prazos estabeleci- § 4º-B. As deliberações do CGSN serão tomadas por 3/4 (três
dos na especificação do tratamento diferenciado e favorecido, con- quartos) dos componentes presentes às reuniões, presenciais ou
forme o disposto no § 4o, a nova obrigação será inexigível até que virtuais, ressalvadas as decisões que determinem a exclusão de
seja realizada visita para fiscalização orientadora e seja reiniciado o ocupações autorizadas a atuar na qualidade de Microempreende-
prazo para regularização. (Incluído pela Lei Complementar nº dor Individual (MEI), quando a deliberação deverá ser unânime.
147, de 2014) (Incluído pela Lei Complementar nº 188, de 2021)
§ 6o A ausência de especificação do tratamento diferenciado, § 5o O Fórum referido no inciso II do caput deste artigo tem
simplificado e favorecido ou da determinação de prazos máximos, por finalidade orientar e assessorar a formulação e coordenação da
de acordo com os §§ 3o e 4o, tornará a nova obrigação inexigível política nacional de desenvolvimento das microempresas e empre-
para as microempresas e empresas de pequeno porte. (Inclu- sas de pequeno porte, bem como acompanhar e avaliar a sua im-
ído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) plantação, sendo presidido e coordenado pela Secretaria da Micro
§ 7o A inobservância do disposto nos §§ 3o a 6o resultará em e Pequena Empresa da Presidência da República. (Redação
atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício dada pela Lei nº 12.792, de 2013)
profissional da atividade empresarial. (Incluído pela Lei § 6º Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo
Complementar nº 147, de 2014) compete regulamentar a opção, exclusão, tributação, fiscalização,
Art. 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensa- arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens
do às microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o relativos ao regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar,
art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir observadas as demais disposições desta Lei Complementar.
especificadas: § 7º Ao Comitê de que trata o inciso III do caput deste arti-
I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério
go compete, na forma da lei, regulamentar a inscrição, cadastro,
da Economia, composto de 4 (quatro) representantes da União, 2
abertura, alvará, arquivamento, licenças, permissão, autorização,
(dois) dos Estados e do Distrito Federal, 2 (dois) dos Municípios, 1
registros e demais itens relativos à abertura, legalização e funcio-
(um) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e 1 (um) das confederações nacionais de representação namento de empresários e de pessoas jurídicas de qualquer porte,
do segmento de microempresas e empresas de pequeno porte re- atividade econômica ou composição societária.
feridas no art. 11 da Lei Complementar nº 147, de 7 de agosto de § 8º Os membros dos comitês de que tratam os incisos I e III
2014, para tratar dos aspectos tributários; (Redação dada pela Lei do caput deste artigo serão designados pelo Ministro de Estado da
Complementar nº 188, de 2021) Economia, mediante indicação dos órgãos e entidades vinculados.
II - Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pe- (Redação dada pela Lei Complementar nº 188, de 2021)
queno Porte, com a participação dos órgãos federais competentes e § 8º-A. Dos membros da União que compõem o comitê de que
das entidades vinculadas ao setor, para tratar dos demais aspectos, trata o inciso I do caput deste artigo, 3 (três) serão representantes
ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo; da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e 1 (um) da Sub-
III - Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação secretaria de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas,
do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, vin- Empreendedorismo e Artesanato da Secretaria Especial de Produti-
culado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da vidade e Competitividade ou do órgão que vier a substituí-la. (In-
República, composto por representantes da União, dos Estados e cluído pela Lei Complementar nº 188, de 2021)
do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio e de § 8º-B. A vaga das confederações nacionais de representação
registro empresarial, na forma definida pelo Poder Executivo, para do segmento de microempresas e empresas de pequeno porte no
tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo será ocupada
pessoas jurídicas. (Redação pela Lei Complementar nº 147, em regime de rodízio anual entre as confederações. (Incluído pela
de 2014) Lei Complementar nº 188, de 2021)
§ 1º Os Comitês de que tratam os incisos I e III do caput deste § 9o O CGSN poderá determinar, com relação à microempresa
artigo serão presididos e coordenados por representantes da União. e à empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, a
§ 2º Os representantes dos Estados e do Distrito Federal nos forma, a periodicidade e o prazo: (Incluído pela Lei Com-
Comitês referidos nos incisos I e III do caput deste artigo serão indi- plementar nº 147, de 2014)
cados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ e os I - de entrega à Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB
dos Municípios serão indicados, um pela entidade representativa de uma única declaração com dados relacionados a fatos gerado-
das Secretarias de Finanças das Capitais e outro pelas entidades de
res, base de cálculo e valores da contribuição para a Seguridade
representação nacional dos Municípios brasileiros.
Social devida sobre a remuneração do trabalho, inclusive a descon-
§ 3º As entidades de representação referidas no inciso III do
tada dos trabalhadores a serviço da empresa, do Fundo de Garantia
caput e no § 2º deste artigo serão aquelas regularmente constituí-
das há pelo menos 1 (um) ano antes da publicação desta Lei Com- do Tempo de Serviço - FGTS e outras informações de interesse do
plementar. Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, do Instituto Nacional do
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Seguro Social - INSS e do Conselho Curador do FGTS, observado o § 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferen-
disposto no § 7o deste artigo; e (Incluído pela Lei Comple- ciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que
mentar nº 147, de 2014) trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a
II - do recolhimento das contribuições descritas no inciso I e do pessoa jurídica:
FGTS. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;
§ 10. O recolhimento de que trata o inciso II do § 9o deste II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País,
artigo poderá se dar de forma unificada relativamente aos tributos de pessoa jurídica com sede no exterior;
apurados na forma do Simples Nacional. (Incluído pela Lei III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como
Complementar nº 147, de 2014) empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento
§ 11. A entrega da declaração de que trata o inciso I do § 9o substi- jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde
tuirá, na forma regulamentada pelo CGSN, a obrigatoriedade de entrega que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II
de todas as informações, formulários e declarações a que estão sujeitas do caput deste artigo;
as demais empresas ou equiparados que contratam trabalhadores, inclu- IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por
sive relativamente ao recolhimento do FGTS, à Relação Anual de Infor- cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei
mações Sociais e ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) de que trata o inciso II do caput deste artigo;
§ 12. Na hipótese de recolhimento do FGTS na forma do inciso V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de
II do § 9o deste artigo, deve-se assegurar a transferência dos recur- outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta
sos e dos elementos identificadores do recolhimento ao gestor des- global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste
se fundo para crédito na conta vinculada do trabalhador. (In- artigo;
cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de con-
§ 13. O documento de que trata o inciso I do § 9o tem cará- sumo;
ter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
exigência dos tributos, contribuições e dos débitos fundiários que VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimen-
não tenham sido recolhidos resultantes das informações nele pres- tos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de
tadas. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de
corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câm-
CAPÍTULO II bio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e
DA DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA E DE EMPRESA DE PEQUE- de capitalização ou de previdência complementar;
NO PORTE IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra for-
ma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;
microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade em- X - constituída sob a forma de sociedade por ações.
presária, a sociedade simples, a empresa individual de responsa- XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com
bilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente habitualidade. (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de 2014)
de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: § 5o O disposto nos incisos IV e VII do § 4o deste artigo não
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, se aplica à participação no capital de cooperativas de crédito, bem
receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no con-
mil reais); e sórcio referido no art. 50 desta Lei Complementar e na sociedade
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar,
ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e em associações assemelhadas, sociedades de interesse econômi-
e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro co, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade,
milhões e oitocentos mil reais). (Redação dada pela Lei que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput § 6º Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno
deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações porte incorrer em alguma das situações previstas nos incisos do § 4o,
de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas será excluída do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei
operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os Complementar, bem como do regime de que trata o art. 12, com efei-
descontos incondicionais concedidos. tos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação impeditiva.
§ 2º No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, § 7o Observado o disposto no § 2o deste artigo, no caso de início
o limite a que se refere o caput deste artigo será proporcional ao de atividades, a microempresa que, no ano-calendário, exceder o limite
número de meses em que a microempresa ou a empresa de peque- de receita bruta anual previsto no inciso I do caput deste artigo passa,
no porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses. no ano-calendário seguinte, à condição de empresa de pequeno porte.
§ 3º O enquadramento do empresário ou da sociedade simples § 8o Observado o disposto no § 2o deste artigo, no caso de
ou empresária como microempresa ou empresa de pequeno porte início de atividades, a empresa de pequeno porte que, no ano-ca-
bem como o seu desenquadramento não implicarão alteração, de- lendário, não ultrapassar o limite de receita bruta anual previsto no
núncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas ante- inciso I do caput deste artigo passa, no ano-calendário seguinte, à
riormente firmados. condição de microempresa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 9º A empresa de pequeno porte que, no ano-calendário, ex- Art. 3o-A. Aplica-se ao produtor rural pessoa física e ao agricul-
ceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput tor familiar conceituado na Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006,
deste artigo fica excluída, no mês subsequente à ocorrência do ex- com situação regular na Previdência Social e no Município que te-
cesso, do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Com- nham auferido receita bruta anual até o limite de que trata o inciso
plementar, incluído o regime de que trata o art. 12, para todos os II do caput do art. 3o o disposto nos arts. 6o e 7o, nos Capítulos V
efeitos legais, ressalvado o disposto nos §§ 9o-A, 10 e 12. a X, na Seção IV do Capítulo XI e no Capítulo XII desta Lei Comple-
§ 9o-A. Os efeitos da exclusão prevista no § 9o dar-se-ão no mentar, ressalvadas as disposições da Lei no 11.718, de 20 de junho
ano-calendário subsequente se o excesso verificado em relação à de 2008. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
receita bruta não for superior a 20% (vinte por cento) do limite re- Parágrafo único. A equiparação de que trata o caput não se
ferido no inciso II do caput. aplica às disposições do Capítulo IV desta Lei Complementar.
§ 10. A empresa de pequeno porte que no decurso do ano-ca- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
lendário de início de atividade ultrapassar o limite proporcional de Art. 3o-B. Os dispositivos desta Lei Complementar, com exce-
receita bruta de que trata o § 2o estará excluída do tratamento ju- ção dos dispostos no Capítulo IV, são aplicáveis a todas as microem-
rídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, bem como do presas e empresas de pequeno porte, assim definidas pelos incisos
regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, com efeitos I e II do caput e § 4o do art. 3o, ainda que não enquadradas no
retroativos ao início de suas atividades. regime tributário do Simples Nacional, por vedação ou por opção.
§ 11. Na hipótese de o Distrito Federal, os Estados e os respec- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
tivos Municípios adotarem um dos limites previstos nos incisos I e
II do caput do art. 19 e no art. 20, caso a receita bruta auferida pela CAPÍTULO III
empresa durante o ano-calendário de início de atividade ultrapasse DA INSCRIÇÃO E DA BAIXA
1/12 (um doze avos) do limite estabelecido multiplicado pelo nú-
mero de meses de funcionamento nesse período, a empresa não Art. 4o Na elaboração de normas de sua competência, os
poderá recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacional, re- órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de em-
lativos ao estabelecimento localizado na unidade da federação que presas, dos 3 (três) âmbitos de governo, deverão considerar a uni-
os houver adotado, com efeitos retroativos ao início de suas ativi- cidade do processo de registro e de legalização de empresários e
dades. de pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências
§ 12. A exclusão de que trata o § 10 não retroagirá ao início das próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto,
atividades se o excesso verificado em relação à receita bruta não for compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a dupli-
superior a 20% (vinte por cento) do respectivo limite referido na- cidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da pers-
quele parágrafo, hipótese em que os efeitos da exclusão dar-se-ão pectiva do usuário.
no ano-calendário subsequente. § 1o O processo de abertura, registro, alteração e baixa da
§ 13. O impedimento de que trata o § 11 não retroagirá ao microempresa e empresa de pequeno porte, bem como qualquer
início das atividades se o excesso verificado em relação à receita exigência para o início de seu funcionamento, deverão ter trâmite
bruta não for superior a 20% (vinte por cento) dos respectivos li- especial e simplificado, preferencialmente eletrônico, opcional para
mites referidos naquele parágrafo, hipótese em que os efeitos do o empreendedor, observado o seguinte: (Redação dada pela
impedimento ocorrerão no ano-calendário subsequente. Lei Complementar nº 147, de 2014)
§ 14. Para fins de enquadramento como microempresa ou em- I - poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva
presa de pequeno porte, poderão ser auferidas receitas no mercado assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas,
interno até o limite previsto no inciso II do caput ou no § 2o, confor- informações relativas ao estado civil e regime de bens, bem como
me o caso, e, adicionalmente, receitas decorrentes da exportação remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM; e
de mercadorias ou serviços, inclusive quando realizada por meio II - (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar
de comercial exportadora ou da sociedade de propósito específico nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
prevista no art. 56 desta Lei Complementar, desde que as receitas § 2º (REVOGADO)
de exportação também não excedam os referidos limites de receita § 3o Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar, ficam
bruta anual. (Redação dada pela Lei Complementar nº reduzidos a 0 (zero) todos os custos, inclusive prévios, relativos à
147, de 2014) (Produção de efeito) abertura, à inscrição, ao registro, ao funcionamento, ao alvará, à
§ 15. Na hipótese do § 14, para fins de determinação da alí- licença, ao cadastro, às alterações e procedimentos de baixa e en-
quota de que trata o § 1o do art. 18, da base de cálculo prevista cerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor
em seu § 3o e das majorações de alíquotas previstas em seus §§ Individual, incluindo os valores referentes a taxas, a emolumentos e
16, 16-A, 17 e 17-A, serão consideradas separadamente as receitas a demais contribuições relativas aos órgãos de registro, de licencia-
brutas auferidas no mercado interno e aquelas decorrentes da ex- mento, sindicais, de regulamentação, de anotação de responsabili-
portação. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, dade técnica, de vistoria e de fiscalização do exercício de profissões
de 2014) (Produção de efeito) regulamentadas. (Redação dada pela Lei Complementar nº
§ 16. O disposto neste artigo será regulamentado por resolu- 147, de 2014)
ção do CGSN. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de § 3o-A. O agricultor familiar, definido conforme a Lei nº 11.326,
2014) de 24 de julho de 2006, e identificado pela Declaração de Aptidão
§ 17. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº ao Pronaf - DAP física ou jurídica, bem como o MEI e o empreende-
155, de 2016) Produção de efeito dor de economia solidária ficam isentos de taxas e outros valores
§ 18. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, relativos à fiscalização da vigilância sanitária. (Incluído pela
de 2016) Produção de efeito Lei Complementar nº 147, de 2014)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4o No caso do MEI, de que trata o art. 18-A desta Lei Com- § 4o A classificação de baixo grau de risco permite ao empre-
plementar, a cobrança associativa ou oferta de serviços privados re- sário ou à pessoa jurídica a obtenção do licenciamento de ativida-
lativos aos atos de que trata o § 3o deste artigo somente poderá ser de mediante o simples fornecimento de dados e a substituição da
efetuada a partir de demanda prévia do próprio MEI, firmado por comprovação prévia do cumprimento de exigências e restrições por
meio de contrato com assinatura autógrafa, observando-se que: declarações do titular ou responsável. (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) Complementar nº 147, de 2014)
I - para a emissão de boletos de cobrança, os bancos públicos e § 5o O disposto neste artigo não é impeditivo da inscrição fis-
privados deverão exigir das instituições sindicais e associativas au- cal. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
torização prévia específica a ser emitida pelo CGSIM; (Incluído Art. 7o Exceto nos casos em que o grau de risco da atividade
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) seja considerado alto, os Municípios emitirão Alvará de Funciona-
II - o desrespeito ao disposto neste parágrafo configurará van- mento Provisório, que permitirá o início de operação do estabeleci-
tagem ilícita pelo induzimento ao erro em prejuízo do MEI, aplican- mento imediatamente após o ato de registro.
do-se as sanções previstas em lei. (Incluído pela Lei Com- Parágrafo único. Nos casos referidos no caput deste artigo,
plementar nº 147, de 2014) poderá o Município conceder Alvará de Funcionamento Provisório
§ 5o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº para o microempreendedor individual, para microempresas e para
147, de 2014) empresas de pequeno porte:
§ 6o Na ocorrência de fraude no registro do Microempreende- I - instaladas em área ou edificação desprovidas de regulação
dor Individual - MEI feito por terceiros, o pedido de baixa deve ser fundiária e imobiliária, inclusive habite-se; ou (Incluído pela
feito por meio exclusivamente eletrônico, com efeitos retroativos Lei Complementar nº 147, de 2014)
à data de registro, na forma a ser regulamentada pelo CGSIM, não II - em residência do microempreendedor individual ou do ti-
sendo aplicáveis os efeitos do § 1o do art. 29 desta Lei Comple- tular ou sócio da microempresa ou empresa de pequeno porte, na
mentar. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) hipótese em que a atividade não gere grande circulação de pessoas.
Produção de efeito Art. 8o Será assegurado aos empresários e pessoas jurídicas:
Art. 5o Os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fecha- (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
mento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, no âmbito de I - entrada única de dados e documentos; (Incluído
suas atribuições, deverão manter à disposição dos usuários, de for- pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
ma presencial e pela rede mundial de computadores, informações, II - processo de registro e legalização integrado entre os órgãos
orientações e instrumentos, de forma integrada e consolidada, que e entes envolvidos, por meio de sistema informatizado que garanta:
permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou inscrição, alte- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
ração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover a) sequenciamento das seguintes etapas: consulta prévia de
ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto à via- nome empresarial e de viabilidade de localização, registro empresa-
bilidade do registro ou inscrição. rial, inscrições fiscais e licenciamento de atividade; (Incluído
Parágrafo único. As pesquisas prévias à elaboração de ato pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
constitutivo ou de sua alteração deverão bastar a que o usuário seja b) criação da base nacional cadastral única de empresas;
informado pelos órgãos e entidades competentes: (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
I - da descrição oficial do endereço de seu interesse e da possi- III - identificação nacional cadastral única que corresponderá
bilidade de exercício da atividade desejada no local escolhido; ao número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
II - de todos os requisitos a serem cumpridos para obtenção - CNPJ. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
de licenças de autorização de funcionamento, segundo a atividade § 1o O sistema de que trata o inciso II do caput deve garantir
pretendida, o porte, o grau de risco e a localização; e aos órgãos e entidades integrados: (Incluído pela Lei Com-
III - da possibilidade de uso do nome empresarial de seu inte- plementar nº 147, de 2014)
resse. I - compartilhamento irrestrito dos dados da base nacional úni-
Art. 6o Os requisitos de segurança sanitária, metrologia, con- ca de empresas; (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
trole ambiental e prevenção contra incêndios, para os fins de regis- de 2014)
tro e legalização de empresários e pessoas jurídicas, deverão ser II - autonomia na definição das regras para comprovação do
simplificados, racionalizados e uniformizados pelos órgãos envol- cumprimento de exigências nas respectivas etapas do processo.
vidos na abertura e fechamento de empresas, no âmbito de suas (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
competências. § 2o A identificação nacional cadastral única substituirá para
§ 1o Os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento todos os efeitos as demais inscrições, sejam elas federais, estadu-
de empresas que sejam responsáveis pela emissão de licenças e autori- ais ou municipais, após a implantação do sistema a que se refere o
zações de funcionamento somente realizarão vistorias após o início de inciso II do caput, no prazo e na forma estabelecidos pelo CGSIM.
operação do estabelecimento, quando a atividade, por sua natureza, (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
comportar grau de risco compatível com esse procedimento. § 3o É vedado aos órgãos e entidades integrados ao sistema
§ 2o Os órgãos e entidades competentes definirão, em 6 (seis) informatizado de que trata o inciso II do caput o estabelecimento
meses, contados da publicação desta Lei Complementar, as atividades de exigências não previstas em lei. (Incluído pela Lei Com-
cujo grau de risco seja considerado alto e que exigirão vistoria prévia. plementar nº 147, de 2014)
§ 3o Na falta de legislação estadual, distrital ou municipal es- § 4o A coordenação do desenvolvimento e da implantação do
pecífica relativa à definição do grau de risco da atividade aplicar-se- sistema de que trata o inciso II do caput ficará a cargo do CGSIM.
-á resolução do CGSIM. (Incluído pela Lei Complementar (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
nº 147, de 2014)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 9o O registro dos atos constitutivos, de suas alterações e II - documento de propriedade ou contrato de locação do imó-
extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas jurídicas em vel onde será instalada a sede, filial ou outro estabelecimento, salvo
qualquer órgão dos 3 (três) âmbitos de governo ocorrerá indepen- para comprovação do endereço indicado;
dentemente da regularidade de obrigações tributárias, previden- III - comprovação de regularidade de prepostos dos empresá-
ciárias ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da rios ou pessoas jurídicas com seus órgãos de classe, sob qualquer
sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que forma, como requisito para deferimento de ato de inscrição, altera-
participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos ção ou baixa de empresa, bem como para autenticação de instru-
titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, mento de escrituração.
apuradas antes ou após o ato de extinção. (Redação dada Art. 11. Fica vedada a instituição de qualquer tipo de exigên-
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) cia de natureza documental ou formal, restritiva ou condicionante,
§ 1o O arquivamento, nos órgãos de registro, dos atos cons- pelos órgãos envolvidos na abertura e fechamento de empresas,
titutivos de empresários, de sociedades empresárias e de demais dos 3 (três) âmbitos de governo, que exceda o estrito limite dos
equiparados que se enquadrarem como microempresa ou empresa requisitos pertinentes à essência do ato de registro, alteração ou
de pequeno porte bem como o arquivamento de suas alterações baixa da empresa.
são dispensados das seguintes exigências:
I - certidão de inexistência de condenação criminal, que será subs- CAPÍTULO IV
tituída por declaração do titular ou administrador, firmada sob as pe- DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES
nas da lei, de não estar impedido de exercer atividade mercantil ou a
administração de sociedade, em virtude de condenação criminal; SEÇÃOI
II - prova de quitação, regularidade ou inexistência de débito DA INSTITUIÇÃO E ABRANGÊNCIA
referente a tributo ou contribuição de qualquer natureza.
§ 2o Não se aplica às microempresas e às empresas de pequeno Art. 12. Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arreca-
porte o disposto no § 2o do art. 1o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994. dação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional.
nº 147, de 2014) Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei Com-
§ 4o A baixa do empresário ou da pessoa jurídica não impe- plementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
de que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados tributos, Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal,
contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da falta do mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impos-
cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e apurada tos e contribuições:
em processo administrativo ou judicial de outras irregularidades I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;
praticadas pelos empresários, pelas pessoas jurídicas ou por seus II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o
titulares, sócios ou administradores. (Redação dada pela Lei disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;
Complementar nº 147, de 2014) III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
§ 5o A solicitação de baixa do empresário ou da pessoa jurídica IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
importa responsabilidade solidária dos empresários, dos titulares, - COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;
dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos res- V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no in-
pectivos fatos geradores. (Redação dada pela Lei Comple- ciso XII do § 1o deste artigo;
mentar nº 147, de 2014) VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguri-
§ 6º Os órgãos referidos no caput deste artigo terão o prazo de dade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei
60 (sessenta) dias para efetivar a baixa nos respectivos cadastros. nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa
§ 7º Ultrapassado o prazo previsto no § 6º deste artigo sem e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de
manifestação do órgão competente, presumir-se-á a baixa dos re- prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Com-
gistros das microempresas e a das empresas de pequeno porte. plementar;
§ 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Merca-
nº 147, de 2014) dorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
§ 9o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complemen- Intermunicipal e de Comunicação - ICMS;
tar nº 147, de 2014) VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complemen- § 1o O recolhimento na forma deste artigo não exclui a inci-
tar nº 147, de 2014) dência dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qua-
§ 11. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar lidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será
nº 147, de 2014) observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:
§ 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar I - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou
nº 147, de 2014) Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF;
Art. 10. Não poderão ser exigidos pelos órgãos e entidades en- II - Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II;
volvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbi- III - Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos
tos de governo: Nacionais ou Nacionalizados - IE;
I - excetuados os casos de autorização prévia, quaisquer docu- IV - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR;
mentos adicionais aos requeridos pelos órgãos executores do Regis- V - Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos lí-
tro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e do Registro quidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável;
Civil de Pessoas Jurídicas;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VI - Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos e) na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria de-
na alienação de bens do ativo permanente; sacobertada de documento fiscal;
VII - Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Trans- f) na operação ou prestação desacobertada de documento fis-
missão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira cal;
- CPMF; g) nas operações com bens ou mercadorias sujeitas ao regime
VIII - Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Ser- de antecipação do recolhimento do imposto, nas aquisições em ou-
viço - FGTS; tros Estados e Distrito Federal:
IX - Contribuição para manutenção da Seguridade Social, rela- 1. com encerramento da tributação, observado o disposto no
tiva ao trabalhador; inciso IV do § 4º do art. 18 desta Lei Complementar;
X - Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do 2. sem encerramento da tributação, hipótese em que será co-
empresário, na qualidade de contribuinte individual; brada a diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sendo
XI - Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efe- vedada a agregação de qualquer valor;
tuados pela pessoa jurídica a pessoas físicas; h) nas aquisições em outros Estados e no Distrito Federal de
XII - Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e IPI incidentes na bens ou mercadorias, não sujeitas ao regime de antecipação do re-
importação de bens e serviços; colhimento do imposto, relativo à diferença entre a alíquota interna
XIII - ICMS devido: e a interestadual;
a) nas operações sujeitas ao regime de substituição tributária, XIV - ISS devido:
tributação concentrada em uma única etapa (monofásica) e sujeitas a) em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou
ao regime de antecipação do recolhimento do imposto com encer- retenção na fonte;
ramento de tributação, envolvendo combustíveis e lubrificantes; b) na importação de serviços;
energia elétrica; cigarros e outros produtos derivados do fumo; be- XV - demais tributos de competência da União, dos Estados,
bidas; óleos e azeites vegetais comestíveis; farinha de trigo e mis- do Distrito Federal ou dos Municípios, não relacionados nos incisos
turas de farinha de trigo; massas alimentícias; açúcares; produtos anteriores.
lácteos; carnes e suas preparações; preparações à base de cereais; § 1o-A. Os valores repassados aos profissionais de que trata
chocolates; produtos de padaria e da indústria de bolachas e biscoi- a Lei no 12.592, de 18 de janeiro de 2012, contratados por meio
tos; sorvetes e preparados para fabricação de sorvetes em máqui- de parceria, nos termos da legislação civil, não integrarão a receita
nas; cafés e mates, seus extratos, essências e concentrados; prepa- bruta da empresa contratante para fins de tributação, cabendo ao
rações para molhos e molhos preparados; preparações de produtos contratante a retenção e o recolhimento dos tributos devidos pelo
vegetais; rações para animais domésticos; veículos automotivos e contratado. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de
automotores, suas peças, componentes e acessórios; pneumáticos; 2016) Produção de efeito
câmaras de ar e protetores de borracha; medicamentos e outros § 2o Observada a legislação aplicável, a incidência do imposto
produtos farmacêuticos para uso humano ou veterinário; cosméti- de renda na fonte, na hipótese do inciso V do § 1o deste artigo, será
cos; produtos de perfumaria e de higiene pessoal; papéis; plásticos; definitiva.
canetas e malas; cimentos; cal e argamassas; produtos cerâmicos; § 3o As microempresas e empresas de pequeno porte optantes
vidros; obras de metal e plástico para construção; telhas e caixas pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais
d’água; tintas e vernizes; produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para
eletrodomésticos; fios; cabos e outros condutores; transformadores as entidades privadas de serviço social e de formação profissional
elétricos e reatores; disjuntores; interruptores e tomadas; isolado- vinculadas ao sistema sindical, de que trata o art. 240 da Constitui-
res; para-raios e lâmpadas; máquinas e aparelhos de ar-condiciona- ção Federal, e demais entidades de serviço social autônomo.
do; centrifugadores de uso doméstico; aparelhos e instrumentos de § 4o (VETADO).
pesagem de uso doméstico; extintores; aparelhos ou máquinas de § 5º A diferença entre a alíquota interna e a interestadual de
barbear; máquinas de cortar o cabelo ou de tosquiar; aparelhos de que tratam as alíneas g e h do inciso XIII do § 1º deste artigo será
depilar, com motor elétrico incorporado; aquecedores elétricos de calculada tomando-se por base as alíquotas aplicáveis às pessoas
água para uso doméstico e termômetros; ferramentas; álcool etíli- jurídicas não optantes pelo Simples Nacional.
co; sabões em pó e líquidos para roupas; detergentes; alvejantes; § 6º O Comitê Gestor do Simples Nacional:
esponjas; palhas de aço e amaciantes de roupas; venda de merca- I - disciplinará a forma e as condições em que será atribuída à
dorias pelo sistema porta a porta; nas operações sujeitas ao regime microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples
de substituição tributária pelas operações anteriores; e nas pres- Nacional a qualidade de substituta tributária; e
tações de serviços sujeitas aos regimes de substituição tributária e II - poderá disciplinar a forma e as condições em que será esta-
de antecipação de recolhimento do imposto com encerramento de belecido o regime de antecipação do ICMS previsto na alínea g do
tributação; (Redação dada pele Lei Complementar nº 147, inciso XIII do § 1º deste artigo.
de 2014) (Produção de efeito) § 7o O disposto na alínea a do inciso XIII do § 1o será discipli-
b) por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por força nado por convênio celebrado pelos Estados e pelo Distrito Federal,
da legislação estadual ou distrital vigente; ouvidos o CGSN e os representantes dos segmentos econômicos
c) na entrada, no território do Estado ou do Distrito Federal, de envolvidos. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos 2014) (Produção de efeito)
dele derivados, bem como energia elétrica, quando não destinados § 8o Em relação às bebidas não alcóolicas, massas alimentícias,
à comercialização ou industrialização; produtos lácteos, carnes e suas preparações, preparações à base de
d) por ocasião do desembaraço aduaneiro; cereais, chocolates, produtos de padaria e da indústria de bolachas
e biscoitos, preparações para molhos e molhos preparados, prepa-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rações de produtos vegetais, telhas e outros produtos cerâmicos § 1º-C. A consulta referida nos incisos IV e V do § 1º-B deve-
para construção e detergentes, aplica-se o disposto na alínea a do rá ser feita em até 45 (quarenta e cinco) dias contados da data da
inciso XIII do § 1o aos fabricados em escala industrial relevante em disponibilização da comunicação no portal a que se refere o inciso
cada segmento, observado o disposto no § 7o. (Incluído pela I do § 1º-B, ou em prazo superior estipulado pelo CGSN, sob pena
Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) de ser considerada automaticamente realizada na data do término
Art. 13-A. Para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS no Sim- desse prazo.
ples Nacional, o limite máximo de que trata o inciso II do caput do § 1º-D. Enquanto não editada a regulamentação de que trata o
art. 3o será de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais), § 1o-B, os entes federativos poderão utilizar sistemas de comunica-
observado o disposto nos §§ 11, 13, 14 e 15 do mesmo artigo, nos ção eletrônica, com regras próprias, para as finalidades previstas no
§§ 17 e 17-A do art. 18 e no § 4o do art. 19. (Incluído pela § 1º-A, podendo a referida regulamentação prever a adoção desses
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito sistemas como meios complementares de comunicação.
Art. 14. Consideram-se isentos do imposto de renda, na fonte § 2o A opção de que trata o caput deste artigo deverá ser reali-
e na declaração de ajuste do beneficiário, os valores efetivamente zada no mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos
pagos ou distribuídos ao titular ou sócio da microempresa ou em- a partir do primeiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o
presa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, salvo os disposto no § 3o deste artigo.
que corresponderem a pró-labore, aluguéis ou serviços prestados. § 3o A opção produzirá efeitos a partir da data do início de
§ 1o A isenção de que trata o caput deste artigo fica limitada atividade, desde que exercida nos termos, prazo e condições a se-
ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. rem estabelecidos no ato do Comitê Gestor a que se refere o caput
15 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita deste artigo.
bruta mensal, no caso de antecipação de fonte, ou da receita bruta § 4o Serão consideradas inscritas no Simples Nacional, em 1o
total anual, tratando-se de declaração de ajuste, subtraído do valor de julho de 2007, as microempresas e empresas de pequeno porte
devido na forma do Simples Nacional no período. regularmente optantes pelo regime tributário de que trata a Lei no
§ 2o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica na hipótese 9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas
de a pessoa jurídica manter escrituração contábil e evidenciar lucro de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar.
§ 5o O Comitê Gestor regulamentará a opção automática pre-
superior àquele limite.
vista no § 4o deste artigo.
Art. 15. (VETADO).
§ 6o O indeferimento da opção pelo Simples Nacional será for-
Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica en-
malizado mediante ato da Administração Tributária segundo regu-
quadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno
lamentação do Comitê Gestor.
porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Ges-
tor, sendo irretratável para todo o ano-calendário.
SEÇÃO II
§ 1o Para efeito de enquadramento no Simples Nacional, con-
DAS VEDAÇÕES AO INGRESSO NO SIMPLES NACIONAL
siderar-se-á microempresa ou empresa de pequeno porte aquela
cuja receita bruta no ano-calendário anterior ao da opção esteja Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na
compreendida dentro dos limites previstos no art. 3o desta Lei forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de peque-
Complementar. no porte: (Redação dada pela Lei Complementar nº 167,
§ 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de de 2019)
sistema de comunicação eletrônica, destinado, dentre outras fina- I - que explore atividade de prestação cumulativa e contínua
lidades, a: de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e ris-
I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos ad- cos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento
ministrativos, incluídos os relativos ao indeferimento de opção, à de ativos (asset management) ou compra de direitos creditórios
exclusão do regime e a ações fiscais; resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de servi-
II - encaminhar notificações e intimações; e ços (factoring) ou que execute operações de empréstimo, de finan-
III - expedir avisos em geral. ciamento e de desconto de títulos de crédito, exclusivamente com
§ 1º-B. O sistema de comunicação eletrônica de que trata o recursos próprios, tendo como contrapartes microempreendedores
§ 1o-A será regulamentado pelo CGSN, observando-se o seguinte: individuais, microempresas e empresas de pequeno porte, inclusive
I - as comunicações serão feitas, por meio eletrônico, em portal sob a forma de empresa simples de crédito; (Redação dada
próprio, dispensando-se a sua publicação no Diário Oficial e o envio pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
por via postal; II - que tenha sócio domiciliado no exterior;
II - a comunicação feita na forma prevista no caput será consi- III - de cujo capital participe entidade da administração pública,
derada pessoal para todos os efeitos legais; direta ou indireta, federal, estadual ou municipal;
III - a ciência por meio do sistema de que trata o § 1o-A com IV - (REVOGADO)
utilização de certificação digital ou de código de acesso possuirá os V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social
requisitos de validade; - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal,
IV - considerar-se-á realizada a comunicação no dia em que o cuja exigibilidade não esteja suspensa;
sujeito passivo efetivar a consulta eletrônica ao teor da comunica- VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e interesta-
ção; e dual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quan-
V - na hipótese do inciso IV, nos casos em que a consulta se dê do possuir características de transporte urbano ou metropolitano
em dia não útil, a comunicação será considerada como realizada no ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para
primeiro dia útil seguinte. o transporte de estudantes ou trabalhadores; (Redação dada
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comer- XI - (REVOGADO)


