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1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
F383d
ISBN 978-65-5646-451-0
ISBN Digital 978-65-5646-452-7
1. Crimes de trânsito. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo
da Vinci.
CDD 341
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
DIREITO PENAL DE TRÂNSITO......................................................9
CAPÍTULO 2
DIREITO PENAL DE TRÂNSITO....................................................51
CAPÍTULO 3
A CONDUTA PARA O CRIME....................................................... 113
APRESENTAÇÃO
Falar sobre o trânsito e suas perspectivas é sempre muito necessário.
Estudar as suas nuances e atributos é atividade de grande importância, não
apenas para o desenvolvimento profissional, mas para apresentar o sentido mais
potencial do significado da palavra cidadania.
Por toda a história da civilização, entendemos que o ser humano, em
constante evolução desde seus primeiros passos, necessita movimentar-se para
sua própria sobrevivência e foi com a convivência e os encontros sociais que
estabeleceram uma vida em comunhão, definindo o início das sociedades a partir
da necessidade de integração humana. A revolução agrícola, a revolução industrial
e agora a revolução tecnológica, elevaram o conhecimento das sociedades que
atingem níveis de desenvolvimento surpreendentes, mas ainda o movimentar-se
possui fundamental importância, e seja de qual forma que esse movimento ocorra,
ele faz parte da urbanidade e sociabilidade das pessoas das cidades.
Parte então de uma formação cultural e tradicional, os caminhos que
tomam os moradores de uma sociedade, para seus afazeres diários, com o
desenvolvimento tecnológico, o progresso das indústrias e a necessidade de
locomover-se de maneira mais ágil, o cidadão assegura o crescer das cidades, a
partir de seu próprio movimento, que muitas vezes toma novos caminhos.
Saber:
• Conhecer por intermédio da História, o nascimento das normas de trânsito no
Brasil e como o Código de Trânsito Brasileiro influenciou na criação da Política
Nacional de Trânsito.
• Examinar os antecedentes ao CTB e prescrever a importância da legalização
de normas especializadas para a mobilidade urbana e trânsito.
• Analisar como as normas de trânsito são entendidas pelas autoridades
brasileiras. Entender o sistema Nacional de Trânsito a partir da Política
Nacional.
• Observar as fontes que originaram as políticas públicas de trânsito no Brasil.
Fazer:
• Interpretar a origem do direito penal de trânsito.
• Entender o que significa o trânsito para a mobilidade urbana e quais os motivos
para legalizar um código nacional de trânsito.
• Analisar por meio de estudos específicos a legislação da área.
• Definir a importância de uma política para o trânsito nacional.
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezado leitor! Seja muito bem-vindo nessa jornada sobre as leis de trânsito
no Brasil! Vamos começar nossos estudos em tempos anteriores à atual legislação
que normatiza os eventos relacionados à mobilidade urbana e ao trânsito.
Serão com as normas que antecedem o atual código, que poderemos ter
uma visão ampliada dos motivos que transformaram a legislação nacional e todo
o seu arcabouço. Mais que isso, veremos que no Brasil as primeiras normas que
manifestaram a cultura do trânsito no século passado, foram tomando cada vez
mais proporções evolutivas, que se reinterpretavam a cada passo, provocada por
mudanças tão vorazes, como a tecnologia, e tais regras irromperam pelo tempo
até alcançar os dias atuais, que são estruturados pela Constituição de 1988.
Dessa forma, você verá que todos os direitos fundamentais e direitos humanos
devem ser também considerados pelas normas de trânsito atuais, seguindo os
preceitos básicos da Carta Constitucional.
Veremos aqui, neste capítulo, outro ponto que define as ações penais,
consideradas pelo Código de Trânsito Brasileiro, o CTB, e qual a sua visão ao que
ficou definido como crime e desvio, ou infração de trânsito. Para isso, a influência
da política nacional de trânsito é muito importante. As políticas públicas, de fato,
acabam incentivando as ações dentro do seu universo aplicável, definem o
caminho a se tomar, realçam estratégias e planejamentos, mas o seu legado que
mais importa está intimamente ligado ao amplo conceito de cidadania. A formação,
a educação e a convivência de pedestres, veículos diversos e motoristas somente
pode se dar através de uma promoção humana que considere a qualificação
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
2 ANTECEDENTES E HISTÓRIA DO
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Com o passar do tempo, a legislação de trânsito no Brasil e no mundo evoluiu
conforme o desenvolvimento das sociedades. O progresso socioeconômico
definido pela ampla globalização do capital, fez com que até comunidades de
países considerados emergentes, migrassem para os novos aparatos tecnológicos
que chegavam. O transporte da charrete, da movimentação e empuxo por tração
animal, foi ficando obsoleto, em seu lugar, motores com potência pré-definida
passaram a movimentar a vida de alguns, até que se tornaram muitos. A população
mundial cresceu, nessas últimas décadas que iniciam o século XX, de uma forma
estonteante, e com essa expansão a movimentação também exerceu um papel
importante nos estudos das cidades e nos seus planejamentos.
Fazer fluir essa onda civilizatória crescente era o desafio, junto disso, prezado
leitor, você pode perceber que há diferentes modos de transitar: pedestres,
motoristas, condutores, ciclistas, todos em uma relação de convívio na mesma
sociedade, motivados pelo mesmo objetivo de movimentar-se.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Esse trabalho que se iniciava no ano de 1900, levou muito tempo para ser
normatizado pelos procedimentos regulamentares de seu trabalho, e devido a
inúmeras queixas de pedestres e passageiros quanto ao serviço do condutor,
surgiu a norma. Veja, prezado estudante, que seu primeiro intuito foi confabular
um problema cívico, para depois preocupar-se com as tecnicidades da tecnologia
que era utilizada (DAMATTA, 1997).
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Foi somente em 1941, mais de dez anos passados da última norma conferida
ao trânsito, que surgiu o primeiro Código Nacional de Trânsito, pelo Decreto Lei
2.994. Porém, sua vida foi muita curta, sendo revogado pelo Decreto Lei 3.651,
que confirmava e determinava a competência dos Estados para a regulamentação
do trânsito de veículos em suas rodovias e estradas, desde que respeitando
o decreto que institui a legislação nacional. Essa possibilidade iniciava a
descentralização da administração e da legislação das normas, que poderiam ser
realizadas também nos Estados.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Veja que essas normas que são mais antigas que o atual CTB possuem
fundamental importância na criação da própria lei maior do trânsito, uma vez que
dispuseram subsídios culturais e históricos para sua criação.
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
É por essa perspectiva que todas as normas, desde normas escritas antes
da confecção da Constituição, devem seguir os seus parâmetros e princípios
basilares, norteadores de seus conceitos. As regras anteriores precisam entrar
em conexão aos ditames legais constitucionais, sendo destituídas normas
de caráter conflitantes. Esse processo é conhecido por Constitucionalização
do Direito. Aquelas normas conflitantes são consideradas inconstitucionais, e por
isso, desligadas de todos os aparatos legais.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Note, prezado estudante, que trânsito e mobilidade cada vez mais recebem
um maior espaço nas discussões e debates que afirmam as prioridades no país,
que advertem sobre as essenciais melhorias na infraestrutura das estradas e
suas sinalizações, na estruturação da segurança pública, no transporte público de
qualidade.
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I - acessibilidade universal;
II - desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões
socioeconômicas e ambientais;
III - equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público
coletivo;
IV - eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços
de transporte urbano;
V - gestão democrática e controle social do planejamento e
avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana;
VI - segurança nos deslocamentos das pessoas;
VII - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do
uso dos diferentes modos e serviços;
VIII - equidade no uso do espaço público de circulação, vias e
logradouros;
IX - eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana
(PNMU, p.3, 2012).
Para que surta efeito, a democratização dos espaços deve ser entendida
como fonte para a ampla cidadania, diminuindo empecilhos para a sadia
convivência entre os diversos tipos de transporte e os pedestres, e para isso
deve haver o envolvimento prático das instituições nos afazeres e no dia a dia do
trânsito, e o empenho da sociedade em geral. Isso significa que a participação das
organizações diversas da sociedade civil, presentes nas cidades, devem amplificar
o debate e a discussão acerca das atividades relacionadas à mobilidade, que é
um direito de todos.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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Veja que, em seu artigo 24, parágrafo 1°, a redação de que “em Municípios
acima de 20.000 (vinte mil) habitantes e em todos os demais obrigados, na
forma da lei, deverá ser elaborado o Plano de Mobilidade Urbana, integrado e
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A tarifa do transporte público, que é paga pelo usuário, bem como o transporte
de qualidade, são muito importantes para a mobilidade no trânsito, pois, por esses
fatores também podemos definir as escolhas dos cidadãos pelo uso do serviço, o
que auxilia na movimentação menor de veículos particulares nas vias das cidades.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
O CTB, que teve sua última alteração em outubro de 2020, foi considerado
uma evolução entre os códigos, através de sua formação histórica. Dos 131
artigos que foram dispostos no antigo Código Nacional de Trânsito, o CTB passou
dos mais de 340 artigos para fiscalizar e normatizar a mobilidade brasileira.
Vamos nos ater aqui, prezado leitor, às normas que dizem respeito ao direito
penal, e como interpretar leis penalizadoras de trânsito, estudo esse que será
amplamente discutido nos dois próximos capítulos. Ainda assim, é importante
que você consiga identificar no CTB, as normatizações acerca de sua atividade,
enquanto detentor do direito de fiscalizar e punir.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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É certo afirmar que o direito de trânsito possui uma ligação muito tênue com
o direito penal, pois acidentes de trânsito estão também envolvidos, muitas vezes,
ao descumprimento de regras de condutas.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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FONTE: https://estradas.com.br/especialista-fala-sobre-a-
inseguranca-do-transito-brasileiro/
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Veja, prezado leitor, que ainda com normas que asseguram a punição
de crimes e infrações, a violência no trânsito é um fenômeno em constante
crescimento. Isso nos faz considerar que tanto a educação quanto a formação
de nossos condutores, devem ser vistas como essenciais para uma diminuição
nessa barbárie.
Trabalhar a educação no trânsito, desde sua formação, faz parte das políticas
públicas de qualidade, que devem ser pensadas a partir de uma política nacional
que perceba sua real importância para os problemas de trânsito.
Veja que foi somente com a criação do atual Código de Trânsito Brasileiro
que se iniciou a base estrutural para o SNT, quando foi criada uma coordenação
planejada entre todos os entes do País, que passaram a estudar o mesmo objeto,
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Compete ao CONTRAN:
I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste
Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito,
objetivando a integração de suas atividades; (CTB, 2020).
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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Art. 23
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Art. 24
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Quanto à Nova Política Nacional de Trânsito (PNT), ela foi aprovada pela
Resolução do CONTRAN n° 514 de dezembro de 2014, reafirmando e ampliando
as diretrizes da resolução N°166 de 2004, que aprovou os primeiros critérios de
uma Política Nacional sobre o tema.
Ocorre que para isso, temos que entender o assunto trânsito com o especial
destaque ao direito de todos os cidadãos, e aos seus deveres também. Nesse
ponto, prezado estudante, veja que todos fazemos parte desse emaranhado
chamado mobilidade urbana, de forma que não apenas o Estado possui essa
responsabilidade perante a harmonia no trânsito, mas cabe a todas as pessoas
da sociedade.
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Nesse cenário, podemos notar que a PNT foi estabelecida como garantidora
da cidadania em seu essencial aspecto locomoção das pessoas, uma das
essenciais bases comunitárias para o envolvimento dos seus cidadãos.
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Prezado leitor! Chegamos ao fim do Capítulo 1, em que acompanhamos a
evolução da lei de trânsito até o Código de Trânsito Brasileiro, veja que de 1910
para cá, ano esse que iniciou o regulamento da área no País, muitas situações
foram acontecendo, desde o advento tecnológico das grandes empresas e
indústrias de automóveis que entram no Brasil a partir de 1919, até o grande
crescimento populacional que se avolumou a partir do final do século XX.
Ainda, em épocas que afirmamos uma onda civilizatória com toda a instrução
que as tecnologias e as facilidades de busca das informações diversas nos trazem,
a violência no trânsito brasileiro é uma das mais marcantes características da
incivilidade e da estupidez que se apresenta nas estradas e nas ruas das cidades.
Contra essa falta de capacidade de harmonizar-se com o outro, o direito penal de
trânsito age coercitivamente, e isso é o que veremos no nosso próximo capítulo.
REFERÊNCIAS
BARATTA, A. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à
Sociologia do Direito Penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011
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Capítulo 1 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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C APÍTULO 2
DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Saber:
• Favorecer a compreensão do significado de infração, contravenção, medidas
administrativas, penalidades e crimes de trânsito.
