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BORDA DA
MATA-MG
PREFEITURA MUNICIPAL DE BORDA DA
MATA DO ESTADO DE MINAS GERAIS - MG

Agente Comunitário
de Saúde

EDITAL Nº 002/2022

CÓD:SL-010OT-22
7908433228035
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura, compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Estabelecer relações entre sequência de fatos
ilustrados. Gêneros e tipologia textual. Estruturação do texto e dos parágrafos. Articulação do texto: pronomes e expressões
referenciais, nexos, operadores sequenciais. Coesão e coerência............................................................................................... 7
2. Domínio da norma padrão de português contemporâneo. ........................................................................................................ 21
3. Significação contextual de palavras e expressões. antônimo e sinônimo,.................................................................................. 22
4. Equivalência e transformação de estruturas. ............................................................................................................................. 23
5. Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. Relação sintático-semântica. .................................................................... 24
6. Emprego de tempos e modos verbais. Funções das classes de palavras. Flexão nominal e verbal. Classes Gramaticais:
(Substantivos; Artigos; Pronomes; Adjetivos; Numerais; Verbos; Advérbios; Preposições; Conjunções e Interjeições);
masculino e feminino, diminutivo e aumentativo. ...................................................................................................................... 26
7. Pontuação................................................................................................................................................................................... 31
8. Estrutura e formação de palavras. ............................................................................................................................................. 32
9. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. ......................................................................................................... 34
10. Concordância nominal e verbal. ................................................................................................................................................. 34
11. Regência nominal e verbal. ........................................................................................................................................................ 35
12. Ortografia oficial. ........................................................................................................................................................................ 35
13. Acentuação gráfica. .................................................................................................................................................................... 36
14. Emprego do sinal indicativo de Crase. ......................................................................................................................................... 37

Conhecimentos em Informática
1. Conceito de internet e intranet. Conceitos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
associados a internet/intranet. Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio eletrônico, de grupos de
discussão, de busca, de pesquisa, de redes sociais e ferramentas colaborativas. Programas de navegação (Microsoft Internet
Explorer, Mozilla Firefox e Google Chromes). Sítios de busca e pesquisa na Internet .................................................................. 41
2. Noções de sistema operacional (ambiente Windows) ................................................................................................................. 44
3. Noções de IP ............................................................................................................................................................................... 64
4. Noções de IMEI ........................................................................................................................................................................... 64
5. Porta lógica ................................................................................................................................................................................. 65
6. Identificação e manipulação de arquivos. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e
programas ................................................................................................................................................................................... 66
7. Backup de arquivos. Procedimentos de backup .......................................................................................................................... 69
8. Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, memórias, processadores (CPU) e disco de armazenamento HDs, CDs e DVDs).
Periféricos de computadores ....................................................................................................................................................... 69
9. Noções básicas de editores de texto e planilhas eletrônicas (Microsoft Word, Microsoft Excel, LibreOffice Writer e LibreOffice
Calc) ............................................................................................................................................................................................ 72
10. Segurança na internet: vírus de computadores; spyware; malware; phishing ............................................................................. 88
11. Metadados de arquivos ............................................................................................................................................................... 92
12. Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla Thunderbird) ................................................................................ 93
13. Grupos de discussão ................................................................................................................................................................... 95
14. Redes sociais ............................................................................................................................................................................... 97
15. Transferência de arquivos pela internet ..................................................................................................................................... 99
16. Computação na nuvem ............................................................................................................................................................... 99
17. Armazenamento de dados na nuvem (cloudstorage) .................................................................................................................. 101
18. Deepweb e Darkweb .................................................................................................................................................................. 102

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ÍNDICE

Conhecimentos gerais e legislação específica municipal


1. O Estado de Minas Gerais: Aspectos Históricos e Econômicos, Emancipação Política, Administração Municipal, Poder
Legislativo, Poder Executivo, Localização, Limites, Recursos Naturais, Clima, Relevo, Vegetação, Ocorrências Minerais,
Agricultura, Manifestações Religiosas e Folclóricas. .................................................................................................................... 105
2. O Município de Borda da Mata: Aspectos Históricos e Econômicos, Emancipação Política, Administração Municipal, Poder
Legislativo, Poder Executivo, Localização, Limites, Recursos Naturais, Clima, Relevo, Vegetação, Ocorrências Minerais,
Agricultura, Manifestações Religiosas e Folclóricas. Personalidades do Município de Borda da Mata......................................... 112
3. Atualidades em geral a nível Nacional e Internacional. ................................................................................................................ 116
4. Lei Orgânica Municipal. ................................................................................................................................................................. 117
5. Estatuto dos Servidores Públicos de Borda da Mata. ................................................................................................................... 147

Conhecimento Específicos
Agente Comunitário de Saúde
6. Princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) - Lei nº 8080/90; (SUS) - Lei nº 8080/90. Principais problemas da
saúde da população e recursos existentes para o enfrentamento dos problemas........................................................................ 167
7. Promoção, prevenção e proteção à Saúde..................................................................................................................................... 182
8. Noções de Vigilância à Saúde, Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças........................................................................... 194
9. Ações de Educação em Saúde na Estratégia Saúde da Família...................................................................................................... 204
10. Lei nº 8.142/90, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do (SUS)................................................................. 208
11. Competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal na área de Vigilância em saúde................................................ 209
12. PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 (Nova PNAB)................................................................................................. 209
13. Programa de Estratégia de Saúde da Família (ESF) )...................................................................................................................... 229
14. Cadastramento Familiar e Territorial: finalidade e instrumentos................................................................................................... 240
15. Principais problemas da saúde da população e recursos existentes para o enfrentamento dos problemas.................................. 243
16. Saúde da criança, do adolescente, da mulher, do adulto e idoso )................................................................................................. 248
17. Educação em saúde: conceito, importância e instrumentos )....................................................................................................... 289
18. Sistema de Informação da Atenção Básica (E-SUS - SISAB) ).......................................................................................................... 294
19. Conceito de territorialização, microárea e área de abrangência )................................................................................................. 313
20. Diagnóstico comunitário. Abordagem comunitária em saúde ).................................................................................................... 315
21. Visita Domiciliar. Acolhimento e Vínculo )..................................................................................................................................... 320
22. Trabalho em equipe )...................................................................................................................................................................... 321
23. O papel do Agente Comunitário de Saúde na Atenção ao Pré-natal, no Puerpério e nos cuidados ao Recém-nascido................ 322
24. Importância e incentivo ao Aleitamento Materno......................................................................................................................... 322
25. Prevenção e cuidados nos casos de diarreia e infecções respiratórias.......................................................................................... 322
26. Conceito da Estratégia de Saúde da Família )................................................................................................................................ 329
27. Sintomas e orientações no tratamento de Tuberculose e Hanseníase. Prevenção e cuidados nas Doenças Sexualmente
Transmissíveis/AIDS. Direitos Sexuais e Reprodutivos )................................................................................................................. 329
28. Controle e sinais de alerta na Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus.......................................................................... 331
29. Registro das atividades do Agente Comunitário de Saúde )........................................................................................................... 342
30. Noções básicas sobre imunizações ).............................................................................................................................................. 342
31. Conselho Municipal de Saúde: composição e importância ).......................................................................................................... 354

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens,


LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra.
DE GÊNEROS VARIADOS. ESTABELECER RELAÇÕES ENTRE
SEQUÊNCIA DE FATOS ILUSTRADOS. GÊNEROS E TIPOLO-
GIA TEXTUAL. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRA-
FOS. ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES
REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS.
COESÃO E COERÊNCIA

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto. • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo com a não-verbal.
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença?

Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que
facilite a interpretação de textos.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela
pode ser escrita ou oral.

Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-


tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.

Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
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Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti- O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia
ca e, por fim, uma leitura interpretativa. principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen-
É muito importante que você: tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja,
- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta- você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
do, país e mundo; significativo, que é o texto.
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões); texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto- título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
gráficas, gramaticais e interpretativas; o assunto que será tratado no texto.
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po- Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
lêmicos; que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
Dicas para interpretar um texto: pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
– Leia lentamente o texto todo. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
– Releia o texto quantas vezes forem necessárias. cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa- estudos?
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
– Sublinhe as ideias mais importantes. reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto. CACHORROS
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu- espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
tável). seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
– Retorne ao texto sempre que necessário. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
enunciados das questões. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
– Reescreva o conteúdo lido. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
picos ou esquemas. outro e a parceria deu certo.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
distração, mas também um aprendizado. falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de As informações que se relacionam com o tema chamamos de
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
do texto. conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias capaz de identificar o tema do texto!
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica-
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
prova. -secundarias/
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi-
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca
extrapole a visão dele.

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IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM Ironia dramática (ou satírica)
TEXTOS VARIADOS A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que
Ironia tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar
está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado
com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé-
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex- dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con-
pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo
novo sentido, gerando um efeito de humor. da narrativa.
Exemplo: Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos.

Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor-
rer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico;
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente
acessadas como forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia de situação NERO EM QUE SE INSCREVE
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que principal. Compreender relações semânticas é uma competência
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
morte. Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Busca de sentidos Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia-
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O
apreensão do conteúdo exposto. tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de-
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
citadas ou apresentando novos conceitos. curto.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. como horas ou mesmo minutos.

Importância da interpretação Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-


A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos imagens.
específicos, aprimora a escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa- Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre- opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi- que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, vencer o leitor a concordar com ele.
pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apre- Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas
ensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não de destaque sobre algum assunto de interesse.
estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea-
tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que berdade para quem recebe a informação.
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Fato
Diferença entre compreensão e interpretação O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
leitor tira conclusões subjetivas do texto. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Interpretação
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No sas, previmos suas consequências.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
dárias. tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente ças sejam detectáveis.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única Exemplos de interpretação:
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
encaminham-se diretamente para um desfecho. tro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Opinião Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma
que fazemos do fato. pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên- clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto-
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí-
anteriores: odo, e o tópico que o antecede.
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou- Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto
tro país. Ela tomou uma decisão acertada. ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão para a clareza do texto.
do que com a filha. Ela foi egoísta. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér-
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões sem coerência.
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta- Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
mos expressando nosso julgamento. tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
analisamos um texto dissertativo. mais direto.

Exemplo: NÍVEIS DE LINGUAGEM


A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
com o sofrimento da filha. Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
e o do leitor. o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Parágrafo incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- e caem em desuso.
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- Língua escrita e língua falada
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
sentada na introdução. falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.

Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz Linguagem popular e linguagem culta
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
prova. presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e o diálogo é usado para representar a língua falada.
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto.

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Linguagem Popular ou Coloquial Características principais:
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase • Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje-
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin- tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo caracterizadora.
– erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo- • Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, meração.
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular • A noção temporal é normalmente estática.
está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, • Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini-
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na ção.
expressão dos esta dos emocionais etc. • Normalmente aparece dentro de um texto narrativo.
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún-
A Linguagem Culta ou Padrão cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- Exemplo:
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- Era uma casa muito engraçada
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem Não tinha teto, não tinha nada
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Ninguém podia entrar nela, não
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Porque na casa não tinha chão
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- Ninguém podia dormir na rede
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Gíria Porque penico não tinha ali
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como Mas era feita com muito esmero
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam Na rua dos bobos, número zero
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- (Vinícius de Moraes)
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário comportamentos, nas leis jurídicas.
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, Características principais:
“mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Linguagem vulgar do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
Linguagem regional ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
perior para formação de oficiais.
Tipos e genêros textuais
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- Tipo textual expositivo
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- pode ser expositiva ou argumentativa.
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
exemplos e as principais características de cada um deles. neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.

Tipo textual descritivo Características principais:


A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, mar.
um movimento etc. • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
• Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
de ponto de vista.
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• Apresenta linguagem clara e imparcial. • Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
prosa, não em verso.
Exemplo:
O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no Exemplo:
questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex- Solidão
pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de- João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
terminado tema. o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe-
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta- liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se.
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa). Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni-
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as- rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente. Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre-
Tipo textual dissertativo-argumentativo ais/4835684
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias GÊNEROS TEXTUAIS
apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in- de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
(leitor ou ouvinte). dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
Características principais: síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho ais que neles predominam.
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
gestão/solução).
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações Descritivo Diário
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente Relatos (viagens, históricos, etc.)
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e Biografia e autobiografia
um caráter de verdade ao que está sendo dito. Notícia
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Currículo
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou Lista de compras
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Cardápio
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Anúncios de classificados
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Injuntivo Receita culinária
Bula de remédio
Exemplo: Manual de instruções
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Regulamento
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Textos prescritivos
administração política (tese), porque a força governamental certa-
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Expositivo Seminários
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Palestras
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Conferências
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Entrevistas
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Trabalhos acadêmicos
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato- Enciclopédia
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Verbetes de dicionários
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Carta de opinião
cobrança efetiva (conclusão). Resenha
Artigo
Tipo textual narrativo Ensaio
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Monografia, dissertação de
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- mestrado e tese de doutorado
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo,
Narrativo Romance
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo).
Novela
Crônica
Características principais:
Contos de Fada
• O tempo verbal predominante é o passado.
Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his-
Lendas
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente).

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Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for- As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi- uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
nitos e mudam de acordo com a demanda social. veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-
INTERTEXTUALIDADE tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As- da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção sos de linguagem.
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
ambos: forma e conteúdo. obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de escolher entre duas ou mais coisas”.
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
provérbios, charges, dentre outros. coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
Tipos de Intertextualidade mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
ticos. um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a enunciador está propondo.
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
significa a “repetição de uma sentença”. demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) mento de premissas e conclusões.
e “graphé” (escrita). Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção A é igual a B.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa A é igual a C.
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Então: C é igual a B.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
“citação” (citare) significa convocar. que C é igual a A.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Outro exemplo:
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Todo ruminante é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). A vaca é um ruminante.
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são Logo, a vaca é um mamífero.
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
ARGUMENTAÇÃO também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
propõe. banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de outro fundado há dois ou três anos.
vista defendidos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
der bem como eles funcionam.

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Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso Argumento de Existência
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó- É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar-
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi- do que dois voando”.
na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre-
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante
essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci-
não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori- afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
zado numa dada cultura. vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
Tipos de Argumento vios, etc., ganhava credibilidade.
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- Argumento quase lógico
mento. Exemplo: É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
Argumento de Autoridade chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
dadeira. Exemplo: aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe- com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
cimento. Nunca o inverso. indevidas.
Alex José Periscinoto.
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 Argumento do Atributo
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se que é mais grosseiro, etc.
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
acreditar que é verdade. lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
Argumento de Quantidade tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- de.
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
largo uso do argumento de quantidade. mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
Argumento do Consenso dizer dá confiabilidade ao que se diz.
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que por bem determinar o internamento do governador pelo período
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
carentes de qualquer base científica. tal por três dias.

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Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação comportamento.
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
texto tem sempre uma orientação argumentativa. da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto mica e até o choro.
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó- Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
outras, etc. Veja: vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca- ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
vam abraços afetuosos.” dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
injustiça, corrupção). essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são ver as seguintes habilidades:
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
o argumento. ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- mente contrária;
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite ria contra a argumentação proposta;
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ta.
outros à sua dependência política e econômica”.
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
o assunto, etc). Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
dades não se prometem, manifestam-se na ação. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo da verdade:
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a solução para o seu concurso!
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- evidência; Indução
- divisão ou análise; O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
- ordem ou dedução; cular)
- enumeração. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o – conclusão falsa)
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê- Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con- fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con- tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
caracteriza a universalidade. ados nos sentimentos não ditados pela razão.
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular)
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)

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Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís- p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, ou instalação”;
sabiá, torradeira. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro dida;d
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou diferenças).
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
(Garcia, 1973, p. 302304.) As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- vra e seus significados.
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
de vista sobre ele. com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma mentação coerente e adequada.
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
- o termo a ser definido; expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
- o gênero ou espécie; elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- a diferença específica. cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
ma espécie. Exemplo: Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
Elemento especie diferença nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
a ser definidoespecífica apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
virtude de, em vista de, por motivo de.
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Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- gumentação:
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, dadeira;
assim, desse ponto de vista. Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração dade da afirmação;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de- te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- ridade que contrariam a afirmação apresentada;
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- que gera o controle demográfico”.
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
que, melhor que, pior que. desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade elaboração de um Plano de Redação.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
tecnológica
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
ta, justificar, criando um argumento básico;
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
caráter confirmatório que comprobatório.
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
(rever tipos de argumentação);
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
caso, incluem-se dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, ência);
mortal, aspira à imortalidade); - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- argumento básico;
dos e axiomas); - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se mento básico;
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
parece absurdo). quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de menos a seguinte:
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
cretos, estatísticos ou documentais. Introdução
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se - função social da ciência e da tecnologia;
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- - definições de ciência e tecnologia;
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini- Desenvolvimento
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- vimento tecnológico;
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade condições de vida no mundo atual;
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- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- A coerência:
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
desenvolvidos; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; tual;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
sado; apontar semelhanças e diferenças; o aspecto global do texto;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
banos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar Coesão
mais a sociedade. É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
Conclusão ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ- fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
ências maléficas; tem-se a coesão lexical.
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
apresentados. vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
nentes do texto.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
ção: é um dos possíveis.
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- A coesão:
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
é inserida. - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, componentes do texto;
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a PONTO DE VISTA
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
textos caracterizada por um citar o outro. vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre- sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- servador e o narrador-personagem.
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. Primeira pessoa
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
Coerência de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
só descobrimos ao decorrer da história.
outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
Segunda pessoa
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos quase como outro personagem que participa da história.
elementos formativos de um texto.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito Terceira pessoa
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
elementos textuais. vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
imediato a coerência de um discurso. por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
leitura não fique confuso.
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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Popular ou Coloquial
DOMÍNIO DA NORMA PADRÃO DE PORTUGUÊS CONTEM- É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mos-
PORÂNEO tra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de
vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; ca-
A Linguagem Culta ou Padrão cofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A lin-
que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas guagem popular está presente nas conversas familiares ou entre
instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obedi- amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e audi-
ência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem tório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, Dúvidas mais comuns da norma culta
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. Perca ou perda
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara
Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem. que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra-
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa- ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.
miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança
imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis Embaixo ou em baixo
combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou- O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu-
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais
e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está
Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras embaixo da cama
cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo
ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as Ver ou vir
variedades linguísticas. A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções:
Certas palavras e construções que empregamos acabam de- Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das
nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai
país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, ficar de castigo!
às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa- Onde ou aonde
cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança. Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está?
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi-
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te- ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar
levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: Fica?
a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou
profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade Como escrever o dinheiro por extenso?
de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al-
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do- garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100
mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados R$ 1400,00 ou R$ 1400.
para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que
a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes- Obrigado ou obrigada
ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana. Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre- agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que obrigada.
participamos.
A norma culta é responsável por representar as práticas lin- Mal ou mau
guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas
formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a
nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati- diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem.
cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente Mau é o adjetivo contrário de bom.
é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
ção, maior a adequação com a língua padrão. “Vir”, “Ver” e “Vier”
Exemplo: A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas
Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é,
conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”.
da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver-
movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”.
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte “Ao invés de” ou “em vez de”
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun- “Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. para expressar oposição.
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda.

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Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também pode
ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas recomendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida.

Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bicicleta.

“Para mim” ou “para eu”


Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para eu curtir as fotos dele.

“Tem” ou “têm”
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo no
plural.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de mudança.

“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O romance começou muito tempo atrás.
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, de Raul Seixas, está incorreta.

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES. ANTÔNIMO E SINÔNIMO

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

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Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS

EQUIVALÊNCIA DE ESTRUTURAS

A equivalência e transformação de estruturas consiste em saber mudar uma sentença ou parte dela de modo a que fique gramatical-
mente correta. Poderíamos explicitar as regras morfológicas e sintáticas em linguagem natural. Um exemplo disso seria a seguinte defini-
ção de período: O período é composto por uma frase e opcionalmente pela sua concatenação com outras frases em número indefinido
relacionadas duas a duas por sintagma conectivo. A definição de regras sintáticas em linguagem natural tem suas vantagens.

A Ordem dos Termos na Frase

Há diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente uma frase. Tudo depende da necessidade ou da vontade do redator em man-
ter o sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a algum dos seus termos.Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série
de inversões e intercalações em nossas frases, conforme a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos transmitir
uma ideia, do nosso estilo.
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as boas
“sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos frases complexas. Com isto, “entre-
gamos” frases bem organizadas aos nossos leitores.
O básico para a organização sintática das frases é a ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam tal ordem da se-
guinte maneira:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIRCUNSTÂNCIAS

Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas contêm todos estes elementos

Paralelismo

Os paralelismos sintático e semântico se caracterizam pelas relações de semelhança existente entre palavras e expressões que se
efetivam tanto de ordem morfológica (quando pertencem à mesma classe gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases ou
orações) e semântica (quando há correspondência de sentido entre os termos).
Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptíveis
aos olhos de quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um todo. Ampliando a noção sobre a correta utilização
destes recursos, analisemos alguns casos em que eles se aplicam:
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- não só... mas (como) também: tal construção confere-nos a ideia de adição.
- Quanto mais... (tanto) mais: noção de progressão, podemos identificar a construção paralelística.
- Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora: ideia de alternância.
- Tanto... Quanto: ideia de adição, acrescida àquela de equivalência, constata-se a estrutura paralelística.
- Não... E não/nem: recurso empregado quando se quer atribuir uma sequência negativa.
- Por um lado... Por outro: referência a aspectos negativos e positivos relacionados a um determinado fato.
- Tempos verbais: concordância de sentido proferida pelos verbos e seus respectivos tempos.

SINTAXE: PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO. RELAÇÃO SINTÁTICO-SEMÂNTICA

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:

• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo.


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio!

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.
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Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos,
lanchamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por
vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. FUNÇÕES DAS CLASSES DE PALAVRAS. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL. CLASSES
GRAMATICAIS: (SUBSTANTIVOS; ARTIGOS; ADJETIVOS; PRONOMES; NUMERAIS; VERBOS; ADVÉRBIOS; PREPOSIÇÕES; CON-
JUNÇÕES E INTERJEIÇÕES); MASCULINO E FEMININO, DIMINUTIVO E AUMENTATIVO

CLASSES DE PALAVRAS

Substantivo
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imaginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sentimen-
tos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.

Classificação dos substantivos

SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/


apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
sua estrutura. macaco/sabão
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
são os que dão origem a mundo/
outras palavras, ou seja, ela é população
a primeira. /formiga
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
são formados por outros populacional/formigueiro
radicais da língua.

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SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo Adjetivo


designa determinado ser /Brasil É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo:
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão com-
espécie. São sempre iniciados Liberdade posta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por
por letra maiúscula. preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo:
golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vesper-
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/ tino).
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
uma mesma espécie. Flexão do Adjetivos
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente • Gênero:
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
própria. Esses seres podem /lobisomem no: homem feliz, mulher feliz.
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
reais ou imaginários. para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/
nomeiam ações, estados, bondade/ • Número:
qualidades e sentimentos que confiança/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
não tem existência própria, ou lembrança/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
seja, só existem em função de amor/ res, japonês/ japoneses.
um ser. alegria – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) • Grau:
mesmo quando empregado – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
no singular e constituem um rioso (do) que o seu.
substantivo comum. – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
rioso (do) que o seu.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
Flexão dos Substantivos
mo.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
moso.
uniformes
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
mais famoso de todos.
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
nos famoso de todos.
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
Artigo
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
• Classificação e Flexão do Artigos
macho/palmeira fêmea.
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
As meninas brincavam com as bonecas.
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
Um menino carregava um brinquedo.
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
Umas meninas brincavam com umas bonecas.
o/a estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
Numeral
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
diminutivo.
Trezentos e vinte moradores.
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.
quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

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Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

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Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
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LÍNGUA PORTUGUESA
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
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Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum! Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
bém uma linda decoração e bebidas caras.
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas
é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a Travessão ( — )
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para enten- Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
der o estudo da Sintaxe. o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
PONTUAÇÃO calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
um diálogo, com ou sem aspas.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
CHARA, 2009, p. 514) aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns rem uma nova inserção.
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon- Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- vernador)
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], Aspas ( “ ” )
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
Ponto ( . )
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as
Vírgula
reticências.
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
Estaremos presentes na festa.
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
Ponto de interrogação ( ? ) vírgula:
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. mos” o momento certo de fazer uso dela.
Você vai à festa? 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
Ponto de exclamação ( ! ) leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
tiva. 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
Ex: Que bela festa! tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois.
Reticências ( ... ) Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor Maria foi à padaria ontem.
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. Sujeito Verbo Objeto Adjunto
Ex: Essa festa... não sei não, viu.
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Dois-pontos ( : ) re por alguns motivos:
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. verbo e o adjunto.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
Ponto e vírgula ( ; ) comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o é necessária:
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, Ontem, Maria foi à padaria.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- Maria, ontem, foi à padaria.
ração (frequente em leis), etc. À padaria, Maria foi ontem.
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Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
sário:
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- Dividem-se em:
ção.
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a Nominais
serem observadas na redação oficial. Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
• Separa aposto. Exemplos
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. pequenO, pequenA, alunO, aluna.
• Separa vocativo. pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
• Separa termos repetidos. Verbais
Aquele aluno era esforçado, esforçado. Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
efeito, digo. Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, Exemplos
ou seja, de fácil compreensão. 1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- 3ª conjugação: – I – sumIr
tos).
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- Observação
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica
oposição masculino/feminino.
• Separa orações coordenadas assindéticas. Exemplos
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as livrO, dentE, paletó.
ideias na cabeça...
Tema: União do radical e a vogal temática.
• Isola o nome do lugar nas datas. Exemplos
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. CANTAr, CORREr, CONSUMIr.

• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se inter-
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões põem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- Exemplos
mações comprovam, etc. chaLeira, cafeZal.
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
nizar o problema. Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois
do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Divi-
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS dem-se em:
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
Exemplos
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
As palavras são formadas por estruturas menores, com signifi-
cados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem para Sufixo
a formação das palavras. Afixo que se coloca depois do radical.
Exemplos
Estrutura das palavras contentaMENTO, reallDADE, enaltECER.
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas Processos de formação das palavras
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórfi- Composição: Formação de uma palavra nova por meio da jun-
cos: ção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos:
– radical e raiz;
– vogal temática; Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na
– tema; estrutura fonética das primitivas.
– desinências; Exemplos
– afixos; passa + tempo = passatempo
– vogais e consoantes de ligação. gira + sol = girassol
Radical: Elemento que contém a base de significação do vocá-
bulo. Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da
Exemplos estrutura fonética das primitivas.
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR. Exemplos
em + boa + hora = embora
vossa + merce = você
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Derivação: extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordiná-
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. Te- rio.
mos: im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
ingrato.
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de inter – no meio de: intervocálico, intercalado.
um prefixo ao radical da primitiva. intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer.
Exemplos justa – perto de: justapor.
CONter, INapto, DESleal. multi – pluralidade: multiforme.
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um su- pene – quase: penúltimo, península.
fixo ao radical da primitiva. per – movimento através de, acabamento de ação; ideia pejo-
Exemplos rativa: percorrer.
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE. post, pos – posteridade: postergar, pospor.
pre – anterioridade: predizer, preclaro.
Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo. pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
Exemplos procurador, pronome.
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR. re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repeti-
ção: regressar, revirar.
Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra pri- retro – movimento para trás: retroceder.
mitiva. satis – bastante: satisdar.
Exemplo sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé.
Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com subter – por baixo: subterfúgio.
valor de substantivo. super, supra – posição superior, excesso: super-homem, super-
povoado.
Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em ge- tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro.
ral de um verbo para substantivo ou vice-versa. ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo.
Exemplos uni – um: unânime, unicelular.
combater – o combate
chorar – o choro Grego: Os principais prefixos de origem grega são:
a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
Prefixos ana – inversão, parecença: anagrama, analogia.
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em: anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
vernáculos, latinos e gregos. anti – oposição: antipatia, antagonista.
apo – afastamento: apólogo, apogeu.
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou fo- arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
ram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre, caco – mau: cacofonia.
mal, menos, sem, sob, sobre, soto. cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: abor- deca – dez: decâmetro.
dar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição, me- dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
nosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc. dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina endo – para dentro: endocarpo.
original: epi – por cima: epiderme, epígrafe.
a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar. eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia.
a, ad – aproximação, direção: amontoar. hecto – cem: hectômetro.
ambi – dualidade: ambidestro. hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário. hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole.
centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado. hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante. homo – semelhança, identidade: homônimo.
cis – aquem de: cisalpino, cisgangético. meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase.
com, con, co – companhia, concomitância: combater, contem- míria – dez mil: miriâmetro.
porâneo. mono – um: monóculo, monoculista.
contra – oposição, posição inferior: contradizer. neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento: de- para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo.
crescer, deportar. penta – cinco: pentágono.
des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar. peri – em volta de: perímetro.
dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária: dis- poli – muitos: polígono, polimorfo.
trair, dimanar. pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha, en- Sufixos
trevista. Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial.
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, priva-
ção, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
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Nominais Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama. Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -as- posição em: Saí, deixando-a aflita.
tro, -az. Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista. outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório. Apressei-me a convidá-los.
Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato.
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico. Mesóclise
Origem, procedência: -estre, -este, -esco. Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.

Verbais É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no


Comuns: -ar, -er, -ir. futuro do pretérito que iniciam a oração.
Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar. Dir-lhe-ei toda a verdade.
Incoativos: -escer, -ejar, -itar. Far-me-ias um favor?
Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
Adverbial = há apenas um qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
MENTE: mecanicamente, felizmente etc. Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?

PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E CO-


LOCAÇÃO Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Exemplos:
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Devo-lhe dizer a verdade.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Devo dizer-lhe a verdade.
após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- do auxiliar ou depois do principal.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Exemplos:
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Não lhe devo dizer a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Não devo dizer-lhe a verdade.
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
dique a eufonia da frase. o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
auxiliar.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
cientemente. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: do infinitivo.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Exemplos:
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. Hei de dizer-lhe a verdade.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Observação
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Devo-lhe dizer tudo.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se- Estava-lhe dizendo tudo.
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Havia-lhe dito tudo.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
tentos são para nos prejudicarem.

Ênclise Concordância Nominal


Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do referem.
indicativo: Trago-te flores.
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Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto- Regência de algumas palavras
sa.
Esta palavra combina com Esta preposição
Casos Especiais de Concordância Nominal
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: Acessível a
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Apto a, para
alerta.
Atencioso com, para com
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma- Coerente com
ção de palavras compostas:
Conforme a, com
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
Dúvida acerca de, de, em, sobre
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Empenho de, em, por
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Fácil a, de, para,
Junto a, de
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan- Pendente de
do advérbios: Preferível a
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou
Próximo a, de
meia dúzia de ovos.
Respeito a, com, de, para com, por
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Situado a, em, entre
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Ajudar (a fazer algo) a
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Aludir (referir-se) a
substantivo estiver determinado por artigo:
Aspirar (desejar, pretender) a
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Concordância Verbal Deparar (encontrar) com
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Implicar (consequência) Não usa preposição
mes. Lembrar Não usa preposição

Concordância ideológica ou silepse Pagar (pagar a alguém) a


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Precisar (necessitar) de
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Proceder (realizar) a
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Responder a
Blumenau estava repleta de turistas. Visar ( ter como objetivo a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú- pretender)
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
texto. NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- QUE NÃO ESTÃO AQUI!
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po- ORTOGRAFIA OFICIAL
líticos.

ORTOGRAFIA OFICIAL
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
troduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
• Regência Nominal PQRSTUVWXYZ
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- • Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- gui, que, qui.
mento é estabelecida por uma preposição.
Regras de acentuação
• Regência Verbal – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). sílaba)
Isto pertence a todos.
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Observações:
Como era Como fica
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
alcatéia alcateia iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
apóia apoia essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
apóio apoio vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope-
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no mirante.
u tônicos quando vierem depois de um ditongo. • Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
Como era Como fica pontapé, paraquedas, paraquedista.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
baiúca baiuca usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
bocaiúva bocaiuva recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.

Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. vamos passar para mais um ponto importante.

– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem


e ôo(s). ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Como era Como fica


Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
abençôo abençoo com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
crêem creem indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
Vejamos um por um:
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
aberto.
Já cursei a Faculdade de História.
Atenção:
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
fechado.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
caso afundo mais à frente).
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Sou leal à mulher da minha vida.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma.
As palavras podem ser:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
Uso de hífen
-já, ra-paz, u-ru-bu...)
Regra básica:
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
mem.
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
semicírculo.
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
mo, antissocial, ultrassom.
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
das.
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
dói, coronéis...)
2. Prefixo terminado em consoante:
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
-bibliotecário.
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
persônico.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
nar e fixar as regras.
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EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE QUESTÕES

A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a


é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome 1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é
demonstrativo. a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) se fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido
• Devemos usar crase: há muito tempo.”
– Antes palavras femininas: (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
Iremos à festa amanhã mete onde não é chamada.”
Mediante à situação. (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente
O Governo visa à resolução do problema. mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” tudo bem.”
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Leia o texto abaixo para responder a questão.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti- A lama que ainda suja o Brasil
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
Mas... há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
– Expressões fixas um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
crase: peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon- que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
didas, à medida que, à proporção que. funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
• NUNCA devemos usar crase: coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
– Antes de substantivos masculinos: sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a se tornou uma bomba relógio na região.”
pé. Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem ris-
cos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Se-
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou gundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos
plural) usado em sentido generalizador: 16 barragens de mineração em todo o País apresentam condições
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho- órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
mem. Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
– Antes de artigo indefinido “uma” tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco
Iremos a uma reunião muito importante no domingo. regulatório da mineração, por sua vez, também concede priorida-
de à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos ju-
– Antes de pronomes diciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa. Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela. FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
A quem vocês se reportaram no Plenário? QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
2. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
– Antes de verbos no infinitivo I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar. fato.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
gênero textual editorial.
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
que se trata de uma reportagem.
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
se trata de um editorial.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Analise as assertivas e responda: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
(A) Somente a I é correta. Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(B) Somente a II é incorreta. que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
(C) Somente a III é correta e acima…
(D) A III e IV são corretas. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
3. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ain- o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
da suja o Brasil”: ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
no desenvolvimento do assunto. c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
blemas no uso de conjunções e preposições. que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
de palavras e da ordem sintática. a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
temática e bom uso dos recursos coesivos. bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
Analise as assertivas e responda: alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(A) Somente a I é correta. perguntou-lhe:
(B) Somente a II é incorreta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(C) Somente a III é correta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
(D) Somente a IV é correta. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Leia o texto abaixo para responder as questões. Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
UM APÓLOGO beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
Machado de Assis. — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- fico.
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
— Deixe-me, senhora. se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está muita linha ordinária!
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça. 4. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
outros. elementos dos textos:
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
isto uma cor poética. E dizia a agulha:

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LÍNGUA PORTUGUESA
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en- 9. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa-
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. drão na seguinte sentença:
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06) (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
e mando...” (L.14-15) (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando 10. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
abaixo e acima.” (L.25-26) 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. palavra primitiva foi formada respectivamente é:
Onde me espetam, fico.” (L.40-41) (A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
tica (en + trist + ecer);
5. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – (B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, (en + triste + cer);
o seguinte par de palavras: (C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
(A) estrondo – ruído; tética (en + trist + ecer);
(B) pescador – trabalhador; (D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
(C) pista – aeroporto; xal (des + entristecer);
(D) piloto – comissário; (E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
(E) aeronave – jatinho. ca (des + entristecer).

6. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No 11. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, acima, na ordem dada, as expressões:
mas nunca à custa de nossos filhos...” (A) a que – de que;
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin- (B) de que – com que;
dética adversativa; (C) a cujas – de cujos;
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex- (D) à que – em que;
plicativa; (E) em que – aos quais.
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
bial concessiva; 12. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
sindética adversativa; de concordância no texto abaixo.
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con- O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
cessiva. um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
7. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
(A) Pronome demonstrativo. receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
(B) Pronome relativo. Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
(C) Pronome possessivo. ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
(D) Pronome pessoal. salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
(E) Pronome indefinido. Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
8. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba- (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli- plural em “deflacionados”.
nhados classificam-se, respectivamente, em (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. em “Elevaram-se”.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. regras de concordância com “economia”.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. singular em “fez aumentar”.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
com “relevantes”.

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13. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR
– 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
ANOTAÇÕES
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
extraordinária de imitar vários estilos musicais. ______________________________________________________
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
mentos pessoais por meio de sua música. ______________________________________________________
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
composições do músico na cultura ocidental. ______________________________________________________
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona- ______________________________________________________
gens.
______________________________________________________
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração. ______________________________________________________
14. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter- ______________________________________________________
nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. ______________________________________________________
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(C) “sérios”, “potência”, “após”. ______________________________________________________
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
______________________________________________________
(E) “solidária”, “área”, “após”.
______________________________________________________
15. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
– 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen- ______________________________________________________
te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos. ______________________________________________________
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) Pretendo viajar a Paraíba. ______________________________________________________
(D) Ele gosta de bife à cavalo.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 E
______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 D
4 E ______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 D
______________________________________________________
7 E
8 B ______________________________________________________
9 B ______________________________________________________
10 A
______________________________________________________
11 A
12 A ______________________________________________________
13 C ______________________________________________________
14 A
______________________________________________________
15 A
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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CONHECIMENTOS EM
INFORMÁTICA

computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi-


CONCEITO DE INTERNET E INTRANET. CONCEITOS E MO- mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como
DOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de-
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS A INTER- finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti-
NET/INTRANET. FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMER- no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo
CIAIS DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO, DE GRU- computador de origem.
POS DE DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE PESQUISA, DE REDES Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das
SOCIAIS E FERRAMENTAS COLABORATIVAS. PROGRAMAS redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na
DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT INTERNET EXPLORER, Internet.
MOZILLA FIREFOX E GOOGLE CHROMES). SÍTIOS DE O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive
BUSCA E PESQUISA NA INTERNET para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso
externo.
Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados TCP / IP
através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, ca- Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro-
bos submarinos, canais de satélite, etc1. Ela nasceu em 1969, nos tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet).
Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece
e se chamava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). nas literaturas como sendo:
Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o nú- - O protocolo principal da Internet;
mero de adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época, - O protocolo padrão da Internet;
o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas - O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte
instituições possuíam internet. ao funcionamento da Internet e seus serviços.
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada
vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que:
participar da rede. O grande atrativo da internet era a possibilida- A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon-
de de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans-
outras pessoas que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente. porte dos pacotes).

Conectando-se à Internet Domínio


Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar
rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en-
acesso à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computa- dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de
dor à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP
de um conjunto como modem, roteadores e redes de acesso (linha – 74.125.234.180.
telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.). É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos-
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede.
World Wide Web O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como
A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu http://www.empresa.com.br, em que:
criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lin- www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende-
guagem que serviria para interligar computadores do laboratório e reço pertence à web.
outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser-
forma simples e fácil de acessar. viço.
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da com: indica que é comercial.
World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli- br: indica que o endereço é no Brasil.
gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples
e agradável. URL
Protocolo de comunicação Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali-
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui-
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet,
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os ou uma rede corporativa, uma intranet.
Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca-
1 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E-
minho/recurso.
7ado.pdf
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
HTTP – Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque-
É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res- le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para
postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura
web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache
Protocol, Protocolo de transferência hipertexto). para mostrar as atualizações.
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do
Hipertexto usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe-
São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser
eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web. apagado, caso o usuário queira.
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os downlo-
Navegadores ads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar
Um navegador de internet é um programa que mostra informa- por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade do
ções da internet na tela do computador do usuário. navegador de internet.
Além de também serem conhecidos como browser ou web – Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
browser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositi- um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
vos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conec- Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
tados à internet. novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site outros.
e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo – Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do
internauta. navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis-
Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas
jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor. no navegador.
Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
página ou site na rede. Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são
Para funcionar, um navegador de internet se comunica com alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co-
servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro- nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na-
tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo
transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave- virtual da Internet.
gador e os servidores.
Internet Explorer
Funcionalidades de um Navegador de Internet Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo
A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como
usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador. segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de
Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram
códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta. atualizadas no Edge.
Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.
do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
site na internet.
O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
pretado pelos navegadores.
Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
imagens e outros tipos de dados.
Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na Principais recursos do Internet Explorer:
parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada – Transformar a página num aplicativo na área de trabalho,
página. permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos
Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet: instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas
– Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza- manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente
do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar através de ícones.
a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer – Gerenciador de downloads integrado.
página na web. – Mais estabilidade e segurança.
– Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos – Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma
que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos
navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte. implementados nos sites mais modernos.
– Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do – Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega-
usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en- dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é
dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e
de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais oferecem funcionalidades adicionais.
recorrentes da sua rotina diária de tarefas. – One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
vra-chave digitando-a na barra de endereços.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Microsoft Edge Principais recursos do Google Chrome:
Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer2. – Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur-
O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber sos RAM suficientes.
aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo. – Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas
Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con- funcionalidades.
vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura. – Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar conte-
údos otimizados.
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT-
TPS).
– Disponível em desktop e mobile.

Opera
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo-
luindo como um dos melhores navegadores de internet.
Outras características do Edge são: Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar.
– Experiência de navegação com alto desempenho. Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida-
– Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual- de da experiência do usuário.
quer lugar conectado à internet.
– Funciona com a assistente de navegação Cortana.
– Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
– Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.

Firefox
Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita- Outros pontos de destaques do Opera são:
mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja, – Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener-
mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins- gia.
talado no PC, ele poderá ser instalado. – Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a
velocidade de conexões de baixo desempenho.
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis
(3G ou 4G).
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em
páginas bancárias e de vendas on-line.
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado.
– Disponível em desktop e mobile.

Algumas características de destaque do Firefox são: Safari


– Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente. O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela
– Não exige um hardware poderoso para rodar. sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele
– Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur- é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e
sos. confiáveis para usar.
– Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
– Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri-
vacidade.
– Disponível em desktop e mobile.

Google Chorme
É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do
sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante O Safari também se destaca em:
convidativo à navegação simplificada. – Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
tivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio-
namento de anúncios com base no comportamento do usuário.
– Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas
visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam-
pos de informação.
– Compatível também com sistemas operacionais que não seja
da Apple (Windows e Linux).
– Disponível em desktops e mobile.
2 https://bit.ly/2WITu4N
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Intranet
A intranet é uma rede de computadores privada que assenta sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa, que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
internos3.
Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para tal, a
gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem alguma informação que pode ser trocada com os demais setores, poden-
do cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area Network),
que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em corporações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição de
informações.
Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos, a intranet permite que computadores localizados numa filial, se conec-
tados à internet com uma senha, acessem conteúdos que estejam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre a empresa
e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho significativo em termos de segurança.

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE WINDOWS)

O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares desenvolvido pela Microsoft4.


Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva.
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos do
Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do computador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os elementos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
– Windows 7 Ultimate.

Área de Trabalho

Área de Trabalho do Windows 7.5

A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em que ficam dispostos alguns ícones. Uma das novidades do Windows
7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta uma área de
trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior também sofreu mudanças significativas.
3 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-ferramentas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/
4 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/AulaDemo-4147.pdf
5 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.html
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Barra de tarefas
– Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão) ati-
vo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas
ou entre programas.

Alternar entre janelas.6

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um único botão.
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra de ta-
refas.

Pré-visualização de janela.7

Botão Iniciar

Botão Iniciar8

6 Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d
7 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar-do-windows-7.html
8 Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-windows-vista-acaba-em-11-de-abril
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros menus que,
por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Menu Iniciar.9

Desligando o computador
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador, Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar, Sus-
pender ou Hibernar.

Ícones
Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir.
Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.

Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o Windows
e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows 7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão organiza-
da do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas, movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-los e tam-
bém renomeá-los. Em suma, é este o programa que disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus dados gravados.

10

9 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml
10 Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-explorer-clover-2.html
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus arquivos
e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca para que
você organize da forma como desejar.

Bibliotecas no Windows 7.11

Aplicativos de Windows 7
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar o desempenho do computador, calculadora e etc.
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e no
submenu, que aparece, escolha Acessórios.

Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto. Utilizado
normalmente para editar arquivos que podem ser usados pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria arquivos
com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto somente no formato ASCII (somente texto).

Bloco de Notas.

11 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-windows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
WordPad
Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se comparado
com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo com a exten-
são DOC entre outras.

WordPad.12
Paint
Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões: JPG
ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

Paint.13

12 Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-new-life
13 Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsoft-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Calculadora Novidades do Windows 7
Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, progra- Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento rápi-
mador e estatística. do e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para as
bordas pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional
e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as janelas
que ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do que
está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item mini-
mizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do
Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação
de ícones em determinado local, a reorganização de ícones para fa-
cilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria
barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as
gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o
usuário redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não
dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem
compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do su-
porte a TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também
conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas lo-
cais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração,
o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite a
restauração de documentos e arquivos pessoais, não somente os
programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo
OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do toque
na tela, o que inclui o acesso a pastas, redimensionamento de jane-
Painel de Controle las e a interação com aplicativos.
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas ad- Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas vir-
ministrativas com finalidades especiais que podem ser usadas para tuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo e
configurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O Painel mais simples de ser configurado e usado.
de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para tarefas Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas
comuns (por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Adicionar mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com configuração
hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo usuário tam- de perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes va-
bém podem inserir ícones no Painel de controle. riados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que
ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele fi-
cou com realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento
de screens atualizadas.

Novidades no Windows 8
Lançado em 2012, o Windows 8 passou por sua transformação
mais radical. Ele trouxe uma interface totalmente nova, projetada
principalmente para uso em telas sensíveis ao toque.

• Tela Inicial
A tela de início é uma das características mais marcantes do
Windows 815. Trata-se de um espaço que reúne em um único lugar
blocos retangulares ou quadrados que dão acesso a aplicativos, à
lista de contatos, a informações sobre o clima, aos próximos com-
promissos da agenda, entre outros. Na prática, este é o recurso que
substitui o tradicional menu Iniciar do Windows, que por padrão
não está disponível na versão 8. É por este motivo que é possível al-
Painel de Controle.14 ternar entre a tela inicial e a área de trabalho (bastante semelhante
ao desktop do Windows 7, por sinal) utilizando os botões Windows
do teclado.
Obs.: gerou uma certa insatisfação por parte dos usuários que
sentiram falta do botão Iniciar, na versão. No Windows 8.1 e Win-
dows 10, o botão Iniciar volta.
14 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/06/co-
mo-mudar-o-idioma-do-windows-7.html 15 https://www.infowester.com/
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Se o espaço na tela não for suficiente para exibir todos eles, ela pode ser rolada horizontalmente. A nova interface era inicialmente
chamada de Metro, mas a Microsoft abandonou esse nome e, agora, se refere a ela como Modern (moderna).

Interface Metro do Windows 8.16


• Tempo de Inicialização
Uma das vantagens que mais marcou o Windows 8 foi o tempo de inicialização de apenas 18 segundos, mostrando uma boa diferença
se comparado com o Windows 7, que leva 10 segundos a mais para iniciar17.
O encerramento também ficou mais rápido, tudo isso por conta da otimização de recursos do sistema operacional e também do baixo
consumo que o Windows 8 utiliza do processador.

• Os botões de acesso da lateral direita (Charms Bar)


Outra característica marcante do Windows 8 é a barra com botões de acesso rápido que a Microsoft chamada de Charms Bar. Eles
ficam ocultos, na verdade, mas é possível visualizá-los facilmente. Se estiver usando um mouse, basta mover o cursor até o canto direito
superior ou inferior. Em um tablet ou outro dispositivo com tela sensível ao toque, basta mover o dedo à mesma região. Com o teclado,
pressione Windows + C simultaneamente.
Em todas as formas, você verá uma barra surgir à direita com cinco botões:
– Busca: nesta opção, você pode localizar facilmente aplicativos ou arquivos presentes em seu computador, assim como conteúdo
armazenado nas nuvens, como fotos, notícias, etc. Para isso, basta escolher uma das opções mostradas abaixo do campo de busca para
filtrar a sua pesquisa;
– Compartilhar: neste botão, é possível compartilhar informações em redes sociais, transferir arquivos para outros computadores,
entre outros;
– Iniciar: outra forma de acessar a tela inicial. Pode parecer irrelevante se você estiver usando um teclado que tenha botões Windows,
mas em tablets é uma importante forma de acesso;
– Dispositivos: com este botão, você pode configurar ou ter acesso rápido aos dispositivos conectados, como HDs externos, impres-
soras e outros;
– Configuração: é por aqui que você pode personalizar o sistema, gerenciar usuários, mudar a sua senha, verificar atualizações, ajustar
conexões Wi-Fi, entrar no Painel de Controle e até mesmo acessar opções de configuração de outros programas.

16 https://www.tecwhite.net/2015/01/tutorial-visualizador-de-fotos-do.html
17 https://www.professordeodatoneto.com.br/
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Login com Microsoft Account
O Windows 8 é a versão da família Windows que mais se integra às nuvens, razão pela qual agora o usuário precisa informar sua
Microsoft Account (ou Windows Live ID) para se logar no sistema. Com isso, a pessoa conseguirá acessar facilmente seus arquivos no
SkyDrive e compartilhar dados com seus contatos, por exemplo. É claro que esta característica não é uma exigência: o usuário que preferir
poderá utilizar o esquema tradicional de login, onde seu nome e senha existem só no computador, não havendo integração com as nuvens.
Também é importante frisar que, quem preferir o login com Microsoft Account, poderá acessar o computador mesmo quando não houver
acesso à internet.

• Senha com imagem


Outra novidade do Windows 8 em relação à autenticação de usuários é a funcionalidade de senha com imagem. A ideia é simples: em
vez de digitar uma combinação de caracteres, o usuário deve escolher uma imagem – uma foto, por exemplo – e fazer um desenho com
três gestos em uma parte dela. A partir daí, toda vez que for necessário realizar login, a imagem em questão será exibida e o usuário terá
que repetir o movimento que criou.
É possível utilizar esta opção com mouse, mas ela é particularmente interessante para login rápido em tablets, por causa da ausência
de teclado para digitação de senha.

• Windows Store (Loja)


Seguindo o exemplo de plataformas como Android e iOS, o Windows 8 passou a contar com uma loja oficial de aplicativos. A maioria
dos programas existentes ali são gratuitos, mas o usuário também poderá adquirir softwares pagos também.

É válido destacar que o Windows 8 é compatível com programas feitos para os Windows XP, Vista e 7 – pelo menos a maioria deles.
Além disso, o usuário não é obrigado a utilizar a loja para obter softwares, já que o velho esquema de instalar programas distribuídos di-
retamente pelo desenvolvedor ou por sites de download, por exemplo, continua valendo.

• Notificações
A Microsoft também deu especial atenção às notificações no Windows 8. E não só notificações do sistema, que avisam, por exemplo,
quando há atualizações disponíveis: também há notificações de aplicativos, de forma que você possa saber da chegada de e-mails ou de
um compromisso em sua agenda por meio de uma pequena nota que aparece mesmo quando outro programa estiver ocupando toda a
tela.

• Gestos e atalhos
Apesar de diferente, o Windows 8 não é um sistema operacional de difícil utilização. Você pode levar algum tempo para se acostumar
a ele, mas muito provavelmente chegará lá. Um jeito de acelerar este processo e ao mesmo tempo aproveitar melhor o sistema é apren-
dendo a utilizar gestos (para telas sensíveis ao toque), movimentos para o mouse ou mesmo atalhos para teclado. Eis alguns:
– Para voltar à janela anterior: leve o cursor do mouse até o canto superior esquerdo (bem no canto mesmo). Uma miniatura da
janela será exibida. Clique nela. No caso de toques, arraste o seu dedo do canto esquerdo superior até o centro da janela;
– Para fechar um aplicativo sem o botão de encerramento: com mouse ou com toque, clique na barra superior do programa e a
arraste até a parte inferior da tela;
– Para desinstalar um aplicativo: na tela inicial, clique com o botão direito do mouse no bloco de um aplicativo. Aparecerão ali várias
opções, sendo uma delas a que permite desinstalar o software. No caso de telas sensíveis ao toque, posicione o dedo bloco e o mova para
cima;
– Para alternar entre as janelas abertas usando teclado: a velha e boa combinação – pressione as teclas Alt e Tab ao mesmo tempo;

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51
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

– Para ativar a pesquisa automaticamente na tela inicial: se você estiver na tela inicial e quiser iniciar um aplicativo ou abrir um
arquivo, por exemplo, basta simplesmente começar a digitar o seu nome. Ao fazer isso, o sistema operacional automaticamente iniciará a
busca para localizá-lo.

Versões do Windows 8
– Windows RT: versão para dispositivos baseados na arquitetura ARM. Pode ocorrer incompatibilidade com determinados aplicativos
criados para a plataforma x86. Somente será possível encontrar esta versão de maneira pré-instalada em tablets e afins;
– Windows 8: trata-se da versão mais comum, direcionada aos usuários domésticos, a ambientes de escritório e assim por diante.
Pode ser encontrada tanto em 32-bit quanto em 64-bit;
– Windows 8 Pro: é a versão mais completa, consistindo, essencialmente, no Windows 8 acrescido de determinados recursos, es-
pecialmente para o segmento corporativo, como virtualização e gerenciamento de domínios. Também permite a instalação gratuita do
Windows Media Center.

Área de Trabalho
A Microsoft optou por deixar a famosa área de trabalho no novo Windows, possuindo as mesmas funções das versões anteriores, mas
com uma pequena diferença, o botão iniciar não existe mais, pois, como dito anteriormente, foi substituído pela nova interface Metro.

Área de trabalho do Windows 8.18

Para acessar a área de trabalho no Windows 8, basta entrar na tela inicial e procurar pelo ícone correspondente.

Extrair arquivos mais rápidos


O Windows 8 possui uma vantagem significativa na compactação e extração de arquivos, assim como também na transferência de
dados e no tempo para abrir algum software.

Windows Store
Outra novidade do Windows 8, é a nova ferramenta de compras de aplicativos, chamada de Windows Store.
Podemos dizer de que se trata de uma loja virtual criada pela Microsoft em busca de aproximar o usuário de novas descobertas de
aplicativos criados exclusivamente para o sistema operacional.
A ferramenta pode ser acessada da mesma maneira que as outras. Ela é encontrada na tela inicial (Interface Metro) e basta dar apenas
um clique para abrir a página com os aplicativos em destaques.

Nuvem e vínculo fácil com as redes sociais


Mais uma novidade, entre diversas outras do novo sistema operacional da Microsoft, é o armazenamento na nuvem, ou seja, o Win-
dows 8 também utiliza computação em nuvem para guardar seus dados, podendo o usuário acessá-los em outros computadores.
As integrações sociais também foi outro diferencial. Todas as redes favoritas podem ser usadas, como Twitter, Facebook, Google Plus,
entre outras, sem precisar acessá-las, tudo é mostrado na tela inicial, na forma de notificações.

Tela Sensível – Touch


Por últimos, mas não menos importante, é a tecnologia touch que o Windows 8 suporta. Essa tecnologia faz com que o usuário possa
usar as ferramentas do sistema operacional apenas com as mãos, sem o uso de mouse.

18 https://www.crn.com.au/news/windows-8-show-us-your-real-face-289865
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Acessórios do Windows
O Windows traz consigo alguns acessórios (pequenos programas) muito úteis para executar algumas tarefas básicas do dia-a-dia,
vejamos alguns desses acessórios:

Calculadora
A calculadora do Windows vem em dois formatos distintos (a Padrão e a Científica). Ela permite colar seus resultados em outros pro-
gramas ou copiar no seu visor (display) um número copiado de outro aplicativo.

Bloco de Notas
É um pequeno editor de textos que acompanha o Windows porque permite uma forma bem simples de edição. Os tipos de formata-
ção existentes no bloco de notas são: fontes, estilo e tamanho. É muito utilizado por programadores para criar programas de computador.

WordPad
É como se fosse um Word reduzido. Pode ser classificado como um editor de textos, porque possui recursos de formatação.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Paint
Programa muito utilizado por iniciantes em informática. O Paint é um pequeno programa criado para desenhar e cria arquivos no
formato bitmap que são imagens formadas para pequenos pontos. Ele não trabalha com imagens vetoriais (desenhos feitos através de
cálculos matemáticos), ele apenas permite a pintura de pequenos pontos para formar a imagem que se quer. Seus arquivos normalmente
são salvos no formato BMP, mas o programa também permite salvar os desenhos com os formatos JPG e GIF.

Lixeira
Lixeira na área de trabalho é um local de armazenamento temporário para arquivos excluídos. Quando você exclui um arquivo ou
pasta em seu computador (HD ou SSD), ele não é excluído imediatamente, mas vai para a Lixeira.

Cotas do Usuário
Recurso que foi herdado do Windows Vista é o gerenciamento de cotas de espaço em disco para usuários, algo muito interessante em
um PC usado por várias pessoas. Assim é possível delimitar quanto do disco rígido pode ser utilizado no máximo por cada um que utiliza
o computador.
Se você possui status de administrador do Windows pode realizar essa ação de modo rápido e simples seguindo as instruções.

Restauração do Sistema
É um recurso do Windows em que o computador literalmente volta para um estado (hora e data) no passado. É útil quando programas
que o usuário instalou comprometem o funcionamento do sistema e o usuário deseja que o computador volte para um estado anterior à
instalação do programa.

Windows Explorer
É o programa que acompanha o Windows e tem por função gerenciar os objetos gravados nas unidades de disco, ou seja, todo e qual-
quer arquivo que esteja gravado em seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.,

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Painel de Controle

É o programa que acompanha o Windows e permite ajustar todas as configurações do sistema operacional, desde ajustar a hora do
computador, até coisas mais técnicas como ajustar o endereço virtual das interrupções utilizadas pela porta do mouse.
O painel de controle é, na verdade, uma janela que possui vários ícones, e cada um desses ícones é responsável por um ajuste dife-
rente no Windows.

Bitlocker
É um dos recursos Windows, aprimorado nas versões Ultimate e Enterprise do Windows 7, 8 e 10.
Este recurso tem como vocação a proteção de seus dados. Qualquer arquivo é protegido, salvo em uma unidade criptografada pelo
recurso. A operação se desenvolve automaticamente após a ativação.

Windows 10
Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens19.

19 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Versões do Windows 10
– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.
Área de Trabalho (pacote aero)
Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.20


Aero Glass (Efeito Vidro)
Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.21


20 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/
21 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Aero Flip (Alt+Tab)
Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

Aero Shake (Win+Home)


Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)


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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)
Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap

Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)


O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.22

Nova Central de Ações


A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.23

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.

22 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
23 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

Cortana no Windows 10.24

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visu-
alizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.
24 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Microsoft Edge no Windows 10.

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.25

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.26

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
25 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas
26 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de
arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.27

27 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas ex- NOÇÕES DE IP
cluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL. IP é a identificação de um computador conectado a rede.
- Arrasta-lo para a lixeira. Desta forma todos os computadores conectados a internet
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir. recebem uma identificação única (IP).
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D. O IP é conhecido como o INTERNET PROTOCOL.
Vejamos a figura abaixo para ilustrar este conceito:
Arquivos apagados permanentemente:
- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mos-
trado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho
do HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na


área de trabalho do Windows 10.

Outros Acessórios do Windows 10


Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados,
mas os relacionados a seguir são os mais populares: CARACTERÍSTICAS DO IP
– Alarmes e relógio. -Roteamento mais eficiente dos dados
– Assistência Rápida. -Melhoria do processamento de pacotes
– Bloco de Notas. -Melhoria do fluxo de dados diretos.
– Calculadora. -Melhoria e simplificação da configuração de rede
– Calendário. -Aumento do suporte para novos serviços
– Clima. -Melhoria da segurança da informação.
– E-mail. FATORES QUE MOTIVARAM A CRIAÇÃO DO IP
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí- -Aumento de computadores conectados exigindo a expan-
sicos). são.
– Ferramenta de Captura. -Aumento da demanda, onde muitos aparelhos estão co-
– Gravador de passos. nectados.
– Internet Explorer. -Melhoria da qualidade dos serviços.
– Mapas. -Aumento geral de serviços que exigem conexão e trafego
– Mapa de Caracteres. de dados.
– Paint.
– Windows Explorer. CONCLUSÃO
– WordPad. O endereço IP cuida da identificação dos dispositivos co-
– Xbox. nectados a uma rede, desta forma a conectividade foi amplia-
da, pois atualmente temos vários dispositívos conectados, tais
Principais teclas de atalho como, TV(s), SMARTHSFONE, câmeras IP, etc...
CTRL + F4: fechar o documento ativo. Este endereço IP pode ser um IP vinculado a uma rede local
CTRL + R ou F5: atualizar a janela. ou pode ser um IP de uma rede pública (INTERNET).
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas. NOÇÕES DE IMEI
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos. O código IMEI (International Mobile Equipment Idendity) é
WIN + H: compartilhar. a Identificação Internacional de Equipamento Móvel.
WIN + I: configurações. O IMEI é um número homologado e de acordo com a ANA-
WIN + L: bloquear/trocar conta. TEL (agencia nacional de telecomunicações), todo equipamento
WIN + M: minimizar as janelas. móvel possui este número como identificador (ID).
WIN + R: executar. Pelo número do IMEI é possível saber se há algum registro
WIN + S: pesquisar. de impedimento no aparelho que você possui ou que pretende
WIN + “,”: aero peek. comprar.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas. COMO DESCOBRIR O IMEI DE UM CELULAR
WIN + TAB: task view (visão de tarefas). - Procurar na caixa do celular
WIN + HOME: aero shake. -Procurar um adesivo atrás da bateria
ALT + TAB: alternar entre janelas. -Digitar *#06# no celular e apertar a tecla ligar.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Atenção: Celulares que utilizam mais de um SIM CARD possuem um para IMEI cada chip, neste caso é necessário verificar
cada um dos IMEI(s)
De acordo com a ANATEL (agencia nacional de telecomunicações) a situação do celular pode ser consultada pelo IMEI, de
acordo com a figura abaixo:

CONCLUSÃO
O código de identificação IMEI é importante para rastrear celular para diversos fins de acordo com a situação.

PORTA LÓGICA

INTRODUÇÃO
Portas lógicas é a fundação dos circuitos digitais. As portas lógicas recebem uma ou mais entradas e produzem uma saída.
Desta forma todos os circuitos eletrônicos funcionam através das portas lógicas.
Estes sinais são emitidos através de sinais elétricos através de ondas.

PRINCIPAIS PORTAS LÓGICAS

As portas lógicas básicas se dividem nos AND, OR, NOT, XOR, NAND, NOR e XNOR. Essas portas combinadas geram estados de
saída.
De acordo com o quadro abaixo vamos analisar esses tipos, onde “0” é “1” representam o estado possível do sinal (ligado e
desligado).

Descrição Operações: Entrada e saída


Porta

A porta AND segue o principio matemático da conjunção, desta forma a entrada de


dois sinais seguem o padrão de acordo com a próxima coluna.
A B Saída
0 0 0
AND 0 1 0
1 0 0
1 1 1
A porta OR segue o conceito de injunção da matemática. Suas operações estão de
acordo com a próxima coluna.
A B Saída
0 0 0
OR 0 1 1
1 0 1
1 1 1

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

A porta NOT e conhecida como inversora, esta porta segue o princípio da negação
matemática, de acordo com a próxima coluna.
A Saída
NOT 0 1
1 0
A porta XOR é um OR exclusivo, isto é a saída será verdadeira (1) apenas quando uma
da entradas forem verdadeiras.
A B Saída
0 0 0
XOR 0 1 1
1 0 1
1 1 0
A operação NAND possui um valor verdadeiro se e somente se um dos seus operan-
dos for falso.
A B Saída
0 0 1
NAND 0 1 1
1 0 1
1 1 0
NOR é a negação do operador OR
A B Saída
0 0 1
NOR 0 1 0
1 0 0
1 1 0
XNOR tem a saída oposta a XOR, de acordo com a próxima coluna do quadro.
A B Saída
0 0 1
XNOR 0 1 0
1 0 0
1 1 1

CONCLUSÃO
Todos os circuitos digitais trabalham usando a logica BOOLEANA. Esta lógica trabalha de com a ausência ou a presença de
sinal. Desta forma estas portas são entradas que se abrem e sem fecham trabalhando com os respectivos sinais.
Desta forma todos os circuitos eletrônicos trabalham combinando todos estas formas para que todos os circuitos combinados
gerem o seu respectivo resultado.

IDENTIFICAÇÃO E MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS. CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,


ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras
pastas (subpastas)28.

28 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que iden-
tifica o tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são univer-
sais podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do
Corel Draw que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas
letras que ficam no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto
do LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inuti-
lizável.
Nomenclatura dos arquivos e pastas
Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres
(letras, números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em
um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Mi-
crosoft29.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows
Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, reno-
mear, excluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar
algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são
as de Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear
ela. Você pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma
mesma pasta um arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode
também clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão
direito do mouse e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos,
lista com detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o
arquivo e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente
no botão direito do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de
Pesquisar. Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma
alteração, poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no
disco.

29 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
mental é que cada backup diferencial mapeia as modificações em
BACKUP DE ARQUIVOS. PROCEDIMENTOS DE BACKUP relação ao último backup completo. Ele é mais seguro na manipula-
ção de dados. Ele não marca os arquivos copiados.

Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro dis- • Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja
positivo de armazenamento como HD externo, armazenamento na ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a
nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados dia e que raramente são alterados.
originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou ou-
tros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)30.
Backups são extremamente importantes, pois permitem31: CONCEITOS BÁSICOS DE HARDWARE (PLACA MÃE, ME-
• Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que MÓRIAS, PROCESSADORES (CPU) E DISCO DE ARMAZENA-
sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atua- MENTO HDS, CDS E DVDS). PERIFÉRICOS DE COMPUTADO-
lização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou substitui- RES
ção acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e
furto/perda de dispositivos.
• Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão Hardware
antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um tex- O hardware são as partes físicas de um computador. Isso inclui
to editado ou a imagem original de uma foto manipulada. a Unidade Central de Processamento (CPU), unidades de armazena-
mento, placas mãe, placas de vídeo, memória, etc.32. Outras partes
Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de ba- extras chamados componentes ou dispositivos periféricos incluem
ckup e recuperação integradas e também há a opção de instalar o mouse, impressoras, modems, scanners, câmeras, etc.
programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramen- Para que todos esses componentes sejam usados apropriada-
tas, basta que você tome algumas decisões, como: mente dentro de um computador, é necessário que a funcionalida-
• Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como CD, de de cada um dos componentes seja traduzida para algo prático.
DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo) Surge então a função do sistema operacional, que faz o intermédio
ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A escolha de- desses componentes até sua função final, como, por exemplo, pro-
pende do programa de backup que está sendo usado e de ques- cessar os cálculos na CPU que resultam em uma imagem no moni-
tões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade. tor, processar os sons de um arquivo MP3 e mandar para a placa de
Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de som do seu computador, etc. Dentro do sistema operacional você
dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemen- ainda terá os programas, que dão funcionalidades diferentes ao
te modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para computador.
grandes volumes que devam perdurar.
• Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que Gabinete
tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de O gabinete abriga os componentes internos de um computa-
programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam dor, incluindo a placa mãe, processador, fonte, discos de armaze-
ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar namento, leitores de discos, etc. Um gabinete pode ter diversos
espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Mui- tamanhos e designs.
tos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios
recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar suas próprias
listas.
• Com que periodicidade realizar: depende da frequência com
que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos frequente-
mente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que
aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou
mensalmente.

Tipos de backup
• Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos,
independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de
dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos
copiados.
• Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e al-
terados desde o último backup completo (normal) ou incremental,
ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e Gabinete.33
ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup.
Ele marca os arquivos copiados. Processador ou CPU (Unidade de Processamento Central)
• Backups diferenciais: da mesma forma que o backup incre- É o cérebro de um computador. É a base sobre a qual é cons-
mental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou alterados truída a estrutura de um computador. Uma CPU funciona, basica-
desde o último backup completo (normal), mas isso pode variar em mente, como uma calculadora. Os programas enviam cálculos para
diferentes programas de backup. Juntos, um backup completo e
32 https://www.palpitedigital.com/principais-componentes-internos-pc-peri-
um backup diferencial incluem todos os arquivos no computador,
fericos-hardware-software/#:~:text=O%20hardware%20s%C3%A3o%20as%20
alterados e inalterados. No entanto, a diferença deste para o incre-
partes,%2C%20scanners%2C%20c%C3%A2meras%2C%20etc.
30 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-backup/ 33 https://www.chipart.com.br/gabinete/gabinete-gamer-gamemax-shine-g-
31 https://cartilha.cert.br/mecanismos/ 517-mid-tower-com-1-fan-vidro-temperado-preto/2546
Editora
69
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
o CPU, que tem um sistema próprio de “fila” para fazer os cálculos placa mãe pode ser on-board, ou seja, com componentes como pla-
mais importantes primeiro, e separar também os cálculos entre os cas de som e placas de vídeo fazendo parte da própria placa mãe,
núcleos de um computador. O resultado desses cálculos é traduzido ou off-board, com todos os componentes sendo conectados a ela.
em uma ação concreta, como por exemplo, aplicar uma edição em
uma imagem, escrever um texto e as letras aparecerem no monitor
do PC, etc. A velocidade de um processador está relacionada à velo-
cidade com que a CPU é capaz de fazer os cálculos.

CPU.34

Coolers
Quando cada parte de um computador realiza uma tarefa, elas
usam eletricidade. Essa eletricidade usada tem como uma consequ-
ência a geração de calor, que deve ser dissipado para que o compu-
tador continue funcionando sem problemas e sem engasgos no de-
sempenho. Os coolers e ventoinhas são responsáveis por promover Placa-mãe.36
uma circulação de ar dentro da case do CPU. Essa circulação de ar
provoca uma troca de temperatura entre o processador e o ar que Fonte
ali está passando. Essa troca de temperatura provoca o resfriamen- É responsável por fornecer energia às partes que compõe um
to dos componentes do computador, mantendo seu funcionamento computador, de forma eficiente e protegendo as peças de surtos
intacto e prolongando a vida útil das peças. de energia.

Fonte 37

Cooler.35

Placa-mãe
Se o CPU é o cérebro de um computador, a placa-mãe é o es-
queleto. A placa mãe é responsável por organizar a distribuição dos
cálculos para o CPU, conectando todos os outros componentes ex-
ternos e internos ao processador. Ela também é responsável por
enviar os resultados dos cálculos para seus devidos destinos. Uma

34 https://www.showmetech.com.br/porque-o-processador-e-uma-peca-im- 36 https://www.terabyteshop.com.br/produto/9640/placa-mae-biostar-b-
portante 360mhd-pro-ddr4-lga-1151
35 https://www.terabyteshop.com.br/produto/10546/cooler-deepcool-gamma- 37 https://www.magazineluiza.com.br/fonte-atx-alimentacao-pc-230w-
xx-c40-dp-mch4-gmx-c40p-intelam4-ryzen -01001-xway/p/dh97g572hc/in/ftpc
Editora
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70
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Placas de vídeo – Periféricos de entrada e saída: são aqueles que enviam e re-
Permitem que os resultados numéricos dos cálculos de um pro- cebem informações para/do computador. Ex.: monitor touchscre-
cessador sejam traduzidos em imagens e gráficos para aparecer em en, drive de CD – DVD, HD externo, pen drive, impressora multifun-
um monitor. cional, etc.

Periféricos de entrada e saída.41

Placa de vídeo 38 – Periféricos de armazenamento: são aqueles que armazenam


informações. Ex.: pen drive, cartão de memória, HD externo, etc.
Periféricos de entrada, saída e armazenamento
São placas ou aparelhos que recebem ou enviam informações
para o computador. São classificados em:
– Periféricos de entrada: são aqueles que enviam informações
para o computador. Ex.: teclado, mouse, scanner, microfone, etc.

Periféricos de armazenamento.42

Software
Software é um agrupamento de comandos escritos em uma lin-
guagem de programação43. Estes comandos, ou instruções, criam as
Periféricos de entrada.39 ações dentro do programa, e permitem seu funcionamento.
Um software, ou programa, consiste em informações que po-
– Periféricos de saída: São aqueles que recebem informações dem ser lidas pelo computador, assim como seu conteúdo audiovi-
do computador. Ex.: monitor, impressora, caixas de som. sual, dados e componentes em geral. Para proteger os direitos do
criador do programa, foi criada a licença de uso. Todos estes com-
ponentes do programa fazem parte da licença.
A licença é o que garante o direito autoral do criador ou dis-
tribuidor do programa. A licença é um grupo de regras estipuladas
pelo criador/distribuidor do programa, definindo tudo que é ou não
é permitido no uso do software em questão.
Os softwares podem ser classificados em:
– Software de Sistema: o software de sistema é constituído pe-
los sistemas operacionais (S.O). Estes S.O que auxiliam o usuário,
para passar os comandos para o computador. Ele interpreta nossas
ações e transforma os dados em códigos binários, que podem ser
processados

Periféricos de saída.40
-que-servem-e-que-tipos-existem
38https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2012/12/conheca-melhores- 41 https://almeida3.webnode.pt/trabalhos-de-tic/dispositivos-de-entrada-e-
-placas-de-video-lancadas-em-2012.html -saida
39https://mind42.com/public/970058ba-a8f4-451b-b121-3ba35c51e1e7 42 https://www.slideshare.net/contatoharpa/perifricos-4041411
40 https://aprendafazer.net/o-que-sao-os-perifericos-de-saida-para- 43 http://www.itvale.com.br
Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Software Aplicativo: este tipo de software é, basicamente,
os programas utilizados para aplicações dentro do S.O., que não es-
tejam ligados com o funcionamento do mesmo. Exemplos: Word,
Excel, Paint, Bloco de notas, Calculadora.
– Software de Programação: são softwares usados para criar
outros programas, a parir de uma linguagem de programação,
como Java, PHP, Pascal, C+, C++, entre outras.
– Software de Tutorial: são programas que auxiliam o usuário
de outro programa, ou ensine a fazer algo sobre determinado as-
sunto.
– Software de Jogos: são softwares usados para o lazer, com
vários tipos de recursos.
– Software Aberto: é qualquer dos softwares acima, que tenha • Iniciando um novo documento
o código fonte disponível para qualquer pessoa.

Todos estes tipos de software evoluem muito todos os dias.


Sempre estão sendo lançados novos sistemas operacionais, novos
games, e novos aplicativos para facilitar ou entreter a vida das pes-
soas que utilizam o computador.

NOÇÕES BÁSICAS DE EDITORES DE TEXTO E PLANILHAS


ELETRÔNICAS (MICROSOFT WORD, MICROSOFT EXCEL, LI-
BREOFFICE WRITER E LIBREOFFICE CALC)

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
com a margem

Alinhamento à direita Ctrl + G


O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas Centralizar o texto Ctrl + E
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos –
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Word Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
então apresentar suas principais funcionalidades. se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.
• Área de trabalho do Word
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
com a necessidade.

Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO – Planilha de custos.

Tipo de letra Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
tomaticamente.

Tamanho • Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
Aumenta / diminui tamanho pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
Recursos automáticos de caixa-altas entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos: – Podemos também ter o intervalo A1..B3

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
- Mudar cor de
Página inicial Fundo
- Mudar cor do
texto – Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.
- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens • Formatação células

Verificação e cor-
Revisão
reção ortográfica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Fórmulas básicas Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo
tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referen-
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) te ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos,
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
• Fórmulas de comum interesse trabalho com o programa.

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro


slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de
uma posição para outra utilizando o mouse.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas
para passagem entre elementos das apresentações.
Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
smartfones de forma geral.
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre-
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando • Atualizações no Word
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. – No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade a digitação de equações.
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- • Atualizações no Excel
vando a experiência dos usuários a outro nível. – O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
Office 2013 veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar questão do compartilhamento dos arquivos.
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque • Atualizações no PowerPoint
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen- – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
tos com telas simples funciona normalmente. riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po- tão do compartilhamento dos arquivos;
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart- – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
fones diversos. 3D na apresentação.

• Atualizações no Word Office 2019


– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen); ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura; • Atualizações no Word
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente; – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como desenvolvimento de documentos;
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de algum
mapa que deseja construir.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

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76
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

LibreOffice
O LibreOffice é uma suíte de escritório livre compatível com os principais pacotes de escritório do mercado. O pacote oferece todas as
funções esperadas de uma suíte profissional: editor de textos, planilha, apresentação, editor de desenhos e banco de dados44. Ele é uma
das mais populares suítes de escritório multiplataforma e de código aberto.

O LibreOffice é um pacote de escritório assim como o MS Office45. Embora seja um software livre, pode ser instalado em vários sis-
temas operacionais, como o MS Windows, Mac OS X, Linux e Unix. Ao longo dos anos, passou por várias modificações em seu projeto,
mudando até mesmo de nome, mas mantendo os mesmos aplicativos.

Aplicativos do LibreOffice
Writer: editor de textos.
Exatensão: .odt
Calc: planilhas eletrônicas.
Extensão: .ods
Impress: apresentação de slides.
Extensão: .odp
Draw: edição gráfica de imagens e figuras.
Extensão: .odg
Base: Banco de dados.
Extensão: .odb
Math: fórmulas matemáticas.
Extensão: .odf

ODF (Open Document Format)


Os arquivos do LibreOffice são arquivos de formato aberto e, por isso, pertencem à família de documentos abertos ODF, ou seja, ODF
não é uma extensão, mas sim, uma família de documentos estruturada internamente pela linguagem XML.

LibreOffice Writer
Writer é o editor de textos do LibreOffice. Além dos recursos usuais de um processador de textos (verificação ortográfica, dicionário
de sinônimos, hifenização, autocorreção, localizar e substituir, geração automática de sumários e índices, mala direta e outros), o Writer
fornece importantes características:
- Modelos e estilos;
- Métodos de layout de página, incluindo quadros, colunas e tabelas;
- Incorporação ou vinculação de gráficos, planilhas e outros objetos;
- Ferramentas de desenho incluídas;
- Documentos mestre para agrupar uma coleção de documentos em um único documento;
- Controle de alterações durante as revisões;
- Integração de banco de dados, incluindo bancos de dados bibliográficos;
44 https://www.edivaldobrito.com.br/libreoffice-6-0/
45 FRANCESCHINI, M. LibreOffice – Parte I.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
- Exportação para PDF, incluindo marcadores.
Principais Barras de Ferramentas

46

– Barra de Títulos: exibe o nome do documento. Se o usuário não fornecer nome algum, o Writer sugere o nome Sem título 1.
– Barra de Menu: dá acesso a todas as funcionalidades do Writer, categorizando por temas de funcionalidades.
– Barra de ferramentas padrão: está presente em todos os aplicativos do LibreOffice e é igual para todos eles, por isso tem esse nome
“padrão”.
– Barra de ferramentas de formatação: essa barra apresenta as principais funcionalidades de formatação de fonte e parágrafo.
– Barra de Status: oferece informações sobre o documento e atalhos convenientes para rapidamente alterar alguns recursos.

Principais Menus
Os menus organizam o acesso às funcionalidades do aplicativo. Eles são praticamente os mesmos em todos os aplicativos, mas suas
funcionalidades variam de um para outro.

Arquivo
Esse menu trabalha com as funcionalidades de arquivo, tais como:
– Novo: essa funcionalidade cria um novo arquivo do Writer ou de qualquer outro dos aplicativos do LibreOffice;
– Abrir: abre um arquivo do disco local ou removível ou da rede local existente do Writer;
– Abrir Arquivo Remoto: abre um arquivo existente da nuvem, sincronizando todas as alterações remotamente;
– Salvar: salva as alterações do arquivo local desde o último salvamento;
– Salvar Arquivo Remoto: sincroniza as últimas alterações não salvas no arquivo lá na nuvem;
– Salvar como: cria uma cópia do arquivo atual com as alterações realizadas desde o último salvamento;

Para salvar um documento como um arquivo Microsoft Word47:


1. Primeiro salve o documento no formato de arquivo usado pelo LibreOffice (.odt).
Sem isso, qualquer mudança que se tenha feito desde a última vez em que se salvou o documento, somente aparecerá na versão
Microsoft Word do documento.
2. Então escolha Arquivo → Salvar como. No menu Salvar como.
3. No menu da lista suspensa Tipo de arquivo (ou Salvar como tipo), selecione o tipo de formato Word que se precisa. Clique em Salvar.
A partir deste ponto, todas as alterações realizadas se aplicarão somente ao documento
Microsoft Word. Desde feito, a alterado o nome do documento. Se desejar voltar a trabalhar com a versão LibreOffice do documento,
deverá voltar a abri-lo.

46 https://bit.ly/3jRIUme
47 http://coral.ufsm.br/unitilince/images/Tutoriais/manual_libreoffice.pdf
Editora
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78
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Navegador: permite navegar nos vários objetos existentes no
documento, como tabelas, links, notas de rodapé, imagens etc.

(F5);

– Galeria: exibe imagens e figuras que podem ser inseridas no


documento;
– Tela Inteira: suprime as barras de ferramenta e menus (CTR-
L+SHIFT+J).

Inserir
Nesse menu, é possível inserir inúmeros objetos ao texto, tais
como:
– Quebra de página: insere uma quebra de página e o cursor é
posicionado no início da próxima página a partir daquele ponto em
que a quebra foi inserida;
– Quebra manual: permite inserir uma quebra de linha, de co-
luna e de página;
Salvando um arquivo no formato Microsoft Word. – Figura: insere uma imagem de um arquivo;
– Multimídia: insere uma imagem da galeria LibreOffice, uma
– Exportar como PDF: exporta o arquivo atual no formato PDF. imagem digitalizada de um scanner ou vídeo;
Permite definir restrições de edição, inclusive com senha; – Gráfico: cria um gráfico do Calc, com planilha de dados em-
– Enviar: permite enviar o arquivo atual por e-mail no formato. butida no Writer;
odt,.docx,.pdf. Também permite compartilhar o arquivo por blue- – Objeto: insere vários tipos de arquivos, como do Impress e do
tooth; Calc dentre outros;
– Imprimir: permite imprimir o documento em uma impresso- – Forma: cria uma forma geométrica, tipo círculo, retângulo,
ra local ou da rede; losango etc.;
– Assinaturas digitais: assina digitalmente o documento, ga- – Caixa de Texto: insere uma caixa de texto ao documento;
rantindo sua integridade e autenticidade. Qualquer alteração no – Anotação: insere comentários em balões laterais;
documento assinado viola a assinatura, sendo necessário assinar – Hiperlink: insere hiperlink ou link para um endereço da in-
novamente. ternet ou um servidor FTP, para um endereço de e-mail, para um
documento existente ou para um novo documento (CTRL+K);
Editar – Indicador: insere um marcador ao documento para rápida
Esse menu possui funcionalidades de edição de conteúdo, tais localização posteriormente;
como: – Seção: insere uma quebra de seção, dividindo o documento
– Desfazer: desfaz a(s) última(s) ação(ões); em partes separadas com formatações independentes;
– Refazer: refaz a última ação desfeita; – Referências: insere referência a indicadores, capítulos, títu-
– Repetir: repete a última ação; los, parágrafos numerados do documento atual;
– Copiar: copia o item selecionado para a área de transferência; – Caractere Especial: insere aqueles caracteres que você não
– Recortar: recorta ou move o item selecionado para a área de encontra no teclado do computador, tais como ©, ≥, ∞;
transferência; – Número de Página: insere numeração nas páginas na posição
– Colar: cola o item da área de transferência; atual do cursor;
– Colar Especial: cola o item da área de transferência permitin- – Campo: insere campos de numeração de página, data, hora,
do escolher o formado de destino do conteúdo colado; título, autor, assunto;
– Selecionar Tudo: seleciona todo o documento; – Cabeçalho e Rodapé: insere cabeçalho e rodapé ao docu-
– Localizar: localiza um termo no documento; mento;
– Localizar e Substituir: localiza e substitui um termo do docu-
mento por outro fornecido; Formatar
– Ir para a página: permite navegar para uma página do docu- Esse menu trabalha com a formatação de fonte, parágrafo, pá-
mento. gina, formas e figuras;

Exibir
Esse outro menu define as várias formas que o documento é
exibido na tela do computador. Principais funcionalidades:
– Normal: modo de exibição padrão como o documento será
exibido em uma página;
– Web: exibe o documento como se fosse uma página web
num navegador;
– Marcas de Formatação: exibe os caracteres não imprimíveis,
como os de quebra de linha, de parágrafo, de seção, tabulação e es-
paço. Tais caracteres são exibidos apenas na tela, não são impressas
no papel (CTRL+F10);

Editora
79
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Texto: formata a fonte do texto;
Pode-se aplicar vários formatos de caracteres usando os botões da barra de ferramentas Formatação.

Barra de Formatação, mostrando ícones para formatação de caracteres.

– Espaçamento: formata o espaçamento entre as linhas, entre os parágrafos e também o recuo do parágrafo. A
– Alinhar: alinha o parágrafo uniformemente em relação às margens.
Pode-se aplicar vários formatos para parágrafos usando os botões na barra de ferramentas Formatação.

Ícones para formatação de parágrafos.

– Listas: transforma os parágrafos em estrutura de tópicos com marcadores ou numeração.


– Clonar Formatação: essa ferramenta é chamada de “pincel de formatação” no MS Word e faz a mesma função, ou seja, clona a
formatação de um item selecionado e a aplica a outro ;

– Limpar Formatação Direta: limpa a formatação do texto selecionado, deixando a formatação original do modelo do documento;
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
– Caractere...: diferentemente do MS Word, o Write chama a fonte de caractere.
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
– Parágrafo...: abre a caixa de diálogo de formatação de parágrafo.
– Marcadores e Numeração: abre a caixa de diálogo de formatação de marcadores e de numeração numa mesma janela. Perceba
que a mesma função de formatação já foi vista por meio dos botões de formatação. Essa mesma formatação é encontrada aqui na caixa
de diálogo de marcadores e numeração;
– Página...: abre a caixa de diálogo de formatação de páginas. Aqui, encontramos a orientação do papel, que é se o papel é horizontal
(paisagem) ou vertical (retrato);
– Figura: formata figuras inseridas ao texto;
– Caixa de Texto e Forma: formata caixas de texto e formas inseridas no documento;
– Disposição do Texto: define a disposição que os objetos como imagens, formas e figuras ficarão em relação ao texto.
– Estilos: esse menu trabalha com estilos do texto. Estilos são o conjunto de formatação de fonte, parágrafo, bordas, alinhamento,
numeração e marcadores aplicados em conjunto. Existem estilos predefinidos, mas é possível também criar estilos e nomeá-los. Também
é possível editar os estilos existentes. Os estilos são usados na criação dos sumários automáticos.

Tabelas
Esse menu trabalha com tabelas. As tabelas são inseridas por aqui, no menu Tabelas. As seguintes funcionalidades são encontradas
nesse menu:
– Inserir Tabela: insere uma tabela ao texto;
– Inserir: insere linha, coluna e célula à tabela existente;
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Excluir: exclui linha, coluna e tabela;
– Selecionar: seleciona célula, linha, coluna e tabela;
– Mesclar: mescla as células adjacentes de uma tabela, transformando-as em uma única tabela. Atenção! O conteúdo de todas as
células é preservado;
– Converter: converte texto em tabela ou tabela em texto;
– Fórmulas: insere fórmulas matemáticas na célula da tabela, tais como soma, multiplicação, média, contagem etc.

Ferramentas
Esse menu trabalha com diversas ferramentas, tais como:
– Ortografia e Gramática: essa ferramenta aciona o corretor ortográfico para fazer a verificação de ocorrências de erros em todo o
documento. Ela corrige por alguma sugestão do dicionário, permite inserir novos termos ao dicionário ou apenas ignora as ocorrências
daquele erro (F7);

– Verificação Ortográfica Automática: marca automaticamente com um sublinhado ondulado vermelho as palavras que possuem
erros ortográficos ou que não pertencem ao dicionário (SHIFT+F7);

– Dicionário de Sinônimos: apresenta sinônimos e antônimos da palavra selecionada;


– Idioma: define o idioma do corretor ortográfico;
– Contagem de palavras: faz uma estatística do documento, contando a quantidade de caracteres, palavras, linhas, parágrafos e pá-
ginas;
– Autocorreção: substitui automaticamente uma palavra ou termo do texto por outra. O usuário define quais termos serão substitu-
ídos;
– Autotexto: insere automaticamente um texto por meio de atalhos, por exemplo, um tipo de saudação ou finalização do documento;
– Mala Direta: cria uma mala direta, que é uma correspondência endereçada a vários destinatários. É formada por uma correspon-
dência (carta, mensagem de e-mail, envelope ou etiqueta) e por uma lista de destinatários (tabela, planilha, banco de dados ou catálogo
de endereços contendo os dados dos destinatários).

Principais teclas de atalho


CTRL+A: selecionar todo o documento (all).
CTR+B: negritar (bold).
CTRL+C: copiar.
CTRL+D: sublinhar.
CTRL+E: centralizar alinhamento.
CTRL+F: localizar texto (find).
CTRL+G: sem ação.
CTRL+H: localizar e substituir.
CTRL+I: itálico.
CTRL+J: justificar.
CTRL+K: adicionar hiperlink.
CTRL+L: alinhar à esquerda (left).
CTRL+M: limpar formatação.
CTRL+N: novo documento (new).
CTRL+ O: abrir documento existente (open).
CTRL+P: imprimir (print).
CTRL+Q: fechar o aplicativo Writer.
CTRL+R: alinhar à direita (right).
CTRL+S: salvar o documento (save).
CTRL+T: sem ação.
CTRL+U: sublinhar.
CTRL+V: colar.
CTRL+X: recortar.
CTRL+W: fechar o arquivo.
CTRL+Y: refazer última ação.
CTRL+Z: desfazer última ação.

LibreOffice Calc
O Calc é o aplicativo de planilhas eletrônicas do LibreOffice. Assim como o MS Excel, ele trabalha com células e fórmulas.
Outras funcionalidades oferecidas pelo Calc incluem48:
– Funções, que podem ser utilizadas para criar fórmulas para executar cálculos complexos;
– Funções de banco de dados, para organizar, armazenas e filtrar dados;
– Gráficos dinâmicos; um grande número de opções de gráficos em 2D e 3D;
– Macros, para a gravação e execução de tarefas repetitivas; as linguagens de script suportadas incluem LibreOffice Basic, Python,
BeanShell, e JavaScript;
48 WEBER, J. H., SCHOFIELD, P., MICHEL, D., RUSSMAN, H., JR, R. F., SAFFRON, M., SMITH, J. A. Introdução ao Calc. Planilhas de Cálculo no LibreOffice
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Capacidade de abrir, editar e salvar planilhas no formato Microsoft Excel;
– Importação e exportação de planilhas em vários formatos, incluindo HTML, CSV, PDF e PostScript.

Planilhas e células
O Calc trabalha como elementos chamados de planilhas. Um arquivo de planilha consiste em várias planilhas individuais, cada uma
delas contendo células em linhas e colunas. Uma célula particular é identificada pela letra da sua coluna e pelo número da sua linha.
As células guardam elementos individuais – texto, números, fórmulas, e assim por diante – que mascaram os dados que exibem e
manipulam.
Cada arquivo de planilha pode ter muitas planilhas, e cada uma delas pode conter muitas células individuais. No Calc, cada planilha
pode conter um máximo de 1.048.576 linhas e 1024 colunas.

Janela principal
Quando o Calc é aberto, a janela principal abre. As partes dessa janela estão descritas a seguir.

Janela principal do Calc e suas partes, sem a Barra lateral.


Principais Botões de Comandos

Assistente de Função: auxilia o usuário na criação de uma função. Organiza as funções por categoria.

Autossoma: insere a função soma automaticamente na célula.

Formatação de porcentagem: multiplica o número por 100 e coloca o sinal de porcentagem ao final dele.

Formatação de número: separa os milhares e acrescenta casas decimais (CTRL+SHIFT+1).

Formatação de data: formata a célula em formato de data (CTRL+SHIFT+3).

Adiciona casas decimais.

Diminui casas decimais.

Filtro: exibe apenas as linhas que satisfazem o critério do filtro da coluna.

Insere gráfico para ilustrar o comportamento dos dados tabulados.

Ordena as linhas em ordem crescente ou decrescente. Pode ser aplicada em várias colunas.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Mesclar e centralizar células: transforma duas ou mais células adjacentes em uma única célula.

Alinhar em cima: alinha o conteúdo da célula na parte superior dela.

Centralizar verticalmente: alinha o conteúdo da célula ao centro verticalmente.

Alinhar embaixo: alinha o conteúdo da célula na parte inferior dela.

Congelar linhas e colunas: fixa a exibição da primeira linha ou da primeira coluna ou ainda permite congelar as linhas
acima e as colunas à esquerda da célula selecionada. Não é proteção de células, pois o conteúdo das mesmas ainda pode ser
alterado.

Insere linha acima da linha atual.

Insere linha abaixo da linha atual.

Exclui linhas selecionadas.

Insere coluna à esquerda.

Insere coluna à direita.

Exclui colunas selecionadas.

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém-criada, seu nome é Sem
título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome de sua escolha.

Barra de Menu
A Barra de menu é onde você seleciona um dos menus e aparecem vários submenus com mais opções.
– Arquivo: contém os comandos que se aplicam a todo o documento, como Abrir, Salvar, Assistentes, Exportar como PDF, Imprimir,
Assinaturas Digitais e assim por diante.
– Editar: contém os comandos para a edição do documento, tais como Desfazer, Copiar, Registrar alterações, Preencher, Plug-in e
assim por diante.
– Exibir: contém comandos para modificar a aparência da interface do usuário no Calc, por exemplo Barra de ferramentas, Cabeçalhos
de linhas e colunas, Tela Inteira, Zoom e assim por diante.
– Inserir: contém comandos para inserção de elementos em uma planilha; por exemplo, Células, Linhas, Colunas, Planilha, Figuras e
assim por diante.

Inserir novas planilhas


Clique no ícone Adicionar planilha para inserir uma nova planilha após a última sem abrir a caixa de diálogo Inserir planilha. Os se-
guintes métodos abrem a caixa de diálogo Inserir planilha onde é possível posicionar a nova planilha, criar mais que uma planilha, definir
o nome da nova planilha, ou selecionar a planilha de um arquivo.
– Selecione a planilha onde deseja inserir uma nova e vá no menu Inserir > Planilha; ou
– Clique com o botão direito do mouse na aba da planilha onde você deseja inserir uma nova e selecione Inserir planilha no menu de
contexto; ou
– Clique no espaço vazio no final das abas das planilhas; ou
– Clique com o botão direito do mouse no espaço vazio no final das abas das planilhas e selecione Inserir planilha no menu de con-
texto.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Caixa de diálogo Inserir planilha.

– Formatar: contém comandos para modificar o leiaute de uma planilha; por exemplo,
Células, Página, Estilos e formatação, Alinhamento e assim por diante.
– Ferramentas: contém várias funções que auxiliam a verificar e personalizar a planilha, por exemplo, Ortografia, Compartilhar docu-
mento, Macros e assim por diante.
– Dados: contém comandos para manipulação de dados em sua planilha; por exemplo, Definir intervalo, Selecionar intervalo, Classi-
ficar, Consolidar e assim por diante.
– Janela: contém comandos para exibição da janela; por exemplo, Nova janela, Dividir e assim por diante.
– Ajuda: contém links para o sistema de ajuda incluído com o software e outras funções; por exemplo, Ajuda do LibreOffice, Informa-
ções da licença, Verificar por atualizações e assim por diante.

Barra de ferramentas
A configuração padrão, ao abrir o Calc, exibe as barras de ferramentas Padrão e Formatação encaixadas no topo do espaço de trabalho.
Barras de ferramentas do Calc também podem ser encaixadas e fixadas no lugar, ou flutuante, permitindo que você mova para a po-
sição mais conveniente em seu espaço de trabalho.

Barra de fórmulas
A Barra de fórmulas está localizada no topo da planilha no Calc. A Barra de fórmulas está encaixada permanentemente nesta posição
e não pode ser usada como uma barra flutuante. Se a Barra de fórmulas não estiver visível, vá para Exibir no Menu e selecione Barra de
fórmulas.

Barra de fórmulas.

Indo da esquerda para a direita, a Barra de Fórmulas consiste do seguinte:


– Caixa de Nome: mostra a célula ativa através de uma referência formada pela combinação de letras e números, por exemplo, A1. A
letra indica a coluna e o número indica a linha da célula selecionada.

– Assistente de funções : abre uma caixa de diálogo, na qual você pode realizar uma busca através da lista de funções disponí-
veis. Isto pode ser muito útil porque também mostra como as funções são formadas.

– Soma : clicando no ícone Soma, totaliza os números nas células acima da célula e então coloca o total na célula selecionada. Se
não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.

– Função : clicar no ícone Função insere um sinal de (=) na célula selecionada, de maneira que seja inserida uma fórmula na Linha
de entrada.

– Linha de entrada: exibe o conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) e permite que você edite o conteúdo da célu-
la. Você pode editar o conteúdo da célula diretamente, clicando duas vezes nela. Quando você digita novos dados numa célula, os ícones
de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar .

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Operadores aritméticos

Operadores aritméticos.

Operadores aritméticos.

Operadores comparativos

Operadores comparativos.

• Principais fórmulas
=HOJE(): insere a data atual do sistema operacional na célula. Essa data sempre será atualizada toda vez que o arquivo for aberto.
Existe uma tecla de atalho que também insere a data atual do sistema, mas não como função, apenas a data como se fosse digitada pelo
usuário. Essa tecla de atalho é CTRL+;.
=AGORA(): insere a data e a hora atuais do sistema operacional. Veja como é seu resultado após digitada na célula.

=SOMA(): apenas soma os argumentos que estão dentro dos parênteses.


=POTÊNCIA(): essa função é uma potência, que eleva o primeiro argumento, que é a base, ao segundo argumento, que é o expoente.
=MÁXIMO(): essa função escolhe o maior valor do argumento.
=MÍNIMO(): essa função faz exatamente o contrário da anterior, ou seja, escolhe o menor valor do argumento.
=MÉDIA(): essa função calcula a média aritmética ou média simples do argumento, que é a soma dos valores dividida pela sua quan-
tidade.
Atenção! Essa função será sempre a média aritmética. Essa função considera apenas valores numéricos e não vazios.
=CONT.SE(): essa função é formada por dois argumentos: o primeiro é o intervalo de células que serão consideradas na operação; o
segundo é o critério.
=SE(): essa função testa valores, permitindo escolher um dentre dois valores possíveis. A sua estrutura é a seguinte:

A condição é uma expressão lógica e dá como resultado VERDADEIRO ou FALSO. O resultado1 é escolhido se a condição for verdadeira;
o resultado2 é escolhido se a condição for falsa. Os resultados podem ser: “texto” (entre aspas sempre), número, célula (não pode inter-
valo, apenas uma única célula), fórmula.
A melhor forma de ler essa função é a seguinte: substitua o primeiro “;” por “Então” e o segundo “;” por “Senão”. Fica assim: se a
condição for VERDADEIRA, ENTÃO escolha resultado1; SENÃO escolha resultado2.
=PROCV(): a função PROCV serve para procurar valores em um intervalo vertical de uma matriz e devolve para o usuário um valor de
outra coluna dessa mesma matriz, mas da mesma linha do valor encontrado.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Essa é a estrutura do PROCV, na qual “valor” é o valor usado na pesquisa; “matriz” é todo o conjunto de células envolvidas; “coluna_re-
sultado” é o número da coluna dessa matriz onde o resultado se encontra; “valor_aproximado” diz se a comparação do valor da pesquisa
será apenas aproximada ou terá que ser exatamente igual ao procurado. O valor usado na pesquisa tem que estar na primeira coluna da
matriz, sempre! Ou seja, ela procurará o valor pesquisado na primeira coluna da matriz.

Entendendo funções
Calc inclui mais de 350 funções para analisar e referenciar dados49. Muitas destas funções são para usar com números, mas muitos
outros são usados com datas e hora, ou até mesmo texto.
Uma função pode ser tão simples quanto adicionar dois números, ou encontrar a média de uma lista de números. Alternativamente,
pode ser tão complexo como o cálculo do desvio-padrão de uma amostra, ou a tangente hiperbólica de um número.
Algumas funções básicas são semelhantes aos operadores. Exemplos:
+ Este operador adiciona dois números juntos para um resultado. SOMA(), por outro lado adiciona grupos de intervalos contíguos de
números juntos.
* Este operador multiplica dois números juntos para um resultado. MULT() faz o mesmo para multiplicar que SOMA() faz para adicionar

Estrutura de funções
Todas as funções têm uma estrutura similar.
A estrutura de uma função para encontrar células que correspondam a entrada de critérios é:
=BDCONTAR(Base_de_dados;Campo_de_Base_de_dados;CritériosdeProcura)
Uma vez que uma função não pode existir por conta própria, deve sempre fazer parte de uma fórmula. Consequentemente, mesmo
que a função represente a fórmula inteira, deve haver um sinal = no começo da fórmula. Independentemente de onde na fórmula está a
função, a função começará com seu nome, como BDCONTAR no exemplo acima. Após o nome da função vem os seus argumentos. Todos
os argumentos são necessários, a menos que especificados como opcional. Argumentos são adicionados dentro de parênteses e são sepa-
rados por ponto e vírgula, sem espaço entre os argumentos e o ponto e vírgula.

LibreOffice Impress
O Impress é o aplicativo de apresentação de slides do LibreOffice. Com ele é possível criar slides que contenham vários elementos
diferentes, incluindo texto, listas com marcadores e numeração, tabelas, gráficos e uma vasta gama de objetos gráficos tais como clipart,
desenhos e fotografias50.
O Impress também é compatível com o MS PowerPoint, permitindo criar, abrir, editar e salvar arquivos no formato.PPTX.

Janela principal do Impress


A janela principal do Impress tem três partes: o Painel de slides, Área de trabalho, e Painel lateral. Além disso, várias barras de ferra-
mentas podem ser exibidas ou ocultas durante a criação de uma apresentação.

Área de trabalho
A Área de trabalho (normalmente no centro da janela principal) tem cinco abas: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Clas-
sificador de slides. Estas cinco abas são chamadas de botões de visualização A área de trabalho abaixo da visualização de botões muda
dependendo da visualização escolhida. Os pontos de vista de espaço de trabalho são descritos em “Visualização da Área de trabalho”’.

Janela principal do Impress; ovais indicam os marcadores Ocultar/Exibir.


49 Duprey, B.; Silva, R. P.; Parker, H.; Vigliazzi, D. Douglas. Guia do Calc, Capítulo 7. Usando Formulas e Funções.
50 SCHOFIELD, P.; WEBER, J. H.; RUSSMAN, H.; O’BRIEN, K.; JR, R. F. Introdução ao Impress. Apresentação no LibreOffice
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Painel de slides
O Painel de slides contém imagens em miniaturas dos slides em sua apresentação, na ordem em que serão mostradas, a menos que
você altere a ordem de apresentação de slides. Clicando em um slide neste painel, este é selecionado e colocado na Área e trabalho. Quan-
do um slide está na Área de trabalho, você pode fazer alterações nele.
Várias operações adicionais podem ser realizadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
– Adicionar novos slides para a apresentação.
– Marcar um slide como oculto para que ele não seja exibido como parte da apresentação.
– Excluir um slide da apresentação se ele não for mais necessário.
– Renomear um slide.
– Duplicar um slide (copiar e colar)

Também é possível realizar as seguintes operações, embora existam métodos mais eficientes do que usar o Painel de slides:
– Alterar a transição de slides seguindo o slide selecionado ou após cada slide em um grupo de slides.
– Alterar o design de slide.

Barra lateral
O Barra lateral tem cinco seções. Para expandir uma seção que você deseja usar, clique no ícone ou clique no pequeno triângulo na
parte superior dos ícones e selecione uma seção da lista suspensa. Somente uma seção de cada vez pode ser aberta.

PROPRIEDADES

Mostra os layouts incluídos no Impress. Você pode escolher o que você quer e usá-lo como ele é, ou modificá-lo para atender às
suas necessidades. No entanto, não é possível salvar layouts personalizados.

PÁGINAS MESTRE

Aqui você define o estilo de página (slide) para sua apresentação. O Impress inclui vários modelos de páginas mestras (slide mes-
tre). Um deles – Padrão – é branco, e o restante tem um plano de fundo e estilo de texto.

ANIMAÇÃO PERSONALIZADA

Uma variedade de animações podem ser usadas para realçar ou melhorar diferentes elementos de cada slide. A seção Animação
personalizada fornece uma maneira fácil para adicionar, alterar, ou remover animações.

TRANSIÇÃO DE SLIDES

Fornece acesso a um número de opções de transição de slides. O padrão é definido como Sem transição, em que o slide seguinte
substitui o existente. No entanto, muitas transições adicionais estão disponíveis. Você também pode especificar a velocidade de tran-
sição (Lenta, Média, Rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher quanto tempo o slide selecionado será
mostrado (somente transição automática).

ESTILOS E FORMATAÇÃO

Aqui você pode editar e aplicar estilos gráficos e criar estilos novos, mas você só pode editar os estilos de apresentação existentes.
Quando você edita um estilo, as alterações são aplicadas automaticamente a todos os elementos formatados com este estilo em sua
apresentação. Se você quiser garantir que os estilos em um slide específico não sejam atualizados, crie uma nova página mestra para o
slide.

GALERIA

Abre a galeria Impress, onde você pode inserir um objeto em sua apresentação, quer seja como uma cópia ou como um link. Uma
cópia de um objeto é independente do objeto original. Alterações para o objeto original não têm efeito sobre a cópia. Uma ligação
permanece dependente do objeto original. Alterações no objeto original também são refletidas no link.

NAVEGADOR

Abre o navegador Impress, no qual você pode mover rapidamente para outro slide ou selecionar um objeto em um slide. Reco-
menda-se dar nomes significativos aos slides e objetos em sua apresentação para que você possa identificá-los facilmente quando
utilizar a navegação.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
• Principais Funcionalidades e Comandos

Inicia a apresentação do primeiro slide (F5).

Inicia a apresentação do slide atual (SHIFT+F5).

Insere áudio e vídeo ao slide.

Insere caixa de texto ao slide.

Insere novo slide, permitindo escolher o leiaute do slide que será inserido.

Exclui o slide selecionado.

Altera o leiaute do slide atual.

Cria um slide mestre.

Oculta o slide no modo de apresentação.

Cronometra o tempo das animações e transições dos slides no modo de apresentação para posterior exibição automática usan-
do o tempo cronometrado.

Configura as transições dos slides, ou seja, o efeito de passagem de um para o outro.

Configura a animação dos conteúdos dos slides, colocando efeitos de entrada, ênfase, saída e trajetória.

SEGURANÇA NA INTERNET: VÍRUS DE COMPUTADORES; SPYWARE; MALWARE; PHISHING

Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organização51.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corporação, sendo também fundamentais para as atividades do negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ataques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, qualquer
tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares52:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponível somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de
modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e nem
em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada.

Existem outros termos importantes com os quais um profissional da área trabalha no dia a dia.
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se refere ao
controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de segurança da informação,
rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada uma delas.

Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares


– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança da
informação, ainda que sem intenção
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.

51 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
52 https://bit.ly/2E5beRr
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segurança da
informação.

Tipos de ataques
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles53:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adulteração,
fraude, reprodução, bloqueio).
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados coletados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, infectar
o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: interceptação, mo-
nitoramento, análise de pacotes).
Política de Segurança da Informação
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança da organização através de regras de alto nível que representam os prin-
cípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível tático) e proce-
dimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão para informar
sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
de formação e periodicidade de troca.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de retenção e
frequência de execução.
• Política de privacidade: define como são tratadas as informações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas a ter-
ceiros.

Mecanismos de segurança
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar o
conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
Ele pode ser aplicado de duas formas:
– Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à informação
ou infraestrutura que dá suporte a ela
– Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um antivírus,
firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos de en-
criptação, que transformam as informações em códigos que terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a certificação
e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.

Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por profissional habilitado conforme o plano de segurança da informação da
empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.

Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação54.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequ-
ência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

53 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-informacao/
54 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

Representação de um firewall.55

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser56.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Códigos maliciosos (Malware)


Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas em
um computador57. Algumas das diversas formas como os códigos maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são:
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas instalados;
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como pen-drives;
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em páginas
Web ou diretamente de outros computadores (através do compartilhamento de recursos).

Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso aos dados armazenados no computador e podem executar ações em
nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usuário.
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens financeiras,
a coleta de informações confidenciais, o desejo de autopromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são muitas vezes usa-
dos como intermediários e possibilitam a prática de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais detalhes nos Capítulos
Golpes na Internet, Ataques na Internet e Spam, respectivamente).
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos maliciosos existentes.

Vírus
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mesmo
e se tornando parte de outros programas e arquivos.
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é preciso que um programa já infectado seja executado.

55 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
56 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/
57 https://cartilha.cert.br/malware/
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu- propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta
almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal de informações de um grande número de computadores, envio de
meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente, spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro-
pelo uso de pen-drives. xies instalados nos zumbis).
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul-
tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi- Spyware
dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida-
inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros.
datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são: Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de-
– Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane- pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de
xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as
este arquivo, fazendo com que seja executado. informações coletadas. Pode ser considerado de uso:
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS- – Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri-
e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não
escrito em formato HTML. autorizado.
– Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em – Malicioso: quando executa ações que podem comprometer a
linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por privacidade do usuário e a segurança do computador, como monitorar
aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que e capturar informações referentes à navegação do usuário ou inseridas
compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre outros). em outros programas (por exemplo, conta de usuário e senha).
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para Alguns tipos específicos de programas spyware são:
celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS – Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas
(Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu- pelo usuário no teclado do computador.
ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa. – Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po-
sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em
Worm que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o
Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen- mouse é clicado.
te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para – Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
computador. gandas.
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu-
são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas Backdoor
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto- Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços
computadores. criados ou modificados para este fim.
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que
recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes,
costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem- que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados
penho de redes e a utilização de computadores. no computador para invadi-lo.
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu-
Bot e botnet turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces-
Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova-
com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente. mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção
Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou e, na maioria dos casos, sem que seja notado.
seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne-
rabilidades existentes em programas instalados em computadores. Cavalo de troia (Trojan)
A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que,
bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje-
P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e
instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des- sem o conhecimento do usuário.
ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam. Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém
Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani-
zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente, mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros.
sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne-
spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
de e-mails e o utiliza para o envio de spam. no computador.
Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com- Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após
putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas invadirem um computador, alteram programas já existentes para
executadas pelos bots. que, além de continuarem a desempenhar as funções originais,
Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela também executem ações maliciosas.
será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios
ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que Rootkit
desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite Spam zombies são computadores de usuários finais que foram
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms,
malicioso em um computador comprometido. bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins-
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in- talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio
vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri- de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má-
vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a
na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam
dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa- zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o
dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili- anonimato que tanto os protege.
zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese-
ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis- jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail.
mos de proteção.
Anti-malwares
Ransomware Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar
Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí- e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa-
veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan- dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos
do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para de ferramentas deste tipo.
restabelecer o acesso ao usuário58.

O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins. METADADOS DE ARQUIVOS


Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que
induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades Metadados são um conjunto de informações relacionadas
em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de a um arquivo59. Por exemplo, proprietário do arquivo, criador,
segurança. data de criação etc.
Essas informações vêm incorporadas no arquivo.
Antivírus
O antivírus é um software de proteção do computador que eli- Tipos de Metadados
mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi- Há três tipos de metadados:
car o computador. - Metadados técnicos;
O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có- - Metadados descritivos;
pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados. - Metadados administrativos.
O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa-
drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em Metadados técnicos
algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com Como o nome sugere, são informações técnicas a respeito
isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro- do arquivo, como
vidência. DPIs, tamanho do arquivo, seu formato, data de alteração
O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro- e criação, programa usado para gerar o arquivo, etc.
cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos
os dias são criados vírus novos. Metadados descritivos
Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do Metadados descritivos são, geralmente, informações in-
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail seridas manualmente no arquivo. Como o nome do arquivo, o
ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou autor e comentários.
mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma Metadados descritivos são úteis já que podemos utilizá-los
contaminação. em buscas.
Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze-
namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de- Metadados administrativos
vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes. Metadados administrativos são informações de identifica-
Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa- ção, contato do proprietário do arquivo, licença, direitos auto-
gas. Entre as principais estão: rais e termos de uso.
– Avast;
– AVG; Utilidade dos metadados
– Norton; Metadados são úteis não apenas para que você, ao pes-
– Avira; quisar, encontre com mais facilidade um arquivo por meio de
– Kaspersky; informações relacionadas, mas também como prova de autoria
– McAffe. e propriedade. Alguém pode, por exemplo, estar usando uma
foto sua ilegalmente e ao clicar e você tem como provar por
Filtro anti-spam meio dos metadados.
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici- Os metadados podem ser facilmente alterados ou apaga-
tados, que geralmente são enviados para um grande número de dos. Então, não confie muito no seu uso como provas.
pessoas.

58 https://cartilha.cert.br/ransomware/ 59 https://gnulinuxbrasil.com.br/2020/05/06/metadados-de-arquivos/
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK EX- ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
PRESS E MOZILLA THUNDERBIRD) e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


E-mail Independente da tecnologia e recursos empregados no correio
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men- eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
sagem atualmente60. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode – Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
e-mail, não importando a distância ou a localização. – Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descarta-
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru- dos pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido Lixeira. Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso. lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as
O resultado é algo como: mensagens definitivamente (este é um processo de segurança para
garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por en-
maria@apostilassolucao.com.br gano). Para apagar definitivamente um e-mail é necessário entrar,
de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails
Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio existentes.
eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook. – Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensa-
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário gem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun- – Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em
to de regras para o uso desses serviços. geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails
de destino separados por ponto-e-vírgula.
Correio Eletrônico – CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repas-
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor- samos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais
reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um da mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio – CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repas-
e recebimento de mensagens61. Estas mensagens são armazenadas samos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destina-
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas tários principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
e extração de cópias das mensagens. – Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte
Funcionamento básico de correio eletrônico da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro- ao usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação
gramas funcionando em uma máquina servidora: de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de ele será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso,
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men- recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiá-
sagens. veis e, em geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de e pragas. Alguns antivírus permitem analisar anexos de e-mails an-
correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensa- tes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por
gens. exemplo, o Gmail, permitem analisar preliminarmente se um anexo
contém arquivos com malware.
Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de – Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem
e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial- que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail
mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente e padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails.
de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de
o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, “joao@blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem
nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu- aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que
nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser um e-mail com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa cai-
enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti- xa de entrada, ele seja diretamente excluído.
natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servi-
dor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa
SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe

60 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E-
7ado.pdf
61 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-
-e-mozilla-thunderbird/
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

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Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

62 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA

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Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

GRUPOS DE DISCUSSÃO

Grupos de discussão
Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela Internet que permitem que um grupo de pessoas troque mensagens via
e-mail entre todos os membros do grupo. Essas mensagens, geralmente, são de um tema de interesse em comum, onde as pessoas
expõem suas opiniões, sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é um grupo onde várias pessoas podem participar sem, geralmen-
te, ter um pré- requisito, as informações nem sempre são confiáveis.
Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.com.br, que auxiliam na criação e uso de grupos de discussão, mas um
grupo pode ser montado independentemente, onde pessoas façam uma lista de e – mails e troquem informações.

Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos criar um grupo de discussão no Google Groups. Para isso, alguns
passos serão necessários:
1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos quando estudamos os sites de busca.
2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar no menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em “Grupos”.

!
Grupos
63 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar Após este passo, teremos que adicionar os membros do
um grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...” grupo e faremos isto através de um convite que será enviado
aos e – mails que digitaremos em um campo especial para esta
finalidade. Cada destinatário dos endereços cadastrados por nós
receberá um convite e deverá aceitá-lo para poder receber as
mensagens e participar do nosso grupo.

A mensagem do convite também será digitada por nós, mas


o nome, o endereço e a descrição do grupo, serão adicionados
automaticamente. Nesta página teremos o botão “Convidar”.
Quando clicarmos nele, receberemos a seguinte mensagem:

Passo 2 – Criando um grupo

Seguiremos alguns passos propostos pelo website.


Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é
Profale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo endere-
ço de e – mail do grupo e endereço do grupo na web vão sendo
automaticamente preenchidos. Podemos inserir uma descrição !
grupo, que servirá para ajudar as pessoas a saberem do que se Finalização do processo de criação do grupo
trata esse grupo, ou seja, qual sua finalidade e tipo de assunto
abortado. Os convidados a participarem do grupo receberão o convite
Após a inserção do comentário sobre as intenções do gru- em seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser rea-
po, podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, lizada depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em muitos
nudez ou material sexualmente explícito. Antes de entrar nesse casos, as mensagens de convite são identificadas pelos servido-
grupo é necessário confirmar que você é maior de 18 anos. res de mensagens como Spams e por esse motivo são automati-
camente enviadas para a pasta Spam dos destinatários.
Escolheremos também, o nível de acesso entre: O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde pode-
“Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer rá: visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de
pessoa pode participar, mas somente os membros podem postar discussão, convidar ou adicionar membros, e ajustar as configu-
mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer pessoa pode rações do seu grupo.
ler os arquivos. Qualquer pessoa pode participar, mas somente Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico
os administradores podem postar mensagens.” de discussão, será aberta uma página semelhante a de criação
de um e – mail. A linha “De”, virá automaticamente preenchi-
“Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é pre- da com o nome do proprietário e o endereço do grupo. A linha
ciso ser convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não “Para”, também será preenchida automaticamente com o nome
aparecem nos resultados de pesquisa públicos do Google nem do grupo. Teremos que digitar o assunto e a mensagem e clicar
no diretório.” no botão “Postar mensagem”.
A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde
as pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a um
fórum) ou encaminha via e-mail para outras pessoas.
O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O pro-
prietário também tem que se cadastrar e inserir informações
como nome do grupo, convidados, descrição e outras, mas am-
bas as ferramentas acabam tornado o grupo de discussão mui-
to semelhante ao fórum. Para criar um grupo de discussão da
maneira padrão, sem utilizar ferramentas de gerenciamento, as
pessoas podem criar um e – mail para o grupo e a partir dele
criar uma lista de endereços dos convidados, possibilitando a
troca de informações via e – mail.

!
Configurar grupo

Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas
REDES SOCIAIS operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar
do consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se infor-
ma através dele.
Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da in-
ternet, por pessoas e organizações que se conectam a partir de YouTube
interesses ou valores comuns64. Muitos confundem com mídias Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
sociais, porém as mídias são apenas mais uma forma de criar
redes sociais, inclusive na internet.

O propósito principal das redes sociais é o de conectar pes-


soas. Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e
interage com as pessoas com base nos detalhes que elas leem
sobre você. Pode-se dizer que redes sociais são uma categoria O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da
das mídias sociais. atualidade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange bilhão de horas de vídeos visualizados diariamente.
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas re- Instagram
des sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
compreendíamos como mídia antes da existência da internet:
rádio, TV, jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível
na internet, ela deixou de ser estática, passando a oferecer a
possibilidade de interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos,
que são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão.
Mídias sociais são lugares em que se pode transmitir informa-
ções para outras pessoas. O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Face- para acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível
book, profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos es- visualizar publicações no desktop, seu formato continua sendo
pecíficos como o Youtube que compartilha vídeos. voltado para dispositivos móveis.
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Insta- É possível postar fotos com proporções diferentes, além de
gram, Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais outros formatos, como vídeos, stories e mais.
recentemente, o Tik Tok. Os stories são os principais pontos de inovação do aplica-
tivo. Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas,
Facebook enquetes, vídeos em sequência e o uso de GIFs.
Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pes- Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
soais de seus membros. uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir ví-
deos de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados
de outro clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e so-
breposição para transições mais limpas – lembrando que esta
é mais uma das funcionalidades que atuam dentro dos stories.

Twitter
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que Rede social que funciona como um microblog onde você
reúne muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para pode seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo
gerar negócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se real as atualizações que seus contatos fazem e eles as suas.
com amigos e família, informar-se, dentre outros65.

WhatsApp
É uma rede para mensagens instantânea. Faz também liga-
ções telefônicas através da internet gratuitamente.

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para


cá está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos
pararam de usar a rede social.
A maioria das pessoas que têm um smartphone também o A rede social é usada principalmente como segunda tela em
têm instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
de “zap zap”. TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos
de futebol e outros programas.
64 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/
65 https://bit.ly/32MhiJ0
Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o inte-
utilizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam infor- resse de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes
mações em primeira mão por ali. tentou adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o
CEO lançou a funcionalidade nas redes que já haviam sido ab-
LinkedIn sorvidas, criando os concorrentes WhatsApp Status, Facebook
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede Stories e Instagram Stories.
quer manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
como um emprego por exemplo. bem específico, formado por jovens hiperconectados.

Skype
O Skype é um software da Microsoft com funções de video-
conferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz.
O serviço também opera na modalidade de VoIP, em que é pos-
sível efetuar uma chamada para um telefone comum, fixo ou
A maior rede social voltada para profissionais tem se tor- celular, por um aparelho conectado à internet
nado cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo,
como o Facebook.
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja:
no lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, te-
mos companhias. Outro grande diferencial são as comunidades,
que reúnem interessados em algum tema, profissão ou mercado
específicos. O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extin-
É usado por muitas empresas para recrutamento de profis- to MSN Messenger.
sionais, para troca de experiências profissionais em comunida- Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de
des e outras atividades relacionadas ao mundo corporativo uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo
Pinterest em grupo ou até mesmo enviar SMS.
Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas É possível, no caso, obter um número de telefone por meio
também compartilha vídeos. próprio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer
ligações a taxas reduzidas.
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mun-
do corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos
nichos e tamanhos.

Tik Tok
O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o concei- O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para
to de “mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar iOS e Android, possui recursos que podem tornar criações de
suas inspirações e também pode fazer upload de imagens assim seus usuários mais divertidas e, além disso, aumentar seu nú-
como colocar links para URLs externas. mero de seguidores66.
Os temas mais populares são:
– Moda;
– Maquiagem;
– Casamento;
– Gastronomia;
– Arquitetura;
– Faça você mesmo;
– Gadgets; Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar
– Viagem e design. duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e
Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo. sincronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pare-
ça que é você mesmo falando.
Snapchat O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os
Rede para mensagens baseado em imagens. usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pes-
soas famosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer par-
ticipar da brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos,


vídeos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-mo-
dernidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos
como snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.
66 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/
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98
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Um meio recente e também uma ótima forma de exemplo
TRANSFERÊNCIA DE ARQUIVOS PELA INTERNET para explicar a transferência remota são os aplicativos e sites de
“Nuvem” isso é, Cloud. Google Drive e Dropbox são exemplos
conhecidos desses aplicativos, mas como isso funciona? A inter-
Acesso à distância (acesso remoto) net serve nesse caso como conexão entre o usuário e o servidor
Acesso à distância ou acesso remoto é uma tecnologia que onde os arquivos estão guardados, um usuário cadastrado pode
permite que um computador consiga acessar um servidor pri- acessar esses arquivos de qualquer lugar do mundo, pode baixá-
vado – normalmente de uma empresa – por meio de um outro -los (download) ou até mesmo carregá-los (upload) na internet.
computador que não está fisicamente conectado à rede67. A co- O processo não funciona diferente de movimentar pastas
nexão à distância é feita com segurança de dados em ambos os em seu computador ou smartphone, porém essas pastas estão
lados e pode trazer diversos benefícios para manutenção, por localizadas em um computador ou servidor na maioria das vezes
exemplo. muitos quilômetros longe do usuário.
Na prática, essa tecnologia é o que permite acessar e-mails
e arquivos corporativos fora do local de trabalho, assim como Upload e Download
compartilhar a tela do seu computador em aulas ou palestras São termos utilizados para definir a transmissão de dados
à distância, de modo a fazer com que o receptor visualize exa- de um dispositivo para outro através de um canal de comunica-
tamente o que é reproduzido no computador principal e, por ção previamente estabelecido68.
vezes, faça edições e alterações mediante permissão no PC.
Acesso remoto conecta servidores de empresas e permite
controlar máquinas.
O acesso remoto também pode ocorrer via Internet, e con-
trolar computadores de terceiros. Seu uso mais frequente é para
suporte técnico de softwares, já que o técnico pode ver e até pe-
dir permissões para manipular a máquina completamente sem
estar diante do computador.
Utilizando as ferramentas adequadas, é possível acessar
computadores com qualquer sistema operacional, em qualquer Fonte: https://www.cursosdeinformaticabasica.com.br/qual-a-diferen-
rede, a partir de desktop, smartphone ou tablet conectado. ca-entre-download-e-upload/
A maneira mais comum de usar o acesso remoto é por meio
de uma VPN (Rede Privada Virtual, e português), que consegue Download
estabelecer uma ligação direta entre o computador e o servidor Está relacionado com a obtenção de conteúdo da Internet, o
de destino – criando uma espécie de “túnel protegido” na In- popular “baixar”, onde um servidor remoto hospeda dados que
ternet. Isto significa que o usuário pode acessar tranquilamente são acessados pelos clientes através de aplicativos específicos
seus documentos, e-mails corporativos e sistemas na nuvem, via que se comunicam com o servidor através de protocolos, como
VPN, sem preocupação de ser interceptado por administradores é o caso do navegador web que acessa os dados de um servidor
de outras redes. web normalmente utilizando o protocolo HTTP.
Para criar uma VPN existem duas maneiras: por meio do
protocolo SSL ou softwares. Na primeira, a conexão pode ser Upload
feita usando somente um navegador e um serviço em nuvem. O termo upload faz referência a operação inversa a do
No entanto, sem o mesmo nível de segurança e velocidade dos download, isto é, ao envio de conteúdo à Internet.
programas desktop. Já na segunda e mais comum forma de aces-
so remoto, é necessário um software que utiliza protocolo IPseg
COMPUTAÇÃO NA NUVEM
para fazer a ligação direta entre dois computadores ou entre um
computador e um servidor. Nesse caso, a conexão tende a ser
mais rápida e a segurança otimizada.
Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi-
lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
net69. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador
específico, mas sim em uma rede.
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
Fonte: https://www.kickidler.com/br/remote-access.html internet.

Transferência de informação e arquivos, bem como aplica-


tivos de áudio, vídeo e multimídia 68 Hunecke, M. Acesso à Distância a Computadores, Transferência de Informa-
ção e Arquivos.
69 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-com-
67 https://bit.ly/3gmqZ4w putacao-em-nuvens-.htm
Editora
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado, PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis-
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam pensada a necessidade de realizar o download para só então poder
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu modificar o conteúdo do arquivo.
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja. iCloud
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
Vantagens: passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente
tudo é executado em servidores remotos. a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS.
de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita.
— ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
único computador. mento também.

Desvantagens:
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu-
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em um
ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à von-
tade com isso.
– Como há a necessidade de acessar servidores remotos, é pri-
mordial que a conexão com a internet seja estável e rápida, princi-
palmente quando se trata de streaming e jogos.
No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um
Exemplos de computação em nuvem sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
Dropbox A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu- o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com caso você o tenha perdido.
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone. Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.

Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-


bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.
Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser-
OneDrive viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re-
O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar- conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo
mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira
de espaço para os usuários70. Mas é possível conseguir ainda mais encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca
espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas para procurar palavras e expressões.
promoções que a empresa lança regularmente. Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas
Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer
pagos com capacidades variadas também. o download do documento e abri-lo em outro aplicativo.

Tipos de implantação de nuvem


Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os servi-
ços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de TI71.
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem:

70 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/ 71 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud SaaS (software como serviço)
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de sof-
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento tware pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em as-
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- sinaturas.
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospe-
de nuvem contratado pela organização. dam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subja-
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em cente.
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo Além de realizarem manutenções, como atualizações de sof-
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou tware e aplicação de patch de segurança.
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra- Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na-
mantidos em uma rede privada. vegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi-
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu- ARMAZENAMENTO DE DADOS NA NUVEM (CLOUDSTORA-
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar GE)
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
empresa.
O armazenamento de dados na nuvem é quando guardamos
Tipos de serviços de nuvem informações na internet através de um provedor de serviços na nu-
A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra vem que gerencia o armazenamento dos dados72.
em quatro categorias amplas: Com este serviço, são eliminados custos com infraestrutura de
– IaaS (infraestrutura como serviço); armazenamento físico de dados. Além disso, pode-se acessar do-
– PaaS (plataforma como serviço); cumentos em qualquer lugar ou dispositivo (todos sincronizados).
– Sem servidor; Estes provedores de armazenamento cobram um valor propor-
– SaaS (software como serviço). cional ao tamanho da necessidade, mantendo os dados seguros.
Você pode acessar seus dados na nuvem através de protoco-
Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha los como o SOAP (Simple Object Access Protocol), protocolo desti-
da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre nado à circulação de informações estruturadas entre plataformas
o outro. distribuídas e descentralizadas ou usando uma API (Application
Programming Interface, traduzindo, Interface de Programação de
IaaS (infraestrutura como serviço) Aplicações) que integra os sistemas que tem linguagens diferentes
A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. de maneira rápida e segura.
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi-
ços cloud, pagando somente pelo seu uso. Benefícios do armazenamento na nuvem
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS - Diminuição do custo de hardware para armazenamento, só é
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e pago o que realmente necessita e ainda é fácil e rápido aumentar o
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera- espaço caso necessite;
cionais. - As empresas pagam pela capacidade de armazenamento que
realmente precisam73;
PaaS (plataforma como serviço) - Implantação rápida e fácil;
PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for- - Possibilidade de expandir ou diminuir o espaço por sazonali-
necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste, dade;
fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software. - Quem contrata gerencia a nuvem diretamente;
A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen- - A empresa contratada cuida da manutenção do sistema, ba-
volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui- ckup e replicação dos dados, aquisição de dispositivos para arma-
to mais rápida. zenamentos extras;
Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou - É uma ferramenta de gestão de dados, pois, estes são arma-
ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar- zenados de forma organizada. Com uma conexão estável, o acesso
mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol- e compartilhamento é fácil e rápido.
vimento.
Desvantagens
Computação sem servidor - O acesso depende exclusivamente da internet, portanto, a co-
A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se nexão deve ser de qualidade;
na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento - Companhias de grande porte precisam ter políticas de segu-
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso. rança para preservar a integridade dos arquivos;
O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja- - Geralmente, os servidores estão no exterior, o que sujeita
mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e seus dados à legislação local.
sua equipe.
As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e
controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre
uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade.
72 https://centraldefavoritos.com.br/2018/12/31/armazenamento-de-dados-
-na-nuvem-cloud-storage/
73 http://www.infortrendbrasil.com.br/cloud-storage/
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101
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
Tipos de armazenamento em nuvem É comum o uso de navegadores como o THOR ao invés do
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de CHROME, pois o THOR oculta sua identidade. Desta forma não
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- é possível descobrir quem acessou, pois o IP fica criptografado.
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de DARK WEB (Parte Escura): A DARK WEB é nível mais
TI74. abaixo, onde seu acesso se torna mais difícil e só deve ser
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: acessado por usuários avançados com objetivos específicos.
• Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud Neste nível é adicionado mais um grau de segurança onde os
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- sites, remetentes, criadores, destinatários e usúarios em geral
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento são mais difíceis de serem identificados.
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- Seus domínios são complexos. A DARK WEB é uma parte da
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor WEB, onde é difícil crakear, localizar e ter acesso.
de nuvem contratado pela organização. Podemos dizer que a DARK WEB é uma parte da DEEP
• Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
WEB, pois os domínios não são indexados.
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo
CONCLUSÃO
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou
Vimos como a INTERNET é um universo gigantesco, onde
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra-
podem ser realizadas coisas diversas, para fins legais e ilegais.
estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são
mantidos em uma rede privada. Tanto a DEEP WEB e a DARK WEB, podem ser usadas para
• Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi- fins legais como pesquisas secretas, investigação e outros fins
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o legais. Muitas vezes se faz necessário um nível elevado de se-
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu- gurança de acordo com o contexto.
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar Mas este cenário favorece muito os CRIMES VIRTUAIS devi-
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da do as suas características.
empresa. A CIBER SEGURANÇA é importantíssima dentro deste con-
texto para proteger servidores, computadores, redes, dispositi-
Software para armazenamento em nuvem vos móveis e dados em geral de ataques maliciosos.
Software de armazenamento cloud são sites, alguns deles vin-
culados a provedores de e-mail e aplicações de escritório, como
o Google Drive (Google), o One Drive (Microsoft) e o Dropbox. A
QUESTÕES
maioria dos sites disponibiliza o serviço gratuitamente e o usuário
paga apenas se contratar planos para expandir a capacidade.

1. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI-


DEEPWEB E DARKWEB NISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide Web
(WWW) são frequentemente usados como sinônimos na linguagem
corrente, e não são porque
CRIMES VIRTUAIS E CIBER SEGURANÇA: DEEPWEB E (A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pági-
DARKWEB. nas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
A internet é dividida em 3 partes conforme a figura abaixo: acesso a um computador.
(B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a co-
nexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço
especial de acesso ao Google.
(C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que fun-
cionam dentro da internet.
(D) a internet possibilita uma comunicação entre vários compu-
tadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
(E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso
especial ao Google.
Vamos definir as 3 partes da INTERNET abaixo: 2. (PREFEITURA DE CANANÉIA/SP - MÉDICO 20H - VU-
SURFACE (Superfície): A SURFACE (superfície) é a parte NESP/2020) Assinale a alternativa que apresenta apenas extensões
mais comum, onde todos nós utilizamos no dia á dia tais como de arquivos reconhecidas por padrão, no MS-Windows 7, em sua
as redes sociais, navegação em geral, e-mails, buscadores tais configuração padrão, como arquivos de imagens.
como GOOGLE, etc... Esta parte é a menor de todas, ela é in- (A) bmp e pptx.
dexada, isto é visível através de buscadores tais como o GOO- (B) xlsx e docx.
GLE, BING, etc... A SURFACE WEB corresponde a apenas 4% das (C) txt e jpg.
informações disponíveis na INTERNE (D) jpg e png.
(E) png e doc.
DEEP WEB (Parte Profunda): A DEEP WEB é composta por
sites não indexados. Estes conteúdos (sites) existem, porém
não são visíveis utilizando buscadores tais como GOOGLE, etc...
74 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/
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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
3. (IDAF/AC - ENGENHEIRO AGRÔNOMO - IBADE/2020) No 8. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresenta
Windows 8, além das diversas funções e recursos existentes para uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Página
facilitar o seu dia a dia, é possível utilizar teclas de atalhos no tecla- Inicial” do Word 2010.
do para ajudar você a fazer o que quiser mais rápido. Qual a combi- (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
nação de teclas de atalho para minimizar todas as janelas abertas e (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
ir direto para sua área de trabalho? do documento.
(A) Tecla do logotipo do Windows + L (C) Definir o alinhamento do texto.
(B) Tecla do logotipo do Windows + F (D) Inserir uma tabela no texto
(C) Tecla do logotipo do Windows + M
(D) Tecla do logotipo do Windows + E 9. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint 2002
(E) Tecla do logotipo do Windows + F1 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse aplicativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
4. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJETI-
VA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, analisar
os itens abaixo:
I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela.
II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por
ano.
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários.
IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall
e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware
e ransomware. ( ) CERTO
( ) ERRADO
Estão CORRETOS:
(A) Somente os itens I, II e III. 10. (UFPEL - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - UFPEL-
(B) Somente os itens I, III e IV. -CES/2019) Analise as afirmações:
(C) Somente os itens II, III e IV I) O Calc do LibreOffice funciona no Linux mas não no Windows.
(D) Todos os itens. II) O LibreOffice tem Editor de Texto e Planilha Eletrônica, mas
não tem Banco de Dados.
5. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ/SC - ENFERMEIRO - INSTI- III) A planilha eletrônica do LibreOffice é o Writer.
TUTO UNIFIL/2020) Considerando os conceitos de segurança da IV) Arquivos gerados no Calc do LibreOffice no ambiente Linux
informação e os cuidados que as organizações e particulares devem podem ser abertos pelo Microsoft Excel no ambiente Windows.
ter para proteger as suas informações, assinale a alternativa que
não identifica corretamente um tipo de backup. Está(ão) correta(s),
(A) Backup Incremental. (A) III e IV, apenas.
(B) Backup Excepcional. (B) I e II, apenas.
(C) Backup Diferencial. (C) II e IV, apenas.
(D) Backup Completo ou Full. (D) IV, apenas.
(E) I, apenas.
6. (PREFEITURA DE SOBRAL/CE - ANALISTA DE INFRAESTRU-
TURA - UECE-CEV/2018) O componente do hardware do computa- 11. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019)
dor que tem como função interligar diversos outros componentes Para que a segurança da informação seja efetiva, é necessário que
é a: os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas garantam
(A) memória diferida. alguns requisitos básicos de segurança. Sobre esses requisitos, assi-
(B) memória intangível. nalar a alternativa CORRETA:
(C) placa de fase. (A) Repúdio de ações realizadas, integridade, monitoramento
(D) placa mãe. e irretratabilidade.
(B) Protocolos abertos, publicidade de informação, incidentes
7. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo e segurança física.
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô- (C) Confidencialidade, integridade, disponibilidade e autentica-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção ção.
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- (D) Indisponibilidade, acessibilidade, repúdio de ações realiza-
meros e letras. das e planejamento.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel.
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web.

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CONHECIMENTOS EM INFORMÁTICA
12. (PREFEITURA DE TOLEDO/PR - ASSISTENTE EM ADMINIS- 15. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/SC - MÉDICO VETERINÁRIO -
TRAÇÃO - PREFEITURA DE TOLEDO/PR/2020) Programas antivírus IESES/2019) Dentre as utilidades dos serviços de cloud storage (ar-
tem uma importância um tanto quanto fundamental para os usuá- mazenagem na nuvem), assinale a alternativa INCORRETA:
rios. As principais funções dessa ferramenta são, EXCETO: (A) Acessar arquivos quando estiver sem acesso à internet.
(A) Atuar para identificação e eliminação da maior quantidade (B) Compartilhar arquivos com os pares.
de vírus possível. (C) Acessar arquivos quando não se está no local do seu com-
(B) Verificar continuamente os discos rígidos, HDs externos e putador, como por exemplo fora do escritório ou em viagens.
mídias removíveis. (D) Fazer backup de dados.
(C) Trabalhar sincronizado com outro antivírus para aumentar
o nível de segurança.
(D) Ao encontrar um problema o software em questão avisa o
usuário. GABARITO
(E) A utilização de uma versão paga oferece ao usuário mais
segurança.
1 C
13. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD-
MINISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e com- 2 B
ponentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, pre- 3 C
sente na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna.
Item 4 B
1- Spam 5 B
2- IMAP
6 D
3- Cabeçalho
4- Gmail 7 A
8 D
Definição
( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico. 9 CERTO
( ) Um serviço gratuito de webmail. 10 D
( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa
para múltiplas pessoas. 11 C
( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail. 12 C
A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é:
13 D
(A) 1, 2, 3, 4.
(B) 3, 1, 2, 4. 14 C
(C) 2, 1, 4, 3. 15 A
(D) 2, 4, 1, 3.
(E) 1, 3, 4, 2.

14. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR-


ANOTAÇÕES
SOS/2018) São considerados modelos de implantação de compu- ______________________________________________________
tação em nuvem:
I- Nuvem privada (private clouds): compreende uma infraes- ______________________________________________________
trutura de nuvem operada publicamente por uma organização. Os
serviços são oferecidos para serem utilizados internamente pela ______________________________________________________
própria organização, não estando disponíveis publicamente para
______________________________________________________
uso geral.
II- Nuvem comunidade (community cloud): fornece uma in- ______________________________________________________
fraestrutura compartilhada por uma comunidade de organizações
com interesses em comum. ______________________________________________________
III- Nuvem pública (public cloud): a nuvem é disponibilizada
publicamente através do modelo pay-per-use. Tipicamente, são ______________________________________________________
oferecidas por companhias que possuem grandes capacidades de
armazenamento e processamento. ______________________________________________________
IV- Nuvem híbrida (hybrid cloud): a infraestrutura é uma com-
______________________________________________________
posição de duas ou mais nuvens (privada, comunidade ou pública)
que continuam a ser entidades públicas, porém, conectadas através ______________________________________________________
de tecnologia proprietária ou padronizada.
______________________________________________________
Está correto o contido:
(A) Apenas na opção I. ______________________________________________________
(B) Apenas na opção II.
(C)Apenas nas opções II e III. _____________________________________________________
(D) Nas opções I, II e III. _____________________________________________________
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL

De 1880 a 1883, o engenheiro baiano Miguel de Teive e Argollo


O ESTADO DE MINAS GERAIS: ASPECTOS HISTÓRICOS E construiu a mais importante ferrovia de Minas Gerais, no século 19:
ECONÔMICOS, EMANCIPAÇÃO POLÍTICA, ADMINISTRA- a Ferrovia Bahia-Minas. Argollo era também o concessionário des-
ÇÃO MUNICIPAL, PODER LEGISLATIVO, PODER EXECUTIVO, sa Ferrovia, que foi transferida para o Estado de Minas Gerais, em
LOCALIZAÇÃO, LIMITES, RECURSOS NATURAIS, CLIMA, RE- 1897.
LEVO, VEGETAÇÃO, OCORRÊNCIAS MINERAIS, AGRICUL- No século 20, a economia mineira foi diversificada e ampliada.
TURA, MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E FOLCLÓRICAS
Ocupação indígena
A região onde se encontra atualmente Minas Gerais já era ha-
bitada por povos indígenas possivelmente entre 11 400 a 12 000
MINAS GERIAS
anos atrás, período o qual estima-se ter se originado Luzia, nome
História
recebido pelo fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas,
O desbravamento do sertão do atual Estado de Minas Gerais
achado em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta na região de
começou, em 1554, com a expedição exploradora do espanhol
Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo
Francisco Bruza Espinosa, que residia na Bahia. Por ordem de Duar-
Horizonte. Na região dos municípios de Januária, Montalvânia, Ita-
te da Costa, o Governador do Brasil, Espinosa partiu de Porto Segu-
carambi e Juvenília, no norte do estado, escavações arqueológicas
ro, percorreu parte das bacias do Rio Pardo e do Rio Jequitinhonha
levaram a estimativas de que a ocupação inicial tenha ocorrido en-
e atingiu o Rio São Francisco, em busca de riquezas minerais. A re-
tre 11 000 e 12 000 anos atrás.
gião era, então, parte da Capitania de Porto Seguro. Posteriormen-
Desse período, herdaram-se características culturais como o
te, criadores baianos de gado seguiram pela região, com as notícias
uso de peças de pedra ou osso, fogueiras extintas, criação de ce-
da expedição.
mitérios, pequenos silos com sementes e pinturas rupestres. Mais
A ocupação efetiva do atual território de Minas Gerais, pelos
tarde, há cerca de quatro mil anos, especula-se que tenha ocorrido
portugueses, começou a partir do final do século 17, com a des-
o cultivo de vegetais, em especial o milho, e há dois mil anos já ha-
coberta das primeiras jazidas de ouro. A primeira vila foi fundada
via importante manufatura de produtos cerâmicos.
em 1712, a Vila do Ribeirão do Carmo, que foi elevada à categoria
O descobrimento de Luzia, na década de 1970, fez com que
de cidade, em 1745, com o nome de Mariana, em homenagem à
fosse formulada a hipótese de que o povoamento das Américas te-
rainha dona Maria Ana d’Áustria.
ria sido feito por correntes migratórias de caçadores e coletores,
Em 1720, foi criada a capitania das Minas Gerais, desmembra-
ambas vindas da Ásia, provavelmente pelo estreito de Bering atra-
da da capitania de São Paulo e Minas d’Ouro. No século 18, Minas
vés de uma língua de terra chamada Beríngia (que se formou com
Gerais tornou-se uma das principais fontes de riqueza do Império
a queda do nível dos mares durante a última idade do gelo). Os
Lusitano.
povos indígenas que predominavam em Minas Gerais, assim como
Com a riqueza, seguiu-se um rápido povoamento da região e
em todo o Brasil e na América do Sul, são descendentes dessas tri-
conflitos pela exploração das minas, como a Guerra dos Emboabas,
bos caçadoras que se instalaram na região, oriundas da América do
com mineiros paulistas. Depois surgiram os conflitos pelo pagamen-
Norte.
to da parte do Rei, relativa à concessão das minas.
Mais de cem grupos indígenas habitavam o estado de Minas
Ao contrário do que muitos autores escrevem, o quinto (20%),
Gerais. A região foi ocupada, até o século XVI, por povos indígenas
a parte do Rei, não era elevada, de uma forma geral, era inferior aos
do tronco linguístico macro-jê, tais como os xacriabás, os maxacalis,
impostos pagos atualmente no Brasil. O termo “imposto” também é
os crenaques, os aranãs, os mocurins, os atu-auá-araxás e os puris.
inadequado, pois as minas pertenciam ao Rei. O termo apropriado
Algumas décadas após o Descobrimento do Brasil, no entanto,
é royalty, embora não usado na época.
passaram a ser visados a servirem como escravos, sendo captura-
Em meados do século 18, a produção de ouro contabilizada nas
dos pelos bandeirantes para os usarem em suas próprias fazendas
Minas Gerais ficava por volta de 10 toneladas anuais. Em 1789, a
ou serem vendidos durante séculos; os que se revoltaram eram
Capitania devia à Coroa mais de sete toneladas de ouro. As ações
exterminados, o que provocou uma grande redução na população
para a cobrança dessas dívidas levaram, em oposição, ao movimen-
indígena (restando atualmente cinco grupos: xacriabás, crenaques,
to da Inconfidência Mineira.
maxacalis, pataxós e pankararus).
No início do século 19, Minas Gerais entrou em um novo ciclo
econômico, com a expansão da cafeicultura, mas a Bahia era, então,
a capitania mais rica.
Em 1816, por alvará de 4 de abril, a região conhecida como Tri-
ângulo Mineiro, então parte da Capitania de Goyaz, foi incorporada
à Capitania de Minas Gerais.

