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CARLOS ALBERTO DOS SANTOS CORRÊA

Contabilidade de Seguros e Atuarial

1ª Edição

Brasília/DF - 2018
Autores
Carlos Alberto dos Santos Corrêa

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Capítulo 1
Mercado de Seguros..................................................................................................................................................... 9

Capítulo 2
Seguradoras e suas Operações............................................................................................................................... 18

Capítulo 3
Contabilidade de Seguros.........................................................................................................................................25

Capítulo 4
Lançamentos e Demonstrações Contábeis.........................................................................................................35

Capítulo 5
Análise Econômico-Financeira................................................................................................................................45

Capítulo 6
Provisões Técnicas de Seguros................................................................................................................................50

Referências Bibliográficas..............................................................................................................................................59
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

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Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
Olá, pessoal! É com enorme satisfação que iniciaremos o semestre juntos. Sou Carlos Alberto
dos Santos Corrêa, Professor do Curso de Ciências Contábeis da Unyleya. Sejam bem-vindos à
disciplina de Contabilidade de Seguros e Atuarial.

Além da função de Professor na Faculdade Unyleya, atuo como Diretor Executivo na Federação
Nacional de Capitalização (FenaCap) e integro o corpo docente da Escola Nacional de Seguros
(ENS). Possuo Mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape Business School, Pós-Graduação
em Contabilidade para Gestão de Negócios pela UFRJ, Pós-Graduação em Auditoria pela UFRJ,
MBA em Processos para a Qualidade pela FGV, Bacharel em Ciências Contábeis pela Unisuam
e Técnico em Contabilidade pelo Instituto Cylleno.

A disciplina que estudaremos é uma importante ferramenta frente ao cenário de economia


globalizada num mercado cada vez mais competitivo, pois é com ela que as empresas poderão
dar a transparência e visibilidade necessária e, assim, permitirem a comparação com as suas
respectivas concorrentes, para, no final, oferecerem seus produtos, atraindo investimentos,
contratando financiamentos e valorizando-se no mercado de capitais. A convergência às normas
internacionais de contabilidade, em sua plenitude, permitirá que uma empresa brasileira seja
comparada a qualquer outra concorrente no mundo.

No decorrer da disciplina, veremos os conceitos básicos de seguros e suas respectivas operações,


entendendo a estrutura organizacional e operacional dos principais atores, tanto da regulação
como das empresas seguradoras.

Em seguida, apresentaremos a estruturação da contabilidade, regramentos definidos para os


devidos registros contábeis e acompanhamentos por meio dos instrumentos legais. Passaremos
pelas Demonstrações Contábeis e demais peças contábeis, bem como pelas notas explicativas
e pareceres dos órgãos de governança.

Além disso, também conheceremos os riscos atuariais e cálculos, passando pelas probabilidades
de sobrevivência e demais eventos. Por fim, apresentaremos as reservas técnicas e formas de
cálculo, pilar importante e garantidor do mercado segurador.

Resumindo: este Livro Didático foi escrito para fornecer conceitos e explicar a importância da
Contabilidade de Seguros e Atuarial, numa organização. Bons Estudos!

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Introdução

Objetivos

» Apresentar os conceitos e as tendências mais importantes para entender as mudanças e


peculiaridades da área de seguros e segmentos que necessitam utilizar cálculos atuariais.

» Fornecer informações conceituais para o necessário reconhecimento do processo das


atividades de seguros.

» Capacitar o aluno à identificação e aplicação de técnicas e procedimentos contábeis na


área de seguros e de contabilidade atuarial.

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MERCADO DE SEGUROS
CAPÍTULO
1
Introdução ao capítulo

Nosso capítulo introduzirá os entendimentos sobre Seguros, seus objetivos e estrutura.


Apresentaremos as principais normas constitucionais, características do mercado segurador
brasileiro, tipos de contratos e modalidades de seguros.

Objetivos do capítulo

» Conhecer o Sistema Nacional de Seguros e sua estrutura.

» Identificar as normas constitucionais e características do mercado segurador brasileiro.

» Conhecer tipos de contratos e modalidades de seguros.

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CAPÍTULO 1 • Mercado de Seguros

Contextualização

Podemos definir seguro como um contrato mediante o qual uma pessoa denominada segurador,
se obriga, mediante o recebimento de um prêmio, a indenizar outra pessoa, denominada
segurado, do prejuízo resultante de riscos futuros e incertos, previstos no contrato.

Contrato de seguro é um contrato segundo o qual uma parte


(a seguradora) aceita um risco de seguro significativo de outra Observe a lei
parte (o segurado), aceitando indenizar o segurado no caso de
No Código Civil brasileiro temos: Lei
um evento específico, futuro e incerto (evento segurado) afetar
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
adversamente o segurado. (CPC 11 – APÊNDICE A) art. 757, “Pelo contrato de seguro,
o segurador se obriga, mediante o
O homem, em sua evolução, vem sempre procurando algo que pagamento do prêmio, a garantir
lhe possa garantir o conforto e a tranquilidade para o futuro. interesse legítimo do segurado, relativo
a pessoa ou a coisa, contra riscos
Seus métodos vêm sendo aperfeiçoados gradativamente.
predeterminados.”
E essa busca constante de garantir-se contra eventos que,
independentemente de sua tecnologia, não podiam ser previstos ou antecipados, fez surgir o que
conhecemos hoje como seguro.

Pode-se dizer que a prática da mutualidade – um dos fundamentos da atividade seguradora – é


tão antiga quanto a civilização. Há registro da existência de modalidade rudimentar de contrato
de seguro firmado entre condutores de caravanas da Mesopotâmia 2.250 anos antes da era cristã,
para proteção contra a perda de burros usados no transporte, quando esses caíam vítimas de
feras ou de ladrões.

Com o Renascimento e a expansão marítima, na época Mercantilismo, a cobertura aos riscos


ganhou nova importância. Tornaram-se comuns operações chamadas contrato de dinheiro e
risco marítimo que consistia num empréstimo dado a um navegador, e que previa uma cobrança
maior no caso de sucesso da viagem e o perdão da dívida se a embarcação e a carga fossem
perdidas (roubo, naufrágio, etc...).

Vários séculos após e centenas de mecanismos ou modelos pitorescos adiante, hoje temos
a atividade securitária como uma das mais complexas e necessárias atividades econômicas,
presentes no Brasil e no mundo.

Numa visão histórica, partindo-se da era industrial, que trouxe o desenvolvimento de outras
modalidades de seguros a partir do século XIX, temos algumas datas marcantes para o seguro
no Brasil:

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Mercado de Seguros • CAPÍTULO 1

Figura 1.

• Abertura dos Portos (D. João VI), 1a Seguradora: "Seguros Boa-Fé" (BA).
1808

• São regulamentadas todas as operações de seguros marítimos.


1850

• Iniciada a comercialização do seguro de vida pela Companhia de Seguros


1855 Tranquilidade (RJ).

• Promulgação do Código Civil brasileiro, são previstos e regulamentados todos


1916 os ramos de seguros, inclusive o de vida.

• Estado Novo, consolida-se o princípio da nacionalização do seguro; somente


1937 as empresas nacionais podiam operar no Brasil.

• O governo estabelece o monopólio do Resseguro, criando o Instituto de


1939 Resseguros do Brasil (IRB).

• Com a nova reforma do regulamento das operações de seguros, é baixado o


1940 Decreto-Lei no 2.063, regulamentando, sob novos moldes, tais operações.

• Decreto-Lei no 73, consolida e cria o Sistema Nacional de Seguros Privados


1966 (SNSP), para promoção e expansão do mercado de seguros.

• Lei Complementar no 126, quebra do monopólio do Resseguro.


2007

Fonte: Elaboração do autor com dados da Susep e CNSeg.

Observe a lei

Compete ao Governo Federal formular a política de seguros privados, estabelecer suas normas e fiscalizar as operações
no mercado nacional. O Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966 e respectivas e subsequentes modificações, que
rege as operações de seguro, instituiu o Sistema Nacional, integrado por Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP),
Superintendência de Seguros Privados (Susep) e sociedades autorizadas a operar em seguros privados e capitalização,
entidades abertas de previdência complementar e corretores de seguros habilitados.

Figura 2. Organograma do sistema nacional de seguros privados (Decreto-Lei no 60.459/1967).

Fonte: Elaboração do autor com dados do Decreto-Lei no 60.459/1967.

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CAPÍTULO 1 • Mercado de Seguros

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o órgão deliberativo do Sistema, tendo


como principais atribuições:

» Fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados;

» Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercerem


atividades subordinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados, bem como a aplicação
das penalidades previstas;

» Estipular índices e demais condições técnicas sobre tarifas, investimentos e outras


relações patrimoniais a serem observadas pelas sociedades seguradoras;

» Fixar as características gerais dos contratos de seguros;

» Fixar normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas sociedades


seguradoras;

» Delimitar o capital das sociedades seguradoras e dos resseguradores;

» Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;

» Disciplinar as operações de cosseguro;

» Aplicar às Sociedades Seguradoras estrangeiras autorizadas a funcionar no País as mesmas


vedações ou restrições equivalentes às que vigorarem nos países da matriz, em relação
às sociedades seguradoras brasileiras ali instaladas ou que neles desejem estabelecer-se;

» Prescrever os critérios de constituição das sociedades seguradoras, com fixação dos


limites legais e técnicos das operações de seguro;

» Disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor;

» Corrigir os valores monetários expressos, de acordo com os índices do Conselho Nacional


de Economia;

» Decidir sobre sua própria organização, elaborando o respectivo Regimento Interno;

» Regular a organização, a composição e o funcionamento de suas Comissões Consultivas;

» Regular a instalação e o funcionamento das Bolsas de Seguro;

» Fixar as condições de constituição e extinção de entidades auto reguladoras do mercado de


corretagem, sua forma jurídica, seus órgãos de administração e a forma de preenchimento
de cargos administrativos;

» Regular o exercício do poder disciplinar das entidades autorreguladoras do mercado de


corretagem sobre seus membros, inclusive do poder de impor penalidades e de excluir
membros;

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Mercado de Seguros • CAPÍTULO 1

» Disciplinar a administração das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem


e a fixação de emolumentos, comissões e quaisquer outras despesas cobradas por tais
entidades, quando for o caso.

O CNSP é composto dos seguintes membros:

» Ministro de Estado da Fazenda, ou seu representante;

» representante do Ministério da Justiça;

» representante do Ministério da Previdência e Assistência Social;

» Superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep);

» representante do Banco Central do Brasil;

» representante da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) é uma autarquia vinculada ao Ministério da


Fazenda. É o órgão executor da política traçada pelo CNSP, que fiscaliza a sua execução por parte
dos mercados de seguros privados, previdência privada aberta, capitalização e resseguro.

Seguro Privado – operado por sociedades seguradoras, constituídas sob a forma de sociedades
anônimas, especializadas em pactuar contrato, por meio do qual assumem a obrigação de pagar
ao contratante (segurado), ou a quem este designar, uma indenização, no caso em que advenha
o risco indicado e temido, recebendo, para isso, o prêmio estabelecido.