cializadora de energia elétrica; XII - (REVOGADO)
VIII - que exerça atividade de importação ou fabricação de au- XIII - (REVOGADO)
tomóveis e motocicletas; XIV - (REVOGADO)
IX - que exerça atividade de importação de combustíveis; XV - (REVOGADO)
X - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: XVI - (REVOGADO)
a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de XVII - (REVOGADO)
fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; XVIII - (REVOGADO)
b) bebidas não alcoólicas a seguir descritas: (Redação XIX - (REVOGADO)
dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito XX - (REVOGADO)
1 - alcoólicas; (Revogado pela Lei Complementar nº XXI - (REVOGADO)
155, de 2016) (Vigência) XXII - (VETADO);
2 - refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas; XXIII - (REVOGADO)
2. (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar XXIV - (REVOGADO)
nº 147, de 2014) XXV - (REVOGADO)
3 - preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentra- XXVI - (REVOGADO)
dos ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrige- XXVII - (REVOGADO)
rante, com capacidade de diluição de até 10 (dez) partes da bebida XXVIII - (VETADO).
para cada parte do concentrado; § 2o Também poderá optar pelo Simples Nacional a microem-
3. (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar presa ou empresa de pequeno porte que se dedique à prestação de
nº 147, de 2014) outros serviços que não tenham sido objeto de vedação expressa
4 - cervejas sem álcool; neste artigo, desde que não incorra em nenhuma das hipóteses de
c) bebidas alcoólicas, exceto aquelas produzidas ou vendidas vedação previstas nesta Lei Complementar.
no atacado por: (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de § 3o (VETADO).
2016) Produção de efeito § 4º Na hipótese do inciso XVI do caput, deverá ser observado,
1. micro e pequenas cervejarias; (Incluído pela Lei para o MEI, o disposto no art. 4o desta Lei Complementar.
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 5o As empresas que exerçam as atividades previstas nos
2. micro e pequenas vinícolas; (Incluído pela Lei itens da alínea c do inciso X do caput deste artigo deverão obri-
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito gatoriamente ser registradas no Ministério da Agricultura, Pecuá-
3. produtores de licores; (Incluído pela Lei Comple- ria e Abastecimento e obedecerão também à regulamentação da
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Secretaria da Receita
4. micro e pequenas destilarias; (Incluído pela Lei Federal do Brasil quanto à produção e à comercialização de bebidas
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito alcoólicas. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
XI - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar Produção de efeito
nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra; SEÇÃO III
XIII - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complemen- DAS ALÍQUOTAS E BASE DE CÁLCULO
tar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
XIV - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imó- Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa ou em-
veis. presa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional será determi-
XV - que realize atividade de locação de imóveis próprios, ex- nado mediante aplicação das alíquotas efetivas, calculadas a partir
ceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS. das alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a V desta
XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em ca- Lei Complementar, sobre a base de cálculo de que trata o § 3o deste
dastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. artigo, observado o disposto no § 15 do art. 3o. (Redação
§ 1º As vedações relativas a exercício de atividades previstas dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
no caput deste artigo não se aplicam às pessoas jurídicas que se de- § 1o Para efeito de determinação da alíquota nominal, o sujei-
diquem exclusivamente às atividades referidas nos §§ 5o-B a 5o-E to passivo utilizará a receita bruta acumulada nos doze meses an-
do art. 18 desta Lei Complementar, ou as exerçam em conjunto com teriores ao do período de apuração. (Redação dada pela Lei
outras atividades que não tenham sido objeto de vedação no caput Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
deste artigo. § 1o A. A alíquota efetiva é o resultado de:
I - (REVOGADO) RBT12xAliq-PD, em que:
II - (REVOGADO) RBT12
III - (REVOGADO) (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
IV - (REVOGADO) de efeito
V - (REVOGADO) I - RBT12: receita bruta acumulada nos doze meses anteriores
VI - (REVOGADO) ao período de apuração; (Incluído pela Lei Complementar
VII - (REVOGADO) nº 155, de 2016) Produção de efeito
VIII - (REVOGADO) II - Aliq: alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei
IX - (REVOGADO) Complementar; (Incluído pela Lei Complementar nº 155,
X - (REVOGADO) de 2016) Produção de efeito
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei VI - atividade com incidência simultânea de IPI e de ISS, que
Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, serão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar, de-
de 2016) Produção de efeito duzida a parcela correspondente ao ICMS e acrescida a parcela cor-
§ 1o-B. Os percentuais efetivos de cada tributo serão calcu- respondente ao ISS prevista no Anexo III desta Lei Complementar;
lados a partir da alíquota efetiva, multiplicada pelo percentual de (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
repartição constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar, ob- VII - comercialização de medicamentos e produtos magistrais
servando-se que: (Incluído pela Lei Complementar nº 155, produzidos por manipulação de fórmulas: (Incluído
de 2016) Produção de efeito pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
I - o percentual efetivo máximo destinado ao ISS será de 5% a) sob encomenda para entrega posterior ao adquirente, em
(cinco por cento), transferindo-se eventual diferença, de forma caráter pessoal, mediante prescrições de profissionais habilitados
proporcional, aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta ou indicação pelo farmacêutico, produzidos no próprio estabeleci-
anual; (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) mento após o atendimento inicial, que serão tributadas na forma
Produção de efeito do Anexo III desta Lei Complementar; (Incluído pela
II - eventual diferença centesimal entre o total dos percentu- Lei Complementar nº 147, de 2014)
ais e a alíquota efetiva será transferida para o tributo com maior b) nos demais casos, quando serão tributadas na forma do Ane-
percentual de repartição na respectiva faixa de receita bruta. xo I desta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple-
(Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de mentar nº 147, de 2014)
efeito § 4o-A. O contribuinte deverá segregar, também, as receitas:
§ 1o-C. Na hipótese de transformação, extinção, fusão ou su- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
cessão dos tributos referidos nos incisos IV e V do art. 13, serão I - decorrentes de operações ou prestações sujeitas à tributa-
mantidas as alíquotas nominais e efetivas previstas neste artigo e ção concentrada em uma única etapa (monofásica), bem como, em
nos Anexos I a V desta Lei Complementar, e lei ordinária disporá so- relação ao ICMS, que o imposto já tenha sido recolhido por substi-
bre a repartição dos valores arrecadados para os tributos federais, tuto tributário ou por antecipação tributária com encerramento de
sem alteração no total dos percentuais de repartição a eles devidos, tributação; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
e mantidos os percentuais de repartição destinados ao ICMS e ao 2014)
ISS. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Pro- II - sobre as quais houve retenção de ISS na forma do § 6o deste
dução de efeito artigo e § 4o do art. 21 desta Lei Complementar, ou, na hipótese do
§ 2o Em caso de início de atividade, os valores de receita bruta § 22-A deste artigo, seja devido em valor fixo ao respectivo municí-
acumulada constantes dos Anexos I a V desta Lei Complementar pio; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
devem ser proporcionalizados ao número de meses de atividade no III - sujeitas à tributação em valor fixo ou que tenham sido obje-
período. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de to de isenção ou redução de ISS ou de ICMS na forma prevista nesta
2016) Produção de efeito Lei Complementar; (Incluído pela Lei Complementar nº
§ 3o Sobre a receita bruta auferida no mês incidirá a alíquota 147, de 2014)
efetiva determinada na forma do caput e dos §§ 1o, 1o-A e 2o deste IV - decorrentes da exportação para o exterior, inclusive as ven-
artigo, podendo tal incidência se dar, à opção do contribuinte, na das realizadas por meio de comercial exportadora ou da sociedade
forma regulamentada pelo Comitê Gestor, sobre a receita recebida de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar;
no mês, sendo essa opção irretratável para todo o ano-calendário. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
(Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ- V - sobre as quais o ISS seja devido a Município diverso do esta-
ção de efeito belecimento prestador, quando será recolhido no Simples Nacional.
§ 4o O contribuinte deverá considerar, destacadamente, para (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
fim de pagamento, as receitas decorrentes da: (Redação
§ 5º As atividades industriais serão tributadas na forma do
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Anexo II desta Lei Complementar..
I - revenda de mercadorias, que serão tributadas na forma do
I - (REVOGADO)
Anexo I desta Lei Complementar; (Redação dada pela Lei
II - (REVOGADO)
Complementar nº 147, de 2014)
III - (REVOGADO)
II - venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte,
IV - (REVOGADO)
que serão tributadas na forma do Anexo II desta Lei Complementar;
V - (REVOGADO)
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III - prestação de serviços de que trata o § 5o-B deste artigo e VI - (REVOGADO)
dos serviços vinculados à locação de bens imóveis e corretagem de VII - (REVOGADO).
imóveis desde que observado o disposto no inciso XV do art. 17, § 5o-A. (Revogado). (Redação dada pela Lei Comple-
que serão tributados na forma do Anexo III desta Lei Complemen- mentar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
tar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 5º-B Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei
IV - prestação de serviços de que tratam os §§ 5o-C a 5o-F e Complementar, serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei
5o-I deste artigo, que serão tributadas na forma prevista naqueles Complementar as seguintes atividades de prestação de serviços:
parágrafos; (Redação dada pela Lei Complementar nº I - creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamen-
147, de 2014) tal, escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas
V - locação de bens móveis, que serão tributadas na forma do estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios
Anexo III desta Lei Complementar, deduzida a parcela correspon- para concursos, gerenciais e escolas livres, exceto as previstas nos
dente ao ISS; (Redação dada pela Lei Complementar nº incisos II e III do § 5º-D deste artigo;
147, de 2014) II - agência terceirizada de correios;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - agência de viagem e turismo; II - academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes mar-
IV - centro de formação de condutores de veículos automoto- ciais;
res de transporte terrestre de passageiros e de carga; III - academias de atividades físicas, desportivas, de natação e
V - agência lotérica; escolas de esportes;
VI - (REVOGADO) IV - elaboração de programas de computadores, inclusive jo-
VII - (REVOGADO) gos eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do
VIII - (REVOGADO) optante;
IX - serviços de instalação, de reparos e de manutenção em ge- V - licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de
ral, bem como de usinagem, solda, tratamento e revestimento em computação;
metais; VI - planejamento, confecção, manutenção e atualização de
X - (REVOGADO) páginas eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do
XI - (REVOGADO) optante;
XII - (REVOGADO) VII - (REVOGADO)
XIII - transporte municipal de passageiros; VIII - (REVOGADO)
XIV - escritórios de serviços contábeis, observado o disposto IX - empresas montadoras de estandes para feiras;
nos §§ 22-B e 22-C deste artigo. X - (REVOGADO)
XV - produções cinematográficas, audiovisuais, artísticas e cul- XI - (REVOGADO)
turais, sua exibição ou apresentação, inclusive no caso de música, XII - laboratórios de análises clínicas ou de patologia clínica;
literatura, artes cênicas, artes visuais, cinematográficas e audiovi- XIII - serviços de tomografia, diagnósticos médicos por imagem,
suais. registros gráficos e métodos óticos, bem como ressonância magné-
XVI - fisioterapia; (Incluído pela Lei Complementar tica;
nº 147, de 2014) XIV - serviços de prótese em geral.
XVII - corretagem de seguros. (Incluído pela Lei Com- § 5o-E. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei
plementar nº 147, de 2014) Complementar, as atividades de prestação de serviços de comuni-
XVIII - arquitetura e urbanismo; (Incluído pela Lei cação e de transportes interestadual e intermunicipal de cargas, e
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito de transportes autorizados no inciso VI do caput do art. 17, inclu-
XIX - medicina, inclusive laboratorial, e enfermagem; (In- sive na modalidade fluvial, serão tributadas na forma do Anexo III,
cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de deduzida a parcela correspondente ao ISS e acrescida a parcela cor-
efeito respondente ao ICMS prevista no Anexo I. (Redação dada
XX - odontologia e prótese dentária; (Incluído pela Lei pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 5o-F. As atividades de prestação de serviços referidas no §
XXI - psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, 2o do art. 17 desta Lei Complementar serão tributadas na forma
podologia, fonoaudiologia, clínicas de nutrição e de vacinação e do Anexo III desta Lei Complementar, salvo se, para alguma dessas
bancos de leite. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, atividades, houver previsão expressa de tributação na forma dos
de 2016) Produção de efeito Anexos IV ou V desta Lei Complementar. (Redação dada
§ 5º-C Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
Complementar, as atividades de prestação de serviços seguintes se- § 5o-G. (Revogado). (Redação dada pela Lei Comple-
rão tributadas na forma do Anexo IV desta Lei Complementar, hipó- mentar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
tese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição § 5o-H. A vedação de que trata o inciso XII do caput do art. 17
prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, desta Lei Complementar não se aplica às atividades referidas no §
devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os de- 5o-C deste artigo.
mais contribuintes ou responsáveis: § 5o-I. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei
I - construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclu- Complementar, as seguintes atividades de prestação de serviços
sive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e serviços serão tributadas na forma do Anexo V desta Lei Complementar:
de paisagismo, bem como decoração de interiores; (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ-
II - (REVOGADO) ção de efeito
III - (REVOGADO) I - medicina, inclusive laboratorial e enfermagem; (Inclu-
IV - (REVOGADO) ído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Revogado
V - (REVOGADO) pela Lei Complementar nº 155, de 2016) (Vigência)
VI - serviço de vigilância, limpeza ou conservação. II - medicina veterinária; (Incluído pela Lei Comple-
VII - serviços advocatícios. (Incluído pela Lei Comple- mentar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
mentar nº 147, de 2014) III - odontologia; (Incluído pela Lei Complementar nº
§ 5o-D. Sem prejuízo do disposto no § 1o do art. 17 desta Lei 147, de 2014) (Revogado pela Lei Complementar nº 155,
Complementar, as seguintes atividades de prestação de serviços de 2016) (Vigência)
serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Complementar: IV - psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura,
(Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ- podologia, fonoaudiologia, clínicas de nutrição e de vacinação e
ção de efeito bancos de leite; (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
I - administração e locação de imóveis de terceiros; (Re- de 2014) (Produção de efeito) (Revogado pela Lei Com-
dação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção plementar nº 155, de 2016) (Vigência)
de efeito)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V - serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de mercadorias ou serviços de empresa optante pelo Simples Nacio-
interpretação; (Incluído pela Lei Complementar nº 147, nal, com o fim específico de exportação para o exterior, que, no
de 2014) (Produção de efeito) prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data da emissão da
VI - engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, ge- nota fiscal pela vendedora, não comprovar o seu embarque para o
odésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, exterior ficará sujeita ao pagamento de todos os impostos e contri-
design, desenho e agronomia; (Redação dada pela Lei buições que deixaram de ser pagos pela empresa vendedora, acres-
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito cidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados na
VII - representação comercial e demais atividades de interme- forma da legislação relativa à cobrança do tributo não pago, apli-
diação de negócios e serviços de terceiros; (Incluído pela Lei cável à sociedade de propósito específico ou à própria comercial
Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) exportadora. (Redação dada pela Lei Complementar nº
VIII - perícia, leilão e avaliação; (Incluído pela Lei Comple- 147, de 2014) (Produção de efeito)
mentar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) § 8o Para efeito do disposto no § 7o deste artigo, considera-se
IX - auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, con- vencido o prazo para o pagamento na data em que a empresa ven-
trole e administração; (Incluído pela Lei Complementar nº dedora deveria fazê-lo, caso a venda houvesse sido efetuada para o
147, de 2014) (Produção de efeito) mercado interno.
X - jornalismo e publicidade; (Incluído pela Lei Comple- § 9o Relativamente à contribuição patronal previdenciária, de-
mentar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) vida pela vendedora, a sociedade de propósito específico de que
XI - agenciamento, exceto de mão de obra; (Incluído pela trata o art. 56 desta Lei Complementar ou a comercial exportadora
Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) deverão recolher, no prazo previsto no § 8o deste artigo, o valor
XII - outras atividades do setor de serviços que tenham por fina- correspondente a 11% (onze por cento) do valor das mercadorias
lidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade não exportadas nos termos do § 7o deste artigo.
intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou § 10. Na hipótese do § 7o deste artigo, a sociedade de propó-
cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, desde que sito específico de que trata o art. 56 desta Lei Complementar ou a
não sujeitas à tributação na forma dos Anexos III ou IV desta Lei empresa comercial exportadora não poderão deduzir do montante
Complementar. (Redação dada pela Lei Complementar devido qualquer valor a título de crédito de Imposto sobre Produ-
nº 155, de 2016) Produção de efeito tos Industrializados - IPI da Contribuição para o PIS/PASEP ou da
§ 5o-J. As atividades de prestação de serviços a que se refere COFINS, decorrente da aquisição das mercadorias e serviços objeto
o § 5o-I serão tributadas na forma do Anexo III desta Lei Comple- da incidência.
mentar caso a razão entre a folha de salários e a receita bruta da § 11. Na hipótese do § 7o deste artigo, a sociedade de propó-
pessoa jurídica seja igual ou superior a 28% (vinte e oito por cen- sito específico ou a empresa comercial exportadora deverão pagar,
to). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) também, os impostos e contribuições devidos nas vendas para o
Produção de efeito mercado interno, caso, por qualquer forma, tenham alienado ou
§ 5o-K. Para o cálculo da razão a que se referem os §§ 5o-J e utilizado as mercadorias.
5o-M, serão considerados, respectivamente, os montantes pagos e § 12. Na apuração do montante devido no mês relativo a cada
auferidos nos doze meses anteriores ao período de apuração para tributo, para o contribuinte que apure receitas mencionadas nos
fins de enquadramento no regime tributário do Simples Nacional. incisos I a III e V do § 4o-A deste artigo, serão consideradas as re-
(Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de duções relativas aos tributos já recolhidos, ou sobre os quais tenha
efeito havido tributação monofásica, isenção, redução ou, no caso do ISS,
§ 5o-L. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, que o valor tenha sido objeto de retenção ou seja devido direta-
de 2016) Produção de efeito mente ao Município. (Redação dada pela Lei Comple-
§ 5o-M. Quando a relação entre a folha de salários e a receita mentar nº 147, de 2014)
bruta da microempresa ou da empresa de pequeno porte for inferior § 13. Para efeito de determinação da redução de que trata o
a 28% (vinte e oito por cento), serão tributadas na forma do Anexo § 12 deste artigo, as receitas serão discriminadas em comerciais,
V desta Lei Complementar as atividades previstas: (Inclu- industriais ou de prestação de serviços, na forma dos Anexos I, II, III,
ído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito IV e V desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei
I - nos incisos XVI, XVIII, XIX, XX e XXI do § 5o-B deste artigo; Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
(Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de § 14. A redução no montante a ser recolhido no Simples Na-
efeito cional relativo aos valores das receitas decorrentes da exportação
II - no § 5o-D deste artigo. (Incluído pela Lei Comple- de que trata o inciso IV do § 4o-A deste artigo corresponderá tão
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito somente às alíquotas efetivas relativas à Cofins, à Contribuição para
§ 6o No caso dos serviços previstos no § 2o do art. 6o da Lei o PIS/Pasep, ao IPI, ao ICMS e ao ISS, apuradas com base nos Ane-
Complementar no 116, de 31 de julho de 2003, prestados pelas mi- xos I a V desta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei
croempresas e pelas empresas de pequeno porte, o tomador do Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
serviço deverá reter o montante correspondente na forma da legis- I - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar
lação do município onde estiver localizado, observado o disposto no nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
§4o do art. 21 desta Lei Complementar. II - (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
§ 7o A sociedade de propósito específico de que trata o art. 147, de 2014) (Produção de efeito)
56 desta Lei Complementar que houver adquirido mercadorias de § 15. Será disponibilizado sistema eletrônico para realização do
microempresa ou empresa de pequeno porte que seja sua sócia, cálculo simplificado do valor mensal devido referente ao Simples
bem como a empresa comercial exportadora que houver adquirido Nacional.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 15-A. As informações prestadas no sistema eletrônico de cál- § 20-A. A concessão dos benefícios de que trata o § 20 deste
culo de que trata o § 15: artigo poderá ser realizada:
I - têm caráter declaratório, constituindo confissão de dívida e I - mediante deliberação exclusiva e unilateral do Estado, do
instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e con- Distrito Federal ou do Município concedente;
tribuições que não tenham sido recolhidos resultantes das informa- II - de modo diferenciado para cada ramo de atividade.
ções nele prestadas; e § 20-B. A União, os Estados e o Distrito Federal poderão, em
II - deverão ser fornecidas à Secretaria da Receita Federal do lei específica destinada à ME ou EPP optante pelo Simples Nacio-
Brasil até o vencimento do prazo para pagamento dos tributos de- nal, estabelecer isenção ou redução de COFINS, Contribuição para
vidos no Simples Nacional em cada mês, relativamente aos fatos o PIS/PASEP e ICMS para produtos da cesta básica, discriminando a
geradores ocorridos no mês anterior. abrangência da sua concessão. (Incluído pela Lei Comple-
§ 16. Na hipótese do § 12 do art. 3o, a parcela de receita bruta mentar nº 147, de 2014)
que exceder o montante determinado no § 10 daquele artigo estará § 21. O valor a ser recolhido na forma do disposto no § 20
sujeita às alíquotas máximas previstas nos Anexos I a V desta Lei deste artigo, exclusivamente na hipótese de isenção, não integrará
Complementar, proporcionalmente, conforme o caso. (Re- o montante a ser partilhado com o respectivo Município, Estado ou
dação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção Distrito Federal.
de efeito § 22. (REVOGADO)
§ 16-A. O disposto no § 16 aplica-se, ainda, às hipóteses de que § 22-A. A atividade constante do inciso XIV do § 5º-B deste ar-
trata o § 9o do art. 3o, a partir do mês em que ocorrer o excesso tigo recolherá o ISS em valor fixo, na forma da legislação municipal.
do limite da receita bruta anual e até o mês anterior aos efeitos da § 22-B. Os escritórios de serviços contábeis, individualmente
exclusão. ou por meio de suas entidades representativas de classe, deverão:
§ 17. Na hipótese do § 13 do art. 3o, a parcela de receita bruta I – promover atendimento gratuito relativo à inscrição, à opção
que exceder os montantes determinados no § 11 daquele artigo de que trata o art. 18-A desta Lei Complementar e à primeira de-
estará sujeita, em relação aos percentuais aplicáveis ao ICMS e ao claração anual simplificada da microempresa individual, podendo,
ISS, às alíquotas máximas correspondentes a essas faixas previstas para tanto, por meio de suas entidades representativas de classe,
nos Anexos I a V desta Lei Complementar, proporcionalmente, con- firmar convênios e acordos com a União, os Estados, o Distrito Fe-
forme o caso. (Redação dada pela Lei Complementar nº deral e os Municípios, por intermédio dos seus órgãos vinculados;
155, de 2016) Produção de efeito II – fornecer, na forma estabelecida pelo Comitê Gestor, re-
§ 17-A. O disposto no § 17 aplica-se, ainda, à hipótese de que sultados de pesquisas quantitativas e qualitativas relativas às mi-
trata o § 1o do art. 20, a partir do mês em que ocorrer o excesso croempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples
do limite da receita bruta anual e até o mês anterior aos efeitos do Nacional por eles atendidas;
impedimento. III – promover eventos de orientação fiscal, contábil e tributá-
§ 18. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âm- ria para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes
bito das respectivas competências, poderão estabelecer, na forma pelo Simples Nacional por eles atendidas.
definida pelo Comitê Gestor, independentemente da receita bruta § 22-C. Na hipótese de descumprimento das obrigações de
recebida no mês pelo contribuinte, valores fixos mensais para o re- que trata o § 22-B deste artigo, o escritório será excluído do Simples
colhimento do ICMS e do ISS devido por microempresa que aufira Nacional, com efeitos a partir do mês subseqüente ao do descum-
receita bruta, no ano-calendário anterior, de até o limite máximo primento, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor.
previsto na segunda faixa de receitas brutas anuais constantes § 23. Da base de cálculo do ISS será abatido o material fornecido
dos Anexos I a VI, ficando a microempresa sujeita a esses valores pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de
durante todo o ano-calendário, ressalvado o disposto no § 18-A. serviços anexa à Lei Complementar no 116, de 31 de julho de 2003.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produ- § 24. Para efeito de aplicação do § 5o-K, considera-se folha
ção de efeito) de salários, incluídos encargos, o montante pago, nos doze meses
§ 18-A. A microempresa que, no ano-calendário, exceder o li- anteriores ao período de apuração, a título de remunerações a pes-
mite de receita bruta previsto no § 18 fica impedida de recolher o soas físicas decorrentes do trabalho, acrescido do montante efeti-
ICMS ou o ISS pela sistemática de valor fixo, a partir do mês subse- vamente recolhido a título de contribuição patronal previdenciária
quente à ocorrência do excesso, sujeitando-se à apuração desses e FGTS, incluídas as retiradas de pró-labore. (Redação dada
tributos na forma das demais empresas optantes pelo Simples Na- pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
cional. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 25. Para efeito do disposto no § 24 deste artigo, deverão ser
(Produção de efeito) consideradas tão somente as remunerações informadas na forma
§ 19. Os valores estabelecidos no § 18 deste artigo não pode- prevista no inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de
rão exceder a 50% (cinqüenta por cento) do maior recolhimento julho de 1991.
possível do tributo para a faixa de enquadramento prevista na ta- § 26. Não são considerados, para efeito do disposto no § 24,
bela do caput deste artigo, respeitados os acréscimos decorrentes valores pagos a título de aluguéis e de distribuição de lucros, obser-
do tipo de atividade da empresa estabelecidos no § 5o deste artigo. vado o disposto no § 1o do art. 14.
§ 20. Na hipótese em que o Estado, o Município ou o Distrito § 27. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155,
Federal concedam isenção ou redução do ICMS ou do ISS devido de 2016) Produção de efeito
por microempresa ou empresa de pequeno porte, ou ainda deter- Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá op-
mine recolhimento de valor fixo para esses tributos, na forma do § tar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos
18 deste artigo, será realizada redução proporcional ou ajuste do pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemen-
valor a ser recolhido, na forma definida em resolução do Comitê te da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste
Gestor. artigo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI § 4º-A. Observadas as demais condições deste artigo, poderá
o empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 optar pela sistemática de recolhimento prevista no caput o empre-
da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o em- sário individual que exerça atividade de comercialização e processa-
preendedor que exerça as atividades de industrialização, comercia- mento de produtos de natureza extrativista.
lização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferi- § 4º-B. O CGSN determinará as atividades autorizadas a optar
do receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 pela sistemática de recolhimento de que trata este artigo, de forma
(oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e a evitar a fragilização das relações de trabalho, bem como sobre a
que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste incidência do ICMS e do ISS.
artigo. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, § 5º A opção de que trata o caput deste artigo dar-se-á na for-
de 2016) Produção de efeito ma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, observando-se que:
§ 2o No caso de início de atividades, o limite de que trata o I - será irretratável para todo o ano-calendário;
§ 1o será de R$ 6.750,00 (seis mil, setecentos e cinquenta reais) II - deverá ser realizada no início do ano-calendário, na forma
multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início disciplinada pelo Comitê Gestor, produzindo efeitos a partir do pri-
da atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as meiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o disposto no
frações de meses como um mês inteiro. (Redação dada pela inciso III;
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito III - produzirá efeitos a partir da data do início de atividade
§ 3º Na vigência da opção pela sistemática de recolhimento desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem esta-
prevista no caput deste artigo: belecidos em ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste
I – não se aplica o disposto no § 18 do art. 18 desta Lei Com- parágrafo.
plementar; § 6º O desenquadramento da sistemática de que trata o caput
II – não se aplica a redução prevista no § 20 do art. 18 desta Lei deste artigo será realizado de ofício ou mediante comunicação do
Complementar ou qualquer dedução na base de cálculo; MEI.
III - não se aplicam as isenções específicas para as microempre- § 7º O desenquadramento mediante comunicação do MEI à
sas e empresas de pequeno porte concedidas pelo Estado, Municí- Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB dar-se-á:
pio ou Distrito Federal a partir de 1o de julho de 2007 que abranjam I - por opção, que deverá ser efetuada no início do ano-calen-
integralmente a faixa de receita bruta anual até o limite previsto dário, na forma disciplinada pelo Comitê Gestor, produzindo efeitos
no § 1º; a partir de 1º de janeiro do ano-calendário da comunicação;
IV – a opção pelo enquadramento como Microempreendedor II - obrigatoriamente, quando o MEI incorrer em alguma das
Individual importa opção pelo recolhimento da contribuição referi- situações previstas no § 4º deste artigo, devendo a comunicação ser
da no inciso X do § 1o do art. 13 desta Lei Complementar na forma efetuada até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que
prevista no § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; ocorrida a situação de vedação, produzindo efeitos a partir do mês
V – o MEI, com receita bruta anual igual ou inferior a R$ subseqüente ao da ocorrência da situação impeditiva;
81.000,00 (oitenta e um mil reais), recolherá, na forma regulamen- III - obrigatoriamente, quando o MEI exceder, no ano-calendá-
tada pelo Comitê Gestor, valor fixo mensal correspondente à soma
rio, o limite de receita bruta previsto no § 1º deste artigo, devendo a
das seguintes parcelas: (Redação dada pela Lei Comple-
comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subseqüente
mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito
àquele em que ocorrido o excesso, produzindo efeitos:
a) R$ 45,65 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centa-
vos), a título da contribuição prevista no inciso IV deste parágrafo; a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subseqüente ao
b) R$ 1,00 (um real), a título do imposto referido no inciso VII da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o
do caput do art. 13 desta Lei Complementar, caso seja contribuinte referido limite em mais de 20% (vinte por cento);
do ICMS; e b) retroativamente a 1º de janeiro do ano-calendário da ocor-
c) R$ 5,00 (cinco reais), a título do imposto referido no inciso rência do excesso, na hipótese de ter ultrapassado o referido limite
VIII do caput do art. 13 desta Lei Complementar, caso seja contri- em mais de 20% (vinte por cento);
buinte do ISS; IV - obrigatoriamente, quando o MEI exceder o limite de recei-
VI – sem prejuízo do disposto nos §§ 1o a 3o do art. 13, o MEI ta bruta previsto no § 2º deste artigo, devendo a comunicação ser
terá isenção dos tributos referidos nos incisos I a VI do caput daque- efetuada até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que
le artigo, ressalvado o disposto no art. 18-C. ocorrido o excesso, produzindo efeitos:
§ 4o Não poderá optar pela sistemática de recolhimento pre- a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subseqüente ao
vista no caput deste artigo o MEI: da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o
I - cuja atividade seja tributada na forma dos Anexos V ou VI referido limite em mais de 20% (vinte por cento);
desta Lei Complementar, salvo autorização relativa a exercício de b) retroativamente ao início de atividade, na hipótese de ter
atividade isolada na forma regulamentada pelo CGSN; (Re- ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento).
dação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção § 8º O desenquadramento de ofício dar-se-á quando verificada
de efeito) a falta de comunicação de que trata o § 7º deste artigo.
II - que possua mais de um estabelecimento; § 9º O Empresário Individual desenquadrado da sistemática
III - que participe de outra empresa como titular, sócio ou ad- de recolhimento prevista no caput deste artigo passará a recolher
ministrador; ou os tributos devidos pela regra geral do Simples Nacional a partir
IV - que contrate empregado. (Revogado pela Lei da data de início dos efeitos do desenquadramento, ressalvado o
Complementar nº 155, de 2016) (Vigência) disposto no § 10 deste artigo.
V - constituído na forma de startup. (Incluído pela Lei
Complementar nº 167, de 2019)
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§ 10. Nas hipóteses previstas nas alíneas a dos incisos III e IV e legalização, em conformidade com esta Lei Complementar e com
do § 7º deste artigo, o MEI deverá recolher a diferença, sem acrés- as resoluções do CGSIM. (Incluído pela Lei Complementar nº
cimos, em parcela única, juntamente com a da apuração do mês de 147, de 2014)
janeiro do ano-calendário subseqüente ao do excesso, na forma a § 19. Fica vedada aos conselhos representativos de categorias
ser estabelecida em ato do Comitê Gestor. econômicas a exigência de obrigações diversas das estipuladas nes-
§ 11. O valor referido na alínea a do inciso V do § 3o deste ar- ta Lei Complementar para inscrição do MEI em seus quadros, sob
tigo será reajustado, na forma prevista em lei ordinária, na mesma pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei Complementar
data de reajustamento dos benefícios de que trata a Lei no 8.213, nº 147, de 2014)
de 24 de julho de 1991, de forma a manter equivalência com a con- § 19-A O MEI inscrito no conselho profissional de sua cate-
tribuição de que trata o § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de goria na qualidade de pessoa física é dispensado de realizar nova
julho de 1991. inscrição no mesmo conselho na qualidade de empresário indivi-
§ 12. Aplica-se ao MEI que tenha optado pela contribuição na dual. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
forma do § 1o deste artigo o disposto no § 4º do art. 55 e no § 2º Produção de efeito
do art. 94, ambos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, exceto se § 19-B. São vedadas aos conselhos profissionais, sob pena de
optar pela complementação da contribuição previdenciária a que responsabilidade, a exigência de inscrição e a execução de qualquer
se refere o § 3o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. tipo de ação fiscalizadora quando a ocupação do MEI não exigir re-
§ 13. O MEI está dispensado, ressalvado o disposto no art. 18-C gistro profissional da pessoa física. (Incluído pela Lei Comple-
desta Lei Complementar, de: mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito
I - atender o disposto no inciso IV do caput do art. 32 da Lei no § 20. Os documentos fiscais das microempresas e empresas
8.212, de 24 de julho de 1991; de pequeno porte poderão ser emitidos diretamente por sistema
II - apresentar a Relação Anual de Informações Sociais (Rais); e nacional informatizado e pela internet, sem custos para o empre-
III - declarar ausência de fato gerador para a Caixa Econômica endedor, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples
Federal para emissão da Certidão de Regularidade Fiscal perante o Nacional. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
FGTS. § 21. Assegurar-se-á o registro nos cadastros oficiais ao guia de
§ 14. O Comitê Gestor disciplinará o disposto neste artigo. turismo inscrito como MEI. (Incluído pela Lei Complementar
§ 15. A inadimplência do recolhimento do valor previsto na nº 147, de 2014)
alínea “a” do inciso V do § 3o tem como consequência a não conta- § 22. Fica vedado às concessionárias de serviço público o au-
gem da competência em atraso para fins de carência para obtenção mento das tarifas pagas pelo MEI por conta da modificação da sua
dos benefícios previdenciários respectivos. condição de pessoa física para pessoa jurídica. (Incluído pela
§ 15-A. Ficam autorizados os Estados, o Distrito Federal e os Lei Complementar nº 147, de 2014)
Municípios a promover a remissão dos débitos decorrentes dos va- § 23. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
lores previstos nas alíneas b e c do inciso V do § 3o, inadimplidos de 2014)
isolada ou simultaneamente. (Incluído pela Lei Comple- § 24. Aplica-se ao MEI o disposto no inciso XI do § 4o do art. 3o.
mentar nº 147, de 2014) (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
§ 15-B. O MEI poderá ter sua inscrição automaticamente § 25. O MEI poderá utilizar sua residência como sede do es-
cancelada após período de 12 (doze) meses consecutivos sem re- tabelecimento, quando não for indispensável a existência de local
colhimento ou declarações, independentemente de qualquer no- próprio para o exercício da atividade. (Incluído pela Lei
tificação, devendo a informação ser publicada no Portal do Empre- Complementar nº 154, de 2016)
endedor, na forma regulamentada pelo CGSIM. (Incluído Art. 18-B. A empresa contratante de serviços executados por
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) intermédio do MEI mantém, em relação a esta contratação, a obri-
§ 16. O CGSN estabelecerá, para o MEI, critérios, procedi- gatoriedade de recolhimento da contribuição a que se refere o in-
mentos, prazos e efeitos diferenciados para desenquadramento da ciso III do caput e o § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho
sistemática de que trata este artigo, cobrança, inscrição em dívida de 1991, e o cumprimento das obrigações acessórias relativas à
ativa e exclusão do Simples Nacional. contratação de contribuinte individual. (Vide Lei Comple-
§ 16-A A baixa do MEI via portal eletrônico dispensa a comuni- mentar nº 147, de 2014)
cação aos órgãos da administração pública. (Incluído pela § 1o Aplica-se o disposto neste artigo exclusivamente em rela-
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito ção ao MEI que for contratado para prestar serviços de hidráulica,
§ 17. A alteração de dados no CNPJ informada pelo empresário eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou re-
à Secretaria da Receita Federal do Brasil equivalerá à comunicação paro de veículos. (Redação dada pela Lei Complementar nº
obrigatória de desenquadramento da sistemática de recolhimento 147, de 2014)
de que trata este artigo, nas seguintes hipóteses: § 2º O disposto no caput e no § 1o não se aplica quando pre-
I - alteração para natureza jurídica distinta de empresário indi- sentes os elementos da relação de emprego, ficando a contratante
vidual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro sujeita a todas as obrigações dela decorrentes, inclusive trabalhis-
de 2002 (Código Civil); tas, tributárias e previdenciárias.
II - inclusão de atividade econômica não autorizada pelo CGSN; Art. 18-C. Observado o disposto no caput e nos §§ 1o a 25 do
III - abertura de filial. art. 18-A desta Lei Complementar, poderá enquadrar-se como MEI
§ 18. Os Municípios somente poderão realizar o cancelamento o empresário individual ou o empreendedor que exerça as ativida-
da inscrição do MEI caso tenham regulamentação própria de clas- des de industrialização, comercialização e prestação de serviços no
sificação de risco e o respectivo processo simplificado de inscrição âmbito rural que possua um único empregado que receba exclusi-
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vamente um salário mínimo ou o piso salarial da categoria profis- § 2o Todo benefício previsto nesta Lei Complementar aplicável
sional. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de à microempresa estende-se ao MEI sempre que lhe for mais favo-
2016) Produção de efeito rável. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
§ 1º Na hipótese referida no caput, o MEI: § 3o O MEI é modalidade de microempresa. (Incluído
I - deverá reter e recolher a contribuição previdenciária relativa pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
ao segurado a seu serviço na forma da lei, observados prazo e con- § 4o É vedado impor restrições ao MEI relativamente ao exer-
dições estabelecidos pelo CGSN; cício de profissão ou participação em licitações, em função da sua
II - é obrigado a prestar informações relativas ao segurado a seu natureza jurídica, inclusive por ocasião da contratação dos serviços
serviço, na forma estabelecida pelo CGSN; e previstos no § 1o do art. 18-B desta Lei Complementar. (Re-
III - está sujeito ao recolhimento da contribuição de que trata dação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
o inciso VI do caput do art. 13, calculada à alíquota de 3% (três por de efeito
cento) sobre o salário de contribuição previsto no caput, na forma e § 5o O empreendedor que exerça as atividades de industriali-
prazos estabelecidos pelo CGSN. zação, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural que
§ 2º Para os casos de afastamento legal do único empregado efetuar seu registro como MEI não perderá a condição de segurado
do MEI, será permitida a contratação de outro empregado, inclusive especial da Previdência Social. (Incluído pela Lei Com-
por prazo determinado, até que cessem as condições do afastamen- plementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
to, na forma estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. § 6o O disposto no § 5o e o licenciamento simplificado de ati-
§ 3º O CGSN poderá determinar, com relação ao MEI, a forma, vidades para o empreendedor que exerça as atividades de indus-
a periodicidade e o prazo: trialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito ru-
I - de entrega à Secretaria da Receita Federal do Brasil de uma ral serão regulamentados pelo CGSIM em até cento e oitenta dias.
única declaração com dados relacionados a fatos geradores, base (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de
de cálculo e valores dos tributos previstos nos arts. 18-A e 18-C, da efeito
contribuição para a Seguridade Social descontada do empregado § 7o O empreendedor que exerça as atividades de industria-
e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e outras in- lização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural
formações de interesse do Ministério do Trabalho e Emprego, do manterá todas as suas obrigações relativas à condição de produtor
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Conselho Curador do rural ou de agricultor familiar. (Incluído pela Lei Complemen-
FGTS, observado o disposto no § 7o do art. 26; tar nº 155, de 2016) Produção de efeito
II - do recolhimento dos tributos previstos nos arts. 18-A e 18- Art. 18-F. Para o transportador autônomo de cargas inscrito
C, bem como do FGTS e da contribuição para a Seguridade Social como MEI, nos termos do art. 18-A desta Lei Complementar: (In-
descontada do empregado. cluído pela Lei Complementar nº 188, de 2021)
§ 4o A entrega da declaração única de que trata o inciso I do I - o limite da receita bruta de que trata o § 1º e o inciso V do
§ 3o substituirá, na forma regulamentada pelo CGSN, a obrigato- § 3º do art. 18-A desta Lei Complementar será de R$ 251.600,00
riedade de entrega de todas as informações, formulários e declara- (duzentos e cinquenta e um mil e seiscentos reais); (Incluído pela
ções a que estão sujeitas as demais empresas ou equiparados que Lei Complementar nº 188, de 2021)
contratam empregados, inclusive as relativas ao recolhimento do II - o limite será de R$ 20.966,67 (vinte mil novecentos e ses-
FGTS, à Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e ao Cadastro senta e seis reais e sessenta e sete centavos) multiplicados pelo nú-
Geral de Empregados e Desempregados (Caged). mero de meses compreendidos entre o início da atividade e o final
§ 5o Na hipótese de recolhimento do FGTS na forma do inciso do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses
II do § 3o, deve-se assegurar a transferência dos recursos e dos ele- como um mês inteiro, no caso de início de atividades de que trata o
mentos identificadores do recolhimento ao gestor desse fundo para § 2º do art. 18-A desta Lei Complementar; (Incluído pela Lei Com-
crédito na conta vinculada do trabalhador. plementar nº 188, de 2021)
§ 6o O documento de que trata o inciso I do § 3o deste artigo III - o valor mensal da contribuição de que trata o inciso X do
tem caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficien- § 1º do art. 13 desta Lei Complementar corresponderá ao valor re-
te para a exigência dos tributos e dos débitos fundiários que não te- sultante da aplicação da alíquota de 12% (doze por cento) sobre o
nham sido recolhidos resultantes das informações nele prestadas. salário-mínimo mensal. (Incluído pela Lei Complementar nº 188,
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) de 2021)
Art. 18-D. A tributação municipal do imposto sobre imóveis Art. 19. Sem prejuízo da possibilidade de adoção de todas as
prediais urbanos deverá assegurar tratamento mais favorecido ao faixas de receita previstas nos Anexos I a V desta Lei Complemen-
MEI para realização de sua atividade no mesmo local em que residir, tar, os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto brasileiro
mediante aplicação da menor alíquota vigente para aquela localida- seja de até 1% (um por cento) poderão optar pela aplicação de su-
de, seja residencial ou comercial, nos termos da lei, sem prejuízo de blimite para efeito de recolhimento do ICMS na forma do Simples
eventual isenção ou imunidade existente. (Incluído pela Lei Nacional nos respectivos territórios, para empresas com receita
Complementar nº 147, de 2014) bruta anual de até R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil
Art. 18-E. O instituto do MEI é uma política pública que tem reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
por objetivo a formalização de pequenos empreendimentos e a in- Produção de efeito
clusão social e previdenciária. (Incluído pela Lei Comple- § 1o A participação no Produto Interno Bruto brasileiro será
mentar nº 147, de 2014) apurada levando em conta o último resultado divulgado pelo Insti-
§ 1o A formalização de MEI não tem caráter eminentemente tuto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que o subs-
econômico ou fiscal. (Incluído pela Lei Complementar nº titua.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2o A opção prevista no caput produzirá efeitos somente § 2o Poderá ser adotado sistema simplificado de arrecadação
para o ano-calendário subsequente, salvo deliberação do CGSN. do Simples Nacional, inclusive sem utilização da rede bancária, me-
(Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ- diante requerimento do Estado, Distrito Federal ou Município ao
ção de efeito Comitê Gestor.
§ 3o O disposto neste artigo aplica-se ao Distrito Federal. § 3o O valor não pago até a data do vencimento sujeitar-se-á
§ 4o Para os Estados que não tenham adotado sublimite na à incidência de encargos legais na forma prevista na legislação do
forma do caput e para aqueles cuja participação no Produto Interno imposto sobre a renda.
Bruto brasileiro seja superior a 1% (um por cento), para efeito de § 4º A retenção na fonte de ISS das microempresas ou das em-
recolhimento do ICMS e do ISS, observar-se-á obrigatoriamente o presas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional somente
sublimite no valor de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos será permitida se observado o disposto no art. 3o da Lei Comple-
mil reais). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) mentar no 116, de 31 de julho de 2003, e deverá observar as se-
Produção de efeito guintes normas:
Art. 20. A opção feita na forma do art. 19 desta Lei Comple- I - a alíquota aplicável na retenção na fonte deverá ser informa-
mentar pelos Estados importará adoção do mesmo limite de receita da no documento fiscal e corresponderá à alíquota efetiva de ISS a
bruta anual para efeito de recolhimento na forma do ISS dos Muni- que a microempresa ou a empresa de pequeno porte estiver sujeita
cípios nele localizados, bem como para o do ISS devido no Distrito no mês anterior ao da prestação; (Redação dada pela Lei
Federal. Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 1o A empresa de pequeno porte que ultrapassar os limites a II - na hipótese de o serviço sujeito à retenção ser prestado no
que se referem o caput e o § 4o do art. 19 estará automaticamente mês de início de atividades da microempresa ou da empresa de pe-
impedida de recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacional, queno porte, deverá ser aplicada pelo tomador a alíquota efetiva de
a partir do mês subsequente àquele em que tiver ocorrido o exces- 2% (dois por cento); (Redação dada pela Lei Complementar
so, relativamente aos seus estabelecimentos localizados na unidade nº 155, de 2016) Produção de efeito
da Federação que os houver adotado, ressalvado o disposto nos §§ III – na hipótese do inciso II deste parágrafo, constatando-se
11 e 13 do art. 3o. (Redação dada pela Lei Complementar nº que houve diferença entre a alíquota utilizada e a efetivamente
155, de 2016) Produção de efeito apurada, caberá à microempresa ou empresa de pequeno porte
§ 1º-A. Os efeitos do impedimento previsto no § 1º ocorrerão prestadora dos serviços efetuar o recolhimento dessa diferença no
no ano-calendário subsequente se o excesso verificado não for su- mês subseqüente ao do início de atividade em guia própria do Mu-
perior a 20% (vinte por cento) dos limites referidos. nicípio;
§ 2o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica na hipótese IV – na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno
de o Estado ou de o Distrito Federal adotarem, compulsoriamente porte estar sujeita à tributação do ISS no Simples Nacional por va-
ou por opção, a aplicação de faixa de receita bruta superior à que lores fixos mensais, não caberá a retenção a que se refere o caput
vinha sendo utilizada no ano-calendário em que ocorreu o excesso deste parágrafo;
da receita bruta. V - na hipótese de a microempresa ou a empresa de pequeno
§ 3o Na hipótese em que o recolhimento do ICMS ou do ISS porte não informar a alíquota de que tratam os incisos I e II deste
não esteja sendo efetuado por meio do Simples Nacional por força parágrafo no documento fiscal, aplicar-se-á a alíquota efetiva de 5%
do disposto neste artigo e no art. 19 desta Lei Complementar, as (cinco por cento); (Redação dada pela Lei Complementar
faixas de receita do Simples Nacional superiores àquela que tenha nº 155, de 2016) Produção de efeito
sido objeto de opção pelos Estados ou pelo Distrito Federal sofre- VI – não será eximida a responsabilidade do prestador de ser-
rão, para efeito de recolhimento do Simples Nacional, redução da viços quando a alíquota do ISS informada no documento fiscal for
alíquota efetiva desses impostos, apurada de acordo com os Anexos inferior à devida, hipótese em que o recolhimento dessa diferença
I a V desta Lei Complementar, conforme o caso. (Redação dada será realizado em guia própria do Município;
pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito VII – o valor retido, devidamente recolhido, será definitivo, não
§ 4o O Comitê Gestor regulamentará o disposto neste artigo e sendo objeto de partilha com os municípios, e sobre a receita de
no art. 19 desta Lei Complementar. prestação de serviços que sofreu a retenção não haverá incidência
de ISS a ser recolhido no Simples Nacional.
SEÇÃO IV § 4o-A. Na hipótese de que tratam os incisos I e II do § 4o,
DO RECOLHIMENTO DOS TRIBUTOS DEVIDOS a falsidade na prestação dessas informações sujeitará o responsá-
vel, o titular, os sócios ou os administradores da microempresa e
Art. 21. Os tributos devidos, apurados na forma dos arts. 18 a da empresa de pequeno porte, juntamente com as demais pessoas
20 desta Lei Complementar, deverão ser pagos: que para ela concorrerem, às penalidades previstas na legislação
I - por meio de documento único de arrecadação, instituído criminal e tributária.
pelo Comitê Gestor; § 5o O CGSN regulará a compensação e a restituição dos valo-
II - (REVOGADO) res do Simples Nacional recolhidos indevidamente ou em montante
III - enquanto não regulamentado pelo Comitê Gestor, até o superior ao devido.
último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüente àquele a § 6o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de
que se referir; juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial
IV - em banco integrante da rede arrecadadora do Simples Na- de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulada
cional, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor. mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento inde-
§ 1o Na hipótese de a microempresa ou a empresa de peque- vido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensa-
no porte possuir filiais, o recolhimento dos tributos do Simples Na- ção ou restituição, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em
cional dar-se-á por intermédio da matriz. que estiver sendo efetuada.
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§ 7o Os valores compensados indevidamente serão exigidos § 22. O repasse para os entes federados dos valores pagos e
com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35. da amortização dos débitos parcelados será efetuado proporcional-
§ 8o Na hipótese de compensação indevida, quando se com- mente ao valor de cada tributo na composição da dívida consolida-
prove falsidade de declaração apresentada pelo sujeito passivo, o da. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual § 23. No caso de parcelamento de débito inscrito em dívida
previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de ativa, o devedor pagará custas, emolumentos e demais encargos
dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo legais. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
o valor total do débito indevidamente compensado. § 24. Implicará imediata rescisão do parcelamento e remessa
§ 9o É vedado o aproveitamento de créditos não apurados no do débito para inscrição em dívida ativa ou prosseguimento da exe-
Simples Nacional, inclusive de natureza não tributária, para extin- cução, conforme o caso, até deliberação do CGSN, a falta de paga-
ção de débitos do Simples Nacional. mento: (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
§ 10. Os créditos apurados no Simples Nacional não poderão I - de 3 (três) parcelas, consecutivas ou não; ou
ser utilizados para extinção de outros débitos para com as Fazendas II - de 1 (uma) parcela, estando pagas todas as demais.
Públicas, salvo por ocasião da compensação de ofício oriunda de § 25. O documento previsto no inciso I do caput deste arti-
deferimento em processo de restituição ou após a exclusão da em- go deverá conter a partilha discriminada de cada um dos tributos
presa do Simples Nacional. abrangidos pelo Simples Nacional, bem como os valores destinados
a cada ente federado. (Incluído pela Lei Complementar nº
§ 11. No Simples Nacional, é permitida a compensação tão so-
155, de 2016) Produção de efeito
mente de créditos para extinção de débitos para com o mesmo ente
Art. 21-A. A inscrição de microempresa ou empresa de peque-
federado e relativos ao mesmo tributo.
no porte no Cadastro Informativo dos créditos não quitados do se-
§ 12. Na restituição e compensação no Simples Nacional serão
tor público federal - CADIN, somente ocorrerá mediante notificação
observados os prazos de decadência e prescrição previstos na Lei
prévia com prazo para contestação. (Incluído pela Lei
no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional).
Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
§ 13. É vedada a cessão de créditos para extinção de débitos
Art. 21-B. Os Estados e o Distrito Federal deverão observar, em
no Simples Nacional.
relação ao ICMS, o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias, contado a
§ 14. Aplica-se aos processos de restituição e de compensação
partir do primeiro dia do mês do fato gerador da obrigação tributá-
o rito estabelecido pelo CGSN.
ria, para estabelecer a data de vencimento do imposto devido por
§ 15. Compete ao CGSN fixar critérios, condições para rescisão,
substituição tributária, tributação concentrada em uma única etapa
prazos, valores mínimos de amortização e demais procedimentos
(monofásica) e por antecipação tributária com ou sem encerramen-
para parcelamento dos recolhimentos em atraso dos débitos tribu-
to de tributação, nas hipóteses em que a responsabilidade recair
tários apurados no Simples Nacional, observado o disposto no § 3º
sobre operações ou prestações subsequentes, na forma regulamen-
deste artigo e no art. 35 e ressalvado o disposto no § 19 deste arti-
tada pelo Comitê Gestor. (Incluído pele Lei Complementar
go. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
nº 147, de 2014)
§ 16. Os débitos de que trata o § 15 poderão ser parcelados em
até 60 (sessenta) parcelas mensais, na forma e condições previstas
SEÇÃO V
pelo CGSN. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
DO REPASSE DO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO
§ 17. O valor de cada prestação mensal, por ocasião do paga-
mento, será acrescido de juros equivalentes à taxa referencial do
Art. 22. O Comitê Gestor definirá o sistema de repasses do to-
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos
tal arrecadado, inclusive encargos legais, para o:
federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês sub-
I - Município ou Distrito Federal, do valor correspondente ao
sequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento,
ISS;
e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamen-
II - Estado ou Distrito Federal, do valor correspondente ao
to estiver sendo efetuado, na forma regulamentada pelo CGSN.
ICMS;
(Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
III - Instituto Nacional do Seguro Social, do valor corresponden-
§ 18. Será admitido reparcelamento de débitos constantes
te à Contribuição para manutenção da Seguridade Social.
de parcelamento em curso ou que tenha sido rescindido, podendo
Parágrafo único. Enquanto o Comitê Gestor não regulamentar
ser incluídos novos débitos, na forma regulamentada pelo CGSN.
o prazo para o repasse previsto no inciso II do caput deste artigo,
(Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
esse será efetuado nos prazos estabelecidos nos convênios celebra-
§ 19. Os débitos constituídos de forma isolada por parte de
dos no âmbito do colegiado a que se refere a alínea g do inciso XII
Estado, do Distrito Federal ou de Município, em face de ausência
do § 2o do art. 155 da Constituição Federal.
de aplicativo para lançamento unificado, relativo a tributo de sua
competência, que não estiverem inscritos em Dívida Ativa da União,
SEÇÃO VI
poderão ser parcelados pelo ente responsável pelo lançamento de
DOS CRÉDITOS
acordo com a respectiva legislação, na forma regulamentada pelo
CGSN. (Vide Lei Complementar nº 155, de 2016)
Art. 23. As microempresas e as empresas de pequeno porte
§ 20. O pedido de parcelamento deferido importa confissão ir-
optantes pelo Simples Nacional não farão jus à apropriação nem
retratável do débito e configura confissão extrajudicial. (Vide
transferirão créditos relativos a impostos ou contribuições abrangi-
Lei Complementar nº 155, de 2016)
dos pelo Simples Nacional.
§ 21. Serão aplicadas na consolidação as reduções das multas
§ 1º As pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela
de lançamento de ofício previstas na legislação federal, conforme
legislação tributária não optantes pelo Simples Nacional terão direi-
regulamentação do CGSN. (Vide Lei Complementar nº
to a crédito correspondente ao ICMS incidente sobre as suas aqui-
155, de 2016)
Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sições de mercadorias de microempresa ou empresa de pequeno informações socioeconômicas e fiscais, que deverá ser disponibili-
porte optante pelo Simples Nacional, desde que destinadas à co- zada aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observa-
mercialização ou industrialização e observado, como limite, o ICMS dos prazo e modelo aprovados pelo CGSN e observado o disposto
efetivamente devido pelas optantes pelo Simples Nacional em rela- no § 15-A do art. 18.
ção a essas aquisições. § 1o A declaração de que trata o caput deste artigo constitui
§ 2º A alíquota aplicável ao cálculo do crédito de que trata o § confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência
1º deste artigo deverá ser informada no documento fiscal e corres- dos tributos e contribuições que não tenham sido recolhidos resul-
ponderá ao percentual de ICMS previsto nos Anexos I ou II desta Lei tantes das informações nela prestadas.
Complementar para a faixa de receita bruta a que a microempresa § 2o A situação de inatividade deverá ser informada na decla-
ou a empresa de pequeno porte estiver sujeita no mês anterior ao ração de que trata o caput deste artigo, na forma regulamentada
da operação. pelo Comitê Gestor.
§ 3º Na hipótese de a operação ocorrer no mês de início de § 3o Para efeito do disposto no § 2o deste artigo, considera-se
atividades da microempresa ou empresa de pequeno porte optan- em situação de inatividade a microempresa ou a empresa de pe-
te pelo Simples Nacional, a alíquota aplicável ao cálculo do crédito queno porte que não apresente mutação patrimonial e atividade
de que trata o § 1º deste artigo corresponderá ao percentual de operacional durante todo o ano-calendário.
ICMS referente à menor alíquota prevista nos Anexos I ou II desta § 4o A declaração de que trata o caput deste artigo, relati-
Lei Complementar. va ao MEI definido no art. 18-A desta Lei Complementar, conterá,
§ 4º Não se aplica o disposto nos §§ 1º a 3º deste artigo quan- para efeito do disposto no art. 3º da Lei Complementar nº 63, de 11
do: de janeiro de 1990, tão-somente as informações relativas à receita
I - a microempresa ou empresa de pequeno porte estiver su- bruta total sujeita ao ICMS, sendo vedada a instituição de declara-
jeita à tributação do ICMS no Simples Nacional por valores fixos ções adicionais em decorrência da referida Lei Complementar.
mensais; § 5o A declaração de que trata o caput, a partir das infor-
II - a microempresa ou a empresa de pequeno porte não infor- mações relativas ao ano-calendário de 2012, poderá ser prestada
mar a alíquota de que trata o § 2º deste artigo no documento fiscal; por meio da declaração de que trata o § 15-A do art. 18 desta Lei
III - houver isenção estabelecida pelo Estado ou Distrito Federal Complementar, na periodicidade e prazos definidos pelo CGSN.
que abranja a faixa de receita bruta a que a microempresa ou a em- (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
presa de pequeno porte estiver sujeita no mês da operação. Art. 26. As microempresas e empresas de pequeno porte op-
IV - o remetente da operação ou prestação considerar, por op- tantes pelo Simples Nacional ficam obrigadas a:
ção, que a alíquota determinada na forma do caput e dos §§ 1o e I - emitir documento fiscal de venda ou prestação de serviço, de
2o do art. 18 desta Lei Complementar deverá incidir sobre a receita acordo com instruções expedidas pelo Comitê Gestor;
recebida no mês. II - manter em boa ordem e guarda os documentos que fun-
§ 5º Mediante deliberação exclusiva e unilateral dos Estados damentaram a apuração dos impostos e contribuições devidos e o
e do Distrito Federal, poderá ser concedido às pessoas jurídicas e cumprimento das obrigações acessórias a que se refere o art. 25
àquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes desta Lei Complementar enquanto não decorrido o prazo decaden-
pelo Simples Nacional crédito correspondente ao ICMS incidente cial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes.
sobre os insumos utilizados nas mercadorias adquiridas de indústria § 1º O MEI fará a comprovação da receita bruta mediante
optante pelo Simples Nacional, sendo vedado o estabelecimento de apresentação do registro de vendas ou de prestação de serviços na
diferenciação no valor do crédito em razão da procedência dessas forma estabelecida pelo CGSN, ficando dispensado da emissão do
mercadorias. documento fiscal previsto no inciso I do caput, ressalvadas as hipó-
teses de emissão obrigatória previstas pelo referido Comitê.
§ 6º O Comitê Gestor do Simples Nacional disciplinará o dis-
I - (REVOGADO)
posto neste artigo.
II - (REVOGADO)
Art. 24. As microempresas e as empresas de pequeno porte
III - (REVOGADO)
optantes pelo Simples Nacional não poderão utilizar ou destinar
§ 2o As demais microempresas e as empresas de pequeno por-
qualquer valor a título de incentivo fiscal.
te, além do disposto nos incisos I e II do caput deste artigo, deverão,
§ 1o Não serão consideradas quaisquer alterações em bases
ainda, manter o livro-caixa em que será escriturada sua movimenta-
de cálculo, alíquotas e percentuais ou outros fatores que alterem
ção financeira e bancária.
o valor de imposto ou contribuição apurado na forma do Simples § 3o A exigência de declaração única a que se refere o caput
Nacional, estabelecidas pela União, Estado, Distrito Federal ou Mu- do art. 25 desta Lei Complementar não desobriga a prestação de
nicípio, exceto as previstas ou autorizadas nesta Lei Complementar. informações relativas a terceiros.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ- § 4o É vedada a exigência de obrigações tributárias acessórias
ção de efeito relativas aos tributos apurados na forma do Simples Nacional além
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº daquelas estipuladas pelo CGSN e atendidas por meio do Portal do
155, de 2016) Produção de efeito Simples Nacional, bem como, o estabelecimento de exigências adi-
cionais e unilaterais pelos entes federativos, exceto os programas
SEÇÃO VII de cidadania fiscal. (Redação dada pela Lei Complementar
DAS OBRIGAÇÕES FISCAIS ACESSÓRIAS nº 147, de 2014)
§ 4o-A. A escrituração fiscal digital ou obrigação equivalente
Art. 25. A microempresa ou empresa de pequeno porte optan- não poderá ser exigida da microempresa ou empresa de pequeno
te pelo Simples Nacional deverá apresentar anualmente à Secreta- porte optante pelo Simples Nacional, salvo se, cumulativamente,
ria da Receita Federal do Brasil declaração única e simplificada de houver: (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - autorização específica do CGSN, que estabelecerá as condi- presa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional
ções para a obrigatoriedade; (Incluído pela Lei Complemen- fica desobrigada de transmitir seus dados às administrações tribu-
tar nº 147, de 2014) tárias. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
II - disponibilização por parte da administração tributária es- § 12. As informações a serem prestadas relativas ao ICMS devi-
tipulante de aplicativo gratuito para uso da empresa optante. do na forma prevista nas alíneas a, g e h do inciso XIII do § 1o do art.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 13 serão fornecidas por meio de aplicativo único. (Incluído
§ 4o-B. A exigência de apresentação de livros fiscais em meio pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
eletrônico aplicar-se-á somente na hipótese de substituição da en- § 13. Fica estabelecida a obrigatoriedade de utilização de do-
trega em meio convencional, cuja obrigatoriedade tenha sido pré- cumentos fiscais eletrônicos estabelecidos pelo Confaz nas opera-
via e especificamente estabelecida pelo CGSN. (Incluído pela ções e prestações relativas ao ICMS efetuadas por microempresas
Lei Complementar nº 147, de 2014) e empresas de pequeno porte nas hipóteses previstas nas alíneas
§ 4o-C. Até a implantação de sistema nacional uniforme es- a, g e h do inciso XIII do § 1o do art. 13. (Incluído pela Lei
tabelecido pelo CGSN com compartilhamento de informações com Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
os entes federados, permanece válida norma publicada por ente § 14. Os aplicativos necessários ao cumprimento do disposto
federado até o primeiro trimestre de 2014 que tenha veiculado nos §§ 12 e 13 deste artigo serão disponibilizados, de forma gra-
exigência vigente de a microempresa ou empresa de pequeno por- tuita, no portal do Simples Nacional. (Incluído pela Lei
te apresentar escrituração fiscal digital ou obrigação equivalente. Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 15. O CGSN regulamentará o disposto neste artigo. (In-
§ 5o As microempresas e empresas de pequeno porte ficam cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
sujeitas à entrega de declaração eletrônica que deva conter os da- Art. 27. As microempresas e empresas de pequeno porte op-
dos referentes aos serviços prestados ou tomados de terceiros, na tantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar con-
conformidade do que dispuser o Comitê Gestor. tabilidade simplificada para os registros e controles das operações
§ 6º Na hipótese do § 1º deste artigo: realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor.
I - deverão ser anexados ao registro de vendas ou de presta-
ção de serviços, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, os SEÇÃO VIII
documentos fiscais comprobatórios das entradas de mercadorias e DA EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL
serviços tomados referentes ao período, bem como os documentos
fiscais relativos às operações ou prestações realizadas eventual- Art. 28. A exclusão do Simples Nacional será feita de ofício ou
mente emitidos; mediante comunicação das empresas optantes.
Parágrafo único. As regras previstas nesta seção e o modo de
II - será obrigatória a emissão de documento fiscal nas vendas
sua implementação serão regulamentados pelo Comitê Gestor.
e nas prestações de serviços realizadas pelo MEI para destinatário
Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Sim-
cadastrado no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), ficando
ples Nacional dar-se-á quando:
dispensado desta emissão para o consumidor final.
I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória;
§ 7o Cabe ao CGSN dispor sobre a exigência da certificação di-
II - for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela
gital para o cumprimento de obrigações principais e acessórias por
negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que
parte da microempresa, inclusive o MEI, ou empresa de pequeno
estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de infor-
porte optante pelo Simples Nacional, inclusive para o recolhimento mações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade
do FGTS. que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses que
§ 8o O CGSN poderá disciplinar sobre a disponibilização, no autorizam a requisição de auxílio da força pública;
portal do SIMPLES Nacional, de documento fiscal eletrônico de ven- III - for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela
da ou de prestação de serviço para o MEI, microempresa ou empre- negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a
sa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional. (Inclu- qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se en-
ído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) contrem bens de sua propriedade;
§ 9o O desenvolvimento e a manutenção das soluções de tec- IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas;
nologia, capacitação e orientação aos usuários relativas ao disposto V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao dispos-
no § 8o, bem como as demais relativas ao Simples Nacional, pode- to nesta Lei Complementar;
rão ser apoiadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque- VI - a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 da
nas Empresas - SEBRAE. (Incluído pela Lei Complementar nº Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores;
147, de 2014) VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou des-
§ 10. O ato de emissão ou de recepção de documento fiscal caminho;
por meio eletrônico estabelecido pelas administrações tributárias, VIII - houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir
em qualquer modalidade, de entrada, de saída ou de prestação, na a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária;
forma estabelecida pelo CGSN, representa sua própria escrituração IX - for constatado que durante o ano-calendário o valor das des-
fiscal e elemento suficiente para a fundamentação e a constituição pesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de
do crédito tributário. (Incluído pela Lei Complementar nº recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
147, de 2014) X - for constatado que durante o ano-calendário o valor das
§ 11. Os dados dos documentos fiscais de qualquer espécie aquisições de mercadorias para comercialização ou industrializa-
podem ser compartilhados entre as administrações tributárias da ção, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for
União, Estados, Distrito Federal e Municípios e, quando emitidos superior a 80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no
por meio eletrônico, na forma estabelecida pelo CGSN, a microem- mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XI - houver descumprimento reiterado da obrigação contida no II - na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último
inciso I do caput do art. 26; dia útil do mês subseqüente àquele em que ocorrida a situação de
XII - omitir de forma reiterada da folha de pagamento da em- vedação;
presa ou de documento de informações previsto pela legislação III - na hipótese do inciso III do caput:
previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado, tra- a) até o último dia útil do mês seguinte àquele em que tiver ul-
balhador avulso ou contribuinte individual que lhe preste serviço. trapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite proporcional
§ 1o Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste de que trata o § 10 do art. 3o; ou
artigo, a exclusão produzirá efeitos a partir do próprio mês em que b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário
incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e favoreci- subsequente ao de início de atividades, caso o excesso seja inferior
do desta Lei Complementar pelos próximos 3 (três) anos-calendário a 20% (vinte por cento) do respectivo limite;
seguintes. IV - na hipótese do inciso IV do caput:
§ 2o O prazo de que trata o § 1o deste artigo será elevado a) até o último dia útil do mês subsequente à ultrapassagem
para 10 (dez) anos caso seja constatada a utilização de artifício, ar- em mais de 20% (vinte por cento) do limite de receita bruta previsto
dil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a no inciso II do caput do art. 3o; ou
fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário
de tributo apurável segundo o regime especial previsto nesta Lei subsequente, na hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20%
Complementar. (vinte por cento) o limite de receita bruta previsto no inciso II do
§ 3o A exclusão de ofício será realizada na forma regulamenta- caput do art. 3o.
da pelo Comitê Gestor, cabendo o lançamento dos tributos e contri- § 2o A comunicação de que trata o caput deste artigo dar-se-á
buições apurados aos respectivos entes tributantes. na forma a ser estabelecida pelo Comitê Gestor.
§ 4o (REVOGADO) § 3º A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP
§ 5o A competência para exclusão de ofício do Simples Nacio- à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equivalerá à comunicação
nal obedece ao disposto no art. 33, e o julgamento administrativo, obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses:
ao disposto no art. 39, ambos desta Lei Complementar. I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, Socie-
§ 6º Nas hipóteses de exclusão previstas no caput, a notifica- dade Empresária em Comandita por Ações, Sociedade em Conta de
ção: Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estrangeira;
I - será efetuada pelo ente federativo que promoveu a exclusão; II - inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Sim-
e ples Nacional;
II - poderá ser feita por meio eletrônico, observada a regula- III - inclusão de sócio pessoa jurídica;
mentação do CGSN. IV - inclusão de sócio domiciliado no exterior;
§ 7º (REVOGADO) V - cisão parcial; ou
§ 8º A notificação de que trata o § 6º aplica-se ao indeferimen- VI - extinção da empresa.
to da opção pelo Simples Nacional. Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de
§ 9º Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos:
incisos V, XI e XII do caput: I - na hipótese do inciso I do caput do art. 30 desta Lei Comple-
I - a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração, mentar, a partir de 1o de janeiro do ano-calendário subseqüente,
consecutivos ou alternados, de idênticas infrações, inclusive de na- ressalvado o disposto no § 4o deste artigo;
tureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos- II - na hipótese do inciso II do caput do art. 30 desta Lei Com-
-calendário, formalizadas por intermédio de auto de infração ou plementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação im-
notificação de lançamento; ou peditiva;
II - a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja cons- III - na hipótese do inciso III do caput do art. 30 desta Lei Com-
tatada a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudu- plementar:
lento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de a) desde o início das atividades;
suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. b) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subsequente, na
Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunica- hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento)
ção das microempresas ou das empresas de pequeno porte, dar- o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o;
-se-á: IV - na hipótese do inciso V do caput do art. 17 desta Lei Com-
I - por opção; plementar, a partir do ano-calendário subseqüente ao da ciência da
II - obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das comunicação da exclusão;
situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ou V - na hipótese do inciso IV do caput do art. 30:
III - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário a) a partir do mês subsequente à ultrapassagem em mais de
de início de atividade, o limite proporcional de receita bruta de que 20% (vinte por cento) do limite de receita bruta previsto no inciso
trata o § 2o do art. 3o; II do art. 3o;
IV - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendá- b) a partir de 1o de janeiro do ano-calendário subsequente, na
rio, o limite de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o, hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento)
quando não estiver no ano-calendário de início de atividade. o limite de receita bruta previsto no inciso II do art. 3o.
§ 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita § 1o Na hipótese prevista no inciso III do caput do art. 30 desta
Federal: Lei Complementar, a microempresa ou empresa de pequeno porte
I - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, até o último dia não poderá optar, no ano-calendário subseqüente ao do início de
útil do mês de janeiro; atividades, pelo Simples Nacional.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2o Na hipótese dos incisos V e XVI do caput do art. 17, será § 1o-B. A fiscalização de que trata o caput, após iniciada, pode-
permitida a permanência da pessoa jurídica como optante pelo rá abranger todos os demais estabelecimentos da microempresa ou
Simples Nacional mediante a comprovação da regularização do dé- da empresa de pequeno porte, independentemente da atividade
bito ou do cadastro fiscal no prazo de até 30 (trinta) dias contados a por eles exercida ou de sua localização, na forma e condições esta-
partir da ciência da comunicação da exclusão. belecidas pelo CGSN.
§ 3o O CGSN regulamentará os procedimentos relativos ao im- § 1o-C. As autoridades fiscais de que trata o caput têm compe-
pedimento de recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples Nacio- tência para efetuar o lançamento de todos os tributos previstos nos
nal, em face da ultrapassagem dos limites estabelecidos na forma incisos I a VIII do art. 13, apurados na forma do Simples Nacional,
dos incisos I ou II do art. 19 e do art. 20. relativamente a todos os estabelecimentos da empresa, indepen-
§ 4o No caso de a microempresa ou a empresa de pequeno dentemente do ente federado instituidor.
porte ser excluída do Simples Nacional no mês de janeiro, na hi- § 1o-D. A competência para autuação por descumprimento de
pótese do inciso I do caput do art. 30 desta Lei Complementar, os obrigação acessória é privativa da administração tributária perante
efeitos da exclusão dar-se-ão nesse mesmo ano. a qual a obrigação deveria ter sido cumprida.
§ 5o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, uma vez § 2o Na hipótese de a microempresa ou empresa de pequeno
que o motivo da exclusão deixe de existir, havendo a exclusão re- porte exercer alguma das atividades de prestação de serviços pre-
troativa de ofício no caso do inciso I do caput do art. 29 desta Lei vistas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar, caberá à Secre-
Complementar, o efeito desta dar-se-á a partir do mês seguinte ao taria da Receita Federal do Brasil a fiscalização da Contribuição para
da ocorrência da situação impeditiva, limitado, porém, ao último a Seguridade Social, a cargo da empresa, de que trata o art. 22 da
dia do ano-calendário em que a referida situação deixou de existir. Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
Art. 32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte § 3o O valor não pago, apurado em procedimento de fiscaliza-
excluídas do Simples Nacional sujeitar-se-ão, a partir do período em ção, será exigido em lançamento de ofício pela autoridade compe-
que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação tente que realizou a fiscalização.
aplicáveis às demais pessoas jurídicas. § 4o O Comitê Gestor disciplinará o disposto neste artigo.
§ 1o Para efeitos do disposto no caput deste artigo, na hipótese
da alínea a do inciso III do caput do art. 31 desta Lei Complementar, SEÇÃO X
a microempresa ou a empresa de pequeno porte desenquadrada DA OMISSÃO DE RECEITA
ficará sujeita ao pagamento da totalidade ou diferença dos respec-
tivos impostos e contribuições, devidos de conformidade com as Art. 34. Aplicam-se à microempresa e à empresa de pequeno
normas gerais de incidência, acrescidos, tão-somente, de juros de porte optantes pelo Simples Nacional todas as presunções de omis-
mora, quando efetuado antes do início de procedimento de ofício. são de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e
§ 2o Para efeito do disposto no caput deste artigo, o sujeito contribuições incluídos no Simples Nacional.
passivo poderá optar pelo recolhimento do imposto de renda e da § 1o É permitida a prestação de assistência mútua e a permuta
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido na forma do lucro presu- de informações entre a Fazenda Pública da União e as dos Estados,
mido, lucro real trimestral ou anual. do Distrito Federal e dos Municípios, relativas às microempresas e
§ 3º Aplica-se o disposto no caput e no § 1o em relação ao às empresas de pequeno porte, para fins de planejamento ou de
ICMS e ao ISS à empresa impedida de recolher esses impostos na execução de procedimentos fiscais ou preparatórios. (Inclu-
forma do Simples Nacional, em face da ultrapassagem dos limites a ído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
que se referem os incisos I e II do caput do art. 19, relativamente ao § 2o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº
estabelecimento localizado na unidade da federação que os houver 155, de 2016) Produção de efeito
adotado. § 3o Sem prejuízo de ação fiscal individual, as administrações
tributárias poderão utilizar procedimento de notificação prévia vi-
SEÇÃO IX sando à autorregularização, na forma e nos prazos a serem regula-
DA FISCALIZAÇÃO mentados pelo CGSN, que não constituirá início de procedimento
fiscal. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
Art. 33. A competência para fiscalizar o cumprimento das obri- Produção de efeito
§ 4o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº
gações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional e para
155, de 2016) Produção de efeito
verificar a ocorrência das hipóteses previstas no art. 29 desta Lei
Complementar é da Secretaria da Receita Federal e das Secretarias
SEÇÃO XI
de Fazenda ou de Finanças do Estado ou do Distrito Federal, segun-
DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS
do a localização do estabelecimento, e, tratando-se de prestação de
serviços incluídos na competência tributária municipal, a compe-
Art. 35. Aplicam-se aos impostos e contribuições devidos pela
tência será também do respectivo Município.
microempresa e pela empresa de pequeno porte, inscritas no Sim-
§ 1o As Secretarias de Fazenda ou Finanças dos Estados po-
ples Nacional, as normas relativas aos juros e multa de mora e de
derão celebrar convênio com os Municípios de sua jurisdição para ofício previstas para o imposto de renda, inclusive, quando for o
atribuir a estes a fiscalização a que se refere o caput deste artigo. caso, em relação ao ICMS e ao ISS.
§ 1o-A. Dispensa-se o convênio de que trata o § 1o na hipótese Art. 36. A falta de comunicação, quando obrigatória, da exclu-
de ocorrência de prestação de serviços sujeita ao ISS por estabele- são da pessoa jurídica do Simples Nacional, nos prazos determina-
cimento localizado no Município. dos no § 1o do art. 30 desta Lei Complementar, sujeitará a pessoa

