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Unidade III
5 Abordagens avançadas em treinamento e desenvolvimento
humano
Os questionamentos são os mais diversos, desde problemas causados por falta de treinamentos
técnico-operacionais até cursos de MBA para os gestores do alto escalão.
Em muitas ocasiões, o motivo principal alegado pelos responsáveis é a falta de liberação orçamentária
para os treinamentos, ou seja, falta de dinheiro para investir.
O responsável pelos programas de treinamento vive tentando obter mais espaço nas peças
orçamentárias, visando aumentar as possibilidades e atender às demandas mais prioritárias, de acordo
com um critério de valoração de impactos e resultados para cada tipo de treinamento, perfilado com
demandas potenciais para a organização.
Observação
Programa consiste no conjunto de projetos alinhados, por semelhança
e contribuições específicas, associados para a consecução de um objetivo
comum.
Primeiro, devem-se reanalisar os cargos e revisitar as suas descrições, com o intuito de identificar as
competências primordiais para que um colaborador ocupe esse cargo. As competências são de três tipos:
Conhecimentos
Habilidades Comportamentos
Figura 14
Observação
Conhecimento: o que as pessoas precisam saber.
Habilidades: o que as pessoas precisam saber fazer.
Comportamentos: maneiras de se portar das pessoas.
Saiba mais
Leia o insight sobre treinamento para grandes grupos. Disponível em:
<http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Dinamica-Para-Grandes-
Grupos-idc_cad=cr2k9lqks>.
102
Treinamento e desenvolvimento
Durante o planejamento, será analisado cargo a cargo da organização, com o intuito de identificar,
com a máxima precisão, quais conhecimentos devem ser adquiridos por quem vai assumir essa posição
na empresa.
Partindo inicialmente da análise da descrição do cargo, serão obtidos valiosos subsídios para a
identificação desses conhecimentos. Outro instrumento importante é o levantamento de informações
diretamente com o ocupante do cargo. Para esse levantamento, pode-se elaborar e aplicar um
instrumento de pesquisa muito prático: um questionário.
Observação
As habilidades que devem ser desenvolvidas pelos ocupantes de cada cargo da organização são
distribuídas em três importantes categorias:
Figura 15
Além dessas habilidades, os empresários costumam considerar com a devida importância os aspectos
relacionados à identificação e entendimentos da cultura organizacional do mercado específico do
negócio, entre outros aspectos dos ambientes interno e externo da organização.
103
Unidade III
Para lograr êxito na definição das habilidades necessárias para cada cargo, faz-se necessário eleger
prioridades de intensidade para o desenvolvimento de habilidades para cada tipo de cargo. Nessa
definição, levam-se em consideração os aspectos operacionais, táticos ou estratégicos de cada cargo.
Da mesma forma, deve-se considerar a área funcional a que pertence cada cargo.
Para tanto, pode-se solicitar o preenchimento, pelos ocupantes dos cargos e seus superiores, de um
instrumento de levantamento de dados para medir o grau de importância das habilidades relacionadas
e os cargos. Calcula-se a média dos formulários preenchidos por 2 a 4 respondentes: o planejador
analisará e definirá as habilidades exigidas em Alto Grau, Grau Médio e Baixo Grau, para a atuação em
cada cargo.
Exemplo de formulário:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Análise e síntese
Útil Importante Fundamental
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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Treinamento e desenvolvimento
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 16
Visão holística
Útil Importante Fundamental
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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Unidade III
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 17
Para evitar que os respondentes escolham sempre as pontuações extremas como “fundamental”
para cada habilidade, as escolhas devem ter um número-limite para equilibrar a distribuição.
Saiba mais
Existem diversos instrumentos utilizados para detectar os perfis comportamentais para os cargos
de uma organização. Esses instrumentos possuem características próprias que os diferenciam entre si,
da mesma forma que os credenciam para determinadas situações e descredenciam para outras. Para
a decisão sobre qual instrumento escolher, o responsável pela escolha não pode se basear apenas na
opinião das pessoas envolvidas, quer seja o ocupante do cargo, ou mesmo o seu superior hierárquico,
devido à possível contaminação subjetiva das informações prestadas. Por isso, deve-se lançar mão de
instrumentos de mensuração que permitam responder a duas importantes perguntas: onde estamos? E
aonde pretendemos chegar?
Ao conseguir detectar o perfil ideal para o ocupante do cargo, responde-se à segunda pergunta.
Com o levantamento das competências atuais, abrangência e graus, consegue-se responder à primeira.
106
Treinamento e desenvolvimento
Lembrete
Para identificar nossa situação atual, é preciso entender as habilidades apresentadas pelas pessoas
que estão disponíveis para atuar em determinado cargo. Partindo da mesma configuração de raciocínio
utilizada para a determinação do perfil do cargo, seus conhecimentos são os primeiros alvos de quem
pretende analisar a competência das pessoas.
Os registros formais da organização são o maior acervo de registros e documentações que comprovam
o nível de conhecimento dos colaboradores, medidos pela formação escolar, cursos técnicos, de extensão
e de complementação. Se esses dados não forem suficientes ou não aplicáveis a determinada situação
específica, deve-se abrir mão de testes de conhecimento técnico-específico, ou mesmo da utilização de
formulários ou questionários que possibilitarão a devida complementação.
Observação
Essa fórmula, apesar de ser verdadeira, não permite mensurar qual a proporção dos componentes
determinantes da habilidade de um colaborador. Em determinado caso, o colaborador pode ser muito
hábil em certa atividade; porém, ele pode ter muito talento e pouco treinamento, dada a intensidade
de resultados que obtém com base em seu talento natural. Em outro caso, o colaborador não tinha
aptidão natural, nem mesmo a intenção de desenvolver habilidades em determinada atividade; porém,
as circunstâncias o levaram a ingressar no posto e ser devidamente treinado e vir a se tornar um
colaborador zeloso e habilidoso.
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Unidade III
O treinamento (exercício) deve ser registrado de forma consistente e confiável, pois, apesar da
dificuldade de mensuração, pode-se identificar o nível de treinamento formal que um colaborador
recebeu em determinado período, comparativamente com os seus resultados e performance, em
relação a outros colegas com diferentes níveis de exercício (treinamento). A outra variável, o talento, é
mensurável.