• Diferenciar as infrações por intermédio do aparato legal.
• Conhecer os crimes de trânsito e os elementos do crime.
• Identificar a consumação e tentativa em crimes de trânsito, analisar desistência
voluntária e arrependimento eficaz.
• Identificar dolo, culpa, fato típico, nexo causal, resultado e tipicidade para o
direito penal.
Fazer:
• Analisar a forma e a essência dos crimes de trânsito, bem como compreender
as Contravenções, Infrações, Medidas Administrativas e Penalidades.
• Refletir sobre as excludentes de ilicitude e culpabilidade, entender a
consumação e a tentativa do crime ou contravenção no trânsito.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO - INFRAÇÃO
PENAL DE TRÂNSITO
Prezado pós-graduando, ao iniciar este segundo capítulo sobre a matéria
penal de trânsito no Brasil, você vai notar que toda ação no trânsito molda reações
diversas. Algumas dessas condutas, que conseguem afetar as ações no trânsito
e saem da normalidade e da convivência saudável, são tipificadas pelo Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) como crimes, contravenções e infrações. É por essa
carta de leis que entendemos as diferentes formas de identificar o ato desviante
no trânsito, e a partir dela, obtemos um norte para a normatização das condutas
diversas.
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Vamos lá!
2 OS ELEMENTOS DO CRIME
Prezado pós-graduando, você já deve ter refletido acerca dos crimes
diversos que ocorrem, causados por inúmeros fatores, e nessa reflexão o
desenvolvimento do que seja crime passa pelo crivo do senso comum, que com
frequência associa o crime a uma conduta reprovável e a violação da norma legal.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Veja que no Brasil, a infração penal comporta duas espécies de ato desviante:
o crime ou delito e a contravenção penal, considerada pelo seu aspecto de menor
potencial ofensivo. A diferença das sanções se dá pela possibilidade da privação
ou não da liberdade do indivíduo. Assim, quando tratamos de penas privativas de
liberdade, significa que os delitos são punidos pela reclusão e detenção. Quando
há a reclusão, sentenciada pelo magistrado, significa que a pena é mais severa,
que tem em seu cumprimento o regime fechado, semiaberto ou aberto, cumprida
em estabelecimento de segurança máxima. Já quando tratamos de detenção,
entende-se que é a aplicação da pena para delitos consideravelmente menos
gravosos, o que admite condenações mais leves, não admitindo então o regime
fechado como início do cumprimento da pena. Aqui há a prisão simples e a pena
de multa, o que ocorre em casos de contravenção penal (BITENCOURT, 2012).
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1 O fato típico;
2 O fato ilícito;
3 A culpabilidade do agente causador do desvio;
Nucci traz uma definição para os atos considerados criminosos, que realça
uma conduta que considera típica, antijurídica e culpável, veja:
É sobre esses fatores que iremos tratar neste capítulo, começando pelo fato
considerado típico.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Em outras palavras, para interpretação do que seja crime, uma vez não
havendo uma definição legal em códigos legais, a seguinte análise deve ser
realizada: se alguma pessoa deseja cometer um delito ou assume o risco de
cometê-lo, por sua ação ou omissão, ele estará agindo dolosamente, ou com dolo,
mas se cometeu o crime por negligência, imprudência ou imperícia, ele estará
agindo culposamente, evidenciando a culpa. Aqui então se analisa a conduta
do agente (BITENCOURT, 2012).
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
A partir disso temos o dolo direto, que ocorre quando o agente prevê o
resultado e põe em prática seus atos para esse fim previsto. Nesse caso temos
dois tipos de dolo, o direto de primeiro grau, que é quando a ação é visada, tendo
o autor vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo, age diretamente e
obtém o resultado pretendido.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
No caso da culpa, importante salientar que seu instituto vem bem definido no
mesmo artigo 18 do Código Penal, em seu inciso II: “Diz-se o crime: II - culposo,
quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia” (CÓDIGO PENAL, 1940, p. 774). Nesse sentido, não há vontade nem
intenção de praticar a ação ilícita, mas apenas consequência de determinadas
inaptidões ou falta de cuidado. Assim, quando o crime culposo ocorre, em geral
a atitude do autor não se coaduna com o dolo, pois não há nem desejo, nem
preparação para o injusto penal, mas ainda assim, ele ocorreu, e pode ocorrer de
três formas:
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
QUADRO 6 - CULPA
Culpa Imprudência Negligência Imperícia
Art. 18, II CP: Não há
Descuido Desatenção Inabilidade
vontade em produzir
Irresponsabilidade Desleixo Incapacidade
o resultado, mas há
Insensatez Distração Incompetência
falta de determinados
Inadvertência Omissão Inexperiência
cuidados.
FONTE: O autor
2.1.2 RESuLTADo
Considera-se resultado para o direito penal toda e qualquer ação que
modifique a natureza do bem jurídico tutelado, de forma a degradar a sua
substância, por intermédio de uma conduta. Para isso, havendo ou não vontade
de gerar dano causado pela atividade humana, o resultado sempre será avaliado
pela sua modificação causada no bem.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
De qualquer forma, a ação terá algum tipo de punição, pois o dano deverá
ser reposto ao proprietário, através de reparação monetária.
2.1.4 TiPiCiDADE
Lembra, prezado estudante, do fato típico estudado anteriormente? A
tipicidade nada mais é do que a pura adequação de uma conduta a uma norma,
ao fato típico, determinado por lei penal. Então tomemos por exemplo um
motorista que, mesmo dirigindo em velocidade baixa, atentando-se a todos os
cuidados necessários na direção de veículo automotor, atropele alguém o levando
a morte. Ainda com todo cuidado e zelo a ação do condutor causou um dano, a
um bem jurídico tutelado por lei e a uma norma típica, ou seja, matar alguém.
Para que exista a tipicidade, deve existir o crime em lei. Dessa forma, a conduta
encontra previsão na norma incriminadora, mas se não houver tipicidade, ou seja,
não estiver descrito em lei, não há crime. Então é válida a máxima nulla poena
sine crimen lege, que ressalta não haver pena, quando não há previsão legal de
crime. Veja o que nos diz a Constituição Federal de 1988 nesse sentido:
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Então veja que, para haver o crime, são necessários os seguintes elementos:
Vamos lá!
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
3 OS CRIMES DE TRÂNSITO
Prezado pós-graduando, você pode observar que para que o crime ocorra
algumas condicionantes devem estar presentes. Ocorre que se tratando de
trânsito, vários são os aspectos que devem ser analisados, entre eles, o que é
crime de trânsito de fato e o que costuma ser identificado como uma infração
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
3.1 CRIMES
O Código de Trânsito Brasileiro apresenta suas disposições gerais
antes mesmo de delinear o crime e suas penas, em um sentido de regrar as
determinantes do crime, como as majorantes (fatos que aumentam a pena), a
suspensão e a proibição para dirigir, entre outros. Isso se dá pois é pelo CTB que
temos as regras de um processo penal de trânsito, que representam quais as
normas a serem seguidas em uma investigação penal, bem como, no deslinde do
processo em si.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na di- Da mesma forma que a norma acima, se a lesão
reção de veículo automotor: penas - detenção, corporal for cometida por negligência, imperícia
de seis meses a dois anos e suspensão ou proi- ou imprudência, a pena base para o crime será
bição de se obter a permissão ou a habilitação a do artigo 303 do CTB. Entretanto, se houver
para dirigir veículo automotor. dolo, vontade de lesionar outrem, então é o ar-
§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à me- tigo 129 do Código Penal quem deverá ser cha-
tade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1º mado para o processo.
do art. 302. Todas as sanções descritas são operadas e
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão praticadas pelo poder judiciário, uma vez não se
de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras estabelecem aqui sanções administrativas.
penas previstas neste artigo, se o agente conduz
o veículo com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependên-
cia, e se do crime resultar lesão corporal de na-
tureza grave ou gravíssima.
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na oca- A prestação de auxílio da vítima representa,
sião do acidente, de prestar imediato socorro à nesse caso, a omissão do agente causador do
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por acidente. Nesse caso, se o autor fugir do local
da colisão, não prestando auxílio nenhum, há o
justa causa, deixar de solicitar auxílio da autori-
dade pública: Penas - detenção, de seis meses crime previsto no artigo, mas veja que, mesmo o
a um ano, ou multa, se o fato não constituir ele- agente fugindo por receio de sua própria segu-
mento de crime mais grave. rança, do local do crime, ele peca por omissão
Parágrafo único. Incide nas penas previstas ao não avisar as autoridades públicas sobre o
neste artigo o condutor do veículo, ainda que a crime e sobre a vítima. Não pode haver inércia
sua omissão seja suprida por terceiros ou que do autor, que ao menos deve avisar as autori-
se trate de vítima com morte instantânea ou com dades (ambulância, polícia). Nesse sentido, tam-
ferimentos leves. bém comete o tipificado no artigo. O agente do
crime é o condutor apenas, excluindo transeun-
tes que passam pelo local.
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do Interpreta-se aqui o verbo afastar-se pela ex-
local do acidente, para fugir à responsabilidade pressão de não ser responsabilizado o agente,
penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas pelo ato cometido. Nesse caso, foge do local
- detenção, de seis meses a um ano, ou multa. para evitar punições quanto ao acidente que
cometeu, e evitar indenizações devidas. Ocorre
que esse fugir deve ser entendido pelo sentido
que o agente não quis ser reconhecido e sim-
plesmente, se evadiu do local.
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capa- Embora o artigo contemple embriaguez ao vo-
cidade psicomotora alterada em razão da influ- lante, não versa sobre embriaguez de fato, mas
ência de álcool ou de outra substância psicoativa sim, capacidade alterada por influência de álcool
que determine dependência: Penas - detenção, ou substância diversa. A alteração pela Lei n.
de seis meses a três anos, multa e suspensão 12.760/12, retirou a mensuração por quantidade
ou proibição de se obter a permissão ou a habili- de álcool no organismo, sendo punidos aqueles
tação para dirigir veículo automotor. condutores flagrados sob a influência visível do
§ 1º As condutas previstas no caput serão cons- álcool. Devido às diversas negativas dos condu-
tatadas por: tores de se submeterem ao teste do bafômetro,
I - concentração igual ou superior a 6 decigra- com a nova redação da norma, apresentar sinto-
mas de álcool por litro de sangue ou igual ou mas de embriaguez já é causa do tipo.
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar
alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada
pelo Contran, alteração da capacidade psicomo-
tora.
§ 2º A verificação do disposto neste artigo po-
derá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova
testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova.
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência
entre os distintos testes de alcoolemia ou toxi-
cológicos para efeito de caracterização do crime
tipificado neste artigo.
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho
homologado pelo Instituto Nacional de Metrolo-
gia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para
se determinar o previsto no caput.
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de A violação de que trata o artigo seria a qualquer
se obter a permissão ou a habilitação para diri- sanção de proibição de se obter a permissão
gir veículo automotor imposta com fundamento para a direção de veículos automotores, seja ela
neste Código: Penas - detenção, de seis meses uma sanção administrativa (art. 265 do CTB) ou
a um ano e multa, com nova imposição adicional em medida judicial, mediante sentença transita-
de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. da em julgado. (art. 292 a 296). As penas aqui
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o são cumulativas à pena já imposta.
condenado que deixa de entregar, no prazo es-
tabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para
Dirigir ou a Carteira de Habilitação
70
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 308. Participar, na direção de veículo au- Pelo artigo 67 do próprio CTB, “as provas ou
tomotor, em via pública, de corrida, disputa ou competições desportivas, inclusive seus en-
competição automobilística ou ainda de exibição saios, em via aberta à circulação, só poderão
ou demonstração de perícia em manobra de ve- ser realizadas mediante prévia permissão da
ículo automotor, não autorizada pela autoridade autoridade de trânsito com circunscrição sobre
competente, gerando situação de risco à incolu- a via e dependerão de autorização da respec-
midade pública ou privada: Penas - detenção, de tiva federação automobilística, entre outros''.
