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INTRODUÇÃO À

CIÊNCIA ATUARIAL

ENSINO A
DISTÂNCIA
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da Editora, por escrito. O Código Penal brasileiro determina, no art. 184, “dos crimes
contra a propriedade intelectual”.

Editoração: Patrícia Fernandes Fraga Equipe de Revisão:


Anderson José Adami Brenda Talissa Pires
Eduarda Hauch
Projeto gráfico e diagramação: Fernanda Germani de Oliveira Chiaratti
Ana Lucia Dal Pizzol

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN
Maria Helena Mafioletti Sampaio. CRB 14 – 276

Peris, Renata Wandroski.


P446i Introdução à ciência atuarial. / EAD / [Caderno pedagógico]. Renata
Wandroski Peris. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2022.
114 p. il.

Inclui Índice
ISBN: 978-65-5901-431-6
ISBNe: 978-65-5901-430-9

1. Ciências atuariais – História e conceitos. 2. Seguros – Análise de


riscos e expectativas. 3. Seguros - Prêmios e pecúlios. 4. Aposentadorias e
pensões – Financiamento e capitalização. 5. Ciências atuariais - Ensino a
Distância. I. Centro Universitário Avantis - UNIAVAN. II. Título.

CDD 21ª ed.


368.01 – Ciências atuariais.
PLANO DE ESTUDOS

A disciplina de Introdução à Ciência Atuarial será apresentada por meio da


ementa, que apresenta os conteúdos a serem abordados nas quatro unidades do caderno
pedagógico. Na sequência, mencionaremos os objetivos de aprendizado da disciplina
para a formação dos acadêmicos e inserção no mercado de trabalho.
O plano de estudos para a disciplina de Ciência Atuarial compreende o aprendizado
sobre conceitos iniciais importantes de atuária, como risco, seguros, resseguros,
provisões, solvência, dentre outros, assim como o estudo das fórmulas importantes para
inserir nos cálculos atuariais. É importante realizar a leitura do caderno e buscar os
materiais auxiliares sugerido ao longo das unidades.
Diante desse contexto, este material está dividido em seções. A Unidade 1 aborda
as origens, a trajetória histórica, as principais definições e os conceitos principais de
Ciências Atuariais. Além disso, realiza uma análise do mercado de trabalho para o atuário.
A Unidade 2, por sua vez, traz os modelos clássicos de seguros e as principais
técnicas empregadas para o cálculo de riscos e expectativas.
A Unidade 3 explica os cálculos de riscos, prêmios de seguro e pecúlios.
Já a Unidade 4 apresenta os conceitos e explicações sobre os planos de
aposentadorias e pensões, os planos de financiamento e capitalização.
Ao final desta disciplina, espera-se que os acadêmicos estejam aptos a
compreenderem os principais conceitos e os tópicos atuariais mais relevantes e que
fazem parte do mercado de trabalho contemporâneo, bem como se relacionam à prática
profissional.
Desejo a todos bons estudos!
O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO

A Ciência Atuarial utiliza conhecimentos de estatística, matemática, economia e


tecnologia. É uma área extremamente relevante para o país, uma vez que os profissionais
de atuária estão aptos a produzir cálculos de compartilhamento de riscos e realizar a
avaliação econômica dos planos de seguros, aposentadorias e pensões.
Para o acadêmico de Contabilidade, é de suma importância conhecer, ainda que
introdutoriamente, os aspectos mais importantes de atuária e como realizar os principais
cálculos.
Portanto, após a conclusão da disciplina, você, acadêmico, adquirirá competências
para análises e cálculos de riscos e expectativas, compreendendo os principais
produtos atuariais presentes no mercado. Além disso, aprenderá de forma autônoma e
desenvolverá novas competências e habilidades fundamentais para sua vida profissional
em Contabilidade.

PROGRAMA DA DISCIPLINA

EMENTA
Origem histórica e conceitos. Aplicação no mercado. Modelos clássicos de seguro.
Técnicas específicas de análise de riscos e expectativas. Cálculos de riscos. Prêmios
de seguro e pecúlios. Planos de aposentadoria e pensões. Planos de financiamento e
capitalização.

OBJETIVO GERAL
Adquirir competências para análises e cálculos de riscos e expectativas,
compreendendo os principais produtos atuariais presentes no mercado.
PROFESSOR

APRESENTAÇÃO DA AUTORA

RENATA WANDROSKI PERIS

Possui doutorado (2021) e mestrado (2017) em


Ciências, no Programa de Administração, na Faculdade
de Economia, Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo (FEAUSP); graduação em
Ciências Econômicas, pela Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (2013) e graduação em Administração,
pela Universidade Paranaense (2012).
Tem artigos publicados na área de Finanças,
Regulação Econômica e Governança Corporativa.
Possui três e-books publicados na área de Finanças. É
docente do Centro Universitário Avantis (UniAvan)
desde 2021.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/5129644533014210.
SUMÁRIO

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL: ORIGEM, CONCEITOS E


APLICAÇÃO PRÁTICA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM.............................................................................................12
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................................12
1.1 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL..............................................................................................................12
1.2 FORMAS DE APLICAÇÃO DA CIÊNCIA ATUARIAL NO MERCADO................................................. 16
1.2.1 Atuarial de Provisões...................................................................................................................................................16
1.2.2 Atuarial de Solvência..................................................................................................................................................18
1.2.3 Atuário de Precificação............................................................................................................................................19
1.2.4 Atuário de Produtos.....................................................................................................................................................19
1.2.5 Atuário de Subscrição..............................................................................................................................................20
1.2.6 Atuário de Modelagem e Projeção.................................................................................................................20
1.3 CONCEITOS IMPORTANTES PARA ESTUDAR A CIÊNCIA ATUARIAL ...........................................21
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................................24
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM........................................................................................................................25

UNIDADE 2 - MODELOS CLÁSSICOS DE SEGUROS E TÉCNICAS ESPECÍFI-


CAS DE ANÁLISE DE RISCOS E EXPECTATIVAS.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM............................................................................................28
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................................28
2.1 CONCEITOS E FÓRMULAS IMPORTANTES.............................................................................................. 29
2.1.1 Mercado de Seguros...................................................................................................................................................29
2.1.2 Fórmulas Importantes no Cálculo Atuarial de Seguros................................................................32
2.2 FUNÇÕES MODERNAS DE COMUTAÇÃO................................................................................................. 35
2.3 MODELOS CLÁSSICOS DE SEGUROS....................................................................................................... 44
2.3.1 Seguro por Sobrevivência – Rendas (Aplicações das Comutações) e Capital (Prê-
mio Único: Utilizando Comutações).........................................................................................................................44
2.3.2 Seguros por Falecimento.....................................................................................................................................48
2.3.3 Seguros Dotais..............................................................................................................................................................52
2.4 TÉCNICAS ATUARIAIS DE ANÁLISE DE RISCOS E EXPECTATIVAS.............................................52
2.4.1 Técnicas Atuariais - Vida .......................................................................................................................................52
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................ 55
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM........................................................................................................................57

UNIDADE 3 - CÁLCULOS DE RISCOS, PRÊMIOS DE SEGURO E PECÚLIOS E


PLANOS DE APOSENTADORIA E PENSÕES.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM...........................................................................................60
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................60
3.1 CÁLCULOS DE RISCOS.......................................................................................................................................60
3.1.1 Exemplos de Indicadores ou Medidas de Cálculo de Riscos.....................................................63
3.2 PRÊMIOS DE SEGURO E PECÚLIO.............................................................................................................. 69
3.2.1 Prêmios de Seguro ....................................................................................................................................................70
3.2.2 Pecúlio..................................................................................................................................................................................74
3.3 BREVE RESUMO DAS INSTITUIÇÕES DO SETOR.................................................................................75
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................................78
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM........................................................................................................................79

UNIDADE 4 - PLANOS DE APOSENTADORIAS E PENSÕES E PLANOS DE


FINANCIAMENTO E CAPITALIZAÇÃO.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM............................................................................................82
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................................82
4.1 PLANOS DE APOSENTADORIA E PENSÕES.............................................................................................82
4.1.1 Seguridade Social no Brasil..................................................................................................................................84
4.1.2 Entidades Fechadas de Previdência Complementar...................................................................... 87
4.1.3 Entidades Abertas de Previdência Complementar............................................................................91
4.2 FINANCIAMENTO E CAPITALIZAÇÃO DOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR ........................................................................................................................................................ 98
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................101
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM......................................................................................................................102
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................104

ANEXO 1 – Tábua Biométrica AT-49 – Instituto Brasileiro de Atuária....................................110


1
UNIDADE
INTRODUÇÃO À
CIÊNCIA ATUARIAL:
ORIGEM, CONCEITOS E
APLICAÇÃO PRÁTICA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer a origem da Ciência Atuarial e definições.


• Compreender a trajetória histórica da Ciência Atuarial no Brasil.
• Estudar as formas de aplicação da Ciência Atuarial no mercado.

INTRODUÇÃO

A Ciência Atuarial demanda muito conhecimento por parte dos profissionais da


área. É uma profissão muito relevante para o mundo, pois, conforme afirma o Instituto
Brasileiro de Atuária (2021), o risco é fator indissociável das atividades financeiras, e o
atuário realiza cálculos para fazer a gestão e minimizar danos.
Você sabia que existem poucos atuários no Brasil? O Brasil possui 2.340 profissionais
de atuária, grande parte na região sudeste do país, de acordo com o Instituto Brasileiro
de Atuária (IBA).
A profissão depende de muito conhecimento de probabilidade, matemática
financeira, economia e tecnologia da informação. Por essa razão, nesta unidade,
iniciaremos os estudos de ciência atuarial com os conceitos, a origem e trajetória histórica
da profissão no Brasil e as formas de atuação no mercado.

1.1 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL

Ao pensarmos em ciências atuariais, entendemos que se relaciona ao cálculo de risco


e prêmios de seguros, fenômenos conhecidos das Ciências Contábeis, certo? No entanto,
adicionalmente, o estudo da ciência atuarial abrange noções de economia, finanças,

13
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
matemática e estatística e compreende questões como os planos de aposentadoria,
pensões e os planos de financiamento e capitalização.
Por essa razão, é necessário conhecer a definição do termo ciência atuarial, sua
origem histórica no Brasil, o decreto-lei que regulamenta a profissão e suas funções
práticas.
A preocupação com a minimização de riscos e a previsão de incertezas gerou a
necessidade de criar técnicas para realizar os cálculos ainda nas primeiras civilizações,
e, conforme afirmam Lautert et al. (2017), a ciência atuarial ganhou força no século XIX,
na Inglaterra, com o surgimento da teoria da probabilidade. Essa teoria serviu como base
técnica para o cálculo de mitigação de impactos financeiros desfavoráveis a partir de
riscos estruturados para determinados eventos.
No Brasil, o estudo da ciência atuarial ocorreu a partir da instauração do decreto-
lei nº 15.601/1946, que fundou a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da
Universidade de São Paulo (FCEA).
Iudicibus (2021) afirma que, com a FCEA (atualmente FEA) e a instalação do curso
de Ciências Contábeis e Atuariais, o país obteve o primeiro núcleo efetivo de pesquisa
contábil, com produção de artigos científicos e teses de alto valor, a partir do modelo
norte-americano de ensino e pesquisa. A partir da Lei nº 1.401/1951, os cursos foram
desmembrados, com diplomas separados.
Mais adiante, em 1969, a edição do decreto-lei nº 806 definiu a atuação profissional
do atuário. Sua regulamentação ocorreu em 1970, com o decreto nº 66.408. O art. 1º
elucida as competências profissionais do atuário:

Entende-se por atuário o técnico especializado em matemática superior


que atua, de modo geral, no mercado econômico-financeiro, promovendo
pesquisas e estabelecendo planos e políticas de investimentos e
amortizações e, em seguro privado e social, calculando probabilidades
de eventos, avaliando riscos e fixando prêmios, indenizações, benefícios
e reservas matemáticas. (BRASIL, 1970, não paginado).

A partir do decreto nº 66.408/1970, os campos de atuação e o perfil do profissional


de atuária foram definidos e regulamentados oficialmente no Brasil. Sendo assim,
sua contribuição principal incide no cálculo de riscos para mitigar possíveis impactos
negativos para negócios e pessoas, principalmente no que tange seguradoras,
resseguradoras, aposentadorias e pensões.Baltazar et al. (2021) evidenciam as habilidades
primordiais a um atuário, como ter capacidades técnicas, analíticas, de raciocínio lógico,
comportamentais e experiência técnica. A esse conjunto, percebe-se a necessidade de

14
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
competências em relação à tecnicidade do profissional.
Por essa razão, conforme afirmam Lautert et al. (2017), o profissional de atuária
deve integrar conhecimentos de matemática e estatística, além da aptidão em solucionar
problemas e analisar informações. Junto a isso, o conhecimento em tecnologia da
informação e economia, administração de seguros e previdência.

SUGESTÃO DE VÍDEO
O vídeo “Desafio Profissão – Ciências Atuariais”, da TVPUC, é muito interessante
ao explicar as possibilidades de carreira profissional do atuário de uma maneira
clara. Inclusive, no vídeo, os professores explicam que o atuário pode trabalhar também em
corretoras!
Está disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=h8bR1nnsbwg.

A respeito do conceito, Sá, Santos e Santos (2019, p. 2) afirmam que a ciência


atuarial é definida como o “[...] conjunto de técnicas específicas de análise de riscos”.
Sobretudo, uma ciência que possui a capacidade intrínseca de calcular, avaliar e
realizar a previsão de riscos futuros que sejam desencadeados de eventos financeiros ou
econômicos, a partir da constatação das mudanças sociais e tecnológicas.
A ciência atuarial, portanto, torna-se eficaz para auxiliar as pessoas e empresas na
proteção de seus patrimônios e compartilhamento de riscos individuais com os grupos,
e os profissionais da área podem atuar em empresas do mercado financeiro, seguradoras,
corretoras, consultorias e auditorias, fundos de pensão, operadoras de planos de saúde,
empresas de capitalização, entre outras empresas que necessitem de cálculo de risco.
Com o avanço da necessidade legal de um profissional de atuária nas empresas, o
curso de graduação passou a ser indispensável em todas as regiões do país. Atualmente,
o curso de atuária é ofertado em diversas universidades pelo país, com reconhecimento
do Ministério da Educação (MEC), conforme Quadro 1.

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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Rec.
Região Instituição de ensino Períodos Vagas
MEC
Universidade Federal do Ceará - UFC 10 semestres 2001 Noturno 35
Not.60/Vesp.
Universidade Federal da Paraíba - UFPB 10 semestres 2011
60
Nordeste Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 8 semestres 2009 Integral 30
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
8 semestres 2009 Noturno 40
- UFRN
Universidade Federal do Sergipe - UFS 6 semestres 2009 Noturno 50
Pontifícia Universidade Católica - PUC 8 semestres 2004 Noturno 60
Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-MG 9 semestres 2012 Noturno 100
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG 8 semestres 2005 Diurno 25
Universidade do Estado do Rio de Janeiro -
8 semestres 2007 D. 60/Not. 60
UERJ
Sudeste Universidade Federal Fluminense - UFF 8 semestres 2009 Noturno 100
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 8 semestres 1945 Diurno 25
Pontifícia Universidade Católica - PUCSP 10 semestres 1958 Noturno 100
Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU 8 semestres 2004 Noturno 180
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 10 semestres 2011 Noturno 80
Universidade de São Paulo - USP 8 semestres 2005 Noturno 50
Fundação de Estudos Sociais do Paraná -
8 semestres 1961 Noturno 62
FESPPR
Sul
Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
8 semestres 1945 Noturno 40
UFRGS
OBS: Abreviações: Rec.: Reconhecimento. Not.:
obs Noturno. Vesp.: Vespertino. D.: Diurno.

Quadro 1: Cursos de Atuária ofertados no Brasil, por região


Fonte: Adaptado do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), 2021

SUGESTÃO DE VÍDEO
Assista ao vídeo “Mundo Atuarial - Versão 4 Minutos”.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eueBvhn2eUs.

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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
1.2 FORMAS DE APLICAÇÃO DA CIÊNCIA ATUARIAL NO MERCADO

De acordo com a publicação “Atuária pelo Mundo”, do Instituto Brasileiro de Atuária


(2021), existe o atuário vida, que trabalha com seguros de vida, planos de previdência e
previdência social, não vida, calculando riscos para seguros de danos ou danos em geral,
e financeiro, que realiza a modelagem para sinistralidade, prêmio e indenização.
A atividade atuarial pode ocorrer nas áreas de seguros, resseguros, previdência,
capitalização, saúde suplementar e perícia atuarial. Dentre as diversas possibilidades no
mercado, há várias categorias de atuação do profissional da área: atuarial de provisões,
de solvência, de precificação, de produtos, de subscrição, de modelagem, de projeção, de
finanças, de planejamento, de controles e de riscos.
Vamos entender cada uma dessas categorias.