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

jurídica a multa correspondente a 10% (dez por cento) do total dos no prazo estipulado pela autoridade fiscal, na forma definida pelo
impostos e contribuições devidos de conformidade com o Simples CGSN, e sujeitar-se-á às seguintes multas, para cada mês de refe-
Nacional no mês que anteceder o início dos efeitos da exclusão, não rência:
inferior a R$ 200,00 (duzentos reais), insuscetível de redução. I - de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, a partir
Art. 36-A. A falta de comunicação, quando obrigatória, do de- do primeiro dia do quarto mês do ano subsequente à ocorrência
senquadramento do microempreendedor individual da sistemática dos fatos geradores, incidentes sobre o montante dos impostos e
de recolhimento prevista no art. 18-A desta Lei Complementar nos contribuições decorrentes das informações prestadas no sistema
prazos determinados em seu § 7o sujeitará o microempreendedor eletrônico de cálculo de que trata o § 15 do art. 18, ainda que inte-
individual a multa no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais), insuscep- gralmente pago, no caso de ausência de prestação de informações
tível de redução. ou sua efetuação após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento),
Art. 37. A imposição das multas de que trata esta Lei Comple- observado o disposto no § 2o deste artigo; e
mentar não exclui a aplicação das sanções previstas na legislação II - de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) infor-
penal, inclusive em relação a declaração falsa, adulteração de do- mações incorretas ou omitidas.
cumentos e emissão de nota fiscal em desacordo com a operação § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do
efetivamente praticada, a que estão sujeitos o titular ou sócio da caput, será considerado como termo inicial o primeiro dia do quarto
pessoa jurídica. mês do ano subsequente à ocorrência dos fatos geradores e como
Art. 38. O sujeito passivo que deixar de apresentar a Declara- termo final a data da efetiva prestação ou, no caso de não presta-
ção Simplificada da Pessoa Jurídica a que se refere o art. 25 desta ção, da lavratura do auto de infração.
Lei Complementar, no prazo fixado, ou que a apresentar com incor- § 2o A multa mínima a ser aplicada será de R$ 50,00 (cinquenta
reções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, reais) para cada mês de referência.
no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos § 3o Aplica-se ao disposto neste artigo o disposto nos §§ 2o,
demais casos, no prazo estipulado pela autoridade fiscal, na forma 4o e 5o do art. 38.
definida pelo Comitê Gestor, e sujeitar-se-á às seguintes multas: § 4º O CGSN poderá estabelecer data posterior à prevista no
I - de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, inciden- inciso I do caput e no § 1º.
tes sobre o montante dos tributos e contribuições informados na Art. 38-B. As multas relativas à falta de prestação ou à incorre-
Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, ainda que integralmen- ção no cumprimento de obrigações acessórias para com os órgãos
te pago, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após e entidades federais, estaduais, distritais e municipais, quando em
o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no valor fixo ou mínimo, e na ausência de previsão legal de valores
§ 3o deste artigo; específicos e mais favoráveis para MEI, microempresa ou empresa
II - de R$ 100,00 (cem reais) para cada grupo de 10 (dez) infor- de pequeno porte, terão redução de: (Incluído pela Lei
mações incorretas ou omitidas. Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
§ 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do I - 90% (noventa por cento) para os MEI; (Incluído pela
caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia se- Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
guinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da II - 50% (cinquenta por cento) para as microempresas ou empre-
declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso sas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. (In-
de não-apresentação, da lavratura do auto de infração. cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de
§ 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas se- efeito)
rão reduzidas: Parágrafo único. As reduções de que tratam os incisos I e II do
I - à metade, quando a declaração for apresentada após o pra- caput não se aplicam na: (Incluído pela Lei Complementar
zo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
II - a 75% (setenta e cinco por cento), se houver a apresentação I - hipótese de fraude, resistência ou embaraço à fiscalização;
da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de
§ 3º A multa mínima a ser aplicada será de R$ 200,00 (duzen- efeito)
tos reais). II - ausência de pagamento da multa no prazo de 30 (trinta) dias
§ 4o Considerar-se-á não entregue a declaração que não aten- após a notificação. (Incluído pela Lei Complementar nº
der às especificações técnicas estabelecidas pelo Comitê Gestor. 147, de 2014) (Produção de efeito)
§ 5o Na hipótese do § 4o deste artigo, o sujeito passivo será
intimado a apresentar nova declaração, no prazo de 10 (dez) dias, SEÇÃO XII
contados da ciência da intimação, e sujeitar-se-á à multa prevista DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
no inciso I do caput deste artigo, observado o disposto nos §§ 1o a
3o deste artigo. Art. 39. O contencioso administrativo relativo ao Simples Na-
§ 6o A multa mínima de que trata o § 3o deste artigo a ser cional será de competência do órgão julgador integrante da estru-
aplicada ao Microempreendedor Individual na vigência da opção tura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento,
de que trata o art. 18-A desta Lei Complementar será de R$ 50,00 o indeferimento da opção ou a exclusão de ofício, observados os
(cinqüenta reais). dispositivos legais atinentes aos processos administrativos fiscais
Art. 38-A. O sujeito passivo que deixar de prestar as informa- desse ente.
ções no sistema eletrônico de cálculo de que trata o § 15 do art. § 1o O Município poderá, mediante convênio, transferir a atri-
18, no prazo previsto no § 15-A do mesmo artigo, ou que as prestar buição de julgamento exclusivamente ao respectivo Estado em que
com incorreções ou omissões, será intimado a fazê-lo, no caso de se localiza.
não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2o No caso em que o contribuinte do Simples Nacional exerça IV - o crédito tributário decorrente de auto de infração lavrado
atividades incluídas no campo de incidência do ICMS e do ISS e seja exclusivamente em face de descumprimento de obrigação acessó-
apurada omissão de receita de que não se consiga identificar a ori- ria, observado o disposto no § 1o-D do art. 33;
gem, a autuação será feita utilizando a maior alíquota prevista nesta V - o crédito tributário relativo ao ICMS e ao ISS de que tratam
Lei Complementar, e a parcela autuada que não seja corresponden- as alíneas b e c do inciso V do § 3o do art. 18-A desta Lei Comple-
te aos tributos e contribuições federais será rateada entre Estados e mentar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
Municípios ou Distrito Federal. de 2014)
§ 3o Na hipótese referida no § 2o deste artigo, o julgamento
caberá ao Estado ou ao Distrito Federal. CAPÍTULO V
§ 4º A intimação eletrônica dos atos do contencioso adminis- (REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 147, DE 2014)
trativo observará o disposto nos §§ 1o-A a 1o-D do art. 16. DO ACESSO AOS MERCADOS
§ 5º A impugnação relativa ao indeferimento da opção ou à ex-
clusão poderá ser decidida em órgão diverso do previsto no caput, SEÇÃO I
na forma estabelecida pela respectiva administração tributária. DAS AQUISIÇÕES PÚBLICAS
§ 6º Na hipótese prevista no § 5o, o CGSN poderá disciplinar
procedimentos e prazos, bem como, no processo de exclusão, pre- Art. 42. Nas licitações públicas, a comprovação de regularidade
ver efeito suspensivo na hipótese de apresentação de impugnação, fiscal e trabalhista das microempresas e das empresas de pequeno
defesa ou recurso. porte somente será exigida para efeito de assinatura do contrato.
Art. 40. As consultas relativas ao Simples Nacional serão solu- (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ-
cionadas pela Secretaria da Receita Federal, salvo quando se refe- ção de efeito (Vide Lei nº 14.133, de 2021)
rirem a tributos e contribuições de competência estadual ou muni- Art. 43. As microempresas e as empresas de pequeno porte,
cipal, que serão solucionadas conforme a respectiva competência por ocasião da participação em certames licitatórios, deverão apre-
tributária, na forma disciplinada pelo Comitê Gestor. sentar toda a documentação exigida para efeito de comprovação de
regularidade fiscal e trabalhista, mesmo que esta apresente alguma
SEÇÃO XIII restrição. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de
DO PROCESSO JUDICIAL 2016) Produção de efeito (Vide Lei nº 14.133, de 2021
§ 1o Havendo alguma restrição na comprovação da regula-
Art. 41. Os processos relativos a impostos e contribuições
ridade fiscal e trabalhista, será assegurado o prazo de cinco dias
abrangidos pelo Simples Nacional serão ajuizados em face da União,
úteis, cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o pro-
que será representada em juízo pela Procuradoria-Geral da Fazenda
ponente for declarado vencedor do certame, prorrogável por igual
Nacional, observado o disposto no § 5º deste artigo.
período, a critério da administração pública, para regularização da
§ 1o Os Estados, Distrito Federal e Municípios prestarão auxílio
documentação, para pagamento ou parcelamento do débito e para
à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em relação aos tributos
emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de
de sua competência, na forma a ser disciplinada por ato do Comitê
certidão negativa. (Redação dada pela Lei Complementar
Gestor.
nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 2º Os créditos tributários oriundos da aplicação desta Lei
Complementar serão apurados, inscritos em Dívida Ativa da União § 2o A não-regularização da documentação, no prazo previsto
e cobrados judicialmente pela Procuradoria-Geral da Fazenda Na- no § 1o deste artigo, implicará decadência do direito à contratação,
cional, observado o disposto no inciso V do § 5º deste artigo. sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de 21
§ 3o Mediante convênio, a Procuradoria-Geral da Fazenda de junho de 1993, sendo facultado à Administração convocar os lici-
Nacional poderá delegar aos Estados e Municípios a inscrição em tantes remanescentes, na ordem de classificação, para a assinatura
dívida ativa estadual e municipal e a cobrança judicial dos tributos do contrato, ou revogar a licitação.
estaduais e municipais a que se refere esta Lei Complementar. Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de de-
§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo aos impostos e contribui- sempate, preferência de contratação para as microempresas e em-
ções que não tenham sido recolhidos resultantes das informações presas de pequeno porte. (Vide Lei nº 14.133, de 2021
prestadas: § 1o Entende-se por empate aquelas situações em que as pro-
I - no sistema eletrônico de cálculo dos valores devidos no Sim- postas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno
ples Nacional de que trata o § 15 do art. 18; porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta
II - na declaração a que se refere o art. 25. mais bem classificada.
§ 5º Excetuam-se do disposto no caput deste artigo: § 2o Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabe-
I - os mandados de segurança nos quais se impugnem atos de lecido no § 1o deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior
autoridade coatora pertencente a Estado, Distrito Federal ou Mu- ao melhor preço.
nicípio; Art. 45. Para efeito do disposto no art. 44 desta Lei Comple-
II - as ações que tratem exclusivamente de tributos de compe- mentar, ocorrendo o empate, proceder-se-á da seguinte forma:
tência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, as quais (Vide Lei nº 14.133, de 2021
serão propostas em face desses entes federativos, representados I - a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem
em juízo por suas respectivas procuradorias; classificada poderá apresentar proposta de preço inferior àquela
III - as ações promovidas na hipótese de celebração do convê- considerada vencedora do certame, situação em que será adjudica-
nio de que trata o § 3º deste artigo; do em seu favor o objeto licitado;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa § 2o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, os empe-
de pequeno porte, na forma do inciso I do caput deste artigo, serão nhos e pagamentos do órgão ou entidade da administração pública
convocadas as remanescentes que porventura se enquadrem na hi- poderão ser destinados diretamente às microempresas e empresas
pótese dos §§ 1o e 2o do art. 44 desta Lei Complementar, na ordem de pequeno porte subcontratadas.
classificatória, para o exercício do mesmo direito; § 3o Os benefícios referidos no caput deste artigo poderão,
III - no caso de equivalência dos valores apresentados pelas mi- justificadamente, estabelecer a prioridade de contratação para as
croempresas e empresas de pequeno porte que se encontrem nos microempresas e empresas de pequeno porte sediadas local ou re-
intervalos estabelecidos nos §§ 1o e 2o do art. 44 desta Lei Com- gionalmente, até o limite de 10% (dez por cento) do melhor preço
plementar, será realizado sorteio entre elas para que se identifique válido. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta. Art. 49. Não se aplica o disposto nos arts. 47 e 48 desta Lei
§ 1o Na hipótese da não-contratação nos termos previstos no Complementar quando: (Vide Lei nº 14.133, de 2021
caput deste artigo, o objeto licitado será adjudicado em favor da I - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar
proposta originalmente vencedora do certame. nº 147, de 2014) (Produção de efeito)
§ 2o O disposto neste artigo somente se aplicará quando a II - não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores competi-
melhor oferta inicial não tiver sido apresentada por microempresa tivos enquadrados como microempresas ou empresas de pequeno
ou empresa de pequeno porte. porte sediados local ou regionalmente e capazes de cumprir as exi-
§ 3o No caso de pregão, a microempresa ou empresa de pe- gências estabelecidas no instrumento convocatório;
queno porte mais bem classificada será convocada para apresentar III - o tratamento diferenciado e simplificado para as microem-
nova proposta no prazo máximo de 5 (cinco) minutos após o encer- presas e empresas de pequeno porte não for vantajoso para a admi-
ramento dos lances, sob pena de preclusão. nistração pública ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo
Art. 46. A microempresa e a empresa de pequeno porte titu- do objeto a ser contratado;
lar de direitos creditórios decorrentes de empenhos liquidados por IV - a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos dos
órgãos e entidades da União, Estados, Distrito Federal e Município arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, excetuando-
não pagos em até 30 (trinta) dias contados da data de liquidação -se as dispensas tratadas pelos incisos I e II do art. 24 da mesma Lei,
poderão emitir cédula de crédito microempresarial. (Vide Lei nº nas quais a compra deverá ser feita preferencialmente de microem-
14.133, de 2021 presas e empresas de pequeno porte, aplicando-se o disposto no
Art. 47. Nas contratações públicas da administração direta e inciso I do art. 48. (Redação dada pela Lei Complementar
indireta, autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, nº 147, de 2014)
deverá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para
as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a pro- SEÇÃO II
moção do desenvolvimento econômico e social no âmbito munici- (REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 147, DE 2014)
pal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o ACESSO AO MERCADO EXTERNO
incentivo à inovação tecnológica. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014) (Vide Lei nº 14.133, de 2021 Art. 49-A. A microempresa e a empresa de pequeno porte
Parágrafo único. No que diz respeito às compras públicas, en- beneficiárias do SIMPLES usufruirão de regime de exportação que
quanto não sobrevier legislação estadual, municipal ou regulamento contemplará procedimentos simplificados de habilitação, licencia-
específico de cada órgão mais favorável à microempresa e empresa mento, despacho aduaneiro e câmbio, na forma do regulamento.
de pequeno porte, aplica-se a legislação federal. (Incluído (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) Parágrafo único. As pessoas jurídicas prestadoras de serviço de
Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei logística internacional, quando contratadas pelas empresas descri-
Complementar, a administração pública: (Redação dada pela Lei tas nesta Lei Complementar, estão autorizadas a realizar atividades
Complementar nº 147, de 2014) (Vide Lei nº 14.133, de 2021 relativas a licenciamento administrativo, despacho aduaneiro, con-
I - deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente solidação e desconsolidação de carga e a contratar seguro, câmbio,
à participação de microempresas e empresas de pequeno porte nos transporte e armazenagem de mercadorias, objeto da prestação do
itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta serviço, de forma simplificada e por meio eletrônico, na forma de
mil reais); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº
de 2014) 155, de 2016) Produção de efeito
II - poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à Art. 49-B. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar
aquisição de obras e serviços, exigir dos licitantes a subcontratação nº 155, de 2016) Produção de efeito
de microempresa ou empresa de pequeno porte; (Redação
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) CAPÍTULO VI
III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens DA SIMPLIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO
de natureza divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do
objeto para a contratação de microempresas e empresas de peque- SEÇÃO I
no porte. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO
2014)
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar Art. 50. As microempresas e as empresas de pequeno porte
nº 147, de 2014) serão estimuladas pelo poder público e pelos Serviços Sociais Au-
tônomos a formar consórcios para acesso a serviços especializados
em segurança e medicina do trabalho.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO II § 5o O disposto no § 1o aplica-se à lavratura de multa pelo


DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS descumprimento de obrigações acessórias relativas às matérias do
caput, inclusive quando previsto seu cumprimento de forma unifi-
Art. 51. As microempresas e as empresas de pequeno porte cada com matéria de outra natureza, exceto a trabalhista. (In-
são dispensadas: cluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
I - da afixação de Quadro de Trabalho em suas dependências; § 6o A inobservância do critério de dupla visita implica nulida-
II - da anotação das férias dos empregados nos respectivos li- de do auto de infração lavrado sem cumprimento ao disposto neste
vros ou fichas de registro; artigo, independentemente da natureza principal ou acessória da
III - de empregar e matricular seus aprendizes nos cursos dos obrigação. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Serviços Nacionais de Aprendizagem; § 7o Os órgãos e entidades da administração pública federal,
IV - da posse do livro intitulado “Inspeção do Trabalho”; e estadual, distrital e municipal deverão observar o princípio do tra-
V - de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a con- tamento diferenciado, simplificado e favorecido por ocasião da fi-
cessão de férias coletivas. xação de valores decorrentes de multas e demais sanções adminis-
Art. 52. O disposto no art. 51 desta Lei Complementar não trativas. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
dispensa as microempresas e as empresas de pequeno porte dos § 8o A inobservância do disposto no caput deste artigo impli-
seguintes procedimentos: ca atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
I - anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social - profissional da atividade empresarial. (Incluído pela Lei
CTPS; Complementar nº 147, de 2014)
II - arquivamento dos documentos comprobatórios de cumpri- § 9o O disposto no caput deste artigo não se aplica a infrações
mento das obrigações trabalhistas e previdenciárias, enquanto não relativas à ocupação irregular da reserva de faixa não edificável, de
prescreverem essas obrigações; área destinada a equipamentos urbanos, de áreas de preservação
III - apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garan- permanente e nas faixas de domínio público das rodovias, ferrovias
tia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; e dutovias ou de vias e logradouros públicos. (Incluído pela
IV - apresentação das Relações Anuais de Empregados e da Re- Lei Complementar nº 147, de 2014)
lação Anual de Informações Sociais - RAIS e do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados - CAGED. CAPÍTULO VIII
Parágrafo único. (VETADO). DO ASSOCIATIVISMO
Art. 53. (REVOGADO)
SEÇÃO ÚNICA
SEÇÃO III DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO FORMADA POR
DO ACESSO À JUSTIÇA DO TRABALHO MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE OPTAN-
TES PELO SIMPLES NACIONAL
Art. 54. É facultado ao empregador de microempresa ou de
empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou representar pe- Art. 56. As microempresas ou as empresas de pequeno porte
rante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, poderão realizar negócios de compra e venda de bens e serviços
ainda que não possuam vínculo trabalhista ou societário. para os mercados nacional e internacional, por meio de sociedade
de propósito específico, nos termos e condições estabelecidos pelo
CAPÍTULO VII Poder Executivo federal. (Redação dada pela Lei Comple-
DA FISCALIZAÇÃO ORIENTADORA mentar nº 147, de 2014)
§ 1º Não poderão integrar a sociedade de que trata o caput
Art. 55. A fiscalização, no que se refere aos aspectos trabalhis- deste artigo pessoas jurídicas não optantes pelo Simples Nacional.
ta, metrológico, sanitário, ambiental, de segurança, de relações de § 2º A sociedade de propósito específico de que trata este ar-
consumo e de uso e ocupação do solo das microempresas e das em- tigo:
presas de pequeno porte, deverá ser prioritariamente orientadora I - terá seus atos arquivados no Registro Público de Empresas
quando a atividade ou situação, por sua natureza, comportar grau Mercantis;
de risco compatível com esse procedimento. (Redação II - terá por finalidade realizar:
dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito a) operações de compras para revenda às microempresas ou
§ 1o Será observado o critério de dupla visita para lavratura empresas de pequeno porte que sejam suas sócias;
de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta b) operações de venda de bens adquiridos das microempresas
de registro de empregado ou anotação da Carteira de Trabalho e e empresas de pequeno porte que sejam suas sócias para pessoas
Previdência Social – CTPS, ou, ainda, na ocorrência de reincidência, jurídicas que não sejam suas sócias;
fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. III - poderá exercer atividades de promoção dos bens referidos
§ 2o (VETADO). na alínea b do inciso II deste parágrafo;
§ 3o Os órgãos e entidades competentes definirão, em 12 IV - apurará o imposto de renda das pessoas jurídicas com base
(doze) meses, as atividades e situações cujo grau de risco seja con- no lucro real, devendo manter a escrituração dos livros Diário e Ra-
siderado alto, as quais não se sujeitarão ao disposto neste artigo. zão;
§ 4o O disposto neste artigo não se aplica ao processo adminis- V - apurará a Cofins e a Contribuição para o PIS/Pasep de modo
trativo fiscal relativo a tributos, que se dará na forma dos arts. 39 e não-cumulativo;
40 desta Lei Complementar. VI - exportará, exclusivamente, bens a ela destinados pelas mi-
croempresas e empresas de pequeno porte que dela façam parte;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - será constituída como sociedade limitada; expressos nos respectivos orçamentos e amplamente divulgados.
VIII - deverá, nas revendas às microempresas ou empresas de (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produ-
pequeno porte que sejam suas sócias, observar preço no mínimo ção de efeito
igual ao das aquisições realizadas para revenda; e § 1o As instituições mencionadas no caput deste artigo de-
IX - deverá, nas revendas de bens adquiridos de microempre- verão publicar, juntamente com os respectivos balanços, relatório
sas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias, observar circunstanciado dos recursos alocados às linhas de crédito referidas
preço no mínimo igual ao das aquisições desses bens. no caput e daqueles efetivamente utilizados, consignando, obriga-
§ 3º A aquisição de bens destinados à exportação pela socie- toriamente, as justificativas do desempenho alcançado. (Re-
dade de propósito específico não gera direito a créditos relativos a dação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
impostos ou contribuições abrangidos pelo Simples Nacional. de efeito
§ 4º A microempresa ou a empresa de pequeno porte não § 2o O acesso às linhas de crédito específicas previstas no caput
poderá participar simultaneamente de mais de uma sociedade de deste artigo deverá ter tratamento simplificado e ágil, com divulga-
propósito específico de que trata este artigo. ção ampla das respectivas condições e exigências. (Incluído
§ 5º A sociedade de propósito específico de que trata este ar- pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
tigo não poderá: § 3o (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº
I - ser filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pes- 155, de 2016) Produção de efeito
soa jurídica com sede no exterior; § 4o O Conselho Monetário Nacional - CMN regulamentará
II - ser constituída sob a forma de cooperativas, inclusive de o percentual mínimo de direcionamento dos recursos de que trata o
consumo; caput, inclusive no tocante aos recursos de que trata a alínea b do inci-
III - participar do capital de outra pessoa jurídica; so III do art. 10 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964. (In-
IV - exercer atividade de banco comercial, de investimentos e cluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, Art. 58-A. Os bancos públicos e privados não poderão con-
financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corre- tabilizar, para cumprimento de metas, empréstimos realizados a
tora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de pessoas físicas, ainda que sócios de empresas, como disponibiliza-
empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de ca- ção de crédito para microempresas e empresas de pequeno porte.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
pitalização ou de previdência complementar;
Art. 59. As instituições referidas no caput do art. 58 desta Lei
V - ser resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra
Complementar devem se articular com as respectivas entidades de
forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido
apoio e representação das microempresas e empresas de peque-
em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;
no porte, no sentido de proporcionar e desenvolver programas de
VI - exercer a atividade vedada às microempresas e empresas
treinamento, desenvolvimento gerencial e capacitação tecnológica.
de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional.
Art. 60. (VETADO).
§ 6º A inobservância do disposto no § 4º deste artigo acarreta-
Art. 60-A. Poderá ser instituído Sistema Nacional de Garantias
rá a responsabilidade solidária das microempresas ou empresas de de Crédito pelo Poder Executivo, com o objetivo de facilitar o acesso
pequeno porte sócias da sociedade de propósito específico de que das microempresas e empresas de pequeno porte a crédito e de-
trata este artigo na hipótese em que seus titulares, sócios ou admi- mais serviços das instituições financeiras, o qual, na forma de regu-
nistradores conhecessem ou devessem conhecer tal inobservância. lamento, proporcionará a elas tratamento diferenciado, favorecido
§ 7º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo e simplificado, sem prejuízo de atendimento a outros públicos-alvo.
até 31 de dezembro de 2008. Parágrafo único. O Sistema Nacional de Garantias de Crédito
§ 8º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 155, integrará o Sistema Financeiro Nacional.
de 2016) Produção de efeito Art. 60-B. Os fundos garantidores de risco de crédito empresa-
rial que possuam participação da União na composição do seu ca-
CAPÍTULO IX pital atenderão, sempre que possível, as operações de crédito que
DO ESTÍMULO AO CRÉDITO E À CAPITALIZAÇÃO envolvam microempresas e empresas de pequeno porte, definidas
na forma do art. 3o desta Lei. (Incluído pela Lei Comple-
SEÇÃO I mentar nº 147, de 2014)
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 60-C. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar
nº 147, de 2014)
Art. 57. O Poder Executivo federal proporá, sempre que ne- Art. 61. Para fins de apoio creditício às operações de comér-
cessário, medidas no sentido de melhorar o acesso das microem- cio exterior das microempresas e das empresas de pequeno porte,
presas e empresas de pequeno porte aos mercados de crédito e de serão utilizados os parâmetros de enquadramento ou outros instru-
capitais, objetivando a redução do custo de transação, a elevação mentos de alta significância para as microempresas, empresas de
da eficiência alocativa, o incentivo ao ambiente concorrencial e a pequeno porte exportadoras segundo o porte de empresas, apro-
qualidade do conjunto informacional, em especial o acesso e porta- vados pelo Mercado Comum do Sul - MERCOSUL.
bilidade das informações cadastrais relativas ao crédito. Art. 61-A. Para incentivar as atividades de inovação e os inves-
Art. 58. Os bancos comerciais públicos e os bancos múltiplos timentos produtivos, a sociedade enquadrada como microempresa
públicos com carteira comercial, a Caixa Econômica Federal e o Ban- ou empresa de pequeno porte, nos termos desta Lei Complemen-
co Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES man- tar, poderá admitir o aporte de capital, que não integrará o capital
terão linhas de crédito específicas para as microempresas e para social da empresa. (Incluído pela Lei Complementar nº
as empresas de pequeno porte, vinculadas à reciprocidade social, 155, de 2016) Produção de efeito
devendo o montante disponível e suas condições de acesso ser
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1o As finalidades de fomento a inovação e investimentos pro- § 9o A transferência da titularidade do aporte para terceiro
dutivos deverão constar do contrato de participação, com vigência alheio à sociedade dependerá do consentimento dos sócios, salvo
não superior a sete anos. (Incluído pela Lei Complementar estipulação contratual expressa em contrário. (Incluído
nº 155, de 2016) Produção de efeito pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
§ 2º O aporte de capital poderá ser realizado por pessoa física, § 10. O Ministério da Fazenda poderá regulamentar a tributa-
por pessoa jurídica ou por fundos de investimento, conforme regu- ção sobre retirada do capital investido. (Incluído pela Lei
lamento da Comissão de Valores Mobiliários, que serão denomina- Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
dos investidores-anjos. (Redação dada pela Lei Complementar nº Art. 61-B. A emissão e a titularidade de aportes especiais não
182, de 2021) Vigência impedem a fruição do Simples Nacional. (Incluído pela Lei Comple-
§ 3o A atividade constitutiva do objeto social é exercida unica- mentar nº 155, de 2016) Produção de efeito
mente por sócios regulares, em seu nome individual e sob sua ex- Art. 61-C. Caso os sócios decidam pela venda da empresa, o
clusiva responsabilidade. (Incluído pela Lei Complementar investidor-anjo terá direito de preferência na aquisição, bem como
nº 155, de 2016) Produção de efeito direito de venda conjunta da titularidade do aporte de capital, nos
§ 4o O investidor-anjo: (Incluído pela Lei Complementar mesmos termos e condições que forem ofertados aos sócios regu-
nº 155, de 2016) Produção de efeito lares. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
I - não será considerado sócio nem terá qualquer direito a ge- Produção de efeito
rência ou a voto na administração da empresa, resguardada a pos- Art. 61-D. Os fundos de investimento poderão aportar capital
sibilidade de participação nas deliberações em caráter estritamente como investidores-anjos em microempresas e em empresas de pe-
consultivo, conforme pactuação contratual; (Redação dada pela queno porte, conforme regulamentação da Comissão de Valores
Lei Complementar nº 182, de 2021) Vigência Mobiliários. (Redação dada pela Lei Complementar nº 182, de
II - não responderá por qualquer dívida da empresa, inclusive 2021) Vigência
em recuperação judicial, não se aplicando a ele o art. 50 da Lei no
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; (Incluído pela Lei SEÇÃO I-A
Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito DA SOCIEDADE DE GARANTIA SOLIDÁRIA E DA SOCIEDADE DE
III - será remunerado por seus aportes, nos termos do contrato CONTRAGARANTIA
de participação, pelo prazo máximo de 7 (sete) anos; (Incluído (INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 169, DE 2019)
pela Lei Complementar nº 182, de 2021) Vigência
IV - poderá exigir dos administradores as contas justificadas de Art. 61-E. É autorizada a constituição de sociedade de garantia
sua administração e, anualmente, o inventário, o balanço patrimo-
solidária (SGS), sob a forma de sociedade por ações, para a conces-
nial e o balanço de resultado econômico; e (Incluído pela Lei
são de garantia a seus sócios participantes. (Incluído pela Lei
Complementar nº 182, de 2021) Vigência
Complementar nº 169, de 2019)
V - poderá examinar, a qualquer momento, os livros, os docu-
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 169,
mentos e o estado do caixa e da carteira da sociedade, exceto se
de 2019)
houver pactuação contratual que determine época própria para
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de
isso. (Incluído pela Lei Complementar nº 182, de 2021) Vi-
2019)
gência
§ 3º Os atos da sociedade de garantia solidária serão arquiva-
§ 5o Para fins de enquadramento da sociedade como micro-
empresa ou empresa de pequeno porte, os valores de capital apor- dos no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
tado não são considerados receitas da sociedade. (Incluído (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de 2019)
pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito § 4º É livre a negociação, entre sócios participantes, de suas
§ 6º As partes contratantes poderão: (Redação dada pela ações na respectiva sociedade de garantia solidária, respeitada a
Lei Complementar nº 182, de 2021) Vigência participação máxima que cada sócio pode atingir. (Incluído pela
I - estipular remuneração periódica, ao final de cada período, Lei Complementar nº 169, de 2019)
ao investidor-anjo, conforme contrato de participação; ou (Inclu- § 5º Podem ser admitidos como sócios participantes os peque-
ído pela Lei Complementar nº 182, de 2021) Vigência nos empresários, microempresários e microempreendedores e as
II - prever a possibilidade de conversão do aporte de capital em pessoas jurídicas constituídas por esses associados. (Incluído
participação societária. (Incluído pela Lei Complementar nº 182, pela Lei Complementar nº 169, de 2019)
de 2021) Vigência § 6º (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº 169,
§ 7º O investidor-anjo somente poderá exercer o direito de res- de 2019)
gate depois de decorridos, no mínimo, 2 (dois) anos do aporte de § 7º Sem prejuízo do disposto nesta Lei Complementar, apli-
capital, ou prazo superior estabelecido no contrato de participação, cam-se à sociedade de garantia solidária as disposições da lei que
e seus haveres serão pagos na forma prevista no art. 1.031 da Lei nº rege as sociedades por ações. (Incluído pela Lei Complementar nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), não permitido ultra- 169, de 2019)
passar o valor investido devidamente corrigido por índice previsto Art. 61-F. O contrato de garantia solidária tem por finalidade re-
em contrato. (Redação dada pela Lei Complementar nº 182, de gular a concessão da garantia pela sociedade ao sócio participante,
2021) Vigência mediante o recebimento de taxa de remuneração pelo serviço pres-
§ 8o O disposto no § 7o deste artigo não impede a transferên- tado, devendo fixar as cláusulas necessárias ao cumprimento das
cia da titularidade do aporte para terceiros. (Incluído pela obrigações do sócio beneficiário perante a sociedade. (Incluído
Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito pela Lei Complementar nº 169, de 2019)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Para a concessão da garantia, a sociedade de SEÇÃO IV


garantia solidária poderá exigir contragarantia por parte do sócio (VETADO)
participante beneficiário, respeitados os princípios que orientam a (INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016)
existência daquele tipo de sociedade. (Incluído pela Lei Com-
plementar nº 169, de 2019) CAPÍTULO X
Art. 61-G. A sociedade de garantia solidária pode conceder ga- DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO
rantia sobre o montante de recebíveis de seus sócios participantes
que sejam objeto de securitização. (Incluído pela Lei Comple- SEÇÃO I
mentar nº 169, de 2019) DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 61-H. É autorizada a constituição de sociedade de contra-
garantia, que tem como finalidade o oferecimento de contragaran- Art. 64. Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se:
tias à sociedade de garantia solidária, nos termos a serem definidos I - inovação: a concepção de um novo produto ou processo de
por regulamento. (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou ca-
2019) racterísticas ao produto ou processo que implique melhorias incre-
Art. 61-I. A sociedade de garantia solidária e a sociedade de mentais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando
contragarantia integrarão o Sistema Financeiro Nacional e terão sua em maior competitividade no mercado;
constituição, organização e funcionamento disciplinados pelo Con- II - agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pú-
selho Monetário Nacional, observado o disposto nesta Lei Comple- blica ou privada que tenha entre os seus objetivos o financiamento
mentar. (Incluído pela Lei Complementar nº 169, de 2019) de ações que visem a estimular e promover o desenvolvimento da
ciência, da tecnologia e da inovação;
SEÇÃO II III - Instituição Científica e Tecnológica - ICT: órgão ou entidade
DAS RESPONSABILIDADES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL da administração pública que tenha por missão institucional, dentre
outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de cará-
Art. 62. O Banco Central do Brasil disponibilizará dados e infor- ter científico ou tecnológico;
mações das instituições financeiras integrantes do Sistema Finan- IV - núcleo de inovação tecnológica: núcleo ou órgão constitu-
ceiro Nacional, inclusive por meio do Sistema de Informações de ído por uma ou mais ICT com a finalidade de gerir sua política de
Crédito - SCR, de modo a ampliar o acesso ao crédito para micro- inovação;
empresas e empresas de pequeno porte e fomentar a competição V - instituição de apoio: instituições criadas sob o amparo da
bancária. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, com a finalidade de dar
de 2014) apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de desenvolvi-
§ 1o O disposto no caput deste artigo alcança a disponibili- mento institucional, científico e tecnológico.
zação de dados e informações específicas relativas ao histórico de VI - instrumentos de apoio tecnológico para a inovação: qual-
relacionamento bancário e creditício das microempresas e das em- quer serviço disponibilizado presencialmente ou na internet que
presas de pequeno porte, apenas aos próprios titulares. possibilite acesso a informações, orientações, bancos de dados de
§ 2o O Banco Central do Brasil poderá garantir o acesso simpli- soluções de informações, respostas técnicas, pesquisas e atividades
ficado, favorecido e diferenciado dos dados e informações constan- de apoio complementar desenvolvidas pelas instituições previstas
tes no § 1o deste artigo aos seus respectivos interessados, podendo nos incisos II a V deste artigo. (Incluído pela Lei Comple-
a instituição optar por realizá-lo por meio das instituições financei- mentar nº 147, de 2014)
ras, com as quais o próprio cliente tenha relacionamento.
SEÇÃO II
SEÇÃO III DO APOIO À INOVAÇÃO
DAS CONDIÇÕES DE ACESSO AOS DEPÓSITOS ESPECIAIS DO
FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR – FAT SEÇÃO II
(INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 167, DE 2019)
Art. 63. O CODEFAT poderá disponibilizar recursos financeiros DO APOIO À INOVAÇÃO E DO INOVA SIMPLES DA EMPRESA
por meio da criação de programa específico para as cooperativas de SIMPLES DE INOVAÇÃO
crédito de cujos quadros de cooperados participem microempreen-
dedores, empreendedores de microempresa e empresa de peque- Art. 65. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
no porte bem como suas empresas. e as respectivas agências de fomento, as ICT, os núcleos de inovação
Parágrafo único. Os recursos referidos no caput deste artigo tecnológica e as instituições de apoio manterão programas especí-
deverão ser destinados exclusivamente às microempresas e empre- ficos para as microempresas e para as empresas de pequeno porte,
sas de pequeno porte. inclusive quando estas revestirem a forma de incubadoras, obser-
vando-se o seguinte:
I - as condições de acesso serão diferenciadas, favorecidas e
simplificadas;
II - o montante disponível e suas condições de acesso deverão ser
expressos nos respectivos orçamentos e amplamente divulgados.
§ 1o As instituições deverão publicar, juntamente com as res-
pectivas prestações de contas, relatório circunstanciado das estra-
tégias para maximização da participação do segmento, assim como
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos recursos alocados às ações referidas no caput deste artigo e do portal da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da
aqueles efetivamente utilizados, consignando, obrigatoriamente, as Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), em sítio eletrônico
justificativas do desempenho alcançado no período. oficial do governo federal, por meio da utilização de formulário digi-
§ 2o As pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo terão tal próprio, disponível em janela ou ícone intitulado Inova Simples.
por meta a aplicação de, no mínimo, 20% (vinte por cento) dos re- (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
cursos destinados à inovação para o desenvolvimento de tal ativida- § 4º Os titulares de empresa submetida ao regime do Inova
de nas microempresas ou nas empresas de pequeno porte. Simples preencherão cadastro básico com as seguintes informa-
§ 3o Os órgãos e entidades integrantes da administração públi- ções: (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
ca federal, estadual e municipal atuantes em pesquisa, desenvolvi- I - qualificação civil, domicílio e CPF; (Incluído pela
mento ou capacitação tecnológica terão por meta efetivar suas apli- Lei Complementar nº 167, de 2019)
cações, no percentual mínimo fixado neste artigo, em programas e II - descrição do escopo da intenção empresarial inovadora,
projetos de apoio às microempresas ou às empresas de pequeno que utilize modelos de negócios inovadores para a geração de pro-
porte, transmitindo ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, dutos ou serviços, e definição do nome empresarial, que conterá a
no primeiro trimestre de cada ano, informação relativa aos valores expressão ‘Inova Simples (I.S.)’; (Redação dada pela Lei Com-
alocados e a respectiva relação percentual em relação ao total dos plementar nº 182, de 2021) Vigência
recursos destinados para esse fim. (Redação dada pela Lei III - autodeclaração, sob as penas da lei, de que o funcionamen-
Complementar nº 147, de 2014) to da empresa submetida ao regime do Inova Simples não produzirá
§ 4º Ficam autorizados a reduzir a 0 (zero) as alíquotas dos im- poluição, barulho e aglomeração de tráfego de veículos, para fins de
postos e contribuições a seguir indicados, incidentes na aquisição, caracterizar baixo grau de risco, nos termos do § 4º do art. 6º desta
ou importação, de equipamentos, máquinas, aparelhos, instrumen- Lei Complementar; (Incluído pela Lei Complementar nº
tos, acessórios, sobressalentes e ferramentas que os acompanhem, 167, de 2019)
na forma definida em regulamento, quando adquiridos, ou impor- IV - definição do local da sede, que poderá ser comercial, resi-
tados, diretamente por microempresas ou empresas de pequeno dencial ou de uso misto, sempre que não proibido pela legislação
porte para incorporação ao seu ativo imobilizado: municipal ou distrital, admitindo-se a possibilidade de sua instala-
I - a União, em relação ao IPI, à Cofins, à Contribuição para o ção em locais onde funcionam parques tecnológicos, instituições
PIS/Pasep, à Cofins-Importação e à Contribuição para o PIS/Pasep- de ensino, empresas juniores, incubadoras, aceleradoras e espaços
-Importação; e compartilhados de trabalho na forma de coworking; e (In-
II - os Estados e o Distrito Federal, em relação ao ICMS. cluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
§ 5º A microempresa ou empresa de pequeno porte, adquiren- V - em caráter facultativo, a existência de apoio ou validação
te de bens com o benefício previsto no § 4º deste artigo, fica obriga- de instituto técnico, científico ou acadêmico, público ou privado,
bem como de incubadoras, aceleradoras e instituições de ensino,
da, nas hipóteses previstas em regulamento, a recolher os impostos
nos parques tecnológicos e afins. (Incluído pela Lei Com-
e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros e
plementar nº 167, de 2019)
multa, de mora ou de ofício, contados a partir da data da aquisição,
§ 5º Realizado o correto preenchimento das informações, será
no mercado interno, ou do registro da declaração de importação -
gerado automaticamente número de CNPJ específico, em nome da
DI, calculados na forma da legislação que rege a cobrança do tributo
denominação da empresa Inova Simples, em código próprio Inova
não pago.
Simples. (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de
§ 6o Para efeito da execução do orçamento previsto neste ar-
2019)
tigo, os órgãos e instituições poderão alocar os recursos destinados § 6º A empresa submetida ao regime do Inova Simples cons-
à criação e ao custeio de ambientes de inovação, incluindo incu- tituída na forma deste artigo deverá abrir, imediatamente, conta
badoras, parques e centros vocacionais tecnológicos, laboratórios bancária de pessoa jurídica, para fins de captação e integralização
metrológicos, de ensaio, de pesquisa ou apoio ao treinamento, bem de capital, proveniente de aporte próprio de seus titulares ou de
como custeio de bolsas de extensão e remuneração de professores, investidor domiciliado no exterior, de linha de crédito público ou
pesquisadores e agentes envolvidos nas atividades de apoio tecno- privado e de outras fontes previstas em lei. (Incluído pela
lógico complementar. (Incluído pela Lei Complementar Lei Complementar nº 167, de 2019)
nº 147, de 2014) § 7º No portal da Redesim, no espaço destinado ao preenchi-
Art. 65-A. Fica criado o Inova Simples, regime especial simplifi- mento de dados do Inova Simples, será disponibilizado ícone que
cado que concede às iniciativas empresariais de caráter incremental direcionará a ambiente virtual do Instituto Nacional da Propriedade
ou disruptivo que se autodeclarem como empresas de inovação tra- Industrial (INPI), do qual constarão orientações para o depósito de
tamento diferenciado com vistas a estimular sua criação, formaliza- pedido de patente ou de registro de marca. (Redação dada pela
ção, desenvolvimento e consolidação como agentes indutores de Lei Complementar nº 182, de 2021) Vigência
avanços tecnológicos e da geração de emprego e renda. (Reda- § 8º O exame dos pedidos de patente ou de registro de marca,
ção dada pela Lei Complementar nº 182, de 2021)Vigência nos termos deste artigo, que tenham sido depositados por empre-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº sas participantes do Inova Simples será realizado em caráter prio-
182, de 2021) Vigência ritário. (Redação dada pela Lei Complementar nº 182, de 2021)
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº Vigência
182, de 2021) Vigência § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
§ 3º O tratamento diferenciado a que se refere o caput deste 182, de 2021) Vigência
artigo consiste na fixação de rito sumário para abertura e fecha- § 10. É permitida a comercialização experimental do serviço
mento de empresas sob o regime do Inova Simples, que se dará ou produto até o limite fixado para o MEI nesta Lei Complementar.
de forma simplificada e automática, no mesmo ambiente digital (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 11. Na eventualidade de não lograr êxito no desenvolvimento SEÇÃO II


do escopo pretendido, a baixa do CNPJ será automática, mediante DAS DELIBERAÇÕES SOCIAIS E DA ESTRUTURA ORGANIZA-
procedimento de autodeclaração no portal da Redesim. (In- CIONAL
cluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
§ 12. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar nº Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte
167, de 2019) são desobrigadas da realização de reuniões e assembléias em qual-
§ 13. O disposto neste artigo será regulamentado pelo Comitê quer das situações previstas na legislação civil, as quais serão subs-
Gestor do Simples Nacional. (Incluído pela Lei Comple- tituídas por deliberação representativa do primeiro número inteiro
mentar nº 167, de 2019) superior à metade do capital social.
Art. 66. No primeiro trimestre do ano subseqüente, os órgãos e § 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja
entidades a que alude o art. 67 desta Lei Complementar transmitirão disposição contratual em contrário, caso ocorra hipótese de justa
ao Ministério da Ciência e Tecnologia relatório circunstanciado dos pro- causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios
jetos realizados, compreendendo a análise do desempenho alcançado. ponham em risco a continuidade da empresa em virtude de atos de
Art. 67. Os órgãos congêneres ao Ministério da Ciência e Tec- inegável gravidade.
nologia estaduais e municipais deverão elaborar e divulgar relató- § 2o Nos casos referidos no § 1o deste artigo, realizar-se-á reu-
rio anual indicando o valor dos recursos recebidos, inclusive por nião ou assembléia de acordo com a legislação civil.
transferência de terceiros, que foram aplicados diretamente ou por Art. 71. Os empresários e as sociedades de que trata esta Lei
organizações vinculadas, por Fundos Setoriais e outros, no segmen- Complementar, nos termos da legislação civil, ficam dispensados da
to das microempresas e empresas de pequeno porte, retratando e publicação de qualquer ato societário.
avaliando os resultados obtidos e indicando as previsões de ações
e metas para ampliação de sua participação no exercício seguinte. SEÇÃO III
DO NOME EMPRESARIAL
SEÇÃO III
DO APOIO À CERTIFICAÇÃO Art. 72. As microempresas e as empresas de pequeno porte,
(INCLUÍDO PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016) nos termos da legislação civil, acrescentarão à sua firma ou deno-
PRODUÇÃO DE EFEITO minação as expressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno
Porte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”, confor-
Art. 67-A. O órgão competente do Poder Executivo disponibi- me o caso, sendo facultativa a inclusão do objeto da sociedade.
lizará na internet informações sobre certificação de qualidade de (Revogado pela Lei Complementar nº 155, de 2016) (Vigência)
produtos e processos para microempresas e empresas de pequeno
porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) SEÇÃO IV
Produção de efeito DO PROTESTO DE TÍTULOS
Parágrafo único. Os órgãos da administração direta e indireta e
as entidades certificadoras privadas, responsáveis pela criação, re- Art. 73. O protesto de título, quando o devedor for microem-
gulação e gestão de processos de certificação de qualidade de pro- presário ou empresa de pequeno porte, é sujeito às seguintes con-
dutos e processos, deverão, sempre que solicitados, disponibilizar dições:
ao órgão competente do Poder Executivo informações referentes a I - sobre os emolumentos do tabelião não incidirão quaisquer
procedimentos e normas aplicáveis aos processos de certificação acréscimos a título de taxas, custas e contribuições para o Estado
em seu escopo de atuação. (Incluído pela Lei Complemen- ou Distrito Federal, carteira de previdência, fundo de custeio de
tar nº 155, de 2016) Produção de efeito atos gratuitos, fundos especiais do Tribunal de Justiça, bem como
de associação de classe, criados ou que venham a ser criados sob
CAPÍTULO XI qualquer título ou denominação, ressalvada a cobrança do devedor
DAS REGRAS CIVIS E EMPRESARIAIS das despesas de correio, condução e publicação de edital para rea-
lização da intimação;
SEÇÃO I II - para o pagamento do título em cartório, não poderá ser exi-
DAS REGRAS CIVIS gido cheque de emissão de estabelecimento bancário, mas, feito o
pagamento por meio de cheque, de emissão de estabelecimento
SUBSEÇÃO I bancário ou não, a quitação dada pelo tabelionato de protesto será
DO PEQUENO EMPRESÁRIO condicionada à efetiva liquidação do cheque;
III - o cancelamento do registro de protesto, fundado no paga-
Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de apli- mento do título, será feito independentemente de declaração de
cação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 anuência do credor, salvo no caso de impossibilidade de apresenta-
de janeiro de 2002 (Código Civil), o empresário individual caracte- ção do original protestado;
rizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que IV - para os fins do disposto no caput e nos incisos I, II e III
aufira receita bruta anual até o limite previsto no § 1o do art. 18-A. do caput deste artigo, o devedor deverá provar sua qualidade de
microempresa ou de empresa de pequeno porte perante o tabelio-
SUBSEÇÃO II nato de protestos de títulos, mediante documento expedido pela
(VETADO). Junta Comercial ou pelo Registro Civil das Pessoas Jurídicas, con-
forme o caso;
Art. 69. (VETADO).
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V - quando o pagamento do título ocorrer com cheque sem a CAPÍTULO XIII


