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FINANCEIRAS E INDICADORES
DE DESEMPENHO
ENSINO A
DISTÂNCIA
PLANO DE ESTUDOS
EMENTA
Estruturação e análise dos demonstrativos contábeis (balanço patrimonial,
demonstração do resultado e demonstração do fluxo de caixa). Análise e interpretação
das situações econômica e financeira de um determinado período. Índices financeiros.
Índices de endividamento. Liquidez e solvência. Giro e retorno. Análises vertical e
horizontal. Necessidade de recursos, capital próprio e de terceiros.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
• Compreender a necessidade da elaboração do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
• Conhecer e estudar cada conta que compõe o Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido
e as contas da DRE;
• Entender a Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto e Indireto;
• Identificar a Análise de Balanços como importante ferramenta de gestão;
• Conhecer as etapas do processo de análise;
• Demonstrar a importância da padronização das demonstrações financeiras para
atender às necessidades de análise;
• Demonstrar as principais reclassificações nas contas do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado;
• Aplicar a técnica de Análise Vertical e Horizontal nos principais demonstrativos
contábeis;
• Identificar a importância dos índices de estrutura de capitais;
• Orientar a interpretação e uso dos referidos indicadores relacionados ao
endividamento;
• Avaliar a situação financeira da empresa de acordo com esses indicadores de
liquidez;
• Identificar os objetivos e a importância desses indicadores de rentabilidade;
• Discutir a importância da Análise por Quocientes nas Tomadas de Decisões;
• Apresentar e aplicar a técnica de Análise por Quocientes na modalidade
denominada índices de atividade;
• Interpretar os resultados dos quocientes de atividade, sinalizando algumas
conclusões sobre eles;
• Dar subsídios para compreender o ciclo operacional e financeiro;
• Descrever o uso dos quocientes padrão e relatar a forma de composição desses
índices;
• Redigir um Relatório de Análise sobre a situação econômico-financeira da
empresa;
• Calcular o custo de capital de terceiros;
• Estimar o custo de capital próprio;
• Demonstra o cálculo do custo médio ponderado de capital;
• Entender os principais elementos da gestão do capital de giro;
• Dimensionar a Necessidade de Capital de Giro (NCG), o Capital Circulante Líquido
(CCL) e o Saldo de Tesouraria (ST);
• Demonstrar a importância do Efeito Tesoura;
• Calcular a rentabilidade e explicar seu comportamento através da Análise DuPont;
• Identificar como o EBITDA pode auxiliar no desempenho operacional da
organização;
• Calcular o NOPAT e mostrar que é um indicador medirá a capacidade da empresa
em gerar lucro;
• Reconhecer o Economic Value Added (EVA) como ferramenta de gestão;
• Analisar o método de cálculo do Market Value Added (MVA).
Com estes objetivos, foi pensado e estruturado nosso estudo, que resultou neste
caderno, dividido em quatro unidades, sendo a Unidade 1 Estruturação dos Demonstrativos
Contábeis, a 2 Análise e Interpretação das Situações Econômica e Financeira de um
determinado período, a Unidade 3 Análise Econômico Financeira das Demonstrações
Contábeis e a Unidade 4 Análise Econômico Financeira das Demonstrações Contábeis
parte 2.
Diante do exposto, desejamos a todos, sucesso, pois este material de estudo, está
redigido com terminologias de fácil acesso, com muitos detalhes e com exemplos do que
ocorrem no do dia a dia das empresas.
O PAPEL DA DISCIPLINA NA FORMAÇÃO DO ACADÊMICO
Caros alunos, como já abordamos, este caderno, está organizado de forma que os
assuntos seguem uma sequência, que proporciona fácil absorção de conhecimento na
Análise das Demonstrações Financeiras.
Para atingir um bom nível de compreensão, serão apresentadas situações encontradas
nas empresas, contribuindo na construção das capacidades técnicas, refletindo no
conhecimento de conceitos básicos e metodologias de Análise para apoio à tomada de
decisão.
Entendendo as funções básicas da Análise das Demonstrações Financeiras e
Indicadores de Desempenho e sua utilização, você perceberá que seu papel vai além dos
cálculos, e sim, terá em suas mãos uma importante ferramenta para sua gestão.
Portanto, deseja-se ao final desta trajetória, que você domine os tópicos estudados,
buscando aplicar seus conhecimentos adquiridos, utilizando os principais modelos de
análise para o processo de tomada de decisões dentro das empresas.
Bons estudos!
PROFESSORA
APRESENTAÇÃO DA AUTORA
ESTRUTURAÇÃO DOS
DEMONSTRATIVOS
CONTÁBEIS
INTRODUÇÃO A UNIDADE
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1.1. AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Assaf Neto (2012) escreve que, demonstrações contábeis são peças elaboradas com
dados extraídos da escrituração da entidade. Para analisá-las, é preciso que você conheça
os elementos que as compõem, e exige conhecimento do que representa cada conta que
nelas figura. Há uma infinidade de contas decorrentes de inúmeras operações realizadas
por empresas das mais diferentes atividades.
A estrutura conceitual definida no CPC 00 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS, 2019) aborda que o objetivo da elaboração de demonstrações contábeis é a
divulgação de relatórios contábil-financeiros, apresentando as características qualitativas
desses documentos, auxiliando na definição, no reconhecimento e na mensuração dos
elementos a partir dos quais eles são elaborados.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
As Demonstrações Financeiras são compostas de quatro peças:
• Balanço Patrimonial (BP);
• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
A Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76 modificada pelas Leis 11.638/07 e
Medida Provisória nº449/2008 convertida na Lei 11.941/09) determina a estrutura básica
das quatro demonstrações financeiras referidas anteriormente. As novas leis objetivam
convergir às regras contábeis brasileiras ao padrão contábil internacional.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
Disponibilidades.
Direitos realizáveis no curso do exercício social seguinte.
Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
ATIVO NÃO CIRCULANTE
São incluídos neste grupo todos os bens de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal
da sociedade e do seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa finalidade.
O Ativo Não Circulante será composto dos seguintes subgrupos:
Ativo Realizável a Longo Prazo
De uma forma geral, são classificáveis no Realizável a Longo Prazo contas da mesma natureza das do Ativo
Circulante, que, todavia, tenham sua realização certa ou provável após o término do exercício seguinte, o que,
normalmente, significa realização num prazo superior a um ano a partir do próprio balanço.
As despesas apropriáveis após o exercício seguinte também são classificadas no Ativo Realizável a Longo
Prazo.
Os direitos não derivados de vendas, e adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou contro-
ladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da empresa, que não constituírem negócios usuais na
exploração do objeto da empresa, serão classificados no Ativo Realizável a Longo Prazo. (ESTRUTURA DO
BALANÇO PATRIMONIAL).
Investimentos
No subgrupo Investimentos do Ativo Não Circulante devem ser classificadas as participações societárias per-
manentes, assim entendidas as importâncias aplicadas na aquisição de ações e outros títulos de participação
societária, com a intenção de mantê-las em caráter permanente, seja para se obter o controle societário, seja
por interesses econômicos, entre eles, como fonte permanente de renda. (ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMO-
NIAL).
Imobilizado
O Ativo Imobilizado é formado pelo conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das atividades da
empresa, caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios, máquinas, etc.). O imobilizado abran-
ge, também, os custos das benfeitorias realizadas em bens locados ou arrendados. (ESTRUTURA DO BALANÇO
PATRIMONIAL).
Intangível
Os ativos intangíveis compreendem o leque de bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou
exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
Trata-se de um desmembramento do ativo imobilizado, que, a partir da vigência da Lei 11.638/2007, ou seja, a
partir de 01.01.2008, passa a contar apenas com bens corpóreos de uso permanente.
Como exemplos de intangíveis, os direitos de exploração de serviços públicos mediante concessão ou
permissão do Poder Público, marcas e patentes, softwares e o fundo de comércio adquirido. (ESTRUTURA DO
BALANÇO PATRIMONIAL).
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Neste grupo são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos
do ativo não circulante, quando se vencerem no exercício seguinte. No caso de o ciclo operacional da empre-
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
sa ter duração maior que a do exercício social, a concepção terá por base o prazo desse ciclo. (ESTRUTURA
DO BALANÇO PATRIMONIAL).
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Neste grupo são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos
do ativo não circulante, quando se vencerem após o exercício seguinte. No caso de o ciclo operacional da
empresa ter duração maior que a do exercício social, a concepção terá por base o prazo desse ciclo. (ESTRU-
TURA DO BALANÇO PATRIMONIAL).
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social
Montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não realizada.
Reserva de Capital
Ágio na emissão de ações ou conversão de debêntures e partes beneficiárias.
Produto da alienação de partes, beneficiárias e Bônus de subscrição.
Prêmios recebidos na emissão de debêntures, doações e subvenções para investimentos.
Reserva de Lucros
Contas constituídas a partir de lucros gerados pela companhia.
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros gerados pela companhia, que ainda não receberam destinação específica;
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Arrendamentos Ativos a Receber
TRIBUTOS A RECUPERAR
Impostos e Contribuições a Recuperar
INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS A CURTO PRAZO
Ações de Outras Empresas
(-) Perdas Estimadas por Redução ao Valor de Mercado
ESTOQUES
Estoques de Mercadorias
(-) Perdas Estimadas por Redução ao Valor Realizável Líquido
DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE
Prêmios de Seguro a Vencer
TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
CLIENTES
Duplicatas a Receber
(-) Perdas Estimadas em Crédito Liquidação Duvidosa
CRÉDITOS COM PESSOAS LIGADAS (transações não usuais)
Empréstimos a Diretores
INVESTIMENTOS
AVALIADOS PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
Participação na Controlada A
AVALIADOS PELO MÉTODO DO VALOR JUSTO
Participação na Companhia A
(-) Perdas Prováveis na Realização de Investimentos
AVALIADOS PELO MÉTODO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO
Participação na Controlada B
(-) Perdas Prováveis na Realização de Investimentos
PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTO
Terrenos
Apartamentos
(-) Depreciação Acumulada
OUTROS INVESTIMENTOS
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Antiguidades
Obras de Arte
IMOBILIZADO
Computadores e Periféricos
(-) Depreciação Acumulada
Jazidas
(-) Exaustão
INTANGÍVEL
Fundo do Comércio
(-) Amortização Acumulada
TOTAL DO ATIVO NÃO CIRCULANTE
TOTAL DO ATIVO
Fonte: Adaptado de Ribeiro 2014, p.41
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
OBRIGAÇÕES A FORNECEDORES
Duplicatas a Pagar
OBRIGAÇÕES A PESSOAS LIGADAS (Transações não usuais)
Empréstimos a Pagar para Controladora
RECEITAS DIFERIDAS
Receitas Recebidas Antecipadamente
Aluguéis Ativos a Vencer
(-)Custos/Despesas ou Encargos Vinculados às Receitas
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
CAPITAL SOCIAL
Capital Subscrito
(-) Capital a Realizar
RESERVAS
RESERVAS DE CAPITAL
Reserva de Ágio na Emissão de Ações/Quotas
RESERVAS DE LUCROS
Reserva Legal
(+ ou -) Ajustes de Avaliação Patrimonial
(-) Ações em Tesouraria
(+ ou -) Lucros ou Prejuízos Acumulados
Fonte: Adaptado de Ribeiro 2014, p.43
SAIBA MAIS
Para o detalhamento das contas do Balanço Patrimonial, consultar RIBEIRO,
Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
(2014, p.44 a 55).
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE
De acordo com as determinações do artigo 187 da Lei nº 6.404/76, alterada pelas Leis
11.638/07 e 11.941/09, a estrutura da DRE deverá ser conforme a seguir:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
PIS sobre o Faturamento
3 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (1 – 2)
4 CUSTOS OPERACIONAIS
Custo das Mercadorias Vendidas e dos Serviços Prestados
5 LUCRO OPERACIONAL BRUTO(3 – 4)
6 DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com Vendas
Despesas Financeiras
Despesas Gerais e Administrativas
Outras Despesas Operacionais
7 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
8 LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL (5 – 6 + 7)
9 OUTRAS RECEITAS
10 OUTRAS DESPESAS
11 RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS DEDUÇÕES (8 + 9 – 10)
12 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO
13 IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO
14 RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS AS DEDUÇÕES (11 – 12 – 13)
15 PARTICIPAÇÕES
Debêntures
Empregados
Administradores
Parte Beneficiárias
Instituições ou Fundos Assist. Prev. Empreg.
16 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (14 – 15)
17 LUCRO LÍQUIDO ou PREJUÍZO POR AÇÃO DO CAPITAL
Fonte: Adaptado de Ribeiro 2014, p.60
SAIBA MAIS
Para o detalhamento das contas do Balanço Patrimonial, consultar RIBEIRO,
Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
(2014, p.44 a 55).
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1.3.DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO - DMPL
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) não tem sua publicação
obrigatória pela Lei 6.404/76. No entanto, com a publicação da Resolução n.º 1.185/09, do
CFC, ela passou a fazer parte do conjunto de demonstrações de divulgação obrigatória.
Este demonstrativo é de grande importância, pois nos mostra toda a movimentação
ocorrida no Patrimônio Líquido num dado período, além da formação de todas as
reservas.
O CPC 26 (R1) é aquele que trata das diversas demonstrações contábeis obrigatórias no
Brasil. Encontramos no item 106 deste pronunciamento o que comporá a DMPL:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
O CPC 26 estabelece que algumas informações acerca das ações que compõem o
capital social da entidade deverão ser expressas ou no balanço patrimonial ou na DRE ou
na DMPL, o que podemos encontrar no item 79 do referido pronunciamento. No entanto,
as informações referentes aos dividendos reconhecidos devem ser apresentadas tanto na
DMPL quanto nas Notas Explicativas. (ContabilBR.com, 2020).
SAIBA MAIS
CPC 26 (R1)
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2014.pdf
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
a pagar. 13 Acréscimo ou redução por outros resultados abrangentes.
14. Redução por gastos na emissão de ações.
15. Ajuste de avaliação patrimonial.
16. Ganhos ou perdas acumuladas na conversão etc. (DEMONSTRAÇÃO DAS
MUTAÇÕES DO PATRIMÕNIO LÍQUIDI – DMPL, 2020).
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1.3.2 Preparando a DMPL
ATENÇÃO
Demonstração do Resultado Abrangente
É um relatório contábil que evidencia as mutações ocorridas no patrimônio
líquido durante um período, as quais resultam de transações e outros eventos que não foram
derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
preencher a coluna patrimônio líquido total;
• Adicionar ou subtrair os movimentos ocorridos nas referidas contas, no período,
abrindo linhas para cada natureza de transação, primeiramente as relativas às
transações de capital com os sócios;
• Adicionar ou subtrair os movimentos ocorridos nas contas próprias relativas aos
resultados abrangentes, começando pelo resultado líquido do período, depois os
demais resultados abrangentes e, finalmente, as reclassificações para o resultado;
• Adicionar ou subtrair os movimentos das demais mutações internas do patrimônio
líquido;
• Totalizar, ao final, as colunas, cujos saldos devem coincidir com os saldos do
balanço patrimonial, e totalizar também as linhas. (CONTABILBR.COM, 2020).
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1.3.4 Modelo de DMPL
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Lucro líquido em 31.12.
400 400
x5
Destinação do lucro
-Res legal
(20)
-Res est.
20 (280)
Dividendos 280
(500) (500)
Saldo em 31.12.X5 2.200 100 270 430 -0- -0- 3.000
Fonte: Adaptada de Neves & Viceconti, (2013 p. 207)
ATENÇÃO
A DMPL é de elaboração obrigatória para as companhias abertas
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório obrigatório pela
contabilidade para todas as sociedades de capital aberto ou com patrimônio líquido
superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
De acordo com Assaf Neto (2012), a Demonstração do fluxo de caixa permite que se
analise, principalmente, a capacidade financeira da empresa em honrar seus compromissos
perante terceiros (empréstimos e financiamentos) e acionistas (dividendos), a geração
de resultados de caixa futuros das operações atuais, e a posição de liquidez e solvência
financeira.
VOCÊ SABIA!
Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis.
ATENÇÃO!!!
Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta li-
quidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que
estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. (RESOLUÇÃO CFC Nº 1.296, DE 17
DE SETEMBRO DE 2010, 2020).
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
prazo, por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da aquisição.
Os investimentos em instrumentos patrimoniais (de patrimônio líquido)
não estão contemplados no conceito de equivalentes de caixa, a menos
que eles sejam, substancialmente, equivalentes de caixa, como, por
exemplo, no caso de ações preferenciais resgatáveis que tenham prazo
definido de resgate e cujo prazo atenda à definição de curto prazo”.
A Lei nº 6.404/1976 não fixou um modelo da DFC a ser observado por todas as empresas.
Ela limitou-se a estabelecer no inciso I do artigo 188 que a DFC deverá indicar no mínimo
as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de Caixa e Equivalentes de caixa,
segregando-se essas alterações em três fluxos: das operações, dos financiamentos e dos
investimentos. (RIBEIRO, 2014).
VOCÊ SABIA!!!
Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
a. Atividades operacionais - compreende toda a movimentação de dinheiro
ocorrida no desenvolvimento das atividades fins da organização. Por exemplo:
recebimento de vendas, pagamento de fornecedores por compra de materiais,
pagamento dos funcionários etc.
b. Atividades de investimento – são as aquisições e vendas de Ativos de longo prazo
e de outros investimentos não incluídos nos Equivalentes de Caixa. Exemplo:
aquisições ou vendas de participações em outras empresas e de Ativos utilizados
na produção de bens ou na prestação de serviços ligados ao objetivo social da
empresa.
ATENÇÃO!!!
As atividades de investimento não compreendem a aquisição de Ativos com o
objetivo de revenda.
a) Atividades operacionais
No seu item 14, a NBCTG 03 (R3) de 2016 estabelece os seguintes exemplos de fluxos
de caixa que decorrem das atividades operacionais:
(a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação
de serviços;
(b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários,
comissões e outras receitas;
(c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;
(d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;
(e) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e
sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;
(f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
menos que possam ser especificamente identificados com as atividades
de financiamento ou de investimento; e
(g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para
negociação imediata ou disponíveis para venda futura.
ACESSE:
NBC TG 03 Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1296.pdf.
SAIBA MAIS!!!
NBC TG 27 (R4)–Disponível em
http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/1274569/do1-2017-12-22-
norma-brasileira-de-contabilidade-nbc-tg-27-r4-de-24-de-novembro-de-2017-1274565-1274565
b) Atividades de investimento
A NBC TG 03 (R3) de 2016, no seu item 16, a apresenta os seguintes exemplos de fluxos
de caixa que decorrem das atividades de investimentos:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
(b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado,
intangíveis e outros ativos de longo prazo;
(c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais
ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações
societárias em joint ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a
títulos considerados como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos
para negociação imediata ou futura);
(d) recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos
patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades
e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles
recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes
de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou futura);
(e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto
aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira);
(f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou
amortização de empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles
adiantamentos e empréstimos de instituição financeira);
(g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e
swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação
imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como
atividades de financiamento; e,
(h) recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e
swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação
imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como
atividades de financiamento.
c) Atividades de financiamento
É apresentado no item 17 da NBC TG 03 (R3) de 2016, os seguintes exemplos de fluxos
de caixa que decorrem das atividades de financiamento:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
da entidade;
(c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas
promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos
de curto e longo prazos;
(d) amortização de empréstimos e financiamentos; e,
(e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo
relativo a arrendamento mercantil financeiro.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
f) Distribuição de dividendos, enquanto não forem pagos. Essa
transação reduz o Patrimônio Líquido e aumenta o Passivo Circulante,
porém não movimenta o Caixa,
g) Compensações de valores Passivos com valores Ativos, desde que
não envolvam dinheiro etc.
No Método Direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais efetuadas durante o
período.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
(-) Amortizações de dívidas contraídas
(-) Resgates de debêntures
(-) Pagamentos por resgate ou reembolso das próprias ações
(=) Caixa gerado (+) ou consumido (-) na atividade
SAIBA!!
CSLL – Contribuição social sobre o lucro líquido
IR – Imposto de renda
O item 20 da NBC TG 03 (R3) de 2016 menciona que pelo método indireto, o fluxo
de caixa líquido advindo das atividades operacionais é determinado ajustando o lucro
líquido ou prejuízo quanto aos efeitos de:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
de equivalência patrimonial quando aplicável; e
(c) todos os outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das
atividades de investimento e de financiamento.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
5 – Saldo do Disponível no início do exercício
6 – Saldo do Disponível no final do exercício (4+5)
Fonte: Neves & Viceconti, (2013 p. 276)
Para sua elaboração, tanto método direto ou indireto, os dados são coletados do
Balanço Patrimonial (exercício atual e anterior) e da DRE do exercício atual, além de
consultas em fichas de Razão de algumas contas.
1.4.9.1 Exemplificando
Neves & Viceconti, (2013 p. 277) traz o seguinte exemplo: A Cia. ABC apresentava o
seguinte balanço patrimonial em 31.12.20X8:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Durante o ano de 20X9, ocorreram os seguintes fatos contábeis na companhia, que
não estão ordenados cronologicamente:
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
TOTAL CIRCULANTE 330.000 TOTAL CIRCULANTE 160.000
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Elaborando-se a Demonstração do Fluxo de Caixa de pelo método indireto, que
efetua a reconciliação contábil entre o lucro líquido do exercício e a geração de caixa nas
atividades operacionais, obtém-se:
OBSERVE QUE:
As Despesas de Depreciação são somadas ao Lucro Líquido do Exercício para
anular seu efeito na redução deste último. As despesas de depreciação não pro-
vocam modificações no Disponível da entidade, uma vez que elas não implicam desembolso, ao
contrário das despesas de salários, despesas com tributos e de outras despesas operacionais.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
EXERCÍCIOS
Cia Rosinha
Balanço Patrimonial – exercício findo em 31.12.X2
Ativo X1 X2 Passivo X1 X2
Circulante Circulante
Disponível 21.000 18.000 Fornecedores 60.000 52.500
Clientes 66.000 84.000 Salários a pagar 4.500 6.000
Estoques 37.500 24.000 Contas a pagar 12.000 13.500
Outros créditos 7.500 9.000
Total do Circulante 132.000 135.000 Total do Circulante 76.500 72.000
Cia Rosinha
DRE
48
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Ajuste de Avaliação Patrimonial 2.250
Lucro Líquido do Exercício 12.000
49
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei no. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. Diário Oficial da União, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 02 abr. 2020.
BRASIL. Lei no. 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa
ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que
especifica; institui regime tributário de transição, alterando o Decreto no 70.235, de 6 de
março de 1972, as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 8.218,
de 29 de agosto de 1991, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.430, de 27 de dezembro
de 1996, 9.469, de 10 de julho de 1997, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 10.426, de 24
de abril de 2002, 10.480, de 2 de julho de 2002, 10.522, de 19 de julho de 2002, 10.887,
de 18 de junho de 2004, e 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o Decreto-Lei no 1.598, de
26 de dezembro de 1977, e as Leis nos 8.981, de 20 de janeiro de 1995, 10.925, de 23 de
julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de 2002, 10.833, de 29 de dezembro de 2003,
11.116, de 18 de maio de 2005, 11.732, de 30 de junho de 2008, 10.260, de 12 de julho de
2001, 9.873, de 23 de novembro de 1999, 11.171, de 2 de setembro de 2005, 11.345, de 14 de
setembro de 2006; prorroga a vigência da Lei no 8.989, de 24 de fevereiro de 1995; revoga
dispositivos das Leis nos 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e 8.620, de 5 de janeiro de 1993,
do Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966, das Leis nos 10.190, de 14 de fevereiro de
2001, 9.718, de 27 de novembro de 1998, e 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.964, de 10 de
abril de 2000, e, a partir da instalação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais,
os Decretos nos 83.304, de 28 de março de 1979, e 89.892, de 2 de julho de 1984, e o art.
112 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005; e dá outras providências. Diário Oficial
da União, 27 mai. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/Lei/L11941.htm. Acesso em: 02 abr. 2020.
BRASIL. NBC TG 27 (R4) – Altera a NBC TG 27 (R3) que dispõe sobre ativo imobilizado,
50
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
de 24 de novembro de 2017. Diário Oficial da União, 22 dez. 2017. Disponível em http://
www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/1274569/do1-
2017-12-22-norma-brasileira-de-contabilidade-nbc-tg-27-r4-de-24-de-novembro-
de-2017-1274565-1274565. Acesso em: 03 abr. 2020.
RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil.11. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.
51
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
52
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2
unidade
ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO DAS
SITUAÇÕES ECONÔMICA
E FINANCEIRA DE UM
DETERMINADO PERÍODO
53
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
INTRODUÇÃO A UNIDADE
Diante do exposto, esperamos que essa Unidade 2 sirva de apoio, pois como diz
Matarazzo (2010) essas Demonstrações Contábeis precisam ser transformadas em
54
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
informações que permitam concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo
bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se é ou não
lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente, se irá falir ou se continuará
operando.
55
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.1 HISTÓRICO, CONCEITO, OBJETIVOS E USUÁRIOS DA ANÁLISE DOS
DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS.
2.1.1 Histórico
VOCÊ SABIA!!!
Os bancos foram às primeiras instituições a utilizarem a Análise das Demons-
trações Contábeis como instrumento auxiliar na tomada de decisão?
56
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.1.1.1 Estados Unidos
57
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Surge nos Estados Unidos a demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR),
1972 lançando assim uma visão de análise mais detalhada sobre as variações ocorridas no capital
circulante líquido da empresa de um ano para outro.
Criada a FASB (Financial Accounting Foundation Board), organização designada para estabe-
1973
lecer padrões da contabilidade financeira e relatórios do setor privado.
Lei Sarbanes-Oxley (SOX) – Em razão dos muitos escândalos financeiros envolvendo grandes
corporações e empresas de auditoria, esta lei impõe severas obrigações aos diretores execu-
tivos e diretores financeiros das companhias americanas, que passam a ser explicitamente
2002 responsáveis por estabelecer, avaliar e monitorar a eficácia dos controles internos sobre
relatórios financeiros e divulgações. As empresas de auditora também são feitas algumas
restrições, como, por exemplo, a vedação de uma mesma empresa de autoria prestar serviços
simultâneos de auditoria e consultoria contábil e tributária para seus clientes.
Fonte: Adaptado de Silva (2017)
2.1.1.2 Brasil
58
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Stephen C. Kanitz (USP) publica na revista Exame Como prever a falência das empresas, o
1974 chamado “Termômetro de Insolvência”, metodologia que até hoje desperta a atenção dos
estudiosos da Análise de Demonstrações Contábeis.
Lei nº 6.385- cria a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com a principal função de assegu-
1976
rar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão.
Lei nº 6.404 – a nova Lei das Sociedades Anônimas estabelece, dentre outras normas, as
1976
principais práticas contábeis a serem seguidas pelas S.A. Revoga o Decreto-Lei nº 2.627/1940.
Publicada a 1º edição do Manual de contabilidade das sociedades por ações, de Sérgio de
Iudícibus, Eliseu Martins e Ernesto Rubens Gelbcke, carinhosamente chamado por muitos de a
1979
Bíblia do contador.