6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspen- Significa que quem esteja participando de qual-
são ou proibição de se obter a permissão ou a quer tipo de competição não oficial, comumente
habilitação para dirigir veículo automotor. conhecido por racha, envolve-se nesse tipo. O
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput dano à incolumidade pública ou privada aqui é a
resultar lesão corporal de natureza grave, e as essência do tipo normativo, uma vez que o fato
circunstâncias demonstrarem que o agente não ocorra em via pública.
quis o resultado nem assumiu o risco de produ-
zi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão,
de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das ou-
tras penas previstas neste artigo.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via públi- Para que exista essa conduta, deve haver o
ca, sem a devida Permissão para Dirigir ou Ha- perigo de dano. Esse risco não pode ser pre-
bilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, sumido, mas sim, comprovado, através de uma
gerando perigo de dano: Penas - detenção, de condução irresponsável. Caso o agente seja pa-
seis meses a um ano, ou multa. rado em uma blitz, e verifique que não possui a
permissão para dirigir, não há pena nem multa
a ser aplicada, essa somente será determinada
caso exista o perigo de dano, conforme a reda-
ção da norma.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção Aqui há o crime que não precisa que um resulta-
de veículo automotor a pessoa não habilitada, do típico ocorra, mas consideramos como crime
com habilitação cassada ou com o direito de diri- de mera conduta. A conduta não permitida é
gir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado simplesmente entregar a direção do veículo às
de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, pessoas descritas na norma. Se deve averiguar
não esteja em condições de conduzi-lo com se- quem é o dono (responsável) pelo veículo. É so-
gurança: Penas -detenção, de seis meses a um mente a ação dele que essa norma tipifica.
ano, ou multa.
71
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível A possibilidade de gerar o perigo de dano aqui
com a segurança nas proximidades de escolas, é normatizada, pois ao não atentar-se aos ris-
hospitais, estações de embarque e desembar- cos que a ação de dirigir com velocidade alta em
que de passageiros, logradouros estreitos, ou locais incompatíveis com isso pode causar, já
onde haja grande movimentação ou concentra- é uma atitude considerada criminosa. Escolas,
ção de pessoas, gerando perigo de dano: Penas hospitais, terminais públicos, embarque e de-
-detenção, de seis meses a um ano, ou multa. sembarque de passageiros, são locais que não
permitem alta velocidade. E nem há necessida-
de de placas determinando qual a velocidade
correta aqui, mas se o motorista aplicar veloci-
dade incompatível, já incorre na possibilidade de
gerar o perigo de dano, e assim, incorre também
no tipo.
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de Estamos tratando de fraude processual no
acidente automobilístico com vítima, na pen- trânsito aqui. Deve haver a vontade e intenção
dência do respectivo procedimento policial pre- evidente de ludibriar a investigação acerca do
paratório, inquérito policial ou processo penal, o acidente. É clara a intenção do agente de atra-
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de palhar a investigação policial e pericial.
induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas -detenção, de seis meses a um ano, ou
multa.
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos Essas são as situações em que o juiz pode apli-
arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em car medida diversa a de prisão, ao apenado por
que o juiz aplicar a substituição de pena privativa crimes de trânsito. A substituição da pena priva-
de liberdade por pena restritiva de direitos, esta tiva de liberdade por outra restritiva de direitos,
deverá ser de prestação de serviço à comunida- resolve que trabalhos desenvolvidos pelos agen-
de ou a entidades públicas, em uma das seguin- tes causadores de crimes de trânsito, que estão
tes atividades: tipificados do artigo 302 ao 312 do CTB, são
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de válidos se assim o juiz determinar. Os serviços
resgate dos corpos de bombeiros e em outras podem ser prestados em clínicas, instituições re-
unidades móveis especializadas no atendimento lacionadas ao acidente de trânsito, bem como no
a vítimas de trânsito; auxílio ao corpo de bombeiros no que necessitar.
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de Aqui há o instituto da despenalização no direito
hospitais da rede pública que recebem vítimas penal de trânsito, podendo o autor realizar tra-
de acidente de trânsito e politraumatizados; balhos para a comunidade ao invés do cárcere,
III - trabalho em clínicas ou instituições espe- mas isso vai depender do julgamento do juiz da
cializadas na recuperação de acidentados de causa.
trânsito;
IV – outras atividades relacionadas ao resgate,
atendimento e recuperação de vítimas de aci-
dentes de trânsito.
72
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. Desde 12 abril de 2021 estamos sob a égide do
302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se novo CTB. O artigo 312 B é uma novidade. A
aplica o disposto no inciso I do caput do art. 44 nova norma diz que em casos de lesão corporal
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de ou de homicídio que foram causados por em-
1940 (Código Penal). (BRASIL, s.p., 1997). briaguez ao volante, ainda que sem a intenção
(dolo), a pena que seria de reclusão não pode
ser mais substituída por uma pena restritiva de
direitos.
FONTE: O autor
Vamos lá!
73
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Vamos praticar?
4 AS INFRAÇÕES NO TRÂNSITO
Consideradas menos gravosas que o crime, infrações nos remetem aos
desvios com menor potencial ofensivo, devido a sua baixa lesividade ao bem
jurídico tutelado. Aqui consideramos que a inobservância das normas de trânsito,
sejam elas de conduta ou não, podem ser causadas tanto por um ato doloso ou
culposo.
74
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
75
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
76
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referi- O verbo aqui é permitir Assim, se o proprietá-
das nos incisos do art. 162 tome posse do veículo rio do veículo permite (empresta seu carro ou
automotor e passe a conduzi-lo na via: Infração - as moto), ele incorre também na infração.
mesmas previstas nos incisos do art. 162; Penalida-
de - as mesmas previstas no art. 162; Medida admi-
nistrativa - a mesma prevista no inciso III do art. 162.
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de É uma das três infrações que preveem a pena-
qualquer outra substância psicoativa que determi- lidade de suspensão do direito de dirigir. Não
ne dependência: Código de Trânsito Atualizado (lei há tolerância para a quantidade de álcool no
14.071/20) Infração - gravíssima; Penalidade - multa organismo, o condutor que demonstre estar sob
(dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 os efeitos de substâncias psicoativas ou álcool,
(doze) meses. Medida administrativa - recolhimento será punido por esse artigo.
do documento de habilitação e retenção do veículo,
observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no
9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de
Trânsito Brasileiro. Parágrafo único. Aplica-se em
dobro a multa prevista no caput em caso de reinci-
dência no período de até 12 (doze) meses.
Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a tes- Àquele que se recusar a cooperar com a segu-
te, exame clínico, perícia ou outro procedimento rança pública na aferição da substância ilegal
que permita certificar influência de álcool ou outra em seu organismo, ao estar na ação da direção,
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo terá a mesma punição do condutor que se en-
art. 277: Infração - gravíssima; Penalidade - multa contra sob o estado dessas substancias.
(dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 Essa é uma norma que gera bastante discussão
(doze) meses; Medida administrativa - recolhimento doutrinária.
do documento de habilitação e retenção do veículo,
observado o disposto no § 4º do art. 270. Parágra-
fo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no
caput em caso de reincidência no período de até 12
(doze) meses.
Art. 165-B. Conduzir veículo para o qual seja exigi- Há a necessidade da realização de exames toxi-
da habilitação nas categorias C, D ou E sem realizar cológicos aos condutores profissionais.
o exame toxicológico previsto no § 2º do art. 148-A
deste Código, após 30 (trinta) dias do vencimento
do prazo estabelecido: Infração - gravíssima; Pena-
lidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito
de dirigir por 3 (três) meses, condicionado o levan-
tamento da suspensão à inclusão no Renach de
resultado negativo em novo exame.
Parágrafo único. Incorre na mesma penalidade o
condutor que exerce atividade remunerada ao ve-
ículo e não comprova a realização de exame toxico-
lógico periódico exigido pelo § 2º do art. 148-A deste
Código por ocasião da renovação do documento de
habilitação nas categorias C, D ou E.
77
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veí- Mais uma vez, somente é punível aqui o proprie-
culo a pessoa que, mesmo habilitada, por seu tário do veículo que emprestou o bem.
estado físico ou psíquico, não estiver em condi-
ções de dirigi-lo com segurança: Infração - gra-
víssima; Penalidade - multa.
Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de A norma prevê penalidades a quem deixar de
usar o cinto de segurança, conforme previsto usar o cinto de segurança. Para isso, o uso do
no art. 65: Infração - grave; Penalidade - multa; cinto deve ser obrigatório. E o artigo 65 do CTB
Medida administrativa - retenção do veículo até nos diz que: “É obrigatório o uso do cinto de se-
colocação do cinto pelo infrator. gurança para condutor e passageiros em todas
as vias do território nacional, salvo em situações
regulamentadas pelo Contran” (BRASIL, 1997).
Art. 168. Transportar crianças em veículo au- O 64 do CTB, que assim estabelece que “as
tomotor sem observância das normas de segu- crianças com idade inferior a dez anos devem
rança especiais estabelecidas neste Código: In- ser transportadas nos bancos traseiros, salvo
fração - gravíssima; Penalidade - multa; Medida exceções regulamentadas pelo CONTRAN”, e
administrativa - retenção do veículo até que a aqui temos a penalidade para esse ato. É pre-
irregularidade seja sanada. ciso que o veículo que não possua acento para
a instalação da cadeirinha, seja adaptado para
recebê-la.
Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuida- A norma aqui se faz genérica, uma vez que qual-
dos indispensáveis à segurança: Infração - leve; quer atitude que causa uma infração, pode ser
Penalidade - multa. considerada pela falta de atenção de uma das
partes envolvidas. Segue os preceitos do artigo
28 que diz: “O condutor deverá, a todo momen-
to, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com
atenção e cuidados indispensáveis à segurança
do trânsito” (BRASIL, 1997).
Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que Esses dois tipos de comportamentos agressivos
estejam atravessando a via pública, ou os de- podem ser considerados quando o motorista,
mais veículos: Infração - gravíssima; Penalidade não estando sob influências de álcool ou outro
- multa e suspensão do direito de dirigir; Medida componente psicoativo, age com intuito de as-
administrativa - retenção do veículo e recolhi- sustar ou ameaçar alguém no trânsito. Assustar
mento do documento de habilitação. pedestres com a aceleração do carro, acelerar
intimidando o veículo da frente, perseguir veícu-
lo diverso, são exemplos dessas ações.
Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre A norma faz jus às normas gerais de circulação e
os pedestres ou veículos, água ou detritos: Infra- conduta no trânsito, mas para isso, é necessário
ção - média; Penalidade - multa. que se comprove a intenção (dolo) do motorista
em agir daquela maneira.
78
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via O artigo 26, inciso II, das normas gerais de con-
objetos ou substâncias: Infração - média; Pena- duta de trânsito, dispostas no CTB dispõe o se-
lidade - multa. guinte: “Os usuários das vias terrestres devem:
... abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo pe-
rigoso, atirando, depositando ou abandonando
na via objetos ou substâncias, ou nela criando
qualquer outro obstáculo” (BRASIL, 1997.)
Art. 173. Disputar corrida: Infração - gravíssima; Muito parecido com o racha, mesmo não tendo
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do o legislador utilizado essa nomenclatura, aqui é
direito de dirigir e apreensão do veículo; Medida preciso que o verbo disputar venha de forma re-
administrativa - recolhimento do documento de pentina e sem nenhuma preparação.
habilitação e remoção do veículo. Parágrafo úni-
co. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput
em caso de reincidência no período de 12 (doze)
meses da infração anterior.
Art. 174. Promover, na via, competição, eventos Já nesse artigo é necessária uma prévia com-
organizados, exibição e demonstração de perí- binação entre os condutores de que, naquele
cia em manobra de veículo, ou deles participar, dia, local e horário, sem prévia autorização dos
como condutor, sem permissão da autoridade de poderes públicos relativos a essa atividade,
trânsito com circunscrição sobre a via: Infração passem a promover competição em um evento
- gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes), organizado. O artigo 67 do CTB já nos diz que
suspensão do direito de dirigir e apreensão do para isso, é preciso a autorização da autoridade
veículo; Medida administrativa - recolhimento do competente, caso não haja, tanto participantes
documento de habilitação e remoção do veículo. quanto promotores do evento incidem no tipo
§ 1º As penalidades são aplicáveis aos promoto- penal descrito neste artigo.
res e aos condutores participantes.
§ 2º Aplica-se em dobro a multa prevista no
caput em caso de reincidência no período de 12
(doze) meses da infração anterior.
Art. 175. Utilizar-se de veículo para demonstrar Aqui há a tentativa, por via legal, de desencorajar
ou exibir manobra perigosa, mediante arranca- e punir, a direção perigosa, quando o condutor
da brusca, derrapagem ou frenagem com des- utiliza seu veículo para se exibir em via pública.
lizamento ou arrastamento de pneus: Infração
- gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes),
suspensão do direito de dirigir e apreensão do
veículo; Medida administrativa - recolhimento do
documento de habilitação e remoção do veícu-
lo. Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa
prevista no caput em caso de reincidência no
período de 12 (doze) meses da infração anterior.