Previdência Complementar Aberta– operada por sociedades seguradoras que têm autorização
para atuar no ramo Vida e por entidades abertas de previdência complementar, conforme dispõe
a Lei Complementar no 109/2001. As entidades abertas de previdência complementar constituídas
como sociedade civil sem fins lucrativos, em conformidade com a Lei no 6.435/1977, poderão
manter sua organização jurídica. A autorização para funcionamento é concedida pelo ministro de
Estado da Fazenda, após análise pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). A autorização
para funcionamento abrange as operações com planos de benefícios e previdência complementar.

Capitalização – entidades constituídas sob a forma de sociedades anônimas que negociam contratos
(títulos de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo
contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos
valores depositados corrigidos por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo,
ainda, quando previsto, o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.

Resseguro – operação pela qual o segurador transfere a outro, total ou parcialmente, um risco
assumido através da emissão de uma apólice ou um conjunto delas. Dessa forma, reduz-se a
responsabilidade na aceitação de um risco considerado excessivo, cedendo a outro uma parte
da responsabilidade e do prêmio recebido.

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CAPÍTULO 1 • Mercado de Seguros

Tecnicamente, o resseguro é um contrato que visa manter a solvência dos seguradores, através
da diluição dos riscos, quando há a possibilidade de sinistralidade muito grande, como na
ocorrência de grandes tragédias, por exemplo. Em alguns casos, por força de contrato ou regulação,
o resseguro passa a ser obrigatório.

Com a quebra do monopólio, passam a ser admitidas as seguintes formas de resseguro:

I. ressegurador local: ressegurador sediado no País constituído sob a forma de sociedade


anônima, tendo por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão;

II. ressegurador admitido: ressegurador sediado no exterior, com escritório de representação


no País, cadastrado como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações
de resseguro e retrocessão;

III. ressegurador eventual: empresa resseguradora estrangeira sediada no exterior sem


escritório de representação no País que tenha sido cadastrada como tal no órgão
fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão.

Corretores de Seguros – pessoas físicas ou jurídicas, são os intermediários legalmente autorizados


a angariar e a promover contratos de seguros entre as sociedades seguradoras e as pessoas
físicas ou jurídicas, de direito privado. Sua principal função consiste em intermediar os seguros
pretendidos e orientar os segurados sobre as coberturas mais adequadas às suas necessidades.

Características do Mercado Segurador Brasileiro

Em todos os países o mercado de seguros é constituído pelas unidades patrimoniais sujeitas


a diversos tipos de riscos – eventos aleatórios danosos – e pelas companhias seguradoras que
visam resguardá-las de eventuais prejuízos.

No Brasil, a atividade seguradora encontra-se densamente regulamentada, e todo o elenco de


normas existentes procura compatibilizá-la com a realidade socioeconômica do País.

A participação do mercado segurador no PIB vem numa crescente evolução.

Tabela 1

Receitas Anuais (R$ mil)


Ano Acumulação Seguros (excl. VGBL) Capitalização Total % PIB
2003 14.855.232 23.674.350 6.022.577 44.552.159 2,59

2004 18.592.160 26.958.107 6.601.776 52.152.043 2,66

2005 19.473.408 30.827.045 6.910.339 57.210.792 2,64

2006 22.590.671 34.275.962 7.111.434 63.978.067 2,66

2007 28.105.091 38.252.894 7.828.951 74.186.935 2,73

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Mercado de Seguros • CAPÍTULO 1

Receitas Anuais (R$ mil)


Ano Acumulação Seguros (excl. VGBL) Capitalização Total % PIB
2008 31.821.825 44.288.487 9.015.379 85.125.692 2,74

2009 38.687.234 46.478.404 10.104.143 95.269.780 2,86

2010 46.063.476 53.384.635 11.780.949 111.229.059 2,86

2011 53.730.992 61.611.288 14.081.260 129.423.540 2,96

2012 70.602.131 69.829.484 16.585.013 157.016.628 3,26

2013 73.954.739 83.078.732 20.979.849 178.013.320 3,34

2014 83.719.836 92.968.706 21.882.104 198.570.647 3,44

2015 99.025.242 98.532.640 21.469.725 219.027.607 3,65

2016 117.536.076 100.708.696 21.094.592 239.339.365 3,82

2017 121.118.553 105.348.274 20.777.299 247.244.126 3,77

Fonte: Susep/Coget – 6o Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados Supervisionados. Rio de Janeiro, 31 de
julho de 2018.

Principais Modalidades de Seguros

Os seguros classificam-se em dois grandes grupos: seguros sociais e seguros privados.

Os seguros sociais garantem o direito à saúde, à previdência e à assistência social. São


operacionalizados pelo Estado através do Ministério da Previdência Social e incluem assistência
médica, aposentadoria, pensão, acidentes do trabalho e outros benefícios.

Os seguros privados garantem o pagamento de indenizações de prejuízos, decorrentes de danos


causados a bens e de indenizações decorrentes de acidentes pessoais ou de morte de segurados.
Eles são comercializados por empresas seguradoras privadas, podendo ser obrigatórios ou não.

Dentre os seguros privados, encontramos um com características de seguro social: trata-se do


seguro de danos pessoais por acidentes causados por veículos automotores de vias terrestres,
conhecido como DPVAT. Ele prevê a indenização de danos decorrentes de acidentes provocados
por veículos automotores, que trafegam em vias terrestres mesmo que seja desconhecido o
causador do dano. O objetivo principal é a reparação pecuniária dos danos causados às vítimas
de acidentes automobilísticos, ou a indenização a ser paga aos familiares das vítimas fatais.

Os seguros classificam-se em duas modalidades: seguros de danos e seguros de pessoas, assim


definidos no Código Civil.

SEGUROS DE DANOS
As apólices (contratos de seguro) contêm um conjunto de cláusulas contratuais, chamadas,
em conjunto, Condições Contratuais, que estabelecem as obrigações e direitos do Segurado e
do Segurador.

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CAPÍTULO 1 • Mercado de Seguros

As condições contratuais podem agregar:

» Condições Gerais: nome dado, nos contratos de seguro, às condições comuns a todas as
modalidades e/ou coberturas de um plano de seguro, que estabelecem as obrigações e os
direitos das partes contratantes. Por exemplo, estão entre as cláusulas obrigatoriamente
presentes, nas condições gerais, aquelas que estabelecem o objeto do seguro, o foro, as
obrigações do segurado, etc.;

» Condições Especiais ou Acessórias: especificam as diferentes modalidades de cobertura


que possam existir dentro de um mesmo plano de seguro. São disposições anexadas
à apólice, que modificam as condições gerais, ampliando ou restringindo as suas
disposições;

» Condições Particulares: conjunto de cláusulas que alteram as Condições Gerais e/ou


Especiais de um plano de seguro, modificando ou cancelando disposições já existentes,
ou, ainda, introduzindo novas disposições e eventualmente ampliando ou restringindo
a cobertura; são especificadas para cada contrato, pois individualizam determinados
tópicos ou coberturas de um contrato em particular.

Como exemplos de seguros de danos, temos: seguro de automóveis, seguro incêndio, seguro de
transportes, seguro habitacional, seguro de crédito, seguro de garantia estendida, seguro rural,
entre outros.

SEGUROS DE PESSOAS

Estes seguros têm por objetivo garantir o pagamento de uma indenização ao segurado e aos seus
beneficiários, observadas as condições contratuais e as garantias contratadas. Como exemplos de
seguros de pessoas, temos: seguro de vida, seguro-funeral, seguro de acidentes pessoais, seguro
educacional, seguro-viagem, seguro prestamista, seguro de diária por internação hospitalar,
seguro-desemprego (perda de renda), seguro de diária de incapacidade temporária, seguro de
perda de certificado de habilitação de voo.

Os seguros de pessoas podem ser contratados de forma individual ou coletiva. Nos seguros
coletivos, os segurados aderem a uma apólice contratada por um estipulante, que tem poderes
de representação dos segurados perante a seguradora, nos termos da regulamentação vigente.

DPVAT

É o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias


Terrestres, ou por sua Carga, a Pessoas Transportadas ou Não (Seguro DPVAT), criado pela Lei
no 6.194/1974 e respectivas e subsequentes modificações, com a finalidade de amparar as vítimas
de acidentes de trânsito em todo o território nacional, não importando de quem seja a culpa
dos acidentes.

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Mercado de Seguros • CAPÍTULO 1

SEGURO-SAÚDE

Em 1998, foi editada a Lei no 9.656/1998, que regulamentou o setor de planos e seguro-saúde,
obrigando as seguradoras a alterar sua forma societária, para que pudessem operar exclusivamente
com o Ramo Saúde. Posteriormente, foi criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
pela Lei no 9.961/2000, que assumiu a fiscalização desse setor.

Sintetizando

Vimos neste capítulo:

» Os conceitos básicos de seguros e seus objetivos.

» As normas constitucionais.

» As características do mercado segurador brasileiro.

» Os tipos de contratos e as modalidades de seguros.

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SEGURADORAS E SUAS OPERAÇÕES
CAPÍTULO
2
Introdução ao capítulo

Este capítulo tem o objetivo de apresentar os principais requisitos legais para uma seguradora
operar e os principais ciclos utilizados por estas empresas. Além da legislação e definições,
teremos oportunidade de conhecer os ciclos de aceitação e contratação de seguros, bem como
o ciclo de aviso e pagamento de sinistros.

Objetivos do capítulo

» Conhecer a complexidade legal de uma seguradora.

» Conhecer o ciclo de aceitação e contratação de seguros.

» Conhecer o ciclo de aviso e pagamento de sinistro.

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Seguradoras e suas Operações • CAPÍTULO 2

Contextualização

As normas que abordaremos controlam a capacidade econômica das sociedades com o objetivo
de minimizar os riscos de insolvência dessas sociedades.

Capital Mínimo Requerido

Na constituição da sociedade deve ser observada a norma de Capital Mínimo Requerido, que é
o valor mínimo exigido para que a sociedade obtenha autorização para operar.

» Capital-base: montante fixo de capital que a supervisionada deverá manter, a qualquer


tempo.

» Capital de risco: montante variável de capital que a supervisionada deverá manter, a


qualquer tempo, para garantir os riscos inerentes à operação.

» Capital mínimo requerido: capital total que a supervisionada deverá manter para operar,
sendo equivalente ao maior valor entre o capital-base e o capital de risco.

» Ativos líquidos: são todos os ativos aceitos pelo Conselho Monetário Nacional em 100%
(cem por cento) na cobertura das provisões técnicas.

» Liquidez em relação ao capital de risco: situação caracterizada quando a supervisionada


apresentar montante de ativos líquidos, em excesso à necessidade de cobertura das
provisões técnicas, superior a 20% (vinte por cento) do capital de risco.

» Plano de regularização de solvência: plano que deverá ser enviado à Susep pela
supervisionada, na forma estabelecida pela Susep, visando à recomposição da situação de
solvência, quando a insuficiência do PLA em relação ao CMR for de até 50% (cinquenta
por cento) ou quando a supervisionada apresentar insuficiência de liquidez em relação
ao CR.