Resolução CFC nº 530 – aprova a NBC T-1, estabelecendo os Princípios Fundamentais de
1981
Contabilidade, mais tarde atualizados pela Resolução CFC nº 750/93.
Resolução CFC nº 686 – aprova a NBC T-3, trazendo Conceito, Conteúdo e Nomenclatura das
1990
Demonstrações Contábeis.
1993 Resolução CFC nº 750 – aprova os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Resolução CFC nº 820 – aprova a NBC T-11, Normas de Auditoria Independente das Demonstra-
1997
ções Contábeis.
Lei nº 10.406 – institui o novo Código Civil. Esta Lei revogou o capítulo relativo às Sociedades
Comerciais constante na Lei nº 556/1850 (Código Comercial), estabelecendo novas normas
2002 quanto à organização das empresas e suas obrigações, incluindo aspectos relacionados à
escrituração contábil.
Deliberação nº 488 da CVM – aprova o Pronunciamento do IBRACON NPC nº 27- Demonstra-
2005
ções contábeis – apresentação e divulgações.
A Lei nº 6.404/76 em seu art. 177, §5º, passou a determinar que as normas expedidas pela CVM
2005
devam ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade.
O CFC através da Resolução nº 1.055/2005 criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis –
CPC com o objetivo de “estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre
procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir
a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformi-
2005 zação do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabili-
dade Brasileira aos padrões internacionais.
Editada a Lei nº 11.638/2007 e a Medida Provisória nº 449/2008, que estabelece profundas
modificações na forma de contabilização e evidenciação dos fatos contábeis das sociedades
2007 anônimas e das sociedades de grande porte, fazendo-as convergir para os padrões interna-
cionais de contabilidade.
CPC emite o Pronunciamento Conceitual Básico contendo a “Estrutura Conceitual para a
Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis”, através da correlação às Normas
2008
Internacionais de Contabilidade.
59
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Resolução CFC nº 1.121/2008 – Aprova a NBC T 1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e
Pronunciamento Conceitual Básico do CPC que dispõe sobre a Estrutura Conceitual para a
2008
Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis.
Deliberação CVM nº 539/2008 – aprova o Pronunciamento Conceitual Básico do CPC que
dispõe sobre a Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
2008 Contábeis, e revoga a Resolução CVM nº 29/1986 (antiga Estrutura Conceitual Básica da
Contabilidade);
Instrução CVM nº 469/2008 – dispõe sobre a aplicação da Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de
2008
2007. Altera as Instruções CVM n° 247, de 27 de março de 1996, e 331, de 4 de abril de 2000;
Resolução CFC nº. 1.157/09 – aprova o Comunicado Técnico CT 03 – Esclarecimentos sobre as
2009
Demonstrações Contábeis de 2008;
Resolução CFC Nº. 1.159/09 – aprova o Comunicado Técnico CT 01 que aborda como os ajustes
das novas práticas contábeis adotadas no Brasil trazidas pela Lei nº. 11.638/07 e MP nº. 449/08
2009
devem ser tratados.
As Instituições Financeiras, a partir do exercício findo em 2010, estão obrigadas a elaborar e
publicar suas Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS, em atendimento ao Comuni-
2010
cado nº 14.259/2006 do Banco Central do Brasil.
Por sua vez, a CVM também obriga as companhias de capital aberto brasileiras a elaborar e
publicar suas Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS a partir do exercício findo em
2010
2010, conforme dispõe a Instrução CVM nº 457/2006.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) emitiu a Circular Susep nº 357/2007, determi-
nando a preparação e publicação de Demonstrações Financeiras Consolidadas em conso-
2010 nância com os pronunciamentos do IASB, referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de
2010.
Fonte: Adaptado de Silva (2017)
60
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
sociedades de grande porte, fazendo-as convergir para os padrões internacionais de
contabilidade.
2.1.2 Conceito
Com este conceito, o autor nos faz cogitar sobre as várias possibilidades de
interpretações que surgem a partir das análises, ou seja, cada analista poderia, com o
mesmo conjunto de informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeiras ou até
completamente diferenciadas. Estas variações tendem a diminuir quando a análise é
efetuada por profissionais experimentados, que conhecem igualmente bem a empresa.
É o exame de laboratório da saúde econômica, financeira e patrimonial da sociedade.
É um diagnóstico bem estruturado da situação do patrimônio. É uma maneira de
transformar os dados das peças contábeis em valores relativos, tornando-os mais fáceis
de serem comparados com outras empresas ou mesmo com o mercado. (AZEVEDO, 2012).
ATENÇÃO!!!
A Análise de Demonstrações Financeiras é também conhecida como Análise
de Balanço ou Análise das Demonstrações Contábeis.
61
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Já Matarazzo (2010, p. 39), diz que “a análise das demonstrações visa extrair
informações para a tomada de decisão. O perfeito conhecimento do significado de cada
conta facilita a busca de informações precisas”.
Na visão de Assaf Neto (2015, p. 48):
2.1.3 Objetivos
62
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Matarazzo (2010) comenta que, por meio da análise, podemos extrair informações das
demonstrações contábeis para a tomada de decisões. Tais demonstrações fornecem uma
série de dados sobre a empresa. A análise das demonstrações contábeis visa transformar
esses dados em informações. O processo de análise será mais eficiente à medida que as
informações produzidas possuírem mais qualidade, ou seja, apresentarem confiabilidade,
veracidade, exatidão etc.
A análise das demonstrações contábeis, segundo Assaf Neto (2015), visa relatar, com
base nas informações fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual,
as causas determinantes da evolução apresentada e as tendências futuras.
No processo de elaboração de uma análise das demonstrações contábeis, é muito
importante que façamos a distinção entre dados e informações. Em relação a este tema,
Matarazzo (2010) apresenta as seguintes definições:
• Dados: são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não
provocam nenhuma reação no leitor;
• Informações: representam, para quem as recebe uma comunicação que pode
produzir reação ou decisão, frequentemente acompanhada de um efeito-surpresa.
Por exemplo: quando se diz que as demonstrações financeiras mostram que a empresa
tem tantos milhares de dívidas, isto é um dado. A conclusão de que a dívida é excessiva ou
é normal, de que a empresa pode pagá-la ou não é informação. Assim sendo, o objetivo
da Análise de Balanço é produzir informação.
Portanto, percebe-se que a coleta de dados é importante para a análise, porém, por
si só não leva o usuário das informações às decisões. Após os cálculos, é necessário
que sejam descobertas as causas que influenciaram a formação de tais números; caso
contrário, não será possível chegar a qualquer tomada de decisão.
63
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.1.4 Usuários
64
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro próprio, da solidez
Comissões de
econômico-financeira, buscando identificar se há garantia acessória para o início ou
licitação
continuidade no fornecimento dos bens e serviços.
Para salvaguardar o desempenho das empresas filiadas, a fim de estabelecer padrões
Sindicato de
que possam servir de guia para tomada de decisões por parte das empresas interes-
classe
sadas.
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2015) e Silva (2017).
Iudícibus (2017) afirma que, se uma boa análise de balanços é importante para
banqueiros e investidores, para as gerências é ainda mais. O que os diferencia é o enfoque
dos detalhes de cada análise. Através delas, pode-se construir uma série de indicadores
financeiros e avaliar o progresso ou declínio em espaços de tempos menores.
A análise das demonstrações contábeis é essencial para os usuários do sistema de
informações atenderem seus interesses específicos tais como saber através dos relatórios
contábeis se a empresa analisada tem condições de ser financiada e por quanto tempo; se
esses usuários são os seus credores; se vale a pena comprar ações da empresa ou investir
na empresa; se o usuário é o investidor; se o desempenho da direção e da gerência da
empresa é satisfatório e os resultados são favoráveis; se o usuário é o acionista controlador;
enfim, como anda a saúde econômica e financeira da empresa, utilizando-se do processo
de análise. (BEGALLI; PEREZ JR., 2009, p. 239).
Dentro desse contexto, as demonstrações financeiras possuem destaque devido
à grande importância que apresentam, sobretudo em função das informações que
consolidam e através dessas análises, há uma facilidade em se acompanhar os resultados
e auxiliar nas tomadas de decisões.
IMPORTANTE!!!
A Análise das Demonstrações Financeiras é uma das quatro técnicas da ciência
contábil; as outras são a escrituração, as demonstrações financeiras e a auditoria.
65
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
A partir de agora, você estudará as tarefas que são atribuídas aos analistas de Balanço,
visando à análise e à interpretação das demonstrações financeiras.
Desse modo, a Análise de Balanços começa onde termina a Contabilidade, ou seja,
no fim da demonstração expositiva dos fatos (demonstrações contábeis), conforme
ilustração a seguir:
De posse das demonstrações financeiras, o analista irá decompô-las por meio do exame
minucioso de cada uma das contas que compõem essas demonstrações, transcrevendo-
as em mapas padronizados, a fim de facilitar o processo de análise.
ALERTA!!!
O processo de Análise de Balanços começa quando termina o processo contá-
bil. (MARION E RIBEIRO, 2011).
66
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
principalmente, a rentabilidade alcançada pelo capital investido na organização.
Com a extração dos dados da Demonstração do Resultado do Exercício e os do Balanço
Patrimonial, pode-se conhecer a taxa de retorno do capital investido.
Já os dados extraídos do Balanço Patrimonial, pode-se conhecer seu grau de
endividamento, bem como a existência ou não de solvência suficiente, para que seja
possível cumprir seus compromissos de curto e de longo prazo.
ATENÇÃO!!!
Análise de Balanços interna é realizada dentro da entidade por seus próprios
empregados, e visa informar administradores e diretores, auxiliando-os nas toma-
das de decisões.
Para Marion e Ribeiro (2011), essa análise tem por fim informar os gestores sobre o
comportamento econômico e financeiro da organização, dotando-os do conhecimento
necessário para as suas tomadas de decisões.
O conhecimento do desempenho da organização por meio das variações de sua
situação econômica e financeira durante alguns exercícios passados, especialmente em
comparação com seus concorrentes, evidencia as tendências de crescimento, estagnação
ou queda em exercícios futuros, possibilitando aos gestores identificar os rumos corretos
que deverão nortear novos desafios para a organização.
Os objetivos da análise interna são o controle operacional, a avaliação do desempenho
e a coleta e fornecimento de dados para que a empresa possa tomar decisões para corrigir
o comportamento dela e de seus agentes. (AZZOLIN, 2012)
Quando os analistas pertencerem à própria organização objeto da análise, eles não
67
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
encontram dificuldades para coletar os dados necessários para realizar suas tarefas,
especialmente porque têm acesso direto aos controles internos. Por isso, a Análise
Interna é considerada a mais completa.
ATENTOS!!!
Análise de Balanços externa é realizada fora da entidade, e visa informar aos
interessados acerca da situação econômica ou da estabilidade da entidade para
concretização de negócios.
A análise externa é promovida por analista não vinculado à empresa e é realizada para
atender finalidades nos campos micro e macroeconômico. Neste sentido, Florentino
(1980) pontua que os campos microeconômicos são: empresa isolada; mercado de
capitais; financiamento e concessões de credito; projetos de instalação ou ampliação
de empresas; fiscalização tributaria; grupos de empresas; seleção de empresas para
procedimentos licitatórios, já os campos macroeconômicos são: mercados setoriais e
contabilidade nacional.
Enquanto o resultado da Análise de Balanços interna visa a auxiliar os administradores
nas suas tomadas de decisões que influenciarão no desempenho da organização, o
resultado da Análise de Balanços externa tem por objetivo mais o conhecimento da
situação econômica e financeira da entidade e auxilia as pessoas estranhas ao objeto da
organização em suas tomadas de decisões em função dos resultados já apurados, não
interferindo, assim, no seu desempenho. (MARION E RIBEIRO, 2011)
68
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.2.2 Técnicas para análise
As técnicas podem ser entendidas como processo para obtenção de conclusões acerca
da situação econômica, financeira da entidade ou de outros aspectos relacionados com o
Patrimônio, de acordo com os interesses dos usuários.
O analista de Balanços tem à sua disposição várias técnicas, podendo ser utilizadas
isoladamente ou em conjunto, dependendo do grau de detalhamento das informações
que se pretende.
VOCÊ SABIA!!!
As técnicas para análise são os procedimentos e cálculos, com a utilização de
papéis de trabalho, adotados pelo analista para desenvolver os vários tipos de análise.
Nesse nosso estudo, veremos cinco dessas técnicas: análise propriamente dita, análise
por quocientes, análise vertical, análise horizontal e comparação com padrões.
69
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Para Ribeiro (2014), é o estudo comparativo entre grupos de elementos das
demonstrações financeiras por meio de índices, objetivando o conhecimento da relação
entre cada um dos grupos do conjunto.
De posse das demonstrações financeiras, o analista vai decompô-las por meio do exame
minucioso de cada uma das contas que compõem essas demonstrações, transcrevendo-
as em mapas padronizados, a fim de facilitar o processo de análise. Além disso, segundo
Marion e Ribeiro (2011), o analista coletará dados, escolherá os indicadores apropriados
para a obtenção dos resultados pretendidos, efetuará os cálculos de quocientes,
coeficientes e números índices, interpretará isolada e conjuntamente esses dados,
comparando-os com padrões, para finalmente apresentar suas conclusões por meio de
relatórios.
70
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Este trabalho pode ser dividido em sete etapas conforme Marion e Ribeiro (2011),
exame e padronização das demonstrações financeiras, coleta de dados, cálculos dos
indicadores, interpretação de quocientes, análise vertical/horizontal, comparação com
padrões e relatórios.
71
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
7a Etapa: Relatórios
Apresentação das conclusões da análise em forma de relatórios inteligíveis por leigos.
Quando esses relatórios se destinarem aos gestores internos, eles deverão contemplar o
grau de conhecimento contábil de cada um.
Antes de detalhar cada etapa acima, é necessário saber que aos usuários das
demonstrações financeiras interessa conhecer dois aspectos do Patrimônio: o aspecto
financeiro e o aspecto econômico.
IMPORTANTE!!!
A estática patrimonial examina o meio ou riqueza em seus estados estruturais
e de equilíbrio pertinentes, enquanto, a dinâmica, tem como escopo, o movimento.
(RIBEIRO 2014).
72
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
à disposição da empresa; o Ativo mostra em que esses Capitais foram aplicados.
Os investimentos efetuados no Ativo em Bens Circulantes (Disponibilidade, Contas
a Receber, Estoques, etc.) e em Bens não Circulantes (Móveis e Utensílios, Veículos,
Equipamentos etc.) devem ser efetuados em proporções adequadas ao ramo de atividade
da empresa. Os Investimentos efetuados no Ativo não Circulante por uma empresa de
transporte coletivo, por exemplo, são bens maiores do que os Investimentos efetuados
por uma empresa comercial que consegue gerir o seu negócio com poucos bens de uso.
(RIBEIRO 2014).
Por outro lado, deve haver também uma proporção adequada entre os Capitais
Próprios e os Capitais de Terceiros investidos na empresa.
Enfim, a comparação desses e de outros dados, como a relação entre o Ativo Circulante
e o Passivo, entre o Ativo Circulante mais o Realizável a Longo Prazo e o Passivo Circulante
mais o Exigível a Longo Prazo, pode ser analisada por meio do Balanço Patrimonial.
(RIBEIRO 2014).
Veja o seguinte Balanço Patrimonial, extraído do livro Estrutura e Análise de Balanços
de Osni Moura Ribeiro, p.139, 2014.
De posse do Balanço veja como a situação estática fornece dados para interpretação:
• O Capital Total à disposição da empresa é de R$ 27.000, sendo que R$ 18.000
(66,66%) correspondem a Capitais Próprios e R$ 9.000 (33,33%) correspondem a
Capitais de Terceiros.
• Os Capitais Próprios estão assim compostos:
73
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
a) financiados pelos titulares = R$ 15.000 (83,33%);
b) decorrentes da evolução normal da empresa = R$ 3.000 (16,66%).
• Os Capitais de Terceiros, no valor de R$ 9.000, correspondem a débitos decorrentes
do funcionamento normal da empresa – Fornecedores (compra de mercadorias a
prazo) e Contas a Pagar (Obrigações normais, como impostos, luz, água, salários,
aluguéis, etc.).
• Os Capitais Totais à disposição da empresa foram aplicados no Ativo da seguinte
maneira:
a) no Ativo não Circulante, em Bens de Uso, R$ 7.000, que equivalem a 25,92%;
b) no Ativo Circulante – Capital Circulante foi aplicado R$ 20.000, que correspondem
a 74,08%.
• O Ativo não Circulante corresponde a 38,88% do Capital Próprio, o que significa
que 61,22% desse Capital foram aplicados no Ativo Circulante.
• O Ativo Circulante, que é de R$ 20.000, teve a seguinte origem:
a) R$ 9.000 foram financiados com recursos de Terceiros, pagáveis a curto prazo
(Passivo Circulante), o que corresponde a 45%;
b) R$ 11.000 foram financiados com recursos próprios (diferença entre o Patrimônio
Líquido e o Ativo não Circulante), correspondendo a 55%.
• O Ativo Circulante, que é de R$ 20.000, corresponde a mais de 100% do Passivo
Circulante, que totaliza R$ 9.000.
• Dos R$ 10.000 de estoques, 70% foram comprados a prazo, pois há dívida a
fornecedores no valor de R$ 7.000.
• Os Valores a Receber de Clientes, que são de R$ 8.000, quase empata com os
Valores a Pagar a Fornecedores.
Além desses, outros dados poderão ser extraídos do Balanço Patrimonial para fins de
análise. A interpretação será estudada nas unidades seguintes.
74
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Conforme já dissemos, a análise das variações patrimoniais permite aquilatar a
rentabilidade obtida com o Capital investido na empresa.
Observe a seguinte Demonstração do Resultado do Exercício:
Veja como a situação dinâmica do patrimônio permite a extração de vários dados para
serem interpretados:
75
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• A Receita Líquida de Vendas, que foi de R$ 30.000, corresponde a 200% do valor
do Capital Social da empresa, que é de R$ 15.000.
• O Lucro Bruto do Exercício corresponde a 120% do Capital Social.
• O Lucro Líquido do Exercício, que foi de R$ 3.000, corresponde a 20% do Capital
Social. Se a empresa obtiver, a cada ano, Lucro Líquido correspondente a 20%
do Capital Social, no final de cinco anos a empresa conseguirá dobrar o valor do
Capital investido pelos sócios (5 anos x 20% = 100%). Isto equivale a dizer que em
cinco anos os sócios obterão de volta o valor do Capital que investiram na empresa.
O primeiro passo a ser dado pelo analista para realizar as tarefas de análise, será
examinar minuciosamente cada uma das contas que compõem as demonstrações
financeiras da empresa que será analisada.
Enfim, a análise minuciosa de cada conta proporciona ao analista o conhecimento de
detalhes que serão de grande valia no momento da interpretação dos dados nos diferentes
processos de análise (quocientes, vertical, horizontal etc.).
Os saldos das contas apresentadas nas demonstrações poderão englobar vários
valores de elementos de uma mesma natureza. Exemplos:
• Saldo da conta caixa - normalmente o saldo dessa conta é composto por vales,
cheques e dinheiro. É preciso saber qual é a participação dos vales no montante
do saldo da conta, bem como se eles representam valores que serão ressarcidos
imediatamente ou não. Também é importante conhecer as datas de vencimento
dos cheques: o mais correto seria reclassificar os cheques pré-datados no grupo
das Contas a Receber. (RIBEIRO 2014).
76
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• Conta clientes ou duplicatas a receber - é preciso examinar o percentual das
vendas à vista e das vendas a prazo no volume das vendas totais; o percentual
das duplicatas não recebidas; os prazos de vencimentos, bem como os valores que
vencem a 15, 30, 60 ou mais dias; os descontos previstos no caso de recebimentos
antecipados; a existência de vendas com reserva de domínio; a existência de títulos
em carteira, sendo estes descontados, caucionados ou em cobrança bancária etc.
(RIBEIRO, 2014).
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
grupos de contas ou apenas adicionar o saldo de várias contas que têm o mesmo significado
para a análise. Com este objetivo obtemos informações mais claras e detalhadas para
gerentes e dirigentes de uma empresa.
2.4.1 Simplificação
Um balanço expresso de acordo com a Lei das S/As abrange em média 60 contas, isso
proporciona um grau de dificuldade maior na visão do balanço como um todo. Quando
comparados com três balanços com 60 valores diferentes cada um calculamos os
percentuais de variação de um período para o outro (ou seja, a análise vertical e horizontal),
atinge a 540 números, e isso complica o trabalho de um analista, proporcionando perca de
dados e a demora no processo da análise. Existem padronizações que reduz em média de
20, o número de contas do balanço proporcionando agilidade e a facilidade no processo
da análise (CAMELO et al., 2020).
2.4.2 Comparabilidade
Bancos, seguradoras etc.; ou seja, onde se tem por obrigatoriedade um plano de contas
legal com maior ou menor grau de informações e títulos de contas, no qual se torna
78
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
difícil perceber sua origem. A análise é feita através de comparação, e seu propósito é
analisar um balanço após seu enquadramento em um exemplo que se torna possível, a
comparação com outros balanços. (CAMELO et al., 2020).
Geralmente uma conta ou outra devem ser reclassificadas, como por exemplo,
duplicatas descontadas que deve constar no passivo circulante. Outras contas como
duplicatas à receber e estoques são habitualmente classificadas no ativo circulante.
(CAMELO et al., 2020).
79
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.4.6 Intimidade do analista com as demonstrações financeiras da
empresa
Iudícibus (2017), alerta para o seguinte: A análise de balanços deve ser entendida
dentro de suas possibilidades e limitações. De um lado, mais aponta problemas a serem
investigados do que indica soluções; de outro, desde que convenientemente utilizada,
pode transformar-se num poderoso “painel de controle” da administração. Para isso, é
necessário atentar para os seguintes detalhes:
a) registros contábeis da empresa devem ser mantidos com esmero para que as
informações sejam produzidas com fidedignidade e sejam úteis para tomada de
decisão;
80
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
comparar nossos quocientes e tendências com:
1 - quocientes dos concorrentes;
2 - metas previamente estabelecidas pela administração (quocientes-padrão).
Um aspecto importante a ser verificado nesse processo de análise para Ribeiro (2014)
é o confronto entre saldos de contas das diversas demonstrações financeiras. Para isso, o
analista deve estar atento se:
• os saldos das contas do patrimônio líquido do balanço patrimonial coincidem
com os respectivos saldos da demonstração das mutações do patrimônio líquido;
• os valores das provisões para contribuição social e para o imposto de renda
constantes no passivo circulante do balanço patrimonial são os mesmos da
demonstração do resultado do exercício;
• o saldo da conta lucro ou prejuízo líquido do exercício, informado na demonstração
de lucros ou prejuízos acumulados, é o mesmo constante da demonstração do
resultado do exercício;
• a inflação é um ponto importante no que diz respeito à elaboração das
demonstrações padronizadas.
Antes de qualquer análise das demonstrações financeiras, Montoto (2018), diz que é
necessário realizar alguns ajustes e simplificações nas demonstrações em questão.
81
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.5.1 Ajustes, simplificações e considerações no Balanço Patrimonial
82
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.6 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS PARA PADRONIZAÇÃO
FIQUE ATENTO!!!
Uma das principais características da padronização das demonstrações contá-
beis para a realização da sua análise é classificar a conta Duplicatas Descontadas
no Passivo Circulante.
Essa padronização tem por objetivo ordenar a distribuição das contas contábeis de
forma a simplificar sua visualização facilitando o entendimento através da correlação
entre elas.
A padronização facilita a comparação com outros demonstrativos anteriores ou de
outras empresas, revisar a classificação das contas e identificar se não existe nenhuma
falha.
A seguir, apresentaremos, como sugestão, modelo de demonstração financeira
padronizada para facilitar a Análise de Balanços.
83
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Modelo de Balanço Patrimonial Padronizado para Análise
ATIVO CIRCULANTE
Financeiro
Disponibilidade
Soma
Operacional
Contas a Receber de Clientes
Estoques
Outros Direitos de Curto Prazo
Soma
TOTAL DO ATIVO
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Operacional
Contas a Pagar a Fornecedores
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Outras Obrigações de Curto Prazo
Soma
Financeiro
Empréstimos
Duplicatas Descontadas
Soma
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital
Reservas
Ajustes de Avaliação Patrimonial
TOTAL DO PASSIVO
Fonte: Adaptado de Ribeiro (2014)
Observações
• Na padronização foram efetuados ajustes para melhor adequar a demonstração à
Análise de Balanços.
• Não constam, na padronização, contas retificadoras, pois as contas principais já
devem ser informadas com seus saldos devidamente ajustados.
• As contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante foram reclassificadas em
Operacional e Financeiro.
• O total do grupo Receitas Diferidas, deve ser adicionado ao grupo de Reservas de
Lucros.
• Para facilitar a coleta de dados, pode-se, no Balanço Padronizado, englobar os
subgrupos Investimentos, Imobilizado e Intangível do Ativo Não Circulante em um
85
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
só, que poderá receber a denominação de Ativo Fixo, ou de “Ativo não Circulante
– Realizável a Longo Prazo”.
86
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.7 EXEMPLO PRÁTICO
Demonstrações financeiras
87
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
PASSIVO NÃO CIRCULANTE -0- 35.000
• Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
• Obrigações a Fornecedores
• Obrigações Financeiras 35.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 25.000 56.000
•Capital 10.000 10.000
• (-) Capital a Realizar (3.000)
• Reservas 18.000 46.000
88
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.7.1 - 1ª Etapa – Exame e Padronização
Demonstrações financeiras
89
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Soma 40.000 13.000
Total do Passivo Circulante 85.000 55.000
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
•.Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
EXIGÍVEL TOTAL 85.000 90.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
•. Capital 7.000 10.000
•. Reservas 18.000 46.000
Total do Patrimônio Líquido 25.000 56.000
Total do Passivo 110.000 146.000
90
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.7.2 - 2ª Etapa – Coleta de dados
Martins, Miranda e Diniz (2018) dizem que a possibilidade de avaliar cada uma das
contas ou grupos de contas das demonstrações contábeis é concedida por meio das
análises horizontal e vertical. Nesta análise é possível comparar as contas entre si e entre
91
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
diferentes períodos de maneira rápida e simples.
Na prática é necessário utilizar o conceito matemático simples de regra de três. Essa
técnica permite que se possa chegar a um nível de detalhes que outros métodos não
permitem, pois por meio das análises horizontai e vertical é possível avaliar cada conta
isoladamente.
A análise vertical e horizontal permite segundo Assaf Neto (2015, p. 93) “[...] a
comparação dos valores entre si e com outros de diferentes períodos e oferecerá um
aspecto mais dinâmico e elucidativo à posição estática das demonstrações contábeis.”
Colabora Matarazzo (2010, p. 170) “Por intermédio desse tipo de análise podem-se
conhecer pormenores das demonstrações financeiras que escapam à análise genérica
através de índices.”
FIQUE LIGADO!!!