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A corrida do ouro do. Estima-se que durante o século XVIII surgiram mais de 120 des-
Pintura retratando a lavra do ouro em primeiro plano e Vila tas comunidades por toda a capitania. Contudo, tais assentamentos
Rica ao fundo. (Rugendas, 1820-1825) não se encontravam tão afastados dos centros mineradores, o que
Desde o início da colonização portuguesa, alguns colonos se facilitava a fuga de mais negros. Existia, ainda, o comércio de pro-
embrenhavam nas matas em busca de metais preciosos, motiva- dutos de subsistência entre os negros e comerciantes, que tiravam
dos por lendas sobre as possíveis riquezas do interior selvagem, vantagem do preço mais baixo oferecido pelos quilombolas.
mas raramente retornavam. Somente a partir do fim do século XVII
foram registradas as primeiras evidências de que a região de fato Inconfidência Mineira
possuía uma grande riqueza mineral, cuja descoberta atribui-se aos Contudo, a partir da segunda metade do século XVIII a pro-
bandeirantes paulistas, em especial a Antônio Rodrigues Arzão, que dução aurífera dava sinais claros de declínio. Para manter a arre-
inicialmente buscavam índios para servirem como escravos. Den- cadação, a Coroa Portuguesa passou a aumentar os impostos e a
tre as incursões que rumaram para o interior do estado, destaca-se fiscalização na colônia, além de criar a derrama, uma nova forma de
a de Antônio Dias de Oliveira, em cujo assentamento aos pés do imposto que garantiria seus lucros. As regiões auríferas passaram
pico do Itacolomi viria se formar Vila Rica. A notícia da descoberta a ficar cada vez mais escassas, e os colonos não mais podiam arcar
de ouro na região logo se espalhou, atraindo pessoas interessadas com tais impostos, levando o governo lusitano ao confisco de suas
em adquirir riqueza fácil nas terras ainda a serem desbravadas. Ini- propriedades.
cialmente o ouro era extraído do leito dos rios, o que obrigava os Tais ações consideradas abusivas trouxeram profunda insatis-
garimpeiros a se mudar conforme o esgotamento do metal. Após fação entre a população mineira. Então, influenciados pelos ideais
algum tempo, a exploração passou a ser feita também nas encostas do Iluminismo que surgira na Europa e se espalhavam pelo mundo
de montanhas, o que obrigava o assentamento permanente dos mi- ocidental, as elites mineradoras passaram a conjecturar um plano
neradores. Isso proporcionou o surgimento dos primeiros núcleos com o objetivo de criar uma nova república na região de Minas Ge-
de povoamento. rais. A revolução estava marcada para acontecer em 1789, quando
Os paulistas se julgavam proprietários do ouro retirado das ocorreria uma nova cobrança da derrama. Dentre os líderes do mo-
minas, alegando direito de conquista, e não queriam que outros vimento estavam os poetas Cláudio Manoel da Costa e Tomás An-
se apossassem dessa riqueza. Com isso, em 1708, teve início o pri- tônio Gonzaga, o padre Carlos Correia de Toledo e Melo, o coronel
meiro grande conflito da região, uma guerra na qual os emboabas Joaquim Silvério dos Reis e o alferes Tiradentes. Contudo, a cobran-
(“aquele que ofende”, em tupi) atacaram os paulistas. Estes saíram ça da derrama foi revogada pelas autoridades lusitanas. Ao mesmo
derrotados do conflito e passaram a buscar por ouro em outras re- tempo, havia a investigação por parte da coroa sobre o movimento
giões, e o encontraram onde hoje estão os estados de Goiás e Mato de insurreição que estaria para acontecer.
Grosso. A imposição da autoridade da Coroa Portuguesa também Em troca do perdão de suas dívidas, Joaquim Silvério dos Reis
contribuiu para o fim do conflito, a partir da criação da Capitania de delatou todo o plano dos inconfidentes, o que levou à prisão de
São Paulo e Minas de Ouro em 1709 e da Capitania de Minas Gerais vários de seus companheiros antes que a insurreição acontecesse.
em 1720. Como boa parte dos membros dos movimentos tinham forte liga-
A Coroa Portuguesa, então, passou a controlar com rigor a ex- ção com a elite, poucos foram de fato condenados. Como Tiraden-
ploração de ouro nas minas, recolhendo vinte por cento de tudo o tes era de origem popular, toda a responsabilidade do movimento
que era produzido, o que ficou conhecido como quinto. A população foi atribuída a ele. Como forma de reprimir outros movimentos, a
da capitania continuava a crescer, mas existiam até então somente Coroa Portuguesa realizou o enforcamento e o esquartejamento do
pequenos cultivos agropecuários de subsistência, o que demandava alferes, e partes de seu corpo foram espalhadas por vias de acesso
a importação de produtos de outras regiões da colônia. Novos aces- da capitania.
sos a região passaram a ser criados e o fluxo de pessoas e merca-
dorias aumentou intensamente surgindo, assim, o primeiro grande Decadência da produção mineral
mercado consumidor do Brasil. Ao longo desses acessos apareciam Até então a maior parte da população da capitania concentra-
povoados, tendo, portanto, papel fundamental no povoamento da va-se nos núcleos urbanos e nas proximidades da região minerado-
capitania. Dentre esses trajetos destaca-se o Caminho Novo, que ra. Contudo, o esgotamento das jazidas auríferas e de diamantes
ligava as regiões mineradoras ao Rio de Janeiro. A intensa mistura levou à diáspora da população urbana, que se deslocou para outras
de pessoas associada a riqueza oriunda do ouro e a vida urbana regiões. Os desbravadores passaram a criar novas fazendas por ou-
proporcionaram a formação de uma nova sociedade culturalmente tras regiões do atual estado, erguiam capelas onde posteriormente
diversa, com vários músicos, artistas, escultores e artesãos. Dentre surgiam arraiais e vilas. No início do século XIX, houve uma intensa
os movimentos culturais destacam-se o trabalho de Aleijadinho e criação de vilas, freguesias, distritos e municípios. Isto contribuiu
Mestre Ataíde, dentre outros, que permitiram o florescimento do para a expansão e povoamento do território mineiro, expandido
Barroco Mineiro. suas fronteiras para o norte (adquirindo partes da província de Per-
No mesmo período, na região do vale do Jequitinhonha, ocor- nambuco), para leste (adquirindo áreas do Espírito Santo), para o
reu a descoberta do diamante, embora seus descobridores por dé- oeste (anexando a região do Triângulo Mineiro, antes pertencente
cadas não reconheceram o valor desta pedra preciosa. Contudo, a a Goiás). A população mineira passou a ser predominantemente ru-
Coroa Portuguesa, ao reconhecer a produção mineral da região, ral, e as cidades do ouro ficaram cada vez mais vazias, o que teve
logo estabeleceu uma forma de cobrar impostos sobre a produção, grande influência na cultura e na política da província.
de forma similar ao quinto do ouro. O principal núcleo de explora-
ção dos diamantes era próximo de onde surgiu o Arraial do Tijuco O período imperial
(hoje Diamantina). Durante o período imperial, houve duas mobilizações impor-
No auge da exploração do ouro, a mão de obra escrava era es- tantes da população. A primeira delas foi a Sedição Militar de 1833,
sencial para os grandes proprietários. Desta forma, intensificou-se o um movimento sem consistência que queria o retorno de Dom Pe-
comércio de negros trazidos do continente africano para trabalhar dro I ao país, mas foi logo abafado pelo governo provincial. Outro
nas minas. Muitos dos negros tentavam e conseguiam fugir, o que grande movimento foi a Revolução Liberal de 1842. No Brasil Im-
provocou o intenso surgimento de quilombos por todo o atual esta- pério as forças políticas estavam divididas essencialmente entre li-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
berais e conservadores. Quando Dom Pedro II atingiu a maioridade tentativa de centralizar a economia estadual a partir de diversas ini-
em 1840, o Partido Conservador assumiu o poder, o que provocou ciativas, dentre elas a criação de uma nova capital, Belo Horizonte,
a revolta dos liberais. Tiveram início, então, conflitos armados na em 1897. Uma exceção ao atraso industrial foi a cidade de Juiz de
província de São Paulo, que ganharam adesão dos liberais minei- Fora, que apresentou um surto de desenvolvimento industrial sus-
ros em 1842, com a participação inicial de quinze dos quarenta e tentado pela economia cafeeira aliado à proximidade com o Rio de
dois municípios existentes na época. Para conter os revoltosos, o Janeiro. Contudo, tal desenvolvimento durou até 1930, quando a
governo imperial enviou guardas nacionais e unidades do exército, competição com os outros grandes centros industriais do país levou
que deveriam prender os líderes do partido liberal. Transcorreram à estagnação e posterior declínio do parque industrial da cidade.
vários conflitos durante mais de dois meses até que o movimento O projeto de desenvolvimento mineiro estava pautado em
foi finalmente abafado por completo. Os líderes foram julgados e duas orientações. A primeira delas incluía a diversificação produti-
absolvidos seis anos depois. va, em que se pretendia a criação de uma forte agricultura capaz de
sustentar o desenvolvimento industrial. A outra estratégia envolvia
Índios em uma fazenda c. 1824 o aproveitamento dos recursos naturais do estado para realizar a
Durante a segunda metade do século surgiram os primeiros especialização produtiva, com a produção de bens intermediários.
avanços no setor industrial em Minas. No campo siderúrgico co- Através das primeiras décadas do século XX o plano foi sendo gra-
meçava a aumentar a produção e manufatura do ferro. Surgiram dualmente implementado com diversas iniciativas, como a criação
ainda várias fábricas de produtos têxteis, laticínios, vinhos, alimen- da Cidade Industrial de Contagem em 1941. Contudo, o avanço foi
tos, cerâmicas e louças. Contudo as atividades agropecuárias domi- prejudicado por conta de problemas logísticos como a falta de ener-
navam a economia da época, sendo voltadas principalmente para gia e de uma rede eficiente de transportes.
subsistência, desfavorecendo o crescimento econômico da provín- A partir do fim da década de 40 e ao longo da década de 50,
cia. A mão de obra era predominantemente escrava, provenientes entretanto, Minas passa por um importante processo de transfor-
dos que restaram das atividades mineradoras. A produção de café mação, que visa sanar os problemas que barravam o desenvolvi-
voltada para a exportação chegou à província no início do período mento mineiro, principalmente durante o período do mandato de
imperial e aumentou substancialmente até o fim do século. Contu- Juscelino Kubitschek como governador (1951-1955) e presidente da
do, a produção paulista sempre foi expressivamente maior e fatores república (1956-1961). Foram criadas a Companhia Energética de
administrativos, naturais e econômicos desfavoreceram o desenvol- Minas Gerais (Cemig), várias usinas hidroelétricas e milhares de qui-
vimento da cafeicultura mineira na época. lômetros de rodovias. Um importante setor industrial que se desen-
volveu neste período foi o metalúrgico, sustentado pela exploração
Cafeicultura do ferro na região central do estado.[36] Contudo, a instabilidade
Em 1889 tem início o período da República Velha no Brasil, econômica que se sucedeu durante a década de 1960 afetou a con-
que foi comandado inicialmente por presidentes militares. Somen- tinuidade de tal crescimento, deixando o estado em defasagem. Du-
te em 1894 houve a eleição do primeiro presidente civil do Brasil, rante a ditadura militar, as federações de indústrias de Minas Gerais
dando início ao período da República Oligárquica. Em Minas Ge- e importantes industriais mineiros apoiaram o regime.
rais, surgiam os primeiros grandes barões do café, responsáveis por Na década seguinte, entretanto, Minas retoma sua trajetória
aumentar significativamente a produção do estado. As oligarquias de crescimento econômico beneficiado, sobretudo, pelo processo
cafeeiras tinham grande influência no cenário político nacional, a de descentralização industrial. Como resultado, o crescimento do
ponto de escolherem os representantes que iriam ocupar o cargo produto interno bruto mineiro foi superior à média nacional por
de presidente do país. Os dois estados mais populosos do país, vários anos. Tal processo deveu-se ao incremento da produção in-
então, firmaram um acordo em que os presidentes eleitos seriam dustrial e fortalecimento da agricultura. Tal processo provocou ain-
alternados entre paulistas e mineiros, o que ficou conhecido como da o aumento da porcentagem da população que vivia nas cidades,
política do café-com-leite. embora boa parte deste êxodo rural tenha motivado a emigração
Houve, contudo, algumas divergências políticas entre os dois da população para os grandes centros urbanos de outros estados.
estados, o que permitiu a eleição de presidentes de outros estados, Na década de 1980, o crescimento econômico mineiro sofre uma
embora nunca deixassem de exercer influência sobre o processo nova descontinuidade por conta da crise econômica generalizada
eleitoral. Na década de 1920, vários fatores aceleraram o declínio pela qual o país passava. Mesmo assim, o crescimento mineiro ain-
do domínio oligárquico, como revoltas populares, movimentos te- da foi superior à média nacional. A partir da década de 90, o estado
nentistas e a crise econômica do café, que se agravou ainda mais apresentou baixo dinamismo econômico, seguindo a tendência na-
com a grande depressão. Mas a política do café-com-leite terminou cional. A partir de então, Minas se consolida na economia nacional
de fato quando o então presidente paulista Washington Luís deveria com o terceiro maior PIB do país, e se mantém na posição até hoje
indicar um mineiro para sucessão, mas indicou outro paulista, Júlio
Prestes. Em oposição ao episódio, Minas Gerais se uniu à Aliança Aspectos Geográficos
Liberal, que realizou um golpe de Estado em 1930 e instaurou uma Relevo
nova república no Brasil, sob o comando de Getúlio Vargas. O relevo mineiro é caracterizado por planaltos com escarpas.
Entre os exemplos estão a serra da Mantiqueira e a serra do Espi-
Industrialização nhaço. O Pico da Bandeira é o ponto mais alto do estado, com 2,8
O ciclo do café no estado teve certas características particu- metros de altura.
lares que desfavoreceram o crescimento econômico do estado. O Oficialmente, as formas de relevo existentes no estado de Mi-
lucro gerado pela cultura era em parte destinado aos portos de nas Gerais podem ser divididas nos seguintes tipos de unidades ge-
exportação nos estados vizinhos. Além disso, findo o período da omorfológicas: planalto Cristalino, serra do Espinhaço, depressão
escravidão, não houve a transição direta para o trabalho livre e as- do rio São Francisco, planalto do São Francisco e planalto do Paraná.
salariado nas lavouras, o que levou à menor circulação monetária. O planalto cristalino possui altitudes médias de 800 metros — sen-
Outro agravante era a desarticulação entre as regiões do estado, do reduzida ao aproximar-se da Zona da Mata —, apresentando de-
que tinham mais relações econômicas com os estados vizinhos. Em pressões onde originam-se os vales dos rios Jequitinhonha e Doce.
reconhecimento a esta situação, as elites mineiras iniciaram uma A serra do Espinhaço possui altitude média de 1 300 metros, rele-
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vando-se por dividir a bacia do rio São Francisco com as bacias hi- norte mineiro, com precipitações anuais sempre inferiores a 1 000
drográficas costeiras. A depressão do rio São Francisco tem altitude mm e por vezes menores que 750 mm. Segundo a Superintendência
média de 500 metros e está presente na parte oeste de Minas, em do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o clima semiárido está
sentido norte-sul. O planalto do São Francisco tem altitude média presente em 88 municípios mineiros, todos no norte do estado,
de mil metros e é composto por chapadões acidentados entrelaça- muitos dos quais estão em processo de desertificação.
dos por vales. Por fim, o planalto do Paraná tem altitude média de O estado sofre influência de frentes frias durante todo o ano,
600 metros e corresponde ao sudoeste mineiro, sendo cortado por no entanto no inverno a presença de um núcleo anticiclone sub-
rios como o da Prata, Tijuco e o Araguari. tropical impede o avanço da umidade, mantendo os dias secos e
ensolarados, e favorece a influência de massas de ar frio, configu-
Hidrografia rando-se a estação seca. Entre o final da primavera e começo do
Na rede hidrográfica, entre os principais rios do estado de Mi- verão (principalmente entre novembro e março), com o afastamen-
nas Gerais estão o Doce, que nasce entre as encostas das serras da to do anticiclone, as frentes frias atuam com maior intensidade e
Mantiqueira e Espinhaço e percorre 853 km até desaguar no Ocea- há uma intensa organização da convecção tropical, manifestada por
no Atlântico, no Espírito Santo; o Grande, cuja nascente está na Ser- uma banda de nebulosidade convectiva, as chamadas zonas de con-
ra da Mantiqueira, no município de Bocaina de Minas, percorrendo vergência — dentre as quais a zona de convergência do Atlântico
1 360 km até o Rio Paranaíba, formando assim o Rio Paraná (no sul (ZCAS) é a que mais afeta o estado, provocando dias seguidos
estado de São Paulo); o Paranaíba, que nasce na Mata da Corda, em de chuvas intensas em algumas regiões. Devido à nebulosidade, as
Paranaíba, e tem aproximadamente 1 070 km; o São Francisco, que chuvas causadas pelas ZCAS e por frentes frias são capazes de pro-
nasce na Serra da Canastra, percorre 2 830 km, cortando a Bahia e vocar quedas de temperatura, que normalmente fica elevada nessa
passando por Pernambuco, Sergipe e Alagoas até desaguar no oce- época, devido à atuação de massas de ar quente continentais.
ano, sendo suas águas essenciais para o turismo, lazer, irrigação e
transporte em várias cidades, especialmente no norte mineiro e, Ecologia e meio ambiente
por fim, o Jequitinhonha, que nasce na serra do Espinhaço, em Ser- Originalmente, a cobertura vegetal de Minas Gerais era cons-
ro, e percorre 920 km até sua foz no Atlântico. Outros rios impor- tituída por quatro biomas principais: cerrado, Mata Atlântica, cam-
tantes do estado são o Mucuri, Pardo, Paraíba do Sul, São Mateus e pos rupestres e a mata seca. O cerrado é o bioma predominante,
das Velhas. O Parque Estadual do Rio Doce abriga o maior sistema sendo observado em 50% do território mineiro, mais presente na
lacustre do estado. Contudo, existem importantes reservatórios de porção oeste do estado. A vegetação é predominantemente ras-
usinas hidrelétricas, como a Represa de Furnas no sul e a Três Ma- teira, composta por gramíneas, arbustos e árvores, tendo como
rias no centro do estado. representantes da fauna tamanduá, tatu, anta, jiboia, cascavel e o
Devido à grande quantidade de nascentes, o estado é conheci- cachorro-do-mato, além de espécies ameaçadas de extinção, como
do como a caixa-d’água do Brasil, tendo muitos desses rios relevân- o lobo-guará, o veado-campeiro e o pato-mergulhão.
cia energética, agrícola e turística, com grande presença de usinas A Mata Atlântica ocupa a segunda maior área de ocorrência em
hidrelétricas, canais para irrigação e atividades de lazer. 16 bacias Minas Gerais, predominando nas regiões da Zona da Mata, Cam-
hidrográficas compõem o estado de Minas Gerais, sendo a maior pos das Vertentes, Sul, Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do
delas a do São Francisco, que abrange uma área de 2,3 milhões de Rio Doce e Vale do Mucuri, no entanto foi fortemente devastada,
km² no estado. Quatro regiões hidrográficas abrangem o território ocorrendo atualmente em áreas restritas. A vegetação é densa e,
mineiro, sendo elas a do São Francisco (tendo como principais com- devido ao elevado índice pluviométrico, bastante verde, sendo pos-
ponentes, em Minas, os rios São Francisco, das Velhas e Paracatu), sível encontrar bromélias, cipós, samambaias, orquídeas e líquens
do Atlântico Leste (rios como São Mateus, Doce, Itaúnas e Itabapo- e, na fauna, macacos, preguiças, capivaras, onças, araras, papagaios
ana), do Atlântico Sudeste e do Paraná (composta pelas sub-bacias e beija-flores. Os campos rupestres possuem cobertura vegetal de
dos rios Paranaíba e Grande).Na estação das secas é observado um menor porte e são típicos das terras altas do estado, tendo vege-
menor volume das águas, sendo que no norte mineiro alguns cur- tação herbácea e poucas árvores, apresentando raposas, veados,
sos chegam a secar nos períodos de estiagem. Já na estação das micos, capivaras e cobras.[64] Já a mata seca é uma fitocenose do
chuvas ocorre a cheia dos rios e, por vezes, enchentes. cerrado e ocorre no norte do estado, no vale do rio São Francis-
co, apresentando plantas espinhosas e com galhos secos, dentre as
Clima quais destacam-se as barrigudas, os ipês e os pau-ferros na flora e
O clima em Minas Gerais é de influência tropical de altitude. A a ariranha, a onça, a anta, a capivara e a águia-pescadora na fauna.
temperatura média é de 20º C e há duas estações bem definidas, a Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o estado con-
de chuva e a seca. tava, em 2012, com onze estações ecológicas (que protegiam um
No estado de Minas Gerais, predominam quatro tipos distintos total de 12 528,9812 ha.), nove reservas biológicas (16 977,35 ha.),
de clima: o clima subtropical de altitude (Cwb, segundo a Classifica- onze monumentos naturais (8 581,8 ha.), quatro refúgios de vida
ção climática de Köppen-Geiger), que ocorre nas regiões mais ele- silvestre (22 292,76 ha.), 16 áreas de proteção ambiental (APA — 2
vadas das serras da Canastra, Espinhaço e Mantiqueira e em peque- 154 705,71 ha.), duas florestas estaduais (4 538,87 ha.), uma re-
nas áreas próximas às cidades de Araguari e Carmo do Paranaíba, serva de desenvolvimento sustentável (4 538,87 ha.), 182 reservas
tendo estiagens no inverno e temperaturas amenas durante o ano e particulares do patrimônio natural (RPPN — 90 148,39 ha.), e 23
cuja temperatura média do mês mais quente é inferior a 22 °C; o cli- parques estaduais. Sete parques nacionais também estão situados
ma subtropical de inverno seco — e com temperaturas inferiores a em Minas Gerais: Caparaó, Grande Sertão Veredas, Itatiaia, Caver-
18 °C — e verão quente — temperaturas maiores de 22 °C — (Cwa), nas do Peruaçu, Sempre-Vivas, Serra da Canastra e Serra do Cipó,
observado a norte das serras do Espinhaço e do Cabral; clima tro- de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi-
pical com inverno seco (Aw), que predomina no Triângulo Mineiro, versidade (ICMBio). A Serra do Cipó é inclusive a maior comunidade
na Zona da Mata, Vale do Rio Doce e em quase toda a metade norte vegetal em espécies por metro quadrado do mundo.
do estado, tendo estação seca no inverno e chuvas abundantes no Apesar da existência das áreas de preservação, o estado ainda
verão, com precipitações anuais entre 750 mm a 1 800 mm; e o apresenta consideráveis índices de desmatamento, encontrando-se
clima tropical semi úmido com chuvas no verão (As), que ocorre no com 9,84% de seu território dentro do polígono das secas, segundo
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CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimen- nica e histórica culminou no tombamento pelo IPHAN; o Palácio das
tação (FAO). Outra situação grave é a da Mata Atlântica, cujo bioma Artes de Belo Horizonte, que é considerado como o maior centro de
perdeu um espaço de 10 572 ha. entre 2011 e 2012 em Minas Ge- produção, formação e difusão cultural do estado e um dos maiores
rais, o que representa 44% do total desmatado em todo país. da América Latina, sendo mantido pela Fundação Clóvis Salgado,
A Mata Atlântica, que já chegou a se estender do Rio Grande que oferece à população uma série de programações artísticas e
do Sul ao Rio Grande do Norte de hoje, foi quase totalmente de- de atividades educativas; o Centro Cultural Usiminas, em Ipatinga,
vastada, restando atualmente apenas 5% de sua vegetação original considerado como um dos mais modernos do país e mantido pelo
(cerca de 52 000 km²); em Minas Gerais, cobria cerca de 81,8% da Instituto Cultural Usiminas; e o Centro Cultural Banco do Brasil, em
área que corresponde ao atual estado, mas hoje esse percentual é Belo Horizonte, mantido pelo Banco do Brasil.
de apenas de 7%, sendo os principais responsáveis pelo desfloresta- São vários os eventos artísticos do estado em que os grupos
mento, no período colonial, a extração do pau-brasil e as plantações e artistas demonstram suas atividades, sendo realizados tanto nos
de cana-de-açúcar e café e, mais recentemente, a mineração e a espaços culturais quanto ao ar livre. Na capital mineira, são alguns
agropecuária. Por outro lado, muitos projetos do governo e iniciati- exemplos o Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua (FIT-BH), o
vas privadas estão tentando reverter este quadro. Festival Internacional de Teatro de Bonecos, o Festival Internacional
de Dança (FID), o Festival Internacional de Corais (FIC), o Festival
Divisão Territorial
Internacional de Curtas, o Festival Mundial de Circo do Brasil e o
Minas Gerais é dividida em dez regiões que seguem caracterís-
Festival Internacional de Quadrinhos. No interior do estado, des-
ticas geográficas e de afinidade econômica. As regiões são: Alto Pa-
taca-se a realização da Campanha de Popularização do Teatro e da
ranaíba, Central, Centro-Oeste de Minas, Jequitinhonha ou Mucuri,
Mata, Noroeste de Minas, Norte de Minas, Rio Doce, Sul de Minas Dança, com espetáculos teatrais em Juiz de Fora e no Vale do Aço;
e Triângulo Mineiro. e o Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais,
com oficinas de iniciação e atualização, espetáculos, peças de tea-
Cultura tro e exposições em vários municípios do estado, como Diamantina
A cultura mineira é uma das mais ricas e diversas do Brasil. São e Cataguases.
fortes as influências do colonizador português no artesanato, nas
manifestações populares, na culinária e na arte. Música, cinema e literatura
Como ocorre com os demais estados brasileiros, também é O ator mineiro Selton Mello na 5ª edição do Prêmio Bravo! Pri-
marcante o misto com as culturas indígenas e africana. me de Cultura, em 2009.
Entre as mais importantes manifestações culturais de Minas A música se faz presente em Minas Gerais desde o período co-
estão o congado, a folia de reis, pastorinhas, boi de reis, festa do Di- lonial. Os primeiros instrumentos musicais a adentrarem o estado
vino, cavalhada, mulinha de ouro, dança de São Gonçalo, Caxambu, foram trazidos pela Companhia de Jesus na segunda metade do sé-
maneiro o pau e a quadrilha. culo XVI, com objetivo de converterem os indígenas aos costumes
A Secretaria Estadual de Cultura (SEC), que foi criada em 1983, europeus, difundindo a música barroca. Por décadas, os jesuítas fo-
durante o governo de Tancredo Neves, e estruturada em 1996, é o ram responsáveis tanto pelo ensinamento da gramática e do latim
órgão vinculado ao Governo do Estado de Minas Gerais responsável quanto pela alfabetização musical nas escolas. No século XVIII des-
por atuar no setor de cultura do estado, desde seu planejamento tacou-se a obra sacra de Lobo de Mesquita] e, no XIX, a de João de
financeiro até a execução de projetos e manutenção de bibliotecas, Deus de Castro Lobo, cujas obras estão disponibilizadas, dentre ou-
museus e do Arquivo Público Mineiro. A SEC atua em parceria com tras, nas séries Acervo da Música Brasileira e Patrimônio Arquivísti-
diversas outras instituições e entidades culturais, diretamente su- co-Musical Mineiro. A partir do século XIX, as bandas de música se
bordinadas ou não ao órgão público, como a Fundação Clóvis Salga- desenvolvem a ponto de serem hoje um dos marcos de identidade
do (FCS), a Fundação TV Minas Cultural e Educativa, a Fundação de cultural do estado. Na primeira metade do século XX, destacam-se
Arte de Ouro Preto (FAOP), o Instituto Estadual do Patrimônio Histó- o samba, a bossa nova, o chorinho e as marchinhas com os compo-
rico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e a Rádio Inconfidência. sitores Ary Barroso, de Ubá, e Ataulfo Alves, de Miraí. Na década
de 1970, surge em Belo Horizonte o movimento Clube da Esquina,
Artes cênicas
cujas maiores influências eram a bossa nova e os Beatles. Na dé-
Fachada do Palácio das Artes de Belo Horizonte, um dos maio-
cada de 80, destacaram-se mundialmente Sepultura e Sarcófago e
res núcleos culturais da América Latina.
na década de 90, surgem Skank, Jota Quest, Pato Fu e Tianastácia.
Minas Gerais conta com vários espaços, projetos e eventos de-
dicados ao fomento das áreas teatral e de dança. O estado é berço Às primeiras décadas do século XXI, surgem artistas musicais como
de uma considerável gama de grupos teatrais de sucesso nacional César Menotti & Fabiano e Paula Fernandes.
ou mesmo internacional, tais como o Grupo Galpão, o Giramundo No cinema mineiro, os nomes de Humberto Mauro e João
Teatro de Bonecos, o Grupo Corpo e Ponto de Partida. Muitos deles Carriço se destacam por serem os pioneiros do cinema nacional.
têm suas origens e manutenção ligadas à formação artística profis- Humberto Mauro iniciou suas primeiras filmagens em 1925 em Ca-
sional e a mecanismos municipais e estaduais de incentivo cultural; taguases, mudando-se para o Rio de Janeiro. Seu contemporâneo
o Grupo Divulgação, de Juiz de Fora, por exemplo, nasceu na Facul- João Carriço, com o lema “Cinema para o povo”, lançou a Carriço
dade de Filosofia e Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora Filmes, em Juiz de Fora, produzindo cinejornais e documentários
(UFJF). A Companhia de Dança Palácio das Artes, fundada em Belo no início do século XX. No período do Cinema Novo e do Cinema
Horizonte em 1971, é um dos grupos profissionais mantidos pela Marginal, desponta o nome de Carlos Alberto Prates Correia, um
Fundação Clóvis Salgado e ocasionalmente está presente em palcos dos principais realizadores da história do estado, autor de filmes
nacionais e internacionais. evocadores da paisagem, da cultura e do povo mineiro, como os
Em Minas Gerais situam-se alguns dos maiores espaços teatrais inventivos Perdida, Cabaret Mineiro e Noites do Sertão. Finalmente,
do Brasil, tais como o Teatro Municipal de Ouro Preto, que também no cinema contemporâneo, ressaltam-se Cao Guimarães produtor
é o teatro mais antigo das Américas, inaugurado no século XVIII; o de curtas premiados no mundo inteiro; Helvécio Ratton, diretor de
Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora, cuja importância arquitetô- entre outros filmes Menino Maluquinho e Pequenas Histórias; e
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Selton Mello, que atuou em filmes como Guerra de Canudos, O Que ria era predominantemente à base de mandioca e milho e teve in-
É Isso, Companheiro?, O Palhaço, O Cheiro do Ralo e Meu Nome cremento dos costumes europeus, com a introdução dos ovos, do
Não é Johnny. vinho, dos quentes e dos doces.
A literatura mineira, por sua vez, teve bastante contribuição
para a primeira geração literária brasileira, ainda no século XVIII. As Arquitetura
obras oriundas do estado tinham ideais bucólicos, visando a repre- Museu da Inconfidência e Igreja de Nossa Senhora do Carmo,
sentar paisagens locais, sendo os principais autores da época Tomás na Cidade Histórica de Ouro Preto, considerada um Patrimônio da
Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa. Humanidade pela UNESCO.
Com o Romantismo e o Simbolismo, no século XIX, ganham desta- Durante o período colonial, a riqueza oriunda do ouro e dos
que as obras de Bernardo Guimarães e Alphonsus de Guimaraens. diamantes propiciou o surgimento de cidades que tinham como
No século XX, Minas conquista grande espaço no cenário literário característica o dinamismo cultural. Nesse contexto, desenvolve-
brasileiro, revelando nomes como Carlos Drummond de Andrade, ram-se as cidades e a arquitetura colonial, cujas obras permanecem
Emílio Moura e João Guimarães Rosa, que contribuíram para o auge como sendo alguns dos conjuntos mais notáveis deste período da
do Modernismo no Brasil. Entre a segunda metade do século XX e história brasileira. As casas das cidades mineiras eram construídas
a contemporaneidade, ressaltam-se Abgar Renault, Cyro dos Anjos, com aspectos uniformes entre si e, usualmente, ocupavam todo o
Murilo Rubião, Affonso Romano de Sant’Anna, Murilo Mendes, Otto terreno. As ruas estreitas se adaptavam à topografia acidentada
Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Henriqueta do território mineiro. Dada a influência da Igreja Católica, muitas
Lisboa, Affonso Ávila, Oswaldo França Júnior, Roberto Drummond, igrejas foram erguidas nas cidades e vilas da época, com caracterís-
ticas arquitetônicas notáveis típicas do período barroco. Merecem
Bartolomeu Campos de Queirós e Ziraldo.
destaque, especialmente, as obras de Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, notável por seu estilo peculiar refletido nas esculturas,
Folclore, artesanato e culinária
obras arquitetônicas e entalhes do final do período colonial. Os
A história da mineração refletiu diretamente na culinária mi-
principais remanescentes desta fase da arquitetura mineira são o
neira. Entre os pratos mais conhecidos estão o feijão tropeiro, angu, Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (em Congonhas, com obras
frango com quiabo, paçoca de carne seca, farofa, leitão à pururuca, de Aleijadinho), o centro histórico de Ouro Preto e de de Diaman-
torresmo e pernil assado. tina (todos declarados patrimônios da humanidade pela UNESCO),
O pão de queijo é um prato típico da culinária mineira. além da Igreja de São Francisco de Assis em São João del-Rei. Já no
A religiosidade tem influência marcante nas principais manifes- fim do período colonial, houve a transição para o período neoclás-
tações culturais do povo mineiro, principalmente nas festas folclóri- sico. Contudo, tal estilo não foi tão marcante em território mineiro,
cas. Dentre as tradições presentes no estado, destacam-se o Conga- deixando traços em algumas construções como na Casa da Câmara
do, que reúne danças herdadas dos costumes africanos, difundidos e Cadeia de Ouro Preto e na fachada da Igreja de Nossa Senhora do
pelos escravos, com as tradições católicas dos colonizadores; as Pilar em Nova Lima.
comemorações da Folia de Reis, que celebram desde o nascimento Posteriormente, a partir das últimas décadas do século XIX, o
de Jesus até a visita dos Três Reis Magos através de procissões e ecletismo europeu passa a influenciar as obras arquitetônicas do
visitas a casas; as “Pastorinhas”, que são meninos e meninas que estado, que passava por um surto de desenvolvimento graças à ati-
visitam os presépios nas casas, assim como se fazia em Belém na vidade cafeeira e à pecuária. Em um primeiro momento, tal estilo
época do nascimento de Jesus; o bumba meu boi, que simboliza a ainda sofre influência do neoclassicismo, apresentando contornos
morte e renascimento do boi; a Festa do Divino, em homenagem ao suaves. Somente a partir do século XX, o ecletismo passa a apresen-
Divino Espírito Santo; as Cavalhadas, representando os combates e tar uma estética rebuscada, além de permitir uma vasta gama de
guerras travadas entre mouros e cristãos; a Dança de São Gonçalo; combinações estilísticas influenciada sobretudo pela arte europeia,
e as quadrilhas, nas festas juninas. que se estendem até a década de 1940. No período entreguerras
Boa parte da produção artesanal mineira tem ligação às tra- chega ao estado a tendência mundial do art déco, que valorizava
dições culturais do estado, como na representação de imagens de em sua estética a abstração, a linha, a forma, o volume e a cor e
santos ou personagens históricos. O artesanato está presente em que se beneficiou pelas inovações construtivas, como a utilização
diversas regiões de Minas Gerais, com produção baseada em pedra- do concreto armado. Contudo, uma grande revolução viria com os
-sabão, cerâmica, madeira e fibras vegetais, argila, prata e estanho. projetos de Oscar Niemeyer que, ao conceber o Conjunto Arquite-
Em Tiradentes destacam-se os objetos em prata; na região do Vale tônico da Pampulha, buscou a criação de formas simples e úteis,
com suas características curvas. Na década de 50, o arquiteto con-
do Jequitinhonha são feitas peças em madeira e principalmente ce-
cebeu outras obras notáveis, como o Edifício Niemeyer. Ao mesmo
râmica; em Ouro Preto, Congonhas, Mariana e Serro há considerá-
tempo chegam a Minas novos conceitos do nascente Estilo Inter-
vel presença dos trabalhos em pedra-sabão; em Ouro Preto e Viço-
nacional, além do surgimento da arquitetura modernista no Brasil.
sa são produzidos utensílios com cobre e outros metais; e em todo
Desde então, as construções passaram a integrar como princípios
o estado são encontrados bordados, trançados em talas, bambu e a funcionalidade e integração com seus arredores. Um dos mais
fibras têxteis, crochês e tricôs, além da madeira. recentes e notáveis projetos arquitetônicos no estado é a Cidade
Na cozinha mineira, por sua vez, a carne de porco é muito pre- Administrativa de Minas Gerais, projetada por Oscar Niemeyer e
sente, sendo famosos o tutu com lombo de porco, a costelinha de concluída em 2010.
porco e o leitão à pururuca. Também são apreciados a vaca atolada,
o feijão tropeiro com torresmo, a canjiquinha com carne (de boi Turismo
ou porco), linguiça e couve, o frango ao molho pardo com angu de Cachoeira na Serra do Cipó.
fubá, o frango com quiabo ensopado e arroz com pequi. São famo- Um dos mais importantes circuitos turísticos de Minas Gerais
sos os doces mineiros, especialmente o doce de leite, a goiabada é a Estrada Real, que passa pelos antigos caminhos utilizados para
e a paçoca. O pão de queijo, os queijos (e seu modo artesanal de transportar o ouro das minas, que liga a região central do estado às
preparo) e o café também estão entre as principais referências da cidades do Rio de Janeiro e Parati. Os diferentes roteiros deste cir-
cozinha mineira. Muitos pratos têm origens indígenas, cuja culiná- cuito apresentam atrativos históricos, culturais e naturais para seus
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visitantes.] Outro aspecto notável do turismo mineiro inclui a visi- Agropecuária
tação às cidades históricas, as quais conservam as construções do Campos agrícolas com irrigação por gotejamento perto da ci-
museu colonial além de incluírem museus e espaços culturais que dade de Perdizes.
revelam o passado dessas localidades. Destas cidades, destaca-se O setor primário da economia mineira correspondeu a cerca
Ouro Preto, onde encontra-se o Museu da Inconfidência. de 8,7% da soma de tudo o que foi produzido no estado durante o
O relevo do estado, com abundância de picos e serras (espe- ano de 2012. Das culturas do estado, o café foi o que teve a maior
cialmente os grandes picos), além da grande quantidade de grutas participação no que se refere ao valor da produção agrícola estadu-
e cavernas, rios e lagos naturais e artificiais e a riqueza da fauna e al, chegando a 40% em 2011. Minas Gerais foi a origem de 61,2%
flora estadual atraem praticantes do ecoturismo e também do tu- de todo o café produzido no país no mesmo ano sendo, portanto, o
rismo de aventura. Outro segmento relevante é o turismo rural, já maior produtor do país. A região sul do estado é a principal origem
que Minas é um dos estados que mais possuem empreendimen- do café mineiro, onde é cultivado em sua maioria a variedade ará-
tos voltados para esta finalidade. Na região central do estado, além bica. A produção de cana-de-açúcar, por sua vez, representa quase
das cidades históricas e da capital, encontram-se parques nacionais vinte por cento do valor da produção agrícola de Minas, seguido
como o Serra do Cipó, além do Museu de Inhotim, que possui um pelo milho, soja e feijão. Minas também se destaca no cenário na-
dos maiores acervos de arte contemporânea do país. No sul do es- cional na produção de batata, sorgo, tomate, banana e abacaxi.
tado encontra-se o Circuito das águas, conhecido por suas estâncias No município de Jaíba, no norte de estado, um projeto implantou
minerais. a maior área de agricultura irrigada da América do Sul, onde são
Destaca-se ainda o turismo de negócios que está em franca ex- cultivadas mais de trinta variedades de frutas, dentre elas a bana-
pansão, uma vez que nos últimos anos grandes eventos de projeção na-prata, da qual o município é o maior produtor.
internacional foram realizados no estado. Em especial, destaca-se Em relação à pecuária, Minas Gerais lidera a produção nacional
nesse segmento a cidade de Belo Horizonte, que atrai cada vez mais de leite, com uma produção de 8,4 bilhões de litros em 2010, o que
feiras, congressos e reuniões, o que pode ser atribuído à infraestru- equivaleu a um quarto da produção brasileira. O estado também
tura e à importante rede hoteleira da cidade. Outras cidades do in- possui uma importante participação nacional nas criações de corte
terior (como Juiz de Fora, Uberaba e Uberlândia) também oferecem de bovinos, suínos e frangos. A produção mineira de ovos também
opções para a realização de eventos de negócios de grande porte foi a segunda maior do país, com cerca de 375 milhões de dúzias.

Economia Indústria
No âmbito da economia, Minas Gerais é o maior produtor de A atividade de extração de minerais metálicos é a que possui
café e leite do país, é o segundo Estado mais industrializado do maior participação no setor secundário mineiro, com aproximada-
Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo. A agropecuária é uma mente um quarto de representação na indústria estadual e respon-
atividade muito influente. Um setor que está se desenvolvendo no de por mais de quarenta por cento da produção mineral nacional.
Estado é a biotecnologia. É o maior produtor brasileiro de minério Dentre os principais minérios extraídos destacam-se o ferro, man-
de ferro, outros minerais explorados são o ouro e o zinco. ganês (explorados sobretudo na região conhecida como Quadriláte-
O estado apresenta uma grande disparidade social entre o sul ro Ferrífero), ouro, níquel, nióbio, zinco, quartzo, enxofre, fosfato e
e o norte do seu território, sendo o norte de Minas Gerais uma das bauxita. Três quartos da indústria mineira, por sua vez, correspon-
áreas mais pobres do Brasil, com precária rede de esgoto, alta taxa dem a atividades de transformação dos quais o mais participativo é
de mortalidade infantil e analfabetismo. o setor de metalurgia, sendo que, no âmbito da indústria siderúrgi-
Minas Gerais é o estado brasileiro que possui o terceiro maior ca o estado foi responsável por um terço da produção nacional. Em
produto interno bruto, que totalizava 351,38 bilhões de reais no fim Minas estão instaladas unidades produtivas de alguns dos maiores
do ano de 2010. Ao longo dos últimos anos, a economia mineira grupos ligados ao setor do país, como a Gerdau, Usiminas e Arce-
apresentou crescimento praticamente contínuo, interrompido so- lorMittal. O estado possui, ainda, significativa participação no setor
mente durante a grande recessão entre os anos de 2008 e 2009 de fundição, com atividades concentradas sobretudo no centro-o-
quando houve o decréscimo significativo do PIB mineiro. Contudo, este do estado e cuja metade da produção é destinada ao setor de
posteriormente, a economia voltou a crescer em ritmo superior à automobilísticos.
media nacional. Das regiões mineiras, a Região Metropolitana de A seguir, destaca-se o setor de produtos alimentícios, que cor-
Belo Horizonte concentra 45% das atividades econômicas do esta- responde a 13% das atividades industriais de Minas. Em seguida,
do, e é também uma das regiões que apresenta maior crescimento. com participação praticamente semelhante, está o setor automo-
A capital mineira, por si só, possui 43% das atividades econômicas bilístico, responsável pela produção de quase um quarto da produ-
da região, seguida pelos municípios de Betim e Contagem. A seguir ção nacional de veículos a parti da presença de unidades produtivas
estão o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, o Sul e Sudoeste de Mi- de empresas como Iveco, Fiat e Mercedes Benz. Destaca-se ainda,
nas, Zona da Mata e Vale do Rio Doce que juntas correspondem a a produção de cimento, sendo que o estado é o maior produtor
cerca de 40% do PIB mineiro. As regiões menos desenvolvidas são nacional, fato que é favorecido pelas grandes reservas de calcário
os vales do Jequitinhonha e do Mucuri, que juntas possuem 2,1% de em território mineiro. Outro setor importante é a indústria química,
participação no PIB estadual. especialmente o setor de plásticos, cuja produção destina-se princi-
O estado, segundo dados de 2012, é o terceiro que mais expor- palmente a atender outras cadeias produtivas.
ta no país, sendo responsável por 12,78% dos produtos vendidos ao
exterior, ficando atrás apenas de São Paulo (26,55%) e Rio de Janei- Serviços
ro (12,88%). A pauta de exportação do estado, no entanto, é mui- O setor terciário é o mais importante da economia mineira,
to concentrada e baseada em produtos primários, principalmente pois corresponde a mais da metade das atividades econômicas do
minério de ferro (43,15%), café (11,29%), ferro-ligas (5,86%) e ouro estado. Neste setor, o comércio varejista tem acompanhado o cres-
(5,15%). O volume total de exportações em 2012 foi de cerca U$D cimento do setor no país, que foi de 8,3% no período de 2009 a
33 000 000 000,00 (trinta e três bilhões de dólares). 2012. Contudo, alguns segmentos apresentaram comportamentos
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distintos como a venda de móveis e eletrodomésticos que evoluiu • Microrregião Pouso Alegre IBGE/2008
acima da média nacional, ao contrário do segmento de super e hi- • Municípios limítrofes Pouso Alegre, Congonhal, Senador José
permercados, que foi abaixo da média brasileira no mesmo período. Bento, Ipuiúna, Ouro Fino, Inconfidentes e Tocos do Moji.
Contudo, a participação do comércio no setor terciário é su- • Distância até a capital 410 km
perada somente pelo segmento de administração pública, respon- • Características geográficas
sável por movimentar 13,7% de todo o PIB estadual. Em 2010, fo- - Área 300,081 km²
ram arrecadados no estado aproximadamente 43,5 bilhões de reais Densidade 57,08 hab./km²
em impostos, o que corresponde a doze por cento do PIB mineiro. - Altitude 803 m
Destacam-se ainda, as atividades ligadas ao setor imobiliário e de - Clima meso-tropical
aluguéis (8,6% do valor agregado bruto mineiro), intermediação fi- - Fuso horário UTC−3
nanceira (5,2%) e de transportes (5,1%). - Indicadores
O comércio exterior de Minas Gerais tem apresentado um cres- - IDH 0,78 médio PNUD/2000
cimento continuo acima da média nacional, o que fez sua participa- - PIB R$ 115 130,850 mil IBGE/2008
ção em vendas externas nacionais aumentarem de 10,5% em 2002 - PIB per capita R$ 7 466,33 IBGE/2008
para 13,4% em 2012 e consolidar-se como o segundo maior estado
exportador do país. Mais da metade do total exportado compõe- HISTÓRIA
-se de produtos da extração mineral bruta ou processados pela in-
dústria metalúrgica. Cerca de um quinto desse total compõe-se de
produtos da agropecuária, em especial o café. Destaca-se, ainda, o
crescimento na exportação de medicamentos, soja e ouro não mo-
netário nas exportações mineiras. Os principais destinos dos pro-
dutos exportados são a China, o Japão, Alemanha, Estados Unidos
e Argentina. De forma similar, a importação de produtos no estado
manteve-se crescendo com taxas similares às nacionais. Destaca-se
nesse contexto a compra de veículos automotores, produtos quí-
micos e farmacêuticos, produtos minerais e maquinaria industrial.
O resultado da balança comercial mineira manteve-se positivo ao
longo nos últimos dez anos, o que significa que o estado exportou
mais do que importou. Em 2011, o superávit mineiro chegou a 28,4
bilhões de reais, muito próximo ao superávit brasileiro de 29,8 bi-
lhões, evidenciando, portanto, a relevância do estado no comércio
internacional brasileiro.
No ano de 2011, 10,635 milhões de pessoas se enquadravam Borda da Mata é uma típica cidade do Sul de Minas. Clima ame-
na categoria de população economicamente ativa, dos quais apro- no, belas paisagens, povo hospitaleiro, boa culinária. No ranking de
ximadamente dez milhões se encontravam ocupadas. Destes, 3,8 Desenvolvimento Humano Municipal, o índice 0,730 é considerado
milhões de pessoas possuíam carteira assinada. A taxa de desem- alto, Borda da Mata ocupa a 83ª posição, dentre os 853 municípios
prego no estado apresentou contínua queda desde 2009, passando mineiros.
de 7,2% para 3,9% no fim de 2012. Dentre as principais ocupações O município limita-se com as cidades de Pouso Alegre, Congo-
da população economicamente ativa, destacam-se as atividades de nhal, Senador José Bento, Ouro Fino, Inconfidentes e Tocos do Moji.
comércio (16,3%), agropecuária (16,2%) e da indústria de transfor- Está a 426 km da capital mineira, Belo Horizonte. De São Paulo, a
mação (11,8%), seguidas por serviços de saúde, educação e serviços 226 km. Do Rio de Janeiro, a 373 km.
sociais, construção civil e serviços domésticos. Todos os setores de De acordo com o Censo 2010 do IBGE, Borda da Mata tem po-
atividade econômica[nota 1] apresentam maior quantidade de em- pulação de 17.118 habitantes, sendo 13.718 pessoas residentes na
pregados na região central do estado, com exceção das atividades zona urbana e 3.400 pessoas na área rural. Em 2019, a população
agropecuárias, na qual o Sul de Minas possui maior quantidade de de Borda da Mata foi estimada, segundo o IBGE, em 19.412 habi-
trabalhadores formais. tantes.
Com área territorial de 301 km², Borda da Mata produz cerca
de 900 toneladas de café em grão por ano em uma área de 750 hec-
O MUNICÍPIO DE BORDA DA MATA: ASPECTOS HISTÓRI- tares, segundo dados do IBGE de 2013. Além disso, o município tem
COS E ECONÔMICOS, EMANCIPAÇÃO POLÍTICA, ADMINIS- participação expressiva no cultivo de milho, feijão, arroz, mandioca
TRAÇÃO MUNICIPAL, PODER LEGISLATIVO, PODER EXE- e batata. Na pecuária, destaca-se a criação de gado de corte, em
CUTIVO, LOCALIZAÇÃO, LIMITES, RECURSOS NATURAIS, 2013, a produção foi de quase 28 mil cabeças. A produção de gali-
CLIMA, RELEVO, VEGETAÇÃO, OCORRÊNCIAS MINERAIS, náceos também é expressiva, com total de quase 24 mil cabeças. A
AGRICULTURA, MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E FOLCLÓ- produção de leite, ovos e mel também são destaques em Borda da
RICAS. PERSONALIDADES DO MUNICÍPIO DE BORDA Mata. O Produto Interno Bruto (PIB) bordamatense é R$ 256.645
DA MATA (IBGE, 2014).
Integrante do Circuito Turístico das Malhas do Sul de Minas, a
cidade se destaca pela produção de pijamas e tecelagens, as quais
MUNICÍPIO DE BORDA DA MATA - MG são conhecidas em todo o país, atraem turistas para compras e mo-
• Aniversário 16 de julho vimentam o comércio local.
• Fundação 17 de dezembro de 1938
• Gentílico bordamatense
• Unidade federativa Minas Gerais
• Mesorregião Sul/Sudoeste de Minas
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CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
A cidade também está inserida na rota do Caminho da Fé, no ECONOMIA
qual fiéis percorrem a pé quase 500 km de Águas da Prata-SP até Borda da Mata se destaca em duas vertentes: o setor têxtil e o
Aparecida-SP, atravessando a Serra da Mantiqueira por estradas agropecuário:
vicinais, trilhas, bosques e asfalto, por mais de 15 cidades. Nossa Integrante do Circuito Turístico das Malhas do Sul de Minas,
Senhora do Carmo é a padroeira do município. Em 2005, a igreja Borda da Mata é um pólo têxtil da região e se destaca pela pro-
Matriz foi elevada a Basílica pelo Papa Bento XVI. Razões pelas quais dução de pijamas, roupas e tecelagens, as quais são conhecidas
Borda da Mata recebe peregrinos e visitantes atraídos pela fé. em todo o país, atraem turistas e movimentam o comércio local. A
A emancipação política do município aconteceu em 16 de no- Rota da Moda potencializa o turismo de compras de Borda da Mata
vembro de 1924, no entanto, a festa de aniversário da cidade é co- com a divulgação das vertentes: moda íntima (pijamas e lingerie),
memorada em 16 de julho, no mesmo dia da padroeira da cidade. moda casa (cama, mesa e decoração), moda básica (roupas e tricô)
e moda country (selarias e artigos de couro).
Formação Administrativa Com área territorial de 301.108 km², Borda da Mata produz
Distrito criado com a denominação de Borda da Mata, pela lei cerca de 900 toneladas de café em grão por ano em uma área de
provincial nº 901, de 08-07-1858, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, 750 hectares, segundo dados do IBGE de 2013. Além disso, o muni-
subordinado ao município de Pouso Alegre. cípio tem participação expressiva no cultivo de milho, feijão, arroz,
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito mandioca e batata. Na pecuária, destaca-se a criação de gado de
de Borda da Mata figura no município de Pouso Alegre. corte, em 2013, a produção foi de quase 28 mil cabeças. A produ-
Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 1-IX- ção de galináceos também é expressiva, com total de quase 24 mil
1920, figura no município de Pouso Alegre o distrito sob a denomi- cabeças. A produção de leite, ovos e mel também são destaques em
nação de Carmo da Borda da Mata. Borda da Mata. O PIB bordamatense é R$ 187.270,00 (IBGE, 2012).
Elevado à categoria de vila com a denominação de Borda da
Mata, pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923, desmembrado de TURISMO
Pouso Alegre. Sede no atual distrito de Borda da Mata (ex-Carmo Muitos motivos para conhecer Borda da Mata no Sul de Minas.
da Borda da Mata). Constituído do distrito sede. Instalado em 16- Clima ameno, belas paisagens, boa culinária, povo hospitaleiro e
11-1924. muito empreendedor. Dividida em cinco rotas, o turista pode es-
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o municí- colher entre os roteiros que fazem de Borda da Mata um destino
pio é constituído do distrito sede. certeiro no Circuito Turístico das Malhas do Sul de Minas.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-
XII-1936 e 31-XII-1937. ROTA RELIGIOSA
Pelo decreto estadual nº 148, de 17-12-1938, é criado o distrito
de Tocos do Mogi e anexado ao município de Borda da Mata.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o mu-
nicípio é constituído de 2 distritos: Borda da Mata e Tocos do Mogi.
Pela lei estadual nº 336, de 27-12-1948, é criado o distrito de
Sertãozinho ex-povoado e anexado ao município de Borda da Mata.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, município é cons-
tituído de 3 distritos: Borda da Mata, Sertãozinho e Tocos do Mogi.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-
1960.
Pela lei estadual nº 6769, de 13-05-1976, é criado o distrito de
Cervo e anexado ao município de Borda da Mata.
Em divisão territorial datada de 1-I-1979, o município é cons-
tituído de 4 distritos: Borda da Mata, Cervo, Sertãozinho e Toca do
Mogi.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1993.
Pela lei estadual nº 1250, de 29-12-1995, desmembra do mu-
nicípio de Borda de Mata o distrito de Tocos do Mogi. Elevado à
categoria de município. Interior da Basílica de Nossa Senhora do Carmo
Em divisão territorial datada de 2001, o município é constituído
de 3 distritos: Borda da Mata, Cervo e Sertãozinho. Milhares de peregrinos visitam Borda da Mata todos os anos. A
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. cidade está inserida em três rotas de peregrinação: Caminho da Fé,
com destino a Aparecida/SP, Caminho da Prece, de Jacutinga/MG
Borda da Mata é um município brasileiro do estado de Minas até Borda da Mata e Caminho de Nhá Chica, de Inconfidentes/MG
Gerais. A instalação do Município data de 24 de novembro de 1924, a Baependi/MG. A Basílica de Nossa Senhora do Carmo é a única da
mas a festa do aniversário da cidade é comemorado dia 16 de julho. Arquidiocese de Pouso Alegre, que compreende 46 cidades, uma
Lugar de beleza natural e sossego, esse recanto sul-mineiro faz par- das 60 basílicas existentes no Brasil e também a única no percurso
te do Circuito das Malhas. até a Basílica de Aparecida pelo Caminho da Fé. Durante a novena
e festa da padroeira do município, de 7 a 16 de julho, cerca de 15
mil pessoas participam das celebrações religiosas. Um memorial
dentro da Basílica conta a história de Monsenhor Pedro Cintra, im-
portante empreendedor social que tem expressiva participação na
história de Borda da Mata.

Editora
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
ROTA DE AVENTURA ROTA GASTRONÔMICA

Morro do Santo Cruzeiro - mirante da cidade

As trilhas, estradas e caminhos propícios para percorrer a pé,


de bicicleta, de moto ou de carro off road organizadas em roteiros
para permitir a contemplação da natureza em terras bordamaten-
ses. Três trilhas foram sinalizadas para dar início à Rota de Aventu-
ra: Pesqueiro/Cruzeiro (21km), Volta do Darney (25km) e Pedra do
Retiro (25km).

Pedra do Retiro – Considerando a Praça Nossa Senhora do Car-


mo como ponto de partida, descer para a Avenida João Olivo Me-
gale e seguir para o bairro Santa Cruz. A partir daí, o trecho é sina- Pastel de Farinha de Milho, vencedor da 1.a edição do Festar
lizado. O turista vai passar pela Ponte de Zinco (seguir a esquerda, Gastronômico de Borda da Mata
na estrada para o Bairro dos Marianos). Seguir a direita, na estrada
para o Bairro da Grota Rica. Trevo do Bambuçu (Seguir a esquer- Visite nossos restaurantes, bares, cafés, panificadoras, paste-
da, na estrada para o Bairro da Grota Rica. Subir a esquerda, logo larias, sorveterias, empórios e laticínios espalhados por toda a ci-
após o casarão (início do trecho off road). Pegar trilha à esquerda dade. O melhor da comida mineira, pra experimentar e levar pra
(somente a pé). Por fim, a Pedra do Retiro que fica na tríplice divisa viagem!
dos municípios de Borda da Mata, Congonhal e Senador José Bento.
Nível intermediário de dificuldade (ida e volta são cerca de 25 Km, ROTA DA MODA
com 500 metros de ganho de elevação e altitude máxima de 1.150
metros).

Volta do Darney - Percurso já conhecido de muitos ciclistas,


um convite para desbravar a beleza rural de Borda da Mata com
uma pitada de história. Conhecido como Volta do Darney, o passeio
tem aproximadamente 20 km e começa pelo bairro São Benedito,
sentido bairro Santa Cruz, passa pela Ponte de Zinco, passa pelo
Gaspar e depois no bairro Areião, onde está localizada a proprie-
dade do Sr. Darney, que tornou referência neste caminho. A volta
acontece pela antiga linha do trem até alcançar de novo o bairro
Santa Cruz. Trecho sinalizado a partir do bairro Santa Cruz.

Pesqueiro/Cruzeiro – Aproximadamente 20km em uma volta


cheia de aventura e contemplação. A partir das praças centrais,
segue para a Avenida João Olivo Megale, sobe o morro da Apae/
Asilo, em direção ao Pesqueiro São Mateus – início da estrada ru-
ral. Segue estrada do bairro Mascate até o Açude – referência Sítio
Toca da Coruja. Segue para o bairro Palma, atravessa o asfalto em
direção ao bairro Contendas. Entrada para o Santo Cruzeiro, um dos
principais pontos naturais de Borda da Mata, com uma vista incrí-
vel. De lá, desce para as praças centrais.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
ADMINISTRAÇÃO 2021/2024
Prefeito
Afonso Raimundo de Souza (PMN)

Vice Prefeito
Celio Domingos Cabral dos Santos (AVANTE)

Câmara de Vereadores
Benedito Delfino de Mira (PSDB)
Harleny Junqueira Cobra (REPUBLICANOS)
Irma Borges dos Santos (AVANTE)
Jefferson Luiz Oliveira Rosa (AVANTE)
Jorge Pereira Filho (AVANTE)
Joseli Maria Brandão (PSDB)
Jose Quirino de Alvarenga Neto (PP)
Juarez Floriano de Sá (REPUBLICANOS)
Perímetro urbano da MG 290 - lojas de fábrica Luiz Carlos da Silva (PROS)
Tatiana Pires Pereira Cobra (PODE)
Quase 200 empresas do setor têxtil estão instaladas em Borda Thiago José da Rosa Almeida
da Mata. O pijama, produto mais famoso da cidade, pode ser en-
contrado nas lojas às margens da Rodovia MG 290, no perímetro Fonte: bordadamata.mg.gov.br
urbano de portal a portal. A lingerie fortalece a moda íntima pro-
duzida no município, ao lado da moda praia. Na Rota da Moda tem DADOS IBGE
também a moda básica com as confecções de roupas e tricô. Outro POPULAÇÃO
ponto forte em Borda da Mata é a moda casa, com cama, mesa,
acessórios e decoração. São cerca de 80 tecelagens em Borda da População estimada [2021] 19.809 pessoas
Mata que vendem os produtos para o Brasil inteiro, os quais po-
dem ser comprados direto da fábrica. Tradição na cidade, as selarias População no último censo 17.118 pessoas
compõem a moda country. No distrito do Cervo, a 18km de Borda [2010]
da Mata, destaque para as malharias. Densidade demográfica 56,85 hab/km²
[2010]
ROTA DA CIDADE
TRABALHO E RENDIMENTO
Em 2020, o salário médio mensal era de 1.6 salários mínimos.
A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total
era de 16.9%. Na comparação com os outros municípios do estado,
ocupava as posições 504 de 853 e 270 de 853, respectivamente. Já
na comparação com cidades do país todo, ficava na posição 4400
de 5570 e 1858 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios
com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa,
tinha 29.2% da população nessas condições, o que o colocava na
posição 791 de 853 dentre as cidades do estado e na posição 4837
de 5570 dentre as cidades do Brasil.

Salário médio mensal dos 1,6 salários mínimos


trabalhadores formais [2020]
Praça Antônio Megale - Época de florada dos ipês garantem um Pessoal ocupado [2020] 3.308 pessoas
espetáculo a parte! População ocupada [2020] 16,9 %
Em um passeio pela cidade, pontos que merecem ser visitados Percentual da população 29,2 %
e fotografados. Monumentos e prédios que ajudam a contar a his- com rendimento nominal men-
tória da cidade. No centro, as praças Antônio Megale, Nossa Senho- sal per capita de até 1/2 salário
ra do Carmo e Monsenhor Pedro Cintra. No Terminal Rodoviário, a mínimo [2010]
Biblioteca Professora Carolina Oriolo. Na antiga Estação Ferroviária,
o artesanato local. E ainda, os bens inventariados como Patrimô- EDUCAÇÃO
nio Cultural, como a Basílica, a Igreja Presbiteriana Independente
e casarões dos séculos passados. Além das igrejinhas e praças dos Taxa de escolarização de 6 96,8 %
bairros urbanos e rurais e os dois distritos que compõem o municí- a 14 anos de idade [2010]
pio: Cervo a 18km, saída pelo bairro Santa Terezinha e Sertãozinho,
também a 18 km pela MG 290, sentido Pouso Alegre. IDEB – Anos iniciais do en- 6,3
sino fundamental (Rede públi-
ca) [2021]

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL

IDEB – Anos finais do ensi- 5,8 Área da unidade territorial 301,108 km²
no fundamental (Rede pública) [2021]
[2021] Esgotamento sanitário 84,5 %
Matrículas no ensino fun- 1.804 matrículas adequado [2010]
damental [2021] Arborização de vias públi- 60 %
Matrículas no ensino mé- 344 matrículas cas [2010]
dio [2021] Urbanização de vias públi- 12,4 %
Docentes no ensino funda- 111 docentes cas [2010]
mental [2021] População exposta ao risco Sem dados
Docentes no ensino médio 24 docentes [2010]
[2021] Bioma [2019] Mata Atlântica
Número de estabeleci- 9 escolas Sistema Costeiro-Marinho Não pertence
mentos de ensino fundamental [2019]
[2021]
Hierarquia urbana [2018] Centro de Zona B (4B)
Número de estabelecimen- 2 escolas
tos de ensino médio [2021] Região de Influência [2018] Pouso Alegre - Capital Re-
gional C (2C)
ECONOMIA Região intermediária Pouso Alegre
[2021]
PIB per capita [2019] 16.582,78 R$ Região imediata [2021] Pouso Alegre
Percentual das receitas 83,1 % Mesorregião [2021] Sul/Sudoeste de Minas
oriundas de fontes externas Microrregião [2021] Pouso Alegre
[2015]
Índice de Desenvolvimen- 0,730 Fonte: cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/borda-da-mata/panora-
to Humano Municipal (IDHM) ma
[2010]
Total de receitas realizadas 40.717,50 R$ (×1000)
ATUALIDADES EM GERAL A NÍVEL NACIONAL E INTERNA-
[2017]
CIONAL
Total de despesas empe- 36.534,48 R$ (×1000)
nhadas [2017]
A importância do estudo de atualidades
SAÚDE Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu-
dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor-
A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 13.61 para nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática,
1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 0.1 língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen-
para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os municípios te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos
do estado, fica nas posições 275 de 853 e 658 de 853, respectiva- parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a
mente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos
são de 1961 de 5570 e 4734 de 5570, respectivamente. de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo
Mortalidade Infantil [2020] 13,61 óbitos por mil nasci- no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos
dos vivos e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur-
Internações por diarreia 0,1 internações por mil ha-
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico
[2016] bitantes
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo.
Estabelecimentos de Saú- 9 estabelecimentos Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con-
de SUS [2009] cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po-
TERRITÓRIO E AMBIENTE lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política,
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões
Apresenta 84.5% de domicílios com esgotamento sanitário de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se-
adequado, 60% de domicílios urbanos em vias públicas com arbo- lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico.
rização e 12.4% de domicílios urbanos em vias públicas com urba- Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons-
nização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são
meio-fio). Quando comparado com os outros municípios do estado, sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê
fica na posição 152 de 853, 466 de 853 e 551 de 853, respectiva- na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se
mente. Já quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posi- informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio-
ção é 737 de 5570, 3685 de 5570 e 2543 de 5570, respectivamente. nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex-
trema recorrência na mídia.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. Art. 3º - O município concorrerá nos limites de sua competên-
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é cia, para a consecução dos objetivos fundamentais da República e
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por prioritários do Estado.
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) § 1º - São objetivos prioritários do Município, além daqueles
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem previstos no Art. 166 da Constituição do Estado:
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, I – assegurar a permanência da cidade, enquanto espaço viável
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al- e de vocação histórica, que possibilite o efetivo da cidadania;
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in- II – preservar a sua identidade, adequando as exigências do
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de desenvolvimento à preservação de sua memória, tradição e pecu-
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo. liaridade;
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados III – proporcionar a seus habitantes condições de vida compa-
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto tíveis com a dignidade humana, a justiça social e o bem comum;
de informações veiculados impede que saibamos de fato como es- IV – priorizar o a atendimento das demandas sociais de educa-
tudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam ção, saúde, transporte, moradia, saneamento básico, abastecimen-
rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma to, lazer e assistência social;
disciplina que se renova a cada instante. V – aprofundar a sua vocação de centro aglutinador e irradia-
O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnoló- dor de cultura e arte, de pólo agropecuário, comercial, industrial,
gico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham turístico e prestador de serviços.
em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara § 2º - O Município buscará a sua integração e cooperação com
mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos a união, os Estados e os demais Municípios para a consecução de
do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente, seus objetivos prioritários.
jurisdição etc.) na “Área do Cliente”. § 3º - São símbolos do Município: a Bandeira, o Hino e o Brazão,
Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula pre- definidos em Lei.
parado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com § 4º - É data cívica do Município o dia 16 de julho, em que se
o material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os comemora a sua emancipação político-administrativa, ocorrida em
fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação vir- 1924.
tuais, tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e § 5º - A semana em que recair o dia 16 de julho constituirá a
a veracidade das informações um caminho certeiro. SEMANA DO MUNICÍPIO, período em que o Executivo e o Legislati-
vo, promoverão festas cívicas e encontros para estudo, análise e re-
flexão dos anseios e necessidades de seus habitantes e dos planos
para o desenvolvimento harmônico do Município.
LEI ORGÂNICA MUNICIPAL Art. 4º - É mantido o atual território do Município, cujos limites
só podem ser alterados nos termos da Constituição do Estado.
§ 1º - Depende de Lei a criação, organização e supressão de
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE BORDA DA MATA distritos ou subdistritos, observada a legislação estadual.
§ 2º - Os distritos e subdistritos terão os nomes das respectivas
TÍTULO I sedes, tendo estas, no primeiro caso, a designação de Vila e no se-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES gundo, de “Núcleo Urbano” ou simplesmente “núcleo”.

Art. 1º - O Município de Borda da Mata, Estado de Minas Ge- TÍTULO II


rais, integra com autonomia político-administrativa, a República DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Federativa do Brasil, como participante do Estado Democrático de
Direito, comprometendo-se a respeitar, valorizar e promover seus Art. 5º - O Município assegura, no seu território e nos limites
fundamentos básicos: de sua competência, os direitos e garantias fundamentais, prescri-
I – a soberania; tos no Artigo 5.º e seus incisos da Constituição Federal e no Artigo
II – a cidadania; 4.º da Constituição do Estado, a todos os brasileiros e estrangeiros
III – a dignidade da pessoa humana; residentes do Município.
IV – os valores sociais de trabalho e da livre iniciativa; § 1º - São direitos sociais: a educação, a saúde, a cultura, a mo-
V – o pluralismo política. radia, o trabalho, o lazer, o meio ambiente, a segurança, a assistên-
Art. 2º - Todo poder emana do povo que exerce por meio de cia, a proteção à maternidade, à gestante, à infância, ao idoso e ao
representantes eleitos, nos termos da constituição da República do deficiente físico, que significa uma existência digna.
Estado e desta lei orgânica. § 2º - Nenhuma pessoa será discriminada, ou de qualquer for-
§ 1º - O exercício direto do poder pelo povo do município se dá ma prejudicada, pelo fato de litigar como órgão ou entidade muni-
na forma desta Lei Orgânica mediante: cipal, no âmbito Administrativo ou judicial.
I – plebiscito; § 3º - O Município dará garantia de propriedade a todos os seus
II – referendo; habitantes nos termos desta Lei Orgânica, da Constituição Federal
III – participação da decisão da administração pública; e Estadual.
IV – Ação fiscalizadora sobre administração pública. § 4º - A desapropriação por utilidade, ou por interesse social do
§ 2º - O exercício indireto do poder pelo povo no Município Município, será assegurada, mediante justa e prévia remuneração e
se dá por representantes eleito pelo sufrágio universal e pelo voto indenização em dinheiro na forma da lei.
direto e secreto, com igual valor para todos, na forma da Legislação
Federal, e nos termos desta Lei Orgânica.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
§ 5º - Incide na penalidade de destituição de direção, em órgão II – recusar fé a documento público;
ou entidade da administração pública, o agente público que deixar III – criar distinção entre brasileiros ou preferência ás demais
injustificadamente de sanar, dentro de sessenta dias da data do re- unidades da Federação.
querimento do interessado, omissão que inviabilize o exercício de
direito constitucional. SEÇÃO II
§ 6º - Nos processos Administrativos, qualquer que seja o ob- Da Competência
jetivo e o procedimento, observar-se-ão, entre outros requisitos de
validade, a publicação, o contraditório, a defesa ampla e o despa- Art. 9º - Compete ao Município prover a tudo quanto diz res-
cho ou a decisão motivados. peito ao seu interesse local, tendo como objetivo o pleno desenvol-
§ 7º - Todos têm o direito de requerer e obter informações so- vimento de suas funções sociais e garantindo o bem estar de seus
bre atos administrativos e projetos do Poder Público, no prazo de habitantes.
sessenta dias a contar do recebimento do pedido, ressalvadas aque- Art. 10 - Compete ao Município:
las informações, cujo sigilo seja temporariamente, imprescindível à I – manter relações com a União, os Estados Federados, o Dis-
segurança da sociedade e do Município. trito Federal e os demais Municípios;
§ 8º - Independente de pagamento de taxa ou de emolumentos II – organizar, regulamentar e executar seus serviços patrimo-
ou de garantia de instância o exercício do direito de petição ou re- niais e administrativos;
presentação, bem como a obtenção de certidão, no prazo máximo III – firmar acordo, convênio, ajuste e instrumento congênere,
de trinta dias, para a defesa de direitos ou esclarecimentos de inte- ouvida a Câmara Municipal;
resse coletivo ou pessoal. IV – difundir a seguridade social, a educação, a cultura, o des-
§ 9º - É direito de qualquer cidadão ou entidade, legalmente porto, a ciência e a tecnologia;
constituída, denunciar às autoridades competentes, a prática, por V – proteger o meio ambiente;
órgão ou entidade pública, ou por empresas concessionários ou VI – instituir, decretar, arrecadar os tributos de sua competên-
permissionárias de serviços públicos, de atos lesivos aos direitos cia e aplicar suas receitas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
dos usuários, cabendo ao Poder Público apurar sua veracidade ou tar contas, e publicar balancetes;
não e aplicar as sanções cabíveis, sob pena de responsabilidade. VII – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
§ 10º - Será punido, na forma da lei, o agente público que, no são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo
exercício de suas atribuições e independentemente da função que o transporte coletivo, que tem caráter essencial;
exerça, violar o direito constitucional do cidadão. VIII – promover adequado ordenamento territorial, mediante
§ 11º - Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em planejamento e controle do parcelamento da ocupação e do uso
locais abertos ao público, independentemente de autorização, des- do solo;
de que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o IX – conceder, permitir ou autorizar os serviços de transpor-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- te coletivo de táxis, fixando as respectivas tarifas, ouvida a Câmara
petente. Municipal;
§ 12º - O Poder Público Municipal coibirá todo e qualquer ato X – administrar seus bens, adquirí-los e aliená-los, aceitar doa-
discriminatório em seus órgãos e entidades, e estabelecerá formas ções, legados e heranças e dispor de sua aplicação;
de punição, como cassação de alvará a clubes, bares e outros esta- XI – desapropriar, por necessidade e utilidade pública ou por
belecimentos que pratiquem tais atos. interesse social, nos casos previstos em lei;
XII – estabelecer servidões administrativas e, em caso de imi-
CAPÍTULO I nente perigo ou calamidade pública, usar propriedade particular,
Da Organização do Município assegurando ao proprietário indenização ulterior se houver danos;
SEÇÃO I XIII – estabelecer os quadros e o regime jurídico único de seus
Disposições Gerais servidores;
XIV – associar-se a outros Municípios do mesmo complexo
Art. 6º - São poderes do Município, independentes e harmôni- geoeconômico e social, mediante convênio previamente aprovado
cos entre si, o Legislativo e o Executivo. pela Câmara, para a gestão, sob planejamento de função pública ou
Parágrafo único. Salvo as exceções previstas nesta Lei, é vedada serviços de interesse comum, de forma permanente ou transitória;
a qualquer dos Poderes, delegar atribuições e, quem for investido XV – cooperar com a União e o Estado, nos termos de convênio
na função de um deles, exercer a do outro. ou consórcio previamente aprovado pela Câmara, na execução de
Art. 7º - A autonomia do Município se configura, especialmen- serviços e obras de interesse para ao desenvolvimento local;
te, pela: XVI – participar, autorizado por Lei Municipal, da criação de en-
I – elaboração e promulgação da Lei Orgânica; tidade intermunicipal para a realização de obra, exercício de ativi-
II – eleição do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores; dade ou execução de serviços de interesse comum;
III – organização de seu Governo e administração. XVII – interditar edificações em ruínas ou em condições de insa-
Art. 8º - O município, como entidade autônoma da Federação, lubridade e fazer demolir construções que ameaçam ruir;
garantirá vida digna aos seus moradores e será administrado: XVIII – regulamentar a fixação de cartazes, anúncios, emblemas
I – com transparência de seus atos e ações; e qualquer outro meio de publicidade e propaganda;
II – com moralidade; XIX – regular, fiscalizar, na área de sua competência, os jogos
III – com participação popular nas decisões; esportivos, os espetáculos e divertimentos públicos;
IV – com descentralização administrativa. XX – regulamentar e fiscalizar a instalação e funcionamento de
Parágrafo único. Ao Município é vedado: ascensor;
I – estabelecer culto religioso ou igreja, subvencioná-los, em- XXI – fiscalizar a produção, a conservação, o comércio e o trans-
baçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou com seus re- porte de gênero alimentício e produto farmacêutico, destinados ao
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvadas, na abastecimento público, bem como de substância potencialmente
forma da lei, a colaboração de interesse público; nociva, ao meio ambiente, à saúde e ao bem estar da população;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
XXII – licenciar estabelecimentos industriais, comerciais, e ou- VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
tros, cassar o alvará de licença dos que se tornarem danosos aos cimento alimentar;
bons costumes e ao meio ambiente, à saúde e ao bem estar da po- IX – promover programas de construção de moradias e a me-
pulação; lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
XXIII – fixar o horário de funcionamento de estabelecimentos X – combater a causa da pobreza e os fatores de marginaliza-
referidos no inciso anterior; ção, promovendo a integração social do setores desfavorecidos;
XXIV – administrar o serviço funerário e os cemitérios da sede XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
do Município e dos Distritos, fiscalizando-os; de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu
XXV – fixar os locais de estabelecimento de táxis e demais veí- território;
culos na sede do Município e nos Distritos; XII – estabelecer e implantar política de educação para a segu-
XXVI – tornar obrigatória a utilização da Estação Rodoviária; rança do trânsito;
XXVII – fixar os serviços de carga e descarga, assim como a to- XIII – criar e implantar o CONDECOM ( Conselho de Defesa do
nelagem máxima permitida a veículos que circularem em vias públi- Consumidor) em cooperação com os órgãos Federal e Estadual.
cas do Município; Art. 12 – Ao Município compete legislar sobre assunto de in-
XXVIII – sinalizar as vias públicas urbanas e as estradas munici- teresse local e suplemento da legislação Federal e Estadual no que
pais, bem como regular e fiscalizar a sua utilização; couber.
XXIX – prestar assistência nas emergências médico hospitalar
de prontosocorro, por seus próprios serviços ou mediante convênio SEÇÃO III
como instituição especializada; Do Domínio Público
XXX – dispor sobre registro, vacinação e captura de animais, em
depósito do Município, com a finalidade precípua de erradicar as Art. 13 – Constituem bens municipais todas as coisas móveis e
moléstias de que possam ser portadores ou transmissores; imóveis, direitos e ações que, a qualquer título, pertençam ao Mu-
XXXI – construção e conservação de estradas e caminho públi- nicípio.
cos; Art. 14 – Cabe ao Prefeito a administração dos municipais, res-
XXXII – limpeza urbana e distrital; peitada a competência da Câmara quanto àqueles utilizados em
XXXIII – iluminação pública; seus serviços.
XXXIV – realizar programas de alfabetização, com o fim de erra- Art. 15 – A aquisição de bem imóvel, a título oneroso, depende
dicar do Município o analfabetismo; de prévia avaliação e de autorização legislativa.
XXXV – elaborar o Plano Diretor de Desenvolvimento Integra- Art. 16 – São inalienáveis os bens públicos, edificados ou não,
do; utilizados pela população em atividade de lazer, esporte e cultura,
XXXVI – manter com a cooperação técnica e financeira da os quais somente poderão ser destinados a outros fins se o interes-
União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino se público o justificar mediante autorização legislativa.
fundamental; § 1º - A alienação de bem imóvel público edificado, ressalvado
XXXVII – elaborar o orçamento anual e plurianual de investi- o disposto no artigo anterior, depende de avaliação prévia, licitação
mentos; e aprovação legislativa.
XXXVIII – fixar, fiscalizar e cobrar tarifas ou preços públicos; § 2º - A autorização legislativa, mencionada no artigo, é sem-
XXXIX – estabelecer normas de edificação, de loteamento de pre prévia e depende do voto de 2/3 (dois terços) dos membros da
arruamento urbano e rural, bem como as limitações urbanísticas Câmara.
convenientes à ordenação do seu território observada a legislação § 3º - A alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de
Federal; áreas urbanas remanescentes e inaproveitáveis, para a edificação e
XL – regulamentar a utilização de logradouros públicos e, espe- outras destinações de interesse coletivo, resultante de obra pública,
cialmente no perímetro urbano, determinar o itinerário e os pontos dependerá apenas de prévia avaliação e autorização legislativa. As
de paradas de transportes coletivos; áreas resultantes de modificações de alinhamento serão alienadas
XLI – estabelecer e impor penalidades por infração de suas leis obedecidas as mesmas condições.
e regulamentos; Art. 17 – Os bens imóveis públicos edificados, de valor histó-
XLII – prover os serviços de mercado, feiras livres e matadou- rico, arquitetônico ou artístico, somente podem ser utilizados me-
ros; diante autorização para finalidades culturais.
XLIII – organizar e manter os serviços de fiscalização necessária Art. 18 – Os bens do patrimônio Municipal devem ser cadastra-
ao exercício de seu poder de polícia administrativa. dos, zelados e tecnicamente identificados, especialmente as edifi-
Art. 11 – É competência do Município, comum á União e ao cações de interesse administrativo, as terras públicas e a documen-
Estado: tação dos serviços públicos.
I – zelar pela guarda da Constituição, das leis das instituições Parágrafo único. O cadastramento e a identificação técnica dos
democráticas e conservar o patrimônio Público; imóveis do Município, de que trata o artigo, devem ser anualmente
II – impedir a evasão, a destruição e a e a descaracterização de atualizados, garantindo o acesso às informações neles contidas.
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural; Art. 19 – É vedado ao Poder Público edificar, descaracterizar
III – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e da ga- ou abrir vias públicas em praças, parques, reservas ecológicas e
rantia das pessoas portadoras de deficiência; espaços tombados do Município, ressalvadas as construções estri-
IV – fomentar as atividades econômicas e estimular, particular- tamente necessárias à preservação e ao aperfeiçoamento das men-
mente, o melhor aproveitamento da terra; cionadas áreas.
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à Parágrafo único. O uso de bens imóveis municipais por tercei-
ciência; ros, poderá ser feito:
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- a) no estrito interesse público;
quer de suas formas; b) por licitação;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; c) com duração de dois anos no máximo;
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d) com autorização da Câmara Municipal pela representação § 3º - A realização de obras públicas municipais deverão estar
de 2/3 (dois terços) de seus membros. adequadas ao Plano Diretor, ao Plano Plurianual, às diretrizes or-
çamentárias e serão precedidas de projeto elaborado segundo as
SEÇÃO IV normas técnicas adequadas.
Dos Serviços e Obras Públicas § 4º - A construção de edifícios e obras públicas obedecerá aos
princípios de economicidade, simplicidade e adequação ao espaço
Art. 20 – No exercício de sua competência, para organizar e re- circunvizinho e ao meio ambiente, e sujeitar-se-á as exigências e
gulamentar os serviços públicos e de utilidade pública, de interesse limitações constantes do Código de Obras.
local, o Município observará os requisitos de comodidade, conforto § 5º - Nenhuma obra pública no Município, salvo os casos de
e bem estar dos usuários. extrema urgência devidamente justificados, será realizada sem que
Art. 21 – a Lei Municipal disporá sobre sua organização, funcio- conste:
namento e fiscalização dos serviços públicos e de utilidade pública a) o respectivo projeto;
de interesse local, prestados sob regime de concessão ou permis- b) o orçamento de seu carro;
são, incumbindo aos que executarem, sua permanente atualização c) a indicação dos recursos financeiros para o atendimento das
e adequação às necessidades dos usuários. respectivas despesas;
§ 1º - O Município poderá retornar, sem indenização, os servi- d) a viabilidade do empreendimento, sua conveniência e opor-
ços permitidos ou concedidos desde que: tunidade para o interesse público;
I – sejam executados em desconformidade com o termo ou e) os prazos para o seu início e término.
contrato, ou que se revelarem insuficientes para o atendimento dos § 6º - A Câmara manifestar-se-á previamente sobre a constru-
usuários; ção de obras públicas pela União ou pelo Estado, no território do
II – haja ocorrência de paralisação unilateral dos serviços por Município.
parte dos concessionários ou permissionários;
III – seja estabelecida a prestação direta do serviço pelo Mu- SEÇÃO V
nicípio. Da Administração Pública
§ 2º - A permissão de serviço de utilidade pública, sempre a
título precário, será autorizada por decreto, após edital de chama- Art. 24 – A atividade de administração pública dos Poderes do
mento de interessados para a escolha do melhor presidente, proce- Município e a de entidade descentralizada obedecerá aos princípios
dendo as licitações com estrita observância da legislação Federal e de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e razoabili-
Estadual pertinente. dade.
§ 3º- A concessão só será feita com autorização legislativa, § 1º - A moralidade e a razoabilidade dos atos do Poder Público
mediante contrato, observada a legislação específica de licitação e serão apurados, para o efeito de controle e invalidação, em face dos
contratação. objetivos legais afáticos e as finalidades.
§ 4º- Os concessionários e permissionários sujeitar-se-ão à re- § 2º - O agente público tratará a todos igualmente sem distin-
gulamentação específica e ao controle tarifário do Município. ção ou tratamento privilegiado a quem quer que seja.
§ 5º - Em todo ato de permissão ou contrato de concessão, § 3º - A transparência e a publicidade dos atos administrativos
o município se reservará o direito de averiguar a regularidade do do agente público são requisitos da eficácia e da moralidade e ficam
cumprimento da legislação trabalhista pelo permissionário ou con- assegurados aos mecanismos estabelecidos nesta Lei Orgânica.
cessionário. Art. 25 – A administração pública indireta é a que compete ao
Art. 22 – A lei disporá sobre: órgão de qualquer dos Poderes do Município.
I – o regime dos concessionários e permissionários de serviços Art. 26 – A administração pública indireta é a que compete à
públicos ou de utilidade pública, ou caráter especial de seu contrato empresa pública e seus órgãos.
e de sua prorrogação e as condições de caducidade, fiscalização e Art. 27 – Depende de Lei de criação a empresa pública munici-
rescisão da concessão ou permissão: pal e sua extinção, desde que:
II – os direitos dos usuários; I – comprovada a necessidade de interesse público;
III – a política tarifária; II – definida a origem dos recursos financeiros para sua criação.
IV – a obrigação de manter o serviço adequado; § 1º - A constituição de empresa pública obedecerá as normas
V – as reclamações relativas à prestação de serviços públicos ou do direito administrativo.
de utilidade pública; § 2º - As relações jurídicas entre o Município e o particular
VI – o tratamento especial em favor do usuário de baixa renda; prestador de serviço público em virtude de delegação, sob a forma
Parágrafo único. Serão nulas, de pleno direito, as permissões, de concessão ou permissão, são regidas pelo direito público, em
as concessões bem como quaisquer outros ajustes feito em desa- virtude de delegação, sob a forma de concessão ou permissão, são
cordo com o estabelecido neste artigo. regidas pelo direito público.
Art. 23 – A competência do Município para a realização de § 3º - O Município implantará, progressivamente, mecanis-
obras públicas abrange: mos para atendimento pronto, ágil e eficiente de seus serviços tais
I – a construção dos edifícios públicos; como:
II – a construção de obras e instalações para a implantação e I – reunião em uma mesma área física dos serviços burocrá-
prestação de serviços necessários ou úteis a às comunidades; ticos de suas Secretárias, unidades administrativas e entidades da
III – a execução de quaisquer outras obras destinadas a assegu- administração;
rar a funcionalidade e o bom aspecto da cidade. II – racionalização e simplificação na tramitação de documen-
§ 1º - A obra pública poderá ser executada diretamente por tos;
órgão ou entidade da administração pública e, indiretamente, por III – Desburocratizarão no atendimento aos Municípios.
terceiros, mediante licitação. § 4º - É vedada a delegação de poderes no executivo para a
§ 2º - A execução direta de obras públicas não dispensará a criação, extinção ou transformação de entidade de sua administra-
licitação para aquisição do material a ser empregado. ção indireta.
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§ 5º - Os atos de improbidade administrativa, importam a sus- § 1º - O poder de Polícia da Administração Pública Municipal,
pensão dos direitos políticos, a perda de função pública, a indispo- tem como razão o interesse social e como atributo a discricionari-
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e na ação dade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.
penal cabível. § 2º - A Administração Pública Municipal tem liberdade de agir,
Art. 28 – Para o procedimento de licitação, obrigatório para a respeitando os limites legais, a faculdade de decidir e executar a sua
contratação de obra, serviço, compra, alienação e concessão, o Mu- decisão por seus próprios meios e faculdade de impor coativamen-
nicípio observará as normas gerais expedidas pela União e normas te, as medidas que adotar.
suplementares expedidas pelo Estado. § 3º - A polícia administrativa municipal agirá preferencialmen-
Art. 29 – As pessoas jurídicas de direito público e as de direitos te, de forma preventiva, através de normas limitadoras e sancio-
privados prestadores de serviços públicos responderão pelos da- nadoras da conduta daqueles que utilizam bens do Município ou
nos que seus agentes, nessa qualidade causarem a terceiros, sendo exercem atividade que possam afetar a coletividade.
obrigatória a regressão, no prazo estabelecido em lei, contra o res- § 4º - A competência da Polícia Administrativa do Município
ponsável, nos casos de dolo ou culpa. será exercida:
Art. 30 – As concorrências e licitação para concessão de ser- I – na área sanitária, responsável pelo controle dos recintos pú-
viços públicos e obras públicas, deverão ser precedidas de ampla blicos e fiscalização dos produtos alimentícios, produtos consumí-
publicidade em jornais de maior circulação e na imprensa oficial. veis, água e ar, entre outros;
§ 1º - A publicidade de ato, programa, projeto, obra, serviço e II – controle técnico funcional das edificações com vistas à se-
gurança e higiene das obras.
campanha de órgão público, por qualquer veículo de comunicação,
Art. 36 – Os regulamentos administrativos relativos às normas
somente pode ter caráter informativo, educativo ou de orientação
sanitárias, às de segurança e higiene das edificações e ás normas
social, e dela não constarão nome, cor ou imagem que caracterize
relacionadas ao sossego público são estabelecidas, respeitadas as
a promoção pessoal de autoridade, servidor público ou partido po-
legislações federal e estadual pertinentes, e:
lítico. I – No Código Sanitário Municipal;
§ 2º - Os poderes do Município, incluídos os órgãos que os com- II – No Código de Obras do Município;
põem, publicarão trimestralmente, o montante das despesas com III – No Código de Posturas Municipais.
publicidade paga ou contratada, naquele período, com cada agên-
cia ou veículo de comunicação. SEÇÃO VI
Art. 31 – O Município manterá os livros necessários ao registro Dos Servidores Públicos
de seus serviços.
Parágrafo único. Os livros poderão ser substituídos por fichas Art. 37 – A atividade administrativa permanente é exercida:
ou sistemas informatizados, com garantia de fidedignidade. I – em qualquer dos Poderes do Município, nas empresas pú-
Art. 32 – O Prefeito, o Vice-Prefeito, os vereadores, os ocu- blicas, por servidor público, ocupante de cargo público, em caráter
pantes de cargos em comissão ou função de confiança, as pessoas efetivo ou em comissão de função pública;
ligadas a qualquer deles, por matrimônio ou parentesco afim ou II – nas empresas públicas e demais entidades sobre o controle
consanguíneo, até segundo grau, ou por adoção e os servidores em- direto ou indireto do Município, por empregado público, ocupante
pregados públicos municipais não poderão contratar obras e servi- de emprego público ou função de confiança.
ços com o Município, subsistindo a proibição até seis meses após Art. 38 – Os cargos, empregos e funções são acessíveis aos bra-
findas as respectivas funções. sileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei.
Parágrafo único. É vedado ao Município efetuar em qualquer § 1º - A investidura em cargo ou emprego público depende de
circunstância, pagamento de aluguel de imóveis ou quaisquer ou- aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, ressalva-
tros tipos de pagamentos que visem beneficiar autoridades fede- das as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
rais, estaduais e municipais. nomeação e exoneração.
Art. 33 – É vedada a contratação de empresas para execução § 2º - O prazo de validade de concurso público é de até dois
de tarefas específicas e permanentes de órgãos da administração anos, prorrogável uma vez, por igual período.
pública municipal. § 3º - Durante o prazo improrrogável previsto no edital de con-
Parágrafo único. É vedada a locação de empresas locadoras de vocação, o aprovado em concurso público será convocado, observa-
da a ordem de classificação, com prioridade sobre novos concursa-
mão-de-obra, não qualificada, para as tarefas específicas e perma-
dos, para assumir o cargo ou emprego na carreira.
nentes da administração pública Municipal.
§ 4º - A inobservância do disposto nos 1.º e 3.º, deste artigo,
Art. 34 – A ação administrativa se organizará em sistema inte-
implica para atender à necessidade temporária de excepcional in-
grado por:
teresse público.
I – órgão central de direção e coordenação; Art. 39 – A Lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
II – entidade da administração indireta; determinado, para atender à necessidade temporária de excepcio-
III – unidade administrativa. nal interesse público.
§ 1º- A Secretaria Municipal é o órgão central do sistema ad- § 1º - É vedado o desvio de função de pessoa contratada na
ministrativo. forma autorizada no artigo, bem como sua recontratação, sob pena
§ 2º - A Unidade Administrativa é a parte do órgão central ou de nulidade do contrato e responsabilidade administrativa e civil da
de entidade da administração direta. autoridade contratante.
§ 3º - Todas as Secretarias Municipais, entidades da adminis- § 2º - O disposto no artigo não se aplica à função do magistério.
tração indireta e unidades administrativas serão identificadas com Art. 40 – Os cargos em comissão e as funções de confiança, com
placas na parte frontal do prédio ou sala, em local visível à leitura. exceção daqueles de assessoria, serão exercidos, na Prefeitura, por
Art. 35 – O Município exerce o poder de polícia administrativa servidores ocupantes de cargos de carreira técnica e profissional, a
sobre todas as atividades e bens de interesse local que afetam ou partir do terceiro nível hierárquico da estrutura organizacional e, na
possam afetar a coletividade. Câmara, a partir do primeiro nível.
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Parágrafo único. Em entidade da administração indireta, pelo § 1º - A política de pessoal obedecerá às seguintes diretrizes:
menos em cargo ou função de direção superior, será provido por I – valorização e dignificação da função pública e do servidor
servidor ou empregado de carreira, da respectiva instituição. público;
Art. 41 – A revisão geral da remuneração do servidor público, II – profissionalização e aperfeiçoamento do servidor público;
sob um índice único exceto no caso de projeção funcional, far-se-à III – constituição de quadro dirigente, mediante formação e
sempre no mês em que a Lei fixar, ficando, entretanto, assegurada a aperfeiçoamento de administradores;
preservação periódica de seu poder aquisitivo, na forma da lei, que IV – sistema de mérito objetivamente apurado para ingresso no
observará os limites previstos na Constituição da República. serviço e desenvolvimento na carreira;
§ 1º - A lei fixará o limite máximo e a relação entre a maior V – remuneração compatível com a complexidade e a respon-
e a menor remuneração dos servidores públicos, observada, como sabilidade das tarefas e com a escolaridade exigida para o seu de-
limite máximo, a remuneração percebida, em espécie, a qualquer sempenho.
título, pelo Prefeito. § 2º - Ao servidor público que, por acidente ou doença, tor-
§ 2º - Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo não po- nar-se inapto para exercer as atribuições específicas do seu cargo,
dem ser superiores aos percebidos pelo Poder Executivo. serão assegurados os direitos e vantagens a ele inerentes, até seu
§ 3º - É vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos definitivo aproveitamento em outro cargo.
para efeito de remuneração de pessoal do serviço público, ressal- § 3º - Para provimento de cargos de natureza técnica, exigir-se-
vando o disposto nesta Lei Orgânica. -á a respectiva habilitação profissional.
§ 4º - Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor pú- Art. 48 – O Município assegurará ao servidor os direitos previs-
blico, não serão computados nem acumulados, para o fim de con- tos no Art. 7.º inciso IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
cessão de acréscimo ulterior, sob o mesmo título ou idêntico fun- XX, XXII e XXX da Constituição da República, e os que, nos termos
damento. da lei, visem a melhoria de sua condição social e a produtividade no
§ 5º - Os vencimentos do servidor público são irredutíveis e a serviço público, especialmente:
remuneração observará o disposto nos 1.º e 2.º deste artigo e os I – duração do trabalho normal, não superior a oito horas di-
preceitos estabelecidos nos Art. 150, II, 153 2.º, I, da Constituição árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
da República. horário e a redução da jornada nos termos que dispuser a lei;
§ 6º - É assegurado aos servidores públicos e às suas entidades II – adicionais por tempo de serviço;
representativas o direito de reunião nos locais de trabalho, fora do III – férias-prêmio, com duração de seis meses, adquiridas a
horário de expediente. cada período de dez anos de efetivo exercício de serviço, admitida
Art. 42 – É vedado a acumulação remunerada de cargos públi- a sua conversão em espécie, por opção de servidor ou dobro das
cos, permitida, se houver compatibilidade de horário: não gozadas;
I – a de dois cargos de professor; IV - assistência gratuita, em creche e pré-escolas aos filhos e
II – a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; dependentes dos servidores residentes no município, desde o nas-
III – a de dois cargos privativos de médico. cimento até seis anos de idade, respeitando, sempre de forma iso-
Parágrafo único. A proibição de acumular se estende a empre- nômica, a fila de espera dos demais munícipes. (Redação dada pela
gos e funções diretas e indiretas do Município. Lei nº. 2.071 de 2017).
Art. 43 – Ao servidor público em exercício de mandato eletivo V – adicional de remuneração para atividades penosas, insalu-
se aplicam as seguintes disposições: bres ou perigosas;
I – tratando-se de mandato eletivo Federal e Estadual ficará VI – adicional sobre a remuneração, quando completar trinta
afastado do cargo, emprego ou função; anos, ou antes disso, se implementado o interstício necessário para
II – investindo ao mandato de Prefeito, será afastado do cargo, aposentadoria;
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- Parágrafo único. Cada período de cinco anos, de efetivo exer-
ção; cício, dá ao servidor o direito ao adicional de dez por cento sobre
III – investido no mandato de vereador, havendo compatibi- o seu vencimento, o qual, a este se incorpora, para efeito de apo-
lidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego sentadoria.
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não Art. 49 – A lei assegurará ao servidor público da administração
havendo compatibilidade será aplicada a norma do inciso anterior; direta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício ou assemelhados no mesmo poder, ou entre servidores dos Pode-
do mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos res Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; vidual e as relativas à natureza ou local de trabalho.
V – para efeitos de benefício previdenciário, no caso de afas- Parágrafo único. A Lei assegurará sistema isonômico de carreira
tamento, os valores serão determinados como se no exercício es- de nível universitário compatibilizando com os padrões médios de
tivesse. remuneração da iniciativa privada.
Art. 44 – A lei reservará percentual dos cargos e empregos pú- Art. 50 – É garantida a liberação do servidor ou emprego públi-
blicos para provimento de portador de deficiência e definirá os cri- co, se assim o decidir a respectiva categoria, na forma do estatuto
térios de sua admissão. da entidade, para ao exercício de mandato eletivo em diretoria de
Art. 45 – Os atos de improbabilidade administrativa importam entidades sindicais, sem prejuízo da remuneração e dos demais di-
suspensão dos direitos políticos, perda de função pública, indispo- reitos e vantagens de seu cargo de emprego.
nibilidade de bens e ressarcimento ao erário, na forma e na grada- Art. 51 – O direito de greve será exercido nos termos e nos limi-
ção estabelecidas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. tes definidos em Lei Complementar Federal.
Art. 46 – É vedado ao servidor municipal desempenhar ativida- Art. 52 – É estável, após dois anos de efetivo exercício, o servi-
des que não sejam próprias do cargo que for titular, exceto quando dor público nomeado em virtude de concurso público.
ocupar cargo em comissão ou desempenhar função de confiança. § 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em virtude
Art. 47 – O Município instituirá regime jurídico único e planos de sentença judicial transitada em julgado ou processo administra-
de carreira para os servidores dos órgãos da administração direta. tivo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
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§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor CAPÍTULO II
público estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga Da Organização dos Poderes
reconduzido ao cargo de origem sem direito a indenização, aprovei- SEÇÃO I
tado em outro cargo ou posto em disponibilidade. Poder Legislativo
§ 3º - Extinto o cargo e declarada a sua necessidade, o servidor Subseção I
público estável ficará em disponibilidade remunerada, até seu ade- Disposições Gerais
quado aproveitamento em outro cargo.
Art. 53 – O servidor público será aposentado: Art. 54 – O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Municipal,
I – por invalidez permanente, com proventos integrais, quando composta de representantes do povo, eleitos pelo sistema propor-
decorrente de acidente de serviço, moléstia profissional ou doença cional, para uma legislatura com duração de quatro anos.
grave contagiosa ou incurável, especificada em lei, e proporcionais § 1º - O número de vereadores, a vigorar para a Legislação
nos demais casos; subsequente, é fixado por resolução da Câmara, cento e vinte dias
II – compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven- antes das eleições, observados os limites estabelecidos na Consti-
tos proporcionais ao tempo de serviço; tuição Federal e as seguintes normas:
III – voluntariamente: I – onze, quando o Município tiver menos de vinte mil habi-
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se tantes;
mulher, com proventos integrais ; II – treze, quando o Município tiver mais de vinte mil habitan-
b) aos trinta anos de efetivo serviço em função de magistério, tes;
se professor, e aos vinte e cinco, se professora, com proventos in- III – quinze quando o município tiver mais de quarenta mil ha-
tegrais; bitantes;
c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se IV – dezessete, quando o Município tiver mais de cinqüenta mil
mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; habitantes;
d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem e aos sessen- V – dezenove, quando o Município tiver mais de cem mil ha-
ta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço. bitantes;
§ 1º - As exceções ao disposto no inciso III, alíneas “a” e “c”, VI – vinte e um, mais de quinhentos mil e menos de um milhão
no caso do exercício de atividades consideradas penosas, insalubres de habitantes.
ou perigosas, serão as estabelecidas em Lei Complementar Federal. § 2º - O número de habitantes a ser utilizado como base de
§ 2º - A lei disporá sobre a aposentadoria em cargo, função ou cálculo do número de vereadores será aquele fornecido, mediante
emprego temporário. certidão, pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
§ 3º - O tempo de serviço público Federal, Estadual ou Munici- tica – IBGE.
pal será computado integralmente para os efeitos de aposentadoria § 3º - A mesa da Câmara enviará ao Tribunal Regional Eleitoral,
e disponibilidade. logo após sua edição, cópia do decreto legislativo de que trata a
§ 4º - É assegurado ao servidor afastar-se das atividades a partir matéria.
da data do requerimento de aposentadoria, e sua não concessão
importará a reposição do período de afastamento. Subseção II
§ 5º - Para efeito de aposentadoria é assegurada a contagem do Da Câmara Municipal
tempo de contribuição na administração pública e privada, rural e
urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previdência social Art. 55 – No primeiro ano de cada legislatura, cuja duração
compensar-se-ão financeiramente, segundo critérios estabelecidos coincide com o mandato dos vereadores, a Câmara reunir-se-á no
em Lei Federal. dia primeiro de janeiro para dar posse aos vereadores, Prefeito e
§ 6º - O servidor público que retornar a atividade após a cessão Vice Prefeito e eleger a sua Mesa Diretora para mandato de dois
de motivos que causaram sua aposentadoria por invalidez, terá di- anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição subse-
reito, para todos os fins, salvo para o de promoção, à contagem de quente.
tempo relativo ao período de afastamento § 1º - A eleição da Mesa Diretora dar-se-á por chapa, que pode-
§ 7º - Os proventos de aposentadoria e as pensões por morte, rá ou não ser completa e inscrita até a hora da eleição por qualquer
nunca inferiores ao salário mínimo, serão revistos, na mesma pro- vereador.
porção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração § 2º - A eleição da Mesa Diretora dar-se-á por votação secreta.
do servidor em atividade. § 3º - Sua renovação será no primeiro dia da sessão legislativa
§ 8º - Serão estendidas ao inativo os benefícios ou vantagens de cada ano, sob a condição do Presidente em fim de mandato e
posteriormente concedidas aos servidores em atividade, mesmo sua posse será sempre imediata.
quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo § 4º - No ato da posse e no término do mandato, os vereadores
ou da função em que se tiver dado a aposentadoria, na forma da lei. deverão fazer a declaração de seus bens, que deverá ser arquivada
§ 9º - A pensão por morte abrangerá o cônjuge, o companheiro na Câmara, constando nas respectivas atas o seu resumo.
e demais dependentes na forma da lei. Art. 56 – A Câmara reunir-se-á de quinze de fevereiro a trinta
§ 10º - Perderá a pensão o pensionista que contrair novas núp- de julho e de primeiro de agosto a quinze de dezembro de cada ano.
cias. § 1º - As reuniões previstas para as datas fixadas neste artigo
§ 11º - Para efeito de aposentadoria ou transferência para ina- serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando re-
tividade, prevalecerão para o servidor público municipal as normas caírem em sábado, domingo e feriado.
relativas à contagem de tempo de serviço, na data de sua admissão § 2º - A Câmara Municipal reunir-se-á em sessões ordinárias,
ou durante a sua atividade ao Serviço Público, desde que mais be- extraordinárias, secretas e solenes, conforme o que dispuser o Re-
néficas. gime Interno e os remunerará de acordo com o estabelecimento
nesta Lei Orgânica e em resolução específica.
§ 3º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova-
ção do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.
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§ 4º - O Regimento Interno disporá sobre o horário de atendi- IX – fixação do quadro de empregos das empresas públicas, e
mento à população, assegurando a presença, no mínimo, de dois demais entidades sob controle direto ou indireto do Município;
vereadores na sede da Câmara, em sistema de rodízio. X – O servidor público da administração direta, empresa públi-
Art. 57 – A convocação de sessão extraordinária da Câmara ca terá seu regime jurídico único, provimento de cargos, estabilida-
será feita: de e aposentadoria.
I – pelo Prefeito Municipal, em caso de urgência ou de interesse XI – criação, estruturação e definição de atribuições das Secre-
público relevante; tarias Municipais;
II – pelo presidente da Câmara; XII – organização da Guarda Municipal e do demais órgãos e
III – a requerimento da maioria absoluta dos membros da Câ- entidades da administração pública;
mara; XIII – divisão regional da administração pública;
IV – para cumprimento e posse do Prefeito e Vice Prefeito. XIV – divisão territorial do Município, respeitada a Legislação
Parágrafo único. Nas sessões extraordinárias, a Câmara somen- Federal e Estadual;
te deliberará sobre a matéria para a qual tenha sido convocado. XV – bens do domínio público;
Art. 58 – A Câmara e suas comissões funcionam com a presen- XVI – aquisição e alienação de bem imóvel do Município;
ça, no mínimo, da maioria de seus membros, e as deliberações são XVII – cancelamento da dívida ativa do Município, autorização
tomadas por maioria de votos dos presentes, salvo os casos previs- de suspensão de sua cobrança e de elevação de ônus e juros;
tos nesta Lei Orgânica. XVIII – transferência temporária da sede do Governo Municipal;
§ 1º - Quando se tratar de matéria relativa a empréstimos, a XIX – atribuições decorrentes da competência comum prevista
concessão de privilégios ou que verse sobre interesse particular, no artigo 23 da Constituição da República.
além de outras referidas nesta Lei, às deliberações da Câmara serão Art. 62 – Compete privativamente à Câmara Municipal:
tomadas por dois terços de seus membros. I – eleger a Mesa e constituir as Comissões;
§ 2º - O presidente da Câmara participa somente das votações II – elaborar o Regime Interno;
secretas e, quando houver empate das votações públicas. III – dispor sobre a criação, transformação ou extinção de cargo,
Art. 59 – As reuniões da Câmara são públicas e somente nos emprego e função de seus serviços e fixação da respectiva remune-
casos previstos em lei o voto é secreto. ração, observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes
Parágrafo único. É assegurado o uso da palavra por represen- Orçamentárias;
tante popular na tribuna da Câmara, durante as reuniões, na forma IV – dispor sobre a criação, transformação ou extinção de car-
e nos casos definidos pelo Regimento Interno. go, emprego e função de seus serviços e fixação da respectiva re-
Art. 60 – A Câmara ou qualquer de suas comissões, a requeri- muneração, observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Di-
mento da maioria de seus membros, pode convocar o Secretário retrizes Orçamentárias;
Municipal, para comparecer perante elas, a fim de prestar informa- V – aprovar crédito suplementar ao orçamento de sua Secreta-
ções sobre assunto previamente designado e constante da convoca- ria, nos termos desta Lei Orgânica;
ção, sob pena de responsabilidade. VI – fixar a remuneração do vereador, do Prefeito, do Vice-Pre-
§ 1º - Três dias úteis antes do comparecimento, deverá ser en- feito e do Secretário Municipal;
viada à Câmara exposição referente às informações solicitadas. VII – dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito;
§ 2º - O Secretário poderá comparecer à Câmara ou a qualquer
VIII – conhecer da renúncia do Prefeito e do Vice-Prefeito;
de suas comissões, por sua iniciativa e após entendimento com a
IX – conceder licença ao Prefeito para interromper o exercício
Mesa, para expor assunto de relevância de sua Secretaria.
de suas funções;
§ 3º - A Mesa da Câmara pode de ofício ou a requerimento do
X – autorizar o Prefeito a ausentar-se do Município e o Vice-
Plenário, encaminhar ao Secretário, as dirigentes de entidade de
-Prefeito, do Estado por mais de 10 (dez) dias;
administração indireta e a outras autoridades municipais, pedido
XI – processar e julgar o Prefeito, o Vice-Prefeito e o Secretário
escrito de informação, e, a recusa, ou a prestação de informação fal-
Municipal, nas infrações político-administrativas;
sa constituem infração administrativa, sujeita à responsabilização.
XII – destituir do cargo o Prefeito após condenação por crime
§ 4º - As atribuições da Mesa Diretora serão regulamentadas
em regimento interno. comum ou de responsabilidade, ou por infração político adminis-
trativa, e o Vice-Prefeito e o Secretário Municipal após condenação
Subseção III por crime ou por infração político administrativa;
Atribuições da Câmara XIII – julgar, anualmente, as contas prestadas pelo prefeito,
após o parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado e os relató-
Art. 61 – Cabe a Câmara Municipal, com a sanção do prefeito, rios sobre a execução dos planos de governo;
não exigida esta para o específico caso no artigo 66, dispor sobre XIV – o parecer prévio emitido pelo órgão competente sobre
todas as matérias de competência do Município, especificamente: as contas que ao Prefeito deve, anualmente, prestar, só deixará de
I – Plano Diretor; prevalecer por decisão de 2/3 (dois terços) dos membros da Câma-
II – Plano Pluri Anual e Orçamento Anuais; ra Municipal;
III – Diretrizes Orçamentárias; XV – vencido o prazo de 360 dias a que se refere o artigo 180 da
IV – Sistema Tributário Municipal, arrecadação e distribuição Constituição Estadual, e o Tribunal de Contas do Estado não se ma-
de rendas; nifestar, compete à Câmara Municipal julgar em definitivo as contas
V – Dívida Pública, abertura e operação de crédito; do Prefeito;
VI – concessão e permissão de serviços públicos do Município; XVI – Referendar a celebração de convênio pelo Governo do
VII – fixação e modificações dos efetivos da Guarda Municipal; Município com entidades do direito público;
VIII – criação, transformação e extinção de cargo, emprego e XVII – autorizar previamente convênio intermunicipal para mo-
função públicos na administração direta e nas empresas públicas e dificação de limites;
fixação de remuneração, observados os parâmetros estabelecidos XVIII - solicitar, pelo voto de 2/3 (dois terços) de seus membros,
na Lei de Diretrizes Orçamentárias; a intervenção Estadual;
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XIX – suspender, no todo ou em parte, a execução de qualquer Art. 65 – Perderá o mandato o Vereador:
ato normativo municipal, que haja sido por decisão definitiva do I – que infringir proibição estabelecida no cargo anterior;
Poder Judiciário, declarado infringente das Constituições ou da Lei II – que utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrup-
Orgânica; ção ou de improbidade administrativa;
XX – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi- III – que proceder de modo incompatível com a dignidade da
tem do Poder regulamentar; Câmara ou faltar com o decoro na sua conduta pública;
XXI – fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo incluídos VI – que perder ou tiver suspensos seus direitos políticos;
os da administração indireta; V – quando o decretar a Justiça Eleitoral nos casos previstos na
XXII – dispor sobre limites e condições para a concessão de ga- Constituição da República;
rantia do Município em operações de crédito; VI – que sofrer condenação criminal em sentença transitada
XXIII – autorizar a realização de empréstimo, operação ou em julgado;
acordo externo, de qualquer natureza e de interesse do Município, VII – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à
regulando as suas condições e respectivas aplicações, observada a Terça parte das reuniões ordinárias da Câmara, salvo licença ou
Legislação Federal; missão por esta autorizada; VIII – que fixar residência fora do Mu-
XXIV – zelar pela preservação de sua competência legislativa nicípio.
em face de atribuição normativa do Poder Executivo; § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos
XXV – aprovar, previamente, a alienação ou a concessão de definidos no Regime Interno, o abuso de prerrogativas asseguras ao
bem imóvel público; vereador ou à percepção de vantagens indevidas.
XXVI – autorizar referendo e convocar plebiscito; § 2º - Nos casos dos incisos I, II, III, VI e VIII, a perda do man-
XXVII – autorizar a participação do Município em convênio, dato será decidida pela Câmara, por voto nominal e por dois terços
consórcio ou entidades intermunicipais destinadas à gestão de fun- de seus membros, por provocação da Mesa ou de partido político
ção pública , ao exercício de atividades ou execução de serviços e devidamente registrado.
obras de interesse comum; § 3º - Nos casos incisos IV, V e VII a perda será declarada pela
XXVIII – mudar, temporária ou definitivamente, a sua Sede. Mesa da Câmara, de ofício ou por provocação de qualquer de seus
§ 1º - No caso previsto no inciso XI, a condenação, que somente membros de partido político, devidamente registrado.
será proferida por dois terços dos votos da Câmara, limitar-se-á a § 4.º - O Regimento Interno disporá sobre o processo de julga-
perda do cargo, com inabilitação, por oito anos para o exercício da mento, assegurada ampla defesa e observados, entre outros requi-
função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. sitos motivados, o disposto no artigo 92 e parágrafos no que couber.
§ 2º - Compete ainda, à Câmara manifestar-se, por dois terços Art. 66 – Não perderá o mandato o Vereador:
de seus membros, a favor da proposta de emenda à Lei Orgânica.
I – investido em cargo de confiança do Poder Executivo, desde
§ 3º - O não encaminhamento à Câmara de convênio a que se
que se afaste do exercício da vereança.
refere no inciso XVI, nos dez dias úteis subsequentes à sua celebra-
II – Licenciado por motivo de doença ou para tratar, sem remu-
ção ou a não apreciação dos mesmos, no prazo de sessenta dias do
neração, de interesse particular.
recebimento, implica a nulidade dos atos já praticados em virtude
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de inves-
de sua execução.
tidura em cargo mencionado neste artigo, ou de licença superior a
§ 4º - É da competência da Câmara Municipal, representar ao
trinta dias.
Procurador Geral da Justiça, mediante aprovação de dois terços dos
§ 2º - Se ocorrer vaga e não houver suplente, far-se-á eleição
seus membros, contra o Prefeito, Vice- Prefeito e Secretários Mu-
para preenchê-la, se faltarem mais de seis meses para o término do
nicipais ou ocupantes de cargos da mesma natureza, pela prática
de crimes contra a Administração Pública que tiver conhecimento. mandato.
§ 3º - Na hipótese do inciso I, o vereador poderá optar pela
Subseção IV remuneração do mandato.
Dos Vereadores Art. 67 – A remuneração do vereador será fixada pela Câmara
em cada legislatura para subsequente.
Art. 63 – O Vereador é inviolável por suas opiniões, palavras § 1º - A remuneração do vereador não poderá ser superior a
e votos proferidos no exercício do mandato e na circunscrição do do Prefeito, nos termos do art.37, XI, da Constituição Federal e ob-
Município. servado o disposto nos arts. 152, II, 153, III e 153, 2.º da mesma
Art. 64 – O Vereador não pode: Constituição.
I – desde a expedição do diploma: § 2º - Fica garantida a atualização dos valores de remuneração
a) firmar ou manter contrato com pessoas jurídica de direito do vereador, tomado como base o IPC ou outro índice oficial que o
público, empresa pública ou empresas concessionárias de serviço substituir.
público municipal, salvo quando o contrato obedecer à cláusulas § 3º - O vereador que se ausentar sem justificativa a duas ses-
uniformes; sões ordinárias mensais terá sua remuneração reduzida em cin-
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, quenta por cento.
inclusive os de que sejam demissíveis “ad natum”, nas entidades § 4º - Na hipótese da Câmara deixar de exercer a competência
indicadas nas alíneas anteriores: de que trata este artigo, ficarão mantidos, na legislação subsequen-
II – desde a posse: te, os valores de remuneração vigentes em dezembro do último
a) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze exercício da legislatura anteriormente, admitida apenas a atualiza-
de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito pú- ção dos mesmos.
blico, ou nela exercer função remunerada; § 5º - O servidor público eleito Vereador, havendo compatibili-
b) ocupar cargo ou função de que seja demissível “ad natum” dade de horário, será afastado do cargo, emprego ou função e pode
nas entidades indicadas no inciso I, alínea “a”; optar entre a remuneração do respectivo cargo e a vereança antes
c) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo. de entrar no exercício do mandato.
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Art. 68 – Ao vereador será assegurado de ampla defesa em § 5º - O não atendimento às determinações contidas nos pa-
processo, no qual seja acusado, observados entre outros requisitos rágrafos anteriores, no prazo estipulado, faculta ao Presidente da
de validade, ou contraditório, a publicidade e despacho ou decisão Comissão solicitar, na conformidade da Legislação Federal, provi-
motivados. dências do Poder Judiciário, para fazer cumprir a Legislação.
§ 6º - Nos termos do artigo terceiro da Lei Federal n.º 1579, de
Subseção V 18 de março de 1952, as testemunhas serão intimidadas de acordo
Das Comissões com as prescrições estabelecidas na legislação penal, e, em caso
de não comparecimento, sem motivo justificado, a intimação será
Art. 69 – A Câmara terá comissões permanentes e temporárias solicitada ao Juiz Criminal da localidade onde reside ou se encontra,
conforme estabelecido em seu regimento interno. na forma do artigo 218 do Código do Processo Penal.
§ 1º - Na Constituição da Mesa e das Comissões é assegura- § 7º - Durante recesso salvo convocação extraordinária, haverá
da a representação proporcional dos partidos, exceto se o número uma comissão representativa na Câmara, cuja composição reprodu-
de vereadores de algum partido ou o desinteresse não viabilizar tal zirá, quando possível, a proporcionalidade de representação parti-
composição. dária, eleita na última sessão ordinária do período legislativo, com
§ 2º - Cabem as Comissões Permanentes dentro da matéria de atribuições definidas no Regimento Interno da Casa.
sua competência:
I – dar parecer em projetos de lei, de resolução, de decreto, Subseção VI
legislativo ou quando provocados em outros expedientes; Do Processo Legislativo
II – realizar audiências públicas com entidades da sociedade
civil; Art. 71 – O processo legislativo compreende a elaboração de:
III – receber e encaminhar petições, reclamações, representa- I – Emenda à Lei Orgânica;
ções ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das II – Lei Complementar;
autoridades ou entidades públicas; III – Lei Ordinária;
IV – solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; IV – Decreto Legislativo;
V – convocar Secretário, Diretores Municipais ou qualquer ser- V – Resolução.
vidor para prestar informações sobre assuntos inerentes às suas Parágrafo único. São ainda objetos de liberação da Câmara, na
atribuições; forma do Regimento Interno:
VI – apreciar programas de obras, planos de desenvolvimento e I – a autorização;
sobre eles emitirparecer; II – a indicação;
VII – acompanhar a elaboração da proposta orçamentária e III – o requerimento.
posterior execução de orçamento. Art. 72 – A Lei Orgânica pode ser emendada mediante propos-
Art. 70 – As comissões Especiais de Inquérito terão poderes de ta;
investigação próprias das autoridades judiciais, para apuração de I – de, no mínimo, um terço dos membros da Câmara;
fato determinado em prazo certo e serão criadas a requerimento de II – do Prefeito;
dois terços dos membros da Câmara Municipal. III – de, no mínimo, cinco por cento do eleitorado do Município.
§ 1º- As suas conclusões, se for o caso, serão encaminhadas § 1º - As regras de iniciativa privada pertinentes à legislação
ao Ministério Público, ou a outra autoridade competente, para que infra orgânica não se aplica à competência para a apresentação da
se promova a responsabilidade civil, criminal ou administrativa do proposta de que trata este artigo.
infrator. § 2º - A Lei Orgânica não pode ser emendada na vigência de es-
§ 2º - Os membros das Comissões especiais de Inquérito a que tado de sítio ou estado de defesa, nem quando o Município estiver
se refere este artigo, no interesse da investigação, bem como os sob intervenção estadual.
membros das Comissões Permanentes em matéria de sua compe- § 3º - A proposta será discutida e votada em dois turnos com o
tência poderão em conjunto ou isoladamente; interstício mínimo de dez dias, e considerada aprovada, se obtiver
I – Proceder a vistoria e levantamento nas repartições públicas em ambos, dois terços dos votos dos membros da Câmara.
municipais e entidades descentralizadas, onde terão livre acesso e § 4º - Na discussão de proposta popular de emenda é assegura-
permanência; da a sua defesa, em comissão e em plenário, por um dos signatários.
II – requisitar de seus responsáveis a exibição de documentos e § 5º - A emenda à Lei Orgânica será promulgada pela Mesa da
a prestação dos esclarecimentos necessários; Câmara, com o respectivo número de ordem.
III – Transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua pre- § 6º - O referendo à emenda será realizado, se for requerido,
sença, ali realizando os atos que lhe competirem; no prazo máximo de noventa dias de promulgação, pela maioria dos
IV – Proceder as verificações contábeis em papéis e documen- membros da Câmara, pelo Prefeito ou por, no mínimo, cinco por
tos dos órgãos da Administração Direta e Indireta. cento do eleitorado do Município.
§ 3º - É fixado em quinze dias, prorrogável por igual período, § 7º - a matéria constante da proposta de emenda rejeitada
desde que solicitado e devidamente justificado, o prazo para que ou prejudicada não pode ser acrescentada na mesma sessão legis-
os responsáveis pelos órgãos da Administração Direta ou Indireta lativa.
prestem as informações e encaminhem os documentos requisita- Art. 73 – a iniciativa da Lei Complementar e ordinária cabe a
dos pelas Comissões Especiais de Inquérito. qualquer membro ou comissão da Câmara, ao Prefeito e aos cida-
§ 4º - No exercício de suas atribuições poderão, ainda, as Co- dãos na forma e nos casos definidos nesta Lei Orgânica.
missões Especiais de Inquérito, através de seu Presidente: § 1º - A lei complementar é aprovada por maioria dos mem-
I – requerer a convocação de Secretário Municipal e ocupante bros da Câmara, observados os demais termos de votação das leis
de cargo assemelhado; ordinárias.
II – determinar as diligências que reputarem necessárias; § 2º - Considera-se objetivo de Lei Complementar entre outras
III – tomar o depoimento de quaisquer autoridades, intimar matérias previstas nesta Lei Orgânica:
testemunhas e inquiri-las sob compromisso. I – O Plano do Diretor;
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II – O Código Tributário; § 2º - O prazo do parágrafo anterior, não ocorre em período
III – O Código de Obras do Município; de recesso da Câmara, nem se aplica ao projeto que dependa de
IV – O Código de Posturas Municipais; “quorum” especial para aprovação da Lei Orgânica, estatuária, ou
V – O Código Sanitário Municipal; equivalente a código.
VI – O Estatuto dos Servidores Municipais; Art. 78 – A proposição de lei, resultante de projeto aprovado
VII – A Lei de Parcelamento, a Ocupação e Uso do Solo; pela Câmara, será enviada ao Prefeito que, no prazo de quinze dias,
VIII – A Lei Instituidora do regime jurídico único dos servidores; contados da data der seu recebimento, deverá:
IX – A Lei Instituidora do regime jurídico único dos servidores; I – se aquiescer, sancioná-la-á;
X – A Lei instituidora da Guarda Municipal; II – se a considerar, no todo ou em parte, inconstitucional ou
XI – A Lei Orgânica Administrativa; contrária ao interesse público, vete, total ou parcialmente.
XII – A Lei da criação dos cargos, funções ou empregos públicos. § 1º - O silêncio do Prefeito, decorrido o prazo importa em san-
Art. 74 – São matérias de iniciativa privada, além de outras pre- ção.
vistas nesta Lei Orgânica: § 2º - A sanção expressa ou tácita supre a iniciativa do Poder
I – da Mesa da Câmara, formalizada por meio de projeto de Executivo no processo legislativo.
Resolução: § 3º - O Prefeito publicará o veto, e dentro de quarenta e oito
a) o regulamento geral, que disporá sobre organização da horas, comunicará seus motivos ao presidente da Câmara.
Secretária da Câmara, seu funcionamento, sua política, criação, § 4º - O veto parcial abrangerá texto integral do artigo, do pará-
transformação ou extinção de cargos, empregos e função, regime grafo, do inciso ou da alínea.
jurídico de seus serviços, os parâmetros estabelecidos na Lei de Di- § 5º - A Câmara Municipal, dentro de trinta dias contados do
retrizes Orçamentárias e o disposto nos artigos 43, 1.º e 2.º, e 52; recebimento da comunicação de veto, sobre ele decidirá, em es-
b) a autorização para o Prefeito ausentar-se do Município; crutínio secreto, e sua rejeição só ocorrerá pelo voto da maioria de
c) a mudança temporária da sede da Câmara. seus membros, conforme disposições das constituições Federal e
II – do Prefeito: Estadual.
a) a fixação e a modificação dos efetivos da Guarda Municipal; § 6º - Se o veto não for mantido, será a proposição de lei envia-
b) a criação de cargo e função pública na administração direta e da ao Prefeito para promulgação.
a fixação da respectiva remuneração, observadas os parâmetros da § 7º - Esgotado o prazo estabelecido no 5.º, sem deliberação, o
lei de diretrizes orçamentárias; veto será incluído na ordem do dia da reunião imediata, sobre todas
c) o regime jurídico único dos servidores públicos dos órgãos da as demais proposições, até votação final, ressalvada a matéria de
administração direta, incluindo o provimento de cargo, estabilidade que trata o 1.º do artigo anterior.
§ 8º - Se, nos casos dos 1.º e 6.º, a lei não for dentro de quaren-
e aposentadoria;
ta e oito horas, promulgada pelo Prefeito, o Presidente da Câmara
d) a organização da Guarda Municipal e dos demais órgãos da
a promulgará e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
administração pública;
-Prefeito fazê-lo.
e) os planos pluri anuais;
Art. 79 – A matéria constante do projeto de lei rejeitado, so-
f) as diretrizes orçamentárias;
mente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma seção
g) os orçamentos anuais;
legislativa, mediante a maioria dos membros da Câmara ou pelo
h) a matéria tributária que implique em redução da receita pú-
menos cinco por cento do eleitorado.
blica.
Art. 80 – Será dada ampla divulgação ao projeto referido no 4.º
Art. 75 – Salvo nas hipóteses previstas no artigo anterior, a ini- do artigo 75, facultado a qualquer cidadão, no prazo de quinze dias
ciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara de da data de sua publicação, apresentar sugestão ao Presidente da
Projeto de lei subscrito por, no mínimo, cinco por cento do eleitora- Câmara, que a encaminhará à comissão respectiva, para apreciação.
do do Município ou de bairros e distritos, conforme o interesse ou Art. 81 – A requerimento de vereador, aprovado pelo plenário,
abrangência da proposta, em lista organizada por entidade que se os projetos de lei, decorridos trinta dias de seu recebimento, serão
responsabilizará pela idoneidade das assinaturas. incluídos na ordem do dia, mesmo sem parecer.
§ 1º - Exige-se a identificação dos assinantes mediante indica- Parágrafo único. O projeto somente pode ser tirado da ordem
ção do número do respectivo título eleitoral e endereço. do dia a requerimento do autor, aprovado pelo plenário.
§ 2º - A proposta popular deverá ser clara e articulada.
§ 3º - Na discussão do projeto de iniciativa popular, é assegura- SEÇÃO II
da a sua defesa, em comissão e em plenário por um dos signatários. Do Poder Executivo
§ 4º - O disposto neste artigo e seus parágrafos se aplicam à Subseção I
iniciativa popular de emenda a projeto de lei de tramitação na Câ- Disposições Gerais
mara, respeitadas as vedações do artigo anterior.
Art. 76 – Não será admitido aumento de despesa prevista: Art. 82 – O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito Municipal
I - nos projetos de iniciativa privada do Prefeito, ressalvada a auxiliado pelos Secretários Municipais.
comprovação da existência de receita ao disposto no artigo 122/ 2.º § 1º - O Poder Executivo tem como objetivo fundamental a pro-
, desta Lei Orgânica; moção do bem estar social dos municípios, voltado para o interesse
II – Nos projetos sobre organização dos serviços administrati- público e inspirado na democracia e nos princípios da legalidade e
vos da Câmara. da legitimidade.
Art. 77 – O prefeito pode solicitar urgência para apreciação do § 2º - Ao Poder Executivo compete manter, defender, cumprir e
projeto de sua iniciativa. fazer cumprir esta Lei Orgânica, as Constituições da República e do
§ 1º - Se a Câmara não se manifestar, até quarenta e cinco dias Estado, observar as demais Leis Federais, Estaduais e Municipais e
sobre o projeto, será ele incluído na ordem do dia, sobressaltando- efetivar a autonomia do Município.
-se a deliberação quanto aos demais assuntos, par que se ultime a Art. 83 – A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito far-se-á nos
votação. termos da Legislação Federal.
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Parágrafo único. Perderá o mandato o Prefeito que assumir VII – Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis e, para sua fiel
outro cargo ou função na administração pública direta e indireta, execução, expedir decretos e regulamentos;
ressalvada a posse em virtude de concurso público e observados o VIII – Vetar, em parte ou no todo, projetos de Lei;
disposto no artigo 43. IX – Remeter mensagens e planos de governo à Câmara;
Art. 84 – O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse em reunião VII – Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis e, para sua fiel
da Câmara, prestando o seguinte compromisso: “PROMETO MAN- execução, expedir decretos e regulamentos;
TER, DEFENDER E CUMPRIR A LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO, AS VIII – Vetar, em parte ou no todo, projetos de Lei;
CONSTITUIÇÕES DA REPÚBLICA E DO ESTADO, OBSERVAR AS LEIS, IX – Remeter mensagens e planos de governo à Câmara, quan-
PROMOVER O BEM GERAL DO POVO BORDAMATENSE E EXERCER O do da reunião inaugural da sessão legislativa ordinária, expondo a
MEU CARGO SOB A INSPIRAÇÃO DO INTERESSE PÚBLICO, DA LEAL- situação do Município, especialmente o estado das obras e dos ser-
DADE E DA HONRA”. viços municipais;
§ 2º - No ato da posse e ao término do mandato, o Prefeito e X – Enviar à Câmara a proposta de plano pluri anual, o projeto
o Vice-Prefeito farão declaração pública de seus bens, em cartório de diretrizes orçamentárias e as propostas do orçamento;
de títulos e documentos, sob pena de responsabilidade e de impe- XI – Prestar anualmente, até o dia 30 de março, as contas refe-
dimento para o exercício futuro de qualquer outro cargo no Muni- rentes ao exercício anterior à Câmara Municipal;
cípio. XII – Existir cargo desnecessário, desde que vago ou ocupado
§ 3º - O Vice-Prefeito substituirá o Prefeito no caso de impedi- por servidor público não estável, na forma da Lei;
mento, e lhe sucederá no de vaga. XIII – Dispor, na forma da Lei, sobre a organização e a atividade
§ 4º - O Vice-Prefeito auxiliará o Prefeito, sempre que por ele do Poder Executivo;
convocado para missões especiais. XIV – Celebrar convênio, ajustes e contratos de interesse mu-
Art. 85 – No caso de impedimento do Prefeito e do Vice-Prefei- nicipal.
to ou de vacância dos respectivos cargos, será chamada ao exercício XV- Contrair empréstimo, externo ou interno, e fazer operação
do Governo o Presidente da Câmara. ou acordo externo de qualquer natureza, mediante prévia autoriza-
§ 1º - Vagando os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito a eleição ção da Câmara, observados os parâmetros de endividamento regu-
se fará nos termos da Constituição Federal e da Legislação Comple- lados em Lei, dentro dos Princípios da Constituição da República;
mentar. XVI – Convocar extraordinariamente a Câmara, em caso de ur-
Art. 86 – Se decorrido, dez dias da data fixada para a posse, o gência, calamidade e interesse público relevante;
Prefeito ou o Vice- Prefeito, salvo por motivos de força maior, reco- XVII – Prestar à Câmara, dentro de trinta dias, as informações
nhecido pela Câmara, não tiver assumido, o cargo será declarado solicitadas, podendo o prazo ser prorrogado, a pedido pela com-
vago. plexidade da matéria ou pela dificuldade de obtenção dos dados
Art. 87 – O Prefeito e o Vice-Prefeito residirão no Município. solicitados;
§ 1º - O Prefeito não poderá ausentar-se do Município e o Vi- XVIII – Publicar, até trinta dias após o encerramento de cada
ce-Prefeito, do Estado, sem autorização da Câmara, por mais de dez bimestre, relatório resumido da execução orçamentária;
dias consecutivos, sob pena de perder o cargo. XIX – Entregar à Câmara Municipal, no prazo legal, os recursos
§ 2º - Lei específica fixará a remuneração do Prefeito e Vice- correspondentes as dotações orçamentárias;
-Prefeito, em cada legislatura, para a subsequente, conforme o dis- XX – Aprovar projetos de edificações e planos de Loteamento,
posto no artigo 67 e seus parágrafos desta Lei Orgânica, combinado arruamento e zoneamento urbano ou para fins urbanos;
com os artigos 179, único da Constituição do Estado e os artigos 37, XXI – Conceder auxílios, prêmios e subvenções, nos limites das
XI, 150, 153, III, 2.º, I da Constituição Federal, sobre a qual incidirá, respectivas verbas orçamentárias e do plano de distribuição, prévia
o imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza. e anualmente aprovado pela Câmara;
§ 3º - O Prefeito e o Vice-Prefeito, regularmente licenciado, te- XXII – (VETADO)
rão direito a perceber a remuneração quando: XXIII – (VETADO)
I – Impossibilidade de exercer o cargo, por motivo de doença XXIV – Elaborar todos os planos de desenvolvimento integra-
devidamente comprovada; dos e os demais planos previstos nesta Lei Orgânica;
II – Em gozo de férias anuais de trinta dias, cujo período ficará XXV – Conferir condecorações e distinção honorífica;
a seu critério; XXVI – Desempenhar outras atribuições definidas nesta Lei.
III – A serviço ou missão de representação do Município, de-
vendo apresentar á Câmara relatório circunstanciando dos resulta- Subseção III
dos da sua missão. Da Responsabilidade do Prefeito Municipal

Subseção II Art. 89 – Até trinta dias antes das eleições municipais, o Prefei-
Das Atribuições do Prefeito Municipal to Municipal deverá preparar, para entregar ao sucessor e para pu-
blicação imediata, relatório da situação da Administração Municipal
Art. 88 – Compete privativamente ao Prefeito: que conterá, entre outras, informações atualizadas sobre:
I – Nomear e exonerar o Secretário Municipal; I – dívida do Município, por credor, com as datas dos respec-
II – Exercer, com o auxílio dos Secretários Municipais, a direção tivos vencimentos, inclusive das dívidas a longo prazo e encargos
superior do Poder Executivo; decorrentes de operações de crédito de qualquer natureza;
III – Prover e extinguir os cargos públicos do Poder Executivo, II – medidas necessárias à regularização das contas municipais
observando o disposto nesta Lei Orgânica; perante o Tribunal de contas do Estado;
IV – Prover os cargos de direção da administração Municipal, III – prestação de contas de convênios celebrados com organis-
na forma da Lei; mo da União e do Estado, bem como do recebimento de subven-
V – Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos ções ou auxílios;
nesta Lei Orgânica; VI – Fundamentar os projetos de Lei que reme- IV – situação dos contratos com concessionárias e permissioná-
ter à Câmara; rias dos serviços públicos;
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V – estado dos contratos de obras e serviços em execução ou Art. 92 – A denúncia, escrita e assinada, poderá ser feita por
apenas formalizados, informando sobre o que foi realizado e pago e qualquer cidadão, com exposição dos fatos e a indicação das pro-
o que há por executar e pagar com prazos respectivos; vas.
VI – transferências a serem recebidas da União e do Estado por § 1º - Se o denunciante for vereador, ficará impedido de vo-
força de mandamento constitucional ou de convênio; tar sobre a denúncia e de integrar a comissão processante e, se for
VII – projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo em curso na o presidente da Câmara passará a presidência ao substituto legal,
Câmara Municipal, para permitir que a nova administração decida para atos do processo.
quanto à conveniência de lhe dar prosseguimento, acelerar seu an- § 2º - Será convocado o suplente do vereador, impedido de vo-
damento ou retirá-los; tar, o qual não poderá integra-se à comissão processante.
VIII – situação dos servidores do Município, seu custo, quanti- § 3º - De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na pri-
dade e órgãos em que estão lotados e em exercício. meira reunião subsequente, determinará sua leitura e constituirá a
§ 1º - É vedado ao Prefeito Municipal assumir, por qualquer comissão processante, formada por três vereadores, sorteados en-
forma compromissos financeiros para execução de programas ou tre os desimpedidos e pertencentes a partidos diferentes, os quais
projetos após a eleição de seu sucessor, não previstos na legislação elegerão, desde logo, o presidente e o relator.
orçamentária. § 4º - A comissão, no prazo de dez dias, emitirá parecer que
§ 2º - Serão nulas e não produzirão nenhum efeito os empe- será submetido ao Plenário, opinando pelo prosseguimento ou ar-
nhos e atos praticados em desacordo com este artigo, sem prejuízo quivamento da denúncia, podendo proceder às diligências que jul-
da responsabilidade do Prefeito Municipal; gar necessárias.
Art. 90 – São crimes de responsabilidade os atos do Prefeito § 5º - Aprovado o parecer favorável ao prosseguimento do pro-
que atendem contra as Constituições da República e do Estado, con- cesso, o Presidente determinará, desde logo, a abertura da instru-
tra esta Lei Orgânica e, especialmente, contra: ção, citando o denunciado com a remessa de cópia da denúncia e
I – a existência da União; os documentos que a instruem e do parecer da comissão forman-
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do- lhe o prazo de vinte dias, para o oferecimento da contestação
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades e indicação dos meios de prova com que pretenda demonstrar a
da Federação; verdade do alegado.
III – o livre exercício dos direitos políticos, individuais, coletivos § 6º - Findo o prazo estipulado no parágrafo anterior, com ou
e sociais; sem contestação, a comissão processante determinará as diligên-
IV – a segurança interna do País, do Estado e do Município; cias requeridas, ou que julgar convenientes, e realizará as audiên-
V - a probidade administrativa; cias necessárias para a tomada do depoimento das testemunhas
VI – a Lei Orçamentária; de ambas as partes, podendo ouvir o denunciante e o denunciado
VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais. que poderá assistir pessoalmente, ou por seu procurador, a todas as
reuniões de diligências da comissão, interrogando e contraditando
§ 1º - Esses crimes são definidos em Lei Federal especial, que
as testemunhas e requerendo a reinquirição e acareação das mes-
estabelece as normas de processo e julgamento.
mas.
§ 2º - Nos crimes de responsabilidade, assim como nos co-
§ 7º - Após as diligências, a comissão proferirá, no prazo de dez
muns, o Prefeito será submetido a processo e julgamento perante
dias , parecer final sobre a procedência da denúncia e solicitará ao
o Tribunal de Justiça.
Presidente da Câmara a convocação de reunião para julgamento,
Art. 91 – São infrações político-administrativas, do Prefeito, su-
que realizar-se-á após a distribuição do parecer.
jeitas ao julgamento pela Câmara e a consequente perda do man-
§ 8º - Na reunião de julgamento, o processo será lido integral-
dato:
mente e, a seguir, os vereadores que o desejarem poderão mani-
I – impedir o funcionamento regular da Câmara ;
festar-se verbalmente, pelo tempo máximo de quinze minutos cada
II – impedir o exame de livros, folhas de pagamento e demais um, sendo que, ao final, o denunciado ou seu procurador terá o
documentos que devam constar dos arquivos da Prefeitura, bem prazo máximo de duas horas para produzir sua defesa oral.
como a verificação de obras e serviços municipais, por comissão de § 9º - Terminada a defesa, proceder-se-á à tantas votações no-
investigação da Câmara, ou por auditoria regularmente instituída; minais quantas forem as infrações articuladas na denúncia.
III – desatender, sem motivo justo, às convocações ou aos pedi- § 10º - Considerar-se-á afastado, definitivamente do cargo, o
dos de informações da Câmara, quando feitos a tempo e em forma denunciado que for declarado, pelo voto de dois terços pelo me-
regular; nos, dos membros da Câmara, incurso em qualquer das infrações
IV – retardar a publicação ou deixar de publicar as leis e atos articuladas na denúncia.
sujeitos a essa formalidade; § 11º - Concluído o julgamento, o Presidente da Câmara pro-
V – deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo, e em for- clamará imediatamente o resultado e fará lavrar ata que consigne
ma regular, a proposta orçamentária; a votação nominal sobre cada infração e, se houver condenação,
VI – descumprir o orçamento aprovado para o exercício finan- expedirá o competente decreto legislativo de cassação do mandato
ceiro; de Prefeito, ou se o resultado da votação for absolutório, determi-
VII – praticar atos administrativos contra expressa disposição nará o arquivamento do processo, comunicando, em qualquer dos
da lei ou omitirse, na prática, daquele por ela exigido. casos, o resultado à Justiça Eleitoral.
VIII – emitir-se ou negligenciar na defesa de bens, renda, di- § 12º - O processo deverá estar concluído dentro de noventa
reitos ou interesse no Município, sujeitos à administração da Pre- dias, contados da citação do acusado e transcorrido o prazo sem
feitura; julgamento, será arquivado sem prejuízo de nova denúncia, ainda
IX – ausentar-se do Município por tempo superior ao permitido que sobre os mesmos fatos.
nesta Lei, ou afastar-se da Prefeitura, sem autorização da Câmara; Art. 93 – O Prefeito será suspenso de suas funções:
X – proceder de modo incompatível com dignidade e o decoro I – nos crimes comuns e de responsabilidade, se recebida a de-
do cargo. núncia ou a queixa pelo Tribunal de Justiça, e;
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II – nas infrações político administrativas, se admitida a acusa- II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à efi-
ção e instaurado o processo pela Câmara. cácia e eficiência da gestão da administração direta das entidades
da administração indireta, e da aplicação de recursos públicos por
Subseção IV entidades de direito privado;
Dos Auxiliares Diretos do Prefeito Municipal III – exercer o controle de operações de crédito, avais e garan-
tias, e o de seus direitos e haveres;
Art. 94 – São auxiliares direto do Prefeito: IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão cons-
I – Os secretários Municipais ou; titucional.
II – Diretores equivalentes. Art. 99 – Os responsáveis pelo controle interno , ao tomarem
§ 1º - Os cargos são de livre nomeação e demissão do Prefeito. conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, ela darão
§ 2º - A Lei Municipal estabelecerá as atribuições dos auxiliares ciência ao Tribunal de Contas do Estado, sob pena de responsabili-
diretos do Prefeito, definindo-lhe a competência, deveres e respon- dade solidária.
sabilidades. § 1º - Qualquer cidadão, partido político, associação legalmen-
Art. 95 – São condições essenciais para a investidura nos cargos te constituída ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
dos secretários ou diretores equivalentes: denunciar irregularidade ou ilegalidade de ato do agente público.
I – ser brasileiro; § 2º - A denúncia poderá ser feita, em qualquer caso, a Câmara
II – estar no exercício dos direitos políticos; ou sobre o assunto da respectiva competência, ao Ministério Públi-
III – ser maior de vinte e um anos. co ou ao Tribunal de contas do Estado.
Art. 96 – Compete aos Secretários Municipais ou Diretores: Art. 100 – A fiscalização e controle de que trata o artigo ante-
I – exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos rior abrange:
e entidades da Administração Municipal, na área de sua competên- I – a legalidade, a legitimidade, a finalidade, a economicidade e
cia; a razoabilidade do ato
II – Referendar os atos e decretos assinados pelo Prefeito, per- II - gerador da receita ou determinante da despesa e de que
tinentes à sua área de competência; resulte nascimento ou extinção de direito e obrigação.
III – Apresentar ao Prefeito relatório anual de sua gestão à fren- III – a fidelidade funcional de agente responsável por bem ou
te da Secretaria; valor público, e
IV – Praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe são ou- IV – o cumprimento de programas de trabalho expresso em
torgadas ou delegadas pelo Prefeito; termos monetários, a realização de obras e a prestação de serviços
V – Expedir instruções para execução das leis, regulamentos e públicos.
decretos; §1º - Prestará contas à pessoa física ou jurídica que:
VI – Planejar e propor os serviços e obras concernentes à área I – utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar dinhei-
territorial do Município; ro, bem ou valor público ou pelos quais responda o Município ou
VII – Fiscalizar a execução de obras, a implantação e manuten- entidade da administração direta, ou
ção dos serviços sob sua jurisdição em todo o território do Muni- II – assumir, em nome do Município ou entidade da administra-
cípio; ção indireta, obrigação de natureza pecuniária;
VIII – Os auxiliares diretos do Prefeito Municipal são solidaria- III – acompanhar e fiscalizar a aplicação e as disponibilidades
mente responsáveis, junto a este, pelos atos que assinarem, orde- de caixa do Município no mercado financeiro e sobre ela emitir pa-
narem ou praticarem; recer;
IX – Os auxiliares diretos do Prefeito, deverão comparecer a IV – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
Câmara Municipal, nos casos e para os fins previstos nesta Lei Or- pela União, Estado, mediante convênio, acordo, ajuste e outros ins-
gânica. trumentos congêneres.
Art. 97 – O Secretário é processado e julgado perante o Juiz § 2º - A fiscalização abrange a prestação de informações solici-
de Direito da Comarca, nos crimes comuns e de responsabilidade e tadas pela Câmara Municipal, ou por qualquer de suas comissões ,
perante a Câmara, nas infrações político- administrativas. sobre contabilidade financeira, orçamentária, operacional e patri-
Parágrafo único. Em caso de crimes de responsabilidade cone- monial e sobre resultados de auditores e inspeções realizadas.
xos com aqueles praticados pelo Prefeito, o Secretário será proces- Art. 101 – As contas do Prefeito, referentes à gestão financeira
sado pela Câmara Municipal. do ano anterior, serão julgadas pela Câmara Municipal mediante
parecer prévio do Tribunal de Contas, que o emitirá dentro de tre-
SEÇÃO III zentos e sessenta dias, contados ao recebimento das mesmas, nos
Fiscalização e dos Controles termos do art. 180 da Constituição Estadual.
Subseção I § 1º - A Câmara terá sessenta dias, após o recebimento do pa-
Disposições Gerais recer prévio do Tribunal de Contas do Estado, para o seu pronuncia-
mento, considerando-se julgadas, nos termos das conclusões desse
Art. 98 – A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope- parecer, se não houver deliberação dentro desse prazo.
racional e patrimonial do Município é exercida pela Câmara, me- § 2º - Somente por decisão de dois terços dos membros da Câ-
diante controle interno de cada setor. mara deixará de prevalecer o parecer prévio emitido pelo Tribunal
§ 1º - O controle externo, a cargo da Câmara será exercido com de Contas do Estado.
o auxílio do Tribunal de Contas do Estado. § 3º - As decisões do Tribunal de Contas do Estado, de que re-
§ 2º - Os Poderes Legislativo e Executivo manterão, de forma sulte imputação de débitos ou multa terão eficácia de título execu-
integrada, sistema de controle interno, com a finalidade de : tivo.
I – avaliar o cumprimento das metas previstas nos respectivos § 4º - No primeiro e no último mandato do Prefeito o Município
planos pluri anuais e a execução dos programas de governo e orça- enviará ao Tribunal de Contas do Estado inventário de todos os seus
mento; bens e imóveis.
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§ 5º - Anualmente, dentro de sessenta dias do início da sessão § 1º - O imposto previsto na alínea “a” do inciso I, será progres-
legislativa, o Prefeito enviará e informará por relatório o estado em sivo, nos termos da lei municipal, de forma a assegurar o cumpri-
que se encontra os assuntos municipais e os seus planos e metas mento da função social da propriedade, podendo incidir sobre solo
para o futuro. urbano não edificado, sub utilizado ou não utilizado, nos termos do
Art. 102 – É direito da sociedade manter-se correta e oportu- 4.º, do artigo 182 da Constituição Federal.
namente informada de ato, fato ou omissão, imputáveis à Câmara § 2º - O imposto previsto na alínea “b” do inciso I, não incide
Municipal, Poder Executivo, órgãos, agentes públicos e políticos, sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio
servidor e empregado público de que tenham resultado ou possam de pessoa jurídica, em realização de capita, nem sobre a transmis-
resultar: são de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão
I - ofensa á moralidade administrativa, ao patrimônio público e ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nestes casos, a atividade
aos demais interesses legítimos, coletivos ou difusos; preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou
II - prestação de serviços públicos insuficientes, tardios ou ine- direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.
xistentes; § 3º - A alíquota do imposto previsto na alínea “c” do inciso
III – propaganda enganosa do Poder Público; I, deste artigo, obedecerá ao limite fixado em Lei Complementar
IV – inexecução ou execução insuficiente ou tardia de plano, Federal.
programa ou projeto de governo, ou; § 4º - O imposto previsto na alínea “c” não exclui a incidência
V – ofensa ao direito individual ou coletivo consagrado nas do ICMS sobre a mesma operação.
Constituições da República ou Estado e nesta Lei Orgânica. § 5º - Cabe á Lei Complementar Federal excluir da incidência
Parágrafo único. A Câmara, após aprovação da maioria de seus do imposto previsto na alínea “d”, exportações de serviços para o
membros, convocará plebiscito para que o eleitorado do Município exterior.
se manifeste sobre o ato político do Poder Executivo ou do Poder § 6º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
Legislativo desde que requerida a convocação por vereador, pelo serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
Prefeito, ou, no mínimo, por cinco por cento do eleitorado do Mu- facultado a administração Municipal identificar, respeitando os di-
nicípio. reitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos
e as atividades econômicas do contribuinte.
CAPÍTULO III § 7º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de im-
DA GUARDA MUNICIPAL postos, ou integrar a receita corrente do órgão ou entidade respon-
sável por sua arrecadação.
Art. 103 – O Município poderá constituir Guardas Municipais § 8º - A contribuição da melhoria, regulado em Lei Federal,
para a proteção de seus bens, serviços e instalações nos termos do também poderá ser cobrada de proprietário de imóvel valorizado
artigo 144, §8º da Constituição da República e das normas previstas por obras públicas.
nesta Lei Orgânica. § 9º - A base de cálculo de imposto predial e territorial urbano,
§ 1º - A Guarda Municipal terá sua organização, funcionamen- IPTU, será atualizada sempre que houver índice inflacionário, antes
to e comando definido em Lei complementar, observando o artigo do término do exercício.
183, 4.º da Constituição do Estado.
§ 10º - O imposto municipal sobre serviços de qualquer natu-
§ 2º - A lei poderá atribuir à Guarda Municipal função de apoio
reza será atualizado monetariamente nos índices inflacionários do
aos serviços municipais afetos ao exercício do poder de polícia no
período e será cobrado de autônomos, profissionais liberais, e so-
âmbito de sua competência, bem como a fiscalização de trânsito e
ciedade civil entre outros, na forma da Lei.
de estacionamento de veículos.
§ 11º - A atualização da base de cálculo das taxas decorrentes
do exercício do poder de polícia municipal obedecerá aos índices
CAPÍTULO IV
oficiais de atualização monetária e poderá ser realizada mensal-
DAS FINANÇAS PÚBLICAS
mente.
SEÇÃO I
§ 12º - A atualização da base de cálculo das taxas de serviços
Da Tributação
Subseção I levará em consideração a variação de custos dos serviços prestados
Dos Tributos Municipais ao contribuinte ou colocado à sua disposição, observando os se-
guintes critérios:
Art. 104 – Ao Município compete instituir: I – quando a variação de custo for inferior ou igual aos índices
I – Imposto sobre: oficiais de atualização monetária, poderá ser realizada mensalmen-
a) propriedade predial e territorial urbana; te.
b) transmissão “inter-vivos”, de qualquer título por ato onero- II – quando a variação de custo for superior aqueles índices, a
so, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos atualização poderá ser feita mensalmente até seus limites, ficando
reais sobre imóveis exceto os de garantia, bem como cessão de di- o percentual restante para ser atualizado por meio de lei que deve-
reitos à sua aquisição; rá estar em vigor antes do início do exercício subsequente.
c) vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto Art. 105 – A administração tributária é atividade vinculada, es-
óleo dísel; sencialmente ao Município, principalmente no que se refere a:
d) serviços de qualquer natureza, não compreendido na com- I – cadastramento dos contribuintes e das atividades econô-
petência do Estado, nos termos da Constituição da República e da micas;
Legislação complementar específica; II – lançamento de tributos;
II – Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela III – fiscalização de cumprimento das obrigações tributárias;
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e IV – inscrição dos inadimplentes em dívida e respectiva cobran-
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; ça amigável ou judicial.
III – Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Parágrafo único. (VETADO)

