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UNIAVAN CENTRO UNIVERSITÁRIO AVANTIS


CURSO: CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO FINANCEIRA – 4ª FASE – POLO ITAJAÍ
DISCIPLINA: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E INDICADORES DE DESEMPENHO
TUTORA E PROFESSORA: MARIA ELISABETH PEREIRA KRAEMER

UNIDADE 4 ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – PARTE 2


RESUMO

4.1. INDICES DE ATIVIDADES OU ÍNDICES DE EFICIÊNCIA

Conhecidos também como Índices de Eficiência, estão relacionados com as contas resultantes da operação da
empresa, obtidos tanto no balanço patrimonial quanto no demonstrativo de resultados do exercício e buscam
evidenciar a dinâmica operacional da empresa.

4.1.1. Índices de prazos médios

Os indicadores de prazos médios demonstram quantos dias à empresa demora, em média, para receber as
suas vendas a prazo, pagar as suas compras a prazo e renovar os seus estoques.

A análise desses indicadores tem como objetivo, permitir ao analista conhecer a política de compra e venda
adotada pela empresa e, a partir dela, constatar a eficiência com que os recursos em estoques, duplicatas a
receber e fornecedores estão sendo administrados, bem como conhecer suas necessidades de investimento
em giro.

São índices de prazos médio:


- prazo médio de renovação de estoque (PMRE);
- prazo médio de recebimento de vendas (PMRV);
- prazo médio de pagamento de compras (PMPC).

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Para analisarmos os indicadores a seguir, utilizaremos os Balanços Patrimoniais e as Demonstrações do


Resultado do Exercício da Empresa Vale Doce S.A., que usamos na Unidade 2 e na Unidade 3.

Balanço Patrimonial Padronizado da Vale Doce S.A., em 31/12/x2


CONTAS EXERCÍCIO X1 EXERCÍCIO X2
ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
Financeiro
• Disponibilidades 10.500 21.860
• Investimentos Temporários a Curto Prazo 7.000
Soma 10.500 28.860
Operacional
• Contas a Receber de Clientes 14.500 20.500
• Estoques 30.000 25.000
• Outros Direitos de Curto Prazo
Soma 44.500 45.500
Total do Ativo Circulante 55.000 74.360
ATIVO NÃO CIRCULANTE 55.000 71.640
• Ativo Realizável a Longo Prazo 15.000 10.000
• Investimentos 6.000
•. Imobilizado 29.200 46.040
•. Intangível 10.800 9.600
Total do Ativo 110.000 146.000
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Operacional
•.Contas a Pagar a Fornecedores 26.000 20.000
•.Outras Obrigações de Curto Prazo 19.000 22.000
Soma 45.000 42.000
Financeiro
•. Empréstimos 30.000 5.000
•. Duplicatas Descontadas 10.000 8.000
Soma 40.000 13.000
Total do Passivo Circulante 85.000 55.000
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
•.Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
EXIGÍVEL TOTAL 85.000 90.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
•. Capital 7.000 10.000
•. Reservas 18.000 46.000
Total do Patrimônio Líquido 25.000 56.000
Total do Passivo 110.000 146.000

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Demonstração do Resultado do Exercício da Vale Doce S.A., em 31/12/x2


RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 312.000
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS (94.000) (106.000)
LUCRO BRUTO 146.000 206.000
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) (39.000)
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) (55.000)
• Outras Despesas Operacionais (6.000) (9.000)
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado financeiro) 59.000 103.000
(+) Receitas financeiras 1.000 11.000
(-) Despesas financeiras (22.400) (12.400)
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 101.600
(+ ou -). Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 101.600
(-) Provisões (16.000) (40.000)
(-) Participações - (8.200)
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 53.400

4.1.1.1 Prazo Médio Renovação dos Estoques PMRE (Quanto menor, melhor)

O prazo médio de renovação de estoques indica, em média, quantos dias determinada empresa leva para
vender seu estoque.

Fórmula
PMRE = 360 Estoques
Custo das vendas

X1 = PMRE = 360 30.000 = 115 dias X2 = PMRE = 360 25.000 = 85 dias


94.000 106.000

Observamos que a empresa demora por volta de 115 dias para vender seu estoque em X1 e que esse prazo
diminuiu para 85 dias em X2, melhorando um pouco a sua situação.

4.1.1.2 Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV). Quanto menor; melhor

O prazo médio de recebimento de vendas indica, em média, quantos dias determinada empresa leva para
receber as vendas a prazo que fez para seus clientes.
Obs: Se as vendas da empresa forem efetuadas à vista, o PMRV é nulo.

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Fórmula
PMRV = 360 Duplicatas a Receber
Vendas brutas – Dev. e abat.

X1 = PMRV = 360 14.500 = 22 dias X2 = PMRE = 360 20.500 =24 dias


240.000 312.000

No exemplo apresentado observamos que em X1 o prazo médio de recebimento das vendas da empresa é de
22 dias, passando para 24 dias (aproximadamente) em X2. Isso mostra que a empresa está oferecendo aos
seus clientes um pequeno prazo a mais para que possam pagar suas compras.

4.1.1.3 Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMPC) Quanto maior, melhor

O prazo médio de pagamento de compras indica, em média, quantos dias determinada empresa leva para
pagar seus fornecedores.
Obs: Se todas as compras da empresa forem efetuadas à vista, o PMPC é nulo

Fórmula
PMPC = 360 Fornecedores
Compras

Para se encontrar o item “compras”, deve-se utilizar a seguinte fórmula:


CPV = EI + C - EF
Em que:
CPV = Custo dos Produtos Vendidos
EI = Estoque inicial
C = Compras
EF = Estoque final
Assim:
CPV = EI + C – EF
C = EF + CPV – EI

Obs: As compras para X1 foram informadas no valor de R$ 104.000 devido à falta de informações que é o
Balanço de X0, que não trabalhamos.

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Para X2 calcula-se pela fórmula acima, com informações do balanço e da DRE da Vale Doce S.A

Compras em X2
C = EF + CPV – EI
C = 25.000 + 106.000 – 30.000 =
C = 101.000

Achando o saldo de compras para 20x2 e 20x3, teríamos:


Fórmula
PMPC = 360 Fornecedores
Compras

X1 = PMPC = 360 26.000 = 90 dias X2 = PMPC = 360 20.000 = 71 dias


104.000 101.000

Com os dados observamos que o prazo médio de pagamento das compras em X2 era de em média 90 dias e
em X3 baixou para 71 dias.
Comparando com os índices de recebimento de clientes para o ano de X2 concluímos que a empresa concede
prazo para os seus clientes de 22 dias para que paguem suas mercadorias e ganha um prazo de fornecedores
de 90 dias para saldar suas dívidas e em X3, 24 dias para receber suas vendas e para pagar seus fornecedores
71 dias.
Essa estratégia é muito interessante, porque a empresa tem um prazo para investir o dinheiro em outros
negócios antes de pagar seus fornecedores.
Ressalta-se, mais uma vez, que a análise de prazos médios deve ser feita em conjunto (PMRE, PMRV e PMPC).

4.1.1.4 Índice de Posicionamento de Atividades (IPA) ou Quociente de Posicionamento Relativo (QPR)

O índice de posicionamento de atividade visa identificar se determinada empresa possui “folga” em seu fluxo
de caixa, pois, para ser calculado, leva em conta três dos principais prazos que compõem seu ciclo operacional.
Através desse quociente, o analista verifica a posição relativa da empresa em termos de liquidez de sua
capacidade de pagamento.

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Fórmula

IPA = PMRE + PMRV = < menor ou igual a 1


PMPC

X1 IPA = 115 + 22 = 1,52 X2 IPA = 136 + 24 = 2,25


90 71

O resultado apresentado pelo posicionamento de atividade, de 1,52 é desfavorável, mas em X2 piorou a


situação, pois se considera que o ideal de resultado para esse índice seja o mais próximo de 1, ou menor que 1.
Diante da situação apresentada em X2, a empresa leva para vender (PMRE) e para receber (PMRV) as vendas
realizadas um prazo considerado longo, de 160 dias (136 + 24). No entanto, ela possui 71 dias para pagar suas
compras. Nesse caso, fica evidente que a empresa nem realizou vendas ainda, porém já desembolsou com
salários de funcionários, pagamento de fornecedores, entre outros, o que resulta em dificuldades de capital
de giro.
Para melhorar a situação, tem que aumentar o prazo das compras, diminuir o prazo dos recebimentos das
vendas e diminuir o prazo dos estoques. Portanto, quanto maior for o valor encontrado para tal índice, pior
será a situação de fluxo de caixa da empresa.

O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do PMRE com o PMRV fosse igual ou inferior
ao PMPC. Desta forma a empresa poderia vender e receber a mercadoria adquirida para depois liquidá-la
junto ao seu fornecedor.

Exemplo:
PMRE = 30 dias
PMRV = 54 dias
PMPC = 90 dias

IPA = PMRE + PMRV


PMPC

IPA = 30 + 54 = 0,93 >>> FAV. 30 + 54 = 84


90

6
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90 – 84 = 6
A empresa teria ainda em média uma folga de 6 dias

Se o IPA encontrado for < 1 (menor ou igual a um) representa uma situação favorável, ou seja, a empresa não
necessita de capital de terceiros ou próprio para financiar suas operações.

AQUI

4.1.2. Índices de giro ou de Rotação

Índices de giro ou de Rotação representam a velocidade com que elementos patrimoniais se renovam durante
determinado período de tempo.

O objetivo da análise de giro ou rotação é informar quantas vezes ao ano as Duplicatas a Receber, Estoques e
Fornecedores se renovam.
Esses índices de rotação são obtidos através dos dados das demonstrações financeiras. São eles:
- giro dos estoques (GE);
- giro de duplicatas a receber (GDR);
- giro de fornecedores (GF).

4.1.2.1 Giro dos estoques (GE) Quanto maior, melhor.

Este quociente, muito divulgado, procura representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das
vendas. Através do uso do indicador GE (Giro do estoque), a empresa obtém a quantidade de dias que os
estoques giram ou são renovados dentro de um período, ou seja, um ano.

Fórmula:

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GE = Custo dos Produtos Vendidos = X1= 94.000 = 3,13 X2 = 106.000 = 4,24


Estoques 30.000 25.000
ou

GE = 360 X1 360 = 3,13 X2 = 360 = 4,24


PMRE 115 85
O giro do estoque da Vale SA foi de 3,13 vezes em X1, melhorando para 4,24 vezes em X2.

4.1.2.2 Giro de Duplicatas a Receber (GDR) Qto maior, melhor

O giro das duplicatas a receber representa a quantidade de vezes ao ano em que as contas a receber de uma
empresa são transformadas em caixa. Este índice mede a liquidez das Duplicatas a Receber da empresa.

Fórmula:

GDR = Vendas brutas – Dev. e abat. = X1 = 240.000 = 16,55 X2 = 312.000 = 15,22


Duplicatas a Receber 14.500 20.500

Ou

GDR = 360 X1 = 360 = 16,36 X2 = 360 = 15


PMRV 22 24

Para a empresa tanto X1 como X2 o Giro das Duplicatas a Receber está excelente, ou seja, um giro elevado
representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no financiamento das vendas a prazo.

4.1.2.3 Giro de Fornecedores (GF) Quanto menor, melhor

Esse quociente indica o número de vezes em que são renovadas as dívidas com os fornecedores da empresa.

Fórmula:
GE = Compras Brutas – Dev. e abat X1 = 104.000 = 4 X2 = 101.000 = 5,05
Fornecedores 26.000 20.000
ou

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GE = 360 X1 = 360 = 4 X2 = 360 = 5,07


PMPC 90 71

Observa-se que X1 foi melhor que X2, pois este último teve aumento no giro e este aumento é devido ao PMPC
que diminuiu de 90 para 71 dias, ou seja, com isso, os fornecedores giraram mais vezes.

Resumo dos índices de atividades


Índices de Prazos Médios Prazo médio de renovação de estoques
(expressos em período de tempo) Prazo médio de recebimento de vendas
Prazo médio de pagamento das compras
Índices de Giro Giro de estoques
(expressos em nº de giros ao ano) Giro de duplicatas a receber
Giro de fornecedores

Quadro resumo sobre os índices de atividades


Índice Fórmula Indica Interpretação
PMRE Estoques x 360 Quantos dias a empresa demora para girar Quanto maior, pior.
CPV seus estoques
PMRV Duplicatas Rec x 360 Quantos dias a empresa leva para receber Quanto maior, pior.
Vendas Brutas – Dev. Abat de seus clientes
PMPC Fornecedores x 360 Quantos dias a empresa tem para pagar Quanto maior,
Compras brutas – Dev. Abat seus fornecedores melhor.
GE CPV Número de vezes que o estoque se renova Quanto maior,
Estoques no período melhor.
GDE Vendas Brutas – Dev. Abat Número de vezes que as duplicatas a Quanto maior,
Duplicatas Rec receber se renovam no período melhor.
GF Compras brutas – Dev. Abat Número de vezes que as dívidas com Quanto menor,
Fornecedores fornecedores se renovam no período melhor.
IPA PMRE + PMRV Posição relativa da empresa em termos de Quanto mais
PMPC liquidez de sua capacidade de pagamento próximo de zero e
menor que 1, a
posição é mais
favorável

Verifica-se, portanto, que a fórmula de cálculo de giro é o inverso da fórmula de prazos médios.
É importante que você saiba para fins de análise que quanto maior for à velocidade de recebimento de vendas
e de renovação de estoques, melhor. Da mesma forma, quanto mais lento for o pagamento das compras,
desde que não corresponda a atrasos, melhor.
Ressalta-se mais uma vez, que a análise de prazos médios (PMRE, PMRV e PMPC) deve ser feita em conjunto,
assim como os índices de rotação (GE, GDR e GF).

Conjugando os três índices de prazos médios (PMRE, PMRV e PMPC) tem-se uma visão do ciclo operacional e
do ciclo financeiro da empresa. É o que veremos agora

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4.1.3 Interpretação dos índices de atividade

4.1.3.1 Ciclo Operacional (CO)


O ciclo operacional compreende o período desde a data em que a empresa efetua as compras de matérias-
primas ou mercadorias até o recebimento de clientes.