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente São cinco infrações consideradas gravíssimas
com vítima: as elencadas no artigo, mas veja, prezado pós-
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, po- -graduando, que essas condutas podem tanto
dendo fazê-lo; interferir na área administrativa, quanto na área
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no penal também. Veja o caso da omissão de so-
sentido de evitar perigo para o trânsito no local; corro, prevista no artigo 304, rol de crimes vistos
III - de preservar o local, de forma a facilitar os tra- anteriormente.
balhos da polícia e da perícia; Outro importante fato é a preservação do local
IV - de adotar providências para remover o veículo de crime, que se torna conduta indispensável
do local, quando determinadas por policial ou agen- para qualquer acidente com vítimas, até a
te da autoridade de trânsito; apuração do ocorrido pelo agente de segurança
V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar in- pública capaz.
formações necessárias à confecção do boletim de
ocorrência: Infração - gravíssima; Penalidade - mul-
ta (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - recolhimento do documen-
to de habilitação.
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à Aqui não se trata do motorista que causou o aci-
vítima de acidente de trânsito quando solicitado dente, mas aquele que estava próximo, e sem
pela autoridade e seus agentes: Infração - grave; qualquer perigo a sua saúde, não ajudou. Ocorre
Penalidade - multa. em casos excepcionais (que fogem à regra), da
autoridade pública solicitar o auxílio de algum parti-
cular que esteja próximo, e esse se negar.
Esse artigo se envolve com o artigo 5º, inciso XXV,
da Constituição Federal, estabelece expressamen-
te que “no caso de iminente perigo público, a au-
toridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano”.
Lembre-se que ao motorista que negar auxílio pelo
acidente provocado por ele, este incorre no crime
do artigo 304.
Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em aci- A única e grande diferença deste artigo com a re-
dente sem vítima, de adotar providências para dação do estudado no artigo 176 é que aqui o pro-
remover o veículo do local, quando necessária tal prietário do veículo colidido, caso seu carro esteja
medida para assegurar a segurança e a fluidez em posição que causam insegurança aos outros,
do trânsito: Infração - média; Penalidade - multa. e não haja vítimas no acidente, não remover o
veículo, incorre nessa infração.
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em A via pública não deve ser utilizada para local
veículo na via pública, salvo nos casos de impedi- de reparação do veículo. Se este se demons-
mento absoluto de sua remoção e em que o veículo trar possível de ser movido a outro local mais
esteja devidamente sinalizado: seguro, e o proprietário assim não o fizer, incorre
I - em pista de rolamento de rodovias e vias de nessa falta. Porém veja que, não se trata de uma
trânsito rápido: Infração - grave; Penalidade - multa; penalidade, mas de uma medida administrativa.
Medida administrativa - remoção do veículo;
II - nas demais vias: Infração - leve; Penalidade -
multa.
Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por A conhecida pane seca é culpa do motorista, que
falta de combustível: Infração - média; Penalida- por imperícia, imprudência ou negligência não
de - multa; Medida administrativa - remoção do verificou as condições mínimas para a rodagem.
veículo.
Art. 181. Estacionar o veículo: Estas são normas de conduta. Dissemos no
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do início do capítulo que o CTB possui um motiva-
bordo do alinhamento da via transversal: Infração dor pedagógico e educacional. Ainda assim, foi
- média; Penalidade - multa; Medida administrativa necessário que o legislador tivesse que compre-
- remoção do veículo; ender que determinadas condutas não serão
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cin- aceitas, por desestruturarem a normalidade das
quenta centímetros a um metro: Infração - leve; Pe- ações no trânsito. Isso inibe a mobilidade, consi-
nalidade - multa; Medida administrativa - remoção derada pelo PNMU, que estudamos no capítulo
do veículo; anterior.
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais
de um metro: Infração - grave; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
IV - em desacordo com as posições estabelecidas
neste Código: Infração - média; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
V - na pista de rolamento das estradas, das rodo-
vias, das vias de trânsito rápido e das vias dotadas
de acostamento: Infração - gravíssima; Penalidade
- multa; Medida administrativa - remoção do veícu-
lo; VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro
de água ou tampas de poços de visita de galerias
subterrâneas, desde que devidamente identifica-
dos, conforme especificação do CONTRAN: Infra-
ção - média; Penalidade - multa; Medida adminis-
trativa - remoção do veículo;
VII - nos acostamentos, salvo motivo de força
maior: Infração - leve; Penalidade - multa; Medida
administrativa - remoção do veículo;
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
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Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 185. Quando o veículo estiver em movimen- O artigo 29 em seu inciso IV, dispõe que “quan-
to, deixar de conservá-lo: do uma pista de rolamento comportar várias fai-
I - na faixa a ele destinada pela sinalização de xas de circulação no mesmo sentido, são as da
regulamentação, exceto em situações de emer- direita destinadas ao deslocamento dos veículos
gência; II - nas faixas da direita, os veículos len- mais lentos e de maior porte, quando não houver
tos e de maior porte: Infração - média; Penalida- faixa especial a eles destinada, e as da esquer-
de - multa. da, destinadas à ultrapassagem e ao desloca-
mento dos veículos de maior velocidade”. As
normas para o trânsito dos veículos mais lentos
independem então de qualquer sinalização de
trânsito (BRASIL, 1997).
Art. 186. Transitar pela contramão de direção O artigo 29 incisos I, estabelece que “a circula-
em: I - vias com duplo sentido de circulação, ção far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-
exceto para ultrapassar outro veículo e apenas -se as exceções devidamente sinalizadas”, sen-
pelo tempo necessário, respeitada a preferência do que qualquer das condutas similares típica do
do veículo que transitar em sentido contrário: In- artigo 186 (BRASIL, 1997).
fração - grave; Penalidade - multa;
Art. 187. Transitar em locais e horários não per- A autoridade competente aqui se aplica às atri-
mitidos pela regulamentação estabelecida pela buições dos órgãos competentes de trânsito, em
autoridade competente: I - para todos os tipos de cada uma de suas circunscrições.
veículos: Infração - média; Penalidade - multa;
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, in-Aqui, prezado estudante, é necessário a presen-
terrompendo ou perturbando o trânsito: Infração ça de dois veículos que emparelham. Ocorre na
- média; Penalidade - multa. troca de informações entre caminhoneiros, ou
na conversa entre dois conhecidos, ambos com
veículos automotores.
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos A prioridade dos veículos de socorro deve ser
precedidos de batedores, de socorro de incêndio respeitada, por se tratar de uma norma de huma-
e salvamento, de polícia, de operação e fiscali- nidade, e agora, regulada pelo artigo 189.
zação de trânsito e às ambulâncias, quando em
serviço de urgência e devidamente identificados
por dispositivos regulamentados de alarme so-
noro e iluminação vermelha intermitentes: Infra-
ção - gravíssima; Penalidade - multa.
Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgên- Se trata de tirar vantagem da situação. Apenas
cia, estando este com prioridade de passagem possui prioridade de utilizar-se do sinal sonoro
devidamente identificada por dispositivos regula- os agentes públicos de segurança. Essa condu-
mentares de alarme sonoro e iluminação verme- ta pode causar acidentes, e aqui por dolo even-
lha intermitentes: Infração - grave; Penalidade tual, que é quando o agente assume o risco e
- multa. mesmo assim, continua em sua conduta.
85
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, Ao obrigar o condutor do veículo que está sen-
transitando em sentidos opostos, estejam na do ultrapassado, numa ultrapassagem indevida,
iminência de passar um pelo outro ao realizar a frear seu veículo, o agente pode causar um
operação de ultrapassagem: Infração - gravíssi- acidente pela sua ação precipitada, agora com-
ma; Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão batida pelo artigo 191.
do direito de dirigir. Parágrafo único. Aplica-se
em dobro a multa prevista no caput em caso de
reincidência no período de até 12 (doze) meses
da infração anterior.
Art. 192. Deixar de guardar distância de segu- Não há uma recomendação do que seja distân-
rança lateral e frontal entre o seu veículo e os cia adequada no código de leis de trânsito. Por
demais, bem como em relação ao bordo da pis- esse motivo, aqui interpretamos a direção defen-
ta, considerando-se, no momento, a velocidade, siva, e essa distância é avaliada pelo agente de
às condições climáticas do local da circulação e trânsito.
do veículo: Infração - grave; Penalidade - multa.
Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, Calçadas são as partes da via apenas para pe-
passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, destres, passeios são considerados o espaço
ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros cen- entre a calçada e a rua, separadas por uma mar-
trais e divisores de pista de rolamento, acosta- cação feita a tinta, como uma linha. Ciclofaixa é
mentos, marcas de canalização, gramados e jar- o local de rolamento apenas de ciclos (bicicletas,
dins públicos: Infração - gravíssima; Penalidade triciclos) delimitada por sinalização, já a ciclovia
- multa (três vezes). é propriamente para ciclos, separada fisicamen-
te do tráfego normal. Ilha é uma sinalização para
o trânsito e se interpreta refúgio a parte pintada
na via, de acesso apenas para pedestres, muito
utilizada ao atravessar a rua.
Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na Aqui deve o agente anotar o espaço percorrido
distância necessária a pequenas manobras e de pelo motorista, que deve ser maior que aquele
forma a não causar riscos à segurança: Infração necessário para manobras menores.
- grave; Penalidade - multa.
Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da A ordem dada pelo agente de trânsito deve ser
autoridade competente de trânsito ou de seus decorrente de uma imposição normativa, sendo
agentes: Infração - grave; Penalidade - multa. agente de trânsito aqui considerado todos os
membros da segurança pública fiscalizadoras
do trânsito.
Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, Para a segurança da mobilidade viária, deve o
mediante gesto regulamentar de braço ou luz in- motorista indicar seus movimentos de manobra,
dicadora de direção do veículo, o início da mar- que podem vir a ser imprevistos aos outros con-
cha, a realização da manobra de parar o veículo, dutores.
a mudança de direção ou de faixa de circulação:
Infração - grave; Penalidade - multa.
86
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, Essa norma de conduta e de segurança traduz
o veículo para a faixa mais à esquerda ou mais como o CTB influencia as boas maneiras no
à direita, dentro da respectiva mão de direção, trânsito, principalmente na indicação de mano-
quando for manobrar para um desses lados: In- bras que podem causar algum transtorno.
fração - média; Penalidade - multa.
Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquer- Dar passagem, seria o correto. Aqui movimen-
da, quando solicitado: Infração - média; Penali- ta-se de faixa quando há a sinalização de um
dade - multa. outro veículo, logo atrás, que queira ultrapassar.
Portanto, ceder a passagem, mudando de faixa,
é a conduta apropriada trazida pelo CTB.
Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quan- É pelo artigo 29, inciso IX que vemos que “a
do o veículo da frente estiver colocado na faixa ultrapassagem de outro veículo em movimen-
apropriada e der sinal de que vai entrar à es- to deverá ser feita pela esquerda, obedecida a
querda: Infração - média; Penalidade - multa. sinalização regulamentar e as demais normas
estabelecidas neste Código, exceto quando o
veículo a ser ultrapassado estiver sinalizando o
propósito de entrar à esquerda”(BRASIL, 1997).
Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de Aqui trata-se do mesmo tipo do artigo anterior,
transporte coletivo ou de escolares, parado para mas a infração se faz gravíssima pois o ato pode
embarque ou desembarque de passageiros, colocar as vidas das pessoas que desembarcam
salvo quando houver refúgio de segurança para e embarcam do transporte.
o pedestre: Infração - gravíssima; Penalidade -
multa.
Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral É uma regra de comportamento, mas que agora
de um metro e cinquenta centímetros ao passar passa a ser tipificada como infração, sendo obri-
ou ultrapassar bicicleta: Infração - média; Pena- gatória seu cumprimento.
lidade - multa.
Art. 202. Ultrapassar outro veículo: Aqui devemos explicar três coisas:
I - pelo acostamento; ACOSTAMENTO – é a parte da via que se dife-
II - em interseções e passagens de nível; Infra- rencia da pista de rolamento, sendo destinada à
ção - gravíssima; Penalidade - multa (cinco ve- parada ou estacionamento de veículos, em caso
zes). de emergência, e à circulação de pedestres e
bicicletas, quando não houver local apropriado
para esse fim.
INTERSEÇÃO – significa qualquer cruzamento,
entroncamento ou bifurcação, o que inclui áreas
formadas pelos cruzamentos em si, como os en-
troncamentos ou bifurcações.
PASSAGEM DE NÍVEL – significa todo cruza-
mento de nível entre uma via e uma linha férrea
ou trilho de bonde com pista própria. Qualquer
ultrapassagem nas condições citadas, identifica
o tipo e a infração gravíssima.
