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a solução para o seu concurso!

COLÉGIOS EMBRAER
INSTITUTO EMBRAER DE
EDUCAÇÃO E PESQUISA

Ensino Médio

APOSTILA PREPARATÓRIA
ELABORADA COM BASE NO
EDITAL ANTERIOR

CÓD: SL-067FV-23
7908433232704
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Interpretação de texto................................................................................................................................................................. 7
2. sinônimos e antônimos................................................................................................................................................................ 15
3. ortografia oficial........................................................................................................................................................................... 16
4. flexão de gênero, número e grau do substantivo e do adjetivo; emprego de pronomes e verbos; emprego de preposições e
conjunções................................................................................................................................................................................... 17
5. crase............................................................................................................................................................................................. 25
6. concordância nominal e verbal.................................................................................................................................................... 26
7. acentuação.................................................................................................................................................................................. 27
8. sintaxe: tipos de sujeito e tipos de predicado.............................................................................................................................. 28

Ciências Humanas
1. A Globalização e o papel dos blocos econômicos na economia mundial; .............................................................................. 37
2. Noções gerais sobre o cenário econômico global; . ................................................................................................................ 43
3. Noções básicas de cartografia, coordenadas geográficas e funcionamento do sistema de fusos horários; ........................... 46
4. O mundo contemporâneo: a organização geopolítica após o 11 de setembro; ..................................................................... 53
5. As questões ambientais; ......................................................................................................................................................... 53
6. O processo de industrialização e urbanização do Brasil na segunda metade do século XX e as suas consequências; ........... 67
7. A estrutura fundiária no Brasil: estrutura fundiária colonial, o êxodo rural: causas e consequências, a luta pela terra no
Brasil atual; ............................................................................................................................................................................. 69
8. A organização do trabalho no Brasil: a escravidão, o papel dos imigrantes no século XIX e a conquista dos direitos
trabalhistas;............................................................................................................................................................................. 72
9. Antiguidade clássica (Grécia e Roma); .................................................................................................................................... 72
10. Feudalismo; . ........................................................................................................................................................................... 83
11. Idade Moderna; ...................................................................................................................................................................... 90
12. Idade Contemporânea, ........................................................................................................................................................... 91
13. Brasil Colônia, Império e República; ....................................................................................................................................... 91
14. Conceitos de tempo cronológico e tempo histórico................................................................................................................ 125

Matemática
1. Operações com números inteiros e fracionários. números racionais relativos.......................................................................... 129
2. sistema de medidas usuais.......................................................................................................................................................... 131
3. regra de três simples.................................................................................................................................................................... 135
4. porcentagem................................................................................................................................................................................ 136
5. juros simples................................................................................................................................................................................ 137
6. equação do primeiro grau e sistema simples do primeiro grau; equação simples do segundo grau.......................................... 139
7. geometria plana (perímetro e área de triângulos, retângulos, quadriláteros e círculo); resolução de situação-problema;
Teorema de Pitágoras; plano cartesiano; operações com radicais; racionalização de denominador.......................................... 144
8. expressões e frações algébricas................................................................................................................................................... 149
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ÍNDICE

Ciências Naturais
1. Desenvolvimento sustentável e impactos ambientais................................................................................................................. 155
2. desflorestamento e suas consequências..................................................................................................................................... 157
3. problemas sociais e de saúde; .................................................................................................................................................... 158
4. relações dos seres vivos com o ambiente.................................................................................................................................... 163
5. características bióticas e abióticas dos ecossistemas.................................................................................................................. 163
6. problemas da agricultura convencional....................................................................................................................................... 164
7. redução, reutilização e reciclagem de resíduos........................................................................................................................... 164
8. organização do organismo........................................................................................................................................................... 169
9. noções de astronomia................................................................................................................................................................. 206
10. interpretação de tabelas e gráficos.............................................................................................................................................. 212
11. método científico......................................................................................................................................................................... 214
12. escalas de grandezas................................................................................................................................................................... 218
13. representação dos estados sólido, líquido e gasoso.................................................................................................................... 219
14. conceitos de densidade, massa, peso e solubilidade . ................................................................................................................ 221
15. diferenciar calor e temperatura................................................................................................................................................... 222
16. diferenciar fenômeno químico de físico...................................................................................................................................... 227
17. misturas e métodos de separação............................................................................................................................................... 229
18. estação de tratamento de água................................................................................................................................................... 234
19. elementos químicos..................................................................................................................................................................... 250

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A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem menos severas.”
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito 1988.
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
evento. severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
Interpretação de Textos ou não.
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias incluídos socialmente.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
é decodificar o sentido de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Comentário da questão:
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as
texto, seja ele escrito, oral ou visual. pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
podendo ser diferente entre leitores. inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
educação, além das que não apresentam essas condições.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em temporárias”.
um texto misto (verbal e visual): Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos
deficientes.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe- Resposta: Letra B.
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
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tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo TEXTOS VARIADOS
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um Ironia
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
o assunto que será tratado no texto. com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por- A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí- pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito novo sentido, gerando um efeito de humor.
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de- Exemplo:
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.

Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-


sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens. dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
As informações que se relacionam com o tema chamamos de
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, Ironia verbal
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida- Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à intenção são diferentes.
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
capaz de identificar o tema do texto! Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se- resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
cundarias/ Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que

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planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
morte. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Ironia dramática (ou satírica) Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Busca de sentidos
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- apreensão do conteúdo exposto.
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
da narrativa. relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o citadas ou apresentando novos conceitos.
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.

Humor Importância da interpretação


Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- específicos, aprimora a escrita.
rer algo fora do esperado numa situação. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
acessadas como forma de gerar o riso. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Exemplo: são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão,
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.

Diferença entre compreensão e interpretação


A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ- leitor tira conclusões subjetivas do texto.
NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que Gêneros Discursivos
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter- Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto. novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- romance nós temos uma história central e várias histórias secun-
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dárias. tro país.


Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- do que com a filha.
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações Opinião
encaminham-se diretamente para um desfecho. A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a que fazemos do fato.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
curto.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para anteriores:
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
como horas ou mesmo minutos. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- do que com a filha. Ela foi egoísta.
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
imagens. Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- mos expressando nosso julgamento.
vencer o leitor a concordar com ele. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. analisamos um texto dissertativo.
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
de destaque sobre algum assunto de interesse. Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- com o sofrimento da filha.
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li- ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
berdade para quem recebe a informação. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO e o do leitor.
Parágrafo
Fato O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma-
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei- dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela-
ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro. cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre-
Exemplo de fato: sentada na introdução.
A mãe foi viajar.
Embora existam diferentes formas de organização de parágra-
Interpretação fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís-
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau- três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem
sas, previmos suas consequências. a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa-
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon- rágrafos curtos, é raro haver conclusão.
tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen- Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz
ças sejam detectáveis. uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
Exemplos de interpretação: escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- prova.
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valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que


Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e o diálogo é usado para representar a língua falada.
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até Linguagem Popular ou Coloquial
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- expressão dos esta dos emocionais etc.
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as A Linguagem Culta ou Padrão
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
ríodo, e o tópico que o antecede. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
para a clareza do texto. escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- Gíria
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
mais direto. gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
NÍVEIS DE LINGUAGEM o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
Definição de linguagem novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, de pequenos grupos ou cair em desuso.
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti- “mina”, “tipo assim”.
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal). Linguagem vulgar
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua comida”.
e caem em desuso.
Língua escrita e língua falada Linguagem regional
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na Tipos e genêros textuais
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li- como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante. explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás-
Linguagem popular e linguagem culta sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua- dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, exemplos e as principais características de cada um deles.
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
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Tipo textual descritivo sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, Características principais:
um movimento etc. • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
Características principais: • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- mar.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
caracterizadora. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- de ponto de vista.
meração. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• A noção temporal é normalmente estática.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- Exemplo:
ção. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. terminado tema.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
Exemplo: ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
Era uma casa muito engraçada Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Não tinha teto, não tinha nada sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão Tipo textual dissertativo-argumentativo
Ninguém podia dormir na rede Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Porque na casa não tinha parede sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia fazer pipi apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque penico não tinha ali clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Mas era feita com muito esmero tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Na rua dos bobos, número zero (leitor ou ouvinte).
(Vinícius de Moraes)
Características principais:
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
comportamentos, nas leis jurídicas. enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
gestão/solução).
Características principais: • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
Exemplo: • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de-
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios.
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- Exemplo:
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- administração política (tese), porque a força governamental certa-
perior para formação de oficiais. mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
Tipo textual expositivo poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio- traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição, dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
pode ser expositiva ou argumentativa. -exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as- de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o

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caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Expositivo Seminários
cobrança efetiva (conclusão).
Palestras
Conferências
Tipo textual narrativo
Entrevistas
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta
Trabalhos acadêmicos
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
Enciclopédia
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Verbetes de dicionários
Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
Características principais: Carta de opinião
• O tempo verbal predominante é o passado. Resenha
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Artigo
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – Ensaio
onisciente). Monografia, dissertação de mes-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em trado e tese de doutorado
prosa, não em verso.
Narrativo Romance
Exemplo: Novela
Solidão Crônica
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era Contos de Fada
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- Fábula
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. Lendas
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
Nelson S. Oliveira ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684 nitos e mudam de acordo com a demanda social.

GÊNEROS TEXTUAIS ARGUMENTAÇÃO


Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um — Definição
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro- Argumentação é um recurso expressivo da linguagem
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem empregado nas produções textuais que objetivam estimular as
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são reflexões críticas e o diálogo, a partir de um grupo de proposições.
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- A elaboração de um texto argumentativo requer coerência e
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela coesão, ou seja, clareza de ideia e o emprego adequado das
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos normas gramaticais. Desse modo, a ação de argumentar promove
textuais que neles predominam. a potencialização das capacidades intelectuais, visto que se pauta
expressão de ideias e em pontos de vista ordenados e estabelecidos
com base em um tema específico, visando, especialmente,
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais persuadir o receptor da mensagem. É importante ressaltar que a
Descritivo Diário argumentação compreende, além das produções textuais escritas,
Relatos (viagens, históricos, etc.) as propagandas publicitárias, os debates políticos, os discursos
Biografia e autobiografia orais, entre outros.  
Notícia
Currículo Os tipos de argumentação
Lista de compras – Argumentação de autoridade: recorre-se a uma
Cardápio personalidade conhecida por sua atuação em uma determinada
Anúncios de classificados área ou a uma renomada instituição de pesquisa para enfatizar os
conceitos influenciar a opinião do leitor. Por exemplo, recorrer ao
Injuntivo Receita culinária parecer de um médico infectologista para prevenir as pessoas sobre
Bula de remédio os riscos de contrair o novo corona vírus.  
Manual de instruções – Argumentação histórica: recorre-se a acontecimentos e
Regulamento marcos da história que remetem ao assunto abordado. Exemplo:
Textos prescritivos “A desigualdade social no Brasil nos remete às condutas racistas
desempenhadas instituições e pela população desde o início do
século XVI, conhecido como período escravista.”
– Argumentação de exemplificação: recorre a narrativas do
cotidiano para chamar a atenção para um problema e, com isso,
auxiliar na fundamentação de uma opinião a respeito. Exemplo:
“Os casos de feminicídio e de agressões domésticas sofridas pelas
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mulheres no país são evidenciados pelos sucessivos episódios de não se restringe a textos verbais (livros, poemas, poesias, etc.) e
violência vividos por Maria da Penha no período em que ela esteve envolve, também composições de natureza não verbal (pinturas,
casada com seu ex-esposo. Esses episódios motivaram a criação de esculturas, etc.) ou mista (filmes, peças publicitárias, música,
uma lei que leva seu nome, e que visa à garantia da segurança das desenhos animados, novelas, jogos digitais, etc.).
mulheres.”
– Argumentação de comparação: equipara ideias divergentes — Intertextualidade Explícita x Implícita
com o propósito de construir uma perspectiva indicando as – Intertextualidade explícita: é a reprodução fiel e integral
diferenças ou as similaridades entre os conceitos abordados. da passagem conveniente, manifestada aberta e diretamente nas
Exemplo: No reino Unido, os desenvolvimentos na educação palavras do autor. Em caso de desconhecimento preciso sobre a
passaram, em duas décadas, por sucessivas políticas destinadas obra que originou a referência, o autor deve fazer uma prévia da
ao reconhecimento do professor e à sua formação profissional. No existência do excerto em outro texto, deixando a hipertextualidade
Brasil, no entanto, ainda existe um um déficit na formação desses evidente.
profissionais, e o piso nacional ainda é muito insuficiente.” As características da intertextualidade explícita são:
– Argumentação por raciocínio lógico: recorre-se à relação – Conexão direta com o texto anterior;
de causa e efeito, proporcionando uma interpretação voltada – Obviedade, de fácil identificação por parte do leitor, sem
diretamente para o parecer defendido pelo emissor da mensagem. necessidade de esforço ou deduções;
Exemplo: “Promover o aumento das punições no sistema penal – Não demanda que o leitor tenha conhecimento preliminar
em diversos países não reduziu os casos de violência nesses locais, do conteúdo;
assim, resultados semelhantes devem ser observados se o sistema – Os elementos extraídos do outro texto estão claramente
penal do Brasil aplicar maiores penas e rigor aos transgressores das transcritos e referenciados.
leis.”
– Intertextualidade explícita direta e indireta: em textos
Os gêneros argumentativos acadêmicos, como dissertações e monografias, a intertextualidade
– Texto dissertativo-argumentativo: esse texto apresenta um explícita é recorrente, pois a pesquisa acadêmica consiste
tema, de modo que a argumentação é um recurso fundamental de justamente na contribuição de novas informações aos saberes já
seu desenvolvimento. Por meio da argumentação, o autor defende produzidos. Ela ocorre em forma de citação, que, por sua vez, pode
seu ponto de vista e realiza a exposição de seu raciocínio. Resenhas, ser direta, com a transcrição integral (cópia) da passagem útil, ou
ensaios e artigos são alguns exemplos desse tipo de texto.   indireta, que é uma clara exploração das informações, mas sem
– Resenha crítica: a argumentação também é um recurso transcrição, re-elaborada e explicada nas palavras do autor.
fundamental desse tipo de texto, além de se caracterizar pelo pelo – Intertextualidade implícita: esse modo compreende os textos
juízo de valor, isto é, se baseia na exposição de ideias com grande que, ao aproveitarem conceitos, dados e informações presentes em
potencial persuasivo. produções prévias, não fazem a referência clara e não reproduzem
– Crônica argumentativa: esse tipo de texto se assemelha aos integralmente em sua estrutura as passagens envolvidas. Em
artigos de opinião, e trata de temas e eventos do cotidiano. Ao outras palavras, faz-se a menção sem revelá-la ou anunciá-la.
contrário das crônicas cômicas e históricas, a argumentativa recorre De qualquer forma, para que se compreenda o significado da
ao juízo de valor para acordar um dado ponto de vista sempre com relação estabelecida, é indispensável que o leitor seja capaz de
vistas ao convencimento e à persuasão do leitor.   reconhecer as marcas intertextuais e, em casos mais específicos,
– Ensaio: por expor ideias, pensamentos e pontos de vista, ter lido e compreendido o primeiro material. As características da
esse texto caracteriza-se como argumentativo. Recebe esse intertextualidade implícita são: conexão indireta com o texto fonte;
nome exatamente por estar relacionado à ação de ensaiar, isto o leitor não a reconhece com facilidade; demanda conhecimento
é, demonstrar as proposições argumentativas com flexibilidade e prévio do leitor; exigência de análise e deduções por parte do leitor;
despretensão. os elementos do texto pré-existente não estão evidentes na nova
– Texto editorial: dentre os textos jornalísticos, o editorial é estrutura.
aquele que faz uso da argumentação, pois se trata de uma produção
que considera a subjetividade do autor, pela sua natureza crítica e — Tipos de Intertextualidade
opinativa. 1 – Paródia: é o processo de intertextualidade que faz uso da
– Artigos de opinião: são textos semelhantes aos editoriais, por crítica ou da ironia, com a finalidade de subverter o sentido original
apresentarem a opinião ao autor acerca de assuntos atuais, porém, do texto. A modificação ocorre apenas no conteúdo, enquanto a
em vez de uma síntese do tema, esses textos são elaborados por estrutura permanece inalterada. É muito comum nas músicas, no
especialistas, pois seu objetivo é fazer uso da argumentação para cinema e em espetáculos de humor. Observe o exemplo da primeira
propagar conhecimento. estrofe do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel
Bandeira:
INTERTEXTUALIDADE
TEXTO ORIGINAL
— Definições gerais “Vou-me embora para Pasárgada
Intertextualidade é, como o próprio nome sugere, uma relação Lá sou amigo do rei
entre textos que se exerce com a menção parcial ou integral de Lá tenho a mulher que eu quero
elementos textuais (formais e/ou semânticos) que fazem referência Na cama que escolherei?”
a uma ou a mais produções pré-existentes; é a inserção em um texto
de trechos extraídos de outros textos. Esse diálogo entre textos
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PARÓDIA DE MILLÔR FERNANDES


“Que Manoel Bandeira me perdoe, mas vou-me embora de
Pasárgada
Sou inimigo do Rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei”

2 – Paráfrase: aqui, ocorre a reafirmação sentido do texto


inicial, porém, a estrutura da nova produção nada tem a ver com
a primeira. É a reprodução de um texto com as palavras de quem
escreve o novo texto, isto é, os conceitos do primeiro texto são
preservados, porém, são relatados de forma diferente. Exemplos:
observe as frases originais e suas respectivas paráfrases:

“Deus ajuda quem cedo madruga” – A professora ajuda quem


muito estuda.
“To be or not to be, that is the question” – Tupi or not tupi, that
is the question.

3 – Alusão: é a referência, em um novo texto, de uma dada Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br


obra, situação ou personagem já retratados em textos anteriores,
de forma simples, objetiva e sem quaisquer aprofundamentos. Veja 6) Epígrafe: é a transição de uma pequena passagem do texto
o exemplo a seguir: de origem na abertura do texto corrente. Em geral, a epígrafe está
localizada no início da página, à direita e em itálico. Mesmo sendo
“Isso é presente de grego” – alusão à mitologia em que os uma passagem “solta”, esse tipo de intertextualidade está sempre
troianos caem em armadilhada armada pelos gregos durante a relacionado ao teor do novo texto.
Guerra de Troia. Exemplo:

4 – Citação: trata-se da reescrita literal de um texto, isto é, “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu,
consiste em extrair o trecho útil de um texto e copiá-lo em outro. mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
A citação está sempre presente em trabalhos científicos, como aquilo que todo mundo vê.”
artigos, dissertações e teses. Para que não configure plágio (uma Arthur Schopenhause
falta grave no meio acadêmico e, inclusive, sujeita a processo
judicial), a citação exige a indicação do autor original e inserção
entre aspas. Exemplo: SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
(Lavoisier, Antoine-Laurent, 1773).
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo
5 – Crossover: com denominação em inglês que significa da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das
“cruzamento”, esse tipo de intertextualidade tem sido muito palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
explorado nas mídias visuais e audiovisuais, como televisão, séries
e cinema. Basicamente, é a inserção de um personagem próprio de Denotação e conotação
um universo fictício em um mundo de ficção diferente. Freddy & Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das
Jason” é um grande crossover do gênero de horror no cinema. palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
Exemplo: palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”

No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro


sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a
palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma
de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano.

Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo,
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um
hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.

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– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre
a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
Polissemia e monossemia ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra distintos.  Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da
apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz
contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
palavras apresentam apenas um significado. Exemplos: O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida. um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português
Sinonímia e antonímia brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras – Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
expressam proximidade e contrariedade. (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = – Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus
veloz. derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x York.  
atrasado.
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos
Homonímia e paronímia do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras regras:
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de
sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas «ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças – Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum,
gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). abacaxi.  
A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de – Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja – Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
os exemplos: – Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer,
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo mexerica.   
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
(definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar – Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa,
roxo). verminose.
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); – Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos.
boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
chorar) . – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento burguês/burguesa.
(saudação). – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.

ORTOGRAFIA OFICIAL Porque, Por que, Porquê ou Por quê?


– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
ORTOGRAFIA
que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
porque/pois nada está molhado.  
— Definições – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere cancelamento do show.  
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); do show.  
os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e – Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim
decorrentes dessas funções, entre outros.  
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de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente. Por quê?  

Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver (perdoar)
e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e “gosto”
(verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).

FLEXÃO DE GÊNERO, NÚMERO E GRAU DO SUBSTANTIVO E DO ADJETIVO; EMPREGO DE PRONOMES E VERBOS; EMPREGO
DE PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES

CLASSES DE PALAVRAS

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.

Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

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PREPOSIÇÃO
de em a per/por
artigos masculino singular o do no ao pelo
definidos
plural os dos nos aos pelos
feminino singular a da na à pela
plural as das nas às pelas
ARTIGOS masculino singular um dum num
INDEFINIDOS plural uns duns nuns
feminino singular uma duma numa
plural umas dumas numas

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substantivos
se subdividem em:
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro).
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra palavra,
é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que nomeiam
sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado),
constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  

— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer
que seja nomeado.

Os tipos de adjetivos
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de um
radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).  
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo,
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo
lamentável).
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).  

O gênero dos adjetivos


Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” /
“Ana é uma amiga leal.”  
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina
travessa”.

O número dos adjetivos


Por concordarem com o número do substantivo a que se referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, a sua
composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos formosos.

O grau dos adjetivos


Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo (compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).

Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto o anterior.”  


Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do que Luciana.”
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento do que a equipe.”   
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, podendo ser:
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.”
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.”
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Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de: Pronomes pessoais


– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.” Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”   (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos
Pronome adjetivo (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses um correspondente oblíquo.
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer CASO RETO CASO OBLÍQUO
concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é
a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o Eu Me, mim, comigo.
substantivo comum professora). Tu Te, ti, contigo.

Locução adjetiva Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.


Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, Nós Nos, conosco.
que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
Vós Vos, convosco.
consiste na união preposição + substantivo ou advérbio.
Exemplos: Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada). Observe os exemplos:
– Associação de comércios (associação comercial). – Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível
é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
— Verbo – Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las,
têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  
verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
“-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe Pronomes possessivos
o exemplo do verbo “nutrir”: Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu pessoa do discurso.
significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
PESSOA DO DISCURSO PRONOME
tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular
ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo 1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
(pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse 2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; 3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas
tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o
regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito Pronomes de tratamento
do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados
vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles
conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar têm a função de promover uma referência direta do locutor para
duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o
fosse regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome
seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram. de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução
(diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na segunda
— Pronome pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem verbos devem ser usados em 3a pessoa.
fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em
número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo
ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e
relativos.

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PRONOME USO ABREVIAÇÕES


Você situações informais V./VV

Senhor (es) e
pessoas mais velhas Sr. Sr.a (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
Senhora (s)

Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas

altas autoridades, como Presidente da República, sena-


Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
dores, deputados, embaixadores

Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as

Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)

Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as

Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as

Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1a pessoa Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso.
fala.
3a pessoa Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

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CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa, deva-
gar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam em
“Andou depressa por causa da chuva”
“-mente”, como cuidadosamente, calmamente,
tristemente.
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”
“Demorou, mas chegou longe!”
Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”
“Você saiu muito depressa”
Sim e decerto e palavras afirmativas com o sufi-
“Decerto passaram por aqui”
xo “-mente” (certamente, realmente). Palavras
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
como claro e positivo, podem ser advérbio,
“Entendi, sim.”
dependendo do contexto.
Não e nem. Palavras como negativo, nenhum, “Jamais reatarei meu namoro com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser advér- “Sequer pensou para falar.”
bio de negação, conforme o contexto. “Não pediu ajuda.”
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Talvez, quiçá, porventura e palavras que expres- “Quiçá seremos recebidas.”


ADVÉRBIO DE DÚVIDA sem dúvida acrescidas do sufixo “-mente”, como “Provavelmente sairei mais cedo.”
possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa dire-
Quando, como, onde, aonde, donde, por que. ta, que indica causa)
ADVÉRBIO DE INTERROGA- Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta,
ÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente que indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”
(oração interrogativa indireta, que indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Estabelecer relação de adição (positiva ou ne- “No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas
gativa). As principais conjunções coordenativas “Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas
aditivas são “e”, “nem” e “também”. chegar.”
Estabelecer relação de oposição. As principais
“Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas são
“Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “entre-
estava nervoso na prova.”
tanto”.
Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”
Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são “por- emprego.” /
conclusivas
tanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”
Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos des-
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são “por- cansar aqui em casa.” /
explicativas
que”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

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Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:  

1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


São empregadas para introduzir a oração que Que e se. Analise:
cumpre a função de sujeito, objeto direito, obje- “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
to indireto, predicativo, complemento nominal agendada.” e
ou aposto de outra oração. “Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que deno- Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais ta causa. que, que, porquanto.
Estabelecer relação de alternância. As principais
Conjunções subornativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado
condicionais necessária para que seja realizada ou não o fato que, a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma de que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois
comparativas comparação. de tanto. Como, assim como, como se, bem como,
que nem.
Indicam uma oração em que se admite um
Conjunções subornativas Por mais que, por menos que, apesar de que, embo-
fato contrário à ação principal, mas incapaz de
concessivas ra, conquanto, mesmo que, ainda que, se bem que.
impedí-la.
Introduzem uma oração, cujos acontecimen-
Conjunções subornativas tos são simultâneos, concomitantes, ou seja, À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais ocorrem no mesmo espaço temporal daqueles proporção que.
contidos na outra oração.
Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida
Conjunções subornativas
consequência do que foi declarado na oração pelo que em outra oração). De maneira que, de
consecutivas
anterior. forma que, de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os
numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos
(dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10).
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
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3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o gera significado e sentido, esteja presente, possui um valor menor.
substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o
décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); Classificação das preposições
século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis). Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua
propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a,
Os tipos de numerais antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e por (ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem,
exprimem quantidades. sob, sobre, trás.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.   Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo
quinhentos/quinhentas). preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas
milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante. conforme o contexto.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois
significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste, Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
mas os dois/ambos foram reprovados. o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos. valor estrutural (gramática).
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e
feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/ Classificação das preposições
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.   apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme,
Exemplo: A carne de segunda está na promoção.   durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre
outras.
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que,
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
quartos (¾), 1/12 avos.   ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.  
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.    Locuções prepositivas
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.   prepositivas.
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número
abaixo de de acordo junto a
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
duplos sentidos. acerca de debaixo de junto de
acima de de modo a não obstante
Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem
quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 a fim de dentro de para com
unidades). à frente de diante de por debaixo de
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
antes de embaixo de por cima de
unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
a respeito de em cima de por dentro de
— Preposição atrás de em frente de por detrás de
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações
gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e através de em razão de quanto a
advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas com respeito a fora de sem embargo de
relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado,
as preposições não possuem significado próprio se isoladas no — Interjeição
discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que
gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma
e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc.,
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por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades – O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais quais devemos o maior respeito e consideração”.
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas
também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de
interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como: duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras construção sintática.
que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de
mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”. Técnicas para o emprego da crase
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!” 1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!» semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da
palavra feminina.
Os tipos de interjeição Exemplos:
De acordo com as reações que expressam, as interjeições “Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
podem ser de: “Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!” “Irei ao evento / à festa.”

ALÍVIO “Ah!, “Ufa!” 2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir,
ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!” chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da,
ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não
APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!” deve ser empregado.
APLAUSO “Bravo!”, “Bis!” Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!” “Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”
DESEJO “Tomara!”
DOR “Ai!”, “Ui!” 3 – Troque o termo regente da preposição a por um que
estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não
DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!” se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas
ESPANTO “Eita!”, “Ué!” pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá.
Exemplos:
IMPACIÊNCIA (FRUSTRA-
“Puxa!” “Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta
ÇÃO) de estudar / Insiste em estudar.”
IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!” “Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha
/ Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!”
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!” Gosto de você / Penso em você.”

4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que


CRASE expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada
se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como
núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase.
Exemplos:
Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou
“Tudo às avessas.”
“contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial,
“Barcos à deriva.”
em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a
(preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela
(pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + 5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:
aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão
das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante de palavras “moda de”, ficando somente o à explícito.
femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos Exemplos:
aquilo e aquele, que recebem a crase por terem “a” como sua vogal “Arroz à (moda) grega.”
inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno “Bife à (moda) parmegiana.”
de união representado pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com: Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não de horas especificadas e definidas: Exemplos:
assistiu às aulas.” “À uma hora.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.” “Às cinco e quinze”.
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
“Retorne àquele mesmo local.”
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– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”


CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL – “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos
do que ocorreria.”

Concordância Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo,


ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal permanece na 3a pessoa do singular:
estudam a sintonia entre os componentes de uma oração. – “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao
sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo
em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, concorda com o termo que antecede o pronome:
2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é – “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
flexionado para concordar com o sujeito. – “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero
(flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes Concordância verbal com a partícula de indeterminação do
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal ou por verbos transitivos indiretos:
concordância ocorre em gênero e pessoa – «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”

Casos específicos de concordância verbal Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
situações em que o verbo no infinitivo é flexionado: paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
I – Quando houver um sujeito definido; – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
forem distintos. a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
Observe os exemplos: ser empregada:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” – “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos
“Isto é para nós solicitarmos.” entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão pessoas entenderam.”
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
imperativos. mas também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
Exemplos: – “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo
concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, – “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular, – “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir: Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
nevar, amanhecer. se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.» substantivo deve estar no plural:

– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas – “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
professoras vigiando as crianças.” xadrez.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz – “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
duas horas que estamos esperando.” xadrez.”

Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista
no singular ou no plural: esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino

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singular: Recebem acento gráfico:  


– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É – As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s);
proibido circulação de pessoas não identificadas.” -e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs.
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada – As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis,
de crianças acompanhadas.” -éu, -ói. Ex: réis, véu, dói.
Concordância nominal com menos: a palavra menos
permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela Não recebem acento gráfico:
advérbio ou adjetivo: – As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis.
– “Menos pessoas / menos pessoas”. – As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas
– “Menos problema /menos problemas.” quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”. Antes do novo
acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, lêem leem.
barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em
gênero e número com o substantivo quando exercem função de Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos
adjetivo: terminados em “-em”, já que a terceira pessoa termina em “-êm”.
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.” Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem →
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”. Eles têm; Ele vem → Eles vêm.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.
Acentuação das palavras Oxítonas
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas
ACENTUAÇÃO as oxítonas com sílaba tônica terminada em vogal tônica -a, -e e
-o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé,
vocês. Logo, não se acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”.
— Definição Ex.: caqui, urubu.
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas
palavras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas Acentuação das palavras Paroxítonas
regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima
Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba sílaba é tônica. De acordo com a regra geral, não se acentuam as
tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados
as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na abaixo. Observe as exceções:
língua portuguesa: – Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis,
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som hóquei, jóquei, pônei, saudáveis.
aberto. Ex.: área, relógio, pássaro. – Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex,
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil, tórax.  
“o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico, – Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis,
âncora, avô. grátis, júri, lápis, oásis, táxi.
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com – Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus,
o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba tônus.  
tônica! – Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons.
– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de – Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns,
determinada palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a quórum, quóruns.  
sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que – Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs,
indica que a sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.  
(˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro
exemplo semelhante é a palavra bênção.   Acentuação das palavras Proparoxítonas
Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é
— Monossílabas Tônicas e Átonas tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore,
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro,
alteração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe tática, trânsito.
o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração
da preposição “de” + artigo “o”).   Ao comparar esses termos, Ditongos e Hiatos
percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, Acentuam-se:
temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. – Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”,
Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói,
(forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como mausoléu, sóis, véus.
abaixo: – As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.” um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí
“Finalmente encontrei a chave do carro.” (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).

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Não se acentuam: retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período.


– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: Vejamos:
moinho, rainha, bainha.
– As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: Frase
juuna, xiita. xiita. Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente
enjoo, magoo. uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou
não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos,
O Novo Acordo Ortográfico apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
acentuação em razão do Acordo Ortográfico de 1990, que entrou
em vigor em 2009: A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada,
a disposição das palavras na frase também é fundamental para a
1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas. compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da
Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
vôo – voo; zôo – zoo. Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,
sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas. já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide ser compreendida pelo interlocutor.
– alcaloide; assembléia – assembleia; asteróide – asteroide;
européia – europeia. Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas. verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
taoismo. sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
possuem -e tônico em hiato. 1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo contém verbo.
ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem – leem; relêem – releem; 2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
revêem. como oração.

5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma
portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue; enxágüe – enxágue; oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
linguïça – linguiça. estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
grafia, mas apresentam significados diferentes. Exemplo: o verbo Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
“parar” era acentuada para que fosse diferenciada da preposição sintática diferente.
“para”.
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim: Classificação das orações: as orações podem ser simples ou
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
preposição] compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
preposição] duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o
noticiário”.
SINTAXE: TIPOS DE SUJEITO E TIPOS DE PREDICADO
Período
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao sentido completo. Assim como as orações, o período também pode
estudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem de orações que apresenta: o período simples contém apenas uma
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é uma
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.
orações, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. – Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” -
Para que se possa compreender a análise sintática, é importante
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apresenta apenas um verbo. verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez,
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou também recebem sua classificação, conforme abaixo:
ficarei preocupada.” - contém dois verbos. – Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante
— Análise Sintática para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa
estrutura de um período e das orações que compõem um período. compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe – Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
a seguir as especificidades de cada tipo. sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
cair, mergulhar, correr.
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração – Verbo de ligação: servem para expressar características de
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
respectivos exemplos a seguir: esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
sobre o sujeito). Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
respectivos casos: inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
“Fred fez um lindo discurso.” é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Um lindo discurso Fred fez.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
“Fez um lindo discurso, Fred.” atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela palavra substantivada.
concordância verbal. – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. aula. Por isso, estavam contentes.
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a 2 – Termos integrantes da oração
concordância do verbo o destaca de forma indireta. Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
determiná-lo. – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
Esse sujeito pode aparecer com: – Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
padeiro.”». isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você seja compreendido.
estiver lá.”
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da acontecido.”
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos: os aparelhos.»
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”. – Complementos Nominais: esses termos completam o sentido
de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos,
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe
os exemplos:
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– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que informação já completa. Observe os exemplos:
“satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento “Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
nominal. “Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. –
“rapidamente” é advérbio de modo. – Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento
substantivo. ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa
do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, apelo. Observe:
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
passiva: “Vista o casaco, filha!”
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.” — Estudo da relação entre as orações
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” Os períodos compostos são formados por várias orações.
As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
3 – Termos acessórios da oração subordinação.
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos – Período composto por coordenação: é formado por
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
para complementar a informação, exprimindo circunstância, ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira individualmente porque apresentam sentidos completos.
abaixo quais são eles: Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: doces.”
“Dormimos muito.” – Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
preparei os doces.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” logo, passou no exame.”
“Maria escreve bastante bem.” – Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
porque estudou bastante.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
– Período composto por subordinação: são constituídos por
Os adjuntos adverbiais podem ser: orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
tempo). – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
que o suspeito era realmente o culpado.”
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado queria que isso acontecesse.”
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou – Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
de escola.” expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
– Sujeito: “jovem apaixonado” – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” é que meus pais são saudáveis.”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
adjuntos adnominais de “colega”. felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para para que nós chegássemos a casa em segurança.”
caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu

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cheguei, eles iniciaram o trabalho.” 15 casamento… Até que Elsa ouve um chamado. Os elementos
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, – ar, terra, fogo e água – se rebelam
espero por você.» 16 e e...pulsam os moradores da casa deles. A trupe parte para
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que uma aventura perigosa na floresta,
estivesse cansado, concluiu a maratona.” 17 que está imersa numa névoa eterna. Durante a jornada, vão
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia descobrir mais sobre a família real,
como se ainda vivesse no interior.” 18 inclusive a respeito de uma relação complicada com o povo
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme nativo e sobre os poderes de Elsa.
combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.” 19 “Fomos inspirados por uma viagem que fizemos ___ Finlân-
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais dia, onde conhecemos o folclore
me exercito, mais tenho disposição.” 20 envolvendo os espíritos da natureza e a conexão com o ho-
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que mem”, conta ___ diretora.
passou no concurso, mudou-se para o interior.” 21 Frozen 2 tem cenas deslumbrantes. Encanta a representa-
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve ção dos elementos da natureza.
enferma conseguiu ser aprovada nas provas.” 22 O ar, por exemplo, é brincalhão, e a água toma a forma de
um cavalo no meio do oceano. Como
23 o primeiro longa, este também é musical, apesar de ter mais
QUESTÕES cenas de ação. Os pais, livres,
24 estão na canção-tema, que virou sensação. Mas pode se
preparar para uma nova música chiclete,
1. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do 25 Into the Unknown (“Ao desconhecido”, em tradução livre),
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: com agudos que vão desafiar os
(A) pronome; 26 cantores mirins.
(B) adjetivo; 27 Nos filmes que Jennifer Lee escreveu (Detona Ralph, com
(C) advérbio; seu amigo de faculdade Phil
(D) substantivo; 28 Johnston, Frozen, Uma Dobra no Tempo, com Jeff Stockwell,
(E) preposição. e Frozen 2), as personagens
29 femininas têm destaque. A princesa Anna pode até encon-
2. (FUNDATEC - 2020 - PREFEITURA DE BAGÉ - RS - ATENDEN- trar um par romântico, mas seu grande
TE - EDUCAÇÃO INFANTIL) . Leia o texto a seguir: 30 amor é a irmã, Elsa, bem diferente das princesas Disney de
antigamente. “Os filmes refletem a
A mulher de um bilhão de dólares 31 época em que foram feitos. Tenho muito respeito por eles”,
Por Mariane Morisawa diz. Seu favorito é Cinderela,
32 personagem que persevera, apesar do bullying intenso que
01 A a...ensão no cinema foi meteórica, em menos de dez anos. sofre. Jennifer já declarou que
Jennifer Lee, 48 anos, teve 33 encarou o mesmo problema quando criança. “Recorro a ela
02 seu primeiro crédito como roteirista em Detona Ralph, em quando preciso de força.” Para a
2003. Hoje, é diretora de criação 34 diretora, Anna e Elsa são princesas mais atuais. “São um
03 dos Estúdios de Animação Disney, a primeira mulher nessa exemplo da responsabilidade que os
posição. Ela também foi pioneira ao 35 líderes carregam. Eu me inspirei em Elizabeth II, rainha da
04 dirigir, no mesmo estúdio, um longa de animação, Frozen – Inglaterra.”
Uma Aventura Congelante, em 36 Sua missão profissional hoje é, por meio dos filmes, refletir
05parceria com Chris Buck. É ainda a primeira mulher a dirigir de forma mais ampla as várias
uma produção que ultrapassou 1 37 culturas do mundo. “Queremos que as histórias sejam con-
06 bilhão de dólares nas bilheterias. “Fiquei lison...eada de ser tadas por pessoas de todas as partes”,
a primeira, claro, mas, ao mesmo 38 diz. A próxima animação, Raya and the Last Dragon (“Raya e
07 tempo, achei revelador sobre nossa realidade o fato de estar o último dragão”), se passa no
sozinha nessas posições e também 39 Sudeste Asiático. Além dela, mais quatro produções vão
08 de ter demorado tanto para uma mulher alcançá-las”. acontecer em 2020 – duas delas
09 Não estava nos planos a continuação da trama, mas as pes- 40 dirigidas por mulheres. “O talento é universal; o acesso nem
soas ficavam perguntando sempre”, afirma, referindo-se ___
10 como surgiram os poderes de Elsa e falando que ela carrega- 41 responsabilidade de abrir mais espaço para outras mulheres
va o peso do mundo. “Vimos que nas salas onde as decisões são
11 havia mais para contar. E acho que até surpreendemos o 42 tomadas. Jennifer lembra-se de um encontro com a atriz e
estúdio ao dizer que tínhamos uma roteirista Emma Thompson em que,
12 ideia para a sequência”, explica Jennifer. 43 depois de declarar-se inspirada por ela, ouviu: “Fui inspirada
13 O filme mostra um pouco do passado de Elsa e Anna, quan- pela atriz Angela Lansbury. Você
do seus pais ainda eram vivos. 44 se inspirou em mim. Agora é sua vez de inspirar alguém”. E
14 Na trama, Arendelle está em paz, Olaf não derrete e sabe ler Jennifer leva isso a sério.
e Kristoff vai pedir Anna em
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Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação ta que ambos possam suscitar.
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). (D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
(A) Pronome demonstrativo. der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
(B) Pronome relativo. corpo dos supliciados.
(C) Pronome possessivo. (E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
(D) Pronome pessoal. campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
(E) Pronome indefinido. trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
organização em delinqüência.
3. (IADES - 2019 - SEASTER - PA - TÉCNICO DE ENFERMA- 6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR –
GEM) Observe o texto: 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
1.A abordagem social constitui-se em um processo de trabalho extraordinária de imitar vários estilos musicais.
planejado (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
2. de aproximação, escuta qualificada e construção de vínculo mentos pessoais por meio de sua música.
de confiança com (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
3. pessoas e famílias em situação de risco pessoal e social nos composições do músico na cultura ocidental.
espaços (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
4. públicos para atender, acompanhar e mediar acesso à rede sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona-
de proteção social. gens.
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/>. deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
Acesso em: 5 jul.2018, com adaptações.
7. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na ora- 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem,
ção “A abordagem social constitui-se em um processo de trabalho o seguinte par de palavras:
planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos sublinhados (A) estrondo – ruído;
classificam-se, respectivamente, em (B) pescador – trabalhador;
(C) pista – aeroporto;
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. (D) piloto – comissário;
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (E) aeronave – jatinho.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. 8. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: tem como antônimo:
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- (A) fortuna;
-vermelho. (B) opulência;
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- (C) riqueza;
fra-assinado. (D) escassez;
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. (E) abundância.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con-
trarregra. 9. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
-mencionado. se fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido
5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) há muito tempo.”
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em- (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
pregadas e grafadas. mete onde não é chamada.”
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de mesmo!”
qualquer excesso e violência. (D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- tudo bem.”
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
isso, num modo de intervenção específico. Leia o texto abaixo para responder a questão.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o A lama que ainda suja o Brasil
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol-

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A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um Analise as assertivas e responda:


dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei- (A) Somente a I é correta.
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de (B) Somente a II é incorreta.
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio (C) Somente a III é correta.
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu- (D) Somente a IV é correta.
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela Leia o texto abaixo para responder as questões.
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de UM APÓLOGO
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro- Machado de Assis.
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
se tornou uma bomba relógio na região.” da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos — Deixe-me, senhora.
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun- — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de der na cabeça.
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór- — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um outros.
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar- — Mas você é orgulhosa.
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori- — Decerto que sou.
dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos — Mas por quê?
judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). ama, quem é que os cose, senão eu?
Com o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis po- — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
dem ocorrer. que quem os cose sou eu, e muito eu?
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+- — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
10. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um mando…
fato. — Também os batedores vão adiante do imperador.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao — Você é imperador?
gênero textual editorial. — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
que se trata de uma reportagem. trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
se trata de um editorial. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
Analise as assertivas e responda: costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
(A) Somente a I é correta. fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
(B) Somente a II é incorreta. orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
(C) Somente a III é correta os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
(D) A III e IV são corretas. isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
11. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
ainda suja o Brasil”: que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas e acima…
no desenvolvimento do assunto. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
blemas no uso de conjunções e preposições. o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
de palavras e da ordem sintática. tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
temática e bom uso dos recursos coesivos. costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
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a solução para o seu concurso!
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a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para 13. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
perguntou-lhe: nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
(A) dimensão e pejoratividade;
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da (B) afetividade e intensidade;
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que (C) afetividade e dimensão;
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para (D) intensidade e dimensão;
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? (E) pejoratividade e afetividade.
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca- 14. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
fico. ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis- (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a Agulha não tem cabeça.” (L.06)
muita linha ordinária! (C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
12. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis (D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi-
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- nária!” (L.43)
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique (E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?”
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os (L.25)
elementos dos textos:
15. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre-
sente no texto:
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho,
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole-
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do
sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho,
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. GABARITO
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
e mando...” (L.14-15) 1 A
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? 2 E
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
3 B
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
abaixo e acima.” (L.25-26) 4 D
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela 5 B
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. 6 C
Onde me espetam, fico.” (L.40-41) 7 E
8 D
9 E

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10 C ______________________________________________________

11 D ______________________________________________________
12 E ______________________________________________________
13 D
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14 D
15 D ______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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A GLOBALIZAÇÃO E O PAPEL DOS BLOCOS ECONÔMICOS


NA ECONOMIA MUNDIAL

GUERRAS, DOUTRINAS E GLOBALIZAÇÃO


Dentro do contexto pré-estabelecido vamos discorrer sobre a
primeira e segunda guerra, nas quais a economia e as expansões
foram pontos chave nos conflitos. Vamos discorrer também sobre
doutrinas econômicas-políticas, integração financeira e cultural
das nações.

Primeira Guerra Mundial

Outra causa impactante foram os movimentos nacionalistas —


conjunto de pessoas unidas num mesmo território por tradições,
línguas e culturas etc. Essas pessoas queriam ser leais ao seu terri-
Os Antecedentes tório, aflorando mais o conflito. Dentro deste contexto tivemos dois
No contexto antecedente a primeira guerra, temos no conti- movimentos importantes, que vemos a seguir:
nente europeu um período que ficou conhecido como “Belle Épo-
que”. Este período ocorreu junto com a Revolução Industrial mar- — Revanchismo francês
cado por grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. A França estava tomada de um sentimento de vingança, pois
Apesar desse ambiente favorável várias alianças foram sendo cons- havia perdido a guerra Franco-Prussiana e foi humilhada pelo im-
truídas, tornando a guerra mais iminente. Um período que ficou perador alemão.
conhecido como a “Paz armada”.
— Questão Turca e a Questão Balcânica
As Causas
O período da “Paz armada” foi marcado também pela política
imperialista de expansão, domínio territorial e cultural sobre outras
nações. Essa disputa imperialista, sobretudo do continente africa-
no, beneficiava alguns países (Inglaterra e França, por exemplo), en-
quanto outros países (Itália e Alemanha) não eram beneficiados. As
principais potencias europeias desejavam matéria prima, fontes de
energia, mão de obra barata, mercado consumidor, etc., e a disputa
pela África, Ásia e Oceania tornava-se evidente dentro do contexto
industrial da época.

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CIÊNCIAS HUMANAS

Essa região sempre foi muito instável, devido a junção de vários As Consequências
povos. Nesse período houve a degradação do império turco-otoma- As consequências da guerra foram diversas. Tivemos uma ins-
no que dominava a região. Dentro deste contexto, surgem vários tabilidade política e econômica com inúmeras mortes e reconfigu-
povos que lutam entre si, onde as grandes potências da época se ração territorial. Além disso foi criado o Tratado de Versalhes, que
dividem apoiando um ou outro visando interesses na região. impôs severas restrições e condições à Alemanha. Foi criada ainda
Com isso surgiram duas alianças: A Aliança Entente formada a Liga das Nações sem o apoio dos EUA.
pela Rússia, Reino Unido e França e a Tríplice Aliança composta pela Este cenário favoreceu os alemães que voltaram a criar políti-
Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália. cas expansionistas nos anos 30, por meio de Hitler, e iniciar a segun-
da guerra mundial.
O Conflito
Vamos dividir a guerra em três fases: O nazifascismo e a segunda guerra mundial
1ª Fase: Guerra à moda antiga, onde a ideia era invadir o terri-
tório do inimigo e subjulgá-lo.
Este é um modelo de movimentação de tropas, que consistia
de um ataque de cavalaria acompanhada pela infantaria.
2ª Fase: Foi uma fase de uma guerra mais estratégica em que
trincheiras eram construídas com o objetivo de alcançar pontos es-
tratégicos, tais como portos, pontes, etc.

Os Antecedentes e causas
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que
ocorreu entre 1939 a 1945, envolvendo as grandes potências da
época. Foram organizadas duas alianças militares que guerrearam:
os Aliados (Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos)
e o eixo (Alemanha, Itália e Japão), posteriormente outros países se
3ª Fase: Na terceira fase da guerra foram utilizadas novas ar- juntaram a um grupo ou ao outro, mas os países citados foram os
mas bélicas, aviões de caça, tanques e adesão de um grande contin- principais.
gente de soldados americanos. A Segunda Guerra Mundial é consequência do que não foi bem
resolvido na Primeira Guerra Mundial. O domínio de áreas, merca-
Nesse cenário, os Estados Unidos, que até então era um for- dos econômicos, tendo como ponto chave a política expansionis-
necedor de empréstimos, armas, alimentos e produtos têxteis para ta alemã, querendo dominar territórios interessantes também a
a Inglaterra e França, entra na guerra a partir da 2ª fase e define a grandes potências foram as causas da guerra. Nesse sentido foram
vitória para a Tríplice Entente. criadas várias negociações para limitar os territórios na tentativa de
evitar um conflito.
Dentro deste contexto a Alemanha invade e toma a Tchecoslo-
váquia, e Neville Chamberlain (ex-Primeiro-ministro da Inglaterra)
convoca a Conferência de Munique. Essa conferência estabelece
que os alemães poderiam ficar somente com a região dos Sudetos.
O objetivo era impedir que os nazistas invadissem a Polônia, país
que interessava comercialmente a países como Inglaterra
Adolf Hitler, entretanto queria dominar a Polônia, e rompe os
acordos declarando uma possível guerra contra Inglaterra, França e
União Soviética.
Nesse contexto os alemães, por meio de Adolf Hitler se aliam
ao Grupo da União Soviética dividindo a Polônia em duas partes,
através do pacto de não agressão germano-soviético.
Oito dias depois, Hitler rompe o acordo com a União Soviética e
a Alemanha invade o corredor polonês, região da Polônia que havia
negociado com a União Soviética, iniciando assim a Segunda Guerra
Mundial.

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O Conflito
Abaixo relatamos alguns eventos relevantes da segunda guerra mundial.
– Em 1940, a Alemanha invade quase inteiramente a França, dividindo-a em duas partes.
– Em 1941 Hitler invade a Rússia, na operação chamada Barba Ruiva, rompendo com o pacto realizado com a União Soviética e pro-
vocando a entrada desta na guerra.
– Nesse mesmo ano, os japoneses atacam a base naval Pearl Harbor nos Estados Unidos, provocando a entrada dos Estados Unidos
na guerra.
– Nesse contexto de guerra temos de um lado o eixo (Alemanha, Itália e Japão) e do outro lado os aliados (Inglaterra, França, EUA e
URSS).
– Até o ano de 1942, a guerra é dominada pelo eixo, mas a partir de então sofre uma série de derrotas, dentre as quais temos como
destaque a Batalha de Stalingrado (1942-1943) na qual a Alemanha é derrotada e inicia seu recuo na frente oriental.
– Nesse mesmo ano, ocorre o cerco de Roma, no qual Mussolini (líder do movimento fascista) foi preso e a Itália saiu da guerra.
– Em 1944, aconteceu o Dia D, a maior operação militar da história, na qual os Aliados recuperam a França das tropas alemãs, por meio
do desembarque de milhares de tropas nas praias Normandia.

– Em 1945, acontece a batalha e o Cerco à Berlim, no qual as tropas soviéticas cercam a capital alemã e Hitler comete suicídio.
– Os japoneses continuavam a atacar os pontos estratégicos dos Estados Unidos, que promovem então os bombardeios atômicos à
Hiroshima e a Nagasaki, encerrando a guerra, culminando assim a vitória dos aliados.

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As Consequências
Como na primeira, tivemos uma instabilidade política e econômica com inúmeras mortes e reconfiguração territorial;
Nesse sentido vamos citar três importantes acordos:
– A Conferência de Yalta - Definiu que o leste europeu seria uma área de influência soviética e a Europa Ocidental e Central de influ-
ência capitalista),
– A Conferência de Potsdam - Dividiu a Alemanha em Oriental e Ocidental, sendo a primeira sobre a influência socialista e a outra
sobre a influência capitalista)
– A Conferência de São Francisco – Criou a ONU, a qual julga o holocausto (assassinato em massa de milhares de judeus - genocídio).

A guerra fria
Na guerra fria tínhamos a disputa entre dois países sobre o planeta: de um lado o EUA (CAPITALISMO) e do outro a UNIÃO SO-
VIETICA (SOCIALISMO). Os dois países tinham planos econômicos para emprestar dinheiro aos outros países, o Plano Marshal (EUA) e
Comecon (UNIÃO SOVIÉTICA) e tratados militares Otan (EUA) e Pacto de Versóvia (UNIAO SOVIÉTICA). Também é um período de corrida
armamentista (poder bélico), espacial e conquista de áreas.

Os antecedentes
Conforme comentado no item anterior, na seção “consequências”, tivemos uma separação do mundo socialista e capitalista onde
vários acordos foram assinados sobre este tema.
Nesse contexto pós guerra, surgiram duas potencias que lideravam os blocos:
O bloco capitalista tendo os Estados Unidos como o seu principal representante e o bloco socialista tendo a União Soviética como seu
principal representante.

As causas
De forma geral todo o contexto da segunda guerra foi responsável, mas podemos citar a busca da consolidação de um modelo eco-
nômico para todo o planeta.

O Conflito
Esta busca de consolidação de um modelo econômico, gerou alguns conflitos armados importantes que vamos destacar, bem menos
devastadores que a segunda guerra.
– A Revolução Chinesa;
– A Guerra do Vietnã.
– A Revolução Cubana;
– A Guerra da Coreia;
– A Independência do Congo;
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– A Independência da Índia; – Maior produção e consumo de bens e serviços globais;


– Guerra do Afeganistão de 1979 – Informações disseminadas instantaneamente;
– A Alemanha na guerra fria – A construção do Muro de Ber- – Surgimento de empresas multinacionais e transnacionais;
lim, separando a Alemanha ocidental e Alemanha Oriental. – Surgimento de blocos econômicos e diminuição de barreiras
Vale lembrar que o conflito entre os Gigantes não foi armado comerciais;
e aconteceu de outras formas: Na verdade foi uma guerra tecno- – Economia informal.
lógica para ampliar o poder. Sendo assim tivemos um período de
paz armada onde as duas potencias investiram na corrida espacial Hoje em nossa sociedade estas vantagens estão patentes, visto
e bélica. a difusão da Internet como fundamental nas relações pessoais e
profissionais, públicas, negociações em geral, etc..
As consequências A cada dia que passa, o comércio exterior torna-se mais glo-
Nesse sentido vamos citar acontecimentos marcantes que se balizado. Produtos produzidos em diversos países conhecem uma
deram no pós-guerra, visto que a guerra serviu para elucidar novos ampla e rápida circulação mundial, apesar de cotas de importação e
pensamentos sobre o mundo: restrições protecionistas ainda prevalecentes. Nas últimas décadas,
– Unificação da Alemanha, até então estava separada pelo instituições nacionais e internacionais foram formadas para comba-
muro de Berlim. ter as medidas restritivas à circulação de produtos e serviços, com o
– Formação de novos blocos econômicos; objetivo de ampliar o livre comércio mundial1.
– Derrota do socialismo; A acentuada expansão do comércio que ocorreu na segunda
– Ascensão do capitalismo em todo o mundo; metade do século XX foi impulsionada, em grande parte, pelos
– Grande desenvolvimento e avanço tecnológicos; avanços tecnológicos nas áreas de transportes e comunicações.
– Modificação do mapa-múndi, com o surgimento de novas O Acordo Geral para Tarifas e Comércio (GATT) foi estabele-
nações. cido, pós-Segunda Guerra Mundial, como um mecanismo para ne-
Globalização e as políticas neoliberais gociar, reduzir e controlar as taxas alfandegárias. Em 1994, o Acor-
do Geral para Tarifas e Comércio foi substituído pela Organização
Mundial do Comércio (OMC).
A OMC, organização internacional composta de 164 membros,
promove o comércio internacional e regulamenta o comércio exte-
rior e os acordos de áreas de livre comércio. A OMC busca resolver
disputas em relação às tarifas e imposições alfandegárias e negocia
reduções de taxas e de outras barreiras que limitam o comércio in-
ternacional.
A Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC)
é um círculo de negociações que foram iniciadas em Doha, no Qa-
tar, em 2001. Negociações subsequentes ocorreram em Cancún,
Genebra, Paris e Hong Kong. Tais negociações, ocorridas entre as
maiores potências comerciais do mundo, objetivam diminuir as bar-
reiras comerciais e fomentar o livre comércio. Suas principais metas
incluem uma maior abertura de mercados agrícolas e industriais.
O mandato da Rodada é amplo e envolve um número grande
A imagem representa como o mundo está organizado hoje. de temas a fim de mobilizar o interesse dos países da OMC. As ne-
gociações incluem abertura de mercados agrícolas e industriais,
Com a Globalização temos o seguinte cenário: proteção dos direitos de propriedade intelectual, facilitação de ne-
gócios, regras sobre aplicação de direitos antidumping, subsídios e
Um mundo multipolar, desta forma já não temos dois países medidas compensatórias, meio ambiente, entre tantos outros. O
como tínhamos na guerra fria, temos uma multiporalidade econô- objetivo é promover o comércio e a cooperação dos países-mem-
mica (EUA, UE, (União Europeia) e JAPÃO), mas atualmente a China bros. Também é discutido o tratamento especial que deve ser dado
também exerce um papel fundamental nesse cenário. Também te- aos países em desenvolvimento para assegurar que suas necessida-
mos o MercoSul e, recentemente, tivemos o Brexit, que é a saída da des sejam contempladas.
Inglaterra da UE . O tema de subsídios agrícolas é o que gera mais polêmicas nas
Sendo assim podemos definir Globalização como o aumento negociações. Os países em desenvolvimento se opõem à política de
das relações entre os países. Estas relações são principalmente de subsídios agrícolas. Esta foi desenvolvida pelos países europeus e
cunho econômico, mas também são culturais, sociais e políticas. pelos Estados Unidos e beneficia os agricultores de países desenvol-
O progresso econômico, segurança social, consumismo e quali- vidos. Os enormes subsídios agrícolas recebidos pelos agricultores
dade de vida são promessas da doutrina socioeconômica presente de países desenvolvidos são uma forma de protecionismo, o que
nos países mais ricos do mundo, o neoliberalismo. contraria a prática de abertura econômica que esses mesmos países
desenvolvidos exigem dos países em desenvolvimento. A Rodada
Vantagens da Globalização de Doha ainda não chegou a um acordo sobre o protecionismo agrí-
– Avanços tecnológicos e meios de comunicação; cola.
– Aumento das relações econômicas entre os países; 1 EducaBras. Blocos Econômicos Regionais. https://bit.ly/3etEdvK.
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Em 2016, a Rodada de Doha foi paralisada após os membros da Blocos econômicos regionais são associações de países que es-
OMC não concordarem em continuar as negociações. A Rodada de tabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. São classifi-
Doha foi ambiciosa e não atingiu seus objetivos iniciais. cados da seguinte forma:
Muitos países, frustrados com a falta de resultados da Rodada - Zona de Livre Comércio - há uma redução ou eliminação da
de Doha, passaram a negociar acordos de livre comércio bilaterais cobrança de taxas alfandegárias sobre as mercadorias e serviços
e regionais. que circulam dentro do bloco, o que significa livre circulação.
Fora do mandato formal da rodada são discutidos os aperfei- - União Aduaneira - além de permitir a livre circulação inter-
çoamentos das regras sobre soluções de controvérsias e disputas na de mercadorias e serviços, também regulamenta o comércio de
dentro da OMC. seus membros com países externos ao bloco.
Um exemplo de disputa ocorrida dentro da OMC: em 2008, os - Mercado Comum - garante a livre circulação de pessoas, mer-
Estados Unidos tentaram aumentar os impostos sobre o suco de cadorias, serviços e capitais (dinheiro ou patrimônio) dentro do
laranja brasileira. O governo norte-americano alegou que o Brasil bloco.
estava praticando dumping: a cobrança de valores abaixo dos de
mercado para sabotar a concorrência. Os Estados Unidos alegaram — Principais Blocos Econômicos
que o Brasil estava fazendo essa prática desleal de comércio. Em Nos seis continentes políticos do mundo existem blocos econô-
2011, o OMC considerou o pedido norte-americano indevido. micos que se enquadram nas fases citadas anteriormente, e outros
que atuam em um tipo específico, a exemplo da União Europeia que
Protecionismo criou sua própria moeda2.
Uma das maiores preocupações da Organização Mundial do Confira a seguir quais os blocos de maior visibilidade:
Comércio é combater o chamado protecionismo. Os objetivos do
protecionismo são: proteger o mercado interno da concorrência APEC
estrangeira, garantir o equilíbrio favorável de suas balanças comer- Em 1989, na Conferência de Seattle, surgiu a APEC (Coopera-
ciais e fomentar a produção nacional de produtos que podem con- ção Econômica Ásia-Pacífico) – organização composta por 21 paí-
correr vantajosamente nos mercados externos. ses-membros das Américas, Oceania e Ásia. O objetivo da APEC é
Incluem-se entre as medidas protecionistas as medidas tarifá- estimular a zona de livre comércio na Ásia e Pacífico, permitindo
rias e as não tarifárias. Por meio de tarifas, alguns países tributam transações comerciais com poucas taxas alfandegárias e o fortaleci-
pesadamente os produtos que adentram seu território, tornando- mento de novos mercados para além da Europa.
-os mais caros e menos competitivos no mercado consumidor in- Juntos os integrantes concentram quase a metade da popula-
terno. ção do planeta, o que corresponde a 3 bilhões de pessoas. O Produ-
Os países também dificultam a importação por meio da adoção to Interno Bruto (PIB) equivale a 60% do que é arrecadado mundial-
de algumas barreiras não tarifárias: barreiras sanitárias, cláusulas mente, movimentando bilhões todos os anos.
ambientalistas e trabalhistas, a garantia a agricultores de preços Por outro lado, uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo
bloco é a desigualdade econômica e tecnológica entre os membros.
mínimos para cada safra e prioridade para a compra da produção
Ainda assim, a sua formação é de expressiva importância, pois en-
interna.
volve as maiores potências e mercado consumidor.
Países desenvolvidos procuram proteger sua produção agríco-
la. É importante também ressaltar que a maioria dos países tem
Mercosul
como objetivo ser autossuficiente na produção de alimentos consu-
Criado em 1990, por meio do Tratado de Assunção, O Merco-
midos por sua população. Todo país visa plantar o necessário para
sul (Mercado Comum do Sul) conta com a participação do Brasil,
que não tenha que depender do comércio externo para alimentar
Argentina, Uruguai e Paraguai, e do Equador, Chile, Colômbia, Peru
o seu povo. Quando um país depende de outras nações para obter
e Bolívia como membros associados. Desde 2016, a Venezuela per-
alimentos para a sobrevivência da população, ele se torna vulnerá- manece suspensa em razão de instabilidades internas.
vel. Por exemplo, em caso de guerra, o fornecimento de alimentos O fluxo de pessoas e as trocas comerciais são alguns dos pro-
pode ser cortado, causando com que o país tenha que se render pósitos desse bloco. Acredita-se que é a principal frente de defesa
rapidamente. contra o poder americano na América do Sul.
O Mercosul apresenta um PIB de mais de 3 trilhões de dólares,
Blocos Econômicos Regionais o quinto maior do mundo. Desses valores, 70% é proveniente do
Muitos países não se limitam à Organização Mundial do Comér- Brasil. No que tange à estrutura, é composto por conselhos e co-
cio e criam acordos de livre comercio com outros países, formando missões responsáveis pela inserção de acordos e gerenciamento de
blocos econômicos regionais. A mundialização da economia capita- decisões políticas e suas possíveis crises.
lista gerou a segmentação do espaço econômico mundial por meio As disparidades financeiras e políticas entre os membros têm
da formação de blocos econômicos. provocado sucessivos conflitos, além de retardar a criação da mo-
A globalização pode enfraquecer certos Estados nacionais, pois eda única.
os força a competir no mercado mundial. Muitos países se uniram
para formar blocos regionais, visando a ter melhor proveito comer- União Europeia
cial. A União Europeia (EU) também é fruto de um tratado, o de
Acordos bilaterais e blocos regionais constituem forças opostas Maastricht. A partir de 1992, 28 nações elaboraram significativos
à liberação mundial do comércio exterior, pois beneficiam os mem- meios para o fortalecimento das suas conjunturas e do próprio blo-
bros signatários dos acordos. Assim, limitam a expansão de um co- co.
mércio mais livre aos países membros. 2 Educa+Brasil. Blocos Econômicos. https://bit.ly/318cRr0.
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Entre as finalidades estão a implantação do euro como moeda Também na Síria, as manifestações contrárias ao regime do
única, construção do Parlamento Europeu e Banco Central. Além presidente Bashar al-Assad dividiram o país, resultando numa san-
disso, em 2002, a zona do euro tornou-se ativa. Os territórios pas- grenta guerra civil. As manifestações populares por mudanças e por
saram a adotar a moeda e, em troca, oferecem certa estabilidade direitos políticos espalharam-se por vários outros países da região,
nas tarifas de mercado. com desdobramentos diversos, deixando pelo norte da África e
A participação na EU demanda equilíbrio econômico e político Oriente Médio rastros de incertezas quanto à democratização po-
dos interessados, e ciência dos regimentos parlamentares. O Reino lítica e à estabilização.
Unido confirmou sua saída em 2016, em um processo chamado de Certamente, as transformações espalharam efeitos tanto so-
Brexit. bre as regiões até então resistentes às forças ocidentais atuantes
na área como sobre os regimes até então pró-ocidentais, produ-
NAFTA zindo ainda mais incertezas sobre o jogo de forças e domínios e
Formado, inicialmente, pelos Estados Unidos e Canadá, o NAF- semeando novas questões e desafios para o Oriente Médio e para
TA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio) visa a derrubada os Estados Unidos, a mais poderosa peça no tabuleiro de conflitos
dos impostos alfandegários e leis financeiras, facilitando o livre da região.
acesso aos mercados. Tais incertezas rearranjaram a composição das forças locais e
Esse bloco atrai muitas críticas, uma vez que o poder america- internacionais em confronto. Exemplo dessa situação é o caso da
no diante dos demais países, incluindo o México que foi aceito em Síria, que mergulhou em uma guerra civil e sofreu forte intervenção
1992, estimula um certo controle. Em 2018, o presidente em exercí- de milhares de guerrilheiros da Al-Qaeda, apoiados pela Arábia Sau-
cio dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma nova proposta dita sunita (tradicional aliada dos Estados Unidos) contra o governo
com o intuito de aproximar os membros. de Bashar al-Assad.
Em contrapartida, o governo sírio tem recebido o apoio do Irã,
ASEAN xiita, e do governo atua I do Iraque, e passou a contar também com
A Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), construí- um aliado forte fora do Oriente Médio: a Rússia de Vladimir Putin.
da em 1967, é uma proposta que inclui a Tailândia, Filipinas, Malá- No início de 2016 estimava-se que mais de 400 mil sírios foram mor-
sia, Singapura, Indonésia, Brunei, Vietnã e Mianmar. tos e cerca de 5 milhões abandonaram o país.
Uma das finalidades do bloco é o estímulo à paz. Por isso, to-
dos os países-membros firmaram o acordo de proibição das armas
nucleares. A estabilidade econômica dos seus territórios também é
outra motivação, sendo as alianças com o Japão e União Europeia NOÇÕES GERAIS SOBRE O CENÁRIO ECONÔMICO GLOBAL
uma forma de garantia.

— Tensões no Norte da África e Oriente Médio A economia mundial


Pouco antes do anúncio da retirada das forcas estadunidenses
do Iraque, o norte da África e o Oriente Médio mergulharam em
Período Fases Característica
seguidas rebeliões populares que depuseram governantes autoritá-
rios há muito tempo no poder. 1450-1850 Primeira Expansionismo mercantilista
O movimento, apelidado pela mídia de Primavera árabe por 1850-1950 Segunda Industrial-imperialista-
envolver diversos países islâmicos de língua árabe, começou na Tu- colonialista
nísia, no final de 2010. O estopim se deu com o episódio em que
Mohamed Bouazizi (1984-2011), um comerciante local, ateou fogo 1950-1989 Terceira Descolonização –Guerra Fria
no próprio corpo como forma de protesto pelo confisco de seus – Reestruturação Produtiva
bens de trabalho pelas autoridades tunisianas no dia 17 de dezem- Pós 1989 Globalização Declínio do Estado-Nação-
bro. Reestruturação do sistema
Em janeiro de 2011, do funeral de Bouazizi em diante, o levante Estatal
popular espalhou-se, derrubando o presidente Zine El-Abidine Ben
Ali, desembocando em eleições legislativas e na formação de uma Primeira Fase
Assembleia Constituinte. A primeira fase do expansionismo mercantilista é a fase das
A contestação popular logo chegou ao Marrocos, levando o rei grandes navegações e dos grandes impérios que comercializavam
Mohammed VI a liderar reformas políticas, eleições e referendo de especiarias, grandes portos para fluxos internacionais e demais co-
uma nova Constituição. No Egito, imensas manifestações populares lonizações importantes.
e confrontos no Cairo e em outras cidades derrubaram o presidente
Hosni Mubarak, abrindo disputas para uma nova ordenação política
Segunda Fase
no país. Em 2012, foi eleito presidente Mohammed Mursi, membro
A segunda fase se deu pela 1ª e 2ª revoluções industriais, se-
de uma organização político-religiosa, a Irmandade Muçulmana.
Mursi foi deposto em 2013, num levante militar que impôs uma gundo as características dos quadros mostrados no quadro abaixo:
ditadura no país. Na Líbia, Muamar Kaddafi (1942-2011), no poder
desde 1969, enfrentou violentamente as manifestações, mergu-
lhando o país numa guerra civil que culminou na intervenção da Or-
ganização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, seguida da prisão
e execução de Kaddafi.
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Quadro da 1ª Revolução Industrial


Forte expansão
EMPREGO principalmente na grande
Máquina de fiar, tear indústria
mecânico, máquina de vapor, Perplexidade, reforço dos
MATERIAL
ferrovia, descaroçador de sindicatos, conquistas
algodão REAÇÃO DOS
sociais (salários, previdência,
TRABALHADORES
Produção fabril, trabalho jornada de trabalho, contrato
ORGANIZACIONAL coletivo)
assalariado
Semi-artesanal, qualificado,
TRABALHO Terceira Fase
“poroso”, pesado, insalubre
VOLUME DE INVESTIMENTOS Baixo
Indústria automobilística e
RELAÇÃO INTEREMPRESAS Livre concorrência CARRO-CHEFE eletroeletrônica
ESCALA Local, nacional, interncional Informática, máquinas
Liberalismo (Adam Smith, CNC- Controle Numérico
DOUTRINA Computadorizado, robôs,
David Ricardo) MATERIAL
sistemas integrados,
PRODUTIVIDADE Grande elevação telecomunicações, novos
Desencadeou ciclo de materiais, biotecnologia
PRODUÇÃO
crescimento Produção flexível, ilha de
CONSUMO Grande expansão produção, “just in time”,
ORGANIZACIONAL
qualidade total, integração
Forte expansão gerência-execução
EMPREGO
principalmente na indústria
Polivalente, integrado, em
Perplexidade, quebra de TRABALHO equipe, intensíssimo, flexível,
REAÇÃO DOS
máquinas, cooperativismo, estressante, menos hierarquia
TRABALHADORES
primeiros sindicatos
VOLUME DE Altíssimo
INVESTIMENTOS
Quadro da 2ª Revolução Industrial
Monopólio, forte
horizontalização
Eletricidade, aço, RELAÇÃO INTEREMPRESAS
(terceirização), formação de
eletromecânica, motor
MATERIAL megablocos comerciais
a explosão, petróleo,
petroquímica ESCALA Internacional, global
Produção em série, linha Neoliberalismo (Thatcher,
DOUTRINA
de montagem, rigidez, Reagan)
ORGANIZACIONAL
especialização, separação
Grande navegação em ritmo
gerência-execução PRODUTIVIDADE
vertiginoso
Especializado, fragmentado,
Não desencadeou ciclo de
não-qualificado, intenso, PRODUÇÃO
TRABALHO crescimento
rotineiro, insalubre,
hierarquizado CONSUMO Tendência à estagnação
VOLUME DE INVESTIMENTOS Alto Forte retração principalmente
EMPREGO na indústria, trabalho parcial,
Monopólio, forte
RELAÇÃO INTEREMPRESAS precário, informal
verticalização
(até o momento) Perplexidade,
ESCALA Nacional, internacional
dessindicalização,
REAÇÃO DOS
Liberalismo até 1930; fragmentação, tendência
DOUTRINA TRABALHADORES
Keynesianismo pós-1930 à “parceria” assumida ou
conflitiva
PRODUTIVIDADE Grande elevação
Desencadeou ciclo de
PRODUÇÃO
crescimento
CONSUMO Grande expansão

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— O problema dívida externa — O comércio


A origem da dívida externa vem da independência do Brasil, O comércio é essencialmente troca, troca econômica, compra e
mas nos anos da ditadura que ela se elevou muito, depois dos go- venda de bens, serviços e/ou valores por outros bens, serviços e/ou
vernos FHC e LULA a dívida se estabilizou. A dívida externa contraí- valores, intermediada hoje em dia, em sua quase totalidade, pela
da pelo Brasil corresponde a valores de credores internacionais. moeda ou documento que a represente.
Esses valores tomados emprestados são fruto de má gestão, na Atualmente o comércio também é atingido pelo processo de
qual os impostos arrecadados não conseguiram suprir as despesas globalização onde os a maioria dos produtos advém da China e a
públicas. Desta forma o governo lança mão de credores internacio- minoria de outros países.
nais A dispersão espacial da indústria fez com que os produtos se-
A dívida externa também é um indicador de confiança perante jam produzidos em lugares mais econômicos fazendo com que o
a comunidade internacional, sendo paga em dólar, o que fragiliza comerciante adquira produtos mais baratos podendo assim praticar
muito a economia visto a desvalorização da moeda local. preços mais variados e menores.
O início do comércio no BRASIL se deu com as grandes navega-
Vamos analisar a figura abaixo para ver alguns valores: ções onde se vendiam e levavam matérias primas para Inglaterra,
França e Portugal.

— A Indústria
Com o fenômeno da globalização as empresas expandiram
seus mercados, atuando, portanto, em diversos países, expandindo
seus mercados consumidores além do seu país origem.
Países como China, México entre outros receberam indústrias
com incentivos fiscais e mão de obra barata, além de estarem perto
das matérias primas. Devido a este processo o preço final de seus
produtos caiu daí então temos as indústrias transacionais.

— Energia e transporte Por exemplo: Um veículo no Brasil é fruto de várias peças pro-
A energia e transporte são fundamentais para o fluxo de in- duzidas em outros países. Este veículo é montado e vendido no
formações diante da econômica moderna, as práticas humanas de Brasil.
modificaram e com a evolução do capitalismo.
Abaixo vamos listar características sobre a energia e transporte — Os serviços
atualmente: Serviço é uma atividade humana e nesse conjunto temos os
– Interdependência entre os sistemas de transporte; serviços básicos e os serviços especializados. Em um mundo glo-
– Globalização; balizado os serviços estão cada vez mais estão especializados, pois
– A transformação do espaço geográfico; temos tecnologias diversas na sociedade, além dos serviços básicos
– Evolução do capitalismo; e essenciais.
– Tecnologias, funções e formas aplicadas;
– Evoluções dos meios de energia. Tipos de serviço
– Públicos;
Evolução dos transportes, segundo a lista abaixo: – Profissionais Liberais;
– Transportes marítimos – Produção tecnológica.
– Invensão da máquina a vapor
– Desenvolvimento rodoviário e transporte aéreo. — As relações de trabalho
Hoje temos uma divisão internacional do trabalho, pois termos As relações de trabalho foram se modificando ao longo da his-
meios de transportes eficazes e rápidos. Outro item importante é tória devido a fatores sociológicos, econômicos, etc.
a tecnologia da informação agilizando a comunicação através de Sendo assim vamos avaliar em linhas gerais as relações de tra-
e-mails, mensagens, reuniões agilizando os processos de forma ge- balho no decorrer da história:
ral.
- Máquina de fiar
— A agropecuária
A economia globalizada fez com que o fluxo de exportações - Tear mecânico
atingisse um âmbito mundial. Os bens e serviços de forma geral
transitam entre os países de forma facilitada. Este cenário também - Máquina a vapor
atinge a agropecuária que atua em diversos países do globo. 1ª Revolução
Os efeitos da globalização atingiram indústrias fazendo com - Ferrovia
Industrial
que os grandes exportadores mecanizarem seu agronegócio atin- - Descaroçador de algodão
gindo assim um grande fluxo de exportações.
A América Latina destaca-se no cenário internacional no seg- - Produção Fabril
mento do agronegócio. A tecnologia é uma grande diferencial do
agronegócio, mecanizando e informando o segmento. - Trabalho assalariado

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- Eletricidade, aço, eletromecânica, motor a Vamos ver no quadro abaixo três momentos da história, que se
explosão, petróleo, petroquímica estabelece classes sociais com suas desigualdades:

- Produção em série – Criação de máquinas


- Linha de Montagem 1ª Revolução Industrial – Criação de Ferrovias
- Rigidez – Trabalhadores
- Especialização – Advento da eletricidade,
petróleo e motor.
- Separação Gerencia-execução-in
2ª Revolução – Produção em série
Industrial - Especialização 2ª Revolução Industrial
– Trabalhadores
- Fragmentação
– Trabalho com hierarquia.
- Trabalho não qualificado
– Separação entre a
- Trabalho intenso, rotineiro e insalubre gerência e a execução
- Trabalho hierarquizado – Indústria automobilista e
eletrônica
3ª Revolução Industrial
– Informática, máquinas
- Industria automobilista e eletrônica CNC, computador, robôs.
- Informática, máquinas CNC, computador, – Sistemas integrados,
robôs, -Sistemas integrados, telecomunicações telecomunicações.
- Biotecnologia – Trabalhadores,
- Produção Flexível empresários, etc..

- Just in time — A revolução técnico-científica


A revolução técnico-cientifica está vinculada ao desenvolvi-
- Qualidade total mento da informática, biotecnologia, robótica, telecomunicações,
3ª Revolução
genética, cibernética, etc.
Industrial - Integração gerencia-execução
– Século XVI Copérnico, disse que a terra se move ao redor do
- Trabalho polivalente, integrado sol;
– Século XVII mecânica de Newton, que deu explicações perfei-
- Trabalho em equipe, intense tas para fenômenos físicos comuns;
– Século XVIII Invenção de máquinas e máquinas a vapor, que
- Trabalho estressante, flexível trouxe a vida mecanizada;
- Menos Hierarquia – Século XIV A teoria da evolução, que apresentou uma explica-
ção da origem humana Invenção de geradores e motores elétricos,
que levou à eletrificação da sociedade humana;
– Século XX Nascimento da teoria da relatividade e da teoria
— As desigualdades sociais e a explora humana. (*) quântica, que nos deu as novas ideias sobre o mundo;
A desigualdade social é um aspecto presente em todas as so- – Século XXI Regeneração Humana: quatro formas de seres hu-
ciedades é também conhecida como desigualdade econômica. Ao manos Viagem Espacial.
longo da história de acordo com o contexto da sociedade da época,
surgiram as diversas classes.
As classes sociais NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA, COORDENADAS GE-
As classes sociais demonstram a desigualdade da sociedade, OGRÁFICAS E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE FUSOS
essas desigualdades estabelecem privilégios, vantagens e desvan- HORÁRIOS
tagens.
Podemos resumir as classes sociais em:
- Alta — Orientação e Localização
- Baixa O termo orientação é utilizado com o significado de determi-
- Média nar uma direção a ser seguida, indicar um rumo. Para a Geografia,
é muito importante determinar essa referência para definir nossa
localização na superfície terrestre3.
3 https://querobolsa.com.br/enem/geografia/orientacao-e-cartografia
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Antigas civilizações utilizavam recursos que a natureza oferecia No século XIII, o navegante e inventor italiano Flavio Gioia con-
para buscar orientação. Assim, o início das tentativas de localização tribuiu com o aperfeiçoamento da bússola. Ele utilizou esse sistema
está no uso de corpos celestes como o Sol, a Lua e algumas estrelas. sob um cartão com a Rosa dos Ventos, que indicava os pontos car-
Atualmente, com o avanço das navegações, da aeronáutica e deais. Para alguns, ele é tido como o próprio inventor do objeto.
da astronáutica, podemos nos localizar mais facilmente a partir de No entanto, foi somente no século XIX que a bússola moderna
instrumentos que determinam os pontos de referência. foi elaborada por William Sturgeon, que construiu, em 1825, o pri-
meiro eletroímã que auxiliou na orientação da bússola a partir do
Pontos de Orientação magnetismo terrestre.
O movimento de rotação da Terra nos dá a sensação de que o Atualmente, podemos nos orientar pela bússola através de
Sol se desloca no céu durante o dia, no que chamamos de “movi- nossos celulares, tablets e computadores, a partir de um aplicativo
mento aparente do Sol”. instalado em algum dos dispositivos!
Segundo este movimento, o Sol nasce para um lado e se põe
em seu oposto. A direção do nascimento indica o Leste (L), e a que • Funcionamento da Bússola
o Sol se põe, o Oeste (O). A bússola é composta por uma agulha magnetizada que é en-
Perpendicularmente a este eixo Leste-Oeste, temos em uma caixada na posição horizontal, respeitando seu centro de gravidade
das extremidades desta linha o Norte (N) e, na outra ponta, o Sul para que ela fique livre para se orientar.
(S).

— Elementos de Orientação

Rosa dos Ventos

Modelo de bússola moderna que é utilizada atualmente

Assim, a bússola é capaz de localizar os pontos cardeais (com


referência na Rosa dos Ventos) a partir do Norte Magnético da Ter-
ra, que funciona como um “enorme ímã” que exerce força de atra-
A rosa dos ventos corresponde à volta completa do horizonte, ção em sua direção.
representando as quatro direções fundamentais e suas intermedia-
ções. Diferença entre Norte Geográfico e Norte Magnético
Na imagem acima podemos identificar os quatro pontos car- Podemos nos referenciar a partir de dois nortes:
deais (Norte, Sul, Leste e Oeste), e os pontos colaterais (Nordeste, Norte Geográfico: utiliza como base o ângulo de 90º entre
Noroeste, Sudeste e Sudoeste)4. meridianos e paralelos. Normalmente é usado em mapas, cartas e
plantas.
Bússola Norte Magnético / Norte Verdadeiro: utiliza como base a in-
Alguns estudos apontam que a bússola teve sua origem na Chi- clinação natural da Terra, de aproximadamente 22º. Normalmente
na, por volta do século I. Desde seu nascimento, era utilizada como é usado em representações mais aprofundadas, técnicas e especí-
instrumento de navegação, permitindo explorações principalmente ficas.
por meio da navegação5.
— Coordenadas Geográficas
As coordenadas geográficas expressam qualquer posição no
planeta. Baseiam-se em linhas imaginárias traçadas sobre o globo
4 Orientação e Cartografia - Aulalivre.netaulalivre.net › revisao-vestibular-e-
terrestre6.
nem › geografia. 6 Orientação e Cartografia - Aulalivre.netaulalivre.net › revisao-vestibular-e-
5 https://querobolsa.com.br/enem/geografia/orientacao-e-cartografia nem › geografia.
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Paralelo: Latitude (varia 0º a 90º - norte ou sul);


Meridiano: Longitude (varia 0º a 180º leste ou oeste).

Paralelos: são linhas paralelas a linha do equador, sendo esta, também uma linha imaginária.
Meridianos: são linhas semicirculares, isto é, linhas de 180°, que vão do Polo Norte ao Polo Sul e cruzam com os paralelos.

Escala Cartográfica
Quando estudamos cartografia não podemos esquecer da escala, que é a relação matemática existente entre as dimensões do obje-
to real e de sua representação em um plano ou mapa.

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O cálculo de escala é simples, como podemos verificar na fórmula abaixo:

As escalas tradicionalmente trabalham centímetros e quilômetros, porém na hora de realizar os cálculos é importante optar apenas
por uma unidade de medida.
Para converter uma medida de quilômetros para centímetros basta acrescentar 5 zeros após os quilômetros, por exemplo: 7km =
700000cm.
Já para converter centímetros para quilômetros, se acrescenta 5 zeros na frente do primeiro termo, como no exemplo: 7cm =
0,00007km.

— Projeções Cartográficas
Projeções cartográficas são os tipos de traçados destinados a representar paralelos de latitude e meridianos de longitude da Terra.
Abaixo se apresenta as projeções cilíndrica, cônica e plana.

Cilíndrica
Nesta projeção o mapa terrestre é projetado em um cilindro. As duas projeções mais conhecidas deste tipo são Mercator, que é o mais
utilizado para navegação, pois preserva mais as formas e menos os tamanhos, e Peters, que preserva mais o tamanho do que as formas,
dando mais atenção para o hemisfério sul.

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Plana (Azimutal)

A projeção plana ou azimutal, no caso da convenção cartográfi-


ca, é utilizada para representar regiões polares, pois apresenta me-
nos distorções nas regiões próximas do ponto central (polo). Possui
uma grande utilidade na navegação aérea e na análise geopolítica.
Quanto mais afastada da área polar, mas destorcida é a ima-
gem. Nota-se também que só é possível visualizar um polo nesta
projeção.

— Mapas Temáticos
Apesar de existir uma grande diversidade de mapas, é possível
agrupá-los em duas categorias: os topográficos, que representam
feições da superfície terrestre com grande fidelidade, permitindo a
determinação das altitudes, declives e aclives; e os temáticos, que
Cônica tomando como base um mapa topográfico, representam eventos
geográficos específicos (político, físico, demográfico, econômico,
etc.) existentes no local mapeado7.
Além disso, existem mapas cujos limites são alterados de acor-
do com valores numéricos selecionados, como população, renda
média, etc. Esses mapas são chamados de anamorfoses. Anamor-
fose é, assim, uma representação gráfica que apresenta algum tipo
de deformação.

Na imagem acima o mapa terrestre é projetado sobre um


cone. Normalmente se recorre a este tipo de projeção para repre-
sentar mapas regionais, pois as deformações são pequenas próxi-
mas aos paralelos de contato, mas tendem a aumentar à medida
que as zonas representadas estão mais distantes.

7 https://querobolsa.com.br/enem/geografia/mapas
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Abaixo seguem exemplos de Mapas Temáticos8:

Mapa Político

Mapa físico que apresenta informações sobre o relevo brasileiro

Mapa Econômico

Mapa político do Brasil representando as regiões, estados e


capitais

Mapa Físico

Mapa econômico que mostra a produção de algodão herbáceo em


distintos pontos do Brasil

Mapa físico que traz informações sobre o relevo da América do Sul

8 https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.htm
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Mapa Histórico

Mapa histórico que mostra as divisões estipuladas pelo Tratado de Tordesilhas

— Fusos Horários

Os fusos horários, também denominados zonas horárias, foram estabelecidos através de uma reunião composta por representantes
de 25 países em Washington, capital estadunidense, em 1884. Nessa ocasião foi realizada uma divisão do mundo em 24 fusos horários
distintos9.
O método utilizado para essa divisão partiu do princípio de que são gastos, aproximadamente, 24 horas (23 horas, 56 minutos e 4
segundos) para que a Terra realize o movimento de rotação, ou seja, que gire em torno de seu próprio eixo, realizando um movimento de
360°. Portanto, em uma hora a Terra se desloca 15°.
Esse dado é obtido através da divisão da circunferência terrestre (360°) pelo tempo gasto para que seja realizado o movimento de
rotação (24 h).
O fuso referencial para a determinação das horas é o Greenwich, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também denominado inicial, atra-
vessa a Grã-Bretanha, além de cortar o extremo oeste da Europa e da África.
A hora determinada pelo fuso de Greenwich recebe o nome de GMT. A partir disso, são estabelecidos os outros limites de fusos ho-
rários.

9 https://www.pjf.mg.gov.br/secretarias/sds/cpc/modulos/pism1/2018/geografia/geografia.pdf
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O surgimento de novos atores globais, como a China e a Rússia,


também tem mudado a dinâmica da organização geopolítica. A as-
censão desses países tem trazido novos desafios e oportunidades
Os Fusos Horários no Brasil para a paz e a segurança internacional. Além disso, novos desafios,
como mudanças climáticas, migração e conflitos regionais, têm sur-
gido e exigido soluções criativas e colaborativas.
O mundo contemporâneo é um lugar mais inseguro, e os gover-
nos têm que lidar com essa nova realidade. No entanto, também
temos que nos certificar de que nossas medidas de segurança não
vão às custas dos direitos humanos e da liberdade de movimento.
É necessário encontrar uma maneira de garantir a segurança de to-
dos, sem sacrificar nossa liberdade
Em resumo, o mundo contemporâneo é caracterizado por uma
organização geopolítica altamente complexa e em constante mu-
dança, influenciada por eventos históricos e novos desafios. Para
enfrentar esses desafios e garantir a paz e a segurança global, é fun-
damental que as nações trabalhem juntas de forma colaborativa e
inclusiva.

As regiões Sul, Sudeste e Nordeste, o Distrito Federal e os esta-


dos de Goiás, do Tocantins, Pará e Amapá acompanham o horário AS QUESTÕES AMBIENTAIS
de Brasília.
Mato grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e a maior
parte do Amazonas têm uma hora a menos. Já um pequeno trecho Os Problemas Ambientais: A Degradação Ambiental e seus
do Amazonas e o Acre passam a ter duas horas a menos que Brasília Impactos
com a mudança de fuso implementada em 2013. Como introdução ao conteúdo de problemas ambientais mun-
O Brasil ficou então com quatro fusos horários. Observe que diais, iniciemos observando a seguinte manchete:
Fernando de Noronha e as ilhas oceânicas estão mais “adiantados” “As marcas da destruição do planeta - Nações Unidas radiogra-
em relação aos horários do Brasil continental. fam em quinze fotos, a saúde da Terra e advertem que os Estados
não estão no caminho certo para cumprir os principais tratados
internacionais sobre meio ambiente”. (https://brasil.elpais.com/
brasil/2019/03/13/album/1552476582_773089.html#foto_gal_5)
O MUNDO CONTEMPORÂNEO: A ORGANIZAÇÃO GEOPO- Vamos observar abaixo as fotos chocantes e suas legendas:
LÍTICA APÓS O 11 DE SETEMBRO
1) Caranguejo preso em um copo de plástico no mar na Passa-
gem de Isla Verde, nas Filipinas, em 7 de março de 2019.
O 11 de setembro de 2001 foi um dia que mudou o mundo para
sempre. Desde então, o mundo contemporâneo tem sido marcado
por uma grande instabilidade geopolítica. O ataque terrorista aos
Estados Unidos gerou uma reação proporcionalmente grande dos
governos mundiais, com ações que visavam proteger suas popula-
ções dos ataques terroristas e aumentar o controle de fronteiras.
Essa resposta global ao terrorismo internacional mudou a ma-
neira como os governos se relacionam uns com os outros, com mui-
tos governos adotando medidas de segurança consideradas exces-
sivas. O resultado disso foi uma queda na liberdade de movimento,
com muitos governos adotando medidas de restrição a imigração,
criando controles de fronteiras mais rigorosos e reduzindo os direi-
tos humanos em nome da segurança.
Essas medidas têm um impacto significativo na forma como os
países se relacionam uns com os outros, com alguns governos ado-
tando uma estratégia de isolamento, enquanto outros procuram
estabelecer acordos bilaterais para aumentar a cooperação entre
nações. A Organização das Nações Unidas e outras organizações
internacionais também têm um papel significativo na tentativa de
manter a paz e a estabilidade mundial.

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2) Algumas vacas atravessando a lagoa seca de Aculeo, em Pai- 5) Casal junto a seus animais, resgatados de uma inundação em
ne (Chile), em 9 de janeiro de 2019. Burgaw, Carolina do Norte (Estados Unidos), em 17 de setembro de
2018.

3) Poluição causada por veículos em uma rua em Nova Delhi 6) Chaminés de uma refinaria de petróleo no estado de Utah
(Índia), em 14 de novembro de 2017. (Estados Unidos), em 10 de dezembro de 2018.

4) Cão sobre uma montanha de lixo em Nova Delhi (Índia), em 7) Voluntários limpando a baía de lixo de Lampung em Suma-
5 de março de 2019. tra, em 21 de fevereiro de 2019.

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8) Edifícios envoltos por uma nuvem de poluição em Seul 11) Bombeiros tentando apagar um incêndio na aldeia grega de
(Coréia do Sul), em 6 de março de 2019. Kineta, em 24 de julho de 2018.

9) Grupo de trabalhadores protegendo-se da poluição com 12) Vista aérea da ponte ferroviária derrubada por um desliza-
máscaras durante uma manifestação em Seul (Coreia do Sul) em 6 mento de terra após o colapso, em 25 de janeiro de 2019, de uma
de março de 2016. barragem em uma mina de minério de ferro em Brumadinho, Minas
Gerais.

10) Vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica,


no sudeste do Peru, causada pela mineração ilegal, em 19 de feve-
reiro de 2019.

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13) Restos mortais de um urso polar morto como resultado da 15) Mergulhadores nadando em uma cama de corais mortos na
falta de comida devido à mudança climática, fotografado em julho Ilha Tioman da Malásia, em 2018.
de 2013, no oeste de Svalbard (Groenlândia).

14) Vista aérea do desaparecimento do mar de Aral em 2018,


no Uzbequistão Feita a análise das fotos acima, podemos concluir que a huma-
nidade está diante de uma terrível crise ambiental.
O modelo de desenvolvimento econômico calcado no avanço
do industrialismo, no consumismo desenfreado e na exploração
cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta tem levado
tanto ao agravamento quanto ao surgimento de novos problemas
ambientais.
Diante dos problemas ambientais existentes no passado, os
sintomas da crise ambiental contemporânea adquiriram propor-
ções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas mais remotas
e inóspitas do planeta, como as regiões polares, que já sofrem os
efeitos das alterações climáticas desencadeadas pela intensa polui-
ção atmosférica.
Esse exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico,
decorrente do aquecimento atmosférico global, nos revela também
outra face da problemática ambiental contemporânea, em que os
problemas ambientais deixaram de se restringir no âmbito local ou
regional para se tornarem questões de ordem planetária.

As Origens dos Problemas Ambientais


Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas
sociedades. Na Grécia antiga, por exemplo, os filósofos já debatiam
sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especial-
mente da água, da terra, do fogo e do ar.
As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles leva-
ram-nos a acreditar que a Terra era perfeitamente harmônica, con-
cebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores pensadores
gregos, defendia que todas as coisas na Terra, vivas e não vivas
(como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mes-
mo uma essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco
a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra é um gigantesco ser
vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente pas-
sou a ser tratado isoladamente, como se fosse um conjunto de ele-
mentos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e exis-
tiam apenas para atender às suas necessidades.

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Dentro desse contexto histórico, com suas características so- Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas
ciais, econômicas e políticas, os interesses econômicos privados to- preocupações ganharam relevância. Uma das principais razões para
maram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de pro- isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki
blemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo. (1945), que mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar
De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu um ver- um rastro de radioatividade, as bombas ampliaram muito as ocu-
dadeiro saque aos recursos naturais e uma destruição de muitos pações ambientais de uma considerável parcela da população mun-
elementos da natureza. dial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais
A Sociedade de Consumo passaram por uma mudança que também atingiu a questão am-
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica biental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a
do consumo. Todos os seus componentes, jovens, adultos e idosos, Conservação e Utilização dos Recursos (Unscur), em Nova York.
sejam eles ricos ou pobres, estão inseridos nesse contexto. Em 1968, intelectuais, empresários e líderes políticos criaram
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre uma organização voltada ao debate sobre o futuro da humanidade,
o consumo e o prazer. São centenas de milhares de produtos apre- o chamado Clube de Roma, que financiava pesquisas para publica-
sentados como necessários para se alcançar a felicidade. ção de relatórios importantes.
É cada vez mais comum observarmos que o ato de consumir Em 1972 eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em
é colocado como uma das formas que permite ao cidadão ou ao conjunto com cientistas do Massachusetts Institute of Technology
indivíduo sentir-se inserido na sociedade. (MIT). Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente afir-
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda mava que, se continuassem os ritmos de crescimento da população,
de energia, minérios, água e tudo o que é necessário à produção e da utilização dos recursos naturais e da poluição, a humanidade
ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difun- correria sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI.
dindo em todo o globo, por uma espécie de globalização do consu-
mo, que vem crescendo a cada ano. Um Novo Patamar de Discussões a partir de 1972
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, co-
Nações Unidas para o Desenvolvimento, alertam para a velocidade nhecida também como a Primeira Conferência Internacional para o
de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a ca- Meio Ambiente Humano.
pacidade de regeneração da natureza, uma vez que a reposição de Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume
alguns elementos é impossível, pois a escala de tempo para a sua cada vez maior de combustíveis fósseis e recursos não renováveis,
formação é milhões de vezes maior que a da vida média dos seres lançando bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera,
humanos. criando assim, uma grande instabilidade climática.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas,
O Consumo e seus Impactos no Espaço Urbano para isso, fazia-se necessário reduzir o consumo e o desperdício.
O consumo crescente também altera a paisagem urbana. As Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento
melhores áreas e as mais centrais, ou ainda com melhor acessibili- sustentável.
dade, normalmente são dominadas pelo setor comercial, gerando Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final des-
uma hipervalorizarão dos imóveis em seu entorno. se encontro em 1972. Porém, a sensibilização das lideranças da
Essa especulação imobiliária nos grandes centros urbanos em- comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele
purrou e ainda empurra um grande número de trabalhadores para período, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, co-
locais distantes dos seus postos de trabalho. Quanto maiores forem nhecida pela sigla Pnuma.
os deslocamentos, maiores serão os custos de transporte e a polui- No entanto, tanto os países em desenvolvimento quanto os
ção gerada. muito pobres não estavam interessados em abrir mão das vanta-
Um exemplo disso é a produção de veículos, que por sua vez gens do desenvolvimento econômico em nome da preservação
está atrelada à produção de aço, petróleo, ferramentas e máquinas. ambiental. Assim, como havia muitas discussões sem solução, foi
Em uma sociedade de consumo, o investimento em transporte deve adotado um primeiro conceito chamado “ecodesenvolvimento10”.
se manter vinculado à produção de mercadorias a serem transpor- Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro
tadas. Portanto, mais consumo, maior produção; maior produção, comum, sendo o primeiro grande documento científico que apre-
mais transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes. sentou com detalhes as causas dos principais problemas ambientais
Por fim, a produção de energia deve também acompanhar o e ecológicos.
crescimento de todas essas atividades econômicas, o que demanda A grande contribuição desse documento foi a popularização do
também maior produção de equipamentos. Note, portanto, que es- chamado desenvolvimento sustentável, como um aperfeiçoamen-
tamos praticamente em um ciclo vicioso. to do ecodesenvolvimento.

O Desenvolvimento Sustentável
Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento
sustentável vem ganhando espaço com o desenvolvimento das rela- 10 O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão
ções internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comer- prioridade ao processo criativo de transformação do meio em que vivemos, porém,
ciais, principalmente nos últimos 200 anos. com a ajuda de técnicas ecologicamente corretas e que sejam adequadas a da
um dos lugares. São as populações desses lugares que devem se envolver, se
organizar, utilizar os recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que
em a um futuro digno.
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Para atingir o desenvolvimento sustentável seria necessário: A Convenção da Biodiversidade


→ A implantação de projetos econômicos baseados em tecno- Nessa convenção, estava prevista a transferência de parte dos
logias menos agressivas ao ambiente como uma forma de ajuda ao recursos ou lucros obtidos com a exploração e comercialização dos
combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que repre- recursos naturais para o seu local de origem, que receberia esse
sentavam um risco para o equilíbrio ecológico, justamente pela falta volume de dinheiro para aplicar em programas de preservação e de
de recursos para implementar as mudanças necessárias; educação ambiental.
→ O combate da pobreza humana, uma vez que populações Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja, as
desempregadas e desamparadas tendem a retirar recursos da na- relações entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvi-
tureza de forma descontrolada para sua sobrevivência, incluindo mento. Porém, muito pouco foi feito.
assim, o conceito de desenvolvimento social; A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a ad-
→ A tomada de decisões sobre os caminhos a serem tomados, quirir a capacidade de alterar e reproduzir organismos, como plan-
com ampla participação da sociedade, para que fossem revertidos tas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos da possibi-
em resultados positivos ao equilíbrio ambiental, incluindo assim, a lidade de explorar produtos naturais e modificá-los geneticamente,
democracia. adquirindo o direito de patentear tais espécies. Isso abriu espaço
Assim, definiu-se o conceito de desenvolvimento sustentável: para a biopirataria.
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as neces-
sidades da geração presente sem comprometer a capacidade de as A Agenda 21
gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Esse documento, assinado pela comunidade internacional du-
rante a Eco 92, assumiu compromissos para a mudança do padrão
Eco 92 de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procurou
Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Ja- traduzir em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.
neiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e O termo “agenda” teve, nesse caso, o sentido de intenções, isto
Desenvolvimento (Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da é, de propostas de mudanças, visando a criar um modelo de civiliza-
Terra ou Eco 92. ção pelo qual sejam possíveis a convivência e a simultaneidade do
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se: equilíbrio ambiental com a justiça social entre as nações.
→ Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas A Agenda 21 buscava:
relações com o estilo de desenvolvimento vigente; → Geração de emprego e de renda;
→ Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias → Diminuição das disparidades regionais e interpessoais de
não poluentes aos países subdesenvolvidos; renda;
→ Incorporar critérios ambientais ao processo de desenvolvi- → Mudança nos padrões de produção e consumo;
mento; → Construção de cidades sustentáveis;
→ Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos → Adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.
emergenciais; No entanto, para alcançar essas metas, era preciso mobilizar,
→ Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando além dos governos, todos os segmentos da sociedade.
novas instituições para implementar as decisões da conferência.
Uma Nova Etapa Pós Eco 92: o Protocolo de Kyoto
Abaixo vamos conhecer algumas resoluções e documentos im- Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada duran-
portantes da ECO-92. te a Eco 92, deveria ocorrer um novo encontro internacional para se
discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento
A Convenção do Clima da temperatura do planeta.
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a res- Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão, onde líde-
ponsabilidade pelas principais emissões poluentes, dando a eles os res de 160 nações assinaram um compromisso que ficou conhecido
encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos como Protocolo de Kyoto.
países em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvol- Esse documento previa, entre 2008 e 2012, um corte de 5,2%
vimento social e econômico, mantendo, porém, a tarefa de contro- nas emissões dos gases causadores do efeito estufa, em relação aos
lar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se níveis de 1990.
industrializassem. As recomendações da convenção foram: Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser rati-
→ Adotar políticas que promovessem eficiência energética e ficado por, no mínimo, 55 governos, que, se somados, representa-
tecnologias mais limpas; riam no mínimo 55% das emissões de CO² produzidas pelos países
→ Reduzir as emissões do setor agrícola; industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados
→ Desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a Unidos, um dos maiores poluidores do planeta, não pudesse impe-
economia contra possíveis impactos da mudança do clima; dir, sozinho, a adoção dessas medidas.
→ Apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
→ Prestar assistência a outros países em necessidade; A Rio+10
→ Promover a conscientização pública sobre essa questão. Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais
Infelizmente os acordos da Eco 92 ficaram apenas no plano das para a melhoria da qualidade de vida. Tal medida ficou conhecida
boas intenções. como Rio+10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentá-
vel, que se realizou em Johanesburgo, na África do Sul. Os principais
temas então abordados foram:

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Clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, Os países industrializados, que historicamente foram os primei-
mas não foram determinadas as metas. Por isso, os ambientalistas ros a lançar uma quantidade maior de CO² e outros gases de efeito
protestaram, afirmando que o texto permitia a inclusão da energia estufa na atmosfera, teriam uma responsabilidade maior no corte
nuclear, já que incentivava as energias avançadas; de emissões. Acreditava-se que eles fossem assumir plenamente
Subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade uma meta de 25 a 40% de redução até 2020. Os países emergentes
do texto fortaleceu a OMC, controlada pelos países ricos, e esvaziou seguiriam o mesmo caminho, mas com outras metas.
o papel mediador da ONU;
Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os A Rio+20
países que não haviam assinado até então, apenas prometeram que Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar
estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo aban- o 20º aniversário da Conferência das Nações Unidas sobre Desen-
donou a reunião antes de seu final); volvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como
Biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento Rio 92. O encontro foi popularmente chamado de Rio+20.
de espécies em extinção e repassar os recursos obtidos pela explo- A meta principal foi fazer um balanço dos últimos anos na bus-
ração de produtos naturais para seus locais de origem; ca de um modelo econômico baseado no desenvolvimento susten-
Água e saneamento: foi decidido que se devia aumentar o nú- tável. Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das
mero de pessoas com acesso à água potável. Os críticos afirmaram, Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da
porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedi- ONU, como por exemplos, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
mentos conjuntos a serem adotados; ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais
Transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as organizações poderes e recursos.
supranacionais recomendaram que regiões com fome crônica ado- Um exemplo de avanço na Rio+20 foram acordos para a redu-
tassem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo documento dizia ção da emissões de gases causadores de efeito estufa.
que os países teriam o direito de rejeitar os transgênicos até o sur-
gimento de estudos mais conclusivos; Os Principais Problemas Ambientais do Planeta
Pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da reu-
nião, já que previa a criação de áreas de proteção marinha e a abo- Poluição Atmosférica
lição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira irregular. A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partícu-
las sólidas e gases tóxicos que se concentram na atmosfera terres-
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) tre alterando suas características físico-químicas.
No fim dos anos 1980, aumentou-se a percepção de que as ati- De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produ-
vidades humanas eram cada vez mais prejudiciais ao clima do pla- zidos por fontes primárias ou secundárias.
neta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das
esse processo e, com a colaboração de 130 governos, criou-se o fontes de emissão, como os gases que provém de queimadas em
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão),
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e do- lançados do escapamento dos veículos automotores e também das
cumentos para acompanhar a situação ambiental do planeta e tam- chaminés das fábricas, entre eles, monóxido de carbono (CO), di-
bém o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro óxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4).
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, órgão responsável Os poluentes secundários, por sua vez, são aqueles formados
por essas discussões. na atmosfera a partir de reações químicas entre poluentes primá-
Em 2007, o IPCC recebeu, junto com o ex-vice-presidente es- rios e componentes naturais da atmosfera, como o ácido sulfúri-
tadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da paz, pelo trabalho de di- co (H²SO4), ácido nítrico (HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes
vulgação e busca de conscientização sobre os riscos das mudanças somam-se ainda materiais particulados que abrangem um grande
climáticas. conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais
Veja os principais alertas do IPCC: sólidos e líquidos, que se mantêm suspensos na atmosfera.
→ A temperatura da Terra deve subir entre 1,8ºC e 4ºC, nas Desde o início da Revolução Industrial, em meados do século
próximas décadas, o que aumentaria a intensidade de tufões e se- XVIII, o nível de poluentes na atmosfera terrestre vem aumentando
cas, ameaçaria um terço das espécies do planeta e provocaria epi- exponencialmente com o avanço da industrialização, dos meios de
demias e desnutrição; transportes e demais atividades econômicas que se desenvolvem
→ O derretimento das camadas polares poderia fazer com que apoiadas na queima de combustíveis fósseis.
os oceanos se elevassem entre 18 e 58 cm até 2100, fazendo desa- Milhares de toneladas de gases poluentes são lançados todos
parecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de os dias na atmosfera terrestre, desencadeando uma série de pro-
pessoas a aumentar o fluxo dos chamados “refugiados ambientais”. blemas ambientais, com impactos que ocorrem tanto em escalas
local e regional (como o fenômeno das inversões térmicas e das
A Conferência de Copenhague chuvas ácidas) quanto em escala global (como a diminuição da ca-
Em dezembro de 2009, realizou-se em Copenhague, Dinamar- mada de ozônio e a ocorrência do efeito estufa).
ca, a Cop-15 (Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima), ten- A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada
do como princípio norteador, as responsabilidades comuns, porém de partículas em suspensão, parecida com uma neblina, conheci-
diferenciadas. Mas o que seria isso? da como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. Também
causa muitos problemas de saúde, principalmente relacionados ao
sistema respiratório e cardiovascular.

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Em grandes centros urbanos dos países industrializados, é fre-


quente os níveis de poluição do ar ultrapassarem os limites esta-
belecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses gases
poluentes são provenientes da queima de florestas e, em especial,
de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Os principais agentes
poluidores são os veículos automotores e as indústrias, sobretudo
as termelétricas, siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e refinarias
de petróleo.
Um exemplo disso é a população chinesa, que é aconselhada
constantemente a usar máscara para sair às ruas, evitar exercícios
ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a permanecer no interior
de suas casas, devido aos altos níveis de poluição do ar encontra-
dos em diversas províncias do país. Foram registradas milhares de
mortes, principalmente na última década, decorrentes de proble-
mas respiratórios e cardiovasculares agravados pela poluição do ar.

Inversão Térmica https://www.ecycle.com.br/4175-inversao-termica.html


Em condições normais, o ar presente na Troposfera11 costuma
circular em movimentos ascendentes, o que ocorre em razão das Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes atmosfé-
diferenças de temperatura entre o ar mais aquecido e, portanto, ricos deixam de dispersar e concentram-se próximos à superfície, o
mais leve, nas camadas mais baixas, e o ar mais frio e mais denso, que compromete a qualidade do ar e gera problemas de saúde aos
nas camadas mais elevadas. habitantes das grandes cidades.
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, como os Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas
grandes centros urbanos, a fuligem e os gases poluentes lançados apresentam sintomas como dores de cabeça, coceira na garganta e
pelas chaminés das fábricas e pelo escapamento dos veículos auto- irritação nos olhos, crises alérgicas e pulmonares, problemas que
motores tendem a se dispersar por meio dessas correntes ascen- afetam principalmente crianças e idosos, mais sensíveis à poluição.
dentes.
Em dias mais frios, com baixas temperaturas e pouco vento, As Mudanças Climáticas
típicos do outono e do inverno, a ausência de corrente de ar difi- A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual
culta a dispersão dos poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar e por períodos muito frios também.
em contato com a superfície mais fria também se resfria, ficando Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com
aprisionado pela camada de ar mais quente acima, o que impede a o aquecimento são exageradas e que a Terra vai passar por períodos
dispersão dos poluentes atmosféricos. de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. O problema está no fato de que se ampliou
muito a emissão de CO² na atmosfera desde o início da Revolução
Industrial.
As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral
para gerar energia. Com o avanço das tecnologias, o petróleo pas-
sou a ser usado também como matéria-prima e fonte de combustí-
veis para muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os
países e de os mais industrializados terem responsabilidade maior
nesse processo, hoje já é possível afirmar que se trata de um pro-
blema global.
Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar po-
dem atingir outras localidades do planeta, em função da circulação
das massas de ar que transportam esses rejeitos.

https://www.todamateria.com.br/inversao-termica/ O Desequilíbrio no Efeito Estufa


O principal problema causado pelo CO² e por outros poluentes
Tem-se, assim, uma inversão da temperatura do ar atmosféri- é o desequilíbrio no efeito estufa.
co, a chamada inversão térmica, fenômeno que pode ser observado Efeito estufa é um fenômeno natural, em que alguns gases fun-
na forma de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte dos grandes cionam como retentores de calor, condição fundamental para man-
centros urbanos. ter a existência de vida no planeta.