1.2.1 Atuarial de Provisões

Provisões técnicas referem-se a valores gerados por empresas como seguradoras,


empresas de capitalização, entidades de previdência, cujo resultado traduz-se em risco e,
dessa forma, o valor presente das obrigações financeiras futuras das empresas com seus
clientes constitui-se no balanço como provisões técnicas.
Essa categoria atuarial realiza, portanto, os cálculos de risco, de acordo com a circular
da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) vigente. A circular SUSEP n° 648/2021 é a
mais atual e dispõe sobre as provisões em seu Capítulo I. O acompanhamento das provisões
é realizado pela Coordenação de Monitoramento de Provisões Técnicas (COPRA).

SUGESTÃO DE LEITURA
Para saber mais, leia a circular na íntegra em: https://www.in.gov.br/en/web/
dou/-/circular-susep-n-648-de-12-de-novembro-de-2021-360557625.

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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
A legislação básica é a resolução CNSP nº 432/21, que dispõe sobre as provisões
técnicas para as Sociedades Seguradoras, Resseguradoras e Entidades Abertas de
Previdência Complementar (EAPCs) e para as sociedades de capitalização (art. 4º).
O Quadro 2 apresenta quais são as provisões definidas por lei para cada uma das
sociedades.

Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG); Provisão de Sinistros


a Liquidar (PSL); Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados
Sociedades Seguradoras, (IBNR); Provisão Matemática de Benefícios a Conceder (PMBAC);
Resseguradoras e Entidades Provisão Matemática de Benefícios Concedidos (PMBC); Provisão
Abertas de Previdência Com- Complementar de Cobertura (PCC); Provisão de Despesas Rela-
plementar (EAPCs) cionadas (PDR); Provisão de Excedentes Técnicos (PET); Provisão
de Excedentes Financeiros (PEF); e Provisão de Resgates e Outros
Valores a Regularizar (PVR).

Provisão Matemática para Capitalização (PMC); Provisão para


Distribuição de Bônus (PDB); Provisão para Resgate (PR); Provisão
Sociedades de Capitalização para Sorteios a Realizar (PSR); Provisão Complementar de Sor-
teios (PCS); Provisão para Sorteios a Pagar (PSP); e Provisão para
Despesas Administrativas (PDA).

Quadro 2: Provisões Técnicas definidas pela Resolução CNSP nº 432/21


Fonte: Resolução CNSP nº 432 (2021e)

Além disso, provisões técnicas podem ser aplicadas também ao segmento público.
O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, produzido pela Secretaria
do Tesouro Nacional, dispõe sobre provisões, em seu item 17 – Provisões, Passivos
Contingentes e Ativos Contingentes:

a. Provisões e passivos contingentes oriundos de benefícios sociais


para os quais a entidade não recebe compensação dos beneficiários
em valor aproximadamente igual ao dos produtos e serviços fornecidos.
(BRASIL, 2021c, p. 296).

A avaliação atuarial deve contemplar a conformidade de cada provisão técnica


e outros dados de solvência para compreensão das especificidades dos produtos da

18
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
empresa seguradora.
Além disso, caso seja constatada inadequação de determinada provisão técnica,
por déficit ou superávit, a análise precisará conter os critérios a serem adotados pela
seguradora para solucionar tal situação. Tais instruções constam na Resolução CNSP nº
61/01, na Circular SUSEP nº 185/02 e na Circular SUSEP nº 190/02.
Para tanto, a seguradora precisa dispor de um banco de dados detalhado a respeito
dos prêmios, da importância segurada, sinistros e despesas, para que o cálculo seja feito
corretamente e de acordo com sua competência atuarial (BRASIL, 2021a).

SUGESTÃO DE LEITURA
Resolução CNSP nº 432, de 12 de novembro de 2021.
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cnsp-n-
-432-de-12-de-novembro-de-2021-360563839.

1.2.2 Atuarial de Solvência

O termo solvência, em finanças, significa que os recursos que compõem um


patrimônio ou um ativo são suficientes para cumprir as obrigações financeiras existentes.
Dessa forma, o cálculo de solvência é realizado visando ao equilíbrio financeiro e
atuarial, seja dos planos de aposentadoria, dos prêmios de uma seguradora, entre outros,
em especial o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
Barros de Oliveira (2017) explica que, para os regimes próprios de previdência, seja
o geral ou o próprio1, os cálculos atuariais são importantes para alinhar as cobranças
de receitas previdenciárias com as despesas a serem cobertas pelos planos; tudo isso

1 “No Brasil, há dois regimes obrigatórios de previdência social, sendo o Regime Geral (RGPS), gerenciado pelo Instituto
Nacional de Previdência Social (INSS), o qual vincula as pessoas submetidas às regras da CLT, enquanto que os Regimes
Próprios (RPPS) vinculam os servidores públicos efetivos de cada ente federativo, sejam pertencentes à União, aos estados
ou aos municípios” (BARROS DE OLIVEIRA, 2017, p. 12).

19
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
pensando, sempre, a longo prazo. A solvência é, então, mantida a partir do planejamento
financeiro atuarial adequado.

1.2.3 Atuário de Precificação

Precificar é importante para garantir a solvência dos planos de saúde, previdência


e prêmios de seguro, por exemplo. Por esse motivo, o cálculo atuarial define o preço do
seguro, ou seja, o valor que será cobrado de acordo com o risco de um sinistro, além do
prêmio de seguro. Exemplificativamente, as informações para calcular o prêmio e o valor
do seguro são obtidos no banco de dados da própria seguradora.
As seguradoras utilizam modelos estatísticos para precificação. Em geral, são
usados modelos multivariados, ou seja, que possuem vários fatores que incidem de forma
direta no risco de sinistro, como acidentes e roubos e, inclusive, no valor do prêmio que
o segurado custeará (PORTES; COSTA; FERREIRA, 2017).

1.2.4 Atuário de Produtos

Refere-se ao cálculo atuarial de produtos financeiros, como Plano Gerador de


Benefício Livre (PGBL) e Plano Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Nesse caso, é
possível adaptar o plano a cada cliente, de acordo com sua realidade.
Além do cálculo para planos de PGBL e VGBL, outros produtos podem ser calculados
pelos atuários: Certificado de Depósito Bancário (CDB), Caderneta de Poupança, Títulos
de Capitalização e Fundos de Investimento.

20
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
1.2.5 Atuário de Subscrição

Também denominado processo de underwriting, a subscrição, para o setor de


seguros, corresponde ao procedimento de aceitação de riscos, mas também pode gerar
sua não aceitação.
Como o processo é realizado ex ante, ou seja, antes da contratação, é possível que
ocorram mudanças nos parâmetros demográficos ou financeiros de uma população, e
isso pode acarretar perdas acima dos valores que foram estimados a priori (OLIVEIRA,
2018).
Por essa razão, os cálculos de subscrição precisam ser feitos com base em estimativas
futuras, o mais preciso possível, considerando cenários de “estresse”, a fim de mitigar
impactos financeiros para as seguradoras no decorrer dos planos, após sua contratação.

1.2.6 Atuário de Modelagem e Projeção

O cálculo atuarial também pode abranger a matemática relacionada à estatística


de mortalidade, por meio de tábuas de mortalidade geracionais, que fornecem as
probabilidades de morte parametrizadas na idade do indivíduo e no tempo, para, assim,
construir previsões para a taxa de mortalidade, com base em experiências anteriores.
Além disso, o cálculo atuarial pode auxiliar nas finanças, no planejamento, nos
controles e na avaliação de riscos, utilizando todas as áreas:

• Provisões técnicas.
• Solvência.
• Precificação.
• Produtos e subscrição, a partir da modelagem e projeção para os produtos
financeiros e de seguros.

21
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
1.3 CONCEITOS IMPORTANTES PARA ESTUDAR A CIÊNCIA ATUARIAL

Na Unidade 2, estudaremos os modelos clássicos de seguros. Para isso, precisamos


compreender dois importantes termos trabalhados na ciência atuarial: Tábuas de
Mortalidade e Tábuas de Comutação.
A Tábua de Mortalidade refere-se a um mecanismo utilizado para realizar os
cálculos atuariais para seguros de vida e planos de previdência, uma vez que, a partir
dela, é possível parametrizar as probabilidades de vida e de morte de uma população, de
acordo com sua idade.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) provê as Tábuas
de Mortalidade para homens e mulheres, divulgando os dados de expectativa de vida da
população até 80 anos.
O propósito principal é fornecer informações adequadas para a determinação do
fator previdenciário, a fim de calcular os valores das aposentadorias do Regime Geral de
Previdência Social (RGPS).

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao vídeo “Fator Previdenciário: O que é? Para que serve? - Paulo
Tafner”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PLJGan6qLKk.

O IBGE divulga a Tábua de Mortalidade a partir de projeções e estimativas


populacionais, com dados obtidos pelo censo e por meio de amostragem não probabilística,
aquela que não utiliza um cálculo de referência para determinar o tamanho da amostra
para a pesquisa, de modo que esse valor seja representativo da população total. Assim, a
amostra é escolhida pelo próprio IBGE.
As tábuas são publicadas anualmente, com os dados da população brasileira
residente em primeiro de julho de cada ano.
O Quadro 3 apresenta os valores de expectativa de vida em relação às idades, de
cinco em cinco anos, para o ano de 2020, última informação disponibilizada. No site do
IBGE, é possível fazer o download da planilha completa.

22
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Probabilidades de Expectativa
Idades Óbitos
Morte entre Duas de Vida à
Exatas D (X, N) l(X) L (X, N) T(X)
Idades Exatas Idade X
(X)
Q (X, N) (Por Mil) E(X)
0 11,556 1156 100000 98937 7679290 76,8
5 0,272 27 98647 98634 7185446 72,8
10 0,210 21 98534 98523 6692511 67,9
15 0,668 66 98396 98363 6200143 63,0
20 1,265 124 97929 97868 5709205 58,3
25 1,426 139 97256 97187 5221201 53,7
30 1,522 147 96558 96485 4736654 49,1
35 1,798 172 95779 95693 4255763 44,4
40 2,336 222 94831 94720 3779144 39,9
45 3,334 312 93564 93408 3307986 35,4
50 4,856 446 91753 91530 2844435 31,0
55 6,992 624 89188 88876 2391738 26,8
60 10,007 857 85626 85198 1954250 22,8
65 14,698 1187 80731 80138 1537721 19,0
70 22,526 1665 73915 73082 1150181 15,6
75 34,858 2247 64451 63327 803108 12,5
80 ou
1000,000 52081 52081 510652 510652 9,8
mais
Notas: N = 1; Q(X, N) = Probabilidades de morte entre as idades exatas X e X+N; l(X) = Número de
sobreviventes à idade exata X; D(X, N) = Número de óbitos ocorridos entre as idades X e X+N; L(X, N)
= Número de pessoas-anos vividos entre as idades X e X+N; T(X) = Número de pessoas-anos vividos a
partir da idade X; E(X) = Expectativa de vida à idade X. observação: As Tábuas Completas de Mortalidade
para o Brasil 2020 provêm de uma projeção da mortalidade do Brasil efetuada a partir de dados
censitários de 2010 e não incluem o efeito da pandemia por Covid-19.

Quadro 3: Tábua Completa de Mortalidade - Ambos os sexos: 2020


Fonte: IBGE, 2020

23
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
SAIBA MAIS
Você pode acessar as Tábuas de Mortalidade no site do IBGE:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9126-tabuas-comple-
tas-de-mortalidade.html?=&t=resultados.

As Tábuas de Mortalidade serão aplicadas nos modelos de planos de previdência,


que vamos estudar nos tópicos seguintes.
As Tábuas de Comutação são utilizadas para simplificar o cálculo dos prêmios de
seguros de vida e de previdência. São construídas por meio de probabilidades, sobre as
quais se aplicam as taxas de juros compostos. Por essa razão, toda vez que a taxa de juros
é alterada, a tábua de comutação é também modificada.
A Tábua de Comutação refere-se, portanto, ao resultado de operações efetuadas
com base nos valores do número de pessoas vivas com a idade x, denominado , e número
de pessoas mortas com a idade x, denominado no cálculo. Na Unidade 2, utilizaremos as
Tábuas de Mortalidade e de Comutação para realizar o cálculo dos modelos de seguros
apresentados.

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao vídeo “Tábua Atuarial – Ivan Montagneri”, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=0s5GIofeWN8.

24
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos na Unidade 1 as definições existentes e a importância da profissão de


atuário(a), cuja demanda no Brasil e no mundo é alta. Estudamos que os cálculos de risco
se configuram como fator inerente ao escopo da profissão. É uma área multidisciplinar,
que reúne muitos conhecimentos ao mesmo tempo.
Por essa razão, estudamos a trajetória histórica da profissão, a legislação que a criou
em nosso país e como o curso de ciências atuariais iniciou nas universidades brasileiras.
Compreendemos, também, as formas de aplicar os conhecimentos atuariais no
mercado. O segmento de seguros e previdência, principalmente, necessitam de cálculos
de risco e precisam do apoio legal de um atuário. Existem variações da profissão. Um
atuário pode ser especialista em provisões, em solvência, precificação, em produtos,
subscrição, modelagem, dentre outras ramificações. O importante é ter o conhecimento
do campo atuarial e a junção com finanças, legislação, economia e matemática/estatística.
Como toda ciência, a atuária também possui seus conceitos fundamentais. Por
exemplo, o uso de tábuas de mortalidade e de comutação, as fórmulas específicas e o
entendimento dos ramos de saúde suplementar, previdência, capitalização e seguros se
fazem extremamente necessários.
Dessa forma, os principais conceitos trabalhados nesta unidade foram: previdência,
provisões técnicas, seguros, resseguros, sinistro, ativo contingente, passivo contingente,
solvência, precificação, subscrição, título de capitalização e Tábuas de Mortalidade
Geracionais.

25
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01 - A respeito do conceito e objetivos da Ciência Atuarial, analise as afirmações


e assinale a alternativa que contém a resposta correta.

I. Trata-se de um conjunto de técnicas de avaliação de riscos.


II. É a análise para minimização de riscos e a previsão de incertezas.
III. Tem como objetivo principal a proteção do patrimônio de pessoas e empresas.
IV. Refere-se à ciência que estuda principalmente o segmento de capitalização.

Está(ão) correta(s):

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) Nenhuma das anteriores.

02 - No Brasil, o estudo da ciência atuarial ocorreu a partir da instauração do


decreto-lei nº 15.601/1946, e a profissão foi regulamentada em 1969/70.
Sobre a profissão de Ciência Atuarial no Brasil, analise as alternativas como
Verdadeiro ou Falso e assinale a opção correta.

( ) O profissional de atuária deve ter conhecimentos e habilidades sobre tecnologia,


matemática, estatística, economia, tecnologia da informação, dentre outros.
( ) O Atuário de Provisões determina se os recursos que compõem um patrimônio
ou um ativo são suficientes para cumprir as obrigações financeiras existentes.
( ) O Atuário de Subscrição define o valor que será cobrado em um seguro, por
exemplo, de acordo com o risco de um sinistro, além do prêmio de seguro.
( ) O cálculo atuarial pode auxiliar nas áreas de finanças, de planejamento, controles
e avaliação de riscos.

a) V, F, V, F

26
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
b) F, V, F, F
c) V, F, V, F
d) F, F, V, V
e) V, F, F, V

03 - Sobre as categorias de trabalho para profissional de Atuária, analise as


alternativas e assinale a resposta que contém a sequência correta.

I. O cálculo de solvência é realizado visando ao equilíbrio financeiro e atuarial, para


determinar o valor do plano ou do seguro.
II. As seguradoras utilizam modelos estatísticos para precificação, a partir de
fatores que incidem de forma direta no risco de sinistro, como acidentes e roubos,
e, inclusive, no valor do prêmio que o segurado custeará.
III. O cálculo atuarial para Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Plano Vida
Gerador de Benefício Livre (VGBL) é denominado Cálculo de Precificação.

Está(ão) correta(s):

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.

27
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
2
UNIDADE
MODELOS CLÁSSICOS
DE SEGUROS E
TÉCNICAS ESPECÍFICAS
DE ANÁLISE DE RISCOS E
EXPECTATIVAS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

• Analisar o mercado de seguros no Brasil.


• Compreender os modelos clássicos de seguros.
• Estudar as técnicas de análise de riscos e expectativas em Ciência Atuarial.