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Art. 106 – O Município poderá instituir isenção de tributos de e de comunicação a ser creditado na forma do disposto no parágra-
sua competência, ou parte deles, mediante lei e respeitada a Legis- fo único, inciso I e II, do artigo 158 da Constituição da República e
lação Federal, nos casos e prazos seguintes: 1.º, do artigo 150 da Constituição do Estado.
I – por prazo indeterminado para o contribuinte que acolher, Art. 111 – Caberá ainda ao Município:
sob a forma de guarda, criança ou adolescente, órfão ou abando- I – a respectiva quota do fundo de participação dos Municípios,
nado; como disposto no artigo 159, inciso I, alínea “b” da Constituição da
II – por prazo determinado para o contribuinte que: República:
a) participar de programas municipais de recomposição e ou II – a respectiva quota do produto de arrecadação do imposto
melhoria do meio ambiente; sobre produtos industrializados, como disposto no artigo 159, inci-
b) participar do programa municipal de reestruturação urbanís- so II, e 3.º da Constituição da República e artigo 150, inciso III, da
tica, de comprovado interesse da comunidade; Constituição do Estado;
c) investir na produção cultural e artística do município, e na III – a respectiva quota do produto de arrecadação do imposto
preservação do seu patrimônio histórico, artístico e cultural; de que trata o inciso V, do artigo 153 da Constituição da República,
d) investir nos programas de desportos de interesse coletivo; nos termos do 5.º, inciso II, do mesmo artigo.
e) absorver a mão de obra de portador de deficiência física. Art. 112 – Ocorrendo a retenção ou qualquer restrição à entre-
f) for portador de deficiência física ou mental e for proprietário ga e ao emprego dos recursos decorrentes da repartição das recei-
de imóvel urbano, com renda mensal de até 01 (um) salário míni- tas tributárias, por parte da União e do Estado, o Executivo Muni-
mo; (Redação dada pela Lei nº. 2.087 de 2018). cipal adotará as medidas judiciais cabíveis, à vista do disposto nas
g) portador de deficiência física ou mental, aposentado ou pen- Constituições da República e do Estado.
sionista com renda mensal familiar de até 01 (um) salário mínimo e Parágrafo único. O Município divulgará até o ultimo dia do
que mantenha comércio ou atividade de prestação de serviços para mês subsequente ao da arrecadação, os montantes de cada um
seu sustento. (Redação dada pela Lei nº. 2.087 de 2018). dos tributos arrecadados, os montantes de cada um dos tributos
Parágrafo único. Para a instituição de isenções, a lei garantirá arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributá-
mecanismo para a comprovação da real participação ou investi- ria entregues pela União, conforme determinação do artigo 162 da
mento em programas municipais do contribuinte a ser beneficiado. Constituição Federal.
Subseção II Seção II
Das Limitações ao Poder de Tributar Do Orçamento
Art. 107 – É vedado ao Município, sem prejuízo das garantias Art. 113 – Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
asseguradas aos contribuintes e do disposto no artigo 150 da Cons-
I – o plano Pluri Anual;
tituição da República e na Legislação Complementar específica, es-
II – as diretrizes orçamentárias;
tabelecer a diferença tributária entre bens e serviços de qualquer
III – os orçamentos anuais.
natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Art. 114 – A lei que instituir o plano Pluri Anual de ação gover-
Art. 108 – Qualquer anistia ou remissão, que envolva matéria
namental, compatível com o Plano Diretor, estabelecerá, de forma
tributária ou previdenciária de competência do Município, só pode-
setorizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração muni-
rá ser concedida mediante lei específica municipal.
cipal para as despesas de capital e outras, delas decorrentes, e para
Parágrafo único. O perdão da multa, o parcelamento e a com-
as relativas a programas de duração continuada.
pensação de débitos fiscais poderão ser concedidos por ato do Po-
Art. 115 – A lei de diretrizes orçamentárias, compatíveis com o
der Executivo, nos casos e condições especificados em lei municipal.
plano Pluri anual, compreenderá as metas e prioridades da admi-
Subseção III nistração pública municipal incluindo as despesas de capital para
Da Participação do Município em Receita Tributárias Federais o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
e Estaduais orçamentária anual e disporá sobre as alterações na legislação tri-
butária.
Art. 109 – Em relação aos impostos de competência da União, Art. 116 – A lei orçamentária anual compreenderá:
pertencem ao Município: I – o orçamento fiscal referente aos poderes do Município, seus
I – o produto de arrecadação do imposto sobre renda e proven- fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, man-
tos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos tidas pelo Poder Público Municipal;
pagos, a qualquer título, pela administração direta, autarquias e II – O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
fundações instituídas e mantidas pelo Município; entidades e órgãos a ela vinculados da administração direta e indi-
II – cinquenta por cento do produto de arrecadação do imposto reta do Município, bem como os fundos instituídos e mantidos pelo
sobre propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis situ- Poder Público.
ados no Município. Parágrafo único. Integrará a lei orçamentária demonstrativos
Art. 110 – Em relação aos impostos de competência do Estado, específicos com detalhamento das ações governamentais, em nível
pertencem ao Município: mínimo de:
I – cinquenta por cento do produto de arrecadação do imposto I – órgão ou entidade responsável pela realização da despesa
sobre a propriedade de veículos automotores, licenciados no ter- e função;
ritório municipal, a ser transferido até o ultimo dia do mês subse- II – objetivos e metas;
quente ao da arrecadação; III - natureza da despesa;
II – vinte e cinco por cento do produto de arrecadação do im- IV – fonte de recursos;
posto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, sobre V – órgão ou entidades beneficiários;
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal VI – identificação dos investimentos, por região do Município;
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VII – identificação de forma regionalizada, dos efeitos sobre as VI – a abertura de créditos suplementares ou especiais sem
receitas e despesas decorrentes de inseções, remissões, subsídios e prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos corres-
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. pondentes;
Art. 117 – A lei orçamentária anual não conterá dispositivo es- VII – a transposição, o remanejamento ou a transferência de
tranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo recursos de uma categoria de programação para outra ou de um
na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
e contratação de operações de crédito, ainda que, por antecipação VIII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
da receita, nos termos da Lei. IX – a utilização, sem autorização legislativa específica de recur-
Art. 118 – Os projetos de lei, relativos ao plano Plurianual, ás sos do orçamento fiscal a da seguridade social para suprir necessi-
diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio- dade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos;
nais, serão apreciados por comissão permanente da Câmara, à qual X – a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
caberá: autorização legislativa.
I – examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste § 1º - Nenhum investimento, cuja execução ultrapasse um exer-
artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Prefeito; cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
II – examinar e emitir parecer sobre os planos e programas e pluri anual, ou sem a lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
exercer o acompanhamento e fiscalização orçamentária, sem preju- de responsabilidade.
ízo de atuação das demais comissões da Câmara. § 2º - Os créditos extraordinários e especiais terão vigência no
§ 1º - As emendas serão acrescentadas na comissão perma- exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de au-
nente, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas na forma regi- torização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercí-
mental. cio financeiro subsequente.
§ 2º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou ao § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será ad-
projeto que, a modifique somente poderá ser aprovado caso: mitido, “ad referendum” da Câmara, por resolução, para atender
I – sejam compatíveis com plano Pluri anual e com a lei de di- às despesas imprevisíveis e urgentes, decorrentes de calamidade
retrizes orçamentárias; pública.
II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os pro- Art. 120 – Os recursos correspondentes às dotações orçamen-
venientes de anulação de despesas, excluídas as que incidam sobre: tárias compreendidos os créditos suplementares e especiais, desti-
a) dotações para pessoal e seus encargos; nados à Câmara, ser-lhe-ão entregues até o dia vinte de cada mês,
b) serviços da dívida, ou em duodécimos, sob pena de crime de responsabilidade.
III – sejam relacionadas: Art. 121 – As despesas com o pessoal ativo e inativo do Muni-
a) com a correção de erros ou omissões, ou cípio não poderão exceder os limites estabelecidos em lei comple-
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. mentar federal.
§ 3º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou re- Parágrafo único. A concessão de qualquer vantagem ou au-
jeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas mento de remuneração, a criação de cargo ou alterações de es-
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso mediante truturas de carreira, bem como a admissão de pessoal, a qualquer
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica auto- título pelos órgãos e entidades da administração direta só poderão
rização legislativa. ser feitos:
§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten-
não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano Pluri der às projeções de despesas de pessoal e aos acréscimos dela de-
anual. correntes;
§ 5º - O Prefeito poderá enviar mensagem à Câmara para pro- II – se houver autorização específica na lei de diretrizes orça-
por modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto mentárias.
indica a votação, na comissão permanente, da parte cuja alteração Art. 122 – A exceção dos créditos de natureza alimentícia, os
é proposta. pagamentos devidos pela Fazenda Municipal, em virtude de sen-
§ 6º - Os projetos de lei do plano Pluri anual, das diretrizes or- tença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de
çamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Prefeito à apresentação dos precatórios e a conta dos créditos respectivos,
Câmara, nos termos da legislação específica. proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orça-
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no mentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
que contrariar o disposto nesta seção, às demais relativas ao pro- § 1º - É obrigatória a inclusão no orçamento municipal, de dota-
cesso legislativo. ção necessária ao pagamento de seus débitos constantes de preca-
Art. 119 – São vedados: tórios judiciários, apresentados até primeiro de julho, data em que
I – o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça- terão atualizados seus valores, fazendo-se o pagamento até o final
mentária anual; do exercício seguinte.
II – a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas § 2º - As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
que excedam os créditos consignados ao Poder Judiciário, recolhida as importâncias respec-
III - orçamentários ou adicionais; tivas à repartição competente, para atender ao disposto no artigo
IV – a realização de operações de créditos que excedam o mon- 100, 2.º da Constituição da República.
tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante Art. 123 – O poder executivo publicará, até trinta dias após o
créditos suplementares ou especiais com finalidades precisas, apro- encerramento de cada bimestre, relatórios resumidos da execução
vados pela Câmara, por maioria absoluta; orçamentária.
V – a vinculação da Receita de Impostos a Órgãos, fundo ou
despesas, ressalvada a destinação de recursos para manutenção
e desenvolvimento de ensino, como estabelecido na Constituição
Federal, e a prestação de garantias às operações de crédito por an-
tecipação da receita;
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TÍTULO IV IV – integração, em nível executivo, das ações de saúde e meio
DA SOCIEDADE ambiente, nele incluindo o V – proibição de cobrança do usuário
CAPÍTULO I pela prestação de serviços de assistência à saúde ou contratados;
DA ORDEM SOCIAL VI – distribuição de recursos, serviços e ações;
SEÇÃO I VII – desenvolvimento dos recursos humanos e científicos tec-
Disposições Gerais nológicos dos sistemas, adequados às necessidades da população.
Art. 128 – compete ao Município, no âmbito do sistema único
Art. 124 – A ordem social tem como primado o trabalho e, de saúde, além de outras atribuições previstas na legislação federal:
como objetivo o bem estar da justiça social. I – a elaboração e atualização periódica do plano estadual e
Parágrafo único. Para atingir os objetivos da ordem social, o federal e com a realidade epidemiológica;
Executivo, por suas Secretarias, de forma articulada e harmônica, II – a direção, gestão, controle e avaliação das ações de saúde
implantará programas e desenvolverá ações e serviços que visam a nível municipal;
a formação da consciência individual e coletiva quanto aos direitos III – a administração do fundo municipal de saúde e a elabora-
e aos correspondentes deveres do cidadão relativo à ordem social ção de proposta orçamentária;
nos seguintes itens: IV – o controle da produção ou extração, armazenamento,
I – o Município dentro de sua competência organizará a ordem transporte e distribuição de substâncias, produtos, máquinas e
social conciliando a liberdade de iniciativa com os superiores inte- equipamentos que possam apresentar riscos à saúde da população;
resses de coletividade; V – o planejamento e execução das ações de vigilância epide-
II – o trabalho é a obrigação social, garantindo a todos o direito miológica e sanitária, incluindo os relativos à saúde dos trabalha-
ao emprego e a justa remuneração, que proporcione existência dig- dores e ao meio ambiente, em articulação com os demais órgãos e
na na família e na sociedade; entidades governamentais;
III – o Município assistirá a todos os trabalhadores, urbanos e VI – o oferecimento aos cidadãos, por meio de equipes multi-
rurais e suas organizações legais, procurando proporcionar-lhes, en- profissionais e de recursos de apoio, de todas as formas de assis-
tre outros benefícios, meio de produção e trabalho, crédito e preço tência e tratamentos necessários e adequados, incluindo práticas
justo, saúde e bem estar social. alternativas reconhecidas;
VII – a promoção gratuita e prioritária de cirurgia interrupitiva
SEÇÃO II de gravidez, nos casos permitidos por lei, pelas unidades do sistema
Da Saúde público de saúde;
VIII – a normalização complementar e a padronização dos pro-
Art. 125 – A saúde é direito de todos e dever do Poder Público cedimentos relativos à saúde, por meio de código sanitário muni-
assegurando, mediante política econômica, bem estar social, am- cipal;
biental e outras que visem a preservação e a eliminação do risco IX – a formulação e implementação de política de recursos hu-
de doenças e outros agravos, e o acesso universal e igualitário às manos na esfera municipal;
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, sem X - o controle dos serviços especializados em segurança e me-
qualquer discriminação. dicina do trabalho.
Parágrafo único. O direito à saúde implica a garantia de : Art. 129 – O Poder Público poderá contratar a rede privada,
I – condições dignas de trabalho, renda, moradia, alimentação, quando houver insuficiência de serviços públicos, para assegurar a
educação, lazer e saneamento; plena cobertura assistencial à população, segundo as normas de di-
II – participação da sociedade civil na elaboração de políticas, reito público mediante autorização da Câmara Municipal.
na definição de estratégia de implementação e no controle das ati- § 1º - a rede privada contratada submete-se ao controle da ob-
vidades com impacto sobre a saúde, entre elas, as mencionadas no servância das normas técnicas estabelecidas pelo Poder Público e
item I; integra o sistema municipal de saúde.
III – acesso às informações de interesse para a saúde e obriga- § 2º - os serviços privados sem fins lucrativos terão prioridade
ção do Poder Público de manter a população informada sobre os para contratação.
riscos e danos à saúde e sobre as medidas de prevenção e controle; § 3º - é assegurado a administração do sistema de contrato de
IV – respeito ao meio ambiente e controle de poluição ambien- prestação de serviços, quando ocorrer infração de normas contra-
tal; tuais e regulamentares, particularmente no caso em que o esta-
V – acesso igualitário às ações e aos serviços de saúde; belecimento ou serviço de saúde for o único capacitado no local
VI – opção quanto ao número de filhos. ou região, ou se tornar indispensável à continuidade dos serviços,
Art. 126 – As ações e serviços de saúde são de relevância pú- observada a Legislação Federal e Estadual, sobre contratação com a
blica e cabem ao Poder Público sua regulamentação, fiscalização e administração pública.
controle, na forma da lei. § 4º - caso a intervenção não restabelecer a normalidade da
Art. 127 – As ações e serviços de saúde são de responsabilidade prestação de atendimento à saúde da população, poderá o Poder
do sistema municipal de saúde, que se organizará de acordo com as Executivo promover a desapropriação da unidade ou rede presta-
seguintes diretrizes: dora de serviços.
I – comando político administrativo único das ações a nível de Art. 130 – O sistema único de saúde, no âmbito do Município,
órgão central do sistema articulado aos níveis estadual e federal, será financiado com recursos do orçamento municipal e dos orça-
formando uma rede regionalizada e hierarquizada; mentos de seguridade social da União e do Estado, além de outras
II – participação da sociedade civil; fontes, os quais constituirão o fundo municipal de saúde.
III – integralidade da atenção à saúde, entendida como a abor- Parágrafo único. É vedada a destinação de recursos públicos
dagem do indivíduo inserido no coletivo social, bem como a articu- para auxílios e subsídios, bem como a concessão de prazos ou juros
lação das ações de promoção, recuperação e reabilitação da saúde; privilegiados às entidades privadas com fins lucrativos.
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Art. 131 – As pessoas físicas ou jurídicas que gerem riscos ou § 2º - O aterro sanitário, para depósito de lixo urbano, deverá
causem danos à saúde de pessoas ou grupos assumirão o ônus do ser localizado distante de residências, rios, córregos em áreas devi-
controle e da apuração de seus atos. damente planejadas para atender às exigências de higiene, saúde
Art. 132 – A lei disporá sobre a organização e funcionamento pública e meio ambiente.
do: § 3º - O Município manterá permanentemente atualizadas as
I – sistema único de saúde; plantas das redes coletoras de esgotos sanitários, das galerias de
II – conselho municipal de saúde; águas pluviais e da rede distribuidora de água do Município.
III – fundação municipal de saúde. § 4º - Fica o Poder público autorizado a efetuar pulverizações
Art. 133 – As instituições privadas poderão participar de forma periódicas às margens de rios, córregos, lagos, aterros sanitários e
complementar, do sistema único de saúde, segundo diretrizes des- cemitérios tendo em vista o controle de insetos parasitas nocivos
te, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo prefe- à saúde.
rências as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 5º - As áreas resultantes de aterro sanitário serão destinadas
§ 1º - O Município instalará no prazo de 120 (cento e vinte) a parques e áreas verdes.
dias a contar da data de promulgação desta Lei Orgânica, Farmá-
cia Comunitária, para atender às pessoas residentes no Município e SEÇÃO IV
comprovadamente carentes. Da Assistência Social
§ 2º - O Município, pelo seu Poder Executivo, manterá gabinete
dentário ambulante para atender às pessoas carentes residentes na Art. 136 – A assistência social é direito do cidadão e será pres-
cidade, distrito e zona rural. tada pelo município, prioritariamente às crianças e adolescentes de
§ 3º - O Município por seus próprios meios ou através de con- rua, aos desassistidos de qualquer renda ou benefício previdenciá-
vênio, poderá criar laboratório de análises clínicas, para atender à rio, à maternidade desamparada, aos desabrigados, aos portadores
população carente do Município. de deficiência, aos idosos, aos desempregados e aos doentes.
§ 4º - Os hemofílicos residentes no Município, sem recursos § 1º - O Município estabelecerá plano de ação na área de assis-
financeiros comprovados, terão por parte do poder público muni- tência social, observando os seguintes princípios:
cipal a cobertura gratuita de assistência médico hospitalar, medica- I – recursos financeiros consignados no orçamento municipal,
mentos mediante a apresentação de receitas e transporte quando além de outras fontes;
solicitado. II – coordenação, execução e acompanhamento a cargo do Po-
der Executivo;
SEÇÃO III III – participação da população na formulação das políticas e no
Do Saneamento Básico
controle das ações em todos os níveis.
§ 2º - O Município poderá firmar convênios com entidades be-
Art. 134 – Compete ao Poder Público, formular e executa a polí-
neficentes e de assistência social para a execução de planos.
tica e planos plurianuais de saneamento básico, assegurando:
Art. 137 – O Município, dentro de sua competência, regulará o
I – o abastecimento de água para adequada higiene, conforto e
serviço social, favorecendo e coordenando as iniciativas particula-
qualidade compatível com os padrões de portabilidade;
res que visem a esse objetivo.
II – a coleta e disposição dos esgotos sanitários, dos resíduos
Parágrafo único. Caberá ao Município, promover e executar as
sólidos e drenagem das águas pluviais, de forma a preservar o equi-
obras que por sua natureza a extensão, não possam ser atendidas
líbrio ecológico e prevenir ações danosas a saúde;
III – o controle dos vetores; palas instituições de caráter privado.
IV – planejamento e a execução de programas permanentes de Art. 138 – A ação do Município no campo de assistência social
conscientização e educação da população, como a racionalização objetivará promover:
do uso das águas destinadas ao abastecimento público, industrial I – a integração do indivíduo ao mercado de trabalho e ao meio
e a irrigação; social;
V – a formação da consciência sanitária individual nas creches, II – o amparo à velhice e à criança abandonada;
na pré-escola e no ensino fundamental. III – a integração das comunidades carentes.
§ 1º - As ações de saneamento básico serão procedidas de pla- Art. 139 – O Município, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias,
nejamento que atenda aos critérios de avaliação do quadro sanitá- a contar da Promulgação da Lei Orgânica, criará a Secretaria, Di-
rio da área a ser beneficiada, objetivando a reversão e a melhoria retoria ou Departamento da Ação Social, a ser dirigida por pessoa
do perfil epidemiológico. nomeada pelo Prefeito Municipal, sem qualquer remuneração, à
§ 2º - O poder público desenvolverá mecanismos institucionais qual incumbirá:
que compatibilizem com as ações de saneamento básico, habili- I – organizar e promover a assistência médica e psicológica de
tação, desenvolvimento urbano, preservação do meio ambiente e amparo às crianças, adolescentes, mulheres idosas, deficientes fí-
gestão dos recursos hídricos, buscando integração com outros Mu- sicos e mentais, desempregados e pessoas carentes de qualquer
nicípios nos casos em que se exigirem ações conjuntas. natureza;
§ 3º - As ações municipais de saneamento básico serão execu- II – organizar e promover planos de prevenção, combate e re-
tadas diretamente ou por meio de concessão ou permissão, visando cuperação ao alcoolismo, tabagismo e viciados em drogas;
ao atendimento adequado da população. III – providenciar assistência material de qualquer natureza
Art. 135 – O Município manterá sistema de limpeza e coleta de às pessoas declinadas no inciso I, deste artigo, que dela necessita-
lixo, na sede do Município e nos distritos, e o mesmo poderá ser se- rem,em especial no que concerne à alimentação, vestuário e mo-
letivo, reciclável ou incinerado em aterros sanitários devidamente radia;
localizados. IV – organizar e promover planos de orientação social e plane-
§ 1º - O pessoal que trabalhar na coleta de lixo, deverá usar jamento familiar, com ampla divulgação das formas contra cepitivas
roupas apropriadas e luvas, todo equipamento de proteção forneci- legalmente aceitas e medicamente aprovados, especialmente diri-
do pela Prefeitura Municipal. gidos aos adolescentes e à população mais carente.
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V – Organizar e promover planos de orientação a higiene públi- IV – preservação dos aspectos humanísticos na formação do
ca, prevenção e combate à doenças endêmicas e epidemiológicas. educando e de sua iniciação profissional;
VI – detectar e obter solução em conjunto com outros órgãos V – programas suplementares de material didático, escolar, ali-
da administração pública Municipal, Estadual ou Federal, ou com a mentação e se possível transporte e assistência médica e odonto-
iniciativa privada, dos casos de menores abandonados, delinqüen- lógica;
tes juvenis, indigentes e idosos desamparados. VI – oferta de ensino regular adequado às condições do edu-
VII – orientar, assistir e encaminhar, sempre que necessário, o cando;
ex-condenado egrégio de estabelecimento penitenciário, em bene- VII – amparo ao menor carente ou infrator e sua formação em
fício de prisão aberta, a fim de reintegrá-lo à sociedade. escola de iniciação profissional, mantida pelo município ou sob con-
§ 1º - A gerência dos serviços de Secretaria, diretoria ou De- vênio;
partamento da Ação Social, subordinada ao Diretor nomeado pelo VIII – programas específicos de atendimento à criança;
Prefeito, será exercida por pessoa portadora de curso superior na IX – programas suplementares de material didático, escolar,
área específica, devidamente remunerada, e contratada mediante alimentação e se possível transporte e assistência médica e odon-
concurso público. tológica;
§ 2º - Para execução dos serviços, mencionados neste artigo, X – oferta de ensino regular adequado às condições do edu-
será destinado à Secretaria, Diretoria ou Departamento de Ação So- cando;
cial, não menos de 6% (seis por cento) do orçamento municipal do XI – amparo ao menor carente ou infrator e sua formação em
ano de 1991, 7% (sete por cento) do orçamento de 1992 e 8% (oito escola de iniciação profissional, mantida pelo município ou sob con-
por cento) a partir de 1993. vênio;
XII – programas específicos de atendimento à criança e ao ado-
SEÇÃO IV lescente superdotados, na forma da Lei.
Da Educação § 1º - Para atendimento às crianças de até seis anos, é dever
do Município:
Art. 140 – A educação, direito de todos, dever do Poder Público I – criar, implantar e equipar creches e pré-escolas, observando
e da família, será promovida e incentivada com o auxílio da socieda- os seguintes critérios:
de e a cooperação técnica e financeira da União e do Estado. a) prioridade para as áreas de maior densidade populacional;
§ 1º - É direito do cidadão exigir do Poder Público acesso ao b) escolha do local, mediante indicação da associação de bair-
ensino público gratuito, sem qualquer forma de discriminação. ros;
§ 2º - O não oferecimento do ensino público gratuito, ou seu c) integração entre creches e pré-escola.
oferecimento irregular, importa em responsabilidade da autoridade II – orientar, supervisionar e fiscalizar as creches e as pré-es-
competente. colas;
§ 3º - O acesso ao ensino obrigatório gratuito, bem como ao III – quando necessário, atender por meio de equipe multi dis-
atendimento em creches e pré-escola, é direito subjetivo. ciplinar, composta por professor, pedagogos, psicólogos, assistentes
§ 4º - As ações do Poder Público na área do ensino visam à: sociais, enfermeiros e nutricionistas, a rede municipal de creches e
I – irradiação do analfabetismo; pré-escolas;
II – universalização do atendimento escolar; IV – propiciar cursos e programas de treinamento, aperfeiçoa-
mento e atualização, gerenciamento administrativo e especializado,
III – melhoria do nível cultural e intelectual do povo;
com vistas a melhoria do nível da equipe de trabalho de creches e
IV – promoção humanística, científica e tecnológica do país.
pré-escolas;
§ 5º - Compete ao Poder Público recensear, anualmente, os
V – estabelecer normas de construção e reforma de logradou-
educandos e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência
ros e dos edifícios para ao funcionamento de creches e pré-esco-
à escola.
las, buscando soluções arquitetônicas adequadas à faixa etária das
§ 6º - O ensino é livre à iniciativa privada, atendida as condições
crianças atendidas;
de cumprimento das normas gerais da educação nacional, autoriza-
VI – estabelecer política de articulação junto às creches comu-
ção e avaliação de sua qualidade pelo órgão público competente.
nitárias e as filantrópicas;
Art. 141 – São objetivos da educação: VII – atender, em creches comuns, as crianças portadoras de
I – desenvolver a pessoa de forma plena e integrá-la a seu meio, deficiência, oferecendo, quando necessário, recurso da educação
tornando-se capaz de refletir criticamente e de atuar na realidade especial ou encaminhalas às escolas especiais filantrópicas sob con-
que a cerca; vênio.
II – preparar a pessoa para o trabalho dignificante e produtivo. § 2º - É ainda dever do Município, atendidas as prioridades do
Art. 142 – É dever do Município promover prioritariamente, o artigo:
atendimento pedagógico em creches e na pré-escola, ás crianças I – estender, progressivamente, a obrigatoriedade e gratuidade
de zero a seis anos de idade e o ensino fundamental, mediante ga- ao ensino médio garantindo a preservação dos aspectos humanísti-
rantia de: cos e a formação profissional;
I – obrigatoriedade, gratuidade do ensino fundamental, inclusi- II – propiciar o acesso do educando aos níveis mais elevados
ve para os que a ele não tiverem acesso na idade própria, em perí- do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a vocação e a
odo escolar para os cursos diurnos; capacidade de cada um e as necessidades do Município.
II – atendimento educacional especializado ao portador de de- 3º - Para o cumprimento dos seus deveres com a educação e
ficiência, sem limite de idade, em classes especiais, com garantia o ensino, o Município poderá fazer convênio com entidades públi-
de recursos humanos capacitados, material e equipamento públi- cas ou particulares, com prioridade às filantrópicas, comunitárias e
co adequado, vagas em escolas mais próximas à sua residência, ou universitárias.
transporte para os que residem longe da escola; Art. 143 – Na promoção da educação pré-escolar e do ensino
III – condição de deficiência escolar aos alunos de família de fundamental, o Município observará os seguintes princípios:
baixa renda; I – em relação ao educando:
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a) igualdade de condições para o acesso e permanência na es- b) atender aos padrões modernos relacionados à qualidade do
cola em tempo integral no ensino fundamental; ensino;
b) liberdade de aprender, de pesquisar e de emitir o seu pen- c) articular, atualizar e dinamizar o ensino para atender às ca-
samento; rências do educando e as necessidades que condicionam o desen-
c) gratuidade do ensino, em estabelecimento público munici- volvimento do Município;
pal, extensivo aos alunos do ensino fundamental, os mesmos terão d) ampliar a sua rede escolar para atender a demanda de oferta
acesso a todo material escolar, à alimentação, quando na escola, e de vagas.
sempre que possível, à assistência médica, odontológica e psico- Parágrafo único. A proposta do plano será elaborada pelo Exe-
lógica, ás condições de desenvolvimento da consciência sanitária cutivo, com a participação de profissionais da área, da sociedade
individual e coletiva e ás atividades de esporte e lazer; civil encaminhada, para aprovação da Câmara, até trinta e um de
d) direito imobiliário que, atendendo aos padrões técnicos, agosto do ano imediatamente anterior ao início de sua execução.
científicos e pedagógicos garantam postura física correta; II – O Conselho Municipal da Educação, ao qual compete:
e) participação, por seus representantes, na Assembléia esco- a) pronunciar sobre o Plano Bienal da Educação Municipal. A
lar. aplicação de recursos destinados à educação do Município. O regi-
II – Em relação as unidades municipais de ensino: mento, o calendário e a parte diversificada dos currículos das uni-
a) o pluralismo de idéias e de concepções filosóficas, políticas, dades municipais de ensino;
estéticas, religiosas e pedagógicas que conduzam o educando à for- b) planejar, executar e avaliar o levantamento anual da popula-
mação de uma postura ética e social próprias; ção em idade escolar;
b) gestão democrática do ensino público municipal, mediante: c) baixar normas disciplinadoras do sistema municipal de ensi-
1. Instituição da Assembléia Escolar, como instância de pro- no, respeitadas as normas do Conselho Estadual de Educação;
nunciamento máximo de unidade escolar, composta por servidores d) interpretar a Legislação Municipal de ensino;
nela lotada, por alunos e seus pais e membros da comunidade; III – a Assembléia Escolar em cada unidade de ensino, compete:
2. Instituição do Conselho Municipal de Educação, sob a presi- a) todas as questões relacionadas a administração da unidade;
dência do Secretário da Educação do Município e mais seis mem- b) aproveitamento dos alunos;
bros, sendo dois nomeados pelo Secretário da Educação, dois c) os processos administrativos, educacionais e pedagógicos da
nomeados pelas professoras e dois indicados pelos alunos, para unidade.
gestão de dois anos, vedada a remuneração. Art. 145 – O Município aplicará, anualmente, nunca menos de
III – incentivo à participação da comunidade no processo edu- vinte e cinco por cento da receita resultantes de impostos, exclusi-
cacional; vamente na manutenção e desenvolvimento do ensino público mu-
IV – preservação dos valores educacionais locais; nicipal, conforme disposições da Constituição Federal.
§ 1º - As verbas municipais destinadas à atividades esportivas,
V – garantia e estímulos da organização autônoma dos alunos,
culturais e recreativas, bem como aos programas suplementares de
no âmbito das escolas municipais;
alimentação e saúde, previsto no artigo 145 V, não compõe o per-
VI – programa, atividade e ações de incentivo à fixação do edu-
centual, que será obtido, levando-se em conta a data de arrecada-
cando a seu meio, de sua promoção social e de sua família.
ção e aplicação dos recursos, de forma que não se comprometam
VII – em relação aos profissionais do ensino:
os valores reais efetivamente liberados.
a) liberdade de ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a
§ 2º - O Poder Executivo publicará nos jornais de maior circula-
arte e o saber;
ção no Município, até o dia dez de março de cada ano, demonstrati-
b) valorização, mediante plano de carreira para o magistério
vo de aplicação de verbas na educação, especificando a destinação
público municipal, com piso de vencimento profissional, pagamen- da mesma.
to por habilitação e ingresso, exclusivamente, por concurso público § 3º - Fica assegurada a cada unidade do sistema municipal de
de provas e títulos, realizado periodicamente, sob regime jurídico ensino dotação mensal de recursos correspondentes a, no mínimo,
único adotado pelo Município para os seus serviços; vinte por cento da respectiva folha de pagamento do pessoal efe-
c) garantia de princípio de mérito, objetivamente apurado, na tivo na escola, para fins de conservação, manutenção, bem como
carreira do magistério; para aquisição de equipamentos e materiais didáticos-pedagógicos.
d) garantia de padrão de qualidade, mediante: Art. 146 – O currículo escolar do ensino fundamental, e pos-
- reciclagem periódica dos profissionais da educação; teriormente o do segundo grau das escolas municipais, incluirá
- avaliação cooperativa periódica por órgão próprio do sistema conteúdos programáticos sobre prevenção do uso de drogas e de
educacional, pelo corpo docente, pelos alunos e pelos seus respon- educação para o trânsito, além de preservação do meio ambiente.
sáveis; § 1º - O ensino religioso, de matrícula e frequência facultativas,
- funcionamento de biblioteca, laboratório, salas de multi- constituirá disciplina das escolas municipais de ensino fundamen-
meios, equipamentos pedagógicos próprios e rede física ao ensino tal.
ministrado; § 2º - É vedada a adoção de livro didático que traga qualquer
- garantia de transporte àquele que, residindo em zona urbana, forma de discriminação ou preconceito.
devem se deslocar para escolas municipais situadas na zona rural; § 3º - Todas as unidades escolares municipais deverão contar
- garantia do estatuto do magistério; entre outras instalações e equipamentos, com cantina, sanitários,
e) participação direta na assembléia escolar e Conselho Muni- vestiários, quadra de esporte e espaço não cimentado para recre-
cipal de Educação. ação.
Art. 144 – para a consecução dos objetivos da educação, a par- Art. 147 – Os estabelecimentos municipais de ensino observa-
ticipação e o incentivo da sociedade na sua promoção, fica institu- rão os seguintes limites na composição de suas turmas:
ído: I – pré-escolar – até vinte anos;
I – o Plano Bienal de Educação Municipal, no qual compete: II – de 3.ª a 4.ª série do primeiro grau: até trinta e cinco alunos;
a) integrar as ações educacionais do Poder Público Municipal, III – de 1.ª e 2.ª série do primeiro grau: até vinte e cinco alunos;
articulando-as ao Plano Nacional e Estadual de Educação; IV – de 5.ª a 8.ª série do primeiro grau: até trinta e cinco alunos;
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V – e posteriormente, na criação do segundo grau: até quaren- § 3º - Estímulo e apoio às escolas de arte, às bandas de música,
ta alunos. aos corais, às fanfarras, aos grupos teatrais, às orquestras, conjun-
Parágrafo único. O quadro de pessoal necessário ao funciona- tos instrumentais, às escolas e blocos carnavalescos, às festas de
mento das unidades municipais de ensino será estabelecido em lei, reis no meio rural e congados entre outros.
de acordo com o número de turmas e séries existentes na escola. § 4º - Promover-se-á na CASA DA CULTURA PROFESSORA CA-
Art. 148 – O Município poderá fornecer bolsas de estudo a alu- ROLINA ORIOLO,periodicamente, cursos de redação, artes plásticas,
nos comprovadamente carentes, em recursos profissionalizantes artesanato, literatura e filosofia, assim como todas as formas de arte
até ser atendida a instalação do segundo grau, e quando não hou- e cultura com aproveitamento de elementos de nossa sociedade.
ver vagas nos cursos regulares da rede pública. § 5º - compete ao arquivo público municipal, reunir, catalogar,
Parágrafo único. Fica o Município autorizado a fornecer trans- preservar, restaurar e por a disposição do público, para consultas,
porte aos estudantes que residem na zona rural, bem como para documentos, textos, publicações e todo tipo de material relativo à
aqueles que estudam em outras localidades, distantes até 50 (cin- história do Município.
quenta) quilômetros. Art. 154 – A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas
de fatos relevantes para a cultura do Município.
SEÇÃO VI
Da Cultura SEÇÃO VII
Do Meio Ambiente
Art. 149 – O acesso aos bens da cultura e as condições objetivas
para produzilas são direito do cidadão e dos grupos sociais.
Art. 155 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
Parágrafo único. Todo cidadão é um agente cultural e o Poder
equilibrado, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualida-
Público incentivará de forma democrática os diferentes tipos de
de de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e a coletivida-
manifestações culturais existentes no Município.
de, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes
Art. 150 – Constituem patrimônio cultural do Município os
bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou e futuras.
em conjunto que contenham referência à identidade, à ação e a § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao Po-
memória dos diferentes grupos formadores do novo bordamatense der Público Municipal, entre outras atribuições:
entre os quais se incluem: § 2º – Criar o Departamento Municipal de Defesa do Meio Am-
I – as formas de expressão; biente, que deverá articular-se com órgãos estaduais, regionais e
II – os modos de criar, fazer e viver; federais competentes e ainda, quando for o caso, com outros Mu-
III – as criações tecnológicas, científicas e artísticas; nicípios, objetivando:
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espa- a) promover a educação ambiental multidisciplinar em todos
ços destinados à manifestações artísticas e culturais; os níveis das escolas municipais e disseminar as informações neces-
V – os sítios de valor histórico, paisagístico, ecológico e cientí- sárias ao desenvolvimento da consciência crítica da população para
fico. a preservação do meio ambiente;
§ 1º - O teatro de rua, a música, por múltiplas formas e instru- II – Assegurar o livre acesso às informações ambientais básicas
mentos, a dança corporal, o folclore, as artes plásticas, as cantigas e divulgar sistematicamente, os níveis de poluição e de qualidade
de roda, entre outras, são consideradas manifestações culturais. do meio ambiente do Município.
§ 2º - Todas as áreas públicas, especialmente os parques, jar- III - Prevenir e controlar a poluição, a erosão, o assoreamento e
dins e praças públicas são abertas às manifestações culturais. outras formas de degradação ambiental;
Art. 151 – O Município, com a colaboração da comunidade, IV – Preservar as matas, as veredas, a fauna e a flora, inclusive,
promoverá e protegerá, por meio de planos permanentes, o patri- controlando a extração, captura, produção, comercialização, trans-
mônio histórico, cultural e municipal, por meio de inventários, pes- porte e consumo de seus espécimes e subprodutos, vedadas as prá-
quisas, registros, vigilância, tombamento, desapropriação e outras ticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem ex-
formas de acautelamento e preservação. tinção de espécies ou submetV – Criar parques, reservas, estações
Art. 152 – fica criado o Arquivo Público Municipal, o Patrimônio ecológicas e outras unidades de convocação, mantê-los sob especia
Histórico Municipal que será anexado à Biblioteca Municipal, com VI – Estimular e promover o reflorestamento com espécies
competência de: reunir, catalogar, preservar, restaurar documen- nativas, objetivando especialmente a proteção das encostas e dos
tos, textos, publicações e todo o tipo de material relativo à história
recursos hídricos;
do Município.
VII – Fiscalizar a produção, a comercialização e o emprego de
Art. 153 – Ao conjunto de acervo da Biblioteca Municipal, mais
técnicas, métodos e substâncias que importem riscos para a vida
o Arquivo Público Municipal e o Patrimônio Histórico Municipal, dá-
e o meio ambiente, bem como o transporte e o armazenamento
-se o nome de CASA DA CULTURA PROFESSORA CAROLINA ORIOLO,
e terá como objetivos: dessas substâncias no território do Município;
I – preservar o passado histórico e cultural do Município e ga- VIII – Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi-
rantir a projeção do seu presente histórico e cultural para as gera- tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais;
ções futuras; IX- Sujeitar a prévia anuência do Departamento Municipal de
II – garantir meios culturais de elevação intelectual do seu povo; Defesa do Meio Ambiente, órgão que controla a política ambien-
III – assegurar e aprofundar sua vocação de centro de cultura tal do Município, o licenciamento para início, ampliação ou desen-
e arte. volvimento de atividades, construção ou reforma de instalações,
§ 1º - Compete ao Município incentivar, valorizar e difundir as capazes de causar degradação ao meio ambiente, sem prejuízo de
manifestações culturais do meio urbano e rural. outras exigências legais;
§ 2º - Adoção de incentivos fiscais que estimulem as empresas X – Estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a utilização de
privadas a investir na produção cultural e artística do Município e na fontes de energia alternativa não poluentes, bem como de tecnolo-
preservação do seu patrimônio histórico e cultural. gias poupadoras de energia;
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XI – Implantar e manter hortos florestais destinados à recom- § 1º - Para os fins do artigo, cabe ao Município:
pensa da flora nativa e a produção de espécies diversas e a arbori- I – exigir, nos projetos urbanísticos e nas unidades escolares
zação dos logradouros públicos; públicas bem como na Aprovação dos novos conjuntos habitacio-
XII – Promover ampla arborização dos logradouros públicos de nais, reserva da área destinada à praça ou campo de esporte e lazer
áreas urbanas, bem como a reposição dos espécimes em processo comunitário;
de deterioração ou morte. II – utilizar-se de terreno próprio, cedido ou desapropriado
§ 2º - O licenciamento de que trata o inciso IX, do parágrafo para desenvolvimento de programas de construção de centros es-
anterior dependerá, no caso de atividade ou obra potencialmente portivos, praça de esporte, ginásio, áreas de lazer e campos de fu-
causadora de significativa degradação do meio ambiente, de prévio tebol, necessários à demanda do esporte amador dos bairros da
relatório de impacto ambiental, seguido de audiência pública para cidade e dos distritos.
informação e discussão sobre o projeto. § 2º - O Município garantirá ao portador de deficiência aten-
§ 3º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado, des- dimento especial de atividade desportiva, sobretudo no âmbito
de o início da atividade, a recuperar o meio ambiente degradado, escolar.
de acordo com a solução técnica previamente indicada pelo órgão § 3º - O Município, por meio de rede pública de saúde, propi-
municipal de defesa, controle e política ambiental. ciará acompanhamento médico e exames ao atleta integrante de
§ 4º - É obrigação do Departamento Municipal de Defesa do quadros de entidade amadorista carente de recursos.
Meio Ambiente, órgão com atribuição direta ou indireta de prote- § 4º - Cabe ao Município, na área de sua competência, regula-
ção, defesa e controle ambiental, informar ao Ministério Público mentar e fiscalizar os jogos esportivos, os espetáculos e divertimen-
sobre ocorrência ou atividades consideradas lesivas ao meio am- tos públicos.
biente, conforme determina o artigo 215 da Constituição do Estado. § 5º - O Poder Executivo elaborará, com a colaboração de re-
§ 5º - O ato lesivo ao meio ambiente sujeitar-se-á infrator, pes- presentantes de entidades desportivas, dos professores de educa-
soa física ou jurídica, a interdição temporária ou definitiva das ativi- ção física, de representantes de Associações de Bairros e dos distri-
dades, sem prejuízos das demais sanções administrativas e penais, tos, plano municipal de esporte e lazer.
bem como da obrigação de reparar o dano causado. Art. 160 – O Município apoiará e incentivará o lazer e o reco-
Art. 156 – São vedados no território do Município: nhecerá como forma de promoção social.
I – a produção, distribuição e venda de aerosóis que conte- § 1º - Os parques, jardins, praças e quarteirões fechados são
nham clorofluorcarbono; espaços privilegiados para o lazer.
II – o armazenamento e a eliminação inadequada do resíduo § 2º - O Poder Público criará áreas reservadas a pedestres.
tóxico;
III – o caça profissional, amadora e esportiva. SEÇÃO IX
Art. 157 – É vedado ao Poder Público contratar e conceder pri- Da Família, da Criança, do Adolescente, do Idoso e do Porta-
vilégios fiscais a quem estiver em situação de irregularidade face às dor de Deficiência
normas de proteção ambiental.
Parágrafo único. As concessionárias ou permissórias dos servi- Art. 161 – O Município, na formulação e aplicação de sua polí-
ços públicos municipais, no caso de infração às normas de proteção tica social, visará, nos limites de sua competência e em colaboração
ambiental, não será admitida renovação de concessão ou permis- com a União e o Estado, dar a família condições para a realização de
são, enquanto perdurar a situação de irregularidade. suas relevantes funções sociais.
Art. 158 – Cabe ao Poder Público:
Parágrafo único. Fundado nos princípios da dignidade da pes-
I – reduzir ao máximo a aquisição e utilização de material não
soa humana e da paternidade e maternidade responsáveis, o plane-
reciclável e não biodegradável, além de divulgar os malefícios deste
jamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Município,
material sobre o meio ambiente;
por meio de recursos educacionais e científicos colaborar com a
II – fiscalizar a emissão de poluentes por veículos automotores
União e o Estado para assegurar o exercício desse direito, vedada
e estimular a implantação de medidas e uso de tecnologias que ve-
qualquer forma coercitiva por parte das instituições públicas.
nham minimizar seus impactos;
Art. 162 – É dever da família, da sociedade e do Poder Público,
III – implantar medidas corretivas e preventivas para recupera-
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade o
ção dos recursos hídricos;
IV – estimular a adoção de alternativas de pavimentação, como direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à pro-
forma de garantir menos impacto a impermeabilização do solo; fissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a
V – implantar e manter áreas verdes de preservação perma- convivência familiar e comunitária, além de colocálos a salvo de for-
nente; ma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
VI – estimular e incentivar indústrias de menor impacto am- e opressão.
biental. § 1º A garantia de absoluta prioridade compreende:
I – a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
SEÇÃO VIII cunstâncias;
Do Deporto e do Lazer II – a preferência na formulação e na execução da política social
pública;
Art. 159 – O Município promoverá, estimulará, orientará e III – a precedência de atendimento em serviço de relevância
apoiará a prática desportiva e a educação física, inclusive por meio pública ou em órgão público;
de: IV – o aquinhoamento privilegiado de recursos públicos nas
a) destinação de recursos públicos; áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude, nota-
b) proteção às manifestações esportivas e preservação das áre- damente no que disser respeito a tóxicos e drogas afins.
as a elas destinadas; § 2º Será punido na forma da lei qualquer atentado ao Poder
c) tratamento diferenciado entre o desporto profissional e não Público, por ação ou omissão, aos direitos fundamentais da criança
profissional. e do adolescente.
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Art. 163 – O Município, em conjunto com a sociedade, criará e § 1º - O Poder Público estimulará o investimento de pessoa fí-
manterá programas socioeducativos e de assistência jurídica, des- sica e jurídica, na adaptação e aquisição de equipamentos neces-
tinados ao atendimento da criança e do adolescente privados das sários ao exercício profissional dos trabalhadores portadores de
condições necessárias ao seu pleno desenvolvimento e incentiva- deficiência, conforme dispuser a lei.
rá, ainda, aos programas de iniciativa das comunidades, mediante § 2º - Os veículos de transporte coletivo deverão ser equipados
apoio técnico e financeiro, vinculado ao orçamento, de forma a ga- com condições técnicas, quando possível, que permitam o acesso
rantir-se o completo atendimento dos direitos constantes desta Lei adequado ao portador de deficiência.
Orgânica. § 3º - O Poder Público implantará organismo executivo de polí-
§ 1º - As ações do Município de proteção à infância e à adoles- tica de apoio ao portador de deficiência.
cência serão organizadas na forma da lei, com base nas seguintes § 4º - Não oferecimento gradual do atendimento especializado
diretrizes: ao portador de deficiência, ou sua oferta irregular, imposta respon-
I – descentralização do atendimento; sabilidade da autoridade competente.
II – priorização dos vínculos familiares e comunitários com me- § 5º - O deficiente físico terá gratuidade nos transportes cole-
dida preferencial para a integração social da criança e do adoles- tivos no território do Município e cinquenta por cento de desconto
cente; na corrida de táxi que lhe prestar o serviço.
III – participação da sociedade civil na formulação de política e
programas, assim como na implantação, acompanhamento, contro- SEÇÃO X
le e fiscalização de suja execução: Da Ciência e Tecnologia
§ 2º - Programas de defesa e vigilância dos direitos da criança e
Art. 167 – O Município promoverá e incentivará o desenvolvi-
do adolescente preverão:
mento científico, a pesquisa, a difusão e a capacitação tecnológica,
I – estímulo e apoio à criação de centros de defesa dos direitos
voltados preponderantemente para a solução de problemas locais.
da criança e do adolescente, gerados pela sociedade civil;
Parágrafo único. O Poder Executivo implantará política de for-
II – a criação de plantões de recebimento e encaminhamento
mação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tec-
de denúncias de violência contra a criança e o adolescente; nologia e concederá, aos que dela se ocupam, meios e condições
III – implantação de serviços de advocacia da criança, atendi- especiais de trabalho.
mento e acompanhamento às vítimas, de negligência, abuso, maus Art. 168 – O Município criará e manterá entidade voltada ao
tratos, exploração e tóxico. ensino e à pesquisa científica, ao desenvolvimento experimental e
Art. 164 – O Município promoverá condições que assegurarem a serviços técnicocientíficos relevantes para o seu desenvolvimento
amparo à pessoa idosa, no que diz respeito à sua dignidade e ao social e econômico.
bem estar. I – Os recursos necessários à efetiva operacionalização da en-
§1º - O amparo ao idoso será, quando possível exercida no pró- tidade serão consignados no orçamento municipal e obtidos de ór-
prio lar. gão e entidades de fomento federais e estaduais, mediante projetos
§2º - Para assegurar a integração do idoso na comunidade e de pesquisa;
na família, serão criados centros diurnos de lazer e de amparo à II – O Município recorrerá, preferencialmente, aos órgãos e
velhice. entidades de pesquisas estaduais e federais nele sediados, promo-
Art. 165 – O Município, isoladamente ou em cooperação, criará vendo a integração inter setorial, por meio de implantação de pro-
e manterá: gramas integrados e em consonância às necessidades das diversas
I – lavanderias públicas, prioritariamente nos bairros periféri- demandas científicas, tecnológicas e ambientais afetadas por ques-
cos, equipadas para atender as lavanderias profissionais e à mulher tões municipais;
de um modo geral, no sentido de diminuir a sobrecarga de dupla III – O Município poderá consorciar-se a outros para o trato das
jornada de trabalho; questões previstas neste artigo, quando evidenciadas a pertinência
II – casa transitória para mãe pobre que não tiver moradia, nem técnica administrativa.
condições de cuidar de seu filho recém-nascido, nos primeiros me- Art. 169 – O Município criará núcleos descentralizados de trei-
ses de vida; namento e difusão de tecnologia, de alcance comunitário, de forma
III – casas especializadas para acolhimento da mulher e da a contribuir para absorção efetiva da população de baixa renda.
criança vítima da violência no âmbito da família ou fora dela;
IV – centros de apoio e acolhimento à menina de rua que a CAPÍTULO II
DA ORDEM ECONÔMICA
contemplem em suas especificidades de mulher.
SEÇÃO I
Parágrafo único. O Município obriga-se a fornecer monitores e
Da Política Urbana
ajuda financeira per capita para as creches comunitárias existentes,
Subseção I
até que possa assumir direta ou indiretamente a totalidade delas.
Disposições Gerais
Art. 166 – O Município garantirá ao portador de deficiência nos
termos da lei: Art. 170 – A ordem econômica fundada na valorização do tra-
I – a participação na formulação de política para o setor; balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
II – o direito à informação, comunicação, transporte e segu- uma existência digna conforme os ditames da justiça social, obser-
rança, por meio, dentre outros, da imprensa “Braile”, da linguagem vados os seguintes princípios:
gestual, da sonorização de semáforo e da adequação dos meios de I – soberania nacional;
transporte; II – propriedade privada;
III – sistema especial de transporte para a freqüência às escolas III – função social da propriedade;
e clínicas especializadas, quando impossibilitados de usar o sistema IV – livre concorrência;
de transporte comum. V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente;
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VII – redução das desigualdades regionais e sociais; Subseção II
VIII – busca do pleno emprego; Plano Diretor
IX – tratamento favorecido para as empresas brasileiras de ca-
pital nacional de pequeno porte. Art. 174 – O Plano Diretor, aprovado pela maioria dos membros
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qual- da Câmara conterá:
quer atividade econômica, independente de autorização de órgãos I – exposição circunstanciada das condições econômicas, finan-
públicos, salvo nos casos previstos em lei. ceiras, sociais, culturais e administrativas do Município;
Art. 171 – O pleno desenvolvimento das funções sociais da II – objetivos estratégicos fixados com vistas na solução dos
cidade, e a garantia do bem estar de sua população, objetivos da principais entraves do desenvolvimento social;
política urbana executada pelo Poder Público, serão assegurados III– diretrizes econômicas, financeiras, administrativas, sociais,
mediante: de uso e ocupação do solo, de preservação do patrimônio ambien-
I – formulação e execução do planejamento urbano; tal e cultural, visando atingir os objetivos estratégicos e as respec-
II – cumprimento da função social da propriedade; tivas metas:
III – distribuição especial adequada da população, das ativida- IV– ordem de prioridade, abrangendo objetivos e diretrizes;
des sócioeconômicas, da infra-estrutura básica e dos equipamentos V– estimativa preliminar do montante de investimentos e dota-
urbanos e comunitários; ções financeiras necessárias à implantação das diretrizes e consecu-
IV – integração e complementaridade das atividades urbanas e ção dos objetivos do Plano Diretor, segundo a ordem de prioridades
rurais, no âmbito da área polarizada pelo Município, e controle da estabelecidas;
execução de programas que lhe forem pertinentes. VI– cronograma físico-financeiro com previsão dos investimen-
§ 1º - A propriedade urbana cumpre a sua função social quando tos municipais.
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade. § 1º - É parte integrante do Plano Diretor as seguintes Leis:
§ 2º - Na formulação da política urbana municipal serão obser- a) Lei de Uso e Ocupação do Solo;
vados os direitos de cada cidadão a moradia, saneamento básico, b) Lei do Parcelamento do Solo;
energia elétrica, abastecimento, transporte, educação, saúde, lazer, c) Código de Posturas Municipais;
segurança, comunicação, preservação do meio ambiente e cultura, d) Código de Obras do Município;
entre outros. e) Código Sanitário Municipal;
Art. 172 – São instrumentos do planejamento urbano, entre f) Código Tributário Municipal.
outros: § 2º - Os orçamentos anuais, as diretrizes orçamentárias e o
I – Plano Diretor; plano pluri anual serão compatibilizados com as prioridades e me-
II – Legislação de parcelamento, ocupação e uso do solo, de tas estabelecidas no Plano Diretor.
edificações e de postura; Art. 175 – O Plano Diretor definirá áreas especiais, tais como:
III – Legislação financeira e tributária, especialmente o imposto I – áreas de urbanização preferencial;
predial e territorial progressivo e a contribuição de melhoria; II – áreas de reurbanização;
IV – Transferência do direito de construir; III – áreas de urbanização restrita;
V – parcelamento ou edificações compulsórias; IV – áreas de regularização;
VI – concessão do direito real de uso; V – áreas destinadas à implantação de programas habitacio-
VII – servidão administrativa; nais;
VIII– tombamento; VI – áreas de transferência do direito de construir.
IX – desapropriação por interesse social, necessidade ou utili- § 1º - Áreas de urbanização preferencial são destinadas a:
dade pública; a) aproveitamento adequado de terrenos não edificados, sub-
X – fundos destinados ao desenvolvimento urbano. -utilizados ou não utilizados, observando o disposto no disposto no
Art. 173 – Na promoção do desenvolvimento urbano, obser- artigo 182, 4.º I, II, e III da Constituição da República;
var-se-á: b) implantação prioritária de equipamentos urbanos e comu-
I – ordenação do crescimento da cidade, prevenção e correção nitários;
de suas distorções; c) adesamento de áreas edificadas;
II – contenção de excessiva concentração urbana; d) ordenamento e direcionamento de urbanização.
III – indução à ocupação do solo urbano edificável, ocioso ou § 2º - Áreas de reurbanização são as que, para a melhoria das
sub-utilizado; condições urbanas, exigem novo parcelamento do solo, recupera-
IV – adensamento condicionado à adequada disponibilidade de ção ou substituição de construções existentes.
equipamentos urbanos e comunitários; § 3º - Áreas de urbanização restrita são aquelas de preservação
V – urbanização, regularização e titulação das áreas ocupadas ambiental, em que a ocupação deve ser desestimulada ou contida,
por população de baixa renda; em decorrência de:
VI – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente, a) necessidade de preservação de seus elementos naturais;
do patrimônio histórico, cultural, artístico e arqueológico; b) Vulnerabilidade à intempéries, calamidades e outras condi-
VII – garantia do acesso adequado ao portador de deficiência ções adversas;
aos bens e serviços coletivos, logradouros e edifícios públicos, bem c) Necessidade de proteção e de preservação do patrimônio,
como as edificações destinadas ao uso industrial, comercial, de ser- histórico, artístico, cultural, arqueológico e paisagístico;
viços e residencial multi familiar; d) Proteção dos mananciais, represas e margens de rios;
VIII – a regularização dos loteamentos clandestinos e abando- e) manutenção do nível de ocupação da área;
nados, inclusive para responsabilização dos envolvidos; f) implantação e operação de equipamentos urbanos de gran-
IX – o controle das construções e edificações na zona rural, no de porte tais como terminais aéreos, rodoviários e fluviários.
caso em que tiverem destinação urbana, especialmente para a for- § 4º - Áreas de regularização são ocupadas de baixa renda, su-
mação de núcleos ou vilas. jeitas a critérios especiais de urbanização, bem como à implantação
prioritária de equipamentos urbanos e comunitários.
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§ 5º - Áreas de transferência do direito de construir são as pas- Parágrafo único. O Município, ao traçar as diretrizes de orde-
síveis de adensamento, observando os critérios estabelecidos na lei namento dos transportes, estabelecerá metas prioritárias de circu-
de parcelamento, ocupação e uso do solo. lação de coletivos que servem à zona rural e urbana, preferencial-
Art. 176 – A transferência do direito de construir pode ser au- mente aos distritos e bairros mais densamente populosos.
torizado para o proprietário de imóvel considerado de interesse de Art. 181 - Compete ao Poder Executivo:
preservação, ou destinação à implantação de programas habitacio- I - traçar diretrizes para o ordenamento do transporte priori-
nais. zando o transporte coletivo;
§ 1º - A transferência pode ser autorizada ao proprietário que II – fixar as tarifas de serviços de transporte coletivo, de táxi e
doar ao Poder Público imóvel para fins de implantação de equipa- de estacionamento público;
mentos urbanos ou comunitários, bem como de programa habita- III – fixar os pontos de táxi, nos distritos e na zona urbana.
cional. Parágrafo único. É da responsabilidade do Poder Executivo, o
§ 2º - Uma vez exercida a transferência do direito de construir não oferecimento ou o oferecimento irregular dos transportes cole-
o índice de aproveitamento não poderá ser objetivo de nova trans- tivos e serviços de táxis no Município.
ferência. Art. 182 – O Poder Executivo deverá proceder ao cálculo da
§ 3º - A operacionalização do Plano Diretor dar-se-á mediante remuneração do serviço de transporte de passageiro às empresas
à implantação do sistema planejamento e informações, objetivan- operadoras com base em planilhas de custo, contando metodologia
do a monitoração, a avaliação e o controle das ações de diretrizes de cálculo, parâmetros e coeficientes técnicos em função das pecu-
sociais. liaridades do sistema de transporte municipal, urbano e rural.
§ 4º - Além do disposto no artigo 18 desta Lei Orgânica, o Poder § 1º - As planilhas de custos serão atualizadas quando houver
Executivo manterá cadastro atualizado dos imóveis do patrimônio alteração no preço dos componentes da estrutura dos custos de
estadual e federal, situados no Município. transporte necessários à operação do serviço.
§ 2º - É assegurada à entidade representativa da sociedade ci-
SEÇÃO II vil, a Câmara, o acesso aos dados informadores da metodologia de
Do Transporte Público e Sistema Viário cálculo, parâmetros e coeficientes técnicos.
§ 3º - O equilíbrio econômico financeiro dos serviços de trans-
Art. 177 – Incube ao Município, respeitada a Legislação Fede- porte coletivo será assegurado pela compensação entre a receita
ral e Estadual, planejar, organizar, coordenar, executar, delegar e auferida e o custo total do sistema.
controlar a prestação de serviços públicos ou de utilidade pública § 4º - O cálculo das tarifas abrange o custo de produção do
relativos ao transporte coletivo e individual de passageiros, tráfego, serviço e o custo de gerenciamento das concessões, das permis-
trânsito e sistema viário municipal. sões e controle de tráfego, levando em consideração a expansão do
§ 1º - Os serviços a que se refere o artigo, incluindo o de trans- serviço, manutenção de padrões mínimos de conforto, segurança,
porte escolar, serão prestados diretamente ou sob regime de con- rapidez e justa remuneração dos investimentos.
cessão ou permissão, nos termos da lei. Art. 183 – A fixação de qualquer tipo de gratuidade no trans-
§ 2º - O Poder Público poderá criar entidade com a incumbên- porte coletivo urbano e rural, só poderá ser feita mediante lei que
cia de planejar, organizar, coordenar, executar, fiscalizar e controlar contenha a fonte de recursos para custeá-las, salvo os casos previs-
o transporte coletivo e de táxi, tráfego, trânsito e o sistema viário tos nesta Lei Orgânica e aos maiores de 65 anos, preconizados pela
municipal, bem como a implantação e conservação da infraestrutu- Constituição da República em seu artigo 230, § 2.º.
ra viária, ouvida a Câmara Municipal. Parágrafo único. O descumprimento de gratuidade fixado por
§ 3º - A exploração da atividade do transporte coletivo que o esta Lei Orgânica e o artigo 230, 2.º da Constituição Federal, impor-
tará na rescisão, sem indenização da concessão ou permissão.
poder público seja levado a exercer, por força de contingência ou
Art. 184 – O serviço de táxi será prestado preferencialmente,
conveniência administrativa, será empreendida por empresa públi-
nesta ordem:
ca.
I – por motoristas profissionais autônomos;
§ 4º - A implantação e conservação da infraestrutura viária de
II – por associação de motoristas profissionais autônomos;
competência da entidade municipal, incumbe-lhe a elaboração de
III – por pessoa jurídica.
programa gerencial de obras respectivas.
Parágrafo único. As vias integrantes dos itinerários das linhas
Art. 178 – As diretrizes, objetivos e metas da administração pú-
de transporte coletivo de passageiros terão prioridades para pavi-
bica nas atividades setoriais de transporte coletivo serão estabele-
mentação ou conservação.
cidos em lei que instituir o Plano Plurianual, de forma compatível Art. 185 – O Poder Executivo analisará solicitação de alteração
com a política de desenvolvimento urbano no Plano Diretor. no trânsito do Município, podendo aprovar, negar ou embarcar atos
Art. 179 – Lei Municipal disporá sobre a organização, funciona- a seu critério e dará ciência de sua decisão ao Poder Legislativo no
mento e fiscalização dos serviços de transporte coletivo e de táxi, prazo máximo de trinta dias.
devendo ser fixada diretrizes e caracterização precisa e proteção Parágrafo único. A manutenção de sinalização das vias públicas
eficaz de interesse público e do direito dos usuários. ordenará uma política de planejamento do tráfego urbano, condi-
Art. 180 – Compete ao Município estabelecer a política de zente com o movimento de veículos automotores.
transporte urbano e rural e o plano viário, observando os seguintes Art. 186 – O Município poderá intervir em empresa privada de
princípios: transporte coletivo que desrespeitar a política de transporte, os
I – compatibilização com a política de desenvolvimento urbano; percursos estabelecidos, ou que provocarem danos ou prejuízos aos
II – compatibilização entre transporte e o uso do solo; usuários ou praticarem ato lesivo aos interesses da comunidade.
III – racionalização dos serviços; § 1º - É vedado ao Município, permitir o monopólio, nos servi-
IV – compatibilização tarifária entre as várias modalidades de ços de transportes coletivos e de táxi.
transporte;
V – atendimento aos padrões de conforto, higiene, cortesia no
atendimento aos passageiros e respeito aos direitos dos usuários.
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CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
§ 2º - É obrigatório a manutenção de linhas de transporte cole- SEÇÃO IV
tivo, aos domingos, feriados e dias santificados, além das noturnas, Do Abastecimento
para atender ao meio estudantil garantindo-se gratuidade do trans-
porte aos estudantes dos Distritos, para a frequência do segundo Art. 190 – O Município, nos limites de sua competência e em
grau, na Sede do Município. cooperação com a União e o Estado, organizará o abastecimento,
com vistas a melhorar as condições de acesso à alimentação pela
SEÇÃO III população, especialmente a de baixa renda.
Da Habitação Parágrafo único. Para assegurar e estabelecer a política de
abastecimento o Município criará mecanismos e instrumentos para:
Art. 187 - Compete ao Município, em comum com a União e o I – Planejar e executar programas de abastecimento alimentar,
Estado, promover programas de construção de moradias e a melho- de forma integrada com os programas especiais de nível federal,
ria de suas condições habitacionais. estadual e intermunicipal;
§ 1º - O Município estabelecerá política habitacional objetivan- II - Controle e incentivo à produção de produtos de consumo
do atender a demanda de moradia, prioritariamente da população comuns da população;
de baixa renda. III - Assistência técnica e incentivos fiscais aos produtores de
§ 2º - Para a consecução de seus objetivos, o Poder Público grão e hortifrutigranjeiros;
implantará Plano Municipal de Habitação, compatibilizando-o com IV – Incentivo à venda direta do produtor ao consumidor;
o Plano Diretor e o Plano Plurianual assegurado, na sua elaboração, V – Implantar hortas em cinturões verdes, de participação co-
a participação paritária entre profissionais da área de construção e munitária;
representantes das associações de bairros do Município. VI – Implantar galões comunitários e feiras-livres nos bairros de
Art. 188 – Para atender aos programas de habilitação, fica cria- adensamento popular, garantindo o acesso a eles de produtores e
do o Fundo Municipal de Habitação com recursos no orçamento, varejistas do Município;
contribuição dos benefícios e outras fontes. VII – Criar central municipal de compras comunitárias, visando
§ 1º - O Plano Municipal de Habitação estabelecerá critérios e a estabelecer relação direta entre as entidades associativas dos pro-
medidas para viabilizar: dutores e dos consumidores;
I - A oferta de casas populares e de terrenos urbanizados, inte- VIII – Distribuir os estoques governamentais articulando-se
grados à malha urbana existente; com órgãos e entidades responsáveis pela política agrícola e regio-
II - A implantação de programas para a redução do custo de nal;
materiais de construção; Art. 191 – Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a pro-
III - O desenvolvimento de técnicas para o barateamento de ceder estudos de planejamento para construção do Mercado Mu-
construção; nicipal;
IV- O assessoramento jurídico à população de baixa renda em Parágrafo único. O Município incentivará e apoiará as associa-
matéria de usucapião urbano para regularização fundiária e urbana ções de bairros na formação de movimentos para:
de loteamento e aglomerados habitacionais irregulares; I – Pesquisa e controle de preços, peso e qualidade dos alimen-
V – A formação de cooperativas habitacionais; tos;
VI – A formação de consórcio com outros Municípios para in-
II – Divulgação dos locais onde os preços forem mais baratos;
vestimentos no setor habitacional;
III – Denúncia dos especuladores e atravessadores pelo CON-
VII - O assessoramento técnico na execução de projetos comu-
DECOM.
nitários.
§ 2º - A política habitacional será executada por órgão ou enti-
SEÇÃO V
dade específica da administração pública, a que compete a gerência
Da Política Rural
do Fundo Municipal de Habitação.
Art. 189 – O Poder Público poderá promover licitação para exe-
Art. 192 – O Município adotará e incentivará programas de de-
cução de conjuntos habitacionais ou loteamento com urbanização
simplificada desde que assegure: senvolvimento rural destinado a fomentar a produção agropecuá-
I - A redução no preço final da unidade; ria, organizar o abastecimento alimentar, promovendo o bem estar
II - A complementação da infraestrutura não implantada; do homem que vive do trabalho da terra e fixá-lo no campo, com a
III - O equipamento urbano essencial; cooperação da União e do Estado.
IV – A destinação exclusiva do imóvel àqueles que não possuem Parágrafo único. A política agrícola e rural municipal será pla-
outros; nejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do
V - A compatibilização ambiental e econômico-social na im- setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
plantação de conjuntos com mais de cinquenta unidades; bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de
VI - O serviço regular de transporte coletivo; transportes, levando em conta especialmente:
VII - A cobrança de prestação nunca superior a cinquenta por I – ao instrumentos creditícios e fiscais;
cento da renda familiar do beneficiário. II – os preços compatíveis com os custos de produção e a garan-
§ 1º - Ao Poder Público compete promover o reassentamento tia de comercialização;
da população que for desalojada de área habitacional que ofereça III – incentivo à pesquisa e a tecnologia;
risco ou que for desapropriada em decorrência de obra pública. IV – a assistência técnica e extensão rural;
§ 2º - O Município, preferencialmente à venda ou doação de V – o seguro agrícola;
seus imóveis, outorgará concessão de direito real de uso. VI – a eletrificação rural e irrigação;
VII – o cooperativismo;
VIII – a habilitação para o trabalhador rural.
Art. 193 – Compete ainda ao Município em cooperação com a
União, Estado e a Sociedade Civil:
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CONHECIMENTOS GERAIS E LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA MUNICIPAL
I – a elaboração de um plano municipal de desenvolvimento V – no tratamento diferenciado da pequena produção artesa-
integrado, para assegurar o aumento da produção e da produtivi- nal ou mercantil e das microempresas;
dade, a geração de emprego e a melhoria das condições de vida da VI – na restrição do abuso do poder econômico;
população rural; VII – na defesa do consumidor;
II – a manutenção técnica e financeira de um serviço de assis- VIII – na fiscalização de qualidade, dos preços, dos pesos e me-
tência técnica e extensão rural, gratuito e prioritário para os peque- didas, dos bens e serviços produzidos e comercializados em seu
nos produtores rurais, suas famílias e organizações coletivas legais; território.
III – criar condições, incentivar e apoiar, através de pesquisa § 2º - O Poder Público Municipal tem o dever de desenvolver
com órgãos estaduais e federais, a implantação de novas técnicas ações diretas ou reivindicatórias junto à esfera e órgão do Governo
agrícolas para ampliar as atividades agropecuárias do Município; do Estado e da União, no sentido de que sejam efetivados e me-
IV – incentivar e apoiar programas de controle de erosão, de lhorados os serviços essenciais de comunicação, energia elétrica e
manutenção, de fertilidade e de recuperação do solo degradado; estradas vicinais do Município, tendo em vista o desenvolvimento
V – repressão ao uso de anabolizantes e ao uso indiscriminado econômico.
de agrotóxicos; § 3º - O Poder Executivo fica obrigado a promover em coope-
VI – apoiar as iniciativas de comercialização direta entre peque- ração e com a União e o Estado ou isoladamente a infraestrutura
nos produtores rurais e consumidores; básica, capaz de atrair, apoiar ou incentivar o desenvolvimento de
VII – criar condições de implantação da infra-estrutura de ar- atividades produtivas, a iniciativa privada no Município e as seguin-
mazenamento e de sistema viário adequado ao escoamento da tes providências:
produção. a) assistência técnica;
Art. 194 – A Lei Complementar Federal garantirá tratamento b) crédito especializado ou subsidiado;
especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumpri- c) estímulos fiscais e financeiros;
mento dos requisitos relativos à sua função social. d) serviços de suporte informativo de mercado.
Parágrafo único. A função social é cumprida quando a proprie- Art. 197 – Na atuação do Município, para fomentar o desen-
dade rural atende simultaneamente, segundo critério e graus de volvimento econômico, fica o Poder Executivo autorizado a criar o
exigência estabelecidos em lei, os seguintes requisitos: Distrito Industrial mantendo convênio com a Companhia de Distri-
I – aproveitamento racional e adequado; tos Industriais do Estado de Minas Gerais – CDI, além do Centro
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e pre- de Apoio à Pequena e Média Empresa do Estado de Minas Gerais
servação do meio ambiente; – CEAG/MG, e o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas
III – observância das disposições que regulam as relações de Gerais – INDI.
trabalho; § 1º - O Município poderá ser consorciar-se com outras munici-
palidades com vistas ao desenvolvimento de atividades econômicas
IV – exploração que favoreça o bem estar dos proprietários e
de interesse comum, bem como integrar-se em programas de de-
dos trabalhadores.
senvolvimento regional a cargo de outras esferas do Governo.
Art. 195 – O Município criará órgão ou unidade administrativa
§ 2º - O Município desenvolverá tratamento jurídico diferencia-
para tratar especificamente de assuntos rurais e executar a sua po-
do à Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte, assim definidas
lítica rural.
em lei.
§ 1º - Fica criado o Conselho Municipal para Assuntos Rurais,
§ 3º - As Empresas Públicas que o Município vier a criar, não
representação partidária entre Poder Executivo e Legislativo e en-
poderão gozar de privilégios fiscais, que não sejam extensivos ao
tre produtores, trabalhadores rurais, Sindicato Rural, profissionais
setor privado.
e técnicos da área.
§ 2º - Ao Conselho Municipal para Assuntos Rurais compete SUBSEÇÃO II
acompanhar, fiscalizar e avaliar o planejamento e a execução da po- Do Turismo
lítica rural do Município.
Art. 198 – O Município, colaborando com os segmentos do se-
SEÇÃO I tor, apoiará e incentivará o turismo como atividade econômica, re-
Do Desenvolvimento Econômico conhecendo-o como forma de promoção e desenvolvimento social
Subseção I e cultural.
Disposições Gerais Art. 199 – Cabe ao Município, obedecida a Legislação Federal
e Estadual, definir a política municipal de turismo e as diretrizes e
Art. 196 – O Município promoverá o seu desenvolvimento eco- ações, devendo:
nômico, agindo de modo que as atividades econômicas realizadas I – adotar, por meio de li, plano integrado e permanente de
em seu território contribuam para elevar o nível de vida e o bem turismo em seu território;
estar da população local, bem como para valorizar o trabalho hu- II – desenvolver efetiva infraestrutura turística;
mano. III – estimular e apoiar a produção artesanal local, as feiras,
§ 1º - O Poder Público, agente normativo e regulador das ati- exposições, eventos turísticos e programas de orientação e divul-
vidades econômicas, exercerão, no âmbito de sua competência, as gação de projetos municipais, bem como elaborar o calendário de
funções de planejador, incentivador e fiscalizador das ações de de- eventos;
senvolvimento do Município atuando: IV – regulamentar o uso, ocupação e fluição de bens naturais
I – na democratização das atividades econômicas municipais; e culturais de interesse turístico, proteger o patrimônio ecológico e
II – no apoio à organização da atividade econômica em coope- histórico-cultural e incentivar o turismo social;
rativas e estímulo ao associativismo; V – promover a conscientização do público para preservação e
III - no fomento à livre iniciativa; difusão dos recursos naturais e do turismo como atividade econô-
IV – na utilização tecnológica de uso intensivo de mão de obra; mica e fator de desenvolvimento;
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VI – incentivar a formação de pessoal especializado para o Parágrafo único. A proposta orçamentária do Poder Legislativo
atendimento das atividades turísticas. será elaborada pela Câmara Municipal, respeitados os prazos pre-
§ 1º - O Município consignará no orçamento recursos neces- vistos nesta Lei Orgânica para apresentação dos orçamentos anuais
sários a efetivação e execução da política de desenvolvimento do do Município.
turismo. Art. 209 – É vedado dar o nome de pessoas vivas às ruas, vias
§ 2º - O Poder Político Municipal, deverá proceder levantamen- e logradouros públicos ou a bens e serviços públicos de qualquer
to cartográfico dos pontos turísticos do Município e dar publicidade natureza.
aos mesmos. § 1º - Para os fins do artigo, somente após, no mínimo, um ano
§ 3º - O Poder Executivo adotará medidas necessárias para que, de falecimento, poderá ser homenageado a pessoa que, compro-
em todas as datas festivas e cívicas sejam enfeitadas as praças e vadamente, tenha prestado relevantes serviços ao Município ou
ruas centrais com motivos alusivos ao acontecimento. que tenha se destacado notoriamente a nível Municipal, estadual
ou nacional.
TÍTULO V § 2º - É vedado ao Município modificação e denominação de
Disposições Gerais ruas e logradouros públicos com mais de vinte anos, de pessoas
ilustres, políticos e fundadores do Município.
Art. 200 – Ficam declarados tombados para o fim de preserva- Art. 210 – Fica criada, na forma da lei, a Comissão Municipal de
ção histórica os seguintes prédios: licitação conforme disposições contidas nas Constituições Federal
I – a antiga estação de Rede Ferroviária Federal; e Estadual.
II – o prédio da Escola Estadual Benedita Braga Cobra, localiza- Art. 211 – Fica o Município, na forma da Legislação Federal,
do na Av. Wilson Megale. obrigado a efetuar o pagamento geral dos servidores municipais até
Art. 201 – Ficam declarados monumentos naturais e paisagís- o quinto dia útil do mês subsequente ao seu vencimento.
ticos: Art. 212 – Serão revistos e demarcados pela Câmara Municipal
I – a Praça Alvarina Pereira Cintra; os limites e espaço territorial dos Distritos do Município.
II – a Praça Mons. Pedro Cintra; Art. 213 – É vedado ao Poder Executivo movimentar conta ban-
III – a Praça Nossa Senhora do Carmo; cária da Prefeitura fora do Município, exceto para o recebimento de
IV – a Praça Antônio Megale. verbas Estaduais e Federais.
Art. 202 – O Município articular-se-á com o Estado para promo- Art. 214 – É vedado ao Poder Executivo enviar maquinaria e
ver o recenseamento escolar. veículos do Patrimônio Público, sem o competente convênio, para
Art. 203 – O Município procederá, conjuntamente com o Esta- prestar serviços em outros Municípios.
do, o censo para o levantamento do número de deficientes, de suas Art. 215 – A lei complementar que dispuser sobre o Estatuto do
Magistério Público Municipal, atribuirá, entre outros, os seguintes
condições socioeconômicas, culturais e profissionais e das causas
direitos:
das deficiências para orientação de planejamento de ações públi-
I – recesso escolar;
cas.
II – carga horária específica para o exercente de função de co-
Art. 204 – São considerados estáveis os servidores municipais
ordenador de ensino a partir da implantação gradual de 5.ª série,
que se enquadram no disposto no artigo 19 do ato das Disposições
a ser escolhido anualmente pelos professores do mesmo currículo
transitórias da constituição da República.
escolar e conteúdos afins;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não aplica a ocupantes
III – plena liberdade de afixação e de divulgação de matéria e
de cargo, função e emprego de confiança ou em comissão, nem aos
temas de interesse da categoria ou da escola, nas salas destinadas
que a lei declara de livre exoneração, cujo tempo de serviço não
aos servidores.
será computado deste artigo, exceto se tratar de servidor. Art. 216 – É facultado a qualquer pessoa e obrigatório para
Art. 205 – São considerados feriados municipais, o dia dezes- o servidor público municipal, representar ao Ministério Público,
seis de julho, Corpus Christi e oito de dezembro, além da Sexta-feira quando for o caso, contra ato lesivo ao meio ambiente, ao patrimô-
Santa, conforme determina a Legislação Federal. nio artístico ou histórico, ao turismo ou paisagismo e aos direitos
Art. 206 – Todo agente público ou político, qualquer que seja do consumidor.
sua categoria ou natureza do cargo, obrigam-se ao empossarem e Art. 217 – Fica proibido, em todo o território do Município, a
ao serem exonerados, a declarar seus bens, sob pena de nulidade construção ou instalação de igrejas de qualquer credo, numa dis-
do pleno direito no ato da posse. tância de 500 metros uma da outra.
Art. 207 – O Prefeito fará publicar:
I – mensalmente, o balancete resumido da receita e despesa; DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
II – mensalmente, os montantes e os recursos recebidos; Art. 1º - O Prefeito, o Presidente da Câmara e os vereadores, no
III – até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, rela- ato e data da promulgação da Lei Orgânica, prestarão o compromis-
tório resumido da execução orçamentária; so de mantê-la, defendêla e cumpri-la.
IV – anualmente, até trinta dias de março pelo órgão oficial, Art. 2º - Os Conselhos Municipais constantes da Lei Orgânica
as contas da administração, constituídas do balanço financeiro or- serão instituídos por lei de iniciativa do Executivo Municipal, no pra-
çamentário e demonstrativo das variações patrimoniais em forma zo de 90 dias, contados da promulgação desta.
sintética. Art. 3º - Enquanto não for criada a imprensa oficial do Municí-
Parágrafo único. As contas previstas no Município ficarão du- pio, a publicação das Leis e Atos Municipais será feita, por fixação
rante sessenta dias, anualmente, na Prefeitura, à disposição de na Prefeitura ou na Câmara Municipal, e, a critério do Prefeito ou do
qualquer município. Presidente da Câmara, de acordo com a Lei:
Art. 208 – Fica assegurada a autonomia administrativa financei- I – na imprensa local ou regional, ou
ra e contábil do Poder Legislativo. II – na imprensa oficial do Estado, ou
III – na imprensa oficial do Município e da região.
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Art. 4º- Na ausência de norma legal específica nesta Lei Orgâni- Art. 14 - Nos oito primeiros anos da promulgação desta Lei Or-
ca, caberá ao Regimento Interno da Câmara Municipal definir, e dis- gânica, o Poder Público desenvolverá esforços, com a mobilização
por sobre a forma de tramitação das proposições, inclusive quórum de todos os setores organizados da sociedade, para eliminar o anal-
para votação, reuniões do Poder Legislativo e toda matéria concer- fabetismo e universalizar o ensino fundamental.
nente à competência deste Poder. Art. 15 – Enquanto não forem editadas as Leis necessárias à
Art. 5º - A revisão geral da Lei Orgânica Municipal será realizada regulamentação do disposto na Lei Orgânica, fica mantida a Legis-
após 1993, salvo emenda aprovada por 2/3 da Câmara Municipal. lação existente.
Art. 6º - O Poder Executivo, no prazo de trezentos e sessenta Art. 16 - A Câmara Municipal elaborará e provará, no prazo de
dias, contados da data da promulgação da Lei Orgânica Municipal, sessenta dias contados da promulgação desta Lei Orgânica, o seu
elaborará o cadastro e mapeamento do patrimônio ambiental do Regimento Interno.
Município. Art. 17 - A Lei disporá sobre a adaptação, no prazo de cinco
Art. 7º - Até a promulgação da Lei complementar Federal, o anos, dos logradouros edifícios de uso público e veículos de trans-
Município não poderá despender com seus servidores mais que porte coletivo, para garantir acesso adequado ao portador de defi-
sessenta e cinco por cento do valor de sua receita corrente. ciência nos termos do artigo 244 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Quando a respectiva despesa de pessoal exce- Art. 18 – A Lei estabelecerá critérios para a compatibilização
der o limite previsto, deverá a ele retornar, reduzindo-se o percen- dos quadros de pessoal do Município ao disposto nesta Lei Orgânica
tual à razão de um quinto por ano. e no Artigo 39 da Constituição Federal e a reforma administrativa
Art. 8º - Dentro de noventa dias da data da promulgação da Lei dela decorrente, no prazo de três meses contados de sua promul-
Orgânica, proceder-se-á à revisão dos direitos do servidor público gação.
municipal inativo e pensionista e a atualização dos proventos ou Art. 19 - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se
pensões a eles devidos, a fim de ajustá-los ao disposto na Lei Orgâ- refere o artigo 159, I e II da Constituição Estadual, serão aplicadas
nica e na Constituição Federal. as seguintes normas:
Art. 9º - O Poder Executivo reavaliará todas as isenções, incen- I – o projeto de Lei Orçamentária do Município e o Plano Plu-
tivos e benefícios fiscais em vigor e proporá ao Poder Legislativo as rianual serão encaminhados até três meses antes do encerramento
medidas cabíveis. do exercício financeiro e devolvidos para a sanção até o término da
Parágrafo único. Considerar-se-ão revogados, após seis meses, sessão legislativa;
contados da data da promulgação da Lei Orgânica, os incentivos II – o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será encami-
que não forem confirmados por lei. nhado até sete meses e meio antes do encerramento do exercício
Art. 10º - Serão revistos pela Câmara, nos dezoito meses conta- financeiro e devolvido para sanção até o término do primeiro perí-
dos da data da promulgação da Lei Orgânica, a doação, venda, per- odo da sessão legislativa.
muta, doação em pagamento e cessão, a qualquer título de imóvel Art. 20 - O Poder Executivo deverá instalar Matadouro Muni-
público, realizado de primeiro de janeiro de 1980 até a mencionada cipal no prazo de 24 meses a contar da data de promulgação desta
data. Verificada a ilegalidade do ato, ou desvio de finalidades, será Lei Orgânica.
o mesmo passível de anulação pela Câmara Municipal. Art. 21 – O Município, na forma da lei, implantará o sistema de
§ 1º - A revisão obedecerá aos critérios da legalidade e da con- cooperativismo, que tem por fim o benefício de repasse pela redu-
veniência com o interesse público, os bens reverterão ao Patrimô- ção de preços para seus servidores, a partir de primeiro de janeiro
nio do Município. de 1991.
§ 2º - Verificada a lesão ao Patrimônio Público e a impossibi- Art. 22 – O Município deverá criar cursos noturnos nas escolas
lidade de reversão, o Poder Executivo tomará as medidas judiciais municipais rurais, destinados à alfabetização e ao incremento do
cabíveis, e se não o fizer, no prazo de trinta dias, cabe à Mesa da ensino fundamental na zona rural sempre que houver demanda de
Câmara tomar as providências necessárias sob pena também de alunos.
responsabilidade. Art. 23 – O primeiro Plano Bienal da Educação a que se refere
§ 3º - Fica o Prefeito obrigado, nos primeiros seis meses de pra- o artigo 147, inciso I, desta Lei Orgânica, começará a ser elaborado
zo referido no artigo, a remeter à Câmara todas as informações e em abril de 1991.
documentos, bem como, a qualquer tempo, colocar à disposição Art. 24 - O Município promoverá edição popular de texto inte-
dela os recursos humanos, materiais financeiros necessários ao de- gral da Lei Orgânica, que será posto, gratuitamente, à disposição da
sempenho da tarefa, sob pena de responsabilidade. sociedade bordamatense, dos órgãos e entidades da administração
§ 4º - As despesas previstas para o trabalho de revisão, serão pública municipal, escolas, igrejas, sindicatos e outras instituições
consignadas nos orçamentos dos Poderes Executivo e Legislativo. representativas da sociedade.
Art. 11 - O Município promoverá a ampliação, recuperação e Art. 25 - A Câmara Municipal encaminhará mediante aviso de
aparelhamento das unidades municipais de ensino, no prazo máxi- recebimento, exemplares desta Lei Orgânica ao Executivo, ao Tribu-
mo de doze meses posteriores à promulgação da Lei Orgânica. nal de Contas e de Justiça do Estado, às Bibliotecas Nacional, Esta-
Art. 12 - O Município, no ano de 1992, deverá iniciar a implan- dual e Municipal, para arquivamento e consultas.
tação gradual em suas escolas municipais de 5.ª a 8.ª séries. Art. 26 - O passe estudantil a que se refere o artigo 151, pará-
Art. 13 – O Município terá o prazo de trezentos e sessenta dias grafo único, será regulamentado por Lei a partir de janeiro de 1991.
para promulgar: Art. 27 - Fica estabelecido o prazo de um ano, a partir da pro-
I – o Código Tributário Municipal; mulgação desta Lei, para cumprimento das disposições do artigo
II – o Código de Obras; 32, parágrafo único da presente Lei.
III – o Código de Posturas;
IV – o Estatuto do Servidor Público Municipal; “Nossos objetivos: assegurar o pleno exercício dos direitos so-
V - o Estatuto do Magistério; ciais, individuais e os valores do ser humano, integrado na comuni-
VI – a Lei de Parcelamento, uso me Ocupação do Solo; dade onde vive.”
VII – a Lei Orgânica instituidora da Guarda Municipal;
VIII – o Plano Diretor.
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§ 2º - Lei específica ou o edital do respectivo concurso, obser-
ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DE BORDA vada a legislação federal, poderá definir os critérios para admissão
DA MATA de estrangeiros no serviço público.
Art. 8º. O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante
ato da autoridade competente de cada Poder e do dirigente supe-
rior de autarquia ou de fundação pública.
Art. 9º. A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
LEI Nº. 1.611/2010 QUE “DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS Art. 10. São formas de provimento no cargo público:
SERVIDORES PÚBLICOS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUI- I - nomeação;
CAS E FUNDACIONAL DO MUNICIPIO DE BORDA DA MATA – MG”. II - promoção;
III - readaptação;
Proposição de Lei nº 389/2010. IV - reversão;
V - reintegração;
Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos da Adminis- VI – recondução;
tração direta, autárquica e fundacional do Município de Borda da VII – aproveitamento.
Mata.
Seção II
O Prefeito Municipal de Borda da Mata, Estado de Minas Ge- Do Concurso Público
rais, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona a
seguinte Lei. Art. 11. O concurso público para investidura em cargo públi-
co de provimento efetivo será de provas ou de provas e títulos, de
TÍTULO I acordo com a natureza e a complexidade do cargo.
DO REGIME JURÍDICO Art. 12. O concurso terá validade de até 2 (dois) anos, prorrogá-
vel, uma vez, por igual período.
Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos Art. 13. As normas gerais para a realização do concurso serão
do Município de Borda da Mata, compreendidos os servidores do fixadas em edital, que será publicado na sede da Prefeitura e na
Executivo e do Legislativo, das autarquias e das fundações públicas Câmara Municipal, e em jornal de grande circulação na cidade, e,
do Município. órgão oficial de imprensa, por no mínimo, 90 (noventa) dias antes
Art. 2º. Para os efeitos desta Lei, são servidores públicos aque- da realização do concurso. (Emenda nº. 01 de 2010)
les legalmente investidos em cargo público de provimento efetivo Parágrafo único - Do edital do concurso deverão constar, entre
ou de provimento em comissão. outros, os seguintes requisitos:
Art. 3º. Cargo público é o conjunto de atribuições, deveres e I - o prazo de validade do concurso;
responsabilidades cometido ao servidor público, criado por lei, com II - os requisitos a serem satisfeitos pelos candidatos, tal como
denominação própria, número certo e vencimento a ser pago pelos o grau de instrução exigível, a ser comprovado no momento da pos-
cofres públicos. se, mediante apresentação de documentação competente;
Art. 4º. Classes são os graus dos cargos, hierarquizados em car- III - número de vagas a serem preenchidas nos respectivos car-
reira, que representam as perspectivas de desenvolvimento funcio- gos públicos, distribuídas por especialização ou disciplina, quando
nal. for o caso, com o respectivo vencimento do cargo.
Art. 5º. Carreira é a estruturação dos cargos em classes. Art. 14. Não se abrirá novo concurso público enquanto a ocu-
Art. 6º. Quadro de pessoal é o conjunto de cargos de carreira, pação do cargo puder ser feita por servidor em disponibilidade ou
cargos isolados, cargos de provimento em comissão e funções grati- por candidato aprovado em concurso com prazo de validade ainda
ficadas existentes na Prefeitura Municipal de Borda da Mata. não expirado.
Art. 15. É assegurado às pessoas portadoras de deficiência o
TÍTULO II direito de se inscrever em concurso público para provimento de car-
DO PROVIMENTO E DO EXERCÍCIO gos cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que
CAPÍTULO I são portadoras, reservando-se-lhes 5% (cinco por cento) das vagas
DO PROVIMENTO oferecidas no concurso. (Emenda nº. 02 de 2010)
Seção I §1º Quando a aplicação do percentual de reserva de vagas re-
Disposições Gerais sultar em número fracionado igual ou superior a 0,25 (vinte e cinco
décimos) será garantida uma vaga do cargo objeto do concurso pú-
Art. 7º. São requisitos básicos para a investidura em cargo pú- blico para as pessoas portadoras de deficiência.
blico: § 2º - As vagas reservadas para portadores de necessidades es-
I - nacionalidade brasileira; pecial, não preenchidas, poderão ser remanejadas para os demais
II - gozo dos direitos políticos; candidatos.
III - regularidade com as obrigações militares e eleitorais;
IV - nível de escolaridade exigido para exercício do cargo; Seção III
V – possuir habilitação legal para o exercício do cargo; Da Nomeação
VI - idade mínima de 18 (dezoito) anos; Subseção I
VII - condições de saúde física e mental compatíveis com o exer- Disposições Gerais
cício do cargo ou função, de acordo com prévia inspeção médica;
VIII – não estar incompatibilizado para o serviço público em ra- Art. 16. A nomeação far-se-á:
zão de penalidade sofrida. I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado ou de
§ 1º - As atribuições do cargo podem justificar a exigência de carreira;
outros requisitos estabelecidos em lei.
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II - em comissão, para cargos de livre nomeação e exoneração. Art. 22. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
III – em função gratificada, exercida exclusivamente por servi- cargo.
dores ocupantes de cargos efetivos. § 1º - É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor entrar em
Art. 17. A nomeação para cargo de provimento efetivo depen- exercício, contado:
de de prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- I - da posse;
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo, II - da publicação oficial do ato, no caso de reintegração e re-
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de validade. versão.
Parágrafo único - Os demais requisitos para o ingresso e o de- § 2º - Cabe à autoridade competente do órgão ou entidade
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão para onde for nomeado ou designado o servidor dar-lhe exercício.
estabelecidos no plano de cargos, carreiras e vencimentos. § 3º - Será exonerado o servidor empossado que não entrar em
Art. 18. Os cargos em comissão destinam-se às atribuições de exercício no prazo previsto no § 1º deste artigo.
direção, chefia e assessoramento e serão providos mediante livre Art. 23. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer-
escolha da autoridade competente de cada Poder, assegurado o cício serão registrados no assentamento individual do servidor.
provimento por servidores de carreira nos casos, condições e per- § 1º - Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao órgão
centuais previstos em lei. competente os elementos necessários ao seu assentamento indi-
Parágrafo único - O servidor efetivo estável, nomeado para car- vidual.
go em comissão, receberá a remuneração do cargo comissionado, § 2º - A promoção, a readaptação e a recondução não inter-
asseguradas as vantagens decorrentes do cargo efetivo, sendo que rompem o exercício.
estas vantagens incidirão apenas sobre o cargo efetivo. (Emenda
nº.03 de 2010) Subseção III
Art. 19. As funções gratificadas, exercidas exclusivamente por Do Estágio Probatório
servidores ocupantes de cargo efetivo, destinam-se ao desempe-
nho das atribuições de direção, chefia e assessoramento para as Art. 24. O servidor nomeado para cargo de provimento efeti-
quais não se tenha criado cargo em comissão. vo ficará sujeito a estágio probatório pelo período de 3 (três) anos,
Parágrafo único - A vantagem paga pelo exercício de função durante o qual serão avaliadas sua aptidão e capacidade para o de-
gratificada não será incorporada ao vencimento do cargo efetivo. sempenho do cargo.
§ 1º - Constitui condição necessária à aquisição de estabilidade,
Subseção II nos termos do art. 41, § 4º da Constituição da República de 1988,
Da Posse e do Exercício a avaliação especial de desempenho, a ser procedida nos termos
estabelecidos nesta Subseção.
Art. 20. A posse dar-se-á com a assinatura, pela autoridade § 2º - O órgão competente de cada Poder e das entidades da
competente e pelo empossado, do respectivo termo, no qual de- Administração indireta dará prévio conhecimento aos servidores
verão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os dos critérios, normas e padrões a serem utilizados para a avaliação
direitos inerentes ao cargo ocupado, que resultarão aceitos, com especial de desempenho de que trata esta Subseção.
compromisso de bem servir. Art. 25. A avaliação especial de desempenho, durante o perí-
§ 1º - A posse ocorrerá no prazo de até 15 (quinze) dias conta- odo de estágio probatório, ocorrerá, a cada 12 (doze) meses nos
dos da publicação do ato de provimento, podendo esse prazo ser moldes do decreto, garantindo-se a indicação de 1/3 (um terço) dos
prorrogado, uma única vez, por igual período. membros pelos representantes dos trabalhadores, mediante a ob-
§ 2º - Em se tratando de servidor em gozo de licença, ou afas- servância dos seguintes critérios de julgamento: (Emenda nº.04 de
tado por qualquer outro motivo legal, o prazo será contado do tér- 2010)
mino do impedimento. I - produtividade no trabalho: capacidade do servidor produzir
§ 3º - Somente haverá posse no caso de provimento por no- resultados adequados às atribuições do respectivo cargo;
meação. II - qualidade e eficiência no serviço: capacidade do servidor de
§ 4º - No ato da posse, o servidor apresentará, obrigatoriamen- desenvolvimento normal das atividades de seu cargo com exatidão,
te, declaração: ordem e esmero;
I - dos bens e valores que constituem seu patrimônio; III - iniciativa: ação independente do servidor na execução de
II - de exercício de outro cargo, emprego ou função pública, suas atividades, apresentação de sugestões objetivando a melhoria
especificandoo, quando for o caso. do serviço e iniciativa de comunicação a respeito de situações de
§ 5º - Na hipótese de se verificar, posteriormente, que quais- interesse do serviço que se encontrem fora de sua alçada;
quer das declarações referidas nos incisos I e II do parágrafo ante- IV - assiduidade: maneira como o servidor cumpre o expedien-
rior são falsas, o servidor empossado responderá a processo admi-
te, exercendo o respectivo cargo sem faltas injustificadas;
nistrativo disciplinar, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
V - pontualidade: maneira como o servidor observa os horários
§ 6º - Será tornado automaticamente sem efeito o ato de pro-
de trabalho, evitando atrasos injustificados e saídas antecipadas;
vimento se a posse não ocorrer nos prazos previstos nos §§ 1º e 2º
VI – relacionamento: habilidade do servidor para interagir com
deste artigo.
os usuários do serviço, ou órgãos externos, buscando a convivência
§ 7º - São competentes para dar posse:
harmoniosa necessária à obtenção de bons resultados;
I – o Prefeito e o Presidente da Câmara.
VII - interação com a equipe: cooperação e colaboração do ser-
II – os Secretários Municipais, por delegação.
vidor na execução dos trabalhos em grupo;
III – as autoridades dirigentes das autarquias e fundações pú-
VIII - interesse: ação do servidor no sentido de desenvolver-se
blicas municipais.
Art. 21. A posse em cargo público dependerá de prévia inspe- profissionalmente, buscando meios para adquirir novos conheci-
ção médica oficial que avalie a aptidão física e mental do servidor mentos dentro de seu campo de atuação, e mostrando-se receptivo
para o exercício do cargo. às críticas e orientações;

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IX - disciplina e idoneidade: atendimento pelo servidor às nor- § 6º - Se as autoridades competentes considerarem cabível a
mas legais, regulamentares e sociais e aos procedimentos da unida- exoneração do servidor, será publicado o respectivo ato de exone-
de de serviço de sua lotação. ração, caso contrário, será publicada a ratificação do ato de nome-
§ 1º - A avaliação especial de desempenho durante o estágio ação.
probatório, objeto de decreto próprio, poderá ser diferenciada de Art. 29. O servidor em estágio probatório será exonerado ou
acordo com as características do cargo e da unidade da respectiva reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, se ficar comprova-
lotação. da, administrativamente, sua incapacidade ou inadequação para as
§ 2º - Em todas as fases de avaliação do estágio probatório será atribuições do cargo público.
assegurada a ampla defesa ao servidor avaliado. Art. 30. O resultado da avaliação e o respectivo ato de estabili-
§ 3º - A mera alegação de injustiça não configura ampla defesa. zação ou de exoneração serão informados ao interessado.
Art. 26. A avaliação especial de desempenho será realizada por Parágrafo único. É vedada a publicação desse resultado e do
uma Comissão de Avaliação de Desempenho – CAD, nos moldes do respectivo ato em jornal de grande circulação ou em órgão local da
respectivo decreto. imprensa oficial.
§ 1º - A comissão será composta por 3 (três) servidores está- Art. 31. O procedimento de avaliação do servidor em estágio
veis, a participação de 1 (um) servidor efetivo de nível hierárquico probatório será arquivado em pasta ou base de dados individual,
superior ao do servidor avaliado, e 1 (um) representante do sindica- permitida a consulta pelo servidor, a qualquer tempo.
to. (Emenda nº.06 de 2010) Art. 32. Durante o período de cumprimento do estágio proba-
§ 2º-Não poderá participar da CAD: cônjuge, convivente ou pa- tório o servidor não poderá afastar-se do cargo para qualquer fim,
rente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até terceiro exceto para gozo de férias e licenças para tratamento de saúde, por
grau, do servidor avaliado. (Emenda nº.05 de 2010) acidentes de serviço, à gestante, lactante, adotante e paternidade.
§ 3º - Havendo previsão de uma comissão de desenvolvimento Art. 33. O servidor estável que for nomeado, após concurso pú-
funcional na lei que instituir o plano de cargos, carreiras e venci- blico, para outro cargo de provimento efetivo não ficará dispensado
mentos, poderá ficar a seu cargo a avaliação de desempenho do de novo estágio probatório.
servidor em estágio probatório. Art. 34. Na hipótese de acumulação legal, o estágio probatório
§ 4º - A Comissão Coordenadora, instituída nos moldes do de- deverá ser cumprido em relação a cada cargo para o qual o servidor
creto, será incumbida de:
tenha sido nomeado.
I – apreciar os recursos interpostos contra as decisões da CAD;
II – orientar e supervisionar o processo de avaliação de desem-
Subseção IV
penho;
Da Estabilidade
III – resolver eventuais discordâncias havidas entre os mem-
bros da CAD.
§ 5º - A Comissão Coordenadora será composta nos moldes do Art. 35. Os servidores nomeados em virtude de concurso públi-
§ 1º deste artigo. co são estáveis após 3 (três) anos de efetivo exercício.
Art. 27. Observados os critérios estabelecidos no art. 25, a CAD Parágrafo único - A aquisição da estabilidade está condicionada
adotará os seguintes conceitos de avaliação: à aprovação em estágio probatório, mediante avaliação especial de
I – excelente; desempenho, na forma prevista nos arts. 25 e seguintes.
II – bom; Art. 36. O servidor estável só perderá o cargo:
III – regular; I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
IV – insatisfatório. II - mediante processo administrativo disciplinar, assegurada
Art. 28. Será reprovado no estágio probatório o servidor que ampla defesa;
receber ao final das 3 (três) avaliações parciais: III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
I – 2 (dois) conceitos de desempenho insatisfatório ou; penho funcional, na forma do plano de cargos e carreiras, assegu-
II – 3 (três) conceitos de desempenho regular. rada ampla defesa;
§ 1º - Finda a última avaliação parcial de desempenho, a CAD IV – excepcionalmente, quando houver a necessidade de redu-
emitirá, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, parecer, aprovando ou ção de pessoal, na forma do art. 169, §§ 3º e 4º da Constituição da
reprovando o servidor no estágio probatório, considerando e indi- República, da Lei Complementar nº. 101/00.
cando, exclusivamente, os critérios e normas estabelecidas nesta Parágrafo único - O servidor que perder o cargo na forma do
Subseção. inciso IV deste artigo fará jus à indenização correspondente a um
§ 2º - O servidor em estágio probatório será notificado do pare- mês de remuneração por ano de serviço.
cer em 10 (dez) dias úteis, a partir de sua emissão. (Emenda nº.07
de 2010) Seção IV
§ 3º - O servidor poderá requerer, à respectiva CAD, reconsi- Da Promoção
deração do resultado da avaliação, no prazo de 10 (dez) dias úteis,
contados a partir da data de sua ciência, com igual prazo para a Art. 37. Promoção é a elevação do servidor à classe imediata-
decisão.
mente superior àquela a que pertence, na mesma carreira, desde
§ 4º - Caberá recurso à Comissão Coordenadora, contra a de-
que comprovada, mediante avaliação prévia, sua capacidade para
cisão sobre o pedido de reconsideração, no prazo de 10 (dez) dias
exercício das atribuições da classe correspondente.
úteis, contados da data da ciência do resultado da avaliação ou do
Art. 38. A promoção não interrompe nem suspende o tempo
pedido de reconsideração, com igual prazo para decisão.
§ 5º - Em caso de recurso, a CAD encaminhará o parecer, as de exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira.
avaliações parciais de desempenho e eventuais pedidos de recon- Art. 39. Os critérios de avaliação do servidor para efeito de pro-
sideração à Comissão Coordenadora para emissão de novo parecer moção serão estabelecidos pela lei que instituir o plano de cargos,
que será enviado às autoridades competentes que decidirão sobre carreiras e vencimentos.
a estabilização ou a exoneração do servidor avaliado.
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Seção V Parágrafo único - Encontrando-se provido o cargo anterior, o
Da Readaptação servidor será aproveitado em outro de atribuições e vencimentos
compatíveis, respeitada a habilitação legal exigida, ou colocado em
Art. 40. Readaptação é a investidura do servidor estável em car- disponibilidade, observado o disposto nos arts. 46 e seguintes.
go de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação
que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, verificada CAPÍTULO II
em inspeção médica. DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
§ 1º - O servidor julgado incapaz para o serviço público será
aposentado pelo órgão gestor da previdência social, na forma da Art. 46. Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
legislação previdenciária. servidor estável ficará em disponibilidade remunerada, recebendo
§ 2º - O servidor será colocado em disponibilidade quando não a sua remuneração permanente, até o seu adequado aproveita-
houver cargo vago, observados os arts 46 e seguintes, devendo ser mento. (Emenda nº.10 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTI-
aproveitado tão logo haja vacância de cargo compatível com a sua GO SUSPENSO – ADI Nº. 1.0000.10.020020-3/000
capacidade. Art. 47. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
§ 3º - Em qualquer hipótese, a readaptação não poderá acarre- far-se-á, mediante aproveitamento obrigatório, em caso de vacân-
tar aumento ou redução dos vencimentos do servidor. cia de cargo de atribuições e vencimento compatíveis com o ante-
riormente ocupado.
Seção VI § 1º - O órgão de pessoal determinará o imediato aproveita-
Da Reversão mento do servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer
em órgão ou entidade da Administração municipal.
§ 2º - No aproveitamento terá preferência o servidor que esti-
Art. 41. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-
ver há mais tempo em disponibilidade e, no caso de empate, o que
tado por invalidez quando declarados, mediante inspeção médica,
contar mais tempo de serviço público municipal.
insubsistentes os motivos determinantes da aposentadoria.
Art. 48. O aproveitamento de servidor que se encontre em dis-
Art. 42. A reversão far-se-á, de ofício ou a pedido, no mesmo ponibilidade dependerá de prévia comprovação de sua capacidade
cargo anteriormente ocupado ou no cargo resultante de sua trans- física e mental, mediante inspeção médica.
formação. § 1º - Se julgado apto, mediante inspeção médica, o servidor
§ 1° - O servidor que reverter à atividade terá o prazo de 10 assumirá o exercício do cargo em até 15 (quinze) dias contados da
(dez) dias contados da publicação do ato de reversão, para assumir publicação do ato de aproveitamento.
o exercício do cargo, sob pena de perda do cargo. § 2º - Verificando-se a redução da capacidade física ou mental
§ 1° - (Emenda nº.09 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO do servidor que inviabilize o exercício das atribuições antes desem-
§ 2° – Encontrando-se provido ou extinto o cargo, o servidor penhadas, observar-se-á o disposto no art. 40.
será colocado em disponibilidade, até a ocorrência de vaga. § 3º - Constatada, através de inspeção médica, a incapacidade
Art. 43. Para que a reversão possa efetivar-se, é necessário que definitiva para o exercício de qualquer atividade no serviço público,
o aposentado não tenha completado 70 (setenta) anos de idade. o servidor em disponibilidade será aposentado pelo órgão gestor de
previdência social, na forma da legislação previdenciária.
Seção VII Art. 49. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
Da Reintegração disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo esta-
belecido no § 1º do art. 48, salvo em caso de doença comprovada
Art. 44. Reintegração é a reinvestidura do servidor estável con- em inspeção médica.
cursado no cargo anteriormente ocupado ou no cargo resultante
de sua transformação, quando invalidada sua demissão por decisão CAPÍTULO III
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens DA MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL
e reconhecimento dos direitos inerentes ao cargo. Seção I
§ 1º- O servidor reintegrado será submetido à inspeção médi- Da Remoção
ca, verificada a sua incapacidade será aposentado no cargo em que
houver sido reintegrado. Art. 50. Remoção é o ato pelo qual o servidor passa a ter exer-
§ 2º - Na hipótese do cargo ter sido extinto, o servidor será cício em outro órgão ou entidade da Administração municipal, no
âmbito do mesmo quadro de pessoal.
reintegrado em outro de atribuições análogas e de igual vencimen-
§ 1º - Dar-se-á a remoção:
to ou ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 46
I - de ofício, no interesse da Administração;
e seguintes.
II – por permuta;
§ 3º - Encontrando-se provido o cargo, seu eventual ocupante
III – a pedido do servidor.
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, § 2º - A remoção de ofício ocorrerá para ajustamento de lo-
aproveitado em outro cargo de atribuições e vencimentos compatí- tação e da força de trabalho às necessidades do serviço, inclusive
veis ou, ainda, posto em disponibilidade remunerada. nos casos de reorganização da estrutura interna da Administração
municipal, desde que devidamente fundamentada. (Emenda nº.11
Seção VIII de 2010)
Da Recondução § 3º - A remoção por permuta de servidores será precedida de
requerimento de ambos os interessados e observará a compatibili-
Art. 45. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo dade dos cargos, a carga horária, a área de atuação e a conveniência
anteriormente ocupado, em casos de: da Administração.
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; § 4º - A remoção a pedido fica condicionada à existência de
II - reintegração do anterior ocupante. vagas e à conveniência da Administração.
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§ 5º - O servidor removido durante as férias não a interrom- I - exoneração;
perá. II - demissão;
III - promoção;
Seção II IV - readaptação;
Da Redistribuição V - aposentadoria;
VI - posse em outro cargo inacumulável;
Art. 51. Redistribuição é o deslocamento de servidor efetivo, VII - falecimento.
com o respectivo cargo, para o quadro de pessoal de outro órgão ou Art. 58. A vaga ocorrerá na data:
entidade da Administração municipal, no âmbito do mesmo Poder. I - do falecimento do ocupante do cargo;
§ 1º. A redistribuição ocorrerá de ofício para ajustamento de II - imediata àquela em que o servidor completar 70 (setenta)
quadros de pessoal às necessidades do serviço, inclusive nos casos anos de idade;
de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade da Ad- III - da publicação do ato que aposentar, exonerar, demitir ou
ministração municipal. conceder promoção;
§ 2º. A redistribuição dar-se-á mediante decreto ou portaria. IV - da posse em outro cargo de acumulação proibida.
§ 3º. Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en- Art. 59. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser-
tidade, os servidores estáveis que não puderem ser redistribuídos vidor ou de ofício.
serão colocados em disponibilidade, observado o disposto nos arts. § 1º - A exoneração de ofício ocorrerá:
46 e seguintes. I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório,
assegurada ampla defesa;
Seção III II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
Da Cessão exercício no prazo estabelecido;
III - quando houver necessidade de redução de pessoal, em
Art. 52. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em ou- cumprimento ao limite de despesa estabelecido na Lei Comple-
tro órgão municipal, no âmbito de quadro de pessoal diverso, para mentar nº 101/00, na forma do art. 169, § 3º, II da Constituição da
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito República.
Federal ou de outro Município, nas seguintes hipóteses: § 2º - A exoneração do cargo em comissão dar-se-á a juízo da
I – para exercício de cargo em comissão ou função gratificada; autoridade competente ou a pedido do servidor.
II – em casos previstos em leis específicas; § 3º - O ocupante de cargo em comissão poderá ser exonerado
§ 1º - A cessão será formalizada em termo específico firmado no curso do gozo de férias ou licença, garantindo-lhe a remunera-
pelas autoridades competentes dos órgãos ou entidades cedentes ção correspondente até o término das férias ou licença.
e cessionários. Art. 60. A demissão a que se refere este artigo será precedida
§ 2º - Será publicada mediante portaria em órgão oficial de im- de processo administrativo, assegurando-se ao servidor ampla de-
prensa. fesa, na forma regulada por esta Lei.
§ 3º - O ônus da remuneração e encargos serão preferencial- Art. 61. São competentes para exonerar e demitir, as autorida-
mente do órgão ou entidade cessionário, ficando a critério da Ad- des indicadas no art. 20, parágrafo 7º desta Lei.
ministração determinar diferente no termo de cessão. Art. 62. A demissão resulta de penalidade imposta ao servidor.
§ 4º - A cessão tem caráter excepcional e pode ser concedida Parágrafo único - A apuração e a constatação de abandono do
pelo prazo de até 2 (dois) anos, prorrogável uma única vez. cargo por mais de 30 (trinta) dias, assegurada a ampla defesa, gera
a demissão do servidor.
CAPÍTULO IV
DA SUBSTITUIÇÃO CAPÍTULO VI
DO TEMPO DE SERVIÇO
Art. 53. Os servidores ocupantes de cargo em comissão ou in-
vestidos em função gratificada terão substitutos indicados por ato Art. 63. O início, a interrupção, e o reinício do exercício de cargo
normativo ou previamente designados pela autoridade competen- ou função serão registrados no assentamento individual do servi-
te. dor.
Art. 54. Os servidores efetivos serão substituídos, preferencial- § 1º - Antes de entrar em exercício, o servidor apresentará ao
mente, por servidores do quadro efetivo, desde que as atribuições órgão competente da Administração os documentos necessários à
dos cargos sejam equivalentes ou semelhantes. abertura de seu assentamento individual.
Parágrafo único – Durante a substituição o servidor substituto § 2º - O início do exercício e as alterações que nele ocorrerem
poderá optar pelos vencimentos do cargo efetivo de origem ou do serão comunicados ao órgão competente da Administração pelo ti-
cargo exercido em substituição, neste último caso, pago na propor- tular da unidade administrativa em que estiver lotado o servidor.
ção dos dias de efetiva substituição. Art. 64. O servidor entrará em exercício no prazo de até 15
Art. 55. O servidor substituto fará jus à retribuição pelo exer- (quinze) dias, contados da data:
cício de cargo comissionado ou de função de confiança, paga na I - da posse, no caso de nomeação;
proporção dos dias de efetiva substituição, salvo se optar pelos ven- II - de publicação oficial do ato, nos demais casos.
cimentos do seu cargo efetivo. Parágrafo único - Será exonerado de ofício o servidor empossa-
Art. 56. A substituição, quando possível, dar-se-á de forma au- do que não entrar em exercício no prazo previsto neste artigo.
tomática, nos afastamentos ou impedimentos regulares do titular. Art. 65. O aproveitamento e a readaptação não interrompem
o exercício, que será contado no novo cargo a partir da validade do
CAPÍTULO V ato.
DA VACÂNCIA Art. 66. O servidor removido para outra unidade administrativa
terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contado da data da publi-
Art. 57. A vacância do cargo público decorrerá de: cação do respectivo ato, para reiniciar as suas atividades.
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Parágrafo Único – No período de férias, licença ou afastamento II - ao servidor ocupante de cargo em comissão, submetido ao
legal do cargo, esse prazo será interrompido. regime de dedicação integral ao serviço, podendo ser convocado a
Art. 67. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que critério da Administração;
serão convertidos em anos, considerado o ano de 365 (trezentos e Art. 72. A frequência do servidor será apurada através de re-
sessenta e cinco) dias. gistro de ponto
Parágrafo único – O tempo de serviço será comprovado através § 1º - Ponto é o registro pelo qual se verificará, diariamente, as
do registro de frequência, da folha de pagamento ou de certidões. entradas e saídas do servidor.
Art. 68. Além das ausências ao serviço previstas no art. 166, § 2º - Nos registros de ponto deverão ser lançados todos os
serão considerados como de efetivo exercício os afastamentos em elementos necessários à apuração da frequência.
virtude de: Art. 73. É vedado dispensar o servidor do registro de ponto e
I - férias; abonar faltas ao serviço, salvo nos casos expressamente previstos
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente em órgão ou em lei ou decreto.
entidade federal, estadual, distrital ou municipal; § 1º - Os servidores comissionados trabalham em regime de
IIII - desempenho de mandato eletivo federal, estadual ou mu- dedicação integral e não serão submetidos ao registro de ponto.
nicipal, exceto para promoção; § 2º - A falta abonada é considerada, para todos os efeitos, pre-
IV - licenças: sença ao serviço.
a) para tratamento de saúde; § 3º - O abono de faltas ao serviço será de competência do titu-
b) à gestante, à lactante, à adotante e a paternidade; lar da unidade administrativa onde estiver lotado o servidor.
c) licença por motivo de doença em pessoa da família; Art. 74. O servidor terá direito a repouso remunerado, aos sá-
d) por acidente em serviço ou doença profissional; bados e domingos, bem como nos dias de feriados civil e religioso,
e) para o serviço militar ou encargo de segurança nacional, júri exceto no caso do inciso I do parágrafo único do art. 71, que rece-
e outros serviços obrigatórios por lei; berão indenização, de forma dobrada pelos feriados dias trabalha-
f) para concorrer a cargo eletivo; dos. (Emenda nº.13 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO
g) exercício de mandato classista; (Emenda nº.12 de 2010) SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
h) prêmio. § 1º - A remuneração do dia de repouso corresponderá a um
VII – missão a trabalho fora do Município, desde que autoriza- dia normal de trabalho para cada semana trabalhada.
do pela autoridade competente; § 2º - Perderá a remuneração do repouso de que trata este ar-
VIII - afastamento preventivo por processo disciplinar se o ser- tigo o servidor que, durante a semana, não comparecer ao serviço
vidor nele for declarado inocente, ou se a punição limitar-se à pena sem motivo justificado, observado o disposto no art. 89.
de advertência; Art. 75. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda
de 6 (seis) horas, conceder-se-á um intervalo, de 1 (uma) a 2 (duas)
IX – prisão, se houver sido reconhecida a sua ilegalidade ou a
horas, para repouso ou alimentação.
improcedência da imputação que lhe deu causa.
Art. 76. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mí-
Art. 69. Contar-se-á para efeito de disponibilidade:
nimo de (onze) horas consecutivas para descanso.
I – o tempo de serviço público prestado à União, aos Estados,
Art. 77. O trabalho desenvolvido excepcionalmente aos sába-
ao Distrito Federal e aos Municípios;
dos e domingos será compensado com o correspondente descanso
II – a licença para tratamento de saúde de pessoa da família do
em dias úteis da semana, garantindo-se, pelo menos, o descanso
servidor;
em um domingo ao mês.
III – licença para tratamento da própria saúde;
Art. 78. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
IV – o período em que estiver cedido para outro órgão, Poder do serviço na forma do art. 162.
ou ente da Federação. Art. 79. O período de serviço extraordinário não está compre-
V – o tempo de serviço em atividade privada, vinculada ao Re- endido nos limites previstos no art. 71, devendo ser remunerado
gime Geral de Previdência Social e não concomitante ao serviço pú- com o adicional previsto no art.
blico municipal; § 1º - Somente será permitido o serviço extraordinário quan-
Art. 70. É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço do autorizado e requisitado justificadamente pela chefia imediata,
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de para atender a situações excepcionais e temporárias, não podendo
órgãos ou entidades dos Poderes da União, do Estado, do Distrito exceder o limite máximo de 2 (duas) horas diárias.
Federal e dos Municípios. § 2º - O período de serviço extraordinário poderá exceder o
limite máximo previsto no § 1º deste artigo, para atender à rea-
TÍTULO III lização de serviços inadiáveis, ou cuja inexecução possa acarretar
DOS DIREITOS E VANTAGENS prejuízo manifesto à Administração, desde que haja autorização ex-
CAPÍTULO I pressa da autoridade competente.
DA JORNADA DE TRABALHO § 3º - Poderá ser adotado o sistema de compensação de ho-
rários, desde que atendida a conveniência da Administração, a ne-
Art. 71. A jornada normal de trabalho dos servidores munici- cessidade de serviço e concedido o adicional Legal. (Emenda nº.14
pais será fixada, em lei local, tendo em vista as atribuições pertinen- de 2010)
tes aos respectivos cargos, não podendo ultrapassar 44 (quarenta § 4º - A compensação a que se refere o § 3º deste artigo será
e quatro) horas semanais, nem 8 (oito) horas diárias, facultada a em dobro, em se tratando de serviço extraordinário executado aos
compensação de horários e a redução da jornada mediante lei. sábados, domingos e feriados.
Parágrafo único - O disposto no caput deste artigo não se apli-
ca:
I - à jornada de trabalho fixada em regime de turno, quando
necessária para assegurar o funcionamento dos serviços públicos
ininterruptos, respeitado o limite semanal;
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CAPÍTULO II CAPÍTULO III
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO DAS VANTAGENS
Seção I
Art. 80. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício Disposições Gerais
de cargo público, com valor fixado em lei, não inferior a um salá-
rio mínimo, com reajustes periódicos, que lhe preservem o poder Art. 91. Por vantagem compreende-se todo estipêndio diverso
aquisitivo sendo vedada a sua vinculação ou equiparação para qual- do vencimento recebido pelo servidor e que represente efetivo pro-
quer fim, nos termos do art. 37, inciso XIII, da Constituição Federal. veito econômico.
(Emenda nº.15 de 2010) Art. 92. São vantagens a serem pagas aos servidores:
Art. 81. Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das I – gratificações;
vantagens pecuniárias, permanentes ou temporárias, estabelecidas II - adicionais;
em lei. Art. 93. As vantagens de que trata este Capítulo não se incor-
Art. 82. O vencimento do ocupante de cargo público, acrescido porarão aos vencimentos dos servidores, ressalvado o adicional por
das vantagens pecuniárias permanentes, é irredutível, observado o tempo de serviço.
disposto no art. 37, XV da Constituição da República. Art. 94. As vantagens previstas neste capítulo não serão com-
Art. 83. A remuneração devida ao servidor não poderá ser infe- putadas nem acumuladas para efeito de concessão de acréscimos
rior ao salário mínimo. pecuniários ulteriores.
Art. 84. Nenhum servidor poderá receber, mensalmente, a títu-
lo de remuneração, valor superior ao subsídio do Prefeito Munici- Seção II
pal, nos termos do art. 37, XI da Constituição da República. Das Gratificações e dos Adicionais
Subseção I
Art. 85. É assegurada a revisão geral anual da remuneração dos
Disposições Gerais
servidores públicos municipais sempre em primeiro de março de
cada ano e sem distinção de índices, nos termos do art. 37, X da
Art. 95. Serão deferidas ao servidor, nas condições previstas le-
Constituição da República. (Emenda nº.16 de 2010)
galmente, as seguintes gratificações e adicionais:
Art. 86. Nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou os I - gratificação de função;
proventos, salvo por imposição legal ou ordem judicial. II - adicional por serviço extraordinário;
Parágrafo único - O servidor poderá autorizar a consignação em III - adicional de férias;
folha de pagamento, em favor de terceiros, na forma definida em IV - adicional pelo exercício de atividade penosa, insalubre ou
decreto, até o limite de 20% (vinte por cento) da remuneração ou perigosa;
proventos. V - adicional noturno;
Art. 87. As reposições e indenizações ao erário poderão ser VI – adicional por tempo de serviço;
descontadas em parcelas mensais não excedentes a 20% (vinte por VII – adicional por nível de escolaridade ou titulação;
cento) da remuneração ou dos proventos do servidor, em valores VIII – jetón;
atualizados, informado o servidor sobre o procedimento. IX – adicional por atividade extra-classe; (Inciso acrescentado
§ 1º - Quando constatado pagamento indevido por erro no pro- pela Emenda 17 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO SUS-
cessamento da folha ou por má-fé do servidor, a reposição ao erário PENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
será feita em uma única parcela no mês subseqüente. X – adicional por tempo à disposição. (Inciso acrescentado
§ 2º - Será inscrito em dívida ativa, para cobrança judicial, o pela Emenda 17 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO SUS-
débito que não tenha sido quitado no prazo previsto no § 1º deste PENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
artigo. Parágrafo único - Os servidores ocupantes exclusivamente de
Art. 88. O recebimento de quantias indevidas poderá ensejar cargos em comissão somente farão jus à vantagem prevista no in-
processo administrativo disciplinar, para apuração de responsabi- ciso III.
lidades e aplicação das penalidades cabíveis, nos moldes desta Lei.
Art. 89. O servidor perderá: Subseção II
I - a remuneração do dia, se não comparecer ao serviço, salvo Da Gratificação de Função
por motivo legal ou por moléstia devidamente comprovada nos ter-
mos desta Lei; Art. 96. Ao servidor investido na função a que se refere o art.
II – um terço da remuneração diária em razão de atrasos, su- 16, III, será devida uma gratificação até o limite de 20% (vinte) por
cento do vencimento-base do cargo efetivo, fixada na forma do pla-
periores a 15 minutos, ausências e saídas antecipadas, exceto nos
no de cargos, carreiras e vencimentos.
casos de compensação de horários ou quando devidamente autori-
§ 1º - A vantagem paga pelo exercício de função gratificada não
zados ou justificados pela autoridade competente;
será incorporada ao vencimento do cargo efetivo. (Emenda nº.18
III - um terço da remuneração, quando afastado por motivo
de 2010)
de prisão em flagrante ou preventiva enquanto perdurar a prisão, § 2º - Também é devida gratificação de 20% (vinte por cento),
fazendo jus ao que deixou de perceber se absolvido por sentença à incidir sobre o vencimento, aos professores que ministram aulas
definitiva; para os alunos de necessidades especiais, e a motoristas que ficam
IV - a remuneração durante o afastamento, em virtude de con- à disposição de suas chefias cumprindo sua função em 03 (três)
denação, por sentença definitiva, a pena que não determine a per- turnos, a saber, matutino, vespertino e noturno. A esses motoris-
da do cargo; tas não serão devidas horas extras. (Parágrafo acrescentado pela
Art. 90. O vencimento, a remuneração e o provento não serão Emenda nº.18 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO SUS-
objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto no caso de decisão PENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
judicial. Art. 97. A vantagem continuará a ser devida durante as férias,
afastamentos e concessões legais.
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Subseção III Subseção V
Do Adicional por Serviço Extraordinário Do Adicional pelo Exercício de Atividade Insalubre, Perigosa
ou Penosa
Art. 98. O serviço extraordinário será remunerado com acrésci-
mo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de tra- Art. 107. Os servidores que trabalham em locais ou condições
balho, de segunda a sábado, e de 100% (cem por cento) quando exe- insalubres, perigosas ou penosas farão jus ao adicional remunerató-
cutado aos domingos e feriados. (Emenda nº.20 de 2010) VETADO rio a seguir apontado, depois de laudo pericial emitido por médico
PELO EXECUTIVO – ARTIGO SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020- ou engenheiro do trabalho devidamente registrado no ministério
3/000 do trabalho, elaborado por licitação das autoridades de cada Poder.
§ 1º - O cálculo da hora será efetuado sobre a remuneração do (Emenda nº.26 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO SUS-
servidor. (Emenda nº.19 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTI- PENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
GO SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000 § 1º - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima
§ 2º - O serviço extraordinário realizado no horário previsto no dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Traba-
art. 71 será acrescido do percentual relativo ao serviço noturno, em lho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40%, e
função de cada hora extra. 10% do vencimento do servidor, segundo se classifiquem nos graus
Art. 99. Havendo a compensação de horários prevista no art. máximos, médio e mínimo; (Emenda nº.26 de 2010) VETADO PELO
79, §§ 3º e 4º, não será concedido adicional de que trata esta Sub- EXECUTIVO – ARTIGO SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
seção. (Emenda nº.21 de 2010) § 2º - O trabalho em condições de periculosidade, ou seja,
Art. 100. O exercício de cargo em comissão e função gratificada aquelas que, por sua natureza ou método de trabalho, impliquem
exclui a gratificação por serviço extraordinário. o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condição
Art. 101. É vedado conceder o adicional pela prestação de ser- de risco acentuado, assegura ao servidor uma adicional de 30% so-
viços extraordinários acima de 50% (cinquenta por cento) da remu- bre a remuneração fixa, sem acréscimos de gratificações, prêmios,
neração do servidor. (Emenda nº.22 de 2010) abonos ou qualquer outro complemento que não tenha caráter sa-
Parágrafo único – O adicional por serviço extraordinário não larial. (Emenda nº.26 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO
será incorporado à remuneração, refletindo somente em férias e SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
1/3 e gratificação natalina. (Emenda nº.22 de 2010) § 3º - O trabalho realizado em condições de penosidade, ou
Art. 102. A duração do trabalho dos servidores poderá, excep- seja, aqueles que trazem desgastes exagerados, repugnância, expo-
cionalmente, ser acrescida de horas extraordinárias, até o limite de sições a intempéries não consideradas insalubres, fazem jus a adi-
02 (duas) horas diárias. (Emenda nº.23 de 2010) cional de 15% sobre o vencimento do servidor. (Parágrafo acrescido
Parágrafo único - O limite a que se refere este artigo poderá ser pela Emenda nº.26 de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO
ampliado, havendo concordância expressa do servidor designado SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000
para a realização do serviço extraordinário e obedecida a previsão § 4º - Todo servidor exposto a condições de insalubridade, pe-
expressa no § 2º do art. 79 desta Lei. (Emenda nº.24 de 2010) riculosidade ou penosidade, deve ser submetido a exames médicos
Art. 103. Considerar-se-ão automaticamente autorizadas as periódicos e específicos. (Emenda nº.26 de 2010, transcreve o arti-
horas extraordinárias ocorridas em virtude de acidente com o equi- go 3º para novo artigo)
pamento de trabalho, incêndio, inundação, missões oficiais sem Art. 108. Não poderão ser acumulados os adicionais, devendo
tempo certo de duração e outros motivos de casos fortuitos ou de o servidor optar por apenas um deles.
força maior. Art. 109. O direito ao adicional de insalubridade, periculosida-
Art. 104. Não será submetido ao regime de serviço extraordi- de ou penosidade cessa com a eliminação das condições ou riscos
nário: que deram causa à sua concessão.
I - o servidor em gozo de férias ou licenciado; Art. 110. Haverá permanente controle da atividade de servi-
II - o ocupante de cargo beneficiado por horário especial em dores em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
virtude do exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; perigosos, ficando o Município obrigado a fornecer gratuitamente
III – em regime de turno ininterrupto. a esses servidores os equipamentos próprios exigidos pelas dispo-
sições legais específicas relativas à higiene e segurança do trabalho.
Subseção IV § 1º - Os equipamentos de que trata este artigo serão de uso
Do Adicional de Férias obrigatório pelos servidores em referência, sob pena de suspensão,
na forma do art. 189.
Art. 105. Independentemente de solicitação, será pago ao ser- § 2º - Comprovada a existência de condições de insalubridade,
vidor, 02 (dois) dias antes do início das férias, um adicional corres- o adicional é devido de forma integral, ainda que a atividade não
pondente a 1/3 (um terço) da média da remuneração percebida ao seja prestada de forma habitual e permanente.
longo do período aquisitivo. (Emenda nº.25 de 2010) Art. 111. Os locais de trabalho e os servidores que operam com
Art. 106. O servidor em regime de acumulação lícita perceberá raios X ou substâncias radioativas devem ser mantidos sob controle
o adicional de férias calculado sobre a remuneração do cargo cujo permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra-
período aquisitivo lhe garanta o gozo das férias. passem o nível máximo previsto na legislação própria.
Parágrafo único - O adicional de férias será devido em função Art. 112. É vedado o trabalho da servidora gestante, ou lactan-
de cada cargo exercido pelo servidor. te em atividades ou operações consideradas insalubres, perigosas e
penosas, podendo ser readaptada, mediante recomendação médi-
ca, em novas funções, na forma prevista no art. 40.

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Subseção VI Seção III
Do Adicional Noturno 13º Vencimento

Art. 113. O serviço noturno prestado em horário compreendi- Art. 118. O 13º vencimento será pago, anualmente, a todo ser-
do entre 22 (vinte e duas) horas de um dia a 5 (cinco) horas do vidor municipal, inclusive aos ocupantes de cargo em comissão, in-
dia seguinte terá o valor/hora acrescido de 20% (vinte por cento), dependentemente da remuneração a que fizerem jus.
computando-se cada hora como 52’ 30’’ (cinquenta e dois minutos § 1º - O 13º vencimento corresponderá à média da remunera-
e trinta segundos). ção percebida ao longo do período aquisitivo.
§ 1º - Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de § 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de exercício
que trata este artigo incidirá sobre o valor da hora normal de traba- será tomada como mês integral, para efeito do § 1º deste artigo.
lho, acrescido do percentual relativo à hora extraordinária. Art. 119. O 13º vencimento poderá ser pago em 2 (duas) parce-
§ 2º - Nos casos em que a jornada de trabalho diária compreen- las, a critério da Administração, sem ultrapassar o dia 20/12, quan-
der um horário entre os períodos diurno e noturno, o adicional será do deverá estar pago integralmente.
pago proporcionalmente às horas de trabalho noturno. Art. 120. Caso o servidor deixe o serviço público municipal, o
13º vencimento será pago proporcionalmente ao número de meses
Subseção VII de efetivo exercício no ano, calculada sobre a remuneração devida
Do Adicional por tempo de serviço até a data do desligamento.