Fórmula:
CO = PMRE + PMRC

X1: 115 dias + 22 dias = 137 dias

X2: 85 dias + 24 dias = 109 dias

4.1.3.2 Ciclo financeiro ou ciclo de caixa (CF ou CC)


O ciclo financeiro ou ciclo de caixa compreende o período desde a data em que a empresa realiza o pagamento
das compras de mercadorias até o recebimento das vendas a prazo.
Inicia-se com o pagamento das compras da matéria-prima/mercadoria (fornecedores) e encerra-se com o
recebimento da venda do produto fabricado ou mercadoria adquirida.

Fórmula:
CF = PMRE + PMRV - PMPC

X1 = PMRE + PMRV - PMPC


CF = 115 + 22 - 90 = 47 dias Desfavorável

X2= PMRE + PMRV - PMPC


CF = 22 + 24 - 71 = (25) dias Favorável

Para a empresa em análise, percebe-se que em X1 o seu ciclo financeiro foi de 47 dias desfavorável,
significando que não terá saldo em caixa para pagar suas compras. Vejam que a soma do PMRE com PMRV é
maior que o PMPC, ou seja, a empresa demora 137 dias para vender e receber sua mercadoria enquanto que
para pagar seus fornecedores tem só 90 dias.
Ao contrário de X2, para renovar seu estoque e receber suas vendas tem 46 dias e para pagamento 71 dias,
tendo uma folga de caixa de 25 dias.

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4.2 FATORES DE INSOLVÊNCIA

Insolvência é a incapacidade de solver suas obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de
vencimento de uma dívida.

4.2.1 Modelo para prever falência desenvolvido pelo Professor Kanitz

A metodologia do “Fator de Insolvência” está devidamente consagrada, e este é calculado da seguinte forma:
em primeiro lugar, em encontrar o fator de insolvência da empresa em análise.:

1 – LL x 0,05
PL

2 – Liquidez Seca x 3,55

3 – Liquidez Geral x 1,65

4 – Liquidez Corrente x 1,06

5 – Exigível Total .x 0,33


PL

Fator de Insolvência = 1 + 2 + 3 - 4 – 5

Em segundo lugar investiga-se em que intervalo recai o fator de insolvência no termômetro de insolvência.
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>>>Intervalo de Solvência (Reduzidas Possibilidades de Falência)

>>>Péssimo (Situação Indefinida)


-3

>>>Insolvência (Propensão à Falência)

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-7

X1:
1 - LL x 0,05 = 21.600 x 0,05 = 0,04
PL 25.000
2 – Liquidez Seca x 3,55 = 0,29 x 3,55 = 1,03
3 – Liquidez Geral x 1,65 = 0,82 x 1,65 = 1,35
4 – Liquidez Corrente x 1,06 = 0,64 x 1,06 = 0,68
5 – ET . 0,33 = 85.000 x 0,33 = 1,12
PL 25.000
FI = 1 + 2 + 3 - 4 – 5 = 0,04 + 1,03 + 1,35 – 0,68 – 1,12 = 0,62

Obs: Os índices de liquidez encontram-se na Unidade 3.

X2:
1 - LL x 0,05 = 53.400 x 0,05 = 0,05
PL 56.000
2 – Liquidez Seca x 3,55 = 0,90 x 3,55 = 3,20
3 – Liquidez Geral x 1,65 = 0,94 x 1,65 = 1,55
4 – liquidez Corrente x 1,06 = 1,35 x 1,06 = 1,43
5 – ET x 0,33 = 90.000 x 0,33 = 0,53
PL 56.000
FI = 1 + 2 + 3 - 4 – 5 = 0,05 + 3,20 + 1,55 – 1,43 – 0,53 = 2,84

Obs: Os índices de liquidez encontram-se na Unidade 3.

Conclusão: Ao se confrontar esse resultado com os relativos ao Termômetro, constata-se que a Vale Doce S.A
em X1 está com um fator de 0,62 e significa uma situação indefinida, ou seja estado péssimo. Já para X2 o
fator aumentou para 2,84 entrando em Intervalo de Solvência com Reduzidas Possibilidades de Falência.

4.4 ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO

Relatório de Análise é um documento, elaborado pelo analista de Balanços, que contém as conclusões
resultantes do desenvolvimento do Processo de Análise.

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Portanto, calcular os índices, elaborar a análise quantitativa é somente o primeiro passo de uma análise das
demonstrações financeiras.
4.4.1.1. Relatório da Comercial Vale Doce S.A
Demonstrações financeiras
Balanço Patrimonial Padronizado da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/X2
CONTAS EXERCÍCIO X1 EXERCÍCIO X2
ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
Financeiro
• Disponibilidades 10.500 21.860
• Investimentos Temporários a Curto Prazo 7.000
Soma 10.500 28.860
Operacional
• Contas a Receber de Clientes 14.500 20.500
• Estoques 30.000 25.000
• Outros Direitos de Curto Prazo
Soma 44.500 45.500
Total do Ativo Circulante 55.000 74.360
ATIVO NÃO CIRCULANTE 55.000 71.640
• Ativo Realizável a Longo Prazo 15.000 10.000
• Investimentos 6.000
•. Imobilizado 29.200 46.040
•. Intangível 10.800 9.600
Total do Ativo 110.000 146.000

PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Operacional
•.Contas a Pagar a Fornecedores 26.000 20.000
•.Outras Obrigações de Curto Prazo 19.000 22.000
Soma 45.000 42.000
Financeiro
•.Empréstimos 30.000 5.000
•. Duplicatas Descontadas 10.000 8.000
Soma 40.000 13.000
Total do Passivo Circulante 85.000 55.000
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
•.Passivo Exigível a Longo Prazo 35.000
EXIGÍVEL TOTAL 85.000 90.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
•. Capital 7.000 10.000
•. Reservas 18.000 46.000
Total do Patrimônio Líquido 25.000 56.000
Total do Passivo 110.000 146.000

Demonstração do Resultado do Exercício Padronizada da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/x2


RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 312.000
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS (94.000) (106.000)
LUCRO BRUTO 146.000 206.000

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DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) (39.000)
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) (55.000)
• Outras Despesas Operacionais (6.000) (9.000)
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado financeiro) 59.000 103.000
(+) Receitas financeiras 1.000 11.000
(-) Despesas financeiras (22.400) (12.400)
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 101.600
(+ ou -). Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 101.600
(-) Provisões (16.000) (40.000)
(-) Participações - (8.200)
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 53.400

Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/x2 para Análise Horizontal
CONTAS X1 AH% X2 AH%
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 100 312.000 130
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS (94.000) 100 (106.000) 112,76
VENDIDOS
LUCRO BRUTO 146.000 100 206.000 141,09
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) 100 (39.000) 243,75
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) 100 (55.000) 84,61
• Outras Despesas Operacionais (6.000) 100 (9.000) 150,00
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado financeiro) 59.000 100 103.000 174,57
(+) Receitas financeiras 1.000 100 11.000 1.100,00
(-) Despesas financeiras (22.400) 100 (12.400) 55,35
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 100 101.600 270,21
(+ ou -) Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 100 101.600 270,21
(-) Provisões (16.000) 100 (40.000) 250,00
(-) Participações - 100 (8.200) 8.200,00
(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 100 53.400 247,22
106.000 divid 94.000 x 100 = 112,76%

Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial Vale Doce S.A., em 31/12/x2, padronizada para Análise Vertical.
CONTAS X1 AV% X2 AV%
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 240.000 100 312.000 100
(-) CUSTOS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS (94.000) (39,16) (106.000) (33,97)
VENDIDOS
LUCRO BRUTO 146.000 60,83 206.000 66,02
DESPESAS OPERACIONAIS
• Despesas com Vendas (16.000) 6.66 (39.000) 12,50
• Despesas Gerais e Administrativas (65.000) 27,08 (55.000) 17,62
• Outras Despesas Operacionais (6.000) 2,50 (9.000) 2,88
(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do resultado financeiro 59.000 24,58 103.000 33,01
(+) Receitas financeiras 1.000 0,41 11.000 3,52
(-) Despesas financeiras (22.400) 9,33 (12.400) 3,97
(=) RESULTADO OPERACIONAL 37.600 15,66 101.600 32,56
(+ ou -) Outros resultados - -
(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES 37.600 15,66 101.600 32,56
(-) Provisões (16.000) 6,66 (40.000) 12,82

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(-) Participações - (8.200) 2,62


(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 21.600 9 53.400 17,11
94.000 dividido 240.000 = 39,16%

Resumo dos quocientes financeiros e econômicos


CONTAS EXERCICIO EXERCÍCIO X2
X1
QUOCIENTES FINANCEIROS
• Estrutura de capitais
• Endividamento total 77% 62%
• Participação de capital de terceiros 340% 161%
• Garantia de capital de terceiros 29% 62%
•Composição do endividamento 100% 61%
•Imobilização do Patrimônio Líquido(capital próprio) 160% 110%
•Imobilização dos recursos não correntes 160% 68%
•Liquidez
•Liquidez geral 0,82 0,94
• Liquidez corrente 0,64 1,35
• Liquidez Seca 0,29 0.90
• Liquidez imediata 0,12 0,39
QUOCIENTES ECONÔMICOS
Rentabilidade
•Margem bruta 61% 66%
• Margem operacional 16% 33%
• Giro do Ativo 2,34 2,44
• Margem Líquida 9% 17%
• Rentabilidade do Ativo (ROI ou ROA 21% 42%
• Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) 96% 132%

Resumo dos Indicadores de Atividades


CONTAS EXERCICIO X1 EXERCÍCIO X2
PMRE – Prazo médio de renovação de estoques 115 85
PMRV – Prazo médio de recebimento de vendas 22 24
PMPC – Prazo médio de pagamento das compras 90 71
IPA – Índice de posicionamento de atividades 1,52 2,25
GE – Giro do Estoque 3,13 4,24
GDR – Giro de duplicatas a receber 16,55 15,22
GF – Giro dos fornecedores 4 5,05
CF – Ciclo financeiro 47 Desfavorável 25 Favorável
CO – Ciclo operacional 107 109
FI – Fator de insolvência 0,62 2,84

Análise dos indicadores


Após análise e interpretação das demonstrações financeiras da empresa Comercial Vale Doce S.A. relativas
aos exercícios de X1 e X2, apresentamos as seguintes informações:

Situação Financeira

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a) Endividamento – A empresa apresenta alto grau de endividamento, visto que 77% é capital de terceiros em
X1, ou seja, os credores fornecem mais da metade das fontes de recursos totais da empresa e em X2 62%. Do
ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior a relação Capital de Terceiros/PL, menor a liberdade de
decisões financeiras da empresa ou maior a dependência a estes financiadores externos, ou seja, a empresa
terá menor liberdade financeira quanto maior for sua dependência de capitais de terceiros.

b) Liquidez – Sob o ponto de vista de solvência, a empresa encontra-se também em situação desfavorável,
pois não apresenta solidez financeira que garanta o cumprimento dos compromissos de curto e de longo
prazo. A exceção é o exercício de X2, no qual o Quociente de Liquidez Corrente se encontra ligeiramente acima
do com indicar de 1,35, significando que, os investimentos no AC são suficientes para cobrir as dívidas de curto
prazo e ainda permitir uma folga de 35% para cada um real de dívida do PC.
A interpretação da Liquidez Corrente deve ser direcionada para verificar a existência ou não do Capital
Circulante Líquido (CCL). O CCL também pode ser apurado pela diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo
Circulante. Quando positivo, o CCL indica o excesso do Ativo Circulante sobre o Passivo Circulante. Assim seria
interessante para a empresa ter sempre um capital circulante líquido positivo, ou seja, uma liquidez corrente
maior que R$ 1,00.

Situação Econômica

Rentabilidade – A situação econômica no exercício de X2 foi melhor que no exercício de X1. A boa
rentabilidade alcançada no exercício de X2 decorre do esforço efetuado pela empresa no sentido de reverter
o alto grau de endividamento apresentado no exercício de X1.

Situações Econômica e Financeira


Embora apresente, no exercício de X1, alto grau de endividamento e baixo grau de solvência, a Comercial Rio
Verde S.A. revela tendência de melhora em função de boa política de renegociação de dívidas. Essa política
permitiu reduzir compromissos de curto prazo em troca de empréstimos de longo prazo. Além disso, houve
uma boa iniciativa de contenção de despesas e incentivo ao aumento do volume de vendas, que foi possível
por meio da tomada de medidas adequadas.

4.5 ALAVANCAGEM

Uma empresa tem as suas origens de recursos provenientes dos capitais de terceiros (PC+ PNC) e de capitais
próprios (PL). Por exemplo, uma sociedade com um Ativo no valor de R$ 200.000,00, que apresente um capital

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de terceiros no montante de R$ 120.000,00 e um capital próprio de R$ 80.000,00, tem nesse caso, 60% do
capital aplicado no Ativo financiados por capitais de terceiros (120.000 div 200.000 x 100) e 40%, por capitais
próprios.
O termo alavancagem está associado a endividamento; de forma geral em uma empresa, dívidas devem ser
contratadas para trazer benefícios econômicos para a entidade e para seus sócios.
O termo alavancagem é uma técnica utilizada para multiplicar a rentabilidade das entidades com a utilização
de capitais de terceiros. O aumento da rentabilidade proporcionado pela alavancagem aumenta a
probabilidade de riscos na operação e também a de uma provável insolvência.

4.5.1 Alavancagem Financeira

O volume de empréstimos e financiamentos e as taxas de juros e encargos contratadas determinam o valor


das despesas financeiras apropriadas em cada período de acordo com o regime de competência. Desse modo,
as despesas financeiras constituem custos fixos porque dependem da composição das fontes de
financiamento e não do nível de produção de vendas.
Se por um lado a alavancagem financeira acarreta maior endividamento por parte da empresa (elevando seu
risco), por outro a utilização de recursos de terceiros é uma modalidade importante de financiamento.

A alavancagem financeira ocorre quando os capitais de terceiros (PC e PnC) produzem efeitos positivos sobre
o patrimônio líquido e está associada à intensidade com a qual a empresa utiliza recursos de terceiros, em
lugar de seus próprios recursos financeiros.

4.5.2 Grau de Alavancagem Financeira - GAF


O Grau de Alavancagem Financeira GAF mostra a eficiência da estrutura de capitais da empresa, o risco do
investimento e a potencialidade de aumento do lucro para os acionistas.