devida provisão de fundos, serão automaticamente suspensos pe- DO APOIO E DA REPRESENTAÇÃO
los cartórios de protesto, pelo prazo de 1 (um) ano, todos os bene-
fícios previstos para o devedor neste artigo, independentemente da Art. 76. Para o cumprimento do disposto nesta Lei Comple-
lavratura e registro do respectivo protesto. mentar, bem como para desenvolver e acompanhar políticas pú-
Art. 73-A. São vedadas cláusulas contratuais relativas à limi- blicas voltadas às microempresas e empresas de pequeno porte,
tação da emissão ou circulação de títulos de crédito ou direitos o poder público, em consonância com o Fórum Permanente das
creditórios originados de operações de compra e venda de produ- Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, sob a coordenação
tos e serviços por microempresas e empresas de pequeno porte. da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da Repú-
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) blica, deverá incentivar e apoiar a criação de fóruns com participa-
ção dos órgãos públicos competentes e das entidades vinculadas ao
CAPÍTULO XII setor. (Redação dada pela Lei nº 12.792, de 2013)
DO ACESSO À JUSTIÇA Parágrafo único. A Secretaria da Micro e Pequena Empresa
da Presidência da República coordenará com as entidades repre-
SEÇÃO I sentativas das microempresas e empresas de pequeno porte a
DO ACESSO AOS JUIZADOS ESPECIAIS implementação dos fóruns regionais nas unidades da federação.
(Redação dada pela Lei nº 12.792, de 2013)
Art. 74. Aplica-se às microempresas e às empresas de pequeno Art. 76-A. As instituições de representação e apoio empresarial
porte de que trata esta Lei Complementar o disposto no § 1º do deverão promover programas de sensibilização, de informação, de
art. 8º da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e no inciso I do orientação e apoio, de educação fiscal, de regularidade dos contra-
caput do art. 6º da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, as quais, tos de trabalho e de adoção de sistemas informatizados e eletrôni-
assim como as pessoas físicas capazes, passam a ser admitidas cos, como forma de estímulo à formalização de empreendimentos,
como proponentes de ação perante o Juizado Especial, excluídos os de negócios e empregos, à ampliação da competitividade e à disse-
cessionários de direito de pessoas jurídicas. minação do associativismo entre as microempresas, os microem-
Art. 74-A. O Poder Judiciário, especialmente por meio do preendedores individuais, as empresas de pequeno porte e equi-
Conselho Nacional de Justiça - CNJ, e o Ministério da Justiça im- parados. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
plementarão medidas para disseminar o tratamento diferenciado
e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte em CAPÍTULO XIV
suas respectivas áreas de competência. (Incluído pela Lei DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Complementar nº 147, de 2014)
Art. 77. Promulgada esta Lei Complementar, o Comitê Gestor
SEÇÃO II expedirá, em 30 (trinta) meses, as instruções que se fizerem neces-
DA CONCILIAÇÃO PRÉVIA, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM sárias à sua execução.
§ 1o O Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria da Re-
Art. 75. As microempresas e empresas de pequeno porte de- ceita Federal, a Secretaria da Receita Previdenciária, os Estados, o
verão ser estimuladas a utilizar os institutos de conciliação prévia, Distrito Federal e os Municípios deverão editar, em 1 (um) ano, as
mediação e arbitragem para solução dos seus conflitos. leis e demais atos necessários para assegurar o pronto e imediato
§ 1o Serão reconhecidos de pleno direito os acordos celebra- tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido às mi-
dos no âmbito das comissões de conciliação prévia. croempresas e às empresas de pequeno porte.
§ 2o O estímulo a que se refere o caput deste artigo compre- § 2º A administração direta e indireta federal, estadual e mu-
enderá campanhas de divulgação, serviços de esclarecimento e nicipal e as entidades paraestatais acordarão, no prazo previsto no
tratamento diferenciado, simplificado e favorecido no tocante aos § 1º deste artigo, as providências necessárias à adaptação dos res-
custos administrativos e honorários cobrados. pectivos atos normativos ao disposto nesta Lei Complementar.
§ 3o (VETADO).
SEÇÃO III § 4o O Comitê Gestor regulamentará o disposto no inciso I do §
DAS PARCERIAS 6o do art. 13 desta Lei Complementar até 31 de dezembro de 2008.
Art. 75-A. Para fazer face às demandas originárias do estímulo § 5o A partir de 1o de janeiro de 2009, perderão eficácia as
pr substituições tributárias que não atenderem à disciplina estabeleci-
evisto nos arts. 74 e 75 desta Lei Complementar, entidades pri- da na forma do § 4o deste artigo.
vadas, públicas, inclusive o Poder Judiciário, poderão firmar parce- § 6o O Comitê de que trata o inciso III do caput do art. 2o desta
rias entre si, objetivando a instalação ou utilização de ambientes Lei Complementar expedirá, até 31 de dezembro de 2009, as instru-
propícios para a realização dos procedimentos inerentes a busca da ções que se fizerem necessárias relativas a sua competência.
solução de conflitos. Art. 78. (REVOGADO)
Art. 75-B. (VETADO). (Incluído pela Lei Complementar Art. 79. Será concedido, para ingresso no Simples Nacional,
nº 155, de 2016) Produção de efeito parcelamento, em até 100 (cem) parcelas mensais e sucessivas, dos
débitos com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, ou com
as Fazendas Públicas federal, estadual ou municipal, de responsa-
bilidade da microempresa ou empresa de pequeno porte e de seu
titular ou sócio, com vencimento até 30 de junho de 2008.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1o O valor mínimo da parcela mensal será de R$ 100,00 (cem “Art. 21. .........................................................................
reais), considerados isoladamente os débitos para com a Fazenda .............................................................................................
Nacional, para com a Seguridade Social, para com a Fazenda dos § 2º É de 11% (onze por cento) sobre o valor correspondente
Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal. ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição a alíquota de
§ 2o Esse parcelamento alcança inclusive débitos inscritos em contribuição do segurado contribuinte individual que trabalhe por
dívida ativa. conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equipara-
§ 3o O parcelamento será requerido à respectiva Fazenda para do, e do segurado facultativo que optarem pela exclusão do direito
com a qual o sujeito passivo esteja em débito. ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.
§ 3º-A O parcelamento deverá ser requerido no prazo estabe- § 3o O segurado que tenha contribuído na forma do § 2o deste
lecido em regulamentação do Comitê Gestor. artigo e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente
§ 4o Aplicam-se ao disposto neste artigo as demais regras vi- para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição
gentes para parcelamento de tributos e contribuições federais, na ou da contagem recíproca do tempo de contribuição a que se refere
forma regulamentada pelo Comitê Gestor. o art. 94 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, deverá comple-
§ 5o (VETADO) mentar a contribuição mensal mediante o recolhimento de mais 9%
§ 6o (VETADO) (nove por cento), acrescido dos juros moratórios de que trata o dis-
§ 7o (VETADO) posto no art. 34 desta Lei.” (NR)
§ 8o (VETADO) Art. 81. O art. 45 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa
§ 9º O parcelamento de que trata o caput deste artigo não se a vigorar com as seguintes alterações:
aplica na hipótese de reingresso de microempresa ou empresa de “Art. 45. .........................................................................
pequeno porte no Simples Nacional. .............................................................................................
Art. 79-A. (VETADO) § 2º Para apuração e constituição dos créditos a que se refere
Art. 79-B. Excepcionalmente para os fatos geradores ocorridos o § 1o deste artigo, a Seguridade Social utilizará como base de in-
em julho de 2007, os tributos apurados na forma dos arts. 18 a 20 cidência o valor da média aritmética simples dos maiores salários-
desta Lei Complementar deverão ser pagos até o último dia útil de -de-contribuição, reajustados, correspondentes a 80% (oitenta por
agosto de 2007. cento) de todo o período contributivo decorrido desde a competên-
Art. 79-C. A microempresa e a empresa de pequeno porte que, cia julho de 1994.
em 30 de junho de 2007, se enquadravam no regime previsto na ...........................................................................................
Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e que não ingressaram no § 4º Sobre os valores apurados na forma dos §§ 2o e 3o des-
regime previsto no art. 12 desta Lei Complementar sujeitar-se-ão, a te artigo incidirão juros moratórios de 0,5% (zero vírgula cinco por
partir de 1o de julho de 2007, às normas de tributação aplicáveis às cento) ao mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual
demais pessoas jurídicas. máximo de 50% (cinqüenta por cento), e multa de 10% (dez por
§ 1o Para efeito do disposto no caput deste artigo, o sujeito cento).
passivo poderá optar pelo recolhimento do Imposto sobre a Renda ............................................................................................
da Pessoa Jurídica – IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Lí- § 7º A contribuição complementar a que se refere o § 3o do art.
quido - CSLL na forma do lucro real, trimestral ou anual, ou do lucro 21 desta Lei será exigida a qualquer tempo, sob pena de indeferi-
presumido. mento do benefício.” (NR)
§ 2o A opção pela tributação com base no lucro presumido Art. 82. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar
dar-se-á pelo pagamento, no vencimento, do IRPJ e da CSLL devidos, com as seguintes alterações:
correspondente ao 3o (terceiro) trimestre de 2007 e, no caso do lu- “Art. 9o ..........................................................................
cro real anual, com o pagamento do IRPJ e da CSLL relativos ao mês § 1º O Regime Geral de Previdência Social - RGPS garante a
de julho de 2007 com base na estimativa mensal. cobertura de todas as situações expressas no art. 1o desta Lei, ex-
Art. 79-D Excepcionalmente, para os fatos geradores ocorridos ceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de
entre 1o de julho de 2007 e 31 de dezembro de 2008, as pessoas ju- aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador de
rídicas que exerçam atividade sujeita simultaneamente à incidência que trata o § 2o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
do IPI e do ISS deverão recolher o ISS diretamente ao Município em .............…..............................……...........................” (NR)
que este imposto é devido até o último dia útil de fevereiro de 2009, “Art....................….........................................................
aplicando-se, até esta data, o disposto no parágrafo único do art. I - ..................................................................................
100 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário ........................................................................................
Nacional - CTN. c) aposentadoria por tempo de contribuição;
Art. 79-E. A empresa de pequeno porte optante pelo Simples .........................................................................................
Nacional em 31 de dezembro de 2017 que durante o ano-calendá- § 3º O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta
rio de 2017 auferir receita bruta total anual entre R$ 3.600.000,01
própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e o
(três milhões, seiscentos mil reais e um centavo) e R$ 4.800.000,00
segurado facultativo que contribuam na forma do § 2º do art. 21 da
(quatro milhões e oitocentos mil reais) continuará automaticamen-
Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, não farão jus à aposentadoria
te incluída no Simples Nacional com efeitos a partir de 1o de janeiro
por tempo de contribuição.” (NR)
de 2018, ressalvado o direito de exclusão por comunicação da op-
“Art. 55. .......................................................................
tante. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016)
..........................................................................................
Produção de efeito
§ 4º Não será computado como tempo de contribuição, para
Art. 80. O art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, fica
acrescido dos seguintes §§ 2o e 3o, passando o parágrafo único a efeito de concessão do benefício de que trata esta subseção, o pe-
vigorar como § 1o: ríodo em que o segurado contribuinte individual ou facultativo tiver
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de ...................................................................................” (NR)


julho de 1991, salvo se tiver complementado as contribuições na Art. 87-A. Os Poderes Executivos da União, Estados, Distrito Fe-
forma do § 3o do mesmo artigo.” (NR) deral e Municípios expedirão, anualmente, até o dia 30 de novem-
Art. 83. O art. 94 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, fica bro, cada um, em seus respectivos âmbitos de competência, decre-
acrescido do seguinte § 2o, passando o parágrafo único a vigorar tos de consolidação da regulamentação aplicável relativamente às
como § 1o: microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluído
“Art. 94. ........................................................................ pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
.............................................................................................. Art. 88. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua
§ 2º Não será computado como tempo de contribuição, para publicação, ressalvado o regime de tributação das microempresas
efeito dos benefícios previstos em regimes próprios de previdên- e empresas de pequeno porte, que entra em vigor em 1o de julho
cia social, o período em que o segurado contribuinte individual ou de 2007.
facultativo tiver contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº Art. 89. Ficam revogadas, a partir de 1o de julho de 2007, a
8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se complementadas as contri- Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e a Lei nº 9.841, de 5 de
buições na forma do § 3o do mesmo artigo.” (NR) outubro de 1999.
Art. 84. O art. 58 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, passa Brasília, 14 de dezembro de 2006; 185º da Independência e
a vigorar acrescido do seguinte § 3o: 118º da República.
“Art. 58. .......................................................................
..............................................................................................
§ 3º Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de
pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso LIBERDADE ECONÔMICA
de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou
não servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo
empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração.” (NR) LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019
Art. 85. (VETADO).
Art. 85-A. Caberá ao Poder Público Municipal designar Agente Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica; es-
de Desenvolvimento para a efetivação do disposto nesta Lei Com- tabelece garantias de livre mercado; altera as Leis nos 10.406, de
plementar, observadas as especificidades locais. 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), 6.404, de 15 de dezembro de
§ 1º A função de Agente de Desenvolvimento caracteriza-se 1976, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 12.682, de 9 de julho de
pelo exercício de articulação das ações públicas para a promoção 2012, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 10.522, de 19 de julho
do desenvolvimento local e territorial, mediante ações locais ou de 2002, 8.934, de 18 de novembro 1994, o Decreto-Lei nº 9.760,
comunitárias, individuais ou coletivas, que visem ao cumprimento de 5 de setembro de 1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho,
das disposições e diretrizes contidas nesta Lei Complementar, sob aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; revoga
supervisão do órgão gestor local responsável pelas políticas de de- a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, a Lei nº 11.887, de
senvolvimento. 24 de dezembro de 2008, e dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21
§ 2º O Agente de Desenvolvimento deverá preencher os se- de novembro de 1966; e dá outras providências.
guintes requisitos:
I - residir na área da comunidade em que atuar;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
II - haver concluído, com aproveitamento, curso de qualificação
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
básica para a formação de Agente de Desenvolvimento; e
§ 3o A Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidên-
CAPÍTULO I
cia da República juntamente com as entidades municipalistas e de
DISPOSIÇÕES GERAIS
apoio e representação empresarial prestarão suporte aos referi-
dos agentes na forma de capacitação, estudos e pesquisas, publi-
Art. 1ºFica instituída a Declaração de Direitos de Liberdade Eco-
cações, promoção de intercâmbio de informações e experiências.
(Redação dada pela Lei nº 12.792, de 2013) nômica, que estabelece normas de proteção à livre iniciativa e ao li-
Art. 86. As matérias tratadas nesta Lei Complementar que não vre exercício de atividade econômica e disposições sobre a atuação
sejam reservadas constitucionalmente a lei complementar poderão do Estado como agente normativo e regulador, nos termos do inciso
ser objeto de alteração por lei ordinária. IV do caput do art. 1º, do parágrafo único do art. 170 e do caput do
Art. 87. O § 1º do art. 3º da Lei Complementar nº 63, de 11 de art. 174 da Constituição Federal.
janeiro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: § 1ºO disposto nesta Lei será observado na aplicação e na in-
“Art. 3o ....................................................................... terpretação do direito civil, empresarial, econômico, urbanístico e
§ 1º O valor adicionado corresponderá, para cada Município: do trabalho nas relações jurídicas que se encontrem no seu âmbito
I - ao valor das mercadorias saídas, acrescido do valor das pres- de aplicação e na ordenação pública, inclusive sobre exercício das
tações de serviços, no seu território, deduzido o valor das mercado- profissões, comércio, juntas comerciais, registros públicos, trânsito,
rias entradas, em cada ano civil; transporte e proteção ao meio ambiente.
II - nas hipóteses de tributação simplificada a que se refere o § 2ºInterpretam-se em favor da liberdade econômica, da boa-
parágrafo único do art. 146 da Constituição Federal, e, em outras -fé e do respeito aos contratos, aos investimentos e à propriedade
situações, em que se dispensem os controles de entrada, conside- todas as normas de ordenação pública sobre atividades econômicas
rar-se-á como valor adicionado o percentual de 32% (trinta e dois privadas.
por cento) da receita bruta.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 3º O disposto neste Capítulo e nos Capítulos II e III desta Lei III - definir livremente, em mercados não regulados, o preço de
não se aplica ao direito tributário e ao direito financeiro, ressalvado produtos e de serviços como consequência de alterações da oferta
o disposto no inciso X do caput do art. 3º desta Lei.(Redação dada e da demanda;
pela Lei nº 14.195, de 2021) IV - receber tratamento isonômico de órgãos e de entidades
§ 4ºO disposto nos arts. 1º, 2º, 3º e 4º desta Lei constitui nor- da administração pública quanto ao exercício de atos de liberação
ma geral de direito econômico, conforme o disposto no inciso I do da atividade econômica, hipótese em que o ato de liberação estará
caput e nos §§ 1º, 2º, 3º e 4º do art. 24 da Constituição Federal, e vinculado aos mesmos critérios de interpretação adotados em deci-
será observado para todos os atos públicos de liberação da ativi- sões administrativas análogas anteriores, observado o disposto em
dade econômica executados pelos Estados, pelo Distrito Federal e regulamento;
pelos Municípios, nos termos do § 2º deste artigo. V - gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no exer-
§ 5ºO disposto no inciso IX do caput do art. 3º desta Lei não se cício da atividade econômica, para os quais as dúvidas de interpre-
aplica aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, exceto se: tação do direito civil, empresarial, econômico e urbanístico serão
I - o ato público de liberação da atividade econômica for deriva- resolvidas de forma a preservar a autonomia privada, exceto se
do ou delegado por legislação ordinária federal; ou houver expressa disposição legal em contrário;
II - o ente federativo ou o órgão responsável pelo ato decidir VI - desenvolver, executar, operar ou comercializar novas moda-
vincular-se ao disposto no inciso IX do caput do art. 3º desta Lei por lidades de produtos e de serviços quando as normas infralegais se
meio de instrumento válido e próprio. tornarem desatualizadas por força de desenvolvimento tecnológico
§ 6ºPara fins do disposto nesta Lei, consideram-se atos públicos consolidado internacionalmente, nos termos estabelecidos em re-
de liberação a licença, a autorização, a concessão, a inscrição, a per- gulamento, que disciplinará os requisitos para aferição da situação
missão, o alvará, o cadastro, o credenciamento, o estudo, o plano, concreta, os procedimentos, o momento e as condições dos efeitos;
o registro e os demais atos exigidos, sob qualquer denominação, VII - (VETADO);
por órgão ou entidade da administração pública na aplicação de le- VIII - ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais
gislação, como condição para o exercício de atividade econômica, paritários serão objeto de livre estipulação das partes pactuantes,
inclusive o início, a continuação e o fim para a instalação, a constru- de forma a aplicar todas as regras de direito empresarial apenas de
ção, a operação, a produção, o funcionamento, o uso, o exercício ou maneira subsidiária ao avençado, exceto normas de ordem pública;
a realização, no âmbito público ou privado, de atividade, serviço, IX - ter a garantia de que, nas solicitações de atos públicos de libe-
estabelecimento, profissão, instalação, operação, produto, equipa- ração da atividade econômica que se sujeitam ao disposto nesta Lei,
mento, veículo, edificação e outros. apresentados todos os elementos necessários à instrução do processo,
Art. 2ºSão princípios que norteiam o disposto nesta Lei: o particular será cientificado expressa e imediatamente do prazo má-
I - a liberdade como uma garantia no exercício de atividades ximo estipulado para a análise de seu pedido e de que, transcorrido o
econômicas; prazo fixado, o silêncio da autoridade competente importará aprova-
II - a boa-fé do particular perante o poder público; ção tácita para todos os efeitos, ressalvadas as hipóteses expressamen-
III - a intervenção subsidiária e excepcional do Estado sobre o te vedadas em lei;(Vide Decreto nº 10.178, de 2019) Vigência
exercício de atividades econômicas; e X - arquivar qualquer documento por meio de microfilme ou
IV - o reconhecimento da vulnerabilidade do particular perante por meio digital, conforme técnica e requisitos estabelecidos em
o Estado. regulamento, hipótese em que se equiparará a documento físico
Parágrafo único.Regulamento disporá sobre os critérios de afe- para todos os efeitos legais e para a comprovação de qualquer ato
rição para afastamento do inciso IV do caput deste artigo, limitados de direito público;(Regulamento)
a questões de má-fé, hipersuficiência ou reincidência. XI - não ser exigida medida ou prestação compensatória ou
mitigatória abusiva, em sede de estudos de impacto ou outras li-
CAPÍTULO II berações de atividade econômica no direito urbanístico, entendida
DA DECLARAÇÃO DE DIREITOS DE LIBERDADE ECONÔMICA como aquela que:
a) (VETADO);
Art. 3ºSão direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essen- b) requeira medida que já era planejada para execução antes
ciais para o desenvolvimento e o crescimento econômicos do País, da solicitação pelo particular, sem que a atividade econômica altere
observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constitui- a demanda para execução da referida medida;
ção Federal: c) utilize-se do particular para realizar execuções que compen-
I - desenvolver atividade econômica de baixo risco, para a qual sem impactos que existiriam independentemente do empreendi-
se valha exclusivamente de propriedade privada própria ou de ter- mento ou da atividade econômica solicitada;
ceiros consensuais, sem a necessidade de quaisquer atos públicos d) requeira a execução ou prestação de qualquer tipo para áre-
de liberação da atividade econômica; as ou situação além daquelas diretamente impactadas pela ativida-
II - desenvolver atividade econômica em qualquer horário ou de econômica; ou
dia da semana, inclusive feriados, sem que para isso esteja sujeita a e) mostre-se sem razoabilidade ou desproporcional, inclusive
cobranças ou encargos adicionais, observadas: utilizada como meio de coação ou intimidação; e
a) as normas de proteção ao meio ambiente, incluídas as de XII - não ser exigida pela administração pública direta ou indire-
repressão à poluição sonora e à perturbação do sossego público; ta certidão sem previsão expressa em lei.
b) as restrições advindas de contrato, de regulamento condo- § 1ºPara fins do disposto no inciso I do caput deste artigo:
minial ou de outro negócio jurídico, bem como as decorrentes das I - ato do Poder Executivo federal disporá sobre a classificação
normas de direito real, incluídas as de direito de vizinhança; e de atividades de baixo risco a ser observada na ausência de legisla-
c) a legislação trabalhista; ção estadual, distrital ou municipal específica;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - na hipótese de ausência de ato do Poder Executivo federal I - criar reserva de mercado ao favorecer, na regulação, grupo
de que trata o inciso I deste parágrafo, será aplicada resolução do econômico, ou profissional, em prejuízo dos demais concorrentes;
Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Regis- II - redigir enunciados que impeçam a entrada de novos compe-
tro e da Legalização de Empresas e Negócios (CGSIM), independen- tidores nacionais ou estrangeiros no mercado;
temente da aderência do ente federativo à Rede Nacional para a III - exigir especificação técnica que não seja necessária para
Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios atingir o fim desejado;
(Redesim); e IV - redigir enunciados que impeçam ou retardem a inovação
III - na hipótese de existência de legislação estadual, distrital e a adoção de novas tecnologias, processos ou modelos de negó-
ou municipal sobre a classificação de atividades de baixo risco, o cios, ressalvadas as situações consideradas em regulamento como
ente federativo que editar ou tiver editado norma específica enca- de alto risco;
minhará notificação ao Ministério da Economia sobre a edição de V - aumentar os custos de transação sem demonstração de be-
sua norma. nefícios;
§ 2ºA fiscalização do exercício do direito de que trata o inciso VI - criar demanda artificial ou compulsória de produto, serviço
I do caput deste artigo será realizada posteriormente, de ofício ou ou atividade profissional, inclusive de uso de cartórios, registros ou
cadastros;
como consequência de denúncia encaminhada à autoridade com-
VII - introduzir limites à livre formação de sociedades empresa-
petente.
riais ou de atividades econômicas;
§ 3ºO disposto no inciso III do caput deste artigo não se aplica:
VIII - restringir o uso e o exercício da publicidade e propaganda
I - às situações em que o preço de produtos e de serviços seja
sobre um setor econômico, ressalvadas as hipóteses expressamen-
utilizado com a finalidade de reduzir o valor do tributo, de poster-
te vedadas em lei federal; e
gar a sua arrecadação ou de remeter lucros em forma de custos ao
IX - exigir, sob o pretexto de inscrição tributária, requerimen-
exterior; e
tos de outra natureza de maneira a mitigar os efeitos do inciso I do
II - à legislação de defesa da concorrência, aos direitos do con-
caput do art. 3º desta Lei.
sumidor e às demais disposições protegidas por lei federal.
Art. 4º-A É dever da administração pública e das demais entidades
§ 4º (Revogado pela Lei 14.011, de 2020)
que se sujeitam a esta Lei, na aplicação da ordenação pública sobre
§ 5ºO disposto no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica
atividades econômicas privadas: (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
à empresa pública e à sociedade de economia mista definidas nos
I - dispensar tratamento justo, previsível e isonômico entre os
arts. 3º e 4º da Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016.
agentes econômicos; (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 6ºO disposto no inciso IX do caput deste artigo não se aplica
II - proceder à lavratura de autos de infração ou aplicar sanções
quando:
com base em termos subjetivos ou abstratos somente quando estes
I - versar sobre questões tributárias de qualquer espécie ou de
forem propriamente regulamentados por meio de critérios claros,
concessão de registro de marcas;
objetivos e previsíveis; e (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
II - a decisão importar em compromisso financeiro da adminis-
III - observar o critério de dupla visita para lavratura de autos
tração pública; e
de infração decorrentes do exercício de atividade considerada de
III - houver objeção expressa em tratado em vigor no País.
baixo ou médio risco. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 7ºA aprovação tácita prevista no inciso IX do caput deste ar-
§ 1º Os órgãos e as entidades competentes, na forma do inciso
tigo não se aplica quando a titularidade da solicitação for de agente
II do caput deste artigo, editarão atos normativos para definir a apli-
público ou de seu cônjuge, companheiro ou parente em linha reta
cação e a incidência de conceitos subjetivos ou abstratos por meio
ou colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o 3º (terceiro)
de critérios claros, objetivos e previsíveis, observado que: (Incluído
grau, dirigida a autoridade administrativa ou política do próprio ór-
pela Lei nº 14.195, de 2021)
gão ou entidade da administração pública em que desenvolva suas
I - nos casos de imprescindibilidade de juízo subjetivo para a
atividades funcionais.
aplicação da sanção, o ato normativo determinará o procedimento
§ 8ºO prazo a que se refere o inciso IX do caput deste artigo
para sua aferição, de forma a garantir a maior previsibilidade e im-
será definido pelo órgão ou pela entidade da administração pública
pessoalidade possível; (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
solicitada, observados os princípios da impessoalidade e da eficiên-
II - a competência da edição dos atos normativos infralegais
cia e os limites máximos estabelecidos em regulamento.
equivalentes a que se refere este parágrafo poderá ser delegada
§ 9º(VETADO).
pelo Poder competente conforme sua autonomia, bem como pelo
§ 10.O disposto no inciso XI do caput deste artigo não se aplica
órgão ou pela entidade responsável pela lavratura do auto de infra-
às situações de acordo resultantes de ilicitude.
ção. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 11.Para os fins do inciso XII do caput deste artigo, é ilegal
§ 2º Para os fins administrativos, controladores e judiciais,
delimitar prazo de validade de certidão emitida sobre fato imutável,
consideram-se plenamente atendidos pela administração pública
inclusive sobre óbito.
os requisitos previstos no inciso II do caput deste artigo, quando
CAPÍTULO III a advocacia pública, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
DAS GARANTIAS DE LIVRE INICIATIVA Federal e dos Municípios, nos limites da respectiva competência,
tiver previamente analisado o ato de que trata o § 1º deste artigo.
Art. 4ºÉ dever da administração pública e das demais entida- (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
des que se vinculam a esta Lei, no exercício de regulamentação de § 3º Os órgãos e as entidades deverão editar os atos norma-
norma pública pertencente à legislação sobre a qual esta Lei versa, tivos previstos no § 1º deste artigo no prazo de 4 (quatro) anos,
exceto se em estrito cumprimento a previsão explícita em lei, evitar podendo o Poder Executivo estabelecer prazo inferior em regula-
o abuso do poder regulatório de maneira a, indevidamente: mento. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4º O disposto no inciso II do caput deste artigo aplica-se ex- II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contra-
clusivamente ao ato de lavratura decorrente de infrações referentes prestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e
a matérias nas quais a atividade foi considerada de baixo ou mé- III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
dio risco, não se aplicando a órgãos e a entidades da administração § 3ºO disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também
pública que não a tenham assim classificado, de forma direta ou se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administrado-
indireta, de acordo com os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº res à pessoa jurídica.
14.195, de 2021) § 4ºA mera existência de grupo econômico sem a presença dos
I - direta, quando realizada pelo próprio órgão ou entidade da requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a descon-
administração pública que procede à lavratura; e (Incluído pela Lei sideração da personalidade da pessoa jurídica.
nº 14.195, de 2021) § 5ºNão constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a
II - indireta, quando o nível de risco aplicável decorre de norma alteração da finalidade original da atividade econômica específica
hierarquicamente superior ou subsidiária, por força de lei, desde da pessoa jurídica.” (NR)
que a classificação refira-se explicitamente à matéria sobre a qual “Art. 113. ....................................................................................
se procederá a lavratura.(Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) ..................................
§ 1ºA interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sen-
CAPÍTULO IV tido que:
DA ANÁLISE DE IMPACTO REGULATÓRIO I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à
celebração do negócio;
Art. 5ºAs propostas de edição e de alteração de atos normati- II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado re-
vos de interesse geral de agentes econômicos ou de usuários dos lativas ao tipo de negócio;
serviços prestados, editadas por órgão ou entidade da administra- III - corresponder à boa-fé;
ção pública federal, incluídas as autarquias e as fundações públicas, IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se
serão precedidas da realização de análise de impacto regulatório, identificável; e
que conterá informações e dados sobre os possíveis efeitos do ato V - corresponder a qual seria a razoável negociação das par-
normativo para verificar a razoabilidade do seu impacto econômico. tes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do
(Regulamento) negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as
Parágrafo único.Regulamento disporá sobre a data de início da informações disponíveis no momento de sua celebração.
exigência de que trata o caput deste artigo e sobre o conteúdo, a § 2ºAs partes poderão livremente pactuar regras de interpre-
metodologia da análise de impacto regulatório, os quesitos míni- tação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios
mos a serem objeto de exame, as hipóteses em que será obrigatória jurídicos diversas daquelas previstas em lei.” (NR)
sua realização e as hipóteses em que poderá ser dispensada. “Art. 421.A liberdade contratual será exercida nos limites da
função social do contrato.
CAPÍTULO V Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalece-
DAS ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS E DISPOSIÇÕES FINAIS rão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da re-
visão contratual.” (NR)
Art. 6ºFica extinto o Fundo Soberano do Brasil (FSB), fundo es- “Art. 421-A.Os contratos civis e empresariais presumem-se
pecial de natureza contábil e financeira, vinculado ao Ministério da paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que
Economia, criado pela Lei nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008. justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes
Art. 7ºA Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:
passa a vigorar com as seguintes alterações: I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros obje-
“Art. 49-A.A pessoa jurídica não se confunde com os seus só- tivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressu-
cios, associados, instituidores ou administradores. postos de revisão ou de resolução;
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeita-
é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, esta- da e observada; e
belecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excep-
para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefí- cional e limitada.”
cio de todos.” “Art. 980-A. ................................................................................
“Art. 50.Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri- ...............................
zado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode ....................................................................................................
o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando ................................
lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos § 7ºSomente o patrimônio social da empresa responderá pelas
de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipóte-
aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa se em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimô-
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. nio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude.” (NR)
§ 1ºPara os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é “Art. 1.052...................................................................................
a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e ............................
para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 1ºA sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de sepa- mais pessoas.
ração de fato entre os patrimônios, caracterizada por: § 2ºSe for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constitui-
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do só- ção do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato
cio ou do administrador ou vice-versa; social.” (NR)
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO X § 1ºA subscrição poderá ser feita, nas condições previstas no


DO FUNDO DE INVESTIMENTO prospecto, por carta à instituição, acompanhada das declarações a
que se refere este artigo e do pagamento da entrada.
‘Art. 1.368-C.O fundo de investimento é uma comunhão de re- § 2ºSerá dispensada a assinatura de lista ou de boletim a que se
cursos, constituído sob a forma de condomínio de natureza espe- refere o caput deste artigo na hipótese de oferta pública cuja liqui-
cial, destinado à aplicação em ativos financeiros, bens e direitos de dação ocorra por meio de sistema administrado por entidade admi-
qualquer natureza. nistradora de mercados organizados de valores mobiliários.” (NR)
§ 1ºNão se aplicam ao fundo de investimento as disposições Art. 9ºO art. 4º da Lei nº 11.598, de 3 de dezembro de 2007,
constantes dos arts. 1.314 ao 1.358-A deste Código. passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º:
§ 2ºCompetirá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o “Art. 4º........................................................................................
disposto no caput deste artigo. ..................
§ 3ºO registro dos regulamentos dos fundos de investimentos ....................................................................................................
na Comissão de Valores Mobiliários é condição suficiente para ga- .....................
§ 5ºAto do Poder Executivo federal disporá sobre a classificação
rantir a sua publicidade e a oponibilidade de efeitos em relação a
mínima de atividades de baixo risco, válida para todos os integran-
terceiros.’
tes da Redesim, observada a Classificação Nacional de Atividades
‘Art. 1.368-D.O regulamento do fundo de investimento poderá,
Econômicas, hipótese em que a autodeclaração de enquadramento
observado o disposto na regulamentação a que se refere o § 2º do
será requerimento suficiente, até que seja apresentada prova em
art. 1.368-C desta Lei, estabelecer: contrário.” (NR)
I - a limitação da responsabilidade de cada investidor ao valor Art. 10.A Lei nº 12.682, de 9 de julho de 2012, passa a vigorar
de suas cotas; acrescida do seguinte art. 2º-A:
II - a limitação da responsabilidade, bem como parâmetros de “Art. 2º-A.Fica autorizado o armazenamento, em meio eletrô-
sua aferição, dos prestadores de serviços do fundo de investimento, nico, óptico ou equivalente, de documentos públicos ou privados,
perante o condomínio e entre si, ao cumprimento dos deveres par- compostos por dados ou por imagens, observado o disposto nesta
ticulares de cada um, sem solidariedade; e Lei, nas legislações específicas e no regulamento.
III - classes de cotas com direitos e obrigações distintos, com § 1ºApós a digitalização, constatada a integridade do documen-
possibilidade de constituir patrimônio segregado para cada classe. to digital nos termos estabelecidos no regulamento, o original po-
§ 1ºA adoção da responsabilidade limitada por fundo de inves- derá ser destruído, ressalvados os documentos de valor histórico,
timento constituído sem a limitação de responsabilidade somente cuja preservação observará o disposto na legislação específica.
abrangerá fatos ocorridos após a respectiva mudança em seu regu- § 2ºO documento digital e a sua reprodução, em qualquer
lamento. meio, realizada de acordo com o disposto nesta Lei e na legislação
§ 2ºA avaliação de responsabilidade dos prestadores de ser- específica, terão o mesmo valor probatório do documento original,
viço deverá levar sempre em consideração os riscos inerentes às para todos os fins de direito, inclusive para atender ao poder fisca-
aplicações nos mercados de atuação do fundo de investimento e a lizatório do Estado.
natureza de obrigação de meio de seus serviços. § 3ºDecorridos os respectivos prazos de decadência ou de pres-
§ 3ºO patrimônio segregado referido no inciso III do caput des- crição, os documentos armazenados em meio eletrônico, óptico ou
te artigo só responderá por obrigações vinculadas à classe respecti- equivalente poderão ser eliminados.
va, nos termos do regulamento.’ § 4ºOs documentos digitalizados conforme o disposto neste
‘Art. 1.368-E.Os fundos de investimento respondem direta- artigo terão o mesmo efeito jurídico conferido aos documentos mi-
mente pelas obrigações legais e contratuais por eles assumidas, crofilmados, nos termos da Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, e de
e os prestadores de serviço não respondem por essas obrigações, regulamentação posterior.
mas respondem pelos prejuízos que causarem quando procederem § 5ºAto do Secretário de Governo Digital da Secretaria Especial
de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da
com dolo ou má-fé.
Economia estabelecerá os documentos cuja reprodução conterá có-
§ 1ºSe o fundo de investimento com limitação de responsabi-
digo de autenticação verificável.
lidade não possuir patrimônio suficiente para responder por suas
§ 6ºAto do Conselho Monetário Nacional disporá sobre o cum-
dívidas, aplicam-se as regras de insolvência previstas nos arts. 955
primento do disposto no § 1º deste artigo, relativamente aos docu-
a 965 deste Código. mentos referentes a operações e transações realizadas no sistema
§ 2ºA insolvência pode ser requerida judicialmente por credo- financeiro nacional.
res, por deliberação própria dos cotistas do fundo de investimento, § 7ºÉ lícita a reprodução de documento digital, em papel ou
nos termos de seu regulamento, ou pela Comissão de Valores Mo- em qualquer outro meio físico, que contiver mecanismo de verifi-
biliários.’ cação de integridade e autenticidade, na maneira e com a técnica
‘Art. 1.368-F.O fundo de investimento constituído por lei espe- definidas pelo mercado, e cabe ao particular o ônus de demonstrar
cífica e regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários deve- integralmente a presença de tais requisitos.
rá, no que couber, seguir as disposições deste Capítulo.’” § 8º Para a garantia de preservação da integridade, da autenti-
Art. 8º O art. 85 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, cidade e da confidencialidade de documentos públicos será usada
passa a vigorar com as seguintes alterações: certificação digital no padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas
“Art. 85....................................................................................... Brasileira (ICP-Brasil).”
............... Art. 11.O Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, pas-
sa a vigorar com as seguintes alterações:
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