INTRODUÇÃO

Nesta Unidade, vamos aprender a respeito dos modelos de seguros mais utilizados
e aplicaremos os conceitos das tábuas de mortalidade e de comutação, vistas na Unidade
1. Além disso, estudaremos as técnicas relacionadas à análise de riscos e de expectativas.
Em primeiro lugar, deve-se compreender a definição de seguros e sua finalidade
no mercado. Em seguida, entender os conceitos e fórmulas (equações) importantes para
avaliar e realizar os cálculos, como: a expectativa média de vida ao nascer, as comutações
de sobrevivência e falecimento, as funções modernas de comutação e um exemplo para
elucidar a função dessas equações na prática.
Depois, vamos estudar os modelos clássicos, a partir de situações-exemplo a fim
de compreender: os seguros por falecimento e os seguros dotais, que são aqueles que
combinam sobrevivência e falecimento. Além disso, estudaremos os prêmios nivelados
e as rendas fracionadas.
Na última seção, veremos as técnicas atuariais para análise de riscos e expectativas.
Nesta Unidade, portanto, é fundamental compreender o passo a passo do raciocínio
para construção dos modelos, a partir do uso das fórmulas e conceitos apresentados.
Depois, é relevante repetir os exemplos para que se consiga assimilar bem a utilização de
todos os modelos e técnicas estudadas.
Então, vamos iniciar a unidade? Desejo a todos bons estudos e novos aprendizados!

29
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
2.1 CONCEITOS E FÓRMULAS IMPORTANTES

Antes de apresentarmos as fórmulas, vamos compreender o conceito e a finalidade


de seguros, para que o contexto todo seja entendido, antes mesmo de iniciarmos os
cálculos?

2.1.1 Mercado de Seguros

A palavra “seguro” tem origem no latim, “securus”, que significa o que é livre e
isento de perigos, que está a salvo, garantido. No mercado de seguros, há várias categorias,
como: seguro de automóveis, seguro de vida, seguro residencial, seguro viagem, seguro
patrimonial, seguro de acidentes pessoais, assim por diante.
É possível contratar um seguro para proteger patrimônio e bens, além de fornecer
indenizações no caso de morte ou pecúlio. Dessa forma, as empresas especializadas em
seguros assumem o compromisso de indenizar e cobrir o valor estipulado no contrato
caso os riscos pactuados se materializarem.
No caso dos seguros, o cálculo atuarial é elaborado para assegurar que, mediante
o valor contratado, a seguradora conseguirá realizar a cobertura do montante total caso
haja o evento de risco e continuar financeiramente saudável. Ou seja, os cálculos são
realizados para garantir a cobertura dos prêmios e indenizações dos planos contratados.
A matemática atuarial, portanto, pode ser dividida em dois ramos: o cálculo atuarial
e a teoria do risco. O que os diferencia é a área de aplicação: respectivamente, seguros do
ramo vida e ramo não vida.
De forma geral, os métodos são diferentes, mesmo que os métodos não vida
sejam cada vez mais aplicados ao seguro do ramo vida. No entanto, há uma diferença
fundamental: “[...] enquanto que no seguro de vida a indenização só pode ocorrer
uma vez, em um seguro automóvel o sinistro pode acontecer múltiplas vezes à mesma
entidade” (REIS, 1998).
Assaf Neto (2021, p. 360) apresenta a divisão das instituições responsáveis pela
gestão, normatização e fiscalização do mercado de seguros no Brasil, a saber:

30
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Figura 1: Estrutura do mercado de seguros no Brasil
Fonte: Adaptado de Assaf Neto, 2021

O principal órgão do mercado de seguros no Brasil é o Conselho Nacional de Seguros


Privados (CNSP), que determina as regras, regulamenta as operações e supervisiona e
fiscaliza as entidades que atuam no mercado. Além disso, o CNSP define a política geral
de seguros, definindo a estrutura e conteúdo dos contratos de seguros, resseguros,
previdência privada e capitalização.
O CNSP é composto por representantes do Ministério da Fazenda (Presidente),
do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência e Assistência Social, da
Superintendência de Seguros Privados, do Banco Central do Brasil e da Comissão de
Valores Mobiliários (CNSP, 2022).
Os quatro eixos (seguros, resseguros, previdência privada e capitalização) são
monitorados pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), entidade que realiza
também sua fiscalização.
O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), por sua vez, tem a função de supervisionar
as operações de resseguros praticadas no Brasil e no exterior. O resseguro refere-se

31
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
à divisão ou ao compartilhamento do risco com mais de uma companhia seguradora:
quando uma seguradora emite uma apólice com cobertura que ultrapassa sua capacidade
financeira, ela efetua o repasse de parte ou do risco total do contrato para outra companhia
seguradora, denominada resseguradora (IRB BRASIL, 2022).
O IRB realiza resseguros nas áreas: patrimonial, vida e previdência, de automóvel
responsabilidade civil, transporte, riscos financeiros, habitacional, rural, petróleo e gás,
marítimo, aeronáutico e nuclear.
As companhias seguradoras são instituições que estabelecem os planos de seguros,
garantindo a cobertura destes, obtendo, em troca, o recebimento de prêmios estabelecidos
nos contratos com os segurados, que formam a sua reserva técnica.
E quais são os tipos de seguros existentes no mercado? A classificação é conduzida
de acordo com duas categorias: pessoas e não pessoas. Os seguros de pessoas são as
modalidades seguro de vida, de acidentes pessoais e de saúde. Os seguros de não pessoas
são aqueles referentes a bens materiais e à prestação de serviços (ASSAF NETO, 2021).
Por isso, nesta unidade, estudaremos os modelos de seguros conhecidos como
“clássicos”, que refletem aqueles que mais são utilizados na prática pelo mercado, assim
como as técnicas de avaliação de riscos. Vamos lá?

Figura 2: Seguros para proteção de patrimônio


Fonte: Shutterstock, 2022

32
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
FÓRUM
Os alunos devem iniciar um fórum de discussão com as seguintes questões:
a) O que se entende por seguro?
b) Por que contratamos um seguro?
c) Qual a importância dos seguros para uma economia?

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao vídeo “Qual a tendência do mercado de seguros?”, da Zanon
University, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RDfGWbzmOUA.

2.1.2 Fórmulas Importantes no Cálculo Atuarial de Seguros

As equações importantes para entender os cálculos atuariais, em geral, são:

1. Vida média ou esperança de vida ao nascer.


2. Comutações de sobrevivência.
3. Comutações de falecimento.
4. Funções modernas de comutação.

Vamos compreender cada uma delas, separadamente.

9 Vida Média ou Esperança de Vida ao Nascer:

O conceito de “esperança matemática” é aplicado na ciência atuarial para calcular a


expectativa de vida, na média, dos indivíduos. A fórmula da vida média é a seguinte:

33
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Em que:
: corresponde à vida média ou esperança de vida ao nascer;
: representa o número de sobreviventes no primeiro ano;
no segundo ano, e assim por diante;
é o número inicial de indivíduos vivos.

Após o cálculo, esses valores são colocados na tábua de sobrevivência.

 Comutações de Sobrevivência

As comutações de sobrevivência seguem a referida equação:

Em que:
: equivale ao número de pessoas que faleceram na idade x;
: corresponde ao número de pessoas que sobreviveram até a idade x;
: refere-se ao valor que se altera conforme a taxa de juros.

Por exemplo: se a taxa de juros for igual a zero, o valor será igual a 1. Caso a
taxa de juros não seja igual a zero, aplica-se a seguinte fórmula para :

corresponde à taxa de juros, conhecida também como o risco financeiro


nesses cálculos; x corresponde à idade do indivíduo.

34
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Em que:
corresponde ao somatório dos valores de ,e (ômega) refere-se à
última idade, ou idade máxima, da tábua de sobrevivência.

é a função sobrevivência, ou seja, a probabilidade de um indivíduo com idade


chegar à idade . corresponde, portanto, ao somatório dos valores de
,e (ômega) refere-se à última idade, ou idade máxima, da tábua de sobrevivência.

 Comutações de Falecimento

As comutações de falecimento seguem a equação:

equivale ao número de falecidos até o final do primeiro ano, devidamente


atualizado pela taxa de juros.
significa que, caso a taxa de juros seja zero, o valor será sempre igual a
um (1).

Nas situações em que a taxa de juros não seja igual a zero, utiliza-se essa equação
para o cálculo do valor de . Lembrando que: i corresponde ao risco financeiro, ou
taxa de juros definida; e x, à idade do indivíduo.

trata-se do somatório dos valores de , em que ômega é a última

35
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
idade, ou idade máxima, da tábua.

é o somatório dos valores de , em que ômega corresponde à última


idade, ou idade máxima, da tábua.

SAIBA MAIS
Para entender as nomenclaturas e as fórmulas utilizadas pelas tábuas de so-
brevivência, você pode acessar o endereço: https://atuaria.github.io/portalhalley/
tabuas-mortalidade.html.
O texto é bem explicativo!

SUGESTÃO DE VÍDEO
Tábuas de sobrevivência (life tables), tábua atuarial, do professor doutor Leon-
ardo Flach.
https://www.youtube.com/watch?v=TWKp_FphVH8.

2.2 FUNÇÕES MODERNAS DE COMUTAÇÃO

De acordo com o Sistema Moderno, as principais funções de comutação são:

Além disso, uma tábua de comutação constitui-se fundamentalmente pelos


elementos tábua de vida e taxa de juros.
As funções de comutação utilizam os elementos:

36
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Em que:
: corresponde à probabilidade de morte de um indivíduo com idade antes de
completar a idade de anos.
: refere-se à , isto é, à probabilidade de sobrevivência de um
indivíduo com idade antes de completar a idade de .
: é o número de indivíduos que vieram a óbito entre a idade e .
: trata-se do número de pessoas vivas com idade .

Considere que o valor de seja hipotético, pois refere-se ao tempo a ser vivido
pelos indivíduos que sobreviverem na idade , entre essa idade e o início da próxima
faixa de idade.
Nesse caso, podem existir variações, de acordo com a idade, em que:

n
: corresponde à probabilidade de um indivíduo com idade morrer antes de
completar a idade de anos.

n
: ilustra a probabilidade de que um indivíduo com idade sobreviva pelo
menos mais n anos.
Adicionalmente, existem relações que podem ser estabelecidas entre as variáveis
apresentadas. A Tabela 1 contém as relações e suas devidas descrições.

37
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Tabela 1: Relações entre as Funções de Comutação
RELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES
DESCRIÇÃO
DE COMUTAÇÃO
-

é a probabilidade de morte à idade x e x+n. Portanto,


corresponde à mesma probabilidade, porém relacionada ao
número de indivíduos vivos com a idade x.

n
ilustra a probabilidade de que um indivíduo com idade
sobreviva pelo menos mais n anos, relacionando-se diretamente com
.
-

Fonte: O autor, 2022

A tábua de mortalidade é construída por todas essas funções. Observe a Tabela 2:

Tabela 2: Cabeçalho de uma Tábua de Mortalidade

Idade multiplica-
do por 1.000
Fonte: O autor, 2022

A coluna merece devida atenção. A equação que corresponde a essa


variável é a seguinte:

Vamos supor que a taxa de juros considerada seja de 5% ao ano. Então:


. Por isso, podemos assumir que:

Dessa forma, vamos calcular, segundo a Tabela 3, e .

38
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Tabela 3: Valores de e
Idade q(x) d(x) l(x) L(x) T(x) E(x) v(x) D(x)

0 11,556 1156 100000 98937 7679290 76,8 1,00 100000,0


1 0,789 78 98844 98805 7580353 76,7 0,95 94137,5
2 0,507 50 98766 98741 7481547 75,7 0,91 89584,1
3 0,386 38 98716 98697 7382806 74,8 0,86 85274,9
4 0,317 31 98678 98663 7284109 73,8 0,82 81182,8
5 0,272 27 98647 98634 7185446 72,8 0,78 77292,5
6 0,242 24 98620 98608 7086813 71,9 0,75 73591,9
7 0,222 22 98596 98585 6988204 70,9 0,71 70070,5
8 0,209 21 98574 98564 6889619 69,9 0,68 66719,1
9 0,205 20 98554 98544 6791055 68,9 0,64 63528,7
10 0,210 21 98534 98523 6692511 67,9 0,61 60491,1
11 0,226 22 98513 98502 6593988 66,9 0,58 57598,5
12 0,257 25 98491 98478 6495486 66,0 0,56 54843,3
13 0,311 31 98465 98450 6397008 65,0 0,53 52218,3
14 0,397 39 98435 98415 6298558 64,0 0,51 49716,3
15 0,668 66 98396 98363 6200143 63,0 0,48 47330,0
16 0,832 82 98330 98289 6101780 62,1 0,46 45046,1
17 0,978 96 98248 98200 6003491 61,1 0,44 42865,4
18 1,091 107 98152 98099 5905291 60,2 0,42 40784,3
19 1,179 116 98045 97987 5807192 59,2 0,40 38799,8
20 1,265 124 97929 97868 5709205 58,3 0,38 36908,6
Nota: a planilha original contém os dados até 80 anos ou mais.
Observação: npx = 1 - nqx.
Cálculos realizados pela autora, 2022

Fonte: Adaptado de IBGE, 2020

É comum multiplicar por mil as probabilidades de morte entre uma pessoa com
idade x e x+n anos (nqx). Por exemplo, a cada mil pessoas entre 19 e 20 anos, a ocorrência
de morte é de 1,17 pessoas. Porém, para o cálculo atuarial, esses valores devem continuar
compreendidos como valores probabilísticos.

39
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Desse modo, interpreta-se como: a probabilidade de um indivíduo de 20 anos
falecer antes de completar 21 anos, segundo a tabela de mortalidade, é de 1,179 dividido
por 1.000 (mil), ou seja, 0,001179; já a probabilidade desse indivíduo chegar vivo ao 21º
ano é de 1 - 0,001179, que corresponde a 0,998821 = 1p21.
Já a coluna é construída a partir da seguinte equação:

Lembrando que corresponde à idade máxima atingida.


Para fazer a coluna , portanto, inserimos a equação acima. Por
exemplo, para idade 10:
.
A Tabela 4 apresenta a inserção dos valores de calculados.

Tabela 4: Valores de Nx
Idade Qx dx lx Lx Tx Ex vx Dx Nx
0 11,556 1156 100000 98937 7679290 76,8 1,00 100000,0 1993795,7
1 0,789 78 98844 98805 7580353 76,7 0,95 94137,5 1893795,7
2 0,507 50 98766 98741 7481547 75,7 0,91 89584,1 1799658,1
3 0,386 38 98716 98697 7382806 74,8 0,86 85274,9 1710074,1
4 0,317 31 98678 98663 7284109 73,8 0,82 81182,8 1624799,2
5 0,272 27 98647 98634 7185446 72,8 0,78 77292,5 1543616,4
6 0,242 24 98620 98608 7086813 71,9 0,75 73591,9 1466323,9
7 0,222 22 98596 98585 6988204 70,9 0,71 70070,5 1392732,1
8 0,209 21 98574 98564 6889619 69,9 0,68 66719,1 1322661,5
9 0,205 20 98554 98544 6791055 68,9 0,64 63528,7 1255942,5
10 0,210 21 98534 98523 6692511 67,9 0,61 60491,1 1192413,8
11 0,226 22 98513 98502 6593988 66,9 0,58 57598,5 1131922,7
12 0,257 25 98491 98478 6495486 66,0 0,56 54843,3 1074324,3
13 0,311 31 98465 98450 6397008 65,0 0,53 52218,3 1019481,0
14 0,397 39 98435 98415 6298558 64,0 0,51 49716,3 967262,7
15 0,668 66 98396 98363 6200143 63,0 0,48 47330,0 917546,4
16 0,832 82 98330 98289 6101780 62,1 0,46 45046,1 870216,4

40
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Idade Qx dx lx Lx Tx Ex vx Dx Nx
17 0,978 96 98248 98200 6003491 61,1 0,44 42865,4 825170,3
18 1,091 107 98152 98099 5905291 60,2 0,42 40784,3 782304,9
19 1,179 116 98045 97987 5807192 59,2 0,40 38799,8 741520,6
20 1,265 124 97929 97868 5709205 58,3 0,38 36908,6 702720,9
Nota: a planilha original contém os dados até 80 anos ou mais. Cálculos realizados pela autora, 2022

Fonte: Adaptada de IBGE, 2020

Se você quiser saber o , por exemplo: é possível utilizar + =


38799,8 + 702720,9 = 741520,6.
Para inserir a coluna referente a , utilizamos a seguinte equação:

Em que: indica a idade máxima que pode ser atingida.


O cálculo de corresponde ao cálculo de rendas crescentes.