A observação é uma forma eficiente de analisar e mensurar a habilidade profissional; para tanto,
pode-se adotar uma das metodologias já consagradas.
• Observação múltipla
Na avaliação por parte do superior, o avaliador registra sistematicamente, com base em variáveis
válidas que indiquem quais habilidades seu subordinado vai adquirindo durante determinado período de
avaliação. Os resultados da avaliação levam em conta uma autoavaliação ou, pelo menos, os comentários
do subordinado avaliado, bem como uma entrevista realizada com ele.
A avaliação efetuada pelo superior hierárquico tem um caráter subjetivo que a torna não confiável
em determinados aspectos, como o fato de os avaliadores nem sempre serem imparciais, ou mesmo
preparados, para procederem à avaliação. Outra questão é a exposição e confrontação direta do superior
com seu subordinado, sendo que esses resultados vão direcionar e até mesmo determinar o futuro
profissional do avaliado.
Como um centro de referência e emissão de laudos confiáveis, depende da colaboração dos avaliados,
que por desconfianças sobre a descoberta de seus “segredos” pessoais e profissionais podem resistir ao
processo de avaliação.
considerações dos participantes, na qual se baseará o planejamento das ações ou decisões a serem
indicadas.
Quadro 35
A escolha do melhor método vai depender da situação e das necessidades que a empresa tem a
satisfazer. Por exemplo, quando há uma dramática e estressante situação de um processo de fusão de
empresas, em que os colaboradores e superiores não reúnem condições de avaliar qualquer aspecto
com isenção e dedicação devidas. A intervenção por meio de um assessment center, pelo isolamento e
distanciamento, deve ser o método mais adequado para proceder às avaliações de habilidades, enquanto
uma solução caseira estaria totalmente comprometida pelo envolvimento e impacto nas pessoas, pela
operação de aliança estratégica entre as empresas.
Quadro 36
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Unidade III
Regular (2 pontos) – necessita de motivação a maior parte do tempo. Ainda não consegue movimentar-se ou agir
por conta própria, demonstrando insegurança ou falta de interesse. Não é ainda um exemplo a ser seguido pelos
demais. Depende de muita orientação e atenção dos outros a maior parte do tempo.
Aquém da expectativa (1 ponto) – necessita todo o tempo de motivação dos demais. Precisa de acompanhamento
constante e ainda não consegue agir por conta própria. Demonstra insegurança, falta de interesse ou se encontra em
período de aprendizagem. Depende totalmente de orientação e atenção dos demais todo o tempo.
Competências
Competência Descrição
1 - Liderança Sabe liderar seus subordinados e as pessoas em sua volta.
2 - Paixão/Vontade Busca o melhor para a empresa e não poupa esforços para isso.
3 - Flexibilidade É flexível em tarefas e sabe se adaptar a mudanças.
4 - Disponibilidade/Disposição Está sempre disponível e disposto.
Está perfeitamente integrado aos outros funcionários e à empresa e sua
5 - Integração missão.
É muito importante para a empresa e tem colaborado para seu
6 - Colaboração crescimento.
7 - Organização É organizado e procura organizar os ambientes à sua volta.
8 - Ética É ético em todos os pontos.
9 - Produtividade Trabalha com alta produtividade e procura sempre melhorá-la.
É proativo, gerando retornos de informação construtivos e provendo
10 - Proatividade novas ideias.
11 - Aptidão técnica É capacitado para exercer a função para qual foi contratado.
AVALIAÇÃO 360º
Competências (responda de 1 a 5 conforme tabela acima)
Participantes
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
JURANDIR
JURACI
JOÃO
JOSÉ
JOSEFINA
JOAQUIM
JULIANE
JANINE
JONNIS
JEREMIAS
JANDERSON
JAMIL
Os comentários não são assinados, ou seja, o participante não saberá quem o deixou.
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Treinamento e desenvolvimento
Participantes Comentários
JURANDIR
JURACI
JOÃO
JOSÉ
JOSEFINA
JOAQUIM
JULIANE
JANINE
JONNIS
JEREMIAS
JANDERSON
JAMIL
Lembrete
A obtenção de dados e informações sobre o comportamento das pessoas, pelas próprias ou por
terceiros, é um procedimento implicado com a subjetividade. A confiabilidade fica comprometida devido
às referências pessoais utilizadas, em detrimento de padrões externos e imparciais, representadas pelo
fenômeno da projeção e outras interferências pessoais. A necessidade de medir quais comportamentos
são naturais e inerentes às características do indivíduo, ou adquiridos durante o exercício da profissão,
tornam-se inatingíveis.
A potencialidade para aquisição de conhecimentos é uma medida que se torna pouco produtiva,
devido a outros componentes necessários para esse fim, que acabam por pesar mais que o simples
talento natural, são eles:
• vontade;
• inteligência;
Novamente o assessment center poderia ser utilizado, devido a sua imparcialidade e exatidão técnica,
para a identificação da potencialidade dos colaboradores. A maior precisão das informações viabiliza um
planejamento mais consistente e seguro, com resultados apropriados para a empresa.
Algumas técnicas permitem a projeção de talentos para diversas habilidades, partindo-se de perfis
comportamentais dos avaliados, desde que se possa validar a correlação empregada para apontar esses
talentos.
O que pode ser previsto é o grau maior ou menor de dificuldades que um colaborador terá para
desenvolver certas habilidades, mediante a obtenção de certos talentos. Se tem potencialidade para
desenvolver esses talentos, pode facilitar o desenvolvimento das respectivas habilidades.
Da mesma forma, nenhum método de mensuração pode apontar se um indivíduo vai ou não adotar
determinado comportamento não natural no futuro, com base em talentos e potencialidades que
apresente no presente. Existe um rol interminável de variáveis que interferem na adoção ou não de um
perfil comportamental, em detrimento de outro.
Lembrete
112
Treinamento e desenvolvimento
Saiba mais
Cabe salientar e diferenciar método de técnica, quando se trata por método, está-se abordando o
conjunto de regras que foram estabelecidas como princípios que apresentam uma disposição de ânimo
para conduzir os procedimentos para a execução, são as técnicas. O método define o que deve ser
feito, quais são as etapas e a sequência lógica, do planejamento até a avaliação do aprendizado. Já as
técnicas são procedimentos didáticos que serão utilizados pelo instrutor ou professor para viabilizar o
processo de ensino-aprendizagem, a que se propõe um método. A técnica define como as etapas serão
executadas.