87
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veí- São em cinco incisos que o artigo estabelece as
culo: I - nas curvas, aclives e declives, sem visi- condições para a ultrapassagem, em rodovias
bilidade suficiente; II - nas faixas de pedestre; III que possuam duas vias. A passagem na con-
- nas pontes, viadutos ou túneis; IV - parado em tramão aqui, tenta estabelecer os limites para
fila junto a sinais luminosos, porteiras, cancelas, aquilo que conhecemos como ultrapassagem
cruzamentos ou qualquer outro impedimento à forçada. Nesse caso, o legislador entende ser
livre circulação; V - onde houver marcação viária esse um dos maiores fatores para acidentes de
longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo trânsito no Brasil.
linha dupla contínua ou simples contínua ama-
rela: Infração - gravíssima; Penalidade - multa
(cinco vezes). Parágrafo único. Aplica-se em
dobro a multa prevista no caput em caso de rein-
cidência no período de até 12 (doze) meses da
infração anterior.
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acosta- A norma de conduta obriga o condutor que pare
mento à direita, para aguardar a oportunidade de no acostamento ao lado direito antes de realizar
cruzar a pista ou entrar à esquerda, onde não uma manobra de mudança de direção, em vias
houver local apropriado para operação de retor- públicas.
no: Infração - grave; Penalidade - multa.
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento O inciso VII do artigo 29 “os veículos precedi-
que integre cortejo, préstito, desfile e formações dos de batedores terão prioridade de passagem,
militares, salvo com autorização da autoridade respeitadas as demais normas de circulação”
de trânsito ou de seus agentes: Infração - leve; (BRASIL, 1997, p. 58), traz a prioridade desses
Penalidade - multa. veículos em relação aos outros, tipificada como
infração a partir do artigo 205, aqui previsto.
Art. 206. Executar operação de retorno: O Anexo I do CTB, diz que operação de retorno
I - em locais proibidos pela sinalização; é o “movimento de inversão total de sentido da
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadu- direção original de veículos”. Então, será penali-
tos e túneis; I zado o condutor que manobrar de forma a inver-
II - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ter o seu veículo em uma ação imediata.
ajardinamento ou canteiros de divisões de pista
de rolamento, refúgios e faixas de pedestres e
nas de veículos não motorizados;
IV - nas interseções, entrando na contramão de
direção da via transversal;
V - com prejuízo da livre circulação ou da segu-
rança, ainda que em locais permitidos: Infração
- gravíssima; Penalidade - multa.
Art. 207. Executar operação de conversão à Para que exista essa infração, deve haver a
direita ou à esquerda em locais proibidos pela sinalização. Por mais que o condutor cause al-
sinalização: Infração - grave; Penalidade - multa. guma outra infração em sua ação, para o artigo
207 necessita da sinalização feita pelos órgãos
responsáveis pelo trânsito.
88
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo Essa é mais uma novidade trazida pela Lei
ou o de parada obrigatória, exceto onde houver 14.071/20. O texto do artigo dispõe a desobedi-
sinalização que permita a livre conversão à di- ência pela sinalização, causadores de diversos
reita prevista no art. 44-A deste Código: Infração acidentes com vítimas fatais no País. O Anexo
- gravíssima; Penalidade - multa. II do CTB, em seu item 4.1, demonstra como é
realizado o controle de trânsito através das indi-
cações dos semáforos.
Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio vi- Pedágios e áreas destinadas à pesagem de veí-
ário com ou sem sinalização ou dispositivos au- culos são de parada obrigatória.
xiliares, deixar de adentrar às áreas destinadas
à pesagem de veículos ou evadir-se para não
efetuar o pagamento do pedágio: Infração - gra-
ve; Penalidade - multa.
Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio Há aqui a multa do trânsito para quem irromper
viário policial: Infração - gravíssima; Penalidade barreira policial, mas também pode ser retido
- multa, apreensão do veículo e suspensão do o veículo no caso de fuga à ação policial, para
direito de dirigir; Medida administrativa - remo- averiguação dos fatos.
ção do veículo e recolhimento do documento de
habilitação.
Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados Mais uma norma de conduta que se torna típica
em razão de sinal luminoso, cancela, bloqueio infracional, é aquela em que o condutor, ao des-
viário parcial ou qualquer outro obstáculo, com respeitar filas, as ultrapassa de maneira errada
exceção dos veículos não motorizados: Infração e consciente, utilizando qualquer das faixas para
- grave; Penalidade - multa. isso.
Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de O artigo 29 do CTB, em seu inciso XII, diz que
transpor linha férrea: Infração - gravíssima; Pe- os veículos que trafegam sobre os trilhos terão
nalidade - multa. prioridade sobre os outros. Nesse caso, a norma
de conduta busca a segurança dos motoristas e
usuários de transporte.
Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a Manifestações realizadas por grupos de pesso-
respectiva marcha for interceptada: as, deve o motorista, tomar todas as precauções
I - por agrupamento de pessoas, como préstitos, devidas. Como no artigo 205, se o motorista
passeatas, desfiles e outros: Infração - gravíssi- resolver ultrapassar os grupos identificados no
ma; Penalidade - multa. inciso II, incorre em infração grave.
II - por agrupamento de veículos, como cortejos,
formações militares e outros: Infração - grave;
Penalidade - multa.
89
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 214. Deixar de dar preferência de passa- O artigo 29, § 2º do CTB estabelece que: “Res-
gem a pedestre e a veículo não motorizado: peitadas as normas de circulação e conduta es-
I - que se encontre na faixa a ele destinada; tabelecidas neste artigo, em ordem decrescente,
II - que não haja concluído a travessia mesmo os veículos de maior porte serão sempre res-
que ocorra sinal verde para o veículo; ponsáveis pela segurança dos menores, os mo-
III - portadores de deficiência física, crianças, torizados pelos não motorizados e, juntos, pela
idosos e gestantes: Infração - gravíssima; Pena- incolumidade dos pedestres” (BRASIL, 1997, p.
lidade - multa. 48). A partir do artigo 214, essa norma de condu-
IV - quando houver iniciado a travessia mesmo ta passa a ser uma infração grave.
que não haja sinalização a ele destinada;
V - que esteja atravessando a via transversal
para onde se dirige o veículo: Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 215. Deixar de dar preferência de passa- Atender as sinalizações e dar preferência de
gem: passagem àquele motorista que transita na
I - em interseção não sinalizada: a) a veículo que preferencial, é uma norma educativa e agora,
estiver circulando por rodovia ou rotatória; b) a pedagógica, pois seu cometimento envolve uma
veículo que vier da direita; infração grave.
II - nas interseções com sinalização de regula-
mentação de Dê a Preferência: Infração - grave;
Penalidade - multa.
Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeiras sem O Anexo I do CTB define como áreas lindeiras
estar adequadamente posicionado para ingres- “aquele situado ao longo das vias urbanas ou
so na via e sem as precauções com a segurança rurais e que com elas se limita” (BRASIL, 1997,
de pedestres e de outros veículos: Infração - mé- p. 350). Significa qualquer imóvel com acesso
dia; Penalidade - multa. direto para a via pública.
Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos es- A preferência é dada a pedestres e outros veícu-
tacionados sem dar preferência de passagem a los, antes de estacionar ou de sair/entrar numa
pedestres e a outros veículos: Infração - média; fila de veículos. É uma norma de conduta que
Penalidade – multa. virou uma infração de trânsito.
Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxi- Mais uma infração que tem como penalidade a
ma permitida para o local, medida por instrumento suspensão do direito de dirigir. Todas as velo-
ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito cidades estão dispostas na Resolução do Con-
rápido, vias arteriais e demais vias: tran.
I - quando a velocidade for superior à máxima em
até 20% (vinte por cento): Infração - média; Pena-
lidade - multa;
II - quando a velocidade for superior à máxima em
mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta
por cento): Infração - grave; Penalidade - multa;
III - quando a velocidade for superior à máxima em
mais de 50% (cinquenta por cento): Infração - gra-
víssima; Penalidade - multa (três vezes) e suspen-
são do direito de dirigir.
90
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade O artigo 62 do CTB estabelece que “a velocida-
inferior à metade da velocidade máxima esta- de mínima não poderá ser inferior à metade da
belecida para a via, retardando ou obstruindo o velocidade máxima estabelecida, respeitadas
trânsito, a menos que as condições de tráfego e as condições operacionais de trânsito e da via”
meteorológicas não o permitam, salvo se estiver (BRASIL, 1997, p. 78). Porém será considerada
na faixa da direita: Infração - média; Penalidade típica e irregular somente conduta que de fato
- multa. obstrua ou retarde o tráfego.
Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do ve- Velocidade compatível com a segurança pode
ículo de forma compatível com a segurança do ser considerada aquela em que o motorista age
trânsito: I - quando se aproximar de passeatas, de forma defensiva, em que o motorista possui
aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles: In- domínio completo do veículo, a fim de obter su-
fração - gravíssima; Penalidade - multa; cesso em ações como um desvio ou a freada
II - nos locais onde o trânsito esteja sendo con- necessária.
trolado pelo agente da autoridade de trânsito,
mediante sinais sonoros ou gestos;
III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-
-fio) ou acostamento;
IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção
não sinalizada;
V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não es-
teja cercada;
VI - nos trechos em curva de pequeno raio;
VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com
advertência de obras ou trabalhadores na pista;
VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos
fortes;
IX - quando houver má visibilidade;
X - quando o pavimento se apresentar escorre-
gadio, defeituoso ou avariado;
XI - à aproximação de animais na pista;
XII - em declive; Infração - grave; Penalidade -
multa;
XIII - ao ultrapassar ciclista: Infração - gravíssi-
ma; Penalidade - multa;
XIV - nas proximidades de escolas, hospitais,
estações de embarque e desembarque de pas-
sageiros ou onde haja intensa movimentação de
pedestres: Infração - gravíssima; Penalidade -
multa.
91
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 221. Portar no veículo placas de identifica- O Conselho Nacional de Trânsito estabelece por
ção em desacordo com as especificações e mo- intermédio da Resolução 231/07 o sistema de
delos estabelecidos pelo CONTRAN: Infração placas para identificação. Placas sem tarjetas
- média; Penalidade - multa; Medida administra- que identificam o fabricante não são permitidas.
tiva - retenção do veículo para regularização e Da mesma forma são punidos aqueles que ofe-
apreensão das placas irregulares. recem essas marcações.
Parágrafo único. Incide na mesma penalidade
aquele que confecciona, distribui ou coloca, em
veículo próprio ou de terceiros, placas de iden-
tificação não autorizadas pela regulamentação.
Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações Os órgãos de segurança pública que estão des-
de atendimento de emergência, o sistema de critos no artigo 144 da Constituição Federal de
iluminação vermelha intermitente dos veículos 1988, devem ao atender em alguma emergên-
de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, cia, manter ligado a iluminação intermitente para
de fiscalização de trânsito e das ambulâncias, aviso geral, evitando assim acidentes paralelos.
ainda que parados: Infração - média; Penalida-
de - multa.
Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou A luz baixa é um respeito ao veículo da frente,
com o facho de luz alta de forma a perturbar a devendo ser utilizada apenas em situações de
visão de outro condutor: Infração - grave; Pena- risco, como em situação de neblina e fortes chu-
lidade - multa; Medida administrativa - retenção vas.
do veículo para regularização.
Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos O correto é o uso da luz baixa, a não ser no estri-
faróis em vias providas de iluminação pública: tamente necessário. Não havendo necessidade,
Infração - leve; Penalidade - multa. pois a via se faz segura, há a multa.
Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a Aplica-se esse artigo a norma geral de circula-
prevenir os demais condutores e, à noite, não ção e conduta trazida pelo artigo 46: “Sempre
manter acesas as luzes externas ou omitir-se que for necessária a imobilização temporária de
quanto a providências necessárias para tornar um veículo no leito viário, em situação de emer-
visível o local, quando: gência, deverá ser providenciada a imediata si-
I - tiver de remover o veículo da pista de rola- nalização de advertência, na forma estabelecida
mento ou permanecer no acostamento; pelo CONTRAN” (BRASIL, 1997). Os conduto-
II - a carga for derramada sobre a via e não pu- res devem ser avisados por sinalização quando:
der ser retirada imediatamente: Infração - grave; 1ª) tiver de remover o veículo da pista de rola-
Penalidade - multa. mento ou permanecer no acostamento; e 2ª) a
carga for derramada sobre a via e não puder ser
retirada imediatamente.
Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto Enquanto o artigo anterior determina a sinaliza-
que tenha sido utilizado para sinalização tempo- ção, aqui obriga a retirada desta quando os fatos
rária da via: Infração - média; Penalidade - multa. forem alterados, ou, seja, voltarem à normali-
dade. Deve então retirar a sinalização uma vez
posta para orientar os motoristas.