A interpretação do GAF é que:

GAF > 1, GAF maior que 1 ou Se for acima de 1, é favorável


A alavancagem financeira é favorável ou positiva, pois com a utilização de capitais de terceiros a rentabilidade
do PL aumenta. Dizemos que o valor do GAF é favorável quando o endividamento com o capital de terceiros
for benéfico para a empresa em função da rentabilidade obtida no negócio. Estaremos diante de uma situação
em que foi interessante para a empresa captar recursos junto a terceiros, já que estes recursos impactaram
positivamente o retorno do capital próprio (Patrimônio Líquido), alavancando a rentabilidade.

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GAF = 1
Se for igual a 1, a alavancagem será nula (o que significa que o ROE é igual ao ROA, o que só é possível se A=PL,
ou seja, não há dívida).

ROE Taxa de Retorno sobre o PL


ROI Taxa de Retorno sobre Investimento ou ROA Taxa de retorno sobre o ativo total

A alavancagem financeira é indiferente ou nula, pois com a utilização de capitais de terceiros a rentabilidade
do PL não se altera. Estaremos diante de uma situação onde não há alavancagem financeira. Não houve um
aumento de rentabilidade na captação de recursos de terceiros.

GAF < 1, GAF menor que 1 Se for menor que 1 significa que a alavancagem é desfavorável
A alavancagem financeira é desfavorável ou negativa, pois com a utilização de capitais de terceiros a
rentabilidade do PL reduz. Se for desfavorável, significa que o custo da dívida não é benéfico e seria melhor
substituir as dívidas por capital próprio. Os recursos captados junto a terceiros não foram capazes de
influenciar positivamente o retorno do capital próprio (Patrimônio Líquido).

Resumo destas considerações


Se Identifica Denota Favorável?
(sim ou não)
GAF maior que ROE maior que ROI ROI maior que Custo da SIM
1 dívida
GAF igual a 1 ROE igual a ROI ROI igual ao Custo da dívida Não há alavancagem
GAF menor que ROE menor que ROI ROI menor que custo da NÃO
1 dívida
Fonte: Silva (2017)
Lembre-se que foi visto na Unidade 3 !!!!
ROE (Retorno sobre o Capital Próprio ou Patrimônio Líquido)
ROI ou ROA (Retorno sobre o Ativo ou sobre o Investimento)

4.5.2.1 GAF sem considerar o efeito dos custos com a dívida no Imposto de Renda

É a comparação entre a Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) com a Rentabilidade do Ativo (ROI ou ROA)

GAF = ROE Exemplo: GAF = 20,80% = 1,216


ROI ou ROA 17,10%

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Formulas
Lucro Líquido depois IR Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)
GAF = Patrimônio Líquido
Lucro Líquido depois IR Rentabilidade do Ativo ou sobre o Investimento (ROA ou ROI)
Ativo Total

O GAF de 1,216 significa que a empresa utilizando capital de terceiros tem uma rentabilidade sobre o capital
próprio de 21,6% (1,216 – 1 x 100) superior a rentabilidade que teria, se todo o Ativo fosse financiado apenas
com capital próprio.

4.5.2.2 GAF considerando o efeito dos custos com a dívida no Imposto de Renda

Para este cálculo, será necessário mensurar a redução da carga tributária com Imposto de Renda em razão da
dedutibilidade dos custos com a dívida (juros).
Sempre é bom lembrar que, ao analisarmos o GAF de uma empresa, devemos levar em consideração o
montante que a empresa deixou de pagar de Imposto de Renda em razão dos custos assumidos com a dívida,
que indiretamente representa “lucro” para os investidores, pois as despesas com juros (despesas financeiras)
são dedutíveis do IR.

RECEITA DE VENDAS
(-) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
ALAVANCAGEM = LUCRO BRUTO
OPERACIONAL (-) DESESAS OPERACIONAIS
= LUCRO ANTES DOS JUROS E IMPOSTO DE RENDA
(LAJIR) OU LUCRO OPERACIONAL

LAJIR ou LUCRO OPERACIONAL


(-) DESPESAS DE JUROS
ALAVANCAGEM = LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (LAIR)
FINANCEIRA (-) PROVISÃO PARA O IMPOSTO DE RENDA
= LUCRO DO EXERCÍCIO
(-) DIVIDENDOS ÀS AÇÕES PREFERÊNCIAIS
= LUCRO DISPONÍVEL PARA ACIONISTAS COMUNS

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Exemplo:
Balanço Patrimonial da Cia Lucro Certo em 31.12.X5
ATIVO R$ mil PASSIVO R$ mil
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades 4.189 Fornecedores 119.219
Aplicações Financeiras 5.000 Financiamentos 348.796
Contas a Receber de Clientes 138.352 Salários e Encargos 4.377
Duplicatas Descontadas (5.000) Imposto de Renda 5.344
Estoques 279.307 Outros impostos a recolher 5.240
Outros Circulantes 174.401 Outros 95.944
Total Ativo Circulante 596.249 Total Passivo Circulante 578.920

Ativo não Circulante Passivo não circulante


Realizável a Longo Prazo 125.552 Financiamentos 109.854
Investimentos 36.071 Outros 119.773
Imobilizado 502.457
Intangível 1.329
Total Ativo não Circulante 665.409 Total Passivo não Circulante 229.627

Patrimônio Líquido 453.111


TOTAL ATIVO 1.261.658 TOTAL PASSIVO 1.261.658

Demonstração do Resultado do Exercício da Cia Lucro Certo em 31.12.X5


Receita Operacional Líquida 1.128.101
(-) Custo dos Produtos Vendidos (890.405)
Lucro Bruto 237.696
Receitas (Despesas) Operacionais
Despesas com Vendas (216.659)
Despesas Administrativas e Gerais (32.941)
Receitas Financeiras 148.943
Despesas Financeiras (125.309)
Outras 13.091
Lucro Operacional ou LAJIR 24.821
Resultado não operacional 1.335
Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) 26.156
Provisão para Imposto de Renda (5.344)
Lucro Líquido do Exercício 20.812

4.5.2.3 Identificação do valor de Investimentos e do Passivo Oneroso e não oneroso

A totalidade dos bens e direitos de uma empresa é compreendida com seu Ativo Total, que no exemplo de
Balanço acima perfaz R$ 1.261.658. Já o Ativo Total excluído dos Passivos não Onerosos é definido como
Investimentos.

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Atenção
Passivos não Onerosos são aquelas obrigações que não possuem encargos financeiros, como fornecedores,
salários.
Passivos Onerosos são aqueles que custam à empresa mensalmente, como juros e encargos bancários.

No Balanço acima, os Investimentos montam em R$ 1.031.534, conforme abaixo:

Ativo Total 1.261.658


(-) Passivos de funcionamento ou não onerosos
Fornecedores 119.219
Salários e Encargos 4.377
Imposto de Renda 5.344
Outros impostos a recolher 5.240
Outros 95.944 (230.124)
= Investimentos 1.031.534

Neste mesmo Balanço os Passivos Onerosos montam R$ 458.650 conforme abaixo:

Passivos Onerosos
Circulante
Financiamentos 348.796

Não Circulante
Financiamentos 109.854
Total 458.650

Cálculo da carga tributária do Imposto de Renda

1º Passo – a primeira etapa será identificar a carga tributária que foi aplicada sobre o resultado da empresa.
Para isto, comparamos o valor da provisão com o Lucro do Exercício antes do IR.

Carga Tributária = Provisão para IR = 5.344 = 20,43%


Lucro antes IR 26.156

2º Passo – avaliar o impacto dos juros sobre financiamentos no Resultado do Exercício.


Esta etapa nos permitirá determinar o Lucro Operacional após o IR. As Despesas Financeiras Líquidas devem
ser percebidas como elemento de economia no cálculo da carga tributária final tendo e, vista que as despesas
financeiras são dedutíveis para o cálculo do IR devido.

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Deve ser considerado neste cálculo o Lucro Operacional como aquele gerado pelos Ativos da empresa, em
decorrência do desenvolvimento da atividade objeto da mesma, sem considerar sua estrutura de
financiamento.
Uma vez efetuadas as devidas reclassificações e apurações acima descritas, teríamos a visualização da DRE
abaixo.

Demonstração do Resultado do Exercício ajustado da Cia Lucro Certo


Receita Operacional Líquida 1.128.101
(-) Custo dos Produtos Vendidos (890.405)
Lucro Bruto 237.696
Receitas (Despesas) Operacionais
Despesas com Vendas (216.659)
Despesas Administrativas e Gerais (32.941)
Receitas Financeiras 148.943
Outras 13.091
Lucro Operacional 150.130
Resultado não operacional 1.335
Lucro Antes do Imposto de Renda 151.465
Imposto de Renda s/ lucros gerados para (30.946)
Ativos = 20,43% x 151.465
Lucro após o Imposto de Renda 120.519
Despesas financeiras (125.309)
Economia de IR (20,43%) 25.602 ( 99.707)
Lucro Líquido Exercício 20.812

4.5.2.4 Cálculo do Retorno sobre Investimento (ROI/ROA), Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e Grau
de Alavancagem Financeira (GAF)

O ideal é a empresa financiar-se pagando taxas de juros inferiores ao ROI/ROA, com vistas a não onerar a
rentabilidade do capital próprio (ROE), e assim obter um GAF positivo.

Quando o ROE é superior ao ROI/ROA, indica que a empresa toma recursos no mercado a uma taxa de juros
inferior ao retorno da aplicação desse dinheiro, o que não foi o caso da empresa sob análise.

Se a empresa trabalhasse exclusivamente com capitais próprios, sem nenhum endividamento, o ROE seria
igual ao ROI/ROA, ou seja, o Lucro Líquido seria exatamente igual ao Lucro Operacional após o IR.

Nesta última etapa, avalia-se o retorno sobre os Investimentos (ROI/ROA) e sobre o Patrimônio Líquido (ROE),
tendo em vista o impacto da economia de IR com a dedutibilidade das despesas financeiras decorrentes dos
financiamentos contraídos.

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A seguir será apresentada a apuração da GAF após considerarmos o efeito dos juros no cálculo do IR e
apuração do valor dos Investimentos Líquidos e Passivo Oneroso.

Apuração da GAF após ajustes nas contas da DRE e Balanço Patrimonial

Investimentos 1.031.534 p. 21
Passivo Oneroso 458.650 p. 21
Patrimônio Líquido 453.111 p. 21
Despesas Financeiras Líquidas 99.707 p. 22
Lucro Operacional após IR 120.519 p. 22
Lucro Líquido do Exercício (LLE) 20.812 p. 22

Rentabilidade do Ativo ou ROI/ROA

ROI/ROA = Lucro Operacional 120.519 = 11,92%


Investimento – LLE 1.031.534 – 20.812

Pelo resultado apurado, a empresa obteve um ROI/ROA de 11,92% dos investimentos mantidos em
X5. A fim de verificar se o mesmo é atrativo, deve-se compará-lo com o ROE e com o custo do endividamento.

Rentabilidade do Patrimônio Líquido ou ROE

ROE = Lucro Líquido 20.812 = 4,81%


Patrimônio Líquido – LLE 453.111 – 20.812

No caso apresentado, como a empresa trabalhou com recursos de terceiros e apurou um ROE menor que o
ROI no exercício, há uma indicação de que o custo do endividamento é alto, portanto, superior ao ROI.

Custo da Dívida

Custo da Dívida = Despesas Financeiras Líquidas 99.707 = 21,74%


Passivos Onerosos 458.650

Finalizando, observa-se que os recursos levantados no mercado, a um custo líquido de 21,74%, foram
aplicados em ativos que renderam 11,92% de retorno.

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Grau de Alavancagem Financeira – GAF

GAF = ROE 4,81% = 0,4035


ROI ou ROA 11,92%

Este GAF indica que o ROE é menor que o ROI, evidenciando que o custo da dívida é superior ao Retorno dos
Investimentos (ROI). Neste caso específico, os recursos captados não alavancaram a empresa
financeiramente.

4.6 ESTRUTURA DE CAPITAL

A estrutura de capital de uma empresa refere-se à composição de suas fontes de financiamento, oriundas de
capitais de terceiros (exigível) e de capitais próprios (patrimônio líquido).
O estudo de estrutura de capital é fundamental para as decisões financeiras. Na busca do objetivo de
maximização da riqueza, a empresa deve selecionar uma composição das fontes de financiamento que
promova a minimização do custo médio ponderado de capital (WACC).
A estrutura de capital de uma empresa é apresentada de forma simples no balanço patrimonial, no qual bens,
direitos (Aplicação de Recursos) e obrigações (Origem de Recursos), são mostrados com seus respectivos
valores, formando o que chamamos de ativo (bens e direitos) e passivo (obrigações).

A Figura 1 ilustra a relação entre origem e aplicação de recursos

O capital total de uma empresa é decomposto em duas partes: capital próprio e capital de terceiros. Esses
capitais financiam o ativo da empresa.

4.6.1 Capital Próprio

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O capital próprio está ligado ao Patrimônio Líquido (PL); trata-se de recursos advindos de dentro da própria
organização, dos proprietários, sócios ou acionistas. Nesse caso, as pessoas que investiram no negócio
esperam, no mínimo, ter um retorno do valor investido.
Um dos fatores que mais tem impacto sobre o capital próprio é o custo de capital, que representa a
rentabilidade mínima exigida pelos detentores do capital próprio, ou seja, acionistas ou sócios da organização.
Para obtenção de capital próprio, a organização poderá conseguir por meio da retenção de lucros, ou
externamente, lançando ações sobre o mercado financeiro, podendo ser estas ordinárias ou preferenciais.

4.6.2 Capital de Terceiros


O capital de terceiros inclui todos os fundos levantados pela empresa junto a credores, e representados
basicamente por empréstimos e financiamentos. A empresa contrata esses empréstimos por um prazo
determinado, pagando juros pelo seu uso.