Quando se pretende estudar acontecimentos e contextos muito complexos, para tentar extrair
a compreensão, exploração de conhecimentos diversos ou específicos dessas situações, pode-se
adotar como ferramenta o estudo de caso. Trata-se de uma abordagem de investigação, investida de
metodologia científica, desenvolvida para a aplicação em estudos de acontecimentos ou situações
complexas. Na educação, sempre que o pesquisador ou educando depara-se com situações ou
fatos de elevada complexidade, que dificultam a identificação e o tratamento conjunto de muitas
variáveis e a interação e integração de diversos aspectos relevantes, o uso do método faz-se
necessário.
O entendimento do fenômeno estudado, bem como as respostas de “Como? e Por quê?” são fenômenos
que se manifestam e sustentam-se, bem como o entendimento de sua dinâmica e o funcionamento
ficam muito facilitados pelo estudo de caso.
O estudo de caso pode ser entendido, também, pela sua dimensão de método de pesquisa de campo,
com objetivo central de interação entre fatos e eventos. O estudo de campo envolve diversas técnicas
de observação e levantamento de dados, em fatos e fenômenos independentes da interferência do
pesquisador. Já o caso pode ser entendido como o evento ou conjunto de eventos relacionados que
ocorre com uma individualidade, grupos, sociedade ou organização. O caso permite uma investigação
específica e particular, em que deliberadamente o pesquisador procura extrair o que essa situação tem de
mais característico e essencial para contribuir parcial ou totalmente para a compreensão de fenômenos
gerais ou eventos de interesse geral.
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Unidade III
Enfim, o método do caso funciona como uma ferramenta pedagógica muito utilizada, principalmente
nos níveis de ensino em que os participantes têm uma certa independência intelectual e crítica, com
ênfase na área de estudos de Administração e Negócios. Vale salientar que as grandes escolas norte-
americanas de negócios baseiam-se, especialmente, nos métodos de estudo de casos.
Na sala de aula, o método de estudo de caso consiste em uma análise prévia da capacidade
situacional dos alunos participantes, bem como da escolha adequada dos casos mais apropriados
para essa ocasião: tempo necessário, situações passíveis de estudo e interpretação, correlação com o
conteúdo programático do curso ou treinamento, habilidades a serem desenvolvidas. Os aspectos a serem
considerados abrangem todos os demais quesitos e fundamentos a serem aplicados no planejamento de
uma aula ou de uma atividade pedagógica qualquer.
• desafios que exijam o emprego de técnicas quantitativas de pesquisa, exigidas em muitos tipos de
casos; e
• estabelecimento de uma estrutura consistente que permita a reflexão e o debate de ideias entre
os estudantes.
Diferentemente da utilização em pesquisa de campo, o caso aplicado com fins educacionais pode
se basear em um texto que narra a situação-problema, de forma resumida, trazendo os elementos e
aspectos principais para o entendimento situacional, as variáveis que se pretende colocar em análise e
os dados e fatos que apresentam claramente o(s) problema(s) a ser(em) discutido(s). Não há necessidade,
como no caso da pesquisa de campo, de obtenção de todos os fatos, variáveis, dados e característica
de forma “completa”. O caso, para este fim, deve apresentar de forma sintética os principais aspectos
necessários para a sua compreensão.
114
Treinamento e desenvolvimento
Quadro 37
Os casos podem ser classificados de diversas formas, de acordo com a sua veracidade, tamanho,
aplicabilidade e objetivos.
Quadro 38
115
Unidade III
Os estudos nessa conceituada universidade dos Estados Unidos, Harvard, sempre foram quase que
totalmente baseados na aplicação de cases empresariais.
A ênfase nos estudos de caso ultrapassou os muros das escolas e universidades e já está sendo aplicada
em treinamentos em empresas. A técnica consiste na seleção de um texto, em que são caracterizadas
situações negociais de um indivíduo ou organização, que é levado para uma dinâmica de grupo ou
aplicado individualmente aos alunos, para gerar uma discussão e extrair os entendimentos e as opiniões
fundamentadas sobre os assuntos teóricos e práticos envolvidos no caso.
Foi desenvolvido na Harvard Business School e agora tem sido aplicado em diversos eventos
pedagógicos: escolas, empresas, consultorias, treinamentos especializados.
Segundo Mano (2013), até Harvard é capaz de mudar e evoluir. O método mais invejado e copiado
no ensino também mudou e criou outras variantes e alternativas mais ousadas, mesmo para Harvard.
Mano (2013) destaca que, após o indiano Nitin Nohria ter assumido a reitoria, em julho de 2010, tudo
começou a mudar. Iniciando pela quebra da tradição, sem precedentes, pois o comando da universidade
jamais fora ocupado por um estrangeiro. Ao assumir, ele começou a atuar em função de responder às
críticas contra os cursos de MBA, intensificadas nos últimos anos.
O livro Rethinking the MBA (Repensando o MBA, ainda sem versão em português), lançado em 2010
pelos acadêmicos de Harvard Srikant Datar, David Garvin e Patrick Cullen, é um dos resultados desse
novo pensamento acadêmico que passou a prevalecer em Harvard. Foram feitas muitas críticas ao
currículo da universidade, “extremamente teórico”. Os alunos foram classificados como “exageradamente
confiantes” e “mais interessados em circular e fazer contatos do que polir seu conhecimento”. Para o
116
Treinamento e desenvolvimento
indiano Pankaj Ghemawat, especialista em estratégia, egresso de Harvard e atual professor da escola
de negócios espanhola Lese, os cursos eram locais e com visão muito pouco global, em um mundo
totalmente globalizado.
O fundamental é que a inovação não alterou as bases do curso, que continuam tão sólidas quanto
o tradicionalismo de seus prédios, no aristocrático estilo georgiano. A turma que se formará em 2013
serviu como piloto em uma experiência pedagógica sem precedentes em Harvard. Foi realizada uma
revisão curricular que não ocorreu igual em mais de cem anos de história da universidade.