A integralização do capital mínimo requerido, por sociedade seguradora em início de operação


nos termos da Resolução, será de 50% (cinquenta por cento) em dinheiro ou títulos públicos
federais e o restante em ativos constituídos em conformidade com as disposições regulamentares
que regem os investimentos das sociedades seguradoras.

Tabela 2. Capital-Base – Parcela Fixa.

Valores em Reais
Seguros ou Previdência Privada Capitalização
1.200.000,00 1.800.000,00

19
CAPÍTULO 2 • Seguradoras e suas Operações

Tabela 3. Capital-Base – Parcela Variável.

Valores em Reais
Região Unidades da Federação Seguros ou
Capitalização
Previdência Privada
1ª AM, PA, AC, RR, AP, RO 120.000,00 120.000,00

2ª PI, MA, CE 120.000,00 120.000,00

3ª PE, RN, PB, AL 180.000,00 270.000,00

4ª SE, BA 180.000,00 270.000,00

5ª GO, DF, TO, MT, MS 600.000,00 900.000,00

6ª RJ, ES, MG 2.800.000,00 2.700.000,00

7ª SP 8.800.000,00 3.600.000,00

8ª PR, SC, RS 1.000.000,00 900.000,00

NACIONAL 15.000.000,00 10.800.000,00

Fonte: Susep/Resolução CNSP no 321/2015.

DAS EXIGÊNCIAS DO CAPITAL DA SOCIEDADE


SEGURADORA

As sociedades seguradoras deverão apresentar, quando dos encerramentos de seus balancetes


mensais, patrimônio líquido ajustado maior ou igual ao capital mínimo requerido e liquidez
em relação ao CR.

Uma vez calculado o capital mínimo requerido, se ocorrer insuficiência de patrimônio líquido
ajustado em relação ao CMR de até 50% (cinquenta por cento) ou de insuficiência de liquidez em
relação ao CR, a supervisionada deverá apresentar PRS, na forma definida pela Susep, propondo
plano de ação que vise à recomposição da situação de solvência.

Isso, caso a apuração de insuficiência se repita por 3 (três) meses consecutivos ou, especificamente,
nos meses de junho e dezembro. Além disso, no caso de agravamento da insuficiência de PLA,
previsto em normas, deixará as supervisionadas sujeitas a regime especial, nos termos da
legislação vigente.

Patrimônio Líquido Ajustado

É o valor do Patrimônio Líquido, considerando alguns ajustes, necessário para cobrir a exigência
de capital, estabelecido pelos critérios de cálculo do Capital Mínimo ou de Margem de Solvência,
dos dois o maior.

O Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) será calculado com base no Patrimônio Líquido Contábil,
processadas as seguintes deduções:

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Seguradoras e suas Operações • CAPÍTULO 2

I. valor das participações societárias em sociedades financeiras e não financeiras classificadas


como investimentos de caráter permanente, nacionais ou no exterior, considerando a
mais-valia e o goodwill, bem como a redução ao valor recuperável;

II. despesas antecipadas não relacionadas a resseguro;

III. créditos tributários decorrentes de prejuízos fiscais de imposto de renda e bases negativas
de contribuição social;

IV. ativos intangíveis;

V. imóveis urbanos e fundos de investimentos imobiliários com lastros em imóveis urbanos,


considerando reavaliações, redução ao valor recuperável e depreciação, que excedam
14% do ativo total ajustado;

VI. imóveis rurais e fundos de investimentos imobiliários com lastro em imóveis rurais,
considerando reavaliações, redução ao valor recuperável e depreciação;

VII. ativos diferidos;

VIII. direitos e obrigações relativos a operações de sucursais no exterior;

IX. obras de arte;

X. pedras preciosas;

XI. créditos oriundos da alienação de ativos elencados nos itens anteriores, respeitada a
regra de dedução do item V, em caso de alienação de imóveis urbanos.

Mecanismos de Pulverização de Riscos

Em função do controle exercido na capacidade econômica das seguradoras, existem mecanismos


de repartição de riscos para permitir que a sociedade não decline de aceitá-los.

Esses mecanismos permitem que a sociedade comercialize o risco, dividindo-o, retendo somente
a parcela que seja adequada à sua capacidade econômica e que satisfaça a política de aceitação
de risco adotada pela sociedade.

Figura 3.

Seguradora

Cosseguradora Resseguradora

Fonte: Elaboração do autor.

21
CAPÍTULO 2 • Seguradoras e suas Operações

Cosseguro
É uma das técnicas usadas para pulverizar as responsabilidades, é o seguro relativo ao mesmo
bem ou a riscos relacionados ao mesmo bem, realizado por dois ou mais seguradores cotizantes,
denominados cosseguradores. É, também, a distribuição de um seguro entre duas ou mais
seguradoras, ficando cada uma delas responsável diretamente por uma quota-parte determinada
do valor total do seguro.

Limite de Retenção
São os valores máximos de responsabilidade que as sociedades seguradoras poderão reter, em
cada risco isolado, sendo calculado com base no valor do Patrimônio Líquido Ajustado.

As sociedades seguradoras deverão efetuar os cálculos dos Limites de Retenção, para cada
ramo de seguro, por meio de método cientificamente comprovado que possa gerar resultados
consistentes e deverão manter nota técnica atuarial, elaborada pelo atuário responsável técnico,
à disposição da Susep.

As seguradoras deverão calcular, obrigatoriamente, os limites de retenção nos meses de fevereiro


e agosto, sendo facultado o cálculo de novos limites de retenção nos demais meses de cada ano.
Os valores calculados entre fevereiro e julho deverão considerar, como base de cálculo, o PLA
de dezembro do ano anterior, já os valores calculados entre agosto e janeiro deverão considerar,
como base de cálculo, o PLA do mês de junho anterior.

Os valores dos limites de retenção deverão ser encaminhados à Susep, conforme regulamentação
específica e vigerão a partir do primeiro dia do mês subsequente ao mês de cálculo.

Os valores dos limites de retenção calculados pelas seguradoras ou EAPC que forem inferiores
ou iguais a 5% do PLA não necessitam de prévia autorização da Susep.

As seguradoras deverão manter à disposição da fiscalização da Susep, pelo período de 5 (cinco)


anos, a documentação e os dados estatísticos, em meio magnético, comprobatórios do integral
cumprimento da legislação.

Ciclos Operacionais
Dessa forma, podemos considerar o quão complexo é o ramo de atividade da seguradora, e a
gestão de seus resultados implica a visualização da empresa como um todo.

No caso da aceitação/contratação e emissão de um seguro, o ciclo completo compreende o


oferecimento da proposta pelos corretores, a análise da proposta recebida, a aceitação do risco,
envolvendo todos os cálculos atuariais e inspeções técnicas, a emissão da apólice, o recebimento
do prêmio, considerando-se todos os procedimentos administrativos de aplicação do percentual
do prêmio no mercado financeiro e do cálculo das reservas técnicas, e finalmente, quando ocorre
o sinistro, o pagamento da indenização devida ao segurado.

22
Seguradoras e suas Operações • CAPÍTULO 2

A seguir daremos zoom no ciclo econômico da aceitação e contratação de seguros, numa


seguradora.
Figura 4. Modelo do ciclo de aceitação / contratação / emissão.

EXTERNO INTERNO

SEGURADORA
CONTÁBIL
CORRETOR OPERACIONAL FINANCEIRO
ATUARIAL

Constituição das
Clientes Recepção Proposta Cobrança Prêmio
Reservas Técnicas

Proposta Inspeção de Risco Pagto Comissão Registros Oficiais

Relatórios
Assinatura Aceitação Aplicação Financeira
Gerenciais

Protocolo na Demonstrações
Seguradora Emissão Apólice Emissão Apólice
Financeiras

Fonte: Elaboração do autor.

No caso do aviso e pagamento de sinistros, o ciclo completo compreende a comunicação nos


canais, seja por intermédio do corretor ou diretamente pelo segurado, a análise do aviso, registro
nos sistemas operacionais e financeiros da seguradora, além de todo o processo de regulação e
disponibilização do pagamento da indenização devida ao segurado.

A seguir, daremos zoom no ciclo econômico do aviso e pagamento de sinistro, numa seguradora.

Figura 5. Modelo do ciclo de sinistro.

SINISTROS

SEGURADORA
CANAIS CONTÁBIL
OPERACIONAL FINANCEIRO
ATUARIAL

Recepção Pagamento Reversão das


Clientes
Aviso de Sinistro Sinistro Reservas Técnicas

Recebimento
Corretor Inspeção de Sinistro Registros Oficiais
pelos Salvados

Regulação de Recebimento dos Relatórios


Aviso de Sinistro
Sinistro Ressarcimentos Gerenciais

Protocolo na Salvados e Pagamento dos Demonstrações


Seguradora Ressarcimentos Prestadores Financeiras

Fonte: Elaboração do autor.

23
CAPÍTULO 2 • Seguradoras e suas Operações

Sintetizando

Vimos neste capítulo:

» As principais normas infralegais que regem o mercado segurador.

» O ciclo da aceitação e emissão do seguro.

» O ciclo do aviso e pagamento de sinistro.

24
CONTABILIDADE DE SEGUROS
CAPÍTULO
3
Introdução ao capítulo

Este capítulo tem como objetivo apresentar os mecanismos utilizados pelas empresas
seguradoras para a padronização dos registros contábeis, bem como a utilização das contas e
seus funcionamentos, permitindo que sejam extraídos relatórios e demonstrativos contábeis
que expressem a situação econômico-financeira delas.

Objetivos do capítulo

» Identificar as contas contábeis e as suas finalidades.

» Distinguir as contas patrimoniais e de resultado.

» Identificar e conhecer o plano de contas.

» Conhecer a natureza das contas e a noção de débito e crédito.

25
CAPÍTULO 3 • Contabilidade de Seguros

Contextualização

As contas contábeis são as designações dadas aos elementos patrimoniais (bens, direitos,
obrigações e Patrimônio Líquido) e aos elementos do resultado (receitas e despesas), de acordo
com sua natureza e especificidade.

As contas são importantes para que a Contabilidade possa registrar e controlaras movimentações
do patrimônio. Essas movimentações ocasionam aumentos e diminuições nos elementos do Ativo
e Passivo e no Patrimônio Líquido. Esses aumentos e diminuições são registrados em contas. A
prática aconselha a numeração ou codificação das contas, de forma racional e bem planificada,
o que permite a escrituração por sistemas computadorizados.

Plano de Contas

Plano de contas é o agrupamento ordenado de todos os títulos e contas que são utilizados na
Contabilidade de uma entidade. É uma forma padronizada de sistematizar os fatos que ocorrem
nas empresas, expressando-os de modo contínuo e consistente.

O plano de contas abrange contas de Ativo, Passivo e resultado (receitas e despesas), estruturadas
de maneira a expressar melhor as transações praticadas pelas empresas.

Escrituração

A escrituração das operações deve obedecer às normas estabelecidas pelo Conselho Federal
de Contabilidade (CFC). Registram-se as receitas e despesas no período em que elas ocorrem,
observado o regime de competência. Para o mercado de seguros, o fato gerador da receita é a
vigência do risco.