4.6.3 Custo de Capital

O custo de capital é considerado, uma taxa de retorno exigida em seus projetos de investimento tanto para
remunerar o custo de oportunidade quanto para premiar um risco percebido. Com isso, ao avaliar um projeto
de investimento, deve-se levar em consideração o quanto esse projeto custará, visto que essa informação
possibilitará, de forma mais transparente, a tomada de decisão, já que uma decisão inadequada à estrutura e
aos objetivos da empresa pode acarretar problemas futuros.
Esse custo é formado com base no custo das diversas fontes de financiamento de longo prazo, as quais podem
ser: autofinanciamento (novos recursos próprios, por meio dos acionistas atuais ou de capital decorrente de
novas subscrições); financiamentos bancários ou por meio da emissão e venda de debentures.

4.6.3.1 Custo de Capital de Terceiros

O custo de capital de terceiros é a remuneração exigida pelos credores de dívidas da empresa. É o custo hoje,
geralmente líquido do IR, para se levantar recursos de empréstimos e financiamentos no mercado.
Custo de Capital de Terceiros é definido de acordo com os passivos onerosos identificados nos empréstimos e
financiamentos mantidos pela empresa.
Este custo de terceiros é representado por Kd e, diante da dedutibilidade fiscal permitida aos encargos
financeiros, pode também ser apurado após a respectiva provisão para Imposto de Renda, reduzindo seu custo
final.
RECEITA DE VENDAS
(-) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
= LUCRO BRUTO

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26

(-) DESESAS OPERACIONAIS


= LUCRO ANTES DOS JUROS E IMPOSTO DE RENDA
(LAJIR) OU LUCRO OPERACIONAL
LAJIR ou LUCRO OPERACIONAL
(-) DESPESAS DE JUROS
= LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (LAIR)
(-) PROVISÃO PARA O IMPOSTO DE RENDA
= LUCRO DO EXERCÍCIO
(-) DIVIDENDOS ÀS AÇÕES PREFERÊNCIAIS
= LUCRO DISPONÍVEL PARA ACIONISTAS COMUNS

Exemplo:
Admita um financiamento de R$ 100.000 tomado à taxa de 12% ao ano. Sendo de 34% a alíquota de Imposto
de Renda da empresa, os juros de competência do período atingem:
Despesas financeiras brutas: R$ 100.000 × 12% = R$ 12.000
Economia de IR: R$ 12.000 × 34% = R$ 4.080
Despesas Financeiras Líquidas do IR = R $ 7.920 (R$ 12.000 - R$ 4.080)

Solução
Kd = R$ 7.920,00 = 7,92%
R$ 100.000,00
Esse resultado, evidentemente, é idêntico ao apurado pela formulação abaixo, ou seja:

Kd = i . (1 - IR)

onde: Kd representa o custo da dívida, considerando o IR;


i é a taxa de juros; e
IR é a alíquota do Imposto de Renda.

Kd = 12% × (1 – 0,34) = 7,92% a.a.


Os resultados demonstram uma redução dos juros de 12% para 7,92%, determinada pelo benefício fiscal
promovido pelos encargos financeiros.

Outro exemplo
Uma empresa toma um empréstimo de R$150.000 para pagar, dentro de um ano, R$170.000. Sem IR, a taxa
de retorno é de 15% a.a., que é o custo da dívida. Com IR, à taxa de 35%, a situação se altera. A entrada do
principal não tem influência no lucro tributável, assim como a sua amortização, porém o pagamento de
R$22.500 (150.000 x 15%) de juros é dedutível, e reduz em R$ 7.875 (22.500 x 35%) o IR a pagar. A taxa de
retorno do novo fluxo de caixa é de 9,75% a.a., que é o custo da dívida, levando-se em conta o IR.

26
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Kd = i . (1 - IR)
Kd = 15% . (1 - 0,35) = 9,75% a.a

Existe outra forma de se calcular o custo da dívida, antes ou depois do IR, de forma direta, é pela seguinte
expressão:

Kd = (1 - IR) I / D
onde:
I é a carga total anual de juros; e
D é o valor de mercado da dívida.

Exemplo:
Considere uma empresa com pagamentos de juros anuais de R$150.000, baseados na dívida total de
R$3.500.000. Determine o custo da dívida desta empresa, após o IR sabendo-se que sua alíquota de IR é de
35%.

Kd = (1 - IR) I / D
Kd = (1-0,35) 150.000 / 3.500.000
Kd= 0,65 x 0,04 = 2,60 % a.a.

4.6.3.2 Custo do Capital Próprio


O custo de capital próprio revela o retorno desejado pelos acionistas de uma empresa em suas decisões de
aplicação de capital próprio. Constitui, o segmento de estudo mais complexo das finanças corporativas,
assumindo diversas hipóteses e abstrações teóricas em seus cálculos.

Existem três formas de se avaliar o capital próprio:


1) a primeira é quando as ações já existem;
2) a segunda é quando elas serão emitidas (gerando novos recursos);
3) e a terceira é quando há lucros retidos.

4.6.3.2.1 Custo das ações ordinárias 1) a primeira é quando as ações já existem;


O custo da ação ordinária é o nível de retorno que a empresa deve obter sobre esse tipo de capital para manter
o preço da ação.

27
28

Técnicas para medir o custo da ação ordinária

a) Modelo de Avaliação com Crescimento Constante (Modelo de Gordon)


O modelo defende que o valor da ação é igual ao valor presente do fluxo de todos os dividendos futuros
previstos num horizonte infinito de tempo.

Ks = D1 + g
Po
Em que:
Ks representa o custo do capital próprio;
Po = preço corrente da ação ordinária,
D1 = dividendo por ação esperado no ano 1
g = taxa anual de crescimento constante dos dividendos.

Exemplo:
A cotação em bolsa das ações ordinárias é de 120,00 e o dividendo previsto para o corrente exercício é de
18,00 por ação. Nos últimos anos, os lucros e os dividendos têm crescido a uma taxa anual de 3%.

Solução
Ks = D1 + g
Po
Ks = 18 + 0,03
120
Ks = 0,15 + 0,03 = 0,18 x 100 = 18%

b) Modelo de formação de preço de ativos (CAPM) Capital Asset Pricing Method - CAPM, Modelo de
Precificação de Ativos Financeiros
Este modelo escreve a relação entre o retorno exigido, ou custo da ação ordinária Ks, e os riscos sistêmicos da
empresa avaliados pelo coeficiente beta.
O modelo do CAPM é bastante utilizado nas operações de investimentos, permitindo que se apure o custo de
oportunidade em condições de risco. O coeficiente beta quantifica o grau de reação do ativo ao
comportamento do mercado.

28
29

Beta = 2,0 → a ação apresenta um risco sistemático maior do que o do mercado. Por exemplo, se o mercado
desvalorizar 10%, a ação desvalorizará 20%.
Beta = 1,0 → o comportamento da ação é igual ao do mercado.
Beta = 0,5 → o risco sistemático da ação corresponde à metade daquele apresentado pelo mercado. É uma
ação defensiva que valoriza ou desvaloriza menos do que a carteira de mercado.
Beta = 0 → A ação não é afetada pelo movimento do mercado.

O CAPM básico é dado por:


Ks= Rf + β . (ERm – Rf)
onde:
Ks representa o custo do capital próprio;
Rf = taxa de retorno de ativos livres de riscos;
B = coeficiente beta, medida do risco sistemático (não diversificável) do ativo;
ERm = rentabilidade oferecida pelo mercado em sua totalidade e emprestada pela carteira de mercado

Exemplo:
A ação da Empresa ZX apresenta um beta igual a 1,6, ou seja, seu risco sistemático é 60% maior que o risco do
mercado como um todo. A taxa livre de risco é de 12% e a expectativa dos investidores é de que a carteira de
mercado atinja 20%. Determine a taxa mínima exigida pelo investidor da ação da Empresa X.

β = 1,6; Rf = 12%; ERm = 20%


Ks = Rf + β.(ERm-Rf) =
Ks= 12% + 1,6×(20% -12%) ∴
Ks = 24,8%

O retorno esperado desta ação deve ser, no mínimo, igual a 24,8%, que representa a taxa mínima de
atratividade para o investimento nesta ação.

4.6.3.2.2 Custo das ações preferenciais 1) a primeira é quando as ações já existem;


O custo da ação preferencial deve ser apurado da seguinte maneira:

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30

Kp = Dp
Np

Onde:
Kp = custo da ação preferencial
DP = dividendo preferencial
Np = montante a ser recebido pela emissão da ação preferencial

Exemplo:
Certa empresa possui ações preferenciais no mercado no total de R$ 3.000.000. Essas ações pagam dividendos
de R$ 5,00 por ação, sendo o valor unitário da ação negociado em bolsas no momento de R$ 30,00. O custo
da ação preferencial é de?

Kp = Dp
Np
Kp = 5 = 16,67%
30

4.6.3.2.3 Custo de emissão das novas ações ordinárias e preferenciais 2) a segunda é quando elas serão
emitidas (gerando novos recursos);
Através do modelo de Gordon é permitido computar diretamente os custos de colocação das novas ações no
mercado, o qual é constituído pelas comissões pagas a instituição financeira que promove o lançamento, das
ações antigas e o preço de lançamento das novas ações.

Kn = D1 +g
(1 – f) x Po
Onde
Kn = custo para a empresa da nova emissão das ações
D1 = dividendo por ação esperado no ano 1
f = taxa correspondente ao deságio no preço de lançamento e as despesas de underwriting (subscrição)
expressa em relação a Po
Po = preço corrente da ação
g = taxa anual de crescimento nos lucros e dividendos.

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31

Exemplo:
Certa empresa deseja determinar o custo de uma nova emissão de ações ordinárias. A cotação em bolsa das
ações ordinárias antigas é de 180,00 e o dividendo previsto para o corrente exercício é de 24,00. Nos últimos
anos, os lucros e os dividendos têm crescido a uma taxa anual de 4%. Admitiremos que as novas ações fossem
colocadas com um deságio de 12% em relação a cotação das ações antigas, envolvendo uma redução de 14,00
sobre o Po. As comissões e outras despesas corresponderiam a 10,00 por ação.

Solução

As comissões e outras despesas corresponderiam a 24,00 (10,00 + 14,00) em relação a Po


Então Po = 180
24 dividido por 180 = 0,1333 taxa (f, taxa de deságio)
D1 = 24
Po = 180
f = 13,33% ou 0,13333
g = 4%

Kn = D1 +g
(1 – f) x Po
Kn= 24 + 0,04
(1 - 0,1333) x 180

Kn= 24 + 0,04 = 19,38%


156

4.6.3.2.4 Custo do lucro retido 3) e a terceira é quando há lucros retidos.


Lucro Retido é a parte do lucro de uma empresa que não é dividida entre os acionistas e funciona como uma
reserva para a companhia. Para a empresa, o efeito da retenção de lucros corresponde ao de uma nova
emissão de ações, integralizadas instantaneamente e sem nenhuma despesa decorrente das operações de
underwriting (subscrição).

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Kr = Ks (1-IR)
Onde:
Kr = custo dos lucros retidos para fins do cálculo do custo de capital
Ks = taxa de retorno exigida das ações ordinárias e preferenciais (com participação integral nos lucros)
IR = alíquota do imposto de renda

Exemplo
Admitindo Ks = 22% ao ano e IR 35%, determinar a taxa anual dos lucros retidos.

Kr = Ks (1-IR)
Kr = 22% (1 – 0,35)
Kr = 14,30%

4.6.3.3 Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)


O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) também é conhecido por WACC (Weighted Average Cost of
Capital) e é obtido pelo custo de cada fonte de capital ponderado por sua respectiva participação na estrutura
de financiamento da empresa.
É quanto custa em termos percentuais o mix do capital próprio e do capital de terceiros. Caso o gestor não
saiba qual é o CMPC da empresa, não terá como tomar decisões, pois não saberá se algum projeto vai dar
lucro ou prejuízo.
O cálculo do WACC é processado pelo critério da média ponderada das fontes de financiamento, de acordo
com a seguinte expressão:
WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S

Onde:
Kd = custo percentual da dívida (capital terceiros)
Ks = custo percentual do capital próprio
D = valor monetário do capital de terceiros
S = valor monetário do capital próprio
IR = alíquota do Imposto de Renda

Ou ainda pode ser vista e explicada da seguinte forma:

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33

CMPC = Kd (1 – IR) (%D) + Ks (%S)

Exemplo: Olhando para um balancete “T”, fica mais fácil visualizar de onde vêm as informações necessárias
para calcular o CMPC.
ATIVOS PASSIVOS
Ativos Capital Dívidas Taxa Kd %
Capital Sócios Taxa Ks %

Então, por exemplo, vamos considerar que a empresa Energy tenha os seguintes fornecedores de capital:

Capital da Energy Investidor Montante Taxa


Banco Alfa R$ 1.000.000 11% a.a.
Capital Terceiros Banco Júnior R$ 2.000.000 12% a.a.
Fornecedor Abóbora R$ 1.500.000 13% a.a.
Fornecedor Amarelo R$ 1.200.000 12% a.a.
Capital Próprio Sócio R$ 3.100.000 18% a.a.
Capital Total da R$ 8.800.000
Energy

Considere agora que o gestor da Energy tem de fazer um investimento “X” na empresa e deve calcular o Valor
Presente Líquido (VPL) para determinar se esse investimento “X” será lucrativo ou não. Esse investimento “X”
custa hoje R$ 100.000,00 e promete pagar um único pagamento de R$ 120.000,00 no fim do primeiro ano. A
alíquota do IR é zero. O investimento “X” pode ser realizado?

Solução:
O gestor vai precisar saber qual é a taxa do custo do capital da Energy para poder calcular o VPL do
investimento “X”. Para facilitar o entendimento e por uma questão didática, primeiro vamos agrupar o capital
próprio e o capital de terceiros.