A função corresponde à chamada função de sobrevivência, que contém como


interesse principal a sobrevida, isto é, o tempo de vida adicional de cada indivíduo dada
pela probabilidade de que esse indivíduo viva mais do que o tempo pré-determinado no
cálculo.
A função seguinte é a de comutação, Cx, dada por:

Se e , então, pode-se considerar que:

41
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Vamos supor uma taxa i = 5%. C15 seria: o fator de atualização equivale a 5% (cinco por
cento). O cálculo realiza-se, para C15, por exemplo, aplicando a seguinte fórmula:

Na planilha, multiplica-se o valor que está em por por :

Tabela 5: Valores de Cx
Idade Qx dx lx Lx Tx Ex vx Dx Nx Cx
0 11,556 1156 100000 98937 7679290 76,8 1,00 100000,0 1993795,7 1100556,2
1 0,789 78 98844 98805 7580353 76,7 0,95 94137,5 1893795,7 70745,1
2 0,507 50 98766 98741 7481547 75,7 0,91 89584,1 1799658,1 43288,0
3 0,386 38 98716 98697 7382806 74,8 0,86 85274,9 1710074,1 31342,1
4 0,317 31 98678 98663 7284109 73,8 0,82 81182,8 1624799,2 24480,4
5 0,272 27 98647 98634 7185446 72,8 0,78 77292,5 1543616,4 20023,2
6 0,242 24 98620 98608 7086813 71,9 0,75 73591,9 1466323,9 16947,5
7 0,222 22 98596 98585 6988204 70,9 0,71 70070,5 1392732,1 14784,5
8 0,209 21 98574 98564 6889619 69,9 0,68 66719,1 1322661,5 13305,6
9 0,205 20 98554 98544 6791055 68,9 0,64 63528,7 1255942,5 12409,8
10 0,210 21 98534 98523 6692511 67,9 0,61 60491,1 1192413,8 12081,3
11 0,226 22 98513 98502 6593988 66,9 0,58 57598,5 1131922,7 12375,9
12 0,257 25 98491 98478 6495486 66,0 0,56 54843,3 1074324,3 13424,2
13 0,311 31 98465 98450 6397008 65,0 0,53 52218,3 1019481,0 15448,2
14 0,397 39 98435 98415 6298558 64,0 0,51 49716,3 967262,7 18789,7
15 0,668 66 98396 98363 6200143 63,0 0,48 47330,0 917546,4 30107,6
16 0,832 82 98330 98289 6101780 62,1 0,46 45046,1 870216,4 35693,2
17 0,978 96 98248 98200 6003491 61,1 0,44 42865,4 825170,3 39908,2
18 1,091 107 98152 98099 5905291 60,2 0,42 40784,3 782304,9 42393,0
19 1,179 116 98045 97987 5807192 59,2 0,40 38799,8 741520,6 43558,3
20 1,265 124 97929 97868 5709205 58,3 0,38 36908,6 702720,9 44467,7
Nota: a planilha original contém os dados até 80 anos ou mais. Cálculos realizados pela autora, 2022.
Fonte: Adaptada de IBGE, 2020

A função de comutação Mx, por sua vez, obtém-se da seguinte forma:

42
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Ou seja:

Na planilha, a coluna Mx é calculada a partir do somatório dos valores da


coluna Cx até o último valor disponível. Por exemplo:
.

Tabela 6: Valores de Mx
Idade Qx dx lx Lx Tx Ex vx Dx Nx Cx Mx
0 11,556 1156 100000 98937 7679290 76,8 1,00 100000,0 1993795,7 1100556,2 4056553,3
1 0,789 78 98844 98805 7580353 76,7 0,95 94137,5 1893795,7 70745,1 2955997,1
2 0,507 50 98766 98741 7481547 75,7 0,91 89584,1 1799658,1 43288,0 2885252,0
3 0,386 38 98716 98697 7382806 74,8 0,86 85274,9 1710074,1 31342,1 2841964,0
4 0,317 31 98678 98663 7284109 73,8 0,82 81182,8 1624799,2 24480,4 2810621,8
5 0,272 27 98647 98634 7185446 72,8 0,78 77292,5 1543616,4 20023,2 2786141,4
6 0,242 24 98620 98608 7086813 71,9 0,75 73591,9 1466323,9 16947,5 2766118,2
7 0,222 22 98596 98585 6988204 70,9 0,71 70070,5 1392732,1 14784,5 2749170,7
8 0,209 21 98574 98564 6889619 69,9 0,68 66719,1 1322661,5 13305,6 2734386,2
9 0,205 20 98554 98544 6791055 68,9 0,64 63528,7 1255942,5 12409,8 2721080,6
10 0,210 21 98534 98523 6692511 67,9 0,61 60491,1 1192413,8 12081,3 2708670,8
11 0,226 22 98513 98502 6593988 66,9 0,58 57598,5 1131922,7 12375,9 2696589,5
12 0,257 25 98491 98478 6495486 66,0 0,56 54843,3 1074324,3 13424,2 2684213,7
13 0,311 31 98465 98450 6397008 65,0 0,53 52218,3 1019481,0 15448,2 2670789,5
14 0,397 39 98435 98415 6298558 64,0 0,51 49716,3 967262,7 18789,7 2655341,3
15 0,668 66 98396 98363 6200143 63,0 0,48 47330,0 917546,4 30107,6 2636551,6
16 0,832 82 98330 98289 6101780 62,1 0,46 45046,1 870216,4 35693,2 2606444,0
17 0,978 96 98248 98200 6003491 61,1 0,44 42865,4 825170,3 39908,2 2570750,8
18 1,091 107 98152 98099 5905291 60,2 0,42 40784,3 782304,9 42393,0 2530842,6
19 1,179 116 98045 97987 5807192 59,2 0,40 38799,8 741520,6 43558,3 2488449,6
20 1,265 124 97929 97868 5709205 58,3 0,38 36908,6 702720,9 44467,7 2444891,4
Nota: a planilha original contém os dados até 80 anos ou mais. Cálculos realizados pela autora, 2022.
Fonte: IBGE, 2020

43
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Para finalizar e obter a tabela completa, calculamos a função de comutação .
A equação de é dada por:

Uma observação importante: a função de é utilizada para o cálculo de seguro


contra morte de capital crescente. Abaixo, temos o resumo das funções de comutação.

O Professor Danilo Machado Pires, especialista em matemática atuarial, elaborou


a Figura 3, que evidencia a relação entre lx e dx.

Figura 3: lx e dx
Fonte: Pires e Costa, ([201-?])

44
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
SAIBA MAIS
Esse material pode ajudar a compreender mais ainda o contexto das tábuas de
mortalidade para os seguros!
Acesse: https://www.editoraroncarati.com.br/v2/phocadownload/artigos_e_estudos/tabu-
asdemortalidade.pdf.

2.3 MODELOS CLÁSSICOS DE SEGUROS

A ciência atuarial tradicional elabora o cálculo para o problema do seguro-vida, ou


seja, calcula-se o prêmio do seguro ou, melhor, a sua estimação. Para isso, são elaboradas
as tabelas de mortalidade (REIS, 1998).

2.3.1 Seguro por Sobrevivência – Rendas (Aplicações das Comutações) e


Capital (Prêmio Único: Utilizando Comutações)

As tábuas de mortalidade são conhecidas também como tábuas de sobrevivência.


Dessa forma, vamos compreender suas aplicações no cálculo de risco de produtos
associados às pessoas.
O risco de sobrevivência refere-se à ameaça absorvida pela seguradora ao dispor de
um segurado que contrate determinado produto que, por sua vez, realiza o dispêndio de
uma ou mais rendas durante o período de vida. Ou seja, é o risco assumido pela empresa
para assegurar o pagamento enquanto há sobrevivência do contratante (nos casos de
invalidez, por exemplo).
A tábua de mortalidade ou sobrevivência vai auxiliar no cálculo do seguro, pois, com
ela, é possível conhecer as probabilidades de vida ou morte e invalidez dos indivíduos de
uma determinada região, de acordo com sua idade atual.
Uma pessoa (segurado) faz um contrato com a seguradora, no qual há um prazo

45
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
de sobrevivência de n anos. Se o segurado sobreviver àquele período, receberá o valor
combinado em contrato. Nesse sentido, caso o segurado sobreviva até o período n,
receberá o valor total acordado no contrato.
Caso contrário, o valor recebido será menor, proporcional à sua idade no momento
do recebimento. Dessa maneira, ao contratar um seguro por sobrevivência, em termos de
capital, realiza-se uma aposta com a seguradora (FILHO, 2014).
Dessa forma, conseguimos colocar as informações em uma equação matemática,
em que:

Is: refere-se à importância segurada, o valor acordado no contrato.


x: é a idade do segurado.
n: trata-se do período de duração do contrato, em anos.
i: é a taxa de juros utilizada para atualização do valor contratado.
vn: corresponde ao fator de atualização.
nPx: é a probabilidade de uma pessoa de idade x sobreviver a n anos.
Ix: corresponde ao número de pessoas na idade x.
Qx ou Dx: representa a taxa de mortalidade para idade x, ou seja, a probabilidade
matemática de falecimento do indivíduo na idade x.

Por isso, o cálculo para o valor contratado utiliza ponderações, como o número de
pessoas com a mesma idade do contratado, o fator de atualização e uma taxa de juros
para correção do valor.
Agora, vamos utilizar o conceito de tábua de mortalidade, que vimos na Unidade 1.
Filho (2014) explica que é preciso considerar algumas notações importantes para a tábua
de mortalidade ou sobrevivência, a saber: n
, que corresponde ao valor que cada
segurado de idade x pagará para receber o montante contratado no seguro, denominado
de Importância Segurada (Is).
Em termos atuariais, é necessário obter equilíbrio entre segurados e seguradora.
Dessa forma:

n
,

Portanto:

Lembrando que:

46
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
lx: corresponde ao número de pessoas na idade x.
Is: é a importância segurada.

n
: corresponde ao valor que cada segurado de idade x pagará para receber o
montante contratado no seguro.
n: trata-se do período de duração do contrato, em anos.
vn: corresponde ao fator de atualização.

Para resolver esse cálculo, utilizamos as tábuas de comutação, que indicam as


probabilidades, a partir da idade dos indivíduos, por meio da aplicação da taxa de juros
compostos, e que ajudam a simplificar os cálculos de seguros.
Conforme descreve Filho (2014), consideramos que as receitas precisam estar
equilibradas com as receitas, primeiramente. Depois de deduzidas, as fórmulas finais
são: considerando que corresponde a um valor unitário e que Dx refere-se ao número

de falecimentos na idade x: n .

IMPORTANTE
Nos estudos de demografia e atuária, as notações utilizadas são padronizadas,
a saber: x refere-se sempre à idade; ls refere-se ao número de sobreviventes (do
inglês, lives, vidas); lx trata-se da quantidade de sobreviventes na idade x; Dx representa o núme-
ro de sobreviventes ou falecimentos.

Como estudamos na Unidade 1, as tábuas são construídas a cada ocorrência de


censo demográfico do IBGE. As últimas tábuas construídas se referem a 2010, ano de
realização da última operação censitária no Brasil.
Faremos um exercício para ficar mais claro: imagine que você tem 40 anos
atualmente e fará um seguro de sobrevivência pelo período de 15 anos no valor de
R$100.000,00.

A resolução inicia pela fórmula n . Vamos utilizar também o


conceito de tábua de comutação, visto na Unidade 1, que significa trocar os elementos de
lugar, sem perder a sua validade na fórmula.

47
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Na tábua de comutação, Ix e Dx são associados de forma algébrica ao valor da taxa
de juros adotada. Por isso, na nomenclatura da tábua de sobrevivência, já se coloca o
valor da taxa. Por exemplo: AT-2000 a 6%.
O cálculo atuarial aplica as tábuas de comutação essencialmente para realizar o
cálculo dos prêmios puros dos seguros de vida, isto é, a parcela do prêmio suficiente para
custear as despesas associadas aos riscos assumidos pela seguradora.
O prêmio puro é calculado como o valor esperado das possíveis indenizações que a
seguradora precisará assumir (é o prêmio cobrado para cobrir o risco x).
Dessa forma: o x é igual a 40 anos, isto é, a idade do segurado, e n é igual a 15 anos,
ou seja, o período contratado. Aplicando na fórmula:

n
= 15

= 15 = 15 = 15

O valor contratado, ou seja, R$100.000,00, será pago hoje, e o seguro somente será
quitado quando o segurado completar 55 anos de idade.

SUGESTÃO DE VÍDEO
Assista ao vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-hU-
3P-8iuZc para entender como as seguradoras precificam os seguros de vida e
sobrevivência (previdência complementar).

48
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
2.3.2 Seguros por Falecimento

Os seguros por falecimento incluem o conceito de risco de morte, que se configura


como o risco atribuído à seguradora de pagamento de uma quantia, mediante falecimento
do segurado no período de cobertura do plano contratado.
A Figura 4 evidencia o momento que compreende o risco de morte de um indivíduo
segurado.

Figura 4: Representação do seguro contra morte imediato e vitalício


Fonte: Guimarães, 2007

Os cálculos ocorrem por meio da equação abaixo, que demonstra o risco de morte
envolvendo pecúlio:

Em que x corresponde à idade atual do segurado, m ao período de diferimento e n


à duração da cobertura (GUIMARÃES, 2007).

Ax refere-se ao prêmio do seguro contratado, e Q corresponde ao valor contratado.


Por exemplo: um indivíduo de 18 (dezoito) anos de idade contrata um seguro
contra morte com vigência imediata. O capital segurado combinado é de R$10.000,00.
O capital segurado será pago quando ocorrer o seu falecimento. Assim, o prêmio único,
considerando uma taxa de 5% a.a., e a tábua que construímos ao longo da Unidade, está
demonstrado na Tabela 7.

49
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
= $62,05 * 10.000 =
$620.543,34

Tabela 7: Construção da tábua de mortalidade


Idade Qx dx lx Lx Tx Ex vx Dx Nx Cx Mx
17 0,978 96 98248 98200 6003491 61,1 0,44 42865,4 825170,3 39908,2 2570750,8
18 1,091 107 98152 98099 5905291 60,2 0,42 40784,3 782304,9 42393,0 2530842,6
19 1,179 116 98045 97987 5807192 59,2 0,40 38799,8 741520,6 43558,3 2488449,6
20 1,265 124 97929 97868 5709205 58,3 0,38 36908,6 702720,9 44467,7 2444891,4
Fonte: O autor, 2022

O prêmio calculado foi realizado para o seguro contra morte imediato e vitalício.
No entanto, existem outros tipos de seguro contra morte: o diferido e vitalício, o imediato
e temporário e o diferido e temporário.
As fórmulas variam de seguro para seguro. Os exemplos utilizam a tábua CSO-58 a
6% a.a. para obter os valores de Mx e Dx.
O seguro contra morte diferido e vitalício é calculado pela equação abaixo, e a
Figura 5 demonstra sua ocorrência, sempre levando em conta a importância contratada,
dada por Q.

Figura 5: Representação seguro contra morte diferido e vitalício


Fonte: Guimarães, 2007

50
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
A lógica é que um indivíduo contrate o seguro hoje com cobertura vitalícia, e, de
acordo com o capital segurado, calcula-se o prêmio, caso haja o falecimento a partir da
idade x + n.
O seguro contra morte imediato e temporário é obtido pela equação abaixo e
demonstrado na Figura 6.

Figura 6: Representação seguro contra morte imediato e temporário


Fonte: Guimarães, 2007

O raciocínio é que o indivíduo contrate o seguro com a idade x e visualize que a


cobertura findará quando atingir a idade x + n combinada.
Por fim, o seguro contra morte diferido e temporário assume a situação da Figura 7
e é calculado pela equação abaixo.

Figura 7: Representação seguro contra morte diferido e temporário


Fonte: Guimarães, 2007

51
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Todas as equações, gráficos e cálculos com exemplos podem ser obtidos no material
disponibilizado pelo professor Sérgio Rangel Guimarães, em notas de aula (2007).
Ademais, a Superintendência de Seguros Privado (SUSEP), que fiscaliza e concede
autorização ao mercado segurador, não tem norma vigente que determine a taxa mínima
para a precificação do prêmio de risco de morte acidental atualmente. Por isso, cada
seguradora define a taxa para o cálculo do prêmio.
Domingues e Guimarães (2020) afirmam que a cobertura de risco assegura os
eventos: morte natural, morte acidental, invalidez permanente total ou parcial, despesas
médico-hospitalares, entre outros, que estão de acordo com as circulares da SUSEP e
cujas definições são dadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
No acidente pessoal, enquadram-se:

a.1) o suicídio, ou a sua tentativa, que será equiparado, para fins de


indenização, a acidente pessoal, observada a legislação em vigor;
a.2) os acidentes decorrentes de ação da temperatura do ambiente
ou influência atmosférica, quando a elas o segurado ficar sujeito, em
decorrência de acidente coberto;
a.3) os acidentes decorrentes de escapamento acidental de gases e
vapores;
a.4) os acidentes decorrentes de seqüestros e tentativas de seqüestros;
e
a.5) os acidentes decorrentes de alterações anatômicas ou funcionais
da coluna vertebral, de origem traumática, causadas exclusivamente
por fraturas ou luxações, radiologicamente comprovadas. (SUSEP, 2017,
não paginado).

Como atualmente existe uma liberdade para definição da tarifa para precificar
o prêmio de risco de morte acidental, o que se determina é a taxa de probabilidade de
morte acidental para, em seguida, aplicá-la ao prêmio de risco.
O prêmio de risco, portanto, será equivalente ao capital segurado multiplicado pela
taxa de probabilidade de morte acidental, conforme equação abaixo.

Em que: p equivale à taxa de probabilidade de morte acidental, e Q, ao capital


segurado.