Estrutura Patrimonial

O patrimônio das sociedades seguradoras, resseguradoras, de capitalização e entidades abertas


de previdência complementar é representado através de três grandes classes. A classe 1 refere-se
ao ativo, onde se encontram os bens e direitos das sociedades. A classe 2 refere-se ao passivo,
onde se encontram as obrigações. A classe 3 diz respeito às contas de resultado, específicas das
operações de seguros.

Importante

Ao passo que as contas patrimoniais são consideradas permanentes, pois enquanto houver saldo elas existirão, as contas de
resultado são consideradas transitórias, visto que, ao fim de cada exercício social, essas contas serão encerradas, isto é, terão
os seus saldos zerados, coma finalidade de apurar o resultado do exercício (lucro ou prejuízo).

26
Contabilidade de Seguros • CAPÍTULO 3

Classes, Grupos, Subgrupos e Contas Contábeis

As classes compreendem vários grupos, os quais se desdobram em subgrupos, estes em contas


e estas em subcontas.

Os grupos do ativo encontram-se dispostos em ordem decrescente de liquidez, isto é, os itens


que mais brevemente serão transformados em dinheiro virão antes dos demais.

No circulante, são classificados valores disponíveis ou realizáveis até o final do exercício seguinte.

Classe 1–Ativo– Contas Patrimoniais:

Grupo 11 – CIRCULANTE:

1 – subgrupo 111 – Disponível;

2 – subgrupo 112 – Aplicações;

3 – subgrupo 113 – Crédito das Operações;

4 – subgrupo 114 – Títulos e Créditos a Receber;

5 – subgrupo 115 – Outros Valores e Bens;

6 – subgrupo 116 – Empréstimos e Depósitos Compulsórios;

7 – subgrupo 117 – Despesas Antecipadas;

8 – subgrupo 118 –Custos de Aquisição Diferidos;

9 – subgrupo 119 –Ativos de Resseguro e Retrocessão – Provisões Técnicas.

No ativo não circulante, figuram os direitos realizáveis após o final do exercício seguinte.

São classificados os componentes patrimoniais que, presume-se, irão compor o patrimônio por
muito tempo.

Classificam-se como investimentos as participações em outras sociedades e os direitos de


qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e que não se destinem à manutenção
das atividades da companhia.

Já no imobilizado, classificam-se os bens destinados à manutenção das atividades da seguradora


como os imóveis de uso e os móveis e utensílios.

No diferido, classificam-se os valores despendidos, que irão contribuir para o resultado de


vários exercícios futuros, como as despesas de reorganização, as despesas pré-operacionais e
as benfeitorias em imóveis de terceiros.

27
CAPÍTULO 3 • Contabilidade de Seguros

Grupo 12 – NÃO CIRCULANTE:

1 – subgrupo 121 – Realizável a Longo Prazo;

2 – subgrupo 122 – Investimentos;

3 – subgrupo 123 – Imobilizado;

4 – subgrupo 124 – Intangível;

5 – subgrupo 125 – Diferido.

O grupo compensação abriga contas utilizadas para o registro e controle dos bens pertencentes
à seguradora e valores segurados, faturas emitidas antecipadamente, IOF do exercício e Provisão
para Riscos Vigentes mas Não Emitidos.

Grupo 19 – COMPENSAÇÃO:

1 – subgrupo 191 – Compensação;

Os grupos do passivo figuram em ordem decrescente de exigibilidade.

No passivo circulante, figuram as obrigações vencíveis até o final do exercício seguinte.

As provisões técnicas são classificadas no Passivo Circulante ou no Passivo Não Circulante, de


acordo com os prazos dos compromissos e obrigações da sociedade a serem liquidadas.

Classe 2 – Passivo– Contas Patrimoniais:

Grupo 21 – CIRCULANTE:

1 – subgrupo 211 – Contas a Pagar;

2 – subgrupo 212 – Débitos de Operações com Seguros e Resseguros;

3 – subgrupo 213 – Débitos de Operações com Previdência;

4 – subgrupo 214 – Débitos de Operações de Capitalização;

5 – subgrupo 215 – Depósito de Terceiros;

6 – subgrupo 216 – Provisões Técnicas – Seguros e Resseguros;

7 – subgrupo 217 – Provisões Técnicas – Previdência Complementar;

8 – subgrupo 218 – Provisões Técnicas – Capitalização;

9 – subgrupo 219 – Outros Débitos.

No passivo não circulante, figuram as obrigações vencíveis após o término do exercício


seguinte.

28
Contabilidade de Seguros • CAPÍTULO 3

Grupo 22 – NÃO CIRCULANTE:

1 – subgrupo 221 – Contas a Pagar;

2 – subgrupo 222 – Débito das Operações;

3 – subgrupo 223 – Provisões Técnicas – Seguros e Resseguros;

4 – subgrupo 224 – Provisões Técnicas – Previdência Complementar;

5 – subgrupo 225 – Provisões Técnicas - Capitalização;

6 – subgrupo 228 – Outros Débitos.

O patrimônio líquido é a parte do patrimônio que efetivamente pertence aos acionistas da


companhia.

Grupo 24 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO ou PATRIMÔNIO SOCIAL:

1 – subgrupo 241 – Patrimônio Líquido;

2 – subgrupo 242 – Patrimônio Social das Entidades sem Fins Lucrativos.

No grupo compensação, situam-se as contas que fazem contrapartida com as contas de


compensação do ativo.

Grupo 29 – COMPENSAÇÃO:

1 – subgrupo 291 – Compensação;

Classe 3 – Contas de Resultado:

Grupo 31 – OPERAÇÕES DE SEGUROS:

1 – subgrupo 311 – Prêmios Ganhos;

2 – subgrupo 312 – Rendas com Taxa e Emissão de Apólices;

3 – subgrupo 313 – Sinistros Ocorridos;

4 – subgrupo 314 – Despesas de Comercialização;

5 – subgrupo 315 – Outras Receitas e Despesas Operacionais;

6 – subgrupo 319 – Resultado com Operação de Resseguros.

Grupo 32 – OPERAÇÕES DE RESSEGUROS:

1 – subgrupo 321 – Prêmios Ganhos;

2 – subgrupo 322 – Sinistros Ocorridos;

3 – subgrupo 323 – Despesas de Comercialização;

29
CAPÍTULO 3 • Contabilidade de Seguros

4 – subgrupo 324 – Outras Receitas e Despesas Operacionais;

5 – subgrupo 325 – Resultado com Operação de Retrocessão.

Grupo 33 – OPERAÇÕES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA:

1 – subgrupo 331 – Rendas de Contribuições Retidas;

2 – subgrupo 332 – Variações das Provisões Técnicas;

3 – subgrupo 333 – Rendas com Taxa de Gestão e Outras;

4 – subgrupo 334 – Despesas com Benefícios e Resgates;

5 – subgrupo 335 – Despesas de Comercialização;

6 – subgrupo 336 – Outras Receitas e Despesas Operacionais.

Grupo 34 – OPERAÇÕES DE CAPITALIZAÇÃO:

1 – subgrupo 341 – Receita Líquida com Títulos de Capitalização;

2 – subgrupo 342 – Variação das Provisões Técnicas;

3 – subgrupo 343 – Resultado com Sorteios;

4 – subgrupo 344 – Custo de Aquisição;

5 – subgrupo 345 – Outras Receitas e Despesas Operacionais.

Grupo 35 – DESPESAS ADMINISTRATIVAS:

1–subgrupo 351 – Despesas com Pessoal;

2 – subgrupo 352 – Despesas com Serviços de Terceiros;

3 – subgrupo 353 – Despesas com Localização e Funcionamento;

4 – subgrupo 354 – Despesas com Publicidade e Propaganda;

5 – subgrupo 355 – Despesas com Tributos;

6 – subgrupo 356 – Despesas com Publicações;

7 – subgrupo 357 – Donativos e Contribuições;

8 – subgrupo 358 – Outras Despesas Administrativas;

9 – subgrupo 359 – Despesas Administrativas do Convênio DPVAT.

Grupo 36 – RESULTADO FINANCEIRO:

1 – subgrupo 361 – Receitas Financeiras;

2 – subgrupo 362 – Despesas Financeiras.

30
Contabilidade de Seguros • CAPÍTULO 3

Grupo 37 – RESULTADO PATRIMONIAL:

1– subgrupo 371 – Receitas Patrimoniais;


2 – subgrupo 372 – Despesas Patrimoniais.

Grupo 38 – GANHOS E PERDAS COM ATIVOS NÃO CORRENTES:

1 – subgrupo 381 – Resultado na Alienação de Bens do Ativo Permanente;


2 – subgrupo 382 – Resultado de Outras Operações;
3 – subgrupo 383 – Redução ao Valor Recuperável.

Grupo 39 – IMPOSTOS E PARTICIPAÇÕES SOBRE O RESULTADO:

1 – subgrupo 391 – Impostos e Contribuições;


2 – subgrupo 392 – Participações sobre o Resultado.

Principais nomenclaturas e definições

Prêmios Ganhos – são parcelas de prêmios relativos ao período de risco decorrido, ou seja, é a
receita realizada da operação de seguros.

Prêmio ganho = prêmio retido – variação da Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG).

Prêmios Retidos – são parcelas dos prêmios que representam a responsabilidade assumida pela
seguradora.

Prêmio retido = prêmio de seguros – resseguro cedido – prêmios cedidos a


consórcios e fundos + retrocessões – resgates de seguro de vida individual/VGBL.

Prêmio de Seguros – é o prêmio comercial acrescido de encargos e impostos. É o prêmio


que, efetivamente, será pago pelo segurado, ou seja, aquele que consta na apólice, não sendo
considerados como prêmio o IOF e o custo de apólice.

Prêmio de seguros = prêmio direto – cosseguro cedido + cosseguro aceito +


prêmios convênio DPVAT + prêmios de riscos vigentes não emitidos.

Prêmios Diretos – são valores registrados pela sociedade referentes a apólices de sua própria
emissão.

Prêmio diretos = prêmio – riscos emitidos – cancelamento – restituição.

Prêmio Riscos Vigentes não Emitidos – é o valor estimado dos prêmios referente aos riscos em
curso, mas que, por alguma razão, ainda não foi emitida a apólice. O fato gerador da receita é o

31
CAPÍTULO 3 • Contabilidade de Seguros

início de vigência. Normalmente, a sociedade aceita o risco após analisar a proposta e, no ato
da emissão da apólice, o início de vigência é anterior à data de sua emissão.

Sinistros – são ocorrências que resultam em perdas de bens ou de direitos, que deverão ser
informados pelo segurado à seguradora para efeito de indenização dos prejuízos ocorridos.

Sinistros retidos–são as responsabilidades das seguradoras nos sinistros. O valor dos sinistros
retidos é obtido subtraindo-se do total das indenizações pagas, relativas a sinistros a elas
comunicados, os valores recebidos referentes a recuperações de sinistros, de cosseguros e de
resseguros anteriormente cedidos e, ainda, de recuperações de salvados ou de ressarcimentos
obtidos, acrescidos das suas participações em salvados e em ressarcimentos. Assim, temos:

Total das indenizações pagas relativas a sinistros comunicados:

(-) recuperação de sinistros provenientes de seguros e resseguros;


(+) salvados e ressarcimentos obtidos;
(=) total dos sinistros retidos.