Perde espaço o modelo secular muito bem conceituado, baseado no estudo de caso, copiado por
milhares de escolas de Administração e Negócios do mundo inteiro, por anos a fio. Agora o ambiente
interno cede fronteiras e se abre espaço para as incursões do alunado no ambiente exterior.
Os alunos foram conduzidos a atuar, pesquisar e trabalhar, por um período de uma semana, num
país emergente que não conheciam, a Índia. A criação de uma empresa passou a ser obrigatória no
curso. As salas conservadoras foram transformadas em espaços mais bem equipados e modernos. Um
dos alunos afirma: “Num período de apenas três meses, concluí um projeto na Índia e abri uma empresa
de internet, além de outras atividades do curso”, diz César Carvalho, um dos alunos brasileiros de uma
das novas turmas de MBA.
Outras escolas de negócios, também de primeira linha, estão seguindo a mesma linha de raciocínio.
A maioria está ampliando a experimentação e as atividades acadêmicas de cunho prático no ambiente
internacional global. Em Wharton, na Filadélfia, podem-se escolher a abrangência e outras características
do curso, mediante algumas alternativas oferecidas; por exemplo, os alunos puderam escolher aulas
de gestão voltadas para empresas grandes ou pequenas. Outro exemplo, matérias como marketing
passaram a contar com um método didático, com aulas baseadas em simulações práticas e jogos. Já
em Berkeley, os ex-alunos de MBA podem contar com a possibilidade de “reciclar” seus conhecimentos,
gratuitamente, de sete em sete anos, em aulas opcionais, à escolha do alunado.
A IMD, escola suíça, promove visitas e incursões para alunos a empresas conveniadas, para que
apliquem e exercitem os conhecimentos teóricos aprendidos durante o curso. A intenção é que esses
conhecimentos sejam transformados em habilidades minimamente desenvolvidas pela experiência e
vivência nessas empresas. Numa visão de John Fernandes, presidente da AACSB International, associação
certificadora de escolas de negócios pelo mundo, “Pelo menos sete em cada dez das principais escolas
de negócios do mundo fizeram alguma mudança nos últimos dois anos”.
A radicalidade e o impulso inovador ficaram com Harvard, mais uma vez. A visão de transformar
o ensino em algo mais prático e globalizado foi intensa e acelerou as ações de desenvolvimento e
implementação dessas ideias. Três professores, em tempo integral, dedicaram-se à concepção dos novos
módulos a partir de janeiro de 2011, e em um semestre o plano de ação estava pronto.
Em entrevista à revista Exame (2013), Alan Mc Cormack, professor de Harvard e um dos responsáveis
pelo seu redesenho, diz: “Desde o início, a proposta era trazer experiência de campo para os alunos
em atividades obrigatórias”, os resultados estão na criação de três módulos, no primeiro ano do curso,
117
Unidade III
As salas em formato de anfiteatro, que duraram mais de um século, onde o professor é o centro do
universo didático pedagógico, foram substituídas pelo choque físico imediato. Com os módulos do Field,
um prédio novo foi incorporado ao campus. Segundo Mano (2013, p. 3):
A diretora do programa de MBA de Harvard, Youngme Moon, afirmou a Exame (2013, p. 2): “Quería
mos que os alunos deixassem de atuar como indivíduos com um desempenho extraordinário para se
transformar em parte de um grupo eficiente”. Até o exército americano foi utilizado como exemplo de
técnicas para a aplicação de alguns exercícios em pequenos grupos.
Agora, o caso é real e cotidiano. As experiências do Field ocorrem geralmente fora da sala de aula.
Outro exemplo foi o que ocorreu no início do ano de 2012, os alunos tiveram uma experiência fora do
país. Foram levados não apenas para fora da escola, como também para fora do seu país. Foram formadas
equipes de alunos, e a turma passou uma semana num país emergente, totalmente desconhecido, como
pré-requisito para a alocação dos profissionais.
A partir de 2012, a viagem internacional, que era opcional e ocorria apenas no segundo ano do
curso, passou a ser obrigatória. Agora, os alunos visitam dez países e trabalham em diversas empresas,
cerca de 140, por períodos específicos e previamente delimitados.
Mais um brasileiro que participa dos programas, Marco Crespo ficou uma semana na cidade de
Chong Qinq, no interior da China. Ele e mais cinco colegas participaram da elaboração de um Plano de
Negócios para uma escola de idiomas local. Paulo diz que “com intérpretes, entrevistamos dezenas de
alunos”.
118
Treinamento e desenvolvimento
Inovar é sair da zona de conforto e enfrentar os desafios e medos causados pelo desconhecido,
que se escondem atrás da mudança. Trata-se de uma verdade inconteste, mas nada se compara
à criação de uma empresa, obrigatória mesmo para os alunos que não têm nenhuma aspiração
empreendedora de se tornar empresário. Harvard adaptou uma atividade pedagógica que já existia há
algumas décadas em outras escolas, como a Babson College, um grande ícone tradicional no ensino
do empreendedorismo. Porém, inovou e aperfeiçoou em focar não na preparação e no convencimento
para que seus alunos se tornem empreendedores, mesmo porque muitos já o são, egressos de
consultorias e bancos, como afirma a diretora Moon: “É a melhor maneira de experimentar o risco de
aplicar a teoria na prática”.
O modelo consagrado de estudos de caso de Harvard, implantado nos anos 20, não foi descartado. A
universidade tem mais de 10 milhões de casos e continuará a produzir e aplicar casos novos. Segundo
a coordenadora Moon (apud MANO, 2013, p. 4), “Os dois modelos terão o mesmo peso” no processo
pedagógico ou andragógico da universidade. Recentemente, o processo de ingresso à universidade foi
inovado com a inclusão de uma fase reflexiva, em que os alunos devem demonstrar sua capacidade de
captar e refletir sobre a realidade que os cerca. Passada a entrevista de ingresso, os alunos, no prazo de
24 horas, devem enviar um texto sobre algo que não tiveram chance de contar. Em Harvard, um ícone
da tradição e perenidade, a quebra de tantos paradigmas soa, como afirma Mano (2013, p. 4), algo bem
subversivo. De acordo com um dos autores do revolucionário livro Rethinking the MBA, trata-se do fim
de uma era.