52
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
2.3.3 Seguros Dotais

Nessa mesma linha, existem os seguros dotais, que combinam sobrevivência


e falecimento. São obtidos por meio do cálculo da equação abaixo e representados na
Figura 8.

Figura 8: Representação seguro dotal


Fonte: Guimarães, 2007

2.4 TÉCNICAS ATUARIAIS DE ANÁLISE DE RISCOS E EXPECTATIVAS

2.4.1 Técnicas Atuariais - Vida

Resumem-se às técnicas com a definição, inicialmente, de uma variável aleatória


contínua X, que representa o tempo de vida de um indivíduo recém-nascido (REIS,
1998). Por isso, define-se a função de sobrevivência s(x) a partir da probabilidade de um
indivíduo atingir a idade x, conforme equação abaixo.

53
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Em que: s(x) corresponde à função de sobrevivência, Pr equivale à probabilidade,
X é o tempo de vida de um indivíduo recém-nascido, e x, a idade.
Essa função corresponde ao complementar da função de distribuição de X. Por
isso, a vida futura de um determinado indivíduo com idade x é dada por:

Trabalha-se, portanto, com a variável T(x) (REIS, 1998).

Figura 9: Riscos
Fonte: Shutterstock, 2022

Vamos definir algumas probabilidades fundamentais: a probabilidade de um


indivíduo com idade x falecer antes de completar a idade dada por x + t, e o seu
complementar quando atingir x + t. Assim, o número médio de mortes entre x e x+t é
dado por:

54
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
A força de mortalidade ou da taxa instantânea de mortalidade é dada por:

Em que: lx é o número esperado de sobreviventes com idade x em uma população.


Reis (1998) define que existem Leis de Mortalidade que realizam a estimação
da força de mortalidade como função de sobrevivência: a Lei de Gompertz e a Lei de
Makeham, que aproximam a esperança de vida ou vida média, considerando a idade
limite de um indivíduo.
As quantidades são obtidas nas tabelas de mortalidade, que podem ser elaboradas
baseadas nos censos populacionais, como as tábuas brasileiras.
Para a estimação dos prêmios, necessita-se do valor atual de uma unidade de capital
atualizada de forma financeira, dada por:

Em que: i é a taxa de juro por período, , o fato de


atualização financeiro. Veremos exemplos na Unidade 3.

55
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na Unidade 2, tivemos a oportunidade de estudar os modelos mais usuais de seguros,


bem como as técnicas mais utilizadas de análise de riscos. Em primeiro lugar, analisamos
o mercado de seguros em nosso país, para ter uma dimensão do uso das ferramentas
atuariais nesse segmento. Verificamos a estrutura do mercado de seguros, suas entidades
principais e o que cada uma delas executa no sistema todo. Depois, estudamos as
principais fórmulas que são necessárias para inserir nos cálculos dos modelos clássicos.
Estudamos a vida média ou esperança de vida ao nascer, as comutações de sobrevivência,
as comutações de falecimento e as funções contemporâneas de comutação. Essas
fórmulas são importantes de ser consultadas a todo instante para efetuar os cálculos na
modelagem de seguros. Mostramos, também, como calcular e formar uma tabela com
todas as informações dessas fórmulas. Assim, você mesmo(a) pode abrir uma planilha do
Excel e tentar fazer os cálculos!
Os Modelos Clássicos de seguros, por sua vez, são: seguro por sobrevivência, de
rendas e de capital; seguros por falecimento, relacionados com o risco de morte dos
indivíduos em cada idade; e os seguros dotais, que combinam sobrevivência e falecimento
em um modelo só.
Em relação às técnicas de análise de riscos e expectativas, estudamos as técnicas
atuariais de vida, por meio da contribuição da estatística, principalmente do conceito de
probabilidade associado ao risco.
Por isso, os principais conceitos trabalhados nesta unidade foram: previdência,
provisões técnicas, seguros, resseguros, sinistro, solvência, precificação, subscrição e
tábuas de mortalidade geracionais.
De forma geral, a matemática atuarial efetua cálculos por meio de técnicas e
estatísticas para definir o risco e o retorno para os seguros. O profissional de atuária realiza
as escolhas baseando-se nas informações demográficas e econômicas dos segurados,
além das características biométricas para, assim, prover à companhia seguradora a
garantia de que os pagamentos serão realizados para cobrir os benefícios previstos no
futuro ou no momento de incidência de um sinistro. Isto é, assegura solvência e equilíbrio
às seguradoras.
O que se considera no cálculo atuarial, como vimos, são os parâmetros biométricos
e demográficos, como a probabilidade de vida, de morte, de invalidez; os parâmetros
financeiros, como a taxa de juros projetada; os parâmetros econômicos, como a taxa

56
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
de inflação e as modalidades de benefícios e regimes implementados nos contratos de
seguros.

57
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01 - A respeito das fórmulas mais utilizadas no cálculo atuarial, analise as


proposições, julgue como Verdadeiro ou Falso e assinale a alternativa que
contém a sequência correta.

( ) A vida média ou esperança ao nascer, , considera no cálculo o número de


sobreviventes em cada período e o número inicial de indivíduos vivos.
( ) Os valores nos cálculos atuariais são considerados no formato de probabilidades,
variando entre zero e um.
( ) As comutações de sobrevivência consideram a tábua de vida e a taxa de juros,
além da idade e das probabilidades.
( ) As comutações de falecimento podem ter situações em que a taxa de juros é igual
a zero. Nesse caso, utiliza-se uma fórmula diferente da equação Cx.

a) F, F, V, V
b) F, V, V, F
c) V, F, V, V
d) V, F, F, V
e) V, V, F, V

02 - A respeito da função da tábua de mortalidade ou sobrevivência no cálculo


atuarial, assinale a alternativa correta.

a) Promove o conhecimento do risco absorvido pela seguradora quando um


indivíduo contrata um plano de seguro.
b) Inclui o risco atribuído à seguradora em relação ao pagamento da importância
combinada quando ocorre a morte do segurado no período de cobertura do plano.
c) Possibilita o conhecimento das probabilidades de vida ou morte e invalidez dos
indivíduos, de acordo com sua idade.
d) Tem a função de combinar sobrevivência com falecimento, obtidos por meio do
cálculo de risco.
e) Realizada para garantir que, mediante o valor contratado, a seguradora conseguirá

58
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
realizar a cobertura do montante total, caso haja o evento de risco, e continuar
financeiramente saudável.

03 - Sobre os seguros por falecimento, imagine que um indivíduo de 19 anos


de idade contrata um seguro contra morte, com vigência imediata. O capital
segurado combinado é de R$20.000,00, o qual será pago quando ocorrer o
falecimento. Assim, deve-se considerer o prêmio único a uma taxa de 5% a.a.
Utilize a tábua construída ao longo da unidade para determiner o valor do
prêmio do seguro contratado.
Assinale a alternative que contém a resposta correta.

a) O valor do prêmio é de $2.488.449,60.


b) O valor do prêmio é de $20.000,00.
c) O valor do prêmio é de $1.282.712,59.
d) O valor do prêmio é de $38.799,80.
e) O valor do prêmio é de $64,13.

59
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
3
UNIDADE
CÁLCULOS DE RISCOS,
PRÊMIOS DE SEGURO
E PECÚLIOS E PLANOS
DE APOSENTADORIA E
PENSÕES
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender os cálculos de riscos, prêmios de seguro e pecúlios.

INTRODUÇÃO

Nesta Unidade, vamos aprender a respeito dos cálculos utilizados para quantificar/
mensurar o risco, por meio de medidas usuais em finanças.
Vamos lá?

3.1 CÁLCULOS DE RISCOS

Primeiro, devemos dar algumas definições importantes em relação ao termo risco:

Representado pelo desvio padrão na maioria das vezes; associa-se às


probabilidades de ocorrência de determinados resultados sobre um
valor médio esperado;
O risco é voltado para o futuro: demonstra uma possibilidade de perda;
É também a capacidade de se medir o estado de incerteza de uma
decisão com o conhecimento das probabilidades associadas à
ocorrência de resultados ou valores determinados. (ASSAF NETO, 2018,
p. 219).

A análise é realizada utilizando indicadores e pensando em manter a solvência das


companhias seguradoras, para que possam continuar atuando no mercado de seguros.
A Figura 10 evidencia uma situação em que o risco não foi previsto e acarreta grandes
problemas.

61
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Figura 10: Analogia de uma situação de risco que não foi planejada
Fonte: Shutterstock, 2022

Assim, o que se entende por risco? De acordo com Assaf Neto (2014), o risco
atribui-se ao nível de incerteza que está associado a determinado evento. O autor afirma
que o risco pode ser visto de diversas perspectivas, como no caso de uma companhia
seguradora, por exemplo.
O risco é mensurado, para um ativo ou investimento, por meio de um método ou
critério probabilístico, isto é, atribuem-se probabilidades, subjetivas ou objetivas, aos
distintos momentos e aos possíveis resultados desses eventos.
Dessa forma, avalia-se o risco em um contrato de seguro, por meio de uma variável
aleatória que vamos denominar “X” ou “S” ou qualquer letra que se queira usar e que se
associa a um número que pertence ao conjunto dos números reais.
Conforme exemplifica Ramos (2015), um prêmio para um determinado risco “X”
pode ser entendido como uma medida de risco para “X”. A probabilidade relacionada a
um sinistro, por exemplo, equivale a um número que se associa à variável aleatória “S”,
relativa ao total das indenizações atribuídas a esse contrato. Assim, a probabilidade de
ocorrer um sinistro e o pagamento de indenização equivale a uma medida de risco para
a variável aleatória “S”.
Uma medida de risco, então, tem a intenção de quantificar o nível de exposição ao
risco que a seguradora está exposta ao realizar um contrato de seguro. Em outras palavras,
pode ser interpretada como a “[...] quantidade de ativos necessários à seguradora para

62
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
suportar o risco X” (RAMOS, 2015, p. 79).
Por sua vez, define-se matematicamente o risco de um conjunto de variáveis
aleatórias, como:
Considere que refere-se ao conjunto das variáveis aleatórias
sobre , em que:

: corresponde à letra grega ômega, em maiúsculo.


: corresponde à letra grega diggama, em maiúsculo.
: corresponde à letra grega Rho, em maiúsculo.

Considere, também, que , ou seja, é um


subconjunto do conjunto de variáveis aleatórias ômega, diggama e rho e equivale ao
agregado de riscos para um determinado período. Formam, assim, um portfólio.
Então, matematicamente, uma medida de risco é uma função , do conjunto
dos números reais: .
Uma companhia seguradora pode assegurar diversos segmentos, como automóvel,
imóvel, vida, dentre outros. Assim, ela pode possuir vários departamentos. Para calcular
as probabilidades, podemos associar as possíveis perdas a dois ou mais departamentos.
Utilizando dois departamentos, X e Y, por exemplo, podemos analisar a variável
aleatória das possíveis perdas que estão associadas à combinação de dois tipos de risco
(seguro de automóvel e seguro de vida, por exemplo). São elas:

• Propriedade I:
, ou seja, para todo X ou Y pertencente
a M, seu somatório multiplica-se por e é menor ou igual a multiplicado
por X individualmente, somado a multiplicado por Y. É denominada de
propriedade sub-aditividade.
• Propriedade II: , em que há maior perda
ou maior risco, na monotonicidade.
• Propriedade III:
, denominada homogeneidade positiva ou
proporcional ao tamanho do risco associado.
• Propriedade IV:
, dada por invariância por translações.

63
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
De acordo com Ramos (2015), a subaditividade indica que a medida de risco para
a combinação de dois riscos não pode ser maior que a medida de risco tratando-os
separadamente, o que é, de fato, interessante, pois a propriedade impõe que a combinação
de riscos traz benefícios para a companhia seguradora.
Já a monotonicidade quer dizer que se um risco agrega perdas associadas que são
superiores às de um outro determinado risco, a medida de risco do primeiro é superior a
do segundo risco.
A homogeneidade positiva mostra que, se as possíveis indenizações associadas são
o dobro das indenizações relacionadas a um outro risco, o valor da medida de risco do
primeiro é o dobro da medida de risco do segundo.
A invariância por translações significa que, perante dois riscos, somados a c, o
capital adequado para cumprir suas obrigações financeiras deve ser o mesmo para ambos.

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao vídeo “Gestão de Riscos e Seguros Aula 1”, do professor Ricar-
do Schwalfemberg. Assista a partir dos 5:40 min do vídeo.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cYPw3JrLDj0.

3.1.1 Exemplos de Indicadores ou Medidas de Cálculo de Riscos

Existem várias medidas na literatura e na prática de finanças. A matemática atuarial


utiliza essas métricas como apoio. A primeira delas é o que chamamos de “VaR”, sigla que
corresponde ao termo em inglês Value at Risk.
Duffie e Pan (1997) definem esse modelo como o risco financeiro. Para um
determinado horizonte de tempo t e um nível de confiança p, o valor do risco (VaR)
associado à perda de valor de mercado no período t é excedido com a probabilidade 1-p
associada.
O modelo matemático do VaR é dado por: para um risco X, sob uma função

64
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
de distribuição Fx, o valor em risco a um determinado nível de confiança p, em
que é uma função (de p)
, definida por:

refere-se ao capital que é necessário para garantir que a


seguradora terá solvência para manter o contrato (SILVA NETO, 2015).
O VaR é analisado para uma combinação de seguros, uma vez que sua origem
advém da Teoria de Cateiras de Markowitz, que, na década de 1950, criou a forma de
calcular o risco para uma carteira com dois ou mais ativos, para entender qual seria o
retorno esperado.
O Modelo de Markowitz (1952) afirma que o retorno esperado da carteira é a média
dos retornos individuais, conforme a equação:

: corresponde ao peso do ativo i na carteira t.


: refere-se ao retorno esperado do título no período t+1.

A variância da carteira depende dos ativos e da covariância entre eles. Variância e


covariância são medidas estatísticas que significam, respectivamente, o “quão distante”
os valores estão do valor esperado, e a variância conjunta como medida do nível de
interdependência dos ativos. A covariância é dada pela letra grega sigma ao quadrado:
.
A teoria do portfólio trata essencialmente da composição de uma carteira ótima
de ativos, tendo por objetivo principal maximizar a utilidade (grau de satisfação) do
investidor pela relação risco/retorno.
O retorno esperado de uma carteira composta por mais de um ativo é definido
pela média ponderada do retorno de cada ativo em relação à sua participação no total da
carteira.
Por exemplo, admita que uma carteira seja composta por duas ações (X e Y). O
retorno esperado da ação X é de 20% e o da ação Y de 40%. Suponha, ainda, que 40% da
carteira estejam aplicados na ação X, sendo os 60% restantes representados pela ação Y.

65
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Logo, o retorno esperado ponderado da carteira pode ser obtido pela seguinte
expressão de cálculo:

: retorno esperado ponderado da carteira – portfólio.


: percentual da carteira aplicado na ação X.
: percentual da carteira aplicado na ação Y.
, : retorno esperado das ações X, Y, respectivamente.

(0,40x0,20) + [(1-0,40) x 0,40]


0,08 + 0,24
0,32 (32%)

Se toda a carteira estivesse representada pela ação X, o retorno esperado atingiria


20%, subindo para 40% se todo o capital fosse aplicado na ação Y. Por apresentar um
investimento equivalente a 40% em X e 60% em Y, o retorno esperado ponderado da
carteira atinge 32%.
Logo, dado o retorno esperado de cada ativo de uma carteira, o retorno esperado de
toda a carteira depende da proporção investida em cada ativo que a compõe.
Para uma carteira constituída por n ativos, o retorno esperado é obtido pela seguinte
expressão de cálculo:

Em que: Wj representa a proporção do capital total investido no ativo j; n o número


total de ativos que compõem a carteira, e Rj o retorno esperado do ativo j. Na equação, a
soma de todos os pesos (W) deve ser igual a 100%.
Pode haver, portanto, ganho ou perda de um investimento para determinado
período de tempo. O retorno discreto é calculado de forma mais intuitiva, simples de ser
operado:

66
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
ou

Em que:
taxa de retorno no período t.
valores dos ativos nos períodos t e t-1.

Por exemplo: se uma ação estava cotada no início de um trimestre a $24,2 e ao final
do trimestre a $27,8, a taxa de retorno é dada por:

no trimestre

O retorno contínuo pressupõe uma capitalização indeterminada.

Para o exemplo anterior:

no trimestre

Capitalização Contínua:

/ação

Outro indicador comumente utilizado é a medida de risco padrão, definida por .


Considere X um risco e u uma função de utilidade (RAMOS, 2015). Dessa forma:

Por exemplo: considere X um risco e , em que a


e b são números reais não nulos. Calcula-se R(X) como:

67
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Multiplicando os termos entre parênteses:

Em que: Var[X] corresponde à variância de X (RAMOS, 2015).

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao vídeo “VaR – Value at Risk / Valor em Risco – Paramétrico”, do
Canal Finanças 101.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qZo1NnPT5iw.