Recuperação de sinistros – são receitas que a seguradora aufere, em virtude de indenizações e de


despesas pagas por ela, e que são da responsabilidade das cosseguradoras e das resseguradoras.

Salvados – são os bens sinistrados que foram objeto de indenização e passam a pertencer à
seguradora.

Recuperação de salvados–ocorre quando a seguradora comercializa o bem sinistrado.

Recuperação de ressarcimentos – são valores recebidos de terceiros, relativos a indenizações pagas


pela seguradora ao segurado, referentes a sinistros por eles provocados, dolosa ou culposamente.

Despesas de comercialização– são as comissões sobre prêmios relativos ao período de riscos


decorridos. Elas são reconhecidas proporcionalmente à vigência da apólice e são líquidas das
recuperações de comissões de cosseguros e resseguros cedidos, contemplando as despesas de
comissões referentes ao cosseguro aceito.

Comissões sobre prêmios retidos referem-se aos valores das comissões calculadas sobre os
prêmios retidos.

As variações das despesas de comissões diferidas são parcelas de comissões, agenciamentos e


descontos relativos aos prêmios ganhos, ou seja, são parcelas do prêmio total, relativas ao período
de tempo em que os riscos já decorreram, calculadas proporcionalmente à vigência da apólice.

Outras receitas e despesas operacionais dizem respeito às receitas e despesas, diretamente


relacionadas às operações de seguros, cosseguros e resseguros aceitos ou retrocessões efetuadas
pelo ressegurador.

32
Contabilidade de Seguros • CAPÍTULO 3

Registros Auxiliares Obrigatórios

As seguradoras, além dos livros utilizados pelas demais sociedades anônimas, como o Livro-
Diário, o Livro-Razão, o Livro de Registro de Atas de Reuniões da Diretoria, o Livro de Atas das
Assembleias Gerais, o Livro de Atas de Reuniões do Conselho Fiscal e outros exigidos pela Lei
no 6.404/1976 e pela legislação fiscal, usam os seguintes livros auxiliares, também sujeitos à
fiscalização e de uso normatizado pela Susep:

» registro de Apólices e Bilhetes de Seguros Emitidos;

» registro de Apólices e Bilhetes de Seguros Cobrados e Restituídos;

» registro de Sinistros Avisados;

» registro de Sinistros Pagos;

» registro de Comissões Emitidas;

» registro de Cosseguros Aceitos Emitidos;

» registro de Documentos Cobrados e Restituídos de Cosseguros Aceitos.

Também devem fazer parte deste sistema de registro os seguintes relatórios gerenciais:

» Provisões de Prêmios não Ganhos e Comissões Diferidas;

» Provisões Matemáticas.

FIP – Formulários de Informações Periódicas

Foi introduzido um novo padrão de relacionamento com o mercado segurador, no que tange
ao sistema de informações de natureza econômico-financeira, periodicamente enviadas pelas
sociedades seguradoras à Superintendência de Seguros Privados.

A partir da implantação dos Formulários de Informações Periódicas (FIP), promoveu-se uma


completa reformulação nos procedimentos até então adotados, com significativos ganhos em
eficiência, no que diz respeito ao trabalho de análise e acompanhamento do mercado, desenvolvido
pelos setores técnicos da Susep.

Desde então, ocorreram diversas alterações de versões do FIP, no que se refere à periodicidade
de algumas informações e inclusões de várias outras. A última versão que temos no mercado foi
instituída pela Circular no 517, de 30/7/2015.

O FIP Susep hoje é um sistema bem abrangente. A Superintendência consegue, mensalmente,


receber todos os dados das seguradoras, tanto em nível operacional quanto administrativo, e
pode acompanhar mais de perto se essas seguradoras estão cumprindo todas as normas por ela

33
CAPÍTULO 3 • Contabilidade de Seguros

emanadas. As atualizações ou alterações do sistema podem ser baixadas pela internet, como
também o envio dos dados.

Para se ter uma ideia do nível de abertura, abaixo, um índice resumido do que é solicitado no
sistema FIP Susep:

» Cadastro de pessoas físicas/jurídicas;

» Dados cadastrais – operações, ramos em que opera, administradores, acionistas,


participações, dependências, etc.;

» Mapas demonstrativos – Prêmios Emitidos, Provisões não Comprometidas, Prêmios


não Ganhos, Prêmios a Receber, Sinistros Retidos, Sinistros a Liquidar, Despesas de
Comercialização, etc.;

» Bens vinculados – Títulos Públicos, Ações, Imóveis, Outras Aplicações (Fundos), etc.;

» Demonstrações – Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício,


Mutação do Patrimônio Líquido, Fluxo de Caixa, Patrimônio Líquido Ajustado (PLA),
Margem de Solvência, etc.

Questionário Trimestral

As sociedades seguradoras ficam obrigadas a remeter à Superintendência de Seguros Privados


(Susep) o questionário trimestral, contendo as informações revisadas e chanceladas por seu
auditor independente. Tais informações são encaminhadas à Susep por meio de relatórios e por
Internet, junto com as informações do FIP.

Essas informações, assim como o FIP, têm sua base na Contabilidade e são feitos questionamentos
relativos à movimentação, com um nível de abertura bem maior do que a apresentada no FIP.

Também são feitas diversas perguntas que estão ligadas ao cumprimento das determinações
das Resoluções do CNSP e Circulares da Susep, como, por exemplo:

» Existem prêmios cobrados antecipadamente com período superior a um mês sem


emissão de apólices?

» Qual o percentual de prêmios, em relação à emissão do mês, que se encontram neste


estado e o motivo do atraso da emissão?

Sintetizando

Vimos neste capítulo:

» As contas contábeis e as suas finalidades.


» O plano de contas.
» Obrigações acessórias.

34
CAPÍTULO
LANÇAMENTOS E DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS 4
Introdução ao capítulo

Este capítulo tem como objetivo exemplificar os lançamentos dos registros contábeis e principais
mecanismos contábeis, finalizando com a produção das demonstrações contábeis exigidas para
as sociedades seguradoras.

Objetivos do capítulo

» Conhecer as principais rotinas contábeis.

» Conhecer a classificação contábil das principais operações.

» Conhecer a rotina de fechamento mensal e elaboração dos relatórios contábeis.

35
CAPÍTULO 4 • Lançamentos e Demonstrações Contábeis

Contextualização

A Contabilidade faz registros de todas as ocorrências patrimoniais utilizando uma técnica que
lhe é própria, chamada escrituração. Esses registros são feitos sem ordem cronológica, o que
dá à Contabilidade características da verdadeira história do patrimônio.

Os registros evidenciam a expressão monetária dos fatos que a empresa realizou, de acordo com
a natureza de cada um deles, permitindo que sejam reunidos em grupos de mesma natureza, os
quais distinguem os diversos componentes do patrimônio e suas variações.

Esses registros vão muito além de um mecanismo burocrático, pois visam, principalmente, a:

» deixar as informações evidenciadas, de forma clara, diante do dinamismo das empresas


e da rotatividade constante de pessoal;

» permitir a reconstituição de dados, em casos específicos – exemplo: se uma indústria tiver


seu estoque destruído por ocasião de um incêndio, é possível, através da Contabilidade,
apurar o valor do prejuízo bem próximo do real;

» quantificar o total do patrimônio da empresa;

» levantar o total das dívidas contraídas pela empresa;

» fornecer informações sobre o fluxo de caixa da empresa.

Para que esses objetivos sejam alcançados, a escrituração é feita através dos livros contábeis.

Diário

O livro-diário é obrigatório por lei, sendo, portanto, o mais importante do ponto de vista legal
e fiscal. É utilizado para o registro de todas as operações contábeis, obedecendo a certas regras.
Os lançamentos devem ser feitos em ordem cronológica e sem rasuras ou emendas.

O registro de uma operação no livro-diário denomina-se partida de diário.

Razão

O livro oficial de registro das transações de uma empresa é o diário. Entretanto, todas as empresas
utilizam o livro-razão para registro de suas operações.

O razão representa um sistema de controle das movimentações ocorridas em cada conta,


individualmente.

36
Lançamentos e Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 4

Cada página ou ficha do razão representa uma conta e indica as transações ocorridas no exercício
financeiro de acordo com o livro-diário. Assim, cada lançamento do livro-diário deve ser transposto
para o livro-razão, nas contas próprias.

A escrituração pode ser feita em livro ou em fichas. No primeiro caso, cada página do livro-razão
representa uma conta; no segundo caso, cada ficha, individualmente, assume o mesmo papel.

Por lei, deve-se autenticar, na Junta Comercial ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos,
o livro-diário. O livro-razão é de autenticação facultativa.

Outros Livros

Outros livros são utilizados pelas sociedades anônimas como livros auxiliares, por exemplo:

» Livro contas-correntes – é um livro auxiliar do livro-razão. É usado para controlar a


movimentação das contas que representam direitos e obrigações.

» Livro-caixa – nele são registrados todos os fatos administrativos que envolvam entrada
e saída de dinheiro.

É importante saber que, para as micro e pequenas empresas optantes pelo Simples e também
para as empresas optantes pela tributação do Imposto de Renda com base no lucro presumido,
o livro-caixa é obrigatório.

As seguradoras, além dos livros utilizados pelas demais sociedades anônimas, como o livro-
diário, o livro-razão, o livro de registro de atas de reuniões da diretoria, o livro de registro de atas
das assembleias gerais, o livro de atas de reuniões do conselho fiscal e outros exigidos pela Lei
no 6.404/1976 e pela legislação fiscal utilizam livros auxiliares, também sujeitos à fiscalização e
de uso normatizado pela Circular Susep no 360, de 15 de fevereiro de 2008.

Lançamento

Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração. Para a realização de um lançamento é


preciso considerar o local e a data do fato, os elementos envolvidos (dinheiro, depósito, casa), as
contas a utilizar (“Caixa”, “Banco”, “Imóveis”), o histórico envolvido e quais contas serão debitadas
e creditadas. Para isso, precisamos conhecer o Método das Partidas Dobradas.

Método das Partidas Dobradas

O Método das Partidas Dobradas foi elaborado pela primeira vez em Veneza, na Itália, em 1494,
pelo frade franciscano Luca Paccioli. Hoje, é adotado universalmente.

37
CAPÍTULO 4 • Lançamentos e Demonstrações Contábeis

Segundo essa metodologia, um ou mais lançamentos a débito correspondem a um ou mais


lançamentos a crédito, de forma que o total de débitos será sempre igual ao total de créditos.

O registro das operações realizadas pela empresa nas diversas contas do plano contábil é feito com
base no Método das Partidas Dobradas. Não há débito sem crédito correspondente e vice-versa.

Exemplo: Compra de veículo à vista.

Lançamentos:

Débito: Veículos ................................. R$ 10.000,00

Crédito: a Caixa .................................. R$ 10.000,00

Neste caso, houve um aumento na conta “Veículos” devido à entrada de bens. Sendo “Veículos”
uma conta de Ativo, a quantia de R$ 10.000,00 foi lançada a débito. Consequentemente, pela
saída do dinheiro para pagamento, o caixa foi diminuído, sendo creditado.