Lembrete
119
Unidade III
A aula expositiva é um método tradicional de ensino muito utilizado, quando não é único, para o
ensino de adultos, adolescentes e crianças, nos níveis de alfabetização, fundamental, médio, superior
e nos diversos cursos técnicos. O problema é que, por ser tradicional e antigo, é considerado natural,
ou mesmo sinônimo de “dar aula”, impossibilitando uma reflexão mais profunda da sua aplicabilidade,
técnicas envolvidas e a adequação do professor ou instrutor para a utilização desse importante método
de ensino.
Como todo método de ensino, ele tem seus prós e contras, podendo ser excelentemente ou
pessimamente aplicado. Entre um extremo e outro, existem infinitas possibilidades e classificações
quanto à qualidade de sua aplicação e seus resultados.
Pode-se imaginar alguém plantado no tablado de uma classe, com um papel meio amassado na
mão e mal conseguindo ler sem tropeços ou engasgamentos, causados pelo despreparo ou ineditismo
da leitura. Claro que essa situação não apresenta uma aula expositiva, nem classificável como péssima.
A desatenção ao método pode gerar inúmeras situações parecidas em atuações que deveriam ser
profissionais e excelentes.
O método expositivo pode ser entendido como o ensinar pela palavra. O mestre verbaliza
e, ao ouvir, os alunos aprendem, existe uma via única de comunicação no processo ensino-
aprendizagem. Isso não impede a utilização de materiais de apoio, bem preparados e utilizados
com sofisticadas técnicas particulares. São permitidos o uso de slides e fitas de vídeo. O foco
principal da aula expositiva é na verbalização do ensino como meio de captação, aprendizado e
retenção do conhecimento pelos alunos.
• A comunicação verbal pode demonstrar interesse intrínseco do assunto e sua integração com o
todo da disciplina.
• Compreende materiais e assuntos complementares que não podem ser inseridos em outros
métodos.
• Possibilita variações e adaptações, por parte do expositor, baseadas nas suas percepções e na
manifestação de aprendizado pelo alunado.
• Abrangência física de muitos alunos de uma única vez, dependendo do espaço físico e de condições
de ampliação do áudio da exposição.
120
Treinamento e desenvolvimento
• Manutenção da audiência numa posição de conforto e tranquilidade, pois não serão confrontadas
e nem terão de se expor por meio de manifestações e debates a respeito dos assuntos discutidos.
Tudo que eles têm que fazer é ouvir, relaxar, refletir e tentar reter o máximo possível do que foi
exposto.
Embora seja um método consagrado e utilizado em larga escala ao longo da história da educação,
apresenta algumas desvantagens, que suscitaram o desenvolvimento de outros métodos que
possibilitassem suprir suas lacunas.
• Falta de interatividade, em mão dupla, entre o expositor e sua audiência. O feedback que poderia
ser obtido pelas interferências, questionamentos e participação dos alunos seria primordial para
a correção ou intensificação na exposição que se fizessem necessárias.
• Passividade e manutenção dos ouvintes na sua “zona de conforto”, o que pode ocasionar uma
alienação, inclusive, em relação ao conteúdo ministrado. O aprendizado acaba sendo prejudicado
pela falta de atividades que exijam a participação e atuação dos alunos. Seria propor a postura do
aluno participante da sua própria formação.
• Seria impossível, aula a aula, assunto a assunto, que o expositor analisasse o nível de compreensão
prévia, experiência ou preparo de cada aluno, isso gera um desnível certo entre indivíduos do
grupo. Com isso, o instrutor/professor deve utilizar como parâmetro o nível considerado médio
de entendimento. Encontrar-se-á sempre um grupo de pessoas abaixo desse nível, que terá mais
dificuldades para o acompanhamento e entendimento da exposição, da mesma forma que haverá
indivíduos que estarão acima desse nível, mais preparados, e perceberão a exposição como lenta,
muito simples ou mesmo desinteressante.
• A exposição atingirá os fins a que se destina, ainda dependendo da destreza e das habilidades do
expositor. Se este tiver deficiências nas técnicas para falar e dominar o público, sua aula será falha
e causará frustrações e resultados deficientes.
Saiba mais
Quadro 39
122
Treinamento e desenvolvimento
Lembrete
6.3 Dramatização
Trata-se de um jogo de papéis, role playing: seleciona-se uma situação real e, inspirada nessa
realidade, serão explorados pedagogicamente os principais fatores envolvidos ou que exemplifiquem os
conteúdos discutidos em aula.
123
Unidade III
Quadro 40
Aplicação da dramatização
Objetivos Observação.
Segurança pessoal A expressão verbal e corporal é uma importante aliada dos colaboradores e
executivos, na atuação profissional dentro e fora da empresa.
Quadro 41
Planejamento da dramatização
O facilitador seleciona e constrói uma situação-problema que abrange condições e incidentes que têm aderência
com o conteúdo e a aprendizagem objetivada.
Elaboração e redação de fichas de característica e perfis dos papéis a serem representados pelo alunado.
Definição de quesitos, fatores a serem observados, bem como os critérios a serem utilizados para observar e analisar.
Apresenta-se uma planilha a ser utilizada.
Escolha e negociação da participação de cada colaborador e os papéis que cada um irá representar
Seleção do grupo que irá, criteriosamente, observar e analisar os fatores e pontos previamente destacados e
selecionados.
Apresentação sucinta da situação concebida e como se pretende que seja encenada.
Execução da dramatização
Os alunos reúnem as informações fornecidas pelo facilitador, discutem e definem
Preparação da ação como será executada a encenação da situação. Pode ser feita com ou sem a
participação do facilitador.
124
Treinamento e desenvolvimento
6.4 Simulação
Os jogos permitem aos participantes uma atuação, em grupo ou individual, envolvente e de espectro
superior, comparados a outros métodos de ensino. A observação dos resultados obtidos, com as decisões
escolhidas e os resultados finais obtidos, a atitude dos participantes durante a realização das fases do
jogo: sagacidade, comprometimento, capacidade de análise, de liderança e de servir a equipe. Essas
observações permitem conclusões, nas dimensões cognitivas, emocionais e sensoriais motoras, pelos
mestres ou professores.