11 A troposfera é a camada mais baixa da atmosfera terrestre, sendo a região em


que vivemos e onde ocorrem os fenômenos meteorológicos.
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Para refrigerar os alimentos usavam-se, no início do século XX,


gases extremamente perigosos, como a amônia e o enxofre. No
final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um gás prove-
niente da combinação do carbono com o flúor e o cloro, trata-se do
clorofluorcarboneto (CFC), depois registrado pela empresa dona da
patente como gás fréon.
Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o fréon
passou a ser usado largamente e permitiu a popularização das ge-
ladeiras domésticas, que eram impensáveis quando se usavam os
outros gases.
As pesquisas também permitiram a fabricação de espumas,
produtos de limpeza, sprays e uma quantidade infinita de deriva-
dos desse gás.
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de uma
falha nessa camada protetora da Terra. Cientistas britânicos e esta-
dunidenses anunciaram que havia um buraco de milhões de quilô-
https://www.grupoescolar.com/a/b/A6A65.jpg metros quadrados na atmosfera sobre a Antártida.
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela
As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos emissão de gases fréon, que, quando sobem às altas camadas, des-
150 anos, e a explicação está no acúmulo de gases causadores do troem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares nocivos
efeito estufa. à vida. O problema reside no fato de que esses gases duram na at-
O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de reter mosfera entre 20 e 90 anos.
calor na atmosfera é 23 vezes maior que a do gás carbônico. Cerca
de 30% das emissões mundiais de metano estão ligadas à pecuária,
mas o metano é liberado também por outras fontes, como a quei-
ma de gás natural, de carvão e de material vegetal e também por
campos de arroz inundados, esgotos, aterros e lixões.
Entre os exemplos mais bem-sucedidos de combate à poluição
atmosférica podemos citar a estruturação de áreas urbanas com
base na circulação de transporte público e bicicletas ao longo de
corredores e ciclovias, o que contribui para reduzir as emissões pro-
venientes dos automóveis.
Promover o uso de combustíveis alternativos, como o etanol e
o biodiesel, que emitem menos gases poluentes do que a gasolina
e o diesel convencional, além do desenvolvimento de carros elétri-
cos, também podem ser medidas válidas para minimizar a poluição;
porém, elas não reduzem a dependência da população em relação
ao automóvel, objetivo que deve estar na agenda de qualquer so-
ciedade sustentável.
https://www.bbc.com/portuguese/geral-45558884
O Buraco na Camada de Ozônio
No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista holan- Na imagem acima, observa-se a Camada de ozônio sobre o Polo
dês Martin van Marum, descobriu um gás com cheiro muito forte Sul, em setembro de 2018. Em roxo e azul estão as áreas que têm
durante algumas experiências com reações químicas. menos ozônio, enquanto em amarelo e vermelho, as que têm mais.
Anos depois, o cientista alemão Christian Friedrich Schönbein, O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se no-
chamou esse gás de ozônio, quando percebeu que ele era liberado tam pequenas falhas também no Hemisfério Norte. Sabe-se que
nos processos químicos de purificação da água. existe um sistema mundial de circulação de ar que acumula os ga-
Schönbein também notou que esse gás subia pelo ar rapida- ses fréon sobre a Antártica em quantidade máxima justamente nos
mente e adquiria uma cor azul bem pálida. Ele acreditava então meses mais frios, quando o ar fica mais denso e circula somente nas
que o ozônio existia em grande quantidade nas altas camadas da proximidades dessa área. Quando os raios solares mais fortes che-
atmosfera, fato que veio a ser comprovado por Gordon Miller Bour- gam a essa região no verão, as reações químicas quebram o ozônio
ne Dobson por volta dos anos 1920. e permitem a passagem dos raios nocivos.
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a camada A solução para esse problema está ligada à redução da emissão
de ozônio é um filtro natural para a Terra. A constituição química de gás CFC, fato que já foi registrado muitas vezes por cientistas
do gás detém os raios solares nocivos à saúde humana, portanto, credenciados pela ONU. Para se chegar a esse pequeno avanço, foi
a camada de ozônio é um dos elementos mais importantes para a assinado em 1987 o Protocolo de Montreal (Canadá), que previa a
manutenção da vida. erradicação gradual da produção de CFC.
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo de
vida e o modelo produtivo adotado pela economia mundial nos úl-
timos tempos.
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Entre 1988 e 1995, o consumo do gás diminuiu quase 80% em Uma experiência que merece menção é a da Finlândia. Qua-
escala mundial. Mesmo assim, especialistas acreditam existir um se 80% do território finlandês é coberto por florestas, o que é a
mercado paralelo e ilegal de CFC que movimenta milhares de tone- maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as flores-
ladas de gás por ano. tas terem sido consideradas patrimônio ecológico, social, cultural
Esse quadro influencia diretamente a saúde humana. Especia- e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas plantadas vêm
listas na área de medicina afirmam que problemas como casos de superando as áreas cortadas em 20 a 30% anualmente.
catarata e câncer de pele vêm se avolumando em grande escala no Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio de
planeta. espécies nativas; na Finlândia somente podem ser replantadas ma-
deiras originais daquela região. Isso permite uma atividade econô-
A Devastação das Florestas mica mais sustentável e não tão agressiva ao solo, ao clima e aos
As atividades agropecuárias, a urbanização e a industrialização animais que habitam essas matas.
podem ser caracterizadas de maneira geral como os processos que Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao ma-
iniciaram a devastação das florestas. nejo e estudo de florestas plantadas) finlandesa afirmam que a es-
Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos da trutura do replantio é semelhante à das florestas naturais e que os
ação humana, surgiram métodos que aceleraram o desmatamento seres humanos a exploram desde sempre.
e acabaram afetando vastas áreas ricas em biodiversidade. Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores da
Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais da economia do país, e a comercialização de madeira, papel, polpa de
Europa e dos Estados Unidos praticamente extintas no final do sé- papel e outros derivados da celulose chega a representar cerca de
culo XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado ao desen- 30% de suas exportações.
volvimento e ao avanço das relações capitalistas que se materiali- Para combater o mercado clandestino de madeira e o desma-
zavam no território. tamento em todo o mundo, foi criada a certificação florestal pelo
Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje e de Conselho de Manejo Florestal (FSC), uma entidade ambientalista
forma cada vez mais preocupante. A instalação de atividades eco- mundial.
nômicas sobre áreas praticamente intactas é resultado da expansão Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e de
da indústria madeireira, das atividades mineradoras, em especial as seus derivados que aquele produto é fruto de um reflorestamen-
ilegais, e da corrida por novas áreas pela agricultura comercial, fato to não agressivo ou mesmo de uma exploração sustentável, que
que ficou conhecido como expansão das fronteiras agrícolas. preserva e respeita o ritmo de regeneração da natureza. Já existem
A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência ecológica milhares de itens e produtos que contam com essa certificação.
levou muitos países, em especial os mais desenvolvidos, a realizar Portas, pisos, móveis e até mesmo papel higiênico são certificados
programas de replantio de espécies nativas, o que possibilitou a re- para comprovar que não vieram de uma matéria-prima fruto da de-
cuperação de antigas áreas devastadas. Em contrapartida, nos pa- vastação.
íses mais pobres e nas nações em desenvolvimento, essa tragédia
natural tem crescido ano a ano. A Destruição dos Recursos Hídricos
A atuação de grandes empresas exploradoras que operam em O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado por
regiões florestais do planeta gera outros graves problemas. As po- um consumo crescente de mercadorias das mais variadas. No en-
pulações das regiões florestais extremamente pobres viviam dos tanto, para se produzir nessa larga escala, estamos assistindo a um
frutos das florestas de forma racional, uma vez que o ritmo de ex- desenfreado consumo de água.
ploração das matas permitia a sua regeneração. Com a chegada das Em função desse modelo econômico, o processo de industria-
grandes empresas exploradoras, ocorreu uma radical mudança na lização e de urbanização dá origem a um volume cada vez maior
vida dessas pessoas. de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que são lançados
Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os trabalha- nos rios e mares cotidianamente. Isso afeta qualidade das águas,
dores pobres empregam-se nessas companhias, recebendo baixíssi- tanto as superficiais quanto as dos aquíferos, em vários pontos do
mos salários. Aqueles que não trabalham nessas empresas acabam planeta.
derrubando a mata para vender a madeira de forma ilegal e assim
obter recursos para sustentar suas famílias. Escassez de Água: Uma Crise Anunciada
Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores, pois Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água doce,
mapeamentos detalhados mostram que a devastação põe em risco são considerados o meio de vida natural mais ameaçado do planeta.
principalmente as florestas localizadas em regiões úmidas do pla- Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, os ecossis-
neta. São áreas de mata inundadas ou saturadas de água, como as temas de água doce abrigam cerca de 40% das espécies de peixes e
várzeas dos rios, manguezais, florestas em áreas costeiras e próxi- 12% dos demais animais.
mas de grandes bacias hidrográficas. Para se ter uma ideia da diversidade desses ecossistemas, o Rio
Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão Amazonas, sozinho, possuiu mais de 3 mil espécies de peixe.
ameaçadas pela expansão da agricultura comercial do arroz e pela Todos os estudos feitos recentemente apontam que 34% das
exploração de madeira, como no caso da Indonésia, que já perdeu espécies de peixes de água doce encontradas em todo o mundo
grande parte de sua cobertura florestal original. correm o risco de extinção, ameaçadas, principalmente, pela cons-
Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam que trução de represas, canalização dos rios e poluição.
essas áreas úmidas devem ser preservadas, pois ajudam a regular Entre 1950 e os nossos dias atuais, o número de grandes bar-
o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos de água. Caso ragens no mundo passou de 5.750 para mais de 41 mil, fato que
essas regiões entrem em colapso natural, isso pode gerar um efeito alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
desastroso para a sociedade, que ficaria sem água.
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Esse cenário alarmante é agravado pela pequena disponibili-


dade de água para o consumo humano. Embora 75% da superfície
terrestre seja recoberta por água, os seres humanos só podem usar
uma pequena porção desse volume, porque nem sempre ela é ade-
quada ao consumo.
É o caso da água salgada dos mares e oceanos, que representa
cerca de 97% da quantidade total de água disponível na Terra.
Dos cerca de 3% restantes, apenas um terço é acessível, em
rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e na atmosfera. Os outros
dois terços são encontrados nas geleiras, calotas polares e lençóis
freáticos muito profundos.
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais consu- https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliniza%C3%A7%C3%A3o
mida no mundo todo. Ao longo do século XX, por exemplo, a popu-
lação mundial cresceu três vezes, enquanto as superfícies irrigadas A Organização das Nações Unidas para Alimentação e agricul-
cresceram seis vezes e o consumo global, sete vezes. tura estima que, dos 250 milhões de hectares irrigados em todo o
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água está planeta, cerca de metade já tem problemas de salinização, e uma
gerando um fenômeno conhecido como estresse hídrico, isto é, grande parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a
carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa situação ocorre irrigação precisa ser feita com muito cuidado.
quando a disponibilidade de água não chega a 1.000 metros cúbicos Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo o
anuais por habitante. globo. A combinação de fatores naturais e socioeconômicos como
pressão demográfica e uso irracional gera desertificação, saliniza-
O Mal Uso da Água e a Salinização dos Solos ção e poluição desenfreada.
São consideradas regiões que sofrem com a salinização aquelas O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma conside-
que perdem seu rendimento econômico na agricultura. rável as reservas hídricas disponíveis no planeta. Em quase meta-
Salinização é a concentração de sais, provocada pela evapo- de das localidades habitadas, já existem problemas de escassez, e
transpiração máxima ou intensa, principalmente em locais de cli- cerca de 20 a 30% da população mundial não têm acesso a redes
mas tropicais áridos ou semiáridos, onde normalmente existe dre- satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica ainda mais grave
nagem ineficiente. uma vez que a escassez desse recurso se soma a problemas políti-
Os solos apresentam sais em níveis diferenciados. Quando este cos entre povos e nações.
nível se eleva, chegando a uma concentração muito alta, pode pre- No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela
judicar o desenvolvimento de algumas plantas mais sensíveis, ou posse da água que se misturam a rivalidades criadas por décadas
mesmo impedir o desenvolvimento de praticamente todas as es- de conflitos.
pécies. Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores pontos
A salinização do solo pode ser causada pelo mau manejo da ir- de discórdia. Eles disputam as águas oriundas da nascente do Rio
rigação em regiões áridas e semiáridas, caracterizadas pelos baixos Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades das Colinas de Golã.
índices pluviométricos e intensa evapotranspiração. Além disso, 90% dos canais de abastecimento de água são contro-
A baixa eficiência da irrigação e a drenagem insuficiente nessas lados por Israel.
áreas contribuem para a aceleração do processo de salinização, tor- Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade per
nando-as improdutivas em curto espaço de tempo. capita de água é quatro vezes maior em Israel do que nos territórios
Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em palestinos, fato que potencializa epidemias, queda da produtivida-
regiões mais secas. Neles, qualquer tipo de irrigação mal conduzida de agrícola e tantos outros problemas.
pode gerar uma forte salinização se não estiver presente um ade- Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água ocorre
quado sistema de drenagem. entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia tem um plano de desenvol-
vimento que inclui a construção de mais de 20 barragens ao longo
Abaixo seguem dois exemplos de solos salinizados. dos rios Tigre e Eufrates.
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão de
água dos rios e ameaçam o abastecimento de grandes áreas em
países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países discutem hoje
um estatuto comum para a administração desses rios, visto que
não foram poucas as vezes que eles entraram em alerta para uma
possível guerra: um temendo perder o enorme volume de água,
fundamental para seu povo, outro temendo perder as barragens,
fundamentais para seu desenvolvimento.

https://alunosonline.uol.com.br/geografia/salinizacao-solo.html

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A Destruição dos Oceanos Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de Com-
A intensificação do comércio internacional nas últimas décadas bate à Desertificação. A principal decisão foi a aplicação de vastos
tem deixado marcas negativas nos oceanos. recursos financeiros para promover a educação ambiental, princi-
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem gigan- palmente em sociedades agrárias, para que estas sejam reprodu-
tescas manchas de petróleo. Em parte, essas manchas ocorrem por toras das práticas e dos conhecimentos voltados à conservação dos
descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos que causam vaza- solos.
mentos. Além disso, muitos navios petroleiros chegam a lavar seus
reservatórios nas costas de países pobres, especialmente africanos, Resíduos Sólidos: Recurso e Problema
que não têm sistemas de vigilância eficientes para evitar esse crime. Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são
Outro grave problema é a pesca predatória, que também con- lançadas no ambiente. A prática de depositar resíduos ao ar livre,
tribui para o esgotamento dos estoques de pescados oceânicos. lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e queimar os
Cerca de 90% das espécies comerciais, ou seja, pescadas, proces- restos inaproveitáveis teve início nas civilizações antigas, em que os
sadas e vendidas, correm risco iminente de destruição em razão da métodos de lidar com os descartes consistiam em depositá-los bem
pesca predatória. longe das moradias.
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente ao Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou à
setor alimentício são os responsáveis por essa destruição. Eles per- cultura cotidiana de muitas populações. Hoje é evidente que o cres-
mitem a prática da pesca predatória, que, na busca do lucro imedia- cimento populacional e o aumento do consumo levaram a humani-
to, não respeita, em muitos casos, o período de reprodução das es- dade a uma enorme produção de resíduos, que causam graves pro-
pécies, fato que minimamente garantiria a reposição dos estoques. blemas quando manipulados e depositados de forma inadequada.
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos imo- Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de mentali-
biliários promovem a ocupação irregular de áreas litorâneas pela dade em relação ao resíduo sólido, a princípio nos países mais ri-
construção de casas, condomínios e hotéis em áreas de manguezal, cos. Antes visto como desprezível e problemático, gradualmente
alterando o equilíbrio ambiental. ele passou a ser encarado como energia, matéria prima e parte da
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais para solução para alguns problemas.
o equilíbrio ecológico de todo o planeta. Eles concentram 97% das Atualmente, processos como a reciclagem reduzem o volume
águas e produzem cerca de um sexto do oxigênio da atmosfera, de resíduos sólidos descartado e interferem no processo produti-
além de serem os principais responsáveis pela recomposição dos vo, economizando energia, água e matéria-prima, além de reduzir
estoques de água doce, graças à umidade que geram. Por todos es- sensivelmente a poluição da água, do ar e do solo. Mesmo assim, a
ses fatores, os oceanos são fundamentais para a manutenção das quantidade de lixo reciclada é muito pequena perante a total.
características climáticas do planeta. Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse proble-
ma é a coleta seletiva de lixo, ou seja, o processo pelo qual se sepa-
A Degradação dos Solos (Desertificação) ram os materiais encontrados no lixo. Essa separação é fundamen-
A degradação do solo geralmente é causada pela associação de tal para o reaproveitamento dos resíduos, pois a coleta potencializa
situações climáticas extremas, como exemplos, a seca ou o excesso o reaproveitamento dos materiais. A reciclagem passou a ser uma
de chuvas, práticas predatórias, como o desmatamento de áreas obrigação em função do enorme volume de resíduos que a socie-
florestais, expansão das pastagens, utilização intensiva de agrotóxi- dade produz.
cos e a mineração descontrolada.
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal na- As Consequências das Mudanças Climáticas e Ambientais
tural do solo, deixando-o exposto à ação de ventos e chuvas, que
gradualmente desgastam o solo desnudo de vegetação. A Chuva Ácida
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base do A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por com-
solo, chegar a ficar exposta. Quando isso ocorre, está se iniciando o postos químicos como o enxofre e o nitrogênio, que vão se concen-
processo de desertificação. trando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas,
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes responsáveis quando muito carregadas, despejam uma chuva extremamente
pela degradação dos solos. Quase metade das áreas agrícolas do ácida.
planeta tem algum problema que afeta a sua produção de alimen- Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos
tos. países de industrialização mais antiga, mas depois, com a expan-
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele tem são mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande
profunda relação com a sociedade e a economia, uma vez que a quantidade também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia
perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20 milhões de e Coreia do Sul, que hoje são os grandes responsáveis pela emissão
toneladas, cifra suficientemente grande para atenuar o problema de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (SO²).
da fome no mundo. Grande parte desse problema foi surgindo conforme a produ-
As consequências nefastas da degradação do solo afligem ção industrial se expandia. Isso significou maior uso de termelétri-
também grandes contingentes populacionais. Calcula-se que 30 cas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combus-
milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de fome, oca- tíveis altamente poluentes), maior circulação de carros e outros
sionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e mais de 120 meios de transportes.
milhões realizaram o êxodo rural nos últimos 50 anos. Nos últimos anos há incidência de chuva ácida praticamente
As soluções para esse problema passam sempre pela alteração em todo o mundo. Em alguns lugares onde não existem atividades
do modelo produtivo ou pela aplicação de enormes recursos finan- industriais poluentes, ela ocorre em razão do deslocamento das
ceiros na recuperação de áreas. massas de ar vindas de países emissores de poluição.
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Para explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidên-


cias secundárias, como a variação da cobertura de gelo e neve em
certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades de
chuvas, entre outras.
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e ne-
vadas, e a cobertura de gelo no Hemisfério Norte na primavera e no
verão também diminuiu drasticamente.
O aumento da temperatura global pode levar um ecossistema
a graves mudanças, forçando algumas espécies a sair de seus habi-
tats, invadindo outros ecossistemas, ou potencializando a extinção.
Outra situação que causa grande preocupação é o aumento do
nível do mar, de 20 a 30 cm por década. Algumas ilhas no Oceano
Pacífico já sofrem com esse problema.
Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre principalmente
por causa da expansão térmica da água dos oceanos, ou seja, as
águas dilatam. No entanto, as preocupações com o futuro incluem
também o derretimento das calotas polares e dos glaciares, que
guardam enormes quantidades de água na forma de gelo. Alguns
https://escolakids.uol.com.br/geografia/chuva-acida.htm cientistas afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil
e mesmo imperceptível.
Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se: Na imagem abaixo, um urso polar sofre com o derretimento
→ Alteração da composição do solo e das águas, tanto dos rios das calotas polares.
quanto dos lençóis freáticos;
→ Destruição da cobertura florestal (No Brasil, isso é visível por
exemplo, em trechos das encostas da Serra do Mar nas proximi-
dades de Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo indus-
trial petroquímico que já foi conhecido mundialmente pela péssima
qualidade do ar);
→ Contaminação das lavouras;
→ Corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos.
Abaixo, uma imagem de um grande impacto ambiental, com
destruição dos galhos e folhas de árvores de montanhas polonesas,
causado pela chuva ácida.

http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/derreti-
mento-das-calotas-polares

Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas


pela ONU alertam que entre 50 e 100 milhões de pessoas podem
abandonar suas casas temporária ou definitivamente por proble-
mas relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tor-
nando-se refugiados ambientais.
Nesses números estão incluídos grupos humanos, comunida-
des inteiras que serão levadas a migrar em razão da poluição das
águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibili-
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-chuva-a- dade de peixes e da subida do nível dos oceanos.
cida.htm É certo que essa situação exigirá uma legislação internacional,
uma vez que países e regiões inteiras vão ser evacuados, e os refu-
Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O Aumento da giados poderão ser levados em circunstâncias emergenciais a ou-
Temperatura do Planeta tros países.
As razões do aumento da temperatura do planeta ainda geram
muitos debates entre os cientistas. Causas naturais e provocadas
pelos seres humanos têm sido propostas para explicar o fenômeno.
A principal evidência do aquecimento vem das medidas de
temperatura de estações meteorológicas em todo o globo desde
1860. Os dados mostram que houve um aumento médio da tempe-
ratura durante o século XX.
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Sustentabilidade12 Economia ambiental: o que é?


A qualidade de vida das gerações atuais e futuras começou a se A economia ambiental é um complemento dos estudos sobre
tornar preocupante, tendo em vista o estilo de vida e a relação que economia, sendo responsável por avaliar os processos de recupe-
temos com o meio ambiente, provedor de matérias-primas para a ração do meio ambiente. Esta disciplina surgiu após a metade do
nossa sobrevivência. Por causa disso, a sustentabilidade hoje é um século XX, quando a humanidade começou a perceber que os recur-
tema bastante discutido em escolas, universidades, redes sociais e sos naturais poderiam acabar e que, sem qualquer um deles, a vida
países de modo geral. no planeta estaria em risco13.
A proposta da economia ambiental é minimizar o impacto cau-
O que é uma Sociedade Sustentável? sado no meio ambiente e nos ecossistemas. Para isso, a proposta é
A defesa de uma sociedade sustentável baseia-se na ideia de maximizar o valor dos recursos por meio da análise detalhada dos
o ser humano estabelecer uma relação com o espaço que o rodeia efeitos que a exploração ambiental vem causando — como o aque-
de modo que seu estilo de vida não prejudique as futuras gerações. cimento global, o efeito estufa, entre outros impactos negativos.
Ou seja, a sustentabilidade tem como premissa uma exploração do Os profissionais da economia ambiental desenvolvem informa-
meio ambiente que respeite os limites do planeta e minimize os ções teóricas e modelos práticos a partir da possibilidade de escas-
efeitos da ação do ser humano. sez. Dessa forma, são estimados valores para criar indicadores de
Atualmente, pensar sobre esses limites é uma tarefa cada vez prioridade, que servem como base para outras especialidades.
mais importante e emergencial, pois se o nível de consumo mundial
dos recursos naturais continuar no mesmo patamar, será insusten- Os valores são estimados da seguinte forma:
tável sua manutenção para, consequentemente, usufruto das gera- - Valor de uso (VUD): valor atribuído a um recurso ambiental
ções futuras. de consumo direto, via visitação, extração ou outra possibilidade
Mesmo garantindo nossa própria sobrevivência, a qualidade de de produção;
vida de toda a população também deve ser um motivo de preocu- - Valor de uso indireto (VUI): valor atribuído a um recurso am-
pação. Nesse sentido, a própria desigualdade social pode ser consi- biental que vai influenciar outros ecossistemas;
derada insustentável, pois favorece uns em detrimento de outros. - Valor de opção (VO): valor atribuído a preservação de recur-
sos ameaçados;
As Construções Alternativas - Valor de não uso ou valor de existência (VE): valor atribuído ao
As paisagens urbanas têm cada vez mais se distanciado da for- direito de existência de outras espécies e riquezas naturais, mesmo
ma original da natureza, de modo que não proporciona um víncu- que não atinjam diretamente a qualidade de vida humana.
lo entre a dinâmica das cidades e o meio ambiente. Atualmente,
60% dos resíduos sólidos urbanos provêm da construção civil, o que Economia ecológica: o que é?
também provoca grande demanda de madeira, contribuindo para o A economia ecológica, por sua vez, visa o bem-estar humano
desmatamento de áreas de floresta. por meio do seu desenvolvimento, que deve ser executado de acor-
Inseridas no pensamento sustentável, as construções alterna- do com um planejamento sustentável para todo meio ambiente e
tivas começam a ser disseminadas com o intuito de minimizar a a sociedade.
desarmonia entre o ambiente natural e o construído, reduzindo os Ela incorpora a economia tradicional, mas envolve também a
impactos ambientais envolvidos na construção civil. relação entre as pessoas e empresas com o meio ambiente. A eco-
Essas construções são baseadas em uma arquitetura que consi- nomia ecológica mede os limites de utilização da natureza e do
dera a necessidade de transformar sem agredir o ambiente, promo- descarte de resíduos no seu ecossistema, compreendendo que os
vendo a utilização de matérias-primas biodegradáveis e de maneira mesmos materiais colhidos na natureza são descartados de forma
proveniente de reservas extrativistas sustentáveis, além do empre- equivocada, ilegal e até criminosa.
go de tecnologias que reduzam o desperdício de água e energia e Sua concentração básica está na alocação correta dos recursos
que facilitem a reutilização. naturais, principalmente com o aumento do consumo per capita
Para que essas construções atendam a esses objetivos, os ele- que não está equiparado à oferta
mentos do clima local devem ser sempre considerados; assim, é
possível executar um planejamento voltado à iluminação e ao aque-
cimento natural, por exemplo.
A aplicação de coberturas verdes e o uso da energia solar, cap-
tada por painéis fotovoltaicos, são exemplos que se encaixam na
construção sustentável. No entanto, pelo fato de exigirem maior
investimento, essas construções não são tão comuns quanto deve-
riam.

13 Dinâmica Ambiental. Entenda a diferença entre economia ambiental e ecológi-


12 FURQUIM JR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição: São Paulo, editora AJS, ca. https://www.dinamicambiental.com.br/blog/curiosidades/entenda-diferenca-eco-
2015. nomia-ambiental-ecologica/.
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Resultados do processo
O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO DO Os governantes dos países optaram pela industrialização por
BRASIL NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX E AS SUAS substituição das importações, como o Brasil, defendiam essa medi-
CONSEQUÊNCIAS da como a grande oportunidade de desenvolvimento social e tec-
. nológico, pois, a partir de sua implementação, seria viável o inves-
timento em saneamento básico e obras de infraestrutura, além de
Introdução favorecer melhorias nos serviços básicos, como saúde, segurança,
Comparada aos países capitalistas centrais, pode-se dizer que educação e transporte, preparando, dessa forma, os espaços geo-
a industrialização brasileira foi tardia, tendo iniciado em meados do gráficos para as futuras instalações de empresas na Baixada Santista
século XX, 200 anos depois que países europeus já tinham conclu- e Zona Franca de Manaus, além das regiões metropolitanas dos es-
ído esse processo. Apesar de os historiadores consideraram que a tados Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.  
industrialização no Brasil teve início no justo ano de seu descobri-
mento - época em que não se falava em indústrias, todavia, a pro- O Primeiro Governo Vargas e a 2ª Guerra Mundial
dução já se exercia de forma manual -, somente a partir década de
1930 que a elite brasileira e o governo investiram maciçamente no ▪ O Primeiro Governo Vargas
setor, passando a adquirir maquinários e incrementando os servi- Esse momento da história política do Brasil era, inicialmente,
ços de energia e transporte. Isso contribuiu para que o Brasil fosse temporário, por isso, e chamado, também, de Governo Provisório.
integrado ao sistema capitalista internacional, com capacidade para O primeiro mandato de Getúlio Vargas teve início em 1930, quando
receber industrial e competir no mercado estrangeiro. ele foi instituído Presidente da República logo depois da Revolução
que ocorreu no mesmo ano. Inicialmente, esse mandato se prolon-
Processo de Substituição de Importações gou por 4 anos, iniciando o Governo Constitucional, a partir de uma
O Processo de Substituição de Importações (PSI) é uma estra- eleição indireta.
tégia de fomento à indústria nacional, que pode ser resumida na
sentença “Produzir internamente tudo aquilo que antes era impor- ▪ Objetivo inicial
tado ou aquilo que iríamos importar”. Em outras palavras, como Com a anulação da Constituição de 1891, era necessário orga-
ação própria de governos protecionistas, a Substituição de impor- nizar o país para viabilizar a formação uma Assembleia Constituinte
tações, em Economia, é uma medida que visa elevar a produção para uma nova Constituição. O objetivo dessa nova Constituição,
interna de um país e a redução das suas importações. Na história por sua vez, era proporcionar a organização de uma eleição presi-
da economia global, aspectos econômicos ou políticos, em geral, dencial fosse organizada no Brasil. Tais propósitos eram partilhadas,
provocados pela imposição de circunstâncias ou ações planejadas, em sua maioria, pelos apoiadores da Revolução de 1930.
foram os motivos que culminaram nos processos de substituição
de importações. Essa política diz respeito a um modelo de planeja- ▪ Objetivos de Vargas
mento propício à industrialização tardia de aspecto fundamental- Os planos de Vargas para o país divergiam daqueles estabele-
mente capitalista. Países latino americanos, como Brasil, Argentina cidos pelos liberais constitucionalistas: o propósito dele era centra-
e México e também a África do Sul, adotaram essa política, cada um lizar o poder sob sua autoridade, e essa conduta era acolhida por
com suas especificidades internas, em consonância com seus qua- defensores de um regime republicano absolutista. Para isso, seria
dros político-sociais.   necessário promover uma reforma no modelo político nacional,
para evitar a convocação de novas eleições, por meio das quais as
▪ Como se realiza esse processo oligarquias convencionais conseguiriam retomar o poder.
Como resultado de uma política econômica, a substituição das
importações, em geral, é conseguida por: Características do governo provisório
• manipulação da taxa de câmbio; As ações centralizadoras foram marca de Vargas durante todo
• controle de taxas de importação. o tempo em que ele esteve no comando do país. Mais especifica-
mente, durante o chamado primeiro governo, essas medidas eram
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) marcadas pela:
De 1960 a 1970, esse conselho defendeu que, somente com • dissolução das Assembleias Legislativas estaduais e munici-
a aplicação do sistema de substituição de importações, os países pais, assim como do Congresso Nacional
subdesenvolvidos conseguiriam acumular capital interno, o que ga- • transferência dos comandos estaduais de governadores por
rantiria um desenvolvimento estável e autossustentável. Em outras interventores instituídos pelo próprio Vargas.
palavras, essa política proporcionaria o avanço econômico do ter-
ceiro mundo.   Novo Código Eleitoral
Já em 1932, as ações de Vargas no sentido de adiar a estrutura-
PSI no Brasil ção de a realização de uma nova eleição presidencial e de uma nova
Com a crise gerada pela queda da Bolsa de Nova York (crise Constituição principiaram grandes insatisfações na classe da elite
de 1929), o governo brasileiro implantou essa política visando ao política, especialmente em São Paulo. Como forma de amenizar
desenvolvimento da produção industrial e à resolução das dificul- esse descontentamento, um Novo Código Eleitoral foi promulgado.
dades de dependência de capital estrangeiro. Entre as principais determinações do Código, estavam:
• elaboração da Justiça Eleitoral;
• obrigatoriedade do voto;

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• ampliação do direito ao voto às mulheres acima de 21 anos; A Era Vargas


• adoção do voto secreto. A liderança de Vargas, que, inicialmente, era de natureza tem-
porária, prolongou-se por 15 anos, e o período ficou conhecido
Revolução Constitucionalista de 1932 como a Era Vargas. De 1930 a 1945, o Brasil viveu o período carac-
Em 9 de julho, São Paulo foi palco de uma guerra civil que du- terizado como “a ditadura de Vargas” ou Estado Novo, cujo aspecto
rou dois meses, e que foi decorrente de uma revolta de caráter se- principal foi a proximidade com as massas populacionais.  
paratista. Fortes razões motivaram essa revolta:
• Fracasso do novo Decreto Eleitoral: a promulgação do A Segunda Guerra Mundial
novo Código Eleitoral não surtiu o efeito esperado. Em março de A 2a Guerra Mundial ocorreu de 1939 a 1945, sendo o confron-
1932, para amenizar os ânimos da elite paulista, Vargas deliberou to mais mortal da história da Humanidade. O nazifascismo, com
a convocação de votação para a composição de uma Assembleia suas políticas militarista e expansionista, levou a um novo combate
Constituinte para o ano seguinte. Porém, essa medida também em âmbito global. Por seis anos, Eixo e Aliados concorreram para a
não foi suficiente para refrear a insatisfação dos interessados, que vitória. O Brasil teve participação oficial com as guarnições aliadas.
requeriam nova Constituição e a realização imediata de uma nova Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo sofreu transforma-
eleição.   ções intensas e não foi mais o mesmo.    
• Conselho Nacional do Café: além das contrariedades men- ▪ Causas da Segunda Guerra Mundial  
cionadas, os paulistas eram contrários aos interventores instituídos — Crise de 1929: singularmente de cunho capitalista, essa crise
pelo presidente, e reivindicavam que o representante de seu estado prejudicou a crença na economia liberal e desestruturou a Europa.  
fase um cidadão paulista (“paulista e civil”). Por último, uma quarta — Fortalecimento e evidência do socialismo na Rússia.
insatisfação girava em torno do Conselho Nacional do Café, uma po- — Questões que a Primeira Guerra Mundial deixou mal resolvi-
lítica de controle do governo federal, criada em 1931.   das no território europeu.
— Revanchismo alemão contra a repressão do Tratado de Ver-
Principais efeitos da Revolução salhes: tal revanchismo possibilitou que a superioridade de deter-
• mobilização da sociedade paulista minados povos, pregada pelos governos ditadores, fosse consenti-
• adaptação das fábricas para a manufatura de equipamentos da em seus territórios correspondentes.  
bélicos — Esse cenário de crise econômica, social e política favoreceu o
• arrecadação de joias entre a alta-sociedade paulista, para re- surgimento de grupos radicais que asseguravam o resgate da gran-
versão dos valores conseguidos para a aquisição de arsenais deza do Império da Alemanha: Hitler e seu partido nazista conquis-
• mobilização em massa de soldados para o combate tavam confiança e espaço na política alemã.  
— Ascensão de Hitler: em 1933, ao ser nomeado chanceler,
Rendição dos revoltosos Hitler conseguiu aumentar o domínio da Alemanha sobre todo o
Sem aliados, os paulistas não conseguiram superar as forças do território europeu, pleiteando terras que outrora fizeram parte do
governo federal. A rendição ocorreu no primeiro dia do mês de ou- Império Alemão.   
tubro. Como medida imediata, Getúlio Vargas: 14 — Ausência de representatividade italiana na Primeira Guerra
• aprisionou os revolucionários Mundial. A Itália, assim como a Alemanha, teve prejuízos no fim da
• baniu oficias das forças armadas Primeira Guerra Mundial, enfrentando desemprego e crise econô-
• revogou os direitos civis daqueles mais envolvidos no motim   mica por toda a década de 1920. O líder do Partido Fascista, Musso-
• exilou os militares e os líderes políticos do estado   lini, alcançou o poder em 1922.  
• decretou a reorganização da Força Pública, restringindo-a à — Tamanhas semelhanças aproximaram os ditadores italiano e
categoria de órgão policial alemão, que estabeleceram alianças de cunho militar e político. O
Japão também foi anexado ao Eixo, que enfrentaria o conflito conta
Nomeação de Armando Salles os Aliados.  
Vargas não deixou de negociar com os paulistas, e nomeou Ar-
mando Salles como interventor de São Paulo. Essa medida foi mui- ▪ Nações que combateram na Segunda Guerra Mundial  
to estratégica e crucial, pois assegurou a realização de seu projeto — Aliados: Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética  
inicial de uma eleição em 1933, para a formação de uma Assem- — Eixo: Alemanha, Itália e Japão  
bleia Constituinte, para elaboração de uma nova Constituição.  
▪ Participação do Brasil
Constituição de 1934 Na Primeira Guerra Mundial, o Brasil esteve neutro, porém, em
O primeiro governo de Vargas (Governo Provisório) se encerrou 1942, as circunstâncias se modificaram quando o então presidente
em 1934, com a aprovação da Nova Constituição e a reeleição de norte americano, Franklin Roosevelt, visitou o país. Na ocasião, o
Vargas. Tendo a Carta do Brasil sido elaborada pelos deputados, a acordo estabelecido foi de que o Brasil concederia a base aérea de
Constituição de 1934 ia contra as aspirações de Vargas, pois limitava Natal, no Rio Grande do Norte, e, em contrapartida, os Estados Uni-
os poderes do Executivo e estabelecia o prazo de quatro anos, sem dos ofereceriam empréstimos para que Getúlio Vargas pudesse dar
possibilidade de reeleição, para o mandato presidencial. No dia se- continuidade à sua política de investimento na indústria de base.
guinte ao decreto, Vargas foi reeleito na Assembleia Constituinte, Dessa forma, o Brasil, apesar de simpatizante do nazifascismo, de-
por eleição indireta, dando início, assim, à Era Vargas.   clarou guerra ao Eixo, pondo fim às suas relações diplomáticas com
14 SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia.
os alemães.
Cia das Metas, São Paulo. Disponível em:<mundodaeducacao>. Mundo da Edu-
cação.  Acesso em 1 Jun 2021
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Além disso, o Brasil enviou guerrilhas para o conflito na Europa,


criando, inclusive, em 1944, a Força Expedicionária Brasileira (FEB), A ESTRUTURA FUNDIÁRIA NO BRASIL: ESTRUTURA FUN-
que foi mandada para combate contra as guarnições italianas na- DIÁRIA COLONIAL, O ÊXODO RURAL: CAUSAS E CONSEQU-
zistas.   ÊNCIAS, A LUTA PELA TERRA NO BRASIL ATUAL

▪ Principais resultados pós Segunda Guerra Mundial  


— Surgimento de superpotências: Estados Unidos, capitalista, AGRICULTURA MUNDIAL15
e União Soviética, comunista;
— Enfraquecimento da Europa: as potências europeias, mesmo Políticas Agrícolas no Mundo Desenvolvido
as que saíram vitoriosas no conflito, não tinham mais capacidade de
preservar suas colônias nos continentes asiático e africano, dando A agricultura é uma das atividades básicas da humanidade e
margem ao processo de descolonização e independência; provavelmente foi responsável pela primeira grande transforma-
— Desnazificação da Alemanha: o território alemão, incluindo ção no espaço geográfico. Surgiu há cerca de 12 mil anos, no perí-
sua capital, Berlim, sofreu divisão nas regiões de domínio das na- odo Neolítico, quando as comunidades primitivas passaram de um
ções triunfantes, e houve a destruição de símbolos relacionados a modo de vida nômade, baseado na caça e na coleta de alimentos,
Hitler e ao nazismo. Os adeptos à doutrina foram julgados e conde- para um modo de vida sedentário, viabilizado pelo cultivo de plan-
nados à pena capital, no Tribunal de Nuremberg; tas e pela domesticação de animais.
— Criação da Organização das Nações Unidas: a despeito do Inicialmente foi praticada às margens de grandes rios, como o
insucesso da Liga das Nações (instituição mundial constituída assim Tigre e o Eufrates (antiga Mesopotâmia, atual Iraque), o Nilo (no
que a Primeira Guerra Mundial se encerrou) em assegurar a paz Egito), o Yang-tse-kiang (na China), o Ganges e o Indo (na Índia). Foi
mundial e prevenir um novo conflito de iguais proporções, conser- justamente nessas áreas que se desenvolveram as primeiras gran-
vou-se a esperança de um órgão internacional que tivesse o mes- des civilizações.
mo propósito. Assim, em 1945 foi criada a Organização das Nações Com a evolução da agricultura começou a haver excedente de
Unidas, cujos objetivos eram prevenir a ocorrência de uma nova produção, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio, ini-
guerra mundial e garantir o cumprimento e a defesa dos Direitos cialmente baseado na troca de produtos. Nos locais onde ocorriam
Humanos;   as trocas, surgiram várias cidades.
— Início da Guerra Fria: antes mesmo do fim da Segunda Guer-
ra Mundial, União Soviética e Estados Unidos já delineavam suas Da Revolução Agrícola à Revolução Verde
divergências a respeito do cenário global a se formar no pós-guerra. Graças à Revolução Industrial, evoluíram as técnicas agrícolas,
Assim, americanos e soviéticos entraram em um conflito ideológico, o que possibilitou aumento da produção sem a necessidade de
ou seja, iniciava-se, em 1947, a Guerra Fria. Os armamentos nucle- ampliar a área de cultivo, com base apenas no aumento da produ-
ares passaram a ser disputados diplomaticamente e em forma de tividade. Esse desenvolvimento tecnológico aplicado à agricultura
intimidação. ficou conhecido como Revolução Agrícola.
Esse aumento de produtividade foi necessário em decorrência
Deposição do governo brasileiro: em terras brasileiras, o re- do aumento da população em geral, da elevação percentual da po-
torno dos militares da Força Expedicionária Brasileira revelou uma pulação urbana (cujas atividades de subsistência eram limitadas a
grande contradição. Da mesma forma que soldados brasileiros ha- alguns gêneros apenas) e da diminuição proporcional da população
viam combatido contra a ditadura nazifascista, o país era conduzido rural, responsável pela produção agrícola. As bases técnicas da Re-
por um governo autoritário. Ao retornarem do continente europeu, volução Agrícola foram propiciadas pelas indústrias consumidoras
os oficiais gozavam de alta popularidade e entusiasmados por par- de matérias-primas ou fornecedoras de insumos para a agricultura
ticipação na vida política. Assim, em novembro de 1945, os milita- (máquinas e fertilizantes, por exemplo).
res encerraram a ditadura do Estado Novo, destituindo o presiden- Os períodos de expansão colonial constituíram fases importan-
te Getúlio Vargas tes da expansão agrícola. Tanto nas terras conquistadas pelos eu-
ropeus na América, desde o século XVI, quanto naquelas tomadas
durante a expansão imperialista na África e na Ásia, no século XIX,
os colonizadores implantaram um sistema agrícola para a produção
de gêneros alimentícios e de matérias-primas voltado ao abasteci-
mento do mercado europeu. Esse sistema ficou conhecido como
plantation e era baseado na produção monocultora de gêneros tro-
picais para fins de exportação, praticada em grandes propriedades
(latifúndios), com mão-de-obra barata (ou escrava).

15 LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci;

Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. 3ª edição. São Paulo: Saraiva,


2014.
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Após a Segunda Guerra Mundial, com o processo de descolo- A biotecnologia utilizada para estimular o aumento da produ-
nização em marcha, os países desenvolvidos criaram uma estraté- tividade na agropecuária tem sido aplicada já há algum tempo e
gia de elevação da produção agrícola mundial: a Revolução Verde. a avaliação dos resultados é bastante controvertida. Na pecuária,
Concebida nos Estados Unidos, objetivava combater a fome e a mi- são utilizadas injeções de hormônios para aumentar a capacidade
séria nos países subdesenvolvidos, por meio da introdução de um reprodutiva, o crescimento e o peso dos animais. O uso de ana-
“pacote tecnológico”, contendo: novas técnicas de cultivo; equipa- bolizantes é outra técnica bastante utilizada na atividade criatória,
mentos para mecanização; fertilizantes; defensivos agrícolas e se- inclusive no Brasil: eles permitem maior absorção dos nutrientes
mentes selecionadas. pelo organismo do animal, promovendo uma elevação substancial
No entanto, essas sementes selecionadas, produzidas nos la- da massa, que pode atingir até 20% em relação ao processo de cria-
boratórios dos países desenvolvidos, não eram geneticamente ção natural. Os efeitos desses produtos alimentícios para a saúde
capazes de enfrentar as condições climáticas típicas da região dos humana estão sendo estudados.
trópicos (clima muito quente), algumas doenças e certas espécies Na agricultura, também há muitas controvérsias sobre os possí-
de insetos. A solução consistia na utilização de adubos, defensivos veis danos dos vegetais transgênicos não só para a saúde das pesso-
e fertilizantes, também importados dos países que haviam subven- as, mas também para os ecossistemas. De modo geral, os crítico ao
cionado essas novas formas de cultivo, aumentando a dependência uso dos organismos geneticamente modificados (OGMs) apontam
dos países subdesenvolvidos em relação aos países desenvolvidos. para a necessidade de se fazer testes mais amplos e específicos, ou
Nos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde aumentou seja, para cada produto transgênico.
a distância entre os grandes agricultores, que tiveram acesso ao Além disso, as novas variedades genéticas são produzidas por
“pacote tecnológico”, e os pequenos agricultores, que não tiveram grandes corporações multinacionais.
condições de competir com os novos parâmetros de produtividade. Essas novas variedades só podem ser utilizadas mediante o uso
das patentes e do pacote tecnológico necessário à sua produção.
O aumento da produção abaixou o preço dos produtos agrícolas a
Com isso, é reduzida a quantidade de beneficiados por essa tecno-
valores inviáveis para os pequenos agricultores.
logia, além de acentuar a dependência tecnológica dos países sub-
Essas novas circunstâncias de mercado criadas pela Revolução
desenvolvido em relação aos desenvolvidos.
Verde contribuíram para o abandono e/ou a venda de pequenas
Além disso, a biotecnologia não está totalmente isenta de da-
propriedades, que foram sendo incorporadas pelos grandes latifún- nos generalizados na produção de alimentos. Com ela, haverá uma
dios. Nesse sentido, apesar de a Revolução Verde ter contribuído homogeneidade cada vez maior das espécies cultivadas, pois os
para um aumento significativo da produção de alimentos no pla- agricultores optarão pela plantação das mais produtivas e mais re-
neta, acentuaram-se ainda mais os problemas da concentração de sistentes.
propriedade agrícola em vários países do mundo, como Índia, Pa- Nos últimos tempos, o desafio da engenharia genética tem sido
quistão, Indonésia e Brasil. a criação de produtos sintéticos em laboratórios. O impacto desses
produtos deverá ser ainda mais intenso que aquele provocado pela
A Biotecnologia e a Nova Revolução Agrícola introdução de novas tecnologias nos setores industriais e de servi-
A biotecnologia é o conjunto de tecnologias aplicadas à Bio- ços.
logia, utilizadas para manipular geneticamente plantas, animais
e micro-organismos por meio de seleção, cruzamentos naturais e A Agricultura Orgânica
transformações no código genético. Ela teve grande desenvolvi- Ao mesmo tempo em que a engenharia genética enfrenta desa-
mento nas décadas de 1970 e 1980, mas vem sendo estudada e fios e a biotecnologia avança a passos largos, a prática da agricultu-
aplicada desde os anos 1950, em vários países do mundo. A própria ra orgânica ganha muitos adeptos não só nos países desenvolvidos,
Revolução Verde, que criou semente híbridas, foi uma das detona- sobretudo europeus, mas também em vários países subdesenvolvi-
doras da biotecnologia. Embora, em boa parte, ela se associe à ati- dos, com a utilização de métodos naturais para correção do solo e
vidade agrícola, tem aplicabilidade também em outros setores. As controle de pragas, por exemplo.
suas atividades estão ligadas à clonagem, à indústria farmacêutica Vários problemas – como carne bovina contaminada (“doença
(na manipulação de novas fórmulas de medicamentos, por exem- da vaca louca”, na Europa), verduras com excessos de agrotóxicos,
plo), à fabricação de plásticos biodegradáveis e de conservantes de águas poluídas por pesticidas, esgotamento do solo por causa do
alimentos e a outras aplicações ainda em fase de desenvolvimento. uso intensivo de irrigação – têm forçado as pessoas envolvidas no
Uma das aplicações modernas da biotecnologia consiste na processo de produção agropecuária a representarem os métodos
alteração da composição genética dos seres vivos, quando se inse- utilizados. A agricultura orgânica é, desse modo, uma prática que
rem, por exemplo, genes de outros organismos vivos no DNA (sigla pode contribuir para a redução dos danos causados aos ecossiste-
mas, muitos deles já bastante afetados pela aplicação das técnicas
em inglês para ácido desoxirribonucleico) dos vegetais. Por esse
próprias da agricultura moderna, que contribuem para a degrada-
processo pode-se alterar o tamanho das plantas, retardar a dete-
ção dos solos, a poluição dos lençóis freáticos, córregos e rios, a
rioração dos produtos agrícolas após a colheita ou torna-los mais
destruição de espécies vegetais e animais.
resistentes às pragas, aos herbicidas e aos pesticidas durante a fase
Os consumidores deste início do século XXI, por sua vez, estão
do plantio, assim como possibilitar maior adequação dos vegetais cada vez mais conscientes em relação aos problemas ecológicos e
aos diferentes tipos de solos e climas. Os vegetais derivados da al- muitos têm optado por produtos naturais, que apresentam a des-
teração genética são chamados de transgênicos. vantagem de serem mais caros que os tradicionais, além de, n ocaso
Nos produtos agrícolas criados através da engenharia genética, de frutas, verduras e legumes, terem menor volume.
os traços genéticos naturais indesejáveis podem ser eliminados, e
outros implantados artificialmente para aprimorar a sua qualidade.
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Política Agrícola e Mercado no Mundo Desenvolvido as normas da OMC), prejudicando as exportações do mundo sub-
desenvolvido que já são afetadas pelas barreiras tarifárias e pelas
A política agrícola da maior parte dos países ainda não se adap- cotas de importação.
tou à economia globalizada e à liberalização da economia mundial. Entre 1950 e 1973, a produção mundial de cereais duplicou,
De um lado, os países subdesenvolvidos não dispõem de recursos fazendo cair os preços no mercado internacional. A partir de 1973,
financeiros volumosos para subvencionar seus agricultores. De ou- o crescimento da produção de cereais passou a atingir a média de
tro, os países desenvolvidos, como Japão, Estados Unidos e inte- 2% ao ano, índice inferior ao crescimento da população mundial.
grantes da União Europeia, mantêm uma política agrícola com sub- No continente africano, por exemplo, onde a população tem sido
sídios aos agricultores e protecionismo de mercado. bastante afetada por problemas de subnutrição, o crescimento po-
Entre os temas mais polêmicos na OMC (Organização Mundial pulacional ultrapassa a média de 2,5% a.a. (ao ano), enquanto o
do Comércio) estão as queixas dos países subdesenvolvidos, que aumento da produção de cereais gira em torno de 1% a.a. e até
pedem redução dos subsídios para a produção agrícola e o fim da decresce em vários países.
proteção dos mercados internos (os países protecionistas impõem A defasagem entre a produção de alimentos básicos e o cres-
tarifas elevadas às importações de alimentos e matérias-primas de cimento demográfico aumentou o déficit alimentar em vários paí-
origem agropecuária). Essa elevada taxação, reforçada por uma re- ses do mundo, em particular na África subsaariana (países que se
dução nas cotas de importação por parte dos três principais centros situam ao sul do deserto do Saara). Essa situação tem se agrava-
da economia mundial (EUA, Japão e União Europeia), agrava ainda do com o fato de que boa parte da produção agrícola dos países
mais os problemas econômicos e sociais dos países que dependem subdesenvolvidos é destinada à exportação. Os produtos agrícolas
da exportação agrícola e dificulta as importações de produtos fun- (e também os minerais) constituem a fonte de divisa básica dessa
damentais ao seu desenvolvimento, como máquinas, equipamen- parte do mundo, sem as quais as importações tornam-se inviáveis.
tos industriais e implementos agrícolas. Do ponto de vista do con-
sumidor que vive nos países desenvolvidos, as políticas agrícolas A Questão Agrária na América Latina
têm sido duplamente prejudicais. Primeiro, porque os recursos A questão agrária é um problema grave que afeta historica-
(subsídios) destinados aos agricultores são pagos indiretamente mente a população da maioria dos países latino-americanos. A
por todos os contribuintes. Segundo, porque as altas tarifas para as colonização da América Latina foi baseada na exploração mineral
importações elevam também o preço pago pelos consumidores no e na produção agrícola de produtos de exportação, praticada em
mercado interno desses países. Essa situação não pode ser genera- latifúndios monocultores e com utilização de trabalho escravo. Esse
lizada, mas ela atinge a maioria da população que vive nos países
modelo agrícola é denominado plantation. Após o processo de in-
desenvolvidos. Por fim, é preciso ressaltar também que os países
dependência latino-americana, no século XIX, a oligarquia rural es-
subdesenvolvidos, de modo geral, exportam, principalmente, gêne-
cravocrata manteve o modelo colonizador.
ros que não são de primeira necessidade, ocorrendo o oposto em
Atualmente, a produção agropecuária ainda é praticada em
relação aos países desenvolvidos. Costuma-se afirmar, com base
grandes propriedades e concentra os investimentos em produtos
nisso, que os países subdesenvolvidos exportam a “sobremesa”, en-
com ampla aceitação e competitividade no mercado internacional.
quanto os desenvolvidos, “o prato principal”.
Em vário países da América Latina, mais da metade dos pobres
e miseráveis habitam áreas rurais. São milhões de trabalhadores
O Espaço Agrário no Mundo Subdesenvolvido
sem terras e sem trabalho, que possuem alguma forma de renda
As Atividades Agrícolas no Mundo Subdesenvolvido apenas nas épocas de plantio e colheita, como mão-de-obra contra-
Os países subdesenvolvidos já foram caracterizados como ex- tada. É o caso do México, dos países da América Central (Honduras,
portadores de produtos agrícolas e de matérias-primas. Apesar de Guatemala, Nicarágua, entre outros), dos países andinos (Peru e
tal caracterização continuar válida para a maioria dos países desse Colômbia, entre outros), e do Paraguai. Também é o caso do Brasil,
grupo, são os países desenvolvidos que respondem pelo maior vo- embora aqui exista a particularidade de os pobres das cidades su-
lume da produção e exportação de produtos agrícolas. perarem numericamente os pobres das áreas rurais.
Nos países desenvolvidos, a modernização da produção e os Em contraste com essa situação, na maioria desses países há
enormes incentivos destinados à atividade agrícola têm gerado abundância de terras, dominadas por grandes fazendas comerciais
cada vez mais excedentes, colocando-os na liderança mundial das que são responsáveis pelo maior volume de produção agrícola.
exportações do setor. Além disso, as políticas protecionistas de seus Os países andinos formam um grupo de seis países sul-ameri-
mercados dificultam o acesso da produção agrícola dos países sub- canos situados onde se estende a cordilheira dos Andes: Chile, Bo-
desenvolvidos. lívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. A maioria da população
Desde a década de 1950, a participação dos produtos agrícolas é de origem indígena e, desde as últimas décadas do século XX, tem
no mercado mundial vem diminuindo gradativamente. Em parte, se organizado contra a exclusão social e pela reforma agrária.
isso se deve à expansão odo comércio mundial de mercadorias e
à diversificação dos produtos negociados internacionalmente, so- Estrutura Fundiária nos Países Subdesenvolvidos
bretudo nas últimas décadas com a consolidação da globalização. Do ponto de vista econômico, a produção de cana, soja, café,
Para defender seus produtores, os países desenvolvidos utili- cacau, algodão e outros produtos típicos da agricultura dos trópicos
zam subsídios e aplicam elevadas tarifas de importação aos produ- não se adapta à pequena propriedade. Essas culturas exigem solo,
tos agrícolas, contrariando as regras da OMC (Organização Mundial clima e relevo adequados e grandes extensões cultivadas para que
do Comércio). Mas barreiras não-tarifárias, como barreiras zoos- o empreendimento seja rentável e competitivo. A concentração
sanitárias e fitossanitárias, são aplicadas também, de forma indis- fundiária, explicada pelo passado colonial, ganhou um retoque de
criminada e não raro injustificada (apesar de estar de acordo com modernidade com a Revolução Verde e a mecanização rural.
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A Revolução Verde exclui ainda mais os pequenos proprietá-


rios, incapacitados financeiramente para adquirir a parafernália A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO BRASIL: A ESCRAVI-
tecnológica que ela trouxe consigo: herbicidas, pesticidas, adubos DÃO, O PAPEL DOS IMIGRANTES NO SÉCULO XIX E A CON-
químicos, máquinas e outros implementos agrícolas. Ela também QUISTA DOS DIREITOS TRABALHISTAS
não incentivou a agricultura voltada para o mercado interno, que
não gera dividas no Comércio Exterior. Na maior parte dos países
subdesenvolvidos do planeta, o desenvolvimento tecnológico da — Introdução
Revolução Verde resultou em concentração fundiária e marginaliza- A organização do trabalho no Brasil é um tema de grande im-
ção dos trabalhador rural. portância para entendermos a sociedade brasileira. Desde os pri-
Não foi por acaso que várias rebeliões e revoluções populares meiros colonizadores portugueses, até os dias atuais, a forma como
nas últimas duas décadas do século XX tiveram como lema a refor- o trabalho é organizado, regulamentado e remunerado vem sendo
ma agrária. A necessidade de reformas na estrutura de produção objeto de discussões e disputas entre os diferentes grupos sociais.
agrícola e de redistribuição da propriedade rural são aspectos que Neste tópico, serão abordadas questões sobre a história da or-
precisam ser atendidos simultaneamente e são urgentes nos países ganização do trabalho no Brasil desde o período colonial até o sécu-
subdesenvolvidos. lo XX. Abordaremos também a escravidão, o papel dos imigrantes
no século XIX e a conquista dos direitos trabalhistas.
A Reforma Agrária consiste na adoção de medidas para me-
lhorar a distribuição da terra, promovendo a justiça social, criando A Escravidão
condições de melhoria de vida do trabalhador rural, elevando a pro- A escravidão foi uma prática comum durante o período colonial
dução e a produtividade agropastoris. A redistribuição das terras é brasileiro. Os escravos eram utilizados para trabalhar nas lavouras
apenas uma parte do processo de reforma agrária, que deve incluir de cana-de-açúcar, nas minas de ouro e nas fazendas de gado. Os
apoio técnico, infraestrutura adequada à produção, sistema de ar- escravos eram comprados e vendidos como mercadoria, e eram
mazenamento e transporte, garantia de preços mínimos, crédito ao submetidos a condições de trabalho extremamente desumanas.
pequeno agricultor, orientação para a criação de cooperativas e de Em 1888, foi aprovada a Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no
pequenas agroindústrias, entre outros aspectos. Brasil e abriu caminho para os novos trabalhadores.

A reforma agrária é um processo mais amplo que a simples re- O Papel dos Imigrantes no Século XIX
distribuição de terras. Criar as condições para que o trabalhador ru- No século XIX, o governo brasileiro incentivou a imigração para
ral torne-se proprietário e possa produzir sua própria subsistência é o Brasil, com o objetivo de aumentar a oferta de mão-de-obra. Os
apenas o primeiro passo de um conjunto de medidas que incluem imigrantes eram obrigados a trabalhar em condições desfavoráveis,
assessoria técnica e administrativa, inclusive um sistema de crédito sendo submetidos a longas jornadas de trabalho e salários baixos.
especial. Cabe ao Estado, enfim, estimular e garantir a produção
agrícola dos pequenos agricultores e criar os mecanismos necessá- A Conquista dos Direitos Trabalhistas
rios para coloca-los no mercado. Aliás, muito mais que isso já foi e No século XX, o movimento operário brasileiro lutou pela re-
é feito para os grandes proprietários e para as empresas rurais, me- gulamentação do trabalho e pela conquista de direitos trabalhis-
diante mecanismos de crédito a juros mais baixos, outros subsídios tas. Com a promulgação da Constituição de 1988, os trabalhadores
e medidas protecionistas. brasileiros passaram a contar com uma gama de direitos, como a
jornada de trabalho, o direito à organização sindical, a estabilidade
Reforma Agrária e Geração de Renda no emprego, o salário-mínimo e outros.
Além dos conflitos e das convulsões sociais constantes, a con-
centração da propriedade da terra é responsável por uma varieda- Conclusão
de de relações de trabalho no meio rural. O arrendamento (aluguel) A história da organização do trabalho no Brasil é marcada por
e a parceria (pagamento em espécie pelo uso da terra em cotas esti- disputas e lutas entre os grupos sociais. Desde o período colonial,
puladas entre o parceiro e o proprietário), para citar duas modalida- até os dias atuais, os trabalhadores brasileiros têm lutado para con-
des bastante difundidas, obrigam o agricultor a dividir o resultado quistar direitos trabalhistas e melhores condições de trabalho. A
de seu trabalho com o proprietário da terra. Constituição de 1988 trouxe importantes garantias para o trabalha-
Essas formas de relações de trabalho no mundo subdesenvolvi- dor brasileiro, e é importante que esses direitos sejam preservados.
do tornam pouco estimulante e economicamente inviável o investi-
mento em aprimoramento técnico, visando à melhoria da qualida-
de e da produtividade agrícola, para aqueles que de fato trabalham ANTIGUIDADE CLÁSSICA (GRÉCIA E ROMA);
a terra.
Assim, a reforma agrária também deve ser vista como geradora
de ocupação de mão-de-obra nos países subdesenvolvidos, princi- GRÉCIA
palmente naqueles que apresentam um percentual significativo da
população economicamente ativa no setor primário. Além de ge- Situada na Europa Meridional, entre os mares Jônio, Egeu e
radora de emprego e de renda, que dinamiza o restante da econo- Mediterrâneo, a Grécia é um país montanhoso, em cuja costa exis-
mia, a reforma agrária constitui a única forma possível de diminuir o tem muitos golfos e enseadas. A pobreza do solo e o litoral recor-
êxodo rural, que pressiona o mercado de trabalho urbano e agrava tado com muitas ilhas, contribuiu para que os gregos se tornassem
a crise social das cidades. excelentes navegadores, lançando-os à conquista de outras regiões
mais produtivas.
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Diferente do país que conhecemos hoje, no passado a Grécia Dessa forma, de um lado formou-se uma poderosa aristocracia
era formada por diversos territórios que se espalhavam pelos ma- que possuía as melhores terras e controlava o poder político, do
res que a cercavam. O próprio nome Grécia não era utilizado, pois outro lado os despossuídos que passaram a trabalhar para os aristo-
os habitantes da região chamavam a Grécia Antiga de Hélade e a cratas ou se dedicaram ao comércio e ao artesanato. Outros ainda
si de helenos. Os povos que ali habitavam julgavam-se autóctones acabaram emigrando para novas terras.
descendentes de Heleno, filho de Deucalião, que havia escapado
de um dilúvio provocado por Júpiter, pai dos Deuses. Daí o nome Povo Grego
de Hélade.
Na verdade a civilização grega resultou numa mistura de diver-
Grécia Primitiva sos povos.
Por volta do segundo milênio a.C., a ilha de Creta, graças ao
A Ilíada e A Odisseia, poemas atribuídos a Homero, nos forne- seu comércio marítimo possuía uma civilização bastante complexa.
cem muitos conhecimentos sobre a Grécia Antiga. As comunidades neolíticas das costas do mar Egeu foram muito
A Ilíada narra a guerra entre os gregos e os troianos. A causa influenciadas pela metalurgia. O comércio de metais e as novas ar-
dessa guerra foi o rapto da bela Helena, esposa de Menelau, por mas conferiram superioridade a alguns povos, provocando mudan-
Páris, filho do rei de Tróia ou Ileo (daí Ilíada). ças em sua organização.
Comandados por Agamenon os gregos atacaram os troianos.
A civilização grega teve suas raízes mais profundas na cultura
Durante as lutas Aquiles foi o destaque grego enquanto Heitor
cretense, desenvolvida nos milênios III a.C. e II a.C, baseada na agri-
era o herói troiano.
cultura e em um rico comércio marítimo.
Protegido pelo deus Hefaísto, que lhe cedera uma armadura
A partir de 2200 a.C, a ilha de Creta adquiriu um papel prepon-
impenetrável, Aquiles atacou os troianos que fugiram, exceto o co-
rajoso Heitor, que enfrentou Aquiles. Apesar da bravura, Heitor foi derante na região do mar Egeu. Localizada nas proximidades do Egi-
morto por Aquiles que acabou profanando o seu cadáver. to e da Ásia Menor, seu esplendor se iniciou em torno do ano 2000
O irmão de Heitor, Paris, que jurara vingança, acabou matando a.C, época na qual a cidade de Cnossos dominava a ilha.
Aquiles após feri-lo com uma flecha em seu único lugar vulnerável: A sociedade minoica era governada por príncipes, que criaram
o calcanhar, daí o termo calcanhar de Aquiles que quer dizer o pon- um império marítimo. Dentre eles destacou-se o legendário Minos
to fraco de uma pessoa. (o mesmo da lenda do minotauro), que teria construído numerosos
Não conseguindo tomar Tróia pela força, os gregos usaram da palácios em Cnossos, a cidade mais importante de Creta. Por isso, a
astúcia… cultura cretense também é denominada cultura minoica.
Após terem celebrado a paz com os troianos, os gregos en- A economia, construída sobre uma base agrícola, evoluiu para
viaram à Tróia um grande cavalo de madeira como presente (daí a o comércio. A aplicação do torno à cerâmica e o domínio da meta-
expressão “presente-de-grego”). Acontece que dentro desse cavalo lurgia impulsionaram a exportação e a importação. Além de pro-
estavam os melhores guerreiros gregos. Estes, já dentro da cidade, dutos agrícolas, os cretenses exportavam suas manufaturas e im-
abriram as portas para que o exército grego liquidasse os troianos portavam matérias-primas: cobre do Chipre e estanho da Europa
que foram apanhados desprevenidos. ocidental. Eles eram os intermediários comerciais entre os povos
Foi assim que os gregos conquistaram Tróia, após uma guerra vizinhos. O comércio favoreceu o desenvolvimento da vida das pes-
de durou 10 anos. soas nas cidades.
Hoje acredita-se que apesar da aventura contada no obra, os A arte minoica esteve bastante presente na construção dos
gregos forçaram a invasão a Tróia por causa de sua localização es- palácios e sobretudo na decoração de seus interiores. As obras
tratégica para o comércio marítimo no mar Egeu. artísticas, que anteriormente tinham apenas inspiração religiosa,
A Odisseia narra as aventuras de Ulisses (ou Odisseu), rei da Íta- sofreram mudanças graças às transformações ocorridas na vida e
ca, que após a destruição de Tróia procura retornar a sua fiel esposa na mentalidade da sociedade. Assim, elas deixaram de ter caráter
Penélope, que prometera escolher um noivo, assim que terminasse apenas sagrado e passaram a ter sentido próprio, voltadas à simples
de tecer um manto. Acontece que na esperança da chegada de Ulis- contemplação. Destacam-se as elegantes pinturas em afresco que
ses ela desmanchava, à noite, o trabalho que fizera durante o dia. representavam cenas da vida cotidiana.
Finalmente, Ulisses chegou. Disfarçado em mendigo, se dirigiu
Os minoicos utilizavam dois tipos de escrita, Linear A e Linear B.
ao local onde se celebrava a festa em honra do deus Apolo. Nesta
O primeiro ainda não é bem conhecido, mas o segundo está ligado
festa, Penélope propôs que aquele que conseguisse disparar o arco
à escrita grega.
e as flechas de Ulisses ela desposaria. Todos tentaram, sem sucesso.
Atraídos pelo desenvolvimento de Creta, por volta de 1400 a.C,
Ulisses, graças à interferência de Telêmaco, seu filho, que sabia
de seu segredo, disparou as doze flechas. Em seguida venceu os os aqueus invadiram e conquistaram a ilha. Contudo, não destruí-
seus adversários e revelou-se a Penélope, que não acreditava ser ram a cultura cretense; ao contrário, procuraram assimilá-la e pre-
aquele velho esfarrapado o seu esposo. Para contornar a situação, servá-la, de onde surgiu a civilização micênica.
a deusa Atenéia devolveu a Ulisses a sua juventude e também a A Civilização Micênica é considerada uma das sociedades mais
obediência a seu povo. sofisticadas da cultura grega pela grande disseminação artística e
No final do período homérico, o aumento populacional e a falta pela avançada organização política que via as mulheres com igual-
de terras acabou desagregando a comunidade primitiva. dade.
As terras coletivas foram divididas pelo páter (chefe de família) Entretanto, ao contrário das civilizações gregas mais antigas
entre seus parentes mais próximos, surgindo dessa forma à proprie- que adoravam uma deusa-mãe, os micênicos passaram a louvar Po-
dade privada e a hierarquização da sociedade em classes distintas. seidon, que eles acreditavam ser o governador máximo da Terra.
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Acredita-se que nesta civilização se dá início às primeiras lendas da transformaram em camponeses sem terra ou então emigraram. Se-
Mitologia Grega, pois ao fim deste período o deus principal passou parando-se dos camponeses, os eupátridas passaram a morar em
a ser Zeus. locais fortificados que, com o correr do tempo e o desenvolvimento
O sistema político e econômico era centrado na figura do rei, do comércio, deram origem às polis.
mas pouco se sabe sobre a hierarquia social da época. Alguns es- Constituída por um aglomerado urbano, abrangia toda a vida
pecialistas sustentam que, abaixo dos reis, havia uma forte orga- pública de um pequeno território e geralmente encontrava-se pro-
nização militar detentora de grandes lotes de terra. Os escravos, tegida por uma fortaleza. Compreendia a totalidade dos cidadãos,
trabalhadores livres e comerciantes faziam parte da escala social exceto os escravos, metecos e membros de populações subjugadas
mais baixa. e distinguia-se de outras cidades pelo nome dos seus habitantes.
Os micênicos eram grandes navegadores e construíram embar- A criação da pólis foi favorecida pelo progresso da agricultu-
cações bem mais avançadas que as iniciadas pelos minoicos. Este ra, do comércio e pelo aparecimento da indústria têxtil, bem como
povo, que se caracterizava pelo aspecto guerreiro, construiu barcos pela intensificação da vida política. Quando os habitantes de po-
de carga que eram propícias ao combate. Como armamento, os mi- voações disseminadas transferiram a sua residência para perto das
cênicos começaram a utilizar o ferro e o bronze. fortalezas, a acrópole se converteu no centro político da pólis.
Não se sabe ao certo qual foi o real motivo de desaparecimento A pólis era uma organização social constituída por cidadãos li-
dessa civilização, mas alguns historiadores acreditam que a invasão vres que discutiam e elaboravam as leis relativas à cidade. Dentro
dos dórios na região de Creta foi o principal motivo. Os dórios aca- dos limites de uma pólis ficavam a Ágora e a Acrópole, além dos es-
baram com toda a potência marítima iniciada pelos micênicos e a paços urbano e rural. A agricultura era a base da economia da pólis.
A Ágora era uma grande praça pública, um espaço onde os ci-
ilha de Creta, que se tornara uma das regiões mais desenvolvidas
dadãos se reuniam para atividades comerciais, discussões políticas
da Grécia, perdeu sua hegemonia com sua divisão em cidades-Esta-
e manifestações cívicas e religiosas.
do. Os dóricos entraram violentamente na Grécia pouco depois da
A Acrópole era uma fortificação onde estavam os monumen-
Guerra de Tróia, por volta de 1100 a.C. Eram mais poderosos que os
tos, os templos e os palácios dos governantes.
Aqueus do ponto de vista bélico, pois possuíam armas feitas de fer- Atenas e Esparta foram as pólis com maior reconhecimento
ro. Com a invasão de Creta as cidades micênicas foram destruídas. através dos tempos, com fama até os dias atuais.
Os dóricos não conseguiram absorver as conquistas micênicas,
como a escrita, e a urbanização praticamente desapareceu. A Gré- Esparta
cia viveu um período conhecido como idade obscura ou período Esparta localizava-se na região da Lacônia, que ocupava a parte
Homérico (recebeu este nome por conta das poucas fontes, e sendo sudeste da Península do Peloponeso, ao extremo sul da Grécia, sen-
as obras Ilíada e Odisseia de Homero as principais), do qual se co- do uma das primeiras cidades-Estado. Foi fundada pelos dórios, por
nhece muito pouco. volta do século IX a.C., após a submissão dos aqueus.
Com a invasão dórica muitos habitantes fugiram da Península Durante o Período Homérico, os dórios vivenciaram o sistema
do Peloponeso, essa foi a primeira diáspora grega. gentílico, como as demais regiões da Grécia. Nesse período, as ter-
ras que haviam sido conquistadas aos aqueus foram distribuídas
Cidades-Estado entre os guerreiros, que as trabalhavam coletivamente, sob um re-
gime patriarcal. No século VII a.C., em razão da escassez de terras e
A história da Grécia Antiga caracteriza-se pela presença da ci- do crescimento da população dória, teve início a expansão vitoriosa
dade-Estado (pólis). Havia ao todo cerca de 160 cidades-Estado na sobre a Planície Messênia; os messênios foram reduzidos à condi-
Grécia, todas elas soberanas, com destaque para Atenas e Esparta. ção de escravos. Esse fato promoveu profundas alterações na estru-
A independência dessas cidades resultou de vários fatores: o relevo tura econômica e fundiária de Esparta. As propriedades coletivas
montanhoso, que dificultava as comunicações terrestres; o litoral desapareceram, cedendo lugar a uma vasta propriedade estatal,
recortado e as numerosas ilhas existentes no Mar Egeu, que estimu- denominada de terra cívica — as terras centrais e mais férteis da
lavam a navegação; a ausência de uma base econômica interna sóli- planície.
da, que poderia aglutinar os gregos em um Estado-nação. Contudo, Essas terras foram divididas em cerca de 8.000 lotes, que foram
os gregos passaram por um processo de dispersão que os levou a distribuídos aos guerreiros dórios, detentores da posse útil da ter-
fundar numerosas colônias no litoral do Mediterrâneo e do Mar ra cívica. Recebiam também cerca de seis escravos para realizar os
Negro. Essas colônias vieram a tornar-se outras tantas cidades-Es- trabalhos. As terras periféricas foram divididas entre os aqueus, que
detinham a propriedade privada sobre a terra, podendo vendê-la
tado, de forma que não se estabeleceu uma unidade política entre
ou dividi-la.
elas. Entretanto, como havia unidade cultural (identidade de língua,
A conquista da Planície Messênia promoveu uma reestrutura-
etnia, religião e costumes), por isso podemos falar em um Mundo
ção social em Esparta. Basicamente, após a conquista da Planície,
Grego, mas não em um Império Grego.
a sociedade era composta de esparciatas (cidadãos e guerreiros de
Nessa época, os gregos viviam em pequenas comunidades origem dória, que constituíam a camada social superior e recebiam
agrícolas autossuficientes — os genos – cujos membros eram apa- educação militar), periecos (aqueus, habitantes da periferia, que,
rentados entre si e obedeciam à autoridade de um pater famílias. apesar de serem homens livres, não eram considerados cidadãos) e
A propriedade da terra era coletiva. O sistema gentílico desinte- hilotas (escravos). A sociedade era estamental, rigidamente hierar-
grou-se quando o crescimento demográfico tornou insuficiente a quizada e sem mobilidade social.
produção dos genos. Os parentes mais próximos do pater famílias Até o século VII a.C., a legislação de Esparta—Grande Retra —
(os eupátridas) apropriaram-se das terras, transformando-as em estabelecia que o governo deveria ser exercido por dois reis (diar-
propriedade privada; quanto aos parentes mais afastados, estes se quia), por um conselho e por uma assembleia. A sucessão ao tro-
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no era hereditária e duas famílias dividiam o poder: os Ágidas e os Atenas


Euripôntidas. O Conselho, denominado Gerúsia, era formado pelos De origem jônica, Atenas se apresentou como um padrão para
homens idosos e tinha um caráter apenas consultivo. A Assembleia, o desenvolvimento para outras cidades-estados gregas. A região
Ápela, era o órgão mais importante, e os cidadãos tomavam as de- cercada de montanhas, foi poupada de uma ocupação dos Dórios.
cisões finais sobre todos os assuntos. A Constituição e a organiza- Ao lado de Esparta, a cidade de Atenas é caracterizada como um
ção política eram praticamente imutáveis, pois eram atribuídas à modelo a ser seguido, isso pois, nessa cidade aconteceu a formação
lendária figura de Licurgo, personagem histórica que, por ter um e o desenvolvimento da Democracia. Essa palavra em sua origem
caráter divino, imprimia essa divinização às normas por ele criadas. representa: DEMO (povo) KRATOS (poder), ou seja, poder do povo.
Com o processo de conquista da Planície Messênia concluído no A Democracia é até hoje o regime político utilizado na maioria dos
século VII a.C., as transformações políticas foram proporcionais às países Ocidentais, inclusive no Brasil.
mudanças socioeconômicas. O governo passou por uma transfor- Em 621 a.C, o legislador Drákon foi o encarregado de escre-
mação conservadora e mais uma vez essas alterações foram atribu- ver as primeiras leis escritas em Atenas, codificou portanto as an-
ídas a Licurgo. Esparta adotou a oligarquia como forma de governo. tigas leis conhecidas pela tradição oral. Nada mudou em relação à
A antiga Gerúsia passou a monopolizar o poder e, nesse momento, legislação, os eupátridas continuavam sendo os que detinham os
compunha-se de 28 gerontes (cidadãos com mais de 60 anos), com maiores direitos políticos, por isso, aconteceram em Atenas várias
poderes vitalícios. manifestações dos Thetas (camada social marginalizada, campone-
O Poder Executivo passou a ser exercido pelos éforos, cinco ses, servos...) que queriam participar da política ateniense, lutando
magistrados escolhidos pelos gerontes, com o mandato de um ano. principalmente contra a escravidão por dívida que ainda existia em
A antiga Ápela aprovava as leis apenas por aclamação, correspon- Atenas.
dendo, nesse contexto, a um órgão formal de decisões políticas, de Somente em 594 a.C. com o legislador Sólon, aconteceram re-
caráter meramente consultivo. A diarquia continuou a existir, mas formas políticas em Atenas mais próximas dos interesses dos The-
os seus poderes políticos foram esvaziados, restando-lhe o exercício tas. Sólon decretou a lei seisachtéia, a proibição da escravidão por
do poder sacerdotal e as atribuições militares. O caráter conserva- dívida, além de determinar o confisco de terras dos eupátridas e
dor de Esparta resultou da preocupação da minoria esparciatas em uma divisão de terras para as famílias mais pobres, isso resultou
manter a maioria hilota subordinada. Daí o militarismo do estamen- numa grande paz e estabilidade social. No plano jurídico decretou
to dominante, a xenofobia (aversão ao estrangeiro) e o laconismo a eunomia, a igualdade de todos perante a lei. Essa reforma foi de-
(forma sintética de expressão), que sufocavam o surgimento de cisiva para o desenvolvimento de um sentimento democrático em
ideias e restringiam o espírito crítico. Atenas.
A educação espartana estava voltada para a guerra, moldan- A Democracia em Atenas passaria ainda por algumas reformas,
do os homens, desde crianças, que se preparavam para tornar-se o que aconteceu em 507 a.C com o legislador Clístenes, que rece-
soldados. beu o título de “pai da democracia”.
Esse processo de formação militar começava quando ainda
criança, quando um grupo de anciãos observava as crianças, que Educação
não poderiam ter problemas físicos e de saúde. Caso a criança fosse
completamente saudável ela ficaria sob a guarda da sua mãe até os Na antiguidade, a cidade-estado grega de Atenas destacou-se
sete anos de idade; após, quem se tornaria responsável pela criança nas áreas de artes, teatro, literatura e outras atividades culturais.
era o próprio Estado. Desta forma, a educação ateniense refletiu os anseios e valores des-
Assim, ao sete anos, a criança “entrava” para o exército onde ta sociedade.
permaneceria até seus doze anos de idade, quando receberia al- A educação ateniense tinha como objetivo principal à forma-
guns ensinamentos para que conhecesse a dinâmica do estado Es- ção de indivíduos completos, ou seja, com bom preparo físico, psi-
partano e principalmente as tradições de seu povo, e após esses cológico e cultural.
ensinamentos entrariam de fato em um treinamento militar. Por volta dos sete anos de idade, o menino ateniense era orien-
Aprendiam a combater com eficácia, eram testados fisicamen- tado por um pedagogo. Na escola, os jovens estudavam música, ar-
te e psicologicamente, além de aprenderem a sobrevivência em tes plásticas, Filosofia, etc.
condições extremas e diversas, e principalmente aprendiam a obe- As atividades físicas também faziam parte da vida escolar, pois
decer seus superiores. Se por algum acaso esses jovens soldados os atenienses consideravam de grande importância a manutenção
não conseguissem completar essas missões pela qual eram subme- da saúde corporal.
tidos, ocorriam punições. Já as meninas de Atenas não frequentavam escolas, pois fica-
O teste final na vida do soldado espartano era realizado aos vam aos cuidados da mãe até o casamento.
seus 17 anos. Esse teste era conhecido como Kriptia e funcionava
como um jogo, onde os soldados escondiam de dia em campo para Cidadania e Democracia na Antiguidade
ao anoitecer, saírem a caça do maior número de escravos (hilotas)
possíveis. Comumente consideramos como antiguidade o período que
Passando por esses processos de seleções o jovem espartano vai do surgimento da escrita, por volta de 3000 a.C na Mesopotâ-
já poderia integrar oficialmente os exércitos e teria direito também mia, até a queda do Império Romano do Ocidente, no ano de 476
a um lote de terras. d.C. Diferentes povos se desenvolveram na Idade Antiga, entre elas
Aos trinta anos de idade o soldado poderia ganhar a condição as civilizações do Egito, Mesopotâmia, China, as civilizações clássi-
de cidadão e isso o dava o direito de participar de todas as decisões cas como Grécia e Roma, os Persas, os Hebreus, os Fenícios, além
e leis que seriam colocadas na mesa pela Apela, e aos sessenta anos dos Celtas, Etruscos, Eslavos, dos povos germanos (visigodos, os-
o indivíduo poderia sair do exército podendo integrar a Gerúsia. trogodos, anglos, saxões,) entre outros. Ela surge como um período
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histórico de fundamental importância, destacadamente por suas A política nos exemplos citados possui uma maneira de organi-
criações e legados, muitos dos quais lançaram as bases para a cons- zação pautada na hierarquia e na participação de um seleto grupo
trução de muitas sociedades atuais. de pessoas, que governavam e mantinham o poder através da justi-
Além de ser o período do surgimento da escrita, a antiguidade ficativa divina e também familiar.
também viu nascerem os jogos olímpicos, a organização do conhe- Apesar do caráter oligárquico da política na Antiguidade, algu-
cimentos, o surgimento de diversas cidades e a criação do Estado mas experiências merecem destaque por mudarem esse cenário,
enquanto instituição capaz de regulamentar o convívio entre os aumentando a participação da população nos assuntos políticos.
homens. A partir de então, o crescente nível de complexidade das
civilizações comportou também o fortalecimento das relações po- Democracia em Atenas
líticas. A democracia, governo do povo (demo = povo, cracia=gover-
no), foi implantada em Atenas, por volta de 510 a.C., quando Clíste-
Política nes comandou um revolta contra o último tirano que governou a ci-
Os sistemas de governo na Antiguidade estavam baseados em dade-estado. As reformas políticas adotadas por Clístenes visavam
elementos teocráticos, ou seja, sustentados por uma visão religiosa a resolver os graves conflitos sociais decorrentes da estratificação
e dominado por uma pequena elite política. O Faraó no Egito era social em Atenas.
visto como um enviado dos deuses, e, em alguns casos, como uma O regime político democrático instituído por Clístenes tinha por
reencarnação divina. Nos povos mesopotâmicos, assim como em princípio básico a noção de que “todos os cidadãos têm o mesmo
grande parte das demais civilizações do período, eram frequentes direito perante as leis”.
as interferências do sacerdote em assuntos políticos.
E quem eram os cidadãos?
Exemplo de Esparta Somente os homens atenienses maiores de 21 eram conside-
Até o século VII a.C., a legislação de Esparta —Grande Retra rados cidadãos, ou seja, eram excluídos da vida política as mulhe-
— estabelecia que o governo deveria ser exercido por dois reis res, os estrangeiros, os escravos e os jovens. A democracia de Ate-
(diarquia), por um conselho e por uma assembleia. A sucessão ao nas era, dessa forma, elitista, patriarcal e escravista, porque apenas
trono era hereditária e duas famílias dividiam o poder: os Ágidas e uma pequena minoria de homens proprietários de escravos poderia
os Euripôntidas. exercê-la.
O conselho, denominado Gerúsia, era formado pelos homens Os cidadãos participavam da Assembleia do Povo, órgão de de-
idosos e tinha um caráter apenas consultivo. A Assembleia, Ápela, cisão que ficava a cargo de aprovar ou rejeitar os projetos apresen-
era o órgão mais importante, e os cidadãos tomavam as decisões tados para a cidade. Esses projetos eram elaborados pelo Conselho
finais sobre todos os assuntos. dos Quinhentos, um conjunto de 500 cidadãos eleitos anualmente.
A Constituição e a organização política eram praticamente imu- Após serem aprovados pela Assembleia do Povo, os projetos eram
táveis, pois eram atribuídas a lendária figura de Licurgo, persona- executados, em tempos de paz, pelos estrategos.
gem histórica que, por ter um caráter divino, imprimia essa divini- A democracia ateniense acabou por volta de 404 a.C., quando a
zação às normas por ele criadas. cidade-estado foi derrotada por Esparta na Guerra do Peloponeso,
Com o processo de conquista da Plante Messênia concluído no voltando a ser governada por uma oligarquia.
seculo VII a C., as transformações políticas foram proporcionais às
mudanças socioeconômicas. O governo passou por uma transfor- Roma
mação conservadora e mais una vez essas alterações foram atribuí- Em Roma, também existia a ideia de cidadania como capacida-
das a Licurgo. Esparta adotou a oligarquia como forma de governo. de para exercer direitos políticos e civis e a distinção entre os que
A antiga Gerúsia passou a monopolizar o poder e, nesse momento, possuíam essa qualidade e os que não a possuíam.
compunha-se de 28 gerontes (cidadãos com mais de 60 anos), com A sociedade romana era composta basicamente de três classes:
poderes vitalícios. O Poder Executivo passou a ser exercido pelos Patrícios (descendentes dos fundadores);
éforos, cinco magistrados escolhidos pelos gerontes, com o manda- Plebeus (descendentes dos estrangeiros);
to de um ano. A antiga Ápela aprovava as leis apenas por aclamação, Escravos (prisioneiros de guerra e os que não saldavam suas
correspondendo, nesse contexto, a um órgão formal de decisões dívidas).
políticas, de caráter meramente consultivo. A diarquia continuou Existiam também os clientes, que eram homens livres, depen-
a existir, mas os seus poderes políticos foram esvaziados, restan- dentes de um aristocrata romano que lhes fornecia terra para culti-
do-lhe o exercício do poder sacerdotal e as atribuições militares. O var em troca de uma taxa e de trabalho
caráter conservador de Espana resultou da preocupação da mino- A cidadania em Roma era garantida aos homens livres. Apesar
ria esparciata em manter a maioria hilota (escravos) subordinada. da garantia ao homens livres, não eram todos aqueles considera-
Daí o militarismo do estamento dominante, a xenofobia (aversão dos livres que tinham o direito de exercê-la. Inicialmente apenas os
ao estrangeiro) e o laconismo (forma sintética de expressão), que patrícios possuíam direitos políticos, civis e religiosos. O cargo de
sufocavam o surgimento de ideias e restringiam o espirito crítico. senador, por exemplo, era vitalício e exclusivo apenas para os pa-
A sociedade espartana era composta de esparciatas (cidadãos trícios. Essa diferenciação entre patrícios e plebeus gerou diversos
e guerreiros de origem dória, que constituíam a camada social su- conflitos. Após a reforma do Rei Sérvio Túlio, os plebeus tiveram
perior e recebiam educação militar), periecos (aqueus, habitantes acesso ao serviço militar e lhes foram assegurados alguns direitos
da periferia, que, apesar de serem homens livres, não eram consi- políticos. Só a partir de 450 a.C., com a elaboração da famosa Lei
derados cidadãos) e hilotas (escravos). das Doze Tábuas, foi assegurada aos plebeus uma maior participa-
A sociedade era estamental, rigidamente hierarquizada e sem ção política, o que se deveu em muito à expansão militar romana.
mobilidade social.
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Direito Romano ROMA

Direito romano é um termo histórico-jurídico que se refere, ori- De acordo com a tradição, Roma surgiu às margens do Rio Ti-
ginalmente, ao conjunto de regras jurídicas observadas na cidade bre, em 753 a.C. Era uma espécie de acampamento militar dos po-
de Roma e, mais tarde, ao corpo de direito aplicado ao território do vos albanos contra os etruscos. Até 509 a.C., Roma foi governada
Império Romano e, após a queda do Império Romano do Ocidente por sete reis, quando o último deles, Tarquínio, o Soberbo, foi de-
em 476 d.C., ao território do Império Romano do Oriente. Mesmo posto. Iniciou-se então a República Romana. O regime republicano
após 476, o direito romano continuou a influenciar a produção ju- duraria até 27 a.C., data oficial do início do Império Romano, que
rídica dos reinos ocidentais resultantes das invasões bárbaras, em- se extinguiu no Ocidente, em 476 d.C., e no Oriente, em 1453 d.C.
bora um seu estudo sistemático no ocidente pós-romano esperaria Segundo a mitologia romana Rômulo e Remo são dois irmãos
a chamada redescoberta do Corpo de Direito Civil pelos juristas ita- gêmeos, um dos quais, Rômulo, foi o fundador da cidade de Roma e
lianos no século XI. seu primeiro rei. Conta a lenda, que Rômulo e Remo, eram filhos do
Os historiadores do direito costumam dividir o direito romano deus grego Ares, ou Marte seu nome latino, e da mortal Réia Sílvia
em fases. Um dos critérios empregados para tanto é o da evolução (ou Rhea Silvia), filha de Numitor, rei de Alba Longa.
das instituições jurídicas romanas, segundo o qual o direito romano Amúlio, irmão do rei Numitor, deu um golpe de estado, apode-
apresentaria quatro grandes épocas: rou-se da coroa e fez de Numitor seu prisioneiro. Réia Sílvia foi con-
finada à castidade, para que Numitor não viesse a ter descendência.
Época Arcaica (753 a.C. a 130 a.C.) Entretanto Marte desposou Réia que deu à luz aos gêmeos Rômulo
Época Clássica (130 a.C. a 230 d.C.)
e Remo. Amúlio, rei tirano, ao saber do nascimento das crianças as
Época Pós-Clássica (230 d.C. a 530 d.C.)
jogou no rio Tibre. A correnteza os arremessou à margem do rio
Época Justiniana (530 d.C. a 565 d.C.)
e foram encontrados por uma loba, chamada capitolina ou luper-
ca, que teria os amamentado e cuidado deles até que estes foram
A influência do direito romano sobre os direitos nacionais eu-
ropeus é imensa e perdura até hoje. Uma das grandes divisões do achados pelo pastor Fáustulo, que junto com sua esposa os criou
direito comparado é o sistema romano-germânico, adotado por di- como filhos.
versos Estados continentais europeus e baseado no direito romano. Quando Remo se tornou adulto se indispôs com pastores vi-
O mesmo acontece com o sistema jurídico em vigor em todos os zinhos, estes o tomaram e levaram a presença do rei Amúlio que
países latino-americanos. o aprisionou. Fáustulo revelou a Rômulo as circunstâncias de seu
Durante o primeiro período da história romana, que vai até a nascimento, este foi ao palácio e libertou ao irmão, matou Amúlio
criação da república em 510 a.C. o direito era baseado nos costu- e libertou seu avô Numitor. Numitor recompensou os netos dan-
mes, com a ligação do Direito Sagrado ao humano. do-lhes direito de fundar uma cidade junto ao rio Tibre. Os dois
No período republicano, que vai de 510 a.C. até Augusto, em consultaram os presságios e seguiram até a região destinada a cons-
27 a.C., no Direito Romano prevalecia o jus gentium sobressaindo trução da cidade. Remo dirigiu-se ao Aventino e viu seis abutres
sobre o jus fas (Direito Sagrado, religioso), que era o direito comum sobrevoando o monte. Rômulo indo ao Palatino avistou doze aves,
para todos os povos que habitavam o Mediterrâneo, além do con- fez então um sulco por volta da colina, demarcando o Pomerium,
ceito do bonum et aequum, e o conceito da boa-fé; recinto sagrado da nova cidade. Remo, enciumado por não ser o
O período do Direito clássico, é considerando a época áurea escolhido, zombou do irmão e, num salto, atravessou o sulco sendo
da jurisprudência, indo do reinado de Augusto até o imperador morto por Rômulo, que o enterrou no Aventino.
Diocleciano. Existe uma participação maior dos jurisconsultos, que Rômulo, após a fundação da cidade, preocupou-se em povoá-
são os conhecedores do Direito na época, além da substituição do -la. Criou o Capitólio um refúgio para todos os banidos, devedores
direito magistratural (jus honorarium) que auxiliava, e supria o cer- e assassinos da redondeza. A notícia da nova cidade se espalhou e
ne originário do Direito Quiritário; no lugar deste surge o cognitio os primeiros habitantes foram chegando, principalmente Latinos e
extra ordinem, administração da justiça de aplicação particular do Sabinos. Rômulo, após longa batalha com os Sabinos, firmou acor-
imperador. do com Tito Tácio, seu rei e com este reinou sob uma só nação na
O último período do Direito Romano acontece após o impe- grande cidade de Roma.
rador Diocleciano (século IV d.C.), e vai até a morte do imperador A Rômulo também é atribuída a instituição do Senado e das
Justiniano. Durante este período que surgiu o direito pós-clássico, Cúrias.
havendo a ausência de grandes jurisconsultos, e ocorrendo uma
adaptação das leis em face da nova religião Cristã que ficou popular
Monarquia Romana
no império. Durante este período ocorre a formação do direito mo-
derno, que começa a ser codificado a partir do século VI d.C. pelo
Durante a fase da Monarquia, a economia de Roma era base-
imperador Justiniano.
Apesar de proteger as liberdades individuais e reconhecer a ada na agricultura e no pastoreio. A sociedade era formada pelos
autonomia da família com o pátrio poder, o Direito Romano não patrícios, originários das antigas famílias, que constituíam os gran-
assegurava a perfeita igualdade entre os homens, admitindo a es- des proprietários de terra e rebanhos; clientes, homens livres, de
cravidão e discriminando os despossuídos. Ao lado da desigualdade famílias pobres, que viviam sob a proteção dos patrícios; plebeus,
extrema entre homens livres e escravos, o Direito Romano admitia representados pelos estrangeiros, pequenos proprietários, artesãos
a desigualdade entre os próprios indivíduos livres, institucionalizan- e comerciantes.
do a exclusão social.

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Em toda a fase monárquica, as lendas falam da existência de Por dominarem a maior parte da terra conquistada, os patrícios
sete reis: dois latinos, dois sabinos e os três últimos etruscos. Nessa passavam a estabelecer uma oferta cada vez maior e mais barata
última fase, a cidade de Roma passou por um grande desenvolvi- de gêneros alimentícios, o que prejudicou os pequenos e médios
mento urbano, em decorrência do notável conhecimento de téc- proprietários plebeus. A competição desnivelada entre patrícios e
nicas arquitetônicas dos etruscos, que exerceram uma profunda plebeus obrigou o segundo grupo a abrir mão de suas terras e tor-
influência na civilização romana. nar-se mão de obra barata nos centros urbanos romanos
Até o advento dos reis etruscos, em 640 a.C., Roma era gover- O grande acumulo de plebeus nos grandes centros e a disponi-
nada por soberanos que dependiam do Senado — Conselho dos bilidade de escravos, principalmente em cidades como Roma, fazia
Anciãos —, órgão formado exclusivamente por patrícios. As deci- com que a inserção social e econômica dos plebeus fosse cada vez
sões eram aprova - das pela Assembleia Curiata, que reunia todos mais limitada. Com o tempo esses fatores vão aumentar as tensões
os cidadãos das famílias aristocráticas, cuja fina li da de era votar as na sociedade romana.
leis e aprovar a guerra. Com o intuito de amenizar os problemas vividos pela sociedade
romana, os tribunos da plebe e irmãos Tibério e Caio Graco esta-
Estrutura do poder na República Romana beleceram reformas ligadas à questão agrária. No ano de 133 a.C.,
Cônsules: chefes da República, com mandato de um ano; eram Tibério Graco conseguiu aprovar uma lei que limitou a extensão das
os comandantes do exército e tinham atribuições jurídicas e reli- terras pertencentes à nobreza e determinou a distribuição de terras
giosas. públicas para os despossuídos. A repercussão da lei foi grande e
Senado: composto por 300 senadores, em geral patrícios. Eram gerou descontentamento entre os grandes proprietários, que arqui-
eleitos pelos magistrados e seus membros eram vitalícios. Respon- tetaram o assassinato de Tibério pouco tempo depois.
sabilizavam-se pela elaboração das leis e pelas decisões acerca da Dez anos após o assassinato de Tibério, seu irmão Caio Graco
política interna e externa.
chega ao cargo de tribuno da plebe, com intenções de continuar o
Magistraturas: responsáveis por funções executivas e judiciá-
projeto de seu irmão. Conquistando apoio politico de alguns grupos
ria, formadas em geral pelos patrícios.
da sociedade com benefícios como dos cavaleiros romanos ao be-
Assembleia Popular: composta de patrícios e plebeus; destina-
neficiá-los com uma lei que lhes concedia o direito de participar dos
va-se a votação das leis e era responsável pela eleição dos cônsules.
Conselho da Plebe: composto somente pelos plebeus; elegia tribunais que controlavam a administração dos recursos públicos
os tributos da plebe e era responsável pelas decisões em plebiscitos empregados nas províncias romanas e o oferecimento de cidadania
(decretos do povo). romana a povos alidos na Peninsula Italica, Caio conseguiu apro-
var leis que estabeleciam mudanças na distribuição de terras que
Expansão das Fronteiras Romanas haviam sido conquistadas em tarento e na Cápua. Outra medida
importante foi o estabelecimento da Lei Frumentária, estipulando a
Iniciado durante a República, o expansionismo romano teve venda de trigo para cidadões mais pobres a preços menores.
basicamente dois objetivos: defender Roma do ataque dos povos As ideias de de ampliação da cidadania romana levaram ao
vizinhos rivais e assegurar terras necessárias à agricultura e ao pas- declínio de Caio Graco. O temor da população em perder seus be-
toreio. As vitórias nas lutas conduziram os romanos a uma ação nefícios do pão e circo o fizeram perder popularidade. Após tenta-
conquistadora, ou seja, a ação do exército levou à conquista e in- tivas infrutíferas de reeleição e um golpe de estado falho, o Senado
corporação de novas regiões a Roma. Dessa forma, após sucessivas decretou estado de sítio. Sem alternativas, Caio e seus seguidores
guerras, em um espaço de tempo de cinco séculos, a ação expan- se viram acuados, o que levou o tribuno ao monte Aventino, onde
sionista permitiu que o Império Romano ocupasse boa parte dos ordenou sua morte pelas mãos de um escravo.
continentes europeu, asiático e africano.
O avanço das forças militares romanas colocou o Império em Período de instabilidade política
choque com Cartago e Macedônia, potências que nessa época do- Com o fim das Guerras Púnicas, em 146 a.C., iniciou-se um
minavam o Mediterrâneo. As rivalidades entre os cartagineses e os período de intensa agitação social. Além dos escravos, povos da
romanos resultaram nas Guerras Púnicas (de puni, nome pelo qual Península Itálica também se revoltaram, só que exigindo o direito
os cartagineses eram conhecidos). à cidadania romana. A expansão das conquistas e o aumento das
As Guerras Púnicas desenvolveram-se em três etapas, durante pilhagens fortaleceram o exército romano, que então se colocou na
o período de 264 a 146 a.C. Ao terminar a terceira e última fase das luta pelo poder. Assim, esse período ficou marcado por uma acir-
Guerras Púnicas, em 146 a.C., Cartago estava destruída. Seus sobre- rada disputa política entre os principais generais, abrindo caminho
viventes foram vendidos como escravos e o território cartaginês foi para os ditadores.
transformado em província romana. Com a dominação completa da
Essa crise se iniciou com a instituição dos triunviratos ou triar-
grande rival, Roma iniciou a expansão pelo Mediterrâneo oriental
quia, isto é, governo composto de três indivíduos. O Primeiro Triun-
(leste). Assim, nos dois séculos seguintes, foram conquistados os
virato, em 60 a.C., foi composto de políticos de prestigio: Pompeu,
reinos helenísticos da Macedônia, da Síria e do Egito. No final do
Crasso e Júlio César. Esses generais iniciaram uma grande disputa
século I a.C., o mediterrâneo havia se transformado em um “lago
romano” ou, como eles diziam, Mare Nostrum (“nosso mar”). pelo poder, até que, após uma longa guerra civil, Júlio César venceu
seus rivais e recebeu o título de ditador vitalício.
Irmãos Graco e a Questão Agrária Durante seu governo, Júlio César formou a mais poderosa le-
Com sua politica expansionista Roma consegue, a cada novo gião romana, promoveu uma reforma político-administrativa, dis-
território conquistado, além das vitorias militares a dominação de tribuiu terras entre soldados, impulsionou a colonização das provín-
terras que se somavam para aumentar as suas fronteiras cias romanas e realizou obras públicas.
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O imenso poder de César levou os senadores a tramar sua mor- rio, resultante do aumento das despesas, levou o poder político a
te, o que aconteceu em 44 a.C. Os generais Marco Antônio, Lépido aumentar excessivamente os impostos. Os preços se elevaram, os
e Otávio formaram, então, o Segundo triunvirato, impedindo que o mercados se retraíram e a produção declinou.
poder passasse para as mãos da aristocracia, que dominava o Se- O Império Romano, já na época de Augusto, abrangia a maior
nado. parte do mundo então conhecido. Suas legiões garantiam a domi-
A disputa pelo poder continuou com o novo triunvirato. Em 31 nação das províncias, fornecedoras de riquezas que fizeram a gran-
a.C., no Egito, Otávio derrotou as forças de Marco Antônio e retor- deza de Roma.
nou vitorioso a Roma. Fortalecido com essa campanha, Otávio pôde Começou o êxodo urbano, a concentração da vida no campo
governar sem oposição. Terminava, assim, o regime republicano e em propriedades autossuficientes, chamadas vilas, precursoras dos
iniciava o Império. feudos medievais. Caracterizavam-se pela economia agrária de con-
sumo, com o trabalho exercido em termos de meação. Os clientes
Alto Império Romano (romanos) e os colonos (germânicos) cultivavam a terra, entregan-
do metade da produção ao dono da mesma. Os pequenos proprie-
O Império se estabeleceu de fato em Roma quando Caio Otá- tários endividados (precários) tinham o mesmo estatuto, sendo
vio retornou do Egito com seu numeroso exército. O Senado con- porém livres, ao passo que clientes e colonos viam-se presos à área
cedeu-lhe vários títulos que legalizaram seu poder absoluto: côn- em que trabalhavam.
sul vitalício, censor, imperador, príncipe do Senado e, finalmente, Nessa mesma época, agravou-se a crise religiosa. O Cristia-
Augusto (título até então só atribuído aos deuses e que permitia a nismo começou a se difundir pelo Império logo após o martírio de
Otávio escolher seu sucessor). Embora Otávio Augusto conservasse Cristo, ocorrido no reinado de Tibério. Os Apóstolos iniciaram sua
durante seu reinado as aparências republicanas, seu poder apoia- difusão e São Pedro fundou o Bispado de Roma; foi martirizado
va-se efetivamente no imperium (comando do Exército), no poder juntamente com São Paulo na época do imperador Nero. Este foi o
autor da primeira perseguição aos cristãos. Nas perseguições poste-
proconsular (direito de indicar os governadores das províncias) e no
riores, os cristãos foram acusados de não cultuar os deuses pagãos
poder tribunício (poder de representar a plebe).
nem o imperador (considerado divino desde que Otávio se tomou
Augusto reorganizou as províncias, dividindo-as em imperiais
Augusto). Além disso, atribuía-se- lhes a responsabilidade pelas ca-
(militares) e senatoriais (civis). Indicava os governadores e os con-
lamidades que ocorressem: enchentes, tempestades, pestes e in-
trolava através de inspeções diretas e relatórios anuais feitos pelos cêndios. A última perseguição foi desencadeada entre 303 e 304,
sucessores dos mesmos. Criou o sistema estatal de cobrança de im- pelo imperador Diocleciano (284-304). Quase sempre, os impera-
postos, acabando com a concessão da arrecadação a particulares dores tentavam colocar a população contra os cristãos, buscando o
(publicanos). apoio da plebe pagã.
No plano social, acabou com a tradicional superioridade do pa- Contudo, as perseguições tiveram um efeito contrário ao es-
triciado e criou um sistema censitário baseado na renda anual de perado, pois acabavam convertendo os espectadores pagãos, im-
cada um. Os mais ricos, acima de 1 milhão de sestércios (moeda pressionados com a firmeza e resignação dos cristãos diante dos
de prata cunhada em Roma), pertenciam à Ordem Senatorial, que sofrimentos. Em 313, Constantino baixou o Edito de Milão, proibin-
tinha todos os privilégios políticos e se distinguia pelo uso da cor do as perseguições aos cristãos e dando-lhes liberdade de culto. A
púrpura. A renda acima de 400 mil sestércios indicava o homem da partir de então, a difusão do Cristianismo ganhou um impulso ainda
Ordem Equestre, com menos direitos e a cor distintiva azul. Abaixo maior: em 390, o imperador Teodósio proibiu o culto pagão e oficia-
desse índice monetário ninguém tinha direitos políticos, era a Or- lizou o Cristianismo.
dem Inferior.
Augusto procurou conter a influência da cultura oriental e gre- Difusão do Cristianismo
ga (helenística), que dominava Roma e estimulava a busca do prazer Nessa época, o clero cristão já estava estruturado. Presbíteros
(hedonismo) e o culto aos deuses místicos orientais. Tentou reavi- obedeciam aos bispos, os bispos das cidades menores obedeciam
var os valores morais do passado agrário de Roma, sem muito êxito. aos bispos das capitais de província (metropolitas) e estes, aos bis-
Para defender suas ideias, trouxe para a corte literatos como Tito pos das grandes cidades (Constantinopla, Antioquia e Alexandria),
Lívio, Virgílio, Ovídio e Horácio. os chamados patriarcas; estes, enfim, obedeciam ao papa (bispo de
Não tendo herdeiros diretos, Augusto indicou como sucessor Roma), cuja autoridade sobre os cristãos foi oficializada pelo impe-
seu genro, Tibério. Não obstante, as indicações seguintes seriam rador Valentiniano III, em 455.
em geral feitas pelos militares, notadamente da Guarda Pretoriana. Ao clero secular (que vivia em contato com a sociedade laica,
Com Augusto começou a dinastia Júlio-Claudiana do Império ou “o mundo” = “saeculum”) se contrapunha o clero regular, cons-
Romano, a qual seria continuada pelos Flávios até 96 d.C., quando tituído pelos monges — ascetas que viviam isolados nos desertos;
era chamado “regular” porque obedecia a uma “regra” que impu-
terminaram os chamados Doze Césares. Em seguida viriam os Anto-
nha a castidade, pobreza e renúncia aos bens materiais. A primeira
ninos e mais tarde os Severos, já no século III.
regra foi estabelecida por São Basílio, seguindo-se lhe a de São Ben-
to (beneditinos).
Baixo Império Romano
Portanto, ao mesmo tempo em que enfraquecia o poder impe-
rial, o Cristianismo tornava-se a própria base legal do poder no fim
No século III tem início a crise do Império, abalado por pro- do Império.
blemas econômicos, militares, políticos e religiosos. A crise econô- Mas a situação se agravava. A crise política estava intimamente
mica tinha suas origens na cessação das guerras de conquista e na relacionada com os problemas militares, pois o Exército conturbava
consequente redução do número de escravos. O déficit orçamentá- a ordem nas épocas de sucessão imperial. Já na última fase do Im-
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pério, Diocleciano (284- 304) tentou contornar o problema dividin- Na poesia destacaram-se Ovídio, Virgílio, Marcial, Juvenal e Ho-
do-o em quatro partes (tetrarquia). Depois de sua morte, as dispu- rácio. A Filosofia teve Plínio, Sêneca e Marco Aurélio; a oratória, Cí-
tas sucessórias renasceram, pois Constantino reunificou o Império. cero. Na História destacaram-se Tito Lívio, Tácito, Salústio. Suetônio
Outras divisões se verificaram, até à última, determinada por e Políbio. Nos fins do Baixo Império, apareceram com destaque os
Teodósio, em 395, que criou o Império Romano do Ocidente (Roma) escritores cristãos, como São Jerônimo e Santo Agostinho.
e o Império Romano do Oriente (Constantinopla). Depois dessa di- ]
visão nunca mais o Império se reunificou em sua integridade, pois Império Romano16
os invasores germânicos ocuparam a parte ocidental, enquanto o
Império Oriental sobreviveu até a conquista muçulmana de Cons- Uma breve introdução
tantinopla, em 1453. Recebe o nome de Império Romano (em latim, Imperium Roma-
O golpe final no Império Romano do Ocidente foi desfechado num) o estado existente entre 27 a.C. e 476 d.C. e que foi o sucessor
pelos germânicos, que começaram a se infiltrar militarmente em da República Romana. De um sistema republicano semelhante ao
fins do século IV. Mas as chamadas “Grandes Invasões” começa- da maioria dos países modernos, Roma passa a ser governada por
ram em 406. Primeiro vieram os visigodos: liderados por Alanco, um imperador vitalício, e que em 395 dividirá o poder com outro
saquearam Roma e se fixaram na península Ibérica e sul da Gália, imperador baseado em Bizâncio, (depois rebatizada Constantinopla
constituindo o primeiro reino germânico dentro das fronteiras do e atualmente Istambul). Foi em sua fase imperial (por volta de 117
Império. Os vândalos seguiram o exemplo, saindo do Danúbio, cru- d.C.) que Roma acumulou o máximo de seu poder e conquistou a
zando a Gália e Espanha e se estabelecendo no norte da África. Os maior quantidade de terras de sua história, algo em torno de 6 mi-
francos ocuparam o norte da Gália. Os anglos e saxões invadiram a lhões e meio de quilômetros quadrados, um território do tamanho
Britânia (Inglaterra), ocupando as terras baixas. do Brasil, sem os estados do Pará e Mato Grosso.
Com o Império em acelerada decadência, os bárbaros germâni- O império tinha por característica principal uma estrutura mui-
cos lançaram-se sobre aquilo que restava do esplendoroso mundo to mais comercial do que agrária. Povos conquistados eram escra-
romano. vizados e as províncias (regiões controladas por Roma) eram uma
Em 476, o Império do Ocidente reduzia-se ao território da Itália. grande fonte de recursos. O primeiro imperador foi Otávio, entre
O imperador Júlio Nepos foi deposto por Orestes, chefe do Exército, 27 a.C. a 14 d.C. Antes, porém, é importante citar Júlio César, que
que colocou seu filho de 6 anos no trono com o nome de Rômulo com suas manobras políticas acabou por garantir seu governo vi-
Augústulo. Odoacro (rei dos hérulos), chefe bárbaro aliado a Júlio talício, entre 49 a.C. até seu assassinato em 44 a.C. Apesar de não
Nepos, deu um contragolpe: afastou Orestes e Rômulo Augústulo, ser considerado imperador, César foi o verdadeiro responsável pela
assumindo o título de “rei da Itália”. As insígnias imperiais foram consolidação do regime; prova disso é que todos os seus sucessores
enviadas para Constantinopla, o que significava, ao menos teorica- passam a receber o título de “césar”, e seu perfil é incluído em meio
mente a reunificação do Império sob o domínio de Constantinopla. ao dos imperadores romanos na histórica obra “As Vidas dos Doze
Césares”, de Suetônio.
Cultura Romana
O Império Romano foi governado por várias dinastias:
A religião romana tradicional não comportava dogmas. Era Dinastia Júlio-Claudiana (de 14 a 68)
prática e imediatista. Incluía o culto dos antepassados, o culto dos Dinastia dos Flávios (de 69 a 96)
deuses públicos e a crença nos auspícios e prodígios (manifestações Dinastia do Antoninos (de 96 a 192)
divinas através da Natureza). Dinastia dos Severos (de 193 a 235)
As conquistas romanas na Grécia e Oriente Próximo abriram o
caminho para a introdução de divindades orientais, tais como Isis, A religião politeísta romana, em muitos aspectos similar à da
Serápis e Mitra. Obviamente, os deuses greco-romanos tradicio- Grécia antiga foi a principal do Estado durante boa parte de sua
nais, como Júpiter, Juno e Minerva, caíram em descrédito. O Mitra- história, até 313, quando o imperador Constantino institui o Edito
ísmo, uma religião de raízes persas relacionada com o culto do Sol e de Milão, que tornaria o cristianismo religião oficial do império até
representada pelo touro, fez inúmeros adeptos. o seu final. Em 395, o imperador Teodósio divide o império, estabe-
O Cristianismo veio a substituir todos esses cultos pagãos. Mas lecendo uma duarquia, com um imperador em Roma, responsável
seu domínio sobre o Império somente se efetivou em fins do século pela metade ocidental e outro em Bizâncio, responsável pela meta-
IV. de oriental do império.
Por volta do século III, inicia-se a lenta decadência do Império
Arte Romano, devido à corrupção dentro do governo e os gastos com
A arte romana tem pouca originalidade. Em seus primórdios, luxo, o que drenava os investimentos no exército. Com o fim das
caracterizava-se pela influência etrusca ou das colônias gregas da conquistas, diminui o número de escravos, e há uma queda na pro-
Magna Grécia. Posteriormente, foi marcada pela influência helenís- dução agrícola. Isso gerava por sua vez um menor pagamento de
tica, que aparece nas principais construções romanas: arcos triun- tributos das províncias. As constantes pressões do bárbaros, aliados
fais, aquedutos, teatros, anfiteatros, circos, termas, bem como nas aos problemas já citados culminam com o fim do Império Romano
esculturas. do Ocidente, em 476.

Literatura
A maior contribuição romana à história da cultura foi no setor
literário. Não na literatura científica, na qual os exemplos são pou-
cos, mas na literatura filosófica, jurídica e política. 16 https://bit.ly/2nkJDjF
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De acordo com a leitura de muitos historiadores, porém, o Império Romano só chegou de fato ao seu fim em 1453, com a tomada de
Constantinopla pelos turcos otomanos. Isto porque, apesar de ser conhecido nos manuais de história como Império Bizantino (império
cuja capital é Bizâncio), seu nome oficial era Império Romano, e seus cidadãos geralmente se denominavam romanos, apesar da religião
estatal ser a ortodoxa grega e a língua oficial ser o grego. Aliás, o adjetivo “romano” permaneceu na língua grega com o mesmo sentido até
mesmo depois da unificação grega em 1821.

Império Romano - A desintegração: Divisão e invasões bárbaras17


(Veremos aqui alguns eventos e personagens anteriores ao período imperial (oficialmente falando) mas que marcaram a história de
forma a não existir maneiras de não abordá-los quando falamos em Roma. Alguns desses personagens, como falamos de César acima,
apesar de nunca usarem o título de imperador, tiveram muito mais poder sobre Roma do que alguns imperadores já no período do Baixo
Império (235 – 476).

A ascensão dos militares


Com as vitórias do exército, os chefes militares conquistaram prestígio e começaram a ganhar popularidade (competindo com o Se-
nado).
Mário foi o primeiro a se destacar nessa área. Com fama após conquistar vitórias sobre a Numídia no norte da África, no ano de 106
a.C., foi eleito cônsul no ano seguinte. Uma figura que já era amada por soldados, principalmente de sua legião, Mário fez muito pelo exér-
cito romano. Foi ele quem instituiu o pagamento de solto aos soldados, permitiu que eles participassem dos espólios de guerra lhes deu o
benefício de receber terras como prêmio após 25 de serviços.
Foi reeleito cônsul várias vezes (o que não era permitido) e suas medidas desagradavam os conservadores do senado. Morre em 82
a.C., (segundo dizem, com “aprovação” do Senado e deu seu maior rival militar na época, Sila).
Após da morte de Mário, Sila impõe uma ditadura em Roma e governa até 78 a.C.

César, Crasso e Pompeu


Crasso e Pompeu surgem também se aproveitando do prestígio militar. Após o governo de Sila, várias revoltas ameaçaram o território
romano, o que exigiu grandes campanhas militares.
Crasso foi responsável pela vitória contra Espártaco (líder da maior revolta de escravos do mundo antigo).
Pompeu venceu uma rebelião popular comandada por Sertório na Península Ibérica entre os ano de 78 e 72 a.C.
César, que era sobrinho de Mário, vivenciou o melhor período e a queda do tio contra Sila e sofreu as consequências por isso, começou
a ganhar prestígio ligado ao partido popular (no qual Mário sempre teve maior aproximação).
Em 60 a.C. Crasso, Pompeu e César foram eleitos senadores e se uniram (cada qual com seu interesse) em um governo chamado de
Primeiro Triunvirato.
Logo após a criação do Triunvirato, César parte com suas legiões para a Gália, com o intuito de consolidar a conquista romana no ter-
ritório, e como sabia, aumentar o próprio prestígio através das conquistas militares.
Com a morte de Crasso, César e Pompeu iniciam a disputa pelo poder. Pompeu se aproveitou de sua influência dentro do senado (e
do fato de César ainda estar na Gália) para que obtivesse o título de cônsul com plenos poderes. E com o aval do senado ordena que César
desmobilize suas legiões e retorne a Roma.
César se recusa a obedecer as ordens de Pompeu e do senado e de forma rápida marchou com suas legiões contra Roma (49 a.C.)
com o discurso de que agora havia uma ditadura contra o povo governando a cidade. Pompeu e seus aliados (grande parte dos senadores
romanos) fogem para o oriente. César os persegue até vencê-los na Grécia, e a seguir conquista o Egito, que foi transformado em prote-
torado romano.
Retornando para Roma em triunfo, César foi proclamado ditador perpétuo. Em seu governo, promoveu a construção de obras públi-
cas, reorganizou finanças, fundou colônias e distribuiu terras.
Estendeu o direito de participação política aos habitantes das províncias conquistadas em uma tentativa de unificar o mundo roma-
no.
Com um exército que o amava e com o apoio da plebe, Júlio César concentrava todo o poder em suas mãos (o que descontentava o
senado).
Uma conspiração de senadores faz com que César seja assassinado em 15 de março de 44 a.C.

Os herdeiros políticos de César


Com a morte de César, a disputa pelo poder ficou entre Marco Antônio (general popular e amigo de César desde as campanhas na
Gália) e Otávio (sobrinho de César e filho adotivo, uma vez que César não teve filhos homens e em testamento deixa seus bens para Otá-
vio e para o Povo de Roma).
Marco Antônio e Otávio se juntam a Lépido (um rico banqueiro romano) e forma o Segundo Triunvirato, que teve apenas cinco anos
de duração.
Os três dividiram o território romano entre si, e levados por Marco Antônio e Otávio, eliminam todos os conspiradores da morte de
César.

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Após isso Otávio e Marco Antônio passam a brigar pelo poder e Otávio o vence em 31 a. C. Ao retornar a Roma, Otávio recebe os
títulos de primeiro cidadão (Princeps), divino (Augusto) e suprmo (Imperator). Augusto, como passou a ser chamado, se tornou o primei-
ro imperador de Roma.

Território romano em seu auge.

Mapa extraído de “Acetato 7”, História 7, Porto Editora

O Baixo Império
O desguarnecimento do limes (ou fronteiras) tornava-se ainda mais grave naquelas regiões onde as fronteiras naturais do Império (de-
sertos, montanhas, oceano) eram mais frágeis. E essa fragilidade mostrava-se mais acentuada na fronteira do Império com a vasta região
conhecida como Germânia, a qual tinha como fronteira básica os rios Reno e Danúbio.
A região conhecida pelos romanos como Germânia abrigava uma série de povos, genericamente chamados de germânicos, como
francos, vândalos, visigodos, ostrogodos, anglos, saxões, jutos, hérulos, burgúndios, lombardos e vários outros. Tais povos representavam
um potencial numérico muito grande e uma ameaça efetiva ao Império, notadamente num quadro de retração do seu poderio militar.