No lançamento contábil, o débito vem sempre em primeiro lugar. O crédito vem em seguida,
sempre antecedido da preposição a. As partidas dobradas podem ser registradas em partidas
simples, compostas e complexas. Compreendem quatro formas diferentes e alternativas de
efetuar os lançamentos.

» Simples – envolve duas contas. Um só débito e um só crédito.

Exemplo: Caixa 100.000,00

a Capital 100.000,00

» Composta – envolve três contas que podem apresentar duas formas diferentes:

› em que há um só débito e mais de um crédito.

Exemplo: Caixa 110.000,00

a Títulos a Receber 100.000,00

a Receita de Juros 10.000,00

110.000,00
› em que há mais de um débito para um crédito.

Exemplo: Fornecedores 100.000,00

Despesas com Juros 10.000,00

110.000,00

a Caixa 110.000,00

38
Lançamentos e Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 4

» Complexa – envolve várias contas e há vários débitos para vários créditos.

Exemplo: Caixa 100.000,00

Banco 50.000,00

150.000,00

a Duplicatas a Receber 140.000,00

a Receita de Juros 10.000,00

150.000,00

A partida complexa é possível. No entanto, quase não é usada.

Razonetes (Contas T)

Para simplificar os lançamentos em cada conta usa-se a representação gráfica em forma de “T”,
também conhecida como razonete.

Figura 6.

Título da Conta
Lado do Débito Lado do Crédito

» O lado esquerdo da conta é o lado do débito. Se a conta utilizada for uma conta de Ativo,
então os lançamentos registrados a débito, no lado esquerdo, representarão entradas
de recursos ou valores. Se a conta utilizada for de Passivo, os lançamentos registrados
a débito representarão uma redução de exigibilidades.

» O lado direito é o lado do crédito. Se a conta utilizada for uma conta de Ativo, então
os lançamentos registrados a crédito, no lado direito, representarão saídas de recursos
ou valores. Se a conta utilizada for de Passivo, os lançamentos registrados a crédito
representarão contratações de obrigações com terceiros.

Passo a Passo para Lançamento

Para melhor entendimento do que foi visto, vamos realizar, passo a passo, um lançamento contábil.

Exemplo: Depósito em dinheiro efetuado em conta bancária no valor de R$ 500,00.

» Passo 1 – identificar as contas envolvidas.

› Caixa (valor em dinheiro).

› Banco (depósito em conta bancária).

39
CAPÍTULO 4 • Lançamentos e Demonstrações Contábeis

» Passo 2 – identificar a natureza das contas, ou seja, se é uma conta de Ativo, Passivo,
Patrimônio Líquido, receita ou despesa.

› Caixa: representa um bem, logo, é uma conta de Ativo, conta devedora.

› Banco: representa um direito. Também é uma conta de Ativo, conta devedora.

» Passo 3 – identificar se o lançamento provoca um aumento ou diminuição ao saldo da


conta.

› Caixa (Ativo – devedora): o saldo diminui: saída de dinheiro (–), lançamento a crédito.

› Banco (Ativo – devedora): o saldo aumenta: recebe o depósito (+), lançamento a débito.

» Passo 4 – efetuar o lançamento segundo o método das partidas dobradas. Debita-se a


conta “Banco” (aumento no Ativo) e credita-se a conta “Caixa” (diminuição no Ativo).

› Banco R$ 500,00.

› a Caixa R$ 500,00.

Utilizando o razonete para esse exemplo, teríamos:

Figura 7.

Caixa
500,00

Banco
500,00

Balancete de Verificação

Todas as empresas realizam, mensalmente, dezenas de transações que são registradas na


Contabilidade, obedecendo à premissa de que o valor total dos débitos seja sempre igual ao
valor total dos créditos (Método das Partidas Dobradas).Dessa forma, a qualquer momento,
a soma dos saldos devedores da Contabilidade de uma empresa deve ser exatamente igual à
soma dos saldos credores. Ao fazer uma verificação desse fato, a empresa está preparando um
demonstrativo chamado balancete de verificação.

Preparar um balancete consiste em relacionar todas as contas que tenham saldo diferente de
zero, colocando em colunas apropriadas os valores dos saldos das contas. Esses saldos, devedores

40
Lançamentos e Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 4

ou credores, foram transferidos dos razonetes, ou conta “T”. O balancete de verificação pode
ser levantado, a qualquer momento, pela empresa. Pode ser simplificado, contendo apenas os
saldos das contas, ou completo, contendo os saldos anteriores, o movimento do período e os
saldos atuais das contas.

Considerando que as contas a seguir encerraram com os respectivos saldos, utilizaremos o


balancete de verificação para certificar que o total de débito é igual ao total de crédito.

Figura 8.

Caixa
400.000,00

Capital Social
1.500.000,00

Edificações
200.000,00

Veículos
100.000,00

Móveis, Máquinas e Utensílios


210.000,00

Banco Conta Movimento


500.000,00

Mercadorias
208.000,00

Fornecedores
100.000,00

Contas a Pagar
10.000,00

Duplicatas a Pagar
8.000,00

41
CAPÍTULO 4 • Lançamentos e Demonstrações Contábeis

Balancete de Verificação.

Saldos
Contas
Devedores Credores
Caixa 400.000,00
Capital social 1.500.000,00
Edificações 200.000,00
Veículos 100.000,00
Móveis, Máq. e Utensílios 210.000,00
Bancos Conta Movimento 500.000,00
Mercadorias (Estoque) 208.000,00
Fornecedores 100.000,00
Contas a pagar 10.000,00
Duplicatas a pagar 8.000,00
TOTAL 1.618.000,00 1.618.000,00

Fonte: Elaboração do autor.

Além da escrituração, a Contabilidade conta com outras técnicas contábeis:

» Demonstrações financeiras (balanços, demonstração de resultados e outras) –


demonstração expositiva dos fatos registrados em determinada data;

» Auditoria – avaliação e certificação dos registros e demonstrações financeiras;

» Análise de balanços – análise e interpretação das demonstrações financeiras.

Balanço Patrimonial

O balanço patrimonial é o demonstrativo contábil, apurado periodicamente, que indica a situação


econômico-financeira de uma empresa. É uma espécie de “fotografia” da empresa naquele
momento. Esse balanço deve demonstrar com fidelidade a situação patrimonial da sociedade.
É considerado um demonstrativo estático, uma vez que revela a situação patrimonial em
determinada data. Os registros das transações da empresa são visualizados nos demonstrativos
contábeis. O demonstrativo contábil mais significativo é o balanço patrimonial, evidenciado
pelo Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido:

Figura 9.

Balanço Patrimonial

Ativo (A) Passivo (P)

Patrimônio Líquido (PL)

Fonte: Elaboração do autor.

42
Lançamentos e Demonstrações Contábeis • CAPÍTULO 4

Partindo-se do balancete de verificação, pode-se levantar, ao final de cada exercício financeiro


ou período contábil, o balanço patrimonial. A elaboração do balanço patrimonial obedece às
etapas básicas, no término do exercício social:

1o procedimento

Balancete de verificação do razão do último mês: nesta etapa, são levantados os saldos de todas
as contas e verificada sua exatidão.

2o procedimento

Ajuste das contas: esta é a etapa em que são feitos os lançamentos especiais de ajuste e/ou
compensação nas contas, a fim de que todas espelhem os valores justos e corretos (provisões,
conciliações e outras).

3o procedimento

Encerramento das contas de despesas e receitas: as contas de despesas e receitas são encerradas
com a transferência de seus saldos para a conta de apuração do resultado do exercício.

4o procedimento

Apuração e distribuição do resultado: procede-se à apuração do resultado e à sua distribuição


aos acionistas ou às contas de reservas.

5o procedimento

Elaboração do demonstrativo: elaboração do balanço patrimonial de forma padronizada.

O balanço patrimonial a seguir foi elaborado após o balancete de verificação levantado


anteriormente.

Figura 10.

ATIVO PASSIVO + PL
Circulante Circulante
Caixa 400.000,00 Fornecedores 100.000,00
Banco Conta Mov. 500.000,00 Contas a pagar 10.000,00
Mercadorias 208.000,00 110.000,00
1.108.000,00
Não Circulante
Não Circulante Duplicatas apagar 8.000,00

43
CAPÍTULO 4 • Lançamentos e Demonstrações Contábeis

Edificações 200.000,00 8.000,00


Veículos 100.000,00
Móveis, Máq. e Utens. 210.000,00 Patrimônio Líquido
510.000,00 Capital Social 1.500.000,00
1.500.000,00

TOTAL 1.618.000,00 TOTAL 1.618.000,00

Fonte: Elaboração do autor.

Composição

Ele demonstra de forma sintética e ordenada os valores dos bens, dos direitos e das obrigações
que constituem o patrimônio da empresa. As contas que integram o balanço patrimonial são
classificadas de acordo com o plano de contas estabelecido pela Susep e em conformidade com
os dispositivos da Lei no 6.404/1976, alterados pela Lei no 11.638/2007.

Sintetizando

Vimos neste capítulo:

» As principais rotinas contábeis.

» A classificação contábil das principais operações.

» A rotina de fechamento mensal e elaboração dos relatórios contábeis.

44
ANÁLISE ECONÔMICO - FINANCEIRA
CAPÍTULO
5
Introdução ao capítulo

Este capítulo tem o objetivo de apresentar os principais indicadores financeiros, que têm como
finalidade a demonstração por meio de índices numéricos a situação econômico-financeira das
sociedades seguradoras.

Objetivos do capítulo

» Conhecer os principais indicadores.

» Conhecer a finalidade dos indicadores.

» Conhecer a forma de apuração dos indicadores.

45
CAPÍTULO 5 • Análise Econômico-Financeira

Contextualização

A análise econômico-financeira efetuada por meio das demonstrações financeiras serve, entre
outras finalidades, como parâmetro para detectar tendências e avaliar desempenhos. Do ponto
de vista contábil, em face do conjunto patrimonial, interessa principalmente conhecer dois
aspectos do patrimônio: o econômico e o financeiro.

» Situação econômica – diz respeito à aplicação e ao rendimento do capital;

» Situação financeira – diz respeito à liquidez da empresa, ou seja, ao seu grau de solvência.

A origem e a aplicação do capital, bem como a liquidez da empresa, são verificadas por meio da
situação estática do patrimônio, ao passo que o rendimento do capital, ou seja, o resultado da
atividade econômica é verificado pela sua situação econômica.

INDICADORES FINANCEIROS

Utilizaremos o modelo de Análise por Quocientes ou Índices. Esse é o método de análise


que compara “valores de naturezas heterogêneas”, relacionando itens e grupos do balanço
patrimonial e da demonstração de resultado do exercício, para obter quantas vezes um item
contém o outro.

Existem vários índices que podem ser utilizados para esse grupo. Devemos levar em conta os
períodos que estão sendo comparados, o mercado de atuação, etc.

Índices de Liquidez

Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa frente a suas obrigações.

Liquidez Geral

Indica a situação financeira da sociedade a longo prazo. Quanto maior, melhor.