92
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 227. Usar buzina: Ensinar como usar a buzina é uma das normas
I - em situação que não a de simples toque bre- de condutas que, sofrem penalização, de infra-
ve como advertência ao pedestre ou a conduto- ção leve, de três pontos na CNH.
res de outros veículos;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer
pretexto;
III - entre as vinte e duas e às seis horas;
IV - em locais e horários proibidos pela sinali-
zação;
V - em desacordo com os padrões e frequências
estabelecidas pelo CONTRAN: Infração - leve;
Penalidade - multa.
Art. 228. Usar no veículo equipamento com som O som, independente de volume ou frequência,
em volume ou frequência que não sejam autori- desde que passível de perturbação do sucesso
zados pelo CONTRAN: Infração - grave; Penali- alheio, é punido por uma infração grave. Sons
dade - multa; Medida administrativa - retenção altos nos veículos, como uso de caixa de som,
do veículo para regularização. configuram também contravenção penal.
Art. 229. Usar indevidamente no veículo apare- A norma realça a perturbação do sucesso alheio,
lho de alarme ou que produza sons e ruído que mas por intermédio de alarmes de segurança ou
perturbem o sossego público, em desacordo com outros ruídos emitidos que causem transtorno.
normas fixadas pelo CONTRAN: Infração - mé-
dia; Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.
93
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 230. Conduzir o veículo: Este é o mais extenso artigo sobre infração de
I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a trânsito no CTB, que regula a condução do veí-
placa ou qualquer outro elemento de identifica- culo. Há a violação do chassi ou placa do veícu-
ção do veículo violado ou falsificado; lo, assim, o inciso I pune quem viola ou falsifica
II- transportando passageiros em compartimento os números que identificam o bem, e todos os
de carga, salvo por motivo de força maior, com incisos seguintes irão tratar do tema alterações
permissão da autoridade competente e na forma nas características originais, seja do próprio
estabelecida pelo CONTRAN; equipamento que compõe o veículo, ou da sua
III - com dispositivo anti-radar; identificação.
IV - sem qualquer uma das placas de identifica-
ção;
V - que não esteja registrado e devidamente
licenciado;
VI - com qualquer uma das placas de identifica-
ção sem condições de legibilidade e visibilidade:
Infração - gravíssima; Penalidade - multa e apre-
ensão do veículo; Medida administrativa - remo-
ção do veículo;
VII - com a cor ou característica alterada;
VIII - sem ter sido submetido à inspeção de se-
gurança veicular, quando obrigatória;
IX - sem equipamento obrigatório ou estando
este ineficiente ou inoperante;
X - com equipamento obrigatório em desacordo
com o estabelecido pelo CONTRAN;
XI - com descarga livre ou silenciador de motor
de explosão defeituoso, deficiente ou inoperan-
te;
XII - com equipamento ou acessório proibido;
XIII - com o equipamento do sistema de ilumina-
ção e de sinalização alterados;
XIV - com registrador instantâneo inalterável de
velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quan-
do houver exigência desse aparelho;
XV - com inscrições, adesivos, legendas e sím-
bolos de caráter publicitário afixados ou pintados
no para-brisa e em toda a extensão da parte tra-
seira do veículo, excetuadas as hipóteses pre-
vistas neste Código;
XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos
por películas refletivas ou não, painéis decorati-
vos ou pinturas;
94
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
95
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 231. Transitar com o veículo: Danos como o previsto no inciso I trata de estra-
I - danificando a via, suas instalações e equipa- gos que podem ser feitos pelos carros em vias
mentos; públicas, na altura para que não estraguem os
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a fios de telefone, internet e energia, placas e o
via: a) carga que esteja transportando; b) com- próprio asfalto em caso de veículos com proble-
bustível ou lubrificante que esteja utilizando; c) mas em sua carroceria. Pelo inciso II, qualquer
qualquer objeto que possa acarretar risco de aci- objeto que seja lançado do veículo, e que possa
dente: Infração - gravíssima; Penalidade - multa; causar danos às pessoas ou a bens diversos,
Medida administrativa - retenção do veículo para são passíveis de verificação e punição do con-
regularização; dutor. Os próximos incisos trataram, da mesma
III - produzindo fumaça, gases ou partículas em forma, de condutas de zelo do veículo, como
níveis superiores aos fixados pelo CONTRAN; o problema com escapamento, ou excesso de
IV - com suas dimensões ou de sua carga su- peso permitido, que pode ser verificado pela
periores aos limites estabelecidos legalmente Resolução 803/20 do CONTRAN. As dimensões
ou pela sinalização, sem autorização: Infração - excedentes dos carros, também podem ser veri-
grave; Penalidade - multa; Medida administrativa ficadas, na Resolução 210/06 do Contran.
- retenção do veículo para regularização;
V - com excesso de peso, admitido percentual
de tolerância quando aferido por equipamento,
na forma a ser estabelecida pelo CONTRAN:
Infração - média; Penalidade - multa acrescida
a cada duzentos quilogramas ou fração de ex-
cesso de peso apurado, constante na seguinte
tabela: a) até 600 kg (seiscentos quilogramas)
- R$ 5,32 (cinco reais e trinta e dois centavos);
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos
quilogramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta
e quatro centavos); c) de 801 (oitocentos e um)
a 1.000 kg (mil quilogramas) - R$ 21,28 (vinte
e um reais e vinte e oito centavos); d) de 1.001
(mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas) - R$
31,92 (trinta e um reais e noventa e dois centa-
vos); e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cin-
co mil quilogramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois
reais e cinquenta e seis centavos); f) acima de
5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$ 53,20
(cinquenta e três reais e vinte centavos); Medida
administrativa - retenção do veículo e transbordo
da carga excedente;
VI - em desacordo com a autorização especial,
expedida pela autoridade competente para tran-
sitar com dimensões excedentes, ou quando a
96
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
97
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de A apreensão do veículo é possível nessa infra-
habilitação e de identificação do veículo: Infra- ção, e o uso de documento falsificado é crime
ção - gravíssima; Penalidade - multa e apreen- previsto no artigo 237 e 304 do Código Penal,
são do veículo; Medida administrativa - remoção tendo uma pena de reclusão de dois a seis anos.
do veículo.
Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga Não se fala aqui em carroceria, em que é pos-
nas partes externas do veículo, salvo nos casos sível o transporte de animais e objetos, mas de
devidamente autorizados: Infração - grave; Pe- partes externas do veículo, como o capô. Porém
nalidade - multa; Medida administrativa - reten- o transporte de pessoas é proibido nas caçam-
ção do veículo para transbordo. bas das caminhonetes, mesmo essas fornecen-
do uma pequena proteção.
Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo fle- Somente podem exercer essa atividade os ve-
xível ou corda, salvo em casos de emergência: ículos destinados ao guincho, não podendo o
Infração - média; Penalidade - multa. particular, para sua própria segurança, abster-se
dessa ação. Mesmo que a norma não determi-
ne o que seja emergência, na segunda parte do
artigo, podem ser rebocados veículos que deter-
minem perigo imediato, como aqueles que pa-
ram no meio da rodovia, ou em lugares de baixa
visibilidade.
Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo Tanto veículos particulares como de transporte,
com as especificações, e com falta de inscrição públicos ou da mesma forma privada, devem
e simbologia necessárias à sua identificação, estar identificados conforme ordena a legislação
quando exigidas pela legislação: Infração - gra- de trânsito.
ve; Penalidade - multa; Medida administrativa -
retenção do veículo para regularização.
Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade Norma diferente daquela que diz que o motorista
de trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, não portava os documentos, é essa que con-
os documentos de habilitação, de registro, de li- sidera o fato do condutor se negar a atender a
cenciamento de veículo e outros exigidos por lei, ordem do agente e não entregar seus documen-
para averiguação de sua autenticidade: Infração tos para verificação. O termo “mediante recibo”
- gravíssima; Penalidade - multa e apreensão significa o auto lavrado pelo oficial de trânsito, no
do veículo; Medida administrativa - remoção do ato da recusa.
veículo.
98
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 239. Retirar do local veículo legalmente re- Diferente do desacato (art.195), aqui o condutor
tido para regularização, sem permissão da auto- em infração não aguarda a liberação pelo agente
ridade competente ou de seus agentes: Infração de trânsito, e sai do local. A falta é considerada
- gravíssima; Penalidade - multa e apreensão gravíssima.
do veículo; Medida administrativa - remoção do
veículo.
Art. 240. Deixar o responsável de promover a O veículo que se enquadra na categoria dano
baixa do registro de veículo irrecuperável ou de grande monta deve ser considerado como
definitivamente desmontado: Infração - grave; irrecuperável.
Penalidade - multa; Medida administrativa - Re-
colhimento do Certificado de Registro e do Certi-
ficado de Licenciamento Anual.
Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de re- Há a punição da omissão do proprietário em cer-
gistro do veículo ou de habilitação do condutor: tificar-se dos documentos válidos para rodagem,
Infração - leve; Penalidade - multa. tanto documentos do bem quanto os seus pró-
prios certificados de habilitação.
Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio Omitir documentos para fins diversos também
para fins de registro, licenciamento ou habilita- podem ser considerados crimes pelo Código Pe-
ção: Infração - gravíssima; Penalidade - multa. nal, artigo 299. Para isso, deve existir o dolo do
condutor, em evitar multas ou que encargos em
seu nome cheguem até ele.
Art. 243. Deixar a empresa seguradora de co- Essa responsabilidade é da empresa segura-
municar ao órgão executivo de trânsito compe- dora, não do condutor, pois após o veículo ser
tente a ocorrência de perda total do veículo e de assegurado, passa a ser responsável por sua
lhe devolver as respectivas placas e documen- autenticação a seguradora.
tos: Infração - grave; Penalidade - multa; Medida
administrativa - Recolhimento das placas e dos
documentos.
99
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta ou ci- Específicas para motocicleta, motoneta e ciclo-
clomotor: motor, o artigo visa a segurança dos conduto-
I - sem usar capacete de segurança ou vestuário res desses itens, mas para isso, foi necessário
de acordo com as normas e as especificações a alteração realizada pela Lei 14.071/2020, que
aprovadas pelo Contran; alterou o CTB, incluindo treze condutas consi-
II - transportando passageiro sem o capacete de deradas ilegais. A Resolução 453/13 versa so-
segurança, na forma estabelecida no inciso an- bre o capacete, que deve proteger toda a caixa
terior, ou fora do assento suplementar colocado craniana, e toda forma de uso do item tanto pelo
atrás do condutor ou em carro lateral; condutor ou pelo seu passageiro. Itens como fa-
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se róis para esses tipos de transportes e o mototáxi
apenas em uma roda; irregular são indispensáveis para pensar uma
IV - (revogado); política de segurança no trânsito.
V - transportando criança menor de 10 (dez)
anos de idade ou que não tenha, nas circuns-
tâncias, condições de cuidar da própria seguran-
ça: Infração - gravíssima; Penalidade - multa e
suspensão do direito de dirigir; Medida adminis-
trativa - retenção do veículo até regularização e
recolhimento do documento de habilitação;
VI - rebocando outro veículo;
VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos,
salvo eventualmente para indicação de mano-
bras; VIII – transportando carga incompatível
com suas especificações ou em desacordo com
o previsto no § 2o do art. 139-A desta Lei;
IX – efetuando transporte remunerado de mer-
cadorias em desacordo com o previsto no art.
139-A desta Lei ou com as normas que regem a
atividade profissional dos mototaxistas: Infração
– grave; Penalidade – multa; Medida administra-
tiva – apreensão do veículo para regularização.
X - com a utilização de capacete de segurança
sem viseira ou óculos de proteção ou com visei-
ra ou óculos de proteção em desacordo com a
regulamentação do Contran;
XI - transportando passageiro com o capacete
de segurança utilizado na forma prevista no in-
ciso X do caput deste artigo: Infração - média;
Penalidade - multa; Medida administrativa - re-
tenção do veículo até regularização;
§ 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos
III, VII e VIII, além de: a) conduzir passageiro
100
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
101
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista Veja, prezado estudante, que este se configura
de rolamento, em fila única, os veículos de tra- como o único artigo do CTB que trata de veí-
ção ou propulsão humana e os de tração animal, culos de tração animal ou propulsão humana,
sempre que não houver acostamento ou faixa a que devem ser conduzidos pela borda ou acos-
eles destinados: Infração - média; Penalidade - tamento da pista. Carro de mão e bicicleta são
multa. considerados de tração humana. Charrete e car-
roça funcionam pela tração animal.
Art. 248. Transportar em veículo destinado ao O artigo 109 do CTB diz o seguinte: "O transpor-
transporte de passageiros carga excedente em te de carga em veículos destinados ao transporte
desacordo com o estabelecido no art. 109: Infra- de passageiros só pode ser realizado de acordo
ção - grave; Penalidade - multa; Medida adminis- com as normas estabelecidas pelo CONTRAN”.
trativa - retenção para o transbordo. Assim, havendo descumprimento das regras de
transporte do Conselho Nacional de Trânsito, há
o fato típico descrito na norma.