Análise horizontal pode ser chamada de análise da evolução ou de método de
percentagens horizontais.
Segundo Assaf Neto (2015, p. 114) AH “é a comparação que se faz entre os valores de
uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais”. O autor ressalta,
92
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
“é basicamente um processo de análise temporal desenvolvido por meio de números-
índices, sendo seus cálculos processados de acordo com a seguinte expressão:”
ATENTOS!!!
100.434 div 104.899 x 100 = 95,7%
103.044 div 104.899 x 100 = 98,2%
113.925 div 104.899 x 100 = 108,9%
93
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
pelo autor (ASSAF NETO, 2015, p. 115):
ATENTOS!!!
100.434 div 104.899 x 100 = 95,7%
103.044 div 100.434 x 100 = 102,6%
113.925 div 103.044 x 100 = 110,6%
94
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Pede-se analisar o crescimento horizontal.
Análise:
Tomando-se por base da análise o ano de X0, o faturamento cresceu 22,07% (122,07 –
100) em X1 e 51,88% (151,88 – 100) em X2, já o Lucro Bruto cresceu 19,12% (119,12 – 100)
em X1 e 58,57% (158,57 – 100) em X2.
Uma rápida analisada baseada exclusivamente nesses valores indica que o desempenho
da empresa, no exercício encerrado em X1, esteve aquém do apresentado em X2.
Efetivamente, o resultado bruto não acompanhou a evolução verificada no faturamento
no exercício de X1, denotando-se maior consumo dessas receitas pelos custos.
Em outras palavras, as receitas cresceram mais do que os lucros, sobressaindo-se um
crescimento dos custos proporcionalmente maior que suas respectivas receitas. Esta
diferença absorveu uma parte do lucro bruto.
Em X2, porém, a situação é inversa e ocorre uma evolução proporcionalmente maior
do lucro bruto em relação às vendas. A evolução desses valores, tomando por base X1,
ratifica essa colocação, tendo o faturamento evoluído em 24,42% (R$ 12.310 div R$ 9.894
x 100 – 100) e o lucro bruto 33,11% (R$ 3.980 div R$ 2.990 x 100 – 100)
95
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
2.7.3.2 Análise vertical (AV) ou de estrutura ou método de percentagens
verticais
De acordo com os autores Viceconti e Neves (2014, p. 449) a AV tem como objetivo
“medir percentualmente cada componente em relação ao todo do qual faz parte, e fazer
as comparações casos existam 2 ou mais períodos”.
Para Bruni (2014, p. 105) “estuda a estrutura de composições dos itens ao longo do
tempo”.
Segundo Silva (2013, p. 205):
Sendo assim Assaf Neto (2015, p. 114) realça que a análise vertical “destaca a
participação de conta em relação a um total comparável do demonstrativo financeiro”.
IMPORTANTE!!!
Análise vertical é conhecida como análise de estrutura ou método de percen-
tagens verticais.
96
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
(-) CPV (-depreciações,
469.960 72,4 509.419 69,2 489.680 65,8
CMV, CSP
(-) Depreciações 34.620 5,3 32.563 4,4 30.680 4,1
Lucro bruto 144.611 22,3 193.822 26,3 223.728 30,1
(-) Despesas comerciais 58.824 9,1 75.820 10,3 83.880 11,3
(-) Despesas administra-
38.650 6,0 46.644 6,3 43.674 5,9
tivas
(-) Provisão p/ devedores
1.043 0,2 607 0,1 1.440 0,2
duvidosos
Lucro operacional l 46.094 7,1 70.751 9,6 94.734 12,7
(+) Receitas financeiras 28.901 4,5 9.845 1,3
(-) Despesas financeiras 2.133 0,3 3.557 0,5
Lucro operacional ll 74.995 11,6 78.463 10,7 91.177 12,3
(+/-) Equivalência patri-
2.352 0,4 17.460 2,4 27.381 3,7
monial
Lucro operacional lll 77.347 11,9 95.923 13,0 118.558 15,9
(+/-) Resultado não
962 0,1 309 0,0 282 0,0
operacional
Lucro líquido antes
76.385 11,8 96.232 13,1 118.276 15,9
do IR
(-) Provisão IR e CS 10.450 1,6 18.106 2,5 16.127 2,2
Lucro líquido 65.935 10,2 78.126 10,6 102.149 13,7
Fonte: Adaptada de Silva (2013, p. 209).
ATENTOS!!!
469.960 div 649.191 x 100 = 72,4%
34.620 div 649.191 x 100 = 5,3%
144.611 div 649.191 x 100 = 22,3%
97
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Com a análise aplicada, é possível observar os dados, assim como na AH mostrada
anteriormente, podemos examinar a oscilação e quanto cada resultado representa dentro
do total da operação.
A AV dimensiona a relação entre a demonstração financeira a que pertence, mostrando
a relevância de cada conta através da comparação de referências no ramo ou anos
anteriores da empresa (MATARAZZO, 2010).
Por fim, recomenda-se que os dois tipos de análises sejam usados conjuntamente,
pois cada uma complementa a outra, permitindo ampliar a visão sobre as informações,
observando mais detalhadamente e precisamente a importância dos resultados
(MATARAZZO, 2010).
98
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
total de seu grupo, como quando se divide a conta clientes pelo ativo circulante.
99
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Análise
Partindo do ativo total da empresa em cada ano, observa-se um decréscimo (menor
participação relativa) gradativo dos investimentos de curto prazo (ativo circulante), os
quais passaram de 54,66% em X0, para 51,36% em X1, e 44,72% em X2.
Nas aplicações de longo prazo (realizável e permanente), ocorre a situação inversa –
elas se elevam nos períodos considerados. Sendo evidenciada, mediante esses resultados,
a preferência (ou necessidade) da empresa por ativos de longo prazo (imobilizações|) em
detrimento dos de curto prazo (liquidez). (MAXI EDUCA BLOG, 2020).
Como contrapartida dessa situação, é de se esperar que a empresa tenha optado
também por maior participação de recursos permanentes em sua composição passiva
como forma de financiar suas aplicações mais elevadas em ativos de longo prazo. (MAXI
EDUCA BLOG, 2020).
No entanto, ao se avaliar a estrutura (composição) do passivo da empresa, denota-se
evolução na participação em seu financiamento de curto prazo (passivo circulante), o
qual de 41,67% em X0 passou a financiar 43,55% das aplicações totais processadas no
ativo em X2.
Dando continuação do nosso exemplo prático da Vale Doce SA, faremos a Análise
Horizontal e Análise Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício.
Tabela 21 Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/x2 para Análise
Horizontal
CONTAS X1 AH% X2 AH%
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 100 312.000 130
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E
(94.000) 100 (106.000) 112,76
SERVIÇOS VENDIDOS
LUCRO BRUTO 146.000 100 206.000 141,09
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) 100 (39.000) 243,75
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) 100 (55.000) 84,61
• Outras Despesas Operacionais (6.000) 100 (9.000) 150,00
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado
59.000 100 103.000 174,57
financeiro)
(+) Receitas financeiras 1.000 100 11.000 1.100,00
(-) Despesas financeiras (22.400) 100 (12.400) 55,35
100
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 100 101.600 270,21
(+ ou -) Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVI-
37.600 100 101.600 270,21
SÕES
(-) Provisões (16.000) 100 (40.000) 250,00
(-) Participações - 100 (8.200) 8.200,00
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 100 53.400 247,22
106.000 divid 94.000 x 100 = 112,76%
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
Tabela 22 Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial da Vale Doce S.A., em 31/12/x2, padroni-
zada para Análise Vertical.
CONTAS X1 AV% X2 AV%
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 100 312.000 100
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS
(94.000) (39,16) (106.000) (33,97)
VENDIDOS
LUCRO BRUTO 146.000 60,83 206.000 66,02
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) 6.66 (39.000) 12,50
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) 27,08 (55.000) 17,62
• Outras Despesas Operacionais (6.000) 2,50 (9.000) 2,88
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado financeiro 59.000 24,58 103.000 33,01
(+) Receitas financeiras 1.000 0,41 11.000 3,52
(-) Despesas financeiras (22.400) 9,33 (12.400) 3,97
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 15,66 101.600 32,56
(+ ou -) Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 15,66 101.600 32,56
(-) Provisões (16.000) 6,66 (40.000) 12,82
(-) Participações - (8.200) 2,62
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 9 53.400 17,11
94.000 dividido 240.000 = 39,16%
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
101
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezados!!!
102
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
EXERCÍCIOS
R$ X2 X3 X4
Passivo Circulante 15.576 28.458 79.314
Passivo não Circulante 8.160 21.510 16.164
Patrimônio Líquido 12.216 25.980 55.704
Total do Passivo 35.952 75.948 151.182
A. 75; 21;
B. -25; 43;
C. -75; 43;
D. 75; 43.
E. -25; 21;
103
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
a) Qual e o percentual do Lucro Bruto em relação a Receita de Vendas?
b) Qual e o percentual do Lucro Líquido em relação a Receita Liquida?
c) Qual e o percentual do Lucro Líquido do Exercício em relação a Receita de Vendas?
d) Qual e o percentual das Despesas Operacionais em relação a Receita Liquida?
e) Sabendo-se que o valor do capital investido na empresa pelos sócios foi de R$
108.000, quantos anos a empresa recuperaria seu capital investido trabalhando somente
com esse lucro líquido de R$ 28.000?
PASSIVO
Passivo Circulante 3.628.789 6.066.230 13.216.564
Obrigações Sociais e Trabalhistas 334.337 741.860 949.452
Fornecedores 2.409.501 4.004.395 5.306.349
Duplicatas Descontadas 110.234 313.672 353.894
Empréstimos 774.717 1.006.303 6.606.869
104
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Passivo Não Circulante 4.635.591 5.883.603 9.532.080
Financiamentos 4.635.591 5.883.603 9.532.080
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 5.454.221 6.624.220 7.184.104
Capital 4.450.725 5.374.751 5.579.259
Reservas de Capital 709.031 647.232 463.148
Reservas de Lucros 294.465 602.237 1.141.697
TOTAIS 13.718.601 18.574.053 29.932.748
Despesas Operacionais
Despesas com Vendas 2.879.289 3.532.481 4.904.572
Despesas Administrativas 574.023 679.581 912.676
Outras Receitas Operacionais 24.731 89.818
Outras Despesas Operacionais 615.657 562.504 555.973
Resultado da Equivalência Patrimonial 2.922 5.412 34.499
Sub-Total 4.066.047 4.744.423 6.248.904
Resultado Financeiro
Receitas Financeiras 291.509 250.030 331.698
Despesas Financeiras 608.297 504.505 1.154.699
Sub-Total (316.788) (254.475) (823.001)
105
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Provisão para IR e CS (35%) 111.006 94.015 86.558
106
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZZOLIN, José Laudelino. Análise das demonstrações contábeis. Curitiba – PR: IESDE,
2012.
BRASIL. Lei no. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. Diário Oficial da União, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 02 abr. 2020.
BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
IUDÍCIBUS, Sérgio de Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARION, José Carlos; RIBEIRO, Osni Moura. Introdução à contabilidade gerencial. São
Paulo : Saraiva, 2011
MARTINS, Eliseu; MIRANDA, Gilberto José; DINIZ, Josedilton. Análise Didática das
Demonstrações Contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
107
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Saraiva Educação, 2018.
RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil.11. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas.12. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
108
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
3
unidade
ANÁLISE ECONÔMICO
FINANCEIRA DAS
DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
INTRODUÇÃO A UNIDADE
110
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
as técnicas de Análise de Balanço agilizam, sobremaneira, o processo de avaliação da
empresa.
Bons estudos!!!
Aproveitem!!!
A análise por índices ou indicadores financeiros faz parte do processo de análise das
demonstrações contábeis e diz respeito à relação existente entre grupos, subgrupos e
contas pertencentes às demonstrações contábeis que sejam úteis na análise da situação
econômico-financeira da empresa.
Neste sentido, Padoveze (2003) observa que os indicadores financeiros têm como
objetivo detectar situações, verificar tendências dos acontecimentos e proporcionar
subsídios para que a alta administração da empresa direcione esforços corretivos
necessários ao bom desenvolvimento da organização.
Para Schmidt, Santos e Kloeckner (2006) da mesma forma que a análise vertical
e horizontal, a análise por indicadores financeiros por si só possui muitas limitações,
sendo necessário utilizá-la em conjunto com a análise vertical e horizontal, bem como
juntamente com a análise de indicadores não financeiros. Além disso, um índice não
deve ser analisado isoladamente, mas em relação a períodos anteriores e empresas que
atuam no mesmo setor econômico; estes são os denominados índices-padrão.
Figura 3: A Análise de Demonstrativos pode ser feita pelos métodos de Análise Vertical, Análise Horizon-
tal e Análise por Quocientes.
Fonte: Adaptada de Sousa e Martins (2010)
111
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Estes índices financeiros são divididos em dois grandes grupos de indicadores: os de
liquidez e estrutura de capital.
VOCÊ SABIA!!!
Quocientes são índices extraídos das demonstrações financeiras por meio de
confrontos entre contas ou grupos de contas?
ATENTOS!!!
Os índices de liquidez são indicadores estáticos ou patrimoniais. Isso porque
eles envolvem apenas os elementos patrimoniais de uma empresa.
112
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
O termo liquidez significa a velocidade com a qual um ativo pode ser convertido em
dinheiro. Para Montoto (2018), uma aplicação financeira tem alta liquidez, uma vez que
pode ser convertida em dinheiro rapidamente; um veículo tem média liquidez, uma vez
que necessitamos de alguns dias para converter seu valor em dinheiro; e um imóvel
tem baixa liquidez, uma vez que o tempo para conversão em dinheiro é imprevisível e
normalmente longo.
Índices designados como de liquidez deveriam informar a capacidade imediata de
pagamento, mas na verdade informam, em sua grande maioria, a solvência da empresa
sob diversos prismas.
Para que se possa obter um diagnóstico mais completo acerca da solidez financeira
da empresa, vários aspectos precisam ser relevados na análise de acordo com Marion e
Ribeiro (2011), do qual destacam:
• alto grau de endividamento nem sempre é sinônimo de insolvência – a empresa
poderá estar endividada, mas paga seus compromissos em dia. Isso é possível,
por exemplo, nos casos em que a empresa consegue renegociar facilmente suas
dívidas;
• a empresa poderá apresentar baixo grau de liquidez em curto prazo, porém um
bom grau de liquidez em longo prazo e vice-versa; e,
• a empresa poderá contar com alto grau de liquidez, mas não dispor de dinheiro
para pagar seus compromissos imediatos.
Esses e outros aspectos poderão ser esclarecidos por meio da análise isolada e conjunta
dos Quocientes de Liquidez.
Os índices de liquidez são classificados em:
• índice de liquidez imediata (ILI);
• índice de liquidez corrente (ILC);
• índice de liquidez seca (ILS) e
• índice de liquidez geral (ILG).
113
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Assim, os índices de liquidez são geralmente utilizados pela empresa para concessão
de crédito, já que não importa somente o montante de obrigações que a empresa possui,
mas também se ela será capaz de pagar o empréstimo no prazo contratado.
Para esses indicadores, quanto maior o índice de liquidez, melhor será a situação
financeira da empresa. Embora, como argumentam Sousa e Martins (2010), isso se
aplique a boa parte das situações, não é uma regra. É importante ter em mente que um
alto índice de liquidez não necessariamente representa boa saúde financeira da empresa.
O cumprimento dos compromissos nas datas previstas depende de uma adequada
administração dos prazos de recebimento e de pagamento.
ATENÇÃO!!!
Quanto maior o índice de liquidez, melhor será a situação financeira da empresa.
114
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• Ativo Realizável a Longo Prazo 15.000 10.000
• Investimentos 6.000
•. Imobilizado 29.200 46.040
•. Intangível 10.800 9.600
Total do Ativo 110.000 146.000
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Operacional
•.Contas a Pagar a Fornecedores 26.000 20.000
•.Outras Obrigações de Curto Prazo 19.000 22.000
Soma 45.000 42.000
Financeiro
•.Empréstimos 30.000 5.000
•. Duplicatas Descontadas 10.000 8.000
Soma 40.000 13.000
Total do Passivo Circulante 85.000 55.000
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
•.Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
EXIGÍVEL TOTAL 85.000 90.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
•. Capital 7.000 10.000
•. Reservas 18.000 46.000
Total do Patrimônio Líquido 25.000 56.000
Total do Passivo 110.000 146.000
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
115
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 24 Demonstração do Resultado do Exercício da Vale Doce S.A., em 31/12/x2
Demonstração do Resultado do Exercício da Vale Doce S.A., em 31/12/x2
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 312.000
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS (94.000) (106.000)
LUCRO BRUTO 146.000 206.000
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) (39.000)
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) (55.000)
• Outras Despesas Operacionais (6.000) (9.000)
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado financeiro 59.000 103.000
(+) Receitas financeiras 1.000 11.000
(-) Despesas financeiras (22.400) (12.400)
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 101.600
(+ ou -). Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 101.600
(-) Provisões (16.000) (40.000)
(-) Participações - (8.200)
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 53.400
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
IMPORTANTE!!!
O índice de liquidez imediata também é conhecido como índice de liquidez
instantânea ou absoluta.
116
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Portanto, o índice de liquidez imediata indica quantos reais existem disponíveis
imediatamente para cada 1,00 de passivo circulante.
Esse índice de fato é um índice de liquidez, mas devemos ficar atentos, porque compara
disponibilidades de hoje com dívidas que podem vencer em até um ano.
Aplicando o índice de liquidez imediata na Vale Doce S.A., temos:
Fórmula: Disponível
PC
Conclusão: Para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo (PC), a empresa possui apenas
R$ 0,12 em X1 e R$ 0,39 em X2 de disponibilidade.
Considere que a composição monetária do numerador e denominador é
completamente distinta. No numerador, temos fundos imediatamente disponíveis. No
denominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 360
dias. Assim, a comparação mais correta seria com o valor presente de tais vencimentos,
ou colocando-se no denominador o valor que pagaríamos se nos dispuséssemos a pagar
as dívidas de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente, obteríamos um desconto.
(MARION E RIBEIRO, 2011)
Schmidt, Santos e Kloeckner (2006), alertam que é primordial comparar o índice de
liquidez imediata da empresa em relação ao índice médio do setor em que a empresa
atua. Assim, supondo que o índice de liquidez imediata do setor seja de 0,5, isto significa
que a posição de liquidez imediata da empresa é menor que a média setorial, o que não é
um bom indicativo.
117
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
itens tão diversos como: disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e
certas despesas pagas antecipadamente. No denominador, estão incluídas as dívidas e
obrigações vencíveis a curto prazo.
FIQUE LIGADO!!!
O índice de liquidez corrente também é conhecido como índice de liquidez
comum.
Assim, é preciso tomar muito cuidado para avaliar a sinalização real de nosso quociente
de liquidez corrente (e de vários outros que envolvem prazos diferentes de vencimento
de direitos e obrigações). (IUDICIBUS, 2017).
Portanto, o índice de liquidez corrente indica quantos reais existem no ativo circulante
para cada R$ 1,00 de passivo circulante.
Aplicando o índice de liquidez corrente na Vale Doce S.A., temos:
Fórmula: AC
PC
Conclusão: Em X1, para cada 1,00 de dívida de curto prazo a empresa possui apenas
R$ 0,64, faltando 0,36 em que pode tomar emprestado próprio ou de terceiros. Em X2, o
AC é maior que o PC, e isto significam que, os investimentos no AC são suficientes para
cobrir as dívidas de curto prazo e ainda permitir uma folga de 35% para cada um real de
dívida do PC.
A interpretação desse quociente deve ser direcionada para verificar a existência ou
não do Capital Circulante Líquido (CCL). O CCL também pode ser apurado pela diferença
entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Quando positivo, o CCL indica o excesso
do Ativo Circulante sobre o Passivo Circulante.
Assim seria interessante para a empresa ter sempre um capital circulante líquido
positivo, ou seja, uma liquidez corrente maior que R$ 1,00.
118
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Quadro 10 Interpretação da Liquidez Corrente
SE DENOTA
Liquidez Corrente > 1,00 Capital Circulante Líquido Positivo
Liquidez Corrente = 1,00 Capital Circulante Líquido Nulo
Liquidez Corrente < 1,00 Capital Circulante Líquido Negativo
Fonte: Adaptado de Diniz, 2015
Para Diniz (2015) é importante ressaltarmos que, mesmo com o indicador Liquidez
Corrente maior que 1, a empresa pode não honrar seus compromissos de curto prazo
(passivo circulante) se uma significante parte de seus direitos de curto prazo (ativo
circulante) for composto por estoques.
Ao abordar o tema liquidez corrente Marion (2019) afirma que é importante levarmos
em conta três principais aspectos:
• O primeiro é que o índice não revela a qualidade dos itens no ativo circulante (os
estoques estão superavaliados, são obsoletos, os títulos a receber são totalmente
recebíveis?);
• O segundo é que o índice não revela a sincronização entre recebimentos e
pagamentos, ou seja, por meio dele não identificamos se os recebimentos ocorrerão
em tempo para pagar as dívidas vincendas. Assim, em uma liquidez corrente igual
a 2,5 (aparentemente muito boa), pode a empresa estar em crise de liquidez, pois
grande parte dos vencimentos das obrigações a curto prazo concentram-se no
próximo mês, enquanto a concentração dos recebimentos ocorrerá dentro de 90
dias;
• O terceiro, como um aspecto que contribui para o redimensionamento da liquidez
corrente, no sentido de elevá-la, é o estoque estar avaliado a custos históricos,
sendo que seu valor de mercado está (valor de realização, de venda), normalmente,
acima do evidenciado no ativo circulante. Portanto, a liquidez corrente, sob esse
enfoque, será sempre mais pessimista do que a realidade, já que os estoques serão
realizados a valores de mercado, e não de custo.
O índice de liquidez seca é obtido pela razão entre o ativo circulante deduzido dos
estoques e o seu passivo circulante, ou seja, compara os bens e direitos que se converterão
em dinheiro em até 12 meses, exceto os estoques com as obrigações com igual prazo de
119
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
vencimento.
Este indicador representa uma medida mais rigorosa em relação à liquidez da
empresa. Indica quanto a empresa possui de recursos circulantes para fazer frente aos
compromissos de curto prazo sem contar com a venda de seus estoques.
ALERTA!!!
O índice de liquidez seca também é conhecido como índice de liquidez ácida
ou teste ácido.
A questão central deste indicador para Lunelli (2020) está na análise da capacidade de
realização dos estoques, por isso não há um claro referencial para o cálculo. Assim, uma
empresa onde os estoques predominantes são os de produtos em processo (inacabados),
tem sua realização mais demorada do que uma empresa comercial que normalmente tem
estoque de mercadorias com grande facilidade de venda e alta rotatividade.
Lunelli (2020) também enfoca que, para empresas industriais é conveniente um
indicador superior a “0,70” analisado sempre em conjunto com a liquidez corrente. Para
as empresas comerciais este índice poderia chegar até “0,50” e ser considerado normal,
desde que, os estoques formem liquidez corrente superior a “1,00”.
Revela a capacidade financeira líquida da empresa para cumprir os compromissos de
curto prazo, isto é, quanto a empresa tem de Ativo Circulante Líquido para cada $ 1 do
Passivo Circulante.
A interpretação desse quociente deve ser direcionada a verificar se o Ativo Circulante
Líquido é suficiente para saldar os compromissos de curto prazo.
Dessa forma, o índice de liquidez seca indica quantos reais existem no ativo circulante
para cada R$ 1,00 de passivo circulante sem considerar a realização dos estoques, ou
quanto a empresa possui de ativo líquido (porque não entra o estoque) para cada $ 1,00
de PC (dívida de curto prazo).
Aplicando o índice de liquidez seca na Vale Doce S.A., temos:
Fórmula: AC – Estoque
PC
120
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• X2: 74.360 – 25.000 = 0,90
55.000
Ou
121
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
atrasos, os prazos de recebimento e os principais clientes.
É importante lembrar que esse quociente deve ser analisado em conjunto com o
Quociente de Liquidez Corrente.
Este índice é obtido pela razão entre o ativo circulante mais o ativo realizável a longo
prazo da empresa e o seu passivo circulante somado ao passivo exigível de longo prazo,
isto é, compara os bens e os direitos que se converterão em dinheiro a curto e longo prazo
com as obrigações com igual prazo de vencimento.
SAIBA QUE!!!
O índice de liquidez geral também é conhecido como índice de liquidez total.
O índice de liquidez geral é um indicador que subtende que, se a empresa fosse parar
suas atividades naquele momento, segundo Silva (2017), deveria pagar suas dívidas com
seu dinheiro (disponibilidades) mais seus realizáveis, sem precisar envolver os ativos
fixos e os ativos intangíveis.
A interpretação deste quociente deve ser direcionada a verificar se a empresa tem
solidez financeira suficiente para cobrir os compromissos de curto e de longo prazo.
Assim, o índice de liquidez geral indica quantos reais existem nos recursos realizáveis
122
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
no Ativo Circulante e Realizável de Longo Prazo para cada $1,00 de dívida com terceiros
(Passivo Circulante e Exigível de Longo Prazo).
Aplicando o índice de liquidez geral na Vale Doce S.A., temos:
Fórmula: AC + RLP
PC + ELP
O índice de liquidez geral de X1, igual a 0,82, indica que para cada $ 1,00 de dívida
totais (vencíveis a curto e longo prazo) a empresa tem $ 0,82 de investimentos realizáveis
a curto prazo e longo prazo), ou seja, não consegue pagar todos as suas dívidas faltando
18% para cada $ 1,00 de dívida e em X2 possui 0,94 faltando 0,06 para cada 1,00 de dívida
em que pode pagar com capital próprio ou com financiamento (capital de terceiros), ou
seja, precisará gerar recursos futuramente para pagar suas dívidas totais.
Marion e Ribeiro, (2011), alertam para o seguinte: há casos em que o Quociente de
Liquidez Geral inferior a 1 não indica situação de insolvência. Ocorre, por exemplo,
quando, para saldar compromisso de curto prazo, a empresa toma empréstimos a pagar
em cinco anos; neste caso, haverá tempo suficiente para gerar recursos visando a saldar
esses compromissos.
Assim, torna-se o ponto especial deste indicador, além do que já foi tratado na liquidez
corrente e seca, a qualidade dos itens de longo prazo, bem como o perfil do exigível a
longo prazo. Para Lunelli (2020), se o exigível a longo prazo é apurado para os próximos
2 anos, a análise é diferente de, se por outro lado, ele for resgatado, por exemplo, em dez
anos. O que irá validar um resultado inferior a “1,00” é a capacidade de geração de lucros
da empresa que deve ser analisada paralelamente a este indicador.
Os quatro índices de liquidez (imediata, corrente, seca e geral) para Silva (2017),
completam-se entre si e permitem ao analista certo aprofundamento no exame do
risco da empresa. São parâmetros cuja observação é necessária, mas não suficiente para
conclusão acerca de robustez financeira da empresa.