Ativo Circulante + Ativo Não Circulante


Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

Liquidez Corrente

Mede a capacidade de a seguradora saldar seus compromissos a curto prazo. Quanto maior essa
capacidade, melhor.

Ativo Circulante
Passivo Circulante

46
Análise Econômico-Financeira • CAPÍTULO 5

Índices de Rentabilidade
Os índices de rentabilidade procuram evidenciar qual foi a rentabilidade dos capitais investidos,
ou seja, o resultado das operações realizadas por uma organização.

Margem Líquida
Relação entre o lucro líquido e a receita operacional. Quanto maior, melhor.

Lucro Líquido do Exercício


Receita Operacional Líquida

Taxa de Retorno do Capital Próprio


Mede a rentabilidade do investimento dos acionistas na seguradora. Quanto maior, melhor.

Lucro Líquido do Exercício


Patrimônio Líquido Inicial + Patrimônio Líquido Final

Índices de Endividamento
Esses índices revelam o grau de endividamento da empresa. A análise desse indicador pode
identificar se a empresa vem financiando o seu Ativo com recursos próprios (Patrimônio Líquido)
ou de terceiros (Passivo).

Endividamento Geral

Representa o quanto de capital de terceiros existe para cada real aplicado no Ativo. Quanto
menor, melhor.

Passivo Circulante + Passivo Não Circulante


Ativo Total

Garantia de Capitais de Terceiros

Demonstra a proporção dos capitais próprios em relação aos capitais de terceiros. Quanto menor
o total de capital de terceiros, melhor será o índice alcançado.

Patrimônio Líquido
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

OUTROS ÍNDICES UTILIZADOS PELAS SEGURADORAS

A análise por quocientes, ou indicadores, pode ser aplicada às empresas seguradoras, fazendo-se as
devidas adaptações, tendo em vista que a contabilidade de seguradoras tem certas especificidades.

47
CAPÍTULO 5 • Análise Econômico-Financeira

Os usuários dessas informações podem ser: os gerentes das seguradoras, os investidores, as


autoridades reguladoras e os segurados, entre outras partes interessadas.

Índice de Retenção

Esse índice auxilia na análise do risco que a seguradora está assumindo.

Prêmio Retido (Prêmio Emitido – Restituições)

Quanto mais próximo de 1 esse índice se encontra, menos cosseguro e resseguro a seguradora
está cedendo; consequentemente, mais riscos a companhia está assumindo. Em contrapartida,
quanto mais distante da unidade esse indicador se encontra, mais cosseguro e resseguro a
companhia está cedendo. Sendo assim, menos riscos a seguradora assume.

Índices de Composição de Custo

Esses índices apresentam a proporção gasta com cada custo da seguradora, como, por exemplo,
comissões, sinistros e até despesas de administração, em relação ao seu prêmio ganho.

Índice de Despesa de Comercialização


Esse índice avalia o quanto do prêmio ganho é gasto com as despesas de comercialização.

Despesa de Comercialização
Prêmio Ganho

Índice de Despesa de Administração


Esse índice avalia quanto do prêmio ganho é gasto com as despesas de administração.

Despesa de Administração
Prêmio Ganho

Índice de Sinistro Retido ou Sinistralidade Retida


Esse índice avalia a sinistralidade da companhia.

Sinistro Retido
Prêmio Ganho

Índice de Cobertura de Reserva


Esse índice afere se a empresa possui ativos suficientes para cobrir o total das provisões técnicas.

(Aplicação + Imobilizado + Prêmios a Receber + Investimentos – Outros Investimentos)


Provisões Técnicas

48
Análise Econômico-Financeira • CAPÍTULO 5

No caso de o índice assumir valor inferior à unidade, pode-se alegar que a empresa não possui
ativos suficientes para cobrir o total das provisões declaradas.

Índice de Prêmio Margem

Esse indicador afere se a seguradora terá problemas futuros de solvência, considerando o


Patrimônio Líquido.

Prêmio Retido
Patrimônio Líquido

O índice de prêmio margem também pode ser visto como “margem de solvência”.

Índice de Eficiência do Contas a Receber

Importante para identificar qual a eficiência no recebimento das principais receitas das operações
de seguro.

Recebimentos no período
Saldo total a receber no período

Índice Combinado

Índice combinado (combined ratio) é o indicador que reflete o resultado das operações básicas de
seguro, estabelecendo a relação entre receitas e despesas da seguradora de natureza exclusivamente
operacional.

Sinistro Retido + Despesas de Comercialização Líquidas + Resultado Administrativo+


Despesas com Tributos (+/–) Outras Receitas/Despesas Operacionais
Prêmio Ganho

A situação da sociedade é determinada pelo percentual do índice encontrado. Quanto menor


o índice, melhor será o resultado da empresa em relação à venda de seguros. Quando o índice
encontrado for maior que 100%, verifica-se que a companhia teve prejuízo nas operações de seguro.

Sintetizando

Vimos neste capítulo:

» Os principais indicadores.

» A finalidade dos indicadores.

» A forma de apuração dos indicadores.

49
PROVISÕES TÉCNICAS DE SEGUROS
CAPÍTULO
6
Introdução ao capítulo

O capítulo tem como objetivo apresentar as principais provisões técnicas instituídas pela Susep,
que visam garantir a solidez do mercado segurador, pelo compromisso de honrar o contrato
firmado entre os segurados e seguradoras nas indenizações dos riscos assumidos por elas.

Objetivos do capítulo

» Conhecer as principais reservas técnicas.

» Conhecer a finalidade das principais reservas técnicas.

» Conhecer a forma de apuração das principais reservas técnicas.

50
Provisões Técnicas de Seguros • CAPÍTULO 6

Contextualização

As provisões técnicas atualmente em vigor para a operação de seguros no Brasil estão normatizadas
por meio da Resolução do CNSP no 321, de 15/7/2015 (Capítulo I) e Circular da Susep no 517, de
30/7/2015).

As provisões técnicas (compulsórias) relativas às operações de seguros (S) e de previdência


complementar aberta (EAPC) previstas na norma vigente devem ser constituídas com base em
Nota Técnica Atuarial (NTA) e são as seguintes:

I. Provisão de Prêmios Não Ganhos – PPNG (S);

II. Provisão de Sinistros a Liquidar – PSL (S);

III. Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados – IBNR (S)

IV. Provisão Matemática de Benefícios a Conceder – PMBAC (EAPC);

V. Provisão Matemática de Benefícios Concedidos – PMBC (EAPC);

VI. Provisão Complementar de Cobertura – PCC (S / EAPC);

VII. Provisão de Despesas Relacionadas – PDR (S / EAPC);

VIII. Provisão de Excedentes Técnicos – PET (EAPC);

IX. Provisão de Excedentes Financeiros – PEF (EAPC);

X. Provisão de Resgates e Outros Valores a Regularizar – PVR (EAPC);

XI. Outras Provisões Técnicas – OPT (S / EAPC) – Sob autorização prévia da Susep.

Valor das Provisões Técnicas

De acordo com a Diretiva Solvência II, o valor das provisões técnicas deve corresponder ao montante
que uma empresa de seguros ou de resseguros teria de pagar se transferisse imediatamente os seus
direitos e obrigações contratuais para outra empresa. Consequentemente, o valor das provisões
técnicas deverá corresponder ao montante que se esperaria que outra empresa de seguros ou
de resseguros (empresa de referência) exigisse para assumir e cumprir as obrigações de seguro
e de resseguro subjacentes.

É necessário que o valor atual esperado das responsabilidades de seguro seja calculado com
base em informações atuais e credíveis e em pressupostos realistas, tendo em conta as garantias
financeiras e as opções previstas nos contratos de seguro ou de resseguro, de forma a produzir
uma avaliação econômica das obrigações de seguro ou de resseguro.

51
CAPÍTULO 6 • Provisões Técnicas de Seguros

Saiba mais

Triângulo de Run-Off – Montante de Sinistros Pagos é o regime votado pelo Parlamento Europeu para todas as seguradoras e
resseguradoras da União Europeia, cobrindo também as operações de seguros das bancassurers, instituições bancárias que
também oferecem serviços de seguros. O Brasil é um dos países que está acompanhando estas tendências para aprimorar as
práticas de controle e gestão de riscos das seguradoras que atuam no País.

Provisões Técnicas de Seguros

As provisões técnicas são passivos constituídos pelas seguradoras para garantir ao segurado o
pagamento de sinistros ocorridos ou a ocorrer em função dos riscos assumidos.

Para os sinistros ocorridos, são constituídas as provisões de sinistros a liquidar e de sinistros


ocorridos, mas não avisados. Para os sinistros a ocorrer, são constituídas as provisões de prêmios
não ganhos e, se necessária, a provisão de insuficiência de prêmios.

Tabela 4.

EVENTOS PROVISÃO TÉCNICA


Sinistros Não Ocorridos Prêmios Não Ganhos

Sinistros Ocorridos e Avisados Sinistros a Liquidar

Sinistros Ocorridos Mas Não Avisados Sinistros Ocorridos Mas Não Avisados – IBNR

Fonte: Elaboração do autor.

Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG)

A PPNG é constituída para cobertura dos sinistros a ocorrer, considerando indenizações e


despesas relacionadas, ao longo dos prazos a decorrer referentes aos riscos vigentes na data-base
de cálculo e são contabilizadas no Passivo da empresa.

A “Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG)” podem ser registradas no Passivo Circulante e
Exigível a Longo Prazo e refletem os diferimentos dos prêmios retidos (Prêmio emitido – Cessões
em cosseguro) e no caso haver cessão em resseguro é feito o cálculo especificamente sobre essa
parcela que é contabilizada à parte no Ativo).

Tabela 5. A PPNG no Balanço Patrimonial.

ATIVO (Bens e Direitos) PASSIVO (Obrigações)

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativos de Resseguro – Provisão Técnica Provisões Técnicas – PPNG

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Ativos de Resseguro – Provisão Técnica Provisões Técnicas – PPNG

52
Provisões Técnicas de Seguros • CAPÍTULO 6

Outros Ativos Patrimônio Líquido

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

Fonte: Elaboração do autor.

Tabela 6. A PPNG na Demonstração do Resultado do Exercício.

RUBRICAS VALORES
Prêmio Emitido 15.000,00

Prêmio de Cosseguro Cedido (3.000,00)

Prêmio Retido 12.000,00

Variação das Provisões Técnicas – PPNG (1º Mês) (11.000,00)

Prêmio Ganho 1.000,00

Sinistro Retido

Despesas de Comercialização

Resultado Operacional 1.000,00

Lucro Líquido do Exercício 1.000,00

Fonte: Elaboração do autor.

Funções da PPNG

Como Provisão Técnica, a PPNG cobre os Sinistros Não Ocorridos ou que poderão ocorrer no
curso da vigência. Esse é o papel primordial da PPNG.

A PPNG representa a proporção do valor diferido do prêmio comercial retido relativo a vigência
futura do risco, ou seja, o valor diário do prêmio retido multiplicado pela quantidade de dias em
que a apólice estará vigente, após a data-base do cálculo. Para cada uma das apólices, o cálculo
é efetuado até o final de suas vigências, sempre no último dia do mês.