Tetrarquia e divisão do Império


A crise econômica teve também uma clara manifestação administrativa. A redução da arrecadação gerou uma queda no número de
funcionários do Estado, tornando a administração mais difícil, principalmente nas províncias mais distantes de Roma.
Numa tentativa de sanar esse problema, o imperador Diocleciano dividiu o Império em duas partes: o Ocidente, com capital em Roma,
e o Oriente, com capital em Bizâncio, às margens do mar Negro. Em cada uma dessas partes havia um imperador, com o título de Augusto,
e um outro governante para as regiões mais distantes, com o título de César. Por contar com, na verdade, 4 governantes, essa forma de
divisão foi chamada de Tetrarquia.
A Tetrarquia durou pouco tempo. Já no início do século 4, o imperador Constantino reunificou o Império. Entretanto, como o risco de
invasão fosse maior na parte ocidental, ele transferiu a capital para Bizâncio, mais protegida e, na época, mais rica. Ali, ele ergueu uma
cidadela para servir de sede ao governo, dando a ela o nome de Constantinopla, nome que, durante séculos, acabou designando toda a
cidade.
Durante o século 4, o Império manteve-se unificado, com sua sede em Constantinopla. No final do século, o imperador Teodósio
estabeleceu, em 395, a divisão definitiva: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do Oriente, também
chamado de Império Bizantino, com capital em Constantinopla.
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Decadência e êxodo urbano Ao longo de quase um século, os hunos assolaram regiões da


Ao mesmo tempo em que o Império se debatia com toda a sor- Europa, chegando mesmo a sitiar Roma em 452. Ferozes, saquea-
te de dificuldades administrativas e militares, os aspectos econô- dores e extremamente numerosos, eles espalharam terror por vá-
mico e social da crise iam gerando uma nova realidade. O declínio rias regiões da Europa, incluindo a Germânia.
do comércio gerava uma decadência de toda a atividade urbana. Para vários historiadores, os ataques dos hunos contribuíram
E a incapacidade crescente do Estado romano de manter a ordem largamente para pressionar os povos germânicos em direção às ter-
e a paz internas transformava as cidades em alvo de ataques e sa- ras pertencentes a Roma, acelerando o processo de invasões. Tais
ques. Outro elemento era a impossibilidade de manter a política de invasões se estenderam ao longo do século 5. Os visigodos saque-
concessão de alimentos à plebe miserável, tornando impossível sua aram Roma em 410, e os vândalos em 455; os francos, após saque-
permanência em Roma. arem Roma, ocuparam a Gália; anglos, saxões e jutos invadiram a
Esses elementos vão gerar um processo de êxodo urbano. A Bretanha; burgúndios, o sul da França; lombardos, o norte da Itália;
grande massa que sai das cidades para o campo vai passar a viver e, em 476, os hérulos, seguidos pelos ostrogodos, depuseram o úl-
e trabalhar naqueles mesmos latifúndios em que, até então, utiliza- timo imperador, Rômulo Augusto.
va-se a mão-de-obra escrava. O declínio da escravidão abria espaço, Esse evento assinala oficialmente o fim do Império Romano
portanto, para o trabalho plebeu, mas em condições significativa- do Ocidente. A parte oriental do Império manteve-se unificada até
mente diferentes. 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos. Entretan-
Tais latifúndios continuavam com sua mesma extensão, sendo to, a influência do chamado Império Bizantino sobre a Europa foi
necessário que várias famílias vivessem e trabalhassem dentro de rapidamente esvaindo-se. As áreas dominadas pelos vários povos
uma mesma propriedade. Assim, a paisagem rural do Império, no- germânicos deram origem a uma série de reinos fragmentados,
tadamente no ocidente, passou a se caracterizar por um tipo de destruindo a unidade imposta pelos romanos. Também esse evento
propriedade à qual os romanos davam o nome de vilas, nas quais assinala o início da Idade Média europeia, erigida a partir justamen-
várias famílias de trabalhadores vivem e trabalham numa terra que te da integração entre elementos romanos e germânicos.
não lhes pertence.

Bases do feudalismo
Esse processo de ruralização apresentava outras característi- FEUDALISMO
cas. Esses trabalhadores, apesar de serem livres, não eram proprie-
tários da terra. Ao mesmo tempo, a escassez de moedas inviabiliza-
va o pagamento de salários. Dessa forma, a única possibilidade de IDADE MÉDIA E FEUDALISMO
vida para esses trabalhadores era extrair da terra o seu sustento,
entregando ao proprietário um excedente - como forma de paga- Feudalismo
mento pelo uso da terra. São os primeiros rudimentos econômicos
do feudalismo, já presentes na crise do Império. O Feudalismo, ou sistema feudal, corresponde ao modo de or-
Ao lado desses elementos, outra realidade se desenrolava. ganização da vida durante a Idade Média na Europa Ocidental. Suas
Desde o início do século 3, o Império havia adotado a política de origens remontam à crise do Império Romano a partir do século III.
permitir que tribos bárbaras se instalassem dentro das suas fron- A Idade Média abrange um longo período da história europeia,
teiras. Essa relação estabelecia-se com o Império cedendo a essas e é comum dividi-la em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade
tribos terras, chamadas pelos romanos de feudus. Média.
Esses bárbaros eram admitidos na condição de colonos, segun- - A Alta Idade Média, é o período que vai do século V ao XI,
do a qual, em troca da terra, eles se comprometiam a cultivá-la, pa- corresponde à formação e consolidação do sistema feudal;
gar tributos ao Império e, por lei, estar presos à terra, não podendo - A Baixa Idade Média, é o período que vai século XI ao XV,
deixá-la. Isso se explica pela necessidade romana de usar esses po- caracteriza-se pela crise do feudalismo e início da formação do sis-
vos para a própria defesa das regiões fronteiriças. Tanto que esses tema capitalista.
bárbaros eram também considerados como federados ao Império, A formação do sistema feudal tem início com a crise do século
termo que tinha uma conotação de aliados militares. III do Império Romano e acentua-se no século V, com as invasões
Quando a crise no interior do Império agravou-se, no final do dos povos germânicos. A queda do escravismo, a formação do co-
século 3, com Roma cada vez mais dependente da produção agríco- lonato e a posterior implantação de um regime servil constituem o
la, o regime de colonato foi estendido para as próprias populações passo decisivo para a formação do sistema.
romanas. Tal medida foi baixada pelo imperador Diocleciano, tor- Por outro lado, os germanos que invadiram o Império Romano
nando o colonato uma instituição. levaram consigo relações sociais comunitárias de exploração cole-
tiva das terras e subordinação aos grandes chefes militares (comi-
Os hunos, os povos germânicos e o fim do Império tatus). As invasões, além de despovoar as cidades, aumentando a
A partir do final do século 4, a situação do Império tendeu ao população rural, dificultaram as comunicações e provocaram o iso-
colapso. Já por volta de 370, a presença de um povo asiático - os lamento das localidades, forçando-as a adotar uma economia de
hunos - no sul da Europa contribuiu para destruir o frágil equilíbrio subsistência autossuficiente.
em que ainda se assentava o Império e sua relação com os povos O feudalismo pode ser definido de vários modos. A melhor
bárbaros. maneira, porém, é defini-lo conforme suas relações sociais básicas:
relações vassálicas (entre os senhores ou nobreza), relações comu-
nitárias (entre os servos) e relações servis (que ligavam o mundo
dos senhores ao mundo dos servos).
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Esta última ligação se processava por meio das obrigações, que Na corveia o servo ficava obrigado a trabalhar nas terras do
resultavam das imposições feitas pelo senhor aos servos, de realizar nobre por alguns dias da semana;
paga mentos em produtos ou serviços, e que constituem a própria Na talha, o camponês ficava obrigado a entregar ao senhor feu-
essência do feudalismo. Tais obrigações eram costumeiras e não dal parte de sua produção;
contratuais, como ocorre no sistema capitalista. Note-se que o ser- Nas banalidades o servo era obrigado a pagar pela utilização
vo era vinculado ao feudo, dele não podendo sair. do moinho, do forno e demais utensílios pertencentes ao senhor.
Mão-morta, uma espécie de taxa que o servo devia pagar ao
Feudos senhor feudal para permanecer no feudo quando o pai morria.
A posse de bens variava de acordo com as circunstâncias: Tostão de Pedro (10% da produção), que o servo devia pagar à
Propriedade privada, no manso senhorial (terra do senhor); Igreja de sua região.
Propriedade coletiva, nos pastos e bosques (de uso comum
para senhores e servos); Outra classe social existente no feudo era o clero, os membros
Propriedade dupla, isto é, copropriedade, no manso servil. (O da Igreja. Os clérigos eram os responsáveis pela transmissão reli-
senhor detinha a posse legal e o servo, a posse útil da terra.) giosa e cultural. Também eram os responsáveis pelas leis, que nes-
Levando-se em consideração que a maior parte da produção ta época eram transmitidas pela interpretação religiosa. Isto tudo
obtida pelo servo não se conservava em suas mãos, pois passava garantia ao clero a responsabilidade pelo caráter moral da socie-
para o senhor feudal, seu interesse era mínimo. Associando-se a dade. E, não por acaso, que foi neste período que a Igreja Católi-
este fato o de que os trabalhos agrícolas eram realizados coletiva- ca se transformou na mais poderosa instituição da Idade Média. O
mente, tolhendo a iniciativa individual, eles resultavam em baixo domínio da Igreja foi garantido por ela ser a única com acesso ao
nível da técnica e pequena produtividade: para cada grão semeado, saber. Afinal, somente os membros do clero podiam ser instruídos
colhiam-se dois. Daí o regime de divisão das terras cultiváveis em de educação e, consequentemente, eram os poucos que sabiam ler
três campos, destinados alternadamente para o plantio de cereais e escrever. O clero era sustentado pelos dízimos entregues à Igreja.
e de forragem, reservando-se o terceiro para o descanso (pousio). A definição do bispo Adalberon de León para a sociedade me-
Realizava-se a rotação trienal dos campos, com vistas a impedir o dieval reflete muito bem o pensamento da época, pois para o bispo
esgotamento do solo. “na sociedade feudal o papel de alguns é rezar, de outros é guerrear
e de outros trabalhar”. Para a Igreja medieval, cada indivíduo tinha
um importante papel na sociedade, por isso, deveria executar a sua
função com zelo e gratidão como se estivesse trabalhando para o
próprio Deus. Com isso, a Igreja garantia a manutenção da socieda-
de tal e qual ela era.

Sociedade Feudal

De acordo com as bases materiais descritas não havia possibi-


lidade de mobilidade social nos feudos: a sociedade era, portanto,
estamental. O princípio de estratificação era o nascimento, surgindo
então duas camadas básicas: senhores e servos. Existiam também
categorias intermediárias, tais como os vilões (camponeses livres) e
os ministeriais (corpo de funcionários livres do senhor).
O número de escravos reduziu-se cada vez mais, pois não havia
guerras de expansão para apresá-los; além disso, a Igreja condena-
va a escravização de cristãos. Por outro lado, os vilões tendiam a se
tornar servos, pois de nada lhes adiantava a liberdade dentro da Relações Vassálicas
insegurança reinante: o fundamental era a obtenção de proteção.
No topo da hierarquia social estavam os senhores feudais. Os O poder político no sistema feudal era exercido pelos senhores
senhores feudais viviam com suas famílias em casas fortificadas. feudais, daí seu caráter localista. Não tendo autoridade efetiva, os
Nas regiões mais ricas, os nobres habitavam em castelos. reis apenas aparentavam poder, pois na prática existia uma descen-
Na base da sociedade feudal estavam os servos, que represen- tralização político-administrativa.
tavam aproximadamente 98% da população de um feudo. Os servos
viviam nas terras do senhor e a ele deviam uma série de serviços
como a corveia, a talha e as banalidades.
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Impossibilitados de defender o reino, os soberanos delegaram Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um clima
essa tarefa aos senhores feudais. Por isso, e com vistas a se prote- crescente de corrupção, afastando-se de sua missão religiosa e,
gerem, os senhores procuravam relacionar-se diretamente por um com isso, perdendo sua autoridade espiritual. As investiduras (no-
compromisso: o juramento de fidelidade. O senhor feudal que o meações) feitas pelo imperador só visavam os interesses locais. Os
prestasse tornar-se-ia vassalo e aquele que o recebesse seria seu bispos e os padres nomeados colocavam o compromisso assumin-
suserano. Na hierarquia feudal, suseranos e vassalos tinham obri- do com o soberano acima da fidelidade ao papa.
gações recíprocas, pois à homenagem prestada pelo vassalo corres- No século XI surgiu um movimento reformista, visando recupe-
pondia o benefício concedido pelo suserano. Essa relação definia-se rar a autoridade moral da Igreja, liderado pela Ordem Religiosa de
em um rito denominado “cerimônia de investidura” ou “cerimônia Cluny. Os ideais dos monges de Cluny foram ganhando força dentro
de adubamento”. da Igreja, culminando com a eleição, em 1073, do papa Gregório VII,
antigo monge daquela ordem reformista.
Igreja Medieval Eleito papa, Gregório VII tomou uma série de medidas que jul-
gou necessárias para recuperar a moral da Igreja. Instituiu o celi-
Em meio à desorganização administrativa, econômica e social bato dos sacerdotes (proibição de casamento), em 1074, e proibiu
produzida pelas invasões germânicas e ao esfacelamento do Im- que o imperador investisse sacerdotes em cargos eclesiásticos, em
pério Romano, a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu 1075. Henrique IV, imperador do Sacro Império, reagiu furiosamen-
manter-se como instituição. Consolidando sua estrutura religiosa e te à atitude do papa e considerou-o deposto. Gregório VII, em res-
difundindo o cristianismo entre os povos bárbaros. posta, excomungou Henrique IV. Desenvolveu-se, então, um confli-
Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja pas- to aberto entre o poder temporal do imperador e o poder espiritual
sou a exercer importante papel em diversos setores da vida medie- do papa.
val, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmenta- Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela Concordata
ção política da sociedade feudal. de Worms, assinada pelo papa Calixto III e pelo imperador Henrique
Os sacerdotes da Igreja era divididos em duas categorias: V. Adotou-se uma solução de meio termo: caberia ao papa a inves-
Clero secular (aqueles que viviam no mundo fora dos mostei- tidura espiritual dos bispos (representada pelo báculo), isto é, antes
ros), hierarquizado em padres, bispos, arcebispos etc. de assumir a posse da terra de um bispado, o bispo deveria jurar
Clero regular (aqueles que viviam nos mosteiros), que obede- fidelidade ao imperador.
cia às regras de sua ordem religiosa: beneditinos, franciscanos, do-
minicanos, carmelitas e agostinianos. Inquisição
Nos países cristãos, nem sempre a fé popular manifestava-se
No ponto mais alto da hierarquia eclesiástica estava o papa, nos termos exatos pretendidos pela doutrina católica. Havia uma
bispo de Roma, considerado sucessor do apóstolo Pedro. Nem sem- série de doutrinas, crenças e superstições, denominadas heresias,
pre a autoridade do papa era aceitar por todos os membros da Igre- que se chocavam com os dogmas da Igreja.
ja, mas em fins do século VI ela acabou se firmando, devido, em Para combater essas heresias, o papa Gregório IX criou, em
grande parte, à atuação do papa Gregório Magno. 1231, os tribunais da Inquisição, cuja missão era descobrir e julgar
Além da autoridade religiosa, o papa contava também com o os heréticos. Os condenados pela inquisição eram entregues às au-
poder temporal da Igreja, isto é, o poder advindo da riqueza que toridades administrativas do Estado, que se encarregavam da exe-
acumulara com as grandes doações de terras feitas pelos fiéis em cução das sentenças. As penas aplicadas a cada caso iam desde a
troca da salvação. confiscação de bens até a morte em fogueiras.
Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um O processo inquisitorial cumpria basicamente as seguintes eta-
terço das terras cultiváveis da Europa Ocidental. pas: o tempo de graça, o interrogatório e a sentença.
O papa, desde 756, era o administrador político do Patrimônio
de São Pedro, o Estado da Igreja, constituído por um território ita- Vida Cultural
liano doado pelo rei Pepino, dos francos.
O poder temporal da Igreja levou o papa a envolver-se em di- Quando se compara a produção cultural da Idade Média com a
versos conflitos políticos com monarquias medievais. Exemplo mar- Antiguidade ou a Modernidade, ela é considerada tradicionalmen-
cante desses conflitos é a Questão da Investiduras, no século XI, te um período de trevas. Ao longo do tempo, esse conceito tem
quando se chocaram o papa Gregório VII e o imperador do Sacro sofrido algumas revisões, graças à reabilitação da Idade Média por
Império Romano Germânico, Henrique IV. certos autores que nela encontram as raízes culturais do Mundo
Moderno e - num sentido mais imediato - do Renascimento.
Questão das Investiduras e o Movimento Reformista Também é importante lembrar que a Igreja foi a grande man-
tenedora da cultura durante o Período Feudal, apesar de o fazer de
A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a quem forma que justificasse suas ideias e dogmas. O privilégio da leitura e
caberia o direito de nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos, da escrita também estava vinculado à Igreja.
ao papa ou ao imperador. Já na crise do feudalismo, com a expansão comercial e a cria-
As raízes desse conflito remontam a meados do século X, quan- ção das universidades, o pensamento filosófico desenvolveu-se,
do o imperador Oto I, do Sacro Império Romano Germânico, iniciou surgindo, então, a escolástica (“filosofia da escola”), produzida por
um processo de intervenção política nos assuntos da Igreja a fim de São Tomás de Aquino, autor da Suma Teológica. O ideal tomista era
fortalecer seus poderes. Fundou bispados e abadias, nomeou seus conciliar o racionalismo aristotélico com o espiritualismo cristão,
titulares e, em troca da proteção que concedia ao Estado da Igreja, harmonizando fé e razão.
passou a exercer total controle sobre as ações do papa.
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Baixa Idade Média e as Mudanças na Sociedade Feudal Em 1095, durante Concílio de Clermont, Urbano II convocou a
cristandade para uma guerra santa contra o Islã. Foram realizadas
Na Baixa Idade Média, ocorreu a transição para o sistema capi- oito Cruzadas, entre 1095 e 1270.
talista. Ao mesmo tempo, surgiram novas classes sociais, principal- Apesar da mobilização realizada pelas Cruzadas, elas são con-
mente a burguesia, que auxiliou a realeza no processo de centrali- sideradas um insucesso, que se deve em primeiro lugar ao caráter
zação política. superficial da ocupação. A presença cristã no Oriente Médio não
A questão fundamental para entender as mudanças durante a criou raízes entre as populações locais. Outra razão foi a anarquia
Baixa Idade Média é a crise do feudalismo. A produção feudal era feudal, que enfraquecia as colônias militares estabelecidas em ter-
baseada no trabalho servil, sendo limitada e estática, o que, por sua ritório inimigo. A luta fratricida foi uma constante entre as ordens
vez, representava o baixo nível de técnica do sistema feudal. religiosas e os cruzados latinos.
No século XI, cessaram as ondas invasoras, criando uma certa
estabilidade na Europa, além de condições de segurança para o au-
mento da circulação de mercadorias. Houve uma maior redistribui-
ção da produção, gerando um crescimento demográfico que não foi
acompanhado pelo aumento da oferta de empregos e alimentos.
Com o aumento da circulação de mercadorias e a introdução
de novos artigos de luxo, os senhores feudais passaram a ter neces-
sidade de aumentar as suas rendas. Para obter mais recursos, eles
eram obrigados a aumentar as obrigações dos servos, que, pres-
sionados, partiam para as cidades em busca de uma vida melhor.
A solução para a crise seria a substituição do regime de trabalho
servil pelo trabalho assalariado, porém essa mudança incentivou a
evolução do modo de produção feudal para o capitalista, o que não
seria viável num curto período.
Dessa forma, a crise do feudalismo ocorreu pela incapacidade
da antiga estrutura econômica de sustentar as mudanças, o que foi
gerando uma nova organização do modo de vida.
A crise do sistema feudal deu origem a um processo de mar- Fonte: 10emtudo.com.br
ginalização social, quer pela fuga dos servos, quer pelos deserda-
mentos ocorridos na camada senhorial. Essa marginalização trouxe Consequências das Cruzadas
como consequência o aumento da belicosidade, marcada por assal- As Cruzadas não se limitaram às expedições ao Oriente. Ao
tos e sequestros a ricos cavaleiros. mesmo tempo, os reinos ibéricos de Leão, Castela, Navarra e Aragão
A Igreja Católica, para tentar conter a crise, propôs a “Paz de começavam a Reconquista da Península Ibérica contra os muçulma-
Deus” (proteção aos cultivadores, viajantes e mulheres) e a “Trégua nos. A ofensiva teve início com a tomada da cidade de Toledo, em
de Deus” (na qual os dias para realizar guerras ficavam limitados a 1036, e concluiu-se, em 1492, com a tomada de Granada. A vitória
90 por ano). Porém, essa intervenção da Igreja não foi suficiente dos italianos sobre os muçulmanos no Mar Tirreno e norte da África
para conter a crise e a violência feudais. fez com que as cidades italianas iniciassem o seu domínio sobre o
Mediterrâneo, lançando as sementes do comércio e do capitalismo.
Cruzadas As relações entre Ocidente e Oriente foram redinamizadas depois
de séculos de bloqueio, e as mercadorias orientais se espalhavam
Como as tentativas anteriores não obtiveram o resultado espe- pela Europa. O contato com o Oriente trouxe o conhecimento de
rado, a Igreja propôs as Cruzadas, uma contraofensiva da cristanda- novas técnicas de produção, fabricação de tecidos e metalurgia.
de diante do avanço do Islã. A Europa, que, entre os séculos VIII e
XI, não teve condições de reagir contra os árabes, passava a reunir Renascimento do Comércio
nesse momento as condições necessárias:
- Mão-de-obra militar marginalizada e ociosa; As transformações econômicas e sócias entre os séculos XI e
- Controle espiritual e religioso que a Igreja exercia sobre o ho- XIV na Europa foram imensos. A crise do feudalismo acentuou-se,
mem medieval, que o levou a crer na necessidade de resgatar o principalmente depois das cruzadas. Ao voltarem das batalhas em
Santo Sepulcro e combater o infiel muçulmano; terras orientais, os cruzados traziam consigo produtos de luxo,
- Poder papal que se fortalecera quando Gregário VII impôs sua como tapetes persas, porcelanas chinesas, tecidos finos ou espe-
autoridade a Henrique IV, na Querela das Investiduras: ciarias (temperos como cravo, canela e pimenta), que atraíam a
-A Igreja do Ocidente pretendia a reunificação da cristandade, população europeia, proporcionado o Renascimento do Comércio.
quebrada pelo Cisma de 1054; Por haverem estabelecido feitorias nessas regiões mais afasta-
- O desejo do imperador de Constantinopla em afastar o perigo das, os europeus abriram um novo eixo comercial ligando o Ociden-
que os muçulmanos representavam; te ao Oriente. As principais rotas de comércio eram feitas pelo mar
- Para Urbano II, o papa do exílio imposto pela Querela das In- Mediterrâneo e estavam sob o controle de cidades como Gênova,
vestiduras, convocar as Cruzadas demonstrava prestígio e autorida- Veneza, Pisa, Constantinopla, Barcelona e Marselha. No mar Báltico
de perante toda a Igreja. e no mar do Norte, o domínio ficava por conta de cidades como
Hamburgo, Bremen e pela região de Flandres (Países Baixos).

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Burgos e Burgueses A situação ficou ainda mais grave depois que a nobreza da
Com a retomada do comércio, muitos europeus deixaram o França e Inglaterra deram início à chamada Guerra dos Cem Anos,
campo e foram viver dentro dos burgos - vilas fortificadas com mu- conflito que se estendeu de 1337 a 1453 provocando grande núme-
ralhas, construídas entre os séculos IX e X e posteriormente aban- ro de mortos em ambos os países. Outras guerras ocorreram tam-
donadas -, onde esperavam encontrar melhores condições de vida. bém na Península ibérica, na Itália e na Alemanha.
Em pouco tempo, contudo, esses lugares tomaram-se pequenos e
as pessoas viram-se obrigadas a se instalar do lado de fora de suas Baixa Idade Média – Crescimento Demográfico18
muralhas.
Essa população, formada principalmente por artesãos, operá- No século X as guerras que haviam assolado a Europa, nota-
rios e comerciantes, acabou dando origem a novos burgos em vá- damente as invasões bárbaras, já haviam terminado. Ao mesmo
rios pontos da Europa. Seus habitantes, por oposição aos nobres tempo, por viverem isolados nos feudos, os servos e os senhores
que viviam em castelos, ficaram conhecidos como burgueses. feudais estavam menos sujeitos às epidemias. Deste modo, melho-
O aumento do comércio e do volume de negociações gerou raram-se as condições de vida do homem feudal, possibilitando a
uma nova necessidade: a padronização de unidades de valor. O uso melhoria do cultivo e a possibilidade de crescimento demográfico.
de moedas tornou-se essencial, substituindo o escambo ou troca De fato, foi o que ocorreu. A partir do século X a taxa de natalidade
de mercadorias. Com a criação das moedas, surgiram também pri- cresceu substancialmente enquanto a de mortalidade se mantinha
meiras casas bancárias, responsáveis pelas operações de câmbio e estável. Há, portanto, uma explosão demográfica na Europa.
empréstimos a juros. Toda essa dinâmica fez com que o dinheiro
passasse a ganhar importância e a terra e a produção agropecuária
deixassem de ser a base da riqueza na Europa.
Com o aumento do comércio, e, consequentemente, dos lu-
cros, os mercadores e banqueiros conquistavam maior status social
e passaram a ansiar pelo poder político. A burguesia ganhava prestí-
gio e espaço, aproximando-se dos reis e emprestando-lhes dinheiro
em troca de medidas políticas favoráveis ao comércio. Ao mesmo
tempo, os senhores feudais viam-se envolvidos em dívidas, muitas
delas decorrentes das altas despesas com as Cruzadas.

Humanismo

Além dos empreendimentos comerciais, o maior contato en-


tre os burgueses e os monarcas financiou o surgimento de novas
universidades. Com a expansão comercial surgiu a necessidade
de formar pessoas que entendessem de direito e comércio. Com A expansão demográfica promove o desequilíbrio na oferta e
a criação das universidades, a difusão do conhecimento deixou de demanda de alimentos. A primitiva e ineficiente produção agrícola
ser algo exclusivo da Igreja, e o ensino tomou-se laico, voltado cada feudal não consegue suprir as necessidades de uma sociedade em
vez mais para questões mundanas. expansão. Surge, no interior dos feudos, o excedente populacional.
As aulas voltaram-se para os textos clássicos, principalmente Dada a insuficiência de recursos para prover o excedente populacio-
os dos gregos e romanos, e as atenções dos estudiosos dirigiam- nal, inicia-se o processo de marginalização social. Os senhores feu-
-se a diversas áreas do saber e das artes. Iniciava-se o Humanismo, dais expulsam de suas terras a população excedente. Tal população
movimento cultural que viria a influenciar a Europa por quase três se desloca, em sua maioria, para antigos centros urbanos, passando
séculos. Até então hegemônico, o pensamento da Igreja passou a a viver do comércio, criando mercados latentes, verdadeiros polos
ser questionado por religiosos e filósofos leigos. comerciais. Outros, passam a viver do saque.
Note-se que o crescimento demográfico iniciado no século X
Guerra, Fome e Peste exigia melhores colheitas, estimulando o aperfeiçoamento e/ou a
criação de novas técnicas. É nesse período que surge, por exemplo,
O crescimento que a Europa obteve nos séculos anteriores so- o arado. Contudo, o desenvolvimento tecnológico se esbarrava na
freu um forte golpe no século XIV. As mudanças climáticas geraram falta de motivação do servo, uma vez que, para ele, não haveria
um grave colapso no abastecimento agrícola e, apesar dos diversos benefícios. Para o servo, o desenvolvimento técnico lhe traria mais
avanços tecnológicos verificados no campo, como a invenção da trabalho, na medida em que ele se via obrigado a pagar tributos
charrua, da ferradura, a difusão dos moinhos de vento, a produção ao senhor feudal. Desse modo, o crescimento demográfico não é
não era suficiente para abastecer a população europeia, que dupli- acompanhado por um aumento na oferta. Os senhores feudais bus-
cou entre o ano 1000 e o ano 1300, levando boa parte da população cam pela expansão territorial. Reiniciam-se as guerras de conquista,
a passar fome. utilizando-se do excedente populacional como “soldado” e poste-
Entre 1346 e 1352, o continente foi assolado pela Peste Negra, rior ocupante do território conquistado.
uma epidemia decorrente das péssimas condições de higiene das
cidades, transmitida ao ser humano através das pulgas dos ratos-
-pretos ou outros roedores, matando cerca de 30 milhões de pesso-
as, mais de um terço da população europeia na época. 18 https://portaldoestudante.wordpress.com/2011/07/08/baixa-idade-me-
dia-crescimento-demografico/
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É nesse contexto que se inseriram a a participação de muitos des desbravamentos — quase concluídos na França, mas que ainda
cavaleiros (nobres) na Guerra de Reconquista, contra os árabes na prosseguiram no início do século XIV na Inglaterra setentrional, a
península ibérica. Também nesse contexto estão as Cruzadas, ini- colonização dos países novos, as aventuras coloniais das Cruzadas,
ciadas no século XI, se estendendo até o século XIII, sob liderança o nascimento e o crescimento das cidades. Esse impulso demográ-
da Igreja Católica. fico estimulava uma produção incessantemente aumentada para
alimentar e vestir essa massa humana cada vez mais numerosa;
Crise do Século XIV inversamente, fornecia à produção mão de obra abundante e rela-
tivamente pouco custosa — pois não havia falta de braços. Mesmo
Habitualmente se concorda em que, durante a maior parte do se, ficando-se nos limites de prudente verossimilhança, não atribu-
século XIV e pelo menos na primeira metade do século XV, a Europa ímos à França de 1300 mais de dez ou onze milhões de almas, e à
Ocidental atravessou uma “crise” econômica de excepcional gravi- Inglaterra pouco mais de 3.500.000, fazemos ressaltar enorme den-
dade. Em compensação, não há nenhum acordo quanto às causas e sidade, considerando-se que a técnica agrária e artesanal era ainda
às modalidades dessa contração19. primitiva. Amplamente ultrapassado o ponto optimum, havia em
Na França, acusam-se, antes de mais nada, as devastações da muitas regiões saturação de população.
guerra, a que se atribui o afrouxamento da produção e das trocas; E impossível acompanhar os desbravamentos, que não mais se
ora, exceção feita de algumas regiões — o Bordelais, onde, como faziam a não ser em solos pobres, em terras marginais de pouco
mostrou Boutruche, a guerra assolou de maneira quase endêmica rendimento; e aliás o desflorestamento atingira os limites além dos
desde 1294, a Bretanha, teatro de prolongadas hostilidades a par- quais a pastagem do gado, o fornecimento da madeira de aque-
tir de 1341 — pouco sofreu o reino desde o início da Guerra dos cimento e de construção corriam o risco de periclitar. O melho-
Cem Anos, sendo que o campo só começou a sofrer as depredações ramento da técnica agrária, por falta de instrumentos aratórios e
profundas dos guerreiros após 1356, num momento em que a eco- de adubos, permanecia limitado. Aqui e ali (centro da Inglaterra),
nomia conhecia há muito tempo graves dificuldades. De seu lado, passava-se do arroteamento bienal à rotação trienal; alhures (In-
os historiadores ingleses atribuíam excepcional importância à Peste glaterra, Flandres), aumentava-se a proporção da cultura das legu-
Negra de 1348-1349, que a seus olhos constituía o ponto de par- minosas, que esgotavam menos o solo: não eram senão paliativos.
tida da evolução econômica dos últimos séculos da Idade Média; A divisão em pedaços das dependências dos feudos acentuava-se
sabe-se hoje, todavia, que a maioria das dificuldades que há pouco perigosamente: em Weedon Beck (Northants), passara-se, entre
se atribuíam a essa punção demográfica lhe são muito anteriores. 1248 e 1300, sem novos desbravamentos, de 81 a 110 rendeiros;
Mais recentemente, Calmette e Déprez atribuem todo o mal às a proporção dos pequenos rendeiros, com lotes insuficientes para
mudanças monetárias, que teriam desencadeado um mecanismo a subsistência de uma família, subira de 39 a 73% da comunidade
bastante simplista de desordenada alta de preços, de contração das total.
trocas, de perturbação material seguida de crise moral. E’ por isso Enfim, como a engrenagem comercial não permitia a importa-
que fazem começar a “crise” na França com as primeiras manipu- ção em massa de cereais dos países novos para as regiões superpo-
lações de Filipe-o-Belo (1296) e não a revelam na Inglaterra senão voadas, — principalmente o trigo do Báltico, com o qual comerciam
em 1351, pois ignoram as desvalorizações anteriores de 1304 e de os hanseáticos, — essa população fica à mercê de permanente sub-
1344-1346. -alimentação e de fomes prolongadas. Assim, a conjuntura favorável
Pensamos que tomaram o efeito pela causa e que, de resto, traz consigo mesma os germes de uma crise, limitando’ ao extremo
nem todas as manipulações monetárias têm a mesma significação a margem de subsistência das massas rurais e artesanais. Enquanto
econômica. Enfim, Pirenne e seu discípulo Henri Laurent, cujo ho- isso, gozava-se, havia muito tempo, de notável estabilidade mone-
rizonte estava limitado aos Países-Baixos, assinalam o início das tária. As agitações de Filipe-o-Belo e de seus filhos perturbaram-na
dificuldades na passagem do XIII para o XIV século, com a dupla apenas temporariamente, porquanto com frequência se voltava,
decadência da manufatura de tecidos flamenga e das feiras de em seguida, à “boa” moeda do tempo de São Luiz. A evicção pro-
Champagne. gressiva da fraca moeda senhorial ou eclesiástica em proveito da
Divergências. Não se originam do fato de que a palavra “crise”
moeda real de bom quilate, o frequente recolhimento das moedas
tem sido empregada para designar, indiferentemente, dois fenôme-
de ouro e prata, destinado a evitar-lhe a deterioração e o desgaste,
nos que, entretanto, são distintos? Ora se trata de bruscas depres-
a cunhagem da moeda sã, cujo valor unitário não varia, favorecem
sões, limitadas no tempo, e que são as únicas que merecem nome
a expansão e a regularidade das trocas.
de “crises” — ora de um movimento de declínio durável prolongado
A coisa é tanto mais notável que, tanto na Inglaterra como na
da economia. Cremos que o século XIV conheceu os dois fenôme-
França, vive-se sob o regime do monometalismo de prata. E’ ver-
nos. Uma série de crises próximas uma das outras — crise frumen-
dade que em 1247 houve a cunhagem, rara e não continuada, dos
tária de 1315-1320, crise financeira e mone-tária de 1335-1345, cri-
pennies de ouro de Henrique III, imitando o escudo de ouro, igual-
se demográfica de 1348-1350 — exerceu. Ação paralisadora sobre
mente raro, de São Luiz, e depois o pequeno real do início do reina-
a economia e manteve-a, por um século, em estado de duradoura
contração. do de Filipe IV; - a cunhagem, mais abundante, após 1295, da massa
A conjuntura favorável que se prolongou pelas primeiras dé- de ouro, enfraquecida, aliás, a 21 quilates, também foi seguida de
cadas do século XIV merece, antes de tudo, ser caracterizada com interrupção bastante longa. Praticamente, as únicas espécies que
precisão. Por muito tempo fora sustentada por um contínuo acrés- circulam abundantemente são as moedas italianas, que têm por
cimo da população, o qual permitira, ao mesmo tempo, os gran- modelo o florim de Florença. Nesse regime de moeda estável efe-
tua-se uma elevação dos preços lenta mas contínua, fator poderoso
19 http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/35777/38493. de expansão em uma economia de lucro.
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Os únicos lesados são os rendeiros, isto é, os senhores de bens Península Arábica


de raiz cujos lucros fixos perdem o seu poder aquisitivo — e ainda, A Península Arábica é uma região desértica em sua maior par-
muito fracamente, a maior parte dos pagamentos de rendas que se te. Fica localizada entre o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico. Apesar
fazem em bens naturais. Inversamente, o produtor vê aumentar de do aspecto árido da região, os diversos oásis propiciaram o surgi-
volume sua margem beneficiária, já que os salários e os produtos mento de postos caravaneiros, além de algumas cidades situadas
artesanais estão sempre em atraso em relação à alta dos preços na proximidade da costa e dos portos.
na produção. Na Normândia, de 1180 a 1260, os preços agrícolas e A condição geográfica da região não despertou o interesse dos
o aluguel da terra aumentaram de 50%; ao passo que na Inglater- grandes impérios da antiguidade, como o romano.
ra, de 1250 a 1300, a elevação dos salários limita-se a 15%. Lucros
aumentados, isto é, criação contínua de capital novo que pode ser Religião na Península Arábica
reempregado, pelo menos parcialmente, em novos negócios. A palavra islamita quer dizer “submisso a Deus” e muçulma-
A exploração dos solares do priorado-catedral de Cantuária, no significa “crente. Os árabes acreditavam em espíritos (djinns),
entre 1285 e 1318, produz um lucro líquido global de £ 22.446. representados por árvores e pedras, e em uma infinidade de divin-
Uma vez amortizadas as antigas dívidas (20,6%), reguladas as des- dades subordinadas a um ser superior - Alá (Deus, a divindade). O
pesas de luxo como o embelezamento da catedral (9,3%) e pagos único fator de unidade religiosa era o santuário existente na cidade
os pesados encargos da fiscalização real e papal (46,4%), restam de Meca, a Caaba, em cujo interior era guardada uma Pedra Negra,
ainda, 23,7% dessa quantia para investimentos de capital, compras reverenciada por todos os árabes que para lá se dirigiam em pere-
de terras, trabalhos de secamento e de drenagem, melhoramen- grinação. Ali estavam também representados os ídolos das diversas
to das construções de exploração. Disso resulta que o lucro bruto, tribos da Arábia, que todos os anos eram visitados pelos peregrinos
em outros termos, o volume dos negócios, aumenta de 25% em que aproveitavam para realizar suas práticas comerciais.
cerca de trinta anos. Também resulta que, com um estoque de me- Com o tempo, Meca ganhou importância e tornou-se um gran-
tais preciosos e um número de cunhos monetários estreitamente de centro comercial e parada obrigatória de caravanas e viajantes.
limitados, ainda não se sente, por volta do ano de 1300, a fome Aos habitantes de Meca interessavam, sobretudo, as romarias que
monetária que causará devastações pouco mais tarde. E’ que a ve- se realizavam ao final de cada ano, pois dinamizavam as trocas e
enriqueciam a cidade. Sua única grande rival era Yatreb, velha cida-
locidade de circulação das espécies é mais importante que o seu
de situada em um oásis, 350 quilômetros ao norte de Meca. Desse
número global.
afluxo de beduínos viviam os grandes comerciantes pertencentes
Não há dúvida de que elas não circulam rapidamente. Apenas
à tribo dos coraixitas, que controlavam o santuário da cidade e o
a ourivesaria representa uma imobilização temporária, porém do
poder político local.
metal precioso, pois ela é frequentemente empenhada para se li-
quidarem créditos, por um processo dispendioso, aliás. Basta ape- Maomé
nas lembrarmos as várias formas de crédito geradoras de capital:
hipoteca de bens de raiz, empréstimos sob penhor ou sob cauções Maomé era filho de uma família pobre (haxemitas), porém,
(que sempre comportam um juro disfarçado, mas que têm o de- pertencia à tribo dos coraixitas. Dedicou-se ao trabalho em carava-
feito de serem feitos a curto prazo), rendas imobiliárias perpétuas nas, o que lhe permitiu viajar por toda a Península Arábica e além,
ou temporárias, em uma ou mais vidas, empréstimos disfarçados, conhecendo outros povos do Oriente Médio. Em suas viagens tam-
constituídos, para os produtores ingleses de lã, pela compra anteci- bém entrou em contato com o cristianismo e o judaísmo. Após anos
pada e a dinheiro de sua produção por vários anos. de trabalho nas caravanas, Maomé casou-se com uma rica viúva,
Ao lado das moedas de ‘metal circulam a moeda fiduciária, re- Kadidja.
presentada pelas letras de obrigação, as apólices dos tesouros pú- Após o casamento, Maomé entregou-se aos retiros espirituais
blicos, frequentemente negociadas com grande desconto; moeda e meditações, sem abandonar por completo a atividade profissio-
escritural aumentada pelas letras de câmbio e pelas contas corren- nal. Segundo ele, teve sucessivas visões do arcanjo Gabriel. O Ar-
tes das firmas italianas; e, finalmente, moeda-matéria, criada pelas canjo teria confiado a missão de propagar uma nova religião, cuja
operações de compensação entre os negociantes, nas feiras e nos essência se consubstanciava na seguinte frase: “Maomé, tu és o
principais centros comerciais. Profeta do Deus único, Alá.” Maomé converteu primeiramente seus
Assim, com mínimos empregos de capital, podem levar-se familiares e, em seguida, tentou convencer os coraixitas, porém,
avante negócios muito importantes, em geral lucrativos, por vezes não conseguindo, teve de fugir de Meca para Yatreb, que desde en-
especulativos, justamente na medida em que as reservas são insufi- tão passou a ser chamada Medina en Nabi, que significa “a Cidade
cientes para se enfrentar dificuldades imprevistas. que recebeu o Profeta”.
A fuga de Maomé com seus vários familiares, ficou conhecida
Expansão do Islã como Hégira, que marca o início do calendário muçulmano. Apoian-
do-se nos habitantes de Medina. Maomé deu início à Guerra Santa
Na Idade Média, os árabes formaram um vasto Império que contra Meca, atacando suas caravanas. O prestigio de Maomé cres-
ceu com suas vitórias e, com o apelo dos beduínos, marchou contra
passou a rivalizar com o Império Bizantino (ou Império Romano do
Meca, destruindo os ídolos da Caaba, declarando sagrado o recinto
Oriente) e o Império Persa. A rápida expansão dos árabes, que cons-
do santuário e implantando definitivamente o monoteísmo. Nesse
tituiu um dos principais aspectos da História Medieval, resultou da
ano de 630, nasceu o Islã.
unificação política e religiosa da Arábia, efetuada por Maomé, que
lançou as bases da fundação do primeiro Estado nacional árabe.

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Maomé passou os últimos anos de sua vida convertendo os de- A expansão islâmica, iniciada imediatamente após a morte de
mais árabes pela força das armas. Maomé morreu em 632 d.C., na Maomé, foi estimulada por diversos fatores:
cidade de Medina, onde construiu a primeira mesquita do Islã, dei- - Econômico - interesse pelo saque contra os vencidos (“bu-
xando elaborada a doutrina islâmica, que transmitiu a seus segui- tim”);
dores. As transcrições de seus ensinamentos consubstanciaram-se - Social - alta densidade demográfica, provocada pelo cresci-
mais tarde no livro sagrado, o Corão ou Alcorão. A doutrina islâmi- mento da população e pela grande capacidade de miscigenação dos
ca é um sincretismo fundamentado no cristianismo e no judaísmo, árabes;
bem como nas tradições religiosas da própria Arábia. Prega a crença - Político - unificação política alcançada pela unidade religiosa;
em um único Deus, nos anjos, no paraíso celestial e no Juízo Final. - Religioso - obediência ao preceito de Guerra Santa contra os
Impõe aos fiéis como princípios essenciais do dogma: peregrinar infiéis;
à Meca, pelo menos uma vez na vida; dar esmolas; jejuar no mês - Psicológico -atração exercida pelo paraíso muçulmano, que
do Ramadã; orar e pronunciar a profissão de fé cinco vezes ao dia, prodigalizava recompensas materiais.
voltados em direção a Meca; fazer a Guerra Santa (jihad), que re-
presentava uma obrigação ocasional. As tradições sobre a vida de Consideram-se ainda elementos propulsores da expansão ára-
Maomé foram reunidas por seus seguidores em outro livro, chama- be, facilitando suas conquistas, a fraqueza dos Impérios Bizantino e
do Suna (Tradição), utilizado sempre que se tratava de achar argu- Persa e a instabilidade política dos reinos germânicos do Ocidente.
mentos para impor uma decisão ou definir uma norma de governo Omar foi o principal califa da Dinastia Haxemita. Conquistou a
para a qual o Corão não fornecesse elementos. Síria, a Palestina, a Pérsia e o Egito.
A substituição dos califas haxemitas pelos omíadas, em 660,
Jihad levou a duas mudanças: a capital foi transferida para Damasco, na
Síria, e as conquistas voltaram-se para o Ocidente. Avançando de
É um termo árabe que significa “luta”, “esforço” ou empenho. forma fulminante, os maometanos conquistaram a África do Nor-
É muitas vezes considerado um dos pilares da fé islâmica, que são te, a Península Ibérica e até o sul da Gália, onde foram detidos pe-
deveres religiosos destinados a desenvolver o espírito da submissão los francos, liderados por Carlos Martel, na Batalha de Poitiers; as
a Deus. ilhas de Córsega, Sardenha e Sicília também caíram sob dominação
O termo jihad é utilizado para descrever o dever dos muçulma- muçulmana Os árabes passavam a deter o controle sobre o Mar
nos de disseminar a fé muçulmana. É também utilizado para indicar Mediterrâneo. Em 750, em Damasco, um golpe político afastou os
a luta pelo desenvolvimento espiritual. omíadas do poder. Nesse momento, ascendia a Dinastia Abássida,
Ao contrário do que muitas vezes é dito, jihad não significa uma formada por parentes de Maomé, instalando a capital em Bagdá.
guerra santa, implica mais uma luta interna com o objetivo de me- O Islamismo, é a religião que mais cresce atualmente no mun-
lhorar o próprio indivíduo ou o mundo à sua volta. do, mais de 1/4 da população Mundial é Muçulmana, segundo o
Grupos extremistas como a Al Qaeda e o Estado Islâmico apro- último censo Mundial realizado pela ONU.
priaram-se do termo como justificativa para as ações contra os con- Considera-se países muçulmanos aqueles em que os muçulma-
siderados “infiéis” (normalmente países ocidentais, como Europa e nos representem mais de 50% da população e a maioria deles são
Estados Unidos) membros da Organização do Congresso Islâmico, que foi fundado
A unidade do mundo muçulmano foi quebrada após a morte de em 1969, com sede em Jedah na Arábia Saudita. Os presidentes e
Maomé, com o surgimento de vários movimentos, entre os quais se os reis destes países se reúnem a cada 3 anos.
destacam os sunitas e os xiitas. A divergência inicial entre os dois
grupos reside na questão do direito de sucessão ao governo do Islã.
Segundo o Corão, somente os parentes de Maomé poderiam subs-
titui-lo no comando da fé. Mas na Suna não havia a mesma afirma- IDADE MODERNA
ção sobre a questão. Assim, os xiitas constituíram o grupo funda-
mentalista que aceita apenas as regras estabelecidas pelo Corão,
ou seja, que apenas os descendentes de Maomé possuem o direito A partir do renascimento, a Idade Moderna foi concebida
de governo, enquanto os sunitas abraçaram a Suna e iniciaram um como um período de resgate da antiguidade, depois de um suposto
processo de disputa sucessória com os xiitas. período de trevas, no caso a Idade Média.
O termo modernidade remete a grandes mudanças que possi-
Expansão Muçulmana (Séculos VII-XI) bilitaram a aceleração do desenvolvimento humano na Idade Con-
temporânea.
Quando Maomé morreu, deixou Arábia unificada, com sua O início desta era é repleto de controvérsias quanto sua pe-
capital em Meca e sob a preponderância política dos haxemitas. A riodização, vários historiadores defendem marcos diferentes para o
morte de Maomé não provocou a dissolução do Estado árabe: começo e o fim do período.
- Primeiro, porque os adeptos do islamismo, em sua maioria, A corrente francesa, aquela que acabou cunhando a data tradi-
eram crentes apegados à fé e à propagação dos ideais religiosos; cionalmente aceita para o início e final da Idade Moderna, defende
- Segundo, porque surgiram de imediato dois homens, Abu 1453, a queda de Constantinopla.
Bekr e Omar - os dois primeiros califas - que souberam assumir a No entanto, datas mais significativas são defendidas como mar-
sucessão e a herança de Maomé, exercendo autoridade civil, militar co inicial por outras vertentes teóricas.
e religiosa. Um ano após a morte de Maomé, Abu Bekr conseguiu Entre elas 1415, a conquista de Ceuta pelos portugueses, uma
eliminar os focos de resistência locais e consolidar a unificação da cidade no norte da África inserida no comercio de especiarias inter-
península. mediadas do Oriente para a Europa.
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Um marco que denota o começo da expansão ultramarina e No entanto, existe uma discussão em volta da demarcação de
o incremento do sistema capitalista nascente, através do mercan- seu fim, implicando em rediscutir a tradicional cronologia que atu-
tilismo. almente delimita os períodos históricos. Um exemplo é a grande
Também inserido no contexto das especiarias é o ano de 1497, influência que a internet e a globalização exercem na vida das pes-
data em que Vasco da Gama chegou à Índia navegando pelo Atlân- soas, e a grande mudança proporcionada por elas.
tico, um feito que permitiu ampliar as fronteiras social, econômicas
e culturais da Europa.
Outra data é 1492, com a descoberta da América por Cristóvão
Colombo, algo que alterou profundamente o panorama do mundo BRASIL COLÔNIA, IMPÉRIO E REPÚBLICA;
conhecido.
Podemos notar que qualquer que seja o marco escolhido, a se-
melhança das outras periodizações, a cronologia é eurocentrista. BRASIL COLÔNIA
A controvérsia também existe com relação à datação do final
da Idade Moderna. Brasil: Primeiros Tempos
A corrente francesa delimita o fim da modernidade em 1789,
ano da queda da Bastilha, prisão política do poder absolutista, um Entre 1500 e 1530, além de enviarem algumas expedições
tradicional marco tido como início da Revolução Francesa. de reconhecimento do litoral (guarda-costas), os portugueses es-
Porém, existem historiadores que defendem 1760 como uma tabeleceram algumas feitorias no litoral do Brasil, onde adquiram
data mais apropriada, pois é o ano que tem começo a Revolução In- pau-brasil dos indígenas em troca de mercadorias como espelhos,
dustrial, alterando o ritmo da evolução tecnológica da humanidade. facas, tesouras e agulhas20.
Existem aqueles que preferem ainda 1776, quando foi assinada Tratava-se, portanto, de uma troca muito simples: o escambo,
a declaração da independência dos Estados Unidos da América, em isto é, troca direta de mercadorias, envolvendo portugueses e indí-
quatro de julho na Virginia. genas. Os indígenas davam muito valor às mercadorias oferecidas
Destarte, apenas uma minoria, em geral historiadores norte-a- pelos portugueses, a exemplo de tesouras ou facas, que eram rapi-
mericanos, considera a data significativa em termos globais. damente aproveitadas em seus trabalhos.
Uma visão eurocêntrica tem como proposta 1814, data do Mas, em termos de valor de mercado, o escambo era mais van-
Congresso de Viena, quando as fronteiras políticas da Europa foram tajoso para os portugueses, pois ofereciam mercadorias baratas,
redefinidas, o que, a longo prazo, conduziria a primeira e segunda enquanto o pau-brasil alcançava excelente preço na Europa. Além
guerra mundial. disso, os indígenas faziam todo o trabalho de abater as árvores, ar-
O ponto de discórdia, com relação à Idade Moderna, não se rumar os troncos e carregá-los até as feitorias. Não por acaso, os
limita a datação do início e final da modernidade. portugueses incluíam machados de ferro entre as ofertas, pois faci-
Existe uma corrente historiográfica inglesa que prefere traba- litavam imensamente a derrubada das árvores.
lhar com o conceito de Tempos Modernos ao invés de Idade Moder- A exploração do pau-brasil, madeira valiosa para o fabrico de
na, dividindo as sociedades em pré-industriais e indústrias. tintura vermelha para tecidos, foi reservada corno monopólio ex-
Simultaneamente, a historiografia marxista tende a estender o clusivo do rei, sendo, portanto, um produto sob regime de estanco.
conceito de Idade Média até as revoluções liberais que terminaram Mas o rei arrendava esse privilégio a particulares, como o comer-
com o poder absolutista dos reis, considerando o mercantilismo e o ciante Fernando de Noronha, primeiro contratante desse negócio,
comercio de especiarias como parte das cruzadas. em 1501.
Os marxistas deslocam a Idade Moderna para o período cha-
mado tradicionalmente de Contemporâneo. Capitanias Hereditárias e o Governo Geral
Devido a esta confusão, justifica-se iniciar o estudo da história
moderna a partir da crise do sistema feudal, enfatizando a forma- No início do século XVI, cerca de 65% da renda do Estado por-
ção do sistema capitalista, encerrando com os processos de inde- tuguês provinha do comércio ultramarino. O monarca português
pendência das colônias americanas e o Congresso de Viena. transformou-se em um autêntico empresário, agraciando nobres e
mercadores com a concessão de monopólios de rotas comerciais e
de terras na Ásia, na África e na América.
Apesar da rentabilidade do pau-brasil, nas primeiras décadas
IDADE CONTEMPORÂNEA do século XVI a importância do litoral brasileiro para Portugal era
sobretudo estratégica. A frota da Índia, que concentrava os negó-
cios portugueses, contava com escalas no Brasil para reparos de na-
O período contemporâneo é aquele em que vivemos atual- vios de reabastecimento de alimentos e água. A presença crescente
mente, daí o termo, sendo caracterizado pelo capitalismo nortean- de navegadores franceses no litoral, também interessados no pau-
do as ações do Estado, com o liberalismo e o neoliberalismo em seu -brasil, foi vista pela Coroa portuguesa como uma ameaça.
interior.
Obviamente começa com o final da Idade Moderna e segue até
nossos dias, não tem uma data que delimite seu fim, já que estamos
ainda vivendo a contemporaneidade.

20 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Pau-
lo. Saraiva.
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Na prática, disputavam o território com os portugueses, igno- o território, atrair colonos e vencer a resistência indígena. Assim,
rando o Tratado de Tordesilhas (1494), pois julgavam um abuso a partir da segunda metade do século XVI, a Coroa preferiu criar
esse acordo, fosse ele reconhecido ou não pelo papa. Tornou-se capitanias reais, como a do Rio de Janeiro. Algumas delas foram
célebre a frase do rei francês Francisco I, dizendo desconhecer o mantidas como particulares e hereditárias, como a de Pernambuco.
“testamento de Adão” que dividia o mundo entre os dois reinos Porém, a maior inovação foi a criação do Governo-geral, em
ibéricos. 1548, com o objetivo de centralizar o governo da colônia, coorde-
nando o esforço de defesa, fosse contra os indígenas rebeldes, fosse
Capitanias Hereditárias contra os navegadores e piratas estrangeiros, sobretudo franceses,
Para preservar a segurança da rota oriental, os portugueses or- que acossavam vários pontos do litoral. A capitania escolhida para
ganizaram a colonização do Brasil. A solução adorada por D. João III, sediar o governo foi a Bahia, transformada em capitania real.
em 1532, foi o sistema de capitanias hereditárias, que já havia sido Tomé de Souza, primeiro governador do Brasil, chegou à Bahia
utilizado na colonização do arquipélago da Madeira. em 1549 e montou o aparelho de governo com funcionários previs-
O litoral foi dividido em capitanias, concedidas, em geral, a ca- tos no Regimento do Governo-geral: o capitão-mor, encarregado
valeiros da pequena nobreza que se destacaram na expansão para da defesa militar, o ouvidor-mor, encarregado da justiça; o prove-
a África e para a Índia. Em suas respectivas capitanias, os donatários dor-mor, encarregado das finanças; e o alcaide-mor, incumbido da
ficavam incumbidos de representar o rei no que se referia à defesa administração de Salvador, capital do então chamado Estado do
militar do território, ao governo dos colonos, à aplicação da justiça Brasil.
e à arrecadação dos impostos, recebendo, em contrapartida, privi- No mesmo ano, chegaram os primeiros jesuítas, iniciando-se
légios particulares.
o processo de evangelização dos indígenas, sendo criado, ainda, o
Os direitos e deveres dos donatários eram fixados na carta de
primeiro bispado da colônia, na Bahia, com a nomeação do bispo D.
doação, complementada pelos forais. Em recompensa por arcar
Pero Fernandes Sardinha.
com os custos da colonização, os donatários recebiam vasta exten-
A implantação do Governo-geral, a criação do bispado baiano e
são de terras para sua própria exploração, incluindo o direito de
transmitir os benefícios e o cargo a seus herdeiros. a chegada dos missionários jesuítas foram, assim, processos articu-
Além disso, eram autorizados a receber parte dos impostos de- lados e simultâneos. Por outro lado, a Bahia passou a ser importan-
vidos ao rei, em especial 10% de todas as rendas arrecadadas na te foco de povoamento, tornando-se, ao lado de Pernambuco, uma
capitania e 5% dos lucros derivados da exploração do pau-brasil. das principais áreas açucareiras da América portuguesa.
Outra atribuição dos capitães era a distribuição de terras aos
colonos que as pudessem cultivar, o que se fez por meio da conces- Disputas Coloniais
são de sesmarias, cujos beneficiários ficavam obrigados a cultivar a
terra em certo período ou a arrendá-la. No caso das terras conce- Nos primeiros trinta anos do século XVI, os grupos indígenas do
didas permanecerem incultas, a lei estabelecia que estas deveriam litoral não sofreram grande impacto com a presença dos europeus
ser confiscadas e retornar ao domínio da Coroa. Mas não foi raro, no litoral, limitados a buscar o pau-brasil. E certo que franceses e
no Brasil, burlar-se essa exigência da lei, de modo que muitos co- portugueses introduziram elementos até então estranhos à cultura
lonos se assenhoravam de vastas terras, mas só exploravam parte dos tupis, como machados e facas, entre outros. Mas isso não alte-
delas. rou substancialmente as identidades culturais nativas.
O regime de capitanias hereditárias inaugurou no Brasil um sis- A partir dos anos 1530, franceses e portugueses passaram a
tema de tremenda confusão entre os interesses públicos e particu- disputar o território e tudo mudou. A implantação do Governo-ge-
lares, o que, aliás, era típico da monarquia portuguesa e de muitas ral português na Bahia, em 1549, não inibiu tais iniciativas. Mas foi
outras desse período. na segunda metade do século XVI que ocorreu a mais importan-
D. João III estabeleceu o sistema de capitanias hereditárias com te iniciativa de ocupação francesa, do que resultou a fundação da
o objetivo específico de povoar e colonizar o Brasil. Com exceção de França Antártica, na baía da Guanabara.
São Vicente e Pernambuco, as demais capitanias não prosperaram.
Em 1548, o rei decidiu criar o Governo-geral, na Bahia, com vistas a França Antártica
centralizar a administração colonial. Por volta de I1550, o cavaleiro francês Nicolau Durand de Ville-
gagnon concebeu o plano de estabelecer uma colônia francesa na
Governo Geral baía da Guanabara, com o objetivo de criar ali um refúgio para os
Foi por meio das sesmarias que se iniciou a economia açuca-
huguenotes (como eram chamados os protestantes), além de dar
reira no Brasil, difundindo-se as lavouras de cana-de-açúcar e os
uma base estável para o comércio de pau-brasil. O lugar ainda não
engenhos. Embora tenha começado em São Vicente, ela logo se de-
tinha sido povoado pelos portugueses.
senvolveu em Pernambuco, capitania mais próspera no século XVI.
Vlllegagnon recebeu o apoio do huguenote Gaspard de Coligny,
As demais fracassaram ou mal foram povoadas. Várias delas
não resistiram ao cerco indígena, como a do Espírito Santo. Na almirante que gozava de forte prestígio na corte francesa. A ideia
Bahia, o donatário Francisco Pereira Coutinho foi devorado pelos de conquistar um pedaço do Brasil animou também o cardeal de
tupinambás. Em Porto Seguro, o capitão Pero do Campo Tourinho Lorena, um dos maiores defensores da Contrarreforma na França e
acabou se indispondo com os colonos e enviado preso a Lisboa. conselheiro do rei Henrique II.
A Coroa portuguesa percebeu as deficiências desse sistema O projeto de colonização francesa nasceu, portanto, marca-
ainda no século XVI e reincorporou diversas capitanias ao patrimô- do por sérias contradições de uma França dilacerada por conflitos
nio real, como capitanias da Coroa. Constatou também que mui- políticos e religiosos. Uns desejavam associar a futura colônia ao
tos donatários não tinham recursos nem interesse para desbravar calvinismo, enquanto outros eram católicos convictos. Henrique II,
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da França, apoiou a iniciativa e financiou duas naus armadas com Assim, em 1549, desembarcaram os primeiros jesuítas, lidera-
recursos para o estabelecimento dos colonos. Villegagnon aportou dos por Manoel da Nóbrega, incumbidos de transformar os “gen-
na Guanabara em novembro de ISSS e fundou o Forte Coligny para tios” em cristãos. A Companhia de Jesus era a ordem religiosa com
repelir qualquer retaliação portuguesa. O fator para o êxito inicial maior vocação para essa tarefa, pois seu grande objetivo era expan-
foi o apoio recebido dos tamoios, sobretudo porque os franceses dir o catolicismo nas mais remotas partes do mundo. Desde o início,
não escravizavam os indígenas nem lhes tomavam as terras. os jesuítas perceberam que a tarefa seria dificílima, pois os padres
tinham de lidar com povos desconhecidos e culturas diversas.
Conflitos Internos A solução foi adaptar o catolicismo às tradições nativas, come-
çando pelo aprendizado das línguas, procedimento que os jesuítas
A colônia francesa era carente de recursos e logo se viu ator- também utilizaram na China, na Índia e no Japão. Com esse apren-
mentada pelos conflitos religiosos herdados da metrópole. Os dizado, os padres chegaram a elaborar uma gramática que prepara-
colonos chegavam a se matar por discussões sobre o valor dos va os missionários para a tarefa de evangelização. José de Anchieta
sacramentos e do culto aos santos, gerando revoltas e punições compôs, por volta de 1555, uma gramática da língua tupi, que era a
exemplares. língua mais falada pelos indígenas do litoral. Por essa razão, o tupi
Do lado português, Mem de Sá, terceiro governador-geral des- acabou designado como “língua geral “.
de 1557, foi incumbido de expulsar os franceses da baía da Guana-
bara, região considerada estratégica para o controle do Atlântico As Missões
Havia a necessidade de definir onde e como realizar a cateque-
Sul. Em 1560, as tropas de Mem de Sá tomaram o Forte Coligny,
se. De início, os padres iam às aldeias, onde se expunham a enor-
mas a resistência francesa foi intensa, apoiada pela coalizão indíge-
mes perigos. Nessa tentativa, alguns até morreram devorados pelos
na chamada Confederação dos Tamoios.
indígenas.
As guerras pelo território prosseguiram até que Estácio de Sá,
Em Outros casos, eles tinham de enfrentar os pajés, aos quais
sobrinho do governador, passou a comandar a guerra de conquista chamavam feiticeiros, guardiões das crenças nativas. Para contor-
contra a aliança franco-tamoia. Aliou-se aos temiminós, liderados nar tais dificuldades, os jesuítas elaboraram um “plano de aldea-
por Arariboia, inimigos mortais dos tamoios. A guerra luso-francesa mento”, em 1558, cujo primeiro passo era trazer os nativos de suas
na Guanabara foi também uma guerra entre temiminós e tamoios, malocas para os aldeamentos da Companhia de Jesus dirigidos pe-
razão pela qual cada grupo escolheu alianças com os oponentes eu- los padres. Os jesuítas entendiam que, para os indígenas deixarem
ropeus. de ser gentios e se transformarem em cristãos, era preciso deslo-
Em 12 de março de 1565, em meio a constantes combates, foi cá-los no espaço: levá-los da aldeia tradicional para o aldeamento
fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Seu governo colonial.
foi confiado a Estácio de Sá, morto por uma flecha envenenada em Foi esse o procedimento que deu maiores resultados. Esta foi
20 de janeiro de 1567, mesmo ano em que os portugueses expulsa- urna alteração radical no método da catequese, com grande impac-
ram os franceses do Rio de Janeiro. Os tamoios, por sua vez, foram to na cultura indígena. Os aldeamentos foram concebidos pelos je-
massacrados pelos temiminós, cujo chefe, Arariboia, foi presentea- suítas para substituir as aldeias tradicionais. Os padres realizaram o
do com terras e títulos por seus serviços ao rei de Portugal. grande esforço de traduzir a doutrina cristã para a cultura indígena,
estabelecendo correspondências entre o catolicismo e as tradições
França Equinocial nativas.
Derrotados na Guanabara, os franceses tentaram ocupar outra Foi assim, por exemplo, que o deus cristão passou a ser cha-
parte do Brasil, no início do século XVII. Desta vez o alvo foi a capita- mado de Tupã (trovão, divinizado pelos indígenas). A doutrinação
nia do Maranhão. Confiou-se a tarefa a Daniel de Ia Touche, senhor colheu melhores resultados com as crianças, já que ainda não co-
de La Ravardiére, que foi acompanhado de dois frades capuchinhos nheciam bem as tradições tupis. A encenação de peças teatrais para
que se tornaram famosos: Claude d’Abbeville e Yves d’Evreux, auto- a exaltação da religião cristã - os autos jesuíticos - foi importante
res de crónicas importantes sobre o Maranhão. instrumento pedagógico. Os autos mobilizavam as crianças como
Em 1612, os franceses fundaram a França Equinocial e nela atores ou membros do coro.
construíram o Forte de São Luís. Mas também ali houve disputas Mas os indígenas resistiram muito à mudança de hábitos. Os
internas e falta de recursos para manter a conquista. Os portugue- colonos, por sua vez, queriam-nos como escravos para trabalhar
nas lavouras. Os jesuítas lutaram, desde cedo, contra a escravização
ses tiraram proveito dessa situação, liderados por Jerônimo de Al-
dos indígenas pelos colonos portugueses, alegando que o funda-
buquerque. À frente de milhares de soldados, incluindo indígenas,
mental era doutriná-los, e assim conseguiram do rei várias leis proi-
ele moveu campanha contra os franceses em 1613 e finalmente os
bindo o cativeiro indígena.
derrotou em 1615, tomando o Forte de São Luís.
Sociedade Colonial X Jesuítas
Os Jesuítas No século XVI, os jesuítas perderam a luta contra os interesses
escravistas. No século XVII, porém, organizaram melhor as missões,
A catequese dos indígenas foi um dos objetivos da coloniza- sobretudo no Maranhão e no Pará, e afastaram os aldeamentos dos
ção portuguesa, embora menos importante do que os interesses núcleos coloniais para dificultar a ação dos apresadores.
comerciais. No entanto, a crescente resistência indígena ao avanço Defenderam com mais vigor a “liberdade dos indígenas”, no
dos portugueses e a aliança que muitos grupos estabeleceram com que se destacou António Vieira, principal jesuíta português atuante
os franceses fizeram a Coroa perceber que, sem a “pacificação” dos no Brasil e autor de inúmeros sermões contra a cobiça dos senhores
nativos, o projeto colonizador estaria ameaçado. coloniais. Embora condenassem a escravização indígena, os jesuítas
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sempre defenderam a escravidão africana, desde que os senhores Outra inovação foram as visitações da Inquisição, realizadas
tratassem os negros com brandura e cuidassem de prover sua Ins- para averiguar a fé dos colonos, sobretudo a dos cristãos-novos,
trução no cristianismo. descendentes de judeus e suspeitos de conservar as antigas cren-
Assim os jesuítas conseguiram conciliar os objetivos missioná- ças em segredo.
rios com os interesses mercantis da colonização. Expandiram seus Nesse período, da União Ibérica, as fronteiras estabelecidas
aldeamentos por todo o Brasil, desde o sul até a região amazônica. pelo Tratado de Tordesilhas foram atenuadas, uma vez que Portugal
Na segunda metade do século XVIII, a Companhia de Jesus era uma passou a pertencer à Espanha. Por meio dos avanços dos bandei-
das mais poderosas e ricas instituições da América portuguesa. rantes, os limites do Brasil se expandiram para oeste, norte e sul.
A Ação dos Bandeirantes Mas com essa união Portugal acabou herdando vários inimigos dos
espanhóis, dentre eles os holandeses. E não tardou muito para que
Na América portuguesa, desde o século XVI os colonos foram a atenção deles se voltasse para as prósperas capitanias açucareiras
os maiores adversários dos jesuítas. Preferiam, sempre que pos- do Brasil.
sível, obter escravos indígenas, mais baratos do que os africanos.
No entanto, eram os chamados mamelucos, geralmente filhos de Um Governo Holandês
portugueses com índias, os oponentes mais diretos dos nativos. Os
mamelucos eram homens que dominavam muito bem a língua na- A investida dos holandeses contra o Brasil era previsível. Ams-
tiva, chamada de “língua geral” , conheciam os segredos das matas, terdã tinha se tornado o centro comercial e financeiro da Europa
sabiam como enfrentar os animais ferozes e, por isso, eram contra- e se preparava para atingir o Atlântico e o Indico. Antes da União
tados para “caçar indígenas”. Ibérica, os portugueses haviam se associado aos holandeses no co-
Muitas vezes negociavam com os chefes das aldeias a troca de mércio do açúcar. O Brasil produzia o açúcar, Portugal o comprava
prisioneiros por armas, cavalos e pólvora. Outras vezes capturavam em regime de monopólio, vendendo-o à Holanda, que o revendia
escravos nas aldeias ou nos próprios aldeamentos dirigidos pelos na Europa.
missionários. Esses mamelucos integravam as expedições chama- A Espanha, inimiga da Holanda, jamais permitiria a continuida-
das de bandeiras. Alguns historiadores diferenciam as bandeiras, de desse negócio. Em 1602, os holandeses fundaram a Companhia
expedições de iniciativas particulares, das entradas, patrocinadas das Índias Orientais, que conquistaria diversos territórios hispano-
pela Coroa ou pelos governadores. -portugueses no oceano Índico. Em 1621, fundaram a Companhia
Entretanto, os dois tipos de expedição se confundiam, seja nos das Índias Ocidentais para atuar no Atlântico, cuja missão principal
objetivos, seja na composição de seus membros, embora o termo era conquistar o Brasil. Em 1624, os holandeses atacaram a Bahia,
entrada fosse mais utilizado nos casos de repressão de rebeliões e sede do governo do Brasil. Conquistaram Salvador, mas não conse-
de exploração territorial. Desde o século XVI, o objetivo principal guiram derrotar a resistência baiana, sendo expulsos da cidade no
das entradas e bandeiras era procurar riquezas no interior, chama- ano seguinte.
do na época de sertões, e escravizar indígenas. Em 1630, foi a vez de Pernambuco, a capitania mais rica na pro-
Os participantes dessas expedições eram, em geral, chamados dução de açúcar. Os holandeses conquistaram Olinda e Recife sem
de bandeirantes. Ao longo do século XVII, as expedições bandei- dificuldade, obrigando o governador a retirar sua milícia. Tomaram
rantes alargaram os domínios portugueses na América, que ultra- Itamaracá, em 1632, o Rio Grande do Norte, em 1633, e a Paraíba,
passaram a linha divisória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. no final de 1634. Mais tarde, eles ainda tomariam o Ceará e parte
No final do século XVII, os bandeirantes acabaram encontrando o do Maranhão, estabelecendo o controle sobre a maior parte do li-
tão cobiçado ouro na região depois conhecida como Minas Gerais. toral nordestino. Na medida em que avançavam, muitos luso-brasi-
leiros desertavam ou passavam para o lado holandês.
União Ibérica e Brasil Holandês O mais célebre deles foi Domingos Fernandes Calabar, que
atuou como guia dos holandeses, em 1632, pois conhecia bem os
Em 1578, o jovem rei português D. Sebastião partiu à frente de caminhos de Pernambuco. Caiu prisioneiro dos portugueses, em
numeroso exército para enfrentar o xarife do Marrocos na famosa 1635, e foi condenado à morte - estrangulado e depois esquarte-
Batalha de Alcácer-Quibir. Perdeu a batalha e a vida. Como era sol- jado, como exemplo de traidor. Muitos outros, porém, fizeram o
teiro e não tinha filhos, a Coroa passou para seu tio-avô, o cardeal mesmo e saíram ilesos.
D. Henrique, que morreu dois anos depois. As primeiras ações da Holanda foram violentas, incluindo sa-
Felipe II, rei da Espanha, cuja mãe era tia-avó de D. Sebastião, que de igrejas e destruição das imagens de santos. Afinal, os holan-
reivindicou a Coroa e mandou invadir Portugal, sendo aclamado rei deses eram calvinistas e repudiavam o catolicismo.
com o título de Felipe I. Portugal foi unido à Espanha sob o governo Em 1635, com a conquista consolidada, os holandeses perce-
da dinastia dos Habsburgos, iniciando-se a União Ibérica, que dura- beram que, sem o apoio da população local, a dominação seria invi-
ria 60 anos (1580-1640). ável. Assim, a primeira medida foi a de estabelecer a tolerância reli-
Durante esse período de dominação filipina, ocorreram modifi- giosa, admitindo-se os cultos católicos e a permanência dos padres,
cações importantes na colônia. Em 1609, foi criado o Tribunal da Re- com a exceção dos jesuítas, que foram expulsos.
lação da Bahia, o primeiro tribunal de justiça no Brasil. No mesmo A segunda medida foi oferecer empréstimos aos senhores lo-
ano, uma lei reafirmou a proibição do cativeiro indígena. Em 1621, cais ou leiloar os engenhos cujos donos tinham fugido. Em 1637,
houve a divisão do território em dois Estados: o Estado do Brasil e o com a chegada do conde João Maurício de Nassau, nomeado pela
Estado do Maranhão, este último mais tarde chamado de Estado do Companhia das Índias Ocidentais, inaugurou-se uma nova fase na
Grão-Pará e Maranhão, subordinado diretamente a Lisboa. história da dominação holandesa. Ele chegou ao Recife e determi-
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nou a realização de inúmeras obras, como a construção da Cidade ção dos quilombos de Palmares. Nessa ocasião, partindo do Rio
Maurícia, na outra banda do rio Capibaribe, onde foi erguido um de Janeiro, Salvador Correia de Sá reconquistou Angola, em 1648,
palácio e criado um jardim botânico. rompendo o controle holandês sobre o tráfico africano. A economia
Patrocinou a vinda de artistas holandeses, que retrataram a pernambucana sob domínio da Holanda viu-se em crescente dificul-
paisagem e a vida colonial como nunca até então se havia feito no dade para obter escravos.
Brasil. Mas o governo de Nassau não deixou de ampliar as conquis- Em 1649, os rebeldes pernambucanos alcançaram vitória deci-
tas territoriais da Companhia das Índias. Logo em 1637 ordenou a siva na segunda Batalha dos Guararapes. Em 1654, tornaram o Re-
captura da feitoria africana de São Jorge da Mina, no golfo de Benin, cife e expulsaram de vez os holandeses do Brasil. Em 1661, Portugal
e anexou o Sergipe. e Países Baixos assinaram um tratado de paz, em Haia, pelo qual os
Em 1638, lançou-se à conquista da Bahia, que resistiu nova- portugueses se comprometeram a pagar uma pesada indenização
mente com bravura e não caiu. Em 1641, tomou o Maranhão e, no aos holandeses em dinheiro, açúcar, tabaco e sal.
mesmo ano, invadiu a cidade de Luanda, em Angola. Os holandeses
passaram, então, a controlar o tráfico atlântico de escravos. A Guerra de Palmares

Tolerância Religiosa Durante o domínio holandês em Pernambuco, começaram a se


Foi no chamado período nassoviano que os judeus portugue- formar os quilombos de Palmares, núcleo da maior revolta de escra-
ses residentes em Amsterdã (ali estabelecidos para escapar às per- vos da história do Brasil. Palavra de origem banto - tronco linguístico
seguições da Inquisição) foram autorizados a imigrar para Pernam- do idioma falado em Angola - kilombo significa acampamento ou
buco. Um grupo estimado em, no mínimo, 1500 judeus fixou-se em fortaleza.
Pernambuco e na Paraíba entre 1637 e 1644. Foi o termo que os portugueses utilizaram para designar as
Fundaram uma sinagoga no Recife a primeira Sinagoga das comunidades de africanos fugidos da escravidão. O incremento do
tráfico africano para a região, a partir da conquista holandesa de
Américas - e fizeram campanha junto aos cristãos-novos da Colônia
Angola, em 1641, foi o principal fator para o aumento das fugas e
para que abandonassem o catolicismo, regressando à religião de
o crescimento quilombos. Localizado na serra da Barriga, no estado
seus antepassados. Muitos atenderam a esse apelo; outros preferi-
de Alagoas (na época pertencia a Pernambuco), Palmares cresceu
ram permanecer cristãos.
muito na segunda metade do século XVII. Estima-se que chegou a
Os judeus portugueses foram muito importantes para a domi- possuir dez fortes ou mocambos, com cerca de 20 mil quilombolas.
nação holandesa no nordeste açucareiro, sobretudo na distribuição Eles viviam da caça, coleta e agricultura de milho e feijão, realizada
de mercadorias importadas e de escravos. Também se destacaram em roçados familiares utilizando um sistema de trabalho coopera-
como corretores, intermediando negócios em troca de um percen- tivo.
tual sobre o valor das transações. O fato de os judeus do Recife fa- Os excedentes agrícolas eram vendidos nas vilas próximas. Fre-
larem português e holandês foi decisivo para que alcançassem esse quentemente atacavam os engenhos e roubavam escravos, em es-
importante papel na economia regional. pecial mulheres. Por vezes, assaltavam aldeias indígenas em busca
de mulheres e alimentos. Alguns historiadores viram em Palmares
Restauração Pernambucana um autêntico Estado africano recriado no Brasil para combater a
Em 1640, durante a ocupação de Pernambuco pelos holande- sociedade escravista dominante. Mas há exagero nessa ideia, em-
ses, Portugal conseguiu se livrar do domínio espanhol com a ascen- bora seja inegável a organização política dos quilombos, inspirada
são ao trono de D. João IV, da dinastia de Bragança. O rei tentou ne- no modelo das fortalezas africanas. Exatamente por serem naturais
gociar com os holandeses a devolução dos territórios conquistados de sociedades africanas em que a escravidão era generalizada, os
no tempo em que Portugal estava submetido aos espanhóis, mas os principais dirigentes do quilombo possuíam escravos, reeditando a
holandeses não cederam. escravidão praticada na África.
Em 1644, após Nassau voltar à Holanda, os colonos do Brasil Os líderes de Palmares lutavam pela própria liberdade, mas não
resolveram enfrentar os holandeses. Motivo: os preços do açúcar pelo fim da escravidão. De todo modo, o crescimento de Palmares
vinham declinando desde 1643, e os senhores de engenho e os la- levou as autoridades coloniais a multiplicar expedições repressivas.
vradores de cana estavam cada vez mais endividados com a Com- Todas fracassaram, repelidas por Ganga Zumba, grande chefe dos
panhia das Índias Ocidentais. Em 13 de junho de 1645, iniciou-se a quilombolas. Em 1678, o governador de Pernambuco propôs um
chamada Insurreição Pernambucana. acordo ao chefe dos palmarinos. Em troca da paz, Ganga Zumba ob-
João Fernandes Vieira era o líder dos rebeldes e um dos maio- teve a alforria para os negros de Palmares, a concessão de terras em
res devedores dos holandeses. André Vidal de Negreiros era o se- Cucaú (norte de Alagoas) e a garantia de prosseguirem o comércio
gundo no comando dos rebeldes. Os indígenas potiguares, lidera- com os vizinhos.
Comprometeu-se, porém, a devolver todos os escravos que
dos por Felipe Camarão, e a milícia de negros forros, liderada por
dali em diante fugissem para o quilombo.
Henrique Dias, uniram esforços contra os holandeses. Essa aliança
O acordo dividiu os quilombolas, e Ganga Zumba foi assassina-
produziu o mito de que a guerra contra o invasor holandês “uniu
do pelo grupo que rejeitou os termos desse acordo, desconfiando
as três raças formadoras da nação brasileira”, sobretudo entre os
das intenções do governo colonial. Prosseguiu, assim, a guerra dos
historiadores do século XIX. palmarinos, agora liderada por Zumbi. A resistência quilombola foi
No entanto, houve indígenas lutando nos dois lados. Entre os grande, mas acabou sucumbindo em 1695, derrotada pelas tropas
potiguares, por exemplo, Pedro Poti - primo de Filipe Carnarão - lu- do bandeirante Domingos Jorge Velho. Em 20 de novembro de
tou do lado holandês. Entre os africanos, nunca houve tantas fugas 1695, Zumbi foi degolado e sua cabeça, enviada como troféu para
em Pernambuco corno nesse período, o que encorpou a popula- Recife - o maior triunfo da sociedade escravista no Brasil colonial.
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Economia Mineradora Quando da descoberta de algum veio aurífero, o descobridor


deveria comunicar o fato às autoridades. Em tese, todas as jazidas
O fim da União Ibérica em 1640 e a consequente ascensão ao eram propriedade do rei, que poderia conceder a particulares o
poder da dinastia de Bragança criaram mais problemas do que so- direito de explorá-las. O intendente, então, repartia as datas, sor-
luções para Portugal. Além de enfrentar uma longa guerra contra a teando-as aos solicitantes. O descobridor escolheria as duas datas
Espanha, que se prolongou, com enorme custo, até 1668, os portu- que mais lhe interessassem, livrando-se do sorteio. O Guarda-Mor
gueses foram obrigados a pagar indenizações à Holanda depois da da In- tendência escolhia, em nome da Fazenda Real, a data do rei,
vitória na Insurreição Pernambucana, em 1654, sob o risco de suas que era leiloada e arrematada por particulares, os contratadores,
colônias e navios serem atacados pela poderosa marinha flamenga. em troca de um pagamento.
A situação se agravou na segunda metade do século XVII. Ape- Só podiam solicitar datas os proprietários de escravos. Cada es-
sar da recuperação das capitanias açucareiras do Brasil, os portu- cravo representava, em medidas da época, o equivalente a 5,5 me-
gueses tiveram de conviver com a concorrência do açúcar produ- tros de terreno, e um proprietário poderia ter no máximo 66 metros
zido nas Antilhas inglesas, francesas e holandesas. Os mercadores em quadra, denominada data inteira. Para explorar as jazidas das
holandeses, por exemplo, eram os maiores distribuidores do açúcar datas, organizavam-se as lavras, forma de exploração em grande es-
na Europa e, obviamente, priorizaram a mercadoria de suas ilhas cala com aparelhamento para a lavagem do ouro.
caribenhas depois de expulsos do Brasil. Na década de 1690, um O ouro encontrado fora das datas, em locais franqueados a
fato espetacular mudou totalmente esse quadro de penúria: a des- todos, era minerado pelos faiscadores, homens que utilizavam so-
coberta de uma quantidade até então nunca vista de ouro de alu- mente alguns instrumentos de fabricação simples, como a bateia e
vião no interior do Brasil, numa região que passou a ser conhecida o cotumbê, trabalhando por conta própria.
como Minas Gerais. Foram criadas ainda as Casas de Fundição, vinculadas às Inten-
Uma onda impressionante de aventureiros do Brasil e de Por- dências. Elas deviam recolher, fundir e retirar o quinto da Coroa,
tugal se dirigiu para o lugar em busca do metal precioso que, de tão transformando-o em barra, única forma autorizada para a circula-
abundante, parecia inesgotável. Os bandeirantes paulistas estavam ção do metal fora da capitania.
acostumados, desde o século XVI, a armar expedições ao interior Desde o início, a mineração exigiu maior centralização adminis-
do território para escravizar indígenas, e foram eles os responsáveis trativa, o que diferenciava as Minas de outras regiões exportadoras
pela descoberta do ouro. Os paulistas solicitaram o monopólio das da Colônia. As Intendências, por exemplo, eram subordinadas dire-
explorações, não sendo atendidos. Não puderam controlar a entra- tamente à metrópole, e não às autoridades coloniais. A descoberta
da dos emboabas (estrangeiros), como eram denominados pelos de diamantes, em 1729, no que então passou a chamar-se Distrito
paulistas os portugueses vindos do reino e os que chegavam de ou- Diamantino, com sede no Arraial do Tejuco, provocou medida ainda
tras capitanias. mais drástica: o ir e vir de pessoas ficou condicionado à autorização
Em 1707, estourou a chamada Guerra dos Emboabas, que du- do intendente.
rou até 1709, com a derrota dos paulistas. Para melhorar a arreca- Na época da descoberta do ouro, havia dois caminhos que le-
dação dos impostos e submeter a população, em 1709 foi criada a vavam às Gerais: um que partia de São Paulo (que ficou conhecido
capitania de São Paulo e Minas do Ouro separada da capitania do como Caminho Velho das Gerais) e outro do porto de Parati; eles
Rio de Janeiro. Surgiram vilas e outros núcleos urbanos para rece- se encontravam na serra da Mantiqueira. Para ir do Rio de Janeiro
ber a burocracia administrativa e o aparelho fiscal. às Minas, o viajante tinha de ir de barco até Parati e, de lá, após
Apesar de vencidos e, num primeiro momento, expulsos das atravessar a serra do Mar, encontrar o caminho de São Paulo.
áreas de conflito (vales do rio das Velhas e do rio das Mortes), o Era um caminho muito acidentado e, para percorrê-lo, demo-
fato era que somente os paulistas tinham experiência em encontrar rava cerca de dois meses, viajando-se, como era o costume, até o
jazidas de ouro. meio-dia. Foi determinada a construção de uma nova via, ligando
Foram formalmente perdoados pelo governador da nova capi- diretamente a cidade do Rio de Janeiro às Minas de Ouro, conheci-
tania, o Conde de Assumar, em 1717. Os dirigentes metropolitanos da como Caminho Novo das Gerais. Em todos os caminhos foram
não só reconheciam sua competência nas explorações, mas tam- estabelecidos registros, que funcionavam como postos de fiscaliza-
bém avaliavam que somente com eles não era possível organizar ção e de cobrança de taxas sobre os produtos vendidos na região.
estabelecimentos fortes e duradouros. Logo que se esgotava uma Era tarefa dos agentes conferir se o ouro que era transportado para
mina, saíam em busca de novos veios. Assim, os paulistas foram o Rio de Janeiro havia sido tributado. Também os registros foram
obrigados a compartilhar a exploração do ouro com os emboabas. objetos de contratos entre a Real Fazenda e particulares (contrata-
Mas mantiveram suas andanças exploratórias, descobrindo campos dores), que poderiam, por um certo tempo, explorar a arrecadação.
auríferos ainda em Goiás e Mato Grosso. O ouro do Brasil permitiu à Coroa portuguesa considerável au-
mento de suas rendas. Sua exploração possibilitou ainda uma maior
Exploração das minas ocupação do interior do Brasil, empurrando cada vez mais os limites
O governo tomou diversas e duras medidas para controlar a da linha de Tordesilhas para o oeste. Incentivou, também, o sur-
região aurífera. Criou em 1702 a Intendência das Minas, órgão que gimento de atividades econômicas complementares à mineração,
tinha entre suas funções zelar pela cobrança do quinto real, repri- como a criação de mulas no Rio Grande do Sul, os únicos animais
mir o contrabando e repartir os lotes de terras minerais - denomi- capazes de transportar mercadorias nos íngremes caminhos das
nados datas. Minas.

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O declínio da mineração foi tão rápido quanto o aumento de do em três, segundo a proposta de Montesquieu: Executivo, Legis-
sua produção. Em 1780, a renda obtida com a mineração era menos lativo e Judiciário – cada um se encarregando de fiscalizar e limitar
da metade do que em seu apogeu, trinta anos antes. Esse declínio a autoridade do outro. A escravidão seria mantida nos Estados que
se deve, basicamente, ao fato de a maior parte do ouro das Minas assim decidissem.
ser de aluvião, facilmente encontrado e extraído e rapidamente es- O primeiro presidente norte-americano eleito foi o chefe do
gotado. exército rebelde durante a guerra pela independência: George Wa-
shington.
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
*Candidato(a). As questões desse conteúdo se encontram no
Processo de Independência conteúdo “Estados Unidos – Colonização e Independência”.
Diante das represálias do governo britânico, depois do episódio
de Boston, representantes das Treze Colônias realizaram, em 1774, REVOLUÇÃO FRANCESA
na cidade de Filadélfia, o Primeiro Congresso Continental, no qual
se determinou o boicote total ao comércio com a Inglaterra. O en- Panorama da Sociedade Francesa
durecimento das autoridades britânicas era esperado e os ataques
do exército a certas cidades não tardou. Em fins do século XVIII, a França contava com 28 milhões de ha-
Em 1776, representantes das colônias novamente se reuniram bitantes. A sociedade era dividida em três estamentos, conhecidos
em Filadélfia, no Segundo Congresso Continental, no qual se deci- como estados ou ordens. O topo da pirâmide social era ocupado
diu pelo rompimento definitivo das relações com a Inglaterra. No pelo primeiro estado, constituído por cerca de 120 mil integrantes
dia 4 de julho, publicou-se a Declaração de Independência, elabo- da Igreja católica21.
rada por Thomas Jefferson e inspirada nos ideais iluministas euro- O clero controlava 20% das terras francesas e detinha numero-
sos privilégios, como a isenção de impostos e o direito de julgamen-
peus.
to em tribunais próprios. Ele se dividia em alto clero (religiosos de
As autoridades britânicas obviamente não aceitaram pacifi-
origem nobre) e baixo clero (padres e cônegos pobres).
camente o rompimento declarado pelos colonos e partiram para
Com status superior ao da maioria do clero, o segundo estado
a guerra a fim de manter o território. Os colonos, porém, estavam
era formado pela nobreza, composta de aproximadamente 400 mil
pouco preparados e contavam com escassos recursos para o confli-
pessoas. Faziam parte dela: a família real; os cortesãos; os nobres
to contra o exército inglês. As derrotas dos rebeldes se sucederam
de toga, ou seja, burgueses que haviam comprado títulos de no-
durante um ano de luta.
breza; e os descendentes das antigas famílias feudais (nobres de
Em 1777, porém, os rumos da guerra se inverteram: em uma
sangue), muitos dos quais residiam em seus castelos.
importante batalha em Saratoga, os colonos conseguiram derrotar
Os nobres também não pagavam impostos e viviam, principal-
os “jaquetas vermelhas” e, graças a isso, obtiveram o apoio militar mente, da exploração do trabalho dos camponeses.
e financeiro de dois países europeus: França e Espanha. No terceiro estado encontrava-se cerca de 98% da população
Esse apoio foi decisivo para a vitória final, em 1781, na bata- francesa. O terceiro estado era composto de: alta burguesia (ban-
lha de Yorktown, quando os rebeldes venceram definitivamente as queiros, armadores e donos de grandes negócios); média burguesia
tropas inglesas. Em 1783, por meio do Tratado de Paris, o governo (profissionais liberais, proprietários de negócios de médio porte e
da Inglaterra reconheceu oficialmente a independência dos Estados comerciantes); pequena burguesia (artesãos e pequenos comer-
Unidos da América. ciantes); trabalhadores urbanos e camponeses.
Esse grupo recolhia impostos tanto para o Estado como para a
Organização dos Estados Unidos da América nobreza e o clero. Algumas dessas taxas vinham do tempo do feu-
Após adquirir independência, os norte-americanos precisavam dalismo, como a corveia (trabalho gratuito do servo ao senhor) e o
organizar o novo Estado – tarefa difícil, pois não havia exemplo a dízimo (parte entregue à Igreja).
seguir. A inspiração para a elaboração da Constituição dos Estados
Unidos foi buscada junto aos preceitos iluministas, defensores da li- Um tempo de Crises
berdade e igualdade. Todavia, o texto constitucional só foi aprovado
depois de intensos debates. Vale lembrar a heterogeneidade da or- Nas últimas décadas do século XVIII, quando a França enfrenta-
ganização socioeconômica e política do território norte-americano va uma profunda crise econômica, ocasionada principalmente pe-
às vésperas da independência. los gastos com guerras, cerca de 80% da renda dos camponeses era
Assim, a Constituição dos Estados Unidos da América foi ins- destinada ao pagamento de impostos.
tituída em 1787. Previa, entre outras coisas, que os Estados Uni- Entre 1785 e 1788, os preços dos alimentos dispararam em ra-
dos teriam um governo republicano, federalista e presidencialis- zão de uma forte seca e dos péssimos resultados da safra agríco-
ta: o poder seria exercido por um presidente, assessorado por um la. A fome se alastrou, provocando morte, desolação e migrações.
Congresso que representaria as várias unidades administrativas da Muitos se tornaram mendigos, outros passaram a roubar e alguns
União (Estados). decidiram destruir castelos e assassinar seus proprietários. Em Paris
Cada Estado teria seu próprio governador e uma certa autono- e outras cidades, artesãos e operários começaram a fazer greves.
mia em relação ao governo central. Além disso, cada Estado elabo- Saques a lojas e manifestações contra a política econômica do go-
raria a sua própria Constituição, estabelecendo regras específicas verno se disseminaram.
para o funcionamento da vida estadual. O poder estatal, nos três 21 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo,
níveis administrativos - municipal, estadual e federal -, seria dividi- Reinaldo Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.
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Queda da Bastilha e do Antigo Regime Liderados por Maximillien-Marie Robespierre e Louis Antoine
de Saint-Just, defendiam a República e o sufrágio universal. Junto
Para solucionar os prejuízos das contas públicas, em 1789 o mi- deles ficavam os cordeliers (cordeleiros), liderados por George-Jac-
nistro das finanças propôs que o primeiro e o segundo estados co- ques Danton e Jean-Paul Marat. Outro grupo era o dos girondinos,
meçassem a pagar impostos. Para discutir a questão, o rei Luís XVI representantes da grande burguesia mercantil, que procuravam ne-
convocou os Estados Gerais, órgão consultivo formado por repre- gociar com o rei.
sentantes dos três estados. Ali, nobreza e clero juntos eram maioria,
pois cada estamento tinha direito a um voto. * Os jacobinos e os cordeleiros, ala mais radical dos políticos,
Os representantes do terceiro estado pediram uma alteração sentavam-se no lado esquerdo; já os girondinos, em geral mais
no sistema de contagem de votos, exigindo que fosse por cabeça. conservadores, sentavam-se no lado direito. Vem daí a divisão do
Como o impasse se arrastava, esses representantes reuniram-se se- espectro político entre esquerda e direita, feita ainda hoje. Na Fran-
paradamente e se autoproclamaram Assembleia Nacional, destina- ça revolucionária havia também o grupo do pântano, formado por
da a elaborar uma Constituição. Incapaz de dissolver a reunião, o rei políticos que mudavam de posição conforme as circunstâncias. Ti-
ordenou que os representantes da nobreza e do clero se juntassem nham esse nome por ocuparem a parte baixa, no centro do salão.
a ela. Com isso, em 9 de julho de 1789, os Estados Gerais proclama-
ram a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Em 22 de setembro de 1792, a Convenção proclamou a Repú-
Nos bastidores, Luís XVI convocou o Exército para dissolver a blica. Luís XVI foi levado a julgamento por traição e executado na
Assembleia. Quando a notícia se espalhou por Paris, uma multidão guilhotina. Uma Constituição republicana foi elaborada, conceden-
em revolta invadiu os arsenais do governo e se apoderou de 30 mil do o sufrágio universal masculino.
mosquetes. Em seguida, partiu para a Bastilha, fortaleza na qual o
governo encarcerava e torturava seus opositores. Embora estivesse Governo Jacobino e o Terror
praticamente desativada, a Bastilha constituía um dos maiores sím-
bolos do absolutismo. O início da República francesa foi turbulento. Tropas da Ingla-
Sua queda e tomada pela população, em 14 de julho de 1789, terra, Áustria, Prússia, Holanda, Espanha, Rússia e Sardenha ataca-
transformou-se em um marco. Até hoje o episódio é comemorado ram o território francês, tentando impedir a consolidação da repú-
como data nacional na França. blica e a disseminação de seus ideais. Em diversos pontos do país,
Levantes e revoltas de camponeses e trabalhadores urbanos nobres organizavam movimentos contrarrevolucionários. Para en-
alastraram-se pelo país, o que levou a Assembleia Constituinte a frentar essas dificuldades, em abril de 1793 a Convenção criou o
abolir as leis feudais ainda existentes e a suprimir privilégios da no- Comitê de Salvação Pública, comandado por Danton e, logo depois,
breza e do clero. Em 4 de agosto de 1789, a Assembleia decretou por Robespierre.
o fim do Antigo Regime (nome pelo qual passou a ser chamado o O novo órgão convocou 300 mil homens para lutar contra os
Estado absolutista vigente até então). No dia 26, proclamou a De- estrangeiros - o que provocou violenta reação em províncias ainda
claração dos Direitos do Homem e do Cidadão. fiéis à monarquia - e criou o Tribunal Revolucionário para julgar os
Entre outras conquistas, o documento estabelecia a liberdade e suspeitos de atitudes contrarrevolucionárias.
a igualdade de todos perante a lei, dois importantes princípios dos Cerca de 300 mil franceses foram presos, acusados de serem
filósofos iluministas. Atualmente, esse documento é considerado inimigos da Revolução. Essa fase, de aproximadamente um ano, fi-
um dos fundamentos do Estado contemporâneo. cou conhecida como Terror. Entre os principais alvos do Tribunal,
estavam representantes da alta burguesia, cujos negócios e rela-
A Criação de um Constituição Francesa ções pessoais os aproximavam da nobreza. Foram condenadas à
morte 35 mil pessoas, entre as quais 21 deputados girondinos.
Nos dois anos que se seguiram, os constituintes elaboraram e
promulgaram a primeira Constituição da França (1791). Em outubro Burguesia no Poder
de 1791, foi eleita a Assembleia Nacional Legislativa. Seguindo os
princípios iluministas, a Carta francesa estabelecia a divisão do Es- O governo jacobino contou inicialmente com grande apoio
tado em três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e definia a popular, pois criou impostos sobre os ricos, fixou um teto para os
monarquia constitucional como forma de governo. preços dos produtos, regulamentou os salários, abriu escolas pú-
O rei - então confinado em seu palácio - seria o chefe do Execu- blicas, repartiu bens dos nobres que haviam se exilado e promoveu
tivo, mas deveria seguir as normas constitucionais e seria fiscalizado uma distribuição de terras que beneficiou cerca de três milhões de
pelo Legislativo, composto de 745 deputados eleitos por voto censi- pessoas.
tário - isto é, pelos cidadãos que dispunham de algum patrimônio. Também instituiu o divórcio, decretou a liberdade religiosa e
aboliu a escravidão nas colônias francesas. Mas a repressão levou
Uma República Francesa os jacobinos a perder apoio junto à população. Robespierre e seus
Em junho de 1791, Luís XVI tentou fugir com sua família para a companheiros foram derrubados pelos seus opositores na Conven-
Áustria, mas foi preso. O governo passou para as mãos de um Con- ção no dia 27 de julho de 1794, marcando o início da Reação Ter-
selho Executivo Provisório, liderado pelo advogado George-Jacques midoriana.
Danton. A Assembleia Legislativa foi dissolvida e em seu lugar foi
eleita a Convenção Nacional.
Faziam parte da Convenção representantes de diversas facções
políticas. Os jacobinos, que representavam principalmente a pe-
quena e a média burguesia, obtiveram a maioria dos votos.
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Diretório Enquanto a França organizava um novo governo sob Luís XVIII -


irmão de Luís XVI -, representantes dos países europeus se reuniam
Em 1795, uma nova Constituição republicana, de caráter libe- em Viena, Áustria, para definir as novas fronteiras entre as nações.
ral, reinstituiu o voto aos homens proprietários. O poder Executivo Dois princípios básicos orientaram os participantes do chamado
ficou nas mãos do Diretório, órgão composto de cinco pessoas elei- Congresso de Viena. O da legitimidade, que preconizava a restau-
tas entre os deputados. Nesse período, a França enfrentou graves ração das dinastias consideradas legítimas pelo Congresso e depois
dificuldades financeiras e forte instabilidade política. destituídas pela Revolução Francesa e pelo governo de Napoleão, e
Para conter as manifestações populares, o Diretório recorreu o princípio de equilíbrio de forças entre as grandes potências.
ao Exército, então liderado pelo jovem general Napoleão Bonapar- Em fevereiro de 1815, Napoleão fugiu da ilha de Elba e de-
te. O sucesso na repressão às revoltas e em campanhas militares no sembarcou na França à frente de um grupo de seguidores. O novo
exterior garantiu a Napoleão prestígio suficiente para ser convidado governo do imperador, porém, duraria pouco menos de 100 dias.
a participar do Diretório. Logo, ele dissolveu o Parlamento e subs- Afastado do poder, Bonaparte foi enviado para Santa Helena, pe-
tituiu o Diretório por três cônsules provisórios — entre os quais ele quena ilha no Atlântico, onde faleceria em 1821. Na França, Luís
era o mais influente. XVIII foi reconduzido ao trono.

Império Napoleônico PERÍODO JOANINO E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Em menos de um mês de Consulado, foi redigida uma nova A Chegada da Família Real ao Brasil
Constituição, que deu a Napoleão o título de primeiro-cônsul da
França. O governo de Napoleão promoveu reformas visando recu- Em 1806, Portugal foi afetado pelo Bloqueio Continental da
perar a economia e as instituições. Mas também anistiou os nobres França contra a Inglaterra, que ocorreu graças à impossibilidade
que antes haviam se exilado, reorganizou o sistema de cobrança de das tropas de Napoleão de anexar a Inglaterra por meios militares.
impostos, criou uma nova moeda, promoveu reformas educacio- Caso não aderisse ao Bloqueio, as tropas de Napoleão invadiriam o
nais e instituiu o código civil. território português. Entretanto, Portugal decidiu não seguir esse
Em 1802, um plebiscito concedeu a Napoleão o título de cônsul
caminho porque tinha fortes ligações comerciais com a Inglaterra22.
vitalício. Dois anos depois, outra consulta popular transformava a
Em novembro de 1807, dom João, príncipe regente de Portugal
França em império. Em 1805 o governo de Bonaparte anexou a Re-
desde 1799 - a rainha dona Maria, sua mãe, sofria de distúrbios
pública de Gênova, na península Itálica. Diversas nações europeias
mentais -, diante da ameaça de invasão, decidiu transferir a família
se uniram para deter a expansão do Império Francês. As tropas
real e a Corte lusa para a colônia na América, deixando os súditos
francesas, entretanto, continuaram sua marcha de vitória em.
expostos ao ataque francês.
Os ingleses garantiram a proteção da mudança da monarquia
Avanço sobre a Europa
para o Brasil. Nobres da Corte e familiares do príncipe recolheram
A França tinha como principal rival a Inglaterra, nação mais
às pressas tudo o que podiam carregar - joias, obras de arte, milha-
desenvolvida economicamente da época. Sabendo que o poderio
britânico se amparava no comércio e na indústria, o governo de Na- res de livros, móveis, roupas, baixelas de prata, animais domésticos,
poleão proibiu as nações europeias de comerciar com a Inglaterra. alimentos, etc. - e zarparam em 29 de novembro rumo ao Rio de
Os países que não participassem do chamado Bloqueio Continental Janeiro.
seriam atacados pelo Exército napoleônico. Além da família real e dos nobres, viajaram altos funcionários,
Como os governos de Portugal e da Espanha não aderiram ao magistrados, sacerdotes, militares de alta patente, etc. Estima-se
boicote, em 1807 tropas francesas invadiram a península Ibérica. que nos 36 navios viajaram entre 4,5 mil e 15 mil pessoas. Parte
Fernando VII, rei da Espanha, foi destituído; em seu lugar, foi coroa- da esquadra, incluindo o navio ocupado por dom João, atracou em
do José Bonaparte, irmão de Napoleão. Salvador no dia 22 de janeiro de 1808, seguindo semanas depois
O fato repercutiu nas colônias espanholas da América, onde para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o restante da frota, e lá
movimentos emancipacionistas ganharam espaço. A família real e chegando em 8 de março de 1808.
a corte portuguesas fugiram para o Brasil.
Rússia Decisiva Sede do Governo Português
O Bloqueio Continental também atingiu a Rússia, que expor-
tava matérias-primas para a Inglaterra. Em 1811, o czar Alexandre Agora que boa parte da elite lusa encontrava-se em terras bra-
I rompeu o boicote e abriu os portos do país aos navios britânicos. sileiras, o desenvolvimento da colônia não poderia continuar cerce-
Em represália, Napoleão declarou guerra à Rússia. Sem preparo ado. Como afirma a historiadora Maria Odila Silva Dias, pela primei-
para enfrentar o rigoroso inverno russo, Napoleão retornou à Fran- ra vez iria se configurar “nos trópicos portugueses preocupações
ça em 1812 com apenas 100 mil dos 600 mil soldados recrutados. de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração ou de
feitoria comercial”. Assim, seis dias depois de desembarcar em Sal-
Congresso de Viena vador, o príncipe regente dom João decretou a abertura dos portos
brasileiros às nações amigas, ou seja, às nações com as quais Por-
Com a derrota francesa, Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria tugal mantinha relações diplomáticas amigáveis.
desfecharam um ataque fulminante à França, que não pôde deter a
coalizão adversária: no começo de abril de 1814, Napoleão abdicou 22 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo,
do trono e foi exilado na ilha de Elba, no mar Mediterrâneo. Reinaldo Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.
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O Governo de D. João no Brasil Inspirados na Revolução Francesa, os líderes redigiram o esbo-


Dom João — cuja gestão é conhecida como governo joanino ço de uma Constituição que garantia a igualdade de direitos entre
- adotou medidas que afetaram diretamente a vida econômica, po- os indivíduos, a liberdade de imprensa e a tolerância religiosa. No
lítica, administrativa e cultural do Brasil. No plano administrativo, entanto, o movimento enfraqueceu-se com as divergências entre
dom João procurou reproduzir na colônia a estrutura burocrática do os proprietários de escravos e os rebeldes abolicionistas. Em maio,
reino. Foram criados órgãos públicos, como o Conselho de Estado tropas enviadas da Bahia e do Rio de Janeiro cercaram o Recife.
e o Erário Régio (que depois se tornou Ministério da Fazenda), que Alguns líderes foram executados e muitos outros, encarcera- dos
garantiam o funcionamento burocrático do Estado e proporciona- em Salvador.
vam emprego para muitos portugueses.
Ainda em 1808, foram criados o Banco do Brasil, o Real Hos- Revolução do Porto
pital Militar e o Jardim Botânico. Dom João autorizou também o
funcionamento de tipografias e a publicação de jornais. Com os li- Por volta de 1818, alguns monarquistas liberais da cidade do
vros da Biblioteca Real trazidos de Lisboa foi organizada a Biblioteca Porto defendiam a ideia de que o monarca deveria governar obe-
Nacional do Rio de Janeiro. decendo a uma Constituição. Em agosto de 1820 uma guarnição do
Para interligar a capital com as demais regiões da colônia e po- Exército do Porto se rebelou e deu início a uma revolução liberal e
voar o interior, o governo doou sesmarias e autorizou o Banco do anti-absolutista conhecida como Revolução do Porto. Rapidamen-
Brasil a oferecer créditos aos colonos para que pudessem plantar te, o movimento se espalhou pelas demais cidades portuguesas.
e criar gado. Essa política de povoamento estimulou a imigração. Em Lisboa, uma junta provisória assumiu o poder e convocou
Em 1815, um grupo de 45 colonos oriundo de Macau e Cantão, na as Cortes, que não se reuniam desde 1689, para elaborar uma Cons-
China, estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro. tituição. A junta exigia também o retorno da família real e da Corte
Em 1818, cerca de dois mil suíços fundaram Nova Friburgo, na a Portugal e a restauração do monopólio comercial com o Brasil.
província do Rio de Janeiro (as capitanias passaram a se chamar
províncias a partir de 1815). Na política externa, o governo joanino A volta da família real a Portugal
adotou uma linha de ação franca- mente expansionista, ocupando a Nesse período irromperam no Pará, na Bahia e em Pernambu-
Guiana Francesa, em 1809, e anexando a Banda Oriental (atual Uru- co várias revoltas apoiando o movimento constitucional de Portu-
guai), em 1816. Em 1818, dois anos após a morte da rainha dona gal. Em fevereiro de 1821, o rei dom João VI concordou em jurar
Maria, o príncipe regente foi coroado rei com o título de dom João fidelidade à Constituição que estava ainda para ser elaborada e em
Vl. convocar eleições para a escolha dos deputados que iriam repre-
sentar o Brasil nas Cortes de Lisboa.
A Promoção à Reino Unido Temendo perder o trono, dom João VI anunciou também seu
retorno a Portugal. No dia 26 de abril, a família real e mais quatro
Para gerar recursos para a administração, o governo joanino mil pessoas (nobres e funcionários) zarparam rumo a Portugal. Em
teve de aumentar a carga tributária. O dinheiro dos impostos foi seu lugar, o rei deixou o filho, dom Pedro, que assumiu o poder no
utilizado para cobrir os gastos da Corte, custear as obras de urbani- Brasil como príncipe regente.
zação do Rio de Janeiro e financiar intervenções militares. Essa si-
tuação, somada à carestia e ao aumento dos preços, gerou enorme As Cortes de Lisboa
insatisfação da população, que começou a questionar os privilégios Após o embarque de dom João VI, foram realizadas eleições
concedidos aos portugueses, detentores dos principais cargos buro- para a escolha dos 71 representantes do Brasil nas Cortes de Lisboa.
cráticos e dos mais altos postos da Academia Real Militar. Embora a maior parte dos eleitos fosse a favor da independência do
Começaram a ocorrer agitações de rua que culminavam em Brasil, apenas 56 viajaram para Lisboa, onde começaram a chegar
ações violentas da polícia principalmente (mas não exclusivamente) em agosto de 1821, oito meses depois do início dos trabalhos.
no Rio de Janeiro. A situação em Portugal também era de descon- Eles enfrentaram uma forte oposição dos parlamentares lusos,
tentamento popular. Com a queda de Napoleão em 1815, os portu- que já tinham adotado diversas medidas desfavoráveis ao Brasil
gueses passaram a exigir o retorno imediato de dom João a Portu-
com a intenção de reduzir o Brasil à sua antiga condição de colônia.
gal. Ele, entretanto, assinou um decreto criando o Reino Unido de
Para os parlamentares lusos, Brasil e Portugal deveriam se subme-
Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, o Brasil deixava de ser colônia
ter a uma mesma autoridade: as Cortes de Lisboa. Ao final de 1821,
e ganhava o mesmo status político de Portugal.
as Cortes ordenaram que Dom Pedro, príncipe regente do Brasil,
E o Reino passava a ter dois centros políticos: Lisboa, em Por-
retornasse a Portugal.
tugal, e Rio de Janeiro, no Brasil, onde dom João exercia o governo.
Para muitos historiadores, a elevação do Brasil a Reino Unido foi o
A Independência do Brasil
marco inicial do processo de emancipação política e administrativa
do Brasil.
Enquanto a determinação das Cortes de Lisboa não chegava,
Revolução Pernambucana dom Pedro era apoiado, no Brasil, por pessoas da elite político-e-
conômica, com experiência administrativa, como José Bonifácio
Na província de Pernambuco, no início de 1817, o debate de de Andrada e Silva (1763-1838). Na opinião de José Bonifácio e de
ideias emancipacionistas e republicanas deu origem a um movi- outros políticos do período, o Brasil deveria manter-se unido a Por-
mento conspiratório, que ficou conhecido como Insurreição Per- tugal, mas com um governo próprio e autônomo. Havia também
nambucana ou Revolução de 1817. quem defendesse o rompimento completo com Portugal.
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Ambas as correntes, contudo, concordavam que dom Pedro de- A Constituinte


veria resistir às pressões das Cortes de Lisboa e recursar-se a voltar
a Portugal. No final de 1821, José Bonifácio organizou um abaixo- Antes da independência, em junho de 1822, dom Pedro tinha
-assinado subscrito por oito mil assinaturas, que foi entregue a Dom aprovado a convocação de uma Assembleia Constituinte destinada
Pedro, no qual era pedido que o príncipe permanecesse no Brasil. a elaborar a primeira Carta Magna do Brasil. A escolha dos consti-
Em 9 de janeiro de 1822, o príncipe anunciou sua decisão de ficar tuintes foi feita por meio de eleições após o Sete de Setembro, nas
no Brasil. O episódio, conhecido como Dia do Fico, foi o primeiro quais votaram os proprietários do sexo masculino e maiores de 25
de uma série de atos que levariam à ruptura definitiva entre Brasil anos. Mulheres, homens sem terras e escravos não podiam votar.
e Portugal. Na sessão inaugural da Assembleia, em maio de 1823, dom
Em maio de 1822, o príncipe regente determinou que todos Pedro I jurou defender a nova Constituição desde que ela mere-
os decretos vindos das Cortes de Lisboa deveriam passar por sua cesse sua imperial aceitação. Com essa ressalva, o imperador dei-
aprovação. Em junho, dom Pedro aprovou a convocação de uma xava claro que a palavra final a respeito das decisões aprovadas lhe
Assembleia Constituinte no Brasil. No começo de setembro, des- pertencia, e não aos constituintes. Ou seja, era ele o detentor da
pachos vindos de Lisboa desautorizavam a convocação da Assem- soberania, não o povo representado na Assembleia.
bleia Constituinte e ordenavam o imediato retorno de dom Pedro Em setembro de 1823, o deputado Antônio Carlos de Andrada
a Portugal. José Bonifácio enviou os despachos ao príncipe, que se e Silva, irmão de José Bonifácio, apresentou um projeto de Consti-
encontrava em São Paulo, aconselhando-o a romper com Portugal, tuição elaborado por uma comissão de constituintes. Dois artigos
pois já não considerava mais possível uma conciliação. do projeto eram conflitantes com as intenções de dom Pedro I: um
No dia 7 de setembro, o mensageiro alcançou dom Pedro nas deles proibia que o imperador fosse governante de outro reino
proximidades do riacho do Ipiranga. Ao receber os decretos, o prín- (dom Pedro era herdeiro do trono português); outro artigo impedia
cipe proclamou a independência do Brasil, declarando a ruptura o imperador de dissolver o Parlamento.
dos laços com Portugal. No dia 12 de outubro, já de volta ao Rio de
Janeiro, foi aclamado com grande pompa imperador constitucional A Constituição de 1824
com o título de dom Pedro I. Rejeitado pelo imperador, o projeto teve vida curta. Em no-
vembro de 1823, dom Pedro decidiu dissolver a Assembleia e criou
Guerras de Independência um Conselho de Estado que elaborou outra Constituição. Em 25 de
Proclamada a independência, teve início a luta por sua conso- março de 1824 o imperador outorgou aquela que seria a primeira
lidação, que envolveria conflitos e derramamento de sangue em Carta Magna brasileira.
diversas regiões do novo país. A Constituição outorgada apresentava algumas poucas dife-
Em fevereiro de 1822, ainda antes da declaração de indepen- renças significativas em comparação com a elaborada pelo depu-
dência, houve na Bahia um longo conflito armado entre as forças tado Antônio Carlos, principalmente em relação à divisão dos po-
brasileiras que lutavam pela independência e queriam manter um deres. Além do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, a Carta de
brasileiro no cargo de governador - no lugar de um general portu- 1824 criava um quarto Poder: o Moderador, a ser exercido pelo
guês. A guerra entre as duas facções se prolongaria até 2 de julho imperador.
de 1823, com destaque para a figura de Maria Quitéria de Jesus Com o Moderador, dom Pedro podia dissolver a Câmara dos
Medeiros, que se alistou ao lado das tropas brasileiras. Deputados quando quisesse e convocar novas eleições; nomear se-
No Maranhão, no Ceará, no Pará, na Província Cisplatina e no nadores; aprovar ou vetar as decisões da Câmara e do Senado, etc.
Piauí houve revoltas de portugueses, que viviam nessas regiões, Além disso, cabia ao imperador nomear e destituir os presidentes
contra a independência. Para derrotar os revoltosos, dom Pedro
de província, interferindo nos assuntos regionais.
recrutou mercenários estrangeiros. A vitória das tropas brasileiras
nessas regiões, além da obtida na Bahia, impediu a fragmentação
A Confederação do Equador
do Brasil em diversas províncias autônomas e garantiu a unidade
territorial da jovem nação.
Insatisfeitos com a dissolução da Constituinte e com o autori-
tarismo do imperador, revoltosos de Recife se armaram novamente
PRIMEIRO REINADO
e, no dia 2 de julho de 1824, deram início a uma rebelião que logo
se alastrou para as províncias da Paraíba, do Rio Grande do Norte,
No dia 12 de outubro de 1822, dom Pedro - que naquela data
completava 24 anos - foi proclamado imperador constitucional e do Ceará e do Piauí.
defensor perpétuo do Brasil. Dom Pedro I herdou um governo sem Na capital revolucionária, os rebeldes proclamaram a Confede-
recursos e extremamente endividado. Faltava dinheiro para aten- ração do Equador, uma República Federativa semelhante a estadu-
der às principais necessidades da população, principalmente no nidense. A insurreição contou com a participação tanto de proprie-
que dizia respeito à saúde e à educação. Segundo algumas estima- tários de terras quanto de grupos das camadas populares urbanas e
tivas, aproximadamente cinco milhões de pessoas viviam no Brasil. foi marcada por um forte sentimento antilusitano.
Desse total, 1,5 milhão de pessoas eram escravizadas. Mais de Em novembro de 1824, a resistência pernambucana foi sufo-
90% da população habitava a zona rural, onde os grandes proprietá- cada. O frade carmelita Joaquim do Amor Divino (1779-1825), mais
rios de terra exerciam “governos” informais. A mortalidade infantil conhecido como frei Caneca - que havia lançado o jornal de oposi-
era muito alta. Da mesma maneira, o índice de analfabetismo girava ção ao governo Typhis Pernambucano em 1823 - foi acusado de ser
em torno de 85%. A cultura erudita, por sua vez, concentrava-se o líder da rebelião e fuzilado no Recife, em janeiro de 1825. Outros
nas grandes cidades, onde também circulavam jornais e revistas, a com acusações semelhantes também foram executados.
maioria de vida curta e periodicidade incerta.
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D. Pedro I Abdica Período Regencial

As críticas ao imperador e ao governo não cessaram. Em diver- Estava previsto na Constituição de 1824 que, em caso de morte
sas partes do Brasil motins contra os altos preços dos gêneros de ou abdicação do imperador, e seu herdeiro não pudesse assumir o
primeira necessidade se tornaram comuns. A guerra entre o Brasil e trono devido à menoridade, o Governo seria entregue a uma jun-
a Argentina pelo domínio da Província Cisplatina, iniciada em 1825, ta de três regentes indicados pela Assembleia Geral (formada pela
também fortaleceu um movimento pró-emancipação da região Sul. Câmara dos Deputados e pelo Senado), até que o jovem príncipe se
O conflito só terminou em 1828, quando os governos dos dois tornasse maior de idade, ao completar 18 anos.
países concordaram com a independência da Província Cisplatina
(antiga Banda Oriental, atual Uruguai). Para os brasileiros, o ânus A Regência Trina
da guerra foi extremamente elevado - aumento da inflação, que já Assim, logo após a abdicação de dom Pedro I, em 7 de abril
estava alta, e falência do Banco do Brasil. Essas consequências au- de 1831, formou-se uma Regência Trina Provisória que governou
mentaram ainda mais o descontentamento popular com o governo até 17 de junho de 1831. Nessa data, a Assembleia Geral elegeu a
de dom Pedro I. Regência Trina Permanente, encarregada de governar o Brasil até a
A impopularidade do imperador piorou quando ele se envolveu maioridade do príncipe.
na crise de sucessão da Coroa portuguesa, iniciada com a morte de A Regência Trina preocupou-se em manter a paz interna. Foram
dom João VI, em 1826. Dom Pedro se tornou o herdeiro legítimo do proibidos os ajuntamentos noturnos em locais públicos e suspensas
trono de Portugal. Dom Pedro renunciou à Coroa portuguesa em algumas garantias constitucionais. As guardas municipais foram ex-
favor de sua filha, a princesa Maria da Glória, de apenas 7 anos. tintas e criou-se a Guarda Nacional, organização paramilitar cons-
Dom Miguel, irmão de dom Pedro, governaria Portugal como tituída por milícias civis, encarregada de defender a Constituição e
príncipe regente até que a princesa chegasse à maioridade, quando garantir a ordem interna.
se casaria com a sobrinha. Em 1828, entretanto, dom Miguel se au- A criação da Guarda Nacional foi um dos primeiros atos que in-
toproclamou rei absoluto de Portugal. dicavam uma tendência à descentralização do poder. Outros even-
Preocupado em intervir nos acontecimentos de Portugal, dom tos ajudaram a consolidar esse processo, por exemplo:
Pedro perdeu cada vez mais apoio na política interna do Brasil. Teve - a aprovação do novo Código de Processo Criminal em 1832
início uma guerra civil contra seus aliados. Acusado de autoritário que atribuía mais poderes aos juízes de paz, agora com o papel de
no Brasil, dom Pedro era considerado liberal pelos portugueses. Em polícia e de juiz local (podiam prender, julgar, convocar a Guarda
1830, o imperador foi considerado o responsável pelo assassinato Nacional, etc.);
do jornalista liberal Líbero Badaró, oposicionista. - a extinção do Conselho de Estado e a criação das Assembleias
Em março de 1831, depois de uma viagem a Minas Gerais, os Legislativas provinciais, que podiam elaborar as leis de interesse lo-
residentes portugueses do Rio de Janeiro acenderam fogueiras nas cal e nomear funcionários públicos. A autonomia das Assembleias
ruas para homenagear dom Pedro, mas os brasileiros apagaram- continuava limitada, pois suas decisões podiam ser vetadas pelos
-nas, gritando vivas à Constituição. presidentes das províncias que, por sua vez, eram nomeados pelo
Na noite seguinte, 13 de março, brasileiros e portugueses en- imperador.
traram em choque nas ruas do Rio de Janeiro. O episódio, conhe-
cido como Noite das Garrafadas, marcou o início de uma série de Vale lembrar que tanto os juízes de paz quanto os membros das
conflitos entre oposicionistas e partidários do imperador. Assembleias Provinciais eram eleitos pela população, ou seja, por
No dia 6 de abril, dom Pedro destituiu seu ministério composto indivíduos livres do sexo masculino que possuíam bens. Assim, as
apenas de brasileiros e o substituiu por outro, formado por defen- pessoas escolhidas para os cargos representavam os interesses da
sores do absolutismo. Em resposta, a população do Rio de Janeiro, elite e dos grandes proprietários de terras e de escravos.
com tropas do Exército, concentrou-se no Campo de Santana e exi- Um dos passos mais importantes para a descentralização do
giu a volta do ministério deposto. Enfraquecido e sem apoio militar, poder foi o Ato Adicional de 1834, criado pela Assembleia Geral.
o imperador abdicou do trono em favor do filho, o príncipe Pedro Trata-se de uma reforma na Constituição pela qual foi extinto o
de Alcântara, de apenas 5 anos. Conselho de Estado - cujos membros haviam sido nomeados por
Era o dia 7 de abril de 1831. Uma semana de pois, o ex-impera- dom Pedro I - e criadas as Assembleias Legislativas provinciais , que
dor partiu rumo a Portugal. Deixava no Brasil dom Pedro de Alcân- passaram a ter poder para elaborar leis e nomear funcionários pú-
tara, sob a tutela de José Bonifácio de Andrada e Silva. No Brasil, blicos, conquistando assim maior autonomia em relação ao poder
tal como previa a Constituição, ainda em abril de 1831 formou -se central. Esse ato adicional criou também a Regência Una, que subs-
uma Regência Trina Provisória para governar o país. Pela primeira tituiria a Regência Trina Permanente, determinando a eleição do re-
vez, a elite nacional assumia plenamente o controle da nação. Por gente por meio do voto popular para um mandato de quatro anos.
esse motivo, muitos historiadores entendem que o processo de in-
dependência do Brasil só se encerrou em 1831, com a abdicação de A Regência Una
dom Pedro.
Realizadas em abril de 1835, as eleições para Regente conta-
ram com uma pequena participação de cerca de 6 mil eleitores,
pouco mais de 0,1% da população, estimada em 5 milhões de pes-
soas naquela época.