Calculando o custo do capital de terceiros:


1.000.000 x 11% = 110.000
2.000.000 x 12% = 240.000
1.500.000 x 13% = 195.000
1.200.000 x 12% = 144.000

110.000 + 240.000 + 195.000 + 144.000 = 689.000 juros


1.000.000 + 2.000.000 + 1.500.000+ 1.200.000 = 5.700.000 capital de terceiros

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34

689.000 dividido por 5.700.000 x 100 = 12,0877% aproximado 12,9%


Ou usando a fórmula direta:

Kd = {1.000.000(11%) + 2.000.000(12%) + 1.500.000(13%) + 1.200.000(12%)} / 5.700.000


Kd = 0,120877 = 12,0877% a.a. 12,09%

Calculando o custo do capital próprio:


Como todo o capital próprio é remunerado à taxa de 18% a.a., essa é a taxa do custo do capital próprio, não
há necessidade de calcular novamente: Ks = 18% a.a. (já informada)
Podemos agrupar os capitais que financiam a Energy da maneira a seguir, de forma a facilitar a visualização
do que é capital próprio e o que é capital de terceiros:

ATIVOS DA ENERGY PASSIVOS DA ENERGY


Ativos R$ 8.800.000 Capital Terceiros R$ 5.700.000 Taxa Kd 12,09 %
Capital Próprio R$ 3.100.000 Taxa Ks 18,00 %

Fórmula para o cálculo do custo médio ponderado do capital (CMPC) da Energy:


CMPC = Kd (1 – IR) D / (D + S) + Ks S / (D + S)
CMPC = 0,1209 (1 – 0) 5.700.000 / 8.800.000 + 0,18 x 3.100.000 / 8.800.000 = 14,17% a.a.

Ou seja:
WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S
(0,1209 x 0,65) + (0,18 x 0,35)
0,078585 + 0,063000 = 14,16%
Memória de cálculo
5.700.000 dividido 8.800.000 = 0,647727 D / (D + S) = 65%
3.100.000 dividido 8.800.000 = 0,352273 S / (D + S) = 35%
0,1209 x 0,647727 = 0,078310
0,18 x 0,352273 = 0,063409
0,078310 + 0,063409 = 0,141719 x 100 = 14,17%

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Outra maneira de calcular o CMPC é usando a tabela de Gitman


Fonte Valores Peso Custo Custo Taxa IR IR (6) CMPC
(1) (2) (3) médio (4) (5) (7)
(2 x 3)
Própria 3.100.000 35% 18% 6,30% 6,30%
Terceiros 5.700.000 65% 12,09% 7.86% 7,86%
Total 8.800.000 100 14,16%
Memória de cálculo:

3.100.000 dividido por 8.800.000 = 35%


5.700.000 dividido por 8.800.000 = 65%
Se tivesse IR se deduziria

Finalmente, já tendo determinado o custo do capital (CMPC) da Energy, podemos calcular o VPL do projeto
“X” da Energy para ver se esse projeto é viável ou não:

VP = VF / (1 + taxa)n
VP = 120.000 / (1 + 0,1417)1 = 105.106,42

Investimento Inicial (II) = 100.000,00


VPL = VP – II
VPL = 105.106,42 – 100. 000,00 = 5.106,42 (positivo)
Conclusão: O projeto “X” é viável, pois apresenta um VPL positivo.

Ou

VP = VF
(1 + i) 1

VP = 120.000
(1 + 0,1417) 1

VP = 120.000 = 105.106,42
(1,1417) 1

VPL = VP – II
VPL = 105.106,42 – 100.000 = 5.10642

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Conclusão: O projeto “X” é viável, pois apresenta um VPL positivo.

Outro exemplo:
Um projeto da empresa OBA utilizará endividamento de longo prazo (dívidas) e financiamento de capital
ordinário (emissão e venda de ações ordinárias). Calcule o CMPC do projeto OBA proposto com base nas
seguintes informações: A taxa RF é 6% a.a. O Beta das ações da OBA é 1,15. O prêmio de risco de mercado
(Erm – RF) é 8% a.a. A taxa de juros é 10% a.a. A dívida representa 60% do capital da empresa OBA. A alíquota
do IR é 30%.

Solução:
1º calcular o Ks

Ks = RF + β (Erm – RF)
Ks = 0,06 + 1,15 (0,08) = 0,1520 = 15,20% a.a.

WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S

0,10 x (1-0,30) x 0,60 + 0,1520 x 0,40


0,042 + 0,0608 = 10,28%

*Obs: Não tem valores dos capitais, mas tem a porcentagem.

CMPC = Kd (1 – IR) D / (D + S) + Ks S / (D + S)
CMPC = 0,10 (1 – 0,3) (60%) + 0,1520 (40%) = 10,28%
Resposta: O CMPC da empresa OBA é 10,28% a.a.

Fonte Valores Peso Custo Custo Taxa IR IR CMPC


médio
*Própria 40% 15,20% 6,08 - - 6,08
*Terceiros 60% 10% 6% 30% 1,80 4,20%
Total 100 10,28%

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37

4.7 CAPITAL DE GIRO OU CAPITAL CIRCULANTE

4.7.1 Modelo Tradicional

O Capital de Giro ou Capital Circulante corresponde a uma parcela de capital aplicada pela empresa em seu
ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diversas formas ao longo de seu processo
produtivo e de venda. Ou seja, o capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma empresa, que será
utilizado para saldar as necessidades circulantes durante o ciclo, desde a aquisição de matéria-prima até a
venda e o recebimento dos produtos produzidos.

4.7.1.1 Capital de giro líquido (CGL) ou capital circulante líquido (CCL)


É a interpretação mais usual. Representa, de maneira geral, o valor líquido das aplicações (deduzidas das
dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital) circulante da empresa. Segundo essa conceituação, a
forma mais direta de obter-se o valor do capital de giro líquido é mediante a simples diferença entre o ativo
circulante e o passivo circulante, ou seja:

CGL (CCL) = Ativo Circulante (-) Passivo Circulante


Ou
CGL (CCL) = (PL + PnC) - (Ativo não Circulante)

4.7.1.1.1 Capital de Giro Líquido Positivo


AC 160.000 PC 120.000
AnC 140.000 PnC 80.000
PL 100.000
TOTAL 300.000 TOTAL 300.000

Solução
CGL = AC – PC
CGL = 160.000 – 120.000 = 40.000 (Este valor provem do PnC ou PL)
ou
CGL = (PL + PnC) – (AnC)
CGL = (100.000 + 80.000) – (140.000)
CGL = 180.000 – 140.000 = 40.000

Conclusão da Primeira Fórmula:


Do total de 160.000 aplicados no AC, 120.000 são oriundos de créditos de curto prazo (PC) e os 40.000
restantes que representam o CGL estão identificados nos recursos permanentes da empresa (PnC e PL).

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38

Conclusão da Segunda Fórmula:


Inversamente, dos 180.000 de fundos levantados a Longo Prazo (PnC e PL), 140.000 estão alocados
em ativo também de longo prazo (AnC), sendo que os 40.000 excedentes (CGL) foram destinados a financiar
o ativo circulante.

4.7.1.1.2 Capital de giro líquido negativo


Quando os recursos permanentes (PL e PnC) da empresa não são suficientes para cobrir todas as suas
necessidades de longo prazo (AnC), devendo ser utilizados fundos provenientes do Passivo Circulante (curto
prazo). Assim, um CCL negativo identifica a presença de dívidas de curto prazo e financia operações com prazos
de retorno maior.
AC 280.000 PC 320.000
AnC (*) 860.000 PnC (**) 300.000
PL (**) 520.000
TOTAL 1.140.000 TOTAL 1.140.000

(*) Necessidade de longo prazo


(**) Recursos de longo prazo
Solução
CGL = AC – PC =
CGL = 280.000 – 320.000 = (40.000)

CGL = (PL + PnC) – (AnC)


CGL = (520.000 + 300.000) – (860.000)
CGL = 820.000 – 860.000 = (40.000)

Se o Capital de Giro for negativo a empresa tem um nível de obrigações que superam seus bens e direitos de
curto prazo, o que pode denotar problemas de liquidez.

4.7.1.1.3 Capital de giro líquido nulo


Quando há total igualdade entre os prazos e os valores dos recursos captados e aplicados pela empresa.
Através dessa composição justa de valores, a empresa, na realidade, não trabalha com recursos de longos
prazos aplicados em itens circulantes. As aplicações de curto prazo estão totalmente financiadas com fundos
da mesma duração, sendo que a liquidez não apresenta folga alguma.

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AC 280.000 PC 280.000
AnC 860.000 PnC 340.000
PL 520.000
TOTAL 1.140.000 TOTAL 1.140.000

CGL = AC – PC
CGL = 280.000 – 280.000 = 0

CGL = (PL + PnC) - (AnC)


CGL = (520.000 + 340.000) – (860.000)
CGL = 860.000 – 860.000 = 0

As metodologias propostas para análise de capital de giro são a tradicional e a dinâmica.


O modelo tradicional de análise tem como resultado os indicadores de liquidez de uma empresa. Para os
críticos, esse modelo se apresenta estático, tanto que os criadores do modelo dinâmico, Fleuriet, Kehdy e
Blanc (2003), afirmam que os índices de liquidez nada mais são do que índices de solvência.

4.7.2 Modelo Dinâmico de Capital de Giro ou de Fleuriet


Um capital de giro positivo é de grande importância, mas esse indicador sozinho não é capaz de apresentar a
situação financeira de uma empresa, pois itens parados em estoque ou contas a receber atrasadas ainda são
consideradas em seu cálculo.
É possível, entretanto, estimar qual é a Necessidade de Investimento em Giro (NIG) de uma empresa, e para
isso é importante entender antes a diferença entre as contas circulantes financeiras e as operacionais.
Posso chamar de:Necessidade de Investimento em Giro (NIG)
Necessidade de capital de giro (NCG)
Investimento Operacional em Giro (IOG)

As contas do Ativo Circulante foram divididas em:

O Ativo Circulante Financeiro (ACF) ou errático é representado pelo caixa e os equivalentes de caixa.
Os ativos financeiros são disponibilidades e aplicações de curto prazo mantidas normalmente como
precaução para reduzir o risco advindo da flutuação diária das entradas e saídas de caixa.

Contas Financeiras ou Erráticas


Estas contas também não guardam relação com o processo produtivo, estando ligadas à tesouraria da
empresa e daí a sua natureza financeira

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40

O Ativo Circulante Operacional (ACO) ou Cíclico, por sua vez, identifica bens que têm a possibilidade de se
transformar em recursos financeiros no futuro, como os estoques e as contas a receber de clientes. Ativo
Circulante Operacional: corresponde aos direitos da empresa oriundos das atividades operacionais tais como:
clientes, estoques, ICMS a recuperar, adiantamentos a fornecedores, despesas operacionais antecipadas,
entre outros.

As contas do Passivo Circulante foram divididas em:

Passivo Circulante Financeiro (PCF) é representado pelas contas a pagar onerosas, que possuem cobrança
explícita de juros, como empréstimos e financiamentos.
Os passivos financeiros são empréstimos de curto prazo obtidos para cobrir necessidades de caixa.

Contas Financeiras ou Erráticas


Estas contas também não guardam relação com o processo produtivo, estando ligadas à tesouraria da
empresa e daí a sua natureza financeira

Passivo Circulante Operacional (PCO) identifica obrigações com terceiros que devem ser pagas, porém não
estão ligadas a uma cobrança explícita de juros, como as contas a pagar para fornecedores e os salários dos
funcionários. Passivo Circulante Operacional: corresponde as obrigações da empresa oriundas das atividades
operacionais da empresa, tais como: salários a pagar, ICMS a recolher, duplicatas a pagar, provisões para IR,
entre outras.

A diferença entre o ACF e o PCF resultará no Saldo em Tesouraria, ou seja


ST = ACF - PCF

A diferença entre o ACO e o PCO resultará na:


Necessidade de Investimento em Giro (NIG) = ACO – PCO
Necessidade de capital de giro (NCG) = ACO - PCO
Investimento Operacional em Giro (IOG) = ACO – PCO

A NIG representa a quantia necessária de recursos para financiar o capital de giro.

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41

Caso a NIG seja positiva, há a necessidade de aplicações de recursos em capital de giro para a manutenção das
operações.

Caso ela seja negativa, os investimentos de curto prazo já são cobertos por recursos operacionais, como pelos
fornecedores.

Resumo
O Ativo Circulante foi dividido em uma parte relacionada com o processo produtivo, o Ativo Circulante
Operacional (ACO) ou Cíclico, e outra relacionada com as disponibilidades e aplicações de curto prazo, o Ativo
Circulante Financeiro (ACF) ou Errático.

O Passivo Circulante foi desmembrado em uma parte relacionada com o processo produtivo, o Passivo
Circulante Operacional (PCO) ou Cíclico; e outra que compreende as fontes de recursos de curto prazo que
não decorram de forma direta com o processo produtivo, o Passivo Circulante Financeiro (PCF) ou Errático.

Por outro lado, as contas não-circulantes foram agrupadas, formando de um lado o


Ativo não Circulante ou Permanente, formado pelo Realizável a Longo Prazo e pelo Ativo Permanente.
Passivo Não Circulante ou Permanente foi composto pelo Exigível a Longo Prazo, o Resultado de Exercícios
Futuros e o Patrimônio Líquido.

Portanto, as contas do ativo e passivo circulante do Balanço Patrimonial tradicional foram desmembradas em
duas partes:
Balanço Patrimonial com as contas reagrupadas
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 100 Passivo Circulante Financeiro (PCF) 400
Caixa/Bancos/Aplicações 100 Empréstimos/Financiamentos 400
Ativo Circulante Operacional (ACO) 1.900 Passivo Circulante Operacional (PCO) 700
Contas a Receber 900 Fornecedores 500
Estoques 1.000 Contas a Pagar (Salários, Encargos, 200
Imp.)
Ativo Não Circulante 9.200 Passivo Não Circulante 10.100
Realizável a Longo Prazo 1.200 Exigível a Longo Prazo 3.900
Contas a Receber 1.200 Empréstimos/Financiamentos 3.800
Resultado de Exercícios Futuros 100
Ativo Permanente 8.000 Patrimônio Líquido 6.200
Investimentos 1.000 Capital Social 5.000
Imobilizado 6.500 Reservas 500
Intangível 500 Lucros ou Prejuízos Acumulados 700
Total do Ativo 11.200 Total do Passivo 11.200

41
42

No Ativo e Passivo Financeiro foram agrupadas as contas ligadas à Tesouraria. As contas de Ativo e Passivo
Operacionais são as que estão relacionadas com as atividades da empresa. Já as contas de natureza
permanente do ativo e passivo formam o Ativo e Passivo Não-Circulante.