123
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Quadro 11 Resumo dos índices de liquidez
Discriminação Fórmula Significado Interpretação
Para cada R$ 1,00 de dívida de curto
Disponível Quanto maior,
Imediata prazo, a empresa possui R$ X,00 de
PC melhor.
disponibilidades para pagar.
Para cada R$ 1,00 de dívida de curto
AC Quanto maior,
Corrente prazo, a empresa possui R$ X,00 para
PC melhor.
pagar.
Para cada R$ 1,00 de dívida de curto
AC – Estoque Quanto maior,
Seca prazo, a empresa possui R$ X,00 para
PC melhor.
pagar sem realizar os estoques
AC + RLP Para cada R$ 1,00 de dívida total, a Quanto maior,
Geral
PC + ELP empresa possui R$ X,00 para pagar. melhor.
Fonte: Adaptado de Sousa e Martins (2010)
Iudicibus (2017), diz que, estes quocientes relacionam as fontes de fundos entre
124
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
si, procurando retratar a posição relativa do capital próprio com relação ao capital de
terceiros. São quocientes de muita importância, pois indicam a relação de dependência
da empresa com relação a capital de terceiros.
Já para Lunelli (2020), a finalidade deste indicador é medir a estrutura de financiamento
da empresa. O número resultante evidencia o reflexo das políticas de alavancagem
financeira utilizadas pela empresa e o financiamento do capital de giro ao final de cada
período. É assim, um parâmetro de garantia dos credores.
Em outras palavras, significa quanto a empresa tem de capital de giro próprio para
garantir as dívidas contratadas e os financiamentos, por isso o confronto dos valores a
pagar é realizado diretamente com o patrimônio líquido da sociedade:
Os principais índices são:
• endividamento total;
• participação de capitais de terceiros;
• garantia aos capitais de terceiros;
• composição do endividamento;
• imobilização do capital próprio;
• imobilização dos recursos permanentes.
FIQUE ATENTO!!!
Os quatro primeiros índices são também chamados índices de endividamento.
125
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
seus credores (principalmente instituições financeiras) e sua capacidade de cumprir os
compromissos financeiros assumidos a longo prazo”.
O endividamento total é obtido pela razão entre o passivo exigível, isto é, passivo
circulante mais passivo exigível a longo prazo, e o ativo total, ou seja, compara o capital
de terceiros sobre os ativos totais.
Este índice determina a proporção dos ativos totais financiados com recursos de
terceiros. Quanto maior o grau de endividamento total da empresa, mais arriscada ela se
torna aos credores.
Assim, o grau de endividamento total indica quantos R$ existem de dívidas totais para
cada R$ 100,00 de fontes totais de recursos.
Aplicando o índice de endividamento total na Vale Doce S.A., temos:
126
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Sousa e Martins (2010) alertam para algumas situações:
O grau de endividamento total indica que 20% do Ativo da empresa são financiados
com recursos de terceiros, isto é, para cada R$ 100 aplicados no Ativo, a empresa utilizou
R$ 20 de capital de terceiros.
Interpretação: quanto menor o grau de endividamento, maior será a capacidade
financeira da empresa a longo prazo.
O grau de endividamento total indica que 70% do Ativo da empresa são financiados
com recursos de terceiros, isto é, para cada R$ 100 aplicados no Ativo, a empresa utilizou
R$ 70 de capital de terceiros.
ET = PE x 100 → 1 x 100 = 1%
AT 100
127
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
O grau de endividamento total indica que 1% do Ativo da empresa é financiado com
recursos de terceiros, significando, portanto, que a empresa opera em estado de quase
autonomia financeira, isto é, para cada R$ 100 aplicados no Ativo, a empresa utilizou R$
1 de capital de terceiros.
O grau de endividamento total indica que 100% do Ativo da empresa são financiados
exclusivamente por recursos de terceiros (PE), sendo nulo o capital acumulado dos
proprietários (PL), isto é, para cada R$ 100 aplicados no Ativo, a empresa utilizou R$ 100
de capitais de terceiros.
A participação do capital de terceiros é obtida pela razão entre o passivo exigível, isto
é, passivo circulante mais passivo exigível a longo prazo, e o seu patrimônio líquido, ou
seja, compara o capital de terceiros com o capital próprio da empresa.
Para Iudicibus (2017) é outra forma de encarar a dependência de recursos de terceiros.
Se o quociente, durante vários anos, for consistente e acentuadamente maior que cem,
denotaria uma dependência exagerada de recursos de terceiros. Este quociente é um dos
mais utilizados para retratar o posicionamento das empresas com relação aos capitais de
terceiros.
Grande parte das empresas que vão à falência apresenta, durante um período
relativamente longo, altos quocientes de Capitais de Terceiros/Capitais Próprios. Isto não
significa que uma empresa com um alto quociente necessariamente irá à falência, mas
todas ou quase todas as empresas que vão à falência apresentam este sintoma.
128
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
VALE LEMBRAR QUE!!!
O índice de participação de capitais de terceiros também é conhecido como
índice de endividamento ou índice de alavancagem.
Estes dois índices mostram que em X1, para cada R$ 100 de capital próprio (PL) a empresa
tomou R$ 340 e em X2 R$ 160 de capital de terceiros. Do ponto de vista estritamente
financeiro, quanto maior a relação Capital de Terceiros/PL, menor a liberdade de decisões
financeiras da empresa ou maior a dependência a estes financiadores externos, ou seja,
a empresa terá menor liberdade financeira quanto maior for sua dependência de capitais
de terceiros.
A finalidade deste indicador conforme Lunelli (2020) é medir a estrutura de
129
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
financiamento da empresa. O número resultante evidencia o reflexo das políticas de
alavancagem financeira utilizadas pela empresa e o financiamento do capital de giro ao
final de cada período. É assim, um parâmetro de garantia dos credores.
Em outras palavras, significa quanto a empresa tem de capital de giro próprio para
garantir as dívidas contratadas e os financiamentos, por isso o confronto dos valores a
pagar é realizado diretamente com o patrimônio líquido da sociedade:
Neste caso um ponto referencial é que este indicador deva ser sempre inferior a
“100,00”, pois valores superiores a este limite sugerem excesso de endividamento da
empresa através de empréstimos e financiamentos já assumidos. (LUNELLI, 2020).
O excesso de endividamento para Lunelli (2020), pode não trazer problemas em
situações normais de demanda, mas obviamente temos que analisar também o perfil
do endividamento de longo prazo juntamente com a capacidade de geração de lucros
através das vendas.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• X2: 56.000 x 100 = 62%
90.000
Os indicadores mostram que para cada R$ 100 de dívidas com terceiros, a empresa
dispõe de R$ 29 de capitais próprios em X1 e R$ 62 em X2. A situação é mais desfavorável
em X1, melhorando bem em X2, ou seja, a margem de garantia dada aos capitais alheios
era muito baixa em X1, ficando quase favorável em X2.
Este índice obedece à regra quanto maior melhor, pois quanto maior a existência de
recursos próprios, maior a garantia aos capitais de terceiros.
ATENÇÃO!!!
Regra geral: Empresas com altos níveis de endividamento no curto apresen-
tam maiores riscos de insolvência.
Iudicibus (2017), alerta para o seguinte: a empresa em franca expansão deve procurar
financiamento, em grande parte, com endividamento de longo prazo, de forma que, à
131
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
medida que ela ganhe capacidade operacional adicional com a entrada em funcionamento
dos novos equipamentos e outros recursos de produção, tenha condições de começar a
amortizar suas dívidas.
A interpretação do índice de composição do endividamento é de que “quanto maior,
pior”, mantidos constantes os demais fatores. A razão para Silva (2017), é de que quanto
mais dívidas para pagar no curto prazo, maior será a pressão para que a empresa gere
recursos para honrar seus compromissos.
Desse modo, o Indicador informa qual o percentual de obrigações de curto prazo em
relação às obrigações totais.
Aplicando o índice de composição do endividamento na Vale Doce S.A., temos:
Tais índices indicam que em X1 a empresa tinha R$ 100 em curto prazo de dívida
referente ao capital de terceiros, ou seja, a dívida estava toda concentrada em curto prazo,
e que em X2 este percentual ficou em R$ 61 melhorando aquilo que se pode chamar perfil
de dívida, sobrou R$ 39 de dívida para longo prazo, enquanto que em X1 não tem dívida
nenhuma de longo prazo. E a conclusão que se chega é que nas dívidas de longo prazo, a
empresa dispõe de tempo para gerar recursos.
Obs: O fato isolado de a dívida estar concentrada no curto prazo, como diz Silva
(2017), não é, necessariamente, um fator negativo. É preciso conhecer a estrutura geral
da empresa, quanto à sua participação de capitais de terceiros, sua capacidade de geração
de recursos e mesmo sua condição de renovar a dívida de curto prazo junto aos credores,
se necessário.
132
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ALERTA!!!
Regra geral: Empresas com baixos níveis de endividamento no curto prazo
apresentam menores riscos de insolvência.
133
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
VOCÊ SABIA!!!
Ativo Fixo corresponde ao Ativo não Circulante diminuindo do Ativo Realizá-
vel a Longo Prazo, que é igual a soma dos subgrupos Investimentos, Imobilizado
e Intangível.
Para melhor compreensão deste índice, será realizada análise das três situações que
podem ocorrer com Imobilização do Capital Próprio (ICP), conforme Sousa e Martins
(2010).
134
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
financeiras, o que sempre significa custos.
Memória de cálculo:
33% = 100% – 67%, isto é, do total dos recursos próprios (100%), 67% encontram-se
imobilizados.
135
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
com vencimento no curto prazo) para investir em ativos de retorno tão longo.
Nesse caso, também, quanto menor o valor encontrado para índice de imobilização
do patrimônio líquido, melhor, pois a empresa estará financiando seus ativos fixos com
recursos próprios.
Caso o índice encontrado seja inferior a 100%, indica que sobraram recursos do
patrimônio líquido para serem investidos em outros ativos, reduzindo o endividamento.
Em contrapartida, caso o índice encontrado seja superior a 100%, teremos uma situação
em que a empresa utilizou recursos emprestados de terceiros para financiar seus
investimentos em ativo fixo.
Aplicando o índice de imobilização do capital próprio na Vale Doce S.A., temos:
Ou
136
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Outro detalhe importante é que a empresa não tem Capital Circulante Próprio (CCP)
ou Capital de Giro Próprio (CGP), ou seja, todo seu Ativo Circulante e Realizável de Longo
prazo é totalmente composto por capital de terceiros nos dois anos.
Observação
A parcela do PL aplicada no AC é chamada capital circulante próprio ou capital de giro
próprio.
Assim pode-se deduzir:
CCP = PL – AnC deduzindo o realizável de longo prazo ou
CCP = PL - Investimentos, Imobilizado e Intangível
CCP = Capital Circulante Próprio.
CGP = Capital de Giro Próprio
O CCP ou CGP é, portanto, a parcela do PL investida no AC.
137
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ser encontrado se subtrairmos o valor do realizável em longo prazo do valor do ativo não
circulante.
O quociente de Imobilização dos Recursos não correntes, para Ribeiro (2014) revela
qual a proporção existente entre o Ativo Fixo e os Recursos Não Correntes, isto é, quanto
a empresa investiu no Ativo Fixo para cada R$ 100 de Patrimônio Líquido mais Exigível
a Longo Prazo.
Este índice de acordo com Diniz (2015) é um detalhamento maior do índice de
imobilização do patrimônio líquido. Se no índice anterior o objetivo era verificar se a
empresa está utilizando recursos de terceiros para seus investimentos no ativo fixo, ou
apenas os recursos próprios do patrimônio líquido, o índice de imobilização dos recursos
não correntes nos auxilia a observar se existem investimentos em ativos fixos com
recursos de curto prazo (passivo circulante).
Em relação à proporção entre o endividamento de uma empresa no curto e longo
prazos, Marion (2019) comenta que a proporção favorável seria de maior participação de
dívidas em longo prazo, proporcionando à empresa tempo maior para gerar recursos que
saldarão os compromissos. O autor afirma que a expansão e a modernização das empresas
devem ser financiadas com recursos em longo prazo, e não pelo passivo circulante, pois
os recursos a serem gerados pela expansão e a modernização virão em longo prazo.
Para uma empresa, é prejudicial possuir investimentos em ativos fixos superiores
aos recursos disponíveis de longo prazo, ou seja, recursos de passivo não circulante e
patrimônio líquido. É importante ressaltarmos que os termos “circulante” e “corrente”
possuem o mesmo significado, os quais estão relacionados ao tempo de giro da atividade,
dado pelo exercício social.
O índice de imobilização dos recursos não correntes será sempre igual ou inferior
ao índice de imobilização do patrimônio líquido, uma vez que o segundo considera a
divisão do ativo permanente pelo patrimônio líquido, enquanto o primeiro considera a
divisão pela soma do patrimônio com o passivo não circulante. Diante dessa constatação,
Matarazzo (2010) comenta que vale a mesma análise de que um índice de imobilização
dos recursos não correntes menor (inferior a 100%) indica a não utilização de passivos de
curto prazo, algo benéfico para a empresa.
Esse quociente revela qual a proporção existente entre o Ativo Fixo e os recursos não
correntes, isto é, quanto a empresa investiu no Ativo Fixo para cada $ 100 de Patrimônio
138
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Líquido mais Passivo Não Circulante (ELP).
Aplicando o índice de imobilização dos recursos não correntes na Vale Doce S.A.,
temos:
139
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Recursos não Corrente destinada ao Ativo Circulante. Matarazzo (2010, p. 167) define o
CCL como “...a folga financeira a curto prazo, ou seja, financiamentos de que a empresa
dispõe para o seu giro e que não serão cobrados a curto prazo”.
Calcula-se através da seguinte fórmula:
Capital Circulante Líquido = Recursos não Correntes (PL e PELP) - Ativo Fixo
(investimento, imobilizado e intangível)
140
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
3.2.1 Índices de Rentabilidade
A rentabilidade para Azzolin (2012), e uma medida que é obtida pela divisão do lucro
líquido pelo que se deseja medir. Por exemplo, se o objetivo é medir quanto os acionistas
lucraram com seus investimentos, divide-se o lucro líquido pelo patrimônio líquido; se
a finalidade e determinar o retorno dos investimentos realizados nos ativos, divide-se o
lucro líquido pelo ativo.
Neste grupo de informações sobre rentabilidade encontram-se dois conjuntos de
índices; eles expressam as margens de lucratividade das vendas e as taxas de retorno
sobre os recursos investidos.
141
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Quadro 13 Indicadores de Rentabilidade
Margem de Lucratividade das Vendas Taxas de Retorno sobre os Recursos Investido
Quando o rendimento é relacionado com o volu- Quando o rendimento é relacionado com os capitais
me das vendas, denomina-se lucratividade. investidos na empresa, denomina-se retorno.
Margem Bruta Retorno sobre o Investimento Total
Margem Operacional Retorno sobre o Capital Próprio
Margem Líquida
Fonte: Adaptado de Sousa e Martins (2010)
ATENTOS!!!
A margem da lucratividade das vendas também pode ser denominada taxa de
lucratividade.
Sousa e Martins (2010) dizem que, apesar dos esforços constantes para melhorar as
margens de lucro, comprimindo custos e despesas, e aumentando a eficiência, o lucro
pode ser considerado baixo ou alto de acordo com o tipo de atividade explorada pela
empresa. Assim, uma indústria automobilística normalmente apresenta margens de
lucro pequenas e valores monetários de vendas elevados. Já as empresas comerciais, de
modo geral, apresentam valores monetários de vendas menores com margens de lucro
melhores.
142
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
evidencia a margem bruta proporcionada por cada unidade monetária de venda, ou seja,
a margem remanescente para o pagamento das despesas operacionais e não operacionais
da empresa.
Através desse indicador, a empresa irá mensurar a percentagem de cada real de vendas
que sobrará após a dedução do Custo das Vendas.
Assim, o índice de margem bruta indica quantos R$ a empresa lucrou após a dedução
do Custo da Mercadoria Vendida (CVM) para cada R$ 100 de receita líquida.
A margem de lucro bruto mede o percentual da receita operacional líquida que sobra
após o pagamento dos custos dos produtos comercializados. Quanto mais alto for este
indicador, melhor, pois menor será o custo relativo dos produtos analisados.
IMPORTANTE!!!
Lucro bruto:
Também é chamado de Lucro Operacional Bruto.
O lucro bruto e a receita operacional líquida (conhecida como receita de vendas) serão
obtidos diretamente no demonstrativo de resultados do exercício (DRE).
Aplicando o índice de margem bruta na Vale Doce S.A., temos:
143
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• X2: 206.000 x 100 = 66%
312.000
A Vale Doce S.A obteve uma margem bruta de 61% em relação à Receita Operacional
Líquida, e no ano X2 aumentou sua participação para 66%.
Este 61% significa que o resultado bruto correspondeu a 61% do faturamento líquido
(ROL) ou, em outras palavras: em cada real de vendas a empresa obteve R$ 0,61 de lucro
bruto e em X2 R$ 0,66.
Um aumento na margem bruta significa ou um crescimento das vendas em maior
proporção do que o ocorrido no custo das vendas ou decréscimo do custo das vendas.
FIQUE LIGADO!!!
Vendas Líquidas é o mesmo que Receita Operacional Líquida (ROL)
Alguns aspectos que você deverá observar na análise da margem bruta conforme
Sousa e Martins (2010):
• somente se compara a margem bruta de uma empresa com as do mesmo ramo de
atividade. Por exemplo, não se deve comparar a margem bruta de um supermercado
(bastante pequena) com a de uma indústria farmacêutica (bastante elevada);
• quando um acréscimo da margem bruta torna-se significativo, as causas
determinantes devem ser investigadas. Por exemplo, crescimento dos preços de
vendas maior do que do custo das vendas, diluição dos custos fixos em razão do
aumento da quantidade vendida (custo unitário de produção menor) etc.;
• um decréscimo significativo na margem bruta pode ser provocado por alguns
fatores como: elevação dos custos dos fatores de produção (matérias-primas, mão-
de-obra direta e custos indiretos de fabricação); do CMV; da perda de eficiência na
produção etc.
144
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
os custos dos produtos vendidos e as despesas operacionais, mas antes do pagamento
dos juros sobre os empréstimos e do imposto de renda.
Através desse indicador a empresa irá mensurar a percentagem de cada real de vendas
que sobrará após a dedução dos custos das vendas e das despesas operacionais (com
vendas, administrativas, financeiras líquidas e outras despesas/receitas operacionais).
ALERTA!!!!
Lucro operacional:
Também é chamado de Lucro Operacional Líquido.
145
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• o crescimento mais rápido das vendas em relação às despesas operacionais;
• se a empresa está operando de maneira eficiente ou ineficiente;
• se a empresa deverá (ou não) direcionar esforços para reduzir as despesas com
vendas, administrativas, financeiras etc.
3.2.1.1.3 Margem Líquida (ML) também chamada de Retorno sobre as vendas (RSV)
O índice de margem líquida demonstra a lucratividade das vendas. Assim, podemos
verificar que, a cada R$100,00 em vendas, a empresa obterá determinado percentual
de lucro. Ao se calcular tal índice, segundo Matarazzo (2010), é possível acompanhar a
margem líquida da empresa e verificar possíveis alterações.
Mostra o ganho final do lucro da empresa que deverá estar à disposição dos donos do
capital investido (proprietários, acionistas, cotistas). Quanto maior for o valor encontrado
para esse índice, melhor será para a empresa.
De forma simplificada, podemos dizer que o índice de margem líquida corresponde
ao percentual de lucratividade das vendas, indicando o quanto, em média, determinada
empresa obtém de lucro na venda de suas mercadorias, sendo uma medida de desempenho
de grande valia e que também varia muito de setor para setor.
Lunelli (2020) diz que é considerada a medida de sucesso da empresa, pois a margem
de lucro líquido indica qual o percentual da receita operacional líquida que restou após a
dedução de custos, despesas, impostos e juros.
146
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• X1: 21.600 x 100 = 9%
240.000
Alguns aspectos são destacados por Sousa e Martins (2010) que você deverá observar
na análise da margem líquida:
• cada setor da economia possui valores específicos, não é válido comparar empresas
de segmentos diferentes;
• que percentagem das despesas e receitas não ligadas à atividade operacional
afetou o resultado líquido.
147
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
serão apresentados a seguir, vamos utilizar, além das Demonstrações dos Resultados dos
Exercícios (DRE) e os Balanços Patrimoniais encerrados em 31 de dezembro 31/12/X1 e X2
da Vale Doce S.A.
148
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Ativo médio de X2 = Ativo X1 + Ativo X2
2
• Tempo de Retorno
X1: X2:
1 ano................21% 1 ano..........................42%
x.......................100% = 4,76anos x...............................100% = 2,38 anos
149
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Constitui importante instrumento utilizado pelas organizações para medir o
desempenho do empreendimento.
FIQUE LIGADO!!!
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (Return on Equity – ROE)
150
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
PL médio de X1 = PL inicial (XO) + PL final (X1)
2
PL médio de X2 = PL inicial (X1) + PL final (X2)
2
Tempo de Retorno
X1: X2:
1 ano............96% 1 ano..........................132%
x.................100% = 1,04 anos x...............................100% = 0,76 anos
A ROE referente ao ano X1, de 96%, mostra que o rendimento dos capitais próprios, a
princípio, foi bastante atraente.
Observa-se que, para cada R$ 100,00 de Capital Próprio investido, a Vale Doce SA
conseguiu R$ 96,00 de lucro e um pay back de 1,04 anos para os sócios recuperarem
através do Lucro Líquido suas aplicações na empresa.
151
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Em X2 então, foi além da expectativa, pois para cada R$ 100 investidos, os proprietários
tiveram um retorno de R$ 132 e um pay back de 0,76 anos.
Cabe ressaltar que os investimentos dos sócios na empresa representam capital de
risco, até porque nada garante que a empresa auferirá lucro, portanto, espera-se que a
ROE seja superior às taxas oferecidas no mercado.
Resumindo, para cada R$ 100 de capital próprio investido, a empresa conseguiu R$ 96
de lucro em X1 e $ 132 em x2.
Isto significa que em média demoraria 1,04 anos para que a empresa recupere seus
investimentos em X1 e 0,76 anos em X2.
152
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
gerar vendas. Um índice baixo pode indicar que a empresa não está utilizando toda a
capacidade de seus ativos e deve aumentar esforços de vendas ou então desfazer-se de
alguns de seus ativos.
Indica quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total.
Indica o tempo necessário para recuperar o total de investimentos realizados (ativo
total).
• X1: 240.000 = 2,34 vezes, ou seja, 12 : 2,34 = 5 meses para recuperar o ativo.
102.500
*X1 >>> ROL = 240.000 = 102.500
2,34146
• X2: 312.000 = 2,44 vezes, ou seja, 12 : 2,44 = 5 meses para recuperar o ativo.
128.000
153
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
*X2 >>> ROL = 312.000 = 128.000
2,43750
Obs: O giro do ativo também pode ser calculado em termos de prazos, informam
quantos dias, em média, a empresa deverá levar para renovar ou girar seu ativo em
decorrência das vendas.
A empresa vendeu em X1, R$ 2,34 para cada R$ 1,00 investido em média durante o
exercício, ou seja, o volume de vendas atingiu 2,34 vezes o volume de investimento.
Em X2, houve aumento pequeno do volume relativo de vendas; para cada R$ 1,00
investido a empresa vendeu R$ 2,44.
Em X1 a empresa auferiu um GA de 2,34 vezes, significando que vendeu, durante o
exercício, o equivalente a 2,34 vezes o valor de seu Ativo, ou, em outras palavras, cada
real investido no Ativo produziu uma receita líquida correspondente a R$ 2,34.
Em termos de prazo de renovação, a Vale Doce S.A obteve um Giro do Ativo de
aproximadamente 153 dias, o equivalente a 5 meses. Para a empresa é considerado um
prazo muito aceitável, pois seu Ativo foi renovado em decorrência das Vendas em um
período de 5 meses.
No ano X2, os índices aparecem quase que idênticos a X1, pois cada real investido no
Ativo produziu uma receita líquida correspondente a R$ 2,44, com retorno de 147 dias.
154
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
indicador. A rigor, deveríamos excluir os ativos que não contribuíram para a
geração da respectiva receita.
• Empresas em fase de expansão, que adquirem ativos imobilizados durante o
período, também introduzem imperfeição no índice, quando esses ativos não
forem utilizados no processo produtivo durante todo o período.
Já Sousa e Martins (2010) dizem que o sucesso de uma empresa depende, em primeiro
lugar, de um volume de vendas adequado.
Você já aprendeu que o volume de vendas deverá ter relação direta com o montante de
investimentos. Diagnosticar o sucesso ou o fracasso de uma empresa analisando apenas
se as suas vendas são elevadas ou não pode ser perigoso. Por isso, você deve sempre
conjugar este elemento (vendas) com os investimentos feitos no Ativo Total.
Quanto maior for o “giro” do Ativo pelas Vendas, maior será a taxa de lucro. Por isso, é
aconselhável manter o Ativo em um mínimo necessário.
Os mesmos autores advertem que Ativos ociosos, grandes investimentos em
Estoques, elevados valores de Duplicatas a Receber etc. prejudicam o Giro do Ativo e,
consequentemente, a rentabilidade.
Um giro lento, dependendo da atividade da empresa, pode ser justificado em indústrias
que produzam ou utilizem equipamentos pesados, como metrô, siderurgia etc. o que não
deve ocorrer num supermercado, que tem uma renovação de estoques muito rápida.
155
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
3.3 RESUMO DOS INDICADORES
156
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
3.4 QUINTA ETAPA: INTERPRETAÇÃO DOS QUOCIENTES
A seguir, será feita a interpretação dos quocientes financeiros que são as de Estrutura
de Capitais e de Liquidez.
• Endividamento total – foi visto que 77% do Ativo da empresa são financiados
com recursos de terceiros, ou seja, para cada R$ 100 aplicados no Ativo, a empresa
utilizou R$ 77 de capital de terceiros em X1 e em X2 62%.
• Participação dos Capitais de Terceiros – tanto em X1 quanto em X2 a empresa
encontrava-se endividada, pois trabalhava com Capitais de Terceiros em proporção
maior do que com Capitais Próprios.
• Garantia de capital de terceiros – percebam que em X1 a empresa tinha só R$
29 de capital próprio em relação a terceiros e que em X2 este indicador melhorou
muito, passando para R$ 62 ficando quase favorável a margem de garantia dada
aos capitais alheios.
• Composição do Endividamento – no exercício de X1, a maior parte dos Capitais
de Terceiros foi tomada para pagamento a curto prazo. No exercício de X2, a
situação melhorou, pois, a proporção dos Capitais de Terceiros de Curto Prazo em
relação aos de Longo Prazo passou de 100% para 61%.
• Imobilização do Patrimônio – nos dois exercícios, o Patrimônio Líquido não foi
suficiente para cobrir os Investimentos efetuados no Ativo Permanente, e revela
que Capitais de Terceiros foram utilizados para cobrir o excesso.