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O eleito foi o ex-ministro da Justiça, Padre Diogo Antônio Feijó. engenhos e se refugiavam rapidamente no interior das matas, que
Feijó assumiu a Regência Una em outubro de 1835, em meio a uma conheciam muito bem, onde os soldados governistas não conse-
crise de grandes proporções, com rebeliões em várias províncias. guiam encontrá-los.
A Cabanagem (1835-1840) no Pará e a Guerra dos Farrapos Aos poucos, o movimento perdeu força, principalmente após
(1835-1845) no Rio Grande do Sul foram duas delas. Em 1837, sem a morte de dom Pedro I, em 1834. Seus integrantes sofreram com
apoio dos parlamentares, Feijó renunciou à Regência e foi substi- epidemias e escassez de alimentos. No início de 1835, a maior parte
tuído pelo Ministro do Interior, Pedro de Araújo Lima, referendado dos cabanos havia morrido nos confrontos ou encontrava-se pre-
como Regente na eleição do ano seguinte. sa. O principal líder dos rebeldes cabanos, o ex-soldado Vicente de
Durante a regência de Araújo Lima, diversas medidas foram Paula, e um grupo de ex-escravos continuaram a luta.
adotadas para devolver ao governo central o controle de todo o Refugiaram-se nas matas do Jacuípe e por quinze anos perma-
aparelho administrativo e judiciário. Uma dessas medidas foi a Lei neceram atacando engenhos e libertando escravos no interior de
de Interpretação do Ato Adicional, de 1840, que restringiu os po- Pernambuco e Alagoas. Em 1850, o líder foi preso em uma embos-
deres das Assembleias Provinciais. A ela se seguiram o restabeleci- cada e enviado para o presídio de Fernando de Noronha.
mento do Conselho de Estado e a reforma do Código do Processo
Criminal, que limitou a autoridade dos juízes de paz e fortaleceu a Cabanagem
dos juízes municipais, subordinados ao poder Judiciário central. Tais A província do Grão-Pará viveu, na primeira metade do sécu-
medidas - assim como o período em que foram tomadas - ficaram lo XIX, grandes conturbações internas. Em 1822, houve um levante
conhecidas como Regresso. contra a Independência que foi apaziguado apenas em 1823. Nos
anos seguintes, ocorreram disputas constantes pelo poder envol-
A Maioridade de D. Pedro II vendo as elites regionais contra o governo imperial.
Em 1833, a Regência nomeou Bernardo Lobo de Souza para o
No início de 1840, além das rebeliões que continuavam ocor- cargo, mas ele teve que enfrentar um clima hostil. Em novembro de
rendo em várias províncias na capital do país, os embates entre re- 1834, ele mandou prender diversos opositores e um deles, o pe-
gressistas e progressistas se intensificavam. Os progressistas - que queno proprietário rural Manuel Vinagre, foi assassinado pelas tro-
passaram a ser chamados de Partido Liberal - começaram a exigir a pas governamentais. A província, já instável, entrou em convulsão.
antecipação da maioridade do Príncipe Pedro de Alcântara que, de Em janeiro de 1835, o irmão de Manuel, Francisco Pedro Vinagre,
acordo com a Constituição, só poderia assumir o trono em 1844. liderou um grupo de sertanejos, negros e indígenas armados, em
Segundo os liberais, essa seria a única forma de fazer o país vol- uma invasão a Belém, capital do Grão-Pará.
tar à normalidade e garantir a unidade do império. Os regressistas Os revoltosos mataram Lobo de Souza e seu comandante de
armas e libertaram os presos políticos. Como grande parte dessas
- reunidos agora no Partido Conservador - opunham-se à medida,
pessoas era pobre e morava em cabanas, o movimento ficou co-
pois temiam ser afastados do poder com a antecipação da maiori-
nhecido como Cabanagem e seus integrantes como cabanos (não
dade. Para eles, a solução para a crise estava na maior concentração
confundir com os cabanos de Pernambuco e Alagoas).
de poderes nas mãos do governo regencial. Depois de muitos de-
Em maio de 1836, o regente Diogo Feijó enviou a Belém uma
bates, no dia 23 de julho de 1840, a Câmara e o Senado aprovaram
esquadra com o objetivo de retomar o poder local e reintegrar o
o projeto liberal, concedendo a maioridade a dom Pedro de Alcân-
Pará ao Império. Os revoltosos retiraram-se da capital, mas con-
tara, então com 14 anos de idade, e declarando-o imperador do
tinuaram controlando boa parte do interior por quase três anos.
Brasil, com o título de dom Pedro II.
Somente em meados de 1840 foram dominados e a província foi
O episódio ficaria conhecido como Golpe da Maioridade. No reintegrada ao Império. Cerca de 30 mil pessoas morreram durante
dia seguinte, o soberano organizou seu ministério, composto de re- o conflito.
presentantes do Partido Liberal. Era o início de um reinado que iria Para o historiador Caio Prado Júnior, a Cabanagem foi uma das
se estender pelos 49 anos seguintes. revoltas mais importantes de nossa história, pois foi a primeira em
que a população pobre conseguiu, de fato, ocupar o poder em uma
Revoltas do Período Regencial província.
Guerra dos Cabanos Revolta dos Malês
Entre 1832 e 1835, ocorreu a Cabanada ou Guerra dos Caba- No começo do século XIX, negros e pardos livres e escravos re-
nos, guerra rural que ganhou esse nome porque a maioria de seus presentavam 72% (segundo cálculos do historiador João José Reis)
participantes vivia em habitações rústicas (não confundir com a Ca- da população de Salvador, capital da Bahia, que tinha aproximada-
banagem), em uma região entre o sul de Pernambuco e o norte de mente 65 500 habitantes.
Alagoas. Vítimas constantes do preconceito racial e da opressão social,
Participaram do levante indígenas aldeados, brancos e mesti- eles se tornaram a parte mais frágil da sociedade. Em 1835, muitos
ços que residiam nas periferias dos engenhos, negros forros e cati- deles se rebelaram em Salvador. Foi a Revolta dos Malês, cujo ob-
vos fugidos, chamados de papa-méis, que residiam em quilombos. jetivo declarado era destruir a dominação branca na região e cons-
Alguns proprietários rurais também integraram o movimento. Os truir uma Bahia só de africanos.
cabanos lutavam pelo direito de permanecer em suas terras; prega- Fizeram parte do movimento principalmente os malês, nome
vam a alforria dos escravizados e o retorno de dom Pedro I ao Brasil. dado aos escravos seguidores do islamismo. Eles pertenciam a di-
O governo regencial enviou tropas para combater os revoltosos ferentes etnias - como a dos haussás, jejês e nagôs - e muitos eram
na região. Nos combates, os rebeldes conseguiram diversas vitórias, alfabetizados. Também participaram do movi mento nagôs seguido-
utilizando táticas de guerrilha: faziam ataques surpresa a fazendas e res do candomblé.
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A revolta começou no dia 24 de janeiro, quando cerca de 600 Sabinada


negros (segundo a historiadora Magali Gouveia Engel), armados A população de Salvador ainda não havia esquecido a Revolta
principalmente de espadas, ocuparam de surpresa o centro de Sal- dos Malês quando, no primeiro semestre de 1837, novas agitações
vador. Após intensos combates, os rebeldes foram derrotados pelas envolveram a cidade. O médico e jornalista Francisco Sabino criti-
forças policiais, que dispunham de armas de fogo. cava em seu jornal, Novo Diário da Bahia, o uso dos impostos para
Centenas de participantes da revolta morreram ou ficaram feri- sustentar a Corte, condenava a tirania das autoridades e o domínio
dos. Após a rebelião, desencadeou-se violenta repressão contra os da sociedade por uma pequena elite.
africanos e afro-brasileiros. Muitos foram condenados ao açoite, à Essa lista de insatisfações era reforçada pelos militares que re-
prisão ou à deportação. Três escravos e um liberto foram condena- clamavam da recém-criada Guarda Nacional - com funções que de-
dos à morte e fuzilados. veriam ser do Exército - e protestavam contra a redução do efetivo
militar, responsável pelo aumento do desemprego na categoria.
Guerra dos Farrapos Com o governo regressista de Pedro de Araújo Lima, que assu-
Nas primeiras décadas do século XIX, estancieiros e charque- miu a regência em setembro de 1837, temia-se que a autonomia
adores contestavam os altos impostos aplicados sobre o gado, das províncias fosse ainda mais reduzida. Em Salvador, o descon-
a terra, o sal e principalmente o charque. Na política, sentiam-se tentamento contra o novo regente aumentou quando ele convocou
desprestigiados pelo governo regencial, pois, apesar de serem fre- tropas baianas para lutar ao lado do governo, contra os farrapos, no
quentemente convocados a lutar contra os castelhanos na defesa Rio Grande do Sul.
das fronteiras ao sul do Brasil, não recebiam postos de comando No dia 7 de novembro de 1837, tropas do Forte de São Pedro se
durante as batalhas. sublevaram. Os rebeldes constituíram um governo autônomo, pro-
Em 1834, o presidente da província nomeado pelo governo da clamaram a independência da Bahia, declararam nulas as ordens
Regência, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, criou impostos - in- vindas do Rio de Janeiro e convocaram uma Assembleia Constituin-
clusive sobre as propriedades rurais - e começou a organizar uma te. Os revoltosos também decretaram o fim da Guarda Nacional,
força militar para fazer frente às milícias dos chefes locais. elevaram os soldos dos militares e criaram batalhões de soldados
Em 19 de setembro de 1835, o estancieiro Bento Gonçalves, para garantir a defesa do governo recém-instalado.
comandante da Guarda Nacional gaúcha e ligado aos liberais (cha- Para conquistar o apoio da elite baiana, os líderes do movimen-
mados farroupilhas), invadiu Porto Alegre, expulsou o presidente to pregavam a manutenção da ordem, a preservação da proprieda-
da província e deu posse ao vice-presidente, o liberal Marciano Pe- de privada e a permanência da escravidão. Mas essas garantias não
reira Ribeiro. foram suficientes e, sem recursos, o movimento não sobreviveu por
Iniciava-se, assim, a mais longa revolta do período regencial, a muito tempo. Com o auxílio de fazendeiros do Recôncavo Baiano e
Guerra dos Farrapos. Em setembro de 1836, os revoltosos procla- de soldados vindos de Pernambuco, Sergipe e Rio de Janeiro, as tro-
maram a República Rio-Grandense. Dois meses depois, os farrapos pas governistas cercaram Salvador por terra e por mar e derrotaram
ratificaram sua independência do restante do Brasil e escolheram os revoltosos em março de 1838.
Bento Gonçalves para presidente da República recém-criada. Cerca de 2 mil pessoas morreram nos confrontos, a maioria ne-
Em seguida, comandados por Davi Canabarro e pelo italiano gros e pobres. Quase 3 mil foram presas e outras 1500 deportadas
Giuseppe Garibaldi, os farrapos conseguiram conquistar Laguna, para o Sul e alistadas no Exército para enfrentar os farrapos. Os 780
em Santa Catarina, em julho de 1839. Ali, proclamaram a República rebeldes considerados mais perigosos foram trancafiados no porão
Catarinense. No entanto, em novembro, tropas imperiais expulsa- de um navio-prisão.
ram os revolucionários da região e teve início o declínio da Repúbli- Dezoito deles, entre os quais Francisco Sabino, foram conde-
ca Rio-Grandense. nados à morte. Com a maioridade de dom Pedro, em 1840, todos
Em novembro de 1842, dom Pedro II nomeou o marechal Luís os rebeldes foram anistiados. Mesmo perdoado, porém, Sabino foi
Alves de Lima e Silva para a presidência da província e para o co- enviado para Goiás para permanecer longe de Salvador.
mando das tropas imperiais no Rio Grande do Sul.
Lima e Silva, que ficaria conhecido como Duque de Caxias, ti- Balaiada
nha por missão debelar a Revolução Farroupilha. Em 1845, ele con- Em 1838, Vicente Camargo, do Partido Conservador, era presi-
seguiu chegar a um acordo com os rebeldes e pôr fim ao conflito. dente da província do Maranhão. Em junho daquele ano, Camargo
Interessado em atrair o apoio das elites gaúchas para o governo distribuiu nas comarcas do Maranhão os cargos de prefeito e comis-
imperial, Caxias satisfez boa parte de suas reivindicações. Assim, o sário de polícia apenas aos seus correligionários, que passaram a
charque estrangeiro foi tributado em 25%, os estancieiros envolvi- perseguir os políticos do Partido Liberal (chama dos de bem-te-vis)
dos na revolta foram anistiados e os oficiais republicanos reincorpo- e a exercer maior controle sobre a população pobre e livre.
rados ao Exército imperial. Um dos meios usados para esse controle se dava com o recru-
Também foi aprovada a alforria dos escravizados que participa- tamento compulsório, como o que ocorreu em 1838 para o Exérci-
ram da revolta, os prisioneiros de guerra foram soltos e os rebeldes to, de alguns vaqueiros que trabalhavam para Raimundo Gomes,
que se encontravam refugiados fora da província puderam voltar um fazendeiro simpático à causa liberal, que, apoiado por alguns
ao Rio Grande do Sul. Além disso, os rio-grandenses conquistaram companheiros, invadiu a cadeia e libertou os vaqueiros recrutados
o direito de indicar o presidente da província. O escolhido foi o pró- à força e mantidos na prisão.
prio Caxias. Em janeiro de 1839, Raimundo Gomes conseguiu o apoio de
Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, pequeno agricultor e fabri-
cante de cestos, cujo apelido de Balaio daria nome à revolta que
abalaria o Maranhão nos anos seguintes: a Balaiada.

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Raimundo Gomes, Manuel Ferreira e seus seguidores começa- Em agosto de 1864, tropas brasileiras invadiram o Uruguai - in-
ram a percorrer o interior do Maranhão, protestando não apenas dependente desde 1828 - e derrubaram o presidente uruguaio Ata-
contra o recrutamento compulsório, mas também contra a discrimi- násio Aguirre, do Partido Blanco, acusado de ter posto em prática
nação e a desigualdade social reinantes na província. medidas antibrasileiras. Seu opositor, Venâncio Flores, do Partido
Os liberais apoiaram os rebeldes, fornecendo-lhes armas e mu- Colorado, tornou-se presidente.
nições. Em 1839, eles dominaram Caxias, a segunda maior cidade Interpretando a invasão do Uruguai como uma ameaça aos in-
maranhense, e prosseguiram invadindo fazendas e libertando a teresses de seu país, em novembro de 1864. o presidente do Para-
população escravizada. Em 1840, sob a liderança do cativo Cosme guai, Solano López, aliado de Aguirre, apreendeu um navio mercan-
Bento das Chagas, o Preto Cosme, mais de 3 mil escravizados tam- te brasileiro no rio Paraná e, em dezembro, ordenou a invasão da
bém se rebelaram. província do Mato Grosso.
No início de 1840, Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Em seguida, declarou guerra à Argentina, já que o governo do
Caxias, foi nomeado para a presidência da província e combateu os país não permitiria que o Exército paraguaio cruzasse o território
revoltosos duramente: reconquistou a cidade de Caxias, obteve a argentino em direção ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai. Em maio
rendição de Raimundo Gomes logo depois de Balaio ter sido morto de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai (já presidido por Flores) firma-
em um dos confrontos e perseguiu os escravos liderados por Preto ram o Tratado da Tríplice Aliança, um acordo político, econômico e
Cosme. militar contra o Paraguai.
Os combates se estenderam até 1842, quando o líder dos es-
cravizados foi capturado e enforcado. Saldo da revolta: cerca de 6 Os Voluntários da Pátria
mil mortos, entre cativos e sertanejos pobres. O governo brasileiro não possuía contingente para uma guer-
ra desse porte e por isso, em janeiro de 1865, assinou um decreto
O Segundo Reinado criando o corpo de Voluntários da Pátria. Neste poderiam alistar-
-se espontaneamente homens entre 18 e 50 anos. Para aumentar
O período compreendido entre 1840 e 1889, no qual o Brasil ainda mais o número de combatentes, o governo oferecia em troca
esteve sob o comando - altamente centralizado - do imperador dom do alistamento uma quantia em dinheiro e um pedaço de terra aos
Pedro II, é chamado de Segundo Reinado. Para manter a centrali- homens livres, assim como a alforria aos escravizados.
zação, dom Pedro II utilizou as prerrogativas asseguradas ao Poder Assim, o corpo de voluntários reuniu indivíduos livres das ca-
Moderador - órgão que se sobrepunha ao Executivo, ao Legislativo madas médias e pobres. Os membros da elite não se interessavam
e ao Judiciário - sistematicamente. pelo voluntariado e, quando convocados, preferiam pagar para que
Assim, nomeou e demitiu ministros, dissolveu a Câmara dos pessoas livres fossem no lugar deles ou enviavam escravizados para
Deputados repetidas vezes, convocou eleições, escolheu senado- substituí-los. O governo pagava uma indenização aos senhores de
res, suspendeu magistrados, etc. Interessado em consolidar a or- escravos que enviavam seus cativos à batalha, prática que ficou co-
dem interna e manter a unidade territorial, durante seu governo, nhecida como “compra de substituídos”.
dom Pedro II construiu um sólido aparato administrativo, jurídico Muitas mulheres também participaram da guerra indiretamen-
e burocrático e debelou as revoltas provinciais, como a Guerra dos te na retaguarda, com o fabrico de munição, na venda de artigos
Farrapos (1835-1845) e a Balaiada (1838-1842), que ameaçavam a de primeira necessidade, no preparo de alimentos e no socorro aos
integridade territorial brasileira. feridos ou diretamente, quando elas pegavam em armas e partiam
Ao longo dos 49 anos de seu governo, o imperador conseguiu para as frentes de batalha.
conciliar as forças, oferecendo apoio intermitente ao Partido Liberal
e ao Partido Conservador. Embora as diferenças entre os dois parti- Saldo do Conflito
dos fossem pequenas ambos representavam setores diferentes dos A guerra se alastrou rapidamente. Em um primeiro momento,
grandes comerciantes e dos grandes proprietários de terra, sempre os paraguaios tiveram vitórias significativas. Aos poucos, porém, as
que um gabinete liberal dava lugar a um conservador, e vice-versa, tropas aliadas se organizaram e passaram à ofensiva. Os combates
toda a estrutura administrativa do Império era substituída. corpo a corpo foram sangrentos, marcados por atrocidades de am-
Fazendo largo uso do clientelismo, os novos integrantes do po- bos os lados.
der substituíam os presidentes de província, prefeitos, delegados, A guerra só terminou em 1870, com a morte de Solano López. O
coletores de impostos e demais funcionários públicos. Nas relações Paraguai saiu arrasado do confronto. A população masculina adulta
internacionais, dom Pedro II procurou apresentar a imagem do foi dizimada, a economia foi destruída e o país perdeu 40% do ter-
Brasil como um país jovem, moderno e com grande potencial de ritório para seus adversários. No que se refere ao Brasil, o conflito
desenvolvimento. Para reforçar essa ideia, ele financiava o estudo fortaleceu o Exército e o sentimento de identidade nacional.
de artistas no exterior e estimulava a vinda de missões científicas Entretanto, 30 mil combatentes, de 139 mil enviados à fren-
estrangeiras ao Brasil. te de batalha, morreram. Para compensar as perdas financeiras, o
governo brasileiro contraiu empréstimos no exterior, aumentando
A Guerra do Paraguai a dívida externa. O fim dos combates também contribuiu para pôr
em xeque o governo de dom Pedro II: as críticas à escravidão se
As origens da Guerra do Paraguai estão ligadas à consolidação intensificaram e a ideia de substituir a monarquia pela república
dos Estados nacionais na região do Prata e à preocupação do Impé- começou a ganhar força.
rio em evitar a formação de uma grande nação platina que ocupas-
se o território do antigo Vice-Reino do Prata.

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Mudança do Eixo Econômico Cafeicultores faliram, fazendas foram abandonadas e as cida-


des que viviam do café ficaram à míngua. Em busca de novas ter-
Planta nativa da Etiópia, na África, o café chegou à Europa no ras, os fazendeiros expandiram as plantações de café em direção ao
século XVII e, de lá, à América. Em 1727, as primeiras sementes e Oeste paulista na segunda metade do século XIX. Eles expulsaram o
mudas de café foram trazidas da Guiana Francesa e plantadas em povo Kaingang da região, derrubaram matas e ocuparam as terras
Belém, no atual estado do Pará. férteis das atuais cidades de Campinas, Jundiaí e São Carlos. Em
Por volta de 1760, já havia cafeeiros (para consumo) na cidade seguida avançaram para Ribeirão Preto, Bauru e, mais tarde, para
do Rio de Janeiro. Posteriormente, a planta foi levada ao litoral flu- o norte do Paraná e outras regiões, onde o solo de terra vermelha,
minense e, depois, para o vale do rio Paraíba do Sul. Ali, o café pas- mais conheci da como terra roxa, era ideal para o cultivo da planta.
sou a ser plantado como produto agrícola, para consumo e comér- Nesses lugares, surgiu um novo tipo de cafeicultor que, embora
cio, e se espalhou rapidamente, chegando a cidades como Resende utilizasse mão de obra escrava, passou também a empregar o traba-
e Vassouras, no Rio de Janeiro; Areias , Guaratinguetá e Taubaté, lho assalariado de trabalhadores livres de origem europeia.
em São Paulo. Mudas e sementes de café também foram levadas Retirantes cearenses que fugiram da seca no final da década
para o Espírito Santo e para o sul de Minas Gerais. de 1870 e se deslocaram para o sudeste também foram emprega-
Nesse processo de expansão, muitos quilômetros da mata dos nos cafezais. Com os lucros das exportações de café, os cafei-
Atlântica foram derrubados para que fazendas de café pudessem cultores aprimoraram as técnicas agrícolas a fim de multiplicar os
se estabelecer e os indígenas que ali viviam foram dizimados ou ex- rendimentos. Alguns começaram a diversificar seus investimentos,
pulsos. Os pequenos posseiros que se encontravam na região com aplicando parte do capital em atividades industriais e comerciais.
Em 1872, ano em que foi realizado o primeiro censo no Brasil, 80%
suas lavouras de subsistência tiveram um destino similar. Dessa ma-
da população em atividade no país se dedicava ao setor agrícola,
neira, no início do Segundo Reinado, o café já era o principal artigo
13% ao de serviços e apenas 7% à indústria.
de exportação brasileiro e o Brasil era o maior exportador mundial
do produto.
Fim do Tráfico Negreiro
No sudeste, as principais cidades cafeicultoras enriqueceram.
Assim como nos engenhos do nordeste, a riqueza extraída dos ca- No começo do século XIX, o Brasil e várias colônias e nações
fezais era produzida, primordialmente, pela mão de obra escravi- sofriam forte pressão do governo inglês para acabar com o tráfico
zada. Os cativos eram responsáveis por todo o trabalho no campo: negreiro e com a escravização dos povos africanos. Por isso, a In-
preparavam o terreno, plantavam e colhiam. Na época da colheita, glaterra só reconheceu a legitimidade da independência brasileira
cabia a eles entregar ao administrador da fazenda uma quantidade em 1825, depois que dom Pedro I se comprometeu a acabar com
específica de grãos. o tráfico.
No começo, os escravizados também tinham por obrigação As pressões inglesas aumentaram e, em 1831, o governo re-
conduzir carros de bois com sacas de café até os portos do Rio de gencial decretou o fim do tráfico negreiro. Mas a lei não alcançou
Janeiro e de Santos, no litoral do estado de São Paulo, de onde a seu objetivo imediato e africanos escravizados continuaram sendo
produção era embarcada para o exterior. A partir de 1850, com a contrabandeados para o Brasil, apesar de o tráfico ter sofrido uma
construção das primeiras ferrovias, esse transporte passou a ser queda acentuada.
feito de trem, o que estimulou a construção de muitas ferrovias. Lei Eusébio de Queirós
Mas as ferrovias não impactaram apenas o transporte do café. Em 1850, a pressão internacional, somada ao medo de novas
Elas integraram também o comércio do Triângulo Mineiro ao mer- rebeliões de escravos e ao clamor dos que se opunham à escravi-
cado paulista, transformaram a paisagem natural dos locais em que dão, levou à aprovação da Lei Eusébio de Queirós.
foram implantadas e colocaram a população em contato com as Ela proibia definitivamente o tráfico de africanos para o Brasil.
inovações técnicas do capitalismo. As cidades onde foram constru- Importantes fazendeiros que tentaram desrespeitar a nova lei fo-
ídas se transformaram, e novos municípios surgiram em função de- ram presos e capitães de navios negreiros que continuaram a trafi-
las. Com o enriquecimento, muitos fazendeiros do Vale do Paraíba car es cravos sofreram duras penas.
foram agraciados com títulos de nobreza pelo imperador, originan-
do se daí a expressão barões do café para designá-los. A imigração europeia e a Lei de Terras
De modo geral, apesar do título, não faziam parte da corte im-
perial. Embora a presença masculina no gerenciamento das fazen- Antes de 1850, alguns fazendeiros do Oeste paulista já tenta-
vam substituir a mão de obra escravizada pela de imigrantes euro-
das fosse predominante, algumas mulheres também comandavam
peus. Em 1847, cerca de mil colonos de origem germânica e suíça
as fazendas de café. Esse foi o caso de Maria Joaquina Sampaio de
foram trazidos e empregados, em regime de parceria, em uma fa-
Almeida (1803-1882), que, após a morte do marido, passou a dirigir
zenda no interior de São Paulo.
a fazenda Boa Vista, em Bananal, responsável por uma das maiores
No entanto, o regime de parceria não funcionou, pois era pou-
produções individuais de café no período: 700 mil. co vantajoso para os imigrantes, que arcavam com muitas despesas,
as quais reduziam muito seus lucros. Temendo que os imigrantes
Oeste Paulista abandonassem o trabalho nas fazendas e ocupassem as terras de-
Os fazendeiros do Vale do Paraíba empregavam técnicas agrí- volutas, o governo e a Assembleia Geral instituíram a Lei de Terras,
colas rudimentares, como a queimada para limpar o terreno. Além que restringia o acesso da população à terra.
disso, não utilizavam arados nem adubos. Por causa dessas práticas, A legislação em vigor até então permitia a qualquer pessoa se
o solo da região empobreceu e, por volta de 1870, a produção de- instalar em uma área de terras devolutas e posteriormente reque-
clinou. rer um título de propriedade sobre ela. Com a Lei de Terras, aprova-
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da em 1850, quem quisesse se tornar proprietário deveria comprar Os negros, que durante quase quatro séculos construíram pra-
o lote do governo. Para dificultar o acesso, a lei fixou dimensões ticamente tudo que o existia no Brasil, eram agora taxados de pre-
mínimas para os lotes a serem comprados e proibiu a compra a pra- guiçosos, incapazes e incultos. Para políticos e fazendeiros racistas,
zo. Impediu-se assim o surgimento de uma camada de pequenos os negros deveriam ser substituídos por brancos “mais capacita-
proprietários rurais e o desenvolvimento de uma agricultura fami- dos”. Para eles, o sucesso da modernização do país só seria possível
liar economicamente expressiva no Brasil. por meio da mão de obra europeia.
A lei beneficiou a população mais rica e com mais recursos, que Aproveitando-se da situação de crise de alguns países da Eu-
comprava grandes lotes diretamente do governo, e possibilitou que ropa, iniciou-se amplo processo de incentivo à emigração para o
os grandes proprietários rurais concentrassem ainda mais porções Brasil.
de terras em suas mãos.
A Campanha Abolicionista
A Caminho da Abolição A partir de 1880, a mobilização pelo fim da escravidão no Brasil
envolvia homens e mulheres de setores sociais variados, nos princi-
Quando a Lei Eusébio de Queirós foi aprovada em 1850, a pro- pais centros urbanos. A Campanha Abolicionista, como foi chama-
dução cafeicultora do Sudeste estava no auge e a necessidade de da, teve como polos de aglutinação associações emancipacionistas
mão de obra era crescente. Impedidos de recorrer ao tráfico negrei- e órgãos da imprensa.
ro, os cafeicultores passaram a comprar es cravos dos fazendeiros Personalidades como Joaquim Nabuco (1849-1910), André Re-
do Nordeste que, naquele momento, atravessavam um período de bouças (1838-1898) e Antônio Bento (1843-1898) escreviam nos
dificuldades por causa da forte concorrência externa à produção jornais abolicionistas. O caricaturista Ângelo Agostini (1843-1910)
nordestina de açúcar e algodão. desmoralizava os defensores da escravidão com seus desenhos, e
Em 1865, a notícia de que os Estados Unidos haviam abolido a José do Patrocínio (1854-1905) costumava terminar seus editoriais
escravidão reacendeu os debates abolicionistas no Brasil. Ao mes- com a frase: “A escravidão é um roubo e todo dono de escravo, um
mo tempo, aumentou o número de escravizados que reivindicavam ladrão.”.
junto à Justiça o direito de não separar-se de suas famílias e de jun- No Pará, Manoel Moraes Bittencourt fundou em 1882 o Club
tar dinheiro para comprar a liberdade. Não raro, eles venciam esses Abolicionista Patroni, que, junto a outras organizações - que foram
processos. aparecendo em praticamente todas as províncias brasileiras -, reco-
Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, a Campanha Abo- lhia recursos para a compra de alforrias. Em 1883, essas associações
licionista começou a se difundir pelo país e conquistou adeptos no se unificaram e formaram a Confederação Abolicionista.
Exército - os negros e miscigenados representavam a maior parte No Recife, integrantes da sociedade secreta Clube do Cupim,
dos soldados brasileiros no conflito. O convívio entre negros e bran- liderada por José Mariano, retiravam es- cravos do cativeiro e os
cos durante a guerra contribuiu para diminuir o preconceito e mui- enviavam de barcaças ao Ceará, onde a escravidão foi extinta em
tos militares ou ex-combatentes mudaram de opinião a respeito da 1884. A essa altura, a Campanha Abolicionista se configurava como
escravidão. um movimento irreprimível e de grande apelo popular.

Lei do Ventre Livre O Fim da Escravidão


Em 1884, as províncias do Ceará e do Amazonas aboliram a es-
Pressionado, o governo procurou conciliar os interesses con-
cravidão em seus territórios. No ano seguinte, a Assembleia Geral
flitantes e extinguir a escravidão sem prejudicar os negócios dos
aprovou a Lei Saraiva-Cotegipe, também conhecida como Lei dos
fazendeiros. Para tanto, propôs um plano de abolição gradual, ga-
Sexagenários, que libertava os escravos com mais de 60 anos. A
rantindo indenizações aos donos de escravizados. No dia 28 de se-
alforria para esse grupo, entretanto, só ocorria depois de três anos
tembro de 1871, a Assembleia Geral aprovou a Lei do Ventre Livre.
de trabalho a título de indenização.
Ela estabelecia que os filhos de escravizados nascidos a partir da-
Em São Paulo, em 1886, o abolicionista Antônio Bento criou
quela data seriam considerados livres, mas deveriam permanecer
um grupo conhecido como Caifazes, que organizava deserções em
sob os cuidados de seus senhores até completarem oito anos de
massa de escravos. A partir de então, as fugas se tornaram cada
idade. vez mais frequentes. Em 1887, o Exército anunciou sua recusa em
A partir de então, o proprietário tinha duas opções: entregar a continuar capturando escravos fugitivos.
criança ao governo, que lhe pagaria uma indenização, ou mantê-la No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel - filha de dom
sob o regime de trabalho compulsório em sua propriedade, como Pedro II que estava à frente do governo, substituindo o imperador,
forma de compensação pela alforria, até ela completar 21 anos. A que viajara ao exterior - assinou a Lei Áurea, libertando os 723 mil
lei também garantia ao escravizado o direito de formar um pecúlio escravos que ainda restavam no país. Esse número representava 5%
com o qual pudesse comprar sua alforria. da população afrodescendente que vivia no Brasil.
Esse recurso seria bastante utilizado pelos cativos. Embora ofe- Os afro-brasileiros tiveram seus direitos formalmente reconhe-
recesse garantias de compensação aos senhores de escravos, a lei cidos. A emancipação, contudo, não foi acompanhada de medidas
foi vista como um sinal de que a escravidão estava próxima do fim. de reparação ou de integração dos libertos na sociedade, como
Para os fazendeiros do Oeste paulista, isso significava que seria ne- propunham muitos abolicionistas. Entre essas propostas estavam a
cessário promover a imigração europeia em grande escala. A esco- distribuição de terras aos libertos e a criação de mecanismos para
lha pela mão de obra europeia foi estimulada por teorias raciais vi- que os ex-escravos e seus filhos tivessem acesso à educação. Na
gentes na época. Racistas, essas teorias (genericamente conhecidas verdade, os ex-escravos não receberam nenhum tipo de amparo e
como darwinismo social) defendiam que negros e mestiços, assim se tornaram vítimas de um novo tipo de desigualdade social e étni-
como indígenas e asiáticos seriam inferiores aos europeus. ca cujos reflexos ainda podem ser sentidos na sociedade brasileira.
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O Brasil no Final do Século XIX na França em 1789. A facção formada pelos militares adeptos do
positivismo apoiava-se na confiança na ciência e na razão. Na po-
A partir da segunda metade do século XIX, o Brasil passou por lítica, o positivismo defendia a instauração de uma ditadura repu-
transformações socioeconômicas que mudaram o perfil da socie- blicana.
dade. O trabalho escravo, por exemplo, começou a ser substituído
pelo trabalho livre e assalariado. A indústria tomou impulso a partir O Fim do Império
de 1880 e aumentou a contratação de mão de obra assalariada: em No decorrer de 1889, Quintino Bocaiuva, chefe nacional do
1881, havia cerca de três mil trabalhadores industriais; em 1890 já movimento republicano, procurou se aproximar dos militares em
eram 54 mil, principalmente imigrantes. busca de apoio na luta contra a monarquia. No dia 11 de novembro,
As cidades cresceram e aumentou o número de pessoas das ca- um grupo conseguiu convencer o marechal Deodoro da Fonseca a
madas médias urbanas - profissionais liberais, pequenos e médios apoiar a causa republicana.
comerciantes, funcionários públicos, etc. A vida cultural se intensi- Ao mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de Janeiro
ficou. Formou-se uma opinião pública capaz de se mobilizar con- estabeleceram contatos com líderes civis de São Paulo, que apoia-
tra a escravidão e contra o caráter opressivo da monarquia. Nesse
ram a ideia de um golpe para proclamar a República. Marcado para
mesmo momento, o Brasil atravessava uma grave crise econômica.
o dia 20 de novembro, ele foi antecipado porque, no dia 14, um
A guerra contra o Paraguai (1864-1870) consumira as divisas do
major espalhou o boato de que o governo decretara a prisão de
país, e a população sofria com o aumento do custo de vida. Os fa-
Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant.
zendeiros do Centro-Sul mostravam-se insatisfeitos com a composi-
ção política do império, que não refletia o poder econômico e social Na manhã do dia 15, o próprio marechal Deodoro seguiu à
das regiões: o Nordeste tinha um número maior de representantes frente de um batalhão em direção ao prédio do Ministério da Guer-
no Senado e no ministério do que o Sudeste. ra, onde os ministros encontravam-se reunidos. Sem enfrentar ne-
Os cafeicultores, sobretudo os do Vale do Paraíba, também es- nhuma resistência, Deodoro depôs o gabinete e voltou para casa.
tavam in satisfeitos com a extinção do trabalho escravo. Embora Os republicanos ficaram sem saber se o marechal havia derrubado
isso tivesse ocorrido por meio da criação de sucessivas leis - como a a monarquia ou apenas o ministério.
do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885) -, a insatisfação Para dirimir qualquer dúvida, o jornalista José do Patrocínio e
se transformou em revolta em 1888, com a assinatura da Lei Áurea. outras lideranças dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de
Os militares também davam sinais de descontentamento. Os Janeiro e anunciaram o fim da monarquia no Brasil.
soldos estavam baixos e as promoções dos oficiais ocorriam mais Ao ser informado dos acontecimentos, em seu palácio de Pe-
por apadrinhamento do que por mérito. Como não podiam mani- trópolis, dom Pedro II ainda tentou organizar um novo ministério,
festar livremente suas opiniões políticas, entre 1883 e 1887 os mili- mas acabou desistindo. Na madrugada de 17 de novembro de 1889,
tares demonstraram sua insatisfação por meio de atos de insubor- embarcou com a família para Portugal. Dois anos mais tarde, mor-
dinação e desobediência que, em seu conjunto, ficaram conhecidos reu em Paris, vítima de pneumonia aguda, aos 66 anos.
como a Questão Militar. A Proclamação da República foi um movimento do qual a po-
As relações entre a Igreja e o Estado se desgastaram com a cha- pulação praticamente não participou. Nele estiveram envolvidos
mada Questão Religiosa, em 1871, quando bispos de Olinda e de alguns militares, intelectuais e políticos. Um dos líderes republica-
Belém fecharam algumas irmandades religiosas ligadas à maçona- nos, Aristides Lobo, chegou a afirmar que o povo assistiu a tudo
ria. Dom Pedro II ordenou que essas irmandades fossem reabertas. bestializado, achando que a movimentação das tropas conduzidas
Os bispos se recusaram a obedecer, foram presos e condena- por Deodoro da Fonseca na manhã do dia 15 de novembro fosse
dos a trabalhos forçados. Mesmo sendo anistiados pelo imperador simplesmente uma parada militar.
em 1875, essa situação desgastou a relação entre parte do clero e o
Estado. Esse evento é apontado como um dos fatores que levaram REPÚBLICA VELHA
ao desgaste e à queda da monarquia no Brasil.
Consolidação da República
A Campanha pela República
Em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca
Em 1870, políticos liberais radicais, cafeicultores e representan-
proclamou a República. Apesar das divergências que existiam sobre
tes das camadas médias do Rio de Janeiro e de São Paulo criaram o
Clube Republicano, cujo porta-voz era o jornal carioca A República. o tipo de república a ser construída no país, as elites que domina-
Nos dois anos seguintes, novos clubes e jornais republicanos vam a política em São Paulo, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul
surgiram pelo país. Mas a Campanha Republicana ganhou mais for- defendiam o federalismo, em oposição à centralização imperial23.
ça a partir de 1873, quando grupos políticos ligados aos cafeiculto- Paulistas e mineiros defendiam propostas inspiradas no libe-
res paulistas fundaram, em São Paulo, o Partido Republicano. ralismo e tinham, sobretudo os paulistas, o modelo estadunidense
como referência, em relação à autonomia dos estados e às liberda-
Moderados, radicais e positivistas des individuais.
Unidos contra a monarquia, os republicanos divergiam quanto No Rio Grande do Sul, havia um importante grupo de políticos
aos métodos propostos. liderado por Júlio de Castilhos. Esse grupo defendia, com base nos
Os moderados, vinculados aos grandes proprietários rurais, ideais positivistas, a instauração de uma ditadura republicana que,
eram contrários ao fim da escravidão. Os radicais, ou revolucioná- ao garantir a ordem, levaria o país ao progresso. Já no Rio de Janei-
rios, eram membros das camadas médias urbanas e apoiavam uma 23 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Pau-
revolução com grande participação popular, como a que ocorrera lo. Saraiva.
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ro, a capital da República, existia um grupo de republicanos radicais, A posse do novo presidente foi muito questionada. De acordo
chamados de jacobinos. Eram civis e militares, alguns deles positi- com a Constituição, o vice assumiria somente se o presidente hou-
vistas, que defendiam de maneira exaltada o regime republicano e vesse cumprido metade de seu mandato, ou seja, dois anos. Caso
opunham-se de ma-neira contundente à volta da monarquia. contrário, ela previa a realização de uma nova eleição. Mas Floriano
Havia também os monarquistas, que desejavam o retorno do estava decidido a permanecer no poder, com o apoio dos florianis-
antigo sistema. Entre os militares, predominavam os republicanos. tas, que alegavam que o dispositivo constitucional só valeria para o
E, mesmo entre estes, havia divergências: enquanto alguns oficiais próximo mandato presidencial.
seguiam a liderança de Deodoro, outros preferiam a de Floriano Treze generais do Exército contestaram sua posse e, por meio
Peixoto. Mas havia também os positivistas, que tinham Benjamin de um manifesto, exigiram eleições presidenciais. Floriano ignorou
Constant como líder, e alguns monarquistas, sobretudo na Marinha, o protesto e mandou prender os generais. Receosas com a instabi-
que tinham fortes ligações com o Império. lidade da República, as elites políticas de São Paulo, representadas
Nesse emaranhado de projetos políticos, no início de 1890 o pelo Partido Republicano Paulista (PRP), apoiaram o novo presiden-
Governo Provisório convocou uma Assembleia Nacional Constituin- te. Floriano, por sua vez, percebeu que o suporte do PRP era fun-
te para institucionalizar o novo regime e elaborar o conjunto de leis damental.
que o regeriam. Ele também contou com o apoio de importantes setores do
Assim, em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira Exército e da população do Rio de Janeiro. Oficiais da Marinha de
Constituição republicana do país, a Constituição dos Estados Uni- Guerra (Armada) tornaram-se a sua principal oposição. Em 6 de
dos do Brasil. Inspirada no modelo vigente nos Estados Unidos, ela setembro de 1893, posicionaram os navios de guerra na baía de
era liberal e federativa, concedendo aos estados prerrogativas de Guanabara, apontaram os canhões para o Rio de Janeiro e Niterói e
constituir forças militares e estabelecer impostos. dispararam tiros contra as duas cidades - era o início da Revolta da
Além disso, ela instaurou o presidencialismo como regime po- Armada. Em março do ano seguinte a situação tornou-se insusten-
tável nos navios - não havia munição, alimentos, água nem o apoio
lítico, com a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judici-
da população. Parte dos revoltosos pediu asilo político a Portugal,
ário, e oficializou a separação entre Estado e Igreja. Os deputados
a outra foi para o Rio Grande do Sul participar de um conflito que
constituintes também elegeram o marechal Deodoro da Fonseca
eclodira um ano antes: a Revolução Federalista.
para a presidência e o marechal Floriano Peixoto para a vice-pre-
sidência da República. Mas o novo regime republicano enfrentaria Revolução Federalista
crises muito sérias até se consolidar definitivamente.
A instalação da República alterou a política do Rio Grande do
República de Espadas Sul. Com ela, o Partido Republicano Rio-Grandense alcançara o po-
der. Apoiada por Floriano Peixoto e liderada por Júlio de Castilhos,
Na área econômica, comandada por Rui Barbosa, então minis- a agremiação de orientação positivista tornou-se dominante no es-
tro da Fazenda, a República começou com grande euforia. Com o tado em que passou a governar de maneira autoritária.
objetivo de estimular o crescimento econômico e a industrialização A principal força de oposição ao Partido Republicano era o Par-
do país, o governo autorizou que os bancos concedessem crédito a tido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins, que defendia
qualquer cidadão que desejasse abrir uma empresa. E, para cobrir o parlamentarismo e a predominância da União Federativa sobre
esses empréstimos, permitiu a impressão de uma imensa quantida- o poder estadual - enquanto os republicanos pregavam o sistema
de de papel-moeda. presidencialista e a autonomia dos estados.
Como a moeda brasileira tinha como referência a libra inglesa, Diante da violência e das fraudes eleitorais, os federalistas uni-
as emissões de dinheiro sem lastro (sem garantia em ouro) provo- ram-se a outras forças de oposição, dando origem a uma sangren-
caram o aumento acelerado da inflação. Muitos dos empréstimos ta guerra civil, que ficou conhecida como Revolução Federalista
concedidos foram usados para abrir empresas que existiam apenas (1893-1895). Os conflitos não se limitaram ao estado do Rio Grande
no papel, mas cujas ações, ainda assim, eram negociadas na Bolsa do Sul, estendendo-se aos de Santa Catarina e do Paraná, e só ter-
de Valores. Como resultado, muitos investidores perderam seu di- minaram em junho de 1895 com a vitória dos republicanos sobre os
nheiro e a inflação aumentou, atingindo toda a sociedade brasileira. federalistas. A Revolução Federalista causou muito sofrimento ao
Essa medida, que visava estimular a economia, mas resultou em sul do país. Somente no Rio Grande do Sul, que contava com cerca
desvalorização da moeda e especulação financeira, recebeu o nome de 900 mil habitantes, morreram de 10 a 12 mil pessoas, muitas
de Encilhamento. delas degoladas.
Na área política, assistia-se a graves conflitos envolvendo o Passados cinco anos da proclamação da República, chegava ao
presidente e os militares que o apoiavam, de um lado, e políticos fim o governo de Floriano Peixoto. No dia 15 de novembro de 1894,
o marechal passou a faixa presidencial ao paulista Prudente de Mo-
liberais e a imprensa, do outro. Oito meses após ser eleito, em no-
rais, conferindo novos ares à República. Pela primeira vez, um civil
vembro de 1891, Deodoro da Fonseca determinou o fechamento do
ligado às elites agrárias, em especial aos cafeicultores, assumia o
Congresso Nacional e decretou estado de sítio no país. Os oficiais
poder. Com a eleição de Prudente de Morais, encerrava-se o perío-
que seguiam a liderança de Floriano Peixoto não apoiaram o golpe
do conhecido como República da Espada.
de Estado; assim como a Marinha, que considerou autoritária a ati-
tude do presidente, e diversas lideranças civis. Sem apoio político, o
presidente renunciou no dia 23.
Nesse mesmo dia, Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presi-
dência da República.
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Modelo Político Apesar das fraudes eleitorais, as eleições periódicas foram


importantes para a configuração do sistema político brasileiro. Pri-
A Constituição de 1891 estabeleceu eleições diretas para todos meiro, porque exigiam o mínimo de competição no jogo eleitoral,
os cargos dos poderes Legislativo e Executivo. Também determinou permitindo a renovação das elites dirigentes. Segundo, porque,
que, excetuando os mendigos, os analfabetos, os praças de pré, os mesmo com o controle do voto, havia alguma mobilização do elei-
religiosos, as mulheres e os menores de 21 anos, todos os cidadãos torado - com o qual as elites, mesmo dispondo de grande poder
brasileiros eram eleitores e elegíveis. político, precisavam manter alguma interlocução.
Apesar de suprimir a exigência de renda mínima constante da
Constituição imperial, a primeira Constituição da República tam- Política do Café com Leite
bém excluía a maioria da população brasileira do direito de votar. O A política dos governadores inaugurada por Campos Salles fun-
voto foi decretado aberto, mas, como não havia Justiça Eleitoral, na damentou a chamada República Oligárquica. Ela reforçou os pode-
prática as eleições eram caracterizadas pela fraude. A organização res das oligarquias - sobretudo as dos estados de São Paulo e Minas
da eleição dos municípios, bem como a redação da ata da seção Gerais. Como o número de representantes por estado no Congresso
eleitoral, ficava a cargo dos chefes políticos locais, os chamados co- era proporcional à sua população, São Paulo e Minas Gerais, que
ronéis. eram os estados mais populosos e ricos - da federação, elegiam as
Isso lhes permitia registrar o que bem quisessem nas atas - daí maiores bancadas na Câmara dos Deputados.
o nome “eleições a bico de pena” - e também controlar as escolhas Vale lembrar que, à época, os partidos políticos eram estadu-
dos eleitores, por meio da violência ou do suborno. Era comum, por ais e proliferavam siglas como Partido Republicano Mineiro, Partido
exemplo, que nas atas das seções eleitorais constassem votos de Republicano Paulista, Partido Republicano Rio-Grandense etc. Ex-
eleitores já mortos para o candidato dos coronéis. pressão simbólica da aliança entre o Partido Republicano Paulista e
Ou então que os coronéis reunissem os eleitores em um de- o Partido Republicano Mineiro foi a chamada política do café com
terminado lugar para receber as cédulas eleitorais já preenchidas. leite, que funcionava no momento da escolha do sucessor presi-
Esses locais eram chamados de “curral eleitoral”. De modo geral, os dencial.
eleitores votavam no candidato do coronel por vários motivos: obe- As oligarquias dos dois estados escolhiam um nome comum
diência, lealdade ou gratidão, ou em busca de algum favor, como para presidente, ora filiado ao partido paulista, ora ao mineiro. A
dinheiro, serviços médicos e até mesmo proteção. Afinal, sem a ga- cada sucessão presidencial, a aliança entre Minas Gerais e São Pau-
rantia dos direitos civis e políticos, grande parte da população rural lo precisava ser renovada, muitas vezes com conflitos e interesses
- vale lembrar que a imensa maioria dos brasileiros então vivia no divergentes. Por serem fortes em termos políticos e econômicos,
campo - buscava a proteção de um coronel e acabava se inserindo formaram-se duas oligarquias dominantes no país: a de São Paulo e
em uma rede de favores e proteção pessoal. a de Minas Gerais. Embora em posição inferior à aliança entre pau-
listas e mineiros, destacavam-se também a do Rio Grande do Sul, a
O Poder dos Coronéis da Bahia e a do estado do Rio de Janeiro.
Houve eleições em que os vitoriosos não estavam comprometi-
Também conhecida como coronelismo, a chamada “República dos com a política do café com leite, caso de Hermes da Fonseca em
dos coronéis” era um sistema político que resultou da Constituição 1910 e de Epitácio Pessoa em 1919. O importante é considerar que
de 1891 e marcou a Primeira República. Se no Império os presiden- as oligarquias dos estados que se encontravam fora da política do
tes de estado (hoje denominados governadores) eram nomeados café com leite passaram a questionar o sistema político na década
pelo poder central, com a República eles passaram a ser eleitos pe- de 1920.
los coronéis. Nos municípios, eram os coronéis que, por meio da
violência e da fraude eleitoral, controlavam os votos que elegiam o Aspectos Econômicos
presidente de estado, e também os deputados estaduais e federais,
os senadores e até mesmo o presidente da República. Por volta de 1830, o café tornou-se o principal produto de ex-
Por outro lado, eles dependiam do governante estadual para portação do Brasil, superando o açúcar. Com a expansão das lavou-
nomear parentes e protegidos a cargos públicos ou liberar verbas ras cafeeiras para o Oeste Paulista, a partir da década de 1870, a
para obras nos municípios. Assim, criava-se uma ampla rede de cafeicultura estimulou a economia do país, cujo dinamismo atraiu
alianças e favores, em que coronéis, presidentes de estado, parla- investidores estrangeiros, sobretudo britânicos.
mentares e o próprio presidente da República estavam atados por Ela propiciou a construção e o reaparelhamento de ferrovias,
fortes laços de interesses. Esse esquema se consolidou na presi- estradas, portos e o surgimento de bancos, casas de câmbio e de
dência de Campos Sanes (1898-1902), idealizador do que veio a ser exportação. Também foram criados estaleiros, empresas de nave-
chamado de política dos governadores Ou dos esta- dos. gação e moinhos. O café mudou o país, inclusive incentivando a sua
Nela, o governo federal apoiava as oligarquias dominantes nos industrialização. Surgiram, por exemplo, fábricas de tecidos, cha-
estados, que em troca sustentavam politicamente o presidente da péus, calçados, velas, alimentos, utensílios domésticos etc. Trata-
República no Congresso Nacional, controlando a eleição de senado- va-se de um tipo de indústria, a de bens de consumo não duráveis,
res e deputados federais - e evitando, dessa forma, que os candida- que não exigia grande tecnologia ou altos investimentos de capital,
tos da oposição se elegessem. Ainda assim, caso isso acontecesse, a mas que empregava grande quantidade de mão de obra.
Comissão de Verificação de Poderes da Câmara Federal, responsá- A riqueza gerada pelas exportações de café possibilitou, ainda,
vel por aprovar e confirmar a vitória dos candidatos eleitos, impug- o aumento das importações e a expansão das cidades, com a ins-
nava a posse, sob a alegação de fraude. talação de serviços públicos (como iluminação a gás e sistema de
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transporte urbano), novas práticas de diversão e até mesmo maior como de automóveis. Em 1852, o Brasil exportava 1 600 toneladas
circulação de jornais e livros. A cidade que mais cresceu foi a de São de borracha (2,3% das exportações nacionais). Em 1900, já ultra-
Paulo, principalmente a partir de 1886, com a chegada de milhares passava os 24 milhões de toneladas, o que equivalia a quase 30%
de imigrantes. das exportações.
Além de empregar cerca de 1 10 mil pessoas que trabalhavam
Crise do Café nos seringais, a extração do látex na região Norte fez com que as
Na década de 1920, o café, que era então responsável por mais cidades de Belém e Manaus passassem por grandes transforma-
da metade das exportações brasileiras, sustentava a economia do ções: expansão urbana, instalação de serviços (iluminação pública,
país. Por consequência, a oligarquia paulista tornara-se dominante bondes elétricos, serviços de telefonia e de distribuição de água).
na política brasileira - dos 12 presidentes eleitos entre 1894 e 1930, A partir de 1910, contudo, a entrada da borracha de origem asi-
seis eram filiados ao Partido Republicano Paulista. ática no mercado internacional provocou um drástico declínio na
A crescente produção cafeeira, contudo, acabou provocando produção amazônica. Extraída em colônias inglesas e holandesas,
graves problemas. O consumo do café brasileiro, que nesse período a borracha asiática tinha maior produtividade, melhor qualidade e
atendia a 70% da demanda mundial, estabilizou-se, mas os fazen- menor preço.
deiros continuaram expandindo suas plantações. Com uma produ-
ção maior do que a capacidade de consumo, os preços internacio- Disputas por Território
nais caíram, causando prejuízos e gerando dívidas.
A primeira crise de superprodução ocorreu em 1893. Ao as- Os primeiros governos republicanos enfrentaram problemas de
disputas territoriais com os vizinhos latino-americanos.
sumir a presidência em 1894, Prudente de Morais teve de lidar
O primeiro deles foi sobre a região oeste dos atuais estados
com grave crise econômica. Campos Salles, que o sucedeu na pre-
de Santa Catarina e Paraná. que era reclamada pelos argentinos.
sidência em 1898, fez um acordo com os credores internacionais
A questão foi resolvida pela arbitragem internacional dos EUA em
conhecido como funding loan. Pelo acordo, que transformou todas
1895, confirmando a posse brasileira.
as dívidas brasileiras em uma única, cujo credor era a casa bancária Outra pendência foi com a França, sobre a demarcação das
britânica dos Rothschild, o Brasil recebeu como empréstimo 10 mi- fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa. Com arbitragem in-
lhões de libras esterlinas. Além de oferecer as rendas da alfândega ternacional do governo suíço, o Brasil venceu a disputa em 1900,
do Rio de Janeiro como garantia, o governo se comprometeu a rea- impondo sua soberania sobre as terras que hoje integram o estado
lizar uma política econômica deflacionária, retirando papel-moeda do Amapá.
do mercado, o que gerou recessão, falências e desemprego e não No ano seguinte, o Brasil entrou em disputa com a Grã-Breta-
resolveu os problemas da superprodução de café e da queda dos nha sobre os limites territoriais entre a Guiana Britânica (ou Inglesa)
preços no mercado internacional. e o norte do então estado do Amazonas - que hoje corresponde ao
Para evitar maiores prejuízos, representantes das oligarquias estado de Roraima.
cafeeiras dos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro O rei da Itália. Vítor Emanuel II, foi convocado como árbitro
reuniram-se na cidade paulista de Taubaté e elaboraram, em 1906, internacional, e em 1904 ele decidiu a favor dos britânicos. Desse
um plano para a defesa do produto, que, a princípio, não contou modo, o Brasil perdeu parte do território conhecido como Pirara, e
com o apoio do governo federal. a Grã-Bretanha obteve acesso à bacia Amazônica por meio de al-
Pelo Convênio de Taubaté - como ficou conhecido esse encon- guns de seus afluentes.
tro - estabeleceu-se a política de valorização do café, pela qual os Outra disputa, bem mais complexa. foi travada em torno da
governos dos estados conveniados recorreriam a empréstimos ex- região onde hoje se localiza o Acre. que então pertencia à Bolívia
ternos para comprar e estocar o excedente da produção de café, até e ao Peru. Muitos nordestinos, em particular cearenses, que so-
que seu preço se estabilizasse no mercado internacional, de modo friam com a seca. haviam se estabelecido ali para explorar o látex,
a garantir o lucro dos cafeicultores. Para o pagamento dos juros da gerando conflitos armados com tropas bolivianas. Os brasileiros
dívida, seria cobrado um imposto sobre as exportações de café. chegaram a declarar a independência política do Acre. Em 1903, a
Dois anos depois, na presidência de Afonso Pena, o governo diplomacia brasileira conseguiu uma vitória com o Tratado de Pe-
federal deu garantias aos empréstimos. A política de valorização do trópolis, que incorporava o Acre ao território brasileiro em troca de
café foi benéfica apenas para os cafeicultores, em especial os pau- indenizações à Bolívia e ao Peru.
listas, em detrimento dos produtores de açúcar, algodão, charque, Cabe destacar a relevante atuação de José Maria da Silva Para-
nhos Júnior, o barão do Rio Branco. responsável pelas relações in-
cacau etc. Além de acentuar as desigualdades regionais, grande
ternacionais do Brasil entre 1902 e 1912. Ele não só esteve à frente
parte dos custos dessa política acabou recaindo sobre a sociedade
das negociações que envolviam disputas territoriais do país como
brasileira, que teve de arcar com os prejuízos.
fez do Ministério das Relações Exteriores uma instituição profissio-
nalizada e aproximou o Brasil dos EUA.
Economia da Borracha
No começo da República, outro importante produto de expor- Movimentos e Revoltas
tação era a borracha da Amazônia, que alcançou seu auge entre
1890 e 1910. Em meados do século XIX, desenvolveu-se o processo Revolta da Vacina
de vulcanização da borracha, por meio do qual ela se tornava en- Além de modernizar a cidade, era necessário erradicar as do-
durecida, porém flexível, perfeita para ser usada em instrumentos enças epidêmicas da capital da República. Com base nas então
cirúrgicos e de laboratório. O sucesso do produto aconteceu mes- recentes descobertas sobre os microrganismos e a capacidade de
mo ao ser empregado na fabricação de pneus tanto de bicicletas mosquitos, moscas e pulgas transmitirem doenças, o médico sani-
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tarista Oswaldo Cruz, a quem coube essa tarefa, estava decidido a Revolta em Juazeiro do Norte
erradicar a febre amarela, com o combate aos mosquitos, a varíola, Em 1889, no povoado de Juazeiro do Norte, no sul do estado
com a vacinação, e a peste bubônica, com a caça aos ratos, cujas do Ceará, durante uma missa celebrada pelo padre Cícero Romão
pulgas transmitiam a doença. Batista, uma beata teria sangrado pela boca logo após receber a
Em junho de 1904, Rodrigues Alves enviou um projeto de lei ao hóstia. A notícia do suposto milagre - da hóstia que teria se transfor-
Congresso que propunha a obrigatoriedade da vacinação contra a mado em sangue - espalhou-se, aumentando o prestígio do padre,
varíola. Havia grande insatisfação popular contra as reformas urba- que passou a ser idolatrado na região. Além das funções de padre,
nas do prefeito Pereira Passos. Mas a obrigatoriedade de introduzir ele desempenhava as de juiz e conselheiro, ensinava práticas de hi-
líquidos desconhecidos no corpo, imposta de maneira autoritária giene, acolhia doentes e criminosos arrependidos.
pelo governo e sem esclarecimentos à população, que à época des- Seu prestígio era tamanho que a alta hierarquia da Igreja che-
conhecia os benefícios da vacinação, gerou forte resistência. gou a ficar incomodada e temerosa de que essa veneração estimu-
Havia também razões morais contra a vacinação obrigatória. À lasse práticas religiosas fora de seu controle - o que, de fato, aconte-
época, os homens não admitiam que, em sua ausência, suas resi- ceu. Em 1892, o padre foi impedido de pregar e ouvir em confissão.
dências fossem invadidas por estranhos que tocassem no corpo de Dois anos depois, a Congregação para a Doutrina da Fé decretou a
suas esposas e filhas para aplicar vacinas. Como a maioria das mu- falsidade do milagre em Juazeiro do Norte, provocando a reação da
lheres partilhava desses mesmos valores, quando a lei da vacinação população. Movimentos de solidariedade se formaram e irmanda-
obrigatória foi publicada nos jornais, estourou uma revolta no Rio des se mobilizaram a favor do padre Cícero. Imensas romarias pas-
de Janeiro. saram a se dirigir à cidade. Beatas diziam ter visões que anunciavam
Inicialmente, militares tentaram depor Rodrigues Alves, mas a proximidade do fim do mundo e o retorno de Cristo. Surgia um
logo foram dominados por tropas fiéis ao governo. A maior reação, movimento que desafiava as autoridades eclesiásticas da região.
entretanto, ficou por conta da população mais pobre. Entre os dias Em 1911, inserido na política oligárquica local, padre Cícero foi
10 e 13 de novembro de 1904, a cidade foi tomada por manifes- eleito prefeito de Juazeiro do Norte e se tornou o principal articula-
tantes populares: as estreitas ruas do centro foram bloqueadas por dor de um pacto entre os coronéis da região do vale do Cariri. Padre
barricadas e os policiais, atacados com pedradas. Cícero lutou em vão até o ano de sua morte, 1934, para provar que
A repressão policial foi violenta. Qualquer suspeito de haver o milagre em Juazeiro do Norte havia ocorrido. Apenas em 2016, a
participado da revolta foi jogado em porões de navios e manda- Igreja Católica se reconciliou com o padre, suspendendo todas as
punições que havia lhe imposto.
do para o Acre. A vacinação obrigatória acabou sendo suspensa, e,
quatro anos depois, uma epidemia de varíola matou mais de 6 mil
Guerra de Canudos
pessoas no Rio de Janeiro. Foram necessários muitos anos para que
Antônio Vicente Mendes Maciel andava pelos sertões nordes-
os governantes reconhecessem que nada conseguiam com Imposi-
tinos pregando a fé católica. Tornou-se um beato conhecido como
ções e práticas autoritárias sobre a população. Nos anos 1960, com
Antônio Conselheiro e passou a ser seguido por muitas pessoas.
campanhas de esclarecimento, a vacinação em massa tornou-se co-
Em 1877, fixou-se com centenas delas no arraial de Canudos, um
mum no país. Em 1971, ocorreu o último caso de varíola no Brasil.
lugarejo abandonado no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-
-Barris, ao qual renomearam Belo Monte. A comunidade cresceu
Revolta da Chibata rapidamente. Famílias, que fugiam da exploração dos latifundiários
Os marujos da Marinha de Guerra brasileira viviam sob péssi- da região ou abandonavam suas terras de origem devido à seca,
mas condições de trabalho: soldos miseráveis, má alimentação, tra- foram para Canudos.
balhos excessivos e opressão da oficialidade. Mas os castigos físicos Também foi o caso de jagunços, que serviam aos coronéis, mas
aos quais eram submetidos, principalmente com o uso da chibata, haviam caído em desgraça. Estima-se que em poucos anos o arraial
eram ainda mais graves. recebeu entre 20 e 30 mil pessoas pobres, em sua grande maioria,
Em 22 de novembro de 1910, marinheiros do encouraçado mas que em Canudos tinham ao menos uma casa para morar e ter-
Minas Gerais se revoltaram contra a punição de um colega conde- ra para plantar.
nado a receber 250 chibatadas. Liderados por João Cândido, eles Canudos tinha uma rígida organização social. No comando es-
tomaram a embarcação, prenderam e mataram alguns oficiais e tava António Conselheiro, também chamado de chefe, pastor ou
apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro. Os marujos pai. Doze homens, denominados apóstolos, assumiram as chefias
do encouraçado São Paulo e de outras seis embarcações, também dos setores de guerra, economia, vida civil, vida religiosa etc. O
ancoradas na baía de Guanabara, aderiram à revolta. Os revoltosos arraial contava com uma guarda especial formada pelos jagunços,
exigiam melhores condições de trabalho e o fim dos castigos cor- chamada Companhia do Bom Jesus ou Guarda Católica. Havia tam-
porais. bém comerciantes.
O Congresso negociou com os revoltosos e, somente após sua Em 1896, um incidente alterou a paz do arraial. Comerciantes
rendição, concedeu-lhes anistia. Mas o ambiente na Armada con- de Juazeiro não entregaram madeiras compradas por Conselheiro
tinuou tenso. Em 4 de dezembro, diante de novas punições, outra para a construção de uma nova igreja. Os jagunços se vingaram sa-
revolta eclodiu na ilha das Cobras. Os oficiais reagiram de maneira queando a cidade. Em resposta, o governador baiano enviou duas
dura e bombardearam a ilha. expedições punitivas a Canudos, ambas derrotadas pelos conselhei-
Depois, prenderam 600 marinheiros, inclusive os que participa- ristas.
ram da primeira revolta, entre eles João Cândido, apelidado de “al- Denúncias de que Canudos e António Conselheiro faziam parte
mirante negro”. Jogados em prisões solitárias por vários dias, mui- de um amplo movimento que visava restaurar a monarquia no país
tos deles morreram. Os demais foram detidos em porões de navios chegavam nas capitais dos estados. A imprensa do Rio de Janeiro e
e mandados para a Amazônia - ou executados durante a viagem. de São Paulo, sobretudo, insistia na existência de um complô mo-
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narquista. Na capital da República, estudantes, militares, escritores, Rio de Janeiro, surgiram jornais, revistas e manifestos publicados
jornalistas, entre outros grupos sociais, responsabilizavam o presi- por artistas e intelectuais que, preocupados com a modernização
dente Prudente de Morais por não reprimir Canudos. do país, discutiam o que era ser brasileiro. Recusavam-se a copiar
Nesse contexto foi então organizada uma terceira expedição, padrões europeus e propunham uma nova maneira de pensar e de-
chefiada pelo coronel Moreira César, veterano na luta contra os finir o Brasil, valorizando a memória nacional e a pesquisa das raízes
federalistas gaúchos. Formada por 1.300 homens do Exército bra- culturais dos brasileiros.
sileiro e seis canhões, ela foi derrotada pelos conselheiristas, que Era o movimento modernista, que se manifestou com grande
mataram o coronel. O fato tomou proporções nacionais, e Canudos impacto em São Paulo. Entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, o
passou a ser visto como uma real ameaça à República. Formou-se, Teatro Municipal de São Paulo abrigou a Semana de Arte Moderna.
assim, uma quarta expedição, que contava com 10 mil homens. Em Em três noites de apresentação, artistas e intelectuais exibiram suas
outubro de 1897, o arraial foi destruído e sua população, massacra- obras: houve música, poesia, pintura, escultura, palestras e deba-
da - mesmo aqueles que se renderam foram degolados. tes.
Nas artes plásticas, destacaram-se Anita Malfatti, Di Cavalcanti
Guerra do Contestado - responsável pela arte da capa do catálogo da exposição - e Lasar
Em 1911, um pregador itinerante de nome José Maria apa- Segall (pintura); Vitor Brecheret (escultura); e Oswaldo Goeldi (gra-
receu na região central de Santa Catarina. Ele afirmava que tinha vura). Oswald de Andrade apresentou as revistas Papel e Tinta e
sido enviado pelo monge João Maria, morto alguns anos antes. Pirralho, leu textos e poemas.
Na região Sul do país, monge tinha o mesmo significado que be- Mário de Andrade, Ronald de Carvalho e Graça Aranha tam-
ato no Nordeste. João Maria, quando vivo, fora contra a instaura- bém leram seus trabalhos. O maestro Villa-Lobos impressionou o
ção da República e acreditava que somente a lei da monarquia era público quando, na orquestra que regia, incluiu instrumentos de
verdadeira. Apresentando-se como um continuador de suas ideias, congada, tambores e uma folha de zinco. O público vaiou.
José Maria organizou uma comunidade formada por milhares de Acostumada ao padrão europeu de música, a audiência rejei-
homens e mulheres em Taquaruçu, nas proximidades do município tava os instrumentos musicais das culturas africanas e indígenas.
catarinense de Curitibanos. Armados e sob a liderança de José Ma- Para os modernistas, era preciso mostrar às elites que essas cultu-
ria, eles criticavam a República. ras também eram formadoras da cultura nacional.
Muitos homens e mulheres que participavam desse movimen-
to conhecido como Contestado, por ter ocorrido em uma área dis- O Tenentismo
putada entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, eram pe-
quenos proprietários expulsos de suas terras devido à construção Enquanto isso, setores da média oficialidade do Exército - como
de uma ferrovia, a Brazil Railway Company, que ligaria os estados tenentes e capitães - atacavam o governo com armas, em um movi-
de São Paulo e do Rio Grande do Sul. A empresa pertencia a um dos mento conhecido como tenentismo. Alguns criticavam o liberalismo
homens mais ricos do mundo, o estadunidense Percival Farquhar. e defendiam um Estado forte e centralizado, expressando um nacio-
Como parte do pagamento à empresa construtora, o governo nalismo não muito bem definido. Exigiam a moralização da política
estadual doou 15 quilômetros de terras de cada lado da linha, pre- e das eleições e defendiam a adoção do voto secreto. Muitos se
judicando os camponeses que ali viviam. A situação era agravada mostravam ressentidos com os políticos, pelo papel secundário do
pela presença de madeireiras. Atacados pela polícia, em 1912, des- Exército na política nacional. A primeira revolta tenentista ocorreu
locaram-se para Palmas, no Paraná. no Rio de Janeiro, em 1922. Após os rebelados tomarem o Forte de
O governo do estado, que considerou se tratar de uma inva- Copacabana, canhões foram disparados contra alvos considerados
são dos catarinenses, atacou a comunidade e matou José Maria, estratégicos. O objetivo era impedir posse do presidente eleito Ar-
dispersando a multidão de homens e mulheres que o seguia. Um thur Bernardes e, no limite, derrubar o governo.
ano depois, cerca de 12 mil fiéis se reagruparam em Taquaruçu. A O presidente Epitácio Pessoa, com o apoio do Exército e da
liderança do movimento ficou a cargo de um conselho de chefes, Marinha, ordenou o bombardeamento do forte. Muitos desistiram
que difundiu a crença de que José Maria regressaria à frente de da luta, mas 17 deles decidiram resistir. Com fuzis nas mãos, mar-
um exército encantado para vencer as forças do mal e implantar o charam pela avenida Atlântica. Um civil se juntou a eles. Ao final,
paraíso na Terra. Em fins de 1916, forças do Exército e das polícias sobraram apenas os militares Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
estaduais, com o apoio de aviões, reprimiram o movimento, matan- A rebelião ficou conhecida como a Revolta dos 18 do Forte.
do milhares de rebeldes. Em 1924, eclodiu outra revolta tenentista, dessa vez em São
Paulo. Os revoltosos tomaram o poder na capital paulista. O objeti-
O Modernismo vo era incentivar revoltas todo o país até a derrubada do presiden-
te Arthur Bernardes. A reação do governo federal foi bombardear
No Brasil, como em grande parte do mundo ocidental, a vida a cidade. Acuados, os revoltosos resolveram marchar para Foz do
cultural era fortemente influenciada pelos europeus. No vestuário, Iguaçu.
na culinária, na literatura, na pintura, no teatro e em outras mani-
festações artístico-culturais, adorava-se, sobretudo, o padrão fran- A Coluna Prestes
cês como modelo. Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o jovem capitão Luís
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, isso começou Carlos Prestes liderava uma coluna militar que, partindo de Santo
a mudar. A guerra resultou no declínio econômico e político dos Ângelo, marchava ao encontro dos rebelados paulistas em Foz do
países envolvidos no conflito e suscitou, ao menos nas Américas, a Iguaçu. Quando se encontraram, em abril de 1925, formaram a
dúvida quanto à superioridade da cultura europeia. Nos anos 1920, Coluna Prestes-Miguel Costa e partiram em direção ao interior do
em diversas cidades do Brasil, principalmente em São Paulo e no país, para mobilizar a população contra o governo e as oligarquias.
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Com cerca de 1500 homens, atravessaram 13 estados. Perse- Iniciada em 3 de outubro de 1930, em Minas Gerais e no Rio
guido pelo Exército, Prestes, com táticas militares inteligentes, im- Grande do Sul, ela se alastrou rapidamente pelo Nordeste. Diante
pôs várias derrotas às tropas governistas - que nunca o derrotaram. da possibilidade de uma guerra civil, altos oficiais do Exército e da
Após marcharem 25 mil quilômetros, cansados e sem perspectivas, Marinha depuseram o presidente Washington Luís e formaram uma
em 1927 os soldados da coluna entraram no território boliviano, Junta Militar. Com a chegada das tropas rebeldes ao Rio de Janeiro,
onde conseguiram asilo político. Por sua luta e capacidade de co- entregaram o poder a Getúlio Vargas. O movimento político-militar
mando, Luís Carlos Prestes passou a ser considerado um herói e conhecido como Revolução de 1930 saía vitorioso. Era o início da
conhecido como “Cavaleiro da Esperança “. Era Vargas.

A Revolução de 1930 A ERA VARGAS

No início da década de 1920, o sistema político da Primeira Re- Governo Provisório


pública começava a apresentar sinais de esgotamento. A realização
da Semana de Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista do Ao assumir a chefia do governo provisório em 1930, apoiado
Brasil e a eclosão da Revolta dos 18 do Forte eram indícios desse pelos militares, Getúlio Vargas aboliu a Constituição de 1891, dis-
esgotamento. A própria sucessão presidencial, também no ano de solveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas estaduais
1922, foi marcada por uma forte disputa entre os grupos políticos e as Câmaras municipais e instituiu um regime de emergência. Com
estaduais. exceção do governador Olegário Maciel, de Minas Gerais, todos os
Paulistas e mineiros haviam concordado em apoiar o mineiro demais (na época, chamados de presidentes de estado) foram subs-
Arthur Bernardes. Mas as lideranças políticas do Rio de Janeiro, do tituídos por interventores, pessoas da confiança do presidente, es-
Rio Grande do Sul, da Bahia e de Pernambuco optaram por lançar colhidos por ele entre os egressos do movimento tenentista24.
Nilo Peçanha como candidato. O movimento, conhecido como Rea- Em São Paulo, a nomeação do tenentista pernambucano João
ção Republicana, não propunha romper com o sistema oligárquico, Alberto Lins de Barros para interventor provocou descontentamen-
mas abrir espaço para os grupos dominantes de outros estados, de- to entre as elites, que passaram a exigir um interventor civil e pau-
safiando o domínio de paulistas e mineiros. No entanto, os resulta- lista. Os desdobramentos do descontentamento da população em
dos das eleições eram previsíveis e Arthur Bernardes saiu vitorioso. relação a Vargas levaram à deflagração da Revolução Constituciona-
Os líderes da Reação Republicana não aceitaram a derrota e lista, em julho de 1932.
apelaram para os militares - o que fez eclodir a revolta tenentista Devido à debilidade de suas convicções ideológicas, o tenentis-
no Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922. Arthur Bernardes mo perdeu muito de sua influência junto ao governo Vargas. Vários
governou sob estado de sítio, perseguiu o movimento operário e de seus representantes voltaram para os quartéis, outros se aliaram
atuou de maneira bastante impopular nas cidades. Em 1926, dissi- ao comunismo ou a grupos simpatizantes do fascismo. Os que con-
dentes do PRP fundaram o Partido Democrático (PD), em São Paulo. tinuaram no governo permaneceram subordinados ao presidente.
O novo partido defendia a adoção do voto secreto e obrigatório, a
Legislação Trabalhista
criação da Justiça Eleitoral e a independência dos três pode
O sucessor de Arthur Bernardes, Washington Luís, suspendeu o
A obra pela qual o governo de Getúlio Vargas é mais lembra-
estado de sítio e as perseguições ao movimento sindical. No entan-
do é a legislação trabalhista, iniciada com a criação do Ministério
to, não concedeu a anistia política aos tenentes, como exigiam as
do Trabalho, Indústria e Comércio, em novembro de 1930. As leis
oposições. Em 1929, começaram as articulações para a nova suces-
de proteção ao trabalhador regularam o trabalho de mulheres e
são presidencial. O presidente Washington Luís, do Partido Repu-
crianças, estabeleceram jornada máxima de oito horas diárias de
blicano Paulista, indicou para sucedê-lo o presidente do estado de
trabalho, criaram o descanso semanal remunerado e garantiram o
São Paulo, Júlio Prestes. Inconformadas, as oligarquias mineiras se direito a férias (já concedido anteriormente, em 1923, porém nunca
aliaram aos gaúchos e aos paraibanos, lançando o nome do gaúcho colocado em prática) e à aposentadoria, entre outras novidades.
Getúlio Vargas para a presidência e do paraibano João Pessoa para Esse conjunto de leis seria sistematizado em 1943, com a Con-
a vice-presidência. solidação das Leis do Trabalho (CLT). Ao mesmo tempo, em 1931
O Partido Democrático, de São Paulo, apoiou a candidatura de 0 governo aprovou a Lei de Sindicalização, que estabelecia o con-
Vargas. Os dissidentes então formaram a Aliança Liberal, cuja pla- trole do Ministério do Trabalho sobre a ação sindical. Os sindica-
taforma política defendia o voto secreto, a criação de uma Justiça tos passaram a ser órgãos consultivos do poder público; só podiam
Eleitoral, a moralização da prática política, a anistia para os militares funcionar com autorização do Ministério do Trabalho, que, por sua
revoltosos dos anos 1920 e o estabelecimento de leis trabalhistas. vez, tinha poderes de intervenção tão importantes nas atividades
Nas eleições ocorridas em março de 1930, Júlio Prestes venceu, sindicais que podia até afastar diretores.
mas os políticos da Aliança Liberal não aceitaram a derrota, alegan- Assim, anarquistas e comunistas foram afastados do movimen-
do fraudes eleitorais. Mineiros e gaúchos conseguiram o apoio dos to sindical pelo governo e reagiram à lei, considerada autoritária,
tenentes na luta contra o governo. No exilio argentino, Luís Carlos por meio de greves e manifestações. Aos poucos, porém, diversos
Prestes tinha aderido ao comunismo e recusou-se a participar das setores sindicais passaram a acatá-la.
conversações. A crise eclodiu com o assassinato de João Pessoa,
em julho de 1930. Apesar de se tratar de um crime que misturava
razões políticas locais e passionais, os políticos da Aliança Liberal
transformaram o episódio em questão nacional e deflagraram uma 24 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo,
revolução. Reinaldo Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.
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A legislação trabalhista - apresentada à população como uma Os integralistas defendiam o controle do Estado sobre a eco-
“dádiva do governo” - e a aproximação em relação aos sindicatos nomia e o fim de instrumentos democráticos, como a pluralidade
faziam parte de um tipo de política que seria caracterizado como partidária e a democracia representativa. Nas eleições municipais
populista, anos mais tarde. Apresentado como autor magnânimo de 1936, os integralistas elegeram vereadores em diversos municí-
das leis trabalhistas, Getúlio era chamado de “pai dos pobres”, uma pios brasileiros e conquistaram várias prefeituras, entre elas as de
espécie de protetor da classe trabalhadora, desconsiderando as Blumenau (SC) e Presidente Prudente (SP).
conquistas como resultado das lutas dos trabalhadores. A Aliança Nacional Libertadora surgiu em março de 1935, e
tinha como presidente de honra o líder comunista Luís Carlos Pres-
A Constituição de 1934 tes. O Partido Comunista do Brasil (PC do B) tinha grande ascendên-
cia sobre a ANL, mas o movimento reunia em suas fileiras grupos
Em 1932, Getúlio Vargas ainda governava sob um regime de de variadas tendências: socialistas, liberais, anti-integralistas, inte-
exceção. Em fevereiro do mesmo ano, o governo aprovou um novo lectuais independentes, estudantes e ex-tenentistas descontentes
Código Eleitoral que trazia algumas novidades: com o autoritarismo do governo Vargas. Seu programa político era
- criava a Justiça Eleitoral, para coibir as fraudes eleitorais; nacionalista e anti-imperialista. Entre suas principais bandeiras es-
- instituía o voto secreto, principalmente para minar a influên- tavam a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionaliza-
cia dos coronéis sobre os eleitores (releia o Capítulo 3); ção de empresas estrangeiras e a reforma agrária.
- reduzia de 21 anos para 18 a idade mínima do eleitor; A ANL cresceu rapidamente, chegando a reunir entre 70 mil e
- garantia o direito de voto às mulheres, antiga reivindicação 100 mil filiados, segundo estimativas do historiador Robert Levine.
dos grupos feministas, que tinham entre suas principais militantes a Quatro meses depois de fundada, foi declarada ilegal pelo presi-
enfermeira Bertha Lutz (1894-1976). dente Vargas.
A partir de então, seus militantes passaram a agir na clandes-
Pressionado por diversos setores da sociedade, juntamente tinidade. Em novembro de 1935, setores da ANL ligados ao PC do
com a divulgação do novo Código Eleitoral, o governo convocou B lideraram, sob orientação da Internacional Comunista, insurrei-
eleições para maio de 1933, visando à formação de uma Assembleia ções mi- litares nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro, com
Constituinte. Entre os 254 constituintes eleitos encontrava-se a mé- o intuito de tomar o poder e implantar o comunismo no Brasil. Mal
articulados, os levantes fracassaram e a Intentona Comunista, como
dica Carlota Pereira de Queirós, candidata por São Paulo e primeira
ficou conhecido o episódio, levou o presidente a decretar estado de
deputada do Brasil.
sítio e determinar a prisão de mais de 6 mil pessoas - entre as quais
Promulgada em julho de 1934, a nova Constituição incorporou
um senador e quatro deputados.
a legislação trabalhista em vigor, acrescentando a ela a instituição
Entre os detidos encontravam-se Luís Carlos Prestes (posterior-
do salário mínimo (que seria criado somente em 1940) e criou o mente condenado a dezesseis anos de reclusão) e sua mulher, a
Tribunal do Trabalho. Pela nova Carta, analfabetos e soldados conti- judia alemã Olga Benário. Ela, grávida de sete meses, foi deportada
nuavam proibidos de votar. para a Alemanha nazista em setembro de 1936, onde morreu em
Ainda em julho de 1934 os constituintes elegeram Getúlio Var- um campo de concentração em 1942.
gas para a Presidência da República, pondo fim ao governo provisó-
rio. De acordo com a Constituição, o mandato presidencial se esten- Eleições Canceladas
deria até 1938, quando um novo presidente escolhido por voto livre
e direto assumiria o cargo. Em meio a esse clima de repressão à esquerda, teve início, em
1937, a campanha eleitoral para a escolha do sucessor de Getúlio
Governo Constitucional de Vargas Vargas. O presidente, contudo, articulava sua permanência no po-
der junto às Forças Arma das e aos governadores. No final de 1937,
Os anos 1930 foram marcados por uma forte polarização po- o capitão integralista Olímpio Mourão Filho elaborou um plano de
lítica, com o surgimento de dois movimentos antagônicos: a Ação uma conspiração comunista para a tomada do poder e o entregou à
Integralista Brasileira (AIB), de direita, e a Aliança Nacional Liber- cúpula das Forças Armadas.
tadora (ANL), de esquerda. Era o Plano Cohen, nome de seu suposto autor. O documen-
A exemplo do que acontecia na Europa, onde a população geral to era falso, mas serviu de pretexto para um golpe de Estado. No
estava desacreditada da democracia liberal - o que favorecia o sur- dia 10 de novembro de 1937, o presidente ordenou o fechamento
gimento de regimes totalitários em diversos países -, surgiram no do Congresso por tropas do Exército. Pelo rádio, Vargas declarou
Brasil grupos que reivindicavam a implantação de uma ditadura de canceladas as eleições presidenciais e anunciou a instauração do
direita, semelhante à de Mussolini na Itália. Estado Novo, que ele definiu como “um regime forte, de paz, justiça
Em 1932, foi formada a Ação Integralista Brasileira, de inspi- e trabalho”.
ração fascista, liderada pelo escritor Plínio Salgado e composta de A seguir, foi outorgada uma nova Constituição, que logo pas-
intelectuais, religiosos, alguns ex-tenentistas e setores das classes saria a ser chamada de Polaca, em alusão a suas semelhanças com
médias e da burguesia. Tendo como lema “Deus, Pátria e Família”, o a Constituição polonesa, de inspiração fascista. As garantias indivi-
duais foram suspensas e o direito de reunião, abolido. A população
integralismo era um movimento de caráter nacionalista, antiliberal,
ficou proibida de se organizar, reivindicar seus direitos e de ma-
anticomunista e contrário ao capitalismo financeiro internacional.
nifestar livremente suas opiniões. Sem reação popular, começava
uma nova fase do governo getulista: a de uma ditadura declarada,
centralizada em torno da figura de Getúlio Vargas.