Esta forma de classificar as contas do Balanço permite a estruturação de três conceitos fundamentais para o
modelo da Análise Dinâmica:
- NCG – Necessidade de Capital de Giro ou IOG – Investimento Operacional em Giro
- CPL – Capital Permanente Líquido
- ST ou SD – Saldo de Tesouraria ou Saldo Disponível

4.7.2.2 Necessidade de Capital de Giro (NCG) – IOG – Investimento Operacional em Giro


É a diferença entre o Ativo Circulante Operacional e o Passivo Circulante Operacional. A Necessidade de Capital
de Giro (NCG) é o valor mínimo que uma empresa precisa ter de dinheiro em seu caixa para garantir que sua
operação

NCG ou IOG = ACO – PCO


O IOG ou NCG pode assumir um valor positivo, quando as aplicações no ativo operacional superam as origens
do passivo operacional. Exemplo as empresas de característica industrial, cujo negócio está na fabricação e
venda dos produtos que implicam um alto investimento em estoques (tanto de matéria-prima como de
produtos em elaboração e de produtos acabados) e em contas a receber de clientes.

O IOG ou NCG é negativo quando as origens do passivo operacional são maiores do que as aplicações do ativo
operacional. Esta é uma característica das empresas comerciais, que investem em estoque de mercadorias
que são vendidas à vista, e normalmente pagam os seus fornecedores a prazo.

4.7.2.3 Capital Permanente Líquido – CPL


É a diferença entre o passivo não circulante, ou seja, as obrigações de longo prazo e o patrimônio líquido e o
ativo não circulante que engloba as aplicações em ativo permanente e ativo realizável a longo prazo.

CPL = PNC – ANC


Se o CPL for positivo significa que as origens de recursos de longo prazo superam o valor investido a longo
prazo.
Se o CPL for negativo implica em se ter mais aplicações em itens de longo prazo do que origens de recursos de
longo prazo, e consequentemente em aplicação em recursos não circulantes.

42
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4.7.2.4 Saldo de Tesouraria (ST) ou Saldo Disponível (SD)


É a diferença entre o Ativo Circulante Financeiro (ACF) ou Ativo Errático e o Passivo Circulante Financeiro (PCF)
ou Passivo Errático.

SD ou ST = ACF - PCF

Se o SD ou ST for positivo implica em um Capital Permanente Líquido – CPL maior do que o Investimento
Operacional em Giro – IOG ou Necessidade de Capital de Giro. Isto significa que os recursos líquidos de longo
prazo cobrem o IOG ou NCG e ainda “sobra” uma parcela para fortalecer a Tesouraria da empresa. Neste caso
o ativo financeiro (disponibilidades e aplicações de curto prazo) supera o passivo financeiro (empréstimos de
curto prazo).

Já uma Tesouraria negativa implica que o Investimento Operacional em Giro – IOG ou NCG supera o Capital
Permanente Líquido – CPL, de acordo com Cavalcante (2019) e ainda é necessário se ter recursos de curto
prazo para financiar o giro. Neste caso, os empréstimos superando as aplicações de curto prazo e
disponibilidades.
Balanço Patrimonial com as contas reagrupadas evidenciando as variáveis acima
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Financeiro (ACF) 100 Passivo Circulante Financeiro (PCF) 400
Caixa/Bancos/Aplicações 100 Empréstimos/Financiamentos 400
Saldo de Tesouraria (ST) ou Saldo Disponível (SD)
SD ou ST = ACF – PCF
SD ou ST = 100 – 400
SD ou ST = (300)
Ativo Circulante Operacional (ACO) 1.900 Passivo Circulante Operacional (PCO) 700
Contas a Receber 900 Fornecedores 500
Estoques 1.000 Contas a Pagar (Salários, Encargos, 200
Imp.)
Necessidade de Capital de Giro (NCG) – IOG – Investimento Operacional em Giro
NCG ou IOG = ACO – PCO
NCG ou IOG = 1900 – 700
NCG ou IOG =1.200
Ativo Não Circulante 9.200 Passivo Não Circulante 10.100
Realizável a Longo Prazo 1.200 Exigível a Longo Prazo 3.900
Contas a Receber 1.200 Empréstimos/Financiamentos 3.800
Resultado de Exercícios Futuros 100
Ativo Permanente 8.000 Patrimônio Líquido 6.200
Investimentos 1.000 Capital Social 5.000
Imobilizado 6.500 Reservas 500

43
44

Intangível 500 Lucros ou Prejuízos Acumulados 700


Capital Permanente Líquido – CPL
CPL = PNC – ANC
CPL = 10.100 – 9.200
CPL = 900
Total do Ativo 11.200 Total do Passivo 11.200

Análise
O Investimento em Giro da empresa (IOG = Ativo Circulante Operacional menos Passivo Operacional) é de
$1.200. Como foi positivo, significa que as aplicações em giro (estoques em contas a receber) superam as
origens da atividade (fornecedores e contas a pagar).
O Capital Permanente Líquido de $900, por ser positivo, as origens de longo prazo (exigíveis e patrimônio dos
sócios) superam o nível de aplicações (em permanente e realizável a longo prazo). Estes recursos financiam
uma parte do investimento em giro.
A Tesouraria negativa de ($300) pode ser explicada de dois ângulos. O primeiro pela diferença entre as outras
duas variáveis anteriores: IOG e o CPL. Apenas parte do giro (IOG) é financiada com recursos de longo prazo
(CPL), sendo que a grande maioria da necessidade de giro é financiada por recursos financeiros de curto prazo
(T). Como consequência, de outro ponto de vista, os Passivos Financeiros são superiores aos Ativos
Financeiros.

4.7.2.5 O efeito tesoura


O efeito tesoura tem início quando o saldo de tesouraria se torna negativo, e assume uma tendência crescente
em termos absolutos a taxas maiores que aquelas verificadas para a NCG.
As empresas que operam com Saldo de Tesouraria negativo financiam sua Necessidade de Capital de Giro
(NCG) com fundos de curto prazo. Caso esses recursos de curto prazo não sejam renovados essas empresas
podem ser levadas ao estado de insolvência, ocorrendo o efeito tesoura.
O Efeito tesoura acontece quando a empresa não consegue aumentar o CDG no mesmo ritmo de aumento da
NCG.

44
45

Para evitar o efeito tesoura a empresa deve planejar a evolução do Saldo de Tesouraria, que depende de
variáveis que afetam o Autofinanciamento, a Necessidade de Capital de Giro e o Capital de Giro. Fazendo com
que o Autofinanciamento seja suficiente, pelo menos, para financiar os aumentos da NCG.
O efeito tesoura pode ser caracterizado pelo seguinte indicador:

Efeito Tesoura = Saldo em Tesouraria (ST)


Necessidade de Capital de Giro (NCG)

Se este índice crescer negativamente, em exercícios seguidos, teremos caracterizado o efeito tesoura.
Exemplo:
Ano ST NCG ST div NCG
X2 500 900 0,56
X3 (500) 1.800 (0,28)
X4 (1.300) 2.000 (0,65)

Veja que o indicador “ST/NCG” está crescendo negativamente, ao longo dos anos, neste caso a
empresa está sofrendo o chamado “Efeito Tesoura”.

4.8 INDICADORES E ANÁLISES ESPECIAIS

4.8.1 Análise DuPont


O sistema Dupont é um índice financeiro muito útil, um dos mais importantes para a análise do desempenho
econômico de uma empresa.
Em 1920, surgiu um modelo de análise da rentabilidade da empresa DuPont Powder Company, empresa
americana de explosivos fundada em 1903, que decompunha a taxa de retorno em taxas de margem de lucro
e giro dos negócios, chamado de análise do ROI (Return on Investment), também conhecido como ROA (Return
on Asset ou Retorno do Ativo).

45
46

O modelo foi criado e implementado na empresa DuPont por F. Donaldson Brown, um engenheiro elétrico, e,
posteriormente, na General Motors Corporation, quando a DuPont adquiriu parte das ações dessa empresa.
A utilização desse modelo tem como objetivo localizar e avaliar o desempenho das diversas divisões e dos
diversos produtos da empresa e, em consequência, avaliar seus gerentes.
Essa análise é empregada por corporações que possuem muitas fabricas ou divisões. O gestor principal da
empresa (CEO) que precisa analisar o desempenho de seus gerentes utiliza-se da ROI de cada uma das
unidades administradas para avalia-las e para determinar a elaboração de planos visando melhorar os
resultados.
As fórmulas modificadas de ROA ou ROI e ROE são conhecidas como sistema de análise DuPont, e podem ser
melhor compreendidas pela ilustração apresentada abaixo.
Graficamente o sistema de análise DuPont, fica assim representado:

Esta figura é como uma espécie de “mapa do lucro”, auxiliando o analista financeiro a identificar os
componentes chaves na formação do lucro e suas contribuições ou problemas para a formação dos resultados
obtidos.

46
47

Exemplo: As Demonstrações Financeiras resumidas da Cia. Alfa são as constantes abaixo:

Balanço Patrimonial da Cia Alfa


ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante R$ 333 Passivo Circulante R$ 208
Caixa e Bancos R$ 12 Fornecedores R$ 132
Clientes R$ 227 Contas a Pagar R$ 76
Estoque R$ 94 Passivo não Circulante R$ 427
Ativo não Circulante R$ 411 Total do Passivo R$ 635
Investimentos R$ 12 Patrimônio Líquido R$ 109
Imobilizado R$ 380 Capital R$ 100
Intangível R$ 19 Reserva de Lucros R$ 9
Total Ativo R$ 744 Total Passivo + PL R$ 744

Demonstração do Resultado do Exercício da Cia Alfa


Itens Valores
Vendas R$ 1.453
(-) CPV R$ 1.114
(=) Lucro Bruto R$ 339
(-) Despesas com Vendas R$ 26
(-) Despesas com Assistência Técnica R$ 59
(-) Despesas Administrativas R$ 50
(=) EBITDA R$ 204
(-) Despesas Financeiras R$ 160
(=) Lucro antes do IR R$ 44

O cálculo da taxa de retorno, de acordo com o modelo DuPont, encontra-se a seguir:

1 - Margem Líquida = Lucro Líquido 44 3,03%


Receita Líquida 1.453

2 - Giro do Ativo = Receita Líquida 1.453 1,9530


Ativo Total 744

3 - Multiplicador de Alavancagem Financeira (MAF) = Ativo Total 744 6,8257


Patrimônio Líquido 109

4 - ROA = Giro do Ativo x Margem Líquida


O nível de eficiência de 1,9530 faz com que uma lucratividade de 3,03% resulte em um ROA de 5,92%.

5 - ROE = ROA x MAF


O ROA passa de 5,92% x 6,8257 para um ROE de 40,39%.

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48

Inicialmente, a formula DuPont reúne a margem de lucro e o giro do ativo, indicando a eficiência com que a
empresa usa os ativos para gerar vendas (Retorno Sobre o Ativo – ROA).
1 - Margem Líquida = Lucro Líquido 44 3,03%
Receita Líquida 1.453

2 - Giro do Ativo = Receita Líquida 1.453 1,9530


Ativo Total 744

Em uma segunda etapa, a formula DuPont relaciona o retorno do ativo ao retorno do patrimônio líquido
(Return on Equity – ROE).
3 - Multiplicador de Alavancagem Financeira = Ativo Total 744 6,8257
Patrimônio Líquido 109

4 - ROA = Giro do Ativo x Margem Líquida


O nível de eficiência de 1,9530 faz com que uma lucratividade de 3,03% resulte em um (1.9530 x 3,03) ROA de
5,92%.

Na formula sugerida por Gitman (2010) multiplica-se o Retorno do Ativo (ROA) pelo Multiplicador da
Alavancagem Financeira (MAF), ou seja, “e o quociente entre o ativo total e o patrimônio líquido” e que é
calculado pela seguinte formula:

5 - ROE = ROA x MAF


O ROA passa de 5,92% x 6,8257 para um ROE de 40,39%.

O modelo de DuPont se utiliza de fórmulas para analisar a participação da lucratividade e da produtividade


para calcular o retorno do Ativo, o retorno do Ativo Operacional e o retorno do Capital Próprio de uma
empresa.
A vantagem considerável do sistema DuPont é que ele permite à empresa desdobrar seu retorno sobre o
Patrimônio Líquido em três componentes:
- lucro sobre as vendas (margem líquida);
- eficiência no uso dos ativos (giro do ativo total) e ;
- uso da alavancagem (multiplicador de alavancagem financeira).

O retorno total para os proprietários pode ser então, analisado à luz dessas importantes dimensões.

48
49

4.8.2 EBITDA
O EBITDA, que corresponde, em inglês, a Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, nada
mais é do que o Lucro Operacional Ajustado, ou seja, representa o lucro antes dos juros, impostos (sobre o
lucro), depreciações e amortizações.
No Brasil, poderíamos expressá-lo como LAJIDA (Lucro antes de Juros, Imposto de Renda, Depreciação e
Amortização). Sua divulgação no Brasil apesar de não obrigatória, vem sendo feita pela maioria das empresas
de capital aberto.
Em linhas gerais, o EBITDA representa o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades
operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos.
Por meio do valor do EBITDA é possível elaborar indicadores que auxiliam na compreensão do desempenho
organizacional, conforme abaixo:
Indicadores Fórmula Indica
Margem EBITDA EBITDA Mostra o retorno operacional obtido pela receita líquida
Receita Líquida de vendas. Quanto maior, melhor.
Retorno EBITDA/AT EBITDA Aponta o retorno operacional obtido pelos ativos totais.
Ativo Total Quanto maior, melhor.
Retorno EBITDA/PL EBITDA Informa o retorno operacional obtido sobre o capital
Patrimônio Líquido próprio. Quanto maior, melhor.

4.8.2.3 Cálculo do EBITDA


O primeiro passo para o cálculo o EBITDA é apurar o lucro operacional, que, de acordo com o critério utilizado
no Brasil, é obtido como a subtração, a partir da receita líquida, do custo dos produtos vendidos (CPV), das
despesas operacionais e das despesas financeiras líquidas (despesas menos receitas com juros e outros itens
financeiros).
Já para calcular o EBITDA, é preciso somar do lucro operacional a depreciação e amortização inclusas no CPV
e nas despesas operacionais. Isso porque essas contas não representam saída de caixa efetiva no período. Em
resumo, a depreciação de um equipamento quantifica a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou
tempo, e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda vale ressaltar, é econômica e não
financeira, ou seja, não há um desembolso efetivo de recursos no período.
Outra conta que deve ser acrescentada no EBITDA é a despesa financeira líquida, que foge do escopo de
análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Ou seja, para o cálculo do EBITDA,
adicionam-se os juros, depreciação e amortização ao Lucro Operacional Líquido antes dos impostos.