Art. 114. O adicional por tempo de serviço é devido a cada 05 Capítulo IV


(cinco) anos de efetivo exercício no serviço público do Município, à DAS INDENIZAÇÕES
razão de 10% (dez por cento) do valor do respectivo vencimento. Seção I
§ 1º - O servidor fará jus ao adicional, independentemente de Disposições Gerais
requerimento, a partir do mês seguinte em que completar o quin-
quênio de efetivo exercício no serviço público do Município. Art. 121. Constitui indenização paga ao servidor:
§ 2º - O adicional por tempo de serviço incorpora-se aos venci- I – as diárias.
mentos do cargo efetivo. §1º - As diárias não sofrerão desconto de qualquer natureza,
§ 3º - O servidor que completar 30 (trinta) anos de efetivo nem poderão ser computadas para percepção de quaisquer van-
exercício, ou que passar a preencher os requisitos para aposen- tagens.
tadoria, terá direito a uma gratificação de 10%, que incidirá so- § 2º - O valor das diárias será periodicamente atualizado, me-
bre o vencimento. (Parágrafo acrescentado pela Emenda nº. 27 diante decreto.
de 2010) VETADO PELO EXECUTIVO – ARTIGO SUSPENSO – ADI
Nº.1.0000.10.020020-3/000 Seção II
Art. 115. O servidor efetivo investido em cargo em comissão Das Diárias
perceberá o adicional por tempo de serviço calculado sobre o ven-
cimento de seu cargo efetivo. Art. 122. Ao servidor efetivo que for designado para serviço,
curso ou outra atividade fora do Município, em caráter eventual
Subseção VIII ou transitório, serão concedidas, além do transporte, diárias para
Do Adicional de nível de escolaridade ou titulação custeio das despesas de alimentação, hospedagem e locomoção
urbana.
Art. 116. O servidor efetivo que concluir curso de graduação, § 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
pósgraduação, mestrado ou doutorado em área que tenha relação devida proporcionalmente quando o deslocamento encerrar-se às
com as atribuições do seu cargo fará jus à vantagem até o limite de 17:00h (dezessete horas) ou iniciar-se após este horário.
20% (vinte) por cento do vencimentobase do cargo efetivo. § 2º - No caso em que o deslocamento da sede constituir exi-
Parágrafo único – Essa vantagem terá a seguinte proporção: gência permanente do cargo, o servidor não fará jus às diárias.
I – graduação – 5%; Art. 123. O servidor que receber diárias e não se afastar do
II – pós-graduação – 10%; Município, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integral-
III – mestrado – 15%; mente no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
IV – doutorado – 20%. (Emenda nº.28 de 2010) § 1º - Na hipótese do servidor retornar ao Município em prazo
menor do que o previsto para seu afastamento, deverá restituir as
Subseção IX diárias recebidas em excesso, no prazo estabelecido neste artigo.
Do Jetón § 2° - É considerada falta grave conceder diárias com o objetivo
de remunerar serviços ou encargos não previstos no caput deste
Art. 117 - O servidor designado para participar de órgão de de- artigo.
liberação coletiva fará jus ao jetón até o limite de 20% (vinte por Art. 124. Os valores e demais critérios para a concessão das
cento) do vencimento base do cargo, na forma a ser definida me- diárias serão fixados mediante decreto.
diante decreto.
§ 1º - O jetón será fixado por decreto e pago de acordo com a CAPÍTULO V
participação do servidor às sessões do órgão de deliberação cole- DAS FÉRIAS
tiva.
§ 2º - É vedado o pagamento de mais de um jetón ao servidor Art. 125. Todo servidor, inclusive o ocupante de cargo em co-
que participe de mais de um órgão de deliberação coletiva. (Emen- missão, terá direito, após cada período de 12 (doze) meses de exer-
da nº.29 de 2010) cício, ao gozo de 1 (um) período de férias remuneradas, na seguinte
proporção:
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I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado injustifi- § 5º - Ao ocupante exclusivamente de cargo em comissão será
cadamente ao serviço mais de 5 (cinco) dias; concedida apenas as licenças previstas nos incisos I e II deste artigo.
II - 25 (vinte e cinco) dias corridos, quando houver tido de 06 (Emenda nº.32 de 2010)
(seis) a 15 (quinze) faltas injustificadas ao serviço; § 6º - O servidor ocupante de cargo em comissão e titular de
III - 15 (quinze) dias corridos, quando houver tido mais de 16 cargo efetivo será exonerado do cargo comissionado e licenciado
(dezesseis) faltas injustificadas ao serviço. do cargo efetivo, sempre que a licença ultrapassar 30 (trinta) dias,
Art. 126. As férias serão concedidas de acordo com a escala salvo na hipótese do inciso II deste artigo.
organizada pela chefia imediata, nos 12 (doze) meses subseqüentes § 7º - O servidor efetivo, investido em função gratificada, será
à data em que o servidor adquiriu o direito, facultado neste perío- dela destituído no momento em que se licenciar do cargo efetivo,
do acordo entre o servidor e o respectivo chefe imediato. (Emenda sempre que a licença ultrapassar 30 (trinta) dias, salvo na hipótese
nº.30 de 2010) do inciso II deste artigo.
Art. 127. O início do gozo das férias será preferencialmente no § 8º - Findo o período de licença, deverá o servidor retornar
primeiro dia útil do mês, facultado acordo entre o servidor e o res- ao seu cargo no primeiro dia útil subsequente, sob pena de falta
pectivo chefe imediato. ao serviço neste e nos demais dias em que não comparecer, salvo
Art. 128. É proibida a acumulação de férias, salvo por imperio- justificativa prevista nesta Lei.
sa necessidade do serviço, não podendo a acumulação, neste caso, Art. 136. Nas licenças dependentes de inspeção médica, expi-
abranger mais de dois períodos. rado o prazo legal da concessão, o servidor será submetido a nova
Art. 129. Em caso de acumulação de cargos ou funções, o servi- inspeção, que concluirá pela sua volta ao serviço, pela readaptação,
dor gozará férias, obrigatória e simultaneamente, nas suas distintas ou pela aposentadoria por invalidez
situações funcionais. Art. 137. As licenças previstas nos incisos I, II e III art. 135 serão
Art. 130. As férias somente poderão ser interrompidas por mo- autorizadas por inspeção médica, e pelo prazo indicado nos respec-
tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para o tivos laudos ou atestados. (Emenda nº. 33 de 2010)
júri, serviço militar ou eleitoral ou por imperiosa necessidade de § 1º - Será facultado à autoridade municipal competente, em
serviço. caso de dúvida, exigir nova inspeção médica, podendo inclusive,
Art. 131. Durante as férias, o servidor terá direito, além do ven- neste caso, designar junta médica.
cimento base do cargo correspondente, a todas as vantagens que § 2º - No caso de o laudo ou atestado não ser aprovado, o servi-
percebia no momento em que passou a fruí-las, acrescido do adi-
dor será obrigado a reassumir imediatamente o exercício do cargo,
cional de férias previsto no art. 105.
a partir de sua ciência do despacho denegatório, sob pena de serem
Art. 132. As férias dos servidores do magistério serão reguladas
consideradas faltas ao serviço os dias de ausência do servidor.
por normas específicas.
§ 3º - Na hipótese de ocorrer a falsa afirmativa por parte do mé-
Art. 133. O servidor público que opere direta e permanente-
mente aparelhos de Raio X ou com substâncias radioativas gozará dico atestante, o servidor e o médico serão submetidos a processo
obrigatoriamente 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semes- administrativo disciplinar, que apurará e definirá responsabilidades,
tre de atividade profissional, proibida, em qualquer hipótese, a acu- e, caso o médico atestante não esteja vinculado ao Município, para
mulação. fins disciplinares, o fato será comunicado ao Ministério Público e ao
Art. 134. O servidor, ao entrar em período de férias, comunica- Conselho Regional de Medicina competente.
rá ao chefe imediato o seu endereço eventual. § 4º - Em casos excepcionais, serão aceitos laudos ou atestados
de órgão ou médico de outra entidade pública ou ainda de origem
CAPÍTULO VI particular, sempre a critério da autoridade competente. (Emenda
DAS LICENÇAS nº.34 de 2010)
Seção I § 5º - No processamento das licenças dependentes de inspeção
Disposições Gerais médica, será observado o devido sigilo sobre os respectivos laudos
ou atestados.
Art. 135. Conceder-se-á licença: Art. 138. Terminada a licença ou considerado apto, o servidor
I - para tratamento de saúde; reassumirá imediatamente o exercício, sob pena de serem compu-
II - à gestante, à lactante, à adotante e à paternidade; tados como faltas os dias de ausência ao serviço, ressalvados os ca-
III - por acidente em serviço ou por doença profissional; sos de prorrogação previstos neste Capítulo.
IV - por motivo de doença em pessoa da família; Parágrafo único - Se da inspeção médica ficar constatada simu-
V - para o serviço militar; lação do servidor, as ausências serão havidas como faltas ao serviço
VI - para concorrer a cargo eletivo; e o fato será comunicado à Secretaria Municipal de Administração,
VII - para desempenho de mandato classista; para as providências disciplinares cabíveis.
VIII - para trato de assuntos particulares; Art. 139. A licença poderá ser prorrogada ex officio ou a pedido.
IX - prêmio. Parágrafo único - O pedido de prorrogação deverá ser apresen-
§ 1º - O servidor não poderá permanecer em licença da mesma tado antes de findo o prazo da licença; se indeferido, contar-se-á
espécie por período superior a 12 (doze meses) meses, salvo no como de licença o período compreendido entre a data do término e
caso dos incisos I, V e VIII.
a da publicação ou ciência do despacho pelo interessado.
§ 2º - No caso do inciso VIII a licença será sem remuneração.
Art. 140. O servidor licenciado comunicará ao chefe imediato o
(Emenda nº.31 de 2010)
local onde poderá ser encontrado.
§ 3º - Fica vedado o exercício de atividade remunerada durante
Art. 141. É vedada a negociação das licenças previstas neste Ca-
o período das licenças previstas nos incisos I, II, III, IV deste artigo,
sob pena de devolução do que foi percebido. pítulo, inclusive quanto aos seus prazos, que são ininterruptos, não
§ 4º - Ao servidor que se encontre no período de estágio pro- podendo qualquer licença, sob nenhuma hipótese, ser convertida
batório, só poderão ser concedidas às licenças previstas nos incisos em abono pecuniário, exceto a licençaprêmio.
I, II, III, V, VI e VII deste artigo.
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Seção II § 1° - A partir do 30° dia de nascimento, a licença será concedia
Da Licença para Tratamento de Saúde na seguinte proporção:
I - Do 31° dia do nascimento até a idade de 1 (um) ano: 90 (no-
Art. 142. Será concedida ao servidor licença para tratamento venta) dias de licença;
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem II - Acima de 1 (um) ano de nascimento até o limite máximo de
prejuízo da remuneração a que fizer jus. 12 (doze) anos – 60 (sessenta) dias de licença.
Parágrafo único - O servidor gozará de licença para tratamento § 2° - O prazo de que trata este artigo será de 8 (oito) dias, in-
de saúde remunerada pelo Município até o 15º (décimo quinto) dia dependentemente da idade da criança, se o servidor adotante for
de afastamento, a partir do qual deverá requerer o auxílio-doença do sexo masculino.
perante o órgão gestor do respectivo regime de previdência social, § 3° - Se o adotante for o casal de servidores a licença será con-
na forma da legislação previdenciária. cedida a ambos, na forma estabelecida neste artigo.
Art. 143. A concessão da licença para tratamento de saúde § 4º - A licença prevista neste artigo só será concedida median-
deve ser precedida de inspeção médica, que será realizada, sempre te apresentação do termo judicial de guarda.
que necessário, no local onde se encontrar o servidor. § 5º - O servidor do sexo masculino fará jus à licença prevista
Art. 144. O servidor não reassumirá o exercício do cargo sem no §1° deste artigo, em virtude de morte ou incapacidade da mãe
nova inspeção médica, quando a licença concedida assim o tiver biológica ou adotante.
exigido; realizada essa nova inspeção, o respectivo laudo ou ates- Art. 149. A licença paternidade será concedida ao servidor pelo
tado médico concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da parto de sua esposa ou companheira, para fins de dar-lhe assistên-
licença, pela readaptação do servidor ou pela sua aposentadoria. cia, durante o período de 8 (oito) dias consecutivos a partir do nas-
Art. 145. O servidor que se recusar à inspeção médica ficará cimento do filho.
impedido do exercício do seu cargo, até que se realize a inspeção.
Parágrafo Único - Os dias em que o servidor, por força do dis- Seção IV
posto neste artigo, ficar impedido do exercício do cargo serão tidos Da Licença por Acidente em Serviço ou Doença Profissional
como faltas ao serviço.
Art. 146. No curso da licença poderá o servidor requerer inspe- Art. 150. O servidor acidentado em serviço ou acometido de
ção médica, caso se julgue em condições de reassumir o exercício. doença profissional fará jus à licença, sem prejuízo da remuneração.
Art. 151. Configura-se acidente em serviço o dano físico ou
Seção III mental sofrido pelo servidor e relacionado mediata ou imediata-
Da Licença à Gestante, à Lactante, à Adotante e à Paternida- mente com as atribuições do cargo.
de §1º- Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
Art. 147. Será concedida licença à servidora gestante, por 180 dor no exercício do cargo;
(cento e oitenta) dias consecutivos, a partir do parto, sem prejuízo II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
da remuneração. (Emenda nº.35 de 2010) VETADO PELO EXECUTI- -versa.
VO – ARTIGO SUSPENSO – ADI Nº.1.0000.10.020020-3/000 III – sofrido durante o percurso do trabalho para o local de re-
§ 1º - A licença poderá ser concedida a partir do 8º (oitavo) mês feição.
de gestação, mediante recomendação médica. § 2º - O disposto nos incisos II e III não será aplicado, caso o
§ 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a servidor, por interesse pessoal, tenha interrompido ou alterado o
partir do parto. percurso.
§ 3º - No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- Art. 152. A prova do acidente será feita em processo regular,
to a servidora, caso seja julgada apta por inspeção médica, reassu- devidamente instruído, inclusive acompanhado de declaração das
mirá o exercício do cargo. testemunhas do evento, cabendo à inspeção médica descrever o
§ 4º - No caso de aborto atestado por médico oficial, a servi- estado geral do acidentado, mencionando as lesões produzidas,
dora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado, findo o bem como as possíveis conseqüências que poderão advir ao aci-
prazo, reassumirá o exercício do cargo, salvo se não for julgada apta dente.
por inspeção médica. Parágrafo Único – Cabe ao chefe imediato do servidor adotar
§ 5º - O prazo de licença maternidade previsto no parágrafo as providências necessárias para o início do processo regular de que
único será prorrogado, de forma consecutiva, por mais 30 (trinta) trata este artigo, no prazo de 08 (oito) dias, contados do evento.
dias, desde que haja necessidade comprovada por inspeção médi- Art. 153. Entende-se por doença profissional a que decorrer
ca. das condições do serviço ou de fatos nele verificados, devendo o
§ 6º - A prorrogação por mais 60 (sessenta) dias deverá, obri- laudo médico caracterizá-la, detalhada e rigorosamente, estabele-
gatoriamente, ser requerida com antecedência de 30 (trinta) dias cendo o nexo de causalidade com as atribuições do cargo.
antes do término da licença ao órgão de Recursos Humanos da Se- Art. 154. A licença poderá ser prorrogada, desde que mediante
cretaria Municipal de Administração. atestado médico.
§ 7º - O prazo previsto no parágrafo anterior será considerado
como tempo de serviço efetivo, de acordo com a legislação em vi- Seção V
gor, sem prejuízo da remuneração. Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
§ 8º - É assegurado à servidora gestante, durante o período de
gravidez, e exclusivamente por recomendação médica, o desempe- Art. 155. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
nho de funções compatíveis com a sua capacidade laborativa, sem de doença em pessoa de sua família, cujo nome conste em seu as-
prejuízo de sua remuneração, na forma prevista no art. 40 desta Lei. sentamento individual, mediante comprovação médica.
Art. 148. A servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de § 1º - Por pessoa da família entende-se o cônjuge, companhei-
criança com até 30 (trinta) dias de nascimento terá direito a licença ro ou companheira, ascendente e descendente até o 2º grau em
remunerada de 120 (cento e vinte) dias. linha reta.
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§ 2º - A licença somente será deferida se a assistência pessoal § 3º - Findo o prazo da licença, o servidor deverá, dentro de 2
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea- (dois) dias, retornar ao exercício do cargo, configurando falta os que
mente com o exercício do cargo. não trabalhar.
§ 3 º - Não se considera assistência pessoal ao doente a repre- § 4º - Não se concederá nova licença de igual natureza à previs-
sentação, pelo servidor, dos seus interesses econômicos ou comer- ta nesta Seção antes de decorridos o período de 3 (três) anos.
ciais.
§ 4º - O período da licença prevista nesta Seção não poderá Seção X
ultrapassar o prazo de 90 (noventa) dias, com direito à percepção Da Licença Prêmio
da remuneração integral até o 30º (trigésimo) dia.
§ 5º - Após o 30º dia e até o término da licença, será desconta- Art. 161. O servidor, após 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
do 50% (cinquenta) por cento da remuneração. fará jus à licença de 3 (três) meses, sem prejuízo da remuneração,
podendo ser convertida em abono pecuniário, sendo indenizada
Seção VI em dobro as não gozadas. (Emenda nº.38 de 2010) VETADO PELO
Da Licença para Serviço Militar EXECUTIVO – ARTIGO SUSPENSO – ADI Nº. 1.0000.10.020020-3/000
§ 1º – A licença-prêmio não poderá ser acumulada por mais de
Art. 156. Ao servidor convocado para o serviço militar obrigató- 2 (dois) períodos.
rio ou para outros encargos de segurança nacional será concedida § 2º - O requerente aguardará, em exercício, a concessão da
licença, à vista de documento oficial que comprove a convocação, licença, configurando falta os dias não trabalhados. (Emenda nº. 39
assegurado o direito de opção pela remuneração do cargo. de 2010)
Art. 157. Ao servidor desincorporado será concedido prazo não
excedente a 3 (três) dias para assumir o exercício do cargo, findo o CAPÍTULO VII
qual os dias de ausência serão considerados como de faltas injusti- DAS CONCESSÕES
ficadas.
Parágrafo único - O prazo previsto neste artigo terá início na Art. 162. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
data de desincorporação do servidor. do serviço:
I - por um dia:
Seção VII a) a cada 6 (seis meses), para a doação de sangue;
Da Licença para Concorrer a Cargo Eletivo b) para alistamento militar.
II - por oito dias consecutivos, em virtude de:
Art. 158. O servidor terá direito à licença, sem remuneração, a) casamento;
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, filhos ou irmãos;
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro III – para participação em júri e outras obrigações legais.
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. § 1°- Na hipótese do inciso III, a compensação de dias aos quais
Parágrafo único - A partir do registro da candidatura e até o 15º terá direito o servidor deverá ser gozada de imediato e de uma úni-
(décimo quinto) dia seguinte ao da eleição, o servidor afastar-se-á ca vez.
do exercício do cargo, emprego ou função como se em efetivo exer- § 2°- As ausências referidas neste artigo serão abonadas pela
cício estivesse, sem prejuízo da remuneração. chefia imediata do servidor, que anexará o comprovante respectivo
no boletim mensal de frequência.
Seção VIII § 3° - Se não for anexado o comprovante referido no parágrafo
Da Licença para Desempenho de Mandato Classista anterior no boletim mensal de freqüência, a ausência será conside-
rada como falta injustificada.
Art. 159. É assegurado ao servidor o direito à licença remune-
rada para o desempenho de mandato em confederação, federação, CAPÍTULO VIII
associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo DO DIREITO DE PETIÇÃO
da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão.
§ 1º - Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para Art. 163. É assegurado ao servidor, ativo ou inativo, requerer
cargos de direção ou representação, nas referidas entidades, até o ao Poder Público em defesa de direito ou de interesse pessoal, in-
máximo de 2 (dois) por entidade. dependentemente de qualquer pagamento.
§ 2º - A licença terá duração igual à do mandato. (Emenda Art. 164. O requerimento será dirigido ao Chefe do Poder
nº.36 de 2010) Executivo e encaminhado através de ofício ao setor de protocolo.
(Emenda nº.40 de 2010)
Seção IX § 1º - O chefe imediato do requerente terá o prazo de 5 (cinco)
Da Licença para Tratar de Interesse Particular dias úteis, após o recebimento do requerimento, para remetê-lo à
autoridade competente.
Art. 160. Ao servidor poderá, após três anos de efetivo exercí- § 2º - O requerimento será decidido no prazo máximo de 30
cio, ser concedida licença, sem remuneração, pelo prazo de até 12 (trinta) dias, salvo em casos que obriguem a realização de diligência
(doze) meses, para o trato de interesse particular. ou estudo especial, quando o prazo máximo será de 90 (noventa)
§ 1º - O requerente aguardará, em exercício, a concessão da dias.
licença, configurando falta os dias que não trabalhar. Art. 165. Caberá pedido de reconsideração ao Chefe do Poder
§ 2º - A licença excepcionalmente poderá ser interrompida, a Executivo, após expedido o ato ou proferido a primeira decisão de-
pedido do servidor e por interesse da Administração, desde que negatória, e encaminhado através de ofício ao setor de protocolo.
haja concordância do trabalhador. (Emenda nº.37 de 2010) (Redação Final)
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§ 1º - É de 15 (quinze) dias, contados, a partir da ciência do ato VIII - zelar pela economia do material e pela conservação do
ou da decisão, o prazo para apresentação de pedido de reconside- patrimônio público;
ração; IX - manter conduta compatível com a moralidade administra-
§ 2º - O pedido de reconsideração deverá ser despachado no tiva;
prazo de 10 (dez) dias e decidido dentro de 60 (sessenta) dias. X - ser assíduo e pontual no serviço, inclusive para convocação
§ 3º - Não se admitirá mais de um pedido de reconsideração. de serviços extraordinários;
Art. 166. Caberá recurso: XI - tratar com urbanidade as pessoas;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
II - das decisões administrativas e dos recursos contra elas su- der;
cessivamente interpostos. XIII – testemunhar e compor as respectivas comissões, quando
§ 1º - O recurso será dirigido ao Chefe do Poder Executivo. convocado, em sindicâncias e processos administrativos;
(Emenda nº. 42 de 2010) XIV - apresentar-se ao serviço em boas condições de asseio e
Art. 167. O prazo para interposição do recurso é de 30 (trinta) convenientemente trajado ou com o uniforme que for determina-
dias a contar da publicação ou ciência pelo interessado da decisão do;
recorrida. XV - seguir as normas de saúde, higiene e segurança do traba-
Art. 168. O recurso será decidido no prazo de 30 (trinta) dias. lho;
Parágrafo único - Em caso de provimento de pedido de reconsi- XVI - frequentar programas de treinamento ou capacitação ins-
deração ou recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato tituídos ou financiados pela Administração;
impugnado. XVII - colaborar para o aperfeiçoamento dos serviços, sugerin-
Art. 169. O direito de requerer prescreve: do à Administração as medidas que julgar necessárias;
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos: XVIII – tomar as devidas providências para que esteja sempre
a) de demissão; atualizado o seu assentamento individual, bem como sua declara-
b) de cassação de aposentadoria; ção de família;
c) que coloquem o servidor em disponibilidade ou; XIX - submeter-se à inspeção médica determinada por autori-
d) que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes do dade competente;
vínculo institucional com a Administração;
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos. CAPÍTULO II
Parágrafo único - O prazo de prescrição será contado da data DAS PROIBIÇÕES
da publicação do ato impugnado ou da data de ciência pelo inte-
ressado. Art. 175. Ao servidor é proibido:
Art. 170. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabí- I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
veis, suspendem a prescrição. torização do chefe imediato;
Art. 171. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
relevada por nenhuma autoridade. qualquer documento ou objeto da repartição;
Art. 172. Para o exercício do direito de petição, é assegurada III - recusar fé a documentos públicos;
vista do processo ou documento, na repartição, podendo ser extraí- IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
das cópias de atas e documentos do processo pelo servidor ou pelo e processo ou à execução de serviço;
procurador por ele constituído. V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
Art. 173. A administração pode rever seus atos, por conveniên- da repartição;
cia ou oportunidade, e anulá-los a qualquer tempo quando eivados VI - atender a pessoas na repartição para tratar de assuntos
de ilegalidade. particulares;
VII - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso às auto-
TÍTULO IV ridades públicas ou aos atos do Poder Público, mediante manifesta-
DO REGIME DISCIPLINAR ção escrita ou oral, podendo, porém, criticar ato do Poder Público,
CAPÍTULO I do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço;
DOS DEVERES VIII - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuições que sejam de sua
Art. 174. São deveres do servidor: responsabilidade ou de seu subordinado;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; IX – cometer a outro servidor atribuições estranhas às do cargo
II - ser leal às instituições a que servir; que ocupa, exceto em situações transitórias de emergência;
III - observar as normas legais e regulamentares; X – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
mente ilegais; civil;
V - atender com presteza, sem preferências pessoais: XI - coagir ou aliciar outro servidor no sentido de filiar-se a as-
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, sociação profissional ou sindical ou a partido político;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XII - recusar-se ao uso de equipamento de proteção individual
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito destinado à proteção de sua saúde ou integridade física, ou à redu-
ou esclarecimento de situação de interesse pessoal; ção dos riscos inerentes ao trabalho;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; XIII – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais, quando so-
VI – guardar sigilo dos assuntos da Administração Pública sem- licitado.
pre que exigido em lei; XIV - ingerir bebida alcoólica ou fazer uso de substância entor-
VII - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregula- pecente durante o horário do trabalho ou apresentar-se ao serviço,
ridades de que tiver ciência em razão do cargo que exerce; habitualmente, sob sua influência;
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XV - coagir outro servidor para receber favores de qualquer es- CAPÍTULO IV
pécie; DAS RESPONSABILIDADES
XVI - constranger outro servidor, fornecedor ou contribuinte
com o intuito de obter vantagem econômica, prevalecendo-se de Art. 179. O servidor responde administrativa, civil e penalmen-
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao te pelo ato omissivo ou comissivo praticado no exercício irregular
exercício do cargo ou função. de suas atribuições.
XVII – assediar, valendo-se do cargo que ocupa, sexualmente Parágrafo único - As responsabilidades civil e penal serão apu-
servidor de nível hierárquico inferior. radas e punidas na forma da legislação federal pertinente.
XVIII - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou- Art. 180. A indenização de prejuízo dolosamente causado pelo
trem em detrimento da dignidade da função pública; servidor ao erário será reparada de uma só vez, por meio de acor-
XIX - participar de gerência ou de administração de empresa do administrativo onde o servidor assuma a responsabilidade pelos
privada, de sociedade civil, ou exercer atividade empresarial, e nes- atos praticados.
sa qualidade, contratar com o Município; § 1º - Comprovada a falta de recursos para reparar os danos
XX - atuar como procurador ou intermediário junto a reparti- causados na forma do caput deste artigo, a indenização dar-se-á na
ções públicas municipais; forma prevista no art. 87, aplicando-se ao valor devido os índices
XXI - receber propina, comissão, presente ou vantagem de oficiais de correção monetária.
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; § 2º - Os prejuízos causados pelo servidor por culpa, negligên-
XXII - praticar usura sob qualquer de suas formas; cia ou imperícia serão indenizados na forma do art. 87.
XXIII - proceder de forma desidiosa; § 3º - Tratando-se de dano causado a terceiros, o servidor res-
XXIV - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ponderá em ação regressiva, no forma da lei civil.
serviços ou atividades particulares; § 4º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
XXV – levar para repartição material, equipamentos ou objetos e contra eles será executada até os limites da herança.
pessoais sem autorização expressa do superior hierárquico; Art. 181. A responsabilidade administrativa será afastada no
XXVI - exercer quaisquer atividades, inclusive manter conversas caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou a sua
e fazer leituras, incompatíveis com o exercício do cargo ou função e autoria, hipótese em que os eventuais descontos remuneratórios
com o horário de trabalho; indevidamente suportados pelo servidor serão restituídos.
XXVII – comercializar bebidas, comidas, roupas ou qualquer ou-
tra mercadoria no local e horário de trabalho; CAPÍTULO V
XXVIII - praticar atos de sabotagem contra o serviço público; DAS PENALIDADES
XXIX – acumular cargos na forma vedada no Capítulo III do Tí-
tulo IV desta Lei.
Art. 182. São penalidades disciplinares:
I - advertência;
CAPÍTULO III
II - suspensão;
DA ACUMULAÇÃO
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Art. 176. Ressalvados os casos previstos no art. 37, XVI, a, b e c
V - destituição de cargo em comissão;
da Constituição da República, é vedada a acumulação remunerada
VI - destituição de função gratificada.
de cargos públicos.
§1º - A proibição de acumular estende-se a empregos e fun- Parágrafo único - No caso de cassação de aposentadoria, a au-
ções em autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de toridade competente deverá comunicá-la ao órgão gestor da previ-
economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas direta dência social.
ou indiretamente pelo Município. Art. 183. Na aplicação das penalidades, serão consideradas a
§ 2º - A acumulação, ainda que lícita, fica condicionada à com- natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro-
provação da compatibilidade de horários. vierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes e atenu-
Art. 177. O servidor que acumular licitamente dois cargos efeti- antes, bem como os antecedentes funcionais.
vos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará § 1º - As penas impostas aos servidores serão registradas em
afastado de ambos os cargos efetivos. seus assentamentos funcionais.
Parágrafo único - O servidor que se afastar dos dois cargos § 2º - O ato de imposição da penalidade mencionará, sempre,
efetivos que ocupa poderá optar unicamente pela remuneração o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
do cargo de confiança ou pela remuneração dos cargos efetivos. Art. 184. A advertência será aplicada, por escrito, nos casos de
(Emenda n.43 de 2010) violação da proibição constante do art. 175, incisos I a XIII desta
Art. 178. A acumulação proibida será verificada em processo Lei, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regula-
administrativo. mentos ou normas internas, desde que não justifique imposição de
§ 1º - Provada a má-fé, o servidor perderá os cargos ou as fun- penalidade mais grave.
ções que exercia e será obrigado a restituir o que tiver percebido Art. 185. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
indevidamente, sem prejuízo do procedimento penal cabível. das faltas punidas com a advertência e de violação das demais proi-
§ 2º - Caso o servidor não tenha agido de má-fé, será concedido bições que não tipifiquem infração sujeita à penalidade de demis-
o direito de opção por um dos cargos ou funções. são, não podendo exceder a 90 (noventa) dias. (Redação Final)
§ 3º - Na hipótese do § 1º deste artigo, a demissão será co- § 1º - O servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser sub-
municada ao órgão ou entidade em que o servidor exercer cargo, metido à inspeção médica, determinada pela autoridade compe-
emprego ou função. tente, será punido com suspensão de até 15 dias, cessando os efei-
tos da penalidade quando cumprida a determinação.
§ 2º - O servidor suspenso perderá, durante o período de sus-
pensão, todas as vantagens e direitos do cargo.
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Art. 186. As penalidades de advertência e de suspensão terão § 7º - Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé apli-
seus registros cancelados após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos car-se-á a pena de demissão, cassação da aposentadoria ou desti-
de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, tuição ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou fun-
nesse período, praticado nova infração disciplinar. ções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os
Parágrafo único – O cancelamento da penalidade não surtira órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.
efeitos retroativos para a fruição de quaisquer direitos e obtenção § 8º - O prazo para a conclusão do processo administrativo dis-
de vantagens. ciplinar submetido ao rito sumário não excederá 30 (trinta) dias,
Art. 187. A demissão, apurada em processo administrativo dis- contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
ciplinar, será aplicada nos seguintes casos: admitida a sua prorrogação por até 15 (quinze) dias, quando as cir-
I - crime contra a Administração Pública; cunstâncias o exigirem.
II - abandono de cargo, observado o art. 194 desta Lei; § 9º - O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste
III - inassiduidade habitual, observado o art. 195 desta Lei; artigo, observando-se no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as
IV - improbidade administrativa; disposições dos Títulos V e VI desta Lei.
V - incontinência pública e conduta escandalosa; Art. 189. Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade se
VI - insubordinação grave em serviço; ficar comprovado, em processo administrativo ou judicial, que não
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
foram observados os requisitos legais para concessão.
em legítima defesa ou defesa de outrem;
Art. 190. A destituição de servidor comissionado, não ocupante
VIII - aplicação irregular de dinheiro público;
de cargo efetivo, será aplicada nos casos de infração sujeita à pena-
IX - revelação de segredo apropriado em razão do cargo;
lidade de demissão.
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio mu-
nicipal; Art. 191. A demissão de cargo efetivo ou a destituição de cargo
XI - corrupção; em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII e X do art. 187 desta
XII - acumulação ilegal de cargos, funções ou empregos públi- Lei, implica o ressarcimento ao erário, sem prejuízo de ação penal
cos, inclusive de proventos deles decorrentes, quando eivados de cabível.
má-fé, observado o disposto no Capítulo III do Título IV, desta Lei; Art. 192. A demissão do cargo efetivo ou a destituição de cargo
XIII - transgressão ao art. 175 incisos XIV a XXII, desta Lei; em comissão por infringência aos incisos I, IV e X do art. 187 desta
XIV - reincidência de faltas punidas com suspensão. Lei, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
Art. 188. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de público do Município pelo prazo de 8 (oito) anos.
cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade que tiver co- Parágrafo único - Não poderá retornar ao serviço público mu-
nhecimento do fato, notificará o servidor, por intermédio de sua nicipal, como ocupante de cargo comissionado, o servidor que for
chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de destituído de cargo em comissão por infringência aos incisos XVII e
10 (dez) dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omis- XXI do art. 175 e XI do art. 187 desta Lei.
são, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regula- Art. 193. A destituição de função gratificada poderá ser aplica-
rização imediata. da nos casos de infração sujeita à penalidade de suspensão.
§1º. O processo administrativo disciplinar previsto no caput Art. 194. Configura abandono de cargo a ausência injustificada
deste artigo observará as seguintes fases: do servidor ao serviço por 15 (quinze) dias consecutivos.
I – instauração, com a publicação do ato que instituir o pro- Art. 195. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
cedimento, a comissão terá a mesma composição da comissão do viço, sem causa justificada, por 30 (trinta) dias, interpoladamente,
processo administrativo disciplinar. durante o período de 12 (doze) meses.
II – instrução sumária que compreende indiciação, defesa e re- Art. 196. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
latório; habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
III – julgamento. refere o art. 188 desta Lei, observando-se especialmente que:
§ 2º - A indicação da autoria de que trata o inciso I, do parágra- I – a indicação da materialidade dar-se-á:
fo anterior, dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materia- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa
lidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em
do período de ausência intencional do servidor ao serviço por 15
situação de acumulação ilegal dos órgãos ou entidades de vincula-
(quinze) dias consecutivos;
ção, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspon-
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
dente regime jurídico.
de falta ao serviço sem causa justificada, pelo período de 30 (trinta)
§ 3º - A comissão lavrará, até 03 (três) dias após a publicação
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que terão trans- dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses.
critas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como II – após a apresentação da defesa a comissão elaborará re-
promoverá a citação pessoal do servidor indiciado ou a citação por latório quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em
edital, para, no prazo de 05 (cinco) dias, apresentar defesa escrita. que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo
§ 4º - Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre
quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que re- a justificativa da ausência ao serviço superior a 15 (quinze) dias e
sumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento.
acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e re- Art. 197. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
meterá o processo à autoridade instauradora para julgamento. I - pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara Municipal e pelo
§ 5º - No prazo de 05 (cinco) dias, contados do recebimento do dirigente superior de autarquia e fundação pública, quando se tra-
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. tar de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade de
§ 6º - O exercício do direito de opção pelo servidor, até o últi- servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão ou entidade;
mo dia de prazo para defesa, configurará sua boa-fé, hipótese em II – pelos Secretários Municipais ou Diretores de Departamen-
que se converterá, automaticamente, em pedido de exoneração do to, por delegação, quando se tratar de suspensão superior a 30
outro cargo. (trinta) dias;
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III – dirigentes de autoridades administrativas, por delegação, Art. 202. O procedimento sumário da sindicância será iniciado
na forma dos respectivos regimentos e regulamentos, nos casos de pela autoridade competente em aplicar a pena decorrente da tipifi-
advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; cação do fato, com a expedição de portaria que indique:
IV - pela autoridade que houver, por delegação, feito a nome- I – a determinação de apuração pela Comissão de Sindicância;
ação ou a designação, quando se tratar de destituição de cargo em II - o fato;
comissão ou destituição de função gratificada. III - a tipificação;
Art. 198. A ação disciplinar prescreverá em: IV - a determinação de intimação do servidor faltoso para exer-
I – 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cer o direito de defesa escrita até 10 (dez) dias da data da intimação;
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de car- V - a determinação de prazo para a realização da audiência de
go em comissão; conhecimento que não poderá exceder 10 (dez) dias do prazo para
II - 1 (um) ano, quanto à suspensão e destituição de função apresentação da defesa escrita;
gratificada; VI – determinação de prazo para a decisão da Comissão de Sin-
III – 6 (seis) meses quanto à advertência. dicância, que não poderá exceder a 10 (dez dias) da audiência de
§ 1º - O prazo de prescrição começa a correr da data em que o conhecimento, admitida sua prorrogação por até 20 (vinte) dias.
fato se tornou conhecido pela autoridade competente para iniciar o § 1º. A Comissão de Sindicância será instituída de forma per-
processo administrativo respectivo. manente, composta de, no mínimo, 03(três) servidores efetivos,
§ 2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se sendo 02(dois) deles indicados pelo Poder Executivo e 01(um) pela
às infrações disciplinares capituladas também como crime. representação dos servidores. (Art. 1º da Lei 1.675/2011)
§ 3º - A abertura de sindicância ou a instauração de processo § 2º. Os membros da Comissão de Sindicância terão suplentes,
administrativo disciplinar suspende a prescrição, até a decisão final designados pelo Prefeito Municipal, incumbidos de substituir os
proferida pela autoridade competente. membros titulares nos impedimentos e afastamentos.
§ 3º. Não poderá participar da Comissão de Sindicância, cônju-
TÍTULO V ge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
DA SINDICÂNCIA, DO AFASTAMENTO PREVENTIVO E DO PRO- ou colateral, até o 2º (segundo) grau do acusado, ou que possuam,
CESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR com este, relação de subordinação hierárquica, de amizade ou ini-
CAPÍTULO I mizade.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 4º. Os membros da Comissão de Sindicância não poderão
possuir o grau de parentesco mencionado no § 3º.
Art. 199. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no § 5º. A Comissão de Sindicância, como Órgão Colegiado, deve-
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, rá possuir sempre, número ímpar de membros, observado a pro-
mediante sindicância, ou se for o caso diretamente por processo porção estabelecida no §1º deste artigo. (Parágrafo Acrescido Pelo
administrativo disciplinar, assegurado ao acusado amplo direito de art.2º da Lei 1.675/2011)
defesa. § 6º. O ato que instituir a Comissão deverá designar, entre seus
respectivos membros, aquele que presidirá a Comissão de Sindicân-
§ 1.º - As providências de apuração terão início logo em seguida
cia, cabendo ao Presidente a designação do Secretário da Comissão,
ao conhecimento dos fatos e iniciar-se-ão por relatório circunstan-
que deverá recair em um dos demais membros. (Parágrafo Acresci-
ciado do ocorrido.
do Pelo art.2º da Lei 1.675/2011)
§ 2.º - A averiguação preliminar de que trata o parágrafo ante-
Art. 203. Da sindicância poderá resultar:
rior poderá ser realizada pelo responsável da área do servidor ou
I - arquivamento dos autos;
comissão de servidores.
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até
30 (trinta) dias;
CAPÍTULO II
III – instauração de processo administrativo disciplinar, nos ca-
DA SINDICÂNCIA
sos em que a infração importar na aplicação de pena de suspensão
superior a 30 (trinta) dias ou de demissão.
Art. 200. A sindicância será instaurada a fim de apurar o come- Art. 204. Na hipótese de o relatório da sindicância concluir que
timento de infração e determinar a imposição da pena, mediante a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade com-
procedimento sumário, assegurado o contraditório e a ampla de- petente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, inde-
fesa. pendentemente de imediata instrução do processo administrativo
§ 1º - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a disciplinar.
imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
demissão, cassação de disponibilidade, ou destituição de cargo em CAPÍTULO III
comissão, será obrigatória a instauração de processo administrativo DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
disciplinar.
§ 2º - O servidor público passível de penalidade mais leve que Art. 205. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
as previstas no parágrafo anterior, poderá requerer da autoridade venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
que lhe imputar ato ilícito, a formação de comissão de sindicância radora do processo administrativo disciplinar poderá ordenar o seu
e/ou processante para apurar a acusação e garantir a ampla defesa. afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta)
(Parágrafo Acrescido Pela Emenda nº.45 de 2010) dias, sem prejuízo de quaisquer direitos e vantagens decorrentes
Art. 201. São competentes para instaurar sindicância: do cargo.
I – o Prefeito, os Secretários Municipais e os Diretores de De- Parágrafo único - O afastamento poderá ser prorrogado por
partamento; igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
II - o Presidente da Câmara Municipal; concluído o processo.
III - o dirigente de autarquia e fundação pública.
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CAPÍTULO IV § 1.º - O Presidente da Comissão poderá denegar o pedido con-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR siderado impertinente, meramente protelatório ou de nenhum in-
Seção I teresse para o esclarecimento dos fatos.
Disposições Gerais § 2.º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a
comprovação do fato independer de conhecimento especial do pe-
Art. 206. O processo administrativo é o instrumento destinado rito.
a apurar a responsabilidade do servidor por infração praticada no Art. 216. As testemunhas serão intimadas a depor mediante
exercício de suas atribuições ou que tenha relação com as atribui- mandado expedido pelo Presidente da Comissão, devendo a segun-
ções do cargo em que se encontre investido. da via, com o ciente do interessado, ser anexada aos autos.
Art. 207. O processo administrativo disciplinar precederá à apli- § 1º - Se a testemunha for servidor público municipal, a ex-
cação das penas de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, demis- pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de repartição onde serve, com indicação do dia, hora e local onde será
cargo em comissão ou de função gratificada, assegurado ao acusa- prestado o depoimento.
do amplo direito de defesa. § 2º - Caso a testemunha esteja em local incerto e não sabido,
Art. 208. O processo administrativo disciplinar será conduzido será procedida a citação por edital.
pela Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar. Art. 217. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
§ 1º - Os atos da Comissão estarão subordinados à homologa- termo.
ção da Assessoria Jurídica do Município. § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente, de
§ 2º - O decreto regulamentar a ser editado após a publicação modo a evitar que uma ouça o depoimento da outra.
§ 2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se
desta Lei disciplinará a atuação da Comissão.
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes, quando
Art. 209. A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
necessária para o esclarecimento dos fatos.
dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
Art. 218. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
ção do fato ou exigido pelo interesse da Administração.
promoverá o interrogatório do acusado.
Parágrafo único – A composição da Comissão Permanente do § 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi-
Processo Administrativo dar-se-á na forma dos parágrafos 1º, 2º, 3º do separadamente, e, sempre que divergirem em suas declarações
e 4º do art. 202 desta Lei. sobre os fatos ou circunstâncias será promovida a acareação entre
Art. 210. O processo administrativo disciplinar desenvolve-se eles.
nas seguintes fases: § 2º - O procurador do acusado poderá assistir ao interroga-
I - instauração, com a publicação do ato que instaura o proces- tório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
so administrativo disciplinar. interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, rein-
II - instrução, que compreende interrogatório, produção de quirir o acusado e as testemunhas através do Presidente da Comis-
provas, defesa e relatório; são.
III - julgamento. Art. 219. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
Parágrafo único: A instauração do processo administrativo dis- acusado, a comissão proporá à autoridade competente que seja
ciplinar compete às autoridades do art. 197. submetido a exame médico.
Art. 211. O prazo para a conclusão do processo administrativo Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será proces-
disciplinar não excederá a 90 (noventa) dias, contados da publica- sado em autos apartados e apensos ao processo principal, após a
ção do ato de indiciação do servidor, admitida a sua prorrogação expedição do laudo pericial.
por até 30 (trinta) dias, quando as circunstâncias o exigirem, ou por Art. 220. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi-
prazo superior em razão da ocorrência de fatos que independam de ciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e
ato ou decorram de omissão da Administração. das respectivas provas.
§ 1º - O indiciado será citado, por mandado expedido pelo Pre-
Seção II sidente da Comissão para apresentar defesa escrita no prazo de 10
Da Instrução (dez) dias, a contar da data da citação, assegurando-se-lhe vista dos
autos do processo na repartição.
Art. 212. A instrução do processo administrativo disciplinar § 2º - Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será comum
obedecerá ao princípio do contraditório, assegurada ao acusado e de 20 (vinte) dias.
§ 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro para
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
diligências reputadas indispensáveis, pela Comissão, ou a requeri-
direito.
mento do indiciado.
Art. 213. Os autos da sindicância, se ocorrida, integrarão o pro-
§ 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
cesso administrativo disciplinar, como peça informativa da instru-
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em
ção. termo próprio pelo membro da comissão que fez a citação, com as
Art. 214. Na fase de instrução, a comissão promoverá a tomada assinaturas de 2 (duas) testemunhas.
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, Art. 221. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
objetivando a coleta de provas, recorrendo, quando necessário, a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos Art. 222. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido,
fatos. será citado por edital, publicado em órgão de imprensa oficial ou
Art. 215. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o em jornal de grande circulação, para apresentar defesa.
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador regular- Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
mente constituído, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir pro- será de 15 (quinze) dias a partir da publicação do edital.
vas e contra-provas e formular quesitos, quando se tratar de prova Art. 223. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
pericial. citado, não apresentar defesa no prazo legal.
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§ 1º - A revelia será declarada por termo nos autos do processo Seção IV
e devolverá o prazo para a defesa. Da Revisão do Processo
§ 2º - Para defender o indiciado revel, a autoridade instaurado-
ra do processo designará um servidor efetivo, de preferência bacha- Art. 233 - O processo administrativo disciplinar poderá ser re-
rel em Direito, como defensor dativo. visto, observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, a pedido
Art. 224. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório de- ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias sus-
talhado, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará cetíveis de justificarem a inocência do punido ou a inadequação da
as provas em que se baseou para formar a sua convicção. penalidade aplicada.
§ 1º - O relatório será preciso quanto à inocência ou à respon- § 1º - Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
sabilidade do servidor. do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão
§ 2º. Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão do processo.
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem § 2º - Em caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. será requerida pelo respectivo curador.
Art. 225. O processo administrativo disciplinar, com o relatório § 3º - No processo revisional o ônus da prova cabe ao reque-
da comissão, será remetido à autoridade que determinou sua ins- rente.
tauração, para julgamento. Art. 234. A simples alegação da injustiça da penalidade não
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos
Seção III ainda não apreciados no processo original.
Do Julgamento Art. 235. O requerimento da revisão do processo será encami-
nhado ao dirigente máximo de cada Poder ou entidade respectiva.
Art. 226. No prazo de 30 (trinta dias), contados do recebimento Parágrafo único - Deferida a petição, a autoridade competente
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. providenciará a constituição de comissão, na forma desta Lei.
§ 1º - O processo será encaminhado à autoridade competente Art. 236. A revisão correrá em apenso ao processo original.
para aplicar a pena proposta. Art. 237. A Comissão Revisora terá até 60 (sessenta) dias para
§ 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, a conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por 30 (trinta) dias, quando
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da as circunstâncias o exigirem.
pena mais grave. Art. 238. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
§ 3º - Se a penalidade prevista for a de demissão ou cassação que couber, as normas e os procedimentos próprios da comissão
de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às auto- do processo administrativo disciplinar.
ridades de que trata o inciso I do art. 197 desta Lei. Art. 239. O julgamento caberá à autoridade imediatamente su-
Art. 227. O julgamento será baseado no relatório da comissão, perior àquela que aplicou a penalidade apurada mediante processo
salvo quando contrário às provas dos autos. administrativo disciplinar.
§ 1º - Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au- Parágrafo único - O prazo para julgamento será de até 30 (trin-
toridade instauradora do processo determinará seu arquivamento, ta) dias contados do recebimento do processo, no curso do qual a
salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. autoridade julgadora poderá determinar diligências.
§ 2º - Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos Art. 240. Julgada procedente a revisão, a autoridade compe-
autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a tente poderá, fundamentadamente, alterar a classificação da falta
penalidade proposta, abrandála ou isentar o servidor de responsa- disciplinar, modificando a pena, absolver o servidor ou anular o pro-
bilidade, ouvida a respectiva assessoria jurídica. cesso.
Art. 228. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autori-
§ 1º - No caso de absolvição, será declarada sem efeito a pe-
dade julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo
nalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor.
e ordenará a constituição de outra comissão para instauração de
§ 2º - Da revisão do processo não poderá resultar agravamento
novo processo, observado o prazo prescricional.
de penalidade.
Art. 229. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
julgadora determinará o registro dos fatos nos assentamentos indi-
TÍTULO VI
viduais do servidor.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 230. Quando a infração estiver capitulada como crime, o
processo administrativo disciplinar será remetido ao Ministério Pú-
blico, para eventual instauração de ação penal, ficando um traslado Art. 241. O dia 28 de outubro será consagrado ao Servidor Pú-
na repartição. blico do Município de Borda da Mata e ponto facultativo nas repar-
Art. 231. O servidor que responde a processo administrativo tições públicas municipais.
disciplinar somente poderá ser exonerado a pedido ou aposentado Art. 242. O servidor público municipal está dispensado de com-
voluntariamente após a conclusão do processo e o cumprimento da parecer ao trabalho no dia do seu aniversário.
penalidade acaso aplicada. Art 243. O Prefeito Municipal baixará, por decreto, os regula-
Art. 232. As decisões proferidas em processos administrativos mentos necessários à fiel execução da presente Lei.
constarão dos assentamentos individuais do servidor. Art. 244. É vedada a nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º (terceiro)
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assesso-
ramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
indireta do Município.
Parágrafo único – É vedado o ajuste mediante designações re-
cíprocas entre os Poderes.
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Art. 245. É vedado ao servidor exercer atribuições diversas da- ______________________________________________________
quelas decorrentes do seu cargo efetivo, ressalvadas aquelas exerci-
das em função de confiança, cargo comissionado e em substituição. ______________________________________________________
Art 246. É assegurada a estabilidade excepcional, na forma do
art 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, ______________________________________________________
àqueles servidores que tenham ingressado na administração públi-
______________________________________________________
ca municipal, sem concurso público, até 05 de outubro de 1983.
Art. 247. Salvo disposição em sentido contrário, os prazos pre- ______________________________________________________
vistos nesta Lei serão contados em dias corridos, excluindo-se o dia
do começo e incluindo-se o de vencimento, ficando prorrogado, ______________________________________________________
para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia que não
haja expediente. ______________________________________________________
Art. 248. Para todos os efeitos previstos nesta Lei os exames
de sanidade física e mental serão realizados preferencialmente por ______________________________________________________
médicos da rede pública municipal de saúde.
______________________________________________________
Art. 249. Para os efeitos deste Estatuto, consideram-se perten-
centes à família do servidor, além do cônjuge e filhos, quaisquer ______________________________________________________
pessoas que, necessária e comprovadamente, vivam às suas expen-
sas e constem do seu assentamento individual. ______________________________________________________
Art. 250. Ao servidor será fornecida, gratuita e obrigatoriamen-
te, carteira de identificação funcional. ______________________________________________________
Art. 251. Prêmios, honrarias e diplomas poderão ser concedi-
dos, uma vez ao ano, aos servidores que elaborarem trabalhos ou ______________________________________________________
projetos técnicos ou científicos de interesse do Município, median-
te critérios a serem definidos em decreto, não podendo o prêmio, ______________________________________________________
quando convertido em dinheiro, ultrapassar 30 (trinta) por cento do
______________________________________________________
vencimento-base do respectivo cargo do servidor premiado.
Art. 252. Os benefícios previdenciários dos servidores serão ______________________________________________________
concedidos nos moldes da Constituição da República e da legislação
do regime de previdência social adotado pelo Município. ______________________________________________________
Art. 253. Lei municipal própria regulará o Plano de Carreira dos
servidores. ______________________________________________________
Art. 254. Ficam extintos todos os direitos e as vantagens, pecu-
niários ou de outra natureza, que não tenham sido previstos nesta ______________________________________________________
Lei, assegurado o direito adquirido.
______________________________________________________
Art. 255. Para fazer face às despesas decorrentes da aplicação
desta Lei, serão utilizados recursos orçamentários próprios em cada ______________________________________________________
exercício, observados os limites com despesa de pessoal previsto
na LC nº 101/00. ______________________________________________________
Art. 256. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação,
revogando as normas em contrário. ______________________________________________________
Art. 257. Revoga-se em especial a Lei nº 220/1955.
______________________________________________________
Borda da Mata, 03 de fevereiro de 2010.
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ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS
LÍNGUA PORTUGUESA
ESPECÍFICOS
Agente Comunitário de Saúde
Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
(SUS) - LEI Nº 8080/90; (SUS) - LEI Nº 8080/90. de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
PRINCIPAIS PROBLEMAS DA SAÚDE DA POPULAÇÃO E dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
RECURSOS EXISTENTES PARA O ENFRENTAMENTO DOS Conselhos de Saúde
PROBLEMAS
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? colegiado composto por representantes do governo, prestadores
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com legalmente constituído em cada esfera do governo.
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
da saúde. fins lucrativos.
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan- Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi- Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede-
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben-
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cona-
sems)
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição de matérias referentes à saúde
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades.
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
Ministério da Saúde São reconhecidos como entidades que representam os entes
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) forma que dispuserem seus estatutos.
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura:
Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
federais. União
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da
Secretaria Estadual de Saúde (SES) Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres- de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil,
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta-
implementar o plano estadual de saúde. de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor- conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
Estados e Distrito Federal das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados,
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o uma política de recursos humanos.
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
à saúde em seu território. so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
Municípios todos e dever do Estado” (art. 196).
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur- litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município quização, descentralização com direção única em cada esfera de
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a assistenciais.
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
pode oferecer. nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).

História do sistema único de saúde (SUS) Princípios do SUS


As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- 8.080/1990. Os principais são:
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80,
o país passou por grave crise na área econômico-financeira. Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade sem qualquer custo;
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú-
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra-
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de
à Saúde. complexidade;
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. maior atenção aos que mais necessitam;
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
saúde e alguns parlamentares. ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime
Descentralização: é o processo de transferência de responsabi-
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons-
lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações
trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática,
constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui-
considerando a descentralização, universalização e unificação como
ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
elementos essenciais para a reforma do setor.
Distrito Federal e aos municípios.
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser-
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
Principais leis
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
em 1976. e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar-
mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983. quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes,
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a
processo de descentralização da saúde. participação da iniciativa privada.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- Instâncias de Pactuação
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com- São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
área da saúde e dá outras providências. tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- existentes no País.
ção social em cada esfera de governo.
Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
Responsabilização Sanitária ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
processo de pactuação, no âmbito regional. sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
nesse espaço.
Responsabilização Macrossanitária Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus- necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe-
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu- cíficas em saúde existentes nas regiões.
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- Descentralização
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe-
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa-
buições de gestão, incluindo: dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror-
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra-
pal; cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- financeira para o processo de municipalização.
das no Plano Municipal de Saúde;
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi- des que não possuem em seus territórios condições de oferecer
ços de maior complexidade, não disponíveis no município. serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se
Responsabilização Microssanitária polos regionais que garantem o atendimento da sua população e
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre-
sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de- quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas
vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te- e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de
abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá- atendimento e o processo de descentralização.
rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi-
da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis-
outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe- posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple-
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or-
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
atendimento em um nível mais primário. porque possibilita melhor organização e funcionamento também
dos serviços de média e alta complexidade.
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
a atender as necessidades da população de seu município com efici- os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien- Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução. dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta
Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re-
o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde cursos existentes.
estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da
análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
dos recursos disponíveis. da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
No PMS, devem ser descritos os principais problemas da saúde reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
pública local, suas causas, consequências e pontos críticos. Além específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con-
disso, devem ser definidos os objetivos e metas a serem atingidos, junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma-
as atividades a serem executadas, os cronogramas, as sistemáticas gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
de acompanhamento e de avaliação dos resultados. profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de
saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas-
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de também das condições sociais, ambientais e econômicas em que
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti-
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe-
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza-
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de os resultados obtidos.
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú- gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten-
de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi- ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple-
dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é
das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, verdade.
desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os
saúde deve ser integral. desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa-
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten- dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e
ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos-
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De- sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais
senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá- envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo-
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais,
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res- entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas
ponsabilidade. histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio-
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os
objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto-
e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela
com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu- doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí-
laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o
buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do- desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores
enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro- sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá-
meter suas possibilidades de viver de modo saudável. rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a
realização de ações conjuntas.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam inventivas e capacidade de governo.
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni-
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e versal e igualitário às ações e serviços de saúde.
suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri-
integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe-
morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú- tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os
de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela
não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei
em saúde e a análise de situação de saúde. nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão
do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos
Competências municipais na vigilância em saúde financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as políticas e ações em cada Subsistema.
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças tes na União, nos Estados e Municípios.
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de Níveis de Gestão do SUS
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá- nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló- meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formu-
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência lação da política municipal de saúde e a provisão das ações e ser-
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância viços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos
em saúde e capacitação de recursos. pelo gestor federal e/ou estadual do SUS.
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For-
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis- mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza-
lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento
sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe- das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de
lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A recursos públicos arrecadados.
Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros. Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que
Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de
e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como
garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res- setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a
ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen- condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso
tais, resguardando suas características, atribuições e competências. seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério
O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e
é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais econômica protetivas da saúde.
que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi- Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso
to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a
cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. área de atuação do Sistema Único de Saúde.
É preciso inovar e buscar, coletiva e criativamente, soluções Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri-
novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A cons- dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e
trução de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica,
serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi-
em ambiente democrático e plural, é condição essencial para que o
to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público
SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema
pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva-
volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora
cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti- com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a causas.
possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que
público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas
compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen- de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela,
te nos arts. 198 e 200. saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga- porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
200 e leis específicas. devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode- rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem, rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
também, de lei para a sua exequibilidade. pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
tido os incisos daquele artigo, tão somente). vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
São objetivos do SUS: a) a identificação e divulgação dos fato- venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
res condicionantes e determinantes da saúde; b) a formulação de das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.
e social, a redução de riscos de doenças e outros agravos; e c) exe- Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar
cução de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087-
integrando as ações assistenciais com as preventivas, de modo a 6/600-RJ, aqui mencionado.
garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde. O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03,
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, de-
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos. terminando que suas atividades correrão à conta do orçamento do
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do Fundo Estadual da Saúde [13], vinculado à Secretaria de Estado da
disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar
que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade
de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam- da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com
pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis pedido de cautelar.
e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou
sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta-
a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen-
ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico. tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob- necessidade básica de alimentar-se.
vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú- Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis-
de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
humana. A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu- e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n.
União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais 8.080/90 [14].
clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS
o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun- incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar [15], ativi-
dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre- dades complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e
ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito simples, de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra
do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini- forma de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição
do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações da assistência social ou de outras áreas da Administração Pública
e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse- voltadas para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricio-
lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina- nal deve ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos
ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias). e setores governamentais em razão de sua interface com a saúde.
São atividades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE? setor, não as executa. Por isso a necessidade das comissões interse-
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan- toriais previstas na Lei n. 8.080/90.
ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da
epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais. República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério
Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie- da Saúde: a) política nacional de saúde; b) coordenação e fiscali-
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zação do Sistema Único de Saúde; c) saúde ambiental e ações de individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
inclusive a dos trabalhadores e dos índios; d) informações em saú- los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
de; e) insumos críticos para a saúde; f) ação preventiva em geral, A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos, completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
fluviais e aéreos; g) vigilância em saúde, especialmente quanto às só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
drogas, medicamentos e alimentos; h) pesquisa científica e tecnoló- traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
gica na área da saúde. Ao Ministério da Saúde compete a vigilância da assistência
sobre alimentos (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
a prestação de serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
baixa renda. assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá- Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas
da assistência social [16] ou de outro setor da Administração Pú- na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts.
blica e com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos 7º VII e 37) [18]. O plano de saúde deve ser a referência para a de-
mais confundir assistência social com saúde. A alimentação interes- marcação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas
sa à saúde, mas não está em seu âmbito de atuação. dos entes políticos.
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe- Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretrizes
leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergover-
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos namentais trilaterais [19], principalmente no que se refere à divisão
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando
da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da
de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes
preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13,
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art.
destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
“alimentação e nutrição”.
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto
buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na
cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal-
que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses
nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes
considerados como competência dos órgãos e entidades que com- governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre-
põe o Sistema Único de Saúde. sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar
e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos.
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente,
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que
saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen- namentais.
to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II,
devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra-
não podem ser prejudicadas. lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja-
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
os níveis de complexidade do sistema”. viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde de recursos [20], além da necessária observação do que ficou de-
sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade cidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais,
a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com que não contrariem a lei.
as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon-
do sistema. sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus
Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente
completa num único nível de complexidade técnica do sistema, apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar
serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida- consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu em instrumentos jurídicos competentes [21].
a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades

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Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui- CAPÍTULO I
ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e Dos Objetivos e Atribuições
ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi-
dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer- Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale- terminantes da saúde;
mos dela no tópico seguinte. II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. do art. 2º desta lei;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu- ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços das ações assistenciais e das atividades preventivas.
correspondentes e dá outras providências. O PRESIDENTE DA RE- Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
PÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san- Único de Saúde (SUS):
ciono a seguinte lei: I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca- II - a participação na formulação da política e na execução de
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de ações de saneamento básico;
direito Público ou privado. III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
saúde;
TÍTULO I IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
endido o do trabalho;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de- VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos,
vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a
exercício. participação na sua produção;
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula- VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân-
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu- cias de interesse para a saúde;
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações para consumo humano;
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. IX - a participação no controle e na fiscalização da produção,
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati-
empresas e da sociedade. vos, tóxicos e radioativos;
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco- X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento
nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan- científico e tecnológico;
tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de-
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
rivados.
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re-
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações
dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ-
por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
saúde, abrangendo:
social.
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen-
TÍTULO II te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE processos, da produção ao consumo; e
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
ou indiretamente com a saúde.
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po- de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes
der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei,
pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san- um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi-
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi-
Saúde (SUS), em caráter complementar. litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
advindos das condições de trabalho, abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
ou portador de doença profissional e do trabalho;

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II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos cidade de meios para fins idênticos.
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra- XIV – organização de atendimento público específico e especia-
balho; lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427,
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de de 2017)
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; CAPÍTULO III
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi- Da Organização, da Direção e da Gestão
cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re-
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú- Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de
blicas e privadas; acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
das entidades sindicais; e II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de
de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco Saúde ou órgão equivalente.
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de-
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes
CAPÍTULO II correspondam.
Dos Princípios e Diretrizes § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo-
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri- rão sobre sua observância.
vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po-
de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre- derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur-
vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de
seguintes princípios: saúde.
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os Art. 11. (Vetado).
níveis de assistência; Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar- nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis da sociedade civil.
de complexidade do sistema; Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
integridade física e moral; execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri- Único de Saúde (SUS).
vilégios de qualquer espécie; Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi- vidades:
ços de saúde e a sua utilização pelo usuário; I - alimentação e nutrição;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de II - saneamento e meio ambiente;
prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
VIII - participação da comunidade; IV - recursos humanos;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única V - ciência e tecnologia; e
em cada esfera de governo: VI - saúde do trabalhador.
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte-
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú- gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis-
de; sional e superior.
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am- Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali-
biente e saneamento básico; dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate- educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de
riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à
Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po- pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
pulação; Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto-
de assistência; e res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

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Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
2011). XII - realização de operações externas de natureza financeira de
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
2011). petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de -lhes assegurada justa indenização;
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen-
integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela tes e Derivados;
Lei nº 12.466, de 2011). XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote-
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- ção e recuperação da saúde;
tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co- exercício profissional e outras entidades representativas da socie-
nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes-
(Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos quisa, ações e serviços de saúde;
entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza-
2011). ção inerentes ao poder de polícia sanitária;
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es-
geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar tratégicos e de atendimento emergencial.
no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). Seção II
§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) Da Competência
são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS)
saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na compete:
forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466, I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
de 2011). II - participar na formulação e na implementação das políticas:
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
CAPÍTULO IV b) de saneamento básico; e
Da Competência e das Atribuições c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
Seção I III - definir e coordenar os sistemas:
Das Atribuições Comuns a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;
b) de rede de laboratórios de saúde pública;
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios c) de vigilância epidemiológica; e
exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições: d) vigilância sanitária;
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação IV - participar da definição de normas e mecanismos de con-
e de fiscalização das ações e serviços de saúde; trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele
II - administração dos recursos orçamentários e financeiros decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;
destinados, em cada ano, à saúde; V - participar da definição de normas, critérios e padrões para
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar
da população e das condições ambientais; a política de saúde do trabalhador;
IV - organização e coordenação do sistema de informação de VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância
saúde; epidemiológica;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de
drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple-
sistência à saúde;
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
VII - participação de formulação da política e da execução das
consumo e uso humano;
ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
ção do meio ambiente;
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
IX - participação na formulação e na execução da política de
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência de portos, aeroportos e fronteiras;
à saúde; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica-
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.
cias de interesse para a saúde; Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com-
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao pete:
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços
atuação institucional; de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema II - participar do planejamento, programação e organização
Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis- da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde
tência à saúde; (SUS), em articulação com sua direção estadual;
XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe-
e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva- rentes às condições e aos ambientes de trabalho;
mente, de abrangência estadual e municipal; IV - executar serviços:
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio- a) de vigilância epidemiológica;
nal de Sangue, Componentes e Derivados; b) vigilância sanitária;
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de c) de alimentação e nutrição;
saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; d) de saneamento básico; e
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito e) de saúde do trabalhador;
do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis- V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e
trito Federal; equipamentos para a saúde;
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos
em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede- órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro-
ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) lá-las;
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân-
controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
que representem risco de disseminação nacional. X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra-
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de
compete: saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva-
e das ações de saúde; dos de saúde;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi-
Sistema Único de Saúde (SUS); cos de saúde no seu âmbito de atuação.
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu- Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
tar supletivamente ações e serviços de saúde; das aos Estados e aos Municípios.
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
serviços: CAPÍTULO V
a) de vigilância epidemiológica; Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
b) de vigilância sanitária; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
c) de alimentação e nutrição; e
d) de saúde do trabalhador; Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten-
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra- dimento das populações indígenas, em todo o território nacional,
vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In-
VI - participar da formulação da política e da execução de ações cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
de saneamento básico; Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
VII - participar das ações de controle e avaliação das condições gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
e dos ambientes de trabalho; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; 9.836, de 1999)
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
al e regional; nº 9.836, de 1999)
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
nização administrativa; do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos 1999)
e substâncias de consumo humano;

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a § 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di-
realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a
e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído
se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem- pela Lei nº 11.108, de 2005)
plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu- § 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em
trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito
sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de
1999) 2013)
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado. CAPÍTULO VIII
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA
base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
9.836, de 1999)
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po- 12.401, de 2011)
pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
Lei nº 9.836, de 1999) terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor- com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for das as seguintes definições:
o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
coletoras e equipamentos médicos;
CAPÍTULO VI II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
E INTERNAÇÃO DOMICILIAR saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
pela Lei nº 10.424, de 2002) Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi- diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
de 2002) quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
CAPÍTULO VII 2011)
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O TRABA- I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
LHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - 2011)
SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será pela Lei nº 12.401, de 2011)
indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com TÍTULO III
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu- DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu- CAPÍTULO I
ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, Do Funcionamento
de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela promoção, proteção e recuperação da saúde.
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
do pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo condições para seu funcionamento.
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
Lei nº 12.401, de 2011) à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- 2015)
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
do pela Lei nº 12.401, de 2011) nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento 2015)
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, nº 13.097, de 2015)
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- Lei nº 13.097, de 2015)
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces- III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen- empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando 13.097, de 2015)
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no pela Lei nº 13.097, de 2015)
que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, CAPÍTULO II
de 2011) Da Participação Complementar
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível,
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter-
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) serviços ofertados pela iniciativa privada.
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) das, a respeito, as normas de direito público.
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
nº 12.401, de 2011) Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Conselho Nacional de Saúde.
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio-
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani- nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua-
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol- lidade de execução dos serviços contratados.
so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni-
na Anvisa.” cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do
medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen- contrato.
tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges- § 3° (Vetado).
tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- § 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia-
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro
TÍTULO IV da Habitação (SFH).
DOS RECURSOS HUMANOS § 4º (Vetado).
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- externa e receita própria das instituições executoras.
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 6º (Vetado).
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de
pessoal; CAPÍTULO II
II - (Vetado) Da Gestão Financeira
III - (Vetado)
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Único de Saúde (SUS). (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e lhos de Saúde.
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
com o sistema educacional. Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser de, através do Fundo Nacional de Saúde.
exercidas em regime de tempo integral. § 2º (Vetado).
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 3º (Vetado).
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 29. (Vetado). Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
entidades profissionais correspondentes tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
TÍTULO V Saúde (SUS).
DO FINANCIAMENTO Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
CAPÍTULO I Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
Dos Recursos prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta e projetos:
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos I - perfil demográfico da região;
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- na área;
nientes de: IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
I - (Vetado) anterior;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
tência à saúde; duais e municipais;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados outras esferas de governo.
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula-
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual
cional, em especial o número de eleitores registrados.
será destinada à recuperação de viciados.
§ 3º (Vetado).
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
§ 4º (Vetado).
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
§ 5º (Vetado).
tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 44. (Vetado).
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
na gestão dos recursos transferidos. convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
CAPÍTULO III sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
Do Planejamento e do Orçamento jam vinculados.
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
da União. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- esse fim, for firmado.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
tária. em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
função das características epidemiológicas e da organização dos de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
serviços em cada jurisdição administrativa. epidemiológicas e de prestação de serviços.
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- Art. 48. (Vetado).
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade Art. 49. (Vetado).
lucrativa. Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 51. (Vetado).
Art. 39. (Vetado).
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
§ 1º (Vetado).
me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
§ 2º (Vetado).
nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
§ 3º (Vetado).
de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
§ 4º (Vetado).
Art. 53. (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
mediante simples termo de recebimento. Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
§ 7º (Vetado). 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, em contrário.
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis-
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergoverna-
médico-hospitalares. mentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras pro-
Art. 40. (Vetado) vidências.
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
como referencial de prestação de serviços, formação de recursos Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
humanos e para transferência de tecnologia. 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
Art. 42. (Vetado). verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser- guintes instâncias colegiadas:
vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas I - a Conferência de Saúde; e
dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva- II - o Conselho de Saúde.
das.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si- de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política lei.
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu- Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE
formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe PROMOÇÃO DA SAÚDE: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS;
do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado - en-
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o frenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou médicos,
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) mensalidades altas, falta de cobertura para diversas doenças e exa-
terão representação no Conselho Nacional de Saúde. mes. Um levantamento realizado pelo UOL aponta os 10 principais
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e problemas enfrentados pelo setor no país.
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
mentos. 1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão do SUS, segundo destacou o presidente do TCU, ministro Raimundo
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen- Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde),
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho. há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que na
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão Europa, cuja taxa é de 33,3.
alocados como:
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus 2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos con-
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; sultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil apresen-
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do tou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; 27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países mais
III - investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8).
da Saúde;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple- 3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no Re-
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti- clame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde. recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se- neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade
rão repassados de forma regular e automática para os Municípios, Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9
Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. entidade. No SUS, a taxa é de 1,5.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios 4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, o tema considerado de «pior qualidade» em uma pesquisa da CNI
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério (Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços.
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de saú-
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante de) e 31,4% (urgência ou emergência).
aos Estados.
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- 5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mun-
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. dial é de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar (13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%.
com:
I - Fundo de Saúde; 6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; Indicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho Re-
III - plano de saúde; gional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase 40%
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o dos recém-formados não passam em seu exame.
§ 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- 7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das men-
mento;VI - Comissão de elaborção do Plano de Carreira, Cargos e salidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8% das
Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. queixas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência Na-
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos cional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está «mensa-
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste lidades e reajustes».
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos pla- A saúde, sendo uma esfera da vida de homens e mulheres em
nos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS, toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do de-
foram 15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No es- senrolar das mudanças da sociedade nesse período. O processo de
tudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço. transformação da sociedade é também o processo de trans- forma-
ção da saúde e dos problemas sanitários.
9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde, esse Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar
é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do setor da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as
chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento
privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de reclamação
crônico e de morte prematura de indivíduos e população.
no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo a institui- Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento eviden-
ção, foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três meses ciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produ-
do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações. ção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico
e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes
10) Discriminação no atendimento: 10,6% da população brasi- nem determinantes mais amplos desse processo, operando um mo-
leira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas delo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela
na rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que aponta a centralidade dos sintomas.
Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%) disse ter No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da po-
sido maltratada por “falta de dinheiro” e 52,5% em razão da “clas- pulação significou pensar a redemocratização do País e a constitui-
se social”. Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito racial, ção de um sistema de saúde inclusivo.
8,1% por religião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto, o Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como
percentual poderia ser maior se parte da população LGBT (Lésbicas, tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela
Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deixas- descentralização do sistema de saúde e pela implantação de po-
líticas sociais que defendessem e cuidassem da vida (Conferência
se de buscar auxílio médico por medo de discriminação, revela uma
Nacional de Saúde, 1986). Era um momento chave do movimento
pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). da Reforma Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade
entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a garan-
tia dos demais direitos humanos e de ci dadania. O relatório final da
8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990a).
Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o con-
ceito ampliado de saúde, a necessidade de criar políticas públicas
para promovê-la, o imperativo da participação social na construção
do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor
sanitário responder sozinho à transformação dos determinantes e
condicionantes para garantir opções saudáveis para a população.
Nesse sentido, o SUS, como política do estado brasileiro pela me-
lhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à
saúde, dialoga com as reflexões e os movimentos no âmbito da pro-
moção da saúde.
A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção
de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articula-
do às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de
saúde brasileiro, contribui na construção de ações que possibilitam
responder às necessidades sociais em saúde.
No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como
uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o pro-
cesso saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo:
violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico,
habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à edu-
cação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água
ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de
intervir em saúde.
Tradicionalmente, os modos de viver têm sido abordados numa
perspectiva individualizante e fragmentária, e colocam os sujei- tos
e as comunidades como os responsáveis únicos pelas várias mudan-
ças/arranjos ocorridos no processo saúde-adoecimento ao longo da
vida. Contudo, na perspectiva ampliada de saúde, como definida no
âmbito do movimento da Reforma Sanitária brasileira, do SUS e das
Introdução Cartas de Promoção da Saúde, os modos de viver não se referem
As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que apenas ao exercício da vontade e/ ou liberdade individual e comuni-
ocorreram no mundo desde o século XIX e que se intensificaram tária. Ao contrário, os modos como sujeitos e coletividades elegem
no século passado, produziram alterações significativas para a vida determinadas opções de viver como desejáveis, organizam suas es-
em sociedade. colhas e criam novas possibilidades para satisfazer suas necessida-
Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez des, desejos e interesses pertencentes à ordem coletiva, uma vez
mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o que seu processo de construção se dá no contexto da própria vida.
aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver. Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem seu
escopo, tomando como objeto os problemas e as necessidades
de saúde e seus determinantes e condicionantes, de modo que a
organização da atenção e do cuidado envolva, ao mesmo tempo,
as ações e os serviços que operem sobre os efeitos do adoecer e
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
aqueles que visem ao espaço para além dos muros das unidades quer individual e/ou coletivamente, de modo a deslocar a atenção
de saúde e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de da perspectiva estrita do seu adoecimento e dos seus sintomas para
vida e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos o acolhimento de sua história, de suas condições de vida e de suas
sujeitos e das coletividades no território onde vivem e trabalham. necessidades em saúde, respeitando e considerando suas especi-
Nesta direção, a promoção da saúde estreita sua relação com ficidades e suas potencialidades na construção dos projetos e da
a vigilância em saúde, numa articulação que reforça a exigência de organização do trabalho sanitário.
um movimento integrador na construção de consensos e sinergias,
e na execução das agendas governamentais a fim de que as políticas A ampliação do comprometimento e da corresponsabilidade
públicas sejam cada vez mais favoráveis à saúde e à vida, e estimu- entre trabalhadores da Saúde, usuários e território em que se lo-
lem e fortaleçam o protagonismo dos cidadãos em sua elaboração calizam altera os modos de atenção e de gestão dos serviços de
e implementação, ratificando os preceitos constitucionais de parti- saúde, uma vez que a produção de saúde torna-se indissociável da
cipação social. produção de subjetividades mais ativas, críticas, envolvidas e solidá-
O exercício da cidadania, assim, vai além dos modos institucio- rias e, simultaneamente, exige a mobilização de recursos políticos,
nalizados de controle social, implicando, por meio da criatividade humanos e financeiros que extrapolam o âmbito da saúde. Assim,
e do espírito inovador, a criação de mecanismos de mobilização e coloca-se ao setor Saúde o desafio de construir a intersetorialidade.
participação como os vários movimentos e grupos sociais, organi- Compreende-se a intersetorialidade como uma articulação das
zando-se em rede. possibilidades dos distintos setores de pensar a questão complexa
O trabalho em rede, com a sociedade civil organizada,exige que
da saúde, de corresponsabilizar-se pela garantia da saúde como di-
o planejamento das ações em saúde esteja mais vinculado às ne-
cessidades percebidas e vivenciadas pela população nos diferentes reito humano e de cidadania, e de mobilizar-se na formulação de
territórios e, concomitantemente, garante a sustentabilidade dos intervenções que a propiciem.
processos de intervenção nos determinantes e condicionantes de O processo de construção de ações intersetoriais implica na
saúde. troca e na construção coletiva de saberes, linguagens e práticas en-
A saúde, como produção social de determinação múltipla e tre os diversos setores envolvidos na tentativa de equacionar deter-
complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos minada questão sanitária, de modo que nele torna-se possível pro-
em sua produção – usuários, movimentos sociais, trabalhadores da duzir soluções inovadoras quanto à melhoria da qualidade de vida.
Saúde, gestores do setor sanitário e de ou- tros setores –, na análise Tal processo propicia a cada setor a ampliação de sua capacidade de
e na formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de analisar e de transformar seu modo de operar a partir do convívio
vida. O paradigma promocional vem colocar a necessidade de que com a perspectiva dos outros setores, abrindo caminho para que os
o processo de produção do conhecimento e das práticas no campo
esforços de todos sejam mais efetivos e eficazes.
da Saúde e, mais ainda, no campo das políticas públicas faça-se por
meio da construção e da gestão compartilhadas. O compromisso do setor Saúde na articulação intersetorial é
Desta forma, o agir sanitário envolve fundamentalmente o es- tornar cada vez mais visível que o processo saúde-adoecimento é
tabelecimento de uma rede de compromissos e corresponsabilida- efeito de múltiplos aspectos, sendo pertinente a todos os setores
des em favor da vida e da criação das estratégias necessárias para da sociedade e devendo compor suas agendas.
que ela exista. A um só tempo, comprometer-se e corresponsabili- Dessa maneira, é tarefa do setor Saúde nas várias esferas de
zar- se pelo viver e por suas condições são marcas e ações próprias decisão convocar os outros setores a considerar a avaliação e os
da clínica, da saúde coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se parâmetros sanitários quanto à melhoria da qualidade de vida da
a indissociabilidade entre esses planos de atuação. população quando forem construir suas políticas específicas.
Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estra- Ao se retomar as estratégias de ação propostas pela Carta de
tégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos Ottawa (BRASIL, 1996) e analisar a literatura na área, observa-se
fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças
que, até o momento, o desenvolvimento de estudos e evidências
entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País,
visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vul- aconteceu, em grande parte, vinculado às iniciativas ligadas ao
nerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a comportamento e aos hábitos dos sujeitos. Nesta linha de interven-
participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. ção já é possível encontrar um acúmulo de evidências convincentes,
Na Constituição Federal de 1988, o estado brasileiro assume que são aquelas baseadas em estudos epidemiológicos demonstra-
como seus objetivos precípuos a redução das desigualdades sociais tivos de associações convincentes entre exposição e doença a par-
e regionais, a promoção do bem de todos e a construção de uma tir de pesquisas observacionais prospectivas e, quando necessário,
sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação. Tais ensaios clínicos randomizados com tamanho, duração e qualidade
objetivos marcam o modo de conceber os direitos de cidadania e suficientes (BRASIL, 2004a).
os deveres do estado no País, entre os quais a saúde (BRASIL, 1988). Entretanto, persiste o desafio de organizar estudos e pesqui-
Neste contexto, a garantia da saúde implica assegurar o aces- sas para identificação, análise e avaliação de ações de promoção da
so universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde, como saúde que operem nas estratégias mais amplas que foram definidas
também à formulação de políticas sociais e econômicas que ope- em Ottawa (BRASIL, 1996) e que estejam mais associa- das às dire-
rem na redução dos riscos de adoecer. trizes propostas pelo Ministério da Saúde na Política Nacional de
No texto constitucional tem-se ainda que o sistema sanitário Promoção da Saúde, a saber: integralidade, equidade, responsabili-
brasileiro encontra-se comprometido com a integralidade da aten- dade sanitária, mobilização e participação social, intersetorialidade,
ção à saúde, quando suas ações e serviços são instados a trabalhar informação, educação e comunicação, e sustentabilidade.
pela promoção, proteção e recuperação da saúde, com a descentra- A partir das definições constitucionais, da legislação que re-
lização e com a participação social. gulamenta o SUS, das deliberações das conferências nacionais de
No entanto, ao longo dos anos, o entendimento da integrali- saúde e do Plano Nacional de Saúde (2004-2007) (BRASIL, 2004b),
dade passou a abranger outras dimensões, aumentando a respon- o Ministério da Saúde propõe a Política Nacional de Promoção da
sabilidade do sistema de saúde com a qualidade da atenção e do Saúde num esforço para o enfrentamento dos desafios de produção
cuidado. A integralidade implica, além da articulação e sintonia en- da saúde num cenário sócio-histórico cada vez mais complexo e que
tre as estratégias de produção da saúde, na ampliação da escuta exige a reflexão e qualificação contínua das práticas sanitárias e do
dos trabalhadores e serviços de saúde na relação com os usuários, sistema de saúde.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Entende-se que a promoção da saúde apresenta-se como um X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de do-
mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política trans- enças e agravos à saúde;
versal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o
do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e desenvolvimento de uma cultura de paz no País; e
não- governamental, e a sociedade, compondo redes de compro- XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com ou-
misso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da popu- tras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de
lação em que todos sejam partícipes na proteção e no cuidado com políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de inicia- tivas
a vida. que signifiquem redução das situações de desigualdade.
Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na arti-
culação sujeito/coletivo, público/privado, estado/sociedade, clíni- Diretrizes
ca/ política, setor sanitário/outros setores, visando romper com a I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental
excessiva fragmentação na abordagem do processo saúde- adoeci- da busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde;
mento e reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que
produzem. propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da
No esforço por garantir os princípios do SUS e a constante me- saúde;
lhoria dos serviços por ele prestados, e por melhorar a qualidade de III – Fortalecer a participação social como fundamental na con-
vida de sujeitos e coletividades, entende-se que é urgente superar secução de resultados de promoção da saúde, em especial a equi-
a cultura administrativa fragmentada e desfocada dos interesses e dade e o empoderamento individual e comunitário;
das necessidades da sociedade, evitando o desperdício de recursos IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas
públicos, reduzindo a superposição de ações e, consequentemen- à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de
te, aumentando a eficiência e a efetividade das políticas públicas redes de cooperação intersetoriais;
existentes. V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando
Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas; e
da Saúde é oportuna, posto que seu processo de construção e de VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promo-
implantação/implementação – nas várias esferas de gestão do SUS ção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do
e na interação entre o setor sanitário e os demais setores das po- SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular
líticas públicas e da sociedade – provoca a mudança no modo de e tradicional.
organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o trabalho em saúde.
Estratégias de implementação
Objetivo geral De acordo com as responsabilidades de cada esfera de gestão
Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos do SUS – Ministério da Saúde, estados e municípios, destacamos as
à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes estratégias preconizadas para implementação da Política Nacional
I – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambien- de Promoção da Saúde.
te, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. I – Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da
saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saú-
Objetivos específicos de sensíveis à realidade do Brasil;
I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, II – Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em
com ênfase na atenção básica; todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas
II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e
coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde prevenção, e controle ao tabagismo;
e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer or- III – Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações
dem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção de promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no Sis-
sexual, entre outras); tema Único de Saúde;
III – Promover o entendimento da concepção ampliada de saú- IV – Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação
de, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio, de profissionais para atuação na área de informação, comunicação
como os da atividades-fim; e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na
IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários
garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de de Saúde:
promoção da saúde; A) estímulo à inclusão nas capacitações do SUS de temas liga-
V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ dos à promoção da saúde; e
contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; B) apoio técnico a estados e municípios para inclusão nas capa-
VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convi- citações do Sistema Único de Saúde de temas ligados à promoção
vência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações da saúde.
de promoção da saúde; I – Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações volta-
VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção das para a implementação da Estratégia Global, vigilância e preven-
de ambientes mais seguros e saudáveis; ção de doenças e agravos não transmissíveis;
VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas II – Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais re-
públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no ferentes à Promoção da Saúde;
planejamento de espaços urbanos e rurais; III – Estímulo à criação de Rede Nacional de Experiências Exi-
IX – Ampliar os processos de integração baseados na coopera- tosas na adesão e no desenvolvimento da estratégia de municípios
ção, solidariedade e gestão democrática; saudáveis:

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
a) identificação e apoio a iniciativas referentes às Escolas Pro- VI – Viabilizar linhas de financiamento para a promoção da saú-
motoras da Saúde com foco em ações de alimentação saudável; de dentro da política de educação permanente, bem como propor
práticas corporais/atividades físicas e ambiente livre de tabaco; instrumentos de avaliação de desempenho;
b) identificação e desenvolvimento de parceria com estados e VII – Adotar o processo de avaliação como parte do planeja-
municípios para a divulgação das experiências exitosas relativas a mento e da implementação das iniciativas de promoção da saúde,
instituições saudáveis e ambientes saudáveis; garantindo tecnologias adequadas;
c) favorecimento da articulação entre os setores da saúde, VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompa-
meio ambiente, saneamento e planejamento urbano a fim de pre- nha- mento e avaliação do impacto da implantação/implementação
venir e/ou reduzir os danos provocados à saúde e ao meio ambien- da Política de Promoção da Saúde;
te, por meio do manejo adequado de mananciais hídricos e resídu- IX – Articular com os sistemas de informação existentes a in-
os sólidos, uso racional das fontes de energia, produção de fontes serção de ações voltadas a promoção da saúde no âmbito do SUS;
de energia alternativas e menos poluentes; X – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais
d) desenvolvimento de iniciativas de modificação arqui- tetôni- para potencializar a implementação das ações de promoção da saú-
cas e no mobiliário urbano que objetivem a garantia de acesso às de no âmbito do SUS;
pessoas portadoras de deficiência e idosas; e XI – Definir ações de promoção da saúde intersetoriais e pluri-
e) divulgação de informações e definição de mecanismos de in- -institucionais de abrangência nacional que possam impactar posi-
centivo para a promoção de ambientes de trabalho saudáveis com tivamente nos indicadores de saúde da população;
ênfase na redução dos riscos de acidentes de trabalho. XII – Elaboração de materiais de divulgação visando à socializa-
I – Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para ção da informação e à divulgação das ações de promoção da saúde;
Promoção da Saúde; XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu-
II – Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda de cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de
atividades da comunicação social do SUS: promoção da saúde;
a) apoio e fortalecimento de ações de promoção da saúde ino- XIV – Promoção de cooperação nacional e internacional refe-
vadoras utilizando diferentes linguagens culturais, tais como jogral, rentes às experiências de promoção da saúde nos campos da aten-
hip hop, teatro, canções, literatura de cordel e outras formas de ção, da educação permanente e da pesquisa em saúde; e
manifestação; XV – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia-
I – Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e tivo das ações de promoção da saúde.
condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do
planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21 Gestor estadual
locais, entre outros); I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde;
II – Estímulo à articulação entre municípios, estados e Governo II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde
Federal valorizando e potencializando o saber e as práticas existen- em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as
tes no âmbito da promoção da saúde: realidades loco-regionais;
a) apoio às iniciativas das secretarias estaduais e municipais no III –Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para
sentido da construção de parcerias que estimulem e viabilizem po- a implementação da Política, considerando a composição bipartite;
líticas públicas saudáveis; IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis
I – Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impac- pelo planejamento, articulação e monitoramento e avaliação das
to na situação de saúde considerando ações de promoção da saúde: ações de promoção da saúde nas secretarias estaduais de saúde;
a) apoio à construção de indicadores relativos as ações priori- V – Manter articulação com municípios para apoio à implanta-
zadas para a Escola Promotora de Saúde: ali- mentação saudável; ção e supervisão das ações de promoção da saúde;
práticas corporais/atividade física e ambiente livre de tabaco; e VI – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avalia-
I – Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando ção das ações de promoção da saúde para instrumentalização de
ao conhecimento e à troca de informações decorrentes das experi- processos de gestão;
ências no campo da atenção à saúde, formação, educa- ção perma- VII – Adotar o processo de avaliação como parte do planeja-
nente e pesquisa com unidades federativas e países onde as ações mento e implementação das iniciativas de promoção da saúde, ga-
de promoção da saúde estejam integradas ao serviço público de rantindo tecnologias adequadas;
saúde: VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompa-
a) criação da Rede Virtual de Promoção da Saúde. nha- mento e a avaliação do impacto da implantação/implementa-
Responsabilidades das esferas de gestão ção desta Política;
IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação per-
Gestor federal ma- nente em consonância com as realidades loco-regionais;
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde
II – Promover a articulação com os estados para apoio à im- dentro da política de educação permanente, bem como propor ins-
plantação e supervisão das ações referentes às ações de promoção trumento de avaliação de desempenho, no âmbito estadual;
da saúde; XI – Promover articulação intersetorial para a efetivação da Po-
III –Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para lítica de Promoção da Saúde;
a implementação desta Política, considerando a composição tripar- XII – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais
tite; para potencializar a implementação das ações de promoção da saú-
IV – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avalia- de no âmbito do SUS;
ção das ações de promoção da saúde para instrumentalização de XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu-
processos de gestão; cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de
V – Definir e apoiar as diretrizes capacitação e educação per- promoção da saúde;
ma- nente em consonância com as realidades locorregionais;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
XIV – Elaboração de materiais de divulgação visando à socializa- Ações específicas
ção da informação e à divulgação das ações de promoção da saúde; Para o biênio 2006-2007, foram priorizadas as ações voltadas a:
XV – Promoção de cooperação referente às experiências de
promoção da saúde nos campos da atenção, da educação perma- Divulgação e implementação da Política Nacional de Promo-
nente e da pesquisa em saúde; e ção da Saúde
XVI – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia- I – Promover seminários internos no Ministério da Saúde desti-
tivo das ações de promoção da saúde. nados à divulgação da PNPS, com adoção de seu caráter transversal;
II – Convocar uma mobilização nacional de sensibilização para
Gestor municipal o desenvolvimento das ações de promoção da saúde, com estímulo
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; à adesão de estados e municípios;
II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde III –Discutir nos espaços de formação e educação permanente
em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as de profissionais de saúde a proposta da PNPS e estimular a inclusão
realidades locais; do tema nas grades curriculares; e
III–Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a IV– Avaliar o processo de implantação da PNPS em fóruns de
implementação da Política de Promoção da Saúde; composição tripartite.
IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis
pelo planejamento, implementação, articulação e monitoramento, Alimentação saudável
e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias de mu- I – Promover ações relativas à alimentação saudável visando à
nicipais de saúde; promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional, contri-
V –Adotar o processo de avaliação como parte do planejamen- buindo com as ações e metas de redução da pobreza, a inclusão so-
to e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, ga- cial e o cumprimento do direito humano à alimentação adequada;
rantindo tecnologias adequadas; II – Promover articulação intra e intersetorial visando à imple-
VI – Participação efetiva nas iniciativas dos gestores federal e mentação da Política Nacional de Promoção da Saúde por meio do
estadual no que diz respeito à execução das ações locais de promo- reforço à implementação das diretrizes da Política Nacional de Ali-
ção da saúde e à produção de dados e informações fidedignas que
mentação e Nutrição e da Estratégia Global:
qualifiquem a pesquisas nessa área;
a) com a formulação, implementação e avaliação de políticas
VII – Estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o
públicas que garantam o acesso à alimentação saudável, conside-
acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/ imple-
rando as especificidades culturais, regionais e locais;
mentação da Política;
b) mobilização de instituições públicas, privadas e de setores
VIII – Implantar estruturas adequadas para monitoramento e
da sociedade civil organizada visando ratificar a implementação de
ava- liação das iniciativas de promoção da saúde;
ações de combate à fome e de aumento do acesso ao alimento sau-
IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação per-
dável pelas comunidades e pelos grupos populacionais mais pobres;
ma- nente em consonância com as realidades locais;
c) articulação intersetorial no âmbito dos conselhos de segu-
X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde
dentro da política de educação permanente, bem como propor ins- rança alimentar, para que o crédito e o financiamento da agricultura
trumento de avaliação de desempenho, no âmbito municipal; familiar incorpore ações de fomento à produção de frutas, legumes
XI – Estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissio- e verduras visando ao aumento da oferta e ao conseqüente aumen-
nais do sistema local de saúde para desenvolver as ações de promo- to do consumo destes alimentos no país, de forma segura e susten-
ção da saúde; tável, associado às ações de geração de renda;
XII – Realização de oficinas de capacitação, envolvendo equi- d) firmar agenda/pacto/compromisso social com diferentes se-
pes multiprofissionais, prioritariamente as que atuam na atenção tores (Poder Legislativo, setor produtivo, órgãos governamentais e
básica; não-governamentais, organismos internacionais, setor de comuni-
XIII– Promover articulação intersetorial para a efetivação da cação e outros), definindo os compromissos e as responsabilidades
Política de Promoção da Saúde; sociais de cada setor, com o objetivo de favorecer/garantir hábitos
XIV – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais alimentares mais saudáveis na população, possibilitando a redução
para potencializar a implementação das ações de promoção da saú- e o controle das taxas das DCNT no Brasil;
de no âmbito do SUS; e) articulação e mobilização dos setores público e privado para
XV – Ênfase ao planejamento participativo envolvendo todos os a adoção de ambientes que favoreçam a alimentação saudável, o
setores do governo municipal e representantes da sociedade civil, que inclui: espaços propícios à amamentação pelas nutrizes traba-
no qual os determinantes e condicionantes da saúde sejam instru-
lhadoras, oferta de refeições saudáveis nos locais de trabalho, nas
mentos para formulação das ações de intervenção;
escolas e para as populações institucionalizadas; e
XVI – Reforço da ação comunitária, por meio do respeito às di-
f) articulação e mobilização intersetorial para a proposição e
versas identidades culturais nos canais efetivos de participação no
elaboração de medidas regulatórias que visem promover a alimen-
processo decisório;
tação saudável e reduzir o risco do DCNT, com especial ênfase para
XVII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu-
a regulamentação da propaganda e publicidade de alimentos.
cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de
I – Disseminar a cultura da alimentação saudável em consonân-
promoção da saúde;
cia com os atributos e princípios do Guia Alimentar da População
XVIII – Elaboração de materiais de divulgação visando à socia-
Brasileira:
lização da informação e à divulgação das ações de promoção da
a) divulgação ampla do Guia Alimentar da População Brasileira
saúde; e
para todos os setores da sociedade;
XIX – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia-
tivo das ações de promoção da saúde.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
b) produção e distribuição de material educativo (Guia Alimen- e) realização de inquéritos de fatores de risco para as DCNT da
tar da População Brasileira, 10 Passos para uma Alimentação Sau- população em geral a cada cinco anos e para escolares a cada dois
dável para Diabéticos e Hiper- tensos, Cadernos de Atenção Básica anos, conforme previsto na Agenda Nacional de Vigilância de Doen-
sobre Prevenção e Tratamento da Obesidade e Orientações para a ças e Agravos Não Transmissíveis, do Ministério da Saúde;
Alimentação Saudável dos Idosos); f) monitoramento do teor de sódio dos produtos pro- cessados,
em parceria com a Anvisa e os órgãos da vigilância sanitária em es-
c) desenvolvimento de campanhas na grande mídia para orien- tados e municípios; e
tar e sensibilizar a população sobre os benefícios de uma alimenta- g) fortalecimento dos mecanismos de regulamentação, contro-
ção saudável; le e redução do uso de substâncias agrotóxicas e de outros modos
d) estimular ações que promovam escolhas alimentares sau- de contaminação dos alimentos.
dáveis por parte dos beneficiários dos programas de transferência I – Reorientação dos serviços de saúde com ênfase na atenção
de renda; básica:
e) estimular ações de empoderamento do consumidor para o a) mobilização e capacitação dos profissionais de saúde da
entendimento e uso prático da rotulagem geral e nutricional dos atenção básica para a promoção da alimentação saudável nas vi-
alimentos; sitas domiciliares, atividades de grupo e nos atendimentos indivi-
duais;
f) produção e distribuição de material educativo e desenvolvi- b) incorporação do componente alimentar no Sistema de Vigi-
mento de campanhas na grande mídia para orientar e sensibilizar a lância Alimentar e Nutricional de forma a permitir o diagnóstico e
população sobre os benefícios da amamentação; o desenvolvimento de ações para a promoção da alimentação sau-
g) sensibilização dos trabalhadores em saúde quanto à impor- dável; e
tância e aos benefícios da amamentação; c) reforço da implantação do Sisvan como instrumento de ava-
h) incentivo para a implantação de bancos de leite hu- mano liação e de subsídio para o planejamento de ações que promovam a
nos serviços de saúde; e segurança alimentar e nutricional em nível local.
i) sensibilização e educação permanente dos trabalha- dores
de saúde no sentido de orientar as gestantes HIV positivo quanto às Prática corporal/atividade física
I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade:
especificidades da amamentação (utilização de banco de leite hu- a) mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade fí-
mano e de fórmula infantil). sica existentes nos serviços de atenção básica e na Estratégia de
I – Desenvolver ações para a promoção da alimentação saudá- Saúde da Família, e inserir naqueles em que não há ações;
vel no ambiente escolar: b) ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas,
a) fortalecimento das parcerias com a SGTES, Anvisa/MS, Mi- prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na
nistério da Educação e FNDE/MEC para promover a alimentação rede básica de saúde, volta- das tanto para a comunidade como um
saudável nas escolas; todo quanto para grupos vulneráveis;
b) divulgação de iniciativas que favoreçam o acesso à alimenta- c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdos de pro-
moção à saúde e práticas corporais/atividade física na lógica da
ção saudável nas escolas públicas e privadas;
educação permanente, incluindo a avaliação como parte do pro-
c) implementação de ações de promoção da alimentação sau- cesso;
dável no ambiente escolar; d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em proje-
d) produção e distribuição do material sobre alimentação sau- tos de práticas corporais atividades físicas;
dável para inserção de forma transversal no con- teúdo programá- e) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
tico das escolas em parceria com as secretarias estaduais e munici- níveis de gestão a importância de ações voltadas para melhorias
pais de saúde e educação; ambientais com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de
e) lançamento do guia “10 Passos da Alimentação Saudável na atividade física;
Escola”; f) constituir mecanismos de sustentabilidade e continuidade
das ações do “Pratique Saúde no SUS” (área física adequada e equi-
f) sensibilização e mobilização dos gestores estaduais e munici-
pamentos, equipe capacitada, articulação com a rede de atenção);
pais de saúde e de educação, e as respectivas instâncias de controle e
social para a implementação das ações de promoção da alimenta- g) incentivar articulações intersetoriais para a melhoria das
ção saudável no ambiente escolar, com a adoção dos dez passos; e condições dos espaços públicos para a realização de práticas corpo-
g) produção e distribuição de vídeos e materiais instrucionais rais/atividades físicas (urbanização dos espaços públicos; criação de
sobre a promoção da alimentação saudável nas escolas. ciclovias e pistas de caminhadas; segurança, outros).
I – Implementar as ações de vigilância alimentar e nutricional
I – Ações de aconselhamento/divulgação:
para a prevenção e controle dos agravos e doenças decorrentes da
má alimentação: a) organizar os serviços de saúde de forma a desenvolver ações
a)implementação do Sisvan como sistema nacional obrigatório de aconselhamento junto à população, sobre os benefícios de esti-
vinculado às transferências de recursos do PAB; los de vida saudáveis; e
b) envio de informações referentes ao Sisvan para o Relatório b) desenvolver campanhas de divulgação, estimulando modos
de Análise de Doenças Não Transmissíveis e Violências; de viver saudáveis e objetivando reduzir fato- res de risco para do-
c) realização de inquéritos populacionais para o monitoramen- enças não transmissíveis.
to do consumo alimentar e do estado nutricional da população I – Ações de intersetorialidade e mobilização de parceiros:
brasileira, a cada cinco anos, de acordo com a Política Nacional de a) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
Alimentação e Nutrição; níveis de gestão a importância de desenvolver ações voltadas para
d) prevenção das carências nutricionais por deficiência de mi- estilos de vida saudáveis, mobilizando recursos existentes;
cronutrientes (suplementação universal de ferro medicamentoso
b) estimular a formação de redes horizontais de troca de expe-
para gestantes e crianças e administração de megadoses de vitami-
na A para puerperais e crianças em áreas endêmicas); riências entre municípios;
c) estimular a inserção e o fortalecimento de ações já existen-
tes no campo das práticas corporais em saúde na comunidade;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
d) resgatar as práticas corporais/atividades físicas de forma re- Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo
gular nas escolas, universidades e demais espaços públicos; e de álcool e outras drogas
e) articular parcerias estimulando práticas corporais/ atividade I – Investimento em ações educativas e sensibilizadoras para
física no ambiente de trabalho. crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas con-
I – Ações de monitoramento e avaliação: sequências;
a) desenvolver estudos e formular metodologias capazes de II – Produzir e distribuir material educativo para orientar e sen-
produzir evidências e comprovar a efetividade de estratégias de sibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo do álcool.
práticas corporais/atividades físicas no controle e na prevenção das III – Promover campanhas municipais em interação com as
doenças crônicas não transmissíveis; agências de trânsito no alerta quanto às consequências da “direção
b) estimular a articulação com instituições de ensino e pesquisa alcoolizada”;
para monitoramento e avaliação das ações no campo das práticas IV – Desenvolvimento de iniciativas de redução de danos pelo
corporais/atividade física; e consumo de álcool e outras drogas que envolvam a co- responsabi-
c) consolidar a Pesquisa de Saúde dos Escolares (SVS/MS) como lização e autonomia da população;
forma de monitoramento de práticas corporais/ atividade física de V – Investimento no aumento de informações veiculadas pela
adolescentes. mídia quanto aos riscos e danos envolvidos na associação entre o
uso abusivo de álcool e outras drogas e acidentes/violências; e
Prevenção e controle do tabagismo VI – Apoio à restrição de acesso a bebidas alcoólicas de acordo
I – Sistematizar ações educativas e mobilizar ações legislativa se com o perfil epidemiológico de dado território, protegendo seg-
econômicas, de forma a criar um contexto que: mentos vulneráveis e priorizando situações de violência e danos
a) reduza a aceitação social do tabagismo; sociais.
b) reduza os estímulos para que os jovens comecem afumar e
os que dificultam os fumantes a deixarem de fumar; Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito
c) proteja a população dos riscos da exposição à poluição taba- I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem
gística ambiental; ações educativas à grade curricular de todos os níveis de formação;
d) reduza o acesso aos derivados do tabaco; II – Articulação de agendas e instrumentos de planejamento,
e) aumente o acesso dos fumantes ao apoio para cessação de programação e avaliação, dos setores diretamente relacionados ao
fumar; problema; e
f) controle e monitore todos os aspectos relacionados aos pro- III – Apoio às campanhas de divulgação em massados dados re-
dutos de tabaco comercializados, desde seus conteúdos e emissões ferentes às mortes e sequelas provocadas por acidentes de trânsito.
até as estratégias de comercialização e de divulgação de suas carac-
terísticas para o consumidor. Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz
I - Realizar ações educativas de sensibilização da população I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de Prevenção
para a promoção de “comunidades livres de tabaco”, divulgando da Violência e Promoção da Saúde;
ações relacionadas ao tabagismo e seus diferentes aspectos: II – Investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e
a) Dia a Mundial sem Tabaco (31 de maio); e profissionais de saúde na identificação e encaminhamento adequa-
b) Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto); do de situações de violência intrafamiliar e sexual;
I – Fazer articulações com a mídia para divulgação de ações ede III – Estímulo à articulação intersetorial que envolva a redução
fatos que contribuam para o controle do tabagismo em todo o ter- e o controle de situações de abuso, exploração e turismo sexual;
ritório nacional; IV – Implementação da ficha de notificação de violência inter-
II – Mobilizar e incentivar as ações contínuas por meio de ca- pessoal;
nais comunitários (unidades de saúde, escolas e ambientes de tra- V – Incentivo ao desenvolvimento de Planos Estaduais e Muni-
balho) capazes de manter um fluxo contínuo de informações sobre cipais de Prevenção da Violência;
o tabagismo, seus riscos para quem fuma e os riscos da poluição VI – Monitoramento e avaliação do desenvolvimento dos Pla-
tabagística ambiental para todos que convivem com ela; nos Estaduais e Municipais de Prevenção da Violência mediante a
I – Investir na promoção de ambientes de trabalho livres de realização de coleta, sistematização, análise e disseminação de in-
tabaco: formações; e
a) realizando ações educativas, normativas e organizacionais VII – Implantação de Serviços Sentinela, que serão responsá-
que visem estimular mudanças na cultura organizacional que levem veis pela notificação dos casos de violências.
à redução do tabagismo entre trabalhadores; e
b) atuando junto a profissionais da área de saúde ocupacional Promoção do desenvolvimento sustentável
e outros atores-chave das organizações/instituições para a dissemi- I – Apoio aos diversos centros colaboradores existentes no País
nação contínua de informações sobre os riscos do tabagismo e do que desenvolvem iniciativas promotoras do desenvolvimento sus-
tabagismo passivo, a implementação de normas para restringir o tentável
fumo nas dependências dos ambientes de trabalho, a sinalização II – Apoio à elaboração de planos de ação estaduais e locais,
relativa às restrições ao consumo nas mesmas e a capacitação de incorporados aos Planos Diretores das Cidades;
profissionais de saúde ocupacional para apoiar a cessação de fumar III – Fortalecimento de instâncias decisórias intersetoriais com
de funcionários. o objetivo de formular políticas públicas integradas voltadas ao de-
I – Articular com o MEC/secretarias estaduais e municipais de senvolvimento sustentável;
educação o estímulo à iniciativa de promoção da saúde no ambien- IV – Apoio ao envolvimento da esfera não-governamental (em-
te escolar; e presas, escolas, igrejas e associações várias) no desenvolvimento
II – Aumentar o acesso do fumante aos métodos eficazes para de políticas públicas de promoção da saúde, em especial no que se
cessação de fumar, e assim atender a uma crescente demanda de refere ao movimento por ambientes saudáveis;
fumantes que buscam algum tipo de apoio para esse fim.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
V – Reorientação das práticas de saúde de modo a permitir a V –um representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e In-
interação saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável; sumos Estratégicos – SCTIE;
VI – Estímulo à produção de conhecimento e desenvolvimento VI – um representante da Secretária-Executiva – SE;
de capacidades em desenvolvimento sustentável; e VII – um representante da Fundação Nacional de Saúde – FU-
VII – Promoção do uso de metodologias de reconhecimento do NASA;
VIII – um representante da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ;
território, em todas as suas dimensões – demográfica, epidemio- IX – um representante da Agência Nacional de Vigilância Sani-
lógica, administrativa, política, tecnológica, social e cultural, como tária – ANVISA;
instrumento de organização dos serviços de saúde. X – um representante da Agência Nacional de Saúde Suplemen-
tar – ANS;
Anexo A XI – um representante do Instituto Nacional de Câncer INCA;
XII –um representante do Conselho Nacional de Secretários de
Portaria nº 1.409, de 13 de junho de 2007 Saúde – CONASS; e
XIII – um representante do Conselho Nacional de Secretários
Institui Comitê Gestor da Política Nacional de Promoção da Municipais de Saúde - CONASEMS.
§ 1º Para cada membro titular do Comitê Gestor da Política
Saúde. Nacional de Promoção da Saúde será indicado um represen- tante
suplente.
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas § 2º Os membros titular e suplente do CGPNPS serão nomea-
atribuições, e dos por portaria do Secretário de Vigilância em Saúde.
Considerando a necessidade de desenvolver, fortale- § 3º Os membros deverão declarar a inexistência de conflito de
cer e implementar políticas e planos de ação em âmbito interesses com suas atividades no debate dos temas perti- nentes
nacional, estadual e municipal que consolidem o compo- ao Comitê, sendo que, na eventualidade de existência de conflito
nente da promoção da saúde no SUS; de interesses, os membros deverão abster-se de participar da dis-
cussão e deliberação sobre o tema.
Considerando a promoção da saúde como uma estratégia de
Art. 3ºO CGPNPS contará com uma Secretaria-Executiva, vincu-
articulação transversal capaz de criar mecanismos que reduzam as lada à Secretaria de Vigilância em Saúde, que o coordenará. Art.4º
situ- ações de vulnerabilidade e os riscos à saúde da população, de- Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde a adoção das medidas
fendam a equidade e incorporem a participação e o controle social e procedimentos necessários para o pleno funciona- mento e efeti-
na gestão das políticas públicas; vidade do disposto nesta Portaria.
Considerando o objetivo específico da Política Nacional de Pro- Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
moção da Saúde quanto à incorporação e implementação de ações Art. 6º Fica revogada a Portaria nº 1.190/GM, de 14 de julho de
de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; e 2005, publicada no Diário Oficial da União nº 135, de 15 de julho de
Considerando as diretrizes da Política Nacional de Promoção 2005, seção 1, página 108.
da Saúde, embasadas na integralidade, equidade, responsabilida-
JOSÉ GOMES TEMPORÃO
de sanitária, mobilização e participação social, intersetorialidade,
informação, educação e comunicação e sustentabilidade, resolve:
Art. 1º Instituir Comitê Gestor da Política Nacional de Promo- Anexo B
ção da Saúde - CGPNPS tem as seguintes atribuições:
I – consolidar a implementação da Política Nacional de Promo- Portaria Interministerial n° 1.010, de 8 de maio de 2006
ção da Saúde; / Gabinete do Ministro
II – consolidar a Agenda Nacional de Promoção da Saúde em
consonância com as políticas, as prioridades e os recursos de cada Institui as diretrizes para a promoção da ali- men-
uma das secretarias do Ministério da Saúde e com o Plano Nacional tação saudável nas escolas de educação infantil, funda-
de Saúde; mental e nível médio das redes públicas e privadas, em
III –articular e integrar as ações de promoção da saúde no âm- âmbito nacional.
bito do SUS, no contexto do Pacto pela Saúde;
IV –coordenar a implantação da Política Nacional de Pro- mo- O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, E O MINISTRO
ção da Saúde no SUS e em sua articulação com os demais setores DE ESTADO DA EDUCAÇãO, no uso de suas atribuições, e
governamentais e não-governamentais; Considerando a dupla carga de doenças a que estão submeti-
V – incentivar a inclusão da Promoção da Saúde e a elabora- dos os países onde a desigualdade social continua a gerar desnutri-
ção, por parte dos Estados do Distrito Federal dos Municípios, de ção entre crianças e adultos, agravando assim o quadro de preva-
Planos Municipais, Estaduais e termos de compromisso do Pacto lência de doenças infecciosas;
de Gestão; e Considerando a mudança no perfil epidemiológico da popula-
VI – monitorar e avaliar as estratégias de implantação/ imple- ção brasileira com o aumento das doenças crônicas não transmissí-
mentação da Política Nacional de Promoção da Saúde e seu impac- veis, com ênfase no excesso de peso e obesidade, assumindo pro-
to na melhoria da qualidade de vida de sujeitos e coletividades. porções alarmantes, especialmente entre crianças e adolescentes;
Considerando que as doenças crônicas não transmissíveis são
Art. 2º O CGPNPS terá a seguinte composição: passíveis de serem prevenidas, a partir de mudanças nos padrões
I – três representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde/ de alimentação, tabagismo e atividade física;
SVS; Considerando que no padrão alimentar do brasileiro encontra-
II – três representantes da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS; -se a predominância de uma alimentação densamente calórica, rica
III –um representante da Secretaria de Gestão Estratégica e em açúcar e gordura animal e reduzida em carboidratos complexos
Participativa – SGEP; e fibras;
IV –um representante da Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde – SGTES;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Considerando as recomendações da Estratégia Global para Ali- III – estímulo à implantação de boas práticas de manipulação
mentação Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mun- de alimentos nos locais de produção e fornecimento de serviços de
dial da Saúde (OMS) quanto à necessidade de fomentar mudanças alimentação do ambiente escolar;
sócio-ambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas sau- IV – restrição ao comércio e à promoção comercial no ambien-
dáveis no nível individual; te escolar de alimentos e preparações com altos teores de gordura
Considerando que as ações de Promoção da Saúde estrutura-
das no âmbito do Ministério da Saúde ratificam o compromisso bra- saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e incentivo ao consumo
sileiro com as diretrizes da Estratégia Global; de frutas, legumes e verduras; e
Considerando que a Política Nacional de Alimentação e Nutri- V – monitoramento da situação nutricional dos escolares. Art.
ção (PNAN) insere-se na perspectiva do Direito Humano à Alimenta- 4º Definir que os locais de produção e fornecimento de alimentos,
ção adequada e que entre suas diretrizes destacam-se a promoção de que trata esta Portaria, incluam refeitórios, restaurantes, can-
da ali- mentação saudável, no contexto de modos de vida saudáveis tinas e lanchonetes que devem estar adequados às boas práticas
e o monitoramento da situação alimentar e nutricional da popula- para os serviços de alimentação, conforme definido nos regula-
ção brasileira; mentos vigentes sobre boas práticas para serviços de alimentação,
Considerando a recomendação da Estratégia Global para a Se- como forma de garantir a segurança sanitária dos alimentos e das
gurança dos Alimentos da OMS, para que a inocuidade de alimen-
tos seja inserida como uma prioridade na agenda da saúde pública, refeições.
destacando as crianças e jovens como os grupos de maior risco; Parágrafo único. Esses locais devem redimensionar as ações
Considerando os objetivos e dimensões do Programa Nacional desenvolvidas no cotidiano escolar, valorizando a alimentação
de Alimentação Escolar ao priorizar o respeito aos hábitos alimenta- como estratégia de promoção da saúde.
res regionais e à vocação agrícola do município, por meio do fomen- Art. 5º Para alcançar uma alimentação saudável no ambiente
to ao desenvolvimento da economia local; escolar, devem-se implementar as seguintes ações:
Considerando que os Parâmetros Curriculares Nacionais orien- I – definir estratégias, em conjunto com a comunidade escolar,
tam sobre a necessidade de que as concepções sobre saúde ou so- para favorecer escolhas saudáveis;
bre o que é saudável, valorização de hábitos e estilos de vida, ati-
II – sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com ali-
tudes perante as diferentes questões relativas à saúde perpassem
todas as áreas de estudo, possam processar-se regularmente e de mentação na escola para produzir e oferecer alimentos mais sau-
modo contextualizado no cotidiano da experiência escolar; dáveis;
Considerando o grande desafio de incorporar o tema da ali- III – desenvolver estratégias de informação às famílias, enfati-
mentação e nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimen- zando sua corresponsabilidade e a importância de sua participação
tação saudável e na promoção da saúde, reconhecendo a escola neste processo;
como um espaço propício à formação de hábitos saudáveis e à IV – conhecer, fomentar e criar condições para a adequação
construção da cidadania; dos locais de produção e fornecimento de refeições às boas práticas
Considerando o caráter intersetorial da promoção da saúde e para serviços de alimentação, considerando a importância do uso
a importância assumida pelo setor Educação com os esforços de da água potável para consumo;
mudanças das condições educacionais e sociais que podem afetar o V – restringir a oferta e a venda de alimentos com alto teor de
risco à saúde de crianças e jovens; gordura, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e desen-
Considerando, ainda, que a responsabilidade compartilhada volver opções de alimentos e refeições saudáveis na escola;
entre sociedade, setor produtivo e setor público é o caminho para a VI – aumentar a oferta e promover o consumo de frutas, legu-
construção de modos de vida que tenham como objetivo central a mes e verduras;
promoção da saúde e a prevenção das doenças; VII– estimular e auxiliar os serviços de alimentação da escola
Considerando que a alimentação não se reduz à questão pura- na divulgação de opções saudáveis e no desenvolvi- mento de es-
mente nutricional, mas é um ato social, inserido em um contexto tratégias que possibilitem essas escolhas;
cultural; e VIII – divulgar a experiência da alimentação saudável para ou-
Considerando que a alimentação no ambiente escolar pode e tras escolas, trocando informações e vivências;
deve ter função pedagógica, devendo estar inserida no contexto IX – desenvolver um programa contínuo de promoção de hábi-
curricular, resolvem: tos alimentares saudáveis, considerando o monitoramento do es-
Art. 1º Instituir as diretrizes para a Promoção da Alimentação tado nutricional das crianças, com ênfase no desenvolvimento de
Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível mé- ações de prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e educa-
dio das redes pública e privada, em âmbito nacional, favorecendo o ção nutricional; e
desenvolvimento de ações que promovam e garantam a adoção de X – incorporar o tema alimentação saudável no projeto político
práticas alimentares mais saudáveis no ambiente escolar. pedagógico da escola, perpassando todas as áreas de estudo e pro-
Art. 2º Reconhecer que a alimentação saudável deve ser enten- piciando experiências no cotidiano das atividades escolares.
dida como direito humano, compreendendo um padrão alimentar Art. 6º Determinar que as responsabilidades inerentes ao pro-
adequado às necessidades biológicas, sociais e culturais dos indi- cesso de implementação de alimentação saudável nas escolas se-
víduos, de acordo com as fases do curso da vida e com base em jam com- partilhadas entre o Ministério da Saúde/Agência Nacional
práticas alimentares que assumam os significados sócio-culturais de Vigilância Sanitária e o Ministério da Educação/Fundo Nacional
dos alimentos. de Desenvolvimento da Educação.
Art. 3º Definir a promoção da alimentação saudável nas escolas Art. 7º Estabelecer que as competências das Secretarias Esta-
com base nos seguintes eixos prioritários: duais e Municipais de Saúde e de Educação, dos Conselhos Muni-
I – ações de educação alimentar e nutricional, considerando os cipais e Estaduais de Saúde, Educação e Alimentação Escolar sejam
hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais re- pactuadas em fóruns locais de acordo com as especificidades iden-
gionais e nacionais; tificadas.
II – estímulo à produção de hortas escolares para a realização Art. 8º Definir que os Centros Colaboradores em Alimentação
de atividades com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos e Nutrição, Instituições e Entidades de Ensino e Pesquisa possam
na alimentação ofertada na escola; prestar apoio técnico e operacional aos estados e municípios na
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
implementação da alimentação saudável nas escolas, incluindo a Parágrafo único. Os membros do CGPNPS terão com mandato
capacitação de profissionais de saúde e de educação, merendeiras, de dois anos, podendo ser reconduzidos por determinação do
cantineiros, conselheiros de alimentação escolar e outros profissio- Secretário de Vigilância em Saúde.
nais interessados. Art. 3º O CGPNPS será coordenado pelo Diretor do Departa-
Parágrafo único. Para fins deste artigo, os órgãos envolvidos mento de Análise de Situação de Saúde – Dasis/SVS/MS e/ou seu
poderão celebrar convênio com as referidas instituições de ensino suplente, que terá as seguintes competências:
e pesquisa. I – Convocar e coordenar as reuniões do comitê assessor; II –
Art. 9º Definir que a avaliação de impacto da alimentação sau- Indicar um técnico do Dasis/SVS/MS para desenvolver atividades
necessárias ao funcionamento do comitê; e
dável no ambiente escolar deva contemplar a análise de seus efei-
III – Encaminhar atas, relatórios e recomendações para aprecia-
tos a curto, médio e longo prazos e deverá observar os indicadores ção e aprovação do Secretário de Vigilância em Saúde.
pactuados no pacto de gestão da saúde. Art. 4° Os membros do CGPNPS terão as seguintes competên-
Art. 10º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. cias:
I –Participar das reuniões ordinárias e extraordináriasdo
JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA CGPNPS;
Ministro de Estado da Saúde Interino II – Apresentar temas, bem como discutir e deliberar as maté-
FERNANDO HADDAD rias submetidas a CGPNPS; e
Ministro Estado da Educação III – Compor grupos técnicos para analisar temas especí- ficos
no âmbito da Política Nacional de Promoção da Saúde, quando indi-
Anexo C cados pela plenária ou quando solicitado pelo coordenador.
Art. 5° A CGPNPS reunir-se-á ordinariamente ou extraordina-
riamente quando convocado pelo seu Coordenador, sendo que as
Portaria nº 23, de 18 de maio de 2006 mesmas serão realizadas somente com a presença de, no mínimo,
cinquenta por cento mais um dos seus membros.
O SECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, no uso Art. 6º As reuniões ordinárias e extraordinárias serão realizadas
das atribuições que lhe confere o Art. 37, do Decreto nº em Brasília ou em local a ser de.nido por decisão do Secretário de
5.678, de 18 de janeiro de 2006 e considerando, Vigilância em Saúde.
O disposto no § 2º, Art. 2º da Portaria/GM nº 1.190, de 14 de Art. 7º A participação no CGPNPS será considerada serviço pú-
julho de 2005, que institui o Comitê Gestor da Política Nacional de blico relevante, não ensejando qualquer remuneração.
Promoção da Saúde; Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
A Portaria/GM nº 687, de 30 de março de 2006, que institui a JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR Anexo D
Política Nacional de Promoção da Saúde, resolve:
Art. 1ºConstituir o Comitê Gestor da Política Nacional de Pro- Portaria Interministerial Nº 675, de 4 de Junho de 2008 (*)
moção da Saúde – CGPNPS, de que trata a Portaria/GM nº 1.190, de / Gabinete do Ministro
14 de julho de 2005.
Art. 2º Estabelecer que o Comitê Gestor da Política Nacional de Institui a Comissão Intersetorial de Educação e Saúde na Esco-
Promoção da Saúde será composto pelos seguintes membros titu- la.
lares e suplentes:
I – Otaliba Libânio Morais – Dasis/SVS/MS OS MINISTROS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE, no uso
Suplente: Deborah CarvalhoMalta–CGDANT/Dasis/SVS/MS de suas atribuições que lhe confere os incisos I e II do parágrafo
II – Adriana Miranda de Castro – CGDANT/Dasis/SVS/MS único do art. 87, da Constituição, e considerando a necessidade de
Suplente: Cristiane Scollari Gosch – CGDANT/Dasis/SVS/MS promover a articulação institucional entre o Ministério da Educa-
III –AnamariaTestaTambellini–CGVAM/SVS/MS
ção e o Ministério da Saúde para a execução de ações de atenção,
Suplente:MartaHelenaPaivaDantas–CGVAM/SVS/MS
IV – Carmen de Simoni – DAB/SAS/MS prevenção e promoção à saúde nas es- colas, bem como o caráter
Suplente: Antonio Dercy Silveira Filho – DAB/SAS/MS transversal da atenção à saúde e a necessidade de envolver a comu-
V – Maria Cristina Boaretto – Dape/SAS/MS nidade nas estratégias de educação para a saúde na rede pública de
Suplente: José Luis Telles – Dape/SAS/MS educação básica, resolvem:
VI – Ana Cecília Silveira Lins Sucupira – Dape/SAS/MS Art. 1º Instituir a Comissão Intersetorial de Educação e Saúde
Suplente: Sueza Abadia de Souza – Dape/SVS/MS na Escola – CIESE, com a finalidade de estabelecer diretrizes da polí-
VII – Ena Araújo Galvão – SGTES/MS tica de educação e saúde na escola, em conformidade com as políti-
Suplente: Cláudia Maria da Silva Marques – SGTES/MS cas nacionais de educação e com os objetivos, princípios e diretrizes
VIII – José Luiz Riani Costa – SGP/MS do Sistema Único de Saúde – SUS.
Suplente: Mª Natividade Gomes da Silva Teixeira Santana – Art. 2º Compete à Comissão:
SGP/MS
I – propor diretrizes para a política nacional de saúde na escola;
IX – Pubenza Castellanos – SCTIE/MS
Suplente: Antonia Ângulo Tuesta – SCTIE/MS II – apresentar referenciais conceituais de saúde necessários
X – Roberta Soares Nascimento – Funasa/MS para a formação inicial e continuada dos profissionais de educação
Suplente: Irânia Maria da Silva Ferreira Marques – Funasa/MS na esfera da educação básica;
XI – Antonio Ivo de Carvalho – Fiocruz/MS III – apresentar referenciais conceituais de educação necessá-
Suplente: Lenira Fracasso Zancan–Fiocruz/MS rios para a formação inicial e continuada dos profissionais da saúde;
XII – Gulnar Azevedo e Silva Mendonça – Inca/MS IV – propor estratégias de integração e articulação entre as áre-
Suplente: Cláudio Pompeiano Noronha – Inca/MS as de saúde e de educação nas três esferas do governo; e
XIII – Afonso Teixeira dos Reis – ANS/MS V – acompanhar a execução do Programa Saúde na Escola –
Suplente: Martha Regina de Oliveira – ANS/MS PSE, especialmente na apreciação do material pedagógico elabora-
do no âmbito do Programa.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Art. 3º A Comissão compõe-se de um representante de cada Art. 2º São objetivos do PSE:
uma das seguintes unidades de órgãos públicos e de entidades vin- I – promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a preven-
cu- ladas e do setor privado: ção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as
I – Ministério da Educação: redes públicas de saúde e de educação;
a) Secretaria-Executiva – SE; II – articular as ações do Sistema Único de Saúde – SUS às ações
b) Secretaria de Educação Básica – SEB; das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance
e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias,
c) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi- otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos dis-
dade - SECAD; poníveis;
d) Secretaria de Educação Especial – SEESP; III – contribuir para a constituição de condições para a forma-
e) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE; ção integral de educandos;
II – Ministério da Saúde: IV – contribuir para a construção de sistema de atenção social,
a) Secretaria-Executiva – SE; com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos;
b) Secretaria de Atenção à Saúde – SAS; V – fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no cam-
c) Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS po da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento
d) Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde escolar;
– SGTES; VI – promover a comunicação entre escolas e unidades de saú-
de, assegurando a troca de informações sobre as condições de saú-
e) Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP;
de dos estudantes; e
III – Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS; VII – fortalecer a participação comunitária nas políticas de edu-
IV – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde – cação básica e saúde, nos três níveis de governo.
CONASEMS; Art. 3º O PSE constitui estratégia para a integração e a articula-
V – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação – ção permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde,
CONSED; e com a participação da comunidade escolar, envolvendo as equipes
VI – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa- ção – de saúde da família e da educação básica.
UNDIME. § 1º São diretrizes para a implementação do PSE:
§ 1º Os membros e respectivos suplentes, indicados pelas ins- I – descentralização e respeito à autonomia federativa;
tituições identificadas neste artigo, e o coordenador da comissão II – integração e articulação das redes públicas de ensino e de
serão designados em ato conjunto dos Ministros da Educação e da saúde;
III – territorialidade;
Saúde.
IV –interdisciplinaridade e intersetorialidade;
§ 2º A Comissão poderá convidar representantes de órgãos, en- V – integralidade;
tidades ou pessoas do setor público e privado para exame de assun- VI – cuidado ao longo do tempo;
tos específicos, sempre que entenda necessária a sua colaboração VII – controle social; e
para o pleno alcance dos seus objetivos. VIII – monitoramento e avaliação permanentes.
Art. 4º A Comissão será coordenada pelo Ministério da Saúde. § 2º O PSE será implementado mediante adesão dos Estados,
Art. 5º O apoio administrativo e os meios necessários à execu- do Distrito Federal e dos Municípios aos objetivos e diretrizes do
ção dos trabalhos da Comissão serão providos pelos Ministérios da programa, formalizada por meio de termo de compromisso.
Educação e da Saúde. § 3º O planejamento das ações do PSE deverá considerar:
Art. 6º A participação na Comissão é de relevante interesse pú- I – o contexto escolar e social;
blico e não será remunerada. II – o diagnóstico local em saúde do escolar; e
Art. 7º Ficam revogadas as Portarias Interministeriais Nº 1.820, III – a capacidade operativa em saúde do escolar.
de 1º de agosto de 2006, e Nº 16, de 24 de abril de 2007. Art. 4ºAs ações em saúde previstas no âmbito do PSE conside-
Art. 8º Esta Portaria Interministerial entra em vigor na data de rarão a atenção, promoção, prevenção e assistência, e serão desen-
sua publicação. volvidas articuladamente com a rede de educação pública básica e
em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS, podendo
FERNANDO HADDAD compreender as seguintes ações, entre outras:
Ministro de Estado da Educação I – avaliação clínica;
JOSÉ GOMES TEMPORÃO II – avaliação nutricional;
Ministro de Estado da Saúde III – promoção da alimentação saudável;
(*) Republicada no DOU Nº 165, de 27-08-2008, se- IV – avaliação oftalmológica;
ção1, pág. 14 por ter saído no DOU Nº 106, de 5-7-2008, V – avaliação da saúde e higiene bucal;
seção1, págs. 19 e 20, com incorreção do original. VI – avaliação auditiva;
VII– avaliação psicossocial;
Anexo E VIII – atualização e controle do calendário vacinal;
IX – redução da morbimortalidade por acidentes e violências;
Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007 X – prevenção e redução do consumo do álcool;
XI – prevenção do uso de drogas;
Institui o Programa Saúde na Escola – PSE, e dá outras provi- XII – promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva;
dências. XIII – controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer;
XIV –educação permanente em saúde;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe XV– atividade física e saúde;
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, DECRETA: XVI –promoção da cultura da prevenção no âmbito escolar; e
Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos Ministérios da Educação XVII–inclusão das temáticas de educação em saúde no projeto
e da Saúde, o Programa Saúde na Escola – PSE, com finalidade de político pedagógico das escolas.
contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública
de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e
atenção à saúde.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Parágrafo único. As equipes de saúde da família realizarão visi- Suas aplicações variam desde a descrição das condições de
tas periódicas e permanentes às escolas participantes do PSE para saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de
avaliar as condições de saúde dos educandos, bem como para pro- doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação
porcionar o atendimento à saúde ao longo do ano letivo, de acordo de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluin-
com as necessidades locais de saúde identificadas. do custos de assistência.
Art. 5º Para a execução do PSE, compete aos Ministérios da Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendi-
Saúde e Educação, em conjunto: mento da saúde da população - partindo do conhecimento dos fa-
I – promover, respeitadas as competências próprias de cada tores que a determinam e provendo, consequentemente, subsídios
Ministério, a articulação entre as Secretarias Estaduais e Municipais para a prevenção das doenças.
de Educação e o SUS;
II – subsidiar o planejamento integrado das ações do PSE nos
Saúde e Doença
Municípios entre o SUS e o sistema de ensino público, no nível da
educação básica; Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/
III – subsidiar a formulação das propostas deformação dos pro- ausência, é uma forma simplista para algo bem mais complexo. O
fissionais de saúde e da educação básica para implementação das que se encontra usualmente, na clínica diária, é um processo evo-
ações do PSE; lutivo entre saúde e doença que, dependendo de cada paciente,
IV – apoiar os gestores estaduais e municipais na articulação, poderá seguir cursos diversos, sendo que nem sempre os limites
planejamento e implementação das ações do PSE; entre um e outro são precisos.
V – estabelecer, em parceria com as entidades e associações 1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cerca de
representativas dos Secretários Estaduais e 10% dos pacientes portadores de trombose venosa profunda aca-
Municipais de Saúde e de Educação os indicadores de avaliação bam apresentando pelo menos um episódio de tromboembolismo
do PSE; e pulmonar, e que 10% desses vão ao óbito (Moser, 1990).
I – definir as prioridades e metas de atendimento do PSE. 2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recuperação.
§ 1º Caberá ao Ministério da Educação fornecer material para Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na comunidade, com
implementação das ações do PSE, em quantidade previamente fi- quadro viral de vias aéreas superiores e que, depois de uma sema-
xada com o Ministério da Saúde, observadas as disponibilidades na, inicia com febre, tosse produtiva com expectoração purulenta,
orçamentárias. dor ventilatória dependente e consolidação na radiografia de tórax.
§ 2º Os Secretários Estaduais e Municipais de Educação e de Após o diagnóstico de pneumonia pneumocócica e tratamento com
Saúde definirão conjuntamente as escolas a serem atendidas no beta-lactâmicos, o paciente repete a radiografia e não se observa
âmbito do PSE, observadas as prioridades e metas de atendimento
sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso (já que a de-
do Programa.
Art. 6º O monitoramento e avaliação do PSE serão realizados finição de pneumonia implica recuperação do parênquima pulmo-
por comissão interministerial constituída em ato conjunto dos Mi- nar).
nistros de Estado da Saúde e da Educação. 3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tuberculosa: a
Art. 7º Correrão à conta das dotações orçamentárias destina- chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é reconhecida pelos linfó-
das à sua cobertura, consignadas distintamente aos Ministérios da citos T, que identificam a cápsula do bacilo como um antígeno e
Saúde e da Educação, as despesas de cada qual para a execução dos provocam uma reação específica com formação de granuloma; as-
respectivos encargos no PSE. sim acontece o chamado complexo primário (lesão do parênquima
Art. 8º Os Ministérios da Saúde e da Educação coordenarão a pulmonar e adenopatia). Na maioria das pessoas, a primo-infecção
pactuação com Estados, Distrito Federal e Municípios das ações a tuberculosa adquire uma forma subclínica sem que o doente se-
que se refere o art. 4º, que deverá ocorrer no prazo de até noventa quer percebe sintomas de doença.
dias. 4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou curto
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática que geralmente tem
um curso inexorável, evoluindo para o óbito por insuficiência respi-
ratória e hipoxemia severa. As maiores séries da literatura (Turner-
NOÇÕES DE VIGILÂNCIA À SAÚDE, VIGILÂNCIA EPIDEMIO- -Warwick, 1980) relatam uma sobrevida média, após o surgimento
LÓGICA E CONTROLE DE DOENÇAS dos primeiros sintomas, inferior a cinco anos, sendo que alguns
pacientes evoluem para o óbito entre 6 e 12 meses (Stack, 1972).
Já a DPOC serve como exemplo de uma doença com evolução pro-
A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocor- gressiva e óbito em longo prazo, dependendo fundamentalmente
rência de doenças em populações humanas e os fatores determi- da continuidade ou não do vício do tabagismo.
nantes destes padrões (Lilienfeld, 1980). Enquanto a clínica aborda 5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exacerba-
a doença em nível individual, a epidemiologia aborda o processo ções. Exemplo: a asma brônquica é um dos exemplos clássicos, com
saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de peque- períodos de exacerbação e períodos assintomáticos. Hoje, sabe-se
nos grupos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por que, apesar dessa evolução, a função pulmonar de alguns pacientes
muitas vezes, estudar morbidade, mortalidade ou agravos à saúde, asmáticos pode não retornar aos níveis de normalidade (Pizzichini,
deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da definição 2001).
de saúde. Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da inter-
ferência médica, pode ser subdividida em quatro fases:
Usos da Epidemiologia a) Fase inicial ou de susceptibilidade.
Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia b) Fase patológica pré-clínica.
restringia-se ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis. c) Fase clínica.
Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento d) Fase de incapacidade residual.
relacionado à saúde (ou doença) da população. Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições que
a favoreçam. Dependendo da existência de fatores de risco ou de
proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a
determinadas doenças do que outros. Exemplo: crianças que con-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
vivem com mães fumantes estão em maior risco de hospitalizações contribuir para o aparecimento da doença. Por outro lado, alguns
por IRAS no primeiro ano de vida, do que filhos de mães não-fu- fatores chamados determinantes intermediários podem sofrer
mantes (Macedo, 2000). Na fase patológica pré-clínica, a doença tanto a influência dos determinantes distais como estar agindo em
não é evidente, mas já há alterações patológicas, como acontece fatores próximos à doença, como seria o caso dos fatores gesta-
no movimento ciliar da árvore brônquica reduzido pelo fumo e con- cionais, ambientais, alérgicos e nutricionais na determinação da
tribuindo, posteriormente, para o aparecimento da DPOC. A fase asma; os fatores que estão próximos à doença os determinantes
clínica corresponde ao período da doença com sintomas. Ainda no proximais, por sua vez, também podem sofrer a influência daque-
exemplo da DPOC, a fase clínica varia desde os primeiros sinais da les fatores que estão em nível hierárquico superior (determinantes
bronquite crônica como aumento de tosse e expectoração até o distais e intermediários) ou agirem diretamente na determinação
quadro de cor pulmonale crônico, na fase final da doença. da doença. No exemplo da asma, o determinante proximal pode ser
Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem foi cura- um evento infeccioso prévio.
da, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja, aquele paciente que
iniciou fumando, posteriormente desenvolveu um quadro de DPOC, Determinação de causalidade na asma brônquica.
evoluiu para a insuficiência respiratória devido à hipoxemia e pas- Critérios de causalidade de Hill
sará a apresentar severa limitação funcional fase de incapacidade - Força da associação
residual. - Consistência
Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da história na- - Especificidade
tural da doença, poder-se-á modificar o curso da mesma; isso en- - Sequência cronológica
volve desde as ações de prevenção consideradas primárias até as - Efeito dose–resposta
terciárias, para combater a fase da incapacidade residual. - Plausibilidade biológica
- Coerência
Prevenção - Evidências experimentais
As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou ma- - Analogia
nutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na gravidez se- Somente os estudos experimentais estabelecem definitivamen-
ria uma importante medida de ação primária, já que mães fuman-
te a causalidade, porém a maioria das associações encontradas nos
tes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes
estudos epidemiológicos não é causal. O Quadro mostra os nove
maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intraute-
critérios para estabelecer causalidade segundo trabalho clássico de
rino e baixo peso ao nascer sendo esse um dos determinantes mais
Sir Austin Bradford Hill.
importantes de mortalidade infantil (Horta, 1997). Após a instala-
Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada a medi-
ção do período clínico ou patológico das doenças, as ações secun-
da de efeito, maior a plausibilidade de que a relação seja causal. Por
dárias visam a fazê-lo regredir (cura), ou impedir a progressão para
exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em adolescentes mostrou
o óbito, ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tratamento
com RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100% de cura que a força da associação entre o fumo do adolescente e a presença
da doença e impede sequelas importantes como fibrose pulmonar, do fumo no grupo de amigos foi da magnitude de 17 vezes; ou seja,
ou cronicidade da doença sem resposta ao tratamento de primeira adolescentes com três ou mais amigos fumando têm 17 vezes maior
linha e a transmissão da doença para o resto da população. A pre- risco para serem fumantes do que aqueles sem amigos fumantes
venção através das ações terciárias procura minimizar os danos já (Malcon, 2000).
ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente Consistência da associação. A associação também é observa-
é um resíduo da tuberculose e pode provocar hemoptises severas, da em estudos realizados em outras populações ou utilizando di-
tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001). ferentes metodologias? É possível que, simplesmente por chance,
tenha sido encontrada determinada associação? Se as associações
Causalidade em Epidemiologia encontradas foram consequência do acaso, estudos posteriores não
A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje deverão detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, senão
seu papel definido na gênese das doenças, em substituição à teoria a totalidade dos estudos sobre câncer de pulmão, detectou o fumo
da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande maioria como um dos principais fatores associados a esta doença. Especi-
das doenças advém de uma combinação de fatores que interagem ficidade. A exposição está especificamente associada a um tipo de
entre si e acabam desempenhando importante papel na determi- doença, e não a vários tipos (esse é um critério que pode ser ques-
nação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas chama- tionável). Exemplo: poeira da sílica e formação de múltiplos nódulos
das causas contribuintes citaremos o câncer de pulmão. Nem todo fibrosos no pulmão (silicose).
fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa precede
causas contribuindo para o aparecimento dessa doença. Estudos o efeito? A exposição ao fator de risco antecede o aparecimento
mostraram que, descendentes de primeiro grau de fumantes com da doença e é compatível com o respectivo período de incubação?
câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de terem a do- Nem sempre é fácil estabelecer a seqüência cronológica, nos estu-
ença do que aqueles sem a doença na família; isso indica que há dos realizados quando o período de latência é longo entre a expo-
uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão. sição e a doença.
Ativação dos oncogenes dominantes e inativação de oncogenes su-
pressores ou recessivos são lesões que têm sido encontradas no Critérios de causalidade de Hill
DNA de células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de - Força da associação
determinantes genéticos nesta doença (Srivastava, 1995). - Consistência
A determinação da causalidade passa por níveis hierárquicos - Especificidade
distintos, sendo que alguns desses fatores causais estão mais pró- - Sequência cronológica
ximos do que outros em relação ao desenvolvimento da doença. - Efeito dose–resposta
Por exemplo, fatores biológicos, hereditários e socioeconômicos - Plausibilidade biológica
podem ser os determinantes distais da asma infantil são fatores a - Coerência
distância que, através de sua atuação em outros fatores, podem - Evidências experimentais
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
- Analogia Indicadores de Saúde
Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo au- Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações
mentou significativamente durante a primeira metade do século, na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem re-
mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do fletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional.
número de mortes por câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo, É interessante observar que, apesar desses indicadores serem
o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumentou chamados “Indicadores de Saúde”, muitos deles medem doenças,
de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo que o mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às ve-
aumento da mortalidade ocorreu após várias décadas. zes, medir doença do que medir saúde, como já foi mencionado
Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particularmente anteriormente. Esses indicadores podem ser expressos em ter-
no sexo masculino, só que com um intervalo de tempo de 40 anos: mos de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se
o consumo médio diário de cigarros, nos homens, era um em 1952, incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os da-
quatro em 1972, atingindo 10 em 1992. As estimativas, portanto, dos mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na
são de que 100 milhões dos homens chineses, hoje com idade de monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente
0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o que implicará a três milhões em situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão
de mortes, por ano, quando esses homens atingirem idades mais restritas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que
avançadas (Liu, 1998). a estrutura populacional é estável e, assim, usar valores absolutos.
Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um au- Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre dife-
mento do efeito? Sendo positiva essa relação, há mais um indício do rentes grupos, deve-se ter em conta o tamanho das populações a
fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de Doll e Hill (Doll, serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando
1994) sobre a mortalidade por câncer de pulmão e fumo, nos mé- os dados em forma de taxas ou coeficientes.
dicos ingleses, tiveram um seguimento de 40 anos (1951-1991). As
primeiras publicações dos autores já mostravam o efeito dose-res- Indicadores de saúde
posta do fumo na mortalidade por câncer de pulmão; os resultados - Mortalidade/sobrevivência
- Morbidade/gravidade/incapacidade funcional
finais desse acompanhamento revelavam que fumantes de 1 a 14
- Nutrição/crescimento e desenvolvimento
cigarros/dia, de 15 a 24 cigarros/dia e de 25 ou mais cigarros/dia
- Aspectos demográficos
morriam 7,5 para 8 vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25 vezes
- Condições socioeconômicas
mais do que os não-fumantes, respectivamente.
- Saúde ambiental
Plausibilidade biológica. A associação é consistente com outros
- Serviços de saúde
conhecimentos? É preciso alguma coerência entre o conhecimento
existente e os novos achados. A associação entre fumo passivo e
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da
câncer de pulmão é um dos exemplos da plausibilidade biológica. ocorrência das doenças em uma determinada população e período.
Carcinógenos do tabaco têm sido encontrados no sangue e na urina Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número
de não-fumantes expostos ao fumo passivo. de casos está relacionado ao tamanho da população que lhes deu
A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fuman- origem. O numerador refere-se ao número de casos detectados que
tes e o número de cigarros fumados e anos de exposição do fuman- se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de risco
te é diretamente proporcional (efeito dose-resposta) (Hirayama, etc.), e o denominador refere-se a toda população capaz de sofrer
1981). aquele evento - é a chamada população em risco. O denominador,
Coerência. Os achados devem ser coerentes com as tendên- portanto, reflete o número de casos acrescido do número de pes-
cias temporais, padrões geográficos, distribuição por sexo, estudos soas que poderiam tornar-se casos naquele período de tempo. Às
em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças na exposição vezes, dependendo do evento estudado, é preciso excluir algumas
resultam em mudanças na incidência de doença. Exemplo: sabe-se pessoas do denominador. Por exemplo, ao calcular-se o coeficien-
que os alergênios inalatórios (como a poeira) podem ser promoto- te de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres devem ser
res, indutores ou desencadeantes da asma; portanto o afastamento excluídas do denominador, pois não estão expostas ao risco de ad-
do paciente asmático desses alergênios é capaz de alterar a hiper- quirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização desses coefi-
responsividade das vias aéreas (HRVA), a incidência da doença ou a cientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos:
precipitação da crise. - Escolha da constante (denominador).
Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre outra - Intervalo de tempo.
doença ou exposição. Exemplo: é bem reconhecido o fato de que a - Estabilidade dos coeficientes.
imunossupressão causa várias doenças; portanto explica-se a forte - População em risco.
associação entre AIDS e tuberculose, já que, em ambas, a imunida-
de está diminuída. Escolha da constante: a escolha de uma constante serve para
Raramente é possível comprovar os nove critérios para uma evitar que o resultado seja expresso por um número decimal de difí-
determinada associação. A pergunta-chave nessa questão da cau- cil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a multiplicação da
salidade é a seguinte: os achados encontrados indicam causalidade fração por uma constante (100, 1.000, 10.000, 100.000). A decisão
ou apenas associação? O critério de temporalidade, sem dúvida, é sobre qual constante deve ser utilizada é arbitrária, pois depende
indispensável para a causalidade; se a causa não precede o efeito, a da grandeza dos números decimais; entretanto, para muitos dos in-
associação não é causal. Os demais critérios podem contribuir para dicadores, essa constante já está uniformizada. Por exemplo: para
a inferência da causalidade, mas não necessariamente determinam os coeficientes de mortalidade infantil utiliza-se sempre a constante
a causalidade da associação. de 1.000 nascidos vivos.

Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que se re-


ferem os coeficientes estudados. Nas estatísticas vitais, esse tempo
é geralmente de um ano. Para a vigilância epidemiológica (verifica-

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
ção contínua dos fatores que determinam a ocorrência e a distri- em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao
buição da doença e condições de saúde), pode decidir-se por um risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplicação
período bem mais curto, dependendo do objetivo do estudo. por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o
Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um coeficien- coeficiente de prevalência. A incidência é útil para medir a frequên-
te para tempos curtos ou para populações reduzidas, os coeficien- cia de doenças com uma duração média curta, como, por exemplo,
tes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fidedignos. Gutierrez, a pneumonia, ou doença de duração longa. A incidência pode ser
no capítulo da epidemiologia da tuberculose, exemplifica de que cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência.
forma o coeficiente de incidência para tuberculose pode variar, con-
forme o tamanho da população. Para contornar esse problema, é Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população fixa, onde
possível aumentar o período de observação (por exemplo, ao invés não há entrada de novos casos naquele determinando período. Por
de observar o evento por um ano, observá-lo por dois ou três anos), exemplo: em um grupo de trabalhadores expostos ao asbesto, al-
aumentar o tamanho da amostra (observar uma população maior) guns desenvolveram câncer de pulmão em um período de tempo
ou utilizar números absolutos no lugar de coeficientes. especificado. No denominador do cálculo da incidência cumulati-
va, estão incluídos aqueles que, no início do período, não tinham
População em risco: refere-se ao denominador da fração para a doença.
o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil saber o número exato
desse denominador e muitas vezes recorre-se a estimativas no lu- Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do grupo
gar de números exatos. dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto durante um ano. Inci-
dência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos novos por 100 habi-
Morbidade tantes em 1 ano.
A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde, sen- A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser expres-
do um dos mais citados coeficientes ao longo desse livro. Muitas sa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc. (o numerador está
doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade, incluído no denominador). A IC é a melhor medida para fazer prog-
como a asma. Morbidade é um termo genérico usado para designar nósticos em nível individual, pois indica a probabilidade de desen-
o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à
volver uma doença dentro de um determinado período.
saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem
sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas as limitações que contri-
Densidade de Incidência (DI). A densidade de incidência é uma
buem para essa dificuldade.
medida de velocidade (ou densidade). Seu denominador é expresso
em população-tempo em risco. O denominador diminui à medida
Medidas da morbidade
que as pessoas, inicialmente em risco, morrem ou adoecem (o que
Para que se possa acompanhar a morbidade na população e
não acontece com a incidência cumulativa).
traçar paralelos entre a morbidade de um local em relação a outros,
é preciso que se tenha medidas-padrão de morbidade. As medidas
de morbidade mais utilizadas são as que se seguem: Relação entre incidência e prevalência
- Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o número to- A prevalência de uma doença depende da incidência da mesma
tal de casos, episódios ou eventos existentes em um determinado (quanto maior for a ocorrência de casos novos, maior será o nú-
ponto no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a relação mero de casos existentes), como também da duração da doença. A
entre o número de casos existentes de uma determinada doença e mudança da prevalência pode ser afetada tanto pela velocidade da
o número de pessoas na população, em um determinado período. incidência como pela modificação da duração da doença. Esta, por
Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante, pois, as- sua vez, depende do tempo de cura da doença ou da sobrevivência.
sim, torna-se um número inteiro fácil de interpretar (essa constante A relação entre incidência e prevalência segue a seguinte fór-
pode ser 100, 1.000 ou 10.000). O termo prevalência refere-se à mula (Vaughan, 1992):
prevalência pontual ou instantânea. Isso quer dizer que, naquele
particular ponto do tempo (dia, semana, mês ou ano da coleta, por Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença
exemplo), a frequência da doença medida foi de 10%, por exemplo.
Na interpretação da medida da prevalência, deve ser lembrado que Mortalidade
a mesma depende do número de pessoas que desenvolveram a do- O número de óbitos (assim como o número de nascimentos)
ença no passado e continuam doentes no presente. Assim, como é uma importante fonte para avaliar as condições de saúde da po-
já foi descrito no início do capítulo, o denominador é a população pulação.
em risco.
Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortalidade são
Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 adultos os mais tradicionais indicadores de saúde.
da zona urbana de Pelotas, em 1991, detectaram-se 135 casos de Principais coeficientes de mortalidade:
bronquite crônica; portanto, a prevalência de bronquite crônica, se- - Coeficiente de mortalidade geral
guindo a equação abaixo, foi de (Menezes, 1994): - Coeficiente de mortalidade infantil
- Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
Medida da incidência: a incidência mede o número de casos - Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
novos de uma doença, episódios ou eventos na população dentro - Coeficiente de mortalidade perinatal
de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano); é um dos - Coeficiente de mortalidade materna
melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuin- - Coeficiente de mortalidade específico por doença
do, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número
de pessoas da população que passou de um estado de não-doente Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão do nú-
para doente. O coeficiente de incidência é a razão entre o número mero total de óbitos por todas as causas em um ano pelo número
de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, da população naquele ano, multiplicado por 1.000. Exemplo: no RS,
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
houve 63.961 óbitos e a população estimada era de 9.762.110; por- multiplica-se o coeficiente por idades da população padrão pelo
tanto o coeficiente de mortalidade geral para o estado, foi de 6,55 número de óbitos de cada categoria de idade, chegando, assim, ao
(Estatísticas de Saúde). número de mortes que seria esperado na população que está sendo
estudada. O número total de mortes esperado dessa população é
Coeficiente de mortalidade específico por doenças respirató- confrontado com o número de mortes efetivamente ocorridas nes-
rias. É possível obterem-se os coeficientes específicos por determi- sa população, resultando no que se convencionou chamar de razão
nada causa, como, por exemplo, o coeficiente por causas externas, padronizada de mortalidade (RPM).
por doenças infecciosas, por neoplasias, por AIDS, por tuberculose, Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados
dentre outros. Da mesma forma, pode-se calcular os coeficientes
conforme a idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer im- A RPM maior ou menor do que um indica que ocorreram mais
portantes dados sobre a saúde de um país, e, ao mesmo, tempo ou menos mortes do que o esperado, respectivamente. Resumin-
fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coeficiente do, as taxas brutas são facilmente calculadas e rapidamente dispo-
de mortalidade por tuberculose no RS foi de 51,5 por 100.000 ha- níveis; entretanto são medidas difíceis de interpretar e de serem
bitantes. comparadas com outras populações, pois dependem das variações
O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao óbito de na composição da população. Taxas ajustadas minimizam essas li-
crianças menores de um ano e é um dos mais importantes indica- mitações, entretanto são fictícias e sua magnitude depende da po-
dores de saúde.O coeficiente de mortalidade perinatal compreende pulação selecionada.
os óbitos fetais (a partir de 28 semanas de gestação) mais os neo-
natais precoces (óbitos de crianças de até seis dias de vida). Outro Tipologia dos Estudos Epidemiológico
importante indicador de saúde que vem sendo bastante utilizado, Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método
nos últimos anos, é o coeficiente de mortalidade materna, que diz para colher informações adicionais não-disponíveis a partir dos
respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de Saúde). sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os
estudos descritivos são aqueles em que o observador descreve as
Letalidade características de uma determinada amostra, não sendo de grande
A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portadores utilidade para estudar etiologia de doenças ou eficácia de um trata-
mento, porque não há um grupo-controle para permitir inferências
de uma determinada doença, em um certo período de tempo, di-
causais. Como exemplo podem ser citadas as séries de casos em
vidida pela população de doentes. É importante lembrar que, na
que as características de um grupo de pacientes são descritas. En-
letalidade, o denominador é o número de doentes.
tretanto os estudos descritivos têm a vantagem de ser rápidos e de
baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um outro
Padronização dos coeficientes
tipo de estudo epidemiológico. Sua grande limitação é o fato de não
Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalência de uma
haver um grupo-controle, o que impossibilita seus achados serem
doença varia com o sexo e o grupo etário, a comparação das taxas
comparados com os de uma outra população. É possível que alguns
brutas de duas ou mais populações só faz sentido se a distribuição desses achados aconteçam simplesmente por chance e, portanto,
por sexo e idade das mesmas for bastante próxima. Sendo essa uma também aconteceriam no grupo-controle.
situação absolutamente excepcional, o pesquisador frequentemen- Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um grupo
te vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou ajustamento), de referência, o que permite estabelecer comparações. Estes, por
a fim de eliminar os efeitos da estrutura etária ou do sexo sobre as sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser:
taxas a serem analisadas. - Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia
Para um melhor entendimento, examinemos, por exemplo, os clínica).
índices de mortalidade da França e do México. Caso a análise li- - Observacionais.
mite-se à comparação das taxas brutas - 368 e 95 por 100.000 ha- Nos estudos observacionais, a alocação de uma determinada
bitantes/ano, respectivamente, pode parecer que há uma grande exposição está fora do controle do pesquisador (por exemplo, ex-
diferença entre os padrões de mortalidade dos dois países. Entre- posição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreendem:
tanto, ao considerar-se a grande diferença na distribuição etária - Estudo transversal.
dos mesmos, com o predomínio no México de grupos com menor - Estudo de coorte.
idade, torna-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada - Estudo de caso-controle.
a padronização por idade, o contraste entre os dois países desapa- - Estudo ecológico.
rece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 habitantes/ano,
respectivamente. A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus
Esses índices ajustados são na verdade fictícios, prestando-se principais pontos.
somente para fins de comparação. Há duas maneiras de realizar-se
a padronização. Estudo Transversal (Cross-Sectional)
É um tipo de estudo que examina as pessoas em um determi-
Método direto: este método exige uma população padrão que nado momento, fornecendo dados de prevalência; aplica-se, parti-
poderá ser a soma de duas populações a serem comparadas (A e cularmente, a doenças comuns e de duração relativamente longa.
B) ou uma população padrão. É obtido multiplicando-se a distribui- Envolve um grupo de pessoas expostas e não expostas a determi-
ção da população padrão conforme a idade pelos coeficientes de nados fatores de risco, sendo que algumas dessas apresentarão o
mortalidade (por exemplo) de cada uma das populações a serem desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central do estudo
estudadas (A e B). transversal é que a prevalência da doença deverá ser maior entre os
Método indireto: utiliza-se o método indireto quando os coe- expostos do que entre os não-expostos, se for verdade que aquele
ficientes específicos por idade da população que se quer estudar fator de risco causa a doença.
não são conhecidos, embora se saiba o número total de óbitos. Em- As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo,
pregando-se uma segunda população (padrão) - semelhante à po- a identificação de casos e a detecção de grupos de risco. Entretanto
pulação que se quer estudar - cujos coeficientes sejam conhecidos, algumas limitações existem, como, por exemplo, a da causalidade
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
reversa – exposição e desfecho são coletados simultaneamente e “o conjunto de condições, leis, influências e interações de or-
frequentemente não se sabe qual deles precedeu o outro. Nesse dem física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
tipo de estudo, episódios de doença com longa duração estão so- as suas formas”.
bre-representados e doenças com duração curta estão sub-repre-
sentadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem é A Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo a pre-
que se a prevalência da doença a ser avaliada for muito baixa, o servação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia
número de pessoas a ser estudado precisará ser grande. à vida.
O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra, Também visa assegurar condições ao desenvolvimento socio-
ou seja, é a natureza com todos os seres vivos e não vivos que nela econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
habitam e interagem. dignidade da vida humana.
Em resumo, o meio ambiente engloba todos os elementos vi- A Constituição Federal Brasileira também possui um artigo que
vos e não-vivos que estão relacionados com a vida na Terra. É tudo trata exclusivamente do Meio Ambiente. O artigo 225 cita que:
aquilo que nos cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
animais, os seres humanos, dentre outros. brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida...”
Planeta Terra Outras leis ambientais importantes que protegem os recursos
Preservação Ambiental naturais brasileiros e promovem ações voltadas à conservação e
A preservação do meio ambiente faz parte dos temas transver- melhoria da qualidade de vida são:
sais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).
O seu objetivo é incitar nos estudantes a importância de pre- Política Nacional da Educação Ambiental - Lei nº 9.795 de 1999.
servar o meio ambiente e os problemas causados pela intervenção Lei de Crimes Ambientais - Lei n.º 9.605 de 1998.
humana na natureza. Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei nº 9.433 de 1997.
Qual a diferença entre Preservação e Conservação Ambiental? O órgão responsável pelas ações e políticas ambientais no Bra-
Os termos preservação e conservação ambiental são constan- sil é o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
temente confundidos. Porém, cada um deles possui um significado
e objetivos diferentes.
Acordos Internacionais
Preservação Ambiental: É a proteção sem a intervenção huma-
Dada a urgência e a preocupação mundial com os problemas
na. Significa a natureza intocável, sem a presença do homem e sem
ambientais e os impactos dele decorrentes, surgiram vários acordos
considerar o valor utilitário e econômico que possa ter.
e tratados internacionais. Eles propõem novos modelos de desen-
Conservação Ambiental: É a proteção com uso racional da na-
volvimento, redução da emissão de gases poluentes e conservação
tureza, através do manejo sustentável. Permite a presença do ho-
ambiental.
mem na natureza, porém, de maneira harmônica.
A preocupação ambiental vem sendo tratada no âmbito inter-
Um exemplo de áreas de conservação ambiental são as unida-
des de conservação. Elas representam espaços instituídos por lei nacional desde a realização da Conferência de Estocolmo, em 1972.
que objetivam proteger a biodiversidade, restaurar ecossistemas, Após isso, ganhou novamente destaque na Conferência das Nações
resguardar espécies ameaçadas de extinção e promover o desen- Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92 ou ECO-
volvimento sustentável. 92), com a aprovação da Agenda 21.
Outros importantes tratados e acordos internacionais voltados
Meio Ambiente e Sustentabilidade ao meio ambiente são:
Atualmente, as questões ambientais envolvem a sustentabili- Protocolo de Montreal: objetivo de reduzir a emissão de pro-
dade. A sustentabilidade é um termo abrangente, que envolve tam- dutos que causam danos à camada de ozônio
bém o planejamento da educação, economia e cultura para organi- Protocolo de Kyoto: objetivo de mitigar o impacto dos proble-
zação de uma sociedade forte, saudável e justa. mas ambientais, por exemplo, das mudanças climáticas do planeta
A sustentabilidade econômica, social e ambiental é um dos terra.
grandes desafios da humanidade. Rio +10 - Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentá-
O termo sustentabilidade surge da necessidade de aliar o cres- vel: definição de ações voltadas para a preservação ambiental e as-
cimento econômico com a preservação ambiental. pectos sociais, especialmente de países mais pobres.
A essa nova forma de desenvolvimento, damos o nome de Rio +20 - Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sus-
desenvolvimento sustentável. Ele tem como conceito clássico ser tentável: reafirmação do desenvolvimento sustentável aliado à pre-
aquele que atende às necessidades do presente sem comprome- servação ambiental.
ter a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias Acordo de Paris: objetivo de conter o aquecimento global e re-
necessidades. duzir as emissões de gases do efeito estufa.
Para que o desenvolvimento sustentável seja uma realidade é Agenda 2030: objetiva orientar as nações do planeta rumo ao
necessário o envolvimento de todas as pessoas e nações do planeta. desenvolvimento sustentável, além de erradicar a pobreza extrema
As ações vão desde atitudes individuais até acordos internacionais. e reforçar a paz mundial.

Meio Ambiente no Brasil Educação Ambiental


No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938, A educação ambiental corresponde aos processos por meio
de 31 de Agosto de 1981, define os instrumentos para proteção do dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
meio ambiente. É considerada o marco inicial das ações para con- conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas à
servação ambiental no Brasil. conservação do meio ambiente.
Através dela, o meio ambiente é definido como: O seu objetivo é a compreensão de conceitos sobre o meio am-
biente, sustentabilidade, preservação e conservação.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Além da construção de novos valores sociais, aquisição de co- Outras doenças que podem estar relacionadas com a falta de
nhecimentos, atitudes, competências e habilidades para a conquis- saneamento básico são:
ta e a manutenção do direito ao meio ambiente equilibrado. • disenteria
• giardíase
Problemas Ambientais • amebíase
Nas últimas décadas, o meio ambiente vem sofrendo cada vez • gastroenterite
mais com a ação humana, uma delas é a prática da queimada. Como • leptospirose
essa intervenção nem sempre é harmônica e de forma sustentável, • peste bubônica
surgem os problemas ambientais. • cólera
Os principais problemas ambientais da atualidade são: • poliomielite
Mudanças Climáticas • hepatite infecciosa
Efeito Estufa • febre tifoide
Aquecimento Global • malária
Poluição da água • ebola
Poluição do ar • sarampo
Destruição da Camada de Ozônio
Extinção de espécies Saneamento Ambiental
Chuva Ácida O saneamento ambiental é um conceito que está intimamente
Desflorestação associado à sustentabilidade, ou seja, à conservação e melhoria do
Desertificação meio ambiente a partir do impacto ambiental gerado.
Poluição Ele reúne um conjunto de procedimentos que visam a qualida-
de da população, sobretudo na infraestrutura das cidades, as quais
Conceitos Relacionados ao Meio Ambiente geram poluição do ar, da água e do solo.
Alguns conceitos importantes relacionados ao meio ambiente Uma importante medida adotada por programas de sanea-
são: mento ambiental é a conscientização e educação da população em
Ecossistema: Conjuntos de seres vivos (Bióticos) e não vivos geral com o intuito de alertar para a importância da conservação
(Abióticos). ambiental.
Seres Bióticos: Seres autótrofos (produtores) e heterótrofos
(consumidores), ou seja, as plantas, os animais e os microrganis- A ATUAL SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
mos. Os últimos dados levantados pelos principais órgãos desse se-
Seres Abióticos: São os fatores físico-químicos presentes num tor foram em 2015. Assim, as informações aqui discutidas serão ba-
ecossistema, como a água, os nutrientes, a umidade, o solo, os raios seadas neste ano de referência.
solares, ar, gases, temperatura, etc. Em 2017 a lei do saneamento completou 10 anos. O gráfico
Biomas: Conjunto de Ecossistemas. Vale lembrar que os bio- abaixo apresenta a evolução do atendimento de água e esgoto, em
mas que compõem o Brasil são: Biomas Amazônia, Bioma Caatinga, média, em todo o país. É possível notar que nestes anos, as diferen-
Bioma Cerrado, Bioma Mata Atlântica, Bioma Pantanal e o Bioma ças não foram excepcionais.
dos Pampas.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/tudo-sobre-meio-
-ambiente/

Saneamento básico é um conceito que está relacionado com


o controle e distribuição dos recursos básicos (abastecimento, tra-
tamento e distribuição de água, esgoto sanitário, coleta e destino
adequado do lixo, limpeza pública) tendo em conta o bem-estar fí-
sico, mental ou social da população.
No Brasil, o saneamento básico é definido pela Lei nº.
11.445/2007, sendo um direito assegurado pela Constituição a par-
tir de investimentos públicos na área. Segundo a Organização Mun-
dial de Saúde (OMS):
“Saneamento é o controle de todos os fatores ambientais que
podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico, mental e
social dos indivíduos”.

Saneamento Básico e Saúde


A falta de saneamento básico pode gerar inúmeros problemas
de saúde. Portanto, o conjunto de fatores que reúnem o saneamen-
to levam a uma melhoria de vida na população na medida que con-
trola e previne doenças, combatendo muitos vetores.
Nesse caso, podemos pensar num dos maiores problemas en-
frentados pela população brasileira atualmente com a dissemina-
ção do mosquito da dengue os quais se proliferam mediante a água
parada. O índice de esgoto passou de 42% para 50,3% em 2015. Isso re-
Dessa forma, o saneamento básico promove hábitos higiênicos presenta uma evolução de menos de um ponto percentual ao ano.
e controla a poluição ambiental, melhorando assim, a qualidade de Para a água foi ainda pior. De 80,9% em 2007 para 83,3% em 2015.
vida da população. Uma evolução de menos de 3 pontos percentuais em oito anos.
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Quando se olha para as regiões, as diferenças ficam ainda Até a data desta publicação, o SNIS ainda não havia divulga-
maiores. A região Norte tem a situação mais precária, principal- do os resultados do diagnóstico de drenagem e manejo das águas
mente quando se refere à coleta de esgoto. Por outro lado, o Su- pluviais. Por isso, deixaremos os dados deste serviço fora do texto.
deste consegue os melhores índices: 91,2% de abastecimento de
água e 77,2% de coleta de esgoto. O que o governo tem feito?
O Governo Federal buscou investir no setor. O PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento) destinou em torno de R$ 70 bilhões
em obras relativas ao saneamento básico. Entretanto, como mos-
tram os dados, os investimentos ainda não são o suficiente.
Em 2016, o presidente Michel Temer sancionou a Lei nº 13.329
que institui o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimen-
to do Saneamento Básico. Pretende-se com isso, incentivar os in-
vestimentos na área do saneamento em troca de créditos em tribu-
tação para as empresas prestadoras.
Com as instabilidades financeiras que o Brasil tem passado nos
últimos tempos, o Secretário Nacional de Saneamento Ambiental
afirmou que não será possível atingir a meta de universalização do
saneamento até 2033. Mas, diz que o governo buscará maiores in-
vestimentos para o setor ao longo dos próximos anos.
Com o Decreto nº 7.217 aprovado em 2010, espera-se que os
municípios planejem e deem uma melhor destinação para o dinhei-
ro público.
Apesar dos diversos adiamentos, o decreto determina que os
recursos da união para o setor só serão repassados caso as cidades
elaborem o Plano Municipal de Saneamento Básico. Com as diver-
sas postergações, o decreto está para entrar em vigor em 2019.
A falta de saneamento traz malefícios sociais, ambientais, fi-
nanceiros e principalmente para a saúde. Édison Carlos, presidente
do Instituto Trata Brasil, afirma que o “básico” do nome não está ali
à toa, é a estrutura mais elementar e relevante para a sociedade.

A ATUAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL


Há quem diga que a situação atual da saúde pública no Brasil
está um caos. Infelizmente não podemos discordar. O que vemos
constantemente na mídia são notícias de hospitais lotados e a falta
de investimentos no setor.
Em 2013, a Consultoria Bloomberg divulgou um ranking sobre a
eficiência de sistemas nacionais de saúde. O estudo levou em consi-
deração 48 países que possuíam, na época, PIB per capita superior
a cinco mil dólares. O Brasil ficou em último lugar. De acordo com a
empresa, o país investe muito, mas entrega pouco.
É bastante comum encontrar hospitais e unidades de saúde
lotadas. Dados do Tribunal de Contas da União indicam que 64%
dos hospitais estão sempre superlotados. O SUS foi criado com a
intenção de atender a todos. Porém, há muito tempo o sistema en-
contra-se falho.

Quais os motivos?
E os outros serviços do saneamento? Muitos especialistas dizem que o problema na saúde brasileira
Quando falamos em saneamento básico focamos em água e es- é a má gestão dos recursos. E também os desvios dos mesmos.
goto e acabamos por esquecer dos outros dois serviços. O terceiro A realidade torna-se difícil: superlotação, atendimentos no cor-
serviço do saneamento é a coleta regular do lixo. redor, estrutura física precária, ausência de médicos e enfermeiros,
Dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento falta de medicamentos, demora no atendimento, dentre tantos ou-
(SNIS) referente a 2014 mostrou que a quantidade de casas aten- tros problemas.
didas por serviços de coleta aumentou. Porém, ainda são 17,3 mi- O descontentamento da população cresce. Mas, as doenças e
lhões de pessoas vivendo em regiões com nenhum tipo de coleta epidemias não param de crescer. Desde 2015 o Brasil vive uma trí-
de lixo. plice epidemia de vírus transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti.
Na zona rural, os dados são ainda piores. 47% da população E os casos só aumentam a cada ano.
rural do país não tem nenhum acesso a coleta de lixo. Em 2017, o país já viveu um surto de febre amarela, que é uma
E se a situação é ruim para a coleta regular de lixo, imagine a doença evitável por vacina. De acordo com o epidemiologista Carlos
coleta seletiva! Os dados do SNIS mostraram que apenas 23% dos Ferreira, em entrevista para a revista IstoÉ, há uma grande fragi-
municípios brasileiros contam com a reciclagem. lidade do sistema de saúde pública e descaso. Para ele, há muita
descontinuidade administrativa e falta de informação à população.
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Para ele, por exemplo, muitas pessoas morreram de febre Já começo dizendo que não existe fórmula mágica. Existem
amarela por falta de conhecimento. Muitas se expuseram à áreas boas práticas de gestão e existe eficácia das ações. O país precisa
de risco sem receber o mínimo de informações. Não basta de um dos dois. É preciso uma boa gestão dos investimentos realizados
controle de vacinação, é necessário o uso de indicadores e levar tanto no setor de saúde quanto no de saneamento.
informações às áreas de risco. Divulgar apenas quando há um surto, Sem uma boa gestão, a grande parte dos recursos vão para
não é o suficiente. onde não precisam ir. Lembra do ranking de eficiência na saúde?
É um bom exemplo disso. Não basta investir em lugares errados.
SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO BÁSICO É preciso uma reformulação do básico. A forma de se investir,
Agora que já temos uma visão atual do setor de saneamen- de planejar e de executar deve ser modificada. Aliás, como vimos,
to e da saúde pública no Brasil, podemos discutir um pouco sobre a melhoria dos serviços de saneamento reduz a necessidade de in-
ambos. Não é que todos os problemas da saúde seriam resolvidos vestimentos na saúde, certo?
com a universalização do acesso ao saneamento. Mas ajudaria (e
muito!). Quais doenças o saneamento previne?
É claro que o setor da saúde como um todo necessita de maio- -Diarreia: a diarreia é uma doença gastrintestinal que pode ser
res planejamentos, infraestrutura e de boa gestão. Mas, o que sem- contraída por água e/ou alimentos contaminados.
pre falamos aqui no blog é: o saneamento auxilia na redução das -Leptospirose: a leptospirose está liga à locais com saneamento
doenças e proporciona um ambiente mais saudável. precário onde os roedores se proliferam, como locais perto de cór-
E qual a consequência? regos, aglomerados subnormais.
As pessoas livres de doenças vão ao trabalho, as crianças vão à -Dengue: a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti
escola, as condições sanitárias e higiênicas melhoram, dentre mui- que se multiplica em água parada. O mosquito atualmente é trans-
tos outros fatores. missor de outras doenças, como Zika Vírus.
Já apresentamos aqui os diversos benefícios que o saneamento -Amarelão: o amarelão é a doença do Jeca Tatu, é transmitida
básico traz à população. E também, sempre destacamos a quantida- principalmente por um parasita que pode ser encontrado no solo
de de doenças que um ambiente poluído pode proporcionar. contaminado.
Fonte: https://www.eosconsultores.com.br/situacao-da-sau-
Epidemias de dengue, cólera, disenteria, esquistossomose, lep-
de-publica-e-saneamento-basico
tospirose, dentre muitas outras enfermidades que se incidem no
meio do lixo, do esgoto e das águas poluídas.
A participação da equipe de enfermagem nos programas de
Essas doenças significam mais internações, maior demanda por
saúde desenvolvidos na Unidade Sanitária, se efetiva através as ati-
leitos, cuidados e medicamentos. A OMS afirma que cada real in-
vidades de enfermagem, prestadas nos vários setores da Unidade
vestido em saneamento economiza quatro reais na saúde. Pessoas
Sanitária, e na comunidade, cumprindo as normas estabelecidas na
doentes custam altos valores ao governo federal.
programação de enfermagem, visando alcançar os objetivos pro-
O Instituto Trata Brasil prevê que caso 100% da população ti- postos pelo Serviço de Enfermagem.
vesse acesso à coleta de esgoto haveria uma redução de 74,6 mil São várias as atividades de enfermagem prestadas diretamente
internações. à população, dentre as quais destacamos as mais importantes:
Para se ter uma noção, em termos quantitativos, em 2013 o - Inscrição - é realizada a todos os clientes atendidos pela 1.ª
SUS notificou 340 mil internações por infecções gastrintestinais. Em vez, nas várias clínicas da Unidade Sanitária. Para que sejam al-
média, o custo por paciente de uma internação por essa doença é cançadas as metas referentes à inscrição dos grupos suscetíveis às
de R$ 355,71. Agora imagine os gastos com todas as doenças gera- ações dos vários sub-programas de saúde, a equipe de enfermagem
das pela falta de saneamento básico. ao lado de outros membros da equipe de saúde, desenvolve inten-
so trabalho educativo na área programática.
É muito, não? - Preparo - pré-consulta e orientação pós-consulta - são tare-
Além disso, as mais afetadas por essas doenças são as crianças. fas realizadas pela atendente visitadora respectivamente, visando
De acordo com a Unicef, 88% das mortes por diarreia no mundo maior rendimento da hora/médico, hora/enfermeira. A enfermeira
são relacionadas à falta de saneamento. Deste número, 84% são realiza a orientação pós-consulta, quando a importância do caso
crianças. exige sua atenção.
A exposição a um ambiente poluído afeta seriamente o desen- - Consulta de enfermagem - esta atividade final é oferecida
volvimento das crianças. Frequentes diarreias, desidratações, con- pela enfermeira às gestantes e crianças sadias, intercaladas com a
sumo de água sem tratamento adequado e até mesmo pequenas consulta médica. Em algumas áreas do país, devido a carência de
infecções intestinais podem comprometer seriamente o estado nu- médicos, a enfermeira está assumindo a responsabilidade pelo con-
tricional e o crescimento da criança. trole do doente de tuberculose, após o diagnóstico médico.(5). Ja
Assim, pensar em saneamento também é refletir sobre outros oficializada em alguns serviços de saúde, a consulta de enfermagem
setores. foi recentemente introduzida no Centro de Saúde Geraldo H. de
Como podemos ver, o acesso ao saneamento impacta na eco- Paula Souza, da Faculdade de Saúde Pública, onde as enfermeiras
nomia e na saúde. Economia porque proporciona um ambiente acompanham o crescimento e desenvolvimento da criança sadia.
saudável para a população, com mais saúde, os trabalhadores pro- Brevemente, também será estendida ao Serviço de Saúde Materna
duzem mais, as crianças vão à escola, e isso gera maior receita e do referido Centro de Saúde.
menos desperdício de recursos, tanto para o governo quanto para - Visita Domiciliária - de acordo com o planejamento atual, - é
as empresas privadas. programada de modo racional, baseada em estudos sobre o núme-
Saúde porque uma menor incidência de doenças proporciona ro de visitas necessárias para atender a cada dano ou demanda. É
um menor índice de internações. Assim, necessita-se de menos ma- realizada rotineiramente pela visitadora. A enfermeira a executa, a
terial, menos recursos humanos e menos dinheiro público. casos seletivos ou para demonstração a estudantes de enfermagem
E QUAL A SOLUÇÃO PARA A ATUAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLI- e outros.
CA E SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL?