“Art. 14. Da decisão proferida pelo Secretário de Coordena- do Senado Federal, ou tema sobre o qual exista enunciado de sú-
ção e Governança do Patrimônio da União da Secretaria Especial mula vinculante ou que tenha sido definido pelo Supremo Tribunal
de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Federal em sentido desfavorável à Fazenda Nacional em sede de
Economia será dado conhecimento aos recorrentes que, no prazo controle concentrado de constitucionalidade;
de 20 (vinte) dias, contado da data de sua ciência, poderão interpor VI - tema decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em matéria
recurso, sem efeito suspensivo, dirigido ao superior hierárquico, em constitucional, ou pelo Superior Tribunal de Justiça, pelo Tribunal
última instância.” (NR) Superior do Trabalho, pelo Tribunal Superior Eleitoral ou pela Turma
“Art. 100. .................................................................................... Nacional de Uniformização de Jurisprudência, no âmbito de suas
................................ competências, quando:
.................................................................................................... a) for definido em sede de repercussão geral ou recurso repe-
................................ titivo; ou
§ 5ºConsiderada improcedente a impugnação, a autoridade b) não houver viabilidade de reversão da tese firmada em sen-
submeterá o recurso à autoridade superior, nos termos estabeleci- tido desfavorável à Fazenda Nacional, conforme critérios definidos
dos em regulamento. em ato do Procurador-Geral da Fazenda Nacional; e
.................................................................................................... VII - tema que seja objeto de súmula da administração tributá-
.........................” (NR) ria federal de que trata o art. 18-A desta Lei.
“Art. 216.O Ministro de Estado da Economia, diretamente ou ....................................................................................................
por ato do Secretário Especial de Desestatização, Desinvestimen- ..................................
to e Mercados do Ministério da Economia, ouvido previamente o § 3º (Revogado);
Secretário de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, § 4º (Revogado);
editará os atos necessários à execução do disposto neste Decreto- § 5º (Revogado);
-Lei.” (NR) ....................................................................................................
Art. 12.O art. 1º da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, ...................................
passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: § 7º (Revogado).
“Art. 1º........................................................................................ § 8ºO parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional que
................................ examina a juridicidade de proposições normativas não se enquadra
.................................................................................................... no disposto no inciso II do caput deste artigo.
.................................. § 9ºA dispensa de que tratam os incisos V e VI do caput des-
§ 3ºOs registros poderão ser escriturados, publicitados e con- te artigo poderá ser estendida a tema não abrangido pelo julgado,
servados em meio eletrônico, obedecidos os padrões tecnológicos quando a ele forem aplicáveis os fundamentos determinantes ex-
estabelecidos em regulamento.” (NR) traídos do julgamento paradigma ou da jurisprudência consolidada,
Art. 13.A Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, passa a vigorar desde que inexista outro fundamento relevante que justifique a im-
com as seguintes alterações: pugnação em juízo.
“Art. 18-A.Comitê formado de integrantes do Conselho Admi- § 10.O disposto neste artigo estende-se, no que couber, aos
nistrativo de Recursos Fiscais, da Secretaria Especial da Receita Fe- demais meios de impugnação às decisões judiciais.
deral do Brasil do Ministério da Economia e da Procuradoria-Geral § 11.O disposto neste artigo aplica-se a todas as causas em que
as unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional devam atu-
da Fazenda Nacional editará enunciados de súmula da administra-
ar na qualidade de representante judicial ou de autoridade coatora.
ção tributária federal, conforme o disposto em ato do Ministro de
§ 12.Os órgãos do Poder Judiciário e as unidades da Procurado-
Estado da Economia, que deverão ser observados nos atos adminis-
ria-Geral da Fazenda Nacional poderão, de comum acordo, realizar
trativos, normativos e decisórios praticados pelos referidos órgãos.”
mutirões para análise do enquadramento de processos ou de recur-
“Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional dispen-
sos nas hipóteses previstas neste artigo e celebrar negócios proces-
sada de contestar, de oferecer contrarrazões e de interpor recursos,
suais com fundamento no disposto no art. 190 da Lei nº 13.105, de
e fica autorizada a desistir de recursos já interpostos, desde que
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
inexista outro fundamento relevante, na hipótese em que a ação ou
§ 13.Sem prejuízo do disposto no § 12 deste artigo, a Procura-
a decisão judicial ou administrativa versar sobre:
doria-Geral da Fazenda Nacional regulamentará a celebração de ne-
.................................................................................................... gócios jurídicos processuais em seu âmbito de atuação, inclusive na
................................. cobrança administrativa ou judicial da dívida ativa da União.” (NR)
II - tema que seja objeto de parecer, vigente e aprovado, pelo “Art. 19-A.Os Auditores-Fiscais da Secretaria Especial da Recei-
Procurador-Geral da Fazenda Nacional, que conclua no mesmo sen- ta Federal do Brasil não constituirão os créditos tributários relativos
tido do pleito do particular; aos temas de que trata o art. 19 desta Lei, observado:
.................................................................................................... I - o disposto no parecer a que se refere o inciso II do caput
.................................. do art. 19 desta Lei, que será aprovado na forma do art. 42 da Lei
IV - tema sobre o qual exista súmula ou parecer do Advogado- Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, ou que terá con-
-Geral da União que conclua no mesmo sentido do pleito do parti- cordância com a sua aplicação pela Secretaria Especial da Receita
cular; Federal do Brasil do Ministério da Economia;
V - tema fundado em dispositivo legal que tenha sido decla- II - o parecer a que se refere o inciso IV do caput do art. 19
rado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em sede de desta Lei, que será aprovado na forma do disposto no art. 40 da Lei
controle difuso e tenha tido sua execução suspensa por resolução Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, ou que, quando
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

não aprovado por despacho do Presidente da República, terá con- Parágrafo único. O cadastro nacional a que se refere o inciso
cordância com a sua aplicação pelo Ministro de Estado da Econo- IX do caput deste artigo será mantido com as informações origi-
mia; ou nárias do cadastro estadual de empresas, vedados a exigência de
III - nas hipóteses de que tratam o inciso VI do caput e o § 9º do preenchimento de formulário pelo empresário ou o fornecimento
art. 19 desta Lei, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional deverá de novos dados ou informações, bem como a cobrança de preço
manifestar-se sobre as matérias abrangidas por esses dispositivos. pela inclusão das informações no cadastro nacional.” (NR)
§ 1ºOs Auditores-Fiscais da Secretaria Especial da Receita Fede- “Art. 31.Os atos decisórios serão publicados em sítio da rede
ral do Brasil do Ministério da Economia adotarão, em suas decisões, mundial de computadores da junta comercial do respectivo ente
o entendimento a que estiverem vinculados, inclusive para fins de federativo.” (NR)
revisão de ofício do lançamento e de repetição de indébito admi- “Art. 32........................................................................................
nistrativa. ...............................
§ 2ºO disposto neste artigo aplica-se, no que couber, aos res- § 1ºOs atos, os documentos e as declarações que contenham
ponsáveis pela retenção de tributos e, ao emitirem laudos periciais informações meramente cadastrais serão levados automaticamen-
para atestar a existência de condições que gerem isenção de tribu- te a registro se puderem ser obtidos de outras bases de dados dis-
tos, aos serviços médicos oficiais.” poníveis em órgãos públicos.
“Art. 19-B.Os demais órgãos da administração pública que ad- § 2ºAto do Departamento Nacional de Registro Empresarial e
ministrem créditos tributários e não tributários passíveis de inscri- Integração definirá os atos, os documentos e as declarações que
ção e de cobrança pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional contenham informações meramente cadastrais.” (NR)
encontram-se dispensados de constituir e de promover a cobrança “Art. 35........................................................................................
com fundamento nas hipóteses de dispensa de que trata o art. 19 ...............................
desta Lei. ....................................................................................................
Parágrafo único.A aplicação do disposto no caput deste artigo
..................................
observará, no que couber, as disposições do art. 19-A desta Lei.”
VIII - (revogado).
“Art. 19-C.A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá
Parágrafo único.O registro dos atos constitutivos e de suas al-
dispensar a prática de atos processuais, inclusive a desistência de
terações e extinções ocorrerá independentemente de autorização
recursos interpostos, quando o benefício patrimonial almejado com
governamental prévia, e os órgãos públicos deverão ser informados
o ato não atender aos critérios de racionalidade, de economicidade
e de eficiência. pela Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legaliza-
§ 1ºO disposto no caput deste artigo inclui o estabelecimento ção de Empresas e Negócios (Redesim) a respeito dos registros so-
de parâmetros de valor para a dispensa da prática de atos proces- bre os quais manifestarem interesse.” (NR)
suais. “Art. 41........................................................................................
§ 2ºA aplicação do disposto neste artigo não implicará o reco- ..............................
nhecimento da procedência do pedido formulado pelo autor. I - ................................................................................................
§ 3ºO disposto neste artigo aplica-se, inclusive, à atuação da ..................................
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no âmbito do contencioso a) dos atos de constituição de sociedades anônimas;
administrativo fiscal.” ....................................................................................................
§ 1ºAos órgãos da administração pública federal direta, repre- ....................
sentados pela Procuradoria-Geral da União, e às autarquias e fun- Parágrafo único. Os pedidos de arquivamento de que trata o
dações públicas, representadas pela Procuradoria-Geral Federal ou inciso I do caput deste artigo serão decididos no prazo de 5 (cin-
pela Procuradoria-Geral do Banco Central do Brasil, aplica-se, no co) dias úteis, contado da data de seu recebimento, sob pena de
que couber, o disposto no art. 19-B desta Lei. os atos serem considerados arquivados, mediante provocação dos
§ 2ºAto do Advogado-Geral da União disciplinará o disposto interessados, sem prejuízo do exame das formalidades legais pela
neste artigo.” procuradoria.” (NR)
“Art. 20.Serão arquivados, sem baixa na distribuição, por meio “Art. 42........................................................................................
de requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das ...............................
execuções fiscais de débitos inscritos em dívida ativa da União pela § 1º..............................................................................................
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de ................................
valor consolidado igual ou inferior àquele estabelecido em ato do § 2ºOs pedidos de arquivamento não previstos no inciso I do
Procurador-Geral da Fazenda Nacional. caput do art. 41 desta Lei serão decididos no prazo de 2 (dois) dias
.................................................................................................... úteis, contado da data de seu recebimento, sob pena de os atos
..........................” (NR)
serem considerados arquivados, mediante provocação dos interes-
Art. 14.A Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, passa a
sados, sem prejuízo do exame das formalidades legais pela procu-
vigorar com as seguintes alterações:
radoria.
“Art. 4ºO Departamento Nacional de Registro Empresarial e In-
§ 3ºO arquivamento dos atos constitutivos e de alterações não
tegração (Drei) da Secretaria de Governo Digital da Secretaria Espe-
previstos no inciso I do caput do art. 41 desta Lei terá o registro de-
cial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério
da Economia tem por finalidade: ferido automaticamente caso cumpridos os requisitos de:
.................................................................................................... I - aprovação da consulta prévia da viabilidade do nome empre-
..................... sarial e da viabilidade de localização, quando o ato exigir; e
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - utilização pelo requerente do instrumento padrão estabe- Art. 15.A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo De-
lecido pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Inte- creto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a vigorar com as
gração (Drei) da Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial seguintes alterações:
de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da “Art. 13.......................................................................................
Economia. ...................
§ 4ºO arquivamento dos atos de extinção não previstos no in- ....................................................................................................
...................
ciso I do caput do art. 41 desta Lei terá o registro deferido auto-
§ 2ºA Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) obedece-
maticamente no caso de utilização pelo requerente do instrumento
rá aos modelos que o Ministério da Economia adotar.
padrão estabelecido pelo Drei.
§ 3º (Revogado).
§ 5ºNas hipóteses de que tratam os §§ 3º e 4º do caput deste
§ 4º (Revogado).” (NR)
artigo, a análise do cumprimento das formalidades legais será feita “Art. 14.A CTPS será emitida pelo Ministério da Economia pre-
posteriormente, no prazo de 2 (dois) dias úteis, contado da data do ferencialmente em meio eletrônico.
deferimento automático do registro. Parágrafo único. Excepcionalmente, a CTPS poderá ser emitida
§ 6ºApós a análise de que trata o § 5º deste artigo, a identifica- em meio físico, desde que:
ção da existência de vício acarretará: I - nas unidades descentralizadas do Ministério da Economia
I - o cancelamento do arquivamento, se o vício for insanável; ou que forem habilitadas para a emissão;
II - a observação do procedimento estabelecido pelo Drei, se o II - mediante convênio, por órgãos federais, estaduais e munici-
vício for sanável.” (NR) pais da administração direta ou indireta;
“Art. 44........................................................................................ III - mediante convênio com serviços notariais e de registro,
............................... sem custos para a administração, garantidas as condições de segu-
.................................................................................................... rança das informações.” (NR)
................................. “Art. 15.Os procedimentos para emissão da CTPS ao interes-
III - Recurso ao Departamento Nacional de Registro Empresarial
sado serão estabelecidos pelo Ministério da Economia em regula-
e Integração.” (NR)
mento próprio, privilegiada a emissão em formato eletrônico.” (NR)
“Art. 47.Das decisões do plenário cabe recurso ao Departamen-
“Art. 16.A CTPS terá como identificação única do empregado o
to Nacional de Registro Empresarial e Integração como última ins-
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).
tância administrativa.
I - (revogado);
Parágrafo único. (Revogado).” (NR)
II - (revogado);
“Art. 54.A prova da publicidade de atos societários, quando
III - (revogado);
exigida em lei, será feita mediante anotação nos registros da junta
comercial à vista da apresentação da folha do Diário Oficial, em sua IV - (revogado).
versão eletrônica, dispensada a juntada da mencionada folha.” (NR) Parágrafo único. (Revogado).
“Art. 55.Compete ao Departamento Nacional de Registro Em- a) (revogada);
presarial e Integração propor a elaboração da tabela de preços dos b) (revogada).” (NR)
serviços pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis, na “Art. 29.O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para
parte relativa aos atos de natureza federal, bem como especificar os anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data
atos a serem observados pelas juntas comerciais na elaboração de de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, fa-
suas tabelas locais. cultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, con-
§ 1º............................................................................................. forme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia.
.................... ....................................................................................................
§ 2ºÉ vedada a cobrança de preço pelo serviço de arquivamen- ...................................
to dos documentos relativos à extinção do registro do empresário § 6ºA comunicação pelo trabalhador do número de inscrição
individual, da empresa individual de responsabilidade limitada (Ei- no CPF ao empregador equivale à apresentação da CTPS em meio
reli) e da sociedade limitada.” (NR) digital, dispensado o empregador da emissão de recibo.
“Art. 63....................................................................................... § 7ºOs registros eletrônicos gerados pelo empregador nos sis-
................... temas informatizados da CTPS em meio digital equivalem às anota-
§ 1ºA cópia de documento, autenticada na forma prevista em ções a que se refere esta Lei.
lei, dispensará nova conferência com o documento original. § 8ºO trabalhador deverá ter acesso às informações da sua
§ 2ºA autenticação do documento poderá ser realizada por CTPS no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a partir de sua ano-
meio de comparação entre o documento original e a sua cópia pelo tação.” (NR)
servidor a quem o documento seja apresentado. “Art. 40.A CTPS regularmente emitida e anotada servirá de pro-
§ 3ºFica dispensada a autenticação a que se refere o § 1º do va:
caput deste artigo quando o advogado ou o contador da parte inte- ....................................................................................................
ressada declarar, sob sua responsabilidade pessoal, a autenticidade ...............................
da cópia do documento.” (NR) II - (revogado);
“Art. 65-A.Os atos de constituição, alteração, transformação, ....................................................................................................
incorporação, fusão, cisão, dissolução e extinção de registro de em- .....................” (NR)
presários e de pessoas jurídicas poderão ser realizados também por “Art. 74.O horário de trabalho será anotado em registro de em-
meio de sistema eletrônico criado e mantido pela administração pregados.
pública federal.” § 1º (Revogado).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2ºPara os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalha- d) art. 25;


dores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, e) art. 26;
em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções f) art. 30;
expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Mi- g) art. 31;
nistério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de h) art. 32;
repouso. i) art. 33;
§ 3ºSe o trabalho for executado fora do estabelecimento, o j) art. 34;
horário dos empregados constará do registro manual, mecânico ou k) inciso II do art. 40;
eletrônico em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o caput deste l) art. 53;
artigo. m) art. 54;
§ 4ºFica permitida a utilização de registro de ponto por exceção n) art. 56;
à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, o) art. 141;
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.” (NR) p) parágrafo único do art. 415;
“Art. 135...................................................................................... q) art. 417;
.............................. r) art. 419;
.................................................................................................... s) art. 420;
.................................... t) art. 421;
§ 3ºNos casos em que o empregado possua a CTPS em meio u) art. 422; e
digital, a anotação será feita nos sistemas a que se refere o § 7º do v) art. 633;
art. 29 desta Consolidação, na forma do regulamento, dispensadas VI - os seguintes dispositivos da Lei nº 8.934, de 18 de novem-
as anotações de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo.” (NR) bro de 1994:
Art. 16.O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fis- a) parágrafo único do art. 2º;
cais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) será substituído, em b) inciso VIII do caput do art. 35;
nível federal, por sistema simplificado de escrituração digital de c) art. 43; e
obrigações previdenciárias, trabalhistas e fiscais. d) parágrafo único do art. 47.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo às Art. 20. Esta Lei entra em vigor:
obrigações acessórias à versão digital gerenciadas pela Receita Fe- I - (VETADO);
deral do Brasil do Livro de Controle de Produção e Estoque da Se- II - na data de sua publicação, para os demais artigos.
cretaria Especial da Receita Federal do Brasil (Bloco K).
Art. 17. Ficam resguardados a vigência e a eficácia ou os efeitos Brasília, 20 desetembro de 2019; 198o da Independência e
dos atos declaratórios do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, 131o da República.
aprovados pelo Ministro de Estado respectivo e editados até a data
de publicação desta Lei, nos termos do inciso II do caput do art. 19
da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002.
Art. 18. A eficácia do disposto no inciso X do caput do art. 3º IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
desta Lei fica condicionada à regulamentação em ato do Poder Exe-
cutivo federal, observado que:
I - para documentos particulares, qualquer meio de comprova- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
ção da autoria, integridade e, se necessário, confidencialidade de A improbidade administrativa é a falta de probidade do servi-
documentos em forma eletrônica é válido, desde que escolhido de dor no exercício de suas funções ou de governantes no desempe-
comum acordo pelas partes ou aceito pela pessoa a quem for opos- nho das atividades próprias de seu cargo. Os atos de improbidade
to o documento; e administrativa importam a suspensão dos direitos políticos, a perda
II - independentemente de aceitação, o processo de digitaliza- da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ção que empregar o uso da certificação no padrão da Infraestrutura do Erário (patrimônio da administração), na forma e gradação pre-
de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) terá garantia de integrali- vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
dade, autenticidade e confidencialidade para documentos públicos Com a inclusão do princípio da moralidade administrativa no
e privados. texto constitucional houve um reflexo da preocupação com a ética
Art. 19. Ficam revogados: na Administração Pública, para evitar a corrupção de servidores.
I - a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962; A matéria é regulada no plano constitucional pelo art. 37, §4º,
II - os seguintes dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de no- da Constituição Federal, e no plano infraconstitucional pela Lei Fe-
vembro de 1966: deral Nº 8.429, de 02.06.1992, que dispõe sobre “as sanções apli-
a) inciso III do caput do art. 5º; e cáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
b) inciso X do caput do art. 32; exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração
III - a Lei nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008; pública direta, indireta ou fundacional.”
IV - (VETADO); A lei 8.429/92 pune os atos de improbidade praticados por
V - os seguintes dispositivos da Consolidação das Leis do Tra- qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração.
balho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943: Agente público, para os efeitos desta lei, é todo aquele que exer-
a) art. 17; ce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
b) art. 20; nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
c) art. 21; investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Con-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tudo, a lei também poderá ser aplicada, àquele que, mesmo não § 7º Independentemente de integrar a administração indireta,
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade pratica-
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou in- dos contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou
direta. custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à
Os atos que constituem improbidade administrativa podem ser repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (In-
divididos em quatro espécies: cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
1. Ato de improbidade administrativa que importa enriqueci- § 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente
mento ilícito (art. 9º) de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain-
2) Ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erá- da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente
rio (art. 10) prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais
3) Ato de improbidade administrativa decorrente de concessão do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-A) Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
4) Ato de improbidade administrativa que atenta contra os o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
princípios da administração pública (art. 11). que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referi-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 das no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
pela Lei nº 14.230, de 2021) cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela Lei
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- nº 14.230, de 2021)
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
CAPÍTULO I dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação dada
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im-
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído pela
pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica,
de 2021) caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona-
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con- do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados ti- 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
pos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe- Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade
tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe-
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona- de 2021)
dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza- erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à
ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa-
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Incluído
desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de
pela Lei nº 14.230, de 2021)
transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú-
blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara-
pela Lei nº 14.230, de 2021) ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi-
do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº ção a que esteja obrigado;
14.230, de 2021) XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
CAPÍTULO II tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
SEÇÃO I art. 1° desta lei.
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR-
TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO SEÇÃO II
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan- PREJUÍZO AO ERÁRIO
do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do-
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati- lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- Lei nº 14.230, de 2021)
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
agente público; patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
preço superior ao valor de mercado; patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne- à espécie;
cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
mercado; sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre- legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, por preço inferior ao de mercado;
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta VI - realizar operação financeira sem observância das normas
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni- legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre nea;
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado- VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) pécie;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô- nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada pela das em lei ou regulamento;
Lei nº 14.230, de 2021) X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te- co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
atividade; gular;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; queça ilicitamente;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei nº
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por 14.230, de 2021)
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
nº 11.107, de 2005) de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei nº
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi- 14.230, de 2021)
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali- V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
dades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli- irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi- ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
pela administração pública a entidade privada mediante celebração de VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) blica com entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- 2014) (Vigência)
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Vigência) XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca- colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
pela Lei nº 14.230, de 2021) cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com-
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela
irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 13.204, de 2015) XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
14.230, de 2021) cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Cor-
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não rupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006,
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento somente haverá improbidade administrativa, na aplicação deste arti-
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído go, quando for comprovado na conduta funcional do agente público
pela Lei nº 14.230, de 2021) o fim de obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô- pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro- § 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei nº de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe-
14.230, de 2021) ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis-
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
SEÇÃO III § 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN- que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática
TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído pela
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta Lei nº 14.230, de 2021)
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão § 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem
dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis
legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Reda- de sancionamento e independem do reconhecimento da produção
ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
CAPÍTULO III conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
DAS PENAS de 2021)
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído pela
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes Lei nº 14.230, de 2021)
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen- § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
te, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
14.230, de 2021) do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou 14.230, de 2021)
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspen-
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela Lei sas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, obser-
nº 14.230, de 2021) vadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial, conforme
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação dada sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil CAPÍTULO IV
de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida DA DECLARAÇÃO DE BENS
pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in- Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condiciona-
diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual dos à apresentação de declaração de imposto de renda e proventos
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos; de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Es-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) pecial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti-
§ 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in- go será atualizada anualmente e na data em que o agente público
cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
o poder público na época do cometimento da infração, podendo § 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a
caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do
as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada
Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside- § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado
na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para CAPÍTULO V
reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela Lei DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI-
nº 14.230, de 2021) CIAL
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-
a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei nº ministrativa competente para que seja instaurada investigação des-
14.230, de 2021) tinada a apurar a prática de ato de improbidade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
conhecimento. cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
probidade. ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
acompanhar o procedimento administrativo. sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo- do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique- práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre-
cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere § 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de
que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van-
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man- tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re- de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei
sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili- nº 14.230, de 2021)
dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com- § 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar-
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste-
declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí-
mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
Lei nº 14.230, de 2021)
dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por
I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen-
caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial,
tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte-
a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a
ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi-
instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de- bilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230,
monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu- de 2021)
rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de II - será instruída com documentos ou justificação que con-
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro- tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo
cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de
2021) apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte-
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi- § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
14.230, de 2021) probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei nº
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem § 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- 14.230, de 2021)
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas § 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (Incluí- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode- II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes- 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 13.964, de 2019) III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi-
§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do
o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida- 2021)
de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230,
instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de- § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a
cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi- legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis-
dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (Inclu- venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá § 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen-
necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre- to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita-
vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
de 2021) 2021)
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro- I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
2021) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns-
2021) tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil,
§ 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis- desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In-
tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº
§ 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (Inclu-
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar- ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de de 2021)
2021) d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- nº 14.230, de 2021)
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da Lei nº 14.230, de 2021)
ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên-
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade Lei nº 14.230, de 2021)
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere 2021)
o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu- V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela
improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da Lei nº 14.230, de 2021)
rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro,
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua
deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver
se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje-
tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº
celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso
14.230, de 2021)
da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re-
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de
rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual-
um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con- esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in- Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva,
tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca-
e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas
favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (Inclu- e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle
de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento. públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou-
esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba-
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Incluí- nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
do pela Lei nº 14.230, de 2021) e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos
não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con-
que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído pela forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Lei nº 14.230, de 2021) (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor § 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa
e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior
direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve- procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar-
rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens.
pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên- § 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con-
cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a
contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação § 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre- da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con-
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí- duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) § 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído pela duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- § 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da nº 14.230, de 2021)
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con- rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe- va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
de 2021) to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei,
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por
e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre- escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações
ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VII


DAS DISPOSIÇÕES PENAIS DA PRESCRIÇÃO

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida- Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato
da denúncia o sabe inocente. ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per-
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
imagem que houver provocado. III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis-
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con- trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o
denatória. curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso
afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído
ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for pela Lei nº 14.230, de 2021)
necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática § 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun-
(noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median- damentado submetido à revisão da instância competente do órgão
te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo § 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação de-
quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 verá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de ar-
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) quivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle § 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter-
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;


(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) QUESTÕES
II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
1-De acordo com ALEXANDRINO e PAULO, o poder da admi-
tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena-
nistração pública, em que o agente administrativo dispõe de uma
tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei
razoável liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e
nº 14.230, de 2021)
a conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo, e, sendo o
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
caso, escolher, dentro dos limites legais, o seu conteúdo (objetivo),
nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
é o poder:
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(A) Hierárquico.
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal
(B) Vinculado.
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór-
(C) Discricionário.
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(D) Disciplinar.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do
(E) Regulamentar.
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2-Com relação ao poder discricionário da Administração, iden-
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei-
tifique o item verdadeiro.
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato
(A) Diferentemente do que ocorre com o poder vinculado, o
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
poder discricionário tem a característica de liberdade de atua-
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do
ção, sem restrição legal.
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer
(B) A discricionariedade é limitada ao momento da prática do
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
ato, não alcançando a possibilidade de revogação do mesmo.
2021)
(C) Uma vez que confere liberdade de escolha, a discriciona-
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público,
riedade pode ser entendida como sinônimo de arbitrariedade.
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe-
(D) Um dos fatores exigidos para a legalidade do exercício desse
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre-
poder consiste na adequação da conduta escolhida pelo agente
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no
à finalidade que a lei expressa.
§ 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
3-Quanto às limitações à discricionariedade administrativa, as-
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
sinale a alternativa correta.
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
(A) A discricionariedade administrativa imuniza o ato adminis-
repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei
trativo contra controles.
nº 14.230, de 2021)
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não (B) A chamada discricionariedade técnica, geralmente exercida
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de por agências reguladoras, observa margem sujeita a controle
honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela jurisdicional.
Lei nº 14.230, de 2021) (C) A adequação é parâmetro de controle de atos discricioná-
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais des- rios e consiste na observância formal e solene do modo como
pesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº 14.230, se exterioriza o ato.
de 2021) (D) Os fundamentos de fato e de direito são invariavelmente
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em elementos a serem averiguados e que não blindam o ato admi-
caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada nistrativo, independentemente de discricionariedade.
má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (E) Não há que se falar em discricionariedade contrária à lei,
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri- uma vez que a discricionariedade pressupõe abertura legal que
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re- garanta ao administrador liberdade de escolha quanto à conve-
cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão niência e à oportunidade de um ato.
responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 4-Em tema de sujeitos ativos do ato de improbidade adminis-
trativa, de acordo com a atual redação da Lei nº 8.429/92, assinale
CAPÍTULO VIII a afirmativa correta.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS (A) As disposições da Lei de Improbidade Administrativa são
aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agen-
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. te público, induza ou concorra culposa ou dolosamente para a
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de prática do ato de improbidade.
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições (B) Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
em contrário. pessoa jurídica de direito privado não respondem, em qual-
quer hipótese, pelo ato de improbidade que venha a ser impu-
tado à pessoa jurídica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(C) Os agentes públicos que podem cometer ato de improbi- Estão corretas as afirmativas
dade são o agente político, o servidor público e todo aquele (A) I, II e IV, apenas.
que exerce, necessariamente de forma permanente e com re- (B) I, II e III, apenas.
muneração, mandato, cargo, emprego ou função pública. (C) I e IV, apenas.
(D) As sanções da Lei de Improbidade Administrativa não se (D) II e III, apenas.
aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade admi- (E) III e IV, apenas.
nistrativa seja também sancionado como ato lesivo à Adminis-
tração Pública de que trata a Lei nº 12.846/2013 – Lei Anticor- 7-A Sociedade Ômicron Comércio de Alimentos e Bebidas
rupção. Ltda., nos últimos cinco anos, transferiu ativos para seus dois únicos
(E) O particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a sócios, sem nenhuma espécie de contraprestação. A transferência
Administração Pública convênio, contrato de repasse, contrato corresponde a setenta e cinco por cento do patrimônio líquido da
de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou ajus- sociedade, o que conduziu à inadimplência de diversas obrigações,
te administrativo equivalente, no que se refere a recursos de incluindo um contrato de mútuo bancário.
origem pública, não se sujeita às sanções previstas na Lei de Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
Improbidade Administrativa. (A) A transferência de ativos da Sociedade Ômicron para seus
sócios sem efetiva contraprestações caracteriza confusão patri-
5-Avalie as afirmações a seguir sobre a Lei de Improbidade Ad- monial para fins de desconsideração da personalidade jurídica.
ministrativa nº 8.429/92. (B) O Código Civil brasileiro adota a teoria maior para fins de
I - Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de desconsideração da personalidade jurídica, que pode ser reco-
pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im- nhecida de ofício pelo juiz no caso hipotético do enunciado.
probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, (C) A desconsideração da personalidade jurídica no caso da so-
comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso ciedade Ômicron depende da existência de grupo econômico.
em que responderão nos limites da sua participação. (D) A desconsideração da personalidade jurídica não se aplica
II - A ação por improbidade administrativa poderá conter, em aos contratos bancários, visto que a sociedade é considerada
caráter antecedente ou incidente, pedido de indisponibilidade de vulnerável juridicamente.
bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição do erário (E) Em caso de abuso da personalidade jurídica, o credor pode-
ou do acréscimo patrimonial resultante de enriquecimento ilícito. rá requerer a desconsideração da personalidade jurídica, que
III - A ação ou omissão decorrente de jurisprudência que venha atingirá, se decretada judicialmente, a todas as obrigações da
a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de con- sociedade, inclusive, as vincendas.
trole ou dos tribunais do Poder Judiciário configura improbidade
administrativa. 8-Com relação às pessoas jurídicas, assinale a alternativa cor-
IV - A responsabilidade por ato de improbidade administrativa reta.
não está condicionada à comprovação de ato doloso com fim ilícito (A) A pessoa jurídica estrangeira não poderá funcionar no Brasil
nos casos de mero exercício da função ou desempenho de compe- sem a autorização do Congresso Nacional.
tências públicas. (B) As pessoas jurídicas de direito público são regulamentadas
pela Lei de Licitações, mesmo se tiverem estrutura de direito
Está correto apenas o que se afirma em privado.
(A) I e II.
(C) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público inter-
(B) II e III.
no, diferentemente das associações públicas.
(C) III e IV.
(D) As fundações são pessoas jurídicas que se tratam do con-
(D) I, III e IV.
junto de bens arrecadados com finalidade e interesse social.
(E) I, II e IV.
9-Com base no disposto no ordenamento jurídico a respeito
6-Em conformidade com a redação atualizada da Lei nº
das pessoas jurídicas de direito privado, considere as assertivas
8.429/1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da
prática de atos de improbidade administrativa, analise as afirmati- abaixo:
vas. I. A existência legal e a personalidade da pessoa jurídica se ini-
I- O mero exercício da função ou desempenho de competências ciam com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.
públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a II. O registro do ato constitutivo deverá, dentre outros elemen-
responsabilidade por ato de improbidade administrativa. tos, indicar a forma da administração e quem a representa, judicial
II- Estão sujeitos às sanções legais os atos de improbidade prati- ou extrajudicialmente.
cados, exclusivamente, contra o patrimônio de entidade pública ou III. A falta de menção no registro, se o ato constitutivo é ou não
pessoa jurídica integrante da administração indireta. reformável, não constitui vício ou irregularidade, tampouco inviabi-
III- Configura improbidade a ação ou omissão decorrente de liza o funcionamento da pessoa jurídica.
divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência diver-
gente da prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos Está correto o que se afirma APENAS em
tribunais do Poder Judiciário. (A) I.
IV- Os sucessores ou herdeiros daquele que causar danos ao (B) II.
erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à (C) I e II.
obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do patri- (D) II e III.
mônio transferido. (E) I e III.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10-A regra de que o registro de imóvel somente será viável 15-Considere as afirmações abaixo, segundo a Constituição da
se contiver informações perfeitamente coincidentes com aquelas República Federativa do Brasil e a jurisprudência do Supremo Tri-
constantes da respectiva matrícula do bem tem aderência com o bunal Federal.
princípio da I - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
(A) especialidade. têm aplicação imediata.
(B) inscrição. II - Os tratados e as convenções internacionais de qualquer na-
(C) continuidade. tureza aos quais o Brasil tenha aderido por ato do Presidente da
(D) prioridade. República serão equivalentes às emendas constitucionais.
(E) fé pública. III - Cabe ao Poder Judiciário, que está obrigado a apreciar toda
e qualquer lesão de direito, majorar vencimentos de servidores pú-
11-Tomando por base a função social da propriedade, é correto blicos sob fundamento de isonomia.
afirmar que a doutrina social da Igreja a associa à IV - O Poder Judiciário pode, sem que fique configurada vio-
(A) perda do uso do imóvel, mas não de sua propriedade, em lação ao princípio da separação dos Poderes, determinar a imple-
caráter temporário, para finalidade de culto. mentação de políticas públicas em defesa de direitos fundamentais.
(B) isenção do imposto territorial urbano, haja vista a utilização
social do espaço. Quais estão corretas?
(C) necessidade de limitar a propriedade privada da pessoa, (A) Apenas I e II.
em prol da utilização de imóveis pela Igreja, em caráter per- (B) Apenas I e IV.
manente. (C) Apenas II e III.
(D) desapropriação de imóvel para fins de interesse religioso, (D) Apenas II e IV.
com pagamento justo e prévio, nos moldes das demais desa- (E) Apenas III e IV.
propriações.
(E) função de servir de instrumento para a criação de bens ne- 16-João e Maria travaram intenso debate a respeito da existên-
cessários à subsistência de toda a humanidade. cia, ou não, de mobilidade intrínseca da federação brasileira, tendo
concluído, corretamente, à luz da ordem constitucional, que:
12-Com matriz constitucional, em relação à função social da (A) é possível que se tenha mobilidade máxima, de modo que
propriedade no sistema codificado, é de se afirmar, EXCETO: Estados se separem da Federação, desde que haja decisão da
(A) Observância através de imposições negativas (não fazer). população diretamente interessada por meio de plebiscito;
(B) A inexistência de direito absoluto e intangível. (B) a Federação é caracterizada justamente pela ausência da
(C) O cumprimento de obrigações ditadas pela solidariedade referida mobilidade, já que os entes federativos não podem ser
comunal.
objeto de fusão ou desmembramento;
(D) Legitimidade de vedação ao proprietário do exercício de de-
(C) os Municípios, como entes federativos menores, podem ser
terminadas faculdades.
redesenhados, nos planos territorial e político, por decisão do
Estado em que estejam inseridos;
13-À luz da Constituição Federal, é possível afirmar que a pro-
(D) tal mobilidade torna possível a incorporação, a subdivisão
priedade, a vida, a educação, a alimentação e a segurança são con-
ou o desmembramento dos Estados para se anexarem a outros
siderados direitos:
ou formarem novos Estados;
(A) sociais.
(B) não absolutos. (E) é possível apenas a incorporação e o desmembramento de
(C) individuais. Municípios, não de Estados, que são caracterizados pela imo-
(D) indisponíveis. bilidade.
(E) não econômicos.
17-A forma de Estado adotado pelo Brasil é a federativa, que
14-O conjunto dos direitos sociais foi constitucionalmente con- reconhece a autonomia de cada entidade integrante. Quanto à or-
sagrado como uma das espécies de direitos fundamentais, caracte- ganização político-administrativa do Estado, assinale a alternativa
rizando- se como verdadeiras liberdades positivas, de atendimento CORRETA.
obrigatório em um Estado Social de Direito. Observada a afirmati- (A) A União, estados e municípios poderão recusar fé nos do-
va anterior, considere que dispositivo de lei registra que a mulher cumentos públicos.
grávida será apartada das atividades insalubres, quando apresentar (B) A criação de um município será ato da Câmara Legislativa,
atestado de saúde, emitido por médico de sua confiança que reco- após plebiscito dos vereadores.
mende o afastamento durante a gestação. Esta norma é: (C) É vedado ao município subvencionar cultos religiosos, res-
(A) Ilegal, por não discriminar os graus de insalubridade que salvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
seriam suportáveis pela mulher gestante. (D) Os territórios integram os Estados, e sua criação, transfor-
(B) Compatível com a Constituição, por proteger a mulher e o mação em município ou reintegração ao Estado de origem se-
nascituro, desde que atestado risco à saúde. rão reguladas em lei complementar.
(C) Compatível com a Constituição, por permitir o afastamento (E) É vedada, segundo a Constituição de 1988, a incorporação
da mulher de atividade insalubre, desde que haja recomenda- de um Estado por outro.
ção médica.
(D) Inconstitucional, uma vez que condiciona a proteção à mu-
lher gestante e ao nascituro a apresentação de documento, o
que reduz a tutela dos direitos sociais indisponíveis.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18-A organização político-administrativa da República Federa- (C) é possível a imputação de um crime funcional impróprio
tiva do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e a um particular que tenha contribuído para a prática delitiva;
os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. (D) é possível a imputação de um crime funcional próprio ou
Com base nisso, e diante do que prevê a Constituição Brasileira de impróprio a um particular que tenha contribuído para a prática
1988, analise as assertivas abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou delitiva;
F, se falsas. (E) não é possível a imputação, pois a condição de funcionário
( ) Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, público é elementar subjetiva que não se comunica.
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem se-
rão reguladas em lei complementar. 21-O artigo 327 do Código Penal traz o conceito penal de fun-
( ) Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou cionário público, especificando em seu parágrafo único o conceito
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Es- de funcionário público por equiparação.
tados ou Territórios Federais. Sobre esse tema, é correto afirmar que:
( ) A formação de novos Estados ou Territórios Federais dá-se (A) o desenvolvimento de ação criminosa envolvendo interesse
por iniciativa do Congresso Nacional, através de lei complementar. de entidade paraestatal é suficiente para atrair a incidência do
( ) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de conceito de funcionário público por equiparação;
Municípios far-se-ão por lei estadual, dentro do período determina- (B) empregado de empresa privada, concessionária de serviço
do por Lei Complementar Federal, e dependerão de autorização da público, que subtraia para proveito próprio valores destinados
União após aprovação no Senado Federal. à realização de serviços particulares, responde por peculato
( ) Para a criação e desmembramento de Municípios, é indis- furto;
pensável a divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apre- (C) o diretor de uma Santa Casa de Misericórdia, ente respon-
sentados e publicados na forma da lei. sável por prestação de serviço na área de saúde, que se apro-
prie de valores públicos, responderá por apropriação indébita;
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima (D) há equiparação quando o trabalhador de empresa presta-
para baixo, é: dora de serviços contratada executa atividade típica para a Ad-
(A) V – F – V – F – V. ministração Pública;
(B) F – V – F – V – F. (E) não há equiparação quando o trabalhador de empresa
(C) V – F – V – V – F. prestadora de serviços conveniada exerce atividade atípica da
(D) F – V – V – F – F. Administração Pública.
(E) V – V – F – F – V.
22-Quanto aos Crimes Praticados por Particular Contra a Admi-
19-De acordo com o Art. 327, §2º, do Código Penal, “A pena nistração Pública em Geral, assinale a alternativa correta.
será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes pre- (A) É crime de resistência usurpar o exercício de função pública;
vistos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou (B) É crime de usurpação de função pública opor-se à execu-
de função de direção ou assessoramento de órgão da administração ção de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando
instituída pelo poder público”. auxílio;
Na hipótese dos agentes que se enquadram na situação do (C) É crime de corrupção ativa oferecer ou prometer vantagem
Art. 327, §1º, do Código Penal (“Equipara-se a funcionário público indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e omitir ou retardar ato de ofício;
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou (D) É crime de descaminho desacatar funcionário público no
conveniada para a execução de atividade típica da Administração exercício da função ou em razão dela;
Pública”), a mencionada causa de aumento de pena: (E) Nenhuma das assertivas anteriores está correta.
(A) não deve incidir, pois os próprios elementos do tipo não
podem ser utilizados para majoração da pena; 23-Com base no Código Penal e na jurisprudência atualizada
(B) deve incidir, desde que o agente tenha praticado o fato no dos Tribunais Superiores acerca do crime de desacato, analise as
exercício do cargo; afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a fal-
(C) não deve incidir, pois a majoração da pena fica reservada sa.
para quem é ocupante de cargo efetivo; ( ) O tabelião pode ser sujeito passivo primário do crime de
(D) deve incidir, desde que o agente permaneça no exercício do desacato.
cargo quando do julgamento; ( ) O crime de desacato foi recepcionado pela Constituição da
(E) não deve incidir, pois a majoração da pena destina-se a República de 1988.
quem já ocupava cargo distinto daquele em comissão. ( ) Se o réu, que comete o crime de desacato, for reincidente
em crime doloso e portador de maus antecedentes, o juiz, na sen-
20-Em relação à possibilidade de imputação de um crime fun- tença condenatória, pode fixar o regime fechado para cumprimento
cional a uma pessoa que não ostente a posição de funcionário pú- da pena.
blico, é correto afirmar que: ( ) Considerando as circunstâncias do caso, o juiz pode deixar
(A) não é possível a imputação, pois não se comunicam as cir- de aplicar a pena privativa de liberdade e condenar o réu, que co-
cunstâncias e as condições de caráter pessoal; meteu o crime de desacato, apenas ao pagamento de multa pela
(B) é possível a imputação de um crime funcional próprio a um prática do delito.
particular que tenha contribuído para a prática delitiva;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente, 27-A Lei Complementar federal nº 123/2006, que institui o Es-
(A) V – F – F – V. tatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte
(B) F – V – V – F. (Simples Nacional) estabelece normas gerais relativas ao tratamen-
(C) F – V – F – V. to diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e
(D) V – F – V – V. empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. De acordo com esta
24-O crime de “sonegação de contribuição previdenciária” pre- Lei, as normas gerais por ela estabelecidas dizem respeito a várias
visto no Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, e suas matérias, dentre as quais se encontra a
alterações (Código Penal), consiste em suprimir ou reduzir contri- (A) dispensa de cadastramento da empresa, nos termos de re-
buição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as se- gulamentação estabelecida pelo Comitê Gestor do Simples Na-
guintes condutas: cional, no exercício em que iniciar suas atividades, desde que a
I- omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento expectativa de faturamento, nesse exercício, seja inferior a R$
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados 155.300,00.
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô- (B) isenção, por período não inferior a 2 anos, de impostos so-
nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços. bre o patrimônio e de contribuições previdenciárias, inclusive
II- deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da conta- de contribuições de melhoria.
bilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as (C) dispensa de cadastramento da empresa e de emissão de
devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços. documentos fiscais, no exercício em que iniciar suas atividades,
III- omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, quando a expectativa de faturamento, nesse exercício, for infe-
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de rior a R$ 155.300,00.
contribuições sociais previdenciárias. (D) dispensa de cadastramento da empresa e de emissão de
documentos fiscais, no exercício em que iniciar suas atividades,
Completam, corretamente, o comando da questão: e no exercício subsequente, quando a expectativa de fatura-
(A) apenas os itens I e II. mento, nesse exercício, for inferior a R$ 310.600,00.
(B) apenas os itens II e III. (E) apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da
(C) apenas os itens I e III. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, median-
(D) os itens I, II e III. te regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias.