49
50

Exemplo:
Demonstração do Resultado do Exercício em 31.12.XX
Vendas Brutas 650.000
(-) Impostos 162.500
(=) Vendas Líquidas 487.500
(-) CMV 285.000
(=) Lucro Bruto 202.500
(-) Despesas
De Vendas 25.000
Administrativas 18.000
Depreciação 32.000
Amortização 15.000
Financeiras 45.000
(=) Lucro Operacional antes IR CSLL 67.500
(-) IR e CSLL 16.700
(=) Lucro Líquido 50.800

A partir da DRE acima, podemos calcular o EBITDA da seguinte forma:

(=) Lucro Operacional antes IR CSLL 67.500


(+) Despesas Financeiras 45.000
(+) Amortização 15.000
(+) Depreciação 32.000
(=) EBITDA 159.500

Outra forma de cálculo, partindo do Lucro Líquido:

Lucro Líquido 50.800


(+) IR e CSLL 16.700
(+) Amortização 15.000
(+) Depreciação 32.000
(+) Despesas Financeiras 45.000
(=) EBITDA 159.500

Outro exemplo
Receitas de Vendas 17.000
CPV (9.000)
Lucro Bruto 8.000
Despesas com Vendas (800)
Despesas Gerais e Administrativas (1.200)
EBITDA 6.000
Depreciação (1.000)
Lucro Operacional antes do IR 5.000
Despesas Financeiras (900)
Lucro antes do IR 4.100

50
51

Provisão para o IR (1.400)


Lucro Líquido 2.700

O EBITDA pode ser calculado somando o valor do seu lucro operacional antes do IR com o valor das suas
despesas com depreciação, que são despesas não desembolsadas efetivamente.

EBITDA = lucro operacional antes do IR + depreciação


EBITDA = $ 5.000 + $ 1.000
EBITDA = $ 6.000

Ou
EBITDA = Lucro Líquido + Despesas Financeiras + Depreciação + Imposto de Renda
EBITDA = 2.700 + 900 + 1.000 + 1.400
EBITDA = $ 6.000

Outro exemplo de EBTIDA

Demonstração do Resultado do Exercício das CIA Z


Receita Operacional Bruta 12.000
(-) Deduções da Receita Bruta 1.500
(=) Receita Operacional Líquida 10.500
(-) Custo dos Produtos Vendidos 6.000
(=) Lucro Bruto 4.500
(-) Despesas Operacionais 2.200
Despesas com Vendas 1.200
Despesas Gerais e Administrativas: 1.000
(=) Lucro Operacional 2.300

Obs: Temos já as informações necessárias para o cálculo do EBITDA.

Demonstração do Resultado do Exercício das CIA Z


Receita Operacional Bruta 12.000
(-) Deduções da Receita Bruta 1.500
(=) Receita Operacional Líquida 10.500
(-) Custo dos Produtos Vendidos 6.000
(=) Lucro Bruto 4.500
(-) Despesas Operacionais 2.200
Despesas com Vendas 1.200
Despesas Gerais e Administrativas: 1.000
(=) EBIT 2.300
(+) Depreciação e amortização 300
(=) Ebitda 2.600

51
52

(=) Ebitda em percentual da Receita Operacional Bruta 21,67% (2.600 div 12.000)

Observe que, na mesma estrutura do DRE conseguimos, facilmente, identificar os números necessários para
o cálculo do EBTIDA, aplicando na prática esse indicador no seu demonstrativo.

4.8.2.4 Diferença entre o EBIT e o EBITDA


EBIT é a sigla da expressão Earning before interest and taxes, também conhecido no Brasil como LAJIR. Em
português, significa “Lucro antes dos juros e imposto de renda”.
Essa ferramenta mostra o verdadeiro lucro contábil das atividades genuinamente ligadas ao negócio, ou seja,
excluindo tudo que não é auferido pela atividade fim da empresa, como um investimento financeiro.

Em relação ao EBITDA, a diferença é muito simples: é o EBIT sem a dedução do valor da depreciação de ativos
tangíveis (máquinas, por exemplo) e da amortização de ativos intangíveis (dívida de longo prazo, por exemplo).

4.8.3 NOPAT
O NOPAT é a sigla para "Net Operating Profit After Taxes"ou, em português, Lucro Operacional Líquido após
os Impostos. É uma medida de remuneração do capital operacional líquido, utilizado pela empresa.
Demonstra o lucro real das empresas por se tratar de uma métrica que, ao contrário das demais criadas com
objetivo similar, desconta todos os tributos incidentes sobre a operação de um negócio além da depreciação.
Na teoria, este indicador mede o valor que poderia ser distribuído aos acionistas se a empresa não possuísse
nenhuma dívida.
Quanto a depreciação é bom ser descontada, principalmente para a atividade industrial, pois estas possuem
elevados investimentos em maquinário, impactando qualquer avaliação ligada a valor econômico de uma
empresa.
A origem do NOPAT é o EBIT (Earnings Before Interest and Taxes, que para nós é o Lucro Antes dos Juros e
Impostos de Renda (LAJIR)
Para calcular o NOPAT, é necessário descontar os tributos sobre a renda (IR e CSLL) conforme abaixo:

NOPAT = EBIT (1 – t )

Em que t = Alíquota de IR e CSLL

52
53

Exemplo: Demonstração do Resultado da Cia Encantada

Receita Bruta 15.000


(-) Impostos sobre a Receita 4.350
(=) Receita Líquida 10.650
(-) CMV 6.000
(=) Margem Bruta 4.650
(-) Despesas Administrativas 600
(=) Lucro Operacional (EBIT) 4.050
(-) Juros 600
(-) Imposto de Renda 1.173
(=) Lucro Líquido 2.277

A alíquota do IR é de 34%.

NOPAT = EBIT (1 – t )
NOPAT = 4.050 (1 – 0,34)
NOPAT = 2.673

Ou
4.050 x 34% = 1.377
4.050 – 1.377 = 2.673

O NOPAT examina qual é o resultado operacional da empresa menos os impostos teóricos sobre ele
como se não houvesse nenhuma dívida, portanto, a linha de Juros estaria zerada, ou seja, ele mede o que seria
lucro da empresa se todos os seus ativos tivessem sido financiados com capital dos investidores.
Desse modo, anula a influência dos financiamentos dos ativos sobre o lucro medindo a lucratividade
dos ativos líquidos da empresa, independentemente da forma como eles são financiados.

53
54

Vamos a um outro exemplo


Demonstração do Resultado NOPAT
Receita Bruta Receita Bruta
(-) Impostos e deduções (-) Impostos e deduções
(=) Receita Líquida (=) Receita Líquida
(-) Custo dos produtos vendidos (-) Custo dos produtos vendidos
(=) Lucro Bruto (=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais (-) Despesas Operacionais
(=) EBITDA (Earnings Before Interest Tax (=) EBITDA (Earnings Before Interest Tax
Depreciation and Amortization) Depreciation and Amortization)
(-) Depreciação (-) Depreciação
(=) EBIT (Earnings Before Interest Taxes) (=) EBIT (Earnings Before Interest Taxes)
(+) Receita Financeira
(-) Despesa Financeira
(=) Lucro Operacional (=) NOPBT (Net operating profit before taxes)
(+ -) Itens extraordinários
(=) Lucro antes dos Impostos (=) NPBT ((Net profit before taxes)
(-) Imposto de Renda e CSSL (-) Imposto operacional com efeito, Caixa
(-) Participação de minoritários (-) Participação de minoritários
(=) Lucro Líquido (=) NOPAT

Para o NOPAT, do Lucro Líquido serão ajustados às despesas e receitas financeiras, ou seja, como o NOPAT é
operacional, deve-se eliminar o efeito da perda ou ganho financeiro (empréstimo ou aplicação financeira).

4.8.4 EVA®
O EVA® é marca registrada e explorada pela Stern Stewart & Co., que tem como objetivos avaliar desempenho,
determinar políticas de remuneração de executivos, comunicar-se com os investidores, decidir sobre o
orçamento de capital e realizar avaliações de qualquer natureza.
O EVA® é o lucro econômico que uma empresa obteve em determinado período. Também chamado de valor
econômico agregado, o EVA mede o desempenho financeiro da empresa com base na riqueza que ela
efetivamente criou, após se deduzir o custo do capital investido do seu lucro operacional.

EVA® = NOPAT – (C% × TC)


onde:
EVA = Economic Value Added (Valor Econômico Adicionado) ou VEA
NOPAT = Net Operating Profit After Taxes (Lucro Operacional Líquido Depois dos Impostos)
C% = Percentual do custo do capital investido
TC = Total Capital (Capital total investido)

Ou

54
55

Fórmula
EVA® = (RAOL – CMPC) x AOL
Onde:
RAOL = retorno sobre o ativo operacional líquido. É o lucro operacional dividido pelo ativo operacional líquido,
também é expresso em percentual.
CMPC = custo médio ponderado de capital. É a média ponderada das taxas acima, relevando o “peso” que
cada uma possui perante o capital total;
AOL = ativo operacional líquido. É o resultado de todo o ativo considerado operacional menos o passivo
considerado operacional. Representa a parcela a qual a companhia terá que buscar/captar recursos fora de
suas operações casuais.

Exemplo: A estrutura patrimonial e de resultados são da Cia Ilusória SA


Balanço Patrimonial da Cia Ilusória SA em 31.12.X0
ATIVO PASSIVO
Circulante 71.500 Circulante 43.280
Caixa 1.500 Fornecedores 18.000
Clientes 45.000 Impostos a Pagar 2.500
Estoques 25.000 Salários a Pagar 1.024
IR a Pagar 5.956
Imobilizado Líquido 75.000 Empréstimos Conjunturais 3.800
Valor Original 85.000 Empréstimos Estruturais 12.000
Depreciação Acumulada (10.000)
Não Circulante 15.000
Empréstimos Estruturais 15.000

Patrimônio Líquido 88.220


Capital Social 68.220
Reservas 20.000
Total Ativo 146.500 Total Passivo e PL 146.500

Demonstração do Resultado do Exercício da Cia Ilusória SA em 31.12.X


Receita Operacional Bruta 70.000
Impostos (5.200)
Receita Operacional Líquida 64.800
Custo Mercadorias Vendidas (20.000)
Lucro Bruto 44.800
Despesas Operacionais (9.500)
Lucro da Atividade 35.300
Receita Financeira 20
Despesas Financeiras (285)
Lucro Operacional Antes do Imposto de Renda 35.035

55
56

Imposto de Renda sobre o Lucro Operacional (35%) (12.262)


Lucro Operacional Após o Imposto de Renda (NOPAT) 22.773
Juros CCT (2.025)
Economia de IR sobre os Juros (35%) 709
Juros Líquidos (1.316)
Lucro Líquido 21.457

Reclassificação do Balanço

4.8.4.1 Ativo Operacional (AO)


São todos os investimentos necessários para que uma empresa consiga gerar receita operacional (tais como
caixa mínimo, duplicatas a receber, estoques e imobilizações produtivas). Em resumo o ativo operacional
compreende o capital de giro mais o capital fixo.
Ativo Operacional = Capital de giro + Capital fixo
Ativo Operacional = 71.500 + 75.000 =
Ativo Operacional = 146.500

4.8.4.2 Passivo Operacional (PO)


Representa todos os financiamentos espontâneos, aqueles que são típicos da operação (fornecedores,
impostos a pagar incidentes sobre vendas, salários e encargos a pagar, adiantamentos de clientes, etc)., ou
seja, todos os financiamentos oferecidos pela própria operação. Neste caso incluem-se os financiamentos
conjunturais para cobrir os déficits momentâneos de caixa.

Passivo Operacional = 18.000 + 2.500 + 1.024 + 5.956 + 3.800 = 31.280


ou
Passivo Operacional = 43.280 – 12.000 = 31.280

Ativo Operacional Líquido = AO – PO


Ativo Operacional Líquido (AOL) = 146.500 – 31.280 = 115.220
AOL = 115.220

Nova estrutura da Cia Ilusória SA


ATIVO PASSIVO
Ativo Operacional 115.220 100,00% Capital de Terceiros 27.000 23,43%
Líquido
Capital Próprio 88.220 76,57%
Total 115.220 100,00%
Memória de cálculo

56
57

88.220 div 115.220 x 100 = 76,57%


27.000 div 115.200 x 100 = 23,43%

Informações:
- O custo das obrigações com terceiros é de: 7,50%
CCT = Juros CCT dividido pela dívida
CCT = 2.025 div 27.000 = 7,50% (Kd)
- A alíquota do IR = 35%
Obs: 2.025 está na DRE p. 56 do resumo
Obs: 27.000 capital 3ºs na nova estrutura. (diferença do PL para total Ativo Operacional Líquido)

- CCP = Custo do Capital Próprio informado pela empresa é de 12% (Ks)

Cálculo do CMPC/WACC (custo médio ponderado de capital)

WACC = Kd (1-IR) D + Ks S
D+S D+S

CMPC = 7,5% (1 – 0,35) 27.000 + 12% 88.220


27.000+88.220 27.000+88.220
CMPC = 7,5% (0,65) (0,2343) + 12% (0,7657)
CMPC = 0,0114 + 0,0919
CMPC = 10,33%

Ou
Fonte Valores Peso Custo Custo Taxa IR IR (6) CMPC
(1) (2) (3) médio (4) (5) (7)
(2 x 3)
Própria 88.220 76,57% 12% 9,19% 9,1884%
Terceiros 27.000 23,43% 7,50% 1,76% 1,7573%
Total 8.800.000 100 10,33%

57
58

Cálculo do EVA
EVA® = NOPAT – (C% × TC) (TC = total capital)
EVA® = 22.773 – (10,33% x 115.220)
EVA® = 22.773 – 11.902
EVA® = 10.871
Ou

EVA® = (RAOL – CMPC) x AOL

RAOL = Lucro Operacional após o IR


Ativo Operacional Líquido (AOL)

RAOL = 22.773 = 19,75%


115.220

EVA® = (RAOL – CMPC) x AOL


EVA® = (19,75 – 10,33) x 115.220
EVA® = 10.871

Portanto, a principal diferença do EVA, face às tradicionais medidas de rendimento, reside no fato de
considerar o custo total do capital e não apenas o custo do capital de terceiros. Qualquer medida de avaliação
de performance que ignore o custo do capital próprio não demonstra o sucesso de uma empresa em criar
valor para os seus proprietários.