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- Vacinação - esta atividade final que visa o controle dos danos beneficiada por essa assistência, que será eficiente na medida em
reduzíveis através de imunizações, é realizada pelo pessoal auxiliar que o pessoal auxiliar for adequadamente preparado e supervisio-
de enfermagem, tanto na Unidade Sanitária como na comunidade. nado, responsabilidades estas da enfermeira.
- Educação de grupos - compreende um conjunto de ativida-
des educativas, planejadas e desenvolvidas pela enfermeira e que Saúde Ambiental;
são dirigidas a grupos de gestantes, mães curiosas, professôras e “Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde hu-
outros, envolvendo aspectos relacionados com a saúde. Neste tra- mana, incluindo a qualidade de vida, que estão determinados por
balho, a enfermeira recebe a colaboração de outros membros da fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio
equipe de saúde e pode ser realizado na Unidade ou em outro local ambiente. Também se refere teoria e prática de valorar, corrigir,
da comunidade, de fácil acesso aos componentes do grupo. controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que, poten-
- Suplementação alimentar - de importância fundamental na cialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras
assistência à criança, é da responsabilidade do pessoal de enfer- “; ainda segundo a OMS: “Saúde ambiental abrange os fatores fí-
magem, que realiza diversas tarefas referentes à seleção de casos, sicos, químicos e biológicos externos às pessoas, e os fatores que
fornecimento de leite e outros alimentos, controle pondo estatural impactam seus comportamentos. Ela engloba a avaliação e o con-
e orientação de mães. Além dessas tarefas, a enfermagem partici- trole daqueles fatores ambientais que podem afetar a saúde. Ela
pa na coordenação dos recursos existentes na comunidade, a fim é direcionada à prevenção de doenças e melhoria da saúde nos
de possibilitar uma adequada utilização dos mesmos e desenvolve ambientes. Esta definição exclui comportamentos não relacionados
intenso trabalho educativo, visando a melhoria alimentar da popu- com o ambiente, bem como o comportamento relacionado com o
lação em geral. ambiente social e cultural, e genético”.
- Ações de enfermagem referentes à exames de laboratório,
tratamentos e testes de imuno-diagnóstico. De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde:
- Exames de laboratório - nesta atividade intermediária, o pes- “Os problemas de saúde ambiental da América Latina e Caribe
soal de enfermagem presta sua colaboração através de: encaminha- estão dominados tanto por necessidades não atendidas, enquanto
mentos, colheita de determinados tipos de material e ações: educa- saneamento ambiental tradicional, como por necessidades cres-
tivas visando esclarecer a clientela sobre a importância dos exames centes de proteção ambiental, que têm se tornado mais graves de-
solicitados. Em Unidades Sanitárias, que não possuem laboratório, vido à urbanização intensiva em um entorno caracterizado por um
a participação da enfermagem pode ser mais ampla, responsabili- desenvolvimento econômico lento”
zando-se pela realização de alguns exames.
- Tratamentos e testes de imuno-diagnóstico - a enfermagem A Saúde Ambiental de uma forma geral, portanto é relacionada
se responsabiliza: com o Meio Ambiente habitado pelo homem sendo totalmente de-
- pela execução, orientação e controle dos tratamentos prescri- pendente da interação do homem e este meio.
tos pelo médico. Citamos como exemplo pela sua importância em Existem diferentes problemas encontrados na saúde do ho-
saúde pública, o tratamento controlado do doente de tuberculose mem quando leva-se em conta o ambiente rural e o ambiente ur-
na Unidade Sanitária. bano.
- pela execução e, leitura de testes de imuno-diagnóstico Traba- No ambiente rural um dos grandes problemas atuais é o uso
lho de Desenvolvimento de Comunidade. de agrotóxicos , também denominados produtos de uso agrícolas
É essencial em saúde pública, devido à sua própria característi- e pesticidas que visam eliminar “pragas” que diminuem a produ-
ca de ação: motivação da população. ção de alimentos, mesmo com o estudo de produtos que tem um
A enfermeira e demais membros da equipe de saúde atuam impacto menor ao meio o uso de forma inadequada destes produ-
neste processo educativo que visa a participação ativa da comuni- tos vem causando um grande impacto sobre a fauna, flora , água e
dade na solução de seus problemas de saúde. solo e consequentemente sendo um risco para a saúde dos seres
Citamos ainda duas atividades que não podem ser esquecidas humanos, uma outra problemática é o grande número de suicídios
dada a importância que apresentam, e por influirem na prestação ocorridos entre trabalhadores do campo.
da assistência de enfermagem: No ambiente urbano uma das questões mais estudadas é a po-
- Pesquisa - para conseguirmos a indispensável harmonia en- luição do ar que causa milhares de internações e óbitos a cada ano,
tre as atividades de enfermagem e a comunidade sempre em mu- estando principalmente relacionadas com doenças respiratórias,
danças, torna-se imprescindível a realização de pesquisas a fim de cardíacas e vários tipos de câncer.
estudar os problemas defrontados atualmente pela enfermagem a Ainda persistem no ambiente rural e urbano problemas de
nível local. doenças relacionadas ao não tratamento da água consumida pela
- Treinamento de campo - esta atividade que, até pouco tem- população, pois a água não tratada é um ambiente adequado para
po era encontrada a nível local, possivelmente pela atual tendência vida de parasitas, vírus e bactérias além da presença de minerais e
metodológica, se estenderá a todos os níveis dos Serviços de Saúde vários elementos químico.
Pública, uma vez que a estrutura desses serviços, requerem em to- Fonte: https://ambientedomeio.com
dos os níveis a participação de uma equipe multiprofissional. Isto
acarretará à enfermagem parte integrante desta estrutura, maiores A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA)
responsabilidades nesta atividade, não só em relação ao pessoal de Consiste em um conjunto de ações que proporcionam o co-
enfermagem, mas, em relação ao treinamento de outros profissio- nhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes
nais. e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde hu-
Finalizando, lembramos que a enfermeira como elemento iso- mana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e
lado só poderá prestar assistência integral de enfermagem a um controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou
pequeno grupo da comunidade. Seu trabalho na direção de uma a outros agravos à saúde.
equipe, possibilita a ampliação das atividades de enfermagem.
Como consequência temos o aumento da cobertura da população
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É também atribuição da VSA os procedimentos de vigilância Os Problemas e Desafios
epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana, associados Muitos daqueles que trabalham na área da Educação encon-
a contaminantes ambientais, especialmente os relacionados com tram dificuldades no seu dia-a-dia, como:
a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo. - Recomendação de práticas diferentes por instituições diferen-
Dentro da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental tes e relacionadas a uma mesma ação que se espera da população.
(CGVAM), as áreas de atuação são: Vigilância da qualidade da água - Recomendação de práticas com barreiras socioeconômicas ou
para consumo humano(Vigiágua); Vigilância em saúde de popula- culturais que dificultam e/ou restringem a sua execução.
ções expostas a poluentes atmosféricos (Vigiar); Vigilância em saú- - Despreocupação com o universo conceitual da população,
de de populações expostas a contaminantes químicos (Vigipeq); achando que tudo depende da transmissão do conhecimento téc-
Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes nico.
de desastres (Vigidesastres) e Vigilância em saúde ambiental rela-
cionada aos fatores físicos (Vigifis). Cabe a nós propiciar condições para que o processo educativo
A SVS atualmente é responsável por todas as ações de vigilân- aconteça e, para isso, devemos ter muito claro o que entendemos
cia, prevenção e controle de doenças transmissíveis, vigilância de
por educação.
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não
Uma maneira de perceber se uma atividade educativa está de
transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela
acordo com uma proposta de educação transformadora é descobrir
análise de situação de saúde da população brasileira.
qual a sua utilidade. Analisando as atividades de Educação em Saú-
Desde a criação da SVS, a integração das vigilâncias foi se forta-
lecendo nas três esferas de governo, impulsionada pela relevância de desenvolvidas nos serviços de saúde, na escola, na comunidade.
das doenças e agravos não transmissíveis, pela necessidade do fo- “A partir de Algumas das características do processo de edu-
mento às ações de promoção da saúde, pela redução da morbimor- cação, partimos da admissão de que existe dois saberes: o saber
talidade da população em geral e dos trabalhadores em particular, técnico e o saber popular, distintos, mas não essencialmente opos-
pela preocupação com os riscos sanitários, caracterizados como os tos, e que a educação, como processo social, exigirá o confronto e a
eventos que podem afetar adversamente a saúde de populações superação desses dois saberes”.
humanas, e pela urgência em organizar respostas rápidas em emer- “Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber popular
gências de saúde pública. que chega a ser considerável. Embora a este saber falte uma siste-
Fonte: http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigi- matização coletiva, nem por isso é destituído de validez e importân-
lancia-ambiental cia. Não pode, pois, ser confundido com ignorância e desprezado
como mera superstição. Ele é o ponto de partida e sua transforma-
ção, mediante o apoio do saber técnico-científico, pode constituir-
AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE -se num processo educativo sobre o qual se assentará uma organi-
DA FAMÍLIA zação eficaz da população, para a defesa dos seus interesses.”
“O saber técnico, ao se confrontar com o saber popular, não
pode dominá-lo, impor-se a ele. A relação entre estes dois sabe-
Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde res não poderá ser a transmissão unidirecional, vertical, autoritária,
Objetivos mas deverá ser uma relação de diálogo, relação horizontal, bidire-
- Relacionar a teoria da educação com a prática vivenciada; cional, democrática. Diálogo entendido não como um simples falar
- Relacionar os conceitos de comunicação e participação à prá- sobre a realidade, mas como um transformar-se conjunto dos dois
tica educativa; saberes, na medida em que a própria transformação da realidade
- Refletir sobre onde estamos e o que esperamos da ação edu- é buscada.”
cativa; “O conteúdo educativo deste processo de encontro e confron-
- Decidir qual é a educação que pretendemos praticar. to não será, portanto, predeterminado pelo pólo técnico. O con-
fronto dar-se-á num processo de produção em que o conteúdo é
Repensando a Prática o próprio saber popular que se transforma com a ajuda do saber
Existem várias maneiras de entender e fazer educação. Muitas técnico, enquanto instrumento do próprio processo.”
vezes, na prática, a educação tem sido considerada apenas como “A ação educativa não implica somente na transformação do
divulgação, transmissão de conhecimentos e informações, de for- saber, mas também na transformação dos sujeitos do processo,
ma fragmentada e, muitas vezes, distante da realidade de vida da tanto dos técnicos quanto da população. O saber de transformação
população ou indivíduo. só pode produzir-se quando ambos os pólos da relação dialógica
“É sempre bom lembrar que a atividade educativa não é um também se transformam no processo.”
processo de condicionamento para que as pessoas aceitem, sem Cumpre, finalmente, lembrar que um processo educativo como
perguntar, as orientações que lhes são passadas. A simples infor- o que se esboça acima supõe, também, por parte dos técnicos que
mação ou divulgação ou transmissão de conhecimento, de como ter dele participam competência técnica, no mais amplo sentido da pa-
saúde ou evitar uma doença, por si só, não vai contribuir para que lavra, o que significa conhecimento não apenas dos aspectos mera-
uma população seja mais sadia e nem é fator que possa contribuir mente tecnológicos, mas também conhecimento das estruturas e
para mudanças desejáveis para melhoria da qualidade de vida da processos econômicos e políticos da sociedade na qual se insere a
população”. sua prática social. “Portanto, boa vontade só não basta.”
“As mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por saúde
ocorre quando o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saú- Comunicação
de participam. A discussão, a reflexão crítica, a partir de um dado O mundo globalizado de hoje, exige profissionais cada vez mais
conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e consequências, capacitados, principalmente, do ponto de vista tecnológico, exigin-
permitem que se chegue a uma concepção mais elaborada acerca do atributos e conhecimentos dos trabalhadores para responder às
do que determina a existência de uma doença e como resolver os demandas impostas pelas mudanças sociais e econômicas. Nesse
problemas para modificar aquela realidade”. contexto as interações pessoais acabam por assumir uma condição
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inferior. Estamos vivendo num mundo de poucas palavras, onde a ima- cliente e família. Algumas teorias afirmam que o processo comuni-
gem predomina, em uma cultura onde a razão se sobrepõe à emoção. cativo é a forma de estabelecer uma relação de ajuda ao indivíduo
A cada dia, visualizamos a valorização do ter e a deificação do ser. e à família.
Englobado por essas reformulações econômicas, sociais e polí- Tratando-se do relacionamento enfermeiro-cliente, o processo
ticas, o setor saúde sofre os impactos dos ajustes macroestruturais de comunicação precisa ser eficiente para viabilizar uma assistência
de busca da produtividade, tecnologia e qualidade dos serviços, humanística e personalizada de acordo com suas necessidades. Por-
exigindo novos atributos de qualificação dos profissionais de saú- tanto, o processo de interação com o cliente se caracteriza não só
de. É a partir dessa premissa, e diante da nossa realidade enquan- por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados
to atores do cenário do cuidado físico e mental, que reforçamos a do enfermeiro, mas, também por atitudes de sensibilidade, aceita-
importância de que seja discutido, entre os diversos profissionais ção e empatia entre ambos.
de saúde ligados diretamente à assistência ao cliente, e aqui desta- O objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. Cuidado esse
camos o enfermeiro, o cuidado emocional, resultando na busca do que deve ser prestado de forma humana e holística, e sob a luz de
bem estar e qualidade de vida do cliente. uma abordagem integrada, não poderíamos excluir o cuidado emo-
Nessa realidade o enfermeiro deve buscar conhecimentos e cional aos nossos clientes, quando vislumbramos uma assistência
processo instrucional para encontrar uma maneira de ação que tor- de qualidade. Ao cuidarmos de alguém, utilizamos todos os nossos
ne o cuidado de enfermagem mais humano. Pois, como agente de sentidos para desenvolvermos uma visão global do processo obser-
mudança, o enfermeiro de amanhã será diferente do de hoje, e o de vando sistematicamente o ambiente e os clientes com o intuito de
hoje é diferente do de anos passados. Os novos horizontes da enfer- promover a melhor e mais segura assistência.
magem exigem do profissional responsabilidade de elaboração de No entanto, ao nos depararmos com as rotinas e procedimen-
um cuidado holístico, devendo estar motivado para acompanhar os tos técnicos deixamos de perceber importantes necessidades dos
conhecimentos e para aplicá-los. clientes (sentimentos, anseios, dúvidas) e prestar um cuidado mais
Uma das principais e mais comuns situações vivenciadas por abrangente e personalizado que inclua o cuidado emocional.
enfermeiros é o cuidado prestado ao cliente submetido à interna- Skilbeck & Payne conduziram uma revisão de literatura objeti-
ção hospitalar. Embora possa ser o cotidiano de milhares de enfer- vando compreender a definição de cuidado emocional e como en-
meiros, a experiência da internação hospitalar cria situações únicas fermeiros e clientes podem interagir para produzir relacionamentos
de estresse não só para os clientes, mas também para suas famílias. de suporte emocional. As autoras relatam a ausência de uma defi-
Vários pesquisadores têm documentado a repercussão dos ní- nição clara do que venha a ser o cuidado emocional existindo va-
veis de estresse, ansiedade e angústia na evolução e prognóstico de riações na literatura quanto ao uso dessa terminologia ao referir-se
um cliente, bem como no âmbito familiar. como “cuidado emocional e apoio”, “cuidado psicológico” e “cui-
Na perspectiva do cliente que necessita de internação hospita- dado psicossocial”. Ao realizarem uma análise mais detalhada as
lar esse processo é permeado pelo medo do desconhecido, como a autoras perceberam ainda que o cuidado emocional pode ter vários
utilização de recursos tecnológicos, muitas vezes invasivos, lingua- significados quando visto sob o prisma de diferente marcos teórico
gem técnica e rebuscada, pela apreensão de estar em um ambiente e contextos sociais, e, portanto a ausência de uma definição e sig-
estranho, e ainda pela preocupação com sua integridade física, em nificados próprios repercute na prática assistencial do enfermeiro.
decorrência do processo patológico, motivo de sua internação hos- Contudo, para a condução de nossa reflexão assumimos que
pitalar. o cuidado emocional é a habilidade de perceber o imperceptível,
Assim, ao considerarmos o enfermeiro o profissional que per- exigindo alto nível de sensibilidade para as manifestações verbais e
manece mais tempo ao lado do cliente, este deve ser o facilitador não verbais do cliente que possam indicar ao enfermeiro suas ne-
na promoção do bem-estar bio-psico-sócio-espiritual e emocional cessidades individuais.
do cliente, conduzindo-o às melhores formas de enfrentamento do Portanto, consideramos que a promoção de um cuidado holís-
processo de hospitalização. Consideramos relevante realizar uma tico que envolva as necessidades bio-psico-sócio-espiritual e emo-
reflexão sobre as interfaces do cuidado emocional ao cliente hos- cional perpassa por um processo comunicativo eficaz entre enfer-
pitalizado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da meiro-cliente. Todavia entendemos que o processo de comunicação
assistência de enfermagem, sob o prisma do processo de comuni- se constrói de diferentes formas, e que para haver comunicação a
cação. expressão verbal (através do uso das palavras) ou não verbal (a pos-
tura, as expressões faciais, gestos, aparência e contato corporal) de
A comunicação e o cuidado emocional um dos sujeitos, tem que ser percebida dentro do universo de sig-
O termo comunicar provém do latim communicare que signifi- nificação comum ao outro.
ca colocar em comum. A partir da etimologia da palavra entende- Caso isso não aconteça, não haverá a compreensão de sinais
mos que comunicação é o intercâmbio compreensivo de significa- entre os sujeitos, inviabilizando o processo comunicativo e conse-
ção por meio de símbolos, havendo reciprocidade na interpretação quentemente comprometendo o cuidado. Waldow deixa claro que
da mensagem verbal ou não verbal. Freire afirma que “o mundo o cuidar se inicia de duas formas: como um modo de sobreviver e
social e humano, não existiria como tal, se não fosse um mundo de como uma expansão de interesse e carinho. Assim, o primeiro faz-
comunicabilidade, fora do qual é impossível dar-se o conhecimento -se notar em todas as espécies animais e sexos, e o segundo ocorre
humano. A intersubjetividade ou a intercomunicação é a caracterís- exclusivamente entre os humanos, considerando sua capacidade de
tica primordial deste mundo cultural e histórico”. usar a linguagem, entre outras formas, para se comunicar com os
Partimos da premissa de que a comunicação é um dos mais im- outros.
portantes aspectos do cuidado de enfermagem que vislumbra uma Para aperfeiçoar uma assistência mais holística a equipe de
melhor assistência ao cliente e à sua família que estão vivenciando enfermagem pode estabelecer estratégias de cuidados para atingir
ansiedade e estresse decorrentes do processo de hospitalização, es- seus objetivos. Contudo, ratificamos uma vez mais que a comunica-
pecialmente em caso de longos períodos de internação ou quando ção é o elemento chave para a construção de qualquer estratégia
se trata de quadros de doença terminal. Portanto, a comunicação é que almeje o cuidado emocional. Alguns autores têm identifica-
algo essencial para se estabelecer uma relação entre profissional, do que problemas de comunicação ou comunicação insatisfatória
entre enfermeiro e cliente, especialmente quando relacionados a

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
clientes terminais, devido ao medo da morte, ansiedade do enfer- Quanto aos efeitos comportamentais do tocar, olhar e do ouvir,
meiro sobre a habilidade do cliente de enfrentar a doença, falta de estes apresentam contribuição essencial à segurança, proteção e
tempo, falta de treinamento de como interagir com estes clientes, autoestima de uma pessoa. Segundo Montagu, o tocar desenvolve
e ansiedade sobre as consequências negativas para os clientes têm ostensivas vantagens em termos de saúde física e mental. Tocar al-
repercutido no estabelecimento de uma melhor interação enfer- guém com a intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si só
meiro-cliente. já é terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável e faz
Portanto, se faz relevante que o enfermeiro possa submeter-se parte do cuidado emocional.
a treinamentos relacionados à habilidade de comunicação. Consideramos que o cuidado emocional ao cliente hospitaliza-
Heaven & Maguire realizaram uma sondagem pré-teste, conce- do se faz de suma importância para a melhoria da qualidade de
deram treinamento sobre habilidades comunicativas aos enfermei- vida, não só do cliente, mas de sua família. Enfatizamos a impor-
ros e realizaram um pós-teste. tância da visita de enfermagem com uma abordagem sistematizada
Ao final do estudo os autores identificaram que a habilidade de visando um atendimento holístico como uma oportunidade de promo-
comunicação do enfermeiro melhorou de forma significativa após o ver o cuidado emocional. Essa sistematização do cuidado deve estar
treinamento. Wilkinson et al e Kruijver et al encontraram que após registrada, de forma a proporcionar uma comunicação efetiva entre os
um treinamento dessa natureza as enfermeiras melhoraram a ava- membros da equipe de saúde e a avaliação da eficácia do cuidado pres-
liação dos problemas do cliente e do conteúdo emocional revelados tado ao cliente, contribuindo para um melhor nível assistencial.
pelo mesmo. Devemos enxergar o cliente hospitalizado como um ser com-
Além de uma educação continuada relacionada à comunicação plexo que possui necessidades no âmbito bio-psico-sócio-espiritual
sugerimos a visita diária de enfermagem como um importante ar- e emocional o qual se encontra fragilizado pela doença. Porém, essa
tifício para identificar o nível de necessidade de segurança, amor, pessoa ainda mantém a sua individualidade, e na maioria das vezes
autoestima, espiritualidade e biofisiológico do cliente. É a partir da é capaz de decidir e/ou opinar sobre o cuidado a ser prestado. E
visita de enfermagem que o enfermeiro estabelece um processo de os enfermeiros devem estar sensibilizados para perceber essa in-
comunicação com o cliente possibilitando o esclarecimento de dú- dividualidade e as necessidades de cada um, facilitando assim seu
vidas quanto à evolução e prognóstico do cliente, aos procedimen- processo de recuperação, diminuindo o tempo da internação e con-
tos a serem realizados, normas e rotinas da instituição ou unidade
sequentemente os índices de infecção hospitalar.
de internação e estrutura física hospitalar, desempenhando um im-
Nessa perspectiva esperamos que esta reflexão seja mais um
portante papel na redução dos quadros de tensão e ansiedade que
passo para a realização de muitas outras, além de estudos mais de-
repercutem no quadro clínico do cliente.
talhados que contemplem o cuidado emocional em enfermagem
Do contrário uma inviabilização do processo comunicativo na
aos diferentes tipos de clientes, contribuindo assim para a melhoria
relação profissional-cliente, pode desencadear situações de estres-
da qualidade da assistência de enfermagem.
se. Santos refere que os diálogos ocorridos junto à cama do cliente,
A Educação em Saúde: Planejando nossa Ação
repletos de termos técnicos, geralmente inacessíveis, são interpre-
tados pelo cliente conforme seu conhecimento, e o impacto emo-
cional da postura silenciosa de enfermeiros e médicos, podem agra- Objetivos
var ainda mais o estado de ansiedade e tensão. Portanto, atitudes - Discutir e analisar o conceito de planejamento, com ênfase no
como estas devem ser evitadas durante toda a internação, na ten- planejamento participativo.
tativa de minimizar seu impacto na qualidade assistencial do cliente - Identificar a relação existente entre o processo educativo, a
no momento em que este se encontra mais fragilizado. participação e o planejamento participativo.
Destarte para uma melhor qualidade dos serviços de saúde é - Identificar as principais etapas do planejamento.
vital conhecer não só a visão do cliente, mas também da família de - Identificar as fases do diagnóstico para a operacionalização
forma a estarmos sensíveis para oferecer um cuidado que atenda das ações educativas.
às expectativas do cliente e da família diminuindo a repercussão do - Refletir e decidir qual o papel da equipe e de cada profissional
estresse e ansiedade no processo de hospitalização. no desempenho de sua função educativa.
Segundo Wright & Leahey “a enfermagem tem um compro-
misso e obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. A Planejamento
evidência teórica, prática e investigacional do significado que a fa- Fazer planos é uma atividade conhecida do homem desde que
mília dá para o bem-estar e a saúde de seus membros bem como ele se descobriu com capacidade de pensar antes de agir. Mas foi
a influência sobre a doença, obriga os enfermeiros a considerar o com o desenvolvimento comercial e industrial, ocorrido com o ca-
cuidado centrado na família como parte integrante da prática de pitalismo, que surgiu a preocupação de planejar as ações antes que
enfermagem”. elas ocorressem. Hoje, em todos os setores da atividade humana,
A promoção do cuidado emocional tem alcançado resultados fala-se muito em planejamento, com maior ênfase na área gover-
positivos na sobrevida do cliente. McCorkle et al realizaram um namental.
estudo correlacionando os sintomas de estresse e as intervenções Atualmente ele é uma necessidade em todas as áreas de atua-
de cuidado do emocional. Os autores encontraram uma relação ção.
estatisticamente significante entre os sintomas e as intervenções Quanto maior a complexidade dos problemas, maior é a ne-
revelando que os clientes que morreram mais precocemente foram cessidade de planejar as ações para garantir melhores resultados.
aqueles que receberam menos intervenções de cuidado emocional. Planejar, definindo de forma simples e comum, é não improvi-
A partir dessas evidências ratificamos a importância do cuidado sar. É compatibilizar um conjunto diversificado de ações, de manei-
emocional para a recuperação e sobrevida do cliente hospitalizado, to- ra que sua operacionalização possibilite o alcance de um objetivo
davia, não devemos nos esquecer em momento algum o cuidado téc- comum. É o processo de decidir o que fazer. É a escolha organizada
nico-científico. Na realidade, essas diferentes dimensões do cuidado dos melhores meios e maneiras de se alcançar os objetivos propos-
devem caminhar juntas, se complementando harmonicamente. tos. Planejar é preparar e organizar bem uma ação, decidir o que fa-
Para prestarmos o cuidado emocional é necessário sermos zer e acompanhar a sua execução, reformular as decisões tomadas,
bons ouvintes, expressando um olhar atencioso, tocando e confor- redirecionar a sua execução, se necessário, e avaliar os resultados
tando os nossos clientes, e recuperando sua autoestima.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
ao seu término. Acompanhar a execução das ações é importante O que entendemos por diagnóstico
para verificar se os objetivos pretendidos estão sendo alcançados É uma leitura da realidade, que se aproxima o mais possível
ou não. da “verdadeira realidade”, permitindo a compreensão e a sistema-
O processo de planejamento contempla pelo menos três mo- tização dos problemas e necessidades de saúde de uma população,
mentos em permanente interação: preparação, acompanhamento bem como o conhecimento de suas características socioeconômi-
e revisão crítica dos resultados, buscando-se sempre caminhos que cas e culturais. Deve permitir também o conhecimento das causas
facilitem a realização do que foi previsto. Se em todos os setores da (variáveis) e consequências de seus agravos de saúde, e como estes
atividade humana o planejamento se reveste da maior importância influenciam e são influenciados por fatores econômicos, políticos e
para prever melhor as ações e seus efeitos, a área da Educação em de organização dos serviços de saúde e da sociedade.
Saúde não pode fugir a esta premissa. Ao pensar em uma ação educativa problematizadora, partici-
pativa e dialógica, com o propósito de intervenção para mudanças,
A Educação para a participação e o Planejamento Participa- pressupõe-se o desencadeamento de ações para o diagnóstico da
tivo situação.
Existem várias formas de fazer planejamento. “Quando apenas “Como agir sobre uma realidade, para transformá-la, sem co-
as equipes de saúde pensam e decidem o que deve ser feito, isto é nhecê-la? E como conhecê-la sem estudá-la? A ação participativa,
um planejamento centralizado. Ele é mais rápido e permite o con- portanto, se inicia e se fundamenta na investigação da realidade
trole pelo gestor de saúde, e atende às necessidades de natureza feita pelos sujeitos dessa realidade. É, pois, uma atividade coletiva,
epidemiológica, mas, frequentemente não reflete as necessidades feita não pelos técnicos sobre a população, mas pelos técnicos e a
mais sentidas da população, e nem sempre permite a participação população sobre a realidade compartilhada.”
social no controle e fiscalização das ações.” O diagnóstico é o momento da identificação dos problemas,
Outra forma é a do planejamento participativo, onde a popu- suas causas e consequências, e principais características. É o mo-
lação, junto com a equipe de saúde, discute seus problemas e en- mento em que também se buscam explicações para os problemas
contra as soluções para as suas reais necessidades. Esta forma de identificados.
planejar aproxima-se mais da proposta da educação para a partici-
pação nas ações de saúde. Fases do Diagnóstico
Uma ação educativa problematizadora e participativa, numa Coleta de Dados: A coleta de dados deve propiciar a leitura da
perspectiva mudança, pressupõe que a população compartilhe de realidade concreta, a sua compreensão, a identificação dos proble-
forma real de todos os passos da ação: planejamento, execução e mas e necessidades de saúde de determinados grupos e/ou popu-
avaliação. A população deverá participar “tomando parte” nas de- lação.
cisões, assumindo as responsabilidades que lhe cabem, compreen- Deve também obter dados para o conhecimento de suas carac-
dendo as ações de caráter técnicas realizadas ou indicadas. terísticas socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, entre ou-
tras. Direta ou indiretamente, fornece subsídios sobre as principais
Neste processo, as respostas aos problemas não são prepara- causas dos agravos de saúde e sua inter-relação com os fatores re-
das e decididas pelos técnicos, mas são buscadas, a partir da análise lacionados à organização de serviços de saúde e outros, mostrando,
e reflexão, entre técnicos e população sobre a realidade concreta, também, como todos os envolvidos agem e reagem frente aos pro-
seus problemas, suas necessidades e interesses na área da saúde. blemas identificados. As fontes de dados podem ser boletins epi-
Esta ação conjunta pressupõe um processo dialógico, bidirecional e demiológicos, relatórios, planilhas, fichas, prontuários, artigos cien-
democrático, que favorecerá não só a transformação da realidade, tíficos, livros de atas, e outros à disposição. Neste caso, podemos
mas também dos próprios técnicos e da população. utilizá-los selecionando os dados que sejam úteis para o diagnóstico
pretendido. A este tipo de dados damos o nome de “secundários”.
Etapas do Planejamento Os dados chamados “primários” são aqueles que necessitam
O planejamento, sendo um processo ordenado, pressupõe cer- ser coletados, no momento do diagnóstico, junto ao grupo ou po-
tos passos, momentos ou etapas básicas, estabelecidos em uma pulação. Podem ser recolhidos por meio de diferentes instrumentos
ordem lógica. Para o planejamento do componente educativo das e/ou técnicas (questionário, formulário, ficha de observação, entre-
ações de saúde, regra geral, seguem-se as seguintes etapas: vista, observação participante, dramatização e outros). A sua ade-
- Diagnóstico, compreendendo a coleta de dados, a discussão, quação deverá ser constantemente avaliada, permitindo que os da-
a análise e interpretação dos dados, e o estabelecimento de prio- dos colhidos se aproximem o mais possível da realidade concreta.
ridades. É comum, num diagnóstico, utilizarmos dados primários e se-
- Plano de Ação, incluindo a determinação de objetivos, popu- cundários para o conhecimento mais global da problemática da saú-
lação-alvo, metodologia, recursos e cronograma de atividades. de/doença de uma determinada população-alvo. Existem formas
- Execução, implicando na operacionalização do plano de ação. diferentes de se colher dados para o diagnóstico de uma situação.
- Avaliação, incluindo a verificação de que os objetivos propos-
tos foram ou não alcançados. Discussão, Análise e Interpretação dos Dados: Vários fatores
influenciam a definição da forma de coletar dados, assim como os
Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilida- instrumentos e técnicas a serem utilizados. Esta definição também
de, que permite a reformulação das ações planejadas durante sua influi na análise e interpretação de dados ou fatos, nas relações de
execução. A avaliação, nesta perspectiva, deve iniciar-se na etapa causa-e-efeito, assim como nas propostas de intervenção.
de diagnóstico e acompanhar todas as fases do planejamento. A Entre outros, temos:
avaliação realizada após a execução, além de identificar os resulta- - a postura e visão daqueles que são os responsáveis pelo de-
dos alcançados, também fornece subsídios para a reprogramação sencadeamento das ações de diagnóstico de uma dada situação
das ações, bem como indica a necessidade de novas ações de diag- problema;
nóstico. - o tipo de dados a serem coletados;
- a situação-problema ser ou não emergencial;

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
- a postura e visão da população a ser envolvida;
- o compromisso com a participação real. LEI Nº 8.142/90, QUE DISPÕE SOBRE A PARTICIPAÇÃO DA
COMUNIDADE NA GESTÃO DO (SUS)
Esses fatores direcionam para um diagnóstico descritivo/analí-
tico e/ou participativo. Quando definimos qual será nossa prática a
partir de um modelo de pensamento uni casual, além de podermos LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990
incorrer no equívoco de colocar em execução um plano de ação
baseado em prioridades e objetivos que dificilmente terão como Vide Lei nº 8.689, de 1993 Dispõe sobre a participação da co-
produto final a resolução do problema, ainda corremos o risco de munidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
dirigir recursos, profissionais e ações para áreas que extrapolam o transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área
nosso poder de decisão. da saúde e dá outras providências.
Essa forma de diagnóstico pode também levar o profissional de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
saúde a uma falsa percepção de suas possibilidades de ação. Pode cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
também, ingenuamente, achar que somente com ações educativas Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
irá resolver os problemas relacionados à saúde coletiva. 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
Uma nova forma de interpretação e análise dos dados: “Neste verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
modelo, o pressuposto é de um conjunto de variáveis, que se rela- guintes instâncias colegiadas:
cionam e determinam entre si, produzindo um efeito. I - a Conferência de Saúde; e
Há variáveis que têm um peso maior na produção do efeito, II - o Conselho de Saúde.
assim como há outras que atuam mais ou menos diretamente sobre § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
ele.” Procura saber “o quê influi em quê”, e descobre que as priori- com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
dades para a solução do problema envolvem ações educativas, de tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
reorganização do Posto de Saúde, de treinamento dos profissionais de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
de saúde, além da dificuldade econômica da família, das condições tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
de trabalho, da falta de creche, pré-escola e outras. Este modelo § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
ou forma de análise e interpretação dos dados coletados define: rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
Múltiplas causas - de diferentes naturezas, mas com pesos iguais, e prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
um efeito - ida ao Pronto-Socorro. É a interpretação “Multicausal”. formulação de estratégias e no controle da execução da política de
A partir dessa análise e interpretação, a equipe e demais envol- saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
vidos podem estabelecer prioridades, no seu nível de resolutivida- micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
de, para atenuar o problema da família e de outras com problemas do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
semelhantes e, assim, contribuir para uma melhoria nas condições § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
de saúde. Neste caso, o grupo responsável pela intervenção conse- Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
gue identificar o ponto-chave do problema, encontrar estratégias terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
de ação que viabilizam intervenções sucessivas e complementares, § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
ao mesmo tempo em que permite um trabalho interinstitucional, Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
com a participação dos profissionais de saúde, usuários e grupos mentos.
interessados. Neste caso, pode haver confronto, conflito, pessimis- § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
mo, otimismo, consenso, mas não imobilismo. sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
As ações educativas previstas são partes do processo de Ação to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
- Análise - Reflexão - Decisão - Ação. Esta forma de interpretação Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
define: múltiplas causas - de diferentes naturezas e com diferentes alocados como:
pesos, e vários efeitos - interdependentes. I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
Estabelecimento de Prioridades: É a última fase do diagnós- II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
tico. Neste momento, equipe de saúde, grupos e população inte- Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
ressada definem, entre os problemas identificados, aqueles que III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
são passíveis de intervenção, no nível da organização de serviços, da Saúde;
de socialização do conhecimento científico atual, da participação IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
da população, em nível individual e/ou coletivo, que contribuirão mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
para a melhoria da saúde da comunidade. A partir dessa decisão, o Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
próximo passo é a elaboração do Plano de Ação, detalhando as ati- go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
vidades que deverão ser desenvolvidas, definindo: objetivos, popu- assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
lação-alvo, recursos humanos, materiais e financeiros necessários, Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei
estratégias de execução e critérios de avaliação. serão repassados de forma regular e automática para os Municí-
pios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos
no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006,
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde;
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição;
com: Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro
I - Fundo de Saúde; de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
III - plano de saúde; Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal;
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que
o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981;
mento; Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa- regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamen-
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos to da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfederativa;
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recur-
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de financiamento, com respectivo monitoramento e controle;
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que
lei. aprova a Política de Promoção da Saúde;
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010,
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Aten- ção à
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
102° da República. Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017
FERNANDO COLLOR Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de
Alceni Guerra Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergesto-
res Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DIS- Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Bási-
TRITO FEDERAL NA ÁREA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE ca - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação
e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde
- SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo-
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tó- nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS.
picos anteriores. Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi-
dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde -
APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 (NOVA a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do-
PNAB) cumento.
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi-
viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção,
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com
revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini-
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária.
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora
lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons- das ações e serviços disponibilizados na rede.
tituição, e § 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui-
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dis- tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e
põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação demandas do território, considerando os determinantes e condicio-
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon- nantes de saúde.
dentes, e dá outras providências, considerando: § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero,
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida-
Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú- de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari-
de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es- dade, limitação física, intelectual, funcional e outras.
taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga- § 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas
nização e funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de
de 28 de dezembro de 1990; modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer
estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto-
nomia e na situação de saúde.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope- VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio-
racionalizados na Atenção Básica: nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas
I - Princípios: de cuidado e o vínculo;
a) Universalidade; IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In-
b) Equidade; e formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que
c) Integralidade. assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor-
II - Diretrizes: do com suas responsabilidades;
a) Regionalização e Hierarquização: X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
b) Territorialização; saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro-
c) População Adscrita; cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
d) Cuidado centrado na pessoa; resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne-
e) Resolutividade; cessidade do território e planejamento de saúde;
f) Longitudinalidade do cuidado; XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
g) Coordenação do cuidado; Básica nos territórios;
h) Ordenação da rede; e XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu-
i) Participação da comunidade. lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá- pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja-
ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. mento e programação;
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas
Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos
previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser dados para o planejamento das ações;
estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá- e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti-
sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade
aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos
da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que
voltados à Atenção Básica;
considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers-
XV - estimular a participação popular e o controle social;
pectiva da intra e intersetorialidade.
XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for-
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações
mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com
em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida-
esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS.
des Básicas de Saúde;
Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços
de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces-
so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME,
CAPÍTULO I os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es-
DAS RESPONSABILIDADES pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra-
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go- lidade do cuidado;
verno: XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis
gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por- com as necessidades de saúde de cada localidade;
taria; XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá-
- ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali- ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e
ficação da Atenção Básica; XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa-
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições ção Permanente e gestão da rede assistencial.
para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de
equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência, Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da
de acordo com as normas vigentes; União:
IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci- I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co-
mento da Atenção Básica; missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio-
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde- nal de Atenção Básica;
nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui- II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia-
ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores; mento da Atenção Básica;
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri-
Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi- partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático,
zação da Atenção Básica; prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus-
VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza- teio e investimento das ações e serviços;
cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri-
à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso-
continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ- lidação da Atenção Básica;
denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto
que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona-
dos serviços ofertados às pessoas; lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis- III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de
processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
e profissionais da Atenção Básica; configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís-
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado.
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós- IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res-
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as e coordenação do cuidado;
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro-
para formação e garantia de educação permanente e continuada fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
necessidades locais. Saúde vigente, conforme regulamentação específica;
Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica
Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten- atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS;
ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa- para a participação da comunidade no exercício do controle social;
bilidades dos Estados e do Distrito Federal: VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen-
I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia- to tripartite da Atenção Básica;
do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta-
para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten- ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur-
ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal; sos da Atenção Básica transferidos aos município;
II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi-
tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre- ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;
vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e
XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo
investimento das ações e serviços;
de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási-
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten-
ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
ção Básica nos municípios;
XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis-
Atenção Básica;
temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re-
XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces-
sultados obtidos;
so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma-
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis-
temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes
prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor- que atuam na Atenção Básica implantadas;
mações aos gestores municipais; XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con-
Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de formidade com a legislação vigente;
acesso à informação; XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi-
VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução
implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e do conjunto de ações propostas;
de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces-
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici- sário ao cuidado resolutivo da população;
pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência
da Atenção Básica; dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda- enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento
gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma- das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di-
nente dos membros das equipes de gestão e de atenção; reito fundamental de acesso à informação;
X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re-
as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção
educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e
atuam na Atenção Básica; e IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos
XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção
como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica. Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis-
Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde- tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e
nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de a modalidade de atenção.
seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori- Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá-
dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do sica está detalhada no Anexo a esta Portaria.
Distrito Federal: Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou-
I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten- tubro de 2011.
ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União; RICARDO BARROS
II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
nal vigente;
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
ANEXO renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona-
BÁSICA OPERACIONALIZAÇÃO lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de
CAPÍTULO I saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física,
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos-
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que
experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his- impacte na autonomia e na situação de saúde.
toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equi-
Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra- pe de saúde que atendam às necessidades da população adscrita
balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria, nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da
conforme normatização vigente no SUS, que define a organização prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução
em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida- de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela
do integral e direcionado às necessidades de saúde da população, oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reco-
destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta nhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas
contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon- tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da
tos de atenção à saúde. ampliação da autonomia das pessoas e coletividade.
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí- 1.2 - Diretrizes
lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten- - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da
ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre
da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es-
e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes
progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar-
regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS
populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de entre si, com fluxos e referências estabelecidos.
responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o planeja-
consonância com a política de promoção da equidade em saúde. mento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi-
inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor- co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes
porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es-
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina- paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria,
ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa considerasse Território a unidade geográfica única, de construção
o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro- descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina-
teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da
agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú-
Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas, de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten-
nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada
e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de
que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as
a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas- populações específicas.
sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados III - População Adscrita: população que está presente no terri-
na Atenção Básica. tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga-
1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado.
Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi- - Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento
ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga- de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as pesso-
nização nos municípios, conforme descritos a seguir: as a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a
1.1 - Princípios confiança necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre
- Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O
serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas neces-
a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato), sidades e potencialidades na busca de uma vida independente e
acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi- plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são
lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci- elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinan-
mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento tes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado.
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço - Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser
de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida-
Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de
que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus
para suas demandas e necessidades. de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população,
nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan-
das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife- do necessário.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular
da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili- ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase
zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re-
permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven- ferências de seu território.
ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evi- Recomenda-se a articulação e implementação de processos
tando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam
que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais
falta de coordenação do cuidado. como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des-
centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu-
VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados,
o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/
como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten- ou a distância, entre outros.
ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e
destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte- a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas
grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten- de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re-
ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento
saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida-
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes
da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi- quanto se constituem como referência que modula a avaliação das
dades desta população em relação aos outros pontos de atenção solicitações pelos médicos reguladores.
à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí-
como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida- nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição
des de saúde das pessoas. das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além
IX - Participação da comunidade: estimular a participação das disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz
Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera.
sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde
A gestão municipal deve articular e criar condições para que a
e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza-
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra-
dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon-
vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi-
sabilidade:
zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção
centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
da RAS;
2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de
atenção; e
Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das
a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e pessoas do território.
direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons-
tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços 3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA
de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as- ATENÇÃO BÁSICA
sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri-
torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva
Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das
porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar UBS às necessidades de saúde da população de cada território
que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e
atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território. 3.1 Infraestrutura e ambiência
O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti-
a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde- tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos
nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá-
do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”. rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi-
Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco- deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos
nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi- de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a
lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha-
parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane- dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser-
jamento ascendente. viço e para a educação permanente na UBS.
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre- As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá-
ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui- rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen-
dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção, tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da
servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema
da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e acordo com as normas em vigor para tal.
incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de
e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas
pontos da RAS. pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos 3.3 - Funcionamento
pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa- Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu
nitária. funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais,
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô- no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi-
nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter- bilitando acesso facilitado à população.
pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma- Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados
na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho através das instâncias de participação social, desde que atendam
dos profissionais de saúde. expressamente a necessidade da população, observando, sempre
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen- que possível, a carga horária mínima descrita acima.
tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re- Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando
comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási-
ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes- ca, recomenda-se :
soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais, i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de
horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi- Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro
co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção
em conformidade com as normativas vigentes. Básica.
Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas, Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos
para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces- de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu-
sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi-
capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de
prestada nos municípios e Distrito Federal. Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que
3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do
São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm- território, assegurando-se a qualidade do cuidado.
bito da Atenção Básica:
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da
a) Unidade Básica de Saúde
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo.
Recomenda-se os seguintes ambientes:
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de
Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os
tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito
farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros
de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000.
rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan-
profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica
equipo odontológico completo; (eAB) seja responsável por toda população;
a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul- Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula-
tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad- cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida-
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res-
outros ambientes conforme a necessidade. peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir
b) Unidade Básica de Saúde Fluvial um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB)
Recomenda-se os seguintes ambientes: e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para qualidade da Atenção Básica.
assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce- Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin-
dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal, gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do
será necessário consultório odontológico com equipo odontológico cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que
completo; permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem
b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi-
os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio
para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi- da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de
dade. Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o
c) Unidade Odontológica Móvel cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta
Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida- de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e
de de atenção à saúde bucal, equipado com: programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos
Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem; territórios e das pessoas, em parceria com o controle social.
aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais; As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões
aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor essenciais e ampliados:
com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi- Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona-
co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló- dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten-
gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla- ção Básica; e
ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador. - Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es-
tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e
qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais,
indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga
controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan- horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio-
ciamento regulamentado em normativa específica. nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da
território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti- Família, no SCNES vigente.
va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali- 2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten-
dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS. der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici-
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis- pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com
ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização, características e necessidades do município. Como modelo priori-
conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras. tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior-
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan- mente se organizar tal qual o modelo prioritário.
tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos
e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão preferencialmente da especialidade medicina de família e comu-
Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da
populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem.
bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga- Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de
rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de
atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de saúde e agentes de combate à endemias.
ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis-
flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três)
cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo- profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/
corregionais. semanais.
As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho
processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento
atenção da RAS.
devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces-
Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere-
so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor-
cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de
denação e longitudinalidade do cuidado.
livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão
A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa-
assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas,
bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi-
mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com
demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de-
classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo
vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB).
com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser-
viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui- Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve-
dado estabelecidas. rá contar também com profissionais de nível médio como técnico
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS: ou auxiliar de enfermagem.
- Identificação e horário de atendimento; 3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor
- Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur-
- Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde
componentes de cada equipe da UBS; bucal.
- Relação de serviços disponíveis; e Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de
- Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo
3.4 - Tipos de Equipes: se organizar nas seguintes modalidades:
1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal
de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país, (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e;
de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB.
de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú-
favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po- de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou
tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e
das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re- o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária
lação custo-efetividade. pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe- da Família ou Atenção Básica a qual integra.
cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen- Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os
cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei-
enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada,
parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro- modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os
fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es- equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas-
pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo completo).
com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e
socioeconômicos, de acordo com definição local. 4 - Núcleo Ampliado de Saúde da
Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne- Família e Atenção Básica (Nasf-AB)
rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com-
com número máximo de 750 pessoas por ACS. posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse-
quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu-
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS):
maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá-
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten- rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza-
ção Básica (eAB). ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os
Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção
de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais, Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia:
garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC-
diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de
e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi- agentes comunitários de saúde;
são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação, b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de
de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um. acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló-
Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro- gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente.
blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema-
sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro
profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor;
Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados
compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do no SCNES vigente, vinculados à equipe;
cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta-
de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes. ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon-
Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas;
com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen-
acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne- to do processo de trabalho a partir das necessidades do território,
cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten- com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade
e de risco epidemiológico;
ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba-
g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida-
lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de
de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os
Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros
dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá-
Básica vigente.
rias.
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de
3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA
Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB):
PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que
SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi- apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên-
liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so- cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção
bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica
quanto sanitários; e possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi-
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar- nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita
tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti- intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o
cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral
de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida- à saúde.
de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à
discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo,
território. ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an-
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde
de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis- à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem
tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti- atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri-
co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé- na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes
dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico específicas, de modo que se faça uma transição para um momento
Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF.
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou Específicas:
graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
vigente. 3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges-
tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do 1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu-
territórios. lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
do país: saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/
que desempenham parte significativa de suas funções em UBS ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni-
construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre-
adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis- ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico
persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co- ou Auxiliar em Saúde Bucal.
munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área
UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros
comunidade ribeirinha localizada na área adstrita. ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de re-
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- ferência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o aten-
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente dimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (ses-
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de senta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção Básica.
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei-
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. de custeio para logística, que considera a existência das seguintes
Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po- estruturas:
dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá- a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas; informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/ gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2 a atenção de forma descentralizada; e
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
(dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com-
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin-
posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
equipes de Nasf-AB.
1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com
Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de
composição variável, responsável por articular e prestar atenção in-
enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri-
tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e
análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po-
deverão residir na área de atuação.
dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em
As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo, portaria específica.
14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito) São itens necessários para o funcionamento das equipes de
horas diárias. Consultório na Rua (eCR):
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to- do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e
das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó-
para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne- rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações
cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica
servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
de Saúde da Família vinculadas. Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins-
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri- tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre
beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá outras instituições públicas e da sociedade civil;
incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis- b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém
tência das seguintes estruturas: seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur-
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- no e/ou noturno em todos os dias da semana; e
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais
a atenção de forma descentralizada; e especificadas em portaria específica.
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem agregar agentes comunitários de saúde.
estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci- O agente social, quando houver, será considerado equivalente
mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas. ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro-
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que -fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção,
desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so-
(UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per- cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial. cultura das pessoas em situação de rua.
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- requisitos:
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca-
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
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II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan-
Básica vigente, conforme norma específica. do a integralidade por meio da realização de ações de promoção,
Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua, proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos
o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen- e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza-
do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica, ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas
Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó- Integrativas e Complementares;
rio onde estas pessoas estão concentradas. VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando
atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi-
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de
ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili-
cada município, serão tomados como base os dados dos censos po-
zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados
mento do vínculo;
por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde. VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população
As regras estão publicadas em portarias específicas que disci- adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações
plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire- de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos,
trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das permitindo a longitudinalidade do cuidado;
equipes de consultório na rua entre outras disposições. VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas,
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam
por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades
Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi- e da própria comunidade;
lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co-
privadas de liberdade. ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou-
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li- tros pontos de atenção do sistema de saúde;
berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva- para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede dos serviços de saúde;;
XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção
da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or-
na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati-
e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do
a que estiver vinculada, conforme portaria específica. encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu-
lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na básica;
Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto- diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal lidade do cuidado;
ou do Distrito Federal. XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
atuam na Atenção Básica: XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- va vigente;
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros
acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor-
tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste-
de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as
ritório;
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide- XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur-
miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa- gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de
nhadas no planejamento local; estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi-
- Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, nalidade pelas equipes que atuam na AB;
prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio
necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas, às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma-
associações, entre outros), com atenção especial às populações que nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em
apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me- seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida-
dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.). des e prioridades estabelecidas;
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de
saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori- saúde controlados/compensados com algum grau de dependência
dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB; Unidade Básica de Saúde;
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte- I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro-
grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS
mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba- espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);
lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar- II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para
de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou-
estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área
população); de atuação e regulamentação; e
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das na sua área de atuação.
ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan- 4.2.1 - Médico:
do a readequação constante do processo de trabalho; I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res-
XXII. Articular e participar das atividades de educação perma- ponsabilidade;
nente e educação continuada; II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads- cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
adequadas às necessidades deste público; ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es-
para o adequado funcionamento da UBS; tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade, Federal), observadas as disposições legais da profissão;
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais, III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
gestão da Unidade Básica de Saúde; to aos demais membros da equipe;
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos-
de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa-
sam potencializar ações intersetoriais;
bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con-
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
prioridades locais, definidas pelo gestor local. na sua área de atuação.
4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
que atuam na Atenção Básica: I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
4.2.1 - Enfermeiro: saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
em todos os ciclos de vida; nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
exames complementares, prescrever medicações conforme proto- em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; disposições legais da profissão;
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
lecidos; no território;
IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
to aos demais membros da equipe; rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces- clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela dentárias (elementar, total e parcial removível);
rede local; IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro-
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos moção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes
outros membros da equipe; à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
e ACS; VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e liar em saúde bucal (ASB);
fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional, ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe;
e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida-
4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem: dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território,
junto aos demais membros da equipe; e
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
na sua área de atuação. saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das ciplinar;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), lógicos;
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas VII - Processar filme radiográfico;
e legais; VIII - Selecionar moldeiras;
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- IX - Preparar modelos em gesso;
tos odontológicos; X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à tenção e conservação dos equipamentos;
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
miológicos, exceto na categoria de examinador; e
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
na sua área de atuação.
venção e promoção da saúde bucal;
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú- 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
saúde; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
saúde e na prevenção das doenças bucais; fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
miológicos, exceto na categoria de examinador; inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde necessidade do território e cobertura de AB.
bucal; Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
nica definida pelo cirurgião-dentista; jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; e dentre suas atribuições estão:
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
rurgião Dentista; de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e de trabalho na UBS;
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
do ambiente de trabalho; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
saúde, junto aos demais profissionais;
antes e após atos cirúrgicos;
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XVII - Processar filme radiográfico; como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
XVIII - Selecionar moldeiras; IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
XIX - Preparar modelos em gesso; envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
XX - Manipular materiais de uso odontológico. sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
na sua área de atuação. relacionados à segurança;
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio-
para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para
e protocolos de atenção à saúde; análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob-
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es- tidos;
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
ambiente de trabalho; trabalho em equipe;
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
clínicas, equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida-
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
bucal; recursos;
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma-
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento;
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde no ambiente para o controle de vetores;
realizada na UBS; VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em saúde disponíveis;
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes cas voltadas para a área da saúde;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
veis; potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
da para as vulnerabilidades existentes no território; XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, b) Atribuições do ACS:
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
própria UBS, ou com parceiros; geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa- -tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
e lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
nhadas no planejamento local;
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
petências.
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
bate a Endemias (ACE)
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as duos e grupos sociais ou coletividades;
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
integradas. e exames agendados;
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
a) Atribuições comuns do ACS e ACE que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, exames solicitados;
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
atuação da equipe; gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- paciente para a unidade de saúde de referência.
tros profissionais da equipe quando necessário; I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti-
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí-
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi- lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; atuam na Atenção Básica;
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
transmissão de doenças infecciosas e agravos; com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co- mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
letiva; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami- ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; na sua área de atuação.
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4.2.2 - Cirurgião-Dentista: XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha- riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven-
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou- rurgião Dentista;
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor do ambiente de trabalho;
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
disposições legais da profissão; antes e após atos cirúrgicos;
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi- XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
XVII - Processar filme radiográfico;
no território;
XVIII - Selecionar moldeiras;
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
XIX - Preparar modelos em gesso;
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
XX - Manipular materiais de uso odontológico.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses na sua área de atuação.
dentárias (elementar, total e parcial removível); 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes e protocolos de atenção à saúde;
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- ambiente de trabalho;
liar em saúde bucal (ASB); III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos clínicas,
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- bucal;
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
junto aos demais membros da equipe; e saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
na sua área de atuação. ciplinar;
VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das lógicos;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VII - Processar filme radiográfico;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos VIII - Selecionar moldeiras;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), IX - Preparar modelos em gesso;
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
tenção e conservação dos equipamentos;
e legais;
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen-
miológicos, exceto na categoria de examinador; e
tos odontológicos;
XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à na sua área de atuação.
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
venção e promoção da saúde bucal; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú- cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
saúde; pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
saúde e na prevenção das doenças bucais; necessidade do território e cobertura de AB.
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
miológicos, exceto na categoria de examinador; ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
bucal; comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
nica definida pelo cirurgião-dentista; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; e dentre suas atribuições estão:

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire- venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta- atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional integradas.
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
de trabalho na UBS; equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós- a) Atribuições comuns do ACS e ACE
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian- I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin-
saúde, junto aos demais profissionais; do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho atuação da equipe;
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven-
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco- epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou-
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas tros profissionais da equipe quando necessário;
relacionados à segurança; III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
tidos; IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
trabalho em equipe; aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e transmissão de doenças infecciosas e agravos;
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
recursos; letiva;
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde no ambiente para o controle de vetores;
realizada na UBS; VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em saúde disponíveis;
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes cas voltadas para a área da saúde;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
veis; potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
da para as vulnerabilidades existentes no território; XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, b)Atribuições do ACS:
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
própria UBS, ou com parceiros; geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa- -tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; e terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com- nhadas no planejamento local;
petências. II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com- apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
bate a Endemias (ACE) III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- realizada por profissional com comprovada capacidade técnica,
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte- podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví- família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local.
duos e grupos sociais ou coletividades;
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas 5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
e exames agendados; A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas.
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,
exames solicitados; buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra-
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. que possam comprometer sua autonomia.
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu- Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis- Atenção Básica se caracteriza por:
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi- I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de-
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co-
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo
paciente para a unidade de saúde de referência. com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife-
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo-
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc.
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador)
atuam na Atenção Básica; e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, na percepção dos problemas de saúde da população por parte da
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e equipe e no planejamento das estratégias de intervenção.
V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis- Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter-
tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade. ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte-
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve
procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de- ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território
tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal. único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En-
c) Atribuições do ACE: demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde
I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala- e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi-
cológica ou coleta de reservatórios de doenças; cação das necessidades de saúde da população e no planejamento
II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis das intervenções clínicas e sanitárias.
para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter- Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do
venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea- território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi-
mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu-
indicado; ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência.
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me- II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem
didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras assumir em seu território de referência (adstrição), considerando
ações de manejo integrado de vetores; questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo,
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco- ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de
nhecimento geográfico de seu território; e agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de
V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu-
novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de
doenças; e rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou
VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- mesmo trabalhadores da área adstrita.
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun-
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento
(eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena- às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de
dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces-
compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e
localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces-
vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia-
(EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi- do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran-
gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser do a continuidade do cuidado.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças
território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi-
famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re- dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita-
ferência para o seu cuidado). do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a
do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia- partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto
ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades
em responder às necessidades de saúde da população (residente e de saúde da população e território. Para isso é importante que a
itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de- equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega;
vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para
e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga- encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para
nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen- o cuidado; etc.
ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas Destacam-se como importantes ações no processo de avalia-
de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento
outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda- com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b).
-se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du- a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e
rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros, comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú-
impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de
horários alternativos de funcionamento que atendam expressa- expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita
mente a necessidade da população podem ser pactuados através priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e
das instâncias de participação social e gestão local. agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par-
Importante ressaltar também que para garantia do acesso é tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri-
necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter- zes e protocolos assistenciais definidos no SUS.
ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de
escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori-
maximizar ofertas. dade no atendimento, independentemente do número de consul-
VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade-
cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários, quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos
nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro- em outros pontos de atenção da RAS.
blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia- As informações obtidas no acolhimento com classificação de
ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou
que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá preferencialmente eletrônico).
ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode-
as condições crônicas. rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato;
Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos 1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo
longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati- dia;
vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de 2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura,
saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente para usuário do território;
e com qualidade. 3. procedimento para resolução de demanda simples prevista
Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du- em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi-
rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames
fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações para o seguimento de linha de cuidado bem definida;
de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median-
(individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi-
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá- cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no
sica pode se constituir como: município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de
a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe risco não exija atendimento no momento da procura do serviço.
deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri-
sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais, térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base
ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a
Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di-
a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ- ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir
ações con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo. na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral.
b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas A estratificação de risco da população adscrita a determinada
relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta, UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações
na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne-
de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si- rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos
tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan- usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos
do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das serviços de saúde.
consultas ou atividades agendadas.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di- de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen-
versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá- da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas
sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas, dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane-
assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário, jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e
incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú- envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários).
de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio
possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção. para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân-
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside-
riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo rando a determinação social dos processos saúde-doença para o
a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser planejamento das intervenções da equipe, contribui também para
resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do
AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de
escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den-
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan- tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es- e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain-
pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação
de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi- das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de
pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu-
agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im- des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida
portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem mais saudáveis e sustentáveis.
o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú-
ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do
da resolutividade e abrangência da AB. território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade
Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na
de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover população brasileira, que devem ser considerados na abordagem
uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável;
clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta-
singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi- baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura
dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes- e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos;
soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se- promoção do desenvolvimento sustentável.
gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde; XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e
eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se-
a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per-
forma humanizada. fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais,
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu- alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados
lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra- pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in-
vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional, teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida-
interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri- doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções
bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de
saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede medicamentos.
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten-
equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen- ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e
to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da-
transdisciplinar, e a ação intersetorial. dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento
Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção
saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi- da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e
cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, doenças, bem como para a promoção da saúde.
praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada. As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições
IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu- de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e
ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados processos de trabalho voltados para:
e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma a. vigilância da situação de saúde da população, com análises
Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e
frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí- estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a
realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi- resposta de saúde pública;
ciliar nos casos de maior complexidade. c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis;
X - Programação e implementação das atividades de atenção à e
saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis-
a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas síveis e acidentes.
de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e
resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte- XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local
gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde
territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a
deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos
dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros conselhos locais e municipal; e
eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte
normas vigentes. do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica.
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro- Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza-
cessos de trabalho de acordo com a realidade local. gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando-
Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da -se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre- as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor-
ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co- tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu-
munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões,
definição de papéis e responsabilidades. fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na
A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su- carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to-
perior das equipes que atuam na Atenção Básica. dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores.
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi- Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio-
pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos- nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam
sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de- os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los,
senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa-
qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários. ção, Formação em Saúde.
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como
escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi- uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio-
pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação
comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi-
para o desenvolvimento de uma atenção integral; zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar
de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces- os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que
sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba-
dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui- lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias.
dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi- A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre
ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên-
identificação das necessidades sociais e organização do serviço em cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB
função delas, entre outras; e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis-
XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde
do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen-
e município; visando à readequação do processo de trabalho e do to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços
planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos- e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele-
sibilidades analisadas. bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen-
elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu- tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação
reconhecimento das realidades presentes no território que influen- e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri-
ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração
de acordo com a necessidade/demanda da população, com base ensino-serviço- comunidade.
em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi-
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads- pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for-
crito. mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões,
As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve- conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas,
rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados através dos processos de Educação Continuada, igualmente como
na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS. estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de-
As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in- vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para
formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges- a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio-
tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma nais.
digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente;
XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB, 6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA
estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na
segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida- O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com
do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan-
paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica- tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional,
ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos. Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon-
tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de
Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten-
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves- registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos
timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi-
das ações de Atenção Básica. nanceira.
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de
em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a Saúde Bucal será publicado em portaria específica.
normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais
Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos
pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri-
do Distrito Federal. nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve- base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re-
rá ser composto por: gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior
I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos ao da respectiva competência financeira.
sociodemográficos e epidemiológicos; O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra- pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por-
tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe- taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a
cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades
da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades.
Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos
Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais
dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF) (eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base
e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca- o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados
demia da Saúde; no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações pectiva competência financeira.
e serviços; O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni-
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí-
Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na- fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades
cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade; preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de
V - Recursos de investimento; Saúde Fluviais.
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar 4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR)
conforme a regulamentação de transferência de recursos federais Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con-
para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm- sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês,
bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas
na LC 141/2012. no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
I - Recurso per capita: pectiva competência financeira.
O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios
regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu- na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica.
nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli- 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS-
cado pela população do Município. F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB,
A população de cada município e do Distrito Federal será a po- dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em
pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os
Ministério da Saúde. NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté- base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.
gias e programas da Atenção Básica 6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS
financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base
prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no
número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec-
de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com- tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no
petência financeira. último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi- número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas-
pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano
2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos vigente.
financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos
serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi- no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do
pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na-
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja
cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos
respectiva competência financeira.
estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe-
O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica
rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo
(eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo-
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES.
nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento.
III - Do credenciamento
1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan-
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as
ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção
Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal, equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito
serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali- Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios:
dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB)
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle
Federal; competentes, qualquer uma das seguintes situações:
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran- trabalho das equipes e/ou;
do as diretrizes da Atenção Básica; II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais
Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe- esteja impedida por legislação específica, e/ou;
deral; e III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in- profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de
centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente.
saúde e programação anual. Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia- equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu-
mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo cal.
a ser publicado em portaria específica, deverão realizar: As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro-
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde, financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida- implantação.
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten- Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação
ção básica. das irregularidades identificadas.
Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro- 6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do
deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
Básica do Ministério da Saúde. Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe-
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso- tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va-
lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes, riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que
critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no- suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá Distrito Federal deverão:
cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta- - preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi-
belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a bilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias
contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena nos sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o plei-
de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja to de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado,
cumprido. pleiteando o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes no item I e documentação necessária a depender do motivo da sus-
que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por- pensão.
taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci- Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser
mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen- encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es-
tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente, pecífico a ser publicado.
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades. As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu-
1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá- mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar-
tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi-
sica
nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da
de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos
Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando:
documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante
I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e
de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca-
do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação,
minhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
como:
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas,
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele-
verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas
cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên- de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên-
cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme
normatização vigente; e cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação
b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de
Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos,
conforme normativas específicas. PROGRAMA DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF)
- identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici-
pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos.
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item Estratégia Saúde da Família (ESF)
II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos Nas últimas décadas, a crise estrutural do setor público é en-
referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em trevista pela fragilidade apresentada tanto na eficiência como na
que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su- eficácia da gestão das políticas sociais e econômicas, o que gera um
hiato entre os direitos sociais constitucionalmente garantidos e a
efetiva capacidade de oferta dos serviços públicos associados aos

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mesmos. Como continuidade ao processo iniciado com as Ações In- do princípio da equidade – e reconhecido como uma prática que re-
tegradas de Saúde (AIS), o qual foi seguido pelo movimento deno- quer alta complexidade tecnológica nos campos do conhecimento
minado Reforma Sanitária – amplamente debatido por ocasião da e do desenvolvimento de habilidades e de mudanças de atitudes.
VIII Conferência Nacional de Saúde, cujas repercussões culminaram
na redação do artigo 196 da Constituição de 1988 –, a efetiva con- Objetivos
solidação do Sistema Único de Saúde (SUS) está diretamente ligada Geral
à superação dessa problemática. Com relação aos estados e mu- Contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir
nicípios, o processo de descentralização foi deflagrado através dos da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema
convênios do Sistema Descentralizado e Unificado de Saúde (SUDS), Único de Saúde, imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas
enquanto se realizavam os debates para aprovação da Lei nº 8.080, unidades básicas de saúde, com definição de responsabilidades en-
de 19 de setembro de 1990, complementada pela Lei nº 8.142, de tre os serviços de saúde e a população.
28 de dezembro do mesmo ano. Específicos
Em vista da necessidade do estabelecimento de mecanismos - Prestar, na unidade de saúde e no domicílio, assistência inte-
capazes de assegurar a continuidade dessas conquistas sociais, vá- gral, contínua, com resolubilidade e boa qualidade às necessidades
rias propostas de mudanças – inspiradas pela Reforma Sanitária e de saúde da população adscrita - Intervir sobre os fatores de risco
pelos princípios do SUS – têm sido esboçadas ao longo do tempo, aos quais a população está exposta.
traduzidas, entre outras, nos projetos de criação dos distritos sani- - Eleger a família e o seu espaço social como núcleo básico de
tários e dos sistemas locais de saúde. Essas iniciativas, entretanto, abordagem no atendimento à saúde.
apresentam avanços e retrocessos e seus resultados têm sido pou- - Humanizar as práticas de saúde através do estabelecimento
co perceptíveis na estruturação dos serviços de saúde, exatamente de um vínculo entre os profissionais de saúde e a população.
por não promover mudanças significativas no modelo assistencial. - Proporcionar o estabelecimento de parcerias através do de-
Nessa perspectiva, surgem situações contraditórias para estados e senvolvimento de ações intersetoriais.
municípios, relacionadas à descontinuidade do processo de descen- - Contribuir para a democratização do conhecimento do pro-
tralização e ao desenho de um novo modelo. cesso saúde/doença, da organização dos serviços e da produção
Assim, o PSF elege como ponto central o estabelecimento de social da saúde.
vínculos e a criação de laços de compromisso e de corresponsabili- - Fazer com que a saúde seja reconhecida como um direito de
dade entre os profissionais de saúde e a população. Sob essa ótica, cidadania e, portanto, expressão da qualidade de vida.
a estratégia utilizada pelo Programa Saúde da Família (PSF) visa a - Estimular a organização da comunidade para o efetivo exercí-
reversão do modelo assistencial vigente. Por isso, nesse, sua com- cio do controle social
preensão só é possível através da mudança do objeto de atenção,
forma de atuação e organização geral dos serviços, reorganizando a Diretrizes Operacionais
prática assistencial em novas bases e critérios. Essa perspectiva faz As diretrizes a serem seguidas para a implantação do modelo
com que a família passe a ser o objeto precípuo de atenção, enten- de Saúde da Família nas unidades básicas serão operacionalizadas
dida a partir do ambiente onde vive. de acordo com as realidades regionais, municipais e locais.
Mais que uma delimitação geográfica, é nesse espaço que se Caráter substitutivo, complementariedade e hierarquização
constroem as relações intra e extra familiares e onde se desenvolve
a luta pela melhoria das condições de vida – permitindo, ainda, uma A unidade de Saúde da Família nada mais é que uma unidade
compreensão ampliada do processo saúde/doença e, portanto, da pública de saúde destinada a realizar atenção contínua nas especia-
necessidade de intervenções de maior impacto e significação social. lidades básicas, com uma equipe multiprofissional habilitada para
As ações sobre esse espaço representam desafios a um olhar desenvolver as atividades de promoção, proteção e recuperação,
técnico e político mais ousado, que rompa os muros das unidades características do nível primário de atenção. Representa o primeiro
de saúde e enraíze-se para o meio onde as pessoas vivem, traba- contato da população com o serviço de saúde do município, asse-
lham e se relacionam. Embora rotulado como programa, o PSF, por gurando a referência e contra referência para os diferentes níveis
suas especificidades, foge à concepção usual dos demais programas do sistema, desde que identificada a necessidade de maior comple-
concebidos no Ministério da Saúde, já que não é uma intervenção xidade tecnológica para a resolução dos problemas identificados.
vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrá- Corresponde aos estabelecimentos denominados, segundo
rio, caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a integração classificação do Ministério da Saúde, como Centros de Saúde. Os es-
e promove a organização das atividades em um território definido, tabelecimentos denominados Postos de Saúde poderão estar sob a
com o propósito de propiciar o enfrentamento e resolução dos pro- responsabilidade e acompanhamento de uma unidade de Saúde da
blemas identificados. Família.Unidade de Saúde da Família caracteriza-se como porta de
Acerca desses aspectos, o Ministério da Saúde reafirma po- entrada do sistema local de saúde. Não significa a criação de novas
sitivamente os valores que fundamentam as ações do PSF, enten- estruturas assistenciais, exceto em áreas desprovidas, mas substitui
dendo-o como uma proposta substitutiva com dimensões técnica, as práticas convencionais pela oferta de uma atuação centrada nos
política e administrativa inovadoras. O PSF não é uma estratégia princípios da vigilância à saúde.
desenvolvida para atenção exclusiva ao grupo mulher e criança,
haja vista que se propõe a trabalhar com o princípio da vigilância à Adscrição da clientela
saúde, apresentando uma característica de atuação inter e multidis- A unidade de Saúde da Família deve trabalhar com a definição
ciplinar e responsabilidade integral sobre a população que reside na de um território de abrangência, que significa a área sob sua res-
área de abrangência de suas unidades de saúde. ponsabilidade. Uma unidade de Saúde da Família pode atuar com
Outro equívoco – que merece negativa – é a identificação do uma ou mais equipes de profissionais, dependendo do número de
PSF como um sistema de saúde pobre para os pobres, com utiliza- famílias a ela vinculadas. Recomenda-se que, no âmbito de abran-
ção de baixa tecnologia. Tal assertiva não procede, pois o Progra- gência da unidade básica, uma equipe seja responsável por uma
ma deve ser entendido como modelo substitutivo da rede básica área onde residam de 600 a 1.000 famílias, com o limite máximo
tradicional – de cobertura universal, porém assumindo o desafio de 4.500 habitantes. Este critério deve ser flexibilizado em razão
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
da diversidade sociopolítica e econômica das regiões, levando-se - identificar os problemas de saúde prevalentes e situações de
em conta fatores como densidade populacional e acessibilidade aos risco aos quais a população está exposta
serviços, além de outros considerados como de relevância local. - elaborar, com a participação da comunidade, um plano local
para o enfrentamento dos determinantes do processo saúde/doen-
Cadastramento ça.
As equipes de saúde deverão realizar o cadastramento das fa- - prestar assistência integral, respondendo de forma contínua
mílias através de visitas aos domicílios, segundo a definição da área e racionalizada à demanda organizada ou espontânea, com ênfase
territorial pré estabelecida para a adscrição. Nesse processo serão nas ações de promoção à saúde.
identificados os componentes familiares, a morbidade referida, as - resolver, através da adequada utilização do sistema de refe-
condições de moradia, saneamento e condições ambientais das rência e contra referência, os principais problemas detectados.
áreas onde essas famílias estão inseridas. - desenvolver processos educativos para a saúde, voltados à
Essa etapa inicia o vínculo da unidade de saúde/ equipe com a melhoria do autocuidado dos indivíduos
comunidade, a qual é informada da oferta de serviços disponíveis e - promover ações intersetoriais para o enfrentamento dos pro-
dos locais, dentro do sistema de saúde, que prioritariamente deve- blemas identificados A base de atuação das equipes são as unida-
rão ser a sua referência. des básicas de saúde, incluindo as atividades de:
A partir da análise da situação de saúde local e de seus de- - visita domiciliar - com a finalidade de monitorar a situação
terminantes, os profissionais e gestores possuirão os dados iniciais de saúde das famílias. A equipe deve realizar visitas programadas
necessários para o efetivo planejamento das ações a serem desen- ou voltadas ao atendimento de demandas espontâneas, segundo
volvidas. O cadastramento possibilitará que, além das demandas critérios epidemiológicos e de identificação de situações de risco.
específicas do setor saúde, sejam identificados outros determinan-
tes para o desencadeamento de ações das demais áreas da gestão O acompanhamento dos Agentes Comunitários de Saúde em
municipal, visando contribuir para uma melhor qualidade de vida micro áreas, selecionadas no território de responsabilidade das uni-
da população. dades de Saúde da Família, representa um componente facilitador
para a identificação das necessidades e racionalização do emprego
Instalação das unidades de Saúde da Família dessa modalidade de atenção
As unidades de Saúde da Família deverão ser instaladas nos - internação domiciliar - não substitui a internação hospitalar
postos de saúde, centros de saúde ou unidades básicas de saúde tradicional. Deve ser sempre utilizada no intuito de humanizar e ga-
já existentes no município, ou naquelas a serem reformadas ou rantir maior qualidade e conforto ao paciente. Por isso, só deve ser
construídas de acordo com a programação municipal em áreas que realizada quando as condições clínicas e familiares do paciente a
não possuem nenhum equipamento de saúde. Por sua vez, a área permitirem. A hospitalização deve ser feita sempre que necessária,
física das unidades deverá ser adequada à nova dinâmica a ser im- com o devido acompanhamento por parte da equipe
plementada. O número de profissionais de cada unidade deve ser - participação em grupos comunitários - a equipe deve estimu-
definido de acordo com os seguintes princípios básicos: lar e participar de reuniões de grupo, discutindo os temas relativos
- capacidade instalada da unidade ao diagnóstico e alternativas para a resolução dos problemas iden-
- quantitativo populacional a ser assistido tificados como prioritários pelas comunidades
- enfrentamento dos determinantes do processo saúde/ doen-
ça Atribuições do médico
- integralidade da atenção Preferencialmente, o médico da equipe preconizada pelo PSF
- possibilidades locais deve ser um generalista; portanto, deve atender a todos os com-
ponentes das famílias, independentemente de sexo e idade. Esse
Composição das equipes profissional deverá comprometer-se com a pessoa, inserida em seu
É recomendável que a equipe de uma unidade de Saúde da contexto biopsicossocial, e não com um conjunto de conhecimen-
Família seja composta, no mínimo, por um médico de família ou tos específicos ou grupos de doenças. Sua atuação não deve estar
generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e Agentes Comu- restrita a problemas de saúde rigorosamente definidos. Seu com-
nitários de Saúde (ACS). Outros profissionais de saúde poderão ser promisso envolve ações que serão realizadas enquanto os indiví-
incorporados a estas unidades básicas, de acordo com as demandas duos ainda estão saudáveis.
e características da organização dos serviços de saúde locais, de- Ressalte-se que o profissional deve procurar compreender a
vendo estar identificados com uma proposta de trabalho que exige doença em seu contexto pessoal, familiar e social. A convivência
criatividade e iniciativa para trabalhos comunitários e em grupo. contínua lhe propicia esse conhecimento e o aprofundamento do
Os profissionais das equipes de saúde serão responsáveis por sua vínculo de responsabilidade para a resolução dos problemas e ma-
população adscrita, devendo residir no município onde atuam, tra- nutenção da saúde dos indivíduos. Suas atribuições básicas são:
balhando em regime de dedicação integral. Para garantir a vincula- - prestar assistência integral aos indivíduos sob sua responsa-
ção e identidade cultural com as famílias sob sua responsabilidade, bilidade
os Agentes Comunitários de Saúde devem, igualmente, residir nas - valorizar a relação médico-paciente e médico família como
suas respectivas áreas de atuação. parte de um processo terapêutico e de confiança
- oportunizar os contatos com indivíduos sadios ou doentes,
Atribuições das equipes visando abordar os aspectos preventivos e de educação sanitária
As atividades deverão ser desenvolvidas de forma dinâmica, - empenhar-se em manter seus clientes saudáveis, quer ve-
com avaliação permanente através do acompanhamento dos indi- nham às consultas ou não
cadores de saúde de cada área de atuação. Assim, as equipes de - executar ações básicas de vigilância epidemiológica e sanitá-
Saúde da Família devem estar preparadas para: ria em sua área de abrangência
- conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsá-
veis, com ênfase nas suas características sociais, demográficas e
epidemiológicas.
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- executar as ações de assistência nas áreas de atenção à crian- Suas atribuições básicas são:
ça, ao adolescente, à mulher, ao trabalhador, ao adulto e ao idoso, - realizar mapeamento de sua área de atuação.
realizando também atendimentos de primeiros cuidados nas urgên- - cadastrar e atualizar as famílias de sua área.
cias e pequenas cirurgias ambulatoriais, entre outros - identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco.
- promover a qualidade de vida e contribuir para que o meio - realizar, através de visita domiciliar, acompanhamento mensal
ambiente seja mais saudável de todas as famílias sob sua responsabilidade.
- discutir de forma permanente - junto à equipe de trabalho - coletar dados para análise da situação das famílias acompa-
e comunidade - o conceito de cidadania, enfatizando os direitos à nhadas.
saúde e as bases legais que os legitimam - desenvolver ações básicas de saúde nas áreas de atenção à
- participar do processo de programação e planejamento das criança, à mulher, ao adolescente, ao trabalhador e ao idoso, com
ações e da organização do processo de trabalho das unidades de ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Saúde da Família - promover educação em saúde e mobilização comunitária,
visando uma melhor qualidade de vida mediante ações de sanea-
Atribuições do enfermeiro mento e melhorias do meio ambiente.
Este profissional desenvolve seu processo de trabalho em dois - incentivar a formação dos conselhos locais de saúde.
campos essenciais: na unidade de saúde, junto à equipe de profis- - orientar as famílias para a utilização adequada dos serviços
sionais, e na comunidade, apoiando e supervisionando o trabalho de saúde.
dos ACS, bem como assistindo às pessoas que necessitam de aten- - informar os demais membros da equipe de saúde acerca da
ção de enfermagem, dinâmica social da comunidade, suas disponibilidades e necessida-
Suas atribuições básicas são: des.
- executar, no nível de suas competências, ações de assistência - participação no processo de programação e planejamento
básica de vigilância epidemiológica e sanitária nas áreas de atenção local das ações relativas ao território de abrangência da unidade
à criança, ao adolescente, à mulher, ao trabalhador e ao idoso. de Saúde da Família, com vistas a superação dos problemas iden-
- desenvolver ações para capacitação dos ACS e auxiliares de tificados
enfermagem, com vistas ao desempenho de suas funções junto ao
serviço de saúde. Reorganização das Práticas de Trabalho
- oportunizar os contatos com indivíduos sadios ou doentes, Diagnóstico da Saúde da Comunidade
visando promover a saúde e abordar os aspectos de educação sa- Para planejar e organizar adequadamente as ações de saúde, a
nitária. equipe deve realizar o cadastramento das famílias da área de abran-
- promover a qualidade de vida e contribuir para que o meio gência e levantar indicadores epidemiológicos e socioeconômicos.
ambiente torne-se mais saudável. Além das informações que compõem o cadastramento das famílias,
deverão ser também utilizadas as diversas fontes de informação
- discutir de forma permanente, junto a equipe de trabalho e que possibilitem melhor identificação da área trabalhada, sobretu-
comunidade, o conceito de cidadania, enfatizando os direitos de do as oficiais, como dados do IBGE, cartórios e secretarias de saúde.
saúde e as bases legais que os legitimam. Igualmente, devem ser valorizadas fontes qualitativas e de informa-
- participar do processo de programação e planejamento das ções da própria comunidade.
ações e da organização do processo de trabalho das unidades de
Saúde da Família. Planejamento/programação local
Para planejar localmente, faz-se necessário considerar tanto
Atribuições do auxiliar de enfermagem quem planeja como para quê e para quem se planeja. Em primeiro
As ações do auxiliar de enfermagem são desenvolvidas nos lugar, é preciso conhecer as necessidades da população, identifica-
espaços da unidade de saúde e no domicílio/comunidade, e suas das a partir do diagnóstico realizado e do permanente acompanha-
atribuições básicas são: mento das famílias adscritas. O pressuposto básico do PSF é o de
- desenvolver, com os Agentes Comunitários de Saúde, ativida- que quem planeja deve estar imerso na realidade sobre a qual se
des de identificação das famílias de risco. planeja. Além disso, o processo de planejamento deve ser pensado
- contribuir, quando solicitado, com o trabalho dos ACS no que como um todo e direcionado à resolução dos problemas identifica-
se refere às visitas domiciliares. dos no território de responsabilidade da unidade de saúde, visando
- acompanhar as consultas de enfermagem dos indivíduos ex- a melhoria progressiva das condições de saúde e de qualidade de
postos às situações de risco, visando garantir uma melhor monitoria vida da população assistida.
de suas condições de saúde. Essa forma de planejamento contrapõe-se ao planejamento
- executar, segundo sua qualificação profissional, os procedi- centralizado, habitual na administração clássica, em vista de carac-
mentos de vigilância sanitária e epidemiológica nas áreas de aten- terísticas tais como abertura à democratização, concentração em
ção à criança, à mulher, ao adolescente, ao trabalhador e ao idoso, problemas específicos, dinamismo e aproximação dos seus objeti-
bem como no controle da tuberculose, hanseníase, doenças crôni- vos à vida das pessoas.
co-degenerativas e infectocontagiosas.
- participar da discussão e organização do processo de trabalho Complementariedade
da unidade de saúde. Como já foi dito, a unidade de Saúde da Família deve ser a por-
ta de entrada do sistema local de saúde. A mudança no modelo
Atribuições do Agente Comunitário de Saúde tradicional exige a integração entre os vários níveis de atenção e,
O ACS desenvolverá suas ações nos domicílios de sua área de nesse sentido, já que apresenta um poder indutor no reordenamen-
responsabilidade e junto à unidade para programação e supervisão to desses níveis, articulando-os através de serviços existentes no
de suas atividades. município ou região, o PSF é um dos componentes de uma política
de complementariedade, não devendo isolar-se do sistema local.
Como um projeto estruturante, Saúde da Família deve provocar
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
uma transformação interna ao próprio sistema, com vistas á reor- Estímulo à ação intersetorial
ganização das ações e serviços de saúde. Essa mudança implica na A busca de uma ação mais integradora dos vários setores da
colaboração entre as áreas de promoção e assistência á saúde, rom- administração pública pode ser um elemento importante no traba-
pendo com a dicotomia entre as ações de saúde pública e a atenção lho das equipes de Saúde da Família. Como consequência de sua
médica individual. análise ampliada do processo saúde/doença, os profissionais do
PSF deverão atuar como catalisadores de várias políticas setoriais,
Abordagem multiprofissional buscando uma ação sinérgica. Saneamento, educação, habitação,
O atendimento no PSF deve ser sempre realizado por uma segurança e meio ambiente são algumas das áreas que devem es-
equipe multiprofissional. A constituição da equipe deve ser plane- tar integradas às ações do PSF, sempre que possíveis. A parceria e
jada levando-se em consideração alguns princípios básicos: a ação tecnicamente integrada com os diversos órgãos do poder
- o enfrentamento dos determinantes do processo saúde/ público que atuam no âmbito das políticas sociais são objetivos per-
doença seguidos. A questão social não será resolvida apenas pelo esforço
- a integralidade da atenção setorial isolado da saúde; tampouco se interfere na própria situação
- a ênfase na prevenção, sem descuidar do atendimento cura- sanitária sem que haja a interligação com os vários responsáveis
tivo. pelas políticas sociais.

- o atendimento nas clínicas básicas de pediatria, ginecologia Acompanhamento e avaliação


obstetrícia, clínica médica e clínica cirúrgica (pequenas cirurgias A avaliação, assim como todas as etapas do PSF, deve conside-
ambulatoriais). rar a realidade e as necessidades locais, a participação popular e
- a parceria com a comunidade o caráter dinâmico e perfectível da proposta - que traz elementos
- as possibilidades locais importantes para a definição de programas de educação continua-
da, aprimoramento gerencial e aplicação de recursos, entre outros.
Referência e contra referência O resultado das avaliações não deve ser considerado como um
Em conformidade com o princípio da integralidade, o atendi- dado exclusivamente técnico, mas sim como uma informação de
mento no PSF deve, em situações específicas, indicar o encami- interesse de todos (gestores, profissionais e população). Por isso,
nhamento do paciente para níveis de maior complexidade. Estes devem ser desenvolvidas formas de ampliação da divulgação e dis-
encaminhamentos não constituem uma exceção, mas sim uma con- cussão dos dados obtidos no processo de avaliação. É importante
tinuidade previsível e que deve ter critérios bem conhecidos tanto ressaltar que os instrumentos utilizados para a avaliação devem ser
pelos componentes das equipes de Saúde da Família como pelas capazes de aferir:
demais equipes das outras áreas do sistema de saúde. Compete ao - alterações efetivas do modelo assistencial.
serviço municipal de saúde definir, no âmbito municipal ou regio- - satisfação do usuário.
nal, os serviços disponíveis para a realização de consultas especia- - satisfação dos profissionais.
lizadas, serviços de apoio diagnóstico e internações hospitalares. A - qualidade do atendimento/desempenho da equipe.
responsabilidade pelo acompanhamento dos indivíduos e famílias - impacto nos indicadores de saúde.
deve ser mantida em todo o processo de referência e contra refe-
rência Por sua vez, o acompanhamento do desenvolvimento e a ava-
liação dos resultados da atuação das unidades de Saúde da Família
Educação continuada podem ser realizados através de:
Para que produza resultados satisfatórios, a equipe de Saúde
da Família necessita de um processo de capacitação e informação - sistema de informação - a organização de um sistema de in-
contínuo e eficaz, de modo a poder atender às necessidades tra- formações deve permitir o monitoramento do desempenho das
zidas pelo dinamismo dos problemas. Além de possibilitar o aper- unidades de Saúde da Família, no que se refere à resolubilidade das
feiçoamento profissional, a educação continuada é um importante equipes, melhoria do perfil epidemiológico e eficiência das decisões
mecanismo no desenvolvimento da própria concepção de equipe e gerenciais. Para tanto, deve contar com os seguintes instrumentos:
de vinculação dos profissionais com a população - característica que cadastro familiar, cartão de identificação, prontuário familiar e ficha
fundamenta todo o trabalho do PSF. de registros de atendimentos.
Da mesma forma que o planejamento local das ações de saúde - relatório de gestão - é um instrumento vital para o acompa-
responde ao princípio de participação ampliada, o planejamento nhamento do processo e resultados da organização das ações e ser-
das ações educativas deve estar adequado às peculiaridades locais viços das unidades de Saúde da Família, em especial no tocante ao
e regionais, à utilização dos recursos técnicos disponíveis e à busca impacto nos indicadores de saúde, bem como nas ações referentes
da integração com as universidades e instituições de ensino e de às demais áreas da gestão municipal.
capacitação de recursos humanos. - outros instrumentos definidos pelos gestores municipais e/
A formação em serviço deve ser priorizada, uma vez que per- ou estaduais.
mite melhor adequação entre os requisitos da formação e as neces-
sidades de saúde da população atendida. A educação permanente Controle social
deve iniciar-se desde o treinamento introdutório da equipe, e atuar O controle social do sistema de saúde é um princípio e uma ga-
através de todos os meios pedagógicos e de comunicação dispo- rantia constitucional regulamentada pela Lei Orgânica de Saúde (Lei
níveis, de acordo com as realidades de cada contexto - ressalte-se nº 8.142/90). Assim, as ações desenvolvidas pelo PSF devem seguir
que a educação à distância deve também ser incluída entre essas as diretrizes estabelecidas pela legislação no que se refere à par-
alternativas. ticipação popular. Muito mais do que apenas segui-las, o PSF tem
uma profunda identidade de propósitos com a defesa da participa-
ção popular em saúde, particularmente na adequação das ações de
saúde às necessidades da população.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
A Lei nº 8.142/90 definiu alguns fóruns próprios para o exercí- - integrar os polos de capacitação, formação e educação per-
cio do controle social - as conferências e os conselhos de saúde -, a manente para a equipe do PSF no que se refere à elaboração, execu-
serem efetivados nas três esferas de governo. Porém, a participação ção, acompanhamento e avaliação de seus objetivos e ações.
da população não se restringe apenas a esses. Através de outras - articular, com as universidades e instituições de ensino su-
instâncias formais (como Câmaras de Vereadores e Associação de perior, a introdução de inovações curriculares nos cursos de gra-
Moradores) e informais, os profissionais de saúde devem facilitar duação e ou a implantação de cursos de especialização ou outras
e estimular a população a exercer o seu direito de participar da formas de cursos de pós - graduação lato sensu.
definição, execução, acompanhamento e fiscalização das políticas - participar da rede nacional/regional de intercâmbio de expe-
públicas do setor. riências no processo de produção do conhecimento em Saúde da
Família.
Níveis de Competência - promover intercâmbio de experiências entre os municípios de
Nível Nacional sua área de abrangência.
O gerenciamento e a organização da estratégia do PSF compe- - promover articulações com outras instâncias da esfera es-
te à Coordenação de Saúde da Comunidade - COSAC, a qual está tadual, visando garantir a consolidação da estratégia de Saúde da
subordinada à Secretaria de Assistência à Saúde - SAS, com as se- Família.
guintes atribuições: - identificar recursos técnico-científicos para o processo de con-
- estabelecer normas e diretrizes que definam os princípios da trole e avaliação de resultados e de impacto das ações desenvolvi-
estratégia do PSF. das pelas equipes de Saúde da Família.
- definir mecanismos de alocação de recursos federais para a - contribuir para o incremento da gestão plena da atenção bá-
implantação e manutenção das unidades de Saúde da Família, se- sica nos municípios, visando a reorientação do modelo assistencial.
gundo a lógica de financiamento do SUS. - identificar e estruturar parcerias com organizações governa-
- negociar com a Comissão lnter gestores Tripartite os requisi- mentais e não-governamentais.
tos específicos e prerrogativas para a implantação e ou implemen- - prestar assessoria técnica aos municípios para a implantação
tação da estratégia do PSF. e desenvolvimento da estratégia de Saúde da Família.
- acompanhar e avaliar a implantação e resultados da estraté-
gia do PSF nos estados e municípios. Nível Municipal
- assessorar os polos de capacitação, formação e educação Como espaço de execução da estratégia de Saúde da Família,
permanente para as equipes de Saúde da Família no que se refe- esse nível define a melhor adequação dos meios e condições opera-
re à elaboração, acompanhamento e avaliação de seus objetivos e cionais, cabendo-lhe as seguintes competências:
ações. - elaborar o projeto de implantação da estratégia de Saúde da
Família para a reorientação das unidades básicas de saúde.
- articular, com as universidades e instituições de ensino su- - eleger áreas prioritárias para a implantação do projeto.
perior, a introdução de inovações curriculares nos cursos de gra- - submeter o projeto à aprovação do Conselho Municipal de
duação e ou a implantação de cursos de especialização ou outras Saúde.
formas de cursos de pós-graduação lato sensu. - encaminhar o projeto para parecer da Secretaria Estadual de
- incentivar a criação de uma rede nacional/regional de inter- Saúde e Comissão Intergestores Bipartite.
câmbio de experiências no processo de produção do conhecimento - selecionar e contratar os profissionais que comporão a equipe
em Saúde da Família. de Saúde da Família.
- promover articulações com outras instâncias da esfera fede- - promover, com apoio da Secretaria Estadual de Saúde, a capa-
ral, visando garantir a consolidação da estratégia de Saúde da Fa- citação das equipes de saúde.
mília. - implantar o sistema de informações e avaliação da estratégia
- identificar recursos técnico-científicos para o processo de con- de Saúde da Família.
trole e avaliação de resultados e de impacto das ações desenvolvi- - acompanhar e avaliar sistematicamente o desempenho das
das pelas equipes de Saúde da Família. unidades de Saúde da Família.
- contribuir para o incremento da gestão plena da atenção bá- - inserir o financiamento das ações das unidades de Saúde da
sica nos municípios, visando a reorientação do modelo assistencial. Família na programação ambulatorial do município, definindo a
- identificar e estruturar parcerias com organizações governa- contrapartida municipal.
mentais e não-governamentais. - garantir a infraestrutura/funcionamento da rede básica ne-
cessária ao pleno desenvolvimento das ações da estratégia de Saú-
Nível Estadual de da Família.
Compete às Secretarias Estaduais de Saúde definir, em sua - definir os serviços responsáveis pela referência e contra refe-
estrutura organizacional, qual setor terá a responsabilidade de ar- rência das unidades de Saúde da Família.
ticular a estratégia de Saúde da Família, cabendo-lhe o papel de
interlocutor com o Ministério da Saúde e municípios, bem como as Etapas de Implantação do PSF
seguintes atribuições: A implantação da estratégia de Saúde da Família é operacio-
- participar, junto ao Ministério da Saúde, da definição das nor- nalizada no município, com a coparticipação do nível estadual. O
mas e diretrizes da estratégia de Saúde da Família - planejar, acom- processo possui várias etapas, não necessariamente sequenciais,
panhar e avaliar a implantação da estratégia de Saúde da Família ou seja, podem ser realizadas de forma simultânea, de acordo com
em seu nível de abrangência. as diferentes realidades dos sistemas municipais de saúde. Para me-
- negociar com a Comissão Intergestores Bipartite os requisitos lhor compreensão dos vários passos que envolvem a implantação
específicos e prerrogativas técnicas e financeiras para implantação do PSF nos municípios, estas etapas serão descritas separadamen-
e ou implementação da estratégia de Saúde da Família. te, a seguir.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Sensibilização e Divulgação Recrutamento, seleção e contratação de recursos humanos
Considerada como a primeira etapa de discussão dos princípios A partir da definição da composição de suas equipes, o municí-
e diretrizes da estratégia de Saúde da Família e suas bases opera- pio deve planejar e executar o processo de recrutamento e seleção
cionais, visa disseminar as ideias centrais da proposta. É fundamen- dos profissionais, contando com a assessoria da Secretaria de Esta-
tal que os gestores, profissionais de saúde e a população possam do e ou instituição de formação de recursos humanos. Como todo
compreender que Saúde da Família é uma proposta com grande processo seletivo, deve ser dada atenção a identificação do perfil
potencial para transformar a forma de prestação da assistência profissional não apenas em termos de exigências legais, mas de
básica, de acordo com as diretrizes operacionais e os aspectos de proximidade com o campo de atuação específico do PSF. Os crité-
reorganização das práticas de trabalho, já amplamente abordadas rios para identificação dessas habilidades devem ser justos e apre-
neste manual. O trabalho de sensibilização e divulgação envolve sentar aos candidatos boa comunicabilidade e compreensibilidade.
desde a clareza na definição do público a ser atingido até a mensa- Existem várias formas de seleção que podem ser utilizadas, iso-
gem a ser veiculada. Para tanto, podem ser programadas sessões de ladamente ou associadas, entre elas:
abrangência regional/estadual/local, com o objetivo de constituir as - prova escrita ou de múltipla escolha, contemplando o aspecto
alianças e as articulações necessárias ao pleno desenvolvimento da de assistência integral à família (do recém-nascido ao idoso), com
estratégia de Saúde da Família. enfoque epidemiológico.
Nesse sentido, alguns aspectos devem ser salientados: - prova prática de atendimento integral à saúde familiar e co-
- ênfase na missão da estratégia de Saúde da Família enquanto munitária.
proposta de reorganização do modelo assistencial. - prova teórico-prática de descrição do atendimento a uma si-
- utilização de diferentes canais de comunicação, informação e tuação simulada.
mobilização, como associações de prefeitos, de secretários munici- - entrevista, com caráter classificatório, visando a seleção de
pais de saúde, entidades da sociedade civil, escolas, sindicatos, as- profissionais com perfil adequado.
sociações comunitárias, etc., bem como identificação de possíveis - análise de currículo, sobretudo referente às atividades afins
aliados ao processo de implantação/implementação da estratégia às propostas contidas no PSF, também com o intuito de avaliar a
de Saúde da Família. experiência e o perfil adequados para o exercício da função.
- utilização dos meios de comunicação de massa como espaços
privilegiados para a disseminação da proposta e divulgação de ex- Especial atenção deve ser dada à composição das bancas, que
periências bem sucedidas - que funcionam como fator mobilizador devem estar afinadas com os princípios éticos da função de sele-
para adesão à proposta. cionar profissionais e os objetivos e concepção que norteiam o PSF.
- envolvimento das instituições formadoras de recursos huma- A análise de cada situação local definirá o melhor critério de sele-
nos para o SUS, uma vez que Saúde da Família significa a criação de ção, que seja ao mesmo tempo viável e satisfatório. A remunera-
um novo mercado de trabalho que requer profissionais com perfil ção dos profissionais deve ser objeto de uma política diferenciada
adequado a essa nova prática de trabalho. e adaptada às caraterísticas locais, de modo a garantir a dedicação
- ênfase na comunicação, informação e sensibilização junto aos e disponibilidade necessárias ao bom desempenho de suas tarefas.
profissionais de saúde Cada município decidirá sobre a modalidade de contratação de seus
profissionais.
Adesão
a) Município Capacitação das equipes
Estar habilitado em alguma condição de gestão (NOB/93 ou Para o efetivo alcance dos objetivos da estratégia do Programa
NOB/96) é critério básico para a implantação da estratégia de Saú- Saúde da Família, faz-se necessário que as ações e serviços de saú-
de da Família. O município que decide optar pelo PSF, enquanto de sejam desenvolvidas por profissionais capacitados, que possam
estratégia de reorientação do seu modelo de atenção básica, deve assumir novos papéis e responsabilidades.
elaborar projeto para implantação da(s) equipe(s) nas unidades bá- O processo de capacitação desses profissionais deve apresen-
sicas de saúde, sempre observando os elementos fundamentais do tar um conjunto de atividades capazes de contribuir para o aten-
modelo de Saúde da Família. Esse projeto deve ser posteriormente dimento das necessidades mais imediatas, bem como garantir a
submetido à apreciação do Conselho Municipal de Saúde; sendo continuidade da formação profissional para o aprimoramento e
aprovado, deve ser encaminhado pelo gestor municipal à Secretaria melhoria da capacidade resolutiva das equipes de saúde.
de Estado da Saúde, que irá analisá-lo e submetê-lo à apreciação
e aprovação da Comissão Intergestores ipartite. Considerado apto Treinamento Introdutório
nesse nível, será realizado o cadastramento das unidades de Saúde O período introdutório do processo de capacitação deve prever
da Família, segundo regulamentação da Norma Operacional Básica a integração das equipes e a compreensão do objeto de trabalho
em vigência. dos profissionais. Nessa etapa, devem ser trabalhados os aspectos
gerais das atividades a serem desenvolvidas pelas equipes - no seu
b) Estado caráter assistencial, gerencial e administrativo - e o conteúdo pro-
A Secretaria de Estado da Saúde submete sua proposta de gramático deve estar adaptado às necessidades locais, tanto dos
adoção da estratégia de Saúde da Família à apreciação e aprovação serviços quanto da característica de formação dos profissionais e
da Comissão Intergestores Bipartite. Para viabilização da proposta, do perfil epidemiológico da região. A metodologia do ensino em
devem ser pactuadas as estratégias de apoio técnico aos municí- serviço deve ser considerada a melhor alternativa. Estima-se que
pios, bem como a inclusão de seu financiamento na programação duas semanas representem um período suficiente para o desenvol-
dos tetos financeiros dos estados e municípios. Cabe à instância de vimento desse trabalho. É importante ter a consciência de que o
gestão estadual assumir, através de assessorias às atividades de pla- treinamento introdutório não abrange todas as carências, devendo
nejamento, acompanhamento e avaliação das unidades de Saúde traduzir-se como uma inauguração do processo de educação conti-
da Família, a corresponsabilidade pela implantação da estratégia de nuada, que sistematizará as necessidades de informação e capaci-
Saúde da Família, bem como o processo de capacitação e educação tação das equipes.
continuada dos profissionais envolvidos.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Educação continuada e ou permanente Pretende-se, por meio de uma visitação constante às moradias
O processo de capacitação e educação dos profissionais deve da região, acompanhar o processo de crescimento das crianças de
ser contínuo, atendendo às necessidades que o dinamismo dos pro- 0 a 5 anos, verificando-se frequentemente seu peso e, em casos de
blemas traz às equipes. Além de possibilitar o aperfeiçoamento pro- desnutrição, administrando-se a multi mistura que atua como um
fissional, a educação continuada é um mecanismo importante no complemento alimentar”.
desenvolvimento da própria concepção de equipe e da criação de Diante do exposto, pretendeu-se neste artigo verificar a im-
vínculos de responsabilidade com a população assistida, que funda- portância do PACS na melhoria de alguns indicadores de saúde a
menta todo o trabalho da estratégia do Programa Saúde da Família. ele associados. A área de estudo abrangeu os municípios do Ceará,
Da mesma forma que o planejamento local das ações de saúde res- estado tido como referência do Programa para todo o Brasil. Desde
ponde ao princípio de participação ampliada, o planejamento das 1963 a Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra a impor-
ações educativas deve ser baseado nessa percepção. tância do atendimento médico às famílias, principalmente as mais
Ou seja, adequado às peculiaridades locais e regionais, utiliza- carentes. Segundo Vasconcelos (1999) a proposta do médico de fa-
ção dos recursos técnicos disponíveis e integração com as universi- mília se expandiu inicialmente nos Estados Unidos. Segundo o autor
dades e instituições de ensino e capacitação de recursos humanos. “em 1969, a medicina familiar foi ali reconhecida como especiali-
Como apoio às atividades de educação permanente, é recomendá- dade médica e logo no ano seguinte já haviam sido aprovados 54
vel a utilização de e cursos audiovisuais e de informática, bem como programas de residência na área e 140 submetiam-se à aprovação”.
de telemática aplicada à saúde. No Brasil a incorporação da dimensão familiar nos programas
de saúde pública ocorreu por volta de 1990. O grande marco neste
Financiamento sentido foi a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) pelo
O financiamento do Programa Saúde da Família está claramente Ministério da Saúde e sob a responsabilidade dos municípios, mas
definido na Norma Operacional Básica em vigor, a NOB-01/SUS/96. com apoio das secretarias estaduais de Saúde.
Entendendo a estratégia do PSF como uma proposta substitutiva O estado do Ceará, mais especificamente o município de Qui-
das práticas tradicionais das unidades básicas de saúde, é importan- xadá, teve um papel primordial no delineamento do novo modelo.
te que esta lógica também se incorpore no campo do financiamen- A proposta inicial do PSF era desenvolver um modelo de atua-
to, ou seja, não se pode conceber a estratégia de Saúde da Família ção local, porém capaz de influenciar todo o sistema de saúde. A
como dependente de recursos paralelos, mas sim como uma prática ideia consistia na formação de uma equipe de saúde composta de
que racionaliza a utilização dos recursos existentes, com capacidade um médico generalista, uma enfermeira, uma auxiliar de enferma-
de potencialização de resultados. A operacionalização do PSF deve gem e seis agentes comunitários de saúde que dariam assistência
ser adequada às diferentes realidades locais, desde que mantidos a uma área com 600 a 1000 famílias. A implantação do Programa
os seus princípios e diretrizes fundamentais. Saúde da Família criou o profissional Agente Comunitário de Saú-
Para tanto, o impacto favorável nas condições de saúde da po- de. Contudo, no Ceará, o Programa Agentes de Saúde já havia sido
pulação adscrita deve ser a preocupação básica dessa estratégia. A implantado desde 1987. Em 1991 o Ministério da Saúde lançou o
humanização da assistência e o vínculo de compromisso e de cor- Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e em 1994 o go-
responsabilidade estabelecido entre os serviços de saúde e a popu- verno estendeu o programa para todo o Brasil, o que fortaleceu o
lação tornam o Programa Saúde da Família um projeto de grande Programa saúde da Família (PSF). O agente de saúde representa o
potencialidade transformadora do atual modelo assistencial. elo entre o sistema de saúde e a comunidade onde atua.
Segundo Kluthcovsky; Takayanagui a sua atuação ocorre em
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) três dimensões: a técnica, operando com saberes da epidemiolo-
Teve início em 1991 e segundo Viana e Poz (2005) foi o pre- gia e clínica; a política, utilizando saberes da saúde coletiva, e a de
cursor de importantes programas de saúde, dentre eles o Progra- assistência social, possibilitando o acesso com eqüidade aos servi-
ma Saúde da Família (PSF). Conforme ressaltado por Oliveira et al ços de saúde. Apesar da importância de suas atribuições as auto-
(2007) o PACS foi “ mais uma tentativa de racionalização dos gastos ras colocam que este grupo costuma ser formado pelas pessoas de
em saúde, de implementação das diretrizes que deveriam reger o menor escolaridade da equipe e, consequentemente, com menor
Sistema Nacional de Saúde, e de levar ações de promoção à saúde remuneração.
às populações de risco”.
O PACS tem na pessoa do agente de saúde o elo entre os ser- Atribuições do Cargo
viços de saúde e a comunidade. Em 1999 o Ministério da Saúde As atribuições dos profissionais pertencentes às equipes de
lançou um documento que estabelece sete competências para o atenção básica, nas quais estão incluídas as Equipes de Saúde da
agente de saúde: Dentre as principais funções dos agentes de saúde Família com suas especificidades, são estabelecidas pela disposi-
destacam-se levar à população informações capazes de promover o ções legais que regulamentam o exercício de cada profissão e em
trabalho em equipe; visita domiciliar; planejamento das ações de conformidade com a portaria GM Nº2.488/2011.
saúde; promoção da saúde; prevenção e monitoramento de situa-
ções de risco e do meio ambiente; prevenção e monitoramento de São atribuições comuns a todos os profissionais:
grupos específicos; prevenção e monitoramento das doenças pre- I - participar do processo de territorialização e mapeamento da
valentes; acompanhamento e avaliação das ações de saúde (BRA- área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví-
SIL, 1999). Dadas estas competências espera-se que o PACS tenha duos expostos a riscos e vulnerabilidades;
um impacto positivo sobre os indicadores de saúde, principalmente II - manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indi-
aqueles mais associados às famílias carentes. víduos no sistema de informação indicado pelo gestor municipal e
Segundo Melamedi a proposta básica do PACS “consiste no utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação
esclarecimento da população sobre cuidados com a saúde e seu de saúde considerando as características sociais, econômicas, cul-
encaminhamento a postos de saúde ou a serviços especializados turais, demográficas e epidemiológicas do território, priorizando as
em caso de necessidade que não possa ser suprida pelos próprios situações a serem acompanhadas no planejamento local;
agentes.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
III - realizar o cuidado da saúde da população adscrita, priorita- Federal, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exa-
riamente no âmbito da unidade de saúde, e quando necessário no mes complementares, prescrever medicações e encaminhar, quan-
domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, associações, do necessário, usuários a outros serviços;
entre outros); III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
IV - realizar ações de atenção a saúde conforme a necessidade espontânea;
de saúde da população local, bem como as previstas nas priorida- IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
des e protocolos da gestão local; ACS em conjunto com os outros membros da equipe;
V - garantir da atenção a saúde buscando a integralidade por V - contribuir, participar, e realizar atividades de educação per-
meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação manente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe; e
da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
demanda espontânea, da realização das ações programáticas, cole- o adequado funcionamento da UBS.
tivas e de vigilância à saúde;
VI - participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta Ao enfermeiro da Estratégia Agentes Comunitários de Saú-
qualificada das necessidades de saúde, procedendo a primeira ava- de, além das atribuições de atenção à saúde e de gestão, comuns
liação (classificação de risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de a qualquer enfermeiro da atenção básica descritas na portaria
informações e sinais clínicos) e identificação das necessidades de 2488/2011, cabe a atribuição de planejar, coordenar e avaliar as
intervenções de cuidado, proporcionando atendimento humaniza- ações desenvolvidas pelos ACS, comum aos enfermeiros da estraté-
do, se responsabilizando pela continuidade da atenção e viabilizan- gia de saúde da família, e deve ainda facilitar a relação entre os pro-
do o estabelecimento do vínculo; fissionais da Unidade Básica de Saúde e os ACS contribuindo para a
VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notifi- organização da atenção à saúde, qualificação do acesso, acolhimen-
cação compulsória e de outros agravos e situações de importância to, vínculo, longitudinalidade do cuidado e orientação da atuação
local; da equipe da UBS em função das prioridades definidas equanime-
VIII - responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a mente conforme critérios de necessidade de saúde, vulnerabilida-
coordenação do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção de, risco, entre outros.
em outros pontos de atenção do sistema de saúde;
IX - praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e grupos Auxiliar e Técnico de Enfermagem:
sociais que visa propor intervenções que influenciem os processos I - participar das atividades de atenção realizando procedimen-
de saúde doença dos indivíduos, das famílias, coletividades e da tos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando
própria comunidade; indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços co-
X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o munitários (escolas, associações etc);
planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
dos dados disponíveis; espontânea;
XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações imple- III - realizar ações de educação em saúde a população adstrita,
mentadas, visando à readequação do processo de trabalho; conforme planejamento da equipe;
XII - garantir a qualidade do registro das atividades nos siste- IV - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
mas de informação na Atenção Básica; o adequado funcionamento da UBS; e
XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando V - contribuir, participar e realizar atividades de educação per-
áreas técnicas e profissionais de diferentes formações; manente.
XIV - realizar ações de educação em saúde a população adstri-
ta, conforme planejamento da equipe; Médico:
XV - participar das atividades de educação permanente; I - realizar atenção a saúde aos indivíduos sob sua responsabi-
XVI - promover a mobilização e a participação da comunidade, lidade;
buscando efetivar o controle social; II - realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
XVII - identificar parceiros e recursos na comunidade que pos- cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
sam potencializar ações intersetoriais; e no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
XVIII - realizar outras ações e atividades a serem definidas de ciações etc);
acordo com as prioridades locais. III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
Outras atribuições específicas dos profissionais da Atenção Bá- espontânea;
sica poderão constar de normatização do município e do Distrito IV - encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
Federal, de acordo com as prioridades definidas pela respectiva de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabili-
gestão e as prioridades nacionais e estaduais pactuadas. dade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário;
V - indicar, de forma compartilhada com outros pontos de aten-
Atribuições Específicas ção, a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, manten-
Enfermeiro: do a responsabilização pelo acompanhamento do usuário;
I - realizar atenção a saúde aos indivíduos e famílias cadastra- VI - contribuir, realizar e participar das atividades de Educação
das nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ Permanente de todos os membros da equipe; e
ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc), em VII - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, o adequado funcionamento da USB.
idade adulta e terceira idade;
II - realizar consulta de enfermagem, procedimentos, ativida- Agente Comunitário de Saúde:
des em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas I - trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica de-
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito finida, a micro área;
II - cadastrar todas as pessoas de sua micro área e manter os
cadastros atualizados;
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
III - orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saú- III - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
de disponíveis; saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
espontânea; IV - apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias venção e promoção da saúde bucal;
e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser pro- V - participar do gerenciamento dos insumos necessários para
gramadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de o adequado funcionamento da UBS;
risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessida- VI - participar do treinamento e capacitação de Auxiliar em
de sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção
de 1 (uma) visita/família/mês; à saúde;
VI -desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- VII - participar das ações educativas atuando na promoção da
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte- saúde e na prevenção das doenças bucais;
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví- VIII - participar na realização de levantamentos e estudos epi-
duos e grupos sociais ou coletividade; demiológicos, exceto na categoria de examinador;
VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- IX - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
ção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de vi- espontânea;
sitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos X - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
domicílios e na comunidade, como por exemplo, combate à Den- bucal;
gue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe infor- XI - fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indicação
mada, principalmente a respeito das situações de risco; e técnica definida pelo cirurgião-dentista;
VIII - estar em contato permanente com as famílias, desenvol- XII - realizar fotografias e tomadas de uso odontológicos exclu-
vendo ações educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção sivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
das doenças, e ao acompanhamento das pessoas com problemas XIII - inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odonto-
de saúde, bem como ao acompanhamento das condicionalidades lógicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e
do Programa Bolsa Família ou de qualquer outro programa simi- instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
lar de transferência de renda e enfrentamento de vulnerabilidades XIV - proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
implantado pelo Governo Federal, estadual e municipal de acordo antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares; e
com o planejamento da equipe. XV - aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, ma-
É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas unidades nuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos.
básicas de saúde, desde que vinculadas às atribuições acima. Deve
haver a proporção de 01 enfermeiro para até no máximo 12 ACS e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
no mínimo 04, constituindo assim uma equipe de Agentes Comuni- I - realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
tários de Saúde. para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
e protocolos de atenção à saúde;
Cirurgião Dentista: II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda
I - realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epide- espontânea;
miológico para o planejamento e a programação em saúde bucal; III - executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do
II - realizar a atenção a saúde em saúde bucal (promoção e instrumental, equipamentos odontológicos e do ambiente de tra-
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, balho;
acompanhamento, reabilitação e manutenção da saúde) individual IV - auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de clínicas;
acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade; V - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
III - realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em bucal;
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirur- VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
gias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase clínica saúde bucal com os demais membros da equipe de saúde da famí-
da instalação de próteses dentárias elementares; lia, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multi-
IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda disciplinar;
espontânea; VII - aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
V - coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promo- transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
ção da saúde e à prevenção de doenças bucais; lógicos;
VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à VIII - processar filme radiográfico;
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi- IX - selecionar moldeiras;
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; X - preparar modelos em gesso;
VII - realizar supervisão técnica do Técnico em Saúde Bucal XI - manipular materiais de uso odontológico; e
(TSB) e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB); e X - participar na realização de levantamentos e estudos epide-
VIII - participar do gerenciamento dos insumos necessários miológicos, exceto na categoria de examinador.
para o adequado funcionamento da UBS.
Também através da portaria GM 2488/2011, o Ministério da
Técnico em Saúde Bucal (TSB): Saúde recomenta que os profissionais de Saúde Bucal estejam vin-
I - realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva a to- culados a uma ESF e que compartilhem a gestão e o processo de
das as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, segundo progra- trabalho da equipe tendo responsabilidade sanitária pela mesma
mação e de acordo com suas competências técnicas e legais; população e território que a ESF à qual integra, e com jornada de
II - coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- trabalho de 40 horas semanais para todos os seus componentes.
tos odontológicos;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Como modelo substitutivo da rede básica tradicional, a Estraté- interpessoais e nos processos psíquicos. Na perspectiva da inter-
gia de Saúde da Família busca converter o modelo tradicional carac- disciplinaridade, situam-se os trabalhos que trazem à discussão a
terizado por uma assistência à saúde médico centrada com enfoque articulação dos saberes e a divisão do trabalho em saúde. Diante
curativista, para um modelo mais abrangente, centrado no usuário da diversidade de conceitos sobre trabalho em equipe, a ideia de
em família, predominantemente voltado à promoção da saúde e equipe perpassa duas concepções diferentes: a equipe como agru-
prevenção de agravos. pamento de agentes e a equipe como integração de trabalhos.
Moura afirma que na organização dos processos de trabalho do A primeira é caracterizada pela fragmentação das ações, e a
modelo tradicional, predominava a hegemonia do poder técnico e segunda pela articulação consoante à proposta da integralidade das
político dos médicos, havia conflito com os demais profissionais de ações em saúde e a necessidade atual de recomposição dos sabe-
nível superior, e embora as categorias de nível médio fossem mais res e trabalhos especializados. Tomando essa distinção como base,
numerosas, eram menos qualificadas e mais desvalorizadas em ter- construiu-se uma tipologia referente à duas modalidades de traba-
mos salariais. O trabalho, de maneira geral, é feito de forma frag- lho em equipe: equipe agrupamento, em que há justaposição das
mentada, não se correlacionando ao objetivo do trabalho em saú- ações e o agrupamento dos agentes, e equipe integração, que de-
de. Para mudar as práticas de saúde é necessário redefinir o modelo senvolve a articulação das ações e interação dos agentes. Em ambas
de atenção, abordando o modo como estas práticas são produzidas. se fazem presentes as diferenças técnicas dos trabalhos especializa-
Para o Ministério da Saúde, uma Equipe de Saúde da Família dos e a desigualdade de valor atribuído a esses distintos trabalhos.
(ESF) deve ser composta minimamente por médico, enfermeiro, A partir desta perspectiva de mudança de paradigma do siste-
auxiliar ou técnico de enfermagem e por Agentes Comunitários de ma de saúde, proposta pela Estratégia de Saúde da Família, emerge
Saúde (ACS), podendo ser incorporados à esta equipe mínima o a necessidade de conhecer como estão ocorrendo os processos de
cirurgião dentista e o Auxiliar de Consultório Dentário (ACD), que trabalho, verificar como os profissionais de saúde estão organizan-
constituem uma Equipe de Saúde Bucal. E define as seguintes atri- do seu trabalho, quem assume as atividades administrativas e de
buições como comuns a todos os profissionais: participar do proces- coordenação na equipe, bem como, averiguar se há integração no
so de territorialização; realizar o cuidado em saúde e responsabili- planejamento e realização das atividades da ESF.
zar-se pela população adscrita; garantir a integralidade da atenção;
realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de notifica- A Distribuição das Atividades entre os Membros da Equipe
ção compulsória; realizar a escuta qualificada das necessidades dos Observa-se que o médico e o dentista desenvolvem, principal-
usuários, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando mente, as funções consideradas exclusivas de sua categoria profis-
o estabelecimento do vínculo; participar das atividades de planeja- sional. O médico executa diariamente consultas médicas aos indiví-
mento e avaliação das ações da equipe; promover a mobilização e duos e famílias em todas as fases do desenvolvimento. O dentista
a participação da comunidade; identificar parceiros e recursos que realiza os atendimentos odontológicos, o que sinaliza adequação
possam potencializar ações intersetoriais; garantir a qualidade do ao disposto pelo Ministério da Saúde como atribuições específicas
registro das atividades nos sistemas nacionais de informação na destes profissionais da equipe. No caso do médico, observa-se que
Atenção Básica; participar das atividades de educação permanente. além das consultas clínicas, também efetua pequenos procedimen-
Além das atribuições comuns, cada profissional tem suas atri- tos de sua competência na USF, atende a demanda espontânea e
buições específicas, descritas na Política Nacional da Atenção Bá- programada, realiza encaminhamentos aos serviços de referência
sica. e indica internações hospitalares, quando necessário. Verificou-se,
O processo de trabalho das ESF é caracterizado, dentre outros também, que o dentista realiza atividades de prevenção em saúde
fatores, pelo trabalho interdisciplinar e em equipe, pela valorização bucal nas escolas, além do atendimento curativo no consultório.
dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem Conforme verificado, ambos estão cientes das atribuições específi-
integral e resolutiva, e pelo acompanhamento e avaliação sistemá- cas de suas categorias.
tica das ações implementadas, visando a readequação do processo Quanto aos demais profissionais observados na USF, verifica-se
de trabalho. O processo de trabalho possui objeto, instrumentos e que existe um compartilhamento das atividades desempenhadas
agentes como seus elementos constituintes. O agente é apreendido pela enfermagem. Observa-se que a enfermeira realiza funções
no interior das relações entre objeto de intervenção, instrumentos que também são realizadas pela auxiliar de enfermagem, como por
e atividades, bem como dentro do processo de divisão do trabalho. exemplo, verificação de sinais vitais, curativos, retirada de pontos,
Através da realização de atividades próprias de sua área pro- dispensação de medicamentos na farmácia, limpeza, preparo e
fissional, cada agente opera a transformação de um objeto em um esterilização dos materiais, aplicação de medicamentos e vacinas.
produto, resultante daquele trabalho específico. A divisão técnica Além de realizar as funções consideradas do auxiliar de enferma-
do trabalho, por um lado, introduz o fracionamento de um mesmo gem, verifica-se que a enfermeira executa atribuições que são de
processo de trabalho originário do qual outros trabalhos parcela- sua competência, como por exemplo, realização de coleta e acon-
res derivam. Por outro lado, introduz os aspectos de complemen- selhamento para exame de HIV, orientações quanto às vacinas e
taridade e de interdependência entre os trabalhos especializados consultas de pré-natal para gestantes e a coordenação da sala de
referentes a uma mesma área de produção. O trabalho em equipe vacinas. Além destas atividades, somente a enfermeira realiza cole-
é tido como proposta estratégica para enfrentar o intenso proces- ta de preventivo do câncer de colo do útero, embora esta não seja
so de especialização na área da saúde. Esse processo caracteriza-se estabelecida como uma função exclusiva deste profissional.
pelo aprofundamento vertical do conhecimento e da intervenção Ao ser questionados sobre quais seriam as funções desempe-
em aspectos individualizados das necessidades de saúde, sem con- nhadas exclusivamente por eles, a enfermeira cita uma série de atri-
templar a articulação das ações e dos saberes de forma simultânea. buições que realiza na equipe, mas a grande maioria delas não são
Na literatura encontram-se três concepções distintas sobre tra- consideradas exclusivas do enfermeiro.
balho em equipe, onde se destacam: os resultados, as relações e a [...] A parte dos programas, preenchimento dos papéis, coleta
interdisciplinaridade. Na lógica dos resultados, a equipe é concebi- de dados que tem que ser feita [...] coleta de preventivo do câncer,
da como recurso para aumento da produtividade e da racionaliza- a parte de vigilância epidemiológica; é claro que tem uma equipe
ção dos serviços. Nas relações, utilizam-se os conceitos da psicolo-
gia como referência, analisando as equipes com base nas relações
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
de vigilância, mas o preenchimento de papéis, a busca de dados, de entendido pelo fato de que historicamente, o profissional de en-
investigação, é da enfermeira [...] vacinas, a coordenação da sala de fermagem tem assumido preferencialmente funções de gerência e
vacinas é da minha atribuição [...]. administração nos serviços de saúde.

Verificou-se, também, que a enfermagem realiza o preenchi- A Coordenação da Equipe


mento dos receituários de medicação controlada e em seguida en- Verifica-se que no cotidiano da USF a enfermeira é quem está
trega para a médica da equipe carimbar e assinar. Sobre as atribui- mais envolvida na coordenação, tanto das atividades dos ACS como
ções dos ACS todos eles relataram as visitas domiciliares mensais às da auxiliar de enfermagem e demais situações que ocorrem no pos-
famílias de suas respectivas micro áreas, levantamento de dados e to de saúde, bem como no planejamento das atividades da equipe.
demandas destas famílias, orientações quanto à utilização dos ser- Estudo realizado com enfermeiras de onze USF de um município,
viços de saúde disponíveis e o preenchimento do relatório mensal identificou a prática gerencial desenvolvida pelas enfermeiras no
relacionado ao seu trabalho como funções exclusivas de sua cate- Programa Saúde da Família (PSF), destacando a coordenação da
goria profissional. O exposto por estes profissionais vai ao encontro USF, a supervisão aos AE e aos ACS, as ações de vigilância epide-
do que o MS define como funções do ACS na ESF. miológica, controle de material, medicamento e pessoal, reunião
Quanto às ações de promoção da saúde e prevenção de agra- de equipe e programação local.
vos, que são atribuições comuns a todos os profissionais da equipe, Almeida e Rocha veem a gerência como um instrumento de tra-
verifica-se que os profissionais desenvolvem grupos de educação balho nas práticas sanitárias, sendo inerente ao processo de traba-
em saúde nas comunidades e atividades de prevenção no âmbito lho das ESF, que deveria ser responsabilidade de todos os membros
da saúde bucal nas escolas, sendo estas atividades compartilhadas da equipe, mas que é em geral responsabilidade das enfermeiras
entre eles. O grupo de saúde é conduzido por um dos profissionais que assumem essa atribuição na coordenação das USF. Constatou-
da equipe complementar, e tem a participação da enfermeira. As -se por meio de uma pesquisa realizada com médicos e enfermeiros
visitas domiciliares realizadas pelo ACS juntamente com um profis- integrantes do PSF dos municípios da 13ª CRS-RS, que uma das difi-
sional da USF, também foram consideradas como atividades com- culdades encontradas pelo enfermeiro no exercício das atividades,
partilhadas pelos membros da equipe. que lhe são atribuídas por lei, é o acúmulo de funções que este pro-
fissional tem, acarretando outro problema: a falta de tempo para
A Realização de Atividades Administrativas exercer suas funções adequadamente. No entanto, o enfermeiro
Neste contexto chamaremos de atividades administrativas as tem facilidade em exercer a função de coordenação dentro das USF
atividades-meio desempenhadas no processo de trabalho da equi- por conhecer melhor o seu funcionamento e pelo bom relaciona-
pe, que são: preparo dos materiais em geral, organização das salas mento com toda a equipe.
e consultórios, construção de relatórios, alimentação dos Sistemas
de Informação do Ministério da Saúde, organização dos prontuários A Integração Durante as Atividades Realizadas pela Equipe
das famílias, entre outras. Verifica-se que grande parte do tempo Estudo realizado com profissionais de quatro ESF de um muni-
de serviço dos profissionais é utilizada para o desenvolvimento das cípio de médio porte do RS, identificou nas falas dos entrevistados
referidas atividades administrativas, e que geralmente quem mais o desejo de realizar um bom trabalho, a maior facilidade para solu-
as desempenha é a enfermagem. Observa-se que a enfermeira e cionar os problemas que são discutidos em conjunto e em alcançar
a auxiliar de enfermagem compartilham as seguintes atividades: objetivos, a busca do bom senso nas decisões, a existência de um
separação dos prontuários médicos e fichas para consulta médica; bom relacionamento entre os colegas, as metas comuns a todos e a
controle de estoque e distribuição de medicamentos da farmácia; adaptação de um colega à dinâmica do outro, como possibilidades
organização dos prontuários das famílias, organização das salas de no trabalho em equipe na Estratégia de Saúde da Família.
curativo, esterilização e consultório médico, e o preenchimento dos No entanto, observa-se que alguns profissionais assumem para
relatórios do SIAB e do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) do si a execução das decisões e ações que foram tomadas em equipe.
Sistema de Informação Ambulatorial (SIA). Trabalho em equipe de modo integrado significa conectar dife-
Quanto às fichas e prontuários odontológicos, a organização do rentes processos de trabalho envolvidos, com base em certo conhe-
consultório do dentista, e o preenchimento dos relatórios da parte cimento acerca do trabalho do outro e valorizando a participação
odontológica, verificou-se que são efetuados pelo próprio dentista deste na produção de cuidados; é construir consensos quanto aos
e, pela ACD. Outra observação importante nesta categoria de aná- objetivos e resultados a serem alcançados pelo conjunto de profis-
lise é que a alimentação dos programas do MS, digitação e envio sionais, bem como quanto à maneira mais adequada de atingi-los.
dos relatórios do SIAB e do BPA/SIA são efetuados pela enfermeira. Significa, também, utilizar-se da interação entre os agentes envol-
Conforme literatura, a garantia da qualidade do registro das ativida- vidos, com busca do entendimento e do reconhecimento recíproco
des nos sistemas nacionais de informação na Atenção Básica é uma de autoridades e saberes e da autonomia técnica.
atribuição comum a todos os profissionais da ESF.
É possível verificar, também, que o gestor de saúde geralmente
busca a enfermeira para tratar de assuntos relacionados à Secreta- CADASTRAMENTO FAMILIAR E TERRITORIAL: FINALIDADE
ria Municipal da Saúde, como por exemplo, o preenchimento dos E INSTRUMENTOS
documentos da Pactuação de Saúde e o repasse de boa parte dos
ofícios inicialmente destinados ao gestor municipal. Pesquisadores
constataram em estudo realizado com uma ESF de um município CADASTRAMENTO FAMILIAR E TERRITORIAL
baiano, que a enfermeira desempenha o papel de mediadora das Sobre o cadastramento familiar e territorial, podemos afirmar
relações da equipe com a coordenação municipal. Esta posição que todos os dados são disponibilizados a partir do Sistema de
observada foi reforçada pela coordenação municipal que quase Informação da Atenção Básica, conhecido também pela sigla SIAB.
sempre direciona para a enfermeira as correspondências e ligações Tais dados são gerados pelo trabalho diário das equipes de Saúde
telefônicas. Concluíram que, de modo geral, este dado pode ser da Família (ESF) em conjunto com os Agentes Comunitários de
Saúde (ACS).

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
As visitas domiciliares realizadas pelas equipes de Agentes Localidade
Comunitários de Saúde, representam o instrumento principal para Local (município, região metropolitana; microregião, aglome-
que exista o cadastramento das famílias, que identifica a situações rado urbano, regional de saúde, macrorregional de saúde, UF ou
de saneamento, saúde, educação e moradia, dando andamento a região) onde as ESF e/ou de ACS atuam.
essa coleta de dados mensalmente.
Ano
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA CADAS� Ano de competência dos dados. Estão disponíveis dados a par-
TRAMENTO FAMILIAR NOTAS TÉCNICAS tir de 1998. Para cada ano, é apresentada a situação em dezembro,
a não ser no ano corrente, quando é apresentada a situação do
Origem dos dados último mês disponível.
Os dados disponíveis são oriundos do Sistema de Informação
da Atenção Básica - SIAB e gerados a partir do trabalho das equi- Tipo de equipe
pes de Saúde da Família (ESF) e Agentes Comunitários de Saúde Opção para dados agregados ou em separado referente ao
(ACS). tipo de equipe:
Os Agentes Comunitários de Saúde, através das visitas domici- ESF - Equipe de Saúde da Família
liares, fazem o cadastramento das famílias, identificam a situação ESFSB1 - Equipe Saúde Família com Saúde Bucal Modalidade 1
de saneamento e moradia e fazem o acompanhamento mensal da ESFSB2 - Equipe Saúde Família com Saúde Bucal Modalidade 2
situação de saúde das famílias. Com base nessas informações e EACS - Equipe de Agentes Comunitários de Saúde
mais os procedimentos realizados pelas Equipes de Saúde da Famí- Outros
lia na Unidade Básica de Saúde ou no domicílio, as Coordenações Modelo de atenção
Municipais de Atenção Básica fazem mensalmente a consolidação Opção para dados agregados ou em separado referente aos
de seus dados e os enviam para as Regionais de Saúde. Daí se- modelos PACS, PSF e outros.
guem para as Secretarias Estaduais, sempre fazendo as respectivas
consolidações. Zona
As bases estaduais são enviadas mensalmente para o Datasus, Se rural ou urbana ou ambas.
quando então é consolidada a base nacional.
É importante esclarecer que os relatórios emitidos pelo SIAB, Cadastramento Familiar
quando solicitados por Regional, Estado ou Nacional, excluem O cadastramento das famílias e pessoas das áreas de abran-
municípios que não informaram todos os meses do período sele- gência do PACS/PSF é realizado no início dos trabalhos das equipes
cionado, razão pela qual se poderá ter indicadores diferentes no e atualizado anualmente ou sempre que necessário. É consolidado
cruzamento das variáveis aqui disponibilizadas, a não ser que se a partir da ficha A.
utilize os mesmos critérios. Nº Famílias
Famílias Cadastradas: total de famílias cadastradas.
Crítica dos dados
O Ministério da Saúde, quando disponibiliza os indicadores do Nº Pessoas
SIAB, através de publicações, como por exemplo, o “Sistema de In- Pessoas Cadastradas: total de pessoas cadastradas.
formação da Atenção Básica - Indicadores 2002”, na consolidação Mulheres <1ano, Mulheres 1a4a, Mulheres 5a6a, Mulheres
por Estado, Região e Brasil exclui municípios que não informaram 7a9a, Mulheres 10a14a, Mulheres 15a19a, Mulheres 20a39a, Mu-
todos os meses do período. Aplica também uma rotina para a críti- lheres 40a49a, Mulheres 50a59a, Mulheres >60anos
ca dos dados. Homens <1ano, Homens 1a4a, Homens 5a6a, Homens 7a9a,
Esta rotina se baseia na definição de critérios, a partir dos Homens 10a14a, Homens 15a19a, Homens 20a39a, Homens
quais se define pela inclusão ou exclusão do município na base 40a49a, Homens 50a59a, Homens >60anos
de dados para análise - “base limpa”. Foram definidos critérios de Número de pessoas cadastradas por sexo (mulheres e ho-
verificação de erros e inconsistências, tanto para a base de dados mens) nas seguintes faixas etárias:
de cadastro quanto para a base de dados de situação de saúde.
Ainda não foram definidos critérios para limpeza da base de dados <1ano - todas as crianças até 11 meses e 29 dias;
de produção. 1a4a - crianças de 1 ano completo até 4 anos, 11 meses e 29
Após aplicação das rotinas de limpeza, obtêm-se duas “bases dias; 5a6a - crianças de 5 anos completos até 6 anos, 11 meses e
limpas”: a base de cadastro e a base de situação de saúde. A “base 29 dias; 7a9a - crianças de 7 anos completos até 9 anos, 11 meses
limpa” de cadastro exclui os municípios com erros ou inconsis- e 29 dias; 10a14a - de 10 anos completos até 14 anos, 11 meses e
tências relacionados a qualquer um dos critérios considerados. A 29 dias; 15a19a - de 15 anos completos até 19 anos, 11 meses e 29
“base limpa” de situação de saúde inclui ou exclui o município com dias; 20a39a - de 20 anos completos até 39 anos, 11 meses e 29
relação a cada um dos indicadores analisados. Vale ressaltar que, dias; 40a49a - de 40 anos completos até 49 anos, 11 meses e 29
como as rotinas são independentes, a exclusão de um município dias; 50a59a - de 50 anos completos até 59 anos, 11 meses e 29
numa das bases não implica na sua exclusão da outra base. dias; >60anos - de 60 anos completos em diante.

Descrição das variáveis disponíveis para tabulação Criança 7a14a.escola


Através da Internet, o Datasus disponibiliza as principais in- Crianças de 7 a 14 anos na escola: número de pessoas matri-
formações para tabulação sobre as Bases de Dados do Sistema de culadas e freqüentando regularmente a escola, mesmo aquela que
Informação da Atenção Básica (SIAB), de acordo com a base de estiver de férias no momento do cadastramento mas que freqüen-
dados recebida, sem críticas: tará a escola no período letivo seguinte.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Adulto 15a+ alfabet Para melhor desenvolver seu trabalho com essa população
Pessoas de 15 anos e mais alfabetizadas: número de pessoas indígena, você pode buscar apoio técnico e articulação junto à
que sabe ler e escrever no mínimo um bilhete. O indivíduo que sede do Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade, se hou-
apenas assina o nome não é considerado alfabetizado. ver. Você também pode verificar se na secretaria de saúde existe
Alcoolismo 0a14a, Chagas 0a14a, DefFísica 0a14a, Diabetes alguma equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa
0a14a, DistMental 0a14a, Epilepsia 0a14a, HipertArter 0a14a, população e solicitar mais orientações. Caso trabalhe numa área
Hanseníase 0a14a, Malária 0a14a, Tuberculose 0a14a, Gestantes rural ou próximo a aldeias indígenas, você deve buscar informação
10a19a, Alcoolismo 15a+, Chagas 15a+, DefFísica 15a+, Diabetes sobre a existência de equipe multidisciplinar de saúde indígena,
15a+, DistMental 15a+, Epilepsia 15a+, HipertArter 15a+, Hanse- incluído o agente indígena de saúde. Procurar essas pessoas para
níase 15a+, Malária 15a+, Tuberculose 15a+, Gestantes 20a+ uma conversa pode ser muito importante e esclarecedor.
Número de casos atuais de doenças ou condições referidas
pela família, por faixa etária. Não é necessária comprovação do A Portaria GM nº 971/2006 cria a Política Nacional de Prá-
diagnóstico. São as seguintes as doenças ou condições referidas:
ticas Integrativas e Complementares no SUS, que inclui atendi-
mento gratuito em serviços de fitoterapia, acupuntura, plantas
-Alcoolismo - ALC
medicinais, homeopatia.
-Chagas - CHA
Dessa forma, é importante saber se existem esses serviços
-DefFísica - DEF (Deficiência física)
-Diabetes - DIA na sua região.
-DistMental - DME (Distúrbio mental) Acupuntura é uma forma de cuidar das pessoas na Medici-
-Epilepsia - EPI na Tradicional Chinesa (MTC).
-HiperArter - HA (Hipertensão arterial) Pode ser usada isoladamente ou integrada com outros re-
-Hanseníase - HAN cursos terapêuticos, como as práticas corporais.
-Malária - MAL As práticas corporais são práticas/ações que favorecem a
-Tuberculose - TB promoção e recuperação da saúde e a prevenção de doenças.
-Gestantes - GES Como exemplos, podemos citar o Tai-chi chuan, o Chi gong e o
As faixas etárias são: Lian gong.
Homeopatia é um sistema médico de base vitalista* criado
0a14a - 0 a 14 anos pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que consiste em tra-
15a+ - 15 anos e mais tar as doenças por meio de substâncias ministradas em doses
diluídas, os medicamentos homeopáticos.
Para o número de gestantes, as faixas etárias são:
*O vitalismo é a posição filosófica caracterizada por postular
1019a - 10 a 19 anos a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não
20a+ - 20 anos e mais poderia ser explicada.
Pes.Cob. Pl. Saúde
Ao identificar a população indígena, o ACS deve levar em
Pessoas com cobertura de Plano de Saúde: total de pessoas consideração que, mesmo residindo no espaço urbano ou rural,
com cobertura de plano de saúde. É considerado como plano de longe de sua aldeia de origem ou em aldeamento não reconhecido
saúde qualquer seguro para assistência médica privativa de qual- oficialmente, o indígena possui o direito de ser acompanhado,
quer tipo (hospitalizações, consultas, exames laboratoriais, etc.) respeitando-se as diferenças culturais.
pago pela família ou por outro (empregador de algum membro da É necessário considerar que o indígena nem sempre tem do-
família, parentes, etc.) mínio da língua portuguesa, podendo entender algumas palavras
em português, sem compreender a informação, a explicação dada
Cadastramento das famílias ou mesmo a pergunta realizada. É importante observar e tentar
A etapa inicial de seu trabalho é o cadastramento das famílias perceber se estão entendendo e o que estão entendendo, cuidan-
de sua micro área – o seu território de atuação – com, no máximo, do para não constrangê-los. O esforço de comunicação deve ser
750 pessoas. Para realizar o cadastramento, é necessário o preen- mútuo de modo a promover o diálogo.
chimento de fichas específicas. Ainda como informações importantes para o diagnóstico da
Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa comunidade, vale destacar a necessidade de identificar outros
etária e sexo é importante, pois há doenças que acometem mais locais onde os moradores costumam ir para resolver seus proble-
crianças do que adultos ou mais mulheres que homens, o que mas de saúde, como casa de benzedeiras ou rezadores, raizeiros
influenciará no planejamento da equipe. ou pessoas que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes
O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições de remédio para algumas doenças, bem como saber se procuram
de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe, tais serviços (pronto-socorro, hospitais etc.) situados fora de sua área
como a composição familiar, a existência de população indígena, de moradia ou fora do seu município. Também é importante você
quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento saber se as pessoas costumam usar remédios caseiros, chás, plan-
básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da tas medicinais, fitoterapia e/ou se utilizam práticas complementa-
habitação, o desemprego, as doenças referidas etc. res como a homeopatia e acupuntura. Você deve saber se existe
É importante identificar os diversos estabelecimentos e insti- disponível na região algum tipo de serviço de saúde que utilize
tuições existentes no território, como escolas, creches, comércio, essas práticas.
praças, instituições de longa permanência (ILP), igrejas, templos, Ao realizar o cadastramento e identificar os principais proble-
cemitério, depósitos de lixo/aterros sanitários etc. mas de saúde, seu trabalho contribui para que os serviços possam
oferecer uma atenção mais voltada para a família, de acordo com
a realidade e os problemas de cada comunidade.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento Esse mapa mais abrangente, feito com todas as informações
de toda a equipe de saúde. sobre sua área, pode dar origem a outros mais específicos.
Como exemplos:
Os profissionais devem atuar de forma integrada, discutindo e Podemos ter mapas de territórios feitos manualmente com
analisando em conjunto as situações identificadas. auxílio da comunidade e fotos de territórios utilizando recursos de
Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é informática ou internet.
mantê-lo atualizado. Podem-se destacar as informações das ruas, caminhos e as
linhas de ônibus de uma comunidade, desenhando um mapa es-
Dando um exemplo pecífico. Em uma região que chove muito, é importante conhecer
Em uma comunidade, muitos casos de diarreia começaram a bem os rios, açudes, lagos, lagoas da região e locais propensos à
acontecer. As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam dire- inundação.
to ao hospital para se tratar. Eram medicadas, mas pouco tempo É necessário que você identifique no território de sua equipe
depois estavam doentes de novo. Essa situação alertou a equipe quais os riscos de sua micro área.
de que algo não estava bem. Como já foi dito anteriormente, o mapa retrata o território
O ACS, por meio das visitas domiciliares, observou a existência onde acontecem mudanças, portanto, ele é dinâmico e deve ser
de esgoto a céu aberto próximo a tubulações de água. constantemente atualizado.
Além disso, as pessoas daquela comunidade costumavam não Você deve sempre ter a cópia do seu mapa para facilitar o
proteger adequadamente suas caixas d’água. acompanhamento das mudanças na sua comunidade.
A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os
casos de diarreia estavam relacionados aos hábitos de vida daque- Com o mapa, você pode:
las pessoas. - Conhecer os caminhos mais fáceis para chegar a todos os
Observa-se que um mesmo problema de saúde pode estar re- locais;
lacionado a diferentes causas e que o olhar dos diversos membros - Marcar as barreiras geográficas que dificultam o caminho das
da equipe pode contribuir para a resolução do problema. pessoas até os serviços de saúde (rios, morros, mata cerrada etc.);
O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo - Conhecer a realidade da comunidade e planejar como resol-
a lógica da saúde, não é apenas um espaço delimitado geografica- ver os problemas de saúde com mais eficácia;
mente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem, estabelecem - Planejar as visitas de cada dia sem perder tempo;
relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e cultura. - Marcar as micro áreas de risco;
Trabalhar com território implica processo de coleta e sis- - Identificar com símbolos situação de risco;
tematização de dados demográficos, socioeconômicos, político - Identificar com símbolos os grupos prioritários: gestantes,
culturais, epidemiológicos e sanitários, identificados por meio do idosos, hipertensos, diabéticos, pessoas acamadas, crianças me-
cadastramento, que devem ser interpretados e atualizados perio- nores de cinco anos, pessoas com deficiência, usuário de drogas,
dicamente pela equipe. pessoas com hanseníase, pessoas com tuberculose etc.

Mapeamento da área de atuação O seu mapa, juntamente com as informações coletadas no


Trabalhar com mapas é uma forma de retratar e aumentar cadastramento das famílias, vai ajudar toda a equipe no diagnósti-
conhecimentos sobre a sua comunidade. O mapa é um desenho co de saúde da área.
que representa no papel o que existe naquela localidade: ruas, Entende-se por micro áreas de risco aqueles espaços dentro
casas, escolas, serviços de saúde, pontes, córregos e outras coisas de um território que apresentam condições mais favoráveis ao
importantes. aparecimento de doenças e acidentes. Por exemplo: área mais
O mapa deve ser uma ferramenta indispensável para seu tra- propensa à inundação, áreas próximas de barreiras ou encostas,
balho. É o desenho de toda sua área/território de atuação. áreas com esgoto a céu aberto e sem água tratada, áreas com
Você não precisa ser bom desenhista. Você pode representar maior incidência de crimes e acidentes.
o que existe com símbolos bem fáceis de desenhar, utilizando sua
criatividade. É interessante que toda a equipe, de preferência,
o ajude nesse processo. Isso estimula que a equipe se conheça PRINCIPAIS PROBLEMAS DA SAÚDE DA POPULAÇÃO E RE-
melhor e troque informações para o planejamento das ações de CURSOS EXISTENTES PARA O ENFRENTAMENTO DOS PRO-
saúde. BLEMAS
A comunidade também pode ajudá-lo, contribuindo com su-
gestões para corrigir e acrescentar, de modo que no final se tenha
uma boa ideia de como é aquela comunidade. O mapa vai ajudar A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado - en-
você a organizar melhor o seu trabalho. frenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou médicos,
Agora, pense na sua comunidade e faça uma lista de coisas mensalidades altas, falta de cobertura para diversas doenças e exa-
que são importantes para a vida comunitária, baseada em seu mes. Um levantamento realizado pelo UOL aponta os 10 principais
contato com ela. Por exemplo: postos de saúde, centros de saú- problemas enfrentados pelo setor no país.
de, hospitais, escolas, igrejas, centros religiosos, postos policiais, 1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas
quadras de esporte, campo de futebol, identificando espaços que do SUS, segundo destacou o o presidente do TCU, ministro Raimun-
possibilitam/dificultam o acesso de pessoas com deficiências. Es- do Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saú-
creva também outros lugares com seus respectivos nomes: ruas, de), há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que
córregos, rios, cartório, correio, parada de ônibus, casa da parteira, na Europa, cuja taxa é de 33,3.
da benzedeira e outras coisas que você se lembrar.
O conjunto dos mapas feito pelos ACS formará um grande
mapa da área de atuação da equipe de Saúde da Família (ESF).