25-Joaquim viajou ao Paraguai, onde comprou equipamen- 28-A lei complementar federal que dispõe sobre tratamento
tos eletrônicos, de comercialização permitida, avaliados em R$ diferenciado e favorecido para as microempresas e empresas de
45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), e entrou com eles no Bra- pequeno porte
sil, escondidos em seu veículo, sem recolher os imposto devidos. (A) obriga o contribuinte que se enquadrar na definição de mi-
Entretanto, durante uma fiscalização ocorrida em rodovia brasileira croempresa e empresa de pequeno porte a obedecer às regras
foi pego com as mercadorias. Nessa hipótese, Joaquim praticou o por ela postas.
crime de (B) não pode estabelecer situações de enquadramento dife-
(A) peculato desvio. renciado em razão do Estado, em observância ao princípio da
(B) contrabando. isonomia.
(C) evasão de divisas. (C) estabelece normas gerais em matéria de legislação tribu-
(D) descaminho. tária, produzindo efeitos para União, Estados, Distrito Federal
(E) prevaricação. e Municípios.
(D) limita-se a instituir regime único de arrecadação dos im-
26-A Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006 postos e contribuições da União, respeitando a autonomia dos
estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e fa- entes federados.
vorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de peque- (E) autoriza o compartilhamento de informações entre os en-
no porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito tes federados que optarem por aderir ao regime diferenciado.
Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:
(A) À apuração e recolhimento dos impostos e contribuições 29-O Simples Nacional é um regime diferenciado de tributação
apenas da União mediante regime único de arrecadação, inclu- que engloba tributos da competência da União, dos Estados e do
sive obrigações acessórias. Distrito Federal, e dos Municípios.
(B) Ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciá- A respeito desse regime, é correto afirmar que
rias, exceto ás obrigações acessórias. (A) engloba apenas impostos e taxas da competência da União,
(C) Ao bloqueio ao crédito e ao mercado, inclusive quanto à dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não abarcan-
preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Pú- do as contribuições sociais.
blicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. (B) não poderão ser estabelecidas em lei complementar de ini-
(D) Ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere ciativa da União condições de enquadramento diferenciadas
o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constitui- por Estado.
ção Federal. (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 147, (C) foi criado em decorrência de internalização de tratado in-
de 7/8/2014) ternacional, em vista da necessidade de desburocratizar o re-
colhimento de impostos no Brasil, em face às metas impostas
pela OCDE.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(D) a União fará a distribuição da parcela de recursos perten-


13 B
centes aos respectivos entes federados após comprovação da
adimplência destes em relação à obrigação constitucional de 14 D
aplicação mínima em saúde e educação. 15 B
(E) estabelece tratamento favorecido para as microempresas e
empresas de pequeno porte, sendo a sua adoção sempre op- 16 D
cional para o contribuinte. 17 C
18 E
30-A Lei Complementar nº 123/2006 estabelece normas gerais
relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado 19 B
às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Po- 20 D
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Considere esse tratamento diferenciado e favorecido, analise 21 E
as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). 22 C
( ) Há tratamento diferenciado e favorecido especialmente no
que se refere à apuração e recolhimento dos impostos e contribui- 23 C
ções da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 24 D
mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações aces-
25 D
sórias.
( ) Há tratamento diferenciado e favorecido especialmente no 26 D
que se refere ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previ- 27 E
denciárias, inclusive obrigações acessórias.
( ) Não há tratamento diferenciado e favorecido no que se refe- 28 C
re ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência 29 E
nas aquisições de bens e serviços pelos poderes públicos, à tecno-
logia, ao associativismo e às regras de inclusão. 30 C
( ) Não há tratamento diferenciado e favorecido no que se refe-
re ao cadastro nacional único de contribuintes.
ANOTAÇÕES
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
cima para baixo.
(A) F, F, V, V ______________________________________________________
(B) V, F, F, V
(C) V, V, F, F ______________________________________________________
(D) V, V, V, V
______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 C ______________________________________________________

2 D ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 A
6 C ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________
8 D
_____________________________________________________
9 C
10 C _____________________________________________________

11 E ______________________________________________________
12 A ______________________________________________________

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LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

§ 2º É vedado o desvio de função de pessoa contratada na for-


DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL ma autorizada no artigo, bem como sua recontratação, sob pena de
nulidade do contrato e responsabilização administrativa e civil da
autoridade contratante.
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE/MG. Art. 47 Serão exercidos por servidores ou empregados públicos
municipais os cargos em comissão e as funções de confiança da ad-
Nós, representantes do povo de Belo Horizonte, investidos pela ministração direta, inferiores, no Poder Executivo, ao terceiro nível
Constituição da República na atribuição de elaborar a lei basilar da hierárquico da estrutura organizacional e, no Poder Legislativo, ao
ordem municipal autônoma e democrática, que, fundada no im- primeiro nível.
pério de justiça social e na participação direta da sociedade civil, Parágrafo Único - Excetuam-se do disposto no artigo os cargos
instrumentalize a descentralização e a desconcentração do poder e funções de assessoria, apoio e execução estabelecidos em lei.
político, como forma de assegurar ao cidadão o controle do seu Art. 48 Na administração indireta, os cargos ou empregos de
exercício, o acesso de todos à cidadania plena e a convivência em provimento em comissão e as funções de confiança, inferiores ao
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, promulga- primeiro nível hierárquico da estrutura organizacional, e metade
mos, sob a proteção de Deus, a seguinte Lei Orgânica: dos cargos e funções da administração superior serão exercidos por
servidores ou empregados de carreira da respectiva entidade.
CAPÍTULO V Art. 49 A revisão geral da remuneração do servidor público,
DOS SERVIDORES PÚBLICOS sob um índice único, far-se-á sempre no mês que a lei fixar, sendo,
ainda, assegurada a preservação mensal de seu poder aquisitivo,
Art. 44 A atividade administrativa permanente é exercida: desde que respeitados os limites a que se refere a Constituição da
I - em qualquer dos Poderes do Município, nas autarquias e nas República.
fundações públicas, por servidor público, ocupante de cargo públi- § 1º A lei fixará o limite máximo e a relação entre a maior e
co, em caráter efetivo ou em comissão, ou de função pública; a menor remuneração dos servidores públicos, a qual não poderá
II - nas sociedades de economia mista, nas empresas públicas e exceder a percebida, em espécie, a qualquer título, pelo Prefeito.
nas demais entidades de direito privado sob o controle direto ou in- § 2º Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não po-
direto do Município, por empregado público, ocupante de emprego dem ser superiores aos percebidos no Poder Executivo.
público ou função de confiança. § 3º É vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos
Art. 45 Os cargos, empregos e funções são acessíveis aos brasi- para efeito de remuneração de pessoal do serviço público, ressalva-
leiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei. do o disposto nesta Lei Orgânica.
§ 1º A investidura em cargo ou emprego público depende de § 4º Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
aprovação prévia em concurso público de provas, ou de provas e tí- não serão computados nem acumulados, para o fim de concessão
tulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado de acréscimo ulterior, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
em lei de livre nomeação e exoneração. § 5º Os vencimentos do servidor público são irredutíveis, e a
§ 2º O prazo de validade do concurso público é de até dois remuneração observará o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo e os
anos, prorrogável, uma vez, por igual período. preceitos estabelecidos nos arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da
§ 3º Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- Constituição da República.
cação, o aprovado em concurso público será convocado, observada § 6º Serão corrigidos mensalmente, de acordo com os índices
a ordem de classificação, com prioridade sobre novos concursados, oficiais aplicáveis, os vencimentos, vantagens ou qualquer parcela
para assumir o cargo ou emprego na carreira. remuneratória pagos com atraso ao servidor público.
§ 4º A inobservância do disposto nos parágrafos anteriores § 7º É assegurado aos servidores públicos e às suas entidades
implica nulidade do ato e punição da autoridade responsável, nos representativas o direito de reunião nos locais de trabalho, após
termos da lei. prévia comunicação à chefia imediata, e desde que o atendimento
§ 5º Ao servidor público municipal são garantidos, nos concur- externo ao público, se houver, não sofra interrupção.
sos públicos, cinco por cento da pontuação total dos títulos, por Art. 49 A - Fica proibida a nomeação ou a designação para car-
ano de serviço prestado, mediante subordinação, à administração gos ou empregos de direção, chefia e assessoramento, na adminis-
pública do Município, até o máximo de trinta por cento. tração direta e indireta do Município, de pessoa declarada inelegí-
Art. 46 A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo vel em razão de condenação pela prática de ato ilícito, nos termos
determinado, para atender a necessidade temporária de excepcio- da legislação federal.
nal interesse público. § 1º Incorrem na mesma proibição de que trata este artigo os
§ 1º O disposto no artigo não se aplica a funções de magistério. detentores de mandato eletivo declarados inelegíveis por renuncia-
rem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou
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LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a II - profissionalização e aperfeiçoamento do servidor público;
dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual ou da III - constituição de quadro dirigente, mediante formação e
Lei Orgânica do Município ou do Distrito Federal. aperfeiçoamento de administradores públicos;
§ 2º Fica o servidor nomeado ou designado obrigado a apre- IV - sistema de mérito objetivamente apurado para ingresso no
sentar, antes da posse, declaração de que não se encontra na situ- serviço e desenvolvimento na carreira;
ação de vedação de que trata este artigo. (Redação acrescida pela V - remuneração compatível com a complexidade e a respon-
Emenda à Lei Orgânica nº 23/2011) sabilidade das tarefas e com a escolaridade exigida para o seu de-
Art. 49 B - Não poderão prestar serviço a órgãos e entidades do sempenho.
Município os trabalhadores das empresas contratadas declarados § 2º Ao servidor público que, por acidente ou doença, se tornar
inelegíveis em resultado de decisão transitada em julgado ou profe- inapto para exercer as atribuições específicas de seu cargo, serão
rida por órgão colegiado relativa a, pelo menos, uma das seguintes assegurados os direitos e vantagens a ele inerentes, até seu definiti-
situações: vo aproveitamento em outro cargo, de atribuições afins, respeitada
I - representação contra sua pessoa julgada procedente pela a habilitação exigida, ou até a aposentadoria.
Justiça Eleitoral em processo de abuso do poder econômico ou po- § 3º Para provimento de cargo de natureza técnica, exigir-se-á
lítico; a respectiva habilitação profissional.
II - condenação por crimes contra a economia popular, a fé pú- Art. 56 O Município assegurará ao servidor os direitos previstos
blica, a administração pública ou o patrimônio público. no art. 7º, incisos IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XV, XVI, XVII, XIX, XX, XXII,
Parágrafo Único - Ficam as empresas a que se refere o caput XXIII e XXX da Constituição da República e os que, nos termos da
deste artigo obrigadas a apresentar ao contratante, antes do início da lei, visem à melhoria de sua condição social e à produtividade no
execução do contrato, declaração de que os trabalhadores que presta- serviço público, especialmente:
rão serviço ao Município não incorrem nas proibições de que trata este I - duração do trabalho normal não-superior a oito horas diárias
artigo. (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 23/2011) e quarenta semanais, facultada a compensação de horários e a re-
Art. 50 É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, dução da jornada nos termos em que dispuser a lei;
permitida, no entanto, se houver compatibilidade de horários: II - adicionais por tempo de serviço;
I - a de dois cargos de professor; III - férias-prêmio, com duração de 6 (seis) meses, adquiridas a
II - a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; cada período de 10 (dez) anos de efetivo exercício na administração
III - a de dois cargos privativos de médico.
pública, admitida a sua conversão em espécie, a título de indeni-
Parágrafo Único - A proibição de acumular se estende a empre-
zação, por opção do servidor, ou, para efeito de aposentadoria, a
gos e funções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades
contagem em dobro das não-gozadas;
de economia mista e fundações públicas.
III - Revogado. (Revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº
Art. 51 Ao servidor público municipal em exercício de mandato
19/2006) (Emenda à Lei Orgânica nº 19 declarada inconstitucional
eletivo se aplicam as seguintes disposições:
pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, conforme ADI nº 1.0000.
I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, ficará
(rg ocultado))
afastado do cargo, emprego ou função;
IV - assistência e previdência sociais, extensivas ao cônjuge ou
II - investido no mandato de Prefeito ou de Vereador, será afas-
tado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar por companheiro e aos dependentes;
sua remuneração; V - atendimento gratuito, em creche e pré-escola, aos filhos e
III - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício dependentes, desde o nascimento até seis anos de idade;
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos VI - licença a gestante, com duração de cento e vinte dias e, nos
os efeitos legais, exceto para a promoção por merecimento; termos da lei, a adotante, sem prejuízo da remuneração;
IV - para o efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- VII - auxílio-transporte;
tamento, os valores serão determinados como se no exercício esti- VIII - progressão horizontal e vertical.
vesse. § 1º. (§ 1º Declarado inconstitucional pela ADIN nº 159, do
Art. 52 A lei reservará percentual dos cargos e empregos pú- TJMG)
blicos para pessoas portadoras de deficiência e para ex-presidiários § 2º Para os fins do inciso II, é assegurado o cômputo integral
recém-colocados em liberdade e definirá os critérios de sua admis- do tempo de serviço público.
são. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 14/1999) § 3º Haverá, na administração pública, serviços especializados
Art. 53 Os atos de improbidade administrativa importam sus- em segurança e medicina do trabalho e comissões internas de pre-
pensão dos direitos políticos, perda de função pública, indisponibi- venção de acidentes, com atribuições definidas em lei.
lidade dos bens e ressarcimento ao erário, na forma e na gradação § 4º O servidor público, incluído o das autarquias e fundações,
estabelecidas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. detentor de título declaratório que lhe assegure direito à continui-
Art. 54 É vedado ao servidor público desempenhar atividades dade de percepção da remuneração de cargo de provimento em
que não sejam próprias do cargo de que for titular, exceto quando comissão, tem direito aos vencimentos, às gratificações e a todas
ocupar cargo em comissão ou desempenhar função de confiança. as demais vantagens inerentes ao cargo em relação ao qual tenha
Art. 55 Os servidores dos órgãos da administração direta, das ocorrido o apostilamento, ainda que decorrentes de transformação
autarquias e das fundações públicas sujeitar-se-ão a regime jurídico ou reclassificação posteriores.
único e a planos de carreira a serem instituídos pelo Município. § 5º O servidor do Poder Executivo terá direito a férias-prêmio,
§ 1º A política de pessoal obedecerá às seguintes diretrizes: nos seguintes termos:
I - valorização e dignificação da função pública e do servidor I - corresponderá a 6 (seis) meses, para cada 10 (dez) anos de
público; efetivo exercício na administração pública;
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II - será admitida a conversão em espécie, em caráter indeniza- § 3º A contribuição mensal do servidor público e do agente po-
tório, por opção do servidor; lítico será diferenciada em razão da remuneração, na forma da lei, e
III - será devida ao servidor da Administração Direta e Indire- não será superior a um terço do valor atuarialmente exigível.
ta. (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 19/2006) (§ § 4º Os benefícios do plano serão concedidos nos termos e nas
5º Declarado inconstitucional, de acordo com a ADIN nº 1.0000.(rg condições estabelecidos em lei e compreendem:
ocultado), do TJMG) I - quanto ao servidor público e agente político:
§ 6º (Declarado inconstitucional pela ADIN nº 1.0000.(rg ocul- a) aposentadoria;
tado), do TJMG) b) auxílio-natalidade;
Art. 57 A lei assegurará ao servidor público da administração di- c) salário-família diferenciado;
reta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou d) licença para tratamento de saúde;
assemelhados do mesmo Poder, ou entre servidores dos poderes e) licença-maternidade, licença-paternidade e licença-adoção;
Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter indivi- f) licença por acidente em serviço;
dual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. II - quanto ao dependente:
Art. 58 É livre a associação profissional ou sindical dos servido- a) pensão por morte;
res públicos, nos termos da Constituição da República. b) auxílio-reclusão;
Parágrafo Único - É garantida a liberação de servidor ou em- c) auxílio-funeral;
pregado público para o exercício de mandato eletivo em diretoria d) pecúlio.
executiva de entidade sindical, sem prejuízo da remuneração e dos § 5º Nos casos previstos nas alíneas “d”, “e” e “f” do inciso I
demais direitos e vantagens de seu cargo ou emprego, exceto pro- do parágrafo anterior, o servidor perceberá remuneração integral,
moção por merecimento. como se em exercício estivesse.
Art. 59 É garantido ao servidor público o direito de greve, a ser § 6º (§ 6º declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de
exercido nos termos e limites definidos em lei complementar fede- Minas Gerais (ADI Nº 1477918-64.2000.8.13.10000)
ral. § 7º O Poder, o órgão ou a entidade a que se vincule o servidor
Art. 60 É estável, após dois anos de efetivo exercício, o servidor público ou o agente político terá, após os descontos, o prazo de
público nomeado em virtude de concurso público. dez dias para recolher as respectivas contribuições sociais, sob pena
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de responsabilização do seu preposto e pagamento dos acréscimos
de sentença judicial transitada em julgado ou processo administra- definidos em lei.
tivo em que lhe seja assegurada ampla defesa. Art. 63 O servidor público será aposentado:
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor I - por invalidez permanente, com proventos integrais, quando
público estável, será ele reintegrado no cargo anteriormente ocu- decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
pado, com ressarcimento de todas as vantagens, sendo o eventual grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e proporcio-
ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a nais nos demais casos;
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibi- II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
lidade. tos proporcionais ao tempo de serviço;
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- III - voluntariamente:
vidor público estável ficará em disponibilidade remunerada, até seu a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se
adequado aproveitamento em outro cargo de atribuições e venci- mulher, com proventos integrais;
mentos compatíveis com o anteriormente ocupado, respeitada a b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magisté-
habilitação exigida. rio, se professor, e aos vinte e cinco, se professora, com proventos
Art. 61 A administração fazendária e seus servidores fiscais te- integrais;
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência c) aos trinta anos de exercício, se homem, e aos vinte e cinco,
sobre os demais setores administrativos municipais, na forma da se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
lei. d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessen-
Art. 62 O Município manterá plano de previdência e assistência ta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
sociais para o agente político e o servidor público submetido a regi- § 1º As exceções ao disposto no inciso III, alíneas “a” e “c”, no
me próprio e para a sua família. caso de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres ou
§ 1º O plano de previdência e assistência sociais visa a dar co- perigosas, serão as estabelecidas em legislação federal. (Redação
bertura aos riscos a que estão sujeitos os beneficiários menciona- dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 1/1992)
dos no artigo e atenderá, nos termos da lei, a: § 2º A lei disporá sobre a aposentadoria em cargo, função ou
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, velhice, aciden- emprego temporários.
te em serviço, falecimento e reclusão; § 3º O tempo de serviço público será computado integralmente
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; para os efeitos de aposentadoria e disponibilidade.
III - assistência à saúde; § 4º Os proventos da aposentadoria e as pensões por morte,
IV - ajuda à manutenção dos dependentes dos beneficiários. nunca inferiores ao salário mínimo, serão revistos, na mesma pro-
§ 2º O plano será custeado com o produto da arrecadação de porção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração
contribuições sociais obrigatórias do servidor público e do agente do servidor em atividade.
político, do Poder, do órgão ou da entidade a que se encontra vin- § 5º Serão estendidos ao inativo os benefícios ou vantagens
culado, e de outras fontes de receita definidas em lei. posteriormente concedidos ao servidor em atividade, mesmo
quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo
ou da função em que se tiver dado a aposentadoria.
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§ 6º O benefício da pensão por morte corresponderá à totalida- Art. 2º Os ocupantes do cargo público efetivo de Fiscal de Ati-
de dos vencimentos ou proventos do servidor falecido, até o limite vidades Urbanas e Controle Ambiental exercerão o poder de polícia
estabelecido em lei, observado o disposto nos §§ 4º e 5º. administrativa do Município, preventivo, educativo, fiscalizador e
§ 7º A pensão de que trata o parágrafo anterior será devida ao repressivo, nas áreas de atividades em vias urbanas, controle am-
cônjuge ou companheiro e aos demais dependentes, na forma da lei. biental, limpeza urbana, obras e posturas, conforme as atribuições
§ 8º É assegurado ao servidor afastar-se da atividade a partir descritas no Anexo I desta lei, além de outras tarefas pertinentes
da data do requerimento de aposentadoria, e sua não-concessão previstas em regulamento, inclusive as decorrentes da aplicação do
importará a reposição do período de afastamento. inciso III do art. 80-Y da Lei nº 9.011, de 1º janeiro de 2005, com a
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem redação dada pela Lei nº 10.101, de 14 de janeiro de 2011.
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na § 1º O nível de escolaridade exigido para provimento do cargo
atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos siste- público efetivo de Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambien-
mas de previdência social se compensarão financeiramente, segun- tal é de ensino superior completo, e o seu quantitativo é o seguinte:
do critérios estabelecidos em lei federal.
§ 10 Nenhum benefício ou serviço da previdência social poderá
CARGO PÚBLICO EFETIVO QUANTITATIVO
ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total. Fiscal de Atividades Urbanas e 600 (seiscentas) vagas
Art. 64 O servidor público que retornar à atividade após a ces- Controle Ambiental
sação dos motivos que causaram sua aposentadoria por invalidez
terá direito, para todos os fins, salvo para o de promoção, à conta- § 2º O Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental de-
gem do tempo relativo ao período de afastamento. senvolverá suas atividades na Secretaria Municipal Adjunta de Fis-
Art. 65 Incumbe a entidade da administração indireta gerir, calização, nas unidades administrativas dos órgãos e das entidades
com exclusividade, o sistema de previdência e assistência sociais da Administração Municipal e nos locais onde for designado para o
dos servidores públicos e agentes políticos. cumprimento de suas atribuições institucionais.
§ 1º Os cargos de direção da entidade serão ocupados por ser- § 3º Para fins do disposto nesta lei, considera-se nível supe-
vidores municipais de carreira dela contribuintes, ativos e aposen- rior a formação em educação superior que compreende curso ou
tados, observada a habilitação profissional exigida quando se tratar programa de graduação, na forma da Lei de Diretrizes e Bases da
de diretoria técnica. Educação.
§ 2º Um terço dos cargos de direção da entidade será provido § 4º A exigência descrita no § 1º deste artigo não se aplica aos
por servidor efetivo, eleito pelos filiados ativos e aposentados, para atuais integrantes da carreira Fiscal Integrado Municipal. (Redação
mandato de dois anos, vedada a recondução consecutiva. dada pela Lei nº 10.927/2016)
§ 3º Homologado o resultado da eleição, o Prefeito, nos vinte Art. 3º A Tabela de Vencimentos-base do Plano de Carreira da
dias subseqüentes, nomeará o eleito e lhe dará posse. Área de Atividades de Fiscalização Integrada é a constante do Anexo
§ 4º Caso o Prefeito não o nomeie ou emposse, no prazo do II.
parágrafo anterior, ficará o eleito investido no respectivo cargo. § 1º - O cargo público efetivo de Fiscal Integrado Fiscal de Ati-
vidades Urbanas e Controle Ambiental terá 15 (quinze) níveis na
Tabela de Vencimentos-base do Anexo II, sendo que o valor de ven-
cimento-base atribuído a cada nível corresponde à jornada de tra-
DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO balho de 40 (quarenta) horas semanais. (Redação dada pela Lei nº
E DAS ATRIBUIÇÕES DA FISCALIZAÇÃO DE CONTROLE UR- 10.927/2016)
BANÍSTICO E AMBIENTAL NOS ENFOQUES PREVENTIVO, § 2º - A jornada de trabalho do ocupante do cargo público efe-
EDUCATIVO, FISCALIZADOR E REPRESSIVO NAS ÁREAS DE tivo de Fiscal Integrado Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Am-
ATIVIDADES EM VIAS URBANAS, CONTROLE AMBIENTAL, biental será prestada conforme escalas, turnos de horários e dias da
LIMPEZA URBANA, OBRAS E POSTURAS semana a serem definidos no regulamento desta Lei, de acordo com
as especificidades das atividades e das necessidades da Administra-
ção Municipal. (Redação dada pela Lei nº 10.927/2016)
LEI Nº 10.308, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2011 Art. 4º Fica instituída a Gratificação por Alcance das Metas de
(REGULAMENTADA PELOS DECRETOS Nº 15.064/2012, Nº Produtividade da Fiscalização Integrada - GAMPFI -, a ser paga aos
15.163/2013 E Nº 16.202/2016, LEI Nº 10.671/2013) Fiscais Integrados em efetivo exercício das atribuições de seus car-
gos públicos.
CRIA O CARGO PÚBLICO EFETIVO DE FISCAL DE ATIVIDADES UR- § 1º - A GAMPFI tem como medida de valor e parâmetro de
BANAS E CONTROLE AMBIENTAL, INSTITUI O PLANO DE CARREIRA atualização a Unidade Padrão de Fiscalização Integrada - UPFI -, ob-
DA ÁREA DE ATIVIDADES DE FISCALIZAÇÃO INTEGRADA DA PREFEI- servado o teto máximo mensal individual de 375 (trezentas e seten-
TURA DE BELO HORIZONTE, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. (Redação ta e cinco) UPFIs.
dada pela Lei nº 10.927/2016) § 2º A partir de 1º de abril de 2020, o valor da UPFI da GAMPFI
será de R$ 4,46 (quatro reais e quarenta e seis centavos). (Redação
Art. 1º Fica criado o cargo público efetivo de Fiscal Integrado dada pela Lei nº 11224/2020)
Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental e o respecti- § 3º - A GAMPFI será paga conjuntamente com os demais ren-
vo Plano de Carreira da Área de Atividades de Fiscalização Inte- dimentos a que o servidor tem direito, devendo ser comprovada
grada da Prefeitura de Belo Horizonte. (Redação dada pela Lei nº através do Relatório Mensal de Apuração da GAMPFI - REMFI -, con-
10.927/2016) forme modelo a ser definido em regulamento.
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§ 4º - A apuração da GAMPFI será efetuada mediante atribui- desempenho coletivo resulte no alcance das Metas de Otimização
ção às tarefas de UPFIs positivas e dedução de UPFIs negativas, em dos Serviços Públicos de Fiscalização Integrada, farão jus a até 510
conformidade com as normas e os critérios estabelecidos em regu- (quinhentas e dez) UPFIs a cada semestre, conforme dispuser o re-
lamento. gulamento desta Lei.
§ 5º - Somente fará jus ao recebimento da GAMPFI o Fiscal In- § 1º - Para efeito de atribuição e pagamento do excedente de
tegrado Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental lotado UPFIs a que se refere o caput deste artigo, as Metas de Otimização
e em efetivo cumprimento das atribuições de seu cargo público nas dos Serviços Públicos de Fiscalização Integrada serão consideradas
unidades da Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização, ou em superadas exclusivamente mediante o alcance dos índices e dos pa-
exercício de cargo em comissão nessa pasta e nas unidades de fisca- râmetros definidos por ato do Prefeito.
lização das Secretarias de Administração Regional Municipal, além § 2º - As UPFIs devidas em decorrência das Metas de Otimiza-
das unidades administrativas dos órgãos e entidades da Administra- ção a que se refere o caput deste artigo e que forem efetivamente
ção Municipal e nos locais onde for designado para o cumprimento pagas ao servidor não se incorporarão à sua remuneração em qual-
das tarefas de seu cargo público efetivo. (Redação dada pela Lei nº quer hipótese ou para qualquer fim, exceto para fins de desconto
10.927/2016) do imposto de renda e, conforme a hipótese, da contribuição previ-
§ 6º - Considera-se efetivo exercício, para fins de percepção da denciária, e não integrarão o pagamento de férias regulamentares
GAMPFI, as seguintes hipóteses em que a vantagem será calculada ou da gratificação natalina.
pela média aritmética simples dos pontos atribuídos ao servidor § 3º Para fins do disposto no caput deste artigo o valor da UPFI
nos 36 (trinta e seis) meses imediatamente anteriores ao mês do para as Metas de Otimização dos Serviços Públicos de Fiscalização
afastamento ou, no caso de não ter ainda completado este período Integrada será de R$ 3,76 (três reais e setenta e seis centavos). (Re-
de efetivo exercício, pela média aritmética simples dos meses em dação acrescida pela Lei nº 11224/2020)
que estiver em exercício: Art. 6º Além das atribuições de seus cargos, os Fiscais Integra-
I - a execução de tarefa técnico-fiscal, mediante expressa de- dos não exercerão outra atividade, pública ou privada, exceto fun-
signação do titular da Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização; ções de Magistério.
II - a missão de estudo e treinamento, inclusive a participação Art. 7º Os Fiscais Integrados evoluirão em sua carreira por meio
em congresso e similar, de interesse fiscal, quando autorizados pelo da progressão profissional, que se constitui na promoção do servi-
titular da Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização; dor ao nível de vencimento-base imediatamente superior ao que
III - o exercício de mandato eletivo da diretoria executiva de estiver posicionado na tabela do Anexo II deste plano, após o cum-
entidade sindical representativa do Fiscal de Atividades Urbanas e primento das condições estipuladas no art. 91 da Lei nº 7.169/96.
Controle Ambiental; (Redação dada pela Lei nº 10.927/2016) § 1º O servidor terá computados, para os fins da progressão
IV - o exercício de mandato eletivo municipal, caso o servidor profissional, os afastamentos previstos no § 2º do art. 173 da Lei
opte pela remuneração de seu cargo na PBH. nº 7.169/96.
§ 7º A critério do Prefeito, poderá fazer jus à GAMPFI o Fiscal § 2º É vedado ao Fiscal Integrado levar à conta do período pre-
Integrado Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental que se visto no art. 91 da Lei nº 7.169/96 o tempo de serviço público fede-
encontre no exercício de cargo ou emprego público de provimento ral, estadual ou municipal por ele desempenhado anteriormente ao
em comissão da estrutura organizacional da Administração Pública seu ingresso neste plano de carreira, ressalvadas as exceções pre-
Municipal. (Redação dada pela Lei nº 10.753/2014) (Redação dada vistas no § 2º do art. 12 e no § 3º do art. 13 desta lei. (rEDação dada
pela Lei nº 10.927/2016) pela Lei nº 11.153/2019)
§ 8º - A GAMPFI será devida ao servidor que se afastar do exer- Art. 8º Ao Fiscal de Controle Urbanístico e Ambiental que al-
cício de sua função nas hipóteses das licenças previstas nos incisos cançar título de escolaridade superior ou complementar ao exigido para
I a IV, VI, VII e X do art. 140 da Lei nº 7.169, de 30 de agosto de o seu cargo público efetivo e a ele diretamente relacionado poderá ser
1996, bem como nas hipóteses de convocação do Tribunal do Júri concedida a progressão por escolaridade, desde que tenha obtido a pro-
e da Justiça Eleitoral, situações em que a vantagem pecuniária será gressão por merecimento a que se refere o art. 7º desta lei, observadas
paga conforme a média aritmética atualizada dos valores recebidos as demais condições estabelecidas no regulamento desta lei e respeita-
a tal título nos últimos 12 (doze) meses anteriores à concessão da dos os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11222/2020)
licença, ou, no caso de não ter ainda completado esse período de I - curso de graduação, nas modalidades tecnólogo, bachare-
efetivo exercício, pela média aritmética simples dos meses em que lado e licenciatura, autorizado pelo Ministério da Educação - MEC,
estiver em exercício. e que tenha pertinência temática com as atribuições do seu cargo
§ 9º A GAMPFI, que integrará o pagamento das férias regula- efetivo - dois níveis; (Redação dada pela Lei nº 11.153/2019)
mentares e da gratificação natalina, não servirá de base para o cál- II - curso de pós-graduação lato sensu - 1 (um) nível, observa-
culo de qualquer outra parcela remuneratória e será incorporada dos critérios específicos definidos em decreto; (Redação dada pela
para fins de aposentadoria e pensão, o que ocorrer primeiro, com Lei nº 11.080/2017)
base na média aritmética do percentual mensal dos pontos obtidos III - além do nível concedido em decorrência do curso men-
pelo servidor em relação ao teto vigente, à razão de 1/30 (um trinta cionado no inciso II do caput deste artigo, será concedido 1 (um)
avos) para as mulheres e de 1/35 (um trinta e cinco avos) para os nível nas Tabelas de Vencimentos-base e Salários-base previstas
homens, por ano de recebimento, até o limite de um inteiro, se- nos anexos II e III desta lei, ao Fiscal de Controle Urbanístico e Am-
gundo o valor vigente do ponto à data da concessão do benefício biental por conclusão de cursos de aperfeiçoamento profissional,
previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 11.144/2018) de qualificação e de requalificação, relacionados diretamente com
Art. 5º A partir de 1º de janeiro de 2013, além dos pontos as atribuições de seu cargo e cujo somatório seja igual ou supe-
da GAMPFI previstos no § 1º do art. 4º desta Lei, os Fiscais Inte- rior a 360 (trezentas e sessenta) horas; (Redação dada pela Lei nº
grados em exercício das atribuições de seus cargos públicos, cujo 11222/2020)
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IV - curso de graduação, nas modalidades tecnólogo, bachare- lização Geral - UPFG, medida de valor e parâmetro de atualização
lado e licenciatura, autorizado pelo Ministério da Educação - MEC da Gratificação de Desempenho da Fiscalização Geral - GEFEG, ins-
- e que tenha pertinência temática com as atribuições do seu cargo tituída no art. 9º e seguintes da referida Lei nº 8.691/03, conforme
efetivo - 2 (dois) níveis; (Redação acrescida pela Lei nº 11222/2020) os valores pagos até o instante de sua opção.
V - mestrado, com dissertação aprovada, realizado em insti- § 1º - Exercida a opção prevista no caput deste artigo, e após
tuição comprovadamente credenciada - 2 (dois) níveis; (Redação a incorporação da GEFEG, os vencimentos-base previstos na Tabela
acrescida pela Lei nº 11222/2020) do Anexo III do Plano de Carreira da Área de Atividades de Fiscaliza-
VI - doutorado, com tese aprovada, realizado em instituição ção da Prefeitura de Belo Horizonte, instituído pela Lei nº 8.691/03,
comprovadamente credenciada - 2 (dois) níveis. (Redação acrescida passam a ser os seguintes:
pela Lei nº 11222/2020)
§ 1º - Os cursos mencionados no inciso III do caput deste artigo,
TABELA DE VENCIMENTOS-BASE (VALORES EM R$)
cujos conteúdos, modalidades, áreas de interesses e quantidade de
vagas serão definidos em Decreto, devem atender, dentre outros FISCAL MUNICIPAL DE ATIVIDADES EM VIAS URBA-
critérios fixados no referido ato normativo, os seguintes requisitos: NAS,
I - sejam de interesse da Administração Pública municipal; NÍVEL FISCAL MUNICIPAL DE CONTROLE AMBIENTAL,
II - sejam ministrados pelos órgãos ou entidades da Administra- FISCAL MUNICIPAL DE OBRAS E FISCAL MUNICIPAL
ção direta e indireta do Poder Executivo ou por instituição de ensino DE POSTURAS
conveniada com o Município de Belo Horizonte;
III - possuam carga horária mínima de 20 (vinte) horas; 1 2.769,99
IV - sejam concluídos após a publicação desta Lei, observado o 2 2.908,49
intervalo máximo de 5 (cinco) anos entre a conclusão do primeiro
3 3.053,91
e a do último curso que compõem o somatório de 360 (trezentas e
sessenta) horas a que alude o inciso III do caput deste artigo. 4 3.206,61
§ 2º - Serão conferidos, em toda a carreira do Fiscal de Ativida- 5 3.366,94
des Urbanas e Controle Ambiental o máximo de 4 (quatro) níveis na
Tabela de Vencimentos-base por grau de escolaridade superior ao 6 3.535,29
exigido para o seu cargo público efetivo. (Redação dada pela Lei nº 7 3.712,05
10.927/2016)
Art. 9º Fica instituído o Abono por Indenização de Deslocamento 8 3.897,65
Fiscal Urbano, a ser pago aos Fiscais Integrados, tendo por objetivo o de- 9 4.092,54
senvolvimento das ações da fiscalização integrada desempenhadas no
10 4.297,16
âmbito do Município. (Regulamentado pelo Decreto nº 16.326/2016)
§ 1º - O Abono por Indenização de Deslocamento Fiscal Urbano 11 4.512,02
será devido no valor mensal de até R$ 800,00 (oitocentos reais) e 12 4.737,62
será pago exclusivamente ao Fiscal de Atividades Urbanas e Con-
trole Ambiental, inclusive quando do exercício do comissionato nas 13 4.974,50
unidades de fiscalização integrada, proporcionalmente à sua frequ- 14 5.223,23
ência no período e que tenha se deslocado na circunscrição do Mu-
nicípio, em exercício das atribuições de seu cargo público. (Redação 15 5.484,39
dada pelas Leis nº 10.927/2016 e nº 11.134/2018)
§ 2º - O Abono por Indenização de Deslocamento Fiscal Urbano § 2º - Aplica-se o disposto neste artigo aos servidores aposen-
não se incorporará à remuneração do Fiscal de Atividades Urbanas tados nos cargos públicos de Fiscal Municipal de Atividades em Vias
e Controle Ambiental, em nenhuma hipótese, e não servirá de base Urbanas, Fiscal Municipal de Controle Ambiental, Fiscal Municipal
de incidência para qualquer desconto ou acréscimo. (Redação dada de Obras e Fiscal Municipal de Posturas, integrantes do Plano de
pela Lei nº 10.927/2016) Carreira da Área de Atividades de Fiscalização, e aos pensionistas
cujos benefícios previdenciários sejam oriundos desses cargos pú-
CAPÍTULO II blicos, e que façam jus à paridade dos seus proventos e pensões
DA FISCALIZAÇÃO DE VIAS URBANAS, CONTROLE AMBIEN- com a remuneração atribuída ao cargo público efetivo do qual de-
TAL, OBRAS E POSTURAS rive o benefício previdenciário respectivo, observada a condição de
integralidade ou de proporcionalidade que lhes for atribuída por
Art. 10 - Os atuais ocupantes dos cargos públicos efetivos de ocasião da concessão do benefício previdenciário inicial, em confor-
Fiscal Municipal de Atividades em Vias Urbanas, Fiscal Municipal de midade com o disposto no art. 40 da Constituição Federal.
Controle Ambiental, Fiscal Municipal de Obras e Fiscal Municipal de § 3º - Os servidores inativos e os pensionistas referidos no §
Posturas que, tendo exercido as faculdades prevista no § 2º do art. 2º deste artigo, em cujo benefício previdenciário tenha sido incor-
2º da Lei nº 8.691, de 19 de novembro de 2003, e no art. 3º da Lei porada fração ou a integralidade da GEFEG, por decisão judicial
nº 9.469 de 14 de dezembro de 2007, farão jus, mediante opção in- ou por meio de dispositivo legal, como a previsão do art. 3º da Lei
dividual, expressa, definitiva, irretratável, irrestrita e sem ressalvas, nº 9.469/07, e suas alterações, e que exercerem a opção referida
cujos prazos e condições serão definidos no regulamento desta Lei, no caput, declararão no ato da sua opção estar cientes de que os
à incorporação aos seus vencimentos-base do valor corresponden- pontos da GEFEG a serem incorporados serão deduzidos da parcela
te à integralidade dos pontos positivos da Unidade Padrão da Fisca- dessa vantagem.
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§ 4º - Após a incorporação da vantagem de que trata este arti-