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as A recomendação do farol alto serve para iden-
luzes de posição, quando o veículo estiver para- tificar o veículo em casos que este tenha que
do, para fins de embarque ou desembarque de permanecer parado, ou em baixa velocidade,
passageiros e carga ou descarga de mercado- em locais de pouca visibilidade. Embora seja re-
rias: Infração - média; Penalidade - multa. comendada como boa conduta, a não aplicação
das luzes acessas nos termos do artigo prevê
uma infração média.
Art. 250. Quando o veículo estiver em movimen- O item em negrito é uma novidade que veio com
to: a lei 14.071/2020, que altera o CTB, retirando a
I - deixar de manter acesa a luz baixa: a) duran- exigência de se manter luz baixa com os faróis
te a noite; b) de dia, em túneis e sob chuva, do veículo, quando este possuir o farol de roda-
neblina ou cerração; c) de dia, no caso de gem diurno, conhecido por luz DRL.
veículos de transporte coletivo de passa-
geiros em circulação em faixas ou pistas a
eles destinadas; d) de dia, no caso de moto-
cicletas, motonetas e ciclomotores; e) de dia,
em rodovias de pista simples situadas fora
dos perímetros urbanos, no caso de veículos
desprovidos de luzes de rodagem diurna;
II - deixar de manter acesas pelo menos as luzes
de posição sob chuva forte, neblina ou cerração;
III - deixar de manter a placa traseira iluminada,
à noite; Infração - média; Penalidade - multa.
102
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 251. Utilizar as luzes do veículo: A exceção a essa regra está disposta no artigo o
I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou si- artigo 40, inciso III, que estabelece que “a troca
tuações de emergência; de luz baixa e alta, de forma intermitente e por
II - baixa e alta de forma intermitente, exceto curto período de tempo, com o objetivo de adver-
nas seguintes situações: a) a curtos intervalos, tir outros motoristas, só poderá ser utilizada para
quando for conveniente advertir a outro condutor indicar a intenção de ultrapassar o veículo que
que se tem o propósito de ultrapassá-lo; b) em segue à frente ou para indicar a existência de
imobilizações ou situação de emergência, como risco à segurança para os veículos que circulam
advertência, utilizando pisca-alerta; c) quando a no sentido contrário” (BRASIL, 1997).
sinalização de regulamentação da via determi-
nar o uso do pisca-alerta: Infração - média; Pe-
nalidade - multa.
Art. 252. Dirigir o veículo: Por certo, o bom senso deve ser utilizado na
I - com o braço do lado de fora; aplicação desta norma. O motorista que está
II - transportando pessoas, animais ou volume à dando passagem, ou que sinalize algo, retirando
sua esquerda ou entre os braços e pernas; a mão do volante, não será passível da penali-
III - com incapacidade física ou mental tempo- dade. Da mesma forma, o transporte de animal
rária que comprometa a segurança do trânsito; deve ocorrer de forma a atrapalhar o condutor,
IV - usando calçado que não se firme nos pés ou criando empecilho na questão da direção. Todas
que comprometa a utilização dos pedais; são normas de conduta, mas que estão adverti-
V - com apenas uma das mãos, exceto quando das pela penalização administrativa.
deva fazer sinais regulamentares de braço, mu-
dar a marcha do veículo, ou acionar equipamen-
tos e acessórios do veículo;
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conecta-
dos a aparelhagem sonora ou de telefone celu-
lar; Infração - média; Penalidade - multa.
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veícu-
lo em movimento: Infração - média; Penalidade
- multa. Parágrafo único. A hipótese prevista no
inciso V caracterizar-se-á como infração gravís-
sima no caso de o condutor estar segurando ou
manuseando telefone celular.
Art. 253. Bloquear a via com veículo: Infração O artigo visa punir aquele que impede a passa-
- gravíssima; Penalidade - multa e apreensão gem em via pública de forma proposital. Por sua
do veículo; Medida administrativa - remoção do ação, o motorista impossibilita a fruição normal
veículo. da via, utilizando seu veículo. Note que essa
ação pode ser constatada tanto pela parada total
ou parcial da via.
103
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, delibe- Muitas greves ou mesmo sindicâncias reali-
radamente, interromper, restringir ou perturbar a zadas por motoristas profissionais, como os
circulação na via sem autorização do órgão ou caminhoneiros, utilizavam-se de seus veículos
entidade de trânsito com circunscrição sobre ela: para impor sua vontade e desígnios para cha-
Infração - gravíssima; Penalidade - multa (vinte mar atenção do setor público ou até mesmo da
vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 empresa às quais se cobra algo. Então, utilizar
(doze) meses; Medida administrativa - remoção caminhões ou ônibus para cessar o trânsito, ou
do veículo. impedir que outros carros similares passem pelo
§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessen- local, é uma infração tipificada neste artigo.
ta) vezes aos organizadores da conduta prevista
no caput.
§ 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de rein-
cidência no período de 12 (doze) meses. § 3º
As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas
ou jurídicas que incorram na infração, devendo
a autoridade com circunscrição sobre a via res-
tabelecer de imediato, se possível, as condições
de normalidade para a circulação na via.
Art. 254. É proibido ao pedestre: As más condutas dos pedestres são analisadas
I - permanecer ou andar nas pistas de rolamen- e tipificadas aqui, sendo aplicada a multa de na-
to, exceto para cruzá-las onde for permitido; tureza leve a essas infrações. O grande, porém,
II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pon- é quanto a aplicação dessa penalidade pelo
tes, ou túneis, salvo onde exista permissão; agente de trânsito ao pedestre, uma vez que o
III - atravessar a via dentro das áreas de cru- regramento de trânsito visa a penalidade ligada
zamento, salvo quando houver sinalização para ao registro do veículo, mas não há ainda, norma-
esse fim; IV - utilizar-se da via em agrupamentos tização para penalizar pelo cadastro de pessoa
capazes de perturbar o trânsito, ou para a práti- física do pedestre.
ca de qualquer folguedo, esporte, desfiles e simi- • Por esse motivo, essa é mais uma norma edu-
lares, salvo em casos especiais e com a devida cativa do que penalizadora.
licença da autoridade competente; V - andar fora
da faixa própria, passarela, passagem aérea ou
subterrânea;
VI - desobedecer à sinalização de trânsito es-
pecífica; Infração - leve; Penalidade - multa, em
50% (cinquenta por cento) do valor da infração
de natureza leve.
104
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde Para condução das bicicletas, o artigo 59 do
não seja permitida a circulação desta, ou de CTB dispõe que “desde que autorizado e de-
forma agressiva, em desacordo com o disposto vidamente sinalizado pelo órgão ou entidade
no parágrafo único do art. 59: Infração - média; com circunscrição sobre a via, será permitida a
Penalidade - multa; Medida administrativa - re- circulação de bicicletas nos passeios” (BRASIL,
moção da bicicleta, mediante recibo para o pa- 1997). Deve haver então, autorização do órgão
gamento da multa. (BRASIL, s.p., 1997). responsável por aquela competência, naque-
la via. Veja, que o artigo evidencia o parágrafo
único do artigo 59, todavia esse parágrafo não
existe, ficando apenas o artigo 255 como norte
para a penalidade administrativa.
FONTE: O autor
106
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
Lembrando que todos esses artigos estão descritos na Tabela 3, no que diz
respeito às infrações de trânsito.
107
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
108
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Você estudou como o ato pode ser considerado crime, sendo ele doloso ou na
modalidade culposa, mas ainda assim, percebeu que o crime deve estar previsto
em lei, que demonstra qual a conduta considerada errada perante a sociedade. A
razão disso serve ao princípio da legalidade, pois somente pode ser considerado
desviante de um comportamento não aceito pela maioria, se sua conduta estiver
tipificada como crime ou infração. A partir disso, se discute dolo ou culpa.
109
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
REFERÊNCIAS
BARATTA, A. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à
Sociologia do Direito Penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
110
Capítulo 2 DIREITO PENAL DE TRÂNSITO
BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal: parte geral. 17. ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2012.
GROSSI, P. Primeira lição sobre direito. Ed. Forense, São Paulo, 2006.
111
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
112
C APÍTULO 3
A CONDUTA PARA O CRIME
Saber:
• Identificar o crime de concurso de agentes nos crimes específicos do trânsito.
• Explicar a imputabilidade penal e a imputabilidade em casos referentes aos
crimes no trânsito.
• Referenciar a extinção de punibilidade e analisar suas causas.
• Identificar os autores dos crimes de trânsito, os coautores e os participantes.
Fazer:
• Refletir sobre os diversos tipos de crimes envolvendo o concurso de agentes
nos crimes de trânsito.
• Entender a imputabilidade penal e seus institutos.
• Compreender a extinção da punibilidade em crimes de trânsito.
• Esclarecer as diferenças formas de observação do CTB para a imputabilidade
penal.
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
114
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Agora que você já estudou a respeito das políticas públicas, de urbanidade e
os diversos planejamentos e órgãos que compõem o sistema de trânsito nacional,
bem como os crimes e as infrações, verá também que apesar da vontade do
agente definida pelo dolo ou pela culpa, outras condicionantes existem para que
um crime de trânsito realmente ocorra. Existe a possibilidade da desistência do
desvio ilícito ou de seu arrependimento, que uma vez ocorrendo de forma eficaz,
fará toda diferença na persecução penal e no julgamento.
115
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Dessa maneira enxergamos que para que exista uma conduta considerada
ilegal, o bem penal protegido pelo direito deve vir a ser maculado por essa ação.
Temos então o bem que é defendido pelo direito penal de um lado, e de outro
a ação que venha a ofender esse bem tutelado. Mesmo em crimes de trânsito
podem existir ações sem vontade alguma de atingir um resultado considerado
criminoso, mas ainda assim, elas ocorrem devido a determinadas situações, que
identificam o agente como o autor de algum delito.
Por todo o exposto, concluímos a teoria adotada pelo sistema penal nacional,
em seu código penalizador, que “conduta é a ação ou a omissão, que seja causada
de forma voluntária e consciente implicando em um comando de movimentação
ou inércia do corpo humano, voltado a uma finalidade” (NUCCI, 2014, p. 198).
116
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
117
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Entretanto, para que isso tudo ocorra, devemos entender que crimes de
diferentes formas, ou condutas diversas, podem ser punidas a partir de sua
simples tentativa, e não por sua consumação, quando de fato essa não ocorre.
Vejamos os crimes considerados de omissão. Quando o agente se omite por
vontade própria em ajudar ou prestar socorro de alguma forma à vítima, então
não há tentativa uma vez não ser possível tentar o que nem foi começado, que é o
caso do artigo 304 do CTB, que trata da omissão.
Por outro lado, também não existe tentativa em crimes culposos. Isso
devido ao próprio ânimo do agente, que não era desde o início, causar qualquer
tipo de dano ou crime com seu veículo automotor.
118
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Assim, se um crime somente pode ser tentado quando houver o dolo, ele
pode ser consumado tanto havendo culpa ou o próprio dolo.
119
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Ao tratar o crime consumado, o agente deve realizar aquilo que está descrito
no Código Penal, e que se identifica como crime. Para Damásio de Jesus a “total
conformidade do fato praticado pelo agente com a hipótese abstrata descrita pela
norma penal incriminadora” (JESUS, 2014, p. 583). Estando o ato fora dessa
realidade, então temos a hipótese de crime tentado ou simplesmente preparatório.
120
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Art. 304 Deixar o condutor do Não existe tentativa em crime Consuma-se o crime com a
veículo, na ocasião do aciden- omissivo próprio, ou seja, na vontade de não socorrer a
te, de prestar imediato socorro omissão do agente. vítima, nem avisar alguém que
à vítima, ou, não podendo o possa fazer.
fazê-lo diretamente, por justa
causa, deixar de solicitar auxí-
lio da autoridade pública.
Art. 305 Afastar-se o condutor A tentativa é punível com a ini- O crime é produzido quando
do veículo do local do acidente, ciativa de tentar deixar o local. há o afastamento do agente
para fugir à responsabilidade causador do acidente do local.
penal ou civil que lhe possa ser
atribuída.
Art. 306 Conduzir veículo Pune-se a tentativa de tentar A condução é o próprio ato,
automotor com capacidade se evadir do local, mesmo não em consonância com os sinais
psicomotora alterada em razão conseguindo pôr em funciona- visíveis de embriaguez.
da influência de álcool ou de mento o veículo.
outra substância psicoativa que
determine dependência.