Outra medida importante é conhecida por VMR, ou seja, Valor Matemático do Risco,
que se define como a probabilidade de risco de exposição dos ativos em um determinado
período de tempo. É dada pela equação:

Assim, conforme exemplifica Filho (2014), se ocorrerem 400 sinistros em 10.000


bens em um determinado período de tempo, o valor matemático de risco será equivalente
a 0,04 ou 4%:

Outro conceito importante é o de custo médio por sinistro, CMS, cujo cálculo é
dado pela razão entre o prejuízo total (PT) e o número de sinistros efetivados (NS):

68
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Por exemplo: se no exemplo dado do VMR, cada sinistro, em média, foi de
R$2.500,00, o prejuízo, então, será de: R$1.000.000,00.
Já o prêmio estatístico (PE) corresponde ao valor matemático do risco multiplicado
pelo custo médio por sinistro.

Esse valor significa que será necessário cobrar R$100,00 de cada indivíduo
que participa do grupo de 10.000 ativos/bens expostos aos riscos, a fim de cobrir as
possibilidades de ocorrência de sinistro. É conhecido também como prêmio puro, pois
não considera em seu cálculo taxas e despesas administrativas (FILHO, 2014).
Para finalizar, na situação apresentada, qual seria o valor da importância segurada?
Se o custo médio por sinistro foi de R$2.500,00, e o prejuízo total foi de
R$1.000.000,00, calcula-se:

69
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Figura 11: Conjunto de opções de produtos atuariais em uma companhia seguradora
Fonte: Shutterstock, 2022

FÓRUM
Debater sobre os tipos de riscos e a respeito das medidas ou indicadores
utilizados para o cálculo de riscos dos produtos atuarias de uma companhia
seguradora.

3.2 PRÊMIOS DE SEGURO E PECÚLIO

Vamos estudar, separadamente, os prêmios de seguro e pecúlio.

70
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
3.2.1 Prêmios de Seguro

Um prêmio de seguro pode ser pago de três maneiras. A primeira delas, em um


único pagamento, pelo valor esperado da função valor presente ou pelo valor atuarial.
A segunda forma é por prêmios periódicos de valor constante no tempo, chamados de
prêmios nivelados. Já a terceira maneira é mediante a prêmios periódicos de quantidade
variável. Vamos entender cada um deles em detalhes.

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao vídeo “O que é o Prêmio do Seguro? (RESUMO)”, do Canal
Seguro Corretor.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cQXxW17dNLE.

O prêmio puro periódico anual possui um contrato que determina que o segurado
precisa desembolsar um prêmio constante, dado por P, que é nivelado no começo de cada
ano, enquanto esse segurado sobreviver.
Assim, o primeiro pagamento é feito compreendendo uma parte do prêmio. Isso
porque esse valor é capitalizado pela companhia seguradora, e o último valor pago
corresponde ao próprio prêmio (PIRES et al., 2022).
O compromisso de segurado, dado por Y, a valor presente, ou seja, na data zero do
contrato, equivale a:

Em que: Y corresponde ao contrato de seguro, ou o compromisso do segurado;


refere-se ao primeiro dos k+1 pagamentos estabelecidos em contrato; e P é a
importância do último pagamento.
De forma equivalente, Y pode ser:

71
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Em outros termos, o prêmio puro pode ser definido como Prêmio Único Puro
(PUP), denominado por , pago pelo indivíduo de idade x por um período de m
anos. Essa é uma variação que ocorre nas simbologias.

Dessa forma: o Prêmio Anual Periódico (PAP) é dado por: .


No momento em que ocorre o falecimento do segurado, a companhia seguradora

paga a indenização. Como , então: .


Considere que o valor presente do benefício pago pela seguradora em determinada
data é representado por . O compromisso da companhia seguradora, a valor
presente, é associado aos valores de: , , , e .
Sempre que avaliamos a valor presente, trazemos os fluxos para a data zero,
descontando a uma taxa. A ideia principal é entender, na data presente, o quanto cada
parte precisará se comprometer financeiramente, ou seja, iguala-se o compromisso do
segurado e da seguradora na data zero, dado que:

Matematicamente, define-se por:

Existe um conceito denominado de princípio da equivalência, dado por E(L)=0.


Nesse caso:

Portanto:

Isolando P:

72
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
O prêmio puro periódico anual, portanto, , é obtido pela equação:

Em que: e

Exemplificando: um indivíduo que possui 25 anos de idade realiza um seguro de


vida vitalício, com benefício igual a 1, pago ao fim do ano de morte. O tempo de sobrevida
desse indivíduo segurado pode ser obtido pela tábua de mortalidade AT-492, por exemplo,
e a seguradora, perante contrato, promete remunerar o capital do segurado a uma taxa de
3% ao ano. Dessa forma, qual o valor do prêmio a ser pago anualmente pelo segurado?
Inserem-se as informações na equação:

Assim: ou
= 0,00967

Caso o valor a ser recebido ao final do contrato seja de R$100.000,00, então:


= R$967,00.

2 É possível fazer o download da Tábua AT-49 no site: https://atuarios.org.br/, na aba Conteúdos, Tábuas
Biométricas. A Tábua AT-49 consta no Anexo 1 deste caderno pedagógico.

73
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Caso os pagamentos sejam limitados a um período :

, em que k corresponde ao número de pagamentos, ou de parcelas


(PIRES et al., 2022).
Caso o seguro do exemplo anterior fosse pago em quatro parcelas anuais, qual seria
o valor de cada uma das parcelas?
O Professor Danilo Pires explica a resolução do exemplo da seguinte forma:

Para saber o valor final, basta multiplicar 0,06519 pelo valor total do prêmio
estipulado no contrato.

Figura 12: O seguro atuando como uma proteção em meio a uma ruptura
Fonte: Shutterstock, 2022

74
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
SABIA MAIS
Sugiro a leitura da seguinte Apresentação: “Melhores práticas na utilização
de tábuas atuariais: Carlos Américo”, realizada no 2º Seminário Internacional de
Previdência Complementar.
Disponível em: http://sa.previdencia.gov.br/site/2019/11/Apresentacao-Carlos_Pugliesi.pdf.

3.2.2 Pecúlio

De acordo com o dicionário on-line de Português, o termo pecúlio significa:

Todo dinheiro que uma pessoa guardou, pensando no futuro ou uma


eventualidade; dinheiro que se conseguiu guardar durante a vida;
conjunto das propriedades móveis ou imóveis; patrimônio; benefício
garantido pela Previdência Social à pessoa assegurada caso ela volte
ao trabalho após sua aposentadoria ou fique inválida por acidente (em
caso de morte os dependentes são os beneficiários). (DICIO, 2022, não
paginado).

Trata-se, portanto, de uma importância em dinheiro, reservada, destinada ao


beneficiário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que, mesmo com o direito
de se aposentar, optou por continuar trabalhando em atividade remunerada e, assim,
contribuiu para a Previdência Social.
A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP, 2020) separa o pecúlio em dois
tipos: por invalidez e por morte. O pecúlio por invalidez refere-se à importância em
dinheiro que se desembolsa de uma só vez ao participante, devido à sua invalidez total e
permanente, desde que ocorrida entre o período de cobertura e após o cumprimento do
período de carência que determina o Plano.
O pecúlio por morte é a importância em dinheiro, de pagamento único, ao
beneficiário ou aos beneficiários indicados na proposta de inscrição quando ocorre a
morte do participante, durante o período de cobertura e após o cumprimento do período

75
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
de carência determinado.

9 Extinção do Pecúlio

O pecúlio foi um benefício criado através do parágrafo 3º da Lei 3.807/60 e extinto


pela Lei 8.870/94. Perdurou até abril de 1994. Mas e quem se aposentou no período
anterior a 1994 ainda pode solicitar o pecúlio?
Sim, os indivíduos aposentados antes de 1994 e que mantiveram o trabalho e a
contribuição para a Previdência Social antes da extinção da lei têm direito ao recebimento
de pecúlio.
O valor a ser recebido conta até o dia 15 de abril de 1994, véspera da publicação
da lei que extinguiu o benefício. Assim, solicita-se o benefício pelo aposentado ou por
sucessores ou dependentes, em caso de invalidez ou morte por acidente de trabalho no
emprego pós-aposentadoria (MOSMANN, 2021).

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao seguinte vídeo: “Pecúlio - Previdência Privada”, do Canal T2
Educação.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Zt7smiRdlEo.

3.3 BREVE RESUMO DAS INSTITUIÇÕES DO SETOR

Para que você entenda como funcionam as instituições nesse segmento, a fim de
compreender o papel de cada uma, foi elaborado um resumo importante de suas siglas e
funções, a saber:


76
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
9 Instituições de destaque:

• Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)


• Estabelece diretrizes e normas da política de seguros privados.

• Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
• Regular, normatizar e coordenar as atividades dos fundos de pensão.

• Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)
• Controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada
aberta e sociedades de capitalização.
• Executa as políticas elaboradas e determinadas pelo CNSP.

• Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(PREVIC)
Fiscalização e execução das entidades que cumprem as diretrizes do
Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Conselho Nacional de Previdência
Complementar (CNPC).

• Instituto de Resseguro do Brasil (IRB)


Executa resseguros e retrocessão do seguro (quando uma empresa aceita
um contrato acima de sua capacidade financeira em honrar com o risco. A
seguradora repassa parte ou todo o risco assumido).

• Entidades Fechadas de Previdência Complementar – Fundos


de Pensão
Sociedade formada por funcionários de uma mesma empresa, ou grupo
de empresas ou servidores públicos.
São constituídas na forma de fundação ou sociedade civil.

• Sociedades Seguradoras
Elaboram contratos de seguros.

• Corretores de Seguros
Pessoas Físicas ou Pessoas Jurídicas que fazem a intermediação dos
contratos de seguros entre sociedade seguradora e segurado.

77
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
• Sociedades de Capitalização
Empresas que negociam títulos de capitalização.
Entidades Abertas de Previdência Complementar: criam e administram
planos de benefícios previdenciários complementares.

Na Unidade 4, estudaremos os planos de aposentadoria e pensão, que englobam


algumas dessas instituições também.

78
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na Unidade 3, estudamos os modelos de cálculos de riscos, os prêmios de seguro e


pecúlios. Além disso, analisamos os planos de aposentadoria e pensões. Compreendemos,
inicialmente, o que é o risco e qual sua implicação para os modelos atuariais. Elaboramos
as equações e apresentamos sua utilidade. Exemplificamos, por meio de modelos de
finanças como é possível inserir os conceitos de risco nos modelos de seguros.
Estudamos também a medida de risco denominada VMR, ou Valor Matemático do
Risco, por meio do cálculo probabilístico do risco de exposição dos ativos. Aprendemos a
fórmula do Custo Médio por Sinistro, cujo conceito considera o prejuízo total e o número
de sinistros que a seguradora teve em determinado período. Utilizamos um exemplo
hipotético para compreensão deste conceito.
Verificamos, ainda, que os prêmios de seguro podem ser pagos de maneiras
distintas, por único pagamento, por prêmios periódicos de valor constante no tempo e
por prêmios periódicos de quantidade variável. Assim, definimos matematicamente as
três formas de pagamento dos prêmios de seguros e exemplificamos.
Abordamos também o elemento conhecido como pecúlio, que foi extinto por lei
em nosso país, mas que ainda vale para os casos anteriores à lei.
Elaboramos, novamente, um resumo das instituições do setor de seguros, para que
você conheça o segmento e sua forma de organizar-se.
Portanto, os principais conceitos trabalhados nesta unidade foram: medidas de
risco, planos de previdência complementar, prêmios de seguro e pecúlio.

79
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01 - A respeito da medida de risco, analise as proposições e responda a


alternativa correta.

I. É uma medida que pode ser associada a uma variável aleatória “X”.
II. Somente pode ser medida por critérios probabilísticos.
III. Não existe como mensurar ou quantificar o risco para uma companhia
seguradora sem associar o risco a um determinado número ou variável aleatória
“X”.

Está(ão) correta(s):

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.

02 - Qual o valor do prêmio puro anual pago durante a vigência de um seguro


com cobertura de 5 anos, feito por uma pessoa de 40 anos de idade? Considere
a tábua AT-49 e uma taxa de juros de 3% ao ano.

a) 0,02452
b) 2,00452
c) 2,452
d) 0,002452
e) 0,02452

03 - A respeito das entidades supervisoras do setor de seguros, assinale a


alternativa que contém a resposta correta.

80
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
a) A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) controla e fiscaliza o mercado
de seguros, a previdência privada e a capitalização.
b) A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) executa
as políticas elaboradas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
c) As Entidades Fechadas de Previdência Complementar atuam com a criação de
planos complementares e negociam títulos de capitalização.
d) As Entidades Abertas de Previdência Complementar são formadas por
colaboradores de uma mesma empresa ou grupos de empresas ou, então, servidores
públicos.
e) O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) fiscaliza e executa as entidades que
cumprem as normas do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Conselho
Nacional de Previdência Complementar (CNPC).

81
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
4
UNIDADE
PLANOS DE
APOSENTADORIAS E
PENSÕES E PLANOS
DE FINANCIAMENTO E
CAPITALIZAÇÃO
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

• Avaliar os aspectos atuariais dos planos de aposentadorias e pensões.


• Compreender os conceitos e explicações sobre os planos de aposentadorias e
pensões e os planos de financiamento e capitalização.

INTRODUÇÃO

Nesta Unidade, vamos estudar os planos de aposentadoria e pensões, as


modalidades existentes e os planos de financiamento e capitalização.
Uma economia estável nos fornece um ambiente propício para fazermos reservas
ao longo da vida produtiva. Dentre as opções que temos no Brasil, existem os planos de
aposentadoria de forma complementar, que podemos contratar e desembolsar valores
pequenos por um período de tempo, para receber o montante acrescido de uma taxa ao
final da vida produtiva.
Dessa forma, a intenção é acrescentar renda para o período que mais vamos
precisar dela, ou seja, quando paramos de trabalhar. Além desses planos privados,
podemos contribuir para a previdência. Por isso, vamos estudar os planos existentes e
suas peculiaridades.

4.1 PLANOS DE APOSENTADORIA E PENSÕES

No Brasil, há várias modalidades de aposentadoria. Em resumo, podem ser reunidas


em cinco grupos, a saber:

• Aposentadoria do INSS, que os trabalhadores com regime celetista,


regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), fazem parte.

83
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
• Dos servidores públicos federais.
• Dos servidores públicos estaduais e municipais.
• Dos funcionários de grandes empresas que possuem planos por
meio de entidades fechadas de previdência complementar.
• Dos trabalhadores autônomos, com ou sem planos de
aposentadoria, que contratam previdência complementar de entidades
abertas (FERREIRA, 2015).

Figura 13: Poupança para a aposentadoria


Fonte: Shutterstock, 2022

Em geral, os planos para a formação de um fundo de poupança ou aposentadoria


complementar se enquadram em três categorias. A primeira delas são os planos financeiros
individuais de previdência complementar, com rendas fixa e/ou variável. A segunda
categoria enquadra os planos de entidades abertas de previdência complementar. A
terceira categoria refere-se aos planos atuariais de entidades fechadas de previdência
complementar. Vamos estudar cada uma das modalidades separadamente. No entanto,
antes de iniciar o estudo dos planos de previdência complementar, vamos compreender
como funciona a Seguridade Social no Brasil.

84
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
4.1.1 Seguridade Social no Brasil

Antes de iniciarmos o estudo dos planos de aposentadoria e pensões, vamos


entender como se estrutura a seguridade social em nosso país.
O art. 194 da Constituição Federal indica que: “A seguridade social compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL,
1988).
O Manual de Direito Previdenciário, de Carlos Alberto Pereira de Castro, fornece-
nos uma análise sobre a trajetória e a composição de custos da seguridade social no
Brasil. O autor afirma que o sistema de seguridade social abrange a integração de ações
dos poderes públicos e da sociedade para a saúde, a previdência e a assistência social. A
Constituição Federal prevê, no Capítulo II, o provimento destes.
A seguridade social é estruturada em Sistema Nacional e contém conselhos setoriais
em todas as esferas públicas. Também é organizada de acordo com a Lei nº 8.212/1991,
que estabelece, em parágrafo único, que a seguridade social segue os referidos princípios
norteadores:

Universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade e


equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais; seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
serviços; irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade na forma
de participação no custeio; diversidade da base de financiamento;
e caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa
com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores,
empresários e aposentados. (BRASIL, 1991).