Nos jogos de empresa, uma das mais importantes e utilizadas simulações da atualidade, as equipes
são formadas por aluno, em forma de empresas fictícias, em que as equipes competem tomando decisões
estratégicas, táticas ou operacionais, considerando situações práticas reais ou imaginadas. Destinam-
se a executivos, gestores de empresas, estudantes de nível superior, futuros gestores de empresas, e
são simuladores de negócios atuantes no mercado, gestão de áreas específicas de empresas, como
marketing, finanças ou operações produtivas.
O facilitador deve ser experiente e preparado para fazer prevalecer os aspectos mais importantes
para o aprendizado e um vivenciamento amplo e completo. Ele deve evitar que grupos de alunos,
devido a uma agressividade competitiva, foquem-se somente na pontuação e nos resultados avaliados
positivamente, passando a pensar somente no acúmulo de pontos como um fim em si mesmo, perdendo
de vista os diversos aspectos e as experiências que deveriam vivenciar. O atuar para ganhar, pura e
simplesmente, deturpa o objetivo maior dos jogos, transformando-os em uma atividade chata e mecânica
que resultará em frustrações pessoais e pedagógicas.
à atuação e liderança do facilitador. Inicialmente, deve-se fazer um “aquecimento” das equipes, por
meio de uma aula magna sobre os fundamentos e conhecimentos envolvidos no processo. Nessa aula,
podem-se apresentar os principais aspectos e a fase do jogo e sua relação com os resultados pedagógicos
esperados. Serão criados vínculos emocionais, técnicos e didáticos com o jogo, convencendo o alunado
a participar com afinco, visando obter o desenvolvimento máximo de habilidades fundamentais para a
sua formação.
Quadro 42
Método do jogo
Apresentação clara dos fundamentos e conhecimentos envolvidos na atividade.
Divulgação das finalidades do jogo e os objetivos a serem atingidos.
Organização do ambiente: verificação dos equipamentos, disponibilidade de máquinas e cadeiras suficientes,
adequação do espaço físico, materiais a serem distribuídos, impressos ou eletronicamente. Softwares e manuais
de operação, disponíveis e atualizados.
Nivelamento do grupo, por meio do estudo do currículo, identificação do nível de escolaridade, experiências e
objetivos de cada participante.
Apresentação do planejamento das atividades, etapas de execução e cuidados a serem tomados.
Comunicação escrita é imprescindível, deve-se utilizar quadro branco ou giz, distribuição de papers
instrucionais.
Esclarecimento de todas as dúvidas sobre o funcionamento e instruções que acabaram de ser fornecidas do jogo
como um todo e a cada etapa a ser iniciada.
Definição do tempo total do jogo ou etapa a ser jogada. Alertas periódicos sobre o andamento da atividade e o
tempo restante para a sua finalização.
Exemplificações sobre aspectos, definições ou procedimento mais complexos a serem adotados.
Durante o jogo
Aproximação com os participantes. Circulação pela sala e estabelecimento de relacionamentos bem próximos e
intimistas com equipes e jogadores.
Observação e registro da postura e dos comportamentos dos participantes durante suas interações com os
desafios do jogo (liderança, cooperação, obstruções, comunicação e relacionamentos com o grupo, entre outros).
Atenção e atendimento às solicitações e dúvidas, mas é interessante interferir o mínimo possível. Somente
quando for requisitado ou perceber que certo procedimento em curso pode interferir negativa e definitivamente
na continuidade da participação do indivíduo, da equipe ou da totalidade dos participantes.
Finalização
Coleção de testemunhos sobre as facilidades, dificuldades, objetivos atingidos e não cumpridos durante o jogo.
Estimulação, por meio de depoimentos, questionamentos e incitações, para que os participantes intensifiquem
o fornecimento de informações e impressões sobre a participação no jogo. Valorização da participação.
Apresentação e questionamentos aos participantes e equipes sobre situações registradas, lideranças,
cooperação, conflitos, falta de entendimento etc.
Briefing e sintetização dos principais fatos, aspectos e benefícios detectados como resultados do jogo.
Comparação e correlações do jogo e seus resultados pedagógicos com o conteúdo relacionado e a realidade
profissional paralela.
126
Treinamento e desenvolvimento
Saiba mais
6.5 Workshop
Alguns eventos são baseados não em uma palestra, mas em várias harmonicamente selecionadas
e organizadas, de forma a propiciar ao público um conjunto de conhecimentos que se completa e
integra pela contribuição dos diversos especialistas que interagem com a plateia. A duração normal de
um workshop é de um dia inteiro, o que exigirá escolhas bem específicas de palestrantes interessantes
e interessados, empolgantes e empolgados, além de um local bem amplo e confortável para abrigar e
manter tranquilos e aconchegados os participantes do evento.
A diferença para uma palestra, ou um conjunto de palestras, é que na palestra o ouvinte é passivo
e fica bem posicionado e relaxado, disposto em estado receptivo para absorver todos os ensinamentos
e experiências a serem transmitidos pelo palestrante, por toda a duração do evento. No workshop é
diferente, por alguns eixos conceituais básicos. Nele, a plateia não é apenas mera espectadora, pois,
no decorrer das exposições, será preparada e motivada a se envolver e participar, em determinados
momentos ou em todos, a partir de algum ponto, dependendo do planejamento e da condução dos
trabalhos e do perfil e estilo do facilitador, bem como do aprendizado proposto para o evento. Os
participantes são convocados a participar intensamente, vivenciando e experimentando em atividades
práticas ou experiências que remetem ao tema colocado em discussão. Nesse sentido, o workshop tem
caráter mais prático, e sua condução vai exigir do palestrante ou facilitador uma grande dedicação e
abertura ao diálogo, à participação e ao confronto, por meio de debates.
Em geral, nesses eventos são incentivados os trabalhos práticos de montagens, manuais, exercícios
de realização e produções artísticas e técnicas, individuais, em grupos ou em painéis, de plenárias com
recursos audiovisuais ou dinâmicas de dramatização. As exposições e palestras são, na maioria das vezes,
ministradas por profundos peritos e especialistas nas áreas de conhecimentos contextuais do evento; o
intuito é provocar e incentivar as manifestações de desenvolvimento comportamental, técnico, criativo
ou artístico, a ser complementado e continuado a posteriori.