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos con- A adoção de tais propostas representa, de modo geral, uma
sultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil apresen- tentativa de reorganização da atenção à saúde do país, marcada pela
tou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o institucionalização do direito à saúde, como consta no artigo 196 da
27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países mais Constituição Federal de 1988, no qual a saúde é assim definida:
bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8). A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido medi-
3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de ante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no Re- doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
clame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRA-
indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do SIL, 2004).
recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI Assim, ao garantir a universalidade do acesso, a Constituição
neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade Federal intensificou a demanda pelos serviços de saúde, tradicional-
Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9 mente centrados no eixo hospitalar, buscando criar estratégias para
leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela reverter o atual modo de atenção. A partir de então, puderam-se
entidade. No SUS, a taxa é de 1,5. identificar várias experiências, em nível local, que priorizam ações
4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi de promoção da saúde e prevenção de agravos, incorporando, em
o tema considerado de «pior qualidade» em uma pesquisa da CNI muitas delas, as contribuições da própria população, por meio de
(Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços. sua cultura, no “saber-fazer” os cuidados com sua própria saúde.
Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema Essas experiências influenciaram a concepção dos programas acima
recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de saú- citados (BRASIL, 2004).
de) e 31,4% (urgência ou emergência). Em 1991, o Ministério da Saúde propõe o Programa de Agentes
5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento Comunitários de Saúde (PACS) como uma estratégia de implemen-
do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mun- tação do Sistema Único de Saúde (SUS), que desenvolve atividades
dial é de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média relacionadas à prevenção e educação nessa área, implantadas prin-
no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa cipalmente em municípios de baixa densidade populacional. No
(13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%.
PACS, o enfoque principal é a ampliação da cobertura da atenção
6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria
básica e a introdução do Agente Comunitário de Saúde (ACS) como
na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de
um trabalhador incumbido de desenvolver ações relacionadas ao
Indicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho Re-
controle de peso, orientações a grupos específicos de patologias,
gional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase 40%
distribuição de medicamentos, entre outras (CHIESA, FRACOLLI,
dos recém-formados não passam em seu exame.
2004).
7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das men-
Posteriormente, o Ministério da Saúde propõe o Programa de
salidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8% das
Saúde da Família (PSF), como estratégia de reestruturação do sis-
queixas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência Na-
tema, constituindo uma unidade prestadora de serviços e atuando
cional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está «mensa-
numa lógica de transformação das práticas de saúde na atenção
lidades e reajustes».
básica (CHIESA; FRACOLLI, 2004).
8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos pla-
A Saúde da Família vem sendo implantada em todo o Bras-
nos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS,
il, nos últimos anos, e tem garantido a ampliação do acesso e da
foram 15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No es-
abrangência para uma parcela significativa da população. Passados
tudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço.
quinze anos de sua implantação, são mais de 180 milhões de pes-
9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde, esse
soas acompanhadas por mais de 234.000 agentes comunitários de
é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do setor
saúde em todo o país. No município de Volta Redonda - RJ, no ano
privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de reclamação
de 2009, existiam 308 ACS (BRASIL, 2009).
no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo a institui-
Esse novo ator surge no cenário da saúde do Brasil como in-
ção, foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três meses
tegrante das equipes de Saúde da Família, compostas, no mínimo,
do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações.
por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfer-
10. Discriminação no atendimento: 10,6% da população brasi-
magem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada,
leira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas
conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e
na rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que aponta a
um técnico em higiene dental (BRASIL, 2007). O ACS, nesse cenário,
Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%) disse ter
apresenta-se com um papel de destaque na atenção básica, visto
sido maltratada por “falta de dinheiro” e 52,5% em razão da “clas-
que atua como elo entre a equipe de saúde, famílias e usuários.
se social”. Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito racial,
8,1% por religião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto, o
Estratégia reestruturante da Atenção Básica: uma aposta na
percentual poderia ser maior se parte da população LGBT (Lésbicas,
Saúde da Família
Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deixas-
No contexto do SUS, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) em-
se de buscar auxílio médico por medo de discriminação, revela uma
prega no seu processo de trabalho o planejamento e a programação
pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
da oferta de serviços a partir do enfoque epidemiológico, incluindo
a compreensão dos múltiplos fatores de risco à saúde e a possibil-
No Brasil, a busca por novas formas de produzir saúde pode
idade de intervenção sobre eles a partir de diferentes estratégias,
ser identificada em diferentes ações políticas, assistenciais e na
tais como como a promoção da saúde (SAMPAIO; LIMA, 2004).
formação profissional. Tal contexto se pode perceber a partir da
Como adiantam os autores, a ESF vai agir de acordo com a
proposta de dois programas: Programa de Agentes Comunitários
necessidade de cada município e área, a partir de uma análise da
de Saúde (PACS), a partir de 1991, e Programa de Saúde da Família
situação de saúde da população com a qual se pretende realizar
(PSF), a partir de 1994.
as ações de promoção à saúde e de prevenção e tratamento dos
agravos.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
A ação dessa estratégia é destinada a cobrir determinadas reto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e
famílias a partir da identificação da situação-problema de cada da eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se
uma delas, para garantir uma ação diferenciada e humanizada. E, concretizou a expectativa de que essas doenças perderiam sua im-
por ser o ACS responsável pelo cadastramento das famílias e pelo portância na saúde pública (Silva Jr., 2009).
levantamento de seus perfis sócio-econômico e epidemiológico, Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saúde
entende-se que seu papel é de extrema importância para o incre- (SUS) do Brasil, constatava-se, além do surgimento da epidemia do
mento do PSF, pois ele é o elemento que circula no território, re- HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem
sponsável por uma microárea e por um número determinado de como a emergência ou reemergência de outras, como a dengue e a
pessoas. Em média, um ACS é designado para o acompanhamento cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009).
de até 750 pessoas. Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacinação
O exercício da atividade profissional de Agente Comunitário de foi garantido, a cobertura da atenção primária à saúde foi ampli-
Saúde deve observar a Lei nº 10.507/2002, que cria a profissão de ada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças trans-
Agente Comunitário de Saúde; o Decreto nº 3.189/1999, que fixa as missíveis foram reestruturadas. A morbimortalidade por doenças
diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comunitário de transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007,
Saúde; e a Portaria nº 1.886/1997 (do Ministro de Estado da Saúde), a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de
que aprova as normas e diretrizes do Programa de Agente Comu- 50% para 5%, contudo, estas ainda constituem importante proble-
nitário e do Programa de Saúde da Família. ma de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011).
Segundo Nascimento e Nascimento (2005), o trabalho do ACS No país, observa-se a persistência de diversas doenças trans-
se produz pelo fato dele pertencer ao mesmo universo do usuário missíveis, especialmente daquelas relacionadas à pobreza, também
e, portanto, supostamente compreender esses conflitos. Por essa consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos
mesma razão, a superação dessas dificuldades é, em alguns casos, econômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja por
buscada por esse ator a partir de uma perspectiva interior ao uni- sua baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente des-
verso de sentido das pessoas da comunidade. favorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com
Corroborando Nascimento e Nascimento, para o Ministério maior frequência em regiões empobrecidas, como também são
da Saúde, o agente comunitário é um trabalhador que faz parte da condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a).
equipe de saúde da comunidade onde mora. É uma pessoa prepa- As doenças transmissíveis permanecem como agentes impor-
rada para orientar famílias sobre cuidados com sua própria saúde tantes da pobreza debilitante no mundo. A cada ano, essas doenças
e também com a da comunidade (BRASIL, 1999). Sem dúvida, esse matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com
trabalhador apresenta características especiais, uma vez que atua
menos de cinco anos de idade, além de causar grande carga de in-
na mesma comunidade onde vive, tornando mais forte a relação
capacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o crescimento
entre trabalho e vida social.
infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade
O ACS é responsável por um trabalho que toma por base de
do trabalho. Esforços de pesquisa voltados para sua prevenção po-
suas ações a vinculação e o conhecimento dos modos e hábitos
dem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012).
da população, com ação prática de adentrar no espaço íntimo da
A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de
família e de identificar naquele espaço os riscos e as necessidades
doenças transmissíveis e impede que as pessoas afetadas obten-
de saúde. A maior dificuldade desse processo reside no fato da
ham acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças
saúde ser, antes de qualquer coisa, uma experiência individual. As
formas como as pessoas percebem sua saúde, e os meios como transmissíveis relacionadas à pobreza afetam desproporcional-
cuidam dela, são tão diversas quanto as diferentes formas de sig- mente pessoas que vivem em comunidades pobres ou marginaliza-
nificar e experimentar a vida (TRAVERSO-YÉPEZ, 2007). das. Fatores econômicos, sociais e biológicos interagem para formar
A produção do cuidado com a saúde, de um modo geral, en- um ciclo vicioso de pobreza e doença do qual, para muitas pessoas,
volve um conjunto milenar de saberes e práticas desenvolvidas em não existe escapatória (OMS, 2012).
diferentes contextos e efetuadas por diversos grupos, não sendo, Tendo em vista a relevância das doenças transmissíveis rela-
portanto, nessa perspectiva, uma ação exclusiva de uma categoria cionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e no Brasil, o controle
profissional. Essa produção de cuidado conta, ainda, com várias destas pode promover um impacto positivo não apenas sobre os
abordagens diagnóstico-terapêuticas. Além disso, a ação do ACS indicadores relacionados diretamente à saúde, mas também sobre
busca facilitar o processo de cuidar, uma vez que ele pertence à aqueles relacionados à pobreza e à educação (Hotez et al., 2006b).
mesma comunidade que o paciente que recebe o cuidado dispen- Nesse contexto, estudos sobre desigualdades em saúde são de
sado pelo agente. grande interesse, visando subsidiar políticas públicas necessárias
Dessa forma, o cuidado em saúde resulta de processos de tra- para superar a distribuição desigual da saúde na sociedade (OMS,
balho individuais e coletivos, institucionalizados ou não. Além dis- 2011). O uso dos determinantes sociais como fatores analíticos
so, envolve relações entre as pessoas, trocas afetivas e de saberes, privilegiados permite a identificação de padrões de agregação ge-
comunicações e inúmeros atos associados entre si, em que os cui- ográfica e sobreposição espacial das doenças transmissíveis. A par-
dadores - sejam eles profissionais, semiprofissionais, quase profis- tir desta perspectiva, podem ser vislumbradas estratégias alternati-
sionais, ‘trabalhadores’ ou práticos - passam a produzir modos de vas visando à prevenção e ao controle dessas doenças. Além disso,
agir para interferirem no processo saúde-doença, mantendo e res- quando as doenças estão agrupadas geograficamente, o custo-efe-
taurando a vida. Utilizam, para tanto, diferentes tecnologias do cui- tividade das ações pode ser melhorado (OMS, 2011).
dado, do campo cientifico e também empírico. O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente, pro-
duto e produtor de diferenciações sociais e ambientais, com reflex-
Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil os importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvidos.
Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a ini- A análise da situação de saúde, como vertente da vigilância em
ciativas de saúde pública, como a imunização e o tratamento com saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segun-
antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por do suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem
doenças transmissíveis no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Bar- a análise da situação de saúde, incorporando elementos espaciais,
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e M. leprae isolados de doentes com recrudescimento da doença
explicação de problemas de saúde da população que vive em um revelou que, um mesmo doente se infecta em momentos distintos,
território usado. com cepas distintas deste bacilo. Seguindo o racional do tratamento
Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de da tuberculose, um novo esquema terapêutico único (MDT-U) para
concentração e sobreposição de doenças transmissíveis, possiv- hanseníase será adotado em 2018, que inclui três medicamentos,
elmente associadas a condições de vida precárias, constituem-se para todos os pacientes independente da classificação clínica, por
ferramentas fundamentais da vigilância em saúde, uma vez que um período de apenas seis meses.
fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a deter-
minação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde, Tuberculose
assistência em saúde, bem como de políticas sociais. No Brasil, ocorreu redução de 22,7% no número de casos novos
de tuberculose notificados em 2016 (66.796 casos; 32,4 /100.000
Raiva habitantes) quando comparado com 1981 (86.411; 71,3/100.000
As ações que o Brasil desenvolve para controle da raiva en- habitantes). Contudo, esta queda não foi linear, em parte devido
ao recrudescimento desta doença no curso da epidemia de aids e
volvem vacinação de animais de produção (ciclo rural), de animais
das dificuldades para detecção e tratamento de todos os casos, de
domésticos (ciclo urbano), bem como tratamento antirrábico hu-
modo que nos anos 1990 a incidência ainda se manteve elevada,
mano pós-exposição.
variando de 58,4 a 49,3/100.000 habitantes (1995 e 1994, respecti-
Estas intervenções vêm propiciando acentuada redução de
vamente). No que se refere à mortalidade, enquanto em 1998 ocor-
casos humanos desta doença, cuja letalidade atinge 100%. Assim,
reram 6.029 óbitos (3,7/100.000 habitantes), em 2015 foram regis-
enquanto de 1981 a 1990 foram confirmados em média 76,4 casos
trados 4.543 óbitos (2,2/100.000 habitantes), redução em torno de
por ano (máximo de 139 e mínimo de 39), na década seguinte esta
40%4. Recentemente, o SUS adotou um esquema terapêutico para
média foi de 36,4 (redução de 52,4%) e entre 2001 e 2010 foi de esta doença que inclui a formulação de quatro drogas em uma úni-
14 casos (redução de 81,7%). Entre 2007 e 2010 o número máximo ca cápsula que vem trazendo enormes avanços ao seu controle na
de casos de raiva humana foi 3 e de 2011 a 2017 variou de 0 a 6. medida em que aumentou a adesão dos pacientes ao tratamento,
Observe-se que enquanto no início desta série a maioria dos casos e consequentemente o percentual de cura e a redução das fontes
ocorria em consequência de agressões de cães e gatos domésticos de infecção.
ou errantes (ciclo urbano), nos últimos anos tem sido após agressão
de morcegos, reservatório silvestre do vírus rábico (ciclo aéreo), HIV/Aids
difíceis de serem evitadas por ação do setor saúde. A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que mar-
cou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada letali-
Hanseníase dade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude
Reconhecendo que o Brasil é o segundo país mais endêmico do crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo após
mundo em hanseníase, grandes investimentos foram feitos no seu a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnostica-
controle desde a instalação do SUS. Em 1987, havia cerca de 450 mil dos 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos
doentes no registro ativo do país, com tendência temporal de en- grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalência con-
demia em ascensão. Cerca de 166 mil profissionais de saúde foram tinuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de
capacitados e uma campanha de divulgação sobre sinais e sintomas modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos no-
precoces da doença foi realizada em veículos de comunicação de vos. Embora o número de casos na década seguinte tenha aumen-
massa. Essas ações foram efetivas para evidenciar a endemia ocul- tado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirma-
ta, de modo que a detecção aumentou de 15 mil para 45 mil casos dos em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007 e 2016,
novos, em apenas um ano, possibilitando tratar os doentes que an- houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321,
tes não tinham diagnóstico e/ou acesso aos serviços de saúde. de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média de
O Brasil, entre 1990 e 2016, reduziu em 94,3% a prevalên- 20,7/100.000 habitantes.
cia desta doença, passando de 19,5/10 mil habitantes para 1,1 O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro-
casos/10.000 habitantes. Isso correspondeu a uma redução de virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das
281.605 em tratamento para 22.631 casos. Nesse mesmo perío- iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi-
do, a taxa de detecção geral decresceu 38,7% (de 19,96, em 1990 demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento
para 12,23 p/100.000 habitantes, em 2016). Em relação à taxa de de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de
detecção em menores de 15 anos observa-se uma diminuição de mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram
36,7%, no período de 1994 a 2016, o que corresponde a uma taxa evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já
de detecção de 5,74 para 3,63/100.000 habitantes. Certamente, haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de
a descentralização das ações de vigilância, controle e tratamento DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo
da hanseníase para a rede de atenção básica contribuiu para o de- premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que
lineamento deste novo cenário. Em 2016, 71,1% dos casos novos em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com
(17.935) foram notificados pelos serviços de atenção básica, a at- HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de
enção secundária 19,9% (5.018) dos casos novos e a terciária 9,0% carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos
(2.265). uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850)
A introdução, em 1990, do esquema de associação de medic- estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este
amentos (multidrogaterapia/MDT), com redução progressiva no programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e
tempo de tratamento, foi fator determinante na queda da pre- controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de
valência. Mas, a MDT, em que pese trazer a cura da hanseníase, gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so-
não interrompeu a transmissão da doença, e, consequentemente, rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes);
não houve impacto na taxa de detecção de casos novos. Em parte, inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi-
isso se deve a quebra do paradigma de que paciente de hanseníase cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento
não se reinfectava, pois a decodificação do genoma completo do (CTA), dentre outras.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Esquistossomose mansônica Os dados disponíveis sobre esta doença, até o final dos anos de
Nas últimas três décadas tem havido importante redução nos 1990, referiam-se ao número de lâminas positivas para plasmódio,
indicadores de prevalência de infecção, morbidade e mortalidade não correspondendo portanto a casos novos, conforme passaram
por esquistossomose mansônica, no que pese ainda se encontrar a ser registrados a partir do ano 2000. Assim sendo, não é possível
municípios endêmicos situados nos bolsões de pobreza do Nord- estabelecer comparações entre estes períodos. Entre 2005 e 2012,
este e Sudeste. Mesmo considerando as diferenças metodológicas o número de casos detectados de malária reduziu de 606.069 para
dos inquéritos coproscópicos realizados no Brasil, não se pode igno- 241.806 (queda de 60,1%). Este decréscimo ocorreu em maior in-
rar que no final dos anos de 1940 a prevalência de exames positivos tensidade para a malária pelo P. falciparum (77,2%), responsável
para esquistossomose foi de 9,9%, na segunda metade da década pelas formas mais graves da doença, com consequente diminuição
de 1970 era 6,6% enquanto em 2011-2015 encontrou-se positiv- no número de internações (74,6%) e nos óbitos (54,4%) por esta
idade de 0,99% (população de 7 a 14 anos). O recente inquérito doença21. Este impacto vem sendo obtido por meio da detecção e
nacional permitiu ainda uma estimativa mais precisa do número de tratamento precoce dos portadores, além de medidas que visam à
portadores da infecção em todo o país (2 milhões), muito inferior redução da transmissão pelos vetores (borrifação, uso de telas im-
às estimativas anteriores (superior a 7 milhões, em 2006). O declí- pregnadas por inseticidas, educação comunitária, etc). Assim, uma
nio desta prevalência vem resultando em redução da morbidade melhor efetividade das ações de prevenção e controle da malária
hospitalar, de 2,5/100.000 para 0,08/100.000 habitantes, respecti- vem sendo alcançada nos municípios que possuem boa cobertura
vamente, em 1988 e 2013, especialmente pelas formas digestivas na atenção primária, de forma integrada entre as ESF e os agentes
graves. Da mesma forma, a mortalidade passou de 0,5/100.000 de controle de endemias, permitindo uma detecção e tratamento
habitantes em 1987 para 0,2 por 100.000 habitantes em 2012 mais oportuno, fundamental para interromper a transmissão. O
Uma redução mais sustentável na transmissão da esquistosso- SUS ainda precisa enfrentar alguns desafios para alcançar a elimi-
mose depende da melhoria das condições de saneamento das pop- nação da malária, conforme estabelecido nas metas para os Obje-
ulações expostas ao risco de ser infectado, além das intervenções tivos do Desenvolvimento Sustentável.
estritas ao setor saúde. No âmbito da saúde, vem sendo desenvolvi-
da pela Fiocruz uma vacina contra a esquistossomose que se encon- Arboviroses emergentes e reemergentes
tra em fase II de estudos clínicos. O SUS, por meio das Secretarias Dentre as doenças emergentes e reemergentes, as arboviroses
Municipais de Saúde, desenvolve ações de educação comunitária e transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (principalmente Ae-
detecção de casos mediante realização de inquéritos coproscópicos e des aegypti) têm se caracterizado por persistirem como impor-
tratamento dos portadores visando controlar esta doença. A descen- tantes problemas de saúde pública, devido à produção de repetidas
tralização dessas atividades de controle, que até 1999 eram realizadas epidemias de grande magnitude, em várias regiões do mundo. Den-
pela Fundação Nacional de Saúde, ampliou a abrangência deste pro- gue, é um dos exemplos mais emblemáticos neste grupo de viroses,
grama que passou a contar com a participação dos agentes de endem- pois modificou a tendência de decréscimo da morbidade por DT.
ias, agentes comunitários de saúde e profissionais da Estratégia Saúde Estima-se que a cada ano o vírus do dengue (DENV) produz cerca
da Família (ESF), permitindo sua sustentabilidade e alcance do impacto de 390 milhões de infecções em 128 países e aproximadamente 96
que vem apresentando sobre os indicadores de morbimortalidade. milhões de indivíduos apresentam manifestações clínicas, de maior
ou menor gravidade.
Doença de Chagas No Brasil, o DENV1 reemergiu na década de 1980 e, desde en-
O programa de eliminação da transmissão vetorial da Doença tão, tem sido responsável por sucessivas epidemias produzidas pe-
de Chagas do Brasil obteve, em 2006, o certificado de eliminação los seus 4 sorotipos. Atualmente, 90% dos municípios brasileiros es-
do T. Infestans, principal vetor intradomiciliar desta protozoose, tão infestados pelo Ae. aegypti favorecendo a intensa circulação do
que resultou em drástica redução de novas infecções pelo T. cruzi DENV, e a emergência dos vírus chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV).
em humanos. De fato, inquérito sorológico nacional realizado en- Apesar dos esforços empreendidos para o controle deste vetor, não
tre 1975 e 1980, revelou que 4,2% dos brasileiros residentes nas áreas se tem alcançado êxito, tanto no Brasil como em outros países das
rurais consideradas de transmissão natural do T. cruzi encontravam-se Américas e de outras regiões do mundo. Uma vacina tetravalente
infectados por este protozoário. Um segundo inquérito nacional, con- foi licenciada, contudo ao ser utilizada em populações observou-se
duzido de 2001 a 2008, evidenciou soroprevalência de 0,03% em cri- aumento do risco de hospitalizações por dengue, nos indivíduos que
anças menores de cinco anos, também residentes em área rural, sendo nunca haviam sido infectados previamente pelo DENV selvagem,
que 0,02% delas eram filhos de mães também positivas, indicando que razão pela qual a OMS contraindicou o uso desta vacina para os
a maioria das infecções havia sido por transmissão congênita. indivíduos naives. Assim, até o momento, não se dispõe de drogas
A mortalidade pela forma crônica desta protozoose vem antivirais nem vacinas, seguras e eficazes, para nenhuma destas
declinando ao longo das duas últimas décadas. No Brasil, o T. in- viroses. A vigilância e o controle têm efetividade muito limitada,
festans não é o único vetor do T. cruzi, e assim em algumas áreas, na medida em que se restringe ao controle vetorial, centrado em
principalmente na Amazônia Legal, ainda ocorrem casos de trans- produtos químicos e eliminação de potenciais criadouros larvários.
missão natural por triatomíneos extradomiciliares. A transmissão Embora promissoras, as novas tecnologias que vêm sendo testadas,
por transfusão sanguínea também está interrompida, no entanto reduzem os níveis de infestação do A. aegypti, contudo, ainda não
atualmente tem ocorrido surtos esporádicos de doença de Chagas há comprovação de que sejam eficazes e efetivas para impedir a
aguda, em consequência da transmissão por alimentos contamina- emergência e/ou o risco de transmissão dos arbovírus de interesse.
dos, tais como caldo de cana e açaí. A dengue, a chikungunya e a Zika vêm influenciando o perfil
de morbidade das DT no Brasil, modificando a trajetória de declí-
Malária nio que este grupo de doenças vinha apresentando desde 1987. A
No Brasil, a malária é causada pelo Plasmodium vivax, o Plas- introdução do DENV1, em 1986, no Rio de Janeiro e a seguir sua
modium falciparum e o Plasmodium malariae, sendo os dois primei- disseminação para outras áreas metropolitanas do país, produziu
ros de importância epidemiológica. Esta protozoose é endêmica na 47.370 casos (35,3/100.000 habitantes) desta doença, contribuindo
região da Amazônia, abrangendo 808 municípios, onde são detec- com 15,1% das notificações de um conjunto de 12 importantes DT
tados aproximadamente 95% dos casos do país. de notificação compulsória e, no ano seguinte, esta proporção al-
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cançou 46,7% (65,4/100.000 habitantes). Os anos de 1990 despon- Febre amarela
taram com a emergência do DENV2 e, a partir de 1994, a circulação Poucos casos de febre amarela silvestre (FAS)vinham sendo
deste sorotipo e do DENV1 foi produzindo epidemias de grande confirmados no Brasil desde a década de 1980. Há cada ciclo de cin-
magnitude em inúmeros centros urbanos brasileiros, de modo que co a sete anos se observava epidemias com transmissão na área ep-
ao final daquela década quase 1,5 milhões de casos de dengue fo- izoótica, inclusive em 1999/2000 (76 e 85 casos, respectivamente) e
ram registrados. Só em 1998, ano da maior epidemia desse perío- 2008/2009 (46 e 47 casos, respectivamente) casos humanos foram
do, o número de casos de dengue foi mais de três vezes superior confirmados em espaços urbanos, muito embora o ciclo de trans-
(352,4/100.000 habitantes) à do conjunto de 12 DT (105,0/100.000 missão tenha sido silvestre. Contudo, em 2017, ocorreu uma epi-
habitantes). Esta situação foi se agravando no decorrer do século demia de grande magnitude, quando foram confirmados 776 casos
XXI, pois além das epidemias, passou a ocorrer centenas de casos humanos e observou-se grande expansão da área de transmissão
da Febre Hemorrágica do Dengue/FHD de elevada letalidade, logo desta virose, com ocorrências em várias áreas urbanas. Em 2018,
após a introdução do DENV3. Por exemplo, em 2002 a incidência de vem sendo confirmados casos de FAS nas mesmas áreas. As razões
dengue alcançou 401,6/100.000 habitantes e foram diagnosticados para esta expansão ainda são desconhecidas, porém este evento
2608 casos de FHD e 121 óbitos. Em 2010, o DENV4 também passou vem impondo a realização de campanhas em massa de vacinação
a circular intensamente, e assim se estabeleceu a cocirculação dos contra a febre amarela das populações de grandes centros urbanos
quatro sorotipos, e a incidência vem se mantendo em patamares el- a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, com utilização,
evados, destacando-se que não tem havido períodos com decrésci- pela primeira vez no país, de dose fracionada da vacina.
mo de incidência conforme era observado nas décadas anteriores

Com a emergência de mais dois arbovírus transmitidos pelo Ae. SAÚDE DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DA MULHER, DO
aegypti, o CHIKV em 2014 e o ZIKV, identificado laboratorialmente ADULTO E IDOSO
em 2015 (embora haja evidências de que já estava circulando an-
teriormente), houve agravamento do quadro epidemiológico do
país. A Zika era considerada uma doença branda, autolimitada, sem Saúde da Criança e Adolescente
complicações associadas. Contudo, após circulação intensa do ZIKV A população adolescente e jovem vive uma condição social que
em cidades do Nordeste brasileiro, uma epidemia inesperada de é única: uma mesma geração, num mesmo momento social, econô-
microcefalia, posteriormente identificada como uma síndrome cau- mico, político e cultural do seu país e do mundo. Ou seja, a modali-
sada pela transmissão vertical deste agente, vitimou milhares de dade de ser adolescente e jovem depende da idade, da geração, da
crianças. Esta Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacional e moratória vital, da classe social e dos marcos institucionais e de gê-
Internacional foi seguida de investigação e resposta oportuna, que nero presentes em dado contexto histórico e cultural (MARGULIS;
mobilizou profissionais e dirigentes das três esferas de gestão do URRESTI, 1996; ABRAMO, 2005). Nesse sentido, a atenção integral
SUS. No que pese as medidas vigilância e controle do vetor terem à saúde dos adolescentes e jovens apresenta-se como um desafio,
sido prontamente desenvolvidas, mais de 3000 casos de Síndrome por tratar-se de um grupo social em fase de grandes e importan-
Congênita do Zika já foram confirmados desde então. Protocolos e tes transformações psicobiológicas articuladas a um envolvimen-
serviços de atenção especial à saúde das crianças acometidas foram to social e ao redimensionamento da sua identidade e dos novos
implementadas pelo SUS, desde o início da detecção desta epidem- papéis sociais que vão assumindo (AYRES; FRANÇA JÚNIOR, 1996).
ia. Os primeiros casos de chikungunya foram detectados simultan- Os universos plurais e múltiplos que representam adolescentes e
eamente na Bahia e Amapá, e desde então, houve expansão desta jovens intervêm diretamente no modo como eles traçam as suas
doença para muitos municípios do país, especialmente da região trajetórias de vida. Essas trajetórias bem-sucedidas ou fracassadas
Nordeste. Embora apresente, nas formas leves, sintomas semelhan- são mais que histórias de vida, são “reflexo das estruturas e dos
tes ao da dengue, a maior relevância desta doença se dá pelas man- processos sociais” que ocorrem de maneira imprevisível, vulnerável
ifestações clínicas persistentes na fase crônica (que pode acometer e incerta e que vão interferindo no cuidado com a vida e com a
até metade dos pacientes), principalmente com comprometimento suas demandas de saúde (LEÓN, 2005, p. 17). Tendo essas questões
das articulações que interfere negativamente na qualidade de vida no nosso horizonte, a ênfase dada às discussões produzidas nesse
dos pacientes. Ademais ocorrem formas atípicas e graves com com- documento focará no grupo populacional denominado de Adoles-
prometimento do sistema nervoso. As manifestações atípicas e a cências, que vive o ciclo etário entre os 10 a 19 anos. Portanto, as
presença de doenças concorrentes, especialmente em idosos, tem diferenças e as multiplicidades existentes nesta população devem
sido relacionada a uma maior letalidade da Chikungunya no Brasil. ser orientação para a acolhida, o cuidado e a atenção integral aos
A partir de 2014, os dados epidemiológicos destas três arbo- adolescentes que acessam a atenção básica na política pública de
viroses registrados no Brasil, são de difícil interpretação dado que saúde.
incialmente chikungunya e Zika não foram incluídas no sistema de O art. 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o
notificação universal e, como as mesmas apresentam característi- atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por in-
cas clínicas na fase aguda muito semelhantes ao dengue, parte dos termédio do Sistema Único de Saúde, garantindo o acesso universal
casos foram notificados como esta enfermidade. Em vista disso, no e igualitário às ações e aos serviços para promoção, proteção e re-
Gráfico 2 a incidência foi calculada para o conjunto das notificações cuperação da saúde. A partir da atenção integral à saúde pode-se
destas três doenças. Observe-se, que em 2016, a incidência do con- intervir de forma satisfatória na implementação de um elenco de
junto das três arboviroses foi de 1016,4/100.000 habitantes, rep- direitos, aperfeiçoando as políticas de atenção a essa população.
resentando 24 vezes o valor deste indicador para o conjunto das Uma estratégia de sucesso tem sido a utilização da Caderneta de
demais 12 DT analisadas. Ou seja, fica evidente que a baixa efe- Saúde de Adolescente, masculina e feminina, que contém informa-
tividade ou inexistência de instrumentos de prevenção para estas ções a respeito do crescimento e desenvolvimento, da alimentação
arboviroses, impede a manutenção das DT sob controle. saudável, da prevenção de violências e promoção da cultura de paz,
da saúde bucal e da saúde sexual e saúde reprodutiva desse gru-
po populacional. Traz ainda método e espaço para o registro an-
tropométrico e dos estágios de maturação sexual, das intervenções
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odontológicas e o calendário vacinal. Profissionais de saúde, educa- seu potencial de energia em atividades comunitárias que propiciem
dores, familiares e os próprios adolescentes encontram nesse ins- autoconhecimento e altruísmo. Devem-se criar oportunidades de
trumento um facilitador para a abordagem dos temas de interesse esporte, lazer e cultura. Usar os espaços físicos disponíveis, para
das pessoas jovens e que são, ao mesmo tempo, importantes para que eles não sejam apenas expectadores, mas também atores.
a promoção da saúde e do autocuidado. Os profissionais de saúde Isso pode ser feito dentro do plano de aula escolar ou apenas
devem usar a Caderneta como instrumento de apoio à consulta, usando o espaço da escola, do clube e praças em horário extracurri-
registrando os dados relevantes para o acompanhamento dos ado- cular. Para incentivar os adolescentes e jovens a participar das ativi-
lescentes na Atenção Básica. dades de promoção de saúde, é interessante a organização de gin-
Entre as forças que podem participar da rede de apoio das canas, competições e jogos cujos desafios principais sejam a ênfase
famílias, crianças e adolescentes tem fundamental importância a na ecologia, alimentação natural, saúde, valores éticos e morais.
Rede de Atenção Primária em Saúde. Outra proposta seria a promoção de eventos festivos de acordo com
Em situações de conflito no ambiente familiar, escolar e, até a cultura local, desenvolvendo temas sugeridos pelo público-alvo,
mesmo, comunitário (outros níveis de atenção à saúde, conselhos bem como a criação de oficinas terapêuticas, onde o adolescente
tutelares, vara da infância e da adolescência etc.), a rede de atenção possa criar vídeos, jornais, arte por intermédio da informática, mo-
básica quase sempre é a primeira porta de entrada para a busca delagem, escultura, música, dança, desenhos, dramatizações, en-
de uma compreensão, seja do comportamento, de um sintoma ou tre outras. Estar atento ao que eles hoje valorizam e apoiá-los em
de uma necessidade de orientação específica (anticoncepção, uso suas iniciativas. Ademais, é importante incentivar a construção de
de substância psicoativa, violência doméstica ou sexual etc.). Nem um projeto de vida próximo de seus ideais; orientar sobre a busca
sempre é o(a) adolescente que procura a Unidade Básica de Saúde. de oportunidades de emprego e promover o resgate da cidadania,
Com muita frequência, a família é a primeira a demandar atenção. onde o conceito de adolescer não seja entendido como aborrecer,
Em outras situações, são as escolas e os órgãos de proteção mas respeitá-los e fazer que se respeitem. Em suma, trabalhar essas
da criança e do adolescente, ou até mesmo agentes de saúde, que questões na atenção à saúde dos adolescentes e jovens difere da
encaminham a demanda. O primeiro desafio para a Atenção Básica assistência clínica individual e da simples informação ou repressão.
ir além da demanda referenciada é o trabalho interno com a equi- O modelo a ser desenvolvido deve permitir uma discussão sobre
pe, conscientizando que o acolhimento de adolescentes e jovens é as razões da adoção de um comportamento preventivo e o desen-
tarefa de todos os profissionais: da recepção à dispensação de me- volvimento de habilidades que permitam a resistência às pressões
dicamentos, do agente comunitário de saúde ao técnico de Enfer- externas, a expressão de sentimentos, as opiniões, as dúvidas, as
magem, do dentista aos demais profissionais de saúde com forma- inseguranças, os medos e os preconceitos. A proposta é reforçar as
ção universitária. À gerência destes serviços, cabe o planejamento condições internas de cada sujeito para o enfrentamento e resolu-
com a equipe e o acompanhamento das ações ofertadas, da gestão ção de problemas e dificuldades do dia a dia
do cuidado ofertado e da articulação da linha de cuidado interna
e externa na Rede de Atenção à Saúde e na rede intersetorial de Vulnerabilidade
assistência. O conjunto de forças psicológicas e biológicas exigidas para que
Destaca-se que a assistência ao adolescente começa na assis- uma pessoa, ou um grupo de pessoas, supere com sucesso seus
tência à criança e sua família. É no atendimento desta faixa etária percalços, situações adversas ou situações estressantes, que mo-
que podemos detectar e problematizar questões como: o estilo dificam muito a vida das pessoas, tem sido chamado de resiliência.
parental de cuidado, o monitoramento do desenvolvimento e do Esta palavra foi emprestada da Física para a Psicologia em meados
cuidado tanto no período escolar como no período complementar, dos anos 70. Na década de 90, passa a integrar o discurso da Saú-
os serviços e órgãos de apoio de outros setores e as situações de es- de Coletiva e da Assistência Social. Na Física e na Engenharia de
tresse e adversidades que podem comprometer o desenvolvimento materiais, significa uma propriedade da matéria pela qual a ener-
etc. gia armazenada em um corpo deformado por um impacto seja de-
Além do atendimento de todas as referidas demandas, o traba- volvida quando cessa a tensão causadora, possibilitando ao corpo
lho com as escolas e com a rede de assistência social é fundamental readquirir sua forma inicial sem desestruturar-se. Frederick Flach,
para ampliar a procura direta do adolescente pelo serviço de Aten- psiquiatra norte-americano, estudioso dos mecanismos de produ-
ção Básica. ção e superação do estresse, passa a empregar o termo resiliência
Parcerias em projetos de Educação e Saúde nas escolas, como com o significado acima em suas investigações nos anos 70. Suas
proposto pelo Programa de Saúde na Escola do Ministério da Saúde pesquisas partiram da observação de que as pessoas superam ad-
(PSE/MS), qualificação das reuniões intersetoriais para acompanha- versidades semelhantes de forma muito diferente. Passou então a
mento de situações de maior vulnerabilidade e parcerias com pro- tentar identificar quais seriam as forças internas que aqueles que
jetos de Secretarias de Cultura, Esporte e Lazer dos municípios são superavam suas adversidades, sem prejuízos significativos para sua
fundamentais neste sentido. A oferta de grupos de encontro para personalidade, tinham e que não eram identificadas nas pessoas
adolescentes e familiares que cuidam de adolescentes e jovens é que não conseguiam superar satisfatoriamente eventos semelhan-
uma boa estratégia que deve ser estimulada pelos profissionais de tes.
saúde e entrar no rol de ações ofertadas no planejamento à atenção Identificou uma série de características na personalidade resi-
a adolescentes e jovens. Além disso, a leitura de vulnerabilidade e liente que são significativas:
resiliência, como proposto em capítulo específico deste documen- • Criatividade, reconhecimento e desenvolvimento de seus
to, também deve ser uma prática constante, que propiciaria a iden- próprios talentos.
tificação das situações que merecerão maior atenção e projetos te- • Um forte e flexível sentido de autoestima.
rapêuticos singulares e familiares para complementar a assistência • Independência de pensamento e ação.
prestada. • A habilidade de dar e receber nas relações com os outros, e
Promoção de saúde e prevenção de agravos É importante dar um bem estabelecido círculo de amigos pessoais, que inclua alguns
ao jovem a oportunidade dele fazer por ele mesmo. Desenvolver o amigos mais íntimos e que podem ser seus confidentes.
protagonismo juvenil engajando-o em projetos que ele mesmo crie, • Disciplina pessoal e um sentido de responsabilidade.
assuma e administre. Dar-lhe autonomia, apoio e aprovação. Usar
• Receptividade a novas ideias
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• Disposição para sonhar e grande variedade de interesses. • Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponde-
• Senso de humor alegre. ral e estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações
• Percepção de seus sentimentos e dos sentimentos dos outros puberais.
e capacidade de comunicá-los de forma adequada. • Modificação da composição e proporção corporal, como re-
• Compromisso com a vida e um contexto filosófico no qual as sultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do
experiências pessoais possam ser interpretadas com significados e tecido adiposo.
esperança, até mesmo nos momentos mais desalentadores da vida. • Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com
Seria impossível esperar de uma pessoa todas estas características ênfase no circulatório e respiratório.
de personalidade. Ninguém é perfeito e muito menos invulnerável. • Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais se-
No entanto, uma composição dessas características é fundamen- cundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner
tal para se perseverar na existência. Em alguma intensidade, essas (1962). Desenvolvimento C
características estão presentes em todos, não de forma inata, mas
podendo ser desenvolvidas em maior ou menor intensidade na in- Crescimento
teração das pessoas umas com as outras. Esta interação inicia-se, O crescimento estatural é um processo dinâmico de evolução
na maioria das vezes, no interior da família, prossegue na escola, da altura de um indivíduo em função do tempo. Por isto, é somente
depois no trabalho, na comunidade etc. Ou seja, podem-se identi- por intermédio de repetidas determinações da estatura, realizada
ficar, também, elementos de resiliência nas instituições humanas. em intervalos regulares (em média a cada seis meses), e inscritas
E, se estivermos atentos na identificação destes elementos, iremos em gráficos padronizados, que se pode avaliar adequadamente o
detectar padrões diferentes de resiliência nas famílias, nas institui- crescimento. A velocidade do crescimento, assim obtida, constitui
ções, nas organizações e na comunidade. Mangham e colaborado- um indicador importante de normalidade, que ajuda o profissional
res (1996) identificam como elementos chaves da resiliência fami- de saúde a esclarecer o diagnóstico de qualquer transtorno. As ve-
liar, de equipes e de outros arranjos grupais: locidades de crescimento da criança e do adolescente normais têm
• Estabilidade: entendida como resistência à ruptura interna e um padrão linear previsível. Durante a puberdade, o adolescente
senso de permanência. cresce um total de 10 a 30 cm (média de 20 cm). A média de velo-
cidade de crescimento máxima durante a puberdade é cerca de 10
• Coesão: senso de afeto mútuo, companheirismo e segurança.
cm/ano para o sexo masculino e 9 cm/ano para o sexo feminino.
• Adaptabilidade: habilidade coletiva para adaptar-se às mu-
A velocidade máxima de crescimento em altura ocorre, em média,
danças e continuar funcionando a despeito de condições adversas.
entre 13 e 14 anos no sexo masculino e 11 e 12 anos no sexo femi-
• Repertório de estratégias e atitudes para superar situações
nino. Atingida a velocidade máxima de crescimento, segue-se uma
estressantes.
gradual desaceleração até a parada de crescimento, com duração
• Redes de suporte para estender as capacidades da família ou
em torno de 3 a 4 anos. Após a menarca, as meninas crescem, no
dos grupos por meio de outros familiares, amigos, vizinhos, compa-
máximo, de 5 a 7 cm. As curvas de crescimento individual seguem
nheiros de trabalho, outros grupos etc.
um determinado percentil desenhado no gráfico de crescimento. É
importante salientar que, tanto na infância quanto na adolescência,
Durante o processo de atendimento, a equipe pode ir cons- podem ocorrer variações no padrão de velocidade de crescimen-
truindo com o(a) adolescente uma leitura de sua resiliência e de to, ocasionando mudanças de percentil de crescimento, mas nem
sua vulnerabilidade, que poderá propiciar estratégias de cuidado sempre refletem uma condição patológica. De um modo geral, o
singularizadas. Daí a importância de se conhecer as demais políticas adolescente termina o seu desenvolvimento físico com cerca de
desenvolvidas para adolescentes e jovens pela Educação, Assistên- 20% da estatura final do adulto em um período de 18 a 36 meses.
cia Social, Cultura, Esportes, Conselho de Direitos etc. 42 Proteger e A evolução do peso segue uma curva semelhante à da altura. Na
cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica . puberdade, a velocidade de crescimento ponderal acompanha a do
crescimento em altura, com a incorporação final de 50% do peso
Crescimento e Desenvolvimento do adulto.
A adolescência é marcada por um complexo processo de cres-
cimento e desenvolvimento biopsicossocial. Embora já mencionado Idade óssea
em outro capítulo deste documento, vale relembrar que, seguindo A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evo-
a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde considera lutivas da maturação óssea, que acompanham a idade cronológica
que a adolescência compreende a segunda década da vida (10 a 20 no processo de crescimento, sendo considerada como um indica-
anos incompletos) e a juventude estende-se dos 15 aos 24 anos. dor da idade biológica. Ela é calculada por meio da comparação de
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente considera adolescência radiografias de punho, de mão e de joelho com padrões definidos
a faixa etária de 12 a 18 anos. Por outro lado, o Estatuto da Juven- de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade óssea
tude preconiza que os jovens estão entre 15 a 29 anos. Os grupos pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, con-
etários são explicados pelos diferentes parâmetros usados na sua siderando a sua relação com a idade cronológica.
concepção, como por exemplo, o crescimento e desenvolvimento,
as questões sociais e econômicas e aquelas relacionadas à inimpu- Composição e proporção corporal
tabilidade penal. O importante é que essas faixas etárias estejam Todos os órgãos do corpo participam do processo de cresci-
representadas nos sistemas de informação para que cada setor pos- mento da puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura
sa ter dados confiáveis sobre esse grupo populacional. subcutânea que apresentam um decréscimo absoluto ou relativo.
Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a puberdade, sendo
Desenvolvimento físico que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com o
O termo puberdade deriva do latim pubertate e significa idade pico de velocidade do crescimento.
fértil; a palavra pubis (lat.) é traduzida como pelo, penugem. A pu-
berdade expressa o conjunto de transformações somáticas da ado-
lescência, que, entre outras, englobam:
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Desenvolvimento muscular: Na puberdade, chama atenção a Critérios de Tanner para classificação dos estágios da puberda-
hipertrofia e a hiperplasia de células musculares, mais evidentes de masculina
nos meninos. Este fato justifica a maior força muscular no sexo
masculino. Medula óssea: Durante a puberdade, ocorre uma dimi- Sexo feminino
nuição da cavidade da medula óssea, mais acentuada nas meninas Os hormônios folículo-estimulante e luteinizante (FSH e LH)
Este acontecimento explica um volume final maior da cavidade atuam sobre o ovário e iniciam a produção hormonal de estróge-
medular para os meninos, que somado à estimulação da eritropoe- no e progesterona, responsáveis pelas transformações puberais
tina pela testosterona pode representar, para o sexo masculino, um na menina. A primeira manifestação de puberdade na menina é o
número maior de células vermelhas, maior concentração de hemo- surgimento do broto mamário. É seguido do crescimento dos pelos
globina e ferro sérico. pubianos e pelo estirão puberal. A menarca acontece cerca de um
ano após o máximo de velocidade de crescimento, coincidindo com
Sequência do crescimento a fase de sua desaceleração. A ocorrência da menarca não significa
O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma que a adolescente tenha atingido o estágio de função reprodutora
ordem invariável que vai das extremidades para o tronco. Os di- completa, pois os ciclos iniciais podem ser anovulatórios. Por outro
âmetros biacromial e biilíaco também apresentam variações de lado, é possível acontecer também a gravidez antes da menarca,
crescimento durante a puberdade, sendo que o biacromial cresce com um primeiro ciclo ovulatório.
com maior intensidade no sexo masculino. Nas meninas, observa- Critérios de Tanner para classificação da puberdade feminina
-se também um alargamento da pelve. Os pelos axilares aparecem, Pelos pubianos A evolução da distribuição de pelos pubianos é se-
em média, dois anos após os pelos pubianos. O pelo facial, no sexo melhante nos dois sexos, de acordo com as alterações progressivas
masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar. relativas à forma, espessura e pigmentação.
O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em algumas
situações, às primeiras manifestações puberais. Durante a puber- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_
dade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cordas vocais adolescentes_atencao_basica.pdf
tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A este mo-
mento, mais marcante nos meninos do que nas meninas, chama- SAÚDE DA MULHER
mos de muda vocal. Na maioria dos indivíduos a mudança completa
da voz se estabelece em um prazo de aproximadamente seis meses. Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
O crescimento dos pelos da face indica o final deste processo, quan- Mulher
do a muda vocal deve estar completa. Adolescentes com uma alte- – O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado
ração na voz, que persista por mais de 15 dias, a Equipe de Saúde da para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que
Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da po-
que dispõe de um profissional fonoaudiólogo para realizar uma in- pulação feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse
terconsulta ou uma avaliação multidisciplinar entre os profissionais grupo e a garantia do direito à saúde.
visando solucionar o problema em questão. É de suma importância – A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mu-
que o profissional de saúde saiba orientar os adolescentes quanto a lheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades
comportamentos nocivos a sua saúde, como o uso de tabaco. das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais
(mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais,
Maturação sexual residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidi-
A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos árias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
ainda não plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotála- – A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde
mo-hipofisário-gonadal. Em fase inicial da puberdade, o córtex ce- da mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e
rebral transmite estímulos para receptores hipotalâmicos, que, por de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as
meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise anterior a fronteiras da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcan-
secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea. çar todos os aspectos da saúde da mulher.
– A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer
Sexo masculino uma dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou
As gonadotrofinas, ou seja, os hormônios folículo-estimulante demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
e luteinizante (FSH e LH) atuam aumentando os testículos. Os tú- – As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas
bulos seminíferos passam a ter luz e promover a proliferação das em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação
das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja
células intersticiais de Leydig, que liberam a testosterona e elevam
no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com
os seus níveis séricos. Esses eventos determinam o aumento simé-
outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a
trico (simultâneo e semelhante) do volume testicular, que passa
justiça, trabalho, previdência social e educação.
a ter dimensões maiores que 4 cm3 , constituindo-se na primeira
– A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto
manifestação da puberdade masculina. Segue-se o crescimento de
de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saú-
pelos pubianos, o desenvolvimento do pênis em comprimento e di-
de, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica
âmetro, o aparecimento de pelos axilares e faciais e o estirão puber-
à alta complexidade).
tário. O tamanho testicular é critério importante para a avaliação – O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis
das gônadas e da espermatogênese, que costuma ocorrer, mais fre- de atenção à saúde, no contexto da descentralização, hierarquiza-
quentemente, no estágio 4 de Tanner. Avaliase o volume testicular ção e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos
de forma empírica ou utilizando-se o orquímetro e orquidômetro três níveis gestores, de acordo com as competências de cada um,
de Prader. Estes instrumentos contêm elipsoides de volumes cres- garantir as condições para a execução da Política de Atenção à Saú-
centes de 1 ml a 25 ml. O tamanho testicular adulto situa-se entre de da Mulher.
12 ml e 25 ml.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
– A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendi- – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica
mento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contex- na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên-
to de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e
assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto su- adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde:
jeito capaz e responsável por suas escolhas. – ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in-
– A atenção integral à saúde da mulher implica, para os pres- cluindo a assistência à infertilidade;
tadores de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas – garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu-
singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais, lação em idade reprodutiva;
de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nor- – ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op-
tear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de ções de métodos anticoncepcionais;
qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. – estimular a participação e inclusão de homens e adolescen-
Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibiliza- tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté-
ção e capacitação para humanização das práticas em saúde. trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles-
humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamen- centes:
tos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter – construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional
da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informa- pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a
ção das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saú- assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios;
de, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu -organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal,
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das de- garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de
mandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con-
o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de
interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/
ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares. ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
de Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a abortamento;
participação da sociedade civil organizada, em particular do movi- – apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de
mento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição téc- ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
nica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na im- mortalidade materna
plementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, es- -Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
tadual e municipal requer de violência doméstica e sexual:
– cabendo, portanto, às instâncias gestoras – melhorar e qualificar – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa-
os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas de saúde da ção de violência sexual e doméstica;
mulher e sobre os instrumentos de gestão e regulação do SUS. – articular a atenção à mulher em situação de violência com
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactua- ações de prevenção de DST/aids
da entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais – promover ações preventivas em relação à violência domés-
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes re- tica e sexual.
alidades regionais.
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o
das mulheres deverão ser executadas de forma articulada com se- controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
tores governamentais e não-governamentais; condição básica para HIV/aids na população feminina:
a configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a ob- – prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
tenção dos resultados esperados. – ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo
com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula-
Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à ção feminina:
Saúde da Mulher – organizar em municípios pólos de microrregiões redes de re-
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mu- ferência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de
lheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente cons- câncer de colo uterino e de mama;
tituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, – garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia;
brasileiro. – oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femi- no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico
nina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ci- de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer invasor.
clos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob
de qualquer espécie. o enfoque de gênero:
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da – melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de
mulher no Sistema Único de Saúde. transtornos mentais no SUS;
– qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir o
Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de Aten- enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de
ção Integral à Saúde da Mulher transtornos mentais e promover a integração com setores não-go-
Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive vernamentais, fomentando sua participação nas definições da polí-
para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST: tica de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais. Im-
– fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; plantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério:
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
– ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli- Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu-
matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação.
terceira idade:
– incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles
mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto-
a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso -observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente no
no SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra: organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portanto,
ajudam a identificar o período fértil.
– melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro- Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis,
fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes
(PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo.
fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte A determinação do período fértil baseia-se em três princípios
racial/étnico nas ações de saúde ; científicos, a saber:
-estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima mens-
mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona- truação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para me-
dos à saúde da população negra. nos);
O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas;
Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem
cidade: capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas.
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba- Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde,
lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; são:
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saúde. a) Método de Ogino-Knaus
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in- mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias
dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle própria tabela.
de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formulação
nessa população: de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas por
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidi- qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e con-
árias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e sequente descrédito no método, o que persiste até os dias de hoje.
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu- Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, anotan-
lheres: do em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo menstrual
– promover a integração com o movimento de mulheres femi- começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da mens-
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde truação seguinte, quando se inicia um novo ciclo.
da mulher, no âmbito do SUS; A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem os
ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo me-
Assistência aos Casais Férteis nos, os seis últimos ciclos.
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul-
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu- Como identificar se os ciclos são regulares ou não?
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci- Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los,
dos pelas instituições. anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me-
Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter- nor dos ciclos.
nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual
apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados
que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní- irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além
veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade
de ovulação. menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves-
Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre- tigado e tratado.
cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são
aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza- considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela.
ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo
e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil?
mínimas.
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início
Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo-
do período fértil.
gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres em
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia
relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de maternidade, a
do período fértil.
forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não apenas de
Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa-
reprodução foram fatores que incentivaram o abandono e o descrédito
do aleitamento como método capaz de controlar a fertilidade. nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela-
Outro método é o coito interrompido, sendo também uma ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro
maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais
pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho- neste período.
mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do
sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Recomendações Importantes: Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode-se
O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual po-
com os cálculos e anotações. derá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da
Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais que
anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste período.
tamanho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil, Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a
bem como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregu- tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo,
laridade menstrual que contraindique a continuidade do uso do com exceção do contraceptivo hormonal.
método. A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tempe-
Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual ratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mudan-
ao dia do mês. ça no horário de verificação da temperatura; perturbações do sono
Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a temperatu-
mulher não serve para outra. ra; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas.
No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as Esse método é contraindicado em casos de irregularidades
anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exceção menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono
da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos. irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno).
Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso Assim como no método do calendário, para a construção do
desse método. gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con-
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em
a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessárias, especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a
até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à unida- partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno
de dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses. da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início do
uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais.
b) Método da Temperatura Basal Corporal
É o método que permite identificar o período fértil por meio c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings
das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens- É o método que indica o período fértil por meio das caracterís-
trual, com o corpo em repouso. ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada
Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma- na vulva.
nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor- O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como
po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona, função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco
que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei- produzida pode oscilar ao longo dos ciclos
ramente e permanece assim até a próxima menstruação. Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do
muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou
Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura? ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no
A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar canal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico,
a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois antes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes- presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal.
mo termômetro. Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma
A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase,
boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada geralmente é opaco e pegajoso.
em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi- Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui-
nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e
para que não haja alteração do gráfico de temperatura. lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio.
Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia, Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele-
deve recomeçar no próximo ciclo. vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais,
Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua- com penetração, pois há risco de gravidez.
driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem- O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período
peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os para ter relações sexuais.
pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici-
2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante. dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima
Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só
da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos
ovulação. 48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer.
O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A diferen- Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona,
ça de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as três o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo
temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a temperatura que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco
se manterá alta até a época da próxima menstruação. pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se-
O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for observa- cura no canal vaginal.
da a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o casal deve No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de infer-
abster-se de relações sexuais, com penetração, durante toda a primeira tilidade.
fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura elevada. As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que
aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do
muco elástico.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, fa- Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza-
zendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes,
importante anotar as características do muco e os dias de relações geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em
sexuais. associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re-
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife- tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica- com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido). ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra,
No período de aprendizagem do método, para identificar os é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com
dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper-
as seguintes recomendações: micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja
Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens- retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra
truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in- ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de-
terfira na avaliação. ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava-
samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O uso
Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e de
dia ápice. alergia ao látex.
É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no
dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de f) Condom feminino ou camisinha feminina
esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco,
vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias. de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí-
É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha de veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada
relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompanhar se- do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en-
manalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, no mínimo, caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado
uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir daí. aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca-
misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina.
d) Método sinto-térmico Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula- tem ação preventiva contra as DST.
ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de deter- Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação
minar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co-
Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tempera- nhecida em outras.
tura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta parâme-
tros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar ovula- g) Espermaticida ou Espermicida
ção, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor abdominal, São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação
variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite, sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o
ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual, dentre ou- canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper-
tros. matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à entra- destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez.
da de espermatozoides no canal cervical. Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos e
espumas.
e) Condom Masculino Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem
Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre- ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci-
servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar- da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio
tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual. de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação
Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta
no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido
contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma,
deve ser estimulado em todas as relações sexuais. quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos,
Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio no
genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia
antes da ejaculação. seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, sen-
Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de do ideal o tempo de 30 minutos para que o agente espermaticida
aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. Deve-se
depositado sem que haja rompimento da camisinha. seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver recomen-
As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de dação de tempos diferentes de um produto para o outro. Os es-
fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito permicidas devem ser colocados de novo, se houver mais de uma
de teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes- ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não ocorrer
mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações dentro do período de segurança garantido pelo espermicida, deve
como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de duchas ou lava-
outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica. gens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso se observe
A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou peniana,
manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po- interromper o uso do espermaticida. Este é contraindicado para
dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien- mulheres que apresentem alto risco gestacional
temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca
fricção, evitando- se assim que o condom se rompa.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
h) Diafragma O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma-
É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe-
convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais cífica a considerar.
espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo
necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a j) DIU (Dispositivo Intrauterino)
medida adequada a cada mulher É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs-
A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan-
sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam situ- do posto dentro da cavidade uterina.
adas entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis. Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é
Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as- o caso dos DIUs medicados com hormônios.
sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que
em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas
do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno
pouco por fora, sobre o anel. possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor-
O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira mônios.
mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca- Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs
par, se deparará com a barreira química, o espermaticida. que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre.
Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posi- O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino.
ção confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in-
uma superfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafrag- flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra-
ma pelas bordas e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími-
formato de um 8. cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun- ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando o
damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no dis-
está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo positivo tem ação espermicida.
o colo do útero. A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes-
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni-
acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma e ca rigorosamente asséptica.
puxá-lo para fora e para baixo. A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser
É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste
aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a
o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar vaginal.
possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente. relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in-
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon- serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com
teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati- a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12
cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma. meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será
O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última anual, com a realização do preventivo.
relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período. O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti-
O período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do ca- ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum
nal vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções. problema.
Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, enxáguar A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do DIU
bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou talco neutro. Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 anos.
Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha, longe do calor e da luz. Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa,
Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par-
gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur- cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem
gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos. visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está
As contraindicações para o uso desse método ocorrem no acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência).
caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele Assistência aos Casais Portadores de Esterilidade e Infertili-
acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas dade
vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pato- A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mulhe-
logias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psíqui- res brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades que
cas graves, que impeçam o uso correto do método. sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam programas
de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento da im-
i) Os contraceptivos hormonais orais portância e complexidade que envolve as questões relativas à este-
Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra- rilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Planeja-
sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro- mento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do Ministério
duzidos pelos ovários da mulher. da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo que o Sistema
Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. Os critérios
deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica, legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter
durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames, capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de
para avaliação da existência de possíveis contraindicações. 25 anos de idade, independente do número de filhos; manifestar,
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por escrito, a vontade de realizar a esterilização, no mínimo 60 dias rência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses
antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a serviço multidis- dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas
ciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e prevenção de físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden-
DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticoncepcionais rever- tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
síveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe-
conjugal. cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego-
a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ- rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante
zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu- lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem
lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co-
encontro do óvulo com o espermatozoide. nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio-
O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização
precoce. Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren-
tes, principalmente, do aumento da progesterona:
Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia, a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta
efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher
quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce- que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re-
sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu- sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu-
sivamente com a finalidade de realizar a esterilização. danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos
A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal. contraceptivos e outros;
Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que contri- b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais
buam para este problema, ambos devem ser investigados. frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e,
pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação normalmente, não persiste após 16 semanas;
intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da
classificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig-
quando nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma-
conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a mas começam a aumentar de tamanho;
ter dificuldades para conseguir uma nova gestação. d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi-
A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra- dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen-
videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez,
gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati- pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a
mortos. função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte-
A infertilidade também pode ser classificada em primária ou ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca
secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca-
gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificuldades em pacidade de armazenamento;
gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados ante- e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para
riormente. descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto,
De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana.
não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi-
dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a). dos com gases intestinais.
A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres- Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma
se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admitir provável gestação:
sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e ou- a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero
tros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher pode e da placenta;
considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado. b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva
Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera
orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa;
da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami- c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo
nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário. na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe-
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en-
Assistência de Enfermagem á Gestante rugadas, amolecidas e embebidas.
Diagnosticando á Gravidez d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina
Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endomé-
fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto trio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hor-
e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mulher, mônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecunda-
possibilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações de ção, podendo ser identificado mediante exame específico;
anormalidades que possam comprometer a saúde da grávida e de e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do
sua criança (embrião ou feto), desde o período gestacional até o examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização
puerpério. de exame ginecológico (toque) ou abdominal;
Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como
ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa-
z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há refe-
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f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in- A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de pro-
dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no- mover a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de
táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresenta-
aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, dos pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento.
podendo ser confundidas com as contrações do parto. Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento
no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi-
a gestação: da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial;
a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó- inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a
pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição,
semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência necessários.
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto; Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mi-
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre- nimizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher,
quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu- seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo,
mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal); em todos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento.
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade Visando promover a compreensão do processo de gestação, infor-
fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação. mações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as
A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que
desses movimentos; as ações educativas devem ser prioridades da equipe de saúde.
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia –
pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro se- Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes
manas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa para serem abordados, desde que adequados às necessidades das
mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia gestantes, são:
apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges- - Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância,
tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres;
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos - Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emo-
já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre cionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como ali-
gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor- mentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas,
reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e
gengival, em vista do aumento da vascularização. sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Siste-
ma de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos
Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade – es-
intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado às clarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evitados
particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos durante a gravidez; preparo para a amamentação;
observar as perversões alimentares decorrentes de carência de mi- Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher;
nerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de ingerir exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre-
barro, gelo ou comidas extravagantes. paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho
Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar de parto, etapas e cuidados;
a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e anali- -Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/
sando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repas- paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da
sando informações que podem indicar mudanças próprias da gravi- criança;
dez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-se -Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do
a referência a algumas medidas terapêuticas. crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita-
mento materno;
Assistência Pré-Natal -Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e
A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da na amamentação – novas condutas e encaminhamentos.
gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as
mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa-
informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como mi- ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui
nimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co- peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi-
nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando cológicas da mulher.
a eles estiver exposta.
O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe O Primeiro Trimestre da Gravidez
a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e an-
com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi- seios em relação às condições sociais. Será que conseguirei criar
ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen- este filho?
tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei
sentimentos. conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que
Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um esta gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha famí-
parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên- lia?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação
cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna no comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido,
e perinatal. ou alteração da autoestima, frente ao corpo modificado.

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Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam Na gestação, a mulher tem garantida a realização de exames
de acompanhamento específico (psicólogo, psiquiatra, assistente laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns são:
social). Segundo o Ministério da Saúde, os exames laboratoriais abai-
Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da ges- xo devem ser solicitados de rotina no pré-natal de baixo risco para
tante através da inscrição no pré-natal, com o preenchimento do todas as gestantes, não fazendo distinção em suas recomendações
cartão, onde são registrados seus dados de identificação e socio- entre a gestante atendida no setor público ou privado (1):
econômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas (peso, - Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. Quando o
altura), sinais vitais e dados da gestação atual. pai é Rh positivo e a mãe é Rh-negativo, deve-se solicitar Coombs
Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto(- indireto na primeira consulta e mensalmente a partir de 24 sema-
DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de sua última menstru- nas. A positivação do teste de Coombs requer manejo em serviço
ação.(DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida. de referência.
Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional, - Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira consulta.
considerando-se ou não o conhecimento da data da última mens- - VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre).
truação. - Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal
(se normal, repetir na 20ª semana).
Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges- - EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na
tante. 30ª semana).
a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a -Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal
partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A (realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é
data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con- negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por-
tada a partir do 1º dia da última menstruação; tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira
b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in-
dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que tervalo de três meses.
ela ocorreu. - HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi-
litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo
Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de
Gestante imunoglobulina e vacina específica.
Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade - Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para
gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul- todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea-
trassonografia. lização.
Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas ges- - Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não
tacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame obs- foi realizado durante o ano precedente.
tétrico detalhado.
Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre
gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante,
feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans-
ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja
contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a
tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período apresentar.
de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade- A enfermagem deve informar acerca da importância de uma
quados cuidados de assepsia. alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi-
Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos,
na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi- castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri-
siotomia ou cesariana. mento do organismo da gestante e na formação do novo ser.
A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o risco
tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT). de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante apresen-
tar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante,
Gestante Vacinada entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mes-
Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas do- mo água e bucha, conforme permitam suas condições financeiras.
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das
ses da vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou DT), deverão ser apli-
mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é
cadas mais uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou,
uma orientação eficaz.
na falta desta, o toxoide tetânico (TT), para se completar o esquema
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias
básico de três doses.
mais comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresen-
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser an-
tar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser
tecipada se, após a aplicação da última dose, ocorrer nova gravidez
realizadas.
em cinco anos ou mais.
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas
O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o sur- são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças
gimento das reações adversas mais comuns, como dor, calor, rubor clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui
e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou rea- ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza-
ções adversas significativas, encaminhar para consulta médica. dos apenas com prescrição.
A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação ana-
filática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal fato mostra a im- a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito
portância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbaliza- comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a dieta
da pela cliente. seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de
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frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis, Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e
bem como a ingestão de líquidos durante as refeições (os quais de- encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen-
vem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola- tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou
chas secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será
com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja, ameniza os perfeito?”).
enjoos. A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po-
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfermei-
de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos; ro ou médico.
b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges- Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard,
tação. pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse momento, o
Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu- auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do
seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao
abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre muito gran-
ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos de, pois confirma-se a geração de uma nova vida.
alimentos; A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di-
c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre- ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas.
quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz
chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam forte, som e outros.
contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus- Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante –
cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome
abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e - a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai
pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações; voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse
d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se sexual por mim?
mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên- Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra-
cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi-
prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nessa pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare-
circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Con- cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima.
trole de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS; A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas,
e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân- a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi-
cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias
caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina), mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar
acompanhada ou não de febre; queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no
f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien-
dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento tações e condutas terapêuticas são de grande importância no senti-
odontológico, sempre que possível. do de minimizar essas dificuldades.
a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando
Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante, frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e
podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são: fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso
-vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o de medicamentos;
vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for- b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli-
mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati- cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal,
te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta-
o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa- ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos).
rampo e da AIDS; Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi-
-bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao
ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal, banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar
aborto e parto prematuro; consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa-
-protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife- rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica);
rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente- em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de
mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto, medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si-
os danos podem ser irreparáveis. tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab-
Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância dos dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar
exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o diagnóstico para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível;
precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência imediata. c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em
fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higi-
O segundo trimestre da gravidez ênico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e
No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro.
de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra- Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per-
videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o
entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a nutricionista;
preparação do enxoval. d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na
gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex-
pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou
ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de-
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cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio
possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou
Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con- ausência de informação.
sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso- Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no
ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru-
cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar, po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento
pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas
respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares
enfermagem imediata; da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti-
e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su- va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com
tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con- a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades
sulta médica ou de enfermagem; nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e
f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe;
e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e confor- além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada dentária, o
táveis. que facilitará, posteriormente, a fala.
A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias
recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e
fazer uso de medicamentos; durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização,
g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con- a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a
flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá- criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca-
rio. nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz
Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios
enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por
e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta- último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior
ção); produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons-
h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito tante de gordura em todas as mamadas).
tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve- Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau-
zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe
nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo,
especial para gestante; soltar o mamilo.
i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec-
no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local, tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que
e evite excesso de exercícios; vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per-
j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co- feito?”).
mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tempo Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges-
variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no tante.
rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escureci- No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis-
mento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma gravídi- temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte-
co, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor
protetor solar e chapéu; capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur-
l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos gem as dificuldades para movimentar-se e dormir.
e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no ab- Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti-
dome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica
início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre
cor semelhante à da pele; os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti-
m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen- no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum
ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe-
exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em
comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando, verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges-
com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres- tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos
siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, alimentos, e não sua quantidade.
no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial).
O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres- Observamos que a frequência urinária aumenta no final da
são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco- gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi-
mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame-
20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não
elástica apropriada. acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso.
O terceiro trimestre da gravidez Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes
Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce- e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero
mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psicoló- sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por
gico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante ob-
servar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando evi-

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tar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro-
lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as
mencionadas. metrossístoles.
Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo- Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira-
vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges-
deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia- tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente
riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto,
uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura
de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar abdominal.
com urgência.
Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas de Risco
de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun- Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de
tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci-
aproxima-se a data provável do parto. dos vivos.
A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam
início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui- por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias
dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a (durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), compli-
mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um pro- cações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se presentes
cesso fisiológico e natural. em todas as regiões, com predominância de incidência em diferen-
A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser tes estados.
orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção
de parto. e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso-
Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofere- ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco
cidas, como: para eclampsia e outras complicações.
-a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de Denomina-se fator de risco aquela característica ou circunstân-
líquido amniótico) pode ou não romper-se; cia que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer dano
-a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: bioló-
cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com gicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; peso
intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de – obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), am-
parto; bientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de esgo-
-no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do tos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência, cober-
parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”) o tura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de formação) e
chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no mo- econômicos (baixa renda).
mento do trabalho de parto; Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira
-a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro- gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou
funda e expiração soprando o ar). tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba-
bilidade de morbimortalidade perinatal.
A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro- Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e
curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada
intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo, ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi-
perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção
de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali- à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim
zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada como bom serviço de parto e pós-parto”.
da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por
superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen- terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia,
ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca. apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan-
Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo
pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”, chamado de gestantes de risco.
caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per- Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional,
manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações. destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta-
Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contu- mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri-
do, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta alterações mento fetal.
(amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto
grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sen- Abortamento
do um dos principais motivos que levam as gestantes a procurar o Conceitua-se como abortamento a morte ovular ocorrida an-
hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar tes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste
atento para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão pre- produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito
coce, intervenções desnecessárias e estresse familiar, ocasionando precoce quando ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a
uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento. 13ª e 22ª semanas.
Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos Algumas condições favorecem o aborto, entre elas: fatores
orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituosos); diminuição do
relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e hormônio progesterona, resultando em sensibilidade uterina e con-
facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios trações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, rubéola,
toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência istmo

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cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo, álco- apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou
ol, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doenças embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes
hipertensivas e fatores emocionais. colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento
Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clínicas pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente);
estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência de controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de
uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11: líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro
-Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor-
aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo- me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi-
derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados
dilatação; após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a
-Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse- mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi-
quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Dependen- pe de saúde.
do da natureza do processo, é considerado: Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do
a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso,
de repouso e tratamento conservador; expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze-
b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon- -la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência
tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar.
intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares. É fundamental a observação do sangramento vaginal, atentan-
Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos do para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acompanha-
os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto do ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As mamas
(quando algum tecido permanece retido no interior do útero); precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e enfaixá-las,
-Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha
(três ou mais) de causa desconhecida; nem massagens; administrar medicação para inibir a lactação de
acordo com a prescrição médica.
-Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código Pe- No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para
nal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da gestante acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão
ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for
de vida ou gravidez decorrente de estupro; o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período
-Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco-
abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as manobras lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade.
para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido Placenta Prévia (PP)
e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia, É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im-
desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia, peri- plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol-
tonite, septicemia e choque séptico. vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de
Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em- parto.
bolia pulmonar; Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am-
Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista da
produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja o hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho vivo,
seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da 22a
privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, ma- semana de gravidez.
teriais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con-
à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado; duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo
Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a
a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre-
mal-estar geral, cefaleia e anorexia. tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos
O processo de abortamento é complexo e delicado para uma fetais e características do sangramento (quantidade e frequência).
mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez, A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro
sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal.
estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
psicoemocional. Prenhez Ectópica ou Extrauterina
Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada
Independente do tipo de aborto, cada profissional tem papel pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem-
importante na orientação, diálogo e auxílio a essa mulher, diante plo, nas trompas uterinas, ovários e outros.
de suas necessidades. Assim, não deve fazer qualquer tipo de jul- Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor
gamento e a assistência deve ser prestada de forma humanizada e no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande
com qualidade - caracterizando a essência do trabalho da enferma- quantidade.
gem, que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios pesso- O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta-
ais e julgamentos acerca do caso clínico. cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de-
Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media- verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de
tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho- infecção.
que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas,
hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e
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A conduta obstétrica é cirúrgica. Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e,
Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG) principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão
A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten- uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão
cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nasci- sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira
do, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna, gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô-
fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular;
apresentar-se de forma leve, moderada ou grave. alimentação inadequada.
Existem vários fatores de risco associados com o aumento da A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar
DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua.
psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa- A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para
miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli- a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no
drâmnia. Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e
A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri-
quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos
e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e níveis da pressão arterial.
coma (DHEG grave ou eclampsia). A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a im-
Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma- portância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em gordu-
nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes ra, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas salgadas,
apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca vasoconstri-
útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatura ção, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoolismo,
lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial. que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e abortamento
Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial, espontâneo.
pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci-
arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital e
observado e analisado como um sinal a ser investigado. outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibilida-
O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro- de a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro e a
teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres- família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG
são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15 e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movimen-
mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten- tação fetal.
ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien- A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em
temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG. decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal
Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arterial,
pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, vi-
maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em sando minimizar o estresse.
uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de
necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados,
de alto risco. entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha-
A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou proteinú- mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com
ria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o vaso es- que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o tra-
pasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O sistema ner- tamento mais indicado.
voso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo cefaleia
occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As mani- Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve
festações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sinto- estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto,
mas que revelam comprometimento de outros órgãos. deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como
Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma, proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a
caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já
obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re- que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con-
nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria. vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con-
Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi- trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência
pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a
intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro. Tam- gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta-
bém a hipertensão materna prolongada afeta a circulação placen- mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais
tária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue na solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio-
parede do útero, representando outra causa do deslocamento da lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica-
placenta. ções prescritas, observando sua resposta.
Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab- Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de
dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co- crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como
loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au- manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolcho-
mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio adas), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbi-
(anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem to lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das
como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha
estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica de (Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de
emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência ma-
terna e fetal.
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um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me- Parto e Nascimento Humanizado
dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o
proximidade da unidade de alto risco. parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo-
Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a
ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé- mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei-
dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in- xando de ser ativa no processo de seu parto.
cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra- Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape-
mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que
rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam
arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra-
de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos
o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao
balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo-
administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti- rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias
convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa- que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias.
mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia confor- Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto
me prescrição médica, caso a gestante apresente cianose. não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido
Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas, de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário,
deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá- enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia.
rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término A enfermagem possui importante papel como integrante da
da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada e
condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a partici-
nesta decisão. pação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante,
É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua nas seu acompanhante e seu filho recém-nascido.
48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de vida. Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har-
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci-
Sofrimento Fetal Agudo (SFA) do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o
O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de
feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal.
chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico. Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne-
As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e
fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e
manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período dos possíveis problemas do bebê.
provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao
trocas será causa de SFA. longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante informa-
O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns ções e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução do
sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse processo
abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au- e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe causem cons-
mentados e posteriormente diminuídos. trangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer espaço e apoio para
Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar atento a presença do(a) acompanhante que a parturiente deseja.
aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos fe- Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende
tais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A
equipe de saúde. gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que
Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante o mesmo sofre.
esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente
ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen- desprotegida e frágil, necessitando apoio constante.
te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura. O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear
A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges- excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a
tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi- gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex-
cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde.
a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma-
transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e ternos, fetais e placentários, que se interagem.
a ansiedade pela situação. Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são:
A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo, - eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão
com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre
cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação mater- a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se
no-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços
melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a parturien- de leite coalhado (vérnix);
te para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada - contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena inten-
pela equipe responsável pela assistência. sidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar
a duas ou mais em dez minutos;

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
- desconforto lombar; Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar
- alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua
progressiva; cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo
- diminuição da movimentação fetal. entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna
com mais mobilidade.
A duração de cada trabalho de parto está associada à parida- Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam
de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio e,
maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili- assim, facilitar a passagem pela pelve materna.
dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula- Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alterna-
tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias; tivas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve pre-
às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência sença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente,
apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o estimulando- a adotar posições alternativas como ficar de cócoras,
trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê; de joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que
ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero,
esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e
(transversa, acromial, pélvica e de face). facilitam a descida do feto pela ação da gravidade.
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de
Admitindo a Parturiente chuveiro, bem como estimulada a fazer uma respiração profunda,
O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma- realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e
ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco- tensão muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do
lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis- feto na bacia materna.
tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento: Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo
acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, sem-
exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa- pre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, durante
mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é
um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer altera-
trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações. ção. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em
quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequen-
Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural temente, se indicado.
O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira,
percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado pelo e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do colo
conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a peque- uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a
na bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos te- realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve prepa-
cidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e rar o material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com
períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de solução anti séptica e comadre.
trajeto mole. A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o
No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do exame.
útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper- Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite
vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli-
sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra- cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição
jeto do parto. de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível.
No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida-
de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão
púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina. O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do
O feto tem importante participação na evolução do trabalho colo uterino e termina com o nascimento do bebê.
de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per- Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra-
mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. Náu-
facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a seas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A partu-
redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve riente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão
materna. dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação do
períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au-
Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con- xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao
trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade, obstetra.
o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino. O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação
Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à
canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida, sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando.
auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien-
maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for-
possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se-
9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe- gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical,
ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado
dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão, deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg
pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se pa- Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que
ramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antis- ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação
sepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterili- da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido
zados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no
a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar centro obstétrico, para criterioso acompanhamento.
de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo
cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento cirúrgico, in-
de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que vasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma incisão no abdo-
a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as me e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por
contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias. onde o feto é retirado. Ressalte-se que esse procedimento expõe
Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante o organismo às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista
assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi- das perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos atra-
mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para vés da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de implicar maior
baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca- tempo de recuperação.
beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas condições
jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido, clínicas - da gestante e do feto - que contraindiquem o parto normal,
com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o tais como desproporção cefalopélvica, discinesias, apresentação
faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento, anômala, descolamento prematuro da placenta, pós-maturidade,
o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do diabete materno, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta pré-
recém-nascido. via total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão umbilical.
O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alteração do
recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate- BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais maternos; perda trans-
rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan- vaginal de líquido com presença de mecônio; período de dilatação
te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/ cervical prolongado) que indique necessidade de parto cesáreo, a
campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve equipe responsável pela assistência deve comunicar o fato à mu-
ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após lher/ família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento.
o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utilizadas são a
útero, diminuindo o sangramento pós-parto. raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna vertebral.

O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplicação, levan-
Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla- do à perda temporária de sensibilidade e movimentos dos mem-
centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de- bros inferiores, que retornam após passado seu efeito. Entretanto,
livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão tem o inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaleia
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é intensa no período pós-anestésico - como prevenção, deve-se man-
importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser ter a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a zero
superiores a 500 ml. grau e sem travesseiro), orientando- a para que não eleve a cabeça
As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor e estimulando-a à ingestão hídrica.
quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re- A anestesia peridural é mais empregada, porém demora mais
lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção tempo para fazer efeito e não leva à perda total da sensibilidade
do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas – como van-
deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exami- tagem, não produz o incômodo da dor de cabeça.
na-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode, nas pri-
vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido re- meiras horas, permanecer com a mãe na sala de parto e/ou alo-
alizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou jamento conjunto- dependendo da recuperação, a mulher pode
das lacerações. deambular, tomar banho e até amamentar. Tal situação não aconte-
cerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com hi-
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde dratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesiadas,
ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino, sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realização do
mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal.
irrigavam a placenta. A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com relação
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri- aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de próteses
ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de tricoto-
dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro. mia em região pubiana, manutenção de acesso venoso permeável,
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se, realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames
utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubiana, laboratoriais (solicitados e de rotina).
massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser enca-
absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou en- minhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio-
fermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clínicas, nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante
será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o aloja- toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a
mento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá-
e pertences pessoais. -la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da
ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou
os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário. mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute-
A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a transfe- rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de
rência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica, pres- secreção purulenta e fétida, e diarreia.
tando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao parto. O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder
Puerpério e suas Complicações à curetagem.
Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da
gradativas - as mais marcantes envolvem o órgão reprodutor. O puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem
puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fi- das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções.
siologia materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias
perdurar por 6 semanas ou ter duração variável, principalmente nas presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões
mulheres que estiverem amamentando. da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido
O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico da vulva para o ânus.
e psicológico. Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a
A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular-
condições desencadeadas pelo nascimento podem causar compli- -lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres-
cações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos
prestada. de curetagem, preparar a sala para o procedimento.
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a
de transição, ficando vulnerável às pressões emocionais. Problemas perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas.
que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansio- O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro
sa em vista das responsabilidades com o novo membro da famí- e globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pi-
nard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura.
lia (“Será que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê chora
A total involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rá-
tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o
pida na mulher sadia que teve parto normal e está em processo de
bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir
amamentação.
a atenção entre ele e o bebê?”) e a família (“Como dividir a atenção
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou
com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”).
pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen-
Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional,
tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tris-
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação
teza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e e deambulação precoces.
de si mesma - que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados
manifestações podem acontecer sem causa aparente, com dura- como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias);
ção temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme-
requer a intervenção de profissionais capazes de sua detecção e lhantes à “salmoura” – uma a três semanas).
tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera e A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência
proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la-
orientações à família acerca da importância de seu apoio na supe- cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im-
ração deste quadro. portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze
De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode ser clas- em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina
sificado em quatro fases distintas: imediato (primeiras 2 horas pós- através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
-parto); mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto); tardio (do 11º complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo),
dia até o 42º dia pós-parto) e remoto (do 42º dia em diante). lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren-
O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío- do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e car-
do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da díaca, com hipotensão.
placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e
infecção. Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para
complicações. reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida-
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resis- de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso
tência à infecção causada por microrganismos encontrados no cor- venoso permeável para a administração de infusão e medicações;
po. bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa-
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in- geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue
fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no
rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe- banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o
conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a
história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário.
cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, Complementando esta avaliação, também há verificação dos
pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí- sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui
neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto,
na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode
consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade.
infecções. A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su- horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado-
gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con-
consciência da puérpera e a coloração das mucosas. dutas adotadas para o ingurgitamento mamário.
Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avalian- -mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen-
do a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas
gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é
o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A
membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimen- puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota-
tos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem. dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras.
Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um
parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observando Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada
as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/ às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento
ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe. familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua
No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós-
conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados com o -natal e puericultura.
bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial-
que lhe possibilita uma assistência e orientação integral. mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de
No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as-
enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.
puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao
imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs-
a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob- tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessá-
servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido rios os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia.
(incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca- Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente
racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico
retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange
higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia
da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in- dos neonatos e de suas características.
fecções.
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar Classificação dos Recém-Nascidos (RNS)
de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade
as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro.
atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao
metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio- permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à
nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados
e/ou família para uma tentativa de solução. e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as-
O profissional deve abordar assuntos com relação ao relaciona- sistência.
mento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando em
prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do Classificação de Acordo com o Peso
bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimen- A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe-
tação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamentos so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas.
nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; im- Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan-
portância da deambulação para a involução uterina e eliminação de to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo.
flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen- Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso
do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons-
consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto. titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele-
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis-
mamilos pelo bebê. ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e
As mamas também podem apresentar complicações: o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da
-ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto, família, o que pode acarretar graves consequências sociais.
a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma-
mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin- Classificação de Acordo com a IG
tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação
adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir- até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei-
me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre ro dia da última menstruação e a data do parto.
que as mamas estiverem cheias; O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
-rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar. a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
de gestação;
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de
deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não gestação;
usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de
ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 gestação.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re-
a necessidade de cuidados neonatais adequados. fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por
Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a
dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tron-
gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da co, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as co-
oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se- xas e coxas, sobre o abdômen.
manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e A avaliação da pele do RN fornece importantes informações
nutricionais importantes no período neonatal. acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a
presença de condições patológicas.
Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de
Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau- hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos
terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), tur-
bebês são classificados como: gor normal e é recoberta por vernix caseoso.
a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês
cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de
curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos
são de bebês adequados para a IG; pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído.
b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos Das inúmeras características observadas na pele dos RNs desta-
cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei- camos as que se apresentam com maior frequência e sua condição
ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina ou não de normalidade.
importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri- a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas,
ção maternas. emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º
c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos
cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se- usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza-
dos para a higienização dos bebês.
gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es-
IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili-
tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de pequenos
zadas.
pontos brancos.
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa-
Características Anatomofisiológicas dos RNS
recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare-
Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró-
cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer
prias.
com o decorrer dos anos.
O conhecimento dessas características possibilita que a assis- d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de
tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for- fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare-
ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal
permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na re-
após a alta. gião do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas,
O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso- como septicemia e doenças hemolíticas graves.
ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali- e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés)
mentação materna. e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, é
considerada como um achado normal, em função da circulação pe-
Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida uma riférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por
diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada de perda hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera-
ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de líquidos e re- lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr-
duzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs prematuros) de bios respiratórios e/ou cardíacos.
vida pós-natal, os bebês devem recuperar o peso de nascimento. f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evo-
Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs lui no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou
brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter- patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições
mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,- associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em
6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de
a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm. Já fisiológicas ou próprias do RN.
o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefálico g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon-
(Navantino, 1995). trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi-
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos be- tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos.
bês, ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório, O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência
cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estive- cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos.
rem dentro dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de
que a criança se encontra em boas condições no que se refere a Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos;
esses sistemas. já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados.
Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificulda- A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar
de de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapidamen-
associada à presença de malformações cromossômicas.
te calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado
Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre-
ou em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corpo-
quentemente observada em bebês prematuros.
ral dos bebês é relativamente grande em relação ao seu peso e eles
As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são
têm uma capacidade limitada para produzir calor.
incompletas e até ausentes nos prematuros.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa- O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre-
mente soldados e são separados por estruturas membranosas de- senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração
nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se
parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa
lambdoide (separa os parietais do occipital). a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical
Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida.
fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só A observação do abdômen do bebê permite também a avalia-
se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta- ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é
nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas do tipo abdominal.
lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida
geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida. da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de
A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça movimentos.
do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha-
tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular.
alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên- Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos: A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas-
a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com
do frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até
Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo
a de tratamento.
Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amoleci- A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos
da com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande
atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido. está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con-
Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário
à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos. no momento da micção.
A transferência de hormônios maternos durante a gestação
b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca- também é responsável por várias alterações na genitália feminina.
beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos, A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti-
não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri- mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se
meiros dias de vida. hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes
lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema-
Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi- turos.
ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares. É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de
As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam-
que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal
ou pseudomenstruação.
achado sugestivo de malformações cromossômicas.
Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res-
No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de
peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser realizada
atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A
pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de me-
passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa
cônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto impor-
possibilidade.
tante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimina
A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de
urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de
dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina.
completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como
O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi- características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri-
lidade. meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado
Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato- intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e coloração
logia, o que requer uma avaliação mais detalhada. verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras 48 ho-
O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais ras de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é
um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessura de preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de eliminação
sua parede. de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada
Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do
das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor- reto).
monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral. Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo
Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou
geral é consequência de uma infecção por estafilococos. fezes do leite.
As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode
O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro
variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração ama-
é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e suas
relada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação.
paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias
umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão cho-
Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
rando e nos períodos após a alimentação.
do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da
A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob-
Educação na Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhado-
servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente
res da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de en-
associada a condições graves como septicemia e obstruções intes-
tinais. fermagem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da criança e do
adolescente / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Traba-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
lho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação A coilocitose, alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode
na Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área estar presente ou não. Quando as alterações celulares se tornam
de Enfermagem. - 2. Ed., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; mais intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem
Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, temos o
carcinoma invasor. Para chegar a câncer invasor, a lesão não tem,
Cadernos de Atenção Básica obrigatoriamente, que passar por todas essas etapas.

Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama Fatores de Risco Associados ao Câncer do Colo do Útero
Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento
CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO do câncer do colo do útero são:
• Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV - sendo esse o
Anatomia e Fisiologia do Útero principal fator de risco;
O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está • Início precoce da atividade sexual;
situado no abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto e • Multiplicidade de parceiros sexuais;
é dividido em corpo e colo. Essa última parte é a porção inferior do • Tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigar-
útero e se localiza dentro do canal vaginal. ros fumados;
O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o • Baixa condição sócio-econômica;
chamado canal cervical ou endocérvice, que é revestido por uma • Imunossupressão;
camada única de células cilíndricas produtoras de muco - epitélio • Uso prolongado de contraceptivos orais;
colunar simples. A parte externa, que mantém contato com a vagi- • Higiene íntima inadequada
na, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias
camadas de células planas – epitélio escamoso e estratificado. En- Manifestações Clínicas
tre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolunar – JEC -, • O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento len-
que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endocérvice, to e silencioso;
dependendo da situação hormonal da mulher. • Existe uma fase pré-clínica, sem sintomas, com transforma-
Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC ções intra-epiteliais progressivas importantes, em que a detecção
situa-se dentro do canal cervical. de possíveis lesões precursoras são por meio da realização periódi-
No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geral- ca do exame preventivo do colo do útero.
mente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse • Progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio in-
– ectopia ou eversão. vasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, se não impos-
sível. Nessa fase os principais sintomas são sangramento vaginal,
Vale ressaltar que a ectopia é uma situação fisiológica e por corrimento e dor.
isso a denominação de “ferida no colo do útero” é inapropriada.
Nessa situação, o epitélio colunar fica em contato com um am- Linha de Cuidado
biente vaginal ácido, hostil à essas células. Assim, células subcilín-
dricas, de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se trans-
formam em células mais adaptadas – escamosas –, dando origem
a um novo epitélio, situado entre os epitélios originais, chamado
de terceira mucosa ou zona de transformação. Nessa região, pode
ocorrer obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervi-
cais subjacentes, dando origem a estruturas císticas sem significado
patológico, chamadas de Cistos de Naboth. É nessa zona em que
se localizam mais de 90% das lesões cancerosas do colo do útero.

História Natural da Doença


O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva iniciada
com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evo-
luir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20
anos.
O colo do útero é revestido por várias camadas de células epi-
teliais pavimentosas, arranjadas de forma bastante ordenada. Essa Promoção
desordenação das camadas é acompanhada por alterações nas cé- Incentivo à mulher a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja,
lulas que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de estímulo à exposição aos fatores de proteção. Dicas que podem aju-
divisão celular. Quando a desordenação ocorre nas camadas mais dar na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer:
basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia • Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer
Intraepitelial Cervical Grau I - NIC I – Baixo Grau (anormalidades do em pelo menos 40%. Comer mais frutas, legumes, verduras, cere-
epitélio no 1/3 proximal da membrana). ais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. A dieta
Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana esta- deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas,
mos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II - NIC verduras e legumes. Dar preferência às gorduras de origem vegetal
II – Alto Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros,
– Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperatu-
romper a membrana basal. ras. Evitar gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de
porco, carne vermelha, pele de frango, entre outros – e algumas
gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
• Atividade física regular, qualquer atividade que movimente Além desses riscos as mulheres fumantes devem saber que:
seu corpo; O uso de anticoncepcionais associado ao cigarro aumenta em
• Evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas; 10 vezes o risco de sofrer derrame cerebral e infarto.
• Parar de fumar!
Grávidas fumantes aumentam o risco de:
Tabagismo e a mulher • Ter aborto espontâneo em 70%;
Uma das principais causas de mortes prematuras e incapacida- • Perder o bebê próximo ou depois ao parto em 30%;
des, o tabagismo representa um problema de saúde pública, não • O bebê nascer prematuro em 40%;
somente nos países desenvolvidos como também em países em de- • Ter um bebê com baixo peso em 200%.
senvolvimento, como o Brasil.
O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes Mais informações sobre Tabagismo está disponível na página
prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hiperten- eletrônica do Instituto Nacional de Câncer - INCA (www.inca.gov.
são arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e br/tabagismo).
câncer.
Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco in- Detecção Precoce/Rastreamento
cluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, No Brasil, a principal estratégia utilizada para detecção preco-
fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero. ce/rastreamento do câncer do colo do útero é a realização da coleta
Nascimento de material para exames citopatológicos cervico-vaginal e microflo-
Promoção ra, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do
Rastreamento, útero; exame de Papanicolaou; citologia oncótica; PapTest.
Diagnóstico e A efetividade da detecção precoce associado ao tratamento
Tratamento em seus estádios iniciais tem resultado em uma redução das taxas
Precoces de incidência de câncer invasor que pode chegar a 90%. De acor-
Diagnóstico do com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura
Tratamento e – 80% – e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica
Reabilitação efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer.
Cuidados Paliativos Apesar das ações de prevenção e detecção precoce desenvolvi-
Exposição das no Brasil, dentre elas o Programa Viva Mulher-Programa Nacio-
Amiental nal de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama, as taxas de
Fase incidência e mortalidade têm-se mantido praticamente inalteradas
Pré-clínica ao longo dos anos. Parte da manutenção das taxas podem estar as-
Fase sociadas ao aumento e a melhoria do diagnóstico que melhora a
Clínica qualidade da informação e dos atestados de óbitos. Por sua vez,
DESFECHO dentre as causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com:
Cura 1. A dificuldade de acesso da população feminina aos serviços
Sequela de saúde;
Morte 2. A baixa capacitação de recursos humanos envolvidos na
atenção oncológica, principalmente em municípios de pequeno e
Informação e comunicação médio porte;
Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de 3. A capacidade do sistema público em absorver a demanda
trabalho seu papel social também foi se alterando rapidamente. A que chega as unidades de saúde;
mulher passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de deci- 4. A dificuldade dos gestores municipais e estaduais em definir
são, dentro da própria sociedade, onde já exercia um papel funda- e estabelecer uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis
mental de modelo de comportamento para seus filhos. de atenção - atenção básica, média complexidade e alta complexi-
Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou- dade – e de atendimento - promoção, prevenção, diagnóstico, tra-
-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco, tamento, reabilitação e cuidados paliativos.
que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e
independência. Isso fez e continua fazendo com que o número de Faixa Etária e Periodicidade para Realização do Exame Preven-
fumantes, principalmente entre o sexo feminino, aumente na Amé- tivo do Colo do Útero
rica Latina. A periodicidade de realização do exame preventivo do colo do
A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer útero, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 1988,
de colo de útero, menopausa precoce, em média dois anos antes, permanece atual e está em acordo com as recomendações dos prin-
dismenorréia e irregularidades menstruais. cipais programas internacionais.
O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25
O que acontece? a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais
Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fu- consecutivos negativos, a cada três anos.
mantes apresentam um risco de: Essa recomendação apóia-se na observação da história natural
• 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão; do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de le-
• 5 vezes maior de sofrer infarto; sões pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças
• 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pul- à lenta progressão que apresenta para doença mais grave.
monar;
• 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Em relação às mulheres acima da faixa etária recomendada,
torna–se imperativo que sejam levados em consideração: (1) os
fatores de risco, (2) a freqüência de realização dos exames, (3) os
resultados dos exames anteriores. A freqüência do rastreamento
deverá ser para cada caso individualizado. É fundamental que a
equipe de saúde incorpore na atenção às mulheres no climatério,
orientação sobre o que é e qual a importância do exame preventivo
do colo do útero, pois a sua realização periódica permite reduzir
a mortalidade por câncer do colo do útero na população de risco.

Idade média da incidência máxima das lesões

Os estudos têm demonstrado que, na ausência de tratamento,


o tempo mediano entre a detecção de HPV, NIC I e o desenvolvi-
mento de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para NIC II
esse tempo é de 38 meses e, para NIC III, de 12 meses. Em geral,
estima-se que a maior parte das lesões de baixo grau regredirá es-
pontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau
não tratadas evoluirão para câncer invasor em um período médio
de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Es-
tados Unidos calcula que somente 10% dos casos de carcinoma in
situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que Situações Especiais
30% a 70% terão evoluído decorridos 10 a 12 anos, caso não seja Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a re-
oferecido tratamento. alização do rastreamaento. Pode ser feito em qualquer período da
Segundo a OMS, estudos quantitativos têm demonstrado que, gestação, preferencialmente até o 7º mês. Não está contra-indicada
nas mulheres entre 35 a 64 anos, depois de um exame citopatológi- a realização do exame em mulheres grávidas, a coleta deve ser feita
co do colo do útero negativo, um exame subseqüente pode ser re- com a espátula de Ayre e não usar escova de coleta endocervical.
alizado a cada três anos, com a mesma eficácia da realização anual. Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na
Conforme apresentado abaixo, a expectativa de redução percentual rotina. A ocorrência de condilomatose genitália externa, principal-
no risco cumulativo de desenvolver câncer, após um resultado ne- mente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização
gativo, é praticamente a mesma, quando o exame é realizado anual- do exame do colo, devendo-se ter o devido cuidado e respeitando
mente – redução de 93% do risco – ou quando ele é realizado a cada a vontade da mulher.
3 anos – redução de 91% do risco.
Efeito protetor do rastreamento para câncer do colo do útero Mulheres submetidas a histerectomia:
de acordo com o intervalo entre os exames, em mulheres de 35 a • Histerectomia total recomenda–se a coleta de esfregaço de
64 anos. fundo de saco vaginal.
• Histerectomia subtotal: rotina normal

Mulheres com DST: devem ser submetidas à citopatologia mais


frequentemente pelo seu maior risco de serem portadoras do cân-
cer do colo do útero ou de seus precursores. Já as mulheres com condi-
lomas em genitália externa não necessitam de coletas mais freqüentes
do que as demais, salvo em mulheres imunossuprimidas.
Nas ocasiões em que haja mais de 12 meses do exame citopa-
tológico:
• A coleta deverá ser realizada assim que a DST for tratada;
• A coleta também deve ser feita quando a mulher não souber
informar sobre o resultado do exame anterior, seja por desinfor-
mação ou por não ter buscado seu resultado. Se possível, fornecer
cópia ou transcrição do resultado desse exame à própria mulher.
No Brasil observa-se que, a maior parte do exame preventivo Nos casos dos serviços que dispuserem de documentos específicos
do colo do útero, é realizada em mulheres com menos de 35 anos, como a Agenda da Mulher, os resultados devem ser registrados nos
provavelmente naquelas que comparecem aos serviços de saúde espaços indicados.
para cuidados relativos à natalidade. Isso leva a subaproveitar a
rede, uma vez que não estão sendo atingidas as mulheres na faixa É necessário ressaltar que a presença de colpites, corrimentos
etária de maior risco. ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da citopato-
A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, es- logia. Nesses casos, a mulher deve ser tratada e retornar para coleta
pecialmente aquelas que nunca realizaram exame na vida, é o ob- do exame preventivo do câncer do colo do útero (conforme exposto
jetivo da captação ativa. As estratégias devem respeitar as peculia- na abordagem sobres as DST).
ridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais Se for improvável o seu retorno, a oportunidade da coleta não
de saúde, movimentos de mulheres, meios de comunicação entre deve ser desperdiçada. Nesse caso, há duas situações:
outros.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
1. Quando é possível a investigação para DST, por meio do diagnós- • Foco de luz com cabo flexível;
tico bacteriológico, por exemplo bacterioscopia, essa deve ser feita ini- • Biombo ou local reservado para troca de roupa;
cialmente. A coleta para exame citopatológico deve ser feita por último. • Cesto de lixo;
2. Nas situações em que não for possível a investigação, o ex- • Espaço físico adequado.
cesso de secreção deve ser retirado com algodão ou gaze, embebi-
dos em soro fisiológico e só então deve ser procedida a coleta para Material necessário para coleta
o exame citopatológico. Espéculo de tamanhos variados - pequeno, médio, grande e
para virgem - devem ser preferencialmente descartáveis - instru-
A presença do processo inflamatório intenso prejudica a qua- mental metálico deve ser esterilizado de acordo com as normas
lidade da amostra. O tratamento dos processos inflamatórios/DST vigentes;
diminuem o risco de insatisfatoriedade da lâmina. • Balde com solução desincrostante em caso de instrumental
não descartável;
Coleta do Material para o Exame Preventivo do Colo do Útero • Lâminas de vidro com extremidade fosca;
É uma técnica de coleta de material citológico do colo do útero, • Espátula de Ayre
sendo coletada uma amostra da parte externa, ectocérvice, e outra • Escova endocervical
da parte interna, endocérvice. Para a coleta do material, é introdu- • Par de luvas para procedimento;
zido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação • Pinça de Cherron;
da superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula • Solução fixadora, álcool a 96% ou Polietilenoglicol líquido ou
de madeira e de uma escovinha endocervical. Spray de Polietilenoglicol;
Uma adequada coleta de material é de suma importância para • Gaze;
o êxito do diagnóstico. O profissional de saúde deve assegurar–se • Recipiente para acondicionamento das lâminas, mais ade-
de que está preparado para realizá-lo e de que tem o material ne- quado para o tipo de solução fixadora adotada pela Unidade, tais
cessário para isso. A garantia da presença de material em quantida- como: frasco porta-lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou
des suficientes é fundamental para o sucesso da ação. plástica para transporte de lâminas;
Recomendações prévias a mulher para a realização da coleta • Formulários de requisição do exame citopatológico;
do exame preventivo do colo de útero • Fita adesiva de papel para a identificação dos frascos;
Para realização do exame preventivo do colo do útero e a fim • Lápis grafite ou preto nº2;
de garantir a qualidade dos resultados recomenda-se: • Avental/ camisola para a mulher. Os aventais devem ser, pre-
• Não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames in- ferencialmente, descartáveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser
travaginais, como por exemplo a ultrassonografia, durante 48 horas desprezadas em local apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser
antes da coleta; encaminhados à rouparia para lavagem, segundo rotina da Unidade
• Evitar relações sexuais durante 48 horas antes da coleta; Básica de Saúde;
• Anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anterio- • Lençóis: Os lençóis devem ser preferencialmente descar-
res ao exame. táveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser desprezados em local
• O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a pre- apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser encaminhados à rou-
sença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguarda o 5° paria para lavagem e esterilização;
dia após o término da menstruação. Em algumas situações particula-
res, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada. b) Preenchimento dos dados nos formulários para requisição de
exame citopatológico – colo do útero
Por vezes, em decorrência do déficit estrogênico, a visibiliza- É de fundamental importância o correto preenchimento do for-
ção da junção escamo-colunar e da endocérvix pode encontrar-se mulário de requisição do exame citopatológico – colo do útero, pois
prejudicada, assim como pode haver dificuldades no diagnóstico ci- a falta ou os dados incompletos poderá comprometer por completo
topatológico devido à atrofia do epitélio. Uma opção seria o uso de a coleta do material, o acompanhamento, o tratamento e outras
cremes de estrogênio intravaginal, de preferência o estriol, devido ações de controle do câncer do colo do útero, conforme anexo 4.
à baixa ocorrência de efeitos colaterais, por 07 dias antes do exame,
aguardando um período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e c) Preparação da Lâmina
a realização do preventivo. A lâmina e o frasco que serão utilizados para colocar o material
Na impossibilidade do uso do creme, a estrogenização pode ser a ser examinado devem ser preparados previamente:
por meio da administração oral de estrogênios conjugados por 07 a • O uso de lâmina com bordas lapidadas e extremidade fosca
14 dias - 0,3 mg /dia -, a depender da idade, inexistência de contra- é obrigatório;
-indicações e grau de atrofia da mucosa. • Identificar a lâmina escrevendo as iniciais do nome da mulher
e o seu número de registro daUnidade, com lápis preto nº2 ou gra-
Fases que antecedem a coleta fite, na extremidade fosca, previamente a coleta;
a) Organização do material, ambiente e capacitação da equipe • Identificar a caixa do porta-lâmina.
de saúde: • Não usar caneta hidrográfica, esferográfica, etc., pois leva à
perda da identificação do material. Essas tintas se dissolvem duran-
Equipe de Saúde capacitada te o processo de coloração das lâminas no laboratório
Além da preocupação inicial com o acolhimento, é fundamen-
tal a capacitação da equipe de saúde para a realização da coleta e Manter os frascos de acondicionamentos, fechados permanen-
no fornecimento das informações pertinentes às ações do controle temente a não ser na hora de inserir as lâminas. No preparo da
do câncer do colo do útero. lâmina ver se ela está limpa sem a presença de artefatos, caso ne-
Consultório equipado para a realização do exame ginecológico: cessário limpar com gaze.
• Mesa ginecológica;
• Escada de dois degraus;
• Mesa auxiliar;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
CONTROLE DO CÂNCER DA MAMA Fatores de Risco
As mamas são constituídas de gordura, tecido conectivo e te- • História familiar é um importante fator de risco para o câncer
cido glandular que contém lóbulos e ductos. Os lóbulos são as es- de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau
truturas anatômicas onde o leite é produzido. Uma rede de ductos (mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade;
conecta os lóbulos ao mamilo. Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde
a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama;
• A idade constitui um outro importante fator de risco, haven-
do um aumento rápido da incidência com o aumento da idade;
• A menarca precoce (idade da primeira menstruação);
• A menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade);
• A ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos;
• A nuliparidade;
• Ainda é controvertida a associação do uso de contraceptivos
orais com o aumento do risco para o câncer de mama, apontando
para certos subgrupos de mulheres como as que usaram contracep-
tivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, as que fizeram uso
da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional
em idade precoce, antes da primeira gravidez.

São definidos como grupos populacionais com risco elevado


para o desenvolvimento do câncer de mama:
Raramente uma mama é do mesmo tamanho da outra, po- • Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente
dendo apresentar-se de forma diferente de acordo com o período de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
menstrual. O tecido mamário se estende (sob a pele) até a região mama, abaixo dos 50 anos de idade;
da axila. Um sistema de linfonodos é responsável pela drenagem
linfática da mama, principalmente os linfonodos axilares e da ca- • Mulheres com história familiar de pelo menos um parente
deia mamária interna. de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
Câncer da Mama • Mulheres com história familiar de câncer de mama mascu-
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mu- lino;
lheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo pelos seus efeitos • Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária
psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
imagem pessoal.
Sintomas
Esse tipo de câncer representa nos países ocidentais, uma das Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tu-
principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o mor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir
aumento de sua frequência tantos nos países desenvolvidos quanto alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou re-
nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial trações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem
da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumen- também surgir nódulos palpáveis na axila.
to de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Re-
gistros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. O Prevenção Primária
câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais Embora tenham sido identificados alguns fatores ambientais
frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres. ou comportamentais associados a um risco aumentado de desen-
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom volver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem
prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas evidências conclusivas que justifiquem a recomendação de estraté-
de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, gias específicas de prevenção. É recomendável que alguns fatores
muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em de risco, especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de
estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após ações visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças crô-
cinco anos é de 61%. nicas não transmissíveis, em geral.
Não há consenso de que a quimioprofilaxia deva ser recomen-
História Natural dada às mulheres assintomáticas, independente de pertencerem
Desde o início da formação do câncer até a fase em que ele a grupos com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de
pode ser descoberto pelo exame físico (tumor subclínico) isto é, a mama.
partir de 1 cm de diâmetro, passam-se, em média,10 anos.
Estima-se que o tumor de mama duplique de tamanho a cada Detecção Precoce
período de 3-4 meses. No início da fase subclínica (impalpável), Quanto mais cedo for feito o diagnóstico de câncer maior a
tem-se a impressão de crescimento lento, porque as dimensões das probabilidade de cura. Rastreamento significa detectar a doen-
células são mínimas. Porém, depois que o tumor se torna palpável, ça em sua fase pré-clínica enquanto diagnóstico precoce significa
a duplicação é facilmente perceptível. Se não for tratado, o tumor identificar câncer da mama em sua fase clínica precoce. As ações
desenvolve metástases (focos de tumor em outros órgãos), mais de diagnóstico precoce consistem no exame clínico da mama por
comumente para os ossos, pulmões e fígado. Em 3-4 anos do des- um profissional de saúde treinado. As ações de rastreamento im-
cobrimento do tumor pela palpação, ocorre o óbito. plementadas no País preconizam a mamografia bilateral em deter-
minados grupos de mulheres.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Recomendações para Detecção Precoce Cada área de tecido deve ser examinada e três níveis de pres-
Recomendações para o rastreamento de mulheres assintomá- são devem ser aplicados em sequência: leve, média e profunda, cor-
ticas respondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais
• Exame Clínico das Mamas: para todas as mulheres a partir profundamente à parede torácica. Devem-se realizar movimentos
dos 40 anos de idade, com periodicidade anual. circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão como
se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região
Esse procedimento é ainda compreendido como parte do aten- da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida.
dimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em to- Somente descarga papilar espontânea merece ser investigada.
das as consultas clínicas, independente da faixa etária. Duas características fundamentais do ECM são a interpretação
• Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de e a descrição dos achados encontrados. Assim como a realização do
idade, com intervalo máximo de 2 anos entre os exames. ECM, não existe um padrão para interpretar e descrever os acha-
• Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para mulhe- dos do ECM. Esta não uniformização da interpretação e descrição
res a partir de 35 anos de idade, pertencentes a grupos populacio- dos achados limitam o seu potencial em direcionar para novas ava-
nais com risco elevado de desenvolver câncer de mama. liações e proporcionar o tratamento precoce do câncer da mama.
• Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento Como aconteceu com a mamografia, a padronização da interpre-
para todas as mulheres com alterações nos exames realizados. tação e descrição dos achados pode resultar em efeitos positivos
para o ECM.
Exame Clínico das Mamas (ECM) De uma forma geral, os resultados do ECM podem ser interpre-
Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado tados de duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anorma-
por um médico ou enfermeiro treinado para esta ação. No exame lidade seja identificada pela inspeção visual e palpação, e anormal,
podem ser identificadas alterações na mama e, se for indicado, se- caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e pos-
rão realizados exames complementares. O ECM é realizado com a sível encaminhamento para especialista (referência). A descrição
finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas do ECM deve seguir o mesmo roteiro do exame propriamente dito:
referidos por pacientes e assim encontrar cânceres da mama pal- inspeção, palpação dos linfonodos e palpação das mamas.
páveis num estágio precoce de evolução. Alguns estudos científicos
mostram que 5% dos cânceres da mama são detectados por ECM Mamografia
em pacientes com mamografia negativa, benigna ou provavelmente A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção
benigna. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissio- precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial,
nal de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama, muito pequenas (de milímetros). É realizada em um aparelho de
seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a compo- raio X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é compri-
sição e variabilidade da mama normal. mida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor
As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e
detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a pal- suportável.
pação das mamas e dos linfonodos (axilares e supraclaviculares). Estudos sobre a efetividade da mamografia sempre utilizam o
Ao contrário das recomendações de como realizar um ECM, poucos exame clínico como exame adicional, o que torna difícil distinguir a
estudos analisam como reportar os achados dos exames. sensibilidade do método como estratégia isolada de rastreamento.
A inspeção visual pretende identificar sinais de câncer da A sensibilidade varia de 46% a 88% e depende de fatores tais como:
mama. Sinais precoces do câncer da mama são achatamentos dos tamanho e localização da lesão, densidade do tecido mamário (mu-
contornos da mama, abaulamentos ou espessamentos da pele das lheres mais jovens apresentam mamas mais densas), qualidade dos
mamas. recursos técnicos e habilidade de interpretação do radiologista. A
É importante o examinador comparar as mamas para identificar especificidade varia entre 82%, e 99% e é igualmente dependente
grandes assimetrias e diferenças na cor da pele, textura, tempera- da qualidade do exame.
tura e padrão de circulação venosa. O acrônimo BREAST (em inglês) Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam
significando B – massa na mama (breast mass), R – retração (re- a mortalidade em mulheres convidadas para rastreamento mamo-
traction), E-edema (edema), A-linfonodos axilares (axillary nodes), gráfico com mulheres não submetidas a nenhuma intervenção são
S-ferida no mamilo (scaly nipple) e T-sensibilidade na mama (tender favoráveis ao uso da mamografia como método de detecção preco-
breast) podem ajudar na memorização das etapas na inspeção visu- ce capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama.
al. A mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao As conclusões de estudos de meta-análise demonstram que os
lado do corpo, com os braços levantados sobre a cabeça ou com as benefícios do uso da mamografia se referem, principalmente, a cer-
palmas das mãos comprimidas umas contra as outras (inspeção di- ca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos
nâmica). Alguns autores recomendam que se faça a inspeção visual 50 anos, depois de sete a nove anos de implementação de ações
ao mesmo tempo em que se realiza a palpação das mamas. organizadas de rastreamento.
A palpação consiste em utilizar os dedos para examinar todas
as áreas do tecido mamário e linfonodos. Padronização dos laudos mamograficos - BI-RADS
Para palpar os linfonodos axilares e supraclaviculares a pacien- O objetivo do BI-RADS consiste na padronização dos laudos
te deverá estar sentada. Para palpar as mamas é necessário que a mamográficos levando em consideração a evolução diagnóstica e
paciente esteja deitada (decúbito dorsal). Na posição deitada a mão a recomendação da conduta, não devendo se esquecer da história
correspondente a mama a ser examinada deve ser colocada sobre clínica e do exame físico da mulher.
a cabeça de forma a realçar o tecido mamário sobre o tórax. Toda No Congresso Americano de Radiologia, em dezembro de 2003
a mama deve ser palpada utilizando-se de um padrão vertical de (RSNA), em Chicago, foi divulgado a 4ª edição do BI-RADS (Breast
palpação. Imaging and Reporting Data System Mammography). O BI-RADS
A palpação deve ser iniciada na axila. No caso de uma mulher é um trabalho entre membros de vários Departamentos do Insti-
tuto Nacional do Câncer, de Centros de Controle e Prevenção da
mastectomizada a palpação deve ser feita na parede do tórax, pele
Patologia Mamária, da Administração de Alimentos e Drogas, da
e incisão cirúrgica
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Associação Medica Americana, do Colégio Americano de Radiolo- da alguma alteração, a mulher deverá procurar o serviço de saúde
gia, do Colégio Americano de Cirurgiões e do Colégio Americano de mais próximo de sua residência para ser avaliada por um profissio-
Patologistas, por conseguinte todas essas Instituições ajudaram na nal de saúde.
elaboração do BI-RADS. O AEM sistemático das mamas tem sido recomendado desde a
década de 30 e foi incorporado nas políticas da saúde pública norte
Níveis de Atendimento – americanas desde os anos 50. Considerando-se que até 90% dos
Unidade Básica de Saúde casos de câncer de mama são detectados pelas próprias mulheres,
A Unidade Básica de Saúde deve estar organizada para receber pode-se deduzir que a promoção do AEM seja uma estratégia eficaz
e realizar o exame clínico das mamas das mulheres, solicitar exames para sua detecção.
mamográficos nas mulheres com situação de risco, receber resul- Embora já tenham sido realizados mais de 30 estudos não ran-
tados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico ou cujo domizados sobre o uso do AEM para o rastreamento do câncer de
exame clínico indiquem necessidade de maior investigação. mama, não há evidências científicas incontestáveis de que sua prá-
As atividades abaixo descritas devem ser também realizadas tica promova a redução da mortalidade por este câncer. Diversos
nesse nível de atendimento pela equipe de saúde: estudos de tipo caso-controle apontaram para uma leve redução na
• Reuniões educativas sobre câncer, visando à mobilização e mortalidade em pacientes submetidas ao AEM, enquanto estudos
conscientização para o cuidado com a própria saúde; à importân- de coorte e ensaios clínicos não suportaram esses achados.
cia da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama; à Em um ensaio clínico não randomizado, iniciado em 1973 na
quebra dos preconceitos; à diminuição do medo da doença e à im- Inglaterra pelo “UK Early Detection of Breast Câncer Study Group”,
portância de todas as etapas do processo de detecção precoce; não não foi constatada redução nas taxas de mortalidade por este cân-
deixar de enfatizar o retorno para busca do resultado e tratamentos cer. Há apenas dois ensaios clínicos randomizados que avaliariam o
necessários; impacto do AEM sobre a mortalidade por câncer de mama. O pri-
• Busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca rea- meiro foi iniciado em 1985, em Moscou e São Petersburgo, enquan-
lizaram o ECM; to o segundo teve início em 1989, em Xangai.
• Busca ativa na população alvo, de mulheres para a realização
de mamografia;
Ambos envolveram um grande número de mulheres que foram
• Encaminhamento a Unidade de Referência dos casos suspei-
meticulosamente treinadas e receberam reforços para garantir o
tos de câncer de mama;
aprendizado da técnica. Após um seguimento de 5 a 10 anos, am-
• Encaminhamento das mulheres com exame clínico das ma-
bos apontaram para a ineficácia do AEM em reduzir a mortalidade
mas alterado, para Unidade de Referência;
pelo câncer de mama. Em outubro de 2002, a publicação dos resul-
• Busca ativa das mulheres que foram encaminhadas a Unidade
tados finais deste último ensaio clínico confirmou as observações
de Referência e não compareceram para o tratamento;
anteriores, concluindo-se pela incapacidade do AEM em alterar as
• Busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamo-
gráfico suspeito para malignidade e não retornaram para buscar o taxas de mortalidade pelo câncer de mama.
resultado; Uma síntese destes estudos é apresentada na tabela.
• Orientação das mulheres com exame clínico das mamas nor-
mal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina. Síntese dos estudos experimentais sobre a eficácia do AEM na
redução da mortalidade por câncer de mama:
Unidade de Referência de Média Complexidade
É a unidade de média complexidade no SUS e funciona como
referência para o encaminhamento das mulheres com resultados
alterados. Este nível exige a presença de profissionais treinados
para realizarem a investigação diagnóstica dos casos suspeitos de
câncer de mama, tais como, mamografia, biópsia por agulha grossa,
punção por agulha fina. Assim como para o tratamento de lesões
benignas mamárias.

Unidade de Alta Complexidade - UNACON ou CACON


É a unidade de alta complexidade no SUS que realiza exames
e tratamentos especializados. Neste nível é realizado o tratamento
das mulheres diagnosticadas com câncer de mama, assim como o
tratamento do câncer em estágios que envolvam procedimentos ci-
rúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos.
Com base nas Portarias MS/GM nº 2439 de 08 de dezembro Embora a sensibilidade do AEM nunca tenha sido formalmen-
de 2005 que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica e a te avaliada, estimativas indicam que cada 100 casos de câncer de
Portaria MS/SAS nº 741 de 19 de dezembro de 2005 que defini as mama, o AEM detecta 26, o ECM (Exame Clínico das Mamas) detec-
Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNA- ta 45 e a MMG (Mamografia) 71.
CON), os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncolo- Apesar de não haver evidência direta de que o AEM efetiva-
gia (CACON) e os Centros de Referência de Alta Complexidade em mente reduza a mortalidade por câncer de mama, é importante
Oncologia e suas aptidões e qualidades. que as mulheres mantenham-se atentas às alterações em suas ma-
mas e reportem qualquer alteração ao profissional de saúde. Reco-
Considerações Sobre Auto-Exame das Mamas (AEM) menda-se, desta forma, a efetividade potencial do estímulo à sua
O Auto-exame das Mamas (AEM) não vem se mostrando efe- prática como estratégia complementar.
tivo em diminuir a mortalidade nos programas de detecção preco- Embora as mulheres, individualmente, possam ver a realização
ce quando utilizado isoladamente. Este exame, entretanto, ajuda a do AEM como parte de seu autocuidado, as recomendações para
mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo. Uma vez observa- profissionais de saúde devem enfatizar que não há evidências cien-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
tíficas de que o AEM reduza a mortalidade por câncer de mama e Procedimentos após linfadenectomia axilar
que do ponto de vista ético deve-se otimizar a utilização dos recur- EVITAR
sos públicos em ações coletivas de eficácia comprovada”- (Revista • Micoses nas unhas e no braço;
Brasileira de Cancerologia, 2003, 49 (4): 227-238). • Traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de inseto,
queimaduras, retirar cutícula e depilação da axila);
Linfedema • Banheiras e compressas quentes, saunas e exposição solar;
O linfedema é a principal complicação decorrente do tratamen- • Apertar o braço do lado operado (blusas com elástico; reló-
to cirúrgico para o câncer de mama, acarretando importantes alte- gios, anéis e pulseiras apertadas; aferir a pressão arterial);
rações físicas, psicológicas e sociais, que comprometem a qualidade • Receber medicações por via subcutânea, intramuscular e en-
de vida das mulheres. Pode ser definido como todo e qualquer acú- dovenosa e coleta de sangue;
mulo de líquido, altamente protéico, nos espaços interticiais, seja • Movimentos bruscos, repetidos e de longa duração;
ele devido à falhas de transporte, por alterações da carga linfática, • Carregar objetos pesados no lado da cirurgia.
por deficiência de transporte ou por falha da proteólise extralinfá- • Deitar sobre o lado operado
tica (Mayall,2000).
Local do Estudo FAZER
Ano do Início Faixa Etária Número de • Manter a pele hidratada e limpa;
Mulheres % de Participação • Usar luvas de proteção ao fazer as atividades do lar (cozinhar,
Tempo de Seguimento jardinagem, lavar louça e contato com produtos químicos);
RR de morte por Câncer de mama (IC 95%) • Durante a execução de atividades, promova intervalos para
INGLATERRA 1979 45-64 anos 253.219 30-53% 9 a 9,8 anos descanso;
1,07 (0,93-1,22) • Ao fazer a unha do lado operado, utilize removedor de cutí-
XANGAI 1989 31-64 anos 266.064 98% 5 anos 1,04 (0,82-1,33) culas;
RÚSSIA 1985 40-64 anos 120.310 76,4% 10 anos 0,95 (0,76 – • Para retirada de pelo da axila do lado operado, utilize cremes
1,19) depilatórios, tesoura ou máquina de cortar cabelo;
• Ficar atenta aos sinais de infecção no braço (vermelhidão, in-
Prevenção chaço, calor local);
A prevenção do linfedema pode ser conseguida por meio de • Durante viagens aéreas, usar malha compressiva.
uma série de cuidados, que se iniciam a partir do diagnóstico de
câncer de mama. As cirurgias devem ser o mais conservadoras Diagnóstico
possíveis, e o linfonodo sentinela pode representar um importante Na maioria das vezes, a presença do linfedema é verificada por
aliado na diminuição do linfedema. A radioterapia axilar deve ser intermédio do diagnóstico clínico.
restrita a casos em que há um extenso comprometimento ganglio- Os exames complementares como tonometria, ressonância
nar, sendo a dose limitada a 45 – 50 Gy. As pacientes obesas devem magnética, ultra-sonografia e linfocintigrafia, são utilizados quando
ser incentivadas a restringir o peso corporal. se objetiva verificar a eficácia de tratamentos ou para analisar pa-
Após o tratamento cirúrgico, as pacientes devem ser orienta- tologias associadas.
das sobre os cuidados com a pele e o membro superior homolateral
ao câncer de mama, a fim de evitar possíveis traumas e ferimentos. Tratamento fisioterapêutico
Os cuidados, entretanto, devem ser repassados de forma bastan- O tratamento do linfedema está baseado em técnicas já bem
te tranqüila para que não haja um sentimento de incapacidade e aceitas e descritas na literatura mundial.
impotência física. As orientações com relação à vida doméstica, a Este tratamento consiste de várias técnicas que atuam con-
profissional e de lazer devem ser direcionadas às rotinas das pa- juntamente, dependendo da fase em que se encontra o linfedema,
cientes e condutas alternativas devem ser ensinadas quando forem incluindo: cuidados com a pele, drenagem linfática manual (DLM),
realmente necessárias. contenção na forma de enfaixamento ou por luvas/braçadeiras e
As mulheres devem ter conhecimento sobre os sinais e sin- cinesioterapia específica. Outros tratamentos têm sido descritos
tomas iniciais dos processos infecciosos e do linfedema, para que na literatura, porém, seus resultados não são satisfatórios quando
comuniquem o profissional assistente e uma correta conduta tera- comparados ao tratamento supra citado:
pêutica seja implantada. A equipe de saúde deve estar preparada
para diagnosticar e intervir precocemente. Saúde do adulto e idoso
INTRODUÇÃO
Orientações após linfadenectomia axilar Parte essencial da Política Nacional de Saúde, a presente Polí-
As mulheres devem ser informadas em relação aos cuidados tica fundamenta a ação do setor saúde na atenção integral à popu-
com o membro superior homolateral à cirurgia, visando prevenir lação idosa e àquela em processo de envelhecimento, na conformi-
quadros infecciosos e linfedema. Entretanto, deve-se tomar o cui- dade do que determinam a Lei Orgânica da Saúde – N.º 8.080/90
dado para não provocar sensação de incapacidade e impotência – e a Lei 8.842/94, que assegura os direitos deste segmento popu-
funcional. Elas devem ser encorajadas a retornarem as atividades lacional.
de vida diária e devem ser informadas sobre as opções para os cui- No conjunto dos princípios definidos pela Lei Orgânica, desta-
dados pessoais. ca-se o relativo à “preservação da autonomia das pessoas na defesa
Recursos fisioterapêuticos que produzam calor, tais como in- de sua integridade física e moral”, que constitui uma das questões
fravermelho, ultra-som, ondas curtas, microondas, forno de Bier, essenciais enfocadas nesta Política, ao lado daqueles inerentes à in-
compressas quentes, turbilhão, parafina entre outros, devem ser tegralidade da assistência e ao uso da epidemiologia para a fixação
evitados nas áreas de drenagem para a axila homolateral, devido ao de prioridades (Art. 7º, incisos III, II e VII, respectivamente).
aumento do risco de desenvolvimento de linfedema. Nas regiões Por sua vez, a Lei N.º 8.842 – regulamentada pelo Decreto N.º
distantes, desde que não haja neoplasia em atividade, os recursos 1.948, de 3 de julho de 1996 –, ao definir a atuação do Governo,
podem ser realizados seguindo as devidas precauções. indicando as ações específicas das áreas envolvidas, busca criar
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
condições para que sejam promovidas a autonomia, a integração e ampliou-se para 63,4 anos, isto é, foram acrescidos vinte anos em
a participação dos idosos na sociedade, assim consideradas as pes- três décadas, segundo revela o Anuário Estatístico do Brasil de 1982
soas com 60 anos de idade ou mais. (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Fundação
IBGE).
Segundo essa Lei, cabe ao setor saúde, em síntese, prover o De 1980 para 2000, o aumento deverá ser em torno de cinco
acesso dos idosos aos serviços e às ações voltadas à promoção, anos, ocasião em que cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68
proteção e recuperação da saúde, mediante o estabelecimento de anos e meio. As projeções para o período de 2000 a 2025 permitem
normas específicas para tal; o desenvolvimento da cooperação en- supor que a expectativa média de vida do brasileiro estará próxima
tre as esferas de governo e entre centros de referência em geriatria de 80 anos, para ambos os sexos (Kalache et al., 1987).
e gerontologia; e a inclusão da geriatria como especialidade clínica Paralelamente a esse aumento na expectativa de vida, tem
para efeito de concursos públicos, além da realização de estudos e sido observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado
pesquisas na área (inciso II do Art. 10). da fecundidade, levando a um aumento importante da proporção
Ao lado das determinações legais, há que se considerar, por ou- de idosos na população brasileira. De 1980 a 2000, o grupo etário
tro lado, que a população idosa brasileira tem se ampliado rapida- com 60 anos e mais de idade deverá crescer 105%; as projeções
mente. Em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60 anos apontam para um crescimento de 130% no período de 2000 a 2025.
de idade é a que mais cresce. No período de 1950 a 2025, segundo Mesmo que se leve em conta que uma parcela do contingente
as projeções estatísticas da 2 Organização Mundial de Saúde – OMS de idosos participe da atividade econômica, o crescimento deste
–, o grupo de idosos no Brasil deverá ter aumentado em 15 vezes, grupo populacional afeta diretamente a razão de dependência, usu-
enquanto a população total em cinco. O País ocupará, assim, o sex- almente definida como a soma das populações jovem e idosa em
to lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, relação à população economicamente ativa total. Esse coeficiente é
cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. calculado tomando por base a população de menos de 15 anos e a
O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se de 60 e mais anos de idade em relação àquela considerada em ida-
pela rapidez com que o aumento absoluto e relativo das populações de produtiva (situada na faixa etária dos 15 aos 59 anos de idade).
adulta e idosa modificaram a pirâmide populacional. Até os anos 60, O processo de urbanização e a consequente modificação do
todos os grupos etários registravam um crescimento quase igual; a mercado de trabalho aceleraram a redistribuição da população en-
partir daí, o grupo de idosos passou a liderar esse crescimento. tre as zonas rural e urbana do País. Em 1930, dois terços da popula-
Nos países desenvolvidos, essa transição ocorreu lentamente, ção brasileira viviam na zona rural; hoje, mais de três quartos estão
realizando-se ao longo de mais de cem anos. Alguns desses países, em zona urbana. O emprego nas fábricas e as mais diferenciadas
hoje, apresentam um crescimento negativo da sua população, com possibilidades de trabalho nas cidades modificaram a estrutura
a taxa de nascimentos mais baixa que a de mortalidade. A transi- familiar brasileira, transformando a família extensa do campo na
ção acompanhou a elevação da qualidade de vida das populações família nuclear urbana. Com o aumento da expectativa de vida, as
urbanas e rurais, graças à adequada inserção das pessoas no mer- famílias passaram a ser constituídas por várias gerações, exigindo
cado de trabalho e de oportunidades educacionais mais favoráveis, os necessários mecanismos de apoio mútuo entre as que comparti-
além de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e lham o mesmo domicílio.
de moradia. A família, tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema
À semelhança de outros países latino-americanos, o envelhe- de apoio aos idosos, está passando por alterações decorrentes des-
cimento no Brasil é um fenômeno predominantemente urbano, re- sas mudanças conjunturais e culturais. O número crescente de di-
sultando, sobretudo do intenso movimento migratório iniciado na vórcios e segundo ou terceiro casamento, a contínua migração dos
década de 60, motivado pela industrialização desencadeada pelas mais jovens em busca de mercados mais promissores e o aumento
políticas desenvolvimentistas. no número de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe
Esse processo de urbanização propiciou um maior acesso da são situações que precisam ser levadas em conta na avaliação do
população a serviços de saúde e saneamento, o que colaborou para suporte informal aos idosos na sociedade brasileira. Essas situações
a queda verificada na mortalidade. Possibilitou, também, um maior geram o que se convencionou chamar de intimidade à distância, em
acesso a de planejamento familiar e a métodos anticoncepcionais, que diferentes gerações ou mesmo pessoas de uma mesma família
levando a uma significativa redução da fecundidade. ocupam residências separadas.
A persistir a tendência de o envelhecimento como fenômeno Tem sido observada uma feminilização do envelhecimento no
urbano, as projeções para o início do século XXI indicam que 82% Brasil. O número de mulheres idosas, confrontado com o de ho-
dos idosos brasileiros estarão morando nas cidades. As regiões mais mens de mais de 60 anos de idade, já é superior há muito tempo.
urbanizadas, como a Sudeste e o Sul, ainda oferecem melhores Da mesma forma, a proporção de idosas em relação à popula-
possibilidades de emprego, disponibilidade de serviços públicos e ção total de mulheres supera aquela correspondente aos homens
oportunidades de melhor alimentação, moradia e assistência mé- idosos. No Brasil, desde 1950, as mulheres têm maior esperança de
dica e social. vida ao nascer, sendo que a diferença está ao redor de sete anos e
Embora grande parte das populações ainda viva na pobreza, meio.
nos países menos desenvolvidos, certas conquistas tecnológicas da De outra parte, o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda
medicina moderna, verificadas nos últimos 60 anos – assepsia, va- é bastante precário. Por se tratar de uma atividade predominan-
cinas, antibióticos, quimioterápicos e exames complementares de temente restrita ao âmbito familiar, o cuidado ao idoso tem sido
diagnóstico, entre outros –, favoreceram a adoção de meios capa- ocultado da opinião pública, carecendo de visibilidade maior.
zes de prevenir ou curar muitas doenças que eram fatais até então. O apoio informal e familiar constitui um dos aspectos funda-
O conjunto dessas medidas provocou uma queda da mortalidade mentais na atenção à saúde desse grupo populacional Isso não sig-
infantil e, consequentemente, um aumento da expectativa de vida nifica, no entanto, que o Estado deixa de ter um papel preponde-
ao nascer. rante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso nos
No Brasil, em 1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7 três níveis de gestão do SUS, capaz de otimizar o suporte familiar
anos; nos anos 40, de 39 anos; em 50, aumentou para 43,2 anos sem transferir para a família a responsabilidade em relação a este
e, em 60, era de 55,9 anos. De 1960 para 1980, essa expectativa grupo populacional.
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Além das transformações demográficas descritas anteriormen- • o índice de custo (custo de hospitalização por habitante/ano)
te, o Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, com foi de R$ 10,93 no segmento de 0-14 anos de idade, de R$ 18,48
alterações relevantes no quadro de morbimortalidade. As doenças no de 15-59 anos de idade e de R$ 55,25 no de mais de 60 anos de
infectocontagiosas que, em 1950, representavam 40% das mortes idade.
registradas no País, hoje são responsáveis por menos de 10% (RA-
DIS: “Mortalidade nas Capitais Brasileiras, 1930-1980”). O oposto Estudos têm demonstrado que o idoso, em relação às outras
ocorreu em relação às doenças cardiovasculares: em 1950, eram faixas etárias, consome muito mais recursos do sistema de saúde
responsáveis por 12% das mortes e, atualmente, representam mais e que este maior custo não reverte em seu benefício. O idoso não
de 40%. Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um perfil de mor- recebe uma abordagem médica ou psicossocial adequada nos hos-
bimortalidade típico de uma população jovem, para um caracteri- pitais, não sendo submetido também a uma triagem rotineira para
zado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais fins de reabilitação.
avançadas, com custos diretos e indiretos mais elevados. A abordagem médica tradicional do adulto hospitalizado – fo-
Essa mudança no perfil epidemiológico acarreta grandes des- cada em uma queixa principal e o hábito médico de tentar explicar
pesas com tratamentos médicos e hospitalares, ao mesmo tempo todas as queixas e os sinais por um único diagnóstico, que é ade-
em que se configura num desafio para as autoridades sanitárias, em quada no adulto jovem – não se aplica em relação ao idoso. Estudos
especial no que tange à implantação de novos modelos e métodos populacionais demonstram que a maioria dos idosos – 85% – apre-
para o enfrentamento do problema. O idoso consome mais serviços senta pelo menos uma doença crônica e que uma significativa mi-
de saúde, as internações hospitalares são mais frequentes e o tem- noria – 10% – possui, no mínimo, cinco destas patologias (Ramos,
po de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias. LR e cols, 1993). A falta de difusão do conhecimento geriátrico junto
Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram aos profissionais de saúde tem contribuído decisivamente para as
por vários anos e exigem acompanhamento médico e de equipes dificuldades na abordagem médica do paciente idoso.
multidisciplinares permanentes e intervenções contínuas. A maioria das instituições de ensino superior brasileiras ainda
Tomando-se por base os dados relativos à internação hospita- não está sintonizada com o atual processo de transição demográfica
lar pelo Sistema Único de Saúde – SUS –, em 1997, e a população e suas consequências médico-sociais. Há uma escassez de recursos
estimada pelo IBGE para este mesmo ano, pode-se concluir que o técnicos e humanos para enfrentar a explosão desse grupo popula-
idoso, em relação às outras faixas etárias, consome muito mais re- cional no terceiro milênio.
cursos de saúde. Naquele ano, o Sistema arcou com um total de O crescimento demográfico brasileiro tem características par-
12.715.568 de AIHs (autorizações de internações hospitalares), as- ticulares, que precisam ser apreendidas mediante estudos e dese-
sim distribuídas: nhos de investigação que deem conta dessa especificidade. O cui-
• 2.471.984 AIHs (19,4%) foram de atendimentos na faixa etá- dado de saúde destinado ao idoso é bastante caro, e a pesquisa
ria de 0-14 anos de idade, que representava 33,9% da população corretamente orientada pode propiciar os instrumentos mais ade-
total (aqui também estão incluídas as AIHs dos recém-nascidos em quados para uma maior eficiência na adoção de prioridades e na
ambiente hospitalar, bem como as devidas a parto normal); alocação de recursos, além de subsidiar a implantação de medidas
• 7.325.525 AIHs (57,6%) foram na faixa etária de 15-59 anos apropriadas à realidade brasileira.
de idade (58,2% da população total); A transição demográfica no Brasil exige, na verdade, novas
• 2.073.915 AIHs (16,3%) foram na faixa etária de 60 anos ou estratégias para fazer frente ao aumento exponencial do número
mais de idade (7,9% da população total); de idosos potencialmente dependentes, com baixo nível socioe-
• 480.040 AIHs (3,8%) foram destinadas ao atendimento de in- conômico, capazes de consumir uma parcela desproporcional de
divíduos de idade ignorada; essas hospitalizações, em sua grande recursos da saúde destinada ao financiamento de leitos de longa
maioria, corresponderam a tratamento de enfermidades mentais permanência.
de longa permanência, geralmente em pessoas acima de 50 anos A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e simi-
de idade (essa parcela de AIHs foi excluída dos estudos em que se lares está sendo questionada até nos países desenvolvidos, onde
diferencia o impacto de cada faixa etária no sistema hospitalar); estes serviços alcançaram níveis altamente sofisticados em termos
• a taxa de hospitalização, em um ano, alcançou um total de 46 de conforto e eficiência. O custo desse modelo e as dificuldades
por 1.000 indivíduos na faixa etária de 0 a 14 anos de idade, 79 no de sua manutenção estão requerendo medidas mais resolutivas e
segmento de 15 a 59 anos de idade e 165 no grupo de 60 anos ou menos onerosas. O retorno ao modelo de cuidados domiciliares,
mais de idade; já bastante discutido, não pode ter como única finalidade baratear
• o tempo médio de permanência hospitalar foi de 5,1 dias custos ou transferir responsabilidades. A assistência domiciliar aos
para o grupo de 0-14 anos de idade, 5,1 dias no de 15-59 e 6,8 dias idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demanda de
no grupo mais idoso; orientação, informação e assessoria de especialistas.
• o índice de hospitalização (número de dias de hospitalização A maioria das doenças crônicas que acometem o indivíduo ido-
consumidos, por habitante, a cada ano) correspondeu a 0,23 dias so tem, na própria idade, seu principal fator de risco. Envelhecer
na faixa de 0-14 anos de idade; a 0,40 dias na faixa de 15-59; e a sem nenhuma doença crônica é mais exceção do que regra. No en-
1,12 dias na faixa de 60 anos ou mais de idade; tanto, a presença de uma doença crônica não significa que o idoso
• do custo total de R$ 2.997.402.581,29 com despesas de inter- não possa gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia-a-dia de
nações hospitalares, 19,7% foram com pacientes da faixa etária de forma totalmente independente.
0-14 anos de idade, 57,1% da faixa de 15-59 anos de idade e 23,9% A maior parte dos idosos é, na verdade, absolutamente capaz
foram de idosos; de decidir sobre seus interesses e organizar-se sem nenhuma ne-
• o custo médio, por hospitalização, foi de R$ 238,67 em rela- cessidade de ajuda de quem quer que seja. Consoante aos mais
ção à faixa etária de 0-14 anos de idade, R$ 233,87 à de 15-59 anos modernos conceitos gerontológicos, esse idoso que mantém sua
e R$ 334,73 ao grupo de mais de 60 anos de idade; autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão
para realizar-se no seu cotidiano deve ser considerado um idoso
saudável, ainda que seja portador de uma ou mais de uma doença
crônica.
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Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a ca- Propósito
pacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias Como se pode depreender da análise apresentada no capítulo
para uma vida independente e autônoma. Do ponto de vista da saú- anterior, o crescimento demográfico da população idosa brasileira
de pública, a capacidade funcional surge como um novo conceito exige a preparação adequada do País para atender às demandas
de saúde, mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a das pessoas na faixa etária de mais de 60 anos de idade. Essa prepa-
atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de re- ração envolve diferentes aspectos que dizem respeito desde a ade-
abilitação devem objetivar a melhoria da capacidade funcional ou, quação ambiental e o provimento de recursos materiais e humanos
no mínimo, a sua manutenção e, sempre que possível, a recupera- capacitados, até a definição e a implementação de ações de saúde
ção desta capacidade que foi perdida pelo idoso. Trata-se, portanto, específicas.
de um enfoque que transcende o simples diagnóstico e tratamento Acresce-se, por outro lado, a necessidade de a sociedade en-
de doenças específicas. tender que o envelhecimento de sua população é uma questão que
A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da extrapola a esfera familiar e, portanto, a responsabilidade indivi-
máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece pelo dual, para alcançar o âmbito público, neste compreendido o Esta-
maior tempo possível – foco central desta Política –, significa a va- do, as organizações não governamentais e os diferentes segmentos
lorização da autonomia ou autodeterminação e a preservação da sociais.
independência física e mental do idoso. Tanto as doenças físicas Nesse sentido, a presente Política Nacional de Saúde do Idoso
quanto as mentais podem levar à dependência e, consequentemen- tem como propósito basilar a promoção do envelhecimento saudá-
te, à perda da capacidade funcional. vel, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcio-
Na análise da questão relativa à reabilitação da capacidade fun- nal dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde
cional, é importante reiterar que a grande maioria dos idosos de- dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua
senvolve, ao longo da vida, algum tipo de doença crônica decorren- capacidade funcional restringida, de modo a garantir-lhes perma-
te da perda continuada da função de órgãos e aparelhos biológicos. nência no meio em que vivem, exercendo de forma independente
Essa perda de função pode ou não levar a limitações funcionais que, suas funções na sociedade.
por sua vez, podem gerar incapacidades, conduzindo, em última Para tanto, nesta Política estão definidas as diretrizes que de-
instância, à dependência da ajuda de outrem ou de equipamentos vem nortear todas as ações no setor saúde, e indicadas às respon-
específicos para a realização de tarefas essenciais à sobrevivência sabilidades institucionais para o alcance do propósito acima expli-
no dia a dia. citado. Além disso, orienta o processo contínuo de avaliação que
Estudos populacionais revelam que cerca de 40% dos indivídu- deve acompanhar o desenvolvimento da Política Nacional de Saúde
os com 65 anos ou mais de idade precisam de algum tipo de ajuda do Idoso, mediante o qual deverá ser possível os eventuais redi-
para realizar pelo menos uma tarefa do tipo fazer compras, cuidar mensionamentos que venham a ser ditados pela prática.
das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela me-
nor, mas significativa – 10% –, requer auxílio para realizar tarefas A implementação desta Política compreende a definição e ou rea-
básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se dequação de planos, programas, projetos e atividades do setor saúde,
e, até, sentar e levantar de cadeiras e camas (Ramos, L. R. e cols., que direta ou indiretamente se relacionem com o seu objeto.
1993). É imprescindível que, na prestação dos cuidados aos idosos, O esforço conjunto de toda a sociedade, aqui preconizado, im-
as famílias estejam devidamente orientadas e relação às atividades plica o estabelecimento de uma articulação permanente que, no
de vida diária (AVDs). âmbito do SUS, envolve a construção de contínua cooperação entre
Tanto a dependência física quanto a mental constituem fatores o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de
de risco significativos para mortalidade, mais relevantes até que as Saúde.
próprias doenças que levaram à dependência, visto que nem todo
doente torna-se dependente, conforme revelam estudos popula- Diretrizes
cionais de segmentos de idosos residentes em diferentes comuni- Para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde
dades (Ramos, L. R. e cols., 1993). No entanto, nem todo depen- do Idoso, são definidas como diretrizes essenciais:
dente perde sua autonomia e, neste sentido, a dependência mental • a promoção do envelhecimento saudável;
deve ser objeto de atenção especial, na medida em que leva, com • a manutenção da capacidade funcional;
muito mais frequência, à perda de autonomia. • a assistência às necessidades de saúde do idoso;
Doenças como depressão e demência já estão, em todo mun- • a reabilitação da capacidade funcional comprometida;
do, entre as principais causas de anos vividos com incapacidade, • a capacitação de recursos humanos especializados;
exatamente por conduzirem à perda da independência e, quase • o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais;
que necessariamente, à perda da autonomia. • o apoio a estudos e pesquisas.
Os custos gerados por essa dependência são tão grandes quan-
to o investimento de dedicar um membro da família ou um cuida- Promoção do Envelhecimento Saudável
dor para ajudar continuamente uma pessoa que, muitas vezes, irá O cumprimento dessa diretriz compreenderá o desenvolvimen-
viver mais 10 ou 20 anos, requerendo uma atenção que, não raro, to de ações que orientem os idosos e os indivíduos em processo
envolve leitos hospitalares e institucionais, procedimentos diagnós- de envelhecimento quanto à importância da melhoria constante de
ticos caros e sofisticados, bem como o consenso frequente de uma suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce de hábi-
equipe multiprofissional e interdisciplinar, capaz de fazer frente à tos saudáveis de vida e a eliminação de comportamentos nocivos
problemática multifacetada do idoso. à saúde.
Dentro desse contexto é que são estabelecidas novas priori- Entre os hábitos saudáveis, deverão ser destacados, por exem-
plo, a alimentação adequada e balanceada; a prática regular de
dades dirigidas a esse grupo populacional, que deverão nortear as
exercícios físicos; a convivência social estimulante; e a busca, em
ações em saúde nesta virada de século.
qualquer fase da vida, de uma atividade ocupacional prazerosa e

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de mecanismos de atenuação do estresse. Em relação aos hábitos subclínico – ainda pouco usuais e carentes de sistematização –, me-
nocivos, merecerão destaque o tabagismo, o alcoolismo e a auto- diante o desenvolvimento de atividades específicas, entre as quais
medicação. destacam se:
Tais temas serão objeto de processos educativos e informa- • antecipação de danos sensoriais, com o rastreio precoce de
tivos continuados, em todos os níveis de atuação do SUS, com a danos auditivos, visuais e propioceptivos;
utilização dos diversos recursos e meios disponíveis, tais como: dis- • utilização dos protocolos próprios para situações comuns en-
tribuição de cartilhas e folhetos, bem como o desenvolvimento de tre os idosos, tais como riscos de queda, alterações do humor e
campanhas em populares de rádio; veiculação de filmetes na tele- perdas cognitivas;
visão; treinamento de agentes comunitários de saúde e profissio- • prevenção de perdas dentárias e de outras afecções da cavi-
nais integrantes da estratégia de saúde da família para, no trabalho dade bucal;
domiciliar, estimular os cidadãos na adoção de comportamentos • prevenção de deficiências nutricionais;
saudáveis. • avaliação das capacidades e habilidades funcionais no am-
Ênfase especial será dada às orientações dos idosos e seus biente domiciliar, com vistas à prevenção de perda de independên-
familiares quanto aos riscos ambientais, que favorecem quedas e cia e autonomia;
que podem comprometer a capacidade funcional destas pessoas. • prevenção do isolamento social, com a criação ou uso de
Deverão ser garantidas aos idosos, assim como aos portadores de oportunidades sociais, como clubes, grupos de convivência, asso-
deficiência, condições adequadas de acesso aos espaços públicos, ciação de aposentados etc.
tais como rampas, corrimões e outros equipamentos facilitadores.
A operacionalização da maioria dessas medidas dar-se-á nas
Manutenção da Capacidade Funcional próprias unidades de saúde, com suas equipes mínimas tradicio-
Ao lado das medidas voltadas à promoção de hábitos saudá- nais, às quais deverão ser incorporados os agentes de saúde ou
veis, serão promovidas ações que visem à prevenção de perdas fun- visitadores, além do estabelecimento de parcerias nas ações inte-
cionais, em dois níveis específicos: grantes da estratégia de saúde da família e outras congêneres. Além
• prevenção de agravos à saúde; disso, na implementação dessa diretriz, buscar-se-á o engajamento
• detecção precoce de problemas de saúde potenciais ou já
efetivo dos grupos de convivência, com possibilidades tanto tera-
instalados, cujo avanço poderá pôr em risco as habilidades e a au-
pêuticas e preventivas, quanto de lazer.
tonomia dos idosos.
Assistência às necessidades de saúde do idoso
As ações de prevenção envolvidas no primeiro nível estarão
A prestação dessa assistência basear-se-á nas orientações abai-
centradas na aplicação de vacinas, medida já consolidada para a
xo descritas, as quais compreendem os âmbitos ambulatorial, hos-
infância, mas com prática ainda limitada e recente entre idosos.
pitalar e domiciliar.
Deverão ser aplicadas as vacinas contra o tétano, a pneumonia
No âmbito ambulatorial, a consulta geriátrica constituirá a base
pneumocócica e a influenza, que representam problemas sérios en-
dessa assistência. Para tal, deverá ser estabelecido um modelo es-
tre os idosos no Brasil e que são as preconizadas pela Organização
pecífico, de modo a alcançar-se um impacto expressivo na assistência,
Mundial da Saúde – OMS – para este grupo populacional.
em particular na redução das taxas de internação hospitalar e em clíni-
A grande maioria das hospitalizações para o tratamento do té-
cas de repouso – e mesmo asilos –, bem como a diminuição da deman-
tano ocorre em indivíduos acima dos 60 anos de idade. Nesse sen-
da aos serviços de emergência e aos ambulatórios de especialidades. A
tido, essa população será estimulada a fazer doses de reforço da va-
consulta geriátrica deverá ser fundamentada na coleta e no registro de
cina antitetânica a cada dez anos, tendo em vista a sua comprovada
informações que possam orientar o diagnóstico a partir da caracteriza-
efetividade, a qual alcança quase os 100%.
ção de problemas e o tratamento adequado, com a utilização rotineira
As pneumonias, em especial a de origem pneumocócica, es-
de escalas de rastreamento para depressão, perda cognitiva e avalia-
tão entre as patologias infecciosas que mais trazem riscos à saúde
ção da capacidade funcional, assim como o correto encaminhamento
dos idosos, com altas taxas de internação, além de alta letalidade para a equipe multiprofissional e interdisciplinar.
nesta faixa etária. São apontadas como fatores de descompensação Considerando que a qualidade da coleta de dados apresenta di-
funcional de piora dos quadros de insuficiência cardíaca, desenca- ficuldades peculiares a esse grupo etário, em decorrência de eleva-
deadoras de edema agudo de pulmão e fonte de deterioração nos do índice de morbidade, apresentações atípicas de doenças e pela
quadros de doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Levando em chance aumentada de iatrogenia, o modelo de consulta a ser esta-
conta as recomendações técnicas atuais, a vacina antipneumocó- belecido pautar-se-á pela abrangência, sensibilidade diagnostica e
cica deverá ser administrada em dose única nos indivíduos idosos. orientação terapêutica, nesta incluídas ações não farmacológicas.
Embora vista como enfermidade trivial, a influenza – ou gripe A abrangência do modelo de consulta geriátrica compreende-
–, no grupo dos idosos, pode trazer consequências graves, levan- rá a incorporação de informações que permitam a identificação de
do a processos pneumônicos ou, ainda, à quebra do equilíbrio, já problemas não apenas relacionados aos sistemas cardiorrespirató-
instável, destes indivíduos, portadores de patologias crônicas não rio, digestivo, hematológico e endócrino-metabólico, como, tam-
transmissíveis. A vacina antigripal deverá ser aplicada em todos os bém, aos transtornos neuropsiquiátricos, nos aparelhos locomotor
idosos, pelo menos duas semanas antes do início do inverno ou do e geniturinário.
período das chuvas nas regiões mais tropicais. Essa forma de consulta deverá possibilitar a sensibilização do
No segundo nível da manutenção da capacidade funcional, profissional para questões sociais eventualmente envolvidas no
além do reforço das ações dirigidas à detecção precoce de enfer- bem-estar do paciente.
midades não transmissíveis – como a hipertensão arterial, a dia- Por sua vez, a sensibilidade diagnóstica deverá implicar a ca-
betes milito e a osteoporose –, deverão ser introduzidas as novas pacidade de motivar a equipe para a busca de problemas de ele-
medidas, de que são exemplos aquelas dirigidas ao hipotireoidismo vada prevalência, que não são comumente diagnosticados, como
por exemplo: doenças tireoidianas, doença de Parkinson, hipoten-
são ortostática, incontinência urinária, demências e depressões. É

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importante que informações relacionadas a glaucoma, catarata e a 75 anos, deverá obedecer rigorosamente os critérios adotados em
hipoacusia sejam coletadas. A possibilidade de iatrogenia sempre todas as faixas etárias, de potencial de reversibilidade do estado
deverá ser considerada. clínico e não a sua gravidade, quando reconhecidamente irrecupe-
Finalmente, a orientação terapêutica, incluindo mudanças de rável.
estilo de vida, deverá possibilitar que a consulta geriátrica enfren- A implantação de forma diferenciada de assistência ao idoso
te os problemas identificados, levando a alguma forma de alívio e dependente será gradual, priorizando-se hospitais universitários e
atenuação do impacto funcional. Ao mesmo tempo, o médico de- públicos estatais.
verá evitar excessos na prescrição e uso de fármacos com elevado Uma questão que deverá ser considerada refere-se ao fato de
potencial iatrogênico. que o idoso tem direito a um atendimento preferencial nos órgãos
estatais e privados de saúde (ambulatórios, hospitais, laboratórios,
A orientação terapêutica compreenderá, sempre que neces- planos de saúde, entre outros), na conformidade do que estabe-
sário, informações aos pacientes e seus acompanhantes sobre as lece a Lei N.º 8.842/94, em seu Art. 4º, inciso VIII, e o Art. 17, do
medidas de prevenção dos agravos à saúde e acerca das ações de Decreto N.º 1.948/96, que a regulamentou. O idoso terá também
reabilitação precoce – ou “preventiva” – e corretiva, levando em uma autorização para acompanhante familiar em hospitais públicos
conta, da melhor maneira possível, o ambiente em que vivem e as e privados – conveniados ou contratados – pelo SUS.
condições sociais que dispõem. Na relação entre o idoso e os profissionais de saúde, um dos
Já no âmbito hospitalar, a assistência a esse grupo populacional aspectos que deverá sempre ser observado diz respeito à possibili-
deverá considerar que a idade é um indicador precário na determi- dade de maus-tratos, quer por parte da família, quer por parte do
nação das características especiais do idoso enfermo hospitalizado. cuidador ou mesmo destes profissionais. É importante que o idoso
Nesse sentido, o estado funcional constituirá o parâmetro mais saiba identificar posturas e comportamentos que significam maus-
fidedigno para o estabelecimento de critérios específicos de aten- -tratos, bem como os fatores de risco neles envolvidos. Esses maus-
dimento. tratos podem ser por negligência – física, psicológica ou financeira
Assim, os pacientes classificados como totalmente dependen- –, por abuso – físico, psicológico ou financeiro – ou por violação dos
tes constituirão o grupo mais sujeito a internações prolongadas, direitos pessoais. O profissional de saúde, o idoso e a família, quan-
reinternações sucessivas e de pior prognóstico e que, por isso, se do houver indícios de maus-tratos, deverá denunciar a sua suspeita
enquadram no conceito de vulnerabilidade. Os serviços de saúde às autoridades competentes.
deverão estar preparados para identificar esses pacientes, proven- Considerando que a vulnerabilidade à perda de capacidade
do-lhes uma assistência diferenciada. está ligada a aspectos socioeconômicos, atenção especial deverá
Essa assistência será pautada na participação de outros profis- ser concedida aos grupos de idosos que estão envelhecendo em
sionais, além de médicos e enfermeiros, tais como fisioterapeutas, condições mais desfavoráveis, de que são exemplos aqueles resi-
assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudió- dentes na periferia dos grandes centros urbanos e os que vivem nas
logos, dentistas e nutricionistas. Dessa forma, a disponibilidade de zonas rurais desprovidas de recursos de saúde e assistência social,
equipe mínima, que deve incluir obrigatoriamente um médico com onde também se observa uma intensa migração da população jo-
formação em geriatria, de equipamentos e de serviços adequados, vem.
será pré-requisito para as instituições públicas estatais ou privadas
– conveniadas ou contratadas pelo SUS –, que prestarem assistência Reabilitação da capacidade funcional comprometida
a idosos dependentes internados. As ações nesse contexto terão como foco especial a reabili-
Idosos com graves problemas de saúde, sem possibilidade de tação precoce, mediante a qual buscar-se-á prevenir a evolução e
recuperação ou de recuperação prolongada, poderão demandar in- recuperar a perda funcional incipiente, de modo a evitar-se que as
ternação hospitalar de longa permanência; forma esta definida na limitações da capacidade funcional possam avançar e que aquelas
Portaria N.º 2.413, editada em 23 de março de 1998. No entanto, limitações já avançadas possam ser amenizadas. Esse trabalho en-
esses pacientes deverão ser submetidos à tentativa de reabilitação volverá as práticas de um trabalho multiprofissional de medicina,
antes e durante a hospitalização, evitando-se que as enfermarias enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, fonoau-
sejam transformadas em locais de acomodação para pacientes ido- diologia, psicologia e serviço social.
sos com problemas de saúde não resolvidos e, por conseguinte, Na definição e na implementação das ações, será levado em
aumentando a carga de sofrimento do próprio idoso, bem como o conta que, na realidade, as causas de dependência são, em sua
aumento dos custos dos serviços de saúde. maioria, evitáveis e, em muitos casos, reversíveis por intermédio
Entre os serviços alternativos à internação prolongada, deverá de técnicas de reabilitação física e mental, tão mais efetivas quanto
estar incluída, obrigatoriamente, a assistência domiciliar. A adoção mais precocemente forem instituídas.
de tal medida constituirá estratégia importante para diminuir o Além da necessidade de prevenir as doenças crônicas que aco-
custo da internação, uma vez que assistência domiciliar é menos metem aos que envelhecem, procurar-se-á, acima de tudo, evitar
onerosa do que a internação hospitalar. O atendimento ao idoso que estas enfermidades alijem o idoso do convívio social, compro-
enfermo, residente em instituições – como, por exemplo, asilos –, metendo sua autonomia.
terá as mesmas características da assistência domiciliar Deverá ser No conjunto de ações que devem ser implementadas nesse
estimulada, por outro lado, a implantação do hospital-dia geriátri- âmbito, estão aquelas relacionadas à reabilitação mediante a pres-
co, uma forma intermediária de atendimento entre a internação crição adequada e o uso de órteses e próteses como, por exemplo,
hospitalar e a assistência domiciliar. Esse serviço terá como objetivo óculos, aparelhos auditivos, próteses dentárias e tecnologias assis-
viabilizar a assistência técnica adequada para pacientes cuja neces- tivas (como andador, bengala, etc.).
sidade terapêutica – hidratação, uso de medicação endovenosa, Essas e as outras ações que vierem a ser definidas deverão es-
quimioterapia e reabilitação – e de orientação para cuidadores não tar disponíveis em todos os níveis de atenção ao idoso, principal-
justificarem a permanência em hospital. mente nos postos e centros de saúde, com vistas à detecção pre-
Tal medida não poderá ser encarada como justificativa para o coce e o tratamento de pequenas limitações funcionais capazes de
simples aumento do tempo de internação. Contudo, a internação levar a uma grave dependência.
de idosos em UTI, em especial daqueles com idade igual ou superior
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A detecção precoce e o tratamento de pequenas limitações Nos países aonde o envelhecimento da população vem ocor-
funcionais, potenciais causas de formas graves de dependência, rendo há mais tempo, convencionou-se que há cuidados formais e
integrarão as atribuições dos profissionais e técnicos que atuam informais na atenção às pessoas que envelheceram e que, de alguma
nesses níveis de atenção, e deverão ser alvo de orientação aos cui- forma, perderam a sua capacidade funcional. Os sistemas formais de
dadores dos idosos para que possam colaborar com os profissionais cuidados são integrados por profissionais e instituições, que realizam
da saúde, sobretudo na condição de agentes facilitadores, tanto na este atendimento sob a forma de prestação de serviço.
observação de novas limitações, quanto no auxílio ao tratamento Dessa forma, os cuidados são prestados por pessoa ou agên-
prescrito. cias comunitárias contratadas para tal. Já os sistemas informais são
constituídos por pessoas da família, amigos próximos e vizinhos,
Capacitação de recursos humanos especializados frequentemente mulheres, que exercem tarefas de apoio e cuida-
O desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos cons- dos voluntários para suprir a incapacidade funcional do seu idoso.
tituem diretriz que perpassará todas as demais definidas nesta Na cultura brasileira, são essas pessoas que assumem para si
Política, configurando mecanismo privilegiado de articulação Inter as funções de provedoras de cuidados diretos e pessoais. O papel
setorial, de forma que o setor saúde possa dispor de pessoal em de mulher cuidadora na família é normativo, sendo quase sempre
qualidade e quantidade adequadas, e cujo provimento é de respon- esperado que ela assuma tal papel. Os responsáveis pelos cuidados
sabilidade das três esferas de governo. diretos aos seus idosos doentes ou dependentes geralmente resi-
Esse componente deverá merecer atenção especial, sobretudo dem na mesma casa e se incumbem de prestar a ajuda necessária
no tocante ao que define a Lei N.º 8.080/90, em seu Art. 14 e pa- ao exercício das atividades diárias destes idosos, tais como higiene
rágrafo único, nos quais está estabelecido que a formação e a edu- pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de
cação continuada contemplarão ação Inter setorial articulada. A lei saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano, por exemplo ida
estabelece, como mecanismo fundamental, a criação de comissão a bancos ou farmácias.
permanente de integração entre os serviços de saúde e as institui- O modelo de cuidados domiciliares, antes restrito à esfera pri-
ções de ensino profissional e superior, com a finalidade de “propor vada e à intimidade das famílias, não poderá ter como única finali-
prioridades, métodos e estratégias”. dade baratear custos ou transferir responsabilidades. A assistência
domiciliar aos idosos cuja capacidade funcional está comprometida
O trabalho articulado com o Ministério da Educação e as insti-
demanda orientação, informação e assessoria de especialistas.
tuições de ensino superior deverão ser viabilizados por intermédio
Para o desempenho dos cuidados a um idoso dependente, as
dos Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia tendo em
pessoas envolvidas deverão receber dos profissionais de saúde os
vista a capacitação de recursos humanos em saúde de acordo com
esclarecimentos e as orientações necessárias, inclusive em relação
as diretrizes aqui fixadas.
à doença crônico-degenerativa com a qual está eventualmente li-
Os Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia serão,
dando, bem como informações sobre como acompanhar o trata-
preferencialmente, localizados em instituições de ensino superior
mento prescrito.
e terão atribuições específicas, conforme as características de cada
instituição. A indicação desses Centros deverá ser estabelecida pelo
Essas pessoas deverão, também, receber atenção médica pes-
Ministério da Saúde, de acordo com as necessidades identificadas
no processo de implantação desta Política Nacional No âmbito da soal, considerando que a tarefa de cuidar de um adulto dependente
execução de ações, de forma mais específica, a capacitação busca- é desgastante e implica riscos à saúde do cuidador. Por conseguinte,
rá preparar os recursos humanos para a operacionalização de um a função de prevenir perdas e agravos à saúde abrangerá, igualmen-
elenco básico de atividades, que incluirá, entre outras, a prevenção te, a pessoa do cuidador.
de perdas, a manutenção e a recuperação da capacidade funcional Assim, a parceria entre os profissionais de saúde e as pessoas
da população idosa e o controle dos fatores que interferem no esta- que cuidam dos idosos deverá possibilitar a sistematização das tare-
do de saúde desta população. fas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas
A capacitação de pessoal para o planejamento, coordenação relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e
e avaliação de ações deverá constituir as bases para o desenvolvi- à manutenção da capacidade funcional do idoso dependente e do
mento do processo contínuo de articulação com os demais setores, seu cuidador, evitando-se, assim, na medida do possível, hospitali-
cujas ações estão diretamente relacionadas com o idoso no âmbito zações, asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.
do setor saúde. Dessa parceria, deverão resultar formas mais efetivas e efi-
Essa capacitação será promovida pelos Centros Colaboradores cazes de manutenção e de recuperação da capacidade funcional,
de Geriatria e Gerontologia, os quais terão a função específica de assim como a participação mais adequada das pessoas envolvidas
capacitar os profissionais para prestar a devida cooperação técnica com alguém em processo de envelhecimento com dependência.
demandada pelas demais esferas de gestão, no sentido de uniformi- O estabelecimento dessa ação integrada será realizado por meio
zar conceitos e procedimentos que se tornarão indispensáveis para de orientações a serem prestadas pelos profissionais de saúde, do
a efetivação desta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como intercâmbio de informações claras e precisas sobre diagnósticos e
para o seu processo contínuo de avaliação e acompanhamento. tratamentos, bem como relatos de experiências entre pessoas que
estão exercitando o papel de cuidar de idoso dependente.
Apoio ao Desenvolvimento de Cuidados Informais
Nesse âmbito, buscar-se-á desenvolver uma parceria entre os Apoio a Estudos e Pesquisas
profissionais da saúde e as pessoas próximas aos idosos, responsá- Esse apoio deverá ser levado a efeito pelos Centros Colabo-
veis pelos cuidados diretos necessários às suas atividades da vida radores de Geriatria e Gerontologia, resguardadas, nas áreas de
diária e pelo seguimento das orientações emitidas pelos profissio- conhecimento de suas especialidades, as particularidades de cada
nais. Tal parceria, como mostram estudos e pesquisas sobre o en- um.
velhecimento em dependência, configura a estratégia mais atual e Esses Centros deverão se equipar, com o apoio financeiro das
menos onerosa para manter e promover a melhoria da capacidade agências de ciência e tecnologia regionais e ou federais, para orga-
funcional das pessoas que se encontram neste processo. nizar o seu corpo de pesquisadores e atuar em uma ou mais de uma
linha de pesquisa. Tais grupos incumbir-se-ão de gerar informações
com o intuito de subsidiar as ações de saúde dirigidas à população
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de mais de 60 anos de idade, em conformidade com esta Política. Articulação Intersetorial
Caberá ao Ministério da Saúde e ao Ministério Ciência Tecnologia, No âmbito federal, o Ministério da Saúde buscará estabelecer,
em especial, o papel de articuladores, com vistas a garantir a efeti- em especial, articulação com as instâncias a seguir apresentadas,
vidade de ações programadas de estudos e pesquisas desta Política para as quais estão identificadas as medidas essenciais, segundo as
Nacional de Saúde do Idoso. suas respectivas competências.
As linhas de pesquisa deverão concentrar-se em quatro gran-
des tópicos de produção de conhecimentos sobre o envelhecimen- Ministério da Educação
to no Brasil, contemplando as particularidades de gênero e extratos A parceria com esse Ministério buscará, sobretudo:
sociais nas zonas urbanas e rurais. • a difusão, junto às instituições de ensino e seus alunos, de
informações relacionadas à promoção da saúde dos idosos e à pre-
O primeiro tópico refere-se a estudos de perfil do idoso, nas venção ou recuperação de suas incapacidades;
diferentes regiões do País, e prevalência de problemas de saúde, • a adequação de currículos, metodologias e material didático
incluindo dados sociais, nas formas de assistência e seguridade, de formação de profissionais na área da saúde, visando o atendi-
situação financeira e apoios formais e informais. Nesse contexto, mento das diretrizes fixadas nesta Política;
será estimulada a sistematização das informações produzidas pelos • o incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e
Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia, em articulação Gerontologia nas instituições de ensino superior, que deverão atuar
com os dados das agências governamentais, particularmente aque- de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipais
las que lidam com estudos demográficos e populacionais. de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e
No segundo tópico, deverão estar concentrados estudos vi- contra referência de ações e serviços para o atendimento integral
sando a avaliação da capacidade funcional; prevenção de doenças, dos idosos e a capacitação de equipes multiprofissionais e interdis-
vacinações; estudos de seguimento; e desenvolvimento de instru- ciplinares, visando a qualificação contínua do pessoal de saúde nas
mentos de rastreamento. áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso;
O terceiro tópico diz respeito aos estudos de modelos de cui- • o estímulo e apoio à realização de estudos que contemplem
dado, na assessoria para a implementação e no acompanhamento as quatro linhas de pesquisa definidas como prioritárias por esta
e na avaliação das intervenções. Política, visando o desenvolvimento de um sistema de informação
O quarto tópico concentrar-se-á em estudos sobre a hospita- sobre esta população, que subsidie o planejamento, execução e
lização e alternativas de assistência hospitalar, com vistas à maior avaliação das ações de promoção, proteção, recuperação e reabi-
eficiência e à redução dos custos no ambiente hospitalar. Para tal, litação;
a padronização de protocolos para procedimentos clínicos, exames • a discussão e a readequação de currículos e de ensino nas
complementares mais sofisticados e medicamentos deverão consti- instituições de ensino superior abertas para a terceira idade, conso-
tuir pontos prioritários. antes às diretrizes fixadas nesta Política.