• Imobilização dos Recursos Não-Correntes – a queda de mais de 100%, observada
no exercício de X2 em relação ao exercício de X1, ocorreu em função de a empresa
ter tomado empréstimos de longo prazo para pagar os compromissos de curto
prazo, revelando boa administração de suas dívidas.
157
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
3.4.1.2 Liquidez
Será feita agora a interpretação dos quocientes econômicos que são os de Rentabilidade.
3.4.2.1 Rentabilidade
158
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
financeira de um exercício para outro.
• Rentabilidade do Ativo – o quociente revela que a empresa se encontra realmente
em fase de crescimento.
• Rentabilidade do Patrimônio Líquido – em X1, a empresa obteve R$ 96 de
Lucro para cada R$ 100 de Patrimônio Líquido. Em X2, essa marca melhorou
consideravelmente, pois para cada $ 100 investido no Patrimônio Líquido a
empresa obteve $ 132 de Lucro Líquido.
159
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acadêmicos!!!
Bem, encerramos mais um estudo, em que foi tratado sobre Análise econômica
financeira das demonstrações contábeis, na qual abordamos todos os indicadores da
situação financeira, englobando os índices de estrutura de capital e os de liquidez e na
situação econômica os índices de rentabilidade.
Vimos que os índices de liquidez e de endividamento evidenciam a situação financeira
da empresa cuja preocupação está na obtenção e aplicação dos recursos e os índices de
rentabilidade estão preocupados com os resultados obtidos da empresa, ou seja, mostra
a situação econômica da empresa.
Já os indicadores econômicos procuram avaliar a capacidade da empresa em gerar
valor de forma a remunerar adequadamente todos quantos nela participam, como os
seus acionistas, trabalhadores, entre outros. (KNOOW, 2020).
Acreditamos que, com todos esses conhecimentos obtidos, você tenha plenas
condições de aplicá-los com sucesso nas atividades junto às organizações em que atuará.
A partir de agora, de posse das Demonstrações Contábeis de qualquer empresa, estarás
apto a aplicar, interpretar, proceder a análise e debater as Técnicas sobre as questões
relacionadas a esse tema.
160
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
EXERCÍCIOS
161
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
d) O ROI/ROA é obtido por meio da fórmula . Lucro Líquido x 100
Ativo Total médio
( ) certo ( ) errado
a) ( ) A atividade econômica está sendo financiada cada vez menos por recursos
próprios;
b) ( ) Os recursos próprios estão aumentando cada vez mais em relação aos recursos
de terceiros;
c) ( ) Há indícios de aumento de recurso de terceiros aplicados em bens e direitos;
d) ( ) O endividamento total da empresa está com seu nível cada vez mais elevado.
162
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZZOLIN, José Laudelino. Análise das demonstrações contábeis. Curitiba – PR: IESDE,
2012.
DINIZ, Natália. Análise das demonstrações financeiras. Rio de Janeiro: SESES, 2015.
IUDÍCIBUS, Sérgio de Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARION, José Carlos; RIBEIRO, Osni Moura. Introdução à contabilidade gerencial. São
Paulo: Saraiva, 2011
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; KLOECKNER, Gilberto. Avaliação de Empresas:
foco na gestão de valor da empresa - teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas.13. ed. São Paulo: Cengage
Learning Edições Ltda , 2017.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
164
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4
unidade
ANÁLISE ECONÔMICA
FINANCEIRA DAS
DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS – PARTE 2
165
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
INTRODUÇÃO A UNIDADE
166
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• Calcular o custo de capital de terceiros.
• Estimar o custo de capital próprio.
• Demonstrar o cálculo do custo médio ponderado de capital.
• Entender os principais elementos da gestão do capital de giro.
• Dimensionar a Necessidade de Capital de Giro (NCG), o Capital Circulante Líquido
(CCL) e o Saldo de Tesouraria (ST).
• Demonstrar a importância do Efeito Tesoura.
• Calcular a rentabilidade e explicar seu comportamento através da Análise DuPont.
• Identificar como o EBITDA pode auxiliar no desempenho operacional da
organização.
• Calcular o NOPAT e mostrar que é um indicador medirá a capacidade da empresa
em gerar lucro.
• Reconhecer o Economic Value Added (EVA) como ferramenta de gestão.
- Analisar o método de cálculo do Market Value Added (MVA).
167
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.1 INDICES DE ATIVIDADES
ATENÇÃO!!!
Os índices de atividade mostram os prazos em que a empresa realiza seus
ativos e os prazos em que deve saldar suas dívidas.
Conhecidos também como Índices de Eficiência, Lunelli (2020) diz que estão
relacionados com as contas resultantes da operação da empresa, obtidos tanto no balanço
patrimonial quanto no demonstrativo de resultados do exercício e buscam evidenciar a
dinâmica operacional da empresa.
Os indicadores são calculados inter-relacionando o produto das transações da
companhia e o saldo constante ainda no balanço patrimonial. De modo geral, os
indicadores devem refletir as políticas que norteiam a administração do fluxo de caixa,
bem como da capacidade da empresa em manter um fluxo de caixa contínuo. Além disso,
evidenciam ainda a produtividade dos ativos da sociedade.
VOCÊ SABIA!!!
Que os índices de atividade também são chamados de eficiência?
168
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Figura 5 Análise por Quocientes
Fonte: Adaptado de Sousa e Martins (2010)
ATENTOS!!!
Os indicadores de atividade permitem que seja analisado o desempenho ope-
racional da empresa, bem como as necessidades de investimento em giro.
169
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
O QUE SIGNIFICA PRAZOS MÉDIOS?
É o tempo médio com que a empresa realiza seus ativos ou paga suas dívidas.
Por exemplo, em relação às Duplicatas a Receber, não significa que a empresa só
receberá todos os recursos de uma só vez em tantos dias, mas sim que ela, em média, receberá
os recursos ao longo de tantos dias, podendo receber uma parte deles a cada dia.
FIQUE DE OLHO!!!
O analista externo deve tomar muito cuidado na análise dos prazos médios,
devendo utilizá-la somente quando souber que o ramo de atividade oferece razoá-
vel regularidade. (SOUSA; MARTINS, 2020).
170
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 29 Balanço Patrimonial Padronizado da Vale Doce S.A., em 31/12/x2
CONTAS EXERCÍCIO X1 EXERCÍCIO X2
ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
Financeiro
• Disponibilidades 10.500 21.860
• Investimentos Temporários a Curto Prazo 7.000
Soma 10.500 28.860
Operacional
• Contas a Receber de Clientes 14.500 20.500
• Estoques 30.000 25.000
• Outros Direitos de Curto Prazo
Soma 44.500 45.500
Total do Ativo Circulante 55.000 74.360
ATIVO NÃO CIRCULANTE 55.000 71.640
• Ativo Realizável a Longo Prazo 15.000 10.000
• Investimentos 6.000
•. Imobilizado 29.200 46.040
•. Intangível 10.800 9.600
Total do Ativo 110.000 146.000
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Operacional
•.Contas a Pagar a Fornecedores 26.000 20.000
•.Outras Obrigações de Curto Prazo 19.000 22.000
Soma 45.000 42.000
Financeiro
•.Empréstimos 30.000 5.000
•. Duplicatas Descontadas 10.000 8.000
Soma 40.000 13.000
Total do Passivo Circulante 85.000 55.000
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
•.Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
171
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
EXIGÍVEL TOTAL 85.000 90.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
•. Capital 7.000 10.000
•. Reservas 18.000 46.000
Total do Patrimônio Líquido 25.000 56.000
Total do Passivo 110.000 146.000
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
172
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
diminui de um ano para outro, significa que a empresa está sendo mais eficiente, pois
está “girando” seu estoque mais rápido.
Para Assaf Neto (2015), na maioria das vezes, na prática, não é possível identificar
separadamente os vários componentes do estoque: matérias-primas, produtos
em elaboração e produtos acabados, pois tais valores estão totalizados no balanço
patrimonial. Normalmente, este tipo de situação ocorre nas empresas do segmento
industrial. Portanto, para as empresas desse segmento, o prazo médio de renovação
de estoques revela o tempo médio que os estoques totais permanecem armazenados à
espera de ser consumidos, produzidos e vendidos.
Fórmula
PMRE = 360 Estoques
Custo das vendas
Fórmula
PMRE = 360 Estoques
Custo das vendas
• X1 = PMRE = 360 30.000 = 115 dias X2 = PMRE = 360 25.000 =85 dias
94.000 106.000
Observamos que a empresa demora por volta de 115 dias para vender seu estoque em
X1 e que esse prazo diminuiu para 85 dias em X2, melhorando um pouco a sua situação.
173
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.1.1.2 Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV)
Para Carneiro, Ribeiro e Borges (2014), o prazo médio de recebimento de vendas indica,
em média, quantos dias determinada empresa leva para receber as vendas a prazo que fez
para seus clientes. Quanto menor for o resultado encontrado para esse índice, melhor.
Quando esse índice diminui de um ano para outro, significa que a empresa está sendo
mais eficiente, pois está conseguindo receber as vendas feitas a um prazo mais rápido.
FIQUE DE OLHO!!!
Se as vendas da empresa forem efetuadas à vista, o PMRV é nulo.
Já Sousa e Martins (2010) dizem que este índice exprime, em média, quanto tempo a
empresa leva desde o momento das vendas totais de seus produtos ou mercadorias e o
efetivo recebimento do total de suas Duplicatas a Receber.
Fórmula
PMRV = 360 Duplicatas a Receber
Vendas brutas – Dev. e abat.
Fórmula
PMRV = 360 Duplicatas a Receber
Vendas brutas – Dev. e abat.
174
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
No exemplo apresentado observamos que em X1 o prazo médio de recebimento das
vendas da empresa é de 22 dias, passando para 24 dias (aproximadamente) em X2. Isso
mostra que a empresa está oferecendo aos seus clientes um pequeno prazo a mais para
que possam pagar suas compras.
Para empresa vendedora, o ideal é que esse índice seja o mais baixo possível. Um
PMRV alto pode ser indício de Duplicatas a Receber em atraso (imobilização de recursos
ainda não convertidos em espécie).
VOCÊ SABIA!!!
Que, se todas as compras da empresa forem efetuadas à vista, o PMPC é nulo?
Ribeiro (2014) comenta que, para efeito de apuração desse índice, devem ser
consideradas apenas as resultantes de compras de mercadorias ou matérias-primas a
prazo, geralmente representadas pelas contas “fornecedores” e “duplicatas a pagar”.
Fórmula
PMPC = 360 Fornecedores
Compras
175
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
CPV = EI + C - EF
Em que:
CPV = Custo dos Produtos Vendidos
EI = Estoque inicial
C = Compras
EF = Estoque final
Assim:
CPV = EI + C – EF
C = EF + CPV – EI
Para X2 calcula-se pela fórmula acima, com informações do balanço e da DRE da Vale
Doce S.A
Compras em X2
C = EF + CPV – EI
C = 25.000 + 106.000 – 30.000 =
C = 101.000
Achando o saldo de compras para 20x2 e 20x3, teríamos:
Fórmula
PMPC = 360 Fornecedores
Compras
Com os dados observamos que o prazo médio de pagamento das compras em X2 era
de em média 90 dias e em X3 baixou para 71 dias.
Comparando com os índices de recebimento de clientes para o ano de X2 concluímos
que a empresa concede prazo para os seus clientes de 22 dias para que paguem suas
mercadorias e ganha um prazo de fornecedores de 90 dias para saldar suas dívidas e em
X3, 24 dias para receber suas vendas e para pagar seus fornecedores 71 dias.
176
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Essa estratégia é muito interessante, porque a empresa tem um prazo para investir o
dinheiro em outros negócios antes de pagar seus fornecedores.
Ressalta-se, mais uma vez, que a análise de prazos médios deve ser feita em conjunto
(PMRE, PMRV e PMPC).
FIQUE LIGADO!!!
Na análise dos índices de atividade, é de fundamental importância que o
analista tenha conhecimento da qualidade dos elementos patrimoniais (existem
estoques obsoletos? Créditos duvidosos? Duplicatas a Receber e Fornecedores em atraso? etc.).
Se não detectados, o resultado da análise revela-se extremamente enganoso.
Fórmula
177
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
seja o mais próximo de 1, ou menor que 1.
Diante da situação apresentada em X2, a empresa leva para vender (PMRE) e para
receber (PMRV) as vendas realizadas um prazo considerado longo, de 160 dias (136 + 24).
No entanto, ela possui 71 dias para pagar suas compras. Nesse caso, fica evidente que a
empresa nem realizou vendas ainda, porém já desembolsou com salários de funcionários,
pagamento de fornecedores, entre outros, o que resulta em dificuldades de capital de giro.
Para melhorar a situação, tem que aumentar o prazo das compras, diminuir o prazo
dos recebimentos das vendas e diminuir o prazo dos estoques. Portanto, quanto maior
for o valor encontrado para tal índice, pior será a situação de fluxo de caixa da empresa.
Segundo Marion (2019), o ideal é que esse índice fosse próximo de 1, ou de valor
menor que 1. Dessa forma, a empresa poderia vender e receber a mercadoria adquirida
(caso do segmento comercial) para, depois, liquidá-la junto a seu fornecedor. O autor
afirma que nem sempre trazer esse índice em situação favorável (inferior a 1) é tarefa
fácil; no entanto, não resta dúvida de que melhorar esse índice deve ser uma meta que as
empresas devem estar sempre perseguindo para melhorar seu fluxo de caixa
Interpretação: Se o índice encontrado for < 1 (menor ou igual a um) representa uma
situação favorável, ou seja, a empresa não necessita de capital de terceiros ou próprio
para financiar suas operações.
O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do PMRE com o
PMRV fosse igual ou inferior ao PMPC. Desta forma a empresa poderia vender e receber a
mercadoria adquirida para depois liquidá-la junto ao seu fornecedor.
Exemplo:
PMRE = 30 dias
PMRV = 54 dias
PMPC = 90 dias
178
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
VALE LEMBRAR QUE!!!
De o IPA encontrado for < 1 (menor ou igual a um) representa uma situação
favorável, ou seja, a empresa não necessita de capital de terceiros ou próprio para
financiar suas operações.
O inverso de cada prazo operacional na visão de Sousa e Martins (2010) é definido por
giro, e indica o número de vezes que ocorreu determinada fase operacional.
O objetivo da análise de giro ou rotação é informar quantas vezes ao ano as Duplicatas
a Receber, Estoques e Fornecedores se renovam.
Esses índices de rotação são obtidos através dos dados das demonstrações financeiras.
São eles:
• giro dos estoques (GE);
• giro de duplicatas a receber (GDR);
• giro de fornecedores (GF).
179
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
IMPORTANTE!!!
Índices de giro ou de Rotação representam a velocidade com que elementos
patrimoniais se renovam durante determinado período de tempo.
Este quociente, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas)
representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas. Através do uso
do indicador GE, a empresa obtém a quantidade de dias que os estoques giram ou são
renovados dentro de um período, ou seja, um ano.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE,
2015), o giro de estoque (GE) representa um importante indicador que busca mensurar
a velocidade com que o inventário empresarial está sendo vendido. Esse indicador é um
instrumento que busca auxiliar a gestão de estoques, pois demonstra a capacidade total
dos suprimentos, considerando dos fornecedores aos clientes.
Obs:
• Quanto maior for o giro dos estoques, mais eficientemente a empresa estará
gerenciando seus estoques.
• Estoques ou estoques médios. O resultado é o número de vezes.
180
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Para a Vale Doce S.A teríamos em X1 e X2:
Fórmula:
ou
O giro do estoque da Vale S.A foi de 3,13 vezes em X1, melhorando para 4,24 vezes em
X2.
Iudícibus (2017), atenta para o seguinte: um acréscimo da rotação do giro não significa,
necessariamente, aumento de lucro. Além disso, alguns acréscimos de despesa derivantes
do esforço adicional de venda (como despesas financeiras para empréstimos de capital
de giro necessários para sustentar a venda adicional) não seriam incluídos no Custo dos
Produtos Vendidos, o que talvez nos leve a analisar o efeito de um acréscimo da rotação
sobre o lucro líquido, e não sobre o lucro bruto.
ATENTOS!!!
Quanto maior for o giro dos estoques, mais eficientemente a empresa estará
gerenciando seus estoques.
Conforme Assaf Neto e Silva (2011), o giro das duplicatas a receber representa a
quantidade de vezes ao ano em que as contas a receber de uma empresa são transformadas
em caixa. Este índice mede a liquidez das Duplicatas a Receber da empresa.
Para obter o resultado do GDR, é preciso considerar as informações relacionadas às
vendas a prazo realizadas pela empresa e os valores que serão recebidos.
181
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Obs:
• Quanto maior for a rotação das duplicatas a receber, melhor para a empresa.
• Duplicatas a receber ou Duplicatas a receber médias. O resultado é o número de
vezes.
Fórmula:
Ou
Para a empresa tanto X1 como X2 o Giro das Duplicatas a Receber está excelente, ou
seja, um giro elevado representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no
financiamento das vendas a prazo.
VOCÊ SABIA!!!
Quanto maior for a rotação das duplicatas a receber, melhor para a empresa.
Esse quociente indica o número de vezes em que são renovadas as dívidas com os
fornecedores da empresa.
A finalidade desse indicador é mostrar o prazo médio que a empresa consegue para
pagar seus fornecedores de materiais e serviços. Para esta análise a empresa depende da
política de crédito adotada pelos seus fornecedores.
182
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Obs:
- Quanto menor for a rotação de Fornecedores, melhor para a empresa.
- Fornecedores ou Fornecedores médios. O resultado é o número de vezes.
Fórmula:
GE = Compras Brutas – Dev. e abat X1 = 104.000 = 4 X2 = 101.000 = 5,05
Fornecedores 26.000 20.000
ou
GE = 360 X1 = 360 = 4 X2 = 360 = 5,07
PMPC 90 71
Observa-se que X1 foi melhor que X2, pois este último teve aumento no giro e este
aumento é devido ao PMPC que diminuiu de 90 para 71 dias, ou seja, com isso, os
fornecedores giraram mais vezes.
183
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• Do ponto de vista de análise de risco, o PMRE é do tipo quanto maior, pior.
• Do ponto de vista de análise gerencial, o GE é do tipo quanto maior, melhor.
FIQUE ATENTO!!!
Quanto menor for a rotação de Fornecedores, melhor para a empresa.
184
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Vendas Brutas – Dev. Abat Número de vezes que as duplicatas
GDE Quanto maior, melhor.
Duplicatas Rec a receber se renovam no período
Compras brutas – Dev. Número de vezes que as dívidas
Quanto menor,
GF Abat com fornecedores se renovam no
melhor.
Fornecedores período
Quanto mais próximo
Posição relativa da empresa em ter-
PMRE + PMRV de zero e menor que
IPA mos de liquidez de sua capacidade
PMPC 1, a posição é mais
de pagamento
favorável
Fonte: Adaptado de Sousa e Martins (2010)
Verifica-se, portanto, que a fórmula de cálculo de giro é o inverso da fórmula de prazos médios.
É importante que você saiba para fins de análise que quanto maior for à velocidade
de recebimento de vendas e de renovação de estoques, melhor. Da mesma forma, quanto
mais lento for o pagamento das compras, desde que não corresponda a atrasos, melhor.
Ressalta-se mais uma vez, que a análise de prazos médios (PMRE, PMRV e PMPC)
deve ser feita em conjunto, assim como os índices de rotação (GE, GDR e GF). (SOUSA;
MARTINS, 2020).
Para Sousa e Martins (2010), o analista deve se preocupar com as tendências dos
índices calculados e compará-los com os das empresas do setor.
Conjugando os três índices de prazos médios (PMRE, PMRV e PMPC) tem-se uma
visão do ciclo operacional e do ciclo financeiro da empresa.
185
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ATENÇÃO!!!
A boa gestão empresarial de uma empresa é revelada pela competência na
administração de seus prazos médios, expressos através do ciclo financeiro.
Para a empresa em análise, percebe-se que em X1 o seu ciclo financeiro foi de 47 dias
desfavorável, significando que não terá saldo em caixa para pagar suas compras. Vejam
que a soma do PMRE com PMRV é maior que o PMPC, ou seja, a empresa demora 137 dias
para vender e receber sua mercadoria enquanto que para pagar seus fornecedores tem só
90 dias.
Ao contrário de X2, para renovar seu estoque e receber suas vendas tem 46 dias e para
pagamento 71 dias, tendo uma folga de caixa de 25 dias.
186
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
b) Ciclo financeiro favorável (CFF)
O ciclo financeiro favorável ocorre quando o prazo de pagamento das compras a prazo
é maior do que o prazo de recebimento das vendas a prazo, ou seja, a empresa paga os
fornecedores depois do recebimento das suas vendas a prazo. Nessa situação, ocorre uma
folga de caixa, e a empresa tem a opção de realizar uma aplicação financeira e ganhar
rendimentos financeiros.
Obs: Quanto maior for o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros estarão
temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a
rentabilidade.
Fórmula:
CO = PMRE + PMRC
187
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
X1: 115 dias + 22 dias = 137 dias
ATENTOS!!!
CO< 1
A empresa possui uma folga financeira, ou seja, recebe o pagamento dos
clientes antes do prazo de pagamento aos fornecedores, dispondo de um período para investir o
dinheiro e aumentar a sua rentabilidade final.
ATENÇÃO!!!
CO> 1
Nesse caso o recebimento de clientes só ocorre depois do prazo de pagamento
aos fornecedores, forçando a empresa a buscar novas fontes de financiamento, reduzindo a sua
rentabilidade final. Ao invés de realizar um investimento estará realizando um financiamento.
188
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
COD = PMRE + PMRV > 1, em que COD é o ciclo operacional deficitário.
PMPC
VOCÊ SABIA!!!
KANITZ, Stephen. Consultor de empresas e conferencista. Mestre em Adminis-
tração de Empresas pela Harvard University, foi professor da Faculdade de Econo-
mia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
189
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
No artigo citado, através de tratamento estatístico de dados de algumas empresas que
realmente faliram, conseguiu montar o que denominou de “fator de insolvência” e que
consiste em relacionar alguns quocientes, atribuindo pesos aos mesmos e somando e
subtraindo os valores assim obtidos. Conforme a soma recaia entre certos intervalos de
valor, a empresa estará na faixa de “insolvência”, de “penumbra” ou de “solvência”.
O método desenvolvido pelo professor Kanitz é semelhante a um termômetro
financeiro, onde há 3 métricas a serem observadas:
Área de solvência:
Nessa área estão às empresas que possuem o fator de insolvência maior que zero,
ou seja, são as empresas com o menor risco de falência. Conforme aumenta o fator de
insolvência, menor é a probabilidade de uma empresa quebrar. (TERMÔMETRO DE
KANITZ: SALVE EMPRESAS E CONQUISTE NOVOS CLIENTES, 2020).
Área de penumbra:
Empresas que estão entre a faixa de zero e -3, que estão com o risco muito alto de
insolvência e merecem uma análise mais criteriosa.
Área de insolvência:
Para as empresas que estão com o fator menor que -3, a probabilidade de falência é
enorme, e aumenta cada vez mais conforme o fator de insolvência diminui.
Esse termômetro, bem como a sua usabilidade nos demonstrativos financeiros, não
é somente fundamental para as empresas estarem sempre de olho na sua condição e
nas medidas que precisa tomar antes de chegar a um ponto irreversível de insolvência.
(TERMÔMETRO DE KANITZ: SALVE EMPRESAS E CONQUISTE NOVOS CLIENTES,
2020).
190
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1 – LL x 0,05
PL
Fator de Insolvência = 1 + 2 + 3 - 4 – 5
-7
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010)
191
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Para a Vale Doce S.A teríamos em X1 e X2:
X1:
X2:
192
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Conclusão: Ao se confrontar esse resultado com os relativos ao Termômetro,
constata-se que a Vale Doce S.A em X1 está com um fator de 0,62 e significa uma situação
indefinida, ou seja estado péssimo. Já para X2 o fator aumentou para 2,84 entrando em
Intervalo de Solvência com Reduzidas Possibilidades de Falência.
Vamos agora para a 6ª etapa do processo de análise que é comparação com padrões.
4.3. QUOCIENTES-PADRÃO
193
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
SABIA QUE!!!!
A análise dos índices de uma empresa só adquire consistência e objetividade
quando são comparados com ÍNDICES-PADRÃO.
194
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.3.1 Padrão interno
Definido pela direção da empresa como uma meta a ser atingida e mantida. Por
exemplo, em termos de estrutura de capitais (relação da dívida total com o patrimônio
líquido), a direção define que para unidade monetária de capital próprio utilizará igual
montante de recursos de terceiros. Este padrão interno adotado por uma empresa pode
ser decorrência de sua política financeira e pode também decorrer de contatos assinados
pela empresa junto a credores, resultando em um compromisso de que a empresa
mantenha determinados níveis de indicadores (de liquidez e de estrutura, por exemplo).
195
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
no Brasil ou até mesmo outros países), se aproximando a um padrão nacional ou
internacional, conforme o caso.
O segmento de atuação representa para Sousa e Martins (2010), um dos fatores que
exerce maior influência na vida da empresa, determinando maior ou menor investimento
em ativos não circulantes, em ativos circulantes, prazos que irá praticar etc.
Por exemplo, o índice de imobilização dos Recursos não Correntes de 70% é
compatível para uma indústria e elevado para uma empresa comercial, uma vez que
o primeiro opera com grandes volumes de investimentos no Ativo não Circulante,
enquanto a segunda, não.
ATENTOS!!!
Só se podem avaliar bem os indicadores econômicos financeiros de empresas
do mesmo ramo de atividade.
Quanto ao setor de atividade Silva (2017) diz que as empresas são classificadas em
diferentes setores: indústria, comércio e serviços. Para concentrar as atividades mais
uniformes e específicas, cada setor pode ser subdividido em ramos, e sub-ramos,
conforme demonstrado a seguir:
Além de comparar a empresa com outras do mesmo ramo, é preciso comparar cada
ramo com o setor em que ela atua, ou seja, com a indústria como um todo ou com o
comércio/serviços como um todo.
196
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.3.5 Tamanho da empresa
Cabe destacar ainda como diz Silva (2017), que dentro de um mesmo sub-ramo e de
uma mesma região geográfica os índices podem ser diferentes apenas em decorrência do
porte das empresas.
Sousa e Martins (2010), citam como exemplo, um supermercado que apresenta
necessidade de um nível de estoque elevado, enquanto uma mercearia trabalha com nível
de estoques menor. Embora atuando no mesmo segmento, assumem comportamentos
diferentes.
197
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.4 ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO
198
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• Capacidade de Interpretação.
Além destes pré-requisitos, é preciso entender qual é o raciocínio que o analista deve
seguir para poder analisar as demonstrações. A análise de Demonstrações Financeiras
baseia-se em raciocínio científico, tendo como objetivo a conversão das demonstrações
contábeis em relatórios de linguagem simples, clara e direta.