Art. 307 Violar a suspensão Admite-se a tentativa quando Consuma-se o crime violando a
ou a proibição de se obter a mesmo suspenso o direito de suspensão de dirigir.
permissão ou a habilitação direção, ainda assim o motoris-
para dirigir veículo automotor ta tenta ligar o automóvel, mas
imposta com fundamento neste é impedido.
Código.
Art. 308 Participar, na direção Há a tentativa e é punível O crime se consome com a
de veículo automotor, em via a partir da participação no participação no evento não
pública, de corrida, disputa ou evento, mesmo que tenha sido autorizado.
competição automobilística cancelado pela segurança
não autorizada pela autoridade pública.
competente, gerando situação
de risco à incolumidade pública
ou privada.
Art. 309 Dirigir veículo auto- Pune-se a tentativa, se ficar Consuma-se o crime com a
motor, em via pública, sem a provado que não havia condi- direção ilegal em via pública.
devida permissão para dirigir ções legais de direção, e ainda
ou habilitação ou, ainda, se assim, o agente tenta ligar o
cassado o direito de dirigir, veículo mas antes é flagrado
gerando perigo de dano. por policial ou agente compe-
tente.
121
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Art. 310 Permitir, confiar ou Pune-se a tentativa quando, Diz-se consumado o crime
entregar a direção de veículo por exemplo, o veículo não quando o inabilitado assume
automotor à pessoa não habili- funciona ao ser ligado. o volante, ou quando se flagra
tada, com habilitação cassada o ato de entregar veículo ao
ou com o direito de dirigir incapaz de direção.
suspenso, ou, ainda, a quem,
por seu estado de saúde, física
ou mental, ou por embriaguez,
não esteja em condições de
conduzi-lo com segurança.
Art. 311 Trafegar em velo- Pune-se a tentativa, quando Consumado o crime em que o
cidade incompatível com a antes mesmo de entrar no local motorista dirige com velocidade
segurança nas proximidades controlado, o agente demons- incompatível ao local.
de escolas, hospitais, estações tra estar em alta velocidade,
de embarque e desembarque e que não irá reduzir sua
de passageiros, logradouros velocidade. Entretanto, alguns
estreitos, ou onde haja grande doutrinadores excluem a puni-
movimentação ou concen- ção da tentativa para esse tipo
tração de pessoas, gerando por tratar de crime que exige
perigo de dano. perigo concreto para que exista
sua consumação.
Art. 312 Inovar artificiosa- Pune-se a tentativa, quando A desconfiguração do lugar
mente, em caso de acidente há o ato inicial, observado e exato em que ocorreu o aci-
automobilístico com vítima, na testemunhado pelo agente dente, com intuito de esconder
pendência do respectivo pro- responsável. do agente policial o ocorrido.
cedimento policial preparatório, Fraude processual.
inquérito policial ou processo
penal, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, a fim de
induzir a erro o agente policial,
o perito, ou juiz.
FONTE: O autor
122
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Lembre-se que estamos tratando dos casos que o CTB considera crimes de
trânsito, o que difere de delitos mais leves.
123
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Um exemplo para isso, é o do ladrão que resolve furtar os itens que estão no
interior do veículo, mas quando chega próximo à porta, desiste por completo, indo
embora. Essa sua ação ficou clara pelos exemplos trazidos anteriormente, que se
referem à desistência voluntária (NUCCI, 2010).
O artigo 16 do Código Penal versa sobre outro instituto do direito penal, que
ocorre quando o agente comete o fato criminoso, mas antes do recebimento da
denúncia, busca reparar o dano causado restituindo o que havia sido furtado.
Trata-se do arrependimento posterior. É uma forma de arrependimento que é
capaz de reduzir a pena de um a dois terços:
Assim, se em algum crime de dano, tutelado pelo artigo 163 do Código Penal,
o agente restituir o valor causado por sua ação, até o recebimento da denúncia,
então há a aplicação do artigo 16, sendo a pena reduzida de um a dois terços, e
até mesmo, a suspensão do processo. No CTB, esse instituto não possui muito
uso, por sua própria natureza, diferente dos outros dois institutos estudados
anteriormente.
124
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
125
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Notou que para os três itens analisados neste tópico é necessário a presença
do dolo do agente, para que venham a surtir efeito? Dessa maneira, explica
Masson:
126
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Então, dessa maneira, mesmo existindo um ato ilícito típico pela lei como
crime, o autor pode não ser responsabilizado por tal ato. Isso ocorre sob algumas
circunstâncias apontadas pelo CP, como as que estão dispostas no artigo 22 do
Código Penal, que versa a respeito da coação moral irresistível: “Art. 22 - Se o
fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou
da ordem” (CÓDIGO PENAL, 1940, p. 37).
127
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
128
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Pela primeira parte do artigo anterior (caput), identificamos que para isso deve
haver a existência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, conhecido como um critério biológico, e, a absoluta incapacidade ao
tempo da ação ou da omissão, de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-
se de acordo com esse entendimento, em um critério considerado psicológico
(CÓDIGO PENAL, 1940).
129
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
130
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
131
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
homicídio por dolo eventual, sendo o autor julgado pelo Tribunal do Júri, nos
ritos do Direito Processual Penal (MACIEL, 2011).
132
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
133
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
3 CONCURSO DE AGENTES
Também reconhecido por concurso de pessoas, é definido pela participação
de duas ou mais pessoas que coincidem para o crime, de uma forma cognitiva e
volitiva. Sabe-se pela doutrina, que essa é uma forma que exige que o autor tome
decisões voluntárias para o cometimento do ilícito penal (MIRABETE, 2012).
Perceba que pela redação do artigo 29, interpretamos que aquele que
concorre para o crime, provavelmente detenha o domínio do fato, e sobretudo, a
potencial consciência da ilicitude de seu ato. Assim, ao contribuir para a ação, age
em conformidade ao previamente planejado, tendo uma função definida. Assim,
aquele que apenas dirige o automóvel, em uma situação hipotética, para auxiliar
134
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
● O artigo 69, que pode ser encontrado no Capítulo IV, versa sobre
a responsabilidade de quem caminha pelas ruas e que suas
tomadas de decisões devem ser feitas a partir de precauções de
segurança:
135
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
136
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Então temos:
Não há que se falar em crime de partícipe por parte do pai, pois não houve
dolo em sua ação, nem mesmo conhecimento da conduta do menor. Aqui, ao autor
do atropelamento com vítima fatal cabe o homicídio culposo, tipificado no artigo
302 do CTB, com o aumento de pena do § 3º que diz que “se o agente conduz
veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência”, apontando a reclusão, de “cinco a oito
anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor” (BRASIL, 1997, p. 78).
Nesse caso, ao pai, pela sua negligência, deverá ser condenado pela
entrega de veículo a menor, constante no artigo 163 do CTB, estudado no capítulo
anterior, mas não como partícipe, muito menos coautor, conforme os recentes
julgados pelos nossos tribunais superiores. Isso ocorre porque a responsabilidade
dos pais perante os erros penais dos filhos, mesmo menores, recai ao âmbito civil,
mas não ao penal (MASSON, 2017).
137
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
● A responsabilidade penal não pode ser atribuída a outra pessoa, que não
seja o autor ou que não esteja participando ou em coautoria no crime em
concreto.
138
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Culpa
Responsabilidade
139
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Não. Considera-se
Art. 309. Crime crime de mão própria,
O condutor Não Não
Doloso causado pelo próprio
agente.
Não. Considera-se
Art. 31. Crime crime de mão própria,
O proprietário Não Não
Doloso causado pelo próprio
agente.
Não. Considera-se
Art. 311. Crime crime de mão própria,
O condutor Não Não
Doloso causado pelo próprio
agente.
O condutor ou o
Art. 312. Crime agente que realiza o
Sim Sim Sim
Doloso verbo inovar (pode
ser seu carona).
FONTE: O autor
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
145
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
146
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Vamos praticar?
148
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
4 IMPUTABILIDADE PENAL E
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Analisamos nos tópicos anteriores um pouco acerca da imputabilidade penal
e suas consequências, entretanto, como é matéria de vital importância para o
direito de trânsito, vale destacar aqui seus pontos mais influentes no assunto.
Vamos lá!
149
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
Para o direito penal, que é a sua área de estudo aqui neste livro, você vai
perceber que para atribuir algo a alguém, no sentido de responsabilizá-lo por um
fato cometido de maneira típica, esse personagem deve ser imputável. É dessa
forma que se entende isento de pena pessoas incapazes de compreender a
ilicitude de sua ação, a partir de um desenvolvimento biológico mental incompleto,
por exemplo, mas, note também que a imputabilidade está sempre interligada, de
forma direta, ao tempo da conduta, uma vez que deve ser examinada no tempo
em que a ação ou a omissão ocorreram (MASSON, 2017).
É assim que se interpreta diversos casos que vemos por aí, que consideram
a imputabilidade penal ao sujeito que compreende as situações diversas,
possui cognição apurada, mas no momento do ato criminoso, era totalmente ou
parcialmente inimputável. Esse é o caso da embriaguez acidental completa e da
embriaguez patológica, que veremos adiante.
Veja que não se pode imputar um ato que à primeira vista é considerado
criminoso, de um motorista dirigindo em alta velocidade que atropela
inadvertidamente crianças na porta de uma escola, quando se percebe que ao
volante o agente teve um ataque epiléptico, do qual nunca antes teria sido vítima
na vida, porém, o afligiu naquele exato momento. Portanto, somos dependentes de
uma análise mais apurada em toda a situação envolvente de dolo e culpa, dentro
dos âmbitos penais, para conferir a imputabilidade a alguém. Essa não se refere
apenas à consciência ou à mente, mas também a fatos que são relacionados ao
físico e ao corpóreo.
150
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Massom (2017) invoca dois elementos essenciais para que o agente possa
entender o caráter ilícito do fato que comete, que podem ser definidos como
o intelectivo e o volitivo. Note que esses elementos conseguem transmitir a
natureza da imputabilidade, a partir de seus dados, que são determinantes para
a averiguação da imputação ou não, devem estar presentes de forma simultânea,
para que se averigue se o agente era ou não imputável, à época dos fatos:
151
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
condição que retira toda a culpabilidade, não há penalização, ainda que exista
vínculo direto ao fato ilícito, serão absolvidos da mesma forma (MASSON, 2017).
Entretanto, havendo o julgamento e a sentença, teremos a absolvição imprópria,
uma vez que se absolve o inimputável da pena, e no lugar aplica-se uma medida
de segurança, conforme reza o artigo 386 em seu parágrafo único, inciso III do
Código de Processo Penal.
4.2 SEMI-IMPUTÁVEL
A semi-imputabilidade deve ser interpretada a partir da capacidade
de entendimento e determinação que é parcialmente acrescida ao agente,
o que envolve doença mental e psicológica, e por esse motivo possuem a
responsabilidade diminuída (MASSON, 2017).
152
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
154
Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
Entretanto, será que existe a possibilidade de alguém que esteja sob o efeito
de álcool ou outra substância psicoativa ver excluída a sua culpabilidade e assim,
tornar-se inimputável?
155
DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
embriaguez causada por uma doença preexistente ou mesmo que se torne vício
com o passar do tempo, podem ser consideradas para a inimputabilidade. Então
veja:
A embriaguez habitual, causada pelo vício crônico pelo produto pode gerar
a inimputabilidade do agente. Ela difere da doença preexistente que a embriaguez
patológica causa, mas se ficar comprovado que o agente não possui capacidade
de compreensão causado por seu vício, que é considerado como doença, então é
isento de pena, mas se essa privação cognitiva for incompleta, ou seja, a pessoa
possuía ao menos um entendimento mínimo da realidade, o agente sofrerá a
pena imposta pelo direito penal, mas com a redução de 1/3 a 2/3 da pena que
será aplicada (GRECO, 2008).
FONTE: O autor
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
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DirEiTo PENAL Do TrÂNSiTo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento dos meios de transporte no País, tanto coletivo como
individual, em um exponencial crescimento das tecnologias que envolvem todos
os tópicos que compreendam o trânsito, precisamos pensar mais em políticas
públicas de qualidade para esse setor. Políticas que envolvam a evolução dos
espaços públicos e sua ocupação, em um planejamento capaz de solucionar os
problemas causados pelo impacto da grande movimentação iniciada nos últimos
anos, são essenciais para a influência da urbanidade e civilidade nos meios
coletivos.
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
REFERÊNCIAS
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Capítulo 3 A CONDUTA PARA O CRIME
MIGALHAS. O pai que entrega veículo a adolescente não pode ser condenado
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culposo. Acesso em maio de 2021.
MIRABETE, J. F. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 29 ed. São Paulo: 2012. v. 2.