Comporão, ainda, esse último tópico estudos sobre orientação Ministério da Previdência e Assistência Social
e cuidados aos idosos, alta hospitalar e diferentes alternativas de A parceria buscará principalmente:
assistência – como assistência domiciliar, centro-dia, já utilizados • a realização de estudos e pesquisas epidemiológicas, junto
em outros países –, bem como investigações acerca de formas de aos seus segurados, relativos às doenças e agravos mais prevalen-
articulação de informações básicas em geriatria e gerontologia para tes nesta faixa etária, sobretudo quanto aos seus impactos no in-
os profissionais de todas as especialidades. divíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no setor
saúde;
Responsabilidades Institucionais • a elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado
Caberá aos gestores do SUS, de forma articulada e na confor- aos idosos segurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política.
midade de suas atribuições comuns e específicas, prover os meios • Secretaria de Estado da Assistência Social
e atuar de modo a viabilizar o alcance do propósito desta Política • A parceria com essa Secretaria terá por finalidade principal-
Nacional de Saúde do Idoso, que é a promoção do envelhecimento mente:
saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade • a difusão, junto aos seus serviços e àqueles sob a sua supervi-
funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da são, de informações relativas à preservação da saúde e à prevenção
saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter ou recuperação de incapacidades;
a sua capacidade funcional restringida. • a adequação, na conformidade das diretrizes aqui estabele-
Considerando, por outro lado, as diretrizes aqui definidas para cidas, de seus cursos de treinamento ou capacitação de profissio-
a consecução do propósito fixado, cuja observância implica o de- nais que atuam nas unidades próprias, conveniadas ou sob a sua
senvolvimento de um amplo conjunto de ações, entre as quais figu- supervisão;
rarão aquelas compreendidas no processo de promoção da saúde • a promoção da formação e o acompanhamento de grupos de
e que, por isso mesmo, irão requerer o compartilhamento de res- autoajuda aos idosos, referentes às doenças e agravos mais comuns
ponsabilidades específicas tanto no âmbito interno do setor saúde, nesta faixa etária;
quanto no contexto de outros setores. • o apoio à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e
Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em Gerontologia nas instituições de ensino superior, que devem atuar
suas respectivas áreas de abrangência, processos de articulação de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipal
permanente, visando o estabelecimento de parcerias e a integra- de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e
ção institucional que viabilizem a consolidação de compromissos contra referência de ações e serviços para o atendimento integral
multilaterais efetivos. Será buscado, igualmente, a participação de de idosos e o treinamento de equipes multiprofissionais e interdis-
diferentes segmentos da sociedade, que estejam direta ou indireta- ciplinares, visando a capacitação contínua do pessoal de saúde nas
mente relacionadas com a presente Política. áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso;

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• o apoio à realização de estudos epidemiológicos para detec- • Elaborar e acompanhar o cumprimento de normas relativas
ção dos agravos à saúde da população idosa, visando o desenvolvi- aos serviços geriátricos hospitalares.
mento de sistema de informação sobre esta população, destinado • Designar e apoiar os Centros Colaboradores de Geriatria e
a subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação das ações de Gerontologia, preferencialmente localizados em instituições de en-
promoção, proteção, recuperação e reabilitação; sino superior envolvidos na capacitação de recursos humanos em
• a promoção da observância das normas relativas à criação saúde do idoso e ou na produção de material científico, bem como
e ao funcionamento de instituições gerontológicas e similares, nas em pesquisa nas áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção
unidades próprias e naquelas sob a sua supervisão. a este grupo populacional.
• Apoiar estudos e pesquisas definidos como prioritários nesta
Ministério do Trabalho e Emprego Política visando a ampliar o conhecimento sobre o idoso e a subsi-
• Com esse Ministério, a parceria a ser estabelecida visará, em diar o desenvolvimento das ações decorrentes desta Política.
especial:
• a elaboração e a implementação de de preparo para futuros • Promover a cooperação das Secretarias Estaduais e Muni-
aposentados nos setores públicos e privados; cipais de Saúde com os Centros Colaboradores de Geriatria e Ge-
• a melhoria das condições de emprego do idoso, compreen- rontologia com vistas à capacitação de equipes multiprofissionais e
dendo: a eliminação das discriminações no mercado de trabalho e interdisciplinares.
a criação de condições que permitam a inserção do idoso na vida • Promover a inclusão da geriatria como especialidade clínica,
socioeconômica das comunidades. para efeito de concursos públicos.
• Criar mecanismos que vinculem a transferência de recursos
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano às instâncias estadual e municipal ao desenvolvimento de um mo-
Será estabelecida a parceria com essa Secretaria visando, entre delo adequado de atenção à saúde do idoso.
outras: • Estimular e apoiar a realização de pesquisas consideradas es-
• a melhoria de condições de habitação e moradia, além da tratégicas no contexto desta Política.
diminuição das barreiras arquitetônicas e urbanas que dificultam • Promover a disseminação de informações técnico-científicas
ou impedem a manutenção e apoio à independência funcional do e de experiências exitosas referentes à saúde do idoso.
idoso; • Promover a capacitação de recursos humanos para a imple-
• a promoção de ações educativas dirigidas aos agentes execu- mentação desta Política.
tores e beneficiários de habitacionais quanto aos riscos ambientais • Promover a adoção de práticas, estilos e hábitos de vida sau-
à capacidade funcional dos idosos. dáveis, por parte dos idosos, mediante a mobilização de diferentes
• o estabelecimento de previsão e a instalação de equipamen- segmentos da sociedade e por intermédio de campanhas publicitá-
tos comunitários públicos voltados ao atendimento da população rias e de processos educativos permanentes.
idosa previamente identificada, residentes na área de abrangência • Apoiar estados e municípios, a partir da análise de tendên-
dos empreendimentos habitacionais respectivos; cias, no desencadeamento de medidas visando a eliminação ou o
• a promoção de ações na área de transportes urbanos que controle de fatores de risco detectados.
permitam e ou facilitem o deslocamento do cidadão idoso, sobre- • Promover o fornecimento de medicamentos, órteses e próte-
tudo aquele que já apresenta dificuldades de locomoção, tais como ses necessários à recuperação e à reabilitação do idoso.
elevatórias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampas • Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de
nas calçadas, bancos mais altos nas paradas de ônibus. controle social do SUS.
• Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên-
Ministério da Justiça cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse
Com esse Ministério, a parceria terá por finalidade a promo- contexto.
ção e a defesa dos direitos da pessoa idosa, no tocante às questões • Estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades
de saúde, mediante o acompanhamento da aplicação das disposi- de cuidados diurnos – hospital dia, centro-dia – de atendimento
ções contidas na Lei N.º 8.842/94 e seu regulamento (Decreto N.º domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para o idoso.
1.948/96).
Responsabilidades do Gestor Estadual – Secretaria Estadual
Ministério do Esporte e Turismo de Saúde
Essa parceria buscará, em especial, a elaboração, a implemen- • Elaborar, coordenar e executar a política estadual de saúde
tação e o acompanhamento de esportivos e de exercícios físicos do idoso, consoante a esta Política Nacional.
destinados às pessoas idosas, bem como de turismo que propiciem • Promover a elaboração e ou adequação dos planos, progra-
a saúde física e mental deste grupo populacional. mas, projetos e atividades decorrentes desta Política.
• Promover processo de articulação entre os diferentes setores
Ministério da Ciência e Tecnologia no Estado, visando a implementação da respectiva política de saúde
Buscar-se-á, por intermédio do Conselho Nacional de Desen- do idoso.
volvimento Científico e Tecnológico – CNPq –, o fomento à pesquisa • Acompanhar o cumprimento de normas de funcionamento
na área de geriatria e gerontologia contemplando, preferencial- de instituições geriátricas e similares, bem como de serviços hospi-
mente, as linhas de estudo definidas nesta Política. talares geriátricos.
• Estabelecer cooperação com os Centros Colaboradores de
Responsabilidades do Gestor Federal – Ministério da Saúde Geriatria e Gerontologia com vistas ao treinamento de equipes
• Implementar, acompanhar e avaliar a operacionalização des- multiprofissionais e interdisciplinares, e promover esta cooperação
ta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como os planos, pro- com as Secretarias Municipais de Saúde, de modo a capacitar re-
gramas, projetos e atividades dela decorrentes. cursos humanos necessários à consecução da política estadual de
• Promover a revisão e o aprimoramento das normas de fun- saúde do idoso.
cionamento de instituições geriátricas e similares (Portaria 810/89).
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
• Promover a capacitação de recursos humanos necessários à Acompanhamento e Avaliação
consecução da política estadual de saúde do idoso. A operacionalização desta Política compreenderá a sistemati-
• Adequar os serviços de saúde com a finalidade do atendi- zação de processo contínuo de acompanhamento e avaliação, que
mento às necessidades específicas da população idosa. permita verificar o alcance de seu propósito – e, consequentemen-
• Prestar cooperação técnica aos municípios na implementa- te, o seu impacto sobre a saúde dos idosos –, bem como proceder a
ção das ações decorrentes. eventuais adequações que se fizerem necessárias.
• Apoiar propostas de estudos e pesquisas estrategicamente Esse processo exigirá a definição de critérios, parâmetros, indi-
importantes para a implementação, avaliação ou reorientação das cadores e metodologia específicos, capazes de evidenciar, também,
questões relativas à saúde do idoso. a repercussão das medidas levadas a efeito por outros setores, que
• Promover a adoção de práticas e hábitos saudáveis, por parte resultaram da ação articulada preconizada nesta Política e que es-
dos idosos, mediante a mobilização de diferentes segmentos da so- tão explicitadas no capítulo anterior deste documento, bem como a
ciedade e por intermédio de campanhas de comunicação. observância dos compromissos internacionais assumidos pelo País
em relação à atenção aos idosos.
• Promover o fornecimento de medicamentos, próteses e órte-
ses necessários à recuperação e à reabilitação de idosos. É importante considerar que o processo de acompanhamento
• Estimular e viabilizar a participação de idosos nas instâncias e avaliação referido será apoiado, sobretudo para a aferição de re-
de participação social. sultados no âmbito interno do setor, pelas informações produzidas
• Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên- pelos diferentes planos, programas, projetos, ações e ou atividades
cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse decorrentes desta Política Nacional.
contexto. Além da avaliação nos contextos anteriormente identificados,
• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de voltados principalmente para a verificação do impacto das medidas
unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten- sobre a saúde dos idosos, buscar-se-á investigar a repercussão des-
dimento domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para ta Política na qualidade de vida deste segmento populacional.
o idoso. Nesse particular, buscar-se-á igualmente conhecer em que me-
• Prover o Sistema Nacional de Informação em Saúde com da- dida a Política Nacional de Saúde do Idoso tem contribuído para a
dos respectivos e análises relacionadas à situação de saúde e às concretização dos princípios e diretrizes do SUS, na conformidade
ações dirigidas aos idosos. do Art. 7º, da Lei N.º 8.080/90, entre os quais, destacam-se aqueles
relativos à integralidade da atenção, à preservação da autonomia
Responsabilidades do Gestor Municipal – Secretaria Munici- das pessoas e ao uso da epidemiologia no estabelecimento de prio-
pal de Saúde ou organismos correspondentes. ridades (respectivamente incisos II, III e VII). Paralelamente, deverá
• Coordenar e executar as ações decorrentes das Políticas Na- ser observado, ainda, se:
cional e Estadual, em seu respectivo âmbito, definindo componen- • potencial dos serviços de saúde e as possibilidades de uti-
tes específicos que devem ser implementados pelo município. lização pelo usuário estão sendo devidamente divulgados junto à
• Promover as medidas necessárias para integrar a programa- população de idosos;
ção municipal à adotada pelo Estado, submetendo-as à Comissão • os planos, programas, projetos e atividades que operaciona-
Inter gestores Biparti-te. lizam esta Política estão sendo desenvolvidos de forma descentrali-
• Promover articulação necessária com as demais instâncias do zada, considerando a direção única em cada esfera de gestão;
SUS visando o treinamento e a capacitação de recursos humanos • a participação dos idosos nas diferentes instâncias do SUS
para operacionalizar, de forma produtiva e eficaz, o elenco de ativi- está sendo incentivada e facilitada.
dades específicas na área de saúde do idoso.
• Manter o provimento do Sistema Nacional de Informação em Terminologia
Saúde com dados e análises relacionadas à situação de saúde e às Ação terapêutica: processo de tratamento de um agravo à saú-
ações dirigidas aos idosos. de por intermédio de medidas farmacológicas e não farmacológi-
• Promover a difusão de conhecimentos e recomendações so- cas, tais como: mudanças no estilo de vida, abandono de hábitos
bre práticas, hábitos e estilos de vida saudáveis, junto à população nocivos, psicoterapia, entre outros.
de idosos, valendo-se, inclusive, da mobilização da a comunidade. AIH (Autorização de Internação Hospitalar): documento de au-
• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de torização e fatura de serviços hospitalares do SUS, que engloba o
unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten- conjunto de procedimentos realizados em regime de internação.
dimento domiciliar. Assistência domiciliar: essa assistência engloba a visitação do-
• Estimular e apoiar a formação de grupos de autoajuda e de miciliar e cuidados domiciliares que vão desde o fornecimento de
convivência, de forma integrada com outras instituições que atuam equipamentos, até ações terapêuticas mais complexas.
nesse contexto.
• Realizar articulação com outros setores visando a promoção Atividades de vida diária (AVDs): termo utilizado para descre-
a qualidade de vida dos idosos. ver os cuidados essenciais e elementares à manutenção do bem-es-
• Promover o acesso a medicamentos, órteses e próteses ne- tar do indivíduo, que compreende aspectos pessoais como: banho,
cessários à recuperação e à reabilitação do idoso. vestimenta, higiene e alimentação, e aspectos instrumentais como:
• Aplicar, acompanhar e avaliar o cumprimento de normas de realização de compras e cuidados com finanças.
funcionamento de instituições geriátricas e similares, bem como de
serviços geriátricos da rede local. Autodeterminação: capacidade do indivíduo poder exercer sua
• Estimular e viabilizar a participação social de idosos nas di- autonomia.
versas instâncias.
Autonomia: é o exercício da autodeterminação; indivíduo au-
tônomo é aquele que mantém o poder decisório e o controle sobre
sua vida.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Capacidade funcional: capacidade de o indivíduo manter as Habilidade física: refere-se à aptidão ou capacidade para rea-
habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida indepen- lizar algo que exija uma resposta motora, tal como caminhar, fazer
dente e autônoma; a avaliação do grau de capacidade funcional é um trabalho manual, entre outros.
feita mediante o uso de instrumentos multidimensionais.
Hospital-dia geriátrico: refere-se ao ambiente hospitalar, no
Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia: centros qual atua equipe multiprofissional e interdisciplinar, destinado a
localizados de preferência em instituições de ensino superior, que pacientes que dele necessitam em regime de um ou dois turnos,
colaboram com o setor saúde, fundamentalmente na capacitação para complementar tratamentos e promover reabilitação.
de recursos humanos em saúde do idoso e ou na produção de ma-
terial científico para tal finalidade, bem como em pesquisas nas Idoso: a Organização das Nações Unidas, desde 1982 considera
áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção a este grupo po- idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na
pulacional. Lei Nº 8.842/94, adota essa mesma faixa etária (Art. 2º do capítulo
I).
Centro-dia: ambiente destinado ao idoso, que tem como carac-
terística básica o incentivo à socialização e o desenvolvimento de Incapacidade: quantificação da deficiência; refere-se à falta
ações de promoção e proteção da saúde. de capacidade para realizar determinada função na extensão, am-
plitude e intensidade consideradas normais; em gerontologia, diz
Cuidador: é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou respeito à incapacidade funcional, isto é, à perda da capacidade de
sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exer- realizar pelo menos um ou mais de um ato de vida diária.
cício das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene
pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de Incontinência urinária: refere-se à perda involuntária de urina.
saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano – por exemplo,
ida a bancos ou farmácias –, excluídas as técnicas ou procedimentos Iatrogenia: qualquer agravo à saúde, causado por uma inter-
identificados com profissões legalmente estabelecidas, particular- venção médica Psicoterapia: terapêutica que, por métodos psico-
mente na área da enfermagem. lógicos, busca a restauração do equilíbrio emocional do indivíduo.

Deficiência: expressão de um processo patológico, na forma de Reabilitação física: conjunto de procedimentos terapêuticos fí-
uma alteração de função de sistemas, órgãos e membros do corpo, sicos que visam adaptar ou compensar deficiências motoras (quan-
que podem ou não gerar uma incapacidade. do aplicadas a limitações insipientes pode ser considerada reabilita-
ção precoce ou “preventiva”).
Demência: conceitua-se demência como uma síndrome pro-
gressiva e irreversível, composta de múltiplas perdas cognitivas ad- Rastreamento: um protocolo de aplicação rápida e sistemática
quiridas, que ocorrem na ausência de um estado de confusão men- para detecção de problemas de saúde em uma determinada popu-
tal aguda (ou seja, de uma desorganização súbita do pensamento). lação.
As funções cognitivas que podem ser afetadas pela demência in-
cluem a memória, a orientação, a linguagem, a práxis, a agnosia, as Síndrome: conjunto de sinais e sintomas comuns a diversas en-
construções, a prosódia e o controle executivo. fermidades.

Envelhecimento: a maioria dos autores o conceituam como


“uma etapa da vida em que há um comprometimento da home- EDUCAÇÃO EM SAÚDE: CONCEITO, IMPORTÂNCIA E INS-
ostase, isto é, o equilíbrio do meio interno, o que fragilizaria o in- TRUMENTOS
divíduo, causando uma progressiva vulnerabilidade do indivíduo
perante a uma sobrecarga fisiológica”.
Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde
Envelhecimento saudável: é o processo de envelhecimento Objetivos
com preservação da capacidade funcional, autonomia e qualidade - Relacionar a teoria da educação com a prática vivenciada;
de vida. - Relacionar os conceitos de comunicação e participação à prá-
tica educativa;
Geriatria: é o ramo da ciência médica voltado à promoção da - Refletir sobre onde estamos e o que esperamos da ação edu-
saúde e o tratamento de doenças e incapacidades na velhice. cativa;
- Decidir qual é a educação que pretendemos praticar.
Gerontologia: área do conhecimento científico voltado para o
estudo do envelhecimento em sua perspectiva mais ampla, em que Repensando a Prática
são levados em conta não somente os aspectos clínicos e biológi- Existem várias maneiras de entender e fazer educação. Muitas
cos, mas também as condições psicológicas, sociais, econômicas e vezes, na prática, a educação tem sido considerada apenas como
históricas. divulgação, transmissão de conhecimentos e informações, de for-
ma fragmentada e, muitas vezes, distante da realidade de vida da
Dependência: é a condição que requer o auxílio de pessoas população ou indivíduo.
para a realização de atividades do dia a dia Centros de convivência: “É sempre bom lembrar que a atividade educativa não é um
locais destinados à permanência do idoso, em um ou dois turnos, processo de condicionamento para que as pessoas aceitem, sem
onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, perguntar, as orientações que lhes são passadas. A simples infor-
culturais, associativas e de educação para a cidadania. mação ou divulgação ou transmissão de conhecimento, de como ter
saúde ou evitar uma doença, por si só, não vai contribuir para que

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
uma população seja mais sadia e nem é fator que possa contribuir lavra, o que significa conhecimento não apenas dos aspectos mera-
para mudanças desejáveis para melhoria da qualidade de vida da mente tecnológicos, mas também conhecimento das estruturas e
população”. processos econômicos e políticos da sociedade na qual se insere a
“As mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por saúde sua prática social. “Portanto, boa vontade só não basta.”
ocorre quando o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saú-
de participam. A discussão, a reflexão crítica, a partir de um dado Comunicação
conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e consequências, O mundo globalizado de hoje, exige profissionais cada vez mais
permitem que se chegue a uma concepção mais elaborada acerca capacitados, principalmente, do ponto de vista tecnológico, exigin-
do que determina a existência de uma doença e como resolver os do atributos e conhecimentos dos trabalhadores para responder às
problemas para modificar aquela realidade”. demandas impostas pelas mudanças sociais e econômicas. Nesse
contexto as interações pessoais acabam por assumir uma condição
Os Problemas e Desafios inferior. Estamos vivendo num mundo de poucas palavras, onde a ima-
Muitos daqueles que trabalham na área da Educação encon- gem predomina, em uma cultura onde a razão se sobrepõe à emoção.
tram dificuldades no seu dia-a-dia, como: A cada dia, visualizamos a valorização do ter e a deificação do ser.
- Recomendação de práticas diferentes por instituições diferen- Englobado por essas reformulações econômicas, sociais e polí-
tes e relacionadas a uma mesma ação que se espera da população. ticas, o setor saúde sofre os impactos dos ajustes macroestruturais
- Recomendação de práticas com barreiras socioeconômicas ou de busca da produtividade, tecnologia e qualidade dos serviços,
culturais que dificultam e/ou restringem a sua execução. exigindo novos atributos de qualificação dos profissionais de saú-
- Despreocupação com o universo conceitual da população, de. É a partir dessa premissa, e diante da nossa realidade enquan-
achando que tudo depende da transmissão do conhecimento téc- to atores do cenário do cuidado físico e mental, que reforçamos a
nico. importância de que seja discutido, entre os diversos profissionais
de saúde ligados diretamente à assistência ao cliente, e aqui desta-
Cabe a nós propiciar condições para que o processo educativo camos o enfermeiro, o cuidado emocional, resultando na busca do
aconteça e, para isso, devemos ter muito claro o que entendemos bem estar e qualidade de vida do cliente.
Nessa realidade o enfermeiro deve buscar conhecimentos e
por educação.
processo instrucional para encontrar uma maneira de ação que tor-
Uma maneira de perceber se uma atividade educativa está de
ne o cuidado de enfermagem mais humano. Pois, como agente de
acordo com uma proposta de educação transformadora é descobrir
mudança, o enfermeiro de amanhã será diferente do de hoje, e o de
qual a sua utilidade. Analisando as atividades de Educação em Saú-
hoje é diferente do de anos passados. Os novos horizontes da enfer-
de desenvolvidas nos serviços de saúde, na escola, na comunidade.
magem exigem do profissional responsabilidade de elaboração de
“A partir de Algumas das características do processo de edu-
um cuidado holístico, devendo estar motivado para acompanhar os
cação, partimos da admissão de que existe dois saberes: o saber
conhecimentos e para aplicá-los.
técnico e o saber popular, distintos, mas não essencialmente opos-
Uma das principais e mais comuns situações vivenciadas por
tos, e que a educação, como processo social, exigirá o confronto e a enfermeiros é o cuidado prestado ao cliente submetido à interna-
superação desses dois saberes”. ção hospitalar. Embora possa ser o cotidiano de milhares de enfer-
“Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber popular meiros, a experiência da internação hospitalar cria situações únicas
que chega a ser considerável. Embora a este saber falte uma siste- de estresse não só para os clientes, mas também para suas famílias.
matização coletiva, nem por isso é destituído de validez e importân- Vários pesquisadores têm documentado a repercussão dos ní-
cia. Não pode, pois, ser confundido com ignorância e desprezado veis de estresse, ansiedade e angústia na evolução e prognóstico de
como mera superstição. Ele é o ponto de partida e sua transforma- um cliente, bem como no âmbito familiar.
ção, mediante o apoio do saber técnico-científico, pode constituir- Na perspectiva do cliente que necessita de internação hospita-
-se num processo educativo sobre o qual se assentará uma organi- lar esse processo é permeado pelo medo do desconhecido, como a
zação eficaz da população, para a defesa dos seus interesses.” utilização de recursos tecnológicos, muitas vezes invasivos, lingua-
“O saber técnico, ao se confrontar com o saber popular, não gem técnica e rebuscada, pela apreensão de estar em um ambiente
pode dominá-lo, impor-se a ele. A relação entre estes dois sabe- estranho, e ainda pela preocupação com sua integridade física, em
res não poderá ser a transmissão unidirecional, vertical, autoritária, decorrência do processo patológico, motivo de sua internação hos-
mas deverá ser uma relação de diálogo, relação horizontal, bidire- pitalar.
cional, democrática. Diálogo entendido não como um simples falar Assim, ao considerarmos o enfermeiro o profissional que per-
sobre a realidade, mas como um transformar-se conjunto dos dois manece mais tempo ao lado do cliente, este deve ser o facilitador
saberes, na medida em que a própria transformação da realidade na promoção do bem-estar bio-psico-sócio-espiritual e emocional
é buscada.” do cliente, conduzindo-o às melhores formas de enfrentamento do
“O conteúdo educativo deste processo de encontro e confron- processo de hospitalização. Consideramos relevante realizar uma
to não será, portanto, predeterminado pelo pólo técnico. O con- reflexão sobre as interfaces do cuidado emocional ao cliente hos-
fronto dar-se-á num processo de produção em que o conteúdo é pitalizado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da
o próprio saber popular que se transforma com a ajuda do saber assistência de enfermagem, sob o prisma do processo de comuni-
técnico, enquanto instrumento do próprio processo.” cação.
“A ação educativa não implica somente na transformação do
saber, mas também na transformação dos sujeitos do processo, A comunicação e o cuidado emocional
tanto dos técnicos quanto da população. O saber de transformação O termo comunicar provém do latim communicare que signifi-
só pode produzir-se quando ambos os pólos da relação dialógica ca colocar em comum. A partir da etimologia da palavra entende-
também se transformam no processo.” mos que comunicação é o intercâmbio compreensivo de significa-
Cumpre, finalmente, lembrar que um processo educativo como ção por meio de símbolos, havendo reciprocidade na interpretação
o que se esboça acima supõe, também, por parte dos técnicos que da mensagem verbal ou não verbal. Freire afirma que “o mundo
dele participam competência técnica, no mais amplo sentido da pa- social e humano, não existiria como tal, se não fosse um mundo de
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
comunicabilidade, fora do qual é impossível dar-se o conhecimento exclusivamente entre os humanos, considerando sua capacidade de
humano. A intersubjetividade ou a intercomunicação é a caracterís- usar a linguagem, entre outras formas, para se comunicar com os
tica primordial deste mundo cultural e histórico”. outros.
Partimos da premissa de que a comunicação é um dos mais im- Para aperfeiçoar uma assistência mais holística a equipe de
portantes aspectos do cuidado de enfermagem que vislumbra uma enfermagem pode estabelecer estratégias de cuidados para atingir
melhor assistência ao cliente e à sua família que estão vivenciando seus objetivos. Contudo, ratificamos uma vez mais que a comunica-
ansiedade e estresse decorrentes do processo de hospitalização, es- ção é o elemento chave para a construção de qualquer estratégia
pecialmente em caso de longos períodos de internação ou quando que almeje o cuidado emocional. Alguns autores têm identifica-
se trata de quadros de doença terminal. Portanto, a comunicação é do que problemas de comunicação ou comunicação insatisfatória
algo essencial para se estabelecer uma relação entre profissional, entre enfermeiro e cliente, especialmente quando relacionados a
cliente e família. Algumas teorias afirmam que o processo comuni- clientes terminais, devido ao medo da morte, ansiedade do enfer-
cativo é a forma de estabelecer uma relação de ajuda ao indivíduo meiro sobre a habilidade do cliente de enfrentar a doença, falta de
e à família. tempo, falta de treinamento de como interagir com estes clientes,
Tratando-se do relacionamento enfermeiro-cliente, o processo e ansiedade sobre as consequências negativas para os clientes têm
de comunicação precisa ser eficiente para viabilizar uma assistência repercutido no estabelecimento de uma melhor interação enfer-
humanística e personalizada de acordo com suas necessidades. Por- meiro-cliente.
tanto, o processo de interação com o cliente se caracteriza não só Portanto, se faz relevante que o enfermeiro possa submeter-se
por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados a treinamentos relacionados à habilidade de comunicação.
do enfermeiro, mas, também por atitudes de sensibilidade, aceita- Heaven & Maguire realizaram uma sondagem pré-teste, conce-
ção e empatia entre ambos. deram treinamento sobre habilidades comunicativas aos enfermei-
O objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. Cuidado esse ros e realizaram um pós-teste.
que deve ser prestado de forma humana e holística, e sob a luz de Ao final do estudo os autores identificaram que a habilidade de
uma abordagem integrada, não poderíamos excluir o cuidado emo- comunicação do enfermeiro melhorou de forma significativa após o
cional aos nossos clientes, quando vislumbramos uma assistência treinamento. Wilkinson et al e Kruijver et al encontraram que após
um treinamento dessa natureza as enfermeiras melhoraram a ava-
de qualidade. Ao cuidarmos de alguém, utilizamos todos os nossos
liação dos problemas do cliente e do conteúdo emocional revelados
sentidos para desenvolvermos uma visão global do processo obser-
pelo mesmo.
vando sistematicamente o ambiente e os clientes com o intuito de
Além de uma educação continuada relacionada à comunicação
promover a melhor e mais segura assistência.
sugerimos a visita diária de enfermagem como um importante ar-
No entanto, ao nos depararmos com as rotinas e procedimen-
tifício para identificar o nível de necessidade de segurança, amor,
tos técnicos deixamos de perceber importantes necessidades dos
autoestima, espiritualidade e biofisiológico do cliente. É a partir da
clientes (sentimentos, anseios, dúvidas) e prestar um cuidado mais
visita de enfermagem que o enfermeiro estabelece um processo de
abrangente e personalizado que inclua o cuidado emocional. comunicação com o cliente possibilitando o esclarecimento de dú-
Skilbeck & Payne conduziram uma revisão de literatura objeti- vidas quanto à evolução e prognóstico do cliente, aos procedimen-
vando compreender a definição de cuidado emocional e como en- tos a serem realizados, normas e rotinas da instituição ou unidade
fermeiros e clientes podem interagir para produzir relacionamentos de internação e estrutura física hospitalar, desempenhando um im-
de suporte emocional. As autoras relatam a ausência de uma defi- portante papel na redução dos quadros de tensão e ansiedade que
nição clara do que venha a ser o cuidado emocional existindo va- repercutem no quadro clínico do cliente.
riações na literatura quanto ao uso dessa terminologia ao referir-se Do contrário uma inviabilização do processo comunicativo na
como “cuidado emocional e apoio”, “cuidado psicológico” e “cui- relação profissional-cliente, pode desencadear situações de estres-
dado psicossocial”. Ao realizarem uma análise mais detalhada as se. Santos refere que os diálogos ocorridos junto à cama do cliente,
autoras perceberam ainda que o cuidado emocional pode ter vários repletos de termos técnicos, geralmente inacessíveis, são interpre-
significados quando visto sob o prisma de diferente marcos teórico tados pelo cliente conforme seu conhecimento, e o impacto emo-
e contextos sociais, e, portanto a ausência de uma definição e sig- cional da postura silenciosa de enfermeiros e médicos, podem agra-
nificados próprios repercute na prática assistencial do enfermeiro. var ainda mais o estado de ansiedade e tensão. Portanto, atitudes
Contudo, para a condução de nossa reflexão assumimos que como estas devem ser evitadas durante toda a internação, na ten-
o cuidado emocional é a habilidade de perceber o imperceptível, tativa de minimizar seu impacto na qualidade assistencial do cliente
exigindo alto nível de sensibilidade para as manifestações verbais e no momento em que este se encontra mais fragilizado.
não verbais do cliente que possam indicar ao enfermeiro suas ne- Destarte para uma melhor qualidade dos serviços de saúde é
cessidades individuais. vital conhecer não só a visão do cliente, mas também da família de
Portanto, consideramos que a promoção de um cuidado holís- forma a estarmos sensíveis para oferecer um cuidado que atenda
tico que envolva as necessidades bio-psico-sócio-espiritual e emo- às expectativas do cliente e da família diminuindo a repercussão do
cional perpassa por um processo comunicativo eficaz entre enfer- estresse e ansiedade no processo de hospitalização.
meiro-cliente. Todavia entendemos que o processo de comunicação Segundo Wright & Leahey “a enfermagem tem um compro-
se constrói de diferentes formas, e que para haver comunicação a misso e obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. A
expressão verbal (através do uso das palavras) ou não verbal (a pos- evidência teórica, prática e investigacional do significado que a fa-
tura, as expressões faciais, gestos, aparência e contato corporal) de mília dá para o bem-estar e a saúde de seus membros bem como
um dos sujeitos, tem que ser percebida dentro do universo de sig- a influência sobre a doença, obriga os enfermeiros a considerar o
nificação comum ao outro. cuidado centrado na família como parte integrante da prática de
Caso isso não aconteça, não haverá a compreensão de sinais enfermagem”.
entre os sujeitos, inviabilizando o processo comunicativo e conse- A promoção do cuidado emocional tem alcançado resultados
quentemente comprometendo o cuidado. Waldow deixa claro que positivos na sobrevida do cliente. McCorkle et al realizaram um
o cuidar se inicia de duas formas: como um modo de sobreviver e estudo correlacionando os sintomas de estresse e as intervenções
como uma expansão de interesse e carinho. Assim, o primeiro faz- de cuidado do emocional. Os autores encontraram uma relação
-se notar em todas as espécies animais e sexos, e o segundo ocorre
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
estatisticamente significante entre os sintomas e as intervenções Quanto maior a complexidade dos problemas, maior é a ne-
revelando que os clientes que morreram mais precocemente foram cessidade de planejar as ações para garantir melhores resultados.
aqueles que receberam menos intervenções de cuidado emocional. Planejar, definindo de forma simples e comum, é não improvi-
A partir dessas evidências ratificamos a importância do cuidado sar. É compatibilizar um conjunto diversificado de ações, de manei-
emocional para a recuperação e sobrevida do cliente hospitalizado, to- ra que sua operacionalização possibilite o alcance de um objetivo
davia, não devemos nos esquecer em momento algum o cuidado téc- comum. É o processo de decidir o que fazer. É a escolha organizada
nico-científico. Na realidade, essas diferentes dimensões do cuidado dos melhores meios e maneiras de se alcançar os objetivos propos-
devem caminhar juntas, se complementando harmonicamente. tos. Planejar é preparar e organizar bem uma ação, decidir o que fa-
Para prestarmos o cuidado emocional é necessário sermos zer e acompanhar a sua execução, reformular as decisões tomadas,
bons ouvintes, expressando um olhar atencioso, tocando e confor- redirecionar a sua execução, se necessário, e avaliar os resultados
tando os nossos clientes, e recuperando sua autoestima. ao seu término. Acompanhar a execução das ações é importante
Quanto aos efeitos comportamentais do tocar, olhar e do ouvir, para verificar se os objetivos pretendidos estão sendo alcançados
estes apresentam contribuição essencial à segurança, proteção e ou não.
autoestima de uma pessoa. Segundo Montagu, o tocar desenvolve O processo de planejamento contempla pelo menos três mo-
ostensivas vantagens em termos de saúde física e mental. Tocar al- mentos em permanente interação: preparação, acompanhamento
guém com a intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si só e revisão crítica dos resultados, buscando-se sempre caminhos que
já é terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável e faz facilitem a realização do que foi previsto. Se em todos os setores da
parte do cuidado emocional. atividade humana o planejamento se reveste da maior importância
Consideramos que o cuidado emocional ao cliente hospitaliza- para prever melhor as ações e seus efeitos, a área da Educação em
do se faz de suma importância para a melhoria da qualidade de Saúde não pode fugir a esta premissa.
vida, não só do cliente, mas de sua família. Enfatizamos a impor-
tância da visita de enfermagem com uma abordagem sistematizada A Educação para a participação e o Planejamento Participa-
visando um atendimento holístico como uma oportunidade de promo- tivo
ver o cuidado emocional. Essa sistematização do cuidado deve estar Existem várias formas de fazer planejamento. “Quando apenas
registrada, de forma a proporcionar uma comunicação efetiva entre os as equipes de saúde pensam e decidem o que deve ser feito, isto é
membros da equipe de saúde e a avaliação da eficácia do cuidado pres- um planejamento centralizado. Ele é mais rápido e permite o con-
tado ao cliente, contribuindo para um melhor nível assistencial. trole pelo gestor de saúde, e atende às necessidades de natureza
Devemos enxergar o cliente hospitalizado como um ser com- epidemiológica, mas, frequentemente não reflete as necessidades
plexo que possui necessidades no âmbito bio-psico-sócio-espiritual mais sentidas da população, e nem sempre permite a participação
e emocional o qual se encontra fragilizado pela doença. Porém, essa social no controle e fiscalização das ações.”
pessoa ainda mantém a sua individualidade, e na maioria das vezes Outra forma é a do planejamento participativo, onde a popu-
é capaz de decidir e/ou opinar sobre o cuidado a ser prestado. E lação, junto com a equipe de saúde, discute seus problemas e en-
os enfermeiros devem estar sensibilizados para perceber essa in- contra as soluções para as suas reais necessidades. Esta forma de
dividualidade e as necessidades de cada um, facilitando assim seu planejar aproxima-se mais da proposta da educação para a partici-
processo de recuperação, diminuindo o tempo da internação e con- pação nas ações de saúde.
sequentemente os índices de infecção hospitalar. Uma ação educativa problematizadora e participativa, numa
Nessa perspectiva esperamos que esta reflexão seja mais um perspectiva mudança, pressupõe que a população compartilhe de
passo para a realização de muitas outras, além de estudos mais de- forma real de todos os passos da ação: planejamento, execução e
talhados que contemplem o cuidado emocional em enfermagem avaliação. A população deverá participar “tomando parte” nas de-
aos diferentes tipos de clientes, contribuindo assim para a melhoria cisões, assumindo as responsabilidades que lhe cabem, compreen-
da qualidade da assistência de enfermagem. dendo as ações de caráter técnicas realizadas ou indicadas.

A Educação em Saúde: Planejando nossa Ação Neste processo, as respostas aos problemas não são prepara-
Objetivos das e decididas pelos técnicos, mas são buscadas, a partir da análise
- Discutir e analisar o conceito de planejamento, com ênfase no e reflexão, entre técnicos e população sobre a realidade concreta,
planejamento participativo. seus problemas, suas necessidades e interesses na área da saúde.
- Identificar a relação existente entre o processo educativo, a Esta ação conjunta pressupõe um processo dialógico, bidirecional e
participação e o planejamento participativo. democrático, que favorecerá não só a transformação da realidade,
- Identificar as principais etapas do planejamento. mas também dos próprios técnicos e da população.
- Identificar as fases do diagnóstico para a operacionalização
das ações educativas. Etapas do Planejamento
- Refletir e decidir qual o papel da equipe e de cada profissional O planejamento, sendo um processo ordenado, pressupõe cer-
no desempenho de sua função educativa. tos passos, momentos ou etapas básicas, estabelecidos em uma
ordem lógica. Para o planejamento do componente educativo das
Planejamento ações de saúde, regra geral, seguem-se as seguintes etapas:
Fazer planos é uma atividade conhecida do homem desde que - Diagnóstico, compreendendo a coleta de dados, a discussão,
ele se descobriu com capacidade de pensar antes de agir. Mas foi a análise e interpretação dos dados, e o estabelecimento de prio-
com o desenvolvimento comercial e industrial, ocorrido com o ca- ridades.
pitalismo, que surgiu a preocupação de planejar as ações antes que - Plano de Ação, incluindo a determinação de objetivos, popu-
elas ocorressem. Hoje, em todos os setores da atividade humana, lação-alvo, metodologia, recursos e cronograma de atividades.
fala-se muito em planejamento, com maior ênfase na área gover- - Execução, implicando na operacionalização do plano de ação.
namental. - Avaliação, incluindo a verificação de que os objetivos propos-
Atualmente ele é uma necessidade em todas as áreas de atua- tos foram ou não alcançados.
ção.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilida- Discussão, Análise e Interpretação dos Dados: Vários fatores
de, que permite a reformulação das ações planejadas durante sua influenciam a definição da forma de coletar dados, assim como os
execução. A avaliação, nesta perspectiva, deve iniciar-se na etapa instrumentos e técnicas a serem utilizados. Esta definição também
de diagnóstico e acompanhar todas as fases do planejamento. A influi na análise e interpretação de dados ou fatos, nas relações de
avaliação realizada após a execução, além de identificar os resulta- causa-e-efeito, assim como nas propostas de intervenção.
dos alcançados, também fornece subsídios para a reprogramação Entre outros, temos:
das ações, bem como indica a necessidade de novas ações de diag- - a postura e visão daqueles que são os responsáveis pelo de-
nóstico. sencadeamento das ações de diagnóstico de uma dada situação
problema;
O que entendemos por diagnóstico - o tipo de dados a serem coletados;
É uma leitura da realidade, que se aproxima o mais possível - a situação-problema ser ou não emergencial;
da “verdadeira realidade”, permitindo a compreensão e a sistema- - a postura e visão da população a ser envolvida;
tização dos problemas e necessidades de saúde de uma população, - o compromisso com a participação real.
bem como o conhecimento de suas características socioeconômi-
cas e culturais. Deve permitir também o conhecimento das causas Esses fatores direcionam para um diagnóstico descritivo/analí-
(variáveis) e consequências de seus agravos de saúde, e como estes tico e/ou participativo. Quando definimos qual será nossa prática a
influenciam e são influenciados por fatores econômicos, políticos e partir de um modelo de pensamento uni casual, além de podermos
de organização dos serviços de saúde e da sociedade. incorrer no equívoco de colocar em execução um plano de ação
Ao pensar em uma ação educativa problematizadora, partici- baseado em prioridades e objetivos que dificilmente terão como
pativa e dialógica, com o propósito de intervenção para mudanças, produto final a resolução do problema, ainda corremos o risco de
pressupõe-se o desencadeamento de ações para o diagnóstico da dirigir recursos, profissionais e ações para áreas que extrapolam o
situação. nosso poder de decisão.
“Como agir sobre uma realidade, para transformá-la, sem co- Essa forma de diagnóstico pode também levar o profissional de
nhecê-la? E como conhecê-la sem estudá-la? A ação participativa, saúde a uma falsa percepção de suas possibilidades de ação. Pode
portanto, se inicia e se fundamenta na investigação da realidade também, ingenuamente, achar que somente com ações educativas
feita pelos sujeitos dessa realidade. É, pois, uma atividade coletiva, irá resolver os problemas relacionados à saúde coletiva.
feita não pelos técnicos sobre a população, mas pelos técnicos e a Uma nova forma de interpretação e análise dos dados: “Neste
população sobre a realidade compartilhada.” modelo, o pressuposto é de um conjunto de variáveis, que se rela-
O diagnóstico é o momento da identificação dos problemas, cionam e determinam entre si, produzindo um efeito.
suas causas e consequências, e principais características. É o mo- Há variáveis que têm um peso maior na produção do efeito,
mento em que também se buscam explicações para os problemas assim como há outras que atuam mais ou menos diretamente sobre
identificados. ele.” Procura saber “o quê influi em quê”, e descobre que as priori-
dades para a solução do problema envolvem ações educativas, de
Fases do Diagnóstico reorganização do Posto de Saúde, de treinamento dos profissionais
Coleta de Dados: A coleta de dados deve propiciar a leitura da de saúde, além da dificuldade econômica da família, das condições
realidade concreta, a sua compreensão, a identificação dos proble- de trabalho, da falta de creche, pré-escola e outras. Este modelo
mas e necessidades de saúde de determinados grupos e/ou popu- ou forma de análise e interpretação dos dados coletados define:
lação. Múltiplas causas - de diferentes naturezas, mas com pesos iguais, e
Deve também obter dados para o conhecimento de suas carac- um efeito - ida ao Pronto-Socorro. É a interpretação “Multicausal”.
terísticas socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, entre ou- A partir dessa análise e interpretação, a equipe e demais envol-
tras. Direta ou indiretamente, fornece subsídios sobre as principais vidos podem estabelecer prioridades, no seu nível de resolutivida-
causas dos agravos de saúde e sua inter-relação com os fatores re- de, para atenuar o problema da família e de outras com problemas
lacionados à organização de serviços de saúde e outros, mostrando, semelhantes e, assim, contribuir para uma melhoria nas condições
também, como todos os envolvidos agem e reagem frente aos pro- de saúde. Neste caso, o grupo responsável pela intervenção conse-
blemas identificados. As fontes de dados podem ser boletins epi- gue identificar o ponto-chave do problema, encontrar estratégias
demiológicos, relatórios, planilhas, fichas, prontuários, artigos cien- de ação que viabilizam intervenções sucessivas e complementares,
tíficos, livros de atas, e outros à disposição. Neste caso, podemos ao mesmo tempo em que permite um trabalho interinstitucional,
utilizá-los selecionando os dados que sejam úteis para o diagnóstico com a participação dos profissionais de saúde, usuários e grupos
pretendido. A este tipo de dados damos o nome de “secundários”. interessados. Neste caso, pode haver confronto, conflito, pessimis-
Os dados chamados “primários” são aqueles que necessitam mo, otimismo, consenso, mas não imobilismo.
ser coletados, no momento do diagnóstico, junto ao grupo ou po- As ações educativas previstas são partes do processo de Ação
pulação. Podem ser recolhidos por meio de diferentes instrumentos - Análise - Reflexão - Decisão - Ação. Esta forma de interpretação
e/ou técnicas (questionário, formulário, ficha de observação, entre- define: múltiplas causas - de diferentes naturezas e com diferentes
vista, observação participante, dramatização e outros). A sua ade- pesos, e vários efeitos - interdependentes.
quação deverá ser constantemente avaliada, permitindo que os da-
dos colhidos se aproximem o mais possível da realidade concreta. Estabelecimento de Prioridades: É a última fase do diagnós-
É comum, num diagnóstico, utilizarmos dados primários e se- tico. Neste momento, equipe de saúde, grupos e população inte-
cundários para o conhecimento mais global da problemática da saú- ressada definem, entre os problemas identificados, aqueles que
de/doença de uma determinada população-alvo. Existem formas são passíveis de intervenção, no nível da organização de serviços,
diferentes de se colher dados para o diagnóstico de uma situação. de socialização do conhecimento científico atual, da participação
da população, em nível individual e/ou coletivo, que contribuirão
para a melhoria da saúde da comunidade. A partir dessa decisão, o
próximo passo é a elaboração do Plano de Ação, detalhando as ati-

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
vidades que deverão ser desenvolvidas, definindo: objetivos, popu- de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
lação-alvo, recursos humanos, materiais e financeiros necessários, de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
estratégias de execução e critérios de avaliação. instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
legalmente constituído em cada esfera do governo.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA (E-SUS - Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
SISAB) que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- fins lucrativos.
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção
da saúde. Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede-
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cona-
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a sems)
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi- Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar
ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. de matérias referentes à saúde

AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a São reconhecidos como entidades que representam os entes
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- forma que dispuserem seus estatutos.
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) União
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de
todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil,
Ministério da Saúde e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta-
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos,
de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações,
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor-
Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.
federais.
Estados e Distrito Federal
Secretaria Estadual de Saúde (SES) Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres- saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado
implementar o plano estadual de saúde. formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges-
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços à saúde em seu território.
de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde. Municípios
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde
Conselhos de Saúde no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur-
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta- sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município
dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par-
colegiado composto por representantes do governo, prestadores ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
pode oferecer.
Princípios do SUS
História do sistema único de saúde (SUS) São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas 8.080/1990. Os principais são:
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul-
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80, Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
o país passou por grave crise na área econômico-financeira. distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo sem qualquer custo;
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú-
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra-
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária complexidade;
à Saúde. Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- maior atenção aos que mais necessitam;
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
saúde e alguns parlamentares. participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime Descentralização: é o processo de transferência de responsabi-
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações
trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática, constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui-
considerando a descentralização, universalização e unificação como ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
elementos essenciais para a reforma do setor. Distrito Federal e aos municípios.
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser-
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização, Principais leis
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro- Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
em 1976. e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar-
mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983. quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes,
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a
processo de descentralização da saúde. participação da iniciativa privada.
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre- Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen-
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária. ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as
Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali- diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as
zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra- competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra-
das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e lização político-administrativa, por meio da municipalização dos
a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com-
a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri- petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como
tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi- competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal
uma política de recursos humanos. de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível
O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro- de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces- nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados.
so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das
Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos
todos e dever do Estado” (art. 196). financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na
Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua- área da saúde e dá outras providências.
litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar- Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa-
quização, descentralização com direção única em cada esfera de ção social em cada esfera de governo.
governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Responsabilização Sanitária municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização nesse espaço.
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
processo de pactuação, no âmbito regional. pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
Responsabilização Macrossanitária devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe-
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus cíficas em saúde existentes nas regiões.
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus-
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a Descentralização
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu- O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe-
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa-
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror-
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra-
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
buições de gestão, incluindo: para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- financeira para o processo de municipalização.
pal;
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos
das no Plano Municipal de Saúde; municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- des que não possuem em seus territórios condições de oferecer
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi- polos regionais que garantem o atendimento da sua população e
ços de maior complexidade, não disponíveis no município. de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre-
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas
Responsabilização Microssanitária de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá
sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de- ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de
vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a atendimento e o processo de descentralização.
ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te- O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi-
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis-
abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá- posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de
rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple-
da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or-
outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe- ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo:
rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu-
equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico, nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi-
interferindo, inclusive, nos critérios de acesso. do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado,
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS
Instâncias de Pactuação mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o
São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um
ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po- atendimento em um nível mais primário.
líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes. Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio- É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo
nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen- de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo
do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho a atender as necessidades da população de seu município com efici-
Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien-
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução.
A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por- Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é
tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde
existentes no País. estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da
Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa- análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como
ritariamente por representantes do governo estadual, indicados dos recursos disponíveis.
pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
No PMS, devem ser descritos os principais problemas da saúde Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
pública local, suas causas, consequências e pontos críticos. Além da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
disso, devem ser definidos os objetivos e metas a serem atingidos, reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
as atividades a serem executadas, os cronogramas, as sistemáticas específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con-
de acompanhamento e de avaliação dos resultados. junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma-
gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas-
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); também das condições sociais, ambientais e econômicas em que
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti-
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami-
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe-
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza-
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando
os resultados obtidos.
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú- Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi- a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten-
das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple-
desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é
saúde deve ser integral. verdade.
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten- A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os
ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa-
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De- dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e
senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá- com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos-
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res- envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo-
ponsabilidade. ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais,
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas
objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio-
e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os
com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu- sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto-
laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela
buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do- doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí-
enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro- tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o
meter suas possibilidades de viver de modo saudável. desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá-
As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida- rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a
des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade realização de ações conjuntas.
consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com
saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver-
se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989,
prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária, e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con-
porque possibilita melhor organização e funcionamento também vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam
dos serviços de média e alta complexidade. incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me-
Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so- ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose
corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por
indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e
os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade
Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali- produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de
dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da
em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re- morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú-
cursos existentes. de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças
não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental
em saúde e a análise de situação de saúde.
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Competências municipais na vigilância em saúde do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, políticas e ações em cada Subsistema.
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água tes na União, nos Estados e Municípios.
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- Níveis de Gestão do SUS
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá- política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló- nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formu-
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância lação da política municipal de saúde e a provisão das ações e ser-
em saúde e capacitação de recursos. viços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos
pelo gestor federal e/ou estadual do SUS.
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis- Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For-
lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza-
sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe- ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento
lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de
Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es- recursos públicos arrecadados.
fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que
e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de
garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res- Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como
ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a
deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen- cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
tais, resguardando suas características, atribuições e competências. condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso
O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério
é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e
que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi- econômica protetivas da saúde.
to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso
cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a
É preciso inovar e buscar, coletiva e criativamente, soluções área de atuação do Sistema Único de Saúde.
novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A cons- Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri-
trução de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica, dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do
em ambiente democrático e plural, é condição essencial para que o direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e
SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida. serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi-
to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi- de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua
pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema
volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so- Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva-
cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora
em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa- do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos
tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti-
estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber
análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a
à população. É um desafio que exige vontade política, propostas possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor
inventivas e capacidade de governo. público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar- compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen-
tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação te nos arts. 198 e 200.
dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni- A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com
versal e igualitário às ações e serviços de saúde. a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que
O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único
que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri- sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga-
to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe- rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde
tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os (segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art.
níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais. 200 e leis específicas.
Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela
Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei
nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode- rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem, rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
também, de lei para a sua exequibilidade. pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
tido os incisos daquele artigo, tão somente). vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
São objetivos do SUS: a) a identificação e divulgação dos fato- venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
res condicionantes e determinantes da saúde; b) a formulação de das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.
e social, a redução de riscos de doenças e outros agravos; e c) exe- Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar
cução de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087-
integrando as ações assistenciais com as preventivas, de modo a 6/600-RJ, aqui mencionado.
garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde. O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03,
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, de-
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos. terminando que suas atividades correrão à conta do orçamento do
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do Fundo Estadual da Saúde [13], vinculado à Secretaria de Estado da
disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar
que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade
de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam- da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com
pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis pedido de cautelar.
e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou
sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta-
a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen-
ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico. tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob- necessidade básica de alimentar-se.
vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú- Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis-
de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
humana. A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu- e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n.
União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais 8.080/90 [14].
clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS
o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun- incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar [15], ativi-
dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre- dades complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e
ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito simples, de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra
do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini- forma de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição
do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações da assistência social ou de outras áreas da Administração Pública
e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse- voltadas para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricio-
lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina- nal deve ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos
ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias). e setores governamentais em razão de sua interface com a saúde.
São atividades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE? setor, não as executa. Por isso a necessidade das comissões interse-
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan- toriais previstas na Lei n. 8.080/90.
ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da
epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais. República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério
Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie- da Saúde: a) política nacional de saúde; b) coordenação e fiscali-
dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população zação do Sistema Único de Saúde; c) saúde ambiental e ações de
com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva,
obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas inclusive a dos trabalhadores e dos índios; d) informações em saú-
causas. de; e) insumos críticos para a saúde; f) ação preventiva em geral,
Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos,
visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas fluviais e aéreos; g) vigilância em saúde, especialmente quanto às
de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela, drogas, medicamentos e alimentos; h) pesquisa científica e tecnoló-
saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF gica na área da saúde. Ao Ministério da Saúde compete a vigilância
e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas. sobre alimentos (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não
Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de- a prestação de serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de
vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não baixa renda.
porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a- a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts.
da assistência social [16] ou de outro setor da Administração Pú- 7º VII e 37) [18]. O plano de saúde deve ser a referência para a de-
blica e com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos marcação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas
mais confundir assistência social com saúde. A alimentação interes- dos entes políticos.
sa à saúde, mas não está em seu âmbito de atuação. Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretrizes
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe- legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergover-
leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- namentais trilaterais [19], principalmente no que se refere à divisão
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando
da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da
de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes
preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13, regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art.
destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a 7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
“alimentação e nutrição”. Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri- de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto
buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe- à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na
cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal-
que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses
nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes
considerados como competência dos órgãos e entidades que com- governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre-
põe o Sistema Único de Saúde. sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar
e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos.
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente,
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser
namentais.
organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen-
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II,
to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra-
devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira
não podem ser prejudicadas.
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano
e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja-
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades
os níveis de complexidade do sistema”. de recursos [20], além da necessária observação do que ficou de-
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde cidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais,
sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade que não contrariem a lei.
a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon-
as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus
do sistema. serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente
Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
completa num único nível de complexidade técnica do sistema, seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar
necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida- em instrumentos jurídicos competentes [21].
dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui-
a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e
individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi-
patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe- dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer-
los entes federativos, responsáveis pela saúde da população. gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale-
completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela mos dela no tópico seguinte.
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
da assistência ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS E POSTURA PROFISSIONAL DO
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe- AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde. O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de O agente comunitário de saúde – ACS é um personagem muito
saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da importante na implementação do Sistema Único de Saúde, fortale-
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual cendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas à Saúde e a comunidade.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes comunitários Conforme está expresso na Constituição, a saúde não está uni-
de saúde estão em atuação, contribuindo para a melhoria da quali- camente relacionada à ausência de doença. Ela é determinada pelo
dade de vida das pessoas, com ações de promoção e vigilância em modo que vivemos, pelo acesso a bens e consumo, à informação,
saúde. à educação, ao saneamento, pelo estilo de vida, nossos hábitos, a
O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica- nossa maneira de viver, nossas escolhas. Isso significa dizer que a
ção dos agentes deve ser permanente. Nesse sentido, apresenta saúde é determinada socialmente.
esta publicação, com informações gerais sobre o trabalho do agen- O artigo 198 da Constituição define que as ações e serviços pú-
te, que, juntamente com o Guia Prático do ACS, irá ajudá-lo no me- blicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
lhor desenvolvimento de suas ações. devem constituir um sistema único, organizado de acordo com as
A todos os agentes comunitários de saúde desejamos sucesso seguintes diretrizes:
na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras. 1. Descentralização, com direção única em cada esfera de go-
O agente comunitário de saúde – ACS é um personagem muito verno;
importante na implementação do Sistema Único de Saúde, fortale- 2. Atendimento integral, com prioridade para as atividades pre-
cendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária ventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
à Saúde e a comunidade. 3. Participação da comunidade.
No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes comunitários
de saúde estão em atuação, contribuindo para a melhoria da quali- Em dezembro de 1990, o artigo 198 da Constituição Federal foi
dade de vida das pessoas, com ações de promoção e vigilância em regulamentado pela Lei nº 8.080, que é conhecida como Lei Orgâ-
saúde. nica de Saúde ou Lei do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa lei es-
O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica- tabelece como deve funcionar o sistema de saúde em todo o terri-
ção dos agentes deve ser permanente. Nesse sentido, apresenta tório nacional e define quem é o gestor em cada esfera de governo.
esta publicação, com informações gerais sobre o trabalho do agen- No âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário
te, que, juntamente com o Guia Prático do ACS, irá ajudá-lo no me- Estadual de Saúde; no Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do
lhor desenvolvimento de suas ações. DF; e, no município, o Secretário Municipal de Saúde. As competên-
A todos os agentes comunitários de saúde desejamos sucesso cias e responsabilidades de cada gestor também foram definidas.
na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras. Outra condição expressa no artigo 198 é a participação popu-
lar, que foi detalhada posteriormente pela Lei nº 8.142, de dezem-
De onde veio o SUS? bro de 1990.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Apesar de ser um sistema de ser de saúde em construção, com
Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha aces- problemas a serem resolvidos e desafios a enfrentados para a con-
so ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência cretização dos seus princípios e diretrizes, o SUS é uma realidade.
médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médi- Faz parte do processo de construção a organização e a reorga-
ca da Previdência Social (Inamps), ficando restrita às pessoas que nização do modelo de atenção à saúde, isto é, a forma de organizar
contribuíssem com a previdência social. As demais eram atendidas a prestação de serviços e as ações de saúde para atender às ne-
apenas em serviços filantrópicos. cessidades e demandas da população, contribuindo, assim, para a
A Constituição Federal é a lei maior de um país, superior a to- solução dos seus problemas de saúde.
das as outras leis. Em 1988, o Brasil promulgou a sua 7ª Constitui- Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde, como
ção, também chamada de Constituição Cidadã, pois na sua elabora- direito de todos e dever do Estado, garantindo atenção contínua e
ção houve ampla participação popular e, especialmente, porque ela com qualidade aos indivíduos e às coletividades, de acordo com as
é voltada para a plena realização da cidadania. É a lei que tem por diferentes necessidades.
finalidade máxima construir as condições políticas, econômicas, so-
ciais e culturais que assegurem a concretização ou efetividade dos 1. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)
direitos humanos, num regime de justiça social. Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a saúde,
A Constituição Brasileira de 1988 preocupou-se com a cidada- o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios, previstos no
nia do povo brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais, artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 8.080/1990,
como o direito à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer e à apren- em que destacamos:
dizagem. Universalidade – significa que o SUS deve atender a todos, sem
Em relação à saúde, a Constituição apresenta cinco artigos – os distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem
de nº 196 a 200. qualquer custo. Todos os cidadãos têm direito a consultas, exames,
O artigo 1961 diz que: internações e tratamentos nos serviços de saúde, públicos ou pri-
1. A saúde é direito de todos. vados, contratados pelo gestor público.A universalidade é princípio
2. O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado. Aqui, deve- fundamental das mudanças previstas pelo SUS, pois garante a todos
-se entender Estado como Poder Público: governo federal, governos os brasileiros o direito à saúde.
estaduais, o governo do Distrito Federal e os governos municipais.
Integralidade – pelo princípio da integralidade, o SUS deve se
3. Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e
organizar de forma que garanta a oferta necessária aos indivíduos e
econômicas com acesso universal e igualitário às ações e aos ser-
à coletividade, independentemente das condições econômicas, da
viços para sua promoção, proteção e recuperação e para reduzir o
idade, do local de moradia e outros, com ações e serviços de pro-
risco de doença e de outros agravos.
moção à saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação.
A integralidade não ocorre apenas em um único local, mas no siste-
Políticas sociais e econômicas são aquelas que vão contribuir
ma como um todo e só será alcançada como resultado do trabalho
para que o cidadão possa ter com dignidade: moradia, alimenta-
ção, habitação, educação, lazer, cultura, serviços de saúde e meio integrado e solidário dos gestores e trabalhadores da saúde, com
ambiente saudável. seus múltiplos saberes e práticas, assim como da articulação entre
os diversos serviços de saúde.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Equidade – o SUS deve disponibilizar serviços que promovam Família. A maioria das necessidades em saúde da população é re-
a justiça social, que canalizem maior atenção aos que mais neces- solvida nesses serviços. Algumas situações, porém, necessitam de
sitam, diferenciando as necessidades de cada um. Na organização serviços com equipamentos e profissionais com outro potencial de
da atenção à saúde no SUS, a equidade traduz-se no tratamento resolução. Citamos como exemplo: as maternidades, as policlínicas,
desigual aos desiguais, devendo o sistema investir mais onde e para os prontos-socorros, hospitais, além de outros serviços classifica-
quem as necessidades forem maiores. A equidade é, portanto, um dos como de média e alta complexidade, necessários para situações
princípio de justiça social, cujo objetivo é diminuir desigualdades. mais graves.
Participação da comunidade – é o princípio que prevê a organi- Esses diferentes serviços devem possuir canais de comunica-
zação e a participação da comunidade na gestão do SUS. ção e se relacionar de maneira que seja garantido o acesso a todos
Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos Con- conforme a necessidade do caso, regulado por um eficiente sistema
selhos e Conferências de Saúde, na esfera nacional, estadual e mu- de regulação.
nicipal. O Conselho de Saúde é um colegiado permanente e deve Todas as pessoas têm direito à saúde, mas é importante lem-
estar representado de forma paritária, ou seja, com uma maioria brar que elas possuem necessidades diferentes. Para que se faça
dos representantes dos usuários (50%), mas também com os tra- justiça social, é necessário um olhar diferenciado, por meio da orga-
balhadores (25%), gestores e prestadores de serviços (25%). Sua nização da oferta e acesso aos serviços e ações de saúde aos mais
função é formular estratégias para o enfrentamento dos problemas necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das desigual-
de saúde, controlar a execução das políticas de saúde e observar os dades sociais.
aspectos financeiros e econômicos do setor, possuindo, portanto, O SUS determina que a saúde é um direito humano fundamen-
caráter deliberativo. tal e é uma conquista do povo brasileiro.
A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação 2. Atenção Primária à Saúde
de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de A Atenção Primária à Saúde (APS), também conhecida no Brasil
saúde. É convocada pelo Poder Executivo (Ministério da Saúde, Se- como Atenção Básica (AB), da qual a Estratégia Saúde da Família é
cretaria Estadual ou Municipal de Saúde) ou, extraordinariamente, a expressão que ganha corpo no Brasil, é caracterizada pelo desen-
pela própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde. volvimento de um conjunto de ações de promoção e proteção da
Descentralização – esse princípio define que o sistema de saú- saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação
de se organize tendo uma única direção, com um único gestor em e manutenção da saúde.
cada esfera de governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o Essas ações, desenvolvidas por uma equipe de saúde, são di-
Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no rigidas a cada pessoa, às famílias e à coletividade ou conjunto de
Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, pessoas de um determinado território.
o Secretário Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de Bem estruturada e organizada, a Atenção Primária à Saúde
governo, tem atribuições comuns e competor em cada esfera de (APS) resolve os problemas de saúde mais comuns/frequentes da
governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o Ministro da Saú- população, reduz os danos ou sofrimentos e contribui para uma
de; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no Distrito Fede- melhor qualidade de vida das pessoas acompanhadas.
ral/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, o Secretário Além dos princípios e diretrizes do SUS, a APS orienta-se tam-
Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de governo, tem bém pelos princípios da acessibilidade, vínculo, continuidade do
atribuições comuns e competências específicas. cuidado (longitudinalidade), responsabilização, humanização, parti-
O município tem papel de destaque, pois é lá onde as pessoas cipação social e coordenação do cuidado. Possibilita uma relação de
moram e onde as coisas acontecem. Em um primeiro momento, a longa duração entre a equipe de saúde e os usuários, independen-
descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela temente da presença ou ausência de problemas de saúde, o que
organização da oferta de todas as ações e serviços de saúde. Com chamamos de atenção longitudinal. O foco da atenção é a pessoa,
o passar do tempo, após experiências de implantação, percebeu-se e não a doença.
que nem todo município, dadas suas características sociais, demo- Ao longo do tempo, os usuários e a equipe passam a se co-
gráficas e geográficas, comportariam assumir a oferta de todas as nhecer melhor, fortalecendo a relação de vínculo, que depende de
ações de saúde, e que há situações que devem ser tratadas no nível movimentos tanto dos usuários quanto da equipe.
estadual ou nacional, como é o caso da política de transplantes.
Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e A base do vínculo é o compromisso do profissional com a saúde
atribuições das três esferas de gestão (municípios, Estados e União) daqueles que o procuram. Para o usuário, existirá vínculo quando
resultantes da implementação do SUS, houve um processo evo- ele perceber que a equipe contribui para a melhoria da sua saúde e
lutivo de adaptação a esses novos papéis, traduzidos nas Normas da sua qualidade de vida. Há situações que podem ser facilitadoras
Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS 01/01 e NOAS 01/02). ou dificultadoras. Um bom exemplo disso pode ser o horário e dias
Mais recentemente as referidas Normas formam substituídas por de atendimento da Unidade Básica de Saúde (UBS), a sua localiza-
uma nova lógica de pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser ção, ter ou não acesso facilitado para pessoas com deficiência física,
desempenhado, definido no chamado “Pacto pela Saúde”. entre outras coisas.
Regionalização – orienta a descentralização das ações e ser- As ações e serviços de saúde devem ser pautados pelo princí-
viços de saúde, além de favorecer a pactuação entre os gestores pio da humanização, o que significa dizer que as questões de gênero
considerando suas responsabilidades. Tem como objetivo garantir (feminino e masculino), crença, cultura, preferência política, etnia,
o direito à saúde da população, reduzindo desigualdades sociais e raça, orientação sexual, populações específicas (índios, quilombo-
territoriais. las, ribeirinhos etc.) precisam ser respeitadas e consideradas na or-
Hierarquização – é uma forma de organizar os serviços e ações ganização das práticas de saúde. Significa dizer que essas práticas
para atender às diferentes necessidades de saúde da população. devem estar relacionadas ao compromisso com os direitos do cida-
Dessa forma, têm-se serviços voltados para o atendimento das ne- dão. O acolhimento é uma das formas de concretizar esse princípio
cessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos serviços
de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de Saúde da
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
e se caracteriza como um modo de agir que dá atenção a todos que A participação popular e o controle social devem ser estimula-
procuram os serviços, não só ouvindo suas necessidades, mas per- dos na ação cotidiana dos profissionais que atuam na APS.
cebendo aquilo que muitas vezes não é dito.
O acolhimento não está restrito a um espaço ou local. É uma 4. Agente Comunitário de Saúde: você é “um agente de mu-
postura ética. Não pressupõe hora ou um profissional específico danças”!
para fazê-lo, implica compartilhamento de saberes, necessidades, Seu trabalho é considerado uma extensão dos serviços de saú-
possibilidades, angústias ou formas alternativas para o enfrenta- de dentro das comunidades, já que você é um membro da comuni-
mento dos problemas. dade e possui com ela um envolvimento pessoal.

O ACS tem um papel importante no acolhimento, pois é um Você, agente, é um personagem fundamental, pois é quem está
membro da equipe que faz parte da comunidade, o que ajuda a mais próximo dos problemas que afetam a comunidade, é alguém
criar confiança e vínculo, facilitando o contato direto com a equipe. que se destaca pela capacidade de se comunicar com as pessoas e
A APS tem a capacidade de resolver grande parte dos proble- pela liderança natural que exerce.
mas de saúde da população, mas em algumas situações haverá a Sua ação favorece a transformação de situações-problema que
necessidade de referenciar seus usuários a outros serviços de saú- afetam a qualidade de vida das famílias, como aquelas associadas
de. Mesmo nesses momentos, a APS tem um importante papel ao ao saneamento básico, destinação do lixo, condições precárias de
desempenhar a função de coordenação do cuidado, que é entendi- moradia, situações de exclusão social, desemprego, violência intra-
do como a capacidade de responsabilizar-se pelo usuário (saber o familiar, drogas lícitas e ilícitas, acidentes etc.
que está acontecendo com ele) e apoiá-lo, mesmo quando este está Seu trabalho tem como principal objetivo contribuir para a qua-
sendo acompanhado em outros serviços de saúde. lidade de vida das pessoas e da comunidade. Para que isso aconte-
É na APS em que acontece o trabalho do agente comunitário ça, você tem que estar alerta. Tem que estar sempre “vigilante”.
de saúde (ACS). Pessoas com deficiência, por exemplo, podem ter dificuldade
no convívio familiar, na participação na comunidade, na inclusão na
3. APS/Saúde da Família escola, no mercado de trabalho, no acesso a serviços de saúde, se-
O Ministério da Saúde definiu a Saúde da Família como estra- jam estes voltados à reabilitação ou consultas gerais. Conhecer essa
tégia prioritária para a organização e fortalecimento da APS no País. realidade, envolver a equipe de saúde e a comunidade na busca
Por meio dessa estratégia, a atenção à saúde é feita por uma de recursos e estratégias que possibilitem superar essas situações
equipe composta por profissionais de diferentes categorias (multi- são atitudes muito importantes que podem ser desencadeadas por
disciplinar) trabalhando de forma articulada (interdisciplinar), que você, repercutindo na mudança da qualidade de vida e no aumento
considera as pessoas como um todo, levando em conta suas condi- de oportunidades para essas pessoas na construção de uma comu-
ções de trabalho, de moradia, suas relações com a família e com a nidade mais solidária e cidadã.
comunidade.
Cada equipe é composta, minimamente, por um médico, um Para realizar um bom trabalho, você precisa:
enfermeiro, um auxiliar de enfermagem ou técnico de enferma- - Conhecer o território;
gem e ACS, cujo total não deve ultrapassar a 12. Essa equipe pode - Conhecer não só os problemas da comunidade, mas também
ser ampliada com a incorporação de profissionais de Odontologia: suas potencialidades de crescer e se desenvolver social e economi-
cirurgião-dentista, auxiliar de saúde bucal e/ou técnico em saúde camente;
bucal. Cabe ao gestor municipal a decisão de incluir ou não outros - Ser ativo e ter iniciativa;
profissionais às equipes. - Gostar de aprender coisas novas;
Além disso, com o objetivo de ampliar a abrangência das ações - Observar as pessoas, as coisas, os ambientes;
da APS, bem como sua capacidade de resolução dos problemas de - Agir com respeito e ética perante a comunidade e os demais
saúde, foram criados em 2008 os Núcleos de Apoio à Saúde da Fa- profissionais.
mília (Nasf). Eles podem ser constituídos por equipes compostas
por profissionais de diversas áreas do conhecimento (nutricionista, Todas as famílias e pessoas do seu território devem ser acompa-
psicólogo, farmacêutico, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta nhadas por meio da visita domiciliar, na qual se desenvolvem ações
ocupacional, fonoaudiólogo, médico acupunturista, médico gineco- de educação em saúde. Entretanto, sua atuação não está restrita ao
logista, médico homeopata, médico pediatra e médico psiquiatra) domicílio, ocorrendo também nos diversos espaços comunitários.
que devem atuar em parceria com os profissionais das ESF. Logo, Todas essas ações que estão voltadas para a qualidade de vida
é importante que você, agente, saiba se sua equipe está vinculada das famílias necessitam de posturas empreendedoras por parte da
a algum Nasf e, em caso positivo, como se dá a articulação entre a população e, na maioria das vezes, é você que exerce a função de
sua ESF e este Nasf. estimular e organizar as reivindicações da comunidade.
É necessário que exista entre a comunidade e os profissionais A atuação do ACS valoriza questões culturais da comunidade,
de saúde relação de confiança, atenção e respeito. Essa relação é integrando o saber popular e o conhecimento técnico.
uma das principais características da reorganização do processo de
trabalho por meio da Saúde da Família e se dá na medida em que os 4.1 Detalhando um pouco mais as suas ações
usuários têm suas necessidades de saúde atendidas. Você deve estar sempre atento ao que acontece com as famí-
A população sob responsabilidade da equipe deve ser cadas- lias de seu território, identificando com elas os fatores socioeconô-
trada e acompanhada, entendendo-se suas necessidades de saúde micos, culturais e ambientais que interferem na saúde. Ao identi-
como resultado também das condições sociais, ambientais e econô- ficar ou tomar conhecimento da situação-problema, você precisa
micas em que vive. conversar com a pessoa e/ou familiares e depois encaminhá-la(los)
Equipe e famílias devem compartilhar responsabilidades pela à unidade de saúde para uma avaliação mais detalhada. Caso a si-
saúde. Isso é particularmente importante na adequação das ações tuação-problema seja difícil de ser abordada ou não encontre aber-
de saúde às necessidades da população e é uma forma de controle tura das pessoas para falar sobre o assunto, você deve relatar a si-
social e participação popular. tuação para a sua equipe.
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Os diferentes aspectos de um problema deverão ser examina- - Falta de alimentação ou alimentação inadequada;
dos cuidadosamente com as pessoas, para que sejam encontradas - Uso inadequado de medicamentos prescritos;
as melhores soluções. Você orienta ações de prevenção de doen- - Automedicação;
ças, promoção à saúde, entre outras estabelecidas pelo planeja- - Descontinuidade de tratamento.
mento da equipe. Todas as pessoas de sua comunidade deverão ser
acompanhadas, principalmente aquelas em situação de risco. Veja A situação de risco pode ser agravada por obstáculos ou fatores
explicação mais à frente. que dificultam ou impedem as pessoas de terem acesso às unida-
des de saúde, como:
Há situações em que será necessária a atuação de outros pro- - Localização do serviço com barreiras geográficas ou distante
fissionais da equipe, sendo indicado o encaminhamento para a uni- da comunidade;
dade de saúde. Você deverá comunicar à equipe quanto à situação - Ausência de condições para acesso das pessoas com deficiên-
encontrada, pois, caso não ocorra o comparecimento à unidade de cia física: falta de espaço para cadeira de rodas, banheiros não ade-
saúde, deverá ser realizada busca-ativa ou visita domiciliar. quados;
- Serviços de transporte urbano insuficientes;
Podemos dizer que o ACS deve: - Horários e dias de atendimento restritos ou em desacordo
- Identificar áreas e situações de risco individual e coletivo; com a disponibilidade da população;
- Encaminhar as pessoas aos serviços de saúde sempre que ne- - Capacidade de atendimento insuficiente;
cessário; - Burocratização no atendimento;
- Orientar as pessoas, de acordo com as instruções da equipe - Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais, entre outros.
de saúde;
- Acompanhar a situação de saúde das pessoas, para ajudá-las Haverá acessibilidade quando esse conjunto de fatores contri-
a conseguir bons resultados. buírem para o acesso do usuário aos serviços de saúde.
Existem situações de risco que afetam a pessoa individualmen-
Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica seu te e, portanto, têm soluções individuais. Outras atingem um núme-
trabalho. No entanto você deve compreender a importância da ro maior de pessoas em uma mesma comunidade, o que irá exigir
participação popular na construção da saúde, estimulando assim uma mobilização coletiva, por meio da participação da comunidade
as pessoas da comunidade a participarem das discussões sobre sua integrada às autoridades e serviços públicos. Os Conselhos de Saú-
saúde e o meio ambiente em que vivem, ajudando a promover a de (locais, municipais, estaduais e nacional) e as Conferências são
saúde e a construir ambientes saudáveis. espaços que permitem a participação democrática e organizada da
Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de comunidade na busca de soluções.
pessoas “corre perigo”, isto é, tem maior possibilidade ou chance de É importante ressaltar que essa participação não deve restrin-
adoecer ou até mesmo de morrer. gir apenas aos Conselhos e Conferências, podendo se dar de outras
formas – reunião das equipes de saúde com a comunidade e as-
Alguns exemplos de situação de risco: sociação de moradores, caixas de sugestões, ouvidoria, disque-de-
- Bebês que nascem com menos de dois quilos e meio; núncia, entre outras.
- Crianças que estão desnutridas;
- Filhos de mães que fumam, bebem bebidas alcoólicas e usam Cadastramento das famílias
drogas na gravidez; A etapa inicial de seu trabalho é o cadastramento das
- Gestantes que não fazem o pré-natal; famílias de sua microárea – o seu terriório de atuação – com, no
- Gestantes que fumam; máximo, 750 pessoas. Para realizar o cadastramento, é necessário o
- Gestantes com diabetes e/ou pressão alta; preenchimento de fichas específicas.
- Acamados; Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa etária
- Pessoas que precisam de cuidadores, mas não possuem al- e sexo é importante, pois há doenças que acometem mais crianças
guém que exerça essa função; do que adultos ou mais mulheres que homens, o que influenciará
- Pessoas com deficiência que não têm acesso às ações e ser- no planejamento da equipe
viços de saúde, sejam estes de promoção, proteção, diagnóstico, O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições
tratamento ou reabilitação; de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe, tais
- Pessoas em situação de violência; como a composição familiar, a existência de população indígena,
- Pessoas que estão com peso acima da média e vida sedentária quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento
com ou sem uso do tabaco ou do álcool. básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da ha-
bitação, o desemprego, as doenças referidas etc.
Nesses casos, as pessoas têm mais chance de adoecer e morrer É importante identificar os diversos estabelecimentos e insti-
se não forem tomadas as providências necessárias. tuições existentes no território, como escolas, creches, comércio,
praças, instituições de longa permanência (ILP), igrejas, templos,
É necessário considerar ainda condições que aumentam o risco cemitério, depósitos de lixo/aterros sanitários etc.
de as pessoas adoecerem, por exemplo: Para melhor desenvolver seu trabalho com essa população in-
- Baixa renda; dígena, você pode buscar apoio técnico e articulação junto à sede
- Desemprego; do Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade, se houver.
- Acesso precário a bens e serviços: água, luz elétrica, trans- Você também pode verificar se na secretaria de saúde existe algu-
porte etc.); ma equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa popula-
- Falta de água tratada; ção e solicitar mais orientações. Caso trabalhe numa área rural ou
- Lixo armazenado em locais inadequados; próximo a aldeias indígenas, você deve buscar informação sobre a
- Uso incorreto de venenos na lavoura; existência de equipe multidisciplinar de saúde indígena, incluído o
- Poluição do ar ou da água; agente indígena de saúde. Procurar essas pessoas para uma conver-
- Esgoto a céu aberto; sa pode ser muito importante e esclarecedor.
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A Portaria GM nº 971/2006 cria a Política Nacional de Práti- A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os ca-
cas Integrativas e Complementares no SUS, que inclui atendimento sos de diarreia estavam relacionados aos hábitos de vida daquelas
gratuito em serviços de fitoterapia, acupuntura, plantas medicinais, pessoas.
homeopatia. Dessa forma, é importante saber se existem esses ser- Observa-se que um mesmo problema de saúde pode estar rela-
viços na sua região. cionado a diferentes causas e que o olhar dos diversos membros da
Acupuntura é uma forma de cuidar das pessoas na Medicina equipe pode contribuir para a resolução do problema.
Tradicional Chinesa (MTC). Pode ser usada isoladamente ou integra- O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo
da com outros recursos terapêuticos, como as práticas corporais. a lógica da saúde, não é apenas um espaço delimitado geografica-
As práticas corporais são práticas/ações que favorecem a pro- mente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem, estabelecem
moção e recuperação da saúde e a prevenção de doenças. Como relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e cultura.
exemplos, podemos citar o Tai-chi chuan, o Chi gong e o Lian gong. Trabalhar com território implica processo de coleta e sistema-
Homeopatia é um sistema médico de base vitalista* criado tização de dados demográficos, socioeconômicos, políticoculturais,
pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que consiste em tratar as epidemiológicos e sanitários, identificados por meio do cadastra-
doenças por meio de substâncias ministradas em doses diluídas, os mento, que devem ser interpretados e atualizados periodicamente
medicamentos homeopáticos. pela equipe.
*O vitalismo é a posição filosófica caracterizada por postular É importante a elaboração de mapa que retrate esse território
a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não com a identificação de seus limites, população, número de famílias
poderia ser explicada. e outras características.
Ao identificar a população indígena, o ACS deve levar em con-
sideração que, mesmo residindo no espaço urbano ou rural, longe
de sua aldeia de origem ou em aldeamento não reconhecido oficial-
mente, o indígena possui o direito de ser acompanhado, respeitan-
do-se as diferenças culturais.
É necessário considerar que o indígena nem sempre tem domí-
nio da língua portuguesa, podendo entender algumas palavras em
português, sem compreender a informação, a explicação dada ou
mesmo a pergunta realizada. É importante observar e tentar perce-
ber se estão entendendo e o que estão entendendo, cuidando para
não constrangê-los. O esforço de comunicação deve ser mútuo de
modo a promover o diálogo.
Mapeamento da área de atuação
Ainda como informações importantes para o diagnóstico da co-
munidade, vale destacar a necessidade de identificar outros locais
Trabalhar com mapas é uma forma de retratar e aumentar co-
onde os moradores costumam ir para resolver seus problemas de
nhecimentos sobre a sua comunidade. O mapa é um desenho que
saúde, como casa de benzedeiras ou rezadores, raizeiros ou pessoas
representa no papel o que existe naquela localidade: ruas, casas,
que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de remé-
escolas, serviços de saúde, pontes, córregos e outras coisas impor-
dio para algumas doenças, bem como saber se procuram serviços
tantes. O mapa deve ser uma ferramenta indispensável para seu
(pronto-socorro, hospitais etc.) situados fora de sua área de mora-
trabalho. É o desenho de toda sua área/território de atuação.
dia ou fora do seu município. Também é importante você saber se
Você não precisa ser bom desenhista. Você pode representar
as pessoas costumam usar remédios caseiros, chás, plantas medi-
o que existe com símbolos bem fáceis de desenhar, utilizando sua
cinais, fitoterapia e/ou se utilizam práticas complementares como
criatividade. É interessante que toda a equipe, de preferência, o
a homeopatia e acupuntura. Você deve saber se existe disponível
ajude nesse processo. Isso estimula que a equipe se conheça me-
na região algum tipo de serviço de saúde que utilize essas práticas.
lhor e troque informações para o planejamento das ações de saúde.
Ao realizar o cadastramento e identificar os principais proble-
A comunidade também pode ajudá-lo, contribuindo com su-
mas de saúde, seu trabalho contribui para que os serviços possam
gestões para corrigir e acrescentar, de modo que no final se tenha
oferecer uma atenção mais voltada para a família, de acordo com a
uma boa ideia de como é aquela comunidade. O mapa vai ajudar
realidade e os problemas de cada comunidade.
você a organizar melhor o seu trabalho.
Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de
toda a equipe de saúde.
Agora, pense na sua comunidade e faça uma lista de coisas que
Os profissionais devem atuar de forma integrada, discutindo e
são importantes para a vida comunitária, baseada em seu contato
analisando em conjunto as situações identificadas.
com ela. Por exemplo: postos de saúde, centros de saú de, hospi-
Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é
tais, escolas, igrejas, centros religiosos, postos policiais, quadras de
mantê-lo atualizado.
esporte, campo de futebol, identificando espaços que possibilitam/
dificultam o acesso de pessoas com deficiências. Escreva também
Dando um exemplo
outros lugares com seus respectivos nomes: ruas, córregos, rios,
Em uma comunidade, muitos casos de diarreia começaram a
cartório, correio, parada de ônibus, casa da parteira, da benzedeira
acontecer. As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam direto
e outras coisas que você se lembrar.
ao hospital para se tratar. Eram medicadas, mas pouco tempo de-
O conjunto dos mapas feito pelos ACS formará um grande
pois estavam doentes de novo. Essa situação alertou a equipe de
mapa da área de atuação da equipe de Saúde da Família (eSF).
que algo não estava bem.
Esse mapa mais abrangente, feito com todas as informações
O ACS, por meio das visitas domiciliares, observou a existência
sobre sua área, pode dar origem a outros mais específicos.
de esgoto a céu aberto próximo a tubulações de água.
Como exemplos:
Além disso, as pessoas daquela comunidade costumavam não
Podemos ter mapas de territórios feitos manualmente com
proteger adequadamente suas caixas d’água.
auxílio da comunidade e fotos de territórios utilizando recursos de
informática ou internet.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Podem-se destacar as informações das ruas, caminhos e as de trabalho e a forma como se vincula à família. Recomenda-se que o
linhas de ônibus de uma comunidade, desenhando um mapa es- ACS estabeleça um bom vínculo com a família, mas saiba dissociar a sua
pecífico. Em uma região que chove muito, é importante conhecer relação pessoal do seu papel como agente comunitário de saúde
bem os rios, açudes, lagos, lagoas da região e locais propensos à Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as mo-
inundação. dificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos
É necessário que você identifique no território de sua equipe tempos, fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único. Es-
quais os riscos de sua microárea. sas particularidades – ou características próprias – fazem com que
Como já foi dito anteriormente, o mapa retrata o território determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de
onde acontecem mudanças, portanto, ele é dinâmico e deve ser saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com
constantemente atualizado. maior ou menor intensidade, as diversas famílias assistidas.
Você deve sempre ter a cópia do seu mapa para facilitar o Você, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir,
acompanhamento das mudanças na sua comunidade. passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental
Com o mapa, você pode: que sejam compreendidas as implicações que isso representa.
• Conhecer os caminhos mais fáceis para chegar a todos os lo- Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao
cais; planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o tempo
• Marcar as barreiras geográficas que dificultam o caminho das das pessoas visitadas.
pessoas até os serviços de saúde (rios, morros, mata cerrada etc.); Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que
• Conhecer a realidade da comunidade e planejar como resol- você tenha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no
ver os problemas de saúde com mais eficácia; acompanhamento das famílias da sua área de trabalho.
• Planejar as visitas de cada dia sem perder tempo; Também é recomendável definir o tempo de duração da visita,
• Marcar as microáreas de risco; devendo ser adaptada à realidade do momento.
• Identificar com símbolos situação de risco; A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da im-
• Identificar com símbolos os grupos prioritários: gestantes, portância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra res-
idosos, hipertensos, diabéticos, pessoas peito e interesse por elas.
• acamadas, crianças menores de cinco anos, pessoas com Visando um maior vínculo, é interessante combinar com a fa-
• deficiência, usuário de drogas, pessoas com hanseníase, pes- mília o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar
soas com os afazeres da casa.
• tuberculose etc. Na primeira visita, é indispensável que você diga seu nome, fale
do seu trabalho, o motivo da visita e sempre pergunte se pode ser
O seu mapa, juntamente com as informações coletadas no ca- recebido naquele momento.
dastramento das famílias, vai ajudar toda a equipe no diagnóstico Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, é fun-
de saúde da área. damental que tanto o ACS quanto os demais profissionais apren-
Entende-se por microáreas de risco aqueles espaços dentro de dam a interagir com a comunidade, sem fazer julgamentos quanto
um território que apresentam condições mais favoráveis ao apare- à cultura, crenças religiosas, situação socioeconômica, etnia, orien-
cimento de doenças e acidentes. Por exemplo: área mais propensa tação sexual, deficiência física etc.
à inundação, áreas próximas de barreiras ou encostas, áreas com Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças
esgoto a céu aberto e sem água tratada, áreas com maior incidência entre as pessoas, adotando uma postura de escuta, tolerância aos
de crimes e acidentes. princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus
próprios, além de atitudes imparciais.
Visita domiciliar Após a realização da visita, você deve verificar se o objetivo
A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações ne-
de trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de cessárias. Enfim, você deve avaliar e corrigir possíveis falhas. Esse é
uma família, você entra não somente no espaço físico, mas em tudo um passo muito importante que possibilitará planejar as próximas
o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma família, com visitas. Da mesma forma, você deve partilhar com o restante da
seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua pró- equipe essa avaliação, expondo as eventuais dúvidas, os anseios, as
pria história. dificuldades sentidas e os êxitos.
Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamen-
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo to da equipe, pautado na identificação das necessidades de cada
e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação família. Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso
de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso demandará a realização de outras visitas com maior frequência.
lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunida-
das ações de promoção, prevenção, controle, cura e recuperação. de que o agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos,
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido- as crenças, enfim, a dinâmica de vida das famílias por ele acom-
so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas panhadas. A visita domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que
atribuições. O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e se aprende no cotidiano, mas pode e deve se basear em algumas
pode ser o amigo e conselheiro condutas que demonstrem respeito, atenção, valorização, compro-
A permissão de entrada em uma casa representa algo muito misso e ética.
significativo, que envolve confiança no ACS e merece todo o res- ACS: quando você não souber responder a alguma pergunta,
peito. É o que poderia ser chamado de “procedimento de alta com- não se preocupe, pois ninguém sabe tudo. Diga que vai procurar a
plexidade” ou pelo menos de “alta delicadeza”. da pessoa ou da família. resposta e trazê-la na próxima visita.
Nem sempre é fácil separar o lado pessoal do profissional e os limites da Por meio da visita domiciliar, é possível:
relação ACS/família. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo • Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressal-
tando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiên-
cia etc.;
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
• Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de tra- Recomendações gerais para atividades educativas
balho, os hábitos, as crenças e os costumes; Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o
• Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião
da comunidade; definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomoda-
• Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam ção e a presença de todos. É importante garantir as condições de
ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de acessibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na
vida; comunidade e pensar estratégias que facilitem a
• Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à Saber ouvir e acolher o discurso do outro, interagindo sem co-
saúde; locar juízo de valor e reconhecer as características pessoais, emo-
• Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento cionais e culturais das pessoas ou grupo, é fundamental para o êxito
mais frequente ou especial; do trabalho. A comunicação no caso de deficiente visual ou auditi-
• Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e vo. Não se esquecer de providenciar o material que será utilizado
quais as atividades disponíveis; durante a atividade e, se necessário, convidar com antecedência
• Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe alguém para falar sobre algum assunto específico de interesse da
de saúde e a população do território de abrangência da unidade de comunidade.
saúde; No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimen-
• Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à tos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das
saúde, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também co-
alimentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu en- nhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perce-
torno; ber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando
• Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamen- sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes.
tos e a verificação da validade deles; Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de tra-
• Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém- balho de todos os membros da equipe.
-nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências; Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-
• Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim -se:
como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de in- • Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar
formação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde. a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com
letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares
Trabalhando educação em saúde na comunidade mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo;
Como trabalhar educação em saúde na comunidade • Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos par-
As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como ticipantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial;
objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da • Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposi-
população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode ção das necessidades e expectativas de todos.
abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada
não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas. às necessidades do momento;
Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar. • Estimular a participação de todos;
Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transfe- • Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo,
rir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão
ou a sua construção. sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na culturais, religiosas ou pessoais;
qualidade da atenção prestada em saúde. • Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado,
que contribuirão para uma melhor qualidade de vida;
Educar é um processo de construção permanente • Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo
As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas po- grupo;
dem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de • Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com natura-
saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O lidade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a con-
trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos. fiança e a satisfação das pessoas;
A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe
• Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventual-
Existem diferentes metodologias para se trabalhar com gru- mente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo
pos todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles
Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às • que só comparecem às reuniões para discutir seus problemas
suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo pessoais;
e de espaço, assim como as características e as necessidades do • Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recur-
grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples sos audiovisuais, bonecos, balões etc.;
e precisa. • Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos dis-
É importante considerar o conhecimento e experiência dos cutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimen-
participantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa to de dúvidas.
a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus
interesses. Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve bus-
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cui- car desenvolver, estão:
dado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e tam- • Ter boa capacidade de comunicação;
bém os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o • Usar linguagem acessível, simples e precisa;
pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde. • Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
• Acolher o saber e o sentir de todos; com o desenvolvimento dela. Sente-se a necessidade de uma visita
• Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores à casa daquela família e o auxílio de outros profissionais (psicólogo,
que não sejam os seus próprios; serviço social etc). Se constatado algum indício de maus tratos, será
• Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser deba- necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da
tido; saúde com o envolvimento de órgãos de outras áreas, como o Con-
• Ter conhecimentos técnicos; selho Tutelar e/ou Juizado da Infância.
• Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber No caso de dúvidas ou desrespeito aos direitos das pessoas
responder a alguma pergunta. com deficiência (situações de discriminação, exclusão escolar,
maus-tratos, falta de transporte), podem ser contatados os Conse-
Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser ofereci- lhos de Direitos das Pessoas com Deficiência do município ou do
dos, se possível, materiais impressos e explicar a importância do Estado, entre outros órgãos.
acompanhamento contínuo na UBS, assim como o funcionamento Nos casos de desnutrição infantil, pode-se estabelecer contato
dos serviços disponíveis. com outras instituições e órgãos do governo municipal, estadual e
Sempre que possível envolver os participantes do grupo no federal, como o Centro Regional de Assistência Social (Cras) ou a
planejamento, execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso Secretaria de Assistência Social do município.
estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em Ao identificar pessoas que sofrem de alcoolismo entre as fa-
que se sentem capazes, envolvidos e responsáveis pelo sucesso do mílias que você acompanha, além das ações que deverão ser de-
trabalho. senvolvidas por você e pela equipe, é importante que essa pessoa
Nas atividades em grupo, é possível que: e sua família sejam orientadas a procurar um Grupo de Alcoólicos
• As pessoas que compõem o grupo se conheçam, troquem ex- Anônimos ou outro grupo de apoio que exista em sua comunidade.
periências e informações; Você, com o apoio da sua equipe de saúde, deve estimular
• As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente, ações conjuntas com outros órgãos públicos e instituições, de pre-
expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre te- ferência em acordo com as prioridades elencadas nas reuniões co-
mas que geralmente são comuns a todos; munitárias. Em determinada comunidade, a prioridade pode ser a
• O coordenador do grupo trabalhe as informações, ajudando implantação de infraestrutura básica (água, luz, esgoto, destino do
cada um dos participantes a expor suas ideias, estimulando o res- lixo, rampas para cadeiras de rodas, sinais sonoros em semáforos
peito entre os participantes; para as pessoas com deficiência visual); já em outra, pode ser a
• As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na re- construção de uma unidade de saúde, de uma creche comunitária,
solução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio. de uma escola, a recuperação de poços, pequenas estradas e mui-
tas outras necessidades.
Participação da comunidade O Ministério do Desenvolvimento Social coordena o Programa
Participação quer dizer tomar parte, partilhar, trocar, ter in- Bolsa-Família, que visa combater a fome, a pobreza, as desigualda-
fluência nas decisões e ações. Isso significa que você não trabalha des, promovendo a inclusão social das famílias beneficiárias. Por
sozinho, nem a equipe de saúde é a única responsável pelas ações meio do Bolsa-Família, o governo federal concede mensalmente
de saúde. benefícios em dinheiro para famílias mais necessitadas.
Você pode participar e auxiliar na organização dos Conselhos Faz parte do seu trabalho o acompanhamento de todas as ges-
Locais de Saúde e estimular as pessoas da comunidade a partici- tantes e crianças menores de sete anos de idade contempladas com
parem de todos os Conselhos de Saúde. Você pode também reco- o benefício do programa.
mendar aos representantes da comunidade a conversarem com os Os compromissos dos beneficiários são:
conselheiros sobre as ações de saúde que já estão sendo desenvol-
vidas e estratégias para enfrentamento dos problemas que ainda Gestante:
existem. • Fazer inscrição do pré-natal e comparecer às consultas, con-
Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa, sabe fazer al- forme o preconizado pelo Ministério da Saúde;
guma coisa e sabe dizer alguma coisa diferente. São os saberes, os • Participar de atividades educativas sobre aleitamento mater-
fazeres e os dizeres da comunidade. A comunidade funciona quan- no, orientação para uma alimentação saudável da gestante e pre-
do existe troca de conhecimentos entre todos. Cada um tem um paro para o parto.
jeito de contribuir, e toda contribuição deve ser considerada e valo-
rizada. Você tem de estar muito atento a tudo isso. Mãe ou responsável pelas crianças menores de sete anos:
A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunida- • Levar a criança à unidade de saúde para a realização do acom-
de faz parte de um processo de educação para a participação em panhamento do crescimento e desenvolvimento, de acordo com o
saúde. preconizado pelo Ministério da Saúde;
• Participar de atividades educativas sobre aleitamento mater-
Atuação intersetorial no e cuidados gerais com a alimentação e saúde da criança;
Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não • Cumprir o calendário de vacinação da criança, de acordo com
só empenho por parte de profissionais e gestores de saúde, mas o preconizado pelo Ministério da Saúde.
também o empenho e contribuição de outros setores. Quando se
trabalha articuladamente com outros setores da sociedade, aumen- As ações de saúde que fazem parte das condicionalidades do
ta-se a capacidade de oferecer uma resposta mais adequada às ne- Programa Bolsa-Família, descritas acima, são universais, ou seja,
cessidades de saúde da comunidade. devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o Sistema
Por exemplo, você pode suspeitar de um caso de maus-tratos Único de Saúde (SUS).
com uma criança após verificar que há marcas e hematomas na
pele dela. Partilhando esse caso com sua equipe, um dos profissio-
nais de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quan-
do comparece às consultas na unidade e há relato de problemas
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Planejamento de ações Plano de ação
Já falamos muito sobre planejamento, e o que é isso? Nesse momento a equipe de saúde, grupos e população in-
Planejar não é improvisar. É preparar e organizar bem o que teressada definem, entre outros problemas identificados, aqueles
se irá fazer, acompanhar sua execução, reformular as decisões já que são passíveis de intervenção e que contribuem para a melhoria
tomadas, redirecionar sua execução, se necessário, e avaliar o re- da saúde da comunidade. Deve-se sempre conhecer a capacidade
sultado ao seu término. de realização do trabalho pela equipe e as condições da unidade de
No acompanhamento da execução das ações, verifica-se se os saúde. Assim, evitam-se definir objetivos que não têm a execução
objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não, para poder viável.
intervir a tempo de modificar o resultado final, alcançando assim O plano de ação que viermos a estabelecer deve ser bem claro
seu objetivo. e preciso, pois é ele que irá apontar a direção do nosso trabalho.
Quanto mais complexo for o problema, maior é a necessidade
de planejar as ações para garantir melhores resultados. Meta
Existem várias formas de fazer planejamento. O centralizado é A meta tem como foco o alcance do trabalho. A meta estabele-
aquele que não garante a participação social e normalmente não ce concretamente o que se pretende atingir.
reflete as reais necessidades da população. Já no planejamento
participativo, garante-se a participação da população junto à equi- Estratégia
pe de saúde discutindo seus problemas e encontrando soluções. A Na estratégia, são definidos os passos a serem seguidos, os mé-
população participa na tomada de decisão, assumindo as responsa- todos e as técnicas a serem utilizadas nas atividades e as responsa-
bilidades que lhe cabem. As respostas aos problemas identificados bilidades de cada um.
devem ser explicitadas a partir da análise e reflexão entre técnicos
e população sobre a realidade concreta, seus problemas, suas ne- Recursos
cessidades e interesses na área de saúde. É o levantamento de tudo que é necessário para realizar a ati-
De modo geral, o planejamento é um instrumento de gestão vidade. Recursos humanos, recursos físicos, recursos materiais e
que visa promover o desenvolvimento institucional, objetivando recursos financeiros.
melhorar a qualidade e efetividade do trabalho desenvolvido.
No que se refere às ações de saúde, o planejamento participati- Cronograma
vo é o mais adequado, na medida em que envolve diversos atores/ Cronograma e estratégia estão intimamente ligados. O crono-
participantes, permitindo realizar um diagnóstico mais fidedigno da grama organiza a estratégia no tempo.
realidade local. A partir daí, torna-se mais fácil uma atuação mais
adequada voltada para a melhoria das condições de saúde com o Execução
comprometimento de todos com o trabalho. Implica operacionalização do plano de ação, ou seja, colocar
Planejar bem, portanto, é condição necessária, porém não é em prática o que foi planejado.
suficiente para que as ações de saúde sejam implementadas de for-
ma qualificada, gerando benefícios efetivos para a população em Acompanhamento e Avaliação
geral. A avaliação deve acompanhar todas as fases do planejamento.
Você poderá, de forma sintonizada com a equipe, planejar o Quando realizada após a execução, identifica os resultados alcan-
seu trabalho, dando prioridade para aquelas famílias que necessi- çados e fornece auxílio para a reprogramação das ações, além de
tam ser acompanhadas com maior frequência. indicar a necessidade de novo diagnóstico ou reformulação do já
Portanto, as famílias em risco e as que pertencem aos grupos existente.
prioritários precisam ser acompanhadas mais de perto. Esse diag-
nóstico é um ponto de partida para você e sua equipe organizarem Ferramentas de trabalho
o calendário de visitas domiciliares e demais atividades. Todas as informações que você, ACS, conseguir sobre a comuni-
dade ajudará na organização do seu trabalho. Algumas dessas infor-
Etapas do planejamento mações você vai anotar em fichas próprias para compor o Sistema
O planejamento pressupõe passos, momentos ou etapas bási- de Informação da Atenção Básica (Siab).
cas estabelecidos em uma ordem lógica. De forma geral, seguem-se
as seguintes etapas:
Você vai utilizar quatro fichas: Ficha A – cadastramento das fa-
Diagnóstico mílias (que, em seguida, será discutida e orientado quanto ao seu
É a primeira etapa do planejamento para quem busca conhe- preenchimento); Ficha B – acompanhamento de gestantes; Ficha
cer as características socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, C – Cartão da Criança; e Ficha D – registro das atividades diárias do
entre outras. ACS.
Algumas coisas que você não pode se esquecer:
As fontes de dados podem ser fichas, bem como anotações • Quando você for fazer o cadastramento das famílias, é impor-
próprias, relatórios, livros de atas, aplicação de questionário, entre- tante ler novamente as instruções da visita domiciliar;
vistas, dramatização e outras fontes à disposição. • Cada família deve ter um só formulário preenchido.
O diagnóstico se compõe de três momentos específicos: levan-
tamento, análise e reflexão dos dados, e priorização das necessi- Não importa o número de pessoas na casa;
dades. • As informações que você conseguir serão úteis para planejar
O diagnóstico da comunidade nada mais é do que uma leitura o seu trabalho, na organização das visitas domiciliares, das ativi-
da realidade local. É o momento da identificação dos problemas, dades de educação em saúde, reuniões comunitárias e de outras
suas causas e consequências e principais características da comuni- atividades;
dade. É o momento em que também se buscam explicações para os
problemas identificados.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
• A ficha de cadastramento deve ficar com você, que a levará, a É muito importante que se registre com cuidado essa informa-
cada mês, à unidade de saúde, para, junto com sua equipe, organi- ção. Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz. Se a pessoa
zar as informações e planejar o seu trabalho; estiver de férias, licença ou afastada temporariamente do trabalho,
• Anote, em seu caderno, qualquer outra informação sobre a você deve anotar a ocupação mesmo assim. O trabalho doméstico
família que você considerar importante, para discutir com sua equi- é uma ocupação, mesmo que não seja remunerado.
pe. Se a pessoa tiver mais de uma ocupação, registre aquela a que
ela dedica mais horas de trabalho.
Orientações para preenchimento da ficha de cadastramento Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do
– Ficha A emprego e não está fazendo qualquer atividade, como prestação de
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, serviços a terceiros, “bicos” etc.
pois, se você errar ou necessitar atualizar, é só apagar. Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou con-
Agora, repare bem na parte de cima da ficha de cadastro. dições em que se encontra a pessoa. Você não deve solicitar com-
No alto, à esquerda, está identificada a Ficha A. Depois vem a provação de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram
referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab, sistema de tratados e já alcançaram cura.
informação nacional que constitui ferramenta importante para mo- ATENÇÃO: a família, além de referir doenças, pode e deve re-
nitoramento da Estratégia Saúde da Família, para juntar todas as in- ferir condições em que as pessoas se encontram, como alcoolismo,
formações de saúde das microáreas dos municípios brasileiros onde deficiência física ou mental, dependência física, idosos acamados,
atuam os agentes comunitários de saúde. Assim, as informações re- dependência de drogas etc. Nesses casos é muito importante que
gistradas na Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do município, você anote com cuidado a condição referida.
desta, para a Secretaria de Saúde do Estado e, posteriormente, para É interessante que você saiba o que se considera deficiência,
o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. É uma para saber melhor como anotar essa condição das pessoas.
forma de o governo federal saber a realidade da saúde das pessoas Deficiência é o defeito ou condição física ou mental de duração
nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortalecer a Po- longa ou permanente que, de alguma forma, dificulta ou impede
lítica Nacional de Atenção Básica. E tudo isso começa com o seu uma pessoa de realizar determinadas atividades cotidianas, esco-
trabalho! lares, de trabalho ou de lazer. Isso inclui desde situações em que
No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da o indivíduo consegue realizar sozinho todas as atividades de que
Federação), há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as necessita, porém com dificuldade, ou por meio de adaptações, até
duas letras referentes à sigla do Estado. Por exemplo: PB para Paraí- aquelas em que o indivíduo sempre precisa de ajuda nos cuidados
ba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco; GO para Goiás; RS pessoais e outras atividades.
para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim por diante.
Logo abaixo, você encontra espaço para escrever o endereço A segunda parte do cadastro é para a identificação de pessoas
da família, com o nome da rua (ou avenida, praça, beco, estrada, de 0 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, isto é, pessoas com menos de
fazenda, ou qualquer que seja a denominação), o número da casa, 15 anos.
o bairro e o CEP, que é a sigla para Código de Endereçamento Postal. Os campos para “nome, data de nascimento, idade e sexo” de-
Na linha de baixo, estão os espaços que devem ser preenchidos vem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15
com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es- anos e mais. No campo destinado a informar se frequenta a escola,
tatística (IBGE) – o código do município; pela Secretaria Municipal marcar com um X se ela está indo ou não à escola.
de Saúde – segmento e área; ou pela equipe de saúde – microárea. Se ela estiver de férias, mas for continuar os estudos no perío-
A equipe de saúde vai lhe ajudar a encontrar esses números e expli- do seguinte, marcar o X para “sim”.
car o que eles significam. Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante
Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comuni- no cadastramento, pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar as
tário de saúde registrar o número da família na ficha. autoridades competentes sobre os direitos da criança e do adoles-
A primeira família será a de número 001, a décima será 010, a cente, para medidas que possam protegê-los contra violência e ex-
décima terceira será 013, a centésima será 100, e assim por diante. ploração.
Por fim, o espaço para a data, onde o ACS deve colocar o dia, o mês Veja a situação descrita que serve de exemplo:
e o ano em que está sendo feito o cadastramento daquela família. A família cadastrada na Ficha A é a família do sr. Nelson, que é
Vamos, agora, continuar a orientação para preencher o cadas- composta de sete pessoas: ele, a esposa, três filhos, D. Umbelina
tro da família: (sua mãe) e Ana Rosa (empregada doméstica que mora com eles).
O ACS registrou na ficha os dados de idade, sexo, escolaridade,
Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para cada ocupação e ocorrência de doenças ou condições referidas de todas
pessoa da casa (inclusive os empregados que moram ali) que tenha as pessoas da família. A data de nascimento de D. Umbelina não foi
15 anos ou mais. À direita, na continuação de cada linha, estão os anotada, porque ela não sabia informar. Mas sabia que tinha mais
espaços (campos) para dizer o dia, mês e ano do nascimento, a ida- ou menos 63 anos. Então o ACS anotou, no campo “idade”, o núme-
de e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F para feminino). ro 63. Cristina tem sete meses, menos de um ano de idade. Assim,
Caso não tenha informação sobre a data do nascimento, anotar a o ACS registrou 0 (zero).
idade que a pessoa diz ter.
O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e
escrever, ou não. Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever
o nome. Se é alfabetizada, um X na coluna “sim”. Se não é alfabeti-
zada, um X na coluna “não”. Para ser considerada alfabetizada ela
deve saber escrever um bilhete simples.
Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS

Agora que você já sabe como preencher a frente da ficha, vamos aprender a parte de trás, o verso da ficha.
Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras informações importantes
acerca da família.

Repare que há um quadrado para o tipo de casa, com quadrinhos para assinalar com X o material usado na construção.
Se o material não é nenhum dos referidos, você tem um espaço para explicar o que foi usado na construção da moradia.
É ali onde está escrito “outro – especificar”.
Logo abaixo, você tem onde informar o número de cômodos. Uma casa com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro cômodos. Se
só há um quarto e uma cozinha, são dois cômodos. Atenção para o que não é considerado cômodo: corredor, alpendre, varanda aberta e
outros espaços que pertencem a casa, mas que são utilizados mais como área de circulação.
Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia elétrica, mesmo que a instalação não seja regularizada. Em seguida, o destino do
lixo.
No lado direito da ficha, estão os quadros para informar sobre o tratamento da água na casa, a origem do abastecimento da água
utilizada e qual o destino das fezes e urina.
Na metade de baixo da ficha estão os quadros para outras informações. Primeiro, há um quadrinho (sim ou não) para dizer se alguém
da família possui plano de saúde e outro para informar quantas pessoas são cobertas pelo plano. Logo abaixo, existem quadrinhos para
cada letra do nome do plano.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS

Depois, você deve anotar que tipo de socorro aquela família está acostumada a procurar em caso de doença e quais os meios de co-
municação mais utilizados na casa.

À direita, estão os quadros para anotar se aquela família participa de grupos comunitários e para informar que meios de transporte
mais utiliza.
Para completar, vem o espaço para você escrever as observações que considerar importantes a respeito da saúde daquela família.

Cadastramento e acompanhamento da Ficha B


Na Ficha B-GES o ACS cadastra e acompanha mensalmente o estado de saúde das gestantes. A cada visita, os dados da gestante devem
ser atualizados nessa ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida mensalmente com o enfermeiro instrutor/supervisor.
A Ficha B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos hipertensos.
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de hipertensão ou pressão arterial acima dos padrões de normalidade) devem ser encaminhados
imediatamente à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica. Só após esse procedimento, com o diagnóstico médico
estabelecido, é que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso.
A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos diabéticos.
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de diabetes) devem ser encaminhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica.
Só após esse procedimento é que o ACS cadastra e acompanha o diabético. Os casos de diabetes gestacional não devem ser cadastrados
nessa ficha.
A Ficha B-TB serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de pessoas com tuberculose. A cada visita os dados dessa ficha
devem ser atualizados. Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor.
A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de pessoas com hanseníase.
Assim como na ficha B da gestante, o ACS deve atualizar os dados específicos de cada ficha a cada visita realizada por ele. Esta ficha
permanece com o ACS, pois é de sua responsabilidade, e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor.

Deve-se lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo, seja de gestante, hipertenso, diabético, seja de pacientes com tuberculose
ou hanseníase, o agente comunitário de saúde deve discutir com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando auxílio para o preenchi-
mento e acompanhamento deles.

Orientações para preenchimento da Ficha C – cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança
Ficha C – é o instrumento utilizado para o acompanhamento da criança. A Ficha C é uma cópia das informações pertinentes da Cader-
neta da Criança, padronizada pelo Ministério da Saúde e utilizada pelos diversos serviços de saúde. Essa
Caderneta é produzida em dois modelos distintos: um para a criança de sexo masculino e outro para a criança de sexo feminino. Toda
família que tenha uma criança menor de cinco anos deve possuir essa caderneta, que servirá como fonte de dados que serão coletados
pelos ACS.
O ACS deverá transcrever para o seu cartão sombra/cartão espelho os dados registrados na Caderneta da Criança.
Caso a família não a tenha, o ACS deverá preencher o cartão sombra com base nas informações referidas e orientar a família a procurar
a unidade de saúde em que realizou as vacinas para providenciar a 2ª via.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
No Guia Prático do ACS, você encontra as informações sobre Veja uma situação que serve de exemplo:
esquema vacinal da criança e sobre o correto preenchimento das Valéria, agente comunitária de saúde, ao realizar as visitas do-
curvas de crescimento. miciliares no mês de outubro, soube da ocorrência de três interna-
ções na sua microárea. A primeira, de dona Marta Pereira de Alen-
Orientações para preenchimento da Ficha D – registro de ati- car, ocorreu no mês de setembro, em data posterior à visita que a
vidades, procedimentos e notificações ACS realizou à família de dona Marta, devendo ser então registrada
A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de na ficha de outubro. Os outros dois casos ocorreram ainda no mês
saúde. Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final de outubro. Observe como o exemplo foi registrado na ficha.
do mês. O preenchimento desse instrumento deve ser diário, consi- Óbitos – você deve anotar todo óbito ocorrido no mês de refe-
derando-se os dias efetivos de trabalho em cada mês. rência e no anterior:
O primeiro quadro da ficha, onde estão os espaços para municí- Data – registrar dia e mês da ocorrência do óbito.
pio, segmento, unidade etc., será preenchido pelo ACS com a ajuda Nome – anote o nome completo da pessoa que faleceu.
do enfermeiro de sua unidade de saúde, que é o responsável pelo Endereço – anote o endereço completo da pessoa que faleceu.
seu trabalho e que realizará a orientação e a supervisão. Sexo – marque F para feminino e marque M para masculino.
Como a ficha é única para todos os profissionais, o ACS só irá Idade – anote a idade em anos completos. Se a pessoa for me-
anotar o que é específico do seu trabalho, que está no verso da nor de um ano, registre a sua idade em meses.
Ficha D. Causa – registre a causa do óbito, segundo as informações da
No quadro destinado a informar sobre os “Procedimentos”, família ou obtida por meio de atestado de óbito.
você vai registrar nas duas últimas linhas: “Reuniões e Visita Do-
miciliar”.
Reuniões – você vai registrar o número de reuniões realizadas CONCEITO DE TERRITORIALIZAÇÃO, MICROÁREA E ÁREA
por você, que contaram com a participação de 10 ou mais pessoas, DE ABRANGÊNCIA
com duração mínima de 30 minutos e com o objetivo de dissemi-
nar informações, discutir estratégias de superação de problemas de
saúde ou de contribuir para a organização comunitária. O que é Territorialização?
Visita domiciliar – você vai registrar todas as visitas domiciliares - É o processo de apropriação do território pela equipe da
que você realizou, qualquer que seja a finalidade. ESF; permite conhecer as condições em que os indivíduos moram,
Logo no início do quadro “Notificações”, há três linhas onde vivem, trabalham, adoecem e amam a depender do segmento
você deve anotar as notificações feitas por você sobre as crianças social em que se situam.
menores de dois anos que tiveram diarreia e infecções respiratórias - Esse conhecer implica assumir o compromisso de responsa-
agudas. bilizar-se pelos indivíduos e pelos espaços onde esses indivíduos se
< 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia – registrar o relacionam.
número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram - A adscrição da clientela à unidade de saúde não é uma mera
um ou mais episódios de diarreia, nos 15 dias anteriores à visita regionalização formal do atendimento, mas um processo necessá-
domiciliar. rio para definir relações de compromisso.
< 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia e usaram
terapia de reidratação oral (TRO) – registrar o número de crianças CONCEITO DE TERRITÓRIO:
com idade de até 23 meses e 29 dias que tiveram diarreia nos 15
Segundo Mendes (1993), há, pelo menos, duas concepções de
dias anteriores à visita domiciliar e usaram solução de reidratação
território aplicadas aos sistemas de serviços de saúde:
oral (soro caseiro ou soro de reidratação oral – SRO – distribuído
- Território solo: definido por critérios geográficos; é estático,
pela Unidade de Saúde ou comprados na farmácia). Não anotar as
portanto, não acompanha as mudanças continuas do território;
crianças que utilizaram somente chás, sucos ou outros líquidos.
< 2a – Menores de dois anos que tiveram infecção respiratória - Território processo: definido por critérios geográficos, polí-
aguda – registrar o número de crianças com idade até 23 meses e ticos, econômicos, sociais e culturais; é dinâmico, pois acompanha
29 dias que tiveram infecção respiratória aguda nos 15 dias anterio- as mudanças permanentes do território.
res à visita domiciliar.
Hospitalizações – você deve preencher esse quadro cada vez DIVISÕES DOS TERRITÓRIOS:
que tomar conhecimento de qualquer caso de hospitalização de Território distrito: Obedece à lógica político administrativa,
pessoas da comunidade onde você atua, no mês de referência ou sendo adequado para municípios de grande porte, para possibilitar
no mês anterior: a aproximação entre a administração pública e a população.
Data – registre dia e mês da hospitalização. Objetivo: Delimitação de um território administrativo assisten-
Nome – anote o nome completo da pessoa que foi hospitali- cial, contendo um conjunto de pontos de atenção à saúde e uma
zada. população adstrita, com vistas ao planejamento urbano e ações
Endereço – anote o endereço completo da pessoa que foi hos- intersetoriais.
pitalizada. Território área: é um território processo, de responsabilidade
Sexo – marque F para feminino e M para masculino. de uma Unidade de APS, com enfoque na vigilância à saúde e cor-
Idade – anote a idade em anos completos. Se a pessoa for me- responde à área de atuação de uma, no máximo, três equipes de
nor de um ano, registrar a idade em meses. saúde.
Causa – registre a causa da hospitalização informada pela famí-
lia ou obtida por meio de laudos médicos. Objetivo: Planejar as ações, organizar os serviços e viabilizar
Nome do hospital – anote o nome do hospital onde a pessoa os recursos para o atendimento das necessidades de saúde dos
foi internada. cidadãos/famílias residentes no território, com vistas à melhoria
dos indicadores e condições de saúde da comunidade.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Território microárea: é uma subdivisão do território área de prática concreta em qualquer dimensão da realidade social e his-
responsabilidade da equipe de saúde. Corresponde à área de atua- tórica, contemplando simultaneamente a formulação de políticas,
ção do ACS. o planejamento e a programação dentro de um esquema teórico-
Objetivo: É a delimitação de espaços onde se concentram gru- -metodológico de planificação situacional para o desenvolvimento
pos populacionais homogêneos de risco ou não risco, com vistas dos Sistemas Locais de Saúde. Tem como base a teoria da produção
à identificação das necessidades de saúde das famílias residentes, social, onde a realidade é indivisível, e entende, que tudo que existe
programação e acompanhamento das ações destinadas à melhoria em sociedade é produzido pelo homem (Matus, 1993).
das suas condições de saúde O Planejamento Estratégico Situacional deve ser pensado de
forma contínua e ascendente como forma de ordenamento de um
território definido.
O que é área de abrangência geográfica?
A partir desse espaço delimitado o planejamento é processado
É a área em que a operadora de plano de saúde se compro-
e materializado por meio de informações territorializadas acerca da
mete a garantir todas as coberturas de assistência à saúde contra- situação de saúde e das condições de vida da população. A territo-
tadas pelo beneficiário. rialização permite espacializar e analisar os principais elementos e
relações existentes em uma população, os quais determinam em
Unidades Territoriais maior ou menor escala seu gradiente de qualidade de vida.
É a menor unidade de planejamento regionalizado, com com- A análise territorial implica em uma coleta sistemática de da-
plexidade assistencial superior ao módulo assistencial, podendo dos que vão informar sobre situações-problemas e necessidades
corresponder a uma microrregião ou a uma região de saúde. em saúde de uma dada população de um território específico, in-
dicando suas inter-relações espaciais. Possibilita ainda, identificar
Território-distrito vulnerabilidades, populações expostas e a seleção de problemas
A regionalização e a municipalização do SUS fez surgir a ne- prioritários para as intervenções. O uso da epidemiologia como
cessidade de estruturar distritos sanitários, que devem funcionar ferramenta poderosa para o planejamento através da microloca-
como unidade operacional básica mínima; cada distrito sanitário lização dos problemas de saúde permite a escolha de ações mais
deve ter uma base territorial, delimitada geograficamente, de adequadas, apontando estratégias e atores que foram identificados
no processo de diagnóstico, para melhor as operacionalizarem e
acordo com o perfil epidemiológico e demográfico da população;
viabilizarem no território.
o distrito sanitário deve ser minimamente resolutivo, atendendo Para a constituição de uma base organizativa dos processos de
as necessidades em saúde da população de seu território, tanto trabalho nos sistemas locais de saúde em direção a essa nova prá-
no que se refere aos cuidados individuais quanto coletivos, pro- tica é importante o reconhecimento dos territórios e seus contex-
movendo a prevenção, atendendo em nível ambulatorial e em tos de uso, pois estes materializam diferentemente as interações
internações. humanas, os problemas de saúde e as ações sustentadas na inter-
setorialidade. O território utilizado pela população pode ser assim
Território-área operacionalizado, devido a concretude produzida pelas práticas hu-
É a área de abrangência de uma unidade básica de saúde, que manas tanto as planejadas e inerentes às políticas governamentais
deve corresponder à corresponsabilidade entre da população e de intervenção setorial, como as práticas circunscritas à vida social
do Poder Público, por meio dos prestadores de serviços à saúde. A cotidiana.
área é o espaço de atuação da Unidade Básica de saúde (UBS), que O processo de elaboração de diagnósticos territoriais de con-
é formada por microáreas contendo algo em torno de 2400 a 4000 dições de vida e situação de saúde deve estar relacionado tecnica-
pessoas. mente ao trinômio estratégico informação-decisão-ação (Teixeira et
al., 1998). A fase de informação faz parte do processo de obtenção
Território-microárea de dados primários e de sua sistematização, com objetivo princi-
É a subdivisão do Território -área, cuja característica é con- palmente descritivo. As variáveis contidas em seus instrumentos de
centrar condições socioeconômicas, ambientais, epidemiológicas pesquisa devem ser construídas visando à interpretação dos dados,
conforme o arcabouço teóricometodológico. As categorias esco-
etc. mais homogêneas, para facilitar a implantação de programas e
lhidas para análises descritivas e analíticas, devem explicitar com
desenvolver a vigilância em saúde; cada microárea deve contar no maior fidedignidade a problemática identificada, para conduzir e
máximo 750 habitantes, que será a unidade operacional do Agente facilitar o processo de tomada de decisão.
de Saúde. Na fase onde a prática vislumbra a ação, as operações iden-
tificadas e planejadas são subsidiadas pelas fases anteriores, atra-
Território-moradia vés da apreensão interativa por parte do profissional de saúde da
No início do cadastramento das famílias no PSF considerava-se própria realidade territorial. Essa é uma prática transformadora e
a família como o conjunto de pessoas que dividiam o mesmo espa- comporta o significado do território para os agentes deste processo,
ço de habitação, o espaço de existência de uma unidade familiar. tanto os profissionais de saúde como os de outros setores de ação
governamental, como também para a própria população.
Territorialização e serviços de saúde: desafios operacionais Muitas vezes nos diagnósticos de condições de vida e de situa-
O ponto de partida para a organização dos serviços e das prá- ção de saúde, os elementos constitutivos da reprodução da vida
ticas de vigilância em saúde é a territorialização do sistema local social nos diversos lugares, são listados e tratados como conteúdos
de saúde, isto é, o reconhecimento e o esquadrinhamento do ter- desarticulados do território analisado. Tradicionalmente algumas
ritório segundo a lógica das relações entre condições de vida, am- análises de situação são realizadas descrevendo o conteúdo do ter-
biente e acesso às ações e serviços de saúde (Teixeira et al, 1998). ritório, tratado como mero receptáculo que contém determinadas
O processo de territorialização é um dos elementos do tri- características e aspectos.
pé operacional da vigilância em saúde junto com as práticas e os
problemas sanitários se constituindo como uma das ferramentas A importância do mapeamento no processo de territorializa-
básica para o planejamento estratégico situacional. O enfoque, es- ção
tratégico-situacional foi proposto originalmente por Carlos Matus
(Matus, 1989; Rivera, 1989) como possibilidade de subsidiar uma

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
O território se constitui da acumulação de situações históricas, ambientais, sociais que promovem condições particulares para a
produção de saúde e doenças. Para conhecê-lo é fundamental que as Equipes de Saúde realizem o mapeamento, a fim de identificar as
condições de vida, as necessidades de saúde, os riscos coletivos e as potencialidades deste território.
Observa-se a importância do mapeamento, pois com ele é possível o reconhecimento do território, identificação do perfil demográfi-
co, epidemiológico, socioeconômico e ambiental, possibilitando o monitoramento do processo de trabalho, permite a tomada de decisão
das ações de saúde de forma mais eficiente, possibilita conhecer/reconhecer os potenciais da comunidade e a valorização do trabalho dos
ACS.

DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO. ABORDAGEM COMUNITÁRIA EM SAÚDE

Nesse contexto, a Atenção Básica tem papel de organizadora e orientadora do cuidado, sendo a base deste Sistema Único de Saúde que
busca uma saúde mais acessível, de qualidade, e que é um direito constitucional em busca de uma realidade social menos desigual no Brasil.
A Estratégia Saúde da Família tem papel fundamental nesse processo e nós, profissionais, precisamos perceber a nossa atuação como
determinante para melhorar ou piorar a situação de vida e saúde de quem cuidamos.

Como concretizar um processo de trabalho orientado por esses princípios?


• As políticas, princípios e diretrizes do SUS não definem a operacionalização prática das leis.
• Há direcionamentos, mas a gestão local é imprescindível para que se responda às reais necessidades e características da comunida-
de atendida e da equipe de saúde e serviços disponíveis.
• Planejamento é importante para organizar o processo de trabalho e priorizar as ações a serem implementadas.

Para iniciar o planejamento de uma ação, é preciso saber onde queremos chegar e qual nosso objetivo.
Para isso, conhecer o território no qual atuamos é imprescindível!

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Etapas do Planejamento:
O diagnóstico comunitário é uma das etapas estratégicas do planejamento das ações de saúde.
Sua preocupação está em responder às reais necessidades dos usuários com a oferta de ações e serviços condizentes e significativos.
Isso é possível a partir do diálogo, vínculo e compartilhamento de saberes entre a comunidade e os profissionais.

Planejamento Estratégico Situacional

Diagnóstico Comunitário – de que estamos falando?


De uma avaliação global do estado de saúde da comunidade toda quanto ao seu ambiente social, físico e biológico.
De determinar problemas e estabelecer prioridades para o planejamento e desenvolvimento de programas de assistência à comunidade.
De um processo de diagnóstico dinâmico e de uma experiência de aprendizado contínuo para profissionais e comunidade.
De ações que requerem a participação de todos e o trabalho compartilhado.
Como reconhecer as necessidades de saúde da comunidade?
A realização de um diagnóstico em um determinado território visa conhecê-lo em profundidade, de maneira a problematizar as prin-
cipais dimensões de sua realidade social.

Precisamos

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Integralidade

Exemplo
Uma pessoa que tem contato com o bacilo da tuberculose em
ambiente propício, adoece ou não dependendo de suas condições
sócio - econômicas: suscetibilidade ou não.
• Nossas ações não podem focar só no agente etiológico: re-
cuperação e reabilitação;
• Precisamos olhar mais para o ambiente: prevenção;
• E olhar mais para as características sociais: promoção da saú-
Nossa formação está relacionada à explicação do processo saú- de.
de-doença por fatores biológicos ou fatores ambientais ou fatores
sociais = desarticulados.
Exemplo:
Mas eles são conectados.
Nossos serviços de saúde ainda são fortemente orientados
pela doença, para a cura e não para o cuidado.
Não trabalhamos na lógica da longitudinalidade.
Nossas ações são:
• Prioritariamente - curativas
• De forma secundária - preventivas
• Talvez - educativas

São ações que focam em indivíduos e não em grupos e popu-


lação.
As ações são descontinuadas e não interligadas entre serviços.

Implementar o Diagnóstico Comunitário


• O Diagnóstico Comunitário permite olhar para a realidade
local e:
• Identificar e analisar problemas;
• Estabelecer prioridades;
• Observar fatores que limitam o desenvolvimento das ativida-
des: necessidades e recursos;
• Instituir diretrizes para definir ações a serem implementadas;
• Tornar clara a realidade da instituição de forma a possibilitar
que o planejamento seja adequado – ser horizontal.
• Feito pela comunidade com a equipe: trabalho coletivo.
• Só será reconhecido se a comunidade se enxergar nele;
• As prioridades para a equipe nem sempre são as mesmas
para a comunidade.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS

• Os ACSs são centrais no processo e fazem a ponte entre a equipe e a comunidade.

Etapas do Diagnóstico Comunitário


1. Definição de objetivos:
Como desejamos ser?
Como queremos a situação de vida e saúde das pessoas?
Quais serviços desejamos?
Onde queremos chegar?

2. Listar informações ou dados a coletar:possíveis de mensurar


Crianças por família
Casais que fazem planejamento familiar
Famílias que têm tratamento de água e esgoto
Menores de 5 anos acompanhados por programas
Doenças específicas no território

3. Definir métodos:
Fontes de dados
Forma para coletar
Elaboração de instrumentos se necessário (questionários, entrevistas, tabelas etc.)

4. Coletar os dados:
Buscar os dados para construir as informações relevantes
Diagnóstico ampliado exige:
• Visita às famílias para conhecê-las antes de iniciar a coleta;
• (Informações por visita informal são mais verdadeiras e úteis)
• Problemas e sentimentos das pessoas em primeiro lugar;
• Oferta de ajuda e pedir informações depois de estabelecer confiança e amizade;
• Conhecer os sistemas de informação e saber utilizá-los.

5. Analisar e interpretar os dados:


Reflexão sobre os dados para transformá-los em informações úteis
Listagem dos problemas, necessidades e recursos
Identificação dos grupos de risco
Fatores sociais (recursos que a comunidade têm para
implementar as ações: talentos, horta, áreas de lazer etc.)
Crenças, costumes, hábitos
Problemas, relacionamento das pessoas; quem controla o que (distribuição de terras, poder e recursos)
Como as pessoas aprendem (tradição e na escola)

6. Estabelecer prioridades:
Que tipos de problemas são importantes para a comunidade?
Quais problemas são esses?
São só de saúde?

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS

Critérios de priorização
• Priorização dos problemas por critérios subjetivos
• Priorização dos problemas por critérios objetivos
• Magnitude – amplitude da demanda: população ou áreas atingidas, frequência com que ocorre;
• Transcendência – interesse em solucionar o problema: importância política, cultural e técnica que é dada ao problema. Interdepen-
dência de atores;
• Vulnerabilidade – capacidade para enfrentar e resolver o problema ou quanto ele é vulnerável diante das intervenções possíveis;
• Urgência – definida pela gravidade de suas consequências e riscos para os envolvidos: prazo para enfrentar o problema.
• Factibilidade – disponibilidade de recursos para resolver o problema: materiais, humanos, físicos, financeiros e políticos.