Depois de toda análise quantitativa elaborada, é necessário saber o que incluir no
relatório. A seguir, Matarazzo (2010), lista algumas informações importantes que devem
ser produzidas pela análise de balanços e que sugerimos fazer parte do relatório de
análise financeira.
a) Situação financeira;
b) Situação econômica;
c) Desempenho;
d) Eficiência na utilização dos recursos;
e) Pontos fortes e fracos;
f) Tendências e perspectivas;
g) Quadro evolutivo;
h) Adequação das fontes às aplicações dos recursos;
i) Causas das alterações na situação financeira;
j) Causas das alterações na rentabilidade;
k) Evidências de erros da administração;
l) Providências que deveriam ser tomadas e não foram;
m) Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.
Apesar de algumas limitações por ser feito com base em fatos já ocorridos, Lunelli
(2020), argumenta que tais informações proporcionam comparativos entre períodos,
preferencialmente no menor período possível, mês a mês, já que algumas informações
199
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
contábeis são apropriadas mensalmente. Com base nos fatos ocorridos torna possível
projetar os fatos futuros, avaliando os ocorridos e os projetados ou orçados.
Demonstrações financeiras
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Operacional
•.Contas a Pagar a Fornecedores 26.000 20.000
200
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
•.Outras Obrigações de Curto Prazo 19.000 22.000
Soma 45.000 42.000
Financeiro
•.Empréstimos 30.000 5.000
•. Duplicatas Descontadas 10.000 8.000
Soma 40.000 13.000
Total do Passivo Circulante 85.000 55.000
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
•.Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
EXIGÍVEL TOTAL 85.000 90.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
•. Capital 7.000 10.000
•. Reservas 18.000 46.000
Total do Patrimônio Líquido 25.000 56.000
Total do Passivo 110.000 146.000
201
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 101.600
(-) Provisões (16.000) (40.000)
(-) Participações - (8.200)
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 53.400
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
Tabela 34 Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/x2 para Análi-
se Horizontal
CONTAS X1 AH% X2 AH%
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 100 312.000 130
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E (94.000) 100 (106.000) 112,76
SERVIÇOS VENDIDOS
LUCRO BRUTO 146.000 100 206.000 141,09
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) 100 (39.000) 243,75
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) 100 (55.000) 84,61
• Outras Despesas Operacionais (6.000) 100 (9.000) 150,00
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado 59.000 100 103.000 174,57
financeiro)
(+) Receitas financeiras 1.000 100 11.000 1.100,00
(-) Despesas financeiras (22.400) 100 (12.400) 55,35
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 100 101.600 270,21
(+ ou -) Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 100 101.600 270,21
(-) Provisões (16.000) 100 (40.000) 250,00
(-) Participações - 100 (8.200) 8.200,00
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 100 53.400 247,22
106.000 divid 94.000 x 100 = 112,76%
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
Tabela 35 Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/x2, padroniza-
da para Análise Vertical.
CONTAS X1 AV% X2 AV%
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 100 312.000 100
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E (94.000) (39,16) (106.000) (33,97)
SERVIÇOS VENDIDOS
LUCRO BRUTO 146.000 60,83 206.000 66,02
202
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) 6.66 (39.000) 12,50
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) 27,08 (55.000) 17,62
• Outras Despesas Operacionais (6.000) 2,50 (9.000) 2,88
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado 59.000 24,58 103.000 33,01
financeiro)
(+) Receitas financeiras 1.000 0,41 11.000 3,52
(-) Despesas financeiras (22.400) 9,33 (12.400) 3,97
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 15,66 101.600 32,56
(+ ou -) Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 15,66 101.600 32,56
(-) Provisões (16.000) 6,66 (40.000) 12,82
(-) Participações - (8.200) 2,62
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 9 53.400 17,11
94.000 dividido 240.000 = 39,16%
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
203
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
•Margem bruta 61% 66%
• Margem operacional 16% 33%
• Giro do Ativo 2,34 2,44
• Margem Líquida 9% 17%
• Rentabilidade do Ativo (ROI ou ROA) 21% 42%
• Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) 96% 132%
Fonte: Adaptada de Assaf Neto (2015)
Situação Financeira
a) Endividamento – A empresa apresenta alto grau de endividamento, visto que 77%
é capital de terceiros em X1, ou seja, os credores fornecem mais da metade das fontes
de recursos totais da empresa e em X2 62%. Do ponto de vista estritamente financeiro,
quanto maior a relação Capital de Terceiros/PL, menor a liberdade de decisões financeiras
da empresa ou maior a dependência a estes financiadores externos, ou seja, a empresa terá
menor liberdade financeira quanto maior for sua dependência de capitais de terceiros.
b) Liquidez – Sob o ponto de vista de solvência, a empresa encontra-se também em
situação desfavorável, pois não apresenta solidez financeira que garanta o cumprimento
dos compromissos de curto e de longo prazo. A exceção é o exercício de X2, no qual o
204
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Quociente de Liquidez Corrente se encontra ligeiramente acima do com indicar de 1,35,
significando que, os investimentos no AC são suficientes para cobrir as dívidas de curto
prazo e ainda permitir uma folga de 35% para cada um real de dívida do PC.
A interpretação da Liquidez Corrente deve ser direcionada para verificar a existência
ou não do Capital Circulante Líquido (CCL). O CCL também pode ser apurado pela
diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Quando positivo, o CCL indica
o excesso do Ativo Circulante sobre o Passivo Circulante. Assim seria interessante para a
empresa ter sempre um capital circulante líquido positivo, ou seja, uma liquidez corrente
maior que R$ 1,00.
Situação Econômica
Rentabilidade – A situação econômica no exercício de X2 foi melhor que no exercício
de X1. A boa rentabilidade alcançada no exercício de X2 decorre do esforço efetuado pela
empresa no sentido de reverter o alto grau de endividamento apresentado no exercício
de X1.
4.5 ALAVANCAGEM
Uma empresa tem as suas origens de recursos provenientes dos capitais de terceiros
(PC+ PNC) e de capitais próprios (PL). Por exemplo, uma sociedade com um Ativo no valor
de R$ 200.000,00, que apresente um capital de terceiros no montante de R$ 120.000,00
e um capital próprio de R$ 80.000,00, tem nesse caso, 60% do capital aplicado no Ativo
financiados por capitais de terceiros e 40%, por capitais próprios.
O termo alavancagem na visão de Montoto (2018), está associado a endividamento;
de forma geral em uma empresa, dívidas devem ser contratadas para trazer benefícios
econômicos para a entidade e para seus sócios.
Para Souza (2016), o termo alavancagem é uma técnica utilizada para multiplicar
205
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
a rentabilidade das entidades com a utilização de capitais de terceiros. O aumento da
rentabilidade proporcionado pela alavancagem aumenta a probabilidade de riscos na
operação e também a de uma provável insolvência.
SABIA QUE!!!
A alavancagem financeira ocorre quando os capitais de terceiros (passivos)
produzem efeitos positivos sobre o patrimônio líquido e está associada à inten-
sidade com a qual a empresa utiliza recursos de terceiros, em lugar de seus próprios recursos
financeiros.
206
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Próprio) possa ser superior ao custo de captação de recursos junto a terceiros, teremos
que admitir que possa haver interesse no endividamento, já que a diferença proporcionará
uma elevação em mesa medida nos resultados dos acionistas, em virtude da alavancagem
da rentabilidade.
O Grau de Alavancagem Financeira exposto por Assaf Neto (2015), deixa evidente na
própria fórmula o conceito de alavancagem: tomar recursos de terceiros a determinado
custo e aplicá-los em ativos a outra taxa de retorno. A diferença entre a taxa de captação
e a taxa de retorno vai para os proprietários e altera o ROE.
Logo, o GAF irá demonstrar a eficiência da estrutura de capitais da firma, o risco do
investimento e a potencialidade de aumento do lucro para os acionistas.
O cálculo do GAF deve ser apurado dentro de duas perspectivas:
1 – não se leva em consideração o efeito da dedutibilidade do Imposto de Renda em
relação aos custos com juros de financiamentos;
2 – considera-se o efeito desta dedutibilidade do Imposto de Renda.
GAF = 1
A alavancagem financeira é indiferente ou nula, pois com a utilização de capitais de
terceiros a rentabilidade do PL não se altera. Estaremos diante de uma situação onde
não há alavancagem financeira. Não houve um aumento de rentabilidade na captação de
recursos de terceiros.
207
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
GAF < 1, GAF menor que 1
A alavancagem financeira é desfavorável ou negativa, pois com a utilização de capitais
de terceiros a rentabilidade do PL reduz. Se for desfavorável, significa que o custo da
dívida não é benéfico e seria melhor substituir as dívidas por capital próprio. Os recursos
captados junto a terceiros não foram capazes de influenciar positivamente o retorno do
capital próprio (Patrimônio Líquido).
GAF maior que 1 ROE maior que ROI ROI maior que Custo da dívida SIM
GAF igual a 1 ROE igual a ROI ROI igual ao Custo da dívida Não há alavancagem
GAF menor que 1 ROE menor que ROI ROI menor que custo da dívida NÃO
Fonte: Adaptado de Silva (2017)
Silva (2017) enfatiza algumas estratégias que podem ser adotadas com o objetivo de
aumentar o GAF, cuja adoção poderá ser isolada ou conjunta:
208
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.5.2.1 GAF sem considerar o efeito dos custos com a dívida no Imposto de
Renda
O GAF de 1,216 significa que a empresa utilizando capital de terceiros tem uma
rentabilidade sobre o capital próprio de 21,6% superior a rentabilidade que teria, se todo
o Ativo fosse financiado apenas com capital próprio.
VOCÊ SABIA!!!
A alavancagem financeira é desfavorável ou negativa quando o GAF for menor
que 1?
Para este cálculo, será necessário mensurar a redução da carga tributária com Imposto
de Renda em razão da dedutibilidade dos custos com a dívida (juros).
Sempre é bom lembrar que, ao analisarmos o GAF de uma empresa, devemos levar
em consideração o montante que a empresa deixou de pagar de Imposto de Renda em
razão dos custos assumidos com a dívida, que indiretamente representa “lucro” para os
investidores, pois as despesas com juros (despesas financeiras) são dedutíveis do IR.
209
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Para um melhor entendimento do conceito de Alavancagem Financeira, vamos utilizar
como exemplo, o modelo extraído do livro de autoria de Alexandre Alcântara da Silva
intitulado “Estrutura, Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis”, editado
pela Atlas, 2017 na p. 122.
210
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Despesas com Vendas (216.659)
Despesas Administrativas e Gerais (32.941)
Receitas Financeiras 148.943
Despesas Financeiras (125.309)
Outras 13.091
Lucro Operacional 24.821
Resultado não Operacional 1.335
Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) 26.156
Provisão para Imposto de Renda (5.344)
Lucro Líquido do Exercício 20.812
Fonte: Adaptado de Silva (2017)
A totalidade dos bens e direitos de uma empresa é compreendida com seu Ativo Total,
que no exemplo de Balanço acima perfaz R$ 1.261.658. Já o Ativo Total excluído dos
Passivos não Onerosos é definido como Investimentos.
ATENÇÃO
Passivos não Onerosos são aquelas obrigações que não possuem encargos
financeiros, como fornecedores, salários.
Passivos Onerosos são aqueles que custam à empresa mensalmente, como juros e encar-
gos bancários.
211
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Ativo Total 1.261.658
(-) Passivos de funcionamento ou não onerosos
Fornecedores 119.219
Salários e Encargos 4.377
Imposto de Renda 5.344
Outros impostos a recolher 5.240
Outros 95.944 (230.124)
= Investimentos 1.031.534
Não Circulante
Financiamentos 109.854
Total 458.650
Esta etapa nos permitirá determinar o Lucro Operacional após o IR. As Despesas
Financeiras Líquidas devem ser percebidas como elemento de economia no cálculo da
carga tributária final tendo e, vista que as despesas financeiras são dedutíveis para o
cálculo do IR devido.
Deve ser considerado neste cálculo o Lucro Operacional como aquele gerado pelos
Ativos da empresa, em decorrência do desenvolvimento da atividade objeto da mesma,
sem considerar sua estrutura de financiamento.
Uma vez efetuadas as devidas reclassificações e apurações acima descritas, teríamos
a visualização da DRE abaixo.
Tabela 39 Demonstração do Resultado do Exercício ajustado da Cia Lucro Certo
212
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Receita Operacional Líquida 1.128.101
(-) Custo dos Produtos Vendidos (890.405)
Lucro Bruto 237.696
Receitas (Despesas) Operacionais
Despesas com Vendas (216.659)
Despesas Administrativas e Gerais (32.941)
Receitas Financeiras 148.943
Outras 13.091
Lucro Operacional 150.130
Resultado não Operacional 1.335
Lucro Antes do Imposto de Renda 151.465
Imposto de Renda s/ lucros gerados para Ativos (30.946)
= 20,43% x 151.465
Lucro após o Imposto de Renda 120.519
Despesas financeiras (125.309)
Economia de IR (20,43%) 25.602 (
99.707)
Lucro Líquido Exercício 20.812
Fonte: Adaptado de Silva (2017)
213
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
o Patrimônio Líquido (ROE), tendo em vista o impacto da economia de IR com a
dedutibilidade das despesas financeiras decorrentes dos financiamentos contraídos.
A seguir será apresentada a apuração da GAF após considerarmos o efeito dos juros no
cálculo do IR e apuração do valor dos Investimentos Líquidos e Passivo Oneroso.
Investimentos 1.031.534
Passivo Oneroso 458.650
Patrimônio Líquido 453.111
Despesas Financeiras Líquidas 99.707
Lucro Operacional após IR 120.519
Lucro Líquido do Exercício (LLE) 20.812
Custo da Dívida
214
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Finalizando, observa-se que os recursos levantados no mercado, a um custo líquido
de 21,74%, foram aplicados em ativos que renderam 11,92% de retorno.
Este GAF indica que o ROE é menor que o ROI, evidenciando que o custo da dívida é
superior ao Retorno dos Investimentos (ROI). Neste caso específico, os recursos captados
não alavancaram a empresa financeiramente.
A estrutura de capital de uma empresa para Assaf Neto e Lima (2014) refere-se à
composição de suas fontes de financiamento, oriundas de capitais de terceiros (exigível)
e de capitais próprios (patrimônio líquido).
O estudo de estrutura de capital é fundamental para as decisões financeiras. Na busca
do objetivo de maximização da riqueza, a empresa deve selecionar uma composição
das fontes de financiamento que promova a minimização do custo médio ponderado de
capital (WACC).
De acordo com Gitman (2010, p.460), a Teoria sobre Estrutura de Capital está
intimamente relacionada com o custo de capital da empresa. A importância na
determinação da melhor estrutura de capital, escolhendo a proporção ideal de capital
de terceiros (dívidas de curto e longo prazo) e de capital próprio, está associada à busca
da maximização do valor da empresa. Assim, para atingir o objetivo da empresa, a
maximização da riqueza dos proprietários, o administrador financeiro, além de ser capaz
de avaliar a estrutura de capital da empresa e entender o relacionamento entre risco e
retorno, deve buscar a estrutura ótima de capital.
Padilha (2017) salienta que a estrutura de capital de uma empresa é apresentada de
forma simples no balanço patrimonial, no qual bens, direitos (Aplicação de Recursos) e
obrigações (Origem de Recursos), são mostrados com seus respectivos valores, formando
o que chamamos de ativo (bens e direitos) e passivo (obrigações).
215
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
FIQUE LIGADO!!!
As obrigações que compõem o passivo, por sua vez, podem ser divididas em
obrigações com terceiros (de curto e de longo prazo) e obrigações de capital
próprio (com os proprietários da empresa).
O capital próprio está ligado ao Patrimônio Líquido (PL); trata-se de recursos advindos
de dentro da própria organização, dos proprietários, sócios ou acionistas. Nesse caso,
as pessoas que investiram no negócio esperam, no mínimo, ter um retorno do valor
investido. (SOUZA, 2017)
Para Assaf Neto e Lima (2014), o capital próprio, identificado nos balanços patrimoniais
216
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
como Patrimônio Líquido, consiste nos recursos investidos pelos acionistas da empresa.
Esses fundos não têm prazo de reembolso estabelecido, permanecem na empresa por
tempo indeterminado.
Segundo Gitman (2010), os donos do capital próprio possuem direitos sobre os
resultados da organização. Porém, seu direito não pode ser exercido antes da quitação das
obrigações com os credores. Um dos fatores que mais tem impacto sobre o capital próprio
é o custo de capital, que representa a rentabilidade mínima exigida pelos detentores do
capital próprio, ou seja, acionistas ou sócios da organização.
O capital de terceiros para Assaf Neto e Lima (2014) inclui todos os fundos levantados
pela empresa junto a credores, e representados basicamente por empréstimos e
financiamentos. A empresa contrata esses empréstimos por um prazo determinado,
pagando juros pelo seu uso.
O mesmo autor diz que o custo do capital de terceiros é mais baixo que o do capital
próprio em razão principalmente de:
a) O credor tem menos risco que o acionista, podendo assim ser remunerado por uma
taxa mais baixo.
b) As despesas de juros pagas pelos passivos são dedutíveis para efeitos de Imposto de
Renda, reduzindo em consequência o custo financeiro.
Gitman (2010) afirma que o custo com o financiamento por meio do capital próprio é
mais oneroso para a organização, uma vez que os detentores dele assumem maior parcela
de risco, haja vista que seus direitos aos resultados são subsidiários. Dessa forma, faz-se
necessário calcular, separadamente, cada um dos custos, tanto de terceiros, quanto do
capital próprio, o que pode ser realizado por meio do cálculo do CMPC.
217
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
FIQUE DE OLHO!!!
A melhor estrutura de capital para qualquer empresa é quando a relação entre
o Passivo não circulante e o Patrimônio líquido produz o menor custo de capital.
O custo de capital pode ser considerado como a taxa de retorno exigida pelos
fornecedores de capital do mercado, para atrair seus fundos para a empresa. Se o risco
for mantido constante, a implementação dos projetos com uma taxa de retorno acima
do custo de capital aumentará o valor da empresa e a implementação dos projetos com a
taxa de retorno abaixo do custo diminuirá o valor dela. (GITMAN 2010).
O custo do capital tem efeito sobre as operações da empresa que, subsequentemente,
afeta a sua lucratividade, e é obtido considerando todas as fontes dos recursos postos à
disposição da empresa, de acordo com a participação percentual do capital próprio e de
terceiros.
Na visão de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010), o custo de capital é considerado, uma
taxa de retorno exigida em seus projetos de investimento tanto para remunerar o custo de
oportunidade quanto para premiar um risco percebido. Com isso, ao avaliar um projeto de
investimento, deve-se levar em consideração o quanto esse projeto custará, visto que essa
informação possibilitará, de forma mais transparente, a tomada de decisão, já que uma
decisão inadequada à estrutura e aos objetivos da empresa pode acarretar problemas futuros.
Os mesmos autores dizem que esse custo é formado com base no custo das diversas
fontes de financiamento de longo prazo, as quais podem ser: autofinanciamento (novos
recursos próprios, por meio dos acionistas atuais ou de capital decorrente de novas
subscrições); financiamentos bancários ou por meio da emissão e venda de debentures.
Da composição percentual de cada fonte de financiamento e de seus custos no caso,
capital próprio e de terceiros, surge o Custo Médio Ponderado de Capital – CPMC, também
é chamado de weighted average cost of capital (WACC), que de acordo com Megliorini e
Vallim (2009) representa, em última instância, o custo de financiamentos de longo prazo
da empresa, ou seja, o custo de capital.
Neste sentido, Gitman (2010, p. 444) aponta que: “[...] o custo médio ponderado de
capital reflete o custo futuro médio esperado dos fundos no longo prazo. Esse custo
é obtido por meio da ponderação do custo de cada tipo específico de capital por sua
participação na estrutura de capital da empresa”.
218
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ATENÇÃO!!!
O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre os
seus projetos de investimentos, para manter o valor de mercado de suas ações.
No estudo do custo total de capital, para Assaf Neto e Lima (2014), é necessário
inicialmente conhecer-se o custo de cada fonte de recursos (própria e de terceiros)
selecionada pela empresa e, então, mensurar-se a partir desses valores a taxa de retorno
desejada para as decisões de investimentos. O custo total de capital (WACC) reflete a
remuneração mínima exigida tanto por acionistas como por credores da empresa.
De acordo com Assaf Neto e Lima (2014), o custo de capital de terceiros é a remuneração
exigida pelos credores de dívidas da empresa. É o custo hoje, geralmente líquido do IR,
para se levantar recursos de empréstimos e financiamentos no mercado.
ATENTOS!!!
Custo de Capital de Terceiros é definido de acordo com os passivos onerosos
identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela empresa. (BÚSSU-
LA DO INVESTIDO, 2020).
219
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Economia de IR: R$ 12.000,00 × 34% = R$ 4.080,00
Despesas Financeiras Líquidas do IR = R $ 7.920,00 (R$ 12.000 - R$ 4.080,00)
Kd = R$ 7.920,00 = 7,92%
R$ 100.000,00
Kd = i . (1 - IR)
Outro exemplo
Uma empresa toma um empréstimo de R$150.000 para pagar, dentro de um ano,
R$170.000. Sem IR, a taxa de retorno é de 15% a.a., que é o custo da dívida. Com IR, à
taxa de 35%, a situação se altera. A entrada do principal não tem influência no lucro
tributável, assim como a sua amortização, porém o pagamento de R$22.500 de juros é
dedutível, e reduz em R$ 7.875 o IR a pagar. A taxa de retorno do novo fluxo de caixa é de
9,75% a.a., que é o custo da dívida, levando-se em conta o IR.
Kd = i . (1 - IR)
Kd = 15% . (1 - 0,35) = 9,75% a.a
Existe outra forma de se calcular o custo da dívida, antes ou depois do IR, de forma
direta, é pela seguinte expressão:
Kd = (1 - IR) I / D
220
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
onde:
I é a carga total anual de juros; e
D é o valor de mercado da dívida.
Exemplo:
Considere uma empresa com pagamentos de juros anuais de R$150.000, baseados
na dívida total de R$3.500.000. Determine o custo da dívida desta empresa, após o IR,
sabendo-se que sua alíquota de IR é de 35%.
Kd = (1 - IR) I / D
Kd = (1-0,35) 150.000 / 3.500.000
Kd= 0,65 x 0,04 = 2,60 % a.a.
O custo de capital próprio para Assaf e Lima (2014) revela o retorno desejado pelos
acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio. Constitui,
junto com o tema de estrutura de capital a ser apresentado no capítulo seguinte, o
segmento de estudo mais complexo das finanças corporativas, assumindo diversas
hipóteses e abstrações teóricas em seus cálculos.
Capital próprio é mais caro para a empresa que capital de terceiros. O custo do capital
de terceiros é menor comparativamente ao do capital próprio. Duas importantes razões
explicam essa diferença de acordo com Assaf e Lima (2014):
221
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
1) O retorno do acionista está vinculado ao sucesso dos negócios, à geração de lucros
em volume suficiente para remunerar o custo do capital investido. Caso a empresa apure
prejuízo, o acionista não terá direito algum de pleitear pagamento pelos recursos aplicados;
ele assume o risco do negócio. Em consequência, exige um prêmio pelo risco maior. O
credor, ao contrário, recebe garantias efetivas da devolução do capital emprestado, como
aval, hipoteca etc., e tem os pagamentos da dívida livres de qualquer relação formal com
os resultados apurados pela empresa. A empresa tomadora de recursos não tem como
justificar sua eventual inadimplência por um resultado negativo em seus negócios.
2) A outra razão que justifica ser o custo da dívida menor que o do capital próprio é o
benefício fiscal. A remuneração devida ao capital próprio é o lucro líquido, calculado após
a respectiva dedução do Imposto de Renda. Já a remuneração paga ao credor são os juros,
os quais, como demonstrado acima, são dedutíveis para cálculo de Imposto de Renda.
Em verdade, a empresa devedora usufrui de um benefício (economia) fiscal ao calcular
os encargos financeiros de suas dívidas.
O custo da ação ordinária é o nível de retorno que a empresa deve obter sobre esse tipo
de capital para manter o preço da ação. (CONTROLADORIACONTAB, 2010).
Ks = D1 + g
Po
222
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Em que:
Ks representa o custo do capital próprio;
Po = preço corrente da ação ordinária,
D1 = dividendo por ação esperado no ano 1
g = taxa anual de crescimento constante dos dividendos.
Exemplo:
A cotação em bolsa das ações ordinárias é de 120,00 e o dividendo previsto para o
corrente exercício é de 18,00 por ação. Nos últimos anos, os lucros e os dividendos têm
crescido a uma taxa anual de 3%.
Solução
Ks = D1 + g
Po
Ks = 18 + 0,03
120
Ks = 0,15 + 0,03 = 0,18 x 100 = 18%
Este modelo escreve a relação entre o retorno exigido, ou custo da ação ordinária Ks, e
os riscos sistêmicos da empresa avaliados pelo coeficiente beta.
O CAPM exprime o risco sistemático (fatos como inflação, incidentes internacionais
e eventos políticos) de um ativo pelo seu coeficiente beta, identificado com o coeficiente
angular da reta de regressão linear das variações de um ativo financeiro, como uma ação,
por exemplo, sobre as variações da carteira de mercado, como o Índice Bovespa.
O beta mede a sensibilidade de um ativo em relação aos movimentos do mercado.
Desta forma, a tendência de uma ação mover-se junto com o mercado é refletida em seu
beta, que é a medida da volatilidade da ação em relação ao mercado como um todo.
Para Assaf e Lima (2014), o modelo do CAPM é bastante utilizado nas operações de
investimentos, permitindo que se apure a o custo de oportunidade em condições de
risco. O coeficiente beta, medida de risco do modelo, indica o incremento necessário no
retorno de um ativo de forma a remunerar adequadamente o seu risco. É uma medida de
risco sistemático.
O coeficiente beta quantifica o grau de reação do ativo ao comportamento do mercado.
Assim, temos de acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2015).
223
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Beta = 2,0 → a ação apresenta um risco sistemático maior do que o do mercado. Por
exemplo, se o mercado desvalorizar 10%, a ação desvalorizará 20%.
Beta = 1,0 → o comportamento da ação é igual ao do mercado.
Beta = 0,5 → o risco sistemático da ação corresponde à metade daquele apresentado
pelo mercado. É uma ação defensiva que valoriza ou desvaloriza menos do que a carteira
de mercado.
Beta = 0 → A ação não é afetada pelo movimento do mercado.
LEMBRANDO!!!
Existem três formas de se avaliar o capital próprio:
1) a primeira é quando as ações já existem;
2) a segunda é quando elas serão emitidas (gerando novos recursos);
3) e a terceira é quando há lucros retidos.
Exemplo:
A ação da Empresa ZX apresenta um beta igual a 1,6, ou seja, seu risco sistemático
é 60% maior que o risco do mercado como um todo. A taxa livre de risco é de 12% e a
expectativa dos investidores é de que a carteira de mercado atinja 20%. Determine a taxa
mínima exigida pelo investidor da ação da Empresa X.
224
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
O retorno esperado desta ação deve ser, no mínimo, igual a 24,8%, que representa a
taxa mínima de atratividade para o investimento nesta ação.