127
Unidade III
Quadro 43
Planejamento do workshop
Pesquisar e selecionar o tema ou assunto do evento.
Elaborar a programação do evento, detalhando os aspectos importantes e os tipos de especialistas responsáveis
por cada fase.
Preparar toda a logística necessária: local, instalações, profissionais de suporte, máquinas e equipamentos e
materiais de uso geral – computadores, pen drives, projetor, microfones para palestrantes e plateia, telas para
projeção, mesas, equipamentos individuais para a plateia.
Pesquisar e conhecer o público participante: viabiliza a seleção de temas e assuntos interessantes e envolventes.
Escolha do(s) palestrante(s). Decisão muito importante, pois os participantes, em geral, têm muita experiência
na área abordada no workshop.
Contratação de uma empresa especializada, ou aquisição de equipamentos de suporte: projetores de qualidade
e computadores com potência adequada.
Programação e divisão do evento em blocos temáticos ou em fases de realização, com os devidos intervalos
para preparação da fase seguinte, para o relaxamento, descanso e reflexão por parte dos participantes. Além de
tomar água, ir ao banheiro e alimentar-se.
Assuntos mais complexos e densos devem ser os primeiros a serem apresentados e tratados, bem como as
atividades que exijam mais dedicação e esforço físico e mental da plateia.
Seleção dos melhores, em termos de retenção da atenção do público, dos mais engraçados e com as
abordagens mais interessantes e hipnotizadores de público para o final. A atenção da plateia tende a diminuir
com o passar do tempo e decorrer dos trabalhos.
Utilize meios eletrônicos para a distribuição dos materiais (pen drives, CD, DVD, ou mesmo tablets, já carregados
com o conteúdo), isso aumenta o interesse do público e fornece uma conotação de seriedade ao evento.
Estabeleça meios para coletar o feedback do público, intermediariamente e no final do evento – opiniões,
dúvidas, dificuldades e sugestões. O feedback é de suma importância para a correção de falhas nas edições
seguintes e para a elaboração e desenvolvimento de novos tipos de eventos.
Cuidados especiais
Cuidados Detalhes
Durante os preparativos, quando não tiver como ponto de partida o palestrante
especialista, tenha cuidado ao escolher o(s) palestrante(s). Os grupos de
participantes de workshops têm uma especialização prévia, ou mesmo uma
Expertise do palestrante formação profissional básica na área-tema. A escolha de um profissional
não especializado e experiente na área pode gerar desinteresse e até mesmo
constrangimento durante as exposições, já que há uma participação intensa do
público.
Siga as diretrizes temáticas do evento, não misturando assuntos de áreas não
Diretrizes temáticas correlatas e conflitantes. Isso pode criar dificuldades pedagógicas. O workshop
deve funcionar como uma imersão, ou mesmo um curso intensivo sobre um
assunto-tema bem específico.
Não adianta a contratação dos melhores palestrantes, locais, equipamentos
e equipe de suporte se o evento não tiver um público expressivo e dentro do
previsto. A divulgação do evento deve seguir as regras básicas do marketing
Divulgação ao público-alvo promocional. Deve-se divulgar adequadamente o evento, de acordo com os
locais frequentados pelo público-alvo: hospitais, consultórios e associações,
para médicos, conselhos e sindicatos, para engenheiros, universidades e locais
de diversão, para estudantes etc.
O seminário, na sua apresentação, tem como objetivo principal a exposição e colocação em discussão
de um assunto específico e profundo, tendo como fonte única um expositor, com suas experiências,
pesquisas e expertise profissional ou científica. O público participa passivamente na primeira fase, a
128
Treinamento e desenvolvimento
exposição, sendo convocado a proceder ativamente na segunda fase, a discussão, e terá uma atuação
mista na terceira fase, de análise e conclusão.
Já a palestra não tem essa proposta de aprofundamento, sendo uma síntese de um assunto tratado
profundamente, de onde são extraídos os principais aspectos e as principais conclusões ou inovações.
Seu planejamento e organização devem ser minuciosos, pois, devido à sua curta duração, os assuntos
devem ser apresentados na sua essência, tocar os pontos nevrálgicos da discussão e apresentar o que de
mais interessante pode haver na atualidade sobre o assunto-tema.
Palestras – são especialmente indicadas para a atualização profissional, no caso de eventos externos,
e para a disseminação de conhecimentos e boas práticas, no caso de eventos internos. Representam
uma boa oportunidade de atingir grande público com custos reduzidos. As palestras internas, além de
servirem ao objetivo de treinamento, são poderosos instrumentos de integração e melhoria do processo
de comunicação, com reflexos diretos no aumento da produtividade e no desenvolvimento do próprio
palestrante.
Enfim, o seminário consiste na reunião de um grupo reduzido de pessoas que pesquisa e pretende
estudar de forma exaustiva um determinado asunto-tema. O evento ocorre em uma ou mais
oportunidades, dependendo da abrangência e do nível de interesse no aprofundamento no tema.
Assemelha-se a um congresso; porém, com participação menor de um público bem seleto e homogêneo.
Quadro 44
Aplicação da técnica
Pesquisa e identificação de problemas e soluções.
Participação de interessados em expor seus conhecimentos e discutir o assunto-tema.
Estímulo às discussões sobre o assunto.
Conclusões individuais, não necessitando chegar a conclusões gerais sobre o assunto.
Estudo de ideias e novos conhecimentos, em grupo, reunindo as opiniões e insight de
interesse.
Troca de experiências entre indivíduos e grupos com os mesmos interesses e
conhecimentos.
Seleção de um grupo pequeno de especialistas e peritos.
Realização de análises e conclusões a cada etapa ou sessão realizada.
6.7 Brainstorming
129
Unidade III
Quadro 45
Métodos do brainstorming
Escolha do facilitador, pelas características de motivador, incentivador, bom e experiente líder de grupos e
dinâmicas.
Discussão e identificação do problema a ser analisado, sua abrangência – onde começa, onde termina, áreas
envolvidas e afetadas, consequências e impactos. Esclarecimento de dúvidas sobre o problema.
Formulação do problema.