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O Estado Novo em 1945, Getúlio pôs fim à censura da imprensa, anistiou presos
políticos - entre eles, Luís Carlos Prestes - e convocou eleições para
Vargas passou a governar por meio de decretos-lei. Todos os uma Assembleia Constituinte.
partidos políticos foram extintos, incluindo a Ação Integralista, que Surgiram então diversos partidos políticos, entre os quais a
apoiara o golpe. A ideologia do Estado Novo enfatizava principal- União Democrática Nacional (UDN), formada por setores das clas-
mente a ideia de reconstrução da nação - pautada na ordem, na ses médias e altas, o Partido Social Democrático (PSD), composto de
obediência à autoridade e na aceitação das desigualdades sociais antigos coronéis e interventores nos estados e o Partido Trabalhista
- e a de tutela do Estado sobre a nacionalidade brasileira. Brasileiro (PTB), constituído por líderes sindicais ligados ao Ministé-
rio do Trabalho, além do Partido Comunista do Brasil (PC do B), que
Departamento de Imprensa e Propaganda voltou a ser legalizado.
Durante a campanha eleitoral, líderes do PTB e de alguns sin-
Em 1939, foi criado o Departamento de Imprensa e Propagan- dicatos, com o apoio do Partido Comunista e com o aval do presi-
da (DIP), inspirado no serviço de comunicação da Alemanha nazista. dente, passaram a defender a permanência de Getúlio Vargas na
Os agentes do DIP controlavam os meios de comunicação por meio Presidência. A expressão “Queremos Getúlio!”, repetida em coro
da censura a jornais, revistas, livros, rádio e cinema. Eles também pelos partidários desse grupo, deu nome ao movimento: queremis-
elaboravam a propaganda oficial do Estado Novo, produzindo peças mo. Para evitar a permanência de Vargas no poder, os generais Góis
publicitárias que mostravam o presidente como uma figura pater- Monteiro e Eurico Gaspar Dutra exigiram sua renúncia.
nal, bondosa, severa e exigente a fim de agradar à opinião pública. Com o afastamento de Getúlio em Outubro de 1945, o Estado
O DIP elaborava também cine documentários, como o Cine- Novo chegava ao fim.
jornal Brasileiro - exibido obrigatoriamente em todos os cinemas,
antes do início dos filmes -, livros e cartilhas escolares enaltecendo REPÚBLICA POPULISTA
a figura de Vargas e transmitindo noções de patriotismo e civismo.
Em meio ao ambiente de controle e repressão, a Polícia Espe- A Experiência Democrática no Brasil
cial de Getúlio Vargas ganhou força. Comandada pelo ex-tenentista
Filinto Müller, ela ficou conhecida por suas prisões arbitrárias e pela Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência em janeiro de 1946.
prática de tortura contra os presos. O início de seu governo foi marcado pela posse da Assembleia Na-
cional Constituinte, encarrega da de elaborar uma nova Constitui-
ção para o Brasil. Promulgada ainda em 1946, a Carta restabelecia
O Brasil e a Segunda Guerra Mundial
a democracia, a organização do Estado em três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário) e a autonomia dos estados e municípios, co-
Em 1940, Vargas fez um discurso elogiando o sucesso das tropas
locando fim ao centralismo político que caracterizou a Era Vargas25.
nazistas na Europa. Entretanto, embora se aproximasse dos países
No entanto, a nova Constituição manteve a exclusão do direito
do Eixo por suas posturas autoritárias, o governo de Getúlio Vargas
de voto aos analfabetos (mais da metade da população), inúmeras
manteve uma postura ambígua sobre a Segunda Guerra Mundial,
restrições ao direito de greve e a não incorporação dos trabalhado-
pois mantinha relações econômicas com os Estados Unidos.
res do campo à legislação trabalhista.
Para impedir a influência europeia sobre o Brasil, o governo
Na área econômica, Dutra deu uma orientação liberal ao seu
estadunidense pôs em prática a política de boa vizinhança, que se
governo, afastando-se da política nacionalista adotada por Getúlio
manifestou por meio do fim do intervencionismo político e da cola- Vargas. Com a abertura do mercado aos produtos importados, as
boração econômica e militar. O rompimento definitivo com o bloco reservas nacionais em moedas estrangeiras acumuladas durante a
nazifascista ocorreu em 1942, quando navios mercantes brasileiros Segunda Guerra esgotaram-se.
foram afundados por submarinos alemães. Em 1948, foi anunciado o Plano Salte, abreviatura de Saúde,
Em agosto daquele ano, após manifestações populares e es- Alimentação, Transporte e Energia, considerados setores prioritá-
tudantis exigindo que o governo entrasse no conflito ao lado das rios. O plano só foi aprovado pelo Congresso em 1950, no final do
democracias, Getúlio declarou guerra aos países do Eixo. Em julho governo Dutra, e abandonado pelo governo seguinte. Assim, foi
de 1944, aproximadamente 25 mil soldados, integrantes da Força implementado apenas em parte, como a pavimentação da rodovia
Expedicionária Brasileira (FEB) desembarcaram na Itália. Rio-São Paulo (atual Via Dutra), a abertura da rodovia Rio-Bahia e o
início das obras da Hidrelétrica do São Francisco. Aderindo ao clima
O Fim do Estado Novo da Guerra Fria, o governo Dutra estreitou relações com os Estados
Unidos e, em 1947, rompeu relações diplomáticas com a União So-
Em 1942, as manifestações estudantis e populares lideradas viética. Esse posicionamento acabou provocando um recuo na frágil
pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a favor da participação e recente democracia brasileira: o governo decretou a ilegalidade
do Brasil na guerra contra o nazifascismo, deram início a um lento do Partido Comunista Brasileiro (PCB), cassando o mandato de de-
processo de distensão no clima sufocante do Estado Novo. Outras putados, senadores e vereadores do partido que foram eleitos em
manifestações ocorreram, agora pelo fim do Estado Novo e pela 1945.
volta da democracia. Além disso, o governo também ordenou a intervenção estatal
Em 1943, houve o Manifesto dos Mineiros, de um grupo de po- em mais de 400 sindicatos.
líticos e intelectuais de Minas Gerais durante um congresso da Or- 25 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio
dem dos Advogados do Brasil (OAB). No início de 1945, foi a vez dos Vicentino. José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São
participantes do Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores. Ainda Paulo. Scipione.
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O Retorno de Getúlio Vargas Com o suicídio de Getúlio, o vice-presidente Café Filho (1899-
1970) assumiu o poder. Inconformados com o resultado das elei-
Getúlio Vargas foi vitorioso nas eleições para a sucessão de Du- ções, a UDN de Lacerda e setores militares tramavam um golpe,
tra em outubro de 1950. Ele candidatou-se pelo Partido Trabalhista com apoio discreto de Café Filho e outros ministros, mas esbarra-
Brasileiro (PT B), com o apoio do Partido Social Democrático (PSD). ram no legalista ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira
Assim, o pai dos pobres, como ficou conhecido, reassumia a Lott (1894-1984).
Presidência do Brasil em janeiro de 1951, mas, desta vez, democra- A saída de Café Filho da presidência por problema de saúde
ticamente. Sua atuação política junto às camadas mais carentes do ocasionou a transferência do cargo ao presidente da Câmara dos
país, no estilo populista, foi decisiva para sua vitória. Meses depois Deputados, Carlos Luz (1894-1961), aliado da UDN. Este, mais fa-
da eleição de Getúlio, a marchinha mais cantada no Carnaval de vorável aos golpistas, tentou se livrar do legalista Lott, que reagiu
1951 era Retrato do velho, de Haroldo Lobo e Marino Pinto, gravada e o depôs.
em outubro de 1950 por Francisco Alves, para comemorar o resul- O cargo foi entregue então ao presidente do Senado, Nereu Ra-
tado das eleições. mos (1888-1958), que governou como presidente da República até
Com a volta de Getúlio Vargas, o governo passou a seguir a cor- a posse de Juscelino Kubitschek, em janeiro de 1956.
rente nacionalista, com o Estado atuando de maneira intervencio-
Nas eleições de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek de Oli-
nista e paternalista.
veira (1902-1976), ex-governador de Minas Gerais, teve uma vitó-
As importações foram restringidas e os investimentos estran-
ria apertada, de 36%, contra 30% dos votos dados a Juarez Távora,
geiros foram limitados, dificultando as remessas de lucros de em-
candidato da UDN.
presas transnacionais para seus países de origem. Para incentivar a
indústria nacional, em 1952, foi criado o Banco Nacional de Desen- JK, como era popularmente conhecido, foi o candidato da coli-
volvimento Econômico (BNDE) e, no ano seguinte, a Petrobras, em- gação PSD-PTB. Como na época os eleitores votavam separadamen-
presa estatal com o monopólio da exploração e refino do petróleo te para presidente e para vice-presidente, João Goulart, o Jango,
no Brasil. Foi proposta também a criação da Eletrobrás, uma em- ex-ministro do Trabalho de Vargas, venceu a eleição para Vice-presi-
presa para controlar a geração e a distribuição de energia elétrica. dência, com mais votos (3 591.409) do que o próprio JK (3 077.411).
Vargas nomeou João Goulart (1919-1976) para ministro do
Trabalho, em 1953, para enfrentar as rei- vindicações e a onda de De Jk a João Goulart
greves. Sob a orientação do presidente, o novo ministro propôs, em
janeiro de 1954, dobrar o valor do salário mínimo, que recuperou O governo de Juscelino Kubitschek foi marcado pelo desen-
seu valor em relação à crescente inflação. volvimentismo. Apoiando-se no Plano de Metas, divulgado sob o
Em fevereiro, 42 coronéis e 39 tenentes-coronéis emitiram slogan “50 anos em 5”, Juscelino prometia desenvolver o país em
um manifesto - o Manifesto dos Coronéis - criticando o governo, o tempo recorde. O programa priorizava investimentos em setores de
aumento do salário mínimo e as desordens que corriam pelo país. energia, indústria, educação, transporte e alimentos.
Entre eles estava o coronel Golbery do Couto e Silva e vários outros Para alcançar as metas, o governo favoreceu a entrada de capi-
militares que, mais tarde, foram protagonistas da ditadura iniciada tais estrangeiros e a presença de empresas transnacionais no país.
em 1964. Esse modelo abandonava o nacionalismo do período Vargas e ade-
Diante do manifesto, Getúlio demitiu o ministro da Guerra, o ria ao capitalismo internacional. Como resultado dessa política, fá-
general Espírito Santo Cardoso, e acordou com Goulart a sua de- bricas de caminhões, tratores, automóveis, produtos farmacêuticos
missão, acalmando os ânimos. Contudo, no feriado de 19 de maio e cigarros foram instaladas no Brasil.
de 1954, Vargas anunciou o aumento de 100% do salário mínimo, Destacam-se também a construção das usinas hidrelétricas de
conquistando ainda mais apoio dos trabalhadores. Furnas e Três Marias; e a pavimentação de milhares de quilômetros
A política populista de Vargas atraiu a oposição de liberais, de estradas. Grandes mudanças ocorriam em diversos setores. No
como os membros da UDN (União Democrática Nacional, partido dia a dia de muitas cidades e regiões.
político de orientação liberal), oficiais das Forças Armadas e empre- Na música, foi a época em que surgiu a bossa Nova, um novo
sários, especialmente os ligados aos interesses estrangeiros.
estilo de tocar e cantar samba com influência do jazz, juntando-se
Em 5 de agosto de 1954, o jornalista Carlos Lacerda (1914-
aos tangos, boleros, valsas e sambas de então. No futebol, 1958
1977), um dos principais oponentes de Vargas, dono do jornal Tri-
foi o ano da conquista do primeiro campeonato mundial. Passaram
buna da Imprensa, sofreu um atentado no qual morreu seu segu-
a fazer parte dos hábitos dos brasileiros o consumo de produtos
rança, o major da Aeronáutica Rubens Vaz (1922-1954). O episódio
ficou conhecido como o atentado da rua Toneleros. industriais, como eletrodomésticos (máquina de lavar roupas, rádio
As investigações apontaram a participação de Gregório Fortu- de pilha, etc.)
nato (1900-1962), chefe da guarda pessoal de Getúlio. Isso acirrou No entanto, esse desenvolvimentismo era basicamente diri-
os ânimos dos oposicionistas, desdobrando-se numa grande cam- gido a partes do mundo urbano moderno. O enorme fosso social,
panha pela renúncia de Vargas. pleno de desigualdades e carências (saneamento básico, escolas,
A campanha contou com os meios de comunicação, que ali- saúde), e um mundo rural que ainda reunia a maioria da população
mentavam e impulsionavam o aprofundamento da crise. Pressiona- brasileira sem a proteção de uma legislação trabalhista continua-
do, Vargas suicidou-se em 24 de agosto de 1954. A notícia da morte vam a existir.
e a divulgação de sua carta-testamento estimularam manifestações A maior obra do governo JK, entretanto, foi a construção de
populares por todo o país. Jornais de oposição foram invadidos e Brasília, a nova capital federal, planejada pelo urbanista Lúcio Costa
depredados, assim como os diretórios da UDN e a embaixada dos e pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Estados Unidos no Rio de Janeiro.
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A cidade foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Localizada no Em defesa de Jango, Leonel Brizola (1922-2004), então gover-
Planalto Central, estava bem distante das cidades do Rio de Janeiro nador do Rio Grande do Sul, lançou a Campanha da Legalidade,
e de São Paulo, os principais centros de pressão popular da época. conquistando o apoio de boa parte da população brasileira. A posse
A abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro e os vários de Jango ocorreu somente após debates e negociações que levaram
empréstimos contraídos junto às instituições estrangeiras deixaram à alteração da Constituição. Com uma emenda, em 2 de setembro
o país numa séria crise financeira, com a inflação chegando, em de 1961, foi implantado o parlamentarismo no país. Era o acordo
1960, ao índice de 25% ao ano. para se evitar uma guerra civil: Jango assumiria a presidência, mas o
Nas eleições de 1960, a coligação PSD-PTB indicou o marechal governo de fato ficaria a cargo do primeiro-ministro, escolhido pelo
Henrique Teixeira Lott para concorrer à Presidência e João Goulart Congresso Nacional. Definiu-se também que, após algum tempo, o
à Vice-presidência. Na oposição, a UDN e outros partidos meno- parlamentarismo deveria ser ratificado ou não por um plebiscito.
res apoiaram a candidatura do ex-governador de São Paulo, Jânio Em janeiro de 1963, o plebiscito sobre o parlamentarismo mo-
Quadros (1917-1992). Seu candidato à Vice-presidência era Mílton bilizou o país. O sistema político estava em vigência há pouco mais
Campos, ex-governador de Minas Gerais. Jânio pregava uma limpe- de um ano e era muito criticado e impopular. Com intensa cam-
za na vida política nacional com o combate à corrupção. Para sim- panha pelo seu fim, os brasileiros decidiram pela restauração do
bolizar a ideia, usava uma vassoura na campanha eleitoral. Como regime presidencialista. Enquanto o presidencialismo era restabe-
votava-se separadamente para presidente e para vice-presidente, lecido, a situação econômica do país deteriorava-se.
Jânio Quadros se tornou presidente com 5,6 milhões de votos. João A inflação, que em 1962 atingira 52%, chegou aos 80% em 1963
Goulart foi eleito vice-presidente com 4,5 milhões de votos. Era for- e afetou gravemente o poder aquisitivo dos trabalhadores. Para en-
mada a dupla “Jan-Jan”. frentar a crise, o governo lançou o Plano Trienal, no final de 1962.
Seu objetivo era conter a inflação e promover o desenvolvimento
Jânio Quadros no Poder do país. No entanto, os efeitos do plano foram mínimos, principal-
mente quanto ao custo de vida. As pressões populares cresceram,
Como presidente, Jânio Quadros primou pela ambiguidade. Na levando Jango a defender amplas reformas nos setores agrário, ad-
economia atuava deforma mais próxima aos conservadores liberais: ministrativo, fiscal e bancário. Conhecidas como reformas de base,
cortou gastos e congelou salários em meio à contínua elevação dos essas medidas foram vistas pelos seus opositores como uma amea-
preços dos produtos. Por outro lado, sua política externa aproxi- ça à ordem liberal vigente.
mava-se da esquerda, ao reatar relações diplomáticas com países Três dessas medidas ajudam a entender os interesses que es-
socialistas a fim de ampliar mercados. tavam ameaçados. Contra a inflação, foi criada a Superintendência
Um episódio reforçou essa política de independência em rela- Nacional do Abastecimento (Sunab), ligada ao governo e encarre-
ção ao bloco capitalista. Em 1961, o argentino Ernesto Che Guevara, gada de controlar os preços dos produtos, interferindo, portanto,
então ministro da Economia em Cuba, foi condecorado por Jânio nos lucros dos produtores e comerciantes.
Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Para oferecer melhores condições de vida a milhões de traba-
Essa atitude provocou reações contrárias, inclusive do próprio lhadores rurais e ampliar a oferta de alimentos, uma proposta de
partido do presidente. Em agosto de 1961, após sete meses de go- reforma agrária nos latifúndios improdutivos foi apresentada ao
verno, Jânio surpreendeu a todos ao renunciar ao cargo, numa ma- Congresso. Os latifundiários, porém, não concordavam com os me-
nobra política fracassada. A renúncia fazia parte de um plano que canismos de cálculos para se chegar aos valores das indenizações
contava com o temor de setores da sociedade diante da possibilida- a serem pagas pelas terras, alegando grandes perdas caso fossem
de de João Goulart assumir a Presidência para fortalecer seu poder. efetivamente aplicados.
O vice, que se encontrava na China Popular, em missão de go- Outra questão polémica foi a restrição da remessa de lucros das
verno, era considerado comprometido com as causas trabalhistas empresas estrangeiras para o exterior; a proposta teve oposição de
- e até acusado de ser um comunista - por vários militares e políti- grupos ligados ao capital internacional. Diante de tantos embates,
cos. Ao que parece, a expectativa de Jânio era que a população se João Goulart aproximou-se de setores populares organizados por
mobilizasse contra seu pedido de renúncia e o Congresso Nacional operários, camponeses, estudantes e militantes de esquerda, como
o rejeitasse, o que o levaria a exigir plenos poderes para continuar o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a União Nacional dos
na Presidência. Estudantes (UNE), a União Brasileira de Estudantes Secundaristas
A renúncia, porém, foi aceita imediatamente e nenhum gru- (UBES), a Confederação dos Trabalhadores Agrícolas (CONTAC) e as
po movimentou-se para convencer Jânio Quadros a permanecer Ligas Camponesas.
no poder. O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli No lado oposto, contra Jango, os conservadores juntavam or-
(1910-1975), assumiu a Presidência da República até a posse de ganizações sociais e políticas. Entre eles, destacava-se o Instituto
Jango. de Pesquisas Econômicas e Sociais (PES), que reunia diretores de
empresas multinacionais, jornalistas, intelectuais, militares e a nata
A Crise Política no Governo Jango do empresariado nacional.
Entre outros opositores a João Goulart estavam o Instituto Bra-
A renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961 amplifi- sileiro de Ação Democrática (Ibad), a Confederação Nacional das
cou as divergências entre as forças políticas. Alguns ministros mili- Indústrias (CNI) e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
tares e políticos da UON, contrariando a Constituição, tentaram im- Num comício realizado em 13 de marco de 1964, no Rio de Janeiro,
pedir a posse de João Goulart. O novo presidente era visto como um o presidente prometeu o aprofundamento das reformas para diver-
herdeiro de Getúlio Vargas e acusado de simpatizante da esquerda. sas entidades de trabalhadores e estudantes.
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Em resposta, os conservadores organizaram uma grande pas- e Judiciário foram submetidos. Também foi uma época em que es-
seata em São Paulo, chamada Marcha da Família com Deus pela tados e municípios perderam sua autonomia, passando a ser sim-
Liberdade. Os participantes da passeata declaravam estar se posi- ples executores das decisões federais.
cionando contra o que era visto como ameaça da transformação do
país numa república comunista, representada pelo presidente, suas Governo Castelo Branco
propostas e seu grupo de apoio. Setores da Igreja e do empresaria-
do participaram da manifestação. Castelo Branco autorizou inúmeras prisões, interveio em sin-
dicatos e organizações populares e cassou direitos políticos de
DITADURA MILITAR opositores. Também fechou o Congresso Nacional e criou o Servi-
ço Nacional de Informações (SNI). Decretou o Ato Institucional nº
O Governo Militar de 1964 2 (Al-2), que estabeleceu eleições indiretas para a Presidência da
República e extinguiu os partidos políticos existentes, que foram
Desde o início de 1964, as propostas de reformas de base in- reunidos em duas novas legendas: a Arena (Aliança Renovadora
tensificaram as manifestações de apoio e de repulsa ao governo de Nacional), aliada ao governo, e o MDB (Movimento Democrático
João Goulart. Disseminou-se o medo das reformas26. Brasileiro), supostamente de oposição.
Em 31 de marco, o alto escalão de oficiais do Exército, com Decretou também o Al-3, que determinou a eleição indireta
apoio de vários governadores, como Magalhães Pinto (1909-1996), dos governadores dos Estados, e o Al-4, que orientou a elabora-
de Minas Gerais, Carlos Lacerda (1914-1977), da Guanabara, e ção da nova Constituição, outorgada em janeiro de 1967. A Carta
incorporava os atos institucionais e atribuía hegemonia política ao
Adhemar de Barros (1901-1969), de São Paulo, rebelou-se contra
Executivo. Em 1967, a Lei de Imprensa instaurou a censura aos veí-
o governo de Jango.
culos de comunicação no país. Na área econômica, o Brasil alinhou-
O primeiro passo coube ao general Olímpio Morão Filho, que
-se completamente com os Estados Unidos e criou facilidades para
mobilizou o exército de Belo Horizonte, o mesmo que, 27 anos
a entrada do capital estrangeiro.
antes, ainda capitão e integralista, havia forjado o famoso Plano Um exemplo desse alinhamento foi o envio de tropas brasilei-
Cohen. Segundo o pesquisador e historiador Carlos Fico, os revolto- ras à República Dominicana, juntando-se à intervenção militar es-
sos contavam com a Operação Brother Sam, que incluía a possível tadunidense.
intervenção planejada pelo embaixador estadunidense Lincoln Gor-
don, associado às elites econômicas, políticas e militares. Governo Costa e Silva
A operação contava com uma forca tarefa naval estadunidense
(porta-aviões, porta-helicópteros, contratorpedeiros) que atuaria Para a sucessão de Castelo Branco, o Alto Comando Militar in-
nas costas brasileiras e incluía a entrega de armas, munições e com- dicou o ministro da Guerra, marechal Artur da Costa e Silva (1899-
bustível (quatro navios-petroleiros). O plano entraria em ação em 1969). Com a economia em crescimento e a manutenção do conge-
marco. lamento dos salários dos trabalhadores, surgiram greves, como a de
Entretanto, o golpe teve um desfecho rápido e sem lutas. Cul- Contagem (MG) e a de Osasco (SP). Esta foi reprimida brutalmente,
minou com a deposição do presidente João Goulart, que deixou com cerco policial, seguido da atuação dos soldados com metralha-
Brasília, dirigiu-se para o Rio Grande do Sul e em seguida para o doras e blindados.
Uruguai, onde pediu asilo. Já no dia 12 de abril, o embaixador Lin- Ainda no início de seu governo, os protestos de rua contra o
coln Gordon foi avisado de que não era mais necessário o apoio regime ditatorial se intensificaram. Políticos cassados pela ditadu-
logístico estadunidense. Era o fim de uma experiência republicana ra, estudantes e trabalhadores de diversas categorias aliaram-se.
reformista e o início da ditadura comandada pelos militares. A Frente Ampla, por exemplo, nasceu de uma aliança entre Carlos
Após a deposição do presidente João Goulart, uma junta mili- Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, que buscavam reunir
tar, formada pelo general Artur da Costa e Silva (1899-1969), pelo a oposição contra a ditadura.
brigadeiro Francisco Correia de Melo (1903-1971) e pelo almirante Costa e Silva decretou sua ilegalidade e proibiu suas atividades.
Augusto Rademaker (1905-1985) foi instalada no poder. A primeira Em 1968, foram constantes as manifestações estudantis exigindo
medida tomada por essa junta foi a decretação do Ato Institucional a redemocratização do Brasil. O governo respondia aos protestos
nº 1 (Al-1). com repressão policial. Em marco de 1968, o estudante Edson Luís
O decreto garantia amplos poderes ao Executivo, como cassar de Lima e Souto foi assassinado durante a invasão militar de um
restaurante universitário. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam
mandatos, suspender direitos políticos, aposentar funcionários ci-
o trajeto até o cemitério, transformando o enterro em um ato polí-
vis e militares e decretar estado de sítio sem autorização do Con-
tico. Em outubro, foram presos centenas de estudantes e as lideran-
gresso. Milhares de brasileiros foram atingidos pelos expurgos, civis
ças do movimento universitário que participavam do XXX Congres-
e militares.
so da UNE em Ibiúna, SP.
Em seguida, o Alto Comando das Forças Armadas indicou para Nesse quadro, o regime acentuou o processo de fechamento
a Presidência o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco político com a edição, em 13 de dezembro de 1968, do Ato Insti-
(1897-1967). Com o golpe de 1964, teve início uma série de gover- tucional nº 5 (Al-5), pelo qual, entre outras medidas de exceção, o
nos militares que permaneceu no poder até 1985. Nesse período, presidente poderia decretar o recesso do Congresso Nacional. Foi a
as liberdades democráticas foram anuladas e os poderes Legislativo mais implacável de todas as leis da ditadura: suspendeu a conces-
26 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio são de habeas corpus e todas e quaisquer garantias constitucionais,
Vicentino. José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São dando ao presidente militar o controle absoluto sobre o destino da
Paulo. Scipione. nação.
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No mesmo dia, foi decretado o fechamento do Congresso por Entre essas dificuldades estava a desigualdade social com ex-
tempo indeterminado. Com a instauração do Al-5, houve o perío- trema concentração de renda e o aumento da dívida externa, que
do de repressão mais intensa no país. Com os canais democráticos obrigou o pagamento de juros altíssimos, inviabilizando o cresci-
fechados, uma parcela da oposição partiu para o enfrentamento mento do pais.
armado, com assaltos a bancos, sequestros e atentados. Nessas Assim, enquanto o país conquistava a décima posição na eco-
ações, exigia-se a libertação de presos políticos e procurava-se arre- nomia mundial, a qualidade de vida de boa parte da população
cadar fundos para o movimento. O esforço pouco adiantou. Alguns brasileira continuava em níveis baixíssimos. Parte desse quadro foi
anos de- pois, os grupos de luta armada estavam derrotados, com agravada pela crise internacional provocada pela alta dos preços do
muitos militantes mortos ou exilados. Quase todos os presos foram petróleo nos países produtores, ocorrida em 1972.
torturados. Essa crise provocou sérios problemas no Brasil, que importa-
Em agosto de 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um der- va, aproximadamente, 80% do petróleo que consumia. A situação
rame e ficou impossibilitado de exercer suas funções. O vice-presi- continuou se agravando em 1974, primeiro ano do governo Geisel É
dente, o civil Pedro Aleixo, foi proibido pelos ministros militares de importante destacar que 1974 foi, também, o ano em que o conser-
assumira Presidência, que foi ocupada por uma junta militar. A junta vadorismo sofreu derrotas, como a renúncia do presidente Nixon,
permaneceu no poder até outubro do mesmo ano, quando eleições nos EUA (provocada pelo caso Watergate), e a Revolução dos Cra-
indiretas foram convocadas para escolher o novo presidente. O vos, em Portugal, que depôs a ditadura no país.
nome do general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), apresen- Para contornar a situação econômica, o governo Geisel estimu-
tado pelos chefes militares, foi aprovado pelo Congresso, reaberto lou o desenvolvimento do Programa Nacional do Álcool (Pró-Alco-
para essa finalidade. ol), cujo objetivo era promover ver a utilização de uma fonte de
energia alternativa ao petróleo.
O Governo Médici Foi também durante seu governo que teve início a construção
de duas das maiores usinas hidrelétricas do mundo: Itaipu e Tu-
Durante o governo Médici, houve um elevado crescimento da curuí. Os impasses criados pelo modelo econômico dos militares
economia, do denominado “milagre econômico”. Antônio Delfim deu margem para o crescimento da oposição e para o início de um
Netto, então ministro da Fazenda, afirmava que era preciso “fazer processo de abertura política, lenta e gradual, que levaria à rede-
crescer o bolo para depois dividi-lo”. Era a justificativa para estabe- mocratização do país.
lecer políticas de favorecimento e concentração da renda. O desen- Para iniciar a abertura política, o presidente precisou afastar os
volvimento econômico e a propaganda governamental reforçaram militares que se opunham a isso, considerados de linha dura e em
o apoio da classe média ao governo, setor beneficiado pela política posições de comando. A reação da sociedade às mortes por tortura
econômica. do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, e do operário
No entanto, foi também um período caracterizado pela repres- Manuel Fiel Filho, em janeiro de 1976, foi decisiva para o processo
são e pela tortura, com forte censura aos meios de comunicação. A de abertura política.
repressão era justificada peIo crescimento da luta armada contra Em 1978, uma grande greve de metalúrgicos, liderada pelo lí-
o regime. Entre as realizações do governo Médici, destacam-se a der sindical Luiz Inácio da Silva, o Lula, teve início na região do ABC,
construção da rodovia Transamazônica, a conclusão de várias hi- em São Paulo. Entre as reivindicações estavam melhores salários
drelétricas e a criação da Telecomunicações Brasileiras (Telebrás) e e a abertura política. Apesar da forte repressão, outras categorias
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Em profissionais aderiram ao movimento, demonstrando o desgaste do
seu governo também foi aprovada uma emenda constitucional que poder autoritário do governo. Antes do término de seu mandato,
ampliava os poderes do presidente, cujo mandato se estendeu de Geisel revogou o Al-5 e determinou a extinção da censura no Brasil.
quatro para cinco anos.
Desde antes do completo endurecimento do regime, com o Al- Governo Figueiredo
5, opositores de esquerda se preparavam para enfrentar a ditadura
com a guerrilha. Alguns focos guerrilheiros foram formados: o do O general João Batista Figueiredo (1918-1999) foi escolhido
Araguaia, no Pará, que foi descoberto em 1972 e destruído pelo para a sucessão de Geisel. A divida externa brasileira ultrapassava
Exército em 1975; o da Serra do Caparaó, em Minas Gerais, e o do os 100 bilhões de dólares e a inflação era mais de 250% ao ano. Gre-
Vale do Ribeira, em São Paulo, que foram derrotados rapidamente. ves e agitações políticas apareciam por toda a parte e a imprensa
Este último era chefiado pelo capitão Carlos Lamarca (1937- trazia à tona sucessivos escândalos financeiros envolvendo mem-
1971), que conseguiu fugir da repressão militar e acabou morto no bros do governo. Dando sequência ao processo de abertura políti-
sertão da Bahia. ca, o governo Figueiredo aprovou, em 1979, a Lei de Anistia.
Outra figura que se destacou nessa forma de atuação arma- A partir de então, muitos presos políticos foram libertados e
da foi Carlos Marighella (1911-1969), líder da Aliança Libertadora vários brasileiros exilados começaram a retornar ao país. Outra
Nacional (ALN). Ele agia na região das grandes capitais e foi morto medida de seu governo foi a reforma partidária, que extinguiu a
numa tocaia por policiais em São Paulo. Arena e o MDB e autorizou a formação de novos partidos políticos.
A maioria dos integrantes da Arena passou a compor o Partido De-
Governo Geisel mocrático Social (PDS). O MDB deu lugar ao Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB) e diversas legendas surgiram, como
O presidente eleito indiretamente para substituir Médici foi o o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Democrático Trabalhista
general Ernesto Geisel (1907-1996). Em seu governo a economia (PDT) e o Par- tido Trabalhista Brasileiro (PTB), entre outros.
nacional começou a mostrar sinais de dificuldades, associadas ao O fim do bipartidarismo representou a ampliação das liberda-
crescimento obtido à custa do capital estrangeiro. des democráticas.
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Foram ainda autorizadas eleições diretas para governadores, as O Congresso Nacional revogou leis criadas durante o regime
primeiras desde 1967. Nas eleições realizadas em 1982, o PDS ven- militar, acabou com a censura aos meios de comunicação e restituiu
ceu em 12 estados, com um total de 18 milhões de votos, e a oposi- aos cidadãos brasileiros o livre exercício de expressão e pensamen-
ção venceu em dez estados, com 25 milhões de votos. O avanço da to. O movimento sindical também adquiriu liberdade de acuação,
oposição também se confirmou no Legislativo: o governo deixou de o que levou à criação de centrais sindicais. Foi instituída, ainda, a
ter a maioria na Câmara dos Deputados. Entretanto, ainda estava liberdade de organização partidária, incluindo a legalização dos par-
previsto que, em 1985, fosse realizada eleição indireta para o cargo tidos comunistas. Em termos de transição democrática, o governo
de presidente da República. Vários setores sociais e militares liga- Sarney cumpria suas obrigações.
dos à ditadura reagiram ao processo de abertura política. Na política externa, o Brasil reatou relações diplomáticas com
Essa reação foi expressa por meio da violência, com ataques a Cuba e tomou a iniciativa de formar com a Argentina um mercado
bancas de jornais que vendiam publicações de oposição e atenta- comum latino-americano, que, com a adesão do Uruguai e do Para-
dos a entidades civis, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil guai, daria origem ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991.
(OAB). O mais sério desses atentados aconteceu em 30 de abril de
1981, quando militares da linha dura visavam explodir bombas no Economia da Nova República
Rio- centro, um espaço de convenções da capital carioca, onde se
realizava um grande festival de música em homenagem ao dia do A Nova República se deparou com uma pesada herança do regi-
trabalhador. Uma das bombas explodiu no pátio da miniestação elé- me militar: uma enorme dívida externa de cerca de 100 bilhões de
dólares. Sem alternativas, em 1987, o governo decretou moratória;
trica, sem interromper o evento.
ou seja, tomou a decisão unilateral de não pagar a dívida. No ano
A outra explodiu acidentalmente dentro de um carro, matando
seguinte, ela foi renegociada com o Fundo Monetário Internacio-
o sargento Guilherme Pereira do Rosário (1946-1981) e ferindo gra-
nal (FMI). Outro grave problema era a inflação. Em março de 1985,
vemente Wilson Dias Machado, um oficial do Exército.
quando Sarney tomou posse, ela era de 12,7% ao mês. Os traba-
O atentado do Riocentro marcou o fim dos embates dos mi- lhadores eram os mais prejudicados, pois o salário recebido perdia
litares da linha dura contra o processo de abertura em curso. No parte de seu poder aquisitivo já no dia seguinte.
final de 1983, os partidos de oposição começaram uma campanha Para enfrentá-la, o governo recorreu a planos de estabilização,
pela eleição direta para presidente da República. O movimento, co- chamados de choques econômicos. O primeiro foi o Plano Cruzado.
nhecido como Diretas Já, mobilizou o país em manifestações que Adorado em 1986, ele “congelava” os preços de mercadorias, alu-
chegaram a envolver centenas de milhares de pessoas. guéis, salários, tarifas públicas e passagens pelo prazo de um ano,
O objetivo do movimento era pressionar o Congresso a aprovar além de substituir a moeda do país, que era então o cruzeiro, pelo
uma emenda constitucional que reinstituía as eleições diretas para cruzado. O efeito imediato foi o desejado: uma brusca queda da in-
presidente. A emenda, porém, foi derrotada por apenas 22 votos, flação. Com isso os índices de popularidade de Sarney se elevaram.
numa sessão em que vários parlamentares não compareceram. Aproveitando-se do enorme apoio social, o presidente chegou
A escolha do novo presidente seria realizada, mais uma vez, a convocar os brasileiros pela televisão para ajudar na fiscalização
indiretamente. Formou-se então uma aliança de políticos modera- do congelamento dos preços.
dos favoráveis à abertura. Dois civis concorreram à sucessão presi- Em poucos meses, contudo, o Plano Cruzado começou a des-
dencial: Tancredo Neves, da Aliança Democrática, que reunia tanto moronar. Primeiro, houve o desabastecimento (ausência de ofer-
opositores como colaboradores da ditadura, e Paulo Maluf, do PDS ta de mercadorias nas lojas), depois, o chamado ágio (a cobrança
(antiga Arena). Tancredo Neves venceu, mas não tomou posse. de um preço maior do que o tabelado por mercadorias vendidas
Às vésperas da cerimónia, o presidente eleito foi hospitalizado clandestinamente). No segundo semestre de 1986, o plano chegou
e faleceu em 21 de abril de 1985. A Presidência, então, foi assumida ao limite. Ainda assim, dada a proximidade das eleições legislativas
por seu vice, José Sarney, um dos fiéis aliados do regime militar. e estaduais, marcadas para novembro, Sarney manteve o congela-
O final do governo Figueiredo e a posse de José Sarney marcaram mento dos preços.
o fim do regime militar. Iniciava-se uma nova fase na vida política Apostando no sucesso do Plano Cruzado e apoiando Sarney, os
brasileira, denominada Nova República. brasileiros votaram em peso no PMDB, o partido do governo, que
elegeu a maioria dos governadores, deputados e senadores. Passa-
A NOVA REPÚBLICA dos apenas cinco dias das eleições, Sarney autorizou o reajuste dos
preços e dos impostos. Temendo novos congelamentos, os empre-
sários aumentaram os preços das mercadorias.
Transição para a Democracia
Os combustíveis, por exemplo, chegaram a ficar 60% mais ca-
ros. Os índices de popularidade do presidente despencaram. A in-
O fim da ditadura militar veio acompanhado por um desejo de
flação voltou, e os salários novamente perderam parte de seu po-
mudança: os brasileiros desejavam a construção de um novo país - der aquisitivo. Greves e manifestações de protesto ocorreram em
sem autoritarismo, sem corrupção, sem inflação, sem concentração várias cidades. Em uma delas, na Companhia Siderúrgica Nacional,
de renda, sem arrocho salarial, sem Injustiças sociais. Em um país o enfrentamento entre operários e soldados do Exército resultou na
ansioso por mudanças, José Sarney, o vice-presidente eleito em morte de três grevistas. Em meio à crise econômica, intensificavam-
1985, assumiu a presidência, em decorrência da morte de Tancredo -se os conflitos sociais.
Neves, com a tarefa de conduzir a transição da ditadura para o re-
gime democrático27.
27 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Pau-
lo. Saraiva.
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No campo, os enfrentamentos entre proprietários rurais e tra- inexpressivo Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Collor havia
balhadores sem-terra aumentaram. Latifundiários se organizaram feito carreira política no partido da ditadura e ganhara visibilidade
na União Democrática Ruralista (UDR), enquanto trabalhadores no governo de Alagoas, especialmente após o corte de altos salários
rurais formaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na máquina administrativa do estado, o que o fez ficar conhecido
(MST). Atentados - a mando ou não de latifundiários - contra líderes como “caçador de marajás”.
camponeses, padres e sindicalistas tornaram-se comuns. Collor recebeu o apoio de grupos econômicos poderosos e
No final da década de 1980, o problema da inflação tornou-se também da mídia quando subiu nas pesquisas e se mostrou capaz
crônico. Em maio de 1987, ela atingiu 23,2%; no final do ano, al- de derrotar Lula e Brizola nas eleições. Em suas campanhas, Lula de-
cançou o índice acumulado de 366%. No ano seguinte, a inflação fendia a anulação da dívida externa e a reforma agrária; Brizola, por
chegou ao nível estratosférico de 933%. O país vivia a hiperinflação. sua vez, ressaltava a necessidade de preservar as empresas estatais
Os preços eram reajustados diariamente. De fevereiro de 1989 a e realizar amplos investimentos em educação; já Collor pregava a
fevereiro de 1990, a inflação atingiu 2751%. Sem ter como controlar modernização do país e a sua entrada no Primeiro Mundo.
a disparada dos preços, o governo Sarney se limitou a cumprir a Collor soube aproveitar o desejo de mudança que tomara a
tarefa da transição democrática. sociedade brasileira logo após o fim da ditadura. Como resultado,
ele obteve 28,52% dos votos, contra 16,08% alcançados por Lula no
A Constituição de 1988 primeiro turno das eleições - o que os levou para o segundo turno,
como determinava a nova Constituição.
Apesar do descontrole da economia. a sociedade brasileira Contando com o apoio de amplos setores da sociedade, sobre-
continuava no caminho da democracia. Em 1988, o então deputado tudo dos conservadores, Collor venceu as eleições com dos votos.
Ulysses Guimarães. do PMDB. presidiu a sessão em que o Congres- Lula, em torno do qual se uniram as esquerdas e as forças conside-
so Nacional promulgou a nova Constituição, que garantia amplos radas progressistas, recebeu 37,86% dos votos.
direitos civis, políticos e sociais a todos os brasileiros. Com o fim da
ditadura militar, cidadania havia se tornado uma palavra recorrente A Democracia Resistiu
no vocabulário brasileiro.
Não por acaso, ao promulgar a nova Constituição, Ulysses Gui- Na América Latina, o Brasil não era o único país com dificulda-
marães a chamou de “Constituicão Cidadã”. De todas as Consti- des de pagar sua dívida externa. Em decorrência dessa situação, em
tuições da história do país, ela é a mais avançada no tocante aos fins de 1989, técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), do
direitos de cidadania. No âmbito dos direitos políticos, ela garantiu Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mun-
eleições diretas em todos os níveis, estendendo o direito ao voto a dial (Bird) reuniram-se em um seminário com economistas latino-a-
analfabetos e a maiores de 16 anos, e ampla liberdade de organi-
mericanos com o objetivo de reorganizar a economia desses países.
zação partidária.
As medidas sugeridas ao final do encontro, que aconteceu
A nova Constituição também garantiu os direitos sociais exis-
em Washington, foram: não interferência do Estado na economia;
tentes até então e incluiu outros, como a licença-paternidade. Na
abertura dos mercados nacionais para importações e entrada de
questão dos direitos civis, houve muitos avanços, como o direito
capital estrangeiro; privatização de empresas estatais; equilíbrio do
à liberdade de expressão, de reunião e de organização. A impren-
orçamento do Estado, com a diminuição de investimentos na área
sa tornou-se livre de qualquer censura, e as liberdades individuais
social, como saúde e educação; e combate à inflação. Esse conjunto
também foram garantidas no texto constitucional.
de diretrizes ficou conhecido como Consenso de Washington.
O racismo e a tortura tornaram-se crimes inafiançáveis. A Lei
de Defesa do Consumidor, de 1990, transformou-se em importan- Fernando Collor assumiu a presidência em 15 de março de
te instrumento de defesa dos cidadãos. Outra importante inovação 1990, mostrando-se de pleno acordo com o Consenso de Washin-
foi a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, facilitando o gton e determinado a aplicar o conjunto de diretrizes. Já no dia se-
acesso da população à justiça, também foram ampliados os poderes guinte, anunciou um novo plano de estabilização econômica para
de instituições, como a Defensoria Pública e o Ministério Público. o país, cuja inflação atingia então 80% ao mês. O Plano Collor, ou
Plano Brasil Novo, abrangia uma série de medidas para controlar a
O Caçador de Marajás inflação e reestruturar o Estado: reforma administrativa com demis-
são de funcionários públicos; abertura comercial ao exterior e ao
Para a consolidação da transição democrática, restava ainda capital estrangeiro; eliminação dos incentivos fiscais às indústrias;
a tão aguardada eleição presidencial: os brasileiros não elegiam liberalização da taxa do dólar; e um programa de privatização das
presidente da República pelo voto direto havia quase 30 anos. As empresas estatais.
esquerdas apresentaram seus candidatos. O do Partido dos Traba- O plano também recorria a métodos já conhecidos dos brasi-
lhadores (PT), na época identificado com um projeto socialista, era leiros, como o congelamento de preços e salários e a adoção de
Luiz Inácio Lula da Silva. uma nova moeda. Saía o cruzado novo, voltava o cruzeiro. Havia
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) apresentou a candi- um item no plano, contudo, que ninguém esperava: o confisco dos
datura de Leonel Brizola, herdeiro do projeto trabalhista anterior depósitos bancários em contas-correntes, aplicações financeiras e
a 1964. Outros candidatos, mais ao centro, foram: Ulysses Guima- cadernetas de poupança por 18 meses.
rães, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), e O objetivo era estabilizar a economia por meio da retirada de
Mário Covas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). dinheiro do mercado. A medida causou tremendo impacto. Sem di-
Partidos de direita e conservadores também concorreram nas nheiro no mercado, os preços desabaram. E a recessão foi quase
eleições. Contudo, as pesquisas foram rapidamente lideradas por imediata: falências, brusca queda no consumo e nas vendas, perda
um candidato quase desconhecido: Fernando Collor de Mello, do do poder aquisitivo dos salários, demissões, desemprego.
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Apesar do elevado custo social e econômico que impôs ao país, Além disso, o governo estabeleceu acordos com o FMI e deu
o plano não extinguiu a inflação. Ao contrário do que se previa, a início a um programa de privatização das estatais. Foram leiloadas
inflação retornou - e com ferocidade. O Plano Collor foi um total empresas dos setores siderúrgico, elétrico, químico, petroquímico e
fracasso. Um ano depois, o governo Collor estava mergulhado na de fertilizantes. O mesmo ocorreu com portos, rodovias e ferrovias.
crise. Ao fracasso do Plano Collor somavam-se denúncias de corrup- Bancos estaduais e empresas como a Embraer e a Companhia Vale
ção, abalando ainda mais o governo. O ex-tesoureiro da campanha do Rio Doce também foram privatizados.
presidencial de Collor, Paulo César Farias, mais conhecido como PC Segundo dados do BNDES, entre 1991 e 2002, o governo fe-
Farias, foi acusado de chefiar um esquema de corrupção. deral arrecadou cerca de 30 bilhões de dólares com todas essas
PC Farias arrecadava dinheiro de empresas, facilitava contratos vendas - 22 bilhões de dólares somente com a do Sistema Telebras
mediante elevadas comissões e, com elas, financiava as despesas de Telecomunicações. Com o Plano Real, a inflação estava sob con-
pessoais do presidente. As denúncias eram muito graves. Tanto que trole. Mas havia um problema: manter o real equivalente ao dólar.
foi instituída no Congresso Nacional uma Comissão Parlamentar de A alternativa foi aumentar as taxas de juros e atrair investimen-
Inquérito (CPI) para investigar as acusações. Nas ruas setores orga- tos especulativos em dólares. Os juros altos, no entanto, resultaram
nizados da sociedade exigiam o impeachment do presidente. em recessão econômica e desemprego. E os recursos arrecadados
Milhares de jovens estudantes com o rosto pintado de verde e com a venda das empresas estatais acabaram sendo utilizados para
amarelo, que ficaram conhecidos como caras-pintadas, foram para pagar as altas taxas de juros. Foi também no governo FHC que a
as ruas protestar. Além do impeachment do presidente, exigiam o emenda à Constituição que dispunha sobre a reeleição para cargos
fim da corrupção e a ética na política. Em 29 de setembro de 1992, do Poder Executivo foi aprovada.
a Câmara dos Deputados aprovou o afastamento de Collor da pre- Isso permitiu que o presidente concorresse a um novo manda-
sidência: foram 441 votos a favor e 38 contra. Três meses depois, to nas eleições presidenciais de 1998.
julgado pelo Senado, Collor teve seu mandato e seus direitos po- Nas eleições de 1998, Lula foi novamente o maior adversário
líticos cassados por oito anos. Vaga, a presidência da República foi de Fernando Henrique. Mesmo com a aliança de duas lideranças de
assumida pelo vice, Itamar Franco. esquerda - o vice de Lula era Leonel Brizola -, FHC foi reeleito com
53% dos votos. Em seu segundo mandato, Fernando Henrique deu
O Plano Real continuidade ao Plano Real, preservando a estabilidade da econo-
mia.
Itamar Franco assumiu a presidência com amplo apoio político
A manutenção das taxas de juros altas e a sobrevalorização do
no Congresso Nacional. Fernando Henrique Cardoso foi nomeado
real aumentaram ainda mais a dívida pública nesses quatro anos.
ministro da Fazenda em março de 1993. Com um grupo de econo-
Em 2001, o presidente, que gozava de boa popularidade, teve sua
mistas, ele começou a elaborar um plano para estabilizar a econo-
imagem afetada pelo chamado “apagão”.
mia do país. Seguindo as indicações do Consenso de Washington,
Uma seca inesperada esvaziou os reservatórios das hidrelétri-
FHC e sua equipe concluíram que, para alcançar a estabilidade da
cas, resultando em falta de energia elétrica no país. Sem planeja-
moeda, era preciso reformar o Estado, reduzir os gastos do governo
mento e sem investimentos no setor, foi necessário impor racio-
e privatizar as empresas estatais.
namento de energia à população. Nos oito anos de governo FHC,
Em fevereiro do ano seguinte, o governo criou a Unidade Real
medidas importantes foram tomadas, como o Código de Trânsito
de Valor (URV), atrelando-a ao dólar. Se a arrecadação de impostos
se mantivesse alta, os gastos na área social fossem reduzidos e as Brasileiro ( 1997), a venda de medicamentos genéricos ( 1999), a Lei
grandes reservas em dólar, preservadas, a URV se manteria estável. de Responsabilidade Fiscal (2000), a quebra de patentes de remé-
Em julho de 1994, o governo transformou a URV em uma nova mo- dios contra a Aids (2001), o Bolsa-escola (2001), o Vale-Gás (2001),
eda, o real. Em apenas 15 dias, a inflação caiu drasticamente. entre outras.
O real equiparou-se ao dólar, obtendo estabilidade. Era o fim
da alta constante e acelerada dos preços, beneficiando os assala- Mudança de Rumos
riados. Com o sucesso do Plano Real, que conseguiu derrubar a
inflação, Fernando Henrique Cardoso foi lançado candidato à presi- Com o Plano Real, a sociedade brasileira conheceu a importân-
dência pela coligação PSDB/PFL. Seu principal adversário era Lula, cia da estabilidade da moeda. As políticas neoliberais adoradas por
novamente candidato pelo PT. Fernando Henrique resultaram no controle da inflação, mas tam-
Exausta da inflação, a sociedade brasileira apoiou a estabiliza- bém na alta do desemprego e na perda de diversos direitos sociais.
ção monetária e o Plano Real, elegendo FHC já no primeiro turno Ao final de seu segundo mandato havia um novo desejo de mudan-
com 54,27% dos votos. ça entre os brasileiros.
Nas eleições presidenciais de 2002, Lula foi novamente candi-
Governo FHC dato pelo PT. Em sua quarta disputa pela presidência, ele deixava
de lado o discurso socialista dos anos anteriores e apresentava um
Fernando Henrique Cardoso foi eleito e assumiu a presidên- programa moderado, buscando o apoio das classes médias e dos
cia com o projeto de reduzir o tamanho do Estado e seu papel na empresários. Contando com amplo apoio político, Lula recebeu
economia. Adorando políticas neoliberais, o presidente extinguiu o 46,4% dos votos no primeiro turno das eleições de 2002, e 61,2%
monopólio estatal da exploração e do refino do petróleo pela Petro- no segundo turno.
bras, eliminou as restrições à entrada de capital estrangeiro no país O governo Lula optou por dar continuidade à política econômi-
e implementou reformas administrativas. Era o fim da Era Vargas, ca de FHC, mantendo a estabilidade da moeda por meio do equilí-
segundo o próprio FHC. brio fiscal e do controle dos gastos públicos. Como os números mos-
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travam-se bastante favoráveis, a credibilidade do país no mercado Governo Dilma Rousseff


financeiro internacional cresceu. Apesar dessas semelhanças, ao re-
tomar o nacional-desenvolvimentismo característico da Era Vargas, Para concorrer à presidência da República nas eleições de 2010,
o novo governo mostrou que tinha um projeto político diferente do o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou o nome de Dilma Rousseff,
de seu antecessor. então ministra da Casa Civil do governo Lula. A eleição foi decidida
Nesse sentido, as privatizações foram suspensas e o papel no segundo turno, com a vitória de Dilma com 56,05% dos votos.
do Estado, reforçado. A pesquisa científica, por exemplo, recebeu Dilma, quando jovem, fora presa e torturada pela ditadura
apoio e incentivos financeiros. Na política externa, o governo Lula militar. Sua vitória representou um grande avanço para a demo-
ampliou as relações comerciais e diplomáticas do Brasil com os pa- cracia brasileira. Pela primeira vez, uma mulher e ex-integrante da
íses da União Europeia, da África, da Ásia e da América Latina. O luta armada contra a ditadura assumia o cargo de presidente da
reforço do Mercosul também foi uma iniciativa nesse sentido. República. O governo Dilma deu continuidade às políticas sociais
No plano social, o governo dedicou-se ao combate da pobreza, e desenvolvimentistas do governo Lula, como o programa Minha
retirando milhões de pessoas da miséria. Além da criação do Pro- Casa, Minha Vida, e promoveu outros, como o Programa Nacional
grama Bolsa Família, em que há transferência direta de renda às de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
famílias em situação de pobreza, o governo diminuiu os impostos No final de 2011, os jornais noticiaram que o Brasil havia se
sobre produtos da cesta básica e materiais de construção e reajus- tornado a 6ª maior economia do mundo, ultrapassando a Grã-Bre-
tou o salário mínimo acima dos índices de inflação, beneficiando os tanha, então na 7ª posição.
trabalhadores e as camadas mais pobres da população. No governo Dilma foi aprovado o Marco Civil da Internet
(2014), foram leiloados campos de petróleo do pré-sal (2013) e foi
Crise e Reeleição instituída a Comissão Nacional da Verdade (2012). Sua popularida-
Em 2005, no terceiro ano do mandato de Lula, vieram a públi- de manteve-se em alta, mas foi abalada pelos pro- testos que toma-
co denúncias de que o governo pagava regularmente a deputados ram o país em junho de 2013. Ela sofreu críticas pelo baixo cresci
e senadores para que matérias de interesse do Executivo fossem mento do Produto Interno Bruto do país, pela alta da inflação e pe-
aprovadas pelo Congresso. O “mensalão”, como o esquema de ar- los gastos com a Copa do Mundo de Futebol realizada no Brasil em
recadação de dinheiro ficou conhecido, envolvia empresários, mi- 2014. Ao final de seu primeiro mandato, Dilma Rousseff concorreu
nistros de Estado e parlamentares. Em fins de 2012, muitos foram à reeleição. Com dos votos, sua vitória sobre o candidato do PSDB
condenados em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Mesmo foi apertada no segundo turno.
com a queda dos índices de popularidade do governo durante a cri- Como no seu primeiro mandato, os gastos públicos aumenta-
se política, o presidente continuou a contar com o apoio de amplos ram demasiadamente, e a ameaça da inflação voltou. O governo,
setores da população. então, adorou política recessiva, cortando drasticamente os gastos
Em 2006, Lula lançou-se à reeleição e foi eleito para um novo públicos, o que gerou recessão econômica e perda do poder aqui-
mandato, com a maioria dos votos dos trabalhadores, dos setores sitivo da população.
mais pobres da população e de parte significativa das classes mé- A popularidade do PT e do governo Dilma diminuiu e as oposi-
dias. Ao ser novamente empossado presidente, em 2007, Lula tam- ções aumentaram. Inicialmente, grupos radicais de direita pediam
bém contava com uma ampla coalização de partidos políticos no a volta da ditadura militar. Depois, passeatas tomaram as grandes
Congresso Nacional. cidades, criticando o governo e exigindo a saída de Dilma da presi-
Apesar dos juros altos praticados pelo Banco Central e do con- dência da República. As investigações da Operação Lava Jato pre-
trole das contas públicas pelo governo, necessários para garantir a judicaram a imagem do PT e de Dilma. As denúncias de corrupção
estabilidade econômica do país, os investimentos na área de educa- na Petrobras serviram de combustível para aumentar ainda mais os
ção triplicaram. O governo também investiu em energia e transpor- protestos contra a presidente.
te; apoiou as indústrias de exportação, obtendo saldos comerciais No início de 2016, a sociedade brasileira se encontrava muito
positivos; e incentivou a internacionalização de muitas empresas. dividida. No Congresso Nacional, a oposição entrou com pedido de
O bom desempenho da agricultura e o aumento do preço de pro- impeachment, cuja instauração foi aprovada pelo Senado no dia
dutos primários no mercado internacional beneficiaram o conjunto 12 de maio. Com a decisão, Dilma foi afastada da presidência para
da economia. aguardar o julgamento final pelo Senado. O vice Michel Temer, do
No plano social, o governo deu continuidade ao combate à po- PMDB, assumiu como presidente em exercício.
breza. Além disso, propiciou um aumento real do poder de compra Muitos, porém, interpretaram o movimento oposicionista a
dos trabalhadores, com a oferta de crédito à população e outras Dilma como um golpe contra a democracia e também foram para
medidas. O resultado foi a criação de 15 milhões de novos empre- as ruas protestar. O clima se radicalizou, inviabilizando o diálogo e
gos, a ascensão social de milhões de pessoas, o crescimento acen- colocando em risco a capacidade da sociedade de resolver suas di-
tuado da chamada classe C e o fortalecimento do mercado interno ferenças por meio de acordos e negociações políticas.
brasileiro.
Foi devido ao fortalecimento de seu mercado interno que o Governo Temer
Brasil demonstrou capacidade de resistir à crise mundial que teve
origem nos Estados Unidos em fins de 2007. Em meados de 2009, A crise no governo Dilma e o impeachment
o país voltou a crescer. Em 2010, o crescimento econômico foi de Devido à crise política e econômica que se instalou no país,
7%. Ao deixar o governo, em 1º de janeiro de 2011, Lula contava com a corrução generalizada denunciada pela “Operação Lava-Ja-
com 87% de aprovação entre os brasileiros, segundo pesquisa de to”, em agosto de 2015, Temer comunicou o seu afastamento da
opinião encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes articulação política28.
(CNT). 28 Dilva Frazão. E-Biografias. https://www.ebiografia.com/michel_te-
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No dia 2 de dezembro, o presidente da Câmara aceitou a aber-


tura do processo de impeachment da presidente Dilma. CONCEITOS DE TEMPO CRONOLÓGICO E TEMPO
Em março de 2016, o PMDB deixou a base do governo para HISTÓRICO
apoiar o processo de impeachment que tramitava na Câmara dos
Deputados.
No dia 17 de abril de 2016, com 367 votos favoráveis e 137 con- Tempo Histórico e as Periodizações
trários, a Câmara dos Deputados aprovou o relatório do impeach-
ment e autorizou o Senado Federal a julgar a presidente por crime O ano de 1453 é um dos marcos para o fim da Idade Média e
de responsabilidade. passagem para a Idade Moderna, quando a cidade de Constanti-
O Senado determinou, em sessão iniciada no dia 11 de maio de nopla é conquistada pelos turcos, liderados pelo sultão Maomé II.
2016 e concluída na madrugada do dia 12 de maio, o afastamento A queda da cidade e não significou a mudança total dos modos de
de Dilma. Na sessão que durou 22 horas, o resultado foi de 55 votos vida e da organização social da Europa no ano seguinte. A divisão
a favor do afastamento e 22 contra. da História em períodos pode gerar uma certa confusão, já que falar
que houve a mudança da mentalidade na transição entre os dois
A tomada de posse períodos não é um acontecimento uniforme, mas que ocorreu de
No dia 12 de maio de 2016, Michel Temer assumiu interina- maneira diferenciada e em épocas diferenciadas.
mente a Presidência do Brasil, se tornando o 37º mandatário da Sendo a história uma ciência que estuda a experiência humana,
República. Ainda sem receber a faixa presidencial, Temer aguardou é óbvio que compartimentar o conhecimento simplifica fenômenos
até que o Congresso realizasse o julgamento que afastaria definiti- que são complexos.
vamente a presidente. No entanto, para refletir sobre o passado para tentar entender
No dia 31 de agosto de 2016, após a aprovação do impeach- o presente e preparar para o futuro; é fundamental dividir o tempo
ment da presidente Dilma, Michel Temer tomou posse como Pre- para sistematizar e organizar a análise.
sidente da República, se tornando o 14º a assumir o cargo sem ter Assim, embora nem sempre seja possível categorizar o objeto
sido eleito diretamente pelo povo. do estudo dentro do âmbito de um tempo especifico, o historiador
Michel Temer foi Presidente do Brasil de 31 de agosto de 2016
é sempre forçado a trabalhar com períodos para organizar seus es-
a 31 de dezembro de 2018.
tudos.
Por outro lado, está realidade complexa que precisa ser trans-
Governo Bolsonaro
formada em discurso para que possamos discuti-la, sempre gera
Jair Messias Bolsonaro, do PSL, foi eleito o 38º presidente da confusão na hora de delimitá-la em períodos.
República ao derrotar em segundo turno o petista Fernando Ha- O estudante brasileiro possui dificuldade em localizar cada era
ddad, interrompendo um ciclo de vitórias do PT que vinha desde na linha do tempo, fica perdido nas datas e fatos que simbolizam
200229. cada época.
A vitória foi confirmada às 19h18, quando, com 94,44% das se-
ções apuradas, Bolsonaro alcançou 55.205.640 votos (55,54% dos Periodização na História
válidos) e não podia mais ser ultrapassado por Haddad, que naque-
le momento somava 44.193.523 (44,46%). Com 100% das seções A cronologia é a ciência da contagem do tempo, permitiu ela-
apuradas, Bolsonaro recebeu 57.797.847 votos (55,13%) e Haddad, borar os calendários e, por sua vez, organizar o trabalho humano,
47.040.906 (44,87%). possibilitando a evolução da espécie.
No discurso da vitória, Bolsonaro afirmou que o novo governo A divisão cronológica da história, tal como conhecemos hoje,
será um “defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”. foi desenvolvida a partir do século XIX.
Aos 63 anos, capitão reformado do Exército, deputado federal Visava facilitar o estudo das ações do homem através dos tem-
desde 1991 e dono de uma extensa lista de declarações polêmicas, pos, sendo baseada então no calendário cristão, uma vez que foi
Jair Bolsonaro materializou em votos o apoio que cultivou e am- criada a partir da cultura europeia Ocidental greco-romana.
pliou a partir das redes sociais e em viagens pelo Brasil para obter o Obviamente, o tempo passou a ter como marco zero o nasci-
mandato de presidente de 2019 a 2022. mento de Cristo, ou ao menos o ano que se supunha Jesus teria
Na campanha, por meio das redes sociais e do aplicativo de nascido.
mensagens WhatsApp, apostou em um discurso conservador nos É interessante ressaltar que outras culturas possuem diferentes
costumes, de aceno liberal na economia, de linha dura no combate marcos iniciais para o início de seu calendário.
à corrupção e à violência urbana e opositor do PT e da esquerda. Os gregos antigos tinham como ponto de partida os primeiros
jogos olímpicos, os romanos a mítica fundação da cidade de Roma.
Os muçulmanos ainda contam o tempo a partir da data da fuga
de Maomé da cidade de Meca para Medina, o que aconteceu no
ano 622 pelo nosso calendário, o que faz com que eles estejam mui-
to atrás do ano 2.000, seiscentos anos.
Igualmente, os chineses e judeus também contam o tempo di-
mer/.
ferente do mundo Ocidental.
29 Guilherme Mazui. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/elei-
De qualquer forma, o calendário cristão dividiu o tempo em
coes/2018/noticia/2018/10/28/jair-bolsonaro-e-eleito-presidente-e-in-
séculos, períodos de cem anos.
terrompe-serie-de-vitorias-do-pt.ghtml.
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O que serviu de base para que a cronologia dividisse o tempo 3. (MPE-SP – Analista Técnico Científico – Pedagogo – VU-
em grandes períodos, com início e final marcados por fatos signifi- NESP) Das alternativas a seguir, assinale aquela que define corre-
cativos para a humanidade. tamente o modelo de democracia cuja experiência mais marcante
e conhecida foi a da Grécia Antiga. Esse modelo, conhecido como
democracia direta, é
(A) uma forma em que o cidadão escolhe seus representantes,
QUESTÕES que devem eleger os responsáveis pela condução do poder pú-
blico, nos diferentes níveis.
(B) o sistema de eleição em que todos os cidadãos participam
1. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC) Considere o texto da escolha dos candidatos à eleição para os diferentes cargos
abaixo. eletivos.
A. I.., como muitos chamaram a evolução da agricultura no (C) o sistema em que o eleitor vota diretamente no seu repre-
terço final do século vinte, proporcionou aumentos significati- sentante para o Poder Executivo e Legislativo.
vos de produtividade que garantiram, junto com a expansão das (D) quando as decisões são tomadas por cada um dos cidadãos,
fronteiras agrícolas, o abastecimento de alimento para uma po- administrar sem intermediários.
pulação mundial em explosivo crescimento neste período. Apesar (E) o sistema em que o cidadão escolhe, entre os candidatos do
disso, as técnicas convencionais e a expansão da área de terras seu distrito, aquele que deverá participar da eleição em nível
agricultáveis chegando ao seu limite, estamos correndo o risco de municipal.
comprometer seriamente alguns recursos naturais, como flora,
fauna e mananciais de água. Portanto, é imperativo que se busque 4. (TJ-RS – Historiógrafo – FAURGS) Foram os gregos os pri-
alternativas para uma maior oferta de alimentos. É onde entra a. meiros a interessar-se pelas culturas chamadas bárbaras. A partir
II. (Disponível em: www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/es- desse interesse, foi rompido o ciclo de produção dos anais dinás-
paco-aberto/a-polemica-dos-transgenicos-no-brasil-5323/) ticos e iniciou-se o movimento que propunha uma reflexão mais
O conteúdo do texto destaca duas grandes transformações I ampla sobre a sociedade em geral. Assim nascia a história ociden-
e II que afetaram a produção agrícola em escala mundial, desde a tal. A respeito da História produzida na Grécia Antiga, qual das
década de 1940 até dos dias atuais. Preenchem, correta e respec- afirmações abaixo está INCORRETA?
tivamente, as lacunas do texto em: (A) Fundamentava-se na coleta e cotejo de informações e na
(A) Revolução Verde − biotecnologia sua guarda em arquivos.
(B) Reforma Agrária − indústria. (B) Cabia ao historiador dizer a verdade sobre os acontecimen-
(C) Modernização do Campo − agricultura orgânica. tos que achava digno relatar.
(D) Globalização Produtiva − abertura econômica. (C) Representou a emergência de um discurso sobre o passado
(E) Segunda Revolução Industrial − reforma agrária. que aspirava à verdade.
(D) Demonstrava interesse pelo estrangeiro e apresentava di-
2. (IBGE – Agente de Mapeamento – CESGRANRIO) As ativida- gressões etnográficas e geográficas.
des agrícolas estão em constante processo de inovação para obter (E) Baseava-se na observação direta, por meio do testemunho
maior produtividade. Nesse contexto, durante a década de 1950, do historiador, e na valorização da tradição oral.
ocorreu de forma mais intensa o processo de modernização da
agricultura que envolveu um grande aparato tecnológico provido 5. (FEI) Atenas foi considerada o berço do regime democrá-
de variedades de plantas modificadas geneticamente em labora- tico no mundo antigo. Sobre o regime democrático ateniense, é
tório, espécies agrícolas que foram desenvolvidas para alcançar CORRETO afirmar que:
alta produtividade, uma série de procedimentos técnicos com uso (A) Era baseado na eleição de representantes para as Assem-
de defensivos agrícolas e de maquinários. Disponível em: <http:// bleias Legislativas, que se reuniam uma vez por ano na Ágora e
educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias- -ensino/a-moder- deliberavam sobre os mais variados assuntos.
nizacao-agricultura.htm>. Acesso em: 31 maio 2016. (B) Apenas os homens livres eram considerados cidadãos e par-
Nesse contexto histórico, o processo de modernização men- ticipavam diretamente das decisões tomadas na Cidade-Estado
cionado caracteriza, especificamente, (C) Os estrangeiros e mulheres maiores de 21 anos podiam
(A) as Reformas de Base participar livremente das decisões tomadas nas assembleias da
(B) a Revolução Verde Cidade-Estado.
(C) o Milagre Econômico (D) Era erroneamente chamado de democrático pois negava a
(D) a Nova República existência de representantes eleitos pelo povo
(E) o Estado Novo (E) A inexistência de escravos em Atenas levava a uma partici-
pação quase total da população da Cidade-Estado na política.

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6. (FEI) A Guerra do Peloponeso, ocorrida na Grécia entre 431 9. Podemos dizer que antes as coisas do Mediterrâneo eram
e 401 a.C., foi: dispersas... mas como resultado das conquistas romanas é como
(A) Uma guerra defensiva empreendida pelos gregos contra a se a história passasse a ter uma unidade orgânica, pois, as coisas
invasão dos persas e a ameaça de perda de suas principais pra- da Itália e da África passaram a ser entretecidas com as coisas da
ças de comércio do Mar Mediterrâneo; Ásia e da Grécia e o resultado disso tudo aponta para um único
(B) Uma luta entre dórios e aqueus na época da ocupação do fim.
território grego que resultou na formação das cidades de Es- (Políbio, História, I.3.)
parta e Atenas; No texto, a conquista romana de todo o Mediterrâneo é
(C) Uma luta comandada pelas cidades de Esparta e Corinto (A) criticada, por impor aos povos uma única história, a ditada
contra a hegemonia da Confederação de Delos - liderada por pelos vencedores.
Atenas - sobre o território grego; (B) desqualificada, por suprimir as independências políticas re-
(D) Uma guerra entre gregos e romanos, pelo desejo de implan- gionais.
tação de uma cultura hegemônica sobre os povos do Oriente (C) defendida, por estabelecer uma única cultura, a do poder
Próximo; imperial.
(E) Uma invasão do território grego pelas tropas de Alexandre (D) exaltada, por integrar as histórias particulares em uma úni-
- O Grande, na época de expansão do Império Macedônico que ca história geral.
herdara de seu pai. (E) lamentada, por sufocar a autonomia e identidade das cul-
turas.
7. (PUC-PR) A Civilização Grega apresentou unidade cultural
e fragmentação política. Sobre o assunto, assinale a alternativa 10. “Os animais da Itália possuem cada um sua toca, seu abri-
correta: go, seu refúgio. No entanto, os homens que combatem e morrem
(A) Quando as tribos arianas ou indo-europeias dos aqueus, pela Itália estão à mercê do ar e da luz e nada mais: sem lar, sem
eólicos, jônios e dóricos penetraram na Grécia encontraram a casa, erram com suas mulheres e crianças. Os generais mentem
região desabitada, o que facilitou-lhes a fixação. aos soldados quando, na hora do combate, os exortam a defen-
(B) A conquista da Grécia por Felipe II da Macedônia foi ante- der contra o inimigo suas tumbas e seus lugares de culto, pois
rior ao domínio romano na região. nenhum destes romanos possui nem altar de família, nem sepul-
(C) Atenas e Esparta, as principais polis gregas foram igualmen- tura de ancestral. É para o luxo e enriquecimento de outrem que
te fundadas pelos descendentes dos eólicos, o que explica se- combatem e morrem tais pretensos senhores do mundo, que não
rem suas economias iguais, baseadas na pesca, artesanato e possuem sequer um torrão de terra.
intenso comércio, inclusive marítimo. (Plutarco, Tibério Graco, IX, 4. In: PINSKY, J. “100 Textos de
(D) Tanto Atenas quanto Esparta implantaram governos tipica- História Antiga”. São Paulo: Contexto, 1991. p. 20.)
mente democráticos nos séculos V e IV a.C., tendo a primeira, Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, pode-
contudo, mantido a forma monárquica de governo. -se afirmar que a Lei da Reforma Agrária na Roma Antiga
(E) A agressividade das polis, ou cidades-estados de Tebas e (A) proposta pelos irmãos Graco, Tibério e Caio, era uma tenta-
Corinto, provocou a primeira onda colonizadora grega, que po- tiva de ganhar apoio popular para uma nova eleição de Tribu-
voou inclusive as ilhas do mar Egeu. nos da Plebe, pois pretendiam reeleger-se para aqueles cargos.
(B) proposta por Tibério Graco, tinha como verdadeiro objetivo
8. Sobre a queda do Império Romano do Ocidente no ano de beneficiar os patrícios, ocupantes das terras públicas que ha-
476 d.C. podemos afirmar que: viam sido conquistadas com a expansão do Império.
(A) Ocorreu, após os conflitos entre Roma e os cartagineses, o (C) tinha o objetivo de criar uma guerra civil, visto que seria a
que enfraqueceu as bases econômicas do Império. única forma de colocar os plebeus numa situação de igualdade
(B) Teve, no fortalecimento do cristianismo, a única motivação com os patrícios, grandes latifundiários.
explícita. (D) era vista pelos generais do exército romano como uma pos-
(C) Foi provocada pela conjugação de uma série de fatores, sibilidade de enriquecer, apropriando-se das terras conquista-
destacando-se a ascensão do cristianismo, as invasões bárba- das e, por isto, tinham um acordo armado com Tibério.
ras, a anarquia nas organizações militares e a crise do sistema (E) foi proposta pelos irmãos Graco, que viam na distribuição
escravista. de terras uma forma de superar a crise provocada pelas con-
(D) Teve, na superioridade dos povos bárbaros, a única expli- quistas do período republicano, satisfazendo as necessidades
cação possível. de uma plebe numerosa e empobrecida.
(E) Teve, em Carlos Magno, Imperador dos francos, a principal
liderança político-militar a comandar os povos bárbaros na 11. Na atualidade, praticamente todos os dirigentes políticos,
queda de Roma. no Brasil e no mundo, dizem-se defensores de padrões democrá-
ticos e de valores republicanos. Na Antiguidade, tais padrões e va-
lores conheceram o auge, tanto na democracia ateniense, quanto
na república romana, quando predominaram
(A) a liberdade e o individualismo.
(B) o debate e o bem público.
(C) a demagogia e o populismo.
(D) o consenso e o respeito à privacidade.
(E) a tolerância religiosa e o direito civil.
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CIÊNCIAS HUMANAS

12 As lutas por riquezas e territórios sempre estiveram pre- 16. (UNIP) O feudalismo:
sentes na História. Na Antiguidade, o Mediterrâneo foi disputado (A) deve ser definido como um regime político centralizado;
nas Guerras Púnicas por: (B) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil;
(A) gregos e persas. (C) surgiu como consequência da crise do modo de produção
(B) macedônicos e romanos. asiático;
(C) romanos e germânicos. (D) entrou em crise após o surgimento do comércio;
(D) romanos e cartagineses. (E) apresentava uma considerável mobilidade social.
(E) gregos e romanos.
17. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o pon-
13. (FGV) “A palavra ‘servo’ vem de ‘servus’ (latim), que signi- to de vista político, foi o enfraquecimento do Estado enquanto
fica ‘escravo’. No período medieval, esse termo adquiriu um novo instituição, porque:
sentido, passando a designar a categoria social dos homens não (A) a inexistência de um governo central forte contribuiu para a
livres, ou seja, dependentes de um senhor. (...) A condição servil decadência e o empobrecimento da nobreza;
era marcada por um conjunto de direitos senhoriais ou, do ponto (B) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os feudos,
de vista dos servos, de obrigações servis”. (Luiz Koshiba, “História: enfraquecendo o poder político dos senhores;
origens, estruturas e processos”) (C) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal, tais
como a fidelidade e a lealdade ao suserano;
Assinale a alternativa que caracterize corretamente uma des- (D) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus súditos
sas obrigações servis: onerava-lhe as rendas;
(A) Dízimo era um imposto pago por todos os servos para o (E) a competência política para centralizar o poder, reservada
senhor feudal custear as despesas de proteção do feudo. ao rei, advinha da origem divina da monarquia.
(B) Talha era a cobrança pelo uso da terra e dos equipamen-
tos do feudo e não podia ser paga com mercadorias e sim com
moeda.
(C) Mão morta era um tributo anual e per capita, que recaía
apenas sobre o baixo clero, os vilões e os cavaleiros. GABARITO
(D) Corveia foi um tributo aplicado apenas no período deca-
dente do feudalismo e que recaía sobre os servos mais velhos.
(E) Banalidades eram o pagamento de taxas pelo uso das ins-
talações pertencentes ao senhor feudal, como o moinho e o 1 A
forno.
2 B
14. (FATEC-SP) Uma das características a ser reconhecida no 3 D
feudalismo europeu é:
4 A
(A) A sociedade feudal era semelhante ao sistema de castas.
(B) Os ideais de honra e fidelidade vieram das instituições dos 5 B
hunos. 6 C
(C) Vilões e servos estavam presos a várias obrigações, entre
elas o pagamento anual de capitação, talha e banalidades. 7 B
(D) A economia do feudo era dinâmica, estando voltada para o 8 C
comércio dos feudos vizinhos. 9 D
(E) As relações de produção eram escravocratas.
10 E
15. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se caracterizava 11 B
pela:
12 D
(A) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores de ter-
ras; 13 E
(B) relação direta entre posse dos feudos e soberania, fragmen- 14 C
tando-se o poder central;
(C) relação entre a vassalagem e suserania entre mercadores e 15 B
senhores feudais; 16 B
(D) absoluta descentralização administrativa, com subordina- 17 C
ção dos bispos aos senhores feudais;
(E) existência de uma legislação específica a reger a vida de
cada feudo.

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MATEMÁTICA

Conjunto dos Números Racionais (Q)


OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS E FRACIONÁRIOS. Números racionais são aqueles que podem ser representados
NÚMEROS RACIONAIS RELATIVOS em forma de fração. O numerador e o denominador da fração preci-
sam pertencer ao conjunto dos números inteiros e, é claro, o deno-
— Conjuntos Numéricos minador não pode ser zero, pois não existe divisão por zero.
O grupo de termos ou elementos que possuem características O conjunto dos números racionais é representado pelo Q. Os
parecidas, que são similares em sua natureza, são chamados de números naturais e inteiros são subconjuntos dos números racio-
conjuntos. Quando estudamos matemática, se os elementos pare- nais, pois todos os números naturais e inteiros também podem ser
cidos ou com as mesmas características são números, então dize- representados por uma fração. Além destes, números decimais e
mos que esses grupos são conjuntos numéricos1. dízimas periódicas também estão no conjunto de números racio-
Em geral, os conjuntos numéricos são representados grafica- nais.
mente ou por extenso – forma mais comum em se tratando de ope- Vejamos um exemplo de um conjunto de números racionais
rações matemáticas. Quando os representamos por extenso, escre- com 4 elementos:
vemos os números entre chaves {}. Caso o conjunto seja infinito, ou Qx = {-4, 1/8, 2, 10/4}
seja, tenha incontáveis números, os representamos com reticências
depois de colocar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}. Também temos subconjuntos dos números racionais:
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois eles são Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
os mais usados em problemas e questões no estudo da Matemáti- pelos números racionais sem o zero.
ca. São eles: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais. Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos, forma-
do pelos números racionais positivos.
Conjunto dos Números Naturais (N) Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
O conjunto dos números naturais é representado pela letra N. pelos números racionais positivos e não nulos.
Ele reúne os números que usamos para contar (incluindo o zero) e Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, forma-
é infinito. Exemplo: do pelos números racionais negativos e o zero.
N = {0, 1, 2, 3, 4…} Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
pelos números racionais negativos e não nulos.
Além disso, o conjunto dos números naturais pode ser dividido
em subconjuntos: Conjunto dos Números Irracionais (I)
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números natu- O conceito de números irracionais é dependente da definição
rais não nulos, ou sem o zero. de números racionais. Assim, pertencem ao conjunto dos números
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números natu- irracionais os números que não pertencem ao conjunto dos racio-
rais pares. nais.
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais Em outras palavras, ou um número é racional ou é irracional.
ímpares. Não há possibilidade de pertencer aos dois conjuntos ao mesmo
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos. tempo. Por isso, o conjunto dos números irracionais é complemen-
tar ao conjunto dos números racionais dentro do universo dos nú-
Conjunto dos Números Inteiros (Z) meros reais.
O conjunto dos números inteiros é representado pela maiús- Outra forma de saber quais números formam o conjunto dos
cula Z, e é formado pelos números inteiros negativos, positivos e o números irreais é saber que os números irracionais não podem ser
zero. Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…} escritos em forma de fração. Isso acontece, por exemplo, com deci-
O conjunto dos números inteiros também possui alguns sub- mais infinitos e raízes não exatas.
conjuntos: Os decimais infinitos são números que têm infinitas casas de-
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não nega- cimais e que não são dízimas periódicas. Como exemplo, temos
tivos. 0,12345678910111213, π, √3 etc.
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não po-
sitivos. Conjunto dos Números Reais (R)
Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negati- O conjunto dos números reais é representado pelo R e é forma-
vos e não nulos, ou seja, sem o zero. do pela junção do conjunto dos números racionais com o conjunto
Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não posi- dos números irracionais. Não esqueça que o conjunto dos racionais
tivos e não nulos. é a união dos conjuntos naturais e inteiros. Podemos dizer que en-
1 https://matematicario.com.br/ tre dois números reais existem infinitos números.
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MATEMÁTICA

Entre os conjuntos números reais, temos: – O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro
R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos. que, multiplicado por 3, resulta em 324.
R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos. 324 = 3 · 108
R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos. – O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos. inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
523 = 2 · ?”
— Múltiplos e Divisores
Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural • Múltiplos de 4
estendem-se para o conjunto dos números inteiros2. Quando tra- Como vimos, para determinar os múltiplos do número 4, deve-
tamos do assunto múltiplos e divisores, referimo-nos a conjuntos mos multiplicar o número 4 por números inteiros. Assim:
numéricos que satisfazem algumas condições. Os múltiplos são en- 4·1=4
contrados após a multiplicação por números inteiros, e os divisores 4·2=8
são números divisíveis por um certo número. 4 · 3 = 12
Devido a isso, encontraremos subconjuntos dos números in- 4 · 4 = 16
teiros, pois os elementos dos conjuntos dos múltiplos e divisores 4 · 5 = 20
são elementos do conjunto dos números inteiros. Para entender o 4 · 6 = 24
que são números primos, é necessário compreender o conceito de 4 · 7 = 28
divisores. 4 · 8 = 32
4 · 9 = 36
Múltiplos de um Número 4 · 10 = 40
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a é 4 · 11 = 44
múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal que 4 · 12 = 48
a = b · k. Desse modo, o conjunto dos múltiplos de a é obtido multi-
plicando a por todos os números inteiros, os resultados dessas mul- ...
tiplicações são os múltiplos de a.
Por exemplo, listemos os 12 primeiros múltiplos de 2. Para isso Portanto, os múltiplos de 4 são:
temos que multiplicar o número 2 pelos 12 primeiros números in- M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
teiros, assim:
2·1=2 Divisores de um Número
2·2=4 Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
2·3=6 b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
2·4=8 entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2 · 5 = 10 Veja alguns exemplos:
2 · 6 = 12 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2 · 7 = 14 – 63 é múltiplo de 3, logo, 3 é divisor de 63.
2 · 8 = 16 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 9 = 18
2 · 10 = 20 Para listar os divisores de um número, devemos buscar os nú-
2 · 11 = 22 meros que o dividem. Veja:
2 · 12 = 24 – Liste os divisores de 2, 3 e 20.
D(2) = {1, 2}
Portanto, os múltiplos de 2 são: D(3) = {1, 3}
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20}

Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas Observe que os números da lista dos divisores sempre são di-
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista de visíveis pelo número em questão e que o maior valor que aparece
múltiplos é dada pela multiplicação de um número por todos os nessa lista é o próprio número, pois nenhum número maior que ele
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. será divisível por ele.
Para verificar se um número é ou não múltiplo de outro, de- Por exemplo, nos divisores de 30, o maior valor dessa lista é o
vemos encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação próprio 30, pois nenhum número maior que 30 será divisível por
entre eles resulte no primeiro número. Veja os exemplos: ele. Assim:
– O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que, D(30) = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}.
multiplicado por 7, resulta em 49.
49 = 7 · 7 Propriedade dos Múltiplos e Divisores
Essas propriedades estão relacionadas à divisão entre dois in-
teiros. Observe que quando um inteiro é múltiplo de outro, é tam-
bém divisível por esse outro número.
2 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-diviso-
res.htm
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MATEMÁTICA

Considere o algoritmo da divisão para que possamos melhor – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
compreender as propriedades. ciente for menor que o divisor, então o número é primo.
N = d · q + r, em que q e r são números inteiros. – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
Lembre-se de que:
N: dividendo; Exemplo: verificar se o número 113 é primo.
d, divisor; Sobre o número 113, temos:
q: quociente; – Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é
r: resto. divisível por 2;
– A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número
– Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N – r) divisível por 3;
é múltipla do divisor, ou o número d é divisor de (N – r). – Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.
– Propriedade 2: (N – r + d) é um múltiplo de d, ou seja, o nú-
mero d é um divisor de (N – r + d). Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber
Veja o exemplo: se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e operação de divisão.
resto r = 5.
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que Divisão pelo número primo 7:
as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
por 8 e:
528 = 8 · 66

— Números Primos
Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
divisores: um e o próprio número3. Eles fazem parte do conjunto
dos números naturais.
Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são Divisão pelo número primo 11:
chamados de números compostos e podem ser escritos como um
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
Algumas considerações sobre os números primos:
– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo; Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
que é par;
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os SISTEMA DE MEDIDAS USUAIS
algarismos 1, 3, 7 e 9.

Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando As unidades de medida são modelos estabelecidos para medir
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja diferentes grandezas, tais como comprimento, capacidade, massa,
alguns critérios de divisibilidade: tempo e volume4.
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade O Sistema Internacional de Unidades (SI) define a unidade pa-
é par é divisível por 2; drão de cada grandeza. Baseado no sistema métrico decimal, o SI
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma surgiu da necessidade de uniformizar as unidades que são utilizadas
dos seus algarismos é um número divisível por 3; na maior parte dos países.
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. — Medidas de Comprimento
Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a
Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi- jarda, a polegada e o pé.
sões com os próximos números primos menores que o número até No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m). Atual-
que: mente ele é definido como o comprimento da distância percorrida
– Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458
não é primo. de um segundo.

3 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/ 4 https://www.todamateria.com.br/unidades-de-medida/
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MATEMÁTICA

Assim, são múltiplos do metro: quilômetro (km), hectômetro Seguindo o mesmo raciocínio anterior, identificamos que para
(hm) e decâmetro (dam)5. converter de decalitro para decilitro devemos multiplicar duas ve-
Enquanto são submúltiplos do metro: decímetro (dm), centí- zes por 10, ou seja, multiplicar por 100.
metro (cm) e milímetro (mm). 5 . 100 = 500 dL
Os múltiplos do metro são as grandes distâncias. Eles são cha-
mados de múltiplos porque resultam de uma multiplicação que tem c) 400 cL em L
como referência o metro. Para passar de centilitro para litro, vamos dividir o número
Os submúltiplos, ao contrário, como pequenas distâncias, re- duas vezes por 10, isto é, dividir por 100:
sultam de uma divisão que tem igualmente como referência o me- 400 : 100 = 4 L
tro. Eles aparecem do lado direito na tabela acima, cujo centro é a
nossa medida base - o metro. Medida de Volume
As medidas de volume representam o espaço ocupado por um
corpo. Desta forma, podemos muitas vezes conhecer a capacidade
de um determinado corpo conhecendo seu volume.
A unidade de medida padrão de volume é o metro cúbico (m³),
sendo ainda utilizados seus múltiplos (km³, hm³ e dam³) e submúl-
tiplos (dm³, cm³ e mm³).
— Medidas de Capacidade Em algumas situações é necessário transformar a unidade de
As medidas de capacidade representam as unidades usadas medida de volume para uma unidade de medida de capacidade ou
para definir o volume no interior de um recipiente6. A principal uni- vice-versa. Nestes casos, podemos utilizar as seguintes relações:
dade de medida da capacidade é o litro (L). 1 m³ = 1 000 L
O litro representa a capacidade de um cubo de aresta igual a 1 1 dm³ = 1 L
dm. Como o volume de um cubo é igual a medida da aresta elevada 1 cm³ = 1 mL
ao cubo, temos então a seguinte relação:
Exemplo: Um tanque tem a forma de um paralelepípedo re-
1 L = 1 dm³ tângulo com as seguintes dimensões: 1,80 m de comprimento, 0,90
m de largura e 0,50 m de altura. A capacidade desse tanque, em
Mudança de Unidades litros, é:
O litro é a unidade fundamental de capacidade. Entretanto, A) 0,81
também é usado o quilolitro(kL), hectolitro(hL) e decalitro que são B) 810
seus múltiplos e o decilitro, centilitro e o mililitro que são os sub- C) 3,2
múltiplos. D) 3200
Como o sistema padrão de capacidade é decimal, as transfor-
mações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando- Para começar, vamos calcular o volume do tanque, e para isso,
-se ou dividindo-se por 10. devemos multiplicar suas dimensões:
Para transformar de uma unidade de capacidade para outra, V = 1,80 . 0,90 . 0,50 = 0,81 m³
podemos utilizar a tabela abaixo:
Para transformar o valor encontrado em litros, podemos fazer
a seguinte regra de três:

Exemplo: fazendo as seguintes transformações:


a) 30 mL em L Assim, x = 0,81 . 1000 = 810 L.
Observando a tabela acima, identificamos que para transfor- Portanto, a resposta correta é a alternativa b.
mar de ml para L devemos dividir o número três vezes por 10, que é
o mesmo que dividir por 1000. Assim, temos: Medidas de Massa
30 : 1000 = 0,03 L No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o
quilograma (kg)7. Um cilindro de platina e irídio é usado como o
Note que dividir por 1000 é o mesmo que “andar” com a vírgu- padrão universal do quilograma.
la três casa diminuindo o número. As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg),
decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg), centigrama (cg) e mi-
b) 5 daL em dL ligrama (mg).
5 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-comprimento/
6 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-capacidade/ 7 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
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MATEMÁTICA

São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a


onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada equivalente a 1000 kg. — Medidas de Tempo
Existem diversas unidades de medida de tempo, por exemplo
• Unidades de medida de massa a hora, o dia, o mês, o ano, o século. No sistema internacional de
As unidades do sistema métrico decimal de massa são: quilo- medidas a unidades de tempo é o segundo (s)9.
grama (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigra-
ma (dg), centigrama (cg), miligrama (mg). Horas, Minutos e Segundos
Muitas vezes necessitamos transformar uma informação que
Utilizando o grama como base, os múltiplos e submúltiplos das está, por exemplo, em minuto para segundos, ou em segundos para
unidades de massa estão na tabela a seguir. hora.
Para tal, devemos sempre lembrar que 1 hora tem 60 minutos
e que 1 minuto equivale a 60 segundos. Desta forma, 1 hora corres-
ponde a 3.600 segundos.
Assim, para mudar de hora para minuto devemos multiplicar
por 60. Por exemplo, 3 horas equivalem a 180 minutos (3 . 60 =
180).
Além das unidades apresentadas existem outras como a tone-
lada, que é um múltiplo do grama, sendo que 1 tonelada equivale O diagrama abaixo apresenta a operação que devemos fazer
a 1 000 000 g ou 1 000 kg. Essa unidade é muito usada para indicar para passar de uma unidade para outra.
grandes massas.
A arroba é uma unidade de medida usada no Brasil, para deter-
minar a massa dos rebanhos bovinos, suínos e de outros produtos.
Uma arroba equivale a 15 kg.
O quilate é uma unidade de massa, quando se refere a pedras
preciosas. Neste caso 1 quilate vale 0,2 g.

— Conversão de unidades
Como o sistema padrão de medida de massa é decimal, as
transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multi-
plicando-se ou dividindo-se por 108.
Para transformar as unidades de massa, podemos utilizar a ta-
bela abaixo:
Em algumas áreas é necessário usar medidas com precisão
maior que o segundo. Neste caso, usamos seus submúltiplos.
Assim, podemos indicar o tempo decorrido de um evento em
décimos, centésimos ou milésimos de segundos.
Por exemplo, nas competições de natação o tempo de um atle-
ta é medido com precisão de centésimos de segundo.

Instrumentos de Medidas
Exemplos: Para medir o tempo utilizamos relógios que são dispositivos
a) Quantas gramas tem 1 kg? que medem eventos que acontecem em intervalos regulares.
Para converter quilograma em grama basta consultar o quadro Os primeiros instrumentos usados para a medida do tempo fo-
acima. Observe que é necessário multiplicar por 10 três vezes. ram os relógios de Sol, que utilizavam a sombra projetada de um
1 kg → g objeto para indicar as horas.
1 kg x 10 x 10 x 10 = 1 x 1000 = 1.000 g Foram ainda utilizados relógios que empregavam escoamento
de líquidos, areia, queima de fluidos e dispositivos mecânicos como
b) Quantos quilogramas tem em 3.000 g? os pêndulos para indicar intervalos de tempo.
Para transformar grama em quilograma, vemos na tabela que
devemos dividir o valor dado por 1.000. Isto é o mesmo que dividir Outras Unidades de Medidas de Tempo
por 10, depois novamente por 10 e mais uma vez por 10. O intervalo de tempo de uma rotação completa da terra equi-
3.000 g → kg vale a 24h, que representa 1 dia.
3.000 g : 10 : 10 : 10 = 3.000 : 1.000 = 3 kg O mês é o intervalo de tempo correspondente a determinado
número de dias. Os meses de abril, junho, setembro, novembro têm
c) Transformando 350 g em mg. 30 dias.
Para transformar de grama para miligrama devemos multiplicar Já os meses de janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e
o valor dado por 1.000 (10 x 10 x 10). dezembro possuem 31 dias. O mês de fevereiro normalmente têm
350 g → mg 28 dias. Contudo, de 4 em 4 anos ele têm 29 dias.
350 x 10 x 10 x 10 = 350 x 1000 = 350.000 mg
8 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/ 9 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-tempo/
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MATEMÁTICA

O ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol. Normalmente, 1 ano corresponde a 365 dias, no en-
tanto, de 4 em 4 anos o ano têm 366 dias (ano bissexto).
Na tabela abaixo relacionamos algumas dessas unidades:

Tabela de Conversão de Medidas


O mesmo método pode ser utilizado para calcular várias grandezas.
Primeiro, vamos desenhar uma tabela e colocar no seu centro as unidades de medidas bases das grandezas que queremos converter,
por exemplo:
Capacidade: litro (l)
Comprimento: metro (m)
Massa: grama (g)
Volume: metro cúbico (m3)

Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi e mili correspondem respecti-
vamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.
Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente a dez, cem e mil vezes a unidade
fundamental.

Exemplos:
a) Quantos mililitros correspondem 35 litros?
Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade. Lembrando que a medida pode
ser escrita como 35,0 litros. A virgula e o algarismo que está antes dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso
é o litro.

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MATEMÁTICA

Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará sempre atrás dos algarismos que esti-
ver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.

Assim 35 litros correspondem a 35000 ml.

b) Transformando 700 gramas em quilogramas.


Lembrando que podemos escrever 700,0 g. Colocamos a vírgula e o 0 antes dela na unidade dada, neste caso g e os demais algarismos
nas casas anteriores.

Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilograma. A vírgula passa então para atrás
do algarismo que está na casa do quilograma.

Então 700 g corresponde a 0,7 kg.

REGRA DE TRÊS SIMPLES

Regra de Três Simples


A regra de três simples funciona na relação de apenas duas grandezas, que podem ser diretamente ou inversamente proporcionais.

Exemplo 1: Para fazer um bolo de limão utiliza-se 250 ml do suco da fruta. Porém, foi feito uma encomenda de 6 bolos. Quantos limões
serão necessários?

Reparem que as grandezas são diretamente proporcionais, já que o aumento no pedido de bolos pede uma maior quantidade de
limões. Logo, o valor desconhecido é determinado pela multiplicação cruzada:

x = 250 . 6
x = 1500 ml de suco

Exemplo 2: Um carro com velocidade de 120 km/h percorre um trajeto em 2 horas. Se a velocidade for reduzida para 70 km/h, em
quanto tempo o veículo fará o mesmo percurso?

Editora
135
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MATEMÁTICA

960x = 2400 . 4
960x = 9600
x = 9600/960
x = 10 dias

Observa-se que neste exemplo teremos uma regra de três sim- PORCENTAGEM
ples inversa, uma vez que ao diminuirmos a velocidade do carro o
tempo de deslocamento irá aumentar. Então, pela regra, uma das
razões deverá ser invertida e transformada em direta. A porcentagem representa uma razão cujo denominador é 100,
ou seja, .

O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que sig-


nifica dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada de
razão centesimal ou percentual10.
Saber calcular porcentagem é importante para resolver proble-
70x = 120 . 2 mas matemáticos, principalmente na matemática financeira para
70x = 240 calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante.
x = 240/70
x = 3,4 h — Calculando Porcentagem de um Valor
Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão
Regra de Três Composta centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
A regra de três composta é a razão e proporção entre três ou Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a se-
mais grandezas diretamente ou inversamente proporcionais, ou guinte operação:
seja, as relações que aparecem em mais de duas colunas.

Exemplo: Uma loja demora 4 dias para produzir 160 peças de


roupas com 8 costureiras. Caso 6 funcionárias estiverem trabalhan-
do, quantos dias levará para a produção de 300 peças?

Generalizando, podemos criar uma fórmula para conta de por-


centagem:

Inicialmente, deve-se analisar cada grandeza em relação ao va-


lor desconhecido, isto é: Se preferir, você pode fazer o cálculo de porcentagem da se-
- Relacionando os dias de produção com a quantidade de pe- guinte forma:
ças, percebe-se que essas grandezas são diretamente proporcio- 1º passo: multiplicar o percentual pelo valor.
nais, pois aumentando o número de peças cresce a necessidade de
mais dias de trabalho. 20 x 200 = 4.000
- Relacionando a demanda de costureiras com os dias de pro-
dução, observa-se que aumentando a quantidade de peças o qua-
2º passo: dividir o resultado anterior por 100.
dro de funcionárias também deveria aumentar. Ou seja, as grande-
zas são inversamente proporcionais.

Após análises, organiza-se as informações em novas colunas:

Calculando Porcentagem de Forma Rápida


Alguns cálculos podem levar muito tempo na hora de fazer uma
prova. Pensando nisso, trouxemos dois métodos que te ajudarão a
fazer porcentagem de maneira mais rápida.

Método 1: Calcular porcentagem utilizando o 1%


4/x = 160/300 . 6/8 Você também tem como calcular porcentagem rapidamente
4/x = 960/2400 utilizando o correspondente a 1% do valor.
10 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/
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2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.


Vamos continuar usando o exemplo do 20% de 200 para apren- Fator de multiplicação = 1 + 0,25.
der essa técnica. Fator de multiplicação = 1,25.
1º passo: dividir o valor por 100 e encontrar o resultado que
representa 1%. 3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.

100 x 1,25 = 125 reais.

Um acréscimo de 25% fará com que o valor final da mercadoria


seja R$ 125.
2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela porcenta-
gem que se quer descobrir.
Fator multiplicativo para desconto em um valor
Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator
2 x 20 = 40
multiplicativo envolve uma subtração.
Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40.
Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria
Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações equiva-
que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria?
lentes
1º passo: encontrar a taxa de variação.
As frações equivalentes representam a mesma porção do todo
e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
da fração pelo mesmo número natural.
Veja como encontrar a fração equivalente de .

2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.


Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Fator de multiplicação = 0,75.
Se a fração equivalente de é , então para calcular
3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.
20% de um valor basta dividi-lo por 5. Veja como fazer:
100 x 0,75 = 75 reais.

JUROS SIMPLES

— Calcular porcentagem de aumentos e descontos


Aumentos e descontos percentuais podem ser calculados utili- Os juros simples e compostos são cálculos efetuados com o ob-
zando o fator de multiplicação ou fator multiplicativo. jetivo de corrigir os valores envolvidos nas transações financeiras,
Fator espaço de espaço multiplicação espaço igual a espaço 1 isto é, a correção que se faz ao emprestar ou aplicar uma determi-
espaço mais ou menos espaço ⅈ, onde i corresponde à taxa de va- nada quantia durante um período de tempo11.
riação. O valor pago ou resgatado dependerá da taxa cobrada pela
Essa fórmula é diferente para acréscimo e decréscimo no preço operação e do período que o dinheiro ficará emprestado ou aplica-
de um produto, ou seja, o resultado será fatores diferentes. do. Quanto maior a taxa e o tempo, maior será este valor.

Fator multiplicativo para aumento em um valor — Diferença entre Juros Simples e Compostos
Quando um produto recebe um aumento, o fator de multiplica- Nos juros simples a correção é aplicada a cada período e consi-
ção é dado por uma soma. dera apenas o valor inicial. Nos juros compostos a correção é feita
Fator de multiplicação = 1 + i. em cima de valores já corrigidos.
Por isso, os juros compostos também são chamados de juros
Exemplo: Foi feito um aumento de 25% em uma mercadoria sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre um valor que já foi
que custava R$ 100. O valor final da mercadoria pode ser calculado corrigido.
da seguinte forma:
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou emprésti-
1º passo: encontrar a taxa de variação. mo a correção por juros compostos fará com que o valor final a ser
recebido ou pago seja maior que o valor obtido com juros simples.

11 https://www.todamateria.com.br/juros-simples-e-compostos/
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Agora que fizemos a identificação de todas as grandezas, pode-


mos substituir na fórmula dos juros:

Entretanto, observe que essa taxa é mensal, pois usamos o pe-


ríodo de 1 mês. Para encontrar a taxa anual precisamos multiplicar
esse valor por 12, assim temos:
A maioria das operações financeiras utiliza a correção pelo sis-
tema de juros compostos. Os juros simples se restringem as opera- i = 2,5.12= 30% ao ano
ções de curto período.
— Fórmula de Juros Compostos
— Fórmula de Juros Simples O montante capitalizado a juros compostos é encontrado apli-
Os juros simples são calculados aplicando a seguinte fórmula: cando a seguinte fórmula:

Sendo: Sendo:
J: juros. M: montante.
C: valor inicial da transação, chamado em matemática financei- C: capital.
ra de capital. i: taxa de juros.
i: taxa de juros (valor normalmente expresso em porcentagem). t: período de tempo.
t: período da transação.
Diferente dos juros simples, neste tipo de capitalização, a fór-
Podemos ainda calcular o valor total que será resgatado (no mula para o cálculo do montante envolve uma variação exponen-
caso de uma aplicação) ou o valor a ser quitado (no caso de um cial. Daí se explica que o valor final aumente consideravelmente
empréstimo) ao final de um período predeterminado. para períodos maiores.
Esse valor, chamado de montante, é igual a soma do capital
com os juros, ou seja: Exemplo: Calcule o montante produzido por R$ 2 000,00 apli-
cado à taxa de 4% ao trimestre, após um ano, no sistema de juros
compostos.

Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e encontrar Solução: Identificando as informações dadas, temos:
a seguinte expressão para o montante:
C = 2 000
i = 4% ou 0,04 ao trimestre
t = 1 ano = 4 trimestres
M=?

A fórmula que encontramos é uma função afim, desta forma, o Substituindo esses valores na fórmula de juros compostos, te-
valor do montante cresce linearmente em função do tempo. mos:

Exemplo: Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$


25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros simples?
Solução: Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada no
problema.

C = R$ 1 000,00
J = R$ 25,00 Observação: o resultado será tão melhor aproximado quanto o
t = 1 mês número de casas decimais utilizadas na potência.
i=? Portanto, ao final de um ano o montante será igual a
R$ 2 339,71.
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EQUAÇÃO DO PRIMEIRO GRAU E SISTEMA SIMPLES DO “Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
PRIMEIRO GRAU; EQUAÇÃO SIMPLES DO SEGUNDO GRAU que Pedro tem hoje.”

Equação

Equação 1º grau A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das
Equação é toda sentença matemática aberta representada por idades de seus dois filhos,
uma igualdade, em que exista uma ou mais letras que representam Pe=2(Pi+Pa)
números desconhecidos. Pe=2Pi+2Pa
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação redutível
à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, chamados coefi- Lembrando que:
cientes, com a≠0. Pi=Pa+3

Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numérico de x Substituindo em Pe


que, substituindo no 1º membro da equação, torna-se igual ao 2º Pe=2(Pa+3)+2Pa
membro. Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6
Nada mais é que pensarmos em uma balança.

Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Resposta: B.
A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a equação
também. Equação 2º grau
No exemplo temos:
3x+300
A equação do segundo grau é representada pela fórmula geral:
Outro lado: x+1000+500
E o equilíbrio?
ax2+bx+c=0
3x+300=x+1500
Onde a, b e c são números reais, a≠0.
Quando passamos de um lado para o outro invertemos o sinal
3x-x=1500-300
Discussão das Raízes
2x=1200
X=600

Exemplo
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas – FGV/2015) A idade
de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das idades de
seus dois filhos, Paulo e Pierre. Pierre é três anos mais velho do que
Paulo. Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
que Pedro tem hoje. Se for negativo, não há solução no conjunto dos números
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é: reais.
(A) 72;
(B) 69; Se for positivo, a equação tem duas soluções:
(C) 66;
(D) 63;
(E) 60.

Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar na lin- Exemplo
guagem matemática o que está no texto.
“Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
Editora
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Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas as raízes


, portanto não há solução real. Podemos escrever a equação da seguinte maneira:

x²-Sx+P=0

Exemplo
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.

Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo
(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A soma das
idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando somamos os qua-
drados dessas idades, obtemos 1000. A mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
(B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
Se ∆ < 0 não há solução, pois não existe raiz quadrada real de A=44-J
um número negativo. (44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
Se ∆ = 0, há duas soluções iguais: 2J²-88J+936=0

Dividindo por2:
J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
Se ∆ > 0, há soluções reais diferentes: ∆=1936-1872=64

Relações entre Coeficientes e Raízes

Dada as duas raízes:

Substituindo em A
Soma das Raízes A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.

Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa por uma
Produto das Raízes
ou mais incógnitas, que ao contrário da equação que utiliza um sinal
de igualdade, apresenta sinais de desigualdade. Veja os sinais de
desigualdade:
Editora
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140
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MATEMÁTICA

>: maior
<: menor
≥: maior ou igual
≤: menor ou igual

O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da equa-


ção, onde temos que organizar os termos semelhantes em cada
membro, realizando as operações indicadas. No caso das inequa-
ções, ao realizarmos uma multiplicação de seus elementos por
–1com o intuito de deixar a parte da incógnita positiva, invertemos
o sinal representativo da desigualdade.

Exemplo 1
4x + 12 > 2x – 2
Sistema de Inequação do 1º Grau
4x – 2x > – 2 – 12
Um sistema de inequação do 1º grau é formado por duas ou
2x > – 14
mais inequações, cada uma delas tem apenas uma variável sendo
x > –14/2
que essa deve ser a mesma em todas as outras inequações envol-
x>–7
vidas.
Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º grau:
Inequação - Produto
Quando se trata de inequações - produto, teremos uma desi-
gualdade que envolve o produto de duas ou mais funções. Portanto,
surge a necessidade de realizar o estudo da desigualdade em cada
função e obter a resposta final realizando a intersecção do conjunto
resposta das funções. Vamos achar a solução de cada inequação.
Exemplo 4x + 4 ≤ 0
4x ≤ - 4
a)(-x+2)(2x-3)<0 x≤-4:4
x≤-1

S1 = {x ϵ R | x ≤ - 1}

Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:


x+1≤0
x≤-1

Inequação -Quociente
Na inequação- quociente, tem-se uma desigualdade de funções A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual.
fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual uma está dividindo
a outra. Diante disso, deveremos nos atentar ao domínio da função S2 = { x ϵ R | x ≤ - 1}
que se encontra no denominador, pois não existe divisão por zero.
Com isso, a função que estiver no denominador da inequação deve- Calculando agora o CONJUNTO SOLUÇÃO da inequação
rá ser diferente de zero. Temos:
O método de resolução se assemelha muito à resolução de S = S1 ∩ S2
uma inequação - produto, de modo que devemos analisar o sinal
das funções e realizar a intersecção do sinal dessas funções.

Exemplo
Resolva a inequação a seguir:

x-2≠0
x≠2

Editora
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MATEMÁTICA

Portanto: • Método da substituição


Consiste em escolher uma das duas equações, isolar uma das
S = { x ϵ R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1] incógnitas e substituir na outra equação, veja como:

Inequação 2º grau
Dado o sis- , enumeramos as equa-
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que pode ser
tema ções.
escrita numa das seguintes formas:
ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c≤0 Escolhemos a equação 1 (pelo valor da incógnita de x ser 1) e
ax²+bx+c≠0 isolamos x. Teremos: x = 20 – y e substituímos na equação 2.
3 (20 – y) + 4y = 72, com isso teremos apenas 1 incógnita. Re-
Exemplo solvendo:
Vamos resolver a inequação3x² + 10x + 7 < 0. 60 – 3y + 4y = 72 → -3y + 4y = 72 -60 → y = 12
Para descobrir o valor de x basta substituir 12 na equação x =
Resolvendo Inequações 20 – y. Logo:
Resolver uma inequação significa determinar os valores reais x = 20 – y → x = 20 – 12 →x = 8
de x que satisfazem a inequação dada. Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x que
tornem a expressão 3x² + 10x +7negativa. Método da adição
Esse método consiste em adicionar as duas equações de tal
forma que a soma de uma das incógnitas seja zero. Para que isso
aconteça será preciso que multipliquemos algumas vezes as duas
equações ou apenas uma equação por números inteiros para que a
soma de uma das incógnitas seja zero.

Dado o sistema

Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma das in-


cógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira equação por
– 3.

Teremos:

S = {x ϵ R / –7/3 < x < –1}


SISTEMA DE EQUAÇÕES

Sistema do 1º grau Adicionando as duas equações:


Um sistema de equação de 1º grau com duas incógnitas é for-
mado por: duas equações de 1º grau com duas incógnitas diferen-
tes em cada equação. Veja um exemplo:

Para descobrirmos o valor de x basta escolher uma das duas


equações e substituir o valor de y encontrado:
• Resolução de sistemas x + y = 20 → x + 12 = 20 → x = 20 – 12 → x = 8
Existem dois métodos de resolução dos sistemas. Vejamos: Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12).

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MATEMÁTICA

Exemplos:
(SABESP – APRENDIZ – FCC) Em uma gincana entre as três equi-
pes de uma escola (amarela, vermelha e branca), foram arrecada-
dos 1 040 quilogramas de alimentos. A equipe amarela arrecadou
50 quilogramas a mais que a equipe vermelha e esta arrecadou 30
quilogramas a menos que a equipe branca. A quantidade de alimen-
tos arrecadada pela equipe vencedora foi, em quilogramas, igual a
(A) 310
(B) 320
(C) 330
(D) 350 Resposta: E
(E) 370
Sistema do 2º grau
Resolução: Utilizamos o mesmo princípio da resolução dos sistemas de
Amarela: x 1º grau, por adição, substituições, etc. A diferença é que teremos
Vermelha: y como solução um sistema de pares ordenados.
Branca: z
x = y + 50 Sequência prática
y = z - 30 – Estabelecer o sistema de equações que traduzam o problema
z = y + 30 para a linguagem matemática;
– Resolver o sistema de equações;
– Interpretar as raízes encontradas, verificando se são compatí-
veis com os dados do problema.

Exemplos:
(CPTM - MÉDICO DO TRABALHO – MAKIYAMA) Sabe-se que o
Substituindo a II e a III equação na I: produto da idade de Miguel pela idade de Lucas é 500. Miguel é
5 anos mais velho que Lucas. Qual a soma das idades de Miguel e
Lucas?
(A) 40.
(B) 55.
(C) 65.
(D) 50.
(E) 45.
Substituindo na equação II
x = 320 + 50 = 370 Resolução:
z=320+30=350 Sendo Miguel M e Lucas L:
A equipe que mais arrecadou foi a amarela com 370kg M.L = 500 (I)
M = L + 5 (II)
Resposta: E substituindo II em I, temos:
(L + 5).L = 500
(SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILIDADE – FCC) Em L2 + 5L – 500 = 0, a = 1, b = 5 e c = - 500
um campeonato de futebol, as equipes recebem, em cada jogo, três ∆ = b² - 4.a.c
pontos por vitória, um ponto em caso de empate e nenhum ponto ∆ = 5² - 4.1.(-500)
se forem derrotadas. Após disputar 30 partidas, uma das equipes ∆ = 25 + 2000
desse campeonato havia perdido apenas dois jogos e acumulado 58 ∆ = 2025
pontos. O número de vitórias que essa equipe conquistou, nessas x = (-b ± √∆)/2a
30 partidas, é igual a x’ = (-5 + 45) / 2.1 → x’ = 40/2 → x’ = 20
(A) 12 x’’ = (-5 - 45) / 2.1 → x’’ = -50/2 → x’’ = -25 (não serve)
(B) 14
(C) 16 Então L = 20
(D) 13 M.20 = 500
(E) 15 m = 500 : 20 = 25
M + L = 25 + 20 = 45
Resolução: Resposta: E
Vitórias: x
Empate: y (TJ- FAURGS) Se a soma de dois números é igual a 10 e o seu
Derrotas: 2 produto é igual a 20, a soma de seus quadrados é igual a:
Pelo método da adição temos: (A) 30
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143
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MATEMÁTICA

(B) 40 — Teorema de Pitágoras


(C) 50 Uma das fórmulas mais importantes para esta frente matemá-
(D) 60 tica é o Teorema de Pitágoras.
(E) 80 Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma
dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é
Resolução: igual ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²

— Lei dos Senos


Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para
triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para
Eu quero saber a soma de seus quadrados x2 + y2 facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos.
Vamos elevar o x + y ao quadrado: Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
(x + y)2 = (10)2 Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de
x2 + 2xy + y2 = 100 , como x . y=20 substituímos o valor : centro O e raio R, temos que:
x2 + 2.20 + y2 = 100
x2 + 40 + y2 = 100
x2 + y2 = 100 – 40
x2 + y2 = 60
Resposta: D

GEOMETRIA PLANA (PERÍMETRO E ÁREA DE TRIÂNGULOS,


RETÂNGULOS, QUADRILÁTEROS E CÍRCULO); RESOLUÇÃO
DE SITUAÇÃO-PROBLEMA; TEOREMA DE PITÁGORAS; PLA-
NO CARTESIANO; OPERAÇÕES COM RADICAIS; RACIO-
NALIZAÇÃO DE DENOMINADOR

A geometria é uma área da matemática que estuda as formas


geométricas desde comprimento, área e volume12. O vocábulo ge-
ometria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron”
(medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:
- Geometria Analítica;
- Geometria Plana;
- Geometria Espacial;

Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria


cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos sis-
temas de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto e — Lei dos Cossenos
a reta. A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de tri-
Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos ângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta conhe-
sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume, cer o cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados (arestas)
a geometria espacial estuda as figuras geométricas que possuem do triângulo.
volume e mais de uma dimensão. Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC, temos que:
— Geometria Plana
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem
volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)13.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o pe-
rímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
Algumas fórmulas de geometria plana:

12 https://www.todamateria.com.br/matematica/
geometria/#:~:text=A%20geometria%20%C3%A9%20uma%20
%C3%A1rea,Geometria%20Anal%C3%ADtica
13 https://bityli.com/BMvcWO
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144
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— Relações Métricas do Triângulo Retângulo


As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmulas simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em que
o Teorema de Pitágoras é aplicável.
Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:
- Onde a é hipotenusa;
- b e c são catetos;
- m e n são projeções ortogonais;
- h é altura.

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

Editora
145
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Fórmulas Básicas de Geometria Plana

Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

Editora
146
146
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MATEMÁTICA

Fórmulas da Circunferência

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:


Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.
Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²

— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou
seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: compri-
mento, largura e altura.
Fórmulas do cilindro
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em ge-
ometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângu-
los, e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial
são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas.
Veja a aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura
espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é
a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2 Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Fórmulas da Esfera Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte
será 2r · h.

Fórmulas do Prisma
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas
bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma.

Editora
147
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MATEMÁTICA

Fórmulas do Tetraedro Regular


Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:

Diagonal de um paralelepípedo: .
Área total de um paralelepípedo:
.
Volume de um paralelepípedo: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por
retângulos.
Volume de um prisma:

Fórmulas da Pirâmide Regular Altura da face =

Altura do tetraedro =

Área da face: AF =

Área total: AT =

Volume do tetraedro:

— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da ma-
temática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra utiliza
variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas mate-
máticas.
Conhecer essa frente da matemática também é importante
para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em
Para uma pirâmide regular reta, temos:
um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x
Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a
e o eixo y informarem a velocidade e o tempo.
pirâmide.
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o con-
Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas trian-
ceito de ponto e reta.
gulares.
- Um ponto determina uma posição no espaço.
Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL.
- Uma reta é um conjunto de pontos.
Volume (V): V = . AB . h. - Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões.

E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da pirâ- Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante para
mide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral), temos resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas tam-
pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos. bém para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta e
plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.
Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano car-
h² + r² = t²
tesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal)
e depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem
h² + a² = g²
o modelo A (xa,ya).
Editora
148
148
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MATEMÁTICA

— Adição e Subtração de Fração Algébrica


— Equação Fundamental da Reta De agora em diante utilizaremos apenas a palavra “adição”
A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) para representar as operações de soma e subtração, pois elas são
e tem coeficiente angular m é: realizadas da mesma maneira, levando em conta as regras de sinais
para números inteiros, que também valem para os números reais.
y – y0 = m . (x – x0) A adição de frações algébricas é dividida em dois casos e deve
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta ser realizada do mesmo modo que a adição de frações numéricas.
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
• Equação geral: ax + by + c = 0. 1º caso: Quando os denominadores são iguais
Se os denominadores forem iguais, realize a operação indicada
(soma ou subtração) apenas com os numeradores e repita o deno-
minador no resultado:

2º caso: Quando os denominadores são diferentes


Nesse caso, é necessário igualá-los antes. Para tanto, o proce-
dimento é igual ao da soma de frações com denominadores dife-
rentes:
— Distância entre Dois Pontos 1) Encontre o MMC dos denominadores. No caso das frações
O ponto médio M do segmento de extremos A(xA, yA) e B(xB, yB) algébricas, eles podem ser monômios ou polinômios. Exemplo15:
é dado por: mmc entre 10x e 5x² – 15x
10x = 2 * 5 * x
5x² – 15x = 5x * (x – 3)
mmc = 2 * 5 * x * (x – 3) = 10x * (x – 3) ou 10x² – 30x

2) Reescrever o mínimo múltiplo comum encontrado como de-


nominador das frações e encontrar os respectivos numeradores da
seguinte maneira:
A distância d entre os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dada por: - Dividir o MMC pelo denominador da fração original e multipli-
car o resultado por seu numerador;
- Repetir o último procedimento para todas as frações.
Observe o exemplo de adição de frações algébricas com deno-
minadores diferentes a seguir:

EXPRESSÕES E FRAÇÕES ALGÉBRICAS

O MMC entre 3y e 2y² é 6y², logo:


Frações algébricas são expressões algébricas que possuem pelo
menos uma incógnita (número desconhecido representado por le-
tra) no denominador14.
Em Matemática, a palavra “algébrico” é reservada para expres-
sões e operações numéricas que possuem pelo menos um número
Para preencher as lacunas, basta dividir 6y² pelo denominador
desconhecido, chamado de incógnita. As expressões algébricas que
da primeira fração e multiplicar o resultado pelo seu numerador.
possuem uma incógnita no denominador são chamadas de frações
Isso dará o numerador para a primeira lacuna. Para a segunda, repi-
algébricas.
ta o procedimento com a segunda fração.
Desse modo, qualquer expressão algébrica que, expressa na
forma de fração, possua uma letra no denominador é uma fração
algébrica. Como ela é formada por números (alguns conhecidos,
outros não), valem as propriedades das operações de números re-
ais para elas. Veja:

15 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/minimo-multiplo-comum-
14 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/fracoes-algebricas.htm polinomios.htm
Editora
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MATEMÁTICA

— Multiplicação de Fração Algébrica A fração acima foi simplificada por 2, depois por 3 e depois por
A multiplicação de fração algébrica segue o mesmo padrão da 5. Para fundamentar o procedimento de simplificação de frações
multiplicação de frações: multiplique numerador por numerador e algébricas, reescreveremos a primeira fração acima em sua forma
denominador por denominador. De forma prática, multiplique pri- fatorada:
meiramente os coeficientes, coloque o resultado numérico e parta
para a multiplicação das incógnitas. Elas devem ser multiplicadas
por meio das propriedades de potência.

Perceba que os números 2, 3 e 5 repetem-se no numerador e


no denominador e que eles foram exatamente os mesmos núme-
ros pelos quais a fração foi simplificada. No contexto das frações
Observe que incógnitas diferentes, que aparecem apenas uma algébricas, o procedimento é parecido, pois é necessário fatorar os
vez em um fator, não devem ser multiplicadas entre si, mas apenas polinômios presentes no numerador e no denominador. Após isso,
repetidas. devemos avaliar se é possível simplificar alguns deles. Exemplo:
Observe também que existe uma multiplicação implícita entre Simplifique a fração algébrica seguinte:
números e incógnitas nas frações acima, portanto: 4xy = 4·x·y.

— Divisão de Fração Algébrica


Essa operação é exatamente igual à divisão de frações. Portan-
to, para realizá-la, multiplique a primeira fração algébrica pelo in-
verso da segunda. Observe: Fatore cada uma das incógnitas e números presentes na fração:

— Potenciação de Fração Algébrica


A potenciação de frações é uma extensão da multiplicação de
frações. A solução do problema é dada da mesma maneira, con-
tudo, com fatores iguais sempre. Como a multiplicação é feita de
Agora realize as divisões que forem possíveis, conforme feito
numerador para numerador e de denominador para denominador,
anteriormente para a fração numérica: Os números que aparecem
as potências de frações algébricas são calculadas para numerador e
tanto no numerador quanto no denominador desaparecem, isto
depois para denominador separadamente. Observe:
é, são “cortados”. Também é possível escrever que o resultado de
cada uma dessas simplificações é 1. Observe:

— Radiciação de Fração Algébrica


A radiciação segue o mesmo padrão da potenciação. Quando
houver raiz de uma fração algébrica, calcule a raiz do numerador e
do denominador separadamente. Veja:

QUESTÕES

— Simplificando Frações Algébricas


Simplificar uma fração algébrica segue o mesmo fundamento 1. PREFEITURA DE GUZOLÂNDIA/SP - ESCRITURÁRIO -
de simplificar uma fração numérica. É preciso dividir numerador OMNI/2021
e denominador por um mesmo número. Observe um exemplo de Podemos definir um número primo, como um número natu-
simplificação de fração: ral, que é divisível por exatamente dois números naturais. Como os
números racionais são números escritos como a fração entre dois
números inteiros, assinale a opção CORRETA em relação aos núme-
ros primos e racionais.
(A) Os números primos não são racionais, já que não podemos
escrevê-los na forma de uma fração.
Editora
150
150
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

(B) O único número primo e racional é o número 1.


(C) Todos os números primos também são racionais. A partir dos números escritos no quadro acima, julgue o item.
(D) Não existe número primo que seja par. Os números 13 e 17 são primos.
( ) CERTO
2. PREFEITURA DE PAULÍNIA/SP - CARGOS DE NÍVEL FUNDA- ( ) ERRADO
MENTAL - FGV/2021
Observe o exemplo seguinte. 6. PREFEITURA DE MINISTRO ANDREAZZA/RO - AGENTE ADMI-
O número 10 possui 4 divisores, pois os únicos números que NISTRATIVO - IBADE/2020
dividem 10 exatamente são: 1, 2, 5 e 10. Em uma determinada loja de departamentos, o fogão custava
O número de divisores de 48 é R$ 400,00. Após negociação o vendedor aplicou um desconto de R$
(A) 6. 25,00. O valor percentual de desconto foi de:
(B) 7. (A) 5,57%
(C) 8. (B) 8,75%
(D) 9. (C) 12,15%
(E) 10. (D) 6,25%
(E) 6,05%
3. PREFEITURA DE ITATIBA/SP - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁ-
SICA - AVANÇA SP/2020 7. ALEPI - CONSULTOR LEGISLATIVO - COPESE - UFPI/2020
No que se refere aos Conjuntos Numéricos, julgue os itens a Marina comprou 30% de uma torta de frango e 80% de um bolo
seguir e, ao final, assinale a alternativa correta: em uma padaria. Após Marina deixar a padaria, Pedro comprou o
I – Reúnem diversos conjuntos cujos elementos são quase to- que sobrou da torta de frango por 14 reais e o que sobrou do bolo
dos números. por 6 reais, o valor que Marina pagou em reais é:
II – São formados por números naturais, inteiros, racionais, ir- (A) 28
racionais e reais. (B) 30
III – O ramo da Matemática que estuda os conjuntos numéricos (C) 32
é a Teoria dos Sistemas. (D) 34
(E) 36
(A) Apenas o item I é verdadeiro.
(B) Apenas o item II é verdadeiro. 8. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR - VUNESP/2020
(C) Apenas o item III é verdadeiro. Do número total de candidatos inscritos em um processo se-
(D) Apenas os itens I e III são verdadeiros. letivo, apenas 30 não compareceram para a realização da prova.
(E) Todos os itens são verdadeiros. Se o número de candidatos que fizeram a prova representa 88%
do total de inscritos, então o número de candidatos que realizaram
4. PREFEITURA DE ARAPONGAS/PR - FISCAL AMBIENTAL - FA- essa prova é
FIPA/2020 (A) 320.
O conjunto dos números reais (ℝ) é formado pela união de ou- (B) 300.
tros conjuntos numéricos: naturais (ℕ), inteiros (ℤ), racionais (ℚ) e (C) 250.
irracionais. Das alternativas a seguir, qual representa um conjunto (D) 220.
de múltiplos de um número real e, ao mesmo tempo, um subcon- (E) 200.
junto dos números naturais?
(A) {1, 5, 7, 9, 11, 13}. 9. CREF - 21ª REGIÃO (MA) - AUXILIAR ADMINISTRATIVO - QUA-
(B) {−1, 5, −7, 9, −11, 13}. DRIX/2021
(C) {1, −5, 7, −9, 11, −13}. O ser humano pode carregar, no máximo, 10% do seu peso,
(D) {⋯ , 27, 36, 45, 54, 63, 72, ⋯ }. sem prejudicar sua coluna. Em uma loja, um funcionário que pesa
(E) {1, 5, 7, −9, −11, −13}. 80 kg transportou 1.000 pacotes de folhas de papel de uma estante
A para uma estante B. Cada pacote contém 100 folhas de papel e
5. CRMV/AM - SERVIÇOS GERAIS – QUADRIX/2020 cada folha pesa 5 g.
Com base nessa situação hipotética e sabendo-se que o funcio-
nário não prejudicou sua coluna, é correto afirmar que o número
mínimo de vezes que ele se deslocou da estante A para a estante
B é igual a:
(A) 61.
(B) 62.
(C) 63.
(D) 64.
(E) 65.

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151
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

10. PREFEITURA DE BOA VISTA/RR - NUTRICIONISTA - SELE- (C) x = 3.


CON/2020 (D) x = 4.
Para calcular a capacidade de um caldeirão, usa-se a fórmula V (E) x = 5.
= π x R² x h (altura). Considerando-se que o caldeirão possui 1 metro
de diâmetro e 0,50 cm de altura, a capacidade média em litros é 16. PREFEITURA DE CERQUILHO/SP - PROFESSOR DE ENSINO
(considere π = 3,14): FUNDAMENTAL II - METROCAPITAL SOLUÇÕES/2020
(A) 252,5 Assinale a alternativa que apresenta corretamente o resultado
(B) 302,6 para a seguinte equação de primeiro grau:
(C) 337,5 13x - 23 -45 = -7x +12
(D) 392,5
(A) 2.
11. PREFEITURA DE VILA VELHA/ES - PROFESSOR - IBADE/2020 (B) 3.
A cidade de Vila Velha é separada da capital, Vitória, pela Baía (C) 4.
de Vitória, mas unidas por pontes. A maior delas é a monumental, (D) 5.
Terceira Ponte, com 3,33 km de extensão, um cartão postal das duas (E) 6.
cidades.
O comprimento da ponte, em metros, corresponde a: 17. PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES/RS - PSICOPEDAGOGO -
(A) 0,333 OBJETIVA/2021
(B) 33,3 Um posto de combustível está com promoção em prol de uma
(C) 333 entidade. Em dias normais, o litro da gasolina está R$ 4,00, mas, na
(D) 3.330 promoção, abastecendo o carro e doando o valor de R$ 20,00 para
(E) 33.300 uma entidade beneficente, o litro da gasolina sai por R$ 3,75. A pro-
moção feita pelo posto pode ser descrita por uma função. Como é
12. CREFONO - 1ª REGIÃO - AGENTE FISCAL - QUADRIX/2020 chamada essa função e como podemos escrevê-la?
Com base nessa situação hipotética, julgue o item. (A) Função de primeiro grau, f(x) = 4x − 3,75x + 20
Supondo-se que um cachorro de pequeno porte precise de 600 (B) Função de segundo grau, f(x) = 4x2 − 3,75x + 20
mL de água por dia para se manter hidratado e que 1 g de água (C) Função de segundo grau, f(x) = 3,75x2 + 20
ocupe o volume de 1 cm3, é correto afirmar que a quantidade de (D) Função de primeiro grau, f(x) = 3,75x + 20
água necessária para um cachorro de pequeno porte se manter hi- (E) Função de segundo grau, f(x) = 4x + 3,75 + 20
dratado é superior a meio quilo.
( ) CERTO 18. PREFEITURA DE SANTO AUGUSTO/RS - AUDITOR FISCAL DE
( ) ERRADO TRIBUTOS MUNICIPAIS - FUNDATEC/2020
Considerando as seguintes frações: f(x) = 2x + 8 e g(x) = 3x – 2,
13. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS - assinale a alternativa que apresenta o resultado de f(6)/g(2).
VUNESP/2020 (A) 3.
A capacidade de uma caixa d´água é de 8,5 m³. Essa capacidade (B) 5.
em litros é de: (C) 8.
(A) 8,5. (D) 16.
(B) 85. (E) 24.
(C) 850.
(D) 8500.
19. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS -
14. COMUR DE NOVO HAMBURGO/RS - AGENTE DE ATENDI- VUNESP/2020
MENTO E VENDAS - FUNDATEC/2021 Qual o resultado da equação Paulo vai alugar um carro e pesquisou os preços em duas agên-
de primeiro grau 2x - 7 = 28 - 5x? cias. A tabela a seguir apresenta os valores cobrados para a locação
(A) 3. de um mesmo tipo de carro nessas duas agências.
(B) 5. Agência Taxa inicial Taxa por quilômetro rodado
(C) 7. I R$ 40,00 R$ 8,00
(D) -4,6. II R$ 20,00 R$ 5,00
(E) Não é possível resolver essa equação.
O valor do aluguel é calculado somando-se a taxa inicial com
15. PREFEITURA DE PEREIRAS/SP - ASSISTENTE SOCIAL - AVAN- o valor correspondente ao total de quilômetros rodados. Se Paulo
ÇA SP/2021 escolher a agência II e rodar 68 km, ele pagará pelo aluguel a quan-
Assinale a alternativa que apresenta o resultado correto para a tia de
seguinte equação de primeiro grau: (A) R$ 360,00.
x + 5 = 20 – 4x (B) R$ 420,00.
(C) R$ 475,00.
(A) x = 1. (D) R$ 584,00.
(B) x = 2.

Editora
152
152
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

20. PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - ESCRITURÁRIO - VU- (D) y = -x + 7.


NESP/2022 (E) y = x + 7.
Um mestre de obras precisa de um pedaço de madeira cortada
em formato de triângulo retângulo, com o maior lado medindo 37 25. PREFEITURA DE ICAPUÍ/CE - AGENTE ADMINISTRATIVO -
cm, e o menor lado medindo 12 cm. O perímetro desse pedaço de CETREDE/2021
madeira triangular deve ser de: Se tenho R$150,00 em julho e aplico essa quantia a juros sim-
(A) 81 cm. ples de 3% ao mês, qual o valor que terei em outubro?
(B) 82 cm. (A) R$133,50.
(C) 83 cm. (B) R$163,50.
(D) 84 cm. (C) R$173,00.
(E) 85 cm. (D) R$183,50.
(E) R$193,00.
21. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE ADMI-
NISTRATIVO - OBJETIVA/2022 26. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - AUXILIAR ADMI-
Um terreno retangular com comprimento de 16m e largura de NISTRATIVO - AVANÇA SP/2021
12m será dividido ao meio por uma de suas diagonais. Supondo-se Um pai e uma mãe, no dia do nascimento do seu filho, resol-
que será utilizado uma cerca para fazer essa divisão, ao todo, quan- veram aplicar uma determinada quantia em um investimento. Esse
tos metros de cerca serão necessários? dinheiro será resgatado quando o filho fizer 18 anos. Considerando
(A) 18m que o valor aplicado foi de R$ 15.000,00 com taxa de juros simples
(B) 20m de 1,5 % ao mês, qual será o valor do resgate?
(C) 22m (A) R$ 48.600,00
(D) 24m (B) R$ 63.600,00
(C) R$ 78.600,00
22. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - PEB II - AVANÇA (D) R$ 83.600,00
SP/2022 (E) R$ 98.600,00
Raquel deseja comprar 15 litros de uma bebida vendida na se-
guinte embalagem: 27. PREFEITURA DE SÃO BENTO DO SUL/ - PROFESSOR DE ANOS
FINAIS - OMNI/2021
Um homem, precisando fazer um empréstimo, consultou uma
agência bancária para analisar suas possibilidades. Ele quer fazer
um empréstimo no valor de R$ 5 000,00 e pagá-lo em uma única
parcela dois anos após a data do empréstimo. Para isso o banco
apresentou duas propostas:
• Modalidade de juros simples, com uma taxa de 10 · i % ao
ano.
• Modalidade de juros compostos, com uma taxa de · i % ao
ano.

Após analisar as propostas, este homem percebeu que o valor


Quantas embalagens iguais a essa, no mínimo, devem ser ad- a ser pago ao fim do período de 2 anos eram os mesmos para am-
quiridas? bos os casos. Dessa forma, qual é o valor de i?
(A) 15 embalagens. (A) 12.
(B) 30 embalagens. (B) 15.
(C) 34 embalagens. (C) 18.
(D) 45 embalagens. (D) 20.
(E) 53 embalagens.
28. PREFEITURA DE VICTOR GRAEFF/RS - PROFESSOR - OBJETI-
23. CRF/GO - ADVOGADO - QUADRIX/2022 VA/2021
Considerando uma esfera com 36 π metros cúbicos de volume, Sabendo-se que a razão entre a altura de certa árvore e a pro-
julgue o item. jeção de sua sombra é igual a 3/4 e que a sua sombra mede 1,6m,
O raio dessa esfera é igual a 3 metros. ao todo, qual a altura dessa árvore?
( ) CERTO (A) 1m
( ) ERRADO (B) 1,1m
(C) 1,2m
24. PREFEITURA DE VACARIA/RS - PROFESSOR DE ENSINO FUN- (D) 1,3m
DAMENTAL - FUNDATEC/2021
O ponto A (-1,7) pertence à reta de equação reduzida:
(A) y = 2x + 7.
(B) y = 2x + 9.
(C) y = -2x + 7.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

29. PREFEITURA DE JARDINÓPOLIS/SC - FISCAL DE VIGILÂNCIA 23 CERTO


SANITÁRIA - GS ASSESSORIA E CONCURSOS/2021
Na construção de um muro 8 pedreiros levaram 12 dias para 24 B
conclui-lo. Se a disponibilidade para fazer esse muro fosse de 6 ho- 25 B
mens em quanto tempo estaria concluído?
(A) 16 26 B
(B) 14 27 C
(C) 20
28 C
(D) 21
(E) 18 29 A
30 C
30. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR - VU-
NESP/2020
Uma escola tem aulas nos períodos matutino e vespertino.
ANOTAÇÕES
Nessa escola, estudam 400 alunos, sendo o número de alunos do
período vespertino igual a 2/3 do número de alunos do período ma- ______________________________________________________
tutino. A razão entre o número de alunos do período vespertino e o
número total de alunos dessa escola é: ______________________________________________________
(A) 1/4
(B) 1/3 ______________________________________________________
(C) 2/5
(D) 3/5 ______________________________________________________
(E) 2/3
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
2 E ______________________________________________________

3 B ______________________________________________________
4 D ______________________________________________________
5 CERTO
______________________________________________________
6 D
7 B ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 C
______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 D
12 CERTO ______________________________________________________
13 D ______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 C
16 C ______________________________________________________

17 D ______________________________________________________
18 B
______________________________________________________
19 A
______________________________________________________
20 D
21 B ______________________________________________________
22 C ______________________________________________________
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154
a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

Desenvolvimento Sustentável Urbano


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E IMPACTOS AMBIEN- O tema desenvolvimento sustentável está intimamente relacio-
TAIS nado com mudanças de comportamentos que contribuam para que
os indivíduos vivam em harmonia com os recursos naturais e com o
meio ambiente, sem comprometer a capacidade das gerações futu-
O conceito de desenvolvimento sustentável foi oficialmente de- ras de suprir suas próprias necessidades.
clarado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Nos países industrializados, os padrões de consumo das ci-
Humano, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, e, por dades representam uma pressão muito séria sobre o ecossistema
isso, também chamada de Conferência de Estocolmo. A importância global, ao passo que no mundo em desenvolvimento os assenta-
da elaboração do conceito, nessa época, foi a de unir as noções de mentos humanos necessitam de mais matéria-prima, energia e de-
crescimento e desenvolvimento econômico com a preservação da senvolvimento econômico simplesmente para superar seus proble-
natureza, questões que, até então, eram vistas de forma separada. mas econômicos e sociais básicos.
Em 1987, foi elaborado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, Nesse sentido, os processos de urbanização estão diretamente
mais conhecido como Relatório Brundtland, que formalizou o ter- relacionados com aumento dos impactos ambientais. O processo
mo desenvolvimento sustentável e o tornou de conhecimento pú- de Industrialização e seus efeitos para a poluição do meio ambien-
blico mundial. Em 1992, durante a ECO-92, o conceito “satisfazer as tem, e as aglomerações urbanas são dois exemplos impactantes
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gera- desse processo, tendo em vista que produzem grande consumo
ções futuras de suprir suas próprias necessidades” tornou-se o eixo energético, movimentações de terra e impermeabilização do solo,
principal da conferência, concentrando os esforços internacionais desflorestamento, alto nível de emissões de gases poluentes, polui-
para o atendimento dessa premissa. Com esse objetivo, foi elabo- ção dos corpos d’água, contaminação do solo e problemas ambien-
rada a Agenda 21, com vistas a diminuir os impactos gerados pelo tais diretamente decorrentes da urbanização.
aumento do consumo e do crescimento da economia pelo mundo. Dentre as prioridades do desenvolvimento sustentável pode-
mos mencionar1:
Medidas Sustentáveis - manter as cidades arborizadas;
Dentre as medidas que podem ser adotadas tanto pelos gover- - ruas e calçadas limpas, dotadas de segurança, acessibilidade,
nos quanto pela sociedade civil em geral para a construção de um sinalização e iluminação adequada;
mundo pautado na sustentabilidade, podemos citar: - incentivar a locomoção a pé ou o uso de bicicletas, que além
- redução ou eliminação do desmatamento; de reduzir a poluição evitam o sedentarismo;
- reflorestamento de áreas naturais devastadas; - incentivar um planejamento sustentável de forma que os
- preservação das áreas de proteção ambiental, como reservas bairros possuam estruturas tais como comércio, farmácias, super-
e unidades de conservação de matas ciliares; mercados, padarias e academias, evitando longos deslocamentos
- fiscalização, por parte do governo e da população, de atos de da população, evitando engarrafamentos, poluição e estresse;
degradação ao meio ambiente; - otimização do uso da água e energia;
- adoção da política dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) ou dos - criar espaços públicos de convivência, atraentes e seguros;
5Rs (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar); - equilíbrio entre áreas verdes e áreas construídas;
- contenção na produção de lixo e direcioná-lo corretamente - correta destinação dos resíduos sólidos;
para a diminuição de seus impactos; - redução da poluição sonora;
- diminuição da incidência de queimadas;
- diminuição da emissão de poluentes na atmosfera, tanto pe- Construção Sustentável2
las chaminés das indústrias quanto pelos escapamentos de veículos O setor da construção civil tem papel fundamental para a reali-
e outros; zação dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável.
- opção por fontes limpas de produção de energia que não ge- O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indús-
rem impactos ambientais em larga e média escala; tria da construção como o setor de atividades humanas que mais
- adoção de formas de conscientizar o meio político e social das consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, ge-
medidas acimas apresentadas. rando consideráveis impactos ambientais.