4.6.3.2.2 Custo das ações preferenciais
Kp = Dp
Np
Onde:
Kp = custo da ação preferencial
DP = dividendo preferencial
Np = montante a ser recebido pela emissão da ação preferencial
Obs: Cabe mencionar que não se requer nenhum ajuste fiscal para o cálculo dos
dividendos, uma vez que eles são pagos após o pagamento do imposto de renda por parte
da empresa.
Exemplo:
Certa empresa possui ações preferenciais no mercado no total de R$ 3.000.000. Essas
ações pagam dividendos de R$ 5,00 por ação, sendo o valor unitário da ação negociado
em bolsas no momento de R$ 30,00. O custo da ação preferencial é de?
Kp = Dp
Np
Kp = 5 = 16,67%
30
225
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
novas ações.
Deste modo, o custo de emissão das novas ações ordinárias (e das ações preferenciais
com participação integral nos lucros) será obtido pela seguinte fórmula derivada do Ks
do modelo de Gordon.
Kn = D1 +g
(1 – f) x Po
Onde
Kn = custo para a empresa da nova emissão das ações
D1 = dividendo por ação esperado no ano 1
f = taxa correspondente ao deságio no preço de lançamento e as despesas de
underwriting (subscrição) expressa em relação a Po
Po = preço corrente da ação
g = taxa anual de crescimento nos lucros e dividendos.
Exemplo:
Certa empresa deseja determinar o custo de uma nova emissão de ações ordinárias.
A cotação em bolsa das ações ordinárias antigas é de R$ 180,00 e o dividendo previsto
para o corrente exercício é de R$ 24,00. Nos últimos anos, os lucros e os dividendos têm
crescido a uma taxa anual de 4%. Admitiremos que as novas ações fossem colocadas com
um deságio de 12% em relação a cotação das ações antigas, envolvendo uma redução de
R$ 14,00 sobre o Po. As comissões e outras despesas corresponderiam a R$ 10,00 por
ação.
Solução
As comissões e outras despesas corresponderiam a R$ 24,00 (10,00 + 14,00) em
relação a Po
Então Po = 180
24 dividido por 180 = 0,1333
Kn = D1 + g
(1 – f) x Po
Kn= 24 + 0,04
(1 - 0,1333) x 180
226
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.6.3.2.4 Custo do lucro retido
Os lucros retidos podem ser considerados, conforme Assaf Neto e Lima (2014), para
efeitos de cálculo de seu custo, como uma emissão de capital totalmente subscrita,
apresentando um custo idêntico ao calculado para esse capital. Corresponde a parcela do
lucro líquido que deixou de ser distribuída como dividendos.
Os acionistas costumam interpretar a retenção de lucros como um sinal de que a
empresa possui alternativas para ampliar esses recursos nas suas atividades a uma taxa
de retorno compatível com a rentabilidade oferecida pelo mercado para investimentos
com o mesmo nível de risco.
Portanto, se a empresa não dispusesse dessas alternativas, para Ross, Westerfield e
Jaffe (2015) deveria distribuir a totalidade dos lucros realizados financeiramente. Visto
por esse ângulo, o custo dos lucros retidos corresponde ao custo de oportunidade
suportado pelos acionistas.
Para a empresa, o efeito da retenção de lucros corresponde ao de uma nova emissão
de ações, integralizadas instantaneamente e sem nenhuma despesa decorrente das
operações de underwriting (subscrição).
Kr = Ks (1-IR)
Onde:
Kr = custo dos lucros retidos para fins do cálculo do custo de capital
Ks = taxa de retorno exigida das ações ordinárias e preferenciais (com participação
integral nos lucros)
IR = alíquota do imposto de renda
ALERTA!!!
Lucro Retido é a parte do lucro de uma empresa que não é dividida entre os
acionistas e funciona como uma reserva para a companhia. (BÚSSULA DO INVES-
TIDOR, 2020).
Exemplo
Admitindo Ks = 22% ao ano e IR 35%, determinar a taxa anual dos lucros retidos.
Kr = Ks (1-IR)
Kr = 22% (1 – 0,35)
Kr = 14,30%
227
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.6.3.3 Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)
O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) também é conhecido por WACC (Weighted
Average Cost of Capital) e é obtido pelo custo de cada fonte de capital ponderado por sua
respectiva participação na estrutura de financiamento da empresa.
É quanto custa em termos percentuais o mix do capital próprio e do capital de terceiros.
Caso o gestor não saiba qual é o CMPC da empresa, não terá como tomar decisões, pois
não saberá se algum projeto vai dar lucro ou prejuízo.
Assaf Neto e Lima (2014) dizem que esse custo total representa a taxa de atratividade
da empresa, ou seja, quanto a empresa deve exigir de retorno de seus investimentos
visando maximizar seu valor de mercado.
O cálculo do WACC é processado pelo critério da média ponderada das fontes de
financiamento, de acordo com a seguinte expressão:
WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S
Onde:
Kd = custo percentual da dívida
Ks = custo percentual do capital próprio
D = valor monetário do capital de terceiros
S = valor monetário do capital próprio
IR = alíquota do Imposto de Renda
Olhando para um balancete “T”, fica mais fácil visualizar de onde vêm as informações
necessárias para calcular o CMPC.
228
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Então, por exemplo, vamos considerar que a empresa Energy tenha os seguintes
fornecedores de capital:
Considere agora que o gestor da Energy tem de fazer um investimento “X” na empresa
e deve calcular o Valor Presente Líquido (VPL) para determinar se esse investimento “X”
será lucrativo ou não. Esse investimento “X” custa hoje R$ 100.000,00 e promete pagar
um único pagamento de R$ 120.000,00 no fim do primeiro ano. A alíquota do IR é zero.
O investimento “X” pode ser realizado?
Solução:
O gestor vai precisar saber qual é a taxa do custo do capital da Energy para poder
calcular o VPL do investimento “X”. Para facilitar o entendimento e por uma questão
didática, primeiro vamos agrupar o capital próprio e o capital de terceiros.
229
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Kd = {1.000.000(11%) + 2.000.000(12%) + 1.500.000(13%) + 1.200.000(12%)} / 5.700.000
Kd = 0,120877 = 12,0877% a.a. 12,09%
Ou seja:
WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S
(0,1209 x 0,65) + (0,18 x 0,35)
0,078585 + 0,063000 = 14,16%
Memória de cálculo
5.700.000 dividido 8.800.000 = 0,647727 D / (D + S) = 65%
3.100.000 dividido 8.800.000 = 0,352273 S / (D + S) = 35%
0,1209 x 0,647727 = 0,078310
0,18 x 0,352273 = 0,063409
0,078310 + 0,063409 = 0,141719 x 100 = 14,17%
230
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 41 Cálculo do CMPC
Custo
Fonte Valores Peso Custo Taxa IR IR CMPC
médio
Própria 3.100.000 35% 18% 6,30% - - 6,30%
Terceiros 5.700.000 65% 12,09% 7.86% - - 12,09%
Total 8.800.000 100 14,16%
Memória de cálculo:
VP = VF / (1 + taxa)n
VP = 120.000 / (1 + 0,1417)1 = 105.106,42
Ou
VP = VF
(1 + i) 1
VP = 120.000
(1 + 0,1417) 1
VP = 120.000 = 105.106,42
(1,1417) 1
VPL = VP – II
VPL = 105.106,42 – 100.000 = 5.10642
Conclusão: O projeto “X” é viável, pois apresenta um VPL positivo.
231
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Outro exemplo:
Solução:
1º calcular o Ks
Ks = RF + Bs (Erm – RF)
Ks = 0,06 + 1,15 (0,08) = 0,1520 = 15,20% a.a.
WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S
CMPC = Kd (1 – IR) D / (D + S) + Ks S / (D + S)
CMPC = 0,10 (1 – 0,3) (60%) + 0,1520 (40%) = 10,28%
Resposta: O CMPC da empresa OBA é 10,28% a.a.
232
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.7 CAPITAL DE GIRO OU CAPITAL CIRCULANTE
IMPORTANTE!!!
A visão tradicional de capital de giro responde à pergunta “Caso a empresa venha a
encerrar as atividades, terá condições de saldar seus compromissos?”.
No entanto, devem-se ter informações contábeis e financeiras que nos respondam “Como a empresa
pode continuar a saldar seus compromissos, mantendo- se em funcionamento?” (CAVALCANTE, 2019)
O Capital de Giro ou Capital Circulante, na visão de Assaf Neto (2003) corresponde a uma
parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente
de curto prazo, a qual assume diversas formas ao longo de seu processo produtivo e de
venda. Ou seja, o capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma empresa, que
será utilizado para saldar as necessidades circulantes durante o ciclo, desde a aquisição
de matéria-prima até a venda e o recebimento dos produtos produzidos.
Na concepção de Lunelli (2020), capital de giro é o conjunto de valores necessários
para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). Existe a expressão “Capital em
Giro”, que seriam os bens efetivamente em uso.
Assaf Neto (2015) conceitua capital de giro como sendo capital circulante ou ativo
circulante, constituindo o grupo de maior liquidez, que se apresenta no ativo da empresa,
afetando ou sendo afetado, significativamente, por suas atividades operacionais. É
constituído pelo Ativo Circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas
geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques.
O termo giro, no meio financeiro para Assaf Neto e Silva (2011), refere-se aos recursos
correntes (curto prazo) da empresa, identificados como aqueles capazes de serem
convertidos em caixa no prazo máximo de um ano.
As dificuldades relativas ao capital de giro numa empresa de acordo com Lunelli
(2020) são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores:
• Redução de vendas;
• Crescimento da inadimplência;
• Aumento das despesas financeiras;
• Aumento de custos.
233
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ENTENDA QUE!!!
O capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado permanentemente,
pois está sofrendo o impacto das diversas mudanças no panorama econômico
enfrentado pela empresa de forma contínua. (LUNELLI, 2020).
Segundo um enfoque rigoroso, o capital de giro líquido para Assaf Neto (2014),
representa normalmente a parcela dos recursos de longo prazo (recursos permanentes)
aplicada em itens ativos de curto prazo (circulante). Na realidade, essa interpretação
acurada do capital de giro líquido é processada de “baixo para cima” no balanço, isto
é, identificando-se os valores passivos de longo prazo (próprios ou de terceiros) que
estão financiando o ativo circulante da empresa. Em outras palavras, o CGL representa a
parcela do financiamento total de longo prazo que excede as aplicações também de longo
prazo. Algebricamente, o cálculo desse valor é obtido pela seguinte expressão:
234
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.7.1.1.1 Capital de Giro Líquido Positivo
CGL = AC – PC
CGL = 160.000 – 120.000 = 40.000 (Este valor provê do PnC ou PL)
Do total de 160.000 aplicados no AC, 120.000 são oriundos de créditos de curto prazo
(PC) e os 40.000 restantes que representam o CGL estão identificados nos recursos
permanentes da empresa (PnC e PL).
Inversamente, dos 180.000 de fundos levantados a Longo Prazo (PnC e PL), 140.000
estão alocados em ativo também de longo prazo (AnC), sendo que os 40.000 excedentes
(CGL) foram destinados a financiar o ativo circulante.
Este valor representa o quanto às aplicações de curto prazo supera as origens de
recursos de curto prazo. Neste caso, denota uma liquidez satisfatória.
No exemplo acima considerou-se a existência de um capital de giro líquido positivo.
235
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Figura 10 Capital de Giro Líquido Positivo
Fonte: Adaptada de Cavalcante (2019)
ATENÇÃO!!!
Se o Capital de Giro for positivo significa que os ativos circulantes são sufi-
cientes para liquidar os passivos circulantes, o que caracteriza uma empresa de
bom nível de liquidez. (CAVALCANTE, 2020).
236
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
CGL = AC – PC =
CGL = 280.000 – 320.000 = (40.000)
CGL = (PL + PnC) – (AnC)
CGL = (520.000 + 300.000) – (860.000)
CGL = 820.000 – 860.000 = (40.000)
SABIA QUE!!!
Se o Capital de Giro for negativo a empresa tem um nível de obrigações que
superam seus bens e direitos de curto prazo, o que pode denotar problemas de
liquidez.
237
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 45 Capital de Giro Líquido Nulo
AC 280.000 PC 280.000
AnC 860.000 PnC 340.000
PL 520.000
TOTAL 1.140.000 TOTAL 1.140.000
Fonte: Adaptada de Cavalcante (2020)
CGL = AC – PC
CGL = 280.000 – 280.000 = 0
Indica que recursos de curto prazo financiam as flutuações da NCG, dado as aplicações
permanentes se igualam as fontes permanentes.
238
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
adaptado às empresas brasileiras a fim de perpetuá-lo no conceito de avaliação do capital
de giro.
IMPORTANTE!!!
O Modelo de Fleuriet ou Dinâmico é fruto de pesquisas coordenadas por
Fleuriet, cujo trabalho de sua equipe resultou na publicação do livro “A Dinâmica
Financeira das Empresas Brasileiras: Um Novo Método de Análise, Orçamento e Planejamento
Financeiro”, em 1978, pela Fundação Dom Cabral.
Em 2003 de acordo com Mesquita (2008), o livro teve sua 5ª edição revisada com
alguns ajustes e inclusões, entretanto, sua essência após 25 anos permaneceu válida e de
grande utilidade para a avaliação de empresas no Brasil.
Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) defendem que no modelo proposto de análise financeira
as contas do ativo e passivo devem ser consideradas em relação à realidade da dinâmica
da empresa, onde as contas são classificadas de acordo com o seu ciclo, ou seja, o tempo
que leva para se realizar uma rotação.
Na análise tradicional não há visualização da empresa em funcionamento, ela é vista
de maneira estática, o que não é condizente com a realidade. Fleuriet, Kehdy e Blanc
(2003), mencionam que a organização deve ser visualizada de forma dinâmica, no qual,
algumas contas do ativo e do passivo apresentam constante renovação em função do
desenvolvimento operacional das empresas.
Ele partiu do pressuposto que embora a classificação horizontal da apresentação
tradicional do balanço patrimonial apresenta uma série de vantagens, ela é inadequada
no que se refere a uma análise dinâmica da situação econômico-financeira das empresas.
Dessa forma, elaborou uma nova classificação horizontal para o balanço patrimonial,
enfatizando o ciclo econômico e o financeiro de uma empresa, fornecendo dados para a
análise dinâmica em oposição à análise estática (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003).
Araújo, Costa e Camargos (2010) dizem que a finalidade deste modelo é estabelecer
uma consistência na gestão e avaliação financeira das empresas brasileiras na perspectiva
da liquidez financeira, fornecendo uma visão sistêmica do impacto na decisão da
companhia.
239
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
SABIA QUE!!!
O Modelo Dinâmico ou modelo Fleuriet, proporciona explicações mais comple-
tas e articulares sobre a posição de equilíbrio e viabilidade financeira da empresa,
por meio da identificação da necessidade de investimento no giro dos negócios e do volume de
recursos de longo prazo que se encontra financiando esse giro. (SATO, 2007)
Segundo Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), as contas foram agrupadas por afinidade,
surgindo três grupos:
• Contas Operacionais ou Cíclicas
• Contas Não-Circulantes (não cíclicas)
• Contas Financeiras ou Erráticas
São as que guardam estreita relação com as atividades da empresa, que de acordo com
Cavalcante (2019) são o conjunto de bens, direitos e obrigações necessárias para manter
a firma funcionando a um determinado nível de faturamento.
Podem ser denominadas cíclicas pela ideia de valores que estão sempre girando e
renovando automaticamente, no ritmo do negócio. (CAVALCANTE, 2020).
240
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
processo produtivo, a curto prazo, sendo de natureza permanente.
Os ativos não-circulantes englobam os valores a receber de longo prazo e o ativo
permanente, tanto investimentos, imobilizado e diferido. (CAVALCANTE, 2020).
Os passivos não-circulantes englobam as obrigações exigíveis a longo prazo e
patrimônio líquido, recursos dos sócios ou acionistas. (CAVALCANTE, 2020).
Resumo
O Ativo Circulante foi dividido em uma parte relacionada com o processo produtivo,
o Ativo Circulante Operacional (ACO) ou Cíclico, e outra relacionada com as
disponibilidades e aplicações de curto prazo, o Ativo Circulante Financeiro (ACF) ou
Errático.
241
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 46 Balanço Patrimonial com as contas reagrupadas
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 100 Passivo Circulante Financeiro (PCF) 400
Caixa/Bancos/Aplicações 100 Empréstimos/Financiamentos 400
Ativo Circulante Operacional (ACO) 1.900 Passivo Circulante Operacional (PCO) 700
Contas a Receber 900 Fornecedores 500
Estoques 1.000 Contas a Pagar (Salários, Encargos, Imp.) 200
Ativo Não Circulante 9.200 Passivo Não Circulante 10.100
Realizável a Longo Prazo 1.200 Exigível a Longo Prazo 3.900
Contas a Receber 1.200 Empréstimos/Financiamentos 3.800
Resultado de Exercícios Futuros 100
Ativo Permanente 8.000 Patrimônio Líquido 6.200
Investimentos 1.000 Capital Social 5.000
Imobilizado 6.500 Reservas 500
Intangível 500 Lucros ou Prejuízos Acumulados 700
Total do Ativo 11.200 Total do Passivo 11.200
Fonte: Adaptada de Cavalcante (2019)
Observação
No Ativo e Passivo Financeiro foram agrupadas as contas ligadas à Tesouraria. As
contas de Ativo e Passivo Operacionais são as que estão relacionadas com as atividades
da empresa. Já as contas de natureza permanente do ativo e passivo formam o Ativo e
Passivo Não-Circulante. (CAVALCANTE, 2020).
Neste sentido, Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), dizem que esta forma de classificar as
contas do Balanço permite a estruturação de três conceitos fundamentais para o modelo
da Análise Dinâmica:
• NCG – Necessidade de Capital de Giro ou IOG – Investimento Operacional em Giro
• CPL – Capital Permanente Líquido
• ST ou SD – Saldo de Tesouraria ou Saldo Disponível
242
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.7.2.2 Necessidade de Capital de Giro (NCG) – IOG – Investimento
Operacional em Giro
243
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Se o CPL for positivo significa que as origens de recursos de longo prazo superam o
valor investido a longo prazo. (CAVALCANTE, 2020).
Se o CPL for negativo implica em se ter mais aplicações em itens de longo prazo do
que origens de recursos de longo prazo, e consequentemente em aplicação em recursos
não circulantes. (CAVALCANTE, 2020).
244
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 47 Balanço Patrimonial com as contas reagrupadas evidenciando as variáveis acima de acordo
com Cavalcante (2019)
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 100 Passivo Circulante Financeiro (PCF) 400
Caixa/Bancos/Aplicações 100 Empréstimos/Financiamentos 400
Saldo de Tesouraria (ST) ou Saldo Disponível (SD)
SD ou ST = ACF – PCF
SD ou ST = 100 – 400
SD ou ST = (300)
Ativo Circulante Operacional (ACO) 1.900 Passivo Circulante Operacional (PCO) 700
Contas a Receber 900 Fornecedores 500
Estoques 1.000 Contas a Pagar (Salários, Encargos, Imp.) 200
Necessidade de Capital de Giro (NCG) – IOG – Investimento Operacional em Giro
NCG ou IOG = ACO – PCO
NCG ou IOG = 1900 – 700
NCG ou IOG =1.200
Ativo Não Circulante 9.200 Passivo Não Circulante 10.100
Realizável a Longo Prazo 1.200 Exigível a Longo Prazo 3.900
Contas a Receber 1.200 Empréstimos/Financiamentos 3.800
Resultado de Exercícios Futuros 100
Ativo Permanente 8.000 Patrimônio Líquido 6.200
Investimentos 1.000 Capital Social 5.000
Imobilizado 6.500 Reservas 500
Intangível 500 Lucros ou Prejuízos Acumulados 700
Capital Permanente Líquido – CPL
CPL = PNC – ANC
CPL = 10.100 – 9.200
CPL = 900
Total do Ativo 11.200 Total do Passivo 11.200
Fonte: Adaptadas de Cavalcante (2019)
245
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
A Tesouraria negativa de ($300) pode ser explicada de dois ângulos. O primeiro
pela diferença entre as outras duas variáveis anteriores: IOG e o CPL. Apenas parte do
giro (IOG) é financiada com recursos de longo prazo (CPL), sendo que a grande maioria
da necessidade de giro é financiada por recursos financeiros de curto prazo (T). Como
consequência, de outro ponto de vista, os Passivos Financeiros são superiores aos Ativos
Financeiros.
As empresas que operam com Saldo de Tesouraria negativo de acordo com Fleuriet,
Kehdy e Blanc (2003), financiam sua Necessidade de Capital de Giro (NCG) com fundos
de curto prazo. Caso esses recursos de curto prazo não sejam renovados essas empresas
podem ser levadas ao estado de insolvência, ocorrendo o efeito tesoura.
IMPORTANTE!!!
O efeito tesoura trata-se de um conceito introduzido por Fleuriet, tem início
quando o saldo de tesouraria se torna negativo, e assume uma tendência crescen-
te em termos absolutos a taxas maiores que aquelas verificadas para a NCG.
A empresa está se desenvolvendo num efeito tesoura quando este índice se eleva com
o passar do tempo. O acompanhamento cuidadoso do Saldo de Tesouraria, observado
sob o prisma do grau de alavancagem operacional e financeira, dará ao empresário uma
medida adequada de como e quanto se endividar. Nem sempre o crescimento das vendas
é um movimento sadio, nem sempre a queda nas vendas é um movimento pernicioso.
Tudo depende da relação entre a variação da NCG sobre as vendas, bem como do
autofinanciamento sobre as vendas.
Para Vieira (2005, 121) “o efeito tesoura se instala quando ocorre um descompasso
entre a evolução das fontes disponíveis de longo prazo (CDG) e as aplicações que precisam
ser financiadas (NCG)”.
O Efeito tesoura acontece quando a empresa não consegue aumentar o CDG no mesmo
ritmo de aumento da NCG.
246
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Figura 12 O efeito tesoura
Fonte: Adaptado de Silva (2017)
Os principais motivos que levam uma organização a entrar no chamado efeito tesoura,
conforme Silva (2017) são:
a) Crescimento muito elevado das vendas;
b) Investimentos elevados com retorno a longo prazo;
c) Crescimento expressivo do ciclo financeiro;
d) Baixa geração de lucros;
e) Investimentos com baixos retornos;
f) Inflação elevada;
g) Distribuição de resultados elevada com alto percentual de dividendos;
h) Redução das vendas.
Para evitar o efeito tesoura Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) descrevem que a empresa
deve planejar a evolução do Saldo de Tesouraria, que depende de variáveis que afetam o
Autofinanciamento, a Necessidade de Capital de Giro e o Capital de Giro. Fazendo com
que o Autofinanciamento seja suficiente, pelo menos, para financiar os aumentos da
NCG.
O efeito tesoura pode ser caracterizado pelo seguinte indicador:
247
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 48 Característica do Efeito Tesoura
Ano ST NCG ST div NCG
X2 500 900 0,56
X3 (500) 1.800 (0,28)
X4 (1.300) 2.000 (0,65)
Fonte:Adaptada de Lunelli (2020)
Veja que o indicador “ST/NCG” está crescendo negativamente, ao longo dos anos,
neste caso a empresa está sofrendo o chamado “Efeito Tesoura”.
248
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Situação 1 – Excelente
Segundo Braga, Nossa e Marques (2004) o CDG positivo indica o uso de recursos de
longo prazo para financiar o AC, indicando uma relevante folga financeira. A NCG é
negativa, ou seja, o PCO financia todo o ACO, o que denota um ciclo financeiro reduzido.
Situação 2 - Sólida
A NCG é positiva, o que significa que o montante do PCO não é suficiente para cobrir o
valor de investimento no ACO. Porém, como diz Braga (1991) o CDG é positivo, os recursos
de longo prazo compensam a NCG negativa e ainda garantem um saldo positivo de ST.
Situação 3 – Arriscada
O valor negativo da NCG para Braga, Nossa e Marques (2004), supre a deficiência do
CDG negativo, de tal forma que propicia um saldo positivo de ST. Assim, o PCO por ser
maior que o ACO financia a necessidade permanente de capital de giro e o investimento
em ACF.
Situação 4 – Insatisfatória
As empresas que se enquadram nesse tipo de estrutura estão numa posição financeira
delicada, pois de acordo com Braga, Nossa e Marques (2004), dependem bastante de
empréstimos de curto prazo para financiar suas operações. O saldo negativo da ST é
ampliado à medida que a diferença entre NCG e CDG cresce, denominado efeito tesoura
(NCG>CDG>ST).
Situação 6 – Péssima
Braga, Nossa e Marques (2004), sintetizam que a NCG positiva e o CDG negativo são
financiados com recursos financeiros de curto prazo. Essa situação revela um grande
desequilíbrio entre as aplicações e as fontes de recursos.
249
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.8 INDICADORES E ANÁLISES ESPECIAIS
ATENTOS!!!
O sistema Dupont é um índice financeiro muito útil, um dos mais importantes
para a análise do desempenho econômico de uma empresa. (RAKIA, 2020).
A utilização desse modelo tem como objetivo localizar e avaliar o desempenho das
diversas divisões e dos diversos produtos da empresa e, em consequência, avaliar seus
gerentes.
Essa análise é empregada por corporações que possuem muitas fabricas ou divisões.
O gestor principal da empresa (CEO) que precisa analisar o desempenho de seus gerentes
utiliza-se da ROI de cada uma das unidades administradas para avalia-las e para
determinar a elaboração de planos visando melhorar os resultados. (AZZOLIN 2012)
Lunelli (2020) diz que o objetivo da decomposição dos componentes que propiciam
a maximização da rentabilidade do capital próprio é possibilitar o estudo de quais
componentes ainda eventualmente carecem de adequações corretivas.
Os três caminhos fundamentais para se maximizar o lucro do capital próprio são para
250
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
o mesmo autor:
a) A eficiência/produtividade do investimento, evidenciada pelo giro do ativo total,
ou seja, a capacidade que a empresa tem de faturar mais vezes com a mesma estrutura e
quantidade de recursos (ativos) a sua disposição;
b) A lucratividade sobre vendas, ou seja, o quanto a empresa consegue obter para cada
valor faturado, evidenciando a estrutura ótima de despesas e custos;
c) A estrutura ótima de passivo, ou seja, o mínimo de recursos próprios utilizados para
financiar os ativos, obtendo o máximo rendimento do capital próprio investido.
A análise DuPont, funciona como uma técnica de busca para localizar as áreas
responsáveis pelo desempenho da empresa. Este sistema funde a demonstração do
resultado e o balanço patrimonial em duas medidas-sínteses da rentabilidade dos ativos:
- a lucratividade das vendas, representada através da Margem Líquida, evidenciando o
ganho no preço; - e a produtividade, visualizada a partir do Giro do Ativo, que demonstra
o ganho na quantidade e indica qual a eficiência da empresa na utilização dos seus ativos
para geração de vendas.
As fórmulas modificadas de ROA ou ROI e ROE são conhecidas como sistema DuPont
de análise, e podem ser melhor compreendidas pela ilustração apresentada abaixo.