12 4.737,62
go, o valor que exceder o nível de vencimento-base em que o ser-
vidor inativo ou o pensionista estiver posicionado na data da publi- 13 4.974,50
cação desta Lei será considerado parcela remuneratória, atualizável 14 5.223,23
conforme os termos do art. 49 da Lei Orgânica do Município de Belo
Horizonte - LOMBH. (Vide Lei nº 11.134/2018) 15 5.484,39
§ 5º - Os servidores públicos efetivos ocupantes dos cargos pú-
blicos efetivos de Fiscal Municipal de Atividades em Vias Urbanas, § 2º - Os empregados públicos efetivos ocupantes dos empre-
Fiscal Municipal de Controle Ambiental, Fiscal Municipal de Obras gos públicos de Fiscal de Limpeza Urbana, integrantes do Plano de
e Fiscal Municipal de Posturas que não exercerem a opção previs- Carreira da SLU, que não exercerem a opção prevista no caput deste
ta no caput deste artigo permanecerão fazendo jus à GEFEG e aos artigo, permanecerão fazendo jus à PROFLU e aos seus respectivos
seus respectivos vencimentos-base nos valores pagos até a data da salários-base no limite de pontos e nos valores pagos até a data da
publicação desta Lei. publicação desta Lei.
§ 6º - Os cargos públicos efetivos de Fiscal Municipal de Ati- § 3º - Em decorrência do disposto no inciso VI do art. 80-T e no
vidades em Vias Urbanas, Fiscal Municipal de Controle Ambiental, inciso I do art. 80-Y, ambos da Lei nº 9.011/05, e suas alterações,
Fiscal Municipal de Obras e Fiscal Municipal de Posturas serão ex- combinado com o inciso IV do § 1º do art. 106 do referido diploma
tintos quando de sua vacância. (Regulamentado pelo Decreto nº legal, os Fiscais de Limpeza Urbana poderão ser cedidos para exer-
14.649/2011) cer as atribuições de seus empregos públicos no âmbito da Admi-
nistração Direta do Poder Executivo, conforme dispuser convênio
CAPÍTULO III específico para essa finalidade, e terão preservados seus respecti-
DA FISCALIZAÇÃO DE LIMPEZA URBANA vos contratos de trabalho celebrados com a SLU.
§ 4º - Em decorrência da criação do cargo público efetivo de
Art. 11 - Os atuais ocupantes do emprego público efetivo de Fiscal Integrado Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental
Fiscal de Limpeza Urbana, integrante do Plano de Carreira da Su- nesta Lei, e da competência atribuída à Secretaria Municipal Adjun-
perintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte - SLU - que, ta de Fiscalização no inciso I do art. 80-Y da Lei nº 9.011/05, os em-
tendo exercido as faculdades previstas no § 2º do art. 2º da Lei nº pregos públicos de Fiscal de Limpeza Urbana serão extintos quando
9.329, de 29 de janeiro de 2007, e no art. 10 da Lei nº 9.469 de 14 de sua vacância. (Regulamentado pelo Decreto nº 14.649/2011)
de dezembro de 2007, farão jus, mediante opção individual, expres- (Redação dada pela Lei nº 10.927/2016)
sa, definitiva, irretratável, irrestrita e sem ressalvas, cujos prazos e
condições serão definidos no regulamento desta Lei, à incorporação CAPÍTULO IV
aos seus salários-base do valor correspondente à integralidade dos DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
pontos positivos da Gratificação de Produtividade Fiscal de Limpeza
Urbana - PROFLU, instituída pela Lei nº 7.792, de 03 de setembro de Art. 12 - Os atuais servidores ocupantes dos cargos públicos de
1999, e suas alterações, conforme os valores pagos até o instante Fiscal Municipal de Atividades em Vias Urbanas, Fiscal Municipal de
de sua opção. Controle Ambiental, Fiscal Municipal de Obras e Fiscal Municipal de
§ 1º - Exercida a opção prevista no caput deste artigo, e após Posturas, integrantes do Plano de Carreira da Área de Atividades
a incorporação da PROFLU, os salários-base previstos na Tabela do de Fiscalização, que, tendo exercido as faculdades mencionadas no
Anexo III do Plano de Carreira da SLU para o emprego público efeti- caput do art. 10 desta Lei, terão, mediante opção individual, expres-
vo de Fiscal de Limpeza Urbana passam a ser os seguintes: sa, definitiva, irretratável, irrestrita e sem ressalvas, cujos prazos e
condições serão definidos no regulamento desta Lei, os seus cargos
públicos transformados no cargo público efetivo de Fiscal Integrado
TABELA DE SALÁRIOS-BASE (VALORES EM R$) Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental, integrante do
NÍVEL FISCAL DE LIMPEZA URBANA Plano de Carreira da Área de Atividades de Fiscalização Integrada,
e passarão a desenvolver as atribuições previstas no Anexo I des-
1 2.769,99
ta Lei e em seu regulamento. (Regulamentado pelo Decreto nº
2 2.908,49 14.650/2011) (Redação dada pela Lei nº 10.927/2016)
3 3.053,91 § 1º - O servidor optante na forma do caput deste artigo será
posicionado na Tabela de Vencimentos-base do Plano de Carreira
4 3.206,61 da Área de Atividades de Fiscalização Integrada prevista no Anexo
5 3.366,94 II-A desta Lei, conforme o nível de vencimento-base que lhe for atri-
buído no instante anterior ao da sua opção, e fará jus às vantagens
6 3.535,29 pecuniárias devidas ao Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Am-
7 3.712,05 biental, conforme a disciplina deste diploma legal, sem prejuízo da
parcela remuneratória que decorrer da aplicação do § 3º do art. 4º
8 3.897,65
da Lei nº 8.691/03 por ocasião de sua opção pelo Plano de Carreira
9 4.092,54 da Área de Atividades de Fiscalização e das demais vantagens pes-
10 4.297,16 soais a que faz jus. (Redação dada pela Lei nº 10.927/2016)
§ 2º - O servidor optante na forma do caput deste artigo terá
11 4.512,02 o tempo que se iniciou desde a sua aprovação no último processo
avaliatório a que se submeteu no Plano de Carreira da Área de Ati-
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vidades de Fiscalização, utilizado para os fins da contagem temporal Art. 14 - Os atuais ocupantes dos cargos públicos efetivos de Fis-
necessária à sua evolução neste Plano de Carreira da Fiscalização cal Sanitário Municipal de Nível Superior e Fiscal Sanitário Municipal,
integrada, prevista no inciso II do art. 7º desta Lei, respeitadas as que, tendo exercido as faculdades previstas no § 2º do art. 2º da Lei
demais condições estabelecidas no referido dispositivo, sendo-lhe nº 8.788, de 2 de abril de 2004, e no art. 16 da Lei nº 9.443, de 18
vedado, entretanto, levar à conta de sua progressão profissional por de outubro de 2007, farão jus, mediante opção individual, expressa,
escolaridade a que se refere o art. 8º deste diploma os cursos que definitiva, irretratável, irrestrita e sem ressalvas, cujos prazos e condi-
tenham sido por ele utilizados para os fins da progressão prevista ções serão definidos no regulamento desta Lei, à incorporação aos seus
no art. 8º da Lei nº 8.691/03. vencimentos-base do valor correspondente a 304 (trezentos e quatro)
Art. 13 - Os Fiscais de Limpeza Urbana que, tendo exercido as pontos positivos da Unidade Padrão da Fiscalização Sanitária - UPFS,
faculdades previstas no caput do art. 11 desta Lei, poderão, me- medida de valor e parâmetro de atualização da Gratificação de Desem-
diante opção individual, expressa e sem ressalvas, cujos prazos e penho da Fiscalização Sanitária - GEFES, instituída no art. 9º e seguintes
condições serão definidos no regulamento desta Lei, ser cedidos da referida Lei nº 8.788/04, conforme os valores pagos até o instante
para a Administração Direta do Poder Executivo e lotados na Secre- de sua opção. (Regulamentado pelo Decreto nº 14.649/2011)
taria Municipal Adjunta de Fiscalização, nos termos do convênio a § 1º - Exercida a opção prevista no caput deste artigo, e após a
que alude o § 3º do referido art. 11. (Regulamentado pelo Decreto incorporação da GEFES, os vencimentos-base previstos na Tabela do
nº 14.650/2011) Anexo III do Plano de Carreira dos Servidores da Vigilância Sanitá-
§ 1º - O Fiscal de Limpeza Urbana que exercer as opções pre- ria da Prefeitura de Belo Horizonte, instituído pela Lei nº 8.788/04,
vistas no caput deste artigo terá seu emprego público denominado passam a ser os seguintes:
Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambiental, mantido seu
vínculo celetista com a SLU, e passará a desenvolver as atribuições
TABELA DE SALÁRIOS-BASE (VALORES EM R$)
previstas no Anexo I desta Lei e em seu regulamento, ficando-lhes
conferida, para tanto, competência para o exercício regular do po- FISCAL DE LIMPEZA FISCAL SANITÁRIO MUNICIPAL
NÍVEL
der de polícia administrativa do Município, preventivo, educativo, URBANA DE NÍVEL SUPERIOR
fiscalizador e repressivo concernente àquelas atribuições, confor- 1 2.769,16 3.189,27
me definido em Decreto. (Redação dada pela Lei nº 10.927/2016)
§ 2º - Observada a regra do § 2º do art. 11 da Lei nº 9.329/07, 2 2.907,62 3.348,73
o empregado optante na forma do caput deste artigo fará jus à Ta- 3 3.053,00 3.516,17
bela de Salários-base prevista no Anexo III-A desta Lei, na qual será
4 3.205,65 3.691,98
posicionado conforme o nível de salário-base que lhe for atribuído
no instante anterior ao da sua opção, e nela evoluirá conforme as 5 3.365,93 3.876,58
regras do art. 7º desta Lei, fazendo jus, ainda: 6 3.534,23 4.070,41
I - às vantagens pecuniárias previstas nos artigos 4º, 5º e 9º
desta Lei, conforme as suas respectivas disciplinas; 7 3.710,94 4.273,93
II - à parcela remuneratória que decorrer da aplicação dos §§ 8 3.896,49 4.487,62
2º e 4º do art. 4º da Lei nº 9.329/07 por ocasião de sua opção pelo
Plano de Carreira da SLU, conforme a hipótese; 9 4.091,31 4.712,00
III - às demais vantagens pessoais a que faz jus, inclusive as de- 10 4.295,88 4.947,60
rivadas de seu contrato de trabalho, não se lhe aplicando a legis-
11 4.510,67 5.194,98
lação estatutária de pessoal da estrutura funcional da Administra-
ção direta do Poder Executivo, especialmente o disposto na Lei nº 12 4.736,20 5.454,73
7.169, de 30 de agosto de 1996. 13 4.973,01 5.727,47
§ 3º - O empregado optante na forma do caput deste artigo terá
o tempo que se iniciou desde a sua aprovação no último processo 14 5.221,66 6.013,84
avaliatório a que se submeteu no Plano de Carreira da SLU utilizado 15 5.482,75 6.314,54
para os fins da contagem temporal necessária à sua evolução na Ta-
bela de Salários-base prevista no Anexo III desta Lei, respeitadas as § 2º - Aplica-se o disposto neste artigo aos servidores aposen-
regras estabelecidas no seu art. 7º, sendo-lhe vedado, entretanto, tados nos cargos públicos de Fiscal Sanitário Municipal de Nível
levar à conta de sua progressão profissional por escolaridade a que Superior e Fiscal Sanitário Municipal, integrantes do Plano de Car-
se refere o art. 8º deste diploma os cursos que tenham sido por ele reira dos Servidores da Vigilância Sanitária, e aos pensionistas cujos
utilizados para os fins da progressão prevista no art. 15 da Lei nº benefícios previdenciários sejam oriundos desses cargos públicos
9.329/07. e que façam jus à paridade dos seus proventos e pensões com a
§ 4º - O empregado optante na forma do caput deste artigo, no remuneração atribuída ao cargo público efetivo do qual derive o be-
ato de sua opção, deve manifestar seu consentimento individual, nefício previdenciário respectivo, observada a condição de integra-
expresso e sem ressalvas em relação à fórmula de cálculo dos salá- lidade ou de proporcionalidade que lhes for atribuída por ocasião
rios-base que lhes forem atribuídos no Anexo III desta Lei e aos seus da concessão do benefício previdenciário inicial, em conformidade
demais dispositivos. com o disposto no art. 40 da Constituição Federal.
§ 5º - As despesas decorrentes da aplicação deste artigo se- § 3º - Os servidores inativos e os pensionistas referidos no §
rão suportadas diretamente pelo cedente, mediante ressarcimento 2º deste artigo, em cujo benefício previdenciário tenha sido incor-
pelo cessionário. porada fração ou a integralidade da GEFES, por decisão judicial ou

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por meio de dispositivo legal, como a previsão do art. 16 da Lei nº § 6º - Ficam criados os cargos em comissão de recrutamento
9.443/07, e suas alterações, e que exercerem a opção referida no amplo de Secretário da Junta Integrada de Julgamento Fiscal e de
caput deste artigo, declararão no ato de sua opção estar cientes de Secretário da Junta Integrada de Recursos Fiscais, incumbido da
que os pontos da GEFES a serem incorporados serão deduzidos da execução das suas funções operacionais, a ser provido por ato de
parcela dessa vantagem. livre nomeação e exoneração do Prefeito.
§ 4º - Após a incorporação da vantagem de que trata este arti- § 7º - O Anexo I da Lei nº 9.011/05 passa a vigorar com as se-
go, o valor que exceder o nível de vencimento-base em que o ser- guintes alterações:
vidor inativo ou o pensionista estiver posicionado na data da publi-
cação desta Lei será considerado parcela remuneratória, atualizável “ANEXO I
conforme os termos do art. 49 da Lei Orgânica do Município de Belo QUADRO DE CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO E FUN-
Horizonte - LOMBH. ÇÕES PÚBLICAS DE CONFIANÇA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA
§ 5º - O valor da Unidade Padrão da Fiscalização Sanitária - UPFS DO PODER EXECUTIVO E DE CORRELAÇÃO COM OS CARGOS E
- para os servidores que exercerem a opção a que se refere o caput FUNÇÕES ANTERIORES
deste artigo, passa a ser de R$ 6,07 (seis reais e sete centavos).
§ 6º - Os servidores públicos efetivos ocupantes dos cargos
CARGO OU FUNÇÃO CARGO OU FUNÇÃO QUANTIDADE
públicos efetivos de Fiscal Sanitário Municipal de Nível Superior e
PÚBLICAPREVISTOS NA PÚBLICAPREVISTOS DE VAGAS
Fiscal Sanitário Municipal que não exercerem a opção prevista no
LEGISLAÇÃO ANTERIOR NESTA LEI
caput deste artigo permanecerão fazendo jus à GEFES e aos seus
respectivos vencimentos-base nos valores pagos até a data da pu- (...) (...) (...)
blicação desta Lei. Gerente de 1º Nível Gerente de 1º Nível 258
§ 7º - A vantagem instituída no art. 17 da Lei nº 9.443/07 será -C
paga nas hipóteses de afastamento em decorrência de licença-ma-
ternidade, da licença para tratamento de saúde e da licença por Gerente de 2º Nível Gerente de 2º Nível 560
motivo de acidente em serviço, sendo o pagamento limitado nessas Gerente de 3º Nível Gerente de 3º Nível 312
hipóteses ao período de 6 (seis) meses.
Art. 15 - Ficam instituídas as Juntas Integradas de Julgamento Assessor I Assessor I 103
Fiscal e a Junta Integrada de Recursos Fiscais, unidades vinculadas Assessor II Assessor II 114
à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, incumbidas de julgar Assessor III Assessor III-C 45
em primeira e segunda instância administrativa, respectivamente,
os contenciosos administrativos decorrentes das ações fiscais nas Assessor Jurídico III Assessor Jurídico 20
áreas de atividades em vias urbanas, controle ambiental, limpeza III-C
urbana, obras e posturas.
§ 1º - Haverá uma Junta Integrada de Julgamento Fiscal em
cada uma das Secretarias de Administração Regional Municipal, e (...) (...) (...)
seus membros serão designados mediante ato do Secretário Mu- Secretário da 1
nicipal de Serviços Urbanos e escolhidos dentre os servidores e Junta Integradade
empregados ocupantes de cargos e empregos públicos efetivos e Recursos Fiscais
comissionados com conhecimento da legislação fiscal integrada.
Secretário da 9
§ 2º - A Junta Integrada de Recursos Fiscais, responsável por
Junta Integradade
julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas Integradas de
Julgamento Fiscal
Julgamento Fiscal, terá seus membros designados por ato de livre
nomeação do Prefeito.
§ 3º - A cada membro integrante das Juntas Integradas de Jul- (NR)”
gamento Fiscal e da Junta Integrada de Recursos Fiscais, efetivo ou § 8º - Ficam inseridas as seguintes linhas no Anexo II da Lei
suplente, serão atribuídos os seguintes jetons: nº 9.011/05 e suas alterações, relativas aos cargos públicos em co-
I - nas Juntas Integradas de Julgamento Fiscal: R$35,00 (trinta e missão de Secretário da Junta Integrada de Julgamento Fiscal e de
cinco reais) por comparecimento a sessão de julgamento e R$20,00 Secretário da Junta Integrada de Recursos Fiscais:
(vinte reais) por processo em que atuar como relator;
II - na Junta Integrada de Recursos Fiscais: R$50,00 (cinqüenta “ANEXO II
reais) por comparecimento a sessão de julgamento e R$35,00 (trin- QUADRO DE EXIGÊNCIAS PARA PROVIMENTO
ta e cinco reais) por processo em que atuar como relator.
§ 4º - Os jetons mencionados no § 3º deste artigo, por exercí- CARGO REQUISITO PARA PROVIMENTO
cio de relatoria, não serão devidos nas hipóteses de serem os pro-
(...) (...)
cessos classificados como próprios do rito sumário e/ou estarem
relacionados à matéria deliberada em súmula vinculante, conforme Secretário da Junta Integrada conhecimentos específicos
dispuser o regulamento. de Recursos Fiscais
§ 5º - A estrutura, a organização e o funcionamento das uni- Secretário da Junta Integrada conhecimentos específicos
dades criadas no caput deste artigo serão estabelecidos no regula- de Julgamento Fiscal
mento desta Lei.

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(NR)”
§ 9º - Ficam inseridas no Anexo V da Lei nº 9.011/05 as seguintes linhas referentes aos cargos públicos em comissão de Secretário da
Junta Integrada de Recursos Fiscais e de Secretário da Junta Integrada de Julgamento Fiscal:

“ANEXO V
PISOS DE REMUNERAÇÃO E GRATIFICAÇÕES DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DOS CARGOS PÚBLICOS EM COMISSÃO RELACIONA-
DOS NESTE ANEXO V

GRATIFICAÇÃO DEDEDICAÇÃO
CARGO PÚBLICO EM COMISSÃO PISO DE REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA TOTAL
(...) (...) (...)
Secretário da JuntaIntegrada de Recursos Fiscais
995,28 995,28 1.990,56
Secretário da JuntaIntegrada de Julgamento Fiscal
622,05 622,05 1.244,10

§ 10 - Os pisos de remuneração e a Gratificação de Dedicação Exclusiva previstos na Tabela do Anexo V da Lei nº 9.011/05 para os
cargos públicos em comissão de Secretário da Junta Integrada de Recursos Fiscais e de Secretário da Junta Integrada de Julgamento Fiscal
serão pagos nos valores e nas datas previstas na seguinte Tabela:

1º DE NOVEMBRO DE 2011 OU A
CARGO PÚBLICO PARTIR DAPUBLICAÇÃO DESTA LEI, O 1º DE JULHO DE 2012 1º DE NOVEMBRO DE 2012
EM COMISSÃO QUE OCORRERPOR ÚLTIMO
PISO DE GRATIFICAÇÃO PISO DE GRATIFICAÇÃO PISO DE GRATIFICAÇÃO
REMUNERAÇÃO DEDEDICAÇÃO REMUNERAÇÃO DE DEDICAÇÃO REMUNERAÇÃO DE DEDICAÇÃO
EXCLUSIVA EXCLUSIVA EXCLUSIVA
(...) (...) (...) (...) (...) (...) (...)
Secretário da
Junta Integrada de 995,28 995,28 1.030,12 1.030,12 1.064,95 1.064,95
Recursos Fiscais
Secretário da
JuntaIntegrada de 622,05 622,05 643,82 643,82 665,59 665,59
Julgamento Fiscal

(NR)”
§ 11 - A partir da publicação desta Lei, ficam suprimidas as competências em relação às ações fiscais nas áreas de atividades em vias
urbanas, controle ambiental, limpeza urbana, obras e posturas desenvolvidas até a data da publicação desta Lei pelas unidades e instâncias
de julgamento fiscal instituídas nos artigos 83 e 84 da Lei nº 2.968, de 3 de agosto de 1978, no art. 12 da Lei nº 4.253, de 4 de dezembro
de 1985, combinada com o art. 109 do Decreto nº 5.893, de 16 de março de 1988, no art. 324 da Lei nº 8.616, de 14 de julho de 2003,
combinada com o Decreto nº 13.117, de 16 de abril de 2008, e nos artigos 181 a 183 do Decreto nº 14.060, de 6 de agosto de 2010, e nos
artigos 85 e 86 da Lei nº 9.725, de 15 de julho de 2009, que passarão a ser desempenhadas pelas Juntas Integradas de Julgamento Fiscal e
a pela Junta Integrada de Recursos Fiscais.
Art. 16 - Ficam reabertos por mais 90 (noventa) dias, contados da publicação desta Lei, nos termos do seu regulamento, os prazos das
seguintes opções:
I - a opção do § 2º do art. 2º da Lei nº 8.691/03;
II - a opção do § 2º do art. 2º da Lei nº 8.788/04;
III - a opção do 2º do art. 2º da nº 9.329/07;
IV- a opção do art. 16 da Lei nº 9.443/07;
V- as opções dos artigos 3º e 10 da Lei nº 9.469/07.
§ 1º - Os efeitos financeiros oriundos dos incisos do caput deste artigo serão iniciados a partir das respectivas opções.
§ 2º - Após as incorporações das vantagens previstas na legislação mencionada nos incisos do caput deste artigo, o valor que exceder o
nível de vencimento-base em que o servidor inativo ou o pensionista estiver posicionado na data da publicação desta Lei será considerado
parcela remuneratória, atualizável conforme os termos do art. 49 da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte - LOMBH.
Art. 17 - Em nenhuma hipótese a aplicação desta Lei poderá resultar em vulneração ao disposto no inciso XV do art. 37 da Constituição
da República, respeitados fielmente os incisos XI e XIV do mencionado dispositivo constitucional.

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Art. 18 - Para atender ao disposto nesta Lei, fica o Poder Exe- ANEXO I - B
cutivo autorizado a adaptar seus instrumentos de planejamento fi- DAS ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS INERENTES AO EXERCÍCIO
nanceiro e, nos termos dos artigos 40 a 43, 45 e 46 da Lei Federal DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA
nº 4.320, de 17 de março de 1964, a abrir crédito especial no valor
de R$ 24.248.230,35 (vinte e quatro milhões, duzentos e quarenta Compete ao Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambien-
e oito mil, duzentos e trinta reais e trinta e cinco centavos) ao orça- tal:
mento corrente, bem como reabri-lo pelo seu saldo para o exercício Denominação alterada pela Lei nº 10.927, de 7/6/2016 (Art. 1º)
seguinte. - exercer o poder de polícia administrativa do Município, pre-
Art. 19 - Esta Lei entra em vigor a partir de 1º de novembro ventivo, educativo, fiscalizador e repressivo, nas áreas de atividades
de 2011 ou a partir da data de sua publicação, o que ocorrer por em vias urbanas, controle ambiental, limpeza urbana, obras e pos-
último.Belo Horizonte, 11 de novembro de 2011 Marcio Araujo de turas, conforme as atribuições descritas nesta Lei e em seu regula-
Lacerda mento;
- fiscalizar e fazer cumprir as normas da legislação pertinente às
Prefeito de Belo Horizonte áreas a que se refere o inciso I deste Anexo I-B, mediante vistorias
(Originária do Projeto de Lei nº 1.921/11, de autoria do Exe- espontâneas, sistemáticas e dirigidas;
cutivo) - fiscalizar as atividades de estabelecimentos de qualquer natu-
reza pertinentes às áreas a que se refere o inciso I deste Anexo I-B;
- cumprir plantões internos e externos, quando determinado
ANEXO I - A pela gerência;
DAS ATRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS - colaborar no planejamento das metas fiscais coletivas e/ou
Compete ao Fiscal de Atividades Urbanas e Controle Ambien- individuais, quando solicitado;
tal: - elaborar croqui e/ou registrar imagens do espaço físico visto-
Denominação alterada pela Lei nº 10.927, de 7/6/2016 (Art. riado, edificado ou não, do seu entorno, e dos equipamentos utili-
1º) zados, de modo circunstanciado;
- verificar e/ou acompanhar a resolução de irregularidades de-
- desempenhar funções de interação pública, conforme espe- tectadas em ações fiscais anteriores; VIII - emitir e lavrar documen-
cificado nas políticas da Administração Municipal, estimulando e tos fiscais necessários à aplicação das exigências e penalidades que
favorecendo o exercício pleno da cidadania; lhe forem delegadas por legislação específica;
- ter iniciativa e contribuir para o bom funcionamento da unida- - elaborar relatórios, laudos, comunicações e/ou preencher
de em que estiver desempenhando as suas funções; formulários e outros documentos relacionados à ação fiscal, bem
- zelar pela guarda e conservação dos materiais e equipamen- como efetuar pesquisas e levantamentos internos ou externos;
tos de trabalho; - executar, analisar e acompanhar os programas de ação fiscal,
- desenvolver, sistematizar, aperfeiçoar e corrigir métodos e buscando o aprimoramento das atividades fiscais, no cumprimento
técnicas de trabalho em programas, projetos e serviços da Admi- das normas derivadas do poder de polícia administrativa do Muni-
nistração Municipal, individualmente ou em equipes multidiscipli- cípio;
nares; - prestar informações e/ou emitir parecer em processos e ou-
- zelar pelo cumprimento das normas de saúde e segurança do tros expedientes;
trabalho e utilizar adequadamente equipamentos de proteção indi- - realizar análises e estudos estatísticos de documentos decor-
vidual e coletivo; rentes das ações fiscais, destinados a subsidiar o planejamento e o
- propor à gerência imediata providências para a consecução direcionamento das políticas da Administração Municipal;
plena de suas atividades, inclusive indicando a necessidade de aqui- - elaborar réplica e tréplica fiscal em processos de recursos
sição, substituição, reposição, manutenção e reparo de materiais e oriundos de ações e penalidades impostas em decorrência do exer-
equipamentos; cício do poder de polícia administrativa do Município, assim como
- operar equipamentos de informática, utilizando adequada- em outros expedientes, em casos de solicitação de esclarecimentos
mente os programas e sistemas informacionais postos à sua dispo- ou justificativas em matérias pertinentes à Fiscalização;
sição, contribuindo para os processos de automação, alimentação - participar das Juntas Integradas de Julgamento Fiscal e da Jun-
de dados e desenvolvimento das rotinas de trabalho; ta Integrada de Recursos Fiscais, desempenhando as funções para
- participar de cursos de qualificação e requalificação profis- as quais for designado;
sional e repassar aos seus pares as informações e conhecimentos - participar da elaboração de formulários, manuais de procedi-
técnicos proporcionados pela Administração Municipal; mentos e instruções de serviços relacionados com a atividade fiscal,
- manter-se atualizado sobre as normas municipais e sobre a quando solicitado;
estrutura organizacional da Administração Municipal; - opinar sobre minutas de projetos de lei, de decretos e demais
- manter conduta profissional compatível com os princípios re- atos normativos, bem como elaborar propostas relativas a tais atos,
guladores da Administração Pública, especialmente os princípios da quando solicitado;
ética, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publi- - efetuar pesquisas e levantamentos internos e externos de da-
cidade, da razoabilidade e da eficiência, preservando o sigilo das dos, analisar documentos privados ou públicos referentes a produ-
informações; tos e serviços de interesse da Fiscalização;
- tratar com zelo e urbanidade o cidadão. - comunicar atividades identificadas durante a ação fiscal cuja
competência de execução seja afeta a outras áreas de atividades da
Administração Pública;
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- prestar esclarecimentos e propor alternativas para a solução 12 4.737,62


de irregularidades, inclusive com o suporte de outros agentes pú-
blicos que, institucionalmente, possam oferecer os subsídios neces- 13 4.974,50
sários; 14 5.223,23
- efetuar fiscalização em ações conjuntas decorrentes de con-
vênios ou parcerias firmados pelo Município com outros órgãos ou 15 5.484,39
entidades públicas;
- realizar sindicâncias necessárias à complementação da ação ANEXO II-B
fiscal em sua área de competência; TABELA DE VENCIMENTOS-BASE A PARTIR DE 1º DE DEZEM-
- realizar sindicâncias e preparar subsídios a serem enviados BRO DE 2012
à Procuradoria-Geral do Município, nas ações em que o Município
figure como parte e/ou em atendimento às solicitações do Poder TABELA DE VENCIMENTOS-BASE
Judiciário, do Ministério Público, ou de outros órgãos e entidades (VALORES EM R$)
da Administração Pública destinados à apuração de irregularidades;
FISCAL DE ATIVIDADESURBANAS ECONTROLE
- participar de atividades de aperfeiçoamento profissional, in-
AMBIENTAL
clusive como instrutor, relacionadas com as atribuições específicas
NÍVEL Denominação alteradapela Lei nº 10.927, de
do cargo;
7/6/2016 (Art. 1º)
- participar, integrar e coordenar grupos de trabalho técnico-
-científicos de interesse da Fiscalização, quando autorizado pela 1 2.869,99
gerência; 2 3.013,49
- participar da elaboração e execução de programas educativos
pertinentes à Fiscalização, internos ou externos, quando solicitado; 3 3.164,16
- elaborar o Relatório Mensal de Apuração da GAMPFI (REMFI), 4 3.322,37
conforme o modelo definido em regulamento;
- executar outras atividades correlatas às suas atribuições, con- 5 3.488,49
forme a orientação da gerência, observados a experiência e o trei- 6 3.662,92
namento adequados.
7 3.846,06
ANEXO II 8 4.038,36
TABELA DE VENCIMENTOS-BASE DO PLANO DE CARREIRA DA 9 4.240,28
ÁREA DE ATIVIDADES DE FISCALIZAÇÃO INTEGRADA
10 4.452,30
ANEXO II-A 11 4.674,91
TABELA DE VENCIMENTOS-BASE A PARTIR DO EXERCÍCIO DA
OPÇÃO PREVISTA NO ART. 12 DESTA LEI 12 4.908,66
13 5.154,09
TABELA DE VENCIMENTOS-BASE 14 5.411,79
(Valores em R$)
15 5.682,38
FISCAL DE ATIVIDADES
URBANAS E CONTROLEAMBIENTAL ANEXO III
NÍVEL Denominação alterada pela Lei nº10.927, de TABELA DE SALÁRIOS-BASE DOS OPTANTES NA FORMA DO
7/6/2016 (Art. 1º) ART. 13 DESTA LEI
1 2.769,99
ANEXO III-A
2 2.908,49 TABELA DE SALÁRIOS-BASE A PARTIR DO EXERCÍCIO DA OP-
3 3.053,91 ÇÃO PREVISTA NO ART. 13 DESTA LEI
4 3.206,61
TABELA DE SALÁRIOS-BASE
5 3.366,94 (Valores em R$)
6 3.535,29 FISCAL DE ATIVIDADESURBANAS E CONTROLE
7 3.712,05 AMBIENTAL
NÍVEL Denominação alterada pela Lei nº10.927, de
8 3.897,65
7/6/2016 (Art. 1º)
9 4.092,54
1 2.769,99
10 4.297,16
2 2.908,49
11 4.512,02
3 3.053,91

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a solução para o seu concurso!
LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

4 3.206,61
DA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA, AMBIENTAL E DE LIMPEZA
5 3.366,94 URBANA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
6 3.535,29
7 3.712,05 Prezado(a),
8 3.897,65 A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
9 4.092,54 servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
10 4.297,16 sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
11 4.512,02 cabem na estrutura de nossas apostilas.
12 4.737,62 Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
13 4.974,50
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
14 5.223,23 material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
15 5.484,39 Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
ANEXO III-B apostila.
TABELA DE SALÁRIOS-BASE Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
A PARTIR DE 1º DE DEZEMBRO DE 2012 link a seguir: https://prefeitura.pbh.gov.br/politica-urbana/infor-
macoes/legislacao-urbanistica

TABELA DE SALÁRIOS-BASE
(Valores
em R$)
DA ANÁLISE DE CASOS PROBLEMA, ELABORAÇÃO DE RE-
FISCAL DE ATIVIDADESURBANAS E CONTROLE LATÓRIOS E PARECERES EM RELAÇÃO AOS CONTEÚDOS
AMBIENTAL TRATADOS NESTE EDITAL
NÍVEL Denominação alterada pela Leinº 10.927, de
7/6/2016 (Art. 1º)
ANÁLISE DE CASOS PROBLEMA, ELABORAÇÃO DE RELATÓ-
1 2.869,99 RIOS E PARECERES
2 3.013,49
Análise de casos problema
3 3.164,16
A análise de casos problema é uma técnica muito utilizada em
4 3.322,37 diversas áreas, como administração, direito, engenharia, entre ou-
5 3.488,49 tras. Essa técnica consiste em analisar um problema real, identifi-
car suas causas e consequências, e propor soluções efetivas para
6 3.662,92 resolvê-lo.
7 3.846,06 Ao realizar a análise de um caso problema, é importante que o
analista tenha um bom conhecimento sobre o assunto em questão,
8 4.038,36 bem como sobre as técnicas e ferramentas que podem ser utiliza-
9 4.240,28 das para analisar o problema e propor soluções.
Uma das etapas mais importantes da análise de casos proble-
10 4.452,30
ma é a identificação das questões relevantes. O analista precisa en-
11 4.674,91 tender claramente qual é o problema que está sendo enfrentado,
12 4.908,66 quais são as causas desse problema, quais são as implicações do
problema para as partes envolvidas e quais são as possíveis solu-
13 5.154,09 ções para resolvê-lo.
14 5.411,79 Além disso, a análise de casos problema envolve também a
avaliação das opções disponíveis. O analista deve identificar as al-
15 5.682,38 ternativas possíveis para solucionar o problema, avaliar suas van-
tagens e desvantagens, e escolher a solução mais adequada para
resolver o problema.
Por fim, a análise de casos problema requer a habilidade de
propor soluções efetivas para o problema em questão. Essas solu-
ções devem ser práticas, viáveis e eficazes, de forma a resolver o
problema de maneira efetiva e satisfatória para as partes envolvi-
das.

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Em resumo, a análise de casos problema é uma técnica impor- Além disso, é fundamental que o parecerista mantenha a im-
tante e amplamente utilizada em diversas áreas. Ela requer habi- parcialidade e a independência em relação ao assunto em questão.
lidades de análise, avaliação e proposição de soluções, e é funda- Isso significa que ele deve evitar conflitos de interesse e pressões
mental para a tomada de decisões efetivas e para a resolução de externas que possam comprometer sua análise e sua opinião.
problemas complexos. Por fim, é importante ressaltar que a elaboração de pareceres é
uma atividade que requer constante atualização e aprimoramento
Elaboração de relatórios por parte dos especialistas. Novas informações, tecnologias e ten-
A elaboração de relatórios é uma habilidade fundamental em dências podem surgir a qualquer momento, o que exige uma postu-
diversas áreas profissionais, tais como administração, engenharia, ra proativa e uma busca constante por conhecimento e atualização
medicina, entre outras. Um relatório bem escrito é claro, objetivo na área.
e persuasivo, fornecendo informações importantes de forma clara
e organizada.
Uma das etapas mais importantes na elaboração de relatórios
é a organização das informações. O relatório deve apresentar as QUESTÕES
informações de forma estruturada, com uma introdução que apre-
sente o tema a ser abordado, seguida por seções que apresentem
as informações relevantes sobre o assunto e, por fim, uma conclu- 1. CONSULPLAN - 2018 - Câmara de Belo Horizonte - MG - Re-
são que resuma as informações apresentadas e forneça uma análise dator- “Estabelece a Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte
crítica do tema. que ao servidor público municipal são garantidos, nos concursos
Além disso, a escolha das palavras e a utilização de recursos públicos, ______ da pontuação total dos títulos, por ano de serviço
gráficos também são aspectos importantes na elaboração de rela- prestado, mediante subordinação, à administração pública do Mu-
tórios. As palavras escolhidas devem ser claras e precisas, evitando nicípio, até o máximo de ______.” Assinale a alternativa que com-
ambiguidades ou excesso de jargões técnicos. O uso de recursos pleta correta e sequencialmente a afirmativa anterior.
gráficos, como tabelas, gráficos e imagens, pode ajudar a apresen- (A) 2% / 20%
tar informações de forma mais clara e objetiva. (B) 3% / 30%
Outro aspecto importante na elaboração de relatórios é a per- (C) 5% / 30%
suasão. Um relatório persuasivo é aquele que apresenta informa- (D) 10% / 40%
ções de forma clara e convincente, fornecendo argumentos fortes
e dados objetivos que suportem as conclusões e recomendações 2. CONSULPLAN - 2018 - Câmara de Belo Horizonte - MG - Pro-
apresentadas. Para isso, o relatório deve ser bem fundamentado, curador- Pedro, servidor aposentado da Câmara Municipal de Belo
baseado em fontes confiáveis e bem estruturado. Horizonte por motivo de invalidez, após submissão à nova perícia por
Por fim, a revisão cuidadosa do relatório antes de sua apresen- junta médica competente, obteve parecer declarando insubsistente
tação é essencial. É importante verificar a gramática, a ortografia, o motivo determinante da aposentadoria, sendo atestada sua capa-
a clareza das informações e a coerência do texto como um todo. A cidade para o exercício das atribuições do cargo. Diante do parecer
revisão cuidadosa ajuda a evitar erros e falhas que possam compro- emitido, Pedro decidiu formalizar pedido para retorno ao cargo. Con-
meter a credibilidade e a eficácia do relatório. siderando o caso hipotético descrito, indique a alternativa correta.
(A) Caso o cargo se encontre provido, Pedro exercerá suas atri-
Elaboração de pareceres buições como excedente até a ocorrência de vaga.
A elaboração de pareceres é uma atividade comum em diver- (B) A reversão será feita para qualquer cargo da carreira daque-
sas áreas, desde o direito até a administração e gestão de empre- le ocupado pelo servidor à época da aposentadoria.
sas. Em geral, um parecer é um documento elaborado por um es- (C) O servidor terá o prazo de trinta dias úteis, contado da pu-
pecialista que apresenta sua opinião técnica e fundamentada sobre blicação do ato de reversão, para entrar em exercício.
determinado assunto. (D) O servidor que retornar à atividade após a cessação do mo-
O processo de elaboração de um parecer pode ser dividido em tivo que causou sua aposentadoria por invalidez terá direito à
diversas etapas. Em primeiro lugar, é necessário analisar cuidadosa- contagem do tempo relativo ao período de afastamento para
mente todas as informações disponíveis sobre o assunto em ques- fins de ascensão funcional.
tão, incluindo documentos, relatórios, dados estatísticos e outros
materiais relevantes. 3. CONSULPLAN - 2018 - Câmara de Belo Horizonte - MG - Re-
Em seguida, o especialista deve fazer uma avaliação crítica des- dator- Sobre o tratamento que a Lei Orgânica do Município de Belo
sas informações, identificando as principais questões envolvidas e Horizonte dá ao tema “Servidores Públicos”, assinale a alternativa
considerando diferentes perspectivas e opiniões. Com base nessa INCORRETA.
análise, o parecerista deve formular sua opinião, apresentando ar- (A) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não podem
gumentos e evidências que sustentem sua posição. ser superiores aos percebidos no Poder Executivo.
É importante destacar que a elaboração de um parecer requer (B) É vedado aos servidores públicos e às suas entidades repre-
não apenas conhecimentos técnicos e experiência na área em ques- sentativas o direito de reunião nos locais de trabalho, mesmo
tão, mas também habilidades de comunicação e redação. O docu- após prévia comunicação à chefia imediata.
mento deve ser claro, objetivo e acessível para o público-alvo, que (C) A lei fixará o limite máximo e a relação entre a maior e a
pode incluir desde especialistas da área até leigos que precisam to- menor remuneração dos servidores públicos, a qual não po-
mar decisões com base no parecer. derá exceder a percebida, em espécie, a qualquer título, pelo
Prefeito.
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(D) A revisão geral da remuneração do servidor público, sob um


índice único, far-se-á sempre no mês que a lei fixar, sendo, ain-
ANOTAÇÕES
da, assegurada a preservação mensal de seu poder aquisitivo,
desde que respeitados os limites a que se refere a Constituição ______________________________________________________
da República.
______________________________________________________
4. CONSULPLAN - 2018 - Câmara de Belo Horizonte - MG - Re-
dator- O art. 47 da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte ______________________________________________________
tem a seguinte redação: “Art. 47 – Serão exercidos por servidores
ou empregados públicos municipais os cargos em comissão e as ______________________________________________________
funções de confiança da administração direta, inferiores, no Poder
______________________________________________________
Executivo, ao ______________ nível hierárquico da estrutura orga-
nizacional e, no Poder Legislativo, ao _______________ nível. Pará- ______________________________________________________
grafo único – Excetuam-se do disposto no artigo os cargos e funções
de assessoria, apoio e execução estabelecidos em lei”. Assinale a ______________________________________________________
alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa
anterior. ______________________________________________________
(A) segundo / terceiro
(B) terceiro / primeiro ______________________________________________________
(C) primeiro / segundo
______________________________________________________
(D) segundo / primeiro
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
2 A ______________________________________________________
3 B ______________________________________________________
4 B
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________

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