O art. 12 define quais são os segurados obrigatórios da previdência social, enquanto


pessoas físicas. A lei define também os planos do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), cujo objetivo é a contribuição para custear o sistema.
O Capítulo III define os percentuais de contribuição dos segurados, remodelado
pela Lei Complementar nº 150 e atualizado todo ano pelo INSS, a saber:

85
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTA, EM %
Até R$ 1.212,00 7,50%
R$ 1.212,01 até R$ 2.427,35 9,00%
R$ 2.427,36 até R$ 3.641,03 12,00%
R$ 3.641,04 até R$ 7.087,22 14,00%
Quadro 4: Alíquotas de Contribuição atualizada em 01/2022
Fonte: INSS, [2022]

Os órgãos públicos que normatizam e fiscalizam a seguridade social são: o


Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal, vinculada desde 2007 ao
Ministério da Previdência, que possui uma gestão descentralizada; o Conselho Nacional
de Previdência (CNP); os Conselhos de Previdência Social (CPS); o Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS); o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC),
o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS); e o Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (CARF).
O CNPC, por sua vez, é liderado pelo Ministro da Fazenda e possui representantes
da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), da Secretaria
de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), da Casa Civil da Presidência da
República, dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão. Além
disso, há a participação das entidades fechadas de previdência complementar, dos
patrocinadores e instituidores de planos de benefícios das entidades fechadas de
previdência complementar e dos participantes e assistidos de planos de benefícios das
referidas entidades (CASTRO, 2020).
O órgão responsável por fiscalizar e supervisionar as atividades das entidades
fechadas de previdência complementar é a PREVIC. Além disso, a PREVIC executa as
políticas do regime de previdência complementar fechado. Por essa razão, vamos estudar
separadamente as entidades abertas e fechadas.
Ainda, o sistema de Seguridade Social brasileiro oferece o Regime Geral de
Previdência Social, que, de acordo com o art. 18 da Lei nº 8.213/1991, contém como
benefícios: a aposentadoria por idade, a aposentadoria por invalidez, a aposentadoria por
tempo de contribuição – extinta pela Emenda Constitucional 103/2019 –, a aposentadoria
especial, o auxílio-doença, o auxílio-acidente, o salário-maternidade, o salário-família, o
auxílio-reclusão e a pensão por morte (art. 18).
O direito à Previdência Social é constitucional e, portanto, conforme afirma Lazzari

86
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
(2019), alterações e ajustes são necessários para manter o equilíbrio financeiro e atuarial
do sistema. No entanto, conforme elucida o mesmo autor, a emenda constitucional
103/2019 representou um retrocesso nas mudanças, uma vez que privilegiou a redução da
proteção social dos cidadãos brasileiros, ao invés de obter maior eficiência na cobrança
de créditos para o sistema social, além de redução de imunidades e isenções fiscais que
existem atualmente.
A emenda constitucional, portanto, promoveu mudanças no Regime Geral de
Previdência Social (RGPS), cujos participantes são, de forma obrigatória, os trabalhadores
da iniciativa privada que possuem vínculo empregatício, os trabalhadores autônomos,
os empresários individuais e microempreendedores individuais, ou sócios de empresas
e prestadores de serviços remunerados por pró-labore, os trabalhadores avulsos; os
pequenos produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de economia
familiar; além de trabalhadores como agentes públicos que ocupam exclusivamente
cargos em comissão, garimpeiros, empregados de organismos internacionais, ministros
de confissão religiosa, dentre outras categorias e ocupantes de cargos efetivos municipais,
além daqueles que exercem mandato eletivo, em todas as esferas públicas, com a condição
de que não estejam vinculados ao regime próprio de previdência social (LAZZARI, 2019).
De acordo com o art. 194, Capítulo I, da Constituição Federal, o RGPS é o único regime
de previdência obrigatório que autoriza aos segurados facultativos a sua associação, desde
que de acordo com o princípio da universalidade do atendimento. Os dependentes dos
associados recebem a concessão dos benefícios e serviços previdenciários igualmente
em casos assegurados pela legislação.
No Brasil, portanto, além do RGPS, de caráter contributivo e associação compulsória,
existem mais duas categorias de planos de cobertura previdenciária: Regime Próprio de
Previdência dos Servidores (RPPS), contributivo e solidário, que atende aos servidores
titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e municípios, e o
Regime de Previdência Privada (RPP), complementar e facultativo, estruturado de forma
autônoma em relação à previdência social (LIMA; DINIZ, 2016).

SUGESTÃO DE VÍDEO
Sugiro assistir ao seguinte vídeo: “Previdência Social - Uma Ótica Atuarial na
Sustentabilidade de Longo Prazo”, do Canal: Instituto Brasileiro de Atuária.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=y0nQI5agS4g.

87
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
4.1.2 Entidades Fechadas de Previdência Complementar

As Entidades Fechadas de Previdência Complementar também podem ser


chamadas de EFPC e tratam-se de organismos sem fins lucrativos dispostos sob a forma
de fundação ou sociedade civil. De acordo com o site da Superintendência Nacional
de Previdência Complementar (PREVIC, 2022), as entidades fechadas de Previdência
Complementar são operadoras de planos de benefícios e estruturam-se na forma do
artigo 35, da  Lei Complementar nº 109/2001, que tenha por objeto operar  plano de
benefício previdenciário e possuam esse propósito específico.
As instituições fechadas são qualificadas de acordo com os planos de benefícios
que gerenciam. Pode ser de plano comum ou multiplano. As entidades de plano comum
administram um plano ou um conjunto de planos acessíveis à totalidade de participantes.
As entidades de multiplano administram um plano ou conjunto de planos adequados
a variados grupos de participantes, com independência patrimonial. Em relação aos
instituidores ou patrocinadores, podem ser singulares ou multipatrocinados. As
entidades singulares vinculam-se a apenas um patrocinador ou instituidor. As entidades
multipatrocinadas combinam mais de um patrocinador ou instituidor (PREVIC, 2022).
Quanto ao patrocinador ou instituidor, este é responsável por ofertar aos seus
colaboradores ou associados planos de benefícios previdenciários. Dessa forma, os
planos são acessíveis somente aos servidores ou colaboradores do patrocinador, aos
associados ou membros dos instituidores. Essa é a característica fundamental das
entidades fechadas de previdência complementar.
 

SAIBA MAIS
Você pode acessar a página da PREVIC e obter a relação de entidades fecha-
das de previdência complementar.
Disponível em: https://www.gov.br/previc/pt-br/previdencia-complementar-fechada/rela-
cao-de-entidades/relacao-de-entidades.pdf/view.

88
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
A previdência complementar fechada é também denominada fundo de pensão. Da
Silva et al. (2019) explicam que os fundos de pensão devem ser geridos a fim de obter uma
aposentadoria complementar àqueles que facultam a filiação na empresa/instituição
vinculada.
Os recursos são aplicados em renda fixa, renda variável, no setor imobiliário ou em
participações em outras empresas. A gestão pouco eficiente desses fundos no país levou
a um déficit técnico de um montante de, aproximadamente, R$72 bilhões (DA SILVA et
al., 2019).
Os fundos de pensão se mantêm por meio da contribuição de empregado e
empregador. Quando há contribuição da empresa, o plano é denominado patrocinado.
No caso de associações e entidades de classe, são instituidoras dos planos.
Uma EFPC é criada quando um patrocinador ou instituidor oferece aos seus
colaboradores ou associados planos de benefícios previdenciários, em três modalidades
distintas: contribuição definida, benefício definido e contribuição variável.
A contribuição definida contempla os planos em que os benefícios são programados,
de acordo com seu valor ou nível definidos previamente, com custeio visando à sua
concessão e à manutenção. O custeio é determinado pelo cálculo atuarial (BRASIL,
2020b).
O benefício definido, por sua vez, é aquele que engloba benefícios programados e
seu valor é ajustado ao saldo da conta mantido em favor do participante (BRASIL, 2020b).
A contribuição variável possui planos cujos benefícios são programados de acordo
com a reunião de características das modalidades de contribuição definida e o benefício
definido (BRASIL, 2020b).
A PREVIC emite relatório anual sobre as despesas administrativas dos fundos de
pensão no Brasil. O relatório do exercício de 2021 aponta que mais de 7,67 milhões dos
brasileiros fazem parte do regime de previdência complementar fechado. Desses 7,67
milhões, 2,88 milhões são participantes ativos (contribuintes), 879 mil são aposentados e
pensionistas e 3,91 milhões são indicados pelo assistido ou participante.
A Figura 14 mostra a evolução da quantidade de entidades fechadas e dos planos
oferecidos no mercado.

89
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Figura 14: Gráfico referente à quantidade de EFPC e ao número de planos existentes no Brasil
Fonte: PREVIC, 2021

É possível notar a evolução no número de planos oferecidos, mesmo que tenha


ocorrido uma redução no número de entidades fechadas no país. Dentre os 1.153 planos,
as modalidades variam entre contribuição definida, benefício definido e contribuição
variável.
A redução do número de EFPC atribui-se à consolidação e à reorganização das
entidades para obter viabilidade econômica e economia de escala para sua manutenção
e sobrevivência (PREVIC, 2021).
E como são mantidos financeiramente os planos? Primeiramente, o custeio
atualmente é definido por meio da Resolução CNPC nº 48/2021:

Art. 2º Para fins do disposto nesta Resolução, as entidades devem


considerar as seguintes definições:
I - custeio administrativo: recursos destinados ao plano de gestão
administrativa (PGA) para cobertura das despesas administrativas;
II - despesas administrativas: gastos realizados na administração dos
planos de benefícios de caráter previdenciário. (BRASIL, 2021d, não
paginado).

90
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
O custeio é feito por meio de: contribuição direta dos participantes e assistidos;
contribuição dos patrocinadores e/ou instituidores; reembolso dos patrocinadores
e instituidores; resultados dos investimentos; receitas administrativas; fundo
administrativo e dotação inicial e doações (PREVIC, 2021).
Os recursos são investidos em renda fixa e renda variável, e os investimentos
ajudam a cobrir o custeio administrativo do fundo, como taxas de carregamento e de
administração, além da cobertura dos planos.
A Resolução CNPC estabelece os limites de recursos por plano, a saber:

Art. 5º O limite anual de recursos destinados para o plano de gestão


administrativa pelos planos de benefícios de caráter previdenciário
patrocinados por entes de que trata a Lei Complementar nº 108, de 2001,
deve ser um dos seguintes: I - até um por cento em relação aos recursos
garantidores dos planos de benefícios de caráter previdenciário, no
último dia do exercício de referência; ou II - até nove por cento em
relação ao somatório das contribuições e dos benefícios de caráter
previdenciário (fluxo previdenciário), no exercício de referência.
(BRASIL, 2021d, não paginado).

As despesas administrativas se estruturam entre:

1. Administração dos planos previdenciais: administração dos planos previdenciais;


pessoal e encargos; treinamentos/congressos e seminários; viagens e estadias; serviços
de terceiros; despesas gerais; depreciações e amortizações; tributos; outras despesas;
provisão para perdas estimadas.
2. Gestão assistencial.
3. Remuneração - antecipação de contribuições de patrocinador (es).
4. Despesas com fomento.
5. Outras despesas.

91
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
SUGESTÃO DE LEITURA
Para saber mais sobre a trajetória das reformas da previdência no Brasil, você
pode acessar o texto:
KLIASS, P. Evolução política e institucional do componente da previdência complemen-
tar na estrutura do estado brasileiro. In: CAVALCANTE, P. L. C.; SILVA, M. S. Reformas do estado
no brasil trajetórias, inovações e desafios. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), 2020.

4.1.3 Entidades Abertas de Previdência Complementar

Os planos oferecidos pela previdência aberta são normatizados pela


Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). São planos que têm como objetivo
complementar os benefícios oferecidos pelo RGPS. São oferecidos pelas sociedades
seguradoras ou por entidades abertas de previdência complementar, conhecidas como
EAPC.
De acordo com a SUSEP (2021), os planos de EAPC garantem o pagamento de
benefícios ao próprio participante do plano, em coberturas por sobrevivência ou
invalidez, ou aos seus beneficiários, por meio de coberturas de morte.
Os planos mais comuns são o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), cujo objetivo
é o pagamento de uma renda por sobrevivência ao participante; o pecúlio, por morte ou
por invalidez; a pensão por morte; ou a renda por invalidez.
Os planos podem ser contratados individualmente ou de forma coletiva e só são
comercializados após a aprovação da SUSEP, de acordo com os regulamentos e notas
técnicas atuariais.
As principais normas que regem os planos de previdência complementar aberta
são: a Lei Complementar nº 109/2001, a Resolução CNSP nº 201/2008 e a Circular SUSEP
nº 418/2001, para coberturas de risco; a Resolução CNSP nº 349/2017 e a Circular SUSEP
nº 563/2017, para cobertura por sobrevivência; e a Circular SUSEP nº 600/2020, para
assistência financeira. O Quadro 5 apresenta os tipos de planos/benefícios.

92
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
PLANOS/BENEFÍCIOS DESCRIÇÃO
São os planos que podem oferecer os seguintes tipos de benefícios: pecúlio
por morte, pecúlio por invalidez, pensão por morte e renda por invalidez. A
operação de planos com cobertura de risco é regulada, basicamente, pela
Planos com Coberturas de
Resolução CNSP nº 201/2008, que altera e consolida as regras de funcio-
Risco
namento e os critérios para operação das coberturas por morte e invalidez
oferecidas em planos de previdência complementar aberta e dá outras
providências, e pela Circular Susep nº 411/2010.
Oferecem os benefícios de renda por sobrevivência, ou seja, planos de apo-
sentadoria. São regulados pela Resolução CNSP nº 349/2017 e pela Circular
Planos com Cobertura por Susep nº 563/2017.
Sobrevivência Os fundos podem ser mais agressivos, investindo em renda variável, ou mais
conservadores, com investimentos em renda fixa. Há diferentes opções, e o
participante precisa verificar a política de investimento dos fundos.
O critério de remuneração da provisão matemática de benefícios a conceder
estrutura-se a partir da rentabilidade da carteira de investimentos do Fundo
de Investimento Especialmente Instituído (FIE) no(s) qual(is) esteja(m) apli-
cada(s) a totalidade dos respectivos recursos, sem garantia de remuneração
mínima e de atualização de valores e sempre estruturados na modalidade
Plano Gerador de Benefí- de contribuição variável. A apuração de resultados financeiros na época de
cio Livre (PGBL) concessão do benefício é facultativa, podendo ser utilizado o mesmo FIE do
período de diferimento. O percentual de reversão de resultados financeiros
estará previsto no regulamento.
O valor do benefício é calculado em função da provisão matemática de be-
nefícios a conceder (na respectiva data da concessão) e do tipo contratado,
de acordo com os fatores de renda apresentados na proposta de inscrição.
A diferença fundamental em relação ao PGBL é que os planos PGBL Pro-
PGBL Programado – Plano
gramado concedem a possibilidade de contratação, durante o período de
Gerador de Benefício Livre
diferimento, de pagamentos financeiros programados, na forma definida no
Programado
Regulamento e na Nota Técnica Atuarial.
Os planos PGBL e PGBL Programado podem prever, desde que definido no
momento da contratação, Fundo de Investimento Especialmente Instituí-
Plano Previdência Vida
do (FIE) associado ao plano com percentual decrescente de exposição a
Planejada
investimentos com maior risco, especialmente em ativos de renda variável,
durante o período de diferimento.

93
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
PLANOS/BENEFÍCIOS DESCRIÇÃO
Garantem, durante o período de diferimento, remuneração dos recursos da
provisão matemática de benefícios a conceder, por taxa de juros efetiva
anual e índice de atualização de valores, previstos em seu regulamento. O
percentual de reversão de resultados financeiros não pode ser inferior a 50%
Plano com Remuneração e deve estar previsto no regulamento.
Garantida e Performance A apuração de resultados financeiros à época de concessão do benefício
(PRGP) é facultativa, podendo ser utilizado o mesmo Fundo de Investimento Espe-
cialmente Instituído (FIE) do período de diferimento.
O valor do benefício é calculado em função da provisão matemática de be-
nefícios a conceder (na respectiva data da concessão) e do tipo contratado,
de acordo com os fatores de renda apresentados na proposta de inscrição.
Concedem, durante o período de diferimento, atualização dos recursos da
provisão matemática de benefícios a conceder, por índice de atualização de
valores, previsto em Regulamento. O percentual de reversão de resultados
financeiros não pode ser abaixo de 50% e deve constar igualmente no
Plano com Atualização regulamento.
Garantida e Performance A apuração de resultados financeiros à época de concessão do benefício
(PAGP) é facultativa, podendo ser utilizado o mesmo Fundo de Investimento Espe-
cialmente Instituído (FIE) do período de diferimento.
O valor do benefício é calculado em função da provisão matemática de be-
nefícios a conceder (na respectiva data da concessão) e do tipo contratado,
de acordo com os fatores de renda apresentados na proposta de inscrição.
Plano com Remuneração Asseguram remuneração dos recursos da provisão matemática de benefí-
Garantida e Performance cios a conceder, por índice de juros, previsto em regulamento. O percentual
sem Atualização (PRSA) de reversão não pode ser inferior a 95%.
Provisionam, mediante contribuição única, o pagamento de benefício por
sobrevivência sob a forma de renda imediata. A apuração de resultados
financeiros é facultativa. O percentual de reversão de resultados financeiros
Plano de Renda Imediata
estará previsto em regulamento. O valor do benefício é calculado em função
(PRI)
da contribuição única na data de subscrição do plano e do tipo de benefício
contratado, de acordo com os fatores de renda apresentados na proposta de
inscrição.