Quando uma seguradora emite uma apólice, todo o prêmio é registrado em uma conta de receita
de prêmios de seguros, porém, somente uma parte do prêmio é efetivamente reconhecida
como receita, de acordo com o princípio da competência. Assim, registra-se o prêmio emitido
da vigência total como receita e deduz-se o valor das cessões e da PPNG, resultando o prêmio
efetivamente ganho pela seguradora.

A PPNG pode ser entendida ainda como uma obrigação teórica que pode ser exigida pelo segurado,
caso fosse cancelado o seu seguro, unilateralmente pela seguradora, em plena vigência da apólice.
No caso de cancelamento apedido, o valor a ser devolvido para segurado não é exatamente o
valor da PPNG, pois a Susep estabeleceu critério de cálculo, baseado na tabela de curto prazo,
que resulta em um valor menor.

53
CAPÍTULO 6 • Provisões Técnicas de Seguros

Fórmula da PPNG
Período de Vigência a Decorrer
PPNG = Base de Cálculo x
Prazo de Vigência do Risco

A base de cálculo corresponde ao valor do prêmio comercial, em moeda nacional, incluindo


as operações de cosseguro aceito, bruto das operações de resseguro e líquido das operações de
cosseguro cedido e da parcela do prêmio definida como receita destinada à recuperação dos
custos iniciais de contratação.

» Como destacado anteriormente, no caso de haver cessão em resseguro é feito o cálculo


separadamente sobre essa parcela que é contabilizada à parte no Ativo.

» O cálculo da PPNG deve ser feito pro rata die.

» A provisão deverá contemplar ajustes para variação cambial.

» O cálculo da provisão deverá contemplar estimativa para os riscos vigentes e não emitidos
(PPNG-RVNE).

Exemplo de Cálculo da PPNG

Vigência da Apólice: 1/1/2018 a 31/12/2018

Valor do Prêmio Emitido R$ 15.000,00

Valor do Prêmio de Cosseguro Cedido (R$ 3.000,00)

= Valor do Prêmio Comercial Retido R$ 12.000,00

Tabela 7.

DIAS DE DIAS A DATA Valor da Ajuste


PPNG Valor Inicial VIGÊNCIA DECORRER BASE PPNG Contábil
(a) 12.000,00 365 275 31/3 9.041,10 2.958,90

(b) 12.000,00 365 214 31/5 7.035,62 4.964,38

(c) 12.000,00 365 122 31/8 4.010,96 7.989,04

Fonte: Elaboração do autor.

Cálculo:

a. (12.000,00 / 365) x 275 = R$ 9.041,10

b. (12.000,00 / 365) x 214 = R$ 7.035,62

c. (12.000,00 / 365) x 122 = R$ 4.010,96

54
Provisões Técnicas de Seguros • CAPÍTULO 6

Contabilização da PPNG

PPNG Inicial

Variação da PPNG (Resultado) 12.000,00

a PPNG (Passivo Circulante/LP) 12.000,00

PPNG em 31/3

PPNG (Passivo Circulante/LP) 2.958,90

a Variação da PPNG (Resultado) 2.958,90

PPNG em 31/5

PPNG (Passivo Circulante/LP) 4.964,38

a Variação da PPNG (Resultado) 4.964,38

PPNG em 31/8

PPNG (Passivo Circulante/LP) 7.989,04

a Variação da PPNG (Resultado) 7.989,04

Provisão de Sinistros a Liquidar (PSL)

Na Provisão de Sinistros a Liquidar, são registrados os valores esperados a liquidar de indenizações


para os sinistros avisados à seguradora, líquidos das cessões em cosseguro e bruto das cessões
em resseguro.

» A PSL deve incluir os ajustes por atualização monetária, juros, variações cambiais e
multas relativas aos sinistros avisados.

» A PSL deve ser constituída bruta das expectativas de recuperação de salvados e


ressarcimentos, porém, deve ser ajustada por esses valores com base na efetiva expectativa
de recuperação.

» A PSL deve contemplar os Sinistros Ocorridos e Não Suficientemente Avisados (IBNER),


sigla proveniente da língua inglesa (Incurred But Not Enough Reported), para refletir as
variações de estimativas de liquidação e os pagamentos efetivos.

» O fato gerador da baixa da PSL se caracteriza pela liquidação financeira ou pelo


recebimento do comprovante de pagamento da indenização.

Os valores constituídos permanecem exigíveis até que a seguradora efetue o pagamento da


indenização para o segurado, beneficiário ou favorecido da indenização.

55
CAPÍTULO 6 • Provisões Técnicas de Seguros

As Provisões de Sinistros a Liquidar, enquanto não liquidadas, podem ser reestimadas para mais
ou para menos, durante o período da regulação do sinistro, enquanto não pagas.

O plano de contas da Susep (Circular Susep no 517/2015 – Capítulo II) determina que as provisões
de sinistros a liquidar sejam classificadas em PSL Administrativa para os avisos de sinistros regulares
e PSL Judicial para os sinistros reclamados em juízo, devendo a PSL Judicial ser estimada como
base em critérios que levem em conta a efetiva expectativa de desembolsos e as probabilidades
de perda dos feitos judiciais (Provável, Possível e Remota).

Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR)

A provisão de IBNR, sigla proveniente da língua inglesa (Incurred But Not Reported) é constituída
para a cobertura dos valores esperados a liquidar relativos a sinistros ocorridos e não avisados até
a data-base de cálculo, incluindo cosseguro aceito, brutos de resseguro e líquidos de cosseguro
cedido e deduzidos dos salvados e os ressarcimentos.

A Provisão do IBNR deve ser calculada por meio de NTA devidamente aprovada pela Susep,
devendo a estimativa ser baseada na informação sobre a sinistralidade de períodos anteriores
completos de, no mínimo, um ano.

Considera-se mais adequada a metodologia que se utiliza de horizonte temporal mais longo
(36, 60 ou mais meses).

Tabela 8. Exemplo de Modelo para Cálculo de IBNR.

Triângulo de Run-Off – Montante de Sinistros Pagos

Trimestre
Trimestre de Desenvolvimento
de
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Ocorrência
2017 I 5.400 5.300 900 240 140 150 20 20 40 30 10 10
2017 II 5.500 5.400 560 200 150 120 10 40 60 20 40
2017 III 5.800 5.600 820 130 60 110 80 160 20 20
2017 IV 5.700 5.600 660 260 110 80 50 110 30
2018 I 5.400 5.600 660 220 120 90 40 20
2018 II 5.500 5.700 680 200 180 50 10
2018 III 5.900 5.200 780 270 70 40
2018 IV 5.000 5.300 930 290 50
2019 I 5.600 5.800 620 190
2019 II 6.200 6.500 440
2019 III 6.600 6.800
2019 IV 6.700

Fonte: Susep/Resolução CNSP no 321/2015.

56
Provisões Técnicas de Seguros • CAPÍTULO 6

Tabela 9. Triângulo de Run-Off – Frequência.

Trimestre
Trimestre de Desenvolvimento
de
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Ocorrência
2007 I 4.301 3.274 310 70 26 13 9 6 6 7 4 1

2007 II 4.080 3.866 279 61 31 25 7 8 7 4 3

2007 III 4.105 3.245 367 60 26 18 5 12 7 5

2007 IV 3.514 3.125 224 77 33 26 4 17 6

2008 I 3.110 3.480 354 74 25 24 4 10

2008 II 3.524 2.929 367 81 48 21 10

2008 III 3.338 3.137 371 93 31 23

2008 IV 3.258 3.371 372 74 29

2009 I 3.026 3.906 262 71

2009 II 3.911 3.433 283

2009 III 4.267 3.644

2009 IV 4.317 4.110

Fonte: Susep/Resolução CNSP no 321/2015.

Outras Provisões Técnicas

A Provisão Matemática de Benefícios a Conceder (PMBAC) – enquanto não ocorrido o evento


gerador do benefício para a cobertura dos compromissos assumidos com os participantes ou
segurados, sendo calculada por NTA.

A Provisão Matemática de Benefícios Concedidos (PMBC) – após ocorrido o evento gerador do


benefício, para a cobertura dos compromissos assumidos com os participantes ou segurados,
sendo calculada por NTA.

A Provisão de Despesas Relacionadas (PDR) – para a cobertura dos valores esperados relativos
a despesas relacionadas a sinistros.

A Provisão Complementar de Cobertura (PCC) – quando for constatada a insuficiência nas


provisões técnicas, conforme valor apurado no Teste de Adequação de Passivos (Circular Susep
no 457, de 14/12/2012).

A Provisão de Excedentes Técnicos (PET) – para garantir os valores destinados à distribuição


de excedentes decorrentes de superávit técnico na operacionalização de seus contratos, caso
haja sua previsão contratual.

57
CAPÍTULO 6 • Provisões Técnicas de Seguros

A Provisão de Excedentes Financeiros (PEF) – para garantir os valores destinados à distribuição


de excedentes financeiros, caso haja sua previsão contratual.

A Provisão de Resgates e Outros Valores a Regularizar (PVR) – abrange os valores referentes


aos resgates a regularizar, às devoluções de prêmios ou fundos, às portabilidades solicitadas e,
por qualquer motivo, ainda não transferidas para a sociedade seguradora ou entidade aberta de
previdência complementar receptora e aos prêmios recebidos e não cotizados.

Sintetizando

Vimos neste capítulo:

» As principais reservas técnicas.

» A finalidade das principais reservas técnicas.

» A forma de apuração das principais reservas técnicas.

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Referências Bibliográficas
AZEVEDO, Gustavo Henrique W. de. Seguros, matemática atuarial e financeira. Nova Edição. São Paulo: Saraiva, 2014.

CHAN, Betty Lilian; MARTINS, Gilberto de Andrade; SILVA, Fabiana Lopes da. Fundamentos da previdência
complementar – da atuária à contabilidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2014.

CORDEIRO FILHO, Antônio. Cálculo atuarial aplicado. 2ª ed. Rio de Janeiro, Atlas, 2014.

FUNENSEG. Diretoria de Ensino Técnico. Contabilidade. Assessoria técnica de Emilene Faria Mesquita – 2013 e
Werner da Silva Frank– 2012. 15ª ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2013.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

PACHECO, Ricardo. Matemática atuarial de seguros de danos. Rio de Janeiro: Atlas, 2014.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade geral fácil. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

RODRIGUES, José Angelo. Gestão de risco atuarial. São Paulo: Saraiva, 2013.

SOUZA, Silney de. Seguros – contabilidade, atuária e auditoria. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

Sites
BRASIL. Planalto. Leis nºs 6.404/1976 e 11.638/2007. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/conheca-a-
presidencia/acervo/legislacao>.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Disponível em: <www.cvm.gov.br>.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Disponível em: <www.cpc.org.br>

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Disponível em: <www.cfc.org.br>.

RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa no 787/2007. Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>.

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP). 6o Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados


Supervisionados. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <www.susep.gov.br>.

______. Resolução no 321/2015. Disponível em: <www.susep.gov.br>.

______. Resolução no 360/2017. Disponível em: <www.susep.gov.br>.

______. Circular no 360/2008. Disponível em: <www.susep.gov.br>.

______. Circular no 517/2015. Disponível em: <www.susep.gov.br>.

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