Disposição das pessoas de forma adequada, preferencialmente em semicírculo – em “U” – ou em círculo.
Determinação de um tempo para a sessão de geração de ideias.
Geração de ideias: modo estruturado ou modo não estruturado.
Definição para que todos verbalizem as suas ideias em frases curtas e concisas, para não tomar tempo
excessivo.
Proibição de conversas paralelas, piadas, risos ou qualquer comportamento que perturbe a ordem ou
concentração do grupo.
Registro de cada ideia apresentada: o facilitador tem a incumbência de tornar explícitas as ideias, cada vez
que forem apresentadas. Deve-se fazer uso de flip chart, quadro branco, quadro de giz, cartazes, para a
exposição e visualização das ideias por todos os participantes.
Relato periódico das ideias apresentadas para disseminá-las e incentivar seu conhecimento, na totalidade, por
todos os participantes. As ideias dadas servem como referência e fonte de novas ideias para os participantes.
Não permitir nenhuma crítica ou comentário, positivo ou negativo, a respeito das ideias apresentadas pelos
demais participantes. As intervenções podem inibir outras participações do indivíduo ou dos demais colegas.
Terminada a sessão de geração de ideias, podem-se reuni‑las e organizá-las, a serem classificadas, tratadas,
escolhidas ou priorizadas com a utilização de outras técnicas mais adequadas para esse fim.
130
Treinamento e desenvolvimento
Quadro 46
Aplicações do brainstorming
Desenvolvimento da criatividade do grupo e dos participantes da empresa.
Aprimoramento do comportamento inovador.
Capacitação para liderança, iniciativa e proatividade.
Criação de clima de alegria e entusiasmo na equipe.
Eliminação ou redução de bloqueios e inibições para participação e sugestões de ideias e soluções.
São atividades em grupos, pequenos ou grandes, formados por uma ou várias subequipes, em que os
alunos vão responder a questionamentos ou problemas que lhes são colocados, por meio da produção
de ideias desenvolvidas coletivamente. Aos participantes, devem ser fornecidos dados e informações,
pelos facilitadores, sobre o assunto-tema ou a situação-problema. A partir daí, eles vão interagir, discutir
em grupo e deverão apresentar as sugestões, opiniões ou soluções para o que lhes foi proposto.
• Dramatização: dinâmica de aplicação não tão simples como as demais, pois exige uma preparação
maior, além dos conhecimentos de liderança e planejamento do facilitador. O grupo divide-se em
dois, sendo que um será o de atores, que irão representar e encenar a situação-tema, e o outro
de observadores, composto por colaboradores que irão registrar suas impressões sobre posturas,
aspectos significativos e sentimentos percebidos durante o evento.
131
Unidade III
• Discussão Phillips: também de discussão 6/6, devido ao fato de sugerir uma subdivisão do grupo
participante em subgrupos com 6 elementos, que terão 6 minutos para a discussão dos temas
propostos. O clima para a realização das atividades é o mais informal possível. A informalidade e a
descontração servem de estímulos para a liberação da criatividade e desenvolvimento do espírito
de responsabilidade, resultante da divisão do trabalho, bem como de habilidades para atuar em
atividades em grupo.
Quadro 47
• Discussão livre: trata-se de uma reunião informal proposta por um pequeno grupo de colaboradores,
sem regras formais ou restrições de intervenções na organização da sua execução. Quando se trata
de equipes autogeridas e autocontroladas, atinge-se com essas reuniões o ápice da criatividade,
da proatividade e da comunicação em grupo.
A discussão, como técnica geral, consiste na formação de um grupo de pessoas, alinhado por meio
de objetivos comuns. Baseia-se em um tripé lógico:
• compreensão;
• reflexão; e
• cooperação.
Quadro 48
132
Treinamento e desenvolvimento
6.9 Coaching
No processo denominado de coaching, existem duas partes atuantes: o coach (profissional treinador)
e o coachee (cliente treinando). O prazo de treinamento será definido por acordo comum entre os dois
participantes, considerando as metas e o objetivo do treinamento proposto. O coach acompanha, instrui
e apoia o cliente, durante a sua trajetória de desenvolvimento e crescimento, no intuito de superação
de suas limitações e deficiências, previamente conhecidas, além do desenvolvimento das competências
e sua aplicação segura e consistente.
O treinador tem metas e objetivos de curto, médio e longo prazo, a serem atingidas pelo
seu cliente, de forma gradativa e contando com seu suporte e ensinamentos. Atua motivando o
cliente e transmitindo-lhe, das mais diferentes formas técnicas e pessoalmente, conhecimentos
e técnicas que lhe permitam o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais e
qualidades pessoais avançadas.
Um detalhado plano de ações deve ser elaborado por ambos, no intuito de estabelecer as
metas que serão atingidas e em que prazo. Isso torna mais profissional as intervenções e respostas
que serão produzidas por essa dupla que tem grandes tendências a estabelecer um intenso
relacionamento pessoal.
Coaching significa “o ato de conduzir uma carruagem”, ter as rédeas e direcionar o caminho do
conduzido, tornando-o o senhor e dono das rédeas do seu próprio caminho e desenvolvimento. É a
busca pelo autodesenvolvimento profissional na sua essência filosófica e prática. O profissional em
treinamento deve tornar-se um agente ativo da sua própria formação e definição dos passos futuros de
sua profissão.
Segundo o criador do inner game, técnica precursora do coaching, o tenista Timothy Gallwey, “o
oponente real do esportista não é seu competidor, mas suas limitações e fraquezas. O jogo interior é
praticado para superar hábitos mentais que inibem o melhor desempenho”.
133
Unidade III
Observação
Resumo
Exercícios
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Treinamento e desenvolvimento
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: os programas de recolocação profissional servem, muitas vezes, para fazer evoluir
apenas as carreiras de altos executivos nas empresas coligadas ou subsidiárias. Quando essa recolocação
sugere um posto no exterior (expatriação), poucos profissionais voltam para suas empresas de origem,
pois seus cargos já foram ocupados por novos funcionários.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2 (Enade, 2009). Preparar o pessoal para dar feedback (retorno) com percepção realística
dos fatos e fazer autoavaliação da própria equipe inibem o surgimento de problemas interpessoais.
PORQUE
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