94
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
PLANOS/BENEFÍCIOS DESCRIÇÃO
Apresentam, durante o período de diferimento, garantia mínima de desem-
penho, de acordo com os critérios definidos no plano, e a reversão, parcial
ou total de resultados financeiros, sempre estruturados na modalidade de
contribuição variável. Deve apresentar cláusula de desempenho atrelado ao
percentual de um índice de renda fixa de ampla divulgação.
A apuração de resultados financeiros à época de concessão do benefí-
Plano com Desempenho
cio é facultativa, podendo ser utilizado o mesmo Fundo de Investimento
Referenciado (PDR)
Especialmente Instituído (FIE) do período de diferimento. O percentual de
reversão de resultados financeiros estará previsto no regulamento. O valor
do benefício é calculado em função da provisão matemática de benefícios a
conceder na data da concessão do benefício e do tipo de benefício con-
tratado, de acordo com os fatores de renda apresentados na proposta de
inscrição.
Quadro 5: Categorias de planos/benefícios associados
Fonte: PREVIC, 2021

SUGESTÃO DE VÍDEO
Assista ao vídeo explicativo da Associação Brasileira das Entidades dos Mer-
cados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) sobre os Planos Abertos de Previdência.
O vídeo aborda também as possíveis deduções de imposto em cada uma das modalidades.
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=vbTikoQopO4.

Em relação aos tipos de benefícios/rendas, os recursos obtidos por meio das contri-
buições dos participantes, após o desconto das taxas de administração e carregamento,
são contabilizados de acordo com a provisão atuarial de benefícios a conceder e aplica-
dos em quotas de fundos, chamados Fundos de Investimento Especialmente Instituídos
(FIEs).
As formas de cobertura dos planos podem ser:

• Por pagamento único: em que, no primeiro dia útil subsequente à data prevista
para a finalização de diferimento, concede-se ao participante o benefício por
meio de pagamento único, com base no saldo de provisão de benefícios a
conceder ao término deste período.

95
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
• Por renda mensal vitalícia: em que uma renda é paga exclusivamente ao
participante, a partir da data de concessão do benefício, e finda com a morte
do membro.
• Por renda mensal temporária: em que o benefício cessa igualmente com o
falecimento do participante ou com o fim da temporariedade contratada.
• Por renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido: a partir da qual se
paga uma renda vitalícia ao participante, após a data da concessão do benefício.
• Por renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado: consiste em
uma renda paga ao participante, de forma vitalícia, a partir da data de concessão
do benefício.
• Por renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos
menores: trata-se da renda em que, ocorrendo o falecimento do participante,
o benefício é concedido ao cônjuge e, na falta deste, temporariamente ao(s)
menor(es), até que complete(m) a maioridade estabelecida em regulamento.
• Renda mensal por prazo certo: na qual uma renda mensal é paga por um prazo
pré-definido ao participante/assistido.

IMPORTANTE
O que conhecemos por Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) não se en-
quadra em planos de previdência complementar, uma vez que fazem parte dos
seguros de pessoas.

A respeito dos planos por cobertura de risco, existem três regimes financeiros:

• Regime Financeiro de Capitalização: em que as contribuições são estabelecidas


para gerar receitas que serão capitalizadas durante o período de cobertura, a fim
de gerar valores que cubram os benefícios a serem pagos no respectivo período.
• Regime Financeiro de Repartição de Capitais de Cobertura: no qual
se estruturam tecnicamente as contribuições que serão concedidas aos
beneficiários, desde que sejam suficientes para constituir as provisões
matemáticas de benefícios concedidos.

96
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
• Regime Financeiro de Repartição Simples: em que  as contribuições pagas
por todos os participantes do plano, em um determinado período, devem ser
suficientes para pagar os benefícios decorrentes dos eventos ocorridos nesse
período (SUSEP, 2022).

O Quadro 6 apresenta os tipos de benefícios e o regime atribuído a cada um deles.

REPARTIÇÃO REPARTIÇÃO DE CAPITAIS DE


BENEFÍCIOS CAPITALIZAÇÃO
SIMPLES COBERTURA
Pecúlio por Morte X - X
Pecúlio por Invalidez X - X
Renda de Aposenta-
- - X
doria
Renda de Pensão - X X
Renda por Invalidez - X X
Quadro 6: Regime Financeiro atribuído a cada tipo de benefício
Fonte: SUSEP, 2022

Os planos são financiados por recursos dos contribuintes e alocados em fundos,


que capitalizam esses valores. Dessa forma, vamos estudar como o financiamento e a
capitalização estruturam-se nos fundos de previdência complementar.
A característica fundamental da capitalização reside na ideia de que a contribuição
realizada para sua própria conta previdenciária não se trata de um imposto, mas do valor
integral do salário que foi retirado para a contribuição (ASSAF NETO, 2021).
Dessa forma, o montante direcionado para a conta previdenciária é alocado em
investimentos que têm juros como retorno; então, efetua-se o pagamento de impostos
como qualquer outro investimento. Nesse caso, o indivíduo não pode resgatar o valor a
qualquer momento, somente no período combinado em contrato.
Um país que utiliza o sistema de previdência com regime de capitalização é o Chile.
O Brasil adota o sistema de repartição, em que o recurso das aposentadorias ou pensões
se origina da contribuição dos trabalhadores ativos. Na realidade, trata-se de um sistema
de transferência de renda. Quem contribui com maior valor tende a receber mais. No
entanto, não é proporcional a sua maior contribuição ao longo da vida útil de trabalho
(GUIMARÃES; GONÇALVES, 2017).

97
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Figura 15: “Bater o martelo” para a reserva de dinheiro
Fonte: Shutterstock, 2022

SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender alguns tipos de plano da previdência complementar, assista aos
vídeos:
“Como funciona a Previdência Complementar”, episódios 01 e 02, da Economus Instituto de
Seguro Social.
Links: https://www.youtube.com/watch?v=g06XcI9zZo4 e https://www.youtube.com/watch?-
v=Er18JI3uchQ.

98
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
4.2 FINANCIAMENTO E CAPITALIZAÇÃO DOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR

Usualmente, o fluxo de caixa constituído para um fundo de poupança a longo prazo,


pensado para uma aposentadoria complementar, assume a característica apresentada na
Figura 16.

Figura 16: Perfil do Fluxo de Caixa para Aposentadoria Complementar


Fonte: Ferreira, 2015

Como ocorre com qualquer esquema de fluxo de caixa, as setas para cima indicam
saídas de caixa, e as setas para baixo indicam entradas de caixa. O tempo é representado
pela seta horizontal, abaixo da linha do fluxo.
Dessa forma, a partir da data zero, existe um período de prazo de contribuição.
Nesse período, são feitos depósitos mensais, denominados C, por N meses.
Em um segundo momento, define-se o prazo de benefício ou de aposentadoria.
Nesse período, os benefícios são pagos aos participantes, em aposentadorias mensais,
designadas por A, durante T meses.

99
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Figura 17: O tempo entre o trabalho e a aposentadoria
Fonte: Shutterstock, 2022

Após o período de depósitos e de contribuição para formar o fundo de poupança,


há três formas de recebimento desses valores:

1. De uma só vez, na forma de pecúlio: A = F = Pecúlio.


2. Na forma de renda mensal temporária: A = RMT.
3. Na forma de renda mensal vitalícia: (FERREIRA, 2015).

Os cálculos são realizados por meio das equações:

No caso de uma renda vitalícia mensal ou perpétua:

100
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
Ferreira (2015) traz o seguinte exemplo: uma pessoa depositará durante dez
anos quantias mensais constantes de R$ 500,00, para receber uma taxa líquida real de
rendimento de 6% a.a., com capitalização mensal.
Com esses dados, pode-se determinar:

• O fundo de poupança acumulado (ou pecúlio) ao final dos dez anos, sem
considerar cobrança de encargos ou tarifas financeiras.
• Renda mensal temporária (A = RMT, sem levar em consideração tarifas ou
encargos financeiros) durante os próximos cinco anos, logo após o último
depósito da contribuição mensal.
• Renda mensal vitalícia ou perpétua, a partir do 121º mês.

Solução:
a) = =
R$81.939,67 ou na HP-12C: fREG 500 CHS PMT 120 n 0,5 i FV.

b) = 81.939,67 = =
R$1.584,12/mês ou na HP-12C: fREG 81939,67 CHS PV 60 n 0,5 i PMT = R$1.584,12.
c) RMV = i.F = 0,005 x 81.939,67 = R$409,70/mês perpetuamente. Na HP-12C:
81939,67 ENTER 0,5%: R$409,70 (FERREIRA, 2015).

SUGESTÃO DE VÍDEO
A Professora Mara explica os aspectos e exercícios sobre seguros, previdência
e capitalização no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=MQspdfhP8ZM.

101
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A unidade 4 traz com detalhes os planos de aposentadorias e pensões que temos


no Brasil, assim como as modalidades de financiamento e capitalização desses planos.
Por isso, iniciamos a unidade entendendo as formas de aposentadoria e pensão
que temos vigente em nosso país, as quais podem ser: de natureza pública, administrada
pelo INSS, Instituto Nacional do Seguro Social, ou de natureza privada, por meio das
entidades abertas de previdência complementar e das entidades fechadas de previdência
complementar, denominadas também de fundos de pensão.
Estudamos o contexto da seguridade social no país e sua importância, já definida na
Constituição Federal. Mostramos as alíquotas atualizadas de contribuição da previdência
pública e os regimes existentes, como o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e o
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
Estudamos com mais detalhes as entidades fechadas de Previdência Complementar,
bem como as entidades abertas, em tópicos separados, para facilitar seu entendimento
sobre o assunto. Elucidamos quais são os planos de previdência complementar aberta e
mostramos, também, as formas de cobertura dos planos, que podem ser por pagamento
único, por renda mensal vitalícia, por renda mensal temporária, por renda mensal vitalícia
com prazo mínimo garantido, por renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário
indicado, por renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge e por renda mensal de prazo
certo.
Estudamos os regimes financeiros dos planos, que são: o regime financeiro de
capitalização, o regime financeiro de repartição de capitais e cobertura e o regime
financeiro de repartição simples.
No último tópico do capítulo, abordamos de forma introdutória a questão do
financiamento e da capitalização dos planos de previdência complementar no Brasil,
mediante os fluxos representados pela obra do professor Ferreira (2015). Mostramos
como calcular utilizando a HP-12C, calculadora financeira utilizada para esses modelos.
Dessa forma, os principais conceitos trabalhados nessa unidade foram: entidade
fechada de previdência complementar: entidade aberta de previdência complementar,
planos de aposentadoria e pensões.

102
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01 - Leia a seguinte frase: “O custeio é feito por meio de: contribuição direta dos
participantes e assistidos; contribuição dos patrocinadores e/ou instituidores;
reembolso dos patrocinadores e instituidores; resultados dos investimentos;
receitas administrativas; fundo administrativo, e dotação inicial e doações”
(PREVIC, 2021, não paginado).

A frase acima refere-se à modalidade de planos ofertados por qual entidade?

a) Entidades Abertas de Previdência Complementar


b) Entidades Fechadas de Previdência Complementar
c) Superintendência de Seguros Privados
d) Conselho Nacional de Seguros Privados
e) Empresas de Capitalização

02 - A respeito da Previdência Complementar, analise as asserções abaixo e


assinale a resposta correta.

I. As entidades abertas de previdência complementar somente podem ser


organizadas sob a forma de sociedades anônimas, sendo a sua constituição e o seu
funcionamento dependentes de prévia e expressa aprovação da Superintendência
de Seguros Privados (SUSEP).
II. Os fundos de pensão operados pelas entidades fechadas de previdência
complementar constituem espécie de regime de previdência privada sem fins
lucrativos.
III. As coberturas dos planos podem ter quatro formas: pagamento único, renda
mensal vitalícia, renda mensal temporária e renda mensal vitalícia com prazo
mínimo garantido.

Está(ão) correta(s):

a) I, apenas.

103
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II e III, apenas.

03 - Luísa é preocupada com o seu futuro e, com esse pensamento, economiza o


máximo que pode de seu salário para formar uma reserva financeira que possa
garantir sua tranquilidade financeira, especialmente após a aposentadoria.
Luísa é empregada numa multinacional e recebe salário elevado, bastante
superior ao limite (“teto”) da Previdência Social. Diante da situação narrada,
assinale a afirmativa correta.

a) Por receber salário superior ao “teto” da previdência, Luísa é obrigada a se filiar


a um regime de previdência privada complementar.
b) Há a possibilidade de Luísa aderir ao regime de previdência privada, que tem
caráter complementar e é facultativo.
c) O regime de previdência privada não exige colaboração de Luísa, sendo
obrigatório porque ela recebe salário superior ao “teto” do INSS. 
d) Previdência privada tem caráter principal e, desde a Reforma da Previdência
Social, é obrigatória no Brasil para quem tem salário acima do “teto”. 
e) O regime de previdência complementar é restrito ao âmbito privado e para quem
recebe alto salário, não se aplicando aos servidores públicos.

104
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
REFERÊNCIAS

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BRASIL. Circular SUSEP nº 411, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre os critérios


de apuração do capital adicional baseado nos riscos de subscrição das sociedades
seguradoras, alterando os anexos da Resolução CNSP nº 158, de 26 de dezembro de
2006, de forma a adaptá-los à codificação de ramos de seguro instituída pela Circular
SUSEP nº 395, de 03 de dezembro de 2009, e dá outras providências. Brasília: Ministério
da Fazenda, 2010.

BRASIL. Circular SUSEP nº 418, de 13 de janeiro de 2011. Consolida regras e critérios


complementares de funcionamento e de operação das coberturas por morte e invalidez.
Brasília: Diário Oficial da União, 2011.

BRASIL. Circular SUSEP nº 563, de 24 de dezembro de 2017. Altera e consolida


regras e critérios complementares de funcionamento e de operação da cobertura por
sobrevivência oferecida em planos de previdência complementar aberta e dá outras
providências. SUSEP, Brasília, 2017.

105
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
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exercício da profissão de Atuário, de acordo com o Decreto-lei nº 806, de 4 de setembro
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110
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
ANEXO 1 – Tábua Biométrica AT-49 – Instituto Brasileiro de Atuária

TIPO

TÁBUA ALLG-72 AT-49 FEMALE AT-49 MALE

Table Manager - Table Manager -


FONTE  
SOA SOA
0 0,003210 0,004040
1 0,001360 0,001580
2 0,000703 0,000887
3 0,000521 0,000715
4 0,000419 0,000627
5 0,000339 0,000566
6 0,000278 0,000526
7 0,000234 0,000500
8 0,000207 0,000487
9 0,000193 0,000482
10 0,000191 0,000483
11 0,000208 0,000492
12 0,000225 0,000502
13 0,000242 0,000512
14 0,000650 0,000260 0,000524
15 0,000620 0,000278 0,000537
16 0,000850 0,000296 0,000551
17 0,001120 0,000315 0,000567
18 0,001320 0,000334 0,000584
19 0,001350 0,000354 0,000603
20 0,001320 0,000376 0,000624
21 0,001280 0,000398 0,000648
22 0,001120 0,000421 0,000674
23 0,001170 0,000446 0,000702
24 0,001140 0,000473 0,000733

111
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
TIPO
25 0,001120 0,000501 0,000768
26 0,001110 0,000531 0,000806
27 0,001120 0,000563 0,000849
28 0,001150 0,000598 0,000896
29 0,001180 0,000636 0,000947
30 0,001230 0,000677 0,001004
31 0,001280 0,000721 0,001067
32 0,001340 0,000770 0,001136
33 0,001410 0,000822 0,001213
34 0,001500 0,000879 0,001297
35 0,001620 0,000942 0,001391
36 0,001760 0,001010 0,001494
37 0,001910 0,001085 0,001607
38 0,002090 0,001167 0,001733
39 0,002280 0,001256 0,001872
40 0,002480 0,001355 0,002025
41 0,002710 0,001464 0,002220
42 0,002930 0,001583 0,002481
43 0,003180 0,001715 0,002804
44 0,003460 0,001859 0,003187
45 0,003760 0,002019 0,003625
46 0,004120 0,002196 0,004116
47 0,004550 0,002391 0,004657
48 0,005020 0,002606 0,005246
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50 0,006100 0,003109 0,006557
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55 0,009110 0,004705 0,010565

112
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
TIPO
56 0,010000 0,005146 0,011491
57 0,011010 0,005640 0,012460
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66 0,027770 0,013759 0,025030
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85 0,104760 0,134178
86 0,116409 0,146709

113
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
TIPO
87 0,129270 0,160333
88 0,143445 0,175124
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108 0,770105 0,745822
109 1,000000 1,000000

114
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ATUARIAL
uniavan.edu.br
117
XXXX

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