4.8.5 MVA®
O MVA®, que significa Market Value Adde e se traduz como Valor de Mercado Agregado ou Adicionado, é uma
ferramenta conceitual, também elaborada pela Stern Stewart & Co, para aferir o quanto a administração
agrega de valor ao capital investido na companhia.
O objetivo primário da maioria das empresas, qual seja maximizar a riqueza do acionista, assegura que
recursos escassos serão alocados de forma eficiente. A riqueza do acionista é maximizada por meio de
maximização da diferença entre o valor de mercado de capital dos acionistas e o montante de capital que eles
investiram na empresa. Essa diferença é o que se chama de MVA.

58
59

O MVA® é calculado pela diferença entre o valor de mercado da empresa e o valor do capital investido,
também avaliado a preços de mercado. Ou seja:

MVA = valor de mercado – capital investido

Exemplo
Um investidor dispõe de R$ 100.000 aplicados na caderneta de poupança rendendo juros de 6% ao ano. Este
investidor recebeu uma proposta para comprar um posto de gasolina pagando por ele R$ 100.000.
Analisou a projeção de resultados do negócio e ficou convicto da possibilidade de uma retirada anual de
dividendos de R$ 15.000, o que significa aplicar seu capital a uma taxa de retorno ao ano de 15% (R$ 15.000/
R$ 100.000).
Evidentemente esta retirada anual estimada de R$ 15.000 está sujeita a variações para mais ou para menos.
Aí está o risco do negócio.
Todavia, a expectativa de retorno de 15% ao ano representa um prêmio de 9 pontos percentuais acima dos
6% a.a. oferecidos com segurança pela caderneta de poupança. Compensa o risco, segundo o julgamento do
investidor. O posto de gasolina é comprado.
Passados 3 anos, o investidor conseguiu obter retiradas anuais de R$ 15.000. O retorno projetado de 15% ao
ano está sendo alcançado. Se não está havendo superação de expectativas, também não está havendo
frustração. Se o investidor não está mais rico, também não está mais pobre.
Para investidores que desejam um retorno de 15% ao ano para um posto de gasolina, o negócio continua
valendo R$ 100.000 ($15.000 / 0,15) pela sua capacidade de pagar dividendos de R$ 15.000 ao ano, sem
perspectivas aparentes de melhorar ou piorar este valor.
Portanto, não está havendo para o investidor criação nem destruição de valor no seu negócio/investimento.
O investidor dispõe de um ativo que vale R$ 100.000 e o capital investido também foi de R$ 100.000.
O valor de R$ 100.000 (R$ 15.000 / 0,15) é resultado de uma perpetuidade sem crescimento. Nesta conta,
assume-se que o investidor irá receber R$ 15.000 infinitamente.
Considere agora que no início do 4º ano de operação do posto de gasolina, o acionista tem como objetivo um
retorno extra de 5 pontos percentuais para o negócio. A expectativa de retorno passa de 15% ao ano (mínimo)
para 20% a.a. (desejado). Para tanto, algumas ações foram introduzidas:
• Frentistas homens foram substituídos por frentistas mulheres;
• Mudanças no mix da linha de produtos da loja de conveniência;
• Preços promocionais na lavagem rápida durante os dias úteis da semana, e
• Promoções especiais como ducha grátis para quem encher o tanque de gasolina.

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Nenhuma destas ações demandou investimentos. As novas políticas operacionais deram resultado. As receitas
aumentaram e os lucros e dividendos também.
As retiradas anuais passaram de R$ 15.000 para R$ 20.000 anuais (20% de retorno sobre o capital investido
de R$ 100.000).
Agora o negócio vale mais para o investidor. Vale R$ 133.333 (R$ 20.000 / 0,15).

Qual o EVA® da operação? R$ 5.000. Representa o retorno extra de 5% acima do mínimo de 15% (R$ 20.000 –
R$ 15.000 = R$ 5.000).

Qual o MVA? R$ 33.333. É a diferença entre o novo valor da empresa de R$ 133.333 (R$ 20.000 / 0,15) e o
capital investido de R$ 100.000 R$ 15.000 / 0,15).

O investidor ficou mais rico em R$ 33.333 porque possui um ativo que vale R$ 133.333 e o capital investido
foi de R$ 100.000.

Portanto o MVA corresponde à diferença entre o valor de mercado atual de uma empresa e o capital que os
investidores forneceram a ela.
- Se o Valor de Mercado Adicionado é positivo, a empresa tem valor agregado;
- Se o Valor de Mercado Adicionado for negativo, a empresa destruiu seu valor.

Esse resultado em excesso (valor de mercado menos investimento total) constitui-se no valor do intangível do
negócio, ou seja, no goodwill produzido pela qualidade de sua gestão. Representa quanto a empresa foi capaz,
pelas estratégias financeiras e capacidades diferenciadoras implementadas, de agregar riqueza a seus
acionistas, objetivo básico de qualquer empreendimento.

Uma metodologia gerencial de avaliação do MVA® pode ser efetuada por meio do valor presente do EVA®,
conforme proposta por Stewart. O MVA é obtido pela divisão do EVA pelo WACC, ou seja:
WACC - (custo médio ponderado de capital)

MVA = EVA
WACC

Exemplo: Para ilustrar, admita que uma empresa tenha um total de investimento (capital fixo e capital de giro)
de R$ 10 milhões. Sabe-se que 40% dos investimentos são financiados por bancos, que cobram uma taxa

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líquida de juros de 10% ao ano, já deduzido o benefício fiscal, e os 60% restantes representados por recursos
próprios, com uma expectativa de retorno de 15% ao ano. A empresa apura no exercício em consideração um
resultado operacional líquido de impostos de R$ 1,5 milhão. Em resumo, a empresa apresenta a seguinte
estrutura de investimento:

Investimento Capital de Terceiro R$ 4.000.000


R$ 10.000.000 Capital Próprio R$ 6.000.000

De forma mais simples, conforme apresentada acima, o cálculo do EVA pode ser efetuado deduzindo-
se do resultado operacional líquido do IR o custo de cada fonte de capital selecionada pela empresa:
Resultado Operacional Líquido R$ 1.500.000
Remuneração exigida pelos credores (4.000.000 x R$ 400.000
10%)
Remuneração exigida pelos acionistas (6.000.000 x R$ 900.000
15%)
Custo total de capital R$ 1.300.000
Valor Econômico Agregado (EVA) R$ 200.000

4.8.5.1 Cálculo do Custo Total de Capital (WACC)


O custo de capital dos acionistas e credores é geralmente expresso como uma média ponderada dos custos
pela participação de cada fonte de financiamento, e conhecido na literatura financeira por WACC. No exemplo
em desenvolvimento, tem-se:

Fontes de Financiamento Montante Custo de Capital


Patrimônio Líquido R$ 6.000.000 (Ks) R$ 900.000
Dívida com Terceiros R$ 4.000.000 (Kd) R$ 400.000
Total R$ 10.000.000 R$ 1.300.000

Desta forma, o custo total ponderado de capital (WACC), atinge:


WACC = Custo de capital div montante
WACC = $ 1.300.000,00 / $ 10.000.000,00 = 13,0%

Por outro lado, utilizando-se a formulação do custo médio ponderado, tem-se:


WACC = (Ks × D) + (Kd × S)

onde:
Ks: custo de capital próprio
D: participação do capital próprio (patrimônio líquido)

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Kd: custo do capital de terceiros (custo da dívida)


S: participação do capital de terceiros (dívidas)

Sabendo-se que:
Ks = 15%
S = 60%
Kd = 10%
S = 40%
Calcula-se o WACC:
WACC = (15% × 60%) + (10% × 40%)
WACC = 13,0% ou seja Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)

O EVA® calculado a partir do WACC:


EVA = Resultado Operacional Líquido – (WACC × Investimento)
EVA = R$ 1.500.000,00 – (13,0% × R$ 10.000.000,00)
EVA = R$ 200.000,00

O WACC equivale ao custo total de capital alocado para financiar seus ativos. É calculado pela soma do custo
de cada fonte de recurso ponderado pela respectiva participação relativa no total do investimento (Ativo
Total).
O cálculo do EVA® pode também ser desenvolvido a partir do lucro líquido do exercício, conforme
demonstrado a seguir:

Resultado Operacional Líquido R$ 1.500.000


Remuneração exigida pelos credores (4.000.000 x R$ 400.000
10%)
(=) Lucro Líquido R$ 1.100.000
Remuneração exigida pelos acionistas (6.000.000 x R$ 900.000
15%)
Valor Econômico Agregado (EVA) R$ 200.000

Como o resultado operacional líquido apurado pela empresa no período (R$ 1,5 milhão) é superior ao mínimo
exigido por credores e acionistas (R$ 1,3 milhão), a diferença encontrada (R$ 0,2 milhão) é reconhecida por
valor econômico agregado. Esta medida de valor é um indicativo de que a empresa foi capaz de oferecer um
retorno extraordinário a seus investidores. As conclusões são as mesmas ao se calcular o EVA® a partir do
lucro líquido.

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4.8.5.2 Cálculo do MVA

MVA = EVA
WACC

Obtêm-se os seguintes valores:


MVA = EVA = R$ 200.000,00
WACC = 13,0% a.a.
MVA®= R$1.538.461,54

O MVA® é obtido: R$ 200.000,00/0,13 = R$1.538.461,54, revelando quanto a empresa vale mais que o total
do capital investido. Logo, o valor de mercado da empresa, com base no desempenho do exercício, totaliza:

Investimento total: R$ 10.000.000,00


Goodwill (MVA): R$ 1.538.461,54
Valor de Mercado: R$ 11.538.461,54

Ou

MVA = valor de mercado – capital investido


MVA = R$ 11.538.461,54 - R$ 10.000.000,00
MVA = R$ 1.538.461,54

Duas observações devem ser destacadas.


- A primeira revela que o MVA®, calculado pelo modelo sugerido acima, admite a continuidade dos resultados
atuais. Ou seja, a medida de riqueza expressa basicamente os resultados da empresa no exercício, no
pressuposto de sua manutenção futura.
- A segunda observação indica que a criação de riqueza não é dimensionada pelo valor de mercado de uma
empresa, mas pela diferença encontrada entre seu valor de mercado e o capital investido pelos proprietários,
ou seja, pelo goodwill.

4.8.5.3 SPREAD do Acionista


No cálculo do EVA® a partir do lucro líquido, deve ser destacada uma medida alternativa de valor denominada
de spread do capital próprio (acionista). A medida é calculada pela diferença entre o retorno auferido pelo

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patrimônio líquido (ROE = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) e o custo de oportunidade do acionista (taxa
mínima de retorno exigida pelo investidor).
A atratividade econômica da empresa é admitida quando o spread do capital próprio for positivo, indicando
uma agregação de riqueza aos proprietários pela valorização do preço de mercado de suas ações.
O resultado do spread do capital próprio deve ser idêntico ao do EVA®, pois as duas medidas excluem o custo
do capital de terceiros em seus cálculos.

ROE = Lucro Líquido: $ 1.100.000,00 / Patrimônio Líquido: $ 6.000.000,00


ROE = 18,33%

SPREAD DO ACIONISTA = kd: 18,33% – Custo Capital Próprio: 15,0%


SPREAD DO ACIONISTA = 3,33%

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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Determinada empresa informou os seguintes dados que foram extraídos de suas demonstrações
financeiras:

Receitas Líquidas: R$ 135.000


Ativo: R$ 150.000
Lucro Líquido: R$ 3.450

Determinar a taxa de retorno sobre o ativo (ROA ou ROI) de acordo com a fórmula DuPont.

Solução:

a) - Margem Líquida = Lucro Líquido 3.450 0,02556


Receita Líquida 135.000

2 - Giro do Ativo = Receita Líquida 135.000 0,90


Ativo Total 150.000

ROA = Margem líquida x Giro do Ativo = 0,02556 x 0,90 = 0,023

2) A Empresa Omigron informou os seguintes dados:


Investimentos: R$ 30.000
Lucro operacional: R$ 4.500
Taxa de atratividade para o capital próprio de 14%
Capital de terceiros: R$ 7.500
Encargos financeiros incorridos no exercício: R$ 720
Capital próprio: R$ 22.500

Calcule:
a) a participação do capital de terceiros;
b) o custo do capital de terceiros;
c) a participação do capital próprio;
d) o custo médio ponderado do capital.

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Solução

a) A participação do capital de terceiros: (R$ 7.500 / R$ 30.000).= 25,00%


b) Custo do capital de terceiros = R$ 720 / R$ 7.500 = 9,6%.
c) A participação do capital próprio: (R$ 22.500/ R$ 30.000) = 75,00%
d) O Custo médio ponderado do capital:
CMPC = (9,6% . 25%) + (14% . 75%) =
CMPC = 2,40 + 10,50 = 12,90%

3) Dados as seguintes informações:

Estoque médio mensal X9 = R$ 150.000


PMRE = 70 dias
PMRV = 50 dias
CMV = 75% das vendas
Pede-se: O valor médio das Duplicatas a Receber para X9.

Solução

Estoque = R$ 150.000
CMV = 75%
PMRE = 70 dias
PMRV = 50 dias
Duplicatas a Receber ?????????

PMRE = 360 Estoques


CMV

70 = 360 150.000
CMV
CMV x 70 = 360 x 150.000
CMV = 360 x 150.000
70

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CMV = R$ 771.429

R$ 771.429 75%
X 100%

R$ 7712.429 x 100 = 75 X
X = R$ 1.028.572 Vendas Brutas

PMRV = 360 Dupl. Receber


Vendas Brutas

50 = 360 Duplicatas a Receber


1.028.572
Duplicatas a Receber = 50 1.028.572
360
Duplicatas a Receber = R$ 142.857

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