Graficamente o sistema de análise DuPont, fica assim representado:
251
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Esta figura é como uma espécie de “mapa do lucro”, auxiliando o analista financeiro
a identificar os componentes chaves na formação do lucro e suas contribuições ou
problemas para a formação dos resultados obtidos. (LUNELLI 2020).
FIQUE DE OLHO!!!
A análise econômica e financeira de uma empresa, pelo Sistema DuPont
permite uma melhor compreensão dos fatores determinantes da taxa de retorno
sobre o capital próprio. (ANÁLISE DUPONT, 2020).
252
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
O cálculo da taxa de retorno, de acordo com o modelo DuPont, encontra-se a seguir:
253
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
A vantagem considerável do sistema DuPont para Gitman (2010) é que ele permite à
empresa desdobrar seu retorno sobre o Patrimônio Líquido em três componentes:
• lucro sobre as vendas (margem líquida);
• eficiência no uso dos ativos (giro do ativo total) e ;
• uso da alavancagem (multiplicador de alavancagem financeira).
O retorno total para os proprietários pode ser então, analisado à luz dessas
importantes dimensões.
4.8.2 EBITDA
SABIA QUE!!!
O EBITDA é uma medida essencialmente operacional, desconsidera os efeitos
dos resultados financeiros, assim revelando o potencial da empresa para a gera-
ção de caixa operacional. (COLOMBO et al, 2020).
Cabe aqui salientar conforme Iudícibus (2017) que esse indicador não representa o
valor de caixa, porém a capacidade que a empresa tem para a formação de resultado
operacional. Isso porque, a priori, o cálculo está embasado nas demonstrações de
resultado que são formadas sob a ótica do Princípio Contábil da Competência.
Em linhas gerais, o EBITDA para Lunelli (2020) representa a geração operacional
de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas
atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos.
A utilização do EBITDA ganha importância, porque analisar apenas o resultado final
da empresa (lucro ou prejuízo) muitas vezes tem sido insuficiente para avaliar seu real
desempenho em um dado período, já que muitas vezes é influenciado por fatores difíceis
254
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
de serem mensurados. (Lunelli, 2020).
O EBITDA corresponde a um método de análise empresarial, no entanto, se utilizado
de modo isolado e sem métodos, não é satisfatório para a análise de uma organização e
não considera os gastos financeiros.
A seguir serão apresentados os principais pontos fortes e fracos do EBITDA como
instrumento de gestão dos negócios de acordo com Ritta et al (2017).
Para os autores Ritta et al (2017), os pontos fortes revelam a utilidade do EBITDA para
a elaboração de estratégias gerenciais, para análise da eficiência organizacional e como
medida comparativa de desempenho entre empresas. Por outro lado, os pontos fracos
mostram que por excluir as despesas financeiras, o EBITDA não evidencia o impacto
255
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
do custo financeiro no resultado; e por isso, deve ser utilizado com cautela para análise
financeira de longo prazo; além disso, pode apontar falsa ideia de liquidez do negócio.
Este conceito surgiu devido à grande quantidade de negociações entre as empresas,
fusões, cisões, aquisições, entre outras, em diversos ramos, inclusive empresas estatais
que são privatizadas, ocorridas nos últimos anos, pois é um indicador de muita relevância
para o exercício do business valuation (avaliação de empresa).
Por meio do valor do EBITDA é possível elaborar indicadores que auxiliam na
compreensão do desempenho organizacional, conforme abaixo:
Lunelli (2020) informa que o primeiro passo para o cálculo do EBITDA é apurar o
lucro operacional, que, de acordo com o critério utilizado no Brasil, é obtido como a
subtração, a partir da receita líquida, do custo dos produtos vendidos (CPV), das despesas
operacionais e das despesas financeiras líquidas (despesas menos receitas com juros e
outros itens financeiros).
Já para calcular o EBITDA, é preciso somar do lucro operacional a depreciação e
amortização inclusas no CPV e nas despesas operacionais. Isso porque essas contas
não representam saída de caixa efetiva no período. Em resumo, a depreciação de um
256
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
equipamento quantifica a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou tempo,
e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda vale ressaltar, é econômica
e não financeira, ou seja, não há um desembolso efetivo de recursos no período.
(EBITDA: ENTENDA O CONCEITO E O CÁLCULO DESSE IMPORTANTE INDICADOR DE
DESEMPENHO, 2020).
Outra conta que deve ser acrescentada no EBITDA é a despesa financeira líquida, que
foge do escopo de análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Ou
seja, para o cálculo do EBITDA, adicionam-se os juros, depreciação e amortização ao
Lucro Operacional Líquido antes dos impostos. (LUNELLI, 2020).
A CVM emitiu em 2012 por meio da Instrução nº. 527 e estabeleceu que o cálculo
do EBITDA deve ser realizado em consonância com os princípios e normas contábeis,
conforme Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1), que trata da elaboração e apresentação
das demonstrações contábeis.
De acordo com Instrução CVM nº 527, arts. 2º e 3º, alguns aspectos devem ser observados
para fins de cálculo do EBITDA (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2012):
257
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Portanto, o referido indicador não pode excluir quaisquer itens não recorrentes, não
operacionais ou de operações descontinuadas (CMV, instr. n. 527, 2012). Diante de tais
recomendações com vistas à padronização de cálculo e de evidenciação do EBITDA,
nota-se a importância desse indicador como medida de avaliação de desempenho para o
mercado de capitais brasileiro.
258
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Já Carneiro, Ribeiro e Borges (2014) citam o seguinte exemplo:
Segundo Assaf Neto (2015), o EBITDA pode ser calculado somando o valor do seu
lucro operacional antes do IR com o valor das suas despesas com depreciação, que são
despesas não desembolsadas efetivamente.
EBITDA = lucro operacional antes do IR + depreciação
EBITDA = $ 5.000 + $ 6.000
EBITDA = $ 6.000
Ou
EBITDA = Lucro Líquido + Despesas Financeiras + Depreciação + Imposto de Renda
EBITDA = 2.700 + 900 + 1.000 + 1.400
EBITDA = $ 6.000
259
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Despesas Gerais e Administrativas: 1.000
(=) Lucro Operacional 2.300
ATENÇÃO!!!
O EBIT é a sigla em inglês para Earning Before Interest and Taxes, também cha-
mado no Brasil de LAJIR, isto é, Lucro antes dos Juros e imposto de renda.
Lunelli (2020) diz que o EBITDA é a variável mestra em avaliações de empresa, uma
vez que reflete o puro desempenho do empreendimento no segmento econômico.
Existe uma tendência por parte dos analistas em recomendar negócios com empresas
que apresentam EBITDA positivo, afinal quanto maior a geração de recursos via operações
da empresa, mais atrativo é o negócio. (BLOG TECNISA, 2020).
Um EBITDA positivo indica que a empresa está, provavelmente, saudável, que os seus
produtos ou serviços estão com boa margem de vendas no mercado e que a receita da
empresa é maior que os seus custos. (COMO INTERPRETAR EBITDA, 2020).
260
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Para empresas de capital aberto, é muito utilizado por investidores e acionistas, que
avaliam a capacidade do negócio de vender e lucrar, visando crescimento.
EBIT é a sigla da expressão Earning before interest and taxes, também conhecido no
Brasil como LAJIR. Em português, significa “Lucro antes dos juros e imposto de renda”.
Essa ferramenta mostra o verdadeiro lucro contábil das atividades genuinamente
ligadas ao negócio, ou seja, excluindo tudo que não é auferido pela atividade fim da
empresa, como um investimento financeiro.
Em relação ao EBITDA, a diferença é muito simples: é o EBIT sem a dedução do valor
da depreciação de ativos tangíveis (máquinas, por exemplo) e da amortização de ativos
intangíveis (dívida de longo prazo, por exemplo). Ou seja, trata-se da capacidade de
geração de caixa considerando apenas a atividade fim. (EBITDA: O QUE É, PARA QUE
SERVE E COMO CALCULAR, 2020).
4.8.3 NOPAT
O NOPAT é a sigla para “Net Operating Profit After Taxes”ou, em português, Lucro
Operacional Líquido após os Impostos. É uma medida de remuneração do capital
operacional líquido, utilizado pela empresa.
Silva (2017) diz que é portanto uma medida diferente do lucro líquido contábil. De
forma semelhante, o capital operaciona líquido também é diferente do patrimônio
líquido contábil.
261
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Quanto a depreciação é bom ser descontada, principalmente para a atividade
industrial, pois estas possuem elevados investimentos em maquinário, impactando
qualquer avaliação ligada a valor econômico de uma empresa.
Na teoria, este indicador mede o valor que poderia ser distribuído aos acionistas
se a empresa não possuísse nenhuma dívida. (PRIORITY PARTNERS STRATEGIC
CONSULTING, 2020).
Para Iudicibus (2017), no caso do NOPAT lembrar que: as despesas financeiras em
nenhum momento são consideradas as despesas financeiras no cálculo do NOPAT.
Isso porque na fórmula do EVA o percentual do custo do capital investido (%C) é
o resultado da ponderação entre o custo do capital de terceiros e próprio. Por isso, as
despesas financeiras (custo de capital de terceiros) não são consideradas a título de evitar
a duplicidade no cálculo final do EVA.
O mesmo autor também diz que quanto ao Imposto de renda – Ajuste dos impostos
economizados pelas despesas financeiras, a partir do momento em que há despesas
financeiras na demonstração de resultado ela reduz o lucro, que, por sua vez, reduz a
base de cálculo dos impostos a pagar. Assim, como há o expurgo dos juros pagos, deve-se
também desconsiderar o efeito positivo no Imposto de Renda. Em outras palavras, deve-
se adicionar ao NOPAT o valor de Imposto de Renda relacionado aos juros financeiros
pagos.
Em análises financeiras, o NOPAT aponta a exata medida da lucratividade da empresa
em uma série histórica. Para possíveis investidores, por exemplo, esse número é um
importante parâmetro de escolha. (O QUE É NOPAT?, 2020).
A origem do NOPAT é o EBIT (Earnings Before Interest and Taxes), que para nós é o
Lucro Antes dos Juros e Impostos de Renda (LAJIR)
Para calcular o NOPAT, é necessário descontar os tributos sobre a renda (IR e CSLL)
conforme abaixo:
NOPAT = EBIT (1 – t )
Em que t = Alíquota de IR e CSLL
262
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 51 Exemplo: Demonstração do Resultado da Cia Encantada
Receita Bruta 15.000
(-) Impostos sobre a Receita 4.350
(=) Receita Líquida 10.650
(-) CMV 6.000
(=) Margem Bruta 4.650
(-) Despesas Administrativas 600
(=) Lucro Operacional (EBIT) 4.050
(-) Juros 600
(-) Imposto de Renda 1.173
(=) Lucro Líquido 2.277
Fonte: Adaptada de Iudicibus (2017)
A alíquota do IR é de 34%.
NOPAT = EBIT (1 – t )
NOPAT = 4.050 (1 – 0,34)
NOPAT = 2.673
263
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Quadro 19 Comparação entre DRE e o cálculo do NOPAT
Demonstração do Resultado NOPAT
Receita Bruta Receita Bruta
(-) Impostos e deduções (-) Impostos e deduções
(=) Receita Líquida (=) Receita Líquida
(-) Custo dos produtos vendidos (-) Custo dos produtos vendidos
(=) Lucro Bruto (=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais (-) Despesas Operacionais
(=) EBITDA (Earnings Before Interest Tax Deprecia- (=) EBITDA (Earnings Before Interest Tax Depre-
tion and Amortization) ciation and Amortization)
(-) Depreciação (-) Depreciação
(=) EBIT (Earnings Before Interest Taxes) (=) EBIT (Earnings Before Interest Taxes)
(+) Receita Financeira
(-) Despesa Financeira
(=) Lucro Operacional (=) NOPBT (Net operating profit before taxes)
(+ -) Itens extraordinários
(=) Lucro antes dos Impostos (=) NPBT ((Net profit before taxes)
(-) Imposto de Renda e CSSL (-) Imposto operacional com efeito, Caixa
(-) Participação de minoritários (-) Participação de minoritários
(=) Lucro Líquido (=) NOPAT
Fonte: Adaptado de Iudícibus (2017)
4.8.4 EVA®
O EVA® é marca registrada e explorada pela Stern Stewart & Co., que tem como
objetivos, segundo Stewart (2005), avaliar desempenho, determinar políticas de
remuneração de executivos, comunicar-se com os investidores, decidir sobre o orçamento
de capital e realizar avaliações de qualquer natureza.
O Valor Econômico Agregado ou EVA (Economic Value Added), representa uma medida
de desempenho econômico, que nos mostra o valor gerado por uma organização.
264
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Para Assaf Neto (2014, p. 180), “o Valor Econômico Agregado (VEA) é uma medida da
criação de valor identificada no desempenho operacional da própria empresa, conforme
retratada pelos relatórios financeiros”.
Já para Ehrbar (1999), o EVA é o lucro operacional após o pagamento de tributos menos
o custo geral de capital. O EVA é o valor que a empresa agrega após remunerar todos os
recursos investidos, quer estes sejam financiados pelo uso de capital de terceiros ou uso
do capital próprio.
LEMBRE-SE QUE!!!
O EVA® é o lucro econômico que uma empresa obteve em determinado perío-
do. Também chamado de valor econômico agregado, o EVA mede o desempenho
financeiro da empresa com base na riqueza que ela efetivamente criou, após se deduzir o custo
do capital investido do seu lucro operacional. (REIS, 2020).
Iudícibus (2017) define como a medida que contabiliza de forma apropriada todas
as complexas transações envolvidas na criação de valor. É computado tomando-se a
diferença entre a taxa de retorno sobre o capital e o custo do capital.
O EVA é receita residual, ou os lucros operacionais menos o custo pelo uso do capital.
Tendo-o como uma medida de desempenho, uma empresa é, com efeito, cobrada pelos
seus investidores pelo uso do capital mediante uma linha de crédito que paga juros a uma
taxa. (STEWART 2005).
Com essa definição se percebe o conceito fundamental e inovador desse índice. É
inovador porquê de acordo com Iudícibus (2017), considera que o investimento efetuado
pelo acionista deve ser remunerado a uma taxa mínima; assim, uma empresa, além do
lucro operacional, deve haver lucro suficiente para cobrir, pelo menos, a remuneração
mínima esperada pelo acionista.
Na opinião de Cavalcante (2019), o EVA é considerado por muitos como a melhor
metodologia para avaliar negócios e serve para identificar o quanto foi efetivamente
criado de valor para os acionistas em um determinado período de tempo (mês, ano, etc.)
Uma empresa deve operar com EVA positivo para que seus acionistas continuem
se interessando em investir capital novo no negócio. Uma empresa com EVAs
sistematicamente iguais a zero ou negativos provocará as seguintes reações por parte
dos acionistas de acordo com Cavalcante (2019),
265
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
• Venda da empresa;
• Encerramento das atividades;
• Realização de uma forte reestruturação.
IMPORTANTE!!!
O EVA é uma metodologia de avaliação que todo executivo criador de valor
utiliza para informar seus acionistas. (CAVALCANTE, 2020).
Uma empresa que não remunere devidamente os seus acionistas é uma empresa que
destrói valor, fatalmente lhe faltarão investidores. Assim, o EVA® pode refletir tanto a
medida de valor da própria empresa como o desempenho dela.
Ehrbar (1999) diz que com o EVA é possível conseguir atingir vários benefícios, tais
como:
a) os objetivos da organização aparecem de um modo mais claro, mensurável e
transparente;
b) a análise de seu desempenho interno, concatenando com a gestão de seus negócios;
c) a análise referente a lançamento de novos produtos ou novos investimentos (fusões,
aquisições, incorporações, cisões, etc.);
d) políticas de remuneração ou pagamento de bônus das organizações (ora sendo
muito utilizadas nos Estados Unidos);
e) os gestores passam a perseguir, focar um único objetivo, comum a todos, trabalhando
em uma mesma base conceitual e de um mesmo raciocínio financeiro, através de uma
otimização de recursos;
f) quando utilizado, também, como uma base para efetuar uma remuneração de seus
acionistas, trará um estímulo ao fluxo futuro de dividendos, estimulando os seus
gestores a pensar e agir visualizando, em suas tomadas de decisões, o impacto que
estas poderiam causar, pois seria como se fossem, agora, acionistas.
266
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Os tópicos para a determinação do EVA, segundo Cavalcante (1999), são:
1. Ajustar a estrutura patrimonial pelos ativos não operacionais, ativos estes não
usuais como determinantes de gerenciamento, por parte de seus gestores com a
finalidade de obter retorno aos acionistas;
2. Calcular o lucro operacional (resultado operacional) depois dos impostos,
excluindo os eventos não recorrentes e devem estar incluídas as despesas e as
receitas financeiras;
3. Calcular o custo médio ponderado do capital, obtido através dos capitais próprios
e de terceiros; e por fim;
4. Determinar o EVA.
267
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Tabela 52 Balanço Patrimonial da Cia Ilusória SA em 31.12.X0
ATIVO PASSIVO
Circulante 71.500 Circulante 43.280
Caixa 1.500 Fornecedores 18.000
Clientes 45.000 Impostos a Pagar 2.500
Estoques 25.000 Salários a Pagar 1.024
IR a Pagar 5.956
Reservas 20.000
268
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Reclassificação do Balanço
São todos os investimentos necessários para que uma empresa consiga gerar receita
operacional (tais como caixa mínimo, duplicatas a receber, estoques e imobilizações
produtivas). Em resumo o ativo operacional compreende o capital de giro mais o capital
fixo. (CAVALCANTE 2019).
269
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Informações:
- O custo das obrigações com terceiros é de: 7,50%
CCT = Juros CCT dividido pela dívida
CCT = 2.025 div 27.000 = 7,50% (Kd)
- A alíquota do IR = 35%
- CCP = Custo do Capital Próprio informado pela empresa é de 12% (Ks)
Cálculo do CMPC/WACC
WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S
Cálculo do EVA
EVA® = NOPAT – (C% × TC)
EVA® = 22.773 – (10,33% x 115.220)
EVA® = 22.773 – 11.902
EVA® = 10.871
Ou
270
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
Portanto, a principal diferença do EVA, face às tradicionais medidas de rendimento,
reside no fato de considerar o custo total do capital e não apenas o custo do capital
de terceiros. Qualquer medida de avaliação de performance que ignore o custo do
capital próprio não demonstra o sucesso de uma empresa em criar valor para os seus
proprietários.
4.8.5 MVA®
O MVA®, que significa Market Value Adde e se traduz como Valor de Mercado
Agregado ou Adicionado, é uma ferramenta conceitual, também elaborada pela Stern
Stewart & Co, para aferir o quanto a administração agrega de valor ao capital investido na
companhia. (SANTOS; WATANABE, 2020).
Para Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), o objetivo primário da maioria das
empresas, qual seja maximizar a riqueza do acionista, assegura que recursos escassos
serão alocados de forma eficiente. A riqueza do acionista é maximizada por meio de
maximização da diferença entre o valor de mercado de capital dos acionistas e o montante
de capital que eles investiram na empresa. Essa diferença é o que se chama de MVA.
É um indicador de mensuração de valor que surgiu para atender à forte demanda
por posturas gerenciais mais arrojadas no mundo empresarial. Nessa abordagem de
gerenciamento, as aspirações, técnicas de análises e processos gerenciais são totalmente
voltados para a maximização da riqueza da empresa, consequentemente, do acionista.
Segundo Ehrbar (1999) o valor de mercado agregado (MVA)® é a medida definitiva
de criação de riqueza. Supera outras medidas por ser a diferença entre entrada de caixa
e saída de caixa, ou seja, o que investidores colocam na empresa como capital e o que
poderiam receber na venda das ações no mercado corrente.
Assaf Neto e Lima (2014) dizem que, a medida do MVA® expressa a riqueza do negócio,
o valor em excesso determinado pelos seus ativos intangíveis como marca, patente,
imagem etc. É também conhecido por goodwill. Em verdade, o valor de uma empresa
está no que ela é capaz de gerar de resultados no futuro, em sua riqueza agregada, e não
no desempenho passado.
A medida do MVA® reflete a expressão monetária da riqueza gerada aos proprietários
de capital, determinada pela capacidade operacional da empresa em produzir resultados
superiores a seu custo de oportunidade. Refletem, dentro de outra visão, quanto à
empresa vale adicionalmente ao que se gastariam para repor todos os seus ativos a preços
de mercado.
271
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ATENTOS!!!
O MVA® é a mensuração da riqueza gerada por um empreendimento. Ocorren-
do uma melhora na medida do EVA®, isto tende a se refletir na melhora do MVA®
também, demonstrando uma forte correlação na prática.
272
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
crescimento. Nesta conta, assume-se que o investidor irá receber R$ 15.000 infinitamente.
Considere agora que no início do 4º ano de operação do posto de gasolina, o acionista
tem como objetivo um retorno extra de 5 pontos percentuais para o negócio. A expectativa
de retorno passa de 15% ao ano (mínimo) para 20% a.a. (desejado). Para tanto, algumas
ações foram introduzidas:
• Frentistas homens foram substituídos por frentistas mulheres;
• Mudanças no mix da linha de produtos da loja de conveniência;
• Preços promocionais na lavagem rápida durante os dias úteis da semana, e,
• Promoções especiais como ducha grátis para quem encher o tanque de gasolina.
Na visão de Assaf Neto e Lima (2014) esse resultado em excesso (valor de mercado
menos investimento total) constitui-se no valor do intangível do negócio, ou seja, no
goodwill produzido pela qualidade de sua gestão. Representa quanto a empresa foi capaz,
pelas estratégias financeiras e capacidades diferenciadoras implementadas, de agregar
riqueza a seus acionistas, objetivo básico de qualquer empreendimento.
Uma metodologia gerencial de avaliação do MVA® pode ser efetuada por meio do
valor presente do EVA®, conforme proposta por Stewart (2005). O MVA é obtido pela
273
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
divisão do EVA pelo WACC, ou seja:
MVA = EVA
WACC
Utilizando o exemplo prático desenvolvido por Assaf Neto e Lima (2014) temos:
Para ilustrar, admita que uma empresa tenha um total de investimento (capital fixo
e capital de giro) de R$ 10 milhões. Sabe-se que 40% dos investimentos são financiados
por bancos, que cobram uma taxa líquida de juros de 10% ao ano, já deduzido o benefício
fiscal, e os 60% restantes representados por recursos próprios, com uma expectativa de
retorno de 15% ao ano. A empresa apura no exercício em consideração um resultado
operacional líquido de impostos de R$ 1,5 milhão. Em resumo, a empresa apresenta a
seguinte estrutura de investimento:
De forma mais simples, conforme apresentada acima, o cálculo do EVA pode ser
efetuado deduzindo-se do resultado operacional líquido do IR o custo de cada fonte de
capital selecionada pela empresa:
274
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
4.8.5.1 Cálculo do Custo Total de Capital (WACC)
O custo de capital dos acionistas e credores é geralmente expresso como uma média
ponderada dos custos pela participação de cada fonte de financiamento, e conhecido na
literatura financeira por WACC. No exemplo em desenvolvimento, tem-se:
onde:
Ks: custo de capital próprio
D: participação do capital próprio (patrimônio líquido)
Kd: custo do capital de terceiros (custo da dívida)
S: participação do capital de terceiros (dívidas)
Sabendo-se que:
Ks = 15%
S = 60%
Kd = 10%
S = 40%
Calcula-se o WACC:
WACC = (15% × 60%) + (10% × 40%)
WACC = 13,0% ou seja Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)
O EVA® calculado a partir do WACC:
275
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
EVA = Resultado Operacional Líquido – (WACC × Investimento)
EVA = R$ 1.500.000,00 – (13,0% × R$ 10.000.000,00)
EVA = R$ 200.000,00
O WACC equivale ao custo total de capital alocado para financiar seus ativos. É
calculado pela soma do custo de cada fonte de recurso ponderado pela respectiva
participação relativa no total do investimento (Ativo Total).
O cálculo do EVA® pode também ser desenvolvido a partir do lucro líquido do
exercício, conforme demonstrado a seguir:
Como o resultado operacional líquido apurado pela empresa no período (R$ 1,5
milhão) é superior ao mínimo exigido por credores e acionistas (R$ 1,3 milhão), a diferença
encontrada (R$ 0,2 milhão) é reconhecida por valor econômico agregado. Esta medida de
valor é um indicativo de que a empresa foi capaz de oferecer um retorno extraordinário
a seus investidores. As conclusões são as mesmas ao se calcular o EVA® a partir do lucro
líquido.
MVA = EVA
WACC
276
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
vale mais que o total do capital investido. Logo, o valor de mercado da empresa, com base
no desempenho do exercício, totaliza:
Ou
No cálculo do EVA® a partir do lucro líquido, Assaf Neto e Lima (2014) avisam que
deve ser destacada uma medida alternativa de valor denominada de spread do capital
próprio (acionista). A medida é calculada pela diferença entre o retorno auferido pelo
patrimônio líquido (ROE = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) e o custo de oportunidade
do acionista (taxa mínima de retorno exigida pelo investidor).
A atratividade econômica da empresa é admitida quando o spread do capital próprio
for positivo, indicando uma agregação de riqueza aos proprietários pela valorização do
preço de mercado de suas ações.
O resultado do spread do capital próprio deve ser idêntico ao do EVA®, pois as duas
medidas excluem o custo do capital de terceiros em seus cálculos.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
ROE = Lucro Líquido: $ 1.100.000,00 / Patrimônio Líquido: $ 6.000.000,00
ROE = 18,33%
SPREAD DO ACIONISTA = ROE: 18,33% – Custo Capital Próprio: 15,0%
SPREAD DO ACIONISTA = 3,33%
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INDICADORES DE DESEMPENHO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Amados!!!
Bem, com esta Unidade 4, encerramos nossa disciplina de Análise das Demonstrações
Financeiras e Indicadores de Desempenho e, quero dizer para vocês que foi com muito
prazer que escrevi este caderno.
Esta Unidade foi de grande valia, pois foi muito especial, porque além de tratar
dos Indicadores de Atividades, dos Índices de Giro, Ciclo Financeiro e Operacional,
Alavancagem Financeira, Estrutura e Custo de Capital, tive o prazer de trazer para vocês a
diferença que existe entre o Capital de Giro pelo Método tradicional e o Modelo Dinâmico
também chamado Modelo de Fleuriet, das Necessidades de Capital de Giro (NCG), Saldo
da Tesouraria e o Efeito Tesoura.
Para encerrar com chave de ouro ainda foi abordado os indicadores da atualidade, que
são considerados os indicadores tops como Análise DuPont, EBITDA, EBIT, NOPAT, EVA
MVA e Spread do acionista.
De posse desse material e da aprendizagem, desejo a todos sucesso e que saibam
aproveitar muito bem todo esse tempo despendido e investido, pois sem esforço não se
chega a lugar nenhum.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
EXERCÍCIOS
Determinar a taxa de retorno sobre o ativo (ROA ou ROI) de acordo com a fórmula
DuPont.
Calcule:
a) a participação do capital de terceiros;
b) o custo do capital de terceiros;
c) a participação do capital próprio;
d) o custo médio ponderado do capital.
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INDICADORES DE DESEMPENHO
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