Essas medidas são, portanto, formas viáveis e práticas de se 1 Adaptado de: http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/ecod-basico-urbanis-
construir uma sociedade sustentável que não comprometa o meio mo-sustentavel
natural tanto na atualidade quanto para o futuro a médio e longo
prazo. 2 http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8059.
html
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Além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela
energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, lí- degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometi-
quidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos mento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos
gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público,
da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de atropelamentos e stress).
vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações
entre construção e meio ambiente. A necessidade de mudanças profundas nos padrões tradicio-
A busca de minimizar os impactos ambientais provocados pela nais de mobilidade, na perspectiva de cidades mais justas e susten-
construção, surge o paradigma da construção sustentável. No âm- táveis, levou à recente aprovação da Lei Federal nº 12.587 de 2012,
bito da Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana e contém prin-
Desenvolvimento, a construção sustentável é definida como: “um cípios, diretrizes e instrumentos fundamentais para o processo de
processo holístico que aspira a restauração e manutenção da har- transição. Dentre estes, vale destacar:
monia entre os ambientes natural e construído, e a criação de as- - integração (da Política Nacional de Mobilidade Urbana) com a
sentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equi- política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais
dade econômica”. No contexto do desenvolvimento sustentável, o de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do
conceito transcende a sustentabilidade ambiental, para abraçar a solo no âmbito dos entes federativos;
sustentabilidade econômica e social, que enfatiza a adição de valor - prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre
à qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades. os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre
o transporte individual motorizado;
Os desafios para o setor da construção são diversos, porém, em - integração entre os modos e serviços de transporte urbano;
síntese, consistem na redução e otimização do consumo de mate- - mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos
riais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do deslocamentos de pessoas e cargas na cidade;
ambiente natural e na melhoria da qualidade do ambiente construí- - incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso
do. Para tanto, recomenda-se: de energias renováveis e menos poluentes;
- mudança dos conceitos da arquitetura convencional na dire- - priorização de projetos de transporte público coletivo estru-
ção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para turadores do território e indutores do desenvolvimento urbano in-
futuras mudanças de uso e atendimento de novas necessidades, tegrado;
reduzindo as demolições; - restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou
- busca de soluções que potencializem o uso racional de ener- temporário, de veículos motorizados em locais e horários prede-
gia ou de energias renováveis; terminados;
- gestão ecológica da água; - aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte
- redução do uso de materiais com alto impacto ambiental; urbano pela utilização da infraestrutura urbana, visando a deses-
- redução dos resíduos da construção com modulação de com- timular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade,
ponentes para diminuir perdas e especificações que permitam a vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura ur-
reutilização de materiais. bana destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não
motorizado e no financiamento do subsídio público da tarifa de
Além disso, a construção e o gerenciamento do ambiente cons- transporte público, na forma da lei;
truído devem ser encarados dentro da perspectiva de ciclo de vida. - dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os servi-
Os governos municipais possuem grande potencial de atuação ços de transporte público coletivo e modos de transporte não mo-
na temática das construções sustentáveis. As prefeituras podem in- torizados;
duzir e fomentar boas práticas por meio da legislação urbanística - monitoramento e controle das emissões dos gases de efeito
e código de edificações, incentivos tributários e convênios com as local e de efeito estufa dos modos de transporte motorizado, facul-
concessionárias dos serviços públicos de água, esgotos e energia. tando a restrição de acesso a determinadas vias em razão da critici-
dade dos índices de emissões de poluição.
Mobilidade Sustentável3
A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio Prevenção de Desastres4
às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento Mais recentemente, num contexto de crescimento econômi-
social e econômico do país, no qual as crescentes taxas de urbani- co e de compromisso do governo brasileiro com a erradicação da
zação, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a miséria e resgate da dívida social, a vulnerabilidade aos desastres
retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento permanece como um desafio que vem sendo enfrentado.
expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), O Programa de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, diri-
bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas. gido ao fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil (SIN-
Em outras palavras, o padrão de mobilidade centrado no trans- DEC), por meio de um conjunto articulado de ações que incluem
porte motorizado individual mostra-se insustentável, tanto no que desenvolvimento institucional e intervenções estruturais, correti-
se refere à proteção ambiental quanto no atendimento das necessi- vas e preventivas, conta com crescente destinação de recursos or-
dades de deslocamento que caracterizam a vida urbana. A resposta çamentários, que aumentaram de R$ 130 milhões em 2004 para R$
tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do au- 3 bilhões em 2010.
mento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos
3 http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8060. 4 http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/item/8061.
html html
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Entre os fatores que justificam esse aumento de recursos, além Terras Indígenas ou Comunidades Extrativistas, nas Áreas Susceptí-
do compromisso já mencionado, há também a maior frequência e veis à Desertificação (ASD) e nas áreas de produção agropecuária
intensidade de eventos climáticos extremos. de tipo patronal/empresarial de grande escala.
Segundo dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Minis- O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Ex-
tério da Integração Nacional, que coordena grande parte das ações trativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, trabalha com di-
do Programa, o Executivo Federal emitiu, entre 2003 e 2009, um versos projetos na área de gestão ambiental sustentável:
total de 10.803 Portarias de reconhecimento de situações de emer-
gência ou estado de calamidade pública em municípios brasileiros. Gestão Ambiental Rural (Gestar)6
A média anual de cerca de 1.500 Portarias emitidas foi supe- Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o projeto de
rada em 2010 com a emissão de 2.765 Portarias. A distribuição Gestão Ambiental Rural (Gestar) promove atividades de motivação,
geográfica dessas ocorrências denota sua grande concentração nas capacitação e engajamento com a participação dos moradores das
regiões Nordeste, Sudeste e Sul, que são justamente as mais urba- comunidades e de representantes de organizações da sociedade ci-
nizadas do país. vil, das escolas, das universidades e dos governos.
O sucesso do Programa, especialmente em áreas urbanas, de-
pende diretamente de iniciativas da instância de poder municipal, Entre seus objetivos estão:
tanto nas ações de resposta aos desastres – alerta, socorro, assis- - Estimular o uso de tecnologias ambientalmente corretas, com
tência às vítimas e reconstrução de áreas atingidas - quanto nas ênfase na segurança alimentar e no melhoramento tecnológico e fi-
ações preventivas diretamente relacionadas às competências muni- nanceiro dos participantes. O público são os moradores do meio ru-
cipais sobre o planejamento e gestão do desenvolvimento urbano. ral que realizam atividades agrícolas, agroindustriais e de serviços.
Para dar apoio aos municípios nessas questões, o Programa de - Estimular a conscientização dos moradores das comunidades
Gestão de Riscos e Resposta a Desastres prevê o mapeamento das sobre questões ambientais em espaços de discussão onde sejam
áreas ambientalmente frágeis – geralmente áreas de preservação geradas propostas de recuperação, de preservação e de conserva-
permanente definidas pelo Código Florestal – e o seu monitora- ção de áreas impactadas pela ação do homem.
mento, de forma a tornar efetivos o controle e fiscalização sobre as - Apoiar pesquisas ambientais e o desenvolvimento de instru-
ocupações inadequadas de áreas de risco e a implementação das mentos e metodologias, promover a identificação e facilitação de fi-
leis ambientais e urbanísticas. nanciamentos nacionais e internacionais e de créditos que tenham
No que se refere aos investimentos em intervenções estruturais relação com a gestão ambiental rural.
de caráter preventivo, cabe destacar: o manejo adequado das águas
pluviais mediante novos parâmetros para os projetos de drenagem; Dessa forma, verificamos que o desafio do desenvolvimento
a implantação rápida de usos adequados em áreas onde ocorreu rural sustentável engloba duas metas principais: reverter o estágio
remoção de moradias em situação de risco, evitando-se novas ocu- atual de degradação dos ecossistemas provocada pela agropecuá-
pações; e a criação de parques e áreas de esporte e lazer em APP de ria, e ainda, promover, difundir e consolidar formas de desenvolvi-
margens de rios. É importante a participação das comunidades na mento rural praticados em bases sustentáveis.
elaboração dos projetos e acompanhamento das intervenções para
a sua valorização e sustentabilidade.
DESFLORESTAMENTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Desenvolvimento Rural Sustentável
Entende-se como Desenvolvimento Rural Sustentável (DRS)
um conjunto de práticas e tecnologias aplicadas ao meio rural que
possibilite a exploração e utilização de recursos no meio rural, que No Brasil, o desflorestamento é resultado de longos anos de
podem ser no âmbito da agropecuário ou outro, tal como o turismo exploração desregulada dos recursos naturais e de ocupação da ex-
rural por exemplo, de forma a tender os critérios definidos interna- tensão territorial. A derrubada das matas é assinalada pelo exercí-
cionalmente para o Desenvolvimento sustentável cio de importantes agentes da economia e pela omissão estatal na
O desenvolvimento sustentável pressupõe a parceria entre criação, na promoção e na fiscalização de políticas de prevenção
governos e empresas para a reorientação do consumo e produção do abate das florestas. As principais consequências desse processo
baseada na ética, transparência e factibilidade. À medida que a depredativo são:
humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para
satisfação de necessidades crescentes, surgem tensões e conflitos desequilíbrio ambiental: ocorre em função da destruição da
quanto ao uso do território e seus recursos5. vegetação nativa. A extração dessa vegetação gera um enorme
Por esta razão, o crescimento sustentável na área rural também dano à biodiversidade, provoca a destruição do habitat de plantas,
vem sendo um fator básico para o crescimento do país. Nesse sen- além de ter impacto direto no aumento do número de espécies em
tido, a preocupação dos produtores agrícolas, tanto de grande ou extinção.
pequeno porte, é desenvolver um modelo de agricultura que não impactos ambientais: a série de consequências para o meio
traga danos ao meio ambiente e que promova uma crescimento ambiente em decorrência do desflorestamento gera grande altera-
economicamente viável, capaz inclusive de oferecer melhores con- ção no ecossistema local, modificando drasticamente as caracterís-
dições para os trabalhadores. ticas biológicas e geográficas da área desflorestada.  
O objetivo do desenvolvimento rural sustentável, portanto, é
incentivar o uso adequado da terra e dos recursos naturais, seja
nas áreas de agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária, 6 http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2010/01/desenvolvimento-rural-
5 https://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_rural_sustent%C3%A1vel -sustentavel
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impactos sociais: as comunidades tradicionais e amplamente apenas de indivíduo para indivíduo de maneira singular, mas for-
dependentes das florestas sofrem as consequências negativas da mam grupos sociais inteiros. É desta maneira que podemos classifi-
derrubada das árvores e extração da vegetação.     car a diferença entre países ricos e pobres e mesmo dentro de um
mudança das condições climáticas: esse fenômeno tem sido país é possível observar a diferença entre os estados e dentro dos
constatado nas últimas décadas em todo o globo, sendo um de seus estados, a diferenças entre diferentes cidades, municípios e bairros,
agentes a destruição cada vez mais intensa da vegetação nativa de como a existência de periferias e bairros nobres.
diferentes biomas. Além disso, o aumento da temperatura e a inci- As desigualdades geram um enorme abismo social entre as di-
dência de eventos climáticos extremos é indicada por especialistas ferenças, ela deve ser estudada como um processo enraizado histo-
como decorrência negativa das ações antrópicas, sendo o desflores- ricamente para que se compreenda suas origens e a maneira como
tamento um dessas principais interferências. a sociedade em questão foi construída. No Brasil, as desigualdades
erosão e desertificação: esses são apenas alguns exemplos do sociais estão intrinsecamente ligadas às questões raciais e de gêne-
aceleramento da ocorrência de processos naturais provocado pela ro, tornando assim o estudo da desigualdade no país não apenas
ação humana, e são decorrentes da remoção da vegetação. uma questão econômica em que a aquisição de bens e riquezas é
alterações no ciclo hidrológico: o desflorestamento interfere vista como um problema exclusivamente financeiro. Observe a se-
no ciclo hidrológico e ocasiona efeitos como o esgotamento das guir os mais variados tipos de desigualdades sociais.
fontes de água, já que a retirada da vegetação dificulta a absorção Desigualdade étnica diz respeito à desvantagem social que
da água da chuva pelo subsolo e o consequente abastecimento das existe diante do preconceito contra diferentes etnias. Alguns gru-
reservas subterrâneas e das nascentes. pos possuem diferentes realidades sociais e econômicas, em ter-
mos de oportunidades e condições de vida, em função de sua cor
de pele, de sua etnia. Negros, indígenas e mestiços no Brasil pos-
PROBLEMAS SOCIAIS E DE SAÚDE; suem um marco histórico denso e pesado na construção do país.
A escravidão e todo o seu legado deixaram marcas na identidade
destas populações tornando-os reféns do preconceito e da desi-
gualdade econômica.
Desigualdades sociais, preconceito e discriminação Até o século XX, a terminologia “raça” era comumente utilizada
Desigualdade de gênero, de etnia e de classes sociais são al- para diferenciar os seres humanos a partir de sua cor de pele ou
guns exemplos dos tipos de desigualdade que existem em toda so- etnia. Ela caiu em desuso, no entanto, a partir da constatação cien-
ciedade. Confira a seguir como cada uma dessas diferenças sociais tífica de que a raça humana não possui subgrupos como os animais.
afeta o cotidiano e como elas são vistas por muitas sociedades, Sendo assim a palavra etnia se enquadra melhor hoje para tratar da
podendo afetar negativamente o comportamento e os valores de desigualdade entre diferentes grupos étnicos.
indivíduos, sendo alvo de muitas polêmicas e conflitos inclusive po- Algumas das principais diferenças que alguns grupos étnicos
líticos e culturais. enfrentam em relação a outros é a dificuldade de acesso à educa-
Adjacente de muitos outros tipos de desigualdades, uma das ção de qualidade, à saúde, à segurança e à moradia. Estas diferen-
maiores desigualdades está ligada a má distribuição de renda do ças são empecilhos que muitos grupos sociais minoritários enfren-
país, trata-se de um problema econômico que gera desigualdade tam em países cuja história foi marcada por segregação, escravidão
econômica para a população. Apesar de sermos todos iguais peran- e preconceito.
te a lei, muitas são as diferenças entre as condições de vida de cada A desigualdade na distribuição de renda, uma realidade em
grupo social dentro de uma nação. A desigualdade social ocorre no que uma pequena porcentagem da população detém de mais da
mundo todo e é possível observar quão extrema é ao realizarmos a metade das riquezas do país e o restante do país sofre com a pobre-
seguinte comparação: pouco menos de 10 pessoas no mundo todo za e o desemprego, é conhecida como desigualdade social. Este tipo
possuem o mesmo patrimônio que metade da população mundial, de desigualdade está intrinsecamente ligado à desigualdade étnica.
uma realidade que revela a profunda concentração de riquezas nas Negros e indígenas são as populações que possuem menos recursos
mãos de poucos e em contraponto as difíceis condições de vida dos econômicos no país. A renda mensal da população branca no país é
grupos mais pobres em todas as sociedades. quase duas vezes maior que a da população negra e dentre os 10%
As principais causas das disparidades que afastam de modo do país em situação de pobreza, 75% são negros.
significante ricos e pobres além da má distribuição de renda, estão Devido à realidade econômica, o acesso à educação também
ligados à falta de oportunidades de trabalho, à má administração de é difícil. Os índices de analfabetismo entre negros e pardos é alar-
renda, ao sistema capitalista de acumulação de bens (mais-valia). A mante e a quantidade de jovens e adolescentes fora da escola tam-
desigualdade econômica não existe de maneira independente, ela bém se apresenta maior entre a população negra e indígena nos
se relaciona e adentra diversos outros tipos de desigualdades como índices governamentais de pesquisa, como o IBGE. Já os indivíduos
a desigualdade de gênero, a desigualdade de etnia, a desigualdade que possuem escolaridade são em sua maioria alunos de escolas
de geração e até geográfica. Isto ocorre pois os fatores que corro- públicas que dificilmente chegarão ao ensino superior.
boram para que haja disparidade de rendas, riquezas e patrimô- Esta realidade no país, além de entristecedora, mostra o quan-
nios entre um grupo social e outro partem de um viés não apenas to o marco histórico da escravidão marginalizou a população. E se
econômico, mas social de tamanha complexidade, ligados às forma- a dificuldade do acesso à educação é um problema, o desemprego
ções das sociedades, suas ideologias, valores, regras e costumes. age como consequência. Muitos desses grupos sociais optam por
Sendo assim, os diferentes tipos de desigualdades que se en- empregos informais, pois são a opção viável tendo em vista a rea-
trelaçam entre si acabam por reforçar ainda mais as diferenças, lidade de um mercado de trabalho que restringe grande parte de
afastando grupos sociais por estratificação de classes, pela cor da seus trabalhadores a pessoas brancas.
pele, por gênero e por idade. As desigualdades não se apresentam
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Em outros países esta realidade também é fortemente presen- Lei Maria da Penha, são recursos implantados pela legislação brasi-
te, como é o caso dos Estados Unidos que possui altos índices de leira para diminuir a desigualdade de gênero e as formas de violên-
desigualdade que envolvem negros e imigrantes mexicanos, por- cia contra a mulher, especialmente a violência doméstica.
to-riquenhos, entre outros. A marginalização de grupos sociais em Fica a Dica: a desigualdade de gênero hoje também está ligada
função de etnia gera um grande abismo de desigualdade na socie- ao preconceito contra o grupo LGBTQI+, a discriminação em função
dade e compromete o ideal de que os seres humanos são iguais e da orientação sexual ou da identidade de gênero deste grupo social
devem usufruir dos mesmos direitos. também gera desigualdade em termos sociais e econômicos. A po-
pulação transsexual no país, por exemplo, é um dos grupos sociais
Gênero e envelhecimento mais marginalizados em termos socioeconômicos, muitos indiví-
Gênero pode ser definido como sinônimo da palavra sexo, em duos recorrem a meios não-tradicionais malvistos pela sociedade,
seu sentido tradicional. Refere-se ao sexo ou gênero masculino ou como a prostituição, para poderem obter sustento.
feminino. É um termo utilizado para expressar os estereótipos da O envelhecimento também se está inserido nos grupos que
cultura associadas à determinado gênero, ou seja, alguns costumes, sofrem discriminação. Este tipo de desigualdade apresenta duas fa-
hábitos e comportamentos podem ser considerados por muitas cetas primordiais: a da juventude e a da população idosa. Através
sociedades característicos de determinado gênero, como gostos, da maneira hierárquica que os grupos sociais se organizam (grupo
vestimentas, preferências e até mesmo profissões e ofícios. E é jus- familiar, escolar, trabalho etc.) é possível perceber a diferença de
tamente neste estigma que está incutida a desigualdade de gênero tratamento e oportunidades entre os membros que os compõem
em sociedade. em função da diferença de idade. A opressão vivida pelos jovens e
O fenômeno da desigualdade de gênero diz respeito ao pre- adolescentes é inicialmente fundamentada em sua transitoriedade,
conceito ou à discriminação em função do gênero, em sua maioria ou seja, por este momento de vida ser uma ponte entra a infância
conta o gênero feminino. Esta discriminação no âmbito profissional e a vida adulta, é esperado que o jovem alcance diversos objetivos
se apresenta de diversas maneiras e pode ser observada nos sa- em prol de realizar a transição.
lários inferiores quando mulheres realizam os mesmos cargos que A desigualdade de geração no meio jovem ocorre nas relações
homens, na dificuldade de exercer posições de liderança e na forma de poder entre familiares, o pai ou a mãe (adultos) exercer a auto-
como a mulher é vista diante de tarefas que não são reconhecida- ridade sobre o filho e este por sua vez vive sua juventude em busca
mente “femininas”. de obtê-la. A pressão social no âmbito escolar e profissional tam-
Esta desigualdade também pode ser vista no cotidiano de mui- bém são formas de desigualdade social que oprimem os jovens e
tas famílias, nas estruturas hierárquicas familiares em que o homem adolescentes e são a causa do aumento nos índices de depressão
é provedor da família e a mulher deve se contentar com a função de entre a população jovem no país. A tarefa árdua de decidir uma
dona de casa, em que todo o serviço doméstico fica sob sua respon- carreira que perdurará por toda sua vida, obter excelentes notas,
sabilidade, sem uma distribuição justa entre os moradores da casa. passar no vestibular, estudar na melhor universidade e ser bem-
A existência deste tipo de desigualdade é pauta da luta de mo- -sucedido financeiramente sem ao menos possuir experiência no
vimentos sociais que reivindicam a igualdade há muitos séculos. mercado de trabalho tem resultado em uma geração afligida pela
A luta feminista pelos direitos trabalhistas e sociais para mulheres ansiedade e depressão.
existe desde o início do século XIX e perdura até hoje como uma Esta relação de desigualdade também está diretamente ligada
forma de expressão e reivindicação de direitos em sociedade. Ain- à desigualdade de gênero, à desigualdade étnica e à desigualdade
da que muitos direitos exigidos pelas mulheres de antigamente já social econômica. A discriminação no trabalho (racial e de gênero),
tenham sido conquistados, como o direito ao voto e o direito de baixos salários, desemprego, exploração e limitação dos direitos ci-
estudar, em muitos outros âmbitos sociais a mulher é tratada de vis geram o abismo de desigualdade que separa a população jovem
maneira desigual exclusivamente em função de seu gênero, razão da população adulta e dificulta o acesso à melhores condições de
que em nada se relaciona com a capacidade, inteligência ou força vida.
da mulher. A desigualdade de geração também pode ser observada na po-
Do mesmo modo que a desigualdade de gênero se relaciona pulação idosa. Com a dificuldade para garantir uma aposentadoria
com a desigualdade econômica, ela também adquire como adja- sadia e satisfatória que possa suprir as necessidades da família, mui-
cente a desigualdade étnica. As mulheres negras, em especial, so- tos idosos continuam trabalhando até o fim de suas vidas. Há, no
frem duplamente os efeitos do preconceito e discriminação tanto entanto, muitos desafios presentes nesta realidade, já que quando
por serem negras quanto por serem mulheres. É alto o índice de desempregados, muitas pessoas de meia-idade sofrem discrimina-
desemprego entre as mulheres negras. Estas por sua vez optam por ção ao retornarem ao mercado de trabalho em busca de condições
trabalhos informais de baixa remuneração. Sendo assim, é possível razoáveis de vida. Muitas empresas preferem pessoas mais jovens,
concluir que as desigualdades são um emaranhado de diferenças formadas na área com alguns anos de experiência. Esta discrimina-
sociais que modificam todo o comportamento da sociedade e preci- ção se dá pela ideia de que pessoas idosas podem ter dificuldades
sam ser combatidos para que os grupos em desvantagem consigam em realizar o trabalho em questão exclusivamente em função da
alcançar os direitos que lhes são negados. idade, ainda que tenham experiência e profundo conhecimento,
Outro fato de extrema relevância a ser citado é a violência con- elas são muitas vezes menosprezadas pelo mercado de trabalho.
tra a mulher. Um dos maiores registros sociais de desigualdade de
gênero. É um mal na sociedade perpetuado na cultura de diversos Violência e estado
países e que aflige muitas mulheres todos os dias. A criação de dele- Com a pouca intervenção do Estado nas múltiplas questões que
gacias exclusivas para o atendimento de mulheres que sofrem abu- envolvem tanto a violência quando as desigualdades em sociedade,
sos sexuais, físicos ou psicológicos, a criação de leis que protegem a estabelece-se uma cultura. Assim como a cultura, os costumes e
mulher e estabelecem punições mais duras aos agressores, como a os hábitos de uma população, sejam eles as festividades, os pon-
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tos de encontro na cidade ou a forma como se comportam diante des modernas em que as desigualdades sociais são vistas como cur-
de situações sociais, a frequência que certas ações são realizadas so natural da vida, imutáveis e incapazes de serem modificados ou
podem constituir especialmente hábitos. Estes hábitos podem ser transformados.
quebrados, dependendo da troca do estímulo que permite que eles Decorrente da miséria, da pobreza ou da marginalização de
ocorram. É possível, no entanto, que a violência em uma sociedade grupos sociais conhecidos como minorias, a desumanização ou a
seja perpetuada apenas por um hábito. coisificação do outro é um drama social que distribui papéis desu-
Costumeiramente, crimes acontecem, a violência é vista tanto manos a pessoas em posição de desvantagem social. A marginaliza-
no meio da criminalidade, quanto entre policiais, políticos e cida- ção significa a separação do indivíduo do resto da sociedade, ela faz
dãos comuns no país. Ela é, portanto, naturalizada como um pa- parte do processo de coisificação do outro a partir do momento que
trimônio histórico e cultural como uma forma de expressão social, o indivíduo se vê fora ou às margens, excluído da realidade daquela
não erradicada pela incompetência dos governos (ou pelo descaso). sociedade, ele deixa de ser tratado como um cidadão, até por fim
É fato que um também alimenta o outro, as desigualdades sociais deixar de ser tratado como um ser humano.
alimentam a violência e a violência se apossa das desigualdades O conceito filosófico da desumanização é potencializado e ins-
como um parasita, moldando o comportamento dos menos favo- titucionalizado por diversas formas de controle social. Até mesmo
recidos ou daqueles que se sentem impotentes. Todo este conjunto o governo de um país pode ter grande parcela de responsabilidade
se relaciona com a maneira social de se enxergar as desigualdades, nesse processo, ao não proporcionar a educação adequada à popu-
uma conformidade social com status quo da sociedade, sem de fato lação para que ela entenda as desigualdades sociais como um mal a
perceber o quanto ela está intrinsecamente ligada às violências que se combater e não um estado imutável, o governo também pode ter
perturbam a população. Fica, por fim, o senso comum. A população o papel de impulsionar a coisificação de certos grupos sociais a par-
não compreende o porquê de tanta catástrofe, tanta maldade, en- tir do momento que fecha os olhos para esta realidade e não aplica
quanto tapa seus olhos para todas as desigualdades que assolam o sequer uma letra da constituição ou dos direitos humanos, sabendo
país (de gênero, de etnia, de geração, etc.) e fomentam a violência que as brechas na lei abrem um vasto campo de interpretação e que
cada dia. os seres quase-humanos não cabem nesta lista.

Ética, cidadania e exclusão social Gênero e violência


Cidadania significa o conjunto de direitos e deveres que um in- A violência pode se apresentar nas mais variadas configura-
divíduo deve realizar e usufruir dentro de uma sociedade, sendo as- ções. A fim de dar nome e combater as diferentes formas de vio-
sim caracterizada como cidadão. Um indivíduo que usufrui de seus lência, sociólogos e psicólogos no mundo todo veem estudando as
direitos (direto à moradia, de ir e vir, direto à alimentação) e está características, motivações e impactos das expressões de poder de
dentro da lei, ou seja, não pratica crimes contra o estatuto e as leis forma física, verbal, psicológica, sexual, entre outras. Confira a se-
de seu país, estado ou cidade, e também se movimenta, intervém guir:
e transforma a sociedade em que vive, pode ser concebido como A violência simbólica diz respeito à estereotipagem como parte
um cidadão. da manutenção da relação simbólica de poder entre diferentes gru-
Sendo assim, caracteriza-se como um não-cidadão todo aquele pos sociais, a fim de manter a ordem social. Ou seja, é uma violência
que não se encaixa dentro destes moldes. O não-usufruto de direi- sutil que muitas vezes não transparece de maneira direta, mas afeta
tos básicos para a sobrevivência humana, garantidos pela legislação o campo emocional e psicológico das vítimas que passam a acredi-
do país, como é o caso de moradores de rua, que além de não usu- tar que certos tipos de gratificação social, como honra, prestígio e
fruírem de direitos, não contribuem para o crescimento da socie- reconhecimento não lhe devem ser conferidos. Foi Pierre Bordieu,
dade por não possuírem fonte de renda e não estarem inseridos na sociólogo francês, que conceituou a violência simbólica. Ela é ainda
economia que move o seu país. Outro exemplo de não-cidadania pouco conhecida pelas massas, mas está inserida no cotidiano de
está na falta do exercício dos deveres, como o voto ou a prática de praticamente toda a população mundial.
crimes que atentam contra as leis e estatutos estabelecidos pelas No Brasil, juntamente com a violência étnico-racial, a violência
autoridades legislativas de uma sociedade. simbólica está muito presente no uso de estereótipos aplicados à
O paradigma do não-cidadão se dá quando há a ressignificação população negra, um recurso da manutenção da ordem social ao
da vida humana a partir de termos legislativos. Em termos éticos, ligar a figura do homem negro à preguiça ou à burrice e a figura da
a vida humana possui valor seja ela quais forem as circunstâncias. mulher negra à sexualidade ou à procriação (como rastro histórico
Entretanto, a ideia de cidadania estabelecia pela Constituição, torna do preconceito existente desde a época da escravidão), impedindo-
o homem-cidadão um bem social que deve ser preservado, em con- -os de alcançarem um nível alto de prestígio, honra ou reconheci-
traposição, o não-cidadão, rejeitado pela lei e pela sociedade. Tudo mento na sociedade. É uma maneira menos declarada de discrimi-
isso resulta da desumanização do homem, na coisificação do outro, nação, mas ainda assim é uma violência perigosa e muito poderosa
algo que intensifica as desigualdades presentes na humanidade. no controle social.
Em meio à idealização do cidadão, há um fenômeno social que A dominação do homem sobre a mulher é também uma forma
desiguala o ser humano e torna suas relações baseadas em dife- de violência simbólica. Diante da desigualdade de gênero que limita
renças sociais estabelecidas não apenas por meio de estereótipos, a movimentação da figura feminina em sociedade, vê-se também
mas de maneira institucionalizada. Desumanizar significa tornar um um indicativo da opressão causada por este tipo de violência insti-
ser humano menos humano, a partir da retirada de seus direitos tuída através da manutenção de uma ideologia patriarcal e amante
humanos e legislativos. Tratar ou enxergar outro homem como uma do homem em detrimento do valor da mulher. Casos de feminicídio
coisa, um objeto, um monstro ou um animal, qualquer outra coisa e violência contra a mulher estão ligados ao corpo feminino e à an-
senão um ser humano, é uma característica presente nas socieda- tiga visão da mulher como um objeto aquisitivo de suas famílias e
posteriormente de seus maridos, também um reflexo histórico dos
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dotes pagos pela aquisição de esposas na antiguidade (ainda recor- ou apenas de uma personalidade violenta e insegura que abusa de
rentes atualmente em países como o Irã, a Índia, o Iêmen, entre sua posição de poder e dominação, seja ela estabelecida de forma
outros). hierárquica (mãe e filho) ou consequência de um estereótipo social
A violência física é uma forma de expressão da violência atra- (homem e mulher).
vés da agressão ou constrangimento físico resultando em lesão cor- Há certa dificuldade na identificação deste tipo de violência
poral ou na morte da vítima. É uma prática adjacente de muitos ou- pela própria vítima em alguns casos, já que um recurso tático deste
tros tipos de violência e pode de apresentar de diferentes maneiras, tipo de abuso é a manipulação. Relatos de mulheres que sofreram
como o estupro, a tortura, o homicídio, entre outros. As vítimas de abusos psicológicos dentro de seus relacionamentos relatam um
violência física podem sofrê-la por fatores sociais, econômicos ou comportamento duplo por parte de seus agressores, em um mo-
por conflitos particulares. De maneira geral, as principais razões da mento demonstra afeto através de presentes, juras de amor, pro-
violência física estão ligadas à criminalidade, mas não apenas a isso. messas e carinho, em outro demonstra completo desprezo através
A violência física pode ser encontrada no ambiente doméstico (con- de maus-tratos verbais. Com tal mensagem ambígua sendo enviada
tra mulheres, crianças e idosos), nas ruas por questões econômicas, todos os dias para suas vítimas, a identificação desta violência se
raciais e/ou de gênero (mulheres e pessoas do grupo LGBTQI+) e em torna um processo mais lento, podendo ser finalmente reconhecido
muitos outros ambientes e situações, no trânsito, nas escolas, no como um abuso apenas no término do relacionamento.
trabalho, no meio rural, em roubos, assaltos, sequestros etc. Em outros casos, a violência psicológica pode ocorrer de ma-
A corrupção social, as desigualdades, o desemprego, o baixo neira mais declarada. Crianças que sofrem abusos psicológicos por
investimento em educação e saúde, patologias da mente como a parte dos pais, por exemplo, desenvolvem sérios problemas na au-
psicopatia, entre outros aspectos podem ser apontados como as toestima ao ouvirem todos os dias insultos, xingamentos e serem
causas da violência física. É, porém, necessário frisar que este tipo constantemente humilhados. A violência psicológica é sutil, mas
de violência não ocorre de maneira isolada e pode se correlacionar não deve ser descreditada em hipótese alguma.
com muitos outros aspectos da vivência em sociedade, o que a tor-
na complexa e de difícil solução. Movimentos sociais tradicionais e novos
A violência sexual é uma das expressões mais agressivas da vio- Movimentos sociais são comuns ao longo do tempo, desde a
lência física. Ela consiste no ato sexual não consentido por uma das Revolução Industrial. Em geral, são movimentos que representam
partes. Crianças e mulheres são as vítimas mais recorrentes do abu- pequenos grupos de pessoas que se unem para reivindicar e mudar
so e ele pode ocorrer em qualquer lugar (no ambiente doméstico, uma realidade econômica e social do Estado.
na rua, no trabalho, em igrejas, etc.) Esta forma de abuso físico é Em princípio os movimentos sociais tradicionais são aqueles
senão um dos mais dolorosos tipos de trauma e possui raízes his- cuja identidade é de classe social, sendo basicamente movimentos
tóricas muito fortes no país (desde a época colonial). A dominação operário-sindicais. Contudo, essa referência de classes tornou-se
particularmente masculina sobre as vítimas de violência sexual re- inadequada conforme as posições de classe perderam sua esta-
presenta um problema social grave que ainda assola as sociedades bilidade. Logo, o embate entre padrão x empregados, que histo-
e deixa cicatrizes profundas na alma das vítimas e suas famílias. ricamente regia movimentos sociais, deu lugar para novas formas
A maneira como a violência sexual é tratada no país gera mui- de identificação social, como minorias sociais: a população negra,
ta indignação, a ideia do “inocente até que se prove o contrário” pessoas LGBTQI+, feministas, veganos e vegetarianos, imigrantes,
aflige muitas vítimas de abuso que não possuem sequelas físicas ativistas etc., dando forma ao Novo movimento Social.
para comprovar os casos de abusos. Quando uma vítima se apre- Em suma, os movimentos sociais tradicionais tinham como
senta em estado de choque diante do abuso, ela não de defende protagonistas os trabalhadores pobres e assalariadas, e os novos
de maneira física, o que faz com que os atos sexuais ocorram sem são as pessoas à margem de trabalho e da sociedade.
ferimentos ou lesões, dificultando a comprovação do abuso. Casos
como estes não são levados à sério pelas autoridades e ajudam na Cultura e consumo
perpetuação da cultura do estupro na sociedade brasileira. A publicidade vincula bens a ilusões culturais e tem um im-
Dentre as diferentes formas de violência, a psicológica é uma pacto direto nas pessoas que compram ou não compram bens. Ao
das mais negligenciadas e menosprezadas por seu teor quase im- comprar, o consumo não está mais procurando um objeto, mas se-
perceptível no campo físico. No entanto, assim como os demais ti- guindo seus próprios símbolos lógicos. As marcas se esforçam para
pos, a violência psicológica é nociva a ponto de marcar suas vítimas transmitir informações ao anunciar produtos. Nem todo mundo
para o resto da vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, captura informações da mesma maneira, mas quem procura um
ela é identificada através da expressão agressiva dentro de relacio- produto específico definitivamente será atingido com mais força do
namentos que causam dano emocional e diminuem a autoestima que o próprio produto ou o preço anunciado.
da vítima através de constrangimento, humilhação, perseguição, Se começarmos com a suposição de que qualquer preço pode
insulto, manipulação, perseguição, vigilância, ridicularização, chan- ser pago por certos serviços e produtos, a escolha depende da or-
tagens, limitações no direito de ir e vir, ameaça, isolamento, entre dem cultural, do sistema de símbolos e das necessidades de classifi-
outros fatores extremamente danosos às vítimas, com o propósito cação. Com base em fatores emocionais estritos, nos apaixonamos
de coagir, degradar ou controlar suas ações. por uma marca, não por outra. Procuramos fortalecer as ligações
A violência psicológica ocorre no meio doméstico e familiar emocionais e, o mais importante, nos projetarmos com o significa-
com frequência, sendo crianças e mulheres as principais vítimas. do que a marca nos transmite. Por meio de ferramentas de marke-
Ela pode estar acompanhada do abuso físico e/ou sexual, mas por si ting, podemos contar histórias, criar, adaptar, recriar programas e
só já é um abuso que deixa sequelas emocionais difíceis de se tratar conectar pessoas com objetos. Sob a influência da mente talento-
em suas vítimas. As táticas utilizadas pelo agressor podem ser origi- sa que concebe a estratégia de cada produto, desde o conceito da
nárias de patologias da mente, como o narcisismo ou a psicopatia, ideia até a exposição do ponto de venda, o consumo costuma ser
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afetado por indicadores precisos. Dessa forma, o consumo louco entre sociedades completamente diferentes. O mercado cresceu e
muda a face cultural de uma região, seja ela de curto ou longo pra- se expandiu, aumentando a competitividade inerente ao mercado
zo, e pode ser um fator de influência por várias gerações. de trabalho.
Por meio dos produtos adquiridos, as pessoas podem regular Com a tecnologia em constante avanço e as transformações
e gerenciar suas identidades, tudo graças à influência da marca na sociais decorrentes dela, toda a relação trabalhista está sendo re-
sociedade. Eles são os agentes de mudança, eles podem criar uma configurada. Aplicativos de delivery, teletrabalho e serviços online
forma de pensar, alguns podem até criar um senso de familiaridade surgem a cada segundo. A tendência é que as noções do que é tra-
e podem até tocar a criação da comunidade. A tendência de ace- balho e as funções humanas sejam cada vez mais diversificadas e
leração do mercado tende a aumentar, e o tempo para as pessoas transformadas em sociedade.
falarem, estudar e observar será cada vez menor. Portanto, a em-
presa deve estar cada vez mais atenta a esse tipo de negócio, mas Os meios de comunicação e a questão ideológica
não deve deixar de lado a marca, mas a pessoa que pode fazer a Os meios de comunicação de massa (rádio, televisão, internet
diferença na empresa, acabar com a guerra de preços, criar valor e etc.) têm na atualidade grande poder, de modo direto transmi-
realmente fazer a diferença. consumidor. tem informações do mundo todo para a população e influenciam
o modo de vida das pessoas, pois são responsáveis pela formação
Migração da opinião pública e, inevitavelmente, na fundação de ideologias,
Migração é o movimento de pessoas em um espaço geográfico sejam elas de modo positivo ou negativo.
Esse movimento pode acontecer por vários motivos, sociais, econô- Sendo assim, a mídia, como responsável pela informação que
micos, políticos, culturais, ambientais, entre outros. Desde o prin- virá a estruturar o modo de pensar das sociedades tem o poder
cípio da humanidade fluxos migratórios acontecem seja de dentro de influenciar populações inteiras. Nem sempre a transmissão de
para fora ou de fora para dentro de determinado país. notícias, por exemplo, se dá com imparcialidade, como se espera da
As migrações são responsáveis por diversas modificações para prática jornalística, tendo em vista que cada veículo de comunica-
o espaço geográfico, sua configuração, e para as sociedades como ção possui seu próprio viés ideológico (político, econômico, social)
um todo, quanto a sua estrutura sociocultural. No decorrer da his- e ainda que sejam empresas sérias e compromissadas com a veraci-
tória, as migrações foram de extrema importância para a sobrevi- dade dos fatos, o fator humano tende a influenciar ideologicamente
vência dos seres humanos, muitas dessas migrações foram forçadas a população, ainda que feito e recebido de modo inconsciente.
em razão de desastres naturais, guerras e conflitos. Do outro lado, vemos a ascensão da internet como veículo de
distribuição de informações, um meio muito polêmico e difícil de
Sociedade, trabalho e emprego, relações sociais e transforma- ser levado a sério por disponibilizar uma imensidão de conteúdos
ções do trabalho; produzidos minuto a minuto sem filtro algum que determine a ve-
O impacto do trabalho na vida humana tem grande influência racidade dos fatos. Muitas pessoas vêm sendo vítimas de fake news
na sobrevivência da espécie humana de tal forma que hoje em dia por se informarem através de blogs, sites, aplicativos de mensa-
se estuda até mesmo as variadas maneiras que as relações de tra- gens, entre outros meios duvidosos.
balho ocorrem, suas características e impactos na vida de cada in- Em decorrência desta realidade, percebe-se a importância dos
divíduo. Ao passo que as relações de trabalho se transformam no meios de comunicação de massa nas sociedades. Deste modo, fa-
decorrer da história, também se modificam as estruturas sociais, z-se necessário um controle maior para organizar e regulamentar
especialmente o modo como se dão as relações sociais, as posições os meios de comunicação, especialmente os de massa, tendo em
hierárquicas sociais, discriminações e segregações, entre outros as- vista o poder grandioso que estes têm sobre a população, a fim de
pectos ligados ao âmbito social do trabalho. que a imprensa cumpra seu dever de transmitir informação, a mídia
No início da Primeira Revolução Industrial, as relações de tra- exerça a democracia e tenha seu direito à liberdade de expressão
balho, eram exclusivamente agrárias, exercidas no seio da família. A de forma equilibrada e justa, permitindo que a população seja bem
profissão da família era passada de geração em geração, garantindo informada, a fim de que a influência dos meios de comunicação de
uma identidade familiar que girava em torno do trabalho que reali- massa seja usada para o bem.
zavam, da terra onde moravam, as famílias tiravam seu sustento e
sobreviviam. O escambo era a prática em que se baseava a econo- O meio ambiente e o desenvolvimento tecnológico
mia da época, cuja principal característica era a da troca de serviços Com todo o avançando populacional que acompanhamos tor-
ou produtos, e não uso de moeda. De mesmo modo, o trabalho na-se necessário o desenvolvimento e aprimoramento da tecnolo-
tinha ligação direta com a aquisição de bens de consumo, e não ao gia como ferramenta e suporte no desenvolvimento de um mundo
recebimento mensal de um valor conferido a pedaços de papel ou a sustentável.
moedas que simbolizavam algum valor. Podemos observar atualmente a presença da tecnologia,
Com o avanço das indústrias, a significação do trabalho e a sua muitas vezes, sendo posta no lado contrário aos cuidados com o
influência sobre as relações humanas sofreu transformações. O For- ambiente, pois com o avanço dos meios de produção em todas as
dismo tornou as funções de trabalho mecânicas e robóticas além áreas, o impacto no ambiente é inevitável e, por vezes catastrófico.
de impessoais, a linha de montagem de produtos permeada de fun- Diante disso, é preciso a busca de uma iniciativa favorável ao pla-
cionários exercendo movimentos repetitivos passou a ser a cara do neta, tendo a tecnologia como um aliado na preservação e não um
trabalho industrial. inimigo.
Com o passar dos anos, a globalização vem alterando a forma Avanços nas áreas de óptica, nanotecnologia, monitoramento,
como as relações sociais, comerciais, de trabalho funcionam. Hoje, tudo deve ser utilizado a favor do combate ao desmatamento, na
diferentes lugares do mundo estão interconectados, ou seja, mo- fiscalização, na redução de gases do efeito estufa; afim de estabe-
dificaram-se as fronteiras do mundo e encurtaram-se as distâncias
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lecer uma cultura de preservação a ser deixada para as futuras ge- 1. Todos os seres vivos (o homem, as plantas e os animais)
rações que, sem dúvida, tendem a presenciar cada vez mais novos dependem de alimento para poder sobreviver, pois é dos alimentos
avanços. que seus organismos obtêm a energia necessária para seu funcio-
namento.
A globalização e os Estados nacionais 2. Todos os seres vivos (animais ou vegetais) precisam do
O processo de globalização iniciou transformações técnicas e oxigênio do ambiente para respirar; o ar adentra seu corpo e per-
sociais na composição de todo espaço geográfico dos lugares do corre todas as suas células; das células, o oxigênio participa da com-
planeta. Tais transformações obrigaram as adaptações dos estados, bustão da glicose. Essa combustão, por fim, produz o gás carbônico,
tornando urgente atualizações nas perspectivas sobre a função do que os seres vivos eliminam de seu corpo para o meio ambiente.
Estado na economia. E embora não possamos generalizar a atua- 3. Todos os seres vivos necessitam de água.
ção do poder público no funcionamento da globalização, podemos
verificar a tendência mais precisa: Sabemos que a globalização é Conheça os conceitos que se apresentam em todas essas
o estágio atual da evolução capitalista e, para funcionar ela preci- situações de interação dos seres vivos com o ambiente:
sa diretamente da diminuição do Estado e uma limitação da inter- Biosfera: é a parte do planeta capaz de abrigar a vida; é o es-
mediação do Estado, permitindo assim uma completa globalização paço sobre e perto da superfície da Terra que contém e suporta
econômica e social. organismos vivos e ecossistemas.
Ambiente: é o conjunto formado por todos os seres vivos. Ter-
Diversidade cultural e étnicas mo amplamente utilizado por possuir uma ampla gama de signifi-
Diversidade cultural e étnica representa diretamente a diver- cados, definições e interpretações, ambiente no sentido popular se
sidade dos indivíduos e seus contextos no planeta. Compreenden- refere meramente à natureza, isto é, à paisagem natural evolvendo
do costumes e tradições, bem como crenças passadas de geração todos os seus aspectos e processos não humanos.
a geração, essa diversidade compõe nossa sociedade e representa Ecossistema: diz respeito à relação entre o meio ambiente e os
sua história a partir de diversas perspectivas, atribuindo riqueza às seres que nele vivem, com troca de matéria e energia entre eles. O
culturas de uma sociedade. termo ecossistema significa sistemas ecológicos, enquanto o termo
Pesquisadores hoje indicam que o processo de globalização ecologia, por sua vez, quer dizer estudo dos ecossistemas. Um ecos-
interfere na diversidade cultura, visto o intercâmbio econômico e sistema inclui todos os seres vivos (plantas, animais e organismos)
cultural que se dá, por isso dá-se hoje a importância de promover em uma determinada área, interagindo entre si e com seus
tal diversidade, mantendo a estrutura social saudável e assim orga- ambientes não vivos (tempo, terra, sol, solo, clima, atmosfera). Em
nizada. um ecossistema, cada organismo tem seu próprio nicho ou papel a
desempenhar. Os ecossistemas são os alicerces da Biosfera e deter-
Religião e sociedade
minam a saúde de todo o sistema terrestre.  
Os pais da sociologia atribuíram às crenças e valores religiosos
Fatores bióticos e abióticos: um fator abiótico é definido como
um papel importante na conduta dos indivíduos em sociedade. Em
um organismo vivo que molda seu ambiente. É o meio ambiente em
hoje em mais evidência vemos a número de organizações religiosas
que os seres vivos vivem, água, luz, umidade. Em um ecossistema
que adentram as esferas públicas e conseguem poder dentro delas,
de água doce, os exemplos podem incluir plantas aquáticas, peixes,
influenciando toda uma cadeia política e social.
anfíbios e algas. Fatores bióticos são definidos como os componen-
Diante de tal contexto é possível apontar como a religião per-
tes vivos ou fatores que afetam um ecossistema ou outros organis-
manece até na alma da filosofia moral da sociedade. Pautando
mos que vivem nesse ecossistema.
ainda as condutas virtuosas que podem definir a prática da demo-
População: basicamente, é um grupo de organismos de uma
cracia, em que se obedece a leis de livre vontade. Nesse sentido,
espécie que se cruzam e vivem no mesmo lugar ao mesmo tempo.
é importante presentar a liberdade religiosa, que tende a propor-
É um conjunto de organismos ou indivíduos.
cionar o progresso socioeconômico da sociedade e reduz conflitos
Comunidade: diz respeito ao conjunto de organismos que in-
mais violentos. Fato é que tal liberdade religiosa, quando protegida,
teragem (da mesma espécie ou de espécies diferentes) coexistindo
não deve ir em oposição de outros interesses da sociedade, como é
em uma determinada área e tempo. Por causa de suas interações,
o caso de extremismos.
os membros de uma comunidade tendem a afetar a abundância,
Além disso, a separação entre a Igreja e o Estado tem o efeito
distribuição, adaptação e existência uns dos outros. Duas de suas
de fortalecer as instituições e a comunidade em geral, permitindo
principais propriedades são a estrutura da comunidade e a função
uma liberdade religiosa que exerça sua fé e estabeleça relações so-
da comunidade.
ciais saudáveis entre a comunidade.

CARACTERÍSTICAS BIÓTICAS E ABIÓTICAS DOS ECOSSISTE-


RELAÇÕES DOS SERES VIVOS COM O AMBIENTE MAS

Na natureza, existem dois tipos básicos de interação: dos seres Fatores bióticos: seres produtores (plantas e algas), seres con-
vivos entre si (seres de uma mesma espécie ou espécies diferentes), sumidores (herbívoros e carnívoros) e seres decompositores (fun-
a qual se denomina Ecologia, e dos seres vivos com o ambiente, gos e bactérias).  
sobre a qual, analisaremos três situações: Fatores abióticos: água, luz (energia luminosa), calor (energia
térmica) e nutrientes (substâncias químicas).

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Os fatores bióticos e os abióticos trabalham juntos para • extração dos outros elementos, como o fósforo e potáss-
criar um ecossistema único. Exemplos: io, também em decorrência da alta dependência da agricultura por
• as bactérias que vivem dentro do intestino de um animal fertilizantes.
atuam como fatores bióticos que adquiriram o papel de ajudar na • o excesso de nutrientes aplicados na agricultura conven-
digestão adequada dos alimentos no intestino   cional pode causar problemas ambientais em algumas partes do
• a população de zebras, antílopes ou outros animais, que planeta.
são os fatores bióticos para os leões que os caçam e os consomem • os custos ambientais de todas as perdas de nitrogênio na
para sua sobrevivência.   Europa que ultrapassam os benefícios econômicos diretos do nitro-
• um vírus causador de doenças também é um fator biótico gênio na agricultura.  
que pode afetar populações animais e humanas causando doenças, • a agricultura é considerada uma das principais atividades
especialmente em larga escala.    humanas consumidoras de água, estima-se que 70% da água doce
• os micróbios causadores de doenças (patógenos), os fato- do planeta são dedicadas a irrigação.
res bióticos também podem incluir parasitas, predadores, simbion- • agricultura convencional é considerada uma das princi-
tes, presas e competidores.   pais poluidoras dos recursos hídricos, sendo a salinidade e a conta-
minação por nitrato os principais indicadores de poluição.
As influências dos fatores biótipos e dos fato- • sob determinadas condições de solo e clima, além do uso
res abióticos no ecossistema: esses fatores operam a par- excessivo ou o manejo inadequado de fertilizantes, pode ocorrer
tir das relações ecológicas e das cadeias alimentares. também a eutrofização de águas.  
relações ecológicas: dizem respeito às interações ocorridas entre • a erosão e outras formas de degradação do solo são os
os seres vivos, e são classificadas conforme o nível de dependência principais problemas que a agricultura intensiva enfrenta. Os pro-
e os benefícios ou prejuízos que apresentam.   cessos de degradação do solo estão intimamente relacionados com
Nível de interdependência: as formas de manejo adotadas.  
- relação entre seres da mesma espécie, denominadas in- • perdas de solo em alguns locais do planeta, sendo que no
traespecíficas ou homotípicas Brasil elas têm sido mais intensas na região centro-sul.
- relação entre seres de espécies diferentes, denominadas
interespecíficas ou heterotópicas
Benefícios ou prejuízos REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS
- relações harmônicas: decorrentes da associação po-
sitiva entre as espécies, sendo que uma ou as duas espécies são
beneficiadas, sem o prejuízo para nenhuma delas.
- relações desarmônicas: decorrentes da associação Para o profissional que lida com resíduos, é de suma importân-
negativa, isto é, quando uma ou ambas as espécies envolvidas são cia compreender a diferença que existe entre acondicionamento e
prejudicadas na interação. armazenamento de resíduos. Embora possuam certa similaridade,
os termos são distintos e com utilizações diferentes.
Então vamos as significações de ambas as nomenclaturas;
– Acondicionamento: é a colocação dos resíduos sólidos no
PROBLEMAS DA AGRICULTURA CONVENCIONAL
interior de recipientes apropriados, revestidos, que garantam sua
estanqueidade, em regulares condições de higiene, visando a sua
posterior estocagem ou coleta.
A agricultura passa por um processo contínuo de moderniza- –Armazenamento: consiste na guarda dos recipientes de resí-
ção, via incorporação de novas tecnologias, gerando por um lado duos contendo os resíduos já acondicionados em abrigos podendo
o crescimento econômico e, por outro, riscos potenciais ao meio ser internos ou externos até a realização da coleta.
ambiente. Esses riscos são causados principalmente por:
- práticas inadequadas de manejo do solo e das culturas Procedimento de acordo com o tipo do resíduo
- desmatamento Conforme a lei 12.305 da Política Nacional dos Resíduos Sóli-
- perda da biodiversidade dos (PNRS) e as leis e normas referentes aos resíduos sólidos, de
- salinidade acordo com a classificação do resíduo, terá um acondicionamento e
- desertificação e erosão dos solos armazenamento segundo suas características. O intuito é proteger
- contaminação dos recursos naturais   o meio ambiente e evitar danos à saúde.
  
Conheça outros dados relacionais aos problemas causa- Para realizar o armazenamento dos resíduos deverá ser segui-
dos pela agricultura convencional: do os critérios definidos nas normas de armazenamento a fim de
• resistência de pragas e aumento das emissões de gases garantir que os resíduos não sofram alteração da qualidade, quan-
de efeito estufa: além da contaminação dos solos, da água e do tidade, ou de sua classificação, minimizando os riscos de danos ao
ar, esses problemas são decorrentes do sistema convencional de ser humano e ao meio ambiente.
agricultura convencional, pela sua alta dependência é considerado Os resíduos classificados como perigosos ou pertencentes à
altamente dependente de insumos externos, como fertilizantes quí- Classe I, não devem ser armazenados juntamente com os demais
micos e agrotóxicos.   resíduos classificados como não perigosos conforme determina a
• aproximadamente 70% de todas as emissões antropogê- ABNT NBR 10.004.
nicas de óxido nitroso (N2O) são atribuídas à agricultura.  
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O local de armazenamento de produtos perigosos deverá ter – caçambas maiores: equipamento de grande tamanho, arma-
uma área de contenção, fazer um inventário e um plano de amos- zena resíduos recicláveis, madeiras, lodos, poda varrição e outros,
tragem. O local de armazenamento precisa cumprir as seguintes com volumes maiores;
exigências, conforme normas vigentes: – containers: armazenamento de resíduos orgânicos e reciclá-
-Coberta, ventilada, com acesso adequado e controlado para veis (papel, papelão e plásticos);
a entrada e saída dos resíduos e acesso restrito para pessoas não – Contentor de plástico: armazena resíduo orgânico e comum;
autorizadas; – tambores e bombonas: são mais utilizados para acondicio-
-Base impermeável que impeça a lixiviação e percolação de namento de resíduos industriais e perigosos. Essas embalagens de-
substâncias para o solo e águas subterrâneas; vem ser homolagadas pelo Inmetro;
-Área de drenagem e captação de líquidos contaminados para – Compactainers: utilizado para armazenar resíduos orgânicos,
posterior tratamento; onde os materiais são prensados no interior do equipamento.
-Os resíduos devem estar devidamente identificados, controla-
dos e segregados segundo suas características de inflamabilidade, E os resíduos perigosos, como armazená-los?
reatividade e corrosividade, evitando-se a incompatibilidade entre Para cada tipo de resíduo, a leis e normas apresentam várias
eles; regras considerando as características, a toxidade e os riscos que
-Deverá estar distante de nascentes, poços, cursos d’água e de- representam à saúde do ser humano e à natureza.
mais locais sensíveis. Quanto à periculosidade, alguns resíduos devem ter tratamen-
to especial no que se refere ao acondicionamento.
Muitas empresas recorrem à terceiros para armazenarem os Por essa razão, é importante cumprir as diretrizes dadas pela
resíduos. É necessário entretanto que haja garantia que os resíduos norma técnica NBR 11.174 que dispõe sobre o armazenamento de
não sofrerão alteração da qualidade, quantidade ou de sua classifi- resíduos classes II não inertes e classe III inertes.
cação de acordo com as normas e leis vigentes. De acordo com essa norma, tais resíduos devem estar armaze-
O VG Resíduos, especialista em gerenciamento de resíduos, nados em local apropriado, com a devida identificação, constando
oferece a plataforma Mercado de Resíduos. A partir dessa ferra- em local visível a sua classificação.
menta, sua empresa tem acesso a uma rede de outras empresas O local de armazenamento deve considerar a minimização dos
que precisam de local de armazenamento de resíduos ou terceiros riscos de contaminação, além de passarem pela aprovação do órgão
especializados nessa atividade. estadual de controle ambiental. Obrigatoriamente esses resíduos
deverão ser armazenados em contêineres, tambores, tanques ou
Dicas de acondicionamento e armazenamento a granel.
A gestão dos resíduos sólidos deve ser realizada de forma cui-
dadosa, observando o correto cumprimento das leis e normas. Para TIPOS DE LIXO
evitar multas e passivos ambientais, as empresas precisam promo- O lixo gerado pelos diversos segmentos da sociedade pode ser
ver boas práticas na coleta, armazenamento e transporte dos resí- classificado de acordo com sua composição (características físicas) e
duos. destino. Esta classificação é muito importante, pois facilita a coleta
Vale ressaltar que está previsto na Política Nacional de Resí- seletiva, reciclagem e definição do destino mais apropriado. Logo,
duos Sólidos a responsabilidade compartilhada, atribuindo a cada são informações de muito valor para a preservação do meio am-
integrante da cadeia produtiva e titulares do manejo de resíduos, a biente e manutenção da saúde das pessoas.
responsabilização pela destinação final ambientalmente adequada.
-Gerador, transportador e destinatário final são todos corres- Lixo orgânico
ponsáveis.
As transportadoras também devem ficar atentas quanto ao do-
cumento da movimentação e destinação final dos Resíduos (MTR).
Armazenamento: para realizar com qualidade a coleta dos resí-
duos, o armazenamento precisa ser feita com o acondicionamento
de forma correta, cumprindo-se as leis e normas, sendo compatível
quanto à classificação, quantidade e volume dos resíduos.
A importância do acondicionamento adequado consiste em
otimizar a operação, prevenir acidentes, minimizar o impacto visual
e olfativo, além de reduzir a heterogeneidade dos resíduos e, por
fim, facilitar a realização da coleta.
-É importante que os equipamentos de acondicionamento te-
nham dispositivos para facilitar o deslocamento, sejam herméticos
e evitem derramamento de líquidos ou que tenha resíduos expos-
tos.
É o lixo derivado dos resíduos orgânicos. São gerados principal-
Métodos de Acondicionamento mente nas residências, restaurantes e estabelecimentos comerciais
Há muitas opções e formas de acondicionamento, vejamos: que atuam na área de alimentação. Devem ser separados dos ou-
– caçambas fechadas: podem ser utilizadas com uma grande tros tipos de lixo, pois são destinados, principalmente, aos aterros
variedade de resíduos: resíduos da construção civil, metal, varrição, sanitários das cidades.
orgânicos, lodos sólidos, e outros dependendo do volume gerado;
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CIÊNCIAS NATURAIS

Exemplos: cascas de frutas e legumes; restos de verduras, de Lixo hospitalar


arroz e de feijão; restos de carnes e ovos.

Lixo reciclável

São os resíduos originados em hospitais e clínicas médicas.


São perigosos, pois podem apresentar contaminação e transmitir
doenças para as pessoas que tiverem contato. Devem ser tratados
segundo padrões estabelecidos, com todo cuidado possível. São
destinados para empresas especializadas no tratamento deste tipo
de lixo, onde geralmente são incinerados.

Exemplos: curativos, seringas e agulhas usadas, material cirúr-


gico usado, restos de medicamentos e até mesmo partes do corpo
humano extraídos em procedimentos cirúrgicos.

Lixo comercial
É todo lixo material que pode ser utilizado no processo de
transformação de outros materiais ou na fabricação de matéria-pri-
ma. São gerados nas residências, comércios e indústrias. Devem ser
separados e destinados a coleta seletiva. São usados por cooperati-
vas e empresas de reciclagem. A separação para a reciclagem deste
tipo de resíduo sólido é de extrema importância, pois além de gerar
empregos e renda, também contribuí para o meio ambiente. Isto
ocorre, pois este lixo não vai gerar poluição em rios, solo e mar.

Exemplos: embalagens de plástico, papelão, potes de vidro,


garrafas PET, jornais e revistas usadas e objetos de metal.
Lixo industrial

É aquele produzido pelos estabelecimentos comerciais como,


por exemplo, lojas de roupas, brinquedos e eletrodomésticos. Este
lixo é quase totalmente destinado à reciclagem, pois é composto,
principalmente, por embalagens plásticas, papelão e diversos tipos
de papéis.
Lixo verde

É aquele que resulta, principalmente, da poda de árvores, ga-


lhos, troncos, cascas e folhas que caem nas ruas. Por se tratar de
matéria orgânica, poderia ser utilizado para compostagem, produ-
ção de adubo orgânico e até confecção de objetos de artesanato.
São os resíduos, principalmente sólidos, originários no proces- Infelizmente, no Brasil, ele é destinado quase exclusivamente aos
so de produção das indústrias. Geralmente é composto por sobras aterros sanitários.
de matérias-primas, destinados à reciclagem ou reuso no processo
industrial.

Exemplos: retalhos de tecido, sobras e retalhos de metal, em-


balagens de matéria-prima, sobras de vidro e etc.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Lixo eletrônico Exemplos: satélites desativados, ferramentas perdidas em mis-


sões espaciais, resíduos de tintas e pedaços de foguetes espaciais.

Coleta Seletiva e Reciclagem

São os resíduos gerados pelo descarte de produtos eletroele-


trônicos que não funcionam mais ou que estão muito superados.

Exemplos: televisores, rádios, impressoras, computadores, ge-


ladeiras, micro-ondas, telefones e etc.

Lixo nuclear
Quando pensamos nos tipos de materiais descartados, a coleta
seletiva é a melhor alternativa. Para tanto, os contentores são di-
vididos por cores, os quais indicam o tipo de lixo a ser depositado:

Azul: aos papéis e papelões;


Verde: aos vidros;
Vermelho: para os plásticos;
Amarelo: para os metais;
Marrom: para os resíduos orgânicos;
Preto: para madeiras;
Cinza: para materiais não reciclados;
Branco: destinado aos lixos hospitalares;
Laranja: para resíduos perigosos;
Roxo: para resíduos radioativos.
É aquele que é gerado, principalmente, pelas usinas nucleares.
É um lixo altamente perigoso por se tratar de elemento radioativo. Esse processo de separação tem sido uma das mais importan-
Devem tratados seguindo padrões rigorosos de segurança. tes alternativas para diminuir a poluição e ainda permitir a recicla-
gem de diversos tipos de materiais: plástico, vidro, papel, dentre
Exemplos: sobras de urânio utilizados em usinas nucleares e outros.
elementos radioativos que compõem aparelhos de raio-x. Lembre-se que a reciclagem é uma forma sustentável de rea-
proveitamento de materiais usados que são transformados em no-
Lixo espacial vos. Assim, ela tem possibilitado a diminuição do acúmulo de lixo
de diversas naturezas.

FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO COMO MATÉRIA PRI-


MA
Um dos maiores desafios da sociedade, se tratando de evitar
a degradação do meio ambiente e a contaminação dos mananciais
de água e do solo, é a disposição de forma adequada dos resíduos
industriais e urbanos.
A possibilidade de utilização de resíduo como matéria prima
tem sido umas das principais fontes economicamente viáveis e eco-
logicamente corretas para algumas empresas que adotam a reci-
clagem ou a utilização de material reciclado no seu processo pro-
dutivo.
Há inúmeros negócios de sucesso atualmente que tem como
principal fonte de matéria prima o resíduo industrial que outras em-
É o lixo gerado a partir das atividades espaciais. Ficam na órbita presas dispõem.
terrestre, gerando uma grande poluição espacial.

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CIÊNCIAS NATURAIS

O mercado de resíduo tem se tornado uma oportunidade lu- veitamento energético ou outras destinações, observando normas
crativa para várias empresas, que encontram no seu resíduo uma operacionais específicas de modo que evite danos ou risco à saúde
fonte extra de lucro e que também atende a Política Nacional de e minimize os impactos ambientais. Leia mais no artigo: Você sabe
Resíduos Sólidos. a diferença entre destinação e disposição final?
A reciclagem tem sido adotada como uma iniciativa sustentá-
Utilização de resíduo como matéria prima a partir da recicla- vel, sendo uma das principais formas de utilização do resíduo. Mas
gem como as empresas que destinam seu resíduo para reciclagem po-
dem se certificar que o resíduo chegou ao destino correto?
O que é reciclagem? Uma delas é através do referido CDF (Certificado de Destina-
Reciclagem é um conjunto de técnicas cuja finalidade é apro- ção Final), um documento que comprova o destino dos resíduos
veitar os resíduos e reintroduzi-los no ciclo de produção. A recicla- enviados. É uma prova importante para possíveis auditorias e para
gem de resíduos proporciona várias vantagens para as empresas o atendimento ou manutenção da ISO 14001, (norma da Associa-
em relação à utilização de matéria prima naturais: reduz o volume ção Brasileira de Normas Técnicas – ABNT referente ao Sistema de
de extração de matérias primas, reduz o consumo de energia, emi- Gestão Ambiental).
tem menos poluentes e melhora a saúde e segurança da população. O CDF serve também para o preenchimento dos relatórios de
A maior vantagem da reciclagem é a preservação dos recur- atividades exigido pelo IBAMA, bem como o inventário de resíduos.
sos naturais, prolongando sua vida útil e reduzindo a destruição do
meio ambiente. Em países desenvolvidos na Europa e na América A reutilização reduz o uso de matéria prima
do Norte, a reciclagem é vista pela iniciativa privada, como um mer- A reutilização de resíduos também é uma forma de utilização
cado rentável. do resíduo como matéria prima. A reutilização de resíduos prolonga
Muitas empresas dessas nações investem em pesquisa e tecno- a vida útil dos materiais. Produtos reutilizados devem possuir uma
logia para aumentar a qualidade do produto reciclado e proporcio- indicação de quantos ciclos de produção podem passar sem alterar
na maior eficiência do sistema produtivo. As principais razões que suas características e qualidade.
motivam estes países a reciclarem seus rejeitos industriais é o fato Para o setor alimentício, durante a reutilização de certos pro-
que as reservas de matérias primas naturais estão se esgotando e, dutos é necessário tratamento antes de sua reintegração no setor
também, devido ao aumento do volume de resíduos sólidos que de produção.
degradam os recursos naturais. O setor que mais reutiliza resíduo como matéria prima é o setor
Já no Brasil a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos em- de embalagem.
presários e cidadãos. A utilização de resíduo como matéria prima
ainda possui índices insignificantes em relação à quantidade pro- Exemplos: garrafas de cervejas e refrigerantes que possuem
duzida. vida útil em torno de um ano a 25 lavagens. Depois desse tempo, as
As indústrias plásticas, de papel e cerâmica se destacam na garrafas precisam ser recicladas para a fabricação de novas garrafas.
utilização de resíduos como matéria prima em seus processos de Os resíduos de construção civil após passar por triagem e se-
produção. Na indústria cerâmica a utilização de resíduo como ma- rem reduzidos em seu tamanho podem ser reutilizados para a cons-
téria prima é possível por possuir elevado volume de produção que trução.
possibilita o consumo de grandes quantidades associada a caracte-
rísticas físicas e químicas da matéria prima utilizada. A importância do gerenciamento de resíduo
O setor de fabricação de utilidades domésticas é o maior con- O gerenciamento dos resíduosdeve ser conduzido de forma
sumidor de reciclados de plástico no Brasil. A utilização de uma to- adequada. A aplicação de boas práticas na coleta, no armazena-
nelada de aparas (papel e papelão reciclado) nas indústrias de papel mento, no transporte evitam perdas na qualidade possibilitando
evita o corte de 10 a 12 árvores, economiza insumos, especialmen- que as empresas possam destinar adequadamente o resíduo.
te água utilizada nos processos de produção a partir da celulose. A gestão adequada é o primeiro passo para que as empresas
Abaixo listamos alguns exemplos de resíduos que podem ser contribuam para um meio ambiente saudável. A sua empresa rea-
reciclados e utilizados como matéria prima: liza o gerenciamento de forma adequada? Há dúvidas? O resíduo
-Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc.), que você gera pode ser utilizado como matéria prima? A Verde
garrafas, frascos de medicamentos, cacos de vidro. Ghaia conta com uma consultoria online que ajudará a sua organi-
-Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embala- zação a realizar essa gestão da melhor forma e seguindo as normas
gens de papel. aplicáveis. Também, contamos com um software online de geren-
-Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos ciamento de resíduos que facilitará os processos de reciclagens do
de pasta, cobre, alumínio. seu negócio.
-Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos, emba-
lagens e sacolas de supermercado.
-Embalagens longa vida: de leite, de tomate, de sucos, etc.

Destinação final ambientalmente adequada de resíduos só-


lidos
Você sabe o que significa uma destinação correta de resíduos?
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define que a desti-
nação final ambientalmente adequada é a destinação que inclui a
reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o apro-
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CIÊNCIAS NATURAIS

ORGANIZAÇÃO DO ORGANISMO

Níveis de Organização do Corpo Humano


No nosso corpo, existem muitos tipos de células, com diferentes formas e funções. As células estão organizadas em grupos, que
“trabalhando” de maneira integrada, desempenham, juntos, uma determinada função. Esses grupos de células são os tecidos.
Os tecidos do corpo humano podem ser classificados em quatro grupos principais: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular
e tecido nervoso.
Tecido epitelial
As células do tecido epitelial ficam muito próximas umas das outras e quase não há substâncias preenchendo espaço entre elas. Esse
tipo de tecido tem como principal função revestir e proteger o corpo. Forma a epiderme, a camada mais externa da pele, e internamente,
reveste órgãos como a boca e o estômago.
O tecido epitelial também forma as glândulas – estruturas compostas de uma ou mais células que fabricam, no nosso corpo, certos
tipos de substâncias como hormônios, sucos digestivos, lágrima e suor.

Tecido conjuntivo
As células do tecido conjuntivo são afastadas umas das outras, e o espaço entre elas é preenchido pela substância intercelular. A
principal função do tecido conjuntivo é unir e sustentar os órgãos do corpo.
Esse tipo de tecido apresenta diversos grupos celulares que possuem características próprias. Por essa razão, ele é subdividido em
outros tipos de tecidos. São eles: tecido adiposo, tecido cartilaginoso, tecido ósseo, tecido sanguíneo.

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CIÊNCIAS NATURAIS

O tecido adiposo é formado por adipócitos, isto é, células


que armazenam gordura. Esse tecido encontra-se abaixo da pele,
formando o panículo adiposo, e também está disposto em volta
de alguns órgãos. As funções desse tecido são: fornecer energia
para o corpo; atuar como isolante térmico, diminuindo a perda de
calor do corpo para o ambiente; oferecer proteção contrachoques
mecânicos (pancadas, por exemplo).

Células cartilagíneas vista ao microscópio óptico.

O tecido ósseo forma os ossos. A sua rigidez (dureza) deve-se à


impregnação de sais de cálcio na substância intercelular.

Imagem de microscópio óptico de tecido adiposo. Note que


as linhas são as delimitações das células e os pontos roxos são os
núcleos dos adipócitos. A parte clara, parecendo um espaço vazio,
é a parte da célula composta de gordura.

Tecido cartilaginoso
Forma as cartilagens do nariz, da orelha, da traqueia e está
presente nas articulações da maioria dos ossos. É um tecido
resistente, mas flexível.

Nariz e orelha são formados por cartilagem.


O esqueleto humano é uma estrutura articulada, formada por
206 ossos. Apesar de os ossos serem rígidos, o esqueleto é flexível,
permitindo amplos movimentos ao corpo graças a ação muscular.
O tecido sanguíneo constitui o sangue, tecido líquido. É
formado por diferentes tipos de células como:
– Os glóbulos vermelhos ou hemácias, que transportam
oxigênio;
– Os glóbulos brancos ou leucócitos, que atuam na defesa do
corpo contra microrganismos invasores;
– Fragmentos (pedaços) de células, como é o caso das plaquetas,
que atuam na coagulação do sangue.
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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

A substância intercelular do tecido sanguíneo é o plasma, constituído principalmente por água, responsável pelo transporte de
nutrientes e de outras substâncias para todas as células.

Componentes do sangue visto em microscópio eletrônico. As células vermelhas são os glóbulos vermelhos e a branca o glóbulo branco.

Tecido muscular
As células do tecido muscular são denominadas fibras musculares e possuem a capacidade de se contrair e alongar. A essa propriedade
chamamos contratilidade. Essas células têm o formato alongado e promovem a contração muscular, o que permite os diversos movimentos
do corpo.
O tecido muscular pode ser de três tipos: tecido muscular liso, tecido muscular estriado esquelético e tecido muscular estriado
cardíaco.

Tipos de tecidos musculares. Os pontos roxos são os núcleos das células musculares.

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CIÊNCIAS NATURAIS

O tecido muscular liso apresenta uma contração lenta e involuntária, ou seja, não depende da vontade do indivíduo. Forma a
musculatura dos órgãos internos, como a bexiga, estômago, intestino e vasos sanguíneos.
O tecido muscular estriado esquelético apresenta uma contração rápida e voluntária. Está ligado aos ossos e atua na movimentação
do corpo.

Observe os inúmeros músculos que formam o nosso corpo.

Tecido nervoso
As células do tecido nervoso são denominadas neurônios, que são capazes de receber estímulos e conduzir a informação para outras
células através do impulso nervoso.
Os neurônios têm forma estrelada e são células especializadas. Além deles, o tecido nervoso também apresenta outros tipos de
células, como as células da glia, cuja função é nutrir, sustentar e proteger os neurônios. O tecido é encontrado nos órgãos do sistema
nervoso como o cérebro e a medula espinhal.

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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

Órgãos
Os tecidos também se agrupam em nosso organismo. Um agrupamento de tecidos que interage, forma um órgão.
O estômago, por exemplo, é um órgão do corpo humano. Nele podemos reconhecer a presença do tecido epitelial, do tecido muscular,
entre outros.

Esquema mostrando os diversos órgãos do nosso corpo.

Sistemas
Vários órgãos interagem no corpo humano, desempenhando determinada função no organismo. Esse conjunto de órgãos associados
forma um sistema.
O sistema digestório humano, por exemplo, atua no processo de aproveitamento dos alimentos ingeridos. Esse sistema é formado
pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Além desses órgãos, o sistema digestório humano compreende
glândulas anexas, como as glândulas salivares, o pâncreas e o fígado. Os sistemas funcionam de maneira integrada, e essa integração é
fundamental para manter a saúde do organismo como um todo e, consequentemente, a vida.

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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

— Esquema do sistema respiratório

Resumindo
No nosso corpo é possível identificar diferentes níveis de
organização que atuam nos processos vitais. Podemos resumir essa
organização por meio do seguinte esquema:

Células -------> tecidos -------> órgãos -------> sistemas ------->


organismo
— O Sistema Genital
Será abordado no tópico que estuda “Sexualidade Humana”

— O Sistema Digestório Humano


Para viver, crescer e manter o nosso organismo, precisamos
consumir alimentos.
Mas o que acontece com os alimentos que ingerimos? Como os
nutrientes dos alimentos, chegam às células do nosso corpo?
Para permanecer vivos, renovar continuamente as células,
desenvolver o nosso corpo e manter as atividades vitais, necessitamos
de alimentos, pois são eles que fornecem energia para o nosso corpo.

Estrutura do sistema digestório


Após uma refeição, os nutrientes presentes nos alimentos
devem chegar às células. No entanto, a maioria deles não as atinge
diretamente. Elas precisam ser transformadas para nutrir o nosso
corpo. Isto porque as células só conseguem absorver nutrientes simples
e esse processo de “simplificação” recebe o nome de digestão.

As enzimas digestórias
O nosso corpo produz vários tipos de enzimas digestórias. Cada
tipo de enzima é capaz de digerir somente determinada espécie
de molécula presente nos alimentos. Assim, as amilases ação as Boca
enzimas que atuam somente sobre o amido; as proteases agem A boca é a primeira estrutura do sistema digestório. Experimente
sobre as proteínas; as lípases sobre os lipídios, e assim por diante. abrir a sua boca. A abertura que se forma entre o lábio superior e
Há substâncias que nenhuma enzima humana é capaz de digerir. o inferior se chama fenda bucal. Ela serve de comunicação do tubo
Uma delas é a celulose, que participa da formação da parede das digestório com o meio externo. É por ela que entram os alimentos.
células vegetais. Como a celulose é uma molécula grande demais O “céu da boca” é também chamado de véu palatino ou palato
para ser absorvida e não é digerida, ela é eliminada com as fezes. duro. Mais para o fundo está a “campainha” ou úvula palatina.
O arco dental superior e o arco dental inferior são as estruturas
Tubo digestório
em forma de arco em que os dentes estão dispostos e fixos.
O tubo digestório é composto pelos seguintes órgãos: boca,
O assoalho da boca é ocupado pela língua. Ela contribui para
faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.
a mistura dos alimentos com a saliva, mantém o alimento junto
aos dentes, empurra o alimento para a faringe, limpa os dentes e
é o órgão importante da fala. A língua apresenta ainda as papilas
linguais, estruturas responsáveis pela gustação.

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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

Seis molares: três de cada lado, também trituram os alimentos;


Destes, o terceiro ou último molar (o dente do siso) pode nunca vir a nascer.
O dente é, basicamente, formado de três partes:
Raiz: parte do dente presa aos ossos da face (maxilas e
mandíbulas);
Coroa: a parte branca visível do dente;
Colo: a parte localizada entre a raiz e a coroa.

Se você pudesse cortar um dente verticalmente ao meio, veria


o seguinte:
Polpa do dente: substância mole e vermelha, formada por
tecido conjuntivo; é rica em nervos e vasos sanguíneos;
Dentina ou “marfim”: substância dura e sensível; contém sais
de cálcio e envolve a polpa do dente;
Esmalte: formado por sais de cálcio, envolve a dentina na
região da coroa; na raiz a dentina é revestida pelo cemento. O
esmalte é a substância que faz do dente uma das partes mais duras
Anexas à boca estão três pares de glândulas salivares, que são
do nosso corpo. É a parte do corpo com maior grau de mineralização
órgãos produtores de saliva.
(concentração de sais minerais). Ao longo do tempo ele pode ser
A saliva contém uma enzima do tipo amilase, chamada ptialina,
corroído por ácidos que se formam na boca. Escovar os dentes após
que age sobre o amido e o transforma em maltose, uma variedade
cada refeição é, portanto, uma maneira de protegê-los. O bebê, ao
de açúcar formada pela união de duas moléculas de glicose.
nascer, não possui dentes. Mas eles estão em desenvolvimento,
Dentes
internamente nos ossos. Por volta dos seis meses, os dentes
começam a apontar, rompendo a gengiva. Primeiro surgem os
incisivos, depois os caninos e, por fim os molares.
Forma-se assim a primeira dentição ou dentição de “leite”. Ela
estará completa em torno dos cinco anos de idade e compreende vinte
dentes: oito incisivos, quatro caninos e oito molares. Não há pré-molares.
Mas essa dentição não é permanente. Os dentes permanentes
vão se desenvolvendo internamente, na estrutura óssea. Por volta
dos sete anos, os primeiros dentes “de leite” começam a cair,
dando lugar aos permanentes. Assim, pouco a pouco, a dentição
permanente vai se formando.
Possuímos então duas dentições: a decídua (“de leite”), que
começa a cair por volta dos sete anos de idade; a permanente, que
se completa por volta dos vinte anos de idade.

Os dentes cortam, prendem e trituram os alimentos. Em um ser


humano adulto, existem 32 dentes, dezesseis em cada arco dental,
assim distribuídos:
Quatro incisivos: localizados na frente, dois do lado esquerdo e
dois do lado direito, eles são responsáveis por cortar os alimentos;
Dois caninos: também chamados de “presas”, um de cada lado, Carie Dental
os caninos são responsáveis pela perfuração dos alimentos; A atividade fermentativa de microorganismos, decompondo
Quatro pré-molares: dois de cada lado, eles trituram os resíduos alimentares que ficam retidos nos espaços entre os
alimentos; dentes, produz substâncias ácidas. Em contato com o dente essas
substâncias provocam corrosão na superfície causando a cárie.
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175
a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

No início da cárie, formam-se brechas microscópicas na Digestão no estômago


superfície do dente, por onde microorganismos se infiltram e No estômago, os movimentos peristálticos misturam o bolo
atacam a dentina. Com o tempo, essas brechas dão lugar a cavidades alimentar ao suco gástrico, produzido pelas glândulas da mucosa.
visíveis a olho nu. Esse suco contém ácido clorídrico, que mantém a acidez estomacal,
Para evitar a cárie dental, é preciso tomar os seguintes cuidados: dando condição favorável ao trabalho das enzimas do estômago.
Escovar os dentes todos os dias, logo após as refeições e à A pepsina, a principal enzima do estômago, atua na
noite ao deitar. Os dentes devem ser escovados com movimentos transformação das proteínas, intensificando a digestão química,
suaves, circulares e verticais da escova. que continuará no intestino. O suco alimentar resultante da
Passar o fio dental ou fita para retirar os resíduos que ficam digestão gástrica é denominada quimo; por isso, a digestão gástrica
entre os dentes e que não foram retirados com a escovação. é também denominada quimificação. Através de outra válvula – o
Ir periodicamente ao dentista fazer uma revisão e limpeza piloro, é regulada a passagem do quimo para o intestino.
mais completa nos dentes, além da aplicação do flúor ou outro
tratamento determinado pelo dentista. Digestão no intestino delgado
Quando tratadas logo de início, as cáries são fáceis de remover. No intestino delgado, ocorre a maior parte da digestão dos
nutrientes, bem como a sua absorção, ou seja, a assimilação das
— Da boca para o estômago substâncias nutritivas.
No duodeno, são lançadas as secreções do fígado e do
Deglutição pâncreas. Nessa primeira porção do intestino delgado, é realizada
Após a mastigação e a salivação, forma-se o que chamamos principalmente, a digestão química – com a ação conjunta da bile,
de bolo alimentar, que é deglutido. Após o ato de engolir, o bolo do suco pancreático e do suco entérico ou intestinal atuando sobre
alimentar passa pela faringe e chega ao esôfago. o quimo.
Na digestão química, há a ação dessas secreções:
Faringe Bile: secreção do fígado armazena na vesícula biliar. Ela é
A faringe é um órgão cavitário alongado em forma de funil, lançada no duodeno através de um canal e não contém enzimas
situado logo a pós a boca. Ela se comunica com a boca, com digestivas; mas os sais biliares separam as gorduras em partículas
as cavidades nasais, com a laringe e com o esôfago. Quando o microscópicas, funcionando de modo semelhante a um detergente.
alimento chega à faringe, os músculos de sua parede se contraem e Isso facilita a ação das enzimas pancreáticas sobre os lipídios.
empurram o alimento para o esôfago. Suco pancreático: É produzido pelo pâncreas. Possui várias
Na região entre a boca e a faringe encontram-se as tonsilas enzimas que atuam na digestão das proteínas, dos carboidratos e
palatinas (amídalas) direita e esquerda. São órgãos de defesa do dos lipídios.
corpo. Suco entérico: é produzido pela mucosa intestinal. Possui
enzimas que atuam na transformação, entre outras substâncias, das
Esôfago proteínas e dos carboidratos.
O esôfago é um órgão em forma de tubo, com paredes flexíveis Ao término do processo digestório no intestino delgado, o
e que mede aproximadamente 25 centímetros de comprimento. Em conjunto de substâncias resultantes forma um líquido viscoso de
sua parede superior, ele se comunica com a faringe; em sua parte cor branca denominado quilo.
inferior, comunica-se com o estômago. Por meio de movimentos A digestão continua no jejuno e no íleo.
peristálticos, o esôfago empurra o alimento para o estômago.

Movimentos peristálticos
A deglutição é um movimento voluntário, isto é, executamos
conscientemente o ato de engolir. A partir daí, os movimentos
peristálticos conduzem o bolo alimentar pelo tubo digestório.
Esses movimentos são involuntários, isto é, independem da nossa
vontade. São contrações dos músculos situados no esôfago, no
estômago e nos intestinos, onde são mais intensos. Além de
empurrar o alimento ao longo do tubo digestório, promovem a sua
mistura.
Os movimentos peristálticos participam da digestão mecânica,
fazendo com que o bolo alimentar seja empurrado do esôfago
para o estômago. Uma válvula, a cárdia, regula essa passagem do
alimento.
Válva: diminutivo de válvula, é uma estrutura mecânica e
biológica que possibilita regular ou interromper a passagem de uma
substância de um local para outro. Um bom exemplo é o esfíncter,
válvula que regula a passagem das fezes pelo ânus.

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176
a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

O destino dos alimentos


O quilo, produto da digestão, é composto pelos nutrientes transformados em moléculas muito pequenas, mais as vitaminas e sais
minerais. As substâncias que formam o quilo podem ser absorvidas pelo organismo, isto é, atravessam as células do intestino, por meio
das vilosidades do intestino delgado.
Com isso, ocorre a passagem das substâncias nutritivas para os capilares sanguíneos – ocorre a absorção dos nutrientes. O que não é
absorvido, parte da água e massa alimentar, formada principalmente pelas fibras, passa para o intestino grosso.

Intestino grosso
Após a digestão no intestino delgado, o que resta do quilo chega ao intestino grosso. Este absorve a água e os sais minerais ainda
presentes nos resíduos alimentares, levando-os, então, para a circulação sanguínea.
Algumas bactérias intestinais fermentam e assim decompõem resíduos de alimentos e produzem vitaminas (a vitamina K e algumas
vitaminas do complexo B), que são aproveitadas pelo organismo. Nessas atividades, as bactérias produzem gases – parte deles é absorvida
pelas paredes intestinais e outra é eliminada pelo ânus.
O material que não foi digerido, as fibras, por exemplo, forma as fezes que são acumuladas no reto e, posteriormente, empurradas por
movimentos musculares ou peristálticos para fora do ânus. É quando sentimos vontade de defecar, ou seja, eliminar as fezes.
Concluídas todas as etapas da digestão, os nutrientes que chegam à circulação sanguínea são distribuídos a todas as células, e assim
são utilizados pelo organismo.

O caminho do alimento
O quadro a baixo serve para fixar as etapas de digestão. Analise-o atentamente e procure identificar e cada um dos seus elementos as
etapas aprendidas da digestão.

Enzima digestória Local de produção Substância-alvo Ação


ptialina glândulas salivares amido Decompõe amido em maltoses
pepsina estômago proteínas Decompõe proteínas em fragmentos menores
sacarase intestino delgado sacarose Decompõe a sacarose em glicose e frutose.
lactase intestino delgado lactose Decompõe a lactose em glicose e galactose.
lipase pâncreas lipídios Decompões lipídios em ácidos graxos e gliceróis.
tripsina pâncreas proteínas Decompõe proteínas em fragmentos menores
amilase pancreática pâncreas amido Decompõe amido em maltoses
maltase intestino delgado maltoses Decompõe maltose em glicoses livres
peptidase intestino delgado fragmentos de proteínas Decompõe os fragmentos proteicos em aminoácidos.

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— A Respiração Na respiração ocorrem dois tipos de movimento: a inspiração e


A respiração ocorre dia e noite, sem parar. Nós podemos a expiração de ar. Na inspiração, o ar atmosférico penetra pelo nariz
sobreviver determinado tempo sem alimentação, mas não e chega aos pulmões; na expiração, o ar presente nos pulmões é
conseguimos ficar sem respirar por mais de alguns poucos minutos. eliminado para o ambiente externo.
Você sabe que todos os seres vivos precisam de energia para viver e O ar entra em nosso corpo por duas cavidades existentes no
que essa energia é obtida dos alimentos. O nosso organismo obtém nariz: as cavidades nasais direita e esquerda. Elas são separadas
energia dos alimentos pelo processo da respiração celular, realizada completamente por uma estrutura chamada septo nasal;
nas mitocôndrias, com a participação do gás oxigênio obtido no comunicam-se com o exterior pelas aberturas denominadas narinas
ambiente. e com a faringe pelos cóanos. As cavidades nasais são revestidas
A glicose é um os principais “combustíveis” utilizados pelas internamente pela mucosa nasal. Essa mucosa contém um conjunto
células vivas na respiração. Observe o que ocorre nas nossas células: de pêlos junto as narinas e fabrica uma secreção viscosa chamada
muco.
Glicose + gás oxigênio ----> gás carbônico + água + energia Os pêlos e o muco atuam como filtros capazes de reter
microorganismos e partículas sólidas diversas que penetram no
É esse tipo de fenômeno que ocorre sem parar no interior das nariz com o ar. Por isso, devemos inspirar pelo nariz e não pela
células viva, liberando a energia que garante a atividade dos nossos boca: o ar inspirado pelo nariz chega aos pulmões mais limpo do
órgãos por meio do trabalho das células. que o ar inspirado pela boca. Além de filtrado, o ar é também
A respiração pode ser entendida sob dois aspectos: adequadamente aquecido e umidificadono nariz.
O mecanismo por meio da qual a energia química contida
nos alimentos é extraída nas mitocôndrias e usada para manter o Órgãos do sistema respiratório
organismo em atividades, esse mecanismo é a respiração celular; Faringe: é um canal comum aos sistemas digestório e
O conjunto de processos de troca do organismo com o ambiente respiratório e comunica-se com a boca e com as fossas nasais. O ar
externo que permite a obtenção de gás oxigênio e a eliminação do inspirado pelas narinas ou pela boca passa necessariamente pela
gás carbônico. faringe, antes de atingir a laringe.
Estudaremos a respiração segundo esse último aspecto. Laringe: é um tubo sustentado por peças de cartilagem
Veremos, portanto, como o gás oxigênio é absorvido do ar articuladas, situado na parte superior do pescoço, em continuação
atmosférico e chega às nossas células; e como o gás carbônico à faringe. O pomo-de-adão, saliência que aparece no pescoço, faz
produzido durante a respiração celular é eliminado do organismo. parte de uma das peças cartilaginosas da laringe. A entrada da
O sistema respiratório laringe chama-se glote. Acima dela existe uma espécie de “lingueta”
O sistema respiratório humano é formado pelos seguintes de cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula.
órgãos, em seqüência: nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada é fechada
e pulmões. pela epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias
respiratórias.
O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas
vocais, capazes de produzir sons durante a passagem de ar.

Traqueia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro


por 10- 12 centímetros de comprimento, cujas paredes são
reforçadas por anéis cartilaginosos. Bifurca-se na sua região inferior,
originando os brônquios, que penetram nos pulmões. Seu epitélio
de revestimento muco-ciliar adere partículas de poeira e bactérias
presentes em suspensão no ar inalado, que são posteriormente
varridas para fora (graças ao movimento dos cílios) e engolidas ou
expelidas.
Pulmões: Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com
aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo envolvidos
por uma membrana serosa denominada pleura. Nos pulmões os
brônquios ramificam-se profusamente, dando origem a tubos cada
vez mais finos, os bronquíolos. O conjunto altamente ramificado de
bronquíolos é a árvore brônquica ou árvore respiratória.
Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas formadas
por células epiteliais achatadas (tecido epitelial pavimentoso)
recobertas por capilares sanguíneos, denominadas alvéolos
pulmonares.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Diafragma: A base de cada pulmão apoia-se no diafragma, órgão músculo-membranoso que separa o tórax do abdômen, presente
apenas em mamíferos, promovendo, juntamente com os músculos intercostais, os movimentos respiratórios. Localizado logo acima do
estômago, o nervo frênico controla os movimentos do diafragma
O trabalho dos alvéolos pulmonares
Os alvéolos são estruturas elásticas, formadas por uma membrana bem fina e envolvida por uma rede de vasos capilares sanguíneos.
Existem milhões de alvéolos em cada pulmão. É em cada um deles que ocorrem as trocas gasosas entre o pulmão e o sangue. Nos
alvéolos ocorre uma difusão dos gases por diferença de concentração e, consequentemente, da pressão dos gases. O sangue que chega
aos alvéolos absorve o gás oxigênio inspirado da atmosfera. Ao mesmo tempo, o sangue elimina gás carbônico no interior dos alvéolos;
esse gás é então expelido do corpo por meio da expiração.

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Os movimentos respiratórios
Na inspiração, o diafragma e os músculos intercostais se contraem. Ao se contrair, o diafragma desce e a cavidade torácica aumenta
de volume verticalmente. Quando os músculos intercostais contraem, eles levam as costelas e o volume da cavidade torácica aumenta
horizontalmente. Com o aumento do volume do tórax, a pressão do ar no interior da cavidade torácica e dos pulmões diminui. Então, a
pressão do ar atmosférico torna-se maior que a pressão do ar interno, e o ar atmosférico penetra no corpo indo até os alvéolos pulmonares:
é a inspiração.
Num segundo movimento, o diafragma e os músculos intercostais relaxam, diminuindo o volume da cavidade torácica. Então, a
pressão do ar interno (no interior dos pulmões) aumenta, tornando-se maior que a pressão atmosférica. Assim, o ar sai do corpo para o
ambiente externo: é a expiração.
Nos alvéolos pulmonares, o gás oxigênio, presente no ar inspirado, passa para o sangue que é então distribuído pelas hemácias a todas
as células vivas do organismo. Ao mesmo tempo, as células vivas liberam gás carbônico no sangue. Nos pulmões, o gás carbônico passa do
sangue para o interior dos alvéolos e é eliminado para o ambiente externo por meio da expiração.

A regulação da respiração
As pessoas conseguem ficar alguns segundos sem respirar. Também é possível respirar mais rápido ou mais devagar. Nessas situações,
a respiração é controlada voluntariamente, isto é, conforme a vontade da pessoa, e a atividade do diafragma e dos músculos intercostais
é regulada por uma região do cérebro da pessoa.
Entretanto, quando uma pessoa não está “pensando” na respiração ou quando está dormindo, por exemplo, a atividade do diafragma
e dos músculos intercostais é regulada por um órgão do sistema nervoso chamado bulbo, situado um pouco abaixo do cérebro. Esse
controle é involuntário, independe da nossa vontade. O bulbo apresenta um grupo de neurônios que controla o ritmo respiratório.
Uma pessoa não pode prender a respiração, além de algum tempo, mesmo que queira. Parando de respirar, o gás carbônico deixa de
ser eliminado pelo sangue da pessoa para o ambiente externo. A concentração desse gás aumenta no sangue e, ao atingir determinado
nível, o bulbo volta a comandar a respiração, regulando a atividade de contração e relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais.
A pessoa então reinicia a respiração, mesmo que não queira.

A saúde humana e o sistema respiratório


Como vimos, o oxigênio contido no ar atmosférico chega ao interior do nosso corpo pelo sistema respiratório.
Com o ar, além do oxigênio podem ser absorvidas outras substâncias, partículas de poeira, fuligem, e até seres vivos microscópicos,
como os vírus e as bactérias, capazes de causar danos à nossa saúde. Algumas impurezas são “filtradas” m diversos órgãos do sistema
respiratório, mas outras conseguem passar até os pulmões, provocando doenças. As doenças mais comuns que atingem o sistema
respiratório podem ser de natureza infecciosa ou alérgica.
— Sistema Circulatório
O coração e os vasos sanguíneos e o sangue formam o sistema cardiovascular ou circulatório. A circulação do sangue permite o
transporte e a distribuição de nutrientes, gás oxigênio e hormônios para as células de vários órgãos. O sangue também transporta resíduos
do metabolismo para que possam ser eliminados do corpo.

O coração
O coração de uma pessoa tem o tamanho aproximado de sua mão fechada, e bombeia o sangue para todo o corpo, sem parar; localiza-
se no interior da cavidade torácica, entre os dois pulmões. O ápice (ponta do coração) está voltado para baixo, para a esquerda e para
frente. O peso médio do coração é de aproximadamente 300 gramas, variando com o tamanho e o sexo da pessoa.
Observe o esquema do coração humano, existem quatro cavidades:
Átrio direito e átrio esquerdo, em sua parte superior;
Ventrículo direito e ventrículo esquerdo, em sua parte inferior.
O sangue que entra no átrio direito passa para o ventrículo direito e o sangue que entra no átrio esquerdo passa para o ventrículo
esquerdo. Um átrio não se comunica com o outro átrio, assim como um ventrículo não se comunica com o outro ventrículo. O sangue passa
do átrio direito para o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita; e passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo
através da valva atrioventricular esquerda.

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O coração humano um órgão cavitário (que apresenta cavidade), basicamente constituído por três camadas:
Pericárdio: é a membrana que reveste externamente o coração, como um saco. Esta membrana propicia uma superfície lisa e
escorregadia ao coração, facilitando seu movimento ininterrupto;
Endocárdio: é uma membrana que reveste a superfície interna das cavidades do coração;
Miocárdio: é o músculo responsável pelas contrações vigorosas e involuntárias do coração; situa-se entre o pericárdio e o endocárdio.
Quando, por algum motivo, as artérias coronárias – ramificações da aorta – não conseguem irrigar corretamente o miocárdio, pode
ocorrer a morte (necrose) de células musculares, o que caracteriza o infarto do miocárdio.
Existem três tipos básicos de vasos sanguíneos em nosso corpo: artérias, veias e capilares.

Artérias
As artérias são vasos de paredes relativamente espessa e muscular, que transporta sangue do coração para os diversos tecidos do
corpo. A maioria das artérias transporta sangue oxigenado (rico em gás oxigênio), mas as artérias pulmonares transportam sangue não
oxigenado (pobre em gás oxigênio) do coração até os pulmões. A aorta é a artéria mais calibrosa (de maior diâmetro) do corpo humano.

Veias
As veias são vasos de paredes relativamente fina, que transportam sangue dos diversos tecidos do corpo para o coração. A maioria
das veias transporta sangue não oxigenado, mas as veias pulmonares transportam sangue oxigenado dos pulmões para o coração. As veias
cavas superior e inferior são as mais calibrosas do corpo humano.

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No esquema abaixo você pode ver o caminho percorrido pelo Grande circulação: Também chamada de circulação sistêmica,
sangue em nosso corpo. Observe-o e acompanhe a explicação. compreende o trajeto do sangue desde o ventrículo esquerdo até
o átrio direito; nessa circulação, o sangue oxigenado fornece gás
oxigênio os diversos tecidos do corpo, além de trazer ao coração o
sangue não oxigenado dos tecidos.
Pelo que foi descrito, e para facilitar a compreensão:
A aorta transporta sangue oxigenado do ventrículo esquerdo
do coração para os diversos tecidos do corpo;
– As veias cavas (superior e inferior) transportam sangue não
oxigenado dos tecidos do corpo para o átrio direito do coração;
– As artérias pulmonares transportam sangue não oxigenado
do ventrículo direito do coração até os pulmões;
– As veias pulmonares transportam sangue oxigenado dos
pulmões até o átrio esquerdo do coração.

Observe que, pelo lado direito do nosso coração, só passa


sangue não oxigenado e, pelo lado esquerdo, só passa sangue
oxigenado. Não ocorre, portanto, mistura de sangue oxigenado
com o não oxigenado.
A separação completa entre esses dois tipos de sangue contribui
para a manutenção de uma temperatura constante no nosso
organismo. Sendo os tecidos irrigados por sangue oxigenado, não
“misturado” com sangue não oxigenado, nossas células recebem
uma quantidade suficiente de gás oxigênio, para “queimar” uma
quantidade de alimentos capaz de fornecer o calor necessário para
manter mais ou menos constante a temperatura do corpo.
Faça frio, faça calor, nossa temperatura interna permanece,
em condições normais, em torno de 36,5 ºC.

Vasos capilares
O sangue oxigenado é bombeado pelo ventrículo esquerdo Os vasos capilares – muito finos (são microscópicos) e
do coração para o interior da aorta. Essa artéria distribui o sangue permeáveis – estão presentes nos tecidos do corpo humano,
oxigenado para todo o corpo, através de inúmeras ramificações, cedendo nutrientes, gás oxigênio e hormônios às células. Além
como a artéria coronária, a artéria carótida e a artéria braquial. disso, recolhem gás carbônico e resíduos do metabolismo celular.
Nos tecidos, o sangue libera gás oxigênio e absorve gás Há capilares arteriais e capilares venosos. As artérias se
carbônico. O sangue não oxigenado e rico em gás carbônico é ramificam sucessivamente, formando vasos de calibres menores
transportado por veias diversas, que acabam desembocando na chamados arteríolas. Estas continuam se ramificando e formam os
veia cava superior e na veia cava inferior. Essas veias levam então capilares arteriais. Os capilares venosos, espalhados pelo nosso
o sangue não oxigenado até o átrio direito. Deste, o sangue não corpo, juntam-se até formar vênulas. As vênulas vão se unificando
oxigenado passa para o ventrículo direito e daí é transportado até até formar as veias. Assim, o sangue circula em nosso organismo
os pulmões pelas artérias pulmonares. por um sistema fechado de vasos, pela continuidade dos capilares
Nos pulmões, o sangue libera o gás carbônico e absorve o venosos e arteriais nos tecidos.
gás oxigênio captado do ambiente pelo sistema respiratório. Esse
fenômeno, em que o sangue é oxigenado, chama-se hematose. Como o coração funciona
Então, o sangue oxigenado retorna ao átrio esquerdo do Trabalhando como uma espécie de bomba, o coração se contrai
coração, transportado pelas veias pulmonares. Do átrio esquerdo, e se dilata. Encostando a orelha no peito de um colega, por exemplo,
o sangue oxigenado passa para o ventrículo esquerdo e daí é você deverá ouvir facilmente as batidas do coração. A contração
impulsionado para o interior da aorta, reiniciando o circuito. da musculatura do coração é chamada sístole, o relaxamento é
Num circuito completo pelo corpo, o sangue passa duas vezes chamado diástole. Primeiro ocorre a sístole dos átrios: o sangue
pelo coração humano. passa para os ventrículos. Em seguida, ocorre a sístole dos
Nesse circuito são reconhecidos dois tipos de circulação: a ventrículos: o sangue é impelido para as artérias pulmonares e para
pequena circulação e a grande circulação. a aorta. Após a sístole, ocorre a diástole da musculatura cardíaca
nos átrios e nos ventrículos: os átrios se enchem de sangue e o
Pequena circulação: Também chamada circulação pulmonar, processo da sístole recomeça.
compreende o trajeto do sangue desde o ventrículo direito até o
átrio esquerdo. Nessa circulação, o sangue passa pelos pulmões, Medindo a pressão arterial
onde é oxigenado. Alternando-se ordenadamente, a sístole e a diástole são
responsáveis pelo fluxo de sangue dentro dos vasos sanguíneos.

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A pressão arterial que se mede é a pressão exercida pelo Eles são: neutrófilos, monócitos, basófilos, eosinófilos,
sangue sobre as paredes da aorta após ser lançado pelo ventrículo linfócitos.
esquerdo. Ela é diferente na sístole e na diástole ventricular.
A pressão arterial máxima corresponde ao momento em que o
ventrículo esquerdo bombeia sangue para dentro da aorta e esta se
distende. Já a pressão arterial mínima é a que se verifica no final da
diástole do ventrículo esquerdo.
A pressão arterial máxima corresponde a 120 mm de mercúrio,
enquanto a pressão arterial mínima corresponde a 80 mm de
mercúrio. Estes são os valores normais para a população. Daí falar-
se em 120 por 80 ou 12 por 8 para a pressão normal.
Por meio de um aparelho chamado esfignomanômetro, a
pressão arterial pode ser medida pelo médico ou profissional
habilitado. O valor da pressão arterial é um dado importante na
avaliação das condições de saúde do sistema cardiovascular.

Sangue
Você já sabe que o sangue transporta nutrientes, gases
respiratórios, hormônios e resíduos do metabolismo. Embora o Os leucócitos são maiores que as hemácias, no entanto a
sangue pareça um líquido vermelho completamente homogêneo, quantidade deles no sangue é bem menor. Quando o organismo
ao microscópio óptico podemos observar que ele é constituído é atacado por vírus ou bactérias, o número de leucócitos aumenta
basicamente de: plasma, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e significativamente. Atuam na defesa do organismo de dois modos:
plaquetas. Fagocitose: nesse processo, as células sanguíneas de defesa
O plasma é a porção líquida do sangue, contém água (mais de englobam, digerem e destroem os microrganismos invasores.
90%), proteínas e sais minerais diversos, glicose e vitaminas, entre Fagocitose é uma palavra composta de origem grega, formada por
outras substâncias. fago, que significa “comer, digerir”, e cito “célula”.
Produção de anticorpos: os anticorpos, proteínas especiais,
Os glóbulos vermelhos neutralizam a ação das substâncias tóxicas produzidas pelos seres
Os glóbulos vermelhos são também denominados eritrócitos invasores ou presentes em alimentos e substâncias diversas.
ou hemácias. Veja novamente o aspecto dessas células na foto ao O pus que geralmente se acumula no local de um machucado
lado. é formado pelo conjunto de leucócitos, de microrganismos mortos,
As hemácias são as mais numerosas células sanguíneas. No ser e também o líquido que sai dos capilares nos pontos infectados,
humano, existem cerca de 5 milhões delas por milímetro cúbito de provocando inchaço.
sangue. Elas são produzidas na medula óssea vermelha dos ossos.
Não possuem núcleo e apresentam a forma de disco côncavo
em ambos os lados. A forma discoide e a concavidade em ambos
os lados garantem uma superfície relativamente grande para a
captação e a distribuição de gás oxigênio.
A cor vermelha das hemácias se deve à presença do pigmento
hemoglobina. O gás oxigênio se combina com a hemoglobina,
formando a oxiemoglobina. Nos tecidos, essa combinação é
desfeita e o gás oxigênio passa para o interior das células. Assim, as
hemácias promovem o transporte e a distribuição de gás oxigênio
para todas as partes do corpo.

As hemácias duram cerca de 90 a 120 dias. Após esse período


elas envelhecem e morrem e na própria medula óssea são repostas.

Os glóbulos brancos
Os glóbulos brancos ou leucócitos são as células de defesa Microscopia eletrônica mostrando as hemácias (em vermelho)
do organismo que destroem os agentes estranhos, por exemplo, e um glóbulo branco (em branco).
as bactérias, os vírus e as substâncias tóxicas que atacam o nosso
organismo e causam infecções ou outras doenças. Leucócito é uma O tempo de vida dos leucócitos ou glóbulos brancos varia. Em
palavra composta, de origem grega, que significa “célula branca”: período de intensa atuação em defesa do organismo, duram horas
leuco significa “branco” e cito, “célula”. e até dias.
Os leucócitos constituem o principal agente do sistema de
defesa do nosso organismo, denominado também de sistema
imunológico. No sangue, há de vários tipos, de diferentes formatos,
tamanhos e formas de núcleo.

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Anticorpos, vacinas e soros


As vacinas são produtos constituídos por microorganismos mortos ou atenuados (enfraquecidos) ou, ainda, por toxinas produzidas
por esses microorganismos inativadas em laboratório. Assim, as vacinas contêm antígenos incapazes de provocar a doença, mas capazes
de induzir o nosso organismo a produzir anticorpos, dessa forma, se o indivíduo, depois de vacinado, entrar em contato com esses
microrganismos, o corpo já terá anticorpos suficientes para sua defesa.
É importante que todas as crianças sejam vacinadas segundo recomendações médicas. Nos postos de saúde são aplicadas vacinas
contra muitas doenças, como a tuberculose, o tétano, a difteria, a coqueluche, o sarampo e a paralisia infantil. É necessário que os pais
levem seus filhos para tomarem as vacinas na época certa. Quando tomadas adequadamente, as vacinas imunizam a pessoa contra às
doenças as quais se destinam.
Entretanto, o corpo de uma pessoa pode ser invadido por um microrganismo contra o qual ainda não está protegido. Suponha que a
ação desse microrganismo seja rápida e devastadora e que a pessoa não tenha tempo hábil para produzir anticorpos. Nesse caso, é preciso
que a pessoa receba o soro terapêutico, que já contém os anticorpos necessários à inativação dos antígenos.
A ciência moderna dispõe de soros terapêuticos contra a ação de toxinas produzidas por certos microorganismos (exemplo: soro
antitetânico, que combate o tétano, doença causada por um tipo de bactéria), e também contra toxinas presentes no veneno de certos
animais, como cobras peçonhentas (soro antiofídico). Assim, enquanto as vacinas contêm antígenos e induzem o organismo a produzir
anticorpos, os soros já contêm anticorpos prontos. As vacinas, graças às “células de memória”, que podem garantir uma imunidade
duradoura; os soros curam a doença, proporcionando uma proteção rápida, mas temporária.

As plaquetas
As plaquetas são fragmentos celulares bem menores que as células sanguíneas, ou seja, menores que as hemácias e os leucócitos. As
plaquetas atuam na coagulação do sangue. Quando há um ferimento com rompimento do vaso sanguíneo, ocorre uma série de eventos
que impedem a perda de sangue.
A coagulação ou formação de coágulo, que faz parte desse processo, se dá quando filamentos de uma proteína do plasma transformada,
formam uma espécie de rede e impedem a passagem do sangue. O coágulo evita hemorragia, isto é, a perda de sangue que pode ocorrer
na superfície do corpo – por exemplo, na pele do braço ou da mão – ou nos órgãos internos, como estômago e intestino. À medida que o
vaso sanguíneo vai se cicatrizando, o coágulo seca e é reabsorvido pelo organismo.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Grupo
Aglutinogênio Aglutinina
sanguíneo
A A anti-B
B B anti-A
AB AeB Não possui
anti-A e
O Não possui
anti-B

A existência de uma substância denominada fator Rh no sangue


é outro critério de classificação sanguínea. Diz-se, então, que quem
Os grupos sanguíneos
possui essa substância no sangue é Rh positivo; quem não a possui
O fornecimento seguro de sangue de um doador para
é Rh negativo. O fator Rh tem esse nome por ter sido identificado
um receptor requer o conhecimento dos grupos sanguíneos.
pela primeira vez no sangue de um macaco Rhesus.
Estudaremos dois sistemas de classificação de grupos sanguíneos
A transfusão de sangue consiste em transferir o sangue de
na espécie humana: os sistemas ABO e Rh. Nos seres humanos
uma pessoa doadora para outra receptora. Geralmente é realizada
existem os seguintes tipos básicos de sangue em relação ao sistema
quando alguém perde muito sangue num acidente, numa cirurgia
ABO: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O.
ou devido a certas doenças.
Cada pessoa pertence a um desses grupos sanguíneos.
Nas transfusões de sangue deve-se saber se há ou não
Nas hemácias humanas podem existir dois tipos de proteínas:
compatibilidade entre o sangue do doador e o do receptor. Se não
o aglutinogênio A e o aglutinogênio B. De acordo com a presença
houver essa compatibilidade, ocorre aglutinação das hemácias que
ou não dessas hemácias, o sangue é assim classificado:
começam a se dissolver (hemólise). Em relação ao sistema ABO,
Grupo A: possui somente o aglutinogênio A;
o sangue doado não deve conter aglutinogênios A; se o sangue do
Grupo B: possui somente o aglutinogênio B;
receptor apresentar aglutininas anti-B, o sangue doado não pode
Grupo AB: possui somente o aglutinogênio A e B;
conter aglutinogênios B.
Grupo O: não possui aglutinogênios.

No plasma sanguíneo humano podem existir duas proteínas,


chamadas aglutininas: aglutinina anti-A e aglutinina anti-B.

Em geral os indivíduos Rh negativos (Rh-) não possui


aglutininas anti-Rh. No entanto, se receberem sangue Rh positivo
(Rh+), passam a produzir aglutininas anti-Rh. Como a produção
dessas aglutininas ocorre de forma relativamente lenta, na
primeira transfusão de sangue de um doador Rh+ para um receptor
Se uma pessoa possui aglutinogênio A, não pode ter Rh-, geralmente não há grandes problemas. Mas, numa segunda
aglutinina anti-A, da mesma maneira, se possui aglutinogênio B, transfusão, deverá haver considerável aglutinação das hemácias
não pode ter aglutinina anti-B. Caso contrário, ocorrem reações doadas. As aglutininas anti-Rh produzidas dessa vez, somadas as
que provocam a aglutinação ou o agrupamento de hemácias, o produzidas anteriormente, podem ser suficientes para produzir
que pode entupir vasos sanguíneos e comprometer a circulação do grande aglutinação nas hemácias doadas, prejudicando os
sangue no organismo. Esse processo pode levar a pessoa à morte. organismos.
Na tabela abaixo você pode verificar o tipo de aglutinogênio e o
tipo de aglutinina existentes em cada grupo sanguíneo: — O Sistema Linfático

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Além do sistema cardiovascular (circulatório) para a circulação


do sangue, o corpo humano possui outro sistema de fluxo de
líquido: o sistema linfático.
O sistema linfático compreende o conjunto formado pela linfa,
pelos vasos linfáticose órgãos como os linfonodos, o baço, o timo
e as tonsilas palatinas. A linfa é um líquido claro, ligeiramente
amarelado, que flui lentamente em nosso corpo através dos vasos
linfáticos. Parte do plasma sanguíneo extravasa continuamente
dos vasos capilares, formando um material líquido entre as células
dos diversos tecidos do organismo – o líquido intercelular ou
intersticial.
Uma parte desse líquido intercelular retorna aos capilares
sanguíneos, carregando gás carbônico e resíduos diversos.
Outra parte – a linfa – é recolhida pelos capilares linfáticos. Os
capilares linfáticos transportam a linfa até vasos de maior calibre,
chamados vasos linfáticos. Esses vasos semelhantes às veias, por
sua vez, desembocam em grandes veias, onde a linfa é liberada,
misturando-se com o sangue. Ao longo do seu trajeto, os vasos
linfáticos passam pelo interior de pequenos órgãos globulares,
chamados linfonodos. Os vasos linfáticos passam ainda por certos
órgãos, como as tonsilas palatinas (amídalas) e o baço.
O sistema linfático não possui um órgão equivalente ao
coração. A linfa, portanto, não é bombeada como no caso do
sangue. Mesmo assim se desloca, pois, as contrações musculares
comprimem os vasos linfáticos, provocando o fluxo da linfa.
Os vasos linfáticos possuem válvulas que impedem o refluxo
(retorno) da linfa em seu interior: assim, ela circula pelo vaso
linfático num único sentido. O sistema linfático auxilia o sistema
cardiovascular na remoção de resíduos, na coleta e na distribuição
de ácidos graxos e gliceróis absorvidos no intestino delgado
e contribui para a defesa do organismo, produzindo certos
leucócitos, como os linfócitos.

Sistema Urinário
Observe, durante 24 horas, tudo o que o seu corpo elimina - os
• O que não é assimilado pelo organismo resíduos - certamente constarão: fezes, urina, suor...
O que o organismo não assimila, isto é, os materiais inúteis ou Os materiais desnecessários ao funcionamento do seu corpo
prejudiciais ao seu funcionamento, deve ser eliminado. e por ele expelidos são iguais?
– Não. Há água, substâncias sólidas (nas fezes) etc.
Nossas células produzem muitos resíduos que devem
ser eliminados (excretados) do organismo. Esses resíduos são
chamados excretas.
Os resíduos formados a partir das reações químicas que
ocorrem no interior das células podem ser eliminados através:
– Do sistema respiratório (gás carbônico);
– Da pele (suor);
– Do sistema urinário (urina).

A pele e o sistema urinário encarregam-se de eliminar de


nosso organismo os resíduos das atividades das células e também
as substâncias que estão em excesso no sangue, expelindo-os sob
forma de suor (pela pele) e de urina (pelo sistema urinário). O
sistema respiratório encarrega-se de eliminar de nosso organismo
o gás carbônico.

• Não confunda fezes com excretas!


As fezes são formadas principalmente pelos restos de alimentos
não digeridos; os excretas são produtos das atividades das células e
também substâncias que estão em excesso no sangue.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Suor (potencial de ação) capaz de ser transmitida até o nosso cérebro.