Priorizando

Pontuação: 1 a 5 (por exemplo)

7. Organizar as ações a serem desenvolvidas:


Documentar os problemas prioritários e começar a trabalhar com as ações, planejando a sua execução
Construir matrizes de intervenção e listar responsáveis e prazos

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças
VISITA DOMICILIAR. ACOLHIMENTO E VÍNCULO entre as pessoas, adotando uma postura de escuta, tolerância aos
princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus
próprios, além de atitudes imparciais.
Visita domiciliar Após a realização da visita, você deve verificar se o objetivo
A permissão de entrada em uma casa representa algo muito dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações ne-
significativo, que envolve confiança no ACS e merece todo o respei- cessárias. Enfim, você deve avaliar e corrigir possíveis falhas. Esse é
to. É o que poderia ser chamado de “procedimento de alta comple- um passo muito importante que possibilitará planejar as próximas
xidade” ou pelomenos de “alta delicadeza” visitas. Da mesma forma, você deve partilhar com o restante da
A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo equipe essa avaliação, expondo as eventuais dúvidas, os anseios, as
de trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de dificuldades sentidas e os êxitos.
uma família, você entra não somente no espaço físico, mas em tudo Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamen-
o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma família, com to da equipe, pautado na identificação das necessidades de cada
seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua pró- família. Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso
pria história. demandará a realização de outras visitas com maior frequência.
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo
e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunida-
de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso de que o agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos,
lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento as crenças, enfim, a dinâmica de vida das famílias por ele acom-
das ações de promoção, prevenção, controle, cura e recuperação. panhadas. A visita domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido- se aprende no cotidiano, mas pode e deve se basear em algumas
so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas condutas que demonstrem respeito, atenção, valorização, compro-
atribuições. O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e misso e ética.
pode ser o amigo e conselheiro da pessoa ou da família. Nem sem- Por meio da visita domiciliar, é possível:
pre é fácil separar o lado pessoal do profissional e os limites da rela- - Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressal-
tando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiên-
ção ACS/família. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo
cia etc.;
de trabalho e a forma como se vincula à família. Recomenda-se que
- Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de tra-
o ACS estabeleça um bom vínculo com a família, mas saiba dissociar
balho, os hábitos, as crenças e os costumes;
a sua relação pessoal do seu papel como agente comunitário de
- Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores
saúde.
da comunidade;
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as modi-
- Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam
ficações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos tem-
ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de
pos, fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único. vida;
Essas particularidades – ou características próprias – fazem com - Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saúde;
que determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe - Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento
de saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com mais frequente ou especial;
maior ou menor intensidade, as diversas famílias assistidas. - Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e
quais as atividades disponíveis;
Visando um maior vínculo, é interessante combinar com a fa- - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe
mília o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar de saúde e a população do território de abrangência da unidade de
os afazeres da casa. saúde;
- Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saú-
Você, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, de, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos ali-
passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental mentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu entorno;
que sejam compreendidas as implicações que isso representa. - Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamen-
Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao tos e a verificação da validade deles;
planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o tempo - Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém-
das pessoas visitadas. -nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências;
Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que - Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim
você tenha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de in-
acompanhamento das famílias da sua área de trabalho. formação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde.
Também é recomendável definir o tempo de duração da visita,
devendo ser adaptada à realidade do momento. Cadastro Domiciliar
A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da im- O cadastro domiciliar identifica as características sociossanitá-
portância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra res- rias dos domicílios no território das equipes de AB.
peito e interesse por elas. Este cadastro busca identificar situações de populações domi-
Na primeira visita, é indispensável que você diga seu nome, fale ciliadas em locais que não podem ser considerados domicílio, por
do seu trabalho, o motivo da visita e sempre pergunte se pode ser exemplo, situação de rua (IBGE, 2009), no entanto devem ser moni-
recebido naquele momento. torados pela equipe de Saúde.
Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, é fun- Também este cadastro viabiliza a identificação dos núcleos fa-
damental que tanto o ACS quanto os demais profissionais apren- miliares, um componente que amplia e qualifica o cuidado em saú-
dam a interagir com a comunidade, sem fazer julgamentos quanto de, a partir da abordagem familiar, que será tratada inicialmente na
à cultura, crenças religiosas, situação socioeconômica, etnia, orien- visita domiciliar do ACS.
tação sexual, deficiência física etc.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, • Perceber quais as orientações que as gestantes precisam
pois, se errar o preenchimento ou necessitar atualizar, é só apagar. ter para cuidar melhor da sua saúde, melhorar sua qualidade de
O ACS deve estar atento ao preencher o Cadastro Familiar para vida e garantir uma gestação saudável;
algumas observações importantes, tais como: • Ajudar as gestantes a refletir sobre as necessidades de
• Preencher ou atualizar a Ficha de Cadastro Familiar, com mudanças de hábitos no período gestacional como, frequência de
os dados da gestante, se houver gestante no domicílio; consulta clínica, acompanhamento da gestação;
• Fornecer e anotar SISPRENATAL – Programa de Humaniza- • Identificar as famílias que necessitam de acompanha-
ção do Pré Natal – PHPN mento mais frequente ou especial, para assistência a gestante ado-
lescente ou de idade acima dos 40 anos;
Cadastro Individual • Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde
O cadastro individual identifica as características sociodemo- e quais as atividades disponíveis;
gráficas, problemas e condições de saúde dos usuários no território • Desenvolver ações que busquem a integração entre a
equipe de saúde e a população do território de abrangência da uni-
das equipes de AB. Esse cadastro é composto por duas partes, sen-
dade de saúde;
do elas: informações de identificação/ sociodemográficas e condi-
• Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à
ções de saúde auto-referidas pelo usuário.
saúde, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos
Atenção: Devemos estar cientes de que o cidadão pode se re-
alimentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu en-
cusar a fornecer os dados para o preenchimento do seu cadastro, torno;
neste caso é solicitado ao entrevistado que assine o termo de recu- • Orientar a gestante, quando prescrito, o uso correto dos
sa para assegurar que o mesmo está ciente. medicamentos e a verificação da validade deles;
• Alertar quanto aos cuidados especiais com gestante,
Ficha de Procedimentos puérperas e recém-nascidos de alto risco, portadoras de deficiên-
A ficha de procedimentos é uma ficha de coleta de dados sobre cias;
a realização de procedimentos ambulatoriais. • Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim
O fluxo da unidade em atenção à demanda espontânea, poderá como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de infor-
eventualmente realizar um atendimento de escuta inicial/orienta- mação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde;
ção. No entanto, no caso dos profissionais de nível superior, não • Agendar consulta quando necessário.
deve ser preenchido novamente na nessa ficha se o atendimento já
tiver sido marcado na Ficha de Atendimento. Visita domiciliar até o 5º dia após o parto
A escuta inicial/orientação: é aquela realizada no momento em Até o 5º dia de nascimento deverá ser realizada visita domici-
que o usuário chega ao serviço de saúde, relatando queixas ou si- liar para:
nais e sintomas percebidos por ele. Durante o acolhimento e escuta • Atualizar o Cadastro Familiar;
qualificada, o profissional, quando possível, irá resolver o caso por • Verificar o estado geral da criança, presença de icterícia e
meio de orientação. Caso contrário, deverá ser realizada a classifi- sinais de perigo como: gemido, vômito, sinais de dor à manipulação,
cação de risco e análise de vulnerabilidade para o encaminhamento fontanela abaulada, secreção no ouvido ou no umbigo, letargia, fe-
do usuário em situação aguda ou não. bre (temperatura axilar > 37,5º), hipotermia (temperatura axilar <
35,5º), freqüência respiratória > 60 mpm e convulsões;
Ficha de Visita Domiciliar • Observar o estado geral da mãe;
A ficha de visita domiciliar é uma ficha de coleta de dados • Orientar sobre o aleitamento materno (conforme preco-
que busca por meio de sua estrutura coletar as informações sobre nizado pela OMS), cuidado com o coto umbilical e cuidado de higie-
ne;
a realização de visitas domiciliares do ACS que como todas as fi-
• Orientar sobre a consulta de puerpério e de acompanha-
chas, também passam a conter registros individualizados. Além dos
mento do bebê, que deverá acontecer até o 10º dia após o parto na
blocos de informações que constam no cabeçalho de cada ficha, a
UAP;
de visita domiciliar ainda contempla: Bloco de identificação (nº do
• Avaliar a carteira da criança, quanto:
prontuário, nº do cartão SUS, data de nascimento), bloco motivo • A realização dos testes do Pezinho, da Orelhinha, do Olhi-
da visita, Visita Periódica (busca ativa, Acompanhamento, egresso nho e do Coraçãozinho;
de internação, controle de ambientes / vetores, convite para ativi- • A aplicação da vacina prevista ao nascer: hepatite B. Caso
dades coletivas / campanha de saúde e outros) e o bloco desfecho não tenha sido aplicada no hospital, orientar a procurar a UAP para
(visita realizada, recusada, ausente ou outro). realizar a imunização.
O trabalho do ACS tem como principal objetivo contribuir para
a qualidade de vida das pessoas e comunidade e para que isso
aconteça, deve estar sempre alerta e vigilante. TRABALHO EM EQUIPE
Todas as informações que o ACS, conseguir sobre a comunida-
de serão úteis na organização do seu trabalho.
Um conceito cada vez mais valorizado no ambiente profissional
Visita domiciliar e gestante: o que observar? é o trabalho em equipe. Ter agilidade para desenvolver trabalhos
• Identificar a gestante por faixa etária e raça, ressaltando em conjunto tem sido um das qualidades mais exigidas nos proces-
situações como idade gestacional, desnutrição, deficiência, etc.; sos de contratação. Trabalhar em equipe significa criar um esforço
• Conhecer os principais problemas de saúde dos morado- coletivo para resolver um problema, são pessoas que se dedicam a
res da comunidade que convivem com a gestante ou no período realizar uma tarefa visando concluir determinado trabalho, cada um
puerperal; desempenhando uma função específica, mas todos unidos por um
• Conhecer as condições de moradia, de trabalho, hábitos, só objetivo, alcançar o tão almejado sucesso.
crenças e costumes;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
A atividade em equipe deve ser entendida como resultado de
um esforço conjunto e, portanto as vitórias e fracassos são respon- O PAPEL DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA ATEN-
sabilidades de todos os membros envolvidos. Muitas pessoas, que ÇÃO AO PRÉ-NATAL, NO PUERPÉRIO E NOS CUIDADOS AO
atuam em diversas organizações, estão trabalhando em grupo e RECÉM-NASCIDO
não em equipe , como se estivessem em uma linha de produção,
onde o trabalho é individual e cada um se preocupa em realizar
apenas sua tarefa e pronto. Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tó-
picos anteriores.
No trabalho em equipe, cada membro sabe o que os outros es-
tão fazendo e reconhecem sua importância para o sucesso da tare-
fa. Os objetivos são comuns e as metas coletivas são desenvolvidas IMPORTÂNCIA E INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO
para ir além daquilo que foi pré-determinado. O trabalho em equi-
pe possibilita trocar conhecimentos e agilidade no cumprimento de
metas e objetivos compartilhados. Na sociedade em que vivemos, Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tó-
o trabalho em equipe é muito importante, pois cada um precisa da picos anteriores.
ajuda do outro.
Pense numa vela acesa, ela é bonita, envolvente, ilumina tudo
ao seu redor. Uma vela acesa simboliza esperança, harmonia, fé. PREVENÇÃO E CUIDADOS NOS CASOS DE DIARREIA E IN-
Por si só é bonita, porque ela mesma tem a sua luz. Mas a vela por FECÇÕES RESPIRATÓRIAS
outro lado é muito frágil, e qualquer vento ou sopro pode apagá-la.
Transferindo isso para o trabalho em equipe podemos concluir,
que por mais que tenhamos luz própria, que brilhemos e tenhamos Ações de enfermagem na prevenção, controle e combate à
talento, é preciso lembrar que sozinhos nós somos muito frágeis e infecção hospitalar.
é exatamente por isso que qualquer problema do dia-a-dia pode Infecção Hospitalar é aquela adquirida no hospital, mesmo
ofuscar o nosso brilho. Daí a importância de entendermos o poder quando manifestada após a alta do paciente. Alguns autores são
da ajuda mútua, sempre lembrando de que líderes e equipes supe- mais exigentes, incluindo também aquela que não tenha sido diag-
ram crises quando se unem. nosticada na admissão do paciente, por motivos vários, como pro-
Muitas pessoas, que atuam em diversas organizações, estão longado período de incubação ou ainda por dificuldade diagnostica.
trabalhando em grupo e não em equipe, como se estivessem em O Serviço de Enfermagem representa um papel relevante no
uma linha de produção, onde o trabalho é individual e cada um se controle de infecções por ser o que mais contatos mantém com
preocupa em realizar apenas sua tarefa e pronto. No trabalho em os pacientes e por representar mais de 50% do pessoal hospitalar.
equipe, cada membro sabe o que os outros estão fazendo e sua Colaboram também com destaque, na redução de infecções hos-
importância para o sucesso da tarefa. Eles têm objetivos comuns e
pitalares, os Serviços Médicos, de Limpeza, Nutrição e Dietética,
desenvolvem metas coletivas que tendem a ir além daquilo que foi
Lavandaria e de Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. O apoio
determinado. Se no exemplo anterior você e os demais integrantes
do grupo trabalhassem como equipe, conhecendo a importância do da Administração Superior do Hospital e a colaboração dos demais
trabalho de cada membro, tendo uma visão e objetivos comuns, servidores, em toda a escala hierárquica, desde o Administrador até
certamente vocês diriam: “nosso colega faltou, vamos ter que subs- o Servente, fazem-se indispensáveis.
tituí-lo ou mudar o modo como estamos plantando, se não nosso Afora o esforço permanente e sistematizado de todo o pessoal
trabalho será improdutivo”. hospitalar, muito do bom êxito na execução de medidas de preven-
Toda equipe é um grupo, porém... nem todo grupo é uma equi- ção e controle de infecções vai depender da planta física, equipa-
pe. (Carlos Basso, sócio-diretor da Consultoria CR Basso) mentos, instalações e da capacidade do pessoal.
Grupo é um conjunto de pessoas com objetivos comuns, em
geral se reúnem por afinidades. No entanto esse grupo não é uma Incidênca de Infecções
equipe. Pois, equipe é um conjunto de pessoas com objetivos co- Independente do bom atendimento dos pacientes, a adoção de
muns atuando no cumprimento de metas específicas. medidas preventivas contra as infecções é dificultada pelas defici-
Grupo são todas as pessoas que vão ao cinema para assistir ao ências encontradas na planta física de nossos hospitais, tais como
mesmo filme. Elas não se conhecem, não interagem entre si, mas o a localização dos ambulatórios, o controle do acesso de pacientes
objetivo é o mesmo: assistir ao filme. Já equipe pode ser o elenco externos ao Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Berçário, Lactário,
do filme: Todos trabalham juntos para atingir uma meta específica, Unidade de Queimados, etc. O número deficiente de elevadores
que é fazer um bom trabalho, um bom filme. obriga a permissão do transporte promíscuo de pacientes, de car-
Saiba que quando pegamos os nossos sonhos e juntamos com
ros térmicos de alimentação, de roupa limpa e suja, de visitantes e
os sonhos de outras pessoas, tudo se torna mais forte, iluminado
de pessoal hospitalar. Dependências físicas com áreas deficientes
e por mais escuro que o mundo pareça ser, quando o ser humano
se junta consegue milagres extraordinários. O ser humano traba- dificultam a execução de técnicas médicas e de enfermagem, assim
lhando em equipe, colaborando uns com os outros, cooperando. como as grandes enfermarias onde a superlotação concorre para
Consegue com certeza, afastar a escuridão e todos os problemas o aumento de infecções cruzadas. A falta de quartos individuais,
que possam afligir a organização. com sanitários próprios em cada unidade de internação, não facilita
Na vida temos que enfrentar muitas adversidades, mas quando a montagem de isolamento para pacientes portadores de doenças
nos juntamos um ao outro a coragem aumenta, o nosso potencial se infecto-contagiosas e para os suspeitos. A simples, enfatizada e in-
duplica e os nossos objetivos se tornam mais passíveis de realização. dispensável lavagem constante das mãos do pessoal hospitalar, na
prevenção de infecções, afigura-se, às vezes, de difícil adoção pelo
número reduzido de lavatórios e pelo seu tipo inadequado. A lo-
calização inconveniente de certos setores que devem ser próximos
entre si, como o Centro Obstétrico e Berçário à Unidade de Inter-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
nação Obstétrica, as Salas de Operações à Unidade de Recuperação de Recuperação Pós-Anestésica, Pediatria, Lavandaria, Serviço de
Pós-Anestésica e esta à Unidade de Tratamento Intensivo, como as Nutrição e Dietética e Radiologia, os exames devem ser mais minu-
construções de material de má qualidade, permitindo a infiltração ciosos e os prazos menores.
de água e a falta de incineradores de lixo, são critérios muitas ve- Houve unanimidade nos 16 hospitais quanto à exigência do
zes não observados pelos responsáveis pelas construções de nossos exame clínico, abreugrafia e imunizações anti-variólica e anti-tífica,
hospitais. para a admissão de pessoal hospitalar.
Outros fatores contribuem para um maior índice de infecção, Cada hospital deve estabelecer as prioridades e a freqüência
seja pela maior exposição dos pacientes aos germes, seja pela alte- dos exames que julgar necessários ao controle sanitário do seu
ração de suas resistências naturais: longa permanência no hospital, pessoal hospitalar, levando em consideração também as fontes de
grandes cirurgias, anestesia prolongada, deambulação precoce, o infecção identificadas e as possibilidades dos recursos materiais e
emprego mais freqüente de transfusões de sangue, o emprego de humanos do Serviço de Análises Clínicas. Essa medida visa à prote-
medicamentos que afetam a resposta imunológica, tratamentos re- ção do pessoal e dos pacientes pelo afastamento do trabalho dos
laxantes musculares e hipotérmicos. portadores de infecções, aparentes ou não. O controle sanitário de
todo o pessoal hospitalar, após a admissão, está por receber de nos-
Qual é o índice de infecção de nossos hospitais? sos hospitais a atenção que merece. Apenas 18,75% dos hospitais
Pouquíssimos hospitais estão em condições de informar seu se mostram interessados em manter uma vigilância epidemiológica
índice de infecção já que não existe obrigatoriedade, por parte dos de seu pessoal, o que é de se lamentar.
médicos ou de outros profissionais da equipe de saúde, de notifica-
ção, a um órgão central, das infecções diagnosticadas na admissão Pacientes, familiares e visitantes
e durante a permonência dos pacientes no hospital. No nosso caso A prevenção de propagação de infecções decorrentes dos pa-
93,75 dos hospitais não informaram seu índice de infecção. cientes, familiares e visitantes repousa na educação sanitária des-
O grupo responsável pelo controle de infecções do hospital tes. A supressão do simples aperto de mãos entre pacientes, fami-
deve elaborar os critérios pelos quais os membros da equipe de liares e visitantes, o sentar na cama dos pacientes, o trânsito por
saúde concluirão pela necessidade de isolamento do paciente, já outras áreas do hospital, as visitas entre os pacientes e a redução
que é um assunto controvertido. A elaboração do relatório diário do número e a proibição de visitas de crianças menores de 12 anos
do índice de infecção o que pode ficar sob a responsabilidade do e de pessoas convalescentes, são algumas das recomendações que,
médico ou da enfermeira do paciente. O registro das infecções hos- por certo, concorrerão para a prevenção de infecções no ambiente
pitalares é importantíssimo para o estudo das fontes de infecção. hospitalar. Os pacientes devem ser também orientados quanto às
Compreende-se que a infecção hospitalar seja indesejável por medidas de higiene e proteção que devem tomar, em relação ao
todos os responsáveis por um bom padrão de atendimento aos pa- contágio da doença de que é portador.
cientes internados; o que não se compreende é que os casos de
infecção hospitalar sejam ignorados ou mesmo negados por te- Atos cirúrgicos
mor que estes fatos, dados a conhecer, desprestigiem o hospital. É comum atribuírem o aparecimento de infecção pós-operató-
Tais atitudes impedem que se executem medidas de isolamento, ria a falhas na esterilização do material cirúrgico que, embora seja
de limpeza concorrente e desinfecção terminal, de modo a evitar a um fator crítico, não é o único responsável pelas infecções em ci-
propagação de infecção, mesmo dispondo de instalações adequa- rurgias. Há necessidades de se investigar em qual tempo operató-
das, material necessário e de pessoal capacitado para o combate rio a infecção se originou, isto é, no trans-operatório, por falhas no
à infecção. Centro Cirúrgico ou no pré e pós-operatório, por falhas nas medidas
de diagnóstico, de tratameento médico e nos cuidados de enferma-
Uso inadequado de antibióticos gem executados nas unidades de internação.
Na literatura consultada encontra-se como uma das causas de As infecções no trans-operatório podem decorrer de vários fa-
aumento de incidência de infecção o uso indiscriminado de antibió- tores: falhas nas técnicas de esterilização de instrumental cirúrgico,
ticos que fizeram surgir raças resistentes a esses agentes antimicro- roupas, outros materiais e utensílios em geral; mau funcionamento
bianos entre os germes sensíveis. dos aparelhos de esterilização; a manipulação incorreta do material
estéril; a antissepsia deficiente das mãos e antebraços da equipe
Manipulação diagnostica cirúrgica; o desconhecimento ou a displicência na conduta e na in-
A atuação do pessoal de enfermagem nas medidas diagnosti- dumentária preconizada a toda a equipe envolvida no ato cirúrgico;
cas tais como cateterismo cardíaco, arteriografias, biópsias por pun- dependências do Centro Cirúrgico fora dos padrões recomendáveis
ção, aspiração de líquidos (cerebral, pleural, peritonial, sinovial), etc e a não observância de outras normas que impeçam a contamina-
quando deixa de atender os princípios de esterilização, pode ofere- ção dos pacientes e do ambiente.
cer risco de contaminação e posterior infecção. A avaliação bacteriológica do instrumental cirúrgico, de outros
materiais e do ambiente hospitalar deve merecer mais interesse
Pessoal por parte do pessoal de enfermagem que, com a colaboração do
Sabe-se que o elemento humano é a principal fonte de infecção Serviço de Análises Clínicas ou da Comissão de Infecção, deve fazer-
no hospital e um “check-up” da saúde individual do pessoal hospita- -se representar para o estabelecimento dos métodos de controle
lar, na sua admissão, é uma medida adotada pelos nossos hospitais, bacteriológico e sua freqüência.
embora ainda não tenham estabelecido a freqüência e os tipos de Não é demasiado insistir na necessidade de um maior interesse
exames clínicos, laboratoriais, imunizações, segundo uma escala de científico na avaliação bacteriológica freqüente dos veículos e fômi-
prioridade e de acordo com as atividades exercidas pelo pessoal, tes no meio hospitalar.
nos mais diferentes setores do hospital. Assim, para o pessoal que
trabalha em áreas críticas como Berçário, Lactário, Centro Cirúrgi-
co, Centro Obstétrico, Unidade de Tratamento Intensivo, Unidade
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Tratamento Em estudo comparativo realizado por M. I. Teixeira   sobre as
Constituem poderosas armas no combate às infecções decor- condições bacteriológicas do Berçário, Centro Cirúrgico e Sala de
rentes de falhas nas unidades de internação e demais áreas do hos- Parto, durante três meses, num hospital do Rio de Janeiro e cons-
pital, o ensino e a supervisão do pessoal que trabalha no hospital, tatou 490 colônias no Berçário, 233 no Centro Cirúrgico e 191 na
para adoção de medidas preventivas para execução de técnicas de Sala de Parto. No que se relaciona com os germes isolados em cada
combate à infecção hospitalar. dependência, a situação foi desfavorável ao Berçário onde foram
Através da leitura da anamnese completa, por ocasião da ad- identificadas 26 amostras de Estafilococos patogênicos (coagulase
missão e da interpretação dos resultados dos exames complemen- positiva), enquanto no Centro Cirúrgico foram encontradas 8 e na
tares e baseados nos critérios de infecção estabelecidos, o pessoal Sala de Parto 4.
de enfermagem pode constantar pacientes infectados, a fim de se Dentre os setores do hospital sobresai-se o Berçário em face
tomarem as medidas de isolamento, estas medidas, aliadas à hi- da alta mortalidade do recém-nascido, por causa de sua suscetibi-
gienização completa dos pacientes na admissão, durante sua hos- lidade.
pitalização e principalmente antes de serem levados à cirurgia e a É insistentemente destacada na literatura a importância da
limpeza de sua unidade, se constituem em importantes medidas na lavagem freqüente das mãos com antissépticos adequados e a
redução de infecções decorrentes dos pacientes, nas unidades de necessidade de comprovação científica da eficiência das rotinas e
internação. procedimentos médicos e de enfermagem sob as nossas condições
O isolamento do paciente infectado embora não deva ser negli- ambientais, humanas e materiais.
genciado o que se vê na maioria das vezes, em relação ao isolamen- Os Serviços de Limpeza e Lavandaria são responsáveis por ati-
to de pacientes em unidades de internação comuns, são medidas vidades importantes na redução de infecções pela remoção do pó
que se resumem na transferência do paciente para um quarto in- e a correta desinfecção das roupas, atividades que devem ser co-
dividual e na colocação do avental sobre a roupa daqueles que vão ordenadas por pessoas com suficiente preparo básico. Não se es-
entrar em contato com o paciente. taria exigindo demasiado se o Coordenador do Serviço de Limpeza
A orientação do pessoal hospitalar, no desempenho de técnicas possuísse instrução equivalente ao 1.º grau completo; conhecimen-
de limpeza, de desinfecção e de assepsia deve ser contínua, formal tos científicos relacionados à higiene, à limpeza e à desinfecção;
e informal. interesse em progredir na sua área de trabalho e habilidade para
Precisa ser intensificado o desenvolvimento de programas de treinar e supervisionar o seu pessoal. As exigências para o cargo de
atualização no que concerne à prevenção, combate e controle de Coordenador do Serviço de Lavandaria devem ser também maiores,
infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hospitalar, prin- pela importância de suas atividades na segurança e bem-estar dos
cipalmente àqueles que mantêm contatos com os pacientes e os pacientes.
seus fomites. O Serviço de Enfermagem se preocupa em 33,33%
com a atualização dos conhecimentos de seu pessoal no desempe- Comissão de Infecção
nho de suas atribuições, porém, necessita dar continuidade e realce Apenas 37,50% de nossos hospitais possuem uma Comissão de
aos conteúdos programáticos relacionados com a prevenção de in- Infecção ou um pessoa com atribuições definidas para o controle
fecções e atenção de enfermagem aos pacientes infectados. de infecções que, além de outras responsabilidade tão bem enu-
A maioria das infecções hospitalares é transmitida pelo con- meradas por C. G. Melo, é o órgão responsável pela indicação dos
tágio direto, através de mãos contaminadas. A lavagem das mãos diversos produtos químicos utilizados no hospital. Muitos de nossos
antes e depois de cuidar de cada paciente e às vezes no decurso de hospitais (68,75%) deixam a critério do Serviço de Enfermagem a
diversos tratamentos prestados ao mesmo paciente com emulsão indicação dos antissépticos e desinfetantes e, para esta responsasa-
detergente bacteriostática e enxutas com ar quente ou com toalhas bilidade complexa, deve preparar-se para estar em condições de es-
de papel se constitui em método eficiente para evitar a propagação tabelecer os critérios técnicos para a escolha dos mesmos, realizar
de germes. As bactérias transientes das mãos são facilmente elimi- ou colaborar nos testes bacteriológicos e na avaliação dos produtos
nadas com o uso de antissépticos adequados o que não acontece químicos que indica para os diversos fins no hospital.
com o uso do sabão comum que exige uma lavagem de 5 a 10 minu- Segundo U. Zanond os critérios técnicos para a escolha de ger-
tos para eliminar os microorganismos presentes. micidas hospitalares são: o registro no Serviço Nacional de Fiscaliza-
Y. Hara, realizou uma pesquisa no hospital de Clínicas da FMUSP ção de Medicina e Farmácia, o estudo da composição química e sua
para comprovar a contaminação das mãos e a presença de germes adequação às finalidades do produto e a comprovação bacterioló-
patogênicos antes e após a arrumação de camas de pacientes am- gica da atividade germicida.
bulantes e acamados; além de germes saprófitas constatou a pre- O pessoal de enfermagem deve usar os desinfetantes e antis-
sença de Estafilococo Dourado mesmo na arrumação de camas de sépticos baseado em resultados de sua própria experiência, tendo
pacientes ambulantes, onde a contaminação foi menor do que na em vista os germes responsáveis pelas infecções no hospital onde
cama de pacientes acamados. trabalha.
Por desempenhar um papel importante na disseminação de A criação de Comissão de Infecção é justificada e recomenda-
doenças, U. Zanon) aconselha que «as mãos do pessoal de unida- da, e deve constituir-se em órgão coordenador de atividades de in-
des de internação sejam testadas uma vez por mês e as mãos dos vestigação, prevenção e controle de infecções.
responsáveis pelo preparo das mamadeiras uma vez por semana. A constituição de uma Comissão de Infecção pode variar se-
No Lactário, as mamadeiras e os bicos devem ser testados gundo o tamanho do hospital, não deixando, porém, de ter um re-
presentante do Serviço de Enfermagem, em tempo integral, para
diariamente, inclusive o conteúdo da mamadeira logo após o seu
atuar como um dos membros executivos das normas baixadas pela
preparo e 24 horas após a estocagem, a fim de detectar possíveis
Comissão.
contaminações. A água de beber deve ser fervida e examinada uma
Reduzir infecções no hospital é um trabalho gigantesco que exi-
vez por semana, assim como a água dos umidificadores de oxigênio
ge a colaboração contínua e eficiente de todo o pessoal hospitalar
e a das incubadoras.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Recomendações Processamento de artigos médico-hospitalares.
Considerando a importância que tem a redução de infecções A utilização correta e mais econômica dos processos de limpe-
nos hospitais para a diminuição do risco de morbidade e mortali- za, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada pela classi-
dade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pa- ficação dos materiais, segundo o risco potencial de infecção para
cientes nos hospitais que resulta numa maior utilização de leitos o paciente.
hospitalares, recomenda-se que os: Para definir qual o melhor processo a ser utilizado, esses mate-
riais, quer sejam, instrumentais cirúrgicos, peças de equipamentos,
I - Administradores de Hospital: etc., são classificados em:
- Possibilitem aos Serviços do Hospital condições materiais e • Artigos não críticos: Artigos que entram em contato ape-
humanas para a montagem de isolamento de pacientes infectados nas com a pele íntegra do paciente. Estes artigos devem ser subme-
e suspeitos e para a adoção das demais medidas preventivas e de tidos a desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza mecânica com
controle de infecções; água e sabão para remoção da matéria orgânica. Ex. estetoscópio,
- se assessorarem de pessoal capacitado nas construções e re- termômetro, esfigmomanômetro,etc.
formas de hospitais a fim de que a planta física não venha a dificul- • Artigos semi-críticos: Artigos que entram em contato com
tar a adoção das medidas de redução de infecções; a pele íntegra ou com mucosas íntegras. Estes artigos devem ser
- tornem compulsória, por parte dos profissionais da equipe da submetidos a desinfecção de alto nível. Ex. Equipamentos de anes-
saúde, a notificação a um órgão central das infecções hospitalares tesia gasosa, terapia respiratória, inaloterapia, instrumentos de fi-
e não hospitalares; bra óptica, etc.
- mantenham um serviço de vigilância sanitária para o pessoal • Artigos críticos: Artigos que penetram a pele e mucosa,
hospitalar; atingindo os tecidos subepiteliais e o sistema vascular, bem como
- ofereçam ao grupo ou à pessoa responsável pelo controle de todos os que estejam diretamente conectados com este sistema.
infecções os Serviços de Análises Clínicas para a identificação dos Estes artigos devem ser esterilizados. Ex. instrumental cirúrgico, ca-
agentes etiológicos; teteres cardíacos, laparoscópios, implantes, agulhas, etc.
- incentivem a realização de cursos de atualização de conheci-
mentos no que concerne a prevenção e controle de infecções para Limpeza:
todo o pessoal que mantenha contatos diretos e indiretos com os É o processo de remoção de sujidade e/ou matéria or-
pacientes; gânica presente nos artigos e superfícies.
- estimulem os serviços Médicos, de Enfermagem, Nutrição e Preconiza-se a limpeza com água e sabão, promovendo a remo-
Dietética, Lavandaria, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e Trata- ção da sujeira e do mau odor, reduzindo assim a carga microbiana.
mento a elaborarem normas para o seu pessoal referentes à pre- A limpeza deve sempre preceder os processos de desinfecção ou
venção e controle de infecções; esterilização, pois a maioria dos germicidas sofre inativação na pre-
- estabeleçam critérios mais exigentes para a indicação dos res- sença de matéria orgânica.
ponsáveis pelos Serviços de Limpeza e de Lavandaria de modo a se Métodos de limpeza:
ter pessoal mais qualificado para o desempenho de atividades que . Limpeza Manual: Executada através de fricção, com escovas e
muito concorrem para a redução de infecções; uso de detergente e água.
- criem a Comissão de Infecção ou designem uma pessoa com . Limpeza Mecânica: É realizada através de lavadoras por meio
atribuições definidas para reduzir ao mínimo as infecções hospita- de uma ação física e química (lavadoras ultrassônicas e termo de-
lares; sinfectadoras).
- permitam a compra de antissépticos e desinfectantes utiliza-
dos para os diversos fins no hospital quando justificada por critérios Secagem:
técnicos. Parte importante do processamento de artigos hospitalares.
Recomenda-se comumente a secagem com ar comprimido, pois
II - Serviços de Enfermagem: elimina o ambiente úmido que favorece a proliferação bacteriana.
- Valorizem e realizem, sistematicamente, avaliação bacterioló-
gicas da desinfecção e esterilização do material hospitalar assesso- Estocagem:
rados por técnicos no assunto; Deve-se evitar a estocagem de artigos já processados em áreas
- supervisionem o seu pessoal na desinfecção e esterilização de próximas a pias, água ou tubo de drenagem.
material e do ambiente, no tratamento e no processo de atenção de
enfermagem ao paciente infectado; Descontaminação:
- desenvolvam cursos para o seu pessoal dando realce aos con- É o processo de eliminação parcial da carga microbiana de arti-
teúdos relacionados com a atenção de enfermagem a pacientes in- gos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio. Após a des-
fectados e à prevenção de infecções; contaminação, deve-se seguir o processamento adequado.
- se façam representar na Comissão de Infecção designando
uma enfermeira, em tempo integral, como coordenadora da execu- Desinfecção:
ção de sua parte no programa de controle de infecções no hospital; É processo de destruição dos microrganismos em forma vege-
- procurem ampliar seus conhecimentos sobre antissépticos e tativa, mediante aplicação de agentes físicos ou químicos.
- Agente físico: radiação ultra-violeta
desinfetantes muito especialmente quando se responsabilizar pela
- Agente físico líquido: água em ebulição e sistemas de lavagem
indicação dos mesmos para os diversos fins no hospital.
automáticas que associam calor, ação mecânica e detergência
- Agente químico líquido: aldeídos (p/ artigos termo-sensíveis),
álcoois (p/ artigos e superfícies), fenol sintético (p/ artigos e super-
fícies) e hipoclorito de sódio (p/ artigos e superfícies)

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Níveis de Desinfecção: Recomendações:
. Alto Nível: Destrói todas as bactérias vegetativas(porem não - Contra-indicado para artigos que entram em contato com o
todos os esporos bacterianos), as microbactérias, os fungos e os trato respiratório, alimentos, objetos de látex, acrílico e borrachas
vírus.É indicada para artigos como lâminas de larigoscópio, equipa- - Friccionar a superfície ou o objeto imerso, com escova, espon-
mento de terapia respiratória, anestesia e endoscópio. ja, etc., antes de iniciar o tempo de exposição;
. Médio Nível: destruição de todas as formas bacterianas não - Enxagüe copioso com água potável;
esporuladas e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose. Ex: Cloro, ál- - Necessita do uso de EPI – luva de borracha de cano longo,
coois, fenólicos máscara de carvão, avental impermeável e óculos de proteção.
. Baixo Nível: Destruição de bactérias na forma vegetativa mais
não são capazes de destruir esporos e nem micro-bactérias e vírus. Hipoclorito de sódio:
Ex: Quaternário de Amônia - Desinfetante dos três níveis – alto, intermediário e baixo -,
conforme a concentração e tempo de exposição.
Métodos de Desinfecção
Desinfecção por meio físico líquido: Recomendações:
Água em ebulição: indicada na desinfecção de baixo nível ou - Usar em recipientes opacos – o produto é fotossensível. De-
descontaminação de artigos termo reistentes. Tempo de exposição vem ser mantidos em vasilhames tampados devido a volatização
30 minutos do cloro.
Lavadoras automáticas térmicas: indicada para desinfecção de - Assegurar-se da qualidade do produto;
alto nível de artigos termo resistentes ou para limpeza de artigos - Descontaminação de superfícies na concentração de 0,1%
críticos antes de sofrerem o processo de esterilização. Podem ser (10.000 ppm) por 10 minutos;
associadas ao uso de detergentes enzimáticos ou desinfetantes. Ex. - Desinfecção de artigos:
artigos de inaloterapia, acessórios de respiradores, material de en- - Alto nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) de20 a 60
tubação, etc. minutos
- Médio nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) por 10 mi-
Desinfecção por meio químico líquido: nutos
Glutaraldeído: - Baixo nível: na concentração de 0,01% (100 ppm) por 10 mi-
Desinfecção de alto nível de artigos na concentração de 2%, nutos
por20 a30 minutos; - Necessita enxagüe no caso de desinfecção de alto nível. Quan-
Esterilização de artigos na concentração de 2%, de8 a10 horas; do não for possível o enxagüe com água estéril, deve-se utilizar
Usar em artigos termo sensíveis (instrumental, látex e etc.); água corrente e rinsagem com álcool a 70% após secagem;
• Necessita do uso de EPI – avental, luvas de borracha e
Recomendações: máscara.
- Ativar o produto e verificar o prazo de validade; Esterilização
- Usar recipiente de vidro ou plástico fosco - produto fotossen- É o processo de destruição de todas as formas de vida micro-
sível; biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e ví-
-Manter em recipientes tampados; rus), mediante aplicação de agentes físicos e/ou químicos.
- Necessita de enxagüe copioso;
necessita do uso de EPI - luva de borracha de cano longo, más- Testes de Validação
cara de carvão e óculos de proteção. Todo processo de esterilização precisa ser validado, empregan-
do-se testes físicos, químicos e biológicos, além de monitorização
Álcoois: regular durante as operações de rotina. Estes testes são realizados
Desinfecção de nível intermediário de artigos não críticos, al- para certificar o desempenho ideal do ciclo de esterilização, e para
guns artigos semi-críticos e superfícies, na concentração a 70%. determinar se as condições pré-estabelecidas foram atingidas den-
Tempo de exposição de 10 minutos com três aplicações, aguardan- tro da câmara, e nos pontos mais críticos da carga.
do a secagem espontânea.
Indicadores Químicos:
Recomendações: Utilizados para detecção imediata de potenciais falhas no pro-
- Assegurar-se da qualidade do produto; cesso de esterilização.
- Friccionar a superfície ou o artigo, deixar secar em ar ambien- • Externos: Têm objetivo único de distinguir os pacotes que
te, repetir três vezes até completar o tempo de ação; passaram pelo ciclo de esterilização, daqueles que não passaram.
- Pode ser usado na desinfecção concorrente de superfícies en- Apresentação na forma de tiras de papel ou fitas adesivas com lis-
tre cirurgias, exames, após uso do colchão, etc.; tras em diagonal, para uso em autoclaves a vapor ou a gás.
- Contra-indicado em acrílico, borracha, tubos plásticos. Danifi- • Internos: são colocados dentro dos pacotes que são po-
ca o cimento das lentes dos equipamentos; sicionados em pontos críticos da câmara, onde o acesso do vapor
- Não necessita de enxagüe; é mais difícil. Devem ser usados em conjunto com termostatos e
- Não necessita usar EPI. indicadores biológicos:
• Integradores: indicadores multiparamétricos – provêm
Fenol sintético: uma reação integrada de temperatura, tempo de exposição e a pre-
- Desinfecção de nível intermediário e baixo. Usado para des- sença do vapor. Disponíveis para processos a vapor ou a óxido de
contaminação ambiental incluindo bancadas de laboratórios e arti- etileno.
gos não críticos. Tempo de exposição para superfícies e artigos é de
10 minutos. Indicadores Biológicos:
Utilizados para monitorar as condições de esterilidade dentro
dos pacotes-teste.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Métodos de Esterilização
Agentes Físicos:
Vapor saturado sob pressão: para artigos que não sejam sensíveis ao calor e ao vapor. É o processo de maior segurança (autoclave).
Artigos que não sejam sensíveis ao calor e vapor;
- Acomodação dos artigos em cestos aramados; - Usar só 80% da capacidade;
- Embalagens: Grau cirúrgico (de forma vertical, filme com filme, papel com papel), papel não tecido(SMS) e campos de algodão;
- Validade de acordo com a embalagem e acondicionamento;
- Manipular o artigo após o resfriamento.

Tipos:
. Gravitacional: O ar é removido por gravidade;
- Processo lento e favorece a permanência de ar residual;
- Pouco utilizada.
. Pré- Vácuo:
- O ar é removido pela bomba de vácuo;
- O vácuo pode ser obtido por meio de vácuo único e pulsatil, o mais eficiente, devido a dificuldade de se obter vários níveis de vácuo
em um só pulso.

Monitorização:
. Controle Biológico: Bacillus Stearotermophillus;
. Bowie Dick: Avaliação da bomba de vácuo;
. Indicador Químico:classe 1, classe, classe 3, classe 4
. Integrador Químico: classe 5 e 6

Segundo recomendação da AORN (2002)

Tipo de Equipamemto Temperatura Tempo de Exposição


Gravitacional 132 a135°C 10 a25 min
121 a123°C 15 a30 min
Pré-Vacuo 132 a135°C 03 a04 min

Calor seco: para artigos que não sejam sensíveis ao calor, mas que sejam sensíveis à umidade (estufa).
- Utilizados para esterilizar, pós, óleos e instrumentais;
- Validade: 07 dias.

Monitorização:
. Teste Biológico: Bacillus Subtillis;
. Indicadores Químicos: Fitas termossensiveis.

Flambagem: para uso em laboratório de microbiologia, durante a manipulação de material biológico ou transferência de massa bac-
teriana, através da alça bacteriológica.
Agentes Químicos- gasosos:
Para uso em materiais sensíveis ao calor e umidade.

Aldeídos: glutaraldeído;
- Produto de alto teor desinfetante;
- Utilizado em condições adequadas são esterilizantes(12hs a 18hs);
- Limpar e secar o artigo antes de imergir na solução, para evitar a diluição do produto;
- Preencher o interior das tubulações com seringa;
- Colocar data de ativação do produto; - Respeitar o prazo de validade;
- Desprezar o produto caso se observe algum tipo de matéria orgânica;
- Enxaguar bem o artigo(cancerigêneo);

Monitorização:
. Fitas reagentes ou kit liquido para acompanhar o ph da solução.
Óxido de etileno: portaria interministerial MS/MT nº 4; D.º 31/07/1991 DF, regulamenta este método de esterilização, estabelecendo
regras de instalação e manuseio com segurança devido à toxicidade do gás.
Outros princípios ativos: desde que atendam à legislação específica. Todos os artigos;
- Respeitar as normas vigentes do ministério da saúde(áreas e instalações próprias devido a alta toxicicidade);
- Somente embalagens de grau cirúrgico;
- Observar rigorosamente os tempos de areação;
- Validade de 02 anos;

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327
a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Monitorização: Prevenção e Controle de Infecção
. Controle Biológico: Bacillus Subtilis hoje mais conhecido como O QUE É?
Bacillus Atrophaeus A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela ad-
. Fitas Indicadoras. quirida em função dos procedimentos necessários à monitorização
e ao tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros
Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio – Sterrad. diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
O processo promove uma nuvem de reações entre íons, elé- O diagnóstico das IRAS é feito com base em critérios definidos
trons e partículas atômicas neutras (plasma). O plasma é bacterici- por agências de saúde nacionais e estrangeiras, como o Centro de
da, tuberculicida, esporicida, fungicida e viruscida. Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde
O processo inclui 5 fases: vácuo, injeção, difusão plasma e ven- de São Paulo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
tilação. Cada fase é controlada e registrada pelo equipamento (au- os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados
tomonitorado), e em casos de qualquer desvio do esperado, ocorre Unidos.
automática interrupção do ciclo e emissão de um relatório impres- Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para
so sobre as causas e as ações a serem tomadas. prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior ris-
co de desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacien-
Vantagens: tes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tra-
-Não é tóxico ao meio ambiente. Tem como resíduos finais, a tamento ou com doenças imunossupressoras, com lesões extensas
água e o oxigênio; de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes,
-Ciclo total rápido (75 minutos). Não necessita de período de obesas e fumantes.
aeração; O monitoramento das IRAS permite que os processos assisten-
-Simples de instalar e operar; ciais sejam aprimorados e que o risco dessas infecções possa ser
-Compatível com plásticos, borrachas, metais, vidros e acrílicos; reduzido.
-Promove a esterilização em baixa temperatura – aproximada- Nesse sentido, a higienização das mãos é um procedimento es-
mente 50º C; sencial. O nosso processo é baseado nas recomendações da OMS,
- Possui indicadores químicos próprios. que considera a necessidade de higienização das mãos, por todos
os profissionais de saúde, em cinco momentos diferentes, incluindo
Desvantagens: antes e depois de qualquer contato com o paciente, conforme mos-
-Alto custo inicial; tra a figura abaixo.
-Necessita de embalagem específica, livre de celulose;
-Não processa materiais que absorvam líquidos – por exemplo,
musselina, nailon, poliester e materiais que contenham fibras vege-
tais – por exemplo, algodão e papéis.
-É limitado quanto a artigos que possuam lúmen (relação entre
o diâmetro e o comprimento);
-Não processa artigos com lúmen de fundo cego; aceita artigos
metálicos e plásticos com lúmen de diâmetro interno acima de0,3
cm. Artigos com diâmetro interno de 0,1 a 0,3cm necessitam de
adaptador próprio. O comprimento máximo aceito para itens metá-
licos é de50 cm, e para itens plásticos de130 cm.
- É necessário utilizar EPI – luvas de látex – ao manusear os
recipientes com peróxido de hidrogênio concentrado. Se houver
contado com a pele lavar copiosamente.

Dispensação - Regras para um Armazenamento Ideal:


. Limite de tráfegos de pessoas;
.Temperatura entre18 a 22° e a umidade de35 a 50%
. Prateleiras abertas;
. O local deve ser longe de água; janelas, portas e tubulações
expostas;
. O material deve ser manipulado o mínimo possível;
. Efetuar inspeção periódica dos artigos, verificando qualquer
anormalidade;
. Os pacotes devem atingir a temperatura ambiente antes de
serem transferidos para as prateleiras;
. Estabelecer limpeza diária e periódica; Entre as infecções sistematicamente monitoradas pela institui-
. Dispor os itens de forma que facilite a localização; ção estão as de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter veno-
. Liberar os lotes mais antigos antes dos mais novos; so central (CVC) e as que acontecem após cirurgias.
. Efetuar conferências periódicas dos artigos estocados.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso da eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se
central (CVC) concretizou a expectativa de que essas doenças perderiam sua im-
O que é? portância na saúde pública (Silva Jr., 2009).
A infecção de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter ve- Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saú-
noso central (CVC) ocorre quando bactérias ou fungos entram no de (SUS) do Brasil, constatava-se, além do surgimento da epidemia
do HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem
sangue por meio do cateter e se manifesta normalmente com febre como a emergência ou reemergência de outras, como a dengue e a
e calafrios. cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009).
Procedimentos padronizados baseados em conhecimentos Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacina-
científicos, treinamento dos profissionais e uso de produtos de boa ção foi garantido, a cobertura da atenção primária à saúde foi am-
qualidade são estratégias que nós utilizamos no processo de pre- pliada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças trans-
venção dessa infecção. missíveis foram reestruturadas. A morbimortalidade por doenças
transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007,
O que medimos? a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de
No indicador, consideramos o número de episódios de infec- 50% para 5%, contudo, estas ainda constituem importante proble-
ma de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011).
ções associadas ao uso de cateter venoso central em pacientes in- No país, observa-se a persistência de diversas doenças trans-
ternados em unidades críticas. missíveis, especialmente daquelas relacionadas à pobreza, também
consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos eco-
Infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias limpas nômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja por sua
O que é? baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente desfa-
Esse tipo de infecção ocorre após a cirurgia, na parte do cor- vorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com
po onde foi realizado o procedimento. Estudos estimam de um a maior frequência em regiões empobrecidas, como também são
dois casos de infecção a cada 100 cirurgias realizadas. Os sintomas condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a).
mais comuns envolvem vermelhidão e dor ao redor da área ope- As doenças transmissíveis permanecem como agentes impor-
tantes da pobreza debilitante no mundo. A cada ano, essas doenças
rada, drenagem de líquido turvo no local e febre. A maioria dessas
matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com
infecções pode ser tratada com antibióticos, selecionados pelo mé- menos de cinco anos de idade, além de causar grande carga de in-
dico de acordo com o agente causador da infecção. Eventualmente, capacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o crescimento
outra cirurgia pode ser necessária para o tratamento da infecção. infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade
Procedimentos padronizados e baseados em boas práticas in- do trabalho. Esforços de pesquisa voltados para sua prevenção po-
ternacionais, treinamento e atualização dos profissionais e uso de dem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012).
produtos de boa qualidade são estratégias que nós utilizamos para A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de
prevenção dessas infecções. doenças transmissíveis e impede que as pessoas afetadas obte-
nham acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças
transmissíveis relacionadas à pobreza afetam desproporcionalmen-
O que medimos?
te pessoas que vivem em comunidades pobres ou marginalizadas.
No indicador, consideramos o número de episódios de infecção Fatores econômicos, sociais e biológicos interagem para formar um
no local cirúrgico após cirurgias limpas, conforme mostra o gráfico ciclo vicioso de pobreza e doença do qual, para muitas pessoas, não
abaixo. A meta estabelecida de 0,89% é baseada em dados de série existe escapatória (OMS, 2012).
histórica institucional e os dados deste indicador referem-se ao 3º Tendo em vista a relevância das doenças transmissíveis rela-
trimestre de 2018, visto que as infecções de sítio cirúrgico podem cionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e no Brasil, o controle
ocorrer até 90 dias após o procedimento cirúrgico. destas pode promover um impacto positivo não apenas sobre os
indicadores relacionados diretamente à saúde, mas também sobre
Fonte: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-seguran- aqueles relacionados à pobreza e à educação (Hotez et al., 2006b).
ca/Paginas/prevencao-controle-infeccao.aspx Nesse contexto, estudos sobre desigualdades em saúde são de
grande interesse, visando subsidiar políticas públicas necessárias
para superar a distribuição desigual da saúde na sociedade (OMS,
2011). O uso dos determinantes sociais como fatores analíticos
CONCEITO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
privilegiados permite a identificação de padrões de agregação geo-
gráfica e sobreposição espacial das doenças transmissíveis. A partir
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tó- desta perspectiva, podem ser vislumbradas estratégias alternativas
picos anteriores. visando à prevenção e ao controle dessas doenças. Além disso,
quando as doenças estão agrupadas geograficamente, o custo-efe-
tividade das ações pode ser melhorado (OMS, 2011).
SINTOMAS E ORIENTAÇÕES NO TRATAMENTO DE TUBER- O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente, pro-
CULOSE E HANSENÍASE. PREVENÇÃO E CUIDADOS NAS duto e produtor de diferenciações sociais e ambientais, com refle-
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/AIDS. DIREI- xos importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvi-
TOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS dos. A análise da situação de saúde, como vertente da vigilância em
saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segundo
suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem a
Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil análise da situação de saúde, incorporando elementos espaciais,
Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a ini- podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e
ciativas de saúde pública, como a imunização e o tratamento com explicação de problemas de saúde da população que vive em um
antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por território usado.
doenças transmissíveis no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Bar- Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de
reto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e concentração e sobreposição de doenças transmissíveis, possivel-
mente associadas a condições de vida precárias, constituem-se
ferramentas fundamentais da vigilância em saúde, uma vez que
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a deter- HIV/Aids
minação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde, A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que mar-
assistência em saúde, bem como de políticas sociais. cou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada letali-
dade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude
Hanseníase crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo após
Reconhecendo que o Brasil é o segundo país mais endêmico do a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnostica-
mundo em hanseníase, grandes investimentos foram feitos no seu dos 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos
controle desde a instalação do SUS. Em 1987, havia cerca de 450 mil grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalência conti-
doentes no registro ativo do país, com tendência temporal de en- nuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de
demia em ascensão. Cerca de 166 mil profissionais de saúde foram modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos no-
capacitados e uma campanha de divulgação sobre sinais e sintomas vos. Embora o número de casos na década seguinte tenha aumen-
precoces da doença foi realizada em veículos de comunicação de tado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirma-
massa. Essas ações foram efetivas para evidenciar a endemia ocul- dos em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007 e 2016,
ta, de modo que a detecção aumentou de 15 mil para 45 mil casos houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321,
novos, em apenas um ano, possibilitando tratar os doentes que an- de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média de
tes não tinham diagnóstico e/ou acesso aos serviços de saúde. 20,7/100.000 habitantes.
O Brasil, entre 1990 e 2016, reduziu em 94,3% a prevalên- O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro-
cia desta doença, passando de 19,5/10 mil habitantes para 1,1 virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das
casos/10.000 habitantes. Isso correspondeu a uma redução de iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi-
281.605 em tratamento para 22.631 casos. Nesse mesmo perío- demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento
do, a taxa de detecção geral decresceu 38,7% (de 19,96, em 1990 de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de
para 12,23 p/100.000 habitantes, em 2016). Em relação à taxa de mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram
detecção em menores de 15 anos observa-se uma diminuição de evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já
36,7%, no período de 1994 a 2016, o que corresponde a uma taxa haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de
de detecção de 5,74 para 3,63/100.000 habitantes. Certamente, a DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo
descentralização das ações de vigilância, controle e tratamento da premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que
hanseníase para a rede de atenção básica contribuiu para o deli- em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com
neamento deste novo cenário. Em 2016, 71,1% dos casos novos HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de
(17.935) foram notificados pelos serviços de atenção básica, a aten- carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos
ção secundária 19,9% (5.018) dos casos novos e a terciária 9,0% uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850)
(2.265). estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este
A introdução, em 1990, do esquema de associação de medi- programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e
camentos (multidrogaterapia/MDT), com redução progressiva no controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de
tempo de tratamento, foi fator determinante na queda da preva- gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so-
lência. Mas, a MDT, em que pese trazer a cura da hanseníase, não rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes);
interrompeu a transmissão da doença, e, consequentemente, não inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi-
houve impacto na taxa de detecção de casos novos. Em parte, isso cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento
se deve a quebra do paradigma de que paciente de hanseníase não (CTA), dentre outras.
se reinfectava, pois a decodificação do genoma completo do M. le-
prae isolados de doentes com recrudescimento da doença revelou DST/AIDS
que, um mesmo doente se infecta em momentos distintos, com Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro-
cepas distintas deste bacilo. Seguindo o racional do tratamento da me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença
tuberculose, um novo esquema terapêutico único (MDT-U) para crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico
hanseníase será adotado em 2018, que inclui três medicamentos, e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infecções
para todos os pacientes independente da classificação clínica, por (tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras). A
um período de apenas seis meses. Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de câncer, como
sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda de peso e
Tuberculose diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença, atualmen-
No Brasil, ocorreu redução de 22,7% no número de casos novos te há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de
de tuberculose notificados em 2016 (66.796 casos; 32,4 /100.000 vida dos soropositivos.
habitantes) quando comparado com 1981 (86.411; 71,3/100.000
habitantes). Contudo, esta queda não foi linear, em parte devido O que é HIV?
ao recrudescimento desta doença no curso da epidemia de aids e HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana
das dificuldades para detecção e tratamento de todos os casos, de (human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV
modo que nos anos 1990 a incidência ainda se manteve elevada, é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser
variando de 58,4 a 49,3/100.000 habitantes (1995 e 1994, respecti- contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical,
vamente). No que se refere à mortalidade, enquanto em 1998 ocor- ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o
reram 6.029 óbitos (3,7/100.000 habitantes), em 2015 foram regis- filho durante a gravidez, parto ou amamentação.
trados 4.543 óbitos (2,2/100.000 habitantes), redução em torno de No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Uni-
40%4. Recentemente, o SUS adotou um esquema terapêutico para das sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15
esta doença que inclui a formulação de quatro drogas em uma úni- a 49 anos é de 0,6%, segundo atualização em 2013. De acordo com
ca cápsula que vem trazendo enormes avanços ao seu controle na o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência maior que os
medida em que aumentou a adesão dos pacientes ao tratamento, seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru, com
e consequentemente o percentual de cura e a redução das fontes 0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas
de infecção. os números são muito mais altos em países africanos como Zimbá-
bue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%), Uganda (7,4%) e
Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção pelo
vírus é de 0,3%.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Causas • Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais
Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu • Falta de apetite
pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e ma- • Estado de prostração
cacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento. O • Dor de cabeça
contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no • Sensibilidade à luz
processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em con- • Perda de peso
tato com os seres humanos e se tornar o HIV. • Náuseas e vômitos.
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vagi-
nais, anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preserva- Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem:
tivo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com • Emagrecimento não intencional
sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que • Fadiga
também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias • Aumento dos linfonodos, ou ínguas
de transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito raro, • Sudorese noturna
uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a verti- • Calafrios
cal, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, • Febre superior a 38ºC durante várias semanas
amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode • Diarreia crônica
ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém- • Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca
-nascido. • Dores de cabeça
A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é • Fadiga persistente e inexplicável
tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois, • Visão turva e/ou distorcida
mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando
as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por defi- • Erupções cutâneas e/ou inchaços.
nição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento ade-
TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de quado, além de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apre-
aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extra- sentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunis-
pulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progres- ta que desenvolver.
são da doença para aids.

Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifes- CONTROLE E SINAIS DE ALERTA NA HIPERTENSÃO ARTE-
tarem? RIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva,
e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema
imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem
manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o perío- Hipertensão e Diabetes
do chamado de janela imunológica, que é o período entre o con- A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica
tágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas arté-
período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não rias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima
há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão
pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é trans- alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do
missora. que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído correta-
mente no corpo. A pressão alta é um dos principais fatores de risco
Sintomas de AIDS para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma
Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são: arterial e insuficiência renal e cardíaca.
-Fraqueza O problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vá-
-Febre rios fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os
-Emagrecimento hábitos de vida do indivíduo.
-Diarreia prolongada sem causa aparente.
Causas da pressão alta
Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vá-
são: rios fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre
-Problemas nos pulmões eles:
-Diarreia • Fumo
-Dificuldades no desenvolvimento. • Consumo de bebidas alcoólicas
Fase sintomática inicial da Aids: • Obesidade
-Candidíase oral • Estresse
-Sensação constante de cansaço • Elevado consumo de sal
-aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço • Níveis altos de colesterol
-Diarreia • Falta de atividade física;
-Febre
-Fraqueza orgânica Além desses fatores de risco, sabe-se que a incidência da pressão
-Transpirações noturnas alta é maior na raça negra, em diabéticos, e aumenta com a idade.
-Perda de peso superior a 10%.
Sintomas da pressão alta
Infecção aguda da Aids: Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente
• Febre quando a pressão sobe muito: podem ocorrer dores no peito, dor
• Afecções dos gânglios linfáticos de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada
• faringite e sangramento nasal.
• dores musculares e nas articulações
• ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Tratamento Profissionais de saúde
A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser Atenção Especializada
controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor méto- O cuidado ao indivíduo portador de pressão alta, com exames e
do para cada paciente. procedimentos mais complexos a complicações provenientes dessa
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medi- doença, é realizado no âmbito da média e alta complexidade do
camentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa SUS. Estes indivíduos deverão ser encaminhados para pontos de
Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um atenção de densidade tecnológica equivalente e com equipes de
documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do saúde preparadas para a abordagem.
prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida tan- Os métodos diagnósticos e terapêuticos para os quais há evi-
to por um profissional do SUS quanto por um médico que atende dências de eficácia e segurança são ofertados pelos SUS, mediante
em hospitais ou clínicas privadas. organização da rede pelo gestor local e financiamento via teto de
Média e Alta Complexidade, e estão disponíveis no Sistema de Ge-
Diagnóstico renciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Proce-
Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosti- dimentos e OPM do SUS (SIGTAP).
car a hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir
a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas Protocolos e Diretrizes Terapêuticas
com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes Além disso, as complicações provenientes da pressão alta,
por ano. como Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral,
possuem Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que
Prevenção são documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da
Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescin- doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os
dível adotar um estilo de vida saudável: medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as
• Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos
posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o
alimentares;
• Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a se-
o sabor dos alimentos; rem seguidos pelos gestores do SUS. Estes são baseados em evidên-
• Praticar atividade física regular; cia científica e leva em consideração critérios de eficácia, seguran-
• Aproveitar momentos de lazer; ça, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas.
• Abandonar o fumo;
• Moderar o consumo de álcool; Diabetes
• Evitar alimentos gordurosos; Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou
• Controlar o diabetes. má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue
e garante energia para o organismo.
Pressão alta na gravidez O diabetes é uma doença crônica onde o pâncreas não produz
As alterações hipertensivas da gestação estão associadas a insulina suficiente ou quando o corpo não consegue utilizá-la de
complicações graves fetais e maternas e a um risco maior de mor- maneira eficaz.
talidade materna e perinatal. Nos países em desenvolvimento, a hi- A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as mo-
pertensão gestacional é a principal causa de mortalidade materna, leculas de glicose transformando-a em energia para manutenção
sendo responsável por um grande número de internações em cen- das células do nosso organismo.
tros de tratamento intensivo. Altas taxas de glicose podem levar a complicações no coração,
nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves,
Prevenção o diabetes pode levar à morte.
Em mulheres com pressão alta, a avaliação pré-concepcional
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem
permite a exclusão de hipertensão arterial secundária, aferição dos
níveis pressóricos, discussão dos riscos de pré-eclâmpsia e orienta- atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com
ções sobre necessidade de mudanças de medicações no primeiro a doença, o que representa 6,9% da população nacional.
trimestre de gravidez. A melhor forma de prevenir é praticando atividades físicas re-
Mulheres com hipertensão dentro da meta pressórica e com gularmente, mantendo uma alimentação saudável e evitando con-
acompanhamento regular geralmente apresentam um desfecho sumo de álcool, tabaco e outras drogas.
favorável. Por outro lado, mulheres com controle pressórico insa- Comportamentos saudáveis evitam não apenas o diabetes,
tisfatório no primeiro trimestre de gravidez têm um risco conside- mas outras doenças crônicas, como o câncer.
ravelmente maior de morbimortalidade materna e fetal (JAMES;
NELSON-PIERCY et al., 2004). Tipos de diabetes
O diabetes mellitus pode se apresentar de diversas formas e
Tratamento possui diversos tipos diferentes. Independente do tipo de diabetes,
O tratamento da pressão alta leve na grávida deve ser focado com aparecimento de qualquer sintoma é fundamental que o pa-
em medidas não farmacológicas, já nas formas moderada e grave ciente procure com urgência o atendimento médico especializado
pode-se optar pelo tratamento usual recomendado para cada con- para dar início ao tratamento.
dição clínica específica. Diabetes Tipo 1: A causa desse tipo de diabetes ainda é des-
Independente da etiologia da hipertensão arterial na gestação, conhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida
é fundamental que a equipe de Saúde esteja atenta ao controle saudáveis (alimentação, atividades físicas e evitando álcool, tabaco
pressórico e avalie a possibilidade de encaminhamento ao serviço
e outras drogas).
de pré-natal de alto risco.
Diabetes Tipo 2: Ocorre quando o corpo não aproveita ade-
quadamente a insulina produzida. Esse tipo de diabetes está dire-
tamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo e hábitos alimen-
tares inadequados.
Pessoas com diabetes tipo 1 devem administrar insulina diaria-
mente para regular a quantidade de glicose no sangue.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adoles- • Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes.
cência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Pessoas • Doenças renais crônicas.
com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer • Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg.
exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue. • Diabetes gestacional.
Sabe-se que, via de regra, é uma doença crônica não transmis- • Síndrome de ovários policísticos.
sível genética, ou seja, é hereditária, que concentra entre 5% e 10% • Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, de-
do total de diabéticos no Brasil. Cerca de 90% dos pacientes diabé- pressão, transtorno bipolar.
ticos no Brasil têm esse tipo. Ele se manifesta mais frequentemente • Apneia do sono.
em adultos, mas crianças também podem apresentar. • Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
Dependendo da gravidade, pode ser controlado com atividade
Tratamento
física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de
Diabetes do Tipo 1 - Os pacientes que apresentam diabetes do
insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose. Tipo 1 precisam de injeções diárias de insulina para manterem a
Pré-Diabetes: A Pré-diabetes é caracterizada quando os níveis glicose no sangue em valores considerados normais.
de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ain- Para essa medição, é aconselhável ter em casa um aparelho,
da não estão elevados o suficiente para caracterizar um Diabetes chamado glicosímetro, que será capaz de medir a concentração
Tipo 1 ou Tipo 2. É um sinal de alerta do corpo, que normalmente exata de glicose no sangue durante o dia-a-dia do paciente.
aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos Os médicos recomendam que a insulina deva ser aplicada di-
lipídios. retamente na camada de células de gordura, logo abaixo da pele.
Esse alerta do corpo é importante por ser a única etapa do Os melhores locais para a aplicação de insulina são barriga, coxa,
diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da braço, região da cintura e glúteo.
doença e o aparecimento de complicações, incluindo o infarto. IMPORTANTE: Além de prescrever injeções de insulina para
No entanto, 50% dos pacientes que têm o diagnóstico de pré- baixar o açúcar no sangue, alguns médicos solicitam que o pacien-
-diabetes, mesmo com as devidas orientações médicas, desenvol- te inclua, também, medicamentos via oral em seu tratamento, de
vem a doença. acordo com a necessidade de cada caso.
A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os Diabetes Tipo 2 - Já para os pacientes que apresentam Diabetes
principais fatores de sucesso para o controle. Tipo 2, o tratamento consiste em identificar o grau de necessidade
Diabetes gestacional: Ocorre temporariamente durante a gra- de cada pessoa e indicar, conforme cada caso, os seguintes medica-
videz. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas mentos/técnicas:
ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2. • Inibidores da alfaglicosidase: impedem a digestão e absorção
Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, de carboidratos no intestino.
durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco de • Sulfonilureias: estimulam a produção pancreática de insulina
complicações durante a gravidez e o parto. pelas células.
Esse tipo de diabetes afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e • Glinidas: agem também estimulando a produção de insulina
implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes pelo pâncreas.
para a mãe e o bebê.
Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): Atinge basica- O Diabetes Tipo 2 normalmente vem acompanhado de outros
mente os adultos e representa um agravamento do diabetes tipo 2. problemas de saúde, como obesidade, sobrepeso, sedentarismo,
Caracteriza-se, basicamente, no desenvolvimento de um pro- triglicerídios elevados e hipertensão.
cesso autoimune do organismo, que começa a atacar as células do Por isso, é essencial manter acompanhamento médico para
pâncreas. tratar, também, dessas outras doenças, que podem aparecer junto
com o diabetes.
Sintomas Para tratar o diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece
• Fome excessiva. medicamentos de graça pelo programa Farmácia Popular. São seis
• Sede excessiva. medicamentos financiados pelo Ministério da Saúde e liberados nas
• Cansaço farmácias credenciadas.
• Fraqueza. Além disso, os pacientes portadores da doença são acompa-
• Fadiga. nhados pela Atenção Básica e a obtenção do medicamento para o
• Nervosismo. tratamento tem sido fundamental para reduzir os desfechos mais
• Mudanças de humor. graves da doença.
• Náusea e vômito. Desta forma, os doentes têm assegurado gratuitamente o tra-
• Perda de peso rápida e involuntária; tamento integral no Sistema Único de Saúde, que fornece à população
• Hálito modificado; as insulinas humana NPH – suspensão injetável 1 e insulina humana
• Visão embaçada; regular, além de outros três medicamentos que ajudam a controlar o
• Vontade de urinar várias vezes ao dia. índice de glicose no sangue: Glibenclamida, Metformida e Glicazida.
• Frequentes Infecções na bexiga, rins e pele. Em março de 2017, a Comissão Nacional de Incorporação de
• Feridas que demoram para cicatriza. Tecnologias no SUS (CONITEC) incorporou ao SUS duas novas tec-
• Alteração visual. nologias para o tratamento do diabetes.
• Formigamento nos pés e mãos. • A caneta para injeção de insulina, para proporcionar a melhor
comodidade na aplicação, facilidade de transporte, armazenamen-
Fatores de risco para o diabetes to e manuseio e maior assertividade no ajuste da dosagem.
A ausência de hábitos saudáveis são os principais fatores de • Insulina análoga de ação rápida, que são insulinas semelhan-
risco, além da genética. Os principais fatores são: tes às insulinas humanas, porém com pequenas alterações nas mo-
• Diagnóstico de pré-diabetes. léculas, que foram feitas para modificar a maneira como as insulinas
• Pressão alta. agem no organismo humano, especialmente em relação ao tempo
• Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no san- para início de ação e duração do efeito.
gue.
• Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada
em volta da cintura.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Para os que já têm diagnóstico de diabetes, o Sistema Único Prevenção do diabetes
de Saúde (SUS) oferta gratuitamente, já na atenção básica, atenção O incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e
integral e gratuita, desenvolvendo ações de prevenção, detecção, a prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. O
controle e tratamento medicamentoso, inclusive com insulinas. Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o
Para monitoramento do índice glicêmico, também está dispo- crescimento do excesso de peso e obesidade no país.
nível nas Unidades Básicas de Saúde reagentes e seringas. O pro- O País assumiu como compromisso deter o crescimento da obe-
grama Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde sidade na população adulta até 2019, por meio de políticas interseto-
com mais de 34 mil farmácias privadas em todo o país, também riais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo
distribui medicamentos gratuitos, entre eles o cloridrato de metfor- regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na popu-
mina, glibenclamida e insulinas. lação adulta, até 2019; e ampliar pelo menos 17,8% o percentual de
adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Como aplicar a insulina? Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a pu-
Durante o tratamento de diabetes com insulina, é necessário blicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconheci-
checar periodicamente os níveis de glicose no sangue. Essa medida da mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição
é fundamental para avaliar o tratamento e verificar se as metas es- adequada, a publicação orienta a população com recomendações
tabelecidas pelo profissional de saúde, conforme cada caso, estão sobre alimentação saudável e para fazer de alimentos in natura ou
sendo alcançadas. minimamente processados a base da alimentação.
O ‘ajuste fino’ dessas metas e das doses de insulina e medica- O Governo Federal também incentiva a prática de atividades
mentos leva algum tempo e é afetado pelo estilo de vida e, even- físicas por meio do Programa Academia da Saúde, com aproximada-
tualmente, por outras doenças. Uma boa notícia é que os equi- mente 4 mil polos habilitados e 2.012 com obras concluídos.
pamentos mais novos, com agulhas menores, estão tornando a Pratique hábitos saudáveis. Esta é a melhor forma de preven-
aplicação de insulina cada vez mais fácil. ção!
As canetas podem ser reutilizáveis, em que se compra o refil Manter hábitos saudáveis ajudam a prevenir o diabetes e diver-
de 3 mL de insulina para se carregar na caneta. Neste caso é impor- sas outras doenças.
tante observar que as canetas são específicas para cada fabricante • Comer diariamente verduras, legumes e, pelo menos, três
de refil. porções de frutas.
Há também canetas descartáveis, que já vêm carregadas com • Reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras.
insulina e ao terminar seu uso são dispensadas e pega-se uma nova • Parar de fumar.
caneta, dispensa portanto a troca de refis, tornando o uso ainda • Praticar exercícios físicos regularmente, (pelo menos 30 mi-
mais simples. nutos todos os dias).
As seringas têm, atualmente, agulhas muito menores, até de • Manter o peso controlado.
6 mm. Elas permitem aplicação com mínima dor. Se você precisa
tomar dois tipos de insulina no mesmo horário e elas estão disponí- Hipoglicemia
veis em frascos, pode-se misturar os dois tipos e aplicar apenas uma A hipoglicemia é literalmente nível muito baixo de glicose no
aplicação na mesma seringa. sangue e é comum em pessoas com diabetes. Para evitar a hipogli-
Ao se fazer isso deve-se estar atento à dose de cada compo- cemia, além das complicações do diabetes, o segredo é manter os
nente de insulina, aspirando primeiro a insulina Regular e depois a níveis de glicose dentro da meta estabelecida pelo profissional da
insulina N, nesta ordem. saúde para cada paciente. Essa meta varia de acordo com a idade,
Bombas de insulina são um modo seguro e eficiente de for- condições gerais de saúde e outros fatores de risco, além de situa-
necer insulina para o corpo. Elas são usadas com mais frequência ções como a gravidez.
por pessoas que precisam de múltiplas injeções ao longo do dia. O Durante o tratamento, é essencial manter hábitos saudáveis e
equipamento inclui um pequeno cateter, que é inserido sob a pele. estilo de vida ativo, além de seguir as orientações medicamentosas
A ‘bomba’ propriamente dita é usada externamente. Ela tem o recomendadas pelo profissional de saúde para manter a meta de
tamanho dos antigos ‘pagers’, ou seja, é menor que um smartpho- glicose, evitando a hipoglicemia e a hiperglicemia.
ne. Seu médico vai indicar qual a melhor opção para você. O que pode causar hipoglicemia em pacientes diabéticos
• Aumentar quantidade de exerícios físicos sem orientação ou
Armazenamento da insulina sem ajuste correspondente na alimentação/medicação.
A insulina que ainda não foi aberta deve ser guardada na geladei- • Pular refeições e os horários de refeições.
ra entre 2 e 8ªC. Depois de aberta, pode ser deixada à temperatura • Comer menos do que o necessário.
ambiente (menor do que 30°C) por 30 dias, com exceção da detemir • Exagerar na medicação (essa conduta não traz controle me-
(Levemir), que pode ficar em temperatura ambiente por até 42 dias. lhor do diabetes, pelo contrário).
É importante manter todos os tipos de insulina longe da luz e • Ingestação de álcool.
do calor. Descarte a insulina que ficou exposta a mais de 30°C ou
congelada. Não use medicamentos após o fim da data de validade. Em situações extremas, a hipoglicemia pode causar desmaios
ou crises convulsivas e necessitam de intervenção médicas imedia-
Para ajudar a acompanhar a data, o usuário pode anotar no ta. Tenha cuidado com sua saúde e siga à risca as orientaões mé-
rótulo o dia em que abriu o frasco ou colocar um pedaço de espara- dicas. Diabetes e hipoglicemia severa podem causar acidentes, le-
drapo colado com a data em que foi aberta a insulina pela primeira sões, levar ao estado de coma e até à morte.
vez.
Se você for passar um período extenso ao ar livre, em dias mui- Sintomas da hipoglicemia:
to frios ou quentes, deve armazenar a insulina em um isopor bolsa • Tremedeira.
térmica, podendo eventualmente conter placas de gelo, desde que • Nervosismo e ansiedade.
este não tenha contato direto com a insulina. • Suores e calafrios.
• Irritabilidade e impaciência.
• Confusão mental e até delírio.
• Taquicardia, coração batendo mais rápido que o normal.
• Tontura ou vertigem.
• Fome e náusea.

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• Sonolência. Tanto as alterações nos vasos sanguíneos quanto as alterações
• Visão embaçada. no metabolismo podem causar danos aos nervos periféricos. A
• Sensação de formigamento ou dormência nos lábios e na lín- glicemia alta reduz a capacidade de eliminar radicais livres e com-
gua. promete o metabolismo de várias células, principalmente as dos
• Dor de cabeça. neurônios.
• Fraqueza e fadiga. Importantíssimo: O diabetes é a causa mais comum da neuro-
• Raiva ou tristeza. patia periférica e merece especial atenção porque a neuropatia é a
• Falta de coordenação motora. complicação crônica mais comum e mais incapacitante do diabetes.
• Pesadelos, choro durante o sono. Ela é responsável por cerca de dois terços das amputações não-trau-
máticas (que não são causadas por acidentes e fatores externos).
• Convulsões.
Essa complicação pode ser silenciosa e avançar lentamente,
• Inconsciência.
confundindo-se com outras doenças. O controle inadequado da
glicose, nível elevado de triglicérides, excesso de peso, tabagismo,
O chamado ‘fenômeno do alvorecer’ Todas as pessoas passam pressão alta, o tempo em que de convivência com o diabetes e a
por essa condição, tenham ou não diabetes. É uma onda de hor- presença de retinopatia e doença renal são fatores que favorecem a
mônios que o corpo produz entre 4h e 5h da manhã, todos os dias, progressão da neuropatia.
que provocam uma reação do fígado, com liberação de glicose e
preparação do organismo para mais um dia de atividades. O corpo Os principais sintomas da neuropatia são:
produz menos insulina e mais glucagon (hormônio que aumenta a • Dor contínua e constante.
glicose no sangue), mas as pessoas com diabetes não têm respostas • Sensação de queimadura e ardência.
normais de insulina para regular essa onda e a glicemia de jejum • Formigamento.
pode subir consideravelmente. • Dor espontânea que surge de repente, sem uma causa apa-
Para evitar essa condição, valem as dicas: jantar no início da rente.
noite, fazer uma caminhada leve após o jantar, perguntar ao médico • Dor excessiva diante de um estímulo pequeno, por exemplo,
sobre medicamentos específicos ou ajuste do tratamento do diabe- uma picada de alfinete.
tes, seja insulina ou outros medicamentos. • Dor causada por toques que normalmente não seriam dolo-
rosos, como encostar no braço de alguém.
Sintomas da hiperglicemia • Ao mesmo tempo, em uma segunda etapa dessa complica-
Os principais sintomas da hiperglicemia são: ção, pode haver redução da sensibilidade protetora. As dores, que
antes eram intensas demais mesmo com pouco estímulo, passam a
• Boca seca.
ser menores do que deveriam. Nesses casos há o risco, por exem-
• Muita Sede. plo, de haver uma queimadura e a pessoa não perceber.
• Muita urina. • É comum também que o suor diminua e a pele fique mais
• Muita fome. seca. O diagnóstico da neuropatia pode ser feito por exames espe-
• Cansaço. cíficos e muito simples nos pés.
• Dor de cabeça.
• Enjoo. Destaque: Essa redução da sensibilidade está diretamente liga-
• Sonolência. da ao risco de amputação.
• Dificuldade para respirar.
• Hálito de maçã ou acetona. Diabetes e amputações
Muitas pessoas com diabetes têm a doença arterial periférica,
Tabagismo e diabetes que reduz o fluxo de sangue para os pés. Além disso, pode haver
O tabagismo é a maior causa de morte evitável do mundo. Pa- redução de sensibilidade devido aos danos que a falta de controle
rar de furmar é a medida isolada mais efetiva para reduzir o risco da glicose causa aos nervos. Essas duas condições fazem com que
de complicações do diabetes. Por isso, se você fuma, pare imediata- seja mais fácil sofrer com úlceras e infecções, que podem levar à
mente. Pratique hábitos saudáveis, isso ajudará a controlar e a pre- amputação.
venir diversas doenças e problemas de saúde, incluindo o diabetes. No entanto, a maioria das amputações são evitáveis, com cui-
dados regulares e calçados adequados. Cuidar bem de seus pés e
Complicações do Diabetes visitar o seu médico imediatamente, assim que observar alguma
O diabetes, quando não tratado corretamente, pode evoluir alteração, é muito importante. Pergunte sobre sapatos adequados
para formas mais graves e apresentar diversas complicações, além e considere seriamente um plano estratégico, caso seja fumante:
de outros problemas de saúde, que vão comprometer diretamente pare de fumar imediatamente! O tabagismo tem sério impacto nos
pequenos vasos sanguíneos que compõem o sistema circulatório,
a qualidade de vida da pessoa. Algumas situações são críticas e po-
causando ainda mais diminuição do fluxo de sangue para os pés.
dem levar à morte. Manter hábitos e estilos de vida saudáveis são a
melhor forma de controlar e prevenir a doença. Doença renal
Os rins são uma espécie de filtro, compostos por milhões de va-
Neuropatia Diabética sinhos sanguíneos (capilares), que removem os resíduos do sangue.
Você sabe o que são nervos periféricos? Eles carregam as in- O diabetes pode trazer danos aos rins, afetando sua capacidade de
formações que saem do cérebro e as que chegam até ele, além de filtragem. O processo de digestão dos alimentos gera resíduos. Es-
sinais da medula espinhal para o resto do corpo. Os danos a esses sas substâncias que o corpo não vai utilizar geralmente têm molé-
nervos, condição chamada de neuropatia periférica, fazem com que culas bem pequenas, que passam pelos capilares e vão compor a
esse mecanismo não funcione bem. A neuropatia pode afetar um urina. As substâncias úteis, por sua vez, a exemplo das proteínas,
único nervo, um grupo de nervos ou nervos no corpo inteiro. têm moléculas maiores e continuam circulando no sangue.
A neuropatia costuma vir acompanhada da diminuição da O problema é que os altos níveis de açúcar fazem com que os
energia, da mobilidade, da satisfação com a vida e do envolvimento rins filtrem muito sangue, sobrecarregando os órgãos e fazendo
com as atividades sociais. com moléculas de proteína acabem sendo perdidas na urina. A pre-
sença de pequenas quantidades de proteína na urina é chamada de

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microalbuminúria. Quando a doença renal é diagnosticada precoce- Se você gerencia bem a taxa de glicemia, é bem provável que apre-
mente, durante a microalbuminúria, diversos tratamentos podem sente problemas oculares de menor gravidade ou nem apresente.
evitar o agravamento. Isso porque quem tem diabetes está mais sujeito à cegueira, se não
Quando é detectada mais tarde, já na fase da macroalbuminú- tratá-la corretamente. Fazendo exames regularmente e entendendo
ria, a complicação já é chamada de doença renal terminal. Com como funcionam os olhos, fica mais fácil manter essas complicações
o tempo, o estresse da sobrecarga faz com que os rins percam a sob controle. Uma parte da retina é especializada em diferenciar
capacidade de filtragem. Os resíduos começam a acumular-se no detalhes finos. Essa pequena área é chamada mácula, que é irrigada
sangue e, finalmente, os rins falham. Uma pessoa com doença renal por vasos sanguíneos para garantir seu funcionamento. Essas estru-
terminal vai precisar de um transplante ou de sessões regulares de turas podem ser alvo de algumas complicações da diabetes.
hemodiálise.
Atenção: Nem todas as pessoas que têm diabetes desenvolvem Glaucoma
a doença renal. Fatores genéticos, baixo controle da taxa glicêmica Pessoas com diabetes têm 40% mais chance de desenvolver glau-
e da pressão arterial favorecem o aparecimento da complicação. coma, que é a pressão elevada nos olhos. Quando mais tempo con-
vivendo com a doença, maior o risco. Na maioria dos casos, a pres-
Pé Diabético são faz com que o sistema de drenagem do humor aquoso se torne
São feridas que podem ocorrer no pé das pessoas com diabetes mais lento, causando o acúmulo na câmara anterior. Isso comprime
e têm difícil cicatrização devido aos níveis elevados de açúcar no os vasos sanguíneos que transportam sangue para a retina e o ner-
sangue e/ou circulação sanguínea deficiente. É uma das complica- vo óptico e pode causar a perda gradual da visão. Há vários trata-
ções mais comuns do diabetes mal controlado. Aproximadamente mentos para o glaucoma – de medicamentos à cirurgia.
um quarto dos pacientes com diabetes desenvolver úlceras nos pés
e 85% das amputações de membros inferiores ocorre em pacientes Catarata
com diabetes. Pessoas com diabetes têm 60% mais chance de desenvolver a ca-
tarata, que acontece quando a lente clara do olho, o cristalino, fica
Cuidados com o pé diabético opaca, bloqueando a luz. Quem tem diabetes costuma desenvolver
Pessoas com pés diabéticos devem ter os seguintes cuidados: a catarata mais cedo e a doença progride mais rápido. Para ajudar a
• Fazer higiene diária dos pés e secá-los sempre com cuidado. lidar com graus leves de catarata, é necessário usar óculos de sol e
• Cortar as unhas em linha reta. lentes de controle de brilho nos óculos comuns. Quando a opacida-
• Usar sapatos macios, meias claras e sem costuras (nunca de atrapalha muito a visão, geralmente é realizada uma cirurgia que
apertadas). remove as lentes e implanta novas estruturas. Entretanto, é preciso
• Examinar os pés para identificar precocemente mudanças de ter consciência de que, em pessoas com diabetes, a remoção das
cor, inchaço, dor, rachaduras e sensibilidade na pele. lentes pode favorecer o desenvolvimento de glaucoma (complica-
• Controlar os níveis de açúcar no sangue ajuda a prevenir e a ção anterior) e de retinopatia (próxima complicação).
tratar as úlceras nos pés.
• Procure um profissional de saúde caso perceba “dormência” Retinopatia
ou ferida nos pés. Retinopatia diabética é um termo genérico que designa todas os
problemas de retina causados pelo diabetes.
Pele e calos Há dois tipos mais comuns:
Uma alteração comum é a pele dos pés, que pode ficar muito • o não-proliferativo;
seca e favorecer o aparecimento de feridas (rachaduras). Isso acon- • o proliferativo.
tece porque os nervos que controlam a produção de óleo e umida- O tipo não-proliferativo é o mais comum. Os capilares (pequenos
de estão danificados. É importante massagear os pés com um bom vasos sanguíneos) na parte de trás do olho incham e formam bol-
creme após o banho e sempre que sentir a pele desidratada. Evite sas. Há três estágios - leve, moderado e grave – na medida em que
passar creme entre os dedos, porque a umidade extra favorece a mais vasos sanguíneos ficam bloqueados. Em alguns casos, as pa-
proliferação de micro-organismos e infecções. redes dos capilares podem perder o controle sobre a passagem de
substâncias entre o sangue e a retina e o fluido pode vazar dentro
As úlceras ocorrem mais frequentemente na planta do pé ou da mácula.
embaixo do dedão. Quando aparecem nas laterais, geralmente é Isso é o que chamamos de edema macular – a visão embaça e pode
o sapato que está inadequado. O tratamento pode ser feito com a ser totalmente perdida. Geralmente, a retinopatia não-proliferativa
limpeza e o uso de proteções especiais para os pés, mas pode exigir não exige tratamento específico, mas o edema macular sim. Fre-
também a ação de um cirurgião vascular, caso a circulação esteja quentemente o tratamento permite a recuperação da visão.
muito ruim. Depois de alguns anos, a retinopatia pode progredir para um tipo
Em pessoas com diabetes, os calos aparecem com mais frequência, mais sério, o proliferativo. Os vasos sanguíneos ficam totalmente
porque há áreas de alta pressão nessa parte do corpo, que aguenta obstruídos e não levam mais oxigênio à retina. Parte dela pode até
o peso o dia inteiro. Calos não-tratados podem transformar-se em morrer e novos vasos começam a crescer para tentar resolver o pro-
úlceras (feridas abertas). Por isso, uma dica super importante: não blema. Esses novos vasinhos são frágeis e podem vazar, causando
corte os calos você mesmo, nem use agentes químicos, que podem hemorragia vítrea. Os novos capilares podem causar também uma
queimar a pele. Também não deixe que a pedicure ‘dê um jeitinho’. espécie de cicatriz, distorcendo a retina e provocando seu descola-
A avaliação médica e a indicação de um bom podólogo é a postura mento, ou ainda, glaucoma.
mais indicada. Os fatores de risco da retinopatia são o controle da glicose no san-
Sabe-se que o diabetes pode prejudicar a circulação, mas esse pro-
gue, o controle da pressão, o tempo de convivência com o diabetes
blema se agrava ainda mais com o uso de cigarro, pressão alta e
desequilíbrio nos níveis de colesterol. E a má circulação, por sua e a influência genética. A retinopatia não-proliferativa é muito co-
vez, prejudica o combate às infecções e atrapalha a recuperação mum, principalmente entre as pessoas com diabetes Tipo 1, mas
das úlceras nos pés. pode afetar aqueles com Tipo 2 também. Cerca de uma em cada
Algumas feridas não doem, mas devem ser avaliadas imediatamen- quatro pessoas com diabetes tem o problema em algum momento
te. Desprezá-las pode abrir as portas para infecções – e elas podem da vida.
levar até à perda de um membro. Já a retinopatia proliferativa é pouco comum – afeta cerca de uma
em cada 20 pessoas com diabetes.
Problemas nos olhos
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Quem mantém bom controle da glicemia têm chance muito me- ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser humano. Igual-
nor de desenvolver qualquer retinopatia. Nem sempre a retinopa- mente poderá providenciar para que o paciente seja atendido nos mais
tia apresenta sintomas. A retina pode estar seriamente danificada diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou de enfermagem.
antes que o paciente perceba uma alteração na visão. Por isso, é A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuidados
necessário consultar um oftalmologista anualmente ou a cada dois inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o paciente
anos, mesmo que esteja se sentindo bem. portador de doença crônica carece de cuidados planejados, capazes
de prever suas necessidades básicas e proporcionar atenção inte-
Pele mais sensível grada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e cuidadores,
Muitas vezes, a pele dá os primeiros sinais de que você pode estar além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar de si
com diabetes. Ao mesmo tempo, as complicações associadas po-
mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares precisam
dem ser facilmente prevenidas. Quem tem diabetes tem mais chan-
de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz dos
ce de ter pele seca, coceira e infecções por fungos e/ou bactérias,
uma vez que a hiperglicemia favorece a desidratação – a glicose em eventos crônicos
excesso rouba água do corpo. Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermeiros
Por outro lado, se já havia algum problema dermatológico anterior, conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica cardía-
pode ser que o diabetes ajude a piorar o quadro. As altas taxas gli- ca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para atender
cêmicas prejudicam também os pequenos vasos sanguíneos res- esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram: identificar
ponsáveis pelo transporte de nutrientes para a pele e os órgãos. os elementos do processo de cuidar realizado pelo enfermeiro ao
A pele seca fica suscetível a rachaduras, que evoluem para feridas. portador de doença crônica cardíaca e descrever os elementos evi-
Diabéticos têm a cicatrização dificultada (em razão da vasculariza- denciados no processo de cuidar em enfermagem ao portador de
ção deficiente). Trata-se, portanto, de um círculo vicioso, cuja con- doença crônica cardíaca.
sequência mais severa é a amputação do membro afetado. Além
de cuidar da dieta e dos exercícios, portanto, a recomendação é O que são doenças renais crônicas?
cuidar bem da pele também. Quando controlada, o diabetes pode As Doenças Renais Crônicas (DRC) são um termo geral para altera-
não apresentar qualquer manifestação cutânea. ções heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função
renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco. Trata-se de
Pacientes com Problemas Cardiovasculares uma doença de curso prolongado, que pode parecer benigno, mas
O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primórdios da que muitas vezes torna-se grave e que na maior parte do tempo
humanidade, como resposta ao atendimento às suas necessidades. tem evolução assintomática.
Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro integrante da Na maior parte do tempo, a evolução da doença renal crônica é as-
equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de conhecimentos que
sintomática, fazendo com que o diagnóstico seja feito tardiamente.
possibilita a busca de resolutividade às respostas dos fenômenos de
Nesses casos, o principal tratamento imediato é o procedimento de
saúde, definidos pelo Internacional Council of Nurses1 como aspec-
tos de saúde relevantes à prática de Enfermagem. hemodiálise.
O instrumento para a realização do cuidado é o processo de cui- IMPORTANTE: Os rins são fundamentais no funcionamento do cor-
dar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pacien- po. Eles filtram o sangue e auxiliam na eliminação de toxinas do
te. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para” e organismo. A doença renal crônica é silenciosa, não apresenta sin-
“com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habilida- tomas e tem registrado crescente prevalência, alta mortalidade e
de, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas de elevados custos para os sistemas de saúde no mundo.
comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de pro- Quais são as funções renais (funções do rim)?
mover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade humana. A principal função do rim é remover os resíduos e o excesso de água
O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes do organismo. A Doença Crônica Renal leva a uma redução dessa
especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao capacidade, por pelo menos três meses, e é classificada em seis es-
paciente crônico cardíaco. tágios, conforme a perda renal.
O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometimento de O rim tem múltiplas funções e todas elas são fundamentais para
seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado, pois come- o organismo se manter vivo e funcionando. As principais funções
ça a sentir que a força física e a força do coração estão diminuídas. renais são:
Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a perda do teci- -excreção de produtos finais de diversos metabolismos;
do ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o doente pode -produção de hormônios;
apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas pessoais e -controle do equilíbrio hidroeletrolítico;
sociais e precisará aprender a administrar o seu tratamento efetivo.
-controle do metabolismo ácido-básico;
Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fragilizado, é que o
-controle da pressão arterial.
enfermeiro assume um papel importante e muito expressivo para
com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar as dificuldades
em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas suas necessida- Quais são os fatores de risco das doenças renais crônicas?
des de segurança, carinho e autoconfiança. Desse modo, é impor- Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são:
tante que o enfermeiro compreenda que os pacientes portadores -Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2).
de doença crônica requerem, do profissional, um raciocínio clínico -Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial aci-
e crítico constante, pois uma simples preocupação que apresentem ma de 140/90 mmHg em duas medidas com um intervalo de 1 a 2
pode colocar em risco suas vidas. semanas.
O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saúde, já -Idosos.
que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá reali- -Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²).
zar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência externa -Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana,
acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insuficiência
cardíaca).
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
-Histórico de Doença Renal Crônica na família. -hemodiálise;
-Tabagismo. -diálise peritoneal;
-Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que ne- -transplante renal.
cessitam de ajustes em pacientes com alteração da função renal.
Para os pacientes com Doença Crônica Renal, o SUS oferta duas
Um dos principais fatores de risco para doença renal crônica é a dia- modalidades de Terapia Renal Substitutiva (TRS), tratamentos
betes e a hipertensão, ambas cuidadas na Atenção Básica, principal que substituem a função dos rins: a hemodiálise, que bombeia o
porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), em uma das sangue através de uma máquina e um dialisador, para remover as
toxinas do organismo. O tratamento acontece em clínica especiali-
42.885 Unidades Básicas de Saúde distribuídas em todo o Brasil.
zada três vezes por semana.
A diálise peritoneal feita diariamente na casa do paciente e a
IMPORTANTE: Muitos fatores estão associados tanto à etiologia
diálise peritoneal, que é feita por meio da inserção de um cateter
quanto à progressão para a perda de função renal. Por estes mo- flexível no abdome do paciente, é feita diariamente na casa do
tivos, é importante reconhecer quem são os indivíduos que estão paciente, normalmente no período noturno.
sob o risco de desenvolver a doença renal crônica, com o objetivo
do diagnóstico precoce e início imediato do tratamento. Acesso e regulação das doenças renais crônicas
É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores de
Como é feito o diagnóstico das doenças renais crônicas? risco e proteção para a doença renal crônica. Os profissionais de
Existem diversas formas de aferir as funções renais, incluindo um saúde desse nível de atenção devem estar preparados para iden-
exame de urina e exames detalhados dos rins, conforme cada caso. tificar, por meio da anamnese e do exame clínico, os casos com
No entanto, do ponto de vista clínico a função excretora é aque- suspeita e referenciá-los para a Atenção Especializada para investi-
la que tem maior correlação com os desfechos clínicos. Todas as gação diagnóstica definitiva e tratamento.
funções renais costumam declinar de forma paralela com a sua A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unidades
função excretora. Na prática clínica, a função excretora renal pode hospitalares e ambulatoriais, serviços de apoio diagnóstico e tera-
ser medida por meio da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Para o pêutico responsáveis pelo acesso às consultas e exames especiali-
diagnóstico das doenças renais crônicas são utilizados os seguintes zados.
parâmetros: Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em protocolos
-TFG alterada; de regulação gerenciados pelas Secretarias Estaduais e Municipais
de Saúde, as quais competem organizar o atendimento dos pa-
-TFG normal ou próxima do normal, mas com evidência de dano
cientes na rede assistencial, definindo os estabelecimentos para os
renal ou alteração no exame de imagem.
quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser encami-
-É portador de doença renal crônica qualquer indivíduo que, inde-
nhados.
pendente da causa, apresente por pelo menos três meses consecu- O Ministério da Saúde - por meio do Departamento de Atenção
tivos uma TFG<60ml/min/1,73m². Especializada e Temática, da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAE/
DAET/SAS) - é o gestor, a nível federal, das ações na Atenção Espe-
Como é feito o tratamento das doenças renais crônicas? cializada às pessoas com doenças renais crônicas. Compete à pasta
Para melhor estruturação do tratamento dos pacientes com doen- definir normas e diretrizes gerais para a organização do cuidado
ças renais crônicas é necessário que, após o diagnóstico, todos os e efetuar a homologação da habilitação dos estabelecimentos de
pacientes sejam classificados da seguinte maneira: saúde aptos a ofertarem o tratamento aos doentes renais crônicos,
de acordo com critérios técnicos estabelecidos previamente.
Estágio 1: TFG ³ 90mL/min/1,73m² na presença de proteinúria Além disso, cabe ao Ministério da Saúde ofertar apoio institucional
e/ou hematúria ou alteração no exame de imagem. às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Estágio 2: TFG ³ 60 a 89 mL/min./1,73m². nicípios no processo de qualificação e de consolidação da atenção
Estágio 3a: TFG ³ 45 a 59 mL/min./1,73m². em saúde, bem como promover mecanismos de monitoramento,
Estágio 3b: TFG ³ 30 a 44 mL/min./1,73m². avaliação e auditoria, com vistas à melhoria da qualidade das
Estágio 4: TFG ³ 15 a 29 mL/min./1,73m². ações e dos serviços ofertados, considerando as especificidades
Estágio 5 – Não Diálitico: TFG < 15 mL/min./1,73m². dos serviços de saúde e suas responsabilidades.
Estágio 5 - Dialítico: TFG < 15 mL/min./1,73m².
Como prevenir as doenças renais crônicas?
A classificação deve ser aplicada para tomada de decisão no A prevenção das doenças renais crônicas está diretamente rela-
que diz respeito ao encaminhamento para os serviços de referên- cionada a estilos e condições de vida das pessoas. Tratar e con-
cias e para o especialista, conforme cada caso. Para fins de organiza- trolar os fatores de risco como diabetes, hipertensão, obesidade,
ção do atendimento integral ao paciente com doença renal crônica doenças cardiovasculares e tabagismo são as principais formas
(DRC), o tratamento deve ser classificado em conservador, quando de prevenir doenças renais. Essas doenças são classificadas como
nos estágios de 1 a 3, pré-diálise quando 4 e 5-ND (não dialítico) e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que respondem por
Terapia Renal Substitutiva (TRS) quando 5-D (diálitico). cerca de 36 milhões, ou 63%, das mortes no mundo, com destaque
O tratamento conservador consiste em controlar os fatores de
para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doen-
risco para a progressão da DRC, bem como para os eventos cardio-
ça respiratória crônica. No Brasil, corresponderam a 68,9% de to-
vasculares e mortalidade, com o objetivo de conservar a TFG pelo
das as mortes, no ano de 2016. A ocorrência é muito influenciada
maior tempo de evolução possível.
A pré-diálise consiste na manutenção do tratamento conservador, pelos estilos e condições de vida.
bem como no preparo adequado para o início da Terapia Renal O tratamento de fatores de risco das Doenças Crônicas Renais faz
Substitutiva em paciente com DRC em estágios mais avançados. parte das estratégias lideradas pelo governo federal, previstas no
A Terapia Renal Substitutiva é uma das modalidades de substitui- Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no
ção da função renal por meio dos seguintes procedimentos: Brasil para 2011-2022. Entre as metas propostas no Plano, desta-

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cam-se aquelas que possuem associação entre fatores de risco e O levantamento é da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Pro-
o desenvolvimento da DRC, como reduzir a taxa de mortalidade teção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), e os dados
prematura (<70 anos) por Doença Renal Crônica em 2% ao ano; foram coletados em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. (2)
deter o crescimento da obesidade em adultos; aumentar a preva-
lência de atividade física no lazer; aumentar o consumo de frutas e Tipos
hortaliças; e reduzir o consumo médio de sal. A obesidade pode ser classificada de diversas formas, por exem-
Para prevenção e tratamento da Doença Renal Crônica, o Sistema plo, quanto ao tipo, sendo: (3)
Único de Saúde (SUS) conta com a Rede de Atenção à Saúde das Homogênea: É aquela em que a gordura está depositada de forma
Pessoas com Doenças Crônicas, na Atenção Básica e Especializada, homogênea, tanto em membros superiores e inferiores quanto na
com a relização de transplantes. região abdominal
IMPORTANTE: Em relação ao uso de medicamentos, deve-se Andróide: É a obesidade em formato de maçã, mais característica
orientar que o uso crônico de qualquer tipo de medicação deve do sexo masculino ou e mulheres após a menopausa e nesse caso
ser realizado apenas com orientação médica e deve-se ter cuidado há um acúmulo de gordura na região abdominal e torácica, au-
específico com agentes com efeito reconhecidamente nefrotóxico. mentando os riscos cardiovasculares
Ginecóide: É a obesidade em formato de pera, mais característi-
O que é Obesidade? ca do sexo feminino e nesse caso há um acúmulo de gordura na
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase região inferior do corpo, se concentrando nas nádegas, quadril e
sempre por um consumo excessivo de calorias na alimentação, coxas. Está associada a maior prevalência de artrose e varizes.
superior ao valor usada pelo organismo para sua manutenção e Além disso, a obesidade pode ser classificada quanto o grau do
realização das atividades do dia a dia. Ou seja: a obesidade acon- IMC:
tece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético 1 - Entre 25 e 29,9 kg/m² = Sobrepeso;
correspondente. 2 - Entre 30 e 34,9 kg/m² = Obesidade grau I;
O excesso de gordura pode levar ao desenvolvimento de diabetes 3 - Entre 35 e 39,9 kg/m² =Obesidade Grau II;
tipo 2, doenças do coração, pressão alta, artrite, apnéia e derrame. 4 - = 40 kg/m² = Obesidade Grau III.
Por causa do risco envolvido, é bom que você perca peso mesmo
que não esteja se sentindo mal agora. É difícil mudar seus hábitos Pode ainda ser classificada como:
alimentares e fazer exercícios. Mas, se você planejar, pode conse- Primária: quando o consumo de calorias é maior que o gasto ener-
guir. gético
Quando você ingere mais calorias do que gasta, você ganha peso. Secundária quando é resultante de alguma doença.
O que você come e as atividades que você faz ao longo do dia
influenciam nisso. Se seus familiares são obesos, você tem mais Causas
chances de também ser. Além disso, a família também ajuda na Os motivos que podem causar a obesidade em geral são multifa-
formação dos hábitos alimentares. A vida corrida também torna toriais e envolvem fatores genéticos, ambientais, estilo de vida e
mais difícil planejar refeições e fazer alimentações saudáveis. Para fatores emocionais.
muitos, é mais fácil comprar comidas prontas e comer fora. Não há A obesidade pode às vezes ser atribuída a uma causa médica,
soluções de curto prazo para a obesidade. O segredo para perder como a síndrome de Prader-Willi, a síndrome de Cushing e outras
peso é ingerir menos calorias do que você gasta. doenças. No entanto, esses distúrbios são raros e, em geral, as
principais causas da obesidade são:
Obesidade infantil Inatividade: Se você não é muito ativo, você não queima tantas
A obesidade infantil acontece quando uma criança está com peso calorias. Com um estilo de vida sedentário, você pode facilmente
maior que o recomendado para sua idade e altura. De acordo com ingerir mais calorias todos os dias do que com exercícios e ativida-
o IBGE, atualmente uma em cada três crianças no Brasil está pe- des diárias normais
sando mais do que o recomendado. As faixas de Índice de Massa
Corporal (IMC) determinadas para crianças são diferentes dos Dieta não saudável e hábitos alimentares: O ganho de peso é inevi-
adultos e variam de acordo com gênero e idade. tável se você comer regularmente mais calorias do que você quei-
Os quilos extras podem ter consequências para as crianças até ma. E a maioria das dietas dos americanos é muito rica em calorias
a sua vida adulta, mesmo que a obesidade seja revertida nesse e está cheia de fast food e bebidas de alto teor calórico.
período. Doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto
são algumas consequências da obesidade infantil não tratada. A Fatores de risco
condição também pode levar a baixa autoestima e depressão nas Obesidade geralmente resulta de uma combinação de causas e
crianças. fatores contribuintes, incluindo:
Genética: Seus genes podem afetar a quantidade de gordura
Obesidade no Brasil corporal que você armazena e onde essa gordura é distribuída. A
Em 2015, o Brasil já tinha cerca de 18 milhões de pessoas conside- genética também pode desempenhar um papel na eficiência com
radas obesas. Somando o total de indivíduos acima do peso, o mon- que seu corpo converte alimentos em energia e como seu corpo
tante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas. queima calorias durante o exercício
Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa que Estilo de vida familiar: A obesidade tende a correr em famílias.
revela que quase metade da população brasileira está acima do Se um ou ambos os seus pais são obesos, o risco de ser obeso é
peso. Segundo o estudo, 42,7% da população estava acima do peso aumentado. Isso não é só por causa da genética. Os membros da
no ano de 2006. Em 2011, esse número passou para 48,5%. família tendem a compartilhar hábitos alimentares e de atividade
semelhantes

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Inatividade: Se você não é muito ativo, você não queima tantas Buscando ajuda médica
calorias. Com um estilo de vida sedentário, você pode facilmente Se você acha que pode ser obeso e, especialmente, se estiver peo-
ingerir mais calorias todos os dias do que com exercícios e ativida- cupado com problemas de saúde relacionados ao peso, consulte
des diárias de rotina. Ter problemas médicos, como artrite, pode seu médico. Desta forma, poderá ser avaliado seus riscos à saúde e
levar à diminuição da atividade, o que contribui para o ganho de discutir suas opções de perda de peso.
peso O acompanhamento médico também é importante para, por
Dieta não saudável: Uma dieta rica em calorias, carente de frutas e exemplo, identificar alterações que possam contribuir para o ga-
vegetais, cheia de fast food e carregada de bebidas hipercalóricas nho de peso. Lembrando que o tratamento da obesidade deve ser
e porções grandes contribui para o ganho de peso multiprofissional.
Problemas médicos: Em algumas pessoas, a obesidade pode ser
atribuída a uma causa médica, como a síndrome de Prader-Willi, Diagnóstico de Obesidade
A obesidade é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC)
a síndrome de Cushing e outras condições. Problemas médicos,
que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da
como artrite, também podem levar à diminuição da atividade, o
altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da
que pode resultar em ganho de peso faixa ideal, abaixo ou acima do desejado - revelando sobrepeso ou
Medicamentos: Alguns medicamentos podem levar ao ganho de obesidade.
peso se você não compensar por meio de dieta ou atividade. Estes Classificação do IMC:
medicamentos incluem alguns antidepressivos, medicamentos Menor que 18,5 - Abaixo do peso
anti-convulsivos, medicamentos para diabetes, medicamentos Entre 18,5 e 24,9 - Peso normal
antipsicóticos, esteróides e beta-bloqueadores Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso desejado)
Idade: A obesidade pode ocorrer em qualquer idade, mesmo em Igual ou acima de 30 - Obesidade.
crianças pequenas. Mas à medida que você envelhece, mudanças
hormonais e um estilo de vida menos ativo aumentam o risco de Cálculo do IMC:
obesidade. Além disso, a quantidade de músculo em seu corpo IMC=peso (kg) / altura (m) x altura (m)
tende a diminuir com a idade. Esta menor massa muscular leva a Exemplo: João tem 83 kg e sua altura é 1,75 m
uma diminuição do metabolismo. Essas mudanças também redu- Altura x altura = 1,75 x 1,75 = 3.0625
zem as necessidades de calorias e podem dificultar a manutenção IMC = 83 divididos por 3,0625 = 27,10
do excesso de peso. Se você não controlar conscientemente o que O resultado de 27,10 de IMC indica que João está acima do peso
come e se tornar mais ativo fisicamente com a idade, provavel- desejado (sobrepeso).
mente ganhará peso
Exames
Gravidez: Durante a gravidez, o peso de uma mulher aumenta
Os exames para o diagnóstico da obesidade geralmente incluem:
necessariamente. Algumas mulheres acham difícil perder esse
-Colesterol total e frações
peso depois que o bebê nasce. Esse ganho de peso pode contribuir -Glicemia de jejum
para o desenvolvimento da obesidade em mulheres -Exames de sangue para verificar se desequilíbrios hormonais.
Parar de fumar: Parar de fumar é frequentemente associado
ao ganho de peso. E para alguns, pode levar a ganho de peso su- Tratamento de Obesidade
ficiente para que a pessoa se torne obesa. No longo prazo, no en- O tratamento da obesidade é complexo e envolve várias especiali-
tanto, parar de fumar ainda é um benefício maior para sua saúde dades da saúde. Não existe nenhum tratamento farmacológico em
do que continuar a fumar longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida.
Problemas para dormir: Não dormir o suficiente ou dormir Como a obesidade é provocada por uma ingestão de energia que
demais pode causar alterações nos hormônios que aumentam o supera o gasto do organismo, a forma mais simples de tratamento
apetite. Você também pode desejar alimentos ricos em calorias e é a adoção de um estilo de vida mais saudável, com menor inges-
carboidratos, o que pode contribuir para o ganho de peso tão de calorias e aumento das atividades físicas. Essa mudança não
Substâncias químicas: Os desreguladores endócrinos (DE) ou só provoca redução de peso e reversão da obesidade, como facilita
disruptores endócrinos são substâncias químicas são capazes de a manutenção do quadro saudável.
exercer efeito semelhante ao de hormônios presentes em nosso
organismo. De acordo com pesquisa existe uma relação destas Alimentação saudável
substâncias com o ganho de peso e a obesidade Embora a correria do dia a dia dificulte a realização de uma ali-
Mesmo se você tiver um ou mais desses fatores de risco, isso não mentação saudável, pequenas mudanças já podem fazer uma
grande diferença na sua saúde:
significa que você está destinado a se tornar obeso. Você pode
-Invista nas frutas, legumes e vegetais
neutralizar a maioria dos fatores de risco por meio de dieta, ativi-
-Prefiro alimentos integrais aos refinados
dade física e exercícios e mudanças de comportamento. -Evite alimentos como biscoitos, bolachas e refeições prontas. Elas
são ricas em açúcar, sódio e gorduras – tudo o que sua filha ou
Sintomas de Obesidade filho não pode comer em exagero
A obesidade não causa sinais e sintomas e sim manifestações de- -Limite o consumo de bebidas adoçadas, incluindo os sucos indus-
correntes da doença instalada que são cansaço, limitação de movi- trializados. Essas bebidas são muito calóricas e oferecem poucos
mentos, suor excessivo, dores nas colunas e pernas. ou nenhum nutriente
A obesidade é uma doença que se caracteriza pelo acúmulo exces- -Reduza o número de vezes em que a família vai comer fora, espe-
sivo de gordura no organismo e se diferencia principalmente pela cialmente em restaurantes de fast-food
gravidade e pela localização desse acúmulo. (3) -Muitas das opções do menu são ricas em gordura e calorias
-Sirva porções adequadas.
-Prática de atividade física

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-Aumentar a prática de atividade física ou é uma parte essencial do Obesidade tem cura?
tratamento da obesidade. A maioria das pessoas que conseguem A obesidade é uma doença crônica que pode ser tratada e con-
manter a perda de peso por mais de um ano faz exercício físico trolada com a alimentação e prática de exercícios físicos, mas não
regular, mesmo que seja apenas caminhando.Para aumentar seu tem cura. (3)
nível de atividade:
-Faça exercícios: pessoas com sobrepeso ou obesas precisam ter Complicações possíveis
pelo menos 150 minutos por semana de atividade física de inten- A obesidade infantil aumenta o risco de uma série de condições,
sidade moderada para evitar mais ganho de peso ou para manter incluindo: (1,3)
a perda de uma quantidade modesta de peso. Para conseguir uma -Colesterol alto
perda de peso mais significativa, você pode precisar se exercitar -Hipertensão
300 minutos ou mais por semana. Você provavelmente precisará -Doença cardíaca
aumentar gradualmente a quantidade que você exercita à medida -Diabetes tipo 2
que sua resistência e aptidão melhoram -Problemas ósseos
-Caminhe mais: mesmo que o exercício aeróbico regular seja a -Síndrome metabólica
maneira mais eficiente de queimar calorias e perder peso, qual- -Distúrbios do sono
quer movimento extra ajuda a queimar calorias. Fazer alterações -Esteatose hepática não alcoólica
simples ao longo do dia pode resultar em grandes benefícios. -Depressão
Estacione mais longe das entradas das lojas, aprimore suas tarefas -Asma e outras doenças respiratórias
domésticas, faça jardinagem, levante-se e mova-se periodicamen- -Condições de pele como brotoeja, infecções fúngicas e acne
te, e use um pedômetro para acompanhar quantos passos você -Baixa autoestima
realmente toma ao longo de um dia. -Problemas de comportamento.
-Convivendo/ Prognóstico
Como prevenir o aumento de peso após o tratamento?
Infelizmente, é comum recuperar o peso, independentemente Você pode adotar algumas estratégias para lidar melhor com a
dos métodos de tratamento da obesidade que você tente. Se você obesidade, como:
toma medicamentos para perda de peso, provavelmente irá re- Não deposite as esperanças do tratamento da obesidade apenas
cuperar o peso quando parar de tomá-los. Você pode até mesmo no medicamento ou cirurgia, pois o resultado depende principal-
recuperar o peso após a cirurgia de perda de peso se continuar a mente das mudanças nos hábitos de vida (dieta e atividade física)
comer demais ou abusar de alimentos altamente calóricos. Mas Com o tempo o medicamento para obesidade pode passar a per-
isso não significa que seus esforços de perda de peso sejam fúteis. der o efeito. Se isso ocorrer, consulte seu médico e nunca aumente
Uma das melhores maneiras de evitar recuperar o peso que você a dose por conta própria
perdeu é fazer atividade física regularmente, aproximadamente 60 Existem muitas propagandas irregulares de medicamentos para
minutos por dia. emagrecer nos meios de comunicação, por isso não acredite em
Mantenha o controle de sua atividade física, se isso ajuda você a promessas de emagrecimento rápido e fácil
ficar motivado e em curso. À medida que você perder peso e me-
Não compre medicamentos para obesidade pela internet ou em
lhorar sua saúde, converse com seu médico sobre quais atividades
academias de ginástica, pois muitos não são autorizados pelo Mi-
adicionais você pode fazer e, se apropriado, como estimular sua
nistério da Saúde e podem fazer mal a quem utiliza
atividade e exercitar-se.
Clínicas e consultórios não podem vender medicamentos para
Você deve sempre ficar atento ao seu peso. Manter uma dieta
obesidade. O paciente tem a liberdade de escolher a farmácia de
saudável e atividades físicas são as melhores maneiras de manter
sua confiança para comprar ou manipular o medicamento prescri-
o peso que você perdeu a longo prazo.
to
Fórmulas de emagrecimento com várias substâncias misturadas
Medicamentos
A utilização de medicamentos contribui de forma modesta e tem- são proibidas pelo Ministério da Saúde e já provocaram mortes.
porária no caso da obesidade, e nunca devem ser usados como
única forma de tratamento. Boa parte das substâncias usadas Prevenção
atuam no cérebro e podem provocar reações adversas graves, A estratégia preventiva deve ter início no nascimento, reforçando
como: nervosismo, insônia, aumento da pressão sanguínea, ba- que o leite materno é um fator de prevenção contra a obesidade
timentos cardíacos acelerados, boca seca e intestino preso. Um e combatendo mitos de que a criança deve comer muito, mesmo
dos riscos mais preocupantes dos remédios para obesidade é o quando está satisfeita e que criança saudável é aquela com “dobri-
de se tornar dependente. Por isso, o tratamento medicamentoso nhas”.
da obesidade deve ser acompanhado com rigor e restrito a alguns As medidas de prevenção da obesidade são muito importantes
tipos de pacientes. especialmente pela gravidade das consequências e incluem 2 fato-
res principais:
Cirurgias para Obesidade 1 - Adequação do consumo energético, ou seja é necessário con-
Pessoas com obesidade mórbida e comorbidades, como diabetes e sumir calorias que estejam de acordo com o gasto calórico e pra
hipertensão, podem optar por fazer a cirurgia de redução de es- quem precisa perder peso é necessário um planejamento alimen-
tômago para controlar o peso e sair da obesidade. Existem quatro tar que priorize alimentos que deem mais saciedade e que tenham
técnicas diferentes de cirurgia bariátrica para obesidade reconhe- o valor calórico menor possível.
cidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM): Banda Gástrica 2 - Incluir atividades físicas na rotina. Atualmente cerca de 80% da
Ajustável, Gastrectomia Vertical, Bypass Gástrico e Derivação população é sedentária e muitos associam as atividades de lazer a
Bileopancreática. A escolha da cirurgia dependerá do quadro do atividades de baixo gasto calórico, como ver televisão, jogar video-
paciente, do grau de obesidade e das doenças relacionadas.
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
game, ficar no computador e isso é um fator relevante para desen- atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm-
cadear a obesidade, em contrapartida, o exercício físico intenso ou bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca-
de longa duração tem efeito inibitório no apetite. sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento
da conscientização social a respeito da cultura em saúde.
Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao contro-
REGISTRO DAS ATIVIDADES DO AGENTE COMUNITÁRIO DE le de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atuação
SAÚDE abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação
e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e erra-
dicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacinação
Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado em tó- essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O
picos anteriores. objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da
coqueluche e manter erradicada a varíola.
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE IMUNIZAÇÕES Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos
cinco anos, estão fixadas as seguintes metas:
- ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri-
Conceito e Tipo de Imunidade dos e utilizados pela população brasileira;
Programa de Imunização - produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va-
Programa de imunização e rede de frios, conservação de va- cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa-
cinas rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum-
PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es- ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e
pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa da vacina antirrábica em cultivo celular.
Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos
e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº
foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças prevení- 78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou),
veis por meio da vacinação. são ainda válidas até hoje:
Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or- - implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci-
ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como nações de caráter obrigatório;
referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or- - estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im-
ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo
programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa das secretarias de saúde das unidades federadas;
de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos - estabelecer normas básicas para a execução das vacinações;
no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita- - supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações
dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos, no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos
México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina-
Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações ção;
para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina. - centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao
A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional PNI.
de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30
anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá-
foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam
foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais os seguintes:
e de tão grande diversidade socioeconômica.
No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi- - fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil,
ração até por países dotados de condições mais propícias para esse com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da
trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro OMS;
social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações, - a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza-
em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica-
que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde;
planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var- - recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Améri-
reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em cas, aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972),
1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o com ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar,
sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a dif- no continente, as doenças evitáveis por imunização.
teria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, imple-
mentaram medidas para o controle das infecções pelo Haemophilus Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o
influenzae tipo b, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas
da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, também doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti-
das infecções pneumocócicas. do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para
num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do
por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos na Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence
adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade
pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes 30
de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um programa
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que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e os Rede de Frio
5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento,
população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen- armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans-
tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais. porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações e
Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am- devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, des-
bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina- de o laboratório produtor até o momento de sua utilização.
ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno
lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir
continente americano – Os programas de erradicação da poliomie- imunidade.
lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio-
síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal ram depois de determinado tempo quando expostos a temperatu-
são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos pa- ras inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O
íses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores, manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener-
envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com-
periódica de avaliações das atividades em âmbito regional. prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos.
O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pioneiro São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi-
na implementação de estratégias como a vacinação de mulheres pamentos adequados.
em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do téta- Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com-
no neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de multi- ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um
vacinação conjunta por todos os países da América do Sul, durante espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de
a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca ativa de uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa-
casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras de todo ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatura
o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se repetirá mais baixa que a do ambiente que o cerca.
nos próximos anos, contando já com a participação de um núme-
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos
ro ainda maior de países da América Central, América do Norte e
anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos
Espanha.
durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha
durante as estações quentes.
Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora-
dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofere- Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de
cidos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica-
do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade, mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o fim
equidade e integralidade. do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a humani-
Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a co- dade.
ordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campanhas Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos
anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15 mi- e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o
lhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce-
mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa
mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC,
rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita. estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga-
Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura.
brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes-
e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas rela-
nacional, estadual e municipal e local. cionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da neve
Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro- e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os alimen-
duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va- tos. Também havia as loucas de barro que mantinham a frescura
cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios antes
pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex- de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natureza
portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes de
Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de produzi-lo artificialmente.
imuno biológicos para uso na população brasileira. Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu
Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin-
envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi- cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri-
gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por
car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855.
meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países
Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos-
do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe-
sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um
riências e conhecimentos entre os países.
sonho distante.
Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na
região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his- Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização
tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É, do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na-
portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “geladei-
e de sucesso.” ras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cortiça,
onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou ares
domésticos em 1913.

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Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in- fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi-
troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec-
de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa- ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos:
relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”. - Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta-
Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio
slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos
dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e
multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu- mais uniforme.
zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas - Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri-
que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida- geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par-
de dos mesmos. te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no
Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quando
surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con- o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o in-
servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador verno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para
doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou baixo, forçando o ar quente em direção ao solo.
modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos - Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta-
equipamentos da rede de frio. lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente,
Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva- por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe-
mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos rior desce e sofre aquecimento por convecção.
termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor.
Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on-
Princípios Básicos de Refrigeração das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um
Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espaço
um corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra
através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão de calor
entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com
através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença
maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao
do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e
receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação
também em meios materiais.
de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade
Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de
de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação
calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por
de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma mu-
exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do
dança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do latim
calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili-
que significa escondido).
zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans-
Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui
portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível,
menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao
raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por
outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu-
absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de
mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de
ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle-
imuno biológicos.
tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo:
Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras
Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da
são bons refletores de calor.
energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca-
lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma
Relação entre temperatura e movimento molecular: Inde-
parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa.
pendentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encon-
Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes:
tram-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o
condução, convecção e radiação.
comportamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido
e gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas
Condução: É o processo de transmissão de calor em que a
moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade
energia térmica passa de um local para outro através das partículas
para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli-
do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma
do para o líquido; e deste, para o gasoso
local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais quente, as
partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com
Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em
esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizi-
diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar
nha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia
quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi-
para a seguinte e assim sucessivamente.
nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma
queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica
Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque-
horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro
cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é
produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am-
aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe
biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, uma
e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis-
vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.
tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido
Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes
de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua
de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de
consequente substituição por parte do ar quente situado no am-

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biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso, tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo
sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com calor reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente
e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de depois, altera a temperatura do interior da caixa.
sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve
eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de
princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran-
congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a
e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas.
a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que
mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par- para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a
te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma vacina contra DTP.
mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor- Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar
reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização da alguns pontos importantes:
convecção natural - o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes
da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís-
Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode ser ticas do material utilizado e da espessura das mesmas;
medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é possível - a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme.
medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou de um Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di-
corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver
em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indicadores de os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido
temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a proprieda- como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais
de que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se conforme quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos
ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para esse funcio- pelos quais se propaga;
namento utilizam-se, também, as variações de pressão que alguns - no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas
fluidos apresentam quando submetidos a variações de temperatu- é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante
ra. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o mercú- um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu-
rio, principalmente por não se congelarem a baixas temperaturas. tilizável em diferentes temperaturas e quantidade.
Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo
que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de Tipos de Sistema
língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil. Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex-
Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon- pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como
to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente.
100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica. Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica
Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in- proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen-
terior das caixas térmicas: te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como
- Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am- fonte geradora de energia elétrica.
biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér-
mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes Componentes e elementos do sistema de refrigeração por
da caixa. compressão: Componentes: compressor, condensador e controle
- Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate- do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador,
rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es-
penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais cir-
dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas- cula um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o
sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica mais comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante,
(exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de
não penetrará na caixa com facilidade. um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não
- Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers,
quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma
caixa é importante para a correta conservação. A transferência do mesma carcaça
calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra-
vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um motor
de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer o flui-
pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de do refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. Durante
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura o processo de compressão, a pressão e a temperatura do fluido re-
interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo- frigerante se elevam rapidamente
binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de
modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men- Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se
cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de
reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri-
barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um pe- gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para
isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con-

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líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu- Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com-
mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais
de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina. hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia
A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co-
maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir- mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos.
culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando
o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe- o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno-
rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não
dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável.
fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou
converte em líquido. fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta,
Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo armazenando-a em baterias próprias através do controlador de car-
PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti- ga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive no
cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores período sem sol.
de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora- O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de
dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi-
do calor, aumentando a superfície de resfriamento. pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável)
Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico verifi- durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas,
ca-se que o condensador está localizado na parte posterior, afasta- como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar
do do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circulante através de um banco de baterias separado, independente do que
que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir
seja completado com maior facilidade e sem interferências desfavo- uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua.
ráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por compressão Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC,
(geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da parede, instalado a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado,
em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de calor, quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A
para que o condensador possa ter um rendimento elevado. Não co- carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água a
locar objetos sobre o condensador. Periodicamente, limpar o mes- temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é capaz
mo para evitar acúmulo de pó ou outro produto que funcione como congelar em um período de 24 horas.
isolante. Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento
especializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios
Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi- são observados para a escolha das localidades para instalação desse
cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador, tipo de equipamento:
instalado externamente. - remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte
de energia convencional;
Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador. - que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera-
Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que dor para armazenamento;
retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade - que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al-
residual que possa existir no sistema. cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos;

Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo- Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que
calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina- pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera-
lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada
pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador. automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, o
Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe- termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a pas-
quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual sagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tempe-
em sistemas comerciais e industriais. ratura é controlada manualmente através do ajuste da chama do
querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere da
Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento de-
fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula pende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um
de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven- gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o
do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do desempenho adequado.
evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra
substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro-
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante, priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através
a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas
ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi-
evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia
vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con-
pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
compressor ao condensador fechando o ciclo. de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, a
amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade até
o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do gabi-
nete.

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período
calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia, de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais
passando do estado líquido para o gasoso. quente e a do momento.
A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni- Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem-
forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas
ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em térmicas de uso diário.
um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la;
componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando
amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é a extremidade superior da coluna.
retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera- - Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra-
ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente. muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs-
Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens: tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura
- os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen- atingir +8ºC.
tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou - O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme-
fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica tro, porém onde
dos queimadores; - O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam
- a manutenção do equipamento em operação satisfatória na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade
apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de
(digital de momento, máxima e mínima).
compressão;
Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô-
- a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis
metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no
dificulta o uso de tal equipamento.
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra-
Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce- muro.
der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com-
bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti-
aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno
de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos
que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con- em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga-
trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao
ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador, atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do
provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um
que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa-
termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância
a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro
refrigeradores à compressão.
Situações de Emergência
Temperatura: controle e monitoramento Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar
O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos,
de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup-
para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili- ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento
zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com
não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento, termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento
máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura
de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos
é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco-
permanece fora do equipamento. mendada (refrigerador ou caixa térmica).
O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de falha
Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um equi- no equipamento.
pamento eletrônico de precisão constituído de um visor de cristal O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá-
líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas (do mo- vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno
mento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado no biológicos em caixas térmicas.
interior do equipamento, em um período de tempo. Também existe No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
disponível um modelo deste equipamento que permite a leitura das é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente exter- Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
no, com dispositivo de alarme que é acionado quando a variação Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia
de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2º e elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra-
+ 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois visores de madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário
cristal líquido, um para temperatura do equipamento e outro para a que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia-
temperatura do ambiente ta para as devidas providências.
Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca-
pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer-
cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon- de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação
sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de validade
identificação de problemas que possam comprometer a qualidade e apresentação.
dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res- As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados
ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados. de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze-
nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade
Equipamentos da Rede de Frio na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio-
O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu- lógicos:
no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri- - na ausência de controle automatizado de temperatura, reco-
geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba-
outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí-
de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um vel e anotar em formulário próprio;
- testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de traba-
potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla-
lho;
ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-
- usar equipamento de proteção individual;
tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério
- não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar
do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den-
ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe-
tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento
chada a antecâmara;
de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI,
- somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna
“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que
balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de
segurança e a saúde no trabalho”.
ar quente durante a abertura da porta;
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara
Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São
está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen-
ambientes especialmente construídos para armazenar produtos em
ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em
baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em gran-
suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona-
des volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câmaras
mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se
funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de acordo
em manual específico de manutenção de equipamentos;
com a especificação dos produtos. Na elaboração de projetos para
- observar para que a luz interna da câmara não permaneça
construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar assessoria
acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A
do PNI considerando a complexidade, especificidade e custo deste
luz é grande fonte de calor;
equipamento.
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna
O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin-
foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da
cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais
câmara foi fechada corretamente;
como:
- a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
- paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano
com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo
injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/
procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover
alumínio;
as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com
- sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a
água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano
distribuição do ar frio pelo evaporador;
úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as
- compressor e condensador dispostos na área externa à câma-
luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven-
ra, com boa circulação de ar;
ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo-
- antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de
sição de estoque.
+4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a
- recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção
ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos;
geral das paredes e teto das câmaras frias;
- alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para aler-
- semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon-
tar da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no
sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará
equipamento de refrigeração;
o visto, após análise dos mesmos.
- alarme audiovisual indicador de abertura de porta;
- dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um
A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para
em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro;
a garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato
- sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers);
atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem
- Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio-
cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no
namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença
manual específico de manutenção de equipamentos.
de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei-
Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre-
xadas acesas desnecessariamente.
ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperaturas
negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis,
Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di-
principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. Estes
mensões utilizam sistema de automação para controle de tempera-
equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento de
tura, umidade e funcionamento.
suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato
Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va-
interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no corpo,
zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu-
abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobi-
no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação
nas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armaze-
namento é de até 80%.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento Equipe de vacinação e funções básicas
concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável. As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equi-
Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta pe de enfermagem treinada e capacitada para os procedimentos de
e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de manuseio, conservação, preparo e administração, registro e descar-
paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o te dos resíduos resultantes das ações de vacinação.
ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para A equipe de vacinação é formada pelo enfermeiro e pelo téc-
evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o piso nico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois
úmido e facilitar sua limpeza e movimentação. vacinadores para cada turno de trabalho. O tamanho da equipe
depende do porte do serviço de saúde, bem como do tamanho da
Programa Nacional de Imunização população do território sob sua responsabilidade.
Vacinação e atenção básica Tal dimensionamento também pode ser definido com base na
A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006, previsão de que um vacinador pode administrar com segurança cer-
caracteriza a atenção básica como “um conjunto de ações de saúde, ca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas adminis-
no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a prote- tradas pela via oral por hora de trabalho.
ção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, A equipe de vacinação participa ainda da compreensão da si-
a reabilitação e a manutenção da saúde”. A Estratégia de Saúde da tuação epidemiológica da área de abrangência na qual o serviço de
Família (ESF), implementada a partir de 1994, é a estratégia adota- vacinação está inserido, para o estabelecimento de prioridades, a
da na perspectiva de organizar e fortalecer esse primeiro nível de alocação de recursos e a orientação programática, quando neces-
atenção, organizando os serviços e orientando a prática profissional sário.
de atenção à família. No contexto da vacinação, a equipe da ESF re- O enfermeiro é responsável pela supervisão ou pelo monito-
aliza a verificação da caderneta e a situação vacinal e encaminha a ramento do trabalho desenvolvido na sala de vacinação e pelo pro-
população à unidade de saúde para iniciar ou completar o esquema cesso de educação permanente da equipe.
vacinal, conforme os calendários de vacinação. É fundamental que
haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais Organização e funcionamento da sala de vacinação
equipes de saúde, no sentido de evitar as oportunidades perdidas Especificidades da sala de vacinação
de vacinação, que se caracterizam pelo fato de o indivíduo ser aten- A sala de vacinação é classificada como área semicrítica. Deve
dido em outros setores da unidade de saúde sem que seja verificada ser destinada exclusivamente à administração dos imunobiológicos,
sua situação vacinal ou haja encaminhamento à sala de vacinação. devendo-se considerar os diversos calendários de vacinação exis-
tentes. Na sala de vacinação, é importante que todos os procedi-
Calendário Nacional de Vacinação mentos desenvolvidos promovam a máxima segurança, reduzindo
As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de saúde são defi- o risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também
nidas nos calendários de vacinação, nos quais estão estabelecidos: para a equipe de vacinação. Para tanto, é necessário cumprir as se-
• os tipos de vacina; guintes especificidades e condições em relação ao ambiente e às
• o número de doses do esquema básico e dos reforços; instalações:
• a idade para a administração de cada dose; e • Sala com área mínima de 6 m2 . Contudo, recomenda-se uma
• o intervalo entre uma dose e outra no caso do imunobioló- área média a partir de 9 m2 para a adequada disposição dos equi-
gico cuja proteção exija mais de uma dose. Considerando o risco, a pamentos e dos mobiliários e o fluxo de movimentação em condi-
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendá- ções ideais para a realização das atividades.
rios de vacinação com orientações específicas para crianças, adoles- • Piso e paredes lisos, contínuos (sem frestas) e laváveis.
centes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. As vacinas recomen- • Portas e janelas pintadas com tinta lavável.
dadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais • Portas de entrada e saída independentes, quando possível.
precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no • Teto com acabamento resistente à lavagem.
• Bancada feita de material não poroso para o preparo dos in-
primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos
sumos durante os procedimentos.
posteriores.
• Pia para a lavagem dos materiais.
• Pia específica para uso dos profissionais na higienização das
Os calendários de vacinação estão regulamentados pela Por-
mãos antes e depois do atendimento ao usuário.
taria ministerial nº 1.498, de 19 de julho de 2013, no âmbito do • Nível de iluminação (natural e artificial), temperatura, umida-
Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território na- de e ventilação natural em condições adequadas para o desempe-
cional, sendo atualizados sistematicamente por meio de informes e nho das atividades.
notas técnicas pela CGPNI. Nas unidades de saúde, os calendários e • Tomada exclusiva para cada equipamento elétrico
os esquemas vacinais para cada grupo-alvo devem estar disponíveis • Equipamentos de refrigeração utilizados exclusivamente para
para consulta e afixados em local visível. conservação de vacinas, soros e imunoglobulinas, conforme as nor-
mas do PNI nas três esferas de gestão.
Fatores que influenciam a resposta imune • Equipamentos de refrigeração protegidos da incidência de
Fatores relacionados ao vacinado luz solar direta.
-Idade • Sala de vacinação mantida em condições de higiene e lim-
-Gestação peza.
-Amamentação
-Reação Anafilática Administração dos imunobiológicos
-Paciente Imunodeprimido Na administração dos imunobiológicos, adote os seguintes pro-
-Uso de Antitérmico Profilático. cedimentos:

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
• Verifique qual imunobiológico deve ser administrado, confor- são introduzidos pela boca. São exemplos de vacinas administradas
me indicado no documento pessoal de registro da vacinação (cartão por tal via: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) e vacina rotavírus
ou caderneta) ou conforme indicação médica. humano G1P1[8] (atenuada).
• Higienize as mãos antes e após o procedimento
Via parenteral A maior parte dos imunobiológicos ofertados
Examine o produto, observando a aparência da solução, o esta- pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de administração
do da embalagem, o número do lote e o prazo de validade. parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imuno-
biológico será administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmi-
Cuidados com os resíduos da sala de vacinação ca, subcutânea, intramuscular e endovenosa.
O resíduo infectante deve receber cuidados especiais nas fases Esta última é exclusiva para a administração de determinados
de segregação, acondicionamento, coleta, tratamento e destino fi- tipos de soros. Para a administração de vacinas, não é recomendada
nal. Para este tipo de resíduo, o trabalhador da sala de vacinação a assepsia da pele do usuário. Somente quando houver sujidade
deve: perceptível, a pele deve ser limpa utilizando-se água e sabão ou
• Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortan- álcool a 70%, no caso de vacinação extramuros e em ambiente hos-
te os frascos vazios de imunobiológicos, assim como aqueles que pitalar
devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos ou-
tros resíduos perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas). Nota:
O trabalhador deve observar a capacidade de armazenamento da • Quando usar o álcool a 70% para limpeza da pele, friccione o
caixa coletora, definida pelo fabricante, independentemente do nú- algodão embebido por 30 segundos e, em seguida, espere mais 30
mero de dias trabalhados. segundos para permitir a secagem da pele, deixando-a sem vestí-
• Acondicionar as caixas coletoras em saco branco leitoso. gios do produto, de modo a evitar qualquer interferência do álcool
• Encaminhar o saco com as caixas coletoras para a Central de no procedimento.
Material e Esterilização (CME) na própria unidade de saúde ou em
outro serviço de referência, conforme estabelece a Resolução nº A administração de vacinas por via parenteral não requer para-
358/2005 do Conama, a fim de que os resíduos sejam inativados mentação especial para a sua execução. A exceção se dá quando o
• A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade
(normatização, planejamento, avaliação e financiamento) direcio- nas mãos. Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização
nada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico
vez, representa o processo logístico (recebimento, armazenamento, quanto do usuário.
distribuição e transporte) da Rede de Frio. A sala de vacinação é a
instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacina- Nota:
ção propriamente ditos são executados mediante ações de rotina, • A administração de soros por via endovenosa requer o uso
campanhas e outras estratégias. • Na sala de vacinação, todas as va- de luvas, assim como a assepsia da pele do usuário.
cinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC.
Via intradérmica (ID) Na utilização da via intradérmica, a vacina
Organização dos imunobiológicos na câmara refrigerada é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele. Esta
O estoque de imunobiológicos no serviço de saúde não deve via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O
ser maior do que a quantidade prevista para o consumo de um mês, volume máximo a ser administrado por esta via é 0,5 mL. A vacina
a fim de reduzir os riscos de exposição dos produtos a situações que BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por
exemplo, são administradas pela via intradérmica. Para facilitar a
possam comprometer sua qualidade. Os imunobiológicos devem
identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vaci-
ser organizados em bandejas sem que haja a necessidade de dife-
na BCG seja administrada na inserção inferior do músculo deltoide
renciá-los por tipo ou compartimento, uma vez que a temperatura
direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal
se distribui uniformemente no interior do equipamento. Entretan-
procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide
to, os produtos com prazo de validade mais curto devem ser dispos- esquerdo.
tos na frente dos demais frascos, facilitando o acesso e a otimização Via subcutânea (SC) Na utilização da via subcutânea, a vacina é
da sua utilização. Orientações complementares sobre a organização introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea da pele.
dos imunobiológicos na câmara refrigerada constam no Manual de O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,5 mL. São
Rede de Frio (2013). Abra o equipamento de refrigeração com a exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo,
menor frequência possível. caxumba e rubéola e vacina febre amarela (atenuada). Alguns locais
são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do
Procedimentos segundo as vias de administração dos imuno- deltoide no terço proximal;
biológicos - a face superior externa do braço;
Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante - a face anterior e externa da coxa; e
custo-efetivos em saúde pública. Sua eficácia e segurança, entretan- - a face anterior do antebraço.
to, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua adminis-
tração. Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica Via intramuscular (IM) Na utilização da via intramuscular, o
para a sua administração, a fim de se manter a sua eficácia plena. imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo apropria-
do para a administração o volume máximo até 5 mL. São exemplos
Via oral A via oral é utilizada para a administração de substân- de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria,
cias que são absorvidas no trato gastrintestinal com mais facilidade tétano, pertussis, Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepa-
e são apresentadas, geralmente, em forma líquida ou como dráge- tite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano adulto;
as, cápsulas e comprimidos. O volume e a dose dessas substâncias vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina
pneumocócica 10 valente (conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e
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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
3 (inativada). As regiões anatômicas selecionadas para a injeção in- 3 meses
tramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e de vasos
sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa-
deltoide são as áreas mais utilizadas. da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose
Notas:
• A região glútea é uma opção para a administração de deter- 4 meses
minados tipos de soros (antirrábico, por exemplo) e imunoglobuli-
nas (anti-hepatite B e varicela, como exemplos). Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-
• A área ventroglútea é uma região anatômica alternativa para ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose
a administração de imunobiológicos por via intramuscular, devendo Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio-
ser utilizada por profissionais capacitados. mielite) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia,
Calendários de Vacinação otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª
O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo dose
Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/ Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose
MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes-
se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por 5 meses
12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a
terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
da rede pública. pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose
Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério
da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi- 6 meses
nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses,
devido a necessidade local. Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose
Calendário Nacional de Vacinação Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio-
Criança mielite) – 3ª dose
9 meses

Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela)

12 meses

Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose


Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia,
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) –
Reforço
Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási- Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço
cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se
perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de 15 meses
saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis
no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15 DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço
vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade. Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie-
lite) – 1º reforço
Ao nascer Hepatite A – uma dose
Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/ca-
BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de tapora) - Uma dose
tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose
única 4 anos
Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer
DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
2 meses Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie-
lite) - 2º reforço
Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen-
mielite) – 1ª dose za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia,
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª
dose
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Adolescente estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou-
tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas disponi-
bilizadas a adultos de 20 a 59 anos:

20 a 59 anos

Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)


Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal
anterior)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar
a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza- a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas 10 anos
também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda- Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
das a adolescentes: gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)
Meninas 9 a 14 anos
Idoso
HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

Meninos 11 a 14 anos

HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e


verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

11 a 14 anos
São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou
Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada mais, além da vacina anual contra a gripe:
por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço
(a depender da situação vacinal anterior) 60 anos ou mais

10 a 19 anos Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior)


Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior)
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante- 10 anos
rior) Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de-
10 anos pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com
(de acordo com a situação vacinal anterior) 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti-
tuições fechadas.
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin- Influenza – Uma dose (anual)
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a de-
pender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população Gestante
indígena e grupos-alvo específicos)

Adulto

A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir do-


enças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para gestan-
tes.
É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de-
para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa- pender da situação vacinal anterior)
miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif- 12 meses
teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da
20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto). Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose
Influenza – Uma dose (anual) Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço
Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço

Criança 15 meses

DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan-
til) – 1º reforço
Hepatite A – dose única
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo-
la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose

4 anos

DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço


Ao nascer Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in-
fantil) - 2º reforço
BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose, Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose
principalmente miliar e meníngea)
Hepatite B – dose única 5 anos

2 meses Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para


grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B (cinco) anos de idade
e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia in- 9 anos
fantil) – 1ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi- HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose anos)
3 meses
Adolescente
Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose

4 meses

Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose 10 e 19 anos
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose
Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me-
5 meses ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
- verificar a situação vacinal
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
6 meses depender da situação vacinal anterior
HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose anos)
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in- Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
fantil) – 3ª dose te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
der da situação vacinal
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
9 meses anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela) situação vacinal
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Adulto
CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE: COMPOSIÇÃO E IM-
20 a 59 anos PORTÂNCIA

Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-


tuação vacinal LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
situação vacinal Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis-
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos); namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- providências.
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
der da situação vacinal cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
10 anos 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
Idoso guintes instâncias colegiadas:
I - a Conferência de Saúde; e
II - o Conselho de Saúde.
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
60 anos ou mais formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
tuação vacinal do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
situação vacinal Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a depen- Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
der da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo mentos.
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
vivem acamados e/ou em instituições fechadas. sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
anos Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
alocados como:
Gestante I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
da Saúde;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei
tuação vacinal serão repassados de forma regular e automática para os Municí-
Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor- pios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos
do com a situação vacinal no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
gestação a partir da 20ª semana previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- Desse modo:
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas (A) O planejamento consiste na definição primária de objetivos,
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. para em seguida executar as ações.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta (B)Um protocolo planejado pode ser aplicado a diferentes re-
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar alidades territoriais, já que as ações de saúde são uniformes
com: para todos os territórios.
I - Fundo de Saúde; (C) No planejamento das ações em saúde, o primeiro passo é
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo o diagnóstico da situação, para em seguida definir objetivos e
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; planejar ações estratégicas.
III - plano de saúde; (D) O planejamento normativo é baseado nos recursos existen-
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata tes e nas necessidades reais dos usuários dos serviços.
o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; (E) No planejamento estratégico situacional, os sujeitos são
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- atores e agentes.
mento;
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa- 4. O Sistema Único de Saúde (SUS) está garantido pelos dispo-
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. sitivos legais, sobretudo na Constituição Federal de 1988 e na Lei
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Orgânica da Saúde. Como princípios do SUS, dentre outros, a de-
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste mocratização do acesso, a atenção integral, a descentralização e a
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- preservação da autonomia da pessoa são paulatinamente incorpo-
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. rados no processo de consolidação desse sistema.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro Sobre os princípios do SUS, é correto afirmar que a
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta (A) equidade não é um deles.
lei. (B) igualdade não é um deles.
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. (C) equidade é sinônimo de igualdade, sendo aquela uma di-
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. retriz.
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e (D) equidade não é sinônimo de igualdade, sendo aquela um
102° da República. princípio.
FERNANDO COLLOR (E)igualdade é uma diretriz e não um princípio, conforme a Lei
Alceni Guerra Federal nº 8080/1990.

5. O Pacto pela Saúde é uma iniciativa para a superação de difi-


QUESTÕES culdades na consolidação do SUS, estabelecendo metas sob a forma
de pactos com os quais os gestores deverão se comprometer por
meio da assinatura de termos de compromisso de gestão. Acerca
1. A VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, foi das diretrizes do Pacto pela Saúde, assinale a alternativa correta.
um acontecimento importante que influenciou a criação do SUS. (A) Os municípios e os estados habilitados na gestão plena do
Em relação ao Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira, mar- sistema (NOB SUS 1996 e NOAS SUS 2002) perdem as suas
que a alternativa CORRETA: prerrogativas e responsabilidades se não assinarem o termo de
(A) A VIII Conferência Nacional de Saúde diferiu das demais compromisso do Pacto pela Saúde.
porque impulsionou a realização de Conferências Estaduais e (B)O Pacto pela Vida tem como uma das prioridades a promo-
Municipais. ção à saúde.
(B) O movimento pela Reforma Sanitária Brasileira teve grande (C) O Pacto pela Defesa do SUS tem como prioridade a ação do
participação popular e do movimento sindical, mas não houve Ministério da Saúde na reconstrução e no financiamento das
apoio político. unidades de saúde.
(C)O movimento da Reforma Sanitária Brasileira criou o SUS e (D)A descentralização não foi priorizada no Pacto pela Gestão,
impulsionou a elaboração de uma nova Constituição Federal. pois é assunto da NOAS SUS 2002.
(D) A VIII Conferência Nacional de Saúde diferiu das demais (E) A regionalização tem o objetivo principal de garantir o res-
pelo seu caráter democrático e pela sua dinâmica processual. sarcimento de despesas ao município que tenha prestado o
(E) O SUS foi criado através da Lei 8.080 de 19 de setembro de serviço.
1990.
6. De acordo com o Pacto pela Saúde, são características do
2. A reforma sanitária foi o principal movimento na construção processo de trabalho das equipes de atenção básica
do SUS vigente no Brasil. O marco referencial definitivo na institu- I. assistência básica integral e contínua, organizada, à popula-
cionalização das propostas desse movimento foi: ção adscrita, com garantia de acesso ao apoio diagnóstico e labo-
(A) A VIII Conferência Nacional de Saúde/86. ratorial.
(B) A IX Conferência Nacional de Saúde/93. II. definição do território de atuação das UBS.
(C)A Conferência Internacional de Alma Ata/78. III. desenvolvimento de ações educativas que possam interferir
(D) A política das ações integradas de saúde/80. no processo de saúde-doença da população e ampliar o controle
(E) .A Assembléia Nacional Constituinte/88. social na defesa da qualidade de vida.
3. O planejamento no campo dos serviços públicos deverá ser
feito no sentido de identificar problemas e potencialidades, reco-
nhecer interesses divergentes e buscar consensos e contratos que
viabilizem modificações na sociedade.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
Está(ão) correta(s) apenas a(s) alternativa(s) 11. A Política Nacional de Humanização do SUS, lançada em
(A) II 2003, vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da
(B)I, II, III Saúde, está pautada nos seguintes princípios:
(C)I, II (A)centralidade da esfera pública na política, intersetorialidade
(D) III e hierarquização dos serviços por grau de complexidade.
(E) II, III (B)descentralização político‐administrativa, proteção social in-
tegral e garantia do cuidado e assistência em saúde.
7. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um conjunto de ações e (C) democratização da gestão e dos serviços, universalidade e
serviços de saúde oferecidos gratuitamente, sem que o usuário te- fortalecimento da atenção básica de saúde nos municípios.
nha de comprovar qualquer forma de contribuição prévia. A respei- (D) articulação público‐privado na realização dos serviços, con-
to do SUS, assinale a opção correta. trole social e seletividade e focalização na política de saúde.
(A)A integralidade ou assistência integral já é uma realidade em (E) transversalidade, indissociabilidade entre atenção e gestão
muitos serviços de saúde do SUS por exigir que os profissionais e protagonismo e autonomia dos sujeitos coletivos.
façam uma leitura abrangente das necessidades de serviços de
saúde da população a que servem. 12. No Brasil, observam-se atualmente iniciativas crescentes
(B) A equidade não é considerada um princípio do SUS por ser por parte dos gestores de saúde para desenvolver projetos de aco-
um direito reconhecido pela Constituição Federal de 1988. lhimento. Tais projetos têm como objetivos principais:
(C) A transferência de recursos federais para estâncias estadu- (A)humanização do atendimento à população e redução de fi-
ais e municipais ocorre com a participação popular mediante las.
plebiscito. (B)aprimoramento das informações em saúde e pesquisa cien-
(D) plebiscito. D Uma questão complexa e polêmica diz respeito tífica.
à possibilidade de um hospital privado que preste serviços ao (C) humanização do atendimento ao funcionário e desenvolvi-
SUS prestar serviços também a seguradoras ou a planos de mento de projetos de prevenção.
(E)O SUS é financiado pelo governo federal, e o repasse de re- (D) aprimoramento das informações em saúde e redução de
cursos financeiros é feito diretamente para as instituições de filas.
saúde pública e privada. (E) Humanização do atendimento à população e pesquisa cien-
tífica.
8. Julgue os itens a seguir, acerca da Lei Orgânica do SUS.
I As conferências de saúde acontecem em forma ordinária a 13. A visita domiciliar é um importante instrumento de com-
cada quatro anos em todas as esferas de governo. preensão da realidade social.
II A representação dos usuários nos conselhos de saúde terá Assinale a alternativa incorreta, em relação ao assunto.
maior número de participantes que nas conferências de saúde e no (A) Evita que a equipe de saúde fique mais próxima da comu-
conjunto dos demais segmentos. nidade.
III Essa lei regula, em todo território nacional, as ações e os (B) A visita domiciliária diminui os índices de contaminação
serviços de saúde executados isolados ou conjuntamente, em ca- existente no ambiente hospitalar.
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de (C) As visitas domiciliárias surgem como alternativa de diminuir
direito público ou privado. gastos orçamentais com internações hospitalares.
Assinale a opção correta. (D) Evita que o idoso fique nas filas dos hospitais públicos para
(A) Apenas o item I está certo. que tenha acesso a um serviço saúde de qualidade.
(B) Apenas o item II está certo. (E) Permite que a equipe de saúde tome conhecimento das
(C) Apenas os itens I e III estão certos. condições reais de vida da população assistida como alimenta-
(D)Apenas os itens II e III estão certos. ção, moradia, saneamento e possa intervir junto à comunidade
(E) Todos os itens estão certos. e propor soluções coletivas às secretarias municipais de saúde.

9. A Lei Federal de N° 11.350/06 consiste em regulamentar, na 14. A Investigação epidemiológica, realizada a partir de casos
área da saúde, a profissão do: notificados e seus contatos, tem por principais objetivos:
(A)enfermeiro 1. Identificar o agente etiológico causador da doença.
(B) nutricionista 2. Observar dados sobre a frequência usual da doença, relacio-
(C) médico nados a pessoas, lugar e tempo, no intuito de confirmar a existência
(D) agente comunitário de saúde de um surto ou epidemia.
(E) odontólogo 3. Conhecer o modo de transmissão, incluindo veículos e ve-
tores que possam estar envolvidos no processo de transmissão da
10. De acordo com o Art. 7º da Lei Federal nº 11.350 de 2006, doença.
o Agente de Combate às Endemias deverá preencher os seguintes 4. Identificar a população susceptível que esteja em maior risco
requisitos para o exercício da atividade: de exposição ao agente para proceder às medidas específicas de
I • haver concluído, com aproveitamento, curso introdutório de controle e à estratégia para a sua aplicação.
formação inicial e continuada; Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
II • haver concluído o ensino fundamental; (A) É correta apenas a afirmativa 1.
III • haver concluído o ensino superior. (B) É correta apenas a afirmativa 2.
Quais afirmativas acima estão corretas? (C) São o corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
(A) apenas I e II (D) São o corretas apenas as afirmativas 1,3 e 4.
(B)apenas II e III (E)São o corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
(C) apenas III
(D).todas as afirmativas acima
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
15. Sobre a vigilância epidemiológica da dengue, marque V cobertura plena dos atendimentos ambulatoriais, a vacinação
para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. de toda população e o incentivo à pesquisa para melhoria da
( ) Seu objetivo é reduzir o número de casos e a ocorrência de saúde pública.
epidemias, sendo de fundamental importância que a implementa- (C) As reformas previdenciárias que ocorreram no Brasil contri-
ção das atividades de controle ocorra em momento oportuno. buíram para fortalecer a lógica privatista do SUS, seja por meio
( ) As atividades de vigilância não substituem as demais ativi- da política regulatória, seja por alocação programática na aten-
dades de controle da doença, devendo, sim, ser desenvolvidas de ção primária.
forma concomitante e integradas às demais ações. (D) No governo de Itamar Franco, as taxas de habilitação mu-
( ) A vigilância epidemiológica da dengue no Programa Nacional nicipal ao SUS foram menores nos estados em que as políticas
de Controle da Dengue (PNCD) está baseada em quatro subcom- pró-descentralização foram implantadas.
ponentes: vigilância de casos; vigilância laboratorial; vigilância em (E) O Programa Nacional de Estratégia de Saúde da Família,
áreas de fronteira; e, vigilância entomológica. proclamado no âmbito do Pacto pela Saúde, validou as diretri-
A sequência está correta em zes constitucionais de prevenção à saúde e criou especificações
(A) V, V, V inovadoras, já que a experiência acumulada anteriormente não
(B). V, V, F subsidiou a regulação e validação das estratégias pelos fóruns
(C) V,F, V decisórios do SUS.
(D). F, V, V
(E)V, F, F 20. Os sistemas de saúde adotados em diversos países ba-
seiam-se em pelo menos um dos seguintes princípios: da segurida-
16. A dengue é um grave problema de saúde pública em nosso de social, do seguro social e da assistência ou residual. Acerca desse
país. Seu agente etiológico é assunto, assinale a opção correta.
(A) por uma bactéria. (A)O Brasil sempre adotou um sistema de saúde baseado no
(B) por um protozoário. princípio da assistência ou residual.
(C)um vírus. (B) Com a implantação do SUS, o Brasil passou a adotar um
(D) um mosquito. sistema de saúde baseado no princípio da seguridade social.
(E) um verme. (C)O SUS representa um sistema de saúde especial, concebido
com base nos três princípios citados.
17. A febre amarela é uma doença viral transmitida pela picada (D) O sistema de saúde adotado no Brasil a partir da constitui-
de um mosquito contaminado. Em áreas urbanas, o principal agen- ção de 1988 é semelhante ao adotado nos Estados Unidos da
te infectante é: América, sem vinculação aos princípios citados.
(A) Anopheles albitarsis. (E)O sistema de saúde adotado atualmente no Brasil baseia-se
(B) Aedes aegypti. no princípio da assistência ou residual.
(C) Simulium pertinax.
(D) Aleurocanthus woglumi. 21. De acordo com o princípio da integralidade, um dos princí-
(E)Culex quinquefasciatus. pios fundamentais do SUS,
(A) todos os hospitais do país devem integrar o SUS.
18. Acerca do princípio da equidade no Sistema Único de Saúde (B) deve ser garantido ao usuário o acesso a todos os níveis de
(SUS), assinale a opção correta. complexidade oferecidos pelo SUS.
(A) O princípio da equidade no SUS é restrito à atenção básica, (C) homens e mulheres são iguais no momento do atendimen-
por ser esse um serviço de menor custo e de amplo alcance, to em serviços de saúde.
que atende ao cidadão brasileiro onde ele esteja. (D)toda a população do país deve ser atendida em serviços de
(B) As modalidades atuais de repasses intergovernamentais e saúde próprios.
de remuneração dos serviços em saúde atendem ao princípio (E)as doenças de pouca complexidade devem ser tratadas nos
de equidade no SUS. serviços de atenção básica.
(C) A promoção de equidade no SUS deve ser realizada por
meio da preferência de atendimento aos usuários de baixa ren- 22. Assinale a opção correta no que diz respeito à gestão e ao
da. financiamento do SUS no Brasil.
(D) A oferta de serviços que privilegiam os grupos menos vul- (A) Historicamente, o governo federal arca com metade dos re-
neráveis, um pressuposto do SUS, compromete a resolutivida- cursos gastos com a saúde pública no país.
de da atenção básica. (B) A participação dos estados e municípios no financiamento
(E) A equidade no SUS pressupõe a oferta de serviços de saú- da saúde pública no país é desprezível, quando comparada à
de de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada participação do governo federal.
caso requeira, até o limite da capacidade do sistema. (C) De acordo com a legislação em vigor, a gestão federal da
saúde é realizada pelo Ministério da Previdência e Assistência
19. A respeito da evolução e das características das políticas de Social.
saúde no Brasil, assinale a opção correta. (D).Os governos estaduais são os principais financiadores da
(A) O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena é parte do SUS rede pública de saúde.
e, assim como este, deverá ser descentralizado, hierarquizado (E) Os governos estaduais e municipais são responsáveis por
e regionalizado. 75% de todos os gastos com saúde pública no país.
(B) O Sistema Nacional de Saúde implantado no regime militar
caracterizou-se pela hegemonia de uma burocracia técnica que
valorizava a expansão do número de leitos, o fortalecimento da

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CONHECIMENTO ESPECÍFICOS
23. Assinale a opção que apresenta corretamente a definição 27. Com base na Lei no 8.142/1990, que dispõe acerca da parti-
de um dos princípios doutrinários e organizativos do SUS. cipação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS)
(A) Universalização é o acesso às ações e serviços de saúde ga- e a respeito das transferências intergovernamentais de recursos
rantida a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, financeiros na área da saúde, e dá outras providências, assinale a
ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. alternativa correta.
(B)Descentralização é a consideração das pessoas como um (A) O Conselho de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com
todo, atendendo-se a todas as suas necessidades. a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a
(C) Equidade significa tratar igualmente todas as regiões do situação da saúde.
país, investindo os recursos de forma igual, independentemen- (B) A Conferência de Saúde, em caráter permanente e delibera-
te das necessidades específicas de cada região ou grupo popu- tivo, consiste em órgão colegiado composto por representantes
lacional. do governo, prestadores de serviço e profissionais de saúde.
(D) Participação popular é a presença da sociedade civil nos (C) A representação dos trabalhadores da saúde nos Conselhos
conselhos e conferências de saúde por meio da representação de Saúde e em Conferências será paritária em relação ao con-
exclusivamente sindical. junto dos demais segmentos.
(E)Hierarquização é a organização dos serviços de saúde partin- (D) O SUS contará, em cada esfera de governo, com as seguin-
do dos municípios até o governo central. tes instâncias colegiadas: Conferência de Saúde e Conselho de
Saúde.
24. Com o advento da Nova República, o movimento político (E)O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
propício em virtude da eleição indireta de um presidente não mi- Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona-
litar desde 1964, além da perspectiva de uma nova Constituição, sems) terão representação em todos os Conselhos de Saúde.
contribuíram para que a VIII Conferência Nacional de Saúde, em
1986, em Brasília, fosse um marco e, certamente, um divisor de 28.Acerca da participação da comunidade na gestão do SUS e
águas dentro do movimento pela reforma sanitária brasileira. das transferências intergovernamentais de recursos financeiros
na área da saúde (Lei n.º 8.142/1990), assinale a alterna-
Acerca desse tema, quanto ao princípio ou à diretriz do Siste- tiva correta.
ma Único de Saúde que corresponde a essa conferência, assinale a (A) O Conselho de Saúde reunir‐se‐á a cada quatro anos para
alternativa correta. avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formula-
(A) Participação da comunidade. ção da política de saúde.
(B) Descentralização, com direção única em cada esfera de go- (B) A Conferência de Saúde é um órgão colegiado atuante na
verno. formulação de estratégias e na execução da política de saúde.
(C) Equidade da atenção. (C) A transferência de recursos de saúde para os municípios,
(D) Rede regionalizada e hierarquizada. os estados e o Distrito Federal pode ser feita de maneira regu-
(E)Acesso universal e igualitário. lar e automática, a depender da urgência da necessidade das
25.(Acerca dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saú- verbas.
de (SUS), descritos pelo artigo 7 da Lei Orgânica de Saúde, Lei no (D)Em relação ao conjunto dos demais segmentos, a represen-
8.080/1990, a utilização da epidemiologia é indicada para tação dos usuários do sistema de saúde nos Conselhos e nas
(A) organização de atendimento público específico e especiali- Conferências de saúde será paritária.
zado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral. (E)Pelo menos 90% dos recursos para cobertura das ações e
(B) defesa da integridade física e moral dos indivíduos, da famí- dos serviços de saúde devem ser destinados aos municípios,
lia e da comunidade. sendo o restante destinado ao estado.
(C) estabelecimento de prioridades, alocação de recursos e
orientação programática.
(D) integração em nível executivo das ações de saúde, meio GABARITO
ambiente e saneamento básico.
(E)regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
de.
1 D
26. Segundo a , que define as diretrizes para organização e fun- 2 E
cionamento do Sistema de Saúde brasileiro, constitui um critério
3 C
para o estabelecimento de valores a serem transferidos a estados,
Distrito Federal e municípios: 4 A
(A) eficiência na arrecadação de impostos. 5 B
(B) perfil epidemiológico da população a ser coberta.
(C)desempenho técnico, econômico e financeiro no período 6 B
atual. 7 D
(D) participação paritária dos usuários no conselho de saúde.
(E) prioridade para o atendimento hospitalar. 8 C
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20 B
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21 B
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22 A
23 A ______________________________________________________
24 A ______________________________________________________
25 C
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26 B
27 D ______________________________________________________

28 D ______________________________________________________

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