O suor é um líquido produzido pelas glândulas sudoríparas, que Esse último é responsável pela criação de uma imagem a partir das
se encontram na pele. Existem cerca de dois milhões de glândulas informações retiradas do meio.
sudoríparas espalhadas por nosso corpo; grande parte delas O olho é revestido por três membranas: esclera, coroide e retina. A
localiza-se na fronte, nas axilas, na palma das mãos e na planta dos esclera á a camada mais externa, o que chamamos de “branco do
pés. olho”.
O suor contém principalmente água, além de outras A parte anterior da esclera é constituída pela córnea, que é
substâncias, como ureia, ácido úrico e cloreto de sódio (o sal de uma membrana curva e transparente por onde passa a luz.
cozinha). As substâncias contidas no suor são retiradas do sangue Além da córnea, há a coroide – essa membrana intermediária
pelas glândulas sudoríparas. Através de canal excretor - o duto apresenta muitos vasos sanguíneos que nutrem as células oculares.
sudoríparo - elas chegam até a superfície da pele, saindo pelos Na parte anterior da coroide, sob a córnea, encontra-se a íris,
poros. Eliminando o suor, a atividade das glândulas sudoríparas que é a parte colorida do olho. No centro da iria, há uma abertura,
contribui para a manutenção da temperatura do corpo. a pupila, por onde a luz entra no olho. A cor da íris depende da
quantidade de melanina (substância também responsável pela
cor da pele) que a pessoa possui. A quantidade de pigmento é
hereditária, ou seja, é determinada pelos genes.
Observe seus olhos em um espelho. Você verá uma “bolinha”
bem preta no centro da região colorida. É a pupila. Mas, o que é a
pupila?
Nada mais do que um orifício que deixa passar a luz. Você já
saiu de um local escuro e entrou em outro ambiente bem claro? O
que aconteceu? Provavelmente, você ficou ofuscado, isto é, deixou
de enxergar por alguns segundos. A região colorida de seus olhos é
conhecida como íris. Trata-se de uma delicada musculatura que faz
sua pupila ficar grande ou pequena, de acordo com a quantidade de
luz que ela recebe.
Quando a quantidade de luz é pequena, é preciso aumentar
esse orifício para captar a maior quantidade possível de energia
luminosa. Já quando a luminosidade é grande, a íris diminui a pupila,
tornando menor a entrada de luz, para seus olhos não receberem
tanta “informação” ficando incapazes de transmiti-las ao cérebro.
O homem é um animal homeotérmico, isto é, mantém
a temperatura do corpo praticamente constante, ao redor de Partes internas do olho
36,5°C. Quando praticamos algum exercício físico (futebol, corrida, As estruturas transparentes, existentes no interior do olho,
levantamento de objetos pesados, etc.), a grande atividade muscular permitem que a luz atravesse o globo ocular e chegue até a retina,
produz muito calor e a temperatura do corpo tende a aumentar, que é sensível ao estímulo da luz. Essas estruturas são: o cristalino,
então eliminamos suor; a água contida no suor se evapora na pele, a córnea, o humor aquoso e o humor vítreo.
provocando uma redução na temperatura do ar que a circunda.
Isso favorece as perdas de calor do corpo para o ambiente, fato que
contribui para a manutenção da temperatura do nosso corpo.

Órgãos dos sentidos


Você já reparou quantas coisas diferentes nosso corpo é
capaz de fazer? Podemos perceber o ambiente vendo, ouvindo,
cheirando, apalpando, sentindo sabores. Recebemos informações
sobre o meio que nos cerca. Ao processá-las em nosso cérebro,
nós as interpretamos, seja como sinais de perigo, sensações
agradáveis ou desagradáveis, etc. Depois dessa interpretação,
respondemos aos estímulos do ambiente, interagindo com
ele. Nossos corpos podem fazer diversas coisas que uma máquina
não é capaz. Como você sabe o que está acontecendo ao seu
redor? Recebemos informações sobre o ambiente através dos cinco
sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato.

A visão
A energia luminosa (luz) chega aos nossos olhos trazendo
informações do que existe ao nosso redor. Nossos olhos conseguem
transformar o estímulo luminoso em uma outra forma de energia – Cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana
transparente. Situa-se atrás da pupila e orienta a passagem
da luz até a retina. Também divide o interior do olho em dois
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CIÊNCIAS NATURAIS

compartimentos contendo fluidos ligeiramente diferentes: (1) a No cérebro as informações (cor, forma, tamanho e posição) são
câmara anterior, preenchida pelo humor aquoso e (2) a câmara “interpretadas” fazendo com que a imagem do objeto em foco seja
posterior, preenchida pelo humor vítreo. Pode ficar mais delgado vista na posição correta.
ou mais espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que pode torná-
lo mais delgado ou mais curvo. Essas mudanças de forma ocorrem Audição
para desviar os raios luminosos na direção da mancha amarela. O Nossos ouvidos também nos ajudam a perceber o que está
cristalino fica mais espesso para a visão de objetos próximos e, mais ocorrendo a nossa volta. Além de perceberem os sons, eles
delgado para a visão de objetos mais distantes, permitindo que também nos dão informações sobre a posição de nossos corpos,
nossos olhos ajustem o foco para diferentes distâncias visuais. A sendo parcialmente responsáveis por nosso equilíbrio. O pavilhão
essa propriedade do cristalino dá-se o nome de acomodação visual. auditivo (orelha externa) concentra e capta o som para podermos
Com o envelhecimento, o cristalino pode perder a transparência ouvir os sons da natureza, diferenciar os sons vindos do mar do som
normal, tornando-se opaco, ao que chamamos catarata. vindo de um automóvel, os sons fortes e fracos, graves e agudos.
– Córnea: porção transparente da túnica externa (esclerótica); Por possuirmos duas orelhas, uma de cada lado da cabeça,
é circular no seu contorno e de espessura uniforme. conseguimos localizar a que distância se encontra o emissor do
som. Percebemos a diferença da chegada do som nas duas diferentes
Sua superfície é lubrificada pela lágrima, secretada pelas orelhas. Desse modo, podemos calcular a que distância encontra-se o
glândulas lacrimais e drenada para a cavidade nasal através de um emissor. Nossas orelhas captam e concentram as vibrações do ar, ou
orifício existente no canto interno do olho. melhor, as ondas sonoras, que passam para a parte interna do nosso
– Humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o aparelho auditivo, as orelhas médias, onde a vibração do ar faz vibrar
cristalino, preenchendo a câmara anterior do olho. nossos tímpanos - as membranas que separam as orelhas externas das
– Humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa médias.
entre o cristalino e a retina, preenchendo a câmara posterior do
olho. Sua pressão mantém o globo ocular esférico.

Estruturas de proteção dos olhos


O globo ocular apresenta, ainda, anexos: as pálpebras,
os cílios, as sobrancelhas ou supercílios, as glândulas lacrimais e
os músculos oculares.
As pálpebras são duas dobras de pele revestidas internamente
por uma membrana chamada conjuntiva. Servem para proteger
os olhos e espalhar sobre eles o líquido que conhecemos como
lágrima. Os cílios ou pestanas impedem a entrada de poeira e de
excesso de luz nos olhos, e as sobrancelhas impedem que o suor da
testa entre neles.
As glândulas lacrimais produzem lágrimas continuamente.
Esse líquido, espalhado pelos movimentos das pálpebras, lava
e lubrifica o olho. Quando choramos, o excesso de líquido desce
pelo canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em direção ao
exterior do nariz.
Essa vibração, por sua vez, será transmitida para três ossículos,
o martelo, a bigorna e o estribo. Através desses ossos, o som
passa a se propagar em um meio sólido, sendo assim transmitido
mais rapidamente. Assim, a vibração chega à janela oval - cerca de
vinte vezes menor que o tímpano - concentrando-se nessa região e
amplificando o som.
Da orelha interna, partem os impulsos nervosos. Nosso aparelho
auditivo consegue ampliar o som cerca de cento e oitenta vezes até
o estímulo chegar ao nervo acústico, o qual levará a informação
ao cérebro. Quando movemos a cabeça, movimentamos também
os líquidos existentes nos canais semicirculares e no vestíbulo da
orelha interna. É esse movimento que gera os estímulos que dão
informações sobre os movimentos que nosso corpo está efetuando
no espaço e sobre a posição da cabeça, transmitindo-nos com isso
a noção de equilíbrio.
Mecanismo da visão A orelha e o equilíbrio
Os raios de luz refletidos do objeto entram nos nossos A orelha é mais conhecida como o órgão do sentido da audição,
olhos, atravessam as estruturas oculares - a córnea, a pupila, os mas ela também ajuda a manter o equilíbrio – a orientação
humores, o cristalino – e chegam ao fundo do olho, até a retina, postural – e o senso de direção. Dentro da orelha interna, há um
onde existem células sensíveis a luz. A imagem transformada em “equipamento” de percepção de equilíbrio: os canais semicirculares,
impulsos nervosos, é enviada a través do nervo óptico ao cérebro. também chamados de labirinto que são preenchidos por líquido.
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Essas estruturas não participam do processo de audição. Quando movimentamos a cabeça, o líquido se desloca dentro dos canais. O
deslocamento desse líquido estimula nervos específicos, que enviam ao cérebro informação sobre a posição do nosso corpo em relação
ao ambiente. O nosso cérebro interpreta a mensagem e comanda os músculos que atuam na manutenção do equilíbrio do corpo.

Cuidados com os órgãos auditivos


Para este equipamento funcionar direitinho, cuide bem dele!
O ouvido está sujo? Limpeza nele! Mas ATENÇÃO: nada de cotonete! Se não você pode fazer o maior estrago no seu ouvido! Peça uma
ajudinha a um adulto, para ele mostrar como você deve fazer: é só usar a própria toalha e limpar apenas a parte de fora, na frente e atrás.
Pode deixar que o médico cuida da parte de dentro!
Praia e piscina são uma delícia, e mergulhar é melhor ainda. Mas cuidado: tente não deixar entrar água no ouvido e seque-o depois
que sair, virando a cabeça de lado e fazendo uma leve pressão. Mas se você é um grande mergulhador e não consegue ficar parado, peça
a um adulto para levá-lo ao médico; ele pode receitar um tampão feito sob medida para você.
Ouvido também “gasta”, sabia? Se você não cuidar bem do seu, pode ficar sem escutar direito... por isso, cuidado ao ouvir música
no walkman: o som muito alto faz mal aos delicados órgãos auditivos, e pode até provocar dor de cabeça e zumbido no ouvido. O melhor
mesmo é evitar os fones, ou ouvir baixinho.
Se você já viajou para regiões de serra ou andou de avião, deve ter tido a sensação de ficar “surdo”, não é? Isto acontece por causa da
mudança de pressão do ar: Para não incomodar muito, quando isto acontecer, você pode engolir saliva várias vezes, ou abrir bem a boca.
Em uma viagem longa, é legal chupar uma bala ou mascar chiclete. Não estranhe se seu ouvido ficar “estalando”!

Poluição sonora
Dizemos que há poluição sonora quando os ruídos incomodam por serem altos demais para o nosso sistema auditivo. A audição
humana, em níveis normais, capta sons a partir de 10 ou 15 decibéis. Até cerca de 80 a 90 decibéis, os sons são inofensivos à audição
humana. Acima dessa medida, podem provocar dores de cabeça, irritabilidade e insônia e, sobretudo, diminuição da capacidade auditiva.
Segundo a OMS, o “volume sonoro” nas cidades não deve ultrapassar 70 decibéis, para evitar a poluição sonora.

Olfato
Podemos adivinhar o que está no forno apenas pelo cheiro que sentimos no ar da cozinha. Esse é o sentido do olfato. Partículas
saídas dos alimentos, de líquidos, de flores, etc. chegam ao nosso nariz e se dissolvem no tecido que reveste a região interna do teto da
cavidade nasal, a mucosa olfatória. Ali a informação é transformada, para ser conduzida, através do nervo olfatório, até o cérebro, onde
será decodificada.
A capacidade do nosso olfato é significativa. Podemos distinguir milhares de odores diferentes e identificar substâncias que têm cheiro
forte, mesmo quando muito diluídas. Em relação ao sentido do olfato de outros animais, o nosso não pode ser considerado um dos mais
desenvolvidos. O cachorro, por exemplo, tem o olfato muito mais apurado.

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Paladar
Mesmo com os olhos vendados e o nariz tapado, somos capazes de identificar um alimento que é colocado dentro de nossa boca.
Esse sentido é o paladar. Partículas se desprendem do alimento e se dissolvem na nossa boca, onde a informação é transformada para
ser conduzida até o cérebro, que vai decodificá-la. Os seres humanos distinguem as sensações de doce, salgado, azedo e amargo através
das papilas gustativas, situadas nas diferentes regiões da língua.

Para sentirmos os diferentes sabores, os grupamentos atômicos dos alimentos são dissolvidos pela água existente em nossa boca
e estimulam nossos receptores gustativos existentes nas papilas.

Atuação do olfato em conjunto com o paladar


Quando mastigamos uma goiaba, também sentimos o cheiro que ela exala. Isso ocorre porque as partículas da substância que compõe
a fruta – a essência – são captadas pelo sentido olfativo. O fato que podemos detectar pelo olfato a essência da fruta nos possibilita
identificar o sabor da goiaba. É pelo olfato que identificamos os sabores específicos, por exemplo, da pêra e da goiaba, mesmo ambas
sendo doces. Quando ficamos gripados, podemos constatar a atuação conjunta do olfato e do paladar. Um dos sintomas da gripe ou do
resfriado é a produção de muito muco pelo nariz. Isso dificulta a circulação de ar (que carrega as partículas das substâncias) pela cavidade
nasal. O ar não chega as células olfativas, prejudicando a percepção dos cheiros. Nessas ocasiões temos a percepção de que os alimentos,
até os mais saborosos, perderam o gosto.

Tato
Já a nossa pele nos permite perceber a textura dos diferentes materiais, assim como a temperatura dos objetos, pelas diferenças
de pressão, captando as variações da energia térmica e ainda as sensações de dor. Podemos sentir a suavidade do revestimento externo
de um pêssego, o calor do corpo de uma criança que seguramos no colo e a maciez da pele de um corpo que acariciamos. Sem essas
informações, nossas sensações de prazer seriam diminuídas, poderíamos nos queimar ou nos machucaríamos com frequência. Essa forma
de percepção do mundo é conhecida como tato.
Os receptores do tato percebem as diferenças de pressão (receptores de pressão), traduzem informações recebidas pelo contato com
diferentes substâncias químicas, percebem também a transferência de energia térmica que ocorre de um corpo para outro (receptores de
calor).

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Lendo com as pontas dos dedos


Os deficientes visuais podem ler textos, algarismos, notas
musicais etc. e também redigir os seus próprios textos pelo
sistema braile. O alfabeto desse sistema é constituído de pequenos
pontos salientes em uma folha de papel. A leitura é feita por leve
pressão da ponta dos dedos sobre os pontos para a percepção de sua
posição e número. A escrita é realizada por perfuração do papel por
um instrumento apropriado. Isso é possível à grande concentração
de receptores sensíveis às pressões na ponta dos dedos.
O sistema braile é utilizado internacionalmente e em todos os
idiomas. Ele permite a representação de letras e de diversos outros
sinais.
Nossos sentidos nos informam, de várias maneiras, sobre o
que está acontecendo a nossa volta. Podemos ver e ouvir, cheirar e
sentir sabores. Podemos sentir a textura e a temperatura das coisas
que tocamos. Nossos sentidos são impressionados pela matéria e
a energia e, assim, nosso organismo entra em contato com o meio
ambiente.
No entanto, nossos órgãos dos sentidos são limitados,
percebem apenas uma determinada quantidade de comprimentos
de ondas luminosas, sonoras, etc. Do mesmo modo, nosso corpo
suporta somente uma determinada quantidade de pressão.
Mas o homem passou a criar instrumentos para ampliar a sua
percepção do mundo, podendo enxergar objetos cada vez menores
e maiores, compreender e identificar ultrassons e infrassons. Embora pareça muito simples, o cérebro é imensamente
Com a possibilidade de um novo olhar, o homem foi encontrando complicado. E uma massa de tecido esbranquiçado, bastante mole
novos problemas, levantando novas hipóteses, chegando a novas ao tato, que ocupa cerca de metade do volume da cabeça. Fica
conclusões e conhecendo novas realidades. posicionado no alto da cabeça, acima dos olhos e dos ouvidos,
estendendo para trás e para a parte inferior da cabeça.
—Sistema Nervoso Quase tão importante quanto o cérebro é o restante do sistema
Na nossa relação com o mundo, o tempo inteiro somos nervoso. A medula espinhal estende-se do cérebro para baixo, ao
estimulados e respondemos aos elementos do ambiente. A cada longo da coluna, O cérebro e a medula espinhal formam o sistema
estímulo externo (como o cheiro de um alimento ou o som de nervoso central.
uma buzina) e mesmo interno (como dor ou sensação de fome), Ao longo do comprimento da medula espinhal saem nervos
o organismo reage, ou seja, de certo modo “responde a essas semelhantes a fios que se dividem e se ligam com quase todas as
perguntas: partes do corpo. Os nervos transportam mensagens dos órgãos
dos sentidos para o cérebro, e também instruções do cérebro
De onde vem o estímulo? para outras partes do corpo. O cérebro funciona como uma rede
Como meu corpo reage a esse estímulo? telefônica complicada, mas muito compacta, com um complexo
Isto me fará bem ou mal? fluxo de mensagens que chegam, são selecionadas e depois
Já tive essa sensação antes? dirigidas a seu destino apropriado.

Esse processo ocorre no sistema nervoso central de maneira As membranas protetoras do cérebro
tão instantânea que a nossa consciência não tem como identificar Por ser um órgão tão importante, o cérebro precisa de boa
todas as suas etapas, nem os milhares de estímulos que o corpo proteção contra acidentes. Ficando em pé, o ser humano mantém o
recebe a todo instante. cérebro e a cabeça afastados de choques e batidas. Mesmo assim,
Para compreender melhor como percebemos os estímulos é necessária uma proteção muito confiável. Por isso o cérebro fica
externos e como respondemos a eles, é fundamental reconhecer o alojado no crânio, uma dura caixa óssea.
sistema que forma a rede de comunicação do corpo. Embora de paredes finas, o crânio é muito resistente devido
a sua forma arredondada. Uma das formas mais fortes que se
Por que precisamos de um sistema nervoso? conhece é uma bola rígida. Um ovo, por exemplo, é extremamente
Seu cérebro é o órgão mais importante de seu corpo. Ele resistente, considerando-se como é fina sua casca. Assim, o mole
controla tudo o que você faz, seus movimentos, seus pensamentos e delicado cérebro é protegido contra danos externos diretos pelo
e sua memória. Muitas vezes ele não age diretamente, mas pode resistente crânio. Entretanto, mesmo sendo o crânio rígido e forte,
controlar pequenas quantidades de substâncias químicas do
sangue, que, por sua vez, têm um forte efeito sobre outra parte do
corpo.

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um abalo violento poderia balançar o cérebro e causar-lhe danos. É preciso, então, maior proteção, que é dada por três membranas,
denominadas meninges, que recobrem completamente o cérebro. A membrana mais externa é chamada de dura-máter, que fornece uma
boa proteção e apoio devidos a sua constituição forte e coriácea.

Junto ao cérebro há uma outra membrana, denominada pia-máter, muito mais fina, que acompanha cada depressão e cada elevação
da superfície do cérebro. Entre essas duas membranas há uma terceira, de constituição esponjosa, a aracnoide. Os espaços desta
membrana são preenchidos por um liquido no qual flutua todo o cérebro, fornecendo a camada protetora final. Há ainda grandes espaços
dentro do cérebro, que também são preenchidos com o mesmo liquido da aracnoide, de modo que o delicado tecido do cérebro não se
deforma quando movemos nossa cabeça.

A medula espinhal
A medula espinhal é uma extensão do cérebro, estendendo-se da base do crânio até logo abaixo das costelas. E uma haste de tecido
cerebral, com um pequeno canal passando através de todo seu comprimento. Toda a medula é coberta por membranas, tal como o
cérebro, e é também banhada por dentro e por fora com o mesmo líquido protetor do cérebro.
Como o cérebro, a medula espinhal precisa de proteção. Enquanto o cérebro está seguramente encerrado em um crânio rígido, a
medula espinhal está cercada por um conjunto de ossos chamados vértebras. Estes formam a coluna vertebral, que é capaz de flexionar-se
quando nos dobramos ou movemos. Ao mesmo tempo, a coluna vertebral tem que ser forte o suficiente para suportar o peso do corpo e
dar proteção segura à coluna espinhal. Poderia parecer que flexibilidade, força e proteção de seu frágil conteúdo não poderiam ser obtidos
pela coluna vertebral, mas sua construção engenhosa toma tudo isso possível.

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CIÊNCIAS NATURAIS

A coluna vertebral é constituída por mais de duas dúzias de O tronco cerebral atua junto com a medula espinhal
vértebras em forma de anel. A medula espinhal passa através para controlar as funções vitais, como o batimento regular do
do buraco existente no centro de cada uma das vértebras, e é coração, a pressão sanguínea e a respiração. Mas a função mais
completamente protegida pelos arcos ósseos. As protuberâncias importante do tronco cerebral é controlar a consciência, desligando
ósseas das vértebras articulam-se de maneira que cada vértebra as atividades do cérebro quando dormimos e ligando quando
pode mover-se apenas um pouco, para não apertar ou machucar acordamos. Mesmo quando dormimos o tronco cerebral controla
a medula espinhal. Entre cada par de vértebras há pequenas e confere nossas atividades vitais, mantendo o corpo funcionando.
aberturas através das quais os nervos podem passar, ramificando-
se a partir da própria medula espinhal. A complicada estrutura da
coluna é mantida unida por flexíveis cordões de ligamento e por
músculos poderosos.

A estrutura do encéfalo
O encéfalo se parece com uma noz grande, de cor rosa clara.
Sua superfície é profundamente enrugada e cheia de dobras, e sua
parte superior está quase dividida em duas partes por um sulco muito
profundo. Essa superfície enrugada ocupa a maior parte do encéfalo
e é chamada de cérebro. Na maioria dos animais o cérebro é bem
pequeno, mas no homem ele cresceu tanto que cobre todo o resto do
encéfalo.

O tronco cerebral trabalha como um computador,


continuamente conferindo e controlando as informações que
entram no cérebro através do sistema nervoso; em seguida ele
age em cima dessa informação liberando as mensagens para
que o sistema nervoso controle o corpo inteiro. Não tomamos
consciência de todas essas atividades; podemos apenas notar seus
efeitos. O tronco cerebral controla funções, como a respiração,
automaticamente.

Cerebelo
Se localiza abaixo do cérebro. Coordena, com o cérebro, os
movimentos do corpo. É responsável pelo equilíbrio do corpo, pois
está ligado a alguns canais da orelha interna. Além disso, mantém
o tônus muscular, isto é, regula o grau de contração muscular dos
músculos em repouso.

O cérebro, junto com outras partes do encéfalo, cresce do Como as mensagens passam pelos neurônios
tronco cerebral, que é uma expansão no topo da medula espinhal. Um sinal carregado por um neurônio pode parecer com
Um pouco mais abaixo do tronco cerebral está o cerebelo, com uma corrente elétrica sendo carregada através de um fio, mas
apenas 1/8 do tamanho do cérebro, mas bastante semelhante em na realidade é bem diferente. Uma minúscula carga elétrica é
sua aparência exterior. E até mesmo mais enrugado, e está colocado produzida, mas o movimento do sinal ao longo de um axônio é mais
diretamente na parte de trás da cabeça. O tálamo e o hipotálamo, semelhante à queima de um estopim de pólvora. O sinal move-se
outras partes menores do encéfalo, também crescem do tronco com uma velocidade entre 1,5 metros e 90 metros por segundo.
cerebral, sendo completamente cobertos pela massa do cérebro. O axônio é um tubo fino cheio de substâncias químicas
Uma série de grandes espaços, ou ventrículos, atravessam toda a dissolvidas em água. Muitos têm a parte exterior coberta com uma
estrutura do cérebro, e são preenchidos com líquido. camada de material gorduroso, como um isolamento elétrico. A
passagem de um sinal ao longo do axônio envolve o movimento
O tronco cerebral de íons, ou minúsculas partículas eletricamente carregadas de
O tronco cerebral, onde se localiza o bulbo, é algumas vezes dois elementos metálicos: sódio e potássio. Normalmente há mais
chamado de a parte mais velha do cérebro, porque é a principal potássio do lado de dentro de um axônio e mais sódio do lado de
parte do cérebro na maioria dos animais primitivos. Controla a fora. Quando passa um sinal, a membrana que cobre o axônio se
maior parte das funções importantes do corpo, e é o sistema de altera, permitindo aos íons escoarem através dela, causando uma
sustentação da vida. Se o tronco cerebral não for prejudicado, é mudança súbita nas propriedades elétricas nesse ponto. Essas
realmente possível o corpo permanecer vivo por algum tempo, mudanças oscilam ao longo do axônio como uma onda.
mesmo depois que o resto do cérebro tenha sido destruído.

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Quando o sinal alcança a sinapse, ele deve cruzar um pequeno intervalo para alcançar o próximo neurônio. Minúsculas bolhas nas
ramificações da extremidade dos axônios contêm substâncias químicas, chamadas transmissores. Estas são liberadas quando atingidas
pelos sinais e então atravessam o intervalo da sinapse. Quando contatam os dendritos da célula seguinte, dão início ao movimento do
sódio e do potássio, transmitindo o sinal.
Agora o primeiro neurônio volta ao estado de descanso normal, esperando por outro sinal. Os transmissores químicos que carregam
um sinal através do intervalo da sinapse podem ser de dois tipos diferentes. Alguns são chamados de substâncias químicas excitadoras.
Estas são as substâncias que passam a mensagem para o próximo neurônio, que em seguida, começa as mudanças elétricas que darão
origem a sinais a serem produzidos e passados ao longo do axônio. Os outros transmissores são chamados de substâncias químicas
inibidoras. Sua função é evitar que um sinal seja produzido em outro neurônio.

Milhares de neurônios estão em contato com os outros através de sinapse, e muitos estarão produzindo sinais excitadores ou
inibidores, O neurônio não produzirá nenhum sinal a menos que receba mais mensagens excitadoras (“liga”) do que inibidoras (“desliga”).
Um sinal de um ou dois neurônios não é suficiente para acionar um outro - ele deve receber vários sinais de uma vez. Isto significa que
quaisquer sinais ocasionais de milhares de neurônios ao redor não causarão uma mensagem falsa a ser passada. E quase como o princípio
da votação, onde o neurônio precisa dos “votos” de uma série de outros neurônios antes de ser capaz de emitir um sinal.

Rotas através do sistema nervoso


A atividade elétrica dos neurônios não tem lugar apenas no cérebro. Os nervos espalham-se pelo corpo todo desde o alto da cabeça
até a ponta dos dedos dos pés. São feixes de axônios, ou fibras nervosas, dividindo-se e tomando-se mais finos quanto mais afastados
estão do cérebro ou da medula espinhal. Os corpos das células dos neurônios estão agrupados na massa cinzenta, na superfície do cérebro,
na massa cinzenta similar, na parte interna da medula espinhal, e em pequenos nódulos chamados gânglios, perto da coluna vertebral.

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CIÊNCIAS NATURAIS

As mensagens dos órgãos dos sentidos, situados nos olhos, nariz, ouvidos e boca, dos órgãos do tato, espalhados por toda a superfície
do corpo, e até mesmo em alguns órgãos internos, chegam ao cérebro através do sistema nervoso. Os neurônios que carregam essas
mensagens para o cérebro são chamados neurônios sensoriais. Outros sinais passam do cérebro e da medula espinhal de volta para todo
o corpo, sendo carregados pelos chamados neurônios motores.

Os sinais passam ao longo de todo o sistema muito rapidamente, mas não tão depressa quanto em um circuito elétrico normal. Leva
um certo tempo para os sinais serem carregados através da sinapse pelas substâncias químicas transmissoras. Por esta razão os axônios
dos nervos são imensamente compridos de maneira que a mensagem possa ser levada tão rápido quanto possível, sem ser retardada por
sinapses desnecessárias.

A rede neurônica
É difícil perceber como podem ser complicadas as conexões das células nervosas. Os terminais das ramificações de um axônio não
apenas tocam a célula mais próxima, mas podem também estar em contato com outras 50.000 células ou mais. Sabemos que as mensagens
passam de um neurônio para o seguinte na rede de células e que sinais repetidos geralmente passam pelo mesmo caminho. Se queremos
dizer a palavra “cérebro”, as instruções para a fala vêm do cérebro e passam ao longo de uma série de caminhos especiais. Se queremos
dizer “cérebro” em voz mais baixa ou mais alta os músculos da caixa da voz (laringe) devem ser instruídos para se moverem de maneiras
diferentes; então, as mensagens devem passar por caminhos diferentes.
O cérebro pode selecionar diferentes conjuntos de caminhos para obter resultados semelhantes. Por causa dessa habilidade, as
pessoas podem, muitas vezes, sobrepujar danos cerebrais, aprendendo a usar partes diferentes do cérebro para duplicar as funções das
partes prejudicadas. Isso é importante para nós, porque, ao contrário de outras células do corpo, as células do cérebro não podem crescer
ou regenerar-se depois do nosso nascimento. Células cerebrais estão morrendo a cada minuto, mas temos as remanescentes tomando o
seu lugar e geralmente não notamos qualquer efeito prejudicial.

Os reflexos
O controle cerebral é essencial para muitas de nossas funções, mas em algumas situações é necessário que o corpo reaja muito
rapidamente, na verdade, sem esperar instruções. Essas reações de emergência são chamadas reflexos. Afastar o dedo de uma picada
de alfinete é uma reação muito comum para evitar ferimentos. Isso acontece rapidamente, antes mesmo que possamos perceber o que
houve. É um reflexo.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Mini órgãos sensoriais da pele chamados receptores, registram a picada do alfinete e imediatamente passam os sinais para os nervos
que correm pelo braço em direção à medula espinhal. Os sinais são então transmitidos para outras fibras nervosas (neurônios) que os
carregam para a massa cinzenta dentro da medula espinhal. Na medula, os sinais saem em duas direções. Alguns contatam fibras nervosas
que os conduzem diretamente de volta aos músculos do braço. Eles fazem os músculos do braço reagirem violentamente, afastando a
mão para longe da picada do alfinete. Enquanto isso, os outros sinais originais ainda estão sendo levados ao cérebro, através da medula
espinhal.
Uma fração de segundo mais tarde percebemos que fomos picados. E dói. O cérebro instrui agora a cabeça e os olhos para se moverem
e observarem o ferimento. Algumas vezes temos que levar uma picada quando recebemos uma vacina, por exemplo. Contudo, sabemos
disso com antecedência, e, embora a picada da agulha acione um reflexo, o cérebro manda uma mensagem inibidora pela medula espinhal.
Então o reflexo é contido antes de ser completado e o braço, portanto, não se afasta da picada.

O sistema nervoso periférico


O Sistema Nervoso Periférico é constituído pelos nervos e gânglios nervosos e sua função é conectar o sistema nervoso central às
diversas partes do corpo humano.

Nervos e gânglios nervosos


Nervos são feixes de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido conjuntivo. Nos nervos há vasos sanguíneos, responsáveis pela
nutrição das fibras nervosas. As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axônios que conduzem, respectivamente,
impulsos nervosos das diversas regiões do corpo ao sistema nervoso central e vice-versa. Gânglios nervosos são aglomerados de corpos
celulares de neurônios localizados fora do sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como pequenas dilatações em certos nervos.

Nervos sensitivos, motores e mistos


Nervos sensitivos são os que contêm somente fibras sensitivas, que conduzem impulsos dos órgãos sensitivos para o sistema nervoso
central. Nervos motores são os que contêm somente fibras motoras, que conduzem impulsos do sistema nervoso central até os órgãos
efetuadores (músculos ou glândulas). Nervos mistos contêm tanto fibras sensitivas quanto motoras.

O sistema nervoso autônomo


Algumas das atividades do sistema nervoso, como o pensamento e o controle dos movimentos, são muito óbvias para nós. Mas o
sistema nervoso também está trabalhando, sem que o percebamos, no controle dos órgãos internos.

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Esta é a responsabilidade de uma parte especial do sistema nervoso chamada sistema nervoso autônomo, que regula a circulação
sanguínea, a digestão, a respiração, os órgãos reprodutores e a eliminação dos resíduos do organismo. Também controla glândulas
importantes que têm efeitos poderosos sobre o corpo. O sistema nervoso autônomo trabalha independentemente da maior parte do
cérebro e suas células estão agrupadas em gânglios próximos da coluna vertebral. Ele opera inteiramente por reflexos e, embora o tronco
cerebral também esteja envolvido em suas atividades, não temos consciência disso.

Esse sistema está dividido em duas partes, o sistema nervoso simpático e parassimpático, que trabalham um em oposição ao outro.
Um dos sistemas estimulam um órgão, uma glândula, por exemplo, fazendo-a trabalhar bastante, o outro sistema faz cessar esse trabalho.
Primeiro um começa; depois o outro, e o resultado é que o órgão é mantido trabalhando no nível correto.
O trabalho do sistema nervoso simpático pode ser observado quando estamos bravos ou assustados; sua ação faz o coração bater mais
rápido e a respiração tornar-se mais profunda. As pupilas dos olhos dilatam-se e nos tornamos pálidos à medida que o sangue é drenado
da pele para alimentar os músculos de que podemos precisar para uma reação qualquer. Isso tudo acontece porque o sistema simpático
foi, acionado, fazendo o corpo ficar pronto para uma emergência.

As funções do córtex
Os músculos dos nossos órgãos internos trabalham automaticamente, mas a maioria dos nossos músculos trabalham apenas quando
queremos movê-los. Estes são os músculos voluntários. Os movimentos voluntários, como caminhar, mover os braços ou usar os dedos,
são diretamente controlados pelo cérebro. Uma estreita faixa de córtex que atravessa o topo de nosso cérebro, chamado de córtex motor,
está em ligação direta com os nossos movimentos. O córtex motor recolhe informações de outras partes do cérebro, incluindo os sinais
dos órgãos dos sentidos. Quando a decisão de mover um músculo ou uma série de músculos é tomada, o córtex transmite suas instruções
para a parte apropriada do corpo.
Partes diferentes do córtex motor têm funções especiais, cada uma controlando os movimentos de certas partes do corpo. Partes
importantes e complexas, tais como mãos e lábios, requerem um controle muito cuidadoso e os muitos neurônios necessários para esse
trabalho ocupam grandes áreas do córtex. Partes menos complicadas precisam de menos controle e, portanto, há áreas menores de
córtex destinadas a elas. Da mesma maneira que o movimento é controlado pelo córtex motor, partes especiais do córtex sensorial são
responsáveis pelo tato. Outras partes cuidam da visão, da audição e de todos os outros sentidos.

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Onde ocorre o pensamento


O movimento e os sentidos ocupam apenas duas estreitas faixas transversais do córtex cerebral. O resto do córtex não tem funções tão
facilmente reconhecíveis. Contém as áreas de associação, e é onde, provavelmente, ocorre o pensamento. Por “pensamento”, queremos
dizer o exame e a interpretação do enorme número de sinais que chegam ao cérebro, e a decisão de qualquer ação a ser efetuada - ou,
às vezes, a decisão de não agir. Algumas funções, entre elas a fala, estão espalhadas pelo córtex em pequenas áreas. A fala é também
controlada por várias áreas diferentes do cérebro, além de uma parte do córtex.
A maneira pela qual as áreas de associação trabalham ainda não é bem compreendida. Algumas vezes grandes partes do cérebro
podem ser afetadas, por doença ou por acidente, sem provocar muitos problemas; por outro lado, danos em pequenas partes podem
originar graves distúrbios. Na realidade, a maneira pela qual o cérebro funciona é muito mais complicada do que parece à primeira
vista. Partes muito grandes do cérebro parecem não ter nenhuma finalidade aparente, mas, como os neurônios estão de tal maneira
interligados, acredita-se que todas as partes do cérebro têm alguma função. Talvez parte dessa “reserva” cerebral comece a ser usada para
substituir os neurônios que vão morrendo à medida que envelhecemos.

— Sistema Endócrino
Todas as funções e atividades do nosso corpo são coordenadas e integradas pelo sistema nervoso e pelo sistema endócrino (hormonal).
O sistema endócrino é composto de várias glândulas que se situam em diferentes pontos do nosso corpo. Glândulas são estruturas que
produzem substâncias que tem determinada função no nosso corpo.

As glândulas endócrinas e as suas funções


As glândulas endócrinas produzem e lançam no sangue substâncias reguladoras denominadas hormônios – estes, ao serem lançados
no sangue, percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo sobre os quais atuam.

Hipófise
A hipófise pode ser considerada a “glândula-mestre” do nosso corpo. Ela produz vários hormônios e muitos deles estimulam o
funcionamento de outras glândulas, com a tireoide, as suprarrenais e as glândulas-sexuais (ovários e testículos). O hormônio do crescimento
é um dos hormônios produzidos pela hipófise. O funcionamento do corpo depende do equilíbrio hormonal. O excesso, por exemplo, de
produção do hormônio de crescimento causa uma doença chamada gigantismo (crescimento exagerado) e a falta dele provoca o nanismo,
ou seja, a falta de crescimento do corpo.

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Outro hormônio presente no corpo humano e também produzido pela hipófise é o antidiurético (ADH). Essa substância permite ao
corpo economizar água na excreção (formação de urina).

Tireoide
A tireoide produz a tiroxina, hormônio que controla a velocidade de metabolismo do corpo. Se ocorrer hipertireoidismo, isto é,
funcionamento exagerado da tireoide, todo o metabolismo fica acelerado: o coração bate mais rapidamente, a temperatura do corpo fica
mais alta que o normal; a pessoa emagrece porque gasta mais energia. Esse quadro favorece o desenvolvimento de doenças cardíacas
e vasculares, pois o sangue passa a circular com maior pressão. Pode ocorrer o bócio, ou seja, um “papo” causado pelo crescimento
exagerado da tireoide. Também pode aparecer a exoftalmia, isto é, os olhos ficam “saltados”.
Se a tireoide trabalha menos ou produz menor quantidade de tiroxina que o normal, ocorre o hipotireoidismo, e o organismo também
se altera: o metabolismo se torna mais lento, algumas regiões do corpo ficam inchadas, o coração bate mais vagarosamente, o sangue
circula mais lentamente, a pessoa gasta menos energia, tornando-se mais propensa à obesidade, as respostas físicas e mentais tornam-se
mais lentas. Aqui, também pode ocorre o bócio.
Quando o hipotireoidismo ocorre na infância, pode provocar um retardamento físico e mental. Uma das possíveis causas dessa doença
é a falta (ou insuficiência) de iodo na alimentação, já que o iodo é um elemento presente na composição da tiroxina. Na maioria dos países
assim como no Brasil, existem leis que obrigam os fabricantes de sal de cozinha a adicionar iodo nesse produto. Com tal medida, garante-se
que a maioria das pessoas consuma diariamente a quantidade necessária de iodo.

Paratireoides
As paratireoides são quatro glândulas localizadas em volta da tireoide. Elas produzem o paratormônio, hormônio que regula a
quantidade de cálcio e fósforo no sangue.

Suprarrenais
As suprarrenais, duas glândulas que se situam acima dos rins, produzem adrenalina, também conhecida como hormônio das “situações
de emergência”. A adrenalina prepara o corpo para a ação, ou seja, em termos biológicos, para atacar ou fugir.

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Já o glucagon funciona de maneira oposta à insulina. Quando


o organismo fica muitas horas sem se alimentar, a taxa de açúcar
no sangue cai muito e a pessoa pode ter hipoglicemia, que dá a
sensação de fraqueza, tontura, podendo até desmaiar. Quando
ocorre a hipoglicemia o pâncreas produz o glucagon, que age no
fígado, estimulando-o a “quebrar” o glicogênio em moléculas de
glicose. A glicose é, então enviada para o sangue, normalizando a
taxa de açúcar.
Além de hormônios, o pâncreas produz também o suco
pancreático, que é lançado no intestino delgado e desempenha um
papel muito importante no processo digestivo.

Glândulas sexuais
As glândulas sexuais são os ovários (femininos) e os testículos
(masculinos). Os ovários e os testículos são estimulados por
hormônios produzidos pela hipófise. Enquanto os ovários produzem
estrogênio e progesterona, os testículos produzem testosterona.

Os principais efeitos da adrenalina no organismo são: O mecanismo de feedback


Taquicardia (o coração dispara e impulsiona mais sangue para A regulação hormonal obedece a um equilíbrio dinâmico
os braços e pernas, dando-nos capacidade de correr mais ou de nos que se estabelece por meio da retroalimentação ou do feedback,
exaltar mais em uma situação tensa, como uma briga); ou seja, do mecanismo através do qual o efeito controla a causa.
Aumento da frequência respiratória e da taxa de glicose no Quando a taxa de um determinado hormônio no sangue está alta, a
sangue (isso permite que as células produzam mais energia); glândula que produz esse hormônio é inibida e pára de produzi-lo.
Contração dos vasos sanguíneos da pele (o organismo envia Da mesma maneira, quando está abaixo do nível normal, a glândula
mais sangue para os músculos esqueléticos) – por essa razão, recebe estímulo para produzir esse hormônio.
ficamos pálidos de susto e também “gelados de medo”! Graças à retroalimentação, o funcionamento é ajustado às
necessidades do organismo e, assim, um hormônio não é produzido
Pâncreas em quantidade excessiva, não havendo desperdício de energia.
O pâncreas produz dois hormônios importantes na regulação
da taxa de glicose (açúcar) no sangue: a insulina e o glucagon. Sistema Esquelético
A insulina facilita a entrada da glicose nas células (onde ela será Pense na quantidade de movimentos que você realiza todos
utilizada para a produção de energia) e o armazenamento no fígado, os dias, desde a hora em que acorda até o momento em que vai
na forma de glicogênio. Ela retira o excesso de glicose do sangue, dormir novamente. Você levanta da cama, escova os dentes, leva os
mandando-o para dentro das células ou do fígado. Isso ocorre, alimentos do café da manhã até à boca, mastiga, vai à escola, volta,
logo após as refeições, quando a taxa de açúcar sobe no sangue. faz ginástica, corre, usa as mãos para segurar algum objeto, passeia,
A falta ou a baixa produção de insulina provoca o diabetes, doença espirra, boceja, empurra e puxa objetos, ensaia passos de dança ao
caracterizada pelo excesso de glicose no sangue (hiperglicemia). ouvir música, joga basquete, pratica qualquer outro esporte...

Função do esqueleto
O esqueleto humano adulto é constituído por cerca de 200
ossos. O esqueleto sustenta o corpo, protege órgãos diversos e
está associado a muitos dos movimentos que executamos. O ser
humano e os outros animais vertebrados se locomovem das mais
diversas formas e para os mais diversos fins.
O esqueleto ósseo, além de sustentação corporal, apresenta
três importantes funções:
Reservas de sais minerais, principalmente de cálcio e fósforo,
que são fundamentais para o funcionamento das células e devem
estar presentes no sangue. Quando o nível de cálcio diminui no
sangue, sais de cálcio são mobilizados dos ossos para suprir a
deficiência.
Determinados ossos ainda possuem medula amarela (ou
tutano). Essa medula é constituída principalmente por células
adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva.
No interior de alguns ossos (como o crânio, coluna, bacia,
esterno, costelas e as cabeças dos ossos do braço e coxa), há
cavidades preenchidas por um tecido macio, a medula óssea
vermelha, onde são produzidas as células do sangue: hemácias,
leucócitos e plaquetas.
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Os ossos começam a se formar a partir do segundo mês da vida


intrauterina. Ao nascer, a criança já apresenta um esqueleto bastante
ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda mantêm
regiões cartilaginosas que permitem o crescimento. Entre os 18 e
20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam e o crescimento
cessa. Nos adultos, há cartilagens em locais onde a flexibilidade
é importante (na ponta do nariz, orelha, laringe, parede da
traqueia e extremidades dos ossos que se articulam).

Ossos longos
Observe o esquema a seguir, que mostra a estrutura de um
osso longo.
Crescimento Ósseo
Podemos perceber que esse osso apresenta:
Há um esqueleto cartilaginoso durante a vida embrionária, o
Epífises: as extremidades do osso, recobertas por cartilagem;
qual será quase totalmente substituído por um esqueleto ósseo. É o
Periósteo: a membrana fibrosa que reveste externamente o
que se denomina ossificação endocondral (do grego endos, dentro,
osso;
e chondros, cartilagem).
Diáfise: a porção do osso situada entre as epífises e envolvida
pelo periósteo.
Canal ósseo: o canal onde se encontra a medula óssea.
Os ossos são órgãos formados por vários tipos de tecido.
O periósteo, por exemplo, é uma membrana fibrosa de tecido
conjuntivo. A medula óssea vermelha também é formada por um
tipo de tecido conjuntivo e pode ser encontrada nas costelas e nas
vértebras; ela produz células do sangue. Na diáfise de ossos longos
como o fêmur, encontra-se a medula óssea amarela, que armazena
gorduras, o tutano.
Mas é o tecido ósseo que confere a rigidez característica dos
ossos. Nele se encontram células como os osteócitos. Entre as
células, existe a matriz óssea, que representa o material intercelular,
constituída, basicamente, de sais de cálcio e de fósforo, além de
proteínas chamadas colágeno. Os sais de cálcio e as proteínas do
tipo colágeno são responsáveis pela rigidez do tecido ósseo.

Forma dos ossos


Quanto à forma, os ossos podem ser longos, curtos e chatos.
Os ossos longos apresentam o comprimento maior que a largura e
a espessura. Exemplos: o fêmur (o osso da coxa), o úmero (o osso
do braço) e a tíbia (um dos ossos da perna).
Os ossos curtos apresentam comprimento, largura e espessura
quase iguais. Exemplos: a patela, popularmente chamada de
“rótula” (osso do joelho)., os ossos do carpo (alguns dos ossos
da mão) e do tarso (alguns dos ossos do pé). Os ossos chatos são
finos e achatados. Exemplos: a escápula, osso situado na região do
ombro, as costelas e os ossos do crânio.

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Tipo “dobradiça” - Nos joelhos e cotovelos, permitindo dobrar.

Articulação
Os ossos de uma articulação têm de deslizar um sobre o
outro suavemente e sem atrito, ou se gastariam. Os ossos de uma
articulação são mantidos em seus devidos lugares por meio de
cordões resistentes, constituídos por tecido conjuntivo fibroso: os
ligamentos, que estão firmemente aderidos às membranas que
revestem os ossos.
Juntas e Articulações
Juntas é o local onde dois ossos se tocam. Algumas são fixas — Divisão do esqueleto
(ex.: crânio), onde os ossos estão firmemente unidos entre si. Em O esqueleto humano pode ser dividido em três partes
outras juntas (ex.: articulações), os ossos são móveis, permitindo ao principais:
esqueleto realizar movimentos.
Cabeça
Há vários tipos de articulações: O crânio é uma estrutura óssea que protege o cérebro e
Tipo “bola-e-soquete” - Nos ombros, possibilitando forma a face. Ele é formado por 22 ossos separados, o que permite
movimentos giratórios dos braços. seu crescimento e a manutenção da sua forma. Esses ossos se
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encontram ao longo de linhas chamadas suturas, que podem ser Coluna Vertebral
vistas no crânio de um bebê ou de uma pessoa jovem, mas que Ou espinha dorsal, é constituída por 33 ossos (as vértebras). A
desaparecem gradualmente por volta dos 30 anos. sobreposição dos orifícios presentes nas vértebras forma um tubo
interno ao longo da coluna vertebral, onde se localiza a medula
nervosa.

A maioria dos ossos cranianos formam pares, um do lado direito


e o outro do lado esquerdo. Para tornar o crânio mais forte, alguns
desses pares, como os dos ossos frontais, occipitais e esfenoides,
fundem-se num osso único. Os pares de ossos cranianos mais
importantes são os parietais, temporais, maxilares, zigomáticos,
nasais e palatinos. Os ossos cranianos são finos, mas, devido a
seu formato curvo, são muito fortes em relação a seu peso - como
ocorre com a casca de um ovo ou o capacete de um motociclista.

Tronco
Formado pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo osso Costela e Osso Esterno
esterno. O tronco e a cabeça formam o esqueleto axial. A costela e o osso esterno protegem o coração, os pulmões
e os principais vasos sanguíneos. A musculatura da caixa torácica
é responsável, juntamente ao diafragma, pelos movimentos
respiratórios. A caixa torácica é formada pelas costelas, que são
ossos achatados e curvos que se unem dorsalmente à coluna
vertebral e ventralmente ao esterno. A maioria das pessoas possui
12 pares de costelas. Algumas têm uma extra (mais comum em
homens do que mulheres). Os dois últimos pares de costelas são
ligados à coluna vertebral, não se ligam ao esterno (as costelas
flutuantes).

Membros Superiores e Inferiores


Os ossos dos membros superiores e inferiores ligam-se ao
esqueleto axial por meio das cinturas articulares.

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Cintura Pélvica
Ou bacia, conecta os membros inferiores ao tronco. Podem
distinguir o homem da mulher. Nas mulheres é mais larga, o que
representa adaptação ao parto.

— O sistema muscular
O sistema muscular é formado pelo conjunto de músculos do
nosso corpo. Existem cerca de 600 músculos no corpo humano;
juntos eles representam de 40 a 50% do peso total de uma pessoa.
Os músculos são capazes de se contrair e de se relaxar, gerando
movimentos que nos permitem andar, correr, saltar, nadar, escrever,
impulsionar o alimento ao longo do tubo digestório, promover a
circulação do sangue no organismo, urinar, defecar, piscar os olhos,
rir, respirar...
A nossa capacidade de locomoção depende da ação conjunta
de ossos, articulações e músculo, sob a regulação do sistema
nervoso.

• Membros Superiores
Composto por braço, antebraço, pulso e mão.
O braço só tem um osso: o úmero, que é um osso do membro
superior.
O antebraço é composto por dois ossos: o rádio que é um osso
longo e que forma com o cúbito (ulna) o esqueleto do antebraço.
O cúbito também é um osso longo que se localiza na parte interna
do antebraço.
A mão é composta pelos seguintes ossos: ossos do carpo, ossos
do metacarpo e os ossos do dedo. Os ossos do carpo (constituída
por oito ossos dispostos em duas fileiras), são uma porção do
esqueleto que se localiza entre o antebraço e a mão. O metacarpo é
a porção de ossos que se localiza entre o carpo e os dedos.

• Membros Inferiores
São maiores e mais compactos, adaptados para sustentar o
peso do corpo e para caminhar e correr. Composto por coxa, perna,
tornozelo e pé.
A coxa só tem um osso - o fêmur - que se articula com a
bacia pela cavidade cotiloide. O fêmur tem volumosa cabeça
arredondada, presa a diáfise por uma porção estreitada - o colo
anatômico. A extremidade inferior do fêmur apresenta para diante
uma porção articular - a tróclea - que trás dois côndilos separados
pela chanfradura inter-condiliana. O fêmur é o maior de todos os
ossos do esqueleto.
A perna e composta por dois ossos: a tíbia e a fíbula (perônio).
A tíbia é o osso mais interno e a fíbula é o osso situado ao lado da
tíbia.

Os dedos são prolongamentos articulados que terminam nos


pés. O pé é composto pelos ossos tarso, metatarso e os ossos dos
dedos. O metatarso é a parte do pé situada entre o tarso e os dedos.
O tarso é a porção de ossos posterior do esqueleto do pé.

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Esses músculos são responsáveis, por exemplo, pela ereção


dos pêlos na pele (“arrepio”) e pelos movimentos de órgãos como
o esôfago, o estômago, o intestino, as veias e as artérias, ou seja,
músculos associados aos movimentos peristálticos e ao fluxo de
sangue no organismo.
Os músculos estriados esqueléticos fixam-se aos ossos
geralmente por meio de cordões fibrosos, chamados tendões.
Possuem contração vigorosa e voluntária, isto é, seus movimentos
obedecem a nossa vontade. Exemplos: os músculos das pernas,
dos pés, dos braços e das mãos. O músculo estriado cardíaco é
o miocárdio, o músculo do coração, que promove os batimentos
cardíacos. Sua contração é vigorosa e involuntária.

O trabalho muscular
Uma das principais propriedades dos músculos é a capacidade
de se contrair; a contratilidade; é ela que torna possíveis os
movimentos.
No caso dos músculos estriados esqueléticos, os ossos
atuam como alavancas e permitem a efetivação do movimento.
Às vezes, o movimento é possível graças ao trabalho antagônico
de dois músculos. Por exemplo: quando você dobra um braço, o
bíceps braquial se contrai, diminui no comprimento e aumenta na
espessura. Ao mesmo tempo, o tríceps braquial relaxa. Ao esticar o
braço, a situação se inverte: o bíceps braquial relaxa, voltando ao
tamanho normal, e o tríceps braquial se contrai.

A fadiga muscular
Quando uma pessoa realiza um esforço muscular muito intenso,
é comum ela ficar cansada e sentir dores na região muscular mais
solicitada. É a fadiga muscular, que ocorre por causa do acúmulo de
Tipos de músculos ácido lático no músculo.
No corpo humano, existem músculos grandes, como os da coxa, Em situação de intensa atividade muscular, os músculos
e músculos pequenos, como certos músculos da face. Eles podem estriados esqueléticos necessitam de muita energia. Essa energia é
ser arredondados (os orbiculares dos olhos, por exemplo); planos obtida pela “queima” de alimento com o uso de gás oxigênio. Mas,
(os do crânio, entre outros); ou fusiformes (como os do braço). nesse caso, parte da energia necessária para a atividade muscular
Mas, de maneira geral, podemos reconhecer três tipos de é obtida também por um tipo de fermentação, um mecanismo de
músculo no corpo humano: “queima” de alimento sem utilização gás oxigênio. A fermentação
Músculo não estriado (músculo liso); que ocorre no músculo é chamada fermentação láctica, pois gera
Músculo estriado esquelético; ácido láctico como produto final.
Músculo estriado cardíaco. Após um período de repouso, o ácido láctico presente
no músculo da pessoa é “queimado”, e as dores musculares
Os músculos não estriados têm contração lenta e involuntária, desaparecem.
isto é, os movimentos por eles gerados ocorrem independentemente
da nossa vontade. Músculos e fibras
Ao observar um pedaço de carne crua, percebemos que ela é
formada por inúmeros fios paralelos e presos uns aos outros por
tecido conjuntivo (parte branca e pelanca). Depois do cozimento,
o tecido conjuntivo se altera e já não prende tão bem esses fios.
Assim, fica fácil desfiar a carne.
Os fios observados são feixes de fibras musculares. Cada fibra
muscular ou miócito é uma célula longa e fina, com muitos núcleos e
com o citoplasma ocupado por filamentos microscópicos chamados
miofibrilas. As miofibrilas permitem a contração muscular e,
portanto, nossos movimentos.
Os músculos estriados são as vezes chamados de “músculos
vermelhos”, por causa de uma proteína chamada de mioglobina.
Essa proteína é uma espécie de “parente” da hemoglobina das

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hemácias: tem um quarto do tamanho dela, é vermelha e capaz de Universo


se combinar com o gás oxigênio. A mioglobina funciona como um
reservatório do gás oxigênio para as atividades musculares. Uma possível definição de Universo é que ele é tudo que nos
Nos mamíferos aquáticos, a mioglobina é particularmente influenciou no passado, nos influencia no presente e que poderá
abundante. É o caso de animais como as focas, as baleias, os leões- nos influenciar no futuro. Isso significa que qualquer coisa que pu-
marinhos e os golfinhos. Se comparados com mamíferos terrestres, der ser descoberto pertence ao nosso Universo, pois de alguma for-
esses animais aquáticos possuem mais glóbulos vermelhos e ma nos influenciou. Se existir um outro Universo, ele não poderá
alvéolos pulmonares mais desenvolvidos e em maior número. E, ser descoberto.
nos músculos, a grande presença de mioglobina garante um notável O Universo conhecido é formado por galáxias, estrelas, nebulo-
armazenamento de gás oxigênio. sas, planetas, satélites, cometas, asteroides e radiações. É possível
Tudo isso contribui para que possam mergulhar e permanecer que haja, também, matéria numa forma ainda não detectada. O
submersos na água por períodos relativamente longos. Universo atualmente conhecido tem um raio de cerca de 20 bilhões
de anos-luz, contendo cerca de 100 bilhões de galáxias, incluindo
a nossa Galáxia, também chamada de Via-Láctea. Admite-se uma
NOÇÕES DE ASTRONOMIA idade de cerca de 20 bilhões de anos para o Universo. O estudo da
origem e da evolução do Universo recebe o nome de Cosmologia.
Sistema Solar

Astronomia O Sistema Solar é constituído pelo conjunto de corpos celestes


que orbitam o Sol e que, portanto, estão sob sua influência gra-
A Astronomia é uma ciência natural que estuda corpos celes- vitacional. Dentre esses corpos, os maiores são os planetas, que
tes (como estrelas, planetas, cometas, nebulosas, aglomerados de totalizam oito, seguidos pelos cinco planetas anões, vários satéli-
estrelas, galáxias) e fenômenos que se originam fora da atmosfera tes naturais e inúmeros outros corpos menores, como asteroides
da Terra (como a radiação cósmica de fundo em micro-ondas). Ela e cometas.
está preocupada com a evolução, a física, a química, e o movimento
de objetos celestes, bem como a formação e o desenvolvimento do Asteroides
universo. Os asteroides são corpos rochosos e metálicos que possuem
A Astronomia é uma ciência natural que estuda corpos celes- órbita definida ao redor do Sol, fazendo parte dos corpos menores
tes (como estrelas, planetas, cometas, nebulosas, aglomerados de do Sistema Solar.
estrelas, galáxias) e fenômenos que se originam fora da atmosfera É também chamado de planetoide. O termo “asteroide” deriva
da Terra (como a radiação cósmica de fundo em micro-ondas). Ela do grego “astér”, estrela, e “oide”, sufixo que denota semelhança.
está preocupada com a evolução, a física, a química, e o movimento Normalmente, os asteroides ficam em órbitas bem-definidas e es-
de objetos celestes, bem como a formação e o desenvolvimento do táveis, concentrados entre as órbitas de Marte e Júpiter. Essa região
universo. é conhecida como Cinturão de Asteroides. Com formato irregular,
A astronomia é uma das mais antigas ciências. Culturas pré-his- a maioria dos asteroides tem cerca de 1 quilômetro de diâmetro -
tóricas deixaram registrados vários artefatos astronômicos, como mas alguns podem chegar a centenas de quilômetros. Asteroides de
Stonehenge, os montes de Newgrange, os menires. As primeiras diversos tamanhos já atingiram a Terra.
civilizações, como os babilônios, gregos, chineses, indianos, irania- Já foram catalogados mais de 20 mil asteroides, sendo que di-
nos e maias realizaram observações metódicas do céu noturno. No versos deles ainda não possuem dados orbitais calculados. São des-
entanto, a invenção do telescópio permitiu o desenvolvimento da conhecidos quase todos os de menor tamanho, os quais acredita-se
astronomia moderna. Historicamente, a astronomia incluiu discipli- que existam cerca de 1 milhão. Estima-se que mais de quatrocentos
nas tão diversas como astrometria, navegação astronômica, astro- mil possuam diâmetro superior a um quilômetro. Se juntássemos a
nomia observacional e a elaboração de calendários. massa de todos os asteroides conhecidos, ela seria inferior à massa
Durante o século 20, o campo da astronomia profissional foi da Lua.
dividido em dois ramos: a astronomia observacional e a astronomia Há asteroides de tamanhos variados, de 20 metros a 900 quilô-
teórica.[carece de fontes] A primeira está focada na aquisição de metros de diâmetro. Estima-se que o asteroide que teria liquidado
dados a partir da observação de objetos celestes, que são então os dinossauros possuísse 10 quilômetros de diâmetro. Ao todo, a
analisados utilizando os princípios básicos da física. Já a segunda Nasa - a agência espacial americana - classifica mais de 4,7 mil ob-
é orientada para o desenvolvimento de modelos analíticos que jetos próximos da Terra como “potencialmente perigosos”. Nessa
descrevem objetos e fenômenos astronômicos. Os dois campos conta, entram todos os bólidos espaciais maiores do que 100 me-
se complementam, com a astronomia teórica procurando explicar tros de diâmetro, suficientemente grandes para resistir à entrada
os resultados observacionais, bem com as observações sendo usa- na atmosfera terrestre e de órbita relativamente próxima à do nos-
das para confirmar (ou não) os resultados teóricos. Os astrônomos so planeta.
amadores têm contribuído para muitas e importantes descobertas
astronômicas. A astronomia é uma das poucas ciências onde os Cometas
amadores podem desempenhar um papel ativo, especialmente na Cometa é um corpo menor, do Sistema Solar, que quando se
descoberta e observação de fenômenos transitórios. aproxima do Sol passa a exibir uma atmosfera difusa, denomina-
da coma, e em alguns casos apresenta também uma cauda, ambas
causadas pelos efeitos da radiação solar e dos ventos solares sobre

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o núcleo cometário. Os núcleos cometários são compostos de gelo, fundindo e formando os mais pesados com o passar do tempo”, diz
poeira e pequenos fragmentos rochosos, variando em tamanho de Thais. No caso do Sol, o hidrogênio (que é mais leve) transforma-se
algumas centenas de metros até dezenas de quilômetros. em hélio (que é mais pesado) por fusão nuclear. Quando o hidrogênio
Um dos cometas mais famosos é o Halley. Ele foi identificado se esgota no núcleo da estrela, o hélio começa a se fundir para formar
como cometa periódico em 1696 por Edmond Halley. Aproximada- carbono. “Mas em uma estrela com a massa do Sol, a temperatura de
mente a cada 76 anos, o cometa Halley orbita em torno do Sol. Sua fusão do carbono para formar elementos mais pesados nunca será
próxima aparição está prevista para 29 de julho de 2061. atingida, então forma-se um núcleo que não mais produzirá energia
e, com isso, começa o processo de morte da estrela”.
Estrelas
As estrelas são corpos celestes que possuem luz própria, são Algumas Estrelas Importantes
por isso designados corpos luminosos, característica que as diferen- A estrela mais próxima da Terra é o Sol. A distância entre o Sol
cia de todos os outros corpos do cosmos. A luz das estrelas pro- e a Terra define o termo de 1 Unidade Astronômica.
vém de reações que ocorrem no seu interior. São essas reações que A estrela mais próxima da Terra (além do Sol) é a Próxima Cen-
estabelecem os períodos da vida das estrelas (nascimento, vida e tauri, descoberta no ano de 1915. Fica situada a uma distância de,
morte) e modificam a estrela ao longo da sua existência. Embora o aproximadamente, 4.2 anos-luz da Terra. Um ano-luz é igual à dis-
nascimento de todas as estrelas ocorra de forma semelhante, sua tância que a luz percorre no período de um ano. A maior estrela é a
vida e sua morte dependem de diversos parâmetros, entre eles a Betelgeuse (Alpha Orionis).
composição química e, principalmente, a massa. A estrela mais brilhante vista da superfície da Terra é a Sirius
A (Alpha Canis Majoris), também conhecida como Estrela Canina.
Nascimento, vida e morte das estrelas Possui um brilho aparente de magnitude −1.46. Fica situada a, apro-
Segundo a professora Thais Idiart, do Departamento de Astro- ximadamente, 8.65 anos luz distante da Terra e possui uma lumino-
nomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféri- sidade 26 vezes maior que a do Sol. É visível durante os meses de
cas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), “as melhores condi- inverno do hemisfério norte.
ções para se formar estrelas são encontradas nas chamadas nuvens Galáxias
escuras, que podem ser de gás, de poeira ou moleculares”. O ta- Denominamos galáxia a uma gigantesca acumulação de estre-
manho dessas nuvens é da ordem de centenas de anos-luz - o que las, poeiras e gás, que aparecem isoladas no espaço e cujos cons-
significa alguns bilhões de quilômetros - e a temperatura no interior tituintes se mantêm unidos entre si devido a mútuas interacções
delas equivale a, aproximadamente, -260ºC. É a partir delas que se gravitacionais, sendo por vezes o seu comportamento afetado por
originam não apenas uma, mas várias estrelas. “Elas quase sempre galáxias vizinhas. Qualquer galáxia possui milhares de milhões de
se formam em grupos, raramente isoladas”, diz Thais. estrelas.
O processo de formação desses astros pode levar algumas de- A descoberta das galáxias como sistemas exteriores à Via Lác-
zenas de milhões de anos. “O primeiro estágio se dá quando uma tea aconteceu em 1923, como consequência das pesquisas reali-
massa grande da nuvem começa a se contrair. Devido a instabilida- zadas por Edwin Hubble com a galáxia de Andrômeda, utilizando
des gravitacionais, pode se fragmentar em pedaços menores que, o telescópio de 2.5 metros de Mount Wilson, Califórnia, Estados
por sua vez, também podem colapsar e continuar a se dividir, for- Unidos. Anteriormente, todos os objetos extensos, galáxias, aglo-
mando, eventualmente, dezenas ou centenas de estrelas”, explica merados estelares, nebulosas planetárias eram classificadas como
a professora. À medida que começam a se contrair, esses fragmen- nebulosas.
tos iniciam uma fase de aquecimento e passam a ser denominados O estudo das galáxias é muito antigo, sendo que muitas teorias
proto-estrelas. “Quando a temperatura no centro deles alcança um se baseavam em mitologias. Contudo, o desenvolvimento tecnoló-
valor alto suficiente para começar a reação de fusão nuclear, a con- gico possibilitou maior precisão na análise e caracterização do tema
tração para e a estrela nasce”. em questão, pois a dificuldade de identificação de uma galáxia é
O tempo de vida de uma estrela está diretamente relacionado muito grande – somente três galáxias são visíveis da Terra a olho nu
à sua massa. “As de massa bem maiores que a do Sol, cerca de dez (Pequena e Grande Nuvem de Magalhães e Andrômeda).
vezes maiores, por exemplo, vão durar dezenas de milhões de anos, Também conhecida como Via Láctea, a nossa galáxia contém
enquanto o tempo de vida do astro solar é de 10 bilhões de anos. cerca de 100 bilhões de estrelas. Trata-se de uma galáxia espiral co-
Já estrelas com um décimo da massa solar têm uma expectativa de mum, e o Sol situa-se em um dos braços da espiral. O diâmetro da Via
vida de várias dezenas de bilhões de anos”, afirma Thais Idiart. A Láctea é de aproximadamente 100.000 anos-luz e o Sol encontra-se
idade atual do Sol é de 4,5 bilhões de anos, “logo, ele tem ainda uns a cerca de 30.000 anos-luz do centro. A estrela mais próxima do Sol,
5 bilhões de anos pela frente”. A professora explica que, durante as Próxima Centauri, localiza-se a 4,2 anos-luz de distância. A Via Láctea
fases finais de vida do Sol, este irá se expandir até atingir a órbita de tem movimento de rotação e o Sol leva 225 milhões de anos para
Marte, transformando-se em uma estrela vermelha gigante. “Nessa completar uma revolução, o que recebe o nome de ano cósmico.
fase evolutiva, todos os planetas internos, Mercúrio, Vênus, Terra Em 1936, o astrônomo norte-americano Edwin Hubble desen-
e Marte, serão extremamente aquecidos. Na Terra, os oceanos se volveu um sistema (Sequência de Hubble) para classificação de ga-
evaporarão e o planeta perderá sua atmosfera”. láxias ainda utilizado. Ele agrupou as galáxias em três categorias:
Terminada a fase de expansão, o astro inicia um processo in- elípticas, espirais e irregulares.
verso: “Irá encolher muito até se tornar uma estrela do tipo anã
branca. A energia liberada por ele será menor do que a atual e o que 1. Elíptica: têm uma forma arrendondada pouco marcada, mas
restar dos planetas internos estará a temperaturas muito baixas”, não exibem muitos gases ou poeira, tampouco estrelas brilhantes
prevê. Mas por que as estrelas morrem? “No núcleo delas, a energia visíveis ou padrões espirais. Além disso, não ostentam discos galácti-
é formada por fusão nuclear, ou seja, elementos mais leves vão se cos. Sua classificação varia de E0 (circular) a E7 (elipse mais pronun-
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ciada). As galáxias elípticas respondem por cerca de 60% das galáxias galáxias, os astrônomos concluíram que a maior parte da massa fica
do universo. Mostram ampla variação de tamanho - a maioria delas nas porções exteriores da galáxia, como no halo, onde existe pouca
é pequena (cerca de 1% do diâmetro da Via Láctea), mas algumas luz das estrelas ou pouca luz refletida pelos gases.
apresentam diâmetro até cinco vezes superior ao da Via Láctea.
Lua
2. Espiral: a Via Láctea é uma galáxia espiral de grande porte. A Lua é o único satélite natural da Terra, situando-se a uma
As galáxias espirais são brilhantes e têm um pronunciado formato distância de cerca de 384.405 km do nosso planeta.
de disco, com gases quentes, poeira e estrelas brilhantes exibidos
em seus braços espirais. Como as galáxias espirais são brilhantes, Fases da Lua
respondem pela maioria das galáxias visíveis, mas acredita-se que À medida que a Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela
representem apenas 20% do total de galáxias do universo. São sub- passa por um ciclo de fases, durante o qual sua forma parece variar
divididas em algumas categorias. gradualmente. O ciclo completo dura aproximadamente 29,5 dias.
Esse fenômeno é bem compreendido desde a Antiguidade. Acredi-
S0: poucos gases e poeira, sem braços de espiral brilhantes e ta-se que o grego Anaxágoras (430 a.C.), já conhecia sua causa, e
com poucas estrelas brilhantes. Aristóteles (384 - 322 a.C.) registrou a explicação correta do fenô-
meno: as fases da Lua resultam do fato de que ela não é um corpo
Espiral normal: forma de disco evidente, com centros brilhan- luminoso, e sim um corpo iluminado pela luz do Sol.
tes e braços espirais bem-definidos. As galáxias Sa têm grandes bo-
jos nucleares e braços espirais bem curvados; e as Sc têm pequenos Quando a Lua encontra-se em conjunção com o Sol, a face vi-
bojos e braços espirais curvados apenas ligeiramente. sível está totalmente às escuras e a face oculta está iluminada. É a
Lua nova(Lua nº 1).
Espiral barrada: um formato de disco evidente, com centro bri- Uma vez que nesta fase a Lua nasce e se põe com o Sol, ela só
lhante e alongado e braços espirais bem-definidos. As galáxias SBa é visível quando ocorre um eclipse solar.
têm grandes bojos nucleares e braços de espiral bem-curvados; e as Aproximadamente 7,5 dias depois a Lua encontra-se num
SBc têm pequenos aglomerados bojos e braços ligeiramente curva- ângulo de 90º em relação ao Sol. Nesta fase a porção iluminada
dos (indícios obtidos recentemente apontam que a Via Láctea seja equivale a metade da face visível, portanto um quarto da superfície
uma galáxia SBc). lunar(Lua nº3). Vem daí o nome Quarto crescente. Nesta fase a Lua
3. Irregular: trata-se de galáxias pequenas, de brilho indistinto, nasce aproximadamente ao meio-dia e se põe à meia-noite.
com grandes nuvens de gases e poeira, mas sem braços de espiral Quando a Lua se encontra em oposição ao Sol, em torno de 15
ou centros de alto brilho. As galáxias irregulares contêm uma mistu- dias após a Lua nova, sua face visível fica totalmente iluminada, é a
ra de estrelas jovens e velhas e tendem a ser pequenas, com cerca Lua cheia(Lua nº 5)
de 1% a 25% do diâmetro da Via Láctea. Nesta fase a Lua nasce quando o Sol se põe e seu ocaso ocorre
ao nascer do Sol. É nessa fase também que acontecem os eclipses
Quais são as partes de uma galáxia? lunares (o momento em que a Lua cheia está mais próxima da Terra
As galáxias em espiral têm a estrutura mais complexa. Veja a é denominado Superlua.)
seguir uma vista da Via Láctea da maneira como apareceria para um Mais uma semana até que se forme um ângulo de 270º e a Lua
observador externo. estará em Quarto minguante(Lua nº 7). Nesta fase a Lua nasce à
meia-noite e se põe ao meio-dia.
1. Disco Galáctico: a maioria das 200 bilhões de estrelas da Via
Láctea se localiza nele. O disco se divide nas seguintes partes: Movimentos da Lua
Núcleo: o centro do disco. A Lua, como o Sol e a Terra, não está parada no céu, ela gira ao
Bojo: a área em torno do núcleo, incluindo as regiões imediata- redor da Terra, que por sua vez gira ao redor do Sol.
mente acima e abaixo do plano do disco. A Lua possui muitos movimentos, mas os principais são trans-
Braços espirais: estendem-se do centro para fora. Nosso siste- lação, rotação e revolução.
ma solar fica localizado em um dos braços de espiral da Via Láctea. O movimento de translação é o que ela faz em torno do Sol,
2. Aglomerados Globulares: algumas centenas desses aglome- acompanhando a Terra. Sua duração é de um ano, como o da Terra,
rados existem acima e abaixo do disco. As estrelas neles contidas portanto, 365 dias.
são muito mais velhas que as do disco galáctico. O movimento de rotação é o que ela faz em torno do seu pró-
prio eixo.
3. Halo: uma região vasta e pouco iluminada que cerca toda a O movimento em que a Lua gira em torno da Terra é chamado
galáxia. Ela é composta de gases quentes e possivelmente de ma- de revolução. Dura aproximadamente 28 dias, assim como a rota-
téria escura. ção, e é ele que permite a existência das quarto fases, de 7 em 7
dias.
Todos esses componentes orbitam em torno do núcleo e a gra- Este período de 28 dias, em que a Lua gira ao redor da Terra e
vidade os mantêm unidos. Como a gravidade depende de massa, ao redor de si mesma se chama mês lunar.O número de dias do mês
seria possível pensar que a maior parte da massa de uma galáxia lunar é diferente do número de dias do mês da Terra.
fica no disco galáctico ou perto de sua porção central. No entanto, O tempo que a Terra leva para girar ao redor do Sol, que é de
depois de estudar as curvas de rotação da Via Láctea e de outras 365 dias, se chama ano terrestre, e o tempo que a Lua leva para
girar, junto com a Terra, ao redor do Sol, se chama ano lunar.

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Tamanho da Lua
A Lua é muito grande, mede 38 milhões de quilômetros quadrados de área, e tem 3,474 quilômetros de diâmetro, mas é 13 vezes
menor que a Terra.
Com 1/4 do tamanho da Terra e 1/6 de sua gravidade, é o único corpo celeste visitado por seres humanos e onde a NASA (sigla em
inglês de National Aeronautics and Space Administration) pretende implantar bases permanentes.

Distância da Lua
A distância média da Lua à Terra é de aproximadamente 384 000 quilômetros. Se pudessemos ir de avião até ela, nós levariamos 16
dias para chegar.

A Lua e as Marés
Esse fenômeno ocorre em razão do movimento periódico de subida e descida do nível da água, produzindo dessa maneira as chama-
das marés altas e marés baixas. Foi Isaac Newton que, a partir da expressão da força gravitacional, deu a explicação para esse fenômeno
natural. Segundo as explicações do físico e matemático Newton, as marés são causadas pela atração do Sol e da Lua sobre as águas do mar.
As forças que atuam sobre as marés ocorrem porque a Terra é um corpo extenso e o campo gravitacional que é produzido pelo Sol ou
pela Lua não é homogêneo em todos os pontos, pois tem alguns pontos da Terra que estão mais próximos e outros mais distantes destes
corpos celestes. Esses campos gravitacionais provocam acelerações que atuam na superfície terrestre com diferentes intensidades. Dessa
forma, as massas de água que estão mais próximas da Lua ou do Sol sofrem aceleração com intensidades maiores que as massas de água
que estão mais afastadas desses astros. É essa diferença de pontos mais próximos e mais afastados do Sol e da Lua que dão origem às
marés.

Terminologia
Preia-mar (ou preamar) ou maré alta - nível máximo de uma maré cheia.
Baixa-mar ou maré baixa - nível mínimo de uma maré vazante.
Estofo - também conhecido como reponto de maré, ocorre entre marés, curto período em que não ocorre qualquer alteração na
altura de nível.
Maré enchente - período entre uma baixa-mar e uma preia-mar sucessivas, quando a altura da maré aumenta.
Vazante - período entre uma preia-mar e uma baixa-mar sucessivas, quando a altura da maré diminui.
Altura da maré - altura do nível da água, num dado momento, em relação ao plano do zero hidrográfico.
Elevação da maré - altitude da superfície livre da água, num dado momento, acima do nível médio do mar.
Amplitude de marés - variação do nível das águas, entre uma preia-mar e uma baixa-mar imediatamente anterior ou posterior.
Maré de quadratura - maré de pequena amplitude, que se segue ao dia de quarto crescente ou minguante.
Maré de sizígia - as maiores amplitudes de maré verificadas, durante as luas nova e cheia, quando a influência da Lua e do Sol se re-
forçam uma a outra, produzindo as maiores marés altas e as menores marés baixas.
Zero hidrográfico - nível de referência a partir da qual se define a altura da maré; é variável em cada local, muitas vezes definida pelo
nível da mais baixa das baixa-mares registadas (média das baixa-mares de sizigia) durante um dado período de observação maregráfica.

Meteoro e Meteorito
Meteoroides são fragmentos de materiais que vagueiam pelo espaço e que, segundo a International Meteor Organization (Organi-
zação Internacional de Meteoros), possuem dimensões significativamente menores que um asteroide e significativamente maiores que
um átomo ou molécula, distinguindo-nos dos asteroides - objetos maiores, ou da poeira interestelar - objetos micrométricos ou menores.
Os meteoróides derivam de corpos celestes como cometas e asteróides e podem ter origem em ejeções a de cometas que se encon-
tram em aproximação ao sol, na colisão entre dois asteróides, ou mesmo ser um fragmento de sobra da criação do sistema solar. Ao entrar
em contato com a atmosfera de um planeta, um meteoróide dá origem a um meteoro.
Meteoróides que atingem a superfície da Terra são denominados meteoritos.

Meteoro, chamado popularmente de estrela cadente, designa-se o fenômeno luminoso observado quando da passagem de um me-
teoroide pela atmosfera terrestre. Este fenômeno que pode apresentar várias cores, que são dependentes da velocidade e da composição
do meteoróide, um rastro, que pode ser designado por persistente, se tiver duração apreciável no tempo, e pode apresentar também
registro de sons. A aparição dos meteoros pode-se dar sob duas formas: uma delas são as designadas “chuvas de meteoros” ou “chuva de
estrelas cadentes” ou simplesmente “chuva de estrelas”, em que os meteoros parecem provir do mesmo ponto do céu noturno, denomi-
nado de radiante. Outra forma é a de “meteoros esporádicos”
As chamadas chuvas de meteoros, também conhecidas por chuvas de estrelas, tem origem precisamente em matéria expelida dos
cometas, pois quando a Terra cruza com a região do espaço onde está essa matéria, torna-se possível observar um considerável número
de meteoros que parecem vir de um ponto específico do céu, chamado de radiante.
Planetas
O conceito de planeta provém do latim planēta, que, por sua vez, deriva de um temo grego que significa “errante”. Trata-se de um
corpo sólido celeste que gira em torno de uma estrela e que se torna visível devido à luz que reflete.
As especificações dadas pela União Astronômica Internacional assinalam que os planetas têm massa suficiente para que a sua gravi-
dade possa superar as forças do corpo rígido, pelo que assumem uma forma em equilíbrio hidrostático.
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O Sistema Solar é constituído por oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Mercúrio

Mercúrio é o menor e o mais interno planeta do Sistema Solar, orbitando o Sol a cada 88 dias terrestres. A superfície de Mercúrio é
semelhante à lunar, isso porque esse planeta sofreu intensos impactos de meteoritos. Sua atmosfera é composta por hélio, sódio e oxigê-
nio. Mercúrio não possui satélites conhecidos, o que ocorre também com Vênus, e por essa razão são chamados de “planetas sem-lua”.
O movimento de rotação de Mercúrio está diretamente ligado com o período orbital, que gira uma volta e meia a cada órbita. O tempo
gasto para completar o movimento de rotação é de 59 dias. Segundo cientistas, o planeta Mercúrio teria se formado no mesmo período
que a Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Mercúrio apresenta temperatura máxima que pode atingir 350°C (parte iluminada pelo Sol) e temperatura mínima (parte não ilumina-
da pelo Sol) que chega a -170°C, considerado um dos planetas mais quentes do Sistema Solar. Quanto à densidade, é o planeta mais denso
do Sistema Solar, o seu núcleo é constituído por ferro, com uma parte líquida e outra sólida. O planeta Mercúrio pode ser visto a olho nu
em períodos específicos, como ao amanhecer e ao entardecer. Comparado a outros planetas, pouco se sabe a respeito de Mercúrio, pois
telescópios em solo terrestre revelam apenas um crescente iluminado com detalhes limitados.
As duas primeiras espaçonaves a explorar o planeta foram a Mariner 10, que mapeou aproximadamente 45% da superfície do planeta,
entre 1974 e 1975, e a MESSENGER, que mapeou outros 30% da superfície durante um sobrevoo em 14 de janeiro de 2008.

Vênus

Vênus é o segundo planeta do Sistema Solar contando a partir do Sol. O planeta Vênus possui grande semelhança com a Terra, ambos
são do tipo terrestre, além disso, são semelhantes quanto ao tamanho, massa e composição. É o planeta mais próximo da Terra. Vênus é
normalmente conhecido como a estrela da manhã (Estrela d’Alva) ou estrela da tarde (Vésper) ou ainda Estrela do Pastor. Quando visível
no céu noturno, é o objeto mais brilhante do firmamento, além da Lua, devido ao seu grande brilho. Os movimentos de Rotação e Trans-
lação duram em torno de 243 e 224 dias, respectivamente.

Terra

A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É, por vezes, desig-
nada como Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de espécies de seres vivos,incluindo os humanos, a Terra é o único corpo celeste onde
é conhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,54 bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície um bilhão de anos depois.
Desde então, a biosfera terrestre alterou significativamente a atmosfera e outros fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de
organismos aeróbicos, bem como a formação de uma camada de ozônio, a qual, em conjunto com o campo magnético terrestre, bloqueia
radiação solar prejudicial, permitindo a vida no planeta.
As propriedades físicas do planeta, bem como sua história geológica e órbita, permitiram que a vida persistisse durante este período.
Acredita-se que a Terra poderá suportar vida durante pelo menos outros 500 milhões de anos. A sua superfície exterior está dividida em
vários segmentos rígidos, chamados placas tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de anos. Cerca de 71%
da superfície da Terra está coberta por oceanos de água salgada, com o restante consistindo de continentes e ilhas, os quais contêm muitos
lagos e outros corpos de água que contribuem para a hidrosfera. Não se conhece a existência de água no estado líquido em equilíbrio, ne-
cessária à manutenção da vida como a conhecemos, na superfície de qualquer outro planeta. Os polos geográficos da Terra encontram-se
maioritariamente cobertos por mantos de gelo ou por banquisas. O interior da Terra permanece ativo, com um manto espesso e relati-
vamente sólido, um núcleo externo líquido que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido, composto sobretudo por ferro.

Marte

Marte é o quarto planeta em distância em relação ao Sol e pode ser visualizado sem ajuda de telescópio, do planeta Terra. Tem uma
atmosfera rarefeita e assemelha-se à Terra em vários aspectos. Sua atmosfera é formada de elementos tais como: gás carbônico, nitrogê-
nio, argônio e oxigênio. A temperatura média de Marte é de aproximadamente 59 graus celsius negativos. Nos últimos anos tem sido o
planeta mais estudado por agências espaciais do mundo todo, pois existem planos de buscar algum tipo de vida em marte e também pro-
jetos futuros e estudos para colonizar Marte. Grande parte destes projetos espaciais pertence à NASA. Marte é um planeta com algumas
afinidades com a Terra: tem um dia com uma duração muito próxima do dia terrestre e o mesmo número de estações. Marte é conhecido
desde a antiguidade, e se destaca no céu pelo seu aspecto avermelhado; devido a isso é conhecido como o “O Planeta Vermelho”.

Júpiter
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Urano
Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, tanto em diâmetro
quanto em massa e é o quinto mais próximo do Sol. Possui menos Urano é o sétimo planeta a partir do Sol, o terceiro maior e o
de um milésimo da massa solar, contudo tem 2,5 vezes a massa de quarto mais massivo dos oito planetas do Sistema Solar. Foi nomea-
todos os outros planetas em conjunto. É um planeta gasoso junto do em homenagem ao deus grego do céu, Urano, o pai de Cronos
com Saturno, Urano e Netuno. Estes quatro planetas são por vezes (Saturno) e o avô de Zeus (Júpiter). Embora seja visível a olho nu em
chamados de planetas jupiterianos ou planetas jovianos. Júpiter boas condições de visualização, não foi reconhecido pelos astrôno-
é um dos quatro gigantes gasosos, isto é, não é composto prima- mos antigos como um planeta devido a seu pequeno brilho e lenta
riamente de matéria sólida. Júpiter é composto principalmente órbita. William Herschel anunciou sua descoberta em 13 de maio
de hidrogênio e hélio. O planeta também pode possuir um núcleo de 1781, expandindo as fronteiras do Sistema Solar pela primeira
composto por elementos mais pesados. Por causa de sua rotação vez na história moderna. Urano foi também o primeiro planeta des-
rápida, de cerca de dez horas, ele possui o formato de uma esfera coberto por meio de um telescópio.
oblata. Sua atmosfera é dividida em diversas faixas, em várias lati- Tem uma composição similar à de Netuno, e ambos possuem
tudes, resultando em turbulência e tempestades onde as faixas se uma composição química diferente da dos maiores gigantes gaso-
encontram. Uma dessas tempestades é a Grande Mancha Verme- sos, Júpiter e Saturno. Como tal, os astrônomos algumas vezes os
lha, uma das características visíveis de Júpiter mais conhecidas e colocam em uma categoria separada, os “gigantes de gelo”. É a mais
proeminentes, cuja existência data do século XVII, com ventos de fria atmosfera planetária no Sistema Solar, com uma temperatura
até 500 km/h, possuindo um diâmetro transversal duas vezes maior mínima de 49 K (–224 °C). Tem uma complexa estrutura de nuvens
do que a Terra. em camadas, e acredita-se que a água forma as nuvens mais baixas,
Júpiter é observável a olho nu, sendo no geral o quarto objeto e o metano as mais exteriores. Em contraste, seu interior é forma-
mais brilhante no céu, depois do Sol, da Lua e de Vênus. Por ve- do principalmente por gelo e rochas. Como os outros planetas gi-
zes, Marte aparenta ser mais brilhante do que Júpiter. O planeta gantes, Urano tem um sistema de anéis e vários satélites naturais.
era conhecido por astrônomos de tempos antigos e era associado O sistema uraniano tem uma configuração única entre os planetas
com as crenças mitológicas e religiosas de várias culturas. Os ro- porque seu eixo de rotação é inclinado para o lado, quase no pla-
manos nomearam o planeta de Júpiter, um deus de sua mitologia. no de translação do planeta. Portanto, seus polos norte e sul estão
Júpiter possui um tênue sistema de anéis. Contém, pelo menos, 64 quase situados onde seria o Equador nos outros planetas.
satélites, dos quais se destacam os quatro descobertos por Galileu Em 1986, imagens da sonda Voyager 2 mostraram Urano como
Galilei em 1610: Ganímedes, o maior do Sistema Solar, Calisto, Io e um planeta virtualmente sem características na luz visível, ao con-
Europa, os três primeiros são mais massivos que a Lua, sendo que trário dos outros planetas gigantes que contêm faixas de nuvens
Ganímedes possui um diâmetro maior que o do planeta Mercúrio. e grandes tempestades. Entretanto, observações terrestres têm
mostrado sinais de mudanças sazonais e aumento da atividade me-
Saturno teorológica nos últimos anos à medida que Urano se aproximou do
equinócio. A velocidade de vento no planeta pode alcançar 250 me-
Saturno é o sexto planeta do Sistema Solar, com uma órbita lo- tros por segundo (900 km/h).
calizada entre as órbitas de Júpiter e Urano. É o segundo maior pla-
neta, após Júpiter, sendo um dos planetas gasosos do Sistema Solar. Netuno
É composto principalmente de hidrogênio (97%), com uma peque-
na proporção de hélio e outros elementos. Seu interior consiste Netuno é o oitavo planeta do Sistema Solar, e o último, em or-
de um pequeno núcleo rochoso e gelo, cercado por uma espessa dem de afastamento a partir do Sol, desde a reclassificação de Plu-
camada de hidrogênio metálico e uma camada externa de gases. tão para a categoria de planeta-anão, em 2006, que era o último dos
Seu aspecto mais característico é seu brilhante sistema de anéis, o planetas. É, tal como a Terra, conhecido como o “Planeta Azul”, mas
único visível da Terra. O movimento de rotação em volta do seu eixo não devido à presença de água. Netuno recebeu o nome do deus ro-
demora cerca de 10,5 horas, e cada revolução ao redor do Sol leva mano dos mares. É o quarto maior planeta em diâmetro, e o terceiro
29 anos terrestres. Seu nome provém do deus romano Saturno. Faz maior em massa. Descoberto em 23 de Setembro de 1846, Netuno
parte dos denominados planetas exteriores. Antes da invenção do foi o primeiro planeta encontrado por uma previsão matemática, em
telescópio, Saturno era o mais distante dos planetas conhecidos. vez de uma observação empírica. Inesperadas mudanças na órbita de
A olho nu não parecia ser luminoso. O primeiro ao observar seus Urano levaram os astrônomos a deduzir que sua órbita estava sujeita
anéis foi Galileu em 1610, porém devido à baixa inclinação de seus à perturbação gravitacional por um planeta desconhecido.
anéis e à baixa resolução de seu telescópio lhe fizeram pensar a Subsequentemente, Netuno foi encontrado, a um grau da po-
princípio que se tratava de grandes luas. Christiaan Huygens com sição prevista. A sua maior lua, Tritão, foi descoberta pouco tempo
melhores meios de observação pôde, em 1659, visualizar com cla- depois, mas nenhuma das outras 12 luas do planeta foram desco-
reza os anéis. James Clerk Maxwell em 1859 demonstrou matema- bertas antes do século XX. Netuno foi visitado por uma única son-
ticamente que os anéis não poderiam ser um único objeto sólido, da espacial, Voyager 2, que voou pelo planeta em 25 de Agosto de
sendo que deveriam ser um agrupamento de milhões de partículas 1989. A composição de Netuno é semelhante à composição de Ura-
de menor tamanho. no, e ambos têm composições diferentes das dos maiores gigantes
gasosos Júpiter e Saturno. A atmosfera de Netuno, apesar de ser
semelhante à de Júpiter e de Saturno, por ser composta basicamen-
te de hidrogénio e hélio, juntamente com os habituais vestígios de
hidrocarbonetos e, possivelmente, nitrogênio, contém uma percen-
tagem mais elevada de “gelos”, tais como água, amônia e metano.
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Como tal, os astrônomos por vezes colocam-os numa categoria se- − Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú-
parada, os “gigantes de gelo”. Em contraste, o interior de Netuno é do das colunas.
composto principalmente de gelo e rochas, como o de Urano. Exis- − Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo
tem traços de metano nas regiões ultra-periféricas que contribuem, das linhas.
em parte, para a aparência azul do planeta.
Planeta Anão Os elementos complementares são:
− Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
Um planeta anão é muito semelhante a um planeta (porém − Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
menor), dado que orbita em volta do Sol e possui gravidade sufi- cer o conteúdo das tabelas.
ciente para assumir uma forma com equilíbrio hidrostático (aproxi- − Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
madamente esférica), porém não possui uma órbita desimpedida. ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
Um exemplo é Ceres que, localizado na cintura de asteroides, pos- das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
sui o caminho de sua órbita repleto daqueles pequenos astros. esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
Atualmente, conhecem-se cinco planetas anões no sistema so- complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
lar: ordem em que foram descritos.
Plutão, Éris e Ceres (os primeiros a ser classificados como tal).
Makemake (formalmente designado em Julho de 2008, pela
União Astronômica Internacional).
Haumea (confirmado como planeta anão a partir de 18 de Se-
tembro de 2008).

Plutão
Até 2006, Plutão, formalmente designado 134340 Plutão, foi
considerado um planeta principal do Sistema Solar, mas a desco-
berta recente de vários corpos de tamanho semelhante e, em al-
guns casos, maiores, no Cinturão de Kuiper, fez com que a União
Astronômica Internacional (U.A.I.) decidisse, em 24 de Agosto de
2006, considerá-lo um planeta anão, juntamente com Éris e Ceres,
o maior dos asteroides. Plutão é atualmente o maior membro do
cinturão de Kuipe.
A descoberta do seu satélite Caronte, em 1978, permitiu a
determinação da massa do sistema Plutão-Caronte, por meio da Gráficos
simples aplicação da fórmula newtoniana da 3.ª lei de Kepler. O Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
diâmetro de Plutão foi finalmente calculado, sendo equivalente a ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
menos de 0,2 do da Lua. As características físicas de Plutão são, em -se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
grande parte, desconhecidas, porque ainda não recebeu a visita de Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
uma nave espacial e a distância a que se encontra da Terra dificulta uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
investigações mais detalhadas. Atualmente, a sonda da NASA “New e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais
Horizons” (a mais veloz até hoje construída pelo homem) dirige-se indicado para situações que visem proporcionar uma impressão
para Plutão, cuja atmosfera vai investigar em 2015. mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
do fenômeno em estudo.
Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS exclui a outra.
Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
ser observadas:
Tabelas Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações, chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
das quais o dado numérico se destaca como informação central. localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
mínimo de espaço. eixos.
− Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
Elementos da tabela iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
elementos complementares. Os elementos essenciais são: corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig- 4 cm.
nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado. − O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
− Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
os dados. do texto.
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− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra-


do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
interpretação.

Tipos de Gráficos

• Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-


sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.

• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de


fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores.

a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa-


radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical-
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da
largura da base dos mesmos.

• Cartogramas: são representações em cartas geográficas (ma-


pas).

b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico


de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo-
rem maiores que a base dos mesmos.

• Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente


ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi-
dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti-
lizados em situações que exijam maior precisão.

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c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis- justificaram a eficácia dos mesmos. Assim, tais processos, empíricos
postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li- no início, transformaram-se gradativamente em métodos verdadei-
gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas ramente científicos.
e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo, Deve-se disciplinar o espírito, excluir das investigações o ca-
como instrumento de comparação. pricho e o acaso, adaptar o esforço às exigências do objeto a ser
estudado, selecionar os meios e processos mais adequados. Tudo
isso é dado pelo método. Assim, o bom método torna-se fator de
segurança e economia.
Muitas vezes, um espírito medíocre guiado por um bom mé-
todo faz mais progresso nas ciências que outro mais brilhante que
vai ao acaso.
Fontenelle assim exaltou o método: “A arte de descobrir a
verdade é mais preciosa que a maioria das verdades que se desco-
brem”.
Evidentemente, o método não substitui o talento, a inteligência
do cientista. Ele tem também os seus limites, não ensina a encon-
trar as grandes hipóteses, as idéias novas e fecundas. Isto depende
do gênio e da reflexão do cientista.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que Método Científico


se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total.
A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°, Existem autores que identificam a ciência com o método, en-
subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa- tendido como um modo sistemático de explicar um grande número
ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com de ocorrências semelhantes.
o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor- O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e
respondentes a cada divisão. estes, ao serem descobertos, devem, por sua vez, guiar o uso do
método. Entretanto como já foi dito, o método é apenas um meio
de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos
realmente são.
O método científico segue o caminho da dúvida sistemática,
metódica, que não se confunde com a dúvida universal dos céticos,
que é impossível. O cientista, sempre que lhe fata a evidência, como
arrimo, precisa questionar e interrogar a realidade.
O método científico, mesmo aplicado no campo das ciências
sociais, deve ser aplicado de modo positivo, e não de um modo nor-
mativo, isto é, a pesquisa positiva deve preocupar-se com o que é e
não com o que se pensa que deve ser.
Toda investigação nasce de um problema observado ou senti-
do, de tal modo que não pode prosseguir, a menos que se faça uma
seleção da matéria tratada. Esta seleção requer alguma hipótese
MÉTODO CIENTÍFICO
ou pressuposição que irá guiar e, ao mesmo tempo, delimitar o as-
sunto a ser investigado. Daí o conjunto de processos ou etapas de
que se serve o método científico, tais como a observação e coleta
MÉTODO CIENTÍFICO de todos os dados possíveis, a hipótese que procura explicar pro-
visoriamente todas as observações de maneira simples e viável, a
Noção e Importância do Método experimentação que dá ao método científico também o nome de
método experimental, a indução da lei que fornece a explicação ou
Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve im- o resultado de todo o trabalho da investigação, a teoria que insere
por aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado o assunto tratado num contexto mais amplo. O método científico
ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o aproveita ainda a análise e a síntese, os processos mentais da dedu-
conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na ção e indução, processos esses comuns a todo o tipo de investiga-
investigação e demonstração da verdade7. ção, quer experimental, quer racional. Em suma, método científico
O método não se inventa. Depende do objeto da pesquisa. Os é a lógica geral tácita ou explicitamente empregada para apreciar os
sábios, cujas investigações foram coroadas de êxito, tiveram o cui- méritos de uma pesquisa.
dado de anotar os passos percorridos e os meios que os levaram É oportuno distinguir, aqui, método e processo. Por método
aos resultados. Outros, depois deles, analisaram tais processos e entende-se o dispositivo ordenado, o procedimento sistemático,
em plano geral. O processo (a técnica), por sua vez, é a aplicação
específica do plano metodológico e a forma especial de o executar.
7 Metodologia Científica. UFJF. http://www.ufjf.br/seguranca/fi- Comparando, poder-se-á dizer que a relação existente entre
les/2013/12/METODOLOGIA_CIENT_FICA_.doc
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método e processo é a mesma, que existe entre estratégica e Regras da Observação


tática. O processo está subordinado ao método e lhe é auxiliar Deve ser atenta.
imprescindível. Deve ser precisa. Para isso é preciso conseguir dar valores nu-
méricos a tudo quanto no fenômeno observado é suscetível de
Processos do Método Científico medida quantitativa. Daí a importância que assume as medidas no
método científico.
O método se concretiza nas diversas etapas ou passos que de- Deve ser sucessiva e metódica.
vem ser dados para solucionar um problema. Esses passos são as
técnicas ou processos. Hipótese
Os objetivos de investigação determinam o tipo de método a Em termos gerais a hipótese consiste em supor conhecida a
ser empregado, a saber: o experimental ou o racional. Um e ou- verdade ou explicação que se busca. Em linguagem científica a hipó-
tro emprega técnicas específicas como também técnicas comuns a tese equivale, habitualmente, à suposição verossímil, depois com-
ambos. provável ou denegável pelos fatos, os quais hão de decidir, em úl-
Pode-se dizer que a maioria das técnicas que compõem o mé- tima instância, da verdade ou falsidade que se pretendem explicar.
todo científico e racional são comuns, embora devam adaptar-se ao Ou a hipótese é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada
objeto de investigação. a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham
Por isso, as técnicas ou processos que, a seguir, serão desen- contradizer ou afirmar.
volvidos, dizem respeito ao método experimental e indiretamente, Para Meyerson, as hipóteses são alguma coisa mais que um
com as adaptações que se impõem, ao método racional. andaime destinado a desaparecer quando o edifício (das ciências)
está construído; têm um valor próprio e correspondem, certamen-
Observação te, a alguma coisa bem profunda e bastante essencial na própria
Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objetivo, para natureza.
dele adquirir um conhecimento claro e preciso. As hipóteses têm como função:
A observação é de importância capital nas ciências. É dela que - prática: orientar o pesquisador, dirigindo-o na direção da cau-
depende o valor de todos os outros processos. Sem a observação sa provável ou da lei que se procura;
o estudo da realidade e de suas leis reduzir-se-á sempre à simples - teórica: coordenar e completar os resultados já obtidos, agru-
conjetura e adivinhação. Para o bom êxito da observação exigem-se pando-os num conjunto completo de fatos, a fim de facilitar a sua
certas condições. inteligibilidade e estudo.

Condições Físicas Podemos obter hipóteses ou por dedução de resultados já co-


Órgãos são, que possam ter sensações normais e corretas. nhecidos, ou pela experiência. Neste caso, são indutivas, se a su-
Bons instrumentos são necessários, porque os sentidos não posta causa do fenômeno é um dos seus antecedentes, que parece
bastam sempre para satisfazer o rigor da ciência. É preciso armar os apresentar todos os caracteres de antecedentes causal; são analó-
cientistas de instrumentos: gicas, quando são inspiradas por certas semelhanças entre o fenô-
- que lhes aumentem o alcance, por exemplo, o microscópio, o meno que se quer explicar e outro já conhecido.
telescópio, etc.; Praticamente, não há regras para descobrir as hipóteses. Não
- que lhes aumente a precisão, e os ajudem a medir com rigor se descobrem, também, por obra do acaso, mas são fruto do gênio
os diversos fenômenos observados: a duração, o peso, a tempera- científico. Há, contudo, certas condições que ajudam na descober-
tura, etc.; ta: o próprio curso da pesquisa, a analogia, a indução, a dedução,
- que supram, até certo ponto, os próprios sentidos, apontando as reflexões.
e registrando os fenômenos com sua intensidade variável. Tais são Natureza da hipótese:
os aparelhos registradores, as chapas fotográficas. - não deve contradizer nenhuma verdade já aceita, ou expli-
cada;
Condições Intelectuais - deve ser simples, isto é, o sábio, entre várias hipóteses, deve
Curiosidade: “Requer-se muita filosofia, diz J.J. Rousseau, para escolher a que lhe parece menos complicada;
observar o que se vê todos os dias”. - deve ser sugerida e verificável pelos fatos: “Não invento hipó-
Sagacidade: saber discernir os fatos significativos. teses”, dizia Newton.

Condições Morais Experimentação


Paciência, para resistir à precipitação natural que nos leva sem- A experimentação consiste no conjunto de processos utilizados
pre a concluir antes do tempo. para verificar as hipóteses. Difere da observação porque obedece
Coragem, que sabe enfrentar o perigo para colher do fato cer- a uma ideia diretriz e não, simplesmente, porque implica na inten-
tos fenômenos raros ou decisivos. ção do sábio em vista de modificar os fenômenos. A observação,
Imparcialidade, isto é, a libertação de toda a preocupação de fato, pode comportar também uma tal intervenção: chama-se,
com o resultado, o respeito escrupuloso e o amor apaixonado pela então, observação ativa ou provocada, mas é anterior à formulação
verdade. da hipótese.
A ideia geral que governa os processos de experimentação é a
seguinte: consistindo a hipótese, essencialmente, em estabelecer
uma relação de causa e efeito ou de antecedente e consequente en-

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tre dois fenômenos, trata-se de descobrir se realmente B (suposto Não é entretanto, a repetição da experiência ou o grande nú-
efeito ou consequente) varia cada vez que se faz variar A (suposta mero de observações que conduz à conclusão. Basta uma experiên-
causa ou antecedente) e se varia nas mesmas proporções. cia para autorizar a concluir do fenômeno para lei. Se for repetida
O princípio geral em que se fundamentam os processos da ex- a experiência, não é por desconfiar da experiência. Basicamente, a
perimentação é o do determinismo, que se anuncia assim: nas mes- repetição é uma simples verificação da primeira prova e não uma
mas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos condição necessária da indução.
– ou ainda – as leis da natureza são fixas e constantes.
Regras que Bacon sugeriu para a experimentação: Espécies de indução:
- Alargar a experiência: é aumentar, pouco a pouco e tanto - Indução formal (de Aristóteles). Equivale ao inverso da dedu-
quanto possível, a intensidade da suposta causa, para ver se a in- ção e é submetida unicamente às leis do pensamento, e tem como
tensidade do fenômeno (= efeito) cresce na mesma proporção. ponto de partida todos os casos de uma espécie ou de um gênero e
- Variar a experiência: é aplicar a mesma causa a objetos dife- não apenas alguns. Por exemplo:
rentes. Os corpos A,B,C, D, atraem o ferro;
- Inverter a experiência: consiste em aplicar a causa contrária Ora, os corpos A,B,C, D são todos ímãs;
da suposta causa, a fim de ver se o efeito contrário se produz. Esta Logo, os ímãs atraem o ferro.
contraprova experimental faz suceder as exigências negativas às po- Neste tipo de indução, não há propriamente uma inferência,
sitivas. Assim, depois de conhecer a água pela análise, inverte-se a mas uma simples substituição de uma coleção de termos particula-
experiência, fazendo a síntese a partir do hidrogênio e do oxigênio. res por um termo equivalente. Este processo é indutivo apenas na
- Recorrer aos casos da experiência. Por vezes, é preciso recor- forma, visto que realmente passa do mesmo ao mesmo, por ser a
rer aos casos da experiência de ensaio, “a fim de procurar pescar soma das partes igual ao todo. Esse o motivo pelo qual a indução
em águas turvas”, como diz Claude Bernarde. formal é de pouco uso.
- Indução científica (de Bacon). É o raciocínio pelo qual conclui-
Indução -se de alguns casos observados pela espécie que os compreende e
A indução e a dedução são, antes de mais nada, formas de ra- a lei geral que os rege. Ou, é o processo que generaliza a relação de
ciocínio ou de argumentação e, como tais, são formas de reflexão e causalidade descoberta entre dois fenômenos e da relação causal
não de simples pensamentos. conclui a lei. Verifica-se, por exemplo, certo número de vezes que
O pensamento alimenta-se da realidade externa e é produto o óxido de carbono paralisa os glóbulos sanguíneos; desta observa-
direto da experiência. O ato de pensar caracteriza-se por ser dis- ção infere-se que sempre, dadas as mesmas condições, o óxido de
persivo, natural e espontâneo. A reflexão, porém, requer esforço carbono paralisará os glóbulos sanguíneos.
e concentração voluntária. É dirigida e planificada. A conclusão de Esta indução é a alma das ciências experimentais. Sem ela a
raciocínio constitui o último elo de uma cadeia, o período final de ciência não seria outra coisa senão um repositório de observação
um ciclo de operações que se condicionam necessariamente. sem alcance.
Frequentemente, prefere-se pensar os problemas em vez de
raciocinar sobre eles, confundindo a divagação irresponsável com a Valor e legitimidade da indução científica:
reflexão sistemática. Deve-se recorrer a algum princípio que dê às verdades indu-
O raciocínio é algo ordenado, coerente e lógico, podendo ser zidas o caráter de necessidade e generalidade que as torne inde-
dedutivo ou indutivo. pendentes do tempo e do espaço. Este princípio é o princípio das
Na indução, a conclusão está para as premissas, como o todo leis. Formula-se de várias maneiras: a natureza rege-se por leis – as
está para as partes. De verdades particulares, concluímos verdades causas atuam de maneira uniforme - as mesmas causas produzem
gerais. Exemplos: Terra, Marte, Vênus, Saturno, são todos planetas. os mesmos efeitos – toda relação de causalidade é constante.
Ora, a Terra, Marte, Vênus, Saturno, etc. não brilham com luz pró- O raciocínio indutivo pode-se exprimir sob a forma de um silo-
pria. Logo os planetas não brilham com luz própria. gismo em que o princípio das leis é a premissa maior. Exemplo: as
O argumento indutivo baseia-se na generalização de proprie- relações de causalidade são constantes; ora, verificou-se uma rela-
dades comuns a certo número de casos, até agora observados, a ção causal entre calor e dilatação; logo, é constante esta relação:
todas as ocorrências de fatos similares que se verificam no futuro. sempre e em toda parte, o calor dilata os corpos.
O grau de confirmação dos enunciados induzidos depende das evi- Não é do número necessariamente restrito dos fatos observa-
dências ocorrentes. dos que se infere a generalidade e a constância da relação, como
A indução e a dedução são processos que se complementam. algumas vezes se objeta, mas do princípio formulado na premissa
Por isso, a indução reforça-se bastante pelos argumentos dedutivos maior que assegura que, sendo todas as relações da causalidade
extraídos de outras disciplinas que lhe são correlatas ou afins. Na constantes, também o será a que foi descoberta.
prática, recorre-se a ambos estes instrumentos para demostrar a
verdade das proposições submetidas à análise. Regras da Indução:
Para que as conclusões da indução sejam verdadeiras o mais - Deve-se estar seguro de que a relação que se pretende ge-
frequentemente possível e tenham um maior grau de sustentação, neralizar seja verdadeiramente essencial, isto é, relação causal
podem-se acrescentar ao argumento evidências adicionais, sob a quando se trata de fatos, ou relação da coexistência necessária de
forma de premissas novas que figuram ao lado das premissas ini- duas formas, quando se trata de seres ou coisas. Assim, sendo uma
cialmente consideradas. Já que a conclusão de um argumento indu- relação de dependência necessária a que une o calor à dilatação.,
tivo pode ser falsa, mesmo quando são verdadeiras as premissas, a tem-se o direito de generalizar a lei segundo a qual o calor sempre
evidência adicional pode favorecer a percepção, com mais precisão, dilata os corpos.
se a conclusão é, de fato, verdadeira.
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- É necessário que os fatos, a que se estende a relação, sejam - Nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa, sem a conhe-
verdadeiramente similares aos fatos observados e, principalmente, cer como tal. Evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção.
que a causa se tome no sentido total e completo. (É a evidência como critério da verdade).
- Dividir cada uma das dificuldades a abordar, no maior número
Dedução possível de parcelas que forem necessárias, para melhor resolvê-
A dedução é a argumentação que torna explícitas as verdades -las. (É a análise)
particulares contidas em verdades universais. O ponto de partida - Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos ob-
é o antecedente que afirma uma verdade universal, e o ponto de jetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir pouco a
chegada é o consequente, que afirma uma verdade menos geral ou pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais complexos.
particular, contida implicitamente no primeiro. (É a síntese).
A técnica desta argumentação consiste em construir estruturas - Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão ge-
lógicas, através do relacionamento entre antecedente e consequen- rais que dê certeza de nada omitir. ( É a condição comum e a garan-
te, entre hipótese e tese, entre premissa e conclusão. O cerne da tia da análise e síntese).
dedução é a relação lógica que se estabelece entre proposições, de- A análise é a decomposição de um todo em suas partes. A sín-
pendendo o seu vigor do fato de a conclusão ser sempre verdadei- tese é a reconstituição do todo decomposto pela análise. Ou, por
ra, desde que as premissas também o sejam. Assim, admitindo as outra: a análise é o processo que parte do mais simples para o me-
premissas, deve-se admitir também a conclusão, isto porque toda nos simples.
a afirmação ou conteúdo fatual da conclusão já estava, pelo menos
implicitamente, nas premissas. A análise e a síntese são necessárias. Qual a razão?
O processo dedutivo, por um lado, leva o pesquisador do conhe- O grande obstáculo que é preciso vencer nas ciências é, por um
cido ao desconhecido com pouca margem de erro, mas, por outro lado, a complexidade dos objetos e, por outro lado, a limitação da
lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode assumir con- inteligência humana. A inteligência não é capaz de tirar da comple-
teúdos que excedam o das premissas. Concluir daí que a dedução xidade de ideais, de seres e de fatos, relações de causa e efeito e as
é infrutífera e estéril, é não perceber a seu verdadeiro significado. relações entre princípio e consequência. Por isso há necessidade de
Para desfazer tal impressão basta ver, por exemplo, o procedimento analisar, de dividir as dificuldades para melhor resolvê-las.
do matemático. Seus argumentos são, na maior parte, dedutivos. Sem a análise todo o conhecimento é confuso e superficial.
Exemplos familiares podem ser recolhidos da Geometria Euclidiana Sem a síntese é fatalmente incompleto.
do plano. Na geometria os teoremas são demonstrados a partir de O conhecimento de um objeto não se limita ao conhecimento
axiomas e postulados. O método de demonstração é deduzir os teo- minucioso de suas diversas partes. Quer ainda apreender o lugar
remas (conclusão) dos axiomas e postulados (premissas). O método que tem no conjunto e a respectiva parte que toma na ação global.
da dedução garante que os teoremas devem ser verdadeiros se são Por isso, à análise deve seguir-se a síntese.
verdadeiros os axiomas e os postulados. Embora o conteúdo dos
teoremas já esteja fixado nos axiomas e postulados, esse conteúdo Teoria
está longe de ser óbvio. É verdadeiramente iluminadora a tarefa de O emprego usual do termo teoria opõe-se ao da prática. Neste
tomar explícito o conteúdo de axiomas e postulados. sentido a teoria refere-se ao conhecimento (= saber, conhecer) em
E isto é válido para os demais casos de dedução. Como regras oposição à prática como ação (= agir, fazer).
gerais, quanto à validade das conclusões do processo dedutivo, são Aqui, entretanto, o termo teoria é empregado para significar
apontados duas: um resultado a que tendem as ciências. Estas não se contentam
1) Da verdade do antecedente segue-se a verdade do conse- apenas com a formulação das leis. Ao contrário, determinadas as
quente. Por exemplo: todos os animais respiram. Ora, o mosquito é leis, procuram interpretá-las ou explicá-las.
animal. Logo, o mosquito respira. Assim, surgem as chamadas teorias cientificas, que reúnem
2) Da falsidade do antecedente pode seguir-se falsidade ou determinada número de leis particulares sob a forma de uma lei
a veracidade do consequente. Por exemplo: todos os animais são superior e mais universal.
quadrúpedes. Ora, o cisne é animal. Logo, o cisne é quadrúpede Ou conforme Lahr: “Um conjunto de leis particulares, mais ou
(consequente falso). Ou então: toda árvore é racional. Ora, Gilberto menos certas, ligadas por uma explicação comum, toma o nome de
é árvore. Logo, Gilberto é racional (consequente verdadeiro). sistema ou teoria, por exemplo o sistema de Laplace, a teoria da
O raciocínio dedutivo pode ser expresso pelo silogismo, que evolução...”
poderá ter forma: Ou ainda segundo Luís Washington Vita: “O sentido primário
- Categórica: todas as crianças têm pais. Ora, Gilberto é criança. do vocábulo teoria é contemplação, sendo então a teoria definida
Logo, Gilberto tem pais. como uma visão inteligível ou uma contemplação racional.
- Hipotética: se Henrique estuda, passará nos exames. Ora, Atualmente, porém, teoria designa uma construção intelectual
Henrique estuda. Logo, passará nos exames. que aparece como resultado do trabalho filosófico ou científico (ou
No Raciocínio dedutivo a conclusão ou consequente está conti- ambos). A teoria não pode ser reduzida, como alguns pretendem, à
do nas premissas ou antecedentes, como a parte no todo. hipótese, mas é certo que as hipóteses – enquanto supostos funda-
mentais – não podem ficar excluídas da construção teorética”.
Análise e Síntese A teoria se distingue da hipótese, porquanto esta é verificável
René Descartes, procurando traçar normas gerais e indispensá- experimentalmente, enquanto aquela não. Todas as proposições da
veis a qualquer trabalho científico, formulou quatro regras: teoria se integram no mundo do discurso (conhecimento), enquan-
to a hipótese comprova a sua validade, submetendo-se ao teste da
experiência.
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CIÊNCIAS NATURAIS

A teoria é interpretativa, enquanto a hipótese resulta em expli-


cação através de leis naturais. ESCALAS DE GRANDEZAS
A teoria formula necessariamente hipóteses, ao passo que es-
tas subsistem independentemente dos enunciados teoréticos.
Função das teorias:
- coordenam e unificam o saber científico; Conceito de grandeza8
- são instrumentos preciosos do sábio, sugerindo-lhe analogias Não conseguimos definir grandeza, nem espécie de grandeza,
até então ignoradas e possibilitando-lhe, assim, novas descobertas. porque são conceitos primitivos, quer dizer, termos não definidos,
assim como são ponto, reta e plano na Geometria Elementar. É sufi-
Valor das Teorias: ciente que tenhamos a ideia do que seja o comprimento, o tempo,
Até meados do século XIX, os cientistas, de um modo geral, ad- o ponto, a reta, pois já os compreendemos sem a necessidade de
mitiam que as teorias não só explicavam os fatos, mais ainda eram uma formulação linguística.
uma apreensão da própria natureza ontológica (última) da realida- É através das grandezas físicas que nós medimos ou quantifica-
de. mos as propriedades da matéria e da energia. Estas medidas podem
A partir dos meados do século XIX para cá, restringiram o valor ser feitas de duas maneiras distintas:
explicativo da teoria. Assim:
- E. Mach: as teorias apenas orientam o sábio com economia De maneira direta:
de pensamento. — Quando medimos com uma régua o comprimento de algum
- Henri Poincaré: as teorias não são verdadeiras nem falsas, são objeto;
cômodas. — Quando medimos com um termômetro a temperatura do
- Pierre Duhem: as teorias servem apenas para classificar os corpo humano;
fatos e as leis — Quando medimos com um cronômetro o tempo de queda
- Atualmente, a tendência é assumir uma posição intermediária de uma pedra.
entre os dois extremos.
De maneira indireta:
Segundo o realismo moderado (explicação filosófica), as teo- — Quando medimos, através de cálculos e instrumentos espe-
rias científicas são explicativas, isto é, expressam a essência da na- ciais, a distância da Terra ao Sol;
tureza sensível, visto que toda ciência tem por objetivo o que as — Quando medimos, através de cálculos e instrumentos espe-
coisas são ou suas essências. Contudo, não expressam a essência ciais, a temperatura de uma estrela;
nela mesma (como pretende a filosofia), e sim em seus sinais ob- — Quando medimos, através de cálculos, o tempo necessário
serváveis e experimentais. para que a luz emitida pelo Sol chegue à Terra.

Doutrina Grandezas escalares e vetoriais


A ciência visa explicar os fenômenos. Para isto observa, analisa, Por definição temos que as grandezas escalares e vetoriais po-
levanta hipóteses e as verifica em confronto com os fatos pela ex- dem ser definidas por:
perimentação, induz a lei, colocando-a num contexto mais amplo, Escalares: são aquelas em que basta o número e a unidade de
através de teorias. medida para defini-la. Exemplos podem ser a medida de uma febre
São operações que se desenvolvem num ambiente de objetivi- de 40ºC, o tempo de caminhada de 30 minutos, 3 litros de água, 5
dade, de indiferença e de neutralidade. kg de arroz, entre outros.
A doutrina, porém, propõe diretrizes para a ação. É a priori que
o autor fixa o fim que espera atingir e, para elaborar a doutrina Vetoriais: são aquelas em que só o número e a unidade de me-
ajustada a esse fim, vai buscar seus argumentos nas mais variadas dida não são suficientes, é necessário saber também a direção (ho-
fontes. Numa doutrina há ideais morais, posições filosóficas e po- rizontal, vertical, diagonal, etc.) e o sentido (direita, esquerda, para
líticas e atitudes psicológicas. Há também, subjacentes, interesses cima, para baixo, a noroeste, horário, anti-horário, etc.). Nas gran-
individuais, interesses de classes ou nações. dezas físicas vetoriais a direção e o sentido fazem toda a diferença,
A doutrina é, assim, um encadeamento de correntes, de pensa- e, por isso, sempre haverá uma pergunta para fazer além da medida
mentos que não se limitam a constatar e a explicar os fenômenos, a ser feita, por exemplo: Junior caminhou 6 m, mas para onde? Será
mas apreciam-nos em função de determinadas concepções éticas necessário responder à pergunta. No caso, suponha-se que Junior
e, à luz destes juízos, preconizam certas medidas e proíbem outras. caminhou 6m da porta da casa até a beira do mar. Contudo se é dito
A doutrina situa-se na linha divisória dos problemas do espírito que João tem 60 kg, já está claro, não há perguntas a se fazer, por
e dos fatos (teoria = ciência x ação) e, porque largamente assentada isso que massa é uma grandeza escalar e não vetorial.
nesses dois domínios, permite perceber a síntese.

8 https://www.coladaweb.com/fisica/fisica-geral/grandezas-fisicas
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REPRESENTAÇÃO DOS ESTADOS SÓLIDO, LÍQUIDO E GASOSO

Estados Físicos da Matéria9

Quando nos referimos à água, a ideia que nos vem de imediato à mente é a de um líquido fresco e incolor. Quando nos referimos ao
ferro, imaginamos um sólido duro. Já o ar nos remete à ideia de matéria no estado gasoso. Toda matéria que existe na natureza se apre-
senta em uma dessas formas - sólida, líquida ou gasosa - e é isso o que chamamos de estados físicos da matéria.
No estado sólido, as moléculas de água estão bem “presas” umas às outras e se movem muito pouco: elas ficam “balançando”, vibran-
do, mas sem se afastarem muito umas das outras. Não é fácil variar a forma e o volume de um objeto sólido, como a madeira de uma porta
ou o plástico de que é feito uma caneta, por exemplo.
O estado líquido é intermediário entre o sólido e o gasoso. Nele, as moléculas estão mais soltas e se movimentam mais que no estado
sólido. Os corpos no estado líquido não mantêm uma forma definida, mas adotam a forma do recipiente que os contém, pois as moléculas
deslizam umas sobre as outras. Na superfície plana e horizontal, a matéria, quando em estado líquido, também se mantém na forma plana
e horizontal.
No estado gasoso a matéria está muito expandida e, muitas vezes, não podemos percebê-la visualmente. Os corpos no estado gasoso
não possuem volume nem forma próprios e também adotam a forma do recipiente que os contém. No estado gasoso, as moléculas se mo-
vem mais livremente que no estado líquido, estão muito mais distantes umas das outras que no estado sólido ou líquido, e se movimentam
em todas as direções. Frequentemente há colisões entre elas, que se chocam também com a parede do recipiente em que estão. É como
se fossem abelhas presas em uma caixa, e voando em todas as direções.

Em resumo: no estado sólido as moléculas de água vibram em posições fixas. No estado líquido, as moléculas vibram mais do que no
estado sólido, mas dependente da temperatura do líquido (quanto mais quente, maior a vibração, até se desprenderem, passando para
o estado gasoso, em um fenômeno conhecido como ebulição). Consequentemente, no estado gasoso (vapor) as moléculas vibram forte-
mente e de forma desordenada.

Mudanças de Estado Físico (Transformações)


As passagens entre os três estados físicos (sólido, líquido e gasoso) têm o nome de mudanças de estado físico.

9 www.sobiologia.com.br
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Você já viu como num dia quente, um pedaço de gelo logo der- A água passa para o estado gasoso: transforma-se em vapor,
rete depois de tirado do congelador? que não pode ser visto. A passagem do estado líquido para o estado
Nesse caso, a água em estado sólido passa rapidamente para o gasoso é chamada vaporização.
estado líquido. Essa mudança de estado é conhecida como fusão.
Vaporização
Fusão Passagem do estado líquido para o estado gasoso, por aqueci-
Passagem, provocada por um aquecimento, do estado sólido mento.
para o estado líquido. Se for realizada lentamente chama-se evaporação, se for reali-
O aquecimento provoca a elevação da temperatura da subs- zada com aquecimento rápido chama-se ebulição.
tância até ao seu ponto de fusão. A temperatura não aumenta en- Durante a ebulição a temperatura da substância que está a pas-
quanto está acontecendo a fusão, isto é, somente depois que toda sar do estado líquido para o estado gasoso permanece inalterada,
a substância passar para o estado líquido é que a temperatura volta só voltando a aumentar quando toda a substância estiver no estado
a aumentar. gasoso.

O ponto de fusão de uma substância é a temperatura a que O ponto de ebulição de uma substância é a temperatura a que
essa substância passa do estado sólido para o estado líquido. essa substância passa do estado líquido para o estado gasoso.
No caso da água o ponto de fusão é de 0ºC. Assim, o bloco de No caso da água o ponto de ebulição é de 100ºC. Assim toda
gelo permanecerá a 0ºC até todo ele derreter para só depois sua a água permanecerá a 100ºC até toda ela tenha evaporado para
temperatura começar a se elevar para 1ºC, 2ºC etc. somente depois sua temperatura começar a aumentar para 101ºC,
Mas o contrário também acontece. Se quisermos passar água 102ºC etc.
do estado líquido para o sólido, é só colocarmos a água no congela- A água pode passar do estado de vapor para o estado líquido.
dor. Essa mudança de estado é chamada solidificação. É fácil observar essa passagem. Quantas vezes você já não colocou
água gelada dentro de um copo de vidro fora da geladeira? Depois
Solidificação de um tempo, a superfície do lado de fora fica molhada, não é mes-
Passagem do estado líquido para o estado sólido, através de mo?
arrefecimento (resfriamento). As pequenas gotas de água se formam porque o vapor de água
Quando a substância líquida inicia a solidificação, a temperatu- que existe no ar entra em contato com a superfície fria do copo e
ra fica inalterada até que a totalidade esteja no estado sólido, e só se condensa, isto é, passa para o estado líquido. Essa mudança de
depois a temperatura continua a baixar. estado é chamada condensação, ou liquefação.
Condensação
Passagem do estado gasoso para o estado líquido, devido ao
um arrefecimento (resfriamento). Quando a substância gasosa ini-
cia a condensação, a temperatura fica inalterada até que a totali-
dade esteja no estado líquido, e só depois a temperatura continua
a baixar.

No caso da água o ponto de solidificação é de 0ºC. Assim, a


água permanecerá a 0ºC até que toda ela congele para só depois
sua temperatura começar a diminuir para -1ºC, - 2ºC etc.
Você já percebeu que, quando uma pessoa está cozinhando,
ela tem que tomar cuidado para que a água não suma da panela
e a comida queime e grude no fundo? Mas para onde vai a água?

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CIÊNCIAS NATURAIS

Um exemplo de condensação é o orvalho e a geada!


Às vezes, quando está frio, logo de manhã vemos que muitas
folhas, flores, carros, vidraças e outros objetos que estão no ar li-
vre ficam cobertos de gotas de água, sem que tenha chovido: é o
orvalho.
O orvalho se forma quando o vapor de água presente no ar se
condensa ao entrar em contato com superfícies que estão mais frias
que o ar. Se a temperatura estiver muito baixa, a água pode conge-
lar sobre as superfícies frias, formando uma camada de gelo: é a
geada, que pode causar prejuízos às plantações, já que o frio pode
Quilograma-padrão no Bureau Internacional de Pesos e Medi-
destruir folhas e frutos.
das, Sèvre, França
Você já observou que certos produtos para perfumar o ambien-
te instalados no banheiro, por exemplo, vão diminuindo de tama-
nho com o tempo? Isso acontece porque eles passam diretamente Volume (V): é o espaço ocupado por um corpo. No SI, a
do estado sólido para o estado gasoso. Essa passagem do estado unidade-padrão de volume é o metro cúbico (m3). Mas, em Quími-
sólido para o gasoso e vice-versa é chamada sublimação. ca, são muito utilizados o litro (L) e o mililitro (mL). Abaixo temos
Sublimação várias conversões entre unidades usadas para volume:
Passagem direta de uma substância do estado sólido para o es- 1m3 = 1000L ou 1000dm3
tado gasoso, por aquecimento, ou do estado gasoso para o estado 1dm3 = 1L
sólido, por arrefecimento. Ex. Gelo seco, naftalina. 1cm3 = 1mL
1cm3 ou 1mL = 10-3dm3 ou 10-3L

Se o material se tratar de um líquido, o volume pode ser medi-


do em vários cilindros graduados, tais como pipetas e provetas. Se
forem sólidos regulares, o volume pode ser calculado, por exemplo,
se for um cubo ou um paralelepípedo, pela multiplicação da altura
(h), comprimento (c) e largura (l). As fórmulas de cálculo do volume
para outros sólidos regulares são mostradas abaixo:

Naftalina

CONCEITOS DE DENSIDADE, MASSA, PESO E SOLUBILIDA-


DE

DENSIDADE10

Para realizar experimentos químicos, é necessário saber algu-


mas unidades de medida, que são grandezas que relacionam algu-
ma quantidade com um padrão estabelecido. As principais gran-
dezas físicas usadas em Química são: massa (podendo ser “peso”),
volume, densidade, temperatura e pressão.

Unidades de Medida

Massa (m): é a quantidade de matéria que um corpo possui.


Sua unidade-padrão no SI (Sistema Internacional) é o quilograma
(kg), que corresponde a 1000 gramas.
Utiliza-se uma balança para comparar a massa do corpo com
o quilograma-padrão, que corresponde à massa de um cilindro
de 90% de platina e 10% de irídio, de 3,917cm de diâmetro por
3,917cm de altura. Esse quilograma-padrão fica guardado no inte-
rior de três cúpulas de vidro na sede do Bureau Internacional de Fórmulas para calcular o volume de sólidos regulares (figuras
Pesos e Medidas, na cidade de Sèvres, França. geométricas)
Agora, se for um sólido irregular, basta usar o Princípio de Ar-
quimedes, onde se coloca o sólido irregular em um cilindro gradua-
do com determinado volume de água. O volume de água que for
10 https://manualdaquimica.uol.com.br/quimica-geral/unidades-medida. deslocado é igual ao volume do sólido.
htm
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CIÊNCIAS NATURAIS

Densidade (d): A densidade de um material é a relação entre a d = 330 g / 300 mL


massa e o volume ocupado:
d = 1,1 g/mL

02. Resposta: C

Pela densidade sabemos que há 13,6 g de mercúrio em 1 cm3.


Assim, podemos resolver esse problema com uma regra de três
No SI, a unidade-padrão de densidade é o quilograma por me- simples:
tro cúbico (kg/m3), mas, em Química, a unidade mais utilizada é a
de gramas por centímetros cúbicos (g/cm3) para sólidos e líquidos; 13,6 g de mercúrio ------------------ 1 cm3
já para gases, é utilizado gramas por litro (g/L). x ----------------------------- 200 cm3
A densidade dos materiais pode ser calculada pela fórmula aci-
ma. No caso dos líquidos, ela pode ser medida com um aparelho X = 200 . 13,6 →x = 2720 g ou 2,720 kg
chamado densímetro. Basta colocá-lo no líquido, sem tocar nas pa- 1
redes do recipiente, e onde a superfície do líquido ficar no densíme-
tro, a graduação indicará a densidade.
DIFERENCIAR CALOR E TEMPERATURA

TERMOMETRIA
Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os fenô-
menos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mudanças de
estado físico, mudanças de temperatura, etc.

Os densímetros são usados para medir a densidade de líquidos Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo da
e soluções temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas.

Questões Temperatura
Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de
01. Uma solução foi preparada misturando-se 30 gramas de um um corpo ou sistema.
sal em 300 g de água. Considerando-se que o volume da solução é Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife-
igual a 300 mL, a densidade dessa solução em g/mL será de: rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de-
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se
(A) 10,0 muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo
(B) 1,0 frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.
(C) 0,9 Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se
(D) 1,1 dizer que está se aumentando o estado de agitação de suas molé-
(E) 0,1 culas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou ao
02. (FMU-SP) Um vidro contém 200 cm3 de mercúrio de densi- retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum tempo,
dade 13,6 g/cm3. A massa de mercúrio contido no vidro é: ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou seja, a
água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas
(A) 0,8 kg atingem o mesma temperatura, dizemos que estes corpos ou siste-
(B) 0,68 kg mas estão em equilíbrio térmico.
(C) 2,72 kg
(D) 27,2 kg Escalas Termométricas
(E) 6,8 kg] Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
desenvolvido um aparelho chamado termômetro.
Gabarito O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em
um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
01. D / 02. C um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
Respostas las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este se
dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida pelo
01. Resposta: D mercúrio está associada uma temperatura.
d = m/v A escala de cada termômetro corresponde a este valor de al-
tura atingida.
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CIÊNCIAS NATURAIS

Escala Celsius
É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura
de congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatu-
ra de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).

Escala Fahrenheit
Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel
Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a temperatura de
uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do
corpo humano (100 °F).
Em comparação com a escala Celsius:
0 °C = 32 °F
100 °C = 212 °F

Escala Kelvin
Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo Exemplo:
físico inglês William Thompson (1824-1907), também conhecido Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a
como Lorde Kelvin. Esta escala tem como referência a temperatura temperatura 100 °F?
do menor estado de agitação de qualquer molécula (0 K) e é calcu-
lada a partir da escala Celsius.
Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a
escala Celsius:

-273 °C = 0 K
0 °C = 273 K
100 °C = 373 K

Conversões entre escalas


Para que seja possível expressar temperaturas dadas em uma
certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma conven- Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius-
ção geométrica de semelhança. -Fahrenheit:
Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada
em escala Fahrenheit para escala Celsius:

E para escala Kelvin:

Pelo princípio de semelhança geométrica:

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CIÊNCIAS NATURAIS

Algumas temperaturas:

CALORIMETRIA

Calor
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais
quente” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento em que ambos os corpos apresentem temperatura igual. Esta reação
é causada pela passagem de energia térmica do corpo “mais quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de energia é o que chama-
mos calor.
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com temperaturas diferentes.
A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade de
calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C.
A relação entre a caloria e o joule é dada por:
1 cal = 4,186J

Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu múltiplo, a quilocaloria.

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CIÊNCIAS NATURAIS

1 kcal = 10³cal

Calor sensível
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem
como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo.
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equação
Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de calor
sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da tem-
peratura e de uma constante de proporcionalidade dependente da Calor latente
natureza de cada corpo denominada calor específico. Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém a
Assim: modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mudança
de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a quantidade
de calor calculada de calor latente.
A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da massa
do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L).
Onde: Assim:
Q = quantidade de calor sensível (cal ou J).
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/
g°C ou J/kg°C).
m = massa do corpo (g ou kg). A constante de proporcionalidade é chamada calor latente de
Δθ = variação de temperatura (°C). mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g da subs-
tância calculada necessita para mudar de uma fase para outra.
É interessante conhecer alguns valores de calores específicos: Além de depender da natureza da substância, este valor numé-
rico depende de cada mudança de estado físico.
Substância c (cal/g°C) Por exemplo, para a água:

Alumínio 0,219
Calor latente de fusão 80cal/g
Água 1,000
Álcool 0,590 Calor latente de vaporização 540cal/g
Cobre 0,093 Calor latente de solidificação -80cal/g
Chumbo 0,031
Calor latente de condensação -540cal/g
Estanho 0,055
Ferro 0,119 Quando:
Gelo 0,550 Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Q<0: o corpo solidifica ou condensa.
Mercúrio 0,033
Ouro 0,031 Exemplo:
Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de
Prata 0,056
água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente de
Vapor d’água 0,480 vaporização da água = 540 cal/g.
Zinco 0,093

Quando:
Q>0: o corpo ganha calor.
Q<0: o corpo perde calor.

Exemplo:
Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer
uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor especí-
fico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g

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CIÊNCIAS NATURAIS

Assim:

Curva de aquecimento
Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que
estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água
elaborar um gráfico de temperatura em função da quantidade de como 1000g, pois temos 1 litro de água.
calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:
Capacidade térmica
É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou
ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Então, pode-se expressar esta relação por:

Sua unidade usual é cal/°C.


Trocas de Calor A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu
Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior calor específico é 1cal/g.°C.
precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calorí-
metro, que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar Transmissão de Calor
calor com o ambiente e com seu interior. Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico en-
Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor tre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Como
até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, concluímos
com o calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a que de alguma forma o calor emana desses corpos “mais quentes”
energia térmica passa de um corpo ao outro. podendo se propagar de diversas maneiras.
Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no
de todas as energias térmicas é nula, ou seja: sentido da maior para a menor temperatura.
ΣQ=0 Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguin-
tes maneiras:
(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual • condução;
a zero) • convecção;
• irradiação.

Fluxo de Calor
Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma
Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz de
como latente. fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo.
Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira
Exemplo: constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o
Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio intervalo de tempo de exposição (Δt):
de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados ca-
lor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema inter- O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo,
nacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, embo- assim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que
ra também sejam muito usada a unidade caloria/segundo (cal/s) estão nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies,
e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo toma o lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se des-
(kcal/s). loca até os lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimen-
tos causam, entre outros fenômenos naturais, o vento.
Exemplo: Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada para propaga por meio do movimento de massas fluidas de densi-
aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o calor es- dades diferentes.
pecífico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto tempo a
fonte demora para realizar este aquecimento? Irradiação Térmica
É a propagação de energia térmica que não necessita de
um meio material para acontecer, pois o calor se propaga atra-
vés de ondas eletromagnéticas.
Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali-
mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à
gás, não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimen-
to é aquecido há uma emissão de microondas que fazem sua
energia térmica aumentar, aumentando a temperatura.
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor
ou radiador e o corpo que recebe, o receptor.

Aplicando a equação do fluxo de calor:


DIFERENCIAR FENÔMENO QUÍMICO DE FÍSICO

FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS

Fenômenos são modificações que ocorrem na matéria. As-


sim, são exemplos de fenômenos: a transformação da água em
estados físicos diferentes, a queima de um papel, o amadure-
cimento de um alimento, a demolição de um prédio, dentre
outros. Os fenômenos podem ser de dois tipos:

Fenômenos Físicos

São aqueles que não alteram a estrutura ou a constituição


Condução Térmica da matéria. Por exemplo, se amassarmos um papel, ele ape-
É a situação em que o calor se propaga através de um nas mudará seu formato, no entanto, continuará sendo papel,
«condutor». Ou seja, apesar de não estar em contato direto isto é, tendo a mesma composição química. O exemplo mais
com a fonte de calor um corpo pode ser modificar sua energia comum de fenômeno físico, é a mudança do estado físico da
térmica se houver condução de calor por outro corpo, ou por água.
outra parte do mesmo corpo.
Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma As Mudanças de Estados Físicos da Água são divididas em
colher encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de 5 processos, a saber:
um tempo ela esquentará também.
Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela,
suas moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está
em contato com a colher, as moléculas em agitação maior pro-
vocam uma agitação nas moléculas da colher, causando au-
mento de sua energia térmica, logo, o aquecimento dela.
Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte
inferior da panela estar diretamente em contato com o fogo,
sua parte superior também esquenta.

Convecção Térmica
A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o prin-
cípio fundamental da compreensão do vento, por exemplo.

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CIÊNCIAS NATURAIS

-Fusão: Mudança do estado sólido para o estado líquido da água, provocada por aquecimento, por exemplo, um gelo que derrete num
dia de calor. Além disso, o denominado “Ponto de Fusão” (PF) é a temperatura que a água passa do estado sólido para o líquido. No caso
da água, o ponto de fusão é de 0ºC.
-Vaporização: Mudança do estado líquido para o estado gasoso por meio do aquecimento da água. Assim, o “Ponto de Ebulição” (PE)
de uma substância é a temperatura a que essa substância passa do estado líquido para o estado gasoso e, no caso da água, é de 100ºC.
Vale lembrar que a Ebulição e a Evaporação são, na realidade, tipos de vaporização. A diferença de ambas reside na velocidade do
aquecimento, ou seja, se for realizado lentamente chama-se evaporação; entretanto, se for realizado com aquecimento rápido chama-
se ebulição.
-Solidificação: Mudança de estado líquido para o estado sólido provocado pelo arrefecimento ou resfriamento. Além disso, o “Ponto
de Solidificação” da água é de 0ºC. O exemplo mais visível são os cubos de água que colocamos no refrigerador para fazer os cubos de gelo.
-Liquefação: Chamada também de Condensação, esse processo identifica a mudança do estado gasoso para o estado líquido decor-
rente do resfriamento (arrefecimento). Como exemplo podemos citar: a geada e o orvalho das plantas.
-Sublimação: Mudança do estado sólido para o estado gasoso, por meio do aquecimento. Também denomina a mudança do estado
gasoso para o estado sólido (ressublimação), por arrefecimento, por exemplo: gelo seco e naftalina.

Fenômeno Químico

É aquele que altera a estrutura da matéria, ou seja, sua composição. No exemplo do papel, se o queimarmos, ele terá sua estrutura
química alterada. Um dos exemplos mais comuns é a combustão do etanol. O etanol (álcool comum) reage com o oxigênio do ar, entrando
em combustão. Essa é uma reação química, que se for completa, origina gás carbônico e vapor de água. Sua equação é dada por:

C2H5OH(l) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(v)


ETANOL GÁS OXIGÊNIO GÁS CARBÔNICO ÁGUA

Todo fenômeno químico ocorre acompanhado de uma variação de energia, ou melhor, a transformação na composição da matéria
implica necessariamente uma liberação ou absorção de energia.
Fenômenos químicos que ocorrem com liberação de energia são denominados exotérmicos e fenômenos químicos que ocorrem com
absorção de energia são denominados endotérmicos.

Fenômeno Químico Exotérmico


Note que essa definição se refere ao saldo de energia da matéria transformada em relação ao meio ambiente, após o fenômeno quími-
co ter sido concluído, já que todos os fenômenos químicos necessitam de um fornecimento externo de energia – que pode variar de muito
grande a muito pequeno – para serem desencadeados. Por exemplo, para desencadear a combustão ou queima do papel, é necessário um
fornecimento externo de energia, no caso o fogo.

Toda combustão só se inicia a partir de um fornecimento externo de energia.

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Obs.: O fogo é uma emissão simultânea de calor e luz, que acompanha determinadas transformações químicas. Quando colocamos
fogo em um papel, estamos fornecendo energia térmica e luminosa(radiante). A energia liberada na combustão é muito maior do que a
energia que foi absorvida para desencadear a queima.
No entanto, o saldo de energia para o meio ambiente depois da combustão(queima) do papel é positivo, ou seja, a combustão do
papel é uma transformação em que a energia liberada no final é maior que a energia absorvida para desencadear o fenômeno.
Dessa forma as cinzas sólidas e a matéria gasosa liberada na combustão completa do papel são mais estáveis que o papel em si porque
foram formadas por meio de um processo químico exotérmico.
Toda combustão é um fenômeno químico exotérmico, e a matéria produzida numa combustão é mais estável do que a matéria que
sofreu combustão para formá-la.

Fenômeno Químico Endotérmico


Há casos em que os fenômenos químicos ocorrem com absorção de energia. A matéria que resulta de uma transformação endotérmi-
ca é em geral mais instável que aquela que lhe deu origem. Um exemplo disso é a obtenção da amônia (NH3), que ocorre a partir da reação
química entre o hidrogênio e o nitrogênio:

3 H2 + N2 → 2 NH3

As demais opções correspondem a transformações físicas, isto é, todos continuam sendo a mesma substância, com a mesma compo-
sição, somente o estado de agregação de suas partículas é diferente. Veja:
b) Obtenção de gelo a partir da água: mudança de estado físico do líquido para o sólido.
c) Obtenção do oxigênio líquido a partir do ar atmosférico: mudança de estado físico. O oxigênio estava misturado a outros gases
presentes no ar atmosférico e foi condensado, isto é, passou do estado gasoso para o líquido.
d) Solidificação da parafina: mudança de estado físico do líquido para o sólido.
e) Sublimação da naftalina: mudança de estado físico diretamente do sólido para o gasoso.

Para desencadear um fenômeno químico endotérmico, também é necessário que haja fornecimento externo de energia. A diferença
nesse caso é que o saldo de energia para o meio ambiente é negativo, isto é, a energia liberada no final é menor que a energia absorvida
no início – a transformação da matéria absorve energia do meio ambiente.
Como todos os fenômenos ocorrem espontaneamente em direção a um aumento de estabilidade e a absorção de energia implica no
aumento da instabilidade, os fenômenos químicos endotérmicos não são muito comuns. Com base em todos os conceitos que vimos até
o momento, podemos definir energia de um modo mais amplo: Energia é o que faz a matéria existir, se movimentar, modificar sua fase de
agregação e transformar sua composição.
Para uma melhor comparação, veja os exemplos de fenômenos físicos e químicos alistados abaixo:

MISTURAS E MÉTODOS DE SEPARAÇÃO

Substância e Mistura
Analisando a matéria qualitativamente (qualidade) chamamos a matéria de substância.
Substância – possui uma composição característica, determinada e um conjunto definido de propriedades.
Pode ser simples (formada por só um elemento químico) ou composta (formada por vários elementos químicos).
Exemplos de substância simples: ouro, mercúrio, ferro, zinco.
Exemplos de substância composta: água, açúcar (sacarose), sal de cozinha (cloreto de sódio).
Mistura – são duas ou mais substâncias agrupadas, onde a composição é variável e suas propriedades também.
Exemplo de misturas: sangue, leite, ar, madeira, granito, água com açúcar.
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Propriedades da matéria
Corpo e Objeto O que define a matéria são suas propriedades.Existem as pro-
Analisando a matéria quantitativamente chamamos a matéria priedades gerais e as propriedades específicas.As propriedades
de Corpo. gerais são comuns para todo tipo de matéria e não permitem dife-
Corpo - São quantidades limitadas de matéria. Como por exem- renciar uma da outra. São elas: massa, peso, inércia, elasticidade,
plo: um bloco de gelo, uma barra de ouro. compressibilidade, extensão, divisibilidade, impenetrabilidade.
Os corpos trabalhados e com certo uso são chamados de ob- Massa – medida da quantidade de matéria de um corpo. De-
jetos. Uma barra de ouro (corpo) pode ser transformada em anel, termina a inércia e o peso.
brinco (objeto). Inércia – resistência que um corpo oferece a qualquer tenta-
tiva de variação do seu estado de movimento ou de repouso. O
Fenômenos Químicos e Físicos corpo que está em repouso, tende a ficar em repouso e o que está
Fenômeno é uma transformação da matéria. Pode ser química em movimento tende a ficar em movimento, com velocidade e di-
ou física. reção constantes.
Fenômeno Químico é uma transformação da matéria com Peso – é a força gravitacional entre o corpo e a Terra.
alteração da sua composição. Elasticidade – propriedade onde a matéria tem de retornar ao
Exemplos: combustão de um gás, da madeira, formação da fer- seu volume inicial após cessar a força que causa a compressão.
rugem, eletrólise da água. Compressibilidade – propriedade onde a matéria tem de redu-
zir seu volume quando submetida a certas pressões.
Extensão – propriedade onde a matéria tem de ocupar lugar
no espaço.
Divisibilidade – a matéria pode ser dividida em porções cada
vez menores. A menor porção da matéria é a molécula, que ainda
conserva as suas propriedades.
Impenetrabilidade – dois corpos não podem ocupar o mesmo
espaço ao mesmo tempo.
As propriedades específicas são próprias para cada tipo de ma-
téria, diferenciando-as umas das outras. Podem ser classificadas
em organolépticas, físicas e químicas.
As propriedades organolépticas podem ser percebidas pelos órgãos
Química – é a ciência que estuda os fenômenos químicos. Es- dos sentidos (olhos, nariz, língua). São elas: cor, brilho, odor e sabor.
tuda as diferentes substâncias, suas transformações e como elas As propriedades físicas são: ponto de fusão e ponto de ebuli-
interagem e a energia envolvida. ção, solidificação, liquefação, calor específico, densidade absoluta,
Fenômenos Físicos - é a transformação da matéria sem altera- propriedades magnéticas, maleabilidade, ductibilidade, dureza e
ção da sua composição. tenacidade.
Exemplos: reflexão da luz, solidificação da água, ebulição do Ponto de fusão e ebulição – são as temperaturas onde a ma-
álcool etílico. téria passa da fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a
Física – é a ciência que estuda os fenômenos físicos. Estuda fase sólida, respectivamente.
as propriedades da matéria e da energia, sem que haja alteração Ponto de ebulição e de liquefação – são as temperaturas onde
química. a matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa
para a líquida, respectivamente.
Calor específico – é a quantidade de calor necessária para au-
mentar em 1 grau Celsius (ºC) a temperatura de 1grama de massa
de qualquer substância. Pode ser medida em calorias.
Densidade absoluta – relação entre massa e volume de um
corpo.
d=m:V
Propriedade magnética – capacidade que uma substância tem
de atrair pedaços de ferro (Fe) e níquel (Ni).
Maleabilidade – é a propriedade que permite à matéria ser
transformada em lâmina. Característica dos metais.
Ductibilidade – capacidade que a substância tem de ser trans-
formada em fios. Característica dos metais.
Dureza – é determinada pela resistência que a superfície do
material oferece ao risco por outro material. O diamante é o mate-
rial que apresenta maior grau de dureza na natureza.

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CIÊNCIAS NATURAIS

Mistura Heterogênea – é formada por duas ou mais fases. As


substâncias podem ser diferenciadas a olho nu ou pelo microscó-
pio.
Exemplos:
- água + óleo
- granito
- água + enxofre
- água + areia + óleo

Tenacidade – é a resistência que os materiais oferecem ao cho-


que mecânico, ou seja, ao impacto. Resiste ao forte impacto sem
se quebrar.
As propriedades químicas são as responsáveis pelos tipos de
transformação que cada substância é capaz de sofrer. Estes proces-
sos são as reações químicas.
Mistura e Substância
Mistura – é formada por duas ou mais substâncias puras. As
misturas têm composição química variável, não expressa por uma
fórmula.
Algumas misturas são tão importantes que têm nome próprio.
São exemplos: Os sistemas monofásicos são as misturas homogêneas.
- gasolina – mistura de hidrocarbonetos, que são substâncias Os sistemas polifásicos são as misturas heterogêneas. Os siste-
formadas por hidrogênio e carbono. mas homogêneos, quando formados por duas ou mais substâncias
- ar atmosférico – mistura de 78% de nitrogênio, 21% de oxi- miscíveis (que se misturam) umas nas outras chamamos de solu-
gênio, 1% de argônio e mais outros gases, como o gás carbônico. ções.
- álcool hidratado – mistura de 96% de álcool etílico mais 4% São exemplos de soluções: água salgada, vinagre, álcool hidra-
de água. tado.
Substância – é cada uma das espécies de matéria que constitui Os sistemas heterogêneos podem ser formados por uma única
o universo. Pode ser simples ou composta. substância, porém em várias fases de agregação (estados físicos)
.Exemplo: Água líquida, sólida (gelo),vapor
Sistema e Fases
Sistema – é uma parte do universo que se deseja observar, Separação de mistura
analisar. Por exemplo: um tubo de ensaio com água, um pedaço de Os componentes das misturas podem ser separados. Há algu-
ferro, uma mistura de água e gasolina, etc. mas técnicas para realizar a separação de misturas. O tipo de sepa-
Fases – é o aspecto visual uniforme. ração depende do tipo de mistura.
As misturas podem conter uma ou mais fases. Alguns dos métodos de separação de mistura são: catação, le-
vigação, dissolução ou flotação, peneiração, separação magnética,
Mistura Homogênea – é formada por apenas uma fase. Não se dissolução fracionada, decantação e sedimentação, centrifugação,
consegue diferencias a substância. filtração, evaporação, destilação simples e fracionada e fusão fra-
Exemplos: cionada.
- água + sal
- água + álcool etílico Separação de Sólidos
- água + acetona Para separar sólidos podemos utilizar o método da catação, le-
- água + açúcar vigação, flotação ou dissolução, peneiração, separação magnética,
- água + sais minerais ventilação e dissolução fracionada.

- CATAÇÃO – consiste basicamente em recolher com as mãos


ou uma pinça um dos componentes da mistura.
Exemplo: separar feijão das impurezas antes de cozinhá-los.
- LEVIGAÇÃO – separa substâncias mais densas das menos den-
sas usando água corrente.
Exemplo: processo usado por garimpeiros para separar ouro
(mais denso) da areia (menos densa).

- DISSOLUÇÃO OU FLOCULAÇÃO – consiste em dissolver a mis-


tura em solvente com densidade intermediária entre as densidades
dos componentes das misturas.
Exemplo: serragem + areia

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CIÊNCIAS NATURAIS

Adiciona-se água na mistura. A areia fica no fundo e a serragem


flutua na água. - SEDIMENTAÇÃO – consiste em deixar a mistura em repouso
até o sólido se depositar no fundo do recipiente.
- PENEIRAÇÃO – separa sólidos maiores de sólidos menores ou Exemplo: água + areia
ainda sólidos em suspensão em líquidos.
Exemplo: os pedreiros usam esta técnica para separar a areia
mais fina de pedrinhas; para separar a polpa de uma fruta das suas
sementes, como o maracujá.
Este processo também é chamado de tamização.

- DECANTAÇÃO – é a remoção da parte líquida, virando


cuidadosamente o recipiente. Pode-se utilizar um funil de
decantação para remover um dos componentes da mistura.
Exemplo: água + óleo; água + areia

- SEPARAÇÃO MAGNÉTICA – usado quando um dos componen-


tes da mistura é um material magnético.
Com um ímã ou eletroímã, o material é retirado.
Exemplo: limalha de ferro + enxofre; areia + ferro

- CENTRIFUGAÇÃO – é o processo de aceleração da sedimen-


tação. Utiliza-se um aparelho chamadocentrífuga ou centrifugador,
que pode ser elétrico ou manual.
Exemplo: Para separar a água com barro.

- VENTILAÇÃO – usado para separar dois componentes sólidos


com densidades diferentes. É aplicado um jato de ar sobre a mis-
tura.
Exemplo: separar o amendoim torrado da sua casca já solta;
arroz + palha.

- DISSOLUÇÃO FRACIONADA - consiste em separar dois compo-


nentes sólidos utilizando um líquido que dissolva apenas um deles.
Exemplo: sal + areia
Dissolve-se o sal em água. A areia não se dissolve na água. Po-
de-se filtrar a mistura separando a areia, que fica retida no filtro da
água salgada. Pode-se evaporar a água, separando a água do sal

Separação de Sólidos e Líquidos


Para separar misturas de sólidos e líquidos podemos utilizar o
método da decantação e sedimentação, centrifugação, filtração e
evaporação.
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- FILTRAÇÃO – processo mecânico que serve para separar mis-


tura sólida dispersa com um líquido ou gás. Utiliza-se uma super-
fície porosa (filtro) para reter o sólido e deixar passar o líquido. O
filtro usado é um papel-filtro.
- EVAPORAÇÃO – consiste em evaporar o líquido que está mis-
turado com um sólido.
Exemplo: água + sal de cozinha (cloreto de sódio).
Nas salinas, obtém-se o sal de cozinha por este processo. Na
realidade, as evaporações resultam em sal grosso, que se for puri-
ficado torna-se o sal refinado (sal de cozinha), que é uma mistura
de cloreto de sódio e outras substâncias que são adicionadas pela
indústria.

Separação de Misturas Homogêneas


Para separar os componentes das substâncias de misturas ho-
mogêneas usamos os métodos chamados defracionamento, que se
baseiam na constância da temperatura nas mudanças de estados
físicos. São eles: destilação e fusão.
O papel-filtro dobrado é usado quando o produto que mais in-
teressa é o líquido. A filtração é mais lenta. - DESTILAÇÃO – consiste em separar líquidos e sólidos com
O papel-filtro pregueado produz uma filtração mais rápida e é pontos de ebulição diferentes. Os líquidos devem ser miscíveis en-
utilizada quando a parte que mais interessa é a sólida. tre si.
Exemplo: água + areia Exemplo: água + álcool etílico; água + sal de cozinha
O ponto de ebulição da água é 100°C e o ponto de ebulição do
álcool etílico é 78°C. Se aquecermos esta mistura, o álcool ferve pri-
meiro. No condensador, o vapor do álcool é resfriado e transforma-
do em álcool líquido, passando para outro recipiente, que pode ser
um frasco coletor, um erlenmeyer ou um copo de béquer. E a água
permanece no recipiente anterior, separando-se assim do álcool.
Para essa técnica, usa-se o aparelho chamado destilador, que
é um conjunto de vidrarias do laboratório químico. Utiliza-se: ter-
mômetro, balão de destilação, haste metálica ou suporte, bico de
Bunsen, condensador, mangueiras, agarradores e frasco coletor.
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Este método é a chamada Destilação Simples. Antes de ir para o sistema de distribuição de água, a mesma
Nas indústrias, principalmente de petróleo, usa-se a destilação passa por processos de tratamento com diversas etapas. Esses pro-
fracionada para separar misturas de dois ou mais líquidos. As torres cessos podem ser físicos e químicos, fazendo com que a água obte-
de separação de petróleo fazem a sua divisão produzindo gasolina, nha todas as propriedades necessárias para que a tornem própria
óleo diesel, gás natural, querosene, piche. para o nosso consumo.
As substâncias devem conter pontos de ebulição diferentes,
mas com valores próximos uns aos outros. Conheça as etapas do tratamento de água
1° Etapa – Captação
A água sem tratamento e imprópria ao consumo humano é re-
tirada de mananciais, reservatórios hídricos utilizados para o abas-
tecimento de água.
Nessa etapa a água passa por um gradeamento (sistema de
grades) que impede a entrada de elementos sólidos contidos na
água, como folhas, galhos e troncos, por exemplo, na ETA.
Daí a água segue para a desarenação, onde ocorre a remoção
de areia por sedimentação, melhorando o processo de pré-trata-
mento da água, e por fim, ela é bombeada para a estação de tra-
tamento.

2º Etapa – Adução
Transporte de água do manancial ao tratamento ou da água
tratada ao sistema de distribuição, normalmente por meio de bom-
bas que levam a água captada até a ETA.

3° Etapa -Coagulação
Nessas águas que serão tratadas existem impurezas cujas partí-
culas são pequenas, elas não se sedimentam (não se depositam no
fundo do recipiente) sob a ação da gravidade.
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA Por isso, é necessário acrescentar à água coagulantes químicos.
Geralmente, aqui no Brasil, o coagulante utilizado é o sulfato de
alumínio (Al2(SO4)3).
Esse produto favorece a união das partículas e impurezas da
Tratamento de água para abastecimento: Estações de Trata- água, facilitando a remoção na decantação. Esses coagulantes são
mento de Água (ETAs), tipos de estação, etapas do tratamento insolúveis na água e geram íons positivos (cátions) que atraem as
Quando falamos em saneamento básico, logo imaginamos o impurezas carregadas negativamente nas águas.
abastecimento de água e o esgotamento sanitário, porém nunca
nos perguntamos como funciona cada um deles. 4° Etapa – Floculação
Já sabemos, de acordo com os dados do Sistema Nacional de A água é agitada fortemente por cerca de 30 segundos por um
Informações sobre Saneamento (SNIS), 2017, que apenas 52,36% agitador mecânico, com a finalidade de aumentar a dispersão do
da população têm acesso à coleta de esgoto e 46% dos esgotos do coagulante. Depois o sistema é agitado lentamente, permitindo o
país são tratados. Já em relação ao abastecimento de água, 83,5% contato entre as partículas.
dos brasileiros são atendidos com esse essencial recurso, totalizan- Etapa na qual a água é submetida à agitação mecânica, para
do quase 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este serviço bá- que as impurezas formem flocos maiores e mais pesados.
sico.
A água é algo extremamente essencial para nossas vidas, e an- 5° Etapa – Decantação
tes de chegar as nossas casas, a mesma necessita-se de diversos Decantação é basicamente o ato de separar, por meio da gravi-
estágios de tratamento para que se torne potável e saudável para dade, os sólidos sedimentáveis que estão contidos em uma solução
consumo. Entenda agora um pouco melhor o caminho que nossas líquida. Os sólidos sedimentam no fundo do decantador de onde
águas fazem durante seu tratamento. acabam sendo removidos como lodo, enquanto o efluente, livre dos
A água para ser tratada passa pela estação de tratamento de sólidos, decanta pelo vertedouro.
água (ETA), que é um local em que realiza a purificação da água
captada de alguma fonte para torná-la própria para o consumo e 6° etapa – Filtragem
assim utilizá-la para abastecer a população. A captação da água nor- A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é
malmente é feita em rios ou represas que possam suprir a demanda efetuado o processo de filtração. Consiste em passar a água através
por água da população e das indústrias, há também a captação das de Filtros formados por camadas de areia grossa, areia fina, casca-
águas superficiais, por meio de poços perfurados. lho, pedregulho e carvão, capazes de reter os flocos que passam
sem decantar-se, ou outras impurezas.

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7° Etapa – Desinfecção agulação, realizar o controle de algas e microrganismo e reduzir a


É feita uma última adição de cloro no líquido antes de sua saída produção de certos gostos e odores. A cloração final visa garantir
da Estação de Tratamento. Ela garante que a água fornecida chegue total desinfecção e qualidade biológica da água a ser distribuída.
isenta de bactérias e vírus até a casa do consumidor. Água recebe Ocorre após os processos de filtração.
adição de cloro, flúor e controle do PH.
Tanque de Contato
8° Etapa – Reservação O tanque de contato é o recipiente, ou dispositivo, onde se
A água é armazenada em reservatórios, com duas finalidades: processa a desinfecção final. Muito mais do que ser um ponto de
Manter a regularidade do abastecimento e atender às demandas dosagem de cloro, o tanque de contato tem a função de homoge-
excessivas, como as que ocorrem nos períodos de calor intenso ou neizar a ação do cloro na água. Suas dimensões e características
quando, durante o dia, usa-se muita água ao mesmo tempo. permitem que todas as parcelas de água no sistema possuam total
Quanto à sua posição em relação ao solo, os reservatórios são desinfecção.
classificados em subterrâneos (enterrados), apoiados e elevados.
Correção de pH
Processos de tratamento A correção do pH é efetuada através da adição de produtos quí-
1. Sistema de Tratamento de Água Convencional micos para que a água não se torne excessivamente ácida. A acidez
É um sistema composto de Adutora, floculadores, decantado- possibilita a corrosão de tubulações e equipamentos. No entanto,
res, filtros e reservatórios e é denominado convencional por ser correntes excessivamente alcalinas podem provocar incrustações.
comumente encontrado na maioria das estações de tratamento de Para ajuste do pH, o SAAE utiliza dois produtos distintos, que variam
água. suas utilizações de acordo com as características da água a serem
dosadas. Estes são Carbonato de Sódio (Barrilha) e Cal Hidratada.
Etapas do Processo de Tratamento Convencional:
Coagulação e Floculação Fluoretação
Nestas etapas, as impurezas presentes na água são agrupadas A fluoretação da água de abastecimento público é efetuada
pela ação do coagulante, em partículas maiores (flocos) que pos- através de compostos à base de fluor. A aplicação destes compos-
sam ser removidas pelo processo de decantação. Os reagentes uti- tos na água de abastecimento público contribui para a redução da
lizados são denominados de coagulantes. Em suas estações de Tra- incidência de cárie dentária em até 60%, se as crianças ingerirem
tamento de Água o SAAE utiliza, como agente coagulante, Sulfato desde o seu nascimento, quantidades adequadas de íon fluoreto.
de Alumínio Ferroso Líquido. Nesta etapa também podem ser utili- A dosagem média utilizada de íon fluoreto é de 0,8 mg /l (ppm) de
zados agentes alcalinizantes (Cal Hidratada), caso haja necessidade acordo com a temperatura local.
de correção de pH para uma atuação mais efetiva do coagulante.
Na coagulação ocorre o fenômeno de agrupamento das impurezas 2. Processo de tratamento por filtração direta (Micro flocula-
presentes na água e, na floculação, a produção efetiva de flocos. ção)
Neste processo, todas as etapas do tratamento convencional se
Decantação repetem, exceto a etapa de decantação, pois esta é realizada direta-
Processo de separação de partículas sólidas da água, pela ação mente dentro dos filtros de areia. Portanto, na planta de tratamen-
da gravidade, quando se anula ou diminui a velocidade de escoa- to não existem decantadores.
mento do líquido, propiciando a sedimentação dessas partículas.
Desta forma há a separação efetiva dos flocos em tanques de de- 3. Sistema de Tratamento de Água por Flotação
cantação, normalmente de formato retangular. É um sistema composto de Adutora, floculadores, flotador, fil-
.Filtração tros e reservatórios. É diferenciado do sistema convencional devido
A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde à substituição dos decantadores por flotadores. Este sistema de tra-
é efetuado o processo de filtração. Um filtro é constituído de um tamento abrange a combinação dos processos físico e químico, por
meio poroso granular, normalmente areia, de uma ou mais cama- meio dos quais promove-se a aglutinação dos sólidos totais presen-
das, instalado sobre um sistema de drenagem, capaz de reter e re- tes nas águas poluídas (floculação), a sua ascensão pela insuflação
mover as impurezas ainda presentes na água. de ar na forma de microbolhas (flotação) e a remoção do lodo pela
superfície da água.
Desinfecção Como funciona a Flotação
A desinfecção é a destruição ou inativação de organismo pa- A flotação é um moderno processo de separação, utilizado em
togênicos capazes de provocar doenças ou outros organismos in- diversos setores industriais. Nela estão envolvidos os três estados
desejáveis. Para efetuar a desinfecção de águas de abastecimento físicos da matéria: Sólido, líquido e gasoso.
utiliza-se de um agente físico ou químico (desinfetante), o cloro, e O processo de flotação é o inverso da sedimentação, no qual as
por isso o termo desinfecção é comumente substituído por cloração partículas são capturadas pelas bolhas de ar, induzidas pelo borbu-
Além do Cloro, há a possibilidade de utilização de outros agentes lhamento de gás. Essas bolhas têm densidade menor que a da fase
desinfectantes, citados em ordem de frequência: Ozônio, luz ultra- líquida e migram para superfície arrastando as partículas seletiva-
violeta e íons de prata.
Atualmente há dois pontos de dosagens, classificados com
pré-cloração e cloração final. A pré-cloração ocorre no início do
tratamento e tem por objetivo principal auxiliar a eficiência da co-

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CIÊNCIAS NATURAIS

mente aderidas. Devido à grande quantidade de bolhas geradas há um aumento de contato entre bolhas e partículas, proporcionando
um separação eficiente. Trata-se de um processo complexo do ponto de vista químico, mas cuja simplicidade operacional permite sua
utilização em diversos setores para separar uma grande variedade de sólidos.
Em resumo, a flotação é um processo de separação de sólido-líquido, que anexa o sólido à superfície de bolhas de gás fazendo com
que ele se separe do líquido.
Existem vários tipos de flotação, a saber: eletro-flotação, flotação por ar disperso, flotação por ar dissolvido, flotação por aspersão
(nozzle), flotação centrifuga, flotação rápida e flotação por cavitação.
A utilização da flotação no processo de tratamento da água:

A inclusão da flotação não substitui todas as etapas do processo de tratamento de Água. A adução, coagulação, pré-cloração, filtra-
ção, desinfecção, fluoretação e distribuição são necessárias e continuam presentes num Processo de tratamento de Água por Flotação.
Estas são tão importantes quanto numa estação convencional. O processo de flotação em ETAs permite que quantidades maiores de água
possam ser tratadas em menos, ou mesmo tempo, que em estações convencionais. Além disso, a flotação se adequa melhor a tipos de
água cujas características físicas não são próprias de utilização de decantação. Em plantas de tratamento por flotação, o lodo final gerado
é removido com mais facilidade que em estruturas convencionais, possibilitando várias opções de destinação final. Outra vantagem da
flotação está no espaço físico para implantação, já que decantadores requerem áreas muito maiores. Atualmente, a utilização de torres de
flotação traz custos-benefícios muito maiores.
Flotação por Ar dissolvido x Flotação por Ar induzido
O sistema de Flotação adotado pelo SAAE é conhecido como Flotação por Ar dissolvido, que se difere da Flotação por Ar induzido
devido à redução no tamanho das micro-bolhas. Normalmente, quantidades grandes de bolhas muito pequenas (microbolhas) tornam o
processo de flotação mais eficiente. A diminuição do tamanho das bolhas é possível devido à presença de compressores e câmaras de sa-
turação. Tais componentes permitem que água de flotação, utilizada para liberação das bolhas nos difusores, seja saturada de ar devido a
elevação de pressão. Desta forma, o oxigênio encontra-se liquefeito, sendo liberada e retornada ao estado gasoso no momento da injeção
de fluido saturado (água) nos difusores.
Produtos utilizados em Estações de Tratamento de Água por Flotação
Os produtos utilizados em Estações de Tratamento de Água por flotação são os mesmos utilizados nas Estações de Tratamento Con-
vencionais, sendo eles:
- Sulfato de Alumínio: Agente Coagulante. Produto Químico usado para separar impurezas da água
- Cal e Barrilha: Agentes alcalinizantes. Produtos utilizados na correção do pH da água. Estes corrigem a acidez ou a alcalinidade da
água
- Flúor: Produto químico utilizado para prevenir cáries dentárias;
- Cloro: Agente Desinfetante. Produto Químico utilizado para eliminar bactérias.

Reservação e distribuição de água tratada


Depois de tratada, a água é armazenada em reservatórios de distribuição para, depois, ser levada até os reservatórios de bairros,
estrategicamente localizados. De lá, a água segue por tubulações maiores (adutoras) e entra nas redes de distribuição até chegar ao con-
sumidor final.
Geralmente, o armazenamento é feito em caixas-d’água. A responsabilidade da concessionária de serviços de água é levar a água até a
entrada da residência, onde estão o cavalete e o hidrômetro (o relógio que registra o consumo de água). A partir daí, o cliente deve cuidar
das instalações internas e da limpeza e conservação do seu reservatório.
Os reservatórios têm por finalidades:
- Atendimento das variações do consumo;
- Atendimento das demandas de emergência da cidade;
- Melhoria e adequação das condições de pressão.

Atendimento das variações de consumo


O consumo de água não é constante, variando ao longo do dia. A colocação do reservatório entre o sistema produtor e a rede de
distribuição possibilita adotar uma vazão constante para dimensionar as unidades componentes do sistema. Essas unidades serão dimen-
sionadas para a vazão correspondente ao dia de maior consumo. A rede de distribuição terá seus condutos dimensionados para a vazão
correspondente ao consumo máximo horário desse dia.
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CIÊNCIAS NATURAIS

Atendimento das demandas de emergência


Os reservatórios podem permitir a continuidade do abastecimento da cidade, quando ocorrem paralisações do sistema produtor por
falta de energia elétrica ou por qualquer outro acidente tais como: rupturas das canalizações de adução, queima de motores e outros.
Nesses casos os reservatórios devem ser dimensionados prevendo tais ocorrências. Para o combate a incêndios deve ser também previsto
em projeto o armazenamento de vazões para atender tais situações.

Melhoria das condições de pressão


As localizações dos reservatórios vão servir para estabelecer “zonas de pressão” convenientes para os diversos setores da cidade,
levando em consideração a topografia da localidade em suas condições altimétricas. Usualmente as pressões devem ficar compreendidas
entre os seguintes limites em uma rede de distribuição:
Pressão máxima (estática) = 50 mca (500 kPa)
Pressão mínima (dinâmica) = 10 mca (100 kPa)

Classificação dos reservatórios


Quanto à localização no sistema
a. o reservatório de montante

b. reservatório de jusante (ou de sobras)

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Quanto à localização no terreno


a. enterrado

b. semienterrado

c. apoiado

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Reforçando: Os reservatórios têm por finalidades: atendimento


das variações do consumo; atendimento das demandas de emer-
gência da cidade; melhoria e adequação das condições de pressão.
Para definir a capacidade do reservatório de um sistema de dis-
tribuição, existem várias fórmulas e maneiras, porém na prática se
adota 1/3 do consumo máximo diário.
Um reservatório retangular em planta terá o menor compri-
mento de paredes se suas dimensões guardarem a relação x/y =
¾. Fixado o tipo, a forma e a capacidade do reservatório é possível
estudar as dimensões que o tornem de mínimo custo. Um reserva-
tório apoiado para o qual foram fixadas a capacidade e a altura, e
que se deseja ampliar no futuro deverá ser retangular.
Um reservatório elevado será mais econômico se sua seção
horizontal for circular. Os reservatórios cilíndricos têm dimensões
econômicas, quando a relação entre a altura de água e o raio do
reservatório estiver na proporção 1:1, ou h = R.

Redes de distribuição de água


A rede de distribuição é constituída por um conjunto de condu-
tos assentados nas vias públicas, com a função de conduzir a água Nas redes ramificadas a circulação da água faz-se praticamente
para os prédios e demais edificações e pontos de consumo público. em um único sentido. Uma interrupção acidental em um conduto
Esses condutos caracterizam-se pelas numerosas derivações tronco prejudica sensivelmente as áreas situadas a jusante do local
(distribuição em marcha) e uma disposição em rede, derivando daí em que ocorreu o acidente.
o seu nome. Nas redes de distribuição têm-se dois tipos de condu- Já as redes malhadas são aquelas nas quais os condutos princi-
tos: principais e secundários. pais formam malhas, anéis ou circuitos.
Os condutos principais, troncos ou mestres, são as canalizações
de maior diâmetro, responsáveis pela alimentação dos condutos se-
cundários. Efetuam o abastecimento de extensas áreas da cidade.
Os condutos secundários, de menor diâmetro (usualmente 50
e 75mm), são os que estão em imediato contato com os prédios a
abastecer. A área servida por um conduto secundário é restrita e
está nas suas vizinhanças.
O traçado dos condutos principais deve considerar de prefe-
rência:
- Ruas sem pavimentação ou de pavimento barato;
- Ruas de menor intensidade de trânsito;
- Proximidade de grandes usuários;
- Proximidades de áreas e de edifícios que devem ser protegi-
dos contra incêndios. A vazão de distribuição é calculada para as condições atual-
Conforme a disposição dos condutos principais, as redes po- mente comuns nas cidades brasileiras isto é, existem reservatórios
dem ser: ramificadas ou malhadas. domiciliares que recebem água da rede pública e alimentam a rede
As redes ramificadas são aquelas em que os condutos princi- predial. Nestas condições, a vazão de dimensionamento da rede pú-
pais são traçadas, a partir de um conduto principal central, com dis- blica se referirá a uma particular situação desfavorável, correspon-
posição ramificada, como sugere sua denominação. É um sistema dente à hora de maior consumo do dia de maior consumo.
típico de cidades ou setores que têm uma dimensão mais pronun-
ciada. As redes ramificadas podem ser:
a. Espinha de peixe

P é a população prevista para o fim do plano;


q é o consumo per capita;
K1 é o coeficiente de variação diária do consumo;
k2 é o coeficiente de variação horária do consumo e Q é a vazão
de dimensionamento da rede.
Condições de funcionamento das redes de distribuição:
- Diâmetros mínimos: condutos principais = 100 mm;
b. Grelha - Diâmetros mínimos condutos secundários = 50mm;
- Pressão dinâmica mínima = 10 mca;

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Vigilância e controle da potabilidade da água


O estudo, a avaliação e o controle da qualidade das águas de Agrotóxicos
abastecimento no nosso país estão associados fundamentalmente - foram incluídos e/ou excluídos vários princípios ativos de
a dois dispositivos legais: Portaria MS no 518, de 25 de março de agrotóxicos, com base em informações sobre a comercialização de
2004, do Ministério da Saúde, e Resolução 357/2005 do Conselho diversos produtos no Brasil e a permissão de uso pelo Ministério da
Nacional de Meio Ambiente (Conama). Saúde. Alguns foram mantidos, apesar de não serem mais comer-
A Portaria MS no 518/2004 contém normas e padrão de po- cializados no país, em virtude da sua prolongada persistência no
tabilidade da água destinada ao consumo humano a serem obser- meio ambiente;
vados em todo o território nacional. Cabe ao Ministério da Saúde, - foram priorizados os cinqüenta produtos mais usados no país,
em articulação com as autoridades sanitárias competentes dos principalmente os herbicidas, que representam mais de 60% de to-
estados, Distrito Federal e municípios, a adoção das medidas ne- dos os praguicidas comercializados no Brasil;
cessárias ao fiel cumprimento da legislação. A portaria apresenta - o glifosato, apesar de não possuir toxicidade elevada, foi in-
as definições e os conceitos mais relevantes à sua interpretação e cluído como medida cautelar de saúde pública por ser um dos her-
aplicação e dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilân- bicidas mais utilizados no Brasil;
cia da qualidade da água para consumo humano. Na Portaria no - todos os VMP adotados coincidem com os recomendados
36/1990, o padrão de potabilidade era dividido em três grupos: pela OMS.
características físicas, organolépticas e químicas (componentes or-
gânicos e inorgânicos que afetam a saúde); características bacterio- Desinfetantes e produtos secundários da desinfecção
lógicas; e características radioativas. Na Portaria MS no 518/2004, - para a adoção desses parâmetros, foram considerados os di-
o padrão de potabilidade foi dividido da seguinte maneira: padrão ferentes processos de desinfecção (cloro, dióxido de cloro e ozoni-
microbiológico (incluindo padrão de turbidez para a água pós-fil- zação);
tração ou pré-desinfecção); padrão para substâncias químicas que - o formaldeído e os ácidos haloacéticos foram excluídos, por
representam risco à saúde (substâncias inorgânicas e orgânicas, serem suficientemente cobertos pela determinação de bromato e
agrotóxicos, cianotoxinas, desinfetantes e produtos secundários da trihalometano total;
desinfecção); padrão de radioatividade; e, padrão de aceitação para - os VMPs adotados basearam-se nos valores guias da OMS
consumo humano. (trihalometano total, cloro, bromato, monocloramina e 2,4,6 tri-
A tabela 3 da Portaria MS no 518/2004 apresenta o padrão de clorofenol) e nas normas da EPA (clorito- adaptado aos cálculos da
potabilidade para substâncias químicas que representam risco à OMS).
saúde, merecendo destaque alguns aspectos relacionados a esse
padrão que estão resumidos e brevemente justificados como a se- O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em sua Re-
guir: solução no 357/2005, define a classificação das águas do território
nacional com os seguintes objetivos: assegurar seus usos prepon-
Componentes inorgânicos derantes; definir o grau de exigência para tratamento de efluentes;
- essencialmente, foram mantidas as substâncias contidas na facilitar o enquadramento e o planejamento do uso de recursos
Portaria no 36/1990 graças à sua importância para a saúde indicada hídricos, criando instrumentos para avaliar a evolução da qualida-
pelos estudos toxicológicos disponíveis; de das águas; e preservar a saúde humana e o equilíbrio ecológico
- foram incluídas outras substâncias (p. ex.: antimônio) em fun- aquático. Estabeleceu-se a divisão das águas em três grandes gru-
ção de sua importância toxicológica; pos: doces, salobras e salinas. As primeiras, usualmente emprega-
- foi excluída a prata, em razão da pequena relevância toxicoló- das para consumo humano são subdivididas em classes:
gica das concentrações usualmente encontradas na água; a) Classe Especial – Águas destinadas:
- os Valores Máximos Permitidos (VMP) adotados foram os re- - ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
comendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com ex- - à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquá-
ceção do cádmio, para o qual foi estabelecido o limite preconizado ticas; e,
pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) em - à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de con-
função de limitação analítica. servação e proteção integral.
b) Classe 1 – Águas que podem ser destinadas:
Componentes orgânicos - ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
- algumas substâncias foram incluídas em função de seu rele- simplificado;
vante emprego industrial no país e/ou de sua importância para a - à proteção das comunidades aquáticas;
saúde (p. ex.: o cloreto de vinila, que é carcinogênico); - à recreação de contato primário, tais como, natação, esqui
- essencialmente, foram adotados os VMPs sugeridos pela aquático e mergulho, conforme Resolução Conama no 274/2000;
OMS; - à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas
- cabe destacar a inclusão de um VMP para cianotoxinas, mais que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas,
especificamente microcistinas, em função do reconhecido proble- sem remoção de película; e,
ma de saúde pública decorrente da presença em excesso de ciano- - à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
bactérias em mananciais eutrofizados. O não-estabelecimento de Nas águas de Classe 1, deverá ser excedido um limite de 200
VMP para outras cianotoxinas deve-se à escassez de informações e coliformes termo tolerantes /100 mL em 80% ou mais de pelo me-
não-disponibilidade de técnicas analíticas padronizadas. nos seis amostras, colhetadas durante o período de um ano com
frequência bimestral. A DBO5 dias, a 20ºC, até 3 mg/L O3. Materiais
flutuantes, inclusive espumas não naturais, óleos e graxas, subs-
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CIÊNCIAS NATURAIS

tâncias que comuniquem gosto ou odor, corantes provenientes de Controle da qualidade


fontes antrópicas, e resíduos sólidos objetáveis deverão estar virtu- As ações de controle da qualidade da água para consumo hu-
almente ausentes da água. mano, “destinadas a verificar se a água fornecida à população é po-
c) Classe 2 – Águas que poder destinadas: tável, assegurando a manutenção dessa condição” (Portaria MS no
- Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento 518/2004), consistem em “descobrir, evitar ou eliminar causas reais
convencional; ou potenciais que possam comprometer direta ou indiretamente a
- À recreação de contato primário, tais como natação, esqui potabilidade da água fornecida” (Portaria no 443/BSB, do Ministé-
aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA n° 274, de rio da Saúde, de 3 de outubro de 1978).
2000; Nesse sentido, o controle da qualidade da água para consumo
- À irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jar- humano inclui programas de monitoramento com vistas a conhecer
dins, campos de esportes e lazer, com os quais o público possa vir a sua qualidade nas diversas partes do sistema por meio de análises
ter contato direto; e, físico-químicas e microbiológicas, acompanhados do gerenciamen-
- À aquicultura e à atividade de pesca. to de todo o sistema, a fim de detectar as causas da variação da
Nas águas de Classe 2 estão estabelecidos as condições e pa- qualidade da água e adotar as medidas preventivas e corretivas ca-
drões da classe 1 com exceção da presença de corantes provenien- bíveis.
tes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por processo Além das análises da água, o gerenciamento do sistema inclui
de coagulação, sedimentação e filtração convencionais e os colifor- as seguintes atividades:
mes termotolerantes para uso de recreação de contato primário - a proteção dos mananciais;
deverá ser obedecida a Resolução Conama no 274/2000. Para os - o controle e a otimização dos processos unitários de trata-
demais usos, não deverá ser excedido um limite de 1000 coliformes mento;
termotolerantes /100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 - a proteção e a conservação dos reservatórios de distribuição;
amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência - a operação e a manutenção das adutoras;
bimestral. A DBO5 dias a 20ºC até 5 mg/L O3. - a operação e a manutenção da rede de distribuição, com des-
d) Classe 3 – Águas que podem ser destinadas: taque para:
- ao abastecimento para consumo humano, após tratamento - a garantia da regularidade do abastecimento e da pressuriza-
convencional ou avançado; ção da rede; e
- à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; - o controle de vazamentos.
- à pesca amadora; A Portaria no 443/BSB, ainda vigente, estabelece normas e re-
- à recreação de contato secundário; e quisitos mínimos a serem obedecidos no projeto, na construção, na
- à dessedentação de animais. operação e na manutenção dos serviços de abastecimento público
de água para consumo humano, com a finalidade de obter e manter
Nas águas de Classe 3, a presença de coliformes termotoleran- a potabilidade da água. Ou seja, a Portaria no 443/BSB é essencial-
tes para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser mente uma portaria de controle da qualidade da água para consu-
excedido um limite de 2 500 coliformes termotolerantes /100 mili- mo humano, incluindo a prescrição de que a inspeção sanitária de
litros em 80% ou mais de 6 amostras, coletadas durante o período um sistema de abastecimento deva ser realizada “no mínimo a cada
de um ano, com freqüência bimestral, DBO5 dias, 20o C de até 10 seis meses e sempre que se evidenciar a necessidade de sua realiza-
mg/L O2 e pH de 6,0 a 9,0. Além destes requisitos, as águas deverão ção”. A garantia das boas práticas em todo o sistema de produção e
apresentar concentrações de substâncias abaixo dos limites estabe- distribuição de água encontra-se também expressa na Portaria MS
lecidos para esta classe. no 518/2004, por exemplo, entre as obrigações dos responsáveis
e) Classe 4 – Águas que poder destinadas: pelos sistemas de abastecimento: [...] manter avaliação sistemática
- à navegação; e, do sistema de abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos
- à harmonia paisagística. à saúde, com base na ocupação da bacia contribuinte ao manancial,
Nas águas de Classe 4, a concentração de oxigênio dissolvido no histórico das características de suas águas, nas características fí-
deve ser superior a 2,00 mg/L, em qualquer amostra, e o pH deve sicas do sistema, nas práticas operacionais e na qualidade da água
estar entre 6 e 9. distribuída.
Finalmente, vale mencionar a Política Nacional dos Recursos De fato, várias das atividades inerentes ao controle da quali-
Hídricos – Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997 –, que dispõe sobre dade da água, tal como o controle dos processos unitários de tra-
todos os aspectos da gestão da água. Baseia-se nos fundamentos tamento, devem constituir atividades rotineiras. Por sua vez, as
de que a água é um bem de domínio público, constituindo um re- análises da água nas diversas partes do sistema constituirão as evi-
curso natural limitado, dotado de valor econômico. Em situações dências para a necessidade de realização de inspeções sanitárias
de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos destina-se ao neste, a fim de detectar e corrigir as causas de comprometimento
consumo humano e à dessedentação de animais. A lei considera da sua qualidade.
ainda a bacia hidrográfica como a unidade territorial para a imple- No que tange às análises da água bruta, não há nenhuma exi-
mentação da Política Nacional dos Recursos Hídricos, devendo-se gência na Portaria no 518/2004. Entretanto, a Portaria no 443/BSB
adotar uma gestão descentralizada e contar com a participação do estabelece o seguinte critério para a frequência de amostragem
Poder Público, dos usuários e das comunidades. (águas interiores de manancial de superfície), conforme é apresen-
tado na tabela 1.

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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

Por sua vez, o monitoramento de indicadores da qualidade de


produtos de consumo humano e de riscos ambientais preenche as
seguintes funções (WALDMAN, 1998):
- permite a identificação de perfis e fatores de risco que:
- oferecem subsídios às ações de fiscalização; e
- aplicados a um sistema de informações, constituem um ins-
trumento da vigilância para a agilização das ações de controle.
À luz desses conceitos e do exposto sobre os fatores que con-
correm para a obtenção e a manutenção da potabilidade da água, o
Tabela 1: Frequência de amostragem em função da classe do programa de vigilância da qualidade da água para consumo huma-
corpo d’água. no deve abranger:
- avaliação integrada da qualidade da água bruta, tratada e dis-
As classes referem-se ao enquadramento das águas em função tribuída, por meio de análises laboratoriais e da análise de dados
de sua qualidade, como estabelecido na Portaria no 13/GM, de 15 secundários, fornecidos pelo “controle”;
de janeiro de 1976, do Ministério do Interior. Cabe a ressalva de - inspeção, caracterização e avaliação dos sistemas de abasteci-
que a classificação mais recente para os corpos d’água encontra-se mento de água, do manancial ao consumidor;
estabelecida na Resolução Conama no 357/2005. - análise regular dos dados em conjunto com indicadores de
Já a Portaria MS no 518/2004 estabelece a exigência de mo- saúde e epidemiológicos; e
nitoramento semestral de mananciais superficiais de acordo com - divulgação sistemática dos dados, subsidiando as ações de
os parâmetros exigidos na legislação vigente de classificação e en- controle, educação, comunicação e mobilização social.
quadramento de águas superficiais, ou seja, a Resolução Conama Tal abordagem encontra-se traduzida na Portaria MS no
no 357/2005. Cabe destacar que tal exigência tem por objetivo o 518/2004, superando uma importante limitação da Portaria no
gerenciamento de riscos à saúde associados ao consumo humano 36/1990, uma vez que esta se apresentava essencialmente como
de água, por exemplo, ao fornecer subsídios à avaliação da compa- uma legislação dirigida ao controle da qualidade da água. Na Porta-
tibilidade entre as características da água bruta e o tipo de trata- ria MS no 518/2004, as ações de vigilância e controle ganham igual
mento existente, não se superpondo ao monitoramento com fins destaque, como medidas complementares no sentido último de
de enquadramento ambiental. gerenciamento de riscos à saúde, por exemplo, ao dispor entre as
Para muitos, a Portaria no 36/1990 não passava de peça fic- responsabilidades das autoridades de saúde pública:
tícia em face da capacidade instalada nos municípios para a reali- - exercer a vigilância da qualidade da água para consumo hu-
zação da “bateria de análises” exigidas. Entretanto, as críticas de mano em sua área de competência, em articulação com os respon-
não-factibilidade de aplicação dos instrumentos legais de controle sáveis pelo controle da qualidade da água para consumo humano,
de qualidade da água ficam atenuadas diante da abordagem dinâ- de acordo com as diretrizes do SUS;
mica e flexível da Portaria no 518/2004, expressa por exemplo em: - sistematizar e interpretar os dados gerados pelo responsável
O responsável pela operação do sistema ou solução alternativa de pela operação do sistema ou solução alternativa de abastecimen-
abastecimento de água pode solicitar à autoridade de saúde pú- to de água, assim como pelos órgãos ambientais e pelos gestores
blica a alteração na frequência mínima de amostragem de deter- de recursos hídricos, em relação às características da água nos ma-
minados parâmetros [...] após avaliação criteriosa, fundamentada nanciais, sob a perspectiva da vulnerabilidade do abastecimento de
em inspeções sanitárias e, ou, em histórico mínimo de dois anos água quanto aos riscos à saúde da população;
do controle e da vigilância da qualidade da água, a autoridade de - efetuar, sistemática e permanentemente, uma avaliação de
saúde pública [...]. risco à saúde humana de cada sistema de abastecimento ou solução
A Portaria no 36/1990 já significou, e muito mais a Portaria MS alternativa, por meio de informações sobre:
no 518/2004 significa, inegavelmente, um importante e indispensá- - a ocupação da bacia contribuinte ao manancial e o histórico
vel dispositivo de controle da qualidade da água do ponto de vista das características de suas águas;
de prevenção à saúde. Não custa lembrar que diversas substâncias - as características físicas dos sistemas e as práticas operacio-
porventura presentes na água bruta são refratárias aos processos nais e de controle da qualidade da água;
convencionais de tratamento e, nesse caso, as “avaliações sanitá- - histórico da qualidade da água produzida e distribuída; e
rias” servirão como reforço ao não-negligenciamento da busca de - a associação entre agravos à saúde e situações de vulnerabi-
determinadas substâncias na água bruta. lidade do sistema;
Em relação ao controle de qualidade da água tratada, a Portaria - auditar o controle da qualidade da água para consumo hu-
MS no 518/2004 estabelece a frequência de amostragem e o núme- mano produzida e distribuída e as práticas operacionais adotadas;
ro de amostras a serem coletadas. - implementar um plano próprio de amostragem de vigilância
da qualidade da água para consumo humano, consoante diretrizes
Vigilância da qualidade da água específicas elaboradas pela Funasa; e
De volta aos aspectos conceituais, as ações de vigilância da - manter registros atualizados sobre as características da água
qualidade da água para consumo humano apresentam três compo- distribuída, sistematizados de forma compreensível à população e
nentes fundamentais (WALDMAN, 1998): disponibilizados para pronto acesso e consulta pública.
- coleta de dados;
- análise regular dos dados; e Avaliação integrada da qualidade da água para consumo hu-
- ampla e periódica disseminação dos dados. mano

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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

Por avaliação integrada entende-se a interpretação conjunta de dados sobre a qualidade da água para consumo humano ao longo do
abastecimento/consumo, compondo as partes um todo dinâmico.

Análise de dados secundários


Cabe ao responsável pelo abastecimento da água produzida e distribuída a informação, ao setor saúde, sobre sua qualidade, conforme
exigência legal estabelecida pela Portaria MS no 518/2004; de acordo com esta, os responsáveis por sistemas ou por solução alternativa de
abastecimento de água devem encaminhar à autoridade de saúde pública relatórios sobre o controle da qualidade da água para consumo
humano, com freqüência, respectivamente, mensal e trimestral. Tais informações devem estar organizadas de uma forma tal que facilite
sua análise, constituindo um eficaz instrumento de vigilância.

Redução e controle de perdas em sistemas de abastecimento de água


Basicamente, as “perdas” representam a diferença entre o que se disponibilizou de água tratada à distribuição (macromedição) e o
que se mediu nos hidrômetros dos clientes finais (micromedição). É senso comum imaginar que as perdas são motivadas exclusivamente
pelos vazamentos nas tubulações, com a visão da água escorrendo pelas vias públicas. Se a perda fosse só isso, seria relativamente simples
atuar no seu combate. Há vazamentos que não afloram à superfície e também outros fatores, que não têm nada a ver com vazamentos e
integram aquela diferença: os erros ou submedições nos hidrômetros (e macromedidores) e as fraudes; aqui, portanto, a água é consumi-
da, mas não é contabilizada pela companhia de água ou operadora.
Até o ano 2000, essa definição singela não era entendida da mesma maneira no mundo, causando distorções na compreensão e nas
comparações entre os números e indicadores de perdas de cidades, regiões ou países distintos. Assim, a International Water Association
(IWA) propôs uma estruturação na forma de balanço hídrico, que padronizou, de maneira clara e objetiva, os vários usos da água em um
sistema e a identificação dos dois tipos de perda (ALEGRE, 2006):
- as reais, compostas pelos vazamentos nas tubulações e extravasamentos nos reservatórios (perdas físicas);
- as aparentes, compostas pelos erros de medição (submedição nos hidrômetros), fraudes e falhas no sistema comercial das empresas
(perdas não físicas ou comerciais).
O Quadro 1 mostra o balanço hídrico da IWA. Seu uso é quase generalizado no mundo todo (o Japão, por exemplo, tem outro enten-
dimento dessa questão).
Algumas considerações importantes:
- desperdícios internos nos imóveis, após os hidrômetros, não constituem perdas, no campo da definição aqui exposta;

Quadro 1: Balanço Hídrico – IWA

- certos usos da água, não medidos e não faturados, entram no conceito de “águas não faturadas” e não de “perdas”, pois são usos
legítimos, como a água usada no combate a incêndios, os usos operacionais das companhias (lavagem de redes, por exemplo) e um tipo
de uso que acontece muito nas grandes cidades brasileiras e de países em desenvolvimento, referente aos consumos não medidos e não
faturados em áreas com ocupação urbana irregular;
- as perdas reais oneram os custos de produção e distribuição de água, enquanto as perdas aparentes estão associadas às vendas de
água no varejo (preço por m3 cobrado dos clientes);
- a existência de caixas d’água domiciliares com válvula de boia potencializa a submedição dos hidrômetros e, portanto, é fator de
aumento das perdas aparentes;

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a solução para o seu concurso!
CIÊNCIAS NATURAIS

- as águas que escapam pelos vazamentos nas tubulações são fontes de recarga dos lençóis freáticos nas áreas urbanizadas; na região
do Centro Expandido de São Paulo, estudos realizados mostraram que 45-60% da recarga do aquífero seria resultado das perdas reais de
água nas redes de distribuição (consideradas 20% do total distribuído) e de esgotos nas redes de coleta (consideradas 5% do total coleta-
do). O restante (55- 40%) corresponderia à recarga natural (COMITÊ DA BACIA DO ALTO TIETÊ, 2009).
Se a valoração do total das perdas é relativamente simples, o mesmo não ocorre na determinação do seu rateio, ou seja, qual é o valor
das perdas reais e qual é o valor das perdas aparentes. Para isso, há que se realizar ensaios de campo ou assumir hipóteses para determi-
nar o valor de uma delas e, por diferença, resultar no valor da outra. É importante frisar que esse rateio varia de sistema para sistema, em
função de condições locais das redes e dos hidrômetros, e da “cultura” de fraudes, cabendo, para cada caso, um diagnóstico para estimar
esse rateio.
A Tabela 2 apresenta exemplos de rateio entre perdas reais e aparentes em algumas cidades ou regiões do mundo (EUROPEAN COM-
MISSION, 2015; TARDELLI FILHO, 2013; BETTIG, 2012; INSTITUTO ARAGONES DE ESTADISTICA, 2014).

Tabela 2: Rateio perdas reais x perdas aparentes.

Nos episódios de crise hídrica, as perdas reais são as que mais requerem atenção nas ações de redução de perdas, embora não deva
ser esquecido que o combate às perdas aparentes também pode ter reflexos diretos na produção de água, na medida em que cerceia os
desperdícios e o consumo fraudulento de água.
Não existe “perda zero” em sistemas de abastecimento de água! Por mais cuidados tomados e esforços realizados, sempre haverá um
remanescente valor de perdas no sistema (“perda inevitável”). Outro ponto é que, se não forem feitas, regularmente, ações de combate
às perdas, estas irão gradativamente aumentar no sistema (conceito de “crescimento natural das perdas”).

Indicadores de perdas
Os principais indicadores utilizados para avaliar e acompanhar as perdas em sistemas de distribuição de água são:
- Indicador Percentual (IP): é a relação entre os volumes de perdas totais em um período (geralmente anual) e os volumes de água
produzidos ou disponibilizados à distribuição;
- Indicador Técnico (IT), em L/ligação.dia: é a relação entre os volumes totais perdidos em um período (geralmente anual) e o número
de ligações ativas de água;
- Índice de Vazamentos da Infraestrutura (IVI), adimensional: é a relação entre o volume de perdas reais e o volume de perdas reais
inevitáveis para o sistema em questão (base anual); traduz o quanto o sistema está distante do volume de perdas que é, tecnicamente,
possível de ser atingido;
- Índice de Perdas Aparentes (IPA), adimensional: é o mesmo conceito do IVI, sendo a relação entre o volume de perdas aparentes
e um fator equivalente a 5% do volume micromedido na cidade ou região (base anual), denominado perda aparente de referência. Essa
formulação pressupõe sistemas sem caixas d’água domiciliares: quando há predomínio de caixas d’água domiciliares, é impossível atingir
IPA = 1; portanto, há que se conviver com valores maiores de IPA.
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Evolutivamente, verifica-se que tem sido sugerido o indicador “volume anual perdido” em um sistema como adequado à definição de
metas nos programas de redução de perdas (EUROPEAN COMMISSION, 2015).

Não há indicador perfeito! No entanto, o mais fácil de ser entendido por todos é o “mais imperfeito” deles: o percentual. A IWA não
recomenda seu uso, pelas distorções que ocorrem na comparação entre sistemas distintos (todavia, ainda é muito utilizado...).

Combate às perdas
A causa principal das perdas reais é, indubitavelmente, a qualidade da infraestrutura. Outros fatores podem aumentar os vazamentos,
entre os quais, a pressão de serviço é o mais significativo, seguido da qualidade da manutenção, das condições de assentamento das tu-
bulações, do tráfego etc. No caso das perdas aparentes, as limitações técnico-operacionais dos medidores são preponderantes, realçadas
pela idade de instalação na rede e pelas variações do fluxo d’água neles (especialmente nas vazões muito reduzidas).
As ações básicas para o combate às perdas reais são:
- gerenciamento de pressões, em que, no contexto da setorização da rede de distribuição, se busca operar com pressões de serviço
adequadas, complementando com a utilização de Válvulas Redutoras de Pressão (VRPs) em áreas mais baixas ou boosters em pontos mais
altos da rede;
- controle ativo de vazamentos, que se dedica a encontrar os vazamentos não visíveis nas tubulações por meio de técnicas acústicas de
detecção (contrapõe-se ao “controle passivo”, que repara apenas os vazamentos que afloram à superfície do terreno);
- reparo dos vazamentos visíveis e não visíveis detectados, com agilidade e qualidade na execução;
- renovação da infraestrutura, substituindo as tubulações (redes e ramais) que estão com maior incidência de vazamentos. Para as
perdas aparentes, as principais ações são:
- substituição periódica dos hidrômetros (preventiva) e imediata dos hidrômetros quebrados (corretiva);
- combate às fraudes, a partir de denúncias, análises de variações atípicas de consumo ou quaisquer outros indícios ou evidências;
- aprimoramento da gestão comercial das companhias (cadastros e sistemas comerciais).
A eficácia dessas ações pressupõe:
- a existência de cadastros técnicos (redes e ramais) e comerciais atualizados;
- a medição dos volumes nos setores e subsetores do sistema (macromedição) e hidrometração dos consumidores (micromedição);
- a compartimentação estanque dos setores de abastecimento e subsetores (zonas de pressão e Distritos de Medição e Controle –
DMCs). O que se observa é que as precondições e as próprias ações requeridas não se configuram como um leque amplo de possibilidades
de atuação! Mesmo assim, em nome da maior eficácia e da parcimônia na aplicação dos recursos, há que se ter bons diagnósticos opera-
cionais para direcionar as ações mais apropriadas para cada área.
O Quadro 2 sintetiza as ações requeridas para cada tipo de problema gerador de perdas de água na rede de distribuição.

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Quadro 2: Soluções para os problemas de perdas.

Aproveitamento de água da chuva e uso racional da água


O reúso de água e o aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis, no caso das áreas rurais podem ser soluções para lidar
com a escassez. Com o tratamento correto, a água da chuva pode ser destinada a fins potáveis também.
No entanto, existe uma diferença entre a água de reúso e o aproveitamento de água da chuva, pois cada tipo tem uma necessidade
diferente de tratamento, manejo e depende da localidade (se rural ou urbana, casa ou apartamento). Vamos entender quais as diferenças
entre esses tipos:

Águas residuárias
Também chamadas de águas residuais, são todas as águas descartadas que resultam da utilização de diversos processos. O artigo 2º
da Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, classifica essas águas como: “esgoto,
água descartada, efluentes líquidos de edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não”. Já a Companhia de Tecno-
logia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) exemplifica que águas residuais domésticas são oriundas de banheiros,
cozinhas, lavagens de pavimentos domésticos; enquanto águas residuais industriais são provenientes de processos industriais.

Água de reuso
No artigo já citado da CNRH, é considerada água de reuso aquela água residuária encontrada dentro dos padrões exigidos para sua
utilização nas modalidades pretendidas, ou seja, o reuso de água consiste no reaproveitamento de determinada água que já serviu para o
desenvolvimento de uma atividade humana. Este reaproveitamento ocorre a partir da transformação da água residuária gerada em algu-
ma atividade em água de reuso. Esta transformação se dá mediante tratamento. Segundo bases científicas, a reutilização pode ser direta
ou indireta, decorrente de ações planejadas ou não:

Reuso indireto não planejado da água


Ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada à jusante
(rio-abaixo), em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada.

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Reuso indireto planejado da água rio uma dosagem de cloro no tanque. Mas, como falamos acima, é
Ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarre- possível tratar a água da chuva em casa para beber, se essa for uma
gados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou sub- necessidade na sua região.
terrâneas, para serem utilizadas à jusante, de maneira controlada,
no atendimento de algum uso benéfico. Existe um controle sobre Aplicações da água
as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo Segundo a Cetesb, é possível utilizar água de reuso em algumas
assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com situações:
outros efluentes que também atendam ao requisito de qualidade - Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe,
do reuso pretendido. faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, cin-
Reúso direto planejado da água turões verdes, gramados residenciais e telhados verdes;
Acontece quando os efluentes, depois de serem tratados, são - Irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plan-
encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do tas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas or-
reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com namentais, proteção contra geadas;
maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação. - Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água
Reusar a água cinza produzida em residências também entra de processamento;
nessa categoria - água cinza é um tipo de água de reúso provenien- - Recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis, controle
te de banhos, máquinas de lavar roupa e lavatórios de banheiro - de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo;
são aquelas águas que não entraram em contato com águas negras - Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao
(as misturadas com fezes e urina). Essa água pode ser captada por fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, la-
meio de cisternas domésticas e reutilizada em descargas, limpezas vagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc.;
de pisos ou do quintal e até para lavar o carro, dependendo do tipo - Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água,
de resíduo que a água cinza contenha. Saiba mais sobre a água cin- aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca;
za nas matérias: «Água cinza: como aproveitar a água de reuso” e - Usos diversos: aquicultura, construções, controle de poeira,
“As cores dos efluentes: entenda as diferenças entre água cinza e dessedentação de animais.
água negra”. Tenha o cuidado de observar quais os tipos de resíduos presen-
tes na água que você quer reusar: se há restos de detergente, de
Água da chuva produtos de limpeza, bactérias e secreções corporais, como suor e
A água da chuva é considerada muitas vezes como esgoto, já oleosidade da pele. A consciência ambiental e a valorização do nos-
que o mais comum é que passe pelos telhados e pisos, indo direto so recurso hídrico é de suma importância e deve ser cada vez mais
para as bocas de lobo. A partir daí, já que age como um «solvente disseminada a ideia de aproveitamento da água da chuva e reuso
universal», essa água carrega consigo todo tipo de impureza dis- da água doméstica. Mas lembre-se: existem no mercado profissio-
solvida ou apenas leva resíduos mecanicamente para um córrego nais capacitados para projetar e construir esses sistemas dentro dos
e, posteriormente, para os rios - essa é a principal forma pela qual parâmetros estabelecidos, então, em caso de dúvida, procure-os.
o lixo chega aos oceanos. Leia mais nas matérias: «90% do plástico É necessário também ter cuidado na hora de armazenar essas
dos oceanos vem de apenas 10 rios” e “Qual é a origem do plástico águas para consumo posterior. O ideal é usar cisternas domésticas,
que polui os oceanos?” que já vem equipadas com sistemas de captação e filtragem da
Porém, se a captação da água da chuva for feita em áreas de água.
acesso restrito antes desse caminho, ela pode ser aproveitada para
fins não potáveis sem a necessidade de um tratamento mais com- Uso racional
plexo. Para isso, é recomendável que se descarte o primeiro 1 mm O consumo consciente de água tem se tornado uma importan-
de água ou até 2 mm em áreas urbanizadas, pois estudos compro- te preocupação ao redor do mundo devido a escassez desse recurso
varam que esse descarte inicial (first flush) carrega as impurezas tão precioso.
suspensas no ar e no telhado, que podem conter fezes de animais De acordo com informações do PNUD – Programa das Nações
e matéria orgânica. Unidas para o Desenvolvimento, em média 1.500 km³ de água são
Esses primeiros milímetros são decorrentes do cálculo do pro- desperdiçados por ano no mundo, enquanto 80% do volume con-
jeto, por exemplo, ao captar a água de um telhado, o seu tamanho sumido não recebe o tratamento adequado antes de chegar ao
e o quanto chove na região (que pode ser encontrado aqui). Esses consumidor. Informações preocupantes se considerado que dos 1,4
serão fatores determinantes para o projeto do descarte inicial e do bilhões de km³ de água do planeta, apenas 0,3% está disponível
tamanho do tanque de armazenamento. Usualmente, adota-se 1 para consumo.
mm de chuva em 1 m² de telhado, o que equivale a 1 litro de água A situação ainda pode ficar muito pior. Segundo alguns rela-
- ou seja, se o seu telhado for de 50 m², o primeiro 1 mm de chuva tórios divulgados pela ONU, se o padrão de consumo não mudar,
seria de 50 litros, volume que deve ser descartado inicialmente e em 2025, 1,8 bilhão de pessoas viverão em países ou regiões com
conduzido ao sistema de drenagem pluvial. Jamais conecte o des- absoluta escassez de água.
carte dessa primeira água da chuva a sistemas de coleta de esgoto. Com o objetivo de contribuir com a conscientização e minimi-
Contudo, o projetista de sistemas deve seguir a norma da ABNT zar esses índices, abaixo estão algumas dicas para combater o des-
NBR 15527 de 2007, que estabelece as diretrizes para os projetos perdício:
quanto aos parâmetros da água, pois esse tipo de água não é con- – Certifique-se que válvulas de sanitários, pias e chuveiros es-
siderado potável em seu estado original e pode trazer riscos ao ser tão reguladas. A manutenção destas é a melhor forma de evitar
ingerida e ao entrar em contato com mucosas, o que torna necessá- desperdícios. Se houver sinal de vazamentos, procure a assistência
técnica rapidamente.
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– Utilize arejador em torneiras de cozinha. 15 minutos com a Em seguida, ocorre o processo de limpeza e decantação da
torneira aberta para lavagem da louça consome por volta de 243 areia contida nos esgotos, que formam um pesado lodo que será
litros de água, com o uso de um arejador é possível reduzir até me- destinado aos aterros sanitários. Quanto à parte líquida do esgoto,
tade desse volume. ela recebe mais oxigênio através de uma injeção de ar e segue para
– Certifique-se que as torneiras estejam sempre bem fechadas. os decantadores secundários sem 90% das impurezas.
Um filete de água que escorre quando não fechamos a torneira de A água reciclada não é própria para beber, mas pode ser devol-
forma correta, consome cerca de 6.500 litros/mês. vida aos rios sem grandes prejuízos ambientais. Ela também é utili-
– Realize a manutenção nas torneiras periodicamente. O go- zada na limpeza pública, rega de jardins ou processos industriais: a
tejamento lento consome em torno de 400 litros/mês, enquanto o chamada água de reuso.
gotejamento rápido consome em média, 1.000 litros/mês.
– Use um regador para molhar as plantas. Molhá-las com a Sistema unitário (ou combinado)
mangueira durante 10 minutos pode consumir cerca de 186 litros O sistema unitário ou combinado consiste na coleta e transpor-
de água. te de águas pluviais, de infiltração e águas residuárias (domésticas
– Opte por usar a vassoura para limpar a calçada e o pátio de e industriais) em uma única rede. Segundo Tsutya e Bueno (2004),
sua casa. Lavando com a mangueira, são consumidos em média 279 o sistema combinado foi desenvolvido para países com baixo índice
litros de água. pluviométrico, como é o caso de países da Europa e da América
– Utilize fontes alternativas de água, como por exemplo, a água do Norte. Tal sistema surgiu a primeira vez em Londres, em 1815,
da chuva. Já existem diversas soluções no mercado que permitem quando, possuindo apenas galerias de águas pluviais, foi autorizado
o aproveitamento com qualidade desse recurso e proporcionam o lançamento de esgotos sanitários nestas. Em 1847, o lançamento
grande redução do consumo de água servida pela rede. tornou-se compulsório.
Esse sistema prevê o tratamento de toda a parcela de esgoto
Coleta e tratamento de esgoto coletado em períodos de baixa intensidade pluviométrica. Já para
Sistemas de coleta de esgoto: sistema unitário (ou combina- os períodos cuja vazão ultrapassa a do projeto da Estação de Tra-
do), sistema separador absoluto tamento de Esgotos (ETE), são previstos extravasores ou by pass,
Cada esgoto produzido possui substâncias diferentes e preci- limitadores de vazão e bacias de amortecimento a montante da ETE
sam de sistemas específicos para o tratamento dos resíduos, sendo (PORTZ, 2009), como mostra a Figura 1.
assim os esgotos domésticos, e os esgotos industriais necessitam de
tratamentos distintos.
O esgoto não tratado contém muitos resíduos tóxicos e micro-
-organismos transmissores de doenças, os quais, podem provocar o
crescimento de outros tipos de bactérias, vírus ou fungos, causando
grave problema para a sociedade. Com isso os sistemas de coleta e
tratamento de esgotos são importantes para a saúde pública, evi-
tando a contaminação e transmissão de doenças, além de preservar
o meio ambiente.
Com isso é necessário ficarmos atentos ao descarte dos dejetos
à rede de esgoto. Como já falamos em outros artigos, o óleo de
fritura usado deve ser separado e descartados de modo correto nos
pontos de coleta. O material quando jogado na tubulação forma
placas de gordura que se juntam com outros dejetos que também
não deveriam estar no esgoto como preservativos, fios de cabelo e
papéis, causando entupimentos e refluxo de esgoto.
Como funciona a coleta de esgoto
Atualmente em sua grande maioria, as casas, comércios e in-
dústrias, possuem ligações formadas por tubulações as quais con-
duzem os resíduos as redes coletoras. Estas redes são conectadas a
tubulações instaladas ao lado dos córregos, que recebem os esgo-
tos de diversas redes da cidade.
Estas tubulações encaminham os esgotos para tubulações
maiores, normalmente próximas aos rios. De lá, o destino serão as
Estações de Tratamento, as quais possuem a missão de tratar estes
dejetos e devolver a água, em boas condições, ao meio ambiente,
ou reutilizá-la para fins não potáveis.
Como funciona a estação de tratamento
No início do processo, encontra-se um gradeamento para reti- Figura 1: Sistema unitário ou Combinado.
rar o lixo e os resíduos mais pesados.
Em tal sistema, os extravasores direcionam a parcela exceden-
te do fluxo de água aos cursos d’água, para não sobrecarregar o
sistema de tratamento. Os países que utilizam o sistema unitário,
de modo geral, limitam a vazão afluente às estações de tratamento
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de esgoto (ETE), sendo que o valor típico situa-se na faixa de 2 a - As galerias de águas pluviais, que em cidades brasileiras são
10 vezes a vazão de período seco. A vazão que excede esse limite é executadas em 50% ou menos das vias públicas, terão de ser cons-
extravasada para os corpos de água. A Tabela 3 apresenta os limites truídas em todos os logradouros.
de vazão afluentes às estações de tratamento de esgotos (ETE) em - O sistema não funciona bem em vias públicas não pavimen-
diversos países europeus, quando se utiliza o sistema unitário. tadas, como se apresentam com elevada frequência em cidades
brasileiras.
- As obras são de difícil e demorada execução.
- Em municípios operados pelas companhias estaduais de água
e esgoto, no Brasil, a responsabilidade da drenagem urbana é da
prefeitura municipal.
Outro problema que o sistema combinado de esgotamento sa-
nitário apresenta é o odor que brota das bocas de lobo devido ao
transporte dos esgotos sanitários. No entanto, já há formas de solu-
cionar esse problema, como o uso da caixa ecológica (D’ALACCIO et
al., 2009 apud PORTZ, 2009).

Sistema separador absoluto


O sistema separador absoluto é amplamente adotado no Brasil
e visto por especialistas como a solução ideal em termos de sanea-
mento básico. Nesse sistema, as águas residuárias, juntamente com
parcela das águas de infiltração veiculam em um sistema indepen-
dente do sistema de drenagem de águas pluviais. O sucesso de tal
sistema depende de fiscalização efetiva e controle eficiente para se
evitar que ligações clandestinas encaminhem águas pluviais, prin-
cipalmente, as provenientes de telhados e pátios dos domicílios
atendidos.
Tabela 3: Vazões máximas de afluentes durante o período de
chuvas.

Os tanques de armazenamento e bacias de detenção são di-


mensionados visando armazenar o volume pluvial mais poluente
das águas pluviais para posterior tratamento. Por meio dessa solu-
ção, é possível tratar a parcela mais nociva do escoamento pluvial
urbano na ETE (PORTZ, 2009). A parcela nociva representa um per-
centual de 80-90% da carga orgânica lançada nos mananciais hídri-
cos, que ocorre nos vinte primeiros minutos de um evento de chuva
(WARTCHOW, 2013).
Os coletores tronco e interceptores devem ser dimensionados
para a vazão de esgoto estimada na área de contribuição (2 qts +
q inf), prevendo a continuada manutenção das grades e caixas de
desvio.
Ide (1984 apud PORTZ, 2009) defende que a utilização de sis-
tema combinado em cidades que possuem redes de drenagem de
águas pluviais, mas não possuem sistema de esgotamento sanitá-
rio, apressaria o controle de poluição dos cursos de água próximo
às cidades, além de possibilitar o tratamento da primeira descarga Figura 2: Sistema separador absoluto.
de água pluvial que arrasta quantidades consideráveis de poluentes
presentes nas superfícies das ruas e edificações e que, portanto, As principais vantagens do sistema separador absoluto são
necessitam de tratamento. Assim, o sistema passa a ter como van- (TSUTIYA; ALÉM SOBRINHO, 1999):
tagens a redução de custo, pelo fato de utilizar apenas uma rede - Custa menos, pelo fato de empregar tubos de diâmetros bem
para escoamento, bem como a eliminação de ligações clandestinas menores e de fabricação industrial (manilhas, tubos de PVC etc.).
(TUCCI, 2002). - Oferece mais flexibilidade para a execução por etapas, de
Como desvantagens, há alguns fatores que devem ser conside- acordo com as prioridades (prioridade maior para a rede sanitária).
rados (TSUTIYA; ALÉM SOBRINHO, 1999): - Reduz, consideravelmente, o custo do afastamento das águas
- O sistema exige desde o início investimentos elevados, devido pluviais, pelo fato de permitir o seu lançamento no curso de água
às grandes dimensões dos condutos e às obras complementares. mais próximo, sem a necessidade de tratamento.
- A aplicação dos recursos precisa ser feita de maneira mais - Não se condiciona e nem obriga a pavimentação das vias pú-
concentrada, reduzindo a flexibilidade de execução programada blicas.
por sistema.
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- Reduz muito a extensão das canalizações de grande diâmetro em uma cidade, pelo fato de não exigir a construção de galerias em
todas as ruas.
- Não prejudica a depuração dos esgotos sanitários.
Para o sucesso do sistema de esgotamento sanitário é necessário um eficiente controle, a fim de evitar que a água pluvial seja enca-
minhada, junto com as águas residuárias, a esse sistema de esgotamento (TSUTYA; BUENO, 2004).

ELEMENTOS QUÍMICOS.

Em Química, os critérios utilizados para a organização dos elementos químicos foram estabelecidos ao longo do tempo. No ano
de 1869, Dimitri Mendeleev iniciou os estudos a respeito da organização da tabela periódica através de um livro sobre os cerca de 60
elementos conhecidos na época, cujas propriedades ele havia anotado em fichas separadas. Ao trabalhar com esses dados ele percebeu
que organizando os elementos em função da massa de seus átomos, determinadas propriedades se repetiam diversas vezes, e com uma
mesma proporção, portanto era uma variável periódica. Lembrando que periódico é tudo o que se repete em intervalos de tempo bem
definidos, como é o caso das estações do ano e das fases da lua, por exemplo.
Ela foi criada com o intuito de organizar as informações já constatadas a fim de facilitar o acesso aos dados. Quando foi proposta mui-
tos elementos ainda não haviam sido descobertos, muito embora seu princípio seja seguido até hoje com 118 elementos. Alguns outros
modelos de tabela vêm sendo propostos, como por exemplo a que apresenta forma de espiral proposta por Philip Stewart com base na
natureza cíclica dos elementos químicos, porém a mais utilizada ainda é a de Mendeleev.
Dimitri Ivanovich Mendeleev nasceu na Sibéria e era professor da Universidade de São Petersburgo quando descobriu a lei periódica.
O elemento de número atômico 101 da tabela periódica tem o nome em homenagem a ele, o Mendelévio.

A tabela tem os elementos químicos dispostos em ordem crescente de número atômico e são divididos em grupos (ou famílias) devi-
do a características que são comuns entre eles. Cada elemento químico é representado por um símbolo, por exemplo a prata é represen-
tada por Ag devido a seu nome no latim argentum. Cada elemento possui ao lado de seu símbolo o número atômico e o número de massa

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Classificação dos elementos Grupo 18 (ou 8A): Gases nobres: possuem essa intitulação de-
• Metais: São bons condutores de calor e eletricidade. São vido a ser constatado antigamente que não possuíam tendência
sólidos nas CNTP (com exceção do mercúrio), além de maleáveis e alguma a formarem ligações. Isto ocorre devido à estabilidade de
dúcteis. seus orbitais da camada mais externa completamente preenchidos.
• Não metais: São maus condutores de corrente elétrica e Hoje alguns compostos conseguiram ser preparados com estes ele-
calor. Podem assumir qualquer estado físico na temperatura am- mentos e incluem geralmente o Xenônio (Xe) que possui a primeira
biente. energia de ionização muito próxima do oxigênio.
• Gases nobres: Apresentam baixa reatividade, sendo até
pouco tempo considerados inertes. Propriedades químicas
A Tabela Periódica organiza os elementos químicos até en-
Os elementos podem ser classificados em representativos ou tão conhecidos em uma ordem crescente de número atômico (Z
de transição (interna e externa). Os representativos são aqueles – quantidade de prótons no núcleo do átomo).
cuja distribuição eletrônica termina em s ou p. Os elementos de Muitas propriedades químicas e físicas dos elementos e das
transição externa são aqueles cuja distribuição acaba em d, e os de substâncias simples que eles formam variam periodicamente, ou
transição interna acabam em f. A localização de um elemento na seja, em intervalos regulares em função do aumento (ou da dimi-
tabela periódica pode ser indicada pelo seu grupo e seu período. Os nuição) dos números atômicos. As propriedades que se comportam
elementos de transição interna são os que se encontram nas duas dessa forma são chamadas de propriedades periódicas.
linhas bem embaixo na tabela e na verdade é como se estivessem As principais propriedades periódicas químicas dos elementos
localizados no no sexto e sétimo período do grupo três. são: raio atômico, energia de ionização, eletronegatividade, ele-
Cada linha no sentido horizontal da tabela periódica represen- tropositividade e eletroafinidade. Já as físicas são: pontos de fusão
ta um período. Eles são em número de sete, e o período em que e ebulição, densidade e volume atômico.
o elemento se encontra indica o número de níveis que possui. Por
exemplo o sódio (Na) está no período três, o que significa que o seu A seguir, veja mais detalhadamente as propriedades periódicas
átomo possui três camadas eletrônicas. químicas:
Já os grupos são as linhas verticais que apresentam elementos 1- Raio atômico: pode ser definido como a metade da distância
químicos que compartilham propriedades. Por exemplo o flúor (F) (r = d/2) entre os núcleos de dois átomos de um mesmo elemento
e o cloro (Cl) estão no grupo 17 (ou 7A) por possuírem alta tendên- químico, sem estarem ligados e assumindo os átomos como esfe-
cia de receber elétrons, o que chamamos de eletronegatividade. ras:
Alguns grupos possuem nomes específicos como os listados abaixo
e os demais recebem o nome do primeiro elemento de seu grupo.
Grupo 1: Metais alcalinos: esses elementos são muito reativos
principalmente com a água. Esta reatividade aumenta conforme au-
menta o número atômico e o raio do átomo. Todos os elementos desse
grupo são eletropositivos, metais bons condutores de eletricidade, e for-
mam bases fortes. São sólidos a temperatura ambiente, apresentam bri-
lho metálico e quando expostos ao ar oxidam facilmente. São utilizados
na iluminação no caso das lâmpadas de sódio, na purificação de metais e
na fabricação de sabões sendo combinados com a gordura.
Grupo 2: Metais alcalino-terrosos: Possuem esse nome por
serem geralmente encontrados na terra. São bastante reativos, po-
rém menos que os metais do grupo 1. Também são eletropositivos
e são mais duros e densos do que os metais alcalinos. São utilizados
em ligas metálicas como é o caso por exemplo do Berílio (Be), na Ilustração de raio atômico
composição do gesso e do mármore sendo o caso do cálcio (Ca) e
em fogos de artifício magnésio (Mg) e estrôncio (Sr). Na tabela periódica, o raio atômico aumenta de cima para bai-
Grupo 16 (ou 6A): Calcogênios: Os elementos desse grupo re- xo e da direita para a esquerda.
cebem esse nome derivado do grego que significa “formadores de Isso acontece porque em uma mesma família (coluna), as ca-
cobre”. Neste grupo pode-se perceber facilmente analisando todos madas eletrônicas vão aumentando conforme se desce uma “casa”
os elementos do grupo a presença de características metálicas e e, consequentemente, o raio atômico aumenta. Em um mesmo pe-
não metálicas. Os elementos mais importantes deste grupo são o ríodo (linha), o número de camadas eletrônicas é o mesmo, mas a
oxigênio (O) e o enxofre (S) sendo o primeiro o gás utilizado inclu- quantidade de elétrons vai aumentando da esquerda para a direita
sive em nossa respiração e o último é responsável inclusive pelo e, com isso, a atração pelo núcleo aumenta, diminuindo o tamanho
fenômeno da chuva ácida. do átomo.
Grupo 17 (ou 7A): Halogênios: São os elementos mais
eletronegativos da tabela periódica, ou seja, possuem a tendência
de receber elétrons em uma ligação. Podem se combinar com
quase todos os elementos da tabela periódica. O flúor por exemplo
possui aplicação na higiene bucal.

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Ordem de crescimento do raio atômico na Tabela Periódica Ordem de crescimento da eletronegatividade na Tabela Perió-
dica
2. Energia ou potencial de ionização: é a energia mínima
necessária para remover um elétron de um átomo ou íon no estado 4. Eletropositividade: é a capacidade que o átomo possui de
gasoso. se afastar de seus elétrons mais externos, em comparação a outro
Esse elétron é sempre retirado da última camada eletrônica, átomo, na formação de uma substância composta.
que é a mais externa e é conhecida como camada de valência. Visto que é o contrário da eletronegatividade, a sua ordem
Quanto maior o raio atômico, mais afastados do núcleo os elé- crescente na tabela periódica também será o contrário da mostra-
trons da camada de valência estarão, a força de atração entre eles da para a eletronegatividade, ou seja, será de cima para baixo e da
será menor e, consequentemente, menor será a energia necessária direita para a esquerda:
para retirar esses elétrons e vice-versa. Por isso, a energia de io-
nização dos elementos químicos na Tabela Periódica aumenta no
sentido contrário ao aumento do raio atômico, isto é, de baixo para
cima e da esquerda para a direita:

Ordem de crescimento da eletropositividade na Tabela Perió-


dica

Ordem de crescimento da energia de ionização na Tabela 5. Eletroafinidade ou afinidade eletrônica: corresponde à


Periódica energia liberada por um átomo do estado gasoso, quando ele cap-
tura um elétron.
3. Eletronegatividade: representa a tendência que um átomo Essa energia é chamada assim porque ela mostra o grau de
tem de atrair elétrons para si em uma ligação química covalente em afinidade ou a intensidade da atração do átomo pelo elétron adi-
uma molécula isolada. cionado.

Os valores das eletronegatividades dos elementos foram de- Infelizmente, não são conhecidos todos os valores para as ele-
terminados pela escala de Pauling. Foi observado que, conforme o troafinidades de todo os elementos, mas os que estão disponíveis
raio aumentava, menor era atração do núcleo pelos elétrons com- permitem generalizar que essa propriedade aumenta de baixo para
partilhados na camada de valência. Por isso, a eletronegatividade cima e da esquerda para a direita na Tabela Periódica:
também aumenta no sentido contrário ao aumento do raio atômi-
co, sendo que varia na Tabela Periódica de baixo para cima e da
esquerda para a direita:

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02. (IF/MT - Assistente de Laboratório – UFMT) Considerando


as mudanças de estados físicos da matéria, numere a coluna da
direita de acordo com a da esquerda.
1 - Fusão
2 - Vaporização
3 - Condensação
4 - Solidificação
5 - Sublimação
( ) Mudança do estado sólido para o gasoso e vice-versa.
( ) Mudança do estado gasoso para o líquido.
( ) Mudança do estado líquido para o gasoso.
( ) Mudança do estado sólido para o líquido.
( ) Mudança do estado líquido para o sólido.
Marque a sequência correta.
(A) 5, 3, 2, 1, 4
Ordem de crescimento da afinidade eletrônica na Tabela Periódica (B) 5, 3, 1, 4, 2
(C) 3, 4, 1, 2, 5
Resumidamente, temos: (D) 3, 2, 5, 1, 4

3. (UFRJ - Arquiteto e Urbanista - PR-4 UFRJ) Assinale a


alternativa INCORRETA segundo a NBR 5626 (Instalação Predial de
Água Fria).
(A) No caso de um reservatório muito comprido, recomenda-se
posicionar a entrada e a saída de água em lados opostos rela-
tivamente à dimensão predominante, a fim de evitar o risco
de ocorrência de zonas de estagnação dentro do reservatório.
(B) A água não potável pode ser utilizada apenas para limpeza
de bacias sanitárias e mictórios, para combate a incêndios e
para rega de jardim.
(C) A instalação predial de água fria abastecida com água não
potável deve ser totalmente independente daquela destinada
ao uso da água potável.
(D) Conexão cruzada é qualquer ligação física que conecte duas
tubulações das quais uma conduz água potável e a outra con-
duz água de qualidade desconhecida ou não potável.
(E) Conexão cruzada se aplica à ligação física entre a água con-
QUESTÕES tida em uma tubulação da instalação predial de água fria e a
água servida contida em um aparelho sanitário ou qualquer
outro recipiente que esteja sendo utilizado.
01. (Professor de Ensino Fundamental/Anos Iniciais - Prefeitura 4. (EBSERH - Arquiteto - CESPE/2018) Quanto às instalações
de Rio de Janeiro/RJ) A maior parte das substâncias existentes na prediais, julgue o item que se segue.
natureza pode se apresentar em três estados físicos: sólido, líquido Nas instalações de água fria, barrilete é o tubo que se origina
e gasoso. Dependendo de fatores como temperatura e pressão, no reservatório e desemboca na coluna que alimenta a válvula de
uma substância como a água, por exemplo, pode mudar de um descarga das bacias sanitárias e, quando os houver, dos mictórios.
estado físico para o outro. Estas mudanças recebem denominações ( ) CERTO
específicas, assim é correto afirmar que: ( ) ERRADO
(A) condensação: passagem do estado líquido para o estado
gasoso 05. (UFAL - Assistente de Laboratório – COPEVE/2016) Na
(B) solidificação: passagem do estado gasoso para o estado só- natureza estão acontecendo a todo momento fenômenos químicos
lido e físicos que podem ser visualmente observados. Tais fenômenos
(C) sublimação: passagem do estado gasoso para o estado lí- envolvem diversas substâncias que constituem diferentes tipos de
quido matéria. Dadas as afirmativas sobre fenômenos químicos e físicos,
(D) fusão: passagem do estado sólido para o estado líquido
I. Uma transformação física não envolve mudança na
constituição das substâncias.
II. Uma lata de alumínio que foi prensada sofreu uma
transformação química.

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III. Restos de alimentos quando são transformados em adubos 11. (IBFC/2017 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PR) Os processos que per-
sofrem transformação química. mitem a formação de novas células são os mecanismos de divisão
IV. Quando um pedaço úmido de palha de aço passa de celular, a mitose e a meiose. Quanto à meiose, assinale a alternativa
acinzentado para avermelhado, sofreu um fenômeno químico. incorreta.
(A) É uma divisão celular exclusiva de células destinadas à re-
verifica-se que estão corretas apenas produção, que origina gametas em animais e esporos em ve-
(A) I, III e IV. getais
(B) I, II e III. (B)A célula-mãe diploide duplica seu material genético e realiza
(C) II e IV. duas divisões celulares sucessivas, resultando em quatro cé-
(D) II e III. lulas-filhas haploides, com metade das informações genéticas
(E) I e IV. que havia na célula mãe
(C) É responsável pelo crescimento e pela diferenciação de teci-
06. (IF-CE - Assistente de Laboratório) Analise os itens. dos e de órgãos, pela regeneração e reparo de lesões
I. Produção de combustíveis a partir da destilação do petróleo. (D) No crossing over, processo de permutação cromossômica,
II. Digestão de um alimento. ocorre um importante fator de variabilidade, pois são gerados
III. Decomposição da luz solar por um prisma. cromossomos com sequências diferentes da sequência original
IV. Queima de fogos de artifício. (E) Cada divisão meiótica, tanto a meiose I quanto a meiose II
V. Prego enferrujado. se dividem nas fases de prófase, metáfase, anáfase e telófase
Representam fenômenos químicos:
12. (IBFC/2017 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PR) A cavidade corporal
(A) apenas I, III e IV. onde atuam as enzimas digestivas, juntamente com as estruturas e
(B) apenas I, II e V. órgãos relacionados com a digestão, constitui o sistema digestivo.
(C) apenas II, IV e V. Assinale a alternativa que indica onde ocorre a maior parte da ab-
(D) apenas II e III. sorção dos nutrientes.
(E) I, II, III, IV e V. (A) Boca
(B) Faringe
07. Uma solução foi preparada misturando-se 30 gramas de um (C) Intestino delgado
sal em 300 g de água. Considerando-se que o volume da solução é (D) Esôfago
igual a 300 mL, a densidade dessa solução em g/mL será de: (E) Intestino grosso

(A) 10,0 13. (IF/ES – 2018 – IF/RS) Em relação aos tipos de tecidos mus-
(B) 1,0 culares humanos, tem-se as seguintes afirmações:
(C) 0,9 I. O tecido muscular estriado esquelético recebe este nome em
(D) 1,1 função da presença de estrias transversais .
(E) 0,1 II . Os tecidos musculares são de origem ectodérmica e se rela-
cionam com os vários movimentos do corpo, EXCETO com a contra-
08. (FMU-SP) Um vidro contém 200 cm3 de mercúrio de ção dos órgãos do tubo digestório e das artérias .
densidade 13,6 g/cm3. A massa de mercúrio contido no vidro é: III . O tecido estriado cardíaco ocorre apenas no coração e apre-
senta contração involuntária .
(A) 0,8 kg IV . O tecido muscular não estriado ou liso apresenta somente
(B) 0,68 kg estrias longitudinais e a contração de suas células é voluntária e
(C) 2,72 kg rápida
(D) 27,2 kg Assinale a alternativa em que todas as afirmativas estão COR-
(E) 6,8 kg] RETAS:
(A) Apenas I e II .
9. Em qual órgão da cavidade abdominal é armazenada a bile? (B) Apenas I e III .
(A) A vesícula biliar (C) Apenas III e IV .
(B) Os rins (D) Apenas II, III e IV .
(C) O pâncreas (E) I, II, III e IV .
(D) O intestino delgado
14. (UniRV/GO – 2017 – UniRV/GO) A respeito do tecido epite-
10. O que separa a cavidade abdominal da cavidade torácica? lial, podemos afirmar:
(A) Esôfago I – Reveste internamente as cavidades .
(B) Diafragma II – O epitélio da epiderme é classificado como estratificado pa-
(C) Pulmões vimentoso queratinizado.
(D) Ribcage III – Faz contato direto com o tecido conjuntivo subjacente que
serve apenas para a sustentação .
É correto afirmar que apenas:
(A) O item I é verdadeiro .
(B) Os itens I e II são verdadeiros .
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(C) O item II é verdadeiro . ______________________________________________________


(D) Os itens I e III são verdadeiros .
______________________________________________________
15. (IBFC/2017 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PR) O sistema nervoso
coordena as diversas funções do organismo, contribuindo para seu ______________________________________________________
equilíbrio. Assinale a alternativa incorreta referente ao sistema ner-
______________________________________________________
voso.
(A) O sistema nervoso está dividido em duas partes fundamen- ______________________________________________________
tais: sistema nervoso central e sistema nervoso periférico
(B) O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e pela ______________________________________________________
medula espinhal
(C) O sistema nervoso central é responsável por processar in- ______________________________________________________
formações
(D) O sistema nervoso periférico é constituído de nervos, gân- ______________________________________________________
glios e terminações nervosas
(E) O sistema nervoso não permite que os animais reajam de ______________________________________________________
modo rápido a estímulos do meio ambiente ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
______________________________________________________
2 A
______________________________________________________
3 B
4 ERRADO ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 D
8 C ______________________________________________________

9 A ______________________________________________________
10 B
______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 C
13 B ______________________________________________________
14 B ______________________________________________